Download PDF
ads:
CIRO DE SOUSA
FILOGENIA MOLECULAR DAS JABUTICABAS: ELUCIDANDO RELAÇÕES
EVOLUTIVAS E IDENTIDADE GENÉRICA DE UM FRUTO GENUINAMENTE
BRASILEIRO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Ciências
Genômicas e Biotecnologia da Universidade
Católica de Brasília, como requisito parcial
para obtenção do Título de Mestre em
Ciências Genômicas e Biotecnologia.
Orientador: Dr. Eduardo Gomes Gonçalves
Co-orientadora: Dra. Rosane Garcia
Collevatti.
Brasília
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Dissertação de autoria de Ciro de Sousa, intitulada “FILOGENIA MOLECULAR
DAS JABUTICABAS: ELUCIDANDO RELAÇÕES EVOLUTIVAS E IDENTIDADE
GENÉRICA DE UM FRUTO GENUINANEMENTE BRASILEIRO” apresentada como
requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências Genômicas e Biotecnologia da
Universidade Católica de Brasília em 6 de novembro de 2009, defendida e aprovada pela
banca examinadora abaixo assinada:
_________________________________________________
Prof. Dr. Eduardo Gomes Gonçalves
Orientador
Universidade Católica de Brasília – UCB
_________________________________________________
Prof. Dr. David John Bertioli
Examinador Interno
Universidade Católica de Brasília – UCB
Universidade de Brasília – UnB
_________________________________________________
Prof. Dra. Lilian Gimenes Giugliano
Examinador Externo
Universidade de Brasília – UnB
Brasília
2009
ads:
Dedico este trabalho aos meus familiares, em
especial a minha mãe, Maria de Fátima, e a
minha avó, Maria Eva, pelo carinho e apoio
permanente para que eu continuasse os
estudos.
AGRADECIMENTO
Assumindo o risco de esquecer alguém essencial que de alguma forma possa ter
contribuído para o término deste trabalho, nem que fosse por deixar o ambiente do laboratório
mais descontraído, aliviando o clima de estresse que em certas ocasiões pairava sobre nós,
aqui se encontra uma lista de pessoas que não posso deixar de agradecer:
Primeiramente, a Deus e a Virgem Maria, minhas fontes insubstituíveis de paz;
Meus familiares, em especial minha mãe, Maria de Fátima, e a minha avó, Maria
Eva (segunda mãe), por terem me dado todo o tipo de apoio para que eu continuasse
com os estudos, e os meus irmãos: Luana e Pedro, pela ajuda e compreensão.
Meu orientador, Eduardo Gomes Gonçalves, que ao longo destes seis anos de
parceria, desde a iniciação científica, tem sido uma pessoa formidável, sem seu
incentivo certamente não teria feito o mestrado;
Minha orientadora, Rosane Garcia Collevatti, pela sua solidariedade intelectual,
muito do que aprendi devo a você. Obrigado por toda a confiança depositada em
mim;
Além da professora: Carolyn Elinore Barnes Proença, por ter me ajudado na
compreensão do confuso “complexo Plinia”;
Os professores David Bertioli e Renato Caparroz, pelas dicas e ajuda com o Staden;
Alessandra Reis pelas valiosas dicas e por te me ajudado a lidar com o MegaBace,
toda vez que tinha um problema;
Meus eternos amigos, Susana, João Paulo, Hugo, Weuller e Laurinha, que na
verdade são muito mais que amigos são irmãos;
Minha namorada, Nara Neri, por todo carinho e compreensão;
Aos amigos que fiz ao longo deste tempo de pós, Aline, Patty, Camila, Suelen,
Lucas, Vírgilio, Leonardo, Rodrigo, Thais (Loira), Isabel, Maíra, Marcela, Baby,
Francisca, Viviane, Flavinha, Glaucia, Marco, Janaína, Ediene, Valéria, Luciano,
Marina, Raquel, pessoas inesquecíveis com as quais tive o privilégio de dividir
situações memoráveis;
A todos os funcionários, em especial a Ida, Fábio, André e Willian;
Por fim, a todos aqueles que deveriam, mas pela minha falta de memória, não foram
citados.
RESUMO
Referência: SOUSA, Ciro. Filogenia Molecular das Jabuticabas: Elucidando relações
evolutivas e identidade genérica de um fruto genuinamente brasileiro. 2009. 61 pp. Curso de
Ciências Genômicas e Biotecnologia, Universidade Católica de Brasília, Brasília-DF, 2009.
As jabuticabas (ou “jaboticabas”) são frutas bastante apreciadas no Brasil,
especialmente nos estados do Sudeste e Centro-oeste, onde não podem faltar em pomares
caseiros. São frutas essencialmente brasileiras, apenas ocasionalmente cultivadas em países
vizinhos. Apesar de sua produção ser essencialmente artesanal e voltada para o mercado
informal, grandes quantidades desta fruta são consumidas nos poucos períodos que se
encontram disponíveis. Programas de melhoramento genético são quase ausentes,
principalmente pela taxonomia complexa e a pela escassez de estudos genéticos.
Tradicionalmente, as jabuticabas são classificadas no gênero Myrciaria (como M. jaboticaba,
M. cauliflora e M. trunciflora), mas alguns autores as consideram como pertencentes ao
gênero Plinia. A dificuldade de circunscrição genérica torna-se ainda maior quando o gênero
Paramyrciaria é incorporado, formando um complexo de difícil delimitação usando dados
morfológicos. Estudos recentes usando dados moleculares demonstram que os gêneros
Myrciaria e Plinia, juntamente com Neomitranthes e Siphoneugena, formam um grupo
monofilético denominado “Complexo Plinia”. Uma vez que os estudos existentes não foram
capazes de sugerir de forma conclusiva uma circunscrição para as espécies cultivadas de
jabuticabas, sugere-se aqui uma abordagem molecular utilizando um marcador plastidial
(matK) e um nuclear (ITS). As abordagens filogenéticas testadas foram Máxima Parsimônia e
Análise Bayesiana, com resultados essencialmente similares. Para tanto, 67 acessos
pertencentes ao grupo foram obtidos em campo ou à partir de coleções vivas, compreendendo
as jabuticabas comestíveis e grupos próximos (Siphoneugena, Neomitranthes, Myrciaria e
Plinia), além de grupos externos. As árvores filogenéticas derivadas de cada compartimento
genômico mostraram-se divergentes em detalhes, demonstrando que os marcadores têm
histórias evolutivas levemente distintas. Em ambas as análises, as jabuticabeiras amostradas
(M. jaboticaba, M. truncifolia e M. cauliflora) surgiram como um único clado, ainda que em
nenhuma das espécies tradicionalmente reconhecidas tenha se mostrado monofilética. Outro
aspecto de interesse é que o grupo que inclui as espécies usualmente aceitas em Myrciaria
sensu stricto (incluindo a espécie tipo do gênero, Myrciaria tenella) também surge como um
clado isolado das jabuticabas cultivadas em ambas as análises, estando tão distante das
jabuticabeiras comestíveis quanto de qualquer outro gênero amostrado do “complexo Plinia”,
enquanto a espécie-tipo de Paramyrciaria (P. delicatula) surge também em um clado
relativamente isolado. Um terceiro aspecto digno de nota é que as espécies reconhecidas
como pertencentes ao gênero Plinia surgiram espalhadas em diferentes clados do “complexo
Plinia(e mesmo fora deste, como Plinia hatschbachiana), indicando que Plinia pode ser um
gênero polifilético. Estes resultados obtidos alertam que, ainda que o “complexo Plinia
mostre-se como um clado bem definido nas análises em nível subfamiliar e tribal, a
circunscrição dos gêneros componentes demanda mais atenção, principalmente no que diz
respeito ao posicionamento de Plinia. Um aumento na amostragem do gênero Plinia, bem
como a inclusão da espécie-tipo do gênero Plinia (P. pinnata) são imprescindíveis para a
elucidação definitiva da identidade genérica das jabuticabeiras cultivadas. Por fim, acredita-
se que esta análise prospectiva das relações genéticas entre as jabuticabeiras cultivadas e seus
parentes selvagens possa ser usada com sucesso como uma linha base confiável para
programas de melhoramento genético de uma fruta genuinamente brasileira.
Palavras-chave: Jabuticaba. Filogenia. Myrciaria. Plinia. matK. ITS.
ABSTRACT
The jabuticabas (or jaboticabas) are much appreciated fruits in Brazil especially in
the Southwestern and Central-western states where they are always present in gardens and
orchards. They are essentially Brazilian fruits, infrequently cultivated in other countries.
Although its production is essentially non-commercial, large amounts of these fruits are
consumed during its short fruiting period. There are virtually no breeding programs, mainly
because of the complex taxonomy and poor genetic characterization. Traditionally, the
jabuticabas are defined as belonging to Myrciaria (mainly as M. jaboticaba, M. cauliflora and
M. truncifilora), but a few authors consider them as belonging to the genus Plinia. Its
circumscription becomes more complex when the genus Paramyrciaria is considered,
forming a complex that is rather hard to define using morphological data. Recent studies
using molecular data demonstrate that the genera Myrciaria and Plinia, together with
Neomitranthes and Siphoneugena, form a monophyletic group denoted Plinia complex”.
Since previous studies were not able to establish a conclusive circumscription for the
cultivated jaboticabas, we used a molecular approach using both a plastidial (matK) and a
nuclear (ITS). Both Maximum Parsimony and Bayesian Analysis approaches were used, with
essentially similar results. Sixty seven accessions from this group were obtained from field
trips or living collections, including edible jabuticabas and allied groups (Siphoneugena,
Neomitranthes e Plinia), together with outogroups. The trees obtained from each genomic
compartment has proven to be slightly different, suggesting a possible distinct evolutionary
story. In both analysis, the sampled jaboticaba species (M. jaboticaba, M. trunciflora and M.
cauliflora) appeared in a single clade, although none of the sampled species appeared as
monophyletic individually. Another interesting aspect is that the group containing the species
usually accepted in Myrciaria sensu lato (including the type species of the genus, M. tenella)
also appeared as distantly related to cultivated jaboticaba as any other sampled genera from
the “Plinia complex”, whereas the type-species of Paramyrciaria (P. delicatula) also appears
in an isolated clade. A third noteworthy aspect is that the species recognized as belonging to
the genus Plinia appeared scattered among different clades of the “Plinia complex(and even
out ot if, as P. hatschbachiana) suggesting that Plinia could be a polyphyletic genus. These
obtained results are clear enough to indicate that the “Plinia complex” may be well defined in
subfamiliar and subtribal approaches, but lacks better studies on generic circumscription,
specially concerning the genus Plinia. A broader sampling of Plinia, as well as the inclusion
of P. pinnata, the type-species of this genus are both necessary prerequisites for the ultimate
elucidation of the generic identity of the cultivated jabuticabas. Finally, we believe that this
prospective analysis about the genetic relationships of the cultivated jabuticabas and their
wild relatives can be successfully used as the first guideline for future breeding programs of
this genuinely Brazilian fruit.
Keyword: Jabuticaba, Phylogenetic, Myrciaria, Plinia, matK, ITS.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Árvore de consenso stricto de 90 igualmente parcimoniosas árvores com 1701
passos, encontrada a partir da busca heurística do matK mais dados do espaçador. A
distribuição dos indels informativos são mapeados na árvore: m = indel do matK; s = indel do
espaçador. ................................................................................................................................. 17
Figura 2 Árvore de consenso stricto resultante da análise de parcimônia com sucessivas
pesagens e análise Bayseana dos dados obtidos pelos marcadores ITS, ETS, psbA-trnH e
matK. Os valores de bootstrap acima de 50% são mostrados acima dos ramos; clados não
recuperados dentro das análises Bayesianas são marcados com setas. ..................................... 20
Figura 3 - A) Jabuticabeira (Myrciaria cauliflora); B) jabuticabas; C) jabuticabeira
(Myrciaria sp.) na época de floração. ....................................................................................... 22
Figura 4 - Representação do posicionamento do matK. ........................................................... 25
Figura 5 - Representação do posicionamento do ITS................................................................ 26
Figura 6 - Disposição dos genes 18S, 5.8S e 28S, intercalados pelo ITS, exemplificando uma
região paráloga. NTS, nontranscribed spacer, ETS, external transcribed spacer, ITS, internal
transcribed spacer. ................................................................................................................... 26
Figura 7 - Árvore de consenso stricto derivada da análise de parcimônia para o marcador
nuclear ITS. Para os ramos com índices de bootstrap acima de 50%, o valor foi indicado
acima de cada ramo. Os principais clados foram denominados: 7A, 7B, 7C e 7D. As espécies
marcadas com dois asteriscos (**), suas seqüências nucleotídicas foram retiradas do Genbank.
.................................................................................................................................................. 36
Figura 8 - Árvore consenso derivada da análise bayesiana, para o marcador nuclear ITS. Para
os ramos com índices de probabilidade posterior acima de 50%, o valor foi indicado abaixo de
cada ramo. Os principais clados foram denominados: 8A, 8B, 8C, 8D e 8E. As espécies
marcadas com dois asteriscos (**), suas seqüências nucleotídicas foram retiradas do Genbank.
.................................................................................................................................................. 38
Figura 9 - Árvore de consenso derivada da análise parcimônia, para o marcador plastidial
matK. Nos ramos com índices de bootstrap acima de 50%, o valor foi indicado acima de cada
ramo. Os principais clados foram denominados: 9A, 9B, 9C, 9D e 9E. As espécies marcadas
com um asterisco (*) não possuem voucher, nem origem. Aquelas marcadas com dois
asteriscos (**), suas seqüências nucleotídicas foram retiradas do Genbank. ........................... 40
Figura 10 Árvore de consenso derivada da análise bayesiana, para o marcador plastidial
matK. Nos ramos com índices de probabilidade posterior acima de 50%, o valor foi indicado
abaixo de cada ramo. Os principais clados foram denominados: 10A, 10B, 10C, 10D, 10E e
10F. As espécies marcadas com um asterisco (*) não possuem voucher, nem origem. Aquelas
marcadas com dois asteriscos (**), suas seqüências nucleotídicas foram retiradas do Genbank.
.................................................................................................................................................. 42
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Agrupamentos intrafamiliares de Myrtaceae de acordo com diferentes autores.
Táxons associados com as subfamílias Myrtoideae, Leptospermoideae e Psiloxyloideae são
indicados pela tonalidade de sombreamento, claro, intermediário e escuro respectivamente . 15
Tabela 2 - Histórico dos agrupamentos da tribo Myrteae de acordo com diferentes autores. Os
táxons associados com as subtribos descritas por Berg, Myrciinae, Eugeniinae e Myrtinae, são
indicados com as tonalidades de cores clara, intermediária e escura respectivamente. ........... 19
Tabela 3 - Espécies utilizadas na análise filogenética. ............................................................. 29
Tabela 4 - Espécies utilizadas na análise filogenética, retiradas do NCBI ............................... 31
Tabela 5 - Lista de primers utilizados nas reações de amplificação e seqüenciamento do gene
matK e do espaçador intergênico ITS . ..................................................................................... 32
Tabela 6 - Sumário dos marcadores matK e ITS. ...................................................................... 34
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
% Porcentagem
ºC Grau Celsius
µg Micrograma
µl Microlitro
µM MicroMolar
bs Bootstrap
BSA Albumina de Soro Bovino
CI Índice de Consistência
DNA Ácido Desoxirribonucléico
dNTP Desoxirribonucléico Trifosfato
HI Índice de Homoplasia
ng Nanograma
M Molar
pp Probabilidade posterior
ILD Incongruence Length Difference
ITS Internal Transcribed Spacer
NCBI National Center for Biotechnology Information
matK Maturase K
MgCl2 Cloreto de Magnésio
mM MiliMolar
PCR Reação em cadeia de polimerase
RAPD DNA Polimórfico Amplificado Aleatoriamente
RC Índice de Consistência Reescalonado
RI Índice de Retenção
Taq Thermus aquaticus
TBR Tree Bisection-Reconnection
U Unidade
SUMÁRIO
1. Introdução ......................................................................................................................... 14
1.1. Família Myrtaceae .................................................................................................... 14
1.2. Tribo Myrtae ............................................................................................................. 18
1.3. Identidade genérica das jabuticabeiras ..................................................................... 21
1.4. Filogenia Molecular .................................................................................................. 25
2. Objetivos ........................................................................................................................... 28
2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................ 28
2.2. Objetivos Específicos ................................................................................................ 28
3. Material e Métodos ........................................................................................................... 29
3.1. Material amostrado .................................................................................................... 29
3.2. Extração e quantificação do DNA ............................................................................. 31
3.3. Reações de amplificação ............................................................................................ 31
3.4. Sequenciamento ......................................................................................................... 32
3.5. Alinhamento ............................................................................................................... 32
3.6. Análises filogenéticas ................................................................................................ 33
3.6.1. Teste de Incongruência ........................................................................................ 33
3.6.2. Máxima Parcimônia ............................................................................................. 33
3.6.3. Inferência Bayesiana ............................................................................................ 33
4. Resultados ......................................................................................................................... 34
4.1. Marcador nuclear (ITS) .............................................................................................. 34
4.1.1. Análise de Parcimônia ......................................................................................... 34
4.1.2. Análise Bayesiana ................................................................................................ 37
4.2. Marcador plastidial (matK) ........................................................................................ 39
4.2.1. Análise de Parcimônia ......................................................................................... 39
4.2.2. Análise Bayesiana ................................................................................................ 41
5. Discussão .......................................................................................................................... 43
5.1. Incongruência entre os compartimentos genômicos. ................................................. 43
5.2. Análise Filogenética .................................................................................................. 44
6. Conclusão .......................................................................................................................... 49
7. Bibliografia ....................................................................................................................... 50
14
1. INTRODUÇÃO
1.1. FAMÍLIA MYRTACEAE
A família Myrtaceae compreende cerca de 100 gêneros, onde estão incluídas
aproximadamente 3000 espécies, sendo a maior família da ordem Myrtales (Judd et al., 2002;
Sousa & Lorenzi, 2005). A família possui centros de diversidade na Austrália, sudeste da Ásia
e na América tropical, mas com pouca representação na África (Wilson et al., 2001; Judd et
al., 2002).
Do ponto de vista econômico, destacam-se vários gêneros pertencentes à família,
pelo fornecimento de madeira e celulose (Eucalyptus), valor ornamental e paisagístico devido
a características florais (Myrtus, Eucalyptus, Callistemon, Melaleuca, Leptospermum e
Rhodomyrtus) e as espécies frutíferas amplamente apreciadas, como a goiabeira (Psidium
guajava), jabuticabeira (Myrciaria cauliflora e outras espécies do gênero), pitangueira
(Eugenia uniflora), cabeludinha (Plinia glomerata), cambuci (Campomanesia phaea),
guabirobeira (Campomanesia ssp.), araçá (Psidium cattleyanum), cereja-natural (Eugenia
cerasiflora), do jambo (Syzygium sp.) e do jambolão (Syzygium cumini), estas duas últimas
exóticas (Judd et al, 2002; Sousa & Lorenzi, 2005).
Possuem também um valor expressivo na riqueza, abundância de indivíduos e área
basal na ocupação de áreas por florestas secundárias na região amazônica (Carim et al., 2007)
e em formações savânicas, como o cerrado (Castro et al., 1999). Aparecem também com
destaque na Floresta Atlântica e a Floresta da Restinga, onde as espécies de Eugenia,
Marlierea, Gomidesia e Myrcia e outros gêneros são muito comuns, representando
freqüentemente a família com maior número de espécies (Sousa & Lorenzi, 2005). Dentro de
um levantamento realizado por Oliveira-Filho & Fontes (2000) a família foi a que possuía
mais representantes em área da Floresta Atlântica chuvosa, Floresta Atlântica Semi-decídua e
no Cerrado.
As Myrtaceae podem ser distinguidas pela combinação das seguintes
características: elevado número de estames, onde os conectivos possuem freqüentemente uma
glândula na extremidade, ovário ínfero com placentas axilares ou parietais profundamente
intrusivas, testa da semente transformada em asas ou com estruturas variadas. O tegumento
pode ser coriáceo, pétreo ou membranoso (Wilson et al., 2001; Judd et al., 2002).
Abordagens recentes têm apresentado a família como monofilética (Wilson et al.,
2005). No entanto na classificação intrafamiliar existe uma considerável discordância entre
autores no que diz respeito à circunscrição de gêneros e espécies (Lucas et al., 2005).
15
Vários autores procuraram por uma classificação que melhor estabelecesse uma
relação entre as espécies dentro de Myrtaceae (Tabela 1). No final da última década, adotava-
se a classificação utilizada por Johnson & Briggs (1984), na qual a família dividia-se em duas
sub-famílias: Leptospermoideae e Myrtoideae, segundo características dos frutos.
Leptospermoideae apresentaria frutos secos enquanto que Myrtoideae, frutos carnosos
(Johnson & Briggs, 1984). Dentro de cada subfamília foi estabelecido uma estrutura informal
de alianças e sub-alianças (equivalente a tribos e subtribos) relacionando os gêneros (Johnson
& Briggs, 1984).
Tabela 1 - Agrupamentos intrafamiliares de Myrtaceae de acordo com diferentes autores. Táxons associados com
as subfamílias Myrtoideae, Leptospermoideae e Psiloxyloideae são indicados pela tonalidade de sombreamento,
claro, intermediário e escuro respectivamente.
De Candolle ex
Schlechtendahl
(1826–7)
Niedenzu
(1893)
Kausel
(1956)
Schmid
(1980)
Johnson & Briggs
(1984)
Wilson & al.
(2005)
Tribo
Leptospermeae
Subfamília
Leptospermoideae
Família
Leptospermaceae
Subfamília
Leptospermoideae
Subfamília
Leptospermoideae
Tribo
Chamaelaucieae
Subfamília
Chamaelaucoideae
Tribo
Myrteae
Subfamília
Myrtoideae
Família
Myrtaceae
Subfamília
Myrtoideae
a
Subfamília
Myrtoideae
Subfamília
Myrtoideae
b
Tribo
Barringtonieae
Família
Lecythidaceae
(excluídos de
Myrtaceae)
Tribo
Lecythideae
Subfamília
Psiloxyloideae
Subfamília
Psiloxyloideae
a
Incluindo 3 grupos:
b
Incluindo 15 tribos
Osbornia Eucalypteae, Kanieae, Leptospermeae, Lindsayomyrteae, Lophostemoneae,
Melaleuceae, Metrosidereae, Osbornieae, Syncarpieae, Tristanieae, Xanthostemoneae,
Chamelaucieae, Backhousieae
“Myrtoideae sensu stricto” Myrteae, Syzygieae
A aliança “Acmena”
Adaptado: Lucas et al. (2007)
Apesar de todos os esforços desprendidos por gerações de mirtólogos, os
caracteres morfológicos empregados para manter as subfamílias e as alianças, tais como
características do fruto, embrião, cotilédone, indumento e inflorescência, foram ao longo do
tempo se mostrando frágeis demais para sustentá-los (Wilson et al., 1994).
A partir daí, o emprego dos dados moleculares possibilitou o aprimoramento na
compreensão das relações filogenéticas entre os grupos. Wilson e colaboradores (2001) foram
os primeiros a propor uma hipótese filogenética molecular utilizando seqüências do gene
maturase K (matK), em torno de toda a família Myrtaceae. As análises até então conduzidas
abordavam grupos restritos dentro da família (O’Brien et al., 2000; Lam et al., 2002). Além
Myrtoideae
Psiloxyloideae
Leptospermoideae
16
da análise filogenética molecular, Wilson et al. (2001) também fizeram uma reavaliação dos
dados morfológicos e anatômicos comumente utilizados na dedução de grupos intrafamiliares
e refez uma análise filogenética com estes dados. A estimativa filogenética obtida derivada
dos dados morfológicos e anatômicos é pobremente resolvida e pouco sustentada, enquanto
que os moleculares foram eficientes na determinação de onze grupos robustos dentro de
Myrtaceae, no entanto a relação entre eles é pouco resolvida ou não pode ser sustentada
(Wilson et al., 2001).
Análises posteriores utilizando o mesmo marcador plastidial matK, com número
maior de espécies, reconheceu na família Myrtaceae duas subfamílias: Myrtoideae e
Psiloxyloideae (Wilson et al., 2005). Os gêneros que segundo Johnson & Briggs (1984)
compunham Leptospermoideae passariam a integrar a subfamília Myrtoideae (Figura 1), que
somados aos gêneros existentes formariam quinze tribos: Chamelaucieae, Leptospermeae,
Lindsayomyrteae, Syncarpieae, Eucalypteae, Myrteae, Syzygieae, Tristanieae, Metrosidereae,
Backhousieae, Kanieae, Melaleuceae, Osbornieae, Lophostermoneae e Xanthostemoneae
(Wilson et al., 2005). Enquanto que a subfamília Psiloxyloideae foi composta pelas tribos:
Heteropyxideae e Psiloxyleae (Wilson et al., 2005).
17
Figura 1 - Árvore de consenso stricto de 90 igualmente parcimoniosas árvores com 1701 passos, encontrada a
partir da busca heurística do matK mais dados do espaçador. A distribuição dos indels informativos são
mapeados na árvore: m = indel do matK; s = indel do espaçador.
Adaptado: Wilson et al. (2005)
18
1.2. TRIBO MYRTAE
A Tribo Myrteae (sensu Wilson et al., 2005; Myrtaceae) compreende cerca de
2500 espécies representadas dentro de 49 gêneros (World Checklist of Myrtaceae, 2006). A
tribo é morfologicamente distinta das outras 14 tribos dentro da subfamília Myrtoideae
(Wilson et al., 2005) pela combinação dos seguintes caracteres: frutos indeiscentes e
carnosos, sistema vascular transeptal e a presença de tricomas uni ou pluricelulares (Wilson et
al., 2001).
Segundo Lucas et al. (2007), a tribo Myrteae é composta por seis grandes grupos:
Plinia, Myrcia, Myrceugenia, Myrteola, Pimenta, e Eugenia. Integram o grupo Plinia os
gêneros: Neomitrantrantes, Siphoneugena, Plinia e Myrciaria (Lucas et al., 2007). Estes
podem ser identificados dos outros grupos pelas seguintes características: cotilédones
carnosos, plano-convexos, não fusionados completamente, testa da semente macia; média de
nove óvulos por ovário; óvulos em um único ponto no septo, usualmente abaixo do ponto
médio ou inseridos ao longo de sua parte inferior (Lucas et al., 2007).
Os gêneros que compõem o grupo Plinia inicialmente foram reconhecidos como
pertencendo a subtribo Eugeniinae, junto com os gêneros do grupo Eugenia (Berg, 1857;
Landrum & Kawasaki, 1997). Devido a características embrionárias peculiares às espécies
dos grupos Plinia e Eugenia, De Candolle´s (1828) acreditou que estas espécies mereciam ser
tratadas como um grupo distinto, sendo que anos mais tarde, Berg (1857) reconheceu este
grupo como subtribo Eugeniinae. Desde então esta classificação tem sido adotada por muitos
autores no estudo das espécies deste complexo, apesar de outros estudos terem sido
conduzidos na tentativa de esclarecer as relações entre estas e outras subtribos. Um breve
histórico pode ser acompanhado na Tabela 2.
Apesar da morfologia do embrião sugerir que as espécies da subtribo Eugeniinae
deveriam ser mantidas unidas, outros dados morfológicos levantados por Landrum &
Kawasaki (1997) já insinuavam que os gêneros: Neomitrantrantes, Siphoneugena, Plinia e
Myrciaria deviam pertencer a um grupo distinto.
19
Tabela 2 - Histórico dos agrupamentos da tribo Myrteae de acordo com diferentes autores. Os xons associados
com as subtribos descritas por Berg, Myrciinae, Eugeniinae e Myrtinae, são indicados com as tonalidades de
cores clara, intermediária e escura respectivamente.
Adaptado: Lucas et al. (2007)
Análises moleculares subseqüentes utilizando marcador nuclear ITS (Internal
Transcribed Spacer) não suportavam o monofiletismo da subtribo Eugeniinae (Salywon et al.,
2004). Estes resultados corroboram também com análise filogenética realizada por Lucas e
colaboradores (2005) que além do marcador nuclear ITS, utilizaram também o plastidial psbA-
trnH. Dentro desta última análise as espécies de Siphoneugena e Myrciaria aparecem unidas
em um clado, enquanto que as espécies de Eugenia aparecem unidas em outro clado
reforçando a hipótese que a subtribo Eugeniinae sensu Berg (1857) é parafilética (Lucas et al.,
2005).
Myrciinae
Eugeniinae
Myrtinae
20
Diante disso a reclassificação dos gêneros da Tribo Myrteae (sensu Wilson et al.,
2005) proposta por Lucas et al. (2007) parece ser a que melhor relaciona os gêneros da tribo
(Figura 2).
Figura 2 - Árvore consenso stricto resultante da análise de parcimônia com sucessivas pesagens e análise
Bayseana dos dados obtidos pelos marcadores ITS, ETS, psbA-trnH e matK. Os valores de bootstrap acima de
50% são mostrados acima dos ramos; clados não recuperados dentro das análises Bayesianas são marcados com
setas.
Adaptado: Lucas et al. (2007).
21
1.3. IDENTIDADE GENÉRICA DAS JABUTICABEIRAS
Essencialmente brasileiras, as jabuticabeiras (usualmente referidas ao gênero
Myrciaria O.Berg) são oriundas do Centro-Sul do Brasil (Figura 3A), apresentando diferentes
arquiteturas, portes e tipos de frutos em muitas regiões. São comumente cultivadas do
extremo sul ao extremo norte do Brasil (Manica, 2000), pois possuem extraordinária
capacidade de adaptação a diversos climas (Chiarelli, et al., 2005; Balerdi et al., 2006).
Apreciadas pelos tradicionais frutos comestíveis (Figura 3B), caracterizados como
um bacídeo globoso de 20 a 30 mm de diâmetro, com uma polpa macia, esbranquiçada e
suculenta, de sabor ligeiramente acídulo, circundada por um epicarpo fino e com quatro
sementes embebidas (Barros et al., 1996; Mota et al., 2002), as jabuticabas possuem grande
qualidade nutricional (Silveira et al., 2006).
Os frutos destas espécies são uma rica fonte de compostos fenólicos, dentre eles a
antocianina (Terci, 2004) caracterizada por apresentar propriedades antioxidantes, auxiliando
na prevenção de doenças (Scalbert & Williamson, 2000). Em cada 100g do fruto (mais ou
menos 15 unidades) aproximadamente são encontradas 60 mg de fósforo, 12,8 mg de
vitamina C, 9 mg de cálcio, 2,4 mg de vitamina B
3
e 1,26 mg de ferro (Meletti, 2000; Oliveira
et al., 2003).
A peculiaridade da sua floração e conseqüente frutificação (Figura 3C), geralmente
desde as raízes, estendendo-se pelo tronco, ramos e galhos delgados, lhe confere rara beleza,
por esta razão também é considerada uma árvore ornamental, podendo ser potencialmente
utilizada em projetos de paisagismo (Meletti, 2000).
Possui ampla aceitação na preparação de licores, Javinne (análogo ao vinho da
uva), sucos, geléias (que se conserva por vários anos), compostas e vinagre (Andersen &
Andersen, 1988; Manica, 2000). Além disso, o bagaço do fruto ainda pode ser utilizado na
produção de uma farinha que quando fermentada torna-se uma rica fonte de fibras, proteínas e
minerais, constituída de partículas finas com aroma característico do fruto (Ascheri et al.,
2006).
22
Figura 3 - A) Jabuticabeira (Myrciaria cauliflora); B) jabuticabas; C) jabuticabeira (Myrciaria sp.) na época de
floração.
Fonte: 3A - (
http://www.jabuticabeira.com.br/images/_%20002_jpg.jpg); 3B -
(
http://heartgarden.com.au/images/Jaboticaba.jpg); 3C - (http://niltonloriano.blog.uol.com.br/images/2-
jabuticabeira.jpg).
Além das jabuticabas, espécies como o “camu-camu” (também referido ao gênero
Myrciaria) tem despertado interesse, principalmente da indústria farmacêutica, pelo seu alto
teor de vitamina C (Villachica, 1996), embora os frutos não sejam apropriados para o
consumo in natura devido à acidez da polpa.
As jabuticabeiras e outras espécies do mesmo gênero possuem presença
significativa em inventários realizados em remanescentes de mata atlântica (Rolin et al.,
2006; Konrath & Mondim, 2007), floresta amazônica (Ivanauskas et al., 2004) e no cerrado
(Romagnolo & Souza, 2004; Walter, 2006; Aragão & Conceição, 2008).
Apesar de serem amplamente apreciadas pelo povo brasileiro, de possuir potencial
econômico devido a características nutricionais e produtivas, e de compor áreas de
preservação ambiental, o estudo sobre as jabuticabeiras e espécies afins tem sido limitado
devido à falta de conhecimento sistemático sobre o grupo.
Atualmente as jabuticabeiras e espécies afins são tidas como pertencendo ao
gênero Myrciaria, no entanto a delimitação taxonômica do gênero tem sido considerada
bastante controversa (Landrum & Kawasaki, 1997). A circunscrição dos gêneros Myrciaria e
Plinia é considerada por alguns autores dúbia (Sobral, 1993; Nic Lughadha & Proença, 1996).
Conforme usualmente referido, o gênero Myrciaria ocorre desde o México e do Caribe
estendendo-se até o norte da Argentina, com cerca de 30 espécies, fortemente concentradas no
3C
23
Brasil, principalmente na região sudeste (Landrum & Kawasaki, 1997). São reconhecidas
dentro do grupo Plinia” (sensu Lucas et al., 2007) pela combinação das seguintes
características: sementes com cotilédones soldados; cálice decíduo depois da antese;
bractéolas conadas no terço inferior do comprimento; flores geralmente glabras;
inflorescências em glomérulos axilares (Sobral, 1993).
o gênero Plinia, conforme usualmente aceito, ocorre desde América Central e
do Caribe até o Brasil, e possui cerca de 20 espécies (Landrum & Kawasaki, 1997). São
caracterizadas dentro do grupo “Plinia” (sensu Lucas et al., 2007) por possuírem: sementes
com cotilédones separados; cálice persistente; bractéolas separadas, pilosas ou não;
inflorescências em glomérulos axilares ou racemos axilares ou caulinares (Sobral, 1993).
Um problema inicial é que, seguindo este critério de identificação,
aproximadamente dezesseis tidas como Myrciaria deveriam passar a ser reconhecidas como
Plinia (Sobral, 1993). Dentre estas espécies estão as jabuticabeiras (Sobral, 1993;
NicLughadha & Proença, 1996).
O estudo dos padrões de nervação das folhas (onde a amostragem incluía cinco
espécies dos gêneros Plinia e Myrciaria), não forneceu subsídios para a delimitação
taxonômica de ambos (Cardoso & Sajo, 2006). Todas as espécies apresentaram padrão
camptódromo-broquidódromo, onde as espécies Myrciaria cuspidata, Myrciaria delicatula e
Plinia rivularis possuíam nervação última marginal incompleta enquanto que Myrciaria
tenella e Plinia trunciflora a possuíam em forma de arco (Cardoso & Sajo, 2006). Destas
cinco espécies, apenas Plinia trunciflora possui nervura intramarginal (Cardoso & Sajo,
2006).
A análise citogenética das espécies: Myrciaria delicatula (DC.) O.Berg; Myrciaria
tenella L.; Myrciaria sp; Plinia cauliflora L. e Plinia glomerata L., conduzida por Costa
(2004) também não foi suficiente para encontrar caracteres adicionais que pudessem
distinguir melhor as espécies pertencentes a cada gênero. Não houve variação no número
cromossômico destas espécies, todas apresentaram 22 cromossomos (Costa, 2004). Myrciaria
trunciflora em estudos subseqüentes apresentou 48 cromossomos (Silveira et al., 2006). A
comparação entre cariótipos das espécies Myrciaria delicatula, Myrciaria tenella e Plinia
cauliflora, mostrou padrão muito semelhante não ajudando desta forma a resolver os
problemas taxonômicos desses gêneros (Costa & Forni-Martins, 2007).
Alguns autores sugerem a possibilidade de Myrciaria ser dividida em dois
gêneros: Myrciaria e Paramyrciaria (Rotman, 1982; Sobral, 1991-93). Estes podem ser
separados devido aos cotilédones que no primeiro aparecem fundidos enquanto que no
24
segundo aparecem claramente separados (Sobral, 1991-93). Porém esta característica é
considerada insuficiente para sustentar esta divisão (Mcvaugh, 1968; Landrum & Kawasaki,
1997). Além disso, análises posteriores feitas por Sobral (2006), mostram claramente que os
cotilédones das espécies de Myrciaria podem variar de separados para fundidos na mesma
planta.
Além da dificuldade na delimitação do gênero Myrciaria, suas espécies embora
classificadas morfologicamente, apresentam pouca aceitação pela comunidade científica pela
extensa generalização das suas várias espécies (Silveira et al., 2006). Atualmente são
reconhecidas como jabuticaba as espécies: Myrciaria jabuticaba, com frutos pequenos de
pedúnculo escuro, Myrciaria cauliflora, com frutos grandes e sésseis e ainda um forma
conhecida como Myrciaria trunciflora (Silveira et al., 2006).
Dentre as espécies que passariam a ser consideradas Plinia devido aos caracteres
morfológicos está Myrciaria cauliflora (Sobral, 1993), porém dados moleculares exibiram
Myrciaria cauliflora fortemente relacionada com Myrciaria floribunda, separada da Plinia
pauciflora que aparece em um clado unida com espécies de Siphoneugena e Neumitranthes
(Lucas et al., 2007).
A caracterização morfológica e molecular utilizando a técnica de RAPD (DNA
Polimórfico Amplificado Aleatoriamente) com material de herbário revelou que espécies de
jabuticabas reconhecidas como Myrciaria jabuticaba e Myrciaria cauliflora, podem ser
agrupadas em mais duas espécies além das citadas, Myrciaria coronata e Myrciaria
phitrantha, evidenciando sobre o ponto de vista taxonômico a falta de conhecimento sobre
estas espécies (Pereira et al., 2005).
Concluindo, apesar de todo o avanço no que diz respeito ao conhecimento
filogenético do grupo, a identidade genérica das plantas tradicionalmente conhecidas como
“jabuticabeiras” ainda não pôde ser elucidada, assim como a definição dos grupos
considerados mais próximos.
25
1.4. FILOGENIA MOLECULAR
Apesar das limitações ainda presentes nos métodos filogenéticos, as filogenias
moleculares têm esclarecido relações entre vários grupos, os quais antes eram tidos como
controversos pelas filogenias clássicas, causando desta forma uma profunda reorganização da
biodiversidade conhecida (APG, 2003). Atualmente diversos estudos m sendo conduzidos
utilizando-se desta ferramenta, para tentar restabelecer a origem e o grau de parentesco de
grandes grupos (Qui et al., 2000; Soltis et al., 2002; Hilu et al., 2003; Halanych, 2004), assim
como os grupos mais restritos (Chat et al., 2004; Lohmann, 2006; Gonçalves et al., 2007).
No estudo sistemático das plantas, o gene da maturase K (matK) tem sido
amplamente recomendado para resolver relações filogenéticas dos mais restritos até os mais
amplos níveis taxonômicos (Johnson & Soltis, 1994; Hilu & Liang, 1997; Hilu et al., 2003).
A região (Figura 4) possui cerca de 1500 pares de base e fica localizado dentro do intron trnK
no cloroplasto (Hilu & Liang, 1997).
Figura 4 - Representação do posicionamento do matK.
Dos marcados utilizados no estudo filogenético, o matK quando comparado com
outros marcadores plastidiais (como rbcL e trnL-F, por exemplo), além de apresentar sinal
filogenético maior, contribui com mais caracteres parcimoniosos e conseqüentemente pode-se
obter uma árvore filogenética mais robusta (Muller et al., 2006). Além disso, o matK destaca-
se dos outros marcadores no estudo sistemático das angiospermas, por apresentar elevadas
taxas de substituição nucleotídica, mutações não sinônimas e eventos de inserção e deleção
(Johnson & Soltis, 1994; Hilu & Liang, 1997).
As altas taxas de caracteres variáveis e as mutações não sinônimas estão
associadas a distribuições das substituições nucleotídicas que geralmente acontecem na
terceira base do códon, enquanto que no matK ocorrem com freqüência similar nas três bases
(Barthet & Hilu, 2007).
Com o propósito de fortalecer as árvores filogenéticas dando-lhes maior suporte,
dados de regiões do DNA ribossomal tem sido incorporados nas análises. O marcador
molecular nuclear mais comumente utilizado para reconstruir filogenias de plantas no nível
26
intrafamiliar é o ITS (Internal Transcribed Spacer) (Baldwin et al., 1995). Dentro de um
levantamento realizado por Alvarez & Wendel (2003) nas revistas mais proeminentes revelou
que nos últimos cinco anos que antecedem a publicação, 66% dos artigos inclui seqüências do
ITS, e 34% da hipóteses filogenéticas publicadas tem sido baseadas exclusivamente nas
seqüências do ITS.
O ITS (Figura 5) é um espaçador intergênico localizado entre os genes 18S e 28S,
englobando o gene 5,8S. Possui cerca de 500 a 600 pares de base em angiospermas, incluindo
o gene 5,8S (Baldwin et al., 1995). O uso intenso do ITS tem sido associado a um conjunto de
características peculiares ao marcador, tais como: herança biparental, simplicidade,
universalidade dos primers, uniformidade intragenômica, variabilidade intergenômica e
limitação funcional mínima (Alvarez & Wendel, 2003).
Figura 5 - Representação do posicionamento do ITS.
No entanto, dentro do DNA ribossomal, podem ser facilmente encontrados genes
parálogos (Figura 6). Em plantas, muitos são reconhecidos no estudo do ITS e de outras
regiões nucleares (Dubcovsky & Dvorák, 1995; Alvarez & Wendel, 2003). Parálogos são
genes relacionados (Figura 6) resultado de um evento de duplicação dentro de um genoma
(Alberts et al., 2004).
Figura 6 - Disposição dos genes 18S, 5.8S e 28S, intercalados pelo ITS, exemplificando uma região paráloga.
NTS, nontranscribed spacer, ETS, external transcribed spacer, ITS, internal transcribed spacer.
Fonte: (
http://en.wikipedia.org/wiki/Ribosomal_DNA).
Os parálogos podem comprometer a reconstrução filogenética das espécies em
estudo, pois a taxa de mutação entre os dois genes pode ser diferente (Bucker IV et al., 1997;
Alvarez & Wendel, 2003). Simulações realizadas indicam que análises filogenéticas
utilizando genes parálogos raramente geram uma árvore filogenética coesa (Sanderson &
Doyle, 1992; Chase et al., 2005).
27
Entretanto, outros estudos têm demonstrado que regiões gênicas que apresentam
várias cópias no genoma de um indivíduo, como os genes parálogos, dificilmente evoluem
independentemente (Dover & Coen, 1981). Uma grande similaridade foi observada entre
seqüências nucleotídicas de genes repetitivos quando comparados dentro uma espécie (Elder
& Turner, 1995). Quando as mesmas seqüências foram comparadas com as de outras espécies
foi diagnosticado um nível de divergência elevado (Elder & Turner, 1995). Este processo
molecular que leva a homogeneização das seqüências de DNA que apresentam múltiplas
cópias dentro da mesma espécie ficou conhecido como “Concerted Evolution” (Elder &
Turner, 1995).
Dois mecanismos são sugeridos como principais responsáveis pela conservação
deste processo: conversão do gene e permuta (crossing-over) desigual entre cromátides
(Schlotterer & Tautz, 1994).
Apesar das limitações do espaçador intergênico ITS, o seu uso, assim como o gene
matK, possui ampla aceitação para trabalhos filogenéticos. Possuem regiões bem conservadas
que podem ser amplificadas por uma ampla variedade de primers, além de regiões não tão
conservadas, potencialmente informativas na determinação das relações filogenéticas entre as
espécies (Stoeckle, 2003). Além disso, têm sido potencialmente utilizados nas estimativas
filogenética propostas para a família Myrtaceae (O’Brien et al, 2000; Wilson et al, 2001; Lam
et al, 2002; Lucas et al., 2005; Wilson et al, 2005; Lucas et al., 2007). Ambos marcadores
têm sido sugeridos como promissores para serem utilizadas em projetos DNA barcoding
(Stoeckle, 2003).
28
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
O objetivo geral deste trabalho consiste em propor uma hipótese filogenética para
o complexo Plinia Myrciaria, subsidiando a circunscrição dos grupos envolvidos neste
complexo, além de identificar a identidade genérica das populares jabuticabas. Com
resultados obtidos pretende-se fornecer um suporte sistemático adequado para o complexo,
proporcionado desta maneira subsídios para futuros programas de melhoramento genético e
desenvolvimento de cultivares mais regulares e produtivos das jabuticabas.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar o grau de parentesco entre os gêneros do complexo Plinia (Myrciaria,
Paramyrciaria, Plinia, Siphoneugena e Neomitranthes) usando o máximo de espécies e
cultivares possíveis.
Verificar a legitimidade da delimitação morfológica dos gêneros Myrciaria e Plinia
confrontando-os com dados moleculares.
Elucidar a identidade genérica das jabuticabas, observando a disposição filogenética
das espécies tradicionalmente consumidas com esta denominação.
29
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. MATERIAL AMOSTRADO
Ao todo, foram utilizadas 67 espécies, conforme listado na Tabela 3. Amostras em
gel de sílica foram gentilmente coletadas pela equipe do Instituto Plantarum de Estudos da
Flora. Foram também utilizadas espécies com seqüências de DNA disponíveis no NCBI
(Tabela 4). Coletas e identificações foram realizadas por Harri Lorenzi e pelo fruticultor e
colecionador de espécies nativas Marco Túlio Cortes de Lacerda (ambos autores do livro
Frutas Brasileiras e Exóticas Cultivadas), além da equipe do Instituto Plantarum. Voucheres
destes materiais encontram-se em análise por Carolyn E.B. Proença (UnB).
A amostragem visava obter o maior número possível de amostras de
jabuticabeiras, desde as formas mais usuais (referidas como M. cauliflora, M. trunciflora e M.
jaboticaba) até as jabuticabas “caipiras” (M. aureana, M. phitrantha, M. oblongata, etc). Até
pelo caráter de prospecção trazido por esta primeira abordagem molecular para este grupo
específico, mesmo espécies o identificadas de jabuticabeiras foram incluídas. Além disso,
buscou-se trazer o maior número possível de espécies de Myrciaria sensu stricto, além de
Plinia e outros grupos do complexo Plinia.
Tabela 3 - Espécies utilizadas na análise filogenética.
GÊNERO ESPÉCIE VOUCHER
ORIGEM
Eugenia Eugenia monosperma Vell. 2116 - RT Iguape - SP
Psidium Psidium sp. 2166 - RT Piracicaba - SP
Marlierea Marlierea tomentosa Cambess. 2073 - RT
Santana do Paraíso - MG
Marlierea sucrei G.M. Barroso & Peixoto sem voucher
Sooretama - ES
Siphoneugena Siphoneugena widegreniana O. Berg 124 - RS Sem identificação
Neomitranthes
Neomitranthes gembalae (D. Legrand) D. Legrand 2202 -RT Sem identificação
Myrciaria aureana Mattos 1045 - ML Duque de Caxias - RJ
Myrciaria aureana Mattos sem voucher
Dona Euzébia – MG
Myrciaria aureana Mattos sem voucher
Sooretama - ES
Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg 6404 - HL Una - BA
Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg ML - 1004 Campinas - SP
Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg ML - 1007 Mococa - SP
Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg ML - 1008 Mococa - SP
Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg ML - 1009 Limeira - SP
Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg 2071 - RT Fervedouro - MG
Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg 2175 - RT Santa Tereza - ES
Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg 2087 - RT Cataguases - MG
Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg 2077 - RT
Santana do Paraíso - MG
Myrciaria coronata Mattos ML - 1026 Barbacena - MG
Myrciaria Myrciaria coronata Mattos ML - 1010 Limeira - SP
Myrciaria cuspidata O. Berg 6350 - HL Ibiraiaras - RS
30
Continuação da tabela 3.
*Myrciaria delicatula (DC.) O. Berg sem voucher
Ibiraiaras - RS
Myrciaria ferruginea O. Berg sem voucher
Sooretama - ES
*Myrciaria glazioviana (Kiaersk.) G.M. Barroso ex Sobral
sem voucher
Brumadinho - MG
Myrciaria floribunda (H. West ex Willd.) O. Berg sem voucher
Ibiraiaras - RS
Myrciaria jaboticaba (Vell.) O. Berg ML - 1003 Campinas - SP
Myrciaria jaboticaba (Vell.) O. Berg ML - 1006 Mococa - SP
Myrciaria jaboticaba (Vell.) O. Berg sem voucher
Açucena - MG
Myrciaria oblongata Mattos sem voucher
Sem identificação
Myrciaria oblongata Mattos sem voucher
Sem identificação
Myrciaria phitrantha (Kiaersk.) Mattos ML - 1002 Campinas - SP
Myrciaria phitrantha (Kiaersk.) Mattos ML - 1005 Campinas - SP
Myrciaria phitrantha (Kiaersk.) Mattos 2167 - RT Piracicaba - SP
Myrciaria plinioides D. Legrand 6432 - HL Ibiraiaras - RS
Myrciaria spirito-santensis Mattos 2051 - RT Sooretama - ES
Myrciaria spirito-santensis Mattos 2058 - RT Malacacheta - MG
*Myrciaria strigipes O. Berg 2050 - RT Sooretama - ES
Myrciaria tenella (DC.) O. Berg sem voucher
Sooretama - ES
Myrciaria trunciflora O. Berg 2152 - RT
São Mateus do Sul - PR
Myrciaria trunciflora O. Berg 2108 - RT Iporanga - SP
Myrciaria trunciflora O. Berg 2113 - RT Jacupiranga - SP
Myrciaria trunciflora O. Berg 2153 - RT
São Mateus do Sul - PR
Myrciaria trunciflora O. Berg 6354 - HL Osório - RS
Myrciaria vexator McVaugh 1051 - ML Duque de Caxias - RJ
Myrciaria Myrciaria sp. 2172 - RT Vargem Alta - ES
Myrciaria sp. 2066 - RT Manhuaçu - MG
Myrciaria sp. 2157 - RT Sem identificação
Myrciaria sp. 2174 - RT Santa Tereza - ES
Myrciaria sp. 6389 - HL Taperoá - BA
Myrciaria sp. 6415 - HL Jussari - BA
Myrciaria sp. 6386 - HL Cachoeira - BA
Myrciaria sp. 6391 - HL Ibirapitanga - BA
Myrciaria sp. 6393 - HL Ibirapitanga - BA
Myrciaria sp. 6369 - HL Ondina - BA
Myrciaria sp. 6387 - HL Cachoeira - BA
Myrciaria sp. 6388 - HL Taperoá - BA
Myrciaria sp. 6392 - HL Ibirapitanga - BA
Myrciaria sp. sem voucher
Ilhéus - BA
Myrciaria sp. 1001 - ML Jaboticabal - SP
Myrciaria sp. sem voucher
Dona Euzébia - MG
Plinia brchybotrya (D. Legrand) Sobral 2504 - RT Sem identificação
Plinia edulis (Vell.) Sobral sem voucher
Sete Barras - SP
Plinia hatschbachii (Mattos) Sobral 1050 - ML Duque de Caxias - RJ
Plinia Plinia nana Sobral 2211 - RT Felício dos Santos
Plinia renatiana Barroso & Peixoto sem voucher
Sooretama - ES
Plinia rivularis (Cambess.) Rotman 2106 - RT Itapetininga - SP
Plinia sp. 6416 - HL Jussari - BA
* Espécies atribuídas ao gênero Paramyrciaria sensu Sobral (1991)
31
Tabela 4 - Espécies utilizadas na análise filogenética, retiradas do NCBI
Espécie Marcador
N° do GenBank
Eucalyptus globulus subsp. globulus matK AY780259
Eucalyptus globulus subsp. globulus ITS AF058467
Plinia pauciflora ITS AM489411
Neomitranthes cordifolia ITS AM489410
Siphoneugena densiflora ITS AM489412
Siphoneugena guifolyleana ITS AM234085
3.2. EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO DNA
O DNA foi extraído pelo método CTAB (Doyle & Doyle, 1987), modificado para
o uso em sistema FastPrep® (Krackeler Scientific, Inc.). Tal metodologia foi previamente
testada nos laboratórios da Universidade Católica de Brasília, com excelentes resultados. O
DNA total foi testado quanto a sua integridade por visualização em gel de agarose a 0,7-1%.
A solução de DNA foi então aliquotada e mantida a -20
o
C para análises posteriores.
3.3. REAÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO
Para as reações de amplificação, desenvolvidas em um volume de 20 µl,
empregou-se: 9 ng de DNA, 3 µM de cada primer, 2 unidades de Taq polimerase, 2X tampão
de reação (10mM Tris-HCl; pH8,3; 50mM KCl), 2,5 mg/ml de BSA (Albumina de Soro
Bovino) e 200µM de dNTP. As reações ocorreram nas seguintes condições: 94° por dois
minutos (1 ciclo), 94°C por 1 minuto, 56°C por 1 minuto, 72°C por 1 minuto (30 ciclos),
72°C por 10 minutos (1 ciclo) e 4°C por tempo indeterminado.
Os produtos de PCR foram purificados com fosfatase alcalina de camarão (SAP) e
Exonuclease I (Exo) na proporção de 9:1. Foi utilizado 1 µl da solução de ExoSAP para cada
5µl do produto de PCR.
Os primers utilizados para as reações de amplificação e seqüenciamento estão
listados na tabela 5.
32
Tabela 5 - Lista de primers utilizados nas reações de amplificação e seqüenciamento do gene matK e do
espaçador intergênico ITS .
Primer Sequencia nucleotídica Fonte
matK
2288R AACTAGTCGGATGGAGTAG Steele & Vilgalys (1994)
1398F ATACTTCGACTTTCTTGTGT O'Brien et al. (2000)
2519R TTTACGAGCCAAAGTTTTAA Gadek et al. (1996)
2516F TATGCACTTGCTCATGATCA Gadek et al. (1996)
2520R GATCCTTCCTGGTTGAAACCAC Gadek et al. (1996)
6F TCTSCGTAASCAATCTTCTC Pell (2004)
ITS
75F TATGCTTAAACTCAGCGGG Desfeux & Lejeune (1996)
92R AAGGTTTCCGTAGGTGAAC Desfeux & Lejeune (1996)
17SE ACGAATTCATGGTCCGGTGAAGTGTTCG
Sun et al. (1994)
26SE TAGAATTCCCCGGTTCGCTCGCCGTTAC
Sun et al. (1994)
5.8S ACGACTCTCGGCAAC Sun et al. (1994)
5.8R GCGTGACGCCCAGGC Sun et al. (1994)
3.4. SEQUENCIAMENTO
As reações de seqüenciamento foram processadas no seqüenciador automático
MegaBace, utilizando DYEnamic ET DYE Terminator Cycle Sequencing Kit (GE Healthcare).
Para cada reação utilizou-se 4 µl de sequencing reagent premix”, 2 µl de primer a 1 mM, 2
µl de água e 60 a 100 ng do DNA purificado, com as seguintes condições para PCR: 95°C por
20 segundos, 55°C por 15 segundos e 60°C por 1 minuto (30 vezes).
Logo após o termino da reação de PCR, o DNA foi purificado com etanol, de
acordo com as recomendações sugeridas pelo fabricante.
3.5. ALINHAMENTO
Os fragmentos das seqüências obtidas, sense e antisense, foram montadas no
software Geneious 4.6.7 2005-2009 Biomatters Limited). Alinhamentos múltiplos foram
desempenhados automaticamente utilizando-se o software Clustal X (Thompson et al., 1994),
otimizados manualmente seguindo as diretrizes propostas por Kelchner (2000). Eventos de
inserção/deleção foram codificados como sugerido por Simmons & Ochoterena (2000) e
inseridos no final da matriz de seqüências apenas para análise de Máxima Parcimônia.
33
3.6. ANÁLISES FILOGENÉTICAS
3.6.1. Teste de Incongruência
Foi utilizado o teste de ILD (Incongruence Length Difference) (Farris et al., 1994),
para estimar o grau de congruência da combinação dos dados fornecidos pelos marcadores
moleculares (ITS e matK). Para realizar está análise utilizou-se o programa PAUP v.4.0b10
(Swofford, 2002).
Caracteres não informativos foram excluídos da análise (Lee, 2001), que consistiu
de 10000 réplicas. O índice de significância adotado foi o proposto por Cunningham (1997)
que rejeita a hipótese de combinação dos dados quando P ≤ 0,01 (Gonçalves et al., 2007).
3.6.2. Máxima Parcimônia
O programa PAUP v.4.0b10 (Swofford, 2002) foi usado para a análise de
parcimônia, com caracteres de peso igual e tratados como não ordenados (Fitch, 1971). As
análises consistiram de 1000 replicatas usando “random sequence addition”. Permutações de
ramos foram realizadas por meio do algoritmo “tree bisection-reconnection” (TBR), salvando
as 20000 árvores mais parcimoniosas (opção MULTREES ativada) e usando “accelerated
character transformation (ACCTRAN). O suporte dos clados foi obtido com 10.000
replicatas de “bootstrap”, mantendo apenas uma única árvore por replicata. Valores de
“Bootstrap” abaixo de 70% foram considerados pouco suportados, valores entre ≥70% e
<90% foram considerados moderadamente suportados e ≥90% foram considerados fortemente
suportados, conforme sugerido por Shaffer et al. (1997).
3.6.3. Inferência Bayesiana
A seleção de modelos de evolução molecular foi realizada pelo programa não
publicado MrModelTest 2.2 J.A.A.Nylander, 2004), uma versão modificada do Modeltest
3.06 (Posada & Crandall, 1998). O “teste hierárquico de razão de verossimilhança” (hLRT)
foi utilizado para selecionar o melhor modelo.
A análise de Inferência Bayesiana (BI) (Huelsenbeck & Ronquist, 2001) foi
realizada usando o programa MrBayes 2.01 John P. Huelsenbeck & Fredrik Ronquist,
2001). Cadeias Markov-Monte Carlo foram utilizadas e as árvores obtidas antes da
estabilização das verossimilhanças foram desprezadas. Probabilidades posteriores ≥95%
foram consideradas como um suporte robusto para os clados (Gonçalves et al., 2007).
34
4. RESULTADOS
As medidas de apoio estatístico para a análise de parcimônia dos marcadores matK
e ITS estão sumarizados na Tabela 3. As árvores consenso geradas na análise de parcimônia
do marcador ITS exibiram melhor resolução quando comparadas com as do matK, mas vale
salientar que para análise do ITS foram utilizadas um número menor de espécies. Árvores
filogenéticas oriundas da analise bayesiana exibiram índices de suporte superior aos da
parcimônia, porém a análise bayesiana do marcador ITS mostrou-se pobremente resolvida. Os
resultados das análises divergiram em alguns pontos quando comparadas entre si.
O teste de ILD detectou um índice significativo (P=0,0002) que rejeita a hipótese
da analise com os dados combinados. Por esta razão assim como: Reeves et al. (2001);
Muschner (2005), o conjunto de dados obtidos para cada marcador foi trabalhado
isoladamente.
Tabela 6 - Sumário dos marcadores matK e ITS.
matK ITS
N
o
de caracteres
1473 571
N° de caracteres variáveis
101 83
N° de caracteres informativos para parcimônia
65 60
N° de passos
236 239
Índice de Consistência (CI)
0,737 0,707
Índice de Retenção (RI)
0,81 0,680
Índice de Consistência reescalonado (RC)
0,597 0,481
Índice de homoplasia (HI)
0,263 0,293
4.1. MARCADOR NUCLEAR (ITS)
A matriz alinhada utilizada continha 571 caracteres, abrangendo grande parte dos
espaçadores ITS1 e ITS2, além de todo o gene 5,8S.
As árvores consenso geradas pelas análises de parcimônia e bayesiana (Figura 7 e
8) foram essencialmente similares nos clados apicais, mas variou no posicionamento dos
clados basais.
4.1.1. Análise de Parcimônia
Foram utilizados 571 caracteres dos quais 83 variaram, mas somente 60 foram
informativos para parcimônia. As 20000 árvores mais parcimoniosas tinham 239 passos, com
os valores de CI = 0, 707; RI = 0, 680; RC = 0,481; HI = 0,293. A árvore filogenética de
consenso stricto derivada da análise de parcimônia apresenta boa resolução interna, porém
com baixo índice de suporte. No cladograma (Figura 7), o “complexo Plinia surge como
35
grupo monofilético e apresenta dois clados principais, denominados neste estudo como 7A e
7D. Dentro clado 7A podem ainda ser reconhecidos dois clados menores: 7B e 7C.
Marlierea tomentosa surgiu sem muita resolução próxima ao grupo externo
Eucalyptus globulus subsp. globulus. Subseqüente a M. tomentosa encontra-se o clado 7A
suportado com baixo índice de suporte (< 50% bs), porém com boa resolução interna. Dentro
de um dos seus clados, 7B, estão agrupadas as jabuticabeiras comumente cultivadas
(Myrciaria jabuticaba, M. trunciflora e M. cauliflora), assim como as jabuticabas menos
comuns , M. aureana e M. phitrantha, além de Eugenia monosperma. A resolução interna
deste clado é baixa, além de ser pobremente sustentado (< 50% bs). Um aspecto interessante é
que nenhuma das espécies de jabuticaba com mais de um acesso amostrado formou um grupo
monofilético isoladamente.
Aparecendo como grupo irmão do clado 7B tem-se o 7C, o qual apresenta-se bem
resolvido, mas fracamente suportado (< 50% bs). Dentro deste estão inclusas as espécies
amostradas de Plinia (que inclui P. rivularis, P. renatiana, P. edulis, P. pauciflora),
Neomitranthes cordifolia, Siphoneugena densiflora e S. guilfoyleiana. Dentre estas espécies,
unidas com altos índices de suporte estão as Siphoneugena e Neomitranthes (89% bs), e com
98% bs estão P. rivularis, P. renatiana.
Reunidas no clado 7D, formando um grupo monofilético, estão outro grupo das
espécies do gênero Myrciaria, o que põe o gênero como parafilético. O clado surge com
resolução regular e agrupa as espécies: Myrciaria sp., M. strigipes, M. ferruginea, M. tenella,
M. floribunda e M. cuspidata.
36
Figura 7 - Árvore de consenso stricto derivada da análise de parcimônia para o marcador nuclear ITS. Para os
ramos com índices de bootstrap acima de 50%, o valor foi indicado acima de cada ramo. Os principais clados
foram denominados: 7A, 7B, 7C e 7D. As espécies marcadas com dois asteriscos (**), suas seqüências
nucleotídicas foram retiradas do Genbank.
37
4.1.2. Análise Bayesiana
A árvore filogenética obtida a partir da análise bayesiana (Figura 8) apresentou
resolução inferior à obtida pela parcimônia, mostrando-se também pobremente sustentada.
Dois clados principais emergem desta árvore, intitulados como 8A e 8E.
Saindo junto com o grupo externo tem-se o clado 8E, onde as espécies
Siphoneugena densiflora e S. guilfoyleiana aparecem num mesmo clado pouco sustentado
(67% pp).
Neomitranthes cordifolia aparece na base do cladograma junto com o grupo
externo Eucalyptus globulus subsp. globulus. Logo em seguida, fracamente suportado (62%
pp) e com baixa resolução interna, surge o clado 8A. Dentro deste clado, Plinia edulis e P.
pauciflora aparecem sem muita resolução dentro de uma politomia, seguidas por três clados:
8B, 8C e 8D.
Agrupadas no clado 8B, medianamente sustentadas (79% pp), estão as
jabuticabeiras (Myrciaria jabuticaba, M. trunciflora e M. cauliflora), junto com: Marlierea
tomentosa, Plinia sp., Eugenia monosperma, , M. aureana e M. phitrantha.
Unidas no clado 8C estão outras espécies do gênero Myrciaria. Este clado
apresenta-se bem resolvido, formando um grupo monofilético, mas, assim como os outros
clados, com poucos clados internos fortemente suportados.
Robustamente sustentadas (100% pp), Plinia rivularis e P. renatiana aparecem
relacionadas dentro do clado 8D. Ao contrário da análise de parcimônia, as espécies do
gênero Plinia aqui não surgem reunidas dentro de um clado.
38
Figura 8 - Árvore consenso derivada da análise bayesiana, para o marcador nuclear ITS. Para os ramos com
índices de probabilidade posterior acima de 50%, o valor foi indicado abaixo de cada ramo. Os principais clados
foram denominados: 8A, 8B, 8C, 8D e 8E. As espécies marcadas com dois asteriscos (**), suas seqüências
nucleotídicas foram retiradas do Genbank.
39
4.2. MARCADOR PLASTIDIAL (matK)
A matriz do matK utilizada continha 1473 caracteres. Nas análises foram utilizadas
quase toda a seqüência nucleotídica do matK, faltando apenas 120 bases para completa-lá a
partir da extremidade 3’, para todas as espécies amostradas. Além disso, foram utilizadas 189
bases do intron TrnK, que antecede a extremidade 5’ do matK.
Assim como na análise do marcador ITS, as árvores filogenéticas geradas a partir
das análises de parcimônia e bayesiana (Figura 9 e 10) apresentaram vários pontos em
comum, como também divergiram em alguns aspectos.
4.2.1. Análise de Parcimônia
Dos 1473 caracteres, 101 variaram, porém apenas 65 foram informativos para a
parcimônia. As 20000 árvores mais parcimoniosa tiveram 236 passos, com CI = 0,737; RI =
0,81; RC = 0,597; HI = 0,263.
A partir da análise de parcimônia obteve-se uma árvore filogenética (Figura 9)
com uma boa resolução interna, porém com índices de suporte ainda baixos.
Nesta análise, um aspecto surpreendente é o surgimento de Plinia hatschbachii em
uma politomia que também inclui Eucalyptus. Os outros grupos supostamente externos
utilizados (Psidium sp., Marlierea tomentosa e Marlierea sucrei) surgem em seguida, também
sem muita resolução na porção basal do cladograma logo depois do grupo externo. Com
exceção de Plinia hatschbachii, todas as outras espécies amostradas do “complexo Plinia
surgem em um único clado (9A+9E). O clado 9A surge com boa resolução interna, mas
fracamente suportado (< 50% bs). Dentro do clado 9A foi possível reconhecer três clados
menores: 9B, 9C e 9D, além de Plinia rivularis, que aparece isolada.
As jabuticabeiras comestíveis surgem todas no clado 9B, que tem como grupo
basal Plinia edulis. Além das jaboticabas, surgem também neste clado: Plinia nana e Eugenia
monosperma. Conforme visto nas análises com o marcador ITS, aqui também se repete o
aspecto de que nenhuma das espécies com mais de um acesso amostrado surge como um
grupo monofilético.
O clado 9C mostra-se fortemente suportado (100% bs), e é formado apenas por
Siphoneugena widegreniana e Neomitranthes gembalae. O clado 9D aparece logo em
seguida, apresentando também elevado índice de suporte, unindo Myrciaria sp. (2157-RT) e
M. delicatula, cujo basiônimo também foi a espécie tipo de Paramyrciaria.
O clado 9E surge com as espécies restantes de Myrciaria (Myrciaria tenella, M.
cuspidata, M. ferruginea, M. vexator, M. plinioides, M. strigipes e M. glazioviana), além duas
espécies de Plinia.
40
Figura 9 - Árvore de consenso derivada da análise parcimônia, para o marcador plastidial matK. Nos ramos com
índices de bootstrap acima de 50%, o valor foi indicado acima de cada ramo. Os principais clados foram
denominados: 9A, 9B, 9C, 9D e 9E. As espécies marcadas com um asterisco (*) não possuem voucher, nem
origem. Aquelas marcadas com dois asteriscos (**), suas seqüências nucleotídicas foram retiradas do Genbank.
41
4.2.2. Análise Bayesiana
Com a análise bayesiana foi possível obter um cladograma (Figura 10) que se
assemelha bastante ao da parcimônia, divergindo em detalhes da topologia. A árvore
apresentou boa resolução, mas novamente com baixos índices de suporte.
Os supostos grupos externos sugiram um pouco melhores resolvidos que na
análise de parcimônia, mas repete-se aqui o surgimento de Plinia hatschbachii junto a uma
espécie de Psidium, na base do cladograma. Marlierea tomentosa e M. sucrei aparecem
dentro de uma politomia, como grupos irmãos do clado contendo o restante das espécies do
“complexo Plinia” (com excessão de P. hatschbachii). Dentro do “complexo Plinia”, foi
possível reconhecer três clados principais, denominados: 10A, 10E e 10F. O clado 10A surge
primeiro, com baixo índice de suporte, mas com três clados internos definidos:10B, 10C,
10D. As espécies que integram cada um destes clados foram as mesmas observadas nos
subclados: 9B, 9C, 9D respectivamente. O subclado 10B mantém a baixa resolução interna e
o fraco índice de suporte observado em 9B, como também o índice de suporte elevado de 9C
e 9D é mantido para 10C (100% pp) e 10D (100% pp).
O clado 10E mantém exatamente a mesma constituição interna do clado 9E,
mostrando-se bem resolvido, porém sem significativo índice de suporte. Um dado observado
nesta abordagem que não foi obtido na parcimônia foi o clado 10F que sai junto com o grupo
externo, unindo Plinia hatschbachii e Psidium sp. (64% pp).
42
Figura 10 - Árvore de consenso derivada da análise bayesiana, para o marcador plastidial matK. Nos ramos com
índices de probabilidade posterior acima de 50%, o valor foi indicado abaixo de cada ramo. Os principais clados
foram denominados: 10A, 10B, 10C, 10D, 10E e 10F. As espécies marcadas com um asterisco (*) não possuem
voucher, nem origem. Aquelas marcadas com dois asteriscos (**), suas seqüências nucleotídicas foram retiradas
do Genbank.
43
5. DISCUSSÃO
5.1. INCONGRUÊNCIA ENTRE OS COMPARTIMENTOS GENÔMICOS.
O elevado índice de incongruência obtido a partir do teste ILD (P=0,0002) para
análise conjunta dos marcadores matK e ITS, sugere que as partições sejam considerados
individualmente até que mais informações estejam disponíveis (Cunningham, 1997). A
combinação de dados não congruentes pode gerar uma árvore filogenética que não retrata a
correta história evolutiva da tribo, ou pode diminuir a precisão filogenética em relação às
partições tratadas individualmente (Bull et al., 1993; Cunningham, 1997).
Índices de incongruência significativos, para análises moleculares, podem indicar a
incidência de processos biológicos tais como: duplicação de gene, introgressão e hibridização
na espécie (Page & Homes, 1998). Os genes oriundos de eventos como estes interferem nas
análises filogenéticas pelas possíveis histórias evolutivas diferentes, assim como diferenças
nas taxas de substituição nucleotídica (Page & Homes, 1998; Barker & Lutzoni, 2002). Neste
contexto o teste de IDL tornou-se um procedimento padrão nas análises filogenéticas
envolvendo dois ou mais fragmentos de genes distintos (Ramirez, 2006).
Hibridização e introgressão são os fenômenos que mais comumente ocorrem em
plantas, pois exercem um papel importante na sua diversificação e evolução (Rieseberg, 1997;
Soltis & Soltis, 1999). Porém, em análises com dados combinados, tanto em plantas quanto
em animais, topologias conflitantes podem ser observadas quando o indivíduo amostrado é de
origem híbrida (Normark & Lanteri, 1998; Kim & Donoghue, 2008).
Estudos realizados por Kim & Donoghue (2008) utilizando três marcadores
plastidiais (matK, psbA e trnL-F) e um nuclear (ITS) demonstram altos índices de
incongruência quando os marcadores plastidiais foram combinados com o ITS. Não houve
índice significativo que rejeitasse a análise conjunta dos marcadores plastidiais. Além disso,
as topologias oriundas da combinação do matK, psbA e trnL-F quando comparadas com a do
ITS mostraram-se contraditórias em vários aspectos. Os autores (Kim & Donoghue, 2008)
atribuem estes resultados a possível ocorrência de eventos de hibridização.
Dentro de outra abordagem filogenética, desta vez utilizando o DNA mitocondrial,
além do plastidial e nuclear (Tsutsui et al., 2009), o teste de ILD apresentou resultados
significativos, rejeitando a combinação dos dados . Desta vez os marcadores plastidial e
nuclear mostraram-se congruentes. Análises filogenéticas realizadas com estes marcadores
isoladamente obtiveram topologias muito similares. Contudo, as disparidades foram
diagnosticadas quando adicionado o DNA mitocondrial, o qual apresentou uma topologia
44
distinta a dos outros marcadores. Sugeriu-se como possível causa para esta divergência
eventos de introgressão (Tsutsui et al., 2009).
Rieseberg et al. (1996) relatam no seu trabalho, duas listas, uma com 61 títulos
que apontam índices significativos de incongruência devido a introgressão e a na segunda, 17
casos de incongruência atribuídos a hibridização. Também pode ser encontrada, de forma
resumida, uma terceira lista com detalhes de como essa informação pode ser usada para
elucidar a verdadeira história filogenética do organismo (Rieseberg et al., 1996).
Vários autores têm questionado a veracidade dos resultados obtidos a partir do
teste ILD, utilizado neste trabalho (Yoder et al., 2001; Ramirez, 2006). Outros, porém,
advogam a seu favor, remendando o seu uso (Cunningham, 1997; Hipp et al., 2004). Dentro
de uma avaliação realizada para medir o grau de eficácia dos testes estatísticos de
incongruência mais comumente utilizados concluiu-se que o teste de ILD obteve o melhor
desempenho em prever quando o conjunto de dados pode ser combinado (Cunningham,
1997).
Os resultados aqui apresentados demonstram uma pequena incongruência,
especialmente no que concerne ao posicionamento das espécies amostradas de Plinia e na
posição relativa das Myrciaria sensu stricto. Supondo verdadeira tal incongruência detectada
pelo teste IDL, este aspecto certamente denota as diferenças geradas por eventos de
reticulação sobre a linhagem plastidial e a linhagem nuclear. Altos índices de reticulação
seriam bem esperados em Myrtaceae neotropicais, que são bastante uniformes em morfologia
floral (Nic Lughadha & Proença, 1996) e tendem a florescer na mesma época do ano (Lorenzi
et al., 2006).
5.2. ANÁLISE FILOGENÉTICA
Ambos os marcadores utilizados apresentaram baixa variabilidade genética para o
grupo estudado. Esta alta similaridade genética pode ser decorrente da recente e rápida
especiação dentro da tribo ou por uma diminuição na taxa de divergência causada por outros
fatores (Lucas et al., 2007).
As árvores filogenéticas obtidas através da análise bayesiana mostraram-se melhor
sustentadas quando comparadas com as da análise de parcimônia, o que corrobora com
estudos realizados por outros autores (Alfaro et al., 2003; Erixon et al., 2003). A medida de
suporte bootstrap comumente utilizada na análise de parcimônia necessita de variabilidade
genética elevada para que possa chegar a árvore que melhor explique as relações filogenéticas
e evolutivas da tribo. Enquanto que as probabilidades posteriores, medida adotada pela análise
bayesiana, fornece altos valores de suporte para topologias que delimitam bem as relações
45
evolutivas e filogenéticas, necessitando de poucos caracteres (Alfaro et al., 2003). No entanto
a medida bootstrap por ser mais conservativa é menos propensa a dar suporte a árvores
filogenéticas que não retratem a correta história evolutiva do grupo (Douady et al, 2003).
Na comparação realizada entre as árvores filogenéticas obtidas para os marcadores
ITS e matK, observou-se pontos visivelmente divergentes, dando robustez a convicção de que
os marcadores tem histórias evolutivas distintas, hipótese apontada pelo teste de IDL.
Processos de reticulação possivelmente contribuíram para discordâncias entre as topologias
obtidas (Koblmüller et al., 2007).
As estimativas filogenéticas obtidas nas análises dos gêneros Myrciaria, Plinia,
além de outros grupos próximos, ainda que preliminar, mostraram-se bastante promissoras no
sentido dos resultados apresentados concordarem com que vem sendo proposto por outros
autores utilizando dados morfológicos (Sobral, 1991; 1993). Assim como em estudos
moleculares prévios (Mazine, 2006) o presente conjunto de resultados suporta a conclusão
que Myrciaria e Plinia, conforme aceitos na taxonomia corrente, não são monofiléticos.
Sobral (1993) sugeriu que as espécies tidas como Myrciaria, que apresentem
cálice persistente depois da antese e bractéolas separadas, fossem transferidas para Plinia,
pois estas características são peculiares ao gênero. Neste contexto estão inseridas todas as
jabuticabeiras, incluindo as mais usualmente cultivadas (M. cauliflora, M. trunciflora e M.
jaboticaba) e as chamadas jaboticabeiras “caipiras” (M. aureana, M. phytrantha, M.
oblongata, etc). As espécies que apresentam estas características, amostradas neste estudo,
aparecem reunidas dentro de um clado tanto nas análises de parcimônia quanto na bayesiana,
para ambos os marcadores. Unidas às jabuticabeiras estão as espécies Plinia nana e P. edulis
(só amostradas para o marcador matK) e Eugenia monosperma, que surge dentro deste clado
nas análises com ambos os marcadores. O material desta última espécie foi posteriormente
dissecado e realmente parece que a descrição em Eugenia pode ter sido um erro (Lorenzi,
com.pess.).
As Myrciaria que apresentam características típicas ao gênero, isto é, cálice
descíduo depois da antese e bractéolas conadas no terço inferior do comprimento,
denominadas neste estudo como Myrciaria típicas”, foram agrupadas dentro de um clado
distinto ao das jabuticabeiras. Este conjunto de dados concerne perfeitamente com a proposta
de Sobral (1993) e foi corroborada por nossos resultados.
Além disso, estudos moleculares recentes (Mazine, 2006; Lucas et al., 2007)
evidenciam a proximidade das espécies do gênero Plinia com as dos gêneros Neomitranthes e
Siphoneugena. Dentro desta abordagem as espécies amostradas destes dois últimos gêneros
46
surgem unidas em um subclado, dentro do clado onde estão as jabuticabeiras. Tornando-se
mais um indicativo que leva-nos a supor que as jabuticabeiras e espécies próximas devam
passar a compor o gênero Plinia.
Contudo, apesar dos fortes indícios que apontam para a transferência das
jabuticabeiras e espécies afins para Plinia, o presente conjunto de resultados ainda não pode
de forma conclusiva apoiar esta mudança. Isto deve-se ao fato das espécies do gênero Plinia
utilizadas nesta análise surgirem distribuídas em diferentes clados, o que pode indicar que
trata-se de um grupo polifilético. Enquanto que P. nana e P. edulis surgem dentro do clado
das jabuticabeiras, Plinia sp. (6416-HL) e P. brachybotrya aparecem relacionadas com as
Myrciaria típicas e Plinia hatschbachii sequer surge fazendo parte do “complexo Plinia”.
Plinia rivularis, na análise do marcador plastidial, surge fora dos clados, sozinha,
estudos preliminares m questionado sua a manutenção dentro do gênero (Landrum &
Kawasaki, 1997). A espécie possui uma particularidade morfológica que não é comum ao
gênero, seu cálice é aberto com quatro lóbulos bem definidos que se abrem regularmente
(Landrum & Kawasaki, 1997).
Landrum & Kawasaki (1997) expõem o caráter duvidoso do gênero Plinia, que
segundo os autores é definido arbitrariamente e que estudos adicionais são necessários para
esclarecer melhor seus limites. Deduções que se tornam mais evidentes quando observados os
resultados apresentados nesta abordagem (matK), assim como outras descritas anteriormente
(Mazine, 2006).
Diante destas evidencias, faz-se necessário uma re-circunscrição das espécies
conhecidas do gênero Plinia, para que se possa desta forma estabelecer melhor seus limites. A
inclusão das espécies provenientes de Myrciaria de forma conclusiva seria possível se a
espécie tipo, Plinia pinnata, fosse amostrada e estivesse ocorrido dentro do clado das
jabuticabeiras. Infelizmente não foi possível conseguir material desta espécie em tempo hábil
para as análises, já que sua ocorrência conhecida é o Caribe e o extremo norte da América do
Sul.
Myrciaria floribunda apresenta características morfológicas das Myrciaria típicas,
no entanto, na análise do matK, aparece dentro do clado das jabuticabeiras. Indicando a
possibilidade dos caracteres: cálice descíduo depois da antese e bractéolas conadas no terço
inferior do comprimento, terem surgido independentemente para esta espécie.
Sobral (1991; 1993) propunha ainda que dentro de Myrciaria poderia ser
reconhecido um novo gênero denominado Paramyrciaria, baseando-se no grau de soldadura
dos cotilédones, os quais para o novo gênero seriam livres enquanto que para Myrciaria
47
seriam soldados. Ademais, segundo o autor (Sobral, 1991) Myrciaria delicatula seria a
espécie tipo para Paramyrciaria. Porém o próprio autor se contradiz (Sobral, 2006)
considerando o caráter dúbio para a sustentação do gênero, assim como outros autores
(Mcvaugh, 1968; Landrum & Kawasaki, 1997).
A hipótese de M. delicatula ser a espécie tipo de um novo gênero segregado das
Myrciaria, justificaria seu posicionamento neste estudo, que surge dentro de um clado unida
fortemente (100% pp, 94% bs) com uma espécie desconhecida de Myrciaria sp. (2157-RT),
tão isolado das outras Myrciaria como de qualquer outro grupo amostrado. Diante disso,
pode-se reconsiderar a proposta abandonada por vários autores (Mcvaugh, 1968; Landrum &
Kawasaki, 1997; Sobral, 2006) de que Paramyrciaria pode se tratar de uma divisão válida, e
que pode comporta espécies tidas como Myrciaria. Na análise com ITS, como a espécie que
seria a tipo não foi amostrada para este marcador, não se pode inferir com clareza se esta é
realmente uma divisão válida. Contudo, Myrciaria sp. (2157-RT) que estava fortemente
relacionada a M. delicatula (93% bs, 100% pp), nas análises referentes ao matK, compõe o
clado das Myrciaria picas nas análises de ITS. Isso demonstra que os marcadores
moleculares utilizados neste estudo têm histórias evolutivas distintas.
Outras espécies que também possuem cotilédones livres, e que integrariam o
gênero Paramyrciaria (Sobral, 1991), M. glazioviana e M. strigipes aparecem unidas (<50%
bp, 72% pp) dentro do clado das Myrciaria típicas. Podendo ser um indício que este caracter
tenha evoluído independentemente mais de uma vez. Desta forma, em vel de morfologia, o
grau de soldadura dos cotilédones não é suficiente para distinguir Paramyrciaria de
Myrciaria, por ser homoplástico. Faz-se necessário uma exploração mais detalhada em busca
de caracteres adicionais.
A localização de Eugenia monosperma no clado das jabuticabeiras é notável,
como já citado anteriormente. Isto porque, em abordagens filogenéticas recentes (Lucas et al.,
2005; Mazine, 2006; Lucas et al., 2007), não ouve casos em que espécies de Eugenia
partilhassem o mesmo clado que Myrciaria e Plinia. Porém em nenhuma delas Eugenia
monosperma foi amostrada. A utilização de mais espécies do gênero Eugenia, inclusive da
espécie tipo, Eugenia uniflora L., faz-se relevante para esclarecer melhor seu posicionamento.
De qualquer forma, Eugenia monosperma surgiu dentro do clado das jabuticabas nas análises
de ambos os marcadores.
Apesar de as jabuticabeiras e espécies próximas estarem unidas, o clado apresenta
baixa resolução interna. Não fica evidente o limite taxonômico a nível molecular das espécies,
pois ao invés dos indivíduos da mesma espécie estarem agrupadas no mesmo subclado,
48
mesclam-se com os de outras espécies, o que reforça a hipótese de origem evolutiva recente e
provavelmente alto grau de reticulação. Com base neste conjunto de resultados, torna-se
insustentável a manutenção das jabuticabeiras e espécies correlacionadas dentro do gênero
Myrciaria. No entanto, alocar estas espécies para o gênero Plinia, não pode ser amparada por
este estudo, pelo fato de Plinia pinnata não ter sido amostrada e por as outras Plinia estarem
constituindo um clado, ainda que próximo, porém distinto ao das jabuticabeiras.
Outro dado relevante observado foi a associação de Siphoneougena e
Neomitranthes. Na análise de ITS, Siphoneugena densiflora e S. guilfoyleiana surgiram
juntas, tendo como grupo irmão Neomitranthes cordifolia. Estes gêneros são separados
apenas pelo hipanto que se abre ao longo do anel estaminal em Siphoneugena enquanto que
em Neomitranthes ele persiste (Landrum & Kawasaki, 1997). Mc Vaugh (1968) acredita que
esta diferença é insignificante para separação dos gêneros. Proença (1990) concorda, no
entanto considera a fusão destes gêneros prematura, pois se tratam de gêneros ainda pouco
conhecidos. Como apenas três espécies dos gêneros foram amostradas neste estudo, qualquer
posição tomada pela união ou não dos gêneros seria precipitada.
Plinia rivularis que aparece com pouca resolução nas análises do matK, nas do ITS
está dentro do clado das Plinia, unida com P. renatiana (98% bs, 100% pp), indicando que o
cálice aberto com quatro lóbulos bem definidos que se abrem regularmente podem ser
decorrente de uma reversão.
Apesar das relevantes deduções que podem ser extraídas deste trabalho, na
compreensão deste complexo, que podem ser utilizados como ponto de partida para uma
reavaliação taxonômica do grupo, é necessário enfatizar seu caráter preliminar. Mais
seqüências nucleotídicas serão adicionadas onde objetiva-se esclarecer além do
posicionamento das jabuticabeiras, os limites do confuso gênero Plinia, e suas relações com
os Neomitranthes e Siphoneugena. Além disso, faz-se necessário ampliar a amostragem no
suposto gênero Paramyrciaria e também incluir o gênero recém-descrito Algrizea (Proença et
al., 2006).
49
6. CONCLUSÃO
As topologias derivadas das análises de cada compartimento genômico mostraram-
se divergentes em alguns pontos, o que pode ser um indício de que os marcadores têm
histórias evolutivas distintas. Esta possibilidade justifica-se também pelo elevado índice de
incongruência obtido pelo teste IDL. Eventos de reticulação podem ser atribuídos como
possível causa das diferenças observadas entre as topologias.
Apesar das diferenças, todos os resultados obtidos apontam para o não
monofiletismo dos gêneros: Plinia e Myrciaria em suas concepções. As jabuticabeiras (M.
jaboticaba, M. truncifolia e M. cauliflora), assim como outras espécies referidas ao gênero
Myrciaria, mas que possuem cálice persistente depois da antese e bractéolas separadas
surgem unidas dentro de um único clado separado das demais em todos os cladogramas
gerados.
Reunidas em um clado isolado, estão as Myrciaria que possuem cálice decíduo
depois da antese e bractéolas conadas (incluindo a espécie tipo do gênero, Myrciaria tenella).
Nas análises onde foi empregado o marcador ITS este grupo surge como monofilético.
Ademais, este clado apresenta-se tão distante das jabuticabeiras quanto de qualquer outro
gênero amostrado do “complexo Plinia”.
Com base neste conjunto de resultados torna-se insustentável a manutenção das
jabuticabeiras e espécies correlatas dentro do gênero Myrciaria. O posicionamento de
Myrciaria delicatula, que surge dentro de um clado desconexo aos outros, leva-nos a
reconsiderar a hipótese abandona vários autores, da existência do gênero Paramyrciaria, e
esta espécie pode ser reintroduzida como a tipo para este novo gênero.
Outro aspecto relevante foi as espécies do gênero Plinia terem surgido espalhadas
em vários clados do “complexo Plinia”, incluindo a porção basal do cladograma, onde Plinia
hatschbachii sai junto com o grupo externo. Evidenciando, desta forma, um caráter
polifilético do grupo.
Uma abordagem onde seja incluído um número maior de espécies do gênero
Plinia, bem como a da espécie-tipo P. pinnata, torna-se essencial para esclarecer os limites
taxonômicos deste gênero, bem como elucidar a definitiva da identidade genérica das
jabuticabeiras cultivadas.
Ainda que preliminar, acredita-se que esta análise prospectiva das relações
genéticas entre as jabuticabeiras cultivadas e seus parentes selvagens possa ser usada com
sucesso como uma linha base confiável para programas de melhoramento genético das
jabuticabas.
50
7. BIBLIOGRAFIA
ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P.
Biologia molecular da célula. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 1463 p.
ALFARO, M. E.; ZOLLER, S.; LUTZONI, F. Bayes or Bootstrap? A Simulation Study
Comparing the Performance of Bayesian Markov Chain Monte Carlo Sampling and
Bootstrapping in Assessing Phylogenetic Confidence. Molecular Phylogenetics and
Evolution, v. 20, n. 2, p. 255-266, 2003.
ÁLVAREZ, I. & WENDEL, J. F. Ribosomal ITS sequences and plant phylogenetic inference.
Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 29, p. 417–434, 2003.
ANDERSEN, O. & ANDERSEN, V. U. As frutas silvestres brasileiras. Rio de Janeiro:
Globo, 1988. 203 p.
Angiosperm Phylogeny Group [APG II]. An update of the Angiosperm Phylogeny Group
classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of
the Linnean Society, v. 141, p. 399–436, 2003.
ARAGÃO, J. G. & CONCEIÇÃO, G. M. Myrtaceae: espécies das subtribos Eugeniinae,
Myrciinae, Myrtinae registradas para o estado de Maranhão. Revista Sinapse Ambiental, v.
1, p. 7-17, 2008.
ASCHERI, D. P. R.; ASCHERI, J. L. R.; CARVALHO, C. W. P. Caracterização da farinha
de bagaço de jabuticaba e propriedades funcionais dos extrusados. Ciência e Tecnologia de
Alimentos, v. 26, n. 4, p. 897-905, 2006.
BALERDI, C. F.; RAFIE, R.; CRANE, J. Jaboticaba (Myrciaria cauliflora Berg.) a delicious
fruit with an excellent market potential. Proc. Fla. State Hort. Soc., v. 119, p. 66-68, 2006.
BALDWIN, B. G.; SANDERSON, M. J.; PORTER, J. M.; WOJCIECHOWSKI, M. F.;
CAMPBELL, C. S.; DONOGHUE, M. J. The ITS region of nuclear rebosomal DNA: A
51
valuable source of evidence on angiosperm phylogeny. Annals of the Missouri Botanical
Garden, v. 82, p. 247- 277, 1995.
BARROS, R. S.; FINGER, F. L.; MAGALHÃES, M. M. Changes in non-structural
carbohydrates in developing fruit of Myrciaria jabuticaba. Scientia Horticulturae, v. 66, p.
209-215, 1996.
BARKER, F. K. & LUTZONI, F. M. The utility of the incongruence lengh difference test.
Systematic Biology, v. 51, p. 625-637, 2002.
BARTHET, M. M. & HILU, K. W. Expression of matK: Functional and evolutionary
implications. American Journal of Botany, v. 94, n. 8, p. 1402- 1412, 2007.
BERG, O. K. Myrtaceae. In Martius, K. P. von, A .G. Eichler & I. Urban Flora
Brasiliensis, v. 14, n. 1, p. 1-655, 1857.
BUCKLER IV, E. S.; IPPOLITO, A. I.; HOLTSFORD, T. P. The evolution of ribosomal
DNA: divergent paralogues and phylogenetic implications. Genetics, v. 145, p. 821- 832,
1997.
BULL, J. J.; HUELSENBECK, J. P.; CUNNINGHAM, C. W.; SWOFFORD, D. L.;
WADELL, P. J. Partitioning and combining data in phylogenetic analysis. Systematic
Biology, v. 42, p. 384-397, 1993.
CARDOSO, C. M. V. & SAJO, M. G. Nervação foliar em espécies brasileiras de Myrtaceae
Adans. Acta Botânica Brasílica, v. 20, n. 3, p. 657-669, 2006.
CARIM, S.; SCHWARTZ, G.; SILVA, M. F. F. Riqueza de espécies, estrutura e composição
florística de uma floresta secundária de 40 anos no leste da Amazônia. Acta Botânica
Brasílica, v. 21, n. 2, p. 293-308, 2007.
CASTRO, A. A. J. F.; MARTINS, F. R.; TAMASHYRO, J. Y.; SHEPERD, G. J. How rich is
the flora of Brazilian Cerrados? Annals of the Missouri Botanical Garden, v. 86, n. 1, p.
192- 225, 1999
.
52
CHASE, M. W.; SALAMIN, N.; WILKINSON, M.; DUNWELL, J. M.; KESANAKURTHI,
R. P.; HAIDAR, N.; SAVOLAINEN, V. Land plants and DNA barcodes: short-term and
long-term goals. Philosophical Transactions of the Royal Society, v. 360, p. 1889-1895,
2005.
CHAT, J.; JÁUREGUI, B.; PETIT, R. J.; NADOT, S. Reticulate evolution in kiwifrui
(Actinidia, Actinidiaceae) identified by comparing their maternal and paternal phylogenies.
American Journal of Botany, v. 91, p. 736-747, 2004.
CHIARELLI, R. H. C.; NOGUEIRA, A. M. P.; VENTURINI FILHO, W. G. Fermentados de
Jabuticaba (Myrciaria cauliflora Berg): Processos de Produção, Características Físico-
químicas e Rendimento. Brazilian Journal of food Technology, v. 8, n. 4, p. 277-282, 2005.
COSTA, I. R. Estudos cromossômicos em espécies de Myrtaceae Juss. no sudeste do
Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo – SP, 2004.
COSTA, I. R. & FORNI-MARTINS E. R. Karyotype analysis in South American species of
Myrtaceae. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 155, p. 571–580, 2007.
CUNNINGHAM, C. W. Can three incongruence tests predict when data should be combined.
Molecular Biology and Evolution, v. 14, n. 7, p. 733-740, 1997.
DE CANDOLLE A. P. Myrtaceae. Prodromus systematis naturalis regni vegetabilis, v. 3,
p. 207-296, 1828.
DESFEUX, C. & LEJEUNE, B. Systematics of euromediterranean Silene (Caryophylaceae):
evidence from a phylogenetic analysis using ITS sequence. Les Comptes rendus de
l’Académie des sciences, Série III, v. 319, p. 351- 358, 1996.
DOUADY, C.; DELSUC, F.; BOUCHER, Y.; DOOLITTLE, F.; DOUZERY, E. J. P.
Comparison of Bayesian and Maximum Likelihood Bootstrap Measures of Phylogenetic
Reliability. Molecular Biology and Evolution, v. 20, n. 2, p. 248-254, 2003.
53
DOVER, G. A. & COEN, E. Spring cleaning ribosomal DNA: A model for multigene
evolution? Nature, v. 290, p. 731-732, 1981.
DOYLE, J. J. & DOYLE, J. L. Isolation of plant DNA from fresh tissue. Focus, v. 12, n. 13-
15, 1987.
DUBCOVSKY, J. & DVORÁK, J. Ribosomal RNA multigene loci: nomads of the Triticeae
genomes. Genetics, v. 140, p. 1367- 1377, 1995.
ELDER, J. F. JR. & TURNER, B. J. Concerted evolution of repetitive DNA sequences in
eukaryotes. The Quarterly review of biology, v. 70, p. 297-320, 1995.
ERIXON, P.; SVENNBLAD, B.; BRITTON, T.; OXELMAN, B.; Reliability of Bayesian
Posterior Probabilities and Bootstrap Frequencies in Phylogenetics. Systematic Biology, v.
52, n. 5, p. 665-673, 2003.
FARRIS, J. S.; KALLERSJO, M.; KLUGE, A. G.; BULT, C. Testing significance of
incongruence. Cladistics, v. 10, p. 315-319, 1994.
FITCH, W. M. Toward defining the course of evolution: minimum change for the specific
tree topology. Systematic Zoology, v. 20, p. 406-416, 1971.
GADEK, P. A.; WILSON, P. G.; QUINN, C. J. Phylogenetic reconstruction in Myrtaceae
using matK, with particular reference to the position of Psiloxylon and Heteropyxis.
Australian Systematic Botany, v. 9, p. 283- 290, 1996.
GONÇALVES, E. G.; MAYO, S. J.; SLUYS, M. A.; SALATINO, A. Combined genotypic–
phenotypic phylogeny of the tribe Spathicarpeae (Araceae) with reference to independent
events of invasion to Andean regions. Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 43, p.
1023–1039, 2007.
HALANYCH, K. M. The New View of Animal Phylogeny. Annual Review of Ecology,
Evolution, and Systematics, v. 35, p. 229–256, 2004.
54
HILU, K. W.; LIANG, H. The matK gene: Sequence variation and application in plant
systematics. American Journal of Botany, v. 84, n. 6, p. 830-839, 1997.
HILU, K. W.; BORSCH, T.; MULLER, K.; SOLTIS, D. E.; SOLTIS, P. S.; SAVOLAINEN,
V.; CHASE, M. W.; POWELL, M. P.; ALICE, L. A.; EVANS, R.; SAUQUET, H.;
NEINHUIS, C.; SLOTTA, T. A. B.; ROHWER, J. G.; CAMPBELL, C. S.; CHATROU, L.
W. Angiosperm phylogeny based on matk sequence information. American Journal of
Botany, v. 90, n. 12, p. 1758–1776, 2003.
HIPP, A. L.; HALL, J. C.; SYTSMA, K. J. Congruence versus phylogenetic accuracy:
Revisiting the Incongruence Length Difference Test. Systematic Biology, v. 53, n. 1, p. 81-
89, 2004.
HUELSENBECK, J. P. & RONQUIST, F. MrBayes: Bayesian inference of phylogenetic
trees. Bioinformatics, v. 17, p. 754 – 755, 2001.
IVANAUSKAS, N. M.; MONTEIRO, R.; RODRIGUES, R. R. Estrutura de um trecho de
floresta Amazônica na bacia do alto rio Xingu. Acta Amazonica, v. 34, n. 2, p. 275-299,
2004.
JUDD, W. S. Plant systematics: A phylogenetic approach. 2 ed. Sunderland,
Massachussetts: Sinauer Associates, 2002. 576 p.
JOHNSON, L. A. & SOLTIS, D. E. matK DNA sequences and phylogenetic reconstruction in
Saxigragaceae s. str. Sistematic Botany, v. 19, p. 143- 156, 1994.
JOHNSON, L. A. S. & BRIGGS, B. G. Myrtales and Myrtaceae a phylogenetic analysis.
Annals of the Missouri Botanical Garden, v. 71, p. 700-756, 1984.
KELCHNER, S.A. The evolution of non-coding chloroplast DNA and its application in plant
systematics. Annals of the Missouri Botanical Gardens, v. 87, p. 482-498, 2000.
55
KIM, S. & DONOGHUE, M. J. Incongruence betweem cpDNA and nrITS trees indicates
extensive hybridization within Eupersicaria (Polygonaceae). American Journal of Botany,
v. 95, n. 9, p. 1122-1135, 2008.
KOBLMÜLLER, S. ; DUFNER, N.; SEFC, C. M.; AIBARA, M.; STIPACEK, M.; BLANC,
M.; EGGER, B. & STURMBAUER, C. Reticulate phylogeny of gastropod-shell-breeding
cichlids from Lake Tanganyika the result of repeated introgressive hybridization. BMC
Evolutionary, v. 7, n. 7, 2007. Disponível em:
<
http://www.biomedcentral.com/content/pdf/1471-2148-7-7.pdf>. Acesso em: Fevereiro de
2009.
KONRATH, J. & MONDIM, C. A. Remanescentes florestais das encostas do morro
Ferrabrás. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, n. 1, p. 909-911, 2007.
LAM, N.; WILSON P. G.; HESLEWOOD M. M.; QUINN C. J. A phylogenetic analysis of
the Chamelaucium alliance (Myrtaceae). Australian Systematic Botany, v. 15, p. 535–543,
2002.
LANDRUM, L. R. & KAWASAKI, M. L. (1997). The genera of Myrtaceae in Brazil: an
illustrated synoptic and identificatioin keys. Brittonia, v. 49, n. 4, p. 508-536, 1997.
LEE, M. S. Y. Molecules, morphology, and the monophyly of diapsid reptiles. Contributions
to Zoology, v. 70, p. 1 – 18, 2001.
LOHMANN, L. G. Untangling the phylogeny of neotropical lianas (Bignonieae,
Bignoniaceae). American Journal of Botany, v. 93, n. 2, p. 304–318, 2006.
LORENZI, H.; BACHER, L. B.; LACERDA, M. T. C.; SARTORI, S. F. Frutas brasileiras e
exóticas cultivadas de consumo em natura. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da
Flora, 2006. 672 p.
LUCAS, E.; BELSHAM, S.; NICLUGHADA, E.; ORLOVICH, D.; SAKURAGUI, C.;
CHASE, M.; WILSON, P. G. Phylogentics patterns in the fleshy-fruited Myrtaceae
preliminary molecular evidence. Plant Systematics and Evolution, v. 251, p. 35–51, 2005.
56
LUCAS, E. J.; HARRIS, S. A.; MAZINE, F. F.; BELSHAM, S. R.; LUGHADHA, E. M. N.;
TELFORD, A.; GASSON, P. E.; CHASE, M. W. Suprageneric phylogenetics of Myrteae, the
generically richest tribe in Myrtaceae (Myrtales). Taxon, v. 56, n. 4, p. 1105–1128, 2007.
MANICA, I. Frutas nativas, silvestres e exoticas 1: Técnicas de produção e mercado:
Abiu, amora-preta, araça, bacuri, biribá, carambola, cereja-do-rio-grande, jabuticaba.
Porto alegre: Cinco Continentes, 2000. 327 p.
MAZINE, F. F. Estudos taxonômicos em Eugenia L. (Myrtaceae), com ênfase em
Eugenia sect. Racemosae. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo - SP,
2006.
MCVAUGH, R. The genera of American Myrtaceae An interim report. Taxon, v. 17, p.
354- 418, 1968.
MELETTI, L. M. M. Propagação de frutíferas tropicais. Guaiba (RS): Agropecuária, 2000.
239 p.
MOTA, W. F.; SALOMÃO, L. C. C.; PEREIRA, M. C. T.; CECON, P. R. Influência do
tratamento pós-colheita com cálcio na conservação das jabuticabas. Revista Brasileira de
Fruticultira, v. 24, n. 1, p. 49-52, 2002.
MÜLLER, K. F.; BORSCH, T.; HILU, K. W. Phylogenetic utility of rapidly evolving DNA at
high taxonomical levels: contrasting matK, trnT-F and rbcL in basal angiosperms. Molecular
Phylogenetics and Evolution, v. 41, p. 99- 117, 2006.
MUSCHNER, V. C. Filogenia molecular, taxas evolutivas, tempo de divergência e
herança organelar em Passiflora L. (Passifloraceae). Tese de doutorado, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
NYLANDER, J. A. A. MrModeltest, versão 2. Evolutionary Biology Centre, Uppsala
University, Uppsala, Sweden, 2004
57
NIC LUGHADHA E. & PROENÇA, C. A survey of the reproductive biology of the
Myrtoideae. Annals of the Missouri Botanical Garden, v. 83, p. 480-503, 1996.
NORMARK, B. B. & LANTERI, A. A. Incongruence between morphological and
mitochondrial- DNA characters suggests hybrid origins of parthenogenetic Weevil lineages
(Genus Aramigus). Systematic Biology, v. 47, n. 3, p. 475- 494, 1998.
O’BRIEN M. M., QUINN C. J., WILSON P. G. Molecular systematics of the Leptospermum
suballiance (Myrtaceae). Australian Systematic Botany, v. 48, p. 621–628, 2000.
OLIVEIRA, A. L.; BRUNINI, M. A.; SALANDINI, C. A. R.; BAZZO, F. R. Caracterização
tecnológica de jabuticabas “sabará” provenientes de diferentes regiões de cultivo. Revista
Brasileira de Fruticultura, v. 25, n. 3, p. 397-400, 2003.
OLIVEIRA-FILHO, A. T. & FONTES, M. A. L. Patterns of Floristic Differentiation among
Atlantic Forests in Southeastern Brazil and the Influence of Climate. Biotropica, v. 32, n. 4b,
p. 793- 810, 2000.
PAGE, R. D. M. & HOLMES, E. C. Molecular Evolution: A Phylogenetic Approach.
Blackwell Sci., Oxford, 1998. 329 p.
PEREIRA, M.; OLIVEIRA, A. L.; PEREIRA, R. E. A.; SENA, J. A. D.; COSTA, J. R. V.;
ALMEIDA, M.; GONÇALVES, A. N. Morphologic and molecular characterization of
Myrciaria spp species. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 27, n. 3, p. 507-510, 2005.
PELL, S. K. Molecular systematics of the cashew family (Anacardiaceae). Dissertação de
mestrado. Faculty of the Lousiana State University and Agricultural and Mechanical College,
2004.
POSADA D. & CRANDAL K. A. Modeltest, testing the models of substitution.
Bioinformatics, v. 14, p. 817-818, 1998.
58
PROENÇA, C.E.B.; NICLUGHADHA, E. M.; LUCAS, E.J. & WOODGYER, E.M. Algrizea
(Myrteae, Myrtaceae): A new genus from the Highlands from Brazil. Systematic Biology, v.
31, p. 320-326, 2006.
PROENÇA, C. E. B. A revision of Shiphoneugena Berg. (Myrtaceae, Myrtae). Edinburgh
Journal of Botany, v. 47, n. 3, p. 239-271, 1990.
QUI, Y. LEE, J. BERNASCONI-QUADRONI, F. SOLTIS, D. E. SOLTIS, P. S. ZANIS, M.
ZIMMER, E. A. CHEN, Z. SAVOLAINEN, V. CHASE, M. W. Phylogeny of basal
Angiosperms: Analyses of five genes from three genomes. International journal of plant
sciences, v. 161, n. 6, p. 3-27, 2000.
RAMÍREZ, M. J. Further problems with the incongruence length difference test:
“hipercongruence” effect and multiple comparisons. Cladistics, v. 22, p. 289-295, 2006.
REEVES, G.; CHASE, M. W.; GOLDBLATT, P.; RUDALL, P.; FAY, M. F.; COX, A. V.;
LEJEUNE, B.; SOUZA-CHIES, T. American Journal of Botany, v. 88, n. 11, p. 2074-2087,
2001.
RIESEBERG, L. H. Hibrid origins of plant species. Annual Review of Ecology and
Systematics, v. 28, p. 359-389. 1997.
RIESEBERG, L. H.; WHITTON, J.; LINDER, C. R. Molecular marker incongruence in plant
hybrid zones and phylogenetic trees. Acta Bot. Neerl., v. 45, n. 3, p. 243-262, 1996.
ROLIN, S. G.; IVANAUSKAS, N. M.; RODRIGUES, R. R.; NASCIMENTO, M. T.;
GOMES, J. M. L.; FOLLI, D. A.; COUTO, H. T. Z. Composição florística do estrato arbóreo
da Floresta Estacional Semidecidual na Planície Aluvial do rio Doce, Linhares, ES, Brasil.
Acta Botânica Brasílica, v. 20, n. 3, p. 549-561, 2006.
ROMAGNOLO, M. B. & SOUZA, M. C. Os gêneros Calycorectes O. Berg, Hexachlamys O.
Berg, Myrcianthes O. Berg, Myrciaria O. Berg e Plinia L. (Myrtaceae) na planície alagável
do alto do rio Paraná, Brasil. Acta Botânica Brasílica, v. 18, n. 3, p. 613-627, 2004.
59
ROTMAN, A. Los gêneros Calycorectes, Hexachlamys, Myrciaria, Paramyrciaria, Plinia y
Siphoneugenea en la flora argentina. Darwiniana, v. 24, p. 157-185, 1982.
SALYWON, A.; SNOW, N.; WOJCIECHOWSKI, M. F.; CSIZMADI, J.; LANDRUM, L. R.
Phylogenetic relationships of Myrtacee as inferred from nrDNA ITS sequence data. Botany
2004, Snowbird, Utah (Abstract).
SANDERSON, M. J. & DOYLE, J. J. Reconstruction of organismal and gene phylogenies
from data on multigene families: concerted evolution, homoplasy, and confidence.
Systematic Biology, v. 41, p. 4-17, 1992.
SCALBERT, A & WILLIAMSON, G. Dietary Intake and Bioavailability of Polyphenols.
Journal of Nutrition, v. 130, p. 2073-2086, 2000.
SCHLOTTERER, C. & TAUTZ, D. Chromosomal homogeneity of Drosophila ribosomal
DNA arrays suggests intrachromosomal exchanges drive concerted evolution. Current
Biology, v. 4, p. 777-783, 1994.
SHAFFER, H. B.; MEYLAN, P.; MCKNIGHT, M. L. Tests of turtle phylogeny molecular,
morphological, and paleontological approaches. Systematic Biology, v. 46, p. 235-268, 1997.
SILVEIRA, F. T.; ORTOLANI, F. A.; MATAQUEIRO, M. F.; MORO, J. R. Caracterização
citogenética em duas espécies do gênero Myrciaria. Revista de biologia e ciências da terra,
v. 6, n. 2, p. 327-333, 2006.
SIMMONS, M.P. & OCHOTERENA H. Gaps as characters in sequence-based phylogenetic
analyses. Systematic Biology, v. 49, p. 369-381, 2000.
SOBRAL, M. Sinopsis de las espécies reconocidas del género Paramyrciaria Kausel
(Myrtaceae). Candollea, v. 46, p. 512-521, 1991.
SOBRAL, M. Sinopse de Myrciaria (Myrtaceae). Napaea, v. 9, p. 13-41, 1993.
60
SOBRAL, M. A new name and three new combinations in Brazilian Myrtaceae. Novon, v.
16, p. 136- 137, 2006.
SOLTIS, D. E. & SOLTIS, P. S. Polyploidy: Recurrent formation and genome evolution.
Trends in Ecology & Evolution, v. 14, p. 348-352, 1999.
SOLTIS, D. E.; SOLTIS, P. S.; ZANIS, M. J. Phylogeny of seed plants based on evidence
from eight genes. American Journal of Botany, v. 89, n. 10, p. 1670–1681, 2002.
SOUZA, V. C. & LORENZI, H. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação
das famílias de angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Nova Odessa, SP:
Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2005. 640 p.
STEELE, K. P. & VILGALYS, R. Phylogenetic analyses of Polemoniaceae using nucleotide
sequences of the plastid gene matK. Systematic Botany, v. 19, p. 126- 142, 1994.
STOECKLE, M. Taxonomy, DNA, and the Bar Code of Live. BioScience, v. 53, n. 9, p. 796-
797, 2003.
SUN, Y.; SKINNER, D. Z.; LIANG, G. H.; HULBERT, S. H. Phylogenetic analysis of
Sorghum and related taxa using internal transcribed spacers of nuclear ribosomal DNA.
Theoretical and Applied Genetics, v. 89, p. 26- 32, 1994.
SWOFFORD,D.L. PAUP*. Phylogenetic Analysis Using Parsimony (*and Other
Methods), 4.0 edn, Sinauer, Sunderland, MA, 2002.
TERCI, D. B. L. (2004). Aplicações analíticas e didáticas de antocianinas extraídas de
frutas. Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo – SP, 2004.
THOMPSON J.D.; HIGGINS, D.G. & GIBSON, T.J. CLUSTAL W: improving the
sensitivity of progressive multiple sequence alignment through sequence weighting, positions-
specific gap penalties and weigh matrix choice. Nucleic Acids Research, v. 22, p. 4673-4680,
1994.
61
TSUTSUI, K.; SUWA, A.; SAWADA, K.; KATO, T.; OHSAWA, T. A.; WATANO, Y.
Incongruence among mitochondrial, chloroplast and nuclear gene trees in Pinus subgenus
Strobus (Pinaceae). Jounal of plant Research, v. 122, p. 509- 521, 2009.
VILLACHICA, L. H. El cultivo del camu camu (Myrciaria dúbia H. B. K. McVaugh) en
la Amazonia peruana. Caracas: TCA. 1996. 95p.
WALTER, B. M. T. Fitofisionomias do bioma Cerrado: síntese terminológica e relações
florísticas. Tese de doutorado, Universidade de Brasília, Brasília – DF, 2006.
WILSON, P. G.; GADEK, P. A.; QUINN, C. J.; CLARK, W. D.; LANDRUM, L. R. The
Myrtaceae revisited: a cladistic re-analysis of an expanded database. American Journal of
Botany. 81(6, Supplement): 195 (Abstract), 1994.
WILSON, P.G.; O’BRIEN, M.M.; GADEK, P.A.; QUINN, C.J. Myrtaceae revisited: a
reassessment of infrafamilial groups. American Journal of Botany, v. 88, p. 2013–2025,
2001.
WILSON, P.G.; O’BRIEN, M.M.; HESLEWOOD, M.M.; QUINN, C.J. Relationships within
Myrtaceae sensu lato based on a matK phylogeny. Plant Systematics and Evolution, v. 251,
p. 3–19, 2005.
Wold Checklist of Myrtaceae. The Board of Trustees of the Royal Botanic Gardens, Kew,
2006. Disponível em:
http://www.kew.org/wcsp/myrtaceae. Acessado: Fevereiro de 2009.
YODER, A. D.; IRWIN, J. A.; PAYSEUR, B. A. Failure of the ILD to determine data
combinability for slow loris phylogeny. Systematic Biology, v. 50, p. 408- 424, 2001.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo