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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS E
POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE SOJA.
Bruno Guilherme Torres Licursi Vieira
Biólogo
Jaboticabal – SÃO PAULO – Brasil
Dezembro de 2009
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS E
POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE SOJA.
Bruno Guilherme Torres Licursi Vieira
Orientador: Prof. Dr. Roberval Daiton Vieira
Tese apresentada à Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias
Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como
parte das exincias para a obtenção do
título de Doutor em Agronomia
(Produção e Tecnologia de Sementes).
JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL
Dezembro de 2009
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DADOS CURRICULARES DO AUTOR
BRUNO GUILHERME TORRES LICURSI VIEIRA Nasceu em Londrina,
Paraná, em 29 de setembro de 1980, filho de Paulo Sergio Licursi Vieira e Sônia Maria
Torres. Formou-se em Ciências Biológicas, em 2004, pelo Centro Universitário Filadélfia
de Londrina (UNIFIL). De 2001 a 2004 durante a graduação, estagiou na Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Soja, Londrina - PR, nas áreas de
Produção, Tecnologia e Patologia de Sementes, Entomologia Agrícola e Biotecnologia
Vegetal, onde trabalhou com qualidade fisiológica, genética e sanitária de semente,
bem como o estudo da biologia de percevejos pragas da cultura da soja. Iniciou o
mestrado, em março de 2005, em Agronomia, área de concentração em Produção e
Tecnologia de Sementes na Universidade Estadual Paulista UNESP, Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias, mpus de Jaboticabal. Obtendo o título de mestre
em março de 2007, quando ingressou no curso de doutorado nesta mesma instituição.
Durante o período de mestrado e doutorado foi bolsista da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
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AGRADECIMENTOS
A DEUS, fonte de inspiração permanente,
À minha saudosa namorada Roberta, por ter estado ao meu lado nos diversos
momentos desta jornada e, agora ao lado de DEUS,
À Dona Cida e Sr. Jacob, pelo carinho e disposição em ajudar,
Ao meu avô Ernane, pelo apoio e incentivo constante,
aos meu familiares, Joel, Teco, Nione, João, Alessandra, Clair, Cristina, Ivan e
especialmente meu tio Quita, pelo apoio, incentivo e ajuda constante,
Ao Prof. Dr. Roberval Daiton Vieira, pelas valiosas orientações neste trabalho, pela
disposição dedicada, e principalmente pela amizade,
Ao amigo Dr. João Carlos, pelo auxilio nas análises de enzimas, principalmente pela
paciência em suas explicações,
Ao Prof. Dr. Antonio Orlando Di Mauro, pela co-orientação neste trabalho,
Ao Prof. Dr. Domingos Fornasieri Filho, pelos valiosos conselhos durante o doutorado,
À Unesp, Câmpus de Jaboticabal, pela excelência no ensino, um lugar para se guardar,
À Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (CAPES), pela concessão de
bolsa de estudos, sem a qual não seria possível chegar até aqui,
Aos pesquisadores da Embrapa Soja Dr. Ademir A. Henning, Dr. José de Barros França
Neto, Dr. Nilton Pereira da Costa e Dr. Francisco Carlos Krzyzanowski, a base de tudo,
Às secretárias do Depto. de Produção Vegetal, Marisa e Mônica, pela disposição
permanente em ajudar,
v
Ao amigo Dr. Camilo Plácido Vieira, pelos valiosos conselhos e oportunidades de
trabalho,
Aos funcionários do Departamento de Produção Vegetal da UNESP “Gabi” e Faro”,
pelo apoio durante a realização deste trabalho,
Ao big boss da Wizard Jaboticabal, meu amigo Denis, pelo grande empreendedor que
é, pessoa de bem,
Aos meus grandes amigos Fernando e Liliane, pela paciência e principalmente a
amizade,
Aos amigos: César, Lilian, Disnei, Cristian, Franco, Marcelo, Danilo, Dani Sarti, Cláudia
(portuga), Magnólia, Thais Frigeri, Michele Mutton, Jorge, Claudia Denise, Giselle,
Gisele Sales, Camila (maritaca), Patrícia, Mariana, Clíssia, Juliana, Felipe, Josué,
Welington, Saulo, Daniel (nabo) e todos demais, por terem tornado o convívio mais
prazeroso durante estes anos.
vi
Aos meus pais, Paulo Sergio, Sônia Maria e Sueli Mello,
aos meus queridos irmãos Ivan Henrique, Mariana,
Poliana e Maria Luiza e meu querido avô Ernane (in
memória), pessoas sempre presentes em todos
momentos de minha vida.
Ofereço!
Ao meu amado filho Eduardo, pelos
momentos não dedicados a ele, minha
saudosa namorada, Roberta.
Dedico, Amo vocês.
vii
SUMÁRIO
Página
RESUMO.......................................................................................................................vii
ABSTRACT...................................................................................................................viii
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. Introdução.............................................................................................................1
2. Deterioração de sementes....................................................................................2
3. Atividade enzimática.............................................................................................6
CAPÍTULO 2 - ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS DE SEMENTES DE SOJA SOB
DIFERENTES ÉPOCAS DE COLHEITA E ARMAZENAMENTO
Resumo...................................................................................................................12
1. Introdução...........................................................................................................13
2. Material e métodos..............................................................................................14
3. Resultados e discussão......................................................................................17
4. Conclusão...........................................................................................................42
CAPÍTULO 3 – ALTERAÇÕES BIOQUIMICAS DE SEMENTES DE SOJA EM
FUNÇÃO DA ÉPOCA DE COLHEITA E DA TEMEPRATURA DE ARMAZENAMENTO
Resumo...................................................................................................................43
1. Introdução...................................................................................................................44
2. Material e métodos..............................................................................................46
3. Resultados e discussão......................................................................................49
4. Conclusão...........................................................................................................55
CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................59
viii
ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS E HISTOLOGICAS E POTENCIAL FISIOLÓGICO DE
SEMENTES DE SOJA
RESUMO - A deterioração de sementes de soja durante o período de
armazenamento tem sido bastante estudada. O trabalho teve por objetivo monitorar a
deterioração em sementes e tecidos embrionários de soja. Foi utilizada semente da
cultivar de soja MGBR-46 Conquista colhidas em três épocas: maturidade fisiológica
(estádio R7), R7+ 7 dias e R7 + 15 dias, foram armazenadas em câmara fria (10 ºC, 45-
50% UR do ar) e mara climatizada (25 ºC, 60-75% UR do ar). No primeiro
experimento, com a finalidade de obterem-se informações a cerca dos danos estruturais
e fisiológicos causados pelo armazenamento e época de colheita, as sementes de soja
foram eletromicrografadas em microscópio eletrônico de varredura, assim como o
potencial fisiológico avaliado trimestralmente, utilizando-se os testes de germinação
(rolo de papel e areia como substrato) e de vigor (condutividade elétrica, tetrazólio,
envelhecimento acelerado, e emergência de plântulas em campo) e teor de água. No
segundo experimento, foram avaliados os perfis de bandas das enzimas esterase,
malato e glutamato desidrogenase. Para isso, foram extraídos 10 eixos embrionários
das sementes de cada época de colheita para análise eletroforética. De acordo com os
resultados obtidos, pode-se concluir que: o armazenamento sob condições adversas de
sementes de soja no campo, após o estádio R7 e no armazém a 25 ºC durante os 12
meses reduziu seu potencial fisiológico danificando a estrutura da testa; sementes de
soja colhidas em diferentes épocas e com alto potencial fisiológico podem apresentar
diferenças nos padrões izoenzimáticos em resposta ao armazenamento; as análises
das enzimas foram sensíveis para avaliação do potencial fisiológico, indicando o início
da deterioração em função do período de armazenamento e da época de colheita; a
atividade das enzimas esterase, malato desidrogenase e glutamato desidrogenase são
influenciadas pelo período e temperatura de armazenamento.
Palavras-Chave: Glycine max, qualidade fisiológica, vigor, semente, enzimas.
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BIOCHEMICAL AND HISTOLOGICAL CHANGES AND SOYBEAN SEED
PHYSIOLOGICAL POTENTIAL
ABSTRACT - The soybean seed deterioration has been widely studied during the
seed storage. The study was conducted in order to monitor the soybean embryonic
tissue and seed deterioration. Soybean seed, cv. MGBR-46 Conquista harvested at
three different times: physiological maturity (R7), R7 + 7days and R7 + 15 days and
stored in cold room (10 ºC, 45-50% of air RH) and climatic chamber (25 ºC) were used.
In the first experiment, in order to obtain information on the structural and physiological
damage caused by storage and harvest, the soybean seeds were electromicrographed
using an electron microscope scanning and the seed vigor evaluated quarterly using the
germination (rolled paper towel and sand as substrate) and vigor (electrical conductivity,
tetrazolium, accelerated aging and field seedling emergence) tests. Also the seed water
content was determined. In the second experiment, the assessment profiles of the
bands of esterase, malate and glutamate dehydrogenase enzymes were also quarterly
evaluated. For that, 10 embryonic axes were extracted for each treatment to run
electrophoretic analysis. According to the results obtained, it can be concluded that:
soybean seeds stored under adverse conditions, in the field after R7 stage and stored at
25 °C for 12 months reduced their physiological potential, damaging the seed coat
structure; soybean seeds harvested at different times with high vigor may influence
izoenzymatic patterns in response to the storage; the enzyme analyses were sensitive
to evaluate the physiological potential, indicating the begin of soybean seed
deterioration in function of storage and harvest times; the activity of esterase, malate
and glutamate dehydrogenase enzymes may be influenced by time and storage
temperatures.
Palavras-Chave: Glycine max, physiological potential, vigor, seed, enzyme.
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CAPÍTULO I - CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. Introdução
O Brasil semeou na safra 2008/09 21,73 milhões de hectares. A produtividade
nacional foi de 2,629 Kg.ha
-1
e a produção nacional ficou em torno de 57 milhões de
toneladas (CONAB, 2009).
Dentre os diversos fatores que contribuíram para o excepcional avanço da
produção e produtividade da cultura da soja no Brasil e no mundo, o uso de sementes
de alta qualidade teve papel de destaque. Constitui-se num dos insumos mais
importantes para a agricultura, além de ser o principal veículo que leva ao agricultor
todo potencial genético de uma cultivar com características superiores
(KRZYZANOWSKI et al. 2006). Assim, a utilização de sementes de boa qualidade é
base para o sucesso de todas as outras operações, necessárias na lavoura para que
possa alcançar altos rendimentos.
Deve-se considerar que a qualidade da semente é influenciada por vários fatores
durante as etapas de produção. Deste modo, empresas produtoras de sementes m
buscando novas tecnologias para assegurar que os melhores lotes de sementes sejam
comercializados e disponibilizados aos sojicultores.
Diante do exposto, programas de controle de qualidade sempre foram
importantes, uma vez que o mercado de sementes em geral torna-se extremamente
competitivo a cada dia, onde se destacam empresas preocupadas em assegurar ao
agricultor cultivares modernas, geneticamente puras e principalmente, de alta qualidade
fisiológica e sanitária, bem como, produtividade.
Contudo, um dos principais desafios da pesquisa sobre qualidade de semente
refere-se à identificação de processos deteriorativos intimamente relacionados com a
perda da capacidade germinativa que comprometem o estabelecimento de estande
adequado de plantas, o qual pode interferir na produtividade da lavoura.
Dentro deste contexto, destaca-se o estudo de enzimas envolvidas no processo
de deterioração, o que pode possibilitar a detecção dos estádios iniciais desse
2
processo, por meio da atividade de enzimas associadas com a degradação e oxidação
de substancias de reserva bem como biosíntese de novas substâncias.
Assim, a avaliação do vigor por meio de diferentes procedimentos e o uso de
técnicas moleculares, pode ser ferramenta importante na avaliação do potencial
fisiológico de semente.
Justifica-se assim a presente pesquisa que tem por objetivos avaliar alterações
bioquímicas e histológicas em sementes de soja sob diferentes épocas de colheita a
partir do estádio de maturidade fisiológica (R7, R7+7 e R7+15) e condições de
armazenamento (10 ºC e 25 ºC) por meio de testes de vigor, análise estrutural(
microscopia eletrônica de varredura) e análise izoenzimática.
2. Deterioração de semente
A maturidade fisiológica estabelece importante transição na vida da semente,
pois, em período relativamente curto, vence a etapa que conduz ao máximo potencial
de desempenho, revertida em seguida para outra, caracterizada por metabolismo
degenerativo cuja consequência final e mais drástica é a perda da viabilidade.
Antes da maturidade fisiológica a composição bioquímica da semente é mais
simples e, desta forma, a semente é capaz de embeber água rapidamente para iniciar a
cadeia de reações enzimáticas necessárias para converter material de reserva em
formas capazes de iniciar a germinação (AJAYI & FAKOREDE, 2000).
Neste contexto, a deterioração, quando considerada no plano de uma semente,
evidencia-se a redução na velocidade de germinação (PERRY, 1978). Outras
consequências imediatas da deterioração sobre a semente são o aumento na
condutividade de soluções aquosas obtidas a partir de exsudados da semente em
função da desorganização das membranas celulares, aumento das áreas mortas,
conforme detectado pelo teste de tetrazólio, redução da capacidade de germinação
(VIEIRA & KRZYZANOWSKI, 1999; FRANÇA NETO et al., 1999), decréscimo na
tolerância a condições ambientais sub-ótimas durante a germinação, redução no
crescimento e/ou vigor das plântulas, aumento do mero de plântulas anormais, maior
suscetibilidade a ataques de microrganismos patogênicos, emergência desuniforme,
3
modificações na coloração das sementes, diminuição do potencial de armazenamento,
completa perda da capacidade germinativa e a morte das sementes (WILSON &
McDONALD, 1986; BASAVARAJAPPA et al., 1991; DELOUCHE & BASKIN, 1973).
Uma vez considerado que o potencial fisiológico da semente é máximo por
ocasião da maturidade; constata-se que a partir deste momento processos
degenerativos e irreversíveis começam a ocorrer após a semente ter atingido seu nível
de máxima qualidade mesmo antes que seja realizada a sua colheita (ABDUL-BAKI &
ANDERSON, 1972), ainda considerado com alto teor de água; 50-55%.
A semente, como todo ser vivo, deteriora-se naturalmente com o passar do
tempo. Em condições ambientais favoráveis para atividade metabólica (alta umidade
relativa do ar e temperatura), o fenômeno da respiração é o principal responsável pela
deterioração (STEELE et al., 1969).
Essas alterações, que podem ser de natureza física, fisiológica ou bioquímica,
caracterizam a deterioração, sendo a perda da capacidade germinativa uma das suas
consequências finais. Portanto, a manutenção da qualidade da semente durante o
período de armazenamento é aspecto a ser considerado dentro do processo produtivo
de qualquer cultura, visto que o sucesso da lavoura depende, principalmente, da
utilização de semente com alto padrão de qualidade (VIEIRA et al., 1994; FREITAS et
al., 2004). Além disso, as condições de temperatura e umidade relativa do ar, durante o
armazenamento, são de grande importância na evolução da deterioração, a qual não
pode ser evitada, mas pode ser minimizada no armazenamento sob condições
adequadas, como controle de temperatura e umidade relativa do armam (SANTOS et
al., 2004). Inclusive COOLBEAR (1995) contesta a afirmação de que o processo
degenerativo é irreversível. Segundo esse autor, para determinadas condições e nível
de deterioração há possibilidade de atuarem mecanismos de auto-reparo.
Lotes de sementes com porcentagens de germinação semelhantes, mas com
diferentes níveis de vigor, podem apresentar comportamentos diferenciados em relação
ao armazenamento, em função do nível de vigor e dependendo das condições de
armazenamento como observado em semente de algodão (PADUA & VIEIRA, 2001;
2002).
4
Neste sentido a detecção da deterioração de semente por intermédio de testes
de vigor pode ser entendida como componente importante na avaliação do potencial
fisiológico, contribuindo na solução de problemas da indústria de semente, tal como o
armazenamento (WILSON & McDONALD, 1986; BERJAK & PAMMANTER, 2000).
Portanto, os testes empregados na avaliação do vigor de semente de soja são:
teste de tetrazólio (FRANÇA NETO et al., 1999), condutividade elétrica (VIEIRA &
KRZYZANOWSKI, 1999; AOSA, 2002), analise computadorizada de imagens
(MARCOS FILHO et al., 2009), teste de deterioração controlada (KRZYZANOWSKI,
1999), teste de envelhecimento acelerado (MARCOS FILHO, 1999).
Diante do exposto, os diferentes procedimentos supracitados, podem também
auxiliar na detecção de danos que tenham estreita relação com a perda de controle da
compartimentalização intracelular, o qual altera metabolismo, podendo causar a perda
da viabilidade da semente (ROBERTS, 1972, MARCOS FILHO, 2005). Vários são os
fatores que estão relacionados à permeabilidade das membranas, dentre os quais
podem ser citados a idade da semente, sua condição fisiológica e física e,
notadamente, a incidência de injúrias mecânicas (POWELL, 1986, VIEIRA et al., 2002).
Em se tratando de membranas celulares, vale ressaltar sua importância, ou seja,
são fundamentais para vida. A membrana plasmática engloba a célula, define seus
limites e matem as diferenças essenciais entre o citossol e o ambiente extracelular.
Apesar das suas funções diferenciadas, todas as membranas biológicas têm uma
estrutura geral comum (HENDERSON & STROUD, 2004).
Nas células, os ácidos graxos funcionam como uma reserva concentrada de
alimento porque sua degradação produz cerca de seis vezes mais energia utilizável do
que a degradação da glicose (relação peso/peso) e são armazenados na forma de de
gotículas de moculas de trigliceróis, portanto, a função mais importante dos ácidos
graxos em uma célula é participar na construção das membranas celulares (KOONIN &
OLSON, 2004).
O processo de oxidação dos ácidos graxos presentes nas membranas celulares,
particularmente dos insaturados, tem sido proposto como um dos principais
mecanismos envolvidos no processo de deterioração de sementes de soja, uma vez
que o ricas em lipídios (PRIESTLEY & LEOPOLD, 1983). O ataque oxidativo
5
geralmente inicia-se nos ácidos graxos polinsaturados (linoléico e linolênico) localizados
na membrana plasmática e, desta forma, considera-se que o primeiro passo para a
deterioração da semente seria a perda de integridade da membrana, levando ao
aumento na sua permeabilidade e provocando o vazamento de solutos celulares
durante o processo de embebição da semente (WILSON & McDONALD, 1986; BERJAK
& PAMMANTER, 2000; TAIZ & ZAIGER, 2006).
Na presença de oxigênio, as cadeias hidrocarbonadas dos ácidos graxos
oxidam-se espontaneamente, produzindo radicais livres intermediários altamente
reativos e grande variedade de outros produtos secundários resultantes da degradação
dos hidroperóxidos, tais como aldeídos, ácidos, álcoois e cetonas (WILSON &
McDONALD, 1986).
O aparecimento de radicais livres intracelulares é normal, durante o ciclo de vida
das plantas, sendo essencial para muitos processos biológicos. São intermediários ou
produtores de reações enzimáticas, principalmente na respiração e na fotossíntese e
tamm fazem parte do evento em cascata formado em resposta a uma invasão
microbiana (RICE-EVANS et al., 1991). No entanto, passam a ter um efeito prejudicial
ao organismo quando ocorre aumento excessivo na sua produção ou diminuição de
agentes antioxidantes.
Portanto, se a produção dos radicais não é controlada, eles podem tornar-se
destrutivos para células e tecidos, podendo reagir com ácidos graxos insaturados das
membranas e alterar a sua funcionalidade, além de diminuir a capacidade de fixação de
carbono em cloroplastos e de promover peroxidação de lipídios, inativação de enzimas
e degradação de ácidos nucléicos (RICE-EVANS et al., 1991; SCANDALIOS, 1993;
GOODMAN, 1994).
Além disso, pesquisas têm sido conduzidas com intuito de obter informações
sobre as principais mudanças que ocorrem durante a deterioração (ABDEL SAMAD &
PEARCE, 1978; McDONALD & WILSON, 1980; MATTHEWS & POWEL, 1981; DIAS &
MARCOS FILHO, 1995).
6
3. Atividade enzimática
Todo organismo vivo é extremamente complexo e organizado. Cada parte tem
um propósito ou função específica, seja esta uma estrutura complexa como um órgão
ou aparelho, estruturas submoleculares ou mesmo moléculas individuais.
Os organismos vivos o capazes de extrair e utilizar energia do seu ambiente
seja na forma de nutrientes orgânicos, seja na forma de luz solar. As células vivas são
máquinas químicas muito complexas e organizadas, que funcionam a base de energia
química. A energia utilizada por todo ser vivo pode vir de forma direta ou indireta. Os
mais diferenciados organismos fabricam substâncias capazes de regular todo o seu
conjunto complexo de reações químicas. As enzimas o capazes de realizar e
controlar todos os processos bioquímicos que caracterizam um organismo vivo.
Enzimas são em sua maioria, proteínas com atividade catalítica. Praticamente
todas as reações que caracterizam o metabolismo celular o catalisadas por enzimas.
Como catalisadores celulares extremamente poderosos, as enzimas aceleram a
velocidade de uma reação, sem, no entanto participar dela como reagente ou produto
(TAIZ & ZEIGER, 2006).
As enzimas atuam ainda como reguladoras deste conjunto complexo de reações.
As enzimas são, portanto, consideradas as unidades funcionais do metabolismo celular.
Na área de tecnologia de sementes várias pesquisas envolvendo alterações
enzimáticas em semente de soja têm sido realizadas (ANDRADE & SOBRINHO, 1980;
BRACCINI et al., 1997 e 2000; MAIA et al., 2000); visando evidenciar de modo claro e
confiável o processo que levam as sementes de diferentes espécies à deteriorarem,
bem como potencial fisiológico das mesmas. Um dos mecanismos exaustivamente
estudados desde os primórdios da tecnologia de sementes sem duvidas são os testes
de vigor, fundamentais para a avaliação da qualidade fisiológica das sementes,
constituindo-se um dos fatores básicos para a tomada de decisão em programas de
controle de qualidade de sementes conduzidos por empresas produtoras de sementes,
com os resultados servindo como referência para locais e época de semeadura,
descarte ou armazenamento (CARVALHO et al., 2000).
7
Levando em consideração o potencial fisiológico da semente, com máximo
desempenho por ocasião da maturidade fisiológica; a partir deste momento processos
degenerativos como degradação de reservas e deterioração de membrana, começam a
mesmo antes que seja realizada a sua colheita (ABDUL-BAKI & ANDERSON, 1972).
Redução do potencial fisiológico (germinação e vigor) de semente de soja após a
maturidade fisiológica, particularmente devido ao retardamento de colheita foi
amplamente demonstrado pela pesquisa (SEDIYAMA et al., 1972; VIEIRA et al., 1982)
Dessa forma, pode-se dizer, que qualidade de um lote de sementes é o
somatório de todos atributos envolvidos desde de sua formação, como destaca-se;
físicos, genéticos, fisiológicos e sanitários que resulta da interação de características
que determinam o seu valor para semeadura (MARCOS FILHO, 1999; CARVALHO &
NAKAGAWA, 2000).
Neste contexto, a eletroforese vem sendo utilizada no estudo de isoenzimas com
relação não apenas às mudanças na qualidade fisiológica de sementes, mas também
nas regulações gênica, bioquímica e ontogênica, entre outros (ISTA, 1992). Como
excelentes catalisadores biológicos, as enzimas são ótimos indicadores de deterioração
de sementes, visto que, aceleram a taxa das reações bioquímicas, contudo, as mesmas
não se modificam com o processo (TAIZ & ZEIGER, 2006; MATHEWS & VAN HOLD,
1996 citados por TAIZ & ZEIGER, 2006). Toda via, as enzimas podem ser chamadas
tamm de agentes da vida, termo muito importante, uma vez que controla quase todo
ciclo vital do seres vivos (TAIZ & ZEIGER, 2006). As análises isoenzimáticas permitem
uma avaliação dos eventos bioquímicos decorridos do processo de deterioração e
durante a germinação (ALBUQUERQUE et al., 2009). O termo isoenzima foi relatado
por MARKERT & MOLLER (1959) referindo-se às múltiplas formas moleculares de uma
enzima, com afinidade para substratos idênticos ou similares, que ocorrem em um
organismo.
Segundo WILSON Jr & McDONALD Jr (1986) em sementes deterioradas as
células sofrem prejuízos em sua capacidade respiratória no inicio do processo
germinativo. Isso ocorre devido à quebra do gradiente protônico necessário para manter
o acoplamento respiratório em consequência de danos de membrana.
8
Portanto é comum o uso de marcadores bioquímicos na avaliação da qualidade
fisiológica, genética ou sanitária de semente de diferentes espécies, sendo o mesmo
recomendado pela Lei de Proteção de Cultivares conforme orientações de VIEIRA et al.
(2009). Segundo esses autores, ressaltam que, para o emprego de descritores
bioquímicos em testes de caracterização de cultivares, deve-se considerar o estado
nutricional das plantas, o que garantirá a manifestação das características a serem
avaliadas, minimizando o efeito ambiental.
O uso de enzimas para caracterização de lotes com diferentes níveis de
deterioração, bem como à aplicação em sementes submetidas à diferentes testes,
processos de secagem e instalação de campos de diferentes espécies cultivadas são
amplamente utilizados, como: hidratação de sementes de ervilha (COSTA, et al., 2008),
profundidade de semeadura de semente de arroz (MALONE, et al., 2007), identificação
de cultivares de sementes de milho, feijão, algodão e soja (MENEZES et al., 2008) e
secagem de semente de milho (JOSÉ et al., 2004).
A análise por isoenzimas é uma técnica acessível e que fornece ampla
informação genética para diversas aplicações (FERREIRA & GRATTAPAGLIA, 1998).
Ela tem sido utilizada na avaliação de alterações fisiológicas e bioquímicas em
sementes armazenadas (CAMARGO et al., 2000; SANTOS et al., 2005). A atividade
enzimática pode indicar transformações degenerativas nas sementes.
No sistema enzimático, relacionado com a deterioração de semente, merecem
destaques as enzimas superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), peroxidase (POX)
removedoras de radicais livres e de peróxidos, bem como a malato desidrogenase
(MDH), fosfatase ácida (EC), glutamato desidrogenase (GDH) que funcionam como
indicadores de deterioração, uma vez que estão envolvidas no metabolismo celular.
Entretanto, neste objeto de pesquisa, foi estudado apenas a malato
desidrogenase, glutamato desidrogenase e esterase (EST)
ALBUQUERQUE et al. (2009) trabalhando com dois lotes de sementes de
sucupira preta (Bowdichia virgilioides Kunth.) colhidas em 2001 (Lote A) e 2003 (Lote B)
e armazenados em temperatura ambiente e câmara tipo BOD respectivamente,
observaram que a atividade da enzima superóxido dismutase (SOD) não apresentou
alteração no perfil enzimático para ambos os lotes. Uma vez que a superóxido
9
dismutase pode auxiliar na proteção dos efeitos deletérios da formação de radicais
superóxidos livres, combatendo-os (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 1989, McDONALD,
1999). Os radicais superóxidos livres podem ser muito reativos e inferir na ação dos
lipídios, ácidos nucléicos e membranas de tecidos vegetais e animais (LEHNINGER,
2006).
a catalase (CAT), é uma enzima intracelular, encontrada no glioxissoma nos
vegetais, com capacidade de transformar formas reativas de oxigênio em formas
inofensivas, bem como a decomposição do peróxido de hidrogênio (LEHNINGER,
2006). ALBUQUERQUE et al. (2009) relataram diferenças na atividade enzimática para
essa enzima quando sementes de sucupira preta foram submetida à embebição, onde
foi observado maior atividade enzimática para o lote B sendo a mesma reduzida à
medida que as sementes avançavam no processo de germinação. Nas sementes do
lote A observaram comportamento inverso da atividade enzimática, sugerindo-se uma
recuperação da sua atividade ao longo da germinação. De acordo com JENG & SUNG
(1994), quando a semente é envelhecida, ocorre maior peroxidação dos lipídios e
redução na atividade das enzimas removedoras de peróxidos, sugerindo que a
diferença observada entre os lotes está relacionada com a idade das sementes.
Entretanto, MENEZES et al. (2008) trabalhando com atividade enzimática para
identificação de cultivares, conseguiram separar por meio da atividade da catalase 11
híbridos de milho em seis grupos independente de sua qualidade fisiológica.
A peroxidase (POX), assim como a catalase, m papel importante na
desintoxicação celular ao eliminar o peróxido de hidrogênio, espécie reativa de oxigênio
(LEHNINGER, 2006).
A malato desidrogenase (MDH), atua com a fosfoenolpiruvato carboxilase para a
redução de oxaloacetato à malato, tendo importante função no Ciclo de Krebs para a
produção de Nicotinamide adenine dinucleotide (NADH), além de participar do
movimento da malato através da membrana mitocondrial e da fixação de CO
2
nas
plantas (TAIZ & ZEIGER, 2006; SANTOS et al., 2004). FERREIRA et al. (2007)
trabalhando com bioestimulante em híbridos de milho, observaram pela análise dos
padrões enzimáticos para malato desidrogenase (MDH), menor atividade da enzima
nas sementes tratadas com a dose mais alta de bioestimulante seis meses antes da
10
semeadura, comparado aos padrões da testemunha e aos das tratadas na pré-
semeadura, indicando menor atividade respiratória nessa condição.
A fosfatase ácida (EC) é uma hidrolase que participa em reações de hidrólise de
ésteres, podendo atuar sobre fosfolipídios de membrana, provocando a peroxidação
destes lipídeos, o que está relacionado com decréscimo no número e ou intensidade de
bandas quando submetidas ao envelhecimento acelerado, (SPINOLA et al., 2000),
FREITAS et al. (2006), concluíram que o aumento do período de envelhecimento
artificial promove decréscimos na viabilidade, no vigor e na atividade de fosfatase ácida.
Outra enzima que também participa da hidrólise de ésteres, é a esterase (EST)
SHATTERS et al. (1994) trabalhando com sementes de soja, observaram perda de 77%
da atividade de duas esterases após 48 horas de envelhecimento e aumento da
atividade total dessa enzima com desenvolvimento, já FERREIRA et al. (2007)
observaram que a atividade da esterase foi maior nas sementes que receberam a maior
dose de bioestimulante em sementes de híbrido de milho antes do período de
armazenamento (seis meses). Por outro lado, SANTOS et al. (2004) constataram em
diferentes lotes de semente de feijão envelhecido artificialmente que a atividade da
enzima esterase no período zero foi mais elevada no lote 1, demonstrando que as
sementes deste lote apresentavam maior peroxidação de seus lipídios de membrana,
causando um aumento na permeabilidade das membranas e em processo deteriorativo
maior do que o lote 2. A atividade desta enzima para os lotes 1 e 2 foi máxima, em 46 e
58 horas de envelhecimento, respectivamente, a partir dos quais ocorreu diminuição na
atividade desta enzima. O lote 1 apresentou maior valor de atividade quando
comparado ao lote 2.
Segundo SANTOS et al. (2004), alterações nos padrões da enzima esterase
evidenciam a ocorrência de eventos deteriorativos, que podem contribuir para a
redução na germinação das sementes à medida que são aumentados os níveis de
fatores adversos de temperatura e teor de água das sementes no processo de
envelhecimento, pois a esterase é uma enzima envolvida em reações de hidrólise de
ésteres, estando diretamente ligada ao metabolismo dos lipídios.
A atividade da glutamato desidrogenase (MDH), é responsável pela oxidação de
aminoácidos, fornecendo energia para o Ciclo de Krebs, produção de NADPH e/ou na
11
redução do α-cetoglutarato para síntese de aminoácidos, VIEIRA et al. (2009),
encontrou como promissores indicadores do estádio de deterioração de sementes de
algodoeiro as variações eletroforéticas de proteínas e das enzimas glutamato
desidrogenase, malato desidrogenase, fosfatase ácida, enzima málica, peroxidase e 6-
fosfogluconato. Segundo SANTOS et al. (2004) em trabalho realizado com sementes de
feijão envelhecida artificialmente, constataram que a atividade da glutamato
desidrogenase no período zero apresentou-se mais elevada no lote 1, demonstrando
que a atividade respiratória das sementes de lote estava mais elevada, caracterizando
um processo deteriorativo mais avançado, quando comparado ao lote 2. Portanto, a
atividade desta enzima foi superior no lote 1 até 72 horas, no entanto, a partir desse
período foi semelhante para os dois lotes. Esta enzima é responsável pela oxidação de
aminoácidos, fornecendo energia para o Ciclo de Krebs, produção de NADPH e/ou na
redução do α-cetoglutarato para síntese de aminoácidos (LEHNINGER, 2006). O
estresse provocando pelo período de 96 horas de envelhecimento artificial o foi
suficiente para diminuir a atividade desta enzima, em ambos os lotes, sendo esta a
menos afetada pelos períodos de estresse, embora tendendo para a estabilização,
sendo máxima após 87,5 horas, para o lote 1 e 90 horas para o lote 2. (SANTOS et al.,
2004).
12
CAPÍTULO 2 – ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS DA TESTA DE SEMENTES DE SOJA
SOB DIFERENTES ÉPOCAS DE COLHEITA E ARMAZENAMENTO
RESUMO - No campo, a semente está sujeita a diversos fatores que poderão
prejudicar o potencial fisiológico antes e durante a colheita, na secagem, no
processamento, no armazenamento e na semeadura. O objetivo deste trabalho foi
monitorar a deterioração, bem como, analisar a morfologia da testa de sementes soja
durante o armazenamento. Para tanto, foram utilizadas sementes da cultivar de soja
MGBR-46 Conquista colhidas em três épocas: maturidade fisiológica-R7, R7+ 7 dias e
R7 + 15 dias e armazenadas em mara fria (10 ºC, 45-50% UR do ar) e câmara
climatizada (25 ºC, 60-75% UR do ar). Decorrido o período de armazenamento, as
sementes foram eletromicrografadas em microscópio eletrônico de varredura, assim
como se determinou o potencial fisiológico das sementes utilizando-se os testes de
germinação (papel e areia) e de vigor (condutividade elétrica, tetrazólio, envelhecimento
acelerado e emergência de plântulas em campo), bem como teor de água. Para
realização das eletromicrografias foram realizados cortes transversais nas sementes,
seguido de metalização com ouro. Os cortes da testa mostraram estruturas altamente
organizadas, com cutícula, epiderme (células paliçádicas ou macroesclerídeos),
hipoderme (células em ampulheta ou células pilares ou osteoesclerídeos) e células
parenquimatosas. De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que: o
armazenamento sob condições adversas de sementes de soja no campo, após o
estádio R7 e no armazém a 25 ºC durante os 12 meses de armazenamento reduziu seu
potencial fisiológico danificando a estrutura da testa; e o potencial fisiológico foi mantido
a 10 ºC (45-50% UR do ar) durante os 12 meses de armazenamento.
Palavras-Chave: Armazenamento, Glycine max, potencial fisiológico, semente, vigor.
13
1. Introdução
A maturidade fisiológica estabelece importante transição na vida da semente,
pois, em período relativamente curto, vence a etapa que conduz ao máximo potencial
de desempenho, reverte-se em seguida para outra, caracterizada pelo metabolismo
degenerativo cuja consequência final e mais drástica é a perda total da viabilidade
(MARCOS FILHO, 2005).
No campo, as sementes estão sujeitas a diversos fatores que poderão prejudicar
sua qualidade antes e durante a colheita, na secagem, no processamento, no
armazenamento e na semeadura (COPELAND & McDONALD, 1995; FRANÇA NETO et
al.,, 1999). Tais fatores abrangem extremos de temperatura durante a maturação,
flutuações na umidade relativa do ar, deficiências na nutrição das plantas, presença de
insetos que, de certa forma acarretam perda da compartimentalização celular,
desintegração do sistema de membranas com descontrole no metabolismo e nas trocas
de água e solutos entre as células e meio exterior, determinando a queda do potencial
de desempenho da semente (MARCOS FILHO, 1999b; PESKE et al., 2006;
KRZYZANOWSKI et al., 2008).
Sabe-se, que após a maturidade fisiológica, a semente pode ser considerada
como armazenada em campo enquanto a colheita não se processa. Se as condições
climáticas forem favoráveis desde a maturidade fisiológica até a época normal de
colheita, os problemas de deterioração de certa forma são amenizados (CARVALHO &
NAKAGAWA, 2000; MARCOS FILHO 2005), entretanto, o que se tem verificado é a
redução do potencial fisiológico (germinação e vigor) tendo em vista os efeitos do
retardamento de colheita (SEDIYAMA et al., 1972ab; VIEIRA et al., 1982, 1983).
Neste contexto, a deterioração de semente pode ser vista como complexas
mudanças que ocorrem a partir da maturidade fisiológica, causando prejuízos à
sistemas e funções vitais, resultando na diminuição da capacidade de desempenho da
semente até a morte total. A duração do processo de deterioração é determinada
principalmente pela interação genética, teor de água da semente e temperatura
(DELOUCHE, 2002).
14
Dentre as diferentes funções do tegumento, podem-se citar algumas de extrema
importância, como, proteção do eixo embrionário e tecido de reserva, regular a
velocidade de trocas gasosas e da velocidade de hidratação (CARVALHO &
NAKAGAWA, 2000). A exposição da semente a ciclos alternados de elevada e baixa
umidades (ciclos de hidratação) antes da colheita, devido a ocorrência de chuvas
frequentes e assim, de flutuações diárias da umidade relativa do ar, resultará na sua
deterioração por umidade. Como resultado ocorre a formação de rugas nos cotilédones,
na região oposta ao hilo (FRANÇA NETO et al., 2007).
O corte transversal da testa da semente de soja permite distinguir quatro
camadas a partir da sua superfície: cutícula, epiderme (células paliçádicas ou
macroesclerídeos), hipoderme (células em ampulheta ou células pilares ou
osteoesclerídeos) e células parenquimatosas (SWANSON et al., 1985 citado por SILVA
et al., 2008).O conhecimento das células que compõem o tegumento torna-se
importante porque é através dele que a água tamm pode atingir o embrião de
semente de soja, passando principalmente através da testa, rego hilar, dorsal e
ventral (CHACHALIS & SMITH, 2000).
Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar alterações estruturais da
testa de sementes de soja da cultivar MGBR-46 Conquista originárias de três épocas de
colheita e submetidas a duas condições de armazenamento.
2. Material e métodos
O presente trabalho foi desenvolvido nos Laboratórios de Análise de Sementes
do Departamento de Produção Vegetal e de Microscopia Eletrônica de Varredura da
UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
Foram utilizadas sementes da cultivar de soja MGBR-46 Conquista semeadas
numa área de 0,5 ha em meados de outubro do ano de 2007 na fazenda de ensino e
pesquisa da UNESP, Câmpus de Jaboticabal (SP) e colhidas em três épocas a partir da
maturidade fisiológica: Estádio de desenvolvimento R7, R7+ 7 dias e R7+15 dias. Após
a colheita e debulha manual, as sementes foram limpas, classificadas, homogeneizadas
15
e acondicionadas em embalagem de papel multifoliado e armazenadas em mara fria
(10 ºC 45-50% UR do ar) e câmara climatizada (25 ºC 60-75% UR do ar) por 12 meses.
Os dados de precipitação pluvial e umidade relativa do ar (UR%), observados no
período que o experimento estava no campo, encontram-se na Figura 1. Para a
caracterização inicial da qualidade de semente, foram realizadas as seguintes
determinações: teor de água, germinação (papel e areia) (BRASIL, 1992),
condutividade elétrica (VIEIRA & KRZYZANOWSKI, 1999), teste de tetralio (vigor e
viabilidade) (FRANÇA NETO et al., 1999), teste de envelhecimento acelerado
(MARCOS FILHO, 1999) emergência de plântulas em campo (NAKAGAWA, 1999), bem
como à avaliação trimestral após armazenamento por meio dos testes supra citados e
análise ultra-estrutural de semente.
O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro
repetições por época de colheita e temperatura de armazenamento. A comparação
entre o potencial fisiológico das sementes foram feitas pelo teste de Tukey, ao nível de
5% de probabilidade. Na execução das análises estatísticas foi utilizado o programa
computacional ASSISTAT - Assistência Estatística (SILVA & AZEVEDO, 2006).
16
Figura 1. Dados meteorológicos por decêndios da fazenda de ensino
e pesquisa da UNESP, Câmpus de Jaboticabal (SP),
durante o período experimental.
Teor de água (base úmida): Foi determinado pelo método da estufa a 105 ± 3
°C, por 24 h, conforme as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992).
Teste de tetrazólio: Foi conduzido em duas subamostras de 50 sementes para
cada tratamento, pré-condicionadas em papel de germinação, tipo germitest,
umedecidos e mantido nestas condições por 16 h a 25 °C. Posteriormente foram
transferidas para copos plásticos (capacidade 50 mL) com solução de 2, 3, 5 trifenil
cloreto de tetrazólio na concentração de 0,075% e mantidas em câmara escura por 2 h
e 30 min a 40 °C. Vencido este período, as sementes foram lavadas em água corrente
e logo em seguida, avaliadas de forma individual com corte longitudinal ao eixo
embrionário (FRANÇA NETO et al., 1999).
17
Teste de germinação: Foi conduzido com quatro repetições de 50 sementes
para cada tratamento, utilizando como substrato papel de germinação, tipo germitest,
umedecido com água destilada na quantidade de 2,5 vezes seu peso seco e colocados
em germinador previamente regulado a 25 °C. A avaliação foi realizada no quinto dia
após semeadura (BRASIL, 1992).
Teste de germinação em areia: Foi conduzido em quatro repetições de 50
sementes para cada amostra, semeada em caixas de plástico com areia como
substrato, mantidas em temperatura ambiente variando de 25–30 °C). A avaliação foi
realizada no quinto dia após semeadura (BRASIL, 1992).
Teste de condutividade elétrica: Utilizou-se o método de condutividade elétrica
de massa, com quatro repetições de 50 sementes puras para cada lote. As sementes
foram pesadas com precisão de duas casas decimais e, em seguida, colocadas em
copos plásticos (capacidade de 200 mL), contendo 75 mL de água desionizada, por 24
h a 25 °C. Vencido esse período, a condutividade elétrica da solução de embebição foi
determinada em condutivímetro DIGIMED - DM 31 e os resultados expressos em
S.cm
-1
.g
-1
(VIEIRA & KRZYZANOWSKI, 1999).
Teste de envelhecimento acelerado: Foram utilizados 42g de sementes,
distribuídos em camada única sobre a tela de inox, no interior da caixa plástica de
germinação, mantidas à temperatura de 41 °C e umidade relativa do ar de
aproximadamente 100% por 48 h (MARCOS FILHO, 1999). Posteriormente as
sementes foram posta a germinar, conforme relatado para o teste de germinação.
Teste de emergência de plântulas em campo: Foram utilizadas quatro
repetições de 50 sementes por lote. Antes da semeadura, foi efetuado o tratamento das
mesmas com carbendazin + thiram
na proporção de 2,5 mL do produto comercial, mais
2,5 mL de água para cada kg de sementes (HENNING, 2004). As sementes foram
semeadas no espaçamento 0,45 m entre linhas, profundidade de 3-4 cm. A avaliação
foi realizada no 21
o
dia após semeadura (NAKAGAWA, 1994).
18
Avaliação estrutural: Para a realização das eletromicrografias da testa, foram
feitos cortes transversais na região mediana da semente circundando a região do hilo,
com lâmina de aço. O material foi metalizado com ouro paládio, sem prévia fixação e
desidratação, por apresentar-se seco. Para a realização das eletromicrografias, foi
usado microscópio eletrônico de varredura, marca JEOL, modelo JFM 5410. Para cada
período de armazenamento foram eletromicrografadas quatro sementes, sendo que de
cada semente foi obtido corte da seção transversal com 350 vezes de aumento. Para
cada uma das camadas, de cada semente eletromicrografada, foram feitas cinco
medições, usando Adobe photoshop 5.0, registrando os valores em mm, posteriormente
transformados em µm.
3. Resultados e discussão
Na Tabela 1 são apresentados resultados da caracterização inicial das sementes
de soja, cultivar MGBR-46 conquista, quanto à germinação, emergência de plântulas
em areia e em campo, condutividade elétrica (CE), tetrazólio (vigor), envelhecimento
acelerado, bem como teor de água
Verificou-se que as sementes usadas no presente estudo apresentavam elevado
potencial fisiológico, considerando os resultados dos testes de germinação, emergência
de plântulas em campo e de CE em R7 e R7+7. Sementes de soja com CE até 70-80
µS.cm
-1
.g
-1
m sido consideradas como de alto vigor (VIEIRA et al., 1994) e
VANZOLINI et al. (2006) em trabalho com sementes de soja, consideraram de baixo
vigor CE de 90 µS.cm
-1
.g
-1
, indicando ainda, que valores de CE não seja acima deste
valor. França Neto et al (1999) classifica como vigor muito alto, sementes de soja,
avaliadas pelo teste de tetrazólio (TZ), cujo valor seja igual ou maior que 85% no nível
1-3 do referido teste. Somente as sementes colhidas em R7+15 o se enquadraram
na categoria de alto vigor, exceto considerando os resultados do TZ (vigor) conforme
recomenda FRANÇA NETO et al. (1999).
19
Nas Figuras 2 (A, B, C e D), são apresentados os dados referentes à espessura
das camadas das sementes em ambiente controlado (10 e 25 ºC) durante 12 meses de
armazenamento.
Observa-se que houve decréscimo gradativo do teor de água (TA) durante os 12
meses de armazenamento nas diferentes épocas colheitas, em média de 3,7 pontos
percentuais em 12 meses para sementes armazenadas à temperatura de 10 ºC e 3,4
para aquelas armazenadas à 25 ºC. A redução no teor de água em função do
armazenamento ocorreu tendo em vista que os ambientes de armazenamento
apresentavam baixa umidade relativa do ar, como mara fria (45-50%). VANZOLINI et
al. (2007) acreditam que variações a partir 0,7 pontos percentuais pode interferir nos
resultados do teste. Segundo SOUZA & PESKE (1999) o TA aumenta quando as
sementes de soja são armazenadas em ambiente com umidade relativa do ar entre 60-
90%, nesse caso o teor de água passou de 9,2 para 12,0%. Esses mesmos autores
(SOUZA & PESKE, 1999) afirmam também, que o TA influencia o comportamento da
semente quando submetida a diferentes situações que acompanham as etapas de
produção em campo e na pós-colheita, bem como, no armazenamento.
O TA após o envelhecimento acelerado apresentou variação dentro de
parâmetros considerados adequados, com variação de 22,3 e 26,1% para os
tratamentos avaliados no 9
o
e 12
o
mês à temperatura de 10 ºC, respectivamente (Figura
3). Essa variação no teor de água da semente é consequência de uma combinação de
fatores (VERTUCCI, 1989), a velocidade de penetração de água é controlada
basicamente pelo TA na semente, temperatura ambiente e taxa de absorção de água.
Isso pode, portanto determinar variações nos resultados do TA. Porém, MARCOS
FILHO (1999a), afirma que variações de 3 a 4 pontos percentuais entre amostras são
toleráveis, garantindo qualidade aos resultados da avaliação. Este fator não depende
apenas do ambiente e inclui características intrínsecas da semente, provavelmente
relacionadas à qualidade fisiológica.
21
Figura 2. Espessura das camadas parenquimática (A), paliçádica (B), total (C) e hipoderme
(D) da testa de sementes de soja, cultivar MGBR-46 Conquista, armazenadas às
temperaturas de 10 ºC e 25 ºC avaliadas durante 12 meses. Médias seguidas pela
mesma letra, entre colunas da mesma temperatura e armazenamento, não diferem
entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Com base nos dados da Figura 3, pode-se notar que ocorreram reduções
expressivas do TA a partir dos seis meses de armazenamento, onde o estádio R7,
armazenado a 25 ºC apresentou 11,3% inicialmente e 25,9% após envelhecimento,
contudo, aos 12 meses de armazenamento, o TA sementes apresentava-se entre 8,4 e
8,7% em média nas temperaturas de 10 e 25 ºC respectivamente, não obstante, após
envelhecimento esse mesmo material aos 12 meses de armazenamento, nas
temperaturas de 10 e 25 ºC tamm apresentaram teores de água, similares aos
anteriores 28,0% e 26,5% respectivamente e 27,1% para o estádio R7+15 à
A
B
C
D
22
temperatura de 10 ºC (Figura 3). VIEIRA et al. (2004) trabalhando com sementes de
soja, verificaram teores de 8,1 a 11,3% antes do envelhecimento acelerado e de 25,1 a
27,4% após. Deve-se ressaltar que o teor de água em mara de germinação tipo BOD
apresenta padrão inferior aquele obtido em câmara de envelhecimento jaquetada de
água, visto que a UR do ar internamente é maior na segunda câmara, conforme já
observado por SCAPPA NETO et al. (2001) e VIEIRA et al. (2005).
Entretanto, deve-se salientar que sementes armazenadas à temperatura de 25
ºC apresentaram perda de água de forma menos intensa em relação às sementes
armazenadas a 10 ºC, onde, durante nove meses, essas sementes apresentavam
médias 12,2% de água (Figura 3). Logo, como parte do procedimento, as sementes que
se encontravam armazenadas à temperatura de 25 ºC foram transferidas para câmara
fria, previamente regulada a 10 ºC, onde, a partir daí, nota-se queda de 3,5 pontos
percentuais no 12
o
mês de armazenamento, reduzindo assim, a 8,7% em média o TA
para sementes armazenadas nestas condições. De acordo com CARVALHO &
NAKAGAWA (2000), mudanças na temperatura e umidade relativa do ar provocam
constantes ajustes no teor de água das sementes armazenadas, alterando o equilíbrio
higroscópico das mesmas. No caso particular, as condições da câmara fria eram
dessecantes, o que ficou comprovado pelos resultados, que as sementes estavam
embalagens (saco de papel) que permitiam a troca de umidade com o meio.
23
Figura 3. Teor de água antes e após envelhecimento acelerado (EA) de
semente de soja, cultivar MGBR-46 Conquista durante 12 meses
de armazenamento.
O tempo que as sementes demoram a alcançar ou manter equilíbrio higroscópico
depende intimamente da permeabilidade da testa, bem como, da temperatura e umidade
relativa do ar onde se encontram armazenadas. Algumas sementes são mais suscetíveis
que outras. Sementes de soja são altamente sensíveis, contudo, o tegumento ou testa
da semente possui a função de protegê-la fisicamente, bem como regular trocas
gasosas e de umidade com o meio exterior (PESKE et al., 2006) De forma geral, a testa,
derivada de um ou dos dois integumentos do óvulo, cuja estrutura pode auxiliar na
proteção e regulação da entrada e saída de gases, bem como água.
A camada epidérmica mais externa na testa de sementes de soja madura é a
camada paliçádica; os macroesclereídeos formam camada única de células de paredes
espessas que são alongadas perpendicularmente à superfície da semente.
Internamente à camada paliçádica encontra-se a hipoderme, camada única de células
de paredes grossas, células em forma de ampulheta ou osteoesclerídeos. A porção
mais interna da testa de semente de soja propriamente dita constitui-se de camada
0
5
10
15
20
25
30
R7 R7+7 R7+15 R7 R7+7 R7+15
T
e
o
r
d
e
á
g
u
a
(
%
)
Estádio de colheita
0 3 6 9 12
24
multicelular de parênquima parcialmente achatada com considerável espaço intercelular
(MILLER et al., 1999; SILVA et al., 2008; MERTZ et al., 2009).
Nas Figuras de 10 a 15, são apresentadas eletromicrografias de cortes
transversais da testa de sementes de soja, cultivar MRBR-46 Conquista, em aumento
de 350 vezes, onde se observa claramente as três camadas epidérmica (paliçádica),
hipoderme (ampulheta ou osteoesclerideos) e parênquimática, como observados por
MERTZ et al (2009), contudo, nesse estudo, o foi possível avaliar a cutícula, que é a
primeira camada do tegumento devido ao aumento utilizado pelos autores para
observações, 40x.
Observando a Figura 2 (A, B, C e D), nota-se grande variação na espessura das
três camadas e a espessura total em relação ao período de armazenamento e estádio
de colheita, como por exemplo, camada paliçádica (Figura 1B) a temperatura de 25 ºC
apresentou diminuição na espessura com o armazenamento, onde as sementes
colhidas em R7 apresentou decréscimo de 10 µm, passando de 127,3 a 117,35 µm no
nono mês e 121,3 µm no 12
o
mês de avaliação (Figura 13A, B,C,D).
A redução da espessura das camadas sugere a ocorrência de um colapso das
células que comem tais camadas, o que pode estar relacionado com a redução do
potencial germinativo, ao se considerar o referido colapso como um dano físico às
células e, consequentemente, à testa (SILVA et al., 2008). Existem diferenças entre as
estruturas da testa de semente entre genótipos de soja, as quais podem estar
relacionadas à permeabilidade da mesma e indiretamente relacionadas à qualidade de
semente (SOUZA & MARCOS FILHO, 2001; MERTZ et al., 2009).
Nota-se, porém, diferença nos resultados quando se considera as colheitas aos
12 meses de armazenamento para camada paliçádica, ocorrendo variação da
espessura na temperatura de 10 ºC, contudo, o maior valor registrado foi para estádio
R7+15 153,3 µm seguido de R7 142,3 µm e por ultimo, R7+7 126,0 µm (Figura 2B;
Figuras 10, 11, 12, e 13).
25
Figura 10. Eletromicrografias de varredura da testa de quatro (A, B, C e D) sementes
de soja, cultivar MGBR-46 Conquista, colhidas no estádio de
desenvolvimento R7, armazenadas a 10 ºC, exibindo pouca alteração de
espessura na camada hipodérmica, em A; camada hipodérmica de
espessura menor, em B; camada hipodérmica de espessura maior, em C
e D. (a=camada paliçádica; b= hipoderme e; c=parênquima lacunoso).
Diferentemente, de SILVA et al. (2008) e CAVARIANI et al. (2009), que
encontraram valores próximos de espessuras nos respectivos trabalhos, esse fato não
foi observado nesta pesquisa, uma vez que existe diferença na composição estrutural
da semente, produzida em diferentes regiões, bem como a diferença entre genótipos,
acessos, cultivares (PEREIRA & ANDREWS, 1985; NOODÉN et al., 1985; CAVARIANI
et al., 2009; MERTZ et al., 2009). A alteração anatômica da camada hipodérmica de
semente armazenada pode de alguma forma, estar relacionada com a redução do
potencial fisiológico, pois o colapso das células da hipoderme pode ser visto como dano
físico na testa (SILVA et al., 2008).
A
a
b
c
B
a
b
c
C
a
b
c
D
a
b
c
26
Figura 11. Eletromicrografias de varredura da testa de quatro (A, B, C e D) sementes
de soja, cultivar MGBR-46 Conquista, colhidas no estádio R7+7,
armazenadas 10 ºC, exibindo pouca alteração de espessura na camada
hipodérmica, em A e B; camada hipodérmica de espessura menor, em C
e D. (a=camada paliçádica; b= hipoderme e; c=parênquima lacunoso).
A espessura da testa de semente apresenta variações entre espécies e entre
cultivares na mesma espécie. Esta característica tem controle genético (CAVARIANI et
al., 2009).
para a espessura total das camadas, apresentaram leve redução quando
armazenadas à temperatura de 25 ºC no 3
o
mês (Figura 2C), 6
o
mês para as três
épocas de colheita e aos nove meses em R7 e R7+7. Entretanto no 12
o
mês a
diminuição da espessura apresentou-se mais acentuada em semente colhida em R7
(Figura 14).
A
a
b
c
B
a
b
c
C
a
b
c
D
a
b
c
27
Figura 12. Eletromicrografias de varredura da testa de quatro (A, B, C e D) sementes
de soja, cultivar MGBR-46 Conquista, colhidas no estádio R7+15,
armazenadas a 10 ºC, exibindo pouca alteração de espessura na camada
hipodérmica, em A; camada hipodérmica de espessura menor, em B;
camada hipodérmica de espessura maior, em C e D. (a=camada
paliçádica; b= hipoderme e; c=parênquima lacunoso).
As sementes apresentaram altos valores para germinação, vigor (EA, TZ, CE) e
emergência de plântulas até nove meses de armazenamento, quando colhidas em R7 e
R7+7 e armazenadas às temperaturas de 10 e 25 ºC (Figuras 4, 5, 6, 7, 8 e 9). Para a
germinação aos 12 meses de armazenamento, foram observados para as sementes
colhidas em R7 e armazenadas a 10 ºC plântulas com hipocótilo purulento”, porém,
cotilédones e plúmulas intactos, não afetando a germinação, já para R7+7, observou-se
hipocótilo partido, da mesma forma que o tratamento anterior, porém, não houve
influência na avaliação final de plântulas normais.
A
a
b
c
B
a
b
c
C
a
b
c
D
a
b
c
28
Figura 13. Eletromicrografias de varredura da testa de quatro (A, B, C e D) sementes
de soja, cultivar MGBR-46 Conquista, colhidas no estádio R7,
armazenadas a 25 ºC, exibindo pouca alteração de espessura na camada
hipodérmica, em A; camada hipodérmica de espessura menor, em B;
camada hipodérmica de espessura menor , em C e D. (a=camada
paliçádica; b= hipoderme e; c=parênquima lacunoso).
Não diferente, aos nove meses de armazenamento, as plântulas oriundas de
sementes armazenadas a 10 ºC e colhidas em R7 apresentaram ótima germinação,
acima de 95%, contudo, com plântulas classificadas como normais fracas, ou seja, com
todas as estruturas essenciais e requeridas para ser uma plântula normal, porém, com
tamanho reduzido (BRASIL, 1992). Diferentemente, as sementes colhidas em R7+15
apresentou alto índice de infecção, hipocótilo partido, apresentando padrão de
germinação inferior a 80%, chegando a zero com 12 meses de armazenamento a 25
o
C
(Figura 4).
A
a
b
c
C
a
b
c
B
a
b
c
D
a
b
c
29
Figura 14. Eletromicrografias de varredura da testa de quatro sementes (A, B, C e D)
de soja, cultivar MGBR-46 Conquista, colhidas no estádio R7+7,
armazenadass a 25 ºC, exibindo pouca alteração de espessura na
camada hipodérmica, em A; camada hipodérmica de espessura menor,
em B; camada hipodérmica de espessura maior, em C e D. (a=camada
paliçádica; b= hipoderme e; c=parênquima lacunoso).
Em contrapartida, notam-se também na Figura 4, que sementes colhidas em
R7+15 e armazenadas à temperatura de 25 ºC apresentaram desenvolvimento
insuficiente de raiz, variando de 0,5 a 4 cm (dados não apresentados) e qualidade
inferior quando avaliadas pelo teste padrão de germinação comparado as sementes
colhidas em R7 e R7+7 durante os 12 meses de armazenamento, mais acentuado,
portanto, do 6
o
mês em diante, chegando a zero de germinação no 12
o
mês.
A
a
b
c
B
a
b
c
C
a
b
c
D
a
b
c
30
Figura 15. Eletromicrografias de varredura da testa de quatro sementes (A, B, C e D)
de soja, cultivar MGBR-46 Conquista, colhidas no estádio R7+15,
armazenadas a 25 ºC, exibindo pouca alteração de espessura na camada
hipodérmica, em A; camada hipodérmica de espessura menor, em B;
camada hipodérmica de espessura maior, em C e D. (a=camada
paliçádica; b= hipoderme e; c=parênquima lacunoso).
No teste de envelhecimento acelerado (Figura 5), constatou-se aborto radicular
das plântulas oriundas de sementes armazenadas a 25 ºC e colhidas em R7+7 e R7+15
no 6
o
mês de armazenamento, onde também, foram observados os menores valores
para o tratamento R7+15, porém, com níveis baixos desde 3
o
mês de armazenamento,
apresentando ainda, sementes altamente infectadas por fungos e bactérias.
Outra importante constatação está relacionada ao vigor avaliado pelo EA,
praticamente, não houve grandes alterações no vigor das sementes colhidas em R7 e
R7+7 durante os 12 meses de armazenamento na temperatura de 10 ºC. O menor valor
obtido foi 82% para sementes colhidas em R7+7 durante seis meses de
armazenamento (Figura 5). Neste sentido, SOUZA & PESKE (1999) observaram que o
vigor de semente de soja avaliado pelo EA, praticamente permaneceu inalterado a90
dias de armazenamento para então decrescer, de forma acentuada.
A
a
b
c
B
a
b
c
C
a
b
c
D
a
b
c
31
Figura 4. Germinação (G%) de sementes de soja, cultivar
MGBR-46 Conquista, durante 12 meses de
armazenamento. Médias seguidas pela mesma
letra, entre colunas da mesma temperatura e
armazenamento, não diferem entre si pelo teste
de Tukey, a 5% de probabilidade.
Figura 5. Vigor - envelhecimento acelerado (EA) de
sementes de soja, cultivar MGBR-46 Conquista,
durante 12 meses de armazenamento. Médias
seguidas pela mesma letra, entre colunas da
mesma temperatura e armazenamento, não
diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.
32
As sementes avaliadas pelo teste de tetrazólio (Figura 6) apresentaram ótimo
potencial fisiológico inicial, acima dos 90% para as três épocas de colheita (R7, R7+7 e
R&+15). Semente de soja com valores de vigor pelo tetrazólio superior a 90% são
considerados muito alto, conforme FRANÇA NETO et al, (1999). Percebe-se ainda,
para os três épocas de colheita, quando as sementes foram armazenados a 10 ºC,
pequena redução do vigor, mantendo-se assim na mesma faixa de classificação, como
mencionado anteriormente. O potencial de armazenamento vai depender da qualidade
inicial da semente e do ambiente em que foram armazenadas. Sementes mais
vigorosas comparadas às menos vigorosas, em condições idênticas e moderadamente
desfavoráveis de armazenamento, deverão ao final do período apresentar melhor
qualidade (PESKE et al., 2003). As observações desses autores são corroboradas
pelos resultados obtidos no presente estudo, uma vez que, sementes armazenadas a
25 ºC (Figura 6) perderam gradativamente seu vigor, ou seja, temperatura de 25 ºC,
não é boa opção para armazenamento a longo prazo.
Ainda usando-se das informações obtidas pelo teste de tetrazólio, verificou-se
para sementes colhidas em R7+15 e armazenadas por três e seis meses a 10 ºC,
pequenas rachaduras nos tegumentos e danos por umidade na extremidade do eixo
hipocótilo/radicular, promovendo assim maior coloração dos tecidos, todavia, sem
prejuízos para a avaliação.
33
Figura 6. Vigor Teste de tetrazólio (TZ) de sementes de
soja, cultivar MGBR-46 Conquista, durante 12
meses de armazenamento. Médias seguidas pela
mesma letra, entre colunas da mesma
temperatura e armazenamento, não diferem entre
si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
MERTZ et al., (2009) trabalhando com diferenças estruturais de tegumento de
soja, observaram que pode ser atribuído à alta susceptibilidade do tegumento das
sementes provenientes do genótipo CD 202 a danos causados pelas flutuações na
umidade, pois até mesmo nesse caso, onde as sementes foram produzidas em casa de
vegetação e colhidas manualmente, o tegumento desse genótipo mostrou-se altamente
frágil, com grande parte das sementes apresentando rachaduras.
Por meio das determinações de vigor obtidas pelo teste de condutividade elétrica
(Figura 7), desde as primeiras avaliações as sementes colhidas em R7+15, em ambas
as temperaturas de armazenamento, sempre apresentaram maiores valores de
condutividade, variando entre 57 a 181 µS.cm
-1
.g
-1
, contudo, apenas a partir do nono
mês de armazenamento, foram observados valores mais altos de condutividade
elétrica, mas, diferentemente do que foi citado anteriormente, destacaram-se as
sementes armazenados à temperatura de 25 ºC nos diferentes períodos de colheita.
Percebe-se ainda, que o aumento da condutividade elétrica para ambas as
temperaturas, foi aumentando progressivamente decorrido armazenamento, mostrando
redução no vigor da semente, consequência do aumento de lixiviação tendo em vista a
perda de estrutura das membranas celulares (VIEIRA & KRZYZANOWSKI, 1999.
34
AOSA, 2002). Segundo SILVA et al. (2008) o armazenamento prolongado causa maior
permeabilidade da testa de sementes de soja, o que pode ser identificado por maiores
valores de leitura de condutividade elétrica. Desta forma o colapso das células das
camadas da testa pode facilitar o processo de embebição da semente, influenciando
assim, a perda de lixiviados. COLETE et al. (2007) verificaram que os maiores valores
de lixiviação corresponderam às menores porcentagens de germinação, mostrando ser
este um bom indicador do potencial fisiológico de sementes. Resultados semelhantes
foram encontrados por DIAS & MARCOS FILHO (1996), quando trabalharam com
sementes de soja, os quais verificaram que maiores valores de lixiviação de solutos
corresponderam às menores porcentagens de plântulas normais.
Todavia, é oportuno salientar, que inegavelmente, o aumento na leitura de
condutividade elétrica esteja relacionado à deterioração das camadas da testa (Figuras
14 e 15; Figuras 2 (A, B, C e D), bem como o teor de água reduzido (Figura 3), neste
sentido VANZOLINI et al. (2006) afirmam que o teste de condutividade elétrica pode ter
seus resultados influenciados pelo teor de água das sementes e com isto mascarar
resultados. Portanto, o teste de condutividade elétrica pode ser usado com sucesso na
avaliação do vigor de semente de soja e na identificação de lotes com maior ou menor
potencial de emergência de plântulas em campo (VIEIRA et al., 2004).
Pelo teste de emergência de plântulas em campo (Figura 8) semente
armazenada a 10 ºC, independente do estádio de desenvolvimento na colheita e
período de armazenamento, apresentaram altos valores, mínimo de 82% para R7+15
no terceiro mês, e máximo de 98% para R7+7 no sexto mês de armazenamento,
contudo, valores acima de 90% tamm foram encontrados no 9
o
e 12
o
mês de
armazenamento, neste sentido, a expressão do potencial fisiológico das sementes,
tanto no armazenamento como em campo, depende não do histórico dos lotes
como, principalmente, das condições do ambiente ao quais as sementes foram
expostas (MARCOS FILHO, 1999b).
35
Figura 7. Vigor Teste de condutividade elétrica (CE) de
sementes de soja, cultivar MGBR-46 Conquista,
durante 12 meses de armazenamento. Médias
seguidas pela mesma letra, entre colunas da
mesma temperatura e armazenamento, não
diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.
Entretanto, sementes armazenadas a 25 ºC sempre apresentaram valores
inferiores àquelas armazenadas a 10
o
C. A menor média observada foi de 72% para
sementes colhidas em R7, no nono mês de armazenamento e 94% para R7+15 no 6
o
mês. Cabe salientar ainda, que no 9
o
mês de armazenamento, as plântulas oriundas de
sementes armazenadas a 25 ºC apresentaram boa emergência, entretanto porte inferior
em relação às plântulas oriundas de sementes armazenadas a 10 ºC. Diante disso,
COLETE et a.l (2007) concluíram que a condutividade elétrica da solução de
embebição de sementes de soja pode ser ferramenta muito eficiente para estimar a
emergência de plântulas em campo.
36
Figura 8. Vigor Emergência de plântulas em campo (EC)
proveniente de sementes de soja, cultivar MGBR-46
Conquista, durante 12 meses de armazenamento.
Médias seguidas pela mesma letra, entre colunas
da mesma temperatura e armazenamento, não
diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.
A avaliação de emergência de pntulas em areia (Figura 9) apresentou
resultados negativos apenas em duas situações, uma; a partir do 6
o
e 9
o
mês de
armazenamento e a segunda; no 12
o
mês de armazenamento para todas as épocas de
colheita, armazenadas à temperatura de 25 ºC. Portanto, nota-se estreita ligação entre
período de armazenamento e a temperatura, onde foi observado sementes com bom
desempenho fisiológico quando armazenada na temperatura de 10 ºC.
37
Figura 9. Emergência em areia de sementes de soja, cultivar
MGBR-46 Conquista, durante 12 meses de
armazenamento. Médias seguidas pela mesma
letra, entre colunas da mesma temperatura e
armazenamento, não diferem entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.
4. Conclusões
De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que:
O armazenamento sob condições adversas de sementes de soja no campo, após o
estádio R7 e no armazém a 25 ºC durante os 12 meses de armazenamento, reduziu
seu potencial fisiológico danificando a estrutura da testa;
O potencial fisiológico foi mantido a 10 ºC (45-50% UR do ar) durante os 12 meses de
armazenamento.
38
CAPÍTULO 3 – ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS EM SEMENTE DE SOJA EM FUNÇÃO
DA ÉPOCA DE COLHEITA E DA TEMPERATURA DE ARMAZENAMENTO
RESUMO - O principal desafio das pesquisas sobre vigor de semente está na
identificação de parâmetros relacionados à deterioração. A técnica da eletroforese de
proteínas pode possibilitar a detecção das fases iniciais da deterioração, por meio da
avaliação da atividade de enzimas associadas ao processo de degradação e oxidação
de substâncias de reserva bem como biosíntese de novas substâncias. O objetivo deste
trabalho foi monitorar a deterioração de sementes soja armazenada. Para tanto, foram
utilizadas sementes da cultivar de soja MGBR-46 Conquista colhidas em três épocas;
maturidade fisiológica-R7, R7+ 7 dias e R7 + 15 dias, e armazenada em câmara fria (10
ºC, 45-50% UR do ar) e câmara climatizada (25 ºC 60-75% UR do ar). Durante o
período de armazenamento, as sementes foram avaliadas trimestralmente com intuito
de se obter os perfis de bandas das enzimas esterase (EST), malato e glutamato
desidrogenase (MDH e GTDH). Foram extraídos 10 eixos embrionários de cada
tratamento para análise eletroforética. Pode-se verificar que a atividade da EST e MDH
a partir do sexto mês, diminuiu a intensidade das bandas, ocorrendo assim o
desaparecimento de bandas no 9
o
e 12
o
meses de armazenamento a 25 ºC. Entretanto
a atividade da GTDH apresentou menor intensidade nos perfis de bandas apenas no 9
o
e 12
o
mês de armazenamento a 25 ºC. De acordo com os resultados obtidos pode-se
concluir que: sementes de soja colhidas em diferentes épocas e com alto potencial
fisiológico podem apresentar acentuadas diferenças nos padrões izoenzimáticos em
resposta ao armazenamento a de 10 ºC e 25 ºC; as análises das enzimas foram
sensíveis para avaliação do potencial fisiológico, indicando o início da deterioração das
sementes em função do período de armazenamento e época de colheita; a atividade
das enzimas malato desidrogenase, glutamato desidrogenase e esterase são
influenciadas pelo período e temperatura de armazenamento.
Palavras-Chave: Glycine max, potencial fisiológico, semente, vigor, enzima.
39
1. Introdução
O potencial de desempenho da semente de soja é fator principal no
estabelecimento dessa cultura e com consequências futuras sobre sua produtividade.
Portanto, dentre os diversos fatores que contribuíram para o avanço da produção e
produtividade da cultura da soja no Brasil e no mundo, o uso de sementes de alta
qualidade teve papel significativo. A semente é um dos insumos mais importantes para
a agricultura, além de ser o principal veículo que leva ao agricultor todo potencial
genético da cultivar com características superiores (KRZYZANOWSKI et al., 2006).
Perdas na qualidade das sementes de soja ocorrem durante todas as etapas do
processo de produção, desde o período em que a cultura permanece no campo,
exposta às condições adversas, até as etapas de colheita, secagem beneficiamento e
armazenamento. A semente de soja é muito sensível à deterioração, onde, o processo
pode ocorrer de modo significativo em apenas 12 meses de armazenamento
(PRIESTLEY, 1986). Tudo dependerá da qualidade inicial e das condições de
armazenamento da semente. Portanto, a detecção da deterioração de semente por
intermédio de testes de vigor pode ser entendida como componente importante na
avaliação do potencial fisiológico, contribuindo na solução de problemas ao longo de
todo o processo de produção de semente.
Neste sentido, o principal desafio das pesquisas em vigor de semente está na
identificação de parâmetros relacionados ao processo de deterioração, que precedam a
perda da capacidade germinativa. A técnica da eletroforese de proteínas pode
possibilitar a detecção das fases iniciais da deterioração, por meio da avaliação da
atividade de enzimas associadas com ao processo de degradação e oxidação de
substâncias de reserva bem como biossíntese de novas substâncias.
PRIESTLEY (1986) e BASAVARAJAPPA et al. (1991) associaram a perda de
algumas formas de isoenzimas, tais como, a peroxidase, fosfatase ácida,
desidrogenase, esterase e aminopeptidase com o envelhecimento severo de um grupo
de espécies de sementes como arroz, cevada, trigo e milho, ou aumentada, como no
caso das fosfolipases para milho. Tamm, VIEIRA (1996) encontrou como indicadores
promissores do estádio de deterioração de sementes de algodoeiro as variações
40
eletroforéticas de proteínas e das enzimas glutamato desidrogenase, malato
desidrogenase, fosfatase ácida, enzima málica, peroxidase e 6- fosfogluconato. O
monitoramento dessas mudanças pode ser feito com a ajuda de marcadores
moleculares, pois, além de fornecerem dados úteis sobre a estrutura e diversidade
genética das populações de plantas, possibilitam a visualização da atividade das
enzimas nos diferentes estádios da planta (PRIESTLEY, 1986).
Embora existam na literatura estudos relacionados às alterações na composição
enzimática durante a deterioração das sementes, ainda muito a ser esclarecido
neste processo. Diante disso, a eletroforese, por meio da detecção de alterações na
composição protéica e de enzimas específicas, pode ser ferramenta eficiente para o
acompanhamento da qualidade de semente durante o armazenamento (ISTA, 1992).
Estas enzimas caracterizam-se como excelentes catalisadores biológicos, visto
que aceleram a taxa das reações bioquímicas, contudo, as mesmas o se modificam
com o processo com tal reações (TAIZ & ZEIGER, 2006; MATHEWS & VAN HOLD,
1996 citados por TAIZ & ZEIGER, 2006).
Neste sentido, WILSON Jr. & McDONALD Jr. (1986) afirmaram que em
sementes deterioradas, as células sofrem prejuízos em sua capacidade respiratória no
inicio do processo germinativo. Isso ocorre devido à quebra do gradiente protônico
necessário para manter o acoplamento respiratório em consequência de danos nas
membranas celulares. Portanto, é comum o uso de marcadores bioquímicos na
avaliação do potencial fisiológico, de sementes de diferentes espécies, sendo o mesmo
recomendado pela Lei de Proteção de Cultivares (VIEIRA et al., 2009).
2. Material e métodos
O presente trabalho foi desenvolvido nos Laboratórios de Análise de Sementes
do Departamento de Produção Vegetal e de Microscopia Eletrônica de Varredura da
UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
Sementes da cultivar de soja MGBR-46 Conquista foram produzidas numa área
0,5 ha, no ano agrícola 2007/2008 na fazenda de ensino e pesquisa da UNESP,
41
mpus de Jaboticabal (SP) e colhidas em três épocas: estádio de desenvolvimento
R7; R7+7 dias e R7+15 dias. Após colheita e debulha manual, as sementes foram
limpas, classificadas, homogeneizadas e acondicionadas em embalagem de papel
multifoliado e armazenadas em mara fria (10 ºC 40-45% UR do ar) e câmara
climatizada (25 ºC 60-75% UR do ar) por 12 meses.
Os dados de precipitação pluvial e umidade relativa do ar (UR%), observados no
período que o experimento estava no campo, encontram-se na Figura 1 (capitulo 2).
Para a caracterização inicial da qualidade das sementes, foram realizadas as seguintes
determinações: teor de água, germinação (papel e areia) (BRASIL, 1992),
condutividade elétrica (VIEIRA & KRZYZANOWSKI, 1999), teste de tetrazólio (vigor e
viabilidade) (FRANÇA NETO et al., 1999), teste de envelhecimento acelerado
(MARCOS FILHO, 1999), emergência de plântulas em campo (NAKAGAWA, 1999),
bem como à avaliação trimestral durante armazenamento por meio dos testes supra
citados e análise estrutural das sementes. por meio da microscopia eletrônica de
varredura.
O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro
repetições por época de colheita e temperatura de armazenamento. A comparação
entre o potencial fisiológico das sementes foram feitas pelo teste de Tukey, ao nível de
5% de probabilidade. Na execução das análises estatísticas foi utilizado o programa
computacional ASSISTAT - Assistência Estatística (SILVA & AZEVEDO, 2006).
Teor de água (base úmida): o teor de água inicial das sementes foi determinado
pelo método da estufa a 105±3 °C, por 24 horas (BRASIL, 1992).
Teste de tetrazólio: foi conduzido em duas subamostras de 50 sementes para
cada tratamento, pré-condicionadas em papel tipo germitest, umedecido e mantido
nestas condições por 16 horas a 25 °C. Posteriormente as sementes foram transferidas
para copos de plásticos (capacidade 50 mL) com solução de 2,3,5 trifenil cloreto de
tetrazólio na concentração de 0,075% e mantidas em câmara escura por duas horas e
30 minutos a 40 °C. Vencido este período, as sementes foram lavadas em água
42
corrente e, logo em seguida, avaliadas de forma individual com corte longitudinal no
eixo embrionário (FRANÇA NETO et al., 1999).
Teste de germinação: foi conduzido com quatro repetições de 50 sementes
para cada tratamento, utilizando como substrato papel tipo germitest umedecido com
água destilada na quantidade de 2,5 vezes seu peso seco e colocado em mara de
germinação a 25 °C. A avaliação foi realizada no quinto dia após semeadura, com a
contagem das plântulas normais (BRASIL, 1992).
Teste de emergência de plântulas em areia: foi conduzido em quatro
repetições de 50 sementes entre areia, com 60% da capacidade de retenção de água e
colocado em temperatura ambiente, 25–30 °C. A avaliação foi realizada ao quinto dia
após semeadura (BRASIL, 1992).
Teste de condutividade elétrica: utilizou-se o método de condutividade elétrica
em massa, com quatro repetições de 50 sementes para cada lote. As sementes foram
pesadas com precisão de duas casas decimais e, em seguida, colocadas em copos de
plástico (capacidade de 200 mL), contendo 75 mL de água destilada e desionizada,
durante 24 h a 25 °C. Vencido o período de exposição, a condutividade elétrica da
solução de embebição foi determinada em condutivímetro DIGIMED - DM 31 e os
resultados expressos em S.cm
-1
.g
-1
(VIEIRA & KRZYZANOWSKI, 1999).
Teste de envelhecimento acelerado: Foram utilizados 42 g de sementes,
distribuídas em camada única sobre a tela de inox, no interior de caixas de plástico
(11x11x3,3 cm), mantidas a 41 °C e umidade relativa do ar de aproximadamente 100%
por 48 h (MARCOS FILHO, 1999). Posteriormente as sementes foram posta a germinar,
conforme relatado para o teste de germinação.
Teste de emergência de plântulas em campo: Foram utilizadas quatro
repetições de 50 sementes por lote. Antes da semeadura, foi efetuado o tratamento das
mesmas com carbendazin + thiram
na proporção de 2,5 mL do produto comercial, mais
43
2,5 mL de água para cada kg de sementes (HENNING, 2004). As sementes foram
semeadas no espaçamento 0,45 m entre linhas, profundidade de 3-4 cm. A avaliação
foi realizada no 21
o
dia após semeadura (NAKAGAWA, 1994).
Atividade enzimática: a avaliação das alterações bioquímicas foi feita
realizando-se eletroforese vertical em gel de poliacrilamida para as isoenzimas
esterase, malato e glutamato desidrogenase, conforme descritas a seguir: Para
obtenção do extrato, 10 sementes de soja de cada tratamento foram colocadas para
germinar em caixas de plástico (11x11x3,5 cm) escuras por três dias à temperatura de
25 ºC. Após esse período, destacaram-se os eixos hipocótilo-radícula, os quais foram
macerados em almofariz em banho de gelo, utilizando-se tampão tris-glicina 0,1 M pH
8,3 na proporção 1:1 (p/v) e transferido para microtubos de 2,5 mL. Posteriormente, o
material foi centrifugado a 24.70 xg por 15 minutos à temperatura de 4 ºC e o
sobrenadante foi utilizado para determinação da atividade das enzimas.
A eletroforese em is de poliacrilamida foi desenvolvida em sistema
descontinuo (10% gel de separação e 7% gel de concentração), em cubas tipo Protean
II, por um período aproximado de 4 h a 4 ºC sob tensão de aproximadamente 200 V
constantes. O sistema tampão gel/eletrodo utilizado foi tris-glicina 0,5M em pH 8,9.
Alíquotas das amostras contendo 30 µL de extrato sem quantificar teor de proteína
foram aplicados nos géis de isoenzimas (ALFENAS, 2006).
Após a corrida eletroforética, os géis foram corados de forma especifica para
detecção das enzimas Esterase (EST; EC 3.1.1.1) e os géis mantidos incubados por
uma hora no escuro com agitação lenta, à temperatura ambiente, em solução formada
por: 40 mL de água destilada, 25 mL do tampão [fosfato de potássio monobásico 0,2 M
pH 4,3], 5 mL do tampão [fosfato de potássio dibásico 0,2 M pH 9,2], 50 mg de fast blue
BB salt. Filtrou-se essa solução e na mesma adicionou-se 1,5 mL de alpha naphtil
acetato 1% em acetona 50%; Malato desidrogenase (MDH; EC 1.1.1.37): Idem ao
anterior, em solução contendo 4 mL de ácido málico 0,5 M (pH 8,0), 20 mg de NAD, 20
mg de MTT, 2 mg de PMS 100 mL de Tris 0,1M (pH 8,5); Glutamato desidrogenase
(GTDH; EC 1.4.1.3): Idem ao procedimento descrito para esterase, em solução
44
contendo 100 mL de Tris 0,1 M (pH 8,5), 400 mg de Glu, Na, 0,1 mL de CaCl
2
10 mM,
20 mg de NAD+ 2 mg de PMS, 20 mg de MTT.
A avaliação dos perfis eletroforéticos foi realizada com base na presença,
ausência e intensidade de bandas (ALFENAS, 2006).
3. Resultados e discussão
Na Tabela 1 (capitulo 2) são apresentados os resultados da caracterização inicial
das sementes de soja, cultivar MGBR-46 Conquista, quanto à germinação, emergência
de plântulas em areia e em campo, condutividade elétrica, tetrazólio (vigor),
envelhecimento acelerado, bem como o teor de água.
No presente estudo foi verificado decréscimo na germinação e vigor tanto para
semente armazenada a 10 ºC como a 25 ºC. Nas Figuras 1, 2 e 3 nota-se que a
atividade das enzimas esterase e malato da desidrogenase, a partir do sexto mês de
armazenamento, apresentaram menor intensidade de bandas, comprovando assim,
efeito negativo do armazenamento prolongado em ambas as temperaturas estudadas.
Entretanto, para enzima glutamato da desidrogenase, a intensidade de bandas
permaneceu inalterada durante todo o período de armazenamento a 10 ºC.
Nessas Figuras 1, 2, 3, estão apresentados os padrões eletroforéticos das
enzimas esterase (EST), malato desidrogenase (MDH) glutamato desidrogenase
(GTDH) durante período de armazenamento e épocas de colheita.
Pelas análises eletroforéticas da EST pode-se observar na Figura 1 nos seis
primeiros meses de armazenamento e nas temperaturas de 10 e 25 ºC maior atividade
da EST. Pode-se verificar também que a atividade da EST a partir do 6
o
mês, à medida
que aumentou o período de armazenamento das sementes, diminuiu a intensidade das
bandas, ocorrendo assim o desaparecimento de bandas no 9
o
e 12
o
meses de
armazenamento, demonstrando que as sementes apresentavam maior peroxidação de
seus lipídios de membrana celular, causando aumento na permeabilidade e
consequentemente, no processo deteriorativo (Figura 1).
45
0 3 6 9 12
Figura 1. Perfis de bandas do sistema enzimático
esterase (EST) extraídos de eixos
embrionários de sementes de soja colhidas
nos estádios R7, R7+7 e R7+15 e
avaliados aos 0, 3, 6, 9 e 12 meses de
armazenamento nas temperaturas de 10 e
25 ºC (A e B respectivamente).
A relação entre a redução da atividade da esterase e a perda da qualidade
fisiológica das sementes detectada pelo teste de condutividade elétrica fortalece essa
hipótese, visto que o teste de condutividade elétrica tem sido recomendado para
quantificar substâncias lixiviadas para o meio de embebição, uma vez que sementes
com baixo vigor apresentam desorganização na estrutura das membranas celulares,
acarretando aumento na lixiviação de solutos, tais como açúcares, aminoácidos, ácidos
orgânicos, proteínas e substâncias fenólicas, e íons inorgânicos: K
+
, Ca
++
, Mg
++
e Na
+
(AOSA, 2002; HAMPTON & TEKRONY, 1995; VIEIRA & KRZYZANOWSKI, 1999).
A
B
R7
R7+7
R7+15
R7
R7+7
R7+15
R7
R7+7
R7+15
R7
R7+7
R7+15
R7
R7+7
R7+15
46
Conseqüentemente, a redução da sua atividade impede que os fosfolipídios das
membranas permaneçam eficientemente protegidos. Desse modo, com a
desestruturação destes, verificou-se que o sistema de membranas das organelas
entram em declínio, tornando-se mais suscetíveis aos efeitos deletérios do O
2
e
permitindo maior produção de lixiviados, à medida que as sementes são envelhecidas
(BEWLEY e BLACK, 1994).
Alterações nos padrões da EST evidenciam a ocorrência de eventos
deteriorativos, que podem contribuir para a redução da germinação das sementes à
medida que o aumentados os níveis de fatores adversos, temperatura e teor de água
de semente no processo de envelhecimento, pois a esterase é uma enzima envolvida
em reações de hidrólise de ésteres, estando diretamente ligada ao metabolismo dos
lipídios. A EST está envolvida tanto na hidrólise de ésteres quanto no metabolismo de
lipídios, fonte de carbono para a síntese de novas moléculas em plântulas, uma vez que
o processo de fotossínteze o está preparado para suprir toda a demanda de carbono
requerida pela planta (BEWLEY & BLACK, 1994). Segundo BASAVARAJAPPA et al.
(1991), sendo a peroxidação de lipídios um evento associado à danos de membrana de
sementes, alterações podem denotar a ocorrência de eventos deteriorativos, que
podem contribuir para a redução na germinação de sementes á medida que é
aumentado o fator salinidade.
O sistema isoenzimático esterase é constituído por um complexo e heterogêneo
grupo de enzimas com ampla gama de substratos específicos (SCANDALIOS, 1969).
As variantes destas proteínas encontradas em plantas, por exemplo, são geralmente
monoméricas ou diméricas (WEEDEN & WENDEL, 1990), com alto nível de
variabilidade (GILLESPIE & LANGLEY, 1974). Esterase é, desta forma, um dos
sistemas isoenzimáticos mais polimórficos em plantas (WEEDEN & WENDEL, 1990).
Para o sistema isoenzimático malato desidrogenase (Figura 2), verificou-se que
ocorreram alterações na expressão desta enzima do 9
o
ao 12
o
mês de armazenamento,
para as três épocas de colheita, nas temperaturas de 10 e 25 ºC de armazenamento
das sementes. Durante a germinação das sementes, essa enzima também atua no
processo de gliconeogênese, responsável pela geração de sacarose a partir de
triacilgliceróis presentes no interior dos oleossomos, nos tecidos de reserva da semente
47
(SPINOLA et al., 2000). Em estudos com sementes de soja, SHATTERS et al. (1994)
observaram que a atividade da MDH em sementes de soja foi menos afetada pelo
período de exposição de 24 h no envelhecimento acelerado.
0 3 6 9 12
Figura 2. Perfis de bandas do sistema enzimático malato
desidrogenase (MDH) extraídos de eixos
embrionários de sementes de soja colhidas nos
estádios R7, R7+7 e R7+15 e avaliados aos 0, 3,
6, 9 e 12 meses de armazenamento nas
temperaturas de 10 e 25 ºC (A e B
respectivamente).
A atividade da MDH permaneceu estável em sementes de feijão de maior
potencial fisiológico (SANTOS et al., 2005). Em sementes de milho, a MDH manteve
seus padrões isoenzimáticos inalterados com o avanço do processo deteriorativo
(SPINOLA et al., 2000).
A
B
R7
R7+7
R7+15
R7
R7+7
R7+15
R7
R7+7
R7+15
R7
R7+7
R7+15
R7
R7+7
R7+15
48
A MDH catalisa a conversão do malato a oxalacetato, tendo importante função
dentro do ciclo de Krebs, além de participar do movimento de malato através da
membrana mitocondrial e da fixação de CO
2
nas plantas (TAIZ & ZAIGER, 2006). E as
mitocôndrias constituem-se no centro da respiração, por isso fica evidente a importância
dos efeitos da deterioração sobre o desempenho germinativo de semente quando são
consideradas as modificações ocorridas nessa organela. Quando a via aeróbica é
comprometida, a via anaeróbica da respiração é ativada e produtos tóxicos às lulas
como acetaldeído e etanol são acumulados. No metabolismo anaeróbico, o piruvato,
primariamente produzido na glicólise, é convertido para acetaldeído pela ação da
enzima piruvato descarboxilase e o acetaldeído é, então, reduzido para etanol pela
álcool desidrogenase (ADH).
Conforme SALINAS et al. (1998) as mitocôndrias dos eixos embrionários são
responsáveis pelo fornecimento de energia usada no alongamento dos eixos raiz/caule
e, se a taxa respiratória diminui nos eixos, a emergência e crescimento das plântulas
tamm diminuem.
Por se tratar de enzima importante na respiração celular, o aumento da
expressão em diferentes compartimentos celulares e ou intensidade de coloração
(indução da atividade da enzima) das bandas nos perfís eletroforéticos observados por
BRANDÃO JUNIOR (1996) em sementes de milho envelhecida por 144 h e por VIEIRA
(2009) em sementes de algodão quando submetidas aos maiores períodos de
envelhecimento, pode ser devido ao aumento da respiração que ocorre em semente
que se encontra em processo de deterioração avançado, uma vez que as enzimas
envolvidas na respiração podem ser ativadas em semente de qualidade reduzida
(SHATTERS et al., 1994). Na mesma pesquisa, SHATTERS et al. (1994) observaram
que em semente de soja, a atividade da MDH foi menos afetada pelo envelhecimento
da semente. Portanto, é de se supor que o período de 120 h de envelhecimento
acelerado empregado no estudo conduzido por BRANDÃO JUNIOR (1996) pode não
ter sido suficiente para ocasionar alterações metabólicas suficientes para provocar
alterações nos perfis eletroforéticos desta enzima. Possivelmente, devido aos danos
nas membranas mitocondriais, sendo esta organela a mais suscetível à peroxidação.
Pois, conforme WILSON & McDONALD (1986) e FERGUSON et al. (1990), a
49
membrana mitocondrial é rica em lipídios insaturados, o que aumenta a superfície
exposta à peroxidação, elevando a permeabilidade das membranas e afetando a
atividade respiratória aeróbica, por quebrar o gradiente protônico necessário para a
manutenção do acoplamento respiratório, diminuindo a produção de ATP e absorção de
oxigênio.
A GTDH permaneceu praticamente inalterada durante os 12 meses de
armazenamento a 10 ºC (Figura 5). Possivelmente, o acréscimo na atividade desta
enzima está, também, relacionado com a oscilação da umidade relativa do ar durante o
armazenamento e com as características próprias das cultivares. Todavia, semente de
soja armazenada a 25 ºC apresentou menor intensidade de bandas do 9
o
ao 12
o
mês
de armazenamento (Figura 6).
0 3 6 9 12
Figura 3. Perfis de bandas do sistema enzimático glutamato
desidrogenase (GTDH) extraídos de eixos embrionários
de sementes de soja durante colhidas nos estádios R7,
R7+7 e R7+15 e avaliados aos 0, 3, 6, 9 e 12 meses de
armazenamento nas temperaturas de 10 e 25 ºC (A e B
respectivamente).
A
B
R7
R7+7
R7+15
R7
R7+7
R7+15
R7
R7+7
R7+15
R7
R7+7
R7+15
R7
R7+7
R7+15
50
Esta enzima é responsável pela oxidação de aminoácidos, fornecendo energia
para o Ciclo de Krebs, produção de NADPH e/ou na redução do a-cetoglutarato para
síntese de aminoácidos. O estresse provocando pelo período de armazenamento à
temperatura de 10 ºC não foi suficiente para diminuir a atividade desta enzima,
entretanto, para temperatura de 25 ºC houve diminuição da atividade desta no 9
o
12
o
mês de armazenamento. Apesar de esses resultados estarem de acordo com os
encontrados por SHATTER et al. (1994) em sementes de soja, a perda da atividade
dessa enzima acontece em estágios mais avançados de deterioração (germinação
variando de 40 a 50%), provavelmente em função de sua atuação, ou seja, ao vel de
proteínas de reservas.
SANTOS et al. (2004) observaram que a atividade da GTDH no período zero de
envelhecimento apresentou-se mais elevada em um grupo de sementes de feijão,
demonstrando que a atividade respiratória das sementes estava mais elevada,
caracterizando um processo deteriorativo mais avançado, quando comparado ao
segundo grupo de sementes de feijão. A atividade da GTDH foi superior no primeiro
grupo até 72 horas, no entanto, a partir desse período foi semelhante para os dois
grupos.
O estresse provocado pelo período de armazenamento não foi suficiente para
diminuir a atividade desta enzima, na temperatura de 10 ºC, sendo esta a menos
afetada pelo período de armazenamento em função da temperatura. Em plântulas de
eucalipto envelhecidas artificialmente, CAMARGO et al. (2000) observaram aumento na
atividade da GTDH, discordando dos dados encontrados neste trabalho, onde houve
alteração na atividade de GTDH, apenas em sementes armazenadas a 25 ºC após
nove meses de armazenamento, discordando também dos dados encontrados por
SHATTERS et al. (1994), os quais verificaram diminuição na atividade desta enzima em
sementes de soja em função da deterioração causada pelo envelhecimento acelerado.
51
4. Conclusão
De acordo com os resultados obtidos pode-se concluir que:
Sementes de soja colhidas em diferentes épocas e com alto potencial fisiológico podem
apresentar acentuadas diferenças nos padrões izoenzimáticos em resposta ao
armazenamento nas temperaturas de 10 ºC e 25 ºC;
Análises das enzimas foram sensíveis para avaliação do potencial fisiológico, indicando
o icio da deterioração das sementes em função do período de armazenamento e
época de colheita;
A atividade das enzimas malato desidrogenase, glutamato desidrogenase e esterase
são influenciadas pelo período e temperatura de armazenamento.
52
CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste projeto de pesquisa foram considerados o potencial fisiológico, a alteração
estrutural e atividade de três enzimas em semente de soja colhidas em três épocas (R7,
R7+7 e R7+15 dias) e armazenada sob duas temperaturas (10 e 25
o
C). Esses
assuntos foram abordados em dois capítulos da tese.
Pelo exposto, e tendo em vista a importância da manutenção da qualidade de
sementes de soja, devem-se, portanto, buscar procedimentos cada vez mais
detalhados de análise de sementes, como por exemplo, a combinação dos métodos
tradicionais de avaliação da germinação e vigor de sementes, bem como, avaliar a
atividade de enzimas que possam estar relacionadas com o processo de deterioração
da semente, além da avaliação da estrutura do tegumento, considerando a época de
colheita e o armazenamento da semente. Procurou-se com esses assuntos abordar o
processo de deterioração da semente paralelamente ao desempenho da semente.
O termo qualidade na área de semente está intimamente ligado ao processo
deteriorativo, todavia, de natureza complexa, uma vez que ao presente momento
esse tema encontra-se em permanente discussão em tecnologia de sementes para
diferentes espécies. Encontrar um procedimento que realizado em laboratório e que
possa indicar ao futuro usuário o desempenho de um lote de sementes, continua sendo
o grande desafio para pesquisadores da área. O desempenho da semente no campo
tem estreita relação com as condições climáticas, particularmente umidade do solo e
temperatura, além obviamente de sua integridade. Quanto melhor, maior será
perspectiva para um bom desempenho em campo em ampla faixa de condições
climáticas.
A apresentação de alterações estruturais e do potencial fisiológico de sementes
de soja colhidas em três épocas e armazenadas em duas temperaturas (10 e 25
o
C)
(capítulo 1) abrangeu a relação dos danos estruturais da testa, comprovando desta
maneira, a importância do armazenamento de sementes sob temperatura e umidade
relativa do ar e, da época adequada de colheita. Observou-se, ainda, que houve
decréscimo gradativo do teor de água (TA) de sementes durante os 12 meses de
53
armazenamento, independentemente da temperatura e da época de colheita. A redução
no teor de água em função do armazenamento ocorreu tendo em vista que os
ambientes de armazenamento apresentavam baixa umidade relativa do ar, fazendo-se
com que o equilíbrio higroscópico da semente ocorresse com teor de água mais baixo
do que no início do armazenamento.
Considerando que a maioria das sementes de espécies cultivadas possuem
características ortodoxas, nas quais, aumento do conteúdo de água da semente ou da
umidade relativa do ar, ou ainda, da temperatura de armazenamento, resulta em rápida
perda da viabilidade (ROBERTS, 1973), reduzindo a porcentagem de emergência de
plântulas em campo, além de diminuir o potencial de armazenamento (MATTHEWS,
1981).
Do ponto de vista ultraestrutural, nota-se, portanto, grande variação na
espessura das três camadas na testa da semente e da espessura total em relação ao
período de armazenamento e época de colheita. Existem diferenças entre a estrutura
anatômica da testa de sementes entre genótipos de soja, as quais podem estar
relacionadas à permeabilidade e indiretamente relacionadas à qualidade de sementes
(SOUZA & MARCOS FILHO, 2001; MERTZ et al., 2009).
A exposição destes dados de certa forma contribui para melhor entendimento do
assunto potencial fisiológico de semente.
De maneira similar, alterações bioquímicas em sementes de soja oriundas de
diferentes épocas de colheita e condições de armazenamento (capitulo 3) expressam a
real situação em que sementes deterioradas apresentam perda ou manutenção da
atividade de certas enzimas em função do seu potencial fisiológico, temperatura e
período de armazenamento. No presente estudo foram verificados decréscimos na
germinação e no vigor de sementes armazenadas em duas condições de temperatura
(10 e 25
o
C), como tamm a atividade das enzimas esterase, malato desidrogenase a
partir do 6
o
mês de armazenamento apresentam menor intensidade de bandas,
comprovando assim, efeito negativo do armazenamento prolongado para as
temperaturas estudadas. Isso demonstrou a redução de atividade dessas tendo em
vista as condições adversas de produção e armazenamento. Diferentemente, para
54
enzima glutamato desidrogenase, a intensidade de bandas permaneceram inalteradas
durante os meses de armazenamento a 10 ºC.
Dentro de um contexto geral, torna-se importante o conhecimento dos diferentes
mecanismos envolvidos com a perda e, ou manutenção do potencial fisiológico de
sementes, como também de toda ferramenta capaz de mensurar diferentes alterações
fisiológico-bioquímicas e que levam à redução no desempenho de sementes,
contribuindo assim, de modo efetivo para o desenvolvimento da cultura da soja,
permitido a obtenção de produtividades mais altas e, consequentemente, de resultados
econômicos compatíveis e necessárias à atividade do produtor de soja.
55
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