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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO-UPE
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DO
DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL
Neuma Kelly Vitorino da Silva
Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável: um
estudo de caso em uma Instituição de Ensino Superior da cidade
do Recife
.
Recife/PE
2009
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2
Neuma Kelly Vitorino da Silva
Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável: um
estudo de caso em uma Instituição de Ensino Superior da cidade
do Recife
.
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado
Profissional em Gestão do Desenvolvimento Local
Sustentável da Faculdade de Ciências da
Administração de Pernambuco-FCAP/UPE, sob a
orientação da Professora Dra. Fátima Gomes,
como requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Gestão do Desenvolvimento Local
Sustentável.
Recife/PE
2009
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2
Neuma Kelly Vitorino da Silva
Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável: um
estudo de caso em uma Instituição de Ensino Superior da cidade
do Recife
.
Esta
dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Mestre em
Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável no
programa de mestrado
profissional em gestão do desenvolvimento local sustentável
da
Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco-FCAP/UPE.
Recife, 19 de agosto de 2009.
Profº Ivo Pedrosa, Dr.
Coordenador
Banca Examinadora
Maria de Fátima Gomes, Dra.
Orientadora
Ronaldo Faustino da Silva, Dr.
Membro Externo - IFPE
Maria Cristina Alves de Almeida, Dra.
Membro Externo UPE
Sérgio Neves Dantas, Dr.
Membro Interno - FCAP
3
Numa sociedade cuja quantidade e qualidade de
vida assenta em configurações cada vez mais
complexas de saberes, a legitimidade da
universidade será cumprida quando as
atividades, hoje ditas de extensão, se
aprofundarem tanto que desapareçam enquanto
tais e passem a ser parte integrante das
atividades de investigação e de ensino.
SANTOS, Boaventura de Souza.
4
Dedicatória
A meu marido Fernando Castilhos que sempre
apoiou-me e acreditou em meu potencial
5
AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus por dar-me forças para superar os problemas.
A meus pais, OSVALDO VITORINO e TELMA VITORINO pelo
constante incentivo aos estudos.
À minha orientadora, TIMA GOMES, o profundo agradecimento pela
sua amizade, apoio e disponibilidade. Com ela aprendi os procedimentos
necessários para que a pesquisa seja fiel à realidade e tenha, sobretudo, relevância
e utilidade social.
Ao Coordenador IVO PEDROSA pela disponibilidade e atenção
dispensado sempre que necessitei.
Aos membros do corpo docente do Mestrado, por toda paciência e
competência no difícil, mas gratificante, exercício de ensinar.
A CÉLIA CASADO pelo apoio na secretaria.
Agradeço aos coordenadores da IES que serviu de campo empírico a
esta pesquisa.
A todos os mestrandos e amigos da turma II que de alguma forma
contribuíram para a execução e finalização deste trabalho.
As amigas ANA PAULA GOMES, LYZER MARIÉ e JULIANA
FERREIRA pela colaboração com a dissertação.
Agradeço por fim, aos MEMBROS DA BANCA pelas sugestões e
maior enriquecimento deste trabalho.
6
RESUMO
Esta dissertação aborda a problemática da Responsabilidade Social no contexto de
uma instituição privada de ensino superior-IES e como esta instituição pode
colaborar com o desenvolvimento sustentável da comunidade onde está inserida.
Esta pesquisa teve como objetivo geral identificar de que maneira os projetos de
Responsabilidade Social-RS, desenvolvidos por uma Instituição de Ensino Superior
- IES privada da cidade do Recife têm contribuído com o Desenvolvimento Local
Sustentável. Foram analisados projetos, no âmbito da IES que serviu de campo
empírico para esta pesquisa, que têm como pressupostos o desenvolvimento da
Responsabilidade Social como uma ferramenta que contribui para com as
atividades práticas da instituição de ensino superior ao mesmo tempo que a coloca
no hall de instituições socialmente responsáveis. Nessa perspectiva, esta pesquisa
ancora-se na abordagem qualitativa, e desse modo, recorreu-se a um estudo de
caso em uma instituição privada de ensino superior da cidade do Recife. Para a
coleta dos dados, optou-se pela realização de entrevistas e questionários semi-
estruturados. É ainda de referir, que esta pesquisa tem um componente que aponta
para a pesquisa-ação, uma vez que se pretendeu com a mesma chamar a atenção
desta e de outras IES para o papel que elas deverão desempenhar dentro da
sociedade e a importância de formar cidadãos preocupados com os princípios da
sustentabilidade, isto é, de formar profissionais preocupados com o bem-estar do
outro. Desse modo, apresenta-se como resultado deste trabalho o importante papel
que a IES desempenha para as comunidades locais e as maneiras que ela pode
colaborar com a sustentabilidade, isto é, proporcionando aos alunos uma
conscientização através do desenvolvimento de trabalhos sociais que busquem
atender aos princípios do ensino, da pesquisa e da extensão, ao mesmo tempo que
proporciona aos alunos a prática e beneficia a comunidade. Percebeu-se também
nessa pesquisa, que ainda muito que fazer e que a IES está apenas iniciando o
processo de Responsabilidade Social. Desta forma, percebeu-se que elas podem e
devem ter uma participação ativa na comunidade e incentivar seus alunos no
desenvolvimento de tais projetos.
Palavras-chave: Sustentabilidade, Educação Superior e Responsabilidade Social
7
ABSTRACT
This study addresses the issue of Social Responsibility-RS in a private college and
how this institution can deal with the sustainable development of the community
where it is located. It aims primarily to identify how Social Responsibility projects,
developed by a private college in the city of Recife have contributed to local
sustainable development.
In order to accomplish the objective, projects developed by the chosen college, that
served as field for this empirical research and claims that the development of social
responsibility have, in fact, contributed to it’s achievement within and outside the
higher education institution, were analyzed.
Accordingly, this research is anchored in qualitative approaches, and thus, uses a
case study under a private college in the city of Recife. The data collection method
chosen was conducted interviews with semi-structured questionnaires.
It is further noted that this research also has a component of action research, as it
intends to draw the attention of the chosen college and many others, to the role they
should play within society and the importance of educate citizens concerned with the
principles of sustainability, and to prepare professionals concerned with the welfare
of others.
From the research conducted it was possible to conclude the importance of the
selected college in the local community and the ways that it can contribute with
sustainability, providing students the social awareness through the development of
social works that seeks to meet the teaching and research principles, meanwhile
combining practices and benefits to the community.
Finally, it was possible to notice that still much to do and that the college has just
started the process to achieve Social Responsibility. Thus, it was clear that
universities can and should take active participation in the community and encourage
their students to develop such projects.
Keywords: Sustainability, Higher Education and Social Responsibility
8
ANEXOS
ANEXO I : Questões da entrevista e questionário
ANEXO 2 : Roteiro de pré-análise das entrevistas
9
ABREVIATURAS E SIGLAS
ABMES – Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ADCE – Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas do Brasil
ADM - Administração
CR – Constituição da República
ENF - Enfermagem
ETHOS – Instituto Ethos de Responsabilidade Social
FIES - Programa de Financiamento Estudantil
IES – Instituição de Ensino Superior
ISO – International Organization for Standardization
LDB – Lei de Diretrizes e Bases
MEC – Ministério da Educação
MMA – Ministério do Meio Ambiente
ONU – Organização das Nações Unidas
PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação
PEDAG - Pedagogia
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PROUNI – Programa Universidade para Todos
RS-Responsabilidade Social
SEMESP - Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino
Superior no Estado de São Paulo
SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
10
SUMÁRIO
CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ....................................................................... 13
A pertinência do estudo e a problemática de partida ............................................. 13
Os objetivos do estudo .......................................................................................... 17
A organização textual desta pesquisa ................................................................... 17
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 19
PARTE I .................................................................................................................... 25
CAPITULO I .............................................................................................................. 25
1
ENSINO SUPERIOR E RESPONSABILIDADE SOCIAL: HISTÓRICO DO
PAPEL DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR .................. 25
1.1
Histórico e evolução da educação superior brasileira .................................. 25
1.2
Políticas educacionais para o ensino superior e Responsabilidade Social .. 34
1.3
Responsabilidade Social no Ensino Superior ............................................... 41
CAPITULO II ............................................................................................................. 48
2
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E RESPONSABILIDADE SOCIAL
NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR-IES ................................................. 48
2.1
Sobre o Desenvolvimento Sustentável ......................................................... 48
2.2
Sobre Responsabilidade Social ................................................................... 55
2.2.1
A importância da Cultura Organizacional para a Responsabilidade
Social.. ........................................................................................................ 63
2.2.2
O Marketing social e a Responsabilidade Social ............................ 65
2.2.3
O papel da ética no contexto da Responsabilidade Social ............. 70
CAPITULO III ............................................................................................................ 75
3
PARA UMA CONCEITUAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL NO
ENSINO SUPERIOR ................................................................................................. 75
3.1
Responsabilidade Social nas Instituições de Ensino Superior focada no
imediatismo ............................................................................................................ 75
3.2
Responsabilidade Social para a sustentabilidade do Ensino Superior. ....... 84
11
PARTE II ................................................................................................................... 90
CAPITULO IV ............................................................................................................ 90
4
METODOLOGIA ........................................................................................ 90
4.1
A abordagem de pesquisa utilizada ............................................................. 90
4.1.1
A Abordagem Qualitativa ................................................................ 91
4.2
O estudo de caso ......................................................................................... 92
4.3
A pesquisa - Ação ........................................................................................ 93
4.4
Métodos de coleta dos dados ...................................................................... 94
4.4.1
A entrevista ..................................................................................... 95
4.4.2
Questionário .................................................................................... 96
4.5
O lócus da pesquisa e a amostragem .......................................................... 97
4.6
Caracterização dos sujeitos ......................................................................... 98
4.7
A análise dos dados ..................................................................................... 98
4.7.1
A análise de conteúdo ..................................................................... 99
4.8
As categorias analíticas ............................................................................. 100
4.8.1
Responsabilidade Social ............................................................... 101
4.8.2
Sustentabilidade ............................................................................ 101
4.8.3
Inclusão Social .............................................................................. 102
4.8.4
Reflexividade ................................................................................. 103
4.8.5
Complexidade ............................................................................... 105
PARTE III ................................................................................................................ 107
CAPITULO V ........................................................................................................... 107
5
UMA LEITURA ANÁLITICA DOS DADOS SOBRE A VIVÊNCIA DA
RESPONSABILIDADE SOCIAL NO ENSINO SUPERIOR .................................... 107
5.1
Contribuições dos projetos de Responsabilidade Social para o
Desenvolvimento Sustentável .............................................................................. 108
5.2
Possibilidades de Inclusão Social fomentada por projetos de
Responsabilidade Social da Instituição de Ensino Superior ................................ 123
5.3
Responsabilidade Social numa perpectiva da Reflexividade e Complexidade
140
5.4
A propósito da Responsabilidade Social no Ensino Superior ..................... 149
12
CAPITULO VI .......................................................................................................... 160
6
UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PARA AS INSTITUIÇÕES DE
ENSINO SUPERIOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO ASSENTE NA
RESPONSABILIDADE SOCIAL ............................................................................. 160
7
CONCLUSÕES ........................................................................................ 169
8
REFERÊNCIAS ........................................................................................ 174
ANEXOS ................................................................................................................. 181
13
CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
O presente estudo teve como objetivo identificar de que maneira os
projetos de Responsabilidade Social-RS, desenvolvido por uma Instituição de
Ensino Superior - IES privada da cidade do Recife têm contribuído com o
Desenvolvimento Local Sustentável. Neste estudo, serão apresentados alguns
projetos sociais desenvolvidos pela IES, suas repercussões para o desenvolvimento
sustentável e sua importância para a comunidade local.
Ressalta-se que são compreendidos como projetos de
Responsabilidade Social, todos os trabalhos que a IES desenvolvem com o objetivo
de contribuir com a inclusão social, o desenvolvimento econômico e social, à defesa
do meio ambiente, da memória cultural, da produção artística e do patrimônio
cultural da comunidade onde estão instalados, conforme determinado pelo Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES.
Desta forma, foram analisadas também as questões relacionadas à
inclusão social que esses projetos proporcionam aos beneficiados, juntamente com
a reflexividade que possibilita aos alunos, isto é, a oportunidade de unirem teoria e
prática.
Nesta pesquisa, pretendeu-se identificar até que ponto uma Instituição
de Ensino Superior têm se utilizado da Responsabilidade Social na formação dos
seus profissionais e na busca pelo desenvolvimento sustentável.
A pertinência do estudo e a problemática de partida
Justifica-se a opção pelo objeto de estudo desta pesquisa, face à
importância que tem sido dada a assunção da Responsabilidade Social, no âmbito
das Instituições de Ensino Superior. Considera-se, que esse objeto de estudo, se
tomado verdadeiramente como uma das possibilidades de inclusão social da
universidade relativamente à sociedade, poderá possibilitar o desenvolvimento
14
sustentável e representar uma mais valia, no que toca à sustentabilidade desse nível
de ensino.
No Brasil, desde 1997 o tema Responsabilidade Social vem ganhando
espaço junto à comunidade empresarial e a mídia. No entanto, essa questão ainda
traz contradições e tensões que precisam ser melhor analisadas e esclarecidas,
especialmente na empresa educacional.
Por isso, nesta pesquisa procurou-se identificar a aplicabilidade desse
tema às Instituições de Ensino Superior. Além disso, acredita-se que esta
preocupação representa uma possibilidade de mudança de comportamento em
relação aos problemas sócio-políticos, ecológicos e sociais atuais.
Outro aspecto que justifica a escolha deste tema, é a perspectiva de
crescimento que o estado de Pernambuco, e principalmente, a Região Metropolitana
tem para os próximos cinco anos, com a instalação de empresas de grande porte no
Porto de Suape e em outras localidades do estado.
Eventos desta natureza reforçam a necessidade de estudos
relacionados à Responsabilidade Social, ao desenvolvimento sustentável e ao papel
das Instituições de Ensino Superior nesta região. Tendo em vista, que as empresas
devem adequar-se às normas para preservação e conservação do meio ambiente,
ao mesmo tempo que deverão contratar profissionais com formação especifica e
preparados para lidar e garantir a sustentabilidade do desenvolvimento nas diversas
empresas em Pernambuco, no Brasil e no mundo.
Com o mercado globalizado e as cobranças existentes por órgãos
fiscalizadores, as organizações e Instituições de Ensino Superior precisam adotar
um novo padrão de atuação e buscar não a formação de profissionais, mas a
capacitação de gestores preocupados com os aspectos sociais e ambientais do
meio onde desempenham suas atividades.
Esse novo perfil do mercado fez com que os conceitos de filantropismo
e de voluntariado dessem lugar aos conceitos de Responsabilidade Social e
desenvolvimento sustentável. Além disso, desenvolver a Responsabilidade Social
tornou-se uma ferramenta de gestão para as empresas que pretendem se manter
competitivas no mercado.
Atualmente, organizações e IES percebem a Responsabilidade Social
como um instrumento de gestão, um diferencial competitivo ou ainda uma decisão
da organização em participar de ações sociais no local onde está instalada.
15
A escolha do tema também se justifica levarmos em consideração a
ampliação do ensino superior privado no estado de Pernambuco, iniciado na década
de 90, fato comprovado ao verificar que nesta década somente em Recife foram
inauguradas 21 novas Instituições de Ensino Superior destinadas a formar novos
profissionais que serão inseridos no mercado de trabalho, com isso, faz-se
necessária a participação efetiva dessas instituições para uma formação profissional
comprometida com o desenvolvimento sustentável. Atualmente, Recife está entre as
mais importantes capitais brasileiras, ratificando o seu importante papel no Nordeste
do país (MEC,2000).
Os fatos acima referidos, poderão trazer contributos à economia do
estado de Pernambuco e resultar numa mudança de grande impacto na economia
do Recife. Daí a importância do estado contar com profissionais preparados para
lidar com as necessidades do meio ambiente e as causas sociais, pois na atualidade
as empresas não podem só visar o lucro, elas precisam apresentar a seus clientes a
preocupação com as questões sociais e ambientais.
Com base na problemática referida, foram formuladas as seguintes
questões orientadoras desta pesquisa:
I. De que maneira os projetos de Responsabilidade
Social-RS, desenvolvidos pelas Instituições de Ensino Superior - IES
privadas do Recife têm contribuído com o Desenvolvimento Local
Sustentável?
II. A Responsabilidade Social presente nos projetos
das Instituições de Ensino Superior privadas do Recife tem
possibilitado a inclusão social?
III. Em que medida as idéias sobre Responsabilidade
Social veiculadas nas Instituições de Ensino Superior privadas do
Recife têm possibilitado aos estudantes a reflexão crítica?
Por outro lado, faz-se necessário relatar algumas dificuldades
enfrentadas na coleta de dados, entre as quais destaca-se: a falta de interesse dos
professores e dos coordenadores em disponibilizar tempo para responder a
entrevista, falta de interesse dos alunos em responder os questionários, textos mal
elaborados por parte dos alunos que dificultaram a compreensão e análise do
discurso.
16
Desta forma, o pesquisador ficou limitado ao professor disponibilizar
tempo de sua aula e solicitar a participação dos alunos, fato que resultou em atraso
e quase 100 questionários aplicados com os alunos para a validação de apenas 20
(vinte) que serão apresentados no capitulo V. Ressalta-se ainda, que para chamar a
atenção dos alunos, foi utilizado a distribuição de brindes para quem respondesse o
questionários por inteiro. desta forma houve uma maior aceitação e resultado
positivo na devolução dos questionários.
A pesquisa de campo é muito importante para a validação das
questões acadêmicas, mesmo quando essas foram validadas por meio de teorias
que a justificam, contudo seria importante e muito válido que as pessoas fossem
incentivadas a colaborar com as pesquisas. É necessário elevar o grau de
conscientização dos alunos e professores para que os mesmos possam dar
importância a pesquisa de campo e incentivar os pesquisadores. Tais atitudes
podem ser identificadas como um discurso real da Responsabilidade Social
universitária e o caminho para o alcance do tripé: ensino-pesquisa-extensão. O que
se deseja é a colaboração e a participação ativa dos sujeitos escolhidos para
participarem da pesquisa.
Por fim, acredita-se que o tema seja relevante e atual, considerando a
preocupação mundial com a harmonização entre o desenvolvimento socio-
econômico, a conservação do meio ambiente e a utilização racional dos recursos
naturais. Também se justifica a importância do local estudado, visto a sua expansão
econômica, o número de novas instituições inauguradas nos últimos anos e a
necessidade de formar profissionais preocupados com a sustentabilidade do
planeta. Além disso, o se pode deixar a responsabilidade de cuidar do planeta
apenas nas mãos dos governantes, uma vez que todos devem participar e ter
alguma atuação nessa luta.
17
Os objetivos do estudo
Objetivo geral
Identificar de que maneira os projetos de Responsabilidade Social-RS,
desenvolvidos pelas Instituições de Ensino Superior - IES privadas da
cidade do Recife têm contribuído com o Desenvolvimento Local
Sustentável.
Objetivos específicos
Identificar a correlação existente entre Responsabilidade Social e
Desenvolvimento Sustentável nas Instituições de Ensino Superior do
Recife.
Verificar até que ponto a Responsabilidade Social vivenciada, no
âmbito das IES, pode contribuir para a inclusão social.
Verificar se os projetos de Responsabilidade Social das IES
possibilitam aos estudantes o desenvolvimento do pensamento crítico-
reflexivo.
A organização textual desta pesquisa
Conforme acima referido, a presente pesquisa abordou a problemática
da Responsabilidade Social para o desenvolvimento sustentável, no âmbito de uma
Instituição de Ensino Superior do Estado de Pernambuco.
Para melhor compreensão e entendimento da proposta esta pesquisa
está organizada em três partes distintas.
18
A primeira parte é composta por três capítulos que versam sobre o
histórico da educação superior no Brasil e sobre o surgimento e evolução dos temas
desenvolvimento sustentável e Responsabilidade Social.
O primeiro capítulo, apresenta um breve histórico sobre o
desenvolvimento das IES no Brasil, como também reflete sobre algumas políticas
públicas educacionais estabelecidas para um melhor funcionamento desse nível de
educação e como a Responsabilidade Social foi inserida no ensino superior.
No segundo capítulo, procura-se conceituar Desenvolvimento
Sustentável e Responsabilidade Social e sua aplicabilidade no âmbito da ética, da
cultura organizacional e do marketing social.
No terceiro capítulo, procura-se conceituar a Responsabilidade Social
na educação superior focada em duas perspectivas, ou seja, uma assente no
imediatismo e a outra, perspectivada no desenvolvimento sustentável da educação
superior.
A segunda parte deste trabalho, nomeadamente no capítulo cinco,
apresenta-se os procedimentos metodológicos utilizados para o desenvolvimento
desta pesquisa. Neste capítulo são apresentadas as justificativas para a escolha do
estudo de caso, da análise de conteúdo e das categorias análiticas:
sustentabilidade, inclusão social, reflexividade e complexidade
A terceira parte, é composta por dois capitulos. No capítulo cinco
procedeu-se a uma leitura analítica dos dados sobre a vivência da Responsabilidade
Social na educação superior, à luz das dimensões de análise e categorias analíticas
inerentes a este estudo. No capítulo seis, apresenta-se uma proposta de
implantação de um Núcleo de Responsabilidade Social e Sustentabilidade dentro da
IES que serviu de campo para esta pesquisa.
Nas conclusões, apresenta-se em linhas gerais as contribuições desta
pesquisa para as IES, uma vez que acredita-se que este trabalho trará uma
contribuição a vivência da Responsabilidade Social sustentável no universo da
Educação Superior.
19
INTRODUÇÃO
“Nenhuma empresa sadia,
universidade sadia ou hospital sadio
pode existir em uma sociedade
enferma”. (Drucker,1984, p.328).
A sociedade do século XXI espera que as organizações sejam
socialmente responsáveis, respeitem e gratifiquem os funcionários, atendam à
demanda dos vários públicos, atuem na vizinhança carente e beneficiem a
sociedade.
Desta forma, espera-se que as organizações tenham uma postura
comprometida com o desenvolvimento sustentável do país, isto é, elas devem
envolver-se com a proteção do meio ambiente, a redução da pobreza e o aumento
da expectativa de vida da população, garantindo um ambiente saudável para as
próximas gerações.
Com o processo de globalização, o mercado passa por um momento
de mudanças, pois a sociedade está mais informada dos problemas que estão
acontecendo, e por isso exige que as organizações mudem suas estratégias e
assumam novos compromissos com a comunidade, com os funcionários e com o
meio ambiente. Além disso, elas precisam se manter competitivas no mercado e
assumir um papel ativo na melhoria das condições sociais, dividindo com o governo
e a sociedade esta atuação.
Assim, as organizações devem assumir novos padrões de
comportamento que promovam o desenvolvimento e garantam a sobrevivência em
longo prazo, isto é, elas devem praticar os princípios do desenvolvimento
sustentável.
Nesse contexto, as Instituições de Ensino Superior assumem o
desafio de formar profissionais que percebam a importância do desenvolvimento
sustentável e da Responsabilidade Social, bem como sua contribuição para a
longevidade das organizações, além de propiciar uma melhoria na qualidade de vida
das pessoas através de um meio ambiente harmonioso, da preservação da
20
dignidade humana, não havendo lugar para a exploração irresponsável nem para o
desperdício.
Com isso, percebe-se a importância do tema Responsabilidade Social
bem como a reflexão e discussão que o mesmo deve proporcionar entre
pesquisadores, professores, ONG, governo, comunidade e sociedade. Fato que
despertou o interesse e futuro desenvolvimento desta pesquisa.
Neste trabalho serão apresentados as formas de aplicação dos
conceitos de Responsabilidade Social nas IES e como essas instituições podem
adquirir uma nova mentalidade na sociedade, onde a valorização da cultura da boa
conduta é resultado da combinação entre eficácia, lucro, cidadania, preservação
ambiental e ética nos negócios
Será apresentado neste trabalho o papel relevante que as Instituições
de Ensino Superior (IES) possuem na implantação e desenvolvimento de projetos de
Responsabilidade Social, bem como na formação de gestores e consequentemente
de organizações comprometidas com a sustentabilidade.
As Instituições de Ensino Superior têm um papel fundamental no
processo de formação dos novos profissionais que serão inseridos no mercado
competitivo, por isso, é preciso que as mesmas estejam comprometidas em formar
profissionais responsáveis que se comprometam em gerir de forma ética,
respeitando o meio ambiente e garantindo uma melhor qualidade de vida à
sociedade.
Além disso, Delors et al, (2001), no último relatório emitido pela
Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, afirma que a educação
tem uma especial responsabilidade na edificação de um mundo mais solidário.
Neste contexto, o autor defende que as políticas de educação devem deixar
transparecer, de modo bem claro, essa responsabilidade. Para eles a educação
deve ajudar a nascer um novo humanismo, com um componente ético essencial, e
um grande espaço dedicado ao conhecimento das culturas e dos valores espirituais
das diferentes civilizações.
A IES, autalmente, passam por um momento de cobrança social, onde
são fiscalizadas e cobradas pela sociedade e por seus clientes, por isso elas
precisam adquirir uma nova postura, isto é, um olhar compartilhado, onde haja
respeito pelos semelhantes e equilibrio entre os aspectos relacionados a
21
globalização. Desta forma, não se aceita mais um visão limitada, que leva em
consideração os aspectos econômicos ou tecnicistas.
Neste contexto de exigências e mudanças o sistema educativo é
convocado a assumir a missão de desenvolver jovens, adolescentes e adultos para
assumir seu papel na sociedade e colaborar com uma vida mais justa.
Para Delors et al, (2001), a educação deve contribuir para o
desenvolvimento total da pessoa, isto é, espírito e corpo, inteligência, sensibilidade,
sentido estético, responsabilidade pessoal e espiritualidade. Todo ser humano deve
ser preparado para elaborar pensamentos autônomos e críticos e para formular os
seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas
diferentes circunstâncias da vida. O autor afirma que é na IES que se deve criar,
preservar e transmitir o saber em níveis mais elevados” (ibidem,p.122).
Para ele as instituições devem juntar a equidade à excelência, abrindo-
se plenamente aos membros de todos os grupos sociais e econômicos. O autor
aponta ainda, o papel das IES dentro da sociedade, como um dos motores do
desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo que são depositário e criador de
conhecimentos.
De acordo com o autor as universidades têm como funções básicas e
tradicionais a pesquisa, o ensino, a formação, a educação permanente e a
cooperação internacional, isto é, ela tem a obrigação de contribuir com o
desenvolvimento sustentável.
Assim, as IES devem colaborar com a resolução de problemas de
desenvolvimento com as sociedades, tendo em vista que elas são responsáveis pela
formação dos dirigentes, intelectuais, políticos e do corpo docente. Além disso, elas
podem colaborar também no âmbito social, através da promoção de debates sobre
questões éticas, cientificas e com seus centros de estudos enriquecer e preservar a
cultura (DELORS et al, 2001, p.141).
Conhecido a importância das IES no contexto da Responsabilidade
Social e do Desenvolvimento Sustentável de um país, justifica-se a escolha do lócus
e do objeto teórico desta pesquisa. E, nesse âmbito, refere Drucker (1984), que a
Responsabilidade Social das empresas, hospitais e universidades podem originar-se
das repercussões sociais provocadas pela instituição ou surgir dos próprios
problemas da sociedade, isto é, ou está relacionado ao que a entidade faz pela
sociedade ou se refere ao que a entidade quer e pode fazer pela sociedade.
22
Para o autor, “nenhuma empresa sadia, universidade sadia ou hospital
sadio pode existir em uma sociedade enferma”. (ibidem, p.328). Assim, pode-se
afirmar que “a saúde da comunidade apresenta-se como pré-requisito para o
crescimento e o êxito da empresa” (ibidem, p.339), por isso, a organização deseja
uma sociedade saudável. Além disso, “qualquer empresa, e mesmo qualquer
entidade, precisa organizar suas atividades inovadoras para transformar os
problemas sociais em oportunidades de desempenho e colaboração” (ibidem,
ibidem).
Drucker (1984, p. 177), afirma que a universidade presta serviços
educacionais, possui finalidades, valores e objetivos únicos e almeja fazer que seus
clientes sejam alguma coisa, façam alguma coisa, comportem-se de determinado
modo, saibam certas coisas ou acreditem em certas coisas”. Verifica-se nas idéias
de Drucker e de outros autores o importante papel que estas instituições
desempenham na formação do pensamento crítico nacional, ao mesmo tempo em
que podem trabalhar para a melhoria da qualidade de vida de uma determinada
população.
Por outro lado, enfatiza Kraemer (2005), que a Responsabilidade
Social tornou-se uma importante ferramenta para a sustentabilidade das
organizações, pois ela contempla o compromisso com toda a cadeia produtiva da
empresa, como, por exemplo, clientes, funcionários e fornecedores, bem como as
comunidades, o ambiente e a sociedade. Ainda segundo essa autora,
Responsabilidade Social é o compromisso voluntário das empresas com o
desenvolvimento da sociedade e a preservação do meio ambiente.
Levek (2004) afirma que, para as empresas se manterem competitivas
no mercado, elas precisam oferecer produtos socialmente corretos, estabelecer
relacionamento ético com clientes, fornecedores e funcionários, e preocupar-se com
a preservação do meio ambiente e com a melhoria da qualidade de vida da
sociedade.
Para a autora, Responsabilidade Social é o compromisso moral
assumido por uma organização, diante da sociedade, de desenvolver ações que
causem impacto positivo no ambiente e promovam o desenvolvimento sustentável
da sociedade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de todos os
envolvidos.
23
Na opinião de Apolinário (2005), precisa-se conciliar a estabilidade e o
crescimento econômico contínuos com um bem-estar social duradouro e as
exigências associadas à proteção do ambiente, incluindo, por exemplo, a segurança
dos alimentos e a saúde pública.
Tachizawa e Andrade (1999, p.39), também preocupados com a
posição que o ensino superior deve assumir na sociedade questionam se a
instituição de ensino é ou não uma organização como as que estamos acostumados
a conviver em nosso dia-a-dia. Para esses autores, as IES, assim como qualquer
outra organização, devem buscar satisfazer as necessidades de seus clientes,
devem prestar um ensino de qualidade juntamente com a pesquisa e a extensão,
garantindo um bom ambiente de trabalho para seus funcionários.
Segundo os autores, uma instituição de ensino cumpre sua “missão”
quando consegue formar profissionais, com habilidades, competências e
conhecimentos que são valorizados e reconhecidos pelas organizações que os
contratam. Neste contexto, concorda-se com os autores e afirma-se que as IES para
sobreviver, precisam atender as expectativas de seus clientes.
Assim, de um lado encontra-se a necessidade da IES buscar clientes
para atendê-los de maneira satisfatória e do outro, existe a obrigação de respeitar as
normas existentes e o cumprimento de seu papel social, ou seja, de promover a
qualidade de vida da comunidade local através dos projetos de Responsabilidade
Social desenvolvidas por seus professores e alunos.
Diante deste cenário de mudanças percebe-se a necessidade de
enxergar a IES, como uma organização que precisa superar desafios e sobreviver
em um mercado competitivo, com o cumprimento de metas, a formulação de
estratégias e o alcançar de resultados desejados, fato que exige um
aperfeiçoamento na maneira de gerir e muitas vezes uma atuação agressiva como
as organizações empresariais. Desta maneira, neste trabalho defende-se a
percepção da IES como uma organização que tem sua participação na sociedade
diferenciada.
Ressalta-se neste trabalho o papel fundamental dos projetos
desenvolvidos pelas IES em prol das comunidades onde estão inseridas. Esses
projetos de Responsabilidade Social proporcionam a inclusão social dos membros
da comunidade, ao mesmo tempo em que possibilitam aos alunos a reflexividade,
isto é, a possibilidade de unir teoria e prática.
24
Outro ponto, que será destaque nesse trabalho é a elaboração de um
conceito de Responsabilidade Social Sustentável aplicável as Instituições de Ensino
Superior e a proposta de um Núcleo de Responsabilidade Social Sustentável que
visa atender a função social da IES e as exigências contidas na Lei de Diretrizes e
Bases LDB e no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior SINAES,
pontos que serão objetos de análise nos capítulo futuros dessa pesquisa.
Com isso, pode-se inferir que as IES precisam refletir como a ciência e
a pesquisa podem cooperar com os novos contornos da sociedade e o
aperfeiçoamento do cidadão do século XXI. Estas instituições são convocadas para
um desafio ético, compreendendo que sua ão deve, necessariamente, buscar
benefícios para a sociedade, com fundamentos científicos, e propiciar a promoção
humana e a construção de uma sociedade sustentável.
Por fim, acredita-se que a Responsabilidade Social apresenta-se como
uma estratégia para o desenvolvimento sustentável e, por isso, as IES devem estar
comprometidas com a formação de uma sociedade responsável e solidária que
busque se desenvolver, preservar o meio ambiente, adquirir conhecimentos, valores,
comportamentos e habilidades práticas para garantir a sustentabilidade do planeta.
25
PARTE I
CAPITULO I
1 ENSINO SUPERIOR E RESPONSABILIDADE SOCIAL:
HISTÓRICO DO PAPEL DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DE
ENSINO SUPERIOR
Considerando que a Responsabilidade Social nas IES, constitui o
objeto de estudo desta pesquisa, neste capítulo, serão feitas algumas reflexões
acerca do histórico da educação superior e das políticas públicas no Brasil.
1.1 Histórico e evolução da educação superior brasileira
Desde o final do século XX observa-se rias mudanças no ensino
superior, de um lado o governo querendo implementar reformas e do outro as
universidades particulares que ganham mercado e atendem a demanda existente.
Contudo, ao analisarmos a história e o desenvolvimento do ensino superior no
Brasil, pode-se observar que as reformas sempre acompanharam o desenrolar da
educação brasileira.
Cunha (2003), afirma que no século XVI, Portugal, que dominava na
época o Brasil, proibiu a criação de universidades. Nessa época, alguns filhos de
colonos recebiam bolsas para estudar em Coimbra ou estudavam em escolas
jesuítas autorizadas a oferecer cursos superiores de Filosofia e Teologia.
Segundo o autor, em 1550, foi fundada na Bahia o primeiro
estabelecimento de ensino superior no Brasil, que posteriormente em 1553 começou
a oferecer cursos de Artes, conhecidos como de Ciência natural ou Filosofia com
duração de três anos e o de Teologia, com duração de quatro anos, e grau de
doutor.
Sampaio (2000), afirma que diferentemente de alguns países da
América hispânica, o Brasil não possuiu universidades, nem outras instituições de
26
ensino durante todo o período colonial. Somente em 1808, com a vinda da família
real portuguesa, teve início a formação do núcleo de ensino superior no país. Duas
características marcaram seu padrão de desenvolvimento, primeiro a orientação
para a formação profissional e segundo o controle do Estado sobre o sistema.
A partir de 1817, sobre a regência do príncipe D. João VI, foi criado
cátedras isoladas de ensino superior para formação de médicos e engenheiros.
Nessa época, os cursos de engenharia eram realizados em instituições militares e
tinham objetivos bélicos. Em 1827, o imperador Pedro I, introduziu a escola de
Direito em Olinda/PE e São Paulo/SP (CUNHA, 2003). Vale ressaltar que os cursos
de medicina, engenharia e direito ainda hoje dominam a preferência dos candidatos
e são os que oferecem um maior status.
Segundo Catani e Oliveira (2002), o ensino superior ficou mais forte no
período registrado entre 1822 a 1889, com a criação das academias, resultado da
união de várias Cátedras, porém,essa expansão não era sinônimo de democrácia,
pois o ensino continuava sendo estatal, centralizado e controlado. Mesmo assim, as
primeiras décadas após a proclamação da república marcaram o ensino superior,
pela maior facilitação de acesso, devido as mudanças nos processos de admissão e
a expansão no número de estabelecimentos.
Os autores chamam atenção ainda para os anos de 1891 a 1910,
período marcado pela criação de 27 novas escolas superiores no Brasil, dentre
elas, nove de medicina, obstetrícia, odontologia e farmácia; oito de direito; quatro de
engenharia; três de economia e três de agronomia. A criação dessas escolas ainda
é resultado das alterações ocorridas no ingresso e a regulamentação de novas
profissões.
De acordo com Cunha (2003), a partir de 1911, os diplomas das
escolas superiores não eram considerados mais raridades ou instrumentos de
discriminação social eficaz, nem tão pouco garantidores de cargos com maior
remuneração, prestígio e poder. A expansão do ensino superior estava
comprometendo a formação intelectual das classes dominantes, fato que trouxe de
volta os exames de admissão às escolas e iniciou uma nova reforma geral do ensino
secundarrio e superior. Contudo, essas medidas não foram suficientes para conter a
expansão do ensino superior, que continuava tendo novas faculdade e muitos
alunos.
27
Em 1915, foi criada a primeira instituição de ensino superior do Brasil,
que posteriormente em 1920 foi chamada de universidade. Tambén neste ano, os
exames de admissão foram batizados de exames vestibulares, os quais deveriam
ser realizados com rigor. Nesta época, começaram a exigir dos candidatos ao ensino
superior um certificado de conclusão do ensino secundarrio, o objetivo era controlar
o acesso às escolas superiores.
Em 1925, intensificaram-se os critérios dos exames vestibulares, as
faculdades começaram a fixar número de vagas a cada ano, o que resultaria em
estudantes aprovados e reprovados conforme a ordem de classificação. Antes disso,
não havia número de vagas determinado, todos os aprovados eram matriculados
(ibidem).
No contexto da educação superior privada do país, Sampaio (2000),
afirma que a história dessa modalidade de ensino no Brasil teve início no período
republicano, com a promulgação da Constituição de 1891, que descentralizou o
ensino superior, que era exclusivo do poder central, e permitiu a criação de
instituições privadas.
De acordo com a autora, entre 1889 e 1918, cinqüenta e seis novas
Instituições de Ensino Superior foram criadas no país, na sua maioria privadas. A
partir de 1850, iniciou-se um período de estabilidade política e de relativo
crescimento econômico, presenciou-se uma expansão gradual no número de
instituições educacionais e a consolidação de alguns centros científicos, como o
Observatório Nacional, o Museu Nacional e a Comissão Imperial de Geologia,
mesmo com essa expansão o ensino superior manteve-se limitado as profissões
liberais em algumas poucas instituições publicas isoladas de tempo parcial.
A partir de 1900, começaram a surgir as instituições privadas,
disciplinadas pela Constituição da republica de 1891, algumas tinham o apoio do
governo estadual, outras eram da iniciativa confessional católica e outras dependiam
exclusivamente da iniciativa privada. Nesta época, o surgimento de instituições
privadas significava a abertura de um sistema, até então, exclusivamente público,
restrito e centralizado. Em 1930, o número de Instituições de Ensino Superior
privadas chegou a cento e trinta e três, sendo que 86 destas haviam sido criadas na
década de vinte.
Ainda de acordo com a autora, em 1930, o governo de Getúlio Vargas
instituiu o ministério da educação e saúde e promoveu uma ampla reforma
28
educacional, editada em 1931, que dispunha sobre como deveria ser a universidade
no país. Nessa época, o país contava com quase 150 escolas isoladas que
atendiam aproximadamente 10.000 alunos. Foi também na década de 1930, que o
Brasil ingressou no mundo capitalista de produção e percebeu que os novos
padrões mundiais exigiam uma mão-de-obra especializada, por isso era necessário
investir na educação. De 1930 a 1945, o Brasil passou por várias revoluções, golpes
militares e a gestão de Getulio Vargas.
cunha (2003), chama a atenção para o ano de 1934 e a
promulgação da nova Constituição (a segunda da República), que considerava a
educação como um direito de todos devendo ser ministrada pela família e pelos
Poderes Públicos. Neste mesmo ano, foi criada a Universidade de São Paulo. A
primeira a ser criada e organizada segundo as normas do Estatuto das
Universidades Brasileiras de 1931.
O autor afirma que a partir de 1935, o regime político tentou exterminar
toda experiência democrática, em matéria de educação no país. Em 1937, após o
golpe, o Estado preocupou-se em colocar a educação a serviço da ideologia
centralizadora do Estado e favorecer a formação de uma elite. Nesse período, a
educação e as instituições escolares se tornam vítimas do monopólio do Estado,
sem nenhuma autonomia.
A partir do Golpe de 1937, as pressões políticas levaram as instituições
universitárias, a ser organizadas por meio de uma legislação imposta de cima para
baixo, cujo foco era a inibição de novas formulações ou de diferentes propostas que
fugissem ao modelo consagrado pelo Ministério de Educação e Saúde.
Nessa época para um curso superior ser organizado e entrar em
funcionamento era necessária a autorização do Governo Central. Mesmo com esse
controle o ensino superior brasileiro conseguiu se expandir rapidamente, tendo em
vista que até a promulgação da República (1889) existiam 14 estabelecimentos de
ensino superior. Da Proclamação da República até a Revolução de 1930, foram
criados mais 72 estabelecimentos. E no Estado Novo (Segunda República a
1945), foram criadas mais 95 escolas de nível superior.
Na década de 1950, faculdades estaduais e privadas foram
federalizadas e reunidas, formando universidades, mantidas e controladas pela
União (ibidem).
29
no contexto do ensino superior privado, Sampaio (2000), chama a
atenção para o período entre 1933 e 1965 caracterizado pela consolidação e
estabilidade no crescimento da participação relativa do setor privado. Nessa época,
o ensino privado superior no país respondia por cerca de 64,4% dos
estabelecimentos e 43,7% das matriculas.
De 1945 a 1955, ao mesmo tempo que triplicou o número de matrículas
totais, a participação relativa das matrículas privadas diminuiu, passou de 48% em
1945, para 42,3% em 1955. Essa redução se deu pela criação de universidades
estaduais e a federalização de várias Instituições de Ensino Superior.
No Brasil de 1960, os estudantes universitários somavam 226.218,
desses 93.968 estavam no setor privado. Nessa época, observava-se um
crescimento no número de vagas mais que a demanda dos alunos, fato que deixava
muita vagas obsoletas nas instituições privadas.
o peodo de 1965 a 1980 corresponde à mudança de patamar no
crescimento das matrículas privadas, levando a predominância desse setor no
sistema de ensino superior. Este período é regulamentado pela Lei de Diretrizes e
Base de 1961 e pela reforma educacional de 1968 ( Lei 5.540/68).
Para Sampaio (2000), a reforma de 60 ficou conhecida como a reforma
Francisco Campos, ela atingiu os níveis de ensino e definiu pela primeira vez o
formato legal ao qual as universidades a serem organizadas deveriam obedecer.
Essa forma foi considerada centralizadora, pois deixava a regulamentação de todo o
ensino superior nas mãos do governo central. Além disso, dispunha sobre questões
com administração central das universidades, escolha do reitor, composição do
corpo docente, cobrança de anuidade ( o ensino publico não era gratuito nesta
época) e a organização estudantil.
Com a Lei de Diretrizes e Base de 1961, veio a regulamentação de
vários mecanismos de expansão do ensino superior, entre elas a criação de três
órgãos que poderiam decidir acerca da criação de novos cursos, a autonomia das
universidade, os conselhos estaduais de educação e o conselho federal de
educação.
Alguns autores criticam a LDB/61 e afirmam que ela foi tímida e que
representou a vitória da corrente privada em detrimento do ensino público. Por outro
lado, esta lei voltava-se para os mecanismos de regulamentação da expansão do
ensino superior, ou seja, percebia a necessidade de instituir mecanismos de controle
30
na relação de ensino superior com o mercado que lhe pressionava fortemente pela
expansão.
em meados da década sessenta, foi que a expansão do sistema de
ensino superior efetivamente adquiriu características próprias, foram necessários
vinte anos para que o número total de matriculados no ensino passasse de 200.00
para 1,4 milhão, sendo os anos de 1968, 1970 e 1970 os que apresentaram maior
taxa de adesão(ibidem).
Segundo Germano (2000), após o golpe de 1964 desencadeou-se uma
escalada repressiva que atingiu a educação. Os movimentos de educação e cultura
popular foram fechados ou mutilados em sua maioria e seus membros presos e
condenados.
Segundo o autor, nesta época, algumas universidades foram objeto de
intervenção militar, como por exemplo, a Universidade de Brasília que foi ocupada e
dirigida durante quase 15 anos por militares. Nesta época, o Conselho Federal de
Educação (CFE), nomeou militares para a reitoria de diversas instituições do país,
fato que tornou o clima dentro das universidades pesado e sombrio, pois muitos
estudantes foram presos e professores demitidos.
Em 1968, o governo assinou o Decreto-lei 228, revogando a Lei Suplicy
e restringindo ainda mais a representação estudantil, proibindo a existência de
entidades estudantis nos municípios e estados, essas proibições levaram os
estudantes a reagir contra o autoritarismo e a política educacional dos militares, ao
mesmo tempo, que exigiam a expansão do ensino superior e a reforma universitária.
Este ano, foi considerado um ano particularmente agitado para os estudantes
universitários e terminou com o governo militar decretando em 13 de dezembro a
verdadeira ditadura militar “sem restrições”, o terror do estado (GERMANO, 2000).
Neste cenário de intervenções militares o autor chama a atenção para
a participação da universidade e da comunidade acadêmica daquela época que não
aceitava os moldes impostos pela ditadura e resistia com luta pela democratização
da sociedade brasileira até o anos 70.
Para o autor, a política educacional no âmbito do ensino superior foi
formulada no auge do Regime militar com o firme propósito de conter as
mobilizações estudantis e os possíveis focos de resistências ao movimento de 1964.
Ainda no ano de 1968, foi promulgada a reforma universitária que
buscava a restauração da ordem e contemplava elementos de renovação. Naquela
31
época a atuação do Estado se caracterizava pelo emprego desmedido de repressão
política, mas, igualmente, da assimilação de princípios avançados que haviam sido
colocados por segmentos e experiências universitárias de caráter reformador. Esses
princípios foram negados na prática revelando a discrepância entre elaboração e
implementação de políticas.
A Reforma universitária fez com que todas as Instituições de Ensino
Superior fossem enquadradas no modelo praticado pelo sistema federal, não
importando se a universidade fosse estadual ou particular. Nesta época o ensino
privado, verificando a impossibilidade das universidades publicas atenderem a
demante, começou a expandir-se com a ajuda do Conselho Federal de Educação
que conseguiu reduzir as exigências para criação de cursos (GERMANO, 2000).
Para Cunha (2003), as universidades públicas desenvolveram-se
bastante durante o regime militar (1964 1985). Nesta época, foram construídos
campus suburbanos, foi instituído o trabalho docente em tempo integral, criou-se a
pós-graduação articulada à carreira dos professores e linhas de financiamento à
pesquisa científica e tecnológica.
Sampaio (2000), afirma que as universidades públicas eram vistas
pelo regime militar como locais de subversão e por isso, foram mantifos sob
constante vigilância.
Na década de 80, houve um intenso processo de redemocratização
que gerou mudanças nas estruturas sociais do país, este período ficou conhecido
como a “década perdida”. Foi na década de 80 que o Brasil começou a adaptar-se
ao modelo neoliberal que leva para dentro das instituições escolares a idéia da
produção mercantil em todos os níveis de educação (CUNHA, 2003)..
Na década de 1990, o Brasil voltou a inserir-se na nova ordem mundial,
o que levou o presidente Fernando Henrique Cardoso - FHC a transformar o país
num ambiente de reformas. Nesta período, a educação foi priorizada, recebendo um
lugar privilegiado nos processos de reestruturação produtiva, no desenvolvimento
econômico e na inserção da sociedade no mercado de trabalho.
Ainda na década de 90, muitas universidades públicas foram
privatizadas devido à escassez de recursos governamentais, nesse espaço de
tempo, a rede privada de ensino superior se expandiu, recebeu incentivos do
governo e o estado transferiu para o setor privado a responsabilidade de ampliação
das matrículas no nível superior.
32
A política neoliberal do Estado para as universidades resultou numa
falta de investimentos no campo da pesquisa científica e tecnológica e com isso o
ensino universitário público ficou abandonado.
Na década de 1990, também, as políticas públicas educacionais foram
reformuladas, resultando em modificações significativas nos padrões de intervenção
estatal e redirecionando as formas de gestão, isto resultou na aprovação da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB aprovada em dezembro 1996.
A LDB trouxe maior flexibilidade na organização e funcionamento do
ensino. Segundo, Tenerelli et al. (2006 p.118), a LDB promoveu uma revolução no
sentido de que, por assim dizer, atribuiu a responsabilidade da educação infantil aos
municípios, do ensino médio aos estados e do ensino superior ao governo federal
Além disso, a Nova Lei de Diretrizes e Bases, aceita a possibilidade da
existência de universidades especializadas por área do saber, em lugar da exigência
de universalidade dos campos de conhecimento. Contudo, alguns autores acreditam
que essa idéia reflete uma divisão da ciência baseada no positivismo que ignora a
interdisciplinaridade e as convergências e divergências das áreas do conhecimento
(ibidem).
Segundo Sampaio (2000), entre 1992 e 2002, o Estado voltou a
incentivar o ensino privado superior, com isso o número de instituições privadas de
ensino superior aumentou de 666 para 1.442 unidades.
Segundo o Censo da Educação Superior 2002 , o crescimento do
número de cursos de graduação presencial é alto e descontrolado, pois foram
criados, nos últimos cinco anos da gestão de FHC, 1.490 novos cursos ao ano. Isso
resultou em um aumento de 3.980 cursos registrados em 1998 para 9.147 cursos
em 2002. Outro ponto a destacar é que mesmo com a diminuição no número de IES
públicas neste período, o número de cursos oferecidos nessas instituições aumentou
de 2.970 para 5.252 (MEC,2003).
Ainda com base no Censo da Educação Superior 2002, chama a
atenção o número de matrículas nos cursos de graduação presencial, são quase 3,5
milhões de alunos em 2002, um acréscimo de cerca de 800 mil alunos em relação a
2000, deste total, aproximadamente, 70% pertence ao setor privado. Com toda essa
expansão, no final do segundo governo de FHC, observou-se que entre as dez
maiores universidades do país, em alunos matriculados na graduação, seis são
privadas, três estaduais e apenas uma federal (MEC,2003).
33
Vale destacar, que entre 1988 e 2004, as Instituições de Ensino
Superior sem fins lucrativos, eram responsáveis por aproximadamente 85% das
matrículas do setor privado, porém usavam os benefícios contidos nos artigos 150,
inciso VI, alínea c, e 195, § 7º, da Constituição Federal, citado abaixo, sem nenhuma
regulação do Poder Público, quer dizer sem nenhuma contrapartida, a saber:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
c) Patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive
suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
§ - São isentas de contribuição para a seguridade social as
entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei.” (BRASIL, 1988).
Nesse período a concessão de bolsa era feita de maneira particular
definida por cada instituição. Assim, elas definiam a quantidade de bolsas de
estudos que iriam conceder, quem ia recebê-las, os cursos disponíveis, o número de
bolsas, o valor dos descontos concedidos, o resultado era poucas ou nenhuma bolsa
integral e quase nunca vagas em curso de alta demanda. Acredita-se que nesse
período um milhão de bolsas de estudo deixaram de ser concedidas.
Em 2004, o Ministério da Educação - MEC criou o Programa
Universidade para Todos - PROUNI, institucionalizado pela Lei nº 11.096, em 13 de
janeiro de 2005, que tem como finalidade a concessão de bolsas de estudos
integrais e parciais a estudantes de cursos de graduação e seqüenciais de formação
específica, em instituições privadas de educação superior. O PROUNI oferece, em
contrapartida, a isenção de alguns tributos àquelas instituições de ensino que
aderem ao Programa (MEC,2004).
Segundo dados apresentados pelo MEC, de 2004 até o primeiro
semestre de 2008, o PROUNI havia atendido cerca de 385 mil estudantes, sendo
270 mil com bolsas integrais. Desde 2007, o PROUNI e o FIES (Fundo de
Investimento para Educação Superior) fazem parte das ações integrantes do Plano
de Desenvolvimento da Educação PDE. Vale ressaltar, que cerca de 40% das
34
bolsas concedidas foram direcionadas para afrodescendentes e indígenas, inclusive
nos cursos de medicina, direito, engenharia, odontologia etc. Cerca de 60 mil
bolsistas freqüentam cursos de licenciatura, nas diversas áreas. Professores da
educação básica pública têm acesso privilegiado ao programa, por isso estão
dispensados de requisitos como situação socioeconômicos (MEC,2004).
Atualmente, a rede privada de educação superior responde por mais de
70% das matrículas do país, sem com isso comprometer o orçamento público. Outro
ponto a destacar, é que com a expansão dessas instituições promoveu-se um
significativo aumento na oferta de vagas na educação superior e houve a
consolidação da educação continuada nas diferentes faixas etárias (MEC,2004).
1.2 Políticas educacionais para o ensino superior e
Responsabilidade Social
Neste item pretende-se compreender os conceitos gerais de políticas
públicas, em seguida apresentar a necessidade e a importância das políticas
educacionais direcionadas ao ensino superior.
E, assim sendo, buscou-se conceituar política blica tendo por
referência o que diz Demeterco Neto et al (2006), quando este refere que as
políticas públicas o planos e programas de ações governamentais destinadas à
intervenção no domínio social, por meio dos quais são delineadas as diretrizes e
metas a serem fomentadas pelo Estado, sobretudo na implementação dos objetivos
e direitos fundamentais dispostos na Constituição.
Na opinião desses autores, as políticas públicas devem atender o
interesse da maioria da população ou de pequenos grupos específicos, elas devem
ser mantidas em diversas gestões sem interrupções. Assim, as políticas públicas
devem ter como prioridade fundamental a promoção da capacitação da sociedade,
por meio de um grande programa de educação da população e da efetiva
participação da sociedade”. Atualmente, a adoção de políticas públicas demonstra a
vontade de agir da quina estatal nas funções de “coordenaçãoe “fiscalização”
dos agentes públicos e privados para a realização do desenvolvimento sustentável.
(ibidem, p.75)
35
Demeterco Neto et al (2006), afirma que as políticas públicas não
podem ser desenvolvidas para curto prazo, elas devem ser ações para longo prazo,
bem planejadas e contar com métodos de avaliação e verificação dos resultados.
Por isso, devem estar articuladas entre os governos para que não haja desencontros
e descontroles. Essas ações governamentais são consideradas válidas, se elas
estiverem legalmente amparadas pela Constituição Federal de 1988, por normas e
atos jurídicos.
Desta forma, pode-se afirmar que as políticas públicas são ações,
planos ou leis elaboradas pelos gestores do governo que tem como objetivo garantir
os direitos dos cidadãos, por isso, em sua maioria estão relacionadas a saúde, a
educação, ao transporte, a segurança pública e outros. Para que essas ações sejam
implantadas é necessário planejamento, investimento financeiro e fiscalização.
No caso específico das Políticas educacionais, essas ações podem ser
observadas quando uma determinada instituição, por exemplo, recebe
computadores para a criação de salas de informática visando a inclusão digital dos
alunos e a democratização das tecnologias de informação digital, o Programa
Universidade para Todos PROUNI e o Programa de Financiamento Estudantil -
FIES também são exemplos de políticas públicas.
Vale ressaltar que atualmente, o PROUNI se destaca como uma
política publica de democratização do ensino superior, criado em 2004 o programa
tem como público alvo os estudantes egressos do ensino médio da rede pública ou
da rede particular na condição de bolsistas integrais. Contudo, sua regulamentação
veio com 16 anos de atraso, tendo em vista as isenções fiscais constitucionais
concedidas às instituições privadas de ensino superior. Atualmente, graças a
regulação do programa, os bolsistas do PROUNI possuem os mesmos direitos e
deveres dos estudantes não bolsistas (BRASIL,2000).
Monteiro e Tramontin (2002), lembram que no Brasil o Estado é
responsável pela oferta de ensino superior, fato que se justifica ao verificar os
elevados custos do ensino superior especializados, principalmente nas áreas de
pesquisa, laborátorio e tecnologia. Os autores afirmam que o papel do Estado é
indelegável, devendo o mesmo definir regras, traçar diretrizes, elaborar critérios,
requisitos e definir parâmetros a serem observados e utilizados no processo de
desenvolvimento da educação superior.
36
Nessa linha de raciocínio os autores ainda chamam a atenção para o
papel social das instituições privadas de ensino, visto que elas são uma parte viva e
atuante da sociedade que trabalha em parceria com o Estado no oferecimento de
serviços educacionais, auxiliando no processo de desenvolvimento do país.
Ainda segundo os autores, sem a oferta do ensino particular, milhares
de jovens jamais teriam acesso à educação, visto que o Estado não assume seu
dever. Além disso, atualmente percebe-se que o ensino superior privado está
conseguindo seu espaço na sociedade e deixando de ser “o lobo mau” da educação
nacional.
Corroborando com as idéias acima, Neiva et al (2002), afirma que
mesmo a educação sendo organizada de forma descentralizada, a União é a
responsável por inspirar os Estados, os Municípios e o Distrito Federal na
formulação de políticas que busquem o atendimento dos objetivos nacionais, por
isso, cabe a União elaborar diretrizes e viabilizar seu alcance.
Desta forma, Neiva et al (2002), sugerem quatro diretrizes para o
alcance dos objetivos direcionados a educação superior, são elas:
Financiar o estudante: cerca de 80% dos estudantes entre 18 e
24 anos, são provenientes de estratos socias e econômicos
desfarvorecidos, fato que dificulta seu ingresso e permanência
no ensino superior, tendo em vista que os mesmo precisam
estudar a noite para trabalhar durante o dia. Os autores
acreditam que criar mecanismos para financiar esses alunos é
dever do Estado e condição de melhoria de qualidade, eficácia
e relevância do ensino superior.
Expansão da formação de docentes e pesquisadores: A
qualificação do magistério é condição indispensável para que
padrões de qualidade possam ser medianamente generalizados
no sistema privado de ensino superior.
Fomento para as atividades de pesquisa no setor privado de
ensino superior e reconhecimento da importância da funçao
“extensão” no contexto da indissociabilidade com o ensino e a
pesquisa.
Avaliação e desregulamentação no ensino superior.
37
Zainko (2002), entre outros autores, defende a implantação de uma
política publica de educação superior que estenda as características acadêmicas, o
rigor científico, a liberdade de pensamento e de expressão e a condição de geradora
da cultura local, estadual e nacional, a todos os cidadãos, isto é, deve-se por meio
das poticas blicas reduzir as desigualdades, combater a exclusão e aumentar a
participação cidadã.
Segundo o autor, é preciso compreender que o ensino superior faz
parte de um processo de formação que tem início na educação infantil e que se
estenderá vida afora, por isso é importante rever o papel da universidade de hoje no
processo de formação de cidadãos e profissionais, tendo em vista a demanda por
profissionais cultos, dotados de conhecimentos gerais, flexíveis, com capacidade de
assumir diferentes funções e, sobretudo, de enfrentar soluções e problemas inéditos.
As universidades precisam entender que seu papel na sociedade mudou, isto é, elas
têm um:
novo papel na nova economia e na sociedade do conhecimento em
gestação. Neste papel deve caber, além da formação, a produção do
conhecimento novo e a sua disseminação por meio de serviços para
a comunidade local e regional, para os governos e para a sociedade
em geral e a discussão dos rumos alternativos que se abrem à
evolução social e econômica. (ZAINKO, 2002 P. 411)
Voltando as idéias defendidas por Demeterco Neto et al (2006), eles
afirmam que por meio da educação o indivíduo tem suas capacidades desenvolvidas
permanentemente, permitindo-o aproveitar melhor as oportunidades oferecidas e
realizar seu plano de vida com base na sustentabilidade. Além disso, é pela
educação que se desenvolve novos hábitos, costumes e se adquire talento.
Para Cunico Jr. et al (2006), nas últimas décadas a educação foi
responsável por grande parte das políticas públicas implantadas, fatos comprovados
ao verificar a permanência e o acesso a escola que tem se tornado mais longo e
mais fácil, resultando numa melhora na qualidade de vida.
Por isso, neste trabalho defende-se a disseminação da educação como
prioridade governamental, tendo em vista os benefícios trazidos à sociedade, visto
que a qualificação é um fator de produção e geração de riquezas, maior
discernimento social deixando as pessoas mais críticas e inseridas socialmente,
entre outros. Além disso, acredita-se no importante papel do estado, conforme citado
abaixo:
38
O estado pode ser considerado o provedor de políticas que
promovam o desenvolvimento sustentável, assim como pode tentar
corrigir as externalidades negativas promovidas pelo setor produtivo
que, a um primeiro momento está interessado apenas no lucro e não
nos problemas ocasionados pela sua produção (Cunico Jr. et al,
2006 p.93).
Defende-se ainda que o Estado deve regulamentar políticas blicas
com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável, isto é:
O desenvolvimento sustentável é um direito humano fundamental e o
Estado tem o dever de atuar positivamente na sua realização, por
meio de políticas públicas que satisfaçam as suas diversas
dimensões previstas na Constituição (Demeterco Neto et al,2006
p.85).
Destaca-se que, segundo o artigo 22, Inciso XXIV da CR/88 é
competência privativa da união legislar sobre educação no país. Com isso, o poder
para implantação de programas e planos deverá partir da União, por isso a
sociedade não pode aceitar um Estado ausente e sem compromisso com a
implantação de políticas publicas que objetivem a expansão e a elevação da
qualidade do ensino superior no país.
Vale ressaltar que a mesma Constituição que competência privada
a União, também aceita a existência de entidades privadas em todos os graus de
educação, conforme constante no artigo 206, Inciso III “pluralismo de idéias e de
concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de
ensino.” (BRASIL,1988)
Em 20 de dezembro de 1996, cumprindo a tarefa de normatizar a
educação do país e dando continuidade a implantação de novas poticas publicas,
foi promulgada a Lei 9.394 que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional LDB que define a educação como um dever da família e do Estado
devendo ser desenvolvida durante a vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais, nas
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
Segundo esta norma, é através da educação que se prepara o
educando para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Ela
apresenta a educação escolar dividida em: educação básica, ensino fundamental,
ensino médio e educação superior. O foco deste trabalho sedirecionado para o
estudo referente ao ensino superior, definido nesta Lei nos artigos 43 ao 57.
39
Entre tantas novidades constantes na LDB, ressalta-se as contidas em
seu artigo 4 que descreve as finalidades da educação superior, as quais
destacam-se: o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo;
formar diplomados para participar no desenvolvimento da sociedade brasileira, e
colaborar na sua formação contínua, incentivar o trabalho de pesquisa e
investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia entre
outros (BRASIL, 1996).
Com base nesses príncipios determinados na Lei que normatiza a
educação superior no país, justifica-se mais uma vez a importância do estudo da
Responsabilidade Social nas Instituições de Ensino Superior e seu papel
fundamental na formação dos profissionais preocupados com os problemas locais,
nacionais e internacionais.
Ressalta-se também, a importância dada aos cursos superiores
noturnos, tendo em vista que as instituições de educação superior ficam obrigadas a
oferecê-los nos mesmos padrões de qualidade mantidos no período diurno.
Acredita-se que essa preocupação possa ser considerada, também uma política
publica, tendo em vista que está possibilitando o acesso as pessoas que trabalham
durante o dia, garantido a elas a mesma qualidade.
Para Monteiro e Tramontin (2002), a sobrevivência do ensino superior
particular está vinculada diretamente à capacidade de criação, inovação,
deversificação e adaptação às novas demandas da sociedade, tendo em vista os
milhares de desafios que os jovens de nosso país são submetidos, entre elas, a
necessidade de formação, os avanços tecnológicos e a globalização, que farão com
que a sociedade adote novas posturas e derrube velhos tabus. Esses autores
afirmam ainda que:
O mercado absorverá profissionais de formação geral que saibam
resolver problemas de forma ampla, usando o racíocínio crítico e a
capacidade de selecionar, de escolher e de optar com objetividade
(...). O Brasil demandará pessoal altamente qualificado para atender
a setores específicos do desenvolvimento científico e tecnológico de
ponta. As universidades deverão responder a estas demandas
(ibidem, p.328).
Assim, percebe-se que o ensino superior privado tem papel ativo no
desenvolvimento do país e por isso deve assumir mais conscientemente seu papel
de parceiro do Estado na busca de melhores condições de vida.
40
Todavia, muitos autores acreditam que mesmo com esse processo de
democratização do ensino superior, o Brasil continuará um país de contrastes e
desigualdades e isso afetará diretamente o setor privado, isto é, os financiamentos.
Esse fato é facilmente observável se considerarmos o grande número de vagas
obsoletas das instituições de ensino privadas (ibidem: ibidem).
Para Neiva et al (2002), afirmam que sem um sistema de educação
forte o Brasil não se consolidará como uma potencia mundial, pois a educação
superior é peça chavepara formação do magistério de nível fundamental, médio e
superior. É a partir dele que se consegue elevar as taxas de escolarização média da
população, como também possibilitar a geração de conhecimento, consolidando
valores e comportamentos para o exercício da cidadania.
Na verdade, o sistema superior brasileiro precisa de liberdade para
ensinar, pesquisar, divulgar o conhecimento e de condições para a prática do
pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, isto é:
É preciso instalar um clima de concorrência por qualidade e de
compromisso dos poderes públicos e dos estabelecimentos de
ensino com as metas do Plano Nacional de Educação, para
satisfação dos reclamos da sociedade e dos setores produtivos da
economia (ibidem, p. 338).
A educação superior brasileira precisa ser pautada no ensino, na
pesquisa e na extensão, por isso é necessário que as instituições privadas sejam
incentivadas a não se limitar apenas ao ensino, pois seus profissionais não podem
ficar limitados apenas à função técnica profissional que estão se propondo a
estudar. Ou ainda, a receber uma educação limitada as quatro paredes da sala de
aula.
Além disso, é necessário controlar a expansão, elevar o grau de
exigência para regulação de novos estabelecimentos e aumentar a supervisão,
deve-se deixar claro que o critério principal para a instalação de uma nova unidade
de ensino superior é o desenvolvimento da nação e não o lucro que seu proprietário
espera ter.
Por fim, defende-se que a ampliação do ensino superior só faz sentido
se contribuir para aumentar a renda média da população e estiver amparado por
políticas públicas industriais, agrícolas e tecnológicas. Pois, é no ensino superior
que se produz o projeto futuro da nação, onde os jovens recebem os ensinamentos
para formação de uma consciência moral, ambiental e cultural. Além disso, essas
41
instituições existem para formar, para educar e para revelar talentos. Elas são o
celeiro onde nasce a elite intelectual do país, onde se aprende a arte de conduzir a
sociedade do futuro e onde os jovens dão os primeiros passos na potica sadia e
descompromissada. É no espaço universitário que deve estar a excelência da
formação e do pensamento.
Assim sendo, infere-se que as políticas públicas para a educação
brasileira podem ser consideradas ações que objetivam contribuir com a redução
das desigualdades sociais e garantir os direitos dos cidadãos.
1.3 Responsabilidade Social no Ensino Superior
Neste item, pretende-se apresentar como as intituições de ensino
superior privada estão aplicando os conceitos relacionados à Responsabilidade
Social e sustentabilidade. Ressalta-se que mais adiante a temática será
aprofundada.
Segundo Calderón (2005), a Responsabilidade Social dentro das IES
não é um tema novo, pois em 1962 aconteceu o XXV Congresso Mundial da Pax
Romana, cujo tema foi “a Responsabilidade Social da universidade”, realizado na
cidade de Montevidéu. naquela época os participantes do Congresso apontavam
que se a universidade queria ter seus direitos e sua autonomia validada e
reconhecida deveriam cumprir rigorosamente com seus deveres para com a
sociedade que a financiava. Ressalta-se ainda, que a partir da década de sessenta,
a “Responsabilidade Social da universidade” passou a ser uma tendência nas IES
européias e norte-americanas.
A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior
(ABMES), corrobora com as idéias acima e afirma que, as IES, desde a sua criação,
se relaciona com a sociedade, tendo em vista que desde os primórdios, sua missão
baseava-se essencialmente na transmissão de conhecimento entre indivíduos.
Posteriormente, com a escola Humboldtiana, veio à preocupação com a produção
do conhecimento, por meio da pesquisa pura e aplicada. Somente no século XX,
iniciaram-se trabalhos voltados à valorização da prestação de serviços e da
42
Responsabilidade Social, tendência observada em diversas Instituições de Ensino
Superior brasileiro como em outros países (ABMES,2007).
Para a ABMES, a Responsabilidade Social desenvolvida pelas IES são
direcionadas a: inclusão social, desenvolvimento econômico e social, defesa do
meio ambiente, da memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural,
isto é, estão diretamente relacionadas à tríplice: missão universitária de ensino,
pesquisa e extensão, ou seja, uma maneira de contribuir com a sustentabilidade
ambiental, econômica e social.
Para ABMES (2007) as instituições de ensino têm a
função social de:
Capacitar capital humano e de gerar capital intelectual para inúmeros
segmentos da sociedade. Desse modo, as IES estabelecem com a
sociedade uma relação singular e recíproca e fortalecem a sua
autonomia por meio do compromisso com a formação de lideranças
multiplicadoras de condutas socialmente responsáveis e éticas, com
a produção de conhecimentos que contribuam para o seu
desenvolvimento sustentável e com a prestação de serviços que
ultrapassem as funções pedagógicas, filantrópicas ou
assistencialistas (ibidem, p.21).
Para a ABMES as ações comunitárias que as IES desenvolvem são
formas de intervenção social que complementa, fortalece e aprimora as iniciativas
governamentais e da sociedade civil em projetos de interesse público. A
Responsabilidade Social, na atualidade é uma prática acadêmica que quebra os
muros da sala de aula e dos laboratórios de pesquisa para se tornar ação
sistemática geradora de conhecimentos.
Arruda et al (2003), também acreditam que a educação deve ser
entendida como algo além de um treinamento formal, ou seja, deve focar aspectos
como o processo de transmissão de habilidades, idéias, atitudes, deve formar as
novas gerações. A educação deve funcionar como um instrumento de mudança nos
mercados globalizados.
Tachizawa (2004), concorda com as opiniões acima e afirma que as
IES precisam criar uma cultura voltada para a Responsabilidade Social e o
desenvolvimento sustentável em todos os cursos existentes, especialmente nos
cursos direcionados a área de gestão, isto é:
No caso específico dos cursos de administração, deve-se responder
não somente às necessidades do mercado de trabalho, mas também
mudar o enfoque do gestor como solucionador de problemas,
43
reprodutor das forças produtivas e das relações sociais, para
promotor de nova relações produtivas e sociais dentro de um
contexto maior de responsabilidade ambiental e ecológica e de
desenvolvimento sustentável. (ibidem, p.30)
Segundo o autor, o profissional de administração deve ser um agente
transformador, capaz de ajustar-se com rapidez aos avanços das ciências e da
tecnologia no estabelecimento de uma nova ordem econômica, social e ambiental.
E, nesse âmbito, refere que as Instituições de Ensino Superior são organizações de
baixo impacto ambiental, por isso, suas estratégias de gestão ambiental e de
Responsabilidade Social devem ser direcionadas para:
Projetos sociais em meio ambiente;
Projetos sociais em educação;
Projetos sociais em saúde;
Projetos sociais em cultura;
Projetos sociais em apoio à criança e ao adolescente;
Imagem ambiental da empresa para fins de marketing.
Projetos sociais em voluntariado. (ibidem, p.287)
Tachizawa (2004), refere-se também a projetos de Responsabilidade
Social realizados com instituições de ensino em parceria com outras organizações, a
saber:
Projeto Urbanização do Conjunto Habitacional de Paraty (Rio de
Janeiro) realizado pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo juntamente com a
Prefeitura e Associação de Caridade São Vicente de Paulo, tem o objetivo de
elaborar um complexo habitacional para idosos.
Projeto “Recicle: a vida se renova” realizado pela associação
dos ex-alunos de administração da Fundação Getulio Vargas, tem o objetivo de
incentivar ações de tratamento, coleta seletiva e reciclagem de materiais,
preservação ambiental e inclusão social, econômica e cultural dos catadores de lixo
da comunidade entre outros.
Para Drucker (1984), a universidade que falhar no preparo de líderes e
profissionais do futuro não estará demonstrando Responsabilidade Social,
independentemente de quantas “atividades úteis” venham a exercer.
Segundo o autor, a instituição socialmente responsável tem como
desafio diminuir a crescente disparidade social e os problemas catastróficos do meio
ambiente. Desenvolver Responsabilidade Social é mais complexo do que se pensa,
44
é revolucionar as estruturas, pois não se confunde com ações filantrópicas, ações
sociais localizadas e com simples investimento em projetos sociais.
Uma instituição socialmente responsável é aquela comprometida com a
promoção de uma sociedade sustentável, que se preocupe com as gerações futuras,
que privilegia a inclusão social e o respeito aos direitos humanos básicos e que não
admite qualquer tipo de discriminação. Por isso, concorda-se com o autor abaixo,
quando ele afirma que:
Os gestores universitários precisam se decidir pelo desenvolvimento
da Responsabilidade Social nas suas instituições. Os projetos de
extensão não são os únicos compromissos que as Instituições de
Ensino Superior devem assumir. Há muito para se fazer como a
melhoria dos programas de oferta de bolsas de estudo;
democratização do acesso à universidade; qualidade na seleção de
professores; qualidade no ensino, inclusão de portadores de
necessidades especiais, dentre outras obrigações. São ações que
devem envolver todos os colaboradores e integrantes da instituição,
resultando em melhorias para eles próprios, para os envolvidos direta
ou indiretamente com a instituição e para a sociedade como um todo.
(Fernando, 2007,www)
Calderón (2007, p. 21-26), destaca 12 (doze) premissas para a
Construção de uma Política de Responsabilidade Social nas IES, a saber:
1. A Responsabilidade Social das institucionais educacionais está no seu DNA,
isto é atrelada à sua missão institucional.
2. A Responsabilidade Social para as IES constituiu-se esforço contínuo e
permanente para cumprir a sua missão institucional, sustentada no
desenvolvimento de ações e nos serviços que possuem, na sua essência,
uma função pública não-estatal.
3. As IES, na sua maioria, são empreendimentos educacionais com a missão de
se tornar espaços de formação e capacitação dos recursos humanos
necessários para o desenvolvimento do País.
4. A incorporação da Responsabilidade Social na estrutura normativa brasileira
não entra em atrito com o entendimento do que é a extensão universitária.
Pois o conceito de Responsabilidade Social, juntamente com o conceito de
compromisso social, diz respeito ao papel da IES na sociedade brasileira,
enquanto a extensão universitária, juntamente com o ensino e a pesquisa,
possibilita a aplicabilidade da Responsabilidade Social. “A Responsabilidade
45
Social é um dever de toda e qualquer IES que interage no mercado de
educação superior, independentemente de seu porte e natureza jurídica”.
5. O alcance do sucesso financeiro da IES é uma exigência para o cumprimento
da sua Responsabilidade Social, sem a qual não atingiria sua missão. O
grande desafio é manter a saúde financeira do empreendimento, atingindo
sua missão, distante de práticas sustentadas no estelionato acadêmico ou de
práticas que visam à exploração de professores
6. As IES e suas práticas acadêmicas não podem ser confundidas com as ações
sociais desenvolvidas por ONGs. A sua missão deve estar centrada na
promoção de competências por meio do desenvolvimento de produtos e
serviços de natureza educacional.
7. Os projetos sociais no âmbito da educação superior constituem-se eficientes
estratégias e espaços de aprendizagem visando a aprimorar a formação dos
estudantes; possibilitando a vivência e o desenvolvimento não somente de
valores de cidadania, mas também de conhecimentos técnicos concretos e de
competências necessárias para o mundo do trabalho, tal qual o previsto nos
quatro pilares da educação, isto é, os projetos de intervenção social
constituem-se práticas acadêmicas por excelência que possibilitam não
somente “aprender a fazer”, mas também e, principalmente, “aprender a viver
juntos” e “aprender a ser” (UNESCO, 2001 apud).
8. Nas IES, a Responsabilidade Social diz respeito a valores que devem
permear toda a estrutura universitária.
9. A Responsabilidade Social diz respeito à potencialização da missão principal
da educação superior, isto é, a formação profissional e cidadã.
Responsabilidade Social das IES implica valorizar a Proposta Pedagógica. É
ela que deve direcionar a formatação e a execução das atividades
acadêmicas e administrativas.
10. Falar de Responsabilidade Social significa fazer referências a princípios e
valores direcionados ao desenvolvimento humano, condensados nos projetos
pedagógicos e nas diretrizes institucionais que devem sustentar, iluminar e
nortear as organizações do conhecimento, seus produtos e serviços
oferecidos, incluindo toda a sua estrutura gerencial.
11. O cumprimento da Responsabilidade Social de uma organização educacional
exige o equacionamento de quatro elementos chaves: a criatividade e
46
coerência ético-pedagógica dos produtos e serviços; a criação de produtos e
serviços que vistos na sua globalidade institucional garantam a auto-
sustentabilidade e a saúde financeira da IES; a capacidade de acompanhar,
de forma contínua e permanente, as demandas e as necessidades de seus
mercados e o desenvolvimento de ações de comunicação que possibilitem
transmitir internamente, e para a sociedade, a sua verdadeira imagem
institucional, ou seja, de uma organização socialmente responsável.
12. A Responsabilidade Social da educação superior exige coerência ética entre
o discurso e a prática institucional.
O autor conclui fazendo uma comparação das organizações comerciais
com as educacionais e afirma “as IES não precisam fazer esforços descomunais
para ampliar seu foco de atuação, uma vez que, pela sua própria natureza, atingir a
sua missão institucional significa o cumprimento da sua Responsabilidade Social.”
Outro ponto a ressaltar, que destaca a importância das atividades de
Responsabilidade Social, foi a criação do “Dia da Responsabilidade Social do Ensino
Superior Particular” pela ABMES, comemorado pela primeira vez em 29 de outubro
de 2005. A escolha desse dia foi precedido por seminários de sensibillização e por
publicações da ABMES sobre o tema responsabilidade/compromisso social das IES.
Em 2008, o Dia da Responsabilidade Social do Ensino Superior
Particular ocorreu no dia 27 de setembro e tinha como objetivos: Abrir espaços para
as IES mostrarem as atividades, permitir o debate a respeito de ética, propor
reformas do ensino, divulgar a cidadania, unir forças, mostrar o papel do ensino
particular, fortalecer parcerias entre as IES e a sociedade e permitir trocas de
experiências entre outras atividades.
Com relação à divulgação dessas práticas, Calderón (2005), afirma que
as IES que pautarem suas estratégias de marketing em torno da Responsabilidade
Social, estarão acompanhando uma tendência do momento no mercado de ensino
superior.
Nesse sentido, chama-se a atenção para o papel relevante das
Instituições de Ensino Superior na formação e no desenvolvimento científico,
tecnológico, econômico, social e cultural, isto é, elas são responsáveis pela
capacitação dos recursos humanos, pela geração de tecnologias para o
desenvolvimento do país, pelo estabelecimento de um elo entre a comunidade e os
47
centros tecnológicos, e pela divulgação dos conceitos relacionados a qualidade de
vida e sustentabilidade.
Destaca-se que os temas relacionados à divulgação e práticas de
Responsabilidade Social e à extensão universitária, ainda serão objeto de estudo
nos capítulos que se seguem.
Por isso, é importante que as Instituições de Ensino Superior definam
sua posição política diante dos desafios e problemas sociais. Elas precisam tomar
atitudes, desenvolver projetos sociais, garantir a socialização e a valorização da
pessoa humana e assim, diminuir o abismo entre universidade e sociedade.
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48
CAPITULO II
2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E RESPONSABILIDADE
SOCIAL NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR-IES
Este capítulo tem por objetivo conceituar Desenvolvimento Sustentável
e Responsabilidade Social. Assim sendo, procede-se a um breve histórico relativo a
essas temáticas, considerando, de certa forma, as relações existentes entre
Responsabilidade Social, marketing social, cultura organizacional e ética.
2.1 Sobre o Desenvolvimento Sustentável
Segundo Camargo (2007), após a Segunda Guerra Mundial iniciou-se
a preocupação com o meio ambiente e o modelo atual de desenvolvimento e
crescimento econômico. Em 1960, essas discussões foram intensificadas. Em 1972,
ocorreu em Estocolmo, a primeira grande conferência da ONU com o objetivo de
debater a relação entre desenvolvimento e meio ambiente, foi nesta Conferência que
a relação entre meio ambiente e desenvolvimento ganhou um novo entendimento.
Em 1973, segundo a autora, o secretário-geral de Estocolmo (1972),
Maurice Strong, utilizou pela primeira vez a expressão “ecodesenvolvimento”, com o
objetivo de caracterizar uma nova concepção de política e desenvolvimento.
Segundo Bruseke (apud Camargo, 2007, p.66), foi Maurice Strong
quem utilizou a expressão pela primeira vez, contudo foi Ignacy Sachs quem
formulou os princípios básicos dessa nova maneira de desenvolvimento, as quais se
destaca abaixo:
1.A satisfação das necessidades básicas; 2. A solidariedade com as
gerações futuras; 3. A participação da população envolvida; 4. A
preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral; 5.
A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança
social e respeito a outras culturas; 7. Programas de educação.
Para Camargo (2007), o termo desenvolvimento sustentável foi
divulgado pela primeira vez por Robert Allen no artigo “Como salvar o mundo?” parte
49
integrante do livro “Estratégia mundial para a conservação” lançado conjuntamente
pela União Mundial para a Conservação da Natureza (UICN), pelo Fundo para a
Vida Selvagem (WWF) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Pnuma). Este livro enfatizava que “conservação não é o oposto de
desenvolvimento” (CARMAGO, 2007, p.67)
Em 1983, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Comissão
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento com o objetivo de reexaminar as
questões críticas relativas ao meio ambiente e propor novas formas de cooperação
internacional.
Em 1987, essa comissão, presidida por Gro Harlem Brundtland e
Mansour Khalid, publicou um relatório chamado “Nosso Futuro Comum”, conhecido
também por Relatório Brundtland”. Este relatório teve papel decisivo na divulgação
do termo Desenvolvimento Sustentável, pois declarou oficialmente que o meio
ambiente é um limitador de crescimento econômico. Neste relatório, também a
comissão entende que os problemas ambientais e a busca pelo desenvolvimento
sustentável estão diretamente ligados com o fim da pobreza, a satisfação básica de
alimentação, saúde e habitação, a busca de novas matrizes energéticas que
privilegiem as fontes renováveis e a inovação tecnológica.
Também neste relatório foi formulado o primeiro conceito para o
desenvolvimento sustentável: é desenvolvimento que satisfaz as necessidades do
presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas
próprias necessidades". Esse conceito consolidou-se na década de 90 quando
houve a constatação de que os sistemas naturais do planeta são limitados para
absorver os efeitos da produção e do consumo (ibidem).
Em 1992, aconteceu, no Rio de Janeiro,
a I Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano ( Eco-92 ou Rio-92), esse
evento foi realizado com o objetivo de promover uma maior discussão sobre o
desenvolvimento sustentável e as possíveis maneiras para reverter o atual processo
de degradação ambiental (BRASIL/MMA, 2004).
A Eco 92, foi considerada a maior reunião de chefes de Estado da
história da humanidade, foram aproximadamente 117 governantes de países
tentando buscar soluções para o desenvolvimento sustentável das populações mais
carentes do planeta. Nesse evento foram firmados várias convenções, acordos e
protocolos dentre eles, a Agenda 21, conhecida como um plano de ação para o
50
século XXI que tem como objetivo a sustentábilidade da vida na Terra
(BRASIL/MMA, 2004).
Posteriormente, em 2002, ocorreu a Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável em Joanesburgo, na África do Sul, também conhecida
como Rio+10 ou Cúpula da Terra II, nesta reunião foram discutidos os avanços
alcançados pela Agenda 21 e outros acordos da Cúpula de 1992. Esta Cúpula teve
como resultado dois documentos: a Declaração de Joanesburgo, que reafirma os
compromissos assumidos na Eco-92 e o Plano de Implementação (ibidem).
Para Beatley (apud Camargo, 2007, p.74), o desenvolvimento
sustentável é antes de tudo uma declaração moral sobre como deveríamos viver
sobre o planeta e uma descrição de características físicas e sociais que deveriam
existir no mundo.”
Para o autor, a concepção de desenvolvimento sutentável visa
promover a harmonia entre os seres humanos e a natureza, isto é, integrar os
interesses sociais, econômicos e as possibilidades e os limites que a natureza
define.
Para Cavalcanti (1999), desenvolvimento sustentável deve ser visto
como uma alternativa ao conceito de crescimento econômico, o qual está associado
a crescimento material, quantitativo, da economia. O desenvolvimento sustentável
significa qualificar o crescimento e reconciliar o desenvolvimento econômico com a
necessidade de se preservar o meio ambiente.
Ainda na ótica de Cavalcanti (ibidem), o desenvolvimento sustentável é
possível de ser alcançado, desde que respeitados o tempo de recuperação do meio
ambiente. É um resultado a ser alcançado em longo prazo, por isso, será necessária
uma colaboração mundial entre os povos para controlar o crescimento econômico e
aprender a respeitar os recursos naturais do planeta. Busca-se uma sustentabilidade
econômica, social e humana.
Tendo em vista as idéias acima referidas, acredito que Bellen (2007),
em seu livro “Indicadores de Sustentabilidade”, dar uma definição bem abrangente
para o desenvolvimento sustentável quando afirma:
O conceito de desenvolvimento sustentável trata especificamente de
uma nova maneira de a sociedade se relacionar com seu ambiente
de forma a garantir a sua própria continuidade e a de seu meio
externo (...) para que o desenvolvimento seja sustentável devem-se
51
considerar aspectos referentes às dimensões social e ecológica, bem
como fatores econômicos, dos recursos vivos e não vivos e as
vantagens de curto e longo prazo de ações alternativas (ibidem,
p.22).
Para Sachs (apud Bellen 2007), o conceito de desenvolvimento
sustentável apresenta cinco dimensões, a saber: sustentabilidade social, econômica,
ecológica, geográfica e cultura.
Segundo o autor, a dimensão econômica da sustentabilidade está
centrada na alocação e distribuição dos recursos naturais dentro de uma escala
apropriada, isto é, a alocação disponibiliza os recursos de acordo com as
preferências individuais e a condição de pagar. A distribuição diz respeito à divisão
dos recursos entre as pessoas e a escala se refere à quantidade de matéria bruta
retirada do ambiente. O autor ressalta que, para os economistas, o problema da
sustentabilidade se refere à manutenção do capital em todas as suas formas. Além
disso, os economistas são considerados otimistas por acreditarem que o ser
humano tem capacidade de se adaptar a nova realidade.
A dimensão social da sustentabilidade está focada na presença do ser
humano no planeta, isto é, seu bem-estar e qualidade de vida. O autor novamente
cita Sachs que se refere a essa dimensão da sustentabilidade como um processo de
desenvolvimento estável que busca a diminuição da desigualdade social e uma
melhor distribuição de renda.
Na dimensão ambiental da sustentabilidade a preocupação é com a
manutenção dos recursos naturais e o seu uso indevido pelo ser humano
(Rutherford apud Bellen, 2007). Deve-se ampliar a capacidade de produção do
planeta através do uso correto do potencial dos ecossistemas e minimizar sua
deterioração, com redução da emissão de poluentes, adoção de políticas de
conservação de energia e de recursos, substituir os recursos não-renováveis por
renováveis (Sachs apud Bellen, 2007).
A dimensão geográfica da sustentabilidade busca controlar a ocupação
do solo e proteger os recursos naturais, propiciando uma melhor qualidade de vida.
E por fim, a dimensão cultural da sustentabilidade diz respeito à preservação da
cultura e das manifestações artísticas locais e globais.
Ainda segundo Bellen (2007), alcançar a sustentabilidade deve ser
uma escolha da sociedade, das organizações, das comunidades e dos indivíduos,
52
pois é um exercício de mudança que ocorrerá com envolvimento da sociedade e
afirma:
O desenvolvimento sustentável força a sociedade a pensar em
termos de longo prazo e reconhecer o seu lugar dentro da biosfera.
O conceito fornece uma nova perspectiva de se observar o mundo e
ela tem mostrado que o estado atual da atividade humana é
inadequada para preencher as necessidades vigentes. Além disso,
está ameaçando seriamente a perspectiva de vida das futuras
gerações. (ibidem, p.38)
O grupo de pesquisa em sustentabilidade do Centro Universitário das
Faculdades Associadas de Ensino - UniFAE conceitua desenvolvimento sustentável
como um processo de transformação que ocorre de forma harmoniosa nas
dimensões espacial, social, ambiental e econômica a partir do individual para o
global” (SILVA, 2005, p.18).
Segundo Demeterco Neto et al (2006), para conquistar e manter o
desenvolvimento sustentável é necessário construir sociedades que satisfaçam suas
aspirações e necessidades no presente, sem diminuir as chances de iguais
privilégios para as gerações futuras.
Os autores acreditam que para o desenvolvimento sustentável ser
aplicável necessita da interdependência, da reciclagem, da parceria, da flexibilidade
e do respeito à diversidade, devendo estar presente em todos os campos, isto é,
econômico, social, geográfico, saúde, educação, cultura e meio ambiente. Para ele,
é necessário compreender que desenvolvimento sustentável implica em democracia
política, equidade social, eficiência econômica, conservação ambiental e diversidade
cultural, para influenciar o comportamento dos atores individuais e coletivos das
sociedades, inclusive os três poderes.
Ainda de acordo com os autores, o desenvolvimento sustentável é um
direito humano fundamental e o Estado tem o dever de atuar positivamente na sua
realização, por meio de políticas públicas que satisfaçam as suas diversas
dimensões previstas na Constituição. O autor afirma que a função fundamental da
gestão pública é a concretização dos direitos fundamentais positivos, entre os quais
o do desenvolvimento sustentável, por meio de políticas públicas.
Tenerelli et al (2006) enfatiza a importância da educação para a
sustentabilidade, quando destaca que por meio dela é possível influenciar e
conscientizar as pessoas para a preservação ambiental e o respeito ao ecossistema.
53
Para o autor, a educação apresenta-se como peça fundamental para a promoção do
desenvolvimento sustentável e da capacidade de compreender o papel dos recursos
ambientais na nossa vida. O autor defende a educação como forma de modificar a
atitude das pessoas e elevar sua capacidade de entendimento para os problemas
atuais.
Ainda segundo os autores, por meio da educação é possível criar nos
estudantes uma consciência ambiental, ética, valores, atitudes, técnicas e
comportamentos que estejam de acordo com o desenvolvimento sustentável.
Silva (2005), acredita que a construção do conceito de sustentabilidade
e desenvolvimento sustentável está vinculada a preocupação da manutenção dos
recursos naturais, a conservação de um ambiente propício para a continuidade das
futuras gerações e a forma como o capitalismo propõe o desenvolvimento da
sociedade. Para o autor, sustentabilidade e desenvolvimento o conceitos
dinâmicos que têm seus objetivos alterados com o tempo, contudo o
desenvolvimento tem como meta o presente e a sustentabilidade busca o futuro, um
lugar que se pretende chegar.
De acordo com o autor, essa preocupação mundial com os recursos
naturais é resultado da identificação que os recursos naturais são limitados e que o
modelo econômico utilizado até a década de 1980 era insustentável, sendo
necessário limitar o crescimento.
Para ele, a principal preocupação do desenvolvimento sustentável
deve estar centrada em “como produziros bens e serviços para a sociedade. Outro
ponto defendido pelo autor, é que o desenvolvimento sustentável busca
compreender o processo de mutação da sociedade no decorrer do tempo e admite
que a preocupação primordial é com a própria sociedade, ou seja, são os seres
humanos. Além disso, afirma que a própria preocupação ambiental pressupõe a
preservação do ser humano, como ator principal no processo, por sua capacidade
de interferência no próprio meio ambiente.
Os autores afirmam ainda que não é possível um individuo alcançar o
desenvolvimento por si só, pois existe uma forte interdependência dele com o
coletivo e com os recursos existentes, inclusive naturais. Para o autor, o
desenvolvimento sustentável é um conceito participativo, de todas as pessoas, por
todas as pessoas e para todas as pessoas e por isso não desenvolvimento
sustentável sem as pessoas (BELL & MORSE apud SILVA, 2005)
54
Para Tachizawa (2004), as organizações precisam entender que deve
existir um objetivo comum, e não um conflito, entre desenvolvimento econômico e
proteção ambiental, tanto para o momento presente como para as gerações futuras.
Camargo (2007), chama a atenção para a necessidade de aprender a
lidar com os problemas de nossa civilização, e da necessidade de termos
maturidade, responsabilidade e consciência para resolver os problemas que foram
criados pelo próprio homem e afirma ainda:
A concepção de desenvolvimento sustentável é um caminho, uma
opção, uma oportunidade, e deve ser compreendida à luz de uma
nova sensibilidade e de uma nova razão (...). Talvez devamos
começar a nos reunir, debater, chegar a entendimentos e a
resultados reais por partes, por meio de vários agrupamentos não
muito grandes de países (ibidem, p.121)
Para Sachs (2008), conservação e aproveitamento racional dos
recursos naturais podem e devem andar juntos, ele lembra que os pilares do
desenvolvimento sustentável são: relevância social, prudência ecológica e
viabilidade econômicas, por isso é importante encontrar um equílibrio e ordenar o
crescimento econômico.
O autor defende ainda, que países em desenvolvimento podem criar
padrões endógenos de desenvolvimento mais justos e, ao mesmo tempo, com maior
respeito pela natureza, e cita o Brasil como um dos países tropicais que tem
condição de se tornar exportador de sustentabilidade, isto é, transformar o desafio
ambiental em uma grande oportunidade de negócio.
Segundo o autor, é necessário que o crescimento econômico seja
socialmente receptivo e implementado por métodos que favoreçam o meio ambiente,
não se pode pensar apenas em aumentar o PIB. Além disso, deve-se buscar um
aproveitamento racional e ecologicamente sustentável da natureza em benefício das
populações locais.
O que se percebe, a partir da leitura dos parágrafos acima, é que a
sustentabilidade defendida está mais preocupada com a sobrevivência humana, do
que com a natureza e as espécies que estão em extinção, o que se deseja é que o
meio ambiente seja utilizado de forma mais racional, para que se possa ter um
aumento de produção e assim suprir as necessidades da população humana.
Contudo, esta pesquisadora acredita que para alcançar o
desenvolvimento sustentável é preciso que se invista no desenvolvimento humano,
55
pois pessoas mais educadas, são mais conscientes e preparadas para criar
estratégias que possam colaborar com o desenvolvimento econômico e com o meio
ambiente.
Por fim, pode-se afirmar que existe uma falta de compromisso mundial,
visto que de um lado tem-se os governantes interessados em trazer benefícios para
seus países, e de outro tem a ONU que não fiscaliza ou impõe limites rigorosas para
o desenvolvimento. É necessário acabar com os discursos bonitos e partir para
ação, integrando conceitos de educação, sustentabilidade e Responsabilidade
Social. É necessário transformar o desenvolvimento sustentável em uma meta para
a população do planeta alcançar em longo prazo, para as gerações futuras.
2.2 Sobre Responsabilidade Social
Segundo Mageste e Carvalho (2008), o conceito de Responsabilidade
Social nas empresas surgiu na década de 60, nos Estados Unidos. Nessa época, a
população Americana decidiu boicotar as empresas que produziam produtos ligados
à guerra do Vietnã e cobrar delas uma postura ética.
Os autores afirmam que, com uma diminuição nas vendas as empresas
foram obrigadas a prestar informações ao público sobre suas atividades no campo
social. Nessa mesma época, as igrejas e as fundações, passaram a denunciar o uso
de armamentos sofisticados (gases paralisantes, napalm etc.) que, dizimavam civis
inocentes, afetavam negativamente o meio ambiente e colocava em risco a própria
sobrevivência do homem no planeta.
Visando reagir às pressões da sociedade, que exigiu uma nova postura
ética, as empresas passaram a prestar contas de suas ações justificando seu
objetivo social, com o intuito de melhorar a imagem junto a consumidores e
acionistas.
No Brasil o conceito de Responsabilidade Social, segundo Silveira
(2008), começou a ser divulgado em 1965 após a publicação da “Carta de Princípios
do Dirigente Cristão de Empresas” pela Associação de Dirigentes Cristãos de
Empresas do Brasil-ADCE.
56
Em 1977, ainda segundo Mageste e Carvalho (2008), esse conceito
ganhou força no meio empresarial quando o sociólogo Herbert de Souza (Betinho)
convocou os empresários e a sociedade para trabalharem juntos em pról da
melhoria da qualidade de vida e diminuição das injustiças sociais, através da
construção de uma cidadania empresarial. Betinho propunha uma parceria entre
empresas, governo e sociedade, por ser fundamental e o único caminho para reduzir
a pobreza e a injustiça social, promovendo um maior progresso e desenvolvimento
humano.
Para os autores, foi entre 1990 e 2003 que o conceito de
Responsabilidade Social consolidou-se no Brasil, dando espaço ao surgimento de
entidades empresariais, como: GIFE, ETHOS, PNBE, IBASE, Gazeta Mercantil,
além de outras, tendo como foco, um novo pensar e agir no âmbito empresarial,
dando uma conotação cidadã na arte dos negócios.
De acordo com o Instituto Ethos, uma entidade criada em 1998 para
disseminar a prática da Responsabilidade Social Empresarial, é bastante comum, no
Brasil, a restrição do conceito de cidadania empresarial a doações, sejam estas
realizadas em forma de dinheiro ou de produtos. No entanto, segundo o Instituto
Ethos, que se observar que o conceito de Responsabilidade Social é muito mais
amplo, implicando, acima de tudo, em um modelo de gestão que vai além da lei e da
simples filantropia. Para o Instituto Ethos, Responsabilidade Social empresarial é:
A forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da
empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo
estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o
desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos
ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a
diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais
(1998,www).
O Instituto Focus Social, uma instituição que tem como missão
mobilizar as empresas para administrar seus negócios de uma maneira socialmente
responsável define Responsabilidade Social como:
(…) a demonstração de preocupação da empresa em participar de
forma ativa, nos programas sociais voltados para o bem estar da
comunidade onde está inserida e na sociedade em geral. A empresa
socialmente responsável é aquela que consegue criar métodos,
57
planos e incentivos para que, interna e externamente seja
identificada como uma empresa cidadã (www).
Tachizawa (2004), confirma as informações acima quando afirma que
nas décadas de 60 e 70 surgiu uma nova consciência ambiental que ganhou
dimensão e colocou o meio ambiente como uma importante ferramenta para o
homem moderno.
Segundo o autor, nos anos 80 houve uma elevação dos gastos com
proteção ambiental, as empresas líderes iniciaram um processo de investimento no
futuro buscando vantagem competitiva. Nos anos 90 a fumaça passou a ser vista
como anomalia e não mais como vantagem.
Na primeira década de 2000, as empresas começam a se preocupar
com o desenvolvimento sustentável. Essa preocupação resultou em um novo
conceito de qualidade do produto, visto que agora ele precisa ser “ecologicamente
viável”
Em 1997, com a disseminação do conceito de Responsabilidade
Social, o mercado organizacional percebeu a necessidade de criação de uma norma
internacional específica para avaliar os projetos de Responsabilidade Social
desenvolvidos pelas organizações, com isso surgiu a norma SA8000 (Social
AccountAbility 8000).
Conforme a Underwriters Laboratories do Brasil Ltda
a SA8000 foi a
primeira certificação de Responsabilidade Social de empresas com alcance global.
Uma caracteristica importante dessa norma é o interesse de garantir os direitos dos
trabalhadores, tais como impedir o trabalho infantil, o trabalho forçado, garantir a
saúde e segurança do trabalhador, sua liberdade de associação e negociação
coletiva, horário de trabalho entre outras.
A norma SA8000 foi elaborada com base nas normas de padrões de
gestão da qualidade ISO - International Organization for Standardization 9000 e de
gestão ambiental ISO14000, por isso segue a estrutura que enfatiza a importância
de sistemas de gestão para melhoria contínua.
Em 2001, a ISO, iniciou um processo interno para averiguar a
possibilidade de elaborar uma norma padrão sobre Responsabilidade Social, tendo
em vista sua experiência e o sucesso com as normas ISO 9001 e ISO 14001.
58
Segundo Credidio (2007), em abril de 2004, iniciaram-se os trabalhos
para a elaboração da ISO 26000 que será a terceira geração dessas normas, ela
estabelecerá diretrizes para a Responsabilidade Social, sem no entanto, ter carater
certificador.
A decisão da ISO foi elaborar uma norma de diretrizes e orientação em
RS, dirigida a todo o tipo de organização, com foco e aplicação no ambiente
corporativo. Aspectos econômicos, sociais e ambientais da RS também serão
abordados na norma. Um dos seus desafios seefetuar a convergência entre as
iniciativas de RS de diversas partes do planeta.
Ainda segundo o autor, a nova ISO tem o objetivo de sanar as dúvidas
e resolver as confusões existentes entre filantropia, voluntariado e Responsabilidade
Social. Para ser considerada socialmente responsável, a empresa deverá se
adequar às disposições da norma. Ela servirá como instrumento guia para balizar
todas as ações de Responsabilidade Social no mundo, as empresas não poderão
contar falsas vantagens junto aos consumidores.
A ISO 26000 irá contribuir para a implementação das práticas em todo
o mundo e será a base para cobrar uma atitude mais “social” das empresas. A partir
da implantação dessa nova norma as organizações de todos os setores poderão
utilizá-la como uma norma padrão, que atuará como fiscalizadora para as empresas
socialmente responsável. Ela irá questionar e fiscalizar a atuação das empresas e
seu enquadramento na norma.
Paralelo a esses trabalhos, o Brasil tem se destacado
internacionalmente nesse campo, pois foi um dos poucos países a elaborar uma
norma nacional sobre Responsabilidade Social, a NBR 16001 lançada pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas-ABNT.
Louette (2007), afirma que a NBR 16001:2004 surgiu no cenário
nacional com o desafio de ser uma importante ferramenta de auxílio à
sistematização da gestão da Responsabilidade Social no Brasil. Seu objetivo é
estabelecer os requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão da
Responsabilidade Social, permitindo à organização formular e implementar uma
política e objetivos que levem em conta os requisitos legais e outros, seus
compromissos éticos e sua preocupação com a promoção da cidadania, a promoção
do desenvolvimento sustentável e a transparência das atividades.
59
Para Drucker (1984), a idéia de Responsabilidade Social exige que as
empresas assumam responsabilidades em relação aos problemas e questões
sociais existentes, estabelecendo metas, bem como assumindo o papel de guardiãs
e de solucionadoras desses problemas. Para ele, Responsabilidade Social é uma
área onde a empresa decide qual seseu papel na sociedade, estabelece seus
objetivos sociais, suas metas de desempenho e de influências na sociedade onde
atua, ou seja:
O bom desempenho da própria função constitui a principal
Responsabilidade Social da entidade. Se não desempenhar com
responsabilidade sua missão, a entidade não poderá desempenhar
mais nada. A empresa falida não será uma empregadora desejável,
assim como dificilmente será considerada uma boa vizinha, na
comunidade a que pertence (...). A universidade que falhar no
preparo dos deres e profissionais do futuro não estará
demonstrando Responsabilidade Social, independentemente de
quantas “ atividades úteis” venha a exercer. (Ibidem, p.343)
Ainda segundo o autor, a Responsabilidade Social deve ser um
compromisso das entidades não-empresariais da sociedade como, por exemplo, as
universidades, os hospitais, os órgãos públicos e as associações culturais.
Outro fator relevante levantado pelo autor é o papel do empreendedor
nesse processo, pois ele tem a missão de perceber a essência da responsabilidade
que tem nas mãos, em função da sua autoridade. Suas decisões podem envolver
desde o lançamento de um simples produto até a transformação de um problema
social em uma oportunidade de ganho ou de investimento para a empresa. Todas as
empresas têm seu papel social junto a comunidade, por isso devem desempenhar
bem suas atividades.
Segundo Mello Neto e Froes (2001), afirmam que quando uma
empresa assume uma conduta que seja de fato socialmente responsável, ela deverá
reavaliar todos os seus processos, seus valores, sua postura ética e a forma como
se relaciona com os diversos públicos: funcionários, fornecedores, clientes,
consumidores, acionistas, comunidade, poder público e o próprio meio ambiente.
Para Tachizawa (2004), a Responsabilidade Social e a gestão
ambiental apresentam-se como instrumentos estratégicos para a capacitação e
criação de condições de competitividade para as organizações. Essas duas
ferramentas são respostas das organizações ao novo cliente, o consumidor verde e
ecologicamente correto
60
O autor afirma, que não deve haver conflito entre desenvolvimento e
proteção ambiental, visto que eles podem ser aplicados para implementar
estratégias dentro do modelo de gestão da organização, criar métricas e
indicadores, subsidiar o processo de planejamento estratégico dentre outras.
Para o autor, a Responsabilidade Social estar relacionado com o
conceito de governança corporativa, de gestão empresarial e com estratégias de
sustentabilidade a longo prazo.
Para Tachizawa (2004), a RS organizacional inclui a preocupação com
os impactos das atividades desenvolvidas pela organização na comunidade em que
se insere e exclui as atividades relacionadas com caridade ou filantropia
tradicionalmente praticadas pela iniciativa privada.
Quando a empresa assume a Responsabilidade Social ela se torna
parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social do local onde está instalada.
Assim Melo Neto e Froes ( 2001), afirmam que a empresa socialmente responsável
é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes
(internas e externas) e consegue incorporá-los no planejamento de suas atividades,
buscando atender às demandas de todos e não apenas dos acionistas e
proprietários.
Neste contexto, percebe-se que o conceito de Responsabilidade Social
corporativa é bastante abrangente, tendo em vista que busca minimizar os impactos
negativos realizados pelas empresas em relação a seus empregados, fornecedores,
clientes, consumidores, colaboradores, investidores, competidores, governos e
comunidades.
Para Zenone (2006), Responsabilidade Social empresarial pressupõe
a adoção de compromisso com a sociedade. Por isso, uma empresa não pode
considerar-se socialmente responsável somente por cumprir benefícios legais, tais
como: distribuição de vale transporte, creche para os filhos dos funcionários, etc. A
empresa socialmente responsável vai além da legislação, ela busca a satisfação e a
qualidade de vida de seus parceiros.
O autor afirma que para existir a Responsabilidade Social deve haver a
integração de todos os níveis da organização e afirma:
A Responsabilidade Social passa a ser algo que precisa ser
abraçado pela empresa como um todo, e não estar na cabeça de
61
uma pessoa no comando. É a soma de vontades individuais que
faz a Responsabilidade Social se tornar corporativa. Ela reflete um
consenso e deve ser adotada como cultura de gestão, abordando
igualmente todas as atividades da empresa e todas as suas relações
(Ibidem, p.13).
Segundo
Tachizawa (2004)
, as organizações precisam começar a
enxergar, o meio ambiente como seu principal desafio e como oportunidade
competitiva, para aumentarem suas chances de sobreviverem no mercado.
A gestão ambiental envolve a passagem do pensamento mecanicista
para o pensamento sistêmico, no qual um aspecto essencial dessa
mudança é que a percepção do mundo como máquina cede lugar à
percepção do mundo como sistema vivo (...). As empresas são
sistemas vivos, cuja compreensão não é possível apenas pelo
prisma econômico (Ibidem, p 28).
Para o autor, a gestão ambiental e a Responsabilidade Social são
ferramentas para a construção de um desenvolvimento econômico, social e
ecologicamente correto. Por isso, é necessário que haja executivos e profissionais
nas organizações públicas e privadas que incorporem tecnologia de produção
inovadora, regras de decisão estruturadas, conhecimentos sistêmicos e princípios
básicos de sustentabilidade exigidos no mercado atual.
Nesse contexto, o autor apresenta uma definição, para o que ele
chama de “gestão ecológica” ou gestão ambiental, a saber:
É o exame e a revisão das operações de uma empresa da
perspectiva da ecologia profunda, ou do novo, paradigma. É
motivada por uma mudança nos valores da cultura empresarial, da
dominação para a parceria, da ideologia do crescimento econômico
para a ideologia da sustentabilidade ecológica. Envolve uma
mudança correspondente do pensamento mecanicista para o
pensamento sistêmico e, por conseguinte, um novo estilo de
administração conhecido como administração sistêmica.” (Ibidem,
p.75)
Dias (2007), em seu livro Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e
sustentabilidade, define a gestão ambiental como:
Uma expressão utilizada para se denominar a gestão empresarial
que se orienta para evitar, na medida do possível, problemas para o
meio ambiente. É a gestão cujo objetivo é conseguir que os efeitos
ambientais não ultrapassem a capacidade de carga do meio onde se
62
encontra a organização, ou seja, obter-se um desenvolvimento
sustentavél (ibidem, p.89).
O autor, no mesmo livro descreve a responsabilidade ambiental
empresarial como:
Um conjunto de ações que extrapolam a obrigação, assumindo mais
um conteúdo voluntário de participação em fóruns, iniciativa,
programas e propostas que visem manter o meio ambiente natural
livre de contaminação e saudarvel para ser usufruído pelas futuras
gerações (ibidem, p.167).
Para Dias (2007), a responsabilidade ambiental está contida na
Responsabilidade Social empresarial, e deve ser entendida como parte integrante
desta e nunca de forma isolada.
Segundo o autor, a gestão ambiental deve estar presente no
planejamento das empresas, pois além de preservar o meio ambiente pode resultar
em redução de custos, já que uma empresa que polui é uma empresa que
desperdiça matéria-prima, insumos, gasta mais e está exposta a sanções e
indenizações.
Atualmente, o importante é racionalizar os recursos naturais, sejam
eles renováveis ou não, através da adoção de práticas que garantam a conservação
e a preservação da biodiversidade por meio da reciclagem das matérias-primas e a
redução do impacto ambiental das atividades humanas sobre os recursos naturais.
Assim, a medida que a sociedade se conscientiza da necessidade de
se preservar o meio ambiente, inicia-se um processo de pressão sobre o meio
empresarial que deve buscar meios de desenvolver suas atividades econômicas de
maneira mais sustentável. Desta forma, os consumidores passam a selecionar os
produtos que consomem em função da Responsabilidade Social das empresas que
os produzem.
Tendo em vista as idéias apresentadas acima, para a manutenção e
preservação do meio ambiente, acredita-se que as Instituições de Ensino Superior
não podem ficar fora dessas atividades, visto a necessidade do mercado por
profissionais especializados em técnicas de gestão ambiental e sustentabilidade.
Essa necessidade motivou o surgimento de cursos superiores voltados para a
formação desses profissionais, tais como os de tecnólogo em gestão ambiental, de
63
engenharia ambiental, bacharelado em gestão ambiental e tecnologia do meio
ambiente.
Com isso, é possível afirmar a importância da participação ativa
dessas instituições de ensino na formação de profissionais capacitados para as
novas exigências do mercado. As Instituições de Ensino Superior não podem fugir
do compromisso que m com a sociedade em formar gestores comprometidos com
o desenvolvimento sustentável.
Ao participar de ações sociais, a organização, além de adotar um
comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, ela estará
atuando na dimensão social do desenvolvimento sustentável, isto é, melhorando a
qualidade de vida de seu país, estado ou município. Atualmente, as empresas e
instituições investem em favor da sociedade apoiando projetos sociais com maior
freqüência.
Responsabilidade Social é um compromisso que o empresário assume
com seus empregados, seus familiares, com os membros da comunidade local e
com a sociedade como um todo, é um compromisso com a ética e com o
desenvolvimento sustentável do planeta.
2.2.1 A importância da Cultura Organizacional para a Responsabilidade
Social
Para Chiavenato (2004), o termo cultura pode significar várias coisas,
entre elas o conjunto de costumes e realizações de uma época ou de um povo e, de
outro lado, artes, erudição e demais manifestações mais sofisticadas do intelecto e
da sensibilidade humana consideradas coletivamente.
Segundo o autor, a expressão cultura organizacional ou cultura
corporativa equivale ao modo de vida da organização em todos os seus aspectos, é
o conjunto de hábitos e crenças, estabelecidos por normas, valores, atitudes e
expectativas, compartilhados por todos os membros da organização. Desta maneira,
este autor afirma que todos os seres humanos são dotados de cultura, por isso
tendem a ver e julgar as outras culturas a partir do seu ponto de vista, ou seja, da
sua cultura.
64
Para Maximiano (2006), a cultura organizacional define a maneira
como os integrantes da organização devem interagir entre si e com o mundo
externo. Para o autor, uma das principais funções da cultura é regular as relações
entre os membros da organização, através de um processo pelo qual os indivíduos
aprendem e adquirem a cultura de um local, esse processo é chamado de
socialização ou aculturação.
Motta (1997, p.26), defende que os comportamentos dos executivos e
dos trabalhadores baseiam-se em crenças, atitudes e valores. Para o autor, cultura
é linguagem, é código”, a partir da cultura é possível dar sentido a vida e as ações,
pois ela designa, classifica, liga, dar ordem as coisas e exerce influência sob os seus
participantes.
Ainda segundo o autor, as empresas brasileiras são marcadas por
decisões que tendem a ser caracterizadas por uma interação social intensa, bem
como por um envolvimento ativo dos dirigentes superiores que geralmente são
autocráticos. Além disso, o Brasil é uma sociedade coletivista, contudo, não está
entre as mais coletivistas. Assim, a base da cultura brasileira é o engenho, é o
binômio casa grande-senzala, o que justifica a distância existente entre
trabalhadores e executivos.
Na mesma linha de raciocínio, Freitas (1997) afirma que alguns
aspectos culturais das organizações têm sua origem na cultura nacional, e por isso,
a partir da cultura se cria valores que contribuem na forma de pensar, agir e sentir.
Além disso, as organizações fazem parte da sociedade e por isso, fazem parte da
sua cultura. Isso quer dizer que a influência da cultura nacional na organização varia
de uma para outra. Para o autor, cada organização delimita uma cultura
organizacional única, gerada e sustentada pelos mais diversos elementos e formas.
Por isso, afirma-se que a cultura de uma organização sofre influência de seus
fundadores, de seus líderes, de seu processo histórico e do mercado.
Sendo assim concorda-se com Ashley (2005), quando ela afirma que
para se entender a Responsabilidade Social é necessário entender a cultura das
organizações, tendo em vista que elas estão sujeitas aos valores, princípios e
tradições da sociedade em que se inserem.
Para a autora, a Responsabilidade Social de uma empresa tem de ser
pensada em relação a sua inserção em um complexo mundo social e cultural regido
por determinados valores e normas culturais comuns aquela sociedade, ou seja:
65
A sociedade funciona de acordo com princípios, valores e tradições
culturais específicos, que determinam os pensamentos e
comportamentos de indivíduos, grupos e instituições, entre os quais
se incluem, necessariamente, as organizações e o mundo dos
negócios em geral. Além de princípios éticos e valores morais, temos
também princípios e valores culturais influenciando os modos de
ação e práticas administrativas e, portanto, o modo como a
Responsabilidade Social corporativa é concebida e implementada em
determinada sociedade. (Ibidem, p.10)
Dessa forma, pode-se afirmar que a cultura organizacional envolve a
maneira como o grupo o mundo e seu lugar nele. Através da cultura é possível
moldar comportamentos, reforçar crenças comuns e estimular os membros da
organização a alcançar objetivos organizacionais.
Acredita-se que esse estímulo deve ser realizado pelas lideranças
existentes na organização, que têm a missão de criar ou adaptar a cultura
organizacional para o desenvolvimento sustentável. É necessário mudar os
comportamentos e as crenças para uma visão mais sustentável.
É importante que todos os membros da organização compreendam
que sustentabilidade requer uma mudança de atitude e uma atuação socialmente
responsável entre funcionários, fornecedores, clientes, investidores, governos,
comunidades e meio-ambiente.
Por fim, acredita-se que as IES precisam criar em seus
estabelecimentos uma cultura voltada para a Responsabilidade Social e o
desenvolvimento sustentável, tendo em vista que elas são responsáveis pela
formação do capital intelectual do país.
2.2.2 O Marketing social e a Responsabilidade Social
A preocupação
com as questões ambientais inicia-se na cada de 70
quando se percebeu que o consumo e a produção de resíduos estavam
insustentáveis. A partir desta percepção governantes e empresários iniciaram uma
política restritiva e preventiva a fim de conservar o ambiente natural.
66
Nesta época os empresários começaram a considerar as questões
ambientais dentro de seu planejamento estratégico (DIAS, 2007a, p.47) e os
profissionais de marketing tiveram que se posicionar com uma nova perspectiva,
tendo em vista que foram apontados como os culpados pelo incentivo ao consumo
descontrolado e insustentável. Com isso, o marketing passou a buscar a melhoria
da qualidade de vida na sociedade” (Ibidem,Ibidem).
Segundo Dias (2007a), o marketing social desenvolveu-se
paralelamente com o marketing comercial, nas décadas de 50 e 60, quando os
acadêmicos perceberam sua aplicação em áreas relacionadas a política e ao social.
Ainda na década de 60 o marketing social foi fortalecido por campanhas públicas de
esclarecimentos. Para este autor, o termo marketing social surgiu pela primeira vez
em 1971, nos artigos de Kotler e Zaltman publicados no Journal of marketing que o
define como:
criação, implementação e o controle de programas idealizados para
influenciar na aceitação de idéias sociais que envolve considerações
sobre planejamento, produtos, preço, comunicação, distribuição e
pesquisa de marketing (ibidem, p.45)
Na cada de 70 o marketing aliou-se às idéias de Responsabilidade
Social e à nova ética, visando equilibrar o interesse das organizações e da
sociedade. Essa nova idéia do marketing fez surgir o termo marketing social que
tinha como objetivo maior, construir novos valores e idéias que permitam melhorar a
sociedade humana.
Na década de 80 o termo marketing social consolidou-se com o
surgimento de inúmeros livros, capítulos e artigos específicos. Na cada de 90 o
marketing social foi direcionado a temas relacionados com saúde, ecologia e
organizações não governamentais.
O marketing social é aplicável a todas as organizações, com ou sem
fins lucrativos, pois ele procura determinar à dinâmica e a natureza do
comportamento nas relações sociais, influenciando o comportamento de
determinados grupos ou da população de um modo geral, com o objetivo de
melhorar suas condições de vida (ibidem).
Para Dias (2007a), o marketing social deve ser compreendido como:
A aplicação das técnicas comerciais do marketing, pois tem como
objetivo pesquisar e satisfazer as necessidades sociais, humanas e
67
espirituais, implicando que o seu campo de atuação vá além do setor
privado, envolvendo organizações do setor público estatal,
organizações não governamentais, entidades filantrópicas etc
(ibidem, p.55).
Segundo o autor, o marketing social incentiva positivamente as
organizações, os políticos e as pessoas a adotar estilos de vida saudarveis e por
isso, deve ser compreendido como uma estratégia de mudança de comportamento,
ao lado da tecnológia, da econômia, da política legal e da educacão.
Assim, para compreender melhor a sociedade e poder influenciá-la, o
marketing tradicional e o marketing social utilizam-se de conhecimentos da
psicologia, sociologia, antropologia e das teorias de comunicação (ibidem).
Dessa forma o autor define marketing social corporativo como:
a aplicação do marketing social nas empresas, buscando um
posicionamento da marca e a promoção de seus produtos, que assim
serão associados com uma causa social” (ibidem p.51).
Segundo o autor, o marketing social corporativo tem o objetivo de criar
um comportamento benéfico para a sociedade, favorecendo, os interesses da
organização, sua posição no mercado e sua imagem. Ele considera o marketing
social corporativo uma poderosa estratégia para incentivar mudanças de
comportamento e defende que toda política de marketing social deve equilibrar as
necessidades da organização, com a satisfação dos consumidores e o interesse
público.
Desta forma, ele enfatiza ainda que a simples colaboração às
organizações sem fins lucrativos, não é marketing social corporativo, pois essa
atividade envolve um conjunto de ações, tais como: interesse social e/ou cultural,
reforço da imagem da marca, criação de um clima favorável juntamente com a
imagem de credibilidade, criação de um vínculo maior com o consumidor, ter parte
das vendas direcionadas a uma causa de interesse social, ter a solidariedade como
fator decisivo de compra, entre outros. Isto é, ações de marketing social corporativo
modificam a política do produto, através da aproximação entre um projeto social e o
produto. Seu objetivo é reposicionar o produto como socialmente responsável, de
modo a oferecer ao consumidor benefícios em longo prazo (Dias, 2007a).
Para o Instituto Focus Social, o marketing social apresenta-se como
uma forma verdadeira de exercício da Responsabilidade Social, através dele se
68
constrói um valor diferencial para a marca e uma vantagem competitiva para as
empresas.
Nesse contexto de mudanças sociais é possível perceber um novo
perfil nos consumidores, que agora preferem produtos e serviços sustentáveis, isto
é, que respeitem o meio ambiente. Assim, Dias (2007a) apresenta uma nova
vertente do marketing chamado de marketing ambiental, agora preocupada com as
questões relacionadas com o consumo, meio ambiente e os problemas ambientais.
Segundo o autor, o marketing ambiental busca formas de atender aos
ilimitados desejos e necessidades dos consumidores, sem prejudicar o meio
ambiente natural, e ao mesmo tempo realizar os objetivos de comercialização das
organizações. Além disso, o marketing ambiental pode ser considerado como
marketing social, tendo em vista que busca incrementar as relações de troca e de
consumo, de desenvolvimento sustentável e a adoção de estratégias que fortaleçam
a imagem da Responsabilidade Social da organização.
O marketing ambiental trata ao mesmo tempo do marketing social e do
comercial, tendo em vista que está voltado para o incremento de novos valores na
sociedade e nos consumidores, ao mesmo tempo que constitui uma ferramenta de
gestão que busca a satisfação das necessidades e desejos dos consumidores,
resultando no aumento de competitividade. Assim, o marketing ambiental integra
seus objetivos de atuação em causas sociais e comerciais, tendo como foco, o meio
ambiente (ibidem).
Para Coddington (apud Dias, 2007a), o marketing ambiental é uma
mudança na maneira de fazer negócio, pois exige responsabilidade e compromisso
ambiental global da organização.
Desta forma, o autor ressalta que o conceito de marketing ambiental
inclui modificações nos produtos e processos, mudanças nas embalagens,
compreende procedimentos que satisfaçam as necessidades dos consumidores com
o mínimo de impacto. Além disso, o marketing ambiental parte do principio que as
organizações são responsáveis pelos serviços e produtos que disponibilizam a
sociedade. Nesse sentido refere:
A pressão da opinião pública sobre as empresa, nos últimos anos,
motivada pelo volume de acidentes ambientais graves que tem
pautado a mídia tem levado a que muitas organizações se sintam
com a obrigação moral de serem mais ambientalmente responsáveis,
buscando evitar a todo custo contribuir para a construção de uma
imagem negativa do segmento empresarial, isso pode ser observado
69
pela reação da cadeia produtiva da soja, que vem sendo criticada por
contribuir com o desmatamento (ibidem, p. 85).
Para o autor, o marketing ambiental se insere no contexto do
desenvolvimento sustentável, na medida em que suas práticas objetivam satisfazer
às necessidades atuais dos consumidores em comprometer a capacidade de
satisfazer às das futuras gerações.
Acredita-se que as ações sustentáveis realizadas pelas organizações
através das técnicas de marketing (social ou ambiental) têm boas repercussões na
sociedade, pois evitam prejuízos ao meio ambiente e alteram comportamentos
negativos, tornando-os positivos. A partir desses procedimentos é possível identificar
uma organização socialmente responsável, que valoriza sua conduta ética e
fortalece sua marca, assim defende-se o argumento de Dias (2007a), quando o
mesmo afirma:
Uma atuação baseada na Responsabilidade Social em marketing
deve evitar as condutas não éticas nas relações com o mercado,
respeitando os direitos do consumidor, e junto à concorrência,
evitando os procedimentos ilícitos para aumentar sua cota de
mercado (...) Assim a atuação baseada na Responsabilidade Social
em marketing deve considerar como público da empresa não
somente os compradores de seus produtos, mas também o conjunto
de pessoas que são afetadas diretamente por suas operações, entre
os quais se incluem todas as pessoas que possam ser
eventualmente afetadas pela contaminação do meio físico gerado
pelos resíduos dos processos produtivos e produtos (ibidem, p.103-
104).
Os valores ambientais assumidos pela sociedade orientam as condutas
ecológicas dos indivíduos e organizações. Quando estes valores estão plenamente
interiorizados, podem dar origem a conflitos éticos na execução de ações individuais
ou coletivas. Assim, as campanhas baseadas no marketing ambiental contribuem
para a formação e consolidação de valores ambientais e coletivos, que objetivem
mudança de comportamento considerado ambientalmente não ético.
Desta forma, acredita-se que por meio da interiorização dos conceitos
acima é possível afirmar que o marketing social é uma ferramenta de gestão
utilizada na implantação de processo que resultem em inovações sociais, adoção de
novos comportamentos e atitudes, práticas individuais e coletivas sustentáveis e
fundamentadas em preceitos éticos e nos direitos humanos. Por fim, o marketing
70
social utiliza técnicas mercadológicas para à promoção do bem-estar social.
2.2.3 O papel da ética no contexto da Responsabilidade Social
Segundo Moreira (1999), palavra ética deriva do grego ethiké, ethos
que significa um modo de ser, um lugar do ser ou a morada do ser. A ética é uma
reflexão sobre os nossos atos, sobre a moral, sobre as ações socialmente
esperadas, ou ainda sobre a prática da moral enquanto norma social que rege as
condutas.
Para o autor, a ética se refere aos estudos sobre a prática moral, os
valores morais e a prática do bem, como promotora da felicidade. Desta forma, ela
envolve aprovação e desaprovação do comportamento do homem.
a palavra moral deriva do latim, onde mores significa costumes
bons e maus, mas também pode significar morada, lugar, como a palavra ética. A
moral diz respeito à conduta esperada, ao comportamento socialmente desejável, ao
conjunto de valores socialmente aceitávéis.
Segundo o autor, nas últimas décadas, as organizações começaram a
dar importância a ética. Essas discussões ganharam espaço no mundo e hoje a
sociedade não aceita empresas que sonegam impostos ou não disponibilizam
condições adequadas de trabalho para seus funcionários, isto é, não se aceita
empresas que não estejam comprometidas com a ética.
Assim, as organizações terão de aprender a equacionar a
necessidade de obter lucros, obedecer às leis, ter um comportamento ético e
envolver-se em alguma forma de filantropia para com as comunidades em que se
inserem” (Asheley, 2005, p.12).
Os clientes, membros da sociedade civil, têm condições de mobilizar-
se e retaliar as organizações socialmente irresponsáveis, por isso, essas
organizações precisam manter uma boa reputação e imagem perante a sociedade,
caso contrário, os clientes podem utilizar o direito de escolher e mudar para outras
empresas do ramo.
71
Para Certo e Peter (apud Zenone, 2006,p. 16):
As empresas são vista como importantes e influentes membros da
sociedade, sendo responsáveis por ajudar a manter e melhorar o
bem-estar da sociedade como um todo.
Por isso, acredita-se que as Instituições de Ensino Superior não podem
ficar de fora da tarefa de tornar a localidade onde atuam mais sustentável e
agradarvel para população. Vale ressaltar outro ponto relevante referido por esse
autor relativamente à Responsabilidade Social e à ética, ou seja:
A Responsabilidade Social alicerça-se na ética, que se expressa nos
princípios e valores adotados pela empresa. A maioria dos conceitos
de ética empresarial diz respeito a regras, padrões e princípios
morais sobre o que é certo ou errado em situações específicas.
(Ibidem, p.17)
As organizações precisam compreender que fazem parte de uma
sociedade, causam impactos no meio onde atuam e, assim como os seres humanos,
têm direitos e deveres a ser cumpridos.
Além disso, é importante ressaltar que as organizações estão
inseridas na sociedade e por isso têm suas vidas regidas por normas éticas, que
dizem respeito à maneira de proceder e de se comportar na sociedade em que
vivem. A ética está implícita nas relações interpessoais, através dela identificamos
se uma ação é boa ou má, temos consciência e responsabilidade pelos nossos atos.
Para Dias (2007a), a ética tem como característica maior seu caráter
interno ao indivíduo, pessoa, autônomo, constituindo um conjunto de valores e
normas adotados pelo indivíduo que podem ou não coincidir com a moral recebida.
Estas normas e valores foram adotados através de sua reflexão sobre os valores
morais aos quais teve acesso ao longo de sua vida e no grupo social ao qual
pertence.
Segundo Moreira (1999), é de vital importância que as empresas, ao
decidirem assumir uma postura ética, coloquem em vigor um documento interno,
cuja denominação é apresentada pelo autor com muita ênfase, a saber :
O Código de Ética tem a missão de padronizar e formalizar o
entendimento da organização empresarial em seus diversos
relacionamentos e operações. A existência do código de ética evita
que os julgamentos subjetivos deturpem, impeça, ou restrinjam a
aplicação plena dos princípios. (ibidem, p. 33).
72
Mais ainda,
A prática da ética insere-se no rol dos deveres relativos à
Responsabilidade Social dos agentes econômicos. um consenso
entre juristas, filósofos economistas, administradores, empresários e
público em geral de que a empresa é responsável por ajudar a
melhorar continuamente a sociedade da qual obtém lucro. Essa
responsabilidade não é apenas material, mas também abstrata,
consubstanciada na adoção e prática dos preceitos éticos. (ibidem,
Ibidem)
Para Maximiano (2006), a ética trata da definição e avaliação do
comportamento de pessoas e organizações. Ela lida com aquilo que pode ser
diferente do que é, da aprovação ou reprovação do comportamento observado em
relação ao comportamento ideal.
O autor, no contexto da Responsabilidade Social, enfatiza que a ética
trata essencialmente das relações entre pessoas, é uma questão de qualidade das
relações humanas é um indicador do estágio de desenvolvimento social. Para ele,
as organizações têm a obrigação de agir no melhor interesse da sociedade.
Segundo Drucker (1984, p. 368), cabe aos dirigentes das empresas a
“responsabilidade ética” de assumir um papel atuante e construtivo na sua
comunidade, isto é, servir às causas comunitárias, dando parte do seu tempo as
atividades na comunidade.
Asheley (2005), defende que as empresas socialmente responsáveis
devem estar preocupadas com princípios éticos, valores morais e a cultura existente
na organização, pois ética, cultura e valores morais são inseparáveis de qualquer
noção de responsabilidade empresarial. Responsabilidade e ética correspondem a
atividades, práticas, políticas e comportamentos esperados (no sentido positivo) ou
proibidos (sentido negativo) por membros da sociedade, apesar de não codificados
em leis.
A ética representa uma construção coletiva inconsciente, que define
regras de comportamento e estabelece o que é aceitável nas relações humanas, na
preservação de sua história e na interação com as futuras gerações. existe ética
se as pessoas se percebem autônomas e responsáveis por seus atos e omissões.
Boff (2006), defende uma “nova ética”, ou seja, uma “ética que não
pode ser imposta de cima para baixo. Uma ética que deve nascer da essência do
73
humano. Deve ser compreendida e praticada por todos sem a necessidade de
mediações explicativas complexas que mais confundem do que convencem.”
O referido autor, apresenta ainda quatro fundamentos para uma nova
ética da sustentabilidade e defende que o homem é o “cuidador da Terra, o
jardineiro”, tendo a missão de torná-la um lugar mais agradarvel para as gerações
atuais e futuras. O primeiro princípio é o da afetividade. Segundo Boff, o ser humano
não pode continuar insensível a desgraça da maioria da humanidade, é preciso estar
ciente que o ser humano está no mundo sendo afetado e afetando, a partir daí,
segundo o autor, nascerão os valores, a noção de bem e mal. O segundo princípio é
o da compaixão/cuidado, o ser humano necessita de cuidado desde pequeno, pois
se não o tiver, não sobreviverá, isto é, a ética da compaixão, do cuidado com as
pessoas e com o planeta. O terceiro princípio é o da cooperação, para o autor esse
princípio tem a ver com o processo evolucionário e da vida, pois tudo está
interligado.
Para o Instituto Ethos de Responsabilidade Social, ética e
responsabilidade estão relacionados, pois:
A ética é a base da Responsabilidade Social, expressa nos princípios
e valores adotados pela organização. Não Responsabilidade
Social sem ética nos negócios. Não adianta uma empresa pagar mal
seus funcionários, corromper a área de compras de seus clientes,
pagar propinas a fiscais do governo e, ao mesmo tempo, desenvolver
programas voltados a entidades sociais da comunidade. Essa
postura não condiz com uma empresa que quer trilhar um caminho
de Responsabilidade Social. É importante haver coerência entre
ação e discurso (1998, www).
Defende-se a necessidade de parcerias com empresas, instria,
comércio e instituições de ensino, pois todos devem ter sua participação na
formação de uma população saudarvel e preparada para conviver com o
desenvolvimento sustentável. É necessário que o conceito de Responsabilidade
Social (ou compromisso social) seja introduzido nas entidades que trabalham com
pessoas, tendo em vista o quadro atual de problemas do Brasil que contempla
pobreza, falta de educação, saúde, desemprego, violência e destruição do
ecossistema.
É necessário que as organizações assumam o seu papel social,
contribuam eficazmente para o desenvolvimento sustentável, para a melhoria da
qualidade de vida no planeta e que assumamos a responsabilidade por nossas vidas
74
e dos nossos semelhantes, pois a nossa sobrevivência depende do que fazemos e
como nos comportamos.
Enfim, pode-se inferir que ética e a Responsabilidade Social andam
juntas, tendo em vista que as organizações são um lugar social onde as pessoas
compartilham regras e valores, produzem e aprendem ao mesmo tempo.
75
CAPITULO III
3 PARA UMA CONCEITUAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
NO ENSINO SUPERIOR
Neste capítulo será focado o papel da Responsabilidade Social
relativamente às Instituições de Ensino Superior, e como se tem dado essas
atividades no Brasil. No decorrer deste capítulo, esboça-se dois conceitos de
Responsabilidade Social no âmbito do Ensino Superior. Ou seja, um em que
focaliza-se a Responsabilidade Social centrada no imediatismo e outro, a que
denominou-se de Responsabilidade Social focada na sustentabilidade.
3.1 Responsabilidade Social nas Instituições de Ensino Superior
focada no imediatismo
Segundo Batista (2002), o ensino superior brasileiro relaciona-se com a
sociedade por meio de múltiplos canais, isto é, através da formação de docentes e
profissionais, do desenvolvimento de atividades de extensão e através de interações
com empresas.
Para a autora, o ensino superior contribui com atividades sociais e
culturais através do desenvolvimento de práticas extensionistas. Fato iniciado na
reforma de 1931, quando esse termo foi utilizado pela primeira vez, nessa época a
extensão era responsável pela difusão de conhecimentos filosóficos, artísticos,
literários e científicos” (ibidem, p.28). Em 1968, na promulgação de uma nova
reforma universitária as atividades de pesquisa e extensão tornaram-se parte
integrante das universidades.
Desta forma, a extensão e os projetos de Responsabilidade Social
pouco a pouco ganhou importância e espaço dentro dos estabelecimentos de
educação superior, fato confirmado em 1988 com a promulgação da Constituição da
Republica que em seu artigo 207 estabelece que “As Universidades gozam de
76
autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e
obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.” A
partir do parágrafo acima citado, percebe-se que a extensão e os projetos de
Responsabilidade Social ganham importância igual às do ensino e da pesquisa, isto
é, espera-se que por meio dessas atividades a universidade consiga formar
profissionais mais consciente, responsáveis e preocupados com o desenvolvimento
da sociedade (CALDERÓN, 2005).
Em 1996, a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira deu
maior importância as atividades de extensão, tornando-se parte integrante da
instituição, isto é, a extensão agora faz parte dos princípios e finalidades das
instituições de ensino, a saber:
Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios:
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas
sociais.
Art. 43º. A educação superior tem por finalidade:
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente,
em particular os nacionais e regionais, prestar serviços
especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relão
de reciprocidade;
VII - promover a extensão, aberta à participação da população,
visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação
cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição
(BRASIL, 1996).
Art. 44º. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e
programas:
IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos
estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino.
Art. 53º. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às
universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições:
Parágrafo único. Para garantir a autonomia didático-científica das
universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e pesquisa
decidir, dentro dos recursos orçamentários disponíveis, sobre:
IV - programação das pesquisas e das atividades de extensão;
Ora, a nova Lei de Diretrizes e Bases ampliou as atividades de
extensão e deixou claro o papel das Instituições de Ensino Superior como
formadoras de recursos humanos aptos à inserção em setores profissionais. Outro
ponto que se pode inferir ao se analisar os incisos acima, é que as práticas de
extensão e os projetos de Responsabilidade Social têm objetivos similares, tendo
em vista que ao mesmo tempo que cumprem com o papel social de formação e
77
desenvolvimento do pensamento reflexivo, incentivam o trabalho de pesquisa e
difusão da cultura, estão atendendo os preceitos da legislação e colaborando com a
melhoria da qualidade de vida da população local, visto que essas atividades, na
maioria das vezes, estão relacionadas à: elaboração de cursos profissionalizantes,
de capacitação, ou ação comunitária tipo atendimento médicos, psicológicos ou
jurídicos, prestação de serviços entre outros.
A partir de 2002, a extensão universitária ganhou ainda mais força e
credibilidade com a elaboração do Plano Nacional de Extensão Universitária pelos
Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras e pela Secretaria
de Educação Superior do Ministério da Educação e do Desporto, esse documento
tem como objetivo fortalecer o compromisso da universidade com a transformação
da sociedade brasileira em direção à justiça, à solidariedade e à democracia
(CALDERÓN, 2005).
O Plano Nacional de Extensão Universitária (Brasil,2001) defende que
por meio do desenvolvimento de atividades de extensão é possível se imprimir um
novo rumo à universidade brasileira e contribuir significativamente para a mudança
da sociedade. Deve-se passar do assistencialismo para a reflexão, deve-se
questionar as ações desenvolvidas e compreender que através da extensão é
possível se articular o ensino e a pesquisa, organizando e assessorando os
movimentos sociais que surgem:
A Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico
que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza
a relação transformadora entre Universidade e Sociedade.
A Extensão é uma via de mão-dupla, com trânsito assegurado à
comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a
oportunidade de elaboração da práxis de um conhecimento
acadêmico. No retorno à universidade, docentes e discentes trarão
um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido
àquele conhecimento (BRASIL, 1987 Apud BRASIL, 2001, p. 4).
Ainda segundo o Plano Nacional de Extensão Universitária (ibidem), é
necessário que a universidade adote uma postura diante da sociedade em que se
insere, isto é, ela deve assumir sua função básica de produtora e de socializadora
do conhecimento e elaborar acordos e ações coletivas com a população.
Desta forma, a universidade reafirmará seu compromisso social ao
desenvolver ações de promoção e garantia dos valores democráticos, de igualdade
e desenvolvimento social, fato que resultará em prática acadêmica que objetiva
interligar as atividades de ensino e pesquisa, com as demandas da sociedade.
78
O Plano Nacional de Extensão Universitária (ibidem), defende a
extensão como peça imprescindível para a formação do profissional cidadão, visto a
importância da interação com a sociedade e a tentativa de superação das
desigualdades sociais existentes que os alunos e as instituições envolvidas buscam
resolver.
Esse Plano apresenta-se de forma muito abrangente e esclarecedora
quanto as atividades de extensão que as instituiões de ensino podem desenvolver, e
propõe a esses estabelecimentos que sejam atendidos os seguintes objetivos:
Reafirmar a extensão como processo acadêmico indispensável na formação
do aluno, na qualificação do professor e no intercâmbio com a sociedade;
Assegurar a relação bidirecional entre a universidade e a sociedade;
Priorizar às práticas voltadas para o social, ou seja, as relacionadas com
educação, saúde, habitação, alimentos, emprego e renda;
Estimular atividades multi, inter e/ou transdisciplinares e interprofissionais;
Enfatizar a utilização de tecnologia e melhorar a qualidade da educação;
Considerar atividades voltadas para o desenvolvimento, produção,
preservação cultural e artística das manifestações regionais;
Inserir a educação ambiental e desenvolvimento sustentado como
componentes da atividade extensionista;
Valorizar os programas de intercâmbio e solidariedade internacional;
Criar as condições para a participação da universidade na elaboração das
políticas públicas voltadas para a maioria da população.
Possibilitar inovação e transferência de conhecimentos, permitindo a
ampliação do acesso ao saber e o desenvolvimento tecnológico e social do
país (ibidem).
Além dos objetivos determinados para as instituições que praticam a
Extensão, o Plano propõe ainda que os trabalhos sejam focados nas áreas ligadas
a: Comunicação, Cultura, Direitos humanos, Educação, Meio ambiente, Saúde,
Tecnologia e Trabalho.
Ao se analisar os objetivos e as áreas de atuação dos trabalhos de
extensão propostos pelo Plano, percebe-se uma grande similaridade com os
projetos de Responsabilidade Social desenvolvidas pelas Ies.
79
Em 2007, com base nas solicitações constantes no Plano Nacional de
Extensão Universitária, o Sindicato das Entidades Mantenedoras de
Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo SEMESP
encomendou à empresa Franceschini Análises de Mercado uma pesquisa para
verificar o alcance das ações sociais e conhecer melhor o trabalho desenvolvido por
essas instituições, afirmando assim o compromisso em estimular e difundir o
engajamento dos estabelecimentos com projetos de Responsabilidade Social.
Segundo o sindicato, a pesquisa revelou que a Responsabilidade
Social é uma realidade nas IES particulares, tendo em vista que cerca de 88% das
instituições desenvolvem projetos sociais nos setores (educação, saúde, cultura,
meio ambiente etc.), prestando atendimento a mais de cinco milhões de pessoas por
ano, a saber:
No Estado de São Paulo, um contingente equivalente a 13% de sua
população é atendido pelas Instituições de Ensino Superior particular
presentes em 146 municípios. Ao realizar atividades de cunho social,
as IES particulares do estado de São Paulo têm estendido a
comunidades fragilizadas, que vivem situações de grande privação,
serviços que por décadas têm-lhes sido negados (SEMESP, 2007
p.3).
Merece destaque também, a constatação de que aproximadamente
78% dos projetos sociais desenvolvidos nas IES particulares são na maioria
espontâneos, isto é, não são oriundos das atividades extra-curriculares e das
realizadas por obrigação pelas instituições filantrópicas. Além disso, 90% dos
projetos têm a participação de professores, 85% de alunos e 73% de auxiliares de
administração escolar.
Com base nos dados apresentados pela pesquisa, o presidente do
SEMESP, Hermes Ferreira Figueiredo, afirma que os trabalhos desenvolvidos pelas
IES além de atender algumas das necessidades mais urgentes dessa população
desfavorecida, contribuem para mudar um dos quadros mais perversos da
sociedade em que vivemos: a perpetuação da exclusão.
Macedo (2005), chama a atenção para a importância de trilhar novos
caminhos na prestação de serviços, mediante a definição e a implementação de
projetos e programas estruturados e com garantia de continuidade, tem sido um
excelente instrumento para as Instituições de Ensino Superior participar
efetivamente do desenvolvimento social e oferecerem às comunidades locais uma
80
forte contribuição para a melhoria da qualidade de vida e o aprimoramento da
produção de bens e serviços.
Segundo o autor, com o desenvolvimento desses serviços as
Instituições de Ensino Superior ganham identidade e passam a ser reconhecidas
pela sua capacidade de inserção regional, pela sua sensibilidade para identificar e
atender demandas regionais.
Atualmente, o que se percebe é que as IES desempenham muitas
atividades de Responsabilidade Social focados para atendimento jurídico, por
clínicas médicas, odontológicas, psicológicas, fisioterapia, farmácias-escola,
escritórios de administração, dentre outros. Ao desenvolverem esses projetos a IES
possibilita aos alunos o treinamento real através da prestação de serviços, ao
mesmo tempo em que colabora com a melhoria da qualidade de vida da
comunidade, além disso, é no desenvolvimento desses projetos que a IES
proporciona aos alunos o exercício da cidadania.
Além dos diversos projetos de Responsabilidade Social as IES devem
priorizar a função educadora, isto é, despertar no estudante o espírito social em
favor dos menos favorecidos através dessas atividades de extensão.
Calderón (2005, p.12), aponta quatro questões chaves sobre a
Responsabilidade Social universitária:
1. Não é um assunto tão novo quanto se aparenta;
2. Está relacionado com a extensão universitária;
3. É um dever da IES, isto é, faz parte da sua natureza e da essência;
4. Deve contar com ações concretas que acabe com o elitismo das
universidades e atendam as necessidades da população que a financia.
Para o autor, atualmente a Responsabilidade Social apresenta-se
como um dever que a universidade tem para com os estudantes, os grupos sociais
(comércio, imprensa, sindicatos, indústria, etc.), o Estado e a Igreja. Por isso, as IES
devem contar com meios próprios e com autonomia suficiente para desenvolverem
as atividades que lhe são inerentes, isto é, desenvolver sua Responsabilidade
Social.
O autor apresenta quatro constatações em relação à atuação das IES
no mercado, a qual se destaca:
1. O discurso da Responsabilidade Social faz parte de suas estratégias de
marketing. O Balanço social transformou-se num cartão de visita;
81
2. A mídia tornou-se meio de divulgação de ações de Responsabilidade Social;
3. As empresas que praticam a Responsabilidade Social foram invadidas pelas
IES;
4. Não existe controle nem órgão credenciado que determinem se as atividades
desenvolvidas pelas IES sejam reflexo da uma prática real (ibidem, p.15).
Esses fatos apresentam-se como um dos grandes entraves para
sustentabilidade, visto que atividades dessa natureza devem resultar em mudança
de comportamento do alunado, isto é, devem levar à sustentabilidade e melhorar a
qualidade de vida da população local beneficiada.
Outros fatos que demonstram que a preocupação com as atividades de
Responsabilidade Social estão focadas em resultados financeiros e imediatos,
são citados pelo autor, quando ele chama a atenção para as propagandas feitas nos
outdoors e nas emissoras da cidade de São Paulo.
Segundo o autor, no final de 2004, a cidade de São Paulo foi invadida
por fotos do Rei Pelé, que falavam da “Responsabilidade Social e da qualidade de
ensino” da Universidade Bandeirante-Uniban. Esse tipo de propaganda ganhou
espaço também nas principais emissoras de televisão que veicularam a propaganda
da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), que destacava a excelência de
suas ações sociais, do Centro Universitário Nove de Julho (Uninove) que
ressaltavam a parceria com a Fundação Ação Criança e, principalmente a parceria
com o Projeto Geração de Paz, iniciativa da Rede Globo e do Instituto Sou da Paz
em prol da valorização do policial como meio de promover a segurança da
população.
Também foi registrado pelo autor propagandas em jornais, as quais se
destacam a Universidade de Mogi das Cruzes, a mais antiga universidade particular
não-comunitária do País, que ressalta algumas conquistas institucionais, entre elas,
o fato de ter alfabetizado mais de 15 mil pessoas em parceria com o Programa
Alfabetização Solidária, a Faculdade Metropolitana Unidas-FMU que
periodicamente anuncia algumas atividades comunitárias, intituladas como
Responsabilidade Social.
Ressalta-se, que as propagandas em outdoors, TV, Jornal e rádio
também puderam ser observadas na cidade de Recife nos anos de 2008 e 2009,
período em que esta pesquisa iniciava. Vale ressaltar também, que foram essas
propagandas que fizeram esta pesquisadora mudar o rumo do trabalho, visto que a
82
proposta inicial era verificar o grau de Responsabilidade Social em empresas
comerciais. Contudo, o fato de ver IES, até então ditas sem fins lucrativos ou
filantrópicas, utilizando-se das práticas de Responsabilidade Social como ferramenta
de marketing e diferencial competitivo chamou a atenção, fato que explica e justifica
este estudo.
Outro fato interessante e que pode inferir a importância da
Responsabilidade Social no âmbito das IES do Brasil, é a lista dos estabelecimentos
educacionais que aparecem no site do Instituto Ethos de Responsabilidade Social
como associados. Entre elas destaca-se: Faculdade Tecnológica CETE - AMAPÁ,
FACEMP - Faculdade de Ciências Empresariais, Faculdade Isaac Newton e
FAINOR- Faculdade Independente do Nordeste - BAHIA, Faculdade Ávila, faculdade
de Goiás- GOIÁS, Centro Universitário Newton Paiva - MINAS GERAIS, Faculdade
de Ciências Sociais e Aplicadas do Paraná, Universidade Tuiuti do Paraná, Centro
Universitário Feevale - RIO GRANDE DO SUL, universidade do sul de Santa
Catarina Unisul, UNIVILLE - Universidade da Região de Joinville - Campus São
Bento do Sul - SANTA CATARINA, Centro de Extensão Universitária - CEU, Centro
Universitário Belas Artes de São Paulo, Faculdade Sudoeste Paulistano, Mackenzie,
Universidade Metodista e Universidade São Marcos – SÃO PAULO (ETHOS, 2009).
Vale ressaltar que na lista atualizada em 16 de abril de 2009,
constavam 1364 empresas associadas, dentre elas 16 pernambucanas e nenhuma
IES (ETHOS, 2009).
Outro ponto que merece destaque e que apresenta a relevância da
prática da Responsabilidade Social dentro das IES, foi a publicação da Lei
n.º 10.861 de 14/04/2004, regulamentado pela Portaria n.º 2.051 de 09/07/2004 em
agosto de 2004, que trata sobre a operacionalização do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior (SINAES), que tem como principal objetivo o
aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das IES. Vale
ressaltar que o SINAES será objeto de estudo no item 3.2, o qual embasará a
proposta de conceito de Responsabilidade Social Sustentável para as IES.
Para desempenhar tais atividades essas Instituições de Ensino
Superior contam com a disponibilidade de seus alunos e professores, com parcerias
com organizações privadas com ou sem fins lucrativos e com membros da
sociedade. Com isso, as atividades de extensão e de Responsabilidade Social, são
incluídas no calendarrio acadêmico de atividades das IES privadas mesmo sem
83
nenhum retorno financeiro. O importante é dar oportunidade aos alunos e às
comunidades locais.
Essas atividades de extensão e de Responsabilidade Social devem ser
encaradas de maneira ética e profissional, visto que são trabalhos desenvolvidos por
futuros profissionais para o bem-estar de uma comunidade. Deve-se levar em conta,
também, que as atividades devem ser desenvolvidas sempre da melhor maneira
possível, para que os resultados da ação desenvolvida sejam positivos.
Na verdade, a extensão traz um novo conceito de sala de aula, que vai
além do espaço físico tradicional, isto é, dentro e fora da universidade e com um
conteúdo interdisciplinar, como exigência decorrente da própria prática.
Assim, na opinião desta pesquisadora, a universidade não pode limitar
suas atividades de Responsabilidade Social a projetos de puro assistencialismo ou a
disciplinas incluídas na grade curricular dos cursos, é preciso integrar esses
projetos, as grades, aos pensamentos e fazer o aluno refletir criticamente,
influenciando na maneira de pensar e consequentemente na maneira de gerir de
seus alunos, isto é, dos futuros profissionais, com essa postura a IES estará
contribuindo verdadeiramente para a sustentabilidade.
Em suma, a Responsabilidade Social focada no imediatismo presente
nas IES, apoia-se em estratégias de marketing que visam divulgar o quantitativo de
pessoas que foram atendidas, fato inconcebivél, tendo em vista que a análise dos
resultados não pode ser apenas focada nos dados quantitativos, nem tão pouco a
Responsabilidade Social da IES deve está limitada a propagandas que chamam a
atenção de seus clientes, isto é, de seus futuros alunos.
É necessário que a IES perceba a importância dos projetos que ela
desenvolve e não os transforme em números que funcionam apenas como um
diferencial competitivo no mercado educacional. É necessário acabar com essa
visão limitada e imediatista, onde é socialmente responsável a IES que tem maior
número de pessoas atendidas em sua clínica escola, ou que conseguiu alfabetizar o
maior quantitativo. A IES para ser socialmente responsável precisa envolver seus
alunos e professores em seus projetos, deve encarar a atividade como algo
realmente importante e não apenas como atividades acadêmicas obrigatórias.
Essas atividades imediatistas com foco limitado e mecanicista que
buscam apenas dar notas a seus participantes tendem a desaparecer. Pois,
atualmente, apresenta-se como condição sine qua non que as IES façam seus
84
alunos refletirem criticamente, pensando sobre os problemas globais e não apenas
“decorando” teorias que as vezes não são aplicavéis na vida real.
3.2 Responsabilidade Social para a sustentabilidade do Ensino
Superior.
A partir da análise da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional e da Lei n.º 10.861, de 14 de
abril de 2004, que trata do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior -
SINAES, percebe-se que a ênfase dada à Responsabilidade Social das Instituições
de Ensino Superior particulares vem aumentando, tendo em vista que essas
normas o responsáveis pela regulamentação do ensino no país e contam com
artigos específicos para o desenvolvimento dessas atividades (BRASIL, 2004).
Outro ponto que merece destaque é a importância dada, por essas
normas, a criação de políticas extensionistas que sejam financeiramente viáveis, que
contém com projetos rios e consistentes, que integrem a prática, o ensino e a
pesquisa, que disponibilizem aos alunos uma estrutura gerencial ágil e pró-ativa,
sustentado em sólidas parcerias e na valorização dos recursos humanos.
É com base nestes princípios e na proposta de elaboração de um novo
conceito de Responsabilidade Social Sustentável para as IES que este item da
pesquisa será desenvolvido.
Inicialmente para uma melhor compreensão será analisada apenas a
proposta do SINAES, tendo em vista que a LDB foi objeto de estudo em outros
pontos deste trabalho.
O SINAES tem por finalidades a melhoria da qualidade da educação
superior, a orientação da expansão da sua oferta, o aumento permanente da sua
eficácia institucional e efetividade acadêmica e social e, especialmente, a promoção
do aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições
de educação superior, por meio da valorização de sua missão pública, da promoção
dos valores democráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da
autonomia e da identidade institucional (BRASIL, 2004).
85
O SINAES tem por objetivo traçar um perfil da IES por meio da análise
das suas
atividades, cursos, programas, projetos e setores
, baseados em 10 (dez)
dimensões institucionais obrigatórias: missão e plano de desenvolvimento
institucional, políticas para o ensino, a pesquisa e a extensão, Responsabilidade
Social, comunicação com a sociedade, políticas organizacionais direcionadas ao
pessoal contratado, organização e gestão da instituição, infra-estrutura física
(ensino, pesquisa, biblioteca, informação e comunicação), planejamento e
avaliação, políticas de atendimento ao estudante e sustentabilidade financeira
(ibidem).
Dentre as dimensões obrigatórias, merecem destaque as questões
relacionadas às políticas para o ensino, a pesquisa, a extensão, a importância dada
à comunicação com a sociedade e a Responsabilidade Social. Antes da
normatização do SINAES falava-se de extensão como uma maneira de integrar a
sociedade e a IES, deixando a Responsabilidade Social como um sinônimo da
extensão, com a implantação e aplicação do SINAES além da diferenciação dos
termos, ele ainda trouxe uma descrição das atividades relacionadas com a
Responsabilidade Social, a saber:
A Responsabilidade Social da instituição, considerada especialmente
no que se refere à sua contribuição em relação à inclusão social, ao
desenvolvimento econômico e social, à defesa do meio ambiente, da
memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural
(BRASIL, 2004, ART. 3º, III)
Merece destaque também, as questões relacionadas com o plano de
desenvolvimento institucional, a preocupação com o plano de cargos e carreiras,
quando se propõe a analisar as políticas de pessoal, do corpo docente e do corpo
técnico-administrativo, seu aperfeiçoamento, desenvolvimento profissional e suas
condições de trabalho, além da manutenção da sustentabilidade financeira, visto que
para se manter, pagar os salários em dia e as obrigações é necessário que as
finanças da instituição estejam em dia.
Outro ponto que colaborou na formulação do conceito que se
apresentado posteriormente foi à opinião defendida por Macedo (2005, p. 5), ao
afirma que:
Requer-se, hoje, da instituição universitária não a formação de
recursos humanos de alto nível de qualificação, mas também que
86
proporcione uma educação que prepare para o pleno exercício da
cidadania; requer- se não que contribua para o avanço do
conhecimento científico e tecnológico, mas também que a sua
atividade de pesquisa esteja voltada para a resolução de problemas
e de demandas da comunidade na qual está inserida e alinhada a um
modelo de desenvolvimento que privilegia, além do crescimento da
economia, a promoção da qualidade de vida. Requer-se, enfim, não
que a instituição universitária mobilize seus recursos humanos e
materiais e o estoque de competências que possui para atender, em
caráter supletivo, demandas específicas, mas também que, de forma
sistemática, assuma papéis e funções sociais de responsabilidade do
Estado.
Ressalta-se que o texto acima citado está totalmente integrado com as
exigências atuais do mercado organizacional, a idéia que se defende neste trabalho
é a idéia de uma universidade integrada com a realidade, que se preocupe em
formar profissionais atuantes e preocupados com as necessidades planetárias.
Na opinião desta pesquisadora, quando se obriga a IES a ter
Responsabilidade Social, o que era tendência de mercado, vira obrigação. Fato que
trará resultados positivos para os alunos e para a sociedade que sebeneficiada
com os projetos disponibilizados.
Para uma organização ser considerada socialmente responsável, ela
deve desempenhar bem a própria função (Drucker, 1984). No caso de instituições de
ensino, entende-se como desempenhar bem sua função o oferecimento de um
serviço de qualidade aos alunos, através da disponibilização de condições de
trabalho adequados aos membros do corpo docente e aos empregados
administrativos, afirma que.
Paralelo a isto, a IES deve melhorar o relacionamento com seus
fornecedores, acionistas, poder público, a comunidade onde está inserida, trabalhar
com ética e transparência, desenvolvendo projetos que contribuam com a inclusão
social, com o desenvolvimento econômico e social da instituição, dos alunos e da
comunidade, além de conscientizar o publico para a importância da preservação do
meio ambiente, da memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural.
Por último, uma IES socialmente responsável é aquela que consegue
integrar todos esses preceitos, juntamente com os princípios do desenvolvimento
sustentável, da reflexividade e da integração entre ensino, pesquisa e extensão.
Na verdade, para aplicar tal conceito às IES não se pode escolher um
conceito único, pois essas instituições são um tipo de organização diferente das
87
demais, por isso pegou-se os pontos aplicáveis a esse tipo de instituição e juntou-se,
buscando um conceito amplo e aplicável da melhor maneira possível, pois uma IES,
conforme cita Tachizawa (2004), nunca será tão impactante ao meio ambiente como
uma empresa comercial.
É importante que as IES que busquem ser socialmente sustentáveis,
desenvolvam nos seus alunos, professores e corpo técnico-administrativo a
responsabilidade por uma prestação de serviço bem feita, ao mesmo tempo em que
os alunos se comprometam com a dedicação aos estudos e pelo pagamento de
todas as mensalidades.
Deve ser firmado um contrato de duas vias, onde a IES se compromete
com a contratação regular, pelo cumprimento das normas, pelo respeito as
diferenças, pelo respeito ao meio ambiente, pela prática da reflexividade, pela
integração entre a comunidade e o mundo acadêmico através da elaboração e
desenvolvimento de projetos direcionados a atividades sociais que contemplem o
meio ambiente, a educação, a saúde, a cultura, o apoio à criança e ao adolescente e
o voluntariado.
Desta forma, propõe-se um conceito de Responsabilidade Social
Sustentável aplicável para estabelecimentos educacionais, a saber:
É uma opção de gestão que visa a excelência na prestação de serviço
e conseqüentemente a formação de alto nível através da disponibilização de
condições de trabalho adequado e da otimização do relacionamento com seus
fornecedores, acionistas, poder público e a comunidade. É uma maneira ética e
transparente de gerir que busca desenvolver projetos que contribuam com a
inclusão social, com a ampliação da consciência ambiental, com a importância de se
preservar a cultura local, com o desenvolvimento econômico e social de todos os
envolvidos. Por fim, esta maneira de gerir deve integrar os princípios do
desenvolvimento sustentável, da reflexividade e da integração entre ensino,
pesquisa e extensão.
Inicialmente, esta proposta pode parecer extensa e complexa, contudo
apresenta-se alcançável, visto que uma instituição educacional deve promover a
reflexividade e a integração entre a teoria e prática, isto é fato defendido por muitos
autores e ratificado por educadores. Quando se coloca os alunos para desenvolver
projetos que colaboram com o desenvolvimento econômico, social e cultural da
88
população a IES está promovendo a inclusão social da comunidade local ao mesmo
tempo em que proporciona a seus alunos a prática.
Com o conceito descrito aconselha-se, ainda a utilização de
ferramentas que auxiliem no acompanhamento e na verificação do cumprimento das
exigências. Neste caso, pode-se optar pela utilização, elaboração e análise de
indicadores de sustentabilidade, que segundo Bellen (2007), podem comunicar ou
informar sobre o progresso em direção a uma determinada meta, como também
podem ser entendidos como um recurso que deixa mais perceptível uma tendência
ou fenômeno que não seja imediatamente detectável. Ainda segundo o autor, o
objetivo dos indicadores é agregar e quantificar informações de modo que sua
significância fique mais aparente. Eles simplificam as informações sobre fenômenos
complexos tentando melhorar com isso o processo de comunicação.
Para o Instituto Ethos um Indicador é composto por dados que não
devem ser analisados isoladamente e podem ser usados como insumos para
tomadas de decisão, análise de tendências e construção de cenários futuros.
Também são sugeridos pelos Instituto Ethos alguns indicadores, os
quais destaca-se: nível de compromissos com a ética e com o desenvolvimento, o
enraizamento da Responsabilidade Social na cultura organizacional, nível de
transparência das relações existentes com a sociedade, relacionamento com a
concorrência e sindicatos, publicação anual do Balanço Social, compromisso com o
futuro das crianças, valorização da diversidade, tratamento dos funcionários
juntamente com a política de remuneração, benefícios e carreira e condições de
trabalho, compromisso da empresa com a melhoria da qualidade ambiental e
conscientização ambiental, excelência do atendimento, envolvimento da empresa
com a ação social entre outras (ETHOS,2007).
O que se defende é a utilização de uma ferramenta que possibilite a
aplicação e aferição do conceito sugerido, isto é, deve-se elaborar indicadores com
base nos itens abordados no conceito e acompanhá-los, pois um bom indicador
pode servir de fonte para fornecer uma resposta às mudanças ocorridas, deve ser
de fácil aplicação, deve permitir um enfoque integrado, deve ser útil, e pode ser um
dado individual ou simplesmente um agregado de informações.
Por fim, defende-se que não importa se a IES é privada ou pública, o
que importa é o quão integrada são suas atividades com a sociedade, isto é, ela
deve prestar um serviço de qualidade, mantendo sua autonomia e compromisso
89
social. Ela deve preocupar-se em promover a produção do conhecimento,
respeitando as diferenças regionais, formando profissionais cidadãos preocupados
com o dia de amanhã, preocupados com os princípios da sustentabilidade, sem
esquecer que o as principais ferramentas para o desenvolvimento econômico, a
inclusão social, a formação da cidadania e o desenvolvimento de mentes críticas.
90
PARTE II
CAPITULO IV
4 METODOLOGIA
Este item tem por objetivo apresentar aspectos atinentes aos
procedimentos metodológicos adotados para a realização desta investigação. Ou
seja, reflete-se, neste capítulo sobre as abordagens da pesquisa adotadas, os
métodos para a coleta dos dados, o lócus, os sujeitos da pesquisa, o método a ser
utilizado para a análise dos dados e as categorias analíticas.
4.1 A abordagem de pesquisa utilizada
Para Dias (2000) a pesquisa ou o método científico normalmente é
definido como quantitativo ou qualitativo em função do tipo de dados coletados.
Segundo Gunther (2006, p.14), “o pesquisador não deveria escolher
entre um método ou outro, mas utilizar as várias abordagens, qualitativas e
quantitativas que se adéquam à sua questão de pesquisa” . Ainda na opinião desse
autor, tanto a abordagem qualitativa quanto a quantitativa têm suas vantagens,
desvantagens, pontos positivos e pontos negativos. O autor lembra que o importante
é escolher o método que melhor se adéqüe ao objetivo da pesquisa.
Por outro lado, Oliveira (2007, p.39) sugere que se adote “a prática de
combinar técnicas de análise quantitativa com técnicas de análise qualitativa”, pois,
segundo essa autora, a utilização dessas duas técnicas proporcionará “um maior
nível de credibilidade e validade” a investigação.
Mesmo após a exposição das idéias acima referidas, optou-se nesta
pesquisa, pela abordagem qualitativa como será explicitado em seguida.
91
4.1.1 A Abordagem Qualitativa
Oliveira (2007, p.37), define pesquisa quantitativa como:
Um processo de reflexão e análise da realidade através da utilização
de métodos e técnicas para compreensão detalhada do objeto de
estudo em seu contexto histórico e/ou segundo sua estruturação.
Esse processo implica em estudos segundo a literatura pertinente ao
tema, observações, aplicação de questionários, entrevistas e análise
de dados, que deve ser apresentada de forma descritiva.
A mesma autora continua:
A pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como sendo uma
tentativa de se explicar em profundidade o significado e as
características do resultado das informações obtidas através de
entrevistas ou questões abertas, sem a mensuração quantitativa de
características ou comportamentos. (ibidem, p.59)
Segundo Liebscher (apud Dias, 2000, p.01), os métodos qualitativos
devem ser utilizados:
Quando o fenômeno em estudo é complexo, de natureza social e não
tende à quantificação. Normalmente, são usados quando o
entendimento do contexto social e cultural é um elemento importante
para a pesquisa. Para aprender métodos qualitativos é preciso
aprender a observar, registrar e analisar interações reais entre
pessoas, e entre pessoas e sistemas.
Reneker (apud Dias, 2000, p.02) afirma que:
a pesquisa qualitativa é indutiva, isto é, o pesquisador desenvolve
conceitos, idéias e entendimentos a partir de padrões encontrados
nos dados, ao invés de coletar dados para comprovar teorias,
hipóteses e modelos preconcebidos.
Relativamente aos métodos para a coleta dos dados, refere ainda Dias
(2000), que estes podem ser coletados por meio da observação simples, da
observação participante, da entrevista individual, semi ou não estruturada, do grupo
focal e da análise documental.
De acordo com Godoy (1995), a abordagem qualitativa pode ser
realizada através da análise documental, do estudo de caso e da etnografia.
92
Nesta pesquisa serão utilizadas as técnicas relacionadas à pesquisa
documental e ao estudo de caso.
Ainda segundo a autora, a pesquisa documental é uma forma
inovadora, que tráz contribuições ao estudo de alguns temas. Além disso, segundo o
mesmo autor, os documentos (jornais, revistas, diários, obras literárias, cienficas,
técnicas, cartas, memorando, relatórios) são importantes fontes de dados.
Como citado acima, nesta pesquisa será utilizado o método
qualitativo, com ênfase no estudo de caso e na pesquisa documental. A escolha da
pesquisa documental justifica-se através da leitura e análise dos inúmeros
documentos existentes, o estudo de caso é justificado tendo em vista a diversidade
de trabalhos realizados pelas Instituições de Ensino Superior. Nesta investigação, foi
realizado um estudo de caso em 01 (uma) instituição de ensino superior privado da
cidade de Recife.
4.2 O estudo de caso
Yin (2001), define o estudo de caso como:
Uma investigação empírica que, investiga um fenômeno
conteporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente
quando os limites entre fenômeno e o contexto não estão claramente
definidos (ibidem, p.32).
Segundo ele, o estudo de caso pode ser utilizado quando se quer lidar
com condições contextuais e pertinentes ao objeto de estudo, pois é uma estratégia
de pesquisa abrangente que aborda coleta e análise de dados.
Godoy (1995), diz que o estudo de caso é:
Um tipo de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa
profundamente. Visa o exame detalhado de um ambiente, de um
simples sujeito ou de uma situação particular(...). O próposito
fundamental do estudo de caso (como tipo de pesquisa) é analisar
intensivamente uma dada unidade social, que pode ser, por exemplo,
um líder sindical, uma empresa (ibidem, p.25).
Para o autor, o estudo de caso deve ser utilizado para responder as
questões relacionada a fenômenos, tais “como” e “por quê” . O autor, aconselha que
93
no estudo de caso, o pesquisador busque explorar e descrever os fatos e estar
preparado para novas descobertas.
Roesch (2006), afirma que o estudo de caso é adequado para
trabalhos de conclusão de cursos e para as dissertações de mestrado em
administração, tendo em vista que os estudantes não contam com uma equipe para
desenvolver a pesquisa de campo.
Para Stake (apud Roesch, 2006), o estudo de caso é a escolha de um
objeto a ser estudado, por isso ele pode ser único ou mútiplo e suas unidades de
análise podem ser um ou mais indivíduos, grupos, organizações, eventos, países ou
regiões.
Yin (2001, p.33) pactua com a idéia acima, quando afirma que, o
estudo de caso pode incluir um único estudo ou casos múltiplos, e pode ainda ser
limitado a evidências qualitativas, contudo não podem ser confundidas com
pesquisa qualitativa” .
Roesch (2006), aponta algumas vantagens do estudo de caso, entre
elas detaca-se a possibilidade de estudar pessoas em seu ambiente natural, esse
fato é ressaltado como um ponto que difere esta estratégia de pesquisa do
experimento, que segundo a autora, é conduzido em ambiente artificial e controlado.
Acredita-se que para alcançar os objetivos dessa pesquisa, o estudo
de caso, juntamente com a análise de documentos e de dados, apresentam-se como
as melhores estratégias de pesquisa, tendo em vista que o objeto empirico são os
alunos e professores de uma instituição de ensino superior que está envolvida num
fenômeno contemporâneo, chamado Responsabilidade Social.
4.3 A pesquisa - Ação
Segundo Franco (2006), a pesquisa-ação tem suas origens nos
trabalhos de Kurt Lewin, em 1946, num contexto de pós-guerra, dentro de uma
abordagem experimental, de campo, junto ao governo norte-americano.
Ainda segundo a autora, nas últimas cadas a pesquisa-ação vem
sendo utilizada de diferentes maneiras e para vários fins. Para a autora a pesquisa-
94
ação tem como característica importante seu processo integrador entre pesquisa,
reflexão e ação.
Kincheloe (1997 apud Franco, 2006, p.486) afirma que:
A pesquisa-ação, que é crítica, rejeita as noções positivistas de
racionalidade, de objetividade e de verdade e deve pressupor a
exposição entre valores pessoais e práticos. Isso se deve em parte
porque a pesquisa-ação crítica não pretende apenas compreender ou
descrever o mundo da prática, mas transformá-lo.
Thiollente (apud Gil, 1991, p.46), define pesquisa-ação como:
Um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e
realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução
de um problema coletivo, no qual os pesquisadores e os
participantes-representativos da situação ou do problema estão
envolvidos do modo cooperativou ou participativo.
Segundo Gil (1991), a pesquisa-ação tem como caracteristica o
envolvimento dos pesquisadores e dos pesquisados no processo de pesquisa, por
isso para que ela aconteça é necessário que haja planejamento, coleta de dados,
análise, interpretação e redação do relatório. No caso específico deste trabalho a
redação será para elaboração da dissertação.
Desta forma, a pesquisa-ação nesta dissertação será um dos
resultados finais apresentados, tendo em vista que será elaborado um proposta de
Responsabilidade Social sustentável. O objetivo do projeto será analisar e propor
melhorias aos projetos existentes para que os mesmos atendam os princípios da
Responsabilidade Social e da sustentabilidade.
4.4 Métodos de coleta dos dados
Segundo Marconi (2006), é na coleta de dados que o pesquisador vai
utilizar todos os instrumentos e técnicas selecionadas. Para o autor, esta fase da
pesquisa, é uma tarefa casantiva que toma muito tempo do pesquisador e exige
paciência, perseverança e esforço pessoal. Para o autor, o pesquisador pode
escolher entre vários procedimentos para a realização da coleta de dados, que
podem variar conforme a circunstância e o tipo de investigação.
95
Nesta investigação foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas e
questionários. Nesse âmbito, conceitua-se e justifica-se a seguir a utilização desses
instrumentos.
4.4.1 A entrevista
Segundo Marconi (2006, p.92), entrevista é um encontro entre duas
pessoas, onde uma delas busca informações sobre determinado assunto. É um
procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados para ajudar no
diagnóstico ou no tratamento de um problema social”.
Para Ludke e André (1986), a entrevista representa um dos
instrumentos básicos para a coleta de dados. É uma técnica de trabalho utilizada em
quase todos os tipos de pesquisa das ciências sociais. Na entrevista um caráter
de interação que se estabelece entre o pesquisador e o pesquisado.
As autoras afirmam que na entrevista tem-se a captação imediata e
corrente da informação desejada, é possível atingir informantes que o poderiam
ser atingidos por outros meios de investigação, é possível fazer correções,
esclarecimentos e adaptações que tornam mais eficaz a obtenção das informações
desejadas.
Ainda segundo as autoras, a entrevista semi-estruturada se
desenvolve a partir de um esquema básico, porém, o é aplicado rigidamente,
permitindo que o entrevistador faça as necessárias adaptações.
Para Triviños, (1990, p.146), a entrevista semi-estruturada pode ser
definida como:
Aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em
teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida,
oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses
que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do
informante. Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente
a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco
principal colocado pelo investigador, começa a participar na
elaboração do conteúdo da pesquisa.
96
De acordo com Ludke e André (1986), na entrevista deve-se garantir o
sigilo e o anonimato do informante, o entrevistador deve estimular o fluxo natural das
informações e desenvolver a capacidade de ouvir atentamente seu entrevistado.
Os dados das entrevistas realizadas serão registrados por meio de
gravação direta e anotações durante a entrevista e serão utilizados exclusivamente
para os objetivos da pesquisa.
A escolha da entrevista, é justificada quando se observa sua utilidade
nas pesquisas sociais, atualmente a entrevista é um instrumento básico para a
coleta de dados. Além disso, através da entrevista é possível interagir com o
entrevistado e, quando necessário, fazer correções, esclarecimentos e adaptações
que facilitam a obtenção da informação desejada pelo pesquisador.
4.4.2 Questionário
Segundo Marconi (2006, p.98), questionário é um instrumento de
coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser
respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador”. Para o autor, o
pesquisador pode enviar o questionário pelo correio ou por portador, devendo o
pesquisado devolver depois de respondê-lo.
O autor, ressalta as vantagens e desvantagens desta cnica, entre as
quais destaca-se como vantagens: economia de tempo e um grande número de
dados apurados, mesmo tendo em média apenas 25% de devolução, maior
liberdade nas respostas, em razão do anonimato e menor risco de distorção, que
o pesquisado não recebe influência do pesquisador.
O autor, ainda destaca as desvantagens, número execessivos de
perguntas sem respostas, impossibilidade de ajudar o pesquisado, inclusive quando
o mesmo é analfabeto e existem ocasiões em que o pesquisado não é a pessoa que
responde o questionário.
Ainda segundo o autor, na elaboração do questionário o pesquisador
deve ser preciso, deve conhecer bem o assunto e deve elaborar perguntas que
estejam de acordo com os objetivos geral e específico da investigação.
97
Segundo Cervo (2002), o questionário apresenta-se como a forma mais
usada para coletar dados, é uma maneira de se obter respostas às questões
formuladas pelo pesquisador e respondidas pelo informante. O autor, chama a
atenção para a necessidade do pesquisador estabelecer critérios de acordo com
seus objetivos e a necessidade de instruções claras e objetivas quando o mesmo for
respondido na sua ausência.
Segundo o autor, todo questionário deve ser impessoal, uniforme,
limitado em sua extensão e finalidade, deve ser composto por perguntas que devem
ser respondidas pelo pesquisado.
Para a elaboração das perguntas, o autor, aconselha a utilização de
perguntas fechadas e padronizadas, de cil aplicação, codificação e análise. De
outra forma, as perguntas abertas, de respostas livres, possibilitam dados e
informações mais ricas, contudo são codificadas e analisadas com mais
dificuldades.
Os questionários serão aplicados nos alunos dos últimos períodos da
Instituição de Ensino Superior estudada. Se um questionário com perguntas
abertas, de fácil compreensão, as siglas contaram com seus significados e as
questões serão redigidas de maneira direta e retrataram os objetivos desta
pesquisa.
Justifica-se a escolha do questionário para esses sujeitos, com base
em uma das vantagens apontado por Marconi (ibidem), isto é, economia de tempo e
um grande número de dados apurados.
4.5 O lócus da pesquisa e a amostragem
Esta pesquisa foi realizada em uma Instituição de Ensino Superior
privada da cidade do Recife que implantou projetos de Responsabilidade Social.
Serão analisados os benefícios trazidos pela implantação desses projetos e as
estratégias utilizadas para o desenvolvimento sustentável.
Para a realização da pesquisa foi utilizada uma amostra,
compreendida como “um subconjunto ou parte dos elementos que compõem o
universo.” (Oliveira, 2007, p.88).
98
Esclarece-se que a amostra é não-probabilística e intencional, isto é,
escolhidos conforme o julgamento do pesquisador.
4.6 Caracterização dos sujeitos
Para a realização da pesquisa, foram analisados os atores sociais
diretamente envolvidos no contexto das Instituições de Ensino Superior do Recife,
analisadas nesta pesquisa.
Diante deste contexto, foram sujeitos desta pesquisa:
Coordenadores dos Cursos;
Professores que participam das atividades de Responsabilidade
Social;
Alunos do último período dos cursos de Administração, Direito,
Enfermagem e Pedagogia. A escolha dos cursos levou em
consideração as áreas de atuação, isto é, foram escolhidos
cursos com alta procura no mercado e que representam as
diversas áreas do conhecimento, tais como: gestão, saúde,
jurídica e educação.
4.7 A análise dos dados
Segundo Ludke e André (1986), analisar os dados qualitativos significa
“trabalhar” todo o material obtido durante a pesquisa, ou seja, os relatos de
observação, as transcrições de entrevista, as análises de documentos e as demais
informações disponíveis. Para as autoras, a análise do material significa organizar
todo o material, identificar as tendências e padrões relevantes e posteriormente,
buscar as relações e inferências existentes.
De acordo com as autoras, é preciso que a análise não se restrinja ao
que está explícito no material, mas procure ir mais a fundo, desvelando mensagens
implícitas, dimensões contraditórias e temas sistematicamente “silenciados”.
99
A análise de dados em pesquisa científica significa, em sua essência, o
momento em que os dados coletados são separados e analisados para que possam
ser utilizados para responder à pergunta da pesquisa e para validação da tese
apresentada.
Nesta pesquisa, será utilizado a análise de conteúdo e a eleição de
categorias análiticas, objetivando uma melhor análise e compreensão dos dados
obtidos.
4.7.1 A análise de conteúdo
Segundo Bardin (1977, p. 42), a análise de conteúdo pode ser definida
como:
Conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter,
por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo
das mensagens, obter indicadores quantitativos ou não, que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção e/ou recepção das mensagens.
Ainda segundo a autora, a análise de conteúdo é um conjunto de
técnicas de análise das comunicações. Não se trata de um instrumento, mas de um
leque de apetrechos. Para a autora, a intenção da análise de conteúdo é a inferência
de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de
recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não).
Ainda nessa ótica, refere Bardin que a análise de conteúdo se assenta
implicitamente na crença de que a categorização (passagem de dados brutos a
dados organizados) não introduz desvios (por excesso ou por recusa) no material,
mas que dar a conhecer índices invisíveis, ao nível dos dados brutos.
A categorização é uma operação de classificação de elementos
constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento
segundo o gênero (analogia), com os critérios previamente definidos. A
categorização é um processo de tipo estruturalista e comporta duas etapas:
inventários (isolar os elementos) e classificação (repartir os elementos) (BARDIN,
1977).
100
Segundo Dencker (2001), a análise de conteúdo tem seu foco voltado
para os significados das palavras, por isso à necessidade de classificar o texto de
acordo com as categorias definidas pelo pesquisador
A análise de conteúdo busca compreender os fragmentos latentes nas
estruturas das mensagens em apreciação. Dessa forma, a análise dos discursos
tem início com a categorização temática que pode ser entendida como o
agrupamento de elementos com características comuns, obtidos via entrevistas e
reunidos sob um título genérico.
4.8 As categorias analíticas
Segundo Dencker (2001), para a análise de conteúdo é necessário
classificar em categorias preestabelecidas os elementos de um texto. Esses
elementos podem ser de diferentes tipos, como palavras, frases, parágrafos ou
documentos inteiros.
Bardin (apud Dencker,2001, p.182) afirma que:
a categorização é uma operação de classificação de elementos
constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por
reagrupamento segundo o gênero (analogia), com critérios
previamente definidos.
Oliveira (2007), sugere que se estabeleça categorias para o trabalho
ficar coerente e sistematizado.
Neste item, apresenta-se algumas considerações sobre as categorias
analíticas desta pesquisa, ou seja, procede-se à conceituação de cada uma das
categorias, sua respectiva justificativa e a relação de cada uma delas com este
estudo. São, portanto, categorias desta investigação: Responsabilidade Social,
como categoria mestra, sustentabilidade, inclusão Social, reflexividade e
complexidade.
101
4.8.1 Responsabilidade Social
Para o Instituto Ethos, Responsabilidade Social empresarial é:
A forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da
empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo
estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o
desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos
ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a
diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais
(ETHOS, WWW).
no contexto das Instituições de Ensino Superior, pode-se definir
Responsabilidade Social como:
A Responsabilidade Social da instituição, considerada especialmente
no que se refere à sua contribuição em relação à inclusão social, ao
desenvolvimento econômico e social, à defesa do meio ambiente, da
memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural
(BRASIL, 2004)
Justifica-se a escolha desta categoria de análise, tendo em vista o
objetivo geral desta pesquisa que assenta-se em investigar de que forma a
Responsabilidade Social tem contribuído para Desenvolvimento Sustentável das
Instituições de Ensino Superior da cidade do Recife. A partir das entrevistas,
questionários e análise de conteúdo foi possível verificar como esta contribuição
acontece.
4.8.2 Sustentabilidade
Segundo o Relatório “Brundtland”, elaborado em 1987, pela Comissão
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, desenvolvimento
sustentável é “desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias
necessidades”. Segundo Camargo (2007), esse conceito consolidou-se na década
de 90 quando houve a constatação de que os sistemas naturais do planeta são
limitados para absorver os efeitos da produção e do consumo, e que a busca pelo
102
desenvolvimento sustentável está diretamente ligado ao fim da pobreza, a satisfação
básica de alimentação, saúde e habitação, a busca de novas matrizes energéticas
que privilegiem as fontes renováveis e a inovação tecnológica.
Segundo Bruseke (apud Camargo, 2007, p.66), foi Ignacy Sachs quem
formulou os princípios básicos do desenvolvimento sustentável, as quais se destaca:
1.A satisfação das necessidades básicas; 2. A solidariedade com as
gerações futuras; 3. A participação da população envolvida; 4. A
preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral; 5.
A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança
social e respeito a outras culturas; 7. Programas de educação.
Desta forma, o conceito de sustentabilidade será aplicado a IES
estudada, que nesta pesquisa serão analisadas sob a ótica de uma instituição
sustentável, que investe na qualidade do ensino e tem a responsabilidade de
formular e mediar conhecimentos através de uma formação integrada à realidade
social e preocupada com uma boa formação profissional que leve em consideração
o desenvolvimento da capacidade de resposta dinâmica, reflexiva, complexa e
autônoma.
Por fim, justifica-se a escolha desta categoria de análise, tendo em
vista um dos objetivos desta pesquisa que assenta-se em identificar a correlação
existente entre Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável nas
Instituições de Ensino Superior do Recife. A partir das entrevistas, questionários e
análise de conteúdo foi possível verificar como esta contribuição acontece.
4.8.3 Inclusão Social
A inclusão social é compreendida como um processo que funciona em
conjunto com a sociedade a favor dos excluídos, com o objetivo de minimizar as
desigualdade e garantir a equiparação de oportunidades e de direitos. Desta forma,
pode-se afirmar que o conceito de inclusão social social diz respeito as questões
relacionadas a ser cidadão e a poder participar das atividades, isto é, ter cidadania.
103
Segundo Gil (2002), são valores que norteiam a inclusão social: A
aceitação e a valorização da diversidade, o exercício da cooperação entre diferentes
e a aprendizagem da multiplicidade.
Para Almeida e Silva (2007, p.21):
Inclusão, hoje, deve estar referida, necessariamente, às condições
de meios de vida com dignidade. Isto supõe possibilidade de acesso
a recursos materiais como habitação, alimentação e vestuário;
acesso à educação formal, aos recursos para a manutenção da
saúde e ao lazer; saúde emocional para permitir uma vonvivência
social confiável.
Segundo o Ministério da Educação, quando se pensa em inclusão social,
automaticamente se faz referência a necessidade de se buscar a igualdade para
todos os seres humanos e na busca por valores éticos socialmente desejáveis por
parte dos membros das comunidades, sendo assim inclusão social é um caminho
para um trabalho que visa à democracia e à cidadania. Desta forma, afirma-se que:
A inclusão, abrangendo conceitos como respeito mútuo,
compreensão, apoio, eqüidade e autorização, não é uma tendência,
um processo ou um conjunto de procedimentos educacionais
passageiros a serem implementados. Ao contrário, a inclusão é um
valor social que, se considerado desejável, torna-se um desafio no
sentido de determinar modos de conduzir nosso processo
educacional para promovê-la. Não haverá um conjunto de práticas
estáticas, e sim uma interação dinâmica entre educadores, pais,
membros da comunidade e alunos para desenvolver e manter
ambientes e oportunidades educacionais que serão orientadas pelo
tipo de sociedade na qual queremos viver. (MEC, 2003, p.15)
Justifica-se a escolha desta categoria de análise, tendo em vista o objetivo
desta pesquisa em: verificar até que ponto a Responsabilidade Social vivenciada, no
âmbito das IES, pode contribuir para a inclusão social. A partir das entrevistas,
questionários e análise de conteúdo foi possível detectar como está ocorrendo ou
não a inclusão social.
4.8.4 Reflexividade
Segundo Schön (2000), a reflexividade é um termo que se refere ao
estudo das teorias do conhecimento, adquirido através de atividades práticas. Esta
nova metodologia de ensino resulta na reflexão-na-ação que exige do professor uma
104
capacidade de prestar atenção nos alunos individualmente, isto é, reconhecendo
suas habilidades e dificuldades.
Segundo o autor, os professores precisam identificar uma maneira de
desenvolver atividades práticas que atendam as necessidade do alunos dentro da
sala de aula, é necessário incentivar a formação contínua, a pesquisa e a reflexão
sobre as ações desenvolvidas.
Baseados nestes ideais, a universidade formaria profissionais mais aptos
a atender as necessidade do mercado e a resolver problemas. Para o autor, “a
formação do profissional reflexivo exige um pensar crítico sobre a prática uma
reflexão-na-ação acompanhada de um conhecer-na-ação, isto é, de conhecimentos,
valores, percepções, conceitos e pressupostos aprendidos e que acompanham o
profissional no seu cotidiano (idem, p. 33)
Segundo Aredes,
Reflexividade é uma característica dos seres racionais conscientes;
todos os seres humanos são reflexivos, todos pensamos sobre o que
fazemos. A reflexividade é uma auto-análise sobre nossas próprias
ações, que pode ser feita individualmente ou com os outros (Aredes,
2005 p.653)
A proposta de reflexividade de Paulo Freire: É uma proposta,
assentada no processo da ação-reflexão-ação, também visa à
formação da consciência política. No conhecido “Método Paulo
Freire” começa-se por tomar distância do contexto concreto para
uma análise crítica dos fatos, através da codificação ou
representação de situações existenciais dos educandos e, num
segundo momento, passa-se à descodificação feita pelo diálogo
educador educandos, abrindo possibilidades à análise crítica em
torno da realidade codificada (Aredes, 2005, p.654).
Justifica-se a escolha desta categoria de análise, tendo em vista o
objetivo desta pesquisa, nomeadamente de verificar se os projetos de
Responsabilidade Social das IES possibilitam aos estudantes o desenvolvimento do
pensamento crítico-reflexivo. A partir das entrevistas, questionários e análise de
conteúdo foi possível detectar como a reflexividade esta sendo divulgada.
105
4.8.5 Complexidade
Segundo Morin (2007), a complexidade, significa tecido junto, é uma
escola filosófica que propõe uma abordagem multidisciplinar e multireferencial para
a construção do conhecimento, isto é, o mundo como um todo indissociável e
interdependente, que não admite o reducionismo e integra os diferentes modos de
pensar.
Segundo o autor, a complexidade trouxe questionamentos sobre a
fragmentação e a destruição do conhecimento. Ela traz consigo uma educação
emancipadora que favorece a reflexão, o questionamento e a transformação social.
Desta forma, o autor deseja unir todo o conhecimento separado, e acabar com o
retalhamento das disciplinas” (MORIN, 2007, p. 14).
Nesta contexto, definiremos complexidade como:
O desafio da globalidade, é também um desafio de complexidade.
Existe complexidade, de fato, quando os componentes que
constituem um todo (como o econômico, o político, o sociológico, o
psicológico, o afetivo, o mitológico) são inseparáveis e existe um
tecido interdependente, interativo e inter-retroativo entre as partes e
o todo, o todos e as partes (ibidem,ibidem).
Para o autor, o pensamento complexo não se limita à ciência, a
matemática ou à filosofia, mas servi de ponte para a integração dos conhecimentos
e resolução dos problemas. Por isso, afirma-se que a complexidade exige uma
reforma de pensamento, o que leva a necessidade de reformar a universidade,
fazendo-a se adaptar à sociedade.
É preciso substituir um pensamento que isola e separa por um
pensamento que distingue e une. É preciso substituir um pensamento que disjuntivo
e redutor por um pensamento do complexo, no sentido originário do termo
complexus: o que é tecido junto (ibidem, p.89).
Almeida (2002), corrobora com as idéias expostas por Morin e afirma
que o modelo cartesiano do pensamento começa a se esgotar, pois todo o
pensamento redutor, implica em políticas sociais redutoras, parciais, cerceadoras
das pontecialdiades e liberdades humanas.
Segundo a autora, faz-se necessário o fim das explicações unilaterias e
totalizadoras e o aparecimento de uma nova proposta de articulação do
106
conhecimento num apelo claro e aberto, que supere a disciplinaridade e crie a
“civilização da idéias”.
A autora chama a atenção ainda, para o importante papel
desempenhado pelos professores na construção de um pensamento complexo.Para
ela, o professor é mais que um simples transmissor de conhecimento, ele é uma
referência do pensar para o aluno que tem a função de estimular o pensamento e
alterar a maneira de ver o mundo.
Ressalta-se que a complexidade como categoria analítica, visa
identificar nos alunos, professores e coordenadores uma visão menos reducionista e
uma preocupação com o todo, isto é, não se pode mais admitir alunos e futuros
profissionais que não sejam criticos e desejem compreender as diferenças
existentes no planeta.
Com base nos conceitos acima apresentados justifica-se a escolha
desta categoria de análise, tendo em vista o objetivo desta pesquisa, de verificar se
os projetos de Responsabilidade Social das IES possibilitam aos estudantes o
desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo. Esse conhecimento será
identificado a partir da análise dos discursos das entrevistas, questionários.
107
PARTE III
CAPITULO V
5 UMA LEITURA ANÁLITICA DOS DADOS SOBRE A
VIVÊNCIA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL NO
ENSINO SUPERIOR
Neste item do trabalho é apresentada a análise dos dados, isto é, a
análise das entrevistas semi-estruturadas aplicadas aos coordenadores e
professores, e dos questionários aplicados em parte dos alunos do último período
dos cursos de Administração, Pedagogia, Enfermagem e Direito.
A escolha dos cursos levou em consideração as estatísticas
apresentadas pela ABMES no ano de 2008 no Brasil e no Nordeste. Segundo os
dados apresentados pela ABIMES, cerca de 28% dos projetos de Responsabilidade
Social foram direcionados para Saúde, 34% para Ciências Aplicadas e 18% para
Ciência Humanas. Além disso, após análise de todos os cursos e projetos
desenvolvidos na instituição estudada, verificou-se que os cursos mais ativos nessas
atividades eram os cursos de Administração, Enfermagem, Pedagogia e Direito, que
representam 4 (quatro) áreas do saber: Gestão, Saúde, Educação e Ciências
Humanas. Essas estatísticas e a comprovação da atuação desses cursos dentro da
IES foi responsável pela limitação do estudo.
Para a análise dos dados foi utlizada a análise de conteúdo,
considerando as categorias analíticas: Responsabilidade Social, Sustentabilidade,
Inclusão Social, Reflexividade e Complexidade, juntamente com os discursos
expostos nas entrevistas e questionários.
O trabalho apresenta os discursos dos coordenadores, dos professores
e dos alunos de Administração, Pedagogia, Enfermagem e Direito. Ressalta-se que
na instituão estudada os coordenadores, na maioria das vezes também eram
professores, contudo levou-se em consideração seu discurso como coordenador.
Outro ponto de destaque é que a amostra escolhida foi aleatória e não-
probabilística.
108
5.1 Contribuições dos projetos de Responsabilidade Social para
o Desenvolvimento Sustentável
Neste item, faz-se uma leitura analítico-interpretativa sobre as
contribuições dos projetos de Responsabilidade Social para o Desenvolvimento
Sustentável internamente na IES que serviu para relização desta pesquisa. Aqui,
será dada ênfase as categorias Responsabilidade Social e Sustentabilidade.
Nas entrevistas realizadas, foram realizadas duas perguntas relativas a
Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável. Entretanto as outras
categorias analíticas também surgem nos discursos. Pergunta 1: O que você
entende por Responsabilidade Social e Sustentabilidade no ensino superior?” e
Pergunta 2: Você considera que o ensino superior nesta Instituição tem sido gerido
sob os fundamentos da Responsabilidade Social? De que forma?”. Baseada nas
respostas obtidas, realizou-se a análise a seguir.
Coordenador 1:
Resposta 1: É a participação de cada pessoa dando a sua contribuição a
sociedade. É a responsabilidade de cada um de nós quanto ao coletivo.”
Resposta 2: “Na (...) todos os cursos de graduação apresentam em seus
projetos pedagógicos projetos sociais que visam a participação dos cursos em
comunidades, onde os alunos tem a oportunidade de vivenciarem na prática o
planejamento e execução de ações sociais.”
Nestes fragmentos de discurso, o entrevistado aponta para questões
referentes à Sustentabilidade e à Responsabilidade Social quando cita as questões
relacionadas a participação individual e coletiva do ser humano na sociedade.
Quando indagado sobre a Responsabilidade Social da instituição em que trabalha,
ele afirma que a IES é socialmente responsável e cita a participação em projetos
sociais com a comunidade e a possibilidade dos alunos vivenciarem a prática. Neste
discurso pode-se perceber a relação com a Responsabilidade Social ao considerar o
conceito dado pelo Instituto Ethos, que afirma A forma de gestão que se define pela
relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se
109
relaciona(...)”. Então, pode-se fazer referência ao trecho citado pelo entrevistado
responsabilidade de cada um de nós quanto ao coletivo que nos remete as
questões relacionadas a Inclusão Social, por outro lado percebe-se também a
presença da Reflexividade ao se analisar o trecho do discurso oportunidade de
vivenciarem na prática o planejamento e execução de ações sociais”, que se
enquadra nos conceitos apresentados por Schön (2000), quando afirma que a
Reflexividade é um termo que se refere ao estudo das teorias do conhecimento,
adquirido através de atividades práticas .
Coordenador 2:
Resposta 1: “Antes uma faculdade, hoje uma obrigação. As IES sentem-se no dever
não legal, mas também moral e social de contribuir com a sociedade através de
um processo de troca. O aluno ganha conhecimento prático/emprírico em sua área e
a comunidade recebe o serviço prestado sem ônus. Enfim, Responsabilidade Social
é o compromisso de usar o produto ou serviço de uma empresa em benefício de um
grupamento de pessoas tendo este critério como um princípio de Sustentabilidade
do ensino superior através do tripé: ensino, pesquisa e extensão.”
Resposta 2: “Sim. Está no projeto pedagógico do curso de Direito e do regimento da
IES a previsão das atividades de extensão; desde o surgimento do campus Recife a
implementação de um departamento/diretoria de extensão comprova a valorização
desta casa para com a comunidade. Ainda, temos a SONES-Semana de Extensão e
o estímulo deste tipo de atividade complementares e trabalho discente efetivo
TDE.”
Na sequência desta análise, foi possível identificar no discurso do
Coordenador 2, um entendimento de Responsabilidade Social voltada para os
critérios do SINAES, que exige que a IES possuam atividades que propocionem aos
alunos a prática. Pode-se identificar nesse discurso características das categorias:
Sustentabilidade, Reflexividade e Inclusão Social, quando o entrevistado cita a
necessidade do aluno praticar, enquanto a comunidade é beneficiada. Nesta ótica, o
entrevistado afirma que a Responsabilidade Social na instituição estudada é algo
presente desde o surgimento do campus Recife. Também percebe-se nesse
discurso uma visão limitada apenas ao curso do qual é coordenador, assim não é
possível observar no discurso identificar a categoria Complexidade.
110
Professor 1:
Resposta 1: “Responsabilidade ligada a função social da sociedade e as políticas
públicas onde o cidadão colabora efetivamente para o engrandecimento social.”
Resposta 2: “Sim. Através do projeto escola Abelhinha, bem como através das
atividades institucionais, como a realização de projetos junto à comunidade carente.”
Nos fragmentos do discurso do Professor 1, surgem questões
referentes a Sustentabilidade e a Responsabilidade Social, quando ele cita pontos
relacionados a função social, a políticas públicas e ao engrandecimento social.
Nestes itens percebe-se uma preocupação com o futuro e com o comportamento do
homem na sociedade. Quando indagado sobre a Responsabilidade Social da
instituição em que trabalha, ele afirma que a IES possui e justifica através dos
projetos institucionais realizados que colaboram com a comunidade. Portanto, pode-
se, novamente, fazer referência a Inclusão Social e a Reflexividade, pois é
incentivada a possibilidade dos alunos colocarem em prática o que estudam em sala
de aula.
Professor 2:
Resposta 1: “O conhecimento científico técnico têm que estar intrinsecamente
ligados ao compromisso de promover uma sociedade civil mais justa, solidarria, de
diminuir as desigualdades sociais de forma contínua e muito sólida. Os alunos
precisam se preparar para um mercado de trabalho com capacidades de resolver
problemas não apenas técnicos mas também e, principalmente de relações
humanas”
Resposta 2: “Sim. A (...) trabalha com muitos projetos sociais que, de maneira
harmônica, integra o aluno ao tripé ensino-pesquisa-extensão, através de oficinas
(enfermagem), atendimentos fisioterápicos, consultórios jurídicos nas áreas de
direito civil, previdenciários, trabalhista e penal, elaboração e distribuição de
cartilhas, campeonatos em comunidades carentes (educação física)”.
111
Na sequência desta análise, foi possível identificar no discurso do
Professor 2, uma visão mais global das questões relacionadas a Sustentabilidade e
Responsabilidade Social, quando ele cita a importância de se manter uma ligação
entre a teoria e a prática, além da necessidade de colaborar com a promoção de
uma sociedade mais justa, solidarria e que busque diminuir as desigualdades
sociais.
Para o Professor 2, os trabalhos sociais desenvolvidos pela IES o
importantes para a formação profissional dos alunos, tendo em vista que no
mercado organizacional não são exigidos apenas habilidade técnicas, mas nas
relações humanas também. Neste discurso, pode-se observar o cuidado com a
formação pessoal do aluno e não apenas profissional. Ele afirma que a IES tem
Responsabilidade Social e cita alguns projetos que são realizados por vários cursos.
Nesta perspectiva, além das categorias Sustentabilidade e Responsabilidade Social
pode-se destacar as questões relacionadas a Inclusão Social, Reflexividade e
Complexidade.
Aluno Adm 1:
Resposta 1: “Ato que uma organização promove com a comunidade a sua volta.
Sutentabilidade é dar condições aos alunos do ensino superior a “caminhar com
suas próprias pernas.””
Resposta 2: “Sim, pois promove atividades extra-curriculares voltada para a
população menos favorecida”
O entrevistado aponta para questões referentes a Sustentabilidade e a
Responsabilidade Social quando cita a comunidade local e sente a necessidade de
caminhar com suas próprias pernas”. Logo, pode-se afirmar que ele consegue
identificar a importância de colaborar com o desenvolvimento da comunidade local e
da IES prestar uma serviço de qualidade a seus alunos. O entrevistado confirma a
participação da sua IES no grupo das entidades socialmente responsáveis quando
afirma que no decorrer do curso participou de atividades extra-curriculares voltada
para a população menos favorecida.” Portanto, pode-se identificar no seu discurso
as categorias Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Inclusão Social.
112
Aluno Adm 2:
Resposta 1: “É transmitir a importância do envolvimento nas questões sociais da
comunidade e meio ambiente”
Resposta 2: “Sim, pois ao longo do curso tivemos vários trabalhos envolvendo
comunidades, como participação em creche, participação em Associação
Comunitária e projetos ambientais.”
Na sequência desta análise, foi possível identificar no discurso do
Aluno Adm 2, uma atenção para as questões sociais e ambientais, fato que faz
referência a Sustentabilidade, a Responsabilidade Social e a Inclusão Social. O
Aluno Adm 2, confirma a partipação da IES em trabalhos sociais tais como,
trabalhos com creche, associação comunitária e projetos preocupados com as
questões ambientais. Fato que intensifica a ligação com as categorias já citadas.
Aluno Adm 3:
Resposta 1: “É a obrigação de ajudar a comunidade em que a instituição está
inserida. Não esperar ações apenas do Estado, mas possibilitar desenvolvimento
para toda comunidade.”
Resposta 2: “Sim. Pois, conhecemos vários projetos da IES no sentido que melhorar
a qualidade de vida da comunidade vizinha. Por exemplo, a escola infantil abelhinha.
No discurso do Aluno Adm 3 foi possível identificar a
Responsabilidade Social como uma obrigação da instituição para com a comunidade
local. Segundo o aluno, a IES não pode ficar parada, observando os problemas
sociais se agravarem, ela não deve só esperar por ações do Estado, e sim colaborar
com o desenvolvimento da comunidade. Nesta linha de raciocínio, ele afirma que a
IES tem uma gestão preocupada com as questões sociais e ambientais quando cita
os trabalhos promovidos pela escola infantil abelhinha. Neste discurso é possível
perceber a categoria Complexidade, quando o Aluno Adm 3 apresenta uma visão
do todo, onde coloca a IES e o Estado com obrigações similares de colaborar com o
113
desenvolvimento local. Nesta perspectiva pode-se identificar também as categorias
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Inclusão Social.
Aluno Adm 4:
Resposta 1: “É a maneira como a universidade interage com o ambiente a seu redor,
passando para os alunos, através de conscientização e de ações a importância da
Responsabilidade Social no contexto sócio-econômico.”
Resposta 2: “Acho que sim, pois criou algumas ações sociais importantes, como a
ajuda à comunidade vizinha, mas ainda está longe do ideal, poderiam ser criados ,
com a ajuda dos alunos, muito mais campanhas.”
Na percepção do Aluno Adm 4, Responsabilidade Social está limitada
a integração existente dos alunos dentro da IES. Ele chama a atenção para a
conscientização dos alunos, para os problemas sociais e economicos, e para as
ações promovidas pela IES, contudo não descreve essas ações, fato que
impossibilita inferir mais detalhes nesse discurso. Ele confirma que a IES tem sua
gestão focada para problemas sociais, mas conclui afirmando que ainda muito o
que fazer, tendo em vista que a instituição precisa envolver mais os alunos na
promoção dessas campanhas. Sendo assim, além das categorias Responsabilidade
Social e Sustentabilidade, pode inferir também as questões relacionadas a Inclusão
Social e Reflexividade quando ele fala que a IES ainda está longe do ideal”. Neste
momento, percebe-se uma preocupação maior com os problemas econômicos,
sociais e ambientais.
Aluno Adm 5:
Resposta 1: Responsabilidade Social é um fator muito importante e humano
também. Empresas que ajudam e se comprometem a ajudar são empresas bastante
conceituadas e com uma “grade” diferenciada.”
Resposta 2: “Sim. Empregando as pessoas das comunidades vizinhas na própria
universidade, garantindo dignidade a elas.”
114
O exposto no discurso do Aluno Adm 5, nos leva a refletir quanto ao
lado humano da organização educacional e da importância de colaborar com
questões sociais, levando em consideração questões relacionadas ao marketing e
as obrigações das empresa. Ele confirma a IES como uma empresa socialmente
responsável e apresenta como razão a contratação de pessoas da comunidade.
Neste discurso percebe-se um entendimento de Responsabilidade Social voltada
para o marketing, visto que pode se entendido como um diferencial competitivo,
desta forma não se pode inferir a categoria Sustentabilidade deste discurso.
Aluno Pedag 1:
Resposta 1: “Responsabilidade Social é está ciente de que somos responsáveis por
tudo o que ocorre na sociedade”
Resposta 2: “Sim, pois no decorre do curso somos conscientizados de que
desempenhamos papéis sociais e somos responsáveis pelo que ocorre na
sociedade.”
Ao analisar o discurso do Aluno Pedag 1, percebe-se uma
preocupação com o bem-estar e o futuro da sociedade, quando afirma que todos
têm sua parcela de responsabilidade na sociedade. Ele acredita que a IES tem
Responsabilidade Social. Segundo o aluno, a IES tem um trabalho constante de
conscientização dos alunos em prol da sociedade. No decorrer do discurso,
percebe-se uma visão da sociedade limitada ao comportamento do homem. É
importante frisar que a busca da Sustentabilidade começa pelo comportamento do
homem em sociedade, mas este não é o único aspecto a ser trabalhado. É
necessário mudar a maneira de agir e pensar, é preciso muitas mudanças para
alcançarmos uma sociedade sustentável. Logo, só é possível inferir neste discurso a
categoria Responsabilidade Social e um início da visão de Sustentabilidade.
Aluno Pedag 2:
Resposta 1: É um compromisso ético que teremos que ter em relação a sociedade
como: responsabilidade, ética, compromisso, caráter, atitude, com nós mesmo e o
próximo.”
115
Resposta 1: “Sim. Por que foi através deste que abrimos os olhos para entender as
pessoas e a sociedade, de forma global a saber: cognitiva, psicomotor, social,
emocional.”
Na percepção do Aluno Pedag 2, a Responsabilidade Social é algo
que será exigido num futuro, ele relaciona Responsabilidade Social a valores e
princípios que deveriam ser individuais e coletivos aos mesmo tempo. É uma
percepção responsável, pois pode-se afirmar que pessoas éticas, compromissadas,
com caráter e atitude sustentáveis, são pessoas mais preocupadas com o contexto
geral da sociedade. Portanto, ele concorda que a instituição tem Responsabilidade
Social e afirma que esses projetos possibilitam um maior entendimento das pessoas
e da sociedade. Nesta perspectiva pode-se inferir as questões relacionadas a
Responsabilidade Social e Sustentabilidade.
Aluno Pedag 3:
Resposta 1: “É a atenção dada pelas organizações (...) que venham a melhorar e
proteger o bem estar da sociedade visando também atingir seus próprios
interesses.”
Resposta 2: “De certa forma , sim. Através dos contextos (disciplinas) que são
apresentadas em sala de aula. Esses por sua vez trazem informações atualizadas
da necessidade da sociedade, além de trazer desafios aos alunos para que esses
busquem uma boa formação.”
No processo de análise do discurso do Aluno Pedag 3, percebe-se
uma visão mais global quando ele afirma que é um trabalho feito por organizações
que tem como objetivo melhorar a sociedade e atingir seus próprios objetivos. A
visão deste aluno, apresenta os dois lados da Responsabilidade Social, pois ao
mesmo tempo que é um compromisso assumido a favor do bem-estar da sociedade,
é também uma forma da atuação da empresa aparecer de forma positiva para seus
clientes e investidores. É uma forma de marketing e de diferencial competitivo,
conforme conceitua o Instituto Ethos como A forma de gestão que se define pela
relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se
relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o
116
desenvolvimento sustentável da sociedade
(...).”
Quando indagado sobre a
Responsabilidade Social da instituição em que estuda, o aluno não foi incisivo em
sua resposta, contudo, apresentou algumas maneiras em que a IES trabalhou de
forma socialmente responsável, além disso, ele afirma que essas atividades são
encaradas como desafios que auxiliam na boa formação dos alunos. Desta forma,
inferi-se nesse discurso as categorias Responsabilidade Social e Sustentabilidade.
Aluno Pedag 4:
Resposta 1: (...) diz respeito aos direitos e deveres que o ser humano tem de ter
sob seu meio social (incluí-se todos).”
Resposta 2: “Não muito, pois na “maioria” das vezes são nos impostos coisas, antes
de saber a respeito do nosso ponto de vista. A responsabilidade pessoa/social têm
de se atender a todos, uma vez que temos direitos a serem cumpridos.”
Do exposto no discurso do Aluno Pedag 4 deduz-se uma pequena
insegurança ao conceituar Responsabilidade Social, visto que o conceito
apresentado por ele trás a idéia dos conceitos de Inclusão Social e de direito e
deveres dentro da sociedade. Esse discurso pode ser melhor incluído nos termos da
Inclusão Social, bem mais que nos da Responsabilidade Social. Também não se
pode inferir a questão da Sustentabilidade nesse discurso. A percepção é que o
aluno não acredita na Responsabilidade Social da instituição e reclama que os
projetos são, as vezes, criados e impostos. É uma percepção interessante uma vez
que esta pesquisa buscou verificar, também, formas de Reflexividade crítica.
Acredita-se que este aluno, como outros, talvez tivesse interesse em criar seus
próprios projetos e quem sabe dirigí-los e ao final analisar seus resultados e não
apenas participar deles com o objetivo individual de nota. Desta forma, inferi-se a
questão da Reflexividade nesta discurso, tendo em vista seu desejo por seu ouvido
e participar das decisões.
Aluno Pedag 5:
Resposta 1: Refere-se a reponsabilidade que é cabível a todos, tendo a
consciência de assumir o compromisso de sempre agir ciente de que suas atitudes
serão/são reflexo para um futuro muito próximo, podendo atingir um todo.
117
Resposta 2: “Sim. Pois estamos sempre tratando temas trabalhados por autores que
se regem pela visão de totalidade, tendo como foco o bem estar o de um ou
alguns, mas a ação que reflete e interfere no futuro de todos.”
O Aluno Pedag 5 considera a Responsabilidade Social como algo
coletivo, onde todos devem estar concientes de seu papel e assumir o compromisso
individual com o “todo”. Ele destaca as questões relacionadas a Sustentabilidade e
Responsabilidade Social quando chama a atenção para nossas atitudes de hoje que
refletem num futuro muito próximo. Este discurso apresenta-se como o mais próximo
que se chegou dos conceitos de Sustentabilidade, visto a preocupação em tornar o
presente algo melhor, para termos um futuro garantido. O Aluno Pedag 5 afirma
que a instituição tem Responsabilidade Social e que ela é transmitida aos alunos
através de temas em sala, cujo o foco é o bem-estar de todos para um futuro.
Novamente, o aluno trás a tona o tema da Sustentabilidade quando fala de visão
global e futuro comum.
Aluno Enf 1:
Resposta 1: “Diz respeito ao cumprimento dos deveres e obrigações dos indíviduos
para com a sociedade. E, Sustentabilidade é a chave para a mudança na evolução e
desenvolvimento da sociedade.
Resposta 2: “Sim. Visto que acrescenta valores à formação de um cidadão crítico e
participativo, levando-nos a pensar e agir com vistas a melhorar o bem-estar da
sociedade.”
Nestes fragmentos de discurso o entrevistado aponta claramente para
as questões referentes a Responsabilidade Social e a Sustentabilidade, quando
afirma que estes conceitos estão relacionados ao cumprimento das obrigações e
dos deveres existentes na sociedade e quando cita a necessidade de mudar e
evoluir para o desenvolvimento da sociedade. Percebe-se uma preocupação com o
futuro da sociedade, fato que traz consigo a idéia de Sustentabilidade. O
entrevistado afirma que a IES onde estuda tem Responsabilidade Social e cita o fato
de gerar em seus alunos novos valores, isto é, formar cidadãos preocupados com o
118
futuro da sociedade e seu bem-estar. Mais uma vez pode-se fazer referência aos
princípios de Sustentabilidade, deivido a preocupação com o futuro e com as
questões de bem-estar social. Também pode-se inferir questões relacionadas a
Reflexividade, pois o entrevistado afirmar que as ações acrecentam valores à
formação de um cidadão crítico e participativo”.
Aluno Enf 2:
Resposta 1: “Responsabilidade do indivíduo dentro da sociedade e o
desenvolvimento e a manutenção da qualidade na instituição de ensino.”
Resposta 2: “As vezes, pois a instituição tem projetos de ação social como:
atendimento a população de baixa renda e distribuição de alimentos não perecíveis
entre outros.”
No discurso do Aluno Enf 2, deduz-se um entendimento de
Responsabilidade Social mais voltado para o indíviduo em sociedade e para
questões educacionais. Na percepção do Aluno Enf 2, a Responsabilidade Social
está presente em algumas atividades desenvolvidas pela instituição. Neste
discurso, pode-se inferir a categoria Responsabilidade Social em seu primeiro
discurso e Inclusão Social no segundo.
Aluno Enf 3:
Resposta 1: “É o individuo ter compromisso em sua vida acadêmica, buscando
enriquecer seu conhecimento científico, tendo a responsabilidade com a saúde, a
educação da comunidade, o ensino superior capacitado.”
Resposta 2: “Sim, através de vários projetos implantados pela mesma, buscando
melhoria da sociedade.”
neste fragmento de discurso o entrevistado apresenta inicialmente
uma visão limitada ao mundo acadêmica de sua IES, em seguida ele cita questões
relacionada a saúde, a educação da comunidade e ao ensino superior capacitado”,
fatos que fazem referência a Responsabilidade Social e Sustentabilidade. O
entrevistado admite que os projetos implantados trouxeram melhoria da qualidade
119
de vida aos beneficiados. Dentro deste contexto, pode-se afirmar que existe uma
noção de Responsabilidade Social dentro de Instituições de Ensino Superior,
contudo ela ainda é muito limitada.
Aluno Enf 4:
Resposta 1: “É os professores (mestres) oferecer um ensino de qualidade e rico em
conhecimento cientifico; e está seguro no que esta ensinando com auto
responsabilidade.”
Resposta 2: “Sim. Com responsabilidade e dignidade com os seus alunos,
encaminhando-os para os campos de práticas, com professores de grande
conhecimento científico.”
na percepção do Aluno Enf 4, percebe-se uma visão ainda mais
limitada, pois o aluno está colocando toda a responsabilidade da instituição nas
mãos dos professores. Ele considera que a IES seja gerida sob os fundamentos da
Responsabilidade Social, apenas pelo fato de propocionar aos alunos a prática e o
conhecimento científico. Neste contexto, não se infere nenhuma das categorias.
Aluno Enf 5:
Resposta 1: “É a preocupação que a Instituição venha ter com os individuos ou
grupos de pessoas para pode-la inserir na sociedade. É ter responsabilidade com a
sociedade”
Resposta 2: “Sim, quando a Instituição em questão mantém uma escola infantil para
crianças da comunidade onde a instituição está inserida e fornece também um
serviço de reabilitação e defensoria jurídica.”
Na sequência desta análise sobre o entendimento dos alunos, foi
possível identificar no discurso do Aluno Enf 5 uma visão mais global dos conceitos
solicitados. O entrevistado afirma que Respondabilidade Social está ligada a
preocupação que a instituição tem com os indivíduos e os grupos e que esta pode
inserí-los na sociedade. É um compromisso que a IES assume com a sociedade e
com os alunos. Ele concorda que a instituição é socialmente responsável e justifica
120
através dos projetos desenvolvidos nas áreas de educação, saúde e jurídica. Dentre
os 5 discursos analisados dos alunos de enfermagem, pode-se afirmar que este
último foi o que apresentou uma visão mais global das questões de Sustentabilidade
e Responsabilidade Social. Desta forma, é possível inferir também o entendimento
de questões relacionadas a Complexidade, quando ele cita as várias áreas do
conhecimento para atuação com projetos sociais.
Aluno Direito1:
Resposta 1: “É a forma pela qual determinada entidade ou órgão busca meios para
exercer de fato a cidadania, proporcionando melhores condições para seus
integrantes.”
Resposta 2: “Muito pouco. Pois, esta instituição não tem investido fortemente nos
projetos sociais. São poucos os profissionais que buscam a interação entre a
instituição e a sociedade de um modo geral.”
O entrevistado, nestes fragmentos de discurso, aponta para questões
referentes a Sustentabilidade e Responsabilidade Social, quando afirma que uma
maneira que uma entidade tem de alcançar a cidadania ao mesmo tempo que
propociona melhores condições de vida. Nesse discurso pode-se inferir as
categorias acima citadas e a Inclusão Social, tendo em vista a preocupação com os
outros membros da sociedade. Quando indagado sobre a Responsabilidade Social
da instituição em que estuda, ele afirma que a IES para ser socialmente responsável
deve investir mais em projetos sociais e elevar a interação da IES com a sociedade.
Neste segundo momento não se observa a categoria Inclusão Social, nem a
Reflexividade.
Aluno Direito 2:
Resposta 1: “É a consciêntização dos professores e alunos para contribuição de
forma prática junto a sociedade como um todo, ou seja, de forma que possam
contribuir para a evolução.”
Resposta 2: “Sim, na medida que abre a cabeça para a consciência que cada um
fazendo sua parte pode desenvolver a convivência em sociedade mais pacífica.”
121
Na sequência desta análise, foi possível identificar no discurso do
Aluno Direito 2, um entendimento de Responsabilidade direcionado para a maneira
como os professores e alunos contribuem para o melhoramento da sociedade. Ao
responder a segunda questão ele afirma que a IES é gerida com base nos princípios
da Responsabilidade Social, pois ela conscientiza seus alunos a fazer uma
sociedade melhor. Portanto, inferi-se as categorias Sustentabilidade quando afirma
que os alunos podem “contribuir para a evolução, Inclusão Social e Reflexividade
quando afirma que “contribuição de forma prática junto a sociedade como um todo”
Aluno Direito 3:
Resposta 1: “Responsabilidade Social, seria a parcela de contribuição de cada
pessoa dentro de uma sociedade, para buscar acabar com as desigualdades
sociais.”
Resposta 2: “Sim. A cada semestre nossa instituição de ensino busca gerir/elaborar
projetos, voltados para responsabilidade social.”
O discurso do Aluno Direito 3, apresenta uma visão mais global
quando afirma que a Responsabilidade Social é composta por contribuições que
cada pessoa dar a sociedade, a fim de acabar com as desigualdades sociais. A
partir deste trecho pode-se perceber os ideiais presentes nas categorias
Sustentabilidade e Responsabilidade Social, quando o entrevistado afirma a
possibilidade de contribuir com a sociedade e acabar ou pelo menos diminuir as
desigualdade existentes. Em seguida, ele afirma que a instituição é gerida de forma
socialmente responsável, e justifica sua resposta com os trabalhos desenvolvidos a
cada semestre pela instituição.
Aluno Direito 4:
Resposta 1: “As pessoas que tem mais possibilidade, ajudar a quem tem menos.”
Resposta 2: “A Responsabilidade Social nessa instituição tem crescido muito com o
ótimo desempenho da atual diretoria de extensão, mas na minha opinião ainda tem
122
muito a se fazer. Não depende apenas dela, mais sim, de um empenho geral, de
toda direção, professores, alunos e funcionários.”
neste discurso o Aluno Direito 4, apresenta uma visão mais
limitada, visto que ele considera Responsabilidade Social apenas como ajudar
quem tem menos”. Percebe-se essa definição mais voltada a “esmola”, filantropia ou
voluntariado. Os conceitos de Sustentabilidade e a Responsabilidade Social pregam
uma diminuição das desigualdades sociais, ao mesmo tempo que possibilitem às
pessoas produzirem seu bem estar, de maneira que se trata de uma visão mais
global que busca bem-estar das pessoas envolvidas hoje e num futuro. Ao
responder a segunda questão, ele afirma que a IES tem aumentado o número de
trabalhos desenvolvidos. Ele afirma também que ainda muito o que fazer e que
esses projetos para serem bem sucedidos precisam do apoio de todos os
envolvidos, isto é, toda direção, professores, alunos e funcionários.
Aluno Direito 5:
Resposta 1: É a parcela que toda sociedade tem que realizar, para construir uma
realidade mais justa e solidarria, eliminando as desigualdades sociais.”
Resposta 2: “Sim. Através de atividades dos professores relacionado a orientação e
prestação dos serviços jurídicos, feitos pelo cleo de prática jurídica. Como
também, a escola abelhinha, que presta serviço educacional gratuito para as
crianças carentes.
na percepção do Aluno Direito 5, percebe-se uma preocupação
maior com os compromissos assumidos com a sociedade a fim de tornar a
sociedade um lugar mais justo, solidarrio e menos desigual. Já na segunda resposta,
o entrevistado afirma que a IES é socialmente responsável e cita alguns projetos nos
quais participou, tais como, orientação e prestação dos serviços jurídicos realizados
pelo núcleo de prática jurídica e a escola abelhinha, que atende gratuitamente as
crianças carentes. Desta forma, mais uma vez percebe-se presente no discurso as
categorias Sustentebilidade e Responsabilidade Social, juntamente com Inclusão
Social.
123
Depois da análise individual, pôde-se concluir do conjunto das
respostas, que os alunos pesquisados apresentaram um entendimento razoável
sobre as premissas da Responsabilidade Social e de Sustentabilidade, tendo em
vista os trabalhos que a IES onde estudam desenvolve e a participação dos alunos
nesses projetos. Vale descatar, que foi comum entre os discursos a necessidade de
melhorar e elevar o número de projetos desenvolvidos, juntamente com o número de
pessoas beneficiadas, assim pode-se afirmar que ainda tem-se um longo caminho a
melhorar.
Ressalta-se que a visão de Responsabilidade Social dentro da IES
segue dois vieses, pois pode-se atuar conforme os conceitos apresentados pelo
Instituto Ethos, ao mesmo tempo que tenta-se atender os pré-requisitos contidos no
Sistema Naciona de Avaliação – SINAES.
Percebe-se, também que a idéia de transformar a comunidade local no
ambiente mais agradarvel é forte na cabeça desses alunos, o que me faz concluir
que o caminho para se tornar de verdade uma instituição socialmente responsável é
longo, mais a peregrinação já foi iniciada.
Por fim, conclui-se a partir desses discursos que ainda muito o que
aprender, contudo algumas ações concretas estão sendo feitas e estão sendo
desenvolvidas novas ações por essas instituições. Além disso, percebe-se também
que os alunos querem participar deste movimento, querem colaborar e aprender ao
mesmo tempo. Também pode-se inferir e afirmar que a Responsabilidade Social
dessa IES colabora com a Sustentabilidade da comunidade, uma vez que
proporciona uma melhoria da qualidade de vida das pessoas beneficiadas.
5.2 Possibilidades de Inclusão Social fomentada por projetos de
Responsabilidade Social da Instituição de Ensino Superior
Neste item continua-se fazendo uma leitura anatico-interpretativa
sobre as contribuições dos projetos de Responsabilidade Social para o
Desenvolvimento Sustentável da IES, contudo neste momento a categoria principal
desta análise será Inclusão Social.
Desse modo, nas entrevistas realizadas, as seguintes questões
abordaram a categoria Inclusão Social. Pergunta 3: “ O que você entende por
124
Inclusão Social?” e Pergunta 4: Você conhece ou participou de algum projeto
nesta IES, que vise a Inclusão Social? Quais? Quais eram os objetivos?”. No âmbito
destas indagações foram obtidas as seguintes respostas, que ora passa-se a
analisar.
Coordenador 1:
Resposta 3: “Inclusão Social é permitir o acesso a todas as pessoas, independente
do segmento econômico e classe social as mudanças, necessidades e inovações.”
Resposta 4: “Sim. Projeto de inclusão digital pessoas residentes na comunidades
próximas à IES tiveram a oportunidade de receber curso de informática de várias
modalidades, ministradas pelos alunos dos cursos de graduação.”
O entrevistado aponta para questões referentes à Inclusão Social
quando cita as questões relacionadas permitir o acesso a todas as pessoas,
independente do segmento econômico e classe social”, com isto deseja-se que os
membros da sociedade possam acompanhar as mudanças que ocorrem nela. Aqui
pode-se fazer referência aos conceitos do MEC que afirma que Inclusão Social tem
haver com buscar a igualdade para todos os seres humanose de Almeida (2005)
quando afirma que o importante é dar “condições de meios de vida com dignidade
.
Quando indagado sobre sua participação e conhecimento nas atividades de Inclusão
Social da instituição em que trabalha, o Coordenador 1 afirma ter participado de
projetos que visava a inclusão digital de membros da comunidade. Outro ponto que
se destaca é que os cursos citados foram ministrados pelos alunos de graduação,
fato que faz referência aos conceitos de Reflexividade definidos por Schön (2000),
que afirmam a Reflexividade como algo adquirido através de atividades práticas que
resulta na reflexão-na-ação.
Coordenador 2:
Resposta 3: “A iniciativa de inserir socialmente grupamentos até então à margem da
sociedade seja por questões financeiras, de gênero e etc.”
Resposta 4: “Semestralmente o curso de Direito através de seus professores
projetam atividades envolvendo a comunidade carente e o aluno. Ainda temos o
125
Núcleo de Prática Jurídica que atende a comunidade carente gratuitamente através
de orientações jurídicas nas áreas civeis, trabalhista, penal e de família. Enfim,
existe 1 projeto fixo do NPJ e os pontuais conduzidos por cada professor, exemplo:
universo para todos, universo sem dúvidas onde todos tem por fim, orientar
juridicamente a comunidade carente.”
Na sequência desta análise, foi possível identificar no discurso do
Coordenador 2, um entendimento de Inclusão Social relacionado a diminuição da
exclusão social, pois o entrevistado afirma que a Inclusão Social é realizado para
grupamentos até então à margem da sociedade”, com isso pode-se , também, fazer
a referência aos conceitos defendidos pelo MEC e por Almeida (2005), citados
anteriormente, que afirmam que este conceito está relacionado a uma preocupação
com as pessoas que se encontram numa situação menos favorecida. Quando
perguntado sobre a participação nestes projetos, Coordenador 2 fala dos projetos
que o curso de Direito participa, elabora e desenvolve todo o semestre.
Professor 1:
Resposta 3: “Situar o excluído em razão da marginalização e da pobreza no sistema
social de educação, saúde, esporte e lazer.”
Resposta 4: “Sim. Participei do projeto de embião que realiza trabalho social junto a
comunidade carente com retirada de RG, corte de cabelo, distribuição de cestas
básicas, bem como esclarecimentos dos direitos e garantia sociais.”
Neste fragmento de discurso o entrevistado apresenta uma
preocupação com a inclusão de membros da sociedade que estão numa situação
pouco satisfatória. Ele fala da necessidade de inserí-los em um sistema que
possibilite seu acesso a educação, saúde, esporte e lazer. O texto retrata bem a
definição feita por Almeida (2005, p.21), que relaciona Inclusão Social a
necessidade de possibilidade de acesso a recursos materiais como habitação,
alimentação e vestuário; acesso à educação formal, aos recursos para a
manutenção da saúde e ao lazer; saúde emocional para permitir uma vonvivência
social confiável”. Neste contexto, ele afirma ter participado de projetos dentro da
instituição e destaca o projeto de embião que realiza retirada de RG, corte de
cabelo, distribuição de cestas básicas, bem como esclarecimentos dos direitos e
126
garantia sociais. Uma atividade muito importante se levarmos em consideração a
importância da relação de Inclusão Social e cidadania, e a necessidade do cidadão
ter seu documento de identificação, bem como ser esclarecido sobre seus direitos e
deveres para que possa atuar junto aos órgãos responsáveis. Desta forma,
confirma-se a existência da categoria Inclusão Social de forma clara.
Professor 2:
Resposta 3: “Proporcionar a participação ativa dos cidadãos ao exercício dos seus
direitos fundamentais (saúde, educação, lazer, segurança). Todos os cidadãos tem o
dever de ajudar, de contribuir para quem precisa e o necessitado tem o direito de
viver com dignidade e de retribuir com ações positivas.”
Resposta 4: “Sim. O Projeto Universo sem dúvidas, que consiste em um trabalho de
consultoria jurídica às comunidades carentes, esclarecendo dúvidas que envolvem
várias áreas do Direito ( cível, previdenciária, trabalhista e penal). Esse projeto tem
como objetivo a prática das várias áreas do direito e a prática de cumprir o
compromisso com a sociedade, especialmente com os excluídos.”
Na sequência desta análise, foi possível identificar no discurso do
Professor 2, uma preocupação com questões relacionadas aos exercício dos
direitos fundamentais do cidadão, bem como sua obrigação legal e moral de
contribuir com uma sociedade mais justa. O Professor 2 afirma, ter participado de
Projetos sociais dentro da instituição e destacou o Projeto Universo, que funciona
como uma consultoria jurídica esclarecendo dúvidas em várias áreas do Direito.
Mais uma vez, como os professores são da área jurídica, percebe-se um foco para
os trabalhos relacionados a questões jurídica. Fato que é aceitável, visto que os
projetos devem possibilitar ao aluno a prática e não apenas ter intuito social.
Contudo, afasta totalmente o entendimento da Complexidade,isto é uma visão
global.
Aluno Adm 1:
Resposta 3: “A Inclusão Social consiste em criar métodos e processos para que as
camadas sociais menos favorecidas possam ter uma oportunidade, seja no lado
pessoal como no profissional, de crescimento.”
127
Resposta 4: “Sim. Projetos com a comunidade coloral (imbiribeira) e o objetivo era
mostrar métodos de oportunidades de emprego e renda ensinar a pescar). Um
outro projeto foi com a Associação dos Amigos da Lagoa do Araça, onde tinha como
objetivo a conscientização da conservação e preservação da Lagoa do Araça.”
Aqui o entrevistado apresenta um entendimento da importância da
Inclusão Social dentro das IES, quando ele afirma que é um processo que colabora
com a melhoria da qualidade de vida das pessoas menos favorecidas. Percebe-se a
preocupação em reduzir as desigualdades existentes e em promover a cidadania. O
entrevistado confirma a sua participação e conhecimento dos projetos sociais
desenvolvidos pela IES, como também seu interesse pela diversidade quando cita
um projeto relacionado a geração de emprego e renda e um outro relacionado a
preservação e conservação ambiental. Sendo assim, pode-se inferir a idéia
defendida por Morim de Complexidade, quando o aluno apresenta um desejo, similar
ao do autor de acabar com “o retalhamento das disciplinas” (MORIN, 2007, p. 14).
Aluno Adm 2:
Resposta 3: “É o envolvimento e a participação nas questões sociais, seja em nossa
comunidade ou em nossa cidade”
Resposta 4: “Sim, trabalhei junto com uma equipe apresentando projeto de melhoria
e de Sustentabilidade em creche.”
Na sequência desta análise, foi possível identificar no discurso do
Aluno Adm 2, uma atenção para o papel da Inclusão Social na sociedade. No
discurso deste aluno percebe-se uma preocupação que vai além dos limites da
comunidade onde ele está, quando cita a preocupação com a cidade onde reside.
Desta maneira, pode-se inferir uma preocupação com a questão da Sustentabilidade
planetária e um visão de mundo mais complexa, que não pensa só local, mas
globalmente. O Aluno Adm 2, confirma sua partipação em projetos sociais
128
desenvolvidos pela IES, fato que se faz relação com as questões da Reflexividade,
pois estes projetos possibilitam ao aluno colocar em prática o aprendeu em sala de
aula.
Aluno Adm 3:
Resposta 3: “É a forma de fazer parte da sociedade uma forma produtiva, sendo
parte significante do todo.”
Resposta 4: “Não participei, mas conheço o “projeto Abelhinha”. Que ajuda no
ensino de crianças com problemas escolares. Problemas esse que no futuro poderia
trazer malefícios a essas crianças criando uma rejeição diante das outras.”
No discurso do Aluno Adm 3 foi possível identificar um entendimento
similar aos demais discursos analisados, quando ele afirma que a Inclusão Social
também está relacionada a colaboração que a sociedade dar aos menos
favorecidos. Este aluno demostrou uma preocupação com as questões de
Sustentabilidade e apresentou uma visão da Complexidade, quando cita a parte e o
todo. Portanto, pode-se inferir que ele está destacando a maneira que a IES pode
atuar, inserindo essas pessoas na sociedade como o todo. na segunda questão
relacionada ao mesmo tema, ele afirma não ter participado de nenhum projeto,
contudo conhece alguns projetos que acontecem em sua IES e apresenta a sua
importância para os beneficiados.
Aluno Adm 4:
Resposta 3: São os individuos que não têm acesso à trabalho, educação e saúde
poderem ser inseridos nesses aspectos, este pode ser alcançado através do apoio a
essas pessoas através de ações sociais.”
Resposta 4: Eu conheço, mas nunca participei. Conheço o projeto de apoio a
comunidade vizinha da faculdade, que visa ajudar essas pessoas desta comunidade
carente com educação e conhecimento.
O Aluno Adm 4, apresenta uma percepção bem similar aos demais
quando afirma que a Inclusão Social está relacionada as possibilidades existentes
129
de diminuir as desigualdades sociais por meio de ações que possibilitem o “acesso à
trabalho, educação e saúde”. Mesmo defendendo a importância da Inclusão Social,
este aluno afirma nunca ter participado de nenhuma atividade com este objetivo
dentro da IES. Contudo, afirma que conhece alguns projeto relacionados a educação
e conhecimento onde a comunidade local é beneficiada. Neste discurso só foi
possível verificar a utilização da categoria Inclusão Social.
Aluno Adm 5:
Resposta 3: “ É tirar todos aqueles que estão a margem da sociedade e inserí-los de
uma forma justa e humana.”
Resposta 4: “Não conheço, nem nunca participei.”
O exposto no discurso do Aluno Adm 5, nos leva a refletir sobre as
questões de justiça e humanidade. Pois, para o entrevistado, incluir pessoas
socialmente, quer dizer tirá-los de posições marginais e possibilitar aos mesmos
uma melhor qualidade de vida. Novamente, percebe-se a importância da cidadania
no contexto da Inclusão Social, ao mesmo tempo que pode-se citar as questões de
Sustentabilidade apresentadas por Bruseke (apud Camargo, 2007, p.66), que
destaca como um dos princípios básicos do desenvolvimento do sustentável a
necessidade de “elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança
social e respeito a outras culturas; e programas de educação
”.
Logo, pode-se inferir
do discurso acima, as questões relacionadas não à Inclusão Social, como
também a Sustentabilidade. Contudo, o mesmo aluno afirma não conhecer e não ter
participado de nenhuma atividade desta natureza. Fato interessante, se observados
os demais discursos, que mesmo quando não tinham participado, eles conheciam e
davam um crédito de importância. Neste momento, fica a indagação, do porquê
alunos do mesmo curso e período tem opiniões tão distintas. Será que este aluno
se preocupa com as atividades de sala de aula, e com suas notas? Isso
demonstraria um total distanciamento do pensamento Complexo e da Visão Global,
que são os princípios que a Sustentabilidade e a Responsabilidade Social buscam.
Aluno Pedag 1:
Resposta 3: “É está inserido na sociedade e consciente de seus direitos e deveres.”
130
Resposta 4: “Não conheço e nunca participei.”
Ao analisar o discurso do Aluno Pedag 1, percebe-se uma idéia
limitada sobre a Inclusão Social, tendo em vista que ele cita apenas estar inserido
na sociedade e consciente de seus direitos e deveres”. Os pontos levantados pelo
entrevistado são importantes, contudo buscar a Inclusão Social é muito mais do que
estar consciente de seus direitos. É também participar como cidadão ativo na
sociedade, com acessibilidade e cumprimento de suas obrigações. Desta forma,
com esse discurso só se pode inferir a vaga idéia de Inclusão Social.
Quando indagado sobre sua participação e conhecimento dos projetos
desenvolvidos pela IES, ele é objetivo e enfático, ao afirmar que desconhece os
projetos e também nunca participou. Fato que chama a atenção, pois com o projeto
Abelhinha, citado por diversos alunos, todos os alunos de pedagogia deveriam se
sentir motivados a participar de tal trabalho, pois neste projeto especificamente, dar
oportunidade de colocar em prática todos os ensinamento recebidos em sala.
Aluno Pedag 2:
Resposta 3: “Colaboração de multirão em favor de uma causa como: tirar
documento grátis, levar brinquedos para uma creche, doar alimentos não perecível.”
Resposta 4: “Sim. A professora Tatiane fez uma participação importante, pediu a
turma brinquedos para uma instituição carente e todos nós participamos.
Na percepção do Aluno Pedag 2, o desenvolvimento da Inclusão Social
acontece quando um grupo de pessoas, se une para tornar a vida de um outro grupo
melhor. O aluno cita algumas atividades que ele considera de Inclusão Social, ao
tempo de proporcionam o exercício da cidadania, a sensação de bem-estar e
garantia de alimentação. Neste contexto, pode-se fazer referência ao conceito
apresentado por Almeida (2005, p.21), quando ele afirma que ainclusão, hoje, deve
estar referida, necessariamente, às condições de meios de vida com dignidade. Isto
supõe possibilidade de acesso a recursos materiais como habitação, alimentação e
vestuário”. Possibilitar a dignidade humana, é a palavra chave do discurso do Aluno
Pedag 2. Quando indagado sobre sua participação em projetos desenvolvidos pela
131
IES, o aluno afirma ter participado de uma atividade de cunho social, que se
limitava a doação de brinquedos a uma instituição de caridade. Atividades com esse
perfil, não melhoram a vida das pessoas, ou possibilitam a diminuição das
desigualdades, tais atividades funcionam apenas como paliativos. É necessário
inserir nos alunos a consciência que os projetos desenvolvidos devem gerar
melhoria de qualidade de vida e não apenas uma alegria momentânea, as IES
precisam desenvolver atividades de impacto na vida das comunidades, devem
utilizar todo o capital intelectual que elas dispõem internamente em prol destas
comunidades.
Aluno Pedag 3:
Resposta 3: O modo como atuamos na sociedade e de como cumprimos nosso
papel social.”
Resposta 4: Sim. De capacitação dos professores de uma escola no Cabo de
Santo Agostinho.”
Do exposto no discurso do Aluno Pedag 4 deduz-se um entendimento
direcionado a atuação individual na sociedade e a importância de assumir um papel
de agente modificador na sociedade que vivemos. É importante descubir qual o
papel de cada indivíduo na sociedade e fazê-lo usar seus talentos em prol dos
menos favorecidos. Desta forma, esse discurso pode ser incluído nos termos da
Inclusão Social. O Aluno Pedag 4 afirma ter participado de projetos que
colaboraram com a comunidade. Segundo seu discurso, a atividade que participou,
além de colaborar com a formação profissional de um grupo, possibilitou ao
estudante colocar em prática os temas estudados em sala de aula.
Aluno Pedag 4:
Resposta 3: “Diz respeito a inclusão/socialização das pessoas em si sem exclusão
de nenhumvel. No qual os indivíduos procuram/agem em sua sociedade de
maneira crítica, criativa e ativa.”
Resposta 4: “Sim. Inclusão de pessoas com deficiência diversas. Mostrar que
mesmo havendo uma necessidade especial com estes indivíduos, os mesmo
132
possuem habilidades muita das vezes desconhecidas por eles mesmos, ou até
mesmo por “serem vistos como coitados” não são estimulados a esse
despertamento.”
O discurso exposto pelo Aluno Pedag 4 nos trás a idéia de
socialização das pessoas, de forma a transformá-las em pessoas mais críticas e
ativas, ao mesmo tempo que deixam de ser excluídas e começam a buscar
maneiras mais adequadas de viver. O aluno defende a importância das pessoas
assumirem seu papel na sociedade. Desta forma, pode-se fazer a relação de
cidadania e Inclusão Social, sem permiter que membros da comunidades sejam
excluídos. Este aluno afirma ter participado de um projeto de Inclusão Social com o
objetivo de atender pessoas portadoras de necessidades especiais, que segundo o
Segundo Gil (2002), esta diretamente relacionado ao “ exercício da cooperação
entre diferentes e a aprendizagem da multiplicidade”, isto é, possibilitar uma
melhoria de qualidade de vida aos portadores de necessidades especiais e diminuir
as desigualdades existentes.
Aluno Pedag 5:
Resposta 3: “Trata-se de não apenas está em sociedade mas fazer parte dela como
um ser ativo e contribuinte direto nas ações e resultados obtidos em sociedade”
Resposta 4: “Sim. Projetos que tiveram a participação de crianças e jovens
deficientes auditivos, fisicos, visuais e etc, trabalhando em uma banda musical na
qual todos participaram com o objetivo de incluí-los fazendo-os sentir se como
integrantes e participantes da sociedade.”
Na sequência desta análise, foi possível identificar no discurso do
Aluno Pedag 5, o entendimento de Inclusão Social como uma maneira de incluir os
membros desfavorecidos na sociedade, ao mesmo que tempo que é possível
conscientizar as pessoas sobre suas atitudes e da importância que seu
comportamento tem em relação ao mundo que vivemos. Igualmente ao Aluno
Pedag 4, este também participou de um projeto que tinha por objetivo incluir
pessoas portadoras de necessidades especiais.
133
Aluno Enf 1:
Resposta 3: “É a oferta aos mais necessitados de oportunidade de participarem da
distribuição de vagas independente da raça, cultura ou religião. Ou seja, é a oferta
as pessoas mais necessitadas economicamente a oportunidade de participar da
sociedade como ser ativo.”
Resposta 4: “Participei do projeto sobre doação de órgãos o qual o objetivo era
fornecer informações a respeito do processo de doação de órgãos, suas
possibilidades, os profissionais envolvidos, os benefícios possíveis. E, pode-se dizer
que ele favorece a Inclusão Social pelo fato de esclarecer à população a realidade
do Brasil no tocante a doação.”
Neste fragmento de discurso o Aluno Enf 1 aponta claramente para as
questões referentes a Inclusão Social, quando cita a importância de ofertar as
pessoas mais necessitadas economicamente a oportunidade de participar da
sociedade como ser ativo”, o que nos leva a pensar nos conceitos de cidadania e
igualdade trazidos pelo Ministério da Educação (2003), ao apontar a importância da
Inclusão Social. O entrevistado afirma ter participado de projetos desenvolvidos
pela instituição e destaca o projeto relacionado a orientação da população para
doação de órgãos. Tema interessante e totalmente dentro dos objetivos acadêmicos
do curso. Além disso, quando as pessoas estão melhor orientadas e mais
conscientes de tais atitudes, têm a oportunidade de colaborar com a melhoria da
qualidade de vida de outras pessoas, ao mesmo tempo em que diminui-se o
egoísmo e busca-se a Sustentabilidade.
Aluno Enf 2:
Resposta 3: “O direito do indivíduo de compartilhar direitos e deveres em qualquer
esfera social independente da sua raça, padrão social, financeiro e etc.”
Resposta 4: “Sim, mas não visava a Inclusão Social, apenas contribuição alimentar
para população de baixa renda.”
No discurso do Aluno Enf 2, percebe-se também uma preocupação
com os membros da sociedade e a busca por maneiras de garantir seus direitos e
134
deveres como cidadãos. O entendimento destes conceito, por este aluno, mostrou-
se mais profundo quando perguntado sobre sua participação em projetos que
visavam a Inclusão Social e o mesmo respondeu que participou de um programa de
arrecadação e doação de alimento, contudo não acreditava que o projeto pudesse
ser declarado de Inclusão Social. É interessante destacar esse trecho do diálogo,
pois demonstra um entendimento sobre o papel dos projetos de Inclusão Social e
sua área de atuação que deve ser muito mais extensa do que uma simples (mas
importante) doação de alimentos. Esses projetos devem buscar educar esta
população e dar ferramentas para que elas possam produzir/obter seu próprio
alimento e não limitá-los a simples recebedores.
Aluno Enf 3:
Resposta 3: “É trazer a comunidade para o meio, onde todos tenham direitos e
possa lutar e gritar por um mundo melhor, onde a sociedade deve está inclusa na
educação.”
Resposta 4: “Sim, abelhinha, ajuda na educação, digo enriquece a aprendizagem de
crianças da comunidade.”
neste fragmento de discurso o Aluno Enf 3 apresenta, uma
preocupação comum nos discursos anteriores, isto é, ele preocupa-se com a
garantia dos direitos sociais. Observa-se também uma preocupação com a
educação e o direito que todo cidadão tem de receber instrução e poder colaborar
com um mundo melhor. Este aluno, afirma ter participado do projeto intitulado de
“Abelhinha” que presta serviços educacionais para crianças da comunidade.
Atualmente, a educação tem um papel fundamental na transformação da vida das
pessoas, é através da educação que novos futuros são traçados, por isso é mais do
que importante investir-se em educação, e melhor ainda, é ver universitários que
não são da área de educação preocupados com o futuro da sociedade. Desta forma,
pode-se inferir a categoria de análise Inclusão Social neste discurso.
Aluno Enf 4:
Resposta 3: “É alguém se incluir na sociedade seja o rico ou pobre.”
135
Resposta 4: “Sim. Ação social oferecer documentação gratuita a comunidade, corte
de cabelos, limpeza de pele, palestra educativas na área de saúde, distribuição de
cesta básicas, aplicação de flúor e práticar esportes.”
Na percepção do Aluno Enf 4, o conceito de Inclusão Social foi breve
e objetivo, tendo em vista que ele fala de está incluido na sociedade independente
de ser pobre ou rico. É exatamente isso que se deve buscar, pois as pessoas são
diferentes, vivem de maneiras diferentes, mas merecem o mínimo de dignidade, e é
exatamente isso que os projetos de Inclusão Social devem proporcionar, a
dimunição das desigualdades sociais. Neste contexto, faz-se referência aos
princípios da Sustentabilidade que visam, dentre outras coisas, propocionar uma
melhoria da qualidade de vida e a redução das desigualdades sociais. Este aluno,
cita vários projetos de Inclusão Social, dos quais que participou durante a vida
acadêmica. Projetos esses que têm sua importância declarada para a comunidade
beneficiada. Percebe-se uma visão mais global desse aluno, quando ele cita os
projetos nos quais participou, assim observa-se uma diversidade de temas que nos
leva a idéia de Complexidade também.
Aluno Enf 5:
Resposta 3: É fazer ou dar subsídios para que a pessoa possa fazer parte da
sociedade.”
Resposta 4: “Sim, um projeto na comunidade, ajuda a comunidade com varias
ajudas social tais como : tirar documento, corte de cabelos etc. Ajudar a comunidade
com razão social.”
Na sequência desta análise sobre o entendimento dos alunos sobre a
Inclusão Social, foi possível identificar no discurso do Aluno Enf 5, um entendimento
do assunto, quando ele se refere à Inclusão Social, como uma forma de incluir as
pessoas como membros ativos da sociedade. Ele afirma ter participado de
projetos de Inclusão Social dentro da IES e qualifica tais projetos como importantes
para o bem-estar da comunidade e o desenvolvimento de suas características como
cidadão.
136
Aluno Direito1:
Resposta 3: “É a forma de inserir na sociedade indivíduos de todos as raças, sem
nenhuma distinção. É o meio pelo qual poderá ser extinto qualquer tipo de
preconceito. A Inclusão Social não é obrigação meramente governamental, mas, de
toda sociedade e das instituições públicas ou privadas.”
Resposta 4: “Sim. O núcleo de prática jurídica é uma exemplo de Inclusão Social,
pois tem o objetivo de dar assistência jurídica gratuita aos menos favorecidos.
Trabalhos intitulados de VT Cidadão, onde os estudantes da instituição, vão levar à
comunidades carentes conhecimentos sobre determinados assuntos e tirar as
dúvidas que possam vir à sugir.”
Neste fragmento de discurso, o entrevistado aponta para questões
referentes a Inclusão Social, no que diz respeito as diferenças e deveres de todos os
cidadãos. Neste discurso, percebe-se uma boa compreensão sobre os ideais da
Inclusão Social e das questões relacionadas a obrigação que o cidadão tem de
respeitar as diferenças. Este aluno chama a atenção, também para a obrigação que
não é apenas do governo, mas de todos os membros da sociedade. Desta forma,
percebe-se uma preocupação com o outro que vai além dos conceitos de Inclusão
Social, chamando a atenção para as questões relacionadas a Sustentabilidade que
se preocupa, dentre outras coisas, com o bem estar da população. Isto é, melhoria
da qualidade de vida de todos os habitantes da terra. Ele conclui, afirmando que
participou de alguns projetos, cujos objetivos gerais eram melhorar a qualidade de
vida da população carente local e trazer o sentido da cidadania. Neste discurso
percebe-se a presença da categoria Inclusão Social e Sustentabilidade.
Aluno Direito 2:
Resposta 3: “Todo indivíduo independente de cor, raça, sexo e religião faz parte da
sociedade, e tem direitos e deveres assegurados pela Constituição Federal, e tais
direitos e deveres são iguais para todos.”
Resposta 4: “Sim, o projeto do multirão no qual o objetivo era tirar as dúvidas das
pessoas que não tem acesso à informações, tais como: direito previdenciário, direito
de família etc. O objetivo do projeto era ajudar a essas pessoas carentes a resolver
137
questões pessoais relacionadas com aposentadoria, divórcio, pensão alimentícia,
etc.”
Na sequência desta análise, foi possível identificar no discurso do
Aluno Direito 2, um conceito de Inclusão Social limitado aos direitos e deveres que
todos os cidadãos têm conforme a Constituição Federal. Ao responder a segunda
questão, ele afirma já ter participado de projetos e cita alguns relacionados a acesso
a justiça. Deste modo, percebe-se uma visão limitada ao curso estudado, contudo,
pode-se afirmar que se os direitos assegurados pela CF fossem respeitados não
haviam motivos para se falar de Inclusão Social ou desigualdades sociais.
Aluno Direito 3:
Resposta 3: “É a busca pela eliminação das desigualdade sociais.”
Resposta 4: “Sim. Projeto de assessoria jurídica em uma comunidade no Jordão
Baixo, que visou levar o direito para as pessoas mais pobres da referida
comunidade.”
O discurso do Aluno Direito 3, apresenta uma visão resumida,
contudo muito objetivo quando foca sua resposta nas questões direcionadas a
redução das desigualdades sociais. Ele relaciona seu discurso com o conceito
apresentado por Almeida (2005), quando afirma que Inclusão Social diz respeito a
acesso a recursos materiais como habitação, alimentação e vestuário; acesso à
educação formal, aos recursos para a manutenção da saúde e ao lazer; saúde
emocional para permitir uma convivência social confiável”, isto é, menos
desigualdade. O Aluno Direito 3, afirma ter participado de projetos que visavam
orientar a população sobre questões jurídicas. Desta forma, fica clara a presença em
seu discurso da categoria Inclusão Social.
138
Aluno Direito 4:
Resposta 3: “É poder fazer com que aquelas pessoas que não tem tanta
oportunidade na vida, possa participar de programas, principalmente educacionais,
para que tenham a possibilidade de se inserir na sociedade de uma forma digna.”
Resposta 4: “Já participei do projeto “Universo sem dúvidas”, que tinha o objetivo de
atender a comunidade, dando uma assistência jurídica, orientado-os acerca de
algum problema que estavam enfrentando.”
No exposto pelo discurso do Aluno Direito 4, percebe-se uma
preocupação com as questões relacionadas a diminuição das desiguadades sociais
para uma melhor qualidade de vida, quando ele cita a importância de participar de
programas e projetos sociais que possibilitem sua permanência na sociedade de
uma forma mais digna. Ele confirma sua participação em projetos que buscavam
atender a comunidade com orientação jurídica. Mais uma vez é clara a presença da
Inclusão Social no discurso.
Aluno Direito 5:
Resposta 3: “É quando, uma pessoa que se encontra a margem da sociedade
consegue ser inserida nos meios das pessoas que possuem um nível intelectual
mais alto. A Inclusão Social diminui a violência e é realizada através da educação.”
Resposta 4: “Sim. Conheço e participei. Participei da entrega de livros didarticos,
para pessoas carentes (...). Andamento processual no rum do Recife e realização
de petição para pessoas carentes.”
segundo o Aluno Direito 5, através dos projetos de Inclusão Social,
é possivel inserir a população em um nível intelectual mais alto, bem como diminuir
os níveis de violência da comunidade. Com esta visão, ele reflete bem a idéia
defendida pelo Ministério da Educação, quando afirma que inclusão é um valor
social que, se considerado desejável, torna-se um desafio no sentido de determinar
modos de conduzir nosso processo educacional para promovê-la”. Educação é uma
das maneiras mais eficazes para melhorar a maneira de viver da sociedade, ao
mesmo tempo que afasta crianças e adolescente da criminalidade. Por isso
139
concorda-se com esse aluno e defende-se a idéia que pela educação é possível
mudar o mundo. É importante implantar projetos sociais que levem educação e
entreterimento para a população, desta forma diminuem-se as chances de
envolvimento com drogas e outras ilicitudes. Quando indagado sobre sua
participação e conhecimento nas atividades de Inclusão Social da instituição em que
estuda o Aluno Direito 5 afirma conhecer alguns projetos e ter participado de
projetos jurídicos.
A partir da análise desses depoimentos, percebe-se que os alunos
desta IES estão recebendo orientações a respeito das questões relacionadas a
atividades de Inclusão Social, isto é, de apoio a comunidade. Contudo, em outro
momento alguns afirmam nunca terem participado, mas conhecer e outros afirmam
ainda, nunca terem participado e tão pouco conhecer. A dúvida recorrente que fica
é, como alunos de uma mesmo período, numa mesma instituição podem ter opiniões
tão divergentes.
Outro ponto que merece destaque é a participação dos alunos está
sempre voltada para área de estudo dos mesmos, fato que deixa uma pergunta no
ar: Seque os alunos estão preocupados com o bem estar da sociedade ou é
uma maneira de poderem praticar o que aprederam na sala de aula e ao final ter um
nota? Claro que ao mesmo tempo que eles praticam, estão ajudando a comunidade.
Mas a questão é, existe mesmo a preocupação social? A idéia é formar cidadãos
preocupados com a diminuição das desigualdades ou não? Os trabalhos sociais são
apenas uma maneira de possibilitar aos alunos a prática ao mesmo tempo que se
atende os princípios do MEC que exige a integração do ensino, da pesquisa e da
extensão.
Desta maneira, com base nos dados acima analisados, pode-se afirmar
que falta incentivo dos professores, da coordenação e maior motivação dos alunos,
pois esta formação consciente acompanhará esses profissionais durante toda a
carreira e isto, com certeza será últil dentro das organizações e dos cargos que
serão futuramente ocupados.
140
5.3 Responsabilidade Social numa perpectiva da Reflexividade e
Complexidade
Continuando a leitura analítico-interpretativa sobre as contribuições dos
projetos de Responsabilidade Social para o Desenvolvimento Sustentável da IES,
neste momento parte-se para a análise a luz das categorias Reflexividade e
Complexidade.
Nas entrevistas realizadas, foi realizada a seguinte questão buscando a
análise das categorias Reflexividade e Complexidade: Pergunta 5: Você considera
que os projetos de Responsabilidade Social desta IES propiciam a reflexão crítica
aos professores e alunos? De que forma?”. A seguir as respostas obitidas e a
análise.
Coordenador 1:
Resposta 5: “Sim. Estão vivenciando a realidade das comunidades.”
Na percepção do coordenador 1, a Reflexividade se dar simplesmente
pelo fato de estarem vivenciando a realidade da população local, conforme
defendido por Aredes (2005, p.653) quando afirma que a Reflexividade está
relacionada a uma “auto-análise sobre nossas próprias ações, que pode ser feita
individualmente ou com os outros”.
Coordenador 2:
Resposta 5: “Sim. O curso de direito tem por fim aplicar o sistema jurídico para fim
de justiça e bem comum. Com estes projetos o corpo docente e discente tem a
oportunidade na prática, ou seja, empiricamente que justiça e o bem comum não é
um argumento ideológico, puramente teórico, mas, normas nas bancas
universitárias, possivéis e passivéis de serem alcançadas.”
Neste discurso, o entrevistado aponta para questões referentes à
Reflexividade quando cita as questões relacionadas a possiblidade de colocar em
prática o que aprenderam. Numa análise geral, essa visão pode ser considerada
limitada, contudo é aceitável se levarmos em consideração que este coordenador,
141
responsável pela área de direito, terá a tendência a direcionar sua opinião para um
enfoque jurídico. Nesta relação entre prática e teoria pode-se citar Schön (2000),
quando ele afirma que a Reflexividade é um termo que se refere ao estudo das
teorias do conhecimento, adquirido através de atividades práticas. Se a
Reflexividade é adquirido através da prática e esses projetos estão propocionando
ao alunos colocar em prática o que aprendem em sala de aula, então pode-se fazer
uma relação entre Sustentabilidade, Responsabilidade Social e Reflexividade, ao
mesmo tempo que se afirma que estas categorias estão presentes nos discursos.
Professor 1:
Resposta 5: “Sim! Tendo em vista a inclusão e a solidariedade latente. Além de
aproximar o aluno e o professor de outra realidade social não tão abrangida
socialmente.”
Na sequência desta análise, foi possível identificar no discurso do
Professor 1, a questão da Reflexividade direcionada para a aproximação entre
professor e aluno, juntamente com a possibilidade de conhecer outros modos de
vida. Com esse discurso, mais uma vez pode-se fazer referência a Schön (2000),
quando ele afirma que os professores precisam identificar uma maneira de
desenvolver atividades práticas que atendam as necessidade do alunos dentro da
sala de aula. Segundo o autor, é necessário incentivar a formação contínua, a
pesquisa e a reflexão sobre as ações desenvolvidas. Essa é mais uma maneira de
se fazer uma relação entre Sustentabilidade, Responsabilidade Social e
Reflexividade.
Professor 2:
Resposta 5: “Sim. Os professores ao analisarem os relatórios dos respectivos
projetos m a oportunidade de avaliar a dimensão da atividade social, bem como
identificar as carências dos alunos quanto ao verdadeiro alcance do compromisso
com o desenvolvimento social.”
Aqui, foi possível identificar no discurso do Professor 2, uma
preocupação com questões relacionadas a integração entre professor, aluno e os
resultados dos projetos desenvolvidos. O entrevistado propõem que os resultados
sejam analisados com o objetivo de identificar o compromisso do alunos com o
142
desenvolvimento social local. Percebe-se no discurso deste professor uma
preocupação maior com a Sustentabilidade, quando ele consegue ter essa visão
tripla, isto é, tentando compreender a percepção do aluno, do professor e da
comunidade beneficiada. Desta forma, pode-se identificar neste discurso as
categorias Sustentabilidade, Responsabilidade Social, Reflexividade e
Complexidade.
Aluno Adm 1:
Resposta 5: “Sim, pois estimula a conscientização de que outras pessoas que
não tiveram a mesma oportunidade que os alunos de IES tiveram e que o nosso
dever é ajudar a criar outras oportunidades de emprego e renda.”
Ao analisar o discurso do Aluno Adm 1, percebe-se uma visão de
mundo que vai além da sala de aula, isto é, uma visão preocupada com os
problemas referentes a geração de emprego e renda das comunidades menos
favorecidas. Pode-se afirmar que essas indagações fazem parte do contexto da
Reflexividade, pois é a relação teoria e prática, isto é, “uma auto-análise sobre
nossas próprias ações” (AREDES,2005).
Aluno Adm 2:
Resposta 5: “ Acredito que sim. O envolvimento nos projetos desperta tanto no aluno
como nos professores um senso crítico de reflexão, após a participação ativa e a
vivência dos problemas em loco”
O discurso do Aluno Adm 2, é alinhado com o Aluno Adm 1, e afirma
que a participação ativa nesses projetos, como também a vivência, desperta nos
alunos o senso de reflexão sobre a importância de se atuar nessas camadas da
sociedade. Desta forma, pode-se relacionar este discurso com as categorias
Sustentabilidade, Responsabilidade Social e Reflexividade.
Aluno Adm 3:
Resposta 5: “Não. Ainda há muito o que fazer.”
143
o Aluno Adm 3, discorda dos alunos adm 1 e 2. Para ele deve-se
trabalhar muito para que os alunos possam refletir sobre essa temática. Visão até
certo ponto crítica, contudo não se pode inferir muito deste discuso.
Aluno Adm 4:
Resposta 5: “Não, que os resultados não são debatidos para que o aluno tenha
uma posição crítica e saiba o assunto.”
Na percepção do Aluno Adm 4, os projetos não resultam em
Reflexividade, devido a seus resultados o serem apresentados em sala de aula.
Fato importante, visto que esses alunos são estudantes de administração e por isso
são os mais indicados à avaliarem se um determinado projeto está gerando os
resultado esperados ou não. Por outro lado, percebe-se no depoimento deste aluno
uma reflexão crítica, pois o mesmo está propondo que os alunos possam debater
sobre os projetos e não apenas realizá-los como forma de obtenção de nota. Eles
querem ser estimulados a praticar e analisar se está dando certo ou se pode
melhorar.
Aluno Adm 5:
Resposta 5: “Sim. Na vivência de projetos que auxiliam a prática de Inclusão Social,
isto por si só leva a reflexão crítica.”
o exposto no discurso do Aluno Adm 5, segue a linha dos alunos
adm 1 e 2, que acreditam que os trabalhos levam a Reflexividade crítica. Ao mesmo
tempo que tem o apoio conceitual de Schön (2000), quando ele afirma que a
Reflexividade é adquirida através de atividades práticas.
Aluno Pedag 1:
Resposta 5: “Não conheço os projetos”
Do discurso do Aluno Pedag 1, verifica-se que ele não participou e
nem conhece os trabalho desenvolvidos por sua IES, por isso sua resposta ficou
limitada a uma negação. Deste modo, não se pode inferir nada desse discuso.
144
Aluno Pedag 2:
Resposta 5: “Sim. Por que através desta temos uma certeza que em qualquer área
que atuar daremos o melhor de nós, e vamos desenvolver projetos que favoreça a
classe desfavorável visando o social de forma geral, tanto para as pessoas como
para o meio ambiente como forma consciente.”
Na percepção do Aluno Pedag 2, Reflexividade tem um caráter mais
abrangente, incluindo de certa forma, questões relacionadas a Inclusão Social,
Sustentabilidade, Responsabilidade Social e empregabilidade. O Aluno Pedag 2
acredita que as atividades práticas, juntamente com a Reflexividade, vai auxiliá-lo
no mercado de trabalho, pois terá adquirido a habilidade de elaborar e desenvolver
projetos que auxiliem nas questões sociais e ambientais. Ele defende uma
sociedade mais consciente e preocupada com o próximo. Neste discurso, pode-se
inferir a Reflexividade e a Sustentabilidade, visto sua procupação em tornar as
pessoas mais preocupadas com o meio ambiente.
Aluno Pedag 3:
Resposta 5: “Sim, pois temos oportunidade de vivenciar o que estudamos em sala
de aula.”
Pode-se deduzir do Aluno Pedag 3, que Reflexividade para ele é
vivenciar o estudado na sala de aula. Fato comprovado através das afirmações
feitas por Shon (2000) e Aredes (2005), citadas anteriormente.
Aluno Pedag 4:
Resposta 5: “Sim, de modo onde todos buscam se sensibilizar com o meio social e
acima de tudo respeitar “
o exposto no discurso do Aluno Pedag 4, verfica-se uma
Reflexividade voltada para a conscientização e a sensibilização dos alunos para com
o meio onde vão atuar.
145
Aluno Pedag 5:
Resposta 5: “Sim. Pois o se trata apenas de colocar em prática algo que havia
sido projetado, mas envolve a todos (participantes e ouvintes) instigando a
curiosidade de maneira que sintamos a necessidade de conhecer mais.”
E no discurso do Aluno Pedag 5 pode-se considerar uma visão mais
global, pois ele sugere a Reflexividade como algo que relacionado a prática, ao
estímulo, a curiosidade e a colaboração. Desta forma, infere-se a categoria
Reflexividade nesse discurso.
Aluno Enf 1:
Resposta 5: “Sim. Ao induzirem à participação social em projetos voltados ao bem-
estar público, como: campanhas de vacinação, ações sociais para retirada de
documentos, aferição de pressão arterial, dos níveis de glicemia, além de palestras
educativas relacionadas à saúde e aos direitos sociais.”
Ao analisar o discurso do Aluno Enf 1, percebe-se a defesa da
Reflexividade dentro dos projetos desenvolvidos no decorrer do curso, visto que ao
participarem dessas campanhas os alunos percebem o papel que podem
desempenhar dentro da sociedade e refletem sobre essa participação. Desse
discurso, pode-se inferir as categorias Reflexividade, Sustentabilidade quando ele
aponta para as questões relacionadas ao bem estar publico e Complexidade,
quando o aluno cita rios trabalhos realizados pela IES, onde são utilizados vários
campos do saber.
Aluno Enf 2:
Resposta 5: “Não”
o Aluno Enf 2, limitou-se a responder negativamente a pergunta,
fato que impossibilita inferir qualquer coisa desse discurso.
Aluno Enf 3:
Resposta 5: “Através dos resultados, das respostas votem capacidade de avaliar
se o projeto implantado foi satisfatório.”
146
Pelo exposto no discurso do Aluno Enf 3, a Reflexividade é uma
maneira que os alunos têm de avaliar os resultados dos projetos elaborados. É um
momento para avaliar os impactos dos projetos na sociedade, analisando de
maneira crítica a possibilidade de elevar esse projetos. Isso faz parte do contexto da
Reflexividade.
Aluno Enf 4:
Resposta 5: “Sim. Quando no projeto de transplante de orgãos você conscientiza o
doador da importância de doar, seja doador.”
Na percepção do Aluno Enf 4, a Reflexividade vem por meio da
conscientização da população para atitudes que favoreçam outros. Se
considerarmos que através da educação é possível mudar a maneira das pessoas
se comportarem, esse aluno pode está correto.
Aluno Enf 5 :
Resposta 5: Sim, para uma alto avaliação do professor e aluno, fazendo com que
ele veja como pode ajudar e auxiliar a tratar a comunidade.”
Na sequência desta análise, foi possível identificar no discurso do
Aluno Enf 5 a Reflexividade como um momento onde professor e aluno vão verificar
as possibilidades existentes para ajudar as pessoas carentes da comunidade local.
É um momento de vivenciar a prática, conforme defendido por Shon (2000).
Aluno Direito1:
Resposta 5: “Sim. Após a conclusão de determinados projetos, tanto os alunos,
quanto os professores, debatendo o sucesso deste, buscam idéias para que das
próximas vezes possam melhorar, para satisfazer totalmente o fim das atividades
sociais.”
Ao analisar o discurso do Aluno Direito 1, percebe-se a defesa da
Reflexividade através dos debates que os projetos propocionam, tendo em vista a
necessidade de análisar seus resultados e elaborar novos projetos que atendam de
uma maneira mais completa o objetivo desses projetos sociais. Desta forma, pode-
se afirmar que a Reflexividade está presente nesse discurso.
147
Aluno Direito 2:
Resposta 5: “Sim, pois trás o questionamento do que podemos fazer para que a
convivência em sociedade seja de forma harmoniosa, e quais nossas
responsabilidades para que tais objetivos sejam alcançados.”
Na percepção do Aluno Direito 2, a Reflexividade é resultado dos
projetos realizados e da prática que os mesmo proporcionam, onde se busca criar
meios para beneficiar a sociedade local e tornar possível uma convivência
harmônica. Além da Reflexividade, verifica-se nesse discurso a preocupação com
Inclusão Social, tendo em vista a necessidade de se fazer uma sociedade mais
harmônica.
Aluno Direito 3:
Resposta 5: “Os projetos sociais propiciam a reflexão crítica, sim, haja vista o
contato direto com pessoas mais pobres.”
Deduz-se do Aluno Direito 3 um entendimento similar aos demais,
visto que seu conceito de Reflexividade vem apartir da identificação das várias
maneiras de se viver em comunidade, e do entendimento de que as pessoas
precisam ter o mínimo para sobreviverem de maneira digna.
Aluno Direito 4:
Resposta 5: “Em parte. Pois muitas vezes os alunos participam de algum projeto
como parte de avaliação e, acaba sendo tão corrido que muitas vezes não é feita
uma reflexão em relação ao que podemos fazer ao nosso próximo.”
O exposto pelo discurso do Aluno Direito 4, propõem uma
Reflexividade ainda mais profunda, quando ele contesta que a existência dos
projetos estejam limitados a notas. Os alunos precisam participar desses projetos e
ter tempo para refletirem sobre outras formas de ajudar a comunidade local. Pois,
uma coisa é certa, a IES pode atuar como ponte entre a comunidade e a academia,
entre a prática e a teoria, pois é possível criar maneiras de incentivar professores e
148
alunos a trabalharem em pról de causas sociais. Neste discurso, observa-se
claramente a presença da categoria Reflexividade.
Aluno Direito 5:
Resposta 5: “Sim. Não só a reflexão crítica como o incentivo para ser solidarrios com
as pessoas carentes. Isso causa uma sensação muito boa em ajudar o próximo
através do conhecimento adquirido na graduação.”
E por último, o Aluno Direito 5 considera, que ao participar dos
projetos de Responsabilidade Social alunos e professores podem refletir sobre suas
atitudes e aprender a ser solidarrios, características na sociedade. É papel da IES
conscientizar seus alunos de seu papel na sociedade, para que num futuro possam
ser membros ativos desta população.
Com isso, percebe-se que a Reflexividade está inserida no contexto
das atividades relacionadas a Responsabilidade Social, contudo percebe-se nos
discursos acima que ela precisa ser mais aprofundada e estudada de uma maneira
que os alunos tenham a percepção de colaborar com o desenvolvimento das
comunidades, ao mesmo tempo que melhoram sua formação profissional.
Desta forma, percebe-se que a Reflexividade trás muitos beneficíos
aos alunos, uma vez que proporciona a percepção de que é possível colaborar com
o bem-estar das populações.
É importante incentivar a Reflexividade e a participação de alunos,
orientados por seus professores, em projetos onde eles possam propor mudanças,
verificar como essas mudanças acontecem e depois medir os resultados. É um
momento de formar profissionais multidisciplinares e com a responsabilidade de
tornar o mundo um local melhor para se viver.
Por fim, nos discusos acima apresentados observou-se que a maioria
dos alunos acredita que os projetos de Responsabilidade Social possibilitam a
Reflexividade. Desse modo, cabe a IES e aos professores, propocionarem essa
reflexão crítica a seus alunos, tendo em vista que profissionais mais críticos e
preocupados serão profissionais mas conscientes dos problemas do planeta e da
comunidade local. Além disso, numa instituição de ensino sempre deve haver
espaço para mais reflexão. Outro ponto a ressaltar é que a categoria Complexidade
pouco foi observada neste item.
149
5.4 A propósito da Responsabilidade Social no Ensino Superior
No último item da leitura analítico-interpretativa sobre as contribuições
dos projetos de Responsabilidade Social para o Desenvolvimento Sustentável da
IES, parte-se para a análise a luz das categorias selecionadas, isto é,
Responsabilidade Social, Sustentabilidade, Inclusão Social, Reflexividade e
Complexidade.
Desse modo, nas entrevistas realizadas, na última questão indagou-
se: Pergunta 6: Caso fosse convidado (a) para gerir esta IES, que projetos voltados
para Responsabilidade Social proporia?”. E, no âmbito desta indagação foram
obtidos as seguintes respostas que ora passa-se a analisar.
Coordenador 1:
Resposta 6: “Projeto meu próprio negócio, administração e economia doméstica e
como administrar a carreira profissional”
Neste fragmento de discurso o Coordenador 1 sugere projetos que
podem ser considerados socialmente responsáveis e sustentáveis ao mesmo tempo.
Pois são projetos direcionados a questões administrativas, isto é, projetos que
possibilitam a geração de renda, gerenciamento de sua casa e carreira ao
participante deste projeto. Neste discurso observa-se um direcionamento para a
área de gestão, fato compreensível se considerarmos que o Coordenador 1 é
responsável pelos cursos da área de gestão. E como foi analisado, os projetos
são direcionados de maneira a atender o tripé: ensino-pesquisa-extensão. Então a
instituição, juntamente com seus alunos e professores, colaboram com o
desenvolvimento sustentável da comunidade através da implantação e do
gerenciamento de projetos, que atendam as necessidades dos alunos e da
comunidade, além de promover a Reflexividade nos alunos.
Coordenador 2:
Resposta 6: “Numa perspectiva interdisciplinar julgo que os projetos nas áreas de
enfermagem, fisioterapia e direito estão alcançando o objetivo, proporia apenas que
150
além da clínica escola de fisioterapia, do NPJ de Direito e parte prática do curso de
enfermagem fossem incrementados convênios e a diversidade dos serviços.”
Foi possível identificar no discurso do Coordenador 2, uma
preocupação maior com a interdisciplinaridade quando ele propõe projetos em várias
áreas do conhecimento, entre elas: saúde e jurídica. Destaca-se também a sugestão
da realização de convênios e o aumento dos serviços ofertados. É interessante
observar essa visão interdisciplinar, pois quando se coloca várias habilidades e
competências trabalhando juntas a possibilidade de ganho intelectual aumenta, visto
que será preciso, também, aprender a conviver com as diferenças. Neste discurso
encontra-se os conceitos de Sustentabilidade, de Responsabilidade Social e
Complexidade, levando e consideração essa visão macro dos projetos propostos.
Professor 1:
Resposta 6: “Seminários e ciclos de palestras sobre direitos sociais, visão global do
homem como cidadão e consciência política.”
O entrevistado apresenta uma preocupação focada para os princípios
da cidadania e da consciência política. Segundo a visão do entrevistado, os projetos
devem funcionar como uma ferramenta, como uma maneira de orientar as pessoas
sobre seus direitos e deveres. Observa-se aqui claramente, a preocupação com a
Inclusão Social e a Sustentabilidade quando o Professor 1 afirma a importância do
homem ter uma visão global e consciência política como cidadão. Não foi possível
identificar as demais categorias.
Professor 2:
Resposta 6: “Feiras semestrais de cidadania envolvendo serviços cnicos
decorrentes dos próprios cursos da instituição, como também de serviços públicos
(emissão de documentos RG, consultas médicas), apresentações teatrais e
privadas (fundação Altino Ventura)”
No discurso do Professor 2, foi possível identificar uma visão mais
abrangente e interdisciplinar. Pois ele sugere palestras sobre cidadania, a
disponibilização de serviços cnicos profissionais, que se pode deduzir que são
151
serviços disponibilizados por alunos dos cursos da área de saúde, de gestão,
jurídica e de educação entre outras. Além da parceria com órgãos publicos para
emissão de documentos e atendimento médico. É uma visão global, uma maneira de
atender várias demandas que possam sugir. Por outro lado é algo possível de
acontecer, tendo em vista que envolve os cursos da IES e parceiros que os próprios
alunos podem buscar. Pode-se inferir deste discurso a preocupação com a
Complexidade, Reflexividade, Inclusão Social, Sustentabilidade e a
Responsabilidade Social.
Aluno Adm 1 :
Resposta 6: “Projetos voltados a alternativas de geração de emprego e renda.
Projetos voltados para as crianças e adolescentes com a inclusão de atividades
esportivas.”
Neste fragmento de discurso o Aluno Adm 1, pode-se inferir uma
preocupação voltada para uma formação específica, que proporcione aos
beneficiados a geração de emprego e renda para os adultos, ao mesmo tempo que
possibilite as crianças e adolescentes participarem ativamente de atividades
esportivas. Ele apresenta uma visão abrangente quando se preocupa, com o bem-
estar dos adultos e das crianças e adolescentes. Neste discurso, é possível
identificar uma preocupação com a melhoria da qualidade de vida dos membros da
comunidade. Isto é, verifica-se as categorias Inclusão Social, Sustentabilidade e a
Responsabilidade Social. Também é possível verificar a categoria Complexidade,
quando o aluno de administração apresenta uma visão focada para outras áreas do
conhecimento.
Aluno Adm 2:
Resposta 6: “Trabalhar com pessoas de rua, pois trata-se de um trabalho voltado
para educação e mudança de perfil”
No discurso do Aluno Adm 2, verifica-se sua preocupação voltada
para a educação de pessoas de rua e a mudança de seu perfil. Isto reflete o
interesse em melhorar a vida das pessoas carentes através da educação. Neste
discurso pode-se inferir as categorias Inclusão Social e Sustentabilidade, pois a
152
educação é para um futuro melhor, melhorar a qualidade de vida das pessoas, ao
mesmo tempo que se muda os hábitos e a maneira de encarar o futuro. Isso é uma
maneira de buscar a Sustentabilidade.
Aluno Adm 3:
Resposta 6: “Uma educação esportiva. Esportes para os jovens acompanhando o
desempenho escolar dos mesmos. O esporte traz a Inclusão Social (...), traria
benefícios enormes aos individuos e a comunidade a qual integra.”
Foi possível identificar no discurso do Aluno Adm 3, que a melhoria
da qualidade de vida e a Inclusão Social poderiam ser alcançadas através de
programas voltados para uma educação esportiva. O que traria disciplina e melhoria
dos indices de saúde de jovens, juntamente com um adequado acompanhamento
escolar. O que iria garantir sua efetiva participação na escola e poderia refletir na
sua vida profissional futura. Desta forma, pode-se inferir deste discurso a
preocupação com a Inclusão Social, Sustentabilidade e a Responsabilidade Social,
quando ele apresenta uma preocupação com o desempenho escolar, isto é com o
futuro dessas pessoas. Também foi possível verificar a categoria Complexidade
quando o aluno apresenta essa visão do todo, propondo que se implantem projetos
voltados a área de educação e esportes. Ele reconhece o papel da
interdisciplinaridade na formação cidadã e a categoria Reflexividade, pela maneira
de enxergar os problemas e as soluções das comunidades.
Aluno Adm 4:
Resposta 6: “Curso profissionalizantes, projetos com crianças carentes com o curso
de pedagogia, são dois exemplos de ações que poderiam ser executados pelos
próprios alunos, pois trariam experiência prática.”
Pode-se deduzir do discurso do Aluno Adm 4, uma preocupação com
sua formação prática e dos colegas do curso de pedagogia. Ele sugere que os
alunos elaborem e ministrem cursos profissionalizantes focados na educação de
crianças carentes. Esta sugestão é apenas uma entre tantas possibilidades que
existem ao solicitar dos alunos que elaborem atividades e coloquem em prática.
Desta forma, pode-se inferir deste discurso as categorias Inclusão Social e
153
Complexidade, pois o aluno que ir além da sala de aula, ele busca criar cursos e
ministrá-los e a Reflexividade, claramente declarada pela preocupação com a
experiência prática.
Aluno Adm 5 :
Resposta 6: “O desenvolvimento de bolsas integrais para alunos da rede publica.”
o exposto pelo discurso do Aluno Adm 5, apresenta uma visão
restrita e limitada, quando ele sugere apenas a liberação de bolsas escolares
integrais para os membros da comunidade. Acredita-se que dar oportunidade de
estudo à pessoas carentes, é dar oportunidade de uma mudança de vida. Contudo,
apenas uma bolsa de estudos, que exclui a necessidade de pagamento da
mensalidade, não vai garantir a presença do aluno na faculdade. Pois muitas vezes
os custos menores como passagens, roupa, alimentação e material escolar o têm
como ser supridos. Esse projeto com certeza tem seu grau de importância, ao
mesmo tempo que é uma atividade de Inclusão Social. Porém, os alunos unidos aos
professores podem desenvolver projetos que podem ter resultados mais rápido e
muito maiores. Acredita-se que é melhor dar possibilidade de aumento intelectual e
de geração de renda por meio, por exemplo, de acompanhamento educacional e de
cursos profissionalizantes, do que simplesmente possibilitar sua entrada na
universidade. Deste discurso é possível inferir a preocupação com a Inclusão
Social.
Aluno Pedag 1:
Resposta 6: “Projetos sobre os cuidados com o patrimônio público. ”
Ao analisar o discurso do Aluno Pedag 1, percebe-se um cuidado
interessante com o patrimônio publico, fato interessante e que chama a atenção.
Pensando-se que as pessoas ao serem conscientizadas da importância de se
manter uma ambiente adequado onde vivem, elas ficaram orientadas para
transformar o local num lugar mais agradarvel, que propocione uma sensação de
bem-estar. A percepção deste aluno é interessante, e nos trás a idéia de respeito ao
meio ambiente e Sustentabilidade.
154
Aluno Pedag 2:
Resposta 6: “Proporia um projeto voltado para conscientizar as pessoas sobre o
papel social de cada uma delas, e sua importância diante deste universo.”
Na percepção do Aluno Pedag 2, pode-se inferir a Responsabilidade
Social e a Sustentabilidade como pontos principais do discurso. Pois, ela propõe
projetos que visam a cidadania e o papel social do cidadão. O Aluno Pedag 2, trás
em seu discurso a preocupação com o universo e como a mudança de atitude pode
ser importante para o mundo. Neste contexto, verifica-se claramento as categorias
Responsabilidade Social, Inclusão Social e Sustentabilidade.
Aluno Pedag 3:
Resposta 6: “Meio ambiente, educação no trânsito e direitos político-social”
Pode-se deduzir do Aluno Pedag 3, uma visão estratégia e pontual,
tendo em vista os projetos que ele aponta serem atuais e importantes para o
desenvolvimento da cidadania. Sendo assim, observa-se uma preocupação com a
Inclusão Social, com a responsabilidade social e com a Sustentabilidade, pois
projetos dessa natureza trazem mudanças de comportamento futuro, isto é, pessoas
mais preocupadas com as necessidades do planeta e com a Sustentabilidade.
Aluno Pedag 4:
Resposta 6: “Proporia projetos no qual venha atender a todos os alunos.”
o exposto pelo discurso do Aluno Pedag 4, apresenta uma visão
mais focada para dentro da IES e por isso propõe cursos que ajudem na sua própria
qualificação. Pode-se afirmar que é uma visão minúscula quando estamos falando
de Responsabilidade Social, projetos sociais e papel social de IES. Contudo, é uma
opinião e a forma que ele tem de atender as necessidades da IES e especialmente
dos alunos. Dessa forma observamos uma única preocupação do aluno, com a
prática. Não se conseguiu inferir nenhuma categoria deste discurso.
155
Aluno Pedag 5:
Resposta 6: “Como manter uma boa relação interpessoal, diga não ao cigarro em
ambientes fechados, economize água e etc.”
O discurso do Aluno Pedag 5, trás questões importantes direcionadas
para o aprimoramento do relacionamento interpessoal, de questões ambientais e de
saúde blica. Pode-se inferir deste discurso uma visão interdisciplinar e complexa,
pois ele propõe a união de vários saberes, conforme Morin(2007) em seu livro
“Cabeça bem-feita”. O discurso desse aluno apresenta pontos interessantes, pois
quando aprendemos a conviver em sociedade tornamos o ambiente mais
agradarvel, se cuidamos da nossa saúde garantimos uma vida melhor e ao
economizar água estamos garantindo o abastecimento por mais tempo. A visão
deste aluno é a mais global e a que tem mais a ver com os princípios de
Sustentabilidade , pois visa melhoria da qualidade de vida, bem-estar, cidadania e
cuidados com recursos renováveis que podem se tornar escassos. Desta forma,
verifica-se neste discurso as categorias: Responsabilidade Social, Inclusão Social,
Sustentabilidade, Reflexividade e Complexidade.
Aluno Enf 1:
Resposta 6: “Algo relacionado à Sustentabilidade do meio ambiente com vistas a
minimizar a degradação ambiental e incentivar a preservação do ambiente.”
Ao analisar o discurso do Aluno Enf 1, infere-se uma preocupação
com o meio ambiente, mesmo o entrevistado sendo da área de saúde. Fato
interessante e positivo ao mesmo tempo, visto a importância de formar pessoas
preocupadas com as questões ambientais e com uma visão interdisciplinar. Logo,
identifica-se neste discurso as categorias Sustentabilidade,Inclusão Social, e
Complexidade
Aluno Enf 2:
Resposta 6: “Pactuar com outras empresas de ensino privado para a melhoria da
assistência social fundamentada por cada uma.”
156
No discurso do Aluno Enf 2, deduz-se uma maior preocupação com a
possibilidade de praticar o que foi aprendido e da importância de se fazer parcerias
com as IES da município. Neste discurso o foco está para a possibilidade de praticar
através da assistência social, desta forma observa-se a categoria Inclusão Social.
Aluno Enf 3 :
Resposta 6: “Assistência a saúde do homem, implantar palestras e abordagem
terapêutica.”
Pelo exposto no discurso do Aluno Enf 3, percebe-se uma
preocupação com a saúde do homem, fato interessante visto que normalmente a
atenção é para a saúde da mulher. O aluno também sugere a elaboração de
palestras e orientações terapêuticas. Fato relevante, visto que muitos homens por
não darem valor a medicina preventiva, quando descobrem alguma doença, em
muitos casos, está numa fase avançada. Isto, leva a mortalidade e aumenta os
índices de problemas que poderiam ser evitados com uma prevenção adequada.
Projetos dessa natureza trariam uma elevação da qualidade de vida e como
consequência reduziram os custos com tratamentos. Sendo assim, infere-se deste
discurso as questões relacionadas a Sustentabilidade e Inclusão Social.
Aluno Enf 4:
Resposta 6: “Ação e cidadania”
na percepção do Aluno Enf 4, projetos interessantes seriam
projetos que levassem ação e cidadania as pessoas da comunidade. Essas palavras
juntas têm muitos significados, o que dificulta inferir algo mais específico dessa
oração. Contudo, ao analisar a luz das categorias pode-se afirmar que, quando se
fala de cidadania, fala-se também de Inclusão Social.
Aluno Enf 5:
Resposta 6: “Uma clínica de enfermagem, que preste serviço a comunidade como:
curativos, orientação sob medicação, aplicação das medicações e verificação dos
sinais vitais etc.”
157
Na sequência desta análise sobre o entendimento dos alunos, foi
possível identificar no discurso do Aluno Enf 5, uma visão focada para sua área de
interesse. Ao mesmo tempo, propõe projetos de extrema importância para a
população. Segundo o aluno, seria importante a implantação de uma clínica de
enfermagem que colaborasse com a saúde da comunidade. Sugestão louvável,
tendo em vista que essas pessoas, muitas vezes, não têm acesso a serviços
básicos de saúde, o que resulta num elevado grau de problemas de saúde. Com a
implantação de um projeto dessa natureza, com certeza os alunos ao tempo que
praticariam, estariam proporcionando uma melhoria da qualidade de vida da
comunidade e por consequência estariam colaborando com a Sustentabilidade e a
Inclusão Social das pessoa atendidas, sem deixar de atender ao tripé defendido pelo
MEC que visa unir o ensino, a pesquisa e a extensão.
Aluno Direito 1:
Resposta 6: “Os atrasos de multas de livros da biblioteca, pagos com alimentos não
perecíveis e doados a alguma instituição, (...) mais projetos voltados para
atendimento gratuito aos menos favorecidos.”
Ao analisar o discurso do Aluno Direito 1, percebe-se uma
preocupação com o problema da fome, tendo em vista sua sugestão de tranformar
as multas por atrasos da biblioteca em alimentos, como também a necessidade de
fornecer atendimento as pessoas. Como o aluno não específicou, pode-se deduzir
que esses atendimentos estariam relacionados a área de saúde e jurídica, fato que
demonstra uma visão mais global das necessidades das pessoas. Inferi-se deste
discurso as categorias Responsabilidade Social, Inclusão Social e Sustentabilidade.
Aluno Direito 2:
Resposta 6: “Soluções para a pacificidade da convivência na sociedade, tais como
conciliar para dirimir conflitos proporcionados pela dificuldade da vida em sociedade,
ou seja, responsabilidade social.”
Na percepção do Aluno Direito 2, percebe-se uma preocupação
voltado para as questões da diminuição da violência, fato relevante e muitas vezes a
principal causa da criminalidade e morte nessas áreas com grande ocupação urbana
158
e baixo nível educacional. Possibilitar às pessoas carentes, orientação para diminuir
os conflitos e viver bem em sociedade, torna as pessoas mais conscientes de seu
papel na comunidade onde residem. Portanto, acredita-se que quando se
proporciona uma melhoria da qualidade de vida e orientação as pessoas, está se
dando a oportunidade delas serem cidadãos efetivos na sociedade. Logo, inferi-se
deste discurso as categorias Responsabilidade Social, Inclusão Social e
Sustentabilidade.
Aluno Direito 3:
Resposta 6: “Projetos voltados sempre para a Inclusão Social das pessoas.”
Pode-se deduzir ainda do Aluno Direito 3 , a preocupação em propor
projetos que propociem a Inclusão Social. A sugestão é bem ampla, visto que
várias maneiras de proporcionar aos menos favorecidos a possibilidade de serem
incluídos e respeitados na sociedade. Como o aluno não específicou os tipos de
projetos, pode-se deduzir que ele acredita na interdisciplinaridade e que todos os
cursos podem colaborar com essa Inclusão Social, sendo assim, inferi-se desse
discurso questões relacionadas a Inclusão Social e Sustentabilidade.
Aluno Direito 4:
Resposta 6: “Incentivo à alfabetização, principalmente de jovens e adultos, podendo
criar nessas pessoas a esperança e a possibilidade de sonhar e poder realizar.
Segundo o exposto pelo Aluno Direito 4, os projetos de
Responsabilidade Social devem estar focados em incentivar a educação dos jovens
e adultos. Fato que colabora com sua inclusão na sociedade, além de possibilitar a
elevação de sua auto-estima, ao mesmo tempo que o apresentadas aos
beneficiados novas possibilidades de viver melhor. Acredita-se que através da
educação pode-se mudar o mundo, deste discurso inferi-se as categorias
Sustentabilidade e Inclusão Social.
Aluno Direito 5:
Resposta 6: “Reciclagem de lixo, orientação ao consumidor, alfabetização de idosos
e orientação sobre doenças sexualmente transmissíveis.”
159
Do discurso do Aluno Direito 5 observa-se uma visão interdisciplinar,
pois o aluno sugere projetos voltados para área de saúde, educação, meio ambiente
e jurídica. Ele propõe uma integração entre vários campos do saber, isto é, entre
vários alunos, que podem trabalhar juntos com o propósito de melhorar a vida da
população local. Dessa maneira, inferi-se deste discurso as categorias
Responsabilidade Social, Inclusão Social, Complexidade e Sustentabilidade.
Ao analisar os discursos acima, verifica-se que cada entrevistado tem
uma proposta, que por sua vez tem sua importância dentro dos parâmentros da
Responsabilidade Social exercida pela IES. Contudo, observou-se que alguns
alunos apresentam uma visão limitada a seus cursos, enquanto outros apresentam
uma compreensão geral de mundo e como os projetos de Responsabilidade Social
podem colaborar com a comunidade local.
Desta forma, pode-se afirmar que é necessário que os alunos
compreendam o importante papel que a Responsabilidade Social tem dentro das
IES e como os alunos e professores, podem fazer a diferença ao adotar uma postura
que visa levar a cidadania as pessoas mais necessitadas.
Por fim, pode-se verificar nos discursos desses alunos uma visão
ampla das necessidades que a comunidade carente tem. Entretanto, falta motivação
para atuar de uma maneira que favoreça os mesmos. Pode-se afirmar, também, que
falta uma visão mais interdisciplinar dos problemas, por isso é importante apresentar
o papel que cada curso tem para a sociedade e como este pode colaborar com a
melhoria da qualidade de vida dessas comunidades mais carentes. A
Responsabilidade Social dentro da IES deve proporcionar aos alunos uma visão de
mundo interdisciplinar, pois eles devem ser capazes de observar e indentificar as
necessidades que essas comunidades tem, é necessário formar cidadãos
preocupados com os princípios da Sustentabilidade e assim garantir um mercado
formado por profissionais preocupados com as questões sociais, ambientais e
econômicas.
160
CAPITULO VI
6 UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PARA AS
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DO ESTADO DE
PERNAMBUCO ASSENTE NA RESPONSABILIDADE
SOCIAL
Neste capitulo da pesquisa, apresenta-se uma proposta de
intervenção com base nos resultados desta investigação realizada em uma
Instituições de Ensino Superior do estado de Pernambuco. A presente proposta de
intervenção está alicerçada no conceito de Responsabilidade Social Sustentável,
referio do capítulo III desta dissertação.
E, nesse sentido, reitera-se que a Responsabilidade Social Sustentável
é uma opção de gestão que visa a excelência na prestação de serviço e
conseqüentemente a formação de alto nível através da disponibilização de
condições de trabalho adequado e da otimização do relacionamento com seus
fornecedores, acionistas, poder público e a comunidade. É uma maneira ética e
transparente de gerir que busca desenvolver projetos que contribuam com a
inclusão social, com a ampliação da consciência ambiental, com a importância de se
preservar a cultura local, com o desenvolvimento econômico e social de todos os
envolvidos. Por fim, esta maneira de gerir deve integrar os princípios do
desenvolvimento sustentável, da reflexividade e da integração entre ensino,
pesquisa e extensão.
Vale ressaltar, que esta proposta de Responsabilidade Social
Sustentável tem por objetivo pôr em prática o que foi, de fato, investigado e
constatado no âmbito desta pesquisa. Por isso, esta investigação assume contornos
de uma pesquisa-ação, de forma a atender às necessidades referentes a assunção
da Responsabilidade Social pelas IES suscitadas nos meandros deste trabalho.
Pretende-se com esta proposta apresentar modelos de projetos que
contribuam com a melhoria da qualidade de vida da comunidade local, através de
atividades de incluo social, como também separar a idéia que extensão e
Responsabilidade Social são a mesma coisa. Ressalta-se, pois que para a
161
implantação deste projeto senecessário o apoio das IES, dos professores, dos
alunos e da comunidade local.
Por outro lado, é de referir que para que o projeto proposto atenda aos
pré-requisitos constantes no conceito acima, é necessário que sejam considerados e
avaliados os seguintes indicadores:
1. Gestão ética e transparente;
2. Formação de alto nível;
3. Otimização do relacionamento com seus clientes (alunos e
professores, poder público e a comunidade);
4. Contribuição com a inclusão social;
5. Ampliação da consciência ambiental;
6. Respeito à cultura local;
7. Integração entre ensino, pesquisa e extensão;
8. Respeito e atendimento aos princípios do desenvolvimento
sustentável, da reflexividade e da complexidade.
Assim, para que a proposta seja considerada sustentável e válida ela
deverá contemplar, pelo menos 06 (seis) dos indicadores acima, e ainda atender a
exigência de integração entre universidade e sociedade, entre teoria e prática.
Os projetos de Responsabilidade Social propostos neste trabalho,
foram elaborados a fim de atender, solucionar e diminuir os baixos índices do
desenvolvimento humano da população local. Além disso, através desta proposta de
intervenção, os professores poderão possibilitar aos alunos aplicarem seus
conhecimentos acadêmicos no que diz respeito a conhecimentos básicos
relacionados à higiene, saúde, educação, cultura, meio ambiente e cidadania. A
integração academia e sociedade colabora com a formação dos alunos auxiliando-
os no desenvolvimento de novas competências, estimulando a criatividade e
espontaneidade que o mercado exige.
Essas ações, por sua vez, geram muitos benefícios para a comunidade
local atendida, entre elas destaca-se: a melhoria da qualidade de vida, redução da
pobreza, combate a doenças, preservação e educação ambiental entre outras, isto
é, quando a IES se integra com a sociedade ela se transforma numa parceira na luta
contra as diferenças e divergências sociais, dando alternativas de desenvolvimento
sustentável e contribuindo com o social, o ambiental e o cultural.
162
Defende-se ainda, nesta pesquisa que ações de Responsabilidade
Social devem ser divulgadas nas IES por professores de todos os cursos, pois a
obrigação social da instituição não pode está limitada a notas individuais e
obrigatórias, isto é, toda a instituição tem sua parcela de compromisso, além da
obrigação de formar a nata intelectual do país. A pergunta que fica é como serão os
profissionais formados por IES que não estão preocupadas com a sustentabilidade?
Como serão os profissionais que tiveram contato com projetos de inclusão social
para cumprir carga horária obrigatória?
O que se busca nesta pesquisa é levantar a bandeira que estudantes
que participam de atividades dessa natureza apresentam-se como cidadãos e
consequentemente profissionais mais preocupados com o futuro das gerações.
Essas atividades devem ter como base a atividade voluntária, isto é, aquela
espontânea, onde se pode optar por fazer ou não fazer, juntamente com conceitos
de gestão, de educação, de saúde e outros existentes no mundo acadêmico.
Em termos gerais, esta proposta de intervenção com base na
Responsabilidade Social das IES, implicará, principalmente, na vivência da
interdisciplinaridade nas práticas educativas das academias e no atendimentos aos
preceitos legais que regem estas instituições. Sendo assim, tem-se;
Nessa perspectiva, esta proposta de intervenção tem por objetivo
geral, promover ações de caráter interdisciplinar que possibilitem a integração entre
teoria e prática, na medida em que colaboram com a melhoria da qualidade de vida
de determinadas comunidades. Aponta-se como objetivos específicos desta
proposta:
Promover a integração da IES com a comunidade local, através do
desenvolvimento de projetos pelos alunos;
Promover a melhoria da qualidade de vida da comunidade local, através do
atendimento à população por meio dos diversos projetos desenvolvidos;
Possibilitar o acesso de parte da comunidade local a IES, atendendo os pré-
requisitos para a promoção da inclusão social;
Divulgar os conceitos de educação ambiental e da necessidade de preservá-
los;
Estimular a preservação da cultura local;
Estimular a geração de renda e o encaminhamento ao mercado de trabalho.
163
Ressalta-se ainda que as metas desta proposta deverão ser traçadas
na medida que for definido o público-alvo. Contudo, é possível dizer que um das
metas será possibilitar a dimunição das diferenças sociais e culturais exitentes, além
de capacitar pessoas para que possam ser inseridas no mercado de trabalho.
Feitas estas considerações iniciais relativamente a esta proposta de
intervenção que ora apresenta-se, no âmbito desta investigação de mestrado,
apresenta-se a seguir as formas de monitoramento e avaliação,
Base Legal:
Artigos 43º ao 5 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional)
Inciso III do artigo 3º da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004 (SINAES)
Monitoramento e avaliação
Os projetos deverão ser avaliados durante sua execução e após seu término,
conforme os objetivos e as metas pré-estabelecidas.
Deverá ser levado em consideração também: número total de pessoas
atendidas pelo projeto, número de pessoas formadas, número de pessoas
encaminhadas ao mercado de trabalho, número de atendimento domiciliares,
rendimento e etc.
O monitoramento e a avaliação devem ser elaborados individualmente após a
definição dos objetivos e das metas.
Local
O lócus desta proposta de intervenção deverá ser a Universidade que serviu
de campo empírico a esta pesquisa em parceria com a UPE. Ou ainda
qualquer IES do estado de Pernambuco
164
Parceiros
São parceiros indispensáveis para o desenvolvimento dessas atividades os
coordenadores dos cursos, os professores e especialmente os alunos, futuros
profissionais.
São parceiros potenciais: empresas locais que defendem idéias de
sustentabilidade e que possam colaborar com o desenvolvimento dessas
atividades.
Público-alvo
Comunidade local
Equipe
01 coordenador do núcleo, que ficará responsável pela implantação e
acompanhamento dos projetos
01 apoio administrativo, esses poderão ser voluntários, membros das IES.
Pessoas para desenvolver os projetos.
Nessa perspectiva, serão apresentadas a seguir, três sub-propostas, no
âmbito desta proposta, são elas: uma proposta de acompanhamento nutricional para
os cursos de Psicologia, Nutrição, Educação Física, Gastronomia e Enfermagem.
Uma segunda sub-proposta aqui denominada de, ingressando no mercado de
trabalho, para os cursos de Administração, Direito, Ciências Contábeis, Turismo e
Pedagogia, e uma terceira sub-proposta, Educação e Diversão, para os cursos de
Pedagogia, Licenciaturas Diversas, Gestão Ambiental, Administração, Enfermagem
e Educação Fisíca.
165
PROPOSTA 01: Acompanhamento Nutricional
Cursos Envolvidos: Nutrição, Psicologia, Educação Física, Gastronomia e
Enfermagem
Objetivos:
1. Elaborar avaliação e instituir o acompanhamento nutricional de crianças,
jovens, adultos e membros da 3º idade;
2. Realização mensal de pesagem, medidas de circunferência de cintura,
medidas de altura, cálculo de IMC a fim de evitar problemas relacionados à
obesidade e quando for o caso orientar a procurar um serviço de saúde;
3. Ministrar palestras, mini-cursos e entrega de folheto com orientações sobre
alimentação saudarvel.
4. Realização mensal de aferição de pressão arterial e orientação sobre os
cuidados na prevenção da hipertensão arterial;
5. Apresentar a comunidade cuidados básicos com a saúde, bem como a
prevenção de doenças a fim de promover uma vida mais saudarvel;
6. Estimular a atividade física diária, bem como a alimentação saudarvel;
7. Apresentar idéias de sustentabilidade e educação ambiental.
Justificativa: Ao realizar trabalhos que se preocupam com a saúde e o bem-estar
da população local, a IES está colaborando não com a formação de seus alunos,
mas com os órgãos públicos e com a melhoria da qualidade de vida, tendo em vista
que pessoas mais saudarveis vivem melhor e vão menos ao médico. O que se quer
neste projeto é promover a melhoria da qualidade de vida tornando as pessoas mais
saudarveis e conscientes para divulgar a idéia de sustentabilidade.
Atividades: Sob a coordenação de um Professor(a) os alunos dos Cursos
envolvidos realizaram avaliação nutricional em crianças, adolescentes, adultos e
idade. Através da avaliação nutricional os alunos poderão propor aos beneficiados
pelo projeto uma maneira mais saudável de viver, juntamente com a orientação da
dieta. Com o acompanhamento nutricional será possivel intervir de forma adequada
166
para a manutenção ou recuperação do estado de saúde dos beneficiados. Em
seguida, será realizado aferição de pressão, cursos e palestras com temas
relacionados a alimentação, lazer, esportes e saúde.
PROPOSTA 02: Ingressando no mercado de trabalho
Cursos Envolvidos: Administração, Direito, Ciências Contábeis, Turismo e
Pedagogia
Objetivos:
1. Auxiliar na capacitação profissional dos membros da comunidade, por meio
de cursos, oficinas e palestras para que os mesmos possam ingressar no
mercado de trabalho;
2. Orientar os participantes na elaboração de currículos e como se comportar
em entrevistas de emprego;
3. Orientar os participantes sobre gestão financeira e familiar;
4. Fornecer palestras ou mini-cursos de empreendedorismo e fonecer
orientações para abertura de empresas nas diversas áreas de gestão
5. Promover a empregabilidade através da criação de novas oportunidades de
geração de emprego e renda aos participantes.
6. Fornecer orientação jurídica e noções de direitos e deveres como cidadãos e
consumidores;
7. Incentivar o associativismo e o cooperativismo dentro das comunidades;
8. Oferecer cursos profissionalizantes de garçom, auxiliar de cozinha, camareira,
assistente administrativa, telemarketing, informática entre outros;
9. Conscientizar a população sobre os inúmeros benefícios da reciclagem e
incentivar a produção de produtos apartir desses objetos.
10. Apresentar os princípios da sustentabilidade e educação ambiental.
Justificativa: Ao realizar trabalhos que se preocupam com a inclusão da
comunidade local ao mercado de trabalho a IES está demonstrando preocupação
com o desenvolvimento ecônomico e social do comunidade, isto é, por meio da
oferta de ações sociais, educativas, preventivas e culturais a IES cria um elo entre a
167
faculdade e os moradores. Ao incentivar a reciclagem e a divulgação do artesanato
a IES dar também possibilidade de elevação de qualidade de vida, geração de
renda, isto é, desenvolvimento ecônomico e social .
Atividades: Os alunos juntamente com um professor do curso elaboraram palestras
e mini-cursos com orientações sobre gestão financeira familiar, compra a vista, a
prazo e financiamentos. Com aulas de empreendedorismo os participantes terão
despertadas suas capacidades criativas na busca por soluções inovadoras. Os
cursos profissionalizantes buscam elevar o grau de capacitação dos participantes,
aumentado assim suas chances de galgar uma vaga no mercado de trabalho.
PROPOSTA 03: Educação e Diversão
Cursos Envolvidos: Pedagogia, Licenciaturas Diversas, Gestão Ambiental,
Administração, Enfermagem, Educação Fisíca
Objetivos:
1. Atender crianças e adolescentes da rede pública e particular de ensino que
apresentem dificuldades de aprendizagem, proporcionando-lhes um reforço
escolar e prática de atividades esportivas e culturais.
2. Desenvolver atividades para propiciar o desenvolvimento da fala e da
linguagem;
3. Proporcionar atividades desportivas e culturais tais como, escolinha de
futebol, voleibol, dança popular entre outras;
4. Promover palestras educativas sobre educação sexual, drogas e cidadania;
5. Garantir o bom rendimento escolar;
6. Usar técnicas de reciclagem, para produzir brinquedos tipo Vai-Vem e um
Porta-Treco
7. Apresentar os princípios da sustentabilidade e educação ambiental.
168
Justificativa: Ao realizar trabalhos que se preocupam com a manutenção de
crianças e adolescentes na escola a IES está cumprindo seu dever moral de
fornecer melhores condições de vida a comunidade onde está instalada. Além disso,
crianças e adolescentes estudando e ocupados, deixam de serem alvos para a
criminalidade.
Atividades: Os alunos juntamente com um professor coordenador elaboraram
horários para atendimento dos participantes do projeto, onde receberam reforço
escolar de várias disciplinas, farão esportes, dança e serão orientados sobre drogas,
criminalidade, educação sexual, meio ambiente e cidadania. Os alunos deverão
apresentar aos participantes a importância da reciclagem e seus perigos para a
natureza, se esse material não fosse reaproveitado. Todos os cursos podem e
devem participar.
Justifica-se o direcionamento das propostas para áreas de Saúde,
Ciências Aplicadas e Humanas, após análise das estatísticas apresentados pela
ABMES referente as atividades realizadas no Dia da Responsabilidade Social no
ano de 2008 no Brasil e no Nordeste. Segundo os dados apresentados pela
Associação, cerca de 28% dos projetos foram direcionados para Saúde, 34% para
Ciências Aplicadas e 18 % para Ciência Humanas no Nordeste. Contudo, esse
direcionamento não quer dizer que alunos de outros cursos não possam participar,
visto que os projetos defenderam a bandeira da interdisciplinaridade e dos
princípios da sustentabilidade, isto é, todos podem participar.
Outro ponto que merece destaque é o baixo custo para elaboração,
implantação e manutenção destes projetos, tendo em vista que o centro irá
remunerar os professores que fazem parte da Institução e portanto sabem do
potencial de cada IES para o desenvolvimento de tais projetos, os alunos serão
voluntários e o espaço física é o da própria IES nos horários em que está ociosa.
Por fim, ressalta-se que todos os projetos serão desenvolvidos
voluntariamente pelos discentes dos cursos de graduação, com apoio dos docentes,
nas dependências da IES e com aulas práticas, quando necessário.
169
7 CONCLUSÕES
Esta pesquisa, que teve como objeto de estudo a Responsabilidade
Social, no âmbito de uma IES, buscou identificar de que maneira os projetos de
Responsabilidade Social, desenvolvidos pela Instituição de Ensino Superior privada
do Recife tem contribuído com o Desenvolvimento Local Sustentável. Desta forma,
chega-se ao fim com um sentimento de papel cumprido, pois através das diversas
análises confirmou-se o papel relevante que a IES têm no desenvolvimento
sustentável da comunidade onde está inserida. Por outro lado percebeu-se também,
que ainda há muito por fazer e melhorar.
A proposta inicial desta pesquisa era apresentar a importância que
uma Instituição Educacional de Ensino Superior tem para o desenvolvimento
sustentável e as maneiras que podem colaborar com a Responsabilidade Social.
Ressalta-se que essa organização possui maneira diferente de agir visto seu baixo
impacto no meio ambiente, isto é, ela contribui de uma maneiras diferenciada com a
sustentabilidade.
Percebeu-se neste trabalho uma necessidade de elevar os níveis de
participação das IES na comunidade, isto é elevar seu compromisso social. A IES
não pode continuar sendo formada apenas por pequenos grupos intelectuais que
se preocupam com produção acadêmica e cientifica, é necessário que ela se insira
na sociedade e incentive a prática, a solidariedade e a reflexividade dos alunos
através das práticas de Responsabilidade Social universitária.
Assim, ao final do trabalho conclui-se que a respeito do objetivo
específico que buscou identificar a correlação existente entre Responsabilidade
Social e Desenvolvimento Sustentável nas Instituições de Ensino Superior do Recife,
tem-se a informar que é possível fazer essa analogia à medida que as Instituições
de Ensino Superior cumprem as exigências constantes na LDB e no SINAES. Além
disso, é importante que a IES também assuma seu papel social de formador de
cidadãos dignos e preocupados com o futuro do planeta.
Diante dos dados apresentados pode-se afirmar que as Instituições de
Ensino Superior quando realizam trabalhos sociais que visam melhorar a qualidade
de vida dos membros da comunidade local é uma forma de colaborar com o
170
desenvolvimento sustentável, visto que tais programas e projetos geram resultados
positivos a longo prazo.
No segundo objetivo específico buscou-se verificar a que ponto a
Responsabilidade Social vivenciada, no âmbito das IES, pode contribuir para a
inclusão social, fato que também foi comprovado ao ver citado em quase 95% dos
questionários e entrevistas realizadas a maneira como esses projetos colaboravam
com a comunidade local. O interessante ao verificar a validade desta afirmação é
que projetos simples como reunir os alunos de Direito para prestar informações
jurídicas a comunidade, ou os alunos de Enfermagem para aferir pressão arterial e
dar palestras sobre saúde tem um peso grande na vida dessas comunidades que
precisam de atenção. A IES, juntamente com seus professores e seus projetos
proporcionam aos alunos a vivência prática do que aprenderam na sala da aula ao
mesmo tempo que colaboram com o bem-estar de outras pessoas.
No último objetivo específico investigou-se se os projetos de
Responsabilidade Social das IES possibilitam aos estudantes o desenvolvimento do
pensamento crítico-reflexivo. A propósito deste objetivo, concluiu-se que a formação
profissional na perspectiva crítico-reflexiva é uma preocupação dos membros das
IES e um desejo dos alunos. Todos acreditam que é imprescindível formar
profissionais que tenham competência para encarar o mercado de trabalho ao
mesmo tempo que estão atenados com os problemas sociais.
Percebeu-se também, que os alunos concordam que os projetos
sociais estimulam o pensamento reflexivo ao mesmo tempo que precisam ser mais
discutidos e análisados seus resultados. O que se vê, são alunos, na maioria das
vezes, querendo estudar e ter experiências novas, eles não querem participar de
atividades comunitárias, querem elaborar projetos, fazer análise crítica dos
resultados, querem colocar em prova sua capacidade de fazer leitura dos dados.
Ao analisar até que ponto esses projetos de Responsabilidade Social
desenvolvidos pelas IES, levam os alunos a reflexão, identificou-se a necessidade
de unir teoria e prática, visto que, a partir dessa análise mais crítica é possível
transformar a maneira de ver o mundo dos coordenadores, professores e alunos.
Enfim, esta pesquisa evidenciou a necessidade de se estimular a Responsabilidade
Social e a reflexividade nos alunos e professores dentro de instituições de ensino.
Outro ponto analisado neste estudo, foi que a educação superior
privada no país não pode ser considerada apenas um négocio que rende bons
171
lucros, é preciso que seus administrados estejam conscientes do papel social que
está instituição tem e que seja exigida um alto patamar de qualidade, pois a IES tem
o dever de diminuir as diferenças sociais existentes e formar profissionais
preocupados com esses problemas.
Além disso, os coordenadores precisam estimular os professores a
ensinar os alunos a olhar e ver o mundo de outra maneira, de refletir sobre os
problemas existentes e, quem sabe, propor mudanças e melhorias. É necessário
que as aulas sejam inovadoras e que professores e alunos aprendam a aprender
com suas experiências, resolvendo problemas, se relacionando com outras pessoas
e trabalhando em equipe.
Buscou-se nesta pesquisa o ideal de uma educação socialmente
responsável, isto é, uma educação que possibilita aos alunos a prática, que
disponibiliza um ensino mais estimulante, que transforma o aluno em um cidadão
mais consciente do seu papel na sociedade e na profissão escolhida. Contudo, nada
disso será possível se o aluno não se sentir estimulado e participante do processo
em que está inserido.
Defendeu-se, também, neste trabalho uma educação, conforme citado
por Delors et al, (2001, p.90), isto é, organizada em torno de quatro pilares do
conhecimento: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto e
aprender a ser”. Segundo o autor, nos países em desenvolvimento as universidades
tem a responsabilidade pelo desenvolvimento da sociedade e pela formulação das
políticas públicas juntamente com os programas de formação dos recursos humanos
de nível médio e superior. Assim, advoga-se a importância de um ensino superior
comprometido com a elevação da educação no país, isto é, responsável pela
preparação dos jovens para o ingresso no mercado de trabalho.
As IES o estabelecimentos responsáveis pela disseminação da
educação superior e precisam ser pensadas como espaços de desenvolvimento
humano, que possibilitem viver a complexidade que compõe o mundo atual. É
preciso que a IES se transformem numa organização que aprende, que busca a
qualidade tanto do ensino, como também dos profissionais que nela trabalham. A
universidade precisa ser transformada em um ambiente educativo, onde trabalhar e
formar não sejam atividades distintas e onde a meta principal seja produção de
conhecimento e saber.
172
A intenção desta pesquisa foi apresentar métodos pelos os quais as
Instituições de Ensino Superior, podem se transformar em instituições saudáveis,
conscientes e sustentáveis, preocupadas com o bem-estar de seus alunos, da
comunidade local e dos seus profissionais docentes ou não, no que diz respeito à
melhoria das condições de trabalho, a jornada de trabalho, a autonomia profissional
e até a situação física dessas instituições educacionais.
Além disso, a atualidade exige que as IES levantem a bandeira da
Responsabilidade Social do ensino superior, pois é através dela que essas
instituições vão colaborar com o desenvolvimento local e com a boa formação de
seus alunos. Assim, a Responsabilidade Social das instituições educacionais não
pode ser confundida com as atividades extensionistas, quer dizer, não pode limitar-
se a mini-cursos ou ações comunitárias.
Responsabilidade Social no ensino superior refere-se à contribuição
dessas instituições no que diz respeito “à inclusão social, ao desenvolvimento
econômico e social, à defesa do meio ambiente, da memória cultural, da produção
artística e do patrimônio cultural” (BRASIL, 2004). Assim, deve-se ter uma visão
mais ampla da importância e da abrangência das atividades de Responsabilidade
Social dentro da instituição, visto que extensão tem outro foco.
Reforça-se a idéia que as IES o empreendimentos educacionais que
tem como missão formar e capacitar os profissionais necessários para o
desenvolvimento de nosso país. Desta maneira, a Responsabilidade Social é
considerada como um compromisso permanente de boa qualidade no ensino, um
compromisso permanente de formar cidadãos preparados para ingressarem no
mercado de trabalho e vencerem todos os obstáculos. É buscar princípios e valores
que sustentem e iluminem o desenvolvimento humano.
É necessário que todos cheguem a um consenso e aceitem que o
desenvolvimento sustentável é algo que busca a qualidade e a manutenção da vida
hoje e amanhã. É necessário acabar com essa visão miúda, pois nós,
individualmente não somos o centro da terra, apenas fazemos parte dela. Por isso,
afirma-se que a IES pode e deve colaborar com a sustentabilidade através de suas
grades curriculares, através de debates, de projetos sociais entre tantas maneiras
possíveis. É necessário divulgar para toda a sociedade a consciência ambiental.
A Responsabilidade Social da educação superior, especialmente a
relacionada ao setor privado, deve ser compreendida como uma forma de gestão
173
que a instituição adotou, a fim de apresentar a seus clientes, internos ou externos, e
aos membros da sociedade uma relação ética e transparente, com princípios e
valores bem definidos. A Responsabilidade Social das universidades deve esta
compromissada com a formação de recursos humanos capazes de colaborar com o
desenvolvimento do país.
Logo, torna-se inegável o importante papel que estas instituições têm
com a formação profissional e a sustentabilidade local. Por isso, defende-se que as
ações comunitárias devem fazer parte do cotidiano das IES, dos professores e dos
alunos, uma vez que possibilitam a prática acadêmica, ao mesmo tempo em que
possibilitam o aperfeiçoamento das competências cnicas dos alunos e o
desenvolvimento humano.
Por fim, conclui-se que a Responsabilidade Social das IES deve ser
trabalhada em conjunto com a gestão escolar, com os coordenadores, com os
professores e alunos, a fim de garantir a qualidade acadêmica, juntamente com a
autonomia universitária e a inclusão social. Esses pré-requistos devem estar
presentes nos projetos pedagógicos e nas políticas de formação superior. As IES
devem ter uma gestão socialmente responsável que assuma seu papel na
sociedade, contudo não se pode esquecer que essa responsabilidade também é do
Poder Público, que é nosso representante legal.
174
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181
ANEXOS
ANEXO I : QUESTÕES DA ENTREVISTA E QUESTIONÁRIO
1.O que você entende por Responsabilidade Social e sustentabilidade no ensino
superior?
2.Você considera que o Ensino Superior nesta Instituição tem sido gerido sob os
fundamentos da Responsabilidade Social? De que forma?
3.O que você entende por inclusão social?
4. Você conhece ou já participou de algum projeto nesta Intituição, que vise a
inclusão social? Quais? Quais eram os objetivos desses projetos?
5. Você considera que os projetos de Responsabilidade Social desta Instituição
propiciam a reflexão crítica aos professores e alunos? De que forma?
6. Caso fosse convidado (a) para gerir esta Instituição que projetos voltados para
Responsabilidade Social proporia?
1
ANEXO 2 – Roteiro de pré-análise das entrevistados
Título da pesquisa:
Obejtivo Geral: Identificar de que maneira os projetos de Responsabilidade Social-RS, desenvolvidos pelas Instituições de
Ensino Superior - IES privadas do Recife têm contribuído com o Desenvolvimento Local Sustentável.
Dimensões de
Análise
Objetivos
específicos
Questões
(entrevista)
Unidades de
discurso ou
situações
observadas
Categorias
Analíticas
Inferências
Contribuição dos
projetos de RS das
IES para o DLS
Identificar a
correlação
existente entre
Responsabilidade
Social e
Desenvolvimento
Sustentável nas
Instituições de
Ensino Superior do
1.O que você
entende por
Responsabilidade
Social e
sustentabilidade no
ensino superior?
2.Você considera
que o ensino
Sustentabilidade
2
Recife.
superior nesta
Instituição tem sido
gerido sob a égide
da
Responsabilidade
Social? De que
forma?
Possibilidade de
inclusão social
fomentada por
projetos de
extensão das IES
Verificar até que
ponto a
Responsabilidade
Social vivenciada,
no âmbito das IES,
pode contribuir para
a inclusão social.
3.O que você
entende por
inclusão social?
4. Você conhece ou
já participou de
algum projeto nesta
IES, que vise a
inserção social?
Quais? Quais eram
os objetivos desses
projetos?
Inclusão social
3
Responsabilidade
Social numa
perspectiva do
pensamento crítico-
reflexivo dos alunos
Verificar se os
projetos de
Responsabilidade
Social das IES
possibilitam aos
estudantes o
desenvolvimento do
pensamento crítico-
reflexivo.
5. Você considera
que os projetos de
Responsabilidade
Social desta IES
propiciam a
reflexão crítica aos
professores e
alunos? De que
forma?
6. Caso fosse
convidado (a) para
gerir esta IES que
projetos voltados
para
Responsabilidade
Social proporia?
Refletividade e
complexidade
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