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JOANA D’ARC DE SOUZA OLIVEIRA
RISCO OCUPACIONAL NO CONTEXTO HOSPITALAR
Natal - RN
2009
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RISCO OCUPACIONAL NO CONTEXTO HOSPITALAR
Dissertação a ser apresentada à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte - Programa de
Pós-Graduação em Ciências da Saúde, como
pré-requisito para obtenção do Título de
Mestre em Ciências da Saúde.
Orientadora: Profa. Dra. Maria do Socorro Costa Feitosa Alves
Co-Orientadora: Profa. Dra. Aurigena Antunes Araújo Ferreira
Natal-RN
2009
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde:
Profa. Dra. Técia Maria de Oliveira Maranhão
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
BANCA EXAMINADORA
MEMBROS TITULARES
Profa. Dra. Maria do Socorro Costa Feitosa Alves - UFRN
Profa. Dra. Antonia Oliveira Silva - UFPB
Prof. Dr. Antônio Medeiros Júnior - UFRN
iv
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho:
A meu marido com gratidão...
Aos meus pais com saudade...
Aos meus filhos com amor...
Aos meus netos com carinho...
v
AGRADECIMENTOS
À Deus, energia de todos
os momentos, por ter me facultado o
uso da razão e as necessárias
condições para que os meus objetivos
fossem alcançados.
À minha orientadora Prof.
Dra. Maria do Socorro Costa Feitosa
Alves, pela oportunidade de crescimento
pessoal e profissional, por não ser
somente orientadora, mas também,
amiga.
Ao PPGCSA – UFRN, pela
oportunidade de um programa de
mestrado avançado, contribuindo para
aproximar mais a produção acadêmica
da realidade social e a integração
docente-serviço.
À minha querida filha Ana
Elisa, que pacientemente fez a revisão
desta obra.
Aos enfermeiros, médicos
e dentistas do Hospital Monsenhor
Walfredo Gurgel/Clovis Sarinho, pela
disposição em responder as entrevistas.
Aos meus amigos e
familiares que direto ou indiretamente,
participaram deste trabalho.
Enfim, agradeço a todos
que me ensinaram. “O valor de
aprender, a necessidade de busca, a
força da perseverança, a importância
das mudanças, a necessidade de
recomeçar, a tolerância e a humildade,
a evolução da ciência, a beleza de
DEUS”.
(Estrela)
vi
“O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza,
porém, desviamo-nos dele. A cobiça envenenou a alma dos
homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos
feito marchar a passo de ganso para a miséria e os
morticínios. Criamos a época da produção veloz, mas nos
sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz
em grande escala, tem provocado a escassez. Nossos
conhecimentos fizeram-nos céticos, nossa inteligência
empedernida e cruel. Pensamos em demasia e sentimos
bem pouco. Mais do que máquina, precisamos de
humanidade; mais do que de inteligência, precisamos de
afeição e doçura. Sem virtudes, a vida será de violência e
tudo estará perdido”.
(Charles Chaplin, em discurso proferido no final do filme O grande ditador.)
vii
SUMÁRIO
1 Introdução .
01
2 Revisão de literatura.
04
3. Anexos dos artigos.
18
4 Comentários, críticas e sugestões.
76
5. Referências.
86
6 Apêndice.
.
90
7 Abstract. 91
RISCO OCUPACIONAL NO CONTEXTO HOSPITALAR
RESUMO O presente estudo tem como objetivo conhecer as representações sociais
sobre o risco ocupacional construídas por trabalhadores da saúde no contexto
hospitalar. Trata-se de um estudo exploratório fundamentado no referencial teórico da
Teoria das Representações Sociais realizado com duzentos e vinte trabalhadores da
saúde pertencentes ao quadro permanente de um hospital público na cidade do Natal-
RN. Os dados foram coletados através da Entrevista semi-estruturada e da Técnica da
Associação Livre de Palavras. Na análise das informações utilizou-se o software Evoc
2000 e o Alceste. Os resultados indicam condições de trabalho desfavoráveis com
desgaste físico e mental ao trabalhador da saúde, e, patologias pouco reconhecidas
como ocupacionais em sua origem. Pode-se observar que as representações sociais
construídas pelos trabalhadores da saúde, revelam o nível de conscientização desses
trabalhadores referentes às consequências do ambiente de trabalho para sua saúde,
referindo-se ao processo de trabalho hospitalar, como múltiplo e complexo pela
dimensão tecnológica e pelos aspectos físicos, psíquicos e cognitivos.
Descritores: Saúde; risco ocupacional; representações sociais, contexto hospitalar.
1
1 INTRODUÇÃO
A magnitude dos problemas causados pelos riscos ocupacionais vem
ganhando proporções alarmantes e se tornando na atualidade um desafio para Saúde
Pública. A intensificação laboral no contexto hospitalar é traço característico dessa
realidade e tem levado ao consumo desmedido das energias físicas e espirituais dos
trabalhadores. É importante ressaltar que o ambiente hospitalar mostra-se
reconhecidamente insalubre por agregar portadores de várias enfermidades
infecciosas, além de viabilizar procedimentos que oferecem riscos profissionais diversos
para os trabalhadores que atuam nestas Instituições
1,2
.
Os riscos ocupacionais são classificados em biológicos, físicos, químicos,
mecânicos, fisiológicos e psíquicos, a cuja exposição podem ocorrer acidentes de
trabalho. Os trabalhadores que atuam em hospitais, provavelmente aqueles que se
ocupam da assistência direta, estão a eles expostos em razão do contato com
portadores de doenças infecciosas, da necessidade da movimentação de pacientes e
equipamentos pesados, do desgaste físico decorrente do ritmo, da organização e
divisão do trabalho, do convívio com a dor e a morte, entre outros, o que causam
desgastes de variadas naturezas
3
.
Este entendimento no contexto institucional da saúde pública permite
avançar questões importantes para uma melhor compreensão das múltiplas dimensões
biológica, social e cultural das práticas da saúde, pensando estratégias que facilitem a
melhoria da qualidade de vida da população e dos trabalhadores da saúde
4
.
É util observar os novos desafios sociais, políticos e culturais, o esgotamento do
paradigma biomédico e a mudança do perfil epidemiológico da população nas últimas
2
décadas têm ensejado o aparecimento de novas formulações sobre o pensar e o fazer
sanitários. Entre essas sobressai o projeto da Promoção à Saúde que constitui hoje o
eixo principal do projeto da Nova Saúde Pública
5
.
Dessa forma, pesquisadores
1,2
, têm chamado atenção para a dimensão
social e cultural do risco, referindo a importância de se compreender o ponto de vista de
trabalhadores expostos a riscos ocupacionais, considerando que essesconhecimento
possa subsidiar processos decisórios e de regulação desses riscos.
Assim posto, considera-se necessário contemplar aspectos referentes aos
riscos ocupacionais no contexto hospitalar embasados na Teoria das Representações
Sociais. A importância de estudos relacionados à área da saúde nesse campo está na
possibilidade do pesquisador relacionar sua pesquisa com outras áreas do saber,
configurando-se em um tipo de conhecimento efetivamente inter e multidisciplinar, que
colabora com a explicação de problemas relevantes para a educação, saúde, meio
ambiente, entre outros
6
.
Estudos qualitativos, com abordagem das representações de
trabalhadores da saúde, permitem a apreensão e compreensão de aspectos
intersubjetivos como: emoções, sentimentos, valores e atitudes diante da experiência
cotidiana, que são amplamente reconhecidos como fundamentais para o entendimento
de estratégias educativas em saúde, requeridas aos programas de prevenção
7
.
Trabalhar nessa perspectiva é procurar entender seus desdobramentos
para o trabalho e para a saúde do trabalhador. Além de constituir oportunidade de
contemplar as dimensões coletivas e as práticas cotidianas, cria modelos que integram
vários saberes efetivamente significativos, com o intuito de oferecer condições dignas
3
de trabalho, para que o trabalhador possa sobreviver nesses mutantes e diversificados
ambientes de riscos.
A possibilidade de estabelecer uma estratégia para intervir nesse campo,
motivou a pesquisadora a executar esta pesquisa entre os profissionais: médico,
enfermeiro e dentista, uma vez que esta tríade trabalha no setor das práticas
emergenciais assistindo aos pacientes traumatizados/politraumatizados, onde os
procedimentos de reanimação constituem um espaço de ações que podem integrar
vários especialistas.
Utilizou-se como referencial teórico a classificação dos riscos
ocupacionais nos ambientes de trabalho segundo a Portaria nº 3.214/78, do Ministério
do Trabalho e Emprego, em suas Normas Regulamentadoras (NR - 5) de Medicina e
Segurança do Trabalho que classificam os riscos em físicos, químicos, biológicos,
ergonômicos e acidentes
8
. Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo
conhecer as representações sociais sobre o risco ocupacional construídas por
trabalhadores da saúde no contexto hospitalar.
Pode-se considerar que a efetivação deste trabalho tornou evidente o
propósito do Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde - PPGCSa/UFRN, na
medida em que permitiu a promoção da multi/interdisciplinaridade, superando os limites
das disciplinas científicas, permitindo dar respostas a situações complexas (como
podem ser os riscos ocupacionais no contexto hospitalar), e ainda a fusão/integração
dos saberes de distintas disciplinas científicas para gerar um conhecimento acessivel à
mais grupos ou aplicável a vários contextos.
A relevância desta investigação será apresentada na seção “Revisão da
Literatura”. Os referenciais que embasaram a pesquisa foram detalhadamente descritos
4
nos artigos enviados para publicação os quais trazem informações suficientes para
garantir a apreensão do leitor em relação ao problema da pesquisa, ao método e suas
etapas e, principalmente, à análise dos resultados de modo coerente com o referencial
teórico e rigor do estudo.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Saúde Ocupacional
O termo saúde ocupacional refere-se a um campo do saber que visa
compreender as relações entre trabalho e processo saúde-doença. Nesta concepção,
considera-se a saúde e a doença como processos dinâmicos, estritamente articulados
com os modos de desenvolvimento produtivo da humanidade em determinado
momento histórico. Partindo do princípio de que a forma de inserção dos indivíduos nos
espaços de trabalho, contribui decisivamente para formas especificas de adoecer e
morrer
1
.
Desta forma, a Saúde Ocupacional é uma importante estratégia não
somente para garantir a saúde dos trabalhadores, mas também para contribuir
positivamente para a produtividade, motivação e satisfação do trabalho e, portanto,
para a melhoria geral na qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade como um
todo. Sua prncipal finalidade, consiste na promoção de condições de trabalho,
garantindo o mais elevado grau de qualidade de vida no trabalho, promovendo o seu
bem-estar físico, mental e social, previnindo a doença e os acidetes
9
.
No Brasil, a Saúde Ocupacional como campo de conhecimentos deu-se a
partir da década de 80, no contexto de transição democrática, em sintonia com oque
5
ocorreu no mundo ocidental
10
. Um momento caracterizado pela co-existência de
epidemias, doenças profissionais clássicas e o surgimento de novas formas de
adoecimento pelo trabalho advindas das mudanças das práticas laborais frente à
globalização da economia e reivindicações sindicais por melhores condições de
trabalho.
Esse cenário proporcionou uma série de iniciativas que se expressaram,
dentre outras, na VIII Conferência Nacional de Saúde em 1986, na realização da I
Conferência Nacional de Saúde dos Trabalhadores, no mesmo ano, sendo decisivas
para a alteração do enfoque na Constitituição Federal de 1988
10
.
Desta forma, a luta por segurança, higiene e saúde do trabalhador vem
sendo propagada em diversos segmentos, destacando-se as contribuições generosas
da engenharia, da medicina e de enfermagem do trabalho, da ergonomia, da psicologia
e de outras áreas do conhecimento humano. Avanço destas áreas permitiu um
progresso no campo normativo, a fim de que se conheça a importância do ambiente de
trabalho saudável e o cumprimento de normas e leis de proteção ao trabalhador.
Os trabalhadores destinatários dessa política, compreendem todos os
trabalhadores nos âmbitos federal, estadual e municipal, independentemente do tipo de
vínculo. No entanto, a possibilidade de controlar as condições gerais de vida e de
trabalho está relacionada com o nível de consciêntização dos trabalhadores.
Pelo fato de que os trabalhadores exercem um razoável auto-governo
sobre seu processo de trabalho há uma certa liberdade de ação, indicando que a
transformação do perfil produtivo depende de mudanças no agir do trabalhador da
saúde, o que diz respeito ao aspecto de ser ele detentor de uma determinada proposta
de organização e de sua produção, bem como portador de uma certa subjetividade que
6
imepera para que assuma determinadas atitudes junto aos seus pares.
Portanto, lidar com trabalho em saúde, significa também lidar com a
dimensão humana e subjetiva de cada um, significa que sem processos de
subjetivação, não há proposta de mudança no modelo produtivo que seja realmente
eficaz. Há sempre uma intencionalidade indicando o modus operandi que é singular e
cada um. O modo de agir, que a princípio é social e tecnologicamente determinado, tem
como um importante dispositivo os processos de subjetivações que afetam os sujeitos.
No ponto de vista do SUS (Sistema Único de Saúde)
11
, a Saúde
ocupacional constitui-se um valor social público, para o qual concorrem dimensões
sociais, políticas, econômicas e organizacionais, que demandam o estabelecimento de
proteção da saúde, e vigilância dos riscos advindos dos processos de trabalho.
Porém, as determinações legais têm sido usadas de forma pouco eficaz,
interferindo no modo de reprodução e da vida, desembocando em um cenário
multifacetado e estruturado sobre uma histórica desvalorização do trabalho e da vida
trabalhadora, onde o trabalhador (principalmente nas Instituições hospitalares), ainda é
visto de forma compartimentalizada. As medidas que deveriam assegurar a sua saúde,
acabam por restringir-se a intervenções pontuais até mesmo sobre os riscos mais
evidentes.
Apesar da prescrição constitucional regulamentada pela Lei Orgânica da
Saúde (8.080/1990),
o SUS com seus princípios e diretrizes mostra-se ainda tímido
sobre a saúde do trabalhador nas dimensões do trabalho, na redução de riscos e danos
além dos acidentes de trabalho ou doenças decorrentes da prática profissional na sua
relação de causa e efeito
12
.
No cotidiano das instituições públicas os trabalhadores lidam com
7
situações adversas no ambiente de trabalho que incluem diferentes formas de
organização e gestão, falta de recursos humanos e financeiros, escolha inadequada
das medidas técnicas de controle, falta de programas multidisciplinares, entre outros,
expondo o grupo aos riscos ocupacionais e conseqüente desgaste físico e psíquico em
função da precariedade desses recursos, que se refletem sobre o viver, o adoecer e o
morrer do trabalhador.
Um fato relevante é que no Brasil, poucos são os estudos relacionados à
saúde ocupacional, fato que se soma à escassez e à inconsistência das informações
acerca do contexto atual da situação de saúde dos trabalhadores, dificultando à re-
estruturação do trabalho e a definição de prioridades para as políticas públicas. Essas
informações, quando atualizadas e completas, representam ferramentas importantes
para a melhoria das condições de vida dos trabalhadores
13
.
Os trabalhadores potencialmente expostos aos riscos precisam estar
informados e treinados para evitar problemas de saúde, métodos de controle devem ser
instiruídos para prevenir acidentes. Desse modo, propõe-se pensar saúde ocupacional,
particularmente nos processos produtivos, com possibilidade de reestruturação ou
construção de métodos que se proponham a atender as necessidades dos
trabalhadores. Esses métodos podem ser usados para riscos ambientais, incluindo os
agente de risco, controle de engenharia, práticas de trabalho, equipamentos de
proteção pessoal e programas de exames médicos
14
Considerando, que a pressão da necessidade de sobrevivência em que o
trabalhador é submetido, deixa em segundo plano as reivindicações de vida e trabalho,
além do desconhecimento de direitos básicos e de mecanismo de proteção juridídica à
cidadania
15
, “...as aceleradas transformações no mundo do trabalho têm contribuído
8
para o deslocamento do eixo de luta dos trabalhadores na direção da manutenção do
emprego, deixando em um segundo plano as questões de saúde e segurança”
16 p.27
.
Pode-se inferir, que o conhecimento dos riscos ocupacionais aliado a
vontade política de investir na área da saúde dos trabalhadores, torna possível a
organização de serviços, voltada para a realidade interna da instituição, analisando as
condições reais de trabalho favorecendo a satisfação e motivação destes, dentro do
ambiente hospitalar.
2.2 Riscos Ocupacionais no Contexto Hospitalar
Os riscos ocupacionais e as doenças do trabalho são fenômenos oriundos
de modos de trabalhar em contexto específico de produção. Saúde e doença, são
realidades construídas a partir de uma complexa interação entre as concretudes da
condição humana e atribuição de significados, não podem ser compreendidas apenas
enquanto experiência biológica. Somam-se a estas, os determinantes sociais, levando,
sobretudo a construção de um modelo de atenção à saúde do trabalhador, atenção que
não se sujeitem meramente a socorros fracionados destinados ao trabalhador doente
17
.
A saúde é um direito inerente ao ser humano e, como tal, abrange toda a
amplitude das relações humanas: nos indivíduos, nas famílias, nos agrupamentos e na
sociedade, enquanto direito inerente é indissociável do bem estar, permanentemente
construído e traduzido em qualidade de vida, manifestada por alimentação, moradia,
lazer, trabalho, transporte adequado e acesso a bens e serviços
18
. Pela essencialidade
que representa no ser humano e nas suas relações a saúde, interessa não apenas ao
indivíduo, mas a sociedade em toda a sua conformação. Cabe portanto, ao setor
público como ao privado em toda a extensão de suas organizações desde o Federal ao
9
Municipal, e desde o indivíduo à sociedade em geral o dever de zelar por ela.
No contexto hospitalar, os trabalhadores estão sujeitos a condições
inadequadas de trabalho, provocando agravos à saúde, que podem ser de natureza
física ou psicológica, gerando transtornos alimentares, de sono, fadiga, agravos dos
sistemas corporais, diminuição do estado de alerta, estresse, desorganização no meio
familiar e neuroses, fatos, que muitas vezes, levam a acidentes de trabalho e licença
para tratamento de saúde
19
. Criam-se aqui, interfaces entre o trabalho humano e o
sistema técnico onde até mesmo a dignidade pessoal é colocada em cheque.
Estas condições de trabalho podem provocar alterações no equilíbrio
psicológico do trabalhador que, muitas vezes, ao tentar adaptar-se aos inúmeros
agentes de riscos vivenciados no cotidiano laboral, reagem ou buscam alternativas
variadas de enfrentamento, utilizando os recursos que dispõem
20
. Lançam mão de
mecanismo de fuga como: o alcoolismo e o tabagismo, entre outros, a fim de buscar
uma solução provisória para seus conflitos com a organização no seu trabalho.
Entretanto, nem sempre esses recursos utilizados são adequados às situações.
É universalmente aceito e propagado pelo Ministério da Saúde (MS) que
todo cidadão tem direito ao trabalho saudável e seguro e a um ambiente laboral que lhe
permita uma vida social e economicamente produtiva
21
. Tomando-se como referência a
alta incidência de acidentes e doenças ocupacionais. Desta forma, ênfase especial
deveria ser dada aos dilemas éticos que eventualmente emergem nas instituições,
favorecendo o bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores, individual e
coletivamente.
10
Obedecendo aos princípios enunciados, a organização da Vigilância à
Saúde do Trabalhador (VISAT), implica em mudanças que deverá ultrapassar a simples
cura/reabilitação para a prevenção de agravos e promoção da saúde, devendo ocorrer
não apenas nos ambientes e processos de trabalho, mas em toda a sua amplitude que
envolve questões socioeconômicas e culturais da vida do trabalhador
22
.
Muitos riscos e danos ambientais são derivados de atividades, em geral,
incluindo as instituições de saúde. A grande maioria dos riscos para o meio ambiente,
foram reconhecidos como fatores que afetam a saúde da população em geral, e
identificados nos ambientes de trabalho e nas populações de trabalhadores.
Desta forma, a problemática dos riscos ocupacionais no contexto
hospitalar continua evidenciando a necessidade de busca de soluções. Requer a
utilização de tecnologias, a partir da combinação generosa e flexível de tecnologias
duras, leve-duras e leves
23
, que poderão possibilitar uma recomposição do trabalho e
imprimir mudanças na organização dos serviços de saúde, e isso se faz a partir de uma
proposta de trabalho interdisciplinar, sendo estratégico compreender as tecnologias e
desvendar os meandros dos mundos do trabalho no contexto hospitalar, setor
privilegiado para proliferação dos riscos ocupacionais.
Neste contexto, sempre que as medidas de proteção coletiva forem
tecnamente inviáveis e não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidente
e/ou de doenças profissionais e do trabalho, o equipamento de proteção individual deve
ser utilizado pelo trabalhador como um dos métodos de controle de riscos no local de
trabalho
11
Segundo a Norma de Proteção (NR-6) Equipamento de Proteção
Individual (EPI), é todo dispositivo de uso individual destinado a proteger a saúde e a
integridade física do trabalhador, incluindo luvas, aventais, protetores oculares,
protetores respiratórios e para os membros inferiores. São de responsabilidade do
empregador o fornecimento de EPI adequado ao uso e ao treinamento dos
trabalhadores quanto a forma correta de utilização e conservação
24:14
, bem como
medidas que minimizem e/ou eliminem o fator de risco.
Para enfocar o fator de risco é importante destacar o conceito da
Organização Mundial da Saúde (OMS):
O fator de risco é uma condição de circunstâncias que têm o potencial de causar
um efeito adverso que pode ser: morte, lesões, doenças ou danos à saúde e à
propriedade ou ao meio ambiente
21-13
.
Segundo a OMS
25-17
, há três maneiras de medir o risco:
1) Risco absoluto: expressa a freqüência total de um evento, isto é, a
probalidade real que uma doença, acidente ou morte que ocorra dentro de um
período determinado. 2) Risco relativo: expressa a razão entre incidência do
dano à saúde (doença ou morte) na população exposta a um fator de risco e a
incidência na população não exposta. 3) Risco atribuível à população à saúde
com ou sem o fator de risco presente (risco relativo) e a proporção com que
esse fator de risco se encontra na população geral.
Os clássicos fatores de risco presentes ou relacionados ao trabalho, de
acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil, são
classificados em cinco grandes grupos:
físicos- agressões ou condições adversas de
natureza ambiental que podem comprometer a saúde do trabalhador; químicos-
agentes e substâncias químicas, sob a forma líquida, gasosa ou de partículas e poeiras
minerais e vegetais, comuns nos processos de trabalho; biológicos- microorganismos
geralmente associados ao trabalho em hospitais, laboratórios e na agricultura e
pecuária; ergonômicos e psicossociais - que decorrem da organização e gestão do
12
trabalho; de acidentes ligados à proteção das máquinas, arranjo físico, ordem e limpeza
do ambiente de trabalho, sinalização, rotulagem de produtos e outros que podem levar
a acidentes de trabalho
26
.
Essa diversidade de riscos ocupacionais faz parte do contexto hospitalar,
e apresentam-se como um desafio, tanto pela sua complexidade, como pela maneira
especial da assistência direta prestada pelos profissionais de saúde à pacientes com
diversos graus de gravidade. Não são poucas as exigências neste contexto: trata-se de
trabalho reflexivo, que articula dimensões técnicas, éticas e políticas, em cenários de
múltiplos e diversos atores - profissionais de formações diversas e usuários de todas as
origens e culturas
27:13
. Além disso, trabalha-se no campo temático mais denso da
experiência humana: a vida, o corpo, a morte.
Estudo realizado no hospital pesquisado sobre Acidente de trabalho com
perfuro cortante, com uma amostra de 78 profissionais, dos profissionais entrevistados
(52%) sofreram acidente de trabalho com material perfuro cortante. Isto remete a outros
aspectos também, correntes nesse contexto, qual seja a culpabilidade individual dos
acidentes de trabalho relacionados ao descumprimento das normas pelos
trabalhadores, o que muitas vezes torna-se inevitável, frente ao cumprimento das
tarefas principalmente, se tratando de serviço de urgência
28
.
Verificou-se, que o técnico de enfermagem foi a categoria que mais se acidentou,
justificado pela freqüência de procedimentos realizados e o elevado número de
manipulação, principalmente de agulhas, representando prejuízos aos profissionais e à
instituição
28
. O número elevado de exposições relaciona-se com o fato de ser os
técnicos de enfermagem a maior equipe nos serviços de saúde, ter mais contato direto
na assistência aos pacientes e também ao tipo e a freqüência de procedimentos
13
realizados.
Estudo
29
, com o tema “Representação social sobre o risco ocupacional
hospitalar” com 84 rabalhadores do hospital universitário na cidade de Natal/RN,
constatou que os riscos ocupacionais orgânicos conduziram a identificação dos
agravos no ambiente laboral e das representações dos trabalhadores naquele hospital,
e ainda riscos fisiológicos, mecânicos e químicos como elementos prejudiciais à saúde
dos mesmos.
Ampliando o campo de investigação sobre o grau de satisfação com o
trabalho emitido, o estudo constatou que a estrutura física mal estruturada, a
sobrecarga de leitos associadas a outros fatores como: baixos salários, desvalorização
profissional, os atritos com chefia imediata, têm gerado insatisfação no trabalho naquela
instiuição
29
.
Em outro estudo realizado no mesmo hospital
30
, verificou-se que o
aumento de jornada de trabalho tem repercursão direta na vida pessoal dos
trabalhadores, comprometendo o tempo destinado ao lazer e a convivência familiar, e
conclue que esse aumento da jornadade trabalho está acarretando aos trabalhadores
desgaste físico, emocional e sofrimentos no cotidiano, samando-se a precariedade das
condições de trabalho, que por sua vez gera insatisfação ao trabalhador,
comprometendo a assistência prestada, assim como, dificultando as relações
interpessoais.
Pesquisa realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT)
31
,
constatou que ocorrem, a cada ano, 1,8 a 2,1 milhões de mortes relacionadas ao
trabalho, que torna essa condição de morbi-mortalidades matadora maior do que a
guerra, a droga e o abuso de álcool, e que essas mortes representam a ponta de um
14
iceberg.
Desta forma, a efetivação da Vigilância em Saúde do Trabalhador,
(VISAT), torna-se estratégia fundamental para intervenção na saúde do trabalhador.
Conforme a Portaria/MS 3.120/98, a VISAT
32
, que tem como objetivo detectar,
conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes dos agravos
à saúde relacionados aos processos e ambientes de trabalho, em seus aspectos
epidemiológico, tecnológico, organizacional e social, com a finalidade de planejar,
executar e avaliar intervenções sobre esses aspectos de forma a eliminá-los ou
controlá-los por meio de uma atuação planejada contínua e sistemática.
Partindo do entendimento de que o avanço efetivo da vigilância em saúde
do trabalhador evidenciaria o cenário deletério nos ambientes de trabalho que
continuam extraindo a vida e a saúde dos trabalhadores brasileiros. Assim, a equipe de
Vigilância deverá ser preparada para intervir nos processos produtivos, na organização
e nos ambientes de trabalho, na avaliação quanti/qualitativa dos riscos, bem como
adotar medidas de proteção coletiva, aplicação de princípios e conceitos em segurança
de máquinas, equipamentos e outros.
Além disso, é importante a comunicação/informação ferramentas adequdas ao
modo de atenção à saúde do trabalhador que preconiza a integralidade, equidade,
universalidade e participação da sociedade. Estas devem está em consonância com os
agravos relacionados ao trabalho para articulação das ações educativas e que contribui
para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhaores.
15
2.3 Representações Sociais no estudo dos Riscos Ocupacionais no Contexto
Hospitalar.
As Representações Sociais mostram-se adequadas à investigação dos riscos
ocupacionais, principalmente, porque esse recurso teórico-metodologico possibilita a
apreensão das imagens e significados no cotidiano das relações trabalho/risco
impregnadas pela circularidade e as contribuições dos universos consensual e
reificação da ciência enquanto produção simbólica, além de ser um aporte na utilização
deste referencial no campo da saúde
33
.
As RS são um conjunto organizado de informações, atitudes e crenças que um
indivíduo ou grupo elabora a propósito de um objeto, de uma situação, de um conceito,
de outros indivíduos ou grupos apresentando-se, portanto, como uma visão subjetiva e
social da realidade
34
. Compreendem pensamentos, emoções, práticas afetos e
cognição, que se apresentam em constante mudança no tempo e na história
35
.
Nesse sentido, Moscovici
36
, coloca que toda representação é construída na
relação do sujeito com o objeto representado, não existindo representação sem objeto.
Desse modo, a RS não pode ser compreendida enquanto cognitivo individual, uma vez
que é reproduzida no intercâmbio das relações e comunicações sociais. O autor ainda
menciona que o objeto, seja ele humano, social, material ou uma idéia, será apreendido
através da comunicação.
As RS são como sistemas de interpretação que regem nossa relação com o
mundo e com os outros orientando e organizando as condutas, estando ligadas a
sistemas de pensamento mais amplos, ideológicoas ou culturais, a um estado de
16
conhecimentos cientificos, assim como à condução social e à esfera da experiência
privada e afetiva dos indivíduos
37
.
Na elaboraçãoda RS se faz necessária a contribuição de dois fatores: a
objetivação e a ancoragem
36
, os quais são responsáveis pela interpretação e atribuição
de significados do objetivo social, neste estudo, dos riscos ocupacionais no contexto
hospitalar. Esses fatores são condições
sine qua non, pois ambos colaboraram na
maneira com o social transforma um conhecimento em representação e a maneira
como esta transforma o social, indicando a interdependencia entre a atividade
psicológica e suas condições sociais.
O processo de representar socialmente emerge da materialização dos conceitos
abstratos comuns ao grupo, o que se denomina de objetivação, ao mesmo tempo em
que cria um contexto intelegível ao objeto representado, ou sua integração cognitiva, o
que é denominado de ancoragem. Nesse processo, a representação tem por objetivo
transformar em familiar o não-familiar
38
.
Essa característica reforça portanto, a validade do estudo de representações
socoais quando se deseja atender determinados fenômenos sociais, como é o caso dos
riscos ocupacionais, objeto da pesquisa aqui apresentado. O esclarecimento destas
questões requer estudos sobre como pensam e es posicionam os trabalhadores em
relação a esse tipo de inserção no mercado de trabalho, e sobre como esse tipo de
vínculação afeta a sua saúde e segurança impondo-lhes riscos.
A necessidade premente de compreensão faz com que o homem procure
representar os objetos constituintes de seu mundo, facilitando sua interação com este,
17
e contribuindo para a manutenção de sua vida e de sua sociedade. Nesse
entendimento, as representações dos trabalhadores no contexto hospitalar devem ser
elaboradas e entendidas a partir do seu contexto de produção na sua vivência pessoal
e profissional, aproximando-se de um conjunto de significados e significações a partir
das relações estabelecidas por esses trabalhadores no seu espaço de trabalho.
Neste sentido, as representações sociais têm como característica um
conhecimento prático que busca a compreensão do mundo e sua transmissão,
possibilitando ao homem gerenciar seu mundo e enfrentá-lo. Precisam ser
compreendidas a partir de sua geração e construção e da sua funcionalidade no
contexto em que é produzida
36
a partir da percepção do mundo tal como é, partindo da
premissa de que, idéias e atribuições são respostas a estímulos do ambiente físico ou
quase-físico, em que se vive. Estes fundamentos se constituem num importante
instrumento capaz de favorecer uma compreensão da realidade dos riscos
ocupacionais no contexto hospitalar.
Neste entendimento, as representações sociais são sistemas de
interpretação que regem a relação do homem com o mundo e com os outros,
orientando e organizando suas condutas, ligadas a sistemas de pensamento mais
amplos, ideológicos ou culturais, a um estado de conhecimentos científicos, assim
como à condição social e a esfera da experiência privada e afetiva dos indivíduos
39
. Por
meio das representações sociais os indivíduos conhecem seu mundo e o compreendem
segundo seus objetos constitutivos, não obstante essa compreensão faz com que este
indivíduo adote vínculos sociais que o identificam com o grupo ao qual pertence.
18
Pode-se inferir, que as representações dos trabalhadores no contexto
hospitalar devem ser elaboradas e entendidas a partir do seu contexto de produção na
sua vivência pessoal e profissional, aproximando-se de um conjunto de significados e
significações a partir das relações estabelecidas por eles no seu espaço de trabalho.
Nesse sentido, o senso comum, denominado pelo mundo acadêmico
como universo consensual, apesar de não ter compromisso com a realidade objetiva
dos fatos e não se preocupar com a comprovação, é capaz de justificar e orientar
comportamentos de um grupo ou sociedade. Desta forma, as representações sociais
define os parâmetros de uma análise científica do que se chama senso comum,
atribuindo uma lógica a esse conhecimento que tem uma organização psicológica
autônoma.
Estudar riscos ocupacionais no âmbito das representações sociais pode
tornar real um fenômeno antes não apreendido pelo social. Compreendendo que as
representações sociais direcionam atitudes e comportamentos, fornecem ferramentas
para o diagnóstico das doenças ocupacionais. Logo possibilitou a apreensão de como
os médicos, enfermeiros e dentistas representam o risco a partir de suas experiências e
ações da vida cotidiana.
3. ANEXAÇÃO DE ARTIGOS
3.1 Artigo publicado vol. 30, nº 1 (2009) Revista Gaúcha de Enfermagem
Representação Social do risco ocupacional na perspectiva do trabalhador saúde.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O RISCO OCUPACIONAL NA PERSPECTIVA
19
DO TRABALHADOR DA SAÚDE
Joana D’Arc de Souza OLIVEIRA
a
Aurigena Antunes Araújo FERREIRA
b
Maria Adelaide Silva PAREDES MOREIRA
c
Maria do Socorro COSTA FEITOSA
d
RESUMO
Objetivou-se identificar os sentidos construídos sobre risco ocupacional por
trabalhadores da saúde, através da abordagem estrutural das representações sociais.
Participaram 220 profissionais de saúde de um hospital público de Natal, Rio Grande do
Norte. Utilizou-se a técnica de evocação livre de palavras e os dados foram tratados
analisando-se de forma articulada as médias de frequência e ordem de evocação. Os
resultados mostram que os sistemas centrais têm composições diferentes nos três
grupos: doença e morte nos médicos, perfurocortante e perigo nos enfermeiros e
contaminação, doença, infecção e perigo nos odontólogos. A complexidade dos
vínculos entre trabalho e risco sugere que estratégias e alternativas de ação sejam
operacionalizadas, com a integração das diferentes categorias profissionais e ramos de
conhecimento em torno de um objetivo comum a partir de um espaço interdisciplinar,
ampliando o nível de conscientização desses profissionais referente às consequências
de suas práticas para a saúde.
Descritores: Riscos ocupacionais. Saúde. Recursos humanos em hospital.
RESUMEN
20
Se objetivó identificar los sentidos construidos sobre riesgo ocupacional por
trabajadores de la salud, a través del abordaje estructural de las representaciones
sociales. Participaron 220 profesionales de salud de un hospital público de Natal, Rio
Grande do Norte. Se utilizó la técnica de evocación libre de palabras y los datos fueron
tratados analizándose, de forma articulada, los promedios de frecuencia y orden de
evocación. Los resultados muestran que los sistemas centrales tienen composiciones
distintas en los tres grupos: enfermedad y muerte en los médicos, perfurocortante y
peligro en los enfermeros y contaminación, enfermedad, infección y peligro en los
odontólogos. La complejidad de los vínculos entre trabajo y riesgo sugiere que
estrategias y alternativas de acción sean ejecutadas con la integración de las distintas
categorías profesionales y ramas de conocimiento sobre un objetivo común a partir de
un espacio interdisciplinario, ampliando el nivel de concienciación de esos
profesionales con respecto a las consecuencias de sus prácticas para la salud.
Descriptores: Riesgos ocupacionales. Salud. Recursos humanos en hospital.
Título: Representaciones sociales del riesgo ocupacional en la perspectiva del
trabajadores de la salud.
ABSTRAT
We aimed to identify the meanings constructed about occupational risk by health
workers through structural approach from social representations. In this research
participated 220 health professionals from a public hospital of Natal, Rio Grande do
Norte. It was used the technique of words free evocation and data were analyzed
articulated in mean frequency and evocation order. Results shows that central systems
have different compositions in three groups: desease and death for doctors, perforating
21
and danger for nurses and contamination, desease, infection and danger for dentists.
The complexity of bond among work and risk suggers that strategies and alternatives of
actions might be operationalized with integration of differents professionals categories
and arms of knowledge around a common objective starting from an interdisciplinary
space and expanding the awareness level of these professionals concerning to
consequences of their practices to health.
Descriptors: Occupational risks. Health. Human resources in hospital.
Title: Socials representations about occupational risk the perspective of the worker of
the health.
a
Mestranda do PPGCSa da UFRN, Enfermeira Especialista do Trabalho do Hospital Walfredo
Gurgel e Pronto Socorro Clóvis Sarinho, Rio Grande do Norte, Brasil.
b
Doutora em Odontologia, Docente do Departamento de Farmácia da UFRN, Pesquisadora do
PPGCSa da UFRN, Brasil.
c
Fisioterapeuta, Doutora em Ciências da Saúde, Docente do Departamento de Saúde da
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Brasil.
d
Odontóloga, Doutora em Ciências da Saúde, Docente do Departamento de Odontologia Social
da UFRN, Brasil.
INTRODUÇÃO
Os riscos ocupacionais constituem um problema de Saúde Pública,
complementando-os com as suas especificidades e exigências. Em face dos avanços
científicos do mundo moderno, o foco do risco ocupacional é um conceito que tem
conquistado espaço nas instituições hospitalares por ser este, um ambiente
considerado de risco e abrigar uma série de agentes que podem ser nocivos à saúde
quando não controlados.
Entre os fatores de risco evidenciam-se: riscos físicos (inadequação de
iluminação, temperatura e ruídos; riscos químicos (medicamentos, desinfetantes,
esterilizantes e anestésicos); riscos biológicos (vírus, bactérias, fungos); riscos com
22
materiais orgânicos (sangue, urina, partículas em suspensão); risco psicológico
(excesso de trabalho, relacionamento humano difícil); risco social (agressões físicas e/
ou verbais) e riscos ergonômicos (esquema de trabalho em turnos, carga física e
mental, mobiliários inadequados)
(1)
.
Desta forma, seja qual for a abordagem metodológica relativa aos riscos a que
estão submetidos os profissionais de saúde, esta, traduz a realidade da situação do
trabalho e das relações existentes entre riscos, e a saúde dos trabalhadores.
Pensar o risco ocupacional por meio da estrutura das representações sociais
pode determinar um maior conhecimento das concretas condições de trabalho
envolvendo a necessária articulação entre estruturas vinculadas às instituições de
saúde e às condições sociais e ambientais. À luz de todas essas considerações,
reveste-se de importância enfocar a categoria de trabalhadores que cuidam da saúde
das pessoas, mas que, paradoxalmente, não recebem, muitas vezes, a devida atenção
quanto aos riscos à sua própria saúde.
No estudo proposto, optou-se pela Teoria das Representações Sociais em sua
abordagem estrutural, para explicar alguns aspectos subjetivos relacionados com os
riscos ocupacionais.
As representações sociais compreendem modalidades de conhecimentos criadas
pelos sujeitos para conhecer o mundo à sua volta e “resolver problemas”. O saber
constituído pelas representações ajuda a compreender, reconstituir, interpretar os
objetos do cotidiano
(2)
.
A partir deste contexto, objetivou-se identificar os sentidos construídos sobre
risco ocupacional construídas por trabalhadores no contexto hospitalar, através da
abordagem estrutural das representações sociais.
23
METODOLOGIA
A investigação que deu origem a este trabalho compreende um recorte da
dissertação de Mestrado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(3)
. A
investigação foi realizada com 220 profissionais: 100 médicos, 80 enfermeiros e 40
dentistas que desempenham suas atividades em um hospital de urgência na cidade de
Natal, Rio Grande do Norte. Dentre os 220 sujeitos do estudo, 72% são mulheres e
26% homens, com idade entre 28 a 68 anos. Elegeu-se como critério para escolha da
amostra os entrevistados serem lotados no hospital em estudo, e a representatividade
da convivência e das experiências em ambientes de risco.
Os princípios legais e éticos foram obedecidos neste estudo por meio da
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, conforme preconiza a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde
(4)
,
também pela ciência do Termo de Consentimento Livre Esclarecido garantindo o
anonimato das informações.
Os dados foram coletados considerando os três estratos profissionais através da
Técnica de Evocação Livre de Palavras, com o termo indutor “risco ocupacional”,
permitindo levantar elementos para a apreensão da estrutura e da organização das
representações sociais
(5-7)
.
A análise dos dados foi procedida através do programa informático EVOC, que
combina a freqüência das palavras ou expressões emitidas com a ordem de sua
evocação
(7,8)
. Assim sendo, no quadrante superior esquerdo (quadrante 1), estarão
situados os elementos com maiores freqüências e mais prontamente evocados
(menores ordens de evocação), o que possivelmente constitui o núcleo central, e no
24
quadrante inferior direito (quadrante 4), os de menores freqüências e maiores ordens
média de evocação (OME), que se referem ao sistema periférico.
A organização de uma representação social apresenta uma modalidade
particular específica, os elementos da representação não são somente hierarquizados,
eles são também organizados em torno de um núcleo central, constituído de um ou
mais elementos que dão à representação a sua significação
(6)
.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na análise do risco ocupacional, a média de todas as freqüências das evocações
(FME) foi igual a 24, 29 e 20 e as médias das ordens média de evocação (OME), igual a
2,5, 2,5 e 2,0 para médicos, enfermeiros e cirurgião dentista (buco-maxilo)
respectivamente.
As representações sociais são ao mesmo tempo estáveis e móveis, rígidas e
flexíveis, consensuais, embora o sistema periférico possa espelhar modulações
individuais. Nesse contexto a abordagem estrutural procura demonstrar que as
representações sociais constituem-se uma entidade única, ainda que essas aparentes
contradições sejam regidas por um sistema duplo em que cada parte tem um papel
específico, mas complementar da outra, ocorrendo em primeiro lugar o núcleo central e
em segundo, como complemento indispensável, o sistema periférico
(5)
.
Como se observa na Figura 1, doença e morte situadas no quadrante superior
esquerdo constituem o provável núcleo central da representação social construídas
pelos médicos. Um fator que pode explicar a identificação dos riscos (doença e morte),
por esses profissionais, como hipótese do núcleo central, advém da prática médica
ainda está voltada para a dimensão biomédica.
25
Figura 1 – Estrutura do risco ocupacional por freqüência e ordem de evocação. Natal,
RN, 2006.
ENFERMEIRO CIRURGIÃO-DENTISTA
OME<2,5 OME>2,5 OME<2,5 OME>2,5 OME<2,5 OME>2,5
FME
Doença
Morte
>24
64
57
FME
Contaminação
Infecção
Perigo
>24
24
37
34
FME
Perfurocortante
Perigo
>29
33
29
FME
Doença
Morte
>29
56
75
FME
Contaminação
Doença
Infecção
Perigo
>20
22
20
22
21
FME
>20
FME
Acidente
Biológico
Incapacidade
Insegurança
Invalidez
<24
21
08
17
23
11
FME
Aids
Hepatite
Insalubridade
Medo
Perfurocortante
Stress
<24
13
07
18
11
06
13
FME
Contaminação
Invalidez
Risco
<29
22
13
10
FME
Absenteísmo
Infecção
Medo
Stress
<29
05
28
09
24
FME
Morte
<20
18
FME
Perfurocortente
Risco
violência
<20
10
01
06
Fonte: Hospital e Pronto Socorro Clóvis Sarinho, Natal, RN, 2006.
Legenda: OME: ordem média de evocação; FME: freqüência média de evocação.
Uma prática que ainda está centralizada na doença, na prescrição terapêutica e
na morte, ou seja, no ato médico em si, para esse grupo o corpo humano tornou-se,
então, a sede das doenças e/ou entidades patológicas. A nova visão da saúde indica
para a necessidade de abordagens integradas reconhecendo as várias facetas dos
fenômenos da vida cotidiana.
A doença tem caráter individual, social e cultural
(9)
. Infere-se, portanto, que não é
possível demandá-la apenas como objeto de explicação biomédica, há uma relação
entre o biológico e o social. Essa configuração requer a busca do sentido mundo-
sociedade, tendo em vista que a doença passa a ser percebida à medida que o uso
social do corpo começa a apresentar sinais de fragilidade, ameaçando não apenas ao
indivíduo, mas também o seu entorno social.
A morte sob o ponto de vista médico emerge de uma convergência de fatores
históricos e culturais. Pode-se inferir que a medicina sempre se apoiou na morte
biológica para fundamentar sua prática em conhecimentos científicos. Esta abordagem
26
mostra-se cada vez mais incapaz de compreender a condição humana, seja na
situação de saúde de doença ou de morte. As insuficiências do modelo biomédico, que
configuram uma prática que não consegue responder aos problemas de saúde/doença
da população, têm levado os profissionais a discutir alternativas de articulação dos
saberes com vistas a propor mudanças à realidade atual.
Neste sentido, amplia-se a discussão sobre a interdisciplinaridade em saúde,
seja no ponto de vista da formação acadêmica e da construção do conhecimento, ou da
necessidade de implementação de práticas interdisciplinares. Atualmente, a
interdisciplinaridade constitui uma exigência do modelo em saúde proposto pelo
Sistema Único de Saúde (SUS).
A interdisciplinaridade emerge como uma necessidade concreta para efetivação
e resolutividade dos serviços, ajudando os profissionais a romperem com a lógica
produtivista e implantar práticas fundadas no conceito ampliado de saúde. Nesta
perspectiva, a interdisciplinaridade pode estabelecer um espaço “promovendo
mudanças estruturais, gerando reciprocidade, enriquecimento mútuo, com uma
tendência à horizontalização das relações de poder entre os campos implicados”
(10)
.
Dadas essas considerações sobre os riscos ocupacionais na visão do médico e a
multiplicidade de conjugações explicativas que tal relação permite antever, implicam em
uma complexa relação entre os fenômenos físicos, químicos, biológicos, psicológicos,
sociais, econômicos, culturais e atribuições de significados.
O trabalho em saúde configura-se em processo de intervenção, em tecnologias
de relações, de encontro, de subjetividades indo além dos saberes tecnológicos
estruturados
(11)
. Em relação aos hospitais de urgência, torna-se visivelmente necessária
27
a integração dos vários especialistas, coesão entre as equipes de trabalho e a clara
noção de complementaridade.
Os elementos periféricos nesta análise (aids, hepatite, insalubridade, medo,
perfuro-cortante e stress) têm conexão direta com doença e morte, mostrando sua
interação com o núcleo central. Isso parece tradicionalmente associado à atividade do
médico e particulariza os riscos no ambiente hospitalar, traduzindo informações e
atitudes como forma de enfrentamento vivenciada no cuidado.
Dessa forma, compreender os problemas dos riscos ocupacionais em hospital
consiste na caracterização do nexo causal com base na correlação entre os agentes de
riscos, as manifestações e o conhecimento epidemiológico do perfil da exposição e das
ocupações. A avaliação dos riscos ocupacionais de acordo com os agentes permite
identificar quais os passíveis de serem riscos específicos na área da saúde e quais
podem ser capitulados como doenças do trabalho.
Neste contexto, o grupo enfermeiro descreve riscos ocupacionais indicados por
dois elementos centrais: perfuro cortantes e perigo. A atividade do profissional dessa
área caracteriza-se, sobretudo, pela a exposição ocupacional a material biológico
entendida como a possibilidade de contato com sangue e fluidos orgânicos no ambiente
de trabalho. A equipe de enfermagem pela natureza do seu trabalho é caracterizada
pela sua longa permanência no ambiente hospitalar, contato permanente com pacientes
portadores com as mais diversas patologias, manuseio com material biológico de risco
assim como de diversas matérias perfuro cortantes, constituindo sem dúvida uma
categoria de indivíduo expostos aos riscos diversos.
Dessa forma, esses profissionais tornam-se vulneráveis por força de algumas
características que lhe são próprias, tais como: representam o maior grupo individual da
28
saúde prestador de assistência ininterrupta 24 horas por dia, são responsáveis pela
execução de cerca de 60% das ações de saúde; executam o maior volume de cuidado
direto por meio de contato físico com o doente; realizam rotineiramente procedimentos
invasivos, isto por ser bastante diversificada sua formação
(12)
.
Assim, os enfermeiros particularmente os que estão inseridos no contexto
hospitalar, expõe-se a vários riscos de adquirir doenças ocupacionais e do trabalho,
tendo em vista que o perigo é a exposição ao risco. Verifica-se assim, que os riscos
representados pelos enfermeiros estão relacionados com a realidade concreta de
trabalho quando os mesmos fazem relação de “perfuro cortante” com “perigo”, pois
suas representações são sempre construções contextualizadas resultantes das
condições em que surgem e circulam.
Estudos têm mostrado que a ocorrência de acidentes com material biológico
contaminado, em profissionais de saúde durante o exercício de suas atividades, pode
acarretar o desenvolvimento de doenças infecciosas como hepatite B (transmitida pelo
vírus HBV), hepatite C (transmitida pelo vírus HCV) e a aids (transmitida pelo Vírus da
Imunodeficiência Adquirida – HIV). Destaca-se que as ocorrências dos acidentes,
geralmente, se dão na manipulação de objetos perfuro cortantes contaminados com
sangue ou secreções, ou exposição da mucosa
(13)
.
O impacto da alta incidência de infecção pelo vírus da hepatite B, C e HIV tem
gerado nestes profissionais, mais especialmente na equipe de enfermagem no âmbito
hospitalar, uma grande preocupação com a ocorrência de acidentes com materiais
perfurocortantes. É importante salientar que a exposição ocupacional à patógenos
veiculados através do sangue a partir de acidentes com agulhas e outros tipos de
materiais são um grave problema, mas na maioria das vezes prevenível.
29
O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) estima que a cada ano
ocorram cerca de 385.000 acidentes com agulhas e outros tipos de materiais, uma
média de quase 1.000 acidentes por dia expondo os profissionais da área da saúde
(14)
.
Estes acidentes representam perigo e ocorrem em todos os tipos de serviço
assistencial, como casa de repouso, clínicas, hospitais, serviços de emergência.
Nestas organizações, por apresentar danos à saúde dos trabalhadores, a
adoção de medidas preventivas é extremamente necessária, uma vez que os riscos á
saúde são mais iminentes pela possibilidade de contágio por agentes infecciosos ao se
considerar as características da modalidade de serviços que são desenvolvidos por
estas instituições.
Os elementos periféricos estão estruturados de forma a contextualizar os
processos complexos e perigosos que aí se configuram. Considerando que os
elementos absenteísmo, infecção, medo e stress desenham a organização da
representação social dos enfermeiros, há que se lembrar que esse grupo de
profissional exerce suas atividades em ambientes insalubres e que essa realidade não
pode ser compreendida apenas enquanto experiência biológica. São realidades
construídas a partir de uma complexa interação entre concretudes da condição humana
e atribuição de significados.
O elemento “infecção” acentua ainda mais a gravidade da situação de trabalho
dos enfermeiros. Os microorganismos responsáveis por infecção encontram no
ambiente hospitalar, hospedeiros e veículos ideais para seu contágio. Constata-se, que
as infecções hospitalares, além de uma preocupação na saúde, tomam dimensões
políticas, sociais, culturais, tecnológicas, e econômicas entre outras, ultrapassando a
possibilidade de controle pela ciência
(15)
.
30
Desta forma, os enfermeiros, ao responderam à técnica de evocação livre de
palavras, representam o risco ocupacional como um grave problema, uma vez que
reproduz de imediato, conseqüências de atos que podem ser irreparáveis.
O grupo de cirurgião dentista (buco-maxilo) refere-se a risco ocupacional como:
contaminação, doença, infecção e perigo. Esse profissional é caracterizado pelo
trabalho que realiza na urgência, sendo marcado por momentos distintos, dependendo
do tipo de acidente e do usuário. Dentre as atividades diárias desses profissionais que
atuam na urgência/emergência do hospital em estudo, destaca-se: cirurgia de
traumatismo buco-maxilo-facial e dentário dos pacientes acidentados, drenagem de
abscesso, indicativo de contaminação se for levado em conta que a cavidade oral é um
reservatório de microrganismos, pois muitas das bactérias que habitam em nosso corpo
(boca, faringe, etc.) poderão afetar de forma direta o profissional caso esteja com suas
barreiras fisiológicas comprometidas.
O ambiente de trabalho, suas instalações, equipamentos e materiais associados
ao tipo de atividade desenvolvida, como: o controle, tratamento e prevenção de
doenças, expõem o profissional de saúde as manifestações patológicas do tipo infecto-
contagiosa; manipulação de metais pesados; contato com radiação, com drogas
farmacológicas, bem como com agentes potencialmente alergênicos
(16)
.
E ainda, a prática profissional odontológica no serviço de urgência requer uma
interação direta e freqüente com pessoas, materiais e equipamentos e exige
coordenação motora, raciocínio, discernimento, paciência, segurança, habilidade,
delicadeza, firmeza, e, objetividade, representando como uma de suas principais
características o risco ocupacional em virtude de hábitos, posturas e patologias
31
advindas da profissão. Em paralelo também, existe o risco individual, estando vinculado
a comportamentos pessoais
(17)
.
Em nível periférico o elemento “perfuro cortante” traduz uma realidade vivida por
esses profissionais, já que existe uma manipulação constante de objetos pontiagudos e
motores de alta rotação. Apesar de sempre ter existido esse risco, foi após o
aparecimento da aids que os acidentes, principalmente os perfuro cortantes,
começaram a ter maior atenção por parte dos profissionais e pesquisadores
(13)
.
É necessário, portanto, que os profissionais compreendam que o uso de
equipamentos de proteção individual (luvas, gorros, óculos, capotes) com a finalidade
de reduzir a exposição do trabalhador da saúde ao sangue ou fluído corpóreo, e
cuidados específicos na manipulação e descarte de materiais perfuro cortantes, são
importantes caso ocorra contaminação por patógeno de transmissão sanguínea nos
serviços de saúde.
O elemento “risco violência” parece envolver uma dimensão pessoal, já que
proporciona sensação de insegurança e perigo. Embora a violência no contexto de
trabalho dos profissionais da saúde seja um fato novo, pode representar um fenômeno
social estrutural, o que significa entendê-la como decorrência das relações ocorrida no
contexto hospitalar.
Assim, a prática odontológica torna os profissionais dentistas (buco-maxilo)
vulneráveis, os mesmos vivem constantemente sujeitos a uma série de riscos
decorrentes do ruído excessivo a que estão expostos, posturas incorretas e forçadas
durante os atendimentos. O cotidiano destes profissionais tem se tornado cada vez
mais tenso e estressante, principalmente à solidão própria do trabalho, às incertezas do
futuro, ao desgaste físico que a profissão ocasiona e à competitividade do mercado.
32
Considera-se que investigações científicas a respeito dessa temática tornam-se
necessárias, privilegiando abordagens interdisciplinares para futuras análises e
intervenções
(18)
.
Dessa forma, a representação do risco ocupacional encerra uma estrutura da
qual participam elementos negativos os quais são atribuídos ao trabalho na área da
saúde principalmente, no hospital. Estas representações revelam interfaces que
cumprem a função de justificar o risco representado pela concomitância de implicações
que poderão resultar em sérios agravos à saúde destes trabalhadores.
Diante do exposto, verifica-se que a análise das evocações livres de palavras
dos três grupos de profissionais, possibilitou a identificação dos elementos constitutivos
das representações sociais do risco ocupacional. O elemento “perigo” se manifestou no
núcleo central do grupo enfermeiro, do cirurgião dentista (buco-maxilo) e no núcleo
periférico próximo do médico, assumindo um relevo subjetivo, pelo seu conteúdo
emocional, e experiência pessoal, de forma a contextualizar ainda mais o cotidiano a
partir dos complexos processos de trabalhos relacionados à atividade específica de
cada profissional, além da compreensão do campo de atuação numa perspectiva
multidisciplinar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando representações sociais como as concepções, imagens e visões de
mundo, sua abordagem torna-se muito interessante no âmbito da saúde ocupacional. A
complexidade dos vínculos entre trabalho e saúde sugere que as estratégias de
intervenção sejam mais efetivas.
33
O sistema de vigilância deve se voltar mais para a exposição deletéria e menos
com a simples contabilização de doenças e acidentes. É preciso considerar os vários
elementos: valores, crenças, sentimentos, conhecimentos – que se inscrevem na
constituição das representações que estes sujeitos detêm, visto que estas são e serão
sempre reproduzidas, tanto nas comunicações, como também nas práticas.
As representações construídas pelos trabalhadores, por meio da determinação
do núcleo central e do sistema periférico, revelam o nível de conscientização desses
trabalhadores acerca das conseqüências do ambiente de trabalho para sua saúde. A
complexidade dos vínculos entre trabalho e risco sugere que estratégias e alternativas
de ação sejam operacionalizadas, com a integração das diferentes categorias
profissionais e ramos de conhecimento em torno de um objetivo comum a partir de um
espaço interdisciplinar.
Neste sentido é importante reforçar a adoção de uma política em saúde do
trabalhador com definição de atribuições e competências capazes de nortearem ações
frente à dinâmica e as constantes transformações que se processam no mundo do
trabalho.
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16 Saquy PC, Cruz Filho AM, Souza Neto MD, Pécora JD. A ergonomia e as doenças
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35
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18 Tura, LFR, Madeira, MC, Silva, AO, Gaze, R, Carvalho, DM. Representações sociais
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formação. Rev. Ciência, Cuidado e Saúde. 2008 Abr/Jun; 7(2):207-215.
Maria do Socorro Costa Feitosa
ENDEREÇO: Rua Raimundo chaves, nº 1946, até 2001. Lagoa Nova – 59.075-
64390 – Natal/RN. Cel. (084) 9985-7469. E-mail: [email protected]
36
Artigo submetido para Publicação
Salud Pública de México
REPRESENTACIÓN SOCIAL DE LOS ENFERMEROS ACERCA DE LOS RIESGOS
LABORALES EN EL CONTEXTO HOSPITALARIO
Joana D’Arc de Souza Oliveira
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde/UFRN. Enfermeira
Especialista do Trabalho do Hospital Walfredo Gurgel / Pronto Socorro Clóvis Sarinho. E-mail:
Maria do Socorro da Costa Feitosa Alves
Doutora. Odontóloga. Departamento de Odontologia Social, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. E-mail: [email protected]
RESUMEN: En las instituciones hospitalarias una gran parte de los enfermeros, realizan
actividades pautadas en conocimientos empíricos. Objetivo. Analizar el conocimiento
de los enfermeros acerca de los riesgos ocupacionales en el contexto hospitalario, por
medio de la identificación del núcleo central y del sistema periférico. Material y
métodos. La muestra se constituye con 80 enfermeros pertenecientes al cuadro
permanente de un hospital público de Natal/RN-Brasil. Para la colecta de dados se usó
la Técnica de Asociación Libre de Palabras a partir de la expresión inductora,
“conocimiento acerca de los riesgos laborales”. Los datos se analizaron mediante el
software Evoc. Resultado. Se constata que la representación social del conocimiento
de los enfermeros acerca de los riesgos laborales evidencia fallas e indica la necesidad
de un estudio con mayor profundidad acerca de esta problemática. Conclusión.
Estudiar la RS del conocimiento de los enfermeros, se puede constituir en una
estrategia orientadora para redimensionar formas y procesos de trabajo, con el objetivo
de volver más agradable y seguro el desarrollo de las actividades en el contexto
hospitalario.
Palabras Claves: Conocimiento, enfermeros, riesgos ocupacionales, hospitalario.
ABSTRACT: A large portion of nurses working in hospitals still engage in activities
rooted in empirical knowledge. Objective: Analyze the knowledge of nurses about
occupational risks in a hospital setting, through the identification of the central nucleus
37
and the peripheral system. Material and methods: The sample was composed of 80
nurses working full time at a public hospital in Natal, Brazil. For data collection the free
word association technique was adopted, using the expression “knowledge about
occupational risks” to induce associations. The data were analyzed with Evoc software.
Results: It was found that the social representation (SR) of nurses about occupational
risks showed gaps, indicating the need for a more thorough study of the topic.
Conclusion: Studying the SR nurses’ knowledge may be a guiding strategy to rethink
work practices and processes, to make the development of activities in a hospital setting
safer and more pleasant.
Keywords: Knowledge, nurses, occupational risks, hospital.
Maria do Socorro Costa Feitosa
ENDEREÇO: Rua Raimundo chaves, nº 1946, aptº 2001. Lagoa Nova – 59.075-64390 – Natal/RN. Cel.
(084) 9985-7469. E-mail: [email protected]
Introducción
En las instituciones hospitalarias una gran parte de los enfermeros siguen
realizando actividades todavía pautadas en conocimientos empíricos, aprendidas en la
labor cotidiana con rutinas pre-establecidas. Muchas veces ejecutan procedimientos sin
reflexionar al respecto, sin buscar la actualización del conocimiento, quizás por no
percibir la velocidad y el dinamismo con que el conocimiento avanza en la actualidad.
En este inicio del Siglo XXI, se vuelve claramente necesaria la búsqueda de
nuevos conocimientos. Eso conduce a la posibilidad de desarrollar el proceso de
aprendizaje mediante métodos científicos, en acciones que exigen originalidad,
creación, capacidad crítica e interacción de pensamiento, además de las habilidades y
competencias requeridas para el ejercicio profesional.
En la realidad actual, el perfeccionamiento y los conocimientos adquieren una
relevancia creciente, exigen de los profesionales el uso de una visión amplia y
articulada con la cercanía en las relaciones, intercambio de informaciones y
tecnologías, comunicación y reciprocidad. Eso sólo es posible si las personas que
detentan diferentes conocimientos trabajen de forma integrada.
38
En esta investigación el medio hospitalario surge como el locus de la
investigación. La elección no tuvo ninguna pretensión técnica y fue elaborada para
ayudar en la comprensión de las representaciones del conocimiento de los enfermeros,
y para dar visibilidad a los innumerables problemas consecuentes de un trabajo donde
la plantilla de enfermería se encuentra expuesta a considerables riesgos ocupacionales
de orden físico y psíquico, cara a la organización del trabajo y al contacto con el
sufrimiento de la clientela.
Al considerar la complejidad que involucra el conocimiento de los riesgos en el
ambiente hospitalario, es fundamental tomar como filosofía de trabajo la actuación
interdisciplinaria. Así, esta investigación aborda la interdisciplinariedad, considerando
que esa problemática necesita de un contexto multireferencial para la consolidación de
la prevención de los riesgos laborales.
Aunque haya dificultades para construir una propuesta interdisciplinaria, se ve como
un desafío posible y deseable en el área de la salud. Así, la interdisciplinariedad se
presenta como respuesta a la diversidad, a la complejidad y la dinámica del mundo
actual.
1
Se cree que el estudio de las representaciones sociales contextualizado en la
interdisciplinariedad puede suministrar elementos que permitan mejorar la comprensión
del conocimiento de los enfermeros sobre riesgos ocupacionales, ya que la Teoría de
las Representaciones Sociales es [...] una forma de conocimiento, socialmente
elaborada y compartida, con un objetivo práctico, y que contribuye para la construcción
de una realidad común a un conjunto social.
2
Para la identificar una representación con más claridad y cohesión se puede
trabajar con el Núcleo Central de la representación social.
“La organización de una representación presenta una característica
particular: no son sólo jerarquizados los elementos de la representación, sino
que toda representación se organiza alrededor de un núcleo central,
constituido de uno o de varios elementos que dan a la representación su
significado.
3:62
La estructura del Núcleo Central se constituye por las significaciones fundamentales de
la representación, aquellas que le atribuyen identidad. Cuando el núcleo central pasa
por transformaciones, se crea una nueva identidad. En esa teoría se considera también
39
la existencia del llamado “sistema periférico”, que alberga las diferencias de percepción
entre los individuos involucrados en la investigación, soportando la heterogeneidad del
grupo y acomodando las contradicciones acarreadas por el contexto más inmediato.
4-5
Objetivo
Considerando tal contexto la presente investigación tiene como objetivo analizar el
conocimiento de los enfermeros acerca de los riesgos laborales en el contexto
hospitalario, usando la identificación del NC y del sistema periférico.
Material y Métodos
Para atender al objetivo propuesto, esta investigación se constituyó en un estudio
exploratorio descriptivo con abordaje cualitativo y cuantitativo, utilizando como base los
aportes teóricos de la teoría de las representaciones sociales.
La muestra fue constituida por 80 enfermeros pertenecientes al cuadro permanente de
un hospital público de referencia provincial, que asiste cualquier tipo de emergencias y
urgencias, localizado en la ciudad de Natal/Rio Grande do Norte/Brasil.
De los 80 sujetos de la investigación, 62 son del sexo femenino y 18 del sexo
masculino, con experiencia de 15 a 25 años, y tiempo de servicio en la institución de 16
a 21 años.
Los enfermeros y los trabajadores de enfermería, por regla general, se caracterizan por
ser un grupo de formación y cualificación profesional desigual, a pesar de que, en la
práctica cotidiana, no siempre se utiliza esa distinción de formación en la organización y
ejecución de las actividades profesionales.
La investigación se realizó de acuerdo con los principios éticos que constan en la
Resolución 196/96 del Consejo Nacional de Salud.
6
La toma de los datos fue iniciada
tras la recepción del parecer favorable del Comité de Ética en Investigación de la
Universidad Federal de Rio Grande do Norte (protocolo n. 114/05). Para el
levantamiento de los posibles elementos que componen el núcleo central de la
representación social estudiada se utilizó la Técnica de Asociación Libre de Palabras -
TALP a partir de la expresión inductora “riesgo ocupacional”.
La TALP permite restringir las dificultades y los límites de las expresiones discursivas
utilizados ordinariamente en las investigaciones de representaciones, a despecho de
basarse también en una producción verbal y posibilitar la aprehensión de las
40
proyecciones mentales de manera relajada y espontánea, revelando, inclusive, los
contenidos implícitos o latentes que pudieran estar enmascarados en las producciones
discursivas,
7-8
y posibilita la identificación de la estructura de la representación social a
través de la determinación de los elementos del núcleo central y del sistema periférico.
7
Se solicitó a los participantes de la investigación que dijesen cinco palabras o
expresiones que les habían venido a la mente, tras sean estimulados por el término
inductor, siendo evocadas 340 palabras.
Conforme Tura
9
para volver más consistente, representativo y limpio el análisis, se
pueden despreciar las palabras evocadas sólo una vez; con lo que se triaron 31 (9%)
vocablos y se utilizaron 309 (92%) de palabras evocadas, que constituyeron el corpus,
con 22 palabras diferentes.
Los datos fueron analizados mediante el uso del software EVOC, la técnica de cuatro
cuadrantes, y permitieron el análisis cuantitativo de los datos, a partir del análisis
lexicográfico.
10
El EVOC es un programa que organiza las palabras evocadas por orden
de frecuencia y promedio de evocación.
Resultados
Buscando componer el significado de los contenidos de las representaciones sobre del
conocimiento de los riesgos ocupacionales en el contexto hospitalario, se
reconstruyeron los contenidos a partir de las palabras evocadas, que fueron ordenadas
según el lugar que ocupan en la estructura de la representación y clasificadas conforme
su relación y llamada a los diversos significados.
Es importante destacar que la Teoría de las Representaciones Sociales es capaz de
identificar varios aspectos inherentes a los condicionantes sicológicos, socio-culturales
y sicosociales involucrados en el contexto hospitalario, considera la vivencia de los
profesionales en el trabajo como fenómenos de producción y organización de
conocimientos de sujetos sociales individuales, revelándose como un excelente
instrumento en el diagnóstico.
De esta forma, se obtuvo un orden promedio de evocación en torno de de dos punto
nueve y frecuencia media de 16, lo que posibilitó la construcción de las líneas que
dividen los cuatro cuadrantes, donde los ejes vertical y horizontal se refieren,
respectivamente, a la frecuencia media y al orden promedio de evocación
11
.
41
Los elementos que pertenecen al sistema central de la representación social son
aquellos que presentan mayor frecuencia de ocurrencia y lista evocación y están
situados en el cuadrante superior izquierdo del cuadro, mientras los elementos
periféricos son aquellos situados en el cuadrante inferior derecho
8,9
.
De esta manera, los elementos presentes en ese núcleo ofrecen un sentido
fundamental e inflexible. Por lo tanto, como característica ontológica del núcleo de
determinada representación, se destaca la naturaleza del objeto representado, el tipo
de relaciones que el grupo mantiene con ese objeto y lo sistema de valores y patrones
sociales que constituyen el ambiente de vida, en su dimensión objetiva o subjetiva, del
individuo y del grupo.
Los elementos del cuadrante superior derecho son considerados constituyentes
de la primera periferia, y pueden migrar para el núcleo central, mientras que los
elementos del cuadrante inferior izquierdo son intermediarios, no analizables por la
teoría del núcleo central y sí por la gran teoría.
11
Los elementos del cuadrante inferior derecho son esquemas organizados por el
núcleo central que permiten el enraizamiento y adaptación del grupo a la realidad en
función de la interacción con las experiencias cotidianas, y pueden generar
representaciones más individualizadas, constituyendo componentes más asequibles y
más concretos a las funciones del núcleo central.
12
Cuadro 1
Representación esquemática de la distribución de las cogniciones de las
representaciones sociales en el modelo de evocación libre.
42
< 2,9 ORDEN DE EVOCACIÓN > 2,9
Competencia 43 Organizacióno 19
Valorización 34 Seguridad 18
Saber 26 Salud 16
Posibilidades 20
Capacidad 18
Organización 18
Freqüência <16 Frecuencia 16
Miedo 15 Peligro 14
Pavor 15 Salud 12
Malo 14 Actitud 08
Enfermedad 13 Comunicación 08
Trabajo 11
Política 11
Precariedad 09
Imprevisiblel 07
Profesional 07
Fuente: OLIVEIRA, JDS. 2007.
Leyenda: OME: Orden Promedio de Evocación / Freq.: Frecuencia total del término
evocado
Discusión
Conforme se observa en la Figura 1, los elementos cuyas características centrales
fueron: competencia-valorización-saber-posibilidades, capacidad y organización, forman
parte del cuadrante superior izquierdo y son los principales elementos de la estructura
de la representación sobre conocimiento de los riesgos laborales ya que presentan
mayor prominencia en el orden de evocaciones e indican que componen el núcleo
central de esa representación y por haber sido aquellas palabras con mayor frecuencia
de evocación y más rápidamente evocadas, evidencian la estructura o núcleo figurativo
de la representación social.
El elemento con más destacado entre los probablemente centrales, se refiere a
la competencia, con una frecuencia de evocación de 43. Este elemento subsidia el
sentido fundamental de la representación social de los enfermeros acerca del riesgo
ocupacional.
Actualmente se observa la implantación de un modelo de formación de gestión y
dirección del personal sanitario basado en el enfoque de las competencias y
conocimientos. Empieza a exigirse al trabajador un perfil enfocado en la capacidad de
43
diagnóstico y solución de problemas, aptitudes para tomar decisiones, para trabajar en
equipo, para enfrentar situaciones en constante cambio y para intervenir en el trabajo
de mejora de calidad de los procesos, productos y servicios.
13
Por tanto, se puede inferir que la competencia permea toda la dimensión
representacional, y es la base sobre la cual los sujetos construyen su espacio
profesional y su autonomía, posibilitando la conquista y el mantenimiento del espacio de
actuación y permitiendo que el proceso de conquista se constituya de forma sólida.
De esta forma, la estructura de la representación social de los enfermeros,
explicitando la forma en cómo aprehenden los riesgos ocupacionales, promueve otra
representación social, la valorización.
El elemento Valorización, puede ser determinado por las correlaciones que se
diversifican en la pluralidad de las lecturas de mundo del trabajo, cuyo conocimiento es
valorado de acuerdo a la articulación de saberes que generalmente se definen en el
contexto en que el trabajador está insertado.
Además está relacionado al status que le gustaría ocupar al Enfermero en
determinado contexto. La representación social que el trabajador elabora sobre sí
mismo y sobre el trabajo que realiza está asociada directamente a un conjunto de
factores que nos habla respecto a la autoestima y a la respectiva valorización.
14
De particular relevancia es que los Enfermeros estén contribuyendo a la
orientación y organización de las prácticas de salud, superando los inmensos desafíos
concernientes a su área de trabajo específica. Este dinamismo acarrea a los
enfermeros dificultades para identificar aspectos relevantes y necesarios en su
actuación, y para su propia valoración.
El elemento saber, refleja la representación de los enfermeros y las respuestas
que deberían dar a los desafíos cotidianos concretos. En el ambiente hospitalario son
innúmeros los factores de riesgos responsables de las condiciones deletéreas a las que
están sometidos los trabajadores, mientras que el conocimiento de estos es todavía
incipiente frente a la complejidad y a la realidad en la que se insertan.
La concepción del hospital como un ambiente insalubre es relevante, no sólo por
el hecho de haber en ese ambiente agentes biológicos y químicos destacados en
algunas argumentaciones reducionistas. Existen otros factores que vuelven tal
44
ambiente insalubre, y el mismo raciocinio puede ser empleado al analizar las
actividades desarrolladas por esos profesionales.
De esta forma, se reconoce la necesidad de que los enfermeros busquen
conocimientos más amplios, nuevos paradigmas, nuevas formas de pensamiento y de
visión de mundo. En el contexto actual, se necesita de una forma de conocimiento
realista, como el de los riesgos ocupacionales en el contexto hospitalario. Esto significa
reconocer la transitoriedad del conocimiento científico e identificar las fallas del su
conocimiento y saber buscar las informaciones para resolver los problemas en ese
campo.
Moscovici
15
, apunta la posibilidad de comprender cómo el sentido común
transforma los contenidos científicos a través de las representaciones sociales u otros
conocimientos formales, y los transforma en explicaciones prácticas sobre la realidad
social. Si tomamos en cuenta esa función constante de lo real y de lo pensado, de lo
científico y de lo no científico, se impone una conclusión: la representación social es un
cuerpo organizado de conocimientos y una de las actividades psíquicas gracias a las
cuáles los hombres comprenden la realidad física y social, se insertan en un grupo o en
una red cotidiana de cambios, y liberan los poderes de su imaginación.
El elemento posibilidades puede determinar una nueva postura del grupo capaz
de reconocer el impacto de los riesgos ocupacionales en la realidad del trabajo. Así, se
debe considerar que las representaciones sociales pueden verse como elementos
facilitadores de las relaciones sociales, que modifican las representaciones que los
individuos forman de ellos mismos, de su grupo social, y sobre todo, en lo que atañe al
devenir de un abordaje interdisciplinario en la construcción del conocimiento, superando
inmensos desafíos.
Por lo tanto, los enfermeros pueden insertarse de manera crítica y consciente en
la realidad, y modificar sus comportamientos con el fin de encontrar soluciones y
posibilidades de compromiso con la realidad del trabajo. De ahí el entendimiento de que
el conocimiento sobre riesgos laborales puede desencadenar procesos de trabajo, que
valoren, estimulen y provoquen nuevas posibilidades de rescate de valores humanos y
sociales
45
Los elementos capacidad y organización, pueden demostrar clemente la
seriedad y la importancia atribuida por el grupo al conocimiento, teniendo en cuenta que
los enfermeros son profesionales que ocupan cada vez más espacios importantes como
consecuencia de los cambios que ocurren en el mundo.
La ampliación de las áreas de actuación del enfermero fueron determinadas por
políticas gubernamentales que dieron una nueva dimensión a las prácticas, abriendo
espacios para nuevos conocimientos y despertando nuevas inquietudes.
Los elementos: peligro, salud, actitud y comunicación se constituyen como
elementos del núcleo periférico y corresponden a aquellos elementos más flexibles y
contextuales de las representaciones.
El elemento peligro, configura una relación con la salud que se objetiva en el
vínculo establecido con la consciencia del riesgo ocupacional. Esa relación con la salud
refleja una preocupación del grupo para elegir prioridades en el sentido de eliminar los
determinantes y condicionantes de los problemas de salud decurrentes de los
accidentes y de las enfermedades ocupacionales.
El elemento actitud denota un atributo personal necesario que está ligado a la
historia, a la memoria colectiva, al sistema de normas y valores que determinan la
actitud de los sujetos y su representación. Si reflexionamos sobre el hombre como un
ser socio-histórico en su relación con el prójimo, sus acciones y actitudes están
constantemente permeadas por las relaciones sociales establecidas en determinado
contexto.
La investigación, de las actitudes y del comportamiento humano puede
representar una etapa fundamental en el estudio de las RS de los riesgos laborales.
En esa perspectiva Moscovici
16
refiere la actitud como una dimensión de las
representaciones compartidas. Para el autor, cuando se tiene una actitud en relación a
un objeto, hay que tener una representación que incluya conocimiento y cognición en su
sentido amplio (imágenes, emociones, pasiones, creencias).
Se puede inferir que la actitud es una construcción social producida por los
actores involucrados con la salud del trabajador y movilizada por la inteligencia y la
subjetividad de cada uno. La actitud insertada en este proceso desencadena una
46
revisión de valores y modos de trabajar el conocimiento en el proceso de de-
construcción de cambios.
Estos aspectos requieren del profesional enfermero la capacidad de producir
cambios, y se presenta, actualmente, con un reto, el de permitir que sus características
esenciales permanezcan frente a los cambios tecnológicos experimentadas en el área
de la salud ocurridos en un corto espacio de tiempo.
La participación del enfermero en ese proceso implica la no participación en el
modelo biomédico , es decir, el modelo individual-curativita conforme a la visión
cartesiana, realizado principalmente por los médicos y adoptado por las instituciones de
salud, por su resolutivita, su retorno inmediato y, normalmente, su economía en relación
al tiempo.
Se espera que los enfermeros, como profesionales humanos que contribuyen a
la mejoría de la salud de la población, busquen la ampliación de los conocimientos, que
traigan contribuciones relevantes que ayuden a romper con la hegemonía del modelo
biomédico, sobre todo con la disminución de las iniquidades existentes en las
instituciones hospitalarios.
Por lo tanto las representaciones sociales, como conocimiento del sentido común
sobre determinado objeto o problema social específico, son importantes en la vida de
los grupos, alimentan y son producidas en una interdependencia del
sujeto/objeto/interacción social.
La comunicación en las prácticas de salud es la capacidad de los trabajadores
para articular y movilizar conocimientos. Es un proceso dialéctico y de interacción
social, es también una forma de crear espacios para la participación de los trabajadores
en las discusiones que pueden conducir para un abordaje interdisciplinario.
Moscovoci
15
, llama la atención sobre el papel de las representaciones sociales
en la génesis de los comportamientos sociales. Ellas producen y determinan los
comportamientos, pues definen simultáneamente la naturaleza de los estímulos que
nos cercan y nos provocan, y el significado de las respuestas, que pueden ser el
conocimiento de los enfermeros a los riesgos ocupacionales. En síntesis, la
representación social es una modalidad de conocimiento particular que tiene por
función la elaboración de comportamientos y la comunicación entre individuos.
47
Es importante resaltar que la organización del trabajo en hospital promueve la
separación entre los trabajadores, mediante jerarquización, modalidades de dirección y
contenido de las actividades, dificultando la comunicación y la integración entre los
equipos.
Frente a lo expuesto, se verificó que la TALP posibilitó la identificación de los
elementos constitutivos de RS y se constató que la representación social del
conocimiento de los enfermeros acerca de los riesgos laborales evidencia fallas e indica
la necesidad de profundizar acerca de esta problemática.
Con esta investigación se pretende suscitar discusiones que contemplen las
múltiples dimensiones presentes en los asuntos sobre riesgos ocupacionales y
contribuya a las transformaciones que se imponen en ese campo. Es necesario que la
interdisciplinariedad pueda formar parte del cotidiano del profesional enfermero,
componiendo diferentes perspectivas de competencia, valorización, saber,
posibilidades, capacidad y organización.
Para Moscovici
17
las RS poseen dos características muy significativas: son
maneras específicas de comprender y comunicar y tienen poder de plasticidad, es decir,
son móviles y circulantes. Como formulación clásica en ese campo, el autor presenta la
estructura de las representaciones como poseedora de dos caras poco disociables, es
decir: [...] el haz y el envés de una hoja de papel, la cara figurativa y la cara simbólica,
viajando así para la particularidad de sus procesos creadores: la objetivación y el
anclaje, ambas [...] transforman lo no familiar en familiar.
17:61
A través de la objetivación es posible transformar en objeto lo que es
representable, atribuir palabras y significaciones a las cosas. Por regla general, el
proceso de objetivación saca conceptos e imágenes para juntarlos y “[...] reproducirlos
en el mundo exterior para hacer cosas conocibles a partir de lo que ya es conocido.
17:78
Según el mismo autor, el proceso de anclaje tiene relación dialéctica con la
objetivación en la construcción de las representaciones, “transfiriendo” las ideas para el
contexto familiar del individuo. En base a conocimientos previos, el sujeto clasifica y
nombra lo que le está siendo presentado, elaborando conceptos para la familiarización
de algo. El anclaje asegura, de esa forma, la llamada entre la función cognitiva de la
representación y su función social. Moscovici.
17:72
48
Estudiar a RS del conocimiento de los enfermeros, puede constituirse en una
estrategia orientadora para redimensionar formas y procesos de trabajo, con el fin de
volver más agradable y seguro el desempeño de las actividades en el contexto
hospitalario.
Referencias
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como processo educativo na área da saúde. Texto Contexto Enferm. 1999 jan-Abr; 8(1):
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16 Moscovici S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis
(RJ): Vozes; 2003; p.146-61.
17 Moscovici S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Trad.
Pedrinho A. Guareschi. Petrópolis: Vozes, 2004. 404p.
50
Artigo submetido para Publicação
Revista de Salud Pública de La Universidad Nacional de Colombia
RISCOS OCUPACIONAIS NO CONTEXTO HOSPITALAR: DESAFIO PARA A SAÚDE
DO TRABALHADOR
Joana D’Arc de Souza Oliveira
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde/UFRN. Enfermeira
Especialista do Trabalho do Hospital Walfredo Gurgel / Pronto Socorro Clóvis Sarinho. E-mail:
Maria do Socorro da Costa Feitosa Alves
Doutora. Odontóloga. Departamento de Odontologia Social, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. E-mail: [email protected]
Resumo: O atual momento histórico aponta sem dúvida, para a importância da reflexão
acerca do trabalho e sua relação com a saúde dos indivíduos. Neste sentido, o
presente estudo teve como objetivo analisar as representações sociais dos
trabalhadores da saúde aceraca dos riscos ocupacionais. O local da pesquisa foi um
hospital especializado em urgência/emergência vinculado à secretaria de Saúde de
Estado do Rio Grande do Norte-Brasil. Para coleta de dados, utilizou-se a técnica de
entrevista semi-estruturada com a expressão norteadora: para você o que significa risco
ocupacional? A análise dos dados foi realizada com o software Alceste. A representação
deste grupo de trabalhadores revela descontentamento com as condições insalubres e
inseguras do trabalho no contexto hospitalar, e da falta de Política de Saúde do Trabalhador
que deve ser entendida dentro do contexto da política geral de saúde, fazendo parte desta.
Palavras-chave: Saúde do trabalhador, risco ocupacional, instituiçao hospitalar.
OCCUPATIONAL RISKS IN A HOSPITAL ENVIRONMENT: CHALLENGE FOR
WORKER HEALTH
Abstract: The present moment in history points to the need for a reflection on work and
its relationship with the health of individuals. The aim of this study was to analyze the
social representations of health workers about occupational risks. The study site was a
state-run hospital in Rio Grande does Norte, Brazil, specialized in
urgencies/emergencies. For data collection, the semi-structured interview was used with
the following guiding question: what does occupational risk mean to you? Data analysis
51
was conducted with Alceste software. The representation of this group of workers shows
discontent with the unhealthy and unsafe working conditions in the hospital environment,
and a lack of health policies for workers that must be understood within the overall
health policy context.
Keywords: Worker health, occupational risk, hospital institution.
Maria do Socorro Costa Feitosa
ENDEREÇO: Rua Raimundo chaves, nº 1946, aptº 2001. Lagoa Nova – 59.075-64390 – Natal/RN. Cel.
(084) 9985-7469. E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
Vários trabalhos de pesquisa e de cooperação técnica envolvendo problemas de
saúde, trabalho e ambiente, particularmente no campo da Saúde Pública no Brasil, se
defrontam com grupos populacionais vulneráveis expostos a diversos e graves riscos
ocupacionais e ambientais, dentre os quais destacam-se os trabalhadores que
desenvolvem suas atividades profissionais em instituições hospitalares.(1)
O atual momento histórico aponta, sem dúvida, para a importância da reflexão
acerca do trabalho e sua relação com a saúde dos indivíduos, sendo a saúde do
trabalhador uma área importante de intervenção, porém tem se tornado um dos
principais desafios colocados atualmente para os profissionais da área de saúde do
trabalhador.
Isto se deve, entre outros elementos, a dificuldade de ordem teórica e
metodológica relacionadas com a questão da avaliação dos riscos ocupacionais, assim
como do desenho e implementação de processos de intervenção efetivos à sua
promoção, o que reflete conflitos nas relações de trabalho, interfere na satisfação do
trabalhador, eleva os custos e contribui para o declínio da qualidade da assistência,
afetando, a organização, trabalhadores e clientes.(2)
Necessário se faz, dentre outras questões, a compreensão global do processo
de trabalho, e os múltiplos fatores relacionados às interfaces organizacionais técnicas e
humanas presentes nas situações de trabalho. Considerando que os trabalhadores têm
direito ao trabalho em condições seguras e saudáveis mediante a articulação e
52
integração de forma contínua, das ações de Governo no campo das relações de
produção
ambiente e saúde.
A Lei Orgânica da Saúde (Lei Federal 8.080/90) regulamenta os dispositivos
constitucionais sobre a Saúde do Trabalhador. O artigo 6º, parágrafo 3º aborda a Saúde
do Trabalhador em suas competências, quando se refere ao conjunto de atividades que
se destinam por meio de ações de vigilância epidemiológica e sanitária, à promoção e
proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visam à recuperação e reabilitação
dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de
trabalho. (3)
Essa Lei confere à direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), a
responsabilidade de coordenar a política de saúde do trabalhador e relaciona as
atividades de vigilância, de promoção, proteção e recuperação da saúde, bem como de
reabilitação dos trabalhadores submetidos a riscos e agravos advindos das condições
de trabalho.
Constata-se, entretanto, que o SUS pouco incorporou em suas concepções e
ações o papel que o “trabalho” ocupa na determinação do processo saúde/doença dos
trabalhadores envolvidos no processo produtivo. Torna-se fundamental que o SUS,
cumpra com sua função de filtro, em que a eficácia e eficiência sirvam de critérios para
definição de procedimentos a serem incorporado pelo sistema de saúde. (4)
Para efeito deste trabalho a Teoria das Representações Sociais dá os meios
para pensar a representação não somente como conteúdo, mas também como
estrutura forma cognitiva e expressiva dos sujeitos que a constroem na sua ligação com
os processos simbólicos e ideológicos e, com a dinâmica do sistema social.(5)
Desta forma, o estudo dos riscos ocupacionais a partir da Teoria de
Representações Sociais, pode revelar a busca de construção de uma nova
representação do sistema de saúde, de acordo com as demandas e expectativas dos
trabalhadores e dos diversos grupos sociais.
OBJETIVO
Este estudo, objetivou analisar as RS dos trabalhadores acerca dos riscos
ocupacionais considerando sua inserção no processo produtivo.
MÉTODOS
53
Tipo de estudo.
Trata-se de um estudo qualitativo, com o referencial-metodológico baseado na
TRS.(5) O local da pesquisa foi um hospital especializado em urgência/emergência na
cidade de Natal/RN, vinculado à secretaria de Saúde de Estado. O estudo foi
desenvolvido no período novembro de 2005 a janeiro de 2006.
A população do estudo constou de 220 profissionais. Do total de 300 médicos
que trabalham no politrauma, 100 médicos, ou seja, 30% fizeram parte da pesquisa,
utilizando-se a técnica de amostra aleatoria simples através de sorteio. Com relação as
categorias dentistas e enfermeiros, foi feito um levantamento censitário, considarando
que o quadro destes profissionais corresponde exatamente a 80 enfermeiros e 40
dentistas.
As variáveis consideradas neste estudo formam: sexo, idade, tempo de formado
e tempo que trabalha na instituição. Mais da metade dos sujeitos é do sexo feminino
(60%), a idade dos pesquisados varia entre 34 a 67 anos, sendo (53,63 %) com mais
de 20 anos de formado, (42,54 %), tem mais de 20 anos trabalhando na instituição.
Os princípios legais e éticos foram obedecidos por meio da aprovação do Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, protocolo n.
114/05, conforme preconiza a Resolução nº 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde
do Ministério da Saúde do Brasil(6), também pela ciência do instrumento
Consentimento Livre Esclarecido, garantindo o anonimato das informações.
Projeto piloto
A realização deste instrumento metodológico objetivou identificar problemas e
dificuldades além, de possibilitar a análise, revisão e direcionamento dos aspectos da
investigação no que se referiu ao instrumento da coleta.
Coleta dos dados
Para coleta de dados, utilizou-se a técnica de entrevista semi-estruturada com a
pergunta norteadora: para você o que significa risco ocupacional? A análise dos dados
foi realizada com o software Alceste
*
, Analyse Lexicale par Contexte d’un Ensemble de
Segments de Texte - Version 4.7 por Windows(7). Um método de estatística textual
utilizado em várias pesquisas no campo das representações sociais com pertinência e
sucesso.(8)
54
O corpus analisado no presente estudo é composto de duzentos e vinte (220)
unidades de contexto inicial (UCI) ou entrevistas. Ele foi dividido em 556 segmentos
Unidades de Contexto Elementar (UCE), que continham 2.678 palavras diferentes.
Desconsiderou-se palavras com freqüência igual ou inferior a três, uma vez que estes
eram irrelevantes estatisticamente. Após a redução dos vocábulos às suas raízes
obtivemos 1.711 formas analisáveis e 125 instrumentais. O programa identificou quatro
classes de segmentos de texto diferentes entre si. Somando-se as UCE’s por classes
obtivemos um total de 389 UCE’s.
Este programa executa a análise em quatro etapas. A primeira organiza o
material reconhecendo as unidades de contexto iniciais (UCI) que são constituídas
pelas próprias entrevistas, dividindo-se em segmentos de texto de tamanho similar
(denominados”Unidades de Contexto Elementar” ou UCE), agrupando as ocorrências
das palavras em função das suas raizes e realizando o cálculo das suas respectivas
frequências. Posteriormente classifica os enunciados simples ou as UCE, de forma a
obter o maior valor possível numa prova de associação (Qui-quadrado). Na terceira
etapa são descritas as classes encontradas. No nível analítico, elas são compostas de
vários segmentos de texto (UCE) quem tem vocabulário semelhante. No nível
interpretativo, elas são consideradas indicadores de diferentes noções. Na quarta etapa
são fornecidas as UCE mais características de cada classe, permitindo que se tenha o
contexto de ocorrência do vocabulário das mesmas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nas entrevistas e no referencial teórico utilizado, foi possível
contextualizar os riscos ocupacionais no contexto hospitalar. As narrativas apontam
para condições de trabalho desfavoráveis, incluindo impactos ambientais que as
atividades produzem, tarefas exaustivas e acidentes, ampliando-se o desgaste físico e
mental do trabalhador aparecendo novas patologias, na maioria das vezes pouco
reconhecidas como ocupacionais em sua origem.
Pode-se observar a presença dos sentidos discutidos, verificado na sequência
dos extratos das UCE’s associadas em todas as classes.
Classificção Descendentes Hierárquica (Dendograma)
55
----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|
Cl. 1 ( 48uce) |---------+
12 |-------------+
Cl. 2 ( 33uce) |---------+ |
16 |------------------------+
Cl. 3 ( 114uce) |-----------------------+ |
17 +
Cl. 4 ( 194uce) |------------------------------------------------+
Na classe 1 observa-se a presença de 48 UCE’s, 12,34 % do total. O foco desta
classe é o risco no ambiente laboral, evidenciando-se quatro elementos que
contextualizam os discursos: Doenças´(Qui-quadrado=78.78),‘Irreversíveis´ (Qui-
quadrado=50.64), ´Acidentes´ (Qui-quadrado=45.72), e ´Contrair´ (Qui-quadrado=
43.44).
Clé sélectionnée : A
533 18 os riscos sao #as #possibilidades dos trabalhadores #sofrerem #acidentes ou
#adoecer no exercicio laboral, no #hospital existem problemas especificos em cada
#area embora nao possuam especificidade com determinado tipo de ocupacao. no
#hospital apresentam maior incidencia #as #doencas e os #acidentes os trabalhadores
que estao mais #expostos #aos riscos.
103 18 os trabalhadores em geral nos mais variados #niveis profissionais sao
#atingidos pelos riscos de #adoecer e #sofrer #acidentes. #as condicoes dos ambientes
estao cada #vez mais #precarias expondo os profissionais a riscos de #doencas que
podem ser #irreversiveis.
394 14 o ambiente hospitalar #expoe os trabalhadores a #contrair #doencas muitas
#vezes de caracter #irreversiveis como a #aids. #as #doencas coronarias, #as gastrites,
56
#as ulceras a obesidade e ate o alcoolismo pode ser causado pelos riscos com que
#convivemos sem se #nos dar conta.
(…)
Os termos doenças e acidentes podem indicar uma preocupação destes
trabalhadores e funciona como um crivo de leitura dos aspectos que envolvem não só
os fatos ao seu redor mas sua própria existência. O elemento contrair refere-se ao
potencial patogênico das doenças causadas pelas condições de trabalho vivenciadas
por estes trabalhadores no contesto de trabalho hospitalar.
Pode-se inferir que esse adoecimento está ligado à relação entre organização do
trabalho, desempenho e as sobrecargas psíquicas, cognitivas e físicas. Os
trabalhadores associam algumas doenças como irreversíveis, a partir do conhecimento
que eles têm de doenças como a AIDS e da Hepatite diagnosticadas em profissionais
da saúde. Esta classe 1, revela que o trabalho em hospital é considerado como gerador
de sofrimento e patologias nas representações dos entrevistados.
Na classe 2 evidenciam-se 33 UCE’s 8,48 % do material analizado, ligadas
diretamente a classe precedente e organiza-se em torno de quatro elementos
significativos: ‘Depressão’ (qui-quadrado=65.69). ‘Excessivas’ (qui-quadrado=54.64),
‘Estresse’ (qui-quadrado=53.33) e ‘sobrecargas’ (qui-quadrado=26.57).
Nesta classe, os trabalhadores revelam que há uma relação entre causa/efeito,
risco/trabalho. Esse processo insere-se diretamente na prática dos profissionais com
cargas de trabalho que provêm de algumas situações internas e externas o esforço
exigido e a fragmentação do trabalho. São evidências de desgaste, resultante de
regulações cognitivas, altas exigências físicas e psíquicas em ambientes insalubres.
Clé sélectionnée : B
26 17 a sobrecarga de trabalho # os riscos de adoecer, ficar #incapacitado parcial ou
#permanentemente para o #exercicio,.#a dinamica do tipo de atendimento que
realizamos # o ambiente #torna se de risco muito mais do que em outros ambientes. #
favorecendo condições desfavoráveis para o #trabalho.
57
104 13 outro aspecto sao as #cargas #horarias #excessivas que estao acima do #nivel
de tolerancia do organismo humano. De acordo com a logica da multiplicidade dos
riscos e dos parametros, #podemos afirmar que ha uma #relacao entre #causa e #efeito
entre o trabalho e os riscos.
17 60 a #vivencia com os riscos #pode #levar o trabalhador #ao #estresse em #grande
#escala e ate a #depressao, #dependendo do #tempo de exposicao, # os riscos
ocupacionais em hospital, sao controlaveis, #falta disposicao para ombate_los. os risco
causam #muita preocupacao, principalmente pelo impacto #psicologico que ele #
#acarreta para a saude dos trabalhadores.
(…)
Observa-se que os entrevistados fazem menção de sentimentos variados
vivenciados por eles. O estresse e a depressão podem está relacionados diretamente
com as sobrecargas excessivas de trabalho. A persistência da situação de sobrecarga
intensa e constante de trabalho aliada a ausência de ações de gestão organizacional
pode comprometer a saúde dos trabalhadores.
De maneira geral, as condições inadequadas de trabalho no ambiente hospitalar,
provocam agravos à saúde, que podem ser de natureza física e psicológica, gerando
transtornos alimentares, de sono, de eliminação, fadiga, agravos nos sistemas
corporais, diminuição do estado de alerta, estresse, desorganização no meio familiar e
neuroses, fatos que, muitas vezes, levam a acidentes de trabalho e licença para
tratamento de saúde.(9)
Clé sélectionnée : C
A Classe 3 com 114 UCE’s, permite afirmar uma relação de causa e efeito no
contexto de trabalho. As quatro palavras aqui relacionadas traz na discussão os
clássicos agentes de riscos como central: ‘Ergonômicos’ (qui-quadrado=74.47),
‘Químicos’ (qui-quadrado=66.05), ‘Biológicos’ (qui-quadrado =60.89). ‘Físicos’ (qui-
quadrado=53.85).
58
A saúde dos trabalhadores é condicionada por fatores sociais, econômicos,
tecnológicos e organizacionais, além de fatores de risco de natureza físicos, químicos,
biológicos e ergonômicos presentes nos processos de trabalho. Trata-se, pois, de um
cenário complexo e desafiador no sentido de superá-lo do ponto de vista da Saúde do
Trabalhador.
347 21 a #organizacao verticalizada, #os #ambientes #insalubres #aliados aos #riscos
#presentes no #processo de #trabalho tais como #os #fisicos, #os #biologicos, #os
#quimicos, #os #ergonomicos #sao #responsaveis #pelos #riscos #ocupacionais nos
hospitais, #ambientes insalubres #dificultam a realização #das atividades #trazendo
problemas # de relacionamentos.
55 9 acidentes e doencas #ocupacionais e profissionais adquiridos no exercicio da
profissao, são #causados #pelos #agentes no proprio #ambiente de #trabalho. #os
agentes de #riscos como #biologicos, #fisicos, #quimicos #os #ergonomicos #pela
restricao de #espaco, mobiliario improprio para a #funcao, causam #problemas de
lesões #osteomoleculares #causando adoecimento.
218 19 os #riscos #fisicos, #biologicos, #ergonomicos, #quimicos que convivemos no
nosso #dia a dia, #refletem as #condicoes inseguras que #os trabalhadores # estao
sujeitos #nas #atividades #laborais #os #esses riscos estao muito #relacionados a
#estrutura #fisica, formas de #organizacao, #ambientes precarizados,
#relacionamentos, intensificacao #do #trabalho.
(…)
No contexto das representações sociais dos trabalhadores, percebe-se uma
configuração clara de que os riscos ocupacionais têm relação intrínsica com o trabalho
revelando inúmeros significados: precariedade nos ambientes laborais, situações de
fragilidade e condições inseguras fomentando o isolamento das relações profissionais e
individuais. Considera-se de suma importância o diagnóstico dos riscos ocupacionais
para planejamento de medidas preventivas, visando à promoção de saúde dos
trabalhadores.
59
Clé sélectionnée : D
Na Classe 4 das 194 UCE’s destacam-se 4 palavras mais significativas com
relação a temática: ‘Políticas’ (qui-quadrado = 25.70), ‘Gestores’ (qui-quadrado =
16.08), ‘Segurança’ (qui-quadrado = 15.71). ‘Saúde’ (qui-quadrado = 11.87).
Conforme estas UCE’s,
Nesta classe, os profissionais apresentam uma visão negativa das implicações
que as políticas de saúde trazem para a saúde dos trabalhadores e assumem um
posicionamento político, crítico e consciente em defesa da saúde e pelo direito ao
trabalho digno. Essa postura é compreendida pela natureza do grupo (médicos,
enfermeiros e dentistas).
As palavras políticas, gestores, segurança, podem revelar o conhecimento que
os trabalhadores têm das práticas institucionais que se configuram de forma
assimétrica, estratégias, vícios conflitos e posturas incompatíveis com as normas legais
da Saúde do Trabalhador, concretamente, marcada por diversos desvios e limitações
de ordem política, econômica e cultural.
A palavra saúde nesta classe, apesar de apresentar o menor (quadrado= 11.87),
revela o entendimento de que a saúde dos trabalhadores extrapola os limites da saúde
ocupacional, e resulta de um conjunto de fatores de ordem política, social econômica.
215 37 nao se ve #mudancas para transformar a #situacao de saúde do
trabalhador#nao temos #norma de #seguranca, nao ha #interesse em formular #uma
#politica # que venha de #encontro a #necessidade #dos trabalhadores no que diz
respeito a sua #seguranca #pessoal, nao ha #uma #politica de #prevencao #dos riscos.
146 21 a #saude e #direito de todos nos que estamos #inseridos #nesse todos
#continuamos sem #uma politica de saúde voltada para os trabalhadores.# compete ao
#sistema unico de #saude sus #incrementar #politicas de #saude que #visem a reducao
#dos riscos e outros agravos nos ambientes de trabalhos. # essa #realidade e a mesma
em todos os#servicos de #saude, #falo com referencia aos #ambientes de trabalho,
#porisso ha #uma empidemia de #trabalhadores se #aposentando precocemente.
60
Curiosamente, um dos entrevistados referiu um aspecto importante não
vislumbrado pelos demais, ao enfatizar que a ausência das Políticas de Saúde
acarretam riscos ou potenciais danos para os trabalhadores culminando com a morte.
Refere ainda, que há um desconhecimento por parte dos gestores sobre os riscos e
agravos à saúde relacionados com o trabalho.
338 15 os trabalhadores #estao adoecendo e #morrendo por falta de #politicas de
#saude adotadas em #favor da #saude #dos trabalhadores, #dessa #forma as doencas
#vao se propagando #os gestores atribuem #a culpa aos trabalhadores# sem ser
atribuidas tais #agravos as condicoes #precarias de trabalho pela falta #de politicas de
saúde. e #hora de refletir e #ampliar o olhar para o trabalhador #numa #nova
#perspectiva de #mudança antes que #morramos todos.
(…)
No Brasil, as condições de trabalho e os riscos a que estão expostos os
trabalhadores dos diversos ramos produtivos ainda são tratados pelos patrões e pelo
próprio Estado como segredo empresarial. As respostas aos questionamentos sobre as
condições, os conteúdos de trabalho e os efeitos sobre a saúde tendem a situar-se em
planos secundários de análise e interpretação.
A dificuldade de acesso aos locais de trabalho, anteposta pela legislação vigente
e pelos capitalistas, impede a realização de estudos que evidenciem em toda sua
complexidade, como o trabalho afeta a saúde dos trabalhadores.
A importância e necessidade da Política de Saúde do trabalhador estar
contextualizada ao momento atual da conjuntura econômica e social, em que o modelo
neoliberal e a globalização interferem diretamente nas formas de organização do
processo de trabalho, a precarização do trabalho se faz presente e o aumento da
produtividade é a mola mestra, em detrimento das condições de trabalho e da saúde do
trabalhador.(10)
CONCLUSÂO
Este estudo poderá indicar uma melhor compreensão da realidade vivida pelos
trabalhadores a partir de sua própria subjetividade, dimensão fundamental para se
avançar na direção de um novo paradígma e melhoria das condições de trabalho.
61
Sugere aprofundar discussões analisando a lógica da divisão parcelar do trabalho
vigente na estrutura ocupacional legal, contribuindo na construção do olhar e da prática
interdisciplinar que levem em conta a saúde dos trabalhadores condições sine qua non,
para o exercício da cidadania.
O foco sobre a atividade humana de trabalho orienta nesse sentido, onde a
saúde do trabalhador possa ser pensada enquanto uma das dimensões societárias
mais intimamente vinculadas à subsistência e ao bem-estar coletivo e, por essa razão,
inscrita entre os “direitos sociais”.
A representação deste grupo de trabalhadores revela descontentamento com as
condições insalubres e inseguras do trabalho no contexto hospitalar, e da falta de
Política de Saúde do Trabalhador que deve ser entendida dentro do contexto da política
geral de saúde, fazendo parte desta.
REFERÊNCIAS
1 Mauro MYC, Muzi CD, Guimarães RM, Mauro CCC. Riscos ocupacionais em saúde.
Rev Enfermagem UERJ 2004; 12: 338-45.
2 Barbosa DB, Soler ZASG. Afastamentos do trabalho na enfermagem: ocorrência com
trabalhadores de um hospital de ensino. Rev. Latino-am Enfermagem 2003 mar-abr;
11(2): 177-83.
3 Ministério da Saúde (BR). Lai 80.080, de 19 de Setembro de1990: dispõe sobre as
condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, organização e
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília (DF);
1990.
4 Campos GWS. Reforma política e sanitária: a sustentabilidade do SUS em questão?
Ciência & Saúde Coletiva 2007; 12(2): 301- 306.
5 Jodelet D. Representações sociais: um domínio em expansão. In: Jodelet, D. (Org.).
As representações sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. p. 17-44
6 Ministério da Saúde (BR). Informe Epidemiológico do SUS: suplemento 3. Brasília
(DF): Ministério da Saúde; 1996.
7 Reinert, M. Manuel d’utilisation ALCESTE (Version 4.7 pour Windows). Toulouse:
IMAGE, 1986.
62
8 Kalampalikis NL Apport de la methods Alceste dams I’analyse des representations
socials. In: ABRIC, JC. Methods d’etude des representations socials. Raymondville
Saint-Agnes: Eras; 2003.
9 Godoy SCB. Absenteismo-doença entre funcionários de um hospital universitário
[dissertação]. Belo Horizonte (MG): Escola de Enfermagem da UFMG; 2001.
10. Gelbecke Fl. Política de saúde do trabalhador: limites e possibilidades. Texto e
Contexto em Enfermagem. 2002;11(1):66–85.
63
Artigo submetido para Publicação
Revista Brasileira de Enfermagem – REBEn
PERCEPÇAO DAS ENFERMEIRAS ACERCA DOS RISCOS OCUPACIONAIS NA
PESPECTIVAS DE PRÁTICAS PREVENTIVAS
Joana D’Arc de Souza Oliveira
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde/UFRN. Enfermeira
Especialista do Trabalho do Hospital Walfredo Gurgel / Pronto Socorro Clóvis Sarinho.
Maria do Socorro da Costa Feitosa Alves
Doutora. Odontóloga. Departamento de Odontologia Social, Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected]
RESUMO: A equipe de enfermagem que atua na rede hospitalar vivencia e participa
ativamente das mais variadas situações de riscos inerentes ao desempenho de suas
atividades loborais. Por ser a categoria profissional que mais tempo permanece junto ao
paciente apresenta riscos ocupacionais que podem levar a doença, à invalidez, e até
mesmo, à morte. A presente investigação objetivou apreender as representações
sociais da percepção das enfermeiras acerca dos riscos ocupacionais na perspectiva
de práticas preventivas. Material e métodos. A amostra constituiu-se de 80 enfermeiras.
Utilizou-se para coleta de dados evocações livres de palavras produzidas a partir de
uma expressão indutora – risco ocupacional e práticas preventivas. O TALP, foi
processado e analisado com o apoio do software EVOC. De acordo com os dados
obtidos foi possível apreender a percepção das enfermeiras acerca dos riscos
ocupacionais, emergindo dois pontos organizadores da representação, em função de se
constituírem como pontos nevrálgicos no cotidiano profissional, quais sejam: falta de
programa de prevenção, medicina e saúde ocupacional nos hospitais e falta de
integração do sistema de vigilância com os serviços de saúde, onde os riscos são
iminentes.
Palavras-cheve: Riscos ocupacionais, enfermeiras,hospitalar.
64
NURSES’ PERCEPTION ABOUT OCCUPATIONAL RISKS IN THE PROSPECTS OF
PREVENTIVE PRACTICES
Abstract: The Nursing staff that works in the hospital network experiences and
participates actively of the most varied situations of inherent risks in the performance of
labor activities. As it is the professional category which is much time with the patient, so
have occupational risks which can lead to diseases, disability, and even, death. The
current investigation aimed captures the social representations of Nurses’ perception
about occupational risks in prospects of preventive practices. Material and Method. The
sample has 80 Nurses. It was used for data collection free evocation of words produced
from an expression inducer – occupational risk and preventive practices. The TALP was
made and analysed with the support of EVOC software. According to the data obtained
was possible to seize the Nurses’ perception about occupational risks, emerging two
organizer points of representation, according to consist in nerve points in professional
daily, which are: lack of prevention program, Medicine and occupational health in
hospitals and lack of integration of vigilance system with health services, where risks are
imminent.
Key words: occupational risks, Nurses, hospital
PERCEPCIÓN DE LAS ENFERMERAS SOBRE DE LOS RIESGOS LABORALES
DESDE LA ÓPTICA DE LAS PRÁCTICAS DE PREVENCIÓN
RESUMEN: LA plantilla de enfermería que actúa en la red hospitalaria vive y participa
activamente en las más variadas situaciones de riesgo inherentes al desempeño de sus
actividades laborales. Al ser la categoría profesional que más tiempo permanece junto
al paciente presenta riesgos ocupacionales que pueden derivar en enfermedad,
invalidez, e incluso, en muerte. La presente investigación tuvo como objetivo capturar
las representaciones sociales en la percepción de las enfermeras sobre los riesgos
ocupacionales desde la óptica de las prácticas preventivas. Material y métodos. La
muestra se constituyó con 80 enfermeras. Se utilizó para la toma de datos evocaciones
libres de palabras producidas a partir de una expresión inductora – riesgo laboral y
65
práctico preventivos. El TALP, fue procesado y analizado con el apoyo del software
EVOC. A partir de los datos obtenidos fue posible captar la percepción de las
enfermeras acerca de los riesgos ocupacionales, con dos puntos articuladores de la
representación, ya que se presentaron como los puntos neurálgicos en el día a día
profesional, a saber: falta de programa de prevención, medicina y salud ocupacional en
los hospitales y falta de integración del sistema de vigilancia con los servicios de salud,
donde los riesgos son patentes.
Palabras-Clave: Riesgos laborales, enfermeras, Entorno hospitalario.
Maria do Socorro Costa Feitosa
ENDEREÇO: Rua Raimundo Chaves, nº 1946, aptº 2001. Lagoa Nova – 59.075-64390
Natal/RN. Cel. (084) 9985-7469. E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
A equipe de enfermagem que atua na rede hospitalar vivencia e participa
ativamente das mais variadas situações de riscos inerentes ao desempenho de suas
atividades loborais. Por ser a categoria profissional que mais tempo permanece junto
ao paciente, apresenta riscos oocupacionais que podem levar a doença, à invalidez, e
até mesmo, à morte.
A partir da compreensão da interação dos riscos com o ambiente, é possível
ampliar o entendimento de que os riscos, estão relacionados aos eventos negativos
aumentando a probalidade de acidentes e/ou doenças ocupacionais.
Para efeito da NR-92
1
, que trata do Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA), considera como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e
biológicos existentes no ambiente de trabalho. Caracterizam-se quando se estabelece o
nexo causal entre os danos observados na saúde do trabalhador e a exposição a
determinados riscos ocupacionais.
Desta forma, é importante compreender que a incorporação de estratégias de
promoção e prevenção à saúde nas instituiçoes hospitalares, deve caminhar para a
busca da superação das iniquidades sociais que aí imperam, sua abordagem pode
trazer contribuições relevantes que podem ser bastante resolutivas na prevenção de
acidentes e doenças profissionais e/ou do trabalho.
66
Nesse contexto social de pertença, com novas formas de adoecimento mal
caracterizados como o estresse, a fadiga física e mental entre outras manifestações de
sofrimento relacionadas ao trabalho, configura-se em situações que exigem
conhecimento para que se possa traçar medidas efetivas de prevenção. De onde pode
emergir as representações sociais
2
.
As Representações Sociais são construções historicamente e socialmente
determinadas, elas cavalgam na interface entre muitas ciências sociais e méritos [...]
3
.
Caracteriza-se como produto resultante da atividade humana, elaborada por meio da
comunicação e interação entre indivíduos no seu cotidiano destinadas à interpretação
da realidade
4
. O processo de interação e comunicação, reflete a situação dos indivíduos
em relação aos objetos do seu cotidiano e formam um continuum no qual se fundem e
se complementam.
É na cotidianidade que os grupos ou indivíduos expõem a realidade interpretada
por eles com significados subjetivos e intersubjetivos
5
. O estudo das representações
sociais parece ser um caminho promissor para atingir esses propósitos na medida em
que investiga justamente como se formam e como funcionam os sistemas de referência
que são utilizados para classificar pessoas e grupos e para interpretar os
acontecimentos da realidade cotidiana.
Por suas relações com a linguagem, a ideologia e o imaginário social e,
principalmente, por seu papel na orientação de condutas e das práticas sociais, as
representações sociais constituem elementos essenciais para apreensão dos riscos
ocupacionais que interferem na saúde dos trabalhadores.
Abric
6
assinala que representação social é o produto e o processo de uma
atividade mental pela qual um indivíduo ou um grupo reconstitui o real com que se
confronta e lhe atribui uma significação específica. Diante deste conceito, enfatiza que o
comportamento dos sujeitos depende menos das características objetivas de dada
situação do que das representações sociais que se constituem no seu fator
determinante.
A presente investigação objetivou apreender as representações sociais da
percepção das enfermeiras acerca dos riscos ocupacionais na perspectiva de práticas
preventivas.
67
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de estudo descritivo desenvolvido segundo a Teoria das
Representações Sociais (TRS)
7
no que se refere à abordagem estrutural
2
. O cenário da
pesquisa foi um hospital púiblico de grande porte, prestador de serviço aos usuários do
Sistema Único de Saúde (SUS), na cidade de Natal/RN/Brasil. Participaram desta
pesquisa 80 enfermeiras assistenciais. Um ponto a se destacar é que 100% são do
sexo feminino.
Levando em consideração as propriedades quantitativas e qualitativas na
determinação da estrutura da representação social, por meio do núcleo central e do
sistema periférico, utilizou-se para coleta de dados a Técnica de Evocação Livre de
Palavras (TALP), produzidas a partir de uma expressão indutora – risco ocupacional e
práticas preventivas.
A TALP é um teste projetivo da psicologia, que vem sendo largamente
empregado em estudos da estrutura das RS. Ajuda a localizar zonas de bloqueamentos
e de recalcamentos de uma pessoa, isto é, a exclusão do campo da consciência, de
certas idéias, sentimentos e desejos que o indivíduo não quer admitir, mas, no entanto,
continuam a fazer parte da sua vida psíquica
8
.
O teste foi aplicado no período de maio de 2005 a junho de 2006, após
aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte com registro CEP-UFRN 114/05. As informantes foram
previamente orientadas quanto à importância da pesquisa, os procedimentos para a
coleta de dados, a livre decisão de participar ou não do estudo, mediante a assinatura
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme as orientações da
Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde
9
, bem como sobre o TALP.
Os elementos representacionais foram estudados pela Teoria do Núcleo Central
(TNC)
2
. Esses elementos se organizam e subsidiam o sentido fundamental e inflexível
da representação social. Por ser flexível, permitem uma interação maior com o
contexto, dando acessibilidade à realidade, concretizando, regulando e defendendo o
NC
2
. Se constituem num sistema sócio-cognitivo específico, no qual um ou mais
elementos dão à representação um significado maior - a sua estrutura
2-10
.
68
O NC é caracterizado como rígido, estável, composto de elementos que dão
sentido a outros núcleos mais flexíveis, denominados periféricos. O sistema periférico é
organizado em torno do NC. Estudos utilizando a TNC fortalecem a pluralidade
heurística das representações sociais e a sua capacidade de explicar a realidade
cotidiana de acordo com os grupos sociais
10- 11
.
Desta forma, a percepção representada pelas enfermeiras é reapropriada por
elas, reconstruída no seu sistema cognitivo e integrada aos seus sistemas de valores
em conformidade com a história e com o contexto social e ideológico que as cercam
7
.
O produto obtido por meio do TALP, foi processado e analisado com o apoio do
software EVOC (Ensemble de programmes permettant l’analyse des evocations) –
versão 2000
12
. Este recurso permite a organização das evocações produzidas de
acordo com as suas freqüências e com a ordem de evocação ou, como se adota no
presente estudo, de importância, possibilitada pela hierarquização dos termos
enunciados pelos sujeitos. Permite a análise lexicográfica e quantitativa dos dados,
mediante a técnica do quadro de quatro casas. Após a organização prévia dos
elementos evocados, esses se constituíram no corpus para análise.
A identificação do NC e dos elementos periféricos sobre a percepção das
enfermeiras a cerca dos riscos ocupacionais, objeto deste estudo, pode evidenciar o
que realmente está sendo representado pelo grupo de pertença. Assim, é necessário
buscar a natureza interna das questões dos riscos, pois estes, expõem o trabalhador a
condições perigosas e insalubres.
A complexidade dos riscos no contexto de trabalho sugere que os sistemas de
vigilância em saúde devam estar mais preocupados com exposições deletérias e menos
com a contabilização de doenças, e passem a operar integrado com os serviços de
saúde onde os riscos são iminentes. É nesse sentido, que a prevenção de riscos
ocupacionais torna-se a forma mais eficiente de promover e preservar a saúde e a
integridade física dos trabalhadores.
69
RESULTADO E DISCUSSÃO
Diagrama dos elementos evocados pelas enfermeiras a partir do termo indutor
Risco ocupacional e práticas preventivas
OME < 3 3
F
NÚCLEO CENTRAL ELEMENTOS INTERMEDIÁRIOS
ATRIBUTOS f OME ATRIBUTOS F OME
educação 16 2,668 organização 10 3,091
prevenção 12 2,546 segurança 11 4,000
saúde 32 2,375 vida 12 3,333
10
valorização 18 2,104
ELEMENTOS INTERMEDIÁRIOS ELEMENTOS PERIFÉRICOS
ATRIBUTOS f OME ATRIBUTOS F OME
atenção 5 2,167 dever 7 3,714
divulgação 6 2,429 direito 7 4,000
satisfação 9 2,889 norma 8 3,625
solução 7 2,714 imunização 6 3,000
epi 6 2,167 supervisão 6 3,143
<
10
trabalho 6 4,000
Legenda: OME – ordem média de evocação, Freq. – freqüência total do termo evocado
No quadrante superior esquerdo aparecem os elementos mais relevantes, sendo
aqueles que surgem em primeiro lugar na ordem de evocação, tendo, portanto, uma
freqüência significativamente mais elevada que a dos demais termos. Exatamente por
isso, esses elementos são considerados como indicadores o núcleo central da
representação social Constituem, portanto, os elementos que possibilitam a
identificação do núcleo central da representação da percepção das enfermeiras.
Os elementos localizados no segundo quadrante (superior direito) e no terceiro
quadrante (inferior esquerdo) são considerados intermediários e podem aproximar-se
70
tanto dos elementos centrais como dos periféricos. Esses não são analisáveis pela
Teoria do NC
(2,10)
, e sim pela grande teoria TRS
7
.
Os elementos localizados no quarto quadrante (inferior direito) são considerados
integrantes do sistema periférico. Esses são os de menor freqüência de evocação com
o maior índice ou maior ordem média e fazem parte do pensamento elaborado, ou seja,
as depoentes podem elaborar intencionalmente o elemento, antes de expressá-lo
7-8
.
Como evocações consideradas núcleos centrais temos: “educação”, “prevenção”,
“saúde” e “valorização”, indicando aquelas palavras mais prontamente evocadas e em
maior freqüência que podem ser constitutivas do NC, pois caracterizam o sentido
ontológico da representação, ou seja, sua estrutura ou núcleo figurativo.
Neste estudo, os elementos constituintes do NC ou estrutura da RS são
entendidos, como aqueles que retratam os significados mais expressivos da
representação da percepção das enfermeiras sobre risco ocupacional, ou seja, o senso
comum desse grupo, que direciona os seus comportamentos e atitudes.
Considarando, que o NC é constituído de um ou mais elementos que lhe
asseguram três funções como significado da representação: a função geradora cria ou
transforma os elementos constitutivos da representação e possibilita que outros
elementos adquiram sentido e valor, a função organizadora unifica e organiza
internamente a representação e a estabilizadora que dá estabilidade à representação
do grupo
2
parece condição essencial para a percepção dos riscos ocupacionais no
contexto hospitalar.
A evocação “educação” pode representar para as enfermeiras uma prática social
que está presente em todas as suas atividades. A enfermagem como ciência e arte,
busca compreender a “educação” como forma de valorizar e legitimar as práticas
preventivas assim, como rege a relação que se estabelece em torno da realidade dos
riscos hospitalares, no sentido de assegurar aos trabalhadores ações livres de riscos.
Uma compreensão global desta realidade exige considerar diversas perspectivas
para que possa se estabelecer processos de construção, levando a práticas que
minimizem os riscos hospitalares e o desenvolvimento sistematizado de um novo
modelo e novas posturas em relação à prevenção.
71
A evocação “saúde” pode demonstrar a preocupação das enfermeiras com a
saúde dos da equipe de enfermagem e demais trabalhadores, considerando que o
parágrafo 3º do artigo 6º, define a saúde do trabalhador como: […] um conjunto de
atividades que se destina, por meio das ações de vigilância sanitária, à promoção e
reabilitação dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das
condições de trabalho
13
. Do ponto de vista das bases legais e normativas, o princípio da
integralidade do cuidado e da assistência está inserido em legislações importantes no
Brasil.
A diretriz básica do SUS, com base na Constituição Federal de 1988 (Art. 198)
estabelece: “atenção integral, com prioridades para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços “assistenciais”
13
. Esta Resolução constitui-se em mais um
instrumento importante a ser utilizado para garantia da qualidade da atenção à saúde
do trabalhador.
Com isso, afirma-se a necessidade de uma prática reflexiva, com protagonismo
dos trabalhadores e a construção de espaços para problematização do trabalho, onde a
saúde possa ser ampliada para além dos limites da ausência de doença com o
entendimento de vários aspectos que estão presentes na vida do homem, como
moradia, lazer, educação, trabalho etc. Será o equilíbrio desses componentes da vida
diária que irá formar o grande mosaico da saúde humana, que não deve ser vista
apenas como um fator de produção.
A representação social das enfermeiras com relação ao elemento “valorização”,
pode está diretamente relacionado à dignidade da pessoa humana, por isso não deve
ser analisado somente sob a ótica material mas, sobretudo, deve estar em pauta o seu
caráter humanitário capaz de correlacionar diversas dimensões: biológicas,
psicológicas, sociais e espirituais além, de englobar aspectos relacionados à saúde.
A valorização do trabalho pode proporcionar ao ser humano, orgulho em
desempenhá-lo, dando-lhe prazer. Desta forma, o trabalhador não tem o trabalho
apenas como meio de sobrevivência, porque retira do ser humano qualquer resquício
de dignidade. “Valorizar o trabalho equivale a valorizar a pessoa humana, e o exercício
de uma profissão pode e deve conduzir à realização de uma vocação do homem”
14
.
72
No quadrante superior direito as evocações “organização”, “segurança”, “vida”
mostram uma maior proximidade do núcleo central e vinculam-se ao elemento
“valorização” considerando os diversos aspectos que conformam o atual cenário onde
este grupo desenvolve suas práticas.
Nesse aspecto, é possível ampliar o conhecimento sobre a especificidade das
práticas preventivas, partindo da premissa de que a prevenção dos riscos no contexto
hospitalar, precisa acontecer de forma organizada proporcionando maior segurança
para qualidade de vida dos trabalhadores.
Situam-se no quadrante inferior direito as evocações “dever” “direito” “norma”,
“imunização” “supervisão”, trabalho. Essas evocações promovem a interface entre a
realidade concreta vivida pela equipe de enfermagem e a centralidade das
representações, indicam atributos profissionais e pessoais a serem adotados em forma
de atitudes no trabalho.
As evocações “dever” “direito” “norma”, estão contempladas no contexto cultural
e filosófico das enfermeiras (os), pois estas (estes), elaboram modelos de regimento de
enfermagem: organograma, normas, rotinas, direito e deveres da equipe, essencial
para uniformizar ações integradoras.
Seguindo a trilha das representações elaboradas pelas enfermeiras,
“imunização” e “supervisão” assumem, papéis relevantes no contexto da prevenção. A
imunização tem sido uma estratégia eficiente no controle dos riscos de uma série de
doenças infecciosas, através da elaboração de protocolos de medidas preventivas,
organização do trabalho em bases coletivas com integração de atividades e educação
permanente.
A heterogeneidade dos riscos ocupacionais requer “supervisão” para o
fortalecimento das ações preventivas, pois esta, além de aprofundar conteúdos teóricos
oferece a possibilidade de reflexão sobre os aspectos subjetivos envolvidos na
execução das tarefas e de que forma elas podem impactar os indivíduos e a própria
ação/intervenção profissional. Desta forma, a supervisão pode ser um instrumento de
organização nos processos de trabalho a partir dos diferentes paradigmas.
Esta surge relacionada com: o investimento na qualidade das práticas;
segurança pessoal e da equipa, através de uma atenção aos processos relacionais e
73
de afirmação pessoal; identificação com o conteúdo do trabalho e a satisfação
profissional; quadros cognitivos, espírito crítico, análise das práticas e decisões
informadas; níveis de ansiedade e disponibilidade psicológica para estabelecer relações
de ajuda
15
.
A evocação “trabalho” incorpora um expressivo significado das práticas da
enfermagem e evidencia estar relacionadas a atributo profissional e pessoal. No campo
da saúde encontra-se na enfermagem a maior força de trabalho dessa área, um
trabalho que não está posto apenas na existência de um órgão prescritivo e normativo,
mas sim, na construção conjunta de proteção e prevenção de forma a reduzir os riscos
e melhorar as condições de trabalho.
Entretanto, nos hospitais faltam programa de prevenção medicina e saúde
ocupacional, o que reflete a dificuldade que as equipes de saúde têm em resolver os
problemas neste campo. O entendimento é de que a saúde é resultante de políticas
sociais e econômicas, é direito constituinte da cidadania e, portanto, dever do Estado.
Os serviços envolvidos com a função saúde exigem a construção de práticas
preventivas como defesa e promoção da qualidade de vida dos trabalhadores, bem
como se servir dos instrumentos disponíveis na estrutura do Estado fundamentado e
legitimado pela Constituição Federal
13
.
Assim, a Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT), referenciada pelos
princípios de universalidade, equidade, hierarquização, descentralização, integralidade
das ações, inter-setorialidade, interdisciplinaridade e controle social, amplia o espaço
de investigação e intervenção na relação entre o processo de trabalho, bem como,
ações de prevenção dos riscos e outros agravos à saúde do trabalhador
16
.
CONCLUSÃO
A RS possibilita às pessoas a percepção de seus próprios pensamentos, suas
idéias, sua visão de mundo, suas atitudes em relação à vida cotidiana, construindo e
reconstruindo novas representações. É visível a importância de estudar a RS no
contexto das práticas preventivas.
De acordo com os dados obtidos no EVOC foi possível apreender percepção das
enfermeiras acerca dos riscos ocupacionais, emergindo dois pontos organizadores da
74
representação, em função de se constituírem como pontos nevrálgicos, quais sejam:
falta de programa de prevenção, medicina e saúde ocupacional nos hospitais e falta de
integração do sistema de vigilância com os serviços de saúde, onde os riscos são
iminentes.
REFERENCIAS
1 Ministério do Trabalho (Br). Norma regulamentadora – NR9: riscos ambientais.
Programa de prevenção de riscos ambientais. Portaria Nº 25 de 29.1294. Disponível em
http://www.unicamp.br/~jalfredo. Acesso em 20 maio 2006
2. Abric JC. A abordagem estrutural das representações sociais. In: Moreira ASP,
Oliveira DC, organizadoras. Estudos interdisciplinares de representação social. 2ª ed.
Ver. Goiânia (GO): AB Editora; 2000. p. 27-38.
3 Wagner W. História, memória e senso comum – Representações sociais e a
interdisciplinaridade. In: Moreira, ASP; Jesuíno JC. Representações Sociais –
teoria e prática. João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2003.
4 Jodelet, D. Représentations Sociales: phénomènes, concept et théorie. In: Moscovici,
S. (Ed.) Psychologie Sociale. Paris: Ed. PUF, 1984.p.469-94.
5 Berger PL, Luckmann T. A construção social da representação social da realidade.
20ª ed. Petrópolis: Vozes; 2001.
6 Abric JC. O estudo experimental das representações sociais. In: Jodelet D,
organizador. As representações sociais. Rio de Janeiro: Eduerj; 2001. p. 155-71.
7 Moscovici S. A representação social da psicanálise. Tradução de Álvaro Cabral. Rio
de Janeiro (RJ): Zahar; 1978.
8 Oliveira DC, Marques SC, Gomes AMT, Teixeira MCTV. Análise das evocações livres:
uma técnica de análise estrutural das representações sociais. In: Moreira ASP,
organizador. Perspectivas teórico-metodológicas em representações sociais e práticas
educativas. Goiânia: UCG; 2003. p. 573-603.
9 Conselho Nacional de Saúde (BR), Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996.
Dispõe sobre diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres
humanos. Bioética. 1996; 4(2 Supl):15-25.
10 Sá CP. Núcleo central das representações sociais. Petrópolis (RJ): Vozes; 1996.
75
11 Gomes AMT, Oliveira DC. Estudo da estrutura da representação social da autonomia
profissional em enfermagem: relato de pesquisa Rev Esc Enferm USP 2005; 39 (2):145-
53.
12 Verges P. L'evocation de l'argent: one method pours la definition de novae central
d'une représentation. Bull Psychol 1992;14(405):203-9.
13 Constituição da República Federativa do Brasil (BR). Promulgada em 5 de Outubro
de 1988. DOU nº. 191-A de 5 de Outubro de 1988. São Paulo: Saraiva; 1988.
14 Petter CLC. Princípios Constitucionais da Ordem Econômica: o significado e o
alcance do art. 170 da Constituição Federal. São Paulo: Revista dos Tribunais; 2005,
p.153
15 Wilson CA. Supervisão clínica em enfermagem: pensar as práticas, gerir a formação
e promover a qualidade. Sinais Vitais 2002 Nov; 6 (45): 53-7.
16 Ministério da Saúde (BR). Dispõe sobre os procedimentos técnicos para notoificação
compulsória de agarvos à saúde dos trabalhadores em rede de serviços sentinela
específica do Sistema Único de Saúde. Portaria n. 777, de 28&04&2004. Brasília: DOU;
2004.
76
4. COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES
A realização desta pesquisa proporcionou uma vivência permeada por
aspectos éticos e profissionais que se constituíram em grandes desafios. Foram muitas
as interfaces e os caminhos percorridos para o aprimoramento dos objetivos propostos.
Procurou-se em evidências científicas construir espaços de discussões e reflexões, em
que se reconheça a importância das dimensões políticas e sociais no âmbito do
trabalho na área da saúde.
Sob o ponto de vista pessoal, esta pesquisa trouxe oportunidades
efetivamente significativas para o aprofundamento teórico e prático, sendo uma
experiência enriquecedora. O conhecimento e a prática formaram cadeias, de onde
emergiram novos conhecimentos e novas leituras, sobre o mesmo tema ou derivações
para outros estudos.
Destaca-se aqui, a importância do Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Saúde da UFRN (PPGCSA-UFRN) em colocar os artigos no corpo da
Dissertação. Além de se tornar elegante, ajuda o leitor a conhecer os caminhos
trilhados nas produções científicas necessariamente, aumenta o entusiasmo e o
fascínio do leitor/estudioso
Enfatiza-se ainda, a opção do Programa em trabalhar a
multi/interdisciplinaridade, integrando os diversos campos do saber e profissionais de
várias áreas do conhecimento. A dinâmica e as transformações que vêm ocorrendo na
sociedade refletem de maneira significativa no campo da saúde, trazendo novos
desafios aos pesquisadores nos campos epistemológicos como metodológicos. A
77
abordagem interdisciplinar contribui para a superação dos estilos tradicionais das
disciplinas fortemente arraigadas e sujeitas a rigidez e inflexibilidade, que terminam por
obstruir os avanços de uma ciência que possa emergir da prática e se nutrir das
concepções das ciências
40
.
No campo dos riscos ocupacionais no contexto hospitalar, a
interdisciplinaridade emerge como uma necessidade concreta para efetivação de
resolutividades, ajudando aos profissionais a não perderem de vista a noção de
conjunto, aspecto fundamental para construção de pontes que possibilitem saltos
qualitativos para efetivação de políticas de saúde. No hospital em estudo o passo inicial
foi dado através de oficinas e treinamentos onde essa nova forma de abordagem
mostrou-se possível no exercício do trabalho interdisciplinar. Considera-se que os
profissionais que pensam e inovam juntos, criam possibilidades de evolução e
aprendizagem favoráveis à mudanças.
No que concerne aos riscos ocupacionais, vários estudos e estatísticas
confirmam que os profissionais de saúde, especialmente os trabalhadores das
instituições hospitalares, estão sujeitos a maior número de riscos ocupacionais do que
outras categorias. Com isso, afirma-se a necessidade do reconhecimento do nexo
casual entre o trabalho e sua organização no aparecimento das doenças e dos riscos
ocupacionais nas instituições hospitalares.
A abordagem de nexo casual, do ponto de vista epistemológico, está
originalmente relacionada com uma visão que tende para unicasualidade dentro da
relação causa/efeito. Há que se considerar que, na saúde do trabalhador esse nexo
causal tem implicações mais amplas, a sua busca vai enveredar por uma abordagem
sobre os determinantes sociais do processo saúde/doença desses trabalhadores,
78
determinando formas de adoecimento e morte.
Desta forma, o nexo causal tem um componente social e político que
envolve a necessária articulação entre estruturas vinculadas a instituições públicas
distintas, tais como Ministérios da saúde, do Trabalho e da Previdência Social em suas
respectivas funções diagnósticas. Do outro lado estão, as empresas e suas estruturas
tais como prescritas por uma legislação específica, o que envolve a obrigatoriedade da
lida empresarial com as questões da segurança e da saúde no trabalho a partir do
cumprimento de normas regulamentadoras.
No que pesem, as estruturas preventivas fortemente vinculadas ao
conteúdo normatizador, muitas vezes tornam-se inadequados à realidade da produção,
tornando-se verdadeiras camisas de força, frente as exigências de desempenho
operatório presentes nas situações reais de trabalho, a partir das relações governo-
servidor, patrão-empregado, assim como na relação mais horizonal, (servidor-servidor).
Desta forma, os riscos ocupacionais no contexto hospitalar, indicam a necessidade de
uma prática reflexiva, com o protagonismo dos trabalhadores, controle social,
atendimento integral e a construção de espaços para a problematização do trabalho,
com metodologias capazes de estabelecer critérios de hierarquização dos mediadores
patogênicos presentes nas nas situações laborais.
Impõe-se, considerar que o trabalhador da saúde tem valores preciosos a
serem defendidos tenazmente, essa defesa efetivamente se constitui em desafios e
mudanças levando-se em consideração as várias espécies de configurações produtivas
e a exposição aos clássicos agentes de riscos, condições sociais e ambientais.
79
4.1 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Estudo realizado no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel e Pronto
Socorro Clovis Sarinho no Município de Natal, Estado do Rio Grande do Norte. É um
Hospital de Urgência com referência para todo Estado, integrante do Sistema Único de
Saúde e conveniado com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), para
fins de estágios supervisionados e práticas curriculares de alunos de graduação e pós
graduação na área da saúde, e com outras instituições do ensino superior. Em relação
aos Recursos Humanos conta com Médicos de diversas especialidades; Assistentes
Sociais; Enfermeiros; Nutricionistas; Farmacêuticos; Bioquímicos; Psicólogos;
Fisioterapêutas; Tácnicos de Enfermagem; Técnicos e pessoal de apoio, totalizando um
número de mil quatrocentos e oitenta e seis (1.486) trabalhadores. Dispõe de 250 leitos
para todas as especialidades médicas e cirúrgicas com exceção de obstetrícia, além
dos serviços técnicos para diagnóstico.
A pesquisa concentrou-se no cenário hospitalar, por ser o hospital campo
propício para abranger diversas dimensões dos riscos ocupacionais diretamente
relacionadas com o cotidiano dos trabalhadores, tais como: acidentes de trabalho,
doenças profissionais e doenças do trabalho.
É marcante a compreensão de que estudos plurimetodológicos utilizados nas
pesquisas subsidiadas pela Teoria das Representações Sociais, apresentam-se nos
dias de hoje com muita relevância na área da saúde. Desta forma a
interdisciplinaridade presenta-se como resposta à diversidade, à compelxidade e a
dinâmica no mundo atual
41
, vivenciando distintos momentos em realação aos riscos
para os trabalhadores no contexto hospitalar.
80
Para tanto, tomou-se por base a Teoria das Representações Sociais, na
perspectiva de favorecer uma compreensão da realidade dos riscos ocupacionais no
contexto hospitalar, pelos quais o sentido do objeto em estudo foi construído pelos
sujeitos concretos, em suas relações cotidianas, implica em apreender a diversidade de
ações necessárias para compreender o sujeito coletivo.
As fontes bibliográficas pesquisadas para a temática deste estudo foram
as publicações impressas em livros, teses, dissertações, bem como pesquisas on line
registradas nas bases de informações do Scientific Eletronic Library Online (Scielo), do
Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme) e
da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs).
A pesquisa bibliográfica abrangeu o período de 2005 a 2007. Realizou-se
também, uma busca na base de informação da Web of Science, no período dos últimos
cinco anos, de estudos que substanciassem os achados obtidos nas fontes do Scielo e
Bireme.
Para obtenção dos dados dos artigos apresentados, utilizou-se a pesquisa
de abordagem qualitativa que se propõe a uma compreensão particular e profunda dos
fenômenos a qual exige motivação, participação e conhecimento do pesquisador para
interpretar os eventos sociais
42
, e a técnica de evocação livre de palavras. Uma técnica
para aquisição dos elementos constitutivos de uma representação, levando à
atualização dos elementos implícitos e latentes que poderiam ser perdidos ou
camuflados nos conteúdos discursivos
43
.
Os dois métodos possibilitaram angariar informações, permitindo que o
objeto do estudo fosse conhecido sobre diferentes ângulos, o que veio comprovar a sua
importância na apreensão das representações sociais sobre o risco ocupacional.
81
No processo de análise de interpretação dos dados, optou-se pela
utilização de duas técnicas: o software Ensemble de Programmes Permettantl'Analyse
des Évocations EVOC 2000
44
, o software ALCESTE – Analyse Lexicale par Contexte d’un
Ensemble de Segments de Texte - Version 4.7 pour Windows
45
. Este método de
estatística textual já é utilizado em várias pesquisas no campo das representações
sociais, com pertinência e sucesso
46
.
4.2 PRODUTOS GERADOS PELA DISSERTAÇÃO
A pesquisa gerou quatro subprodutos acadêmicos, 06 trabalhos
apresentados em Congressos de Enfermagem, Congresso Internacional de
Enfermagem do Trabalho, e em Jornada Internacional de Representação Social –
JIRES, nos quais foarm divulgados em meios impressos e on-line em periódicos e
anais.
Trabalho apresentado na IV Jornada Internacional e II Conferência
Brasileira sobre Representações sociais – de 08 a 11 de Novembro de 2005, com o
tema “Representação social dos trabalhadores da saúde no Contexto hospitalar”.
II Congresso Internacional de Enfermagem do Trabalho – São Paulo, 21 a
25 de Junho de 2006. Apresentação do trabalho. “A enfermagem e os Riscos
Ocupacionais no Contexto hospitalar”.
14º. Seminário Nacional de Pesquisa em Enfermagem, em Florianópolis,
SC, no período de 29 de Maio a 01 de Junho de 2007. Apresentação do trabalho “Risco
ocupacional do trabalho da equipe de enfermagem”.
82
V Jornada Internacional e III Conferência Brasileira sobre Representações
Sociais, Interdisciplinaridade e diversidade de paradigmas, Brasília, DF, Agosto de 2007
Apresentação do trabalho: “Um Estudo Representacional acerca dos riscos
ocupacionais no contexto hospitalar”.
III Congresso Internacional de Enfermagem do Trabalho e 13º Encontro
nacional de Enfermagem do Trabalho – São Paulo, de 20 a 22 de Agosto de 2008.
Apresentação do trabalho. “Representação do Risco Ocupacional na Perspectiva do
Trabalhador da Saúde”.
I Fórum Internacional sobre Saúde e Envelhecimento e Simpósio sobre
Representações Sociais – I FISERS, em João Pessoa/PB, de 26 a 29 de Agosto de
2008. Apresentação do trabalho. “Percepção das enferemeiras acerca dos riscos
ocupacionais na perspectiva de práticas preventivas”.
Esta pesquisa tornou-se importante pela sua abrangência, além de ter
sido um processo de articulação gradual e contínuo de conhecimentos, de habilidades
teóricas, cognitivas, emocionais de práticas e de valores éticos, possibilitou a
pesquisadora o exercício eficiente de aprender a aprender na área da pesquisa
abrangendo várias dimensões anteriormente não conhecidas ou não valorizadas.
Ademais, as produções oferecem aos leitores resultados relativos aos
riscos ocupacionais no contexto hospitalar, assim como apresenta alguns desafios e
perspectiva para que os trabalhadores possam adotar condutas mais críticas, como tal,
vislumbrar espaços para realizar suas aspirações e satisfazer suas necessidades
enquanto cidadãos participantes da produção e da riqueza nacional.
83
4.3 METAS ATINGIDAS
Com o objetivo de realizar análises das evidências empíricas com o
conhecimento teórico existente e identificar práticas que pudessem minimizar os riscos
de acidentes e doenças ocupacionais, foram realizadas palestras, seminários, cursos, e
oficinas, previamente planejadas, agendadas e executadas numa freqüência mensal
durante um ano, com o intuito de programar medidas de proteção à segurança á saúde
do trabalhador.
Ademais, realizou-se “rodas” de conversas permitindo aos trabalhadores
um posicionamento reflexivo e analítico das ações realizadas em sua prática cotidiana.
A vivência com os trabalhadores traduzidos nas reflexões formuladas representou um
marco significativo para a compreensão dos processos de trabalhos e dos riscos
ocupacionais inerentes a cada profissão.
Observou-se também, alguns elementos considerados estruturantes nos
campos de possibilidades de ação sobre a questão saúde e trabalho. A participação de
um número expressivo de trabalhadores possibilitou a instalação de um ambiente
criativo e cooperativo o qual foi estimulado e valorizado pela sua manutenção. Assim
sendo, indica que estes profissionais adquiriram um melhor conhecimento e manejo
sobre a interface e sua articulação com os riscos ocupacionais.
84
4.4 METAS FUTURAS
Este estudo não esgota o assunto, tampouco revela soluções imediatas ou
mágicas extraordinárias, porém, propõe-se dar continuidade a este estudo na
perspectiva multi/interdisciplinar; considerando que o mosaico de questões que
perpassam os riscos ocupacionais no contexto do trabalho hospitalar aponta para o
conhecimento de que nenhuma categoria profissional, isoladamente, detém saber
suficiente para responder as demandas no campo da saúde ocupacional.
Considerando, que as práticas em saúde passam por uma significativa
transformação e convocam os profissionais a rever seu entendimento a respeito de um
trabalho integrado na perspectiva interdisciplinar, consolidando os princípios
assistenciais do SUS, onde se destaca a importância das representações sociais no
sentido de favorecer a compreensão da articulação de modalidades de relação com o
mundo social. A partir do princípio de que as representações sociais são formadas num
ambiente de interação com as práticas, ou seja, num ambiente de vivência e de
experiência dos indivíduos.
O impacto dos riscos ocupacionais, pano de fundo de onde se desdobram
os agravos à saúde dos trabalhadores é representado entre outros aspectos, pela
organização hospitalar, de modo particular aquelas de caráter público. Desta forma, as
representações sociais construídas pelos trabalhadores referem-se ao processo de
trabalho hospitalar como múltiplo e complexo pela dimensão tecnológica e os aspectos
físicos, psíquicos e cognitivos. Além das características semelhantes aos diversos
setores industriais mesmo que em menor escala.
85
Diante desta complexidade, há que se buscar todas as estratégias
preventivas possíveis que possam contribuir para a prevenção dos acidentes de
trabalho e promoção à saúde do trabalhador de unidades hospitalares. Estratégias
estas que devem ser institucionalizadas, e trabalhadas com o fortalecimento das
Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA), assim como todas as demais
estruturas organizacionais que se encarregam de educação e vigilância em saúde nas
Instituições como as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar, Departamentos de
Educação Permanente, entre outros, existentes nas estruturas dos Hospitais.
Partindo do entendimento de que a comunicação/informação é fator
primordial para as ações educativas e que contribui para a melhoria da qualidade de
vida, deve permear as ações intersetoriais de promoção da saúde e da qualidade de
vida e trabalho. Assim, a equipe da Vigilância Sanitária deverá ser preparada para
intervir nos processos produtivos, na organização e nos ambientes de trabalho, na
avaliação quanti/qualitativa dos riscos, bem como adotar medidas de proteção coletiva,
aplicação de princípios e conceitos em segurança de máquinas, equipamentos e outros.
A área de saúde do trabalhador é integrante e indissociável da área de
saúde, deve apresentar como peculiaridade: zelar pela saúde nos ambientes e nas
relações do ser humano com o trabalho, promovendo a saúde, prevenindo agravos,
recuperando a saúde, tratando e reabilitando o trabalhador. Desenvolver ações
individuais e coletivas que visem atuar no processo saúde-trabalho-doença, para
eliminar e/ou controlar os fatores de riscos e danos a saúde do trabalhador.
Considerando, que as doenças e os acidentes que acontecem no contexto
hospitalar derivam de complexas inter-relações com o trabalho, portanto, devem ser
analisadas através da análise do contexto dos processos de trabalho e produção, das
86
formas como o trabalho é organizado e realizado, das condições de vida dos
trabalhadores expostos. Desta forma, manter e melhorar a capacidade de trabalho,
contribuir para o estabelecimento e a manutenção de um ambiente de trabalho
saudável e seguro para todos, assim como promover a adaptação do trabalho às
capacidades dos trabalhadores, levando em consideração seu estado de saúde.
Ademais, os gestores da saúde, pricipalmente das instituições
hospitalares devem pensar na possibilidade de um trabalho integrado, contrapondo o
modelo hegemônico, mobilizando as competências dos profissionais da área de Saúde
do Trabalhador, dentro do marco de referência e do enfoque da
Multi/interdisciplinaridade que objetive ultrapassar os limites corporativistas existentes
nestas instituições. Evtar a compartimentalização dos conhecimentos e, quiçá, a
superação dos entraves que tanto têm dificultado as ações integradas na área da
saúde.
6. REFERÊNCIAS
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trabalhadoras domésticas e trabalhadores da construção civil. Ciênc Saúde Coletiva
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estágio pré-profissional. Ijuí, RS: Uinjuí; 2000.
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Petrópolis (RJ): Ed vozes; 2000.
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Saint-Agne: Érès; 2003.
90
APÊNDICE
“RISCO OCUPACIONAL NO CONTEXTO HOSPITALAR”
IDENTIFICAÇÃO:
Instiuição:______________________________________________
Nome:_________________________________________________
Idade:_________Data de nascimento:______/___/____ gênero____
Profissão: assinale com um X
1 TESTE DE ASSOCIAÇÃO LIVRE DE PALAVRAS - TALP
Diga 3 palavras que venham a sua cabeça quando falo «risco ocupacional»,
em seguida coloque-as em ordem de importância, enumerando-as ao lado e
justifique.
N Palavra
Evocada
Justificativa
2 ENTREVISTA
Para você o que é «risco ocupacional?»
Médico(a)
Enfermeiro(a)
Dentista
91
ABSTRACT
OCCUPATIONAL RISK IN A HOSPITAL SETTING
The present study aims to know the social representation about occupational risk
constructed by health workers in a hospital setting. It is an exploratory study based on
theorical reference of the social representation theory executed with two hundred twenty
health workers belonging to the permanent staff of a public hospital in Natal city-RN. The
dators were collected through a semi-structured interview and the free association tecnic
of words. It was executed evoc 2000 software and alceste in the information analyses.
The result shows unfavorable world condition with physical and mental wastage of the
health worker, and, diseases a little bit known as occupational in its Origen. IT can be
observed that social representations constructed by health workers, reveal the health
workers councience level referered to work environment consequences for their health,
referring to the hospital work process, as multiple and complex for technological
dimension and physical, psicological an cognitive aspcts.
Keywords: Health; occupational risk; social representation, hospital settin.
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