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Na mesma linha de raciocínio, Salati (2006) faz o seguinte
dimensionamento:
Nos primeiros anos da década de 1990, as taxas de desmatamento
ficaram num nível médio de 17.000 km
2
/ ano (Prodes-Inpe). A partir daí,
a cada novo inventário anual de desmatamento, o governo tem
anunciado uma tendência de aumento desse patamar. Em 2001-2002, a
taxa de desmatamento foi de 23.260 km
2
, bem acima dos 15.000 km
2
estimados para o ano anterior. Em 2002-2003, a taxa alcançou 23.750
km
2
. Mas no período de 2003-2004 a área desmatada atinge 26.130
km
2
, considerado o maior desmatamento já ocorrido. Esse pulo está
associado ao aumento da área de plantio da soja no Estado do Mato
Grosso, confirmando o papel do agronegócio como a grande força de
transformação regional. Dados do Prodes permite calcular que, até 2003,
o desmatamento acumulado em toda região da Amazônia Legal some
652.908 km
2
, uma tão área vasta quanto o Estado de Minas Gerais.
Além disso, existe um desmatamento "não visível", relativo à remoção de
árvores de madeira de lei e a pequenos incêndios florestais, fato que
leva a supor que o desmatamento vai muito além dos números oficiais.
Convém destacar que os desmatamentos também estão intimamente
relacionados ao fenômeno das queimadas. De acordo com Coutinho (2005),
existem, basicamente, duas condições definindo essa associação:
1) a abertura de novas áreas, na frente de expansão da fronteira
agrícola, dependentes da utilização do fogo para eliminar os restos de
matéria orgânica resultante do corte e derrubada da floresta;
2) os agentes da ocupação inicial das novas áreas, incorporadas à
atividade agropecuária, são geralmente agricultores e pecuaristas
descapitalizados, voluntários ou assentados por programas
governamentais, que adotam sistemas de produção convencionais,
fortemente apoiados no uso do fogo.
Ainda de acordo com Coutinho (2005), “na frente de expansão da fronteira
agrícola, a origem das queimadas está relacionada a um processo intencional de
uso do fogo, com o objetivo de auxiliar o agricultor a remover os resíduos da
vegetação florestal derrubada, promovendo a "limpeza" das áreas para a
implementação posterior da agricultura e da pecuária e, também, para promover a
adubação natural do solo.”
Entretanto, os impactos ambientais provocados pelas queimadas acabam
prejudicando todo o meio ambiente e, no caso específico da madeira, a
sustentabilidade das florestas, principal matéria-prima da indústria madeireira.
Um outro aspecto grave e preocupante, que deve ser considerado em
relação ao desmatamento, refere-se à retirada de espécies florestais sem os
devidos cuidados, ameaçando o desaparecimento de espécies e causando danos
tanto ambientais quanto econômicos. Tais práticas destroem árvores mais jovens