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FACULDADE DE LETRAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS -
POSLIN
Francis Arthuso Paiva
A LEITURA DE INFOGRÁFICOS DA REVISTA
SUPERINTERESSANTE: procedimentos de leitura e
compreensão
Belo Horizonte
2009
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1
Francis Arthuso Paiva
A LEITURA DE INFOGRÁFICOS DA REVISTA
SUPERINTERESSANTE: procedimentos de leitura e
compreensão
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Estudos Linguísticos da
Faculdade de Letras da Universidade Federal
de Minas Gerais, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Linguística do
Texto e do Discurso.
Área de Concentração: Linguística do Texto e
do Discurso.
Linha de pesquisa: A Linguística dos
Gêneros e Tipos Textuais.
Orientadora: Profª. Dra. Carla Viana Coscarelli
Belo Horizonte
Faculdade de Letras da UFMG
2009
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2
FACULDADE DE LETRAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS -
POSLIN
Dissertação intitulada “A leitura de infográficos da revista Superinteressante: procedimentos
de leitura e compreensão”, defendida por Francis Arthuso Paiva em 09/12/2009 e aprovada
pela Banca Examinadora constituída pelas Professoras Doutoras relacionadas a seguir:
_____________________________________________________________
Carla Viana Coscarelli FALE/UFMG
Orientadora
_____________________________________________________________
Sônia Maria de Oliveira Pimenta FALE/UFMG
_____________________________________________________________
Ana Elisa Ferreira Ribeiro CEFET-MG
Belo Horizonte, dezembro de 2009
3
Para Mary, que sempre me apoia e me
espera. Agora vamos, meu bem, deixe o
quarto como está.
AGRADECIMENTOS A:
Professora. Dra. Carla Viana Coscarelli, por acreditar no meu trabalho e orientá-lo de forma
sempre atenciosa e pelo bom humor.
Professora Juldete Belém por outras orientações.
Professores do POSLIN, com quem cursei disciplinas, que contribuíram muito com este
trabalho.
Ana Elisa Ribeiro por possibilitar minha coleta de dados no CEFET-MG.
Minhas colegas de Teleduc.
Meus colegas de disciplinas.
Pai, Mãe e Irmãos, sempre pelo apoio.
Allisson Paiva, meu tradutor.
4
RESUMO
O infográfico é um nero jornalístico muito utilizado pela imprensa nas mídias
convencionais e digitais. A falta de pesquisa a respeito desses textos na linguística de gêneros
e do texto e, consequentemente, sua inexpressiva presença nos livros didáticos de Língua
Portuguesa nos motivou a estudá-lo. Nosso objetivo foi verificar as regularidades e
tipificações do infográfico da revista Superinteressante para conceituá-lo como gênero do
discurso e não apenas um recurso do design gráfico que acompanha outros gêneros. A partir
disso, verificar também quais procedimentos de leitura são utilizados pelo leitor de
infográficos e como esses procedimentos influenciam na compreensão das informações
veiculadas pelo infográfico da revista Superinteressante. Utilizamos uma metodologia de
análise de gêneros filiada à perspectiva sociorretórica. Selecionamos um conjunto de 10
infográficos de sete edições da revista mensal Superinteressante para analisá-los no tocante a
regularidades e tipificações da sua produção e leitura. Constatamos haver uma categoria de
infográficos na revista a que demos o nome de infográficos de orientação ao conhecimento,
que se divide em dois tipos: infográficos de informação ordenada temporalmente, subtipo
linha do tempo e infográficos de informação simultânea, este, por sua vez se subdivide em
universais e singulares. A partir dessa conceituação, realizamos uma coleta de dados através
de dois instrumentos. Na primeira, realizamos um protocolo verbal com cinco infográficos do
conjunto analisado, cada qual lido por um participante, no intuito de analisar os
procedimentos do leitor: a produção da leitura. Na segunda coleta, aplicamos um questionário
com questões sobre um 11º infográfico, também da revista Superinteressante, que reúne
características dos tipos e subtipos supracitados, a fim de verificar o produto da leitura, isto é,
a compreensão das informações. Os dados foram confrontados e analisados. Concluímos que
o infográfico é um gênero, em decorrência das regularidades e tipificações encontradas,
sobretudo, sua recorrência, tanto na produção quanto na leitura, em integrar informações
dispostas nos modos verbais e visuais de forma simultânea; sua organização multimodal.
Além disso, apontamos mais seis constatações relativas aos procedimentos de leitura e suas
consequências na compreensão das informações do infográfico de orientação ao
conhecimento que reforçam essa conclusão. Esperamos ter contribuído para futuras pesquisas
sobre infográficos, inclusive sobre os digitais, não apenas para o campo da linguística, mas
também para o jornalismo, bem como ter fornecido dados úteis para o ensino e produção do
gênero infográfico ou até mesmo para outros textos visuais informativos.
PALAVRAS-CHAVE:
Gêneros; Multimodalidade; Leitura; Infográficos.
5
ABSTRACT
The Infographic is a journalistic genre highly used by the press not only in conventional but
also in digital media. The lack of research concerning this text in genre and textual linguistics
and consequently its inexpressive presence in Portuguese language didactic books has
motivated us to analyze it. Our aim has been not only to verify Superinteressante Magazine
infographic regularity and typification in order to conceptualize it as a discourse genre instead
of a merely Graphic design device which follows other genres but also to confirm which
reading procedures are used by the infographic reader and how these procedures affect the
comprehension of the information present in Superinteressante Magazine infographics. A
genre analysis methodology based on the sociorhetorical perspective has been applied. A
collection of ten infographics from seven editions of the monthly Superinteressante Magazine
has been selected so as to be analyzed regarding the infographics production and reading
regularity and typification. We were able to ascertain the existence of a category of
infographics in the magazine which has been named by us knowledge orientation infographic,
which, by the way, is subcategorized in two types: time ordered information infographic,
timeline subtype, and simultaneous information infographic. This one might be
subcategorized as universal and single. Given this conceptualization, data gathering through
two methodologies has been developed. The first methodology consisted of a verbal protocol
with five infographics from the analyzed group, each one read by a participant, aiming to
analyze the reader‟s procedures towards the reading production. As regards the second data
gathering methodology, a questionnaire on the subject of a 11
th
infographic also from
Superinteressante Magazine which assembles characteristics from the types and subtypes of
infographics mentioned above has been applied aiming the reading product, which may be
understood as the comprehension of the information. The data has been collated and analyzed.
It has been concluded that the infographic is a genre, due to its regularity and typification
especially its recurrence not only in production but also in reading, integrating information
presented in verbal and non-verbal ways simultaneously in its multimodal organization.
Moreover, we present other six observations related to the reading procedure and their
consequence to the comprehension of the knowledge orientation infographic which reinforces
our conclusion. We expect having contributed to future researches related to digital and non-
digital infographics, not only to the linguistic field but also to the journalistic field, as well as
providing useful data to infographic teaching and production or even to other visual
informative texts.
KEYWORDS:
Genres; Multimodality; Reading; Infographics.
6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Tipos de infográfico, 26
Figura 2 Etapas de produção de um infográfico, 30
Figura 3 Relação de ângulo horizontal, 42
Figura 4 Relação de ângulo vertical, 43
Figura 5 Nível de modalidade, 44
Figura 6 Zonas de informação, 47
Figura 7 Modelo de leitura reestruturado, 52
Figura 8 Infográfico 1: Supermaratona, 63
Figura 9 Infográfico 2: Casa do presidente, 65
Figura 10 Infográfico 3: Perdidos no espaço, 67
Figura 11 Infográfico 4: A missão que vai bombardear a Lua, 69
Figura 12 Infográfico 5: A nova malhação, 71
Figura 13 Infográfico 6: Tchau, sujeira, 73
Figura 14 Infográfico 7: Narcotráfico dá pouco dinheiro, 74
Figura 15 Infográfico 8: Guia rodoviário dos oceanos, 76
Figura 16 Infográfico 9: Che Guevara, 79
Figura 17 Infográfico 10: Já era!, 81
Figura 18 Infográfico 11: Insurgência Máxima, 115
Gráfico 1 Questão 01, 121
Gráfico 2 Questão 02, 122
Gráfico 3 Questão 06, 128
Quadro 1 Critérios de análise das regularidades na produção do infográfico, 30
Quadro 2 Quadro com os tipos de processos, 34
Quadro 3 Quadro com os tipos de processos no visual, 37
Quadro 4 Relações de distância, 41
Quadro 5 Critérios de análise das regularidades na textualidade do infográfico, 50
Quadro 6 Critérios de análise das regularidades na leitura do infográfico, 57
Quadro 7 Regularidade do infográfico universal, 68
7
Quadro 8 Regularidade do infográfico singular, 75
Quadro 9 Regularidade do infográfico linha do tempo, 82
Quadro 10 Infográficos analisados no protocolo verbal, 92
Quadro 11 Procedimentos do protocolo verbal, 92
Quadro 12 Questionário do protocolo verbal, 93
Quadro 13 Itens de observação no protocolo verbal, 94
Quadro 14 Perguntas relativas ao item de observação relação leitor e produtor, 95
Quadro 15 Perguntas relativas ao item de observação relação leitor e texto, 99
Quadro 16 Descritores do SAEB, 116
Quadro 17 Questionário de interpretação, 117
Quadro 18 Itens de observação no questionário de interpretação, 120
Tabela 1 Categorias/Tipos/Subtipos, 59
Tabela 2 Tipos jornalísticos de infográficos na Superinteressante, 60
Tabela 3 Confronto entre tipo-seção e estruturas, 61
Tabela 4 Configuração da estrutura: infográfico 1, 62
Tabela 5 Configuração da estrutura: infográfico 2, 64
Tabela 6 - Configuração da estrutura: infográfico 3, 66
Tabela 7 - Configuração da estrutura: infográfico 4, 70
Tabela 8 - Configuração da estrutura: infográfico 5, 70
Tabela 9 - Configuração da estrutura: infográfico 6, 72
Tabela 10 - Configuração da estrutura: infográfico 7, 72
Tabela 11 - Configuração da estrutura: infográfico 8, 75
Tabela 12 - Configuração da estrutura: infográfico 9, 80
Tabela 13 - Configuração da estrutura: infográfico 10, 82
Tabela 14 Configuração dos elementos de interação nos infográficos, 84
Tabela 15 Integração verbo-visual: Infográfico 11 Insurgência Máxima, 114
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO carta ao leitor ....................................................................................
CAPÍTULO 1- um lead ...................................................................................................
1.1 Justificativa temos uma história .......................................................................
1.2 Objetivos gerais ..................................................................................................
1.3 Objetivos específicos ..........................................................................................
CAPÍTULO 2 referencial teórico: à pesquisa ............................................................
2.1 Perspectiva sociorretórica de gênero ..................................................................
2.2 Proposta para o estudo de gênero na concepção sociorretórica o
manual de redação ....................................................................................................
2.3 O infográfico para o jornalismo: notícias da redação .........................................
2.3.1 Tipologia de infográficos para o jornalismo ...........................................
2.3.2 Relações de autoria .................................................................................
2.4 Multimodalidade - texto e imagem: design ........................................................
2.4.1 Semiótica social ......................................................................................
2.4.2 Gramática sistêmico-funcional ...............................................................
2.4.2.1 Metafunção ideacional ................................................................
2.4.2.2 Metafunção interpessoal .............................................................
2.4.2.3 Metafunção textual .....................................................................
2.4.3 A Gramática do design visual .................................................................
2.4.3.1 O ideacional no visual .................................................................
2.4.3.2 O interpessoal no visual ..............................................................
2.4.3.3 O textual no visual ......................................................................
2.4.4 A análise multimodal ..............................................................................
2.5 Leitura do infográfico: pensando no leitor .........................................................
2.5.1 Leitura e hipertextualidade mostrada e constitutiva ...............................
CAPÍTULO 3 a produção do infográfico: a redação ................................................
3.1 O conjunto de infográficos de orientação ao conhecimento ...............................
11
13
13
17
17
18
18
22
23
25
28
31
32
33
34
35
35
36
36
40
46
48
51
54
58
58
9
3.1.1 Infográficos do tipo informação simultânea subtipos universal e
singular .............................................................................................................
3.1.1.1 Por que infográficos de informação simultânea? ........................
3.1.2 Infográficos do tipo informação ordenada temporalmente Linha do
tempo ...............................................................................................................
3.1.2.1 Por que infográficos de informação ordenada temporalmente
linha do tempo? .......................................................................................
3.1.3 Por que infográficos da categoria orientação ao conhecimento? ............
3.2 Resumo do capítulo ............................................................................................
CAPÍTULO 4 A leitura: Já nas bancas! .....................................................................
4.1 Coleta de dados ...................................................................................................
4.1.1 Natureza dos instrumentos de coleta de dados .......................................
4.1.2 Sujeitos da pesquisa ................................................................................
4.2 O protocolo verbal ..............................................................................................
4.2.1 Material ...................................................................................................
4.2.2 Descrição do Protocolo verbal ................................................................
4.2.3 Análises dos dados do protocolo verbal .................................................
4.2.3.1 Relação entre leitor e produtor .....................................................
4.2.3.2 Relação entre leitor e texto ..........................................................
4.2.3.3 Modelo de leitura do infográfico .................................................
4.3 O Questionário de interpretação .........................................................................
4.3.1 Material ...................................................................................................
4.3.2 Descrição do questionário de interpretação ............................................
4.3.3 Análise dos dados do questionário de interpretação ...............................
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................
APÊNDICE I Itens de avaliação e respostas dos protocolos verbais .......................
62
77
78
83
83
86
88
88
90
90
91
91
92
94
95
99
109
111
111
116
120
133
138
142
10
APÊNDICE II Transcrição na íntegra dos protocolos verbais .................................
APÊNDICE III Análise da integração entre os modos verbais e visuais do
infográfico 11 Insurgência Máxima .............................................................................
APÊNDICE IV Questionário de interpretação para o participante sobre o
infográfico 11 ....................................................................................................................
APÊNDICE V Respostas às questões 04 e 05 do questionário de interpretação .....
APÊNDICE VI Esquema dos procedimentos de leitura do infográfico ..................
157
185
200
202
205
11
INTRODUÇÃO carta ao leitor
Este trabalho surgiu graças a motivações pessoais e profissionais. Pessoais porque sou
leitor de infográficos desde quando me tornei leitor frequente da revista Superinteressante há
seis anos e há certo tempo observo que esses textos passaram a ser utilizados em outros meios
de comunicação como em jornais e na internet. Também por motivações profissionais porque
é um texto que não está presente em sala de aula, seja nos manuais do professor, seja nos
cursos de formação desse professor.
Embora seja um trabalho de motivação pessoal, a pessoa utilizada neste trabalho é a
primeira do plural, para incluir aqueles que aceitaram meu trabalho e contribuíram para que
ele se realizasse.
É um trabalho da linguística aplicada e linguística de gênero, por isso é
multidisciplinar. Nossa concepção de leitura é de filiação cognitiva. Utilizamos uma
metodologia de pesquisa de gêneros que mais se relaciona com nossos objetivos e uma teoria
semiótica para análise dos modos verbais e visuais do infográfico. Utilizamos dois
instrumentos de coleta de dados muito utilizados em pesquisas sobre leitura, além de
pesquisas do campo da comunicação para entender o infográfico a partir de seus produtores.
Por influência do meio jornalístico, criamos uma analogia entre as etapas deste
trabalho e as etapas de criação de uma matéria jornalística, a começar por esta introdução que
é uma carta ao leitor. Cada capítulo e algumas seções possuem subtítulos que fazem alusão às
etapas de produção e recepção do texto jornalístico. Esperamos com isso tornar a leitura mais
agradável e dar a dimensão de como foram nossas etapas no trabalho de pesquisa. Foi
pensando no nosso leitor que criamos os capítulos do modo como eles foram concebidos. Em
uma seção do capítulo 2, reunimos uma descrição dos itens de análise da Gramática do design
visual, importante para que seja possível entender as análises nos capítulos posteriores. No
entanto, ao ler os capítulos de análises, o leitor é convidado a conferir a página em que se
encontra o respectivo item da gramática utilizado nas análises, caso não considere ler todos os
itens antes, do modo como foram organizados no capítulo 2 ou deseje revê-los.
No capítulo 3, em que analisamos a textualidade do infográfico, há dez infográficos e
suas respectivas análises. Optamos por colocá-los na sequência de análise para que a leitura
delas não ficasse fragmentada. Existe também a análise de um décimo primeiro infográfico,
12
encontrada nos apêndices, em função da extensão da análise, embora apresentemos uma
tabela reunindo as principais conclusões dessa análise no capítulo 4. No decorrer do trabalho,
outras referências a suas partes, a cuja página nos referimos, ficando a cargo do leitor
voltar ou não à parte indicada, a depender da sua necessidade. Cada capítulo é introduzido por
um parágrafo que explica suas seções, objetivos e divisão.
Esperamos promover boas discussões a respeito de leitura, leitura de textos visuais
informativos e infográficos.
O texto chega ao fim para ser exposto aos nossos pares, mas o trabalho continua:
“As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão”.
Drummond
O senhor tolere minhas más devassas no
contar (...) ele quer saber tudo diverso: quer
não é o caso inteirado em si, mas a sobre-coisa,
a outra-coisa. Agora, neste dia nosso, com o
senhor mesmo me escutando com devoção
assim é que aos poucos vou indo aprendendo
a contar corrigido. E para o dito volto.
Do Riobaldo, do Rosa...
13
CAPÍTULO 1- um lead
Neste capítulo introdutório, apresentamos a justificativa e os motivos que nos levaram
à escolha do infográfico como objeto de estudo. Uma revisão bibliográfica de pesquisas e
estudos nos campos da linguística e da comunicação a respeito do infográfico que
fundamentará nossa investigação, além de elegermos nossa concepção de linguagem e de
estudo dos gêneros. Feito isso, apontamos nossa metodologia e os instrumentos de análise,
além de apresentar nossa coleta de dados, enquadrando-a num modelo de pesquisa qualitativo.
Para finalizar, apresentamos nossos objetivos.
No Capítulo 2, apresentamos os pressupostos teóricos desta dissertação, a começar
pela apresentação das ideias da perspectiva sociorretórica de análise de gêneros, seção 2.1 e
sua proposta metodológica, seção 2.2. Na seção 2.3, apresentamos as concepções de
infográfico para o jornalismo. Na seção 2.4, apresentamos a teoria semiótica a ser utilizada
para análise da composição; da textualidade do infográfico. E na seção 2.5, a concepção de
leitura que embasa esta pesquisa. Será no final desse capítulo que vamos propor os critérios
de análise do infográfico seja do ponto de vista da sua produção, seja do ponto de vista da
recepção.
O Capítulo 3 é reservado à análise da composição do infográfico com base no
referencial teórico apresentado no capítulo 2, a partir da qual surgiram a categoria e os tipos
de infográficos defendidos por nós.
O Capítulo 4 apresenta as análises dos dados coletados nos dois instrumentos a
respeito da leitura do infográfico, bem como o confronto dessas análises e suas conclusões.
Nas Considerações finais, fazemos um apanhado de todas as análises e conclusões da
pesquisa e suas possíveis contribuições.
1.1 Justificativa temos uma história
A evolução na tecnologia de informação reforçou no homem sua necessidade por
comunicação, pois, desde as pinturas nas cavernas à Web, cercamo-nos de invenções capazes
de garantir informação sobre os mais diversos campos do conhecimento. Iniciar essa linha do
tempo com as pinturas rupestres não é preciosismo de nossa parte, mas sim uma maneira de
apontar a estreita relação que temos com o modo visual da informação. Para reforçar essa
14
tendência, naturalmente, terminamos nossa linha com a Web, em cujo layout predomina a
imagem; entremeio, obviamente, ao verbal e sonoro, graças à integrabilidade de modos
semióticos presente na rede mundial de computadores.
Atentos a essa especificidade estão os profissionais da comunicação, que buscam
utilizar as ferramentas capazes de informar de modo mais visual seja nos suportes digitais
como na Web, seja nos convencionais jornais escritos. Uma dessas ferramentas é o
infográfico informação mais gráfico . Muito utilizado por revistas e jornais nas suas
versões no papel ou on-line, goza de sucesso entre os leitores. Para o jornalismo, é um sub-
gênero ou gênero complementar e para a linguística, uma representação gráfica complementar
a outro gênero, ou gênero do discurso, conceitos sobre os quais discutiremos mais adiante.
Seja qual for sua conceituação é fato que se trata de um texto de uso relevante na sociedade
atual e merecedor de estudos, ainda muito incipientes, no campo da comunicação e da
linguística. Por isso nos propomos a verificar os procedimentos de leitura do infográfico na
sua versão impressa e como esses procedimentos interferem na compreensão das suas
informações.
Esta pesquisa refere-se mais especificamente, portanto, à investigação acerca da leitura
de infográficos da revista mensal Superinteressante da Editora Abril, publicação
internacionalmente reconhecida pelo uso de infografia mais de quinze anos no Brasil. A
escolha pela leitura como foco dos estudos se deve a duas razões. A primeira de ordem
pessoal, uma vez que acreditamos ser a leitura a habilidade primeira a ser desenvolvida em
um indivíduo a fim de torná-lo produtor de textos também. A segunda de caráter pragmático,
o fato de o infográfico ser um texto mais lido do que produzido pelas pessoas. Trata-se de um
texto produzido numa esfera específica, sendo incomum sua produção em outras esferas de
produtividade em massa como na esfera escolar por exemplo.
Elegemos o infográfico impresso, excluindo os digitais, devido a circunstâncias como
complexidade infográficos digitais apresentam mais modos semióticos e recursos como
links de hipertexto digital , aliada à abrangência da pesquisa a dissertação de mestrado
visa à descrição do objeto, que por ser complexo, exigiria uma pesquisa mais longa e por
fim razões de credibilidade ao escolhermos uma revista consolidada no mercado como uma
publicação infográfica, tornamos a investigação mais naturalística, caso contrário
trabalharíamos com infográficos digitais isolados, o que mudaria o foco de nossa pesquisa,
que verificaríamos a leitura de um único texto e não de um exemplar de uma publicação cujos
15
infográficos são frutos de um trabalho sistemático. Entretanto, não estamos negando a
importância do estudo dos infográficos digitais, deixaremos isso para uma futura pesquisa,
que aproveite, naturalmente, as conclusões desta, ou seja, sua consequência.
Nossa fundamentação teórica no tocante à análise de gêneros partirá da concepção de
linguagem bakhtiniana (BAKHTIN, 2003), que, de modo geral, influencia todas as
abordagens teórico-metodológicas de pesquisa de gêneros do discurso como afirma
Marcuschi (2008, p. 152):
Como Bakhtin é um autor que apenas fornece subsídios teóricos de ordem
macroanalítica e categorias mais amplas, pode ser assimilado por todos de
forma bastante proveitosa. Bakhtin representa uma espécie de bom-senso
teórico em relação à concepção de linguagem.
O que há, portanto, são perspectivas teóricas de pesquisa de gêneros sob a influência
dos estudos do filósofo russo. Uma delas é a perspectiva sociorretórica de Miller (2009) e
Bazerman (2006), influenciada, sim, por Bakhtin, mas também com laços em teorias
antropológicas, sociológicas e etnográficas, por isso também é conhecida como sócio-
histórica e cultural. Essa transdisciplinaridade gerou uma abordagem de pesquisa que atenta
para o funcionamento histórico do gênero, bem como sua relação com o meio e as instituições
que o produzem. É o gênero como ação social.
Essa será a perspectiva adotada por nós para análise do infográfico, porque desejamos
justamente verificar o funcionamento do infográfico no suporte em que ele circula e sua
relação histórica com seus leitores, ajudando-nos a cumprir nosso objetivo geral que é
entender a produção de leitura do infográfico.
Vamos nos basear na metodologia de pesquisa de gênero utilizada por Carvalho
(2005) cuja análise se filia à perspectiva sociorretórica ao se dividir na análise das quatro
dimensões constitutivas do gênero.
Na primeira dimensão, para examinar no conjunto de textos as regularidades da
produção do infográfico recorreremos aos trabalhos do Núcleo de Pesquisa em Linguagens do
Jornalismo Científico daqui por diante NUPEJOC da Faculdade de Jornalismo da
Universidade Federal de Santa Catarina UFSC, que se dedica a estudar o infográfico como
em Teixeira (2006, 2007 e 2009) e Rinaldi (2007). Para analisar a recepção do infográfico,
vamos utilizar instrumentos de coletas de dados, justificados mais adiante.
16
Para a segunda dimensão, no tocante ao processo de composição implicados na
criação destes textos,
1
vamos utilizar a abordagem da multimodalidade de Kress e van
Leeuwen (2001, 2006), sobretudo as teorias da Gramática do design visual para a análise do
modo visual, amparados na visão de discurso multimodal dos autores. Essa teoria se baseia
nas metafunções da linguística sistêmico-funcional de Halliday e Matthiessen (2004), que
também utilizaremos em algumas análises do modo verbal dos infográficos, na medida em
que precisamos integrar os dois modos semióticos para compreender esse texto.
Na terceira dimensão, para análise das práticas de leitura, vamos adaptar o modelo de
leitura de Coscarelli (1999), a fim de propor um modelo de leitura para o infográfico. Esse
modelo de leitura é compatível com a análise da integração entre os modos semióticos
presente nos infográficos e nos ajudará também a criar a coleta de dados desta pesquisa.
A partir desse modelo de leitura e da análise dos dois primeiros elementos,
realizaremos uma coleta de dados com leitores com vistas a analisar os procedimentos do
leitor na sua tarefa de ler o infográfico, ou seja, a produção da leitura. Para tanto, vamos
lançar mão do instrumento protocolo verbal apresentado por Tomitch (2007). E utilizaremos
um questionário de interpretação de um infográfico, com base nos descritores do Sistema de
Avaliação da Educação Básica SAEB encontrados em Brasil (2008) para analisar o
produto da leitura de um infográfico. Os dados serão confrontados para verificar como os
procedimentos de leitura do infográfico influenciam na compreensão das suas informações.
Nas análises desses dados, vamos perceber também a quarta dimensão do gênero, os
papéis sociais desempenhados por escritores e leitores.
Pelos procedimentos apresentados, esta pesquisa se encaixa no modelo qualitativo de
pesquisa sobre os processos cognitivos, capacidades e estratégias (GASS e MACKEY, 2007),
pois busca compreender o processamento cognitivo do leitor do infográfico.
1
Carvalho (2005, p. 136) sugere o uso dos movimentos retóricos de Swales (1990) para análise do
conjunto de textos, porém optamos por utilizar as categorias de abordagem da multimodalidade de Kress e van
Leeuven (2001, 2006) para isso. Acreditamos que, dada as características de composição dos infográficos,
sobretudo, o uso de imagens e textos verbais na sua construção, seria mais proficiente esta abordagem
multimodal, em vez daquela, voltada para análise de textos acamicos, em que predomina o modo verbal.
Reforça nossa escolha o fato de ambas as abordagens serem de base funcionalista, a partir da gramática
sistêmico-funcional de Halliday e Matthiessen (2004), a quem também recorremos nesta pesquisa.
17
1.2 Objetivos gerais
a) Verificar as regularidades e tipificações do infográfico da revista
Superinteressante.
b) Verificar quais procedimentos de leitura são utilizados pelo leitor de infográficos e
como esses procedimentos influenciam na compreensão das informações
veiculadas pelo infográfico da revista Superinteressante.
1.3 Objetivos específicos
a) Propor uma categoria e tipos de infográficos presentes na revista Superinteressante
a partir da análise das suas regularidades e tipificações.
b) Verificar como a organização dos modos semióticos no infográfico interfere nos
procedimentos de sua leitura.
c) Verificar como o design do infográfico influencia a compreensão das informações.
18
CAPÍTULO 2 referencial teórico: à pesquisa
Este capítulo trata do referencial teórico utilizado nesta pesquisa. Ele possui cinco
seções. A primeira enfatiza as concepções de língua, linguagem e gênero adotadas por nós. A
segunda apresenta a metodologia de pesquisa para estudos de gêneros na perspectiva
sociorretórica. A terceira apresenta a produção do infográfico na perspectiva do jornalismo. Já
a quarta seção, traz o referencial teórico para analisar a textualidade do infográfico e a última
seção apresenta nossas considerações sobre leitura. Essas teorias serão utilizadas para
realizarmos as análises dos infográficos no capítulo 3, relativo à textualidade do infográfico e
no capítulo 4, relativo à leitura do infográfico.
2.1 Perspectiva sociorretórica de gênero
Embora sejam vários os conceitos e metodologias de trabalho com os gêneros, todos
possuem a natureza bakhtiniana de estudo do discurso. Eles derivam das seguintes ideias de
Bakhtin (2003, p. 261-262):
O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos)
concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da
atividade humana. Esses enunciados refletem as condições específicas e as
finalidades de cada referido campo não por seu conteúdo (temático) e
pelo estilo da linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais,
fraseológicos e gramaticais da língua, mas, acima de tudo, por sua
construção composicional. Todos esses três elementos o conteúdo
temático, o estilo, a construção composicional estão indissoluvelmente
ligados no todo do enunciado e são igualmente determinados pela
especificidade de um determinado campo da comunicação. Evidentemente,
cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da
língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais
denominamos gêneros do discurso.
Os gêneros do discurso são para ele formas de organização de enunciados até certo
ponto regulares, porque cada esfera de uso da língua as organiza de modo particular. Isso
dentro de uma visão de língua como atividade social, inerente à vida como o autor defende:
19
O desconhecimento da natureza do enunciado e a relação diferente com as
peculiaridades das diversidades de gênero do discurso em qualquer campo
da investigação linguística redundam em formalismo e em uma abstração
exagerada, deformam a historicidade da investigação, debilitam as relações
da língua com a vida. (BAKHTIN, 2003, p.264-265)
Para ele, os gêneros são gerados pelos campos do conhecimento humano, como lemos
abaixo:
Em cada campo existem e são empregados gêneros que correspondem às
condições específicas de dado campo; é a esses gêneros que correspondem
determinados estilos. Uma determinada função (científica, técnica,
publicística, oficial, cotidiana) e determinadas condições de comunicação
discursiva, específicas de cada campo, geram determinados gêneros, isto é,
determinados tipos de enunciados estilísticos, temáticos e composicionais
relativamente estáveis. (BAKHTIN, 2003, p.266)
O que a corrente sociorretórica de estudo dos gêneros faz, filiando-se à perspectiva
bakhtiniana, é afirmar que ao mesmo tempo, os gêneros agem sobre os campos de atividade
humana, isto é, o gênero como ação social. São atos retóricos, porque quem escolhe
determinado gênero para organizar seu discurso o faz não apenas por determinações do
contexto da esfera de atividade a que ele pertence, mas também o faz por determinada
motivação em busca de um efeito pretendido. Para Miller (2009a, p.30), a recorrência dessas
ações retóricas é que importa ao analisar o gênero, pois podemos tipificá-las. Ela ressalta,
contudo, que não se trata de recorrência no sentido cientificista:
Na explicação materialista, o recorrente levaria antes a generalizações
científicas. A recorrência é inferida pela nossa compreensão de situações
como sendo, de alguma forma, „comparáveis‟, „similares‟, ou análogas‟ a
outras situações.
Concomitantemente, essas ações geram respostas retóricas, que por sua vez também
são recorrentes e passíveis de tipificação. Por esses motivos os gêneros são reconhecidos e
usados pelas comunidades, que são chamadas de retóricas por Miller (2009b, p. 55):
As comunidades retóricas existem nas memórias humanas e nas suas
instanciações específicas em palavras: não são inventadas do zero, mas
persistem como aspectos estruturadores de todas as formas de ação
sociorretóricas. Como os gêneros, as comunidades retóricas „existem em
20
uma hierarquia discursiva, não no espaço-tempo; elas existem, contudo, em
um nível cumulativo muito mais elevado do que os gêneros. (...) ela trabalha
em parte através do gênero, como o lugar operacional da ação social
articulada, reproduzível, o nexo entre o privado e o público, o singular e o
recorrente, o micro e o macro.
Para a autora, compreender as normas que regem uma comunidade retórica é essencial
para compreender o gênero que elas produzem, porque os gêneros como ação e reposta
retóricas não são entidades engessadas e imutáveis, que as situações se diferem, embora
advirem de um mesmo grupo. Como ressalta Carvalho (2005, p. 135) “o gênero tem um
potencial estruturador da ação social porque é o elo e o mediador entre o particular e o
público, entre o indivíduo e a comunidade”.
Outro autor que estabelece parâmetros para um estudo de gênero como ação social é
Bazerman (2006) para quem é preciso observar as regularidades que geram recorrências, não
apenas as regularidades da organização linguística, como também das situações retóricas. Os
usuários envolvidos no uso do gênero é que o pistas para chegar a essas regularidades,
assim como denunciam os papéis sociais realizados por eles.
Bazerman (2006, p.22) apresenta uma abordagem capaz de demonstrar como os textos
organizam as atividades de um grupo social:
Cada texto bem sucedido cria para seus leitores um fato social. Os fatos
sociais consistem em ações sociais significativas realizadas pela linguagem,
ou atos de fala. Esses atos são realizados através de formas textuais
padronizadas, típicas e, portanto, inteligíveis, ou gêneros, que estão
relacionados a outros textos e gêneros que ocorrem em circunstâncias
relacionadas. Juntos, os vários tipos de textos se acomodam em conjuntos de
gêneros dentro de sistemas de gêneros, os quais fazem parte dos sistemas de
atividades humanas. (Grifo do autor).
Para ele, um fato social é aquilo que uma pessoa considera como verdadeiro. Como
são realizados pela linguagem, apenas considerar o que literalmente é dito não basta para
analisar o que de verdadeiramente foi dito. Por isso, o linguista recorre à teoria dos atos de
fala e amplia essa teoria para a noção de gênero, ou seja, os textos organizados em gêneros
podem ser analisados em três níveis: o que foi literalmente dito, os enunciados ato
locucionário o que pretendemos que o leitor entenda com o texto ato ilocucionário e o
modo como os interlocutores entendem os atos ato perlocucionário . Isso nos permite
compreender as proposições afirmadas pelos textos. Um texto de divulgação científica, por
21
exemplo, além de informar uma nova descoberta, pode possuir como ato ilocucionário a
intenção de dizer que aquela descoberta pode melhorar a vida dos seres humanos.
Bazerman (2006, p. 29) vê nessa análise dos atos de fala uma justificativa para
legitimar a criação e uso dos gêneros pelos usuários. Como nossos atos locucionários podem
ter outras intenções e gerar compreensões diversas dos nossos interlocutores, fica evidente
que não somos sempre imediatamente compreendidos, sobretudo em textos escritos, cujos
interlocutores geralmente não estão face a face para corrigir equívocos. Por isso organizamos
nossos enunciados em formas de comunicação de textos que já sabemos que funciona naquela
determinada situação, pois as utilizamos em outra situação efetivamente com sucesso. Essas
formas são os gêneros.
Por outro lado, essas formas tipificadas ou gêneros organizam a ação das pessoas
também. Portanto, “este processo de mover-se em direção a formas de enunciados
padronizados, que reconhecidamente realizam certas ações em determinadas circunstâncias, e
de uma compreensão padronizada de determinadas situações, é chamado de tipificação”
(BAZERMAN, 2006, p. 30). Essa tipificação é que permite o entendimento entre os
interlocutores, porque os gêneros são formas mais ou menos estáveis moldáveis à situação
específica na tentativa de aceitação mais fácil do ato ilocucionário do seu autor.
Essa visão reforça o viés histórico da abordagem sociorretórica, também com bases
em Bakhtin:
Os enunciados e seus tipos, isto é, os gêneros discursivos, são correias de
transmissão entre a história da sociedade e a história da linguagem. Nenhum
fenômeno novo (fonético, léxico, gramatical) pode integrar o sistema da
língua sem ter percorrido um complexo e longo caminho de experimentação
e elaboração de gêneros e estilos. (BAKHTIN, 2003, p. 268)
Essa relação entre sociedade e linguagem se manifesta nas ações configuradas pelos
gêneros através dos conjuntos de gêneros, sistema de gêneros e sistema de atividades
propostos por Bazerman (2006, p. 32-33). O primeiro diz respeito a todos os gêneros
produzidos por uma pessoa em determinado campo de atividade humana, o que já denuncia as
atividades realizadas por essa pessoa. O sistema de gêneros reúne os diversos conjuntos de
gêneros utilizados por pessoas que se relacionam. E o sistema de atividades são as ações que
os sistemas de gêneros organizam. Reconhecer esse sistema é reconhecer o que as pessoas
22
fazem com o texto e não apenas reconhecer o texto na instância do enunciado apenas,
encerrando em si mesmo.
2.2 Proposta para o estudo de gênero na concepção sociorretórica o
manual de redação
Seguiremos a proposta metodológica de Carvalho (2005, p. 136-137) para estudo de
gênero sob a perspectiva sociorretórica. A proposta segue as noções de regularidade e
tipificação de Miller (2009a) e Bazerman (2006) e é elaborada seguindo quatro dimensões
constitutivas do gênero, quais sejam:
1- O conjunto de textos.
Carvalho (2005, p. 136-137) propõe examinar que regularidades são aparentes em um
conjunto de textos representativos de certo gênero, que regularidades são observáveis nos
processos de produção e recepção, além das regularidades nos papéis sociais desempenhados
por seus produtores e consumidores.
2- O processo de composição implicados na criação desses textos.
Nesta parte, investigar o evento causador da produção do texto, as fases de coleta e
análise de informações para produção, a escrita propriamente dita, enfim, diz respeito à
produção do texto.
3- As práticas de leitura usadas para interpretar os textos.
Investigar se o texto necessita de outros textos de apoio, onde? Por quê? Com que
finalidades? O trânsito do leitor pelo texto: O que detalhadamente? O que por alto? Que
partes ele pula? O conhecimento construído a partir do texto: que perguntas o leitor faz? Que
informação privilegia? A utilização resultante da leitura: o que ele retextualiza e entende do
texto?
4- Os papéis sociais desempenhados por escritores e leitores.
Observação das atribuições dos envolvidos, como, por exemplo, o grau de relações e
de poder entre eles.
A seguir, vamos tratar das teorias e abordagens que serão nossos instrumentos de
análise dessas quatro dimensões.
23
2.3 O infográfico para o jornalismo: notícias da redação
Nesta seção, vamos apresentar nossa fundamentação no que diz respeito à produção do
infográfico. Propomos fazê-lo do ponto de vista da esfera de atividade em que ele é produzido
e consequentemente a partir do profissional responsável por ele.
O infográfico existia em textos científicos, porém, ele passa a servir às publicações
jornalísticas como uma resposta ao apelo visual da televisão principalmente na segunda
metade do século XX como explica Teixeira, (2009, p. 08):
foi a partir da década de 80 que o uso da infografia se tornou mais freqüente,
graças às revoluções gráficas protagonizadas pelo USA Today - em um
tempo no qual se temia o avanço da televisão sobre a capacidade de
informar do jornalismo impresso -, acentuando-se na década de 90,
sobretudo durante a Guerra do Golfo. Não estamos falando, portanto, de um
subgênero exatamente novo, mas também há quem defenda que não estamos
falando de um subgênero com tempo de existência suficiente para ser
compreendido de forma plena nas redações e mesmo na Academia.
Uma das preocupações da autora e do núcleo que ela coordena, o NUPEJOC, é
apontar critérios e argumentos para a classificação do infográfico em gênero jornalístico. Para
eles, o infográfico seria um sub-gênero do gênero jornalístico informativo. No jornalismo,
uma divisão entre dois gêneros que seriam o informativo e o opinativo e seus subgêneros,
como a notícia, a reportagem, editoriais, crônicas entre outros. Porém, esta definição como
subgênero está longe de chegar a um consenso:
à infografia jornalística cabe uma série de problemas de conceituação e
compreensão que começam pela indefinição sobre qual profissional deve
ser responsável pela sua elaboração e concepção dentro de um veículo
jornalístico, independentemente do suporte (impresso, eletrônico, digital).
Não é para menos. No Brasil, o recurso raramente é discutido apesar de
profissionais brasileiros serem reconhecidos internacionalmente em função
da qualidade dos infográficos que produzem - e na Espanha onde existe
uma bibliografia mínima sobre o tema não se chegou a um consenso
sequer sobre a condição de gênero jornalístico a ser atribuído à infografia.
Seria um gênero autônomo? (TEIXEIRA, 2007, P. 112)
Como vemos, a produção do infográfico é uma atividade recente, que carece de
pesquisas, embora seu uso esteja em franca ascensão. Com relação à definição do infográfico
como gênero, a autora se mostra em dúvida ao indagar se o infográfico seria um gênero
autônomo. Isso porque para outros teóricos como Hidalgo (citado por Teixeira, 2007, p. 118)
24
o infográfico é um gênero jornalístico complementar, porque se apresenta acompanhado de
outro texto informativo.
Posicionamento próximo a esse é encontrado em Dionísio (2006). Nas palavras da
própria linguista para definir infográfico, não intenção de tratá-lo como gênero: “uma das
criações gráficas em alto crescimento no jornalismo impresso, telejornalismo e
webjornalismo, que es alterando a forma de apresentação da escrita na nossa sociedade”
(DIONÍSIO, 2006, p. 138). Logo após: “a leitura de um gênero textual que contém infográfico
pode ser realizada de várias formas.” (DIONÍSIO, 2006, p.139, grifo nosso). Essa última
citação deixa evidente sua posição em não considerar o infográfico um gênero textual, mas
sim um recurso gráfico-visual que paralelamente acompanha um gênero jornalístico. Assim
como na concepção de gênero jornalístico complementar, a linguista parece argumentar que o
infográfico ocorre apenas acompanhado por outro gênero, sem o qual não produziria sentido.
Na continuação do seu artigo, ao dar exemplos de como o infográfico pode ser lido, porém,
ela pistas de que a leitura independente do infográfico é possível (DIONÍSIO, 2006, p.
139):
(a) “Pode-se ler texto como um todo, isto é, o texto verbal principal + o infográfico.
(b) Pode se ler apenas o texto verbal principal e olhar as imagens.
(c) Pode-se ler apenas o infográfico, que possui seu próprio título e sobretítulo”.
Na opção C, a autora afirma que a leitura de apenas o infográfico é possível e que
ainda ele possui características de independência do texto verbal, como título e sobretítulo. Os
próprios autores espanhóis pesquisados por Teixeira (2006) fazem essa concessão:
(o infográfico é) realizado com elementos icônicos e tipográficos, que
permite ou facilita a compreensão dos acontecimentos, ações ou coisas da
atualidade, ou alguns dos seus aspectos mais significativos e acompanha ou
substitui o texto informativo. (VALERO SANCHO citado por TEIXEIRA,
2006, p.3)
O autor considera, em alguns casos, ser possível o infográfico substituir o texto
informativo, o que dá ao infográfico um caráter de independência. O que parece haver,
portanto, é a falta de análise dos infográficos produzidos atualmente com o objetivo de
verificar se, em todos os casos, eles são complementos de outros textos ou não; e se existe
25
variação: ora vem como acompanhamento, ora de modo independente, além de verificar se há
critérios recorrentes para que seja feito de um modo ou de outro pelos seus produtores.
Como nosso objetivo é verificar as regularidades e tipificações de infográficos da
revista Superinteressante para propor uma tipologia para eles, com o intuito de verificar como
os procedimentos de leitura interferem na compreensão das suas informações, vamos nos
basear numa tipologia apresentada por Teixeira (2007, p. 115).
Elegemos os estudos da autora como fundamentação da nossa análise, porque
acreditamos na compatibilidade entre seus objetivos e os nossos, que são abordar o
infográfico como gênero autônomo, e na compatibilidade de princípios teóricos, haja vista
que a visão de gênero dela é próxima da perspectiva de gênero como ação social utilizada
nesta pesquisa:
A classificação do jornalismo em gêneros cumpre, entre outras, uma função
pedagógica de mão dupla. Primeiro, fazendo com que os jornalistas tenham
modelos de referência e possam compreender melhor o próprio trabalho que
fazem, aperfeiçoando-o; depois, fornecendo um esquema mínimo para o
leitor que, até pelo hábito de leitura, consegue reconhecer formas diferentes
de produção jornalística e seu significado enquanto resultado de uma
complexa relação forma-conteúdo. (TEXEIRA, 2007, P. 117)
Vemos que a preocupação em definir o infográfico como gênero não é gratuita,
voltada para a forma do texto, pois a autora reconhece ser complexa a relação com o
conteúdo. Ao afirmar que o leitor cria esquemas, também reconhece existir uma tipificação do
uso de um gênero, a partir das regularidades reconhecidas pelo leitor ao manter uma relação
de uso constante com um texto. Lembramos que a tipificação é um pilar da perspectiva
sociorretórica de estudo dos gêneros.
2.3.1 Tipologia de infográficos para o jornalismo
Não obstante, seja compatível e útil a tipologia de infográficos apresentada a seguir,
trata-se de outro campo de estudo, com preocupações epistemológicas diferentes. Exemplo
disso que deve ser ressaltado é a concepção do que é ou não é jornalismo para o pesquisador
dessa área, para quem o infográfico é utilizado com fins jornalísticos, quando acompanha uma
reportagem ou uma notícia, auxiliando-as na função de informar e não cumprindo uma função
didática como, para Teixeira (2006, p.168), a revista Superinteressante faz desde o ano 2000:
26
Durante anos, mais precisamente entre 1994 e 2000, esta foi a principal
característica da infografia na revista Superinteressante que conseguia
superar o teor meramente didático, em nome do jornalismo de qualidade.
Este tipo de recurso sempre acompanhava as matérias principais, não como
apêndice, mas como instrumento complementar ao texto, com estrutura
autônoma, mas relacionada à matéria de referência, como recurso
obrigatório. Neste período, mais de 80% das reportagens da revista traziam
alguma infografia, não raro em páginas duplas e com bastante destaque.
Para ela, portanto, há dois propósitos para o uso do infográfico, um de caráter
jornalístico e outro de caráter didático (de divulgação científica e tecnológica). O infográfico
jornalístico é utilizado para complementar a informação veiculada em uma notícia ou
reportagem e geralmente explica um fato trazido nesses textos com propósito de explicar
como ele funciona, como aconteceu ou age. Por outro lado, há circunstâncias em que o
infográfico possui caráter didático, ao apresentar-se sem o acompanhamento de uma
reportagem ou notícia. Isso explica o fato de Dionísio (2006) considerar infográficos como
recursos que acompanham gêneros textuais e não como gêneros textuais independentes.
Em um trabalho posterior, entretanto, Teixeira (2007, p. 114-115) propõe uma
tipologia mais abrangente para os tipos de infográficos.
Figura 1 Tipos de infográfico Fonte Teixeira (2007, p. 114-115)
Como Enciclopédico estão aqueles infográficos centrados em explicações de caráter
mais universal como, por exemplo, detalhes do funcionamento do corpo humano; como se
formam as nuvens; o que são bactérias; o que é ciranda financeira; o que são partidos
políticos; quais são os controles e comandos da cabine de um avião, entre outros. Costumam
ser, portanto, bastante generalistas.
27
Os infográficos são Enciclopédicos Independentes quando tratam de assuntos amplos
sem acompanharem uma notícia ou reportagem. E são Enciclopédicos Complementares
quando acompanhados de uma notícia ou reportagem tratando de assuntos amplos.
os infográficos Específicos são aqueles que se atêm a aspectos mais próximos da
singularidade. São bastante comuns em casos como acidentes reproduzem o que aconteceu a
partir de depoimentos; quando se pretende explicar como ocorre um procedimento cirúrgico
novo; após uma eleição, quando mostram a composição das assembléias a partir de
panoramas estaduais e partidários e assim sucessivamente.
São Específicos Independentes quando o infográfico apresenta apenas um texto
introdutório sem que haja uma reportagem que o acompanha ou quando se trata da
reportagem infográfica, texto composto por um texto introdutório seguido de infográficos, que
formam um infográfico complexo. E são Específicos Complementares quando acompanham
notícias ou reportagens cujo tema é mais bem explicado pelo infográfico.
ainda a diferença entre infográficos individuais e complexos. Este é a composição
de vários infográficos, formando um único, como nas reportagens infográficas; aquele, é a
utilização de um único infográfico que acompanha uma reportagem ou notícia.
Percebemos que é uma classificação feita a partir da polarização de dois critérios. O
primeiro, em relação ao assunto ser universal ou singular. Teixeira (2006, p. 171-172)
explica-nos essa diferença:
Em outras palavras, um mapa é apenas uma informação, embora seja um
recurso capaz de aliar imagem e texto. Mas este mesmo mapa quando
destaca o lugar exato em que ocorreu um determinado massacre, acidente ou
confronto, fornecendo informações relativas a alcance, modo e/ou dimensão,
por exemplo, consegue sair do campo da geografia e do didatismo para se
colocar ao lado da notícia como forma complementar e nem por isso menos
importante.
Nesse caso, a autora segue a noção de que o jornalismo busca a singularidade, ou seja,
fatos datados e não o que ela chama de assuntos enciclopédicos universais, com fins didáticos,
atemporais. O segundo critério baseia-se na oposição entre nero complementar ou
independente; acompanhar outro gênero ou ser o gênero único.
2.3.2 Relações de autoria
Uma das observações das pesquisas do NUPEJOC é com relação à política editorial
das publicações:
28
uma das conclusões que mais nos chamaram a atenção foi o fato da opção
pelo uso sistemático da infografia nas publicações analisadas estar muito
mais ligado a uma decisão de caráter pessoal do editor ou do diretor de
redação do que, propriamente, a uma compreensão mais ampla do que esta
decisão significa. (TEIXEIRA, 2007, P. 118)
No início desta seção, apontamos como razão para existência do infográfico a
necessidade contemporânea por informação visual, em decorrência da ascensão da televisão.
No entanto, assim como qualquer outro texto jornalístico, há também a necessidade de
conteúdo informacional e não apenas a preocupação em fazê-lo de modo mais atrativo.
A seguir, vamos recorrer a
2
declarações do reconhecido infografista e jornalista
espanhol Alberto Cairo a respeito da produção do infográfico para entendermos quem é o
profissional infografista, quando é necessário criar um infográfico e quem toma e como toma
essa decisão.
Primeiramente, não formação específica para ser infografista como o próprio
jornalista relata:
Conheci (infografia) por uma coincidência. Quase todo mundo que trabalha
com infografia hoje a conheceu por uma coincidência. Uma professora que
trabalha com Xosé Lopez [jornalista e pesquisador espanhol] me disse que
havia uma vaga no jornal La Voz de Galicia, para fazer um estágio como
infografista. Ela sabia que eu fazia alguns desenhos, me convidou, eu
comecei a fazer estágio e fiquei. (...) Você chega à redação, senta com os
profissionais e começa a mexer. Eu tive a sorte de trabalhar com uma equipe
ótima lá em La Voz de Galicia. Eu fiquei empolgada e eles são muito
abertos, ensinam muitas coisas, mas o treinamento foi bem informal.
Simplesmente eles davam uma matéria pra você mexer com ela, você
começava a fazer uma coisa bem ruim aí alguém te orientava, eles iam
corrigindo e você ia aprendendo. (CAIROa, 2008)
Trata-se de um profissional com formação multidisciplinar, mas o autor defende que a
formação em jornalismo é essencial:
É importante que você saiba pensar como jornalista, que saiba um pouco de
estatística, um pouco de cartografia, um pouco de design gráfico, um pouco
de animação para a infografia online, mas o mais importante é saber ser
jornalista e pensar visualmente. (CAIROa, 2008)
O que ele defende, portanto, é uma formação para capacitar o jornalista para tomar a
decisão de quando é necessário utilizar um infográfico numa informação. Desse modo, pensa-
2
Entrevista ao Nupejoc disponível em http://www.nupejoc.cce.ufsc.br/paginas/produ/entrevista_cairo.pdf..
Acesso 21 de abril. 2009, às 18h10.
29
se a infografia como mais um recurso e não um princípio. A decisão deve ser tomada a partir
de critérios definidos e não a mercê de decisões individuais e aleatórias.
Na tentativa de definir esses critérios, ele aponta em quais oportunidades se deve
lançar mão de um infográfico:
Depende da história. Em geral, as infografias são boas para contar histórias
que tem um grande conteúdo quantitativo, um grande conteúdo espaço-
temporal, geográfico, histórias que precisem de uma linha do tempo, que
precisem de um passo a passo. Na verdade quando a gente está treinado, já a
ver isso automaticamente. Como a história do avião em Madrid, você já sabe
que se tem os dados adequados vai poder fazer uma infografia. algumas
histórias que os editores já pensam em infografia. No primeiro dia do
acidente de Madrid, você via as infografias publicadas e pensava poderiam
ter poupado este espaço e publicado alguma coisa mais interessante, porque
elas simplesmente mostravam o avião caindo no chão, isto não explica nada.
O importante é ver se há informação o bastante para fazer uma infografia.
(CAIRO, 2008a)
Para ele, um infográfico não necessariamente precisa ter texto verbal, “em alguns
casos, o texto de acompanhamento ou explicação não é necessário e inclusive pode criar
obstáculos para a compreensão do conteúdo (CAIRO, 2008b, p. 21). Ele segue dizendo que a
“abstração é um componente essencial em desenhos de diagramas: eliminar o desnecessário
para que o necessário se destaque” (CAIRO, 2008b, p. 22).
Além disso, a decisão de criar ou não um infográfico deve ser preferencialmente um
trabalho de equipe:
Tudo depende da empresa. Há empresas em que todas as decisões são
tomadas pelos editores - chefes, em outras de estrutura mais horizontal em
que as decisões são tomadas por equipes. Depende também do dia, dias
em que o editor fala: Quero uma infografia. a gente faz infografia, ainda
que seja ruim, que lutar bastante contra isso! Mas, em geral, nos jornais
maiores, a infografia é produto de uma conversa, uma conversa mais ou
menos informal. uma matéria, o editor avalia a matéria, conversa com o
infografista, com o editor-chefe. (CAIRO, 2008a)
Outro relato importante para entendermos como são criados os infográficos é o do
responsável pela infografia da revista Superinteressante Luiz Iria. Ele nos explica as etapas de
criação de um infográfico sobre a diversidade de vida em apenas uma árvore:
30
Figura 2 Etapas de produção de um infográfico
3
Vemos que a produção desse infográfico reuniu três profissionais diferentes, são eles,
o repórter, que criou o texto; o ilustrador dos animais e o designer que organizou o
infográfico. É interessante também perceber que o repórter produziu o texto, considerando o
produto final, pois o dividiu em partes, cada qual relacionada com as partes da árvore.
Outra preocupação é relacionar texto verbal e imagem, ou seja, relacionar as legendas com os
animais dentro do ambiente, que é a árvore. Após apresentar uma tipologia e relatos de
produtores de infográficos, propomos o seguinte quadro para análise das regularidades na
produção dos infográficos da revista Superinteressante selecionados para esta pesquisa:
Regularidades na produção do infográfico
Tipos de
infográficos
Enciclopédico
Específico
Independente
Complementar
Independente
Complementar
Verificar a
presença de:
Assunto universal
+ gênero único
Assunto universal +
gênero complementar
Assunto singular +
gênero único
Assunto singular +
gênero complementar
Verificar
As relações entre os tipos de infográficos e as seções em que aparecem
Quadro 1 Critérios de análise das regularidades na produção do infográfico
No capítulo 3, vamos verificar os tipos de infográficos mais regulares na revista
Superinteressante. Por fim, verificaremos se há regularidade também nos tipos de infográficos
3
Com base em vídeo disponível em http://www.youtube.com/watch?v=5DBA-kCQ2m8. Acesso 20 de jul. 2009,
às 20h06.
2- Produção das
ilustrações: ilustrador
criou as imagens dos
bichos.
3- Produção da árvore:
designer criou a árvore,
através de imagens de
árvores retiradas da
internet.
1-Produção do texto:
repórter criou um texto
sobre os bichos,
dividindo-os a partir
das partes das árvores.
4- Produção final: o
designer reuniu as
ilustrações mais o texto
na imagem da árvore.
31
presentes nas seções das revistas para conhecer a política editorial de uso de infográficos na
revista.
2.4 Multimodalidade - texto e imagem: design
Nesta seção, pretendemos apresentar e discutir nossa base teórica para analisar a
materialização do infográfico, sua textualidade, em busca de regularidades e tipificações nesse
elemento do gênero a ser avaliado. Vamos utilizar as teorias da Gramática do design visual de
Kress e van Leeuwen (2006), de influência sistêmico-funcional, (HALLIDAY;
MATTHIESSEN, 2004), e amparada no conceito de discurso multimodal (KRESS; VAN
LEEUWWN, 2001). Veremos na subseção 2.4.4, que a noção de discurso que a sustenta é
próxima da perspectiva sociorretórica de estudo dos gêneros. Essa abordagem semiótica é
capaz não apenas de oferecer subsídios para análise das imagens presentes nos infográficos,
mas também é capaz de dar conta da integração das imagens com o texto verbal, que a
integração verbo-visual é compreendida por Teixeira (2007, p. 113) como sendo principal
critério conceitual do infográfico:
Todo infográfico deve conter os seguintes elementos: (1) título; (2) texto de
entrada uma espécie de lead com informações gerais; (3) indicação das
fontes e (4) assinatura. (...). Além disso, um bom infográfico costuma contar
com recursos visuais diversos como fotografias, mapas, tabelas, ilustrações,
diagramas. Mas um mapa é, por princípio, um infográfico? E uma tabela,
quando ela pode ser considerada uma infografia, em especial, um infográfico
com valor jornalístico? O limite se daria a partir de uma equação bastante
simples: um infográfico pressupõe a inter-relação indissolúvel entre texto
(que vai além de uma simples legenda ou título) e imagem que deve ser mais
que uma ilustração de valor exclusivamente estético. Podemos dizer,
portanto, que este binômio imagem e texto, na infografia, exerce, por
princípio, uma função explicativa e não apenas expositiva. O infográfico,
enquanto discurso, deve ser capaz de passar uma informação de sentido
completo, favorecendo a compreensão de algo e, neste sentido, nem imagem,
nem texto deve se sobressair a ponto de tornar um ou outro indispensável.
Fica evidente que a principal regularidade de um infográfico é sua integração entre os
modos verbal e visual com o propósito de informar. Outros textos que são formados por esses
modos, porém sem essa integração, não podem ser considerados infográficos.
Antes de expor os conceitos da Gramática do design visual adotados por nós, vamos
entender a origem das suas ideias começando por sua base semiótica.
32
2.4.1 Semiótica social
O objeto da semiótica é o signo. Para a semiótica social, o signo é motivado e não
arbitrário como postulavam vários semioticistas. Kress e Van Leeuwen (2006, p. 6-7) expõem
o conceito de vários desses autores que acreditavam na arbitrariedade do signo, começando
por Ferdinand de Saussure e principalmente Charles Sanders Pierce, responsável pela
classificação dos signos em ícones, índices e símbolos, através da relação entre significante e
significado.
A partir de um movimento mais crítico de linguistas encabeçados pelos trabalhos de
Michael Halliday, entretanto, defendeu-se que a relação entre significante e significado é
motivada socialmente e não estabelecida de modo arbitrário. Sob esse ponto de vista, o sujeito
passou a ser considerado um produtor de signos e não um mero codificador. Através de um
processo metafórico, motivado pela cultura em seu entorno, o sujeito produz signos. Kress e
Van Leeuwen (2006, p. 7-8) citam o exemplo de uma criança de três anos de idade, a quem
foi solicitada desenhar um carro. O desenho dela é composto por círculos, contudo,
perguntada o que ela nos desenhos, responde que é um carro. Com este exemplo, os
autores explicam o processo de produção do signo metafórico, neste caso em dois passos.
Primeiro a criança utiliza o significante círculo para representar o significado rodas, que, por
sua vez, num segundo passo, torna-se o significante que representa um carro.
Considerando-se a bagagem cultural de uma criança de três anos, as rodas de um carro
são o bastante para representá-lo. Do ponto de vista arbitrário, sem considerar o fator social,
os círculos seriam apenas rodas, menos do que isso; apenas círculos.
Um trabalho sobre textos constituídos das modalidades visual e verbal de Barthes
(BARTHES apud KRESS; VAN LEEUWEN, 2006, p. 18) afirma que, na relação entre
imagem e texto, o texto verbal estende o sentido da imagem e em outra relação, a imagem
elabora o sentido do texto verbal. Em uma terceira relação, chamada de ancoragem,
primeiramente aparece a imagem e posteriormente o texto verbal que ela elabora.
Esse ponto de vista do semioticista é válido, talvez, numa sociedade cuja relação entre
o verbal e o visual nos textos seguia uma gica sequencial. Esses textos ainda existem,
porém, com a exigência dos produtores de signos de novos modos de comunicação, novos
textos surgiram como o infográfico, cuja proposta é apresentar várias informações utilizando-
33
se do verbal e visual simultaneamente e não um após o outro, primeiro imagem depois texto
verbal e vice-versa.
Apesar disso, Barthes havia percebido um fator importante, fundamental para
defender nosso ponto de vista no tocante ao infográfico: “o componente visual de um texto é
uma mensagem estruturada e organizada independentemente, embora conectada com o texto
verbal” (Kress; Van Leeuwen, 2006, p. 18). Portanto, o texto verbal e o visual carregam
significados diferentes, porque são modos diferentes, cada qual apto para um tipo de
informação. Esse é um dos pontos defendidos na Gramática do design visual: embora sejam
modos semióticos e serem usados juntos em um texto, eles possuem limitações e habilidades
distintas para apresentar informações.
Um evento linguístico, por exemplo, pode narrar algo sem um protagonista, pois
recursos linguísticos para isso como pronomes, retirada do agente da passiva, entre outros.
o visual precisa mostrar o evento acontecendo, com os atores, em tempo presente. Por outro
lado, o linguístico tem dificuldades para representar eventos cíclicos. Para isso é necessário
uso de pronomes e várias orações. O visual possui recurso como setas em fluxogramas e
esquemas ou até mesmo os infográficos para representar eventos cíclicos.
Isso demonstra como o signo é produzido e as escolhas dos modos semióticos são
motivadas, demonstrando que as ideias da semiótica social são aplicáveis, principalmente
através das teorias inspiradas por ela como a Gramática do design visual. Todavia, antes de
passarmos a falar dessa gramática, precisamos entender a Sistêmico-funcional de Halliday e
Matthiessen (2004), porque a Semiótica social é a inspiração filosófica da Gramática visual,
mas a inspiração prática veio da sistêmico-funcional.
2.4.2 Gramática sistêmico-funcional
A gramática sistêmico-funcional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004) também
considera o contexto de uso de uma língua para sua análise. Ela é sistêmica justamente porque
acredita que as escolhas gramaticais são motivadas e não arbitrárias. Concomitantemente, ela
é funcional porque promove subsídios para analisar qual é a implicação dessas escolhas no
sistema gramatical. Para ela, três metafunções, quais sejam metafunção ideacional,
metafunção interpessoal e metafunção textual. A primeira, ideacional, tem função de
representar o mundo, suas ações, estados, abstrações, consciência; a segunda, de promover as
interações sociais e a terceira, de estabelecer coerência ao texto.
34
2.4.2.1 Metafunção ideacional
Halliday e Matthiessen (2004, p.172) apresentam tipos de processos realizados na
metafunção ideacional, cuja estrutura é formada por processo, um participante envolvido
nesse processo e uma circunstância associada com esse processo. Um grupo verbal realiza a
função de processo; um grupo nominal, a função de participante e um grupo adverbial ou
sintagma preposicionado, a função de circunstância. Para cada processo, uma terminologia
diferente para o participante que realiza o processo (o sujeito).
Considerando-se a transitividade dos processos, podemos ter dois participantes em
uma oração, caso dos processos transitivos, em que o processo se estende, direciona ou se
relaciona com outro participante. Nos processos intransitivos, o processo se reduz ao próprio
participante realizador do processo (sujeito). Também para cada processo esse outro
participante possui uma nomenclatura diferente. No quadro abaixo, (HALLIDAY;
MATTHIESSEN, 2004, P. 260) temos todas essas elações com suas nomenclaturas.
Quadro 2 Quadro com os tipos de processos Fonte: (HALLIDAY;
MATTHIESSEN, 2004, P. 260)
Tipos de
processo
Categoria de
significado
Participantes diretamente
envolvidos
Participantes indiretamente
envolvidos
Material:
Ação
Evento
„Fazendo‟
„Fazendo‟
„Acontecendo‟
Ator, meta
Recipiente, cliente; escopo;
iniciador, atributo
Comportamental
„Comportando‟
Comportante
Comportamento
Mental
Percepção
Cognição
Desejo
Emoção
„Sentindo‟
„Vendo‟
„Pensando‟
„Desejando‟
Experienciador, Fenômeno
–––––––––––
Verbal
„Dizendo‟
Dizente, alvo
Recebedor; verbiagem
Relacional
Atribuição
Identificação
„sendo‟
„atribuindo‟
„identificando‟
Portador, atributo
Identificado, identificador;
Característica, valor
Atribuidor, beneficiário
Destinatário
Existencial
„existindo‟
Existente
–––––––
35
Trata-se de uma gramática semântica, pois os termos são definidos pelos seus
significados e não por sua posição na oração como nas gramáticas de sintaxe. Portanto, o
contexto incidirá nas análises.
2.4.2.2 Metafunção interpessoal
Essa metafunção é a que organiza as relações sociais do falante. Halliday e
Matthiessen (2004, p.107) salientam que as interações são movidas pelos atos de fala tanto
por demanda como por oferta de informações e de bens e serviços, envolvendo o falante, o
escritor e o público.
A metafunção interpessoal é organizada em MOOD e Resíduo. O MOOD é dividido
em duas partes: o sujeito, formado por grupo nominal; e o operador finito, que serve para
contextualizar, no aqui e agora, a proposição, através de duas maneiras: expressando o tempo
da fala (tempo primário) e expressando modalidade do verbo. É formado por parte do grupo
verbal (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004, P.111). Ele nota que menos comum no inglês
e mais comum no português o operador finito pode estar fundido em uma única palavra no
grupo verbal. Esse conjunto de sujeito e finito é chamado de Mood. O Resíduo é o bloco de
elementos como complementos, adjuntos e predicador.
2.4.2.3 Metafunção textual
A metafunção textual se ocupa do uso da linguagem na organização do texto (oral ou
escrito). Assim, a oração é concebida como uma unidade na qual os significados de diferentes
tipos são combinados, sendo organizada em torno da estrutura Tema / Rema e Dado /Novo.
O elemento tema serve como ponto de partida da mensagem que orienta e situa a
oração dentro do contexto. Assim, sendo o primeiro constituinte da oração, todo o restante da
oração denomina-se rema. Quanto à informação semântica contida no texto distribui-se pelo
menos em dois grandes blocos: o dado e novo, cuja disposição interfere na construção do
sentido. A informação dada aquela que se encontra na consciência dos interlocutores e pode
ser recuperada pelo contexto, estabelece pontos de ancoragem para aporte da informação
nova.
36
2.4.3 A Gramática do design visual
O livro Reading images (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006) é uma tentativa de criar
critérios para a análise da gramática do visual. Para os autores essa gramática “é culturalmente
específica; não universal” (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006, p. 04). Isso quer dizer que,
como eles mesmos frisam no livro, o ocidente cria maneiras de produzir o visual e valoriza
essas maneiras, havendo diferença até mesmo dentro do mundo ocidental, ou de pessoa para
pessoa. Baseados na Gramática sistêmico-funcional, eles propõem que o visual também se
organiza em três metafunções, porém os elementos que materializam essas funções, é claro,
são visuais. Eles estabelecem, na medida do possível, relações entre o linguístico e o visual,
ressaltando que são modos semióticos diferentes com limitações e habilidades diferentes
como dissemos, porém existem muitas proximidades apontadas por eles. Vamos expor as
análises feitas por eles a respeito das três metafunções através do visual e perceberemos essas
proximidades.
2.4.3.1 O ideacional no visual
Os processos da metafunção ideacional no visual se dividem em duas estruturas
representacionais: Narrativa e Conceitual (o conceitual se divide em Classificacional,
Analítica e Simbólica). Veremos que a estrutura narrativa possui processos análogos ao
processo material do linguístico (fazendo, acontecendo) (cf. quadro 2 acima). Já a estrutura
Conceitual é análoga aos processos relacional, comportamental, existencial e verbal. O
processo mental por sua vez “tem uma categoria pequena no visual, porque é difícil distinguir
visualmente entre cognição e afeição” (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006, p. 77).
a) O processo narrativo
Se no processo material temos os participantes ator e meta participando de um
processo como vimos na gramática sistêmico-funcional, a gramática visual aponta os vetores
entre os participantes da imagem como o processo. Esses vetores são linhas que se formam
entre os participantes. A imagem de um homem atirando em outro homem possui como
participante ator o homem que realiza o processo e o outro participante meta o homem que
recebe essa ação. O processo, na imagem, é o vetor que parte do participante ator e vai até a
participante meta que recebe a ação. também as circunstâncias de local como a posição
dos participantes no plano e fundo, bem como a posição de outros participantes, que não
precisam ser necessariamente humanos. Circunstâncias de meio como o instrumento, no caso
37
do exemplo a arma usada pelo participante ator. Vejamos no quadro os tipos de processos
existentes na estrutura narrativa:
Quadro 3 Quadro com os tipos de processos no visual Com base em Kress e
van Leeuwen (2006)
Tipos de
processos
Subtipos
Participantes
Significado
Vetor
Processos de
ação
Transacional
Ator (também
ator implícito) e
Meta
Análogo ao verbo transitivo:
o verbo precisa de objeto
(meta).
um vetor
entre o ator e a
meta. O ator
pode estar
implícito.
Transacional
Bidirecional
Ator e Meta
(inter-atores)
Indica simultaneidade de
processo um participante é
ator do outro e vice-versa.
dois vetores
simultâneos,
partindo em
direções
contrárias.
Não-transacional
Ator
Análogo ao verbo
intransitivo: o verbo não
precisa de complemento
(meta).
O ator não
realiza uma ão
para uma meta,
mesmo havendo
vetor.
Processos
reacionais
Transacional
Re-ator e
fenômeno
O re-ator observa, olhando,
um fenômeno.
Parte de uma
linha do olhar
para o fenômeno.
Não-transacional
Re-ator
O reator observa o nada,
sem fenômeno definido.
Parte de uma
linha do olhar
para nada
definido.
Processos de
fala
–––––––
Dizentes e
declaração
Diálogos em balões de Hqs.
Formado pelo
rabicho de balão
de fala.
Processo
mental
–––––––
Experienciador e
fenômeno
Conteúdo de balões de
pensamento.
Formado pelo
rabicho de balão
de pensamento.
Processo de
conversão
_______
Ator, Revezador
e Meta.
Um participante é ator de
uma meta e é meta de outro
ator. Forma estruturas
cíclicas como diagramas.
Um chega do
ator ao revezador
e outro sai dele
para sua meta
Simbolismo
geométrico
–––––––
––––––––
Centra-se
metalinguisticamente no
modo de dizer.
Há somente o
vetor indicando
um signo
infinito.
Circunstâncias
Locativas
Cenário
Participantes que indicam a
localização de outros
participantes.
Usar o primeiro
plano, fundo,
tonalidade, cores,
claro e escuro.
Meio
Instrumentos
Os instrumentos usados na
ação. Geralmente de onde
parte o vetor.
Qualquer coisa
usada na ação.
Acompanhamento
Ator
Um participante é
acompanhado de outro, sem
ação entre eles.
Não há vetores.
38
b) O processo conceitual classificacional
No processo classificacional, não vetores. Ele relaciona participantes em termos de
relações de classe taxionomicamente. Ao realizar classificações, tem pelo menos um
participante fazendo papel de subordinado e pelo menos outro fazendo papel de subordinador.
Ele o classifica de três formas:
- classificação velada
O subordinador não é mostrado, apenas seus subordinados. Kress e Van Leeuwen,
(2006, p. 79) afirmam que esta estrutura é simétrica, ou seja, os subordinados são colocados
lado a lado, em um mesmo nível, para demonstrar equivalência, embora haja um
subordinador.
- classificação mostrada nível único
Estrutura com apenas dois níveis, o participante subordinador é colocado em nível
hierárquico aos participantes subordinados.
- classificação mostrada múltiplos níveis.
Também o participante subordinador é colocado em nível hierárquico aos participantes
subordinados, porém outros níveis e outros graus de hierarquia. Pode ser uma estrutura em
rede, o que torna a noção de hierarquia mais difusa.
Apesar de a estrutura classificacional ser estática, o linguístico que a acompanha não
precisa ser estático também. Classificações são hierárquicas, com menos significado de
movimentação. Fluxogramas possuem mais sentido de movimentação, pois possuem início e
fim determinados, aproximando-se da estrutura narrativa. Já a rede é múltipla; não linear.
(KRESS; VAN LEEUWEN, 2006, p. 84).
c) O processo conceitual analítico
O processo analítico relaciona participantes em termos de uma estrutura parte-todo. Os
participantes são o portador (todo) e um número de atributos possessivos (as partes).
subtipos de processos analíticos:
39
- não estruturado
São mostradas apenas as partes (atributos), mas não portador (todo), mais ou menos
como em uma lista desordenada.
- temporal
Processo intermediário entre o narrativo e o analítico. Ocorre nas linhas do tempo, que
sugerem dimensão temporal, o que sugere narração. No entanto, não vetores, mas análises
graduais da história “narrada”. O que é narrado é o portador e os estágios analisados desse
portador são os atributos.
- analítico exaustivo e inclusivo
É exaustivo quando representa exaustivamente os atributos do portador. É inclusivo
quando mostra apenas alguns atributos.
- estrutura exaustiva conjoined e compounded
Os atributos são conectados por uma linha que mesmo separados possuem a ideia de
serem ligados fazendo o conjoined. Já no compounded os atributos estão juntos, mas
retratados com partes separadas.
- topográfico e topológico
O topográfico representa com precisão o espaço físico do atributo possessivo. São
topológicas quando representam com precisão a relação lógica entre os participantes.
- topografia dimensional e quantitativa
A escala de representação é formada por participantes que representam espaço e
quantidade.
- espaço-temporal
Quase-vetorial e quase-narrativo, além de possuir um portador e atributos, possui um
ator e a ação. Ocorre nos gráfico de linha.
40
d) O processo conceitual simbólico
Refere-se ao que o participante significa ou é. O participante que é significado é o
portador. E o participante que representa o significado é o atributivo simbólico. Neste
processo, pode haver também apenas um participante, o portador, e o significado simbólico é
estabelecido em outro modo abaixo, chamado de sugestivo simbólico. Ou seja, neste
processo, a imagem sugere algo, não necessariamente o significado literal do participante, por
isso é simbólico: sugestivo simbólico.
e) Encaixamento
Assim como há orações complexas subordinadas ou encaixadas no verbal, também,
no visual, imagens encaixadas: processos menores encaixados em maiores, o que forma uma
estrutura multidimensional.
2.4.3.2 O interpessoal no visual
No visual, Kress e Van Leeuwen (2006, p. 114), após tratarem das estruturas
narrativas e conceituais, - análogas à metafunção ideacional no linguístico abordam a
representação e interação pela imagem análogas à metafunção interpessoal no linguístico .
De acordo com eles, dois tipos de participantes nas imagens. O Participante representado
(as pessoas, os lugares e as coisas representadas na imagem) e o Participante interactante (as
pessoas que se comunicam umas com as outras através da imagem). Eles também afirmam
que há três tipos de relações entre esses participantes:
1- Relações entre participantes representados.
2- Relações entre participantes interactantes e representados.
3- Relações entre participantes interactantes.
Essas relações têm como base a interação face-a-face do linguístico, por isso eles
citam as categorias de Eco (1979 apud KRESS; VAN LEEUWEN, 2006, p.) de leitor/autor
modelo e leitor/autor real, além de considerarem a posição espacial dos participantes. Eles
propõem três elementos para análise da interação na imagem, são elas:
41
1. O olhar, que sugere oferta e demanda. (contato)
2. O ângulo de visão, horizontal e vertical, que sugerem respectivamente
distanciamento/envolvimento e relações de poder. (distância)
3. A perspectiva, que sugere objetividade e subjetividade. (atitude)
a) Olhar e ação Contato
Quando um participante representado olha diretamente para o expectador, conectando-
os, às vezes, com um vetor formado por um gesto, um endereçamento direto. Nesse caso
temos uma imagem de ação. O produtor usa a imagem para fazer alguma coisa ao recebedor.
Esse tipo de relação entre imagem e expectador se chama demanda. A imagem demanda algo
do expectador. Por outro lado, quando o expectador se torna sujeito e olha para o participante
representado na imagem, que está de lado, temos uma oferta: o participante representado não
está direcionando os olhos para o expectador, mas está se ofertando a ele.
b) Tamanho da estrutura e distância social - Distância
A escolha do tamanho da estrutura e distância sugere diferentes relações entre os
participantes representados e interactantes. Essa distância é análoga à conversação face a face.
Muita proximidade entre os participantes sugere intimidade, entre pessoas que se conhecem.
Média distância sugere respeito ou distância socialmente aceita entre pessoas que não se
conhecem em uma interlocução. Muita distância sugere impessoalidade, assim como a
distância entre as pessoas que não se conhecem e não estão em interlocução.
Relação de distância/linguagem entre participantes representados e
interactantes
Pouca distância
Linguagem íntima
Média distância
Linguagem social
Muita distância
Linguagem pública
Quadro 4 Relações de distância - Com base em Kress e van Leeuwen (2006)
c) Perspectiva e subjetividade na imagem Atitude
Kress e Van Leeuwen (2006, p. 129) apontam para existência de imagens subjetivas,
que são vistas sob um único ponto de vista, e imagens objetivas, que revelam tudo que há para
42
se conhecer do participante representado. As imagens naturalísticas seriam mais objetivas
(perceptivas) e as imagens significativas seriam mais subjetivas (conceituais).
Apesar de essa categorização ser importante, é a relação entre o ângulo horizontal e
ponto de visão do expectador que apontará o grau de envolvimento e distanciamento entre os
participantes representados e interactantes. A imagem pode ter um ângulo frontal
participante representado está de frente para o expectador ou oblíquo participante
representado está de lado para o expectador. O ângulo frontal sugere envolvimento com o
participante representado, é algo do mundo do expectador, aquilo com que está
familiarizado. Já o ângulo oblíquo sugere distanciamento, algo do mundo alheio ao
expectador, com o que ele não está evolvido.
Figura 3 Relação de ângulo horizontal - Com base em Kress e van Leeuwen
(2006)
d) Relação entre frontal/oblíquo e oferta/demanda -
Subjetividade
Em algumas imagens subjetivas, as escolhas podem ser mescladas. Um participante
representado pode estar de lado para o expectador, porém com o olhar fitado nele, o que
sugere distanciamento, mas com demanda por contato. Por outro lado, o participante
representado pode estar de frente para o expectador, mas sem lhe dirigir o olhar, o que sugere
envolvimento, familiaridade com o mundo dos participantes interactantes, mas com o olhar de
oferta, sugerindo uma posição de reflexão.
e) Poder e ângulo vertical - Subjetividade
O ângulo vertical sugere relação de poder. A imagem cujo Participante Representado
(P.R.) é visto do alto pelo Participante Interactante (P.I.) denota poder deste sobre aquele. No
caso contrário, daquele sobre este. Como nos esquemas abaixo.
43
Figura 4 Relação de ângulo vertical - Com base em Kress e van Leeuwen (2006)
f) Relação dos ângulos vertical e horizontal - Objetividade
Nas imagens objetivas, temos no ângulo horizontal frontal o máximo de envolvimento.
Isso sugere uma orientação à ação de como se faz, como se usa ou como é. Ao passo que no
ângulo vertical top-down, o máximo de sobreposição de poder, o que sugere uma
orientação ao conhecimento teórico; contemplando o mundo de um ponto de vista
privilegiado, de onde se pode observar e aprender. Um terceiro ângulo, o cross-section,
relativiza isso, porque cria um ângulo não tão alto verticalmente e nem centralizado
horizontalmente. Ele posiciona o expectador na linha de lado, como se assistisse a uma cena.
Se ainda o expectador for mantido nessa linha de lado horizontalmente e for posicionado
no mesmo ângulo vertical que o participante representado, uma posição de imparcialidade
sem diferenças de poder e sem envolvimento com os participantes.
g) Imagens naturalísticas e modalidade
Outro aspecto importante para se considerar na relação interpessoal entre os
participantes interactantes e a imagem é a modalidade, entendida aqui como “o valor de
verdade ou credibilidade de uma afirmação sobre o mundo” (KRESS; VAN LEEUWEN,
2006, P. 155). Para uma teoria semiótica social, a verdade é uma construção semiótica,
dependente dos valores de um grupo, que julgará o que é realidade ou não (KRESS; VAN
LEEUWEN, p.155-156). Para os autores, o foto realismo é o que a sociedade considera o
44
máximo de realismo/naturalismo em imagem e, a partir de variações dos marcadores de
modalidade, esta diminui.
h) Marcadores de modalidade nas imagens
Os elementos constituintes do visual são marcadores de modalidade, cujas escolhas
orientam o modo como o produtor e consequentemente o expectador vão modalizar a
imagem. Essas escolhas são feitas em escalas, de acordo com a motivação dos Participantes
interactantes.
A cor é um marcador de modalidade dividido em três escalas:
1. Saturação: escala que vai da saturação completa de cor à abstinência de cor preto
e branco.
2. Diferenciação de cor: escala que vai de uma série de cores ao monocromático.
3. Modulação: escala que vai de diferentes variações de tom de uma mesma cor ao
uso de um tom específico.
A modalidade alta estaria no meio termo entre o nível mais baixo e mais alto dessas
escalas. Uma imagem em preto e branco, por exemplo, possui baixa modalidade, assim como
o outro extremo, a alta saturação das cores, também; ambas as escolhas seriam utilizadas em
imagens conceituais. Uma imagem naturalística com modalidade alta escolheria a saturação
média das cores, aquela cujos expectadores aceitariam como realidade.
Figura 5 Nível de modalidade - Com base em Kress e van Leeuwen (2006)
Observação: Nessas escalas, nos extremos dos contínuos, temos baixa modalidade, ao passo
que a alta modalidade está um pouco à direita, mais próxima ao extremo positivo.
Há outras escalas de marcadores de modalidade como:
4. Contextualização: escala que vai de uma abstinência de background ao mais
completo, articulado e detalhado background. Abstinência de background gera
baixa modalidade (descontextualizado).
5. Representação: escala que vai da abstração máxima à representação de um detalhe
pictórico.
45
6. Profundidade: escala que vai da abstinência à máxima perspectiva de
profundidade.
7. Iluminação: escala que vai do jogo de luz e sombra à abstinência de luz.
8. Brilho: escala que vai do número máximo de brilhos de uma mesma cor ao uso de
dois brilhos apenas.
Como esses marcadores são avaliados em consonância com os valores de verdade de
cada grupo, Kress e Van Leeuwen (2006, p. 165-166) apontam meios sociais em que as
imagens são avaliadas (Coding orientation), cada qual com valores de modalidade diferentes:
1. Tecnológico representação visual como esquemas, sem pinturas e cores, o
que traria baixa modalidade. Ex.: esquemas, fluxogramas.
2. Sensório orientado pelo prazer, provoca sensação de bem estar. A
saturação de cores vibrantes tem alta modalidade. Ex.: decoração, propagandas, moda, certos
tipos de arte.
3. Abstrato alta arte, o que a diferencia das outras é a habilidade para produzi-
la ou lê-la. A modalidade é alta quanta mais individualizada é a obra.
4. Naturalístico (senso comum) padrão do que seja realidade. A modalidade é
alta quanto mais se aproxima da fotografia.
Percebemos que a modalidade, portanto, também é motivada, assim como o signo. Ao
mesmo tempo, precisamos considerar níveis de letramento do visual. Um leitor/expectador
letrado apenas em imagens com código naturalístico se mostrará desabilitado para ler imagens
com código abstrato ou até mesmo sensório. Em relação ao código tecnológico, cujo grau de
abstração pode ser tão alto quanto o de uma imagem abstrata, a preocupação é com a
marginalização do leitor ao posto de excluído do saber científico valorizado socialmente.
Somado à falta de habilidades para ler imagens da arte de prestígio, esse leitor se tornará
ainda mais prejudicado como cidadão leitor.
A modalidade pode ser configurada em múltiplos arranjos. Uma imagem pode conter
juntamente marcadores naturalísticos, sensoriais, abstratos.
46
2.4.3.3 O textual no visual
Para Kress e Van Leeuwen (2006, p. 177), são três os sistemas interrelacionados que
relacionam na imagem o significado representacional ideacional e o significado interativo
interpessoal . São eles:
1- Zonas de informação: esquerdo/direito, alto/baixo e centro/margem.
2- Saliência: chamar atenção do expectador, exploração das relações de primeiro
plano/fundo, tamanho, contraste tom/cor, diferença de definição.
3- Framing: presença ou não de linhas que conectam ou desconectam elementos da
imagem, além de outros elementos como cores, molduras e quadros que relacionam as partes
das imagens.
a) Integração temporal e espacial
Textos integrados são aqueles que interrelacionam dois ou mais modos semióticos.
Chamados de multimodais por Kress e Van Leeuwen (2006, p. 177), esses textos podem ser
integrados de duas formas: espacial e temporalmente. O primeiro caso ocorre nos textos cujos
elementos estão co-presentes como nos infográficos. O segundo caso ocorre nos textos
dependentes de ritmo temporal como nos textos falados, música e dança. Em alguns textos
multimodais eles ocorrem concomitantemente como em filmes e televisão. Os três sistemas
zonas de informação, saliência e framing se aplicam não somente em imagens únicas, mas
também nesses textos integrados, cumprindo papel de organizadores em meio aos modos
espacialmente arranjados de forma simultânea como ocorre nos infográficos e páginas da
web, por exemplo.
b) Relações entre as zonas
De acordo com Kress e Van Leeuwen (2006 p. 180), a esquerda é o lado onde se
encontra a informação dada e a direita, o lado da informação nova. O topo é o local de
informações idealizadas, e a parte debaixo é a região das informações reais. Para eles, há uma
hierarquia segundo a qual imagens posicionadas acima dos textos possuem informações
importantes, ao passo que o texto abaixo as elabora. Se ao contrário, imagens abaixo dos
textos, estes trazem informações mais importantes (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006, p. 187).
47
A relação centro margem posiciona no centro um elemento central e nas margens os
outros elementos. O centro é o núcleo da informação, a que os outros elementos são
subservientes. Nessa articulação das imagens não há clara divisão entre dado/novo e ideal/real
entre os elementos, porém o centro pode agir como mediador nas relações entre dado/novo e
real/ideal, principalmente em textos integrados. Pode haver uma combinação entre essas três
relações como na representação abaixo:
Figura 6 Zonas de informação - Com base em Kress e van Leeuwen (2006)
c) Saliência
A saliência dos elementos em uma figura ressalta os graus de importância entre eles. O
dado pode ser mais saliente do que o novo, ou vice-versa, ou ainda ambos podem ser
salientes. Isso também aplica à relação real e ideal e centro e margem. Em textos integrados, a
saliência é um importante recurso para organização das informações. Um portal da web com
seus links destacados em relevo diferentemente das outras informações é um bom exemplo de
recurso de saliência empregado na organização de um texto integrado espacialmente.
d) Framing
O Framing diz respeito à conectividade entre os elementos; molduras de arranjos de
elementos separados por linhas, espaço entre elementos e descontinuidade de cores. Isso gera
48
sentidos de continuidade, descontinuidade, pausas, hierarquias, além de ressaltar os espaços e
divisões entre dado/novo, real/ideal e centro e margem.
e) Composição linear e não-linear
De acordo com Kress e Van Leeuwen (2006, p. 205), os caminhos de leitura de textos
multimodais podem ser em ordem de elementos mais salientes para os menos salientes,
embora reconheçam a influencia da cultura do leitor na decisão do que seja mais ou menos
saliente em uma composição. Ademais, eles notaram que a leitura pode ser espirais,
circulares, diagonais, gerando significados diferentes (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006, p.
205). Isso não implica em dizer que haja organização aleatória, mas que o leitor escolhe o seu
caminho de leitura. Para eles, linear e não-linear constituem dois modos de leitura e dois
regimes de controle da informação.
2.4.4 A análise multimodal
Existem críticas ao paralelismo com a sintaxe do verbal feito na Gramática do design
visual. Machin, (2007, p. 162) reuniu essas críticas e afirma que para existir uma gramática
visual é preciso haver um léxico e um sistema de combinações para que tenhamos uma
sintaxe, que para ele é um sistema semiótico complexo. Ele cita como exemplo o brilho, que é
considerado um elemento do visual na Gramática do design visual. Para ele, o brilho não pode
ser considerado um léxico, porque não possui arbitrariedade, isto é, o brilho não significa a
mesma coisa em diferentes sintaxes e em diferentes textos.
No entanto, o signo para esses críticos é arbitrário. Segundo eles, imagens que não
podem ser transferidas de um contexto para o outro, sem que haja mudança de sentido.
Portanto, a leitura de imagens acontece mais pelo conhecimento de mundo dos leitores do que
por uma lógica gramatical, sem um sistema de combinações (MACHIN, 2007, p. 172). Ora, o
contexto incide na produção de sentido. Como vimos, para a semiótica social o signo é
motivado e falar em arbitrariedade contradiz um princípio fundamental dessa teoria. Assim
como há motivações no uso do texto verbal que provocam mudanças de sentido no léxico e no
sistema de combinações, também mudanças motivadas no uso da imagem. Isso não
contradiz os princípios gramaticais, justamente porque eles são flexíveis e não regras rígidas e
prescritivas. Esse inclusive é o fundamento da gramática sistêmico-funcional, pautada na
49
funcionalidade e no contexto de uso da língua, a partir da qual a Gramática do design visual
foi pensada.
Outro aspecto muito discutido é a natureza multimodal dos textos. Para Kress e van
Leeuwen (2001, p. 02) a multimodalidade “é a combinação de modos semióticos em uma
produção ou evento semiótico”, como Dionísio (2006, p.133) observou:
Se as ações sociais são fenômenos multimodais, consequentemente, os
gêneros textuais falados e escritos são também multimodais porque, quando
falamos ou escrevemos um texto, estamos usando no mínimo dois modos de
representação: palavras e gestos, palavras e entonações, palavras e imagens,
palavras e tipográficas, palavras e sorrisos, palavras e animações etc.
A autora chega a afirmar que há um contínuo entre os textos que se manifestam menos
multimodais aos mais multimodais (DIONÍSIO, 2006, p.136). No entanto, Kress e van
Leeuwen (2001, p. 24) ampliam a noção de multimodalidade para além do texto e do gênero;
alçam-na ao nível do discurso, a ponto de falarem em uma Teoria da comunicação
multimodal. Interessa o que pode ser dito, com que modo e como.
O discurso para eles é “o conhecimento construído socialmente sobre (algum) aspecto
da realidade” (KRESS; VAN LEEUWEN, 2001, p. 04) e está absolutamente relacionado ao
seu modo de realização, além de afirmarem que o discurso se realiza em vários modos
(KRESS; VAN LEEUWEN, 2001, p. 24). Ao afirmarem isso, os elementos apresentados na
Gramática do design visual como cores, frames entre outros passaram a ser modos de
realização do discurso. Também valorizam as sensações humanas nessa perspectiva, pois
passam a considerar que material, que modo, que sentidos (visão, audição, etc) receberão
melhor um discurso. O linguístico não é, portanto, o modo mais efetivo em todas as
circunstâncias, já que alguns significados podem ser mais bem recebidos em um modo do que
em outro.
Eles chamam de prática comunicacional:
a escolha do modo de realização do discurso que está mais apto a um
propósito específico, a um público e à ocasião da produção do texto (...) que
envolve seleção da forma material de realização entre um repertório cultural
e do modo que o produtor julga ser mais efetivo em relação aos seus
propósitos e o discurso a ser articulado.(KRESS; VAN LEEUWEN,
2001, p. 30-31).
50
Conseguimos aproximar a teoria discursiva deles com a teoria sociorretórica de estudo
dos gêneros, pois ambas consideram a experiência dos interlocutores na organização do
gênero e do discurso. Dessa forma, analisar a textualidade do infográfico requer uma
abordagem de análise multimodal, considerando que seu produtor considerou utilizar o modo
verbal e visual juntos para organizar o seu discurso, avaliando ser útil essa integração para
informar melhor o seu leitor. Após essa discussão, sugerimos o seguinte quadro para análise
das regularidades na textualidade dos infográficos da revista Superinteressante selecionados
para esta pesquisa.
Regularidades da textualidade do infográfico
Metafunções
Verificar
Comparar
Objetivo
Ideacional
(representação)
Processos
Com os tipos de
infográficos encontrados
na análise feita a partir do
proposto na seção 2.3.1.
Verificar se regularidade
entre os tipos de infográficos e
sua textualidade e propor
categorias e tipos de
infográficos.
Narrativo
Conceitual
Classificacional
Analítico
Simbólico
Interpessoal
(Interação)
Elementos de interação
Contato
Distância
Atitude
Modalidade
Textual
(Composição)
Sistemas
Relações entre as zonas de
informação
Saliência
Framing
Quadro 5 Critérios de análise das regularidades na textualidade do infográfico
Terminamos a explanação das teorias e métodos de análise da produção do infográfico
para verificar as características do gênero relativas às regularidades nos papéis sociais dos
produtores, suas decisões em criar tipos de infográficos e regularidades da textualidade, o que
será apresentado no Capítulo 3. Passemos agora, na seção 2.5, a discutir os fundamentos
teórico-metodológicos para análise da leitura do infográfico, que será útil para verificar outras
características do gênero como papel social do leitor desses textos, as habilidades
empreendidas na tarefa de interpretação e suas expectativas e possíveis utilizações dessa
leitura, o que será feito no Capítulo 4, através das análises dos dados coletados.
adiantamos que a análise do quarto elemento do gênero, que é a relação entre os
papéis desempenhados por produtores e leitores do infográfico, também será feita no Capítulo
4 com base nas análises realizadas neste capítulo 2, o que, consequentemente, fornecerá dados
para cumprir nosso objetivo geral, que é verificar como os procedimentos de leitura
influenciam na compreensão do infográfico.
51
2.5 Leitura do infográfico: pensando no leitor
Nesta seção, apresentamos nossas considerações sobre leitura, com a finalidade de
entender o processamento de leitura do infográfico. Inicialmente, desejamos expor e discutir
nossa concepção de leitura, para, por fim, apresentar um quadro de critérios de análise das
regularidades na leitura do infográfico.
Partimos do ponto segundo o qual a leitura é um fenômeno complexo e como tal não
pode ser observado diretamente em busca de repetições previsíveis como os métodos
científicos preconizam:
Em termos simples, o discurso científico preconiza que o método garante o
acesso às leis que regem a realidade, que está é sondável e constituída de
níveis hierárquicos. A descoberta das leis segundo as quais o mundo natural
opera permite a previsão de como este funcionará no futuro. A ciência
respalda-se, assim, em um princípio de previsibilidade, de que a descrição
causal de um dado fenômeno físico pressupõe a sua repetição, qualitativa e
quantitativa, se forem providas as mesmas medidas de circunstâncias e
variáveis. (OLIVEIRA, 2009, p. 32)
Estudar a leitura outros fenômenos da linguagem pelos métodos científicos
tradicionais, isolando-a de variáveis que não permitem observá-la puramente é uma tentativa
frustrante, pois “não conseguiram revelar o tremendo dinamismo de que a língua é feita” nas
palavras de Castilho (2009, p. 37). Por isso propomos a criação de um modelo de leitura para
o infográfico que conta da sua complexidade. Para isso, precisamos recorrer ao que a
psicolinguística e linguística cognitiva apontam como modelo de processamento de leitura.
Consideremos a leitura
um processo complexo que envolve desde a percepção dos sinais gráficos e
sua tradução em som ou imagem mental até a transformação dessa
percepção em ideias, provocando a geração de inferências, de reflexões, de
analogias, de questionamentos, de generalizações, etc. (COSCARELLI,
1999, p. 33).
E passemos a considerar cada uma dessas partes como domínios. É bom ressaltar que
a divisão da leitura em domínios cumpre uma função didática e tampouco representa nossa
visão de processamento de leitura, pois veremos que esses domínios ocorrem
simultaneamente. Os domínios são esses (COSCARELLI, 1999):
1. o processamento lexical: reconhecimento do leitor das palavras do texto, bem como
seus morfemas.
52
2. o processamento sintático: reconhecimento do leitor das ligações sintáticas possíveis
entre as palavras de uma sentença.
3. a construção da coerência (ou significado) local: reconhecimento do leitor das
proposições possíveis para uma sentença formada por palavras.
4. a construção da coerência temática: reconhecimento do leitor das relações entre
sentenças; formação de inferências.
5. construção da coerência externa ou processamento integrativo: reconhecimento do
leitor da produção de informações feita por ele durante a leitura, comparando-a com as
informações que dispõe para efetuar juízos de valor acerca do que leu: foi-lhe útil,
mudou sua forma de pensar sobre o assunto, alterou sua memória a respeito daquele
assunto?
Para muitos autores, o processamento lexical se pelo léxico mental, uma espécie de
estrutura de dados que reside na memória de longo prazo, algo como um dicionário que
identifica o significado das palavras ao se deparar com elas. Mas Elman (2004, p. 301) propõe
a possibilidade de haver o processamento lexical sem um léxico mental, ou melhor, o léxico
seria um estímulo que age diretamente sobre estados mentais. Uma vez que para processar
uma palavra são necessários processamentos da ordem de outros domínios como o sintático e,
sobretudo de estímulos externos do contexto, seria desnecessário pensar em um processador
apenas para as palavras. Esse é um exemplo de como o processamento da leitura, embora
dividida em domínios para efeitos de estudo, pode acontecer de maneira simultânea, como no
esquema abaixo:
Figura 7 Modelo de leitura reestruturado - Fonte: Coscarelli (1999. p. 66)
53
A leitura é entendida, portanto, como um fenômeno complexo, um todo indivisível,
realizada a partir de um leitor, que traz consigo o conhecimento de mundo, inserido num
contexto sócio-histórico, disposto a interagir com o texto, que por sua vez traz marcas
lexicais, sintáticas e semânticas, fruto de escolhas de um interlocutor que também está nesse
jogo de interação. A atividade de ler é influenciada por estímulos externos promovidos pelo
contexto como afirma Elman (2009, p. 26) ao se referir ao processamento do léxico:
O significado de uma palavra é originado tanto do conhecimento do mundo
material e social. O mundo material diz respeito às nossas experiências e o
mundo social, aos nossos hábitos e artefatos. O significado de uma palavra
nunca é de fora do contexto.
A partir dessas considerações, propomos um modelo de leitura para o infográfico.
Consideraremos os domínios apresentados acima para a leitura do modo verbal e apontamos o
seguinte esquema para leitura das imagens:
1. Processamento de partes das imagens: responsável pelo reconhecimento de
partes das imagens: elementos primários como brilhos, cores, linhas limítrofes,
etc.
2. Processamento das relações entre partes da imagem: construção das
relações entre as partes da imagem, estrutura das imagens, como os elementos
primários, processados anteriormente se relacionam aqui.
3. Construção do sentido local: construção do sentido entre as partes de uma
imagem, qual o sentido da relação entre as partes: por exemplo: a relação entre
brilho e cor forma uma explosão?
4. Construção do sentido global: construção do sentido entre as imagens do
infográfico. Como as imagens se relacionam umas com as outras?
Outro domínio integra os dois processamentos: do verbal e do visual:
54
Construção da integração entre as modalidades: construção da
integração entre o processamento do verbal e do visual.
Novamente deixamos claro que essa divisão possui fins didáticos, porque acreditamos
que, no infográfico, a integração verbo-visual ocorre a todo o momento e não sabemos prever
sua linearidade de ocorrência. O que não quer dizer que não haja recorrências e tipificações.
Uma recorrência clara seria a necessidade de integração entre os modos verbal e visual.
No entanto, assim como os modelos de processamento de leitura do verbal são
passíveis de questionamentos, a necessidade de um processador para cada domínio de
processamento do visual também o é. Seria preciso processar separadamente as partes de uma
imagem, com elementos básicos como cores e brilhos? Embora Kress e van Leeuwen (2006),
acreditarem que o visual segue motivações próximas a da sintaxe do verbal, na seção 2.4.4
vimos que os críticos da Gramática do design visual não sustentam a noção de que um
elemento do visual como o brilho, por exemplo, possa ter o mesmo valor representacional de
um léxico. Na mesma seção 2.4.4, dissemos que essas críticas perdem valor no momento em
que se sustentam na arbitrariedade do signo. Realmente o brilho não terá o mesmo conteúdo
representacional em todas as imagens, mas, no nosso modelo de leitura para o infográfico a
presença de estímulos externos do contexto e do conhecimento de mundo são influenciadores
dos processadores dos domínios, por isso concebemos o signo como fruto de motivações
várias e não arbitrário.
Outro critério para que esse modelo possa ser útil nos estudos dos infográficos é o
conceito de hipertextualidade como um fenômeno inerente ao processamento da leitura.
2.5.1 Leitura e hipertextualidade mostrada e constitutiva
Vimos que o processamento da leitura se dá por domínios que não ocorrem de maneira
estanque, mas, sim, simultânea. Aliado a isso, não podemos considerar que esse fenômeno
aconteça de modo linear. partes do texto que hierarquizam sua leitura, deixando muito
comum a ideia de que a leitura de textos possui sempre o mesmo caminho da esquerda para a
direita, da primeira letra maiúscula ao último ponto final, letra por letra, palavra por palavra,
frase por frase, parágrafo por parágrafo. Entretanto, Coscarelli (2002, p.73) ressalta que:
O fato de a hierarquia estar sinalizada de várias formas não garante que o
leitor reserve a essas partes ou elementos do texto um lugar especial em sua
memória. Há outros fatores que podem interferir na construção da hierarquia
55
das informações geradas na leitura, como, por exemplo, os interesses do
leitor, seu objetivo na leitura e o conhecimento prévio sobre o assunto. É
possível que o leitor alce para uma posição alta na hierarquia proposicional
um elemento secundário ou de pouca relevância para a ideia central do texto.
Isso pode acontecer quando esse elemento secundário é o alvo de seu
interesse ou quando o leitor compreende apenas algumas partes do texto,
sendo obrigado, então, a promovê-las a uma posição alta na hierarquia
proposicional.
Esse comportamento do leitor defendido pela autora se ampara na noção de
hipertextualidade, que seria para ela um princípio cognitivo e não apenas uma característica
reservada ao hipertexto digital da WEB, composto por links que ligam um texto ao outro:
Na compreensão ligamos dados e informações de várias naturezas e de
várias fontes e isso é uma operação cognitiva comum. Quando ouvimos uma
música, por exemplo, ligamos a letra à melodia, à harmonia, aos
instrumentos usados, à dinâmica, ao ritmo, ligamos tudo isso a outras
experiências musicais que tivemos, a situações que elas nos fazem lembrar e
assim por diante. Na compreensão de textos escritos acontece o mesmo.
Ligamos uma palavra ou expressão a outras, relacionamos com nossos
conhecimentos e experiências anteriores, conectamos com outras ideias e
sensações, avaliamos, julgamos, reanalisamos sob outros prismas,
consideramos elementos não-verbais, situacionais ou extra-linguísticos e
assim por diante, estabelecendo uma rede pludirimensional de relações, a
que podemos chamar também de hipertexto, lembrando da diferença que
apontei acima de texto - e, por conseguinte, hipertexto - como produto físico
e como processo cognitivo. Aqui estou falando do processo cognitivo.
(COSCARELLI, 2003, p. 03)
Ambas as noções de hipertextualidade, tanto como princípio cognitivo de relação entre
textos quanto a ligada à materialidade dessas ligações no hipertexto digital, parecem ser
defendidas com base na suposta não linearidade das leituras. Pressupor que a leitura seja não-
linear induz a pensarmos em procedimentos de leitura que não sejam sequenciais. Entretanto,
para efeito de estudos é necessário considerarmos os percursos seguidos pelo leitor durante a
leitura, qual hierarquia foi criada por ele e qual informação foi mais saliente, que inferências
ele gerou, como percebeu Lobo-Souza (2009, p. 135)
56
Tendo mostrado que o conceito de não-linearidade estava fortemente
atrelado somente a uma das perspectivas pelas quais se pode analisar um
objeto de ler/escrever (a perspectiva da recepção ou da leitura) e mais
brandamente à perspectiva da produção, acabamos por considerar que o
prefixo não, no termo não-linearidade, implica um certo rompimento com a
linha e com a ordem.
A autora sugere o termo mutlilinearidade para se referir aos vários direcionamentos de
um texto. Embora ela utilize o termo para designar o hipertexto digital, vamos lançar mão
desse conceito para analisar a hipertextualidade presente no infográfico impresso.
Isso por que, diferentemente de Lobo-Souza (2009), que realizou uma pesquisa teórica
confrontando e discutindo as linhas de estudo do hipertexto, consideramos a hipertextualidade
um princípio cognitivo que, portanto, não está presente apenas no hipertexto digital, on-line
ou não. Preferimos pensar que, como um princípio constitutivo de todos os textos, na leitura
ou na sua produção, a hipertextualidade se diferencia apenas no modo como ela se manifesta.
textos cuja hipertextualidade é mostrada, como nas páginas da WEB, em outros textos
digitais off-line, nos infográficos convencionais, nas notas de rodapé. Por outro lado, em
outros textos, como os que se convencionou chamar de linear, a hipertextualidade é
constitutiva; está presente na sua formação, mas não é materialmente expressa, pois a
hierarquia de informações impõe uma leitura sequencial de cima para baixo e da esquerda
para a direita, embora não saibamos se o leitor segue essa sequência. Contudo, em textos
como os infográficos, essa hierarquia é rompida ao se criar um texto cujas partes são dispostas
simultaneamente com os modos verbais e visuais, podendo o leitor criar caminhos múltiplos
de sequência de sua leitura, não obstante veremos mais adiante que há infográficos que
indicam caminhos de leitura para o leitor.
O que buscamos, nesta pesquisa, com as análises dos infográficos da revista
Superinteressante e com a coleta de dados de leituras através de instrumentos apropriados
para isso, são recorrências e tipificações da leitura desses textos, a fim de verificar como a
construção dos infográficos e os procedimentos envolvidos na sua leitura interferem na
compreensão das suas informações.
Após essa discussão a respeito da leitura, sugerimos a seguinte linha de análise das
regularidades presentes na leitura do infográfico.
57
Quadro 6 Critérios de análise das regularidades na leitura do infográfico
Optamos por dois instrumentos de coleta de dados e observação da leitura, cada qual
apto para as duas fases da leitura: a produção e o produto. Este se refere ao que o leitor
entendeu, absorveu e fará da leitura será coletado pelo questionário de interpretação; a
produção, refere-se ao que o leitor realiza durante a leitura, seu processamento será
observado pelo protocolo verbal. No capítulo 4, vamos descrever a coleta de dados. Antes
passemos à análise dos conjuntos de infográficos.
Regularidades na leitura do infográfico
Instrumento de coleta de dados
Verificar
Critérios para observação
Para
observar a
produção da
leitura
Protocolo
verbal
Relação entre
leitor e produtor.
Regularidade ao ler, opinião do leitor sobre o design,
eficiência dos tipos de infográfico, relação entre os
papéis assumidos.
Relação entre
leitor e texto.
Relevância de informações, saliência das informações,
percurso de leitura, hipertextualidade, processos do
visual, legibilidade do design, percepção da integração
entre os modos.
Para
observar o
produto da
leitura
Questionário
de
interpretação
Construção da
coerência
Localizar informações, identificar tema, diferenciar
partes principais de secundárias, interpretar o
posicionamento dos participantes nas imagens, inferir
uma informação implícita, inferir sentido de palavras e
expressões, relacionar imagens ao texto escrito.
Posicionamento
enunciativo
Perceber ponto de vista, distinguir um fato da opinião
relativa a esse fato, explicitar a opinião sobre o tema do
texto.
58
CAPÍTULO 3 a produção do infográfico: a redação
Após ser apresentado o referencial teórico a ser utilizado nesta pesquisa, passemos à
análise dos infográficos. Este capítulo é reservado à análise da textualidade do infográfico: as
recorrências e tipificações relativas à sua composição. Apresentamos o conjunto de
infográficos analisados, com base nos critérios apresentados nas seções 2.3 e 2.4. Os
infográficos foram agrupados em uma categoria, que se divide em tipos e subtipos. Optamos
por apresentar os infográficos em seções cada qual relativa a seu tipo e subtipo,
acompanhados de suas análises. O capítulo possui seções que justificam as análises e os
nomes dados à categoria, aos tipos e subtipos de infográficos. No fim, dada a extensão do
capítulo, apresentamos um breve resumo.
3.1 O conjunto de infográficos de orientação ao conhecimento
Os infográficos que compõem o conjunto de textos analisados nesta pesquisa são
provenientes da revista mensal Superinteressante do Grupo Abril. A revista foi lançada em
1987 e é uma das atuais 190 publicações da editora. Sua temática é a divulgação de ciência e
tecnologia para um público entre 18 e 39 anos.
4
A revista conta com uma tiragem mensal de
450.000 exemplares. Sua proposta editorial é informar visualmente, o que a tornou vencedora
de vários prêmios editoriais nesse quesito, principalmente pela qualidade dos seus
infográficos. Com base em critérios discutidos em seções anteriores, estamos considerando
infográfico o texto:
que integra modalidades semióticas de modo mais ou menos proporcional e
simultâneo, a fim de explicar como funciona um objeto, como ocorrem
fenômenos bio-físico-quimícos ou como é ou foi um fato geo-histórico;
circula nas esferas jornalísticas e didáticas, integrado a outros gêneros
textuais com os quais cumprem um objetivo único ou utilizado como único
gênero na veiculação de um discurso. (PAIVA, 2008, p. 74)
Ilustrações, tabelas, gráficos, gráficos ilustrados, conjuntos de gráficos, fotos, fotos
com legendas, fluxogramas, esquemas estão presentes na revista Superinteressante, pois
dissemos sobre sua proposta de informar verbo-visualmente. Entretanto, para ser infográfico,
é preciso atender aos critérios acima, pois é o constante nesses textos, principalmente no que
se refere à integração entre a informação verbal e visual. A informação visual não seria
4
Número no mês de julho de 2009, edição 267. A revista é uma das mais vendidas da editora.
59
entendida sem o acompanhamento do verbal e esta, por sua vez, seria pouco ou nada eficiente
sem a informação visual. Este é o principal critério definidor do infográfico.
Bazerman (2006, p. 44) sugere um número de textos para o corpus que seja
representativo e não repetitivo, ou seja, um número suficiente de modo que a inclusão de mais
textos não implicará em novidades. Desse modo, analisamos as revistas do mês de janeiro a
julho de 2009, edições de número 261 a 267 e encontramos 10 infográficos. Consideramos
um número representativo, em decorrência da pequena média de infográficos encontrados nas
7 revistas. Essa diminuição de uso de infográficos na revista foi verificada por Rinaldi (2007),
no seu estudo sobre infográficos na Super de 1994 a 2004, do qual retiramos as seguintes
conclusões: de 1994 a 2000 a quantidade anual de infográficos girava em torno de 200 a 300
infográficos. Já em 2000, com a mudança de direção, esse número caiu para menos de 100.
Atualmente, o número é ainda menor. Na tabela 1, reunimos os infográficos nas categorias
propostas por nós após análise feita com base no referencial apresentado na seção 2.4:
Tabela 1 Categorias/Tipos/Subtipos
Análise
Regularidades
Categorias/Tipos/Sub-
tipos de infográficos
Características
Infográficos
Interação
Configuração típica de
orientação ao
conhecimento, relação
didática entre
produtor/leitor.
Categoria orientação ao
conhecimento.
Imagens objetivas com
configurações de
ângulos horizontais e
verticais que
estabelecem relação
didática. Cf. p.43.
Todos
Composição
Preferência pela
organização centro e
margem das
informações, exceto
nos infográficos que
exigem entendimento
por ordenação
temporal, cuja
organização é
esquerda e direita. Cf.
p. 46.
Tipo informação
simultânea
Todas as
características do
objeto são
apresentadas
simultaneamente.
1, 2, 3, 4, 5,
6, 7 e 8
Tipo informação
ordenada
temporalmente (linha
do tempo)
O objeto é
apresentado em
partes numa
sequência temporal.
9 e 10
Representação
Predominância da
estrutura conceitual
analítica,
principalmente o
subtipo analítico
temporal e exaustivo
com suas variações.
Cf. p. 38.
Subtipo linha do tempo
Narração gradual
com explicações.
9 e 10
Subtipo universal
Explicação de temas
enciclopédicos.
1, 2 e 3
Subtipo singular
Explicação sempre
exaustiva de
novidades.
4, 5, 6 e 7
60
Encontramos na revista Superinteressante infográficos da categoria orientação ao
conhecimento, dividido entre dois tipos: os de informação simultânea e informação ordenada
temporalmente. Esses dois tipos, por sua vez, subdividem-se em três subtipos: os do tipo
informação simultânea podem ser universais ou singulares. os de informação ordenada
temporalmente são os infográficos de linha do tempo.
Organizamos os infográficos selecionados para análise em tipos propostos na seção
2.3.1., página 25. Nesta tabela, verificamos a quantidade encontrada de cada tipo.
Tipos jornalísticos de infográficos na Superinteressante
Tipos jornalísticos
Quantidade
Infográficos
Enciclopédico
Complementar
4
2, 3, 9 e 10
Independente
2
1 e 8
Específico
Complementar
1
4
Independente
3
5, 6 e 7
Tabela 2 Tipos jornalísticos de infográficos na Superinteressante
Após essa análise, algumas regularidades se tornam evidentes. O modo como os
participantes representados nos infográficos se relacionam é predominantemente conceitual,
provavelmente pela urgência em explicar como funcionam os objetos e seres, como foi ou
será um evento.
O tipo de estrutura conceitual mais utilizado é o analítico, o que reforça ainda mais a
disposição dos infográficos da revista Superinteressante em aprofundar o detalhamento da
explicação do objeto.
Em relação aos subtipos de estrutura conceitual analítica, há três regularidades a serem
observadas. Para isso, na tabela abaixo, confrontamos os tipos de infográficos, com a seção
em que aparecem, seu tema e os processos.
61
Confronto entre tipo-seção e estrutura nos infográficos
Tipo de infográfico
Infográfico
Seção
Temas
Subtipos conceituais
predominantes
Enciclopédico
Complementar
9
Reportagem de
capa
História
Analítico temporal
10
Ciência
Geo-história
Analítico temporal
2
Superrespostas
Arquitetura
Analítico exaustivo
conjoined
3
Superrespostas
Astronomia
Classificacional
velada múltiplos
níveis
Independente
1
Superrespostas
Biologia
Classificacional
velada
8
Pôster
Geoeconomia
Simbólico atributivo
simbólico
Específico
Complementar
4
Supernovas
Tecnologia
espacial
Analítico exaustivo
conjoined
Independente
5
Supernovas
Tecnologia
esportiva
Analítico exaustivo
compounded
6
Supernovas
Tecnologia de
materiais
Analítico exaustivo
compounded
7
Supernovas
Administração e
Logística
Analítico exaustivo
conjoined
Tabela 3 Confronto entre tipo-seção e estruturas
A seção Supernovas abriga assuntos datados, mais direcionados para a notícia de
lançamentos e novidades no campo da ciência e tecnologia. Foram encontrados em quatro
revistas. Nas outras três revistas analisadas isso também acontece, embora não sejam usados
infográficos. Todos os infográficos específicos foram encontrados nessa seção.
A seção Superrespostas traz infográficos enciclopédicos, provavelmente por ser
baseada em perguntas, o que não impede, contudo, que as perguntas sejam sobre temas
específicos. Os outros três infográficos são de seções aleatórias, não fixas na revista,
mostrando que a decisão de usar ou não infográficos não está reservada às duas seções em que
eles ocorrem com mais frequência, como vimos, Supernovas e Superrrespostas. No entanto,
fica evidente que os esforços para a produção de infográficos se reservam a essas seções.
A seguir apresentamos os tipos e subtipos de infográficos encontrados na revista e
depois veremos porque se encaixam numa categoria maior chamada de orientação ao
conhecimento.
62
3.1.1 Infográficos do tipo informação simultânea subtipos universal e
singular
Do conjunto de amostras de 10 infográficos, 8 infográficos do tipo informação
simultânea. Três do subtipo universal e quatro do subtipo singular e um que não se encaixa
em nenhum dos subtipos. Primeiro veremos os do subtipo universal e depois os do subtipo
singular. Por fim, vamos explicar por que são chamados de infográficos de informação
simultânea. Vamos ao primeiro deles:
INFOGRÁFICO 1 Subtipo universal
O infográfico 1, Supermaratona possui tema enciclopédico e é independente, porque
não acompanha outro texto. O infográfico 1, tem como tema as consequências no corpo do
atleta de supermaratona. Isso é uma resposta à pergunta título O que acontece no corpo de
quem disputa uma supermaratona? Em vez de respondê-la, utilizando uma pequena
reportagem e um infográfico, isso é feito apenas com o infográfico. O texto verbal serve
apenas de introdução, um lead, para o infográfico com sobretítulo, Corrida maluca. Temos,
portanto, um infográfico que cumpre sua função de informar sem auxílio de outro texto como
uma reportagem ou notícia. Em relação à representação do infográfico 1, temos a seguinte
configuração:
Tabela 4 Configuração da estrutura: infográfico 1
Infográfico 1 Supermaratona
Estruturas
Características
Realização no infográfico
Predomínio da estrutura
conceitual
classificacional velada,
cf. p. 38.
Participante subordinador não é mostrado,
apenas seus subordinados. É simétrica, ou seja,
os subordinados são colocados lado a lado, em
um mesmo nível, para demonstrar equivalência,
embora haja um subordinador.
As três etapas da supermaratona
são colocadas abaixo, alinhadas
como partes de um participante
maior que não aparece
representado.
Estrutura conceitual
analítica exaustiva
encaixada, cf. p. 39.
Representa exaustivamente os atributos do
portador.
Os atributos dos participantes são
representados pelo uso de cores
notáveis e legendas com textos
verbais e ícones que representam
calorias.
63
Figura 8 Infográfico 1: Supermaratona Fonte: Superinteressante (v. 264, p. 40-41)
Estrutura
conceitual
classificacional
velada. As três
etapas da
supermaratona
são colocadas
abaixo, alinhadas
como partes de
um participante
maior que não
aparece
representado.
Estruturas conceituais
analíticas exaustivas
encaixadas.
64
INFOGRÁFICO 2 Subtipo universal
O infográficos 2, Casa do presidente, é enciclopédico por causa do tema que aborda.
E é complementar porque faz parte e auxilia uma reportagem. Ele explica como é o Palácio da
Alvorada, residência oficial do presidente da República. A pequena reportagem é uma
resposta à pergunta Como é a casa do presidente? O texto é iniciado por uma descrição dos
cômodos e características da casa, entre outras curiosidades. O infográfico 2, porém, responde
à pergunta título, Como é a casa do presidente, sem auxílio da reportagem que o acompanha,
ela apenas traz outras informações.
Embora seja complementar, avaliar o quanto esse infográfico é dependente da
reportagem que o acompanha é uma questão importante.
Uma coisa é certa: o assunto é diferente do trazido pela reportagem ou, pelo menos,
são delimitações do assunto principal. Nos próximos infográficos complementares, veremos
que todos cumprem a função de mostrar como foi o fato tratado na reportagem, sem que esta
se preste apenas a reproduzir o que está sendo mostrado pelas imagens.
A configuração da representação do infográfico é esta:
Tabela 5 - Configuração da estrutura: infográfico 2
Infográfico 2 Casa do presidente
Estrutura
Características
Realização no infográfico
Estrutura conceitual
analítica exaustiva
conjoneid, cf. p. 39.
Os atributos são conectados por uma linha
que mesmo separados possuem a ideia de
serem ligados fazendo o conjoined.
A casa do presidente é dividida em
três estágios sobrepostos, contudo a
noção de todo é mantida.
65
Figura 9 Infográfico 2: Casa do presidente Fonte: Superinteressante (v. 266, p. 42-43)
Estrutura
conceitual
analítica
exaustiva
conjoneid.
A casa do
presidente é
dividida em três
estágios
sobrepostos,
contudo a
noção de todo é
mantida.
66
INFOGRÁFICO 3 Subtipo universal
O infográfico 3, Perdidos no espaço, é enciclopédico também por causa do tema que
aborda e é complementar por auxiliar uma reportagem. Também é consequência de uma
pergunta: qual é o risco de um asteróide atingir a terra? A reportagem, em tom de resposta,
explica as probabilidades e o infográfico apresenta os prováveis asteróides que podem colidir
com a Terra. A pergunta do infográfico 3, diferentemente do que acontece no infográfico 2, é
respondida pela reportagem; seu infográfico traz outras informações sobre o assunto.
Esta é a configuração de representação do infográfico
Tabela 6 - Configuração da estrutura: infográfico 3
Infográfico 3 Perdidos no espaço
Estruturas
Características
Realização no infográfico
Predomina Estrutura
conceitual
classificacional mostrada
múltiplos níveis, cf. p.
38.
Participante subordinador é colocado em nível
hierárquico aos participantes subordinados,
porém há outros níveis e outros graus de
hierarquia. Pode ser uma estrutura em rede, o
que torna a noção de hierarquia mais difusa.
O planeta Terra é representado
como subordinador e os meteoros
são representados como
subordinados em sua volta.
Estrutura narrativa não-
transacional encaixada,
cf. quadro 3, p.37.
Mesmo havendo vetor, o participante ator não
realiza uma ação, pois não há meta.
As órbitas formadas pelos
meteoros são vetores em círculo
que não possuem uma meta,
porque partem do meteoro e
chegam neles mesmos.
Estrutura de ação
narrativa transacional
encaixada, cf. quadro 3,
p.37.
Presença de ator (também ator implícito) e
meta. Há um vetor entre o ator e a meta.
Vetor partindo dos meteoros até
um quadro apresenta suas
características.
Estrutura conceitual
analítica exaustiva
encaixada, cf. p. 39.
Representa exaustivamente os atributos do
portador.
Os meteoros são portadores, já os
quadros que ampliam a imagem
dos meteoros são atributos.
67
Figura 10 Infográfico 3: Perdidos no espaço Fonte: Superinteressante
(v. 267, p. 46-47)
Predomina a Estrutura conceitual
classificacional mostrada múltiplos
níveis. O planeta Terra é
representado como subordinador e os
meteoros são representados como
subordinados em sua volta.
Estrutura
narrativa
não-
transacional
encaixada.
As órbitas
formadas
pelos
meteoros são
vetores em
círculo que
não possuem
uma meta,
porque
partem do
meteoro e
chegam
neles
mesmos.
Estrutura de ação narrativa
transacional encaixada.
Vetor partindo dos
meteoros até um quadro
apresenta suas
características.
Estrutura
conceitual
analítica
exaustiva
encaixada.
Os meteoros
são
portadores, já
os quadros
que ampliam
a imagem dos
meteoros são
atributos.
68
Esses são os três infográficos do subtipo Universal. Ocorrem na seção Superrespostas,
paradoxalmente, a regularidade está na irregularidade dessa seção, pois é uma seção que
responde a perguntas, os temas variam e a única regularidade presente até aqui nessa seção é a
presença de infográficos enciclopédicos, cujos temas são universais. Percebemos também
uma regularidade na sua estrutura, a presença do subtipo analítico exaustivo seja de modo
predominante, seja encaixado a outra estrutura. Com essas características, esses infográficos
se aproximam mais do conceito jornalístico de tema universal visto anteriormente, por isso os
chamamos de universais. Vejamos no quadro, em ordem de obrigatoriedade de ocorrência, as
características necessárias para que tenhamos o infográfico universal:
Seção
Tipo jornalístico
Subtipo da estrutura
Tema
Superrespostas
Enciclopédico: Complementar ou
Independente
Presença do analítico exaustivo como
predominante ou encaixado.
Variado
Quadro 7 Regularidade do infográfico universal
Pela variação de tema, a produção desse infográfico parece ser mais flexível em
relação à organização da estrutura, embora haja a preocupação em detalhar todas as
especificidades do objeto como é característico do subtipo analítico exaustivo.
INFOGRÁFICO 4 Subtipo singular
O infográfico 4, A missão que vai bombardear a Lua, é específico por se tratar de um
assunto novo, datado, por isso singularizado: a missão da Nasa que pretende encontrar água
na Lua. Uma pequena reportagem trata do assunto e o infográfico explica o procedimento da
missão. O infográfico é complementar, nem por isso deixa de ser inteligível sem a leitura da
reportagem, como observamos nos outros infográficos complementares, delimita um
assunto específico do assunto tratado na reportagem.
69
Figura 11 Infográfico 4: A missão que vai bombardear a Lua Fonte: Superinteressante (v. 262, p. 24-25)
Estrutura
conceitual
analítica
exaustiva
conjoneid.
O foguete é
mostrado
por partes,
porém há a
noção de
todo o
artefato.
70
A tabela abaixo apresenta a configuração do infográfico 4:
Tabela 7 - Configuração da estrutura: infográfico 4
INFOGRÁFICO 5 Subtipo singular
O infográfico 5, A nova malhação, também é específico e independente. O infográfico
5 apresenta novas tecnologias usadas em aparelhos de ginástica. O texto introdutório não trata
especificamente do assunto central, deixando para o infográfico dar os detalhes dessa
tecnologia.
Esta é a configuração da estrutura do infográfico:
Tabela 8 - Configuração da estrutura: infográfico 5
Infográfico 4 A missão que vai bombardear a Lua
Estrutura
Características
Realização no infográfico
Estrutura conceitual
analítica exaustiva
conjoneid, cf. p. 39.
Os atributos são conectados por uma linha que
mesmo separados possuem a ideia de serem
ligados fazendo o conjoined.
O foguete é mostrado por
partes, porém há a noção de
todo o artefato.
Infográfico 5 A nova malhação
Estruturas
Características
Realização no infográfico
Predominância da estrutura
conceitual analítica exaustiva,
cf. p. 39.
Representa exaustivamente
os atributos do portador.
A imagem central da mulher na bicicleta
possui vários atributos representados com
imagens ampliadas e legendas.
Estrutura conceitual analítica
inclusiva encaixada, cf. p. 39.
É inclusivo quando mostra
apenas alguns atributos.
Processos menores na parte esquerda da
imagem com apenas um atributo representado.
71
Figura 12 Infográfico 5: A nova malhação Fonte: Superinteressante (v. 263, p. 26-27)
Predomínio da
estrutura
conceitual
analítica
exaustiva
compounded.
A imagem
central da
mulher na
bicicleta possui
vários atributos
representados
com imagens
ampliadas e
legendas.
Estrutura
conceitual
analítica
inclusiva
encaixada.
Processos
menores na
parte esquerda
da imagem
com apenas
um atributo
representado.
72
INFOGRÁFICO 6 Subtipo singular
O infográfico 6, Tchau sujeira também é singular e independente. Seu assunto são as
novas tecnologias para limpeza urbana.
Tabela 9 - Configuração da estrutura: infográfico 6
INFOGRÁFICO 7 Subtipo singular
O infográfico 7, Narcotráfico pouco dinheiro, também é singular e independente.
Ele apresenta um estudo sobre a lucratividade do narcotráfico carioca.
Tabela 10 - Configuração da estrutura: infográfico 7
Infográfico 6 Tchau, sujeira
Estruturas
Características
Realização no infográfico
Predomínio Estrutura
conceitual analítica
exaustiva compounded,
cf. p. 39.
No compounded, os atributos
estão juntos, mas retratados
como partes separadas.
A cidade, portador, é apresentada como um todo,
mas suas partes atributos são representadas
destacadas com imagens ampliadas (zooms) e
legendas.
Estrutura conceitual
analítica exaustiva e
inclusiva encaixada, cf.
p. 39.
Representa exaustivamente os
atributos do portador. É
inclusivo quando mostra
apenas alguns atributos.
A imagem ampliada do passageiro no ônibus com
sua roupa é o portador. O tecido dessa roupa, que
são atributos, é representado exaustivamente em
outra ampliação. Isso ocorre com a ampliação do
carro também.
Infográfico 7 Narcotráfico dá pouco dinheiro
Estruturas
Características
Realização no infográfico
Predomínio da estrutura
conceitual analítica
exaustiva conjoneid, cf. p.
39.
Os atributos são conectados por uma
linha que mesmo separados possuem a
ideia de serem ligados fazendo o
conjoined.
Uma espécie de fábrica do
narcotráfico é dividida em partes que
ainda preservam a noção de todo.
Estrutura conceitual
analítica dimensional e
quantitativa encaixada, cf.
p. 39.
A escala de representação é formada por
participantes que representam espaço e
quantidade como em gráficos.
A fábrica do tráfego é permeada por
gráficos estatísticos que são
representados por participantes da
própria fábrica.
73
Figura 13 Infográfico 6: Tchau, sujeira Fonte: Superinteressante (v. 265, p. 22-23)
Predomínio
Estrutura
conceitual
analítica
exaustiva
compounded
Ampliações
(zooms) das
partes de uma
cidade, que se
mantém como
um todo.
Ampliação da
ampliação: Estrutura
conceitual analítica
exaustiva e inclusiva
encaixada.
74
Figura 14 Infográfico 7: Narcotráfico dá pouco dinheiro Fonte:
Superinteressante, (v. 267, p.32-33)
Estrutura
conceitual
analítica
exaustiva
conjoneid.
Os atributos
são conectados
por uma linha
que mesmo
separados
possuem a ideia
de serem
ligados fazendo
o conjoined.
Estrutura conceitual analítica
dimensional e quantitativa encaixada.
A escala de representação é formada
por participantes que representam
espaço e quantidade como em gráficos.
75
Esses são os quatro infográficos do subtipo singular. Todos eles estão na seção
Supernovas, os de número 4, A missão que vai bombardear a Lua, 5, A nova malhação, 6,
Tchau, sujeira e 7, Narcotráfico pouco dinheiro. Os quatro infográficos são específicos,
possuem como tema assuntos relacionados a novidades que se diferenciam do senso comum,
sejam tecnológicas, com maior frequência, ou não. Além disso, são organizados
predominantemente pelo subtipo analítico exaustivo e suas variações conjoined/ compounded
com apenas um analítico dimensional e quantitativo encaixado. Essas características nos
permitem apontar para existência de um infográfico mais próximo do conceito de
singularidade do jornalismo, por isso foi nomeado como singular. Novamente em ordem de
obrigatoriedade, as características presentes em um infográfico singular:
Quadro 8 Regularidade do infográfico singular
INFOGRÁFICO 8
O infográfico 8, Guia rodoviário dos oceanos, diferencia-se dos demais,
primeiramente pela seção, Pôster, cuja periodicidade é regular, mas que, nas sete edições
analisadas, apenas uma utiliza um infográfico e o faz utilizando uma estrutura simbólica. Por
isso, ele não se encaixa em nenhum tipo de infográfico proposto por nós.
Tabela 11 - Configuração da estrutura: infográfico 8
Seção
Tema
Subtipo da estrutura
Tipo jornalístico
Supernovas
Novidades
Predomínio do analítico exaustivo e suas
variações.
Específicos: Complementar ou
Independente
Infográfico 8 Guia rodoviário dos oceanos
Estruturas
Características
Realização no infográfico
Predomínio da estrutura
conceitual simbólico
atributivo simbólico, cf.
p. 40.
O portador é representado por uma
participante chamado de atributivo
simbólico, que é representado com
mais saliência.
As rotas marítimas, portador, são
representadas por estradas rodoviárias com
veículos trafegando por elas, que são
representadas com mais saliência através de
cores mais notáveis.
Processo narrativo de
ação transacional
encaixado, cf. quadro 3,
p. 37.
Há um vetor entre o participante
ator e o participante meta.
As estradas são vetores que ligam um
continente ao outro (atores e metas).
76
Figura 15 Infográfico 8: Guia rodoviário dos oceanos Fonte: Superinteressante (v. 266, p. 38-39)
Predomínio da
estrutura
conceitual
simbólica
atributivo
simbólico. As
rotas
marítimas,
portador, são
representadas
por estradas
rodoviárias
com veículos
trafegando por
elas, que são
representadas
com mais
saliência
através de cores
mais notáveis.
Processo narrativo de ação
transacional encaixado. As estradas
são vetores que ligam um continente
ao outro (atores e metas).
77
3.1.1.1 Por que infográficos de informação simultânea?
Vamos agora entender por que esses 7 infográficos são chamados de tipo informação
simultânea. Nós o classificamos assim, porque todas as características do objeto são
apresentadas simultaneamente. A partir da análise da metafunção textual do visual desses
infográficos, isto é, suas composições, observamos que todos eles optam pela organização
centro e margem das informações.
A composição relaciona os elementos do visual promovendo o arranjo capaz de
organizar a representação e a interação e, consequentemente, promovendo as relações entre os
participantes representados e interactantes.
Em relação às zonas de informação, notamos que todos os 10 infográficos da amostra
posicionam as reportagens e textos introdutórios à esquerda ou acima nos infográficos. Os
infográficos de 1 a 7 são organizados na relação centro e margem. Consideramos como
critérios para essa diferenciação os seguintes elementos em ordem de relevância: saliência dos
elementos centrais, disposição das partes do infográfico e ausência ou presença de numeração
das legendas.
Essa ordem se justifica porque como ocorre, por exemplo, no infográfico 7,
Narcotráfico pouco dinheiro e 4, A missão que vai bombardear a Lua, presença de
numeração nas legendas, porém a saliência do elemento posicionado ao centro da imagem
com outros elementos a sua margem é mais relevante do que a numeração.
No infográfico 2, Casa do presidente, a numeração é um dêitico que sinaliza para
locais na imagem e não uma orientação da esquerda para direita. A numeração aparece nos
infográficos com essa função e com função de indicar sequências temporais. Nesse último
caso, organiza a composição da esquerda para a direita. Por isso ela acontece nos infográficos
9 e 10, que tratam de assuntos que demandam o entendimento por ordenação temporal e serão
analisados na próxima seção.
A preferência, portanto, é pela organização centro e margem de posicionamento de
informações. A posição centro e margem deixa em destaque o objeto, cujas explicações se
posicionam a sua margem, perdendo a noção de informação dado/novo e criando uma
organização típica dos textos integrados, em rede, espiral, enfim, numa simultaneidade
hipertextual.
78
Essa simultaneidade acontece nos infográficos 2, Casa do presidente, 4, A missão que
vai bombardear a Lua e 7, Narcotráfico dá pouco dinheiro em virtude da sua organização de
framings na estrutura analítico exaustivo conjoined da seguinte maneira: os espaços entre os
elementos criam a noção de sua separação para poder explicá-los, contudo, sem perder a
noção de todo.
Nos outros infográficos em cuja estrutura está presente o analítico exaustivo, os
framings ocorrem pela ampliação das imagens como no infográfico 5, A nova malhação, pelo
uso de cores diferenciadas como nos participantes do infográfico 1, Supermaratona, ou como
nas linhas das órbitas dos meteoros do infográfico 3, Perdidos no espaço.
no diferenciado infográfico 8, Guia rodoviários dos oceanos, o mapa-múndi e as
cores diferenciadas, demarcam as rodovias. A posição centro e margem das informações
deixa mais saliente os elementos do centro. As cores, que auxiliam na criação de framings,
também são mais salientes do que as outras cores.
3.1.2 Infográficos do tipo informação ordenada temporalmente Linha do
tempo
Do conjunto de amostras de 10 infográficos, 2 infográficos do tipo informação
ordenada temporalmente. Ambos se encaixam num subtipo linha do tempo que os diferenciam
dos outros dois subtipos do tipo informação simultânea. Veremos as análises que os
classificaram assim e depois explicaremos por que são chamados de infográficos de
informação ordenada temporalmente.
INFOGRÁFICO 9
O infográfico 9, Che Guevara, é enciclopédico por causa do tema que aborda e
complementar porque auxilia uma reportagem. Ele narra a campanha revolucionária de Che
Guevara em Cuba, um assunto histórico. Ele inicia uma reportagem de capa cujo objetivo é
apresentar duas versões sobre o personagem histórico em questão.
79
Figura 16 Infográfico 9: Che Guevara Fonte:
Superinteressante (v. 261, p. 49-50)
Estágios da
empreitada
de Che e sua
tropa,
portador, são
apresentadas
por cenas
acompanhada
s de legendas
numeradas
que dão
noção de
passagem de
tempo,
atributos.
As divisões
na imagem
(framings)
reforçam a
explicação
gradual da
história
narrada.
Processos narrativos de ação transacionais
encaixados. Nos estágios, são narradas cenas
de combate com presença de vetores realizados
pelas armas, braços, linhas de fogo e a seta.
80
Assim como nos infográficos complementares do tipo informação simultânea,
acreditamos também que infográficos de ordenação temporal como o acima também podem
ser lidos separadamente dos textos que o acompanham, até mesmo porque traz informações
diferenciadas das informações da reportagem. É uma reportagem de capa que discute as duas
personalidades do guerrilheiro Che Guevara: a do bem e a do mal. No entanto, o infográfico
abre essa reportagem, contextualizando como Che Guevara e seus companheiros tomaram o
poder em Cuba. Apenas nessa edição a reportagem de capa contou com infográfico. A
configuração do infográfico é esta:
Tabela 12 - Configuração da estrutura: infográfico 9
INFOGRÁFICO 10
O infográfico 10, era, é considerado do tipo complexo para o jornalismo (cf. seção
2.3.1, p. 27). São três infográficos que narram três eventos naturais que terminaram e
iniciaram eras geológicas no planeta Terra. Eles acompanham uma reportagem sobre o tema,
porém, podem ser lidos separadamente sem a necessidade de ler a reportagem para entendê-
los. Por isso é complementar e, pelo tema, é considerado enciclopédico.
Diferentemente do infográfico Che Guevara, o infográfico 10 é dependente da
reportagem que o acompanha, apesar de trazer informações diferentes, completa as
informações presentes na reportagem. A seção em que aparece, Ciência, não é uma seção com
presença regular na revista. Nas sete edições, aparece apenas uma vez.
Infográfico 9 Che Guevara
Estruturas
Características
Realização no infográfico
Predomínio da
estrutura conceitual
analítico temporal, cf.
p. 39.
Sugere dimensão temporal, o que sugere
narração. No entanto, não há vetores, mas
análises graduais da história “narrada”. O que
é narrado é o portador e os estágios
analisados desse portador são os atributos.
Estágios da empreitada de Che e sua
tropa, portador, são apresentados por
cenas acompanhadas de legendas
numeradas que dão noção de passagem
de tempo, atributos.
Processos narrativos
de ação transacionais
encaixados, cf. quadro
3, p. 37.
Presença de ator (também ator implícito) e
meta. Há um vetor entre o ator e a meta.
Em cada estágio, são narradas cenas de
combate com presença de vetores
realizados pelas armas, braços, linhas
de fogo, seta.
81
Figura 17 Infográfico 10: Já era! Fonte: Superinteressante Fonte: Superinteressante (v. 263, p. 84-85)
Linha do tempo no pé da página:
atributos do fato narrado.
Frames sinalizam que o fato narrado é
explicado gradualmente por legendas.
82
A seguir, a configuração do infográfico 10:
Tabela 13 - Configuração da estrutura: infográfico 10
Essas são as regularidade dos infográficos 9, Che Guevara, e 4, Já era! Ambos
possuem assuntos históricos, com noção de passagem de tempo, são estruturados pelo subtipo
analítico temporal, cuja noção de tempo é gradual, dividido em etapas, sugerindo uma
narração, mas sem vetores. São mais extensos: três ginas no primeiro e seis no segundo.
São próximos das linhas do tempo. Além disso, ambos possuem assuntos enciclopédicos que
completam uma reportagem e estão em seções aleatórias, cuja periodicidade não é regular.
Desse modo, podemos dizer que esses infográficos possuem características que são
frequentes. Demos o nome de infográficos Linha do tempo. Abaixo, observamos as
características necessárias, em ordem de obrigatoriedade, para que tenhamos esse infográfico:
Tema
Subtipo da estrutura
Tipo jornalístico
Seções
Histórico
Analítico temporal
Enciclopédico Complementar
Aleatórias
Quadro 9 Regularidade do infográfico linha do tempo
Infográfico 10 Já era!
Estrutura
Características
Realização no infográfico
Estrutura
conceitual
analítico
temporal, cf. p.
39.
Sugere dimensão temporal, o que sugere narração.
No entanto, não há vetores, mas análises graduais
da história “narrada”. O que é narrado é o portador
e os estágios analisados desse portador são os
atributos.
Os estágios de destruição da Terra,
atributos, são apresentados com
legendas numeradas, uma linha no pé
da página e separados por framings.
83
3.1.2.1 Por que infográficos de informação ordenada temporalmente linha
do tempo?
O nome dado a esse tipo de infográfico é análogo ao que ele tem de mais regular na
sua estrutura, que é sua disposição de informações por ordenação temporal. Essa regularidade
é reafirmada na análise da sua composição.
Em todos os 10 infográficos, em relação às zonas de informação, posicionam as
reportagens e textos introdutórios à esquerda ou acima nos infográficos. Os infográficos 9,
Che Guevara, e 10, era, são organizados a partir de uma posição horizontal da esquerda
para a direita, diferentemente da organização centro e margem dos infográficos do tipo
informação simultânea. A numeração aparece nesses infográficos com a função de indicar
sequências temporais, organizando a composição da esquerda para a direita. Ela acontece nos
infográficos 9, Che Guevara, e 10, era, que tratam de assuntos que demandam o
entendimento por ordenação temporal.
Nos infográficos 9, Che Guevara, e 10, era, identificamos divisões espaços-
temporais típicas das linhas do tempo. Elas estão marcadas nesses infográficos por cortes nas
imagens, funcionando como framings, denotando a noção de mudança simultânea de tempo e
de espaço.
3.1.3 Por que infográficos da categoria orientação ao conhecimento?
Categorizamos todos os 10 infográficos como de orientação ao conhecimento. Isso foi
possível após a análise da metafunção interpessoal no visual, a interação, que diz respeito à
relação entre participantes representados (imagens) e interactantes (leitores) e a relação destes
com os produtores (relação entre participantes interactantes). Seria análogo à metafunção
interpessoal no linguístico. Na tabela a seguir, analisamos os infográficos no que tange aos
elementos de interação como contato, distância, atitude e modalidade.
84
Análise dos elementos de interação nos infográficos
Critérios
Infográficos
Elemento de
interação
Tipo
Representação
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Contato
Oferta
Sem olhar
ao leitor
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Demanda
Olhar ao
leitor
X
Distância
Íntima
Pouca
distância
Social
Média
distância
X
Pública
Muita
distância
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Atitude
Imagem
Subjetiva
Visão
única do
P.R.
X
Objetiva
Visão
variada
do P.R.
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Envolvimento
Ângulo
frontal
X
X
X
X
X
X x
Distanciamento
Ângulo
oblíquo
X
X
X
X
Poder do P.I.
Ângulo
alto
X
X
X
X
Equidade
Ângulo
no nível
dos olhos
X
X
X
X
X
X
Poder do P. R.
Ângulo
baixo
85
P.I. = Participante Interactante/ P.R. Participante Representado
Tabela 14 Configuração dos elementos de interação nos infográficos
Três critérios predominantes encontrados nos infográficos nos permitem apontar que o
leitor é posto numa posição de observador. Primeiro, com exceção do infográfico 5, Nova
malhação, todos os participantes representados estão em posição de oferta, o que indica uma
posição de observação por parte do leitor. Segundo, predomina a distância pública, o que
Análise dos elementos de interação nos infográficos - CONTINUAÇÃO
Critérios
Infográficos
Elemento de
interação
Tipo
Represent
ação
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Modalidade
Marcadores de modalidade
Nível de modalidade
Cor
Saturação
A = Alta. M= média. B = Baixa
Média para o meio tecnológico.
Alta para o meio naturalístico.
Alta para o meio naturalístico.
Alta para o meio naturalístico.
Média para o meio naturalístico
Alta para o meio naturalístico.
Alta para o meio naturalístico.
Média para o meio sensório.
Alta para o meio naturalístico.
Alta para o meio naturalístico.
Diferenciação
Modulação
Contextualização
Representação
Profundidade
Iluminação
Brilho
Orientação do código
Meio social de
avaliação
Caracterí
stica
Tecnológico
Abstinên
cia de
cores
X
Sensório
Abuso
de cores
X
Abstrato
Arte
abstrata
Naturalístico
Padrão
fotográfi
co
X
X
X
X
X
X
X
X
86
favorece essa posição. Além disso, são imagens objetivas que apresentam variados pontos de
observação para o leitor, o terceiro critério.
Outra regularidade é a orientação ao código, voltada para o meio naturalístico de
avaliação social. Esse meio avalia como alta modalidade imagens que se aproximam do
padrão fotográfico, o que o senso comum acredita ser mais próximo do real. A preocupação
dos produtores dos infográficos é com esse meio social de recepção.
No infográfico 1, Supermaratona, consideramos o meio tecnológico pelas
características de cor e representação. pouca diferenciação de cores, aproximando-se do
monocromático característico do padrão tecnológico e a representação dos participantes não é
tão detalhada.
No infográfico, 8, Guia rodoviário dos oceanos, por se tratar de um infográfico de
estrutura simbólica, a saturação de cores, bem como uma gama de diferenciação de cores,
o que o aproxima do meio sensório de recepção de imagens.
Na configuração dos ângulos, outra regularidade: seis infográficos possuem ângulo
horizontal frontal, juntamente com o vertical ao nível dos olhos, configuração que sugere, nas
imagens objetivas, orientação ao conhecimento, o leitor fica em posição privilegiada para
observar e aprender. Nos outros quatro, temos o ângulo horizontal oblíquo, juntamente com
ângulo vertical alto, chamado de ângulo cross-section (ângulo diagonal). Essa configuração,
nas imagens objetivas, além de direcionamento à aprendizagem, relativiza o posicionamento
do leitor, pois não fica em um ângulo frontal, diminuindo a noção de ângulo vertical alto,
buscando anular diferenças de poder e envolvimento com os participantes representados.
De qualquer forma, portanto, a interação entre participantes representados e
interactantes nos infográfico se configura em busca de uma orientação ao conhecimento,
através de imagens objetivas que buscam ser imparciais. Essas escolhas apontam a relação
entre os participantes interactantes produtores-leitores: informar, de um modo mais cômodo
para o leitor, sem apresentar posicionamento crítico e opinativo.
3.2 Resumo do capítulo
Verificamos neste capítulo relativo à produção, portanto, existir a presença de
infográficos de cunho didático na revista Superinteressante, que buscam uma relação de
divulgação de conhecimento entre produtores e leitores. Eles se dividem em três subtipos de
87
infográficos. O primeiro é aquele que engloba os infográficos com temas históricos,
organizados por narração espaço temporal, frequentemente enciclopédicos e sempre
complementares a outro gênero. Doravante serão considerados infográficos linha do tempo.
O segundo tipo reúne os infográficos, que daqui por diante, serão chamados de
infográficos universais, pois tratam de assuntos enciclopédicos variados de caráter universal,
organizados com disposição simultânea de informações.
O terceiro tipo é o Singular, cujos infográficos possuem como tema assuntos
específicos, sobretudo novidades de ciência-tecnologia e geo-históricas. A organização de
informações também é simultânea, porém muito exaustiva na descrição e explicação do
objeto.
No próximo capítulo, vamos analisar a leitura do infográfico a partir da análise de
coleta de dados. Para tanto, vamos utilizar essas categorias propostas aqui para organizar os
instrumentos de coleta de dados e a consequente análise desses dados.
88
CAPÍTULO 4 A leitura: Já nas bancas!
Seguindo a metodologia proposta na seção 2.2, após analisarmos a produção do
infográfico no que diz respeito ao jornalismo e aos seus produtores (seção 2.3) e a sua
textualidade (capítulo 3), além de definir nossa perspectiva de leitura (seção 2.5), neste
capítulo, apresentamos a nossa metodologia quanto à coleta de dados para análise do
infográfico sob o ponto de vista da sua recepção: quais procedimentos de leitura o leitor
utiliza para ler os tipos de infográficos apresentados no capítulo 3 e como esses
procedimentos interferem na compreensão das informações de um infográfico. Apresentamos
a natureza dos dois instrumentos de coleta de dados, bem como a necessidade de utilizar dois
instrumentos. Apresentamos o material utilizado, os infográficos selecionados para realizar a
coleta de dados, os participantes e os procedimentos tomados para aplicação dos
instrumentos. Apresentamos também a análise dos dados coletados pelos dois instrumentos,
no intuito de confrontarmos os dados para atingirmos nosso objetivo: verificar como os
procedimentos de leitura do infográfico influenciam na compreensão das informações
veiculadas nele.
4.1 Coleta de dados
Para observar e registrar os procedimentos de leitura utilizados pelos participantes, ou
seja, a produção da leitura, escolhemos a técnica do protocolo verbal. Ela se mostra o mais
adequado método para se registrar o processamento cognitivo, ou seja, as escolhas, caminhos
e motivações, enfim os procedimentos do leitor na sua tarefa de ler o infográfico. Usaremos
especificamente o protocolo de auto-observação, como explica Tomitch (2007. p. 43-44), esse
protocolo refere-se à
descrição que o leitor faz de uma situação específica de leitura que acabou
de fazer. Nesse tipo de protocolo verbal, apesar de os dados sobre a leitura já
não estarem mais na memória de trabalho e o que temos então é uma
„percepção‟ do leitor sobre como se deu o seu próprio processo, essa
percepção, por si só, pode ser importante para a pesquisa em questão ou para
que possa ser feita uma triangulação com dados coletados através de outras
ferramentas de pesquisa. A observação ou verbalização retrospectiva seria
própria para um estudo envolvendo a percepção do leitor sobre sua leitura
numa situação específica, para que pudesse ser contrastada com a sua efetiva
compreensão do texto.
89
O protocolo de auto-observação se encaixa nas nossas necessidades, devido a sua
função de registrar os procedimentos de leitura e fornecer pistas do processamento de leitura.
Interessa-nos, nessa fase de experimentação, observar a produção da leitura e não ainda o
produto. Flores (2007, p. 58) aponta os protocolos verbais como a ferramenta mais apropriada
para isso:
os chamados protocolos verbais, em suas várias modalidades, averiguam o
processamento da compreensão que é acompanhado, mensurado, expresso e
monitorado pelo próprio leitor, enquanto faz a leitura. O pressuposto
metodológico é o de que, idealmente, o próprio sujeito tem condições de
descrever de forma fidedigna a maneira como ele vai processando o texto e
construindo o seu entendimento a respeito dele. O propósito das
investigações dessa natureza é o de acompanhar o desenrolar daquilo que
acontece no cérebro do leitor durante a ocorrência da leitura. Ou seja, nesse
caso, o interesse concentra-se no processo de leitura e não apenas no seu
produto.
Por outro lado, no intuito de verificar os resultados da leitura, seu produto, propomos a
aplicação de um questionário com questões de interpretação para os sujeitos da pesquisa. O
objetivo é observar e analisar as duas etapas de leitura e confrontar as análises das respostas
com os dados obtidos no protocolo verbal na tentativa de compreender como os
procedimentos de leitura, observados durante o processo no protocolo verbal, influenciam no
produto da leitura, que são as respostas ao questionário assim explicado por Flores (2007, p.
58):
A ciência também se vale justamente dessa mesma condição empírica, e as
avaliações do que foi compreendido buscam registrar o entendimento obtido
através de respostas a uma série de perguntas de interpretação, de testes de
múltipla escolha, de testes de preenchimento de lacunas como o cloze (...).
Esse tipo de avaliação centra-se, pois, no produto da leitura.
Com os dados coletados, será possível observar regularidades na leitura do
infográfico, ajudando-nos a compreendê-la. Pelo mostrado até aqui, contudo, as outras partes
de compreensão dos elementos dos gêneros, como aspectos de sua produção e textualidade,
são necessárias para compreender o infográfico, além de fornecer parâmetros para criação dos
instrumentos de coleta de dados.
Portanto, os dados dos protocolos verbais apontarão quais os procedimentos de leitura
o leitor utiliza para ler os tipos e subtipos de infográficos da revista Superinteressante
analisados por nós. o questionário de interpretação vai apontar como o leitor compreende
90
as informações de um infográfico. O confronto dos dados das duas coletas de dados servirá
para que possamos saber como os procedimentos de leitura do infográfico influenciam na
compreensão das informações veiculadas nele.
4.1.1 Natureza dos instrumentos de coleta de dados
Esses instrumentos de coleta de dados se enquadram na pesquisa de modelo
qualitativo, uma vez que é uma pesquisa que busca compreender o processamento cognitivo
do leitor do infográfico. De acordo com Gass e Mackey (2007), é uma pesquisa sobre os
processos cognitivos, capacidades e estratégias. Esse tipo de pesquisa consiste na investigação
através de técnicas de observação do processo interno de compreensão, utilizando-se de
questionários, observando sujeitos fazendo tarefas, através de comentários sobre o que eles
escreveram ou leram. Para esses autores, o que de diferente nessas pesquisas é o nível de
indução na produção de respostas dos participantes. Quanto mais induzidas as respostas,
menos naturais serão os dados. No entanto, ressaltam que esse vel de indução das respostas
será mais baixo ou mais alto, dependendo do objetivo da pesquisa.
O nosso objetivo é observar os procedimentos de leitura utilizados pelo leitor de
infográfico e como eles influenciam na compreensão das informações sem o intuito de
generalizar, por isso usaremos instrumentos da pesquisa qualitativa como protocolos verbais e
questões de interpretação. Serão respostas induzidas, porém com o nimo necessário para
que tenhamos dados confiáveis.
Alguns dados do questionário de interpretação serão computados e apresentados
quantitativamente, entretanto, dado o número reduzido de sujeitos, não podemos classificá-lo
como instrumento de uma pesquisa quantitativa, pois não teremos o critério de generalização
de resultados. O objetivo desse questionário é oferecer dados para efeitos de confronto com
os dados obtidos no protocolo verbal.
4.1.2 Sujeitos da pesquisa
O grupo de sujeitos participantes da coleta de dados são alunos do primeiro período do
curso de Engenharia de Computação do Centro Federal Tecnológico de Minas Gerais Cefet-
MG. São 22 alunos para cuja idade a revista Superinteressante é direcionada, entre 17 a 19
anos. Eles passaram por exame de seleção vestibular, o que denota sujeitos leitores de
diversos gêneros e suportes textuais. Seis deles realizaram um protocolo verbal e outros
91
dezesseis responderam a um questionário de interpretação baseado em descritores de leitura
sobre o infográfico retirado da revista Superinteressante. Não houve nenhum prejuízo
educacional, físico ou moral para os participantes, que têm seus nomes ocultados. Eles
aceitaram de livre consentimento participar da coleta de dados e foram colaborativos em todas
as etapas. O número de participantes atende a nossa necessidade, uma vez que não é nossa
intenção apontar generalizações, mas, sim, dentro de um universo reduzido, observar e
analisar como se dá a leitura dos infográficos analisados no capítulo 3.
4.2 O protocolo verbal
4.2.1 Material
Os infográficos utilizados no protocolo verbal serão os mesmos do conjunto de texto
selecionado para análise. São infográficos da revista mensal Superinteressante, revista da
editora Abril, conhecida por utilizar a infografia na divulgação de ciência e tecnologia para
leigos. Utilizamos uma sala com mesa para realização do protocolo verbal. Todos os
protocolos verbais foram gravados em áudio e vídeo, transcritos e analisados.
Os infográficos foram lidos pelos sujeitos no suporte original revista. Foram cinco
infográficos selecionados para uso no protocolo verbal. A escolha de cinco infográficos entre
os dez analisados no capítulo 3 se deve às suas características em relação ao tipo informação
simultânea: subtipos universal e singular e em relação ao tipo informação ordenada
temporalmente: subtipo linha do tempo. Junto a isso, consideramos os tipos jornalísticos
enciclopédico ou específico e independente ou complementar, apresentados na seção 2.3.1.
Acreditamos que com essa seleção de infográficos, possamos abranger a análise para todos os
tipos e subtipos de infográficos apresentados nesta pesquisa. Como os infográficos de linha do
tempo apresentaram dois exemplares e ambos são enciclopédicos complementares, utilizamos
apenas um deles no protocolo, porém, submetemo-lo à leitura por dois participantes para que
pudéssemos comparar suas respostas, a fim de serem mais confiáveis as afirmações que dele
fizemos.
Os infográficos selecionados foram estes:
92
Infográficos analisados no protocolo verbal
Infográfico
Subtipo
Tipo jornalístico
Número do
Participante
9- Che Guevara
Linha do
tempo
Enciclopédico
complementar
1 e 2
1- Supermaratona
Universal
Enciclopédico independente
3
2- Casa do presidente
Universal
Enciclopédico
Complementar
4
4- A missão que vai bombardear a
Lua
Singular
Específico Complementar
5
6- Tchau, sujeira
Singular
Específico Independente
6
Quadro 10 - Infográficos analisados no protocolo verbal
4.2.2 Descrição do Protocolo verbal
A seguir vamos descrever os procedimentos do protocolo verbal, apresentar seu
questionário. O protocolo verbal de auto-observação é composto de duas partes. Primeiro, o
leitor foi exposto ao infográfico, que devia ser lido. Nessa etapa, observamos seus
movimentos e atitudes diante do infográfico. Em um segundo momento, após terminar a
leitura, o sujeito respondeu a uma entrevista, com que se pretendia registrar como foi o seu
processo de leitura. Este quadro detalha os procedimentos:
Procedimentos do protocolo verbal
Procedimento
Tópico
Pergunta/Comando
Objetivo
Entrega da revista ao
sujeito
Manuseio da
revista
Apenas observar
Observar o manuseio da
revista
Pedir para abrir na página
do infográfico
Localização
Apenas observar
Verificar a familiaridade
com o suporte.
Aguardar reação do sujeito
Escaneamento
Apenas observar. Caso ele
pergunte algo, dizer: “Leia o
infográfico”
Observar a
movimentação de leitura
da página
Fazer as perguntas do
questionário assim que ele
terminar
Procedimento de
leitura
Questionário de entrevista
Compreender a produção
de leitura do infográfico
Quadro 11 Procedimentos do protocolo verbal
93
Neste próximo quadro, apresentamos as perguntas do questionário de entrevista:
Questionário do protocolo verbal
Perguntas
Objetivos
Você já leu textos parecidos com este? Com que
frequência?
Verificar a familiaridade com textos visuais
informativos.
Ao se deparar com o infográfico, o que lhe chamou mais
atenção? Por que você acha que foi assim?
Verificar a saliência das informações.
Por qual parte do infográfico você iniciou a leitura? Depois
passou para qual parte até chegar ao final?
Verificar o percurso de leitura seguido pelo
leitor.
Infográfico A missão que vai bombardear a Lua: Se o
foguete fosse explicado com todas as partes juntas seria
mais fácil ou mais difícil de entender?
Verificar a eficiência do conjoined
Infográfico Che Guevara: Você seguiu os números nas
legendas
Verificar se o leitor segue a numeração ordenada
das legendas.
Infográfico Casa do presidente: Você seguiu a numeração
das legendas?
Verificar se o leitor segue a numeração ordenada
das legendas.
Se você começasse por outra parte, seria possível entender o
texto do mesmo modo? Por quê?
Verificar a o comportamento do leitor diante da
hipertextualidade do infográfico.
Infográfico Che Guevara: Você parou em cada legenda
para ler o texto?
Verificar se o leitor lê a história em estágios
assim como o infográfico a apresenta.
Qual parte da imagem você observou primeiro? Por quê?
Verificar qual estrutura do visual foi mais
saliente.
Infográfico Tchau, Sujeira! Você observou primeiro as
imagens maiores ou as ampliadas?
Verificar a saliência das ampliações.
Houve alguma parte do infográfico que você não
entendeu?Por quê?
Verificar a legibilidade do design do infográfico.
O que tornou a leitura do infográfico fácil ou difícil? Por
quê?
Perceber a opinião do leitor acerca do design do
infográfico.
Você precisaria ler outro texto para entender as informações
presentes nesse infográfico?
Verificar a eficiência do infográfico da tipologia
independente e até mesmo dos complementares.
De que trata o infográfico?
Verificar a que parte o leitor deu mais relevância.
Infográfico Supermaratona: Alguma etapa da
supermaratona é colocada como mais importante do que as
outras?
Verificar a relação simétrica entre os
subordinados
Sem as imagens seria mais fácil ou mais difícil de entender
as informações? E sem o texto escrito?
Verificar se o leitor percebeu a integração entre
os modos semiótico do infográfico.
Qual foi o objetivo dos autores ao produzir esse infográfico?
Você acredita que eles conseguiram alcançá-lo?
Verificar a relação produtor-leitor no tocante à
recepção.
94
Você confia nas informações desse infográfico? Por quê?
Analisar as relações de poder entre produtor-
leitor, relativo aos papéis sociais que assumem.
O infográfico expressa algum ponto de vista acerca do
assunto tratado? Por que você acha que isso acontece?
Analisar os papéis assumidos na relação produtor
leitor em relação à emissão de ponto de vista
sobre o assunto tratado.
Quadro 12 Questionário do protocolo verbal
4.2.3 Análises dos dados do protocolo verbal
Na seção 2.5, quadro 6, página 57, apontamos como critérios para observação da
produção da leitura do infográfico no protocolo verbal os seguintes itens:
Itens de observação da produção da leitura dos infográficos no protocolo verbal
Verificar
Itens para observação
Relação entre
leitor e produtor.
Opinião do leitor sobre o design, eficiência dos tipos de infográfico, relação entre os papéis
assumidos.
Relação entre
leitor e texto.
Relevância de informações, saliência das informações, percurso de leitura,
hipertextualidade, processos do visual, legibilidade do design, percepção da integração
entre os modos.
Quadro 13 Itens de observação no protocolo verbal
Por esse motivo, optamos por apresentar os dados e as análises seguindo esses itens.
Para cada item, apresentamos os dados dos participantes dos cinco infográficos lidos nos
protocolos verbais por eles, através dos comentários e respostas às perguntas feitas no
protocolo verbal relacionadas com o item analisado. Dessa maneira será possível comparar os
dados e análises de cada item entre os três subtipos de infográficos utilizados nos protocolos
verbais. Os participantes do protocolo verbal serão identificados com a sigla PP = Participante
do Protocolo Verbal, juntamente com o número e infográfico que leu.
Os quadros com as respostas dos participantes de acordo como item analisado
encontram-se no APÊNDICE I, na página 142 e a transcrição completa dos protocolos
verbais se encontra no APÊNDICE II, na página 157.
95
4.2.3.1 Relação entre leitor e produtor
Na produção da leitura, a relação entre leitor e produtor do texto também implica na
produção de sentido. Na nossa metodologia, seção 2.2, apontamos essa relação como um
elemento também determinante para identificação de um gênero.
Estes são os itens juntamente com as respectivas perguntas feitas no protocolo verbal:
Perguntas relativas ao item de observação - relação leitor e produtor
Item
Perguntas
1- Opinião do leitor sobre o
design
Você já leu textos parecidos com este? Com que frequência?
O que tornou a leitura do infográfico fácil ou difícil? Por quê?
2- Eficiência dos tipos de
infográfico.
Você precisaria ler outro texto para entender as informações presentes nesse
infográfico?
3- Relação entre os papéis
assumidos.
Qual foi o objetivo dos autores ao produzir esse infográfico? Você acredita que
eles conseguiram alcançá-lo?
Você confia nas informações desse infográfico? Por quê?
O infográfico expressa algum ponto de vista acerca do assunto tratado? Por que
você acha que isso acontece?
Quadro 14 Perguntas relativas ao item de observação relação leitor e produtor
Item 1 - Opinião do leitor sobre o design
Os objetivos das duas perguntas que avaliaram este item Você leu textos parecidos
com este? Com que frequência? e O que tornou a leitura do infográfico fácil ou difícil? Por
quê? São, respectivamente: verificar a familiaridade com textos visuais informativos e
perceber a opinião do leitor acerca do design do infográfico.
Os participantes PP1 e PP2, ambos os leitores do infográfico 9-Che Guevara,
apontaram o uso das imagens como fator facilitador de sua leitura. O PP1 não havia lido
infográficos até então e o PP2 lera, embora sem frequência. Perguntado se era de difícil
leitura, o PP1 respondeu: “Não, acho legal assim, pra acompanhar o raciocínio, é
ilustrativo”. Perguntado se preferiria ler um texto assim ou escrito, o PP2 respondeu que
preferiria textos como os infográficos, porque “Pra quem tem preguiça de ler isso aqui é
melhor. Eu tenho preguiça de ler”.
96
Perguntado se desejava dizer algo mais sobre a leitura após o fim do protocolo, o PP1
disse ter achado interessante o mapa da ilha de Cuba no canto inferior esquerdo da primeira
página. Ele foi perguntado: “O fato de ele vir nessa parte da página, ter essa divisão, você
achou estranho ou acha que é normal? Não vai atrapalhar a leitura, não?”. Ao passo que ele
respondeu: “Não, acho que não ia atrapalhar, não, porque aqui (no mapa referido na resposta
anterior) ele deu uma visão global da onde que fica o lugar e aqui (restante do infográfico) ele
focou mais assim. Não, acho que ok. Gostei desse texto”. Porém, observamos que durante
sua leitura, ele não se ateve a esse mapa.
O PP4, infográfico 9- Casa do presidente, também não leu as partes periféricas do
infográfico. Ele foi perguntado: essas partes do texto, (periféricos) você leu depois? E
respondeu: “Essa aqui aque não”. (parte no canto superior direito da segunda página do
infográfico “Arte executiva”). Depois perguntamos: você acha que é a posição em que ele se
encontra na página? Talvez não chamou tanta atenção? Ele respondeu: “É talvez, não tava
claro”.
No trabalho de Dionísio (2006, p. 149), ela também constatou que seus informantes
rejeitaram partes de infográficos que ficavam à margem do layout como partes de textos
escritos na diagonal por exemplo.
O PP3 leu o infográfico 1- Supermaratona, para ele, o que favoreceu a leitura do
infográfico foi a antecipação do assunto na introdução. As imagens ilustrariam o que diz a
introdução. Ele lê textos como os infográficos com frequência.
O PP4 leu o infográfico 2- Casa do presidente. Segundo ele, a associação entre a
imagem e o texto escrito foi o que facilitou a leitura do infográfico “Eu podia associar,
(fazendo gestos que lembravam junção) toda hora que eu lia eu procurava aqui”. Ele
textos como os infográficos às vezes.
O PP5 leu o infográfico 4- A missão que vai bombardear a Lua, o vocabulário simples
e a ilustração pelas imagens do que está escrito é para ele o que facilitou sua leitura.
PP6 leu o infográfico 6- Tchau, sujeira, para ele, a leitura foi fácil, graças à
possibilidade de poder fazer conexões entre o texto verbal e as imagens, com as ampliações
do compounded, chamadas de zoom por ele.
97
É possível afirmar que a relação entre as informações do modo verbal e visual é o que
facilita de modo geral a leitura dos infográficos. A facilidade ao ler foi declarada por todos,
mesmo os que não possuem o hábito de leitura de textos visuais informativos como os
infográficos. Como esse fator é característica de todos os infográficos, não houve diferença de
leitura entre os subtipos.
Item 2 - Eficiência dos tipos de infográfico.
A pergunta que avaliou este item era Você precisaria ler outro texto para entender as
informações presentes nesse infográfico?, cujo objetivo era verificar a eficiência do
infográfico da tipologia independente e até mesmo dos complementares. Todos os
participantes afirmaram não ser necessária a leitura de outros textos para entender os
infográficos lidos por eles. Até mesmo os leitores dos infográficos dos tipos independentes,
PP3 e PP6, disseram que as informações são completas. O PP3, por exemplo, perguntado se
tivesse lido a parte visual com legendas do infográfico 1- Supermaratona antes de ler a
introdução atrapalharia sua leitura, ele respondeu:
No final das contas, eu acho que não, mas é lendo essa (texto introdutório)
pra adiantar mais ou menos o que eu vou encontrar nas figuras, né? De
exemplificação, agora se eu tivesse visto as figuras primeiro, não ia alterar
muito a interpretação do assunto. Não ia fazer muita diferença.
Na continuação do protocolo, disse que daria pra entender as informações da parte
visual com legendas do infográfico sem a leitura do texto introdutório.
Já o PP6 afirma ser necessária a leitura do texto introdutório para compreender melhor
as informações da parte visual com legendas, embora, segundo ele, a sequência de leitura
destas possa ser aleatória.
Item 3 - Relação entre os papéis assumidos.
Estes são os objetivos das perguntas de análise deste item: da pergunta Qual foi o
objetivo dos autores ao produzir esse infográfico? Você acredita que eles conseguiram
alcançá-lo? verificar a relação produtor-leitor no tocante à recepção; da pergunta Você confia
nas informações desse infográfico? Por quê? analisar as relações de poder entre produtor-
leitor, relativo aos papéis sociais que assumem e para a pergunta O infográfico expressa
algum ponto de vista acerca do assunto tratado? Por que você acha que isso acontece? analisar
98
os papéis assumidos na relação produtor leitor em relação à emissão de ponto de vista sobre o
assunto tratado.
Para o PP1 e PP2, leitores do infográfico 9- Che Guevara, a relação entre leitor e
produtor é didática, com fins de informar sobre a revolução Cubana. O PP2 acredita que o
infográfico Che Guevara aponta apenas um ponto de vista sobre a revolução Cubana, segundo
ele idealizado.
O PP3 infográfico 1- Supermaratona afirma que a relação entre leitor e produtor é
didática, mas o locutor deixar transparecer “admiração por uma pessoa que consegue vencer
tudo isso”. Ele confiaria nas informações até prova do contrário.
O PP4, infográfico 2- Casa do presidente, diz que o infográfico expõe um ponto de
vista acerca do que diz: o exagero na casa do presidente, “ele (o infográfico) tá mostrando que
tem muita coisa assim”. Ele diz confiar nas informações, por causa da credibilidade da revista.
Para o PP5, infográfico 4- A missão que vai bombardear a Lua, a relação entre
produtor e leitor é didática, embora possa haver um ponto de vista implícito, que ele não
percebeu. Ele confia nas informações por causa da revista, de que é leitor.
A relação entre produtor e leitor é didática, para PP6, infográfico 6- Tchau, sujeira!, no
entanto posicionamentos explícitos do locutor no intuito de gerar humor: “e você não fica
fedendo”, “seriam suficientes para limpar a avenida paulista” e “e sem ficar gritando pela
rua”. Ele confia nas informações, devido estar condizente com seu conhecimento prévio, ou
seja, são informações esperadas por ele, cuja confirmação é possível pelo seu conhecimento.
Essas respostas parecem confirmar a função didática dos infográficos da categoria
orientação ao conhecimento presentes na revista Superinteressante, além disso, demonstram
haver um grau elevado de confiabilidade dos participantes nas informações dos infográficos,
provavelmente pelo fato de ser uma publicação conhecida como alguns participantes
afirmaram ou por serem informações que não fogem ao senso comum, como outros
participantes disseram, embora, por exemplo, seja objetivo do infográfico como 6- Tchau,
sujeira!, encontrado na seção Supernovas apresentar novidades de ciência e tecnologia.
99
4.2.3.2 Relação entre leitor e texto
A outra relação existente na produção de leitura é entre leitor e texto, que é importante
para identificação de um gênero. Nessa relação, verificamos os seguintes itens através das
respectivas perguntas relacionados no quadro:
Perguntas relativas ao item de observação relação leitor e texto
Item
Perguntas
1-Relevância de
informações.
De que trata o infográfico?
2-Saliência das informações.
Ao se deparar com o infográfico, o que lhe chamou mais atenção? Por que você
acha que foi assim?
Qual parte da imagem você observou primeiro? Por quê?
Infográfico Tchau, Sujeira! Você observou primeiro as imagens maiores ou as
ampliadas?
3-Percurso de leitura
hipertextualidade.
4-Processos do visual .
Por qual parte do infográfico você iniciou a leitura? Depois passou para qual
parte até chegar ao final?
Infográfico Che Guevara: Você seguiu os números nas legendas
Infográfico Casa do presidente: Você seguiu a numeração das legendas?
Infográfico Supermaratona: Alguma etapa da supermaratona é colocada como
mais importante do que as outras?
Infográfico A missão que vai bombardear a Lua: Se o foguete fosse
explicado com todas as partes juntas seria mais fácil ou mais difícil de entender?
5-Legibilidade do design.
Se você começasse por outra parte, seria possível entender o texto do mesmo
modo? Por quê?
Infográfico Che Guevara: Você parou em cada legenda para ler o texto?
Houve alguma parte do infográfico que você não entendeu?Por quê?
6-Percepção da integração
entre os modos.
Sem as imagens seria mais fácil ou mais difícil de entender as informações? E
sem o texto escrito?
Quadro 15 Perguntas relativas ao item de observação relação leitor e texto
Item 1 - Relevância de informações
O objetivo da pergunta que analisa este item De que trata o infográfico? é verificar a
que parte o leitor deu mais relevância. No infográfico 9- Che Guevara, os PP1 e PP2
100
apontaram como informação relevante o processo de tomada de cidades que culminou no
domínio geral de Cuba. Essas tomadas de cidades são destacadas pelas imagens.
A informação relevante destacada pelo PP3 no infográfico 1- Supermaratona, foi a
característica de dificuldades da supermaratona: suas três etapas destacadas pelas imagens
subordinadas: “o que tende o ser humano a fazer pra, o que o ser humano precisa pra vencer
esses limites, essas etapas” (apontando para as etapas da supermaratona representada no
infográfico).
Para o PP4, infográfico 2- Casa do presidente, o relevante foram as características do
Palácio da Alvorada, informação destacada pela imagem: “Fala como que é o Palácio da
Alvorada, por dentro”. (apontando para a imagem).
A informação relevante para o PP5, infográfico 4- A missão que vai bombardear a
Lua, foi o objetivo da NASA de encontrar água na Lua. Ele cita o foguete representado na
imagem: “O assunto é saber se existe água na Lua. É o principal, o objetivo do foguete”.
O PP6, infográfico 6- Tchau, sujeira, destaca como informação relevante as novas
tecnologias de limpeza urbana explicadas pelo infográfico.
Nas respostas de todos os participantes, a informação que se revela como principal é a
trazida pela imagem do infográfico. Executando o infográfico 9- Che Guevara, cuja
organização da informação é da esquerda para a direita, nos outros infográficos a organização
centro e margem favorece a saliência das informações das imagens posicionadas no centro
como informação nuclear.
Acreditamos que, embora organizado da esquerda para a direita, as legendas
numeradas, cuja sequência foi seguida pelos PP1 e PP2, favorecem a saliência das
informações visuais no infográfico 9- Che Guevara, uma vez que as imagens das ações
acompanham as legendas.
Item 2 Saliência das informações
As perguntas que serviram para analisar este item são as seguintes: Ao se deparar com
o infográfico, o que lhe chamou mais atenção? Por que você acha que foi assim? Qual parte
da imagem voobservou primeiro? Por quê? E para o infográfico 6- Tcahu, sujeira! Você
observou primeiro as imagens maiores ou as ampliadas? O objetivo delas respectivamente são
101
verificar a saliência das informações, verificar qual estrutura do visual foi mais saliente e
verificar a saliência das ampliações no infográfico 6- Tchau, sujeira.
Os dois leitores PP1 e PP2 do infográfico 9- Che Guevara destacaram como o que lhes
chamaram mais a atenção as imagens relacionadas com suas respectivas legendas, típico da
estrutura conceitual analítica temporal, predominante no infográfico, em que a história é
narrada gradualmente. Outro fator de saliência é a cor amarela forte da explosão central da
imagem.
no infográfico 1- Supermaratona, o destacado pelo PP3 foram as informações da
introdução, relacionadas com as imagens: “Da imagem assim, mais o comportamento do
corpo humano, né, em relação à atividade física, foi a primeira coisa que eu reparei”. Essas
imagens do corpo humano também se destacam pelas cores fortes, fator que gera saliência.
Para o participante PP4, infográfico 2- Casa do presidente, a imagem, que se posiciona
no centro é mais saliente. Na imagem central, destacam-se as imagens menos comuns em uma
casa: “Primeiro o que é mais incomum, o auditório, essas coisas mais incomum, que não tem
em casa normal”. Perguntado se o fato de a imagem estar dividida (conjoneid) chamou mais
atenção, ele respondeu: “Chamou né, porque, mais fácil de visualizar”
o PP5 afirmou sobre o infográfico 4- A missão que vai bombardear a Lua que a
informação mais saliente presente nele é a imagem central do foguete: “Foi o foguete
separado. Sei lá, porque é grande, no meio. Todas essas coisas do espaço geralmente chamam
atenção”. A referência ao espaço diz respeito ao background formado pela cor negra na
imagem, deixando em destaque a imagem do foguete. Esse é um fator de saliência. A
referência ao “foguete separado” se refere à estrutura conceitual analítica exaustiva conjoneid,
predominante no infográfico.
O PP6, infográfico 6- Tchau, sujeira, destaca como informação mais saliente a
imagem central maior e suas ampliações, chamadas de zooms pelo participante. Referência à
estrutura conceitual analítica exaustiva compounded, predominante no infográfico.
Perguntado qual imagem observou primeiro as imagens maiores ou as ampliadas, ele
respondeu que foram as maiores primeiro. “Que eu observei primeiro? Foi essa parte aqui, do
carro (apontando para o carro). E depois eu vi essa aqui (apontando para o filtro de ar, mais ao
centro da imagem do infográfico) esse zoom aqui”.
102
Por essas respostas, fica mais evidente a urgência dos infográficos do tipo informação
simultânea de expor em destaque o objeto a ser explicado, no caso desses infográficos,
posicionando-os como informação nuclear, além disso, recursos como cores fortes e
background são usados para reforçar a saliência das informações nucleares.
Outra afirmação possível de se fazer é que as estruturas do visual predominantes nas
imagens fortalecem a saliência das informações.
Itens 3 e 4 Percurso de leitura Hipertextualidade e Processos do visual
A pergunta feita a todos os participantes para analisar este item foi Por qual parte do
infográfico você iniciou a leitura? Depois passou para qual parte até chegar ao final? Seu
objetivo é verificar o percurso de leitura seguido pelo leitor. Neste item, é importante
apresentar a descrição da leitura dos participantes:
Duração da leitura: 4 min 50s
Localização da página: rápida e sem dificuldades.
Descrição da leitura: PP1, infográfico Che Guevara
Assim que abriu a página, iniciou a leitura do texto escrito. Não observou as imagens. Leu o
título e subtítulo primeiro. Iniciou a leitura da legenda 1, apontando com o dedo indicador
onde estava lendo. Fez um comentário da primeira legenda. Fez um comentário sobre a
segunda legenda. Parou de apontar com o dedo. Continua lendo as legendas na ordem. Não se
ateve à leitura do mapa de Cuba na primeira página abaixo. Passa para a segunda gina do
infográfico, fazendo o movimento com a cabeça. Continua seguindo a ordem das legendas.
Volta a apontar com os dedos. Terminou a segunda página. Virou para a terceira página. Leu
a última legenda. Perguntei se desejava olhar mais alguma coisa. Ela escaneia a segunda
página. Lê mais algumas partes da segunda página. Diz que terminou.
Duração da leitura: 3 min 20s
Localização da página: rápida e sem dificuldades
Descrição da leitura: PP2, infográfico Che Guevara
Esperou meu comando. Escaneou a gina e começou a leitura pelo título e sobretítulo.
Iniciou-a em voz alta. Interrompi-o e disse que poderia ler em silêncio. Ele fez isso. Passou
para a legenda 1. Pelos movimentos dos olhos, seguiu a leitura das legendas em ordem
numérica. Não se ateve à leitura do mapa de Cuba na primeira página abaixo. Passou para a
103
segunda página. Continua lendo as legendas na ordem numérica. Movimenta a cabeça,
buscando a próxima legenda depois da 6, provavelmente porque ela o continua abaixo,
como até então, a legenda 7 está acima dessa vez. Passa à legenda 8, 9 e 10 no fim da página.
Não vira a página e não a lê. Não o avisei sobre ela.
No infográfico 9- Che Guevara, ambos os participantes PP1 e PP2 seguiram a
numeração linear sugerida no infográfico, o que era esperado para o infográfico linha do
tempo. Com o objetivo de verificar se o leitor segue a numeração ordenada das legendas, foram
perguntados se fizeram isso e responderam que sim. O PP1 disse:
por exemplo, aqui ó, (legenda 1) a imagem tá relacionada com o texto
assim, por exemplo, aqui (legenda 1) falando de uma coisa e tem a
imagem relacionada com esse texto, então você acaba, parece que é um
caminho assim (aponta para o caminho da sequência entre as legendas), que
você segue até o final da história e você vai vendo a imagem e o que tá
acontecendo ao mesmo tempo.
Duração da leitura: 4 min 26
Localização da página: rápida e sem dificuldades
Descrição da leitura: PP3, infográfico 1- Supermaratona
Inicia a leitura pelo título e texto introdutório. Não observa a página inteira. Inicia a leitura do
infográfico, a parte das imagens, na primeira página, mas não a segue horizontalmente,
passando para a segunda gina, lendo a parte de cima “Uma verdadeira maratona”. As
legendas da primeira página são lidas da esquerda para a direita. Parece ter lido toda a parte
que fala sobre Ciclismo antes de mudar de página. Antes de passar para a segunda página,
pergunta se é para ler as duas ginas. Digo que sim. Volta a escanear a primeira página.
Observa horizontalmente a parte inferior do infográfico, movimentando a cabeça da esquerda
para a direita e vice-versa. Termina a leitura, fazendo comentários e conexões entre um filme
que assistiu sobre manipulação genética e atividades físicas que faz.
O PP3, infográfico 1- Supermaratona, seguiu uma sequência típica, da esquerda para a
direita e de cima para baixo, mesmo em um infográfico organizado na estrutura conceitual
classificacional. No final, observou as imagens subordinadas, posicionadas horizontalmente
na parte inferior da página. No intuito de verificar a relação simétrica entre os subordinados,
ele foi perguntado se alguma etapa da supermaratona é colocada como mais importante do
que as outras. Ele disse que os participantes subordinados se mantiveram no mesmo nível de
hierarquia: “como mais importante, não, deu pra ver que elas têm diferenças” (apenas
diferenças relativas ao tipo de esporte).
104
Duração da leitura: 05 min 27 s
Localização da página: rápida e sem dificuldades
Descrição da leitura: PP4, infográfico 2, Casa do presidente
Assim que abre a página, olha para o título, volta-se para a imagem central. Pergunta se é para
ler tudo, respondo que sim e quer observar antes. Escaneia toda a gina, começa pelo centro
e passa para a parte de baixo, no movimento da esquerda para a direita, volta-se para a parte
superior. Pergunta sobre que tipo de comentários precisaria fazer. Digo que sobre o texto, mas
que não seriam obrigatórios. Volta-se para o texto introdutório. Inicia a leitura. Faz
movimentos com a cabeça do texto introdutório que está lendo, da esquerda para a direita em
direção à imagem central, faz isso dez vezes entre olhadas rápidas e mais demoradas, quando
buscava informações na imagem, provavelmente sobre o que leu no texto introdutório.
Terminado o texto introdutório, inicia a leitura das legendas na parte inferior da revista. Passa
para as legendas da segunda página, também posicionadas abaixo. Volta a escanear a imagem
central. Volta a ler as legendas da segunda página. todas. Observa ligeiramente na parte
superior da segunda página as imagens e legenda “Arte executiva”. Olha mais atentamente
para essa parte.
O PP4, infográfico 2- Casa do presidente, criou uma sequência multilinear, alternando
entre a leitura do texto introdutório e a imagem, quando encontrava relação entre ambas: “Eu
fui lendo (apontando para o texto introdutório) e quando falava de algum detalhe eu
procurava aqui” (na imagem central do infográfico, Palácio da Alvorada), porém ao ser
perguntado se seguiu a numeração das legendas abaixo da imagem, ele respondeu que sim.
Duração da leitura: 2 min 46s
Localização da página: rápida e sem dificuldades
Descrição da leitura: PP5, infográfico 4- A missão que vai bombardear a Lua
Observa toda a página. Inicia a leitura pelo título e texto introdutório. Olha rapidamente para a
imagem. Volta a ler o texto introdutório. Inicia a leitura das legendas, da primeira, à esquerda
em direção à direita, observa a imagem central. Continua lendo as legendas e observando a
imagem central. Às vezes por muito tempo, às vezes rapidamente. a última legenda na
parte superior da segunda página.
O PP5, infográfico 4- A missão que vai bombardear a Lua, seguiu uma sequência
típica da esquerda para a direita, além de seguir a sequência numérica das legendas. Ao ser
105
perguntado se o foguete fosse explicado com todas as partes juntas seria mais fácil ou mais
difícil de entender: respondeu que seria mais difícil, aprovando o uso do conjoined.
Duração da leitura: 5 min 30s
Localização da página: rápida e sem dificuldades
Descrição da leitura: PP6, infográfico 6- Tchau, sujeira!
Observa rapidamente toda a página. Inicia a leitura pelo título e texto introdutório. Dá rápidas
olhadas para a imagem central. Passa à leitura das legendas. Primeiro a do Chiclete ingrudável
e Ruas silenciosas logo abaixo do texto introdutório. as legendas abaixo na página. Passa
para a segunda página e as legendas da parte de cima. Passa para as legendas abaixo na
página. Termina a leitura.
Por último, o PP6, infográfico 6- Tchau, sujeira, seguiu uma sequência típica da
esquerda para a direita, inclusive para ler as legendas, que não possuem numeração.
A partir dessas respostas é possível afirmar que, em infográficos com numeração de
legendas predomina a leitura na sequência numérica proposta. Isso era esperado no
infográfico de linha do tempo, porém, aconteceu também na leitura dos outros infográficos. O
PP6, por exemplo, seguiu uma sequência mais típica de leitura das legendas, embora no
infográfico 6- Tchau, sujeira elas não serem numeradas. Em outra resposta sua, disse que se
lesse as legendas em outra ordem não alteraria seu sentido, mas seguiu a ordem canônica da
esquerda para a direita e de cima para baixo. o PP4, infográfico 2- Casa do presidente,
optou por um percurso multilinear durante a leitura do texto da reportagem, percurso
interrompido diante da numeração das legendas, a partir das quais passou a ler na sequência
proposta pela ordem numérica.
Outro fato observado que demonstra o fator imperativo da ordenação numérica foi a
interrupção do PP2, infográfico 9- Che Guevara, ao descobrir que: ao passar para a segunda
página, movimentou a cabeça, buscando a próxima legenda depois da 6, provavelmente
porque até então a numeração seguia a estrutura esquerda/direita e de cima para baixo, porém
a legenda 7 está posicionada acima da 6 no infográfico 2- Che Guevara. Sua hesitação ao
descobrir a interrupção no percurso de leitura foi visível.
No entanto, como afirmamos na seção 3.1.1.1, sobre os infográficos de informação
simultânea, cuja organização das informações é pela relação centro e margem, a presença ou
ausência de numeração nas legendas é o último critério para considerá-lo organizado por
106
ordenação temporal como os infográficos de linha do tempo. Diferentemente dos infográficos
de linha do tempo, os infográficos de informação simultânea com legendas numeradas
permitem outra sequência de leitura diferente da numeração proposta pelo infográfico. Isso de
acordo com as respostas dos participantes às perguntas do próximo item. Vejamos.
Item 5 Legibilidade do design
Para analisar esse item, utilizamos as seguintes questões: Se você começasse por outra
parte, seria possível entender o texto do mesmo modo? Por quê? O objetivo é verificar o
comportamento do leitor diante da hipertextualidade do infográfico. Outra pergunta para
verificar esse item foi Houve alguma parte do infográfico que você não entendeu? Por quê? O
objetivo é verificar a legibilidade do design do infográfico. Aos participantes leitores do
infográfico 9- Che Guevara foi feita uma pergunta Você parou em cada legenda para ler o
texto? O objetivo é verificar se o leitor a história em estágios assim como o infográfico a
apresenta.
Os PP1 e PP2, leitores do infográfico 9- Che Guevara, não apresentaram objeções na
leitura do infográfico. Eles consideram necessária a leitura na sequência proposta pelo
infográfico, como também era esperada por nós em se tratando de um infográfico de linha do
tempo. Eles leram por estágios, ao parar em cada legenda.
O PP3, infográfico 1- Supermaratona, não apresentou objeções na leitura e considera
possível outros percursos de leitura, além do produzido por ele:
Eu creio que sim, porque eu não li essa sequência de imagens (sequência de
natação, bicicleta e corrida, abaixo na página) mesmo, li essa parte
(informações na parte superior da 2ª página do infográfico) antes de corrida,
no meio aqui e assim é, a interpretação foi a mesma. Não ia fazer diferença,
a informação dá pra ligar uma coisa com a outra.
Perguntado se tivesse lido a parte visual com legendas do infográfico sem texto
introdutório e depois, sim, o texto introdutório, prejudicaria o seu entendimento ele disse:
No final das contas, eu acho que não, mas é lendo essa (texto introdutório)
pra adiantar mais ou menos o que eu vou encontrar nas figuras, né? De
exemplificação, agora se eu tivesse visto as figuras primeiro, não ia alterar
muito a interpretação do assunto. Não ia fazer muita diferença.
O PP4, infográfico 2- Casa do presidente afirmou que deveria haver paralelismo entre
as informações do texto introdutório e as imagens, pois não encontrou o campo de futebol,
107
por exemplo, citado na introdução. Perguntado se seria possível iniciar a leitura por outra
parte diferentemente da parte por que começou ele disse:
Acredito que sim, sei lá, mais ou menos cada parte fala de um lugar, então
não é sequencial, eu achei, se quiser ler primeiro isso aqui (apontando para
as legendas abaixo da figura central), aqui fala mais dos cômodos, aqui fala
das características da casa, essas coisas assim. Não precisa ler em ordem.
Ele sinais de que cada modo, verbal e visual do infográfico, traz informações
diferentes: “cada parte fala de um lugar”. Observação parecida foi feita pelo PP3, infográfico
1- Supermaratona:
Não exatamente, mas na verdade é como se isso aqui (sequência de natação,
bicicleta e corrida, abaixo na página) fosse mais um detalhamento mesmo,
um aprofundamento, como se fosse uma introdução geral assim sobre o
tema, o que é, o que vai tratar mesmo a matéria.
O PP5, infográfico 4- A missão que vai bombardear a Lua, não apresentou objeções na
leitura. Considera possíveis outros percursos de leitura: “sim, se eu começasse, tivesse lido
isso aqui primeiro (legendas) é sim. Porque eu ia ler uma coisa do final depois eu, quando eu
lesse o começo (gesticulando) ia fazer uma lógica”.
O PP6, infográfico 6- Tchau, sujeira, considera necessário iniciar a leitura pelo texto
introdutório, mas é possível outros percursos na leitura das legendas, que não são numeradas.
Sem objeções na leitura. Um dado importante do PP6 foi a resposta a uma pergunta que não
estava prevista: Você não estranhou o layout da página? A imagem estar meio de lado? A
posição das legendas? Ao que ele respondeu: “Não. Não interfere, porque não são assuntos
que tem que dar uma continuidade, cada um é cada um”.
Essa última afirmação confirma o que dissemos na análise do último item: a ordem de
leitura das legendas de um infográfico do tipo informação simultânea, seja numerada como
nos infográficos 2- Casa do presidente e 4- A missão que vai bombardear a Lua; seja não
numerada, mas feita a partir da ordem canônica da esquerda para a direita, de cima para baixo,
como ocorreu nos infográficos 1- Supermaratona e 6- Tchau, sujeira, pode ser alterada de
acordo com o desejo ou conveniência do leitor sem prejuízo para seu entendimento, como eles
próprios analisaram e disseram. Por outro lado, os PP1 e PP2, leitores do infográfico 9- Che
Guevara, organizado por ordenação temporal da esquerda para a direita, afirmaram que seria
108
prejudicial para a compreensão das informações iniciar a leitura por outra senão a que eles
fizeram e é sugerida pelo infográfico: seguindo a sequência numérica das legendas.
Item 6 - Percepção da integração entre os modos
A pergunta feita para analisar este item foi: Sem as imagens seria mais fácil ou mais
difícil de entender as informações? E sem o texto escrito? O objetivo é verificar se o leitor
percebeu a integração entre os modos semióticos do infográfico.
O PP1, infográfico 9- Che Guevara, hesita ao afirmar que o texto escrito é dispensável,
transparecendo ser necessário ambos, verbal e visual. o PP2, infográfico 9- Che Guevara
aponta a necessidade do texto verbal juntamente com a imagem.
O PP3, infográfico 1- Supermaratona aponta a necessidade do texto verbal junto à
imagem, que é indispensável. Para ele, sem as imagens “seria mais difícil. Eu achei muito
mais fácil visualizar qualquer texto assim, um assunto que você trata com a imagem fica mais
fácil de você fazer conexões”. Afirma também que seria possível entender as informações da
parte visual com legendas do infográfico sem a introdução. Mas apenas com as imagens, sem
legendas, “não, eu acho que ficaria um pouco difícil, porque você não tem muita noção do
que ele querendo representar com a imagem, pode ser várias coisas”. Com essa afirmação
também reconhece que o modo visual representa informações diferentes das do modo verbal:
“você não tem muita noção do que ele querendo representar com a imagem” e o modo
verbal completaria as informações do visual.
O PP4, infográfico 2- Casa do presidente, reconhece a necessidade de haver ambos os
modos, verbal e visual: “ia ser mais, é mais fácil só ver a imagem do que só ler o texto, só que
é melhor os dois juntos”.
O PP5, infográfico 4- A missão que vai bombardear a Lua também reconhece a
necessidade de haver ambos os modos: verbal e visual. E aponta a capacidade da imagem de
representar de modo diferente do verbal:
Acho que precisa dos dois. Porque a imagem ajuda a visualizar, porque
geralmente quando a gente alguma coisa sem a imagem a gente cria uma
imagem na nossa cabeça (gesticulando sobre a cabeça), e às vezes não é a
coisa certa. Igual livro e filme.
109
Ele compara a diferença entre a integração verbo visual de um filme com a
predominância do linguístico de um livro, o que seria proporcional à leitura de um infográfico
e um texto com apenas a modalidade verbal. A leitura de textos com modalidades integradas,
para ele, ajudaria na compreensão.
Posicionamento parecido teve o PP6, infográfico 6- Tchau, sujeira, para quem sem as
imagens “ia ser mais difícil. Ia ser mais trabalhoso você imaginar uma coisa, sendo que já tem
aqui pronto, você olhar, né?” Ele reconhece a necessidade de haver integração entre ambos
os modos: verbal e visual.
Por ser uma característica de todos os infográficos da categoria orientação ao
conhecimento, todos os participantes afirmaram a necessidade de haver ambos os modos,
verbal e visual, para a compreensão.
4.2.3.3 Modelo de leitura do infográfico
Na seção 2.5, propusemos um modelo de leitura para o infográfico que deveria ser
testado no protocolo verbal. Vamos verificar por partes como ocorreram os domínios de
processamento. Lembramos que, na própria seção 2.5, dissemos que essa divisão em
domínios é didática e não representa o processamento da leitura como acreditamos que ele
ocorra: de modo simultâneo e hipertextual, influenciado por estímulos externos.
1- Processamento de partes das imagens: responsável pelo reconhecimento
de partes das imagens: elementos primários como brilhos, cores, linhas
limítrofes, etc.
2- Processamento das relações entre partes da imagem: construção das
relações entre as partes da imagem, estrutura das imagens, como os
elementos primários, processados anteriormente se relacionam aqui.
Observar esses dois processamentos é uma tarefa difícil, pois são processos
cognitivos, muitas vezes processados inconscientemente pelos leitores. O protocolo verbal é
um instrumento propício para isso, mas ainda limitado nessa questão, pois está sujeita à
interpretações do observador. A partir do próximo processamento, é possível, a partir das
respostas ao protocolo observar não somente a construção da coerência local, mas também
indícios dos dois primeiros processamentos.
110
3- Construção do sentido local: construção do sentido entre as partes de uma
imagem, qual o sentido da relação entre as partes: por exemplo: a relação
entre brilho e cor forma uma explosão?
Ao serem perguntados a respeito de quais partes da imagem observaram primeiro, os
participantes apontaram para detalhes da composição das imagens:
“Imagem? Foi a guerra aqui”. (apontando para a imagem central de explosão)
“As gravuras que tem cor mais presente como as do fogo” (apontando para as cores amarelas de
explosão na página). “Atração mesmo, as cores vibrantes”.
“Da imagem assim, mais o comportamento do corpo humano” (referência às partes do corpo humano
representadas por cores fortes).
“Com certeza foi a, o espaço” (referência ao background, fundo escuro da imagem do espaço)
“Primeiro o que é mais incomum, o auditório, essas coisas mais incomum, que não tem em casa
normal”. (referência a pequenas partes da imagem do Palácio do Planalto)
“eu vi essa aqui (apontando para o filtro de ar, mais ao centro da imagem do infográfico) esse zoom
aqui”. (referência às imagens menores das ampliações).
4- Construção do sentido global: construção do sentido entre as imagens do
infográfico. Como as imagens se relacionam umas com as outras?
Estas respostas apontam para a relação entre as imagens do infográfico:
Tudo conectado, vai explicando,. O zoom”.
“Eu acho que seria mais difícil, né, assim você tem a noção... detalhes. Porque geralmente os
foguetes se dividem no espaço”.
“Não ia fazer diferença, a informação dá pra ligar uma coisa com a outra”.
“Acredito que sim, sei lá, mais ou menos cada parte fala de um lugar”.
Outro domínio integra os dois processamentos: do verbal e do visual:
5- Construção da integração entre as modalidades: construção da
integração entre o processamento do verbal e do visual.
Transcrevemos respostas abaixo que de alguma maneira podem ser indícios de que os
participantes integraram os modos verbais e visuais:
Eu podia associar, (fazendo gestos que lembrava junção) toda hora que eu lia eu já procurava aqui”.
111
As imagens ajudam a visualizar o que escrito aqui, quando você lê, você fica um pouco, na
hora que você vai enxergar como que vai ser o... (foguete), ajudam”.
Aqui ó tem um zoom pra representar o que tá explicando no texto. Tudo conectado, vai
explicando”.
“Olha eu acho que além de contar a história, assim, como aconteceu quando ele colocou essas
imagens com os textos relacionados, acho que ele queria causar uma impressão mesmo no leitor. O
que aconteceu assim. Você vê que tem várias pessoas machucadas. Acho que ele queria, o texto não
fala muito que as pessoas ficaram machucadas, mas se você olhar as imagens você vê que
aconteceu isso, sem ele te informar isso deu pra perceber. Ele mostrou, contou a história de uma
maneira diferente, não só escreveu”.
por exemplo, aqui ó, (legenda 1) a imagem relacionada com o texto assim, por exemplo, aqui
(legenda 1) tá falando de uma coisa e tem a imagem relacionada com esse texto, então você acaba,
parece que é um caminho assim (aponta para o caminho da sequência entre as legendas), que você
segue até o final da história e você vai vendo a imagem e o que ta acontecendo ao mesmo tempo”.
“Achei (fácil) não tem dificuldade. Eu tenho dificuldade até pra entender, mas esse texto foi fácil,
com a imagem junto”.
“Foi a primeira coisa, antes de ler o título, eu já imaginei o assunto pela imagem”.
Acho que precisa dos dois. Porque a imagem ajuda a visualizar, porque geralmente quando a gente
alguma coisa sem a imagem a gente cria uma imagem na nossa cabeça (gesticulando sobre a
cabeça), e às vezes não é a coisa certa. Igual livro e filme”.
Na próxima seção, vamos analisar o produto da leitura de um infográfico através do
questionário de interpretação. Acreditamos que, com as análises do questionário de
interpretação, juntamente com as análises obtidas nesta seção sobre como a organização dos
modos semióticos no infográfico interfere nos procedimentos de leitura, sepossível, apontar
como os procedimentos de leitura do infográfico influenciam na compreensão das
informações veiculadas nele.
4.3 O Questionário de interpretação
4.3.1 Material
O infográfico utilizado na coleta de dados pelo questionário de interpretação não
pertence ao conjunto de infográficos analisados no capítulo 3. O motivo da escolha de outro
infográfico é em função do objetivo desse instrumento, que é fornecer dados decorrentes do
112
produto da leitura de um infográfico, isto é, quais informações o leitor produziu após ler um
infográfico.
Para isso, selecionamos um infográfico que apresenta a união de várias características
apresentadas nos dez infográficos analisados. Além disso, ele possui um tema polêmico a
guerra no Iraque, o que torna possível a utilização de todos os descritores de leitura propostos.
O infográfico 11 se chama Insurgência máxima e possui como assunto uma resposta à
pergunta Como são as emboscadas aos americanos no Iraque? O infográfico também se
enquadra na categoria de orientação ao conhecimento. Do ponto de vista jornalístico, é um
infográfico independente, não acompanha ou é acompanhado por outro texto, e possui um
assunto de tratamento enciclopédico da informação (cf. seção 2.3.1, p. 25). O tipo, de acordo
com nossa análise no capítulo 3, é o de informação simultânea, pois todas as informações são
dispostas simultaneamente para o leitor e a organização da composição é do tipo centro e
margem (cf. seção 3.1.1.1 p. 77). O infográfico 11 é da seção Superrrespostas, o que lhe
classifica como do subtipo universal, graças à característica dessa seção de apresentar temas
relacionados a novidades no mundo da tecnológica. Um fato da guerra no Iraque não é bem
uma novidade tecnológica, mas outra característica do subtipo universal é a apresentação de
temas variados, portanto, embora seja um tema próximo da singularidade dos infográficos do
subtipo singular, o tratamento dado à informação nos infográficos da seção Superrespostas é
de temas enciclopédicos: o objetivo não é informar como foi determinada emboscada na
Guerra do Iraque, mas sim de como é, de forma universal, uma emboscada aos americanos
realizada pelos iraquianos. O tipo jornalístico enciclopédico independente também é o
segundo critério para que um infográfico da seção Superrespostas seja considerado do subtipo
universal, o que ocorre no infográfico 11. O terceiro critério para classificarmos um
infográfico como pertencente ao subtipo universal é a presença, mesmo que encaixado, do
subtipo de estrutura analítico exaustivo na sua configuração. Esse subtipo de estrutura do
visual não é encontrado no infográfico 11 Insurgência máxima, porém a característica
principal desse subtipo, que é a representação exaustiva dos atributos de um portador, é
realizada pelo modo verbal através das legendas que acompanham a imagem. Analisamos a
integração entre os modos verbais e visuais do infográfico 11, no intuito de criar questões de
interpretação, a partir de descritores de leitura, para observar como os procedimentos de
leitura utilizados para ler os infográficos, observados no protocolo verbal interferem na sua
compreensão.
113
O infográfico 11 foi a melhor escolha para a coleta de dados, porque representa de
modo geral as especificidades do infográfico da revista Superinteressante. Ao dispor uma
cena de emboscada representada para o leitor, eleva ao máximo o princípio de informação
disposta simultaneamente: colocar o leitor na cena a ser explicada. Além disso, predomina no
infográfico 11 o processo de ação, subtipo de estrutura narrativa transacional bidirecional,
embora haja predomínio de ocorrência do subtipo analítico exaustivo nos dez infográficos
analisados como vimos, com exceção dos de linha do tempo. Somada a isso, participantes da
imagem são explicados com legendas. A urgência em representar todos os atributos de um
participante é a mesma, porém as estruturas são diferentes. O transacional bidirecional é
caracterizado por vetores que partem de um participante ator para outro que é a meta e vice-
versa: desse participante meta, parte outro vetor em direção ao participante ator, que passa a
ser meta. Isso na imagem ocorre assim: os vetores partem dos inter-atores insurgentes até os
soldados americanos, que são as metas, ao mesmo tempo em que vetores partindo dos
soldados americanos até os insurgentes, que passam a ser metas também, por isso o processo
é bidirecional.
O processo de conversão tem como característica principal o participante revezador
que é ator de um processo e meta de outro. Primeiro temos um vetor partindo do insurgente
até a bomba e outro vetor da bomba ao carro em explosão.
Como circunstância de modo, temos o celular na mão do insurgente de onde parte um
vetor em forma ondas. Kress e Van Leeuwen, (2006, p. 71) chamam esse tipo de vetor de
amplificado, que sugere frequência. Visualmente, o vetor entre a bomba e o veículo é
representado pelo amarelo da explosão debaixo do participante.
Ainda menor, outro processo encaixado a esse. A estrutura do desenho da bomba é
analítica topológica. uma relação de representação entre o todo/portador a bomba e
suas partes/atributos possessivos, nomeadas verbalmente por grupos nominais.
A análise completa do infográfico 11 está no APÊNDICE III, na página 185 , mas
reunimos nesta tabela as conclusões da análise da integração entre verbal e visual, a partir das
quais foi possível criar as questões do questionário e analisar as respostas dos participantes.
114
Relação entre verbal e visual
Integração
Verbal
Característica
Visual
Característica
Objetivo
Texto
introdutório
parágrafo
Predominância
do processo
material
Referência a
elementos da
imagem
Processo de ação
transacional
bidirecional
Presença de inter-
atores em cenário
Dar dinamicidade
à imagem estática
parágrafo
Predominância
do processo
relacional
Presença de
ponto de vista
sobre o assunto
Posicionamento
em desvantagem
dos inter-atores
americanos
Inter-atores
americanos
posicionados no
centro, sob
círculo de inter-
atores
insurgentes.
Marcar o
posicionamento
do locutor a
respeito do que
diz
parágrafo
Uso do
processo
mental e
elemento
dêitico.
Reafirma o
ponto de vista
sobre o assunto
Cenário
desvantajoso
para os
americanos
Posição de vítima
dos americanos
Reafirmar o
posicionamento
do locutor
Legendas
Legenda
1
Processo
material e
relacional
atributivo
Caracteriza
participante,
dando
exemplos com
ação
Instrumento de
inter-ator
Circunstância de
modo de onde
parte o vetor
Caracterizar o
instrumento/arma
Legenda
2
Processo
relacional
identificativo
Identifica
participante
Instrumento de
inter-ator
Circunstância de
modo de onde
parte o vetor
Identificar o
instrumento/arma
Legenda
3
Processo
material e
relacional
identificativo
Explica
participante
com ação do
fazer
Instrumento de
ator
Circunstância de
modo de onde
parte o vetor
Explicar,
acontecendo, o
instrumento
Legenda
4
Processo
material e
relacional
atributivo
Caracteriza
participante,
explicando com
ação do fazer
Processo
transacional de
conversão
Revezador que
recebe ação de
ator e age sobre
uma meta ao
mesmo tempo
Explicar e
caracterizar
revezador.
Legenda
5
Processo
material e
relacional
identificativo
Identifica
participante,
dando exemplo
com ação.
Participante que
serve como
circunstância
locativa
Posicionamento
bem ao fundo do
cenário
Sugerir o cerco
aos americanos
Legenda
6
Processo
material e
relacional
atributivo
Caracteriza
cenário, dando
justificativa
Cenário das
circunstâncias
locativas
Relação entre
primeiro plano,
centro e fundo
Sugerir o melhor
posicionamento
dos insurgentes
Legenda
7
Processo
relacional
atributivo e
identificativo
Identifica e
caracteriza
participantes
Inter-atores
americanos e
meta do
processo de
conversão
Vetores partindo
dos inter-atores
americanos
tiros e vetor que
partiu do
revezador
amarelo da
explosão
Sugere a defesa
dos inter-atores
americanos
Tabela 15 Integração verbo-visual: Infográfico 11 Insurgência Máxima
115
Figura 18 Infográfico 11: Insurgência Máxima Fonte Superinteressante (v. 258, p. 50-51)
Processo de ação transacional bidirecional:
os inter-atores atiram uns nos outros.
Processo transacional de conversão: temos um
vetor partindo do insurgente até a bomba e outro
vetor da bomba ao carro em explosão.
Processo
analítico
topológico: Há
uma relação
de
representação
entre o
todo/portador
a bomba e
suas
partes/atributo
s possessivos,
nomeadas
verbalmente
por grupos
nominais
116
4.3.2 Descrição do questionário de interpretação
sabemos que o processamento da leitura ocorre com a integração de domínios, de
modo hipertextual e para cada um desses domínios existem habilidades específicas que o
leitor precisa desenvolver para processá-los. Por isso, tem-se buscado definir descritores que
orientam essas habilidades. O Sistema Brasileiro de Avaliação da Educação Básica SAEB
criou vinte descritores básicos para o ensino de Língua Portuguesa. Desses vinte descritores,
selecionamos os sete que consideramos habilidades necessárias para se ler um infográfico, a
partir dos quais criamos oito questões de interpretação sobre o infográfico 11 Insurgência
máxima para ser respondidas pelos sujeitos da pesquisa. Estes são os descritores (BRASIL,
2008):
Tópicos
Descritores
Tópico I. Procedimentos de Leitura
D1 Localizar informações explícitas em um texto.
D4 Inferir uma informação implícita em um texto.
D6 Identificar o tema de um texto.
Tópico II. Implicações do Suporte, do
Gênero e /ou do Enunciador na
Compreensão do Texto
D5 Interpretar texto com auxílio de material gráfico
diverso (propagandas, quadrinhos, foto, etc.).
Tópico IV. Coerência e Coesão no
Processamento do Texto
D2 Estabelecer relações entre partes de um texto,
identificando repetições ou substituições que contribuem
para a continuidade de um texto.
D9 Diferenciar as partes principais das secundárias em
um texto.
D11 Estabelecer relação causa/conseqüência entre partes
e elementos do texto.
Quadro 16 Descritores do SAEB Fonte: INEP
Na sequência, apresentamos as questões e as possíveis respostas, a partir das quais
avaliaremos as respostas dos sujeitos como adequada, não adequada e não respondeu.
117
Questões do questionário de interpretação
Questões
Descritor
Objetivo
Resposta
1- Segundo o
infográfico, a
principal arma que
mais mata americanos
no Iraque é
a- AK-47
b- Lança granadas
c- Bombas
d- Homens bomba
Localizar
informações
explícitas.
Verificar se o leitor percebeu
o grande destaque dado pelo
infográfico às bombas
caseiras usadas nas
emboscadas.
Letra c) Bombas
2- Enumere os itens
abaixo de 1 a 4 a parte
do infográfico que, na
sua opinião, melhor
explicita o tema dele.
(1 para o que mais explicita e 4
para o que menos explicita).
( ) as imagens
( ) o título
( ) o texto introdutório
( ) as legendas
Identificar o
tema de um
texto.
Observar qual modo verbal
ou visual - do infográfico
contribuiu mais para o leitor
entender o tema do texto.
Servirá para observarmos em
cada leitor a afinidade com o
verbal e o visual.
Não há resposta correta, mas
espera-se que a opção
legendas receba nota 4,
porque ela se relaciona a
participantes e circunstâncias
do infográfico e não ao seu
tema principal.
118
3- Produza um
texto, contando o
infográfico para
uma pessoa que
não o leu.
Diferenciar as
partes principais
das secundárias
em um texto.
Verificar se o leitor
identificou os processos
encaixados na imagem.
Identificar se houve algum
padrão de hierarquia de
leitura das partes do
infográfico pelos leitores,
assim como também perceber
como o leitor representa no
linguístico as imagens do
infográfico. Observar relação
de causa e conseqüência.
Espera-se que o leitor inicie
seu texto com o fato mais em
evidência no infográfico: o
ataque aos americanos, que
se defendem, iniciado pela
explosão da bomba,
chegando aos detalhes da
estrutura da bomba e
legendas.
4- Cite e explique
quais partes da
imagem do
infográfico
sugerem a
posição de
cercados dos
americanos.
Interpretar o
posicionamento
dos participantes
nas imagens.
Verificar se o leitor percebeu
a composição centro e
margem do infográfico que
posiciona os americanos
como informação nuclear.
Espera-se que o leitor aponte
insurgentes no primeiro
plano, o veículo em explosão
ao lado, as construções e a
ambulância ao fundo como
elementos que sugerem o
cerco aos americanos,
posicionados no centro da
imagem.
5- Qual seria sua
reação se
observasse a cena
do infográfico
dos seguintes
pontos de vista:
a) Do veículo
americano:
b) Da ambulância:
c) De um
helicóptero da
imprensa:
d) Ao lado dos
iraquianos:
Perceber ponto de
vista da
enunciação.
Verificar se o leitor
identificou o ponto de vista
único a partir do qual a cena é
mostrada e se ele percebeu
que há outros pontos de vista
sobre a mesma cena.
De cunho pessoal, não
há como se obter uma
única e correta resposta,
porém espera-se que o
leitor, na letra a, veja a
cena do ponto de vista
dos americanos; na letra
b e d, do ponto de vista
dos iraquianos e na letra
c, de um ponto de vista
neutro.
119
6- A partir da leitura do
infográfico, defina quem
são:
a- as vítimas:
b- os insurgentes:
c- os invasores:
d- os inimigos:
Você concorda com essa definição?
Por quê?
Distinguir um
fato da opinião
relativa a esse
fato, Inferir
uma
informação
implícita em
um texto e
Identificar
contradição no
texto.
Verificar se o leitor
percebeu a opinião do
locutor do texto a respeito
da cena, após identificar a
contradição dele ao chamar
os americanos de
invasores/vítimas e depois
chamar os Iraquianos de
insurgentes/inimigos.
Espera-se que o leitor
identifique a opinião
ambígua do locutor do
infográfico tendendo a
favor dos americanos
em meio ao fato
apresentado pelo
infográfico,
relacionando os
personagens aos
adjetivos usados pelo
próprio locutor. Para
isso o leitor deve
realizar inferências com
as informações dadas
pelo locutor verbais e
visuais e com as
informações que já
possui a respeito do que
seja vítima, insurgentes,
invasores e inimigos.
7- Qual é o
sentido
das
palavras e
expressõe
s em
negrito
usadas
pelo
locutor do
infográfic
o?
a)“(...) os
explosivos
artesanais são as
grandes estrelas.”
b) “O fuzil de
assalto mais
usado do
planeta, hit
entre
guerrilhas e
milícias (...)”.
c)“(...) a
orientação é
fugir a pé da
área de
abate’”.
d) “O Iraque
está
bombando.”
Inferir sentido
de palavras e
expressões.
Verificar o entendimento
do leitor das palavras e
expressões usadas no
infográfico a respeito do
fato apresentado.
Possíveis respostas:
letra a: os explosivos
artesanais são as
principais armas. Letra
b: O fuzil de assalto
mais usado do planeta, é
famoso, tem a
preferência das
guerrilhas e milícias.
Letra c: A orientação é
fugir a pé da área de
combate, da área de
perigo. Letra d: O
Iraque está perigoso,
está mortal.
8- Considerando-se o que
acontece na cena do
infográfico e o objetivo
dele, responda:
As palavras e expressões das frases
da questão 07 são adequadas ao
assunto tratado no infográfico?
Justifique sua resposta.
Explicitar a
opinião sobre o
tema do texto.
Observar a opinião do
leitor a respeito da
banalização do infográfico
diante de um fato sério
como o apresentado nele.
Trata-se de uma resposta
opinativa.
Quadro 17 Questionário de interpretação
120
4.3.3 Análise dos dados do questionário de interpretação
Na seção 2.5, quadro 6, página 57, apontamos como critérios para observação do
produto da leitura do infográfico no questionário de interpretação os seguintes itens:
Quadro 18 Itens de observação no questionário de interpretação
Para verificarmos a construção da coerência, criamos questões a partir da análise do
infográfico 11 Insurgência máxima, seguindo os itens de observação. Esses itens foram
retirados dos descritores do SAEB como mostramos acima. O mesmo foi feito para verificar o
posicionamento enunciativo.
Os dados serão expostos consoantes as questões na ordem em que elas estão no
formulário de questões. Serão apresentadas as questões com seu descritor e objetivo, o
número de respostas adequadas entre os participantes, quando necessário for, e respostas dos
participantes, como exemplos. Para apresentar alguns dados, serão utilizados gráficos em
números absolutos e tabelas. Os participantes dessa coleta de dados serão identificados com a
sigla PQ = Participante do Questionário de Interpretação, juntamente com o número de
participação que recebeu. O formulário de questões se encontra do APÊNDICE IV, na página
201. No fim de cada análise das questões, propomos uma conclusão, fruto do confronto entre
as análises do protocolo verbal e desta análise do questionário de interpretação.
Regularidades na leitura do infográfico
Instrumento de coleta de dados
Verificar
Itens para observação (descritores)
Para
observar o
produto da
leitura
Questionário de
interpretação
Construção da
coerência
Localizar informações, identificar tema, diferenciar partes
principais de secundárias, interpretar o posicionamento
dos participantes nas imagens, inferir uma informação
implícita, inferir sentido de palavras e expressões,
relacionar imagens ao texto escrito.
Posicionamento
enunciativo
Perceber ponto de vista, distinguir um fato da opinião
relativa a esse fato, explicitar a opinião sobre o tema do
texto.
121
QUESTÃO 01
(Descritor: Localizar informações explícitas em um texto).
Objetivo: Verificar se o leitor percebeu o grande destaque dado pelo infográfico às bombas
caseiras usadas nas emboscadas.
Resposta: Letra C.
Segundo o infográfico, a principal arma que mais mata americanos no Iraque é
a- AK-47
b- Lança granadas
c- Bombas
d- Homens bomba
Gráfico 1 Questão 01
Apenas um participante respondeu letra a, AK-47. Localizar uma informação explícita
no infográfico 11 Insurgência máxima foi uma tarefa fácil para os participantes. Várias
informações dão conta de que a bomba caseira é responsável por muitas das mortes dos
americanos no Iraque. O quadro O Iraque está bombando, a legenda que explica as bombas
caseiras, que faz parte de um processo encaixado do visual no processo maior do infográfico e
o texto introdutório. Provavelmente, o participante que respondeu letra a, tenha localizado
essa informação na legenda Clássico soviético, em que se encontram as informações do fuzil
AK-47, reforçada pela imagem do processo principal: iraquianos insurgentes atiram nos
americanos, utilizando o fuzil.
122
Conclusão: A configuração dos modos verbais e visuais do infográfico pode contribuir para
localização de informações pelo leitor.
QUESTÃO 02
(Descritor: Identificar o tema de um texto.)
Objetivo: Observar qual modo verbal ou visual - do infográfico contribuiu mais para o
leitor entender o tema do texto. Servirá para observarmos em cada leitor a afinidade com o
verbal e o visual.
Resposta: Não resposta correta, mas esperava-se que a opção legendas recebesse nota 4,
porque ela se relaciona a participantes e circunstâncias do infográfico e não ao seu tema
principal.
Enumere os itens abaixo de 1 a 4 a parte do infográfico que, na sua opinião, melhor explicita
o tema dele.
( 1 para o que mais explicita e 4 para o que menos explicita)
( ) as imagens ( ) o título ( ) o texto introdutório ( ) as legendas
Gráfico 2 Questão 02
Para maioria dos participantes, o título é a parte do infográfico 11 Insurgência máxima
que mais explicita seu tema. Trata-se de um título pergunta, típico da seção Superrespostas e
123
resume bem o assunto do infográfico: como são as emboscadas aos americanos no Iraque?
Juntamente com o tulo, as imagens também foram citadas pelos participantes como uma
parte do infográfico que explicita bem seu tema.
Vimos na seção anterior, nos protocolos verbais, que os leitores integraram os modos
verbais e visuais. Parece que, pelas respostas à questão 02, essa operação foi feita também no
infográfico 11 Insurgência máxima pelos leitores, que apontaram o título e as imagens como
explicitadores do tema do texto.
Outra observação que é possível fazer diz respeito à parte pela qual eles iniciaram a
leitura do infográfico. Como os participantes do protocolo verbal, os leitores do infográfico 11
Insurgência máxima provavelmente também iniciaram a leitura pelo tulo e texto
introdutório, mesmo que tenham observado primeiramente as imagens, pois, como mostra o
gráfico 2, foram as partes mais citadas no valor 1 e 2.
Por fim, como era esperado, as legendas foram as que receberam mais o valor 4. O
comportamento das linhas rosa do título e verde das legendas são perpendicularmente
contrárias. Como dissemos, as legendas não tratam do tema central, mas de participantes e
circunstâncias específicas do infográfico 11.
Conclusão: A integração entre os modos verbais e visuais do infográfico pode contribuir para
que o leitor possa entender seu tema central.
QUESTÃO 03
(Descritor: Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.)
Objetivo: Verificar se o leitor identificou os processos encaixados na imagem. Identificar se
houve algum padrão de hierarquia de leitura das partes do infográfico pelos leitores, assim
como também perceber como o leitor representa no linguístico as imagens do infográfico.
Observar relação de causa e conseqüência.
Resposta: Esperava-se que o leitor iniciasse seu texto com o fato mais em evidência no
infográfico: o ataque aos americanos, que se defendem, iniciado pela explosão da bomba,
chegando aos detalhes da estrutura da bomba e legendas.
Produza um texto, contando o infográfico para uma pessoa que não o leu.
124
Todos os participantes fizeram referência ao assunto central do infográfico, que é a
emboscada aos americanos pelos iraquianos. Muitos citaram as armas usadas nessas
emboscadas, além de outros recursos como a ambulância e os prédios em ruínas, outros
poucos fizeram referência a bomba caseira utilizada para parar o comboio americano, agindo
como causa inicial da emboscada.
Mais uma vez o procedimento de iniciar a leitura pelo título e texto introdutório e
integrá-los à imagem, o necessariamente nessa ordem, fez com que o entendimento global
do texto partisse do processo maior do infográfico a emboscada aos americanos até
chegar aos processos encaixados explosão da bomba e legendas que explicam
participantes e circunstâncias armas, ambulância, prédios. Isso não apenas nos infográficos
de informação simultânea, pois acreditamos que, com base na análise dos dados do protocolo
verbal, até mesmo nos infográficos de linha do tempo a compreensão global do infográfico
aconteça assim, porque, embora esse tipo de infográfico narre gradualmente as partes do
assunto tratado, os participantes do protocolo verbal PP1 e PP2 informaram qual era o assunto
global do infográfico 9- Che Guevara (cf. APÊNDICE I, p.147).
Vejamos resumos das respostas dos participantes como exemplo:
PQ1
A emboscada como causa das mortes dos americanos no Iraque. Descrição do local da
emboscada. Citação da bomba como causa inicial da emboscada. Inicio do ataque dos
insurgentes. Situação desesperadora dos americanos.
PQ3
Constantes emboscadas contra os americanos no Iraque. Descrição do ataque: de onde surgem
os insurgentes. Citação do arsenal utilizado contra os americanos. Referência ao número de
mortes em decorrência das emboscadas.
PQ7
O infográfico mostra como são as emboscadas aos americanos no Iraque. Mostra as armas
usadas pelos iraquianos, suas técnicas e táticas. Referência ao gráfico com número de mortes
de americanos.
125
PQ15
O infográfico demonstra como as forças iraquianas atacam militares americanos: através de
emboscadas. Elas são a maior causa de morte dos americanos. São causadas por bombas
improvisadas e armamento pesado.
Conclusão: o entendimento global do infográfico de informação simultânea parece ser
produzido a partir do processo maior em direção aos encaixados (isso pode ser estendido aos
infográficos de linha do tempo).
QUESTÃO 04
(Descritor: Interpretar o posicionamento dos participantes nas imagens.)
Objetivo: Verificar se o leitor percebeu a composição centro e margem do infográfico que
posiciona os americanos como informação nuclear.
Resposta: Esperava-se que o leitor apontasse insurgentes no primeiro plano, o veículo em
explosão ao lado, as construções e a ambulância ao fundo como elementos que sugerem o
cerco aos americanos, posicionados no centro da imagem.
Cite e explique quais partes da imagem do infográfico sugerem a posição de cercados dos
americanos.
Os elementos mais citados foram os insurgentes em primeiro plano e construções e
insurgentes posicionados nelas, dez citações, apenas o PP15 não os citou. Embora apenas sete
dos dezesseis participantes tenham citado a posição centralizada dos americanos, os outros
apontaram elementos que confirmam a posição nuclear que os americanos ocupam no
infográfico.
Um fator que pode explicar a maior citação de elementos que contêm insurgentes é a
predominância do processo maior - transacional bidirecional: uns atirando nos outros na
compreensão global do infográfico como vimos no resultado da questão 03. Além disso,
surpreende a pouca citação do veículo em explosão, pois é mais saliente, está próximo do
primeiro plano e faz parte de um processo encaixado no processo maior. Já a pouca referência
à ambulância pode ser explicada pela sua posição no background, além de haver pouca
iluminação: no jogo de luz e sombra do infográfico, muita iluminação na parte central e
primeiro plano e sombra sobre a ambulância.
126
Conclusão: A relação centro e margem, encontrada nos infográficos de informação
simultânea, maioria na revista Superinteressante, parece favorecer a compreensão das
informações posicionadas como nuclear.
No APÊNDICE V, na página 203, é possível verificar os elementos que sugerem
cerco citados pelos participantes e a frequência com que foram citados.
QUESTÃO 05
(Descritor: Perceber ponto de vista da enunciação)
Objetivo: Verificar se o leitor identificou o ponto de vista único a partir do qual a cena é
mostrada e se ele percebeu que há outros pontos de vista sobre a mesma cena.
Resposta: De cunho pessoal, não como se obter uma única e correta resposta, porém
esperava-se que o leitor, na letra a, visse a cena do ponto de vista dos americanos; na letra b e
d, do ponto de vista dos iraquianos e na letra c, de um ponto de vista neutro.
Qual seria sua reação se observasse a cena do infográfico dos seguintes pontos de vista:
a) Do veículo americano:
b) Da ambulância ao fundo:
c) De um helicóptero da imprensa:
d) Ao lado dos iraquianos:
Pelas respostas dos participantes, é possível perceber que eles notaram outros pontos
de vista sobre o que acontece no infográfico 11 Insurgência máxima, embora ele seja
organizado por centro e margem, com a informação central em posição nuclear. Portanto, o
ponto de vista dos americanos como vítimas não é o único a ser percebido na cena, apesar da
configuração do infográfico privilegiar isso.
Na análise dos protocolos verbais com os infográficos organizados por centro e
margem, foi possível perceber que a informação central é privilegiada em relação à margem,
embora os leitores percebessem a importância das informações periférica para compreensão
global, como a explicação das legendas por exemplo.
No APÊNDICE V, na página 203, reunimos as respostas dos participantes a esta
questão.
127
Conclusão: Infográficos com organização centro e margem podem suscitar outros pontos de
vista, além do ponto de vista favorecido pelo posicionamento nuclear da informação central.
QUESTÃO 06
(Descritores: Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato, Inferir uma informação
implícita em um texto e Identificar contradição no texto.)
Objetivo: Verificar se o leitor percebeu a opinião do locutor do texto a respeito da cena, após
identificar a contradição dele ao chamar os americanos de invasores/vítimas e depois chamar
os Iraquianos de insurgentes/inimigos.
Resposta: Esperava-se que o leitor identificasse a opinião ambígua do locutor do infográfico
tendendo a favor dos americanos em meio ao fato apresentado pelo infográfico,
relacionando os personagens aos adjetivos usados pelo próprio locutor. Para isso o leitor devia
realizar inferências com as informações dadas pelo locutor verbais e visuais e com as
informações que já possui a respeito do que seja vítima, insurgentes, invasores e inimigos.
A partir da leitura do infográfico, defina quem são:
a) as vítimas:
b) os insurgentes:
c) os invasores:
d) os inimigos
Você concorda com essa definição? Por quê?
Pelo nosso modelo de leitura, os participantes integrariam a todo o momento os
estímulos dos modos verbais e visuais. Pela sequência das questões do questionário de
interpretação, após a questão anterior, eles perceberam, pela posição dos elementos na
imagem que um ponto de vista do infográfico, segundo o qual os americanos são vítimas
dos insurgentes iraquianos. No entanto, no texto introdutório, os americanos são mencionados
como invasores e os iraquianos como insurgentes. O objetivo da questão 06 é verificar se os
participantes observaram esse ponto de vista contraditório. Nas análises dos protocolos
verbais, foi possível observar que os leitores confirmaram a característica de orientação ao
conhecimento dos infográficos da revista Superinteressante. Com o questionário de
interpretação, queremos verificar como os leitores percebem pontos de vista com a
128
configuração dos infográficos para a orientação ao conhecimento, embora seja uma
configuração que busca a imparcialidade. Com exceção dos participantes PQ3, PQ4, PQ5 e
PQ11, todos os outros apontaram a definição com base na leitura do infográfico: as vítimas
são os soldados americanos, os insurgentes são os iraquianos, os invasores são os americanos
e os inimigos são os iraquianos.
O resultado da pergunta complementar: Você concorda com essa definição? Por quê? é
este:
Gráfico 3 Questão 06
Exemplos de respostas de participantes que não concordam:
Exemplo 01 PQ1
“Não é certo dizer que as vítimas da guerra do Iraque são apenas soldados americanos, ocorre
também a morte de milhares de civis iraquianos”.
Exemplo 02 PQ6
“Não. Por que os americanos começaram a guerra, os iraquianos estão se defendendo.
Percebe-se que a revista tenta mostrar os americanos como vítimas”
Exemplo 03 PQ12
“Não, pois demonstra a situação de uma forma parcial, americanista”.
129
Exemplo 04 - PQ13
“Não concordo com a definição de vítimas, pois os anti-americanos e alguns civis também
morrem nessas emboscadas e nem com a de „inimigos‟, pois cada parte está defendendo o
próprio interesse e de seus superiores”
Exemplo de respostas de participantes que concordam, mas com concessões:
Exemplo 05 PQ3
“Sim, apesar de serem apresentados como invasores e inimigos, a reportagem aborda as
perdas americanas, por isso são apresentados, especificamente nesse infográfico, como
vítimas nessa situação”.
Os infográficos de orientação ao conhecimento são organizados para suprimir pontos
de vista acerca do assunto de que trata. Embora seja uma questão induzida, a questão 06
demonstrou que o leitor pode perceber eventuais posicionamentos do locutor do infográfico.
Conclusão: Infográficos de orientação ao conhecimento não estão isentos de parcialidade,
embora sua configuração busque eliminar pontos de vista.
QUESTÃO 07
(Descritor: Inferir sentido de palavras e expressões.)
Objetivo: Verificar o entendimento do leitor das palavras e expressões usadas no infográfico
a respeito do fato apresentado.
Possíveis respostas: letra a: os explosivos artesanais são as principais armas. Letra b: O
fuzil de assalto mais usado do planeta, é famoso, tem a preferência das guerrilhas e milícias.
Letra c: A orientação é fugir a da área de combate, da área de perigo. Letra d: O Iraque
está perigoso, está mortal.
Qual é o sentido das palavras e expressões em negrito usadas pelo locutor do infográfico?
a) “(...) os explosivos artesanais são as grandes estrelas.”
b) “O fuzil de assalto mais usado do planeta, hit entre guerrilhas e milícias (...)”.
c) “(...) a orientação é fugir a pé da „área de abate’”.
d) “O Iraque está bombando.”
Apenas o PQ3 deu uma resposta não adequada para hit e o PQ7 deu uma resposta não
adequada para bombando. As demais respostas foram adequadas. O PQ3 respondeu que Hit é
“vocabulário usado na rádio para designar músicas populares”. Essa relação não é
130
necessariamente um erro, pois parece que o participante relacionou os explosivos a arma
popular, frequentemente usada pelos insurgentes, porém sua resposta não se encerra com esse
pensamento. O PQ7 respondeu que bombando na frase da letra d, significaria estar no ápice
das pesquisas”, parece que ele não relacionou o outro sentido atribuído a bombando que seria
no sentido de explosões, causando mortes por bombas.
A questão 07 é apenas preparatória para a questão 08.
QUESTÃO 08
(Descritor: Explicitar a opinião sobre o tema do texto.)
Objetivo: observar a opinião do leitor a respeito da banalização do infográfico diante de um
fato sério como o apresentado nele.
Respostas: trata-se de uma resposta opinativa, porém esperavam-se divergências nas
respostas, pois a linguagem utilizada é típica da revista, porém trata-se de um assunto sério.
Considerando-se o que acontece na cena do infográfico e o objetivo dele, responda:
As palavras e expressões das frases da questão 07 são adequadas ao assunto tratado no
infográfico? Justifique sua resposta.
A linguagem utilizada pela revista Superinteressante é semi-formal, em busca de
humor e descontração. O participante do protocolo verbal PP6, infográfico 6- Tchau, sujeira!,
havia percebido isso nas expressões utilizadas no infográfico lido por ele. Portanto, as
expressões utilizadas pelo infográfico 11 Insurgência máxima são adequadas à linguagem da
revista. No entanto, o assunto tratado no infográfico é um fato sério. Para 6 participantes, as
expressões não são adequadas, dois dos quais com concessões. Já para 9 deles, são adequadas,
dois dos quais com concessões. Um participante afirmou que algumas expressões são
adequadas outras não, porém não definiu quais.
Vamos a alguns exemplos de justificativas dos participantes:
Exemplos de participantes que concordam com o uso das palavras e expressões:
Exemplo 06 PQ8
“As palavras e expressões são adequadas para manter o leitor entretido com a reportagem e
também para facilitar o entendimento da mesma”.
131
Exemplo 07 PQ13
“Sim, pois o público alvo são jovens, então se utilizar expressões conhecidas e utilizadas por
eles, terá um efeito de aproximação com o leitor”.
Exemplos de participantes que concordam com o uso das palavras e expressões, mas
com concessões:
Exemplo 08 PQ11
Sim, pois elas são expressões que, apesar de não ter o tom formal, transmitem a informação
desejada”.
Exemplo 09 PQ16
“Considerando o veículo no qual o infográfico foi publicado, as palavras são adequadas já que
explicam de forma descontraída, a um público mais geral, o assunto do qual trata”.
Exemplos de participantes que não concordam com o uso das palavras e expressões
utilizadas no infográfico:
Exemplo 10 PQ2
“Perante a seriedade do assunto não são adequadas. A ironia que causam banaliza a cena”.
Exemplo 11- PQ9
“Não, a revista trata de um assunto sério de maneira „pop‟ e „superficial‟. A matéria parece
ser escrita por um personagem de „Malhação‟”. (programa juvenil da emissora Rede Globo de
televisão)
Exemplo de participante que não concorda, mas faz concessão à revista:
Exemplo 12 PQ3
“Eu não as elegeria para ilustrar o tema, acredito que não imprimem ao fato relatado a
seriedade que lhe é inerente, mas não sei exatamente se essa abordagem é tida como
indispensável pelos organizadores da revista”.
132
Exemplo de participante que não definiu quais palavras são adequadas e quais não
são adequadas:
Exemplo 13 PQ12
“Não todas. Pois algumas palavras e metáforas não são adequadas a reportagem”.
Na análise do item 3, no protocolo verbal, nas perguntas relativas à relação leitor e
produtor, verificamos, nas relações entre os papéis assumidos pelos produtores e leitores do
infográfico, que os infográficos da categoria orientação ao conhecimento possuem a função
didática entre produtores e leitores, no entanto, os participantes do protocolo verbal
apontaram posicionamentos ora implícitos, como no infográfico 4- A missão que vai
bombardear a Lua ou como no infográfico 2- Casa do presidente; ora explícitos como no
infográfico 9- Che Guevara; ora relativos à linguagem do infográfico 6- Tchau, sujeira.
Apesar disso, todos os participantes do protocolo verbal afirmaram que confiam nas
informações dos infográficos, seja por causa da credibilidade da revista, seja por causa da
previsibilidade das informações. Enfim, todos os participantes do protocolo verbal aceitaram a
linguagem, as informações e os posicionamentos dos infográficos lidos por eles.
O que parece haver de diferente no infográfico 11 Insurgência máxima, em relação aos
outros infográficos analisados, é uma disparidade para alguns dos participantes entre o que o
infográfico trata, principalmente na imagem, e a linguagem utilizada, sobretudo nas palavras e
expressões da questão 07. Isso também entre a aparente imparcialidade do infográfico, na
imagem, e seu ponto de vista, percebido, principalmente, no texto verbal. Isto é, houve falhas
por parte da produção do infográfico, percebida pelos leitores, na integração das modalidades
verbal e visual no tocante ao nível de linguagem e ao posicionamento enunciativo. A imagem
sugere uma cena de guerra, portanto um assunto sério, que merece tratamento mais formal.
o texto verbal utiliza palavras e expressões informais que não condizem com o acontecido na
imagem. Concomitantemente, a imagem sugere imparcialidade, graças à configuração do
infográfico para a orientação ao conhecimento, porém o texto verbal utiliza palavras ambíguas
e contraditórias para se referir a americanos e iraquianos, no que se refere aos seus papéis na
emboscada e consequentemente na guerra do Iraque.
Conclusão: o leitor parece aceitar posicionamentos do locutor do infográfico, bem como
variações nos níveis de linguagem do formal ao informal se eles forem mantidos proporcional
e coerentemente nos dois modos: verbal e visual.
133
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho é fruto da necessidade de pesquisas sobre infográficos, sobretudo da
perspectiva da linguística do texto e dos gêneros. Possui como objetivos gerais verificar as
regularidades e tipificações do infográfico encontrado na revista Superinteressante e a partir
dessa verificação, verificar quais os procedimentos de leitura são utilizados pelo leitor de
infográficos e como esses procedimentos influenciam na compreensão das informações
veiculadas pelo infográfico da revista Superinteressante. Para isso, propusemos uma tipologia
dos infográficos a partir de suas regularidades e tipificações.
Utilizamos uma metodologia de pesquisa de gênero filiada á perspectiva sociorretórica
de gêneros, por sua vez, concatenada com a visão de gêneros de discurso de Bakhtin (2003).
Essa metodologia prevê a análise e descrição de elementos do nero de sua produção até sua
recepção, verificando suas motivações de criação, sua textualidade, sua leitura e as relações
entre produtor e leitor para propor a existência de um gênero como produto de ações retóricas
tipificadas que age sobre as situações e sobre as pessoas.
Buscamos respaldo no jornalismo, esfera em que os infográficos são criados, através
dos estudos do NUPEJOC Núcleo de Pesquisa em Linguagens do Jornalismo Científico ,
de cujos objetivos em relação à investigação do objeto infográfico compartilhamos, para
compreender o processo de produção do infográfico.
Para analisar a textualidade do infográfico, utilizamos os estudos da Gramática do
design visual, cujas ideias se filiam à visão de discurso multimodal. Para observar os
procedimentos de leitura usamos dois instrumentos de coleta de dados, cada qual para coletar
dados da produção e do produto da leitura dos participantes envolvidos na pesquisa. Isso feito
sob a visão de leitura como fenômeno complexo, um todo indivisível, realizada a partir de um
leitor, que traz consigo o conhecimento de mundo, inserido num contexto sócio-histórico.
Constatamos que na revista Superinteressante a categoria de infográficos de
orientação ao conhecimento, cujo objetivo é didático explicar como é ou foi um fato geo-
histórico, como é ou funciona um objeto tecnológico ou fenômenos bio-físico-químicos. Essa
categoria se divide em dois tipos de infográficos. O primeiro deles, mais utilizado, é o de
informação simultânea, caracterizado pela disposição de todas as informações ao mesmo
134
tempo para o leitor, organizando-as numa disposição centro e margem: a informação nuclear é
centralizada e as informações que lhe explicam são dispostas em sua volta. Possui dois
subtipos: universal, dedicado a informações de caráter enciclopédico, de temas universais,
está presente nas seções de respostas aos leitores e singular, dedicado a temas singularizados,
mais datados, presente em seções de divulgação de novidades.
O outro tipo de infográfico, menos frequente, é o de informação ordenada
temporalmente linha do tempo, em que as informações estão dispostas numa sequência
narrativa explicitadamente linearizada, organizando-as numa disposição da esquerda para a
direita e de cima para baixo.
Com relação aos procedimentos de leitura do infográfico, - o processo de leitura - no
tocante à relação entre leitor e produtor, constatamos que essa relação é didática, sim, porém
posicionamentos do locutor acerca do que diz foram percebidos pelos leitores participantes do
protocolo verbal. A confiabilidade nas informações do infográfico é alta, em decorrência da
credibilidade da revista em que eles veiculam e da previsibilidade das informações veiculadas
neles, isto é, são informações que podem ser comprovadas pelo conhecimento de mundo dos
leitores.
No que se refere à relação entre leitor e texto, o leitor integra imagens e texto verbal, o
que é fator primordial para que um infográfico informe bem. Dessa relação advém a
informação principal do infográfico. Nos infográficos de informação simultânea, a
organização centro e margem das informações favorece a saliência da informação principal,
posicionada como informação nuclear. No infográfico de linha do tempo isso se dá na relação
entre legendas numeradas sequencialmente e imagens que se relacionam a elas. Isso denuncia
também a necessidade dos infográficos em evidenciar o objeto a ser explicado. As estruturas
do visual predominantes nos infográficos favorecem a saliência das informações. A estrutura
mais utilizada pelos infográficos de informação simultânea, analítica exaustiva e suas
variações se demonstraram eficazes para organizar as imagens do infográfico para a leitura,
porque explica parte por parte conjoined e componeud além dessas partes serem
acompanhadas por legendas. Partes do infográfico posicionadas em zonas muito periféricas
como quadros e mapas tendem a ser negligenciados pelos leitores durante a leitura.
Em infográficos cujas legendas são numeradas como nos infográficos de linha do
tempo e alguns de informação simultânea, predomina a sequência de leitura na ordem
proposta pela numeração, muito embora essa sequência não seja requisito necessário para a
135
compreensão dos infográficos de informação simultânea, sendo possível ler as legendas na
ordem determinada pelo leitor, provavelmente pela organização simultânea das informações.
no infográfico de linha do tempo, a sequência numérica das legendas deve ser seguida
durante sua leitura.
Portanto, os leitores do infográfico da categoria de orientação ao conhecimento
encontrado na revista Superinteressante realizam os seguintes procedimentos para ler o
infográfico:
1- Observam primeiramente as imagens.
2- Leem o título e texto introdutório.
3- Procuram relacionar as informações do título e texto introdutório com as imagens.
4- Iniciam a leitura das legendas. Se forem legendas numeradas, eles seguem a numeração,
caso contrário não seguem sequência definida.
5- Relacionam as legendas à imagem que elas acompanham mesmo se não houver numeração
relacionando essas duas partes do infográfico, até mesmo nos infográficos de linha do tempo.
6- Compreendem primeiramente os processos maiores do visual para depois passar aos
menores.
7- Imagens em layouts deslocados para zonas de informação periféricas costumam ser
negligenciadas durante a leitura.
8- Os leitores percebem o objetivo didático dos infográficos de orientação ao conhecimento,
mas também percebem pontos de vista do locutor.
Com relação a como esses procedimentos de leitura do infográfico de orientação ao
conhecimento interferem na compreensão das suas informações o produto da leitura ao
final de cada análise das questões do questionário de interpretação contatamos que:
1- A configuração dos modos verbais e visuais do infográfico pode contribuir para localização
de informações pelo leitor.
2- A integração entre os modos verbais e visuais do infográfico pode contribuir para que o
leitor possa entender seu tema central.
136
3- O entendimento global do infográfico de informação simultânea parece ser produzido a
partir do processo maior em direção aos encaixados (isso pode ser estendido aos infográficos
de linha do tempo).
4- A relação centro e margem, encontrada nos infográficos de informação simultânea, maioria
na revista Superinteressante, pode favorecer a compreensão das informações posicionadas
como nuclear.
5- Infográficos com organização centro e margem podem suscitar outros pontos de vista, além
do ponto de vista favorecido pelo posicionamento nuclear da informação central.
6- Infográficos de orientação ao conhecimento não estão isentos de parcialidade, embora sua
configuração busque eliminar pontos de vista.
7- O leitor parece aceitar posicionamentos do locutor, bem como variações nos níveis de
linguagem do formal ao informal se eles forem mantidos proporcional e coerentemente nos
dois modos: verbal e visual.
Embora em alguns momentos transparecesse que os leitores processavam as imagens
primeiramente e alternavam entre a leitura do verbal e do visual, constatamos que a
compreensão de informações se dava quando ambas as informações verbais e visuais eram
processadas, ainda que lida uma após a outra.
Com esses dados, podemos descrever o infográfico como um gênero do discurso,
independentemente de ser independente ou complementar a outro gênero, porque, como
vimos, os infográficos utilizados aqui foram eficientes no seu objetivo de informar. Os
elementos do gênero infográfico analisados por nós demonstraram recorrências e tipificações
que suscitam situações retóricas marcadas pela relação entre sujeitos de linguagem que
utilizam o gênero infográfico para se relacionarem didaticamente. Os leitores de infográficos
buscam informações sobre fatos geo-históricos, como é ou funciona um objeto tecnológico ou
fenômenos bio-físico-químicos. Esses leitores reconhecem tipificações e recorrências nos
infográficos como a integração entre os modos verbais e visuais, o que torna a leitura do
infográfico uma situação retórica recorrente, tornando-o um gênero que organiza situações de
aprendizagem.
Os produtores por sua vez organizam seu discurso também por essas recorrências e
tipificações que ele conhece como produtiva para a relação didática que ele deseja criar. Além
137
disso, vimos que uma política de criação de infográficos na revista Superinteressante, que
cria tipos de infográficos de uma única categoria, o que reforça ainda mais a noção de gênero
Embora não objetivássemos generalizar, acreditamos que com o conjunto de textos
analisados e a metodologia utilizada é possível que esta pesquisa traga contribuições teóricas
para futuras pesquisas sobre infográficos, não apenas impressos, como também os chamados
digitais; não apenas para o campo da linguística, mas também para o campo da comunicação.
Como contribuição prática, esperamos ter fornecido dados úteis para o ensino de
leitura e produção do gênero infográfico, ou até mesmo para outros textos visuais
informativos. Por se tratar de um texto recente, mas muito difundido pela mídia, os livros
didáticos e cursos de formação de professores não podem prescindir de preparar seus
professores para que trabalhem o infográfico e outros textos visuais informativos na sala de
aula em aulas de leitura e produção de textos.
Nosso trabalho termina com a pretensão de ampliar os estudos sobre textos visuais
informativos, multimodais, pelo menos levantando questões para que novas discussões
possam surgir.
138
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23, maio, 2009
142
APÊNDICE I
Itens de avaliação e respostas dos protocolos verbais
Itens de avaliação do protocolo verbal das relações entre produtor e leitor
Item 1 - Opinião do leitor sobre o design
Participantes
Perguntas
Resumo explicativo
Você leu textos
parecidos com este?
Com que
frequência?
O que tornou a leitura do infográfico fácil ou
difícil? Por quê?
Respostas
PP1 -
Infográfico
Che
Não leu.
(Fácil) “É deixa eu ver, eu acho que a maneira
como ta disposta as informações no texto e eu
acho que a ilustração ajudou sim a entender o
texto”.
A disposição das
informações. As
ilustrações.
PP2 -
Infográfico
Che
Sim, sem
frequência.
(Fácil) “O conhecimento prévio do assunto. As
imagens tornam a leitura mais dinâmica,
mais agradável.”
O conhecimento
prévio do assunto.
As imagens tornam
a leitura mais
dinâmica e
agradável.
PP3 -
Infográfico
Super
Maratona
Sim,
frequentemente.
(Fácil) “Bom, eu acho que primeiro eu li a
introdução, então eu já sabia mais ou menos o
que ia tratar da atividade física, no caso de uma
maratona, dessa corrida, corrida maluca e aí,
depois mesmo pra, nas imagens, tive
curiosidade de saber o que ele tinha falado na
introdução: das dificuldades que se encontram
e tal que é o que ele ta tratando nas imagens”.
Antecipação do
assunto na
introdução. As
imagens ilustram o
que diz a introdução.
PP4 -
Infográfico
Casa do
Presidente
Sim, de vez em
quando.
(Fácil) “Eu podia associar, (fazendo gestos que
lembravam junção) toda hora que eu lia eu
procurava aqui”.
Associação entre
imagem e texto
escrito.
143
P5 -
Infográfico
Bombardeio
da Lua
Sim,
frequentemente.
(Fácil) “Eu acho que o vocabulário muito,
não tá muito complicado, as siglas também eles
explicam, mesmo que seja em inglês eu
entendo, então eu não tive dificuldade, o
vocabulário não tava muito exigente não.
Ajudam, as imagens ajudam a visualizar o que
escrito aqui, quando você lê, você fica um
pouco, na hora que você vai enxergar como
que vai ser o... (foguete), ajudam”.
Vocabulário
simples. As imagens
ilustram como será o
que está escrito.
PP6 -
Infográfico
Tchau, Sujeira
Sim, com pouca
frequência.
(Fácil) “Ajudou (o zoom) é como isso
representa uma cidade, e cada coisa falando
aqui ó tem um zoom pra representar o que
explicando no texto. Tudo conectado, vai
explicando,. O zoom”.
Conexão entre o
texto verbal e as
imagens. As
ampliações do
compounded.
Item 2 - Eficiência dos tipos de infográfico.
Participantes
Pergunta
Resumo explicativo
Você precisaria ler outro texto para entender
as informações presentes nesse infográfico?
Respostas
PP1 - Infográfico Che
(não) “Eu acho que sim, com as informações que tão
aqui dá pra entender o que fala o texto, sim”.
O infográfico demonstra
independência de outros
textos.
PP2 - Infográfico Che
“Não”
PP3 - Infográfico
Super Maratona
“Não, pra entender não, se eu quiser saber mais,
porque de maneira geral o texto tá bom”.
PP4 - Infográfico
Casa do Presidente
“Não só as que tão aqui” (já bastam)
144
PP5 - Infográfico
Bombardeio da Lua
“Não”.
O infográfico demonstra
independência de outros
textos.
PP6 - Infográfico
Tchau, Sujeira
“Não, não, tudo que parece que vai causar dificuldade
de entendimento eles colocam um aviso antes, uma
informação”.
Item 3 - Relação entre os papéis assumidos.
Participantes
Perguntas
Resumo
explicativo
Qual foi o objetivo dos
autores ao produzir esse
infográfico? Você acredita
que eles conseguiram alcançá-
lo?
Você confia nas
informações
desse
infográfico? Por
quê?
O infográfico
expressa algum
ponto de vista
acerca do assunto
tratado? Por que
você acha que isso
acontece?
Respostas
PP1 -
Infográfico
Che
“Olha eu acho que além de
contar a história, assim, como
aconteceu quando ele colocou
essas imagens com os textos
relacionados, acho que ele
queria causar uma impressão
mesmo no leitor. O que
aconteceu assim. Você que
tem várias pessoas
machucadas. Acho que ele
queria, o texto não fala muito
que as pessoas ficaram
machucadas, mas se você
olhar as imagens você que
aconteceu isso, sem ele te
informar isso deu pra
perceber. Ele mostrou, contou
a história de uma maneira
diferente, não escreveu.
Acho que sim, acho que
conseguiram” (alcançar o
objetivo)
A pergunta não
foi feita.
“Eu acho que ele
expõe a história. Eu
não percebi não. Eu
acho que ele queria
relatar o
acontecido. Eu acho
que ele queria
causar, assim o
leitor tivesse a sua
impressão sobre o
assunto, acho que
ele queria isso: que
o leitor percebesse,
no caso aqui, o que
tava acontecendo e
assim, ele mesmo
tomasse uma
opinião, mostrou o
assunto e acho que
ele pediu o leitor
pra refletir sobre o
que tava
acontecendo. Foi o
que eu entendi”.
A relação entre
produtor e leitor é
didática, sem a
pretensão de
expor ou impor
um ponto de vista
daquele sobre
este.
145
PP2 -
Infográfico
Che
“Ah! Passar informações de
uma forma mais dinâmica,
mais interativa. (Conseguiram
alcançar esse objetivo) Acho
que sim.”
Confio. Eu não
lembro muito
bem como se deu
a Revolução
Cubana, mas
acho que foi mais
ou menos isso,
falta alguns
detalhes, mas
acho que foi
isso”.
“É, um ponto de
vista. A Revolução
Cubana, tipo
idealizando a
revolução Cubana.
Idealiza. Porque
eles não mostram a
parte do ditador,
não mostram o
porquê da
revolução”
A relação entre
produtor e leitor é
didática, porém
expõe apenas um
ponto de vista
sobre a revolução
cubana.
PP3 -
Infográfico
Super
Maratona
“Acho que mostrar pra uma
pessoa que não conhece a
maratona, pra quem não tem
informação específica ou pra
uma pessoa que não conhece,
não sabe como é o que
acontece, dá uma ideia geral
do que um atleta precisa pra
passar por uma maratona, o
que uma pessoa que percorre
uma maratona faz, né,
normalmente tem dificuldade,
treinamento, assim, é, o que
uma pessoa é capaz de fazer
mesmo. Acho que sim”.
(alcançaram esse objetivo)
“Bom, como eu
não tenho
nenhuma
referência
anterior, até o
momento eu ira
confiar, a menos
que eu precisasse
pesquisar
mesmo, ter uma
informação eu
me deparasse
com uma fonte
mais confiável”.
“Eu acho que talvez
ele tenha deixado
assim um pouco,
como eu posso
dizer, um pouco de
surpresa assim, é
admiração por uma
pessoa que
consegue vencer
tudo isso, porque
ele aborda muito
essas partes, todas
as partes que
tendem a dificultar
que você consiga
fazer uma maratona,
então é, pra uma
pessoa que
consegue dar a volta
ao mundo e por
exemplo passar por
tudo isso, por essas
dificuldades, então
eu acho que
transparece um
pouco de admiração
mesmo. Quem
consegue fazer
isso,é muito boa”.
A relação entre
produtor e leitor é
didática, mas o
locutor deixar
transparecer
admiração pelo
que apresenta.
PP4 -
Infográfico
Casa do
Presidente
“Não sei. Talvez meio que
falar que mora muito bem,
sabe essas coisas assim, meio
que até pra quem lê: „nossa
tudo isso pra quê, não precisa
disso tudo‟. Talvez é isso. Eu
não sei né?
Conseguiram”(alcançar esse
objetivo)
“Ué, confio,
porque talvez, é
uma revista que
tem grande
circulação. A
revista tem
credibilidade
com todo
mundo”.
“Então, acho que
sim, né, porque se
ele mostrando
que tem muita coisa
assim, talvez até
que, vive muito
bem, tem vida boa
demais, esse é o
ponto de vista”.
O infográfico
expõe um ponto
de vista acerca do
que diz: o exagero
na casa do
presidente.
146
PP5 -
Infográfico
Bombardeio
da Lua
“O objetivo? Não sei, divulgar
informação mesmo, informar.
Acho que sim (alcançar o
objetivo), porque eu pelo
menos entendi, nunca tinha
ouvido falar, nisso aí, já li
como”.
“Eu confio, se
tiver errado (rs).
Por causa da
fonte.” leitora
da revista)
“Deve ter, mas eu
não consegui achar
não. Porque todos
os textos m um
ponto de vista,
mesmo tentando ser
o máximo de
objetivo possível
você acaba
colocando alguma
coisa”.
A relação entre
produtor e leitor é
didática, embora
possa haver um
ponto de vista
implícito.
PP6 -
Infográfico
Tchau,
Sujeira
“Ele queria passar a
mensagem de... passar essa
informação de que tendo
uma novas técnicas pra
diminuir o nível de poluição,
informar. Conseguem” (o
objetivo).
“Confio, ah
porque tudo
tão bem
explicado, que
parece que nada
foge do que eu
conheço
previamente”.
“É, às vezes, por
exemplo, aqui
(aponta para a
legenda da roupa
antifedor) “e você
não fica fedendo”
isso é como se fosse
um comentário do
autor, né? Por
exemplo, esse aqui,
(aponta para a
legenda do
aspirador de
poluição) “seriam
suficientes para
limpar a avenida
paulista” tipo ele
usou uma coisa pra
gente entender
melhor, “e sem ficar
gritando pela rua”
(legenda de coleta
robótica) com se
fosse meio humor”.
A relação entre
produtor e leitor é
didática, no
entanto
posicionamentos
explícitos do
locutor no intuito
de gerar humor.
Itens de avaliação do protocolo verbal das relações entre leitor e texto
Item 1 - Relevância de informações.
Participantes
Pergunta
Resumo explicativo
De que trata o infográfico?
Respostas
147
PP1 -
Infográfico Che
“Ele fala do, de Fidel, né, comandava sua batalha que foi
dominar essa região aqui (apontando pro infográfico) e
como eu entendi, quando ele chegou aqui nessa guerra, ele
mandou esse Cienfuegos tomar a cidade e o outro
dominar a Santa Clara e acabaram que eles ganharam a
dominação da região. Foi isso que eu entendi”.
A informação relevante foi o
processo de tomada de cidades
que culminou no domínio geral
da região. Essas tomadas de
cidades são destacadas pelas
imagens.
PP2 -
Infográfico Che
“Che Guevara. A Revolução Cubana. Ele e o Fidel Castro
e o Fulgêncio Batista? (consultando o infográfico) não, o
Cienfuegos, a tomada de cidades, como começou o
movimento da revolução e como terminou, não como
terminou, não, mas como se deu a Revolução Cubana”.
A informação relevante foi o
processo de tomada de cidades
que culminou no domínio geral
da região. Essas tomadas de
cidades são destacadas pelas
imagens.
PP3 -
Infográfico
Super
Maratona
“Ele trata do limite do corpo humano, é no caso limite que
é testado nessa corrida, nessa maratona, assim, no geral,
assim resumindo bem seria isso, o limite do corpo
humano, o que tende o ser humano a fazer pra, o que o ser
humano precisa pra vencer esses limites, essas etapas”
(apontando para as etapas da supermaratona representada
no infográfico).
A informação relevante foi a
característica de dificuldades
da supermaratona: suas três
etapas destacadas pelas
imagens subordinadas.
PP4 -
Infográfico
Casa do
Presidente
“Fala como que é o palácio da alvorada, por dentro”.
(apontando para a imagem)
A informação relevante foram
as características do palácio da
alvorada. Informação destacada
pela imagem.
PP5 -
Infográfico
Bombardeio da
Lua
“O assunto é saber se existe água na Lua. É o principal, o
objetivo do foguete. Saber se existe água na Lua. Que a
NASA vai buscar um meio de descobrir se existe água na
Lua, como a parte escura da Lua, não vai ter como usar
robô, porque não tem energia solar, então vai ter que
bombardear mesmo pra ver se vai, ver da terra”.
A informação relevante foi o
objetivo da NASA de encontrar
água na Lua. Citação do
foguete representado na
imagem.
PP6 -
Infográfico
Tchau, Sujeira
“Ele fala sobre métodos que já tão sendo usados ou vão
ser usados numa cidade pra diminuir o vel de poluição
sonora, poluição do ar, todo tipo de poluição. Explica os
métodos”.
A informação relevante são as
novas tecnologias de limpeza
urbana explicados pelo
infográfico.
148
Item 2 Saliência das informações
Participantes
Perguntas
Resumo
explicativo
Ao se deparar com o
infográfico, o que lhe
chamou mais atenção? Por
que você acha que foi assim?
Qual parte da
imagem você
observou
primeiro? Por
quê?
Para o Infográfico
Tchau, Sujeira!
Você observou
primeiro as imagens
maiores ou as
ampliadas?
Respostas
PP1 -
Infográfico
Che
“As ilustrações, o texto e a
maneira como o texto
disposto assim, por exemplo,
aqui ó, (legenda 1) a imagem
ta relacionada com o texto
assim, por exemplo, aqui
(legenda 1) ta falando de
uma coisa e tem a imagem
relacionada com esse texto,
então você acaba, parece que
é um caminho assim (aponta
para o caminho da sequência
entre as legendas), que você
segue até o final da história e
você vai vendo a imagem e o
que ta acontecendo ao
mesmo tempo”.
“Imagem? Foi a guerra aqui (apontando
para a imagem central de explosão) essa
imagem da guerra, que eu acho que é o
assunto principal do texto, foi uma
dominação, é foi essa imagem assim de
luta de guerra, tal, que me chamou
atenção. É, porque você abre o texto, você
abre a página, e que o texto vai falar de
alguma coisa assim de guerra, você não
sabe o que é, mas você que é alguma
coisa assim que informa de alguma
maneira”.
Destaque para as
imagens
relacionadas
com suas
respectivas
legendas. A cor
amarela forte da
explosão se
destaca.
PP2 -
Infográfico
Che
“As gravuras que tem cor
mais presente como as do
fogo (apontando para as
cores amarelas de explosão
na página). Atração mesmo,
as cores vibrantes”.
“As cores vibrantes”
Destaque para
imagens de
cores fortes,
sobretudo o
amarelo da
explosão.
PP3 -
Infográfico
Super
Maratona
“Foi mais o assunto, que
trouxe, me fez lembrar de
matérias que eu li, filme, e
assim, tipo, a imagem
mesmo, uma sequência de
imagens que uma
ilustração pro início do texto.
Da imagem assim, mais o
comportamento do corpo
humano, né, em relação à
atividade física, foi a
primeira coisa que eu
reparei”.
“Bom, eu acho que primeiro eu li a
introdução, então eu já sabia mais ou
menos o que ia tratar da atividade física,
no caso de uma maratona, dessa corrida,
corrida maluca e aí, depois mesmo pra,
nas imagens, só tive curiosidade de saber o
que ele tinha falado na introdução: das
dificuldades que se encontram e tal que é o
que ele ta tratando nas imagens”
Destaque para as
informações da
introdução,
relacionadas
com as imagens.
149
PP4 -
Infográfico
Casa do
Presidente
“Ah, o desenho, né, é a
primeira coisa que você olha.
Porque é a parte que mais
chama atenção. Tá mais
centralizado, quando abre a
página você vê isso, depois
você vai ler pra ver do que se
trata”.
“Primeiro o que é mais incomum, o
auditório, essas coisas mais incomum, que
não tem em casa normal”.
E o fato de ta dividido assim chamou mais
atenção? (conjoneid)
“Chamou né, porque, mais fácil de
visualizar”
Destaque para a
imagem, que se
posiciona no
centro. Na
imagem central,
destacam-se as
imagens menos
comuns em uma
casa.
PP5 -
Infográfico
Bombardeio
da Lua
“Com certeza foi a, o espaço
(apontando para toda a
imagem), a figura.
Foi, na verdade foi tudo
(delimitando com a mão a
imagem do foguete), o
conjunto mesmo. Foi a
primeira coisa, antes de ler o
título, eu imaginei o
assunto pela imagem.
É foi mais pro meio. É mais
central mesmo”
“Foi o foguete separado. Sei lá, porque é
grande, no meio. Todas essas coisas do
espaço geralmente chamam atenção”.
Destaque para a
imagem central,
sobretudo o
foguete.
PP6 -
Infográfico
Tchau,
Sujeira
“Ué, o que me chamou a
atenção foi a imagem assim,
que ela fala um texto
pequeno aqui (texto
introdutório) falando sobre o
que é, e depois mostra a
imagem pra você entender
melhor. Ah porque é assim,
quando você se depara com
uma coisa mais fácil de você
entender, ai prefiro entender
pela imagem”.
“Que eu observei
primeiro? Foi essa
parte aqui, do
carro (apontando
para o carro). E
depois eu vi essa
aqui (apontando
para o filtro de ar,
mais ao centro da
imagem do
infográfico) esse
zoom aqui”.
“As maiores
primeiro: Tem mais
um aqui (apontando
para a imagem da
legenda que trata da
roupa antifedor,
abaixo no
infográfico) como se
fosse dentro do
ônibus e desse
caminhão aqui
(apontando para o
caminhão de lixo à
direita da imagem do
infográfico”.
Destaque para a
imagem central
maior e suas
ampliações
compounded
chamadas de
zooms pelo
participante.
150
Itens 3 e 4 Percurso de leitura Hipertextualidade e Processos do visual
Participante
Perguntas
Resumo
explicativo
Por qual parte
do
infográfico
você iniciou a
leitura?
Depois
passou para
qual parte até
chegar ao
final?
Infográfic
o Che
Guevara:
Você
seguiu os
números
nas
legendas
Infográfico
Supermaraton
a Alguma etapa
da
supermaratona é
colocada como
mais importante
do que as
outras?
Infográfic
o Casa do
presidente
Você
seguiu a
numeração
das
legendas?
Infográfico
A missão
que vai
bombardea
r a Lua Se o
foguete
fosse
explicado
com todas as
partes juntas
seria mais
fácil ou mais
difícil de
entender?
Respostas
PP1 -
Infográfico
Che
“Foi aqui no
1 (legenda 1),
eu segui a
(aponta para a
numeração
sequencial
dos números
das legendas).
Comecei aqui
(legenda 1)
depois 2, 3, 4,
5, 6, 7 8, 9,
10 e (virando
a página 11)”
“Isso”
Seguiu a
numeração
linear sugerida
no infográfico,
o que era
esperado para o
infográfico
linho do
tempo.
151
PP2 -
Infográfico
Che
“Comecei
pelo título,
depois fui
seguindo
pelos
números
“(das
legendas)
“Segui.”
Seguiu a
numeração
linear sugerida
no infográfico,
o que era
esperado para o
infográfico
linho do
tempo.
PP3 -
Infográfico
Super
Maratona
“Por aqui,
(apontando
para o início
do
infográfico,
abaixo do
texto
introdutório).
Eu fiz essa
sequência (o
início do
infográfico
abaixo do
texto
introdutório)
como se fosse
uma linha de
pensamento.
Continuei
aqui embaixo
(legendas da
parte da
natação),
numa
sequência
normal de
leitura, pra
baixo da
esquerda para
a direita.
eu passei para
o ciclismo, do
ciclismo eu
passei pra
aqui em cima
(informações
na parte
superior da
página do
infográfico)
depois eu
terminei na
corrida. Li,
sequência
normal, li
primeiro.”
“Como mais
importante, não,
deu pra ver que
elas têm
diferenças, né,
Por exemplo, no
ciclismo ela fala
que ela é uma
etapa que
apesar de ser
muito longa não
aquece, mas
assim eu não
acho que
nenhuma foi
mais importante
mesmo, as
diferenças
mesmo de
exigência de
cada etapa”.
Seguiu uma
sequência
típica, da
esquerda para a
direita e de
baixo para
cima, mesmo
em um
infográfico
organizado na
estrutura
conceitual
classificacional
Os
participantes
subordinados
se mantiveram
no mesmo
nível de
hierarquia.
152
PP4 -
Infográfico
Casa do
Presidente
Pelo começo
(apontando
para o texto
introdutório)
Eu fui lendo
(apontando
para o texto
introdutório)
e quando
falava de
algum detalhe
eu procurava
aqui (na
imagem
central, casa
do presidente,
do
infográfico)
depois eu fui
lendo
(apontando
para as
legendas
abaixo da
figura
central)
“Sim”
Criou uma
sequência
multilinear,
alternando
entre a leitura
do texto
introdutório e a
imagem,
quando
encontrava
relação entre
ambas. Seguiu
a numeração
das legendas ao
-las.
PP5 -
Infográfico
Bombardeio
da Lua
“Eu comecei
pelo título.
Comecei aqui
(texto
introdutório
abaixo do
título) depois
eu li as...”
(apontando
para as
legendas em
ordem de
numeração).
“Eu acho
que seria
mais difícil,
né, assim
você tem a
noção...
detalhes.
Porque
geralmente
os foguetes
se dividem
no espaço”.
Seguiu uma
sequência
típica da
esquerda para a
direita, além de
seguir a
sequência
numérica das
legendas.
Aprovou o uso
do conjoined.
PP6 -
Infográfico
Tchau,
Sujeira
“Eu comecei
por aqui
(texto
introdutório)
e depois fui
lendo aqui (as
legendas).
(Ele indicou a
sequência
esquerda/direi
ta e do alto
para baixo na
leitura das
legendas, que
não possuem
numeração)”
Seguiu uma
sequência
típica da
esquerda para a
direita,
inclusive para
ler as legendas,
que não
possuem
numeração.
153
Item 5 Legibilidade do design
Participantes
Perguntas
Resumo
explicativo
Se você começasse por outra
parte, seria possível
entender o texto do mesmo
modo? Por quê?
Houve alguma parte do
infográfico que você
não entendeu?Por quê?
Infográfico Che
Guevara: Vo parou
em cada legenda para
ler o texto?
Respostas
PP1 -
Infográfico
Che
“Eu acho que ia ser mais
difícil, porque o texto tem
uma sequência de dados e
de informações. É como se
fosse uma história assim, foi
o que eu entendi. Eu acho
que ia ser mais difícil sim de
entender”.
“Não. Acho que deu
pra entender, sim. É
deu pra entender”.
“Fui na sequência
mesmo”. (Parou)
Não
apresentou
objeções na
leitura.
Considera
necessária a
leitura na
sequência
proposta
pelo
infográfico.
por
estágios, ao
parar em
cada
legenda.
PP2 -
Infográfico
Che
“O entendimento ia ficar um
pouco defasado, depois que
você lesse tudo, você ia
pegar a história pela metade
e não ia ter um
entendimento linear”.
“Não. Tranqüilo”.
“Cada legenda eu
observava”.
Não
apresentou
objeções na
leitura.
Considera
necessária a
leitura na
sequência
proposta
pelo
infográfico.
por
estágios, ao
parar em
cada
legenda.
154
PP3 -
Infográfico
Super
Maratona
“Eu creio que sim, porque
eu não li essa sequência de
imagens (sequência de
natação, bicicleta e corrida,
abaixo na página) mesmo, li
essa parte (informações na
parte superior da 2ª página
do infográfico) antes de
corrida, no meio aqui e
assim é, a interpretação foi a
mesma. Não ia fazer
diferença, a informação
pra ligar uma coisa com a
outra”.
“Não bem explicado assim, tem nada que
precise, pelo menos na sequência que eu li, não
tive dúvidas não, deu pra entender a intenção
mesmo”.
Não
apresentou
objeções na
leitura.
Considera
possível
outros
percursos de
leitura, além
do
produzido
por ele.
PP4 -
Infográfico
Casa do
Presidente
“Acredito que sim, sei lá,
mais ou menos cada parte
fala de um lugar, então não
é sequencial, eu achei , se
quiser ler primeiro isso aqui
(apontando para as legendas
abaixo da figura central),
aqui fala mais dos modos,
aqui fala das características
da casa, essas coisas assim.
Não precisa ler em ordem”.
“Acho que não. A única coisa que eu não achei
foi o campo de futebol, só isso”.
Deveria
haver
paralelismo
entre as
informações
do texto
introdutório
e as
imagens,
pois não
encontrou o
campo de
futebol, por
exemplo,
citado na
introdução.
Considera
possível
outros
percursos de
leitura.
PP5 -
Infográfico
Bombardeio
da Lua
“Sim, se eu começasse,
tivesse lido isso aqui
primeiro (legendas) é sim.
Porque eu ia ler uma coisa
do final depois eu, quando
eu lesse o começo
(gesticulando) ia fazer uma
lógica”.
“Não, acho, eu entendi tudo”.
Não
apresentou
objeções na
leitura.
Considera
possível
outros
percursos de
leitura.
PP6 -
Infográfico
Tchau,
Sujeira
“Não eu acho que essa parte
aqui (texto introdutório) eu
teria que ter lido antes né?
Pra entender do que se trata.
E depois aqui (legendas) a
ordem tanto faz”.
“Que eu não entendi, não. o é um vocabulário
difícil e foi bem conectado aqui, tudo pra facilitar
a leitura”.
Considera
necessário
iniciar a
leitura pelo
texto
introdutório,
mas é
possível
outros
percursos na
leitura das
155
legendas.
Sem
objeções na
leitura.
Item 6 - Percepção da integração entre os modos
Participantes
Pergunta
Resumo explicativo
Sem as imagens seria mais fácil ou mais difícil de
entender as informações? E sem o texto escrito?
Respostas
PP1 -
Infográfico Che
(sem as imagens) “Mais difícil”.
(sem texto escrito) “Olha, ia pra entender que fala
de, assim, não ia pra entender era da guerra de
Cuba, não ia pra entender isso, de quem se tratava
não Ia pra entender, mas acho que ia pra saber,
sim mais ou menos de que ia se tratar. Sim pode
colocar que sim”.
Hesita ao afirmar que o texto
escrito é dispensável. Transparece
ser necessário ambos, verbal e
visual.
PP2 -
Infográfico Che
(sem as imagens) “As imagens ajudam.”
(sem texto escrito) “Não ia dar nada. Ia ser uma única
cena.”
Aponta a necessidade do texto
verbal juntamente da imagem.
PP3 -
Infográfico
Super Maratona
(sem as imagens) “Seria mais difícil. Eu achei muito
mais fácil visualizar qualquer texto assim, um
assunto que você trata com a imagem fica mais fácil
de você fazer conexões”.
(sem texto escrito) “Daria, assim sem o texto
(introdução)”?
(Pesquisador: Sem nenhum texto escrito.)
“Não, eu acho que ficaria um pouco difícil, porque
você não tem muita noção do que ele ta querendo
representar com a imagem, pode ser várias coisas”.
Aponta a necessidade do texto
verbal junto à imagem, que é
indispensável. Reconhece que
modo visual representa
informações diferentes das do
modo verbal:
“você não tem muita noção do que
ele ta querendo representar com a
imagem”
PP4 -
Infográfico Casa
do Presidente
(sem as imagens) “Mais difícil, né, até você montar
tudo” (fazendo gestos sobre a cabeça, indicando que
se monta tudo na cabeça).
(sem texto escrito) “Ia ser mais, é mais fácil ver a
imagem do que só ler o texto, só que é melhor os dois
juntos”.
Reconhece a necessidade de haver
ambos os modos: verbal e visual.
156
PP5 -
Infográfico
Bombardeio da
Lua
(sem as imagens) “Mais difícil”.
(sem texto escrito) “Mais difícil”.
(Pesquisador: Então resumindo, você acha que
precisa dos dois?)
“Acho que precisa dos dois. Porque a imagem ajuda a
visualizar, porque geralmente quando a gente
alguma coisa sem a imagem a gente cria uma imagem
na nossa cabeça (gesticulando sobre a cabeça), e às
vezes não é a coisa certa. Igual livro e filme”.
Reconhece a necessidade de haver
ambos os modos: verbal e visual. E
aponta a vocação da imagem de
representar de modo diferente do
verbal.
PP6 -
Infográfico
Tchau, Sujeira
(sem as imagens) “Ia ser mais difícil. Ia ser mais
trabalhoso você imaginar uma coisa, sendo que já
tem aqui pronto, só você olhar, né?”
(sem texto escrito) “Aí eu não ia entender nada”.
(Pesquisador: Então resumindo, você acha que
precisa dos dois?)
“É, tem as duas, uma completa a outra.”
Reconhece a necessidade de haver
integração entre ambos os modos:
verbal e visual.
157
APÊNDICE II
Transcrição na íntegra dos protocolos verbais
Participante 1
Infográfico 9- Che Guevara
Duração da leitura: 4 min 50s
Localização da página: rápida e sem dificuldades.
Descrição da leitura:
Assim que abriu a página, iniciou a leitura do texto escrito. Não observou as imagens. Leu o
título e subtítulo primeiro. Iniciou a leitura da legenda 1, apontando com o dedo indicador
onde estava lendo. Fez um comentário da primeira legenda. Fez um comentário sobre a
segunda legenda. Parou de apontar com o dedo. Continua lendo as legendas na ordem. Não se
ateve à leitura do mapa de Cuba na primeira página abaixo. Passa para a segunda página do
infográfico. Faz o movimento com a cabeça. Continua seguindo a ordem das legendas. Volta
a apontar com os dedos. Terminou a segunda página. Virou para a terceira página. Leu a
última legenda. Perguntei se desejava olhar mais alguma coisa. Ela escaneia a segunda
página. Lê mais algumas partes da segunda página. Diz que terminou.
Respostas às perguntas:
Participante: falando que eles foram pra guerrilha, com poucos homens e agora tem
bastante pessoas. No caso desse Ernesto aqui, ele foi pra essa mata pra guerrear contra os
cubanos no caso?
Pesquisador: É isso que você entendeu?
Participante: É isso que eu entendi.
(Terminou a leitura)
Pesquisador: Pergunta 1
Você já leu textos parecidos com este? Com que frequência?
Participante 1: assim, eu estudei sobre Fidel Castro, quando eu tava na escola, no ensino
médio, e sobre o Che Guevara eu aprendi um pouco quando fiz vestibular.
Pesquisador:
E o texto dessa maneira, com imagens?
Participante 1:
Não, não nunca tinha lido não.
Pesquisador:
É difícil?
Participante 1:
158
Não, acho legal assim, dá pra acompanhar o raciocínio, é ilustrativo.
Pesquisador:
Esse texto se chama infográfico
Pesquisador: Pergunta 2
Ao se deparar com o infográfico, o que lhe chamou mais atenção? Por que você acha que foi
assim?
Participante 1:
As ilustrações, o texto e a maneira como o texto ta disposto assim, por exemplo, aqui ó,
(legenda 1) a imagem ta relacionada com o texto assim, por exemplo, aqui (legenda 1) ta
falando de uma coisa e tem a imagem relacionada com esse texto, então você acaba, parece
que é um caminho assim (aponta para o caminho da sequência entre as legendas), que você
segue até o final da história e você vai vendo a imagem e o que ta acontecendo ao mesmo
tempo.
Pesquisador: Pergunta 3
Por qual parte do infográfico você iniciou a leitura?
Participante 1:
Foi aqui no 1 (legenda 1), eu segui a (ela aponta para a numeração sequencial dos números
das legendas).
Pesquisador:
Você seguiu qual parte? Você aponta pra mim?
Participante 1:
Comecei aqui (legenda 1) depois 2, 3, 4, 5, 6, 7 8, 9, 10 e (virando a página 11)
Pesquisador: Pergunta 4
Você seguiu os números nas legendas?
Participante 1:
Isso
Pesquisador: Pergunta 5
Se você começasse por outra parte, seria possível entender o texto do mesmo modo? Por quê?
Participante 1:
Eu acho que ia ser mais difícil, porque o texto tem uma sequência de dados e de informações.
É como se fosse uma história assim, foi o que eu entendi. Eu acho que ia ser mais difícil sim
de entender.
Pesquisador: Pergunta 6
Você parou em cada legenda para ler o texto?
Participante 1:
159
Fui na sequência mesmo. (Parou)
Pesquisador: Pergunta 7
Qual parte da imagem você observou primeiro? Por quê?
Participante 1:
Imagem? Foi a guerra aqui (apontando para a imagem central de explosão) essa imagem da
guerra, que eu acho que é o assunto principal do texto, foi uma dominação, é foi essa imagem
assim de luta de guerra, tal, que me chamou atenção.
Pesquisador:
A imagem mais central, né?
Participante 1:
É, porque você abre o texto, você abre a gina, e que o texto vai falar de alguma coisa
assim de guerra, você não sabe o que é, mas você vê que é alguma coisa assim que informa de
alguma maneira.
Pesquisador: Pergunta 8
Houve alguma parte do infográfico que você não entendeu?Por quê?
Participante 1:
Não. Acho que deu pra entender, sim. É deu pra entender.
Pesquisador: Pergunta 9
O que tornou a leitura do infográfico fácil? Por quê?
Participante 1:
É deixa eu ver, eu acho que a maneira como ta disposta as informações no texto e eu acho que
a ilustração ajudou sim a entender o texto.
Pesquisador: Pergunta 10
Você precisaria ler outro texto para entender as informações presentes nesse infográfico?
Participante 1:
Eu acho que sim, com as informações que tão aqui dá pra entender o que fala o texto, sim.
Pesquisador: Pergunta 11
De que trata o infográfico?
Participante 1:
Ele fala do, de Fidel, né, comandava sua batalha que foi dominar essa região aqui (apontando
pro infográfico) e como eu entendi, quando ele chegou aqui nessa guerra, ele mandou esse
Cienfuegos tomar a cidade e o outro dominar a Santa Clara e acabaram que eles ganharam a
dominação da região. Foi isso que eu entendi.
Pesquisador: Pergunta 12
Sem as imagens seria mais fácil ou mais difícil de entender as informações?
Participante 1:
160
Mais difícil.
Pesquisador:
E sem o texto escrito?
Participante 1
Olha, ia pra entender que fala de, assim, não ia pra entender era da guerra de Cuba, não
ia pra entender isso, de quem se tratava não Ia pra entender, mas acho que ia pra
saber, sim mais ou menos de que ia se tratar. Sim pode colocar que sim.
Pesquisador: Pergunta 13
Qual foi o objetivo dos autores ao produzir esse infográfico? Você acredita que eles
conseguiram alcançá-lo?
Participante 1
Olha eu acho que além de contar a história, assim, como aconteceu quando ele colocou essas
imagens com os textos relacionados, acho que ele queria causar uma impressão mesmo no
leitor. O que aconteceu assim. Você que tem várias pessoas machucadas. Acho que ele
queria, o texto não fala muito que as pessoas ficaram machucadas, mas se você olhar as
imagens você que aconteceu isso, sem ele te informar isso deu pra perceber. Ele mostrou,
contou a história de uma maneira diferente, não só escreveu. Acho que sim, acho que
conseguiram (alcançar o objetivo)
Pesquisador: Pergunta 14
O infográfico expressa algum ponto de vista acerca do assunto tratado? Por que você acha que
isso acontece?
Participante 1
Eu acho que ele expõe a história. Eu não percebi não. Eu acho que ele queria relatar o
acontecido. Eu acho que ele queria causar, assim o leitor tivesse a sua impressão sobre o
assunto, acho que ele queria isso: que o leitor percebesse, no caso aqui, o que tava
acontecendo e assim, ele mesmo tomasse uma opinião, mostrou o assunto e acho que ele
pediu o leitor pra refletir sobre o que tava acontecendo. Foi o que eu entendi.
Pesquisador:
Mais alguma coisa que você queira comentar sobre o texto?
Participante 1
Achei interessante também esse mapa aqui (mapa de Cuba posicionado no lado esquerdo e
abaixo na primeira página do infográfico) que ele colocou pra mostrar assim onde que ocorreu
exatamente.
Pesquisador:
O fato de ele vir nessa parte da página, ter essa divisão, você estranho ou acha que é normal?
Não vai atrapalhar a leitura, não?
Participante 1
Não acho que não ia atrapalhar, não, porque aqui (no mapa referido na resposta anterior) ele
deu uma visão global da onde que fica ao lugar e aqui (restante do infográfico) ele focou mais
assim. Não, acho que ta ok. Gostei desse texto.
161
Participante 2
Infográfico 9- Che Guevara
Duração da leitura: 3 min 20s
Localização da página: rápida e sem dificuldades
Descrição da leitura:
Esperou meu comando. Escaneou a gina e começou a leitura pelo título e sobretítulo.
Iniciou-a em voz alta. Interrompi-o e disse que poderia ler em silêncio. Ele fez isso. Passou
para a legenda 1. Pelos movimentos dos olhos, seguiu a leitura das legendas em ordem
numérica. Não se ateve à leitura do mapa de Cuba na primeira página abaixo. Passou para a
segunda página. Continua lendo as legendas na ordem numérica. Movimenta a cabeça,
buscando a próxima legenda depois da 6, provavelmente porque ela o continua abaixo,
como até então, a legenda 7 está acima dessa vez. Passa à legenda 8, 9 e 10 no fim da página.
Não vira a página e não a lê portanto, não o avisei.
Respostas às perguntas:
Pesquisador: Pergunta 1
Você já leu textos parecidos com este? Com que frequência?
Participante 2:
Já, mas sem frequência, conheço.
Pesquisador:
Esse texto se chama infográfico.
Pesquisador: Pergunta 2
Ao se deparar com o infográfico, o que lhe chamou mais atenção? Por que você acha que foi
assim?
Participante 2:
As gravuras.
Pesquisador:
Quais?
Participante 2:
As gravuras que tem cor mais presente como as do fogo (apontando para as cores amarelas de
explosão na página)
Pesquisador:
Por que você acha que foi assim?
Participante 2:
Atração mesmo, as cores vibrantes.
Pesquisador: Pergunta 3
162
Por qual parte do infográfico você iniciou a leitura? Depois passou para qual parte até chegar
ao final?
Participante 2
Comecei pelo título, depois fui seguindo pelos números (das legendas)
Pesquisador: Pergunta 4
Para confirmar, você seguiu os números nas legendas?
Participante 2:
Segui.
Pesquisador: Pergunta 5
Se você começasse por outra parte, seria possível entender o texto do mesmo modo? Por quê?
Participante 2:
O entendimento ia ficar um pouco defasado, depois que você lesse tudo, você ia pegar a
história pela metade e não ia ter um entendimento linear.
Pesquisador:
Você ia ter que juntar tudo depois.
Participante 2:
Sim.
Pesquisador:
Linear assim é mais fácil?
Participante 2:
Com certeza!
Pesquisador: Pergunta 6
Você parou em cada legenda para ler o texto?
Participante 2:
Cada legenda eu observava.
Pesquisador: Pergunta 7
Qual parte da imagem você observou primeiro? Por quê?
Participante 2:
As cores vibrantes (como já havia respondido antes).
Pesquisador: Pergunta 8
Houve alguma parte do infográfico que você não entendeu?Por quê?
Participante 2:
Não. Tranqüilo.
Pesquisador: Pergunta 9
163
O que tornou a leitura do infográfico fácil?
Participante 2:
O conhecimento prévio do assunto.
Pesquisador:
O jeito das informações estarem no texto facilitou também?
Participante 2:
As imagens só tornam a leitura mais dinâmica, mais agradável
Pesquisador: Pergunta 10
Você precisaria ler outro texto para entender as informações presentes nesse infográfico?
Participante 2:
Não.
Pesquisador: Pergunta 11
De que trata o infográfico?
Participante 2:
Che Guevara. A Revolução Cubana. Ele e o Fidel Castro e o Fulgêncio Batista? (consultando
o infográfico) não, o Cienfuegos, a tomada de cidades, como começou o movimento da
revolução e como terminou, não como terminou, não, mas como se deu a Revolução Cubana.
(virou a página)
Pesquisador: Pergunta 12
Sem as imagens seria mais fácil ou mais difícil de entender as informações?
Participante 2:
As imagens ajudam.
Pesquisador:
E sem o texto escrito?
Participante 2
Não ia dar nada. Ia ser uma única cena.
Pesquisador: Pergunta 13
Qual foi o objetivo dos autores ao produzir esse infográfico?
Participante 2
Ah! Passar informações de uma forma mais dinâmica, mais interativa.
Pesquisador:
Você acredita que eles conseguiram alcançá-lo?
Participante 2
Acho que sim.
164
Pesquisador:
Você preferiria ler um texto assim ou só escrito?
Participante 2
Assim.
Pesquisador: Pergunta 14
Você confia nas informações desse infográfico? Por quê?
Participante 2
Confio. Eu não lembro muito bem como se deu a Revolução Cubana, mas acho que foi mais
ou menos isso, falta alguns detalhes, mas acho que foi isso.
Pesquisador:
Pra quem não conhece nada sobre a Revolução Cubana, ele aprenderia muito com esse texto?
Participante 2
Ia aprender o básico.
Pesquisador:
O objetivo deles seria isso então?
Participante 2
Aprender o básico.
Pesquisador: Pergunta 15
O infográfico expressa algum ponto de vista acerca do assunto tratado? Por que você acha que
isso acontece?
Participante 2
Não sei porque a revista tem dois pontos de vista porque dizem que Cienfuegos foi morto por
Fidel Castro e se estivesse aqui poderia causar uma contradição.
Pesquisador:
Ela apresenta só um ponto de vista?
Participante 2
É, só um ponto de vista. A Revolução Cubana, tipo idealizando a revolução Cubana. Idealiza.
Porque eles não mostram a parte do ditador, não mostram o porquê da revolução
Pesquisador:
Então algumas informações faltam?
Participante 2
Faltam.
O pesquisador lhe explica que o infográfico é uma introdução a uma reportagem maior que
conta os dois pontos de vista sobre Che Guevara.
165
Participante 2
Pra quem tem preguiça de ler isso aqui é melhor. Eu tenho preguiça de ler.
Pesquisador:
Para o leitor iniciar a reportagem seria melhor com infográfico?
Participante 2
Chamar atenção, né? Pra ter interesse sobre saber mais o que aconteceu.
Pesquisador:
Gostou do texto?
Participante 2
Gostei, queria ler a reportagem toda.
Participante 3
Infográfico 1- Super Maratona
Duração da leitura: 4 min 26
Localização da página: rápida e sem dificuldades
Descrição da leitura:
Inicia a leitura pelo título e texto introdutório. Não observa a página inteira. Inicia a leitura do
infográfico, a parte das imagens, na primeira página, mas não a segue horizontalmente,
passando para a segunda gina, lendo a parte de cima “Uma verdadeira maratona”. As
legendas da primeira página são lidas da esquerda para a direita. Parece ter lido toda a parte
que fala sobre Ciclismo antes de mudar de página. Antes de passar para a segunda página,
pergunta se é para ler as duas ginas. Digo que sim. Volta a escanear a primeira página.
Observa horizontalmente a parte inferior do infográfico, movimentando a cabeça da esquerda
para a direita e vice-versa. Termina a leitura, fazendo comentários e conexões entre um filme
que assistiu sobre manipulação genética e atividades físicas que faz.
Respostas às perguntas:
Pesquisador: Pergunta 1
Você já leu textos parecidos com este? Com que frequência?
Participante 3
Já. Já li alguns textos assim parecidos na estrutura, não exatamente nesse tema, mas na
estrutura que tem, né, diagrama, imagens; pode dizer que sim (lê com frequência) internet,
revista, jornal.
Pesquisador: Pergunta 2
Ao se deparar com o infográfico, o que lhe chamou mais atenção? Por que você acha que foi
assim?
166
Participante 3:
Foi mais o assunto, que trouxe, me fez lembrar de matérias que eu li, filme, e assim, tipo, a
imagem mesmo, uma sequência de imagens que dá uma ilustração pro início do texto.
Pesquisador:
Por que você acha que foi assim, as imagens chamarem mais a atenção?
Participante 3:
Da imagem assim, mais o comportamento do corpo humano, né, em relação à atividade física,
foi a primeira coisa que eu reparei.
Pesquisador: Pergunta 3
Por qual parte do infográfico você iniciou a leitura?
Participante 3:
Por aqui, (apontando para o início do infográfico, abaixo do texto introdutório).
Pesquisador:
Depois passou para qual parte até chegar ao final?
Participante 3
Eu fiz essa sequência (o início do infográfico abaixo do texto introdutório) como se fosse uma
linha de pensamento. Continuei aqui embaixo (legendas da parte da natação), numa sequência
normal de leitura, pra baixo da esquerda para a direita. eu passei para o ciclismo, do
ciclismo eu passei pra aqui em cima (informações na parte superior da página do
infográfico) depois eu terminei na corrida.
Pesquisador:
E esse texto aqui? (Texto introdutório)
Participante 3
Li, sequência normal, li primeiro.
Pesquisador: Pergunta 4
Se você começasse por outra parte, seria possível entender o texto do mesmo modo? Por quê?
Participante 3
Eu creio que sim, porque eu não li essa sequência de imagens (sequência de natação, bicicleta
e corrida, abaixo na página) mesmo, li essa parte (informações na parte superior da gina
do infográfico) antes de corrida, no meio aqui e assim é, a interpretação foi a mesma. Não ia
fazer diferença, a informação dá pra ligar uma coisa com a outra.
Pesquisador:
Se você tivesse lido essa parte toda primeiro (infográfico sem texto introdutório) e depois o
essa parte aqui (texto introdutório) ia atrapalhar?
Participante 3
No final das contas, eu acho que não, mas é lendo essa (texto introdutório) pra adiantar
mais ou menos o que eu vou encontrar nas figuras, né? De exemplificação, agora se eu tivesse
167
visto as figuras primeiro, não ia alterar muito a interpretação do assunto. Não ia fazer muita
diferença.
Pesquisador:
As mesmas informações que tão aqui (texto introdutório), estão aqui (infográfico sem texto
introdutório)?
Participante 3
Não exatamente, mas na verdade é como se isso aqui (sequência de natação, bicicleta e
corrida, abaixo na página) fosse mais um detalhamento mesmo, um aprofundamento, como se
fosse uma introdução geral assim sobre o tema, o que é, o que vai tratar mesmo a matéria.
Pesquisador: Pergunta 5
Qual parte da imagem você observou primeiro? Por quê?
Participante 3
O que chama mais atenção foi a imagem do ciclismo, mas eu não sei se é por causa da cor,
que eu sou muita assim, puxo muito pro azul, rosa assim.
Pesquisador:
Você acha que por ela ta no centro?
Participante 3
Pode ser, pode ser também, tentando ver a matéria como um todo, acho que tem a tendência
de olhar mais pro meio.
Pesquisador: Pergunta 6
Houve alguma parte do infográfico que você não entendeu?Por quê?
Participante 3
Não bem explicado assim, tem nada que precise, pelo menos na sequência que eu li, não
tive dúvidas não, deu pra entender a intenção mesmo.
Pesquisador:
Você achou fácil então?
Participante 3
Achei!
Pesquisador: Pergunta 7
O que tornou a leitura do infográfico fácil? Por quê?
Participante 3
Bom, eu acho que primeiro eu li a introdução, então eu sabia mais ou menos o que ia tratar
da atividade física, no caso de uma maratona, dessa corrida, corrida maluca e aí, depois
mesmo pra, nas imagens, tive curiosidade de saber o que ele tinha falado na introdução:
das dificuldades que se encontram e tal que é o que ele ta tratando nas imagens.
Pesquisador:
168
Essas pequeninas aqui, você chegou a observar? (Imagens abaixo das imagens maiores de
natação, bicicleta e corrida tratando das calorias perdidas)
Participante 3
Cheguei, mas eu vi assim, de uma forma geral, eu entendi que seria aquele, o que o atleta
deveria precisar, né, pra poder vencer essa etapa, em termo de alimentação, mas não tive
muito interesse assim, não é uma coisa que eu vá fazer, então.
Pesquisador: Pergunta 8
Você precisaria ler outro texto para entender as informações presentes nesse infográfico?
Participante 3
Não, pra entender não, só se eu quiser saber mais, porque de maneira geral o texto tá bom.
Pesquisador: Pergunta 9
De que trata o infográfico?
Participante 3
Ele trata do limite do corpo humano, é no caso limite que é testado nessa corrida, nessa
maratona, assim, no geral, assim resumindo bem seria isso, o limite do corpo humano, o que
tende o ser humano a fazer pra, o que o ser humano precisa pra vencer esses limites, essas
etapas (apontando para as etapas da supermaratona representada no infográfico).
Pesquisador: Pergunta 10
Alguma etapa da supermaratona é colocada como mais importante do que as outras?
Participante 3
Como mais importante, não, deu pra ver que elas tem diferenças, né, Por exemplo, no
ciclismo ela fala que ela é uma etapa que apesar de ser muito longa não aquece, mas assim eu
não acho que nenhuma foi mais importante mesmo, as diferenças mesmo de exigência de
cada etapa.
Pesquisador: Pergunta 11
Sem as imagens seria mais fácil ou mais difícil de entender as informações?
Participante 3
Seria mais difícil. Eu achei muito mais fácil visualizar qualquer texto assim, um assunto que
você trata com a imagem fica mais fácil de você fazer conexões.
Pesquisador:
E sem o texto escrito, daria pra entender?
Participante 3
Daria, assim sem o texto (introdução)?
Pesquisador:
Sem nenhum texto escrito.
169
Participante 3
Não, eu acho que ficaria um pouco difícil, porque você não tem muita noção do que ele ta
querendo representar com a imagem, pode ser várias coisas.
Pesquisador: Pergunta 12
Qual foi o objetivo dos autores ao produzir esse infográfico? Você acredita que eles
conseguiram alcançá-lo?
Participante 3
Acho que mostrar pra uma pessoa que não conhece a maratona, pra quem não tem informação
específica ou pra uma pessoa que não conhece, não sabe como é o que acontece, dá uma ideia
geral do que um atleta precisa pra passar por uma maratona, o que uma pessoa que percorre
uma maratona faz, né, normalmente tem dificuldade, treinamento, assim, é, o que uma pessoa
é capaz de fazer mesmo. Acho que sim. (alcançaram esse objetivo)
Pesquisador: Pergunta 13
Você confia nas informações desse infográfico? Por quê?
Participante 3
Bom, como eu não tenho nenhuma referência anterior, até o momento eu ira confiar, a menos
que eu precisasse pesquisar mesmo, ter uma informação eu me deparasse com uma fonte mais
confiável.
Pesquisador: Pergunta 14
O infográfico expressa algum ponto de vista acerca do assunto tratado? Por que você acha que
isso acontece?
Participante 3
Eu acho que talvez ele tenha deixado assim um pouco, como eu posso dizer, um pouco de
surpresa assim, é admiração por uma pessoa que consegue vencer tudo isso, porque ele aborda
muito essas partes, todas as partes que tendem a dificultar que você consiga fazer uma
maratona, então é, pra uma pessoa que consegue dar a volta ao mundo e por exemplo passar
por tudo isso, por essas dificuldades, então eu acho que transparece um pouco de admiração
mesmo. Quem consegue fazer isso,é muito boa.
Pesquisador
O tulo é uma pergunta: o que acontece com o corpo de quem disputa uma supermaratona?
Você acha que ele responde e ainda coloca essa pontinha de admiração?
Participante 3
Sim, é isso. Na verdade assim, é, ele poderia colocar algumas coisa que uma pessoa que faz
uma maratona fortalece o corpo, ela tem um raciocínio rápido, em termo assim de ela ter
alguma dificuldade inesperada, aí eu acho que não aborda muito assim, no caso o que
acontece assim no corpo, mas mesmo na parte assim as dificuldades que tende a prejudicar e
não outros pontos.
170
Participante 4
Infográfico 3 Casa do Presidente
Duração da leitura: 05 min 27 s
Localização da página: rápida e sem dificuldades
Descrição da leitura:
Assim que abre a página, olha para o título, volta-se para a imagem central. Pergunta se é para
ler tudo, respondo que sim e que observar antes. Escaneia toda a página, começa pelo centro e
passa para a parte de baixo, no movimento da esquerda para a direita, volta-se para a parte
superior. Pergunta sobre que tipo de comentários precisaria fazer. Digo que sobre o texto, mas
que não seriam obrigatórios. Volta-se para o texto introdutório. Inicia a leitura. Faz
movimentos com a cabeça do texto introdutório que está lendo, na esquerda, para a direita em
direção à imagem central, faz isso dez vezes entre olhadas rápidas e mais demoradas, quando
buscava informações na imagem, provavelmente sobre o que leu no texto introdutório.
Terminado o texto introdutório, inicia a leitura das legendas na parte inferior da revista. Passa
para as legendas da segunda página, também posicionadas abaixo. Volta a escanear a imagem
central. Volta a ler as legendas da segunda página. todas. Observa ligeiramente na parte
superior da segunda página as imagens e legenda “Arte executiva”. Olha mais atentamente
para essa parte.
Respostas às perguntas:
Pesquisador: Pergunta 1
Você já leu textos parecidos com este? Com que frequência?
Participante 4
Já, quando vai apresentar detalhes, tipo um hotel de algum lugar, uma pousada. De vez em
quando.
Pesquisador:
Chamamos esse texto de infográfico.
Pesquisador: Pergunta 2
Ao se deparar com o infográfico, o que lhe chamou mais atenção? Por que você acha que foi
assim?
Participante 4
Ah, o desenho, né, é a primeira coisa que você olha. Porque é a parte que mais chama atenção.
Tá mais centralizado, quando abre a página você vê isso, depois você vai ler pra ver do que se
trata.
Pesquisador: Pergunta 3
Por qual parte do infográfico você iniciou a leitura? Depois passou para qual parte até chegar
ao final?
Participante 4
171
Pelo começo (apontando para o texto introdutório)
Pesquisador:
Depois passou para qual parte até chegar ao final?
Participante 4
Eu fui lendo (apontando para o texto introdutório) e quando falava de algum detalhe eu
procurava aqui (na imagem central, casa do presidente, do infográfico) depois eu fui lendo
(apontando para as legendas abaixo da figura central)
Pesquisador: Pergunta 4
Você seguiu a numeração das legendas?
Participante 4
Sim.
Pesquisador: Pergunta 5
Se você começasse por outra parte, seria possível entender o texto do mesmo modo? Por quê?
Participante 4
Acredito que sim, sei lá, mais ou menos cada parte fala de um lugar, então não é sequencial,
eu achei , se quiser ler primeiro isso aqui (apontando para as legendas abaixo da figura
central), aqui fala mais dos cômodos, aqui fala das características da casa, essas coisas assim.
Não precisa ler em ordem.
Pesquisador: Pergunta 6
Qual parte da imagem você observou primeiro? Por quê?
Participante 4
Primeiro o que é mais incomum, o auditório, essas coisas mais incomum, que não tem em
casa normal.
Pesquisador:
E o fato de ta dividido assim chamou mais atenção? (conjoneid)
Participante 4
Chamou né, porque, mais fácil de visualizar
Pesquisador: Pergunta 7
Houve alguma parte do infográfico que você não entendeu?Por quê?
Participante 4
Acho que não. A única coisa que eu não achei foi o campo de futebol, só isso.
Pesquisador:
O texto fala em campo de futebol?
172
Participante 4
Fala.
Pesquisador:
Não mostra, né?
Participante 4
Não.
Pesquisador:
Então nem todas as coisas que falam aqui está na figura?
Participante 4
Não.
Pesquisador:
Você achou a leitura fácil?
Participante 4
Achei (fácil) não tem dificuldade. Eu tenho dificuldade até pra entender, mas esse texto foi
fácil, com a imagem junto
Pesquisador: Pergunta 8
O que tornou a leitura do infográfico fácil? Por quê?
Participante 4
Eu podia associar, (fazendo gestos que lembrava junção) toda hora que eu lia eu procurava
aqui.
Pesquisador: Pergunta 9
Você precisaria ler outro texto para entender as informações presentes nesse infográfico?
Participante 4
Não só as que tão aqui (já bastam)
Pesquisador: Pergunta 10
De que trata o infográfico?
Participante 4
Fala como que é o palácio da alvorada, por dentro. (apontando para a imagem)
Pesquisador:
O título é uma pergunta Como é a casa do Presidente? Você acha que o texto responde?
Participante 4
A casa dele mesmo falou que aqui (apontando a parte superior do conjoined, último andar
do palácio), que é onde fica ele, os hóspedes e tal, a família.
173
Pesquisador:
As outras partes são o quê?
Participante 4
Recepção do povo, auditório.
Pesquisador: Pergunta 11
Sem as imagens seria mais fácil ou mais difícil de entender as informações?
Participante 4
Mais difícil, né, até você montar tudo (fazendo gestos sobre a cabeça, indicando que se monta
tudo na cabeça).
Pesquisador:
E sem o texto escrito?
Participante 4
Ia ser mais, é mais fácil só ver a imagem do que só ler o texto, só que é melhor os dois juntos.
Pesquisador: Pergunta 12
Qual foi o objetivo dos autores ao produzir esse infográfico? Você acredita que eles
conseguiram alcançá-lo?
Participante 4
Não sei. Talvez meio que falar que mora muito bem, sabe essas coisas assim, meio que até pra
quem lê: “nossa tudo isso pra que, não precisa disso tudo, talvez é isso. Eu não sei né?
Conseguiram (alcançar esse objetivo)
Pesquisador: Pergunta 13
Você confia nas informações desse infográfico? Por quê?
Participante 4
Ué, confio, porque talvez, é uma revista que tem grande circulação. A revista tem
credibilidade com todo mundo.
Pesquisador: Pergunta 14
O infográfico expressa algum ponto de vista acerca do assunto tratado? Por que você acha que
isso acontece?
Participante 4
Então, acho que sim, né, porque se ele ta mostrando que tem muita coisa assim, talvez até
que, vive muito bem, tem vida boa de mais, esse é o ponto de vista.
Pesquisador:
Essas partes do texto, (periféricos) você leu depois?
Participante 4
174
Essa aqui até que não. (parte no canto superior direito da segunda página do infográfico “Arte
executiva”).
Pesquisador:
Você não leu?
Participante 4
Não.
Pesquisador:
Você acha que é a posição em que ele se encontra na gina? Talvez não chamou tanta
atenção?
Participante 4
É talvez, não tava menos claro.
Participante 5
Infográfico 4 Bombardeio da Lua
Duração da leitura: 2 min 46s
Localização da página: rápida e sem dificuldades
Descrição da leitura:
Observa toda a página. Inicia a leitura apelo título e texto introdutório. Olha rapidamente para
a imagem. Volta a ler o texto introdutório. Inicia a leitura das legendas, da primeira, á
esquerda em direção à direita, observa imagem central. Continua lendo as legendas e
observando a imagem central. Ás vezes por muito tempo, ás vezes rapidamente. a última
legenda na parte superior da segunda página.
Respostas às perguntas:
Pesquisador: Pergunta 1
Você já leu textos parecidos com este? Com que frequência?
Participante 5
Já, bastante. (leitora com certa frequência, pois recebe a revista esporadicamente em casa).
Pesquisador: Pergunta 2
Ao se deparar com o infográfico, o que lhe chamou mais atenção? Por que você acha que foi
assim?
Participante 5
Com certeza foi a, o espaço (apontando para toda a imagem), a figura.
Pesquisador:
175
Qual figura? Aponta pra mim.
Participante 5
Foi, na verdade foi tudo (delimitando com a mão a imagem do foguete), o conjunto mesmo.
Foi a primeira coisa, antes de ler o título, eu já imaginei o assunto pela imagem.
Pesquisador:
Você apontou mais para o meio.
Participante 5
É foi mais pro meio.
Pesquisador:
Você acha que é porque é mais central?
Participante 5
É mais central mesmo.
Pesquisador: Pergunta 3
Por qual parte do infográfico você iniciou a leitura? Depois passou para qual parte até chegar
ao final?
Participante 5
Eu comecei pelo título. Comecei aqui (texto introdutório abaixo do título) depois eu li as
(apontando para as legendas em ordem de numeração).
Pesquisador: Pergunta 4
Se o foguete fosse explicado com todas as partes juntas seria mais fácil ou mais difícil de
entender?
Participante 5
Eu acho que seria mais difícil, né, assim você tem a noção... detalhes. Porque geralmente os
foguetes se dividem no espaço.
Pesquisador: Pergunta 5
Se você começasse por outra parte, seria possível entender o texto do mesmo modo? Por quê?
Participante 5
Sim, se eu começasse, tivesse lido isso aqui primeiro (legendas) é sim. Porque eu ia ler uma
coisa do final depois eu, quando eu lesse o começo (gesticulando) ia fazer uma lógica.
Pesquisador: Pergunta 6
Qual parte da imagem você observou primeiro? Por quê?
Participante 5
Foi o foguete separado. Sei lá, porque é grande, no meio. Todas essas coisas do espaço
geralmente chamam atenção.
Pesquisador: Pergunta 7
176
Houve alguma parte do infográfico que você não entendeu?Por quê?
Participante 5
Não, acho, eu entendi tudo.
Pesquisador:
Então você achou fácil ou difícil a leitura? Por quê?
Participante 5
Fácil. Eu acho que o vocabulário muito, não muito complicado, as siglas também eles
explicam, mesmo que seja em inglês eu entendo, então eu não tive dificuldade, o vocabulário
não tava muito exigente não.
Pesquisador: Pergunta 8
(O que tornou a leitura do infográfico fácil ou difícil? Por quê? Foi feita logo antes) As
imagens ajudam a ler esse texto?
Participante 5
Ajudam, as imagens ajudam a visualizar o que escrito aqui, quando você lê, você fica um
pouco, aí na hora que você vai enxergar como que vai ser o... (foguete), ajudam.
Pesquisador: Pergunta 9
Você precisaria ler outro texto para entender as informações presentes nesse infográfico?
Participante 5
Não.
Pesquisador: Pergunta 10
De que trata o infográfico?
Participante 5
O assunto é saber se existe água na Lua. É o principal, o objetivo do foguete. Saber se existe
água na Lua.
Pesquisador:
O texto conta o que disso?
Participante 5
Que a NASA vai buscar um meio de descobrir se existe água na Lua, como a parte escura
da Lua, não vai ter como usar robô, porque não tem energia solar, então vai ter que
bombardear mesmo pra ver se vai, ver da terra.
Pesquisador:
Essa informação de não ter energia solar, você lembra em qual parte do texto ela tá?
Participante 5
Tá aqui (apontando para o meio do texto introdutório).
177
Pesquisador:
E o foguete serve para quê nessa missão?
Participante 5
O foguete na Lua, bombardear a Lua 9000 Km, pra poder fazer uma fumaça, se tiver uma
parte branca na fumaça é porque tem água.
Pesquisador: Pergunta 11
Sem as imagens seria mais fácil ou mais difícil de entender as informações?
Participante 5
Mais difícil.
Pesquisador:
E sem o texto escrito?
Participante 5
Mais difícil.
Pesquisador:
Então resumindo, você acha que precisa dos dois?
Participante 5
Acho que precisa dos dois. Porque a imagem ajuda a visualizar, porque geralmente quando a
gente alguma coisa sem a imagem a gente cria uma imagem na nossa cabeça (gesticulando
sobre a cabeça), e às vezes não é a coisa certa. Igual livro e filme.
Pesquisador:
E se fosse sem esse texto aqui (texto introdutório) fosse essa parte (o infográfico com as
imagens)? Por quê?
Participante 5
Aí ia faltar informação. Porque aqui fala do foguete, mas praticamente não explica porque não
pode usar outro método.
Pesquisador:
Aqui (o infográfico com as imagens) só explica como o foguete funciona.
Participante 5
Só como o foguete funciona.
Pesquisador: Pergunta 12
Qual foi o objetivo dos autores ao produzir esse infográfico? Você acredita que eles
conseguiram alcançá-lo?
Participante 5
O objetivo? Não sei, divulgar informação mesmo, informar. Acho que sim (alcançar o
objetivo), porque eu pelo menos entendi, nunca tinha ouvido falar, nisso aí, já li como.
178
Pesquisador: Pergunta 13
Você confia nas informações desse infográfico? Por quê?
Participante 5
Eu confio, se tiver errado (rs). Por causa da fonte. (É leitora da revista)
Pesquisador: Pergunta 14
O infográfico expressa algum ponto de vista acerca do assunto tratado? Por que você acha que
isso acontece?
Participante 5
Deve ter, mas eu não consegui achar não. Porque todos os textos têm um ponto de vista,
mesmo tentando ser o máximo de objetivo possível você acaba colocando alguma coisa.
Pesquisador:
E nesse texto ele tentou ser o máximo objetivo?
Participante 5
Tentou.
Pesquisador:
Essa imagem que aqui no canto (Superior direito da segunda página) você a observou por
último ou não chamou tanta atenção?
Participante 5
Por último que eu li, na ordem (das legendas).
Pesquisador:
Você acha que é por causa da posição?
Participante 5
Por causa da posição e por causa da numeração também (das legendas), por último.
Pesquisador:
Mais alguma coisa que você queira dizer?
Participante 5
Eu tenho facilidade de guardar as coisas depois que eu leio.
Pesquisador:
Esse título A missão que vai bombardear a Lua tem muito a ver com o texto ou é mais para
chamar atenção?
Participante 5
Acho que é mais pra chamar atenção, porque na verdade o objetivo da reportagem é falar da
água na Lua e não falar que vai, se voolhar isso aqui (título) você acha que eles vão
destruir a Lua, bombardear a Lua?
Pesquisador:
179
talvez seria o ponto de vista do autor? Se ele escrevesse o texto falando que a missão
poderia estragar a Lua, aí seria um ponto de vista.
Participante 5
Com certeza! Seria um ponto de vista.
Participante 6
Infográfico 5 Tchau, Sujeira
Duração da leitura: 5 min 30s
Localização da página: rápida e sem dificuldades
Descrição da leitura:
Observa rapidamente toda a página. Inicia a leitura pelo título e texto introdutório. Dá rápidas
olhadas para a imagem central. Passa à leitura das legendas. Primeiro a do chiclete ingrudável
e Ruas silenciosas logo abaixo o texto introdutório. as legendas abaixo na página. Passa
para a segunda página e as legendas da parte de cima. Passa para as legendas abaixo na
página
Respostas às perguntas:
Pesquisador: Pergunta 1
Você já leu textos parecidos com este? Com que frequência?
Participante 6
Já li, já li uns Superinteressante. Não, costume (de ler) não, eu já li algumas vezes.
Pesquisador:
Na internet, em jornal textos com imagens?
Participante 6
Já li, quando eu era pequeno eu lia outra revista.
Pesquisador: Pergunta 2
Ao se deparar com o infográfico, o que lhe chamou mais atenção? Por que você acha que foi
assim?
Participante 6
Ué, o que me chamou a atenção foi a imagem assim, que ela fala um texto pequeno aqui
(texto introdutório) falando sobre o que é, e depois mostra a imagem pra você entender
melhor. Ah porque é assim, quando você se depara com uma coisa mais fácil de você
entender, ai prefiro entender pela imagem.
Pesquisador:
Você acha mais fácil entender pela imagem?
Participante 6
É.
180
Pesquisador: Pergunta 3
Por qual parte do infográfico você iniciou a leitura? Depois passou para qual parte até chegar
ao final?
Eu comecei por aqui (texto introdutório) e depois fui lendo aqui (as legendas). (Ele indicou a
sequência esquerda/direita e do alto para baixo na leitura das legendas, que não possuem
numeração)
Pesquisador: Pergunta 4
Se você começasse por outra parte, seria possível entender o texto do mesmo modo? Por quê?
Participante 6
Não eu acho que essa parte aqui (texto introdutório) eu teria que ter lido antes né? Pra
entender do que se trata. E depois aqui (legendas) a ordem tanto faz.
Pesquisador:
Mas a primeira parte que você viu mesmo foi a imagem, não foi isso que você disse?
Participante 6
Foi .
Pesquisador: Pergunta 5
Qual parte da imagem você observou primeiro? Por quê?
Participante 6
Que eu observei primeiro? Foi essa parte aqui, do carro (apontando para o carro). E depois eu
vi essa aqui (apontando para o filtro de ar, mais ao centro da imagem do infográfico) esse
zoom aqui.
Pesquisador:
Tem outros zooms aí?
Participante 6
Tem mais um aqui (apontando para a imagem da legenda que trata da roupa antifedor,
abaixo no infográfico) como se fosse dentro do ônibus e desse caminhão aqui (apontando
para o caminhão de lixo à direita da imagem do infográfico.
Pesquisador:
Você não estranhou isso aí não, esse zoom? Não foi diferente, esquisito ver esses zooms? Não
atrapalhou?
Participante 6
Não.
Pesquisador:
Sai daqui a mesma imagem (sai da imagem central) ampliada, parece que é só pra isso?
Participante 6
É só pra isso.
181
Pesquisador:
E ajudou?
Participante 6
Ajudou é como isso representa uma cidade, e cada coisa falando aqui ó tem um zoom pra
representar o que tá explicando no texto.
Pesquisador:
E se não fosse assim, não tivesse zoom? Ia ser mais fácil mais difícil (ler)?
Participante 6
Não, ia ser mais difícil, mas não ia ser impossível.
Pesquisador: Pergunta 6
Você observou primeiro as imagens maiores ou as ampliadas? (Já foi respondida)
Pesquisador: Pergunta 7
Houve alguma parte do infográfico que você não entendeu?Por quê?
Participante 6
Que eu não entendi, não. Não é um vocabulário difícil e foi bem conectado aqui, tudo pra
facilitar a leitura.
Pesquisador:
O que você chama de conectado?
Participante 6
Ah! tem tudo aqui (texto introdutório) me explicando onde tem, como funciona você
vai lendo assim tipo por tópico, fica mais fácil.
Pesquisador:
E a imagem também não tem nada difícil nela?
Participante 6
Não.
Pesquisador:
O diferente dela é o zoom, você disse que o zoom foi tranqüilo..
Participante 6
Até ajudou né? No caso dessa janela aqui (janela dos prédios autolimpantes de onde sai a
explicação de como ele funciona) nunca que eu ia conseguir ver, né?
Pesquisador: Pergunta 8
(O que tornou a leitura do infográfico fácil ou difícil? Por quê? Respondida anteriormente).
Confirmando: Então você achou fácil a leitura do infográfico?
Participante 6
182
Achei fácil.
Pesquisador: Pergunta 9
Você precisaria ler outro texto para entender as informações presentes nesse infográfico?
Participante 6
Não, não, tudo que parece que vai causar dificuldade de entendimento eles colocam um aviso
antes, uma informação.
Pesquisador: Pergunta 10
De que trata o infográfico?
Participante 6
Ele fala sobre métodos que tão sendo usados ou vão ser usados numa cidade pra diminuir o
nível de poluição sonora, poluição do ar, todo tipo de poluição. Explica os métodos.
Pesquisador:
Gostou do texto?
Participante 6
Gostei. Achei bem interessante.
Pesquisador: Pergunta 11
Sem as imagens seria mais fácil ou mais difícil de entender as informações?
Participante 6
Ia ser mais difícil. Ia ser mais trabalhoso você imaginar uma coisa, sendo que tem aqui
pronto, só você olhar, né?
Pesquisador:
E sem o texto escrito?
Participante 6
Aí eu não ia entender nada.
Pesquisador:
Resumindo você pode falar que o texto é bom porque tem o texto escrito e as imagens?
Participante 6
É, tem as duas, uma completa a outra.
Pesquisador: Pergunta 12
Qual foi o objetivo dos autores ao produzir esse infográfico? Você acredita que eles
conseguiram alcançá-lo?
Participante 6
Ele queria passar a mensagem de... passar essa informação de que tendo uma novas
técnicas já pra diminuir o nível de poluição, informar. Conseguem (o objetivo).
183
Pesquisador: Pergunta 13
Você confia nas informações desse infográfico? Por quê?
Participante 6
Confio, ah porque tudo tão bem explicado, que parece que nada foge do que eu conheço
previamente.
Pesquisador:
Qual dessas tecnologias você acha mais interessante?
Participante 6
Eu achei essa do chiclete aqui (apontando para a legenda que explica o chiclete que não
gruda). Achei mais interessante assim, porque não gruda na calçada, não gruda no sapato, não
gruda em lugar nenhum.
Pesquisador: Pergunta 14
O infográfico expressa algum ponto de vista acerca do assunto tratado? Por que você acha que
isso acontece?
Participante 6
É, às vezes, por exemplo, aqui (aponta para a legenda da roupa antifedor) “e você não fica
fedendo” isso é como se fosse um comentário do autor, né?
Pesquisador:
Você lembra se tem outras aí?
Participante 6
Por exemplo, esse aqui, (aponta para a legenda do aspirador de poluição) “seriam suficientes
para limpar a avenida paulista” tipo ele usou uma coisa pra gente entender melhor, “e sem
ficar gritando pela rua” (legenda de coleta robótica) com se fosse meio humor
Pesquisador:
Por que você acha que ele faz assim?
Participante 6
Ah! Fica uma leitura mais, uma leitura melhor, mais agradável, né? Colocar um pouco de
humor no texto.
Pesquisador:
Mais o que torna agradável a leitura desse texto?
Participante 6
Tá tudo explicado, você não tem que se esforçar demais pra entender a coisa. A imagem ajuda
demais.
Pesquisador:
Você não estranhou o layaout da página?
Participante 6
184
Não.
Pesquisador:
A imagem estar meio de lado? A posição das legendas?
Participante 6
Não interfere, porque não são assuntos que tem que dar uma continuidade, cada um é cada
um.
185
APÊNDICE III
Análise da integração entre os modos verbais e visuais do infográfico 11
Insurgência Máxima
Analisamos a metafunção ideacional do modo verbal do infográfico Insurgência
máxima, seu texto introdutório e as legendas. Acreditamos que a análise dessa metafunção,
cuja função é representar o mundo, suas ações, estados, abstrações, consciência, basta para
que possamos integrar o modo verbal como o visual.
Metafunção ideacional o verbal
Texto introdutório
1º Parágrafo
Blindados militares americanos
atravessam
uma rua estreita
de uma cidade
em ruínas.
Ator
Processo Material
Meta
Escopo
Circunstância de Qualidade
Os pedestres
vão escasseando
Ator
Processo Material
186
destruindo
o primeiro veículo do comboio.
Processo material
meta
Quando
os soldados
se
dão conta,
Conectivo
ator
Meta
Processo material
surgem
insurgentes armados
de todos os lados
Processo material
ator
Circunstância de localidade
e
eles
ficam
cercados
conectivo
Portador
Processo relacional atributivo
Circunstancial
atributo
Essa emboscada
pode estar acontecendo
agora,
em algum lugar do Iraque
Ator
Processo material
Circunstância de tempo
Circunstância de localidade
O primeiro parágrafo é constituído praticamente pelo processo material, que
representa o fazer e o acontecer, possui ideia de ação, muito próximo do processo narrativo do
visual. Aliás, esta será a primeira aproximação que faremos entre o visual e o verbal: o
primeiro parágrafo é uma tentativa de dar dinamicidade à figura do infográfico.
Ao analisarmos os grupos verbais dos processos, perceberemos que estão no presente.
Os grupos nominais dos atores nomeiam eventos que acontecem na cena do infográfico como
Blindados militares, os soldados, uma bomba enterrada, insurgentes armados. O ator da
última oração é um grupo nominal cujo núcleo é a coisa representada pelo substantivo
emboscada. Esse núcleo é introduzido por um dêitico específico Essa. Elementos como os
e
de repente
uma bomba enterrada
é detonada,
conectivo
Circunstância de tempo
Ator do grupo verbal a seguir: “destruindo”
Processo material passivo
187
dêiticos possuem a função de situar o leitor no espaço-tempo, neste caso indicar que a ação
narrada anteriormente é considerada uma emboscada. As circunstâncias apontam para a
ambientação do espaço-tempo, situando o leitor, o que já é feito na figura.
Apontar o primeiro parágrafo como uma tentativa de criar a noção de movimento na
figura do infográfico é o argumento que encontramos para justificar a contrariedade do
princípio segundo o qual o texto verbal não traz as mesmas informações do visual em textos
em que os modos ocorrem juntos. Como afirmamos antes, esses dois modos possuem suas
vantagens e limitações. O visual é mais propenso a imagens estáticas, o verbal possui
condições de representar movimento.
2º parágrafo
Da invasão de 2003 para cá,
Circunstância de tempo
apesar de
a segurança
ter melhorado,
Conectivo
Ator
Processo material
ainda
ocorrem
muitas emboscadas,
Conectivo
Processo material
Ator
onde
os explosivos artesanais
são
as grandes estrelas
Conectivo
Característica/identificado
Processo relacional identificativo intensivo
Valor/identificador
Essa fragilidade
é
mais aparente
em Mosul,
Portador
Processo relacional atributivo intensivo
Atributo qualidade
Circunstância de localidade
390 Km ao norte de Bagdá.
Circunstância de distância
188
Insurgentes árabes sunitas
transformaram
a cidade curda
em um centro de atentados antiamericanos.
Ator
Processo material
Meta
Atributo de resultado
O sargento Tim Carter, baseado no local e sobrevivente de 6 emboscadas,
diz:
Dizente
Processo verbal
É
difícil
diferenciar um insurgente de um civil.
Processo relacional identificativo
intensivo
Valor/identificador
Característica/identificado
Um garoto
pode cumprimentar
você
Ator desta e da próxima oração
Processo material
meta
e
dali a pouco
lhe
lançar
uma granada.
Conectivo
Circunstância de tempo
recipiente
Processo material
meta
O segundo parágrafo apresenta um ponto de vista a respeito do fato narrado no
primeiro. Há o uso do processo relacional, que atribui e identifica. Na oração “onde os
explosivos artesanais são as grandes estrelas” temos o processo relacional identificativo
intensivo. Esse processo possui dois participantes Característica/valor e
identificado/identificador. Neste caso, temos o grupo nominal os explosivos como
característica/identificado e o grupo nominal as grandes estrelas como valor/identificador. Há
relação de equivalência entre eles. A anteposição do epíteto grandes ao núcleo estrelas deixa-
o interpessoal, como uma avaliação pessoal do locutor, ainda mais reforçada pelo uso do
dêitico específico o artigo as. (Halliday, 2004, p. 319)
Outra oração também utiliza o processo relacional, porém, atributivo. Em “Essa
fragilidade é mais aparente em Mosul” Essa fragilidade é portador e mais aparente é atributo.
O grupo nominal Essa fragilidade possui um determinante específico, que no discurso retoma
o fato anterior, introduzindo um núcleo que tem como origem um epíteto fragilidade- frágil
epítetos nessa posição têm função de pós-dêitico, ou seja, também ajuda o leitor a se situar
189
no espaço-tempo. uso de outro epíteto no grupo nominal atributo mais aparente. O epíteto
aparente é intensificado com o mais. Quando se usa um epíteto como núcleo do participante
atributo, este é classificado como de qualidade. Isso denota avaliação do locutor sobre o que
diz.
Ambas as orações são relacionais. Possuem estruturas idênticas: dois participantes
formados por grupos nominais e um grupo verbal formado por verbo de ligação. No entanto, é
possível diferenciá-las entre relacionais atributivas e identificativas seguindo o princípio da
reversibilidade (Halliday, 2004, p. 215), de acordo com o qual nas orações do processo
relacional identificativo podemos inverter os participantes, o que não é possível no processo
relacional atributivo. Não é comum ouvir: “Mais aparente em Mosul é essa fragilidade”.
Gramaticalmente está correta, contudo temos que frisar o princípio da gramática sistêmico-
funcional de estudar a língua em uso, corrente, que aceita “onde as grandes estrelas são os
explosivos artesanais” ou “onde os explosivos artesanais são as grandes estrelas” ambas do
processo identificativo.
Apesar dessa diferença, as duas são intensivas, pois se centram no que o portador é
como atributo ou valor dele.
Trabalhamos essas duas orações não apenas para demonstrar como esse parágrafo é do
sendo e não do fazendo e acontecendo como no processo material, além de ser mais opinativo
em relação ao outro, mas também para exemplificar como é o processo relacional,
predominante no modo verbal do infográfico, como veremos ao analisarmos as legendas.
Outro processo que aparece neste parágrafo é o verbal para introduzir uma citação.
Nas considerações, veremos mais sobre o posicionamento do locutor do infográfico.
3º Parágrafo
Nestas páginas
um cenário que
explica
Circunstância de lugar
Ator
Processo material
por que
os americanos
querem
o fim da guerra.
conectivo
Experienciador
Processo mental desiderativo
fenômeno
190
O parágrafo final termina com uma circunstância de lugar funcionando como dêitico,
fazendo referência à imagem do infográfico e um processo mental, o processo do sentir. Os
participantes são o experienciador e o fenômeno. É desiderativo porque o grupo verbal
formado pelo verbo querer é usado com o argumento de desejo.
Legenda 1
O RPG (granada disparada por foguete,
na sigla em inglês)
é
um lançador de explosivos simples e com
múltiplas aplicações.
Portador desta oração e ator da seguinte
Processo relacional
atributivo intensivo
Atributo
(é) Usado
para abater de veículos blindados a helicópteros de ataque.
Processo material passivo
escopo
Legenda 2
O AK-47, herança da
URSS,
é
o fuzil de assalto mais usado do planeta, hit entre
guerrilhas e milícias por todo o mundo.
191
Característica/identificado
Processo relacional
identificativo intensivo
Valor/identificador
Baixo custo e robustez
são
seus principais atributos.
Valor/identificador
Processo relacional identificativo intensivo
Característica/identificado
Legenda 3
Uma das virtudes
que
a falta de recursos
inspira
é
a criatividade:
Característica/identificador
meta
Ator
Processo
material
Processo relacional identificativo
intensivo com equivalência entre
os participantes
Valor/identificado
o explosivo dos insurgentes
é acionado
por um celular modificado
meta
Processo material passivo
Ator
que
“liga” direto
para o detonador.
Ator
Processo material
meta
A montagem da bomba
pode ser feita
com ferramentas comum,
meta
Processo material passivo
Circunstância de meio e meta da oração seguinte
(são) encontradas
em qualquer loja de eletrônicos.
Processo material passivo
Circunstância de localidade
192
Legenda 4
O IED (sigla em inglês para
aparato explosivo
improvisado)
é
uma bomba caseira
geralmente
enterrada
Portador
Processo relacional
atributivo intensivo
Atributo e meta dos 2 processos passivos a
seguir e ator dos 2 últimos, ativos e ainda
portador do atributo de posse.
Processo
material passivo
e
usada
para
danificar
veículos
e
obstruir
caminhos.
conectivo
Processo material
passivo
Conectivo
Processo material
ativo
meta
conectivo
Processo material
ativo
meta
Apesar do improviso,
tem
um grande poder de destruição
Circunstância de
concessão
Processo relacional
atributivo possessivo
Atributo de posse
Legenda 5
Veículos
são usados
para
formar
barricadas
Meta
Processo material passivo
conectivo
Processo material ativo
Meta
193
ou
fazer
“delivery” de insurgentes.
Conectivo
Processo material ativo
meta
Ambulâncias
são
os favoritos:
Característica/identificado
Processo relacional identificativo intensivo
Valor/identificador
elas
provocam
hesitação
nos soldados americanos,
Ator
Processo material
Meta
escopo
que
perdem
segundos preciosos.
Ator
Processo material
meta
Legenda 6
Áreas urbanas
são
ideais para a preparação
de uma emboscada:
proporcionam
espaços restritos e
inúmeros locais
Portador e ator do
processo material
seguinte
Processo relacional
atributivo intensivo
Atributo de qualidade
Processo
material
meta
onde
os atacantes
encontram
esconderijo e proteção.
Conectivo
Ator
Processo material
meta
Legenda 7
194
Regra nº 1 para o veículo americano emboscado:
manter
se
em movimento
Ator
Processo material
meta
Escopo
Portador da oração seguinte
Se
não for
possível, -
conectivo
Processo relacional atributivo circunstancial
Atributo de circunstância
como neste cenário, em que
um Styker
ficou
preso
Circunstância de comparação
Portador
Processo relacional atributivo circunstancial
Atributo de circunstância
e
um Humvee
foi
pelos ares -,
Conectivo
Portador
Processo Relacional atributivo intensivo
atributo
a orientação
é
fugir a pé
da área de abate,
Característica/identificado
Processo relacional identificativo intensivo
Valor/identificador
Circunstância de local
abrindo fogo contra os inimigos.
Circunstância de modo
Nas legendas, vemos o uso predominante de orações do processo relacional, que serve
para caracterizar e identificar, são concebidos pelo sendo, representando mais o estático.
também o uso de orações do processo material, entretanto, elas cumprem a função de
descrever, exemplificando, o que é uma limitação para o processo relacional, considerado
estático. Essa relação entre material e relacional é comentada por Halliday (2004, p. 216).
Além do mais, ao analisarmos a imagem do infográfico, veremos que as legendas são
processos encaixados em elementos do visual. Defenderemos que as legendas são processos
encaixados nas circunstâncias de meio e local da imagem do infográfico.
195
Metafunção ideacional o visual
Na imagem do infográfico, temos como processo maior uma ação transacional
bidirecional. O processo é de ação porque há vetores partindo dos participantes, que possuem
papel duplo atores e metas ao mesmo tempo . Por causa desse duplo papel, nesse processo,
os participantes são chamados de inter-atores. Por haver atores e metas o processo é
classificado como transacional.
Os inter-atores desse processo na imagem são os chamados insurgentes pelo
infográfico e os soldados americanos. Essa relação entre primeiro plano, centro e fundo define
a posição dos participantes no cenário, ajudando a defini-los como participantes. Como vemos
os primeiros atiram nos segundos e vice-versa. Os vetores partem dos inter-atores insurgentes
até os soldados americanos, que são as metas, ao mesmo tempo em que vetores partindo
dos soldados americanos até os insurgentes, que passam a ser metas também, por isso o
processo é bidirecional.
As circunstâncias de meio são os instrumentos usados pelos participantes no processo
de ação, ou seja, o instrumento de onde parte o vetor. No infográfico, esses instrumentos são
as armas utilizadas pelos insurgentes e americanos. É delas que partem os vetores. Aliás, os
vetores são potencialmente definidos pelas linhas de fogo amareladas que partem das armas.
Como circunstância locativas, entendemos o posicionamento de um participante em
relação a outro, a criação do cenário. Na imagem, temos como circunstância de local o
cenário de combate em uma rua. O inter-atores insurgentes estão posicionados no primeiro
plano e ao centro os soldados americanos e no fundo outros participantes. Essa relação entre
primeiro plano, centro e fundo define a posição de atacantes dos insurgentes e vítimas dos
americanos, que, no entanto, se defendem.
No fundo, localizados no alto dos escombros de um prédio, temos outros participantes,
que funcionam como circunstâncias e não atores. Embora estejam, alguns, projetando vetores,
eles estão numa posição que reforça a ideia de cerco ou emboscada, como utilizado no
infográfico, aos americanos. Isso ocorre com a ambulância, também posicionada ao fundo. O
veículo em explosão, meta de outro processo encaixado neste como veremos depois, é um
participante localizado a frente do veículo central e muito a frente da ambulância. Essa
posição também indica a posição “sem saída” dos americanos na emboscada. Isso também
196
demonstra que, embora o processo bidirecional seja simultâneo, não é proporcional. A
posição dos inter-atores americanos sugere desvantagem, apesar de também serem atores.
Essas circunstâncias locativas também definem qual é o processo maior nessa
estrutura que Kress e Van Leeuwen, (2006, p. 109) chamam de estrutura multidimensional,
isto é, processos encaixados em outros processos.
No canto direito do infográfico, no primeiro plano, temos um outro processo
encaixado no processo que apresentamos acima. Trata-se de um processo de conversão,
formado por um ator insurgente que segura um celular , um revezador a bomba e a
meta veículo em explosão . O processo de conversão tem como característica principal o
participante revezador que é ator de um processo e meta de outro. Primeiro temos um vetor
partindo do insurgente até a bomba e outro vetor da bomba ao carro em explosão.
Como circunstância de modo, temos o celular na mão do insurgente de onde parte um
vetor em forma ondas. Kress e Van Leeuwen, (2006, p. 71) chamam esse tipo de vetor de
amplificado, que sugere freqüência. Visualmente, o vetor entre a bomba e o veículo é
representado pelo amarelo da explosão debaixo do participante.
Ainda menor, outro processo encaixado a esse. A estrutura do desenho da bomba é
analítica topológica. uma relação de representação entre o todo/portador a bomba e
suas partes/atributos possessivos, nomeadas verbalmente por grupos nominais. A estrutura
multidimensional da imagem do infográfico é representada no esquema abaixo:
Estrutura multidimensional do infográfico 11: Insurgência máxima
Processo de ação transacional
bidirecional
Processo
transacional
de conversão
Processo
analítico
topológico
197
Metafunção interpessoal a interação no visual
Nossa análise abordará a metafunção interpessoal da imagem presente no infográfico
“Insurgência máxima”. Utilizaremos os critérios apresentados acima, a fim de verificar como
foi estabelecida duas das três relações entre os participantes:
1- Relações entre participantes interactantes e representados.
2- Relações entre participantes interactantes.
A tabela abaixo procura expor a configuração dos elementos de interação no
infográfico Insurgência máxima na relação entre Participantes Interactantes e Representados.
Para análise das Relações entre Participantes Interactantes produtor e leitor/expectador , é
preciso relacionar estes critérios da tabela, por isso teremos que fazer uma multianálise.
Relações entre P. I. e P. R. no infográfico Insurgência máxima
Elemento de interação
Tipo
Presença
Representação
Contato
Oferta
X
Abstinência de olhar ao expectador
Demanda
––
Olhar ao expectador
Distância
Íntima
––
Pouca distância
Social
––
Média distância
Pública
X
Muita distância
Atitude
Imagem
Subjetiva
X
Visão única do P.R.
Objetiva
––
Visão variada do P.R.
Envolvimento
X
Ângulo frontal
Distanciamento
––
Ângulo oblíquo
Poder do P.I.
––
Ângulo alto
Equidade
X
Ângulo no nível dos olhos
Poder do P. R.
––
Ângulo baixo
Modalidade
Marcadores de modalidade
Nível
Nível de modalidade
Cores
Saturação
Média
Alta
Diferenciação
Média
Alta
Modulação
Média
Alta
Contextualização
Sim
Alta
Representação
Completa
Alta
Profundidade
Sim
Alta
Iluminação
Sim
Alta
Brilho
Variado
Alta
Orientação do código
Meio social de avaliação
Orientação
Características
Tecnológico
––
Abstinência de cores
Sensório
––
Abuso de cores
Abstrato
––
Arte abstrata
Naturalístico
X
Padrão fotográfico
Relações entre P. I. e P. R. no infográfico Insurgência máxima
198
A partir da leitura da tabela, observamos uma configuração de modos semióticos que
busca a imparcialidade do produtor a respeito do que diz. Os participantes representados
estão, em relação aos participantes interactantes, em posição de oferta, a uma distância
pública, em posição de equidade de poder e em posição frontal. A orientação ao código é
naturalístico, próximo ao padrão fotográfico, por isso a configuração dos marcadores de
modalidade apresenta um nível alto. O leitor/expectador é direcionado a uma cena em ação,
para ver como é e como se faz “uma emboscada aos americanos no Iraque”. Portanto, a
relação entre os participantes interactantes é didática. Aliás, essa é a função dos infográficos,
sobretudo os didáticos.
Não obstante essa configuração sugerir uma busca por imparcialidade, apenas
informar como são as emboscadas aos americanos no Iraque, a imagem do infográfico é
subjetiva. O expectador é posicionado em um ponto de vista a partir do qual é possível obter
apenas uma visão dos participantes representados. Embora todos esses participantes estejam
em posição de oferta em relação aos participantes interactantes, aqueles chamados de
insurgentes pelo infográfico estão sob o ponto de vista de atacantes, e os americanos, sob o
ponto de vista de vítimas que se defendem. Obviamente, essa seria a única opção de
representação possível para responder a pergunta título, afinal, os insurgentes iraquianos são
os atores da emboscada e os americanos são os alvos. Porém, ao considerarmos todo o
infográfico, principalmente o texto introdutório, encontraremos uma posição ambígua do
enunciador em relação ao conflito representado no infográfico Insurgência máxima.
Metafunção textual a composição no visual
As zonas de informações do infográfico Insurgência máxima são centradas pelo modo
centro e margem. O bloco de elementos centrais traz a informação núcleo, neste caso o
pelotão americano sob ataque, juntamente com o veículo militar. Essa posição central do
elemento lhe garante saliência em comparação com os elementos da margem. Por causa
disso, as relações de dado/novo e real/ideal não estão presentes no infográfico. Os elementos
das margens ganham status de elementos dependentes do elemento central. No esquema
abaixo, ilustramos isso:
199
Configuração das zonas de informação no Infográfico 11: Insurgência Máxima
Há elementos nas margens que possuem mais saliência do que outros, seja pelo uso de
cores fortes, molduras de quadros definindo zonas de informações, seja por vetores que lhes
são apontados. ainda pequenos blocos de informações verbais legendas espalhados
pelo infográfico, relacionadas aos elementos visuais.
Em relação ao frame, para os padrões de imagem naturalística, um máximo de
desconexão dos elementos, ou seja, a separação entre os elementos é potencialmente definida,
principalmente pelo posicionamento dos participantes representados, assim como pela
projeção de vetores.
Essa composição centro e margem pode gerar caminhos de leitura hipertextuais, à
escolha do leitor. Como a relação dado/novo foi eliminada, juntamente com a baixa saliência
do bloco de informações verbais, que ocuparia a posição de dado caso ela houvesse, o
elemento que deve orientar a leitura será o elemento centro. Partindo desse ponto, o leitor
pode seguir para os elementos das margens, provavelmente àqueles cujas saliências sejam
maiores. Após escanear esses elementos, leria o bloco de informações verbais.
Informação central
que elimina a noção
de dado/novo e
real/ideal.
Informação núcleo.
Saliência
mínima
Bloco de
informações
Verbais.
Elemento margem
com maior saliência.
Presença de cores
fortes como a da
explosão e vetor.
Zona de elementos com saliência média. Apenas
vetores (tiros) partindo dos americanos, apontando
para os “insurgentes”.
Elemento
margem com
mais saliência.
Moldura do
quadro.
Zona de elementos com menos
saliência. Sem presença de vetores que
lhe apontam ou cores e molduras que
o destaquem.
200
APÊNDICE IV
Questionário de interpretação para o participante sobre o infográfico 11
Obrigado por participar desta pesquisa! Sua participação é muito importante para nós,
por favor, responda a todas as questões e com letra legível.
Nome: ___________________________________________
INSTRUÇÃO: Com base na leitura do material entregue por nós, responda às questões de 1 a
8.
QUESTÃO 01
Segundo o infográfico, a principal arma que mais mata americanos no Iraque é
a) AK-47
b) Lança granadas
c) Bombas
d) Homens bomba
QUESTÃO 02
Enumere os itens abaixo de 1 a 4 a parte do infográfico que, na sua opinião, melhor explicita o tema dele.
(1 para o que mais explicita e 4 para o que menos explicita)
( ) as imagens ( ) o título ( ) o texto introdutório ( ) as legendas
QUESTÃO 03
Produza um texto, contando o infográfico para uma pessoa que não o leu.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
QUESTÃO 04
Cite e explique quais partes da imagem do infográfico sugerem a posição de cercados dos americanos?
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
QUESTÃO 05
Qual seria sua reação se observasse a cena do infográfico dos seguintes pontos de vista:
a) Do veículo americano
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
b) Da ambulância ao fundo:
201
c) De um helicóptero da imprensa:
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
d) Ao lado dos iraquianos:
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
QUESTÃO 06
A partir da leitura do infográfico, defina quem são
a- as vítimas:
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
b- os insurgentes:
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
c- os invasores:
d- os inimigos:
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Você concorda com essa definição? Por quê?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
QUESTÃO 07
Qual é o sentido das palavras e expressões em negrito usadas pelo locutor do infográfico?
a) “(...) os explosivos artesanais são as grandes estrelas.”
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
b) “O fuzil de assalto mais usado do planeta, hit entre guerrilhas e milícias (...)”.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
c) “(...) a orientação é fugir a pé da „área de abate’”.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
d) “O Iraque está bombando.”
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
QUESTÃO 08
Considerando-se o que acontece na cena do infográfico e o objetivo dele, responda:
As palavras e expressões das frases da questão 07 são adequadas ao assunto tratado no infográfico?
Justifique sua resposta.
202
APÊNDICE V
Respostas às questões 04 e 05 do Questionário de Interpretação
Citação de elementos por participante Questão 04
Participantes
Elementos que sugerem o cerco aos americanos
Insurgentes
primeiro plano
Veículo em
explosão ao
lado.
Construções e
insurgentes
posicionados nelas.
Ambulância
Posição central
dos americanos
PQ1
X
X
X
PQ2
X
X
PQ3
X
X
X
X
PQ4
X
X
X
PQ5
X
PQ6
X
X
PQ7
X
X
PQ8
X
X
X
X
PQ9
X
X
PQ10
X
X
X
PQ11
X
X
X
PQ12
X
X
X
PQ13
X
X
X
X
PQ14
X
PQ15
X
PQ16
X
X
X
Citação de elementos por participante
Pontos de vista sobre a cena do infográfico Questão 05
Participantes
Posicionamento
Do veículo americano
Da ambulância ao
fundo
De um helicóptero da
imprensa
Ao lado dos
iraquianos
PQ1
A reação de surpresa
Reação de desespero
Reação de
constrangimento
Reação de medo
PQ2
Revolta
Desânimo por não
encontrar utilidade
Buscar escrever a
notícia da semana
Vingança
203
PQ3
Eu preferiria não estar
ali
Quando ela começasse
a receber o contra-
ataque americano, eu
fugiria
Estaria surpreso e
curioso, permaneceria
no lugar se não visse
grandes riscos
Me Sentiria em
posição
privilegiada
PQ4
Reagiria atirando em
qualquer coisa que
respire
Ficaria escondido e
após certa segurança
atacaria o inimigo
Reagiria com um
telespectador torcendo
pra que todos morram
Atiraria sem dó e
piedade nos
americanos, com
muita vontade.
PQ5
Possivelmente pavor
por imaginar tal cena
Semelhante a resposta
anteri0or
Semelhante a primeira
Surpresa
PQ6
Ficaria desesperado e
tentaria fugir
Me esconder e tentar
fugir
Ficaria impressionado
Os americanos
estão ferrados
PQ7
Estaria em pânico
Ficaria bastante
assustado
Eu ficaria
impressionado com a
cena
Eu me sentiria
forte para
enfrentar a guerra
PQ8
Fudeu!
Tenho que sair logo
daqui
Aquilo pode dar uma
boa matéria
Não deixa o
americano fugir.
Mata!
PQ9
Tentaria sobreviver
Tentaria fugir
Tentaria narrar a cena
de forma
sensacionalista
Mataria o
máximo de
americano
PQ10
Espanto, medo
Desespero
Susto, empolgação
Raiva, desespero
PQ11
Seguiria a regra nº 1
para veículo americano
em emboscada
(manter-se em
movimento)
Correr e atirar
Filmaria ou
fotografaria a cena
Atiraria nos
americanos
PQ12
Correria
Fugia
Admirava a paisagem
Atiraria
PQ13
Procurar um local para
me proteger e
combater o inimigo
Utilizaria do elemento
surpresa e causaria o
máximo de danos
possíveis
Filmar tudo
Buscar acertar o
maior número de
americanos
PQ14
Tentaria fugir
Tentar resgatar alguns
feridos
Sairia do local
imediatamente
Fugiria
PQ15
Reação de
sobrevivência, por
estar sendo atacado
Preparando-se para
atacar os americanos
Observando o ataque e
documentando
Rezando para não
morrer
PQ16
Me sentiria intimidado
pelos insurgentes
Me sentiria avantajado
em relação aos
americanos, mas sem
visão de todo o
ambiente da
emboscada
Observaria toda a
situação com uma certa
neutralidade
Me sentiria
avantajado em
relação aos
americanos.
Pontos de vista sobre a cena do infográfico 11
204
APÊNDICE VI
Esquema dos procedimentos de leitura do infográfico
Esquema dos procedimentos de leitura do infográfico
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