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repressão, para um controle via estimulação, enaltecimento da beleza e do prazer
corporal, com enfoque psicológico.
Nesse mesmo período histórico, outro fenômeno corporal muito importante –
o esporte – foi sendo criado e adquiriu grande significação social. Essa prática
corporal foi, desde cedo, fortemente orientada pelos princípios da concorrência e do
rendimento (Rigauer, 1969 apud Bracht, 1999).
O aumento do rendimento atlético-esportivo, com o registro de
recordes, é alcançado com uma intervenção científico-racional sobre
o corpo que envolve tanto aspectos imediatamente biológicos, como
aumento da resistência, da força etc., quanto comportamentais,
como hábitos regrados de vida, respeito às regras e normas das
competições etc. O treinamento esportivo e a ginástica promovem a
aptidão física e suas conseqüências: a saúde e a capacidade de
trabalho/ rendimento individual e social, objetivos da política do
corpo. (BRACHT, 1999 p. 75).
Ora, a pedagogia da Educação Física incorporou, sem a preocupação de
mudar seus princípios fundamentais, essa “nova” técnica corporal, o esporte,
agregando os sentidos/significados desse fenômeno, como, por exemplo, preparar
as novas gerações para representar o país no campo esportivo (internacional).
Como os princípios eram os mesmos e o núcleo central era a intervenção no corpo
(máquina) visando o seu melhor funcionamento orgânico (para o desempenho
atlético-esportivo ou desempenho produtivo), o conhecimento básico que é
incorporado pela Educação Física continua sendo o que provém das ciências
naturais, mormente a biologia e suas mais diversas especialidades, auxiliadas pela
medicina, como uma de suas aplicações práticas.
Constata-se então que, no início do séc. XX, as duas perspectivas da
Educação Física vigentes no mundo eram: a higienista, cuja preocupação central era
com os hábitos de higiene e saúde dos indivíduos desenvolvidos a partir da prática
de exercícios físicos; e a militarista, que objetivava construir uma geração capaz de
suportar o combate e a luta, para atuar na guerra. Segundo Darido (2003), ambas
concepções consideravam a Educação Física uma disciplina essencialmente prática
que prescindia de uma fundamentação teórica que lhe desse suporte.
No Brasil, somente em 1851 (séc.XIX), com a Reforma Couto Ferraz, é que a
Educação Física é oficialmente incluída na escola; sendo que, apenas em 1854, a
ginástica (nome mais freqüente da Educação Física Escolar naquela época) passou
a ser disciplina obrigatória no primário e a dança no secundário. A ginástica aplicada
nas escolas foi sistematizada com o objetivo de educar o corpo numa perspectiva