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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
CORPOS EM FRONTEIRAS IDENTITÁRIAS: OS IMPLANTES
COCLEARES INSTITUINDO E ENSINANDO “NOVAS” MANEIRAS DE
SER OUVINTE
MESTRANDA: HILTRUD ELERT
ORIENTADORA: DRA. MARIA LÚCIA CASTAGNA WORTMANN
CANOAS
2008
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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Corpos em fronteiras identitárias: os implantes cocleares
instituindo e ensinando “novas” maneiras de ser ouvinte
Mestranda: Hiltrud Elert
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação da Universidade
Luterana do Brasil para obtenção do título de
MESTRE em Educação.
Orientadora: Dra. Maria Lúcia Castagna Wortmann
Canoas, outubro de 2008.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
E39c Elert, Hiltrud.
Corpos em fronteiras identitárias: os implantes cocleares
instituindo e ensinando “novas” maneiras de ser ouvinte / Hiltrud Elert.
– Canoas, 2008.
132 f. : il.
Dissertação (mestrado)
Universidade Luterana do Brasil, Programa de
Pós-Graduação em Educação, 2008.
Orientação: Dra. Maria Lúcia Castagna Wortmann.
1. Educação. 2. Educação especial. 3. Aprendizagem. 4.
Identidade social. 5. Surdo. 6. Implante coclear. I. Wortmann, Maria cia
Castagna. II. Título.
CDU 376.33
(Bibliotecária responsável: Débora Jardim Jardim – CRB 10/1598)
4
Agradeço...
À professora Maria Lúcia Castagna Wortmann,
Pela orientação firme e competente;
À banca avaliadora constituída pelas professoras
Adriana da Silva Thoma, Maura Corcini Lopes e Rosa Maria Hessel Silveira;
À minha família pelo incentivo e compreensão,
Aos surdos, especialmente aqueles com quem convivo e
que me ensinaram muito sobre suas vidas e cultura;
a todas as pessoas que de alguma forma colaboraram
para a realização deste trabalho.
5
Resumo
A presente dissertação discute relações de poder/saber entre normalidade e
anormalidade ouvinte/surda, tendo como foco principal as narrativas que sujeitos
implantados fazem de si, em ginas da Internet. Discute-se como nas narrativas
acionam-se estratégias que configuram este dispositivo ou aparato tecnológico o
Implante coclear como capaz de exercer efeitos normalizadores sobre os surdos.
Além disso, buscou-se destacar como nessas narrativas de si, postadas na web,
esses sujeitos se vão posicionando em uma nova condição, sendo essa direcionada
à configuração de uma nova forma híbrida – eles se configuram como surdos
implantados ouvintes. Tal empreendimento analítico foi constituído a partir de
ferramentas extraídas do campo dos Estudos Culturais que assumem as
perspectivas pós-estruturalistas, valendo-se o estudo de análises discursivas
voltadas a indicar como práticas de ouvintização colocam em funcionamento
diferenciadas estratégias de normalização para os sujeitos surdos, estando entre
essas, especialmente, as relativas ao implante coclear. O estudo também indica a
complexidade das discussões realizadas em torno deste artefato tecnológico e o
grande interesse por ele despertado, incursionando, ainda em dois
filmes/documentários que discutem o implante coclear. Nele também se busca
indicar a complexidade das estratégias de aprendizagem implicadas no processo de
ouvintização, desencadeado a partir do implante.
Palavras-chave:
Surdez, Implante Coclear, Normalização, Estratégias de Aprendizagem,
Identidade.
6
Abstract
The present work discuss relations of power/knowledge between
hearing/deaf normality and abnormality, having as its main focus the narrative that
implanted citizens do about themselves in websites. It is discussed how, in these
narratives, strategies that characterize the cochlear implant as being capable to exert
normalizing effects on deaf people appears. Besides, it was emphasized how, in
these narratives of itself, posted in web, these citizens are positioning themselves in
a new condition, directing to a new hybrid aspect they configure themselves as
deaf implanted listeners. This analytical attempt was constituted from tools extracted
from the cultural studies field that assume the after-structural perspectives. The study
has recourse on discursive analyses that are destined to indicate how the hearing
practices apply different normalization strategies for the deaf citizens, including,
specially, the ones related to the cochlear implant. The work also demonstrates the
complexity of the discussions made around this technologic device and the huge
interest aroused by it, leading to two films/documentaries that discuss the cochlear
implant. It also tries to demonstrate the complexity of the learning strategies
implicated at the hearing process that starts from the implant.
Key-words: Deafness, cochlear implant, normalization, learning strategies,
identity.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Dispositivo acústico de concha natural 24
Figura 02 - Tubo de fala feminino 24
Figura 03 - Tubo de fala masculino 24
Figura 04 - Elipse ótica 25
Figura 05 - Tubos de fala projetados por Kircher – 1673 25
Figura 06 - Tubos de fala projetados por Kircher – 1673 25
Figura 07 - Capa do livro Phonurgia Nova 26
Figura 08 - Ilustração do livro Phonurgia Nova 26
Figura 09 - Princípio da amplificação sonora aplicado à arquitetura 26
Figura 10 - Princípio da amplificação sonora aplicado à arquitetura 26
Figura 11 - Capa do livro “O Homem-máquina” de La Mettrie 27
Figura 12 - Vaso receptor de fala – 1802 28
Figura 13 - Vaso receptor de fala em uso 28
Figura 14 -Trono de D. João VI, Rei de Portugal, com amplificadores acústicos 29
Figura 15 - Alunos surdos-mudos “escutando” música com o “dentaphone” 30
Figura 16 – Uso do Dentaphone 1880 30
Figura 17 - Artefatos de amplificação sonora do início do século XIX 31
Figura 18 - Artefatos de amplificação sonora do início do século XIX 31
Figura 19 - Artefatos de amplificação sonora elétricos da década de 1920 33
Figura 20 - Artefatos de amplificação sonora elétricos da década de 1920 33
Figura 21 - Moça com aparelho de caixinha, Era da válvula – 1940 34
Figura 22 - Menino com aparelhos de caixinha, Era da válvula – 1940 34
Figura 23 - Aparelho auditivo em forma de óculos – 1960 35
Figura 24 - Campanhas publicitárias com participação de artistas de Hollywood 36
Figura 25 – Miniaturização das próteses auditivas 36
Figura 26 - Comparação da tecnologia atual com uma moeda de Euros 38
Figura 27 - Componentes externos e internos do implante coclear 43
Figura 28 - Visualização da unidade externa do IC 47
Figura 29 - Capa do livro de Juan Pablo Bonet 52
Figura 30 - Ilustração do alfabeto digital 52
Figura 31 - Reprodução da capa do Livro de L´Pée 54
8
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO - HISTÓRIAS TRAMADAS PARA A DEFINIÇÃO DESTE
ESTUDO 09
1 A QUESTÃO DO IMPLANTE COCLEAR - UMA AÇÃO DE CIBORGUIZAÇÃO
DOS CORPOS? 14
2 UMA INCURSÃO A MOVIMENTOS QUE ATUARAM NA CONSTITUIÇÃO /
PRODUÇÃO DOS SUJEITOS SURDOS 22
2.1 Um recuo no tempo e algumas problematizações sobre as tentativas de
normalização dos surdos 23
2.2 Os implantes cocleares – considerações e reflexões 41
2.2.1 Alguns critérios de seleção para a realização do implante coclear 44
2.3 Apontando caminhos trilhados na educação de surdos 50
2.4 Notas sobre a educação de surdos no Brasil 57
3 EM BUSCA DE REFERENCIAIS PARA DISCUTIR A SURDEZ 63
3.1 Uma visão da surdez a partir dos Estudos Surdos 63
3.2 Estudos Surdos e Estudos Culturais: revisando as possibilidades de
associação entre esses campos 65
4 DELINEANDO OS PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS 69
4.1. As polêmicas que cercam os implantes cocleares: os filmes /
documentários “Som e Fúria” e “Som e Fúria seis anos mais tarde” 75
4.1.1 Um breve relato do filme/documentário “Som e Fúria 76
4.1.2 Um breve relato do filme/documentário “Som e Fúria: seis anos mais
Tarde” 79
4.2 O blog da Princesitta 82
4.3 O blog do Luiz Filipe 94
4.4 O Fórum de Implante Coclear – FIC 102
5 ENCAMINHANDO A FINALIZAÇÃO – O PAPEL PEDAGÓGICO DOS BLOGS
E DO FÓRUM 111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 124
ANEXOS 133
9
APRESENTAÇÃO
Histórias tramadas para a definição deste estudo
Ao iniciar a apresentação desta dissertação, gostaria de destacar que estou
cada vez mais convencida que a problemática e o objeto de estudo que nos
propomos a examinar o o escolhidos por acaso, pois nossas histórias pessoais
e profissionais têm fortes implicações nas opções que fazemos.
Importa, por isso, dizer que este estudo teve a sua motivação em um
percurso que se iniciou no ano de 2004, a partir de um curso de formação de
“Professores para Surdos” na área da educação, no viés dos Estudos Culturais, que
realizei na Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.
Nessa formação especializada, abandonava-se a visão do surdo enquanto sujeito
deficiente para se proclamar a sua pertença a uma comunidade lingüística e cultural.
Para mim, esse foi o ponto de partida para a emergência de um novo olhar
sobre o “outro” surdo com quem eu convivia cotidianamente em minha ação
profissional. Além disso, paralelamente a essa minha experiência acadêmica, meu
percurso profissional inclui a graduação no curso de Fonoaudiologia e a participação
como professora e diretora de uma escola para surdos em Porto Alegre, RS.
Gostaria de destacar, ainda, que meu trabalho com os alunos surdos vinha
transcorrendo, digamos, de modo tranqüilo, até o momento em que ingressaram na
escola onde trabalho, no ano de 2001, dois alunos com implante coclear, alternativa
surgida com maior ênfase a partir dos anos noventa, situação que suscitou uma
série de questionamentos aos grupos de surdos bem como àqueles que se m
envolvido com discussões relativas à surdez.
Paralelamente, estava sendo veiculado na mídia televisiva o
filme/documentário “Som e Fúria”, produzido nos Estados Unidos da América do
Norte, no ano de 2000. Neste filme/documentário, que apresento com mais detalhes
no capítulo 4 dessa dissertação, dois irmãos, após protagonizarem acaloradas
discussões sobre o tema implante coclear, que envolveram a discussão da surdez
como uma diferença cultural e não como deficiência, bem como acerca do direito da
pessoa surda à língua de sinais e à cultura surda, assumem posturas opostas frente
ao implante. Cabe registrar que esse documentário produziu estranhamentos,
10
desconfortos e muitas discussões na comunidade escolar surda (e alguns
professores ouvintes fluentes em Libras) na qual eu estou inserida, bem como na
comunidade surda mais ampla. De qualquer forma, esta foi mais uma das situações
que marcaram a presença desta nova tecnologia e que a configuraram como
problemática sob variados pontos de vista, alguns dos quais estarei indicando nesta
dissertação, sendo esse um dos motivos que, inclusive, me levaram a considerar
esse filme/documentário como uma espécie de “pano de fundo” para as
considerações que apresento.
Cabe registrar, também, que, em torno da surdez, se constituiu um campo
de conhecimento e de práticas de significação que têm mobilizado ativamente as
comunidades surdas, bem como os estudiosos desse campo, no qual a questão da
produção cultural da surdez emerge como um dos temas centrais.
Skliar (1997) pondera que o surdo é mais do que simplesmente um sujeito
que não pode ouvir. Para o autor, a surdez é definida e respeitada como uma marca
constituidora de uma cultura específica, e não a marca de uma deficiência. Os
surdos formam uma comunidade cuja participação se define pelo uso comum da
língua de sinais, pelo sentimento de identidade grupal, pela identificação como
surdos e pelo seu reconhecimento como diferentes e como sujeitos dotados de
hábitos e modos de socialização próprios.
A língua de sinais, tal como foi indicado por Karnopp (1999), é oficialmente
a língua dos surdos, de acordo com a primeira resolução da Federação Mundial do
Surdo (WFD), publicada em julho de 1987. É possível dizer que tal decisão objetiva
anular a idéia de uma deficiência lingüística e permitir que os surdos passem a ser
considerados como integrantes de uma comunidade lingüística diferente e não mais
definidos como sujeitos desviados da normalidade.
Seguindo esta orientação, Lopes (2007) também propõe que se lance um
novo olhar sobre a surdez; não o da deficiência, mas o da diferença cultural, bem
como que essa seja vista não como materialidade inscrita em um corpo, mas como
decorrente da construção de um olhar sobre aquele que não ouve.
Posso dizer que meu interesse específico no estudo da temática que
apresento nesta dissertação surgiu a partir da articulação que fui procedendo de
várias reflexões com as quais fui interagindo especialmente a partir de meu ingresso
no curso de mestrado em educação na ULBRA. Entre essas, destaco as conduzidas
por Skliar (1997,1998), Karnopp (1999), Lopes (2007), Thoma (2006), entre outros,
11
que foram me levando a atentar mais detidamente para as tensões culturais e
identitárias que emergem dos diferentes discursos que, atualmente, constroem e
ressignificam a posição do sujeito surdo em relação a uma série de questões,
estando entre essas a discussão suscitada pela possibilidade do implante coclear e
de outras tecnologias que buscam, mais uma vez, segundo Lopes (2007), através da
ciborguização do corpo, alcançar uma condição de “normalidade” para os surdos.
Para a construção deste trabalho, me vali de conceitos que permitiram uma
aproximação com o campo dos Estudos Culturais, uma vez que esse campo presta-
se a problematizar, por exemplo, as transformações processadas na concepção da
cultura, bem como nos permite lidar com as produtivas noções de território híbrido e
de zona de fronteira que têm sido discutidas por autores tais como Canclini (2006),
Hall (1997, 2005), Bhabha (2005), entre outros.
Aliás, ao referir-se à diversidade cultural, Bhabha (ibid) adverte para o risco
de lidarmos com tal conceito de forma temporal e relativista, o que tem justificado,
por exemplo, o acatamento de noções tal como a de multiculturalismo, que admite a
existência de diferentes culturas e a possibilidade de aceitação da diferença sem, no
entanto, atuar na reversão da inferiorização dos grupos considerados diferentes.
Como diz esse mesmo autor (ibid), “nenhuma cultura é jamais unitária em si mesma,
nem simplesmente dualista na relação do Eu com o Outro. Não é devido a alguma
panacéia humanista que, acima das culturas individuais, todos pertencemos à
cultura da humanidade” (Bhabha, 2005, p.65).
Nessa direção, considerar a perspectiva dos Estudos Culturais propicia uma
aproximação com os Estudos Surdos, campo que, conforme Skliar (1998a)
descreve,
Abarcam pesquisas sobre as identidades, as línguas, os projetos
educacionais, as histórias, as artes, as comunidades e culturas surdas,
focalizados e entendidos a partir de um posicionamento político que luta por
uma nova “territorialidade”: um espaço constituído pelas problematizações
sobre a normalidade, pelos embates com as assimetrias de poder e saber,
pelas diferenças construídas histórica e socialmente (p.29).
O terreno investigativo dos Estudos Culturais trabalha num viés marcado
pela constante inquietude, tendo muitos dos estudos conduzidos mais recentemente
nesse campo, como base, o movimento intelectual pós-moderno. Nessas correntes
de pensamento, muito mais do que naquelas que assumem a teorização crítica,
busca-se assumir uma posição que Veiga-Neto (1996) chama de hipercrítica.
Segundo esse autor, ao dispensar as metanarrativas gestadas na modernidade, as
12
quais configuraram e explicaram o mundo para tantos, e ao assumir o caráter
produtivo do discurso sobre a constituição da realidade, a crítica pós-estruturalista
colocou tudo “sob suspeita”, submetendo até a si mesma ao constante escrutínio
daquilo que se diz e pensa; e é assim que a perspectiva hipercrítica amplia e
radicaliza a ação política. Assumi-la implica conseqüências epistemológicas e
pedagógicas importantes, que podem contribuir para o alcance de novos e
diferenciados entendimentos acerca de nossos saberes e fazeres, sem o que será
mais difícil, senão impossível, alterá-las no sentido de torná-las mais justas e
produtivas (ibid, p. 161).
Muitas têm sido as discussões conduzidas sobre a questão da surdez e dos
surdos: algumas procurando um horizonte epistemológico na definição da surdez,
outras passando a reconhecer a surdez como uma questão de diferença política,
como um território de representações diversas que se relacionam, mas que não se
referem necessariamente aos discursos da deficiência; outras, ainda defendendo a
tradicional perspectiva médico-terapêutica, que define a surdez unicamente a partir
do déficit auditivo. Neste último modelo, tal como define Skliar (1998), o surdo é visto
e representado como um sujeito necessário da atenção médica, numa versão que
amplifica e exagera os mecanismos da pedagogia corretiva, instaurada nas
primeiras décadas do século XX e que ainda são vigentes até os nossos dias.
Como aponta Lunardi (2001), as práticas em relação à surdez, a partir do
olhar clínico-terapêutico, envolvem a busca incessante para fazer os surdos falar; ou
seja, a centralidade da oralização é o marco principal da definição de políticas
pedagógicas para a educação desses sujeitos. Entre as práticas que demarcam tal
centralidade, a autora cita a proibição do uso da língua de sinais, língua essa que se
instituiu como a principal constituidora de identidades e de comunidades surdas; o
isolamento comunitário entre crianças e adultos surdos, visando à supressão de um
“modelo” de adulto surdo, o que também inclui o afastamento de professores surdos
das salas de aula para evitar a experiência vicária; e, ainda, as práticas de
colonização e controle de seus corpos e mentes, através do uso de próteses
auditivas e, mais recentemente, da experiência biônica dos implantes cocleares.
Silveira (2004) coloca que, a partir da definição do surdo como um
“deficiente”, o caminho para sua humanização, reabilitação e normalização passa
necessariamente pela maximização de seus restos auditivos, pelo treino da leitura
labial e pela sua oralização. E é neste contexto que se abre a janela para o emprego
13
das aceleradas inovações tecnológicas que acenam para as menores e melhores
próteses auditivas e para os implantes cocleares como dispositivos normalizadores
do sujeito surdo. Então, foi a partir da discussão deste paradigma da normalização,
constantemente retomado e recolocado ao longo da história das práticas
assumidas em relação à surdez, que fiquei mobilizada para a realização desta
dissertação, especialmente ao tomar conhecimento de algumas narrativas que
surdos implantados fazem de si, bem como de certos depoimentos de especialistas,
ou mesmo de produtores de tais artefatos, que tomam esta prática como uma
possibilidade (e talvez até como a melhor possibilidade) de conferir a audição aos
sujeitos surdos. Enfim, mobilizei-me na direção de examinar, neste estudo, como os
implantes cocleares têm sido configurados como uma possibilidade de “cura” para os
surdos e para discutir como alguns desses sujeitos assumem uma “nova” identidade
surda – a de surdos implantados - a partir da sua decisão de se tornarem ouvintes.
14
1 A QUESTÃO DO IMPLANTE COCLEAR UMA AÇÃO DE CIBORGUIZAÇÃO
DOS CORPOS?
“Seremos todos ciborgues!” Isso é o que profetiza o título da entrevista
realizada com o cientista americano Raymond Kurzweil, publicada na revista Veja na
sua edição de 15 de novembro de 2006. Entre as muitas especulações feitas por
Kurzweil, é importante destacar a que diz respeito ao desenvolvimento de
“nanobots”, robôs do tamanho de uma célula de sangue, que poderiam chegar ao
cérebro pelas veias e interagir com nossos neurônios biológicos, tornando-nos mais
inteligentes, melhorando nosso bem-estar físico ou aumentando a nossa
longevidade. A integração entre aparatos tecnológicos e o organismo deverá atingir
tal intensidade, afirma o pesquisador, que “não vamos poder entrar em uma sala e
separar, de um lado, computadores e, de outro, seres humanos. Será tudo
misturado” (Kurzweil, 2006, p. 15).
Virgílio Fernandes Almeida, em artigo publicado na Folha de o Paulo em
18 de julho de 2004, sob o título “O futuro biônico de todos nós”, indica que,
recentemente, a tecnologia dos biônicos deu mais um salto, com o início de
conexões diretas de sistemas orgânicos e componentes artificiais em nível do
sistema neural. o os casos das cnicas de estímulo ao nervo vago para
tratamento de epilepsia e mal de Parkinson e dos chamados ouvidos digitais, para a
cura da surdez. Em ambas as cnicas, sinais gerados por dispositivos eletrônicos e
microprocessadores, implantados no corpo humano, são transmitidos a
componentes do sistema cerebral (Almeida, 2004).
Não faz muito tempo, cientistas estadunidenses decifraram o código
genético, possibilitando ao homem criar a si mesmo, dando corpo a um dos mais
antigos sonhos inscritos na ciência (Novaes, 2003). O autor ainda levanta questões
que se processariam no nível do pensamento, pois as novas descobertas científicas
estariam apontando para uma desordem mental, colocando o próprio conceito de
subjetividade em questão.
Diz o autor:
“[...] além do formidável avanço da medicina, estas e outras
criações trazem em si problemas relativos à ordem do pensamento, da
ética, da política e de fenômenos culturais jamais pensados: dogmas,
filosofias, maneiras de explicar o homem e o mundo são postos em
questão” (Novaes, 2003, p. 7).
A revista Superinteressante, por sua vez, aborda, na edição de fevereiro de
15
2007, alguns avanços na área da biônica, no entanto, sob uma legenda bem mais
sóbria: “ciborgue: braços, ouvidos e olhos biônicos são uma realidade, mas estão
longe dos originais”. Partindo de uma analogia com o filme Robocop, o texto afirma
que “agora, 20 anos depois do filme, essa história começa a sair da ficção para
valer”. Graças à tecnologia, existem pessoas com braços 100% biônicos, capazes
de controlar seus membros robóticos com o pensamento. A mão eletrônica,
idealizada pelo projeto Cyberhand, que reúne pesquisadores europeus, foi outra
novidade anunciada no ano de 2007. Segundo esta mesma reportagem, ela seria o
primeiro implante biônico com sensores de tato. No entanto, para o autor, os
resultados ainda estão longe dos seus pares originais e para deixá-los mais
próximos da perfeição, pesquisadores de diversos países testam novas tecnologias
para melhorar a “conversa dos implantes biônicos com o cérebro humano” (Minami,
2007, p.27).
Como se pode observar, as complexas relações entre corpo e mente, as
imbricações entre humanos e tecnologia, as novas possibilidades de manipulação
dos corpos, as associações entre ficção e realidade ensejam um novo corpo, um
novo conceito de humano, problematizado, principalmente, pela figura do ciborgue,
que poderia ser considerado como um produto das misturas entre corpos biológicos
e artefatos mecânicos, membros naturais e componentes artificiais. Pois, de acordo
com a concepção que Haraway (2000) aponta, “ciborgue é um organismo
cibernético, um híbrido de máquina e organismo, uma criatura de realidade social e
também uma criatura de ficção” (ibid, p. 40). as definições mais recentes de
ciborgues incluem todo tipo de intervenção tecnocientífica. Gray (1995) vai mais
além. Para essa autora, qualquer pessoa com um órgão, membro ou suplemento
artificial, como um marca-passo, por exemplo, qualquer um reprogramado para
resistir a doenças, seja através de imunizações, ou através do emprego da
psicofarmacologia para pensar, comportar-se, sentir-se melhor, é tecnicamente um
ciborgue.
Mas o que importa destacar em todas essas discussões é que o imaginário
ciborgue modificou os horizontes daquilo que um corpo pode ser e que esse aponta
para o artificial como o estaleiro em que se modifica e se constrói o corpo. Pode-se
dizer até que o conceito de ciborgue não problematiza apenas o hibridismo de carne
e metal, mas, também, as complexas questões fronteiriças sobre onde termina o
humano e começa a tecnologia. Ou seja, esse conceito problematiza o modo como
16
os sujeitos passam a ver os limites de seu corpo, ao ampliar as possibilidades seja
de retardar o envelhecimento, seja de alterar a própria aparência, pelo refinamento
de detalhes, pelo acréscimo ou redução de formas, entre outros procedimentos que
incluem, ainda, a possibilidade da adaptação de órgãos para andar, ver, ouvir etc.
Nessa direção, é possível pensar a associação que passa a ser procedida
entre o que usualmente se configurava como a identidade da pessoa e os artefatos
que ela passa a portar ou usar. Segundo alguns autores, tais como Woodward
(2005), a identidade é delimitada por meio de pequenos símbolos; para Haraway
(2000), nossos corpos são nossos Eus, os corpos são mapas de poder e identidade.
No entanto, para as duas autoras, o corpo pode ser compreendido como um dos
locais envolvidos no estabelecimento das fronteiras que definem quem s somos,
servindo de fundamento para a configuração da identidade.
Partindo, então, deste contexto, que pode ser caracterizado pelas
hibridações processadas entre artefatos tecnológicos e os humanos, bem como
entre o uso de tecnologias e as inscrições que essas marcam nos corpos, tentei
situar a questão dos implantes cocleares como um dos muitos processos que
instituem sujeitos híbridos. Considerei o implante coclear como um artefato que, de
um lado, tem se legitimado pelos avanços tecnológicos e inovações científicas e
que, por outro lado, tem sido questionado por aqueles que defendem que os surdos
e a surdez precisam ser olhados a partir de sua diferença cultural, condição essa
que tem no uso da Língua de Sinais uma de suas pilastras de sustentação. Além
disso, os questionamentos feitos frente a esses implantes também decorrem dos
muitos problemas que a aprendizagem do uso deste artefato tecnológico tem trazido
aos sujeitos que passaram a se valer desta nova e altamente especializada
tecnologia, aspectos esses que podem ser observados com bastante clareza nas
narrativas que analisei nesta dissertação.
Ressalto que o recurso da cirurgia para o implante coclear, ou simplesmente
IC, tem sido caracterizado por sujeitos nele interessados, estando entre esses, tanto
os fabricantes deste aparelho, quanto os especialistas na realização destes
implantes e, também, e especialmente, os sujeitos que se utilizam ou pretendem se
valer desta tecnologia, como um dos melhores recursos atualmente disponíveis para
a finalidade de tornar os surdos aptos a ouvir.
17
No excerto abaixo, transcrevo a descrição que o médico Ricardo Bento
1
fez
do IC, em entrevista para a revista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia.
O médico declara que:
O Implante Coclear é um equipamento eletrônico
computadorizado que substitui totalmente o ouvido de pessoas que tem
surdez total ou quase total. Assim o implante é que estimula diretamente o
nervo auditivo através de pequenos eletrodos que são colocados dentro da
cóclea e o nervo leva estes sinais para o cérebro. Pode-se dizer que este é
um aparelho muito sofisticado e que foi uma das maiores conquistas da
engenharia ligada à medicina. O implante coclear constitui-se em uma
possibilidade real e hoje mais de 100.000 pessoas no mundo o estão
usando (em 21/11/2006).
Contudo, como indiquei, esta é uma prática que vem sendo bastante
questionada por integrantes da comunidade surda, questionamento esse que tem
causado muitos estranhamentos entre aqueles que não acompanham com maior
atenção as lutas e as reivindicações dessa mesma comunidade.
Silva (1997) defende que os surdos não sejam abordados a partir do
modelo da deficiência, ou seja, o autor considera que não seria adequado, ao tratar-
se de problemáticas que afetam esses sujeitos, deter-se em questões de
reabilitação, mesmo que essas envolvam o uso de tecnologias, pois estas questões
geralmente aparecem presas àquilo que lhes “falta”, ao “canal perdido”, em função
do qual tudo o mais que os caracteriza e individualiza quase desaparece. Nesta
forma de abordagem, não se trata, no entanto, de desprezar a cnica e as
tecnologias, mas de alertar para o fato de que elas, na maioria das vezes, estão a
serviço de uma negação das identidades surdas, além de serem marcadas por um
forte desejo de levar os sujeitos à “cura”.
Volto, novamente, a focalizar o conceito de identidade, valendo-me agora da
discussão feita por Hall (2005), que destaque à dimensão ltipla da identidade;
ou seja, esse autor argumenta acerca da existência de identidades plurais, que se
transformam e que, portanto, não se fixam ou se tornam estáticas ou permanentes.
Como o autor (ibid) destacou, o sujeito, previamente entendido como tendo uma
identidade unificada e estável, passa a ser visto, na pós-modernidade, como dotado
de identidades fragmentadas, assumindo não uma única, mas várias identidades,
algumas vezes simultâneas e até contraditórias ou o-resolvidas. O mesmo autor
(ibid) considera estarem as identidades em construção e em movimento e atuando na
1
Professor Titular da Disciplina de ORL da USP. Disponível em http://www.aborlccf.org.br, acesso em
07/09/2007.
18
subjetivação dos sujeitos, posicionando-os diferenciadamente a partir de discursos
postos em circulação nas produções da cultura. A identidade torna-se, nessa
perspectiva, uma "celebração móvel": formada e transformada continuamente em
relação às formas pelas quais são representados ou interpelados os sujeitos nos
sistemas culturais que os rodeiam.
Cabe registrar, no entanto, que esse processo de identificação não é
automático, ou seja, que as identidades não podem ser ganhas ou perdidas, uma vez
que essas mudam de acordo com a forma como o sujeito é interpelado ou
representado. E esse processo é, às vezes, descrito como constituindo uma mudança
de uma política de identidade (de classe) para uma política de diferença (ibid, p. 21),
na qual o processo de ganho e perda pretende-se que seja dialético, numa troca
entre o sujeito e o outro, mas também numa troca entre sua identidade até aquele
momento configurada e sua identidade a partir desse novo confronto.
Enfim, como destacou Hall (ibid), o sujeito assume identidades diferentes em
diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um "eu"
coerente e que são até contraditórias, empurrando-o em diferentes direções, de tal
modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas na medida
em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam. Em
decorrência disso, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e
cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos
identificar - ao menos temporariamente.
Faço tais considerações para destacar que os significados sobre a surdez e
sobre os surdos, tal como os demais significados, se produzem nas dinâmicas
sociais, nas quais estão implicadas práticas discursivas e não discursivas que nelas
se gestam e se confrontam. Como considerou Skliar (1997), os grupos surdos se
constituem e produzem suas especificidades a partir de processos de diferenciação,
sendo impossível dissociar aquilo que eles são daquilo que não são. Então, é
possível considerar que uma das decorrências dos processos que circundam o IC
envolve a produção de novas identidades surdas a de implantados ouvintes -,
sendo que esses sujeitos passam a envolver-se com novas práticas, novas
aprendizagens, novos grupos, com a criação de novas necessidades, enfim, até com
novas formas de conceber a audição (ou a surdez) diferenciando-se, nesse
processo, tanto dos demais grupos de surdos (sinalizados, oralizados ou não),
quanto dos ouvintes.
19
Como Woodward (2005) destacou, a diferença é marcada tanto por
sistemas simbólicos de representação, quanto por meio de formas de exclusão
social, sendo essas implicadas nos ordenamentos e classificações procedidas nas
relações sociais nas quais se organizam sempre, pelo menos, dois grupos opostos:
eu/eles ou eu/outro.
Como a autora (ibid) indicou, a identidade é marcada por meio de símbolos
e, no caso aqui considerado, a diferença entre surdos com e sem implante coclear
seria mais um modo de delimitar traços diferenciados para as identidades surdas.
Tomo também considerações feitas por Silva (2005), ao falar do papel da diferença
como delimitação da identidade, pois essas contêm uma reflexão importante para a
análise que conduzi neste estudo. Destaca o autor (ibid):
Dizer, por sua vez, que identidade e diferença são o resultado de
atos de criações lingüísticas significa dizer que elas são criadas por meio
de atos de linguagem. Isto parece uma obviedade. Mas como tendemos a
tomá-las como dadas como “fatos da vida”, com freqüência esquecemos
que a identidade e a diferença têm que ser nomeadas. É apenas por meio
de atos de fala que instituímos a identidade e a diferença como tais (p. 76).
Como estarei me ocupando preferencialmente de autonarrativas feitas por
surdos implantados na internet, cabe então indicar que estive especialmente atenta
a como esses sujeitos implantados, cujos blogs e fórum selecionei para integrarem
meu estudo, posicionam-se em relação à sua condição de surdos, bem como ao
modo como eles falam acerca das particularidades que se atribuem ou que passam
a se atribuir em sua condição de implantados.
Seguindo a argumentação de Silva (ibid) é necessário questionar os
conceitos enquanto verdades absolutas para que seja possível a construção de
outros conceitos, outras interpretações e outras identidades, de modo que a criação
de novas formas através das quais podemos passar a nos interpretar e a interpretar
os outros não se tornem estagnadas. Considero relevante lembrar que também as
representações possuem um caráter transitório, sendo, portanto, necessário atentar,
quando na busca de lidar com os significados sobre cuja produção essas atuam,
para a consideração de que essas são produções sociais tais como as identidades e
as diferenças corporais, mesmo que, muitas vezes, em concepções o
construcionistas, essas sejam tomadas como imanentes.
Como tenho percebido em minha inserção em uma escola especial para
surdos, é insuficiente considerar a existência de dois tipos marcadamente distintos
de sujeitos diferentes em relação à surdez; no caso, o do surdo configurado como
20
deficiente auditivo, a partir da educação especial ligada a um tipo de saber
constituído por regimes de verdade acoplados à medicina, e o do surdo configurado,
a partir das comunidades surdas, como um sujeito que compartilha formas de sentir,
de ser e de viver a experiência de ser surdo. Passei a entender, ao longo de meu
estudo, que ambos são sujeitos instituídos no atravessamento de diferentes práticas
discursivas, ou seja, que tais sujeitos são produzidos por determinados e
diferenciados discursos.
Com várias incertezas, diferentes atravessamentos, e até com certo
desconforto, considerei estar a problemática de meu estudo ligada ao modo como os
chamados avanços tecnológicos e, em especial, os muitos artefatos voltados a fazer
os surdos ouvirem, entre os quais uns dos mais recentes são os eletrodos utilizados
nos implantes cocleares, instituem novos modos de viver a surdez. Tais eletrodos
parecem-me atuar mais fortemente do que qualquer outro artefato até então
proposto, sobre os corpos surdos, até por penetrar mais intimamente em seus
corpos, mas, também, além disso, por alterarem as práticas de comunicação e as
próprias problemáticas com as quais esses sujeitos passam a se envolver. Disso
decorreria, como estou argumentando neste estudo, a constituição de novas
identidades surdas. Como busquei indicar, os sujeitos implantados não apenas
convivem com novas problemáticas em relação ao modo como se comunicam, mas
a sua própria presença produziu muitos deslocamentos e atravessamentos nas
culturas/comunidades surdas, que afetaram tanto aqueles que passaram a se valer
do IC quanto os que optaram por não o utilizar.
Portanto, nesse estudo, meu objetivo foi atentar mais para esses corpos
implantados, que podem ser vistos como enquadrados na categoria metafórica que
Haraway (2000) qualificou como ciborgues, tendo em vista o entendimento da autora
de que esses se situam em fronteiras identitárias decorrentes do amálgama
procedido entre organismos e artefatos tecnológicos, aspecto que os constitui, de
certa forma, como criaturas da realidade social, mas, também, da ficção, que
habitam mundos ambiguamente naturais e construídos. Ou seja, busquei indicar
como decorrem dessa tecnologia novas formas de se posicionar como sujeitos
surdos, tendo atentado, para tanto, especialmente, para como alguns desses
sujeitos implantados passam a narrar-se. Enfim, minha intenção neste estudo foi
localizar algumas das muitas problemáticas que podem ser associadas aos
implantes cocleares.
21
Passo, a seguir, a apresentar algumas considerações delineadas na
articulação de ferramentas analíticas e empíricas que considerei neste estudo.
Para dar conta de tal pretensão, realizei, no primeiro capítulo, como ponto
de partida para esta dissertação, uma breve síntese do surgimento de alguns
sujeitos ciborgues em relação à surdez, tal como vem ocorrendo em relação a outros
aspectos que envolvem a saúde e a estética, situação essa que está, muitas vezes,
associada à constante disponibilização de novos artefatos pela ciência e pela
tecnologia.
No segundo capítulo, faço um recuo no tempo para buscar dados a respeito
das muitas tentativas de normalizar os surdos, ou seja, de fazer com que eles
passassem a ouvir. Também apresento uma incursão a trajetórias e movimentos
ligados à constituição dos surdos como sujeitos diferentes, bem como focalizarei
aspectos relativos à surdez e à educação de surdos no Brasil e no mundo.
No terceiro capítulo, trago conceitos importantes sobre a surdez a partir dos
Estudos Culturais e dos Estudos Surdos, os quais se estendem em diferentes
campos teóricos, constituindo-se
em pesquisas investigativas que tendem a acolher
os aspectos culturais e políticos referentes aos surdos.
No quarto capítulo, apresento os materiais que escolhi para análise. Os
blogs e o fórum, utilizados pelos surdos implantados como meios para falar de si,
relatar suas vivências, expectativas e frustrações em relação ao implante, bem como
para discutir as possibilidades de “cura” e o lugar em que se situam neste novo
território normalizador.
No quinto capítulo, trato de alguns temas que foram importantes para esta
dissertação, tais como surdez, cultura surda, língua de sinais, normalidade ouvinte,
implante coclear, focalizando a discussão desses temas nas páginas dos blogs e do
fórum de debates. Ao fazer tais análises, busquei colocar em evidência como esses
ciberespaços são utilizados (ou se prestam) para ensinar aos seus leitores e
interlocutores sobre esses temas, ao mesmo tempo em que se aproximam ou se
afastam de determinados discursos e representações acerca da surdez. Também
apresento algumas considerações para finalizar, mas não para concluir este estudo,
apontando para como os surdos implantados, que expõem essa condição em blogs
e no fórum, constroem as suas identidades, ainda calcadas em um modelo
hegemônico de identidade, ditado por uma narrativa linear sobre a surdez (ou sobre
o modelo clínico terapêutico da surdez).
22
2 UMA INCURSÃO AOS MOVIMENTOS QUE ATUARAM NA CONSTITUIÇÃO /
PRODUÇÃO DOS SUJEITOS SURDOS
Como indiquei no Cap. 1, é possível pensar-se no surgimento de alguns
sujeitos ciborgues em relação à surdez, tal como vem ocorrendo em relação a outros
aspectos que envolvem a saúde e a estética, situação essa que está, muitas vezes,
associada à constante disponibilização de novos artefatos pela ciência e pela
tecnologia. É possível dizer que a ciência, no desejo de produzir conhecimentos
capazes de explicar o desconhecido, mapeou e inventou a surdez através da
introdução de uma série de práticas entre as quais estão as da classificação das
perdas auditivas em graus, tipos e níveis, bem como através de cálculos de
probabilidades de sua ocorrência, a partir da investigação de fatores hereditários ou,
em alguns casos, do levantamento de caracteres ambientais adquiridos. Como referiu
Lopes (2003), cada tempo faz suas construções e essas são determinadas, entre
outros aspectos, pelos recursos tecnológicos e pelos avanços científicos que estão
disponibilizados.
Muitas narrativas importantes foram organizadas acerca da história da
surdez e dos surdos, estando entre essas, por exemplo, as feitas por Lane (1992),
Skliar (1997b), Soares (1999), Lulkin (2000), entre outros; portanto, destaco não ser
minha intenção fazer mais uma versão sobre a história do surdo ou sobre as
propostas valorizadas para a sua educação, ou sobre outros aspectos que podem ser
associados às posições que esses têm assumido nas sociedades contemporâneas.
Pretendo, neste capítulo, dirigir um olhar mais geral a esses aspectos, apresentando
algumas reflexões sobre as diferentes práticas de normalização deste grupo de
sujeitos que encontraram no uso da tecnologia um de seus mais poderosos aliados.
Faço registros, alguns acuriosos, sobre alguns dos materiais produzidos
para buscar indicar como a surdez e as tentativas de “normalizar” os surdos foram
sendo produzidas para além da sua materialidade em uma trajetória que inclui
representações
2
, práticas e uma multiplicidade de discursos.
2
Tomo o termo representações a partir da perspectiva dos Estudos Culturais, onde elas não são
vistas como espelhando uma realidade verdadeira, ou seja, como algo “real”, mas sim como
construídas discursivamente, a partir de uma rede de significados, instituídos através das linguagens.
Segundo Hall (1997) é por meio das representações que atribuímos determinados significados aos
sujeitos, objetos e eventos, ou seja, que lhes damos significados através do modo como os
representamos: “as palavras que usamos, as histórias que contamos acerca das coisas, as imagens
que produzimos, as emoções que associamos às mesmas, as maneiras como as classificamos e
conceituamos, os valores que lhe damos” (ibid, p. 3).
23
2.1 Um recuo no tempo e algumas problematizações sobre as tentativas de
normalização dos surdos
Começo indicando que desde a Antiguidade buscou-se ‘normalizar’ os
surdos através da utilização de diferentes tipos de materiais e ferramentas. O
homem, acompanhando o seu tempo, buscou aperfeiçoar os materiais que tinha a
seu dispor, voltando-se, a princípio, para a produção de artefatos de natureza
mecânica, tendo essa busca a sua continuidade no rastro da evolução
tecnocientífica, na direção de encontrar novos dispositivos, até os dias de hoje.
Atualmente, para alguns dos fabricantes de tais artefatos, como por exemplo,
a Widex
3
, os aparelhos auditivos, hoje totalmente digitais, prometem uma qualidade
acústica que poderia ser comparada ao “som fino e preciso que se escuta quando se
ouve um CD”
4
. Mas, artefatos bem mais rústicos antecederam a produção desses.
Pode-se dizer que as primeiras tentativas de amplificação sonora utilizando algum
artefato que tenham sido feitos a partir de um processo simples de produção, datam
do século XIII, sendo esses, geralmente de origem animal (figura 1), enquanto que os
manufaturados pelo homem, utilizando tecnologia
5
mecânica, datam do culo XVII
(Almeida, 2003). nos séculos XVIII e XIX artefatos com tal utilidade passaram a
ser mais amplamente desenvolvidos e utilizados. Contudo foi somente no século XX
que a produção de tais artefatos se notabilizou pelos inúmeros avanços tecnológicos
e conquistas cada vez maiores nos campos da micro e nanotecnologia e pelas
reviravoltas decorrentes das possibilidades de inserção de tais artefatos no corpo
humano.
Nas fotografias mostradas a seguir, que retirei especialmente de materiais
disponibilizados pelo Central Institute for the Deaf - CID e pela Washington
University School of Medicine Bernard Becker Medical Library
6
, apresento
primeiramente alguns desses artefatos mais antigos, destacando que em algumas
dessas fotografias também é possível ver-se o modo como se fazia a inserção de
tais artefatos no corpo humano.
3
Fábrica de aparelhos auditivos, fundada em 1956 na Dinamarca.
4
Disponível em www.widex.com, acesso em 07/09/2007.
5
Tecnologia é um termo que envolve o conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos
e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento. Disponível em
www.wikipedia.org/wiki/tecnologia, acesso em 06/07/2008.
6
Disponível em www.cid.edu, Central Institute for the Deaf Auditory-Oral School, St. Louis, Missouri;
acesso em 02/07/2008.
24
Figura 01 – Dispositivo acústico de concha natural (reproduzido a partir de CID Goldstein Collection)
7
Um dos primeiros livros a mencionar algum conhecimento técnico referente
ao funcionamento das trombetas acústicas e dos tubos de fala (figuras 2 e 3) foi
escrito por Francis Bacon (1561-1626). O autor publicou em 1625 o texto intitulado
Sylva Sylvarum História Naturalis, no qual define estes instrumentos como
“espetáculos da audição” (Koelkebeck, 1984).
Figuras 02 e 03 - Tubos de fala feminino e masculino – 1810 (reproduzido a partir de CID Goldstein
Collection)
Além dele, outros estudiosos também se interessaram pelo assunto e assim,
em 1650, Athanasius Kircher (1602-1680), padre jesuíta, matemático e médico
alemão, descreveu o funcionamento de trombetas de fala, instrumentos destinados à
transmissão fonética à distância, no livro Musurgia Universalis.
De acordo com Koelkebeck (1984), Kircher, que mais tarde tornou-se
professor da Universidade de Roma, onde realizou estudos referentes às
25
características físicas do som, acreditava que o som seria o “contraponto terreno da
presença divina”.
Em 1673, esse mesmo autor publicou o livro Phonurgia Nova, no qual
descreveu o funcionamento de artefatos como a elipse ótica (figura 4) e os tubos de
fala (figura 5 e 6), que tinham por objetivo fazer “sons distantes parecerem próximos,
assim como um telescópio faz com a visão” (Koelkebeck, 1984).
Figura 04 – Esta figura da elipse ótica é uma das mais antigas ilustrações de um aparelho acústico
(hearing aid), publicada em Phonurgia Nova, 1673. (extraído de CID Goldstein Collection).
Figuras 05 e 06 – Tubos de fala projetados por Kircher – 1673. (copilado de CID Goldstein Collection)
Phonurgia Nova foi o primeiro livro publicado para tratar da natureza do som,
da acústica e dasica (figuras 7 e 8). Esse também contém ilustrações da
amplificação acústica produzida entre estruturas arquitetônicas, como mostram as
figuras 9 e 10.
7
Disponível em www.beckerexhibits.wustl.edu/did/index.htm, acesso em 15/11/2007
26
Figuras 07 e 08 - Capa e ilustração do livro Phonurgia Nova – 1673 (reproduzido a partir de CID
Goldstein Collection)
Figuras 09 e 10 - Ilustrações que mostram como o princípio da amplificação sonora poderia ser usado
na arquitetura de modo a permitir a captação e a transmissão do som a pontos distantes.
(reproduzido a partir de CID – Goldstein
Collection
).
O médico e filósofo francês Julien Offroy de La Mettrie (1709-1751), em seu
livro “O Homem-máquina”, de 1748 (figura 11), assumiu e desenvolveu o conceito
mecanicista do ser humano, apontando, conforme o relato de Skliar (1997), para “o
fim do ser humano e o marco zero para o futuro que hoje nos assombra”. De acordo
com o autor (ibid), este momento corresponderia à aurora do automatismo e da era
das quinas, momento em que o homem poderia ser substituído por algo mais
durável, incansável e eficiente.
27
Figura 11 – Capa do livro “O Homem-máquina” de La Mettrie - 1748 (reproduzido a partir de CID –
Goldstein Collection)
O livro “Homem-máquina” foi escrito simultaneamente em dois registros bem
distintos, mas com pontos de cruzamento de um e outro, pois tratava, ora de
submissão e utilização, ora de funcionamento e de explicação do ser humano. La
Mettrie defendeu uma tese, especialmente ousada para a época em função do
predomínio do pensamento cristão, de que o corpo humano era uma quina que
funcionaria mediante uma mecânica metabólica. Como indicou Rouanet (2003), a
idéia do ser humano poder ser transformado ou conceituado como um artefato
mecânico subvertia a autonomia do espírito e da consciência.
Cabe indicar que Foucault (2006) também escreveu a respeito,
considerando que o Homem-máquina de La Mettrie corresponderia, ao mesmo
tempo, a uma redução materialista da alma e a uma teoria geral do adestramento,
no centro das quais reinaria a noção de docilidade, que une o corpo analisável ao
corpo manipulável. Como afirmou esse autor (ibid, p.118) “é dócil um corpo que
pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e
aperfeiçoado”. Para construir um corpo forte, produtivo e cil torna-se necessário
um conjunto de técnicas e de tecnologias, que sejam capazes de desenvolver
procedimentos de adestramento do corpo, a fim de recuperar o comportamento e a
docilidade/utilidade daqueles indivíduos que por algum motivo escapam da
normatividade social. Caberia aqui pensar que, no caso dos surdos, o uso de
aparelhos auditivos, submetendo os sujeitos surdos à oralidade/normalidade,
poderia corresponder a tais adestramentos.
O desenvolvimento de novos artefatos e a necessidade de comercializá-los
levou Frederick C. Rein, em 1800, na cidade de Londres, a estabelecer a primeira
28
firma comercial de artefatos manufaturados de amplificação sonora, a F. C. Rein &
filhos. Os produtos comercializados por esta loja, seriam dispositivos tais como as
trombetas acústicas, os receptores múltiplos de fala como vasos acústicos, (figura
12 e 13), as poltronas e cadeiras acústicas (figura 14) e os tubos de fala. Cabe
registrar que o empreendimento F.C. Rein permaneceu lançando seus produtos no
mercado até o ano de 1963. Nas figuras abaixo, apresento alguns desses peculiares
aparelhos, sendo que as figuras 13 e 15 dão destaque a uma idéia que parece estar
sempre permeando as produções de tais artefatos que é a de permitir a inserção e o
convívio social do sujeito surdo narrado como “deficiente”.
Figura 12 - Vaso receptor de fala – 1802 (reproduzido a partir de CID – Goldstein Collection)
Figura 13 – Mostra o vaso receptor de fala em uso (extraído a partir de CID – Goldstein Collection
).
29
Talvez uma das mais engenhosas obras de amplificação acústica criada
por F. C. Rein foi o trono de D. João VI, Rei de Portugal, conforme mostra a figura
14. D. João VI usou este trono aproximadamente de 1819 até 1826, ano de sua
morte. O Trono era equipado com um engenhoso sistema de recepção acústica
oculto sob o assento. Os braços da poltrona foram cuidadosamente esculpidos,
representando leões de boca aberta que funcionavam como receptores de fala
através dos quais os sons eram conduzidos por um tubo até a orelha do soberano.
Os visitantes eram convidados a ficar de joelhos e falar diretamente na boca do
leão. O som então era conduzido por um tubo e amplificado através de um
mecanismo que ficava escondido no lado posterior da cadeira, sendo depois
conduzido até a orelha do rei. Uma réplica deste trono está atualmente em
exposição na Amplivox Ultratone Corporate Office, em Londres.
Figura 14 – Trono de D. João VI, Rei de Portugal – 1819, com amplificadores acústicos. (reproduzido
a partir de CID Goldstein Collection).
No ano de 1880
8
foi patenteado por T. W. Graydon com o nome de
“Dentaphone” (figura 15 e 16) um artefato que teria a propriedade de levar o som à
8
Em 1880, realizou-se o II Congresso Mundial de Professores de Surdos em Milão - Itália, onde foi
declarada a supremacia do método oral puro e a proibição do uso de sinais pelos surdos. Esta
resolução teve atravessamentos importantes da história dos “implantes da época”. Falo mais sobre o
assunto no capítulo “caminhos trilhados na educação de surdos”.
30
orelha baseado no princípio da transmissão óssea do som. As figuras que incluo
abaixo mostram o modo como esse instrumento, que consistia de uma haste de
metal presa entre os dentes era utilizado para permitir que os surdos-mudos (termo
usado na época), escutassem.
Figura 15 - Mostra uma turma de alunos surdos-mudos “escutando” música pela primeira vez com o
auxílio do “dentaphone” (reproduzido a partir de CID – Goldstein Collection).
Figura 16 – mostra o Dentaphone 1880, e o “modo correto” de usá-lo (reproduzido a partir
de CID – Goldstein Collection).
Em 1882, James A. Campbell publicou o livro Helps to Hear que contém a
primeira descrição detalhada da anatomia da orelha, bem como princípios da
natureza do som, e várias invenções tecnológicas para amplificar o som e permitir
uma “melhora da surdez”, conforme mostram as figuras 17 e 18 que incluo a seguir.
31
Figuras 17 e 18 – Alguns artefatos de amplificação sonora do início do século XIX – (reproduzido a
partir de CID – Goldstein Collection)
De acordo com Koelkebeck (1984), a maioria dos artefatos auditivos desta
época, no entanto, são rudimentares e bastante volumosos, chamando claramente a
atenção para a “doença” de seu usuário. Segundo o mesmo autor, esta condição por
si era suficiente para fazer com que muitas pessoas surdas recusassem a
utilização deste tipo de “ajuda”. Esta preocupação com a aparência e com a estética
fica evidente nas afirmações publicadas no Hawksley Catalogue of Otacoustical
Instruments to Aid the Deaf
9
, em 1882:
Os deficientes auditivos são, em regra geral, muito sensíveis
sobre a sua enfermidade e, portanto, não gostam de usar qualquer aparelho
que seja notável, ou torne esta condição mais visível; por esta razão, muitos
outros dispositivos deverão ser inventados, com o objetivo de ocultar esse
fato tanto quanto possível. No entanto, a pessoa surda é sempre em maior
ou menor escala um peso para a paciência e bondade dos outros. Torna-se,
portanto, um dever que ele utilize qualquer tipo de auxílio que possa
melhorar a sua audição e facilitar o entendimento da fala dos ouvintes. Não
lhe cabe sequer o direito de reclamar sobre o tamanho ou a aparência
destes artefatos.
Assim, toda essa preocupação com a criação de dispositivos para ocultar a
“deficiência um tanto quanto possível”, como relata o texto acima, pode estar
associada à representação que os ouvintes possuem sobre a surdez. Para alguns,
ela representa uma perda de comunicação e um limite que impede ou dificulta a
interação do surdo com o meio, sendo esse, por isso, muitas vezes exilado ou
deixado às margens do convívio social. Para outros, a surdez é vista como um
9
Disponível em www.beckerexhibits.wustl.edu/did/index.htm, acesso em 15/11/2007.
32
estigma, e, outras vezes, ainda, ela é vista como uma marca que coloca quem a
possui na fronteira entre aquele que é inválido e, portanto, digno de pena, e aquele
que pode ser recuperado se for submetido a um tratamento adequado.
na visão que tem sido referida como medicalizada da surdez, caberia ao
surdo a responsabilidade pela sua deficiência e seriam dele o dever e o compromiso
de se submeter às “pedagogias corretivas” para viabilizar a sua integração no meio
social em que vive.
Como podemos observar nas palavras de Lopes (2005):
A surdez, mais do que um diagnóstico médico, no campo
relacional, é um limite que impede ou dificulta a interação com o meio.
Significada na cultura, a surdez é um traço que coloca quem a possui no
limite entre aquele que é inválido e aquele que pode ser reabilitado se
“tratado” ou educado” adequadamente. Habitando uma margem frágil
entre as possibilidades de estar entre os incorrigíveis, anormais e as
possibilidades de estar entre aqueles indivíduos a corrigir, os surdos,
alienados aos desejos científicos, religiosos e clínicos, enredam-se em
pedagogias que os colocam na ordem dos discursos clínico-terapêuticos e
educativos-reabilitadores-especiais (p.38).
É possível ressaltar que, a partir da forma mecânica como o corpo era
apresentado no âmbito da ciência biomédica, se estabeleceram normas e valores
que colocam em destaque a importância de buscar-se ter corpos e mentes
completos, auto-suficientes, disciplinados e belos, que deixavam, ao mesmo tempo,
evidente a desconsideração tanto pelas diferenças (étnicas, culturais, genéticas,
sexuais, ambientais e muitas outras mais), quanto da compreensão de que os
padrões de normalidade são definidos culturalmente. Além disso, como destacou
Skliar (1999b), os estados de saúde e de doença constituíram-se como a base para
a aceitação do discurso da deficiência, mascarando a questão política da diferença.
Segundo esse mesmo autor, a diferença é definida como diversidade, sendo
entendida, quase sempre, como uma variante aceitável e respeitável do projeto
hegemônico da normalidade.
Lulkin (2000) aponta que, para estabelecer-se uma nova pedagogia e
promover-se a educação das gerações surdas futuras, instauraram-se no século XIX
e princípios do século XX sistemas reabilitadores altamente refinados na regulação e
controle do corpo. Ao mesmo tempo, foram intensificadas as técnicas de reabilitação
e treinamento do sujeito surdo através de práticas de correção normalizadora,
envolvendo exercícios respiratórios, articulação de fonemas, treinamento de leitura
labial, o uso de aparelhos de amplificação sonora, a sensibilização e a estimulação
dos nervos auditivos, as audiometrias.
33
Retornando à história, destaco que surgiu, alavancada por este contexto
histórico e social, ainda ao final do século XIX, a primeira prótese auditiva elétrica
fabricada a partir da invenção do telefone por Alexander Graham Bell, em 1876.
Assim, a partir da tecnologia do telefone, juntamente com a invenção dos
transistores de carbono, ocorreu a fabricação dos primeiros aparelhos auditivos
elétricos (figuras 19 e 20) que, de acordo com os seus fabricantes, representaram
“uma melhora significativa na qualidade da amplificação sonora” (Koelkebeck, 1984).
Figuras 19 e 20 – Artefatos de amplificação sonora elétricos da década de 1920. (copilados a partir
de CID – Goldstein Collection).
A partir dos anos 1930-1940, a válvula termiônica passou a ser utilizada na
confecção de aparelhos auditivos. Para a Widex (2004), os aparelhos à válvula
permitiram um ganho maior, uma faixa de freqüência mais ampla e menor distorção
em relação aos que existiam anteriormente (figura 21 e 22).
Parece-me ser interessante comentar, mesmo que este não seja o objetivo
de meu estudo, as duas fotografias que insiro a seguir e que apresentam este
aparelho: enquanto a primeira figura aponta para a invisibilidade do aparelho, pois
esse está localizado em locais usualmente cobertos pelas roupas, na mulher, na
segunda fotografia, o que está destacado é a situação de aprendizagem o menino
está uniformizado e em frente a uma lousa. Nas duas fotografias, no entanto, parece
estar colocado em destaque o modo discreto como o aparelho se ajusta tanto ao
corpo da mulher, quanto ao do menino.
34
Figuras 21 e 22 – Aparelhos de caixinha, Era da válvula – década de 1940 (reproduzido a partir de
CID – Goldstein Collection).
Em 1947, ocorreu o advento do transistor, considerado como um outro
grande avanço, na medida em que possibilitou o uso de microfones e pilhas cada
vez menores, propiciando uma redução no tamanho global das próteses auditivas.
Nos anos de 1950, com o claro objetivo de minimizar os efeitos negativos
causados pelo uso de uma prótese auditiva cujo tamanho permitia a visualização do
artefato, desenvolveu-se uma prótese que ficava acoplada aos óculos. Neste tipo de
aparelho, os componentes eram montados dentro das hastes dos óculos, sendo
conectados em sua parte frontal, deixando o aparelho auditivo camuflado (figura 23).
A propaganda da Danavox que reproduzo abaixo marca que esse artefato
em nada interfere na estética. Ao contrário, os apelos publicitários remetem a
glamour e estilo, especialmente no período pós II Guerra Mundial.
35
Figura 23 – Aparelho auditivo em forma de óculos – 1960. Exemplo de aparelhos típicos à Era do
transistor (reproduzido a partir de CID – Goldstein Collection).
Na medida em que novos e mais sofisticados aparelhos auditivos foram
inventados, tornou-se necessário convencer os surdos a usá-los. É interessante
registrar que artistas e celebridades de Hollywood como Bob Hope e Mary Pickford
foram convidados a participar de campanhas publicitárias cujo slogan “Hollywood
wants everyone too hear better” voltava-se a sensibilizar e convencer os surdos a
usarem tais aparelhos, como mostro na figura 24. Como declarou Bob Hope, “é
gratificante saber que com o aparelho auditivo Paravox o surdo pode agora ‘curtir’ os
meus filmes e shows”.
36
Figura 24 - Fotos de campanhas publicitárias das quais participaram artistas de Hollywood. (extraído
de CID – Goldstein Collection).
A partir da denominada “era do transistor”, iniciou-se o período da
microeletrônica, marcado pela miniaturização dos componentes das próteses
auditivas, sendo possível eliminar a parte frontal dos óculos originando-se, dessa
forma, em 1956, a prótese retro-auricular. Posteriormente, surgiram as próteses
auditivas intra-auriculares e intracanais (figura 24) também denominadas
microcanais ou CIC (completely in the canal), tornando o uso de próteses auditivas
praticamente invisível.
Figura 25 - Miniaturização das próteses auditivas. Disponível em www.widex.com
37
Como estratégias de convencimento para que os surdos ou em muitos
casos os familiares de surdos, especialmente no caso de crianças ainda pequenas,
se interessem por esta tecnologia, os fabricantes apontam as suas inúmeras
vantagens. Entre essas, estariam a facilidade para usar o telefone e, também, a
possibilidade de usarem-se fones de ouvido, como por exemplo, o walkman, além
dos aspectos estéticos, uma vez que esses novos artefatos ficam alojados dentro do
canal auditivo, estando praticamente invisíveis ou imperceptíveis aos demais. Nesse
sentido, Perkins e Goode (1987), citados por Almeida (2003), colocam que, na
década de 1980, as próteses intra-aurais foram tão valorizadas que cirurgias
modificadoras do canal auditivo externo foram propostas e realizadas com o objetivo
de “esconder” cada vez mais a prótese no interior do corpo surdo.
De acordo com o que tem sido propagandeado por diversos fabricantes de
aparelhos auditivos como a Widex, Interton
10
, Siemens, Telex, entre outros, com o
aprimoramento da tecnologia e a miniaturização das próteses auditivas, pouco a
pouco o uso dos aparelhos auditivos estaria indicando maior conforto e aceitação
por parte do usuário. É relevante destacar que, segundo estas mesmas empresas,
mais pessoas surdas ou com deficiência auditiva estariam usando próteses
auditivas, conseguindo “desfrutar” desta tecnologia em sua plenitude, melhorando a
percepção do som e a inteligibilidade da fala.
No entanto, creio que estes dados podem estar relacionados muito mais às
políticas blicas
11
que tornaram obrigatório o fornecimento gratuito de próteses e
órteses, para todos aqueles que possuem diagnóstico da deficiência e prescrição
médica de uso de próteses de qualquer natureza, do que pela opção dos surdos em
usar próteses. Um outro dado que me parece relevante referir e que pode ter
influenciado as estatísticas dos fabricantes, é que, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE, em censo demográfico realizado no ano de 2000,
existem seis milhões de brasileiros com perda auditiva, sendo que destes 80%
residem em áreas urbanas. Estes 80% constituem-se no público preferencial dos
fabricantes de aparelhos auditivos por representarem grande potencial de compra
em função da maior facilidade de acesso a eles através de estratégias de marketing
10
As matrizes das empresas Interton, Siemens e Telex estão localizadas na Alemanha.
11
Conforme Portaria 211 de 08 de novembro de 1996, publicada pelo Ministério da Saúde que
disciplina a concessão de órteses, próteses e a PORTARIA 116, de 9 de setembro de 1993 que
dispõe sobre a concessão de órteses, próteses e bolsas de colostomia pelo SIA/SUS - Sistema de
Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde.
38
em virtude da maior concentração de pessoas, além do contraste relacionado à
escolaridade, ao conhecimento e acesso às tecnologias da informação, modos de
vida, comportamentos sociais e acesso aos sistemas de saúde.
Como coloca Vaz (1999), nos dias atuais, os diagnósticos médicos
probabilísticos fornecidos pela engenharia genética e os cenários simulados em
computador pesam sobre o presente, reorientando as ações do indivíduo para o
futuro
12
. E esse futuro parece incluir a possibilidade de criação de um mero cada
vez maior de novos e sofisticados artefatos em laboratórios de genética, informática
e biomecânica voltados, muitas vezes, bem mais a atender interesses comerciais do
que os interesses daqueles a quem a sua produção se destina.
Coloco agora em destaque que o final da década de 1980 e o início da
década de 1990 foram marcados por uma nova revolução tecnológica: começava a
ser utilizada a tecnologia digital na fabricação de próteses auditivas. Os primeiros
aparelhos digitais foram lançados no final do século XX, mais precisamente em
1995, quando a empresa Widex passou a comercializar o primeiro aparelho
totalmente digital
13
e minúsculo, como é possível ver-se na foto que reproduzo
abaixo.
Figura 26 – Foto comparativa da tecnologia atual com uma moeda de um centavo de Euros -
disponível em www.saudeauditiva.org.br
Estes artefatos possuem vários softwares e hardwares e utilizam circuitos
integrados para processar o som (Almeida, 2003). os seus fabricantes colocam
ainda em destaque inúmeras vantagens em relação aos aparelhos analógicos
existentes até então. Além da miniaturização e do baixo consumo de energia, esses
ressaltam a melhor reprodutibilidade de processamento da fala, ou seja: segundo
12
Vaz, Paulo. Tempo e tecnologia. [CD-ROM]. Disponível: Associação Nacional dos Programas de
Pós-Graduação em Comunicação - Compós. [Jun. 1999].
13
Disponível em www.saudeauditiva.org.br
39
estas colocações a “quase cura” ou “uma melhora significativa para o mal da surdez”
estaria ao alcance de quem se utilizar destas tecnologias.
Portanto, podemos dizer que ao compreender a surdez como um problema,
uma patologia, uma falta ou uma incapacidade, essas empresas assumem uma
perspectiva patologizante para pensar sobre as pessoas que não ouvem, buscando
incessantemente a invenção de tecnologias normalizadoras.
É nessa prática,
justamente, que muitos surdos passam a se ver como deficientes, como
incompletos, ou pseudo-ouvintes, sendo quase obrigados a narrarem-se, julgarem-
se e a pensarem-se como se fossem ouvintes (Skliar, 1998 p.15). Contudo, nos
tempos e espaços contemporâneos, dessa mescla entre artefatos tecnológicos e
vida humana decorrem processos de hibridação
14
cultural cada vez mais intensos,
que se diferenciam de uma simples absorção recriadora de influências, ou de uma
mera obediência ou transposição automática de tendências. Como destacou Thoma
(2006), esse parece ser um processo irreversível.
Diz essa autora (ibid):
[...] a ciência e as pesquisas tecnológicas apresentam, quase
que diariamente, produtos e invenções altamente avançados. Essa
situação faz com que nós, humanos, não possamos existir senão como
seres híbridos cujas subjetividades temos constituído pela combinação com
a máquina, como os ciborgues que somos no mundo contemporâneo. (p.
122).
Para a autora (ibid), essa constituição híbrida, algumas vezes nomeada
como ciborgue, outras como pós-humana, implica intervenções que criam seres
“mecanizados e eletrificados” pela colocação de órgãos em seu corpo, decorrendo
delas, também, a “humanização” e a “subjetivação” da máquina, na qual ambos se
confundem, se mesclam, se hibridizam.
Silva (2000) nos apresenta importantes considerações acerca desses
artefatos e “novos” seres instituídos, a partir dos artefatos que usam:
Implantes, transplantes, enxertos, próteses. Seres portadores de
órgãos “artificiais”. Seres geneticamente modificados. Anabolizantes,
vacinas, psicofármacos. Estados “artificialmente” induzidos. Sentidos
farmacologicamente intensificados: a percepção, a imaginação, a tesão.
Superatletas. Supermodelos. Superguerreiros. Clones. Seres “artificiais” que
superam, localizada e parcialmente (por enquanto), as limitadas qualidades
e as evidentes fragilidades dos humanos. Máquinas de visão melhorada, de
reações mais ágeis, de coordenação mais precisa. [...] Seres “artificiais”
14
Hibridação implica, segundo definição de Canclini (2006), "processos socioculturais nos quais
estruturas ou práticas culturais, que existem de forma separada, combinam-se para gerar novas
estruturas, objetos e práticas”.
Assim, para este autor (ibid) hibridação seria a expressão mais
apropriada quando queremos abarcar diversas mesclas interculturais.
40
quase humanos. Biotecnologias. Realidades virtuais. Clonagens que
embaralham as distinções entre reprodução natural e reprodução artificial.
Bits e bytes que circulam, indistintamente, entre corpos humanos e corpos
elétricos, tornando-os igualmente indistintos: corpos humanos-elétricos (p.
14-15).
Para Thoma (2006), essa vasta lista enumerada por Silva (ibid) nos leva a
refletir sobre a subjetividade, bem como a deslocar as margens entre normalidade e
anormalidade e a construir novos códigos para os discursos científicos, jurídicos e
éticos. Além disso, esse “espírito tecnológico”, tão marcante na contemporaneidade,
tem nos conduzido a discutir como, no processo da globalização se a construção
de um mundo no qual as identidades se mesclam e se assemelham e,
simultaneamente, a afirmação das diferenças, um resultado da emergência de
movimentos que lutam pelo reconhecimento de identidades culturais distintas.
Nesse momento, cabe destacar que, talvez mobilizado pelas exigências de
avanços tecnológicos em que são procedidas tantas fusões de seres humanos e
máquinas, possibilitando a restauração de funções e a substituição de órgãos e
membros perdidos, o departamento de saúde norteamericano Department of
Health and Human Services aprovou, em 1984, o primeiro aparelho comercial a
ser utilizado em cirurgias de Implante Coclear em adultos nos Estados Unidos da
América. Em junho de 1998, o mesmo departamento autorizou a implantação em
crianças maiores de dois anos sendo que, nesta mesma época, realizaram-se as
primeiras cirurgias em crianças na América Latina, mais precisamente na Argentina.
Em 1999, a FDA autorizou a cirurgia de IC em crianças menores de dois anos e, em
2000, liberou a implantação não para pessoas com surdez profunda, mas,
também, para pessoas com surdez severa. Atualmente se realizam cirurgias de
implantação em ambas as orelhas e em pessoas de quase todas as idades.
A partir dessa possibilidade tecnológica direcionada à normalização, novos
olhares foram lançados para a surdez e os surdos, como nos relata Thoma (2006), o
impacto dos avanços tecnológicos na vida humana, não é um processo de mão
única, ocorrendo a cada nova invenção, também a invenção de novos sujeitos. É
possível dizer, então, que a viabilidade clínica de realização da cirurgia de implante
coclear motivou o descortinamento de uma possibilidade, qualificada como mais real
e mais promissora de um sujeito surdo tornar-se ouvinte.
No entanto, esta situação estaria sendo considerada pela comunidade surda
organizada como um retrocesso – uma volta ao modelo clínico da surdez, que
41
entende o surdo como deficiente e como um sujeito que necessita de tratamento
para poder interagir com os ouvintes. Como indiquei, esta acepção é bastante
diferente daquela através da qual a comunidade surda se representa um grupo
minoritário com sua própria cultura e língua, visão essa que desconstrói a
representação da surdez como uma patologia.
Neste estudo, busquei indicar como os sujeitos implantados têm passado a
instituir novos agrupamentos, talvez uma nova comunidade, também dotada de
especificidades, novas necessidades, mas que continua a ser conformada a partir de
práticas de normalização.
Mas, antes de dar prosseguimento a essas considerações de forma um
pouco mais detida, apresento em maior detalhe essa tecnologia – o implante coclear
considerada por muitos como a mais inovadora e por outros como uma complexa
maneira de mais uma vez operar sobre a normalização e a inclusão dos sujeitos
surdos nos grupos ouvintes.
2.2 Os Implantes Cocleares – considerações e reflexões
O implante coclear foi inventado com o objetivo de substituir parcialmente as
funções da cóclea danificada, transformando os sinais sonoros em sinais elétricos.
Para podermos entender como funciona este artefato e por que ele causa
tantos estranhamentos na cultura/comunidade surda, passo a seguir a descrever
sucintamente como funciona o sistema da audição humana e como se dá a inserção
de tal dispositivo no corpo humano.
O sistema da audição é descrito como constituído de três estruturas
principais orelha externa, orelha média e orelha interna. O som se propaga em
forma de ondas sonoras, que são captadas pela orelha externa e enviadas, através
do canal auditivo externo, ao tímpano, onde causam vibrações na membrana
timpânica. Essas vibrações são amplificadas e transmitidas através dos três
ossículos da orelha média para a orelha interna onde provocam a estimulação das
células ciliadas da cóclea. Essas estimulações são captadas pelos neurônios
auditivos e transmitidas ao nervo coclear que as conduz ao córtex cerebral (Oliveira,
2005). Quando ocorrem lesões em um grande mero dessas células, o resultado é
uma perda auditiva que pode chegar a uma surdez profunda. Segundo o autor (ibid),
42
a causa mais comum de surdez é justamente aquela na qual ocorre a perda das
células ciliadas mais do que de neurônios auditivos. Neste caso, os neurônios
remanescentes podem ser excitados diretamente por estimulação elétrica, uma vez
que qualquer tipo de estimulação nas vias nervosas dos órgãos sensoriais é
percebido pelo córtex cerebral como uma sensação no órgão sensorial específico.
Com base neste princípio fisiológico, as pesquisas se desenvolveram no
sentido de substituir o mecanismo de audição normal, através da estimulação
elétrica direta dos neurônios auditivos remanescentes dentro da clea. Atualmente,
esta estimulação elétrica tornou-se possível e é realizada através do implante
coclear. Em um primeiro momento, o implante coclear pode assemelhar-se a um
aparelho auditivo comum, no entanto, dele difere na maneira pela qual o sistema
auditivo recebe as informações sonoras. Enquanto os aparelhos convencionais
intensificam os sons, os IC o amplificam os sons, mas, somente, fornecem
impulsos elétricos capazes de estimular diretamente as fibras neurais
remanescentes da cóclea. Este procedimento, conforme foi destacado em artigo
intitulado Cochlear Implants for Children with Severe-to-Profound Hearing Loss e
publicado no The New England Journal of Medicine (2007), possibilitaria ao usuário
uma maior capacidade de perceber os sons
15
.
Detalhando mais este artefato, caberia dizer que o implante coclear (IC)
implica na colocação de um aparelho eletrônico na orelha interna, mais
especificamente na cóclea, órgão que oferece a informação sonora ao sistema
nervoso central. O Núcleo do Ouvido Biônico, do Hospital Samaritano de São Paulo,
em seu Manual de Procedimentos, define o Implante Coclear como:
[...] um dispositivo eletrônico de alta tecnologia, também
conhecido como ouvido biônico, que estimula eletricamente as fibras
nervosas remanescentes, permitindo a transmissão do sinal elétrico para o
nervo auditivo, a fim de ser decodificado pelo córtex cerebral.
O implante coclear inclui dois tipos de componentes: o implante
propriamente dito, que é colocado cirurgicamente dentro do corpo e o processador
de fala que fica externamente (figura 27).
15
Disponível em http://content.nejm.org/cgi/content/short/357/23/2380 acesso em 19/04/2008
43
Figura 27 – Componentes externos e internos do implante coclear. 1) Microfone e processador da
fala; 2) bobina interna e o implante que fica sob a pele, num nicho fresado no osso temporal; 3) fio
com eletrodos dentro da cóclea; 4) eletrodos estimulam o nervo auditivo enviando sinais ao cérebro
para a audição
16
.
O componente interno é composto por uma antena presa a um imã, por um
receptor estimulador e por um cabo com filamento de ltiplos eletrodos, envolvido
por um tubo de silicone fino e flexível, que vai à cóclea. O componente externo é
constituído por um microfone direcional, um processador de fala, uma antena
transmissora e cabos de conexão.
A partir do surgimento de tal artefato, passou-se a vê-lo como uma “solução
para a surdez, especialmente sob o ponto de vista dos especialistas em audição,
que consideram essa invenção como a mais inovadora e possibilitadora de
normalização e inclusão dos sujeitos surdos nos grupos ouvintes, até hoje surgida.
Cabe esclarecer, no entanto, que esta normalização imprime marcas aos
corpos. Assim, um corpo surdo normalizado pode ser reconhecido, geralmente,
através de algumas marcas como a presença de artefatos auditivos, sendo, nos
tempos atuais, o implante coclear um desses dispositivos. No entanto, como
destacou Lopes (2002), apenas esses dispositivos não seriam suficientes para dizer
de um surdo normalizado/ouvintizado.
Conforme a autora (ibid) afirmou:
O ouvintismo pode ser colocado como um conjunto de práticas
culturais, materiais ou não, voltadas para o processo de subjetivação do
16
Disponível em www.fmrp.usp.br/revista/artigos_2005.htm#vol38n3e4 acesso em 19/04/2008
44
‘eu’ surdo. Essas práticas deixam marcas visíveis no corpo, assim como
imprimem uma forma, um tipo de disciplina e de sujeição surda aos
valores, padrões, normas, normalidade e média ouvintes (p. 101).
No modelo que entende os sujeitos surdos em uma perspectiva de
incompletude, opera-se de muitas formas em direção ao processo de
“normalização”; no caso do implante coclear, esse processo exige muito treinamento
e disciplinamento, que inclui várias visitas ao médico e ao fonoaudiólogo para
“mapear os eletrodos”, além da participação em inúmeras sessões de terapia de fala
para “aprender a escutar” e logicamente a falar. Exames, medições, quantificações,
mapeamentos, balanceamentos dos eletrodos e todo tipo de controle o
mobilizados para garantir o êxito do “tratamento”, como definem os experts ouvintes,
sendo possível dizer, então, que esses corpos são submetidos a esse intenso
processo de disciplinamento, configurado como necessário, também, por aqueles
que se submeteram ao implante coclear, como veremos especialmente nos relatos
de Princesitta e de Luis Filipe, em seus blogs, e nas discussões conduzidas no
Fórum de IC – FIC, locais da web em que transitei para a realização deste estudo.
Apresento a seguir, alguns critérios de seleção definidos para estabelecer
quais sujeitos surdos podem realizar a cirurgia de IC. Após serem esquadrinhados,
medidos e classificados, nem todos os surdos são considerados aptos para a
realização de implante. Considero relevante citar estes critérios para que se torne
possível compreender algumas das observações e considerações constantes das
narrativas que focalizei, pois, nestas narrativas são relatadas expectativas e também
frustrações em relação a tais parâmetros pelos surdos candidatos ao implante.
2.2.1 Alguns critérios de seleção para a realização do implante coclear
De acordo com Oliveira (2005), com a evolução tecnológica, os implantes
cocleares atuais já são considerados de 3ª geração. Com isso, tornam-se candidatos
ao uso do dispositivo de Implante Coclear crianças a partir dos 12 meses de idade, e
adultos que apresentam surdez sensorioneural bilateral de grau severo e profundo e
que não conseguiram ouvir com o uso do aparelho auditivo convencional.
De modo geral, os protocolos utilizados pelos centros hospitalares que
realizam a cirurgia de Implante Coclear são similares. Apresento alguns itens de um
45
desses protocolos, o protocolo empregado pela equipe de Implantes Cocleares do
Hospital de Clínicas da Universidade de Campinas UNICAMP
17
, cujo acesso está
disponibilizado na Internet.
O primeiro passo implica a avaliação dos “pacientes”, candidatos ao
Implante Coclear, sendo essa realizada por uma equipe médica interdisciplinar.
Segundo Oliveira (2005), a presença do psicólogo nessa equipe é
importante, pois, deverá avaliar o estado emocional não do provável candidato,
mas também de sua família para verificar as suas expectativas e aquilatar se essa
dará suporte positivo ao implantado no longo processo de reabilitação. As condições
financeiras e culturais também devem ser verificadas para avaliar as possibilidades
da família suprir a substituição das pilhas e acompanhar (leia-se custear) o processo
terapêutico reabilitatório que inclui, entre outros procedimentos, a terapia de fala.
Resumindo, após uma criteriosa avaliação por parte da equipe
interdisciplinar, são considerados candidatos ao implante àqueles sujeitos que
evidenciarem melhor adesão aos programas de reabilitação, os que tenham surdez
profunda bilateral e os que o se beneficiam com o uso do aparelho de
amplificação sonora individual (AASI). Isto quer dizer que, em nenhum momento,
foram considerados ou avaliados aspectos culturais, lingüísticos ou sociais do surdo,
centrando-se a avaliação nos aspectos clínicos e financeiros.
Seria possível considerar que operam, nessa situação, tanto a tecnologia do
poder disciplinar, que tem como objeto a sujeição do corpo do indivíduo, quanto a
tecnologia do biopoder
18
, exercida sobre um corpo coletivo, que exercem seus
efeitos de governamento sobre os corpos aspirantes ao transplante e seus
familiares, bem como sobre a comunidade surda de um modo mais abrangente.
Como referiu Foucault (2006),
O controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera
simplesmente pela consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo,
com o corpo. Foi no biológico, no somático, no corporal que, antes de tudo,
investiu a sociedade capitalista. O corpo é uma realidade bio-política. A
medicina é uma estratégia bio-política. (Foucault, 2006, p.80)
Entre as práticas processadas com os surdos candidatos ao transplante,
17
Disponível em www.hc.unicamp.br , acesso em 08/12/2007
18
As disciplinas do corpo e as regulações da população constituem os dois pólos em torno dos quais
se desenvolveu a organização do poder sobre a vida. A instalação - durante a época clássica, desta
grande tecnologia de duas faces - anatômica e biológica, individualizante e especificamente, voltada
para os desempenhos do corpo e encarando os processos da vida - caracteriza um poder cuja função
mais elevada já não é mais matar, mas investir sobre a vida, de cima a baixo” (Foucault, 1998,P.131).
46
está a prática do exame, que inclui desde a reliazação de medidas da intensidade de
captação dos sons, quanto entrevistas voltadas a conhecer “a dimensão do
problema”, práticas voltadas ao cálculo das probabilidades de sucesso ou não do
implante. Tais procedimentos e estratégias atuam na direção de normalizar este
sujeito que se candidatou ao implante. Ou seja, a avaliação se faz necessária para
aquilatar as possibilidades de disciplinamento deste corpo, bem como as de
submeter tanto o corpo implantado quanto o dos seus familiares ao exigente
processo que se configura como transformador e normalizador que
prosseguimento ao implante.
Volto a destacar que, segundo Oliveira (2005), após a colocação do artefato
no corpo, este ainda deve ativado, isto é, deve ser “ligado” para saber se os
eletrodos estão funcionando. Tal procedimento inicia geralmente um mês após a
cirurgia e ocorre de maneira lenta e gradual, pois o sujeito terá que aprender a
reconhecer os sons e barulhos, incluindo os sons da fala. Alerta-se o implantado
para o fato de que, no início dessa aprendizagem, os sons parecerão estar
distorcidos. Assim, interpretar os sinais que o implante seria capaz de emitir
constitui-se em um importante aprendizado, que exige tempo e muita prática,
principalmente para quem é surdo muito tempo ou nunca ouviu, como também é
destacado pelos sujeitos dessa pesquisa. Mas, estimulados pelo desejo de cura, os
surdos implantados submetem-se e são submetidos a essas muitas pedagogias
corretivas e educativas, que se assemelham em alguns aspectos às instauradas e
praticadas no final do século XVIII e início do século XIX nesse mesmo grupo de
sujeitos, mas, que, nesse momento, adentram os seus corpos de uma forma nunca
antes experimentada.
Cabe ainda ressaltar que, nos dias atuais, os neurocientistas consideram
que o cérebro é capaz de aprender gradualmente o significado dos impulsos
elétricos que lhe são enviados e, posteriormente, o significado das mensagens
sonoras, sendo essa uma das justificativas para a colocação em prática das técnicas
e pedagogias corretivas implicadas na reabilitação do implantado.
47
Figura 28 - Implante Coclear – visualização da unidade externa (disponível em
www.fmrp.usp.br/revista/artigos_2005.vol38n3e4)
Destaco, ainda, que, na corrida para alcançar cada vez mais e melhores
aparelhos de cura da surdez, atualmente já foram disponibilizados no mercado
implantes cocleares multicanais com tecnologia cada vez mais avançada e que
estão sendo utilizados nos principais centros internacionais e nacionais dedicados
ao “tratamento” da surdez e que tudo isso tem sido invocado para configurar o IC
como um dos mais eficientes dispositivos criados para possibilitar a normalização
dos surdos.
Cabe ressaltar, finalmente, que, apesar dos critérios de indicação para o
IC serem amplos, nem todos os surdos teriam “benefícios” com o implante. Por isso,
as equipes dicas costumam indicar o quanto se faz necessário proceder
atentamente na avaliação clínica, que deve ser acompanhada por uma orientação
psicológica conveniente, sendo esses dois procedimentos considerados
fundamentais para o alcance dos resultados almejados e para orientar o
direcionamento das expectativas dos implantados e de suas famílias. Destaco ainda
que, de acordo com estudos realizados pelo Grupo de Implante Coclear do Hospital
das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP
19
, os sujeitos que mostraram os
melhores resultados com o implante coclear foram aqueles que possuíam perdas
auditivas pós-linguais ou que haviam sido implantados com idade inferior a três
anos. Isso se justifica, em parte, porque nas crianças implantadas ainda bebês, a
aprendizagem da língua oral ocorreria de maneira incidental e, segundo esta
pesquisa, o desenvolvimento da fala seria muito próximo ao de uma criança ouvinte.
E nos sujeitos surdos s-linguais, como esses conheciam os sons, seria mais
fácil identificar o que estariam “ouvindo”.
19
Disponível em www.implantecoclear.org.br/textos acesso em 08/03/2008
48
Skliar (2001) nos coloca que, segundo as estatísticas internacionais, cerca
de 95% das crianças surdas nascem em família ouvinte que “geralmente
desconhece, ou que, se conhece, rejeita a Língua de Sinais” (p. 132). Essas
famílias, ao ser diagnosticada a surdez dos filhos, muitas vezes podem se sentir
desamparadas e perplexas com a situação, não sabendo como agir ou reagir. E,
como o diagnóstico e as primeiras orientações são realizadas por profissionais da
área da saúde, essas famílias acabam reproduzindo um preconceito contra a
diferença, buscando e aceitando a “cura” através de tratamentos reabilitatórios.
Danesi (2001) também destaca que essas atitudes têm relação com os discursos da
normalização enunciados, principalmente, por profissionais da área da saúde com
quem os pais m os primeiros contatos e informações sobre a situação de seus
filhos. Aliás, cabe ressaltar que esse é um dos modos através dos quais os
discursos e as práticas da medicalização se inscrevem na vida do sujeito surdo.
Mas, é preciso salientar, também, que essa medicalização o se refere
somente ao tratamento do corpo deficiente; ela é praticada ao longo da vida desses
sujeitos, reverberando com forte influência em sua escolarização. Para a maioria dos
ouvintes, a surdez está relacionada com a incapacidade de comunicação, sendo
representada por um mundo de silêncio e escuridão. Além disso, é a partir dessa
matriz representacional que são praticadas diferentes formas de controle e
governamento das vidas, dos corpos, das mentes e das formas de comunicação
desses sujeitos. Ainda segundo este mesmo estudo (ibid), o implante em crianças
com idade superior a quatro anos, apresenta resultados que dependem do grau de
desenvolvimento lingüístico e cognitivo dessas crianças. Quanto melhor for a
capacidade da criança em processar os estímulos auditivos, de associá-los ao
significado lingüístico e de estabelecer regras lexicais e sintáticas para a
compreensão e expressão da língua, através de leitura labial ou da LIBRAS, sem
lacunas no desenvolvimento, propugna-se que tanto melhor será o resultado. Assim,
esses estudos concluíram que a compreensão de linguagem pré-operatória, seja por
LIBRAS e/ou por leitura orofacial, é um importante fator prognóstico para a
percepção da fala, devendo tais aspectos ser considerados, quando da seleção de
crianças mais velhas para a realização do implante coclear.
Em sujeitos adolescentes, ou em adultos com surdez pré-lingual, o
resultado parece depender, segundo algumas indicações, da expectativa e da
motivação deste sujeito. Pode haver um excelente ganho auditivo, porém sem
49
modificação do padrão de comunicação; o benefício ou a “cura” da surdez pode ser
alcançado em um longo prazo; ou, ainda, os indivíduos poderão ter dificuldades para
alcançar a percepção de fala sem pistas auxiliares como o apoio de leitura labial, a
escrita, ou, ainda, do uso de sinais LIBRAS; enquanto outros parecem o
apresentar nenhum resultado positivo.
É possível considerar, no entanto, que todas estas iniciativas e práticas
operam como formas de controle e de regulação da surdez e que nelas se instituem
relações de poder que posicionam tanto os especialistas, e demais promotores de
políticas relativas à surdez, quanto os sujeitos surdos.
Esclareço que ao fazer tais considerações sobre o implante coclear,
procurei lançar um outro olhar sobre como se produziram algumas “verdades” sobre
o seu uso, bem como acerca da sua possibilidade de modificar definitivamente a
condição de surdez, buscando destacar, ao mesmo tempo, a multiplicidade de
discursos invocados para nomear/designar/rotular as pessoas surdas. Nessa última
direção, caberia ainda indicar estarem envolvidas, em algumas ações e práticas que
vêm atuando no disciplinamento dos corpos surdos para aproximá-los o mais
possível do padrão de normalidade, alegações sobre a “bondade” daqueles que se
ocupam com a resolução das dificuldades do “outro” surdo, ou que, ao alegarem a
fragilidade deste “outro”, assumem a incumbência de deles cuidarem,
responsabilidade que geralmente implica decidir o que é melhor para esse outro.
Após ter indicado aspectos relacionados a tentativas de tornar os surdos
ouvintes, tentativas essas que já possuem uma longa e diferenciada história, parece-
me ser importante indicar mais alguns processos que implicaram nomeação,
ordenação e classificação dos sujeitos surdos e que, ao longo do tempo, tanto
produziram representações sobre os surdos e a surdez quanto atuaram na produção
cultural de tais sujeitos. Também é importante indicar que as tentativas de buscar
compreender melhor os processos nos quais essas representações se instituíram
bem como alguns dos modos como essas atuaram na qualificação desses sujeitos
como “portadores de uma deficiência”, implicam engendrar e buscar novas olhares
para com eles lidar, ações essas que atuam na direção de permitir a desconstrução
de saberes e mitos relacionados à surdez, como tentarei apontar na seção a seguir.
50
2.3 Apontando caminhos trilhados na educação de surdos
Busco aqui proceder a uma retomada de representações assumidas em
relação aos surdos e à surdez, ao longo do tempo, bem como acerca das
intervenções e práticas escolares e institucionais construídas nos espaços sociais,
para retomar a discussão das noções de normalidade e anormalidade, que têm
usualmente sido invocadas para expressar e traduzir o que se tem falado acerca
desses sujeitos.
Imbricada em relações de poder, a educação de surdos vem sendo pensada
e definida, historicamente, por educadores ouvintes, embora possamos encontrar
em alguns espaços e tempos a participação de educadores surdos. De acordo com
Thoma (2006), as abordagens mais remotas sobre a educação de surdos datam do
século VI, estando contidas no Código Justiniano; ou seja, essas são provenientes
dos ideais do direito romano. Nos textos medievais podem ser encontradas menções
referentes à educação de surdos, mas foi na Modernidade que surgiram registros
mais complexos sobre as formas de instrução de surdos feitas formalmente.
De acordo com Sacks (1989), até o século XV havia pouco ou quase
nenhum interesse mais específico na educação de surdos. Estes eram considerados
como pessoas primitivas, sendo relegados à marginalidade na vida social. Não havia
direitos assegurados para eles. Aliás, as representações correntes na sociedade
sobre os surdos, no decorrer da história, geralmente enfatizavam aspectos
negativos. Na Antiguidade, entre os espartanos e gregos, por exemplo, as
representações incluíam desde uma postura pautada por um conformismo religioso,
externado, às vezes, sob a forma de piedade e compaixão, quanto sob a forma de
castigo ou feitiço perpetrado pelos deuses, o que determinaria que tais sujeitos
fossem abandonados ou imolados (Goldfeld, 1997).
Thoma (2006) refere que, a partir do século XVIII, os surdos passaram a
ser enquadrados pelo paradigma da institucionalização e que, depois, no século XX,
foi colocado em destaque o paradigma de serviços e, ainda, que, no século XXI, a
focalização mais usual passou a ser nas chamadas políticas de inclusão escolar e
social. Skliar (1997) refere que na Roma e Grécia antigas além de considerar-se
fundamental ensinar aos jovens cidadãos aspectos da cultura, também existia um
especial cuidado com a beleza e com o corpo. Por este motivo, durante culos,
todas as crianças recém-nascidas até a idade de três anos, que apresentassem
51
alguma imperfeição física que implicasse em “um peso potencial para o Estado”
podiam ser sacrificadas. Segundo o autor, muitos surdos subtraíram-se a esse
destino, porque a surdez, como déficit biológico, como problema físico, é invisível
(ibid, p. 17).
A visão de que os surdos poderiam ser educáveis foi relatada pela primeira
vez pelo médico italiano Gerolamo Cardano (1501-1576), que teria reconhecido
publicamente a habilidade do surdo em raciocinar, pois, para ele, a surdez, por si
mesma, não afetava a capacidade de aprender. A escrita poderia representar os
sons da fala ou as idéias do pensamento e, por isso, “a mudez não se constituía em
impedimento para que o surdo adquirisse conhecimento” (Skliar, 1997).
Este argumento passou, então, a ser usado para romper com a idéia de que
os surdos eram sujeitos incapazes de aprender, conceito este vigente até esta
época e atribuído a Aristóteles (384-322 a.C.). Segundo Soares (1999), Aristóteles
teria dito que “todos os conteúdos da consciência deveriam ser recolhidos
primeiramente por um órgão sensorial para depois alcançarem o intelecto”.
Apesar da relevância que hoje poderíamos atribuir a esse fato, inicialmente
foi pequena a repercussão desse argumento para a grande maioria dos surdos, uma
vez que a educação de surdos, nessa época, se destinava basicamente aos filhos
dos ricos e dos nobres que, além de possuírem os meios financeiros para contratar
professores para seus filhos, também tinham a motivação econômica, ou seja, os
herdeiros deveriam ser instruídos para poderem tomar posse dos bens. Para Skliar
(1997), isso implicaria dizer que era preciso que os filhos surdos de nobres
aprendessem a ler, escrever, fazer contas, rezar, assistir à missa e confessar-se,
mediante o uso da palavra oralizada. A palavra falada conferia a visibilidade
necessária a um nobre que servia de modelo a outros por sua educação e posição.
A partir dessa situação, o monge beneditino espanhol Pedro Ponce de Leon
(1510-1584) iniciou um trabalho voltado a desenvolver a fala oral nos filhos surdos da
nobreza, sendo por isso considerado, por muitos autores, como o primeiro professor
de surdos da história. Como conta Lopes (2007), ele educou os filhos surdos do
Conde de Castilha, pois era necessário provar a capacidade intelectual de sua prole
a fim de garantir a sucessão no reino. O monge baseou seu método de ensino em um
código de sinais soletrados (alfabeto datilológico), que permitiria aos surdos adquirir a
compreensão da linguagem. A este respeito, Soares (1999) relata que não se tem
conhecimento detalhado de tal metodologia. O que se sabe são informações isoladas
52
que indicam ter ele iniciado primeiro o ensino da escrita, através dos nomes dos
objetos, para depois ensinar a fala (objetivo fim de todos os métodos), começando
pelos elementos fonéticos.
De acordo com Skliar (1997), motivações similares levaram Juan Pablo
Bonet a publicar no ano de 1620 o famoso tratado intitulado Reducción de las letras,
y arte para enseñar a hablar a los mudos (figuras 28 e 29). Neste livro, Bonet, citado
por Skliar (1997, p. 23), afirma que “para ensinar ao mudo o nome das letras
simples, o mestre e seu aluno devem estar a sós, sendo esta uma operação que
requer grande atenção e para a qual convém evitar qualquer motivo de distração”
(cap. V).
Figuras 29 e 30 – Capa do livro de Juan Pablo Bonet e ilustração do alfabeto digital, publicado em
Madrid em 1620. Biblioteca Digital Hispânica - (BNE)
20
.
Sendo considerado um dos mais antigos defensores da metodologia
oralista, Bonet iniciava o processo de aprendizagem pelas letras do alfabeto manual,
passando ao treino auditivo, à pronúncia dos sons das letras, depois às sílabas sem
sentido, às palavras concretas e às abstratas, para terminar com as estruturas
gramaticais. A obra de Bonet chamou a atenção de intelectuais de toda a Europa e
tornou-se a origem de todos os esforços futuros de fazer o surdo falar, ao mesmo
20
Disponível em: http://bibliotecadigitalhispanica.bne.es/view/action/nmets acesso em 02/02/2008
53
tempo em que o alfabeto digital, publicado por ele, foi utilizado por educadores que
acreditavam na necessidade de uma pista visual para o ensino do surdo.
Educadores de diversos países da Europa aderiram ao seu método, que
teve em Samuel Heinecke (1712 1789), da Alemanha, um dos seus mais
renomados defensores (Skliar, 1997, p. 24).
De acordo com Thoma (2006), Heinecke fundou em 1750 a primeira escola
pública baseada no método oral e, no mesmo ano, o abade Charles Michel de l'Épée
iniciou a instrução formal de crianças surdas em Paris, utilizando uma abordagem
baseada na teoria gestualista.
No entanto, como foi referido, para a grande maioria dos surdos que não
nasceram em “berço esplêndido”, pouca coisa mudara. Conforme Silva (2006),
provavelmente esses outros surdos estariam por cadas abandonados à própria
sorte, sem pertencimento comunitário, em situação de verdadeira miséria pela falta
de trabalho e pelo isolamento social provocado pela ausência de suportes
relacionais. E o estes sujeitos surdos que se encontravam marginalizados do
processo educativo formal, que motivaram o abade Charles Michel de L’Epée a criar
a primeira escola pública para surdos no ano de 1760 em Paris. Skliar (1997)
ressalta a ocorrência de uma mudança de paradigma processada na educação de
surdos nessa época: passou-se de uma educação elitizada, individual e privada para
um modelo educacional público e coletivo em função da substituição do ensino
individual da fala, priorizado por Bonet, para o ensino coletivo, através do uso de
sinais metódicos como facilitador no processo de ensino e aprendizagem.
Por ter instituído a primeira escola pública e recebido todo tipo de crianças
surdas, L’Épée criou uma linguagem mímica que configurou ser capaz de permitir a
realização de uma instrução rápida. Ele publicou, em 1776, o seu método, sob o
título de Instrução de surdos-mudos através do uso de signos, como podemos
observar na figura 30, que reproduzo abaixo.
Para autores como Skliar (1997) e Soares (1999), esse fato representou um
marco fundamental no processo de construção e de expansão da organização
política, social e educacional dos surdos em diversos países da Europa e também
em alguns países da América.
54
Figura 31 – Ilustração do Livro “Instrução de surdos-mudos através do uso de signos metódicos” –
1776 (extraído de CID – Goldstein Collection).
O método gestualista, aperfeiçoado por L’Epée, possibilitou que os surdos,
crianças e adultos, começassem a constituir-se em “pares entre iguais”, como
membros interativos de sua educação, operando, ainda, em direção ao
reconhecimento, mesmo que parcial, de uma modalidade comunicativa e lingüística
própria. Também é importante ressaltar que os alunos egressos da escola de
L’Epée, que 25 anos após a sua fundação contava com 70 estudantes surdos,
foram gradualmente desempenhando o papel de mestres para outras crianças
surdas (Skliar, 1997). Entre esses mestres surdos podemos destacar Massieu e
Clerc, que mais tarde foram contratados por Thomas Hopkins Gallaudet para
assentar as bases e organizar a educação de surdos nos Estados Unidos (Lane,
1992).
Enquanto isso, a controvérsia em relação aos métodos de ensino para
surdos suscitava novas discussões, principalmente entre os defensores do oralismo
e os defensores da língua de sinais, protagonizados respectivamente por Heinecke e
L’Epée. Enquanto L’Epée defendia o uso de sinais, Heinecke era contrário à adoção
generalizada do método gestual, sendo-lhe, mais tarde, imputada a responsabilidade
pelo reconhecimento da supremacia do método oral puro no mundo (Skliar, 1997).
A partir da concepção oralista, defendida e colocada em prática,
55
primeiramente, na escola pública para surdos de Leipzig, da qual Heinecke foi
fundador e diretor, começava a história da submissão coletiva dos surdos à língua
majoritária dos ouvintes, como afirma List (1989), citado por Skliar (1997), assim
como a repressão sistemática à língua de sinais nas escolas.
Esta linha de pensamento ganhou força quando em 1802, o médico Jean
Marie Itard incorporou-se ao Instituto de Surdos de Paris, após uma fracassada
tentativa de curar a surdez através da estimulação da fala pelo aproveitamento dos
restos auditivos (Soares, 1999). Segundo Werner (1947), citado por Soares (1999),
Itard, nesse trabalho, classificou os surdos-mudos em cinco categorias:
Audição para a palavra humana, quando se fala calmamente,;
audição para as vogais, mas não para as consoantes; audição para as
vogais isoladas (profundas); audição para os ruídos fortes (batimentos,
trovões, estampidos) e surdez completa (p. 31).
A partir desses modos de proceder a um tipo de esquadrinhamento do
corpo surdo, surgiram novos estudos voltados a diferenciá-los. De acordo com os
critérios estabelecidos por Itard, os surdos poderiam ser classificados e submetidos
às diferentes tecnologias de poder normalizador em decorrência de possuir alguma
capacidade para aprender a falar ou não. A partir da adoção dessa forma de
proceder ao disciplinamento dos corpos surdos, o método oral passou a ser mais
divulgado e aceito.
Talvez como reflexo de todo um contexto da época, particularmente pelo
avanço da medicina, as propostas de educação de surdos detiveram-se em teorias
que visavam o desenvolvimento da linguagem oral. Dessa forma, a proposta oralista
consagrou-se no ano de 1880, quando se realizou o II Congresso Internacional de
Surdos-Mudos, em Milão. Neste congresso foi declarada a superioridade do Método
oral puro, tornando-se esse um marco na história política e institucional da educação
dos surdos no mundo. De acordo com o relato apresentado na Revista da
Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos - FENEIS (1999), nesse
evento reuniram-se profissionais, em sua ampla maioria ouvintes, para decidir sobre
o futuro da educação de surdos. Estiveram presentes representantes da Itália,
França, Inglaterra, Suécia, Suíça, Alemanha e ssia e dos Estados Unidos da
América e Canadá. O Congresso celebrou a vitória do oralismo e decretou a
inferioridade das línguas de sinais. Decretou, ainda, a erradicação da língua de
sinais e o afastamento dos profissionais surdos do meio escolar.
Segundo Lulkin (2000), para justificar o projeto de erradicação dos sinais, foi
56
convidado o inspetor geral dos serviços administrativos do Ministério do Interior da
França - Monsier Regnart, para fazer a classificação desses sujeitos através das
ciências biológicas e antropológicas. A língua de sinais foi definida por ele como
uma forma de sobrevivência atávica da era primitiva do homem, fazendo com que as
resoluções do Congresso de Milão parecessem razoáveis e progressistas.
Processaram-se, a partir de então, ações disciplinares voltadas à fabricação
de corpos submissos, úteis ou dóceis. Essas compreenderam o controle minucioso
das operações do corpo, impondo-lhes uma relação de docilidade-utilidade, que
corresponderia ao que Foucault (2000) chamaria, mais tarde, de disciplina. É
possível dizer que, neste momento, nasce uma arte do corpo humano, que visa não
unicamente o aumento de suas habilidades, nem tampouco aprofundar a sua
sujeição, mas a formação de uma relação que, no mesmo mecanismo, o torna tanto
mais obediente quanto mais útil, e inversamente (Foucault, 2000, p. 119).
Neste contexto, todos os indivíduos deficientes, de acordo com Soares
(1999), foram alvos da atenção da medicina e, entre esses, os surdos-mudos,
porque eles representavam um desafio para os médicos. Por serem portadores de
uma “doença” invisível, supunha-se que a surdez poderia estar relacionada a
alguma anomalia orgânica, restando então, elucidar o porquê dos surdos serem
mudos. A esse respeito, Soares (1999) escreve que as investigações
desencadeadas em relação à surdo-mudez podem ser explicadas, também, através
das mudanças que ocorreram na medicina nesse mesmo período.
Conforme destacou Rouanet (2003), o cientista foi paulatinamente ocupando
o espaço antes destinado à igreja, enquanto o sacerdote, na sociedade moderna, foi
cedendo aos poucos lugar aos médicos. Consolidava-se, assim, a autonomia do
sujeito em relação ao divino. O corpo deixava de ser visto como um sacrário, refúgio
ou abrigo da alma, podendo ser tocado, estudado, profanado. O corpo perderia seus
mistérios e poderia ser explicado cientificamente. Abria-se caminho para a sua
instrumentalização e a sua mercantilização crescente. Abria-se caminho para o
corpo da sociedade industrial, para o corpo da clínica moderna - um corpo que
precisaria ser estudado, recortado, esquadrinhado, enfim, que precisaria ser
descoberto. As imagens de cada órgão que compõem esse corpo precisariam ser
desvendadas - elas precisariam se tornar discurso, sentido.
Enquanto isso, os embates em relação às questões pedagógicas
continuavam divididos entre os aspectos da conservação e os da mudança.
57
Conforme Manacorda (2002), essa disputa perpassava todos os níveis de instrução,
desde as escolas infantis, que começavam a ser implantadas, até a universidade.
Diz o autor:
Esta disputa talvez tenha na questão do método a ser usado nos
primeiros níveis de instrução a sua expressão mais característica: podemos
afirmar que, após a primeira grande idade da didática, aberta pela invenção
da imprensa e pelas iniciativas dos reformados, com a grande figura de
Comenius, esta nova idade da difusão da instrução às classes populares, do
nascimento da escola infantil, da difusão dos livros de texto, da formação dos
professores, assinala um macroscópico retorno à pesquisa didática (ibid,
p.279).
Aparentemente, tanto a educação dos surdos, quanto a educação dos ditos
normais, encontrava-se no mesmo nível de preocupação, na medida em que ambas
se voltavam para a questão do método, da didática.
O que pretendo destacar é, no entanto, que, a partir do Renascimento, os
médicos, baseados no desenvolvimento da ciência, e em especial da anatomia,
passaram a se dedicar mais ao estudo da fala dos surdos, bem como às suas
possibilidades de “cura” e de aprendizagem. E que a surdez, na visão clínica,
passou a ser entendida como uma patologia que afetava mais do que simplesmente
a audição e o surdo, mas que o qualificava como um sujeito enfermo. E tal
compreensão, segundo Skliar (1997), forçou tal tema e problemática a
permanecerem restritas ao campo da medicina e da terapêutica.
Busco, no próximo item, trazer algumas considerações acerca dos
processos assumidos frente à educação de surdos no contexto da educação
brasileira, que teve forte influência dos discursos que permeavam a educação de
surdos do Instituto de Paris, no contexto francês.
2.4 Notas sobre a educação de surdos no Brasil
No Brasil, a educação de surdos foi institucionalizada em 26 de setembro de
1857, com a fundação do Imperial Instituto de Surdos-Mudos, hoje conhecido como
Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). A princípio, a educação dos
alunos deste instituto se deu a partir do oralismo, defendido por Heinecke.
De acordo com Thoma (2006):
O atendimento desse Instituto priorizou a educação oralista
durante um longo período por acreditar que era inútil tentar ensinar os
surdos a escrever, já que o analfabetismo era condição da maioria da
58
população brasileira. Por isso, a fala era o único modo pelo qual os surdos
poderiam integrar-se na sociedade e no mercado de trabalho. As meninas
foram mantidas fora da instituição até 1932 (p.12).
O oralismo consiste em desenvolver a fala do sujeito surdo a partir de
resíduos auditivos, das vibrações corporais e da leitura orofacial, considerando a
intervenção precoce, pois sustenta a hipótese de que as crianças que sinalizam
apresentam atraso em relação à oralização. Desta forma, foram utilizados métodos
de leitura labial e extensos treinamentos fonoarticulatórios com o objetivo de ensinar
os surdos a falarem, que, segundo a visão oralista, é apenas através da fala que
os sujeitos surdos podem alcançar a integração na sociedade. Além disso, esta
proposta proibia o uso de língua de sinais, alegando que isso afetaria a
aprendizagem da língua majoritária neste caso a língua oral –, pelo surdo e, à
medida que o tempo avançou, passou-se a investir cada vez mais em tecnologias e
artefatos normalizadores como os amplificadores sonoros e as próteses auditivas
individuais. Apesar do uso destes dispositivos normalizadores, como mostrei no
início deste capítulo, e de pedagogias corretivas através do adestramento e do
disciplinamento dos corpos surdos, um grande problema apresentado no oralismo é
que, mesmo após anos de submissão e de treinamentos para adquirir a fala, os
surdos apresentam, em diversos casos, pouca capacidade de decifrar palavras
através da leitura labial. Quadros (1997) refere que o surdo oralizado conseguiria
compreender apenas em torno de 20% das mensagens através da leitura labial.
Sacks (2005) coloca que, em decorrência da obrigatoriedade da metodologia
oralista, os prejuízos lingüísticos podem vir a ser graves, especialmente nos casos
em que a criança nasce surda.
Na década de 1960, mesmo diante da supremacia da metodologia oralista,
estudos sobre línguas de sinais utilizadas pelas comunidades surdas foram
retomados, principalmente pelo linguista estadunidense William Stokoe. A partir
desses estudos, inicia-se um repensar sobre a questão da surdez, que dará origem
à filosofia da Comunicação Total e posteriormente ao Bilingüismo. O surdo passa a
ser encarado como minoria bilíngue e bicultural e as propostas educacionais,
culturais, sociais partem dessa hipótese, construindo uma nova visão da surdez.
Mais uma vez os surdos têm a sua língua de sinais aceita.
Para Lacerda (1998), todos os avanços nas pesquisas em relação ao
estudo das línguas de sinais, partindo de seu caráter linguístico, bem como do
59
fracasso das abordagens oralistas, levaram ao surgimento nos anos de 1960, nos
EUA, de uma nova tendência em que os gestos seriam utilizados como instrumentos
de comunicação, mas sem que fosse utilizada a Língua de sinais, recebendo o nome
de Comunicação Total. Neste método, a oralidade não é mais o objetivo principal,
sendo utilizada apenas como uma forma de integração do surdo na sociedade. Uma
das grandes diferenças entre a comunicação total e as outras filosofias educacionais
é o fato de a comunicação total defender a utilização de qualquer recurso lingüístico
para facilitar a comunicação com pessoas surdas, seja a língua de sinais, a
linguagem oral ou digos manuais. Outra característica importante é o fato desta
filosofia valorizar bastante a família da criança surda, no sentido de acreditar que à
família cabe o papel de compartilhar seus valores e significados, formando através
da comunicação e, em conjunto com a criança, sua subjetividade.
Porém, Lacerda (1998) afirma que, embora este método apresente vários
ganhos em relação às abordagens oralistas, ele ainda contém muitas falhas, que
os alunos surdos apresentam dificuldades para expressar seus sentimentos ou
idéias alheias ao contexto escolar. Além disso, os problemas em relação à leitura e
escrita continuariam, pois poucos seriam aqueles que conseguiriam ter autonomia
neste sentido. Outra questão levantada pela autora (ibid) é que o uso deste método
poderia prejudicar o desenvolvimento da língua de sinais, que ela acabaria
ocupando um mero espaço acessório na educação. Os sinais acabariam não sendo
compreendidos como uma língua, trazendo rios prejuízos em seu uso e
compreensão.
Na busca de soluções para esses problemas, pensou-se em um novo
método de educação denominado bilingüismo, que consiste em respeitar a língua
natural do surdo, ou seja, a língua de sinais, e a considerar a língua portuguesa
como uma segunda língua a ser adquirida por estes indivíduos. Na prática o
bilingüismo se caracteriza pelo domínio de LIBRAS e do Português, no caso do
Brasil, na modalidade falada e escrita ou pelo domínio de LIBRAS e do Português
escrito, sendo que a grande maioria dos surdos brasileiros considerados bilíngües se
inclui nesse segundo grupo.
Esta proposta ainda não é uma unanimidade, sendo que os países que nela
se destacam são a Suécia e a Venezuela. No Brasil também existim diversas
60
propostas de bilinguismo, sendo que entre elas destacaria Letras-Libras
21
, que vem
sendo considerado como o projeto que dará as bases para o ensino do bilinguismo
no Brasil.
Atualmente estão sendo divulgados trabalhos educacionais bilíngues, ou
“com bilinguismo”, os quais postulam a língua de sinais como primeira língua e como
eixo fundamental. Os resultados positivos que vêm sendo obtidos, bem como toda a
discussão que tem sido levantada quanto ao fracasso das abordagens anteriores,
têm levado a que quase todas as propostas de educação de surdos desejem a
adjetivação “bilíngue”. Para Sá (2006), esta ainda é uma adjetivação incompleta,
pois, mesmo que desejável, por negar a ideologia oralista dominante e por
pressupor a língua de sinais como primeira língua, ainda se apresenta reticente
quanto à questão das culturas envolvidas, das identidades surdas, das lutas por
poderes, saberes e territórios e melhor definição quanto às políticas para as
diferenças.
É importante ressaltar que, através da linguagem, constituímos nossos
pensamentos, emoções e desejos. Segundo Fernandes e Correia (2005), a
linguagem permite que os seres humanos se diferenciem dos outros tipos de seres,
principalmente no que diz respeito à capacidade de significar e decodificar signos. A
comunicação social representaria um dos aspectos importantes da linguagem, pois,
através dela, as pessoas se fazem entender, compartilham suas experiências
emocionais e intelectuais, planejam suas vidas e organizam sua comunidade. A
linguagem possibilita a comunicação acerca dos aspectos da realidade, concretos e
abstratos, presentes e ausentes. Possibilita, também, que se recrie o mundo cultural,
que permite o entendimento de situações e fatos dos quais não participamos.
Graças à linguagem, a criança, o adolescente e o adulto podem aprender sobre o
mundo, sem que sejam necessárias a imitação e/ou a observação direta dos fatos,
além de poderem também se socializar, adquirindo valores, regras e normas sociais,
dessa forma podendo aprender a viver em comunidade. Segundo Capovilla e
Raphael (2001b):
A linguagem permite à criança obter explicações sobre o
funcionamento das coisas do mundo e sobre as razões do comportamento
21
O Curso de Licenciatura e Bacharelado em Letras Libras é uma iniciativa da Universidade Federal
de Santa Catarina, com o objetivo de formar profissionais na língua de sinais brasileira (professores e
tradutores-intérpretes).
61
das pessoas. Se não houver uma base lingüística suficientemente
compartilhada e um bom nível de competência lingüística para permitir uma
comunicação ampla e eficaz, o mundo da criança ficará confinado a
comportamentos estereotipados aprendidos em situações limitadas
(p.1480).
Além disso, é pertinente destacar, ainda, que se a linguagem tem a
importante função de permitir a comunicação social, ela também tem a função,
igualmente importante, de permitir o pensamento, a formação e o reconhecimento de
conceitos, a resolução de problemas, a ação refletida e a aprendizagem consciente.
Karnopp (2004) refere que as comunidades surdas compartilham o fato de serem
diferentes da população ouvinte no que diz respeito à sua língua, podendo
considerar, assim, que essas se diferenciam também culturalmente. As línguas de
sinais, segundo Quadros (1997) e Karnopp (2004), são denominadas línguas de
modalidade gestual-visual (ou espaço-visual), pois a informação lingüística é
recebida pelos olhos e produzida pelas mãos. Desta forma, essa se diferenciaria da
língua utilizada pelos ouvintes principalmente por não ser de caráter oral, a qual é
compreendida pelos sons que chegam aos ouvidos. Essa língua possui regras
gramaticais e estrutura específica que a legitimam como língua, sendo ainda a
principal forma de comunicação e desenvolvimento do sujeito surdo.
O ideal é que as crianças surdas tenham contato com a língua de sinais
desde seu nascimento, assim como ocorre com as crianças ouvintes. Mas,
infelizmente, esta realidade ainda é muito rara,que a grande maioria das crianças
surdas são filhos de pais ouvintes que, além de não saberem que seus filhos são
surdos também não possuem nenhum conhecimento sobre a língua de sinais. No
entanto esta realidade está prestes a ser mudada. Nos dias atuais, com a
possibilidade de realização da Triagem Auditiva Neonatal, ou como é mais
conhecido o “teste da orelhinha”
22
, o diagnóstico de surdez já é realizado nos
primeiros dias de vida do bebê. Essa confirmação de surdez, no entanto o
significa que a criança teacesso à lingua de sinais desde cedo. Na maioria das
vezes, os pais, sendo ouvintes, acatam a indicação clínico-terapêutica realizada por
quem detêm o poder de dizer que seu filho é surdo - os médicos.
crianças surdas, filhas de pais surdos têm a possibilidade de se
22
O Teste da Orelhinha é um exame objetivo e indolor, realizado preferencialmente durante o
sono natural do recém-nascido e que tem por objetivo pesquisar possíveis perdas de audição
em bebês. Disponível em
www.testedaorelhinha.com/Exame.html
, acessado em 12/07/2008.
62
desenvolverem num ambiente adequado, no qual o uso de uma língua de sinais
supostamente seja efetivo. Este fato demarca a diferença entre as duas realidades,
sendo que filhos surdos de pais ouvintes convivem em geral com uma experiência
linguística diferente da sua, visto que seus familiares possuem a modalidade
oral/auditiva na comunicação, podendo entrar em contato muito tardiamente com
uma linguagem apropriada para seu desenvolvimento.
Dentro desta perspectiva, a escola de educação bilíngue deve proporcionar
a estas crianças o contato com surdos adultos para que sejam imersas em sua
língua natural. Estes adultos, além de colaborarem com a aquisição da língua de
sinais, transmitem-lhes informações positivas da comunidade de surdos como
aspectos culturais e sociais. Somando-se a isso, estas crianças percebem sua
língua e cultura de forma valorizada, aspecto que contribui para a criação de uma
posição identitária, bem como para o desenvolvimento de sua linguagem.
A partir dessas considerações, tem sido destacada a importância de um
ambiente familiar acolhedor, bem como o processamento de interações entre os
surdos e seus pares e entre surdos e ouvintes para propiciar o desenvolvimento
psíquico, social e educacional desses sujeitos surdos aprendizes.
Contudo, é preciso reconhecer que, a par dos discursos e das teorizações,
as relações entre ouvintes e surdos continuam apresentando tensões que as
dificultam, sobretudo quando as narrativas não acontecem em um digo lingüístico
compartilhado por ambos, como pretendo mostra em mais detalhes no capítulo a
seguir.
63
3 EM BUSCA DE REFERENCIAIS PARA DISCUTIR A SURDEZ
A discussão acerca das comunidades surdas passa por um momento de
transição importante, porque “o que está mudando são as concepções sobre o
sujeito surdo, as descrições em torno de sua língua, as definições sobre as políticas
educacionais, a análise das relações de saberes e poderes entre adultos surdos e
ouvintes” (Skliar, 2005, p.7). A partir da aceitação de um modo de compreender as
diferenças humanas, que reconhece a surdez como um traço cultural e os surdos
como uma comunidade lingüística caracterizada por compartilhar uma língua,
valores culturais, modos de socialização próprios e não mais como um limite ou um
defeito, instituem-se novas formas de representar o surdo e a surdez.
Com o abandono progressivo da ideologia clínico/terapêutica, enquanto
perspectiva dominante, bem como com o aprofundamento teórico acerca das
concepções sociais, culturais e antropológicas relativas aos surdos e, ainda, a partir
dos avanços das discussões procedidas acerca das políticas públicas de inclusão,
os surdos m alcançado níveis educacionais mais avançados, sendo expressiva
a sua participação na educação superior e pós-graduada.
Destaco, no entanto, que, neste estudo, não atentei para uma análise mais
detalhada de tais questões focalizadas no campo dos Estudos Surdos, sobre os
quais realizo uma abordagem panorâmica no item apresentado a seguir.
3.1 Uma visão da surdez a partir dos Estudos Surdos
Os Estudos Surdos estendem-se em diferentes campos teóricos,
constituindo-se em pesquisas investigativas que tendem a acolher os aspectos
culturais, políticos e sociais referentes aos surdos e à surdez.
De acordo com (2006), os Estudos Surdos surgiram nos movimentos
surdos organizados e no meio da intelectualidade influenciada pela perspectiva
teórica dos Estudos Culturais. Ou seja, para essa autora, os Estudos Surdos
inscrevem-se como uma das ramificações dos Estudos Culturais, pois enfatizam as
questões das culturas, das práticas discursivas, das diferenças e das lutas por
poderes e saberes. Para Skliar (2001), os Estudos Surdos podem ser pensados
como um território de investigação educacional e de proposições políticas que,
64
através de um conjunto de concepções lingüísticas, culturais, comunitárias e de
identidades, definem uma particular aproximação com o conhecimento e com os
discursos sobre a surdez e sobre o mundo dos surdos. Nesse sentido, os Estudos
Surdos se configuram como um espaço constituído pelas problematizações sobre a
normalidade, pelos embates com as assimetrias de poder e saber e pelas diferenças
construídas histórica e socialmente, sendo focalizados e entendidos a partir de um
posicionamento político que luta por uma nova territorialidade.
Skliar (2001) diz que o que se pretende, neste campo de estudos, é inverter
a compreensão daquilo que historicamente vem se constituindo como estratégias
conservadoras de normalização. As posições desse autor podem ser compreendidas
como problematizadoras das práticas que posicionam os sujeitos surdos na
deficiência e os consideram pertencentes a uma cultura subalterna, preconizando
um lugar onde as comunidades e as culturas surdas possam ser focalizadas e
entendidas a partir da diferença e a partir de seu reconhecimento político.
O Grupo de Estudos Surdos GES, da Universidade Federal de Santa
Catarina
23
, coloca em destaque alguns paradigmas de pesquisa, que configura como
pertinentes aos Estudos Surdos, que focalizam questões sobre identidade, diferença
e alteridade cultural. Para este grupo, os Estudos Surdos entendem a cultura surda
como algo presente, compondo principalmente a língua, a história cultural, a
pedagogia dos surdos, as artes e a literatura. Suas propostas compreendem, então,
ações investigativas que acolhem discussões conduzidas acerca de aspectos
políticos e culturais referentes aos surdos.
Os Estudos Surdos se lançam na luta contra a interpretação da surdez
como deficiência, problematizam a representação do surdo enquanto indivíduo
deficiente, doente e sofredor e tensionam a definição da surdez enquanto
experiência de uma falta. A propósito, é preciso esclarecer que os surdos, enquanto
grupo organizado culturalmente não se definem como “deficientes auditivos”, ou
seja, para eles o mais importante não é frisar a atenção sobre a falta/deficiência da
audição - os surdos se definem de forma cultural e lingüística (Wrigley, 1996, p. 12).
Para Lulkin (2000), os Estudos Surdos fazem parte de um campo mais
abrangente de investigação que pode ser articulado a outras áreas do
conhecimento contribuindo para uma visão contemporânea sobre as comunidades
23
Disponível em http://www.ges.ced.ufsc.br/ acessado em 15/07/2008
65
e as vidas das pessoas surdas. Em outras palavras, isso implica dizer que as
discussões mais amplas conduzidas acerca da identidade e da diferença, quando
travadas em um território de proposições políticas, podem definir uma particular
aproximação com o conhecimento e com os discursos produzidos pela comunidade
surda. Aliás, esse movimento de aproximação vem permitindo que novos olhares
sobre a surdez se produzam, propiciando um embate fecundo nas relações de
saber e poder processadas entre surdos e ouvintes nos campos lingüístico, social e
cultural. Para Skliar (1998), os resultados obtidos a partir desses embates estão
permitindo a construção de novos referenciais que se colocam em um lugar onde
as culturas surdas têm passado a ser focalizadas e entendidas a partir da diferença
e o mais a partir da visão clínica. Cabe ainda indicar que, nesse referencial, o
reconhecimento da língua de sinais, enquanto experiência visual, passa a ser o
principal foco destacado relativamente aos processos de constituição do sujeito
surdo e não simplesmente um instrumento imediato a serviço da língua majoritária
dos ouvintes.
3.2 Estudos Surdos e Estudos Culturais: revisando as possibilidades de
associação entre esses campos
Os Estudos Culturais buscam apresentar a cultura como um campo político
e por isso acreditam na “... importância de se analisar o conjunto da produção
cultural de uma sociedade, seus diferentes textos e suas práticas, para entender os
padrões de comportamento e a constelação de idéias compartilhadas por homens e
mulheres que nela vivem” (Costa et. al., 2003, p. 38). Inserido em um mundo de
rápidas transformações, o terreno investigativo dos Estudos Culturais na vertente
pós-estruturalista trabalha num viés marcado pela constante inquietude, tendo como
base o movimento intelectual pós-moderno.
O campo dos Estudos Culturais representa um espaço em que o tema da
surdez pode ser discutido como uma questão epistemológica, ao mesmo tempo em
que os conceitos de identidade e diferença, amplamente problematizados por
autores ligados a esse campo, tais como Silva (2002, 2005), Costa (2002), Hall
(1997), entre outros, se constituem em oportunos focos a serem examinados
relativamente aos sujeitos surdos.
66
A discussão sobre diferença e identidade, na teorização de Silva (2005),
não pode ser reduzida a uma questão de respeito e tolerância para com a
diversidade. Como o mesmo autor (ibid) destacou, a diferença e a identidade são
cultural e socialmente produzidas e, como tal, devem ser questionadas e
problematizadas.
Segundo Costa (2002), os Estudos Culturais o resultantes de uma
movimentação teórica e política que se articulou contra as concepções elitistas e
hierárquicas de cultura, firmando-se como de domínio político, no qual os grupos
subordinados tentam resistir à imposição de significados que sustentam os
interesses dos grupos dominantes. Como a mesma autora destacou, esses são
“saberes nômades, que migram de uma disciplina para outra, de uma cultura para
outra, que percorrem países, tradições e que não são capturados pelas cartografias
consagradas que têm ordenado a produção do pensamento humano” (ibid, p.13).
Silva (2002) aponta que os Estudos Culturais são estudos sobre a
diversidade dentro de cada cultura e sobre as diferentes culturas, sua multiplicidade
e complexidade orientados pela hipótese de que entre as diferentes culturas existem
relações de poder e dominação que devem ser questionadas.
Nelson et al (2003) argumentam que, nas tradições dos Estudos Culturais,
a cultura é entendida tanto como uma forma de vida – compreendendo idéias,
atitudes, linguagens, práticas, instituições e estruturas de poder quanto toda uma
gama de práticas culturais: formas, textos, cânones, arquitetura, mercadorias
produzidas em massa, e assim por diante. Ou, como diz Hall (1996), cultura significa
“o terreno real, sólido, das práticas, representações, línguas e costumes de qualquer
sociedade histórica especifica”, bem como “as formas contraditórias de ‘senso
comum’ que se enraizaram na vida popular e ajudaram a moldá-la” (p. 26).
Portanto, os Estudos Surdos, quando imbricados nos Estudos Culturais,
passam a se ocupar dos aspectos da surdez que dizem respeito à “experiência da
surdez”, a partir de aspectos psicossociais, linguísticos e culturais, dentre outros, nos
quais a pessoa surda se desenvolve, deixando de lado a histórica tradição médico-
terapêutica que define a surdez a partir do déficit auditivo.
Dessa forma, entendemos que a discussão acerca da constituição
identitária dos surdos pode se dar de forma mais ampliada, quando se passa a
encarar o surdo enquanto autor e ator de uma cultura diferente, enquanto usuário de
uma língua natural, enquanto grupo que demanda uma educação bilíngue e
67
multicultural, enquanto pessoa diferente e de identidades legítimas (Sá, 2002). Por
isto é imprescindível entender que as manifestações culturais da surdez o
manifestações de uma cultura legítima e que a afirmação de suas identidades como
culturalmente distintas traduz um desejo de garantir o seu acesso aos bens sociais
enquanto direito, não enquanto concessão.
Caberia salientar, novamente, que considerei os implantes cocleares
como artefatos culturais, altamente tecnologizados, que atuam na direção de
produzir sujeitos surdos hibridados, aspecto que busquei abordar, mesmo que de
forma introdutória em seção anterior, nesta dissertação.
Os implantes cocleares podem ser vistos sob o alerta que o sociólogo
Laymert Garcia dos Santos (2003) traz sobre as novas tecnologias. Para o autor, é
necessário politizar as tecnologias no sentido de trazer para o centro da discussão
contemporânea a questão da tecnociência e de como ela transforma o ser humano e
suas percepções, expressões e simbologias. Além disso, parece ser importante para
este autor, pensar acerca de qual é o futuro da humanidade neste universo cada vez
mais povoado de máquinas inteligentes, invasivas, superpoderosas e de grande
potencial de fascínio e de destruição. O autor (ibid) ainda procura mostrar que o
impacto das novas tecnologias sobre os processos sociais mais importantes da
sociedade contemporânea, como o trabalho, a vida cotidiana, as interações sociais,
a produção e reprodução da cultura, é extremamente forte e vem provocando
transformações profundas, gerando processos novos sem precedentes na história. O
acesso à tecnologia tornou-se tão vital que hoje a inclusão social e a própria
sobrevivência passam obrigatoriamente pela capacidade que os indivíduos e as
populações têm de se inserir no mundo das máquinas e de acompanhar as ondas
da evolução tecnológica (p.10). O autor (ibid) também procura lidar com este tema,
tão complexo, desde uma perspectiva crítica, buscando mostrar que ainda uma
possibilidade de escolha para a humanidade, ou seja, que o avanço tecnológico não
é um processo inexorável que se impõe à sociedade, mas que é produzido pela
humanidade e fruto do desenvolvimento econômico, científico e técnico da
sociedade contemporânea.
Os implantes cocleares também podem ser vistos, sob inspiração do que
Simon (1995) argumentou acerca de tecnologias culturais, como aparatos, ou como
dispositivos produtivos que são, ao mesmo tempo, materiais e abstratos. Materiais,
por estarem corporificados em um aparato instrumental concreto; abstratos, na
68
medida em que a especificação do uso de tal aparato se dá em um conjunto de
práticas de significação que, através da linguagem, de imagens e ações tentam
estruturar e governar o enquadramento de tudo o que pode ser conectado a tal
artefato. De qualquer forma, seria ainda oportuno indicar que estou considerando
que tal artefato situa os sujeitos que o utilizam, bem como aqueles que com ele
interagem de diferentes formas os que o criticam, os que o recomendam, os que
dele não tomam conhecimento, os que acreditam cegamente na sua eficácia etc.
Certamente, estão sendo postos em ação, em mais este processo que pode ser
visto como articulado à busca de uma outra nova forma de operar a normalização
dos sujeitos surdos, não somente jogos semióticos, mesmo que eu tenha atentado
bem mais para eles, na medida em que novos significados estão sendo produzidos
nos embates criados em torno do uso de tal aparato tecnológico.
Valendo-me de uma noção de poder que enfatiza seus efeitos produtivos,
tal como Simon (1995) e Santos (2003) destacaram, busquei, então, estar atenta às
muitas tensões presentes nas narrativas que selecionei para analisar neste estudo,
visto que o próprio mercado contemporâneo está interpelando as novas tecnologias,
com objetivo de perceber aquilo que tem potencial para ser capturado pelo sistema.
69
4 DELINEANDO OS PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS
Particularizando um pouco mais o que foi analisado neste estudo, destaco
que o meu foco de pesquisa está voltado para enunciados sobre os implantes
cocleares, sendo que me detive, especialmente, naqueles proferidos por sujeitos
surdos que realizaram ou pretendem realizar a cirurgia de implante coclear e que se
utilizam da Internet para falar de si através de narrativas postadas em blogs ou
diários virtuais
24
e em um fórum de discussão
25
.
Para mim, enquanto fonoaudióloga inserida em uma escola para surdos,
falar sobre o implante coclear poderia parecer uma tarefa, até certo ponto, fácil, em
função da formação acadêmica e da freqüência com que trato com sujeitos
implantados. No entanto, tenho encontrado muitas dificuldades para lidar com a
experiência do IC. Por isso, decidi valer-me de algumas narrativas que surdos
implantados fazem de si em blogs, atentando, igualmente, para algumas
manifestações de surdos não implantados frente a essas narrativas, especialmente
no rum de implante coclear, do qual participam todos aqueles interessados nesta
questão tão polêmica, que tem mobilizado a comunidade surda em relação a
sentimentos, valores e significados atribuídos à surdez e aos surdos.
Antes de passar a apresentar mais alguns detalhes sobre estas duas
ferramentas da internet nas quais centrei minha atenção, faço comentários de
natureza mais geral acerca do uso da internet.
Na atualidade, a tela dos computadores e a internet podem ser
consideradas como um novo lugar onde as pessoas expõem a sua privacidade,
objetivando, entre outras coisas, estabelecer contato com outros internautas. Na
internet, há espaços de diferentes naturezas para os sujeitos narrarem suas histórias
e estabelecerem discussões de todas as ordens. Nos blogs, por exemplo, os
narradores são tanto os produtores, quanto os diretores e atores de suas narrações,
sendo esse um local no qual as fronteiras entre o que até pouco tempo atrás era
24
O termo blog foi criado por Jorn Barger, editor do site Robot Wisdom (www. robotwisdom.com), em 1997
(Lemos, 2002). Um blog é uma página da internet onde um sujeito, também conhecido como blogger ou
blogueiro, registra textos sobre assuntos que considera interessantes. O autor do blog adiciona a publicação
mais recente, também chamada de post, no topo da página. Abaixo ou acima do post, podemos encontrar a data
e a hora da publicação. Além disso, também é comum encontrarmos, abaixo de cada texto publicado, o nome ou
o apelido do autor do blog. Dessa forma, os leitores podem acompanhar o blog lendo as publicações de forma
cronologicamente inversa, ou seja, sempre da publicação mais recente para a mais antiga. Disponível em
http://blogger.globo.com/br
- acesso em 15/05/2008.
25
Fórum de discussão é uma ferramenta para páginas de Internet destinada a promover discussões através de
mensagens publicadas abordando uma mesma questão ou assunto. Disponível em http://pt.wikipedia.org
70
considerado como próprio ao registro do reservadamente íntimo e privado passou a
ganhar destaque e a se tornar explicitamente público (Schittine, 2004). Assim,
registros de natureza íntima anteriormente guardados em diários privados
passaram a ser veiculados e tornados públicos através da rede internética, mais
especificamente nesses blogs, cujo autor poderá passar a ter um grupo de leitores
que não tem acesso a essa produção, como também pode opinar e a interagir de
muitas formas e até diretamente sobre e neste texto. Nas páginas de um blog, ou de
um “diário íntimo na internet”, os diaristas falam de tudo, principalmente de si
mesmos, descrevendo suas rotinas, seus sonhos, esperanças, angústias,
frustrações, gostos e opiniões, no caso que considerei sobre o IC, se expondo a
milhões de olhos que têm acesso à internet e permitindo que esses penetrem na
intimidade que lhes é narrada e mostrada.
Acredito que as ferramentas da internet possam ser vistas como uma das
importantes instâncias de expressão contemporâneas, merecendo por isso serem
consideradas. Através dos sites, blogs e fóruns, é possível vislumbrar-se algumas
disputas relacionadas à produção de significados, as quais implicam relações de
poder, que atuam na constituição dos sujeitos, bem como delineiam novas formas de
ser e de estar no mundo pautadas, especialmente, na exposição de aspectos,
situações e narrativas anteriormente circunscritas à dimensão do privado como
indiquei anteriormente, até em função da impessoalidade da tecnologia internética. A
internet tem permitido que passem a ser conhecidos sujeitos “comuns”, não
distinguidos por qualquer feito ou produção excepcional, bem como tem permitido
que se estruturem novos agrupamentos de sujeitos como é o caso das inúmeras
comunidades que a povoam, como é o caso do fórum sobre IC.
Considerando, então, a importância que a internet tem na atualidade como
um lugar em que também é possível traduzirem-se experiências e construírem-se
verdades, mesmo que essas verdades pareçam ser, para alguns, superficiais e
próximas ao lugar comum, é que me vali das narrativas postadas em alguns diários
virtuais para discutir como neles se falava do Implante coclear e, especialmente,
para buscar ver como os sujeitos implantados se utilizam de tais artefatos para
narrarem suas experiências e, ao mesmo tempo, constituírem suas identidades.
O fato de esses diários virtuais funcionarem como um diário íntimo, escrito
dentro de um meio de comunicação como a Internet, voltado para o público e
disponível à interlocução, transformou as características deste tipo de narrativa, que
71
a princípio poderia ser vista como uma tentativa de exercer uma atividade de cunho
mais literário.
Cabe lembrar, como destacou Larrosa (2004), que a dinâmica da narrativa
pode ser vista como um fenômeno de intertextualidade, de polifonia e de políticas do
discurso. As narrativas são produzidas em diferentes contextos sociais e com
diferentes propósitos, sendo o significado de um texto narrativo obtido tanto a partir
de relações de intertextualidade mantidas com outros textos, quanto de seu
funcionamento pragmático em um contexto, pois o significado de um texto é
impensável fora de suas relações com outros textos. Além disso, como o mesmo
autor (ibid) alerta, a realidade está configurada no interior de categorias ordenadoras
da linguagem e a sua interpretação está ligada ao conjunto de sistemas semióticos
disponíveis. No caso das narrativas postadas nos blogs, como indiquei, os
internautas que neles se narram podem ter a contribuição e a opinião de um grupo
de interlocutores feitas diretamente em seu blog. Nele também é possível escrever
um post e o próprio diarista retornar a ele para reescrevê-lo dias depois sem deixar
nenhum traço de que se mexeu nele. E esse aspecto representa bastante bem o
caráter aberto, inacabado e cambiante desse tipo de texto, mas também do
processo vivencial, bem como da subjetividade, como destacou Leonor Arfuch
(2002). De acordo com essa autora, a concepção de sujeito, e correlativamente de
identidade, que guia suas indagações corresponde:
(...)la de un sujeto no esencial, constitutivamente incompleto y
por lo tanto abierto a identificaciones múltiples, en tensión hacia lo otro, lo
diferente, a través de posicionamientos contingentes que es llamado a
ocupar en este “ser llamado” opera tanto el deseo como las
determinaciones de lo social -, sujeto susceptible sin embargo de
autocreación. En esta óptica, la dimensión simbólico/narrativa aparece a su
vez como constituyente más que un simple devenir de los relatos, una
necesidad de subjetivación e identificación, una búsqueda consecuente de
aquello-otro que permita articular, aun temporariamente, una imagem de
autorreconociemiento (p. 64).
Nessa busca do auto-reconhecimento, de que fala a autora, o sujeito deixa-
se tocar pelos comentários postados, e, talvez, até impregnar-se do outro com quem
pode dialogar, bem como de sua experiência. Ele igualmente pode até buscar, nas
palavras que o outro escreve, saber sobre si mesmo, ou ainda, como aponta
Marshall (2002), buscar tornar-se um objeto de saber tanto para si quanto para os
outros. Ao falar de si, a pessoa conhece a si própria e torna-se conhecida para os
outros em um processo que o mesmo autor (ibid) chama de terapêutico, mas que é,
72
também, de controle.
Desse modo, nesses relatos internéticos, o sujeito não apenas descreve
meramente a si mesmo, ele “faz com que assim seja”, por causa da função
performativa da linguagem através da qual os sujeitos se produzem. Ou seja, no
caso dos dois implantados cujos blogs examinei, esses, ao contarem e recontarem
suas experiências com os sons, por exemplo, em muitas situações foram se
(re)afirmando como ouvintes.
Como salientou Marshall (2002), citando Foucault, a chave para a
tecnologia do eu é a crença de que é possível dizer a verdade sobre o próprio eu. As
pessoas vão contando suas experiências, crenças e expectativas e, ao mesmo
tempo, vão anunciando suas novas possibilidades, suas posições e intenções. Cabe
registrar que, às vezes, até se torna difícil separar o vivido do que está por se viver,
o real do imaginário, pois experiência e narrativa se imbricam e se tornam partes da
expressão de vida do sujeito que ali se narra. E é por isso que se pode pensar que
o escrever sobre uma realidade ou um fato pode afetar esta mesma realidade ou
fato. Para Marshall (2002), ao falarmos supostamente a verdade sobre nós mesmos,
valendo-nos dos conceitos das ciências sociais, construímos a nós próprios,
construímos nossas próprias identidades através dos atos performativos de fala.
Larrosa (2002) coloca que a experiência de si pode ser analisada em sua
constituição histórica, em sua singularidade e em sua contingência, na medida em
que sua produção adota formas peculiares. Para o autor (ibid), a experiência de si se
realiza quando o sujeito faz certas coisas consigo mesmo; quando oferece seu
próprio ser, quando se observa, se decifra, se interpreta, se descreve, se julga, se
narra, se domina. Nas palavras de Bujes (2002), isso faz com que uma série de
recursos intelectuais, constantemente refinados, seja mobilizada como mecanismos
para constituir as relações do sujeito consigo mesmo: dispositivos de "produção de
sentido” - grades de visualização, vocabulários, normas e sistemas de julgamento -
não são produzidos pela experiência; eles produzem a experiência. É possível
pensar então que esses são espaços de transformação da experiência de si, até
porque nos blogs geram-se novas formas de comunicação, sociabilização e
convivência que potencializam expressão aliando visibilidade e interatividade.
Apresento, ainda, mais algumas particularidades acerca destas práticas de
comunicação e expressão que surgiram recentemente na internet e que fazem parte
desse estudo: os diários pessoais ou blogs e os debates conduzidos em fórum de
73
discussão.
Embora sabendo que importantes diferenças entre um blog e um fórum
de discussão como, por exemplo, o grau de liberdade e o grau de mediação dado ao
usuário, optei por me valer de textos postados nessas duas ferramentas da internet,
porque ambas proporcionam um ambiente interativo de comunicação, discussão e
diálogo entre os internautas. Ou seja: enquanto em um blog o sujeito fala de si e os
outros comentam, concordando, perguntando, se solidarizando etc, com o diarista,
em um fórum, várias pessoas trocam informações sobre um determinado assunto,
constituindo-se essa como uma ferramenta poderosa para compartilhar
conhecimentos (Luccio, 2007). E, como o meu interesse é observar as narrativas
que os sujeitos interessados nos implantes cocleares realizam de si, bem como as
posições que assumem, os argumentos que utilizam, os comentários e interlocuções
que procedem, considerei que essas duas ferramentas poderiam satisfazer minhas
pretensões analíticas.
Em relação às narrativas postadas nos blogs, elas parecem recriar um
hábito da escrita de si, que teve seu auge nos séculos XVIII e XIX, e que estava
fortemente vinculada à sensibilidade da época, que consistia na paciente e
minuciosa “escrita de si” nos diários íntimos (Sibilia, 2003). Para essa autora,
atualmente, a intenção das novas “narrativas do eu”, postadas nos “diários virtuais”,
seria focalizar um aspecto especialmente significativo: expor-se aos milhões de
sujeitos que têm acesso à internet. As confissões, muitas vezes recheadas com
imagens cotidianas dos autores, revelam uma peculiar inscrição na fronteira entre o
íntimo e privado e o público, como indiquei anteriormente. Intui-se uma subversão
das fronteiras que costumavam separar essas duas esferas no mundo moderno
junto a importantes mutações nos tipos de subjetividades, que germinavam nos
cenários assim delimitados, com fortes abalos nas noções de interioridade,
intimidade e privacidade.
Para Schittine (2004), a escrita do blog, embora pessoal e, muitas vezes,
íntima, tem de ser externada de tal maneira que possa interessar a um grupo. Assim,
para manter esse contato com o outro, instituiu-se entre os blogueiros uma escrita
mais informal, em tom de diálogo mesmo, como no caso dos blogs que analisei,
onde os diaristas se utilizam da linguagem coloquial de maneira livre, encontrando
uma conexão com o leitor, como foi possível observar no grande número de visitas
que estes dois blogs receberam.
74
Esclareço que os materiais analisados nesta dissertação foram pesquisados
em páginas brasileiras da internet, nas quais as próprias pessoas com implante
coclear “falam” sobre suas vidas, a sua surdez e seus corpos implantados ou (ainda)
não. Nesses são contados detalhes, manias, gostos, pequenos fragmentos de suas
vidas, que servem para aproximar esse “eude um grupo de leitores. Esclareço que
essas páginas foram encontradas em sites de busca, tais como Google e Yahoo, por
intermédio de palavras-chaves como surdez, pessoa com deficiência auditiva e
implante coclear. Essa opção por páginas brasileiras não se deu ao acaso, mas,
pelo fato de querer saber como as pessoas surdas, especialmente as que fizeram
implante coclear se apresentam ou se representam aqui no Brasil. Nesse momento,
cabe destacar que, em minhas incursões pelas páginas da internet, encontrei vários
sites e blogs produzidos em outros países (principalmente Portugal e Espanha), que
falavam sobre o mesmo assunto, mas que não foram considerados para este
estudo.
Para selecionar os participantes desta pesquisa, foram estabelecidos alguns
critérios de seleção que apresento a seguir.
Como indiquei foram selecionados dois blogueiros e um fórum de
debates, sendo que todos abrem espaços para a interatividade.
Os participantes, no caso os blogueiros, deveriam ser implantados e os
participantes do fórum não necessariamente, mas deveriam apresentar algum
interesse nessa temática. Os blogueiros deveriam ser adultos, maiores de dezoito
anos de idade; deveriam ter seus blogs em funcionamento há no mínimo um ano
para que fosse possível apreender as expectativas e os impactos do implante
coclear em suas vidas. Também deveriam manter seus blogs atualizados e ter
disponibilizada a seção de comentários, de modo a tornar possível a interação entre
leitores e autores e também entre leitores e leitores.
Com base nesses critérios, li e reli dezenas de mensagens postadas em
diferentes blogs para encontrar os que melhor se encaixassem nos objetivos
propostos. O primeiro blog selecionado é organizado por uma jovem, implantada em
novembro de 2007, e o segundo blog por um rapaz, implantado em 2003.
No rum de debates, intitulado Fórum de Implante Coclear FIC -, criado
em 2001, e que, até o final do mês de maio deste ano de 2008 tinha perto de trinta e
nove mil mensagens postadas, optei por fazer um recorte linear em três períodos
distintos de tempo, garimpando vinte mensagens de cada período de dois meses
75
para comporem a amostra analisada. Essa limitação se fez necessária, em virtude
do grande número de mensagens disponíveis no fórum e, também, para poder
verificar se teriam ocorrido alterações nos questionamentos e relatos que os sujeitos
fazem de si em relação ao implante coclear, bem como em relação às interpelações
feitas pelos sujeitos que com eles interagem ao longo do tempo.
Destaco, ainda, que minha tarefa analítica correspondeu a colocar estes
materiais em articulação para, a partir deles, indicar alguns argumentos invocados
para defender ou criticar os implantes cocleares. Além disso, busquei ver nas
narrativas inseridas nos blogs como esses sujeitos falam de si que posições de
sujeito assumem, que discursos acionam para assumirem determinados pontos de
vista, ou como posicionam os outros grupos de sujeitos surdos que não admitem o
implante, por exemplo.
Paralelamente, fiz uso de outros materiais que serviram como “pano de
fundo” sobre a questão do IC como, por exemplo, o filme produzido em 2000, pelo
diretor Josh Aronson, intitulado "Som e fúria", que trata de questões como o implante
coclear e a cultura surda, vivenciadas por uma família norte-americana. E, também,
da continuação deste filme, produzido, em 2006, pelo mesmo diretor com o título
“Som e Fúria, seis anos mais tarde” e que apresenta um desfecho surpreendente.
Antes de apresentar os materiais que analisei, faço um resumo dos
documentários produzidos em 2000 e 2006 por Josh Aronson, “Som e Fúria”, pois
esses podem ser vistos como contendo as muitas ordens de polêmicas suscitadas
pelo IC, narradas no seio de uma família, que congrega surdos e não-surdos, frente
à decisão de implantar ou não os seus filhos.
Nos itens 4.2, 4.3 e 4.4 apresento os dois blogs e o fórum de debates que
analisei para esta dissertação, ficando o contexto completo, com todos os post e
comentários na seção anexos. Antes, no entanto, faço um preâmbulo para a
apresentação de dois filmes/documentários, sendo que o primeiro teve um forte
impacto na comunidade surda e instigou-me ainda mais a empreender o estudo que
desenvolvi nesta dissertação.
4.1 As polêmicas que cercam os implantes cocleares: os filmes/documentários
“Som e Fúria” e “Som e Fúria seis anos mais tarde”.
Estes dois documentários contam a história de uma família norte-americana
76
envolvida com questões referentes à cultura surda e ao implante coclear e é possível
dizer que, me vali, especialmente do primeiro filme documentário, ao tomá-lo como
“pano de fundo” para situar algumas das muitas questões relativas ao IC.
Passo a indicar os personagens e o enredo do primeiro documentário.
Chris, um de dois filhos de pais ouvintes é ouvinte e casado com Mari, também
ouvinte. Eles são pais de gêmeos, sendo que um dos bebês é surdo e o outro não.
O irmão de Chris, Peter, é surdo e casado com Nita, também surda e, no relato, eles
estão lidando com o pedido de sua filha surda de seis anos, Heather, que quer fazer
a cirurgia de implante coclear. Este pedido gera desconforto nesta família até por
estar em profundo desacordo com o papel de líder do movimento surdo que o pai da
referida menina desempenha.
Foi a partir da exibição deste filme, em uma rede de televisão a cabo (GNT),
em 2002, e do ingresso na escola onde trabalho de alguns alunos surdos
implantados, que acaloradas discussões e questionamentos se estabeleceram frente
a esse assunto, principalmente entre a comunidade surda.
No ano de 2006, o diretor deste documentário, Josh Aronson, realizou um
segundo documentário, que continuação à história dessa família, passados seis
anos. Ao final do primeiro documentário, realizado em 1999, a família constituída
pelos dois irmãos, um surdo e o outro ouvinte, filhos de pais ouvintes, mas, ambos
com filhos surdos, se mostrou dividida entre a opção de assumir a surdez como uma
cultura e a possibilidade de permitir a realização do implante coclear em algumas
das crianças da família, opção essa feita por um dos irmãos envolvidos na trama
para o seu filho surdo. Ao final do segundo documentário, essa situação se alterou
profundamente, parecendo-me, ter-se voltado o documentário a buscar “construir
pontes” entre esses dois pólos problematizadores da primeira narrativa: a cultura
surda e o implante coclear, tal como relato no resumo destes dois documentários
que apresento a seguir.
4.1.1 Um breve relato do filme/documentário Som e fúria
O primeiro documentário, intitulado Som e fúria, foi indicado ao Oscar na
categoria de melhor documentário em 2001. Como já referi, ele trata dos conflitos de
77
uma família que se envolvida em uma polêmica sobre possibilitar ou não a duas
crianças surdas, os primos Heather de seis anos e Peter de um ano, a implantação
de dispositivos que estimulem a audição, no caso, o implante coclear.
Duas famílias, dois irmãos, um surdo e um ouvinte se angustiam sobre as
difíceis escolhas que enfrentam sobre como educar suas crianças surdas. Eles
chegam a conclusões muito diferentes e suas decisões provocam discussões
apaixonadas de seus parentes surdos e ouvintes.
É possível dizer que, neste filme-documentário, os espectadores são
apresentados à controvertida questão do implante coclear. Nele é focalizado e
discutido o que pode representar para uma pessoa identificada com a cultura surda
a implantação desse dispositivo. Questiona-se, por exemplo, a possibilidade de
construírem-se pontes duráveis entre os mundos dos surdos e o dos ouvintes de
outras formas que não essa. Neste documentário, alguns surdos (os pais e os avós
maternos de Heather) defendem a surdez como uma diferença cultural: eles afirmam
que os outros sujeitos (não surdos) também têm suas diferenças culturais e
identitárias e que, muitas vezes, ser ouvinte, nesse meio, passa a ser considerado
como um fator de exclusão. O documentário procura mostrar que, com os avanços
tecnológicos disponíveis nos tempos atuais, muitos surdos podem sentir-se
invadidos e até mesmo ameaçados em sua escolha e formação identitária e cultural,
aspecto que também é considerado por Perlin (2005) no trecho que reproduzo a
seguir:
A escolha cultural do surdo pode parecer um processo anômalo
para quem defende a normalidade. No entanto, a cultura surda, vista do nível
das múltiplas culturas, faz com que transpareça com toda a sua excelência
nas linguagens constitutivas das culturas. Entrar no lugar da cultura surda
requer conhecimento da experiência do ser surdo com toda a transformação
que o acompanha (Perlin, 2005, p. 74).
Questões associadas a este tema agitam a família Artinian. Como
indiquei, posições antagônicas, em relação a essa controvérsia são assumidas pelos
irmãos Chris (ouvinte) e Peter (surdo), que conduzem, durante o documentário, um
entusiasmado e esclarecedor debate sobre essa questão. Peter e Nita precisam lidar
com o estranho e constrangedor pedido de sua filha surda de seis anos, Heather,
que quer fazer a cirurgia de implante coclear. Mesmo o concordando em princípio
com esta possibilidade, eles investigam todas as possibilidades frente à vida
quanto aos benefícios que o implante poderia oferecer às crianças surdas. Eles
visitam escolas, onde estudam crianças implantadas, conversam com pais de
78
crianças implantadas, algumas bem sucedidas, falando e escutando razoavelmente
bem, outras, nem tanto; eles também consultam especialistas, discutem com a
família e defendem pontos de vista distintos, em um debate que fica centralizado nas
perguntas: implantar ou não implantar? Normalizar ou respeitar a diferença?
Defender a cultura própria ou permitir a hibridação?
Destaca-se no relato, que a menina que pediu para fazer o implante sentia-
se deslocada em sua escola e não se relacionava bem com os colegas. Sua mãe
decidiu, então, acompanhá-la em busca do encontro de uma solução para o seu
desconforto e essa incluiu a realização de vários exames e consultas para verificar a
possibilidade ou não da realização do implante para ela e sua filha. Para seu
desapontamento, ela, a mãe, foi desaconselhada pelos médicos a fazer a cirurgia,
uma vez que essa, quando realizada em adultos, surdos pré-linguais, pode
apresentar resultados inexpressivos e questionáveis. A partir dessa constatação, a
mãe muda o seu discurso em relação à filha e decide junto com o marido que a
menina também não deveria realizar o implante, convencendo-a a aceitar a idéia de
não se implantar como se essa fosse uma decisão dela própria, ao mesmo tempo
em que exaltam a cultura e a comunidade surda. Por fim, a família de Peter muda-se
para outra cidade, Maryland, onde uma comunidade surda mais numerosa, na
tentativa de buscar novas amizades surdas para a filha e seus dois irmãos surdos
menores e também para inseri-los em um contexto social e lingüístico que estivesse
mais de acordo com as convicções de seus pais.
Essa decisão pode ser lida como incluindo uma complicada distinção entre
ouvintes e não-ouvintes, pois, de certa maneira, define-se o grupo de "não-ouvintes"
como sendo o único com o qual a família poderia se sentir acolhida e inserida. De
certa forma, parece ser possível dizer que a identidade surda, almejada por Peter e
Nita para os seus filhos surdos, nesse caso, continuaria a ser construída e vivida de
forma negativa, caso eles tivessem permanecido na mesma cidade - NY. Eles
praticamente rompem com seus parentes, especialmente porque a família de Chris
decide implantar o seu bebê surdo, para espanto e desgosto de seus parentes
surdos, porém com a aprovação dos avós ouvintes.
Então, o filme documentário “Som e Fúria”, nos permite ver como o discurso
sobre a normalidade é marcante. Os pais surdos pesquisaram os argumentos
favoráveis e os contrários ao implante coclear em Heather, exercendo, não apenas o
seu papel de líderes da comunidade surda e de militantes anti-implantes, mas,
79
especialmente, de sujeitos que buscam uma solução para um desejo de um filho,
enquanto que os pais ouvintes (Chris e Mari) foram diretamente em busca dos
possíveis benefícios do implante coclear para seu besurdo, não atentando para
os discursos mais cautelosos assumidos por seus familiares surdos.
Cabe registrar que as discussões ocorridas ao longo do filme-documentário,
estenderam-se para além das fronteiras da tela do cinema e da televisão e
propiciaram a ocorrência de alguns tensionamentos na comunidade surda. Falo
aqui, especificamente, daquela em que estou inserida, conforme já citei. Assim, este
documentário foi mais uma das situações que me levaram a olhar mais para a
questão do implante, além de terem-me instigado, especialmente, a atentar para o
que os surdos implantados falam de si. No entanto, em função de uma série de
comprometimentos profissionais, a alternativa que me pareceu mais viável para
buscar ouvi-los foi a web, servindo o documentário, como indiquei, de “pano de
fundo” para a temática dessa dissertação.
Mas a história da família Artinian o finalizou com o término deste primeiro
documentário. Seu diretor realizou, em 2006, um segundo documentário, cuja
síntese apresento a seguir.
4.1.2 Um breve relato do filme/documentário “Som e Fúria: seis anos mais
tarde”
Neste novo documentário, o autor inicia justificando a realização da
continuação. Segundo ele, desde o momento em que “Som e Fúria” foi lançado,
pessoas seguidamente lhe perguntavam: “Você sabe o que aconteceu com
Heather?” E com a família dela? Como está o menino que fez implante?
A partir dessas e outras inquietações, que ele também demonstrou ter tido,
decorreu a sua decisão de realizar este segundo documentário, voltado á
atualização da história da família Artinian.
Conforme o autor, o filho de Chris e Mari, agora com sete anos, está indo
muito bem com o implante coclear, porém a família dele decidiu não participar desse
segundo documentário. Passo, a seguir, a resumir os acontecimentos relatados
nesse segundo filme/documentário.
Como já referi, o primeiro filme/documentário termina com Peter e sua
80
família se mudando para Maryland, onde estabeleceram contatos com a comunidade
surda local, passando seus filhos a freqüentar a escola para surdos e a participar
das atividades por ela oferecidas. No entanto, Peter continuava a trabalhar em New
York, indo e voltando todos os finais de semana, situação que gerou dificuldades à
família, conforme relata Nita no segundo documentário.
Diz ela: “no começo parecia tudo bem, achava que poderia ser feliz lá”. Mas
não foi o que aconteceu. Após três anos, vivendo praticamente sozinha com as
crianças, sem o apoio do marido na maior parte do tempo ou de outros membros da
família, Nita mostrou sinais de cansaço e depressão, chegando a ter, conforme
relatado no filme/documentário, um “colapso nervoso”. Depois desse evento, que
demonstrou o desgaste que a família vinha sofrendo, Peter decidiu voltar para a
casa dos pais, onde Nita teria ajuda e apoio. A mudança trouxe, no entanto, a antiga
polêmica de volta. As crianças passaram a ter novamente contato com o tema
“implante coclear”, através dos primos implantados (além do então bebê, também o
seu irmão surdo fez o implante), e os questionamentos pouco a pouco voltaram a
ocorrer. Em uma das falas de Peter, no filme/documentário, ele diz: “nós discutíamos
sobre o implante coclear. Meus pais estavam tentando influenciar novamente”. Ao
mesmo tempo, Peter temia pela sua família, pois ele achava que permitir ou não
permitir a realização do implante, poderia implicar em “perder” a sua família. Como
ele relata, essa era uma decisão muito difícil para ele.
Nesses quatro anos passados, no entanto, Peter sentiu enfraquecerem
algumas de suas certezas, bem como o crescimento de suas dúvidas. Conforme ele
declara no filme/documentário: “algumas luzes foram acessas”. Ele declara, também,
ter sido inicialmente totalmente contra esta nova tecnologia. Diz ele:
Não queria nem ouvir falar sobre isso, mas aos poucos eu me
acalmei e refleti, tinha que fazer o que era melhor para os meus filhos. Foi
por isso que mudei minha opinião. Eu queria dar a eles a oportunidade de
serem felizes.
E, assim, finalmente Heather recebeu o implante aos nove anos de idade.
Três anos mais tarde, aos doze anos, ela aparece como uma jovem sorridente,
falante, freqüentando uma escola ouvinte, mas com a ajuda de uma intérprete,
participando de atividades esportivas e, claro, de terapias de fala. Na maioria das
suas falas no filme/documentário, ela ressalta a capacidade comunicativa que agora
possui, não se excluindo mais do “modo ouvinte de ser” e sim fazendo parte de um
ambiente “no qual o resto do mundo está”. Peter se mostra conformado, pois
81
Heather continua se comunicando com ele através de sinais. E o Heather: das
seis crianças que os dois irmãos têm, cinco são surdas e fizeram o implante coclear,
sendo que todas sinalizam e também falam oralmente umas com as outras. Elas têm
terapia de fala juntas e parecem se divertir bastante com os jogos de linguagem.
Nas palavras de Peter:
“Heather agora faz parte de ambos os mundos, do surdo e do
ouvinte. Antes ela estava apenas no mundo surdo, mas agora tem a
oportunidade de estar nos dois. No início eu estava com medo de deixá-la ir,
mas agora eu vejo que ela transita facilmente entre os dois mundos. Eu estou
aliviado. Minha família continua a mesma. Em casa, quando estamos juntos,
nós sinalizamos. Na rua meus filhos falam, não me importo. É a vida deles.
Eles querem falar e aproveitar isso, tudo bem. Quando estamos juntos, nós
sinalizamos”.
Mas a surpresa maior para mim deste segundo documentário fica por conta
da mãe de Heather, Nita: ela também decidiu fazer o implante, apesar dos
argumentos do marido e de ter sido advertida pelos especialistas em relação aos
resultados restritos que poderia obter. Nita diz:
Eu fiz o implante coclear, e quando o ligaram, eu estava tão
empolgada. Eu podia ouvir coisas. Tantos sons diferentes. Então eu entendi
o que a Heather está experimentando e eu posso compreender o que ela
está passando.
Ao finalizar a sua participação no segundo documentário, Peter demonstra
conformismo e que “aceitou” o implante para conciliar os interesses da família. Ele
declara:
Quanto mais a cultura surda e o mundo ouvinte se entenderem,
melhor. Poderemos apoiar um ao outro e coexistir. Se os dois mundos não
caminharem juntos, tudo desmorona. Olhe para a minha família. Minha
mulher e meus filhos são surdos e meus pais são ouvintes e por três anos
nós estivemos separados, brigando por causa de pontos de vista diferentes e
agora nós estamos juntos novamente e estamos melhores. Nós surdos
gostamos do mundo ouvinte e também do mundo surdo reunidos. Nós aqui
apoiamos uns aos outros.
Marion, mãe de Peter, defende ao longo do filme/documentário a
importância de ser ouvinte em um mundo de ouvintes e que a surdez é um limitador,
um transtorno que impede aos surdos terem uma “normal”, tal qual defendido pelo
oralismo, conforme conceituei anteriormente. Vejamos como ela define essa
situação ao falar dos netos surdos implantados:
Essas crianças não serão mais limitadas. Elas agora poderão
fazer suas próprias escolhas, sem depender de intérpretes. Poderão escolher
que amigos ter, com quem casar, que profissão seguir, qual universidade
fazer... Talvez não queiram ir para uma universidade para surdos e se
quiserem, está bom também, mas agora elas têm a escolha. É muito difícil
quando você não consegue se comunicar, você fica preso a um espaço
restrito, em um pequeno mundo fechado e não pode sair.
82
Leigh, psicóloga e professora surda da Gallaudet University, que participa
com declarações nesse filme/documentário, argumenta:
um lugar nas comunidades surdas para aquelas crianças com
implante coclear. E elas estão contribuindo para a percepção da mudança na
comunidade surda. As pontes foram construídas. Eu acredito ser esta a
história da comunidade surda. Eles estão vendo essas crianças surdas
implantadas irem para os ambientes ouvintes, conectando-se com eles,
brincando com eles, trabalhando com eles e continuarem a vir para nossa
casa na comunidade surda.
Destaco que este segundo filme/documentário, aa presente data, ainda
não foi exibido para a comunidade surda local e que, por isso, o tenho como
avaliar o seu impacto em nosso meio, contudo, para mim, o relato nele contido foi no
mínimo estranho e surpreendente.
Cabe lembrar Quadros (2005), quando argumenta que os ouvintes,
considerando ser esta a experiência que vale, buscam nos outros (surdos) a
possibilidade de expressão dessa essência ouvinte. Assim para esses ouvintes a
lógica da civilização é a que impera, ou seja, onde a civilização é a fala e a escuta, o
ouvinte se converte em um “colonizador” e diante do outro surdo coloca a falta, a
deficiência, como uma menoridade, uma menos valia social, sendo necessário
promover a cura através de artefatos tecnológicos e pedagogias corretivas. De certo
modo, o segundo filme/documentário destaque às dificuldades enfrentadas pela
família surda, após a sua decisão de isolar-se da família ouvinte e de procurar viver
apenas apoiada pela comunidade surda de uma outra localidade.
A partir deste segundo filme/documentário, se poderia pensar nos fortes
argumentos “colonizadores” contidos na tecnologia do IC e como eles capturaram a
família, especialmente a partir da experiência vivida de alguns implantados com
quem tiveram contato.
Passo a seguir a apresentar os blogs e o fórum que efetivamente se
constituíram no material por mim analisado nesse estudo e que também abordam a
questão do implante coclear e a experiência vivida como instituidoras de condutas.
4.2 O blog da Princesitta
O blog, intitulado Blog da Princesitta, pode ser localizado no universo virtual
através do endereço eletrônico http://princesittaic.blogspot.com
. Este blog foi aberto
83
em 16 de abril de 2007, por uma jovem paulistana de 21 anos de idade para relatar
a sua experiência “rumo ao implante coclear”.
Destaco que examinei todos os materiais postados por Princesitta (eu a
designarei pelo mesmo nome dado ao blog, mesmo que ela não o adote como
pseudônimo), bem como todos os post e interlocuções dos internautas feitas aa
data de 20 de junho de 2008, quando encerrei a coleta de dados. Neste período, o
blog recebeu 2561 visitas, pessoas que leram os relatos de Princesitta, mas que não
necessariamente interagiram com ela, sendo possível dizer que este número de
acessos é indicativo do interesse que o tema “implante coclear” suscita em uma
significativa parcela da população que freqüenta esse mundo de informações que é
a internet.
Princesitta diz que iniciou este blog para contar ao público a sua vivência
pessoal em relação ao IC. Disse ela:
É para o conhecimento das pessoas que se interessam ou que
desejam trilhar o mesmo caminho que eu. Aqui contarei como será o meu
dia-a-dia, a luta pela busca do implante, meus medos, minhas alegrias,
minhas dores, inseguranças e vitórias contra todas essas coisas. E espero
que eu possa também, estar relatando o meu dia-a-dia com o implante. Bom,
isso a Deus pertence: O futuro (comentário postado em 16/04/2007).
Na página principal de seu blog, está postada uma breve apresentação, sob
o título “quem sou eu”, onde Princesitta narra sucintamente sua vida, declarando o
motivo que a levou a abrir este blog seu interesse no implante coclear do qual
reproduzo a seguir alguns trechos:
Me chamo Aline, tenho 21 anos. Sou surda bilateral, de causa
desconhecida, com 85 dB no OE e tinha 80 dB no OD. Sou oralizada desde
pequerrucha, cresci falando, lendo e me comunicando de boa com as
pessoas. Mas claro que com algumas dificuldades, mas eram mínimas. Até
meus 15 anos, mudei de escola. De uma regular, pública, fui para uma
especial de surdos, tentar ver se era melhor. Isso foi em 2000. Aprendi
LIBRAS e conheci o mundo do silêncio, a comunidade surda e me isolei por
uns tempos... Em 2006, uma nova luz surgiu na mh vida: o implante coclear.
A luz que eu desconhecia, tinha medo. Resolvi segui-la e uma nova porta na
mh vida foi aberta. Muitas coisas mudaram. E vcs poderão acompanhar
através desse blog (comentário postado em 16/07/2007).
Seria possível indicar que Princesitta se vale de algumas metáforas
que representam a surdez de forma bastante negativa ela afirma ter vivido em um
mundo de isolamento e sem luz até que surgiu em sua vida o implante coclear, que
lhe abriu as portas para uma vida repleta de transformações.
Destaco que a gina principal do blog contém, ainda, além desse breve
perfil da autora, uma galeria de fotos, através das quais ela também se apresenta,
84
além de links que remetem a outros blogs de implantados, estando entre esses o
blog de Luis Filipe, que também analisei neste estudo. O estilo de escrita adotado
por Princesitta é informal, como o usado na maioria dos blogs da web, mas, talvez
esse possa ser considerado um pouco mais informativo do que os demais, pois,
além da narrativa das banalidades do dia-a-dia de um sujeito anônimo, a autora
descreve aspectos voltados a prestar esclarecimentos sobre o IC para os seus
leitores e leitoras, tal como sucede quando ela fala dos resultados dos exames que
realizou antes do implante, fornecendo detalhes sobre critérios necessários para a
sua realização:
Vou ser direta: A minha Ressonância Magnética estava incompleta.
O que eu temia aconteceu... "Não mostra nada do nervo auditivo, e ele é
essencial" Foi a resposta do médico... faltava isso para finalmente eu
saber se ia ser implantada. A tomografia revelou um outro probleminha... E
a RM poderia confirmar a tal suspeita do problema. Isso dividiu no meio a
certeza de que eu poderia ser implantada. Nunca tive doença q poderia
afetar minha audição. A causa é um mistério... Só poderia ser o mais temível,
o mais raro problema: O nervo auditivo. Mas nada está valendo sem a RM
pra confirmar (Comentário postado em 09/06/2007).
Ao fazer tal comentário, Princesitta revela suas angústias frente ao modo
como os exames clínicos a localizavam um sujeito que apesar de investigado de
todas as formas possibilitadas pela medicina, não se encaixava nas categorias mais
usuais de surdez, disso decorrendo a dificuldade de prognóstico de sucesso ou
fracasso da “técnica” de reabilitação buscada. Pode-se ver, ainda, neste comentário,
como Princesitta foi subjetivada por discursos que configuram a surdez como uma
enfermidade e o sujeito surdo como um corpo defeituoso e doente, que, por isso,
necessita constantemente buscar técnicas terapêuticas que permitam a sua
reabilitação. Poder-se-ia inclusive dizer, que é a partir de representações como a
referida no excerto, que o implante coclear vem sendo configurado como uma
possibilidade de escapar da posição de deficiente na qual os surdos têm sido tantas
vezes localizados.
Aliás, a idéia da reabilitação, associada ao discurso da medicalização, é
uma das regularidades presentes nas narrativas e comentários postados nos
artefatos da web que examinei neste estudo. Como indiquei, Princesitta, em seu
blog, fala sobre suas expectativas em relação ao IC, afirmando serem os artefatos
tecnológicos (as próteses auditivas e o IC) instrumentos reabilitadores capazes de
operar “milagres”, como também foi registrado no excerto que apresento a seguir:
Mas uma coisa que penso e sei: O implante não me transformará
em uma pessoa ouvinte. Apenas irá me ajudar. não falo aqui, para não
85
ficar criando expectativas muito altas. Isso faz parte das regras. Para mim,
que ainda terei minha primeira consulta esse mês. [...] Seja como for
sempre serei surda. Qd eu desligar o processador de fala, voltarei ao meu
mundo silencioso de sempre. Próteses? São como "meio-milagres" que Deus
permitiu aos homens criarem, para apenas nos ajudarem (post de
15/04/2007).
É interessante comentar que Princesitta, por outro lado, indica que mesmo
que se tornasse possível passar a ocupar, a partir do implante, uma “categoria”
diferente daquela na qual ela estava naquele momento localizada uma jovem
surda - ela não se transformaria em ouvinte. Princesitta deixa bem claro que sua
condição de ouvinte está inexoravelmente ligada ao uso do processador de fala,
sendo também interessante destacar que neste mesmo post, ela configura o IC
como uma dádiva divina – um instrumento que Deus permitiu que os homens
criassem para “auxiliar” os surdos. Em outro momento, Princesitta fala novamente
dos seus medos, das suas vidas e incertezas para se decidir pelo IC, indicando,
no entanto, serem esses decorrentes da falta de informações sobre o IC. Neste
sentido, ela ainda afirma que a internet foi o melhor lugar para a obtenção de
informações. Disse ela:
Como eu disse várias vezes aqui, o meu problema era medo.
Um medão tremendo! E também muita falta de informação sobre o implante.
me falavam mal do IC, dizendo coisas cabeludas sobre ele: ele te
transforma em robô, te deixa com dor de cabeça... [...] Mas uma coisa está
mais forte: Mh busca constante sobre o Implante Coclear. Informações e tudo
mais que eu achar pela frente! Ler sobre o implante acalma minhas tensões,
inseguranças... Melhor ainda é conversar com as pessoas usuárias de IC.
Isso tudo eu encontro em um lugar, por enquanto: na Internet (comentário
postado em 15/04/2007).
Outro aspecto destacado por Princesitta diz respeito à necessidade do
estabelecimento e fortalecimento de vínculos entre pessoas que compartilham os
mesmos problemas e aflições, dando destaque ao sentimento de pertença grupal.
Princesitta assume que através da partilha de sentimentos e emoções, foi
possível para ela construir relações emocionais positivas e tomar decisões
importantes. Tal como Hall (1997) e Bhabha (2005) asseveraram, o sentimento de
pertença proporcionaria a produção de uma rede social de suporte capaz de atuar
na direção de prover um maior equilíbrio emocional para os sujeitos. No excerto
transcrito a seguir Princesitta relata a influência que tal sentimento teve na decisão
que tomou no dia em que “conheceu as pessoas que usam o IC e decidiu ir em
frente”. Ela relata:
Aqui estou para lembrar de um dos melhores dias do ano que tive:
o encontro em Indaiatuba - SP, com o pessoal do FIC e outras pessoas
envolvidas com o IC. Antes desse maravilhoso encontro, eu estava bastante
86
indecisa quanto ao Implante. Jurava que sairia de na mesma, toda
insegura e tal... O meu medo do implante era tremendo! Eu queria poder
ouvir alguma coisa, e o IC, se for o meu caso, poderá me trazer ao mundo
dos sons... Eu tinha que decidir... Eu tinha que aceitar a conviver com um
implante na mh cabeça, enfrentar os mitos, o preconceito da comunidade
surda e me esforçar para progredir com a mh audição biônica. [...]
Conversamos sobre o IC, e ele me disse para não ter medo. Depois fizemos
uma rodinha e todos conversavam. Eu estava tão admirada com o pessoal
que mal consegui comer [...] no fim, boa parte das lendas que cismavam,
foram apagadas. (post de 24/03/2007).
Princesitta configura, então, o encontro com sujeitos ligados ao FIC como
decisivo para o encontro da solução que buscava! Pode-se dizer, ainda, que outros
discursos passam a sujeitá-la. O mais difícil, segundo ela, foi então feito - decidir
sobre fazer ou não fazer o IC, decisão que foi possível tomar após este encontro
com outros implantados que lhe transmitiram confiança e credibilidade no
procedimento. Mas, como Princesitta relata, no excerto que apresento a seguir, após
essa decisão, outra expectativa ainda precisava ser vivida: saber se poderia
realmente ser implantada, obedecendo aos critérios que sucintamente apresentei
anteriormente. A primeira consulta com o especialista, a peregrinação por outros
tantos para realizar as avaliações, exames e medições necessários para a definição
desses critérios ainda estavam para ser vividos. Relata Princesitta:
Finalmente, o dia tão esperado chegou! Apesar de ser apenas a
consulta, eu imaginava que nada de muito relevante podia acontecer, pois
preciso primeiro ter os exames necessários em mãos, para só depois receber
a "grande resposta: Sou ou não candidata ao implante coclear" (post de
26/04/2007).
Novamente os encontros com outros implantados, as relações de
solidariedade, visíveis nas narrativas de Princesitta, foram decisivos, segundo ela,
para que mantivesse o ânimo e encontrasse a força necessária para continuar o
processo de busca pelo IC, como refere no excerto abaixo:
Fui eu toda contente para a tomografia, pois a noite viria coisa
melhor ainda: o tão desejado encontrinho no shopping Sta Cruz! O Exame foi
ás 13h, depois voltei a trabalhar, estava doidinha para às 17h, meus amigos
estavam na porta me esperando, outros estavam na estação São
Caetano, me esperando e mais outros indo a caminho do Sta Cruz, para me
encontrar! Caramba, quanta gente eu fiz esperar heheheh (post de
03/05/2007).
Os relatos de Princesitta indicam que, da mesma forma que o encontro
surdo-surdo é essencial para a construção da identidade surda, conforme Perlin
(1998) registrou, também no caso aqui analisado - o encontro surdo implantado-
surdo implantado, ou ainda, surdo implantado-surdo querendo ser implantado
também fez-se necessário para forjar uma outra identidade surda: a dos surdos
87
implantados, se é que podemos dizer assim, considerando, neste caso, que o
interlocutor privilegiado do surdo não implantado seria o próprio surdo implantado.
O envolvimento da família é outro aspecto abordado por Princesitta em seu
blog. Ela indica que não apenas o candidato ao IC precisa envolver-se neste
processo de conhecimento da intervenção, mas seus familiares também. Faz-se
necessário conhecer as expectativas e motivações do candidato e as de sua família
quanto ao IC e, novamente entram em ação os amigos implantados neste processo
de intercâmbio de conhecimentos e de transmissão de experiências de vida, como
Princesitta relata no excerto que transcrevo a seguir:
No sábado dia 12 de maio de 2007, eu, Minda e Dennis
combinamos em nos reunir com a minha família, aqui em casa para que eles
possam conhecer um implantado e o implante em si. Foi bastante
interessante e agradável a conversa. Muitas dúvidas foram sanadas e agora
todos estão me apoiando, torcendo por mim! Claro que as altas
expectativas. Mas eu estou me preparando... (post de 12/05/2007).
Diferentemente das famílias norte-americanas do filme/documentário “Som
e Fúria”, que foram em busca de informações sobre o IC ao visitarem outras
crianças implantadas, Princesitta levou implantados para conhecerem sua família e
esclarecerem as dúvidas desses através do testemunho de suas experiências.
Como Princesitta relata, a partir do momento em que tornou público o seu
desejo de se implantar, manifestações de diferentes naturezas chegaram até ela
como podemos ver na narrativa abaixo:
algumas horas atrás, acabei de chegar de uma comemoração
da igreja para o dia das mães! Cheguei cumprimentando as intérpretes,
os presentes e fui abordada por uma delas: "E o implante?" Respondi que me
falta mais um exame e breve estarei a caminho. Tinha uma outra que eu não
lhe tinha ainda contado do implante, aí falei a ela, e elas ficaram muito felizes
por mim! E estão me dando a maior força. Além dos olhares "esperançosos"
havia também os olhares "infelizes" para cima de mim. [...] não tardou muito,
logo ali surgiram as "marditas" frases "librísticas": "Não faça o implante. É
melhor vc assim, do jeito que está" Perguntam-me: "Mas para quê? Você não
está bem assim? Deus te fez assim, você fala bem, escreve bem e ainda
quer mais..." E o silêncio voltou. Discutir surdez já está virando um tabu. Igual
futebol e religião: vc discute, discute, discute e não chega a lugar nenhum.
Perante a minha resistência, essa frase me é dita: "Depois do implante, você
poderá deixar os surdos de lado." (post de 13/05/2007).
Ou seja, alguns integrantes da comunidade surda e ouvinte mostraram-se
favoráveis à sua decisão, enquanto outros externaram sentimentos de pena e de
compaixão. Princesitta mostrou-se bastante irritada com essas últimas observações,
como podemos observar através de expressões como “marditas frases librísticas”
denunciando o preconceito contra o IC. É preciso lembrar que, como salientou Lane
88
(1992), falar e pensar como um ouvinte é considerado negativo na cultura dos
surdos; o surdo que adota valores de ouvinte é menosprezado e considerado traidor.
Para Lane (ibid), a projeção de identidade do surdo encobre outras diferenças as
quais seriam mais notáveis na sociedade dos ouvintes. Nesse sentido, Quadros
(2003) observa, por exemplo, que as diferenças de classe social, de idade, de sexo,
de raça, de certa forma, são camufladas sob uma característica comum: a surdez.
Relembro que, quando a surdez é entendida a partir de um modelo clínico,
aspectos tais como a necessidade da oralidade e de buscar-se a sua recuperação
são evidenciados, focalizando-se a perda auditiva em si. Nesse sentido, práticas
como o implante coclear passam a ser vistas como um modo de restabelecer a
audição, a normalidade ouvinte. No entendimento de Skliar (1998), quando a surdez
é entendida, a partir do direito do sujeito surdo de se representar o como
deficiente, mas como sujeito com uma cultura própria, tendo Libras como primeira
língua, a idéia da normalização e no caso aqui analisado, a idéia do IC causa
estranhamentos e até alguma perplexidade. No relato que transcrevo abaixo,
Princesitta destaque a sentimentos ambíguos que esta controvérsia lhe suscita.
Diz ela:
Quero fazer parte do mundo ouvinte sim, mas de um jeito diferente.
De um jeito que poderei viver nos dois mundos. Na verdade já vivo assim. No
mundo surdo eu consegui me integrar legal (mas não 100%. Tem muitas
coisas que eu discordo completamente), mas no dos ouvintes, eu tb consigo,
mas não me sinto tão à vontade. E nisso o implante poderá me ajudar e
muito. Então eu ser implantada, não será uma coisa tão "berrante" como
os surdos vêem. Talvez isso seja um elogio: devo estar fazendo LIBRAS de
um jeito bem profissional. [...] Diz a lenda que um surdo totalmente
acomodado em LIBRAS, surdo de nascença, com o seu grande orgulho
surdo, não se beneficiará do implante, por mais que o quadro clínico dele
indique que sim. Pois para ele "ouvir" não é necessário. Eu discordo. Se
"ouvir" for o sonho do surdo, objeto de um forte desejo, ele sim, poderá ter
resultado. Tudo depende dele. E do quadro clínico. [...] O implante não vai te
mudar da água para o vinho. Irá melhorar tua qualidade de vida. E como eu
vivo nos dois mundinhos, com um ali e outro cá... O implante coclear é
para mim! =DDD Preciso fortalecer meu mundo sonoro. Pois foi de que eu
vim (post de 13/05/2007).
Mas ela parece também querer assumir uma condição “híbrida” ela
declara não querer abandonar sua condição de surda e tampouco pretender assumir
uma condição de ouvinte: ela afirma querer transitar mais “confortavelmente (?)
entre essas possibilidades e, para que isso aconteça, necessita fortalecer “seu
mundo sonoro”. Para Princesitta, o surdo que se narra como um sujeito cultural é
percebido como “um surdo acomodado em Libras, para quem “ouvir” não é
necessário”, como parece claro no relato transcrito acima. Percebe-se que ela
89
coloca em xeque algumas “crenças” que professara a partir de sua inserção na
comunidade surda ela se rebela ao referir-se, por exemplo, as "marditas" frases
"librísticas” ou ao se referir ao “orgulho surdo”! Então, ela volta a buscar argumentos
em uma outra ordem de discursos - o discurso clínico, para dar legitimidade à sua
decisão e fortalecê-la.
Além disso, seria importante considerar que, após vários meses de
consultas, exames, resultados incompletos, novos exames, visitas e reuniões com
outros implantados, as expectativas em relação ao IC tornaram-se “quase uma
tortura” para ela, como Princesitta destaca, por exemplo, no excerto abaixo, ao
mesmo tempo em que ao longo do processo a possibilidade de realização do IC
passa a ser vista quase como um milagre. Diz ela:
O meu milagre está chegando. Hoje estou muito feliz! Desde que
fiz a minha segunda ressonância magnética ATÉ HOJE vivi numa ansiedade
imensa... Era uma esperança crescente, uma sem igual, uma guerra dia-a-
dia com o pessimismo, uma simulação do que seria um “não”, um sentimento
vívido de um “sim”... E FINALMENTE, a tortura terminou hoje: EU POSSO
FAZER O IMPLANTE COCLEAR! Nossa, pulei de alegria, abracei minha
mamis e logo enchi meus amigos de mensagens comemorativas!!! tenho
uma coisa a dizer: MUITO OBRIGADA MEU DEUS (post de 29/06/2007).
Esta visão fatalista da vontade divina aparece com bastante freqüência nas
narrativas de Princesitta, tal como sucede em outras manifestações que estarei
mostrando: parece-me que uma mistura da aceitação resignada de um destino
incerto, bem como há o registro de quanto esta ambigüidade afeta a sua vida
cotidiana. também um sentimento de gratidão a forças do além que a favorecem
nas circunstâncias duras e difíceis do dia-a-dia que novamente estariam
condicionadas ao fatalismo religioso, que assevera que não adiantaria temer as
circunstâncias adversas nem trabalhar com estratégias e planejamentos objetivos.
Nos recortes transcritos a seguir, destaco mais algumas passagens que apontam
nessa direção:
Me lembro como se fosse ontem. Foi no dia do meu aniversário,
quarta feira dia 18. Minha mãe franziu as sobrancelhas para mim,
balançando a cabeça em uma negativa: “Não consegui a autorização”...
Parecia que depois disso tudo, íamos precisar trocar de médico. E
recomeçar. Meu coração estava apertado. [...] Me afastei por um tempo e
pedi orientação a Deus. [...] Confiei no Senhor e decidi: S VAMOS
MESMO ASSIM. na consulta explicamos para o médico o que andou
acontecendo e ele nos tranqüilizou: Isso é ilegal, e nós temos direito de
escolher o médico.” Não sabíamos disso. Me animei e mais um motivo para
ver o quanto Deus é grande!!! Ele está me acompanhando!!! Agradeci,
agradeci e agradeci!!! (mensagem de 21/08/2007).
Venho anunciar com grande alegria, agradecendo imensamente a
Deus: AMANHÃ SEREI IMPLANTADA! A UNIMED liberou a mh cirurgia!Tudo
90
graças ao bom Deus! (mensagem de 31/10/2007).
Oiêêê! To de volta e implantada! Graças a Deus, louvado seja
Deus. A cirurgia aconteceu! Com Ele, superei todos os obstáculos
(mensagem de 04/11/2007).
Um outro momento colocado em destaque pelos implantados, além da
cirurgia em si, é o instante da “ativação” do artefato, o que ocorre aproximadamente
um mês após a cirurgia. Este momento marca o início do longo processo de
normalização ouvinte. Princesitta em seu blog destaque a grande ansiedade que
vivenciou antes deste momento. Como ela refere, estava fazendo a contagem
regressiva para este dia:
ATIVAÇÃO!!! Faltavam três dias... Estava chegando, as horas não
passavam. Eu dizia que estava tranqüila, mas lááá no fundinho, uma
curiosidade enooooorme com uma ansiedade daquelas que vc tenta
esconder e não consegue... Eu tentei de todas as formas imaginar como
seria, o que eu sentiria, me passava muitas e muitas cenas na cabeça,
aquele momento tão esperado por todos os implantados que não foram
ativados ainda, que passando pra saber como é, era imaginado por mim
de várias formas: das desastrosas as milagrosas... E o que aconteceu não
chegou perto do que eu imaginei: FOI ÚNICO E MUITO ESPECIAL.
(mensagem de 05/12/2007).
Tal expectativa é gerada pela incerteza do resultado do IC, apesar dos
prognósticos dos exames realizados. Transcrevo mais algumas descrições desse
momento feitas por Princesitta.
Não consigo descrever como me senti: foi uma mistura de
ansiedade, medo, alegria, emoção... Era tudo ou nada. Todos nós
implantados sabemos que na ativação, pode ser tudo ou nada: aqueles
que saem ouvindo, aqueles que nada ouvem, aqueles que são
capazes de considerar como o pior dia. Enfim varia de pessoa pra pessoa...
Entrando lá, nos ajeitamos: eu no meio, mamis à direita, mh prima e meu
namorado a mh esquerda! Uns blá blás pra outros pra e logo a fono
anunciou: Irei ouvir uns barulhos, pois ela iria fazer uns testes nos meus
nervos auditivos, coisa assim. Foi a primeira vez que ouvi algo pelo
implante!!! O barulho começou baixinho e foi aumentando, eu estava com
uma expressão admirada, espantada! Tão diferente o modo de ouvir! Sempre
q eu ouvia algo com o AASI eu sentia q entrava pelo meu ouvido, com o
implante é diferente! Não sei explicar! Comecei a empolgar o povo a mh
volta! E eu tb fiquei empolgada! Tava legal, porém parecia q ia aumentar até
estourar. Deu um medinho, mas depois gostei! (post de 05/12/2007).
É interessante indicar neste momento a intensidade deste processo de
narrar-se o quanto Princesitta detém-se na descrição de seus sentimentos, de
suas expectativas e como neste ato de narrar-se, ela vai ao mesmo tempo,
reconstruindo suas expectativas e assumindo a sua condição de implantada. Ela
busca minuciosamente relatar tudo parece não querer deixar escapar nada ela
quer descrever o processo que está modificando sua condição de surda e nessa
91
narrativa detalhada esse processo parece intensificar-se.
Como já indiquei em outra seção deste estudo, a partir da ativação, o
processo de reabilitação auditiva do implantado tem apenas início, pois os
procedimentos incluem, ainda, um longo caminho a percorrer. Como também
referi, é acionado um conjunto de medidas de natureza dica, educativa e
reabilitatória destinadas a preparar e a (re)integrar o sujeito implantado no meio
ouvinte, e essas são voltadas a permitir o alcance do melhor nível possível de sua
capacidade e/ou potencialidade do artefato implantado. Princesitta relata, também,
detidamente, as dificuldades que vem enfrentando para se adaptar a esta nova
situação, como podemos perceber nos excertos abaixo:
dia depois de ligar o aparelho: Ouvi vozes, não compreendia,
mas ouvia. Ouvi perfeitamente o som de /X/. 2º dia - fui trabalhar... Pela
manhã com dificuldade, ouvi o meu passarinho cantar. Tentei ouvir música:
distingui dois sons diferentes. dia - meu primeiro sábado
implantada. Amanheci ouvindo o meu passarinho. De leve, consegui ouvir o
barulho da panela de pressão. E com dificuldade, diferenciei "bola" de
"carro". E fiquei tentando ouvir os toques de celular. Apesar de ouvir um
pouquinho, achei todos fraquinhos demais. Ouvi o tu..tu..tu.. do telefone pela
vez. PS: eu tentei ouvir no dia e não consegui ihih [...] Embora com o
AASI, nem perto disso eu chegava, apenas tinha sensações auditivas e mais
nada. Passando alguns dias, a mh percepção musical fora melhorando. [...]
Depois me sentei e tocou uma música, fiquei tentando captar a voz da
cantora. Não deu muito certo, mas foi gostoso. Eu já não estava mais com as
mãos no banco, tentando sentir a vibração. (post de 10/12/2007).
Como destacam os diferentes especialistas que lidam com implantados, a
descoberta dos sons, o aprender a ouvir estão ligados com a capacidade e a
vontade do implantado em se submeter à ouvintização. A terapia de fala, os
exercícios fonoarticulatórios, os mapeamentos dos eletrodos, bem como os ajustes
dos diferentes equipamentos tecnológicos acoplados ao IC são muito importantes
para que se processe a normalização ouvinte do implantado, como é possível
observar nos relatos de Princesitta que transcrevo a seguir:
Hoje de manhã fiz a troca: do P1 fui para o P2! E as diferenças
foram se manifestando! Eu ouvi muitas coisas com o P1. Consigo ouvir o
aviso do MSN, quando uma pessoa loga... E configurei, para sempre que
meu namorado logar no msn, tocar uma musiquinha do Zelda. Eu consegui
ouvir tb o pisca-pisca do carro... Claro que prestando muuuuita atenção! Pois
é baixinho... Essas são as últimas coisas novas que to me lembrando de ter
ouvido, nos últimos dias do P1. Agora, usando o P2. Hj de manhã, detectei
facilmente que o rádio estava ligado e continuei ouvindo bem o passarinho.
Estou ouvindo melhor do que antes, mas ainda não consigo ouvir e dizer se
passou um carro ou não. Estou começando a ficar meio perdida, querendo
deixar de ler os lábios para me concentrar na audição. Mas ainda não é
suficiente para eu entender, preciso dos lábios (mensagem postada em
13/12/2007)
Mas Princesitta não finaliza seus relatos após descrever a descoberta dos
92
primeiros sons, ela continua relatando a sua experiência com o IC, uma experiência
que ela vai configurando como trabalhosa, pois os ajustes e regulagens são
realizados periodicamente, sendo necessário que, em cada novo programa, o
implantado realize testes e experiências para melhor adequar o artefato. Novidades
como as relatadas a seguir se tornaram cada vez mais comuns no blog de
Princesitta:
Venho contar uma grande novidade a vocês: EU ESTOU
FALANDO NO TELEFONE! Incrível. Jamais imaginei que tão cedo, eu iria
gostar dessa coisinha que eu tanto odiava que tanto tinha raiva quando
tocava e o pessoal desesperado pra atender! Após 3 meses de implantada,
finalmente, o sonho se realizou: agora posso ouvir no telefone. [...] Fiquei tão
feliz!!! Uau!!! Milagre de Deus! Ainda não consigo ficar entendendo tudo,
dificuldades e necessidades de várias repetições da palavra! Mas consigo
me comunicar e a tendência é melhorar, mais e mais! (mensagem postada
em 13 de abril de 2008).
É importante destacar que nas narrativas postadas no blog de Princesitta,
passada a empolgação inicial com o IC, as descobertas dos sons parecem ter-se
tornado comuns, terem-se incorporado a sua rotina e o reconhecimento de novos
sons o acontece com a mesma empolgação. Nesse momento, em que as
aprendizagens e descobertas sonoras passam a ser mais lentas, Princesitta assinala
que trocou de terapeuta da fala, pois estava “procurando algo mais”, alguém que lhe
“ensinasse” com rapidez a compreender os muitos sons que ainda não entendia.
Essa postura a entender que ela está procurando dividir responsabilidades com
outras pessoas pelo não cumprimento imediato do “milagre da audição” e que, de
certa forma, os “avanços auditivos” agora não dependeriam mais só dela e da
disposição de se dedicar aos exercícios de fala e sim, da capacidade e competência
de profissionais em ensiná-la a escutar. Vejamos como Princesitta narra esta sua
decisão:
Saí da fono... Achei fraco demais! Quero ALGO MAIS! Estou a
procura de outra e achei uma super legal na mh cidade, dizem que ela é
muito boa.... Agora depende da UNIMED... [...] TELEVISÃO Ainda não me
simpatizei com esse troço, sou mt mais computador... Mas tenho notado que
ultimamente, eu estou entendendo umas palavras ditas pelos
apresentadores... ou locutores. Tudo mudou, tudo passou, novidades
surgiram e muitos progressos tb! Os sons agora fazem parte da mh vida,
estão tão comuns! Ainda vibro com muitas conquistas, mas depois esqueço e
vou levando a vida (post de 20 de junho de 2008).
A partir da data, 20 de junho de 2008, encerrei o acompanhamento que
vinha fazendo do blog da Princesitta, tendo em vista cumprir os prazos quase
esgotados para a conclusão de minha dissertação. Mas, o acompanhamento que foi
possível realizar me permitiu levantar algumas indicações importantes relativamente
93
à questão que me mobilizou a empreender este estudo. Ou seja, foi possível colocar
em destaque alguns dos muitos questionamentos, representações e discursos
implicados no processo em que Princesitta foi assumindo sua condição de
implantada, ao narrar-se de forma tão explícita. Além disso, foi possível também
apreender algumas das significações colocadas em jogo relativamente a este
polêmico processo. Princesitta relatou minuciosamente suas expectativas, seus
medos e angústias, algumas frustrações e também as conquistas relativas ao IC.
É importante indicar que as considerações postadas pelos interlocutores
que com ela interagem em seu blog, de um modo geral, reforçam e apóiam as
convicções de Princesitta, até porque muitos deles já eram implantados como ela, ou
candidatos a um implante, ainda em peregrinação por laboratórios e consultórios de
especialistas. Ou seja, os sujeitos que dialogam com Princesitta em seu blog,
buscam integrá-la a sua condição de implantada, buscam acolhê-la, incentivando-a,
inicialmente, a realizar o implante e, posteriormente, a perseverar nos processos de
(re)abilitação da fala e na busca da normalização ouvinte.
Na tentativa de apagar o discurso de surdez, que foi tantas vezes
configurado pelo destaque ao deficiente, de menos valia e patológico, Princesitta
lançou-se em busca da normalização ouvinte, submetendo-se, para tanto, ao
processo corretivo da cirurgia de implante coclear. Essa sua nova condição, a de
implantada, exige dela um esforço contínuo e repetitivo no sentido de reconhecer-se
e de ser reconhecida como um sujeito em transformação, passando de uma
condição de “deficiente” para a de um sujeito “ouvinte”, “normal” ou “eficiente”,
condição que lhe seria assegurada, especialmente, através de seu ouvido biônico.
Penso ser possível dizer que em seus relatos uma nova forma dela
posicionar-se frente à surdez - uma forma híbrida, que não se encaixa bem nos
binarismos mais freqüentes que a história da constituição cultural da surdez nos
permite colocar em evidência.
Destaco, então, mais uma vez que, nos relatos detalhados que Princesitta
faz em seu blog, ela vai construindo para si uma nova identidade, que inclui o que os
outros pensam e dizem a respeito de sua condição de implantada e sobre o implante
coclear, o que me leva a lembrar Skliar (1999a), quando esse estudioso pondera
que a transição da identidade ocorre no encontro com o semelhante, em que se
organizam novos ambientes discursivos.
94
4.3 O blog do Luiz Filipe
Localizado no endereço eletrônico http://implantecoclear.blogspot.com, o
blog de nome Luiz Filipe Eu e o Implante Coclear - foi colocado na web em 25 de
novembro de 2003, por Luiz Antonio Jeller Filipe. Paulistano do Brás, Luiz Filipe,
como ele se apresenta, e que passarei a identificar por LF, criou este blog com o
principal objetivo de fornecer informações sobre o implante coclear aos “irmãos do
silêncio”, como ele se refere aos surdos. Da mesma forma que procedi em relação
ao blog da Princesitta, também aqui examinei todos os materiais postados pelo
autor, bem como todos os comentários dos interlocutores feitos desde o seu início
até a data de 20 de julho de 2008, quando encerrei a coleta de dados. Neste
período, o blog de LF recebeu 6303 visitas, isto é, internautas que acessaram o seu
blog, mesmo que nem todos eles tenham interagido com ele.
Diferentemente de Princesitta, que construiu o seu blog antes do IC, LF
criou o seu após a realização do implante, exatamente um mês depois da cirurgia,
pois, segundo ele, “o IC ainda é muito desconhecido para um grande número de
pessoas que passam horas na Internet em busca de informações”. Com este blog,
LF pretendeu, então, disponibilizar informações sobre o IC em umlugar, valendo-
se, para tanto, da narrativa das suas vivências. Atualmente, com a crescente
disseminação da internet, informações referentes ao implante coclear podem ser
encontradas com mais facilidade em um maior número de sites e páginas da
internet, sendo algumas especializadas na área biomédica.
Na página principal do blog de LF, vários links indicando caminhos para
outros sites, como, por exemplo, os que contêm informações sobre o IC, sites de
outros implantados, endereços de associações de implantados no Brasil e no
mundo, além de uma apresentação pessoal do autor. Nessa apresentação, LF faz
uma síntese da sua vida até o momento de iniciar as narrativas no seu blog. A seguir
reproduzo alguns trechos da sua apresentação:
[...] sou conhecido como Luiz Filipe. Tenho 44 anos, e sou
portador de hipoacusia bilateral do tipo neurossensorial profunda, secundária
à meningite desde os 7 anos de idade. Como na época que perdi a audição,
tinha adquirido a fala e estudava normalmente numa escola primária, sou
deficiente auditivo oralizado e faço leitura orofacial.
É interessante indicar que LF o se narra como surdo, mas deixa clara a
sua condição de deficiente de alguém que perdeu o status de “normal” em função
95
de uma doença. Luiz Filipe também discorre sobre a sua escolaridade, fala sobre as
escolas em que estudou, inclusive uma, a Hellen Keller, destinada a surdos, onde
aprendeu Libras. Ele informa aos leitores de seu blog que se formou como cnico
em Mecânica, mas que sempre trabalhou na área da informática e que seu interesse
pelo implante coclear iniciou em 1991, quando obteve as primeiras informações
sobre o artefato, através de seu médico especialista. Logo procurou realizar o
implante, mas não foi aceito em função do tempo de surdez, que, na época, já era de
25 anos, sendo que os protocolos para o IC admitiam no ximo cinco anos de
surdez. O tempo passou e o IC foi deixado em segundo plano. No entanto, no ano de
2003, LF conheceu o FIC Fórum de Implante Coclear - e, através dele, aproximou-
se novamente dessa possibilidade, como podemos observar no relato a seguir:
Nos últimos 2 anos, com o advento da Internet, passei a me
interessar novamente pelo Implante Coclear, e pesquisava sempre sobre os
avanços desta tecnologia. No início do ano de 2003, conheci o FIC - Fórum de
Implante Coclear-, e fui me aprofundando no assunto. Resolvi procurar o
Hospital das Clínicas em São Paulo, e a UNICAMP. Fui aprovado em ambos,
e por razões do convênio médico, fiz a cirurgia no Hospital das Clínicas
através do convênio médico de minha empresa. [...] A cirurgia ocorreu no dia
23 de Outubro de 2003 às 7h. Foi tranqüila, dentro das expectativas
(comentário postado na apresentação).
Após, Luiz Filipe relata alguns detalhes do artefato e também aspectos da
cirurgia. Ele informa, ainda, que foi nessa época que resolveu contar a sua história
através de um blog ou um “blite” para fornecer “informações úteis” para quem
procurar conhecer o IC, como ele mesmo narra:
Passados quase 30 dias da cirurgia, chegando a hora da ativação
do Implante, resolvi construir esta página - um misto de bloger e site pessoal,
que foi batizado pelo colega Roner de "BLITE". [...] Pretendo com estas
páginas, contar através do blite o meu dia-a-dia após a ativação, e fornecer
informações úteis para meus irmãos no silêncio, para que os mesmos
tenham uma fonte de pesquisa, com o básico sobre o Implante Coclear, e
resolvam se candidatar ou não ao implante. Com meu blite, pretendo que as
pessoas achem as perguntas e as respostas sobre o Implante Coclear em
um só lugar (Comentário postado na apresentação).
Parece-me oportuno lembrar Larrosa (2004), quando ele nos apresenta
alguns fragmentos das confissões de Rousseau, e nos indica como a força de um
convite, nesse caso, o chamamento que LF faz à leitura de seu blite, está em ele
conter elementos que mostram a intenção do sujeito que convida querer mostrar-se
a seus semelhantes como um homem que diz a verdade em toda a sua natureza.
Assim, em seu blite, LF inicia narrando a sua história pessoal, dando destaque ao
episódio que motivou a surdez, bem como as suas muitas buscas e o motivo de sua
96
decisão de fazer o implante, apontando a sua narrativa na direção de permitir que os
outros se “vejam” no seu caso, ou seja, que seus “irmãos no silêncio”, como ele
refere, com ele se identifiquem a partir das representações que sua narrativa coloca
em destaque, mobilizando-os, de certo modo, a buscar soluções semelhantes a que
ele encontrou. É possível dizer, então, que ao disponibilizar a sua história, ele
estaria permitindo que outros encontrassem em sua narrativa aquilo que eles são ou
gostariam de ser. Como indicou Hall (2005), “na linguagem do senso comum, a
identificação é construída a partir do reconhecimento de alguma origem comum, ou
de características que são partilhadas com outros grupos de pessoas, ou ainda a
partir de um mesmo ideal” (P.106). Mas é preciso indicar, também, que o autor
destaca ser “a identificação um aspecto nunca completado como algo sempre em
‘processo’” (ibidem) (...), no sentido de que ela pode ser sempre, sustentada ou
abandonada, sendo, ao fim e ao cabo, alojada na contingência.
Seguindo com a apresentação do blog, destaco que nele Luiz Filipe presta
homenagens e externa gratidão a todos aqueles que o ajudaram em sua caminhada
para atingir o seu objetivo de realizar o IC, ou seja, de se tornar normalizado. Talvez
até seja possível dizer que, ao externar tal sentimento de gratidão, LF estigmatiza
mais uma vez os surdos, pois ele aponta que aquela era uma condição que ele
decididamente se sente muito feliz de ter abandonado; “viver no silêncio”, como ele
referiu, o colocava em uma posição de inferioridade, essa era uma condição
negativa, sendo, portanto, preciso agradecer muito a todos - os que o ajudaram a
encontrar a “solução” que o livrou de tal condição. Então LF agradece aos seus
companheiros de trabalho, em especial a uma moça que lhe "emprestou", muitas
vezes, os ouvidos dela para a marcação de consultas, para o recebimento dos
retornos dos contatos feitos, para ocupar-se com as brigas com o convênio. LF
agradece, também, e especialmente, aos especialistas que o “iniciaram no IC” e,
que, mais tarde, realizaram a cirurgia “com desprendimento e competência”,
deixando-o tecnicamente “normalizado”.
Na mensagem postada por LF na abertura de seu blog, nota-se a
importância que o “mundo ouvinte” tem em sua vida e isso está posto quando ele
refere “a emoção de voltar a ouvir após o Implante Coclear. Redescobrindo os sons
e reaprendendo a ouvir”, bem como ao incluir suas sensações sob o título: “Relatos
de um implantado coclear sobre as redescobertas auditivas, depois de 37 anos
vivendo em absoluto silêncio”.
97
Outro aspecto que é evidenciado com bastante freqüência nos relatos
postados por LF, bem como nos comentários dos interlocutores que com ele
interagem, é a questão da fé, da religiosidade e até de um certo conformismo
religioso. Na mensagem do dia 25 de novembro de 2003, por exemplo, LF lembra os
“irmãos invisíveis que sempre estão velando por nós” e agradece “ao grande criador
do Universo” por ter sido implantado. Em um outro post, do dia 26 de novembro de
2004, ao completar um ano de “ativado”, ele lembra Deus em primeiro lugar pelas
conquistas desse ano. Do mesmo modo o faz, em 26 de novembro de 2006, ao
completar três anos de “ativado”, quando novamente agradece “ao bom Pai pelas
conquistas que tive durante os dias destes anos que se passaram”. Ou seja, com
bastante freqüência, nos relatos postados pelo autor, bem como nos comentários
dos interlocutores que com ele interagem, dá-se destaque à importância de ter-se fé,
pois essa funcionaria como um elemento importante na recuperação de maneira
geral, ou como um fator de proteção, contribuindo sobremaneira para uma
relativização na percepção das dificuldades.
Também é possível observar a celebração do tempo, pois LF sempre
destaca a data da implantação como festiva, ou seja: ao comemorar os aniversários
de implantado, poderia se dizer que estaria considerando o IC como um outro
nascimento, o nascimento para o mundo sonoro, para a normalidade. Igualmente
muito importante e festejada pelos implantados é o dia da ativação dos eletrodos, ou
seja, o dia em que o IC é colocado em funcionamento. Tal como aconteceu com
Princesitta, também LF destaca esse dia como muito especial, como o mais feliz de
sua vida. Este dia é geralmente esperado com muita ansiedade e expectativa, pois é
o momento em que o implantado saberá se o artefato colocado em sua cabeça terá
algum resultado prático ou não, como podemos observar no relato de LF que
transcrevo a seguir:
Quarta-feira (26/11) foi um dos dias mais felizes de minha vida. A
fono iniciou às 13:45 horas, os procedimentos de ativação do IC.
Primeiramente, fizemos uma telemetria, para saber o real estado dos
eletrodos, visto que na cirurgia, apenas 16 eletrodos responderam, e para a
surpresa, houve resposta dos 22 eletrodos. Iniciamos então o procedimento
de ativação. Os eletrodos são ativados um a um. É um procedimento lento,
mentalmente cansativo. Exige muita concentração e atenção para poder
estabelecer parâmetros mínimos e máximos de cada eletrodo. Não é fácil
para quem está anos sem ouvir. No fim, foram ativados 19 eletrodos. No
fim, a fono ligou todos os eletrodos de uma vez só. Gente! Um barulhão
explodiu na minha cabeça!!!!! Foi assustador e ao mesmo tempo,
emocionante. Precisam ver só o pulo que eu dei da cadeira. [...] Fico confuso,
barulhos que vem e vão. Meio bobo, noto que estou ouvindo a minha voz, a
da minha esposa e a voz da fono!!!! Ela ligou o processador de fala!!!! É difícil
98
descrever o momento. Tudo explodindo em minha cóclea e sendo enviado
para o cérebro. É fantástico. Faz 37 anos que não ouvia esses barulhos. Foi
emocionante mesmo. Sai ouvindo, dirigi o carro, fui na casa de minha mãe de
80 anos, que sempre desejou a volta da minha audição. Ela chorou muito de
emoção (Relato postado em 27 de novembro de 2003).
A importância desse evento é tão significativa que, em muitos momentos,
LF cita a data da ativação como referência e não a data da cirurgia propriamente
dita. No entanto, passada a euforia do primeiro momento de ativado, inicia-se o
processo lento e gradual de “aprender” a ouvir. Terapias de fala são necessárias,
mesmo que a contragosto, como fica claro no excerto que transcrevo a seguir:
Ontem iniciei meu tratamento fonoaudiológico. Não queria fazer
esse tipo de tratamento, mas é necessário. A Fono Valéria está implorando, a
Fono Mariana dizendo que precisa, o Dr. Arthur tinha comentado que seria
bom fazer o Dr. Paulo Porto, idem. Segundo a Valéria, aprender a REouvir
sem auxilio de fono é mais difícil, então o auxilio de uma profissional é de
grande valia. Pelo menos é necessário um período de tratamento...
Paciência, perseverança, e muito preparo psicológico são fundamentais
neste momento (Comentário postado em 03/12/2003).
A partir deste desabafo de LF, é possível comentar como as pedagogias
corretivas de normalização constroem e significam o sujeito implantado como um
“deficiente” suscetível de normalização e como há inúmeras estratégias terapêuticas
e corretivas direcionadas à produção de sujeitos “ouvintizados”, ou seja, como são
numerosas as práticas voltadas ao estabelecimento de normas, às quais se
associam estratégias discursivas voltadas a dar destaque a certas qualidades,
configuradas como essenciais para o êxito desse processo, lento e gradual. Como
salientou LF, “a paciência, determinação e persistência são fundamentais”. Em um
outro post, ele comenta as muitas dificuldades que tem para lidar com os sons ou
barulhos; como ele diz,
Estou ativado um mês. Neste mês tive vários progressos
auditivos. Segundo minha fono, meus progressos foram maiores que ela
esperava de mim. Consigo discriminar vários sons, mas embora os
discrimine, é difícil reconhecer a maioria deles. Posso ouvir vários sons, sinto
que tem diferença entre eles, mas simplesmente, não sei que barulho é. [...]
Ainda não discrimino nenhuma palavra falada. Diante dos progressos que
consegui, não me queixo. Estou ouvindo apenas 33 dias, depois de 37
anos sem nada ouvir (post de 29/12/2003).
Pode-se dizer, a partir dos relatos de LF, que as suas conquistas sonoras,
apesar de toda motivação pessoal e incentivo de outros implantados, foram se
processando de forma bastante lenta, sendo necessário o constante “reforço
positivo” tanto por parte dos especialistas, como através da auto-sugestão, para
continuar a “aprender a ouvir”, mesmo após um longo tempo de ativado como
99
podemos observar nos excertos que transcrevo abaixo:
Embora para mim a voz de todo mundo pareça igual atualmente,
minha fono diz que com o tempo eu vou começar a distinguir a diferença
entre vozes, feminina e masculina, da esposa, do filho, do colega de trabalho
e a minha. Questão de tempo, e treinamento. [...] Conclui hoje, que ouvir por
IC exige muita atenção. Além de ouvir, preciso prestar atenção, procurar
identificar um som diferente no meio dos sons que escuto (post de
08/01//2004).
Ontem completou seis meses que fui ativado. Do pulo que dei na
cadeira até hoje foram 6 meses de constante aprendizado. Vou subindo
degrau em degrau, pacientemente, sei que os sons existem e que são
diferentes... (post de 27/05/2004).
“Embora note pequenas variações – pequenas mesmo – ainda
parece que todo mundo tem a voz igual”. Ainda não consigo distinguir voz
feminina ou masculina... (post de 25/11/2004).
Hoje fazem três anos de ativado... Tenho muito trabalho ainda pela
frente, muitos sons a serem conquistados... de modo que consiga cada vez
mais melhorar a minha audição biônica...é um longo caminho a seguir a
passos lentos... (post de 26/11/2006).
Em outro momento, LF destaca, novamente, a importância do IC em sua
vida. No início do ano de 2004, ao fazer um “balanço” do ano que findara, LF lembra
esse ano como um ano de grandes realizações pessoais, pois investira em si
mesmo, realizando o IC, ou seja: finalmente conseguira se livrar de “um fardo”, “um
sofrimento”, “um transtorno”, que o acompanhara por 37 anos, gerando-lhe nesse
tempo, dificuldades de aceitação, enquanto a idéia de normalização, de reabilitação
auditiva o remetia à “socialização” e “aceitação” no meio social.
Vejamos como ele mesmo relata essa situação:
Ano novo - Vida Nova. Terminou mais um ano. Inicia outro. Foi
emocionante ouvir os rojões e os fogos durante todo o dia, e principalmente,
na virada do ano. Sons desagradáveis, como diria o GUTO. Mas para quem
não ouve tanto tempo, até que foi legal. O ano terminou, fechado com
uma Chave de Ouro. Foi um ano e tanto. Resolvi investir em mim mesmo,
procurando novamente o IC. Valeu. 4 meses depois estava implantado, e 5
meses, ouvindo novamente. Uma longa espera de 37 anos chegou ao fim.
Para fechar o ano, nada melhor que estar ouvindo novamente (Post de
03/01/2004).
Progressos sonoros, mesmo que não estejam perfeitos atualmente,
são bem-vindos sempre. Sabemos que a sonoridade do IC é diferente,
porém, com o tempo, você terá seus próprios sons, intransferíveis, que o
seu cérebro vai decodificá-los para o seu caso único. TUDO É MELHOR
QUE O SILÊNCIO TOTAL! (Post de 09/01/2004).
O apoio e o incentivo de outros sujeitos implantados ou ainda não
implantados, parece ser fundamental nesse processo de normalização ouvinte.
Aliás, poder-se-ia até pensar que, ao escolher a internet para expor a sua história de
vida, o sujeito aespera e de certa forma estimula outros a interagirem com ele no
100
sentido de aprovar tal história ou não, como podemos observar na forma como LF
selecionou e agrupou os post’s de felicitação pela cirurgia de IC, que ele coloca em
um link em seu blog, dando maior visibilidade ao fato, o que eu transcrevo na íntegra
no anexo II dessa dissertação. São votos unânimes de aprovação de pessoas,
algumas conhecidas, que trabalham com ele e também de pessoas desconhecidas
que nunca o viram antes. Transcrevo alguns desses post abaixo. Ressalto, no
entanto, que esses post não contêm data de postagem visto que foram selecionados
e agrupados pelo próprio destinatário.
Eu fiquei emocionada com as suas reações e muito feliz por saber
como se sente uma pessoa implantada. Quero conhecer seu site e tb
acompanhar seu desenvolvimento. Tem muita gente aqui em Brasília que
quer ouvir e nem sabe que tem como... Luiz divirta-se muito com seu
brinquedinho... Parabéns! Carolina Esteves
Meu caro Filipe. Quando soube da sua decisão de se submeter a
uma cirurgia de implante de um órgão do ouvido pra permitir a sua audição e
que foi bem sucedida, graças a Deus, não me furtei em pensar numa forma
de brindar. E rogo a Deus que você tenha superado de vez uma grande
barreira à comunicação. Saúde, Filipe! Deus o conserve! Celso de Oliveira
É com um imenso prazer que compartilho este seu momento e
torcendo para que a adaptação seja a cada momento curtida como um
despertar, fico contente que 'DEUS' pode te presentear com mais uma das
maravilhas da medicina moderna. Cláudio.
A partir de agora vc estará mais feliz ouvindo tudo aquilo que vc
mais queria, vozes de seu filho e esposa e outros sons. Inclusive os gols do
Verdão na 1ª divisão. Parabéns e Felicidades. Sidney Silva - CTEEP.
Schittine (2004) lembra que o diarista virtual não quer apenas um público
para ler suas confissões, ele quer um blico com o qual possa estabelecer um
diálogo. Assim, o autor passa a escrever o seu diário pensando que aquilo que ele
está vivendo poderá interessar ao público. No caso do LF esta interação faz com
que ele continue postando seus relatos, cada vez com maior riqueza de detalhes,
bem como a realizar upgrade no visual de seu blog, esperando, por sua vez, um
maior número de visitas ou interações, como ele relata no excerto que apresento
abaixo.
Dei uma geral no Blite. Coloquei outros links, novas informações
úteis sobre IC e surdez, e mudei a cor de fundo para deixar mais agradável.
Ficou bem melhor, mas somos eternos insatisfeitos. Acho que tem que
melhorar mais. Fica assim por enquanto. Depois melhoro mais (post de
05/03/2004).
Recebi várias mensagens elogiando o novo blite. Ficou bem
melhor, concordo. Mas ainda estou com aquela sensação de que falta algo.
Paciência. Ele vai crescendo com certeza. Vou colocar algumas fotos,
pesquisar novos links sobre o Implante Coclear, e com isso, espero passar o
101
máximo de informações sobre o implante para aqueles que o procuram. O
Blite irá crescendo naturalmente, e com o tempo, espero que produza bons
frutos (post de 10/03/2004).
Nesse sentido, LF volta aos seus objetivos iniciais, conforme citei
anteriormente, o de ser uma fonte de pesquisa e de inspiração para quem procura
informações sobre o IC.
Como relatado, após a empolgação inicial com o IC, as descobertas
auditivas vão se tornando mais comuns. O que em um primeiro momento aparecia
como “milagre”, como uma representação heróica de resgate do sujeito surdo da
surdez, assume um modo mais prospectivo, passando a ser percebido pelo
implantado em sua dimensão mais realista, ou seja, assevera-se que os resultados
são subjetivos e dependem de diversos fatores, especialmente dos que dizem
respeito ao próprio sujeito como disciplinamento, motivação e persistência. Parece-
me que o interesse em postar novos relatos acompanha o mesmo ritmo das
expectativas criadas em relação ao IC; assim, quanto mais lentamente vão se
processando as conquistas sonoras, mais espaçadas ficam as narrativas, como
podemos observar na confissão que LF faz e que transcrevo abaixo.
Porque parei, após o último mapeamento, 7 meses atrás?
Não foi a falta de tempo. Estaria mentindo se dissesse isso. Evoluções
vão ficando cotidianas. No primeiro ano do implante, é tudo pura emoção.
São sons que são descobertos. Depois do primeiro ano, os sons tornam-se
cotidianos, e após passar essa fase de emoções, as descobertas tornam-se
mais lentas. [...] Mas, mesmo assim, continuo a evoluir com o IC embora de
forma lenta. Mas não vejo que isso seja motivo para parar de relatar minhas
evoluções auditivas, que fazia um tempo atrás. Podem ser banais para
mim, mas de grande valia para outros. Vou então continuar neste Blog
relatando minha evolução auditiva, mesmo que lentas lembrando as palavras
do saudoso Dr. Pedro Bloch na ACTA AWHO: “O implante coclear me faz
pensar e sentir que um mero ruído ambiental, tão banal para nós, tão
ignorado pelos que ouvem, pode significar para o surdo uma sinfonia de
Beethoven” (post de 24/06/2005).
No entanto, LF retoma a escrita em seu blog somente no ano seguinte,
exatamente quando completa três anos de implantado. Nesse momento LF realiza
uma retrospectiva desse período. Relembra alguns fatos marcantes como o dia da
“ativação”, quando assustado deu “um salto na cadeira” com o barulho. Novamente
justifica o abandono das narrativas no blog, como fica claro na narrativa que
transcrevo abaixo:
Os relatos neste Blog vieram naturalmente, na proporção que eu ia
"redescobrindo" os sons. No começo, tudo era "novidade" para mim. Depois,
passaram a fazer parte do meu cotidiano. Três anos de ativado... Minha
ultima postagem aqui foi em Junho de 2005. Mais de um ano atrás. Neste
tempo todo que fiquei sem postar, muita coisa mudou. Tive grandes
102
progressos auditivos, minha voz melhorou bastante, a discriminação dos
sons também. [...] Tenho muito trabalho ainda pela frente, muitos sons a
serem conquistados, o processador de fala ainda deverá sofrer outros ajustes
até que se consiga um ajuste perfeito, de modo que consiga cada vez mais
melhorar minha audição biônica. É um longo caminho a seguir conforme eu
previa quando resolvi me submeter ao implante (comentário postado em
26/11/2006).
Nestes três anos em que acompanhei as narrativas postadas por LF em seu
blog, muitas foram as interlocuções e interações processadas. Encontrei diversos
segmentos de público interagindo com ele, desde implantados com resultados
positivos, que se congratulam com LF exaltando o “milagre” do IC, passando por
candidatos ao IC de todas as partes do país, que procuraram solucionar dúvidas em
relação ao artefato, pais que submeteram seus filhos ao IC e que agora buscam
entender melhor o que estes poderiam estar sentindo/ouvindo, pais que estão em
dúvida sobre o benefício do IC para suas crianças, alguns surdos que fizeram o IC e
que não obtiveram nenhuma resposta sonora, apesar do seu esforço pessoal e de
seu desejo de querer ouvir, bolsistas de iniciação científica interessados em
pesquisar sobre “deficientes”, até especialistas da área da fala e afins. De alguma
forma, todos os interlocutores tinham em comum o interesse pelo IC e, também, por
encontrar nos relatos de LF um melhor entendimento acerca desse artefato e, talvez,
até de si mesmos, a partir da experiência vivida pelo outro.
É interessante observar que nos processos voltados à busca de
normalização do corpo esse é, muitas vezes, dividido, recortado, esquadrinhado
para que se torne possível nele operar de modo eficiente. No caso dos surdos, o
partilhamento em orelha, boca, cérebro torna-se necessário para permitir as
prescrições e a especialização dos cuidados: implante de chip, ativação de
eletrodos, treinamento auditivo, exercícios de fala, testagens de discriminação
auditiva etc. A necessidade de realizar um investimento minucioso em si mesmo
cresce, no entanto, na medida em que o resultado do IC é exigido.
4.4 O Fórum de Implante Coclear – FIC
O Fórum de Implante Coclear (FIC), também conhecido como Grupo de Usuários de
Implante Coclear e Simpatizantes (GUICOS), foi fundado em 31 de agosto de 2001,
por Fernando Cabral, um paulistano implantado em junho de 2001. O fórum pode
103
ser encontrado no endereço eletrônico
www.br.groups.yahoo.com/group/implantecoclear
e
é identificado através de uma logomarca, como mostra a figura 01
.
Figura 1 – Logomarca do Fórum de implante coclear no Brasil
Os principais objetivos do Fórum são estabelecer a troca de idéias e
informações entre os usuários de implante coclear no Brasil bem como ajudar
futuros candidatos a esclarecer suas dúvidas. Este rum também pretende divulgar
avanços tecnológicos nessa área, além de disponibilizar artigos e sites aos
interessados neste assunto. Todos os usuários de implante coclear são convidados
a participar para uma troca de experiências e ajuda mútua, como fica evidente na
mensagem de abertura do fórum da qual transcrevo alguns excertos:
Olá Pessoal sejam bem vindos ao nosso Grupo de Implante
Coclear! Vocês podem postar mensagens à vontade e trocar experiências
com os implantados. [...] Os futuros candidatos podem esclarecer suas
dúvidas mandando um e-mail para implantecoclear@... Gostaria que vocês,
ao escreverem uma mensagem, colocassem seus nomes, a marca do
implante, a cidade onde foi feita a cirurgia e a data da ativação, pois assim
ficará mais fácil identificar os usuários e o tempo que eles têm de implante. O
Alexandre da Politec manterá o grupo atualizado com relação aos avanços
tecnológicos na área de implante além de contar para a gente a novidade do
seguro do implante para os processadores de fala que já estão fora da
garantia! E por começamos o nosso grupo de discussão! Mencionarei
sempre as novidades no campo de implante coclear além dos problemas que
ocorrem no nosso dia a dia. Visitem o item "Favoritos" no campo esquerdo do
site e entrem nas pastas! Tem sites de implantados americanos e sul-
africanos! Um grande abraço a todos. Fernando Cabral (post de 10/10/2001).
A página inicial do FIC ainda contém informações sobre omero de
associados, histórico das mensagens, endereços de e-mail do grupo, bem como a
descrição geral dos objetivos, a logomarca e links para outros serviços relacionados.
Até a data de 14 de julho de 2008, data em que encerrei a busca dos materiais para
análise, o FIC possuía 827 associados e 39435 mensagens postadas. Atualmente,
ele possui três moderadores, todos eles sujeitos implantados com resultados auto-
declarados positivos, e que procuram estar atentos aos debates e conduzir as
interlocuções de maneira construtiva e respeitosa.
104
Nas palavras de seus moderadores, fazem parte atualmente do FIC,
Implantados, candidatos, fonoaudiólogas ou simplesmente pessoas
interessadas no assunto que simpatizam com a nossa causa. Além de
implantados, temos ouvintes, surdos oralizados e sinalizados no nosso meio.
Somos um grupo muito unido, onde o amor e a amizade estão presentes, e
todos estão sempre dispostos a ajudar ao próximo. (postada no link
“apresentação” do FIC).
Após ler inúmeras mensagens, escolhidas aleatoriamente entre as mais de
trinta e nove mil postadas entre o seu início em agosto de 2001 até julho de 2008,
verifiquei que a temática, as discussões, os questionamentos e os interesses dos
participantes do FIC são em sua grande maioria recorrentes, embora haja pequenas
variações. No entanto, em função do grande número de material disponível para
análise, tornou-se necessário delimitar a amostra. Dessa forma, optei por fazer um
recorte linear em três períodos distintos de tempo para poder observar se haveria
alguma alteração nas colocações e posicionamentos dos sujeitos que ali se expõem
e se narram em relação ao IC.
O primeiro período considerado abrange o início das atividades do fórum e
estendeu-se do mês de setembro até novembro de 2001; o segundo período situou-
se entre os meses de abril e junho de 2005, correspondendo, mais ou menos, à
metade do período considerado; e, o terceiro período, compreendeu os meses finais
da amostra que correspondem aos meses iniciais do ano de 2008.
Em cada período, considerei mensagens postadas durante três meses,
dentro dos quais garimpei vinte mensagens para compor a amostra analisada. Para
facilitar a identificação das 60 mensagens selecionadas, enumerei-as em ordem
crescente, começando em 2001 até a última considerada em 2008.
Cabe ressaltar que, em relação à linguagem, manterei as estratégias de
produção escrita utilizada pelos internautas, a reprodução de situações do uso da
língua como numa conversa informal, o que, no dizer de Marcuschi (1996),
representa uma forma de escrita mais amigável. Pode-se observar, por exemplo,
que sendo “amigos virtuais”, os internautas se utilizam de convenções próprias a
uma conversa face a face, narrando suas experiências de vida com naturalidade, se
posicionando e se expondo sem reservas.
Através das interações que se processam no FIC, é possível dizer que o
fórum procura qualificar-se como o “lugar certo” para atender aqueles que buscam
respostas para a “cura” da surdez, pois nele não se procede a reunião desses
sujeitos, como também a disponibilização dos relatos do tipo “experiências de vida”
105
ou “experiências de si”, como referiu Larrosa (2002). Essas experiências vividas são
referidas por internautas que se dispõem a auxiliar os demais com seus exemplos
que, com muita freqüência, apontam para o sucesso, como se pode observar, por
exemplo, nas mensagens 2 e 46 das quais transcrevo alguns excertos:
Oi Marcela! Acho que ainda não fomos bem apresentados. Meu
nome é Rafael, tenho 18 anos e sou deficiente auditivo 10 anos, mas sou
implantado ha uns 5 anos. Durante esses meus 5 primeiros anos de surdez
eu "sobrevivi" com o simples aparelho da Siemes. Tive muita dificuldade de
acompanhar a conversa do povo, pois aquele aparelho não era potente o
suficiente para que possamos viver como uma pessoa normal. [...] o implante
foi um sucesso. Realmente eu acredito que foi um grande avanço da
humanidade. ]...] Caso vc queira mais sugestões ou opiniões, entre em
contato comigo (post 2 de 14/10/2001).
Você está no lugar certo, aqui encontrarás as respostas para todas
as suas perguntas e tirarás todas as suas dúvidas (mensagem 46, postada
em julho de 2008)
Esta orientação, a de ter-se normalizado através do IC, está presente nas
mensagens mais freqüentes nos post do FIC, o que até seria esperado, em função
dos interesses do público que participa do Fórum. Esses, em sua maior parte, ou
fizeram o implante ou gostariam de saber como esse funciona para decidir se
querem ou não se implantar.
Caberia, neste momento, salientar que, ao falar-se das novas tecnologias
como mediadoras nos processos de normalização dos surdos, ou seja, ao
perseguirem-se procedimentos direcionados a encontrar a cura definitiva da surdez,
notadamente pela medicina e pela indústria tecnológica, os implantes cocleares têm
ganhado significativa força ao serem configurados como uma forma possível de
equiparação de oportunidades para os sujeitos surdos, bem como uma forma de
recuperação de um corpo danificado. Tal crença também está enunciada nas
mensagens 19 e 46, das quais transcrevo alguns recortes:
A Carla é uma pessoa de sucesso e está muito contente com o
resultado do implante. Carla, seja bem vinda ao nosso grupo (mensagem 19,
postada em 19/10/2001).
Passados 10 meses do implante do Gabriel posso lhe assegurar
que a melhor coisa que fiz foi lutar pelo IC pra ele, pois ele ta tendo um
desenvolvimento muito bom. (mensagem 46, postada em julho de 2008)
Também é possível pensar-se o fórum de IC como um espaço comum, que
liga indivíduos separados uns dos outros, mas com interesses comuns. Ao
declararmos a nossa pertença a um grupo o qualificamos no intuito de justificar
nosso pertencimento a ele e o distinguir de outros. Assim, os integrantes do FIC de
106
certa maneira compartilham sentimentos e valores comuns que os identificam como,
por exemplo, o interesse pelo IC. Na medida em que o grupo se sente ator da ação
em curso, o que for sendo construído de forma participativa desenvolverá a co-
responsabilidade, pertencendo os resultados a todos desse grupo, pois conterá um
pouco de cada um.
Um outro aspecto que de certa forma perpassa os relatos feitos no FIC diz
respeito à construção de relações positivas e construtivas no grupo, visando
encontrar procedimentos que assegurem que cada participante viva o sentimento de
pertença e vinculação a esse grupo, permitindo-lhe deixar de sentir-se estranho ou
isolado. Este constante direcionamento ao acolhimento pelo grupo parece, inclusive,
algumas vezes, voltar-se à divulgação e à assimilação da “cultura do implante”, (se é
que se pode dizer assim), visando assegurar a integração dos recém-chegados ao
grupo.
Nesse sentido seria possível pensar que, através de um sentimento de
pertença a esse grupo, os sujeitos seriam encorajados a libertarem-se dos seus
medos e dúvidas, a fortalecerem-se com novas formas de expressão e relação
consigo mesmo, até modificando, em muitos casos, as expectativas internalizadas
de sua condição de surdo.
Podemos observar tal situação nas indagações de um sujeito surdo, que
buscou no FIC respostas para suas dúvidas e inquietudes em relação ao IC, e que,
nas suas muitas interações posteriores foi encorajado a assumir os valores desse
grupo. Transcrevo, abaixo, alguns excertos de sua narrativa:
Vc não me conhece, tenho 33 anos, sou Deficiente Auditivo (nasci
surdo), não faço mão sinal pq não gosto. [...] Tenho muita vontade de
colocar o IC, mas tenho medo de não dar certo de escutar os sons, palavras
e etc., pois usei o aparelho AASI ate 12 anos depois nunca mais usei pq não
conseguia ouvir o sons, so aquele barulho ruído horrível ne. Então eu estava
navegando internet e vi site www.guicos pra saber informação sobre IC.
Valeu a pena colocar o implante? Vc gostou o IC mesmo? vc conseguiu ouvir
alguma coisa ou demorou pra entender as palavras? qto tempo pra conseguir
ouvir sons? Depois vc colocar o IC , vc esta falando bem melhor do que
antes? * Vc ainda faz fono? Queria saber se vc sabe alguém q colocou
implante que nasceu PROFUNDO BILATERAL... (mensagem 24, postada em
01/05/2005).
O grupo do FIC o deixou todas estas perguntas sem resposta. Vários
foram os “amigos” que responderam e o tranqüilizaram, potencializando as relações
de cooperação, a aceitação do grupo e a ajuda mútua. A seguir transcrevo alguns
excertos dessas manifestações.
107
Muito prazer e seja bem vindo ao fórum. O FIC foi feito p/ tirar
dúvidas aos candidatos a implantes e implantados e a todos os interessados.
Aqui vc encontrará uma família disposta a compartilhar contigo as tuas
experiências. [...] Mas, antes de tudo, procure ficar sem nenhuma dúvida.
Estaremos sempre ao seu dispor a ajudá-lo. De onde vc é? Que faz? Relate
no nosso FIC (mensagem 23, postada em 2/03/2005).
muita gente com mesmo grau de surdez que você, acima de 18
anos, sendo implantadas. Eu sou surdo profundo bilateral, quer dizer, era,
pois fui implantado faz 6 meses e tenho 27 anos. [...] O IC é altamente
recomendado a surdos profundos bilaterais, pois estes não têm ganho com o
AASI, espero te-lo ajudado (mensagem 27 de 02/03/2005).
Destaco que, algum tempo depois, o sujeito, antes com muitas vidas em
relação ao IC, possivelmente acabou se rendendo à força do grupo ou aos encantos
propagandeados do IC, pois aceitou se implantar. Vejamos como ele mesmo
anuncia esta decisão, no excerto que transcrevo abaixo:
“To mandando msg pra avisar que fiz cirurgia no dia 17/06. Minha
ativação vai ser no dia 14/07. Muito obrigado por tudo que vc me indicou”
(mensagem 28 de 05/07/2005).
Os instrumentos utilizados, no caso os depoimentos de outros implantados,
além da sensação de proximidade com o outro com ele assemelhado, parecem
funcionar na direção de aumentar a confiança nos participantes do grupo, levando
os surdos que participam do Fórum a se defrontarem com um conjunto de
mensagens favoráveis ao IC. No caso relatado, a experiência no Fórum parece ter
sido decisiva para que um sujeito titubeante aderisse ao IC. Os relatos positivos
atuariam, então, como estratégias de potencialização do desejo de normalização
que implica na adesão ao IC.
O FIC procura disponibilizar esta interdependência positiva aos seus
interlocutores, salientando aos implantados, aos candidatos ao IC e a todos os
interessados a oportunidade de receberem o apoio instrucional de que necessitam
para continuar acreditando no IC, fator imprescindível à construção e fortalecimento
do sentido de grupo.
Essa prática de fortalecimento de grupo fica mais uma vez evidente quando
o moderador encoraja os participantes a se exporem ao grupo. Diz ele:
Recebi seus emails e fico contente em saber que vocês se
cadastraram neste grupo. [...] Se você tiver qualquer dúvida a respeito do
implante, por favor, escreva para o grupo. As suas dúvidas poderão ser as
mesmas de outras pessoas que fazem parte do grupo. Um grande abraço
(post 5 de 15/10/2001)
A construção de relações positivas e construtivas no seio de grupos
heterogêneos no mundo globalizado em que vivemos, ultrapassa em muito a mera
108
questão da proximidade física. No FIC, podemos observar interações com sujeitos
interessados no implante de todas as regiões do Brasil como, por exemplo, nos
relatos que transcrevo abaixo.
Olá pessoal, Que surpresa boa encontrar um grupo para trocar
experiências e informações sobre Implante Coclear! Li as dúvidas do
Leandro, e nem havia pensado em algumas delas, acho que vai ser
enriquecedor. Sou de Belo Horizonte e soube pela internet do implante de
cóclea (Mensagem 12 de 17/10/2001).
Galera, acabei de ajudar uma amiga a se cadastrar nesse grupo,
tem 16 anos e mora em Vassouras também. Ela é surda pré-lingual e está
interessada em fazer o IC, vamos ajudá-la, respondendo as mensagens dela
e da mãe dela (Mensagem 47de 04/03/2008).
O rum também possibilita a troca de informações sobre técnicas e
tecnologias disponíveis aos surdos. Nesse sentido, o fórum configura-se como um
lugar privilegiado para estas trocas. Nos excertos que transcrevo a seguir, evidencio
algumas dessas situações:
Não sei sobre outros aparelhos, mas estou muito satisfeita com o
meu. Recomendo o implante no HC de São Paulo, eles têm uma equipe de
médicos muito competentes, e de fonoaudiólogos excepcional (Mensagem 12
de 17/10/2001).
Olá pessoal, eu como pai de uma filha que recebeu o implante
recentemente fico muito feliz com as experiências que estão sendo trocadas
nesse grupo, a Isabella fez a segunda ativação do implante e estamos muito
felizes com os resultados que estão começando a aparecer e somente esta
troca intensa de informações é o que nos faz cada vez nos tornarmos mais
ativos nessa caminhada, parabéns a todos, e um abraço (Mensagem 17 de
19/10/2001).
Estou gostando muito do grupo e do papo q rola... Fernando, ótima
sua idéia de criar um grupo onde todos q têm interesse em implante coclear
possam se comunicar! Meu nome é Marcela, tenho 20 anos e sou pré-
candidata ao implante. [...] Alguém por aqui teve um caso parecido com o
meu? Se alguém pudesse relatar uma experiência parecida, ajudaria muito
na minha decisão de fazer ou não o implante. (Mensagem 18 de 19/10/2001).
Em outro momento, acontece um debate um pouco mais tenso sobre
surdez, tecnologias e cultura surda. Saliento, no entanto, que esses debates não são
estimulados pelos moderadores do FIC e não estão contemplados nos objetivos do
grupo. Como podemos observar no relato abaixo, o sujeito que ali se manifesta não
tem claro o que é cultura surda, estando mais identificado com aspectos ouvintistas.
Diz ele:
A surdez não pode ser tratada simplesmente como um problema
médico que tem que ser resolvido ou "curado". O que podemos é fazer uso da
tecnologia para que o deficiente auditivo possa desenvolver suas atividades
confortavelmente, independente do caminho que escolheu (oralização ou
língua de sinais). Legenda oculta, intérpretes da Libras e sistemas de FM em
109
locais fechados são exemplos dessas adaptações a que me refiro. O implante
também é uma tecnologia de que lançamos mão para fazer com que o surdo
escute alguma coisa tornando a oralização um processo mais confortável e
natural (para aqueles que escolheram esse caminho). Não vamos querer que
a pessoa seja "curada" da sua surdez. É uma tentativa de driblar a
deficiência. (mensagem 40 de 15/05/2005).
Em um outro comentário o moderador do grupo, ao ponderar sobre
questões lingüísticas e culturais dos surdos, faz uma previsão de prováveis futuros
embates entre surdos oralizados, surdos sinalizados e surdos implantados. Porém,
ao final do comentário, ele tenta minimizar essa polêmica, jogando a
responsabilidade para a globalização. Vejamos o que ele diz:
Pois é amigo... Veja bem: Antigamente nem existia essa história de
surdos oralizados, surdos sinalizados e surdos implantados. O que existia era
apenas uma classe - surdos. E todos conviviam bem. Eu mesmo, depois
que perdi a audição aos 7 anos, fui conviver com os sinalizados e oralizados
em uma escola de surdos em SP. Convivi numa boa. Nem Libras existia, e a
comunicação era a linguagem gestual da época. Hoje, embora eu conviva
mais com ouvintes, tenho vários amigos implantados, surdos oralizados e
sinalizados. E todos convivem numa boa. Por isso, eu também estou
cansado dessa briguinha de oralizados e sinalizados (e futuramente quem
sabe, implantados também). Antigamente, todo mundo numa boa. Hoje em
dia, cada um faz seu grupinho - sinalizados de um lado, implantados de um
outro, oralizados também em um outro lado... Diria que é a Globalização
(post de 23/02/2008).
O desejo de normalização alcançado através do IC é também destacado
pela grande maioria dos participantes do FIC. Muitos, inclusive, conferem ao artefato
uma dimensão salvadora ou o vêem como permitindo a libertação de um fardo, de
uma inconveniência. Nos excertos abaixo, é possível ver como estes implantados se
referem à sua situação:
Eu comecei a viver após a cirurgia. [...] Finalmente pude fazer o
implante. Aceitei a proposta com muita vontade, pois sabia q era minha única
esperança. A cirurgia foi um sucesso. Passei a fazer coisas cujas antes era
impossível, como falar no telefone, ouvir e acompanhar músicas e
principalmente assistir TV sem depender de legendas. Com certeza foi uma
vitória (post de 15/10/2001).
[...] apesar de todo o sofrimento de estar debilitado tanto
emocional como fisicamente, pude receber o implante coclear e estou
muitíssimo contente com o resultado! Ontem foi o meu segundo mapeamento
e o som ficou animal! (post de 16/10/2001).
Tal como ressaltei nas narrativas de Princesitta e de LF, também aqui no
FIC o aspecto da motivação, do empenho pessoal, da perseverança são destacados
como fatores fundamentais para o alcance de resultados positivos com o implante.
Em alguns post também fica destacada a questão do apoio emocional para os
implantados, especialmente os jovens, pois a tarefa de suportar a pressão do IC é
110
árdua, como fica evidenciado nos excertos que transcrevo abaixo:
Eu recomendo aos jovens implantados a fazer um tratamento
psicológico e principalmente fonoaudiológico. Isso porque não é simples
acostumar a usar esse aparelho. Principalmente a Isabella que tem apenas 7
anos (post 7 de 15/10/2001).
Sei muito bem o que é passar por isto! Com o tempo e muita
paciência, tudo melhora!!!! Perseverança é a palavra chave para o sucesso
do implante!!!!!!!!! (post 8 de 1610/2001).
Quanto ao tempo pra discernir os sons, varia de pessoa pra
pessoa... muito treinamento, ajuda da fono e muito empenho seu irão te fazer
falar o mais breve possível. Sucessos!!! (post 32 de 22/07/2005).
tomamos conhecimento do IC aos 18 anos. Um pouco tarde,
mas isso não me impediu de fazer a cirurgia, a adaptação é muito difícil, mas
o q não falta é o esforço pra um dia chegar lá, compreendendo tudo (post 48
de 4/03/2008).
É importante indicar que as considerações como essas, postadas pelos
participantes do FIC, de um modo geral, reforçam e apóiam as convicções de que o
IC representa uma nova e, possivelmente, a única forma de alcançar a normalidade
ouvinte até o presente momento. Ou seja, os sujeitos que dialogam entre si no FIC
buscam constituir-se como grupo, fortalecendo-se em suas convicções e
incentivando-se a perseverar nos processos de (re)abilitação auditiva e na busca da
normalização ouvinte. No FIC, muitos implantados narram-se como bem sucedidos
com o IC, servindo de modelo a ser seguido por todos aqueles que buscam essa
mesma condição. Ou seja: no FIC, os implantados cocleares estão instituindo e
ensinado que há também novas maneiras de ser surdo ou ex-surdo, como por
exemplo – surdo-implantado-ouvintizado.
111
5 ENCAMINHANDO A FINALIZAÇÃO O PAPEL PEDAGÓGICO DOS BLOGS E
DO FÓRUM
A questão da surdez e da possibilidade de alcançar-se a normalização
ouvinte através do implante coclear não é apenas o foco principal dos blogs de
Princesitta e de Luis Filipe, mas, também, das discussões procedidas no FIC
Fórum de Implante Coclear. Também neste local da web, esse tema é tratado como
um importante acontecimento que precisa estar em evidência, ser marcado e
enfatizado. Considerei, neste estudo, que nos blogs dos dois personagens que
focalizei, seus autores, além de repartirem com seus leitores suas experiências,
também neles marcam sua condição atual de “ouvintes”, ou de sujeitos que
superaram a surdez ou a deficiência e que, além disso, reiteradas vezes, buscam
indicar (e ensinar) aos seus leitores o caminho a ser seguido pelos surdos que
procuram livrar-se da surdez – o implante coclear.
Detalhadas narrativas das etapas consultas, audiometrias e exames de
diferentes ordens - que antecederam o implante, bem como das primeiras
percepções e sensações vividas posteriormente ao implante, além do relato dos
processos de aprendizagem necessários ao manuseio e à compreensão das
sensações auditivas possibilitadas pelo artefato caracterizam, como indiquei nas
análises anteriores, os relatos que constam dos blogs e das considerações feitas no
Fórum. Cabe registrar que essas estão sempre permeadas da enunciação de
expectativas, medos, angústias e do que esses sujeitos consideram ser suas
conquistas. Através delas, os implantados buscam aproximar-se de padrões
assumidos pelos ouvintes, passando a narrar-se como ouvintes, podendo-se
considerar que esse corresponde a um processo de identificação, como Hall (2005)
destacou, ao discutir a relação entre a produção de sujeitos e as práticas
discursivas, que, nesse caso, implicam buscar abandonar uma condição configurada
e assumida como de incompletude e deficiência para incorporar-se à normalidade.
Nas narrativas pesquisadas no FIC são enfatizadas tanto considerações
feitas por aqueles que se tornaram surdos ao longo da vida, sendo que esses
usualmente destacam o caminho percorrido para a superação das dificuldades que
passaram, uma vez que haviam perdido um “bem” que lhes era muito precioso a
normalidade ouvinte –, quanto a de sujeitos que nasceram surdos. Transcrevo
consideração feita por um implantado, participante do Fórum de IC, que contém uma
representação de surdez bastante negativa. Disse ele:
112
Esse aparelho pode não ser uma das 7 maravilhas do mundo, mas
em compensação, para nós, é uma das melhores formas de pedir de volta o
que a natureza nos tirou (Mensagem 7 do FIC, postada em 15 de outubro de
2001).
É possível dizer que, na perspectiva médico terapêutica de surdez, antes do
advento e da popularização (ou espetacularização) do implante coclear, apesar das
inúmeras tentativas de disponibilizar aos surdos artefatos que pudessemajudá-los a
ouvir”, conforme demonstrei no capítulo 2, intitulado “Uma incursão a movimentos
que atuaram na constituição/produção dos sujeitos surdos”, geralmente esses
precisavam conformar-se com sua “doença” e aprender a viver com a “deficiência”.
Atualmente essa inevitabilidade parece o ser mais a única opção, pois tanto as
comunidades surdas se redefiniram e reverteram estereótipos
26
negativos, quanto o
IC passou a ser configurado como um artefato tecnológico que oferece uma
possibilidade “real” de permitir aos surdos a recuperação da audição.
Cabe lembrar, mais uma vez, que a perspectiva clínica, que me parece ter
sido assumida pelos sujeitos, cujos relatos acompanhei na pesquisa, através da
adesão ao IC, não é a única forma de narrar-se dos surdos. Discursos que emergem
de outros lugares, como os movimentos surdos, por exemplo, posicionam os surdos
como lingüística e culturalmente diferentes dos ouvintes, mas não como deficientes.
Como também já salientei, nesta ótica, o campo da surdez adquire outros contornos.
As práticas de significação da surdez e dos surdos se deslocam da alteridade
deficiente para se reconfigurarem em uma alteridade surda, que possui sua própria
cultura e linguagem.
Nos relatos de Luis Filipe, o sujeito que ficou surdo e realizou o IC com
resultado autodeclarado como positivo, a transmissão da experiência vivida e o
ensinamento desse processo aos leitores e interlocutores assume uma destacada
importância – seu relato potencializa a credibilidade que pode ser atribuída ao
processo de implante, pois, afinal, ele sabe o que significa ouvir, ficar surdo e voltar
a ouvir. Ou seja, ele sabe o que são sons, podendo identificá-los sem nenhuma
dúvida! O relato de sua experiência pode ser assim considerado um forte estímulo
para que outros surdos realizem o implante, pois ele atesta a validade do
26
Os estereótipos são entendidos, segundo Stuart Hall, como uma prática significativa,
representacional, que reduz aquilo que se está representando a algumas características
simplificadas, fixas e essenciais: “Stereotyping reduces people to a few, simple, essential
characteristics, which are represented as fixed by Nature” (HALL, 1997, p. 257)
113
procedimento, configurando-se esse sujeito como um modelo exemplar com o qual
outros surdos, que se identifiquem com sua história, se inspirem para buscar a
mesma condição. Penso que até pode ser possível dizer que suas descrições
correspondem a uma importante estratégia de validação do IC, que podem ser
acionadas pelos defensores do implante.
Os debates e interlocuções procedidas no FIC marcam de forma intensa
estas tentativas de validação do IC, na medida em que constantemente colocam em
destaque os seus efeitos positivos. Isso ocorre, por exemplo, na mensagem que
identifiquei com o mero 2 do FIC, na qual um rapaz implantado de 18 anos diz,
entre outras coisas, que “sobreviveu”, antes do implante, e que “foi ótimo voltar a
poder reviver com meus amigos(mensagem postada em 14 de outubro de 2001) e
no post 7 do FIC, de 15 de outubro de 2001, cujo autor intitula a mensagem como
eu comecei a viver após a cirurgia”, afirmando, assim, que a vida para ele começara
apenas após o implante. Igualmente a mensagem de abertura do blog de Luis Filipe,
da qual transcrevo a seguir a ‘chamada’ - a experiência de “voltar ao mundo dos
sons”, se orienta para essa direção:
A emoção de voltar a ouvir após o Implante Coclear.
Redescobrindo os sons e reaprendendo a ouvir... Relatos de um implantado
coclear sobre as redescobertas auditivas, depois de 37 anos vivendo em
absoluto silêncio (comentário postado em25/11/2003)
Em um outro trecho, postado no dia 03 de novembro de 2006, ao fazer uma
retrospectiva dos três anos de implantado e das suas descobertas sonoras, Luis
Filipe lembra de quão “normal” está para ele ouvir. Diz o seguinte:
No começo, tudo era "novidade" para mim. Depois, passaram (os
sons) a fazer parte do meu cotidiano, e meu ouvido ficou "seletivo", a ponto
de selecionar o que quero ou não quero ouvir. Todas as pessoas fazem isso -
selecionam o que querem ouvir ou ver - os implantados também.
na mensagem 27 do FIC, postada em 2 de março de 2005, um rapaz, ao
se narrar, retifica a sua condição de surdo, dando ênfase a sua atual condição de
implantado, ao dizer: “eu sou surdo profundo bilateral, quer dizer, era pois fui
implantado faz 6 meses”. Ou seja, nessa sua declaração pode-se ver que ele agora
se e se narra como o outro do surdo, o o surdo, ou um ex-surdo por ser
implantado.
Outros participantes freqüentes nos relatos e nas interlocuções feitas no FIC
e nos blogs analisados são os pais de sujeitos surdos que buscam esclarecimentos
e orientações para as muitas vidas que surgem após terem confirmada a surdez
114
em seus filhos. Geralmente, como foi relatado anteriormente, o primeiro contato
desses pais é com a equipe médica que realiza o diagnóstico e que os orienta
quanto ao “tratamento da surdez”. Usualmente as crianças são encaminhadas para
práticas corretivas como a protetização, às terapias de fala e, nos últimos tempos,
também, para a realização do IC. No excerto que transcrevo abaixo, um pai relata as
orientações que recebeu após ter tido a confirmação da surdez de seu filho de um
ano e meio:
Sou o Gercino e a minha esposa é a Rosangela, somos pais do
Carlos Eduardo e estamos passando por uma fase de muitas dúvidas sobre o
implante coclear. [...] Apos realização dos exames auditivos foi indicada uma
prótese auditiva. Houve orientação para procurarmos um acompanhamento
de fono para realizar treinamento de fala e contratamos uma fono para não
perdermos mais tempo que realiza trabalho com ele duas vezes por semana
- sessão de 40 minutos. Os médicos do CEAC-DERDIC nos orientaram a
pesquisar sobre o implante coclear, pois seria a indicação mais correta para
o caso (mensagem 43, postada em 14 de julho de 2008 no FIC).
As vidas que estes pais procuram solucionar através do FIC são
prontamente rebatidas através de relatos de outros pais, cujos filhos foram
implantados, como na mensagem que transcrevo abaixo:
Sou Débora mãe do peq. Kadu de Manaus (Carlos Eduardo 2,6
anos) implantado 1 ano atrás no Centrinho de Bauru, e recentemente foi
reativado (trocou seu velho processador por um mais moderno), hoje lhe digo
com toda certeza que o IC foi a melhor coisa que fizemos, meu filho hoje fala
td e se comunica muito bem é impressionante seu desenvolvimento,
surpreende a todos que o conhecem. [...] Não desista e se apresse Gercino,
não prive mais seu filho do som da vida e não prive vcs de verem ele ouvir...
(mensagem 44, postada em 16 de julho de 2008).
É possível dizer que, atualmente, o discurso dico parece ter
incorporado esta prática cirúrgica como uma recomendação, afirmação que faço
apoiada, especialmente, nos discursos dos implantados que dão conta de que o IC
seria a melhor forma de devolver ao surdo o “canal perdido, a audição”. Lunardi
(2002) indicou que, nessas situações, “ao diagnosticar a surdez como uma
anormalidade, o modelo clínico de surdez lança mão de estratégias terapêuticas e
corretivas, a fim de docilizar, disciplinar, ouvintizar os sujeitos surdos”. Então, a esse
modelo clínico estão usualmente associados o diagnóstico de surdez, a indicação
de práticas e técnicas terapêuticas de reabilitação e no caso aqui mencionado, a
tecnologia corretiva do implante coclear.
Em um outro trecho dos comentários postados por Gercino, pai de Cadu,
ele menciona que o menino, agora com três anos de idade, tem grandes habilidades
comunicativas com as os “ele possui um dedinho mágico”, o que poderia ser
115
entendido como uma tentativa desse sujeito surdo de se comunicar através de
sinais, língua tida como “natural” dos surdos, mesmo que o pai o mencione tal
possibilidade. Muito ao contrário: para ele a única saída visualizada seria mesmo a
acenada pelo médico, ou seja, a busca da normalização de seu bebê através do IC.
Transcrevo abaixo um trecho da mensagem que estou comentando.
O Cadu detecta sons de fala somente em forte intensidade com
uso dos AASI. Está evoluindo na intenção comunicativa, imita muito bem
os sons de cachorrinho e de seu gato e começa a pronunciar razoavelmente
Papai e Mamãe e o nome dos irmãos. Porém em alguns momentos ou dias
parece que regride e pouco se comunica verbalmente, muito comunicativo
por gestos, possui um dedinho mágico. Estamos com consulta pré-agendada
para o Hospital de Clínicas... (mensagem 41 do FIC, postada em 15 de julho
de 2008).
Mas existe uma outra forma de a família envolver-se nos processos
decisórios sobre qual caminho escolher para seu filho surdo, quando o
diagnóstico de surdez. Esse se direciona a buscar um melhor entendimento acerca
da surdez e de problematizar os discursos que atravessam os diferentes lugares que
configuram a questão da surdez e dos surdos (SKLIAR, 1999). Ao circularem, por
exemplo, nos movimentos surdos, algumas vezes esses pais deixam de entender a
surdez como uma deficiência ou uma doença que precisa ser curada, e passam a
compreendê-la como uma diferença lingüística e cultural, como é defendido na
cultura surda e demonstrado com bastante clareza no filme documentário “som e
fúria”, que comentei no capítulo 4 deste estudo. Nesses casos, os pais avaliam, a
partir de gama mais ampla de informações, as possibilidades de seu filho surdo.
No entanto, essa postura foi bem pouco observada nas centenas de
mensagens que li e que foram postadas no Fórum, bem como nas interlocuções
registradas nos blogs da Princesitta e do Luis Filipe.
Quando tais posicionamentos são enunciados, geralmente esses partem de
surdos adultos, que estão supostamente inseridos em uma comunidade de surdos e
experenciando um contexto cultural e lingüístico próprio ao surdo. Após visitar uma
feira de inovação tecnológica voltada para a área médica, a Rea Tech, Princesitta
fez o seguinte relato de um quase embate com defensores da cultura surda:
Dessa vez não foi uma coisa muito boa. Ruim, por que não gostei
de tal atitude, indiretamente preconceituosa... Boa, por que estou sendo forte.
A causa disso tudo, são as pressões que a comunidade surda faz em mim:
Condenam o Implante Coclear até a morte. Apenas alguns respeitam. E olha
lá! [...] Mas conversei com algumas pessoas, a primeira, disse para eu
pensar muito bem. E que tem uns amigos que não deram sorte com o IC.
Beleza. Cada caso é um caso. A segunda foi bem escandalosa: Assim que
soube que eu pretendo fazer o implante, BUM! Estava deitado no chão
116
(desmaio?). Chamando a atenção de algumas pessoas a sua volta... Depois
de ser levantado com a "ajuda" de alguns, ele me disse que o implante é
"coisa séria, e é péssimo se implantado nos surdos pré-linguais, pq a
identidade deles é surda mesmo, e eles não conseguirão se adaptar com os
sons, e podem se arrepender duramente, além de alguns casos de derrame
e outros trecos". Conversei também com um outro surdo, que me disse que
"não vale a pena, você tem q se aceitar como é, surda, com sua própria
cultura, você fala, anda, escreve bem, vc está ótima assim, não precisa de
mais nada...” (relato feito em 15 de abril de 2007).
Aliás, cabe lembrar, que a possibilidade de não fazer o IC e de se
comunicar através da Libras, é referida pelos internautas aqui analisados somente
quando há evidências bastante fortes de se obter resultados restritos com o implante
coclear. Podemos perceber tal circunstância nas discussões que se sucederam a
partir do post “um caso difícil de surdez” onde uma moça pede ajuda para uma
menina surda de 12 anos de idade que usa Libras e não fala quase nada, gostaria
de saber se médicos que podem ajudar no caso...(mensagem 35 de 4 de abril
de 2005 do FIC). Tal relato motivou uma série de discussões entre os associados do
FIC em que ficam claras tais intenções, quando, por exemplo, os interlocutores
sugerem que como ela é usuária de Libras e o oralizada, ou seja, não foi
submetida aos processos de ouvintização através de exercícios de fala e de leitura
orofacial, o IC o seria a melhor opção. Nesses casos, o IC não seria a cura da
surdez e seria possível para um surdo viver sem ele. A seguir transcrevo alguns
excertos das discussões subseqüentes ao post que estou comentando:
Tenha em mente uma coisa: A pessoa submetida ao IC voltará a
ouvir sons, mas nem sempre ouvirá como ouvia antes. No caso daqueles que
nasceram surdos, terão uma audição artificial, nem sempre igual ao que uma
pessoa ouvinte ouve. Em ambos os casos, o surdo ouvirá de uma forma
diferente que uma pessoa ouvinte ouve. Criará uma forma de ouvir e
interpretar os sons. O fato da Sara também não falar quase nada, também é
um ponto negativo. Um dos requisitos básicos para poder realizar o IC, é que
o candidato tenha boa leitura labial, e que seja oralizado. (Mensagem 36
postada em de 04 de abril de 2005 no FIC). [...] Sem isso, não vale a pena,
não. Nesse caso, sou a favor da LIBRAS. Afinal, existem vários meios para
que o surdo possa viver (Mensagem 37 postada em de 04 de abril de 2005
no FIC).
Aliás, a questão da oralização e da leitura labial, colocadas como um dos
pré-requisitos básicos para o candidato ao IC, geralmente não estão associados a
um resíduo auditivo ou a um grau de surdez mais leve, e sim às pedagogias
corretivas e à vontade e esforço pessoal do sujeito surdo (ou de sua família) em se
submeter a tais terapias de normalização. Estão muito mais associadas ao “querer
aprender a falar”, ao “querer aprender a ser ouvinte” do que propriamente à
capacidade de ouvir algum som. Assim, quando se coloca que essas questões são
117
desejáveis para um candidato ao IC, pode-se entender que se ele tinha estes
atributos antes do IC, provavelmente já tenha sido subjetivado por técnicas oralistas,
treinamentos e exercícios de fala e, sendo assim, ele o estranharia as práticas
corretivas e se submeteria novamente a tais processos após o IC.
O fato de um surdo ser oralizado, afirma-se em algumas situações, o faz
ser, de certo modo, diferente dos outros surdos, pelo menos aparentemente. Além
disso, relatos postados, como por exemplo, o da Princesitta na sua apresentação
em 16 de abril de 2007, que endossam tal afirmação. Ela diz que é surda de causa
desconhecida, mas que “aprendeu a falar”. Seus comentários parecem dirigir-se a
marcar que seu aprendizado da fala decorreu não de algum resíduo auditivo, mas
sim de seu esforço pessoal em aprender a falar, sendo então necessário que outros
surdos que pretendam oralizar-se ou implantar-se igualmente apliquem-se neste
fundamento.
A mensagem 23 do FIC, de 02 de março de 2005, também traz o relato de
um surdo que retoma esta mesma consideração. Nela, quando perguntado se ainda
fazia fonoterapia após o IC , ele respondeu: “faço sim. É importantíssimo. Uns
podem evoluir mais que os outros, etc... dependendo tb da força de vontade”, ou
seja: novamente dá-se destaque à motivação pessoal.
Saliento que as considerações que estou colocando em destaque
aproximam-se da proposta do oralismo, defendida por especialistas que acreditavam
que todos os surdos poderiam aprender a falar, mesmo sem ter os recursos naturais
que os ouvintes têm, desde que tivessem disciplina, vontade, esforço pessoal e
auxílio familiar. Cabe registrar que essa crença fazia repousar sobre os ombros do
próprio surdo o sucesso ou o fracasso em relação ao aprendizado da fala, como
bem o diz o sujeito da mensagem 23 “uns podem evoluir mais que os outros...
depende da força de vontade”. No caso do implante coclear assumem-se algumas
narrativas bem aproximadas a essa. Ou seja, tem sido constantemente marcado
que, para um implantado vencer a barreira da surdez e falar, será necessário
esforço, vontade e disciplina, sendo essas as qualidades que o aproximam da
possibilidade de alcançar um lugar de normalidade, que o referencial dos Estudos
Culturais, que assumo, me permite considerar como inventado por aqueles tomados
como referentes, os ouvintes. Não interessa se, para tanto, é necessário submeter-
se a pedagogias corretivas, a longas sessões de terapia e aprendizagem de fala, tal
como sucedeu quando do predomínio das visões oralistas do século XXVIII, que
118
exigiam que os surdos se reabilitassem, que superassem a sua surdez, que
falassem e que, de certo modo, se comportassem como se não fossem surdos.
Nessa perspectiva, espera-se dos sujeitos surdos que se implantam a
mesma postura que Luis Filipe afirmou, na mensagem postada em 4 de março de
2004, “é muito importante nos primeiros meses de implantado a correta terapia com
fono. O implantado precisa aprender a ouvir com o implante”. Ou seja, é necessário
que o implantado se comporte como ouvinte. Em outro exemplo, o moderador do
FIC orienta um recém-implantado a como proceder para tornar-se um surdo
implantado bem sucedido: “quanto ao tempo para discernir os sons, varia de pessoa
para pessoa... muito treinamento, ajuda da fono e muito empenho seu irão te fazer
falar o mais breve possível”. (mensagem 32, postada em 22 de julho de 2005).
Novamente aparecem marcadas as questões do treinamento, da terapia e da
motivação como propulsoras do sucesso do IC.
Talvez seja por isso, que alguns implantados e algumas famílias de crianças
implantadas, tidos como “bem sucedidos” no aprendizado da fala oral, fiquem o
satisfeitos em apresentar-se como implantados, por fazerem parte desse grupo de
surdos tidos como vitoriosos, pelo menos em relação ao domínio da linguagem oral,
aproximando-se, assim, dos padrões do grupo ouvinte dominante. Esse “orgulho” de
ser um ouvinte (mesmo que de um jeito diferente), de ser um vencedor fica claro,
especialmente, quando Princesitta destacou que, após meses de terapia, troca e
regulagens dos componentes acoplados ao IC, bem como dos exercícios e
treinamentos de fala, “os sons agora fazem parte da mh vida, estão tão comuns!”
(Comentário postado em 20 de junho de 2008) e quando Luis Felipe asseverou: “tive
grandes progressos auditivos, minha voz melhorou bastante, a discriminação dos
sons também” (comentário feito em 26 de novembro de 2006).
Da mesma forma, os simpatizantes do FIC também relatam seus feitos,
ressaltando o quanto essa possibilidade tem modificado as suas vidas. Destaco
especialmente a mensagem 7, postada por um rapaz implantado 5 anos: “Hoje
eu posso fazer muitas coisas cujas antes não podia, como falar no telefone, até
mesmo em celular; ouvir música e acompanhar as letras; foi ótimo!” (Comentário
postado em 15 de outubro de 2001). Quando o sujeito implantado ainda é criança,
são os seus pais que se encarregam de propagandear os resultados. Na mensagem
45 do FIC, temos o indicativo do orgulho de uma família com o positivo resultado
lingüístico alcançado por seu filho pequeno, quando a mãe relata:
119
Sou Tatiane, mãe do José Luís, que tem 3 anos e 4 meses. José
Luís nasceu surdo profundo bilateral, descobrimos quando ele ainda tinha 17
dias de nascido, e o diagnóstico foi confirmado com 7 meses e logo ele
começou a usar o AASI, porém seus ganhos eram apenas para os sons
fortes, como porta batendo. Ele foi implantado no HC-SP com 1 ano e 2
meses. Hoje ele está muito bem, fala até o que não deve, rsrsr...
(comentário postado em 14 de julho de 2008).
Nesses casos, ditos “bem sucedidos”, destaques para cada nova
descoberta sonora, para cada nova conquista auditiva, e eu os vejo como relatos
motivadores para que outras famílias e outros surdos jovens e adultos se interessem
em conseguir também esse “benefício” para si. Como relatou Princesitta, no início da
sua caminhada “rumo ao implante”, quando estava prestes a conhecer um grupo de
implantados, tidos por ela como os legítimos porta-vozes dessa tecnologia:
Levei 7 pessoas surdas para conhecerem o IC, todos meus
amiguinhos! Eles ficaram bastante interessados, perguntaram, entenderam
como funciona, etc! Foi muito legal, e bem diferente!!! [...] Conhecendo os
usuários de IC, a gente podia esclarecer nossas dúvidas e medos. Pois
ELES podiam dizer a verdade. Afinal, são ELES que usam, e entendem o
implante” (Relato postado em 23 de março de 2007).
No entanto, devo salientar que não são os casos bem sucedidos que
aparecem nos relatos por mim analisados. Também são narradas algumas situações
que registram as dificuldades ou mesmo os reveses com o IC. Luis Filipe narra em
26 de novembro de 2004, que também teve decepções com o IC, muitas por assim
dizer”, mas essas, segundo ele, fazem parte do processo a que se submeteu, sendo
necessário para tanto ter um bom preparo psicológico para suportar o IC”. Logo em
seguida, no entanto, ele acrescenta que “somando todas as conquistas e todos os
pontos positivos (os negativos ele não menciona) eu diria que valeu! Valeu ter
acreditado, mesmo que os resultados não fossem os esperados, o que veio foi
lucro”. Ou seja, aqui nota-se um certo (in)conformismo com os resultados
inexpressivos alcançados mesmo após meses de terapias de fala e ajustes nas
regulagens dos programas do IC.
em uma outra interlocução, o sujeito implantado, uma jovem, manifesta-
se de forma menos otimista, diz que está triste e mostra-se decepcionada com o IC.
Postada no blog do Luis Filipe, a internauta diz:
Eu sou uma implantada, mas nunca tive nenhum resultado. Fiz o
implante multicanal duplo 4 anos em Bauru mas até agora nenhum som
apareceu, sou triste por não ter conseguido nenhum resultado, mas fico feliz
por vc, eu estou 7 anos sem ouvir e vc ficou 37 anos imagino como vc se
sentiu ao perceber os sons e fico muito feliz por vc. Abração de quem sabe o
que é a vida sem som, ruídos, barulhos etc. (comentário postado em 8 de
fevereiro de 2005),
120
Na mensagem 48 do FIC, uma surda implantada um ano faz a seguinte
constatação: “[...] a adaptação é muito difícil, mas o q não falta é o esforço e a
vontade pra um dia chegar lá, compreendendo tudo...” (post de 4 de março de
2008). Ou seja, apesar das dificuldades encontradas com o IC ou dito de outra
forma, o IC não atendeu ao seu propósito de substituir as funções da cóclea,
novamente o resultado positivo é atribuído à vontade e ao esforço pessoal do sujeito
e não à biologia ou à tecnologia.
Um outro comentário sobre dificuldades, também postado no FIC, foi feito
por uma mãe, que demonstra estar insegura e confusa sobre a sua escolha de
implantar a filha:
Noto nas mensagens que quando alguém faz o implante os amigos
ficam felizes, mas não foi assim com a minha filha, pensei que quando
realmente eu conseguisse realizar o implante teria um grande apoio dos
amigos desse grupo. Ainda estou meio confusa. Pedi ajuda para alguém do
grupo, mas ninguém até agora quis me ajudar. DESCULPE O DESABAFO É
QUE AINDA ESTOU MUITO ABALADA COM A CIRURGIA DA CAROL. POR
FAVOR, ME AJUDE. Silvia (Postado em 17 de fevereiro de 2008).
Nesses casos, um “sinal vermelhoé disparado na rede, e um exército de
participantes lança-se em defesa do IC. A grande família dos implantados, como se
auto-denominam, “os amigos de prontidão” na web, voltam a encorajar o implantado
ou a sua família, exaltando os benefícios que ainda poderão ser alcançados com o
IC caso persistam, tenham e se submetam a muito treinamento. Os recortes que
reproduzo a seguir, nos permitem observar os “amigos virtuais” entrando em ação:
[...] Sílvia, tenha muita compreensão e paciência, que tudo
correrá bem na hora certa... Se ainda não está bem é porque ainda não
chegou a hora da Carol.. Primeira coisa é ter muita calma... Não adianta
apavorar, Sucessos!!! (mensagem 57 do FIC de 17 de fevereiro de 2008)
[...] Olá querida Sílvia, Paz do Senhor, sinceramente com certeza
os amigos Ficenses ficaram muito felizes Sim pelo IC da Carol e fique
tranqüila, vc deveria estar dando pulos de alegria, e está transtornada????
Acalme-se e Glórias a Deus e essa dor vai passar, isso é um processo
normal. Graças a Deus pelo IC da Carol... Fique tranqüila e deu tudo
certo (mensagem 56 de 17 de fevereiro de 2008).
Destaco, então, que um dos objetivos declarados do FIC é justamente
permitir o estabelecimento desta “rede de proteção” e de solidariedade, que se forma
em torno de quem fez ou fará o implante coclear. Essa rede funciona como um
importante suporte emocional, dando ênfase aos aspectos positivos, motivando,
incentivando e indicando alternativas, inclusive quando tudo parece não dar certo.
Lá estão postadas, então: indicações de médicos, outros terapeutas e terapias,
121
indicações de centros clínicos mais próximos da sua localidade para realizar o IC,
orientações em relação aos planos de saúde, indicação de advogados, testemunhos
pessoais etc. Além disso, esta rede também funciona no sentido de prestar apoio
“logístico” como, por exemplo, facilitar o transporte e a hospedagem para quem
precisa se deslocar de um lugar para outro, comprar medicamentos e suprimentos
para o IC, divulgar novas tecnologias etc. Na mensagem 59 postada no FIC, esta
noção de “rede de apoio” ganha contornos ainda mais estreitos:
Somos uma família unida, pronta a ajudar nossos irmãos do
silêncio. Estamos neste espaço quase 7 anos, e pelos depoimentos que
vc leu nos últimos dias, podes ver que sempre cumprimos nossos objetivos.
Sempre estaremos prontos a ajudar a quem quer que seja. (postada por Luis
Antonio, moderador do FIC, em 19 de fevereiro de 2008).
Nesse sentido, é possível dizer que o ciberespaço se configura nesta
situação como um local para a estruturação de redes de sociabilidade, nas quais
circulam informações e se processam impasses e conflitos pessoais, que perpassam
o cotidiano dos sujeitos implantados e também dos candidatos ao implante, que
buscam nesse espaço internético apoio e solidariedade.
Sintetizando o que foi destacado até aqui, destaco, ainda, que nesse
espaço, se produz a normalidade para alguns sujeitos surdos – os implantados - em
um jogo em que operam dicotomias, que passam além do binarismo ouvinte/surdo.
Ou seja, outros binarismos mais estão em jogo nas situações que acompanhei,
estando entre esses ouvinte/surdo implantado, surdo implantado/surdo não
implantado, surdo implantado com resultado positivo/surdo implantado sem
resultados auditivos, por exemplo, sendo que em todos esses, tal como destacou
Skliar (1999), o termo dominante que acaba funcionando como referência também é
o primeiro enunciado, sendo esse sustentado pelo segundo, que significa a falta ou
a negação. Mas, nessa cadeia de oposições, a norma tende a ser implícita e os
significados que atuam e operam sobre eles e suas identidades, como indiquei
anteriormente, são móveis e descentradas como destacou Hall (2003). Isso o
significa, no entanto, que os sujeitos não assumam posições e ocupem alguns
lugares de sujeito. No caso dos sujeitos interessados no implante coclear, por
exemplo, criou-se uma comunidade virtual, o rum de IC, que vem atuando na
direção de esclarecer, guiar, influenciar, conduzir ou induzir os sujeitos que dela
participam a assumirem determinadas posições. Também nas páginas individuais
122
como os blogs processam-se ações semelhantes, tal como em muitos outros
espaços que não foram examinados neste estudo.
Cabe ainda reafirmar, que procurei indicar, neste estudo, que as
representações tramadas nos diferentes discursos em circulação na cultura atuam
na constituição das identidades; na situação particular que examinei, busquei
argumentar que se instituíram identidades híbridas, especialmente a partir dos
avanços tecnológicos colocados em destaque, como o IC, que vêm posicionando de
“novas” maneiras os sujeitos surdos e a surdez. Argumentei, enfim, que a partir das
narrativas colocadas em circulação na cena cultural globalizada da internet, bem
como em muitas outras instâncias, que incluem o campo científico, representado por
especialidades como a medicina, a fonoaudiologia, a biotecnologia, entre outras,
alguns novos significados têm sido destacados para qualificar a normalidade
ouvinte, bem como para criar e compartilhar uma nova forma de ser surdo. Destaco,
no entanto, que essa nova forma de ser surdo não acontece como um simples
acender de uma luz, mas se produz em um processo gradual, forjando
multifacetadas identidades surdas/implantadas/ouvintes, as quais vêm reivindicando
um novo lugar na intersecção da igualdade e da diferença.
Além disso, também busquei registrar a complexidade das questões
implicadas na decisão de realizar o IC. Não apenas as narrativas dos dois jovens,
que acompanhei durante um determinado espaço de tempo, concomitantemente às
discussões conduzidas no Fórum, mas, também, os filmes/documentários “Som e
Fúria”, especialmente, o primeiro, dão destaque e sumarizam as divergentes
posições assumidas e defendidas relativamente ao IC. Neste estudo, foi possível
colocar em destaque algumas delas e isso me permitiu atentar um pouco mais para
a problemática com a qual tenho me defrontado em minha prática profissional.
Mesmo assim, eu continuo a ser por ela instigada, especialmente ao
defrontar-me com a consideração feita pelo pai de Heather, no segundo
filme/documentário Som e Fúria, quando ele afirmou que, através de observações e
por ter-se instruído sobre o assunto, aprendeu que o implante pode ser útil para
crianças surdas e que está muito feliz que suas crianças surdas o tenham. É
interessante registrar que Peter, contumaz defensor da cultura surda, de certa forma,
se rendeu aos apelos da tecnologia, ao modificar suas posições em relação ao
implante. Mas a incerteza quanto ao proclamado êxito dessa tecnologia persiste
para muitos, apesar da mobilização de diferentes grupos e do campo científico.
123
Enfim, estão em jogo, nestes conflitos, uma gama de sentimentos,
entendimentos e interesses de diferentes ordens, como procurei, mesmo que de
forma introdutória, apontar neste estudo.
124
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FILMOGRAFIA
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Som e Fúria: seis anos depois (Sound and Fury: six years later). (29 min). Direção
de Josh Aronson. USA: 2006.
133
ANEXOS
134
ANEXO I
Transcrição do blog da Princesitta
Nome do blog: Princesitta
Início do blog: 16 de abril de 2007
Número de acessos ao blog até 20/06/2008: 2561
...Sweet Princess...
Apresentação:
Quem sou eu
Me chamo Aline, tenho 21 anos. Sou surda bilateral, de causa desconhecida, com 85 DB no OE e
tinha 80 DB no OD. Sou oralizada desde pequerrucha, cresci falando, lendo e me comunicando de
boa com as pessoas. Mas claro que com algumas dificuldades, mas eram mínimas. Até meus 15
anos, mudei de escola. De uma regular, pública, fui para uma especial de surdos, tentar ver se era
melhor. Isso foi em 2000. Aprendi LIBRAS e conheci o mundo do silêncio, a comunidade surda e me
isolei por uns tempos... Em 2006, uma nova luz surgiu na mh vida: o implante coclear. A luz que eu
desconhecia, tinha medo. Resolvi seguí-la e uma nova porta na mh vida foi aberta. Muitas coisas
mudaram. E vcs poderão acompanhar através desse blog.
Sexta-feira, 20 de Junho de 2008
O tempo voou......
Oiê, pessoal! Quanto tempo... Tempo demais! Tudo mudou, tudo passou, novidades surgiram e
muitos progressos tb! Os sons agora fazem parte da mh vida, estão tão comuns! Ainda vibro com
muitas conquistas, mas depois esqueço e vou levando a vida kkkkkkk. Muitas coisas aconteceram...
Tantas que nem sei por onde começar!!! Vamos ir devagarinho...
CELULAR!
Ganhei um cel do meu grande amorzinho, que tanto amo! E comecei a intensificar mhs ligações via
cel! Começamos a nos falar todos os dias, e a cada dia que vai passando, noto grandes melhoras e
facilidade de entender! Acredite! tem até gente tentando falar rápido comigo! Kkkkk Qd a frase é
curta, eu bem entendo! Qd é compridinha, fica meio comida kkkk Mas é ir repetindo que a frase
volta a se formar! Tenho ligado pra mh prima, pro meu namorado e pra mh irmã! consegui ficar
conversando mais de 10 minutos com mh prima! E o meu recorde foi: 30 minutos com o meu
namorado!! E entendendo!!! (Claro que com umas boas repetições e desistências tb kkkkkkk) O que
eu notava era, eu mais falava e perguntava e ouvia as respostas. Tá mais que na hora de eu começar
a ouvir mais o que os outros têm a dizer! É uma nova etapa!!! Até difícil, mas eu insisto kkkkkkkkkkk.
FONO
Saí da fono... Achei fraco demais! Quero ALGO MAIS! Estou a procura de outra, e achei uma super
legal na mh cidade, dizem que ela é muito boa.... Agora depende da UNIMED.... buááááá Como
esses planos são cruéis....
OUVINDO PELAS COSTAS
Tenho notado que ando entendendo mais qd as pessoas falam por trás... Principalmente qd falam
comigo! Cato umas palavrinhas, e as vezes até umas frases! Hj mh perguntou por trás e rápido:
“tava cheio lá?" Eu tinha voltado do médico! nem olhei pra ela e respondi: "fui a 4ª" kkkkkk
TELEVISÃO
Ainda não me simpatizei com esse troço.. sou mt mais computador... mas tenho notado que
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ultimamente, eu estou entendendo umas palavras ditas pelos apresentadores... ou locutores...? kkkk
Preciso aprender a sentar no sofá e ver novela, jornal... é uma boa estimulação para a audição,
memória auditiva!
FALANDO COM UM AMIGO NO CELULAR
Isso aconteceu ontem!! =) Meu namorado me ligou e disse q tinha uma pessoa querendo falar
comigo! A princípio gelei, pq acho meio difícil, ainda mais pq o cel faz uns barulhos estranhos, e tb
ouço o barulho ambiente do outro lado... complica! Mas tudo bem! topei! Era o Fagner, amigo
nosso!!! Kkkkkkkkkk Comecei a rir e começamos a conversar! Ele falava rápido e devagar e eu ia
entendendo, boiava, teve uma hora q nem ele mais me entendeu kkkkkk mas depois se ajeitou kkkkk
Falta de costume da mh parte de falar com um troço na orelha: celular. Kkkkkk Adorei a experiência,
ainda mais, por ele ser uma pessoa que eu não conhecia a voz. E mais ainda por eu ter dificuldade
com vozes masculinas, porém mais grossas... Acho vozes femininas mais fáceis de se compreender!!
SEPARANDO SONS
No começo, qd alguém falava comigo e ao mesmo tempo, algo fazia barulho, me atrapalhava muito!
O barulho para mim era como se fosse parte do que a pessoa tava falando! E conseqüentemente eu
não entendia! Imaginem: Me chamar e ao mesmo tempo o cão latir: Alinauau! kkkkkkkkkkkkkkk
Hj estou melhor, prova disso é q em um aniversário consegui ouvir meu namorado gritando falando
comigo kkkkk Para mostrar q eu conseguia entender via audição.=) ouvi o meu celular tocar no
meio de uma música! normalmente, eu confundia... achava q era parte da musica mesmo!!! Pensei:
"epa... está música estranha... humm... será???" "celular!? vamos ver..."pausei a música e era o
cel!!! Êêêê
GORA POUCO!!!
Ouvi o telefone tocar. Fui na sala ver, e o tel estava quieto....continuei ouvindo, e encarava o
telefone... uns segundos ouvi um "alô". Era a mh avó atendendo o telefone da cozinha! kkkkkkkk
Bom hj chega!! vou ver se levo mais jeito e posto mais aqui kkkk
bjs
Alin
Postado por Princess Alin Nohansen às 12:53:00 PM
0 comentários
Domingo, 13 de Abril de 2008
O TELEFONE
Oiê, pessoal!!!
Venho contar uma grande novidade a vocês: EU ESTOU FALANDO NO TELEFONE!!!!
Incrível. Jamais imaginei que tão cedo, eu iria gostar dessa coisinha que eu tanto odiava, que tanto
tinha raiva quando tocava e o pessoal desesperado pra atender! Após 3 meses de implantada,
finalmente, o sonho se realizou: agora posso ouvir no telefone![
Tudo começou assim...]
Eu estava na casa do meu namorado navegando longe pela Internet... De repente, vejo o meu
namorado se aproximando com o telefone na mão, dizendo que era a minha mãe e pra eu tentar falar
com ela. De inicio recuei, pois eu entendia "alô" e "tudo bem" no comecinho... Nas primeiras vezes
que tentei ouvir. estava bem contente com a mh capacidade de ouvir o chamar, o ocupado e o
"alô". Bem, resolvi tentar: peguei o telefone, ativei o T do implante (modo telefone: que corta os ruídos
externos, te proporcionando uma ligação tranqüila) ajeitei o telefone por cima do implante e fui eu:
"Oi, mãe" - Tudo bem com você?
Caraca! Eu entendi!!! E prossegui: "Tudo sim e com você???"
Fiquei tão feliz que comecei a perguntar um monte de coisas, só pra ficar ouvindo e tentando
entender!!! Era páscoa: Perguntei dos meus ovos, se estavam inteiros, do ferrero rocher, se a mh
irmã não tinha atacado o meu, além do dela kkkkkkkkkkk. papo furado! Fiquei tão feliz!!! Uau!!!!
Milagre de Deus! Passou uns dias e... Resolvi ligar para a mh prima l Larissa! Mesma coisa! Eu a
entendia!!! Era preciso falar comigo pausadamente, um pouco mais alto e tb repetir sempre que eu
pedir, que uma hora eu entendia!
Maiiiis felicidades!!!
Um dia estava atrasando para chegar em casa: peguei meu cel e liguei pra mh mãe!!
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Mais uma vez eu consegui entender!!! Avisei que ia demorar pra chegar! Mas os fracassos tb...
Alguns celulares fazem um chiado infernal, ou tem umas musiquinhas, uns barulhinhos de fundo...
isso me atrapalha muito e teve umas vezes q não consegui entender e pedi ajuda prum ouvinte
kkkkkkk. Houve celulares que deixou a voz da pessoa estranha para mim! Eu hein!
Qd for ter um novo cel irei testar bem antes! Kkk E teve também uns amigos meus que pediram pra
mim ligar! Uma vez consegui... Falei pela primeira vez com uma pessoa que eu não era acostumada
a falar... Fui entendendo... mas depois a pessoa começou a falar rápido e boiei kkkkkkkkkk
A fato foi esclarecido: a pessoa do outro lado da linha me confundiu com uma outra ouvinte kkkk
Depois tentei, mas só chamava, chamava... e ninguém atendeu!um receio qd vou falar com gente
de fora da família.... mas irei ir tentando sempre!!!
E HOJE: consegui manter uma conversa de mais de 5 minutos com meu namorado, via telefone!!!
A net caiu aí eu liguei e ficamos conversando kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!! Agora o que eu quero
mesmo, é comprar um telefone sem fio!! Ebaaaaaaaa Ainda não consigo ficar entendendo tudo, há
dificuldades e necessidades de várias repetição da palavra! Mas já consigo me comunicar e a
tendência é melhorar, mais e mais!
Beijooooosssssss
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:48:00 PM
Três comentários
Yuri disse...
Parabéns pela evolução do seu IC!
Tomara que aceitem fazer IC no meu ouvido e possa ouvir telefone se Deus quiser!
17 de Abril de 2008 04:14
Lisi disse...
Ai que legal!!!
Se quiser me ligar enquanto ainda to em SP, podemos tentar.hehehe
to muito feliz pela sua evolução, eu tinha certeza do sucesso.
beijos
5 de Maio de 2008 11:06
Fernanda disse...
oi Aline
Meu nome é Fernanda, sou fono e moro em Indaiatuba!!! Estava procurando algumas figuras
de IC e achei vc!!! Fiquei mto impressionada com seus depoimentos, nunca tinha visto
ninguém tão detalhista nos relatos. Fico feliz por vc estar se dando bem com o Implante se
puder, entre em contato para conversarmos mais fer[email protected]
beijos
16 de Junho de 2008 16:48
Segunda-feira, 31 de Março de 2008
O Susto
Boa noite amigos!!!
Poxa há tempo estou devendo uma nova postagem contando das minhas aventuras sonoras!!!
Para voltar a ficar em dia, vamos começando por esse "episódio”: Estava eu, tranqüila conversando
no meu msn. Concentrada. Passou alguns minutos, e a porta foi aberta. Não me lembro se percebi ou
não, se apenas disse: "qd sair, feche a porta". Que é o que costumo dizer quando alguém entra aqui.
Só me lembro estar concentradinha, me divertindo com os amigos virtuais... E de repente: Começo a
ouvir alguma coisa. Para mim era o XXXXXXXXXXXXXXXXX. Meio diferente, mas alguém estava
XXXXXXXXXiiiiiando pra mim. Deduzi fácil que só podia ser a mh irmã pentelha hehe. Comecei a
responder: "Qui éééééé........?" com essa cara ¬¬ "Qui foiiiiiiiiiiii..." " eu tô ouvindo!
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX" Comecei a "XXiar" tb...XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.
"Mas a menina não desiste!" - Pensei comigo. Comecei a achar que talvez não fosse ela, outra coisa
estava fazendo um barulho parecido e tal... Resolvo me virar e me dou de cara com uma comprida
criatura saindo de trás do sofá e o XXXXXXXXXXX persistindo... Meu coração quase pára, gente!
Me lembrei da mh ativação. Qd me diziam que XXXX e SSSSS são parecidos, e eu não percebia
diferença nenhuma entre eles... O som que se parece com o XXXXXXXXXX... É o SSSSSSSSSSSS
E quem faz SSSSSSSSSSSSSS é.......... UMA COBRA!!!
Tinha uma cobra atrás do sofá!!! E claro que de brinquedo! Hehehe
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Porém muito bem feita, o tapete aqui do quarto ajudava mais ainda: PARECIA REAL.
Ainda mais com a mh irmã fazendo SSSSSSSSSSSSssssssssSSSSSSSSSSSSSSS do outro lado
do quarto....(ela confirmou! Ela tava fazendo SSSS e eu entendendo XXXXXX) Me deu um susto do
caramba!!! Hehehehehe mas valeu a experiência! Uai!
Ouvi a cobra...e ainda bem que era de mentirinha......... kkkkkkkkk
Beijoos
Postado por Princess Alin Nohansen às 5:14:00 PM
3 comentários
Câmera Digital disse...
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you enjoy. The address is http://camera-fotografica-digital.blogspot.com. A hug.
31 de Março de 2008 20:13
Lia disse...
Oiê!!!!
Que belo susto, não !!!! Ainda bem que era de mentirinha !!!!
Apesar da troca das letras, já é uma gde vitória !!! bjks e estamos com saudades !!!
1 de Abril de 2008 05:48
Yuri disse...
Caramba!
Pensei que era real! KKKKKKKKKKKKK!!!
Bj
17 de Abril de 2008 04:13
Quarta-feira, 6 de Fevereiro de 2008
Meu 1º Mapeamento
Estava eu, doidinha esperando por esse dia! Fiquei imaginando tudo o que poderia mudar, como
seria e tal... Será q dessa vez eu pulo da cadeira??? Rsrsrs Cedinho de novo, às 6h20 a gente
aguarda o bus que ia pra Campinas. Só tem esse horário. Mh consulta era às 09h30. Entrei no bus e
apaguei. Tava mortinha de sono, pois fui dormir tarde!!! Qd acordei, já estava lá em Campinas, fui
para a clínica e fiquei a aguardar. Enquanto aguardava, vi um garotinho implantado, além de ser
apresentada para uma moça que pensava em fazer o implante, mas não conhecia e nunca tinha visto
como era. Nos apresentamos e passei a explicar para ela como eu ouvia e tal. Mostrei pra ela o
aparelho, ela achou feio kkkk. Feio ele é, porém as coisas que ele nos proporciona são lindas!!!
Passou mais um tempo, e começou a atrasar: Eu tinha que ter feito audiometria e não sabia! Tive que
fazer lá, e tb a Telemetria Neural! Aguardei mais um pouquinho, mh mãe tinha dado uma saída, eu
fiquei lá e de repente: "Aline". Não, não pode ser e... "Aline"!!!
Girei rapidamente, a fono Silvia já estava quase dando um passo para vir me chamar kkkkkkkkkkkkk
E não foi preciso! Uau! ;D+ Primeira audiometria com o implante! Estava tb, muito ansiosa por esse
momento! Queria saber como ficaria!!! Confesso que foi terrivelmente difícil, tive q me concentrar mt
pra ouvir os sons baixinhos demais pra mim! Kkkk E teve duas vezes que achei q tava ouvindo algo,
mas não era do audiômetro. Acho que foi o além (credo!) kkkkkkkkkk
Eis a foto da mh audiometria: Cliquem nela para ampliar!
De acordo com a fono, está muito bom!!!
Hora de fazer o mapeamento!!!
Antes, tive que fazer a telemetria neural, antes de começar a mapear!
O processo foi o mesmo da ativação: ouvir e dizer se está alto, baixo demais, alto demais, etc...
E UAU!!!!! E adorei esse mapeamento!! Estou ouvindo bem melhor!!!
Saí de lá, prestei atenção nos meus passos, nos carros passando na rua, no falatório, nas pessoas
passando pra lá e pra cá! Entrei no ônibus, percebi a música tocando, ouvi a lataria... Tudo com o
ônibus em movimento!!! Ouvi inclusive, pela 2ª vez, meu cel tocando de dentro da bolsa!!!
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Campainha, cachorro... tá tudo mais fácil!!! E uma coisa que queria mt poder ouvir e não conseguia
mt bem é: alguém abrindo a porta. Mh mãe abre a porta, ouço e já viro pra ela. Isso acontece no
silêncio, agora no meio de uma música, ou barulho, ainda não consegui! Está mais fácil de ouvir meu
nome!!! O "A" está entrando com mais gosto agora! Estou descobrindo novas notas musicais nas
músicas que ouço!!! Novos ritmos!!! Ouvi tb a câmera digital sendo ligada e desligada!
Tô ouvindo mais o telefone tocar! Está tudo mais alto, melhor!!!
Assim foi configurado: P1 - O velho programa: que usava antes do primeiro mapeamento (antigo P4)
P2- O novo mapa P3- O Novo mapa, só que um pouquinho mais forte!
P4- O novo mapa, mas com corte de ruídos. É bom para que eu possa ouvir e entender mais as
pessoas falando comigo em locais barulhentos, como shopping, festas, etc...
E depois de uma semana usando o P2 eu deveria usar o P3.
Mal passou 5 dias e estou usando o P3. Isso aconteceu pq, numa confusão de aperto do botão,
acabei selecionando P3 e mal percebi a mudança. Achei alto, mas era normal, do novo mapa, o P2.
Depois qd fui ver... xii.... já era! pra trás eu não voltei mais! Kkkkkkkkkkk E me adaptei bem!!!
Beijos e em breve conto mais!!! *:O)
Postado por Princess Alin Nohansen às 12:35:00 PM
2 comentários
Tânia Palmeiro disse...
Minha querida irmã Alin, lá tive tempo de ver o teu blog!!!
desculpa a demora!!! está lindo pois nele descreves todas as coisas boas que Deus tem feito
por ti através do implante. A minha filhota também está a recuperar muito bem e já diz
imensas coisas, graças a Deus. É tão bom saber que temos um Deus que nos ama e cuida
de nós todos os dias. Lembra-te sempre de uma coisa e nunca esqueças: Deus permitiu que
ficasses surda mas mesmo assim esteve sempre contigo. Nunca O culpes pela tua surdez,
pois tenho a certeza que não deixaste de saber quem Ele era ou de te relacionares com Ele.
Durante algum tempo e sem me aperceber culpei Deus pela surdez da Madalena e as coisas
não me corriam bem... quando comecei a dar-Lhe graças porque apesar de tudo a minha filha
está viva e pôde ser operada e agora ouve bem. É uma criança normal, esperta, dinâmica a
quem tenho a certeza que Deus se revelará no tempo certo.
beijinhos da tua irmã em Cristo portuguesa
Tânia Palmeiro
21 de Fevereiro de 2008 03:30
Sandra disse...
Olá! Meu nome é Sandra Portella Montardo e sou professora e pesquisadora no Centro
Universitário Feevale, em Novo Hamburgo, RS. Meu grupo de pesquisa está desenvolvendo
um projeto sobre blogs de pessoas com necessidades especiais e/ou de seus familiares
sobre o tema. Já concluímos uma pesquisa sobre blogs de familiares de autistas e de
portadores de Síndrome de Asperger. Nossa próxima etapa é pesquisar sobre a socialização
on-line em blogs de portadores de deficiência auditiva. Visitamos seu blog há algumas
semanas e gostaríamos de saber se você concorda quanto a analisarmos este blog e
responder um pequeno questionário. Sua participação é muito importante.Para saber mais
detalhes, entre em contato via e-mail (sandram[email protected]) e acesse nosso blog de
pesquisa www.blogsespeciais.blogspot.com). Muito obrigada e parabéns pelo blog!
Prof. Dra. Sandra Portella Montardo - Centro Universitário Feevale
25 de Março de 2008 07:02
Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2008
Os primeiros Acidentes + Cola Superbond
Pois é, um dia iria acontecer!!!
Fiz uma pequena força para frente, como se eu fosse começar a correr, mas algo me bloqueou. O
silencio tomou conta de mim e senti alguma coisa descendo pelo meu ombro, em seguida pelo peito:
tentei agarrar desesperadamente! Sem sucesso, lá vi o bixinho no chão! Todo esparramado!
Naquele momento meu coração quase parou, peguei-o e vi que estava desligado!!!
Ajeitei o compartimento de pilhas e liguei. Estava tudo bem... Segundo acidente: Apenas dei uma
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inclinada para trás e lá foi o "saltador de paraquedas" de novo no chão. Pirei!!! Procurei pela alcinha
transparente que envolve o processador na orelha até o ganchinho. O problema é que essa alcinha
sempre se solta do ganchinho... A solução foi colar com superbond!!!
Está uma maravilha!!! Supercoladinho!!! Chacoalhei pra lá e pra cá pra testar a resistência: Depois de
umas 5 giradas de cabeça, voou. Está firme, mas não o suficiente para agüentar uma montanha
russa do playcenter... (ai,ai)
Postado por Princess Alin Nohansen às 3:20:00 PM
Quinta-feira, 24 de Janeiro de 2008
Ouvindo em Brasília
Oie, amigos!!!
Quanto tempo... A última vez que escrevi foi no ano passado... ô tempo... kkkkk E como o tempo
voa... Já estou com quase 2 meses de ativada e muitas coisas mudaram!!! Primeiro fui viajar para
Brasília e lá continuou o meu aprendizado sonoro. Muitas coisas aconteceram!! Irei contar pra vocês:
Dia 25 de dezembro de 2007 às 18h00...
Lá estava eu, junto com a minha família, todos a postos no ônibus de leito. Fomos no semi-leito, mas
tudo bem. Como seria a mh experiência de ouvir dentro do ônibus? Era uma curiosidade minha tb kkk
Afinal, tudo é novo! Kkkkkkkk Durante as 12h de ida fiquei tentando relaxar pro tempo voar... Ouvia o
barulho do ônibus, fiquei ouvindo MP3 e rádio com a mh irmã, no celular dela... Eu simplesmente
achava que o barulho externo atrapalharia muito, mas nem!! Deu para relaxar com uma musiquinha
em paz kkkkkk. E ouvindo rádio com a mh irmã, eu percebia quando estava falando ou cantando,
tocando... Perguntava a mh irmã se eu estava certa do que ouvia, e ela confirmava! Mais uma
conquista, pois antes tinha dificuldade nisso...
A Virada do Ano
Passei o ano novo lá em Brasília mesmo, e fui para o P4. Pela primeira vez ouvi os fogos! Como são
altos e nada incomodáveis! Achei que eles poderiam me assustar auditivamente, mas... UM RONCO
ME ASSUSTOU MELHOR, isso já é outra história pra contar kkkk.
Tinha alguns fogos que chiavam, zuniam quando subiam e lá em cima estouravam.
Muitas vezes eu pude saber que um novo fogo ia estourar e olhar para o céu sem perder o
espetáculo de luzes... Eu estava me adaptando com o P4. Que por sinal, está maravilhoso...
O Chuveiro Pingando
Estava eu no banheiro e passei a ouvir um barulho... Chamei a minha irmã e fiquei espantada:
caramba, eu tava ouvindo o barulho das gotas que pendiam lá de cima!!!
O Beija-Flor
Estava eu a ouvir no meu MP3, na varanda! Os barulhos da rua me incomodavam um pouco,
atrapalhava a música e tirava a mh concentração em caçar a voz do cantor...
Uma certa hora ficou terrível, eu já não ouvia mais a música e sim um ruído constante...
Desliguei o MP3 e estranhei: o barulho continuava... Comecei a ficar prestando atenção e logo se
tornou uma melodia. Espantada, comecei a procurar e foi só eu virar o rosto, e dei de cara com um
lindo beijar flor, pertinho de mim!!! Fiquei encantada e boquiaberta com tamanha beleza, ainda mais
com som!
Obras!!!
Ouvi os barulhos característicos das obras! Meu pai usando a furadeira, martelando....
Motos e buzina
No começo eu não estava conseguindo diferenciar os barulhos de moto e carros... E muito menos
perceber que eles estavam passando. Mas lá em Brasília, depois de um tempinho com o P4 ouvi o
verdadeiro barulho da moto!!! Ouvia, procurava e logo via a moto passando! EBA!!!
Tb ouço qd tá passando carro, mas não com a mesma facilidade de quando passa uma moto!
Depois já na rua e na hora de atravessar, como já estou acostumada, olho para os lados e continuo
caminhando até a quina da calçada e paro novamente, para checar mais uma vez... Às vezes os
carros viram com tudo... Aí já viu, né... Enquanto caminhava para a quina, depois da primeira
verificação, parei automaticamente: tinha ouvido uma coisa! Nem deu tempo de me virar e um carro já
foi contornando a esquina. Perguntei a minha irmã se havia buzinado e SIM! YEAH!!!
Uma música no Mp3...
Havia passado para o mp3 uma música do Jorge Vercilo chamada "O Infinito Amor".
Antes do implante, com dificuldade eu curtia essa música, cantava com a mh mãe, que achou muito
linda. Procurei na Internet a letra e copiei num caderno. Chamei a mh irmã e coloquei o outro fone no
ouvido dela, pedi que ela me acompanhasse para ver se eu estava ouvindo bem o cantor. Começou.
Instrumentos tocavam, mas nada da voz ainda, me concentrei ao máximo. "Desde que te vi..."
Percebi rapidamente e comecei a deslizar com o dedo sobre a letra da música, onde e como eu
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ouvia. Na maior parte eu fui muito bem, percebendo cada foneminha, e me perdendo quando ele
dizia: "infinito amor..." kkkkkk Adorei a experiência!!!
O Choro de uma criança
Normalmente eu não ouvia, quer dizer, não percebia qd a criança tava chorando ou rindo... Mas de
tanto chororó, acabei aprendendo! kkkkk Achei uma graça o risinho de um bebê e melancólico o
chorinho.. Aff Fui no hospital, acompanhar a mh irmã que estava com alergia... De repente, um berro
ecoou pela sala de espera e reconheci rapidamente: Tinha uma criança chorando, berrando!
O microondas e o fogão
Ouvi o apito do microondas e o sinal do fogão, anunciando que vai acender o fogo kkkk
Esses são os sons que ouvi lá em Brasília... Ou seja, os que eu lembro, pq quase todos os dias tinha
uma novidade kkkkkkk
Beijos e até a próxima!!!
Postado por Princess Alin Nohansen às 8:14:00 AM
1 comentário
Lisi disse...
Gosto muito de ver todas as novidades com sons. Conte mais coisas, afinal, já se passaram
mais uns dias... hehehe bjos
5 de Fevereiro de 2008 16:26
Quinta-feira, 20 de Dezembro de 2007
Pisca-pisca de natal
Não, não... Não falo dos pisca-piscas de natal mesmo, e sim o do meu aparelho!!!
Hj quando mudei para o P3 tive uma surpresinha: Uma pequena luzinha vermelhinha, piscando
loucamente na pontinha do meu aparelho! Eu já conheço ela! Vi-a piscando nos aparelhos de outros
implantados, quando esses se encontram nas mãos deles. E quando colocado de volta na orelha, a
luzinha se apaga... Essa luzinha, pelo que sei, é para indicar quando há algum problema, quando
acabou a pilha, quando a bobina está mal posicionada... E tb, quando o IC está em funcionamento,
principalmente nas crianças, pois elas não sabem dizer se tá funcionando ou não... aí a luzinha ajuda
os pais a saberem das coisas que rolam com o aparelho... Mas... O meu já tá em clima de natal!?
Kkkkkkkkkkk Pisca direto... Direto... e no visor mostra P3M normalmente... Talvez esteja configurado
do mesmo modo que para as crianças. Irei entrar em contato com a fono. E olha que minha mãe
brincou: "Ora bolas! É nataaal!!! Por isso que tá psicando!" kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Ninguém
merece! Bjs
Alin
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:28:00 AM
2 comentários
CresceNet disse...
Hello. This post is likeable, and your blog is very interesting, congratulations :-). I will add in
my blogroll =). If possible gives a last there on my site, it is about the CresceNet, I hope you
enjoy. The address is http://www.provedorcrescenet.com . A hug.
8 de Janeiro de 2008 04:35
Blogs como Ferramenta de Socialização e Inclusão de Portadores de Necessidades Especiais.
(PNE) disse...
Meu nome é Arnoldo Benkesntein.
Sou Bolsista de Iniciação Científica do CNPq e participo do grupo de pesquisa Projeto Blogs
como Ferramenta de Socialização e Inclusão de Portadores de Necessidades Especiais.
(PNE), sob a orientação de Prof. Dra. Sandra Portella Montardo (Feevale) e Prof. Dra. Liliana
Passerino (UFRGS). Na atual fase do projeto, após a análise de blogs de familiares de
autistas, estamos mapeando blogs que abordam assuntos relativos à deficiência auditiva.
Devido à qualidade da informação observada no seu blog, incluímo-lo na nossa lista de sites
pertinentes para o mapeamento. Visando o melhor entendimento de como blogs como o seu
podem efetivamente promover a inclusão social de PNEs, gostaria de solicitar-lhe o
fornecimento de alguns dados que devem ser enviados para o e-mail
Nome:
Você é portador de alguma necessidade especial relativa à deficiência auditiva?
Se sim, qual?
Sexo:
141
A simples resposta desses itens é muito importante para o sucesso de nossa pesquisa. A
seguir, será enviado um Termo de Consentimento, no caso de você concordar com que seu
blog faça parte da nossa amostra.
Desde já agradeço sua atenção.
Arnoldo Benkenstein.
20 de Janeiro de 2008 15:19
Pulando de Ps: P3!!!!!!!
Ois!!! ÊÊÊÊÊÊ!!!!
Hj fui para o P3! Como eu expliquei, nesse meu primeiro mês, toda quinta feira é dia de Pular kkkkk
Vou contar meus últimos dias de P2, que to devendo e fiquei com uma preguicinha... Ui! *vergonha*
Que eu me lembre bem:
Percebi muitas melhoras! Novos sons:
O estabilizador do PC:
Estava eu com a mh amiga no PC, as luzes estavam piscando e comecei a ouvir um sonzinho meio
assim: "tan tan, tan tan..." Estranhei bastante, fiquei procurando, não achei e chamei a mh mãe. Ela
prestou atenção e presumiu que vinha do PC... Fiquei tentando ouvir, mas não tava me conformando
que era o PC... E ainda por cima, fiquei preocupada... Meu pc vai quebrar!? kkkkk Só depois q mh
mãe percebeu que não vinha exatamente do PC, e sim do estabilizador! Uai!!!
Passos
Esses estão mais nítidos para mim: começo a ouvir baixinho e vem aumentando... E BUM! A pessoa
aparece na sala da mh porta kkkkkkkkk
Vozes
Está cada vez mais fácil de indentificar que as pessoas estão falando...
Andei tomando sustos kkkkkkk
Palavras
Estou conseguindo entender mais as palavras ditas pela fono...
Conseguindo acertar mais do que errar! =DDD mais ainda é um desafio para mim.
sica
Andei usando muito o MP3...
Percebi grandes melhoras com o passar dos dias... Ainda continuo ouvindo e hj à noite farei a prova,
para ver se to ouvindo mesmo e acompanhando algumas partes da letra corretamente. Estou quase
com a certeza de que estou ouvindo algumas palavrinhas.. hum?
Geralmente, com o P2 percebi grande melhoras nos sons que já estava escutando... Tudo
ficou um pouco mais alto e a nitidez aumentou...
Carros
Consegui ouvir melhor os carros passando na rua... Tenho a impressão! E ainda não consegui
diferenciar mt bem carros, de motos e ônibus... Porém está bem melhor do que com o P1.
Dentro do carro.
Conseguir ouvir o motor dos carros. E ouvi a musica que tava tocando em outro carro.
Claro que fiquei pensando que era do carro que eu estava dentro, até o meu namorado desligar o
rádio dele e eu estranhar ainda estar ouvindo música kkkkkkkkk
Celular
Consegui pela segunda vez ouvir o toque do meu celular, estando distraída! =D
AGORA ESTOU USANDO O P3!!!
Tudo voltou no tempo, para o início!
Toda troca de Ps é como se fosse o primeiro dia: a gente tem q se acostumar!
Estou ouvindo tudo um pouco mais alto do que eu tava ouvindo com o P2.
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E pela primeira vez, ouvi os passarinhos cantando no jardim... Eu estava no meu quarto. Achei que
era o meu, mas mh mae me disse que lá fora tinha um monte cantando... e que nao era o meu
passarinho.Mais uma vez, liguei o aparelho e entrei na cozinha dizendo: "o rádio tá ligado, o
passarinho tá cantando..." kkk E mh mae confirmou kkk. Vindo trabalhar, pela primeira vez na rua
com o P3: ouvi melhor os carros passando!!! Agora quero ver se numa rua deserta, eu ouço um carro
passando! =D Ainda tô caçando a diferença entre os vários transportes!! E cheguei aqui no meu
serviço, achando estar escutando os passarinhos cantar... Ouvia uma melodia de sonzinhos... Não
sei se eram eles mesmo... Estava eu aqui na mh sala de serviço... Mh amiga chegou fazendo
XXXXXXXXX kkk e me virei, aí fui pegar uns negócios e tava mais ou menos uns 10m dela e ela
disse: "oi, tudo bem?" E eu ouvi uma voz, que seria a dela, e me virei kkkkkkkk. =DDD
Botei o MP3 pra escutar um pouco as músicas q eu tava tendo pequenos progressos com o P2.
Mas não to ouvindo bem como tava antes, acho que é o costume... Mais pra frente relato mais!
beijoooos
Alin
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:13: 00
Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2007
Os sons agora fazem parte da minha vida
Nunca imaginei o que seria O OUVIR.
Nunca imaginei que pudesse tanto mudar a mh vida.
Estou amando! Tudo graças ao bom Deus. Confiei Nele e ele cumpriu a sua promessa para a minha
vida.
Mais umas usando o P1 na mh primeira semana de ativada, que fora completa hoje.
O Telefone
Quem depois de ativado não fica curioso de tentar ouvir o telefone?
Por mais cedo que seja??? Pois é, lá fui eu: Peguei o bixinho e com ele procurei os 3 microfones do
IC.Me concentrei e aos pouquinhos, os sons foram fazendo sentidos para mim: "tum, tum, tum, tum..."
Passou uns dias e resolvi repetir a experiência: dessa vez ligando para alguém.
Enquanto discava, percebi alterações nos sons e quando terminei, mais me concentrei:
Comecei a ouvir o chamado. Não sei como descrever o som... Mh irmã que me acompanhava, me
pediu para ouvir. Perguntei se estava chamando, e ela confirmou.
Arranquei o tel da mão dela, procurei os microfones do ic e fiquei minutos à espera e na expectativa
de ouvir um alô! mas de repente: tum, tum, tum....
Falei para a minha irmã: "Ninguém atende" e passei o fone para ela tentar.
Deu na mesma. kkkkkkkk
A música
No segundo dia de ativada, eu já fui ligando o rádio e colocando minhas músicas preferidas:
Notei que ainda não ouço como eu ouvia antes de ser implantada: Costumava ouvir pela mão. Pela
vibração. Sentindo a vibração no corpo. Tirei minhas mãos da enorme caixa de som que tenho em
casa, me afastei um pouco dela e fechei os olhos: me concentrei para poder ouvir a música.
O que eu ouvi não era musica, e sim uns sons estranhos kkkkkk apitos constantes e suaves.
As vezes me lembravam assobios ou o meu querido "X"Kkkkkkkkkkkkkkkk
Embora com o AASI, nem perto disso eu chegava, apenas tinha sensações auditivas e mais nada. Só
sentindo a vibração. Passando alguns dias, a mh percepção musical fora melhorando.
Hj consigo e desfruto da musica Saria Song - Zelda Ocarina of Time - N64
numa boa! Consegui ouvir legal! Por enquanto, é só essa musiquinha! =D
E continuo ouvindo as outras q tb tanto gosto para ir estimulando...
Na igreja
Estava indo para a igreja. Fiquei pensando como seria estar num lugar, onde as músicas,
o pastor falando no microfone seriam tudo alto. Será que me incomodaria?
Cheguei lá, estavam todos no meio de uma oração fiquei em silêncio, esperando terminar para poder
entrar. Fiquei ouvindo e não achei altão assim. Tava até bom. Kkk Depois me sentei e tocou uma
música, fiquei tentando captar a voz da cantora. Não deu muito certo, mas foi gostoso. Eu já nao
estava mais com as mãos no banco, tentando sentir a vibração. Depois o pasto foi pregar. Ele fala
bem rápido, nunca tinha conseguido ler os lábios dele. E tentei essa proeza: pra minha surpresa,
consegui captar um monte de palavras e curtas frases ditas por ele. IC + leitura labial = UAU!
A LIBRAS
Caracoles!!! O meu amigo GIL tinha razão ao brincar que quando fazemos LIBRAS, parecemos uma
ventoinha kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Não senti ventinho algum, porém ouvir os barulhos produzidos
143
pela violência de alguns sinais feitos.
O MP3
Pedi o MP3 emrpestado do meu namorado. Gravei ele me chamando umas 5 vezes pelo meu nome.
Ainda nao testei o cabo especial que liga o mp3 no processador. Apenas encostei o fone do MP3 no
microfone e pude ouvir os "alines" dito por ele.
Adorei! E agora vou gravar musiquinhas, leituras, para mim sair treinando kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Musiquinhas Infantil
Adorei ouvir "atirei o pau no gato..." sem LOF.
E ainda por cima perceber o ritmo e combinar com a música em assobios.
Uma cantata legal! kkkkkkkkkkkkk
Por hoje é isso...
Tudo isso com o P1.
Agora a partir de hoje, é o P2 que entrará em ação!
Beijos
Postado por Princess Alin Nohansen às 7:46:00
____Do P1 para o P2_____
Bom dia amigos!!!
Hoje de manhã fiz a troca: do P1 fui para o P2!!! E as diferenças já foram se manifestando!!!
Eu ouvi muitas coisas com o P1. Certas coisas ainda não relatei aqui e aagora o farei:
Consigo ouvir o aviso do MSN, quando uma pessoa loga... E configurei, para sempre que meu
namorado logar no msn, tocar uma musiquinha do Zelda, (um jogo de videogame) que é tocada numa
ocarina (gaita!?)... Eu estava distraída e conseguí ouvir e correr para o PC. rs...
Conseguí ouvir tb o pisca-pisca do carro... Claro que prestando muuuuita atenção! Pois é baixinho...
Essas são as últimas coisas novas que tô me lembrando de ter ouvido, nos últimos dias do P1.
Agora, usando o P2.
Hj de manhã, detectei facilmente que o rádio estava ligado e continuei ouvindo bem o passarinho
cantarolando. Enquanto vinha para o trabalho, fui prestando atenção nos carros, motos e ônibus
passando, tentando ouvir-los melhor e descobrir o som que os diferem.
Estou ouvindo melhor do que antes, mas ainda não sei se consigo ouvir e dizer se passou um carro
ou não... pois a rua aqui é mt movimentada! passa carro, moto e ônibus tudo junto! bah!
Passei a ouvir melhor os passos das pessoas, ouvi meus próprios passos caminhando no tapete a
mh casa. Aqui no trabalho, estou começando a perceber quando tem pessoas caminhando em
frente a mh sala, estou ouvindo melhor os passos. Antes só ouvia qd estava prestando mt atenção.
Agora esses passos me despertam a atenção e olho para a porta. Estou começando a ficar meio
perdida, querendo deixar de ler os lábios para me concentrar na audição. Mas ainda não é suficiente
para mim entender, preciso dos lábios kkkk Porém agora tô automaticamente teimando a ler os lábios
e entender duma vez, dando preferência a ouvir a voz da pessoa primeiro, pra depois pedir pra repetir
kkkkk Bah! Em casa é legal, mas aqui no serviço eu não posso fazer isso. kkk
E o melhor: E PELA PRIMEIRA VEZ: Ouvi o toque do meu celular!!!
Estava eu a ler umas mensagens do FIC, enquanto entra um rapaz na mh sala, ele é office boy, ele
estava a anotar umas coisas em seu caderno. De repente, comecei a ouvir um barulhinho, não sei
descrever, mas eu tava ouvindo. Virei meus olhos e fixei no rapaz, ele fez a mesma coisa. Ficamos
nos encarando por uns segundos. Ele me olhar, me deu a certeza de que eu estava mesmo ouvindo
um barulhinho diferente, daqueles que chamam a atenção dos ouvintes, pois esses, são
acostumados a ignorar barulhos ambientais, enquanto nós, ficamos doidinhos querendo saber o que
é.... Então, enquanto a gente se encarava nesses poucos segundos, perguntei: diabéissu? E
rapidamente baixei os olhos para o meu celular, que estava a mh frente e quando vi: UMA
MENSAGEM RECEBIDA!!! Beijos!!! Depois trago mais relatos!
Alin
Postado por Princess Alin Nohansen às 5:24:00 0 comentários
Segunda-feira, 10 de Dezembro de 2007
E o mundo sonoro vem surgindo...
Vou relatar neste post os primeiros sons que fui ouvindo durante os meus 4 dias de ativada:
1º dia depois de ligar o aparelho: Ouvi vozes, não compreendia, mas ouvia. Ouvi perfeitamente o
som de X. Todo mundo começou a me chamar pelo X, pois é o único que me chama atenção à
distância! Fui no shopping e ouvi o xixi, a descarga e o secador de mão, tudo bem baixinho...
No carro, consegui ouvir o parabrisa do carro, o escapamento de caminhões e peruas.
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E tb ouvi a sirene do carro da polícia. Ouvi o bater dos talheres, da palma, mesa... E tb o arranhar nos
objetos. Ouvi sacolas e papéis sendo amassados, assobios e o psiu. E ouvi o som do beijinho. Smack
ah, e tb o estalar dos dedos. E as pessoas começaram a falar um pouquinho mais rápido comigo... Tô
acompanhando legal =DDD ouvi o barulho que faz, quando vc desliza rapidamente sua mão sobre
seu braço.
2º dia - fui trabalhar...
Pela manhã com dificuldade, ouvi o meu passarinho cantar. Já ouvia bem a água, e consegui ouvir
o xixi alheio rs. Aqui no serviço, consegui ouvir barulhos de objetos batendo, caindo, escorregando...
tb ouvi passos de pessoas e mts outros sons desconhecidos... Ah, tb o tec tecl das teclas do
teclado... a máquina de xerox: tentei ficar ouvindo e perceber quando acabava de xerocar, sem olhar
para a máquina. Consegui ouvir um pouquinho o meu nome. É preciso me avisar que vai falar meu
nome, aí eu ouço bem fraquinho... Tentei ouvir música: só distingui dois sons diferentes. Enquanto
que com o AASI só ouvia um som.
3º dia - meu primeiro sábado implantada.
Amanheci ouvindo o meu passarinho (entenda se: liguei o implante pela manhã kkk nao dormi com
ele nao) no quarto do computador, sendo que ele fica na lavanderia. De leve, consegui ouvir o
barulho da panela de pressão. E com dificuldade, diferenciei "bola" de "carro" E fiquei tentando ouvir
os toques de celular. Apesar de ouvir um pouquinho, achei todos fraquinhos demais para mim
perceber qd eu estiver distraída... Escolhi um chamado Run presente no cel da NOKIA sei lá que
números kkk Ouvi o tu..tu..tu.. do telefone pela 1ª vez (PS: eu tentei ouvir no 1º dia e nao consegui
ihih). E fiquei ouvindo um som, sem conseguir saber o que era... Me disseram que era o barulho da
rua, dos muitos pássaros cantando lá fora, fora o meu que se acha o Roberto carlos kkkkkk. Mas pra
mim esses sons desconhecidos ainda nao caíram, preciso estudá-los kkkk.
Consegui ouvir o toque do celular do meu namorado, do telefone e bem pouquinho a campainha e
buzina. Beeem pouquinho. E tb bem pouquinho, ouvi o meu celular tocando, atendi e ouvi a voz. Meu
namorado me disse que mh mãe, que estava no outro lado da linha, estava dizendo o nome dela: "a-
u-ro-ra" e consegui acompanhar bonitinho o "aurora" dela. Gostei dessa experiência.
4º Dia – Domingo
Tive a certeza de que o implante coclear anda melhorando a mh leitura labial.
Consegui entender algumas coisas que o meu pastor japonês pregou na mh igreja.
Detalhe: ele mexe mt pouco a boca e fala rápido. De novo dentro do carro, ouvi musica alta kkkkkk
Achei que era insuportavél, mas deu pra aguentar um pouco... Meu namorado desligou o rádio dele e
continuei a ouvir uma música. Cume???De onde?? Como cê fez isso?? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Tava dificil de acreditar que essa música vinha de outro carro, e vinha mesmo. kkkkkkkkkkkkkkkkkk
E por um breve momento, consegui perceber bem pouquinho a voz da cantora, no meio da música
na igreja. Ouvi os barulhinhos dos sinais feitos pelos surdos, e tb ouvi barulho de boca abrindo e
fechando (tipo sugando e abrindo, bitocas...) Depois meu namorado cantou a musiquinha
"aaaaaaatirei o pau no gato-to..." e depois assobiou no mesmo ritmo! Ameiiii!!!! Pude perceber o
ritmo!!! Por hoje chega, né? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Beijoos
Postado por Princess Alin Nohansen às 7:38:00
1 comentário
@Memorex disse...
Minha querida AMIGA
O teu relato, fez-me regressar á época de origem das primeiras descobertas e é
impressionante como a evolução seja SEMELHANTE, tão mas tão parecida!
SUCESSO menina, vc irá LONGEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!
10 de Dezembro de 2007 07:59
Contando como foi meu 1º dia de trabalho depois de ativada.
Mensagem enviada para o FIC no dia 07/12/2007 - sexta feira.
"ois!!
eis aí meu segundo relatinho, depois de ativada!!!
Acordei para trabalhar num salto, me troquei e fiz tudo correndo, só pra colocar o IC! kkkkkk
Sofri um pouco pra colocar, pq essa mh cabeleira é fogo kkkkkkkkkkk
primeira vez q saio nas ruas ouvindo, tentava prestar mt atenção e ouvir os carros, motos, ônibus com
mais clarezas, ainda é um pouquinho dificil, não foi marcado um X neles ainda, mas breve será
kkkkkk Estava garoando, normalmente gosto de tomar uma garoinha, mas fui de guarda chuva para
proteger mais o IC.Fui andando, caminhando, tão bobamente... que qd cheguei no meu serviço, só
145
me dei contar de estar de guarda chuva aberto qd eu cheguei na porta da mh sala... ui!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Tentei ouvir alguns somzinhos característicos daqui kkkkkkkkkk e hj o serviço
foi empacotar uns presentes... fiquei a manhã toda só ouvindo plásticos kkkkkkkkkk Falei com a mh
chefe, com algumas pessoas e contei como foi ontem (email anterior: "E é o X") todos ficaram
maravilhados com a mh pequena conquista. Realmente são coisas q jamais ouvi com o meu aparelho
AASI!!! E no almoço então, nem se fala: encontrei com as mhs duas amigas surdas, e falei pra elas
do que eu já conseguia ouvir e o que não conseguia... Elas já saíram me chamando pelo meu nome,
mas meu nome eu não ouço ainda... Aí eu disse que eu ouço o X. Elas ficaram tentando fazer o som
do X kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk tava uma comédia e eu já tava ficando com vergonha, pq tava
chamando a atenção... mh gente qd uma finalmente conseguiu fazer o X virou festa
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX e uma batia na mesa, outra grunhia ish, ficaram fazendo mó barulho pra
ver se eu tava ouvindo kkkkkkkk e ficaram admiradas. Claro que o pessoal ouvinte a nossa volta
percebeu e entraram na festa tb aí sim, foi XXXXXXXxxx pra todo lado! Kkkkkkkk
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Eu só ria e procurava o som
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
bjsss
Alin"
Postado por Princess Alin Nohansen às 5:00:00 0 comentários
Sexta-feira, 7 de Dezembro de 2007
ATIVAÇÃO!!!
Faltavam três dias... Estava chegando, as horas não passavam. Eu dizia que estava tranqüila, mas
lááá no fundinho, uma curiosidade enoorme com uma ansiedade daquelas que vc tenta esconder e
não consegue... Eu tentei de todas as formas imaginar como seria, o que eu sentiria, me passava
muitas e muitas cenas na cabeça, aquele momento tão esperado por todos os implantados que não
foram ativados ainda, que só passando pra saber como é, era imaginado por mim de várias formas:
das desastrosas as milagrosas... E o que aconteceu não chegou perto do que eu imaginei: FOI
ÚNICO E MUITO ESPECIAL.
Na quarta-feira, dia 05 de dezembro de 2007
Aiiiiiii!!!! Estava eu no trabalho, pedindo pras horas correrem kkkkkkkk Tentei me ocupar com tudo
quanto era coisa, até lixar as unhas. E mandei mensagens pro FIC todo anunciando que era
AMANHÃ!!!! Cheguei meio atrasada em casa, mh prima já estava lá me esperando. Mais tarde meu
namorado chegou tb! Ficamos rindo e jogando Mario kart no meu velho N64. E mais tarde ainda, eu
mh irmã e mh prima ficamos conversando bagunçando até acharmos melhor dormir, pq no dia
seguinte é o GRANDE DIA começando às 05h00 da madrugada! Kkk Seguimos para a rodoviária e
partimos às 06h20. A ativação estava marcada para às 09h00, porém não foi possível chegar nessa
hora. A fono já tinha sido avisada. Ainda bem... Como havia combinado antes, tínhamos que passar
no hospital onde fui implantada, Vera Cruz, pra pegar a caixa do aparelho e tal... E lá fomos nós. Para
achar a tal 'farmácia' onde estaria guardada a caixa do meu FREEDOM, foi uma dor de cabeça. Para
se ter uma idéia, tínhamos que explicar o que é um implante coclear kkkkkkkk Rondamos pelo
hospital, teriam que inventar um Google Earth pro hospital pra facilitar.. Aff mas rondamos,
rondamos, rondamos e achamos. Quão grande foi a mh surpresa ao ver a "caixinha": enoooorme!!!
Sobrou pro meu namorado, claro! Ele teve que carregar até a clínica da mh Fga. Silvia Curi. Kkkkkk
Todo mundo ficou espantado ao ver a caixona!! cumé qui pódi um aparelim pequerrucho assim
precisar duma caixota dessa!? kkkkkkkkk "acho que vem mais um coalinha!! Se vier, me dá aline?" -
Dizia mh prima. "Deve ser um implantão" - meu namorado.
"Ou um orelhão pra facilitar? - Eu. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
E a viagem continuou. Chegamos lá umas 10h00 por aí... E ficamos aguardando.
Não demorou muito, logo chegou a mh vez. Não consigo descrever como me senti: foi uma mistura
de ansiedade, medo, alegria, emoção... Era tudo ou nada. Todos nós implantados sabemos que na
ativação, pode ser tudo ou nada: há aqueles que saem ouvindo, há aqueles que nada ouvem, há
aqueles que são capaz de considerar como o pior dia. Enfim varia de pessoa apra pessoa... Cada
caso é um caso... Todo ser humano é uma caixinha de surpresa... Quando aberta pode te assustar ou
não kkkkkk. Entrando lá, nos ajeitamos: eu no meio, mamis a direita, mh prima e meu namorado a
mh esquerda! Uns blá blás pra cá outros pra lá e logo a fono anunciou: Irei ouvir uns barulhos, pois
ela iria fazer uns testes nos meus nervos auditivos, coisa assim. Foi a primeira vez que ouvi algo pelo
implante!!! O barulho começou baixinho e foi aumentando, eu estava com uma expressão admirada,
espantada! Tão diferente o modo de ouvir! Sempre q eu ouvia algo com o aparelho eu sentia q
entrava pelo meu ouvido, com o implante é diferente!! Não sei explicar!!!
146
Comecei a empolgar o povo a mh volta! kkkk E eu tb fiquei empolgada! tava legal, porém parecia q ia
aumentar até estourar kkkkkkkkk Deu um medinho, mas depois gostei! kkkkkkkkkkk
FINALMENTE, A ATIVAÇÃO!!!
A fono Silvia colocou sobre a mesa uns gráficos que representavam a altura do som: fraco, médio,
forte e muito forte. Achei a maioria fraco, e alguns médios.
Depois ela fez um testinho comigo: eu tinha que dizer quantas vezes eu ouvia o apitinho!!! Acertei
mais e errei umas vezoinhas kkkkkkkkkkkk. =DDDD Depois ela ligou o microfone e comecei a ouvir.
Vozes!!! Ouvi a voz dela e do pessoal falando comigo! Tão diferente!
Depois minha mãe falou comigo, mh prima e o meu namorado!!! Ouvi as vozes deles!!
Tão confusa fiquei, achei a voz da fono mais grossa, a da mh mãe mais ou menos, a do meu
namorado mais fina e a da mh prima bonitinha e suave. A minha a mais bela de todas kkkkkkkkkkkkk
Depois a fono começou a fazer uns barulhinhos alguns eu captava outros passavam... Ficava atenta
a tudo que ouvia de diferente dos apitos do implante. E é o... X E o mais legal gente, foi quando a
fono fez "XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXx" Caracoles!! eu ouvi muito bem!! Tão bem, mas tão
bem que depois que saímos para a voltinha pra mim testar o aparelho eu ouvi o "X" até de longe!!!
Fiquei impressionada! nunca ouvi algo de tão longe assim!!! Depois desse X da fono a festa
começou: todo mundo fazendo Xs pra chamar mh atenção hauahau Foi uma xiszarada daquelas!!!
Seguimos para o shopping para almoçar. Barulhento o shopping, tão barulhento que parecia que eu
nao tava ouvindo nada. Uma hora a anteninha caiu e pude ver a tremenda diferença. Era
impressão minha achar q nao tava ouvindo nada kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
Qd compramos nossos almoços, logo a festa do Xs começou: o pessoal do shopping olhavam tortos
sem entender nada kkkk: o povo XXXXXXXXx e eu comemorando ahauhauahuahauahauahuahaua
Conclusão final: AMEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEIIIIII O IMPLANTE COCLEAR!!!!
Uma benção, inteligência que Deus deu aos homens para poder ajudar aqueles que precisam!!!
E aguardem, logo contarei mais!! Tem tanta coisa acontecendo!!!! yep!!! ='D
bjs
Postado por Princess Alin Nohansen às 8:01:00 AM
3 comentários
Ruizito disse...
Querida princesinha do Fic e do nosso coração, estamos muito felizes por você, agora você
faz parte do mundo dos ouvintes que é simplesmente maravilhoso, parabéns e muito
sucesso em sua nova jornada chamada vida, Deus esteja sempre em seu coração.
Amigo Rui e família
8 de Dezembro de 2007 11:18
Morena Mineira disse...
Alin querida....Vc não imagina o tanto que fiquei feliz pela sua ativação....Sabia e estava
confiante que vc ia adorar.. Vc respondeu tudo o que a fono pediu que resultado mais
esperado que eu estava esperando... Parabéns minha amiga comediante eletrocutada....
Ainda bem que não tenha arrepiado os cabelos e nem caiu da cadeira...rsrsrsrs...
Ontem fiquei esperando vc no msn para me contar como foi...A Paula me deu o nº do seu
cel mas eu estava sem crédito... Aí hoje eu entrei no fic só para ver se tinha o seu relato e
morri de rir o que vc escreveu... Eta menina....Vc vai longe...muito longe...
Parabéns minha amiga, agora daqui para frente só alegria em ouvir a voz do mundo te
chamando sem cessar... Te adoro muito... Beijos......Parabéns e felicidade....
Da amiga Robosita Mineira....
Carla Laudares Maia
8 de Dezembro de 2007 12:15
Giovanni disse...
Nem sei como achei seu blog.
Em todo caso, parabéns por esse momento importante na sua vida. Já conheci outras
pessoas que colocaram esse implante e a descrição delas é tão empolgada quanta a sua.
Que maravilha!
8 de Dezembro de 2007 21:02
Sexta-feira, 16 de Novembro de 2007
4º almoço de confraternização do FIC + 30 anos de implante coclear no Brasil + 1º veeeez
Aêw, pessoal!!!
No dia 10 de novembro, do meio-dia às 16h00 aconteceu o 4º almoço de confraternização do fórum
147
de implante coclear, FIC.Foi o primeiro almoço de fim-de-ano que eu participo!!! E ainda mais, fui
implantadinha e com o corte "fresquinho" para os fortinhos verem kkkk.
E devido ao aniversário de 30 anos de implante coclear no Brasil, a POLITEC, empresa que importa
os implantes cocleares, patrocinou a organização do almoço: Foi super 10! Em um buffet chamado
Mega Fábrica. Para a criançada e marmanjada fazer a festa. Só quem foi sabe bem do que estou
falando kkkk.Fomos lá: Eu, Rodrigo, Talita, Douglas, mamis, vó, madrinha, alessandra, Greice e
Bigode: Simplesmente o circo todo!!! Chegando lá deparamos com o grande buffet: diferente nao
podia ser!!! Todo coloridão e animado. Fomos entrando e logo fui reencontrando alguns pessoal que
eu já conhecia e conhecendo novas pessoas! Conversamos bastante e tb aprontamos. Porém eu
estava de "castigo". Ainda me recuperando da cirurgia, nada de sair bagunçando. No máximo
conversar e rir. Bah!!! O pessoal todo na labamba fazendo a festa e eu do lado de fora, na maior
tentação e chupando o dedo kkkkkkkk. Até me empolguei e perguntei pra minha mãe: "deixa eu iiiiiiir
lá.....?" kkkkkkkkkk Ela claro, negou... Fazer o quê né... kkkkkk Vejam o vídeo no you tube:
http://br.youtube.com/watch?v=13qpDSELEWw Tinha muita coisa boa pra comer tb... Humm... Mas
papiei tanto que nem deu pra comer mt kkkk por um lado, ainda bem
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Infelizmente, dessa vez não tirei muitas fotos... Ou seja, nao tirei
quase naaada! Somente gravei o vídeo... Buááá. Mas prometo que dá próxima, vou tirar mais fotos,
tá bom??? No final, fomos em um shopping meio próximo dali... Ficamos conversando e depois uffa...
Cada um foi pra casa. Eu amei esse encontro! Muita gente pra conhecer, matar a saudades, rever...
Trocar opiniões, aprender...
Beijooos
PS: Gostaram da mudança do meu blog?? COMENTE!!!
Postado por Princess Alin Nohansen às 2:49:00 PM
1 comentário
rodrigo disse...
Gostar da mudança eu gostei, mas ver o vídeo da lambada no youtube kkkkkk bem isso
talvez....... que nada gostei muito....... bjs
15 de Dezembro de 2007 13:27
Quinta-feira, 15 de Novembro de 2007
Lavando o cabelo + tirando os pontos
Sexta-feira passada, dia 9 de novembro, pela primeira vez lavei o meu cabelo... Confesso que fiquei
com medo de molhar os pontos, mas foi sossegado, não ardeu, nem nada... E na segunda-feira, dia
12 fui tirar os pontos!!! Fui em um médico, e ele ficou interessado em me acompanhar! =D A cada
corte, senti uma dorzinha bem miúdinha... Mas nada demais. Mesmo sem os pontos, ainda me sentia
como se estivesse com pontos e certos movimentos com o pescoço dava a impressão de estar
puxando os "pontos". E a noite, se hesitar, dormí no lado implantado. Não agüentava mais dormir
somente de um lado. Hj já faz 3 dias que estou sem os pontos. E me acostumei bem. Nem sinto mais
o implante. Nem aprece que me operei... Ainda estou em recuperação, não posso abaixar, fazer força
e tenho que maneirar... Nada de maluquice, agitação... kkkkk Mas tá impossível, viu!!!
Postado por Princess Alin Nohansen às 3:15:00 PM
Quinta-feira, 8 de Novembro de 2007
Recuperação: Já se passaram 8 dias ...
1º dia - Quinta feira, dia 1de novembro
Ainda no hospital, sob efeito da anestesia. Acordei e as dores eram muuuito fraquinhas. Achei que eu
poderia virar e bater um bom papo com a minha mãe, mas o sono me derrubou.
Horas depois, acordei e doeu um pouquinho mais, um pesinho, uns repuxes... Ou tudo fruto da mh
imaginação?? Dorezinhas eu senti, mas mal sabia exatamente de que ponto vinha.
Na primeira noite, abaixei totalmente a cama e dormi. Apaguei legal, e as dores passaram. Estva bem
relaxada... Mas qd o ouvido nao implantado se cansou de ficar amassado... Ai, ai a tortura começou
2º dia - Sexta-feira, dia 2 de novembro
Cheguei em casa, tava bastante dolorido... Tb né: táxi, bus, metrô, trem e carro... Pegar tudo isso pra
voltar pra casa foi degastante kkkkkkkkk
3º dia - Sábado, dia 3 de novembro
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Recebi as primeiras visitas. Meus pescoço estava duro desde o 1º dia, eu tinha que mover o corpo
todinho para ver as pessoas kkkkkkk. Com a agitação, eu tb nao parei quieta aproveitei e fiz uns
exercícos pro pescoço voltar kkkkkk Afinal, sem estimulá-lo, iria demorar pra voltar as viradas
naturalmente... Tive uma noite das boas... pela primira vez, dormi direeeto!
4º dia - Domingo, dia 3 de novembro
Recebi mais visitas, e pela primeira vez depois o implante usei LIBRAS direto para conversar com
meus amigos. Mas claro que ainda com a limitação do pescoço!
Costumo fazer libras com violência, tapas aqui tapas acolá... Mas nesse dia, eu tava suaaave kkkkkkk
As dores diminuíram em grande escala!!! E ainda deu pra namorar bastante :)
Até hoje, eu precisava levantar segurando, empurrando a mh cabeça, para não fazer força no
pescoço... A partir de hj nem mais.
E arrisquei comer um pouco de risoto, pão de forma com atum de queijo e coca cola...
Resultado: Dor de barriga Recomendação médica: Comidas leves até o 7º dia.
5º dia - Segunda-Feira, 4 de novembro
Com aquela vontade imensa de ficar o dia todo no PC... Mas não pude ficar não. A mh vista cansava
rapidamente e chegava a doer um pouquinho tb. Fiquei assistindo uns filmes...
Comecei a dormir de bruço, mas sem tocar o lado implantado.
Além de quase virar e dormir em cima dos pontos. Mas acordei na hora e voltei a velha e monótona
posição (ai,ai) Quando o cansaço era mt, passei a dormir ao contrário na cama, pra enganar o corpo
e ter a sensação de que virei para o lado "proibido"
6ª dia - Terça-Feira, 5 de novembro
Quase não senti mais dores. Estava ficando uma beleza e tenho tido noites tranqüilas!!!
só o cansaço de ficar na mesma posição por mt tempo, é que atrapalhava um pouco e hj de novo,
quase me deito pelo lado implantado... mas na hora virei para o outro lado, sem grilos e continuei
dormindo. E me esqueci da recomendação de nao poder abaixar. Caiu uma coisa do meu lado, e
automaticamente, abaixei com força apra pegar. Só qd levantei é q me toquei. Uiii! Deu medo, mas
nao aconteceu nada.
7º dia - Quarta-Feira, 6 de novembro
Hoje faz 7 dias, términos das alimentações leves... Poderei comer normal a partir de amanhã!
E tive um dia tranquilo, fiquei na internet... Por muuuito tempo (ai) kkkkkkkkk
E pela primeira vez, comi arroz, feijão e frituras.
Deu uma dorzinha de barriga, mas depois passou e mais nada. Até hj nao tive tonturas, vômitos e
nada...
Beijos!!!
Postado por Princess Alin Nohansen às 3:43:00 am
1 COMENTÁRIO
TeLES disse...
Oláline. :) Fico feliz que a recuperação esteja ocorrendo bem.
Deus lhe deu esse presente porque você merece. Felicidades.
8 de Novembro de 2007 05:20
Terça-feira, 6 de Novembro de 2007
Fotos dos pontos!!!
Essa Primeira, foi logo após o Doutor tirar a faixa e curativos:
Essa segunda, limpinha e de bem com a vida kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
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Beijoss!!!
Postado por Princess Alin Nohansen às 7:35:00 am
1 COMENTÁRIO
@Memorex disse...
Aline. Ès verdadeiramente um sucesso!!!
Os sons vão te fazer vibrar, dançar!!!!!!!!
QUE BOM!!!!
BEIJOOOOOOOO
6 de Novembro de 2007 09:37
Domingo, 4 de Novembro de 2007
S2 Aê tô de Volta e IMPLANTADA
Oiêêê!!!! Tô de volta e implantada!!! Graças a Deus, louvado seja Deus.
A cirurgia aconteceu! Com Ele, superei todos os obstáculos.
A UNIMED liberou... E ainda fiquei num quarto “executivo” kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Bom, vou contar como tudo aconteceu:
TERÇA-FEIRA 30 de outubro, 17h50 Eu tava chegando do serviço... Cheguei em casa, fui entrando
e parei frente-a-frente com a mh mãe e com o Bigode (apelido carinhoso que dei ao namorado da
minha mãe, que é bigodudo mesmo): - Você será implantada na quinta-feira! Amanhã vamos para
Campinas, passar no anestesista!!! - Disse mh mãe. Fiquei incrédula, calei por alguns minutos,
chequei se não estava sonhando e logo em seguida uma felicidade enorme tomou conta de mim!!!
Saí saltitante pela casa, liguei o PC e fui logo contando para os meus amigos!!!
Foi uma festa geral: emoticons, nudges e alegria pra todo lado! Meu orkut se encheu de mensagens
de força, torcida e carinho!!! Falei com o meu amor, Rodrigo, um anjo que Deus colocou em minha
vida e junto comemoramos pela webcam! Estava difícil acreditar, que no dia seguinte, eu estaria indo
para Campinas... Fazia um bom tempo que não fazia mais essa viagem que tanto adorei kkkkk uns
dois meses por aí! Depois de dada a notícia, emails enviados! Fiquei à esperar o meu amorzinho,
que vinha me ver e não poderia acompanhar a cirurgia! Foi tudo de bom!!! :)
Quarta-feira, 31 de outubro... A viagem
Essa noite de quarta feira, não dormi nadaaaaaaaa!!! Pura ansiedade kkkkkkkkk
arrumei minhas coisas e 11h15 lá fomos nós para a rodoviária, rumo ao hospital para a consulta.
Chegando lá, fomos para a Central de internações, conversamos e cismaram que a mh cirurgia seria
particular!!! Quase tivemos um treco, mas depois foi esclarecido e a coisa foi para frente.
Passei na anetesista e ela fez um monte de perguntas, tipo, alergia sim, alergia não e tal.
Tudo OK! Nenhum probleminha Ficou combinado que na quinta-feira, 5h30 da manhã eu tenho que
estar no hospital, para me internar e me preparar para a cirurgia.
Agora eu e mamis saímos, mas claro que antes, nao pude deixar de tomar o delicioso capuccino do
hospital kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk E em seguida fomos a procura de um hotel...
Eu queria um mais barato... Mas mamis preferiu o mais caro e mais perto: Hotal Campinas Flat
Service. Fica bem do ladinho do hospital onde fui operada. Fomos lá, reservamos o nosso quartinho e
logo seguimos para o consultório do meu doutor, Paulo Porto: Mamis tinha ligado para ele,
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perguntando quantos dias mais ou menos eu terei que ficar no hospital, para reservarmos o hotel,
pois nem sabíamos se ela poderia ficar no quarto comigo.... Mas ele chamou a gente para irmos lá,
tirar umas dúvidas, comemorar kkkkkkkk Adorei!!! :D :D
Depois, de volta para o hotel: bonito, prático, agradável... Fiquei assistindo TV a cabo, fomos dormir
umas 21h00... Eu sem sono, fiquei respondendo e mandando torpedos pros meus amigos no cel...
Acordei várias vezes durante a madrugada, creio que foi ansiedade kkkkkkkk
16h30 todo mundo em pé, tomei meu banho e logo atravessamos a rua para o hospital!!!
E às 05h30 lá estávamos nós, no hospital escuro, com apenas alguns funcionários... Fizemos meu
cadastro, prontuário e coloquei uma faixinha na mão, com meu nome, nome do médico, do quarto,
etc... Como vcs podem ver na foto abaixo:
Creio que lá pras 06h00 por aí, fomos para o quarto... Confortável, amplo, duas camas, TV, banheiro,
etc... Minha mãe tava morrendo de sono, e tirou umas sonecas na cadeira de acompanhante,
enquanto eu tentava me ajeitar na cama à espera do que estaria por vir... Não demorou muito, logo
chegou a enfermeira, trouxe uma camisolinha meio estranha, coberta na parte da frente, mas pelada
do pescoço aos pés por trás... Estranhei, achei que pelada, tinha que ser a parte de frente do corpo,
mas não... Questionei a mh mãe se ela tinha certeza se era assim.... Botei a camisolinha e logo voltei
pra caminha, fiquei lá e tb não demorou: logo, outra enfermeira com "O COMPRIMIDO" Aquele que
sempre julguei: jamais me derrubará... E não é que não me derrubou??? Fiquei o tempo que podia
dizendo pra mim mesma: "dorme menina, dormeeee!!! Vc tem que dormiiirr... Relaxa, dorme,
caramba... eu preciso APAGAAAAAAR" Aff... e não adiantou não. Já estava sendo encaminhada para
a sala de espera, pré-cirúrgica, coisa assim... Claro, fiquei com medo e comecei a tremer: talvez
conheceria os trecos de Jogos Mortais, O Albergue... kkkkkkkkkkkkkkkkkkk . A enfermeira pediu para
mim ficar tranqüila, pois nada iria ver... Bem eu tentei... Na sala de novo, fiquei me mandando ir
dormir em vão...
NA SALA DA CIRURGIA...
Uau! Era o Albergue mesmo! Aparelhagem pra lá e pra cá, fios pra todos os lados, trecos aqui, trecos
acolás... Colocaram uns aparelhos de monitoramento em mim, um medidor de pressão (eu acho q era
isso) na batatinha da perna... ui... Legal, mas assustador. Era a mh primeira cirurgia que entrei
ACORDADA e vi me preparando... Mas ainda bem que na anestesia eu apaguei mesmo! Senão seria
demais já kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ACORDANDO...
...Dã... Onde estou...? Apenas vi que o cenário era outro: eu estava de volta para aquela sala que
fiquei antes de entrar no centro cirúrgico... Com um tubo de ar quente sobre a barriga, me aquecendo.
O enfermeiro apareceu e disse que estarei indo para o quarto. Cheguei no quarto, peguei a câmera
digital e tirei uma foto bem marota kkkkkk Tava grogue pela anetesia... com as mãos dormentes e
sem dores.
Depois o efeito foi passando, poucas dores surgiram... Mas nada mt forte, apenas um incômodo, um
pesinho... secura na boca, além de gosto de sangue. E de tarde a advogada que tanto me ajudou
nesse caminho contra o convênio, foi me visitar!!! Amei a visita dela, e agradeço-a muito, por ter me
ajudado. E à noite, o meu doutor veio me visitar, ver como eu estava e tal... E disse que eu podia dar
umas caminhadas pelo quarto... Pois estava cansada de ficar deitada. E tb não conseguia me
levantar sozinha e muito menos permanecer sentada. Ah, e antes tb veio o Roner com a namorada
dele! Adorei a visita dos dois, fiquei muito feliz e ganhei um presentinho muuuito útil mesmo!!!
*Valeu!!! =D E adoro vcs!!!* Com a ajuda dos enfermeiros, levantei... No meu ouvido não implantado
estourou um zumbidão! Uai! Mas não fiquei tonta não! Apenas senti o corpo pesadão! E saí andando
kkkkk A minha primeira noite foi horrível, acordava de 2 em 2 horas, querendo logo que
amanhecesse, para tirar a faixa e ir para casa...E cedinho, 6h00 eu e mamis já estávamos acordadas,
esperando o doutor vir tirar a faixa/curativo... Para irmos embora!!! Uffa... kkkkkkkkkkk Saímos do
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hospital, tomamos um táxi até a rodoviária (apesar de serem pertinho... Cerca duns 10 minutos a pé).
Pegamos o bus das 12h15 e fomos pro TietÊ... Lá pegamos metrô e trem até a estação da mh
cidade, aí o Bigode nos buscou... E fomos de carro pra casa uffa... ô sofrimento, mas deu pra
aguentar kkkkkkkkkkkkkkkkkk Engraçado foi: Mh mãe com todas as bagagens + exames e eu só com
o coalinha kkkkkkkkkk
Postado por Princess Alin Nohansen às 6:28:00
Quarta-feira, 31 de Outubro de 2007
É AMANHÃ!!!!
Olá, pessoal!!!
É hoje que venho anunciar com grande alegria Agradecendo imensamente a Deus:
AMANHÃ SEREI IMPLANTADA!!! A UNIMED liberou a mh cirurgia! Tudo graças ao bom Deus!!!
Estarei indo para Campinas hoje, meio-dia! Aguardem por mais notícias na mh volta!!! Beijos a
todos!!!
Alin
Postado por Princess Alin Nohansen às 3:26:00
1 comentário
@Memorex disse...
QUE ALEGRIA!!!!!!!!!!
VAI DAR TUDO CERTO!!!!
FICO AGUARDANDO PELA TUA CHEGADA COMO IMPLANTADINHA!!!
31 de Outubro de 2007 16:02
Sexta-feira, 26 de Outubro de 2007
Waiting....
Olá, pessoal...Demorei hein??
Mas tb quanto a mh cirurgia, só posso dizer: É isso aí: ESPERAR
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Quando eu tiver novidades, postarei no blog... E aproveitando, irei dar uns retoques no blog!
Beijos a todos
Postado por Princess Alin Nohansen às 5:56:00
Terça-feira, 21 de Agosto de 2007
A data da cirurgia...
Seria dia 23 de Agosto...
Porém no dia 25 eu teria que participar de um evento, e pedi para ser noutra semana.
Nisso o convênio deu uma aproveitada... E complicou tudo. Agora é esperar. Pois o dia irá chegar
Postado por Princess Alin Nohansen às 6:14:00 0 comentários
Em Campinas - 02/08/2007
Oi, amigos!!!
Demorei, mas aqui estou eu de volta...Mudanças. Essa palavra diz bem o que andou me
acontecendo. E como muitas vezes costuma acontecer, a gente some. Pelos menos até botar a vida
em ordem. Ehehehehehehehehe. Então vamos ao que interessa:
Campinas... Conflito.
Me lembro como se fosse ontem. Eu ainda estava me arrumando para receber os meus amigos em
casa. Foi no dia do meu aniversário, quarta feira dia 18. Minha mãe franziu as sobrancelhas para
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mim, balançando a cabeça em uma negativa: “Não consegui a autorização”. Olhei apreensiva para
ela, soltei um “tudo bem” e fui curtir a festa. Está tudo nas mãos de Deus: é o que soava em minha
mente, o que me deixava tranqüila. Eu sabia que eu vou chegar lá, não importa como. O importante é
que eu chegarei lá, para a glória de Deus, como combinamos. A festa foi boa, o pessoal foi embora.
Agora estava somente eu e minha mãe, e claro, não podíamos deixar de falar de outra coisa. Ela me
contou tudo. Foi na central da unimed com mh outra mãe, e eles duramente negaram: consultas
médicas com otorrinos, só no GRANDE ABC. Senão na Grande São Paulo.
O meu médico é de Campinas. Não é justo. Foi lá que comecei tudo e quero concluir a minha longa
jornada... Parecia que depois disso tudo, íamos precisar trocar de médico. E recomeçar. Meu coração
estava apertado. Pois quero o MEU médico. E não o que eles (unimed) querem.
Minha mãe estava achando que não valia a pena a gente ir lá... Seria perda de tempo, de dinheiro...
Afinal, não íamos mais poder me consultar lá mesmo...Me afastei por um tempo e pedi orientação a
Deus. Não sabia o que decidir, afinal a passagem e alimentação minha e da mh mãe estava por
minha conta mesmo... Confiei no Senhor e decidi: NÓS VAMOS MESMO ASSIM. E lá fomos nós no
dia seguinte.Cheguei lá meio triste por tudo, mas dentro de mim existia uma paz incompreensível.
Fiquei pensando com mh mãe em tudo o que a gente poderia fazer, e um dos planos era trocar de
UNIMED. O meu é só para a região do grande ABC, e pensávamos em trocar pela nacional. Assim eu
poderia continuar vindo à Campinas de boa, me consultando com o meu doutor e tal.
Não tardou muito e logo paguei a consulta e fui atendida. Dessa vez não vi nenhum pimpolho
implantado, como nas outras vezes, na antiga clínica. Sim, meu doutor mudou de consultório. Está
atendendo em Campinas sim, mas em um outro bairro. A clínica é linda e estilosa. Adorei!!! Na
próxima tento tirar umas fotinhos e coloco aqui para vcs verem. Lá na consulta explicamos para ele o
que andou acontecendo e ele nos tranqüilizou: “Isso é ilegal, e nós temos direito de escolher o
médico.” Não sabíamos disso. Me animei e mais um motivo para ver o quanto Deus é grande!!! Ele
está me acompanhando!!! Agradeci, agradeci e agradeci!!!Nesse dia cheguei quase 21h00 em casa.
Foi um dia e tanto e conheci o shopping Iguatemi de Campinas. Lindo por sinal e fomos comer no Mc
Donalds. ypppp!!!!
O Retorno
Uma QUINTA feira muito LOUCA!!!
Aproveitando o meu retorno, marcamos nossa consulta logo para o dia 2 de agosto, mais uma quinta-
feira. Primeiramente, pensei que a consulta era dia 9 de agosto, e bem na quarta minha mãe disse:
“Arruma tudo hoje, por que amanhã nós vamos lá.” Eu toda leiga: “Lá onde??”, Ela: “Pra Campinas,
ué? Não quer ir?” e eu: “dã!!!! Claro que quero!!!” Ehehehehehehhehehehehehe. Quanto antes
melhor e lá fomos nós. É aí que tudo começa: 05h da madrugada já estávamos de pé, nos arrumando
e tudo. E às 05h40 já estávamos no ponto de ônibus esperando o bus das 10 pras 06h para a
rodoviária. O bus para Campinas parte às 06h20 em PONTO. Os minutos foram passando, já eram
05h55 e nada de ônibus. Eu tateava com o pé no chão impaciente... 06h00 e
nadaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!! Aindaaaaaaaaaaaaaa!!! “tamos fritas, fritas, cozidas e assadas”
pensei. Me virei para a minha mãe e implorei por um outro meio de a gente chegar na rodoviária, mas
não tive sucesso. De novo a dúvida: “Ir ou não ir?” E mais uma vez clamei por socorrooooooo e decidi
que vamos. O Bus só passou às 06h10. Tínhamos somente 10 minutos para chegar na rodoviária,
comprar a passagem e pegar o busão. 10 minutos para o fim do mundo. Ehehehehehhe O bus
parava em cada ponto que passava, atrasando a gente mais ainda. Me lembrei que nada é por
acaso, e que claro, Deus estava cuidando da situação. Não havia o que temer, por mais doida que a
coisa estava. Fomos correndo para o balcão e o que já era esperado aconteceu: o BUS se foi. Como
diz o velho ditado: ‘A esperança é a última que morre’. Mas a mh e a da mh mãe não morreu ali,
apesar de que poderíamos pegar o trem e ir para a estação rodoviária do Tietê.... Lá tem bus pra
Campinas a cada 20 min por aí... E aqui em São Caetano, o próximo bus, só às 9h00, caracoles!
Fomos para a av. Goiás a procura de um bus que fosse para o Tietê. Ficamos plantadas lá por quase
uma hora e meia e ainda era umas 07h e pouco. Bah, resolvemos voltar para casa, tomar um
cafezinho, relaxar e às 08h30 voltar para a rodoviária para pegar o bus das 09h pra Campinas.
Dito e feito. E lá estávamos nós no meio do trânsito. Guardei o meu cel e relaxei. Passando um tempo
sem ter noção do tempo corrido, olhei pela janela e vi o parque de diversões mais famoso de São
Paulo: o playcenter. Não hesitei e peguei o meu celular: são 10h15!!! Minha consulta estava marcada
para às 10h40. Guardei o celular, enchi o meu travesseirinho-bóia e dormi. Passou o tempo, ainda via
muuuitos verdes... Olhei para a mh mãe e perguntei se ela queria saber que horas seriam... Ela
negou e eu concordei. Ehehehehehe Mais um tempinho, novamente olhei pela última vez para o
celular: eram mais que 11h30. Mais uns tempinhos passado e já estávamos na rodoviária de
Campinas. Procuramos por um orelhão mais próximo e ligamos para o consultório do Dr. Paulo porto,
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perguntando se mesmo assim ele nos atenderia. Mais uma vez, graças a Deus. Ele disse que sim, e
fomos correndo para lá. Ah, e eu tinha feito uma listinha, contendo minhas ‘duvidinhas’ rs. Ele
respondeu todas e uma que mais me chamou a atenção foi: Minha habilitação auditiva será lenta?
A resposta dele foi sem sombra de dúvidas: SIM.Adicionou tb que terei que trabalhar e muito. Era de
se esperar, avaliando pelo meu histórico de surdez. Nada fiz nem para habilitar mh audição com o
AASI, sabe lá se isso seria possível comigo, mas creio que eu poderia conseguir ouvir algumas
coisas com o AASI. Ultimamente, venho me surpreendendo comigo mesma... Isso relatarei em outros
posts rs. Senão esse ultrapassará a cota máxima. Apesar de saber que poderá ser lenta a minha
habilitação, penso: Tenho uma fono incrível: Meu próprio Deus. Sem mais, e irei conseguir muitas
coisas com o implante. Saindo de lá, seguiremos agora para o escritório da advogada, indicada pelo
próprio doutor. A unimed está muito danada mesmo. Nem minha consultinha em Campinas querem
autorizar, imagine a cirurgia...Peguei um bus, ainda pensando na habilitação... Pensamentos ruins
tentaram me abater, pois convivo com uma comunidade contra o implante... Que duvidam do ‘meio-
milagre’. Quando dentro do bus virei inconvenientemente a minha cabeça, me deparo com uma
escrita no vidro que protege o motorista a frente: “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e
o mais ele fará.” Salmos 37:5. Nossa!!! Tirei todos os maus pensamentos e segui em frente, com um
sorrisão EGG e agradeci a Deus. Sei que poderei contar com Ele. Que ele me ajudará e muito. Por
mais podre que a coisa lá dentro esteja. (Ouvido interno). Esse versículo foi um impacto!!! Parei e
olhei pra mim e minha mãe. Estávamos a caminho do escritório da advogada. Olha as coisas
caminhando. Olhei para trás e vi o quanto Deus me ajudou... Eu poderia estar no trabalho, mas não.
Estava em Campinas!!! Chegamos lá, finalmente a conheci. Conversamos, deixei os papéis
necessários e logo voltei pra casa...
Agora é esperar.
No Senhor
E tudo dará certo.
Postado por Princess Alin Nohansen às 5:38:00 0 comentários
Quarta-feira, 25 de Julho de 2007
14 de julho de 2007 - Mais um Encontrinho – Shopping Center 3
Olá, pessoal!!!
Demorei, mas não podia deixar de registrar aqui mais um encontrinho entre implantados,
simpatizantes e curiosos, o que é muito importante para nós que estamos na caminhada do IC ou se
habilitando... E como é gosto ampliar as nossas amizades: Novos amigos, reencontros, saudades
passando...
Irei contar pra vocês como foi: Três horas da tarde de sábado: Esse foi o horário que combinei de me
encontrar com a Camilinha no Brás. Acordei, lavei os cabelos fui pelas ruas com mami comprar
salgadinhos, bala, luva, etc... Para a viagem do dia seguinte. Fiz uma breve chapinha, me arrumei
todinha, fiz minha mochilinha pink e às 14h00 já estava saindo para o Brás. Cheguei lá em ponto
15h00. Uauuu! Fiquei impressionada, pq sempre fui de me atrasar um pouquinho pelo menos kkkkk.
Estando lá, passando os olhos pela loucura de gente correndo pra lá e pra cá, me toquei que a última
vez que eu e a Camila nos confirmamos, foi na quinta-feira... E fiquei preocupada: Ai, será que ela
vem???? Passei apuros tentando ligar pra ela, mandando mensagem e pedi ajuda pra uma mulher
lá... Mas logo ela chegou e tudo ficou bem e lá fomos nós contentes, meio perdida, mas inteiras
achamos o shopping. Shoppinho meio diferente, sem um baita nome na frente para as pessoas terem
certeza que estão entrando onde gostariam de estar entrando mesmo e tal, tinha 2 opções de
entrada: Sobe ou desce??? Subimos, subimos e logo chegamos lá no local combinado, encontrei
primeiro com a Minda e aos poucos foram chegando mais pessoas...Muitos desconhecidos e que
adorei conhecê-los!!! Inclusive o pequeno Kaduzinho!!!
Criança linda e carinhosa demais!!!
O tempo foi passando, papo vinha e papo ia, mais gente foi chegando... E alguns danadinhos não
compareceram e senti falta deles, mas tudo bem kkkk
154
Uns fatos legais do encontro:
- Fiquei presa na cadeira, entre a mala da Minda e muitas mesinhas à frente! Kkkkkkkkkkkkkk
- O óculo quebrado do Denis ficou preso no meu cabelo kkkkkkkkkkkkkkk
- O Douglas, meu amigo, botou a cadeira na cabeça e disse em librês: “ meu implantãoooooo”
kkkkkkkk - Onde quer que eu e meu amigo Diego conversássemos, fazia fila de cinema atrás da
gente kkkkkkkkk No finalzinho, lá para as 21h00 eu ainda nem tinha jantado e fomos todos na casa
do Diego, namorado da Raquel, que adorei conhecê-los!!! Foi muito legal, porém rápido porque eu iria
viajar pra campos de Jordão, tinha que estar 22h30 no metrô.... A Raquel ficou olhando para mim, e
euf lá boiando..... Quando me toquei que era 22h10 eu:HHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!
eheheheheheh Ri tanto aí fomos todos juntos até o ponto de ônibus! =D
Clique para ver as fotos em tamanho maior
Encontrinho no
Shopping Center
3 - Implante
coclear
Postado por Princess Alin Nohansen às 2:29:00 PM
Sexta-feira, 29 de Junho de 2007
O meu milagre está chegando!!!
Ois!!!!
Hoje estou muito feliz!!!
Desde que fiz a minha segunda ressonância magnética ATÉ HOJE vivi numa ansiedade imensa... Era
uma esperança crescente, uma fé sem igual, uma guerra dia-a-dia com o pessimismo, uma simulação
do que seria um “não”, um sentimento vívido de um “sim”... Estive comendo muito, comia dois
chocolates batom da garoto por dia... Engordei uns quilinhos... Era ansiedade demais para mim...
E FINALMENTE, a tortura terminou HOJE: EU POSSO FAZER O IMPLANTE COCLEAR!!!!
Recebi o meu tão esperado telefonema!!! Tudo começou na quinta-feira... E meu doutor costuma
receber os implantados nas manhãs de quinta-feira... Eu sabia que ele não estava em seu consultório
nessa semana... Mas todas as quintas-feiras me sentia esperançosa, chegava em casa e perguntava
pra minha mãe: Alguma novidade? E ela balançava a cabeça em negativa... “Se não hoje, talvez
amanhã, pensei eu...” E assim foi: O dia amanheceu, esperei o dia todo pela saída do meu serviço,
pois o que eu mais queria, era chegar logo em minha casa, e mais uma vez me dirigir a minha mãe:
“E aí?” Ela mais uma vez balançou a cabeça negativamente... A partir desse momento, uma angústia
tomou conta de mim... Dirigi-me para o meu quarto, e ali falei com Deus. Pedi-lhe paciência, e que me
ajudasse. Só ele podia me compreender naquele momento. Pensamentos ruins tentavam me invadir,
mas com a minha confiança em Deus, que ele fará o que for melhor para mim, continuei firme. Fui
para o meu curso, aprendi novas manhas pro Excel e logo já estava voltando para casa... Chegando
em casa, fui direto pro PC e enquanto conversava no msn, sentia a angústia cada vez mais forte em
mim...Estive intercedendo pela minha querida amiga de Portugal, Alice. À essa hora, ela já devia
estar implantada!!! Estava muito feliz por ela, mas não imaginava que uns minutos depois minha mãe
me daria a grande notícia: “O DOUTOR LIGOU, SUA RM ESTÁ CORRETA E VC PODERÁ FAZER O
IC!” Nossa, pulei de alegria, abracei minha mamis e logo enchi meus amigos de mensagens
comemorativas!!!Só tenho uma coisa a dizer: MUITO OBRIGADA MEU DEUS!!! DDDDDDDDDDDD
Beijinhos para todos!!!
Postado por Princess Alin Nohansen às 6:55:00
3 comentários
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@Memorex disse...
Oh minha querida amiga ALINE, fiquei com os olhos esbucalhados de lágrimas, mas de
FELICIDADE! Ainda me lembro vc ter dito, este ano ainda vamos acabar ROBOZITAS,
finalmente podemos SER! Também, recebi uma TRIPLA ALEGRIA no ultimo mês: a tua
afirmação em fazer o IC, o meu sucesso e finalmente uma amiga minha de Portugal vai ser
operada!!! 2007 é o ano ÌMPAR, só nosso!!!
Aline PARABÈNS!!!! Que a felicidade continue permanecendo em sua vida!
Abraços da Portuguesinha ALICE.
9 de Julho de 2007 12:17
@Memorex disse...
Aline, embora ausente queria te dar os meus PARABÈNS!!!!
Que toda a sua vida seja uma felicidade constante, uma saúde de ferro capaz de derreter
corações, que manténs esse teu sorriso e o teu bom humor no alto astral!!!
PARABÈNS!!!!
18 de Julho de 2007 14:26
Marina disse...
Oi Aline. Meu nome é Marina, achei seu blog por acaso, sou estudante de fono e tenho tua
idade... só quis deixar um comentário pra dizer q desejo boa sorte e que espero que dê tudo
certo com seu implante :D
19 de Abril de 2008 18:02
Quarta-feira, 27 de Junho de 2007
AlÔôÔôÔôÔôÔôÔôÔôÔôÔôÔô!?
Não, não... Ainda não tenho notícias do implante por enquanto, mas hj me aconteceu uma coisa tão
legal, tão boba, tão simples, mas que me deixou feliz e rindo feita doida na frente de todo mundo e
queria compartilhar com vcs!!! Estava no meu horário de almoço, com 4 surdos amigos meus que
trabalham aqui comigo: 3 meninas e 1 moleque, meu amigo. A gente estava conversando sobre
nossos celulares, que TIM é melhor que a CLARO, mas que essa por sua vez é possível mandar
torpedos de graça de pc para cel claro e tal, e que a VIVO devia se chamar MORTO pq mata
qualquer um de tão caro que é e tal²... Aí me deparo com um bônus no meu cel: R$63,00 de BÔNUS
que vence HOJE. Pensei que acabando meus créditos que normalmente gasto com torpedos, poderia
usar esse bônus para msgs tb, mas é aí que eu me engano: sobrando somente 12 centavos de
crédito, mando mensagem pra uma amiga e simplesmente não vai, e o bônus não é aproveitado.
Desconfiando que só presta pra fazer ligações mesmo é aí que tenho uma boa idéia: tento ligar pra
minha própria casa na esperança de ouvir a voz da minha avó ou de outras pessoas, mas a chamada
estava se encerrando em 8 segundos. Vai que o povo pensou que era o pânico ligando pra casa e
desligou na mh cara. Bah. Nisso: Amiga nº2: ô menina, que cê tá fazendo? Vc é surda! não adianta
ficar tentando. *eu procurando o maldito mini-microfone do AASI com o celular pra lá e pra cá,
tentando mais uma vez ligar pra minha casa* eu: tô tentando, apenas tentando... uff... Aff muié
estraga prazeres. Desisto...Um minuto depois: eu: AHHHHHHHHHHHH!!! TENHO UMA BOA IDÉIA!!!!
Peço para minha amiga surda segurar o cel dela na mão, e digo que vou telefonar pra ela e nisso ela
deve atender normalmente, como um ouvinte.Lá vou eu, digito o nº dela e o cel dela começa a tocar:
Amiga 2: opa, opa, opa! Ligue de novo, apertei sem querer o botão vermelho (usado para desligar
uma chamada) eu: eita, muié.. Vamos de novo. - Eu, observando o cel dela na espera q ele toque.
*musiquinha do cel tocando* eu: céus tamos chamando atenção!
amiga2: Tá chamando, tá chamando, tá chamando, vai logo - Disse a menina olhando pra todos os
lados. eu: atende! atende! Não, não, não!!! Esse é o botão OPÇÕES! Calma, calma, o que atende é o
de botão verde!!!! *finalmente o cel é atendido: meu cel e o dela, com a chamada em andamento*
Eu e minha amiga2, ficamos olhando uma pra cara da outra, sem saber o que fazer com os cels em
ligação. A minha intenção era gastar os 12 centavos que eu tinha, pra ver se era possível usar o
bônus, e se desse tudo certo, talvez poderia usá-lo para mensagens. Passando uns segundos, sem
156
saber o que fazer, nisso a gente resolve encenar uma ligação: A gente bota o cel no ouvido e ela
começa: amiga2: alô. - Diz ela imitando uma princesa usando o celular.
Nisso, eu tb com o cel no ouvido, tentando bancar uma madame mui chique, só q de repete ouço um
barulho meio assim: "...OoOo...." xD kkkkkkkkkkkkkkkk é isso aí gente! kkkkkkk
É besteira mesmo, mas eu nunca tinha dado tanta atenção para os sons que consigo captar com o
AASI. As vezes eu fico imaginando como se fosse com o IC mesmo, a descoberta dos sons e tal
kkkkk De vez em nunca eu tento o telefone, pois muitas vezes que tentei ouvir pelo menos um "alô"
do outro lado da linha fracassei, conversava com o "tum tum tum" do ocupado kkkkkkk e com a tanta
barulheira que ouço com o AASI acabo me acostumando e "deletando" esses sons, ficando com a
impressão que não escuto nadaaaaaaa com o aparelho, pois raramente um barulho chama a minha
atenção. E hj, quando identifico algum, eu comemoro kkkkkkk e com o IC espero comemorar muuuito
mais!!!
beijinhos....
Postado por Princess Alin Nohansen às 3:25:00
4 comentários
walterborba disse...
Aiaiai...
Piradinha essa minha irmãzinha..... Imagine ela levantando o braço...
E todos ao redor vendo a loucura sem entender nada....
Não vejo a hora de te conhecer pesoalmente Princess.....
Um abraço...Bjs...Te adoro....
29 de Junho de 2007 14:29
maya disse...
Lindaaaa! ameeeei seu blog!
muito meeesmo...um dos melhores blog que já vi! pooois tem muita coisa heeein..muitas
fotos legais e lindas, e muuitas coisas que escreveu eu ameeeei! espero te conhecer melhor,
e não vejo a hora te conhecer pessoalmente! beeeeeijos;*
30 de Junho de 2007 11:51
Arthur disse...
Ahahaha muito engraçada essa história!!
continue assim que animada no IC vai longeeeeeeeeee
5 de Julho de 2007 17:12
Rodrigo disse...
Oi, achei teu blog pelo google tá bem interessante gostei desse post. Quando der dá uma
passada pelo meu blog, é sobre camisetas personalizadas, mostra passo a passo como criar
uma camiseta personalizada bem maneira. Se você quiser linkar meu blog no seu eu ficaria
agradecido, até mais e sucesso. (If you speak English can see the version in English of the
Camiseta Personalizada. If he will be possible add my blog in your blogroll I thankful, bye
friend).
6 de Julho de 2007 02:54
Quinta-feira, 21 de Junho de 2007
Meu primeiro encontrinho em Campinas... Sábado, 16 de junho de 2007
Ois, amiguittos!! Quanto tempo!! Mas aqui estou de volta, para contar as novidades!!!
Como foi anunciado no FIC, houve um encontrinho no shopping Dom Pedro de Campinas!!!
Abaixo, o relato de como foi: Me encontrei com a Camila no Brás, céus 20 para 10h e ela já estava
chegando lá no local combinado, enquanto eu a esta hora tava correndo pro Bus, na mh cidade!
Resultado de um típico problema de surdo mesmo, telefone "humano" do tipo:
Eu falei pra minha irmãzinha, minha irmãzinha falou pra mãe da Camila, que em seguida falou
pra Camila, que logo respondeu pra mãe, que passou pra minha irmã e que logo, logo falou pra
mim.
Sabia que ia da chuchu mesmo, mas pelo menos não foi coisa preta, né Camila? ehehehehe
Aliás, isso sempre dá chuchu, não? hauahauahuahauahu Chegamos em Campinas, hora de procurar
o bendito ponto de ônibus e seguir em frente. No ônibus: ô bixinho rápido, quase caí lá dentro!
Também com aquela mochila, que mais me deixava parecida com o Corcunda de Notre Dame, pior,
eu tava batendo em todo mundo: "quê?" *Pá* Crash* Toin* Bum* Acho que não preciso descrever
mesmo. Era só eu não entender algo que a Camila me dizia e eu me virava com um QUÊ? Que
alguém apanhava da minha mochila hauahauahauhaua. Além de estranhar o fato de o shopping ser,
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hum, tipo, "fora" de Campinas, ou seja, pra chegar lá tem q pegar a estrada!!! Parecia que estava
voltando pra SP hauahauahuahauahua Só via matos, verde, árvores, os porcões dos palmeirenses...
CÉUS cadê o shopping????? ehehehe Shopping imenso, hein! Lindo demais. Hora de agente ir pra
praça de alimentação: fomos seguindo a placa que indica que a praça de alimentação é lá pra frente.
Andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos,
andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, Uffa, acabou as plaquinhas
e NADA. Gente, cadê a praça de alimentação??? Olhei em volta e não vi nada nos fundos!!!
Em busca de uma nova plaquinha "mapa", olhei sem querer olhei pra baixo e vi o buracão de
ramos!!!!!!!! (ou pompa, rompa? Nô mi lembruuuu u nomi certu!!!) Caramba!!! Levei mó susto quando
olhei lá pra baixo hehehe Comemos e tal, agora hora de encontrar o pessoal, mas antes disso: ONDE
FICA A CAPELAAAAAA??? A Camila foi logo perguntando para uma das moças que trabalham no
shopping... E olha que uma delas não sabia, chamou outra muié...E lá pensei comigo mesmo: "Céus,
vamus sofrêr pra achá essa capela" Pelo menos a última muié sabia onde ficava, e disse que ficava
aqui no buracão mesmo, era só seguir em frente e sei lá o que mais hehehe Lá fomos eu e a Camila,
logo em seguida eu vi o pessoal lá no fundo e apontei: aliiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, e a camila láaaaaaaa para uma
passagem, creio eu que leva pra capela, kaakakka quase ficamos embaraçada porque uma apontava
pra um lugar diferente! Hehehehe Enfim, adorei reencontrar algumas pessoas conhecidas e conhecer
outras novas! Adoro esse grupo!!! Além de fazer um bom passeio. É gente, eu sou tímida, mas nesse
dia eu estava bem soltinha e malukinha mesmo ehehehehehhehe Conversei com boa parte do
pessoal, claro que sem deixar de soltar o meu famoso: O QUEEEEEEEE? Quando não entendo
hehehehe Como disse o Rodrigo no msn pra mim: "bendita pancada" akakakkakakaka Pq uma tímida
mudando da água pro vinho só podia ser pancada mesmo! hehehehe Mas fico feliz q agora eu esteja
me soltando mais e ampliando minhas amizades!!! E já espero por mais encontros!!!
YEAHHHHHHHHHHHHHH!!!!!! No final do encontro, fomos dormir na casa da mais nova amiga que
essa longa caminhada nos proporcionou: Alessandra. Chegamos la, conversamos bastante,
recebemos boas aulas de IC do Roner, fomos comer pizza e zuamos até 3h da madrugada hehehehe
Realmente foi um fim de semana muito legal! Adorei estar com todos!!!
Beijooos e até a próxima!
Postado por Princess Alin Nohansen às 5:44:00 PM
Uma tardia conquista... - Domingo, 27 de maio de 2007
Era um domingo agradável, de tempo duvidoso: sol e ventania. Sabe -se lá o que podia vir. Estive
voltando da casa da minha amiga, fui direto de lá para a igreja, na ânsia de que chegaste logo 14h00:
Hoje eu ia me encontrar com a Minda, no metrô Santa Cecília e conhecer a Janise e seus pais.
Estava doidinha para conhecê-los!!! E além disso, seria a primeira vez que eu iria e voltaria sozinha,
a um lugar que eu não conhecia. Eu sabia, já tinha andado várias vezes de trem e metrô, já fui a
vários lugares distantes. Mas tudo, sempre acompanhada de algumas pessoas. Já guiei um grupo
que desconhecia o caminho e tudo mais. O que me faltava, era coragem de ir sozinha. De me virar,
falar com as pessoas caso tivesse dúvidas. Uma tremenda insegurança. Mas nesse dia, eu resolvi
que eu me viraria, seja lá o que acontecesse. Estava combinado que eu encontraria a Minda às
15h30 na catraca de Santa Cecília, depois iríamos para a Sta Casa encontrar-las e conversar até
umas 17h, que seria o horário do exame da Janise e depois a gente ia embora... Prevendo que
saindo de lá nesse horário, não seria mt tarde para mim voltar sozinha. Tava ótimo. Mas as coisas
não aconteceram assim...
Chegando lá, ainda era umas 15h, saí umas 14h15 de casa, não me lembro bem. O trem naquele dia
foi bonzinho comigo: não me deixou esperando mt. Fiquei passeando pela estação, lendo umas
histórias de Esparta que estava em exposição por lá, subi e desci várias vezes na esperança de
encontrar a Minda, pois mandei várias mensagens para ela, mas a mensagem dela não chegou até
mim. Já era quase 15h30, resolvi subir depois de ter contado uns três metros passando pra lá e pra
cá. Fui lá ler de novo a "incrível história dos Espartanos". É quando não se tem nada pra fazer tudo
que vc encontrar pela frente fica interessante até estalar os dedos até quebrá-los fica interessante.
Não demorou muito, logo virei para o lado e lá vi a Minda me procurando, fui até ela nos
cumprimentamos e agora era hora de sair da estação rumo a Sta Casa, um hospital de SP que
realiza cirurgias de implante coclear via SUS. E claro q não podia deixar de acontecer uma coisa
engraçada: Numa determinada hora, acabei tropeçando na mala dela de rodinhas, ui, quase caí feito
"batatinha que quando nasce se esparrama pelo chão". Eh eh eh mas nada aconteceu não. Foi só um
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sustinho e muito risos. ("Poia desastrada kkkk" - Palavra de minha amiga Poiúda Raquel) Eh eh eh eh
Caminhamos, caminhamos, pausamos, caminhamos... (a mala não estaca conseguindo nos
acompanhar direito. rua emburacada dá nisso). Chegando lá e pude ver como era imenso o hospital!
Uau!!! Parecia mais Hogwarts!!! Só faltava uma vassourinha pra agilizar, pq ficamos procurando o
local onde a Janise, o pai e a mãe, Nilva, nos esperavam. Finalmente nos encontramos, ah e antes
combinei com a Janise no msn, que nesse dia a gente não podia ficar tímida kkk, bom, ficamos
timidinhas, mas depois as coisas melhoraram e conversamos bastante! Nesse momento não deu
para conversar muito, pq logo em seguida a chamaram para a Janise fazer a Ressonância Magnética.
Eram mais ou menos umas 16h30 por aí... Eu e Minda nos sentamos e ficamos papeando, contando
as novidades, rindo e o tempo foi passando, passando... 17h00 e elas ainda estavam lá dentro.
Mandei uma msg pra minha mãe dizendo que ia demorar, pois seria pra mim estar em casa umas
18h30 mas seria muito chato se eu fosse embora logo! Queria ficar lá, conhecer elas melhor e tal...
Resolvi esperar sim e quando já era umas 18h e pouco por aí, não me lembro exatamente (não sou
relógio pra ficar marcando as horas kkk), finalmente elas saíram da RM.
E vamos rir mais um pouquinho, pois algo que eu não esperava aconteceu: A Janise tb tropeçou na
mala da Minda kkkkkkk. Eita mala que não gosta da gente kkkkkk. Passando o riso começamos a
conversar bastante, dando um basta na timidez, até chegar na estação do metro, indicando o término
de um dia que eu queria que fosse mais longo... Tiramos fotos e logo nos despedimos. Podia durar
mais tempo, mas em breve a gente se reencontra!!! Já eram lá pelas badaladas das 19h e eu no
metrô seguindo pra casa, sozinha pela primeira vez e numa tranqüilidade. Sem grilos. Eh eh eh eh
eh. Cheguei em casa umas 22h e pouco, toda feliz. E para finalizar: No msn encontrei a Minda. e
olha o que ela me contou: O gatinho subiu na mala, escorregou e a mala caiu em cima dele...
kkkkkkkkkkkkkkkkk.
Beijos e até a próxima.
Postado por Princess Alin Nohansen às 5:35:00 PM
Sábado, 9 de Junho de 2007
Seria hoje o tão ESPERADO dia - Quinta, feira, 24 de maio de 2007
Finalmente, resolvi postar o que aconteceu nesse dia. Não postei, porque o meu "medinho de não
fazer o IC" aflorou mesmo. (frase by Roner/FIC) Resolvi esperar um pouco, e desde esse dia até hoje
aconteceram muitas coisas, mas nada relevante do meu resultado! Vamos lá:
"Foi um dia agradável, acordamos cedinho e tranqüilos, eu, mamãe e o Antonio Carlos. Fomos de
carro para Campinas, e não havia necessidade de preocupação com a hora. Por que na primeira vez,
precisamos estar de pé ás 6h em ponto na estação rodoviária de São Caetano...
Eu estava tranquüila, confiante, mas lá no fundo não me sentia tão tranqüila em relação a
Ressonância Magnética que eu fiz... Qd busquei o exame na clínica, imediatamente, por mais que
nada entenderia, eu passei os olhos atentamente no relatório... Esboçei um breve sorriso, e uma
pequena preocupação tomou conta de mim, pois havia lá uma palavra q eu desconhecia, talvez seria
um problema, talvez não significasse nada... Mas notei que lá nada falava do nervo auditivo... Mas
quem sou eu? Eu nada entendo dessas coisas, aff... Vai ver que nos filmes/chapas existiria um
código que só o médico poderia entender... Sei lá... rs... Resolvi parar de ficar pensando
negativamente, e seguir a viagem tranqüila, pois sei que pensamentos ruins atraem maus
acontecimentos. A consulta estava marcada para ás 9h40... Chegamos no consultório uns 10 minutos
antes: Ficamos dando umas voltinhas até achar a rua onde situa o consultório do Dr. Paulo Porto.
Desce a av. Andrade, Rola pela Av. Brasil e logo pulamos na Alvaro Muller... Uffa... Depois de tudo o
que teríamos que ter feito, sentamos no aconchegante sofá e nos pusemos a aguardar a chamada do
médico. Enquanto ele não chamava, fiquei conversando com mamis e A. Carlos... Do meu lado, havia
um pequeno dado de pelúcia. Não tardou muito e a festa começou: guerra de dados, e nós 3
crianções nos divertindo! Ainda bem que naquele momento, só havia nós. Chegando umas pessoas,
logo joguei o dado-peludo pro outro lado do sofá, me poupando de possíveis micos. Ainda sem ser
chamada, eu olhava a toda hora para a porta, esperando por uma grande amiga: Minda. Havíamos
combinado de nos encontrar lá! Mal pudemos conversar e eu fui chamada.
Pegamos todo o trambolho de exames e fomos correndo! O coração batia forte!!!
Hoje poderia ser o tudo, ou o nada... O SIM ou o NÃO! Tudo girava na minha cabeça, simplesmente
não conseguia imaginar o que aconteceria depois.
Já lá dentro...
Vou ser direta: A minha Ressonância Magnética estava incompleta. O que eu temia aconteceu... "Não
mostra nada do nervo auditivo, e ele é essencial" Foi a resposta do médico... Só faltava isso para
finalmente eu saber se ia ser implantada. A tomografia revelou um outro probleminha... e só a RM
poderia confirmar a tal suspeita do problema. Isso dividiu no meio a certeza de que eu poderia ser
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implantada. Nunca tive doença q poderia afetar minha audição. A causa é um mistério... Só poderia
ser o mais temível, o mais raro problema: O nervo auditivo. Mas nada está valendo sem a RM pra
confirmar.Saí de lá, meio tristinha, mas nem tudo estava perdido: tenho mais uma chance, uma
grande esperança.Falei com a Minda, contei tudo pra ela e durante isso a sala de espera estava
movimentada e cheia de gente: Conheci uma candidata que veio da Bahia: Nyeve. E também a
família de uma surda que tb está em busca do ic. Conversamos e...
Hora de repetir a audiometria
Agora me chamaram para passar com a Sílvia: Fui lá, refiz a audiometria... Impressionante que com
os dois aparelhos eu melhorei mt, consegui discriminar algumas palavras... Poucas, mas é alguma
coisa!!!!!!!!! Me animou bastante! Foi uma sensação gostosa. A cada força q eu fazia pra tentar
compreender, pensava no IC, que talvez possa ser a mesma força de vontade, o mesmo esforço para
aprender os novos sons...
Saindo de lá...
Nyeve e Minda estavam em consulta, Minda acompanhando a Nyeve. Esperamos pelas duas e
depois fomos para o Habbibs. Conversamos bastante, rimos, enfim, valeu o dia! Apesar de tudo
gostei muito de ir lá e ter contato com novas pessoas!!!
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:55:00
1 comentário
@Memorex disse...
Sou a primeira! Aline, tenha fé e esperança, acima de tudo serenidade, vai correr bem.
Estou a torcer para que tudo dê certo! Um beijão enorme
Alice15 de Junho de 2007 01:55
Quarta-feira, 30 de Maio de 2007
Princesitta de Mudança!
Comecei meu Blog Rumo ao Implante Coclear no blog do UOL e agora me mudo para esse, que
parecer ser de mais conteúdo! Irei transferir as postagens antigas para cá! E os comentários tb!
Eis o endereço do antigo blog: http://princesittaic.zip.net
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:10:00 PM
1 comentários
Galego disse...
Olá Aline Sou a Gisela amiga do Rodrigo
Olha não nos conhecemos pessoalmente, mas já estou encantada com vc, xeretei bemmmm
seu blog, rsrsr, e percebi q vc é uma pessoa alem de muito bonita muito doce...fiquei feliz por
sua operação e por ter dado td certo.. Bom, espero sua visita aqui pra poder nos conhecer
pessoalmente
Bjus e fique com Deus.
19 de Dezembro de 2007 08:47
(mensagens do blog antigo)
O último: Emissões Otoacústicas - Quinta-Feira, 17 de maio de 2007
Olá, Galerinha!!!
É, como o título diz, hj foi meu último exame... Finalmente.Foi lá na Liberdade-SP, looonge da minha
cidade... Pegamos o trenzinho e o metrôzinho.. Eu e mama.Cheguei lá, e depois de um tempinho a
fono me chamou: Colocou um tal aparelhinho em mim, e ligou-o... Nada entendi para que servia
kakakaka
Só depois de um tempo, percebi que ele era o tal emissões otoacústicas.
A fono tentou 3 vezes em mim, porem não obteve nenhuma resposta. Minha mãe se virou pra mim e
disse: "Infelizmente, você é surda mesmo" kaakakkakakaak ô, novidade, gostei dessa!
akakakakkaakka
E a fono disse pra ela, q pelo resultado desse exame, eu poderei fazer o implante. Mas claro que
ainda preciso dos outros 3 e mais esse nas mãos do médico especialista para saber o resultado
mesmo, né!
O incrível é q o resultado das Emissões O. sai na hora! Ainda bem... eu ter q voltar para a Liberdade
só para buscá-lo... ô coitada de nós Ehehehehehe
Olhando pela janela afora...
Puxei conversa com a minha mãe: - Ei, eu nunca fiz exames assim para saber o que aconteceu com
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a minha audição? – Perguntei - Não, nunca... - Respondeu mami - Então, é a primeira vez que tô
fazendo esses exames específicos... - Você nunca fez nada assim, seu médico apenas desconfia que
seu problema esteja no nervo auditivo, e que vc nasceu surda. - Comentou ela. Vê-la falando "Nervo
Auditivo" me espantou: - Nos dois ouvidos!?!?!?
- Provavelmente sim. - Mas nunca fiz exames para confirmar isso, certo?
- Isso... Me aliviei... É apenas uma possibilidade, mas acredito que não seja isso não!
Meu exame do BERA chegou...
Uffa... Meu tio foi buscar o resultado do meu exame BERA... Dei umas espiadas, mas nada entendi!
Quer saber? Vou evitar olhas meus exames!!! Melhor deixar pro médico ver! Hehehehe
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:53:00 PM
3 comentários
Sarinha disse...
[SaRiNhA] Alinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn!!!!! obaaaa!!!!!! O.o vai fazendo os exames q vc num
conhceu! ehehehehe!!! mas eh assim mesmo! xD lindo comentário! bjss ;**
23 de Junho de 2007 11:19
Memorex disse...
Olá Aline! Fico feliz por saber que os seus exames estão se caminhando muito depressa a
uma velocidade estonteante! Vais bater um record em cheio! Infelizmente, meus resultados
ainda não chegaram, na 4ºf vou ligar para Coimbra e dar um sermão, pois todo o Canditado
não pode ser submitido a esta demora toda, é de LOUCOS. Aline, em Portugal o Candidato
não escolhe a prótese que irá utilizar, só existe somente o Nucleus Freedom. Até mesmo nas
crianças que utilizam outros Implantes como o Sipirit 3G, e o Nucleus 24 estão sendo
substituídas pelo Freedom. Um beijinho!!! Escolho o Nucleus Freedom, pois é tal e qual
parecido com o desenho que fiz, e me levou a esta espantosa coincidências de que 5 anos
mais tarde iria tentar ser Implantada!!! :) :)
23 de Junho de 2007 11:20
Memorex disse...
Boa sorte Aline, para a sua consulta de hoje, beijinhos redobrados com muita esperança, vai
ver que tudo dará certo!!! Um beijinho de mim, da portuguesinha :p
23 de Junho de 2007 11:20
Um dia das mães - Domingo, 13 de maio de 2007
Há algumas horas atrás, acabei de chegar de uma pequena comemoração que o pessoal da igreja
preparou para o dia das mães! Foi muito legal! Mama gostou!
Cheguei lá já cumprimentando as intérpretes, os presentes e fui abordada por uma delas: "E o
implante?" Respondi lhe que me faltas mais um exame e breve estarei a caminho de Campinas, para
a tão esperada resposta. Tinha uma outra presente, que eu não lhe tinha ainda contado do implante,
aí falei a ela, e elas ficaram muito felizes por mim! E estão me dando a maior força, e o principal:
Deixando nas mãos de Deus. Além dos olhares "esperançosos" havia também os olhares "infelizes"
para cima de mim. Fui logo dando olá para o pessoal e me sentei junto com a minha mãezinha, para
saborearmos um delicioso café da manhã. Depois fui cumprimentar mhs queridas amiguinhas, e
finalmente uma delas me deu o meu tão aguardado DVD Som e Fúria que pedi q levasse para gravar
pra mim. Soltei um "aleluia librês" e a agradeci, depois de quase 3 semanas por aí, esperando pelo
DVD. Não tardou muito, logo ali surgiram as "marditas" frases "librísticas": "Não faça o implante. É
melhor vc assim, do jeito que está" Não adianta. Ninguém compreende ninguém. Pergunto eu: "Qual
o prazer de não ouvir nada? Se eu tenho oportunidade, por que não aproveitá-la???" Perguntam me:
"Mas para quê? Você não está bem assim? Deus te fez assim, você fala bem, escreve bem e ainda
quer mais..." E o silêncio voltou. Ninguém toma jeito. E eu tb não. Discutir surdez já está virando um
tabu. Igual futebol e religião: vc discute, discute, discute e não chega a lugar nenhum. Perante a
minha resistência, essa frase me é dita:
"Depois do implante, você poderá deixar os surdos de lado."
Eu neguei. Neguei mesmo. Porque isso nunca esteve em meus planos, e creio, que nem nos planos
de Deus para a minha vida. Quero fazer parte do mundo ouvinte sim, mas de um jeito diferente. De
um jeito que poderei viver nos dois mundos. Na verdade já vivo assim. No mundo surdo eu consegui
me integrar legal (mas não 100%. Tem muitas coisas que eu discordo completamente), mas no dos
ouvintes, eu tb consigo, mas não me sinto tão a vontade. E nisso o implante poderá me ajudar e
muito. Então eu ser implantada, não será lá uma coisa tão "berrante" como os surdos vêem. Talvez
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isso seja um elogio: devo estar fazendo LIBRAS de um jeito bem profissional Ahauhauahauahau. Até
"libras escrita" já entendo:
Sabia que a frase: "eu vai filme ontem" significa "Eu fui ao cinema ontem."? É isso aí. Sou a
"dicionário português-librês" em pessoa! Uai. Maaaas o que eu realmente quis dizer??
Simples. Diz a lenda que um surdo totalmente acomodado em LIBRAS, surdo de nascença, com o
seu grande orgulho surdo, que condena até o bilingüismo, etc, etc, etc... Não se beneficiará do
implante, por mais que o quadro clínico dele indique que sim. Pois para ele "ouvir" não é necessário.
Eu discordo. Se "ouvir" for o sonho do surdo, objeto de um forte desejo, ele sim, poderá ter resultado.
Tudo depende dele. E do quadro clínico. Estar preparado para enfrentar tudo o que vem pela frente.
A vida não foi feita para quem é mole.O implante não vai te mudar da água para o vinho. Irá melhorar
sua qualidade de vida. E como eu já vivo nos dois mundinhos, com um pé ali e outro cá. O implante
coclear é para mim! =DDD Que preciso fortalecer meu mundo sonoro. Pois foi de lá que eu vim.
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:41:00 PM
2 comentários
Memorex disse...
Querida Aline! Sabia que vc poderia virar escritora de um Best-Seller?! Estou estonteada de
admiração, de esperanças em suas palavras. Não importa o que os outros dizem, pois Deus
tem algo reservado para nós. Um segredo, um tesouro extremamente precioso. Vamos
caminhando para a frente, só isso nos importa nada mais. Um beijinho :) Carinhosamente
Alice.
23 de Junho de 2007 11:28
Sarinha disse...
Nossaaa!!!! confesso q vc é uma grande escritoraaaa!!! vc esvreve mtoooooooo, tem mta
criatividade!!! isso aiii!!!!! não importa o q outros dizem! xD te adoro! bjs ;*
23 de Junho de 2007 11:29
O Implante Coclear e a Minha Família - 12 de maio de 2007
No sábado dia 12 de maio de 2007...
Eu, Minda e Dennis combinamos em nos reunir com a minha família, aqui em casa para que eles
possam conhecer um implantado e o implante em si. Foi bastante interessante e agradável a
conversa. Muitas dúvidas foram sanadas e agora todos estão me apoiando, torcendo por mim!
Claro que há as altas expectativas. Mas eu estou me preparando. Ou até me sinto preparada já, mas
creio que muitas coisas ainda me faltam saber.Conheci também, uma pequena menina de 10 anos.
Surda de nascença, oralizada e com os exames do IC prontos. Só lhe falta o convênio autorizar a
cirurgia.O legal é que ela estuda na mesma escola que estudei: Irmã Catarina. Bom tempo que se foi
e não volta mais... Não conversei muito com ela, incrivelmente, ela fala rááápido!! Me deixou a ver
navios Hauhauhauhau. A reunião superou minhas expectativas. Achei que ia sobrar, boiar lá e mal
conseguir participar... "Mt boca para dois olhinhos... miúdinhos" Ehehehe.Mas foi realmente diferente.
Participei legal. Graças aos meus dois amiguettos e principalmente da minha prima Larissa, intérprete
lá da minha igreja. Dessa vez não tem fotinho, fiquei muito "antenada" pra querer bater fotos Ihihihihi
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:39:00 PM
Bera e Ressonância Magnética: OK! - Sexta-Feira, 11 de maio de 2007
Olá, Galerinha!!!
Finalmente ontem (10/05) e hoje (11/05) fiz meus 2 exames.Até agora já foram 3 exames para o IC!
Só me falta o Emissões Otoacústicas e buscar os exames: 24 de maio: Rumo a Campinas!!!
Será que já terei a resposta se poderei ser implantada mesmo??? Bora torcer!
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:38:00 PM
2 comentários
Anônimo disse...
Olé, Olé, Olé!! Vai dar pra fazer IC sim. Dá-lhe Princesitta! To na torcida, hein!! hehehe
23 de Junho de 2007 11:27
Arthur - Salvador BA disse...
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Olé, Olé, Olé!! Vai dar pra fazer IC sim. Dá-lhe Princesitta! To na torcida, hein!! hehehe
23 de Junho de 2007 11:27
Encontrinho no Shooping Sta Cruz + 1º Exame para o Ic - Dia 3 de maio de 2007
Tomografia Computadorizada
Ois, Finalmente, meu primeiritto exame para o IC! Uffa, já estou com a Ressonância Magnética
marcada para dia 11 de maio, e aguardando a autorizão para o BERA.
Fui eu lá toda contente para a tomografia pois a noite viria coisa melhor ainda: o tão desejado
encontrinho no shopping Sta Cruz! Na tomografia, ô maquininha diferente hehehehe Achei até legal e
tranqüilo, só mata um pouco o pescoço por causa de uma posição meio desagradável.. hihihi Mas
deu pra agüentar legal! Yeah! O Exame foi ás 13h, fiz jejum de 4hs e depois do exame, capuccino
com bolachinha. =DDD Depois voltei a trabalhar, estava doidinha para ás 17h, meus amigos já
estavam na porta me esperando, outros já estavam na estação São Caetano, me esperando e mais
outros indo a caminho do Sta Cruz, para me encontrar! Caramba, quanta gente eu fiz esperar
heheheh
No shopping
17h18 - Dei a largada, bati cartão e fiz a Jéssica e o Diego correrem para o ponto de ônibus!
Conheci o infernal trem dás 18h: Empurra-empurra! Caraca. Já estávamos todos juntos, a caminho do
shopping! Caramba andamos feito bêbados pela multidão apressada, quase pegamos o metrô
errado, mas o mais importante, foi que chegamos! Hehehe E lá na praça de alimentação estava a
turma toda: apenas esperando por mim, taly, jéh, jessy e Diego...
Levei 7 pessoas surdas para conhecerem o IC, todos meus amiguinhos! Eles ficaram bastantes
interessados, perguntaram, entenderam como funciona, etc! Foi muito legal, e bem diferente!!!
O legal também, é que tinha um IC versão demo, para a gente ver como é e pela primeira vez vi a
parte interna! Achei que era de ferro um eletrodo, mas na verdade não! Uau!!!
Engraçado foi meu amigo tentando grudar o IC no meu celular, ninguém merece! hehehe
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:34:00 PM
1 comentários
Sarinha disse...
Oi, minha amiga lindaa!!! Que emoção!!!! Dá uma certa inveja!!! ahauahuaahuaahua Mas
aposto que este encontro foi emocionante! O Dennis tah d gravata!! Tah todo xike!!! O.o
ehehehe E a Mindaa, tah linda sim!! seus amigos devem estar impressionados com IC! xD O
importa eh q foi taum bommm e teve diversãoooo! obs: vc tah lindona nesta fotika!! Bjsss te
dolu!!! ;*
23 de Junho de 2007 11:26
Minha Primeira consulta - Quinta-Feira, 26 de Abril de 2007
A 1ª Consulta - 26 de abril de 2007 ás 09h40
Finalmente, o dia tão esperado chegou! Apesar de ser apenas a 1ª consula, eu imaginava que nada
de muito revelante podia acontecer, pois preciso primeiro ter os exames necessários em mãos, para
só depois receber a "grande resposta: Sou ou não candidata ao implante coclear".
Vou contar como tudo aconteceu, e vocês verão como Deus é maravilhoso.Noite de quarta-feira...
Eu precisava ir dormir, mas fiquei batendo um papinho bom no msn, com a galerinha! Obrigado a
todos que torceram, oraram por mim.Orei pelo dia seguinte, pedindo a proteção de Deus.
Cheguei da natação, arrumei as coisas, papéis, mochila, roupa q usaria, e tudo! Já estava tudo no
sofá praticamente pronto!
Madrugada do dia 26 de abril ás 05h00
Botei o celular pra me despertar. Mas nem percebi. minha vó que me cutucou e levantei, tava tudo
escuro! Pensei que mh mãe ainda estivesse dormindo, mas engano meu! Ela já estava preparando o
café e tudo! Levantei rápidinho, me arrumei, perdi boas horas na frente do espelho, tentando dar um
jeito no meu cabelo. Tomei café e já eram 05h50. O Bus parte exatamente ás 06h20.
Sorte é que o namorado da minha mãe ia nos levar até a rodoviária de SCSul mesmo. (Valeu
bigodão!!!). Chegamos lá e o ônibus já estava recebendo as pessoas. Corremos, entramos e
achamos nossas poltronas. Ficamos acenando pro Bigodão até o ônibus partir hehe. A viagem foi
tranqüila, minha mãe adormeceu e só acordou quando chegou lá. Eu fui admirando a paisagem,
pedindo a Deus que tudo desse certo. Chegamos na rodoviária, não sabíamos pra onde ir. De acordo
com o Roner e a Minda, procuramos a saída p/ a Av. Andrade Neves. Eu ainda meio perdida sem
saber para onde ir, e minha mãe já avistou o ônibus certo! Corremos para o outro lado da rua, demos
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o sinal, e perguntamos se era esse o ônibus certo, e lá fomos nós. Bem atenta para não acabar
perdida! No final deu tudo certo! Não tivemos que voltar de nada. Fomo indo em frente, descemos a
Av. Brasil (acho) e avistamos a rua onde fica o consultório. Mas uns minutos de caminhada e lá
estávamos nós! Iupiiii!
Ainda eram 08h15 por aí, e a consulta seria ás 09h40. A sala de espera estava vazia, e aos poucos
foram chegando alguns outros pacientes. Observava atentamente cada pessoinha que entrava, e
finalmente, encontrei o que queria! Um garotinho lindo que usa IC. Enquanto isso, minha mãe ainda
estava lá, conversando com as secretárias. Alguma coisa estava errada:Meu convênio UNIMED é
ABC... E não ia dar certo em Campinas. Eu iria ter, de qualquer jeito que pagar.Quando minha mãe
me disse, apenas fiquei em silêncio, pensei em Deus e orei baixinho: "Me ajuda". Falei para ela
preparar o cheque, serenamente. De repente, a secretária nos chama: "Passou, vocês não precisarão
pagar".
Nossa, vibrei de alegria, e em pensamentos saltitava agradecendo a Deus. Agora tudo certo! Nos
sentamos a esperar pelo chamado.
Enquanto a gente esperava...
Fiquei observando a sala de espera, vi os brinquedinhos e também tinha uns livrinhos infantil. Peguei
uns que falava do Tempo. Eu precisava aprender a respeitá-lo. E no livrinho dizia que para tudo tinha
sua hora. Depois peguei um outro infantil, sobre chapeuzinho vermelho e o mágico de Oz. Pra passar
o tempo. E quando menos eu espero, o mesmo garotinho chegou, com suas famílias. Fiquei
encantada com ele, apenas observando. Ainda não me livrei da "redoma de vidro" completamente,
para sair conversando com as pessoas... (Redoma de vidro: Em um próximo post, falo mais sobre
ela... ok?). E também um outro, lindinho, que está em busca do implante. Minha mãe e todos ficaram
conversando sobre o IC, sobre o nosso passado... O papo tava interessante até, pena que metade,
eu não consegui compreender tudo. Ficar de joão-bobo pra lá e pra cá, para ler os lábios não estava
muito confortável hehehe.
O chamado
Finalmente, me chamaram e lá fui eu para uma outra salinha de espera, ainda menor. Fiquei
observando todas as portas, para ver em qual exatamente o Doutor apareceria. Apostei em uma e
perdi.. Bom deixa pra lá, vamos a consulta.
Lá dentro...
Conversamos, ele perguntou do meu passado surdo, viu as xerox de meus exames passados.
Examinou meus ouvidos: usou uam espécia de lanterninha-camera, e foi possível ver dentro do
ouvido pela TV. Aquilo parecia mais um chupador, mas era só pra filmar. Confesso que quando vi
aquilo, questionei a mim mesma: "que é isso?????" Mas fiquei quietinha, só que o Dr. e minhã
perceberam e não podia ser diferente: eles riram Hehehehe. Confesso que eu "era" muito medrosa e
vivia perguntando aos médicos que eu ia: "eiiii, o que isso faz???? Dói???" Hehehehhehe. Olha,
ainda pergunto, mas tranqüila, viu???
Ah, e o melhor: Ele disse que o meu melhor ouvido, é o esquerdo!!! \O/ Gostei de saber disso.
Te conto mais para frente o porquê. Depois de tudo, ele solicitou os exames necessários para o
Implante. E agora era hora de eu me consultar com a fono.
Voltei pra sala de espera, me sentei e mh mãe foi falar com a secretária.
Enquanto eu esperava, encontrei uma outra moça que também está atrás do IC. A gente ia
conversar, mas chamaram ela...
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:25:00 PM
6 comentários
Sarinha disse...
Oi, lindaaa!! qu emoção!!!!!!!!!!!!!!!!! fico torcendo por vc qualquer custo, viu?? e conselho: use
os dois ASSAI. ok?? te adoro, linda!! ;*
23 de Junho de 2007 11:23
Rodrigo disse...
Oi Alin, muito legal seu relato. E sucesso na busca ao IC! Muito legal o Dr. Paulo né?
23 de Junho de 2007 11:23
Memorex disse...
Olá Aline!!! Tinha-te perdido o rasto, pois mudou de blogger e lá consegui encontrar. ENA que
RELATO! Estou me aventurando adentro, vislumbrando a crista de uma onda, bonita como
um diamante, surfando nas tuas simples palavras:)) Meio caminho já foi percorrido, falta a
outra metade :) Beijão enorme!!!
164
Memorex
23 de Junho de 2007 11:24
Arthur disse...
E ai pequena princesa. Desejo sucessos na realização do seu IC. Vá confiante e com DEUS!
23 de Junho de 2007 11:24
Gaby disse...
Oi Aline!! Estou torcendo mt por vc, eu demorei muito pra conseguir o IC por causa do SUS,
mas vc, q está fazendo consultas com o convênio, vai ser mais rápido! Boa sorte menina!!!
beijossss
23 de Junho de 2007 11:25
Confissões disse...
Olá!! Vim através do blog da Memorex e gostaria de seguir por perto o teu percurso.. Sou
portuguesa, tenho 24 anos, sou surda com grau severo. Beijinhos!
23 de Junho de 2007 11:25
Continuando...
Na Audiologia
E não demorou, voltei para a pequena salinha e agora esperava pela fono. Ela sorridente, me
chamou, me sentei e conversamos. Sobre o IC, sobre a minha surdez... Ela me perguntou o que eu
esperava do Implante Coclear. Nesse instante, deu um friozinho na barriga, nada de altas
expectativas:
Comecei dizendo:-Melhorar minha leitura labial...-Ouvir o som ambiente... - Ouvir meu nome...E ela
me perguntava e mais? ui... - Ouvir a voz -Música... - E quem sabe o telefone... Ela abriu um sorriso e
me explicou como era, e o telefone era a coisa mais difícil. E NÃO IMPOSSÍVEL. Que eu irei ter q
aprender a ouvir, falou dos pré-linguais e pós-linguais. Da chance, que cada um é diferente...
Os testes
Fizemos também uns testes, para ver o que eu ouvia com o AASI. Fui um desastre total! Hehehehehe
E olha isso: eu usando o AASI no meu pior ouvido (o direito). Não coloquei no meu esquerdo, pensei
q ele era o pior, ish! Vou ter q voltar lá para fazer a audiometria do ouvido esquerdo.
A audiometria
Depois dos testes, fomos para a audiometria.80db e 85db???? Que é isso criaturas, tenho a maior
curiosidade de entender o que significa esses "décibeis e hertz" da vida... hehehehe. Na próxima vou
perguntar, e muito!!!
O Final
Era para eu voltar a conversar com o Doutor, mas não deu. Ele precisou sair. O bom disso é que eu
voltarei lá de novo, achei tudo tão interessante!!! Uauuuu! Já mandei minha mãe ir se preparando
para telefonar HOJE MESMO. (26/04/2007)
Voltando para casa
Saindo do consultório, fomos para o Habbibs: Comemos umas esfilhas, kibe, suquinho bom e fomos a
pé até a rodoviária, para ir fazendo a digestão! Hhehehehehe Andamos bastante! Mas valeu!
Hehehehehehe
Viemos de Cristália e também voltamos de Cristália (Eita, busão bom).
Na viagem de volta, adormeci. Dá câimbra no corpo todo, mas dormi um pouquinho sim. Mh mãe ish,
quase só acordou quando chegamos em São Caetano hehehe. E bem na hora que eu pus os pés na
rua, choveu! Bah, corremos, pegamos o ônibus para casa: Cheguei ás 17h30 por aí!
Valeu o dia!!! =D~
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:23:00 PM
Contagem Regressiva - Segunda-Feira, 23 de abril de 2007
Oi, pessoal
Ainda me lembro como se fosse ontem: Eu implorando para a minha mãe marcar a minha consulta,
logo na segunda-feira dia 26/03 (Pra quem não leu meus posts anteriores: No dia 24/03 eu conheci o
médico, e as pessoas que usam o IC, e decidir ir em frente). Mas ela preferiu esperar um pouco mais
para frente, mas eu não: Adiar um processo lento não faz sentido!
Então combinamos que no mês que vem, (nesse caso, abril) a gente marcaria a consulta. Expliquei
165
para ela que provavelmente poderia demorar bastante para sair a cirurgia... E ela compreendeu.
No dia 1 de abril...
Ainda era dia 31 de março e eu já fui avisando: Marque amanhã, hein?? Hehehehe
Finalmente, ela marcou a consulta. Mas as pedras foram surgindo: A primeira consulta é particular, e
conversando com o médico, o motivo é justo. Mas mesmo assim fomos em frente, apesar de não ter
dinheiro para pagar a consulta. Fiquei um pouco desanimada, afinal como iria conseguir o
dinheiro??? Um dia antes eu já tinha gastado muito no meu tão "esperado" videogame Wii. [ô, 1 ano
por aí, "chorando" pelo bichinho...] Fui direto para o meu quarto, e fiz o que mais meu coração pedia:
Conversar com Deus. Nesse dia, resolvi que deixarei tudo nas mãos Dele. Ele é Quem me dá forças.
Sem Ele nada sou. Nada posso. Eu sempre soube disso. Mas não compreendia completamente: para
tudo, sempre fiquei preocupada á toa, sabendo muito bem que tenho um Deus maior que meus
problemas. Respirei fundo, contei tudo a Ele. E uma paz interior me invadiu. Resolvi cuidar de uma
coisa de cada vez, remover uma por uma, as pedras que surgirem no meu caminho, sempre com o
meu Jesus do lado, me ajudando. Ponha a sua vida nas mãos do Senhor, confie Nele, e ele o ajudará
- Salmos 37:5 Mandei um e-mail para o médico, e ele me explicou sobre a consulta particular.
Compreendi, mas ele me fez uma oferta. Só tenho a agradecer a Deus. Em nome de Jesus, eu
chegarei lá, não muito longe, no tempo que Deus preparou para mim, estarei implantada e
aprendendo a louvar a Deus de uma forma diferente.
Beijos!!!
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:21:00 PM
Indaiatuba Incrível Encontro, 24 de março de 2007
Bom Dia, pessoalzinho!!!
Aqui estou eu de novo, desta vez para lembrar de um dos melhores dia do ano que tive:
O encontro em Indaiatuba - SP, com o pessoal do FIC e outras pessoas envolvidas com o IC.
O antes
Antes desse maravilhoso encontro, eu estava bastante indecisa quanto ao Implante.
Jurava que sairia de lá na mesma, toda insegura e tal... O meu medo do implante era tremendo! Eu
queria poder ouvir alguma coisa, e só o IC, se for o meu caso, poderá me trazer ao mundo dos sons...
Eu tinha que decidir... Realmente estava difícil: Eu tinha que aceitar a conviver com um implante na
mh cabeça, enfrentar os mitos, o preconceito da comunidade surda e me esforçar para progredir com
a mh audição biônica. Enfim, bastante coisas.
O convite
Lá estava eu navegando pelos pisca-pisca do msn, papo ia, papo vinha... Até que uma pessoa muito
"especial", Minda me falou do encontro. Quando soube o local, me desanimei... "É longe... Sozinha
eu não vou". Mas ela me deu todo o apoio, até ligou para a minha mãe, convidando-a para ir comigo.
Minha mãe ficou uns dias pensando se ia ou não, pq ninguém que eu queria que fosse comigo podia
me acompanhar... Nossa, não conseguia acreditar que finalmente, eu iria conhecer os "verdadeiros
implantados". Tudo que sabia sobre eles, eram tudo contos... Lendas... Que as pessoas gostavam de
contar e nos botar medo.E uma coisa inesperada aconteceu: quando eu disse para a mh amiga Taly
sobre o encontro, ela se ofereceu para ir comigo. Por isso eu não esperava. Ela foi uma das primeiras
que "bombou geral" quando eu disse para ela que "pensava" em fazer o IC, em 2006... Fiquei muito
feliz! Chamei uma outra amiga mh também, ela tb quis ir, mas não podia, tinha que cuidar da festa da
tia.. (aniversário) Agora, vamos aos preparativos:
Preparando a viagem
Eu tive duas opções, conversando com a Cris (Fono de Indaiatuba) e com a Minda.
Com a Cris, ¹ pegaria um busão lá no Tietê (ou aqui em SCSul. Não me lembro), seguiria para
Indaiatuba e ela nos encontraria lá na rodoviária. Com a Minda, ¹ Pegar o trem na estação São
Caetano e seguir atééééé Jundiaí, e ela nos buscaria lá e seguiríamos a Indaiatuba. (detalhe, só
gastaria R$2,00. Mas mamãe ficou com medo do minhocão) ² Pegar o busão da rodoviária de SCSul
até Jundiaí (R$22,00)
³ Pegar o trem da rodoviária de SCSul, depois metrô até o Tietê (R$2,00), depois o busão rumo a
Jundiaí (~ R$10,00) Escolhemos a opção 3, e eu queria conhecer a Minda logo! =DDD Finalmente,
minha mãe decidiu a ir tb! Caramba, mas pulei de alegria pra lá e pra cá pela casa toda! xD Iupiii!!!!
Na sexta-feira dia 23...
Taly veio dormir na mh casa, fiquei preparando as coisas para o amanhã (24/03)...
A ansiedade estava a mil! "Calma, muié" - Dizia a Taly hehehehe.Enquanto o sono não vinha, a gente
ficou conversando... Sobre o implante claro! O dia 24/03 seria O DIA. O dia que eu me decidi seguir o
meu caminho rumo ao implante. Eu achava que não ia me decidir, achava que o medo falaria mais
alto.
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Taly disse que eu ia acabar me decidindo ao implante de vez. Depois de muitos "vai sim" e "vou não"
resolvemos ir dormir. A discussão não ia levar a nada mesmo! hehe
Como eu já disse várias vezes aqui, o meu problema era medo. Um medão tremendo!
E também muuita falta de informação sobre o implante. Só me falavam mal do IC, dizendo coisas
cabeludas sobre ele:
"Ele pode matar"
"Ele te transforma em um robô"
"Você não se aceita como é, será muito artificial"
"Ele te deixa seqüelas"
"Ele dá choque"
"Causa derrame"
"Te deixa com tiques nervosos"
"Seus movimentos ficam estranhos"
"Você ficará confusa"
"Dá muita dor de cabeça"
"Nunca mais poderá tirá-lo"
"O médico só quer o seu dinheiro"
"Mexe no seu cérebro”
E muito mais... =/. Infelizmente, ser ignorante é uma das piores coisas...
Como o óbvio diz, eu e a Taly, sim acreditávamos em algumas coisas...
Outras eram cabeludas demais. E conhecendo os usuários de IC, a gente podia esclarecer nossas
dúvidas e medos. Pois só ELES podiam dizer a verdade. Afinal, são ELES que usam, e entendem.
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:17:00 PM
Incrível Encontro - Sábado, 24 d março de 2007
O grande DIA
Às 05h da manhã, já estávamos todos de pé: Pegamos o ônibus, e depois seguimos a estação São
Caetano, pegamos o trenzinho que vai pra Luz, depois 2 metrôs e finalmente, chegamos a famosa
rodoviária do Tietê, pegamos o ônibus Cometa e seguimos à Jundiaí. Durante a viagem, eu e a Taly
fomos conversando e imaginando como seria o almoço. Eu já estava dizendo que a minha timidez
ficaria a flor-da-pele... Afinal, não conhecia ninguém pessoalmente!!!
Chegamos na estação Jundiaí e ficamos esperando pela Minda. Um tempinho depois ela chegou, a
reconhecemos na hora! hehehehehe E lá fomos nós para Indaiatuba.
Chegamos!!!
O restaurante é lindo! Todo colorido e a cidade de Indaiatuba também!!! Minha tia morava lá. Fomos
entrando, e primeiramente conheci a Cris, uma pessoa muito simpática! E depois o Fernando e sua
esposa. Conversamos sobre o IC, e ele me disse para não ter medo. Depois fizemos uma rodinha e
todos conversavam, fiquei meio perdida na conversa, e ainda tendo de interpretar para a Taly. Uii!!!
Mas fui me acostumando. Depois chegou o Roner, hehehehe Um figura super legal hehehe E
papeamos bastante! A comida estava ótima, mas eu estava tão admirada com o pessoal que mal
consegui comer! Hehehehehe. No finzinho da tarde, conheci o Dr. Paulo Porto!!! Me decidi a me
consultar com ele. Ele me passou o e-mil e telefone dele, e o que eu mais queria fazer, é ligar logo
para marcar a minha 1ª Consulta... No final, Minda nos levou para a rodoviária de Indaiatuba e
seguimos para SP.
Minha mãe pegou o trenzinho e voltou para São Caetano. Eu e Taly fomos pra casa de uma amiga
nossa, no aniversário da tia dela.
No aniversário...
Cheguei lá arrebentada, com fome e com dores nas pernas, mas deu pra aprontar bastante e me
divertir!
Conversamos sobre o IC (claro!!!) E contamos para a galerinha que estava presente, sobre como foi o
encontro, e no fim boa parte das lendas que cismavam, foram apagadas. A festa prosseguiu, com
videokê e tudo.Eu e Cíntia, "As desafinadas" arriscamos soltar a voz, apesar de sermos surdas.
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Impressionamos algumas pessoas, mas os vidros da casa...humm....
Bom, foi isso!!! Abaixo, em bre uma fotinho do encontro!!!
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:13:00 PM
1 comentários
Gaby disse...
Oi Aline! Muito interessante a sua jornada com o IC. Daqui a pouco vc vai conseguir, estou
torcendo mt por vc! Beijão.
23 de Junho de 2007 11:22
Rea Tech - Domingo, dia 15 de abril de 2007
Olá, aqui estou eu como eu disse, para relatar tudo o que cair no meu caminho sobre Implante
Coclear. Dessa vez não foi uma coisa muito boa. Ruim, por que não gostei de tal atitude,
indiretamente preconceituosa... Boa, por que estou sendo forte.
Como tudo aconteceu....Era um domingo agradável, eu estava meio sonolenta e inquieta. Mal
consegui estudar para a aula da escola bíblica de domingo. Não conseguia parar de viajar em meus
pensamentos. Voava longe, perto, alto e baixo. Preciso urgentemente me controlar, pq isso está me
prejudicando e muito. Mas ontem (16/04) orei bastante, e pedi a ajuda de Deus, para que eu me
controlasse mais, e mudar certas atitudes minhas e maus costumes: Ultimamente, só tenho ficado na
Internet. Simplesmente não consigo mais deixar o PC de lado: Vício? Talvez sim, talvez não. Mas
uma coisa está mais forte: Mh busca constante sobre o Implante Coclear. Informações e tudo mais
que eu achar pela frente! A causa disso tudo, são as pressões que a comunidade surda faz em
mim: Condenam o Implante Coclear até a morte. Apenas alguns respeitam. E olha lá! Ler sobre o
implante acalma minhas tensões, inseguranças... Melhor ainda é conversar com as pessoas usuárias
de IC (implante Coclear). Isso tudo eu encontro em um só lugar, por enquanto: Na Internet. E a única
coisa que mais acalma meu coração, apesar de tudo é a oração a Deus. Ele é a minha fonte de força,
de poder. Ele que me sustenta, me mantém em pé. Tudo está nas mãos Dele. Por isso estou aqui,
forte! Apesar de tudo. Decidida a seguir em frente e a relatar tudo o que me acontece.
Lá na feira...
Era uma enorme feira tecnológica, visando melhorar a vida de muitos deficientes! Incrível! Quando
cheguei lá, a única coisa que pairava sobre a a mh cabeça, era encontrar alguma coisa sobre o
Implante Coclear. Talvez um stand da ADAP? Ou da Politec? Ou até mesmo algum implantado??
Qualquer coisa que mencionasse o IC, seria válido. O engraçado é, que antes eu andava a procura
de pessoas que movimentassem mt as mãos, o corpo... E com esses movimentos, palavras em
LIBRAS se formariam: Surdos!!! Mas esse ano, eu me foquei mais na cabeça das pessoas, atrás da
orelha, a procura da anteninha. Se eu achasse, iria ter q procurar a coragem em outro lugar, pq sou
tímida demais para conversar com pessoas desconhecidas. Apesar de tudo, nada achei sobre o IC e
também não vi nenhum usuário.Mas conversei com algumas pessoas que sabiam sobre o IC... Bom,
a primeira, disse para eu pensar muito bem. E que tem uns amigos que não deram sorte com o IC.
Beleza. Cada caso é um caso.
A segunda foi bem escandalosa: Assim que soube que eu pretendo fazer o implante, BUM! Estava
deitado lá no chão (desmaio?). chamando a atenção de algumas pessoas a sua volta... Não tive
opção, a não ser rir. O cara é um ótimo ator, e foi uma ótima encenação parar generalizar sobre o
implante. Creio eu.Depois de ser levantado com a "ajuda" de alguns, ele me disse que o implante é
"coisa séria, e é péssimo se implantado nos surdos pré-linguais, pq a identidade deles é surda
mesmo, e eles não conseguirão se adaptar com os sons, e podem se arrepender duramente, além de
alguns casos de derrame e outros trecos".Bom, a única coisa que gostei do que ele disse, foi: "Você
tem o direito de escolher, e os outros não podem ficar te impondo, se deve ou não fazer o IC". e
continuou: "Mas pense bem porque isso é coisa séria." Conversei também com um outro surdo, que
me disse que "não vale a pena, você tem q se aceitar como é, surda, com sua própria cultura, você
fala, anda, escreve bem, vc está ótima assim, não precisa de mais nada.." e mais umas coisas que
estou com preguiça de continuar escrevendo... Mas uma coisa que penso e sei: O implante não me
transformará em uma pessoa ouvinte. Apenas irá me ajudar. Só não falo aqui, para não ficar criando
expectativas muito altas. Isso faz parte das regras. Para mim, que ainda terei minha primeira
consulta, ainda esse mês.
Seja lá como for, sempre serei surda. Qd eu desligar o processador de fala, voltarei ao meu mundo
silencioso de sempre. Próteses? São como "meio-milagres" que Deus permitiu aos homens criarem,
para apenas nos ajudarem.
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:10:00 PM
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Esta sou eu! - Segunda-Feira, 16 de Abril de 2007
Ois! Eu sou a Aline/Alin/Alyn (como preferir). Sou surda de caso desconhecido. Não sabemos se
nasci, se perdi ou se sumiu! Hoje, tenho 21 aninhos... Ainda esse ano, que resolvi caminhar rumo ao
implante... Na verdade, ano passado eu queria, mas por motivo de fraqueza, desisti. E agora estou
aqui, mais forte do que nunca. Assim, porque falei e decidi assim: "Senhor, nas suas mãos deixarei
minha vida" e a vontade Dele há de ser feita na mh vida. Se Deus quiser: EM BREVE ESTAREI
IMPLANTADA.
Vou ir parando por aqui... Até logo!
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:08:00 PM
Segunda-feira, 16 de abril de 2007 - Me apresentando
Olá, pessoas!
É isso mesmo, decidi trilhar o meu caminho, rumo ao Implante Coclear. Claro, com Deus na direção,
pois me sinto incapaz de guiar minha vida-toda-loka sozinha... E para o conhecimento das pessoas
que se interessam, ou que desejam trilhar o mesmo caminho que eu, abri esse blog.
Aqui contarei, como será o meu dia-a-dia, a luta pela busca do implante, meus medos, minhas
alegrias, minhas dores, inseguranças e minhas vitórias contra todas essas coisas. E espero que eu
possa também, estar relatando o meu dia-a-dia com o implante. Bom, isso a Deus pertence: O futuro.
Para Recomeçar...
Creio eu, que eu deveria começar o blog contando como tudo começou, como conheci o implante e
tal... Sinceramente, eu já tentei e não consegui... Mas não se preocupem, pois aos postares de cada
dia, irei relembrando do passado, porque no blog não é possível retroceder a uma data que passou...
E é muita coisa que aconteceu: então aos poucos vou relatando. Já que o caminho até a "estrela
azul" é longo, até lá tudo estará relatado aqui...
Até +
Postado por Princess Alin Nohansen às 4:04:00 PM 0 comentários
169
ANEXO II
Transcrição do blog do Luis Filipe
Nome do blog: LUIZ FILIPE – EU E O IMPLANTE COCLEAR
Início do blog: 25 de novembro de 2003
Número de acessos ao blog até 20/06/2008: 6303
Apresentação
A emoção de voltar a ouvir após o Implante Coclear.
Redescobrindo os sons e reaprendendo a ouvir...
Relatos de um implantado coclear sobre as redescobertas auditivas, depois
de 37 anos vivendo em absoluto silêncio.
Quem sou eu
Luiz Antonio Jeller Filipe - paulistano do Brás, sou conhecido como Luiz Filipe. Tenho 44 anos, e sou
portador de hipoacusia bilateral do tipo neurossensorial profunda, secundária à meningite desde os 7
anos de idade. Em termos leigos, sou deficiente auditivo bilateral, devido a uma meningite adquirida
quando eu tinha 7 anos de idade. Como na época que perdi a audição, tinha adquirido a fala e
estudava normalmente numa escola primária - cursava o pré-primário, sou deficiente auditivo
oralizado, ou seja falo normalmente, e faço leitura oro-facial. Após ter perdido a audição, fui para uma
classe especial para pessoas deficientes auditivas, onde fiquei 2 anos, e depois fiquei 6 anos no
Instituto Hellen Keller de São Paulo. Fiz meus estudos primários em escola normal, e ingressei para o
colegial no curso de Técnico, no tradicional Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Sou formado em
Técnico em Mecânica, Projetista e Desenhista mecânico pelo, e desenho de plantas de construção.
Embora tenha feito a vocação pela mecânica industrial, trabalho 25 anos na área de Informática.
Ingressei em 1979 na antiga Cesp - Centrais Elétricas de São Paulo, depois Companhia Energética de
São Paulo. Hoje, chama-se CTEEP - Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista.
Comecei como trainee de digitação ainda quando estudava no Liceu de Artes e Ofícios. Depois fui
para a área de Programação. Nestes 25 anos de empresa, fiquei apenas em um departamento, o de
Informática. Trabalhei com Mainflames, na linguagem Cobol ANS, Assembler, Natural, Natural II, LDT,
Visual Basic, e hoje trabalho com o Lotus Notes. Fui paciente do Dr. Olavo Luchetti Ehmke em São
Paulo, e Dr. Luis Enrique Escudero de Campinas, que na época eram os melhores otorrinos. Isto na
década de 70. Ambos me contaram de um aparelhinho que estava sendo desenvolvido no exterior,
que seria implantado internamente. Não falavam o que era esse aparelhinho, mas era o futuro
implante coclear monocanal. Meu interesse pelo implante coclear data de 1991, quando visitei o Prof.
Dr. Pedro Luis Mangabeira Albernaz, O mesmo me ensinou muito sobre o Implante coclear, e
aconselhou a procurar o Dr. Orozimbo Alves Costa Filho, em Bauru, que na época estava começando
a utilização de Implantes multicanais. Como era um procedimento novo na época, não fui aprovado ao
implante, devido ao tempo de surdez, que na época era 25 anos. O máximo admitido era 5 anos. O
tempo passou. Nasceu meu filho Rodrigo, e fui deixando o IC em segundo plano. Nos últimos 2 anos,
com o advento da Internet, passei a me interessar novamente pelo Implante Coclear, e pesquisava
170
sempre sobre os avanços desta tecnologia. No início do ano de 2003, conheci o FIC - Fórum de
Implante Coclear, e fui me aprofundando no assunto. Resolvi procurar o Hospital das Clínicas em São
Paulo, e a UNICAMP. Fui aprovado em ambos, e por razões do convenio médico, fiz a cirurgia no
Hospital das Clinicas, com o Dr. Arthur Menino de Castilho.
Fiz o implante através do convênio médico de minha empresa. No princípio, o convênio não queria
bancar o implante, dando as mais imaginárias desculpas. Escrevi para a Sociedade Brasileira de
Otorrinolaringologia, e através da resposta da mesma, consegui com que o convênio cobrisse todo o
procedimento. Infelizmente, ainda a maioria dos planos de saúde no Brasil não cobrem o Implante
Coclear, devido ao alto custo do mesmo. Mas com a persistência de muita gente, alguns planos
começam a cobrir, seja parcial ou totalmente. Nos outros casos, a via Judicial é o caminho, na grande
maioria das vezes, dando ganho de causa ao cliente.
A cirurgia ocorreu no dia 23 de Outubro de 2003 às 7h. Foi tranqüila, dentro das expectativas. Fiquei
48 horas no hospital, e 15 dias em recuperação em casa. Durante esse tempo, tudo correu
tranquilamente. A cirurgia consiste em colocar 22 eletrodos na Cóclea, que depois serão acoplados
através de um imã, a um aparelho externo, chamado processador de fala. A ligação deste aparelho
externo ao aparelho implantado, se chama ativação e ocorre de 30 a 40 dias após a cirurgia.
Passados quase 30 dias da cirurgia, chegando a hora da ativação do Implante, resolvi construir esta
página - um misto de bloger e site pessoal, que foi batizado pelo colega Roner de "BLITE". Não
pretendo seguir a maioria das páginas existentes, onde contam a história de uma vida. Pretendo com
esta páginas, contar através do blite o meu dia a dia após a ativação, e fornecer informações úteis
para meus irmãos no silêncio, para que os mesmos tenham uma fonte de pesquisa, com o básico
sobre o Implante Coclear, e resolvam se candidatar ou não ao implante. Noto que o Implante Coclear
ainda é muito desconhecido pela maioria da população, e muitos passam horas na Internet em busca
de informações. Com meu blite, pretendo que as pessoas achem as perguntas e as respostas sobre o
Implante Coclear em um só lugar.
Para os navegantes que por algum motivo vierem a cair nesta página, serve também para
compartilhar conosco as maravilhas desta tecnologia, que se chama Implante Coclear.
Como não poderia deixar de ser, reservo umas linhas para deixar agradecimentos.
Agradeço primeiramente ao Grande Criador do Universo. Agradeço também a todos os Irmãos
Invisíveis que sempre estão velando por nós. Agradeço a todos aqueles que conheci ao longo de
minha vida. Cada um que cruzou comigo, foi um mestre, um companheiro, um amigo. De cada um,
recebi uma lição. Aos professores que tive durante minha escolar. De cada um, recebi um
ensinamento. Cada um deixou sua marca. De cada um, até hoje procuro tirar proveito de suas lições.
Agradeço a meus familiares, pois foi sempre o desejo da minha família que eu voltasse a ouvir. Todos
deram apóio e vibraram com os sucessos alcançados. Muitos se foram, mas acredito que vibraram
comigo a conquista. Agradeço a minha querida mãe, ao meu irmão, a minha esposa Tute, ao meu
filho Rodrigo por todo apóio que tive, razão pelo qual sempre fui em frente lutando. E ao meu
saudoso pai, que com certeza estaria vibrando aqui comigo, mas acredito que toda essa aventura
que passei foi obra do "velho" em algum lugar acima de nós... A todos os amigos do GUICOS/FIC -
Grupo de usuários de Implante Coclear e Simpatizantes/Fórum de Implante Coclear, em especial aos
amigos Roner Dawson Barbosa, Fernando Ramos Castilho Cabral com quem divido a moderagem e
Maurício de Sá, pelo apóio e aprendizagem que adquiri sobre o IC. Aos companheiros eletricitários da
CTEEP e CESP, companheiros de longas lutas, em especial a Rosely Guizi, Antonio Carlos Santoni,
Dr. Edson Silveira Evangelista e Sueli Cristina Marques, que "emprestou" muitas vezes os ouvidos
dela, para marcação de consultas, retornos, brigas com o convênio. Também deixo registrado meu
agradecimento para o Prof.Dr. Pedro Luis Mangabeira Albernaz, ex Titular da Disciplina de
Otorrinolaringologia da Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, que me
iniciou no implante coclear. Ao Dr. Paulo Rogério Cantanhere Porto, Responsável pelo Programa de
Implantes Cocleares da UNICAMP. As Fonoaudiólogas Maria Valéria Goffi Gomez e Mariana Guedes,
do Hospital das Clinicas de São Paulo. Agradeço especialmente ao Dr. Arthur Menino Castilho, o
prestimoso médico otorrino que realizou minha cirurgia com desprendimento e muita competência. Ao
corpo clinico e funcional do Hospital das Clinicas de São Paulo, e em especial ao enfermeiro da sala
de pré-operatório, que não pequei o nome, que após pegar meus dados e histórico, olhou para mim
firmemente deitado na maca, colocou sua mão em meu ombro, e falou pausadamente: "Fica
tranquilo; vai firme. Pensamento positivo, vai dar tudo certo". Nunca mais o vi. Mas este gesto amigo
ficou e ficará marcado em mim para sempre.
Cidade de São Paulo,
Vinte e cinco de Novembro de dois mil e três
171
DOMINGO, novembro, 26, 2006.
3 anos de Ativado. Relatos de um implantado
Hoje faz 3 anos que fui ativado. Resolvi neste dia, reler as anotações que coloquei aqui.
Principalmente a primeira, onde relato a minha ativação; a minha volta ao "mundo sonoro". Ao mesmo
tempo em que leio o que escrevi na época, encosto na cadeira e procuro vivenciar aquele momento.
Momento único. Diria que foi um momento emocionante. O que mais me marcou naquele dia foi
quando a Fga. Mariana ligou todos os eletrodos de uma vez, e eu dei um salto da cadeira, assustado.
O segundo momento foi quando ela ligou o implante sem avisar, e eu, confuso, ouvia barulhos, de
todos os tipos, sem saber o que era de onde vinham e nem sabia o que estava acontecendo.
Somente após uns minutos, percebi que aqueles barulhos eram a minha própria voz! Voz da minha
esposa, da Mariana falando. Da confusão, passou para a emoção. Os relatos neste Blog vieram
naturalmente, na proporção que eu ia "redescobrindo" os sons. No começo, tudo era "novidade" para
mim. Depois, passaram a fazer parte do meu cotidiano, e meu ouvido ficou "seletivo", a ponto de
selecionar o que quero ou não quero ouvir. Todas as pessoas fazem isso - selecionam o que querem
ouvir ou ver - os implantados também. Mas possuem a vantagem de poder desligar o processador de
fala também. Três anos de ativado... Minha ultima postagem aqui foi em Junho de 2005. Mais de um
ano atrás. Neste tempo todo que fiquei sem postar, muita coisa mudou. Tive grandes progressos
auditivos, minha voz melhorou bastante, a discriminação dos sons também. Não que esteja 100%,
mas tenho várias melhoras, tanto que consigo montar frases quase inteiras sem o auxilio da LOF.
Ainda não consigo discriminar 100% no telefone, mas já consigo discriminar muitas coisas. É um
grande progresso para quem ficou mais de 37 anos no absoluto silêncio. Tenho muito trabalho ainda
pela frente, muitos sons a serem conquistados, o processador de fala ainda deverá sofrer outros
ajustes até que se consiga um ajuste perfeito, de modo que consiga cada vez mais melhorar minha
audição biônica. É um longo caminho a seguir conforme eu previa quando resolvi me submeter ao
implante. Uma boa parte deste caminho foi percorrido, e ainda falta muito a percorrer a passos
lentos. Não quis deixar em branco este dia. Deixo, pois, registrado aqui mais um aniversário de minha
volta ao mundo sonoro, agradecendo ao bom Pai pelas conquistas que tive durante os dias destes
anos que se passaram. Nos próximos dias, pretendo postar mais relatos, procurando relatar meus
progressos e conquistas que tive, bem como as que terei. Grandes ou pequenas. Tanto faz. Para um
surdo todo som é Música.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 10:49 PM
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Oi que fantástico! Vou fazer o implante também! E por favor, comente aqui... Beijos
Jéssica Rhayane | 08-07-2008 22:13:15
Caro Felipe! Sou pai de um lindo garoto com surdez severa de 3 anos e estou correndo para poder fazer o
implante para ele saber que tanto o pai dele enlouquece com aqueles cabeludos batendo naqueles troços com
cordas... Força e Fé!!!
Anderson | 13-03-2008 02:27:46
Sou estudante de fonoaudiologia e fui procurar sites sobre implante coclear, pois tenho um paciente implantado!
Obrigada por dividir todos esses sentimentos! Na verdade eu não teria noção nenhuma do que ele sente e o
tivesse lido o que você sentiu! Acho até que cada um é diferente do outro, mas deu para perceber que cada
progresso seu foi relatado com carinho e com uma imensa alegria! Espero proporcionar ao meu paciente tudo o
que te foi proporcionado! Parabéns pela naturalidade com que você trata esse assunto...Que pode e DEVE ser
natural! Obrigada!
Thaís | 02-03-2008 16:49:11
Meu nome é Arnoldo Benkesntein. Sou Bolsista de iniciação científica do CNPq e participo do grupo de pesquisa
Projeto Blogs como Ferramenta de socialização e inclusão de Portadores de Necessidades Especiais. (PNE),
sob a orientação de Prof. Dra. Sandra Portella Montardo (Feevale) e Prof. Dra. Liliana Passerino (UFRGS). Na
atual fase do projeto, após a análise de blogs de familiares de autistas, estamos mapeando blogs que abordam
assuntos relativos à deficiência auditiva. Devido à qualidade da informação observada no seu blog, incluímo-lo
na nossa lista de sites pertinentes para o mapeamento. Visando o melhor entendimento de como blogs como o
seu podem efetivamente promover a inclusão social de PNEs, gostaria de solicitar-lhe o fornecimento de alguns
dados que devem ser enviados para o e-mail sandramonta[email protected]:
Nome:
Você é portador de alguma necessidade especial relativa à deficiência auditiva? Se sim, qual?
Sexo:
A simples resposta desses itens são muito importantes para o sucesso de nossa pesquisa.
Blogs como Ferramenta | 20-01-2008 21:09:09
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Gostaria de expressar a você o quanto me sinto feliz em poder constatar seus progressos pós-implante. Também
implantei em nov/07, graças a Deus está correndo tudo bem, a cada dia sinto que consigo melhor um pouco
mais, como você. Que Deus o ilumine e continue assim, com e otimismo. Um abraço. Carlos Duarte - Belém-
Pa, 27/09/2007
Carlos Duarte | 27-09-2007 18:14:07
Nossa que maravilha, adorei encontrar seu site, justamente quando estou passando pelo mesmo processo com
meu filho. No dia 08/10 ele estará fazendo a ativação do implante em Curitiba. Espero poder manter contato.Um
abraço forte!
Isolde J. Zappas | 27-09-2007 13:30:36
Ola Felipe, adorei ler este seu relato. Muitas vezes qdo estamos de fora do percurso, por mais que tentemos
entender nos faltam muitas coisas, pois nada mais importante que a própria experiência e a própria sensação.
Adorei mesmo ler, pois eu fico do outro lado... Fico na observação das evoluções de meus trabalhos, nas
reações dos meus clientes e amigos. Essa possibilidade de tentar visualizar ao processo é fundamental... Muito
obrigada por essa possibilidade Abraços
carla | 11-07-2007 23:05:24
Olá!! Encontrei o seu blog e gostaria de seguir por perto o seu percurso... Visto que já foi implantado há 3 anos e
tem tido muitos progressos... Ainda não estou 100% informada quanto ao implante coclear. Sou portuguesa,
tenho 24 anos, sou surda com grau severo e uso próteses. Beijinhos!
Confissões | 02-05-2007 08:29:34
Meu maior desejo é que minha filha fosse contemplada com um implante coclear. To muito feliz de encontrar
esse site e poder receber de todos alem de vc informações precisas para mim que moro tão longe, Surubim - PE
Um grande abraço Valdelia.
Valdelia | 05-04-2007 22:30:04
DE VOLTA
Após um longo tempo, resolvi hoje dar um pulinho ao meu Blog. Faz um bom tempo que nem abria
esta página. Vejo que de seu lançamento até hoje, mais de 3 mil pessoas estiveram aqui. Resolvi
voltar a escrever. Até a senha e login, quem diria, esqueci. Procuro por meu fiel arquivo onde gravo
dados importantes, e felizmente, acho a dita senha e o login. estou, pois de volta. Assim, espero
pelo menos, deixar este espaço um pouco atualizado.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 10:40 PM
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Viva Filipe! Muito bom saber que esta de volta. O IC no Brasil vai se desenvolvendo pouco a pouco e o seu Blite
precisa acompanhar este processo. Abraços sonoros! Walter Kuhne Júnior Implantado no HCFMUSP Dr. Arthur
Menino Castilho Nucleus 24 Contour + ESPrit 3G IC=11/01/2006
Ativação=16/02/2006 São Paulo - S.P.
Walter Kuhne Júnior |27-11-2006 13:08:57
Sexta-feira, Junho 24, 2005
Voltando aos relatos de um Implantado
Outro dia, minha amiga e fonoaudióloga Cristina Lucia Onuki, escreveu para mim no FIC uma bonita
mensagem. O que me chamou mais a atenção nesta mensagem, foi o seguinte texto abaixo:
"...Há algum tempo você descrevia mais sobre suas evoluções. Sabemos que as evoluções com o
tempo vão ficando cotidianas, mas não podemos deixar de enfatizar isso aos demais, aos que estão
começando na reabilitação, aos que estão iniciando no processo para o IC."
Isso me levou a fazer uma pausa brusca em minha vida corrida. Levou-me a parar, fazer uma
meditação. Cristina Onuki tem razão. Volto para trás, como uma máquina do tempo. Lembro-me que
quando estava prestes a fazer a cirurgia, e durante meu período de recuperação pós-operatório, tinha
resolvido fazer um Blog, onde pudesse deixar registrado minhas conquistas e reconquistas auditivas.
Lembro-me que na época, tive que procurar, procurar e pesquisar muito na Internet sobre o IC.
Lembro-me que o Roner me chamou uma vez de "pesquisador oficial do FIC". Tudo isso eu me
lembro.
Porque parei, após o ultimo mapeamento, 7 meses atrás? Não foi a falta de tempo. Estaria
mentindo se dissesse isso. Cris Onuki diz tudo na mensagem. Evoluções vão ficando cotidianas.
Continuo a voltar para trás, e me lembro de uma mensagem que um veterano implantado, meu amigo
Augusto Wanamakulu (Guto) colocou uma vez no FIC para uma amiga "... no primeiro ano do
implante, é tudo pura emoção. São sons que são descobertos, redescobertos. Depois do primeiro
ano, os sons tornam-se cotidianos, e após passar essa fase de emoções, as descobertas tornam-se
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mais lentas. Mas novos sons são descobertos também...". Pois é... O barulho da furadeira, das
panelas batendo na pia, do ônibus, do telefone tocando, e tantos outros sons que fui descobrindo...
Tudo era emocionante. A primeira vez que ouvi a furadeira furando concreto no apartamento de cima,
achei bárbaro! Fui até a área de serviço, e peguei a minha para fazer um furo na parede também.
Hoje, nem quero saber de fazer furos com o IC ligado. Muitos sons se tornaram irritantes, como os
telefones tocando sem parar aqui no trabalho. Outros, como o barulho do motor do ônibus, e tantos
outros barulhos que ouço no meu dia a dia, se tornaram parte de meu cotidiano, e por isso, nem ligo...
Meu cérebro aprendeu, e continua a aprender a selecionar os sons que quer ouvir. E muitas vezes,
fico sem o IC, curtindo o silêncio. Aprendi a conviver pacificamente com o IC e com o Silêncio.
Mas, mesmo assim, continuo a evoluir com o IC. Muitas evoluções, e sons descobertos, embora de
forma lenta. Mas não vejo que isso seja motivo para parar de relatar minhas evoluções auditivas, que
fazia um tempo atrás. Podem ser banais para mim, mas de grande valia para outros. Vou então
continuar neste Blog relatando minha evolução auditiva, mesmo que lentas lembrando as palavras do
saudoso Dr. Pedro Bloch na ACTA AWHO: “O implante coclear me faz pensar e sentir que um mero
ruído ambiental, tão banal para nós, tão ignorado pelos que ouvem, pode significar para o surdo uma
sinfonia de Beethoven"
Pausa do almoço, Meditando na Igreja de São Luis Gonzaga.
Av. Paulista.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:41 PM
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Oi, fiquei tocada com sua história e decidi escrever... Eu também tenho uma deficiência auditiva (surgiu mais ou
menos com 6 anos), mas no meu caso, o implante não é o melhor. A minha esperança é que a ciência consiga
desenvolver transplante de lulas ciliadas da cóclea, pra que eu não precise usar aparelho auditivo! Sabe, eu
não me conformei com essa condição. Mas a bíblia diz que "todas as coisas contribuem para o bem daqueles
que amam a Deus, e que são chamados segundo o seu propósito" (Romanos 8.24). Prazer em conhecê-lo.
Muitas felicidades.
Danielle | 30-11-2005 21:11:16
Olá, sou novo por aqui. Também uso o IC faz 7 anos e gostaria muito de comentar alguns casos com pessoas
que também o usam. Não sou muito de usar meu blog, seria legal se vc pudesse entrar em contato comigo pelo
e-mail, beleza? Vamos compartilhar experiências, afinal, vc está começando e eu faz um bom tempo... Obs:
Vc é oralizado? Valeu.
Tiago Silva | 27-09-2005 12:08:41
Ola Filipe, eu me confundi na msg que eu deixei, mas de qualquer forma peço que você entre em contato comigo
para esclarecer mais sobre sua experiência com o IC, e tbm aproveito para dizer o quanto esse blog e ótimo,
acredito que quanto mais informações, fica mais fácil de lidar com a situação, e é isso que você esta fazendo,
nos dando mais informações, mais uma vez agradeço se você tiver a oportunidade de entrar em contato comigo.
=)
Andrea | 03-07-2005 23:38:52
Ola Filipe, adorei muito seu blog, eu conheço uma criança, a qual eu amo muito, q e implantada, fez um ano,
agora q ele esta dando resposta ao tratamento, acredito q seje o caso do seu filho Leo, gostaria q vc me
escrevesse relatando mais sua historia, como está seu filho hoje? Aproveito aki para deixar uma msg q eu
aprendi; Deus sabe para kem mandar um D.A., e p/ pessoa poder desfrutar do simples som da natureza, q para
os ouvintes quase sempre passa despercebido, o canto de um pássaro, o vento soprando na árvore, um
cachorro latindo, a chuva, enfim todas as coisas maravilhosas q temos e talvez não damos todo valor merecido,
aproveito tbm para agradecer ao Dr. Orozimbo. Bem, espero q vc me escreva. Fikem com Deus.
Andrea | 01-07-2005 23:28:21
Olá Luiz Antonio, sua forma de contar a evolução do IC, faz com que a gente tenha um pouco de conhecimento
dos benefícios que isto pode ocasionar ao deficiente auditivo. Tenho uma filha com surdez severa, a qual tem um
filho, o Leo, implantado, mais de um ano, o qual irá completar três anos em agosto. Foi implantado pelo Dr.
Orozimbo em Baurú; tenho ido várias vezes levá-lo para suas reconsultas. É um verdadeiro milagre da ciência.
Gostaria muito que a Adriana, mãe do Leo, também pudesse ser implantada. Não sabia eu que pessoas já com
mais idade também podem receber IC. Iremos a Baurú em principio de agosto, levar o Leo; tentaremos iniciar um
trabalho para que a Adriana possa também receber este verdadeiro milagre da ciência e de Deus.
Jaime Guzzo | 27-06-2005 20:37:26
Sexta-feira, Novembro 26, 2004
UM ANO ATIVADO
"O implante coclear me faz pensar e sentir que um mero ruído ambiental, tão banal para nós, tão
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ignorado pelos que ouvem, pode significar para o surdo uma sinfonia de Beethoven"
(Frase proferida pelo Dr. Pedro Bloch para Guimarães Rosa - uma das minhas preferidas)
Hoje faz um ano em que fui ativado. Diria, assim como tantos outros... "Puxa, passou rápido...” Pois
é. Passou rápido mesmo. Comemorar? Bolo ou pizza? Não sei. Sou avesso às comemorações.
Mesmo meu aniversário, gosto que passe despercebido, como um dia qualquer. Gosto de ficar no
meu cantinho. A idéia de comemoração partiu da minha fono, Sonia Iervolino, ontem, durante minha
sessão de fonoterapia, antes de irmos ao consultório da Valéria Goffi para novo mapeamento do IC. A
própria Valéria falou a mesma coisa - Vai comemorar? Eu disse - "comemorar o quê?" - Ora, as suas
conquistas, suas vitórias, os sons que você conseguiu ouvir... Digo simplesmente que as conquistas e
as vitórias acontecem no ato, e no ato são comemoradas. Não sei se terei bolo à noite. Mas pizza,
com certeza terei. Toda sexta é dia de pizza em casa... Comemorações, veremos.
É...Passou um ano. 365 dias. Desde o momento que a Fga. Mariana Guedes do HC-SP começou a
ligar os eletrodos, um por um, fazendo vibrar a cóclea a cada eletrodo ligado, desde o momento que
ela ligou todos os eletrodos, fazendo com que eu desse um pulo da cadeira, e quando ela ligou o
microfone definitivamente, fazendo com que eu, no maior espanto, ficasse ouvindo as vozes, os
barulhos da sala, com uma cara de espanto e incrédulo, muita coisa mudou. Dos primeiros sons que
ouvi, iguais, estranhos, alguns dizem "horríveis", até os que ouço hoje, muitas conquistas sonoras eu
tive durante esse ano. No começo era tudo igual, parecia tudo um som. E com os dias, com os
treinos, com os mapeamentos, os sons foram se abrindo, como um leque. Nos primeiros meses, tive
os eletrodos 1, 2 e 3 desligados, pois não ouvia nada de agudo (ouvia mas meu cérebro não
conseguia interpretar), e agora tenho todos 22 ligados. Ouço com todos. É... Foram tantas conquistas
sonoras nesse tempo que se passou. Algumas foram tão significativas, que me fizeram vibrar. Outras,
nem tanto. Algumas passaram despercebidas, mas de uma forma geral, tudo que veio foi lucro.
Houve, sim, algumas decepções. Muitas por dizer. Mas faz parte. É natural que houve. Mas somando
todas conquistas que consegui, somando todos os pontos positivos, eu diria que valeu. Valeu, sim.
Valeu ter corrido pelo IC. Valeu ter brigado com o plano pelo IC. Valeu ter acreditado, que mesmo que
os resultados não fossem, os esperados, o que veio foi lucro. Valeu, então tudo. Faria tudo
novamente se precisasse. Na vida, seja o que for, tudo vale a pena. Apesar de tudo, não poderia
deixar essa data passar em branco. Meio-dia. Hora do almoço. Sol quente. Dirijo-me à Igreja que fica
próxima ao local do trabalho. É grande. Enorme. Ta quase vazia nessa hora. Semi-escuro. Escolho
um lugarzinho no fundo. Vazio e quieto. Junto a Imagem do Cristo Crucificado. Desligo o
processador de fala, assim fica tudo mais silencioso. Prefiro assim, no silêncio. O Silêncio que foi meu
companheiro de 37 longos anos, com o qual aprendi muita coisa. Ainda convivo com ele quando
quero. Gosto dele. No silêncio, consigo me concentrar melhor, me analisar melhor. Conversar com
Deus. Ajoelho-me e com o Terço na mão, rezo. Faço uma meditação, uma retrospectiva de tudo o
que aconteceu durante esse ano de implantado, as conquistas, as vitórias, as decepções. Analiso
todas. Emociono-me com algumas. Um pequeno sorriso escapa quando me lembro de outras. No fim,
chego a conclusão que tudo valeu a pena.Agradeço a Deus, a família, aos médicos, fonos e a todos
que compartilharam comigo estas conquistas durante esses 365 dias. Termino as minhas orações,
saio silenciosamente da igreja, e em plena e movimentada Avenida Paulista ligo o processador de
fala. E neste exato momento, volto a fazer parte do conturbado mundo sonoro em que vivemos.
Igreja de São Luís Gonzaga Avenida Paulista - Cerqueira Cesar - São Paulo-SP.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:45 PM
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Oi, Luiz, antes de mais nada, muito obrigada por me adicionar no Orkut. Agora que consegui parar de chorar um
pouco, emocionada com tudo que pude ler aqui, me sinto mais forte para lhe dizer que o que você diz sobre seus
sentimentos e suas sensações no limite som/silêncio deve ser muito parecido ao que meu filho Felipe, com 4
anos e 2 de implante no próximo dia 23/07, deve pensar e sentir. Ele ainda não vocaliza muito e ainda esse
iniciando nas libras para poder transitar nesses dois mundos. Acho que fiz a escolha certa, mas tem horas que
tenho muitas dúvidas. Como alguém falou em outro comentário, também sou muita grata ao Dr Orozimbo e à
querida Dra Cecilia, além de todos da equipe. Por favor, me escreva se sentir vontade. Felicidades. Obrigada
pela oportunidade. Parabéns pelo blog.
Izabela Domingues 02-07-2005 00:40:43
Parabéns por essa iniciativa Luiz Filipe! Quando minha Fonoaudióloga me deu o endereço de seu blog, fiquei
curiosa e à noite, em casa, entrei na Internet e li sua emocionante história. Por incrível que pareça, muito
semelhante à minha! Perdi a audição aos 9 anos, conseqüência da meningite, fiquei 29 anos sem ouvir e em
janeiro de 2003 fiz o implante coclear no Hospital das Clínicas de São Paulo. Foi um sucesso! Embora ainda
precise um pouco de leitura labial, consigo ouvir bem: vozes das pessoas, passarinhos cantando e uma
infinidade de outros sons que antes nem sonhava em ouvir. Até músicas do Roberto Carlos, que eu lembrava de
ter ouvido na infância. Por tudo isso, sinto que tenho muito a agradecer à Equipe de Implante Coclear da
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Fundação Otorrinolaringologia de SP, em especial ao Dr. Rubens Vuono de Brito Neto e a Fonoaudióloga
Mariana Guedes. Parabéns por você ter relatado tão bem essa experiência maravilhosa! Felicidades a você e
sua família! Lorena L.Amaral-SC
Lorena | 17-04-2005 20:06:33.
Oi Luiz! Tudo bem? Parabéns pela suas conquistas. Eu sou uma implantada, mas nunca tive nenhum resultado.
Fiz o implante multicanal duplo a 4 anos em Bauru mas até agora nenhum som apareceu, sou triste por o ter
conseguido nenhum resultado, mas fico feliz por vc, eu estou 7 anos sem ouvir e vc ficou 37 anos imagino como
vc se sentiu ao perceber os sons e fico muito feliz por vc. Abração de quem sabe o que é a vida sem som,
ruídos, barulhos etc... Janaina SC
Janaina Mendes Patri | 08-02-2005 17:23:59
Oi Luiz Felipe!!! Estava lendo o seu blog, achei maravilhoso cada declaração sua, a importância q vc deu de
ouvir o tocar o telefone, o barulho da ambulância, ou seja, cada som. Não sei se vc lembra, mas eu entrei agora
no grupo FIC do Yahoo, sou estudante de fonoaudiologia e estou adorando cada relato q leio de cada pessoa, eu
não tinha idéia o significado q tinha voltar ouvir, msm pq eu nunca passei por isso, só tinha ouvido falar. Mas, o q
eu achei mais impressionante é q vc relatou q passou 37 anos sem ouvir? Foi isso msm? Realmente eu estou
impressionada, Não teve nenhuma complicação na sua cóclea, ou alguma coisa parecida com todas as suas
estruturas da audição? Porque foi muito tempo sem ouvir... Pra falar verdade fico muito feliz por ter dado certo o
seu IC, por vc está satisfeito e tudo de bom é isso, Bom Natal pra vc e toda a sua Família...
Carol Spalato | 22-12-2004 22:57:06
Novos Mapeamentos
Ontem, véspera de meu primeiro ano de ativação, estive no consultório da Fga. Valéria Goffi, junto
com a minha fono Sonia Iervolino, para remapear o processador de fala. É meu último mapeamento
trimestral, pois a partir de agora, estarei mapeando a cada 6 meses.
Foram colocados 3 novos mapas:
P1 - mapa antigo - backup para caso não me adaptar aos novos mapas;
P2 - novo mapa. Estratégia ACE com autosensibilidade e velocidade normal;
P3 - novo mapa. Estratégia ACE com autosensibilidade, e alta velocidade de
estimulação dos eletrodos.
P4 - novo mapa. Estratégia ACE + ADRO com alta velocidade de estimulação dos
eletrodos.
Estou usando a pedido da Valéria, o P3 e o P4 nos próximos 20 dias. Ela pediu que eu fizesse um
"sacrifício" com essas estimulações de alta velocidade, para ver como eu reagirei aos sons.
Depois, vou postando aqui, como foram as minhas impressões de ouvir em alta velocidade de
estimulação coclear. Até hoje, usei velocidades moderadas, e também a baixa velocidade do
SPEAK.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 12:26 PM
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Luiz Felipe, Meu nome é Adelaide e sou mãe do Gabriel (implantado), que tem 10 anos, moramos no Rio e há 07
anos foi implantado. Estava lendo seus relatos e me surpreendi qdo vc diz q época que usou aparelho tb no
seu OE teve a sensação de estar ouvindo pelos 02 ouvidos. Como está hoje, continuas usando nos 02 ouvidos?
Te confesso, que sempre achei ser bobagem a utilização de aparelho no outro ouvido, não implantado. Gabriel
nunca usou, também por ter sido implantado aos 03 anos não poderia (acredito) ter este relato. Não sei se me fiz
entender, é q depois do q li, estou me sentindo meio culpada em o ter utilizado nele tb (tb não me foi
recomendado pelo médico dele, mas eu via aqui no Brasil). Apesar de Gabriel estar ótimo, fala tudo, tel., TV,
escola, enfim, tem uma vida graças a Deus normal, será que ele estaria ainda melhor? Me sua opinião
sincera, vc é adulto e pode avaliar bem esta questão. Parabéns por suas conquistas e cada dia mais e mais
serão maiores. Obrigada, Adelaide.
Adelaide Pimenta | Email | 07-02-2006 09:30:46
Na realidade não são comentários e sim dúvidas, posso usar esse meio de comunicação para fazer algumas
perguntas? Estou perto de fazer o implante. Agradeço desde já Cláudia
Claudia Assis Costa | Email | 09-09-2005 20:54
Atualizando o Blite - Relatos de um Implantado
Entrando hoje aqui, vejo que estou desde o dia 15 de Setembro sem atualizar. Passado a primeira
fase, onde as descobertas e redescobertas sonoras eram constantes, agora parece que tudo vem
mais devagar. Muita coisa aconteceu nestes 3 meses, desde a última postagem que fiz. Acostumei
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com vários sons, novos ou velhos. Tenho facilidade de identificar alguns barulhos. Escuto na rua, no
ônibus, a sirene de uma ambulância, carro de polícia ou bombeiros, de longe, quando vem se
aproximando. Algumas vezes, sei de onde a sirene vem. consigo ouvir a seta do pisca-pisca do
meu carro, embora não sempre. Sempre tive curiosidade de ouvir, pois sempre soube que a mesma
fazia barulho, embora baixo. Tenho tido progressos com minha fono. É um trabalho lento, persistente.
Consigo, discriminar algumas frases fechadas, algumas palavras, e fragmentos de palavras. No
trabalho, antes ouvia os telefones tocarem. Parecia um só som em todos. Hoje ouço, e quase
identifico qual o que toca. O do meu colega Mauro, que senta na minha frente, é irritante. Alto, chama
qq atenção. Outro tem uma espécie de toque mais longo. Alguns são baixos outros diria que são
médios. Quanto aos sons, fiquei mais seletivo. Antes usava o processador sem a autosensibilidade
ligada. Hoje, estou sempre com ele em autosensibilidade. Alguns sons me irritam. Enfim, estou mais
seletivo, escolhendo o que quero ou não quero ouvir. Já consigo identificar em minha casa, a voz de
minha esposa e de meu filho. Somente eles em casa. Se fossem misturados com outras pessoas,
dificilmente, identificaria. Não consigo ainda, distinguir voz feminina ou masculina. Questão de tempo
ainda. Embora, note pequenas variações entre as vozes de colegas de trabalho - pequenas mesmo -
ainda parece que todo mundo tem a mesma voz. Tudo isso, são progressos, que estão vindo, embora
devagar, mas vindo. São também conquistas.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 12:18 PM
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Usando ASSI
Nos últimos 15 dias, usei dois modelos de AASI no ouvido esquerdo (não implantado). O objetivo era
testar se algumas melhoras usando o IC conjuntamente com o AASI. Usei para testes dois AASI
emprestados pela minha fono. Como sou quase anacúsico do OE, os ganhos são muito poucos, caso
eu utilize apenas o AASI com o IC desligado. Apenas sons graves, na freqüência de 500 Hz a 250 Hz
consigo perceber, mesmo assim com ganhos mínimos. Na próxima consulta faremos uma
audiometria para avaliar qual foi o ganho com o AASI. O interessante de tudo isso, como falei acima,
é que o ganho é mínimo. Mas com o IC ligado, a coisa muda de figura: parece que o som do IC passa
também para o OE. Em outras palavras, parece que estou ouvindo com o IC pelos dois ouvidos. É
uma sensação engraçada. Quando estou apenas com o IC, percebo que o som vem pelo OD, e sinto
um "vazio" no OE. Mas com o AASI ligado, mesmo não ouvindo nadica, o som do IC parece que vem
pelos 2 lados, e muitas vezes, não soube responder por qual ouvido estava ouvindo, o OD ou o OE.
Diria que estou ouvindo em Sterreo. devolvi os AASI. Talvez teste outro, talvez volte a testar um
dos 2 modelos que testei novamente, por um período mais longo. É uma coisa que vou avaliar com
minha fono mais para frente. Por enquanto nem penso em adquirir um AASI, sem saber quais ganhos
terei. Ainda vou testar novamente, e se for o caso, tento um pelo SUS.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 12:09 PM
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Quarta-feira, Setembro 15, 2004
Encontro do FIC-Guicos em São Paulo
O FIC - Fórum de Implante Coclear da Internet e GUICOS - Grupo de Usuários de Implante Coclear e
Simpatizantes, estará promovendo mais um ENCONTRO DE IMPLANTADOS, SIMPATIZANTES,
CANDIDATOS E INTERESSADOS EM GERAL NO IC em São Paulo.
Devido a agenda cheia, onde já tem encontro no Paraná sendo organizado, as provas de fim de ano,
festas de fim de ano, talvez esse seja o ULTIMO encontro de SAMPA para este ano. PORTANTO
participem!!!!!! Sua presença é FUNDAMENTAL!!!!
DATA - 19/09/2004- Domingo
HORA - a partir das 14h30min Horas - quem quiser, pode chegar mais cedo.Aproveitem e tragam a
família inteira.
LOCAL - Praça de Alimentação do Shopping Center 3 ( Piso Paulista, em frente da Drogasil e
Gelateria Parmalat).
ENDEREÇO - Shopping Center 3 - Avenida Paulista, 2038 - Esquina com Rua Augusta.
LOCALIZAÇÃO - Fica em frente ao Conjunto Nacional, e espremido com o Banco SAFRA e
McDonalds.
COMO IR - Carro, metro ou ônibus.
ONIBUS - Qualquer ônibus que passe pela Av. Paulista serve, assim como os ônibus que sobem e
descem a Augusta.
ONDE DESCER: Em frente ao Conjunto Nacional (há pontos de ônibus em ambos os lados da
avenida). se vier pela Augusta, descer nos pontos próximos ao cruzamento da Paulista.
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METRO - Linha Verde (Ana Rosa - Vila Madalena). Descer na Estação Consolação e subir pelo lado
onde a placa indica "Augusta-Centro).
ESTACIONAMENTO - Há um embaixo do Shopping Center 3. Entrada pela Rua Luis Coelho, que fica
atrás do Shopping, paralela com a Av. Paulista. Preço único nos fins de semana de R$ 6,00 por 12
horas.
CONTAMOS COM A PRESENÇA DO MAIOR NÚMERO POSSÍVEL DE IMPLANTADOS E
SIMPATIZANTE.
A UNIÃO FAZ A FORÇA!!! PARTICIPEM!!!!!!!!!!!!
ABRAÇOS,
LUIZ FILIPE
MODERADOR DO FIC-GUICOS
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 4:09 PM
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Terça-feira, Agosto 31, 2004
Com Sonia Iervolino - testando o novo mapeamento
Ontem estive em nova sessão de Fonoterapia.
Começamos os testes com o novo mapeamento.
Percebo que este novo mapa é bem mais legal que o outro, onde tenho a sensação que o som é
mais nítido. Fizemos vários exercícios com palavras e frases, e notei que estou tendo mais facilidade
em fazer discriminação de palavras.Tive bastantes acertos, e também erros. Mas ainda é cedo para
avaliar o este novo mapa.
Consumo de bateria
O consumo de bateria recarregável não difere muito do último mapeamento. Cerca de 8 horas, com
uma pilha recarregável de 1700 Mha. Ainda não testei o tempo de duração com pilhas comuns
Alcalinas. Mas qualquer dia vou ver. O consumo com a estratégia SPEAK, ainda continua imbatível.
14 horas com 1 pilha recarregável.
Fato Marcante.
Até que enfim!!!! Consegui no último domingo, ouvir o barulho da seta de pisca-pisca de meu carro.
Sempre soube, desde que tenho carro, que quando a gente liga o pisca-pisca, faz um barulhinho.
Desde que fui implantado, tive a curiosidade de ouvir esse barulhinho, e em diversas situações, tentei
escutar. E nada. Domingo, fui buscar meu filho na casa de um amigo dele, e ao parar num semáforo,
aguardando a hora dele abrir e virar para pegar outra rua, com o pisca-pisca ligado notei um
barulhinho, parecia algo martelando. Olhei para o painel, onde a luz estava piscando. Desliguei o
pisca-pisca, liguei novamente e repeti novamente a operação. Era ele mesmo. O fato aconteceu na
Avenida Padre Vicente Melilo, em Osasco, quase ao lado da Cidade de Deus, sede do Bradesco.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 3:00 PM
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Quinta-feira, Agosto 26, 2004
Novo mapeamento. Resumo dos últimos 2 meses. Progressos auditivos. Relatos de um
implantado.
Atualização do Blite
Estou 2 meses sem atualizar o Blite. Como sempre, a falta de tempo é o vilão da história. Estou então
fazendo um resumo dos últimos 2 meses. Pretendo a partir de agora, atualizar pelo menos uma vez
por semana. Também, em breve, vou atualizar todas as informações sobre o IC aqui, bem como
colocar novas informações, e fazer algumas melhorias. Aguardem.
Conquistas sonoras
Continuo evoluindo em minhas conquistas sonoras. Eu diria de forma geral, que os sons vão ficando
cada vez mais nítidos, como um leque que se abre. É difícil, tentar explicar como vou evoluindo, mas
eu simplesmente sinto. Minha fono, também tem comentado isso comigo.
Melhor seleção dos sons
Outra coisa que merece destaque, é que estou mais seletivo agora em relação aos sons. Antes, nos
primeiros tempos com o IC, qualquer som era bem-vindo, seja de uma furadeira, panelas batendo,
etc... Hoje acontece o contrário. Me irrito facilmente com determinados sons e tem outros que as
178
vezes, não suporto. Igual aos ouvintes. Mas tenho a vantagem de poder desligar o processador.
ACE ou SPEAK, eis a questão.
Nos últimos 3 meses, experimentei 2 estratégias de codificação de fala - ACE e Speak. Como disse,
em outras postagens, a ACE é de alta velocidade de estimulação e a SPEAK é de estimulação baixa
a moderada. uma diferença enorme quando se ouve com ACE ou SPEAK. Usando ACE, mais
nitidez nos sons, os sons parecem mais amplos, mais nítidos, enquanto que com SPEAK, os sons
parecem mais limitados. É um jeito que estou tentando explicar as diferenças. O SPEAK mais
ênfase aos sons da freqüência da fala. O objetivo do meu tratamento atual é tentar discriminar mais a
fala, visto que tenho grande facilidade de discriminar sons ambientes. Usei o SPEAK durante 1 mês e
meio. Depois coloquei o ACE até hoje. Em ambas codificações tenho um bom ganho de
discriminação, sendo difícil escolher qual a melhor para meu caso. Optei então pela ACE, pois assim,
ouço mais amplamente.
Fato marcante
Um dia, estava tomando lanche na Rua da Consolação, uma rua bem movimentada, e barulhenta.
Estava dentro da lanchonete, sentado junto ao vidro que separa a rua, comendo sossegadamente
meu lanche, quando vi que no meio da rua, tinha um guarda de trânsito com um apito (amarelinho).
Passei a prestar atenção quando ele levava o apito na boca. Nada. O barulho da rua é enorme. Mas
na tentativa, consegui, no meio de tanto barulho, distinguir o apito do guarda. Legal. Continuei a
treinar, e depois, de um treino, consegui distingir quando ele apitava longamente ou brevemente.
Voltei novamente a essa lanchonete mais algumas vezes sempre que o guarda estava lá, e passei a
treinar. Para conseguir ouvir o apito nessa rua, precisa se concentrar bem, senão não consegue.
LOF - Leitura Oro Facial
Minha LOF piorou quando estou sem o IC. Ou seja, antes do IC, a LOF era ótima. Agora, quando
estou sem o IC, minha LOF fica um pouco difícil. É normal. Quando somos surdos, a gente se
concentra mais na LOF. Agora, com o IC, nossa concentração passa a ser dividida entre os sons e a
LOF. Segundo as fonos, é absolutamente normal, e todo implantado fala isso depois de um tempo.
Com Valéria Goffi - Remapeamento.
Hoje refiz os mapeamentos. A Valéria ficou satisfeita com os meus progressos. Resolvemos tirar o
SPEAK, e ficar só com o ACE para os próximos 3 meses. Agora, o processador ficou com os
seguintes programas:
P1 - O último programa que usava. Ficou como Backup
P2 - Novo programa. ACE para o uso do dia a dia em qualquer ambiente.
P3 - O mesmo programa P2, só que com a opção ADRO, para ambientes silenciosos.
P4 - O mesmo programa P3, só que neste deixo a sensibilidade do microfone em 0, para uso com os
cabos.
Também fizemos uma Telemetria Neural, para testar os eletrodos e o nervo auditivo. Deu tudo Ok,
tanto nos eletrodos, quanto na estimulação do nervo. Fizemos alguns testes, e consegui discriminar
as palavras, tanto abertas, quanto fechadas. Bom sinal. Saí com o novo mapa na rua, principalmente
na movimentada Av. Paulista. Ficou tudo mais alto, mais forte, e um pouco estranho. Leva um tempo
para me habituar com o novo mapeamento, mas de forma geral, achei que este mapeamento ficou
bem melhor que o ultimo. Meu próximo mapeamento será em Novembro, quando completarei um ano
de ativado. Até lá, pretendo continuar minhas conquistas ou reconquistas auditivas.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 4:02 PM
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Estive por aqui hoje, achei muito legal e estou pensando no meu blogger, o Samuel Lima, já me orientou em
algumas coisas. Espero conseguir montar o meu... Grande abraço colorido, Carmem
CARMEM BRUNORO | Email | 07-09-2004 00:06:48
Terça-feira, Junho 08, 2004
Primeira Audiometria com o Implante Coclear
Ontem realizei minha primeira audiometria com o Implante Coclear, precisamente 6 meses depois de
ativado. Abaixo, um quadro comparativo de audiometrias antes e após o IC
179
ANTES DO IC - OD ANTES DO IC - COM AASI - OD
COM O IMPLANTE COCLEAR - OD
250 Hz - Sem resposta
500 Hz - sem resposta
1000 Hz -
resposta em 120 dB
1500 Hz - sem resposta
2000 Hz - sem resposta
4000 Hz - sem resposta
6000 Hz - sem resposta
8000 Hz - sem resposta
250 Hz - Sem resposta
500 Hz - resposta em 75dB
1000 Hz - resposta em 65 dB
1500 Hz - sem resposta
2000 Hz - sem resposta
4000 Hz - sem resposta
6000 Hz - sem resposta
8000 Hz - sem resposta
250 Hz - resposta em 30 dB
500 Hz - resposta em 30 dB
1000 Hz - resposta em 25 dB
1500 Hz - resposta em 25 dB
2000 Hz - resposta em 20 dB
4000 Hz - resposta em 20 dB
6000 Hz - resposta em 20 dB
8000 Hz - resposta em 40 dB
SURDEZ - GRAUS DE PERDAS AUDITIVAS
00 a 25 dB - audição normal
26 a 40 dB - perda auditiva leve
41 a 55 dB - perda auditiva moderada
56 a 70 dB - perda auditiva moderada severa
71 a 90 dB - perda auditiva severa
acima de 90 dB - perda auditiva profunda
Analisando minha audiometria anterior ao IC e posterior ao IC, conclui-se que minha surdez no OD
passou de SURDEZ PROFUNDA para SURDEZ LEVE.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 10:04 AM
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Filipinho... Você já está com a audição quase normal; então acho que já posso te dar um susto na rua... Bom, se
não for possível, podemos pelo menos conversar sem eu ter que me preocupar em ficar o tempo todo olhando
de frente pra você. Estou morrendo de curiosidade de conversar com você. Um beijo grande e parabéns a cada
vitória conquistada... Tenho certeza que você ainda vai ter muitas.
Rosy | Email | 09-06-2004 12:20:28
Quarta-feira, Junho 02, 2004
Comparando ACE e SPEAK
Auditivamente, ainda estou em evolução auditiva. Portanto muito cedo para resolver qual da
estratégia utilizar nos próximos 3 meses. Quando uso a SPEAK, noto que esta estratégia dá mais
ênfase a palavra, ou seja, os sons falados. Usando o ACE, todos os sons têm ênfase. Para mim é
difícil explicar como ouço com uma ou outra estratégia, mas posso dizer que ambas são muito
diferentes entre si. Diria que a ACE proporciona um som mais aberto, claro, pegando todos mínimos
detalhes, enquanto a SPEAK é um som mais fechado, dando mais preferência a fala. Mais ou menos
isso. Por isso, minha dificuldade em escolher a melhor para meu caso. Mas isso é questão de tempo.
Enquanto isso vou caminhando......
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:06 PM
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Usando o ACE e ACE com ADRO
Segunda-feira completou uma semana que estou utilizando a estratégia de codificação de fala ACE
para ambientes ruidosos e ACE + ADRO para ambientes silenciosos. Segunda-feira, com a minha
fonoaudióloga Sonia fizemos testes e chegamos a conclusão, que uma semana utilizando cada uma
das estratégias (ACE e SPEAK) foi muito pouco para tirar conclusões. Mas nos testes, mostrei que
auditivamente, evolui muito. Consegui distingir sons altos e baixos, em várias freqüências. Também
consegui acertar a maioria das vogais no teste de vogais. Mas ainda é cedo para tirar as conclusões.
Devo retornar ao SPEAK na semana que vem durante uns dias, para tentar verificar qual é a
estratégia de codificação melhor para o meu caso.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:01 PM
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Quinta-feira, Maio 27, 2004
Seis meses de ativação. Relatos de um Implantado.
Ontem completou seis meses que fui ativado. Do pulo que dei da cadeira do consultório da Fono
Mariana, até hoje, muita coisa mudou. Lembro-me do momento, em que a Mariana ligou todos os
eletrodos e mandou um sinal. Do susto, do pulo que dei da cadeira. Depois o silêncio voltou, e de
repente, fiquei confuso. Coisas estranhas, barulhos de sons, procurei em volta, perguntei, e percebi
que era minha própria voz, eu mesmo falando. Ora minha esposa, ora a Mariana. Foi uma emoção,
180
após 37 anos de absoluto silêncio. Sai com o IC na rua, dirigi com ele, ouvia cada barulho. Assustava
com alguns. Hoje não me assusto mais. Até que ignoro alguns. E continuo a cada dia descobrindo
outros. Foram seis meses de constante aprendizado. E ainda tem muito trabalho pela frente. Meus
progressos auditivos vão caminhando pela frente. Vou subindo degrau em degrau. Pacientemente.
Dos primeiros sons, quase estranhos que passei a ouvir, hoje identifico facilmente vários, tais como a
sirene de ambulância, dos bombeiros, da polícia. O barulho do motor do carro, ônibus. Motocicleta.
Telefone tocando, buzina, minha cachorra latindo. O som da água escorrendo na pia. Música.
Saxofone, piano. E vários sons que nem sei descrever. Apenas sinto que são diferentes e que
existem. Sei distinguir barulhos de vozes e barulhos de música. Reconheço palmas. Na televisão,
ouço as músicas de fundo, passos, telefone tocando, vozes, enfim uma novela, um filme, um
noticiário fica mais realista. Minha leitura labial melhorou muito. Consigo acompanhar melhor o
noticiário do Jornal Nacional, pois ouvindo e lendo os lábios do repórter, para entender melhor a
noticia. A dificuldade é ainda distingir vozes femininas e masculinas, distingir as vozes de quem fala e
discriminar a fala sem a leitura labial. Essa última é um trabalho de longo prazo, mas que os
resultados serão conquistados aos poucos. Cada parte tem sua etapa a ser conquistada.
Pacientemente, ainda chego lá. Sempre que posso, de olhos fechados, tento discriminar o que foi
falado. É difícil, mas com muito treino, a gente consegue. Todo dia, pego uma revista ou um livro,
e leio algumas páginas em voz alta. Ajuda em duas frentes - primeiro - ouvir a própria voz; segundo -
melhora a fala. Uma coisa que todo mundo notou, é que depois do implante, passei a falar bem
melhor. Não que falava mal antes. Mas melhorou bastante. Todo mundo fala isso - está falando
melhor, mais baixo, sem sotaque. Uma grande conquista, hein, Filipe... Ainda tenho que melhorar
muito. Vou caminhando. Engraçado... Tem vezes que eu nem tenho certeza que estou ouvindo ou
não. Penso que é vibração. Depois de tanto tempo sem ouvir, a gente desenvolve outro sentido para
suprir aquele ausente. Por isso, tenho uma boa visão periférica, sinto muita vibração, e tenho ótima
leitura labial. Vou tentando abandonar aos poucos a leitura labial. Quanto à vibração, creio que com o
tempo, eu vou deixar de perceber. Agora não tem jeito. Quando estou em dúvida se estou ouvindo ou
não, simplesmente faço um teste. Desligo o processador e vejo a diferença. Pois é... A gente vai
aprendendo a selecionar o que quer ouvir e o que não quer. Bom sinal. No comecinho do IC, eu
adorava bastante sons. Nem sabia o que é som agradável ou desagradável. Hoje tem sons que me
irritam. Estou ficando seletivo. E a cada dia, vou evoluindo. Às vezes, prefiro ficar no silencio para
meditar. É uma característica que nós implantados temos. Podemos ouvir quando queremos, ficar no
silêncio quando precisamos, e muitas vezes, eu prefiro ficar no silêncio e meditar. Procurar a mim
mesmo, numa busca constante que o silêncio proporciona a paz necessária para esta busca. A
busca continua.
Constantemente, assim, como a busca de novos sons, novos progressos auditivos. Uma busca
saudável e sem fim. Com ou sem barulho.
Igreja de São Luis Gonzaga - Av. Paulista. 12:30 Hs.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 4:36 PM
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Ola Luiz Felipe! Parabéns pelo teu relato! Achei muito emotivo. Sou uruguaia e estou fazendo testes auditivos no
meu filho de 17 meses. Gostaria de ter o nome e informação de contato do lugar onde recebestes atenção e
onde foi colocado o implante. Abraços e até mais! Maria
Maria | Email | 15-07-2008 23:04:32
Fiquei muito feliz por vc, implantei minha filha faz um ano e esta fazendo o acompanhamento com dra Mariana,
acho maravilhoso seu relato, no meu caso, minha menina Gabriela foi implantada aos 4 anos e meio, já fez os 2
mapeamento com Mariana um em setembro do ano passado e a outra em dezembro agora vou voltar com seis
meses, só que eu fico sem saber quero que junte as palavras ela ainda fala palavras soltas, agora é que
começou a falar tchau mama, no seu caso vc já escrevia e no meu a ansiedade é que nos deixa que queira tudo
de vez. Diga-me algo
Gilma Mascarenhas | Email | 25-05-2008 12:07:41
Luiz Fellipe, me emocionei ao ler o seu relato. Tenho uma filha de quatro anos surda profundo, que já está sendo
atendida pelo HC - Pinheiros. Tô muito feliz por vc, e aguardo o mesmo resultado para minha filha. Tudo q vc
escreveu, meu deu mais forças para essa luta q só está começando. Obrigada e abraços, Dani
Dani | Email | 31-03-2008 11:15:36
Terça-feira, Maio 25, 2004
Nova audiometria
Estou com uma nova audiometria programada para o dia 07/06. Será a primeira audiometria que
realizo após o Implante Coclear. Depois posto os resultados da mesma.
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#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 4:12 PM
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Encontro do FIC em Campinas
Foi realizado em 15/05 no Shopping D.Pedro, em Campinas, mais um encontrão do FIC/GUICOS.
Embora o dia teimasse em ficar chuvoso, contamos com a presença em peso de mais de 30 pessoas.
Foi um encontro descontraído, fraterno, onde revi colegas e conheci outros. Foi um prazer conhecer
pessoalmente meu "compadre mineirin" Mauricio Sá. Também foi uma honra conhecer o Grande
Gilberto e sua família. O Roner, presente como sempre para alegrar o ambiente. Foi um encontro
muito proveitoso. Logo posto fotos do encontrão aqui no Blite.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:32 PM
Usando o SPEAK
Ontem fez uma semana que estou usando a Estratégia de Codificação de Fala SPEAK. Ainda não sei
se gostei ou não desta codificação. Hoje, eu mudei para o P3 - ACE, e notei uma enorme diferença
entre a ACE e a SPEAK. Não sei explicar como é, mas a gente nota uma diferença enorme nos sons
que a gente ouvia e ouve. Posso dizer, que a SPEAK deixa o som mais grave, digamos mais grosso.
Enquanto, o ACE pega mais os finos e agudos. Deve ser isso aí, pois não sei explicar. O problema, é
que não posso ficar mudando toda hora entre uma estratégia e outra. Devo usar uma semana cada.
Embora eu sempre tenha usado a ACE desde o primeiro dia após a ativação, estou achando o som
"horrível", após passar do P4 para o P3. Tenho que agüentar até a próxima segunda feira. Quem
sabe, melhora, e até lá, decida qual vai ser a minha estratégia para os próximos 3 meses. O
importante, segundo a Dra. Valéria, é que eu teste várias estratégias, mude vários parâmetros ate
chegar ao ideal. É um trabalho lento... Mas com persistência, vale a pena, pois os frutos a colher
futuramente serão fartos e abundantes.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:32 PM
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Novos mapeamentos - Com Valéria Goffi
Realizei em 17/05/2004 com a Dra. Valéria Goffi, novos mapeamentos em meu processador de fala.
Estava no tempo, pois durante o primeiro ano, são realizados mapeamentos a cada 3 meses em
média. Esteve presente, minha atual fono, a Fga. Sonia Iervolino. Foram testados novos mapas,
feitos novos ajustes, e no fim, ficamos com 4 mapas:
P1 - mapa antigo. Utiliza a codificação ACE + ADRO
P2 - novo mapa - para ambientes silenciosos. ACE + ADRO
P3 - novo mapa - para ser utilizado no dia a dia. ACE.
P4 - novo mapa - para ser utilizado no dia a dia - codificação de fala SPEAK
O P3 e o P4 foram colocados para serem usados uma semana cada, e depois de testes, eu devo
escolher o que me atenda melhor auditivamente. Segundo a Dra. Valéria, embora a Estratégia de
Codificação de Fala ACE seja a mais utilizada atualmente, pessoas com longo tempo de surdez, tem
preferência pela estratégia SPEAK. A estratégia ACE utiliza altas e baixas velocidades de impulso na
cóclea, enquanto a SPEAK é uma estratégia de velocidade moderada. O consumo de pilhas é notável
em ambas. Enquanto em ACE minha pilha recarregável durava 9 horas e meia, na SPEAK, a mesma
pilha chegou a durar 15 horas e meia.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:32 PM
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Gostaria de ter contatos com outros implantados Sou surda moro em Recife-PE e gostaria de fazer a cirurgia e
preciso de incentivos de outros implantados
Fátima Azevedo | Email | 05-01-2006 00:27:36
Quinta-feira, Maio 13, 2004
Encontrão em Campinas
O FIC - Fórum de Implante Coclear da Internet, fará neste sábado, 15/05 a partir das 14 horas, no
Shopping D. Pedro, em Campinas, mais um encontrão de confraternização entre seus membros. O
encontro será na Doceria Cristallo, que nos cedeu o espaço. Pretendemos reunir o maior número de
pessoas, membros, amigos e familiares, neste importante evento.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:32 AM
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Porque vou fazer o implante também, pois eu adoraria conhecer alguns que já fizeram porque às vezes fico na
dúvida se faço não... E me adicione no msn: jessicarhayane@hotmail.com e obrigada!
Jessica Rhayane | Email | 08-07-2008 21:05:14
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Oi gostei da idéia do encontrão, pois sou deficiente auditivo e resolvi passar por aqui. Foi muito legal esse
encontrão, gostei de ter ido!
Rodrigo Rabelo | 15-05-2004 20:15:10
Apresentando Sonia Iervolino
Desde o início de Abril, estou fazendo meu tratamento Fonoaudiológica com uma nova
Fonoaudióloga. Apresento a todos a fono Sonia Maria Simões Iervolino. A Fono Sonia tem mais de
25 anos de experiência com deficientes auditivos. Trabalha e leciona a longos anos na Santa Casa
de Misericórdia de São Paulo, e fará parte da futura equipe de IC da Santa Casa, que deverá iniciar
suas atividades ainda este ano, comandada pelo Dr. Carlos Alberto Campos. Com a Fono Sonia
Iervolino, espero continuar meus progressos auditivos, redescobrindo a cada dia novos sons,
progredindo continuamente. Deixo aqui registrado meu agradecimento a minha fono anterior, fga.
Lidia Setti.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:32 AM
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DESCULPE TANTO "EU"... Parece até que sou muito voltado a meu umbigo... hehehe. Nota: quanto à traição,
esclareço que quis dizer que alguém do grupo ache que seria uma perfídia de sua parte manter meu link aqui...
Perdão mais uma vez. PATRIOTA.
Paulo S. Patriota | Email | 19-05-2004 03:10:19
Amigo Luiz Filipe: eu também virei sempre aqui, pode crer. Acho que é a única fonte neutra a que posso me
informar. Obrigado pela compreensão. Quando um FIC no Nordeste for lançando, eu sou o primeiro a te avisar,
meu caro. Eu e um amigo implantado de Maceió estamos planejando abrir um grupo. Abração. PS: muito
obrigado por ainda ter um tempinho de passar no meu recanto. E mil perdões por eu ter pedido para retirar o
meu link. Nada contra Você, que nunca implicou com meu jeito de escrever. Mas minha consciência me impeliu a
tal, pois sei que muita gente não vai com minha cara lá no Guicos e pode achar que meu blog aqui seria uma
traição, já que não faço mais parte da turma. Tudo de bom para todos. Paulo Patriota.
Paulo S. Patriota | Email | 19-05-2004 03:02:33
Caro Paulo, Conforme seu pedido, retirei o Link ao seu blog. Aceite meus abraços, e saiba, que mesmo retirando
seu link daqui, nada me impede de que vez em quando visite seu blog, e aprecie as suas croniquetas, que sem
dúvida, são prazerosamente de ler. Forte abraço, do Luiz Filipe
Luiz Filipe | 17-05-2004 10:55:59
Caro Luiz Filipe: peço, por obséquio, que o senhor retire meu link desta excelente página. Acho que não sou
mais bem-vindo aqui, sendo "persona non grata" ao FIC. Ontem postei algo, e ou por acidente não saiu, ou foi
deletado. De qualquer maneira, faça-me o favor de retirar o que pedi, ta bem? Abraços cordiais do Paulo Sérgio
Patriota.
Paulo S. Patriota | Email | 15-05-2004 22:08:35
Quarta-feira, Abril 07, 2004
Raios e trovões
Estou sem atualizar a um tempo o blite. Falta de tempo mesmo. Mas ontem, caiu aqui em Sampa, no
horário de almoço, e no fim da tarde, uma daquelas chuvas de dar medo. Relâmpagos e trovões
caiam a todo o momento. E ontem, consegui ouvir os trovões. Embora nos últimos meses tenha
chovido, e caído trovões, foi ontem que consegui ouvir. Do começo ao fim. É um barulho nada
agradável, mas mesmo assim, como sempre ao ouvir um som novo, fiquei muito feliz, e achei
simplesmente fantástico, embora lá fora, pela janela, o aspecto não parecia nada agradável. Escuro e
medonho...
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 5:01 PM
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Caro Luiz Filipe: que bom que encontraste um tempinho para atualizar... Quanto às fonoaudiólogas, todas, sem
exceção, são para mim como anjos bons. Desejo-te pleno sucesso na continuação de tua luta com a nova fono.
Paulo Patriota.
Paulo S. Patriota | Email 15-05-2004 02:17:29 feira, Março 24, 2004
Encontro do FIC / GUICOS em São Paulo
O FIC-Forum de Implante Coclear - GUICOS-Grupo de Usuários de Implante Coclear e
Simpatizantes, fez realizar no ultimo sábado (20/03) no Shopping Center 3, na Capital Paulistana, um
encontro de confraternização entre usuários de implante, seus familiares e simpatizantes. Mais de 35
183
pessoas participaram do encontro, que transcorreu muito alegre, num total clima de companheirismo,
amizade, com o reencontro de vários membros, e muitos passaram a se conhecer "ao vivo". Também
serviu para troca de informações, experiências, e muito mais. Aproveitamos, também para
homenagear o nosso colega Roner Dawson, que fez primaveras no domingo. Parabéns, Roner!
Muitos anos de vida!. Acelera Roner!!.... Confiram as fotos do encontro CLICANDO AQUI.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:25 AM
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Silvinha, O prazer de conhecer vc pessoalmente, foi todo meu. Parabéns pela marcação da data de seu
Implante. Está bem próxima. Fica tranqüila. Tudo vai dar certo. Abraços, Luiz Filipe
Luiz Filipe | Email | 26-03-2004 00:03:03
Caro Patriota. Obrigado pela visita. Foi um encontrão e tanto. Quanto a sua foto, o Roner deletou ela. Abraços,
Luiz Filipe.
Luiz Filipe | 26-03-2004 00:00:44
Olá Filipe!!! Vendo essas fotos a gente ainda sente a vibração positiva e emoções que rolaram no último sábado.
Adorei te conhecer pessoalmente, bem como a todos os outros... Grande abraço Silvia
Silvia | Email | 25-03-2004 12:40:26
Luiz Filipe: que excelente tu teres posto aqui as fotos do "Encontrão". Como não posso mais acessar o FIC foi
demais para mim. Que confraternização, hein?... Essas reuniões servem para desanuviar qualquer mal-
entendido impresso lá no Grupo. Seria o meu caso,que só sou polêmico por escrito. Valeu. Obrigado e até o
próximo comentário. PS: meu caro, Você já teve tempo de deletar minha foto da Galeria? Não faz mais sentido
minhas coisas lá no FIC.
Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 25-03-2004 00:58:59
Quinta-feira, Março 18, 2004
Furadeira
Domingo passado, foi a vez de eu identificar uma furadeira, fazendo furos no apartamento de cima.
Meu prédio feito de blocos pré-moldados, com paredes de concreto. Para qualquer furo, mesmo para
colocar um quadro, é necessário furar com furadeira. Sempre gostei de furas as paredes, pois o
barulho que sinto através da vibração é sensacional!. E sempre que furo, minha esposa e meu filho
caem fora do apartamento. Como disse, domingo, na cozinha, comecei a ouvir um barulho estranho,
forte, irritante, digamos desagradável. Fui para a sala, e idem, o barulho estava lá também. Fui
perguntar para minha esposa o que era o barulho, ela apontou para o teto, e disse - estão furando a
parede. Bingo!!!! Mais um barulho para minha coleção. Apesar de eu sentir que é desagradável e
irritante, não pude deixar de exclamar, como sempre faço ao descobrir um barulho: BARULHO
LEGAL!!!!!!! Mal vejo a hora de pegar a minha furadeira e fazer um furo na parede com o implante
ligado. Coisa de louco...
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 5:09 PM
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Hahahaha... Esta foi demais Luiz Filipe. No entanto, agora que não há mais perigo de tu perderes a audição
devido ao barulho medonho da furadeira... Bem, mas com o tempo tu não irás mais pôr o aparelho só para
captar essa zoada terrível. Por enquanto é novidade, porém teu cérebro vai decodificar o irritante, e tu prefirirás
apenas a vibração. Eu acho. PATRIOTA.
Paulo S. Patriota | Email | 19-03-2004 03:58:13
Quarta-feira, Março 10, 2004
Com o Dr. Arthur Castilho
Terça-feira, 16h, prédio de Ambulatórios do Hospital das Clínicas de São Paulo, 10o. Andar. Estou de
volta ao Hospital das Clínicas para minha primeira consulta 4 meses depois do implante. Era para ser
no mês passado, mas não havia horários disponíveis. Consulta de rotina. Neste tempo, o setor de
convênios e particulares, mudou do 4o. andar (térreo) para o 10o. andar, o último andar. Ficou bem
legal. Salão amplo, tudo moderno, parece o Laboratório Fleury, ou a sala de espera de uma clínica
particular. No andar de cima fica o heliporto. Percebi algumas vezes o barulho de helicópteros.
Aguardo a consulta. Depois de uma breve espera, o Dr. Arthur Menino Castilho, aparece, e me faz
sinal. Trocamos afetuosos cumprimentos. No consultório, converso com ele. Conto meus progressos
auditivos, minha discriminação por alguns sons, falo do FIC, do povo unido. Ele me examina. Tudo
OK. Queixas? Nenhuma, apenas o gosto salgado na boca. Normal, ele diz. Leva uns 6 meses para
desaparecer. Me explica o porque. Para poder chegar até a cóclea, precisa afastar alguns nervos, e
um destes nervos, é o nervo do paladar. Fora esse pequeno inconveniente, tudo OK. Voltamos a
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conversar. Pergunto sobre os implantes no HC, e ele diz que estão sendo feitos de 10 a 15 implantes
ao mês. Depois falamos sobre o Implante Double Array. O Hospital das Clínicas deve começar a
fazer os primeiros implantes Double Arrays neste mês. Talvez na semana que vem. A conversa fica
por ai... Devo retornar para outra consulta daqui a 6 meses.
Ouvindo música
Uma das coisas que mais gosto é ficar ouvindo música (quem não gosta?). Acoplo o longo cabo que
veio junto com o IC no aparelho de som, e ao IC, e fico ouvindo músicas. Qualquer ritmo serve. Dou
preferência às brasileiras, clássicas. Gosto de um CD chamado “Piano Maravilhoso”. Outro CD é do
Kenny G. Uso o programa P4 do IC, que tem a sensibilidade 0. Embora ainda não discrimine a voz
humana, para sentir o ritmo, os diferentes acordes de diferentes instrumentos. É legal. Envolvente.
Guto Wenamakulu
Uma das pessoas com quem aprendo muito sobre audição é o Guto do FIC. Augusto Wenamakulu é
um veterano implantado. Está com o implante uns 9 anos. Admiro as colocações que ele faz tanto
no FIC quanto em pvt, que muitas vezes, coincidência ou não, são coisas que me acontecem ao meu
cotidiano. Por exemplo, uma vez, coloquei aqui sobre barulhos agradáveis e desagradáveis. Ele me
escreveu em pvt, que no começo é assim mesmo, e eu me acostumaria. Realmente, me acostumei.
Hoje, por exemplo, posso ficar andando na rua, no ônibus, no carro, e nem perceber que estou
ouvindo. Outra colocação, diz a respeito a escovar os dentes. Guto escreveu: “escovar os dentes
parece o barulho de uma britadeira”. De fato, é. Também comer biscoito, faz um barulho horrível.
Uma coisa que me lembro bem, foi quando Guto escreveu pro FIC: A vantagem de ser implantado é
que nós podemos desligar o aparelho, ficar no silêncio quando queremos. A vantagem, é que a gente
pode escutar quando quer, e ficar no silêncio quando convém”. De fato, às vezes fico com vontade de
ficar no silêncio. Quando quero isso, apenas deixo o IC na caixa. E curto sossegadamente o silêncio.
No silêncio, a gente fala com Deus... e no silêncio, Ele nos ouve.
Terapia com a fono.
Estou aproximadamente mais de 1 mês sem ir na terapia. Estava de férias, tive primeiro módulo
do curso de Java, agora estou no segundo módulo. O trabalho estava pesado, Veio o Carnaval, etc...
Além de mais, não estou muito satisfeito com a terapia que estou tendo. Vou procurar outra
fonoaudióloga. É muito importante nos primeiros meses de implantado a correta terapia com fono. O
implantado precisa aprender a ouvir com o implante. Qualquer fono treinada para tratar de deficientes
auditivos, e o correto uso de AASI, pode tratar de um implantado. Mas se tiver algum treinamento ou
experiência com pessoas implantadas, melhor. O importante mesmo é a confiança mútua entre a fono
e o paciente. Caso contrário, de nada adianta o tratamento. Como disse, estou insatisfeito com a
terapia, por isso vou procurar uma outra fono, logo que acabe o módulo deste curso que estou
fazendo.
Blite de cara nova.
Recebi várias mensagens elogiando o novo blite. Ficou bem melhor, concordo. Mas ainda estou com
aquela sensação de que falta algo. Paciência. Ele vai crescendo com certeza. Falta tempo para
dedicar mais no blite. Tenho que me dedicar ao trabalho, em casa, no fórum, aqui no blite, então faço
um pouco de cada vez. Vou colocar algumas fotos, pesquisar novos links sobre o Implante Coclear, e
com isso, espero passar o Maximo de informações sobre o implante para aqueles que o procuram.
Uma árvore não produz frutos de um dia para o outro. O Blite irá crescendo naturalmente, e com o
tempo, espero que produza bons frutos.
Resumo de 19/02/2004 a 09/03/2004
Posso dizer que estou melhorando progressivamente. Os programas que uso no processador de fala,
estão bons. Uso o P2 para ambientes barulhentos e o P3 para ambientes silenciosos. O P4 é
reservado para ser usado com o cabo, e ligado a algum aparelho de som, na TV, disckman, etc... Os
sons ficaram melhores, consigo discriminar bastantes sons, embora, na maioria eu não saiba de onde
vem o barulho. Posso dizer, que até agora consigo discriminar os sons de minha cachorra latindo
(uma linda cachorrinha Lhasa Apso), o interfone tocar, o telefone de casa, campainha (de vez em
quando), barulho da moto, do ônibus. Sirene de ambulância, da policia, dos bombeiros. No trabalho,
tem um barulhão, e mesmo assim, consigo ouvir os telefones tocarem, São mais de 12 telefones.
Consigo distingir campainha quando é forte, fraca, quando é linha interna ou externa, além de
diferenciar os toques de pulso ou tom. Tem vários outros sons que ouço, e cada dia vou descobrindo.
Na televisão, a compreensão ficou muito melhor. Por exemplo, no Jornal Nacional. Antes do Implante,
eu quando assistia, conseguia, por exemplo, entender umas 4 palavras de cada 10 que o jornalista
falava, com a leitura labial. Hoje, com a leitura labial, e o implante, posso dizer que de cada 10
palavras, eu entendo 8. A soma da leitura labial + ouvir pelo implante no cérebro ajuda a
compreensão melhor do jornal da TV. De um modo geral, estou ouvindo tudo o que passa na TV.
Som de fundo, musica de fundo, batidas, passos, telefones tocando, o bang-bang de um tiroteio,
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etc..... Realmente, muito interessante isso.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:32 AM
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Luiz Filipe: tu és um ser de luz mesmo. Homem com "H" maiúsculo. Não tens duas caras. Não tens hipocrisia.
Por essa razão, ganhaste minha confiança - e posso-te dizer que o é qualquer um assim que me faz revelar
isto. Continue com essa fortaleza vinda de Deus. Você age sempre corretamente. O problema é que existem
figuras que deturpam tudo, na sua revolta de não sei o quê. Muito obrigado pela sua atenção. Acho melhor vir
aprender aqui, vendo tua evolução diária, do que no FIC, que está decepcionante! Não volto nunca mais a postar
lá. Tem muita gente doente. Falta humildade e crença. Abração do PATRIOTA, a seu dispor.
Paulo S. Patriota | Email | 15-03-2004 00:25:51
Corrigindo: leia-se "AJA" e não "haja".
Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 14-03-2004 11:12:41
CARO FILIPE: Já saí do FIC para sempre por causa da Anahi. Agora ela fica me provocando em PVT e quer que
eu haja elegantemente. Se não é em público, eu respondo no mesmo nível. Ela deve estar preparando
intriguinhas. Por isso, fique à vontade para excluir o link de meu blog de croniquetas, ta ok? Até um dia!
PATRIOTA.
Paulo S. Patriota | Email | 14-03-2004 01:16:11
Que beleza de espaço, não canso de repetir. Escrito regiamente, com a clareza de quem quer ser compreendido
imediatamente. Um sucesso. Que ótimo saber da sensação de salgado na boca, no pós-operatório, pois assim
ninguém se surpreenderá mais. O Dr. Rodolpho me falara nisso. Você sente os gostos normalmente dos
alimentos? Música instrumental é muito relaxante, principalmente de saxofones... E quanto à vantagem de ficar
no silêncio para uma leitura mais acurada, por exemplo, que bonança, hein? E, na verdade tens razão: na paz do
sem-ruído, DEUS nos escuta melhor, pois a carga espiritual que isso nos trás eleva-nos aos páramos divinos
com a certeza de um novo dia,que o Sol nascerá. Parabéns, mais uma vez, meu caro Luiz Filipe. Homem de fé!
PATRIOTA.
Paulo S. Patriota | Email | 10-03-2004 04:35:02
Sexta-feira, Março 05, 2004
Falta de atualização
Andei atarefado ultimamente. Neste fim de semana, vou atualizar o Blite. Tem tanta coisa para
colocar aqui... Ainda dou ordem na casa.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 5:24 PM
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Novo visual do Blite
Dei uma geral no Blite. Coloquei outros links, novas informações úteis sobre IC e surdez, e mudei a
cor de fundo para deixar mais agradável. Ficou bem melhor, mas somos eternos insatisfeitos. Acho
que tem que melhorar mais. Fica assim por enquanto. Depois melhoro mais.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 5:23 PM
Faça seu comentário: 4
Caríssimo Patriota, Já tive 2 modens queimados por raios. O ideal seria você comprar um estabilizador de
tensão que tenha entrada para modem. Ou um filtro para linha telefônica. Depois de 2 modens queimados, eu
utilizo os 2. E em dias de muita chuva, nem me conecto ao micro, tendo o cuidado de desplugar os fios da
tomada. Um bendito raio queimou a placa mãe de meu irmão tempos atrás. Prevenir é melhor que remediar.
Obrigado pela visita, Paulo! Um abraço, Luiz Filipe.
Luiz Filipe | 07-03-2004 14:21:59
Meu caro Luiz Filipe, só agora estou entrando no seu Blite, pois um raio queimou meu modem e tive que mandar
substituí-lo no Recife. O visual está mais descansável, mais limpo. Parabéns! E o miolo continua um perfeito
serviço. Vamos adiante em nossa jornada! PATRIOTA.
Paulo S. Patriota | Email | 07-03-2004 11:36:12
Hein! Não vou comprar óculos... Aumenta mais um poukinho... Ô! Leila.
Leila | Email | 05-03-2004 23:29:40
Bem, não posso dizer que ficou bom, pois não conhecia o "BLITE" antes da nova atualização, mas confesso que
gostei muito de conhecer e obtive muitas informações importantes. Li o Link "sobre o Luiz Filipe" e achei uma
coisa interessante, você fala dos "nossos amigos invisíveis", você é Kardecista? Sou admirador do assunto, não
posso me considerar um, mas leio bastante e admiro a doutrina. Parabéns continue firme na luta.
Tarcisio Chaves | Email | 05-03-2004 21:22:20
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Quarta-feira, Março 03, 2004
Implante Coclear no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto
O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Campus de
Ribeirão Preto, já começou a triagem de possíveis candidatos a Implante Coclear. Ribeirão Preto fica
no noroeste do interior de São Paulo, a aproximadamente 360 Km da Capital. O Hospital das Clínicas
de Ribeirão Preto é um centro de excelência médica da região, atendendo inclusive a cidades do Sul
de Minas. As cirurgias serão realizadas pelo Prof. Dr. José Antonio Apparecido Oliveira - Chefe da
Disciplina de Otorrinolaringologia, com supervisão do Dr. Paulo Rogério Cantanhere Porto, da
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Contatos devem ser feitos diretamente com a Dra.
Maria Cristina Feres, no e-mail abaixo mcferes@hcrp.fmrp.usp.br Ou pelos telefones:
16-602-2423 (Departamento de Otorrino)
16-602-2321 (Ambulatório de Otorrino)
16-602-2395 (Fonoaudiologia)
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:39 PM
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E eu aguardo ansioso, mas sem cobranças, pois sei como tu és tão atarefado, a matéria sobre o mapeamento,
meu caro! Continue transmitindo essa força vinda de Deus, sua família e seus amigos, aos quais me incluo.
Patriota. PS: obrigado pelas dicas sobre como prevenir que modens queimem-se. Agora, nunca mais plugo-me
em dias chuvosos, pois muitas vezes nem podemos ver os raios, né? Patriota.
Paulo S. patriota | Email | 10-03-2004 01:15:17
Qualquer dia eu coloco algo bem detalhado sobre os mapeamentos do implante coclear no meu blite. Tem um
artigo interessante sobre a telemetria neural, que vou procurar e colocar na seção de links. Obrigado pela sua
visita ao meu blite. Volte sempre Abraços, Luiz Filipe.
Luiz Filipe | 06-03-2004 18:38:31
Cada vez que leio seu “blite", tenho mais vontade de me especializar nessa área tão misteriosa e envolvente que
é o mapeamento coclear. Fazia um tempo que não aparecia por aqui, mas cada vez que venho fico emocionada
e feliz com seu progresso!! Xêro pra você moço!!!
Priscila (Piu) | Homepage | 06-03-2004 11:07:18
Quinta-feira, Fevereiro 19, 2004
Resumo 07/02 a 18/02
Curso de Java
No período de 09/02 a 18/02 estive realizando externamente curso de UML e Linguagem Java. Por
isso, tive que interromper a terapia com a fono. Volto depois do Carnaval. Mesmo assim, o curso teve
algo de positivo. Foi ministrado para 7 pessoas em uma sala fechada. Aulas práticas no micro,
audiovisual e explicações do instrutor. Deu para colocar o processador no programa P2 (para
ambientes silenciosos), prestar atenção quando o instrutor falava, e procurar prestar atenção quando
ouvia. Do meu ponto de vista auditivo, creio que foi muito produtivo o curso. Do ponto de vista
profissional, achei a linguagem Java um pouco chata. Parecida com as outras que conheço tal como
VB, Delphi, Pascal...
Ainda terei mais 4 módulos do curso, que serão distribuídos 1 modulo por mês, e cada modulo tem 8
dias. Preciso organizar melhor minha agenda, para não ficar perdendo a terapia.
Volta ao trabalho.
Voltei ao trabalho hoje, após 8 dias ausente. Estranhei o barulho. Depois de um certo tempo fora, a
gente sente que ficou tudo diferente. Nos últimos dias, fiquei apenas ouvindo o instrutor ou os colegas
do curso falar, vozes humanas. Agora voltei ao ambiente de trabalho: vozes de todos os lados, o
martelar dos teclados, os telefones tocando, passos no chão de piso falso, as impressoras tudo
misturado. Ficou diferente o barulho, que até comentei com um colega - barulho diferente de quando
estava aqui antes do curso... Será que a programação ficou ruim? Acho que não. Questão de hábito.
Volto a me acostumar.
Em Campinas com Roner Dawson.
No último sábado (14/02), peguei a estrada e dei um pulo até Campinas com a família. Peguei uma
baita chuva, que tive que redrobar os cuidados na estrada. Fomos para comemorar o aniversário e a
ativação do nosso colega do FIC, Mauricio de Belo Horizonte, que ganhou a ativação justamente
no dia do aniversário, presente da equipe da Unicamp e de Deus. Combinei com o Roner me
encontrar com eles no Shopping Parque D.Pedro após a ativação, mas nosso colega Mauricio
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conseguiu passagem de volta para BH logo no fim da ativação. Restou para a gente almoçar com o
Roner e passar a tarde toda no Shopping, enorme por sinal, passeando com as crianças e
conversando sobre diversos assuntos. A viagem valeu a pena. Nosso colega Mauricio voltou todo
feliz para Minas, e estará descrevendo as emoções e seus progressos auditivos em seu blog -
www.mauriciosa.blogspot.com Desejo muitos sucessos ao Mauricio.
Progressos auditivos.
Acredito que melhorou bastante a qualidade do som que ouço. Não sei precisar, mas sinto que ficou
um pouco melhor. Ainda não discrimino palavras, mas discrimino vários sons. São poucos que
reconheço, mas sinto que tem vários sons diferentes que ainda não conheço. Durante o curso,
percebi que o elevador toca campainha quando chega ao andar (engraçado, no meu prédio onde
moro, não toca, faz um barulho estranho, e onde trabalho, também não toca). Para ir ao curso, tive
que andar de metrô, o que não fazia meses. Achei interessante o barulho, tanto do metrô, tanto
dos autofalantes, quando chegam a uma estação. Bem diferente quando não tinha o IC, pois tudo era
apenas vibração.
Volta ao HC-SP
Consegui marcar retorno com o Dr. Arthur Castilho no HC-SP. Era para ter retornado pelo dia 05/02,
para avaliação trimestral, mas devido ao curso, e a disponibilidade de horários do Dr. Arthur, a
consulta ficou para o dia 09/03. O próximo remapeamento do processador de fala está previsto para a
segunda quinzena de Março ou começo de abril.
Surdos oralizados, implantados ou sinalizados? Eis a questão...
Tem rolado nos últimos dias no FIC/GUICOS assunto sobre surdos oralizados, sinalizados e
implantados. Tudo começou quando colocaram na revista sentidos (www.sentidos.com.br), um artigo
dizendo que o IC é crime. Veio replica e Tréplica. No meu ver, ainda existe muita desinformação
sobre o IC, e também existem grupos de surdos contrários ao IC que gostam de espalhar coisas
negativas sobre o implante. Ás vezes fico pensando, como era bom meu tempo de criança.....Naquele
tempo, surdo era surdo. Não existia surdos oralizados, surdos implantados, surdos sinalizados.
Éramos apenas surdos, e convivíamos todos juntos: comunicávamos, ora na leitura labial, ora nos
gestos, ora no misto de gestos e leitura labial. Todos conviviam bem. Bom, os tempos são outros.
Vivemos na era da Internet, da comunicação, da Globalização. Os surdos evoluíram muito nestes
anos. Buscaram espaço na sociedade, lutaram e conseguiram direitos, conseguiram acesso às
escolas, faculdades, deram seu grito de liberdade... Hoje tem vários surdos com formação no nível
superior. Acho saudável tudo isso. Também acho saudável que continuemos lutando para garantir
mais direitos, tanto para os surdos tanto para outros deficientes. Mas essa história de haver surdos
oralizados e surdos sinalizados, onde cada um vive com sua tribo, onde cada um quer ter a razão,
onde cada um defende ora a oralização, ora a sinalização, é outra coisa. Posso até concordar que
haja grupos de surdos oralizados ou sinalizados, o que é bom, pois o trabalho em grupo sempre é
bom, mas o que não concordo, é que haja grupos ou pessoas que radicalizam, atacam o oralismo, o
implante ou a Libras, falam inverdades sobre o IC, etc... Isso não concordo. O ideal seria que todos
vivessem em harmonia, buscassem soluções para o bem comum, e deixassem a pessoa surda
decidir por si mesmo qual o melhor para ela: o oralismo, o sinalismo ou ser implantada.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:29 PM
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Eu também quero agradecer teu honrado comentário lá no meu pobre recanto, meu amigo. Sei que és um
homem ocupado, mas o pouco que deixas lá, já me é uma senhora alegria! Caminhando sempre em busca do
que Deus quiser, hein?! Valeu, senhor vitorioso! PATRIOTA.
Paulo S. Patriota | Email | 28-02-2004 02:14:50
Caro Paulo, A admiração é mútua. Recíproca. Admiro o Patriota Poeta, que sabe expressar de uma forma rica,
num linguajar onde busca palavras ocultas ou desconhecidas da nossa língua, honrando nossa Língua Pátria.
Admiro o Patriota Amigo e irmão. Amigo, porque, sempre com a sua experiência de quem viveu mais
auditivamente, busca ajudar a um neófito que está aprendendo a ouvir. Irmão, porque temos algo em comum.
Somos irmãos no silêncio, irmãos que souberam esperar no silêncio a esperança. E juntos, no silêncio,
caminhamos rumo à vitória. Abraços do Luiz Filipe.
Luiz Filipe | 28-02-2004 01:20:40
Caro amigo Luiz: te agradeço bastante por tuas palavras de força, vindas de quem soube esperar na esperança.
Muito te admiro. Abraços do Patriota.
Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 27-02-2004 02:40:25
Luiz Filipe, meu caro: sempre que dá, repito, tenho de passar aqui. Além do que te acho educadíssimo em tua
atenção. Quanto ao IC de Natal, fiz ontem, em João Pessoa, aquele exame para saber se as cócleas não estão
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massificadas. Caro, hein? Custou R$ 800,00. O resultado sairá dia 26/02, quinta-feira próxima. Se as ditas
estiverem em dia, desimpedidas, creio que serei chamado imediatamente para realizar a cirurgia. PS: por favor,
amigo, não comente nada lá no FIC, ta legal? Abraços do PATRIOTA.
Paulo S. Patriota | Email | 21-02-2004 01:07:49
Quarta-feira, Fevereiro 06, 2004
Noticia da FORL sobre Implante Coclear no HC-FMUSP
Grupo de Implante Coclear 3/2/2004
Inicia as atividades deste ano com reestruturação do serviço
O Dia Nacional de Combate e Prevenção da Surdez do ano passado garantiu amplo espaço de
divulgação na mídia, principalmente na televisão, para a importância do combate às causas da
deficiência auditiva e, principalmente, sensibilizou as pessoas para as maneiras existentes hoje para
a reabilitação dos indivíduos surdos, com destaque para o Implante Coclear, indicado para casos de
surdez bilateral profunda. O resultado direto dessa campanha foi o aumento da procura pelo serviço
realizado pelo Grupo de Implante Coclear do Hospital das Clínicas da FMUSP, que já possue mais de
100 pacientes implantados pelo SUS. Desta forma, o grupo foi obrigado a reestruturar-se para
continuar os atendimentos. Segundo o médico Arthur Castilho, do Grupo de Implante, um grande
número de pacientes que procuram o serviço sem, no entanto, serem candidatos a realizar a cirurgia.
Para diferenciar os reais candidatos estão sendo enviados questionários para os pacientes que
procuram o serviço. Com as respostas dos questionários a equipe tem melhores condições de avaliar
o perfil de cada paciente e selecionar as prioridades. O atendimento é feito pelo Hospital das Clínicas.
Para receber o questionário, o candidato ao implante deve ligar para o telefone (11) 3898-2210 e
fornecer seu endereço completo para correspondência. Após receber o questionário preenchido, e
avaliá-lo, a equipe entrará em contato com o paciente.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 3:56 PM
Faça seu comentário: 2
Obrigado Patriota. Notei sua ausência tanto aqui quanto no FIC. Meses como Janeiro e Fevereiro são meses
quando a maioria das pessoas tira férias, e aproveitam o verão. Fico feliz com sua volta. Espero também sua
volta ao FIC, com suas novidades sobre o seu IC de Natal. Abraços do Filipe.
Luiz Filipe | 13-02-2004 13:09:35
Oi, meu caro. Estive ausente da NET por uma semana e só agora faço meu religioso comentário. É realmente
importante esta campanha de prevenção. Já vi pessoas expondo-se aos terríveis decibéis dos aeroportos para,
como passatempo, espiaram as aeronaves decolarem. Quanta falta de informação, hein? Seria bom que a Rede
Globo e outros canais inserissem pequenos quadros de alerta nos intervalos. Abraços do Patriota.
Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 10-02-2004 03:45:11
Quarta-feira, Fevereiro 04, 2004
Ouvindo Buzina
Hoje de manhã, ouvi pela primeira vez a buzina de um automóvel. O fato ocorreu no Rodoanel Mario
Covas, quando eu estava a 180 Km/h, ziquezaqueando e costurando os carros e caminhões.
Identifiquei logo a buzina, que foram 4 bi bi bi bi. BRINCADEIRINHA... Dirijo 22 anos, e não sou
louco. Não estava no Rodoanel Mario Covas, e nem a 180 Km/h. O máximo que eu faço, é 120 Km/h,
e em média é 110 Km/h (na estrada), além disso, meu carro é um Uno 1.0, e nunca chegará a essa
velocidade. Também não sou de ziguezaguear por nem costurar, e tenho uma paciência danada
para ficar horas atrás de um caminhão ou ônibus em estrada de pista única, esperando a chance de
ultrapassar com segurança. O fato é que hoje ouvi mesmo pela primeira vez uma buzina, que tocou 4
bi bi bi bi. Fiquei contente, pois não via a hora de ouvir uma buzina. O evento ocorreu de manhã na
Rua Padre Vicente Mellilo, em Osasco, depois de deixar meu filho na escola.
Em tempo: respeitem o limite de velocidade, usem o cinto e dirijam com responsabilidade. Em 22
anos de direção, recebi 4 multas: 2 por estacionar em local proibido, 1 por estacionar na contra
mão de direção e outra por passar o sinal vermelho. A última foi há mais de 8 anos.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 5:32 PM
Faça seu comentário: 4
Parte de uma crônica retirada do FIC: Lembro-me de Bilac: ora direis, ouvir estrelas. Oras direis, para Filipe: ¿
oras direis, ouvir decibéis ¿... Na cidade de São Paulo: buzina pra lá, pra cá... Camelôs gritando, cães latindo...
Que sorte do Filipe, o povo reclama dos decibéis e o Filipe vibra de alegria. Nada melhor que isto, não?
Parabéns, cara! Caret@@@@ !!! Leila Atthie.
Leila Atthie | Email | 07-02-2004 02:50:31
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Obrigado, Priscila e Ludmila pela visita ao Blite. É bom saber que meu Blite está correndo o Brasil afora,
divulgando o IC. Espero que ele seja de grande proveito para vocês, estudantes de fono, para aprender mais
sobre este mundo fascinante do implante coclear. Beijos. Luiz Filipe
Luiz Filipe | Email | 06-02-2004 14:07:02
Olá Luiz, Estou aqui novamente, para dar o e-mail da estudante de fonoaudiologia supracitada por você, é a
Ludmila né? Foi ela quem me passou o endereço do seu "blige" e o e-mail dela é: ludmila_mendes@hotmail.com
Beijão!!!
Priscila | 05-02-2004 20:59:42
Olá Luiz! Adorei conhecer seu blog, pois sou estudante de fonoaudiologia, logo, logo estarei pagando cadeira de
Implante C. e Prótese Auditiva e apesar de estudar fono, não sabia o que era um mapeamento, muito menos
como se faziam os implantes. To adorando ler o dia-a-dia dessa redescoberta dos sons. Parabéns pelo blog e
por suas conquistas, até porque seu comprometimento, sua disciplina são fundamentais para um bom tratamento
com a fonoaudióloga. Beijos!!!
Priscila | Email | Homepage | 05-02-2004 20:53:25
Segunda-feira, Fevereiro 02, 2004
Depois das Férias
Férias
No mês de Janeiro, estive em férias. Dei férias para mim também com a fonoaudióloga, afinal, o ano
de 2003 foi um ano muito corrido para mim. Depois que me meti na aventura do IC, não parei quieto
mais - fono, RNM, Tomo, HC, Fundação Otorrino, Fundação Cesp, etc, etc, etc e tal. Portanto nada
mais justo que um merecido descanso. Logo no inicio das férias, como disse, troquei os
mapeamentos. Como não fiz o tratamento fonoaudiólogo, aproveitei as férias para ouvir Cd's de
música, leitura em voz alta, e um pouco de treinamento com palavras junto com a esposa. Em relação
aos novos mapas, ficaram bem melhores que os anteriores. O som ficou mais claro, consegui ouvir o
telefone de casa tocar, o interfone, a campainha. Também descobri outros sons, e passei a ouvir os
carros, caminhões e ônibus quando passam ao meu lado quando dirijo. O interessante, é que um dia,
um caminhão parou do meu lado, quando aguardava o sinal, e tinha um barulho enorme. Fechei a
janela, e tudo ficou silencioso... Abri, novamente, e o barulho voltou. Engraçado... Não sabia. Ao abrir
o sinal, dirigi com a janela, ora aberta, ora fechada para sentir a diferença. Interessante, foi como
pensei. Também com o novo mapeamento, ficou mais fácil ouvir o toca disco/rádio do carro, com o
carro em movimento. Um novo barulho que ouvi, foi a da sirene das ambulâncias e bombeiros.
conhecia por vibração, pois sempre que passava um, eu sentia a vibração. Agora, passei a ouvir. A
"inauguração", deu-se na Av. Rebouças, quando voltava da Zona Leste, e ouvi uma ambulância.
Detalhe: a ambulância estava uns 8 carros atrás de mim. Outra coisa interessante foi o barulho da
chuva. Estava outro dia no carro, com uma chuva danada, e o tempo todo, a chuva que caia fazia um
pipocar enorme no teto do carro.
Volta ao trabalho
Novamente, em frente do meu computador no trabalho. Ambiente ruidoso, telefone tocando de todos
os lados, Rua da Consolação com seu barulho infernal, enfim, volto a rotina de 25 anos, mas com a
diferença, que esta rotina é bem mais sonora.
Não sei ainda se senti saudades. O que me lembro, é que minhas férias foram mais silenciosas...
Bom como disse, os novos mapeamentos ficaram bem melhores.
Uma fonoaudióloga escreveu.
Uma fonoaudióloga (ou estudante de fono) da Bahia (se eu estiver certo) me escreveu, dizendo que
entrou aqui no Blite ao acaso, fez elogios, e prometeu acompanhar as atualizações. Por descuido,
quando limpava minha caixa postal (que tinha mais de 120 mensagens), deletei o email dela sem
querer, antes de ter respondido e agradecido. Por isso, deixo aqui registrado meu agradecimento, e
que fiquei contente com o que ela escreveu para mim. Espero receber outra mensagem dela.
Atualizações
Agora que estou de volta a rotina, vou procurar atualizar mais constantemente o Blite. Tenho planos
de mudar o Template, e fazer outras melhorias. Não tenho pressa, pois a pressa é a maior inimiga da
perfeição. Aos poucos vou incluindo novas postagens, melhorando o blite, trocando o template, e
claro, melhorando auditivamente e conquistando novos sons. Tudo no seu devido tempo.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 4:30 PM
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Parte de uma crônica retirada do FIC: Lembro-me de Bilac: ora direis, ouvir estrelas. Oras direis, para Filipe: ¿
oras direis, ouvir decibéis ¿... Na cidade de São Paulo: buzina pra , pra cá... Camelôs gritando, cães latindo...
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Que sorte do Filipe, o povo reclama dos decibéis e o Filipe vibra de alegria. Nada melhor que isto, não?
Parabéns, cara! Caret@@@@ !!! Leila Atthie.
Leila Atthie | Email | 07-02-2004 02:50:31
Obrigado, Priscila e Ludmila pela visita ao Blite. É bom saber que meu Blite es correndo o Brasil afora,
divulgando o IC. Espero que ele seja de grande proveito para vocês, estudantes de fono, para aprender mais
sobre este mundo fascinante do implante coclear. Beijos. Luiz Filipe
Luiz Filipe | Email | 06-02-2004 14:07:02
Olá Luiz! Adorei conhecer seu blog, pois sou estudante de Fonoaudiologia, logo logo estarei pagando cadeira de
Implante C. e Prótese Auditiva e apesar de estudar fono, não sabia o que era um mapeamento, muito menos
como se faziam os implantes. adorando ler o dia-a-dia dessa redescoberta dos sons. Parabéns pelo blog e
por suas conquistas, até porque seu comprometimento, sua disciplina são fundamentais para um bom tratamento
com a fonoaudióloga. Beijos!!!
Priscila | Email | 05-02-2004 20:53:25
Terça-feira, Janeiro 13, 2004
Novos Mapeamentos – Novos eletrodos.
Segunda-feira, no consultório da Fono Valéria Goffi, realizei novos mapeamentos para meu
processador de fala. Ao mesmo tempo, foram ativados os eletrodos 1, 2 e 3, que se encontravam
desligados. Agora tenho todos os 22 eletrodos ligados. Foram colocados 3 novos programas, o P2
(para o dia a dia em todos os lugares), o P3 (para ambientes silenciosos, com ADRO, e o P4 (para
utilização com os cabos ligados direto ao CD-player, TV, Diskman, etc...), este programa foi sugestão
do Roner, com aplicação dos 12 filtros. O P1 ficou com o ultimo programa que estava usando, para se
eventualmente não gostar dos novos. Gostei dos novos programas, pois além de mais altos, o som
ficou melhor, mais claro e estou ouvindo mais coisas, mais claramente. Ainda é cedo para fazer uma
avaliação dos novos programas, pois estou poucas horas com eles. Mas para perceber que os
sons ficaram melhores, mais claros e fortes. A próxima programação será daqui a 2 meses.
Auditivamente, continuo melhorando. Sábado, escutei o telefone tocar em casa, mas ao mesmo
tempo, achei estranho, pois estava conectado à Internet. Perguntei à minha esposa ao lado, e ela
respondeu olha o telefone tocando no filme que estava passando na TV. Continuo descobrindo e
descomplicando...
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:01 AM
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Amigo, fico feliz em ver seu progresso. Enquanto estava lendo agora, lembrei de algumas coisas que venho
pensando nos últimos meses. Não existe tempo certo para começarmos a fazer alguma coisa que queremos
muito. A sua determinação é uma inspiração para todos. Com certeza ainda vou ler nesse site muitas notícias de
grandes progressos seus. Um grande abraço e um forte tapa nas costas.
Fernando Tildes | Email | 17-01-2004 17:51:53
Caro Luiz Felipe: mais uma congratulação por estares ligado a todos os eletrodos. Agora, sim, começa o
descobrir-se o mundo sonoro plenamente. PS: estou copiando estes de termos de eletrodos para que fique mais
familiarizado. Parabéns novamente, porque Você merece! Paulo Sérgio Patriota. Nota: meu caro, muito obrigado
pela informação positiva ao JON sobre o Fran's Café de minha irmã Sílvia, batalhadora que só! Até mais.
Patriota.
Paulo S. Patriota | Email | 13-01-2004 03:05:00
Quinta-feira, Janeiro 08, 2004
E o telefone tocou...
Hoje, no trabalho, consegui identificar a campainha dos telefones no meio de tanto barulho, como
vozes, e outros barulhos. Começou, quando percebi que havia no meio dos barulhos, às vezes, um
som agudo, meio breve, as vezes repetitivo. Numa dessas vezes em que esse som apareceu, percebi
que minha colega na frente atendeu ao telefone. Será? Pensei. Prestei atenção, e numa outra vez,
aconteceu o mesmo. Falei isso para ela, e fizemos um teste. De um outro ramal, ela ligou para o
ramal dela, e quando tocava, eu levantava a mão e ela confirmava. Mais um som para a minha
coleção. Resolvi passar a manhã prestando atenção nesse som, e consegui identificar varias vezes
quando o telefone de minha amiga tocava. Como nem sempre ela atendia ao telefone quando eu
ouvia o toque, conclui, que alem do telefone dela, eu estava percebendo outros telefones tocarem, no
meio de grande mistura de sons. Fato confirmado por ela.
Na Clínica Refal.
Comentei com minha fono sobre a conquista de mais um som. Estou fazendo progressos. Cada
sessão estou melhorando. A fono me sugeriu que eu passasse a prestar mais atenção quando estiver
191
perto de alguma conversa entre um homem e uma mulher, para ir aprendendo a identificar a
diferença de voz entre o homem e a mulher, embora para mim a voz de todo mundo pareça igual
atualmente, minha fono diz que com o tempo eu vou começar a distinguir a diferença entre vozes,
feminina e masculina, da esposa, do filho, do colega de trabalho e a minha. Questão de tempo, e
treinamento.
Conclusões:
Conclui hoje, após o episódio do telefone, e a sugestão da fono, que ouvir por IC exige muita
atenção. Lembro-me que o Guto colocou algo sobre isso no FIC. Concordo. Além de ouvir, preciso
prestar atenção, procurar identificar um som diferente no meio dos sons que escuto. Se colocar um
Cd com uma orquestra, vou ouvir música ritmada, sons graves e agudos, tudo misturado. Prestando
atenção, consigo perceber que tem uns 3, 4 sons diferentes graves e outros tantos agudos diferentes.
Conclui-se que vem de instrumentos diferentes. Daí a importância de tentar identificar um som
diferente, novo, no meio daqueles que já conheço. Ajuda das pessoas também é fundamental.
Sempre que ouço um som diferente, procuro perguntar para minha esposa ou para algum colega no
trabalho “que som é esse?” De onde veio esse barulho”. É importante, para “atualizar” ou “recompor”
a memória auditiva.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:58 PM
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Progressos sonoros, mesmo que não estejam perfeitos atualmente são bem-vindos sempre, né, caro Luiz? Ora,
rapaz, mesmo na audição normal é preciso um ouvido absoluto, como o foi o de Beethowen, para distinguir
minúcias. Sabemos que a sonoridade do IC é diferente, porém, com o tempo, Você terá seus próprios sons,
intransferíveis, já que o seu cérebro vai decodificá-los para o seu caso único. TUDO É MELHOR QUE O
SILÊNCIO TOTAL! Parabéns,amigo.
Paulo S. Patriota | Email | 09-01-2004 03:08:59
Sábado, Janeiro 03, 2004
Ano novo - Vida Nova
Terminou mais um ano. Inicia outro. Os destaques do dia 31/12 foram principalmente os fogos e
rojões. Foi emocionante ouvir os rojões e os fogos durante todo o dia, e principalmente, na virada do
ano. Sons desagradáveis, como diria o GUTO. Mas para quem não ouve tanto tempo, até que foi
legal. O ano terminou, fechado com uma Chave de Ouro. Foi um ano e tanto. Resolvi investir em mim
mesmo, procurando novamente o IC. Valeu. 4 meses depois estava implantado, e 5 meses, ouvindo
novamente. Uma longa espera de 37 anos chegou ao fim. Para fechar o ano, nada melhor que estar
ouvindo novamente. Teve também no FIC 2 relatos emocionantes: um da Maria Tereza, contando a
emoção de ter falado ao telefone com os filhos e amigos, o outro do Renato Matos, narrando sua
ativação e as emoções ao reencontrar os sons. Entro neste 2004 ouvindo, e com novas
responsabilidades. Fui promovido a Moderador do FIC/GUICOS, ou como o Roner prefere ser
chamado, Co-Moderador, ficando o cargo de Moderador ao fundador do FIC - meu colega Fernando
Cabral.
Agradeço a Deus e a todos amigos pelo ano de 2003. Deus queira que 2004 seja bem melhor!
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:52 PM
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Luiz Filipe: com tantos afazeres, e Você teve a gentileza de falar sobre o visual do meu novo "template".
Obrigado, gente fina. E, como tu sabes, venho diariamente aqui para reparar nos teus progressos! Tudo de bom
nesta quinta-feira! Abraço do Patriota.
Paulo S. Patriota | Email | 08-01-2004 01:58:40
Concordo com o Patriota aí. Em primeiro lugar, parabéns por sua promoção a co-moderador do FIC. Você
merece. Quanto aos fogos de artifício... realmente são sons insuportáveis. Uma vez, passei o reveillon em
Santos e a explosão de fogos era tanta que tive que tirar os aparelhos e mesmo assim ainda os ouvia... Um
verdadeiro e ensurdecedor barulho. Ah, te linkei no meu blog... Abraços!
Jon | Email | 07-01-2004 18:31:39
Espero que tenhamos justificado as suas expectativas!!! Cada dia, como vc mesmo mostra, é uma vitória, não só
para vc, mas para todos nós! É muito bom saber que pudemos ajudá-lo. Feliz 2004!!!. Um abraço, Arthur.
Arthur Castilho | Email | 07-01-2004 14:09:50
Caro Filipe: Certamente que os sons dos fogos de artifício são um tanto desagradáveis - e perigosos pelos tantos
decibéis acima do tolerável - mas no se refere à saudação de mais uma nova etapa, até que soam arrepiantes.
Bom, meu caro, ser promovido a co-moderador é uma responsabilidade que Você segurará, pois tem o dom de
servir e aplainar. Parabéns por ter entrado numa etapa em que o FIC está cada vez mais crescente. Do colega
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Patriota.
Paulo S. Patriota | Email | 04-01-2004 08:36:57
Terça-feira, Dezembro 30, 2003
Bips de Alerta.
Ontem de volta para ao lar, após mais uma jornada de trabalho, em pleno ônibus barulhento,
consegui pela primeira vez, perceber os bips de alerta de pilha. Explico: o meu processador de fala, o
SPrint, quando a pilha ou pilhas estiverem fracas, emite durante um certo tempo (não me lembro
quantos minutos) 4 bips sonoros, a cada minuto (novamente, não sei o espacejamento correto do
tempo). Ontem em plena Av. Rebouças, olhando pela janela, com o pensamento longe, divagando,
percebi 4 sons estranhos. Estranhei. Novamente, após um período curto de tempo, veio mais 4 sons.
Lembrei-me dos bips, e verifiquei o visor. BINGO! No visor, aparecia o indicador de pilha fraca!
Troquei a mesma (trago 3 na mala), e continuei a viagem, com um sorriso nos lábios. Mais um som
conquistado. Mais uma vitória!
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 8:42 AM
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Bem informativo seu texto gostaria de saber qual o seu grau de perda auditiva antes de fazer o implante coclear
alice boita | Email | 10-07-2008 22:58:30
Felipe, Boa tarde. Não sou de parar pra ler nada... Mas confesso que li esse seu "depoimento" e achei muito
interessante. Parabéns pela sua evolução. E eu achava que tinha historia pra contar.... Parabéns mesmo...Sou
Fabrício fomos apresentados pelo Brandão da CESP. ABs, fique com Deus....
Fabrício | Email | 01-07-2008 16:50:21
Bom dia Luiz como é bom ter encontrado alguém q já fez o IC tenho meu filho DA c 10 anos e o pai dele
conseguiu na Sta Casa de Misericórdia de SP uma vaga fazer o IC estou serpresa e ao mesmo tempo
preocupada qdo o Sidney (este é o nome do meu bebê) tinha três anos é q tivermos certeza de q ele era DA foi
duro meu amigo chorei mto e choro ainda até hoje mas ele é a coisa mais importante da minha vida e como
relatos já lidos tb aprendi mto e sei q hoje meu bebê pode tudo tenho medo de permitir o IC e não dar certo qria
ter certeza de q estarei fazendo a coisa certa se deixar o IC acontecer (pai,avós,tios)qrem mto pq qrem o Sidney
ouvindo e falando mas me preocupo até onde isso vai ser bom pra ele tudo q qro é vê-lo feliz e sem sofrimento
qro q leve uma vida feliz e qro ter certeza de q fiz como mãe tudo q foi possível por ele aceito hoje meu bebê do
jeito q papai do céu me deu assim perfeito não qro eu causar nenhum dano a ele futuramente nem deixar de
fazer algo q vai deixá-lo feliz responda-me por favor bj
Adriana | Email | 13-04-2008 13:15:14
Gostaria que me desse mais informações sobre tudo, o implante, o hospital, o medico...Para que possa fazer
também...Sou profunda...Serei grata a vc!bjo
Daniela Mathias | Email | 24-09-2007 08:43:18
Meu querido irmão, é por essas e outras q não perco a fé. Como é lindo ler o q vc escreveu. A maior benção q já
recebi, foi ter minha filha com deficiência. Pois com isto, ela me ensinou a ver a vida com outros olhos, observar
a natureza, como as folhas balançam, ouvir por vibrações, e realmente achar tudo muito lindo, e sempre
agradecer ao nosso Pai maior, por tudo q temos. Nada passa despercebido aos olhos da Déborah, e onde os
olhinhos dela vai o meu acompanha, pois sei q dali eu vou ter uma surpresa, pois vcs DA, tem uma sensibilidade
tremenda. Aprendi a ouvir por vibração, e com isto dançamos todos os ritmos, é perfeito. Parabéns pela sua
conquista, seu relato é fabuloso, penso no orgulho de sua esposa, mãe e amigos, pois todos nós lutamos,
sofremos e vibramos com cada luta de vcs. Obrigada por me retornar, obrigada pelos conselhos, vou tentar fazer
um plano de saúde, moramos no interior de Goiás, é difícil, mas nada é impossível, bjos e q Deus o abençõe.
lilian kelia leles t | Email | 12-07-2007 08:24:29
Olá Luiz Antonio? Meu nome é Matheus, e trabalho numa ONG chamada Coletivo Refazendo
(www.refazendo.org). Apesar de ser ouvinte, me interesso muito sobre o mundo dos surdos, e agora estou
descobrindo coisas sobre o implante coclear... Bem, gostaria de saber se podemos conversar melhor por e-mail?
Caso sim, meu e-mail é Dougmatheus@hotmail.com Me manda alguma notícia, com um "sim" ou "não", ok?
Abraços e parabéns! =]
Matheus Freitas | Email | Homepage | 28-06-2007 07:55:08
Mais uma vitória, meu amigo. Outras virão. Cada dia é um recomeço. E novos sons serão redescobertos.
Gostaria de estar em teu lugar. Abraços do Paulo Sérgio Patriota.
Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 31-12-2003 03:43:07
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Segunda-feira, Dezembro 29, 2003
Um mês ativado.
Estou ativado a um mês. Neste mês tive vários progressos auditivos. Segundo minha fono, Lidia,
meus progressos foram maiores que ela esperava de mim. Consigo discriminar vários sons, mas
embora os discrimine, é difícil reconhecer a maioria deles. Posso ouvir vários sons, sinto que tem
diferença entre eles, mas simplesmente, não sei que barulho é. Por exemplo, reconheço o latido de
minha cachorra, às vezes reconheço o interfone do prédio tocar. Reconheço facilmente na rua uma
moto passar, ou o motor do ônibus ou carro. Gosto de colocar um CD de musica clássica, e ficar
ouvindo a orquestra. Tem uma mistura de sons, graves e agudos, e a gente sente o ritmo. Sempre
toco um CD de musica clássica diariamente, além de algum CD de musica brasileira, tipo RC, com
poucos instrumentos. Procuro variar cada dia um diferente, para não ficar acostumando em um
apenas. Para isso, minha esposa tem um montão de CDS. Todo dia, leio durante 30 minutos a 1 hora
ou mais, alguma reportagem de revista. Tenho um montão guardado, de quando era assinante da
revista Veja. Pego uma, escolho uma reportagem qualquer, e vou ao quarto, onde leio em voz alta. As
vezes, para variar, leio um capitulo ou algumas paginas de algum livro. Estava lendo José Lins do
Rego, e ontem, li metade do livro "A voz do Mestre" de Gibran. Hoje, lerei o resto. Minha voz
melhorou bastante. Antes falava muito alto, às vezes quase gritando sem saber. Outras tantas vezes,
em vários ritmos, ora altos, ora baixos. Agora consigo falar quase no mesmo timbre, e bem mais
baixo. Isso foi notado pela minha esposa e meus colegas de trabalho. Estão elogiando. Aprendi a
ouvir os barulhos desagradáveis e agradáveis, como disse outro dia. Quando a gente vai
redescobrindo os sons, a gente passa a gostar de alguns e detestar outros. Ainda não discrimino
nenhuma palavra falada. Diante dos progressos que consegui, não me queixo. Estou ouvindo
apenas 33 dias, depois de 37 anos sem nada ouvir. Consegui muita coisa neste tempo, e ainda vou
evoluir muito pela frente. Deixo acontecer tudo no seu devido tempo, de uma forma natural e
espontânea. Cada dia vou descobrindo novos sons. Novas emoções. Estamos próximos do Novo
ano. Até lá, novas conquistas virão.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:17 PM
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oi ,td bem ? vc ñ me conhece! estava fazendo uma pesquisa sobre implante coclear, e vi que vc tinha feito!
gostaria de falar com vc, se vc tiver msn, me adiciona na sua lista e me mande um e-mail me avisando quem é
vc ok !coloque entre parêntese implante coclear, assim eu te aceito p/ tirar dúvidas c/ vc e ter mais confiança e
esperança! sou da bahia, casada, tenho 40 anos, estou muito triste a cada dia! preciso de ter uma conversar
c/alguém que tenha um problema, igual a mim. aguardo resposta.obrigado pela atenção! até mais! tchau.
adriana paim | email | 28-07-2005 22:03:50
Nossa, comparativamente ao tempo de silêncio total em que viveste é uma vitória e tanta, caro Filipe. Penso que
Deus quer que um dia nos conhecemos, devidamente equipados com nossos ouvidos de alguns milhares de
dólares - e de emoções renascidas. Até a próxima. Paulo Sérgio Patriota
Paulo S. Patriota | Email | 31-12-2003 03:47:26
Segunda-feira, Dezembro 22, 2003
Novidades no Blite
Tirei a entrada direta para "História do Implante Coclear", pois o formato pdf não abria.
No lugar coloquei formato htm. Para a revista da Politec, coloquei uma página, onde tem opção de
salvar no computador do usuário, e ler através do Adobe Reader. Estou testando programas que tirei
da Internet, pra transformar os arquivos ".pdf" em ".htm"
Também na parte de links pessoais, coloquei o blogger do Jon Yamamoto.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:20 PM
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Parabéns pelo blite, Luiz Felipe! É incrível a quantidade de informação que ele contém, é perfeito para os
candidatos e todos que queiram conhecer o IC tirar suas dúvidas! =)
Samuel | Email | 26-12-2003 01:29:38
Caro amigo, Este Blite está magnífico... Imagine-se um calouro ao implante coclear: ele deverá passar por aqui,
imediatamente. É indispensável. Eu darei a dica. Parabéns mais uma vez, colega! Abraços do Patriota.
Paulo S. Patriota | Email | 23-12-2003 02:01:48
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Resumo da semana - 15/12 a 21/12
Nesta semana que se passou, houve alguns progressos auditivos. Continuo com a terapia, e
aproveito todo dia para quando chego em casa, fazer uma leitura de livro ou revista durante 30
minutos à 1 hora. Passei a descriminar melhor os sons, embora não consiga discriminá-los
totalmente. e principalmente, passei a ouvir melhor os sons agudos. Além da leitura, faço uso dos
cabos, e coloco musica clássica, principalmente instrumentais, para ouvir/treinar a audição. Consigo
perceber melhor os diálogos na TV, seja nos noticiários, programas ou novelas. Interessante nas
novelas, onde consigo ouvir os sons de fundo. Consigo perceber quando tem muita zoeira quando
minha cachorra late. Meu IC está precisando de novo mapeamento, que provavelmente vai ocorrer no
dia 29 com a Valéria Goffi.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:39 PM
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Pôxa Felipe que coisa linda, só hoje pude ter a oportunidade de conhecer melhor sua história, é gratificante pra
mim no momento que estou vivendo poder contar com esta aula de IC, estou a vinte e poucos anos no silêncio, e
um relato como o seu está sendo muito importante Tenho pouca experiência com a Internet, passei a usá-la só
depois que descobrir vcs Saudações e parabéns Márcio
Márcio Pereira | Email | 15-02-2005 17:58:49
Segunda-feira, Dezembro 15, 2003
Barulhos agradáveis e desagradáveis
Desde o começo da ativação, as fonos perguntavam se o barulho estava agradável ou desagradável.
Eu sempre respondia - acho que está agradável. Bom, no começo os barulhos eram sempre iguais,
por isso, eu não sabia distinguir se eram agradáveis ou desagradáveis, pois ao retornar ao mundo
sonoro, tudo era agradável. Agora, começando a discriminar os sons, eu sei o que é barulho
desagradável: O barulho do motor do ônibus, as panelas, os pratos e os talheres batendo na pia ou
um batendo ao outro quando lavo louça. Isso sim é um barulho irritante e desagradável de ouvir.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:53 PM
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Caro Luiz, sempre venho aqui neste espaço,que me serve de guia para um futuro próximo em que,se Deus
quiser,estarei implantado. No poderia deixar de freqüentar teu Blite tão útil. a que o FIC está sobrecarregado
de mensagens, e me está faltando tempo - e até paciência - para ler tantos posts l. Obrigado, colega e amigo.
PS: agradeço tua passagem lá no meu cantinho, também. Abraos do Patriota.
Paulo S. Patriota | Email | 20-12-2003 23:25:41
Luiz Filipe, Você ainda vai descobrir mais barulhos desagradáveis. Mas,quando tiver bem acostumando com
eles, s desligar o aparelho,n? Eis a uma vantagem! No entanto,mesmo se no quiser desligar,pense
apenas na voz dos que te amam... Pronto. At mais... Patriota.
Paulo S. Patriota | Email | 16-12-2003 02:02:09
Sexta-feira, Dezembro 12, 2003
Na Cteep
No horário do almoço, teve um show do ICC - Instituto Criança Cidadã, uma entidade patrocionada
pela Cteep. Teve muita musica, mas devido a tanto barulho dos tambores, surdos, etc.... parece que
o som "some". Estranho. Estou sentindo a vibração bem forte pelo chão, mas o som parece
baixissímo. Fui embora tratar assuntos nos bancos, tomar um lanche, e um tempinho depois, o som
voltou ao normal no meu ouvido. Muito interessante.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:23 PM
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Meu caro Luiz: interessante saber que um barulho tão alto pareceu baixinho: quando ouvia normalmente e
estava numa festa com caixas de som potentes, quando saía do salão parecia que minhas cócleas estivessem
anestesiadas. Mas legal saber que tudo se normalizou depois. Abraços do Patriota.
Paulo S. Patriota | Email | 14-12-2003 07:59:11
No tratamento
Ontem tive mais uma sessão de fono. Foi igualzinho à anterior. Só mudaram os instrumentos e as
palavras que tive que adivinhar. Também iniciei um tratamento para melhorar a minha fala. Segundo
a fono Lidia, minha fala é muito boa, mas tem um sotaque parecido com uma pessoa estrangeira.
Também segundo a fono, eu estou indo bem melhor do que ela esperava de mim.
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#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:20 PM
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Luiz Filipe: Vais melhorar tua fala com o tempo, tenho certeza. a luta diria,a persistncia que te vai fazer
chegar l. At breve. Patriota.
Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 14-12-2003 08:01:45
Quarta-feira, Dezembro 10, 2003
Passando o endereço do Blite para uma pessoa muito amiga.
Agora vou repassar o endereço do meu Blite (BLogger + sITE), a uma pessoa muito amiga que eu
admiro muito, que o pediu por ter perdido o endereço. Estou enrolando esta pessoa desde o começo
da tarde, e ela já está fervendo de raiva. Lição numero um: Paciência tem limites. Chegue até o limite
e caia fora!
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 3:08 PM
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Ontem à noite
Ontem à noite, durante a novela assistindo a novela "Celebridades" (não que eu goste de novela, mas
eu estou assistindo, pois procuro acompanhar atentamente as falas através da leitura oro-facial +
sons, percebi que em uma certa cena, não lembro qual, tinha um fundo musical baixinho - perguntei a
minha esposa - era um piano tocando uma musica suave, triste. Depois misturava com as falas,
musica - falas e musica. Muito interessante.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 3:03 PM
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Sobre os novos mapeamentos
Como disse antes, estou com 3 programas novos. P1- para o uso diário, P2 - para uso em ambientes
silenciosos e para a terapia audiologica e o P3 - para uso e abuso dos cabos de ligação em TV, som,
disk-player, etc.... Os 3 programas cumprem suas funções. O único senão é sobre o P3 - que pedi
para a Valéria fazer para mim utilizar nos cabos. É bom em casa na TV, no Som, no Cd-player, MAS
é terrível quando utilizado no cd-player no ônibus ou no carro. Mesmo com a sensibilidade do
microfone regulada para zero, o mesmo CAPTA o ruído do motor do ônibus. É horrível e
desagradável. Tentei a autosensibilidade, e continuou na mesma. O jeito que arrumei, é utilizar o P1
com sensibilidade zero. Aí sim, ficou melhor. De qualquer forma, é outro sinal de progresso. Antes
não conseguia falar para as fonos se eu ouvia algum som desagradável, pois nem sabia o que era
um som desagradável. Agora sim, eu sei o que é.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 3:02 PM
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Na Clínica Refal
Ontem iniciei minha reabilitação audiologica. Estou fazendo a reabilitação com a Fga. Lidia
Balbachevski Setti. A Fga. Lidia, tem mais de 30 anos de convivencia com deficientes auditivos.
Tem/teve entre seus pacientes 6 implantados cocleares. Na nossa primeira sessão, tivemos a
seguinte terapia:
- Treinamento com instrumentos
- Ritmos - fortes e fracos
- Intensidade longo e breve
- número de estímulos
- Estimulação vocal com composição de palavras escritas e sua produção vocal
Nunca precisei de treinamento fonoaudiologo. Mas todo mundo tem a primeira vez. A fase de
reabilitação após o IC é fundamental para o sucesso do IC. Nesta fase, paciência, determinação e
persistencia são fundamentais.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 3:02 PM
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Resumo - 06/12 a 10/12/03
Os novos mapeamentos ficaram bem melhor. Ficaram mais altos, e com eles consigo perceber
melhor os sons agudos. No carro, consigo ouvir o rádio, mesmo com o carro em movimento, o que
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não acontecia antes.Abusei nestes dias dos cabos que recebi, e abusei dos CD's de música clássica,
tal como Choppin, Morzat, Tschaikowski, Beenthoven. Todos em Orquestra. para perceber ritmo,
e instrumentos baixos e agudos como, por exemplo, violino. Ainda não descrimino muito os sons, mas
acredito que estou discriminando melhor do que no primeiro mapeamento, pois consigo acompanhar
ritmos. Também gosto de um CD de minha esposa, chamado "Piano Maravilhoso". São 14 músicas
tocadas no piano, que para acompanhar ritmos e sentir os mesmos. Passo horas com ele. Na TV,
consigo acompanhar melhor as falas seja nas novelas ou noticiários, pois a soma da leitura labial +
sons ouvidos, ajuda a compreender melhor. Explificando - antes do IC, apenas fazia a leitura labial,
mas sempre era difícil acompanhar tudo, digamos, que conseguia tirar uns 30% da leitura labial.
Agora com a soma de leitura labial + escutando com o IC, consigo, digamos, uns 60% de
acompanhamento.
Outra coisa que melhorou, é a minha fala. Consigo controlar minha voz melhor. Minha esposa e meus
colegas do trabalho estão falando desse progresso.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 3:01 PM
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Sexta-feira, Dezembro 05, 2003
Novo mapeamento
Hoje, troquei os mapas do processador de fala. Foi a fono Valéria Goffi que fez os mapeamentos hoje
(o primeiro foi com a Mariana Guedes). Parece que a Valeria ganhou a parada, pois eu estava sendo
disputado pelas duas. Os próximos serão com a Valéria. Bom, como foi? Primeiro conversamos sobre
a primeira semana, minhas duvidas, e ganhei uma aula muito proveitosa. Alias, tudo que é sobre IC,
eu sempre tiro proveito, e vou aprendendo cada vez mais. É um pouco complicado, mas a gente vai
descomplicando, aprendendo e descobrindo. Em termos auditivos, os novos mapas mostraram-se
mais fortes, altos, que melhora a percepção sonora. Após a conclusão dos mapas, a Valéria pediu
que eu desse um passeio na rua, na Av. Paulista (Avenida que eu adoro, o coração paulistano diz
tudo). Achei um pouco alto o som, mas não irritante. Pedi pra Valéria diminuir o som, o que foi feito.
Não tenho condições ainda de avaliar como fui com este mapa, o que farei nos próximos dias. Estou
agora com 4 mapas no processador; P1- o ultimo que usava, P2- o novo, para usar no dia a dia, P3-
quase igual ao P2, que foi feito para ser usado em ambientes silenciosos, como a minha futura
terapia fonoaudiologica que começo na semana que vem, e o P4- que pedi para eu testar utilizando o
cabo para TV, CD, som, etc..... Veremos nos próximos dias como ficou.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:10 PM
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Do dia.....
As melhorias observadas até agora, é minha voz, que segundo vários colegas e minha esposa, estou
falando melhor, mais baixo, pois antes às vezes falava muito alto, quase gritando as vezes. Agora
ouvindo a minha voz, consigo regular a mesma. Melhorou também o entendimento na TV. Explico:
Antes do IC não conseguia fazer a leitura oro-facial de todo mundo, e quando fazia, fazia com
dificuldades. Hoje consigo ler melhor os lábios de jornalistas, dos personagens das novelas, etc..., o
que não fazia antes.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 9:21 AM
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Quarta-feira, Dezembro 03, 2003
Zoeira
Quase no fim de acabar o expediente. Hoje o barulho esteve enorme, mesmo com o volume colocado
no mesmo lugar como sempre. Tento abaixar, mas dá a mesma coisa. Segundo o Roner, nos
primeiros dias, isso é normal. O cérebro está "confuso" e não sabe o que é alto ou baixo. Abaixando
ou aumentando o volume, tudo fica igual. Vale ressaltar que não sei se a "zoeira" aqui no trabalho
está normal hoje, o pessoal está fazendo mais barulho que o habitual, ou minha percepção auditiva
melhorou.
Ainda veremos.....
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 4:33 PM
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Linha direta - BLITE x FIC/GUICOS
Coloquei aqui no blogger uma linha direta entre minhas postagens e o FIC (Fórum de Implante
Coclear). Assim, meus colegas no FIC poderão acompanhar tudo que eu postar, sem precisarem
197
entrando aqui no site. O termo BLITE significa BLogger + SITE, termo inventado pelo meu amigo
Roner Dawson do FIC.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:21 PM
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Bacana seu blog :) Sucesso na volta ao mundo dos sons. Abraços, Raul P.S: Freqüento o FIC
Raul | Email | 03-12-2003 15:44:49
Durante a manhã
Nada de novo. Peguei o Cd-player do meu filho emprestado, e usei durante o trajeto do ônibus com
um cd de músicas. Bom, é difícil ouvir o cd com o barulho do motor, das pessoas falando, etc e tal.
Vou pedir no próximo mapeamento um programa especifico para ouvir cd's com sensibilidade do
microfone zero.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:26 PM
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Tratamento Fonoaudiológico
Ontem iniciei meu tratamento fonoaudiológico.
Não queria fazer esse tipo de tratamento, mas é necessário. A Fono Valéria está implorando, a Fono
Mariana dizendo que precisa, o Dr. Arthur tinha comentado que seria bom fazer o Dr. Paulo Porto,
idem. Segundo a Valéria, aprender a REouvir sem auxilio de fono é mais difícil, então o auxilio de
uma profissional é de grande valia. Pelo menos é necessário um período de tratamento. . Paciência,
perseverança, e muito preparo psicológico são fundamentais neste momento.
Como fiz o IC em convenio, e o convênio não cobre tratamento fonoaudiológico no HC-SP, acabei
sendo indicado para uma profissional conveniada. Trata-se da Fga. Lidia Balbachevski Setti, que trata
há mais de 30 anos de deficientes auditivos, e também atende implantados cocleares. A primeira
consulta foi um bate papo, onde contei a historia, ela contou suas experiências com deficientes e
implantados. No fim foi uma consulta positiva.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 9:11 AM
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Terça-feira, Dezembro 02, 2003
Melhorias no Blogger
Melhorei hoje a página de centros de implantes no Brasil, e coloquei o endereço do Dr. Rodolpho de
Natal, enviado pelo nosso colega Paulo Patriota. Também inclui a história do Prof. Graeme Clark da
Universidade de Melbourne, criador do Nucleus, e o bloger do Paulo Patriota. Com o tempo vou
melhorando minha página.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:35 AM
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Luiz, Eu e minha esposa descobrimos agora que nossa filha de 1 ano e nove meses tem de
ficiênc
ia auditiva
bilateral profunda e seu site tem nos ajudado bastante a descobrir alguns caminhos para o tratamento. Muito
obrigado! Ns moramos muito distante dos locais de tratamento, em Araguana-TO e infelizmente ainda no
conseguimos aparelhar a Ivy (nossa filha), mas estamos a caminho. Ela também precisará, segundo os médicos,
retirar as amídalas a adenóide e colocar um dreno nos tímpanos. Qualquer informação útil envie-nos, por favor.
Gratos, Maurício, Mariliza e Ivy.
Maurício C. Ayres F. | Email | 25-06-2006 22:33:45
Luiz,meu caro: Como estou contente com tua eficincia!... Voc uma criatura educadssima,rapaz! Deus o
proteja sempre - e aos seus tambm. Um abra��o do colega Patriota! PS: Sua HP j est adicionada h
dias. Parabns,novamente,por este trabalho! Nota: E ps meu blog tambm? Valeu,irmo.
Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 03-12-2003 04:17:34
Segunda-feira, Dezembro 01, 2003
Segunda feira
Hoje não teve novidades audiológicas significativas para contar.
Estou com o P2, e como disse, o som fica mais alto. Daí o clima no trabalho foi com zoeiras mais
marcantes. Também fui ao banco 2 vezes, e passei pela porta rotatória sem problemas. Tinha
conversado sobre isso com as fonos, e elas disseram que hoje em dia, as portas tem um campo
198
magnético bem menor que as antigas, e por esse motivo não tem problema de passar pelas mesmas
com o processador de fala. Mas a Mariana aconselhou a passar com o processador desligado, o que
fiz. Nenhum problema. Mesmo que o alarme disparasse, tenho cara de probo mesmo.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 4:37 PM
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Domingo, Novembro 30, 2003
Final de semana
Comecei o final de semana trocando os programas conforme a orientação da Fonoaudióloga Mariana
que me ativou. Para lembrar, ela colocou 3 programas o P1(baixo) P2 (médio) e o P3 (alto). O P2 é
um pouco mais forte que o P1, mas se nota a diferença. Ouvi bastante TV, toquei CD do RC, da Clara
Nunes e Zizzi Possi. Procuro ficar atento aos sons. Ainda estou com a voz do Pato Donald, mas
percebo algumas diferenças entre os ritmos das musicas. Na TV com o P2 deu para melhorar a
recepção dos sons. Notei que estou ouvindo o "i", o "u", e outros agudos que não ouvia nos primeiros
dois dias. Também estou ouvindo a voz de meu filho e esposa, que eram "baixos" nos dois primeiros
dias. Também fiz várias leituras em voz alta. Peguei um livro de Poesias de Ricardo Reis, e fui
recitando em voz alta. E um livrinho de "como se escreve" do meu filho que tem 7000 palavras. Fui
escolhendo aleatoriamente varias palavras, e recitando em voz alta. O treinamento continua.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 7:20 PM
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Luiz, sou filho de uma recém implantada. Ela fez a cirurgia na Unicamp no dia 19/11/2003, portanto ainda no
colocou o processador de fala. Gostaria muito de poder contar com seu auxlio, descrevendo suas rea��es
para que delas eu possa tirar o mximo de substrato para auxiliar minha Me nos primeiros passos na
retomada da audi��o. Parabns pelo site e muita sorte rumo ao nosso barulhento mundo. Estarei sempre
aqui. Abraos, Marco
Marco Aurlio Pereira Paiva | Email | 01-12-2003 09:10:28
Sexta-feira, Novembro 28, 2003
Saída do trabalho
Foi um dia cansativo. Há muita zoeira no trabalho, mas tinha o recurso de colocar no
autosensibilidade, mas preferi não colocar para poder estimular a memória e os nervos auditivos.
Comigo os eletrodos não terão folga.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 5:24 PM
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Meu caro Luiz: Gostaria que acrescentasses no link Centros de Implante Coclear o endereo do de Natal-RN,o
nico no Nordeste a realizar tal procedimento: OTOCENTRO - Centro de Otorrinolaringologia do Hospital do
Cora��o (SUS) Dr. Rodolpho Penna Lima Jnior Fone: 84-209-2040 Site: www.hospitaldocoracao.com.br
Muito obrigado pela aten��o.
Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 29-11-2003 18:38:23
Caro Luiz Felipe, estou acessando sua home page pela primeira vez,e quero te parabenizar por esta empreitada.
Supimpa que tenhamos mais uma fonte de informa��o! No dia 20 de dezembro vai-se completar vinte anos
que perdi a audi��o devido a um acidente de moto. Estou esperando a chamada do Dr. Rodolpho l em Natal
para refazer os exames pelo SUS... Com a certeza que irei ser aprovado,pois o anterior,de 2001,resultou que
minha cclea est em dia,desossificada... Voltarei sempre aqui,pois eu o adicionei ao Favoritos. Boa
sorte,amigo!
Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 29-11-2003 18:24:53
Luiz, Quando a autosensibilidade, eu tb no queria colocar no comeo, mas ficava com muita dor de cabea
em lugares barulhentos... Mas se isso acontecer, s abaixar... Tm tido algum incomdo ou dor?
Rodrigo Rabelo | Email
| 28-11-2003 18:56:54
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No trabalho
Houve tapas nas costas, abraços, etc... tive que explicar, contar a historia da ativação umas 50
vezes......
Notei o seguinte, estou escutando o martelar das teclas do computador. Algo que esqueci de postar
sobre o dia de ontem à noite. Qdo teclei na quarta, dia da ativação, nem percebi o martelar das
teclas. Ontem, foi mesma coisa durante o dia, mas no finzinho da noite, quando entrei no FIC, eu
percebi o martelar. E o winchester rodar. Eita.... o progresso continua.....
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:48 PM
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O martelar do teclado... Um dos primeiros sons que ouvi... Achei engraçado aquele som metlico de teclas...
Hoje ainda ouço, mas no metlico... Muito legal seu site, Luz! Estarei lendo sempre e linkarei no meu blog!
E obrigado por me linkar...
Rodrigo Rabelo | 28-11-2003 18:51:45
No ônibus
Voltei a trabalhar hoje. Tomei o ônibus, e ouvia vozes. Qdo o ônibus anda, estranhamente tudo fica
quase em silencio. E qdo o ônibus para, volto a ouvir as vozes dos passageiros ao redor. Ocorre o
mesmo quando dirijo o carro. Se falo em movimento, minha voz parece ter diminuído, e com o carro
parado, a voz volta ao normal. Bonita experiência.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:46 PM
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Segundo dia - Noite.
Houve uns progressos. Passei a distinguir um pouco melhor os sons do CD, e notei que percebo
alguns sons a mais na TV. Notei também que ouvi a voz de meu filho. No primeiro dia, nem ouvia a
voz dele, e a voz de minha esposa que é baixa, eu pouco ouvia. Agora consigo ouvir a voz de meu
filho e de minha esposa melhor. Também ouvi o latido de minha cachorra, o que não tinha ouvido no
dia anterior. Notem que qdo digo ouvir - continuo a ouvir como no primeiro dia, ou seja sem
discriminar nada, em tempo, a voz do Pato Donald.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:44 PM
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Segundo dia - manhã
No segundo dia após a ativação, fiquei em casa, pois estava cansado depois das emoções da
ativação.
Aproveitei para continuar a curtir o brinquedinho. Ouvi novamente o CD do Roberto pela manha,
assisti a TV, tipo, Mais você, Jornal SPTV, Jornal Naciona, e Video Show. Procurei acompanhar
atentamente a leitura labial, e comparando os sons. Fomos ao Carrefour fazer compras, e eu
aproveitei para ouvir a zueira.... Mas o Supermercado estava vazio, e deu para ouvir barulhos
indescrifáveis. à tarde, li um livro em voz alta, para treinar o volume de minha fala, que é muito grave
e eu falava às vezes alto demais, o que eu percebo. Valeu a pena, pois minha esposa falou "viu como
vc passou a falar mais baixo".....
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:42 PM
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Ativação do Implante Coclear
Quarta-feira(26/11) foi um dos dias mais felizes de minha vida.
A fono Mariana Guedes do Hospital das Clínicas, iniciou às 13:45 horas, os procedimentos de
ativação do IC. Primeiramente, fizemos uma telemetria, para saber o real estado dos eletrodos, visto
que na cirurgia, apenas 16 eletrodos responderam, e para a surpresa, houve resposta dos 22
eletrodos. Iniciamos então o procedimento de ativação. Os eletrodos são ativados um a um. É um
procedimento lento, mentalmente cansativo. Exige muita concentração e atenção para poder
estabelecer parâmetros mínimos e máximos de cada eletrodo. Não é fácil para quem está há anos
sem ouvir. No fim, foram ativados 19 eletrodos. Os 3 últimos, correspondente às freqüências mais
acudas, foram desligados para serem ligados futuramente. No fim, a fono ligou todos os eletrodos de
uma vez só. Gente!!!!! Um barulhão explodiu na minha cabeça!!!!! Foi assustador e ao mesmo tempo,
emocionante. Precisam ver só o pulo que eu dei da cadeira. Chegou-se à conclusão que ficaram
muito para cima, ou muito altos. Novos ajustes, novos testes, e sem aviso prévio, de repente passo a
200
ouvir barulhos estranhos de todos tipos. Fico confuso, barulhos que vem e vão. Meio bobo, noto que
estou ouvindo a minha voz, a da minha esposa e a voz da fono!!!! Ela ligou o processador de fala!!!! É
difícil descrever o momento. Tudo explodindo em minha cóclea e sendo enviado para o cérebro. É
fantástico. Faz 37 anos que não ouvia esses barulhos. Foi emocionante mesmo. Houve novos ajustes
e sai com 3 programas no processador. Sai ouvindo, dirigi o carro, fui na casa de minha mãe de 80
anos, que sempre desejou a volta da minha audição. Ela chorou muito de emoção!. Depois fomos
para meu apto. Ouvi a TV, o disco que ganhei do RC de minha amiga Sueli. Logicamente, não sai
ouvindo normalmente. São barulhos rítmicos, estranhos para mim, como o pessoal do FIC diz -
parecidos com a voz do Pato Donald. Neste dia não ouvi minha cachorra latir, nem a voz do meu
filho, que como toda criança, tem voz baixa (ou fina sei lá). Mas com disse a fono, o primeiro mapa
nunca é legal. É apenas para ir acordando a parte do cérebro que ficou adormecida durante 37 anos,
estimulando esta parte e o nervo auditivo, e me inserindo ao mundo dos sons. Paciência,
perseverança, e muito preparo psicológico são fundamentais neste momento.
#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:42 AM
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Ola sou fonoaudióloga (espero que leia meu comentário mesmo assim!!!! brincadeirinha), meu nome eh Luiza e
atualmente estou dando aula na universidade de Santa Maria-RS no setor de audiologia educacional e temos
alguns clientes prováveis candidatos ao IC. Esta pagina vai ser de extrema importância para o esclarecimento
dos mesmos, afinal, nada como a experiência bem sucedida de um usuário do IC. Parabéns pelo trabalho! Luiza
Luiza Juchem | Email | 12-05-2004 22:10:23
Muito emocionante mesmo a hora da ativa��o... Aqueles sons explodindo... Na Unicamp, at pulei de
surpresa quando ouvi o alto-falante... uma sensa��o indescritível... Bom, at mais!
Rodrigo Rabelo | 28-11-2003 18:54:09
Estou testando os comentários. Abs L.Filipe
Luiz Filipe | Email | 28-11-2003 13:52:00
Seleção das felicitações recebidas pela realização da cirurgia de implante
coclear
Luiz Filipe
Parabéns pela nova fase que se inicia em sua vida.Desejamos Sucesso, que você alcance todos os
sons......Conte conosco
Abraços ADAP/BAURU
Filipe,
Fico muito feliz em poder compartilhar com você e sua família esse momento, pois se eu já o
admirava pela pessoa que você é agora muito mais pelo esforço e por tudo que está acontecendo,
Amigo, ao ler o seu e-mail não pude conter lágrimas de felicidade, se eu estou assim, imagino como
deve ser para você. Abraços e sucesso ! ! !
do amigo Antonio Carlos Santoni - CTEEP
Luiz, tou muito feliz por você. Lembro que um dia vc me mandou um pvt falando sobre ser candidato.
Realmente, eu não posso fazer nem idéia do que é voltar a ouvir, pois eu "paro de ouvir"
oluntariamente... hehehe coisa de louco... Eu fiquei emocionada com as suas reações e muito feliz
por saber como se sente uma pessoa implantada. Quero conhecer seu site e tb acompanhar seu
desenvolvimento.Ê, Dawson!! Qdo é q esses conhecimentos chegam aqui ao Planalto? Tem muita
gente aqui que quer ouvir e nem sabe que tem como...Luiz, divirta-se muito com seu brinquedinho...
;?Parabéns!! Um grande abraço.
Barbara Angélica - FIC
Caro Luiz Filipe
Repassaram o seu emeio e fiquei emocionado com ele. Parabéns, cara! Essa possibilidade de um
novo mundo se abrir para você é fantástico. Sempre é ...Bons sons procê, companheiro!
Abraços.
Carlos Eduardo Pestana Margalhães - CTEEP
Bom Dia Filipe!!!
201
Que legar!!! Que legal!!! Que legal!!! Parabéns!!! Parabéns!!! Parabéns!!!
Na verdade não sei bem o que dizer ou como me expressar, só sei que estou muito feliz e orgulhosa
por vc, foi uma conquista é tanto!!! Um caminho longo a ser percorrido, mas que vc superou com
determinação e paciência... Espero que essa fase seja repleta de alegrias e novas descobertas ou
até mesmo redescobertas, o importante é que vc viva intensamente cada instante!!!
Estou aqui para o que precisar, e saiba que fiquei muito feliz por fazer parte da sua lista de amigos
com os quais vc compartilhou um momento tão lindo como esse!!!
Tenha um ótimo dia, E um forte abraço de alguém que te admira demais!!!
Carolina Impiglia Esteves - CTEEP
Luiz Filipe, EU ESTOU MUITO FELIZ POR VOCê!!! VOCê ESTÁ OUVINDO QUE EU ESTOU
GRITANDO??????????????????????? BEIJO (com estalo)
Cecilia Maria Kolossvary
Educação Corporativa Transmissão
Meu caro Filipe
Quando soube da sua decisão de se submeter a uma cirurgia de implante de um órgão do ouvido pra
permitir a sua audição e que foi bem sucedida, graças a Deus, não me furtei em pensar numa forma
de brindar.Foi a melhor notícia que tive este ano. E rogo a Deus que você tenha superado de vez
uma grande barreira à comunicação. Se você não sabe, sempre o respeitei e o admiro pela sua
ferrenha vontade de viver. Depois do que soube, vou brindar a sua coragem e fé me imaginando
enchendo uma taça de champanhe e depois de tomarmos juntos, erguer a minha taça acima da
minha cabeça o mais alto que eu consiga e gritar a plenos pulmões: Saúde, Filipe! Deus o conserve!
Celso de Oliveira
Olá!!!!
Que legal, estou muito contente com o sucesso da empreitada.Você deve estar mesmo que nem
criança com brinquedinho novo, querendo curtir ao máximo, né? Mas legal, fiquei muito contente
mesmo.Papai Noel foi legal com você, né? E o seu filho (é Rodrigo, não é?) o que está achando disso
tudo? E a Tute? Claudia Pinto Iabutti / Eraldo Galvão de Sousa - BK-Informática
É com um imenso prazer que compartilho este seu momento e torcendo para que a adaptação seje a
cada momento curtida como um despertar, fico contente que 'DEUS' pode te presentear com mais
uma das maravilhas da medicina moderna e só espero que agora voce possa escutar o hino do
melhor time que existe (TIMÃO) .Abraços e sucesso......
SDS/Claudio/AIS-CTEEP
Luiz Filipe,
Parabéns !!!!!!!!!!!!!!! Com certeza seu Natal chegou antecipado e, esse presentão que é voltar ouvir,
depois de 37 anos, todo surdo gostaria de ganhar.Por isso mesmo seu Natal será muito diferente dos
natais passados, vais aproveitar as festas de final de ano, muito melhor e mais participativo.. Que
INVEJA !!!!!!!Sucesso nesta nova fase e tb na (re) adaptação ao mundo sonoro.
Compartilhe conosco os progressos alcançados e as frustrações se houver...
Para quem ainda é um pretenso candidato ao IC, toda informação/relato, são sempre bem vindas.
Bjkas,
Donelzi - FIC
PARABENS!!!!!!!!!! FELICIDADES!!!!!
Edivaldo Drago
Gerente da Divisão de Sistemas de Informação
CTEEP - Cia Transmissão de Energia Elétrica Paulista
Filipe,
Parabéns pela nova vida que começa a nascer, Estou bastante feliz que tudo tenha ocorrido da
melhor maneira possível Gostaria que tudo isso pudesse ter acontecido antes, mas somos obrigados
a seguir regras... Janete
Assistente-Social - Fundação CESP
Luiz Filipe,
PARABÉNS!!!!! Aguardo esse dia para minha mãe, acabou que ainda não contei como foi a cirurgia
202
dela mas, como tem sido sempre, foi um sucesso. Tudo muito mais simples do que imaginávamos. A
ativação dela será dia 07/01/2004. Continue passando todos os passos da sua ativação, adoro
acompanhar o desenvolvimento e o sucesso de todos vocês. Estou torcendo muito por você!!!!
Que a cada dia você descubra uma nova maravilha nos sons descobertos.
Abraços...
Lectícia - FIC
Amigo, meu amigo. Eu fiquei paralisada lendo isso.
Realmente, depois de 37 anos... era para se pular da cadeira mesmo. Era mesmo para ouvir todos
esses barulhos, esses banis, infernais para os que ouvem. Para vc, foi a alegria mais profunda,
imagino. Parece que senti isso na pele. Eu espero, Filipe, e tenho certeza que seu progresso será um
sucesso. Você irá ouvir o canto mais belo, o vento, a vida. Sim, ouvir a vida, tão bela para nós.
Poucas palavras, mas o silêncio que passo através dessa fria máquina diz que você vencerá, mais
uma vez. Estarei ao seu lado nessa árdua tarefa. Todos nós, aqui. Mesmo que por trás dessa fria
máquina, que por vezes, transforma em calor humano.Um beijão,
Leila. - FIC
Filipe,
Maravilha! Deus dá ao homem sabedoria, para que coisas "Maravilhosas" deste tipo aconteçam entre
nós e para que sejamos sempre confiantes que ELE é o doador de toda a VIDA.
Parabéns pela sua PERSEVERANÇA, temos fé "Eu e Minha Família", que você será ricamente
recompensado pelo seu esforço e FÉ.
Abraços,
Mario Julião
Graaaaande Filipe!!!
Graaaaande dia, hein??
Emocao, muita emocao!!! Fantastico, parabens!!!
Vibrei com vc e recoredei meus dias de emocao nos primeiros programas.
Vc está fazendo tudo certinho e está tudo ocorrendo nos conformes. Vai ver
daqui pra frente, como vai ser fantástico. Cada dia, novos sons chegando!!
Cada dia com novas emocoes...O segredo agora é treinar, treinar e treinar muito... Muita musica,
muitos sons e muita curtição.Vá em frente, estamos juntos nesta!!!
Abracos !!!
Roner Dawson - FIC
E aí amigo Filipe.
Parabéns...... Espero que vc esteja ouvindo bem este email.........
Soube através do Santoni, a confirmação da Ligação dos eletrodos. (é através do Santoni, porque vc
se esqueceu de mim) Soube tb da sua emoção. Mais uma vez parabéns por sua persistência e pelos
resultados atingidos, espero que vc realmente atinga o nível máximo nesta cirurgia.
A partir de agora vc estará mais feliz ouvindo tudo aquilo que vc mais queria, vozes de seu filho e
esposa e outros sons. Inclusive os gols do Verdão na 1ª divisão.
Parabéns e Felicidades.
Sidney Silva - CTEEP.
Oi, Filipe
Estou super feliz por você! Imagino a sua alegria ao ouvir os primeiros sons, a voz da sua
esposa, do seu filho.
Que esse mundo novo te traga muitas alegrias.
Um grande abraço,
Sônia M.A. Sato - CTEEP
Não sei nem o que dizer... Só sei que estou muito feliz por você e que você merece cada segundo
dessa felicidade toda.Parabéns!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Adoro você! Abraços,
Sueli Cristina Marques - CTEEP
Filipão !!!
Que emoção heim? Ainda não sou implantado, mas, dá p imaginar,caramba!!!
As vezes sou extrovertido emocionalmente, acho, se implantado, não irei aguentar tanta
203
emoção..hheheParabéns mano, aproveite esse raro momento de sua vida e conte sempre p nós
diuturnamente sua evolução. Estou na sua torcida p q vc treine com afinco e perseverança, pois, falta
pouco p o meuCruzeirão tornar o novo Campeão Brasileiro. Vc tem que ouvir o hino da Raposa e os
gritos É campeão!!!!! Viu, compadre? Ahhhh...gosta da música do Roberto Carlos? Se deseja matar
saudades, busque aquelas músicas da Jovem Guarda, para refrescar a memória auditiva
adormecida, tente achar a música do R.Carlos, "Meu Calhanbeque"..hhehe
Assim que tiver o CD ( Vou tentar achar um MPE e mando p vc) na mão
Treine bastante acompanhando a letra da música em anexo, heim amigo?
O Calhambeque
(Gwen - John D. Loudermilk - Erasmo Carlos)
Essa é uma das muitas histórias
Que acontecem comigo
Primeiro foi Susi, quando eu tinha a lambreta
Depois comprei um carro, e parei na contramão
Tudo isso sem contar o tremendo tapa que eu levei
Com a história do splish splash
Mas essa história também é interessante...
Mandei meu Cadillac pro mecânico outro dia
Pois há muito tempo um conserto ela pedia
E como vou viver sem um carango pra correr
Meu Cadillac bip bip
Quero consertar meu Cadillac.
Com muita paciência o rapaz me ofereceu
Um carro todo velho que por lá apareceu
Enquanto o Cadillac consertava eu usava
O Calhambeque bip bip
Quero buzinar o Calhambeque.
Saí da oficina um pouquinho desolado
Confesso que estava até um pouco envergonhado
Olhando para o lado com a cara de malvado
O Calhambeque bip bip
Buzinei assim o Calhambeque.
E logo uma garota fez sinal para eu parar
E no meu Calhambeque fez questão de passear
Não sei o que pensei mas eu não acreditei
Que o Calhambeque bip bip
O broto quis andar no Calhambeque.
E muitos outros brotos que encontrei pelo caminho
Falavam que estouro, que beleza de carrinho
E eu fui me acostumando e do carango fui gostando
O Calhambeque bip bip
Quero conservar o Calhambeque.
Mas o Cadillac finalmente ficou pronto
Lavado, consertado, bem pintado, um encanto
Mas o meu coração na hora exata de trocar
O Calhambeque bip bip
Meu coração ficou com o Calhambeque.
Bem, vocês me desculpem mas agora eu vou-me embora
Existem mil garotas querendo passear comigo
Mas é por causa desse Calhambeque, sabe?
By, By.
E Bom treino,,,
Abraços,
Mauricio Sá - FIC
204
ANEXO III
FIC – FÓRUM DE IMPLANTE COCLEAR
Primeiro Período: setembro e outubro de 2001
Mensagem 01
De: "Rogerio (Poeira)" <poeira@...>
Data: Sáb, 13 de Out de 2001 1:11 am
Assunto: Re: Implante Coclear Resumo 2
Olá, Somos Rogério e Marilda e somos pais da Isabella, ela tem sete anos e foi submetida ao
implante coclear, achamos muito interessante a criação deste portal de troca de informações e
estamos à disposição para trocar todo tipo de informação sobre o assunto.
Nome: Isabella Theodoro Ferreira
Nucleus 24
Hospital Samaritano - São Paulo - 04/07/2001
Ativação: 14/08/2001
Comentários neste tópico: 0
Mensagem 02
De: "Rafael" <faeca@...>
Data: Dom, 14 de Out de 2001 6:09 pm
Assunto: Para Marcela
Rafael Keiti Shiguematsu
Spectra 22
Bauru - SP
Ativaçao +- 20/06/1996
Oi Marcela! Acho que ainda não fomos bem apresentados ainda. Meu nome é Rafael, tenho 18 anos
e sou deficiente auditivo ha 10 anos, mas sou implantado ha uns 5 anos. Durante esses meus 5
primeiros anos de surdez eu "sobrevivi" com o simples aparelho da siemes. Tive muita dificuldade de
acompanhar a conversa do povo, pois aquele aparelho nao era e acredito que nunca foi potente o
suficiente para que possamos viver como uma pessoa normal. Aos 12 - 13 anos eu comecei a perder
novamente minha audiçao, e finalmente eu fui autorizado a fazer o implante. Em 96, fui operado pelo
Dr. Orozimbo no hospital da Universidade de SP - USP. Foi um sucesso. Hoje eu posso fazer muitas
coisas cujas antes nao podia, como falar no telefone, ate mesmo em celular; ouvir musica e
acompanhar as letras; Foi ótimo voltar a poder reviver com meus amigos. Antes eu não conversava
muito com eles pelo motivo de mandá-los a repetir umas 10 vezes o q dizem. Hoje entendo
perfeitamente na primeira. Realmente eu acredito que foi um grande avanço da humanidade. Tenho
orgulho dos americanos em saber que eles pensam em nos deficientes. E claro que eu não esqueço
dos brasileiros que levaram a vida para cuidar de nós. Caso vc queira mais sugestões ou opiniões,
entre em contato comigo.
Meu e-mail é:
[email protected] faecasp@yahoo.com.br
Abraços e boa sorte na escolha.
Rafael
Mensagem 03
1 – 20 de Out de 2001 10:28 am
Oi Marcela,
Não sei se vc leu toda a minha experiência com o implante que enviei ha uns 8 dias atrás. Eu perdi a
audição aos 7 anos, e ate hoje eu não sei qual foi o motivo. Aos 9 anos eu peguei caxumba no lado
direito, o q me fez perder toda a audição desse lado, ou seja, nem com aparelho eu era capaz de
ouvir. Aos 13 anos foi visto que estava prestes a ter uma perda total da audição no ouvido direito. Fui
205
liberado então para fazer o implante. Arrisquei em fazer antes do fim da minha audição com o
aparelho da siemes. Como vc pode ver, tive sucesso como todos os outros. O que eu recomendo, é
que vc participe de todos os exames a qual eles mandam. Pois assim eles podem ate ver se sua
cóclea tem esperanças de obter um resultado como o nosso. Ate agora poucos não tiveram sucesso,
espero que vc não seja nenhum desses. Boa noticia: Nos EUA ha uma forma de fazer a operação
mesmo com a cóclea ossificada. O problema eh q isso é particular. Alguns brasileiros na época em q
eu fui fazer a minha operação foram pra lah e voltaram com sucesso. De qualquer forma, é
aconselhável lavar o espírito antes da operação. Tenha fé e alma limpa para que nenhuma mal
impeça o bom resultado. Estarei aqui torcendo por vc e esperando boas noticias suas.
Abraços
Rafael Keiti Shiguematsu
Spectra 22
Bauru - SP
Ativaçao +-20/06/96
Mensagem 04
2- Sáb, 27 de Out de 2001 9:37 pm
Oi Marcela!
Sobre o implante extra-coclear eu acredito que já vi uma vez. Eu conheci um cara em Bauru que fez a
operação nos EUA. Na época eu não entendia muita coisa a respeito do aparelho, então nem
perguntei se era ou não extra-coclear. Mas tenho praticamente a certeza que era, pois na época já
implantavam aqui no Brasil. Ir pro EUA e perder a oportunidade de fazer aqui, é desperdício. E que
eu saiba aqui no Brasil ainda não "importaram" a técnica de implante em cóclea ossificada...
Eu me lembro ha uns tempos atrás que a assistente social do Centrinho de Bauru estava explicando
pra minha mãe que aqueles que tiveram diabetes e a cóclea foi ossificada, só tinha esperanças se a
operação fosse realizada nos EUA... na época era obvio, o implante era muito novo ainda. Pra vc ter
uma idéia, eu sou exatamente o 50º implantado do Brasil. E isso foi em 96. O motivo de que poucos
brasileiros vão pra lah fazer a operação, é o preço que o governo não cobre. Ou seja, é particular, e
segundo o Fernando custa uns 50 mil dólares...
Mas eu tenho a certeza que o Dr Orozimbo saiba tudo a respeito disso, pois é graças a ele que todos
nos estamos indo numa boa situação... por enquanto... (risos)
Abraços
Rafael Keiti Shiguematsu
Spectra 22
Bauru - SP
Ativaçao +-20/06/96
Mensagem 05
De: Fernando Cabral <saferbr@...>
Data: Seg, 15 de Out de 2001 1:02 am
Assunto: Informações sobre Implante Coclear - Marcela e Leandro
Olá Leandro e Marcela,
Recebi seus emails e fico contente em saber que vocês se cadastraram neste grupo !!! Leandro, se
você quiser saber mais sobre o implante coclear e estudar um pouco mais sobre o assunto, sugiro
que você visite os seguintes sites: www.cochlear.com; www.cochlearimplant.com; www.medel.com
Todos estão em Inglês, mas tenho certeza de que você irá conseguir muitas informações. Visite
também o item "favoritos" que fica no canto esquerdo do site, pois lá coloquei alguns links de sites de
pessoas que fizeram o implante. Com relação a cirurgia da Marcela, diria que não é importante ter um
"timing", ou "prazo" pois a decisão de ir adiante com o processo cirúrgico é muito difícil e tem de ser
amadurecida com o tempo. Então deixe o tempo correr e a hora que chegar, chegou! Esta decisão
precisa ser tomada sem estresse e pressa. Estou torcendo muito para que o caso da Marcela seja
resolvido da melhor forma possível e que tudo dará certo. Se você tiver qualquer dúvida a respeito do
implante, por favor, escreva para o grupo. As suas dúvidas poderão ser as mesmas de outras
pessoas que fazem parte do grupo.Um grande abraço,
Fernando Cabral
Nucleus 24
Mensagem 06
206
De: Fernando Cabral <saferbr@...>
Data: Seg, 15 de Out de 2001 1:08 am
Assunto: Para Rogério, Marilda e Isabella
Olá Rogério, Marilda e Isabella,
Fiquei muito contente em saber que vocês estão participando deste grupo de implante coclear !!!!
Sejam bem vindos !!! Vocês poderão trocar informações com o Rafael que foi implantado em Bauru e
está muito contente com o implante. Gostaria que vocês nos contassem sobre os progressos da
Isabella. Estou curioso !!!!!!! Rafael, você poderia nos contar sobre a sua experiência ?
O grupo aguardo ansiosamente as experiências !!!! Um grande abraço a todos !
Fernando Cabral
Nucleus 24
Samaritano - SP
Ativação: 10/07/2001
Mensagem 07
De: "Rafael" <faeca@...>
Data: Seg, 15 de Out de 2001 5:47 pm
Assunto: Eu comecei a viver apos a cirurgia!
Oi pessoal! Eu gostaria de contar a todos vcs como foi todo o meu recurso que passei antes e apos a
cirurgia. Tive momentos tristes, felizes e sentimentais durante todo esse processo.
Nasci como qualquer criança normal, aprendi a falar, andar, correr... Ate aos 7 anos de idade, minha
professora de português observou que comecei a trocar palavras no ditado. Ela propôs que eu fosse
fazer uns exames auditivos na siemes. Realmente havia uma falha, minha audição estava abaixo do
normal. Passei a usar aparelho desde então. Em 1992, aos 9 anos, eu peguei caxumba que só fez
efeito no lado direito. Apos a cura, uma calamidade ocorreu. Perdi totalmente a audição desse lado.
O aparelho passou a ser inutil porta-lo na minha orelha direita. Sobrevivi dependendo apenas com o
aparelho no lado esquerdo. Aos 12 anos mais uma falha anormal estava acontecendo, minha audiçao
voltou a reduzir. Segundo os médicos, se a queda fosse constante a perda seria total em menos de 1
ano. Finalmente pude fazer o implante, onde na época só em Bauru faziam esse tipo de
operação. Aceitei a proposta com muita vontade, pois sabia q era minha única esperança de segurar
meu 5º sentido para mais alguns anos. Foi um sucesso, voltei com a audição ainda melhor. Passei a
fazer coisas cujas antes era impossível, como falar no telefone, ouvir e acompanhar musicas e
principalmente assistir TV sem depender de legendas. Com certeza foi uma vitória conquistada, mas
acredito que nao basta apenas esse processo. Eu recomendo aos jovens implantados a fazer um
tratamento psicológico e principalmente fonoaudiológico. Isso porque não é simples acostumar a usar
esse aparelho. Principalmente a Isabella que tem apenas 7 anos.
Aos futuros pacientes, eu recomendo que tome uma boa escolha. esse aparelho pode nao ser uma
das 7 maravilhas do mundo, mas em compensação, para nos, é uma das melhores formas de pedir
de volta o que a natureza nos tirou. Aos que estão prestar a fazer a cirurgia, desejo uma boa sorte e
tenha muita fé no momento. Deus é fiel e sabe com quem deve olhar em primeiro lugar.
Abraços a todos!!
Rafael Keiti Shiguematsu
Spectra 22
Bauru - SP
Ativaçao +- 20/06/1996
Mensagem 08
De: Fernando Cabral <saferbr@...>
Data: Ter, 16 de Out de 2001 7:40 pm
Assunto: Novo mapeamento !!!!
Olá Pessoal,
Realmente a experiência do Rafael não deve ter sido nada fácil ! Sei muito bem o que é passar por
isto ! Usei aparelho de audição por 24 anos até perder totalmente a audição no ouvido esquerdo. E
até hoje não sei o que causou a perda ! Mas apesar de todo o sofrimento de estar debilitado tanto
emocional como fisicamente, pude receber o implante coclear e estou muitíssimo contente com o
resultado ! Ontem foi o meu segundo o mapeamento e o som ficou animal !
Simplesmente demais !! Nunca pensei que o implante pudesse dar um bom ganho de audição além
207
de melhorar a discriminação da fala ! Estou com 3 programas da estratégia ACE, sendo que 1 é
específico para falar ao telefone e outros dois são para ambientes ruidosos e silenciosos. Como o
Rafael disse, o implante pode não ser a 7º maravilha do mundo, mas com certeza é um recurso
poderosíssimo que permite você fazer qualquer ajuste na qualidade do som ! Isto não se consegue
com nenhum aparelho de audição ! Recomendo aos futuros candidatos que tenham "pé no chão" pois
qualquer ganho com o implante é "lucro" ! Estou vivendo novamente e somente agora estou
realmente percebendo o que é ouvir ! Eu pensava que ouvia com o aparelho, mas nada se compara
com o implante. Para vocês terem uma idéia, eu estava no 8º andar do prédio onde trabalho e de
repente comecei a ouvir barulhos altos e estranhos. Era o barulho dos carros da Av. Paulista vindo de
longe......Com este novo mapa deu para ouvir tudo !!!!!!! Foi demais !!!!
O meu primeiro mapa não dava para ouvir todos os sons, mas agora que a velocidade de estimulação
está mais alta e a qualidade do som melhorou muito !!!!! Com o tempo e muita paciência, tudo
melhora !!!! Perseverança é a palavra chave para o sucesso do implante !!!!!!!!!
Um grande abraço a todos !
Fernando Cabral
Nucleus 24K
Samaritano - SP
Ativação: 10/07/2001
Mensagem 09
De: Leandro Salvador <leandro_salvador@...>
Data: Ter, 16 de Out de 2001 8:52 pm
Assunto: Tencologias
Olá grupo,
No site do fabricante Clarion há alguns testes comparativos entre diferentes marcas de implantes.
Tecnicamente a Clarion aparenta ser muito superior à Nucleus e Med-el, principalmente em relação à
uma nova tecnologia chamada CII Bionic Ear System - Bionic Ear Mode. Pelo que compreendi ainda
está em desenvolvimento, mas tem inúmeras vantagens sobre o implante coclear convencional, entre
elas o fato de o processador ficar externo à cóclea. Gostaria de compreender melhor como funciona a
tecnologia do implante coclear. Meu pouco conhecimento resume-se a saber que um chip é
implantado na cóclea, nele há um imã que será "conectado" com o aparelho... isso é muito superficial
e as informações técnicas mesmo ainda me soam muito abstratas.
Como o chip é energizado? Há um software nele? Qual a linguagem de programação utilizada nele?
Como poderão ser feitas atualizações futuras? O chip é como todos os chips de computador, de
silício? Há algum processador no chip? Os programas ficam no chip implantado ou no aparelho
externo? O número de programas possíveis num chip depende do quê? O que especificamente
entrará em contato com a cóclea para estimulá-la? Por que não é possível colocar no aparelho (que
amplifica os graves) a versão "externa" do implante que possa amplificar os agudos também, sem a
necessidade de cirurgia? Espero que alguém consiga responder ao menos algumas destas dúvidas
e, quem sabe, possa esclarecer as de outras pessoas também.
Abraço a todos...
Leandro Salvador
Mensagem 10
3- Ter, 30 de Out de 2001 12:34 am
Oi Marcela!!!
Nossa.. eu não sabia que vc esta desanimada... Tudo o que vc precisa é ter um pensamento positivo
como diz o Fernando... Não deixe que o mal vença, não seja pessimista... Lembre-se que todos nos
do grupo passamos por diversas dificuldades, mas nunca desistimos e nem deixamos para trás.
Fomos a luta por algo que sempre queríamos: Voltar a ouvir! E como vc pode ver, conseguimos. Isso
vai depender apenas de vc agora... vá em algum lugar onde vc possa "lavar" o espírito, peça ajuda a
Deus e tente manter a calma. Um dia nos (o grupo) tentaremos combinar um encontro para que
possamos todos conhecer melhor. Peço um pequeno favor.. Mantenha-nos informados de qualquer
noticia sua em relação a sua futura operação. Bons conselhos e opiniões virão...
abraços
Rafael Keiti Shiguematsu
Spectra 22
Bauru - SP
208
Ativaçao +-20/06/96
Mensagem 11
Ter, 16 de Out de 2001 8:52 pm
Leandro,
sempre que lemos algo a respeito do implante em algum site de algum fabricante, ele diz ser superior
aos outros. Isto é comum, ppalmente quando se batalha por uma posicao no mercado. Vamos tentar
responder às suas perguntas. Os outros darao outras contribuicoes.
Como o chip é energizado? Me contaram que a energia da bateria do processador externo vai para o
chip interno tambem pelos sinais de radio, atraves da antena. Há um software nele?
O chip interno certamente tem algo gravado, mas apenas pra decodificar as ondas de radio que
recebe de fora. Software mesmo, somente o processador externo o possui, e que pode ser
reprogramado. Qual a linguagem de programação utilizada nele?
O processador externo usa estrategias de programacao (ACE, CIS, SPEAK). Os softwares para
programa-los rodam debaixo do windows, e devem ter sido construidos com linguagens comuns, tipo
VB. Como poderão ser feitas atualizões futuras? No chip interno, só com outra cirurgia. No externo,
com troca do processador, para upgrades, e com reprogramacao, conectados a um microcomputador
comum. O chip é como todos os chips de computador, de silício? Pelo que sei, é um chip envolto
numa capsula de titanio. Só. Não conheco mais detalhes tecnicos. Há algum processador no chip?
Processador mesmo, acho que nao. Apenas um decodificador, creio eu. Ele só decodifica o sinal
recebido da antena e o emite ao eletrodo que fica dentro da coclea. Os programas ficam no chip
implantado ou no aparelho externo? Ficam no processador externo, de onde podem ser
reprogramados e recarregados, em caso de perda. O número de programas possíveis num chip
depende do quê? Acho que depende do modelo do processador. Nos atuais, sao 4 programas.
O que especificamente entrará em contato com a cóclea para estimulá-la?
Um eletrodo de platina de 2,5 cm, inserido dentro da coclea. Ele fica ligado ao chip eletronico por
meio de fios que passam por um "furo" feito no cranio. Por que não é possível colocar no aparelho
(que amplifica os graves) a versão "externa" do implante que possa amplificar os agudos também,
sem a necessidade de cirurgia? Nao sei, absolutamente. Mas certamente, como ja estudaram esta
coisa a fundo e o que têm até agora é esta "versao" do implante, a coisa funciona melhor assim, nao
acham? Bom, caro Leandro. Isto é tudo, por ora. Continue com suas pesquisas e perguntas que elas
ajudarao muita gente, com certeza. E sendo um estuadante da área, vc poderá contribuir com o
progresso desta coisa, nao é mesmo?
Abracao,
Roner Dawson
Nucleus 24
junho 1999
Mensagem 12
De: amfc@...
Data: Qua, 17 de Out de 2001 5:01 pm
Assunto: Surpresa boa!
Antônia Carvalho
Hospital das Clínicas - SP
Spectra 22
Ativação: 24/07/01
Olá, pessoal!
Que surpresa boa encontrar um grupo para trocar experiências e informações sobre Implante
Coclear! Li as dúvidas do Leandro, e nem havia pensado em algumas delas, acho que vai ser
enriquecedor. Fiquei surda do ouvido esquerdo aos 15 anos por causa de uma catapora, e
instintivamente lia lábios para ajudar a compreensão, em 97 descobrimos um neurinoma (tumor
benigno) exatamente no nervo responsável pela audição do ouvido direito, em setembro perdi
totalmente a audição.
Sou de Belo Horizonte e soube pela internet do implante de cóclea realizado no HC de SP.Comecei a
triagem em outubro e fiz a cirurgia com o Dr. Rubens Brito e Ricardo Bento em junho de 2001. A
recuperação foi muito rápida, mas a região ainda fica um pouco dolorida quando me deito sobre ela,
algúm de vcs tem isso? Quando fiz a primeira ativação consegui ouvir as vozes com clreza, mas com
um sotaque bem caipira, além de um pouco devagar e parecido com o Pato Donald.Com o tempo, e a
209
mudança nos programas estou conquistando pequenas, mas importantes coisas: falo ao telefone,
mesmo celular (tenho que aumentar o volume do aparelho); consigo usar o interfone em prédios,
mesmo com barulho nas ruas ; tenho longas conversas entendendo o que dizem (antes eu deixava
passar o que não entendia); e, principalmente, ouço o meu filho, que começou a falar quase na
mesma época do implante. Muito legal, não? Não sei sobre outros aparelhos, mas estou muito
satisfeita com o meu. Recomendo o implante no HC de São Paulo, eles têm uma equipe de médicos
muito competente, e de fonoaudiólogos excepcional.
Comentários neste tópico: 0
Mensagem 13
De: "Rafael" <faeca@...>
Data: Qua, 17 de Out de 2001 9:01 pm
Assunto: Para Leandro e/ou futuros implantados
Oi Leandro
Olha, esse aparelho é organizado em dois itens. Um externo e um interno. O externo é separado eh
tres itens: antena, microfone e o processador. O processador é uma caixinha que ficara em sua
cintura, ou em caso de uma criancinha ficara nas costas. Esse processador é movel, vc pode apoia-lo
numa mesa, cadeira; mas o "habitat" padrao é na cintura preso ou guardado numa bolsa. Nele vc
encontrara a bateria, onde sera a energia de todo o aparelho, e tambem é onde esta organizada todo
seu mapeamento. Ou seja, todas suas informaçoes estao armazenadas nele. O microfone é posto
atras da orelha, muito parecido com o aparelho da siemes, a diferença é a saida de dois fios e a
ausença do tubo que transporta o som para o ouvido externo. A antena é uma especie de um ima que
sera posta na cabeça. Ele ira se conectar junto com um outro interno. Esse ima interno tem um
pequeno fio que se conecta na coclea, onde sera conectado em todos seus canais possiveis da
audiçao. O som ira passar pelo microfone, descer ate o processador, onde ira ser regularizado, e
depois voltar pro microfone e passar pra antena que ira transportar pro ima interno e enviara paras a
coclea. dai em diante sera o natural cumpre seu papel.
Esse chip nao é visivel, e nem faço ideia como eh. Acredito que ele esteja junto com o ima interno,
nao tenho certeza. Se estou certo, tenho a certeza deu que vc nao precisara se preocupar.
As futuras programacoes, serao feitas no proprio centro de atendimento. Eles irao mexer no mapa de
seu processador, onde irao ampliar e com certeza melhorar o som de sua audiçao. -Como eles vao
fazer isso? Eles vao pegar seu processador e conecta-lo num computador. Vc ira aprovar certos
exames ate no fim vc aprova o novo som. Detalhe: vc nunca pode começar com alto nivel. Pois isso
pode danificar sua audicao, creio eu. Nao é possivel vc colocar um novo aparelho lancado apos sua
operaçao pq o ima interno conectado na coclea, nao esta atualzado. Ou seja, na minha epoca soh
existia no Brasil 22 canais. No caso do Fernando ja passou a existir 24. Se eu usar o aparelho dele
nao me fara diferença, pois o que depende é a parte interna e nao externa. É altamente ariucado
testar isso. Pois creio que a parte interna pode ser danificada caso eu tente usar um aparelho
superior ao meu.Bom, acho que isso é tudo o que eu sei sobre o implante. Acredito que o Fernando
tenha mais informaçoes sobre esse assunto. De qualquer jeito foi um prazer ajuda-lo!!!
Abraços
Rafael Keiti Shiguematsu
Spectra 22
Bauru - SP
Ativaçao +- 20/06/1996
Mensagem 14
De: Fernando Cabral <safer@...>
Data: Qui, 18 de Out de 2001 1:44 am
Assunto: Para Antonia Carvalho
Olá Antonia,
Seja bem vinda ao nosso grupo de Implante Coclear!!! Aqui você poderá conversar com vários
implantados e ficar por dentro das útlimas novidades com relação ao implante coclear! Fiquei muito
contente em saber que você está muito bem e se adaptando rapidamente ao implante. Realmente é
gratificante termos a oportunidade de estarmos vivos nesta época, pois estamos nos beneficiando
desta incrível tecnologia que é o implante! Parabéns e vida nova!
Rafael, gostei da sua explicação e darei mais detalhes para o Leandro amanhã.
Um grande abraço a todos,
210
Fernando Cabral
Nucleus 24
Samaritano - SP
Ativação: 10/07/2001
Mensagem 15
De: "Rafael" <faeca@...>
Data: Qui, 18 de Out de 2001 7:49 pm
Assunto: Boas vindas!!
Fernando e Rafael,
Obrigada pelas boas vindas e pela resposta sobre o incômodo na área da cirurgia; ficava imaginando
se era normal, mas agora estou tranqüila à respeito. Valeu!
Para ser muito sincera com vcs, eu esperava todo tipo de resultados da cirurgia, imaginava que podia
ouvir muita coisa, como também continuar nesse mundinho meio separado que é não escutar; acho
importante que as pessoas que vão se submeter ao implante estejam preparadas para tudo, para que
não haja decepção. Existem vários níveis de resultado, estou certa?
Queria que vcs me ajudassem em uma coisa: gostaria que o maior número de deficientes auditivos
soubesse que pode fazer o implante gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, no HC de São
Paulo; sem "ajudinhas excusas", sem enrolação, qualquer pessoa que realmente se encaixe no perfil
p/ um Implante de Cóclea pode fazê-lo lá. Evidente que de vez em quando o governo corta verbas,
existem alguns atrasos e coisa e tal, mas o trabalho é muito sério e merece divulgação. Tem que ter
em vista que vc será um paciente do SUS, sem regalias de quarto particular, acompanhante, etc, mas
que terá uma excelente estrutura te amparando. Quem sabe, com o aumento da procura do serviço o
benefício se estende para outros estados, e mais verbas podem ser liberadas? Quantas pessoas,
como nós, poderão voltar a ouvir? "Vamos arregaçar nossas mangas"?
Que tal marcar um horário para conversarmos, pessoal? Uma daquelas horas que a gente fica em
casa à toa? Domingo à tarde parece convidativo...
Um abraço a todos!
Antônia Carvalho
Hospital das Clínicas - SP
Spectra 22
Ativação: 24/07/01
Mensagem 16
19 de Out de 2001 7:48 pm
Olá Antonia !
Tudo bem com você ? Fico feliz em saber que você está gostando de participar do grupo e trocando
experiências com outros implantados. Com relação a dor que você está sentindo na região operada,
eu também sinto que a orelha ainda está um pouco adormecida, mas com o tempo isto vai passando.
Até quando eu vou dormir e encosto o travesseiro no ouvido sinto um pouco de dor. Então não se
preocupe com isto porque o nervo facial vai se regenerando com o tempo e a dor vai
passando........Acho que a maioria dos deficientes auditivos não têm acesso à informação e poucas
pessoas sabem que o implante pode ser feito gratuitamente no HC de São Paulo. O grande problema
do setor público são os recursos disponíveis para cobrir os gastos de uma cirurgia de implante
coclear que são altíssimos. Acredito que a partir de agora haverá uma migração para o setor privado
pois os hospitais públicos sofrem demais com as políticas do governo (liberação de verba, entre
outras...). O centrinho da USP de Bauru também realiza a cirurgia de implante coclear gratuitamente,
mas a fila é enorme...........e eles estão atendendo somente crianças.
Gostei da sua idéia de marcar um encontro para reunir toda a turma e pretendo organizar um evento
para o próximo ano num final de semana. Pretendo reunir mais de 100 implantados de todo o Brasil.
Estarei planejando os detalhes e manterei todos informados a respeito da grande festa !!
Um grande abraço,
Fernando Cabral
Nucleus 24K – Sprint
Samaritano – SP
Ativação: 10/07/2001
Mensagem 17
211
De: "Rogerio (Poeira)" <poeira@...>
Data: Sex, 19 de Out de 2001 2:25 am
Assunto: Re: Implante Coclear Resumo 7
Olá pessoal, eu como pai de uma filha que recebeu o implante recentemente fico muito feliz com as
expêriencias que estão sendo trocadas nesse grupo, a Isabella fez a segunda ativação do implante
no dia 16/10/2001, e agora também parece que as respostas auditivas começam a ser mais objetivas,
eu e minha esposa Marilda estamos muito feliza e com os resultados que estão começando a
aparecer, como disse o médico no dia da cirurgia no hospital, "Este é apenas o primeiro passo de
uma longa caminhada", e somente esta troca intensa de informações é o que nos faz cada vez nos
tornarmos mais ativos nessa caminhada, parabéns a todos, e um abraço.
Rogerio, Marilda e Isabella.
Mensagem 18
De: "helenajah"<helenajah@...>
Data: Sex, 19 de Out de 2001 2:42 pm
Assunto: (Sem assunto
Oi gente,
Estou gostando muito do grupo e do papo q rola...Fernando, ótima sua idéia de criar um grupo onde
todos q têm interesse em implante coclear possam se comunicar!
Meu nome é Marcela, tenho 20 anos e sou pré-candidata ao implante.
Tive meningite bacteriana com dois anos e perdi toda audição do ouvido esquerdo e parte da do
direito.Uso aparelho retroauricular no ouvido direito, mas isso não é suficiente pra eu falar no
telefone,ouvir música ou mesmo conversar com muita gente ao mesmo tempo.Caso eu fizesse o
implante, seria feito no ouvido esquerdo, pois é meu pior ouvido. Acontece q a cóclea do meu ouvido
esquerdo está parcialmente ossificada, além do meu ouvido esquerdo não ter sido estimulado desde
q eu perdi a audição, e isso já faz quase 19 anos. Como vcs devem saber, esses são os dois
aspectos mais relevantes para o sucesso do implante. Então, a opção seria fazer o implante no
ouvido direito, q não apresenta ossificação da cóclea, mas isso implicaria um grande risco, pois se
não desse certo, eu perderia toda audição q eu tenho nesse ouvido, e ficaria sem nada,já q no
esquerdo nem com aparelho eu ouço. Alguém por aqui teve um caso parecido com o meu? Se
alguém pudesse relatar uma experiência parecida, ajudaria muito na minha decisão de fazer ou não o
implante. E vc,Fernando,o q vc acha do meu caso?O Dr.Orozimbo irá fazer um teste com uma agulha
q envia estímulos elétricos à cóclea,a fim de verificar se minha rede neural ainda envia esses dados
p/ o cérebro.E vou fazer um teste de discriminação de palavras semana q vem,a Dra.Maria Cecília
acha q discrimino por volta de 50% no ouvido direito,pelo teste improvisado q ela me aplicou.Pelo q
ela me falou eles estão fazendo implante em quem tem até 60% de discriminação das palavras...
É isso, quem puder ajudar, eu agradeço!
Abraço a todos,
Marcela.
Mensagem 19
De: Fernando Cabral <saferbr@...>
Data: Sex, 19 de Out de 2001 7:34 pm
Assunto: Para Carla Rosa
Olá Pessoal !
Queria dar boas vindas a Carla Rosa que se juntou ao nosso grupo de Implante Coclear ! Ela fez
implante em Bauru com o Dr. Orozimbo e atualmente é vice-presidente da ADAP-Bauru. Ela foi
implantada com o Nucleus 24 e usa o processador SPrint (Body Worn Processor). A Carla é uma
pessoa de sucesso e está muito contente com o resultado do implante.
Carla, seja bem vinda ao nosso grupo ! Você poderia nos contar um pouco sobre a sua experiência ?
Um grande abraço a todos !
Fernando Cabral
Nucleus 24K - SPrint
Samaritano - SP
Ativação: 10/07/2001
212
Mensagem 20
De: Fernando Cabral <saferbr@...>
Data: Sex, 19 de Out de 2001 8:04 pm
Assunto: Para Leandro
Leandro,
Li as suas dúvidas com relação ao funcionamento do aparelho e irei tentar te explicar de uma maneira
mais didática. O implante coclear consiste basicamente de dois componentes:
1) Interno: receptor/estimulador
2) Externo: processador de fala
O receptor interno é um pequeno chip de titânio que é colocado entre o osso mastóide e a pele atrás
da orelha. Este mesmo receptor tem um fio comprido que se chama estimulador. Este estimulador é
composto por eletrodos. O meu implante que é o Nucleus 24 tem 24 eletrodos que são estimulados
através de corrente elérica. Esta parte é que é inserida e implantada dentro da cóclea e irá estimular
as fibras nervosas remanescentes, ou seja, o nervo auditivo.
A parte externa é formada pelo processador de fala que transforma a energia mecânica do som em
impulsos elétricos. Suponha que o estimulador seja um piano. Cada tecla do piano é um tipo de som,
ou uma frequência. Então você poderá estimular os 24 eletrodos (24 teclas do piano) desde 100
Hertz (frequência grave) até 8.000 Hertz (frequência aguda), sendo que cada eletrodo irá estimular a
cóclea numa dada frequência. E assim a pessoa recebe o estímulo elétrico em diversas frequências
formando assim o som ! O som é enviado do processador de fala ao imã externo através de um fio
que tem isolamento elétrico. Este imã externo manda os impulsos elétricos para o imã interno via
indução magnética através da pele. Estes sinais são enviados ao receptor interno e estimulados
pelos eletrodos que estão dentro da cóclea. Basicamente é assim que funciona o implante. Depois
escrevei mais sobre os "programas" que são utilizados para decodificar os impulsos elétricos. Tenha
um bom fim de semana ! Um grande abraço,
Fernando Cabral
Nucleus 24K - SPrint
Samaritano - SP
Ativação: 10/07/2001
Segundo Período: Abril e maio de 2005
Mensagem 21
Alegria com o I.C.
Sexta, mar 4, 2007, 10:39 AM+ Implante Coclear
Bom dia, pessoal!
Estou muito feliz com o IC, de verdade! O melhor é que não sinto NENHUM desconforto. Assim, digo
“PAZ & AMOR". Estou usando o ASSI (aparelho auditivo). Infelizmente, meu molde ainda me trás
desconforto. No domingo passado mudei para o "Programa 3" que é uma parte do 2º mapeamento.
Atualmente, consigo entender fácil e reconhecer o ambiente sonoro. Sons diferentes! Consegui ouvir
as buzinas na rua. Um novo som: Liguei a fogão, aí que susto! Perguntei para minha mãe: "Dá para
ouvir assim?" Ela falou: "Dá para ouvir o som do botão." É inacreditável. Ouço quando passo o dedo
no cabelo. Uau!!! Perguntei ao Di: "Ouve assim?" Ele respondeu "sim". Com o ASSI não ouço nada
disso. Utilizo o MP4 para treinar ouvir diversos sons. Em geral, são sons de ambientes, animais,
instrumentos e tempos sonoros. Vale a pena! Acho que eu não combino o ASSI com o IC, pois
atrapalha o som do IC, e é difícil identificar a direção de onde vem o som. Com o ASSI não ouço
aqueles sons muito agudos. Mas o uso do ASSI deve ser estimulado para crianças. Se não quiser
fazer o IC, continua com o ASSI. Isto não tem problema.
Ainda uso o ASSI, pois espero terminar todo o mapeamento. Analiso a comparação dos sons. Por
exemplo, se ouvir o telefone, desligo o ASSI rápido e posso identificar como é o som. Se eu me
acostumasse com o IC, tiraria o ASSI. Ainda não sei. Risos
Espero uma nova informação sobre células-tronco (http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lul ... ula-
tronco). É para eu voltar a ouvir de esquerdo como o uso do ASSI. Será que eu roubaria o cordão
213
umbilical do meu futuro filho? Risos
Abraços sonoros e bom final de semana!
Kel
Mensagem 22
Ter, 29 de Mar de 2005 6:33 pm
Oi, tudo bem?
Eu sou o Marcio, que esteve ai no inicio do mês, por indicação da Ana Pacheco.
Sou candidato ao IC, levei meus exames, e fiz outros complementares aí, agora estou aguardando
agendamento. O pessoal do HC falou muito bem de vc, mas só agora tive a oportunidade de entrar
em contato, pois estava esperando uma definição que estava marcada prá hoje com a Benedita.
Liguei e falei com a Ana que está chegando de férias, mas acho que terei que esperar até sexta
dia 01. Moro em Volta Redonda, a 50km de Conservatória, um lugarejo muito simpático, conhecida
pelas serestas e o carinho que seu povo trata os vizitantes
Espero conhecê-la em breve
Abraço Márcio Pereira
Marcio Pereira <marciocamper@...>
Mensagem 23
Qua, 2 de Mar de 2005 8:39 pm
Olá Marcello !!! Muito prazer e seja bem vindo ao fórum.
Não se acanhe em fazer perguntas, o FIC foi feito p tirar dúvidas aos candidatos a implantes e
implantados e a todos os interessados. Antes de responder suas dúvidas, todos nós os seres
humanos somos diferentes, temos pensamentos diferentes, isso é válido reabilitação ao implante,
certo ? Uns podem evoluir mais que o outro, etc... dependendo tb da força de vontade A primeira
coisa que devemos ter em mente, o implante em si, não traz a audição ao normal ou seja uma
perfeição igual aos ouvintes. Antes de implantar, fui preparado psicologicamente, se informando da
limitação do beneficio do IC. Como fiquei muitos anos sem ouvir, (35 anos), por isso a minha
reabilitação é demorada, Não planejei ou prometi nada p mim. O que vier é lucro. O ganho e
qualidade está sendo enorme. Devemos se beneficiar da tecnologia da medicina, não acha?
Vou responder sua pergunta de cada vez, ok? 1) * valeu a pena colocar o implante?? R: Vou deixar
essa p vc mesmo responder no final, ok? 2)* Vc gostou o IC mesmo? R: Vc nem imagina como
gostei, amigo... ouço coisa que nem imaginava ouvir um dia... o carteiro tocando a campainha, o
telefone tocando, o cri-cri dos grilos ao entardecer... o chuvisco da chuva ...as meninas me
chamando.... e vai por ai... não caberia relatar as emoções dos primeiros sons.
3)* Vc usava o aparelho AASI? Antes vc colocar o IC? o Aparelho AASI que vc usava, vc ouvia sons ,
palavras? ou so escutava o barulho? R: usei o aparelho em poucos anos (3 anos) , pelo mesmo
motivo que vc deixou de usar, barulhos irritantes , só ouvia gritaria , etc...
4) Depois vc colocar o IC vc consiguiu ouvir alguma coisa ou demorou pra entender as palavras? qto
tempo pra consiguir ouvir sons?R: Essa eu gostaria de rir um tanto.. amigo, e logo ao ativado, não
ouço alguma coisa, não... ouço um tanto de sons, chequei a ficar em extanse de tanto desejo de ouvir
tudo logo... mas , graças ao acompanhamento psicologico, fui controlando minha ansiedade e a
evolução vem aos poucos. Hoje, faço musicoterapia p reabilitação auditiva, estou adorando essa
novidade. Faço fono 2x por semana. A ansiedade não combina com a reabilitação, ok? Esse é um
dos meus conselho que faço aos futuros implantados.
5) Vc consegue falar no telefone?? R: Depende como vc pergunta, eu falo no telefone sim, porém,
a discriminação da fala ainda está difícil, consigo falar com minhas filhas, falando em forma silábicas,
tipo assim: `sim" ok, não... tudo bem" . Com as pessoas desconhecidas é mais difícil. Cara, eu nem
imaginava um dia poder falar no telefone, hoje, falo com minha mãe, pelo menos, a gente sente a
pessoa ao lado, né? Quando surdo sem IC, no telefonema era igual falar com fantasma, né? Isso eu
chamo qualidade de vida. Imagine vc ligando p sua esposa e dizendo: -Alô , to indo p casa, tem rango
pronto ai? Sim – chego em 1h, ok? OK! ,,,,etc " hehehe
6) Depois vc colocar o IC , vc esta falando bem melhor do que antes?
R: Esse é um dos melhores benefícios imediato pós implante, assim que ativado, logo no primeiro dia
já percebi a melhora da voz e as pessoas próximas dizem que parei de falar gritando...rs Sem dúvida
que melhora muitissimo.. ahhh, sua esposa vai agradecer a Deus se vc parar de falar alto na
discussão de casal.... rs...Mas, é verdade, amigo, isso é tb qualidade de vida , né?
7) Vc ainda faz fono? Faço sim, é importantissimo, a musicoterapia é uma das alternativa, pois,
214
quando surdo, sempre ia à danceteria por causa do ambiente fechado p ouvir o som
grave(vibração),hoje basta um minimo de volume já ouço piano, violino,,,,uma enorme satisfação, não
tem preço. Domingo sempre q posso vou ao parque municipal somente p ouvir a orquestra.
8)Tem muita diferença entre o AASI e IC??
R: E como tem diferença amigo enooooorme !! O AASI na verdade é um amplificador de som. Ou
seja vc só ouve o som grave(vibração) pois, as celulas ciliares de sua coclear estão ressecada e não
captam a vibração aguda, por isso o IC é um estimulador eletrico ,substitui as celulas ciliares,
injetando corrente eletrica nas celulas remanescentes dentro da coclea. Por isso , quando usavamos
o AASI, só ouviamos barulhos(som grave) que incomodavam, hoje, amigo, com o IC, até o barulho é
razoavelmente suportado, ( qual ser humano ouvinte normal suporta tanto barulho?).
Outra coisa interessante: Antes do implante minha audiometria era 90dc/ 800Mhz ( surdez profunda),
apos implantado estou no patamar aprox 25 a 30 dc ( surdez leve) !!!! Um ganho sem dúvida , né?
Um detalhe: o som perfeito é aquele que tem sua frequencia em forma harmonica (grave+agudo),
entendeu, amigo?Portanto, caro Marcelo, vou deixar p vc mesmo responder a 1ª pergunta, mas,
antes de tudo, procure ficar sem nenhuma dúvida ou com pulga na orelha candidata ao IC (sem
trocadilho...rs) .
Estaremos sempre ao seu dispor a ajudá-lo. De onde vc é? Que faz? Relate no nosso FIC.
Abraço
Mauricio Sá
3G – Contour
BH
Mensagem 24
Ola Mauricio, Tudo bem?
Vc nao me conhece, e tb nao te conheço, Meu nome é Marcello, tenho 33 anos, sou Deficiente
Auditivo (nasci surdo), mas eu falo normal, não faço mão sinal pq não gosto e tb não sei fazer sinal !
rs...Qdo converso as pessoas que não me conhece e eles acham que eu sou estrangeiro ehehehe ai
eles começam falar em ingles comigo hahahaha ... Tenho muita vontade de colocar o IC, mas tenho
medo de nao dar certo de escutar os sons, palavras e etc... pois usei o aparelho AASI ate 12 anos
depois nunca mais usei pq não conseguia ouvir o sons, so aquele barulho ruído horrível ne, vc sabe
disso! Então eu estava navegando internet e vi site www.guicos.cjb.net ai vi nome seu e peguei o seu
telefone e pedi pra minha esposa ligar pra vc pra saber informaçao sobre seu IC, Hj minha esposa
ligou umas 14:30 pra uma moça que atendeu, eu acho sua esposa
ou sua mãe não sei quem é ai ela pediu pra eu mandar um e-mail pra vc... então queria saber se :
* valeu a pena colocar o implante?? * Vc gostou o IC mesmo?
* Vc usava o aparelho AASI ?antes vc colocar o IC? o Aparelho AASI que vc usava, vc ouvia sons ,
palavras? ou so escutava barulho? * Depois vc colocar o IC vc consigiu ouvir alguma coisa ou
demorou pra entender as palavras? qto tempo pra consiguir ouvir sons?
* Vc consegue falar no telefone?? * Depois vc colocar o IC , vc esta falando bem melhor do que
antes? * Vc ainda faz fono? * Tem muita diferença entre o AASI e IC??
Desculpe fiz muitas perguntas eehhehe! Aguardo sua respostas, Obrigado
Marcello
Mensagem 25
Qui, 3 de Mar de 2005 6:40 pm
Ola, eu de novo!! rs..
Como vc falou q vc era surdo mas escutava muito pouco pouco ne? entao o meu caso é diferente pq
eu nasci profundo bilateral (acho q assim se escreve)... Queria saber se vc sabe alguem q colocou
implante que nasceu PROFUNDO BILATERAL ???obrigado
Marcello
Mensagem 26
Re: Para Marcello Gucci Qui, 3 de Mar de 2005 6:43 pm
Marcello,
O IC é altamente recomendado a surdos profundos bilaterais, pois estes não têm ganho com o
AASI. Um dos requisitos para o IC é ser surdo profundo bilateral e oralizado.Um abraço,
Raul
215
Mensagem 27
Re: Para Marcello Gucci Qua, 2 de Mar de 2005 7:24 pm
Marcello,
Mais uma vez repito: O IC é recomendado para aqueles que não têm ganho com o AASI. Se você
nunca usou, portanto, nos testes que fizer, nao terá ganho algum. Aliás, nem é preciso fazer testes, já
pelo grau da sua surdez já diz que você não teve e nunca terá algum ganho com aparelho auditivo.
Mas por obrigação para justificar o implante em você, eles irão fazer testes de audição com você, faz
parte dos exames pré-IC. E outra coisa, é preciso ser bem claro que há uma diferença entre escutar e
discriminar sons. Imagino que no seu caso, pelo grau da deficiência, você escutava sim com o
aparelho, porém não conseguia discriminar os sons. Caso você não escutasse nada com o aparelho,
você seria surdo anacúsico e não profundo bilateral ;) Sim, há muita gente com mesmo grau de
surdez que você, acima de 18 anos, sendo implantadas. Eu sou surdo profundo bilateral, quer dizer,
era pois fui implantado faz 6 meses e tenho 27 anos. Agora resta uma pergunta interessante: por que
nunca usou aparelho ? Eles irão te perguntar isso. Pois é necessário você ter consciência que sendo
implantado, você não irá reconhecer os sons logo de primeira. É questão de tempo e paciência. Será
necessário voltar às sessões de terapia de fala para fazer os treinamentos auditivos. Eu estou
ouvindo sons faz 5 meses, e nem os reconheço, quer dizer, se alguém ficar conversando atrás de
mim, eu não entenderei nadica. Só reconheço sons óbvios e fáceis de identificar. Mas houve uma
melhora muito significativa, pois assim que ouço os sons, meu cérebro já identifica na hora, em vez
de eu ficar procurando "entender" que som é aquele. Quando eu usava o AASI, quando me
chamavam, eu nem olhava. Tinham que gritar umas 4 vezes, já com o IC, basta dizer "Raul" que eu
olho. Quando o telefone tocava, eu só percebia que era o telefone apos 4 ou 5 toques, agora é
somente um toque que já percebo. Enfim, tem vários exemplos que para mim valeu muito a pena de
ter feito o Implante Coclear. E para identificar a fala vai levar muito tempo, mas estou sendo paciente
e esperando este dia chegar. Estou na fase de apenas receber os sons, curtir eles, procurar
identificá-los, sem neurose. Sei que vai ter uma hora que meu cérebro do nada passará a identificar
todos sons. É algo automático. É mesma coisa com leitura...você vai aprendendo a ler, demora pra
ler, vai lendo por silabas, muitas vezes erra, treina, treina e de repente você já nota que está lendo,
sem saber. E com o tempo, você já nota que lê muito rápido, não é mesmo ? E hoje, é só a gente
"ver" a palavra que o cérebro já identifica que palavra é aquela. Nem precisamos "ler". É a mesma
coisa com a audição. Recentemente, minha fonoudióloga esteve nos USA, colhendo depoimentos de
surdos adultos sendo implantados, e um deles dizia que nem sabe o dia exato que começou a
entender a voz humana, apenas disse que acordou e de repente notou que entendia as pessoas
falando. É claro que nao foi de uma hora para outra, mas o cérebro dele apenas havia ultrapassado a
fase de apenas "receber sons", passando para a fase de receber sons e identificá-los com rapidez.
Espero tê-lo ajudado.
Um abraço,
Raul
Mensagem 28
Re: Para Marcello Gucci e a amiga fono. Ter, 5 de Jul de 2005 6:32 pm
Ola, Roner tudo bem com vc? espero que sim!!
To mandando mensagem pra avisar que eu fiz cirurgia no dia 17/06 , a cirurgia correu bem graça
adeus mas depoois 8 dias fiquei paralisia facial, mas ja to tomando remedio CALCORT, agora esta
voltando normal UFA!!
Minha ativaçao vai ser no dia 14/07, nao vejo a hora de ativar ehehee
Roner, muito obrigado por tudo que vc me indicou...........
Abraço
Marcello
Mensagem 29
Re: Para Marcello Gucci Ter, 5 de Jul de 2005 11:11 pm
Poxa, Marcello, vc tambem??? Paralisia tardia?
Agora parece ser moda ter paralisia tardia com os implantados do HC de Sao Paulo. Caramba!!! Que
sera' que vcs comem por la' pra ficar assim? Primeiro a Leila, agora vc. Bom, entao pela experiencia,
ja vimos que a coisa pode voltar ao normal, como o belo rostinho da Leila voltou, com sorriso certinho
216
e tudo, ne' Leila? Apenas o tal do remedio e' que parece fazer um mal danado no estomago. Isto
segundo a Leila. Esperamos que seu rosto volte ao normal o mais breve possivel, e este incidente vai
fazer com que vc valorize ainda mais a sua decisao de fazer o IC. Continue aqui com a gente, nos
relatando suas experiencias. Continuaremos a fazer o possivel por vc, amigao.
Abracos e sucessos!!!
Roner
Mensagem 30
Re: Para Marcello Gucci -->> RONER e MARCELLO Ter, 5 de Jul de 2005 11:34 pm
Roner,
O Marcello Gucci foi Implantado em Campinas com o Dr. Paulo Porto.
Parece que a moda de Paralisia tardia é moda em todos os Centros de IC.....
Marcello, seja bem vindo ao mundo dos antenados!!!!
Sucessos em sua reabilitação!!!! Logo, logo estarás com o rosto ao normal. É 100% reversível!
Abraços,
Luiz Filipe
Mensagem 31
Re: Para Mauricio e Roner Sex, 22 de Jul de 2005 1:32 am
Ola tudo bem com vcs? espero que sim!!
Hj fui pra Campinas pra ativar, Meuuuu, a hora ativou dei um pulo e a fono levou susto ehehehe...
Qdo ativou escutei parece deu um choque (ruido) horrível....as pessoas falam comigo e eu não
consigo escutar e nem barulho...só barulho choque estranho ne? com vcs aconteceu isto? no primeiro
dia vc ouvia ruido tipo choque? Demora pra ouvir legal tipo latido (cao), carro na rua, campanhia?
Um abraço pra vcs
Marcello Gucci
Mensagem 32
Re: Para Marcello Gucci Sex, 22 de Jul de 2005 4:38 pm
hahaha... Marcello, é isto mesmo.
Esta reacao sua foi normal... melhor que vc tenha assustado,isto quer dizer que vc ja captou, e muito
bem, os RUIDOS iniciais.
Quanto ao tempo pra discernir os sons, varia de pessoa pra pessoa... muito treinamento, ajuda da
fono e muito empenho seu irão te fazer falar o mais breve possível.
Sucessos!!!
Roner
Mensagem 33
Sáb, 2 de Abr de 2005 2:01 pm
Regulamentação da Lei de LIBRAS - Chance de Debater o IC no Plenário
Pessoas,
Entrei no site do MEC e copiei o texto integral. Nele há o endereço de e-mail para que possamos
mandar nossas sugestões para o projeto de lei. Esse é o link do SEESP
http://portal.mec.gov.br/seesp/index.php?option=content&task=view&id=104&Itemid=255) , onde há o
texto escrito e também sinalizado. Basta clicar nos links para ver o texto em LIBRAS.
Entrem e sugiram que haja suporte na área de saúde para os surdos que fizerem e/ou queiram fazer
implante coclear. Mesmo que isso não tenha nada a ver com a Lei de Libras ou com saúde,
certamente será lido e discutido por alguém. É chance de levarmos essa discussão para o Plenário.
Bjs a todos.
Babi
Bárbara Angélica - Babi
Intérprete LIBRAS Programa Java Social - JavaS
Brasilia Java Users Group – DFJUG
Mensagem 34
217
Re: Sou nova no grupo--> Marisa. Seg, 4 de Abr de 2005 8:15 pm
Prazer Luiz Felipe,
Eu já li os seus relatos no site que vc citou, muito bom.
Enfim chegou a vez do Fábio, nós tentamos a muito tempo, mas os médicos não queriam arriscar em
fazer o ic , pois ele tinha um excelente aproveitamento com o ap convencional. Eles chegavam a
duvidar dos exames dele que os resultados são péssimos. Só que a surdez de meningite é
progressiva e agora ele esta pior ainda, e como não tem retorno do que fala, ele esta com a
qualidade de fala muito ruim tbem. Ele faz LOF muito bem, e consegue até falar p/ fone, conversas
curtas é lógico, mas a Valéria Goffi fica de boca aberta em ver como de uma sílaba ele consegue
deduzir uma conversa, ela diz para ele que ele é quase mágico. Agora que surgiu esse novo
aparelho o Dr. Rubens Brito acha legal tentar, pois esse, segundo ele é bem melhor. Surdez de
meningite eles acham que os resultados não são tão bons, mas em contra partida, a cóclea esta
perfeita, isso ajuda muito. Aos poucos eu irei contando a nossa história que foi bastante díficil, meu
marido faleceu qdo ele tinha só 4 anos, aí houve uma grande regressão. Mas hoje ele esta bem, e
tenho certeza que ficará melhor. Ele irá conversar sim com vcs,é pq ainda não deu tempo dele ver
tudo comigo. Mas ele tem boas experiências para passar e adora fazer amigos....(ele irá fazer a
cirurgia pelo seguro saúde Sul América, legal né ???)
Obrigada pela atenção
Marisa
Mensagem 35
4 de Abr de 2005 msg 16602
Um caso difícil de surdez
Olá galera, eu vou contar para vocês um caso de surdez especial de uma menina, a história é muito
triste e eu estou tentando ajudar ela. a menina chama sara ela é muito linda, eu acho que ela tem uns
doze anos ou por aí, a mãe dela passou rubéola na gravidez, que foi muito forte e prejudicou
seriamente a sara, a menina, faz muito tempo que não a vejo, mas minha mãe é amiga da mãe dela...
um certo dia minha mãe encontrou elaine(mãe da sara) e foi feliz dizer para a elaine que eu e a filha
dela finalmente ficaríamos curadas, a elaine começou a chorar desesperadamente e abraçou minha
mãe dizendo que a filha dela não podia fazer o implante pq a rubéola destruiu o ouvido interno de
Sara, a elaine foi embora chorando e depois disso nós ficamos sabendo que elaine está doente e
com depressão pq a filha não vai poder ouvir nunca. quando eu entrei para o fic, andei lendo umas
mensagens sobre implante para pessoas que apresentam problemas com nervo auditivo e lembrei da
sara!! eu gostaria de poder saber mais sobre isso e gostaria que a galera do fic, quem souber sobre o
assunto me ajudem,por favor, eu quero poder ligar ou conversar com a mãe da sara para ajudar e
queria muito poder ajudar a sara, a menina usa Libras e não fala quase nada e eu queria ajudar,
gostaria de saber se há médicos que podem ajudar no caso da sara, quem são os médicos para eu
poder passar para elaine. quem puder ajudar eu agradeço, mas vamos ajudar a sara!!! bom eu vou
terminar por aqui, mandem mensagens e um abraço para a galera!!
tenham uma boa semana!!
ALINE
Mensagem 36
Re: Um caso especial de Surdez!!>>>QUEM PODE ME AJUDAR???
Olá, Aline.
Tenha em mente uma coisa: o IC NÃO cura a surdez. A pessoa submetida ao IC não estará "curada"
da surdez. Voltará a ouvir sons, mas nem sempre ouvirá como ouvia antes. No caso daqueles que
nasceram surdos, terão uma audição artificial, nem sempre igual ao que uma pessoa ouvinte ouve.
Em ambos os casos, o surdo ouvirá de uma forma diferente que uma pessoa ouvinte ouve. Cria
uma forma de ouvir e interpretar os sons. Muitos descrevem o som do IC como metálico ou
robotizado. Mas em todos os casos, haverá sempre limitações, e nem sempre os benefícios serão
iguais para todos. Quanto a sua amiga Sara, acho estranho... Até onde eu saiba, a rubéola pode
destruir as células ciliadas existentes dentro da cóclea, mas nunca vi casos que a rubéola destruísse
todo o ouvido interno. Na pior causa de surdez – a meningite - a cóclea pode se ossificar. Mas outras
doenças também podem causar ossificação na cóclea. A Sara já passou por uma avaliação em algum
Centro de Implante, com especialistas em IC? Ou o diagnóstico que vc falou sobre a destruição do
ouvido interno partiu de algum otorrino qualquer? Pergunto isso, porque, acredite, ainda há muitos
218
otorrinos que desconhecem o Implante coclear, portanto, somente médicos especialistas em IC
poderão afirmar com segurança se a Sara está apta ou não ao Implante Coclear.
Aqui no FIC, somos na totalidade, leigos, portanto, não podemos ficar especulando sobre assuntos
médicos. Sugiro, caso a Sara ainda não tenha passado por alguma avaliação com especialistas, que
procure um, nos Centros de Implante existentes. Somente assim, vocês terão diagnóstico seguro.
Duas coisas me chamam a atenção no que vc escreveu: a idade da Sara e que ela não fala quase
nada. A idade da Sara dificulta a realização do IC, pois cada Centro tem critérios próprios, bem como
os critérios do SUS. Na idade dela atual, o ideal seria 17 anos para cima. O fato da Sara também não
falar quase nada, também é um ponto negativo. Um dos requisitos básicos para poder realizar o IC, é
que o candidato tenha boa leitura labial, e que seja oralizado. Mas nada impede que a Sara passe por
uma consulta particular ou por convenio em alguns dos Centros de Implante existente. Com exames
como o TC, RNM, e outros, os médicos poderão afirmar se a Sara será ou não uma futura candidata
ao IC. Quanto aos implantes para quando o nervo auditivo é destruído, existe o Implante ABI, também
conhecido como Implante Tronco-Cerebral. É implantado diretamente no cérebro, na parte
responsável pela audição. Mas infelizmente, esse implante ainda não é realizado no Brasil, e há
pouquíssimos casos no mundo. Aqui no Brasil, até onde eu saiba, não existe nenhum implantado
com o implante ABI. Mas parece que teremos, talvez neste ano, uma cirurgia de ABI aqui no Brasil,
no HCSP. Outro implante especifico, é o Double Array, especifico para cócleas ossificadas. Nossa
colega Leila é uma das implantadas com o Doublé Array. Em ambos os casos (implante ABI ou
Double Array), são implantes caríssimos, que exigem técnicas especiais para implantá-los, e os
resultados são imprevisíveis. Por isso, dificilmente o SUS cobre ou cobriria esses tipos de implante.
No Hospital das Clinicas de São Paulo, foram implantados até agora, 8 implantes Double Array.
Sugiro que vc converse com a mãe da Sara, para que agende uma consulta em algum Centro de
Implante. Mesmo que não seja possível no momento o IC, com certeza, receberá as informações e
orientações necessárias.
Abraços,
Luiz Filipe
Mensagem 37
Re: Um caso especial de Surdez!!>>>QUEM PODE ME AJUDAR???
Bom... eu não sugeriria nada. Deixaria tudo como está. Pelo caso, não me arrisco a dar esperanças.
A idade e tb sem falar quase nada, perdão a sinceridade, não ajudará em nada. O primeiro passo
seria o domínio da língua portuguesa e tentar oralizar, para ter contextos das palavras faladas, para
que o implante possa ser um sucesso. Sem isso, não vale a pena, não. Ela pode aprender a se
comunicar em sinais. E surdez não tem cura: basta vivê-la.
Abraços,
Leila.
Mensagem 38
Re: Um caso especial de Surdez!!>>>QUEM PODE ME AJUDAR???
Pois é, lembro-me que a Valéria uma vez me contou casos, onde os pacientes tinham tudo para
poder fazer o IC, mas faltava uma coisa – a oralização do paciente. Realmente, não vale a pena.
Muitas vezes, durante minha busca pelo IC, em minhas conversas com as fonos, elas diziam da
necessidade da oralização do candidato. Eu muitas vezes, indagava o porquê uma pessoa não
oralizada, não poderia fazer o IC. Hoje, 18 meses de implantado, vivenciando o dia a dia o IC, eu
entendo o porquê e dou razão as fonos.
E concordo também: a surdez não tem cura. Basta vivê-la, assim, como nós e tantos outros vivemos.
Abraços,
Luiz Filipe
Mensagem 39
RE: Um caso especial de Surdez!!>>>QUEM PODE ME AJUDAR???
É... por isso existem esses testes de LOF. É um critério muito importante. Quando algum surdo ou
alguma mãe/pai me pergunta sobre o IC e se não é oralizado sem o domínio completo de língua
portuguesa, eu digo: “Não, nem pensem nisso. A decepção será pior que já tiveram".
Não dou esperanças não. Nesse caso, sou a favor da LIBRAS. Afinal, existem vários meios para que
o surdo possa viver.
219
Beijinhos,
Leila.
Mensagem 40
15 de maio de 2005
Re: Um caso especial de Surdez!!>>>QUEM PODE ME AJUDAR???
Olá gente,
Desculpa a intromissão no assunto, mas tenho que dizer uma coisa:
SURDEZ NÃO É DOENÇA E, PORTANTO, NÃO TEM CURA. Surdez é uma deficiência sensorial e,
portanto, a pessoa surda, a família, a sociedade têm que aprender a conviver com ela. E isso não tem
nada de mais. O indivíduo deficiente tem todos os direitos e deveres de um indivíduo sem deficiências
e isso é assegurado pela lei brasileira.Ele não precisa de concessões, ele precisa apenas que sejam
feitas adaptações na rotina e no mobiliário usado por todos para que ele possa viver de forma digna
realizando tudo que quiser ou der na telha. Surdez não pode ser tratada simplesmente como um
problema médico que tem que ser resolvido ou "curado". O que podemos é fazer uso da tecnologia
para que o deficiente auditivo possa desenvolver suas atividades confortavelmente, independente do
caminho que escolheu (oralizão ou língua de sinais). Legenda oculta, intérpretes da Libras e
sistemas de FM em locais fechados são exemplos dessas adaptações a que me refiro.
O implante também é uma tecnologia de que lançamos mão para fazer com que o surdo escute
alguma coisa tornando a oralização um processo mais confortável e natural (para aqueles que
escolheram esse caminho). Não vamos querer que a pessoa seja "curada" da sua surdez.
É uma tentativa de driblar a deficiência. Com relação ao caso da Sara, a Aline disse que ela não fala
nada, mas não disse se ela entende o português e é capaz de construir um pensamento na língua
portuguesa. Ou entendi errado? Pode ser que ela não consiga falar de uma forma inteligível para nós,
mas faça leitura labial e tenha uma linguagem desenvolvida.
Abraços,
Shelley
Terceiro Período: meses iniciais do ano de 2008
Mensagem 41
15 de Jul de 2008
Re: Caso do Carlos Eduardo (duvidas sobre IC).
O Cadu esta com 3 anos e quatro meses.
Usa o AASI há 2 meses, esta se adaptando razoavelmente bem.
Diagnostico: portador de deficiência auditiva profunda bilateral.
Estamos com consulta pré - agendadas Para o HC para em 6/10/2008.
O Cadu detecta sons de fala somente em forte intensidade com uso dos AASI.
Esta evoluindo na intenção comunicativa, já imita muito bem os sons de cachorrinho e de seu gato e
começa a pronunciar razoavelmente Papai e Mamãe e o nome dos irmãos.
Porem em alguns momentos ou dias parece que regride e pouco se comunica verbalmente muito
comunicativo por gestos, possui um dedinho mágico. Ele é uma criança muito ativa, freqüenta a
creche desde os quatro meses e tem 4 irmãos adolescentes e pré adolescestes que brincam muito
com ele.Gosta muito de animais tem um gatinho e cachorrinho que ele adora...Gosta muito de tudo
que é relacionado aos animais (filmes revistas fotos brinquedos etc...) Desde já agradecemos muito a
sua atenção e gostaríamos de conhecê-la o mais breve possível espero nos encontrarmos
Encontrinho do shopping Santa cruz provavelmente estaremos lá...
Mensagem 42
--- Em seg, 14/7/08, Cristina Onuki <luonuki@...> escreveu:
De: Cristina Onuki <luonuki@...>
Assunto: Re: Caso do Carlos Eduardo (duvidas sobre IC).
Para: implantecoclear@...
Data: Segunda-feira, 14 de Julho de 2008, 19:56
220
Olá Gercino, Qtos anos tem o Carlos Eduardo agora?
Qto tempo ele está usando o AASI? Tem alguma resposta com os aparelhos? O IC é indicado nos
casos de perda severa ou profunda bilateral em que não há benefícios com AASI.
O IC não cura a surdez é apenas um auxílio melhor que o AASI qdo este não auxilia ou auxilia pouco.
O IC é composto por dois componentes: O implante (interno), que é colocado cirurgicamente e o
processador de fala (externo) que é acoplado ao interno por meio de um imã.
O implante oferece que a criança tenha uma boa fidedignidade do som em todas as freqüências e
portanto que ouça, porém o desenvolvimento da fala ocorrerá se houver bons níveis de estimulação
de linguagem. Vc estarem já com fono que entende de deficiência auditiva é meio caminho andado
pra que vcs sejam orientados em como lidar com a deficiência e o que fazer no dia a dia pra estimulá-
lo. Caso ele não dê bons resultados com o AASI o caminho é o IC mesmo.
A cirurgia é simples, mas tem riscos como qq outra, por isso os candidatos a IC são muito bem
avaliados antes da cirurgia para ter certeza de que esse será o melhor caminho para esse paciente.
Dependendo da idade do Carlos há vários programas pelo SUS que poderão atendê-lo.
Vcs já o escreveram em algum? Na página inicial do FIC há uma relação deles. Cada um tem um
critério próprio e vale a pena ligar para se informar.. Às vezes é melhor escrevê-lo logo, pois há uma
fila de espera em muitos programas e até a data da primeira consulta, de repente, já houve tempo de
verificar os ganhos com os AASIs. Se houver mais dúvidas vai escrevendo aqui pra gente que vamos
respondendo na medida do possível
Abraços
Cris Onuki
Mensagem 43
-- Em seg, 14/7/08, garfilho <garfilho@yahoo. com.br> msg 39342
De: garfilho <garfilho@yahoo. com.br>
Assunto: Caso do Carlos Eduardo (duvidas sobre IC).
Para: implantecoclear@ yahoogrupos. com.br
Data: Segunda-feira, 14 de Julho de 2008, 11:35
Sou O Gercino e a minha esposa é a Rosangela, somos pais do Carlos Eduardo e estamos passando
por uma fase de muitas duvidas sobre o implante coclear.
O meu filho Esteve internado aos nove meses de vida e permaneceu 20 dias onde apresentava
pneumonia e conseqüentemente derrame pleural devido a seqüela de catapora.Foi tratado com
antibióticos de primeira geração e com 1 ano e meio começamos a perceber que ele demorava a
falar, e passamos a questionar os médicos e os mesmo diziam que ele estava no tempo dele e que
falaria normalmente (por conta disso acreditamos que tivemos um diagnostico tardio e que
poderíamos ter iniciado o tratamento antes.) Procuramos um otorrino para tratar de uma otite pois ele
apresentava um quadro de gripe constante o mesmo ficou em tratamento por 2 anos de tanto
questionarmos a médica optou em realizar exames específicos ( Bera e outros) só que não se
chegava a nenhuma conclusão. Em uma consulta no Servidor Publico Municipal devido à falta da
medica que acompanhava meu filho, minha esposa ficou estressada e pediu um parecer medico e
que eles fossem mais conclusivos onde conhecemos a DR Mariana que realizou o exame BERA e
conclui que ele tinha perda auditiva coclear bilateral e nos indicou o CEAC-DERDIC apos realização
dos exames auditivos foi indicada uma prótese auditiva (aparelho) houve orientação para
procurarmos um acompanhamento de fono para realizar treinamento de fala e contratamos uma fono
para não perdermos mais tempo que realiza trabalho com ele duas vezes por semana - sessão de 40
minutos. Os médicos do CEAC-DERDIC nos orientaram a pesquisar sobre o implante coclear, pois
seria a indicação mais correta para o caso.
Mensagem 44
Re: Caso do Carlos Eduardo (duvidas sobre IC) de Kadu p/ Cadu
Qua, 16 de Jul de 2008
Oi pai Gercino,
Sou Débora mãe do peq. Kadu de Manaus (Carlos Eduardo 2,6 anos) implantado ha 1 anos atrás no
Centrinho de Bauru, e recentemente foi reativado (trocou seu velho processador por um mais
moderno), hoje lhe digo com toda certeza que o IC foi a melhor coisa que fizemos, meu filho hoje fala
td e se comunica muito bem e impressionante seu desenvolvimento, surpreende a todos que o
conhecem. Mais saiba que as coisas não foram assim tão fáceis, houve uma luta muito grande, tive
que abrir mão de muitas coisas pra tratar do meu filho mais foi gratificante, costumo dizer que não sei
221
o que é ter um filho surdo, eu e minha família somos felizes com o resultado do IC do Kadu. Espero
que o xará do meu filho tenho o mesmo sucesso. Não desista e se apresse Gercino, não prive mais
seu filho do som da vida e não prive vcs de verem ele ouvir, cada dia será diferente, o latido
do cachorro, um gato miando, o co co co do galo e outros sons corriqueiros terá valor muito diferente
pra todos, nossos valores mudam e isso é maravilhoso, saber que tens um filho surdo total como é o
nosso caso e ouvi-los dizer "boa oite mamãe" ou ouvi-lo orar "papai do sheu, oteje a mamãe, o papai,
a bobo (vovó), a elci (fono Elcy) a Fafa (madrinha Fabiana) ............ o João (coleguinha implantado)
amem. Meu querido estou a disposição da sua família no que for possível, se quiserem conhecer o
Kadu e ouvi-lo falar entre em nosso orkut que é debora_kadu@....
Beijos pro Cadu do Kadu.
Débora Rodrigues
* Mãe do Kadu 02 anos/ Manaus - Am
Implantado em 09/03/07 - Centrinho/ Bauru
Ativado em 09/04/07 = Med-el
Mensagem 45
RES: Caso do Carlos Eduardo (duvidas sobre IC).
Olá Gercino!
Sou Tatiane, mãe do José Luís, que também tem 3 anos e 4 meses.
José Luís nasceu surdo profundo bilateral, descobrimos quando ele ainda tinha 17 dias de nascido, e
o diagnóstico foi confirmado com 7 meses e logo ele começou a usar o AASI, porém seus ganhos
eram apenas para os sons fortes, como porta batendo. Ele foi implantado no HC-SP com 1 ano e 2
meses. Hoje ele está muito bem, fala até o que não deve,rsrsrs... Certamente os irmãos do Cadu
ajudam bastante, digo por que também tenho uma filha de 10 anos que ensinou e continua ensinando
muita coisa pro JL, e eu diria que é ela quem mais estimula ele no dia-a-dia. Que bom que ele já tem
consulta no HC. Esse processo de avaliação pode ser demorado, mas vale à pena a espera. Tenha
paciência e esperança. Vi a foto dele, que fofo hein!! Imagino que deve ser um sapeca, assim como o
que tenho em casa, rsrsrs...
Abraços
Tatiane Braga, Mãe do José Luis
Implantado em 03/05/2006
Ativado Sprint 09/06/2006
Ativado Freedom 21/03/2008
HCFMUSP-SP Dr. Arthur Virgilio
Mensagem 46
Re: Caso do Carlos Eduardo (duvidas sobre IC).
Oi Gercino
Meu o nome é Elis Regina e sou mãe do Gabriel de 3 anos e 5 meses que é surdo profundo bilateral
e hoje tá implantado. O Gabriel nasceu prematuro no 6 mês de gravidez e devido isso teve inúmeros
problemas que terminaram por lhe causar problemas auditivos como também neurológicos. Passados
10 meses do implante do Gabriel posso lhe assegurar que a melhor coisa que já fiz foi lutar pelo IC
pra ele, pois ele ta tendo um desenvolvimento muito bom, ainda não esta excelente pois ele é meio
preguiçoso mas tenho fé que isso vai mudar. Você está no lugar certo, aqui encontrarás as respostas
para todas as suas perguntas e tirarás todas as suas dúvidas.
Fiquem com DEUS e força amigo, e o mais importante de tudo: NUNCA DESISTA, lute pelo seu filho
ok! Bjs pra vc e sua família
Elis Regina
Mãe do Gabriel
Implantado em:02/10/2007
Ativado em: 22/11/2007
Natal/RN
Dra Clara Calhau/Rodolfo Penna
Mensagem 47
Ter, 4 de Mar de 2008 1:36 am
Galera,
222
Acabei de ajudar uma amiga a se cadastrar nesse grupo, ela se chama Anna Clara, tem 16 anos e
mora em Vassouras também. Ela é surda pré-lingual e está interessada em fazer o IC, vamos ajudá-
la, respondendo as mensagens dela e da mãe dela, a Adriana...
Anna Clara e Adriana: Fico muito feliz por vcs estarem participando desse grupo, aqui todos nós
somos uma família, vamos nos ajudar um ao outro! Vcs vão gostar mto!
Beijos, Gaby- Vassouras-RJ.
Gabriela Pinheiro de Souza" gabyzinha_bibi@... (37324)
Mensagem 48
Ter, 4 de Mar de 2008 11:22 am
Olá Marcelo, td bem com vc?
Sou Gabriela, tenho 21 anos e implantada há 1 ano pelo Hospital das Clínicas da FMUSP, em São
Paulo. Fiz por SUS, não paguei nada, só precisei pagar as minhas passagens para SP (sou de
Vassouras-RJ). Sou surda pré-lingual, de nascença, minha mãe teve rubéola qdo tava grávida de
mim. Só tomamos conhecimento do IC aos 18 anos. Um pouco tarde, mas isso não me impediu de
fazer a cirurgia, a adaptação é muito difícil, mas o q não falta é o esforço pra um dia chegar lá,
compreendendo tudo... Qualquer coisa pode contar comigo, sempre vou estar aqui.
Prazer!! Bjos,
Gaby - Vassouras-RJ.
Mensagem 49
Em 18/02/08, marcelo_mourao <marcelo_mourao@...> escreveu:
Olá amigos, meu nome é Marcelo, tenho um filho de 13 anos que teve uma virose nos primeiros dias
de vida, para ser curado precisou ingerir medicamentos fortes, dentre eles a GARAMICIDA que
acabou por afetar sua audição. Já levamos a médicos especialistas que a priori indicaram aparelhos
auditivos, exames, etc, porém não fiquei satisfeito com nenhum desses tratamentos.
Atualmente ele mora em Fortaleza, estuda em escola especializada (Instituto dos Surdos), se
comunica através de libras, mas mesmo assim tem uma grande dificuldade de comunicação.
Há algum tempo venho estudado acerca do Implante Coclear, acho que ele seria um potencial
candidato a ser beneficiado com esta tecnologia.
Gostaria de trocar idéias com pessoas que já passaram por esse processo ou que tem filhos que
submeteram-se a cirurgia, tais como: locais especializados, tempo para o tratamento, preço, etc.
Antecipadamente agradeço a ajuda.
Mensagem 50
Qua, 27 de Fev de 2008 12:34 am
DÚVIDAS
Meu filho é DA profundo, usuário de AASI desde 1 ano e 9 meses, com bom desenvolvimento das
habilidades auditivas e de comunicação verbal, consegue, na maioria das vezes e principalmente,
com pessoas de seu cotidiano usar telefone, de preferência celular, onde tem o controle do volume.
Hoje ele tem 29 anos e tem consciência de suas limitacões a nível de audicão e fala, principalmente
em ambientes ruidosos, ou mesmo em grupos pequenos.
Não conhecemos adultos com a mesma história de vida, (pré-lingual) que foram implantados e quais
os resultados, a não ser o Fernando que deu início a este forum, mas por uma video conferência.
Pensando numa melhor qualidade de vida, estamos buscando informações sobre adultos que foram
implantados, mas que tenham desenvolvido a comunicacão verbal através do AASI e a LOF, para
que possamos ter algum parâmetro. Agradeco desde já a atencão de todos.
Salimar
Sex, 29 de Fev de 2008 10:40 pm
Mensagem 51
Dom, 23 de Mar de 2008
Luiz Antonio Jeller Filipe <lajfilipe@...> escreveu
Pois é amigo.....
Veja bem: Antigamente nem existia essa história de surdos oralizados, surdos sinalizados e surdos
implantados. O que existia era apenas uma classe só - surdos. E todos conviviam bem (os oralizados
223
e os sinalizados, pois os implantados ainda nem existiam). Eu mesmo, depois que perdi a audição
aos 7 anos, fui conviver com os sinalizados e oralizados em uma escola de surdos em SP. Convivi
numa boa. Nem Libras existia, e a comunicação era a linguagem gestual da época.
Hoje, embora eu conviva mais com ouvintes, tenho vários amigos implantados, surdos oralizados e
sinalizados. E todos convivemos numa boa. Por isso, eu também estou cansado dessa briguinha de
oralizados e sinalizados (e futuramente quem sabe, implantados também). Os tempos mudam, né....
antigamente, todo mundo numa boa. Hoje em dia, cada um faz seu grupinho - sinalizados de um
lado, implantados de um outro, oralizados também em um outro lado...... diria que é a Globalização.
Infelizmente, parece que só os deficientes auditivos tem esse negócio de "cultura". Já imaginou se os
cegos fizessem a mesma coisa? Sabemos que estão em estudos um implante para cegos (parecido
com o IC). Se a moda pegar, logo teremos a cultura cega, com cegos de um lado, cegos implantados
de outro, os cegos de bengala de um e os com o cão guia de outro.... E talvez apareça um dia algum
cego propondo o ensino obrigatório de Braille nas escolas para todos...
Abraços,
L.Filipe
Mensagem 52
Dom, 23 de Mar de 2008
Olá Luiz Filipe!
Achei o máximo o que vc escreveu sobre a "globalização"! Concordo plenamente com você! Como
tudo seria bem mais simples e fácil se todos pensassem assim como você e eu. Barreiras seriam
derrubadas e com as "pedras das barreiras" poderíamos construir novos caminhos que com certeza
beneficiaria a todos nós!
Um grande abraço
Gladys Joice
Mensagem 53
Re: Estou muito triste com os amigos do FIC
Fica triste não linda, todos nós sempre vamos estar à disposição pra ajudar quem precisa, só q
vc precisa compreender que a gente também trabalha, estuda e por isso não sobra muito tempo pra
gente aqui no FIC, mas ficamos muito felizes ao saber do sucesso da cirurgia da sua filha... fica
tranqüila, q essas dores são normais, eu mesma tive tontura pq tava mt agitada, pois eu naum queria
ficar de repouso.. kkkkkk mas ja passou....
Sempre q vc precisar estou aqui, ok?
beijos e muito sucesso pra vcs duas na adaptação do IC!
Gaby - Vassouras-RJ.
Mensagem 54
Em 17/02/08, silvia De Jesus <dejesus.silvia@...> escreveu:
Noto nas mensagens que quando alguém faz o implante os amigos ficam felizes, mas não foi assim
com a minha filha. Apenas uma pessoa dos amigos do fic que me deu maior apoio e ficou feliz
comigo, pensei que quando realmente eu conseguisse realizar o implante teria um grande apoio dos
amigos desse grupo. Ainda estou meio confusa porque o processador que colocaram na minha filha
ainda não conheço. Pedi ajuda para alguém do grupo, mas ninguém até agora quis me ajudar.
Estou decepcionada com este grupo.
Pensei que realmente conseguiria amigos na mesma situação que eu, mas foi ao contrario.Escrevo
apenas 1ou 2 me responde.
DESCULPE O DESBAFO É QUE AINDA ESTOU MUITO ABALADA COM A CIRURGIA DA CAROL.
Pois ela ainda sente muita dor. POR FAVOR, ME AJUDE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Silvia mãe da Carol.
Implantada dia 08/02/08
Santa Casa
Dr Carlos Alberto Campos.
Mensagem 55
Re: Estou muito triste com os amigos do FIC -»» PARA SILVIA
224
Dom, 17 de Fev de 2008 3:23 pm
Silvia
Primeiro tente em se acalmar, as dores são normais fazem parte da cirurgia e segundo a maior parte
do grupo daqui está de férias e pelo que sei ai no Brasil é Verão!
A disponibilidade é pouca nessa altura, podia parar um pouco e pensar antes de atirar pedras a este
belo grupo de decepção ou profunda tristeza, a maioria dos implantados estão prestes a realizar
mapeamentos em vários pontos do País. Mal eles retomam ás suas respectivas cidades, irão
escrever para si... Paciência é uma virtude e não um defeito!!
Então, dou eu os meus PARABÈNS pelo SUCESSO do IC da CAROL, aqui está o seu
reconhecimento. Quanto a dores, é normal, perfeitamente...
Pergunto eu se o médico não receitou uns comprimidos para diminuir a dor???? Boa questão. Se não
fez isso, então sugiro que dirige a um centro de saúde próximo, ou ligue para o centro de IC em que
CAROL foi IMPLANTADA! Quanto á marca do IC da sua filha CAROL, é boa, é da Bionics Advanced
e todos os implantados daqui tem marcas diferentes: MEDEL, NUCLEUS, CLARION - Cada Implante,
tem a sua tecnologia, e seguintes componentes, sobretudo características apropriadas para cada
paciente candidato ao IC! Está mais calma agora?
Abraços!
Alice
Surda Profunda desde 18 meses, de causa não determinada.
23 anos - Oralista
Implantada no Hospital dos Covões - Coimbra
Dr.Fernando Rodrigues e Dr.Borges
Nucleus Freedom: 29/06/2007
Activação: 30/07/2007
PORTUGAL
Mensagem 56
Dom, 17 de Fev de 2008 9:21 pm
Re: Estou muito triste com os amigos do FIC -»» PARA SILVIA...
Olá querida Sílvia, Paz do Senhor, sinceramente com certeza os amigos Ficenses ficaram muito
felizes Sim pelo IC da Carol e fique tranqüila, vc deveria estar dando pulos de alegria, e está
transtornada ???? Acalme-se e dê Glórias a Deus e essa dor vai passar, isso é um processo pós-
operatório e normal. Graças a Deus pelo IC da Carol...
Querida fique tranqüila e já deu tudo certo...
MÔNICA E MARCELO...
Mensagem 57
Dom, 17 de Fev de 2008 6:02 pm
Re: Estou muito triste com os amigos do FIC/ Sílvia
Sílvia, tenha mta paciência, que tudo correrá bem na hora certa... Ainda não chegou a hora da Carol..
E qto a nossa família do Fic não te responderam, é porque no momento estão ausentes, porque aqui
ninguém deixa de responder... Várias pessoas entram em contatos, e como sabe estamos em
fevereiro, acabou ferias, começou as aulas, voltou ao trabalho, e devido a isso, mtos não tem tempo
para responder...
Tenha compreensão e paciência... Tenho certeza que mtos ainda irão te responder...
E mta fé que tudo vai dar certo sim.... Já teve mtos casos aqui que não deram certos, e depois no fim
saíram radiantes...Primeira coisa é ter mta calma... Não adianta apavorar, se ainda não chegou a
hora....Estou torcendo pela Carol!!!
Um forte abraço
Paula
Mensagem 58
Ter, 4 de Mar de 2008 3:11 pm
Ana Lúcia dos Santos Silva Batista <analucia.batista@...>
Re: Estou muito triste com os amigos do FIC
Olá, tudo bem?
Minha filha tb fez o IC, ela tem 8 anos e fez ano passado mas não está tendo nenhum progresso só
225
escuta quando batem na porta. Trabalho muito e quase não entro no FIC, mas podemos trocar idéias
e fazer amizade. Como está sua filhinha? Espero que esteja bem melhor.O segredo de aprender a
mexer no aparelho é mexer, não tenha medo, se feche numa sala sozinha leia e vá testando....
Um beijão espero que possamos ser amigas!
Ana Lúcia mãe de Daryna implantada em junho de 2007
Hospital Santa Maria/SP
Dr Artur Menino Castilho
Re: Estou muito triste com os amigos do FIC -->> SILVIA DE JESUS
Mensagem 59
Ter, 19 de Fev de 2008 12:31 am
Luiz Antonio Jeller Filipe <lajfilipe@...>
Silvia,
Em primeiro lugar, acredite ou não, ficamos felizes com o implante de sua filha Carol. Sempre
vibramos quando alguém é implantado, e compartilhamos as alegrias e também as tristezas que
possam ocorrer. Muitas vezes, por absoluta falta de tempo, não dá para responder a todos. Eu
mesmo estou afastado há um bom tempo deste grupo que modero, por absoluta falta de tempo. Mas
sempre leio as mensagens e respondo quando posso. Atualmente, tenho mais de 1400 mensagens
em minha caixa postal. A maioria acabei de ler nos últimos dias, e aos poucos vou respondendo. Se
porventura alguma vez você precisar de ajuda, escrever e não responderem, não desista. Escreva
novamente e insista. Alguém sempre acabará lendo a mensagem e respondendo.
Desde já, nossas sinceras desculpas... falhas ocorrem. Mas não pense que ninguém ligou para
vocês. Somos uma família unida, pronta a ajudar nossos irmãos do silêncio. Estamos neste espaço
há quase 7 anos, e pelos depoimentos que vc leu nos últimos dias, podes ver que sempre cumprimos
nossos objetivos. Não fique decepcionada. Casos como o seu, já ocorreram, e continuarão a ocorrer.
Mas sempre estaremos prontos a ajudar a quem quer que seja.
Agora vamos as suas dúvidas:
A dor e o desconforto pós-operatório é normal. Alguns sentem dores, tonturas, zumbido, tem vômitos,
etc..... mas tudo isso é normal no pós-operatório. A dor tende a desaparecer dentro de alguns dias. O
importante, é tomar direitinho os medicamentos que lhe foram passados a sua filha, principalmente o
antibiótico e o antiinflamatório. Com os dias, o desconforto desaparecerá.
A Equipe que operou sua filha na Sta. Casa de S.Paulo, comandada pelo Prof. Dr. Carlos Alberto
Herreiras de Campos é de inteira confiança e muito competente. Pode ficar tranqüila, pois sua filha foi
operada por médicos competentes. Qualquer dúvida converse com a Fono Sonia Iervolino da Sta.
Casa. Tenho muito carinho pela Fga. Sonia. Foi ela que realizou minha reabilitação pós Implante
Coclear no seu consultório particular. Fiquei 2 anos e meio fazendo fonoterapia com ela. Fui o seu
primeiro paciente implantado. Quanto a sua dúvida sobre o processador da RICHARDS, vou
esclarecer o seguinte;
A Richards do Brasil é o representante e distribuidor do Implante Coclear fabricado pela Advanced
Bionics dos Estados Unidos. No mundo temos 4 fabricantes de Implante Coclear, a saber:Med-El -
Medical Eletronics - Austria - fabricante dos implantes cocleares MED-EL Advanced Bionics - EUA -
fabricante dos IC Clarion Coclhear Limited - Australia - fabricante dos IC Coclear e Neurelec
Eletronics - França -Fabricante dos IC MXM.
Como sabemos, o IC é composto de 2 aparelhos. O primeiro é o IC propriamente dito, que é
implantado cirurgicamente. O outro aparelho é o que levamos externamente, que é também
conhecido como "processador de fala".
No Brasil, são utilizados 3 marcas de Implantes:Cochlear - Representado pela Politec. Tem como
implante o Nucleus 24K, Nucleus 24 Contour ou Nucleus 24 Contour advance. Como processador de
fala, tem o SPRint, o 3G e o Freedon.
Med-EL - Representada pela CAS Pronax. Tem como implante o Combi 40+ Sonata CI, e
processadores de fala Pulsar e Tempo+ Advanced Bionics - Representada pela Richards do Brasil.
Tem como implante o HiRes 90K e como processador de fala o Platinum e HiRes Auria.
A MXM não tem representante no Brasil. Alias, os IC da Neurelec, são mais utilizados na Europa e na
França. Tem como Implante o Digisonic SP e como processador de fala o Digi SP e Digi SP'K
No Brasil, são mais utilizados os IC da Coclhear. Mas também são utilizados os da Med-El e da
Clarion (Advanced Bionics). Os da Advanced Bionic (Clarion) pelo que sei, foram mais usados em
Natal e em Bauru.Bom, amiga, pelo SUS não dá para escolher a marca do IC que vai ser implantada.
É pegar ou largar o que tiver no momento. Mas não é motivo de desespero. Temos vários
implantados no Brasil por Med-El e pela Advanced Bionic. Não posso dizer muita coisa sobre o
226
implante de sua filha, pois desconheço o mesmo. Mas posso dizer que não é motivo para ficar
desesperada. Cada marca tem seus pontos negativos e positivos, Mas se a equipe colocou o HiRes
em sua filha, é porque confia neste implante. Fica tranqüila. Bom, amiga, nada de desespero. Fica
tranqüila, e aguarde a ativação de sua filha. Em breve, esperamos que você comece a nos mandar
bonitos relatos dos progressos da Carol. Grande abraço,
Luiz Filipe - Moderador
Implantado no ICHC-FMUSP - Dr. Arthur Menino Castilho
Implante 23/10/2003 Ativação SPRint 26/11/2003
Ativação Freedom 14/01/2007
Mensagem 60
Seg, 18 de Fev de 2008 3:10 pm
Re: Estou muito triste com os amigos do FIC
Olá!
Sou uma nova integrante do FIC li o seu desabafo e compreendo o que vc está passando, neste
momento pós-cirúrgico temos muitas dúvidas e preocupações e além disto ficamos sensíveis, minha
filha operou em outubro e eu não pertencia a este grupo. Vejo que tem algumas dúvidas, o
processador às vezes se sabe o que foi implantado, ou seja, a marca do IC, mas às vezes só
sabemos na ativação, da minha filha eu soube na ativação que é me-del se for o seu caso posso
ajudá-la a esclarecer algumas dúvidas, por isso conte comigo sempre que precisar. Fique com Deus!
e boa sorte nesta nova etapa!!!
Eliane Barcellos Ayres <elianebarcellosayres@...>
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