desassossego
. Definição feita em seu pequeno Dicionário de Termos
Textuais:
A edição crítico
-
genética é a que combina os objetivos e os métodos da edição
crítica e da edição genética: por um lado, reproduz o texto que o seu
responsável considera criticamente como contendo a última vontade do autor,
registrando as intervenções do editor e, no caso de textos já publicados e que
originaram tradição, elaborando um aparato de variantes da tradição; por outro
lado, faz a recensão de todos os manuscritos relacionados com o texto,
classifica
-os, organiza-os e descreve-os, e registra em aparato genético as
sucessivas alterações autorais, lugar a lugar e testemunho a testemunho,
utiliz
ando para isso um dispositivo técnico que permite ao leitor reconstituir a
génese do texto, e eventualmente, no caso em que o texto não foi claramente
acabado pelo autor, fazer escolhas diferentes das apresentadas pelo editor no
que diz respeito a adopção
de cada uma das variantes alternativas.
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Ivo Castro, ao coordenar os estudos para editoração dos textos poéticos
de Fernando Pessoa, declarou que com os seus critérios e métodos seria
possível concluir cerca de noventa e cinco por cento do estabelecimento do
texto. O trabalho da mais recente versão poética, na quase totalidade da
edição desse gênero da obra do poeta, foi a sua reprodução diplomática. Isto
porque, se o manuscrito teve sucesso em sua decifração, caberá ao editor
explicar como atingiu tal decifração; se, ao contrário, não for decodificado,
deverá ser deixada uma lacuna deixando assinalado, entre barras oblíquas, o
porque da inexistência da palavra ou trecho . E é desta opnião que
comungamos para uma edição do
L. do D..
Os editores do
Livro
do desassossego elaboraram um trabalho de
pesquisa e arquitetura do corpo do livro que favorece uma edição crítica, na
definição de Fagundes Duarte:
Edição crítica é a reprodução do texto autógrafo (quando existente), ou do texto
criticamente definido como mais próximo do original (quando este não existe
constitutio textus), depois de submetido às operações de recensão (
recensio
),
colação (
collatio),
constituição do estema com base na interpretação das
variantes (estemática), definição do testemunho base, elaboração de critérios
de transcrição, e de correção (emendatio ope codicum ou emendatio ope
ingenii
). Todas estas operações devem ser devidamente justificadas e
explicadas (
annotatio
), e todas as intervenções do editor, com realce para as
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DUARTE, Luiz Fagundes.
Pequeno Dicionário
de Termos da Crítica Textual
. Lisboa: 1997
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Idem.