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individual, menor intensidade de vida comunitária, e menor
rigor ascético em comparação com as seitas pentecostais.
Em terceiro lugar, Freston (1993, p.66) aborda os pentecostais. Segundo
ele, “o pentecostalismo brasileiro pode ser compreendido como a história de
três ondas de implantação de igrejas.”
A primeira onda é a década de 1910, com a chegada da
Congregação Cristã (1910) e da Assembléia de Deus (1911).
Estas duas igrejas têm o campo para si durante 40 anos, pois
suas rivais são inexpressivas. A Congregação, após grande
êxito inicial, permanece mais acanhada, mas a AD se expande
geograficamente como a igreja protestante nacional por
excelência, firmando presença nos pontos de saída do futuro
fluxo migratório. A segunda onda pentecostal é dos anos 50 e
início de 60, no qual o campo pentecostal se fragmenta, a
relação com a sociedade se dinamiza e três grupos (em meio a
dezenas de menores) surgem: a Quadrangular (1951), Brasil
para Cristo (1955) e Deus é Amor (1962). O contexto dessa
pulverização é paulista. A terceira onda começa no final dos
anos 70 e ganha força nos anos 80. Suas principais
representantes são a Igreja Universal do Reino de Deus (1977)
e a Igreja Internacional da Graça de Deus (1980). Novamente,
essas igrejas trazem uma atualização inovadora da inserção
social e do leque de possibilidades teológicas, litúrgicas, éticas
e estéticas do pentecostalismo. O contexto é
fundamentalmente carioca.
Acerca do pentecostalismo, Mariano (2005, p.23) apresenta a tipologia:
pentecostalismo clássico, deuteropentecostalismo e neopentecostalismo. A
primeira onda (1910-1950) cobre a implantação da religião pentecostal no país,
com a fundação da Assembléia de Deus e da Congregação Cristã no Brasil,
até sua difusão para todo o território nacional. A segunda onda é considerado
um desdobramento institucional tardio, em solo brasileiro, do pentecostalismo
clássico norte-americano. Estabelece-se quarenta anos depois da primeira
a religião dominante e prega a adesão voluntária e desvinculamento do Estado. A liderança se
estabelece por critérios carismáticos, com pouco ou nenhum treinamento formal. Os adeptos vêem
geralmente da classe baixa. Deles, se exige um alto nível de participação no grupo e de consenso
teológico: sua vida é controlada rigorosamente pela liderança, a qual espera separação do “mundo” e a
ausência de participação autônoma na vida pública. A denominação pode ser vista como meio-termo
entre a seita e a igreja, pois surge no contexto de pluralismo religioso, separada do Estado, mas
favorecendo a integração social dos fiéis enquanto cidadãos. Os adeptos tendem a ser de uma só classe
social (especialmente da classe média), mas os laços comunitários são mais fracos que os da seita.
Geralmente, tem um clero profissional. Em um sentido a denominação é o extremo oposto da seita e da
igreja: não reivindica o monopólio da verdade, mas se vê como apenas um dos nomes (“denominações”)
da verdadeira igreja.