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navegantes acharam que o lugar se parecia muito com a desembocadura de um grande rio, e
batizaram o acidente geográfico com o nome de Rio de Janeiro, por ser o dia primeiro de
janeiro daquele ano. A geografia da região era um atrativo a mais para a exploração daquele
novo território e ideal para a construção de portos seguros e instalação de cidades. Este
acontecimento foi o marco inicial da degradação ambiental da Baía de Guanabara pelo
homem, segundo Amador, que explana:
Tudo começou num 1º de janeiro de 1502, quando três naus comandadas por
Gonçalo Coelho, penetraram na Baía de Guanabara, desvendando para o mundo
ocidental a imagem de um paraíso tropical. Naquele longínquo verão, nas águas da
Guanabara, houve um choque de dois mundos, de duas concepções de vida e de
universos. Dentro das naus impulsionadas pelos ventos, vinham agentes do
mercantilismo europeu, preocupados em conquistar novas terras e mercados para a
produção de mercadorias de valor de troca. Nas frágeis canoas e ubás, impelidas por
braços fortes, estavam os povos do paraíso tropical, organizados num sistema
primitivo de socialismo, despreocupados com a acumulação de bens e riquezas.
(AMADOR, 1997, p.7)
Após, desencadeou-se o processo de colonização e ocupação do território aliados
aos modelos de desenvolvimento existente, sempre subordinados aos interesses da Coroa
Portuguesa e do capital internacional. Através das modificações no cenário físico, econômico
e humano, aquelas ações transformariam completamente a região da Guanabara, numa área de
exploração de seus recursos naturais e humanos, como a extração e a comercialização do
pau-brasil
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e a catequização dos índios como mão-de-obra, por exemplo, iniciando e
potencializando o seu processo de degradação ambiental (AMADOR, op. cit.).
Ao falar em degradação ambiental na Baía de Guanabara sabe-se que o
derramamento de óleo, o lançamento de efluentes domésticos (esgoto) e industriais
(metais pesados), ambos sem o devido tratamento, e o lixo, que bóia em suas águas, compõem
um dos principais problemas que afetam esse rico ecossistema guanabarino. Ao contrário dos
demais efluentes, o lixo é o que causa o maior impacto visual devido à consistência sólida de
seus resíduos, agravados principalmente pela produção de embalagens, sacos plásticos e
garrafas de plástico, do tipo PET.
Porém, cabe observar que, não se pode esquecer de dois grandes agentes
poluidores resultantes da decomposição do lixo que são: o chorume, em sua forma líquida e o
metano, gasoso. O lixo, de origem doméstica ou industrial, bóiam nas águas da baía e se
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Espécie de árvore nativa brasileira que era objeto de intenso comércio em virtude do corante vermelho que se
extraia do lenho e servia para tingir os tecidos e fabricar tintas de escrever. Hoje árvore rara. (FERREIRA, 2004).