331
Às vezes, eles nos falam de uma forma que, às vezes, não é a forma que a gente está acostumada na nossa
família, na nossa vivência falar.
Mas, a gente também compreende isso. Que eles têm respeito, sempre vêm com muita atenção.
Às vezes, eles vêm um pouco mais nervosos, por conta de querer os direitos deles.
A gente explica e sempre é muito preciso. A gente não tem problemas, entendeu, quanto a isso, n/é?
Às vezes, por ser uma comunidade da periferia, tem esse medo.
Mas, a gente não tem esse tipo de problema, não.
Eu já passei por várias escolas, bem diferentes entre elas. Até porque eu já passei por várias escolas. Tem
diferenças entre elas.
Investigadora:
Você passou por várias escolas... Você vê diferenças entre esta escola e outras que você trabalhou?
C:
Sim, tem diferença...
A Escola A e a B também são escolas mais periféricas.
Então, acho que os problemas são bem parecidos.
Uma diferença é que a A e a B são bem maiores do que aqui. Eu costumo dizer que, se é bem maior, tem mais
pessoas, mais problemas, certo. Normal...
Agora, já a Escola C e o Escola D são escolas menores, o bairro não é tão periférico.
Então, a presença dos pais é diferente. A participação das crianças é diferente, sim.
Não existe questão que eles aprendem mais rápido. Isso não. Não acho isso.
Mas, a participação é diferente.
Os pais participam mais, sim.
Mas, assim, até participam... às vezes, a escola nem faz tanto para essa participação.
Participam por crença deles mesmo.
A gente... acho que aqui trabalha mais com eles a participação dos pais do que as outras. Nas outras, isso é
mais natural. Aqui a gente tem que trabalhar muito mais para que os pais venham para a escola. Trabalhar,
assim, com os pais mesmo. De fato, aqui, é muito mais difícil. Nesse sentido, eu percebo diferença. Agora, a
aprendizagem das crianças, acho que é só é uma conseqüência da não participação dos pais. Mas, dizer que
eles têm alguma dificuldade, isso eu realmente, não acredito. Nesse sentido, não.
P1:
Eu não tenho, assim...
A minha sala, os pais frequentaram.
Mas, teve uma mãe que eu não conheci durante o ano todo, no ano passado.
Mas, vendo a experiência de vocês, eu vi, eu também percebi que, já o ano passado, que do começo, foi
aumentando... Agora, eu não tenho muita base para comparar um ano com o outro. Não tenho como. Eu posso
falar porque eu vejo a participação deles mais agora aqui na escola, n/é?
Investigadora:
Pelo que estou observando, estamos entrando em outro item que eu tinha colocado no roteiro... É sobre os
elementos que facilitam e os que dificultam as interações aqui na escola. Vocês estavam contando sobre a
presença dos familiares... Vocês consideram como muito importante, como um desses elementos que facilitam
essa interação. É isso?
Todas: sim. É importante.
Investigadora: E tem mais alguma coisa que vocês acham importante, que vocês destacariam, ou que já está
acontecendo? Vocês apontaram avanços recentes, o que aconteceu nesse período que está possibilitando isso
essa aproximação, essa relação melhor com os estudantes? Vocês falaram que às vezes é uma relação difícil.
O que pode ter possibilitado isso?
P2:
Bem, vou falar do que aconteceu comigo. Da mudança de minha postura de quando eu entrei e agora. Eu acho
que, a partir do momento que eu comecei a perceber o projeto de comunidades da escola que está havendo, isso
fez diferença na minha postura como professora. Então, quando eu mudei a minha postura como professora, em
conseqüência, mudam outras coisas também em decorrência do meu envolvimento. Eu estou tentando aplicar o
que eu sei na sala. Então, isso faz muita diferença. As conversas que a gente tem tido em HTP a respeito do que
é bom, do que dá certo fazer com as crianças... Esse tempo não é tão grande quanto a gente precisa para fazer
essas trocas que precisava ter. Mas, eu acho que apesar das poucas trocas por causa do tempo, elas têm
permitido melhorar. A prática da escola está sendo diferente. A gente tem muito pra caminhar ainda. Tem
muita coisa prá melhorar, inclusive as relações nossas com as crianças aqui dentro, entre professores, entre
professores e direção, funcionários... Tem várias coisas que ficam meio truncadas, mesmo. Mas, eu acho que
vai melhorando... Tem melhorado muito também. Prá mim, no meu ponto de vista, o que é preciso fazer para
conseguir essa mudança é conhecer melhor o projeto de Comunidades de Aprendizagem. Faz muita diferença.
Até a outra investigadora que conversava comigo nos grupos interativos, eu conversava muito com ela e a gente