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salas especiais para determinados alunos com professores. Então como eu sou
anterior a essa fase dessa política de inclusão, então eu nunca vivenciei esse tipo de
problema de maneira muito significativa que eu pudesse fazer uma avaliação prá
você. Eu acho que hoje os professores tem muito, mais porque hoje eles vivem essa
política da inclusão, então põem os deficientes todos, com deficiência visual,
auditiva. Eles devem avaliar isso melhor que eu.
Professor 3
É quase uma missão impossível, identificar dificuldade eu acho... aí é que tá, por
exemplo, você vai ter numa sala numerosa tem sempre um grupo que tá muito afim,
muito não sei, mas que vem, levanta a mão, alguns você vai conhecer pelo nome,
que vai estar interessado, e vai ter também aquele que não está entendendo nada e
quer entender, então as vezes ele te procura no final da aula, as vezes é um aluno
mais tímido que fala, olha professora eu não entendi. As vezes não entendem uma
orientação mínima, básica, de uma atividade, ele vem humildemente e pergunta,
então assim, se eles vem, entendeu? Espero, porque... os que estão mais
interessados e os que estão menos... aí tem uma média que não sei, prá mim é
uma grande incógnita, o que é que eles estão fazendo aí? Mas eles mesmos não
sabem, eles não [ininteligível] muito porque eles estão ali, um primeiro ano de
faculdade nossa... tanto que quando chega no segundo, terceiro ano, esse número
cai pela ,metade, aí direções e coordenações vem para cima do professor, porque
não pode ter evasão..., não é, hoje em dia, um aluno que entra na faculdade com 17,
18 anos, ele nem sabe que está ali, ele não tem nem noção do que é aquilo. [...]
Agora por exemplo essas coisas lá na [instituição] é muito comum, profissionais de
diferentes áreas ligadas à funcionários públicos que precisam ter curso superior.
Então assim, eu tive uma leva de policiais, por exemplo, eles fazendo Letras, que é
mais fácil para entrar... é difícil... não vou dizer que, quer dizer, o que eu faço? Eu
adorava os alunos, como pessoas são ótimos, respeitosos, cuidavam de mim, mas
como o aluno eles não faziam nada, não faziam exercício, não fazia atividade... o
sujeito pegava bandido de manhã e à noite ia na minha aula ouvir literatura, eu
falando de literatura medieval... será que ele estava interessado naquilo?
Professor 4
Ai, aí é duro. Eu acho muito difícil, porque, normalmente, se você tem classe
pequena você até consegue fazer um trabalho mais localizado, agora com turmas
muito grandes é mais difícil. Na [instituição] é muito fácil, tenho salas que no máximo
chegam a 20 alunos, duas salas com vinte alunos é um privilégio né? Então é muito
fácil, quando você percebe, você chama, conversa, dá alguma coisa para ler, marca
hora, as vezes uma conversa que você tem resolve, já clareia. Agora em turmas
grandes eu acho muito mais difícil de fazer qualquer coisa, mas eu acho que é
função da gente tentar. Eu só acho difícil porque as vezes os problemas não são de
aprendizagem, não são de entendimento, são de aprendizagem mas não de
entendimento, são problemas as vezes emocionais que a gente nem percebe né?
Eu me lembro de uma menina, por exemplo, que uma gracinha, eu fazia o trabalho
com eles, na faculdade ainda, no curso de Letras, foi quando o [nome] lançou o
Criatividade, como nenhum deles tinha feito aquilo na escola básica, no ensino
médio, eu peguei e disse vamos fazer? Daí a gente fazia uma lição em casa e uma
lição na sala e eu passei... um belo dia a menina estava muito brava e ela me
encontrou no corredor e disse “a Sra. não gosta de mim”, eu disse “porque que eu
não gosto de você? Eu não tenho nenhum motivo para gostar nem deixar de gostar”.