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UNIVERSIDADE ANHANGUERA–UNIDERP
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUÇÃO E
GESTÃO AGROINDUSTRIAL
A INDÚSTRIA MADEIREIRA NA REGIÃO NORTE DE
MATO GROSSO:
CENÁRIOS E PERSPECTIVAS DE FUTURO
CAMPO GRANDE – MS
2009
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ADRIANO MARCOS RODRIGUES
A INDÚSTRIA MADEIREIRA NA REGIÃO NORTE DE
MATO GROSSO:
CENÁRIOS E PERSPECTIVAS DE FUTURO
Projeto de conclusão de curso apresentado ao
Programa de Pós-Graduação em nível de
Mestrado Profissional em Produção e Gestão
Agroindustrial da Universidade Anhanguera-
Uniderp, como parte dos requisitos para a
obtenção do titulo de Mestre em Produção e
Gestão Agroindustrial
.
Orientador: Prof. Dr. Ivo Martins Cezar
CAMPO GRANDE – MS
2009
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FOLHA DE APROVAÇÃO
Candidato: Adriano Marcos Rodrigues
Dissertação defendida e aprovada em xx de xxxxxxxxxxx de 2009 pela Banca
Examinadora:
__________________________________________________________
Prof. Doutor Ivo Martins Cezar (Orientador)
__________________________________________________________
Prof. Doutor xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx (xxxxxxxx)
__________________________________________________________
Prof. Doutor xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx (xxxxxxxx)
_________________________________________________
Profa. Dra. Adriana Paula D’Agostini Contreiras Rodrigues
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação
em Produção e Gestão Agroindustrial
________________________________________________
Profa. Dra. Elizabeth Teresa Brunini Sbardelini
Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela dádiva da vida.
Aos professores da Anhanguera-Uniderp, pelo profissionalismo, ética,
dedicação e colaboração no decorrer desta jornada.
Ao Prof. Dr. Ivo Martins Cezar, mestre e amigo, pelo exemplo de
profissionalismo, comprometimento, dedicação, sem o qual não seria possível a
conclusão deste trabalho.
À minha amada esposa Alecsandra que é o alicerce da minha vida, pelo
apoio, carinho, dedicação e compreensão durante o decorrer desta jornada.
Às minhas lindas filhas Valentina e Gabrielle, sempre presentes no meu
coração.
À minha querida Dulce, mãe, amiga e professora, responsável pelos meus
primeiros passos no caminho estudantil.
A meu saudoso pai Wilson (in memorian), que me ensinou que hombridade
e honestidade fazem parte do caráter de um homem.
A meus irmãos, Juliano e Beatriz, pelo apoio e carinho.
Aos amigos de mestrado Cácio, André, Léo, Juliano, Luiz, Edy Carlos,
Marcelo, Ana, companheiros nos momentos bons e ruins desta trajetória.
E a todos que direta e indiretamente estiveram presentes nessa minha
caminhada.
iii
EPÍGRAFE
Aquilo que pedimos aos céus, na
maioria das vezes se encontra em
nossas mãos.
(Willian Shakespeare)
iv
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ....................................................................................... vi
LISTA DE TABELAS .......................................................................................
vii
LISTA DE QUADROS .....................................................................................
viii
RESUMO ......................................................................................................... ix
ABSTRACT ..................................................................................................... x
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................
11
2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................
14
2.1. Agronegócio e sua importância ............................................................... 14
2.2. Amazônia Legal e sua política de desbravamento .................................. 16
2.3. Mato Grosso: uma breve contextualização ............................................. 19
2.4. Importância econômica e social da atividade madeireira no Estado de
Mato Grosso ............................................................................................ 21
2.5. Exploração desequilibrada, cenários e incertezas .................................. 22
2.6. Desmatamento e queimadas ................................................................... 23
2.7. Alternativas para a exploração da madeira de forma sustentável ........... 26
2.8. Projeto de Manejo Florestal Sustentado (PMF’s) .................................... 27
2.9. Certificação florestal ................................................................................ 29
2.10. Reflorestamento .................................................................................... 32
2.11. A importância do Programa Nacional de Florestas – PNF .................... 34
2.12. Desenvolvimento tecnológico e aproveitamento da matéria prima ....... 35
2.13. Aproveitamento dos resíduos da indústria madeireira .......................... 36
2.14. Importância da administração na organização ...................................... 38
v
3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................
40
3.1. Abordagem metodológica ........................................................................ 40
3.2. Universo e amostragem ...........................................................................
40
3.3. Coleta e análise de dados ....................................................................... 41
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 43
4.1. Perfil demográfico dos empresários ........................................................ 43
4.2. Informações operacionais ........................................................................
45
4.3. Indústria madeireira e o desenvolvimento da região norte de MT ...........
53
4.4. Crise e dificuldades do setor madeireiro ................................................. 56
4.5. Recuperação do setor madeireiro ........................................................... 61
4.6. Percepção da sociedade sobre a indústria madeireira, sob o ponto de
vista do empresário do setor ....................................................................
63
4.7. Cruzamentos entre informações ..............................................................
65
4.7.1. Nível de escolaridade X faixa etária dos empresários ........................
65
4.7.2. Tempo de atuação no mercado X tempo de utilização dos PMF’s ......
65
4.7.3. Rentabilidade X perspectivas de futuro da indústria ............................
66
4.7.4. Rentabilidade do setor X principal fonte de renda ..............................
67
4.7.5. Recuperação do setor madeireiro X rentabilidade ...............................
68
4.7.6. Recuperação do setor madeireiro X perspectivas de futuro ................
68
4.7.7. Rentabilidade do setor X reflorestamento ............................................
69
5. CONCLUSÕES ............................................................................................
70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 72
APÊNDICES .................................................................................................... 79
APÊNDICE A: Questionário da pesquisa ....................................................... 80
APÊNDICE B: Número dos principais postos de trabalho perdidos no setor
madeireiro, na região norte de MT .......................................... 86
APÊNDICE C: Classificação das empresas por número de empregados ......
87
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa representativo da Amazônia Legal ......................................... 17
Figura 2: Distribuição etária do empresário da indústria madeireira ...............
43
Figura 3: Nível de escolaridade dos empresários da indústria madeireira ...... 44
Figura 4: Responsável pela gestão da indústria madeireira ............................
44
Figura 5: Tempo de atuação das empresas no mercado madeireiro .............. 45
Figura 6: Distribuição de outras fontes de rendas do empresário ................... 45
Figura 7: Classificação das empresas madeireiras, segundo o número de
empregados .....................................................................................
46
Figura 8: Distribuição das opiniões em relação ao maior número de
funcionários nas empresas ao longo do tempo ............................... 47
Figura 9: Principais produtos exportados pela indústria madeireira ................ 47
Figura 10: Frequência em anos de envolvimento com PMF ........................... 48
Figura 11: Origem dos produtos florestais – Antes da prática de PMF ........... 49
Figura 12: Distribuição de áreas de reflorestamento, por município ............... 51
Figura 13: Principais produtos produzidos pela indústria madeireira .............. 52
Figura 14: Rentabilidade econômica da indústria madeireira ......................... 53
Figura 15: Período de maior retorno econômico da indústria madeireira ........
53
Figura 16: Crise e/ou dificuldade na indústria madeireira – Ano início ............
57
Figura 17: Perspectivas de futuro da indústria madeireira .............................. 60
Figura 18:
Nova área de atuação do empresariado, caso deixasse a
indústria madeireira ....................................................................... 64
vii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Graus de importância atribuídos a fatores relacionados ao PMF . 50
TABELA 2: Graus de importância atribuídos a fatores responsáveis pelo
declínio do setor madeireiro ..........................................................
58
TABELA 3: Graus de importância atribuídos a fatores responsáveis pelas
dificuldades do setor ..................................................................... 59
TABELA 4: Perspectivas para as empresas no mercado madeireiro - visão
dos proprietários ........................................................................... 60
TABELA 5: Grau de importância de alternativas para a recuperação do setor
62
TABELA 6: Percepção da sociedade sobre a indústria madeireira, sob o
ponto de vista do empresário do setor ..........................................
64
TABELA 7: Nível de escolaridade X faixa etária dos empresários .................. 65
TABELA 8: Tempo de atuação no mercado X tempo de utilização dos PMF’s
66
TABELA 9: Rentabilidade X perspectivas de futuro da indústria madeireira 66
TABELA 10: Rentabilidade do setor X principal fonte de renda ...................... 67
TABELA 11: Recuperação do setor madeireiro X rentabilidade ......................
68
TABELA 12: Recuperação do setor madeireiro X perspectivas de futuro ....... 69
TABELA 13: Rentabilidade do setor X reflorestamento ...................................
69
viii
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: Exportações do agronegócio por grupo de mercadorias ............ 16
QUADRO 2: Processo administrativo .............................................................. 38
ix
RESUMO
Durante décadas, a indústria madeireira foi o pilar da economia de inúmeros
municípios na região norte de Mato Grosso. Entretanto, nos últimos anos, o setor
madeireiro tem passado por instabilidade e crise. O objetivo deste estudo foi
verificar os impactos socioeconômicos dessa crise na região e os possíveis
cenários e perspectivas de futuro para o segmento. Para tanto, utilizou-se um
encaminhamento metodológico de caráter exploratório. O universo da pesquisa foi
constituído por 169 indústrias madeireiras, filiadas ao SINDUSMAD Sindicato
das Indústrias Madeireiras da Região Norte de Mato Grosso. A amostragem foi
definida de forma probabilística com modelo aleatório, tendo um intervalo de
confiança de 95%, um erro amostral de 7 %, perfazendo um total de 70 empresas.
Análises univariadas e bivariadas foram realizadas, utilizando o Software Sphinx
(versão Léxica 5). Os resultados indicaram que a crise setorial teve como marco o
ano de 2005, coincidindo com a operação Curupira para coibir procedimentos
ilícitos na comercialização dos produtos madeireiros. A crise gerou impactos
socioeconômicos negativos para região. Os empresários sentem-se insatisfeitos
em face das exigências regulatórias do governo. Por outro lado, o manejo florestal
tem sido aceito pelos empresários como o caminho para um cenário de
sustentabilidade socioeconômica do setor madeireiro. As empresas mais recentes
iniciaram as suas atividades com base em projetos de manejo florestal. As
opiniões da perspectiva de recuperação do setor madeireiro estão divididas entre
os empresários. Embora exista ambiguidade de opiniões em relação ao futuro, é
esperado que, com a utilização de novos procedimentos ambientais, operacionais
e industriais, o setor caminhará no sentido de equilíbrio socioeconômico e
ambiental.
Palavras chave: Indústria madeireira, região norte de Mato Grosso, crise
x
ABSTRACT
For long decades the wood industry was the basic economy for several
municipalities in the north region of state Mato Grosso. However, in the last years,
the wood sector has faced unstable environment and crisis. The objective of this
study was to verify the socioeconomic impacts of this crisis in the region and the
possible scenarios and future sector perspectives. In this way, it was used an
exploratory methodological approach. The research universe was compounded by
169 wood industries, which were associated to SINDUSMAD Wood Industries
Syndicate for North Region of Mato Grosso. A random sampling of 70 enterprises
was selected using a statistic model taking into account a confidence interval of
95% and a sampling error of 7%. Univariate and bivariate data analysis were
carried out by using Sphinx software (Lexica 5). The results indicated that the
sector crisis had the year 2005 as reference and coincident with Curupira
operation to prohibit irregular procedures to commercialize wood products. The
crisis created negative socioeconomics impacts. The wood entrepreneurs are
unsatisfied facing the regulatory demands from government. On the other hand,
the forest management has been accepted by wood entrepreneurs as a way for
sustainable socioeconomic scenario for wood sector. The new enterprises initiated
their activities on basis of projects for forest management. The entrepreneurs’
opinions are divided on recuperation perspective for wood sector. Although, there
are ambiguity opinions in relation to the future, it is expected that the sector will
find the way for socioeconomic and environmental equilibrium by using new
environment, operational and industrial procedures.
keywords: Wood Industries, north region of Mato Grosso, crisis
1. INTRODUÇÃO
Durante décadas, a ocupação do território brasileiro e a abertura de novas
fronteiras agrícolas foram os objetivos maiores dos governantes deste país. Tal
movimento expansionista foi responsável por culminar no surgimento de novos
Estados, dentre estes o Estado de Mato Grosso.
No que tange ao Estado de Mato Grosso, mais especificamente à região
norte, a exploração de madeira e a produção agrícola foram as forças propulsoras
para o surgimento de inúmeras cidades e, consequentemente, para o
estabelecimento de suas economias. Nesse contexto, cabe à madeira especial
destaque, tornando a região norte uma das mais expressivas na arrecadação e no
volume de exportações do Estado.
Reconhecidamente, tal destaque foi alcançado pela coragem, ousadia,
determinação e muito trabalho de toda classe empresarial, principalmente, pelo
segmento madeireiro que durante décadas fez com que a economia da região
norte fosse pujante, assegurando o comércio e a prestação de serviços
associados à mesma.
Entretanto, a partir dos últimos anos, especificamente de 2005 em diante, a
indústria madeireira da região vem passando por profundas transformações de
ordem econômica, partindo da dificuldade em adquirir a matéria prima, passando
pela fiscalização rígida que os órgãos e institutos ambientais estão impondo, até a
fatores externos como a desvalorização do dólar e a concorrência com demais
produtores mundiais. Este conjunto de fatores acabou por desencadear um
cenário de crise no segmento madeireiro.
12
Para ilustrar melhor a dimensão do problema, o Jornal Diário de Cuiabá,
em 2005, veiculou a seguinte noticia: “Sindicatos de indústrias madeireiras
estimam que mais de 20 mil demissões tenham ocorrido este ano no setor
madeireiro e a previsão é de que ocorram novos enxugamentos ainda este ano”
(MACIEL, 2005).
No entanto, tal crise não é reflexo de ações de hoje, mas sim das atitudes e
políticas desenvolvimentistas adotadas no início da colonização da região, na qual
a abertura de novas fronteiras era o foco principal, para garantir a ocupação do
espaço geográfico brasileiro sem, contudo, considerar, objetivamente, os
possíveis impactos ambientais e sociais gerados. Ocorre que durante décadas,
utilizando-se da prerrogativa do desbravamento e da ampliação das fronteiras
agrícolas, a exploração agroflorestal, especificamente da madeira, aconteceu de
forma indiscriminada, sob um ritmo de devastação acelerado.
De acordo com Picoli (2004a), fato também intrínseco ao projeto de
expansão da Amazônia é a existência de duas etapas. A primeira está na coleta
das árvores pelo madeireiro e, a segunda, na continuidade do projeto capitalista
agropecuário de monoculturas de soja e de arroz, além da exploração pecuária.
Os excessos acabaram por culminar na insustentabilidade de tal sistema
de exploração agroflorestal, a ponto de ONG’s (Organizações não
Governamentais) e nações do mundo todo cobrarem uma política de preservação
ambiental mais operante e efetiva para a Amazônia Legal, na qual a região norte
de Mato Grosso está inserida.
Diante disto, nos últimos anos, o Governo Federal e o Governo Estadual
buscaram normatizar a exploração da madeira de forma sustentável, com base
em normas enérgicas e ecologicamente corretas, suportadas na implantação de
sistemas de gerenciamento e controle do desmatamento e da exploração da
madeira.
As mudanças ocorridas nos últimos anos, principalmente, no que concerne
à legislação e ao mercado, são fortes evidências de que o setor madeireiro de
Mato Grosso precisa se preparar para um novo cenário, muito mais competitivo e
consciente de suas responsabilidades sociais, econômicas e ambientais.
13
Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo geral verificar os
impactos socioeconômicos da crise da indústria madeireira na região norte de
Mato Grosso (MT) e identificar os cenários e as perspectivas de futuro para o
segmento madeireiro na região.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 - Agronegócio e sua importância
O agronegócio pode ser referenciado sinteticamente como o conjunto de
negócios relacionados à agricultura, dentro de uma concepção econômica
.
O conceito de "agribusiness" foi proposto pela primeira vez em 1957, por
Davis e Goldberg, citado por Zylbersztajn (1995), que definem o termo
agribusiness como sendo "a soma de todas as operações associadas à produção
e distribuição de insumos agrícolas, operações realizadas nas unidades agrícolas
bem como as ações de estocagem, processamento e distribuição dos produtos, e
também dos produtos derivados".
De acordo com Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -
MAPA (2008), o agronegócio é um sistema constituído de cadeias produtivas
compostas de fornecedores de insumos e serviços, produção agropecuária,
indústria de processamento e transformação, agentes de distribuição e
comercialização, tendo como objetivo comum suprir o consumidor de produtos de
origem agropecuária e florestal.
Megido e Xavier (2003) abordam o agronegócio como uma cadeia
sistêmica que se divide em três grupos. O primeiro grupo pertencente ao
segmento de “antes da porteira” da fazenda, que trata das áreas de pesquisa e
desenvolvimento, insumos, bens de produção e serviços para a agropecuária. O
segundo, chamado de “dentro da porteira”, envolve a produção agropecuária
propriamente dita e o terceiro, denominado “depois da porteira”, vai do
15
processamento e distribuição até o varejo. Semelhante abordagem e divisão são
citadas por Batalha e Silva (2007).
Desta forma o agronegócio brasileiro compreende atividades econômicas
ligadas, basicamente, a: (i) insumos para a agricultura, como fertilizantes,
defensivos, corretivos; (ii) à produção agrícola, compreendendo lavouras,
pecuária, florestas e extrativismo; (iii) à agroindustrialização dos produtos
primários; (iv) ao transporte e comercialização de produtos primários e
processados. (CONTINI, 2009)
Neste contexto, a definição de Iglecias (2007) torna-se pertinente e
abrangente, afirmando que o agronegócio refere-se:
“Ao conjunto de atividades agropecuárias relativas à produção,
industrialização, distribuição e comercialização de produtos
agropecuários, pautadas por algumas características bastante
peculiares, como competitividade, gestão, foco no consumidor, altos
índices de produtividade, desenvolvimento permanente de ciência e
tecnologia, intensidade em capital (e, em algumas cadeias produtivas,
também em trabalho) e inserção nas cadeias produtivas, financeiras e
comerciais globais”.
Assim, de acordo com os conceitos de agronegócio, verifica-se uma
profunda interligação entre diversos agentes, responsáveis por todas as
atividades que garantam a produção, transformação, distribuição e acesso aos
produtos pela população.
Cabe ressaltar que o agronegócio brasileiro, muito tempo, desempenha
papel crucial no que tange ao equilíbrio e prosperidade da economia brasileira.
Dados do MAPA (2008) enfatizam que o agronegócio é responsável por:
33% do Produto Interno Bruto (PIB); 42% das exportações totais; e 37% dos
empregos brasileiros.
Neste sentido, o MAPA (2008) estabelece que o agronegócio brasileiro é:
Uma atividade próspera, segura e rentável. Com um clima diversificado,
chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água
doce disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões de ha de terras
agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda
não foram explorados. Esses fatores fazem do país um lugar de vocação
natural para a agropecuária e todos os negócios relacionados a suas
cadeias produtivas. O agronegócio é hoje a locomotiva da economia
brasileira e responde por um em cada três reais gerados no país.
16
Para ilustrar, o QUADRO 1 mostra a importância econômica do
agronegócio brasileiro, cabendo destaque aos produtos florestais.
QUADRO 1: Exportações do agronegócio por grupo de mercadorias (BRASIL,
2008)
Grupo de mercadorias
US$1.000,00
CEREAIS/LEGUMINOSAS/OLEAGINOSAS 20.732.136
BOVÍDEOS - BOVINOS 10.028.628
PRODUTOS FLORESTAIS 9.612.711
SUÍNOS E AVES 8.520.770
CANA E SACARÍDEAS 7.908.821
CAFÉ E ESTIMULANTES 5.219.359
FRUTAS 3.287.587
BENS DE CAPITAL / INSUMOS 3.172.583
FUMO 2.752.033
AGRONEGÓCIOS ESPECIAIS 2.469.945
TÊXTEIS 1.921.607
PESCADO 277.355
OLERÍCOLAS 195.719
FLORES E ORNAMENTAIS 41.426
AGRONEGÓCIOS (TOTAL)
76.140.680
Fonte: Brasil (2009) - Elaborado pelo IEA/APTA a partir dos dados básicos da SECEX/MDIC.
Neste sentido, convém destacar a importância dos produtos de origem
florestal no sucesso econômico brasileiro, tais como papel e celulose, bem como
a contribuição da madeira e seus agregados na obtenção desse resultado.
2.2 - Amazônia Legal e sua política de desbravamento
A Amazônia Legal foi criada por meio da lei 1.806, de 6 de janeiro de
1953, que constitui um sistema de medidas, serviços, empreendimentos e obras
17
destinados a incrementar o desenvolvimento da produção extrativa e agrícola
pecuária, mineral, industrial e de relações de troca, no sentido de garantir
melhores padrões sociais de vida e bem-estar econômico das populações da
região (SUDAM, 2009).
A área de abrangência da Amazônia Legal compreende em sua totalidade
os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima
e Tocantins e, parcialmente, o Estado do Maranhão (a oeste do meridiano de 4)
(Figura 1), perfazendo uma superfície de aproximadamente 5.217.423 km2
correspondente a cerca de 60% do território brasileiro (SUDAM, 2009). Além
disso, é a maior floresta tropical úmida do planeta e detém um terço das árvores
do mundo (COELHO, 1997).
Fonte: REVISTA ELO (2008)
Figura 1: Mapa representativo da Amazônia Legal
Com essas características, a Amazônia possui a maior floresta do mundo,
o maior sistema fluvial da Terra e uma incomparável diversidade de fauna,
abrigando um quarto de todas as espécies do planeta (PEIXOTO, 2009). Além
dessa diversidade biológica, mais de 20.000 espécies diferentes de plantas
crescem exclusivamente na região (REVISTA ELO, 2008). A floresta ainda
contribui com um efeito moderador sobre o clima, além de ajudar a manter a
18
qualidade das águas e a estabilidade do solo. Explorar as riquezas da floresta,
causando o menor dano possível a todo seu rico ecossistema, é o desafio que se
impõe (REVISTA ELO, 2008).
Segundo Picoli (2004a), a ocupação da Amazônia poderia ser entendida
também como uma fórmula capaz de resolver os problemas sociais crônicos que
assolavam o nordeste brasileiro e começaram a se intensificar na região sul do
país.
“O objetivo maior não era apenas atrair migrantes para as frentes de
trabalho, mas sim, fixá-los na região amazônica. Para isso o Governo
Federal, projetou a criação de agrovilas que eram pequenas
comunidades de agricultores, implantadas ao longo das rodovias e que
deveriam receber toda a assistência do poder público, a começar pela
doação de lotes de terra, equipamentos e sementes para o início do
plantio. Caberia ao Ministério da Saúde, implantar uma rede de postos
de assistência médica e ao Ministério da Educação, garantir Escolas
para todos, com o apoio de universitários que estavam envolvidos no
“Projeto Rondon”, criado na época. Apesar de alguns resultados
positivos localizados, a ocupação da Amazônia, tutelada pelo governo,
acabou fracassando em razão de várias distorções do projeto inicial,
como o não cumprimento das promessas oficiais e a aprovação de mega
projetos agropecuários de grandes empresas nacionais e multinacionais,
que chegaram a alterar a paisagem amazônica: onde deveria haver
pequenas e médias plantações, vilas e cidades, surgiram gigantescos
desmatamentos para o plantio de pasto” (ERARDI, 2007)
Desta forma, evidencia-se que a preocupação deixou de ser os menos
assistidos e passa-se a preconizar os benefícios às grandes corporações, o que
afetou, drasticamente, a forma como se deu o encaminhamento do modelo
produtivo e de exploração dos recursos da Amazônia Legal.
No entanto, Ferreira (2005) relata que:
“A colonização da Amazônia brasileira encontra-se em uma fase sem
paralelo de expansão, na qual os incentivos fiscais passaram a
desempenhar um papel secundário, ou seja, o governo como indutor do
desenvolvimento foi substituído pela iniciativa privada cujas atividades
econômicas tornaram-se lucrativas. As principais forças de
transformação são decorrentes de demandas internas do País,
especialmente da região centro-sul, bem como do mercado
internacional. As atividades principais responsáveis pela transformação
são: exploração madeireira, pecuária, produção de grãos, extração
mineral, produção de energia hidroelétrica e prospecção de petróleo e
energia”.
Neste contexto, delineou-se o desenvolvimento da chamada Amazônia
Legal, tendo o Estado de Mato Grosso com um dos seus integrantes.
19
2.3 - Mato Grosso: uma breve contextualização
A região Centro-Oeste e, particularmente Mato Grosso, possui uma
economia com caráter essencialmente agrícola e urbanização crescente, mas
ainda com extensas áreas de matas e florestas (CUNHA, 2006). Tais
características formam o retrato da sua diversidade demográfica e ambiental, que
são capazes de explicar seu grande dinamismo econômico nos últimos anos.
Historicamente, Azevedo e Pasquis (2007) contribuem com o seguinte relato
sobre o que ocorreu, após 1930:
“Começa a se acentuar o processo de colonização do Mato Grosso,
promovida pelo governo, iniciada no sul do estado, onde tiveram
preferência os migrantes nacionais. A partir da década de 1960, essas
colônias entraram em decadência, com uma maior concentração
fundiária. Em 1971, o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária) transfere o processo de colonização para o setor
privado, que inicia a colonização no norte do estado. Havia, naquele
período, a clara intenção de ocupação da Amazônia Legal, em especial
o MT e o Pará. Foram construídas grandes obras de infra-estrutura como
a BR 163 (Cuiabá - Santarém) e a BR 364 (Cuiabá Porto Velho)”.
Neste cenário, Cunha (2006) afirma que na década de 1960, a Região
Centro-Oeste iniciou um processo de modificação de sua estrutura produtiva,
impulsionada pela ação estatal através dos programas de incentivo à
modernização agropecuária e integração da região aos outros mercados,
elementos que tiveram importantes consequências em sua dinâmica demográfica
e no processo de redistribuição espacial da população.
O Estado de Mato Grosso teve seu crescimento acelerado a partir da
década de 1970, com o surgimento das políticas de incentivos fiscais e de crédito,
destinados à ocupação e ao desenvolvimento da Amazônia, tanto agrícola como
industrial. Estas políticas foram viabilizadas, através do Prodoeste (Programa de
Desenvolvimento do Centro-Oeste) e efetivadas pela ação da Sudam
(Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) (CUNHA, 2006). Esse autor
ressalta que muitos grupos empresariais se beneficiaram do processo de
ocupação da região amazônica, lembrando que houve aprovação de alguns
projetos “melagomaníacos” que não se efetivaram, gerando, na época,
escândalos pelo uso indevido de dinheiro público.
Diante deste cenário, a região tornou-se, então, um campo vasto a ser
20
explorado, tendo na extração dos recursos naturais um dos meios de se iniciar
uma atividade com perspectivas capitalistas num local antes não explorado.
Assim, desenvolveu-se a indústria de transformação de madeira, que tem como
principal objetivo, agregar valor aos produtos extraídos, da floresta tropical nativa.
Apesar das políticas de desenvolvimento, voltadas para as regiões mais
desabitadas do interior do Brasil, não houve uma preocupação, por parte do
próprio governo federal ou estadual, em administrar e implementar uma política
ambiental que pudesse dar condições para que os empresários explorassem as
florestas sem, contudo, causar irreversíveis danos à natureza.
Nesta linha de raciocínio, Silva (1996) coloca que “todas as indústrias,
agroindústrias e hidrelétricas foram construídas sem a elaboração dos EIA/RIMA
1
e sem nenhum controle ambiental, pois o Estado não dispunha de legislação
ambiental voltada para a preservação e conservação” da floresta e dos recursos
naturais. Segundo Souza (2004), a falta de preparo do governo em dar subsídios
e amparos legais aos empresários que se instalaram em Mato Grosso, acabou
por ocasionar danos que têm conseqüências hoje.
Entretanto, o Estado proporcionou infra-estrutura e apoio aos donos das
primeiras indústrias, porém, segundo Furtado (1983), citado por Trigueiro (2003),
“as empresas transnacionais seriam as mais beneficiadas desta política.”
Com incentivos fiscais, a região passou a atrair projetos econômicos,
dentre eles o setor de transformação da madeira. Para Picoli (2004b), o modelo
de produção matogrossense é fruto de investidas capitalistas com o intuito de
atender às exigências do mercado interno e externo. Segundo o mesmo autor, a
expansão dessa nova fronteira, também, apoiou-se no extrativismo florestal.
Nesse sentido, o projeto de expansão da Amazônia envolveu duas etapas,
a primeira se refere à extração das árvores pelo madeireiro e, a segunda, à
continuidade do projeto capitalista, agropecuário com base em monoculturas de
soja e arroz, além da exploração da bovinocultura de corte (PICOLI 2004a).
Nesse processo, é ressaltado pelo autor que a extração de árvores não obedece
a nenhum critério de manejo, ocorrendo casos em que a madeira é queimada
sem aproveitamento, para que se permita a entrada das monoculturas.
1
EIA – Estudo do Impacto Ambiental e RIMA – Relatório de Impacto Ambiental.
21
Por tudo isso, não é difícil entender a força de atração que Amazônia Legal
exerceu sobre as pessoas, pois estava inserida num país com enorme cobertura
de floresta tropical e, no entanto, não possuía uma política florestal atuante,
apesar das leis voltadas à preservação. Desta forma, o setor madeireiro acabou
por se desenvolver e desencadear um modelo de exploração, que trouxe
impactos ambientais de enormes proporções, mas serviu de base econômica para
o delineamento e crescimento do estado de Mato Grosso.
Ainda, destaca-se que esta "colonização acelerada", fez gerar também
impactos sociais graves, pois mesmo propiciando a multiplicação de inúmeros
novos municípios, como é o caso do norte de Mato Grosso, contribuiu para que,
em muitos destes, ocorresse um fenômeno de empobrecimento e marginalização,
pois atraídos por “promessas”, migrantes se deslocaram de outras regiões do país
e lá não encontraram o “eldorado que esperavam” (SOUZA e RIBEIRO, 2004).
2.4 - Importância econômica e social da atividade madeireira no Estado de
Mato Grosso
Conforme evidenciado anteriormente, os produtos florestais brasileiros
foram responsáveis no ano de 2008, por US$ 9,61 bilhões de dólares do volume
de exportações brasileiras, cabendo à madeira e seus agregados, uma
contribuição significativa no valor de US$ 2,76 bilhões deste volume (REMADE,
2009).
No biênio de 2007/2008, a madeira foi responsável por movimentar US$
37,57 milhões de dólares no estado de Mato Grosso, ocupando o quarto lugar no
ranking das exportações matogrossenses (FIEMT, 2009).
No estado de Mato Grosso, segundo o presidente da FIEMT (Federação
das Indústrias de Mato Grosso), Nereu Pasini, anualmente, são desmatadas
grandes extensões de áreas que, sob manejo florestal sustentado, gerariam
milhares de empregos e elevada renda (REVISTA PRODUTOR RURAL, 2005).
Por outro lado, de acordo com Fearnside (1993a), a exploração madeireira
apresenta-se como opção de negócio para as vastas áreas de florestas que não
podem ser aproveitadas para a agropecuária.
22
A manutenção da floresta em pode ser vista como investimento, com a
possibilidade de extrair madeira de forma sustentável, por meio do manejo
florestal, porém barreiras consideráveis precisam ser superadas, primeiramente
as mudanças das práticas atuais que levam à destruição das florestas.
Conforme o Sindicato das Indústrias de Lâminas e Compensados do
Estado de Mato Grosso - SINDILAM (REVISTA PRODUTOR RURAL, 2005),
permanecendo esse cenário, a atividade madeireira extrativista do Estado está
condenada a acabar em poucas décadas. Para fazer frente a essa tendência, são
necessárias a vontade política e a adoção de medidas administrativas, legais e
econômicas urgentes, para garantir estoque de madeira para assegurar o futuro
do setor. Isto porque existem no Estado aproximadamente 1.500 indústrias
madeireiras que geram em torno de 160 mil empregos diretos e indiretos, sendo
que, em algumas regiões do Estado, principalmente na região norte, é comum
encontrar municípios onde a economia local é basicamente sustentada pela
atividade madeireira, constituindo-se na principal fonte geradora de emprego e
renda da maior parte da população (REVISTA PRODUTOR RURAL, 2005).
Desta forma podemos considerar a afirmação do presidente da FIEMT,
Nereu Pasini, que indica que o segmento madeireiro pode ser
Economicamente, responsável por altos faturamentos, gerando divisas e
impostos em grande escala.
Socialmente, responsável pela geração de milhares de postos de trabalho,
promovendo assim um alivio das massas de desempregados.
E ambientalmente, o setor pode produzir em harmonia com a natureza,
aproveitando seu potencial, sem trazer prejuízos ao meio ambiente.
(REVISTA PRODUTOR RURAL, 2005)
Não obstante a importância atual, bastante relevante para o crescimento
do Estado como um todo, o setor madeireiro de Mato Grosso pode contribuir
ainda mais significativamente para a economia e desenvolvimento regional
(FEARNSIDE, 1993a).
2.5 - Exploração desequilibrada, cenários e incertezas
Apesar de todo o progresso e avanço econômico do setor, ocorridos na
região, problemas relacionados à agressão ambiental representam um entrave a
23
ser solucionado. Assim, olhar para a região amazônica brasileira significa
enxergar dois ângulos principais. O primeiro, de ordem econômica, é o da riqueza
imediata. O segundo é em relação ao desenvolvimento progressivo sustentável, o
qual prolongaria a vida econômica da região. Para se aproveitar de um lucro
imediato, Fearnside (1993a) afirma que a destruição de recursos potencialmente
renováveis o é ocasionada pela falta de visão nem pela falta de entendimento
técnico sobre a não-sustentabilidade das práticas utilizadas.
De acordo com o mesmo autor, para as empresas e seus investidores,
destruir as florestas é uma decisão financeira estabelecida pela razão capitalista.
Uma vez que a taxa de crescimento das árvores, nas florestas, é limitada a um
ritmo lento pela biologia das espécies, não se pode concorrer com retornos
financeiros em investimentos a curto prazo, como a bolsa de valores, especulação
imobiliária, bem como a produção agrícola de grãos.
Neste sentido, dirimir os principais agressores ao meio ambiente e buscar a
sustentabilidade do setor madeireiro são os grandes desafios a serem superados.
2.6 - Desmatamento e queimadas
Nos 470 anos iniciais da colonização da Amazônia brasileira, apenas 1%
da área foi desmatada. Porém, no período de 1970-2005, o desmatamento já
atinge 17% da região e a população aumentou de dois milhões para mais de 20
milhões de habitantes (SALATI, 2006).
Os impactos do desmatamento incluem a perda de oportunidades para o
uso sustentável da floresta, incluindo a produção de mercadorias
tradicionais tanto por manejo florestal para madeira como por extração
de produtos não-madeireiros. O desmatamento, também, sacrifica a
oportunidade de capturar o valor dos serviços ambientais da floresta. A
natureza não-sustentável de praticamente todos os usos de terra
implantados, numa escala significante em áreas desmatadas, faz com
que as oportunidades perdidas de manter a floresta de sejam
significativas a longo prazo (FEARNSIDE, 2006b).
No dia 3 de julho de 2003, foi assinado o Decreto Presidencial que
estabeleceu um Grupo Permanente de Trabalho Interministerial com a finalidade
de propor medidas e coordenar ações que visem à redução dos índices de
desmatamento na Amazônia Legal, reunindo 13 ministérios coordenados pela
24
Casa Civil da Presidência da República, visando à elaboração do Plano de Ação
para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal” (BRASIL,
2004a).
Tal plano foi motivado por fortes pressões internacionais e, de acordo com
a Casa Civil (BRASIL, 2004a), devido aos dados apresentados pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em junho de 2003. O INPE divulgou que
a projeção de desmatamento na Amazônia brasileira, no período de agosto de
2001 a agosto de 2002, indicou um crescimento acelerado em torno de 40%, em
relação ao período anterior. A notícia sobre o aumento recente do
desflorestamento na região, clamou por uma avaliação cuidadosa de suas
causas, como base para o planejamento de um conjunto de ações integradas do
Poder Público, a ser implementado com a participação ativa da sociedade.
Diante disso, a elaboração do “Plano de Ação Para Prevenção e Controle
do Desmatamento na Amazônia Legal”, por meio de instrumentos de políticas,
tinha, de acordo com a Casa Civil (BRASIL, 2004a), as seguintes atribuições:
Ordenamento fundiário nos municípios que compõem o Arco do
Desmatamento;
Incentivos fiscais e creditícios com os objetivos de aumentar a
eficiência econômica e a sustentabilidade de áreas já desmatadas;
Procedimentos para a implantação de obras de infra-estrutura
ambientalmente sustentáveis;
Geração de emprego e renda em atividades de recuperação de
áreas degradadas;
Incorporação ao processo produtivo de áreas abertas e
abandonadas, e manejo de áreas florestais;
Atuação integrada dos órgãos federais responsáveis pelo
monitoramento e a fiscalização de atividades ilegais no Arco do
Desmatamento (que se estende entre o sudeste do Maranhão, o norte
do Tocantins, sul do Pará, norte de Mato Grosso, Rondônia, sul do
Amazonas e o sudeste do Acre);
Os objetivos principais das medidas adotadas seriam a diminuição da taxa
de desmatamento na Amazônia e o aumento da quantidade de áreas de unidades
de conservação federais na região. No período de 2003 a 2005, foram criadas
mais de 20% do total das unidades de conservação federais existentes na região.
Tudo isto porque, de acordo com Soares Filho (2005), enquanto Achard et
al. (2002), estimaram uma perda florestal de 150 mil km
2
para toda América Latina
entre 1990 e 1997, nesse mesmo período, somente para a Amazônia brasileira, o
projeto Prodes (Projeto de Estimativa do Desflorestamento da Amazônia)
mensurou uma perda florestal em cerca de 100 mil km
2
.
25
Na mesma linha de raciocínio, Salati (2006) faz o seguinte
dimensionamento:
Nos primeiros anos da década de 1990, as taxas de desmatamento
ficaram num nível médio de 17.000 km
2
/ ano (Prodes-Inpe). A partir daí,
a cada novo inventário anual de desmatamento, o governo tem
anunciado uma tendência de aumento desse patamar. Em 2001-2002, a
taxa de desmatamento foi de 23.260 km
2
, bem acima dos 15.000 km
2
estimados para o ano anterior. Em 2002-2003, a taxa alcançou 23.750
km
2
. Mas no período de 2003-2004 a área desmatada atinge 26.130
km
2
, considerado o maior desmatamento já ocorrido. Esse pulo está
associado ao aumento da área de plantio da soja no Estado do Mato
Grosso, confirmando o papel do agronegócio como a grande força de
transformação regional. Dados do Prodes permite calcular que, até 2003,
o desmatamento acumulado em toda região da Amazônia Legal some
652.908 km
2
, uma tão área vasta quanto o Estado de Minas Gerais.
Além disso, existe um desmatamento "não visível", relativo à remoção de
árvores de madeira de lei e a pequenos incêndios florestais, fato que
leva a supor que o desmatamento vai muito além dos números oficiais.
Convém destacar que os desmatamentos também estão intimamente
relacionados ao fenômeno das queimadas. De acordo com Coutinho (2005),
existem, basicamente, duas condições definindo essa associação:
1) a abertura de novas áreas, na frente de expansão da fronteira
agrícola, dependentes da utilização do fogo para eliminar os restos de
matéria orgânica resultante do corte e derrubada da floresta;
2) os agentes da ocupação inicial das novas áreas, incorporadas à
atividade agropecuária, são geralmente agricultores e pecuaristas
descapitalizados, voluntários ou assentados por programas
governamentais, que adotam sistemas de produção convencionais,
fortemente apoiados no uso do fogo.
Ainda de acordo com Coutinho (2005), “na frente de expansão da fronteira
agrícola, a origem das queimadas está relacionada a um processo intencional de
uso do fogo, com o objetivo de auxiliar o agricultor a remover os resíduos da
vegetação florestal derrubada, promovendo a "limpeza" das áreas para a
implementação posterior da agricultura e da pecuária e, também, para promover a
adubação natural do solo.”
Entretanto, os impactos ambientais provocados pelas queimadas acabam
prejudicando todo o meio ambiente e, no caso específico da madeira, a
sustentabilidade das florestas, principal matéria-prima da indústria madeireira.
Um outro aspecto grave e preocupante, que deve ser considerado em
relação ao desmatamento, refere-se à retirada de espécies florestais sem os
devidos cuidados, ameaçando o desaparecimento de espécies e causando danos
tanto ambientais quanto econômicos. Tais práticas destroem árvores mais jovens
26
que poderiam ser utilizadas futuramente, impactando negativamente na
sustentabilidade do setor enquanto gerador de empregos e renda.
Desta forma, a queimada e o desmatamento formam uma associação
altamente prejudicial, que deve ser controlada e fiscalizada pelos órgãos
competentes. Para ilustrar melhor tal situação, segundo dados do SINDILAM
(REVISTA PRODUTOR RURAL, 2005), durante o ano de 2004, foram
desmatados 1,25 milhão de hectares em Mato Grosso, produzindo o equivalente
a 82,3 milhões de m
3
cúbicos de toras.
Ainda de acordo com o SINDILAM:
“Deste total, apenas aproximadamente 10% da madeira foi aproveitada
pelas indústrias do setor. Com o aproveitamento comercial de toda essa
madeira poderia ser alcançado um faturamento de 4,9 bilhões de
dólares, além de uma geração de ICMS da ordem de 448 milhões de
dólares para os cofres do estado de Mato de Grosso e mais 295 milhões
de dólares em impostos federais. O processo de extração e
industrialização dessas toras criaria 82.300 empregos diretos e mais
250.000 empregos indiretos”. (REVISTA PRODUTOR RURAL, 2005)
Não restam dúvidas de que o controle do desmatamento e das queimadas
tem fundamental importância para o desenvolvimento e a sustentabilidade do
setor madeireiro. Esse controle é decisivo para o abastecimento de matéria-prima
e, principalmente, se associado a projetos de manejo, para a continuidade da
exploração sustentável por prazo indeterminado.
2.7 - Alternativas para a exploração da madeira de forma sustentável
É preciso racionalizar os recursos, tanto por parte das empresas
madeireiras envolvidas no processo quanto por parte do conjunto de fatores,
considerados relevantes para o processo de desenvolvimento sustentável.
De acordo com Carvalho (1994),
O conceito de sustentabilidade ligado à preservação do meio ambiente é
uma idéia recente, visto que nos países desenvolvidos o ambientalismo
tomou corpo a partir da década de 1950. Isto se deve ao fato de que
a partir desta época ficaram evidentes os danos que o crescimento
econômico e a industrialização causavam ao meio ambiente, fazendo
prever as dificuldades de se manter o desenvolvimento de uma região
com o esgotamento de seus recursos naturais.
27
Partindo desse conceito, é possível dizer que o desenvolvimento
sustentável pressupõe a expansão econômica permanente, com melhorias nos
indicadores sociais e de preservação ambiental, ou seja, é possível extrair os
recursos naturais da floresta sem que esta seja destruída ou danificada.
De modo mais específico, para atingir a sustentabilidade, se faz
necessária a reintrodução de restrições de ordem ambiental ao processo
de acumulação de capital e aos padrões de consumo que lhes são
correspondentes. A aceitação dessas restrições por parte da população
pressupõe um forte componente altruísta de solidariedade intra e inter-
gerações (MAY et al, 2003)
.
Conforme o Romeiro et al. (1996), o conceito de desenvolvimento
sustentável foi especificado na Declaração de Princípios para um consenso
mundial sobre o manejo, conservação e desenvolvimento sustentável de todos os
tipos florestais, inclusive para que o madeireiro possa obter a certificação florestal,
documento que complementa as medidas que visam disciplinar o manejo florestal.
Não se pode confundir desenvolvimento com crescimento econômico, do
qual a utilização de recursos demanda geralmente cada vez maiores recursos
naturais renováveis e não renováveis. De acordo com o WWF (2009), “o
desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade,
com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização
e da reciclagem”.
Desta forma, buscar a sustentabilidade mediante a adoção de práticas
ambientalmente corretas, deve ser uma das metas principais do setor madeireiro.
2.8 - Projeto de Manejo Florestal Sustentado (PMF’s)
Manejo florestal é o ato de manejar, administrar os recursos florestais
voltados à sustentabilidade dos mesmos (SENAI-MT 2009). Complementando, é
a administração da floresta para obtenção de benefícios econômicos e sociais,
respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema, conforme o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA (2006). Com a adoção do manejo a produção de madeira pode ser
contínua ao longo dos anos.
28
De acordo com a legislação vigente, o código florestal brasileiro editado
em 1965 no seu artigo 15, define que as florestas da Amazônia só
poderiam ser utilizadas através de planos de manejo. Em 1989, a Ordem
de Serviço 001-89/IBAMA-DIREN definiu um extensivo protocolo de
plano de manejo, incluindo especificação de técnicas de extração para
diminuir os danos à floresta, estimativas do volume a ser explorado,
tratamentos silviculturais e métodos de monitoramento do
desenvolvimento da floresta após a exploração. O ciclo de corte mínimo
foi fixado, na época, em 30 anos (IBAMA, 2006).
Conforme o SENAI-MT (2009), no projeto de manejo é feito o inventário
com a catalogação das árvores e, a partir daí, o extraídas somente as árvores
com diâmetro acima de 45 cm. São preservadas as chamadas portas-semente
(10% das árvores aptas ao corte), as remanescentes (que poderão ser retiradas
no futuro) e as de menor porte.
Em seu entendimento o IBAMA (2006) afirma que o plano de manejo
orienta e define, como a floresta será explorada, o que inclui o zoneamento da
propriedade, distinguindo as áreas de exploração, as zonas de preservação
permanente e os trechos inacessíveis. Em seguida, planeja-se a rota das
estradas secundárias e divide-se a área total de manejo em talhões de exploração
anual. Por último, define-se a sequência de exploração do talhão ao longo do
tempo. Estas medidas visam reduzir os impactos da exploração madeireira sobre
a fauna, propiciar a sustentabilidade bem como a proteção da floresta.
Com a utilização do manejo florestal sustentável, propicia-se a proteção do
meio ambiente, aliando produtividade e competitividade, mantendo assim os
recursos naturais preservados, bem como a manutenção das atividades do setor
madeireiro e a longevidade da vida florestal. As principais razões, para manejar a
floresta, segundo Amaral (1998), são:
Continuidade da produção. A adoção do manejo garante a
produção de madeira na área indefinidamente, e requer a metade do
tempo necessário na exploração não manejada.
Rentabilidade. Os benefícios econômicos do manejo superam os
custos. Tais benefícios decorrem do aumento da produtividade do
trabalho e da redução dos desperdícios de madeira.
Segurança de trabalho. As técnicas de manejo diminuem
drasticamente os riscos de acidentes de trabalho. No Projeto Piloto de
Manejo Florestal (Imazon/WWF), os riscos de acidentes, durante o corte
na operação manejada, foram 17 vezes menores se comparados às
situações de perigo na exploração predatória.
Respeito à lei. Manejo florestal é obrigatório por lei. As empresas
que não fazem manejo estão sujeitas à diversas penas. Embora, a ação
29
fiscalizatória tenha sido pouca efetiva até o momento, é certo que essa
situação vai mudar. Recentemente, tem aumentado as pressões da
sociedade para que as leis ambientais e florestais sejam cumpridas.
Oportunidades de mercado. As empresas que adotam um bom
manejo são fortes candidatas a obter um "selo verde". Como a
certificação é uma exigência cada vez maior dos compradores de
madeira, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, as empresas
que tiverem um selo verde, provando a autenticidade da origem
manejada de sua madeira, poderão ter maiores facilidades de
comercialização no mercado internacional.
Conservação florestal. O manejo da floresta garante a cobertura
florestal da área, retém a maior parte da diversidade vegetal original e
pode ter impactos pequenos sobre a fauna, se comparado à exploração
não manejada.
Serviços ambientais. As florestas manejadas prestam serviços
para o equilíbrio do clima regional e global, especialmente pela
manutenção do ciclo hidrológico e retenção de carbono.
Os projetos de manejo florestal constituem o alicerce do desenvolvimento
racional da atividade madeireira do Estado de Mato Grosso. Além de garantir a
sustentabilidade da exploração da madeira, eles proporcionam uma visão mais
profissional e encaminham os empresários do ramo para uma nova realidade que
engloba um novo enfoque de extração da matéria-prima. Por parte dos
empresários, se percebe a preocupação quanto à adequação às novas
exigências, com investimentos em máquinas e no desenvolvimento humano.
2.9 - Certificação florestal
Como afirmado anteriormente, dada a importância do uso racional dos
recursos naturais, visando à sustentabilidade, bem como o crescimento
econômico, a certificação florestal apresenta-se como um instrumento que
possibilita a redução dos impactos ambientais, dos problemas sociais, bem como
a maior eficiência na cadeia de produção de produtos florestais.
Sartori e Bacha (2007) afirmam que, “para as empresas, além da
credibilidade atribuída ao produto, o diferencial estabelecido pela certificação a
beneficia porque promove sua inserção em novos mercados. Ademais, agências
de seguro, financiadoras e investidores consideram positiva a obtenção da
certificação e, sobretudo, produtos certificados têm maior valor de mercado”.
30
O WWF (2009) coloca que a “certificação florestal” atesta que as empresas
ou comunidades extrativistas manejam suas áreas florestais de acordo com
padrões e critérios socioambientais aceitáveis. Uma vez obtido o certificado, a
empresa ou comunidade passa a oferecer produtos com garantia de origem aos
seus compradores”.
Atualmente, o principal organismo certificador da madeira do mundo, é o
FSC FOREST STEWARDSHIP COUNCIL, sendo o selo verde mais
reconhecido em todo o mundo, com presença em mais de 75 países e todos os
continentes. Atualmente, os negócios com produtos certificados movimentam
cerca de 5 bilhões de dólares por ano em todo o globo
De acordo com o FSC (2009), a instituição possui uma base no Brasil
desde 2001, com a missão de difundir e facilitar o bom manejo das florestas
brasileiras, conforme princípios e critérios que conciliam as salvaguardas
ecológicas com os benefícios sociais e a viabilidade econômica. A FSC (2009)
estabelece como critérios para a certificação os seguintes princípios:
Princípio 1 - Obediência às Leis e aos Princípios do FSC
O manejo florestal deve respeitar todas as leis aplicáveis ao país onde
opera, os tratados internacionais e acordos assinados por este país, e
obedecer a todos os Princípios e Critérios do FSC.
Princípio 2 - Responsabilidades e direitos de posse e uso da terra
Os direitos de posse e uso de longo prazo relativos à terra e aos
recursos florestais devem ser claramente definidos, documentados e
legalmente estabelecidos.
Princípio 3 - Direitos dos Povos Indígenas
Os direitos legais e costumares dos povos indígenas de possuir, usar e
manejar suas terras e recursos devem ser reconhecidos e respeitados.
Princípio 4 - Relações Comunitárias e Direitos dos Trabalhadores
As atividades de manejo florestal devem manter ou ampliar o bem estar
econômico e social tanto de trabalhadores quanto das comunidades.
Princípio 5 - Benefícios da Floresta
As operações de manejo florestal devem incentivar o uso eficiente dos
múltiplos produtos e serviços da floresta para assegurar a viabilidade
econômica e uma grande gama de benefícios ambientais e sociais.
Princípio 6 - Impacto Ambiental
O manejo florestal deve conservar a diversidade ecológica e seus
valores associados, os recursos hídricos, os solos, e os ecossistemas e
paisagens frágeis e singulares, e ao assim atuar, manter as funções
ecológicas e a integridade da floresta.
Princípio 7 - Plano de Manejo
Um plano de manejo - apropriado à escala e intensidade das operações
propostas - deve ser escrito, implementado e atualizado.
31
Princípio 8 - Monitoramento e Avaliação
O monitoramento deve ser conduzido - apropriado à escala e à
intensidade do manejo florestal - para que sejam avaliados a condição
da floresta, o rendimento dos produtos florestais, a cadeia de custódia,
as atividades de manejo e seus impactos ambientais e sociais.
Princípio 9 - Manutenção de florestas de alto valor de conservação
As atividades em manejo de florestas de alto valor de conservação
devem manter ou ampliar os atributos que definem estas florestas.
Princípio 10 - Plantações
As plantações devem proporcionar um leque de benefícios sociais e
econômicos, e contribuir para satisfazer as necessidades globais por
produtos florestais, recomenda-se que elas complementem o manejo,
reduzam as pressões, e promovam a restauração e conservação das
florestas naturais.
No Brasil, desde 1996, a Sociedade Brasileira de Silvicultura - SBS em
parceria com algumas associações do setor, instituições de ensino e pesquisa,
organizações não-governamentais e com apoio de alguns órgãos do governo,
vem trabalhando com um programa voluntário denominado Cerflor - Programa
Brasileiro de Certificação Florestal (INMETRO, 2009).
Os principais benefícios de se buscar a certificação, de acordo com o FSC
(2009), para os produtores florestais são, preços melhores, aumento de
produtividade e melhoria de imagem, para beneficiadores e revendedores, a
garantia de origem, reconhecimento do mercado e responsabilidade social e, para
consumidores, a garantia de origem e contribuição para a continuidade da busca
pela preservação ambiental.
No entanto, de acordo com dados da Secretaria de Estado do Meio
Ambiente de Mato Grosso SEMA (2006b), somente 53% dos produtos florestais
da Amazônia legal são certificados, desse percentual, 20% vêm de
desmatamentos autorizados pelo órgão federal e os 33% restantes são originários
de áreas onde ocorre o manejo florestal.
Neste contexto, cabe ressaltar que a exigência dos mercados
consumidores tende a aumentar significativamente por produtos certificados,
principalmente pela busca cada vez maior por produtos extraídos e
confeccionados ambientalmente corretos.
Para os consumidores e indústria, a certificação florestal é um dos
melhores caminhos para assegurar que a madeira provém de fontes legais, de
32
manejo florestal e que o processo de produção assegure todos os direitos das
comunidades e dos trabalhadores. Por isso, a indústria madeireira de Mato
Grosso necessita buscar, com urgência, a sua adequação às medidas
estabelecidas pelas agências certificadoras, como maneira de participar
ativamente tanto do mercado nacional quanto do mercado internacional de
produtos de madeira.
Ao verificar que apenas 20% da produção de madeira do Estado são
exportados (REVISTA PRODUTOR RURAL, 2005), pode-se considerar que existe
um potencial promissor a ser explorado pelo setor.
2.10 - Reflorestamento
Reflorestamento é o processo que consiste no replantio de árvores em
áreas anteriormente ocupadas por florestas e outras formações vegetais
(REPLANTAR, 2009). Reflorestar significa plantar árvores, com a intenção de
formar maciços de florestas homogêneos ou não. Os objetivos de um
reflorestamento podem ter como finalidade, a produção de madeira ou de
produtos não-madeireiros e ainda a restauração ambiental (AREFLORESTA,
2009).
O termo reflorestamento tem sido utilizado para todo o tipo de
implantação de florestas, porém não é correto falar em re-florestamento
em uma área que nunca foi coberta por floresta. Por isso o termo aplica-
se apenas à implantação de florestas em áreas naturalmente florestais
que, por ação antrópica ou natural perderam suas características.
Chama-se Florestamento a implantação de florestas em áreas que não
eram florestadas naturalmente. Os objetivos podem ser comercias
(produção de produtos madeireiros e não-madeireiros) ou ambientais
(recuperação de áreas degradadas, etc.) (ISTOEAMAZONIA, 2009)
Segundo o instituto REPLANTAR (2009), uma área devastada pode ser
reflorestada por duas técnicas diferentes:
O reflorestamento com espécies nativas, procurando restituir a
riqueza e a biodiversidade da floresta original, realizada a partir de um
levantamento das espécies características que a constituíam
anteriormente;
O reflorestamento realizado com espécies de crescimento rápido,
como eucaliptos e pinheiros.
33
Conforme dados da AREFLORESTA - Associação de Reflorestadores do
Estado de Mato Grosso (2009), a cobertura florestal no continente latino-
americano corresponde a 886 milhões de hectares, dos quais 61% no Brasil.
Da cobertura nacional de florestas, 69% (374,6 milhões) têm potencial produtivo.
As florestas plantadas no Brasil somam 6.583.074 milhões de hectares,
colocando o país entre os dez maiores em área reflorestada (ABRAF, 2009). Este
total está distribuído em 1.867.680 ha de pinus, 4.258.704 ha de eucalipto e
456.689 em outras espécies.
Deste total, o Estado de Mato Grosso contribui com 145.498 hectares de
plantios florestais, sendo a “teca” a espécie plantada em maior extensão, com
48.526 hectares, seguida pela seringueira (44.896 ha) e os eucaliptos (37.932
ha). As espécies destinadas primordialmente à produção de madeira ocupam
100,6 mil hectares (AREFLORESTA, 2009).
O plantio de florestas, de acordo com o AREFLORESTA (2009), promove
uma série de benefícios ao meio ambiente, dentre eles:
Menor intensidade no uso do solo;
Menor compactação, menor ocorrência de erosões;
Uso reduzido de herbicidas;
Manutenção do regime hídrico e melhoria das condições climática;
Neste sentido, de acordo com a ABRAF (2009), a floresta é
Um ativo atrativo para investimentos de longo prazo pelo fato do
desempenho financeiro do investimento florestal ser estável, e
apresentar uma correlação negativa com a volatilidade dos mercados de
capitais. Desde a última década, tem sido observado um aumento
expressivo no número e montante de investimentos no país, por parte de
investidores nacionais e internacionais, não necessariamente integrados
com o setor florestal. Estes procuram formar e adquirir ativos florestais
no Brasil, indicando que a silvicultura brasileira caminha para um novo
patamar de crescimento. Nos últimos anos, diversos instrumentos
financeiros têm sido desenvolvidos para direcionar e facilitar os
investimentos em florestas e na indústria de base florestal, em várias
partes do mundo, inclusive no Brasil. Tais instrumentos incluem os
fundos de investimento em ativos florestais, securitização florestal,
créditos de carbono e outros.
Cabe destacar, portanto, a importância do reflorestamento enquanto
mecanismo de promoção social e de movimentação econômica, como mecanismo
capaz de fomentar matéria-prima para a indústria madeireira.
34
2.11 - A importância do Programa Nacional de Florestas – PNF
O Projeto de Lei de Gestão das Florestas, criado pelo presidente Luis
Inácio Lula da Silva, em fevereiro de 2005, e enviado à Câmara dos Deputados
em regime de urgência, prevê o estabelecimento de concessões florestais à
iniciativa privada em um montante de 50 milhões de hectares de florestas, por um
prazo de até 60 anos, para, segundo os cálculos do Ministério do Meio Ambiente,
produzir os 30 milhões de metros cúbicos de toneladas consumidos anualmente
na Amazônia (BRASIL, 2006b).
A Floresta Nacional - FLONA é uma área com cobertura florestal de
espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo
sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em método
para exploração sustentável de florestas nativas (ICMBIO, 2009).
Além da atual área de “Flonas” disponível, se necessário, esta pode ser
ampliada de forma significativa, considerando que o Brasil tem 1,15 milhões de
km
2
de floresta amazônica, adequados à exploração sustentável, segundo Barreto
(2002). A criação de novas Flonas seria oportuna para a indústria madeireira de
Mato Grosso, pois o Estado dispõe de diversas áreas de conservação que
poderiam ser concedidas à iniciativa privada para a sua exploração sustentada
como permite a lei. Até o momento, apesar de ter em seu território diversas
Unidades de Conservação, Mato Grosso não possui nenhuma área de Floresta
Nacional instituída, que poderia estar gerando empregos, tributos e divisas.
O Projeto de Lei de Gestão das Florestas propõe uma alteração profunda
na gestão de florestas naturais e plantadas em todo o território nacional, além de
criar o Serviço Florestal Brasileiro para atuar como órgão gestor do Fundo
Nacional de Desenvolvimento Florestal.
O Projeto estipula três formas de gestão das florestas públicas:
A criação e gestão de florestas nacionais;
A destinação às comunidades locais das florestas nacionais;
A concessão florestal, incluindo florestas naturais e plantadas e
também as unidades de manejo das florestas nacionais.
35
Da área total de 42,6 milhões de hectares de florestas de Mato Grosso, até
o ano de 2001 haviam sido desmatados 10,6 milhões de hectares (SEMA - MT,
2002a). Tendo uma taxa de desmatamento estimada em 1 milhão de
hectares/ano, supõe-se que até 2008 um total de 18,6 milhões de hectares foram
desflorestados. Somando-se a esse montante as Áreas de Proteção Permanente
(APP) e as Unidades de Conservação (UC) que somam 9,9 milhões de hectares,
ainda sobrariam disponíveis 14,1 milhões de hectares de florestas para serem
exploradas.
Considerando que a demanda da indústria madeireira do Estado de acordo
com o SINDILAM, é de 18 milhões de metros cúbicos/ano de tora e, que em
média cada hectare de floresta produz 65 metros cúbicos de tora (REVISTA
PRODUTOR RURAL, 2005), conclui-se que, anualmente, é necessária a
exploração de 277 mil hectares de floresta para fornecer matéria-prima suficiente
para as indústrias do setor madeireiro do Estado. Em um período de 30 trinta
anos essas áreas estariam novamente aptas a serem exploradas e em condições
de produzir madeira em tora.
Partindo desse pressuposto, e mantidas as circunstâncias atuais de
demanda por matéria-prima, entende-se que 8,3 milhões de hectares seriam
necessários para atender de forma continuada e sem interrupção o setor
madeireiro de Mato Grosso por um período de 30 anos. Findo esse período, as
áreas exploradas inicialmente poderiam voltar a ser exploradas novamente, pois
já estariam recompostas por completo.
2.12 - Desenvolvimento tecnológico e aproveitamento da matéria prima
De acordo com Gerwing et al. (2000), vários são os fatores que influenciam
o rendimento do processamento de toras. Entre os principais estão, a degradação
durante processo de armazenamento das toras; as perdas por ataque de insetos;
a variação na espessura da madeira processada resultante da utilização de
equipamentos antiquados e inadequados durante o processo de industrialização;
e a não utilização das sobras de madeiras para a fabricação de produtos
secundários.
36
Para Fontes (1994), a adoção de técnicas simples pode elevar o
rendimento da matéria-prima e gerar para a indústria a possibilidade de um
faturamento maior. Por exemplo, a melhoria no armazenamento de toras pode
resultar em um aumento no rendimento de até 8%.
Gerwing et al. (2000), afirmam que o manejo dos recursos florestais o
precisa estar restrito apenas às florestas. A eficiência no desdobro das toras em
produtos finais (madeira serrada, minas, compensados etc.) pode afetar
significativamente a área de floresta necessária para satisfazer a demanda por
madeira processada. A diferença entre as estimativas de rendimento potencial e
real sugere que existem oportunidades para reduzir o desperdício de madeira
associado ao processamento.
Colocam ainda, que a principal causa para essa diferença também está
relacionada à qualidade do equipamento utilizado. Segundo os mesmos autores,
a variação na espessura, causada pela utilização de uma serra-de-fita em uma
serraria típica em Mato Grosso, é quatro vezes maior do que a variação de uma
serraria dos Estados Unidos, além disso, utilizam outros equipamentos para
ajudar o serrador a localizar a linha para corte, o que aumenta o rendimento.
Assim, cabe aos gestores da indústria madeireira fomentar mecanismos
para que o aproveitamento da madeira ocorra de forma satisfatória, aumentando
desta forma tanto a quantidade de produtos produzidos quanto a rentabilidade
financeira da empresa, bem como colaborando na diminuição da extração
florestal causada pela melhor utilização da matéria-prima.
2.13 - Aproveitamento dos resíduos da indústria madeireira
Segundo estudos de Lentine (2005), cerca de 58% da matéria-prima
explorada na Amazônia Legal, após processamento na indústria madeireira
acabam por se converter em resíduos, podendo ser reaproveitados, desde a
geração de energia, bem como para industrialização, com objetivos comerciais.
Neste contexto, Bonduelle et al. (2006) colocam que:
“A perda de material durante a fabricação de qualquer produto em
madeira é uma variável muito importante para o gerenciamento da
37
produção. Ela fornece subsídios para uma otimização dos processos e
é uma componente fundamental no cálculo de custos.”
De acordo com Fontes (1994), os resíduos podem ser classificados da
seguinte forma:
Serragem resíduo originado da operação de serras, encontrado
em todos os tipos de indústria, à exceção das laminadoras.
Cepilho conhecido também por maravalha, resíduo gerado pelas
plainas nas instalações de serraria/beneficiamento e beneficiadora
(indústrias que adquirem a madeira transformada e a processam em
componentes para móveis, pisos, forros, etc.).
Lenha resíduo de maiores dimensões, gerado em todos os tipos
de indústria, composto por costaneiras, aparas, resíduos de topo de tora.
Lixo este corresponde às cascas das árvores, pedaços de
madeira sem valor comercial, madeira com “brocas” (praga comum na
madeira envelhecida), madeira “ardida” (madeira envelhecida com
grande teor de umidade) entre outros.
Aproveitamento pedaços de madeira com qualidade, mas com
medidas abaixo do padrão comercial exigido no mercado nacional e
internacional seja no comprimento ou na largura do material.
Embora, durante muitos anos, o desperdício de madeira fosse considerado
normal, atualmente essa realidade vem mudando. Conforme Bonduelle et al.
(2006):
“Durante muito tempo, as serrarias e as indústrias de fabricação de
compensado laminado também foram grandes geradores de resíduos
como serragem, cavacos de picadores, refilos de lâminas, e roletes que
eram jogados fora ou no máximo utilizados como combustível para
caldeira, no entanto atualmente os resíduos não são mais um fator
pejorativo do processo industrial e sim uma fonte criativa de matéria-
prima, para a produção de novos produtos.”.
O que se percebe é que o homem muito tempo vem pensando em
outras formas de melhor aproveitar a matéria-prima nas indústrias madeireiras, no
entanto esse processo ocorre de forma lenta e gradativa.
Os resíduos da indústria madeireira podem gerar vários produtos
reciclados, aumentar a rentabilidade do setor e ainda diminuir os custos com
matéria-prima, além de garantir o futuro do setor. Os métodos de utilização dos
resíduos são vários, podendo ser transformados em lenha, móveis, artesanato,
forro para residências e comércio, chapa de aglomerado, briquetes, entre outros.
O aproveitamento de resíduos da industrialização da madeira pode
contribuir para a racionalização dos recursos florestais, bem como para gerar uma
nova alternativa econômica para as empresas madeireiras, aumentando a
geração de renda e de novos empregos.
38
2.14 - Importância da administração na organização
Administração é uma palavra que vem do latim, ad significa direção,
tendência para, e minister subordinação ou obediência, indica o desempenho de
tarefas de comando dos assuntos de um grupo.
Para Chiavenato (2003a), a palavra administração sofreu uma grande
mudança no seu sentido original, tanto que
A tarefa da administração passou a ser a de interpretar os objetivos
propostos pela organização e transformá-los em ação organizacional por
meio de planejamento, organização, direção e controle de todos os
esforços realizados em todas as áreas e em todos os níveis da
organização, a fim de alcançar tais objetivos da maneira mais adequada
à situação e garantir a competitividade em um mundo de negócios
altamente concorrencial e complexo.
Administrar é otimizar a empresa como um todo para alcançar os objetivos.
Chiavenato (2003b) define administração como “processo de planejar, organizar,
dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos organizacionais”.
Para Maximiano (2000), “administrar é o processo de tomar decisões,
realizar e alcançar ações que utilizam recursos para alcançar objetivos”. O autor
ainda salienta que: “... a principal razão para o estudo da administração é seu
impacto sobre o desempenho das organizações”. Afirma, também, que
“administração é um processo de tomar decisões e realizar ações que
compreende quatro processos principais interligados: planejamento, organização,
direção e controle”, conforme o Quadro 2.
QUADRO 2: Processo administrativo
PROCESSO DESCRIÇÃO
Planejamento
É o processo de definir objetivos, atividades e recursos.
Organização
É o processo de definir o trabalho a ser realizado e as responsabilidades pela
realização; é também, distribuir os recursos disponíveis segundo algum critério.
Direção
É o processo de realizar atividades e utilizar recursos para atingir os objetivos.
Controle
É o processo de assegurar a realização dos objetivos e de identificar a
necessidade de modificá-los.
Fonte: Maximiano (2000)
39
Neste contexto, figura a organização, que de acordo com Cury (2000):
É um sistema planejado de esforço cooperativo no qual cada participante
tem um papel definido a desempenhar e deveres e tarefas a executar.
Esse conceito, contudo, compreende somente um aspecto da
organização, isto é, aquele ao qual se deu a estrutura formal,
envolvendo, portanto, os aspectos planejados da organização.
Maximiano (2000) aborda a organização como o palco principal da
Administração. É dentro das organizações que se apresentam todos os processos
administrativos. Para ele, a organização é a transformação dos recursos para
produzir resultados. Ainda, sob a visão de Maximiano, a organização possui
quatro elementos, que são:
Objetivos: Norteiam os processos e as atividades na organização,
em função destes, a empresa se organiza e trabalha.
Recursos: Dentro das organizações, o capital humano é o
principal recurso, e além dos indivíduos, as organizações aplicam
dinheiro, tempo e recursos materiais.
Divisão do Trabalho: Dentro das organizações, as pessoas têm
responsabilidades inerentes a seus cargos e funções, que são
primordiais para a realização dos objetivos. A divisão do trabalho permite
superar deficiências individuais. Assim as pessoas se especializam em
determinadas tarefas, e trabalhando em grupo/equipes transformam
produtos e serviços, esse processo individualmente seria impossível.
Processo de Transformação: São atividades ordenadas para a
transformação dos recursos em resultados, têm começo, meio e fim.
De acordo com Chiavenato (2003b), a administração “em uma sociedade
de organizações, na qual a complexidade e a interdependência das organizações
constituem o aspecto crucial, a administração avulta como fator-chave para a
melhoria da qualidade de vida e para a solução dos problemas mais complexos
que afligem a humanidade de hoje”.
Desta forma, evidencia-se a importância da administração e do seu
conteúdo no interior das organizações, bem como da importância que a figura do
administrador possui neste processo, podendo levar a organização tanto ao seu
pleno desenvolvimento, quanto para o seu declínio, podendo ser de suma
importância no que tange à indústria madeireira na região norte de Mato Grosso.
40
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 - Abordagem metodológica
Para elucidar o que foi proposto neste estudo, utilizou-se uma abordagem
metodológica de caráter exploratório. Samara e Barros (2002) afirmam que a
pesquisa exploratória constitui-se de estudos que procuram descobrir novas
relações. São estudos iniciais, quando o pesquisador não tem maiores detalhes
sobre o problema a ser pesquisado. A pesquisa também apoiou-se no método
dedutivo (GIL, 1994; MATTAR, 1996), utilizando-se de levantamento bibliográfico
sobre o tema, a partir de material elaborado por outros autores, ou seja, livros,
artigos científicos, teses e sites. Entretanto, o centro da abordagem metodológica
foi a pesquisa de campo, com base em entrevista estruturada, envolvendo
questões relacionadas diretamente com o tema e o objetivo da pesquisa.
3.2 - Universo e amostragem
O universo da pesquisa foi constituído por indústrias madeireiras
localizadas na região norte de Mato Grosso, especificamente as empresas filiadas
ao SINDUSMAD Sindicato das Indústrias Madeireiras da Região Norte de Mato
Grosso, totalizando 169 empresas do segmento.
A amostragem foi definida de forma probabilística e aleatória, de acordo
com Fonseca e Martins (1996), segundo a fórmula de variável nominal ou ordinal
e população finita, dada pela equação abaixo:
41
Onde:
n = tamanho da amostra a ser selecionada.
d = o erro amostral expresso na unidade da variável.
Z = valor associado ao nível de confiança.
p = a proporção a priori a favor de uma determinada característica de maior
interesse.
q = a proporção a priori contra de uma determinada característica de maior
interesse.
N = tamanho da população.
Aplicando a equação acima, considerando a população de 169 empresas
filiadas ao SINDUSMAD, um intervalo de confiança de 95%, um erro amostral de
7 %, o cálculo do tamanho da amostra indicou um mínimo de 70 elementos.
Definido o tamanho da amostra, foi agrupado o nome das 169 empresas
em uma planilha do Excel, em que a coluna A foi preenchida com números
sequenciais de 1 a 169, sendo que a célula A1 ficou com número 1 e a lula
A169 com o 169. Na coluna B da planilha, foram digitados os nomes das 169
empresas, sendo que cada uma teve um número correspondente na coluna A.
Através da rmula =ALEATÓRIOENTRE($A$1;$A$169), o Excel selecionou
aleatoriamente os empresários a serem entrevistados.
3.3 - Coleta e análise de dados
A coleta de dados foi realizada junto aos proprietários das empresas
madeireiras, entre os meses de junho e julho de 2009, por meio de entrevista
estruturada, com base em um questionário contendo perguntas fechadas e
abertas, totalizando 40 questões, abrangendo informações demográficas,
estruturais, financeiras, operacionais e perspectivas do setor (Apêndice A). Para
42
facilitar a construção da base de dados e análise, o questionário foi desenvolvido
e formatado, utilizando-se o “software” Sphinx 5.0. As entrevistas foram realizadas
diretamente nas empresas, com duração média de 30 minutos.
Sobre a base de dados, foram aplicadas análises univariada e bivariada. A
primeira tratou de descrever e caracterizar a amostra, em função das variáveis
contidas no questionário, utilizando-se tabelas e gráficos de frequências, assim
como textos para relatar opiniões referentes às perguntas abertas. Em sequência,
a segunda, visou identificar relações por meio de cruzamentos entre variáveis que
pudessem explicar atitudes, opiniões e comportamentos dos empresários. Para
isso, foram considerados cruzamentos sobre as relações entre: escolaridade;
idade; experiência; uso de Projetos de Manejo Florestal; rentabilidade; expectativa
futura; recuperação do setor; fontes de renda; e reflorestamento. Para cada
análise bivariada, aplicou-se o teste de Qui-quadrado, visando verificação da
interdependência, com nível de significância, indicada pelo valor de p, de 5%.
Assim, quando 95% 1 p < 99%, diz-se que existe uma dependência
significante entre as variáveis, e quando 1 p < 95%, diz-se que a dependência
não é significante.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Primeiramente, serão apresentados os resultados da análise univariada
que descrevem as características dos empresários e as interpretações às
indagações relativas à essência da pesquisa. Em seguida, serão mostradas
relações obtidas de cruzamentos entre variáveis, por meio da análise bivariada.
4.1 - Perfil demográfico dos empresários
Ao identificar o perfil do empresário do setor madeireiro, verificou-se que
68,6% dos empresários possuem de 40 a mais anos de idade, estando 45,7% na
faixa de 40 a 49 anos (Figura 2). Do total da amostra, 95,7% pertencem ao sexo
masculino, evidenciando maturidade e predominância do sexo masculino no
setor.
Figura 2: Distribuição etária do empresário da indústria madeireira
até 29 anos
12,9%
30 a 39 anos
18,6%
40 a 49 anos
45,7
%
50 anos acima
22,9
%
44
Quanto ao nível de escolaridade, a Figura 3 mostra que 48,6% ascenderam
ao nível universitário, sendo que 32,9% concluíram um curso de graduação,
incluindo 2,9% com pós-graduação. 25,7% possuem ensino médio completo,
8,6% ensino médio incompleto e apenas 10% possuem somente o ensino
fundamental completo ou incompleto.
Figura 3: Nível de escolaridade dos empresários da indústria madeireira
Quanto à gestão, verifica-se, mediante a Figura 4, que a maioria dos
proprietários (91,4%) é responsável por administrar seus empreendimentos e,
consequentemente, pelas funções básicas que competem ao administrador, as
quais, segundo Chiavenato (2003b), são compostas pelo “processo de planejar,
organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos
organizacionais”. Apenas uma pequena parcela (8,6%) confia seus negócios a
administradores contratados.
Proprietário Administrador Contratado
Figura 4: Responsável pela gestão da indústria madeireira
Fundamental incompleto
2,9%
Fundamental completo
7,1%
Médio incompleto
8,6%
Médio completo
32,9%
Superior incompleto
20,0%
Superior completo
25,7%
Pós-graduado
2,9%
45
4.2 - Informações operacionais
Pode-se observar na Figura 5 que 74,3% das empresas possuem mais de
10 anos de atuação no mercado e somente 7,1% possuem menos de 5 anos,
podendo-se inferir, desta forma, a ocorrência de uma diminuição gradativa do
número de empresas que estão adentrando ao segmento madeireiro.
Figura 5: Tempo de atuação das empresas no mercado madeireiro
Adicionalmente, foi revelado que a indústria madeireira ainda é a principal
fonte de renda de 83% dos empresários do setor, apenas 17% possuem outras
fontes, sendo distribuídas conforme a Figura 6. Porém, cabe destacar a
agricultura e a pecuária como as atividades mais importantes dentre outras fontes
de rendas identificadas.
43%
13%
6%
6%
13%
19%
AGRICULTURA
PECUÁRIA
EMPRESA INDUSTRIAL
FUNCIONÁRIO PÚBLICO OU PRIVADO
EMPRESA COMERCIAL
OUTROS
Figura 6: Distribuição de outras fontes de rendas do empresário
0 a 5 anos
7,1%
6 a 10 anos
18,6%
11 a 15 anos
14,3%
16 a 20 anos
27,1%
21 a 25 anos
20%
26 a 30 anos
12,9%
46
Considerando o número de funcionários das empresas e relacionando-o
com a classificação das indústrias, dada pelo SEBRAE (2008), verificou-se
ausência de empreendimentos de grande porte, sendo a maioria dividida em
microempresa (47%) e empresa de pequeno porte (49%). Uma pequena parcela
caracteriza-se como empresa de médio porte, tendo a mesma, mais de 25 anos
de atuação no mercado e consequentemente larga experiência no setor (Figura
7).
Figura 7: Classificação das empresas madeireiras, segundo o número de
empregados.
Fazendo uma retrospectiva histórica, pôde-se observar que a maioria dos
empresários (73,6%) apontou que a indústria madeireira na região contou com o
maior contingente de mão-de-obra no período que se estendeu de 2001 a 2008,
ou seja, nos últimos 8 anos (Figura 8). Entretanto, cabe destacar que no período
de 2004 a 2008, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados do Ministério de Trabalho e Emprego MTE (2009) foram
extintas do setor madeireiro mais de 2.800 vagas de empregos formais somente
na região norte de Mato Grosso. O ápice do volume de demissões foi no ano de
2005. Destaca-se ainda, que este número deve ser muito maior, uma vez que não
foram contabilizados, neste cálculo, funções como de motorista, pessoal de
escritório e gerências, pois apresentam freqüências acumuladas por função e
poderiam gerar dúvidas na tabulação dos dados. Além disso, também não foram
contabilizados os empregos informais e o grande número de terceirizados que
atuavam na extração, retirada e no transporte da matéria-prima aa indústria de
transformação.
47%
49%
4%
Microempresa
Pequeno Porte
Médio Porte
47
Figura 8: Distribuição das opiniões em relação ao maior número de funcionários
nas empresas ao longo do tempo
Quanto à exportação, 84,3% dos empresários afirmaram não trabalhar com
tal mecanismo, 15,7% atuam com a exportação e 4% pretendem adentrar neste
mercado. Os que atuam, apresentaram um portifólio bastante diversificado dos
produtos exportados, conforme mostra a Figura 9, destacando-se, entre eles, o
“Decking”. Nesse sentido, os principais países importadores foram identificados
como sendo: Bélgica, Espanha, China, E.U.A, Israel, França, Holanda, Suíça e
Alemanha.
88%
44%
44%
44%
33%
33%
22%
22%
Decking
Mad Serrada (Prancha)
Mad. Serrada (Tabua)
Mad. Serrada (Viga)
Compensado Laminado
Mad. Beneficiada
Pisos
Mad. Bruta
Figura 9: Principais produtos exportados pela indústria madeireira
Quanto ao manejo florestal, 100% dos participantes do estudo afirmaram
que trabalham com Projetos de Manejo Florestal (PMF) ou madeira proveniente
dos mesmos, sendo que 91% provêm de florestas de mata nativa e apenas 9% de
áreas de reflorestamento. Desta forma, pode-se inferir que todos estão cumprindo
a determinação legal, ou seja, de que os produtos florestais sejam extraídos de
áreas que possuam projeto aprovado junto à SEMA (Secretaria de Estado do
Meio Ambiente) de Mato Grosso.
1981 a 1985
5,7%
1986 a 1990
1,4%
1991 a 1995
5,7%
1996 a 2000
12,9%
2001 a 2005
42,9%
2006 a 2008 31,4%
48
No entanto, convém destacar que, de acordo com Piva et al. (2007),
estima-se que a ilegalidade na produção madeireira da Amazônia brasileira
chegue a 80%, embora, de acordo com os autores, o governo reconheça que, no
mínimo, 63% da madeira extraída não têm autorização legal.
Ainda que os dados apresentados baseiem-se nas afirmações dos
empresários, demonstram uma significativa importância no que se refere à
sustentabilidade da indústria madeireira na região norte de Mato Grosso.
Quanto ao tempo de atuação com Projetos de Manejo Florestal (PMF),
evidenciou-se que 43% dos empresários trabalham com projeto de manejo
florestal há mais de 10 anos, conforme apresentado na Figura 10.
Figura 10: Frequência em anos de envolvimento com PMF
Outro dado interessante é a origem dos produtos florestais, antes de
utilizarem a prática do manejo florestal. De acordo com a Figura 11, 60% das
empresas retiravam seus produtos de áreas de terceiros. Prática muito comum no
início do desbravamento da região norte de Mato Grosso, ou seja, explorar a
madeira de áreas de propriedade de terceiros e, em troca, entregar as áreas
limpas para que pudessem ser utilizadas com agricultura ou pecuária de corte,
pelos proprietários das terras.
No entanto, este modelo de exploração extrativista acabou por impactar
drasticamente no que se refere à ocupação da região norte. De um lado acabou
por propiciar a ampliação das áreas para o desenvolvimento da agricultura
extensiva de grãos, principalmente da soja, e para a ampliação da pecuária de
corte. Por outro lado, desencadeou um processo de destruição ambiental
avassalador, dizimando milhares de km² de espécies florestais, bem como
13%
44%
19%
24%
0 a 5 anos
6 a 10 anos
11 a 15 anos
16 a 20 anos
49
impactando negativamente na fauna e na flora da região. Desta forma, este
modelo de exploração acabou por trazer o desenvolvimento econômico à região,
porém, gerou um enorme passivo ambiental.
Cabe destacar também, que tal modelo de exploração somente perdurou,
porque, se não contou com a anuência do governo tanto federal quanto estadual,
contou com ausência fiscalizatória ou restritiva, para coibir os excessos que ali se
desencadeavam.
Figura 11: Origem dos produtos florestais – Antes da prática de PMF.
A Tabela 1 indica o grau de importância, atribuído pelos empresários a
vários fatores relacionados ao “Projeto de Manejo Florestal - PMF”. Percebe-se
claramente que os empresários acreditam que projeto de manejo florestal é um
importante instrumento para o fortalecimento do segmento madeireiro e da
sustentabilidade florestal, bem como responsável pela redução dos danos
ecológicos.
Tal perspectiva concilia com a opinião do secretário de Meio Ambiente de
Mato Grosso, Luis Henrique Daldegan (DINO, 2009), afirmando que mediante o
PMF, “é possível manter a floresta em pé, garantindo assim sua biodiversidade,
ao mesmo tempo os recursos florestais serão obtidos com toda legalidade,
garantindo assim a tranquilidade ao produtor da documentação, ofertando assim
ao proprietário da área uma agregação de valor ao seu produto”.
Por outro lado, o alto custo relacionado à elaboração do projeto,
implementação e manutenção foi também considerado um fator importante no
processo, porém, Amaral (1998) coloca que “os benefícios econômicos do manejo
18%
60%
22%
ÁREAS PRÓPRIAS - a serem exploradas
pela agricultura e/ou pecuária
ÁREAS DE TERCEIROS - a serem
exploradas pela agricultura e/ou pecuária
PROJETO DE DESMATE
50
superam os custos. Tais benefícios decorrem do aumento da produtividade do
trabalho e da redução dos desperdícios de madeira”.
Cabe neste momento, fazer um comparativo entre o manejo sustentável da
madeira e a soja, atividade econômica que necessita de grandes áreas cultivadas
e com consequente elevado valor de investimento para o plantio e controle de
pragas. Cada hectare de soja plantado em MT oferta uma lucratividade de sete
sacas. Colocando a saca com valor médio de R$ 40,00 anualmente, o produtor
obtém R$ 280,00 e, no mesmo período de exploração do manejo, 25 anos, o
hectare da soja rende R$ 7 mil, contra os R$ 6 mil do manejo florestal. A questão
que fica é o ganho que cada cultura oferece à sociedade (DINO, 2009).
Convém ainda ressaltar que os dados expostos na Tabela 1 estão em
sintonia com a opinião de Amaral (1998), para quem o PMF é extremamente
importante, pois permite a continuidade da produção em longo prazo, agrega
rentabilidade, atende às normas de segurança de trabalho e respeito às
legislações vigentes, aumenta as oportunidades de mercado, reflete na
conservação florestal e consequentemente na prestação de serviços ambientais
de qualidade.
TABELA 1: Graus de importância atribuídos a fatores relacionados ao PMF
FATORES
Média Desvio-padrão
Importante instrumento para o fortalecimento do segmento
madeireiro e da sustentabilidade florestal
4,69 0,71
Proporciona a redução dos danos ecológicos. 4,69 0,73
Proporciona a redução de desperdício de madeira no corte
e arraste e redução dos riscos de acidentes de trabalho.
4,50 0,90
Necessário para atender as proposições impostas pela
legislação ambiental.
4,41 0,83
Necessário para atender as necessidades do mercado
consumidor cada vez mais exigente
4,17 1,10
Apresentam um alto custo para sua elaboração,
implementação e manutenção.
4,04 1,16
Possui caráter burocrático e lentidão na aprovação dos
projetos.
3,96 1,18
Proporciona uma maior produtividade na abertura de
estradas e pátios, maior produtividade no corte.
3,63 1,35
Apresenta mão-de-obra desqualificada para as técnicas do
manejo.
3,61 1,03
(1=nenhuma importância; 2= pouca importância; 3=moderada importância; 4=importante; 5=muito importante)
51
Ao serem questionados se possuíam áreas de reflorestamento, verificou-se
que somente 21% dos empresários as possuem, sendo que as principais
espécies florestais utilizadas nos reflorestamentos são: Teca (Tectona grandis), o
Eucalipto (várias espécies), o Paricá (Schizolobium amazonicum) e a Balsa
(Ochroma pyramidale).
Convém destacar que das principais espécies cultivadas no estado de MT,
a Teca (Tectona grandis) é atualmente uma das madeiras mais valorizadas no
mercado internacional, razão pela qual seu plantio tem sido incrementado. Seus
principais usos estão direcionados à construção civil (portas, janelas, lambris,
forros, etc), assoalhos e decks, mobiliário, embarcações (coberturas, pisos,
forros), lâminas decorativas, decoração e adornos em geral (ABRAF, 2009).
Neste sentido, a adoção de políticas de reflorestamento poderia propiciar à
indústria madeireira um novo dimensionamento econômico, produtivo e ambiental.
Isto permitiria a reposição florestal de áreas desmatadas, tornando-se uma
alternativa econômica para o setor, tanto na formação de matéria-prima, como na
exploração da mesma.
O reflorestamento poderia contribuir tanto para o desenvolvimento
sustentável do setor, quanto para a geração de renda na região norte de MT, indo
desta forma, ao encontro da afirmação da ABRAF (2009), que diz que o
reflorestamento tem se tornado um investimento de significativa rentabilidade.
Outro fator que deve ser considerado é o fato de que políticas de
reflorestamento gozam de subsídios, financiamentos e incentivos financeiros
governamentais, para a sua realização.
Figura 12: Distribuição de áreas de reflorestamento, por município.
273
2250
230
600
1080
SINOP
CLAUDIA
VERA
FELIZ NATAL
NOVA UBIRATÃ
Municípios
ha
52
Em números, a área de reflorestamento, indicada pelos empresários,
perfaz um total de 4.433 hectares, distribuídos nos municípios, conforme mostra a
Figura 12.
Em relação aos principais produtos da indústria madeireira, observa-se na
Figura 13 um vasto portifólio de produtos, destacando-se as frequências de
empresas que produzem madeira serrada, madeira beneficiada, madeira serrada
(Tábua), madeira serrada (Viga) e madeira serrada (Prancha).
78%
76%
72%
62%
49%
25%
22%
12%
10%
10%
4%
4%
4%
2%
Mad Serrada
Mad. Beneficiada
Mad. Serrada (Tabua)
Mad. Serrada (Viga)
Mad Serrada (Prancha)
Mad. Benef - Resíduo
Decking
Mad Serrada (4 faces)
Compensado Laminado
Aproveitamento -
Finger
Pisos
Pisos
Mad. Laminada
Figura 13: Principais produtos produzidos pela indústria madeireira
Quando questionados se a atividade madeireira atualmente é rentável
(Figura 14), 70% acenaram positivamente, sendo que para 91% destes
empresários atualmente o retorno financeiro não ultrapassa a marca dos 20%,
embora 9% reconheçam que pode ficar acima disto, atingindo até 40% de retorno.
Em contrapartida, 30% dos empresários afirmaram que a mesma o apresenta
rentabilidade.
O grande questionamento que surge é, qual o motivo que leva, no caso
específico deste estudo, 21 empresas a manterem suas atividades sem
apresentar rentabilidade, fugindo à racionalidade empresarial?
Como possível hipótese, tal dado permite inferir que estas empresas não
permanecerão no mercado por um longo período, caso este quadro não seja
revertido.
53
Figura 14: Rentabilidade econômica da indústria madeireira
Numa retrospectiva histórica, ao período de maior retorno da atividade, a
Figura 15 demonstra uma variação de opiniões, porém 47% dos empresários
afirmaram que o período de maior lucratividade foi entre 2001 a 2005, atingindo
em média 50% de retorno, seguido de 1996 a 2000 e 2006 a 2008.
Figura 15: Período de maior retorno econômico da indústria madeireira
Ao comparar a atual rentabilidade indicada de no máximo 20% contra a
média de 42,9%, obtida no período de maior retorno compreendido entre 2001 a
2005, evidencia-se uma drástica redução nos lucros da indústria madeireira.
4.3 - Indústria madeireira e o desenvolvimento da região norte de MT.
Para 100% dos empresários, o setor madeireiro foi a mola propulsora do
desenvolvimento da região. Tal opinião é sustentada pelos empresários, conforme
justificativas apresentadas a seguir:
1981 a 1985
5,7%
1986 a 1990
1,4%
1991 a 1995
5,7%
1996 a 2000
12,9%
2001 a 2005
2006 a 2008
31,4%
Sim 70,0%
Não 30,0%
42,9%
54
“Não havia opção, a não ser vender madeira.”
“O setor madeireiro veio para fazer o aproveitamento da madeira que estava
sendo desperdiçada com o avanço da colonização na região norte.”
“Proporcionou o interesse de grandes empresas para o desenvolvimento
agropecuário e empregos em vários segmentos da economia, além, é claro, da
rentabilidade e auto-sustentabilidade das pessoas que para aqui vieram, imbuídas
em firmar raízes, crescendo junto com a região, principalmente com a principal
matéria-prima que é a madeira.”
“De 1970 a 1990 foi responsável por 80% da economia do norte de MT.”
“Contribuiu na abertura de cidades, ofereceu empregos, atraiu investidores, gerou
emprego e renda.”
“A forma mais rápida de obter renda, já que a madeira já estava formada,
necessitando apenas da industrialização. Pastagem e agricultura demorariam
mais tempo para ser rentável.”
“Proporcionou abertura de estradas, urbanização, criação de centros industriais e
fomentou a cadeia produtiva de bens e serviços.”
“Por que veio fazer o aproveitamento da madeira disponível nos projetos de
colonização”
“Porque emprega muito mais que a lavoura e pecuária.”
55
“Porque, com a abertura das áreas, o setor madeireiro aproveitou a madeira, que
certamente seria queimada, trazendo junto emprego e muitas pessoas.”
“Antigamente o governo incentivava o desmatamento para a abertura de cidades
do norte de MT, aí o setor madeireiro foi fundamental para o crescimento do norte
de MT, gerando emprego nas novas cidades.”
“O setor madeireiro foi o único responsável por integrar a região norte de MT a
outros Estados, abriu estradas, formou cidades prósperas e hoje continua sendo a
única fonte de renda, para alguns municípios. Atenderam o chamado dos militares
na década de 1970, com seu lema: Integrar para não Entregar e hoje temos uma
legislação totalmente contrária.”
“Propiciou a integração da região, o desenvolvimento populacional do Estado, a
utilização de áreas não produtivas, a consolidação de cidades e o domínio da
União, sobre as divisas internacionais.”
“Porque embora muitos tenham desrespeitado algumas leis ambientais, o que
pode ser reparada, na maioria dos casos, com replantio de árvores,
principalmente em nascentes e encostas de rios (Lembre-se que nas décadas
passadas o lema do próprio governo era: Ocupar para não Entregar).”
“Proporcionou o crescimento populacional na região, abrindo caminho para o
comércio e a agropecuária, construção de estradas e pontes, proporcionando
infra-estrutura necessária para o desenvolvimento da região.”
“Sem dúvida, o setor alavancou todo desenvolvimento da região norte e muitas
cidades continuam dependentes do setor de base florestal, pois tem grande
capacidade em geração de empregos e renda para diversos municípios e grande
arrecadador de impostos para o Estado.”
56
“Tendo em vista a procura por matéria-prima de nobre procedência, o
desenvolvimento da região norte de MT se deve ao fornecimento de matéria-
prima de excelente qualidade para finalidades variadas, como construção civil e
exportação. Tendo em vista que a agricultura é a principal fonte de renda do
Estado de MT, seu desenvolvimento aconteceu em parceria com o setor
madeireiro.”
“O desenvolvimento foi baseado na estrutura do setor madeireiro, para que
posteriormente outras atividades econômicas pudessem se instalar na região.
Ainda hoje, o setor madeireiro continua sendo de grande importância para o
desenvolvimento econômico e social da região.”
Mediante as repostas obtidas junto aos madeireiros é possível evidenciar
que na opinião destes, a indústria madeireira serviu de alicerce para o
estabelecimento da economia de inúmeros municípios pertencentes à região
norte, no entanto também evidencia um quadro de insatisfação por parte destes
empresários, no que refere à atuação governamental tanto federal, quanto
estadual, no que tange à legislação ambiental. Entretanto, convém destacar que
as políticas ambientais adotadas nos últimos anos têm como intuito diminuir o
ritmo de devastação insustentável que há muito estava estabelecido na região.
4.4 - Crise e dificuldades do setor madeireiro
Quando questionados, se o setor madeireiro na região atravessou ou
atravessa um cenário de crise e/ou dificuldades, 100% dos empresários
afirmaram que sim, estabelecendo como epicentro da crise, o ano de 2005, de
acordo com 61% dos entrevistados (Figura 16).
Ressalta-se que um dos fatos marcantes, em relação à crise do cenário
madeireiro no ano de 2005, foi o desencadeamento da “Operação Curupira”, a
maior operação policial de investigação de crimes ambientais já realizada na
Amazônia (MOURA, 2006).
57
De acordo com BRASIL (2006c), a operação Curupira realizada
conjuntamente pela Polícia Federal e o IBAMA, no âmbito do Plano de Prevenção
e Controle do Desmatamento na Amazônia, teve como intuito o desmantelamento
de quadrilhas envolvidas na exploração, transporte e comercialização ilegal de
madeira, no Estado do Mato Grosso. Segundo o relato, foi descoberta uma
quantidade inicial de 431 empresas fantasmas que se encontravam cadastradas
no IBAMA, sendo o volume estimado de madeira serrada fraudada da ordem de
1,98 milhões de m
3
(equivalente a uma fila de 76 mil caminhões, que enfileirados
cobririam a distância entre Brasília – Rio de Janeiro).
Cabe ainda destacar que, após tal operação, inúmeros projetos de plano
de manejo florestal PMF foram suspensos, bem como todas as ATPFs
(Autorização para Transporte de Produtos Florestais) passaram a ser emitidos por
um sistema de gerenciamento eletrônico, substituindo os velhos blocos de papel.
Nesse sentido, as autorizações (guias) foram destinadas para regularizar o
transporte de carga madeireira. Para obter as guias o madeireiro deveria se
cadastrar, passar por um processo de regulamentação da empresa, tendo
posteriormente acesso a uma senha para solicitar e retirar as autorizações para o
transporte da madeira. Tais ações geraram um novo modelo de extração, bem
como de comercialização dos produtos florestais oriundos das florestas de Mato
Grosso.
61%
11%
9%
6%
4%
3%
3%
1%
1%
1%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
*2005 *2000 *2004 *2006 *2007 *2008 *2002 *2003 *1979 *1997
Figura 16: Crise e/ou dificuldade na indústria madeireira – Ano início
A Tabela 2 mostra o grau de importância que os empresários atribuíram a
possíveis fatores responsáveis pelo declínio do setor madeireiro, destacando-se
58
na faixa de “importante a muito importante,” o excesso de normas e legislação
ambientais, assim como pressão de ONG’s e de institutos internacionais.
O que para muitos pode se configurar como “excessos”, para outros serve
de mecanismo para a exploração sustentável dos produtos florestais, permitindo a
continuidade da atividade por prazo indeterminado.
Associados à faixa de “moderada importância” a “importante”, aparecem
outros fatores, evidenciando que a crise no setor se deve a múltiplos fatores.
Porém, em contrapartida, descartam a concorrência internacional e as
dificuldades no gerenciamento e administração dos recursos produtivos,
operacionais e financeiros da empresa, como fatores cruciais no estabelecimento
da crise e, consequentemente, no declínio da indústria madeireira.
TABELA 2: Graus de importância atribuídos a fatores responsáveis pelo declínio
do setor madeireiro.
Fatores
Média Desvio-padrão
Excesso de normas e legislações ambientais 4,21 1,15
Pressão de ONG´s, institutos internacionais. 4,07 1,21
Rigor na certificação dos produtos florestais 3,87 1,30
Fiscalização excessiva dos órgãos ambientais 3,77 1,35
Falta de planejamento e estruturação do setor 3,57 1,28
Mau aproveitamento da matéria-prima 3,51 1,39
Exploração sem manejo florestal 3,49 1,53
Falta de planejamento estratégico, a curto, médio e longo
prazo da empresa
3,27 1,36
Desvalorização cambial do dólar 3,36 1,52
Falta de matéria-prima 3,01 1,35
Dificuldades no gerenciamento e administração dos recursos
produtivos, operacionais e financeiros da empresa
2,90 1,22
Concorrência internacional 2,69 1,48
(1=nenhuma importância; 2= pouca importância; 3=moderada importância; 4=importante; 5=muito importante)
Os empresários indicaram como “importante a muito importante” um grupo
de fatores que interfere negativamente no setor, nos dias de hoje, dentre eles, a
lentidão na aprovação dos projetos de manejo florestal (Tabela 3). Isto tem
inviabilizado a retirada da matéria-prima e, consequentemente, o funcionamento
pleno de suas empresas, sendo que os mesmos consideram o projeto de manejo
59
florestal um importante instrumento para o fortalecimento do segmento madeireiro
e da sustentabilidade florestal, conforme mostrado anteriormente na Tabela 1.
Nesta mesma faixa de importância, aparece o excesso de normas e legislações
ambientais, falta de linhas de financiamento e falta de investimento no setor.
Novamente, os empresários colocam que a concorrência internacional e as
dificuldades no gerenciamento e administração dos recursos produtivos,
operacionais e financeiros da empresa o devem ser consideradas como fatores
preponderantes em relação às dificuldades do setor, ou seja, infere-se que os
mesmos acreditam possuir domínio de todo processo de planejamento,
organização, direção e controle de sua empresa.
TABELA 3: Graus de importância atribuídos a fatores responsáveis pelas
dificuldades do setor.
Fatores
Média
Desvio-padrão
Lentidão na aprovação dos projetos de manejo florestal 4,54 0,94
Excesso de normas e legislações ambientais 4,29 1,12
Falta de linhas de financiamento 4,24 1,08
Falta de investimentos no setor 4,09 1,05
Pressão de ONG´s, institutos internacionais 3,90 1,40
Mercado consumidor cada vez mais exigente 3,83 1,08
Rigor na certificação dos produtos florestais 3,74 1,39
Fiscalização excessiva dos órgãos ambientais 3,57 1,40
Matéria-prima escassa 3,41 1,16
Desvalorização cambial do dólar 3,07 1,46
Falta de planejamento estratégico, a curto, médio e longo
prazo da empresa
2,93 1,30
Mau aproveitamento da matéria-prima 2,86 1,38
Dificuldades no gerenciamento e administração dos recursos
produtivos, operacionais e financeiros da empresa
2,83 1,30
Concorrência internacional 2,37 1,38
(1=nenhuma importância; 2= pouca importância; 3=moderada importância; 4=importante; 5=muito importante)
Ao analisar quais as perspectivas de futuro da indústria madeireira na
região (Figura 17), verifica-se que 54,3% dos empresários acreditam que a
mesma tende a ter continuidade por prazo indeterminado mediante crescimento e
reestruturação do segmento. Em contrapartida, 24,3% acreditam que a mesma
60
tende a ter continuidade a curto prazo e 21,4% esperam que tende a
desaparecer.
40%
24,3%
21,4%
14,3%
Continuidade por prazo indeterminado
Continuidade a curto prazo
Tende a desaparecer
Crescimento e reestruturação do segmento
Figura 17: Perspectivas de futuro da indústria madeireira
Quando se trata das perspectivas para suas próprias empresas no
mercado madeireiro (Tabela 4), observa-se que os empresários, na média,
consideram de “provável a muito provável” a possibilidade de permanecerem no
mercado por prazo indeterminado. Na faixa de “pouco provável a provável”
situaram as possibilidades: ampliar o rol de produtos e promover a diversificação
de produtos e melhor aproveitamento da matéria-prima; reaproveitamento de
resíduos como forma de aumentar a rentabilidade financeira da empresa. Em
menor grau de incidência, a diminuição gradativa da produção e exploração da
madeira e sua retirada do mercado.
TABELA 4: Perspectivas para as empresas no mercado madeireiro - visão dos
proprietários
Possibilidades
Média
Desvio-padrão
Permanecer no mercado por prazo indeterminado 3,29 1,18
Ampliar o rol de produtos, atuando na diversificação de
produtos e melhor aproveitamento da matéria-prima
2,89 1,23
Reaproveitamento de resíduos como forma aumentar a
rentabilidade financeira da empresa
2,84 1,21
Diminuir gradativamente a produção e exploração da
madeira
2,67 1,16
Retirar-se do mercado 2,64 1,16
(1=Improvável; 2=Pouco provável; 3=Provável; 4=Muito provável).
61
4.5 - Recuperação do setor madeireiro
Quando questionados se acreditam na recuperação do setor madeireiro na
região, verifica-se que 52,9% dos empresários acreditam na recuperação, contra
47,1% que não acreditam em tal fato.
Ao comparar estes dados com as informações da Figura 16, em que 24,3%
dos empresários acreditam que indústria madeireira tende a ter continuidade a
curto prazo e 21,4% acreditam que a mesma tende a desaparecer, pode-se
vislumbrar uma coerência no que tange à visão do setor madeireiro como um
todo.
Porém, ao confrontar as informações com a Tabela 4, em que 17,1% dos
empresários pretendem diminuir gradativamente a produção e exploração da
madeira e 8,6% retirarem-se do mercado, pode-se inferir que os empresários da
região norte de MT acreditam no sucesso de seus empreendimentos, mesmo em
um cenário de dificuldades.
Na opinião dos empresários que compartilham a idéia de recuperação do
setor madeireiro na região (52,9%), são inúmeras as possíveis alternativas
consideradas como “importante a muito importante” para que isto ocorra (Tabela
5). Observa-se que, dentro deste grupo, estão incluídas alternativas de ordem
operacional, política setorial, legal, financeira e de mercado. Primeiramente,
destaca-se o melhor aproveitamento da matéria-prima, seguido de incentivos
fiscais e subsídios, dando uma nova dimensão à pesquisa, pois nem a falta de
matéria-prima ou a utilização da mesma foram identificadas como
“importantes”, no que se refere à crise ou dificuldades que o setor enfrenta ou
enfrentou.
Convém ressaltar que o projeto de manejo florestal PMF tem entre seus
princípios básicos contribuir para o melhor aproveitamento da matéria-prima. No
entanto, de acordo com Gerwing et al. (2000), são vários os fatores que
influenciam no rendimento do processamento de toras, dentre eles, a degradação
durante processo de armazenamento, perdas por ataque de insetos e,
principalmente, a utilização de equipamentos obsoletos e inadequados durante o
processo de industrialização.
62
Destaca-se também na Tabela 5, a importância do reflorestamento na
sustentabilidade do setor. Entretanto, verificou-se na pesquisa que somente 21%
dos empresários, fazem uso de tal prática.
Quanto ao reaproveitamento dos resíduos, o mesmo deve realmente ser
destacado e trabalhado, pois de acordo com Lentine (2005), “aproximadamente
60% da matéria-prima, explorada na Amazônia Legal, após processamento na
indústria madeireira, acabam por se converter em resíduos, podendo ser
reaproveitados, desde a geração de energia, bem como para industrialização,
com objetivos comerciais”. Por outro lado, quando os empresários foram
questionados sobre os principais produtos produzidos pela indústria madeireira,
ficou evidente a pouca utilização dos resíduos na linha de produção.
Apesar de os empresários terem a percepção de que o melhor
aproveitamento da matéria-prima, o reflorestamento, o reaproveitamento dos
resíduos e a melhoria das políticas setoriais são necessidades iminentes,
verificou-se a baixa adoção de ações que busquem atender tais necessidades.
TABELA 5: Grau de importância de alternativas para a recuperação do setor.
Alternativas
Média
Desvio-padrão
Melhor aproveitamento da matéria-prima 4,46 0,80
Incentivos fiscais e subsídios 4,46 1,02
Investir na área de reflorestamento como mecanismo para
a obtenção de matéria-prima e sustentabilidade.
4,41 0,76
Linhas de financiamentos para reestruturação e
modernização do setor
4,30 0,97
Reaproveitamento de resíduos como forma de otimizar a
produção e aumentar a rentabilidade financeira da empresa
4,30 1,00
Políticas e legislação ambientais 4,27 0,77
Diversificação de produtos como forma de aumentar a
rentabilidade financeira da empresa
4,19 0,74
Investimentos em pesquisa e desenvolvimento 4,16 0,90
Incentivo no mercado interno 4,14 1,06
Incentivos às exportações 4,08 1,12
Valorização cambial 4,00 1,08
Elaboração, implementação e acompanhamento de um
planejamento a curto, médio e longo prazo
3,92 1,06
Profissionalização no gerenciamento e administração dos
recursos produtivos, operacionais e financeiros
3,86 1,03
(1=nenhuma importância; 2= pouca importância; 3=moderada importância; 4=importante; 5=muito importante)
63
Verificou-se também, como um dado preocupante, colocar os componentes
administrativos, cruciais ao sucesso de qualquer empresa, como de menor grau
de importância, levando a refletir que tais componentes poderiam não estar
recebendo a devida atenção pelos empresários, nem sendo vistos como fatores
chaves de sucesso dos empreendimentos. Isto porque, de acordo com
Chiavenato (2003a), o planejamento “é um processo essencial dentro da
organização, porque traça as diretrizes para o estabelecimento dos planos de
ação que resultarão em vantagens competitivas”. Além disso, permite Identificar
recursos potenciais, reconhecer fraquezas e estabelecer um conjunto de medidas
integradas a serem implementadas para assegurar o sucesso dos resultados
esperados.
4.6 - Percepção da sociedade sobre a indústria madeireira, sob o ponto de
vista do empresário do setor.
Quando se trata da visão que a sociedade possui do empresário da
indústria madeireira, verificou-se certo negativismo por parte do empresariado
quanto à sua imagem. Isto porque, quando questionados se são reconhecidos
como responsáveis pelo desbravamento e pelo surgimento e desenvolvimento de
inúmeras cidades que hoje formam a região norte de Mato Grosso e responsáveis
por movimentar a economia da região, gerando empregos e divisas para o Estado
e Municípios, observa-se na Tabela 6 que, na média, os empresários
consideraram pouco provável a possibilidade de que a sociedade tenha esta
visão.
Em contrapartida, verificou-se que, na média, os empresários consideraram
como “provável a muito provável” que tiveram sua imagem distorcida pelos canais
de comunicação e mídia em geral, sendo por este motivo muitas vezes
considerados como criminosos ambientais, e como “provável” que a sociedade os
veja como responsáveis pelo desmatamento e destruição das florestas.
64
TABELA 6: Percepção da sociedade sobre a indústria madeireira, sob o ponto de
vista do empresário do setor.
Alternativas
Média
Desvio Padrão
Distorcida pelos canais de comunicação e mídia em geral,
sendo muitas vezes considerado como um criminoso
ambiental
3,80 0,50
Responsável pelo desmatamento e destruição das florestas 3,20 1,16
Empresário responsável por movimentar a economia da
região, gerando empregos e divisas para Estado e
Municípios
2,91 1,05
Responsável pelo desbravamento e pelo surgimento e
desenvolvimento de inúmeras cidades que hoje formam a
região norte de Mato Grosso
2,91 1,14
(1=Improvável; 2=Pouco provável; 3= Provável; 4=Muito provável).
Quando questionados sobre qual seria sua nova área de atuação, caso
deixassem o setor madeireiro, o empresariado do setor divide-se em 55,5% que
se dedicariam à agricultura e pecuária, 33,7% trabalhariam no setor comercial e
industrial, e apenas 10,9% não haviam definido qual seria sua nova área de
atuação (Figura 18).
Figura 18: Nova área de atuação do empresariado, caso deixasse a indústria
madeireira.
32%
25%
23%
11%
Agricultura
Segmento Comercial
Pecuária
Segmento Industrial
Não Opinou
9%
65
4.7 - Cruzamentos entre informações
4.7.1. Nível de escolaridade X faixa etária dos empresários
O cruzamento entre essas duas variáveis apresentou dependência
altamente significativa (χ
2
= 43,18, gl = 6, 1-p = >99,99%), mostrando que todos
os empresários na faixa etária a29 anos e a maioria de 30 a 39 anos possuem
curso superior completo/incompleto, enquanto 85,7% que possuem somente o
curso fundamental estão na faixa de 50 anos acima (Tabela 7).
TABELA 7: Nível de escolaridade X faixa etária dos empresários
Escolaridade
Idade
Fundamental Médio Superior Total
até 29 anos 0 0 *26,5 %
12,85%
30 a 39 anos 0 3,4 % *35,3 %
18,57%
40 a 49 anos 14,3 % 65,5 % 35,3 %
45,71%
> 50 anos *85,7 % 31% *2,9 %
22,85%
Total 100% 100% 100% 100%
χ
2
= 43,18, gl = 6, 1-p = >99,99%. ( * ) dados que apresentam dependência significativa.
4.7.2. Tempo de atuação no mercado X tempo de utilização dos PMF’s
Dependência significativa (χ
2
= 104,55, gl = 15, 1-p = >99,99%) também foi
encontrada na relação entre tempo de atuação no mercado e de utilização dos
PMFs. Verifica-se na Tabela 8 que 100% das empresas com até 5 anos de
atuação no mercado trabalham com o projeto de manejo no mesmo período. Na
mesma linha de raciocínio, 92,3% das empresas com 6 a 10 anos, também atuam
com o PMF, podendo inferir, desta forma, que as mesmas trabalham dentro da
legislação desde a sua fundação. No entanto, das empresas com 16 a 20 anos de
atuação no mercado (1988 a 1992), 52,6% começaram a utilizar PMF entre o
período de 1993 a 1997, e 42,1% o utilizaram entre o período de 1998 a 2002,
66
ou seja, praticamente, 10 anos após o início de suas atividades, da mesma forma,
100% das empresas com mais de 26 anos, foram atuar com PMF após, 10
anos de suas atividades.
TABELA 8: Tempo de atuação no mercado X tempo de utilização dos PMF’s.
Tempo de atuação no mercado (anos)
Anos de
PMF
0 a 5 6 a 10 10 a 15
16 a 20 21 a 25 25 a 30
Total
0 a 5 * 100% 7,7% 20% 5,3% 0 0
12,9%
6 a 10 0 * 92,3% 60% 42,1% 35,7% 0
44,3%
10 a 15 0 0 20% * 52,5% 7,1% 0
18,6%
16 a 20 0 0 0 0 57,1% * 100%
24,3%
Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
χ
2
= 104,55, gl = 15, 1-p = >99,99%. ( * ) dados que apresentam dependência significativa
4.7.3. Rentabilidade X perspectivas de futuro da indústria
Ao avaliar a relação entre rentabilidade e perspectivas de futuro da
indústria madeireira (Tabela 9), identificou-se dependência significativa (χ
2
=
45,95, gl = 3, 1-p = >99,99%), destacando que dos 70% dos empresários que
afirmaram que a indústria madeireira é rentável, somente 2% acreditam na
possibilidade da mesma desaparecer, 20,4% acreditam na continuidade em curto
prazo e, a grande maioria, 77,5% acreditam na continuidade por prazo
indeterminado, bem como no crescimento e reestruturação do setor. Em
contrapartida, dos 30% que afirmaram que a indústria madeireira o é rentável,
66,7% acreditam no desaparecimento e 33,3% na continuidade a curto prazo do
setor, levando novamente a inferir que esses, possivelmente, não permanecerão
no mercado.
67
TABELA 9: Rentabilidade X perspectivas de futuro da indústria madeireira
Rentabilidade
Expectativas de futuro
Sim Não
Total
Tende a desaparecer * 2,0% * 66,7%
21,4%
Continuidade a curto prazo 20,4% 33,3%
24,3%
Continuidade por prazo indeterminado 57,1% 0,0%
40,0%
Crescimento e reestruturação do setor 20,4% 0,0%
14,3%
Total 100% 100% 100%
χ
2
= 45,95, gl = 3, 1-p = >99,99%. ( * ) dados que apresentam dependência significativa
4.7.4. Rentabilidade do setor X principal fonte de renda
Os dados da Tabela 10 evidenciam que, dos empresários que possuem na
atividade madeireira sua principal fonte de renda, 82,8% acreditam na
rentabilidade do setor. Por outro lado, 91,7% dos que não têm na indústria
madeireira a principal fonte de renda não acreditam na rentabilidade do setor, e
apenas 8,3% desse grupo afirmam ser a mesma rentável. Os resultados
mostraram uma dependência significa (χ
2
= 26,23, gl = 1, 1-p = >99,99%) entre
essas duas variáveis.
Convém relembrar, conforme mencionado anteriormente, que dos
empresários indicando a falta de rentabilidade do setor, 75% possuem mais de 40
anos de idade e 66,7% atuam no mercado mais de 21 anos. Estes dados
permitem inferir que são os empresários com mais tempo na atividade que
afirmaram não haver rentabilidade no setor, assim como, aproximadamente, 80%
destes empresários não acreditam na recuperação do setor.
TABELA 10: Rentabilidade do setor X principal fonte de renda
Principal fonte de renda
Rentabilidade do setor
Sim Não
Total
Sim 82,8% * 8,3%
70%
Não 17,2% * 91,7%
30%
Total 100% 100% 100%
χ
2
= 26,23, gl = 1, 1-p = >99,99%. ( * ) dados que apresentam dependência significativa
68
4.7.5. Recuperação do setor madeireiro X rentabilidade
Mediante análise da Tabela 11, dos empresários que acreditam na
recuperação do setor madeireiro, apenas 2,7% afirmaram que o mesmo não é
rentável e, dos que não acreditam na recuperação do setor madeireiro, um total
de 60,6% afirmaram que o setor madeireiro não é rentável, mostrando
dependência significativa nessa relação (χ
2
= 27,85, gl = 1, 1-p = >99,99%). Do
mesmo modo, evidencia-se que aqueles que afirmaram haver rentabilidade no
segmento, também projetaram a sua recuperação.
Cabe mencionar que dos empresários que não acreditam na recuperação
do setor madeireiro, aproximadamente 80% possuem mais de 40 anos de idade e
possuem mais de 21 anos de atuação no mercado. Ou seja, pertencem a um
grupo de empresários que iniciaram as suas atividades ainda no período em que
não havia uma regulamentação efetiva para a exploração madeireira.
TABELA 11: Recuperação do setor madeireiro X rentabilidade
Recuperação do setor
Rentabilidade do setor
Sim Não
Total
Sim 97,3% 39,4%
70%
Não * 2,7% * 60,6%
30%
Total 100% 100% 100%
χ
2
= 27,85, gl = 1, 1-p = >99,99%. ( * ) dados que apresentam dependência significativa
4.7.6. Recuperação do setor madeireiro X perspectivas de futuro
Verificou-se que dos 52,9% dos empresários que acreditam na
recuperação do setor, conforme mostrado anteriormente, 91,9% acreditam na
continuidade do setor por tempo indeterminado em conjunto com crescimento e
reestruturação do mesmo (Tabela 12). Entretanto, dos 47,1% que o acreditam
em tal fato, 87,9% (junção dos 48,6% que acreditam na continuidade a curto
prazo da indústria madeireira e os 39,4% que acreditam no seu
desaparecimento), remetem a um cenário preocupante, levando a considerar que
69
a indústria madeireira tende a diminuir gradativamente na região norte. Por outro
lado, também remete para um outro cenário em que poderão ocorrer “ajustes” de
acordo com a nova legislação e o setor encontrar o seu ponto de equilíbrio.
TABELA 12: Recuperação do setor madeireiro X perspectivas de futuro
Recuperação do setor
Expectativas de futuro
Sim Não
Total
Tende a desaparecer 5,4% 39,4%
21,4%
Continuidade a curto prazo 2,7% * 48,6%
24,3%
Continuidade p/ prazo indeterminado * 75,7% 0,0%
40,0%
Crescimento e reestruturação do setor 16,2% 12,1%
14,3%
Total 100% 100% 100%
χ
2
= 49,64, gl = 3, 1-p = >99,99%. ( * ) dados que apresentam dependência significativa
4.7.7. Rentabilidade do setor X reflorestamento
Na Tabela 13, verifica-se que 100% dos empresários praticantes de
políticas de reflorestamento encontram-se entre aqueles que afirmaram que o
setor apresenta rentabilidade, mostrando ser significativa essa relação (χ
2
= 8,18,
gl = 1, 1-p = 99,58%). Desta forma, tal prática pode ser utilizada com diferencial
futuro na obtenção de matéria-prima para suas empresas e, consequentemente,
na obtenção de retorno financeiro maior. Tais resultados permitem levantar a
hipótese de que, com a utilização dos novos procedimentos, o setor madeireiro
será sustentável também sob o ponto de vista econômico. Isto reforça o outro
cenário em que haverá ajustes no sentido do equilíbrio setorial.
TABELA 13: Rentabilidade do setor X reflorestamento
Rentabilidade do setor
Reflorestamento
Sim Não
Total
Sim * 100% * 0,0%
100%
Não 61,8% 38,2%
100%
Total 70% 30% 100%
χ
2
= 8,18, gl = 1, 1-p = 99,58%. ( * ) dados que apresentam dependência significativa.
5. CONCLUSÕES
Baseado em políticas desenvolvimentistas governamentais, ocorreu um
processo intenso de ocupação do Estado de Mato Grosso.
O setor madeireiro desempenhou um papel significativo neste processo,
ocupando no passado, um papel de destaque no desenvolvimento da economia
no norte do Mato Grosso. O declínio do setor, configurado em crise setorial, teve
como marco o ano de 2005, coincidindo com a operação Curupira,
desmantelando procedimentos ilícitos na comercialização dos produtos
madeireiros e reduzindo os impactos ambientais indesejáveis.
Os impactos socioeconômicos da crise geraram queda na rentabilidade,
paralisação e fechamento de empresas, desemprego e queda na produção. A
maioria dos empresários está insatisfeita, tendo como origem as exigências legais
emanadas do governo.
Atualmente, o manejo florestal é aceito e praticado pelos empresários,
como o caminho para um cenário de sustentabilidade socioeconômica do setor
madeireiro. Todas as empresas que adentraram no setor, nos últimos anos,
iniciaram as suas atividades com base em projetos de manejo florestal.
A perspectiva sobre a recuperação do setor madeireiro divide os
empresários, estando entre os que acreditam na recuperação aqueles que
consideram a atividade rentável e pertencem ao grupo mais jovem de
empresários.
As políticas de reflorestamento estão sendo praticadas pelos empresários
que consideram o setor rentável, remetendo a um cenário de sustentabilidade
econômica.
71
O setor madeireiro divide-se em dois grupos. O primeiro atribui à legislação
um empecilho para o sucesso de seus empreendimentos e ao governo a matriz
para os seus problemas. O segundo busca a sustentabilidade e longevidade de
seus empreendimentos, baseados na observância da lei e cientes de que a
sociedade exige cada vez mais produtos extraídos de forma ambientalmente
correta e socialmente justa.
Verifica-se que a questão ambiental desponta como uma das temáticas
mais importantes do momento, e que tanto o governo federal quanto estadual
estão buscando implementar políticas públicas a curto, médio e longo prazo para
que a exploração dos recursos naturais ocorra de forma sustentável.
Finalmente, fica evidente que se por um lado existe ambiguidade de
opiniões entre os empresários, sobre as perspectivas para o setor madeireiro na
região, por outro, é bastante provável a hipótese de que, com a utilização de
novos procedimentos ambientais, operacionais e industriais, o setor caminhará
para um equilíbrio socioeconômico e ambiental.
72
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79
APÊNDICES
80
APÊNDICE A: Questionário da pesquisa
A INDÚSTRIA MADEIREIRA NA REGIÃO NORTE DE MATO GROSSO
Cenários e Perspectivas de Futuro.
IDENTIFICAÇÃO
1- Nome do proprietário _________________________ código de controle: _____
INFORMAÇÕES DEMOGRÁFICAS
2 - Qual sua idade? _____
3 - Sexo:
( ) masculino ( ) feminino
4 - Qual o nível de escolaridade do proprietário?
( ) analfabeto ( ) fundamental incompleto ( ) fundamental completo
( ) médio incompleto ( ) médio completo ( ) superior incompleto
( ) superior completo ( ) pós-graduado
5 - Quem administra a madeireira?
( ) proprietário ( ) administrador contratado
6 - Se é administrador contratado, qual o seu nível de escolaridade?
( ) analfabeto ( ) fundamental incompleto ( ) fundamental completo
( ) médio incompleto ( ) médio completo ( ) superior incompleto
( ) superior completo ( ) pós-graduado
INFORMAÇÕES OPERACIONAIS
7 – Quantos anos sua empresa tem de atuação no mercado:
______ - de 0 a 5 anos ______ - de 6 a 10 anos ______ - de 11 a 15 anos
______ - de 16 a 20 anos ______ - de 21 a 15 anos ______ - de 26 a 30 anos
______ - de 31 a 35 anos ______ - acima de 35 anos
8 – A exploração madeireira é sua principal fonte de renda, HOJE:
________SIM __________NÃO
9 –
CASO NEGATIVO
, QUAL OUTRA FONTE:
( ) Agricultura ( ) Pecuária
( ) Empresa Industrial ( ) Funcionário Público ou Privado
( ) Empresa Comercial ( ) Outros________________________
81
10 – Quanto ao número de funcionários:
HOJE
a sua empresa enquadra-se em:
( ) Microempresa até 19 Funcionários
( ) Pequeno Porte 20 até 99 Funcionários
( ) Médio Porte 100 até 499 Funcionários
( ) Grande Porte acima de 499 Funcionários
11 - Qual foi o período que a empresa contou com o maior mero de
funcionários? Qual o total?
( ) 1980 a 1985________ funcionários ( ) 1986 a 1990________ funcionários
( ) 1991 a 1995________ funcionários ( ) 1996 a 2000________ funcionários
( ) 2000 a 2005________ funcionários ( ) 2005 a 2009________ funcionários
12 – A sua empresa trabalha com a exportação de seus produtos:
________SIM _______NÃO _______PRETENDE
13 – Caso POSITIVO, quais os principais produtos exportados?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
14 – Caso POSITIVO, para quais os países?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
15 - Quais as principais espécies de árvores nativas exploradas pela sua
empresa:
( ) Amescla ( ) Andira ( ) Angelim ( ) Cambará ( ) Canela
( ) Canelão ( ) Cedrinho ( ) Cedro ( ) Champagne ( ) Copaíba
( ) Copiúba ( ) Garapeira ( ) Guanandi ( ) Itaúba ( ) Jatobá
( ) Leiteira ( ) Mandiocão ( ) Marupá ( ) Peroba ( ) Sucupira
( ) OUTRAS____________________________
16 – A sua empresa trabalha com Projeto de Manejo Florestal
________SIM __________NÃO
17 –
CASO POSITIVO
( ) PMFs – Mata Nativa
( ) PMFs – Áreas De Reflorestamento
( ) OUTROS_______________________________________________
18 – Há quantos anos sua empresa trabalha com Projeto de Manejo Florestal
___ - de 0 a 5 anos ___ - de 6 a 10 anos ___ - de 11 a 15 anos ___ - de 16 a 20 anos
19 –
ANTES DESTE PERÍODO,
qual a origem dos produtos florestais explorados por
sua empresa?
( ) ÁREAS PRÓPRIAS a serem exploradas pela agricultura e/ou pecuária
( ) ÁREAS DE TERCEIROS a serem exploradas pela agricultura e/ou pecuária
( ) ÁREAS DEVOLUTAS mata nativa
( ) PROJETO DE DESMATE
82
20 - Na escala de 1 a 5, qual o grau de importância que o Sr. atribui ao projeto de
manejo florestal, em relação aos fatores colocados abaixo:
Necessário para atender às proposições impostas pela
legislação ambiental.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Necessário para atender às necessidades do mercado
consumidor cada vez mais exigente
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Proporciona a redução de desperdício de madeira no
corte e arraste e maior segurança durante o corte,
reduzindo os riscos de acidentes de trabalho.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Proporciona uma maior produtividade na abertura de
estradas e pátios, maior produtividade no corte.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Proporciona a redução dos danos ecológicos.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Possui caráter burocrático e lentidão na aprovação dos
projetos.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Apresenta mão-de-obra desqualificada para as técnicas
do manejo.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Apresenta um alto custo para sua elaboração,
implementação e manutenção.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Importante instrumento para o fortalecimento do
segmento madeireiro e da sustentabilidade florestal
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
21 – Possui áreas de reflorestamento:
________SIM __________NÃO
22 –
Caso POSITIVO: QUAL O TAMANHO DA
ÁREA____________________________ HÁ
23 –
Caso POSITIVO:
QUAL MUNICÍPIO______________________________________
24 –
Caso POSITIVO,
quais espécies são cultivadas?
( )Teca (Tectona grandis) ( )Eucalipto (várias espécies)
( )Balsa (Ochroma pyramidale) ( )Gmelina (Gmelina arborea)
( )Albizzia (Albizia falcata) ( )Pinho Cuiabano(Schizolobium amazonicum)
( )Seringueira (Hevea brasiliensis)
( )Cinamomo ou amargoseira (Melia azedarach)
25 – Quais os principais produtos que sua empresa produz:
( ) Madeira Serrada ( ) Mad. Beneficiada ( ) Compensado Laminado
( ) Mad. Serrada (Prancha) ( ) Mad. Serrada (Viga) ( ) Decking
( ) Mad.Laminada Torneada( ) Mad. Serrada (Tábua) ( ) Mad. Benef. de Resíduo
( ) Portas/Janelas/ Cabos ( ) Mad. Serrada Aplainada 4 Faces
( ) OUTROS____________________________________
26 – HOJE, a atividade madeireira é rentável financeiramente?
________SIM _______NÃO
27 – Caso POSITIVO: Qual a margem de retorno em média?
______de 0 a 10 % ______de 11 a 20 % ______de 21 a 30 %
______de 31 a 40% ______de 41 a 50 % ______acima de 50%
28 - Qual foi o período que a atividade madeireira proporcionou maior retorno à
sua empresa? Qual foi o percentual de retorno em média?
( ) 1980 a 1985 ____% ( ) 1986 a 1990 ____% ( ) 1991 a 1995 ____%
( ) 1996 a 2000 ____% ( ) 2000 a 2005 ____% ( ) 2005 a 2009 ____%
83
29 - Acredita que o setor madeireiro foi responsável pelo desenvolvimento da
região norte de MT?
______SIM ______NÃO
30 – Por quê?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
31 – Em sua opinião, o setor madeireiro na região norte de Mato Grosso,
atravessou ou atravessa um cenário de crise e de dificuldades?
____SIM ____NÃO
32 – Em que ano começou? ___________
33 - Caso POSITIVO, na escala de 1 a 5, qual o grau de importância que o Sr.
atribui aos fatores abaixo, como responsáveis pelo início do declínio do setor
madeireiro na região norte de Mato Grosso?
Falta de planejamento e estruturação do setor
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Dificuldades no gerenciamento e
administração dos recursos produtivos,
operacionais e financeiros da empresa.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Falta de planejamento estratégico, a curto,
médio e longo prazo da empresa.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Exploração sem manejo florestal
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Mau aproveitamento da matéria-prima
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Fiscalização excessiva dos órgãos ambientais
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Excesso de normas e legislações ambientais
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Rigor na certificação dos produtos florestais
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Concorrência internacional
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Desvalorização cambial do dólar
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Pressão de ONG´s, institutos internacionais.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Falta de matéria-prima
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
84
34 Na escala de 1 a 5, qual o grau de importância que o Sr. atribui aos fatores
abaixo, como responsáveis HOJE, pelas dificuldades que o setor enfrenta?
Lentidão na aprovação dos projetos de manejo
florestal
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Excesso de normas e legislações ambientais
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Mau aproveitamento da matéria-prima
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Fiscalização excessiva dos órgãos ambientais
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Matéria-prima escassa
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Rigor na certificação dos produtos florestais
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Concorrência internacional
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Desvalorização cambial do dólar
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Pressão de ONG´s, institutos internacionais.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Falta de investimentos no setor
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Falta de linhas de financiamento
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Mercado consumidor cada vez mais exigente
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Dificuldades no gerenciamento e administração
dos recursos produtivos, operacionais e
financeiros da empresa.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Falta de planejamento estratégico, a curto,
médio e longo prazo da empresa.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Outros:_____________________________
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
35 - Na escala de 1 a 5, qual o grau de importância que o Sr. atribui aos fatores
abaixo, em relação às expectativas de futuro da indústria madeireira na região
norte de MT?
( ) Tende a desaparecer.
( ) Continuidade a curto prazo.
( ) Continuidade por prazo indeterminado.
( ) Crescimento e reestruturação do segmento.
36 - Na escala de 1 a 5, qual o grau de importância que o Sr. atribui aos fatores
abaixo, em relação às expectativas de futuro da sua empresa no mercado?
Permanecer no mercado por prazo indeterminado
IMPROVÁVEL MUITO PROVÁVEL
1 2 3 4
Diminuir gradativamente a produção e exploração
da madeira
IMPROVÁVEL MUITO PROVÁVEL
1 2 3 4
Ampliar o rol de produtos, atuando na
diversificação de produtos e melhor aproveitamento
da matéria-prima.
IMPROVÁVEL MUITO PROVÁVEL
1 2 3 4
Reaproveitamento de resíduos como forma de
aumentar a rentabilidade financeira da empresa.
IMPROVÁVEL MUITO PROVÁVEL
1 2 3 4
Retirar-se do mercado
IMPROVÁVEL MUITO PROVÁVEL
1 2 3 4
85
37 – Em sua opinião, acredita na recuperação do setor madeireiro na região norte
de Mato Grosso?
________SIM ________NÃO
38 - Caso POSITIVO, qual o grau de importância que o Sr. atribui às alternativas
abaixo, para a recuperação do setor
Investimentos em pesquisa e desenvolvimento
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Linhas de financiamentos para reestruturação e
modernização do setor
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Diversificação de produtos como forma de aumentar
a rentabilidade financeira da empresa.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Melhor aproveitamento da matéria-prima
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Reaproveitamento de resíduos como forma de
otimizar a produção e aumentar a rentabilidade
financeira da empresa.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Políticas e legislação ambientais
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Incentivos fiscais e subsídios
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Investir na área de reflorestamento como mecanismo
para a obtenção de matéria-prima e sustentabilidade.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Incentivos às exportações
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Incentivo no mercado interno
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Valorização cambial
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Melhoria da pauta da madeira
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Elaboração, implementação e acompanhamento de
um planejamento estratégico, a curto, médio e longo
prazo da empresa bem estruturado.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Profissionalização no gerenciamento e administração
dos recursos produtivos, operacionais e financeiros
da empresa.
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
Outros:
NENHUMA IMPORTÂNCIA MUITA IMPORTÂNCIA
1 2 3 4 5
39 - Em sua opinião, qual a visão que a sociedade possui do empresário da
indústria madeireira?
Responsável pelo desbravamento, pelo surgimento e
desenvolvimento de inúmeras cidades que hoje
formam a região norte de Mato Grosso.
IMPROVÁVEL MUITO PROVÁVEL
1 2 3 4
Empresário responsável por movimentar a economia
da região, gerando empregos e divisas para Estado e
Municípios.
IMPROVÁVEL MUITO PROVÁVEL
1 2 3 4
Distorcida pelos canais de comunicação e mídia em
geral, sendo muitas vezes considerado como um
criminoso ambiental.
IMPROVÁVEL MUITO PROVÁVEL
1 2 3 4
Responsável pelo desmatamento e destruição das
florestas.
IMPROVÁVEL MUITO PROVÁVEL
1 2 3 4
40 - Se o Senhor deixasse o segmento madeireiro, qual seria sua nova área de
atuação?
( ) Agricultura
( ) Pecuária
( ) Segmento Comercial
( ) Segmento Industrial
( ) Outros_______________________________________
86
APÊNDICE B: Número dos principais postos de trabalho perdidos no setor
madeireiro, na região norte de MT.
Fonte: Elaborada pelo autor, a partir de dados do Ministério do Trabalho e Emprego,
2009.
Número dos Principais Postos de Trabalho Perdidos
no Setor Madeireiro, na região Norte de MT.
Período: Jan de 2004 a Dez de 2008
V
E
R
A
U
N
I
Ã
O
do
S
U
L
S
I
N
O
p
S
A
N
T
A
C
A
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S.
H
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L
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A
M
A
R
C
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L
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N
D
I
A
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T
A
U
B
A
F
E
L
I
Z
N
A
T
A
L
C
L
A
U
D
I
A
784205 Alimentador de linha de produção
X X
581
93
X
X
46
X X
772105 Classificador de madeira
65
X
175
19
X
118
23
X 118
773125 Serrador de madeira (serra circular múltipla)
X X
72
6
X
12
X
X 56
773115 Serrador d
e bordas no desdobramento de madeira
X 1
94
14
X
22
14
28 43
772110 Impregnador de madeira
70
3
X
X
X
X
X
30
92
773120 Serrador de madeira
X 2
42
6
X
225
5
18
16
772115 Secador de madeira
X X
69
X
X
X
X
X 19
773335 Operador de plaina desengrossadeira
X X
36
X
X
X
X
X 4
773110 Operador de serras no desdobramento de madeira
X X
64
56
X
43
X
2 14
632120 Operador de motosserra
X X
20
4
X
5
X
1 3
773130 Serrador de madeira (serra de fita múltipla)
X 4
X
X
X
X
X
X 20
632125 Trabalhador de extração florestal, em geral
X 1
X
X
X
X
X
18
17
773325 Operador de máquina de usinagem madeira
4 X
98
X
X
X
X
21
X
811405 Destilador de madeira
X X
X
X
X
X
6
X X
773105 Cortador de laminados de madeira
X 6
52
X
X
26
X
X X
862120 Operador de caldeira
X X
53
X
X
X
X
X X
773340 Operador de serras (usinagem de madeira)
X X
43
X
X
X
X
X X
139
17
1399
198
X
451
94
118
402
TOTAL DE POSTOS DE TRABALHO PERDIDOS 2818
87
APÊNDICE C: Classificação das empresas por número de empregados.
Enquadramento das Empresas por número de empregados de acordo com o
SEBRAE (2009):
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DE EMPRESAS - ME - EPP
01.Quanto à Receita Bruta Anual
Microempresa - ME - Lei 123/06 - Até R$ 240.000,00
Empresa de Pequeno Porte - EPP - Lei 123/06 - De R$ 240.000,01 até R$
2.400.000,00
02. Quanto ao número de Empregados
O SEBRAE utiliza o critério por número de empregados do IBGE como critério de
classificação do porte das empresas, para fins bancários, ações de tecnologia, exportação e
outros.
Indústria:
Micro: com até 19 empregados
Pequena: de 20 a 99 empregados
Média: 100 a 499 empregados
Grande: mais de 500 empregados
Comércio e Serviços
Micro : até 9 empregados
Pequena: de 10 a 49 empregados
Média: de 50 a 99 empregados
Grande: mais de 100 empregados
Obs.: O presente critério o possui fundamentação legal, para fins legais, vale o
previsto na legislação do Simples (Lei 123 de 15 de dezembro de 2006).
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