relação ao Afeganistão, em parte porque as operações antiterroristas americanas se
coadunavam com os objetivos russos na Chechênia. À época, foi instalada também uma
outra base da OTAN na região, no Uzbequistão
143
. Após o fechamento desta base, em
2005, a única instalação militar de apoio à ISAF na Ásia Central passou a ser a base de
Manas, o que elevou substancialmente sua importância.
E até o fim do governo de Askar Akayev, as relações do governo quirguiz com
as potências que controlavam a base de Manas eram, em geral, muito boas. Em julho de
2004, por exemplo, o então presidente afirmava que a base tinha “uma grande
importância para a Ásia Central” e que “a estabilidade da Ásia Central depende da
estabilidade no Afeganistão”. Na mesma ocasião, e talvez mais significativamente, o
líder quirguiz qualificou a base de Manas como “um símbolo da cooperação técnico-
militar entre Estados Unidos e Quirguistão”
144
, demonstrando que as instalações
significavam, para seu país, mais que uma contingência temporária e indesejada da
guerra no Afeganistão.
Apesar da herança positiva nas relações em torno de Manas, todavia, o que se
estabeleceu após a revolução das Tulipas não foi uma era de proximidade com as
potências ocidentais responsáveis pelo controle da base. Em julho de 2005, pouco
depois da posse do novo governo, por exemplo, o embaixador quirguiz em Moscou,
Apas Jumagulov, afirmou que “a base americana está perdendo a relevância, e este é um
assunto a ser negociado”. Sobre uma possível retirada americana do país, o embaixador
disse que “não [acreditava] que isso ocorreria do dia para a noite, mas [aconteceria]
pouco a pouco”
145
. As declarações não chegavam a ser uma confrontação, mas davam o
tom da posição que o novo governo tomaria em relação a Manas.
De maneira mais direta, o presidente Bakyiev deixou clara a posição do novo
governo na primeira reunião de chefes de Estado da SCO após sua posse. A reunião, em
Astana, no Cazaquistão, se deu em um momento importante para a região, já que
sucedia a Revolução das Tulipas, no Quirguistão, e o incidente de Andijon, no
Uzbequistão, que esfriou substantivamente as relações deste país com o Ocidente. E o
143
AbasedeKarshi‐Khanabad,ouK‐2,foifechadaapedidodogovernouzbeque,apósumasériede
controvérsiascomoOcidenteemrazãodeumaoperaçãopolicialquematoucentenasdepessoasem
Andijon,em2005.AscríticasocidentaisàaçãodoUzbequistãolevaramaumafastamentosubstancial
dopaísemrelaçãoaosamericanoseeuropeusesuaparalelaaproximaçãoàRússiaeàsinstituiçõespós‐
soviéticas.Foiapósestacontrovérsia,porexemplo,queoUzbequistãoingressounaCSTO.
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Disponívelemhttp://en.rian.ru/onlinenews/20040717/39765333.html
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Disponívelemhttp://en.rian.ru/world/20050711/40886695.html
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