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construção da identidade social, pois, a cada momento, o sujeito apresenta uma partícula,
uma porção, um detalhe de sua subjetividade.
Surge, agora, um novo sujeito: um sujeito fragmentado, contraditório, dividido,
descentrado, múltiplo que, ao emergir na sociedade, começa a querer o reconhecimento e a
legitimação de suas identidades, fato que Hall (2001) denominou de “crise de identidade”.
Para confirmar, o autor busca a justificativa em Mercer: “a identidade somente se torna
uma questão, quando está em crise, quando algo que se supõe fixo, coerente e estável, é
deslocado pela dúvida e incerteza” (p. 9).
Torna-se relevante ressaltar que essas novas identidades adquirem sentido a partir
da linguagem e dos sistemas simbólicos nos quais são representadas. Então, conforme Silva
(1999), esse novo sujeito será “... pensado, falado e produzido. Ele é dirigido a partir do
exterior: pelas estruturas, pelas instituições, pelo discurso¨ (p.113). Fica claro que
identidades não são essências ou elementos da natureza. As identidades são produzidas e
socialmente construídas,“ somos nós que as fabricamos...” (Silva, 2000, p.76).
Sendo a identidade uma construção social, conforme diversos/as autores/as (por
exemplo, Bourdieu, 1995; Britzman, 1996, 2001; Foucault, 1979, 1988, Louro, 2001,
2001a, 2003; Moita Lopes, 2000, 2002, 2003; Moraes, 2002, Soares 2002) mostram, ela
também pode estar relacionada à herança familiar e cultural, por meio dos grupos sociais
com os quais o sujeito interage. Isso faz conceber a identidade como algo recebido e que
pode ser negociado com outros sujeitos. Na negociação, aquilo que o sujeito pensa ou
representa, pode servir como capital de troca com o grupo.
Falar em identidades é também falar em relações produzidas pela diferença, ou
seja, eu digo o que sou, baseado naquilo que não sou. Nessa perspectiva, ao afirmar que sou
negro estou deixando claro que não sou branco, ao dizer que sou brasileiro excluo as
possibilidades de ser americano, chinês, uruguaio, etc..., pois, segundo Silva (2000) “a
identidade depende da diferença, a diferença depende da identidade. Identidade e diferença
são, pois, inseparáveis” (p.75). O mesmo autor (2001) sugere que essa diferença é sempre
uma “hierarquia, valoração e categorização” (p.26), na qual sempre há de se encontrar o
superior e o inferior, que são estabelecidos por meio das relações de poder.
Outro elemento de grande relevância neste contexto é a subjetividade, que sugere a
forma pela qual o sujeito compreende o seu próprio eu. Ela envolve os sentimentos e