Download PDF
ads:
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Bioquímica Médica
ANÁLISE DA ATIVIDADE DA TROMBINA SOBRE
SUBSTRATOS FLUOROGÊNICOS BASEADOS NO
RECEPTOR PAR 1
Saulo Martins Vieira
Rio de Janeiro
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
i
Saulo Martins Vieira
ANÁLISE DA ATIVIDADE DA TROMBINA SOBRE
SUBSTRATOS FLUOROGÊNICOS BASEADOS NO
RECEPTOR PAR 1
Profª. Drª. Russolina Benedeta Zingali
Orientadora
Professora Associada do Instituto de Bioquímica Médica/UFRJ
Prof. Dr. Julio Alberto Mignaco
Orientador
Professor Adjunto do Instituto de Bioquímica Médica/UFRJ
Dissertação de Mestrado apresentada
ao Programa de Pós-Graduação de
Química Biológica, Instituto de
Bioquímica Médica, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à obtenção
do título de Mestre em Ciências
(Química Biológica).
Rio de Janeiro
2009
ads:
ii
FICHA CATALOGRÁFICA
VIEIRA, Saulo Martins
ANÁLISE DA ATIVIDADE DA TROMBINA COM SUBSTRATOS FLUOROGÊNICOS
BASEADOS NO RECEPTOR PAR 1.
Rio de Janeiro, UFRJ, Programa de Pós-Graduação em Química Biológica, 2009.
de folhas: 104
Dissertação: Mestrado em Química Biológica
1-Trombina 2-Substrato fluorogênico 3-PAR 1 4-Cinética
iii
FOLHA DE APROVAÇÃO
Saulo Martins Vieira
ANÁLISE DA ATIVIDADE DA TROMBINA COM SUBSTRATOS FLUOROGÊNICOS
BASEADOS NO RECEPTOR PAR 1
Rio de Janeiro, 16 de fevereiro de 2009
Banca Examinadora:
_________________________________
Profª. Russolina Benedeta Zingali
Professora Associada do Instituto de Bioquímica-Médica/UFRJ
Orientadora
__________________________________
Prof. Julio Alberto Mignaco
Professor Adjunto do Instituto de Bioquímica-Médica/UFRJ
Orientador
__________________________________
Prof. Robson Queiroz de Monteiro
Professor Adjunto do Instituto de Bioquímica-Médica/UFRJ
___________________________________
Profª. Lucia Moreira Campos Paiva
Professora Adjunta do Instituto de Química/UFRJ
___________________________________
Profª. Andréa Cheble de Oliveira
Professora Adjunta do Instituto de Bioquímica-Médica/UFRJ
____________________________________
Prof. Hector Barrabin
Professor Associado do Instituto de Bioquímica-Médica/UFRJ
Revisor e suplente interno
______________________________________
Prof. André Lopes Fuly
Professor Adjunto da Universidade Federal Fluminense/UFF
Suplente externo
iv
Dedico a minha dissertação e todos os anos
do curso de mestrado ao meu pai (em memória),
foi exemplo de um grande homem.
v
A Deus, meu melhor Orientador,
sou eternamente grato.
vi
Agradecimento
Em primeiro lugar, meu agradecimento especial à minha família. Apoiaram-me
desde a graduação e, no mestrado, foi o meu “órgão financiador”. Obrigado por tudo
que sou hoje.
Agradeço aos meus professores da graduação por incentivar-me a pesquisar.
Agradeço à Mariane Assafim, na época, aluna de mestrado do Instituto de
Bioquímica Médica, por me encaminhar à iniciação científica.
Agradeço à professora Lina Zingali, por me aceitar no laboratório e pela
orientação.
Agradeço ao professor Julio Mignaco, pela co-orientação e pelas trocas de
idéias.
Agradeço aos professores Maria Juliano e Luiz Juliano Neto, do
Departamento de Biofísica – Unifesp, pela colaboração com a síntese dos substratos
e pela minha passagem no laboratório deles.
Agradeço a Flávia Reis, do Instituto de Biofísica UFRJ, pelo auxílio com a
cinética enzimática no início da minha iniciação científica.
Agradeço aos meus companheiros de laboratório, aqueles que saíram e
aqueles que continuam lá, obrigado pela descontração.
Agradeço aos meus companheiros de fora do laboratório, pela descontração
“científica”.
Agradeço à Universidade Federal do Rio de Janeiro, por expandir meus
horizontes. Foi a minha segunda casa.
vii
“Tudo vale a pena se a alma não é pequena.”
Fernando Pessoa
viii
“Só sei que nada sei.”
Sócrates
ix
“Ainda que eu caminhe por um vale tenebroso
nenhum mal temerei, pois estais junto a mim....”
Salmo 22 (23)
x
Lista de Siglas e Abreviaturas
Abz ácido aminobenzóico
ADP adenosina difosfato
BJC botrojaracina
DMSO dimetilsulfóxido
Dnp dinitrofenil
EDDnp etilenodinitrofenil
EGF fator de crescimento epidermal
FRET transferência de energia de ressonância de Föster
GL glicirrizina
GP glicoproteína
HPLC cromatografia líquida de alta performance
PAR 1 receptor ativado por protease 1
PAR 3 receptor ativado por protease 3
PAR 4 receptor ativado por protease 4
PEG polietilenoglicol
PL fosfolipídio
TF fator tecidual
THR trombina
TM trombomodulina
xi
Lista de Figuras e Tabelas
Figura 1: Esquema representativo da cascata de coagulação. pág. 03
Figura 2: Inibição da coagulação pela ativação da proteína C. pág. 04
Figura 3: Esquema representativo da trombina e dos subsítios. pág. 06
Figura 4: Representação esquemática de múltiplos papéis
da trombina no sangue com a influência do Na
+
. pág. 11
Figura 5: Sítio de ligação do sódio. pág. 13
Figura 6: Localização e mecanismo de ativação
do receptor PAR 1. pág. 15
Figura 7: Esquema dos substratos fluorogênicos. pág. 21
Figura 8: Representação esquemática da liberação
da fluorescência. pág. 30
Figura 9: Análise cromatográfica dos substratos
fluorogênicos por HPLC. pág. 35
Figura 10: Análise das massas dos substratos de 26 aa. pág. 37
Figura 11: Análise das massas dos substratos de 11 aa. pág. 39
Figura 12: Velocidade enzimática da trombina frente
aos substratos fluorogênicos. pág. 42
Figura 13: Efeito da concentração de NaCl e ChCl na
eficiência catalítica da trombina. pág. 45
Figura 14: Eficiência catalítica da trombina em presença
da seqüência C – terminal do substrato de
26 resíduos de aminoácidos. pág. 46
Figura 15: Eficiência catalítica da trombina com o
peptídeo 0714 D. pág. 47
xii
Tabela 1: Ponto de clivagem dos substratos da trombina pág. 08
Tabela 2: Relação das moléculas que ligam ao
exosítio 1 da trombina pág. 10
Tabela 3: Seqüência e enzimas agonistas
dos receptores PARs. pág. 16
Tabela 4: Seqüências e massas dos substratos
íntegros e hidrolisados. g. 27
Tabela 5: Parâmetros cinéticos da trombina
com os substratos fluorogênicos e
seus moduladores. pág. 43
xiii
Sumário
1. Introdução pág. 01
1.1. Papel da trombina no processo hemostático pág. 02
1.2. Estrutura e especificidade da trombina g. 04
1.3 Receptores plaquetários g. 13
1.3.1. PAR e sua função pág. 14
1.4. Inibidores da trombina g. 17
1.4.1. Glicirrizina pág. 18
1.4.2. Botrojaracina pág. 19
1.5. Emprego dos substratos fluorogênicos
baseados na seqüência do PAR 1. pág. 20
2. Objetivo g. 23
2.1. Objetivo Geral pág. 24
2.2. Objetivos específicos pág. 25
3. Material e métodos pág. 26
3.1. Síntese dos substratos fluorogênicos pág. 27
3.2. Análise dos substratos fluorogênicos por HPLC pág. 28
3.3. Hidrólise dos substratos e análise por espectrometria de massas pág. 28
3.4. Cinética de hidrólise dos substratos fluorogênicos pela trombina g. 29
3.4.1. Determinação dos parâmetros cinéticos
com os substratos de 26 aa e 11 aa pág. 29
3.4.2. Determinação dos parâmetros cinéticos
com presença de glicirrizina e botrojaracina pág. 31
3.4.3. Efeito da força iônica na atividade da trombina g. 31
3.5. Determinação da velocidade enzimática pág. 32
xiv
3.6. Análise da interação da seqüência C – terminal
do substrato de 26 aa com o exosítio 1 pág. 32
4. Resultados pág. 34
4.1. Análise da integridade dos substratos fluorogênicos pág. 35
4.2. Análise das massas e determinação
do sítio de hidrólise dos substratos fluorogênicos
por espectrometria de massas pág. 36
4.3. Velocidade enzimática e parâmetros
da trombina frente aos substratos analisados pág. 42
4.4. Efeito da força iônica na atividade da trombina g. 44
4.5. Interação da seqüência C – terminal
do substrato de 26 aa no exosítio 1 pág. 46
5. Discussão pág. 49
6. Conclusão pág. 55
7. Referência Bibliográfica pág. 60
8. Anexo pág. 67
xv
Resumo
A trombina exibe uma atividade catalítica altamente seletiva para os seus substratos
devido à especificidade do seu sítio catalítico, além de dois exosítios (exosítio 1 e
exosítio 2) carregados positivamente que governam esta especificidade. O exosítio 1
tem demonstrado ser uma região de maior participação na eficiência da trombina,
por interagir com substratos macromoleculares e com outros ligantes. Nós utilizamos
a seqüência do receptor plaquetário PAR 1, ativado pela trombina, na síntese de
substratos fluorogênicos para estudarmos a atividade catalítica da trombina com
relevância na posição P
3
´ destes substratos. Foram sintetizados dois grupos de
substratos de 11 e 26 resíduos de aminoácidos, onde, na posição P
3
´, cada
substrato contém um resíduo de aminoácido diferente (Arg, Pro, Ala e Asp). Os
substratos de 26 aa, além do sítio de hidrólise, contêm uma seqüência C terminal
que interage com o exosítio 1 da enzima. Primeiramente, nós determinamos o sítio
de clivagem dos substratos pela trombina onde, por meio de análise por
espectrometria de massas, confirmamos a seqüência como sendo LDPR
41
S
42
FXLN. A sua eficiência catalítica foi maior com os substratos de 26 aa do que
com os 11 aa. Na posição P
3
´, o resíduo Arg (K
cat
/K
m
= 16 µM
-1
s
-1
± 2,5 e K
cat
/K
m
=
0,8 µM
-1
s
-1
± 0,1) e o Asp (K
cat
/K
m
= 5 µM
-1
s
-1
± 0,9 e K
cat
/K
m
= 0,2 µM
-1
s
-1
±
0,03), de ambos substratos, apresentaram, respectivamente, as melhores e as
piores eficiências catalíticas. Moléculas moduladoras da trombina que interagem
com o exosítio 1, glicirrizina e botrojaracina, diminuíram os valores de K
cat
/K
m
para
ambos substratos. Por outro lado, a utilização do C-terminal sintetizado do PAR 1,
(DKYEPFWEDEEKNQ), inibiu a atividade catalítica da trombina nos substratos de
11 aa, 26 aa e S-2238. Sabendo que na ligação com o exosítio 1 a interação
eletrostática tem um papel fundamental, avaliamos o efeito da força iônica dos sais
NaCl e ChCl (0 a 700 mM) na interação da enzima com os substratos de 26 aa e 11
aa. Assim, observamos que a reação com o substrato de 26 aa foi completamente
abolida na presença de ChCl e a partir de 300 mM de NaCl. No entanto, o substrato
de 11 aa teve a atividade estimulada até 150 mM de ChCl e com todas as
concentrações de NaCl. Em conclusão, a interação do C terminal do substrato de
26 aa no exosítio 1 aumenta a eficiência catalítica da trombina, sem alterar a
preferência dos resíduos de aminoácidos em P
3
´, sendo influenciada por forças
eletrostáticas.
xvi
Abstract
Thrombin exhibits a highly selective catalytic activity over substrates through its
catalytic site specifity, besides two exosites (numbered 1 and 2) positively charged
that govern this specifity too. Exosite 1 proved to be a region with larger interference
on thrombin’s efficiency by interacting with macromolecular substrates and other
ligands. We used the sequence of the platelet receptor PAR1 (which is activated by
thrombin) to design fluorogenic peptide substrates to study the enzyme catalytic
activity, giving special attention to the P
3
position of the substrates. Two sets of
peptides, with 11 and 26 amino acid residues respectively, were synthesized, and the
P
3
position presented different residues (Arg, Ala, Pro, or Asp). Besides the site of
hydrolysis, the long substrates included a C-terminal sequence interacting with
thrombin’s exosite 1. We first determined the peptide’s cleavage site by mass
spectrometry, and confirmed it to be LDPR
41
S
42
FXLN. Thrombin’s catalytic
efficiency was higher over the 26 aa substrates. For both substrate families, Arg
(K
cat
/K
m
= 16 µM
-1
s
-1
± 2,5 e K
cat
/K
m
= 0,8 µM
-1
s
-1
± 0,1) and Asp (K
cat
/K
m
= 5 µM
-
1
s
-1
± 0,9 e K
cat
/K
m
= 0,2 µM
-1
s
-1
± 0,03) residues presented the best and the worse
catalytic efficiencies, respectively. Glicirrhyzin and bothrojaracin, modulators of
thrombin that interact with exosite 1, diminished K
cat
/K
m
for either substrate.
Conversely, addition of the synthetic C-terminal peptide (DKYEPFWEDEEKNQ) of
PAR-1 impaired thrombin efficiency over the 11 aa, 26 aa, and chromogenic S-2238
substrates. As electrostatic interactions have a fundamental role on the interactions
of ligands with exosite 1, we evaluated the effects of ionic force using NaCl anc ChCl
(0-700 mM) on the interactions of thrombin with the 11 aa and 26 aa substrates.
Thrombin’s activity towards the 26 aa substrate was completely abolished by
increasing ChCl and over 300 mM NaCl. However, activity over the 11 aa substrate
was increased up to 150 mM ChCl and over all the NaCl concentrations. In
conclusion, interaction of the C-terminus of the 26 aa substrates with exosite 1
increases the catalytic efficiency of thrombin, without shifting the preference for
amino acid residues at P
3
’, and is influenced by electrostatic forces.
1
1 INTRODUÇÃO
2
1.1. PAPEL DA TROMBINA NO PROCESSO HEMOSTÁTICO
O processo hemostático, descrito didaticamente, se inicia quando ocorre
injúria vascular através da primeira etapa conhecida como hemostase primária. Esta
etapa é conduzida pela ativação das plaquetas que, através de receptores na sua
membrana, inicializará um processo de adesão no subendotélio exposto, no local da
injúria, e de agregação entre elas. Logo, ocorrerá a formação de um trombo
plaquetário instável (Jackson e col., 2003). A hemostase secundária, para a
estabilização do trombo, é caracterizada pela ativação de enzimas do plasma que
culmina com a formação de fibrina (Dahlbäck, 2000). A ativação destas enzimas
ocorre pela exposição do fator tecidual formando o primeiro complexo hemostático
com o fator VIIa. Este complexo, fator tecidual fator VIIa, ativará dois zimogênios
presentes na corrente sanguínea, fator X e fator IX, em enzimas funcionais, fator Xa
e fator IXa respectivamente. O fator Xa complexado com fosfolipídios, íons cálcio e
fator Va ativa a protrombina em trombina que terá participação em diversos pontos
do processo hemostático. A amplificação da formação desse complexo, através do
aumento de fator X ativado, dá-se através da sua ativação pelo complexo fator IXa,
fosfolipídios, íons cálcio e fator VIIIa (Dahlbäck, 2000).
A trombina é a única enzima que atua na clivagem do fibrinogênio, proteína
solúvel no plasma, formando monômeros de fibrina que interagem entre si, por
ligações eletrostáticas, formando uma rede insolúvel e instável que seconsolidada
pela ação do fator XIIIa, sendo este, também, ativado pela trombina. Esta rede de
fibrina estabiliza o agregado de plaquetas formado sobre a injúria vascular
(Dahlbäck, 2000; Gentry, 2004).
3
Além disso, a trombina ativa os fatores V, VIII, XI e plaquetas. Sua ação em
plaquetas e em outras proteínas da coagulação mostra que a trombina é capaz de
amplificar a hemostase primária e sua própria formação respectivamente (Gentry,
2004).
Figura 1. Esquema representativo da cascata de coagulação. Início da formação do
trombo após a injúria vascular e exposição do fator tecidual para a circulação sangüínea.
Trombina mostra um papel central exercendo regulação positiva, ativando outras proteínas
procoagulantes e plaquetas.
Além de possuir atividade pró-coagulante, a trombina, também, possui
atividade anticoagulante. Isto ocorre através da interação da trombina com a
trombomodulina (Esmon, 1989), uma glicoproteína de membrana encontrada na
superfície de células endoteliais (Mathews e col., 1994). Esta interação acontece
com a ligação da trombomodulina que possui seis domínios similares ao fator de
crescimento epidermal (EGF 1 6). Estes domínios ligam-se numa região da
CO
CO
Á
Á
GULO
GULO
DE FIBRINA
DE FIBRINA
XIII
XIII
XIII
XIII
a
a
FIBRINOGÊNIO
FIBRINOGÊNIO
POL
POL
Í
Í
MERO
MERO
DE FIBRINA
DE FIBRINA
FPA,FPB
FPA,FPB
XI
XI
XIa
XIa
VIII
VIII
V
V
VIII
VIII
a
a
IX
IX
a
a
PL + Ca
PL + Ca
+2
+2
IX
IX
FATOR TECIDUAL
FATOR TECIDUAL
+
+
VIIa
VIIa
X
PROTROMBINA
PROTROMBINA
TROMBINA
TROMBINA
Xa
Xa
V
V
a
a
PL + Ca
PL + Ca
+2
+2
PLAQUETAS
PLAQUETAS
ATIVA
ATIVA
Ç
Ç
ÃO/
ÃO/
AGREGA
AGREGA
Ç
Ç
ÃO
ÃO
CO
CO
Á
Á
GULO
GULO
DE FIBRINA
DE FIBRINA
XIII
XIII
XIII
XIII
a
a
FIBRINOGÊNIO
FIBRINOGÊNIO
POL
POL
Í
Í
MERO
MERO
DE FIBRINA
DE FIBRINA
FPA,FPB
FPA,FPB
XI
XI
XIa
XIa
VIII
VIII
V
V
VIII
VIII
a
a
IX
IX
a
a
PL + Ca
PL + Ca
+2
+2
IX
IX
FATOR TECIDUAL
FATOR TECIDUAL
+
+
VIIa
VIIa
X
PROTROMBINA
PROTROMBINA
TROMBINA
TROMBINA
Xa
Xa
V
V
a
a
PL + Ca
PL + Ca
+2
+2
PLAQUETAS
PLAQUETAS
ATIVA
ATIVA
Ç
Ç
ÃO/
ÃO/
AGREGA
AGREGA
Ç
Ç
ÃO
ÃO
4
trombina carregada positivamente, conhecida como exosítio 1, provocando uma
mudança conformacional no seu sítio catalítico (Mathews e col., 1994). Esta
mudança conformacional altera a preferência catalítica pelo seu substrato,
fibrinogênio, pela proteína C (Ye e col., 1992). A proteína C, quando ativada pelo
complexo trombina-trombomodulina, associa-se com a proteína S, inativando
proteoliticamente os fatores Va e VIIIa (figura 2). Com a inibição dos cofatores, os
fatores Xa e IXa não atuam eficientemente nos complexos, diminuindo, assim, a
presença de trombina na circulação sangüínea (Esmon, 2005).
Figura 2. Inibição da coagulação pela ativação da proteína C. Trombomodulina, presente
no endotélio celular, liga-se com a trombina circulante nas células intactas passando a ativar
a proteína C. A proteína C ativada forma um complexo com a proteína S na membrana das
células endoteliais inativando os fatores Va e VIIIa resultando, assim, a inibição do processo
procoagulante (adaptada de Dahlbäck, 2000).
1.2. ESTRUTURA E ESPECIFICIDADE DA TROMBINA
A trombina é uma serino-protease pertencente à família da tripsina, formada
por duas cadeias polipeptídicas unidas por uma ligação disulfeto. A cadeia A é
constituída por 36 resíduos de aminoácidos de ~4.600 Da e enquanto a cadeia B é
constituída por 259 resíduos de aminoácidos de ~32.000 Da (Fenton e col., 1977;
Bode e col., 1992).
Proteína
Proteína
Proteína
Trombomodulina
Proteína
Proteína
Proteína
Trombomodulina
5
Os resíduos de aminoácidos responsáveis pela especificidade da trombina
estão localizados na cadeia B da enzima e as suas posições são equivalentes as do
quimiotripsinogênio bovino, uma vez que cadeia B tem sua estrutura tridimensional
similar a do quimiotripsinogênio bovino (Bode e col., 1989).
Apesar de a trombina possuir atividade catalítica sobre vários substratos, ela
apresenta uma alta especificidade na sua hidrólise. Esta especificidade deve-se, em
parte, pelo seu sítio catalítico, onde está localizada a tríade catalítica composta pelos
resíduos de aminoácidos serina na posição 195, histidina na 57 e ácido aspártico na
102 (Stubbs e Bode, 1993; Bode e col., 1992). Adjacentes à tríade catalítica, estão
os subsítios, formados por resíduo de aminoácido ou por grupos de resíduos de
aminoácidos que interagindo com os resíduos de aminoácidos do substrato
proporcionam uma seletividade na atividade catalítica da enzima, ocasionando
assim, um aumento na eficiência catalítica da enzima para determinados substratos
(figura 3A) (Stubbs e Bode, 1993; Page e col., 2005). Na nomenclatura sugerida por
Schechter e Berger, citados por Page e colaboradores (2005), os subsítios da
enzima são representados pela letra “S” e os resíduos do substrato são
representados pela letra “P”. Os resíduos associados ao lado N-terminal do
substrato, a partir do sítio de clivagem, são denominados em P
1
, P
2
, P
3
..... P
n
,
respectivamente, os subsítios que interagem com os resíduos são denominados de
S
1
, S
2
, S
3
..... S
n
. Os resíduos ao lado C-terminal do substrato, a partir do sítio de
clivagem, o denominados em P
1
´, P
2
´, P
3
´..... P
n
´ interagindo com os seus
respectivos subsítios S
1
´, S
2
´, S
3
´..... S
n
´(figura 3B).
O primeiro subsítio S
1
é idêntico ao da tripsina, com o ácido aspártico na
posição 189 responsável pela interação com a arginina na posição P
1
do substrato
(Stubbs e Bode, 1993, Chirgadze e col., 2000). O subsítio S
2
é composto pelos
6
resíduos histidina na posição 57, serina na 214, leucina na 99, tirosina na 60A,
prolina na 60B, prolina na 60C, triptofano na 60D (seqüência da alça 60), ácido
glutâmico na 146, treonina na 147 e triptofano na posição 148 (Stubbs e Bode, 1993;
Le Bonniec e col., 1993; Le Bonniec e col., 1994). Alguns artigos mostram que
quando a seqüência da alça 60 e a seqüência ácido glutâmico 146, treonina 147 e
triptofano 148 são deletados da trombina, sua atividade catalítica diminui devido à
modificação no subsítio S
2
(Le Bonniec e col., 1993; Le Bonniec e col., 1994).
Figura 3. Esquema representativo da trombina e dos subsítios. (A) Esquema estrutural
da trombina. (B) Esquema da interação dos subsítios da trombina aos respectivos
aminoácidos do seu substrato. (C) Resíduos de aminoácidos que formam os subsítios.
S
195
H
57
D
102
S
1
S
2
S
1
´
S
2
´S
3
´
S
3
P
3
P
2
P
1
P
2
´P
1
´
P
3
´
H
2
N
CO
2
H
3A
3B
Cadeia A
Cadeia B
Tríade Catalítica
S
195
H
57
D
102
S
1
S
2
S
3
S
1
´
S
2
´S
3
´
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Exosítio 1Exosítio 2
SS
Fenda
Catalítica
Asp 189
His 57, Ser 214, Leu 99, alça 60 (Tyr 60A, Pro 60B,Pro
60C, Trp 60D), Glu 146, Thr 147 e Trp 148
Glu 39
Lys 60F
Gln 51, Arg 73
Glu 192
S
1
S
1
´
S
2
S
2
´
S
3
S
3
´
3C
S
195
H
57
D
102
S
1
S
2
S
1
´
S
2
´S
3
´
S
3
P
3
P
2
P
1
P
2
´P
1
´
P
3
´
H
2
N
CO
2
H
3A
3B
Cadeia A
Cadeia B
Tríade Catalítica
S
195
H
57
D
102
S
1
S
2
S
3
S
1
´
S
2
´S
3
´
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Exosítio 1Exosítio 2
SS
Fenda
Catalítica
Cadeia A
Cadeia B
Tríade Catalítica
S
195
H
57
D
102
S
1
S
2
S
3
S
1
´
S
2
´S
3
´
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Exosítio 1Exosítio 2
SS
Cadeia A
Cadeia B
Tríade Catalítica
S
195
H
57
D
102
S
1
S
2
S
3
S
1
´
S
2
´S
3
´
S
195
H
57
D
102
S
1
S
2
S
3
S
1
´
S
2
´S
3
´
S
195
H
57
D
102
S
1
S
2
S
3
S
1
´
S
2
´S
3
´
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Exosítio 1Exosítio 2
SS
Fenda
Catalítica
Asp 189
His 57, Ser 214, Leu 99, alça 60 (Tyr 60A, Pro 60B,Pro
60C, Trp 60D), Glu 146, Thr 147 e Trp 148
Glu 39
Lys 60F
Gln 51, Arg 73
Glu 192
S
1
S
1
´
S
2
S
2
´
S
3
S
3
´
Asp 189
His 57, Ser 214, Leu 99, alça 60 (Tyr 60A, Pro 60B,Pro
60C, Trp 60D), Glu 146, Thr 147 e Trp 148
Glu 39
Lys 60F
Gln 51, Arg 73
Glu 192
S
1
S
1
S
1
´S
1
´
S
2
S
2
S
2
´S
2
´
S
3
S
3
S
3
´S
3
´
3C
7
A formação do S
2
por esses resíduos favorece interações com aminoácidos
apolares, particularmente com prolina. Harris e colaboradores (2000) mostram que a
troca de prolina por outros aminoácidos na posição P
2
provoca uma diminuição
drástica da atividade catalítica da trombina. No subsítio S
1
´ está o resíduo lisina na
posição 60F que favorece interação com resíduos pequenos na posição P
1
´, como
glicina, alanina e serina (Stubbs e Bode, 1993; Bode e col., 1989; Costanzo e col.,
2005). Sendo que, na maioria das vezes, nos substratos da trombina, serina é
encontrada nesta posição (tabela 1). Para o subsítio S
2
´ estão presentes os resíduos
glutamina na posição 51 e arginina na posição 73 (Bode e col., 1989). Estes
resíduos proporcionam pouca discriminação para a maioria dos aminoácidos na
posição P
2
´, apresentando uma preferência menor para os resíduos ácidos (Le
Bonniec e col., 1996; Marque e col., 2000).
Ambos subsítios S
3
e S
3
´ possuem resíduos ácidos, ácido glutâmico na
posição 39 e ácido glutâmico na posição 192 respectivamente (Stubbs e Bode,
1993; Le Bonniec e Esmon, 1991; Le Bonniec e col., 1991). Ambas regiões têm
pouca ação na especificidade da trombina com seus substratos fisiológicos e
sintéticos (Marque e col., 2000; Le Bonniec e col., 1996). Porém, estes subsítios
limitam a catálise da trombina para a proteína C (Le Bonniec e Esmon, 1991; Le
Bonniec e col., 1991).
8
Tabela 1 – Ponto de clivagem dos substratos da trombina.
Substrato Seqüência P
3
P
2
P
1
- P
1
´ P
2
´ P
3
´
Receptor PAR 1 (Arg
41
) DPR-SFL
Fator V (Arg
1018
) SPR-TFH
Fator V (Arg
709
) GIR-SFR
Fator VIII (Arg
1689
) SPR-SFQ
Fator VIII (Arg
740
) EPR-SFS
Protrombina (Arg
155
) TPR-SEG
Protrombina (Arg
284
) NPR-TFG
Fibrinogênio Aα (Arg
16
) GVR-GPR
Fibrinogênio Aα (Arg
19
) GPR-VVE
Fibrinogênio Bβ (Arg
14
) SAR-GHR
Fator XIII (Arg
36
) VPR-GVK
Proteína C (Arg
169
) DPR-LID
Trombina (Arg
15
) DGR-IVE
Adaptada de Stubbs e Bode, 1993 e Le Boniec e col., 1996
A atividade catalítica da trombina é extremamente baixa frente a proteína C,
devido à presença de resíduos de ácido aspártico nas posições P
3
e P
3
´ (Stubbs e
Bode, 1993). No entanto, quando a trombina interage com a trombomodulina sua
atividade frente a proteína C aumenta (Ye e col., 1991; Musci e col., 1988). Este
aumento na atividade é devido à modificação na posição dos resíduos ácidos dos
subsítios no momento da interação. O ácido glutâmico 39 é deslocado da sua
posição e o ácido glutâmico 192 cede sua posição para a aproximação da arginina
35 (Stubbs e Bode, 1993).
9
Após a descoberta da estrutura da trombina, acreditava-se que a cadeia A
não participava na atividade enzimática. Entretanto, trabalhos recentes mostraram
que a cadeia A é importante para a atividade catalítica da trombina. No trabalho de
De Cristofaro e colaboradores (2004), identificou-se que a deleção da lisina na
posição 9 da cadeia A provoca uma desestruturação no sítio catalítico, onde os
resíduos que fazem parte da tríade catalítica e dos subsítios ficam mais afastados
entre si proporcionando, assim, diminuição na atividade amidolítica da enzima. Em
testes com mutações da cadeia A, foram encontrados outros resíduos relevantes
como os resíduos Arg4-Glu8-Asp14-Glu14c que são responsáveis pelas interações
intra e inter-molecualres e pelo reconhecimento de substratos. Estes resíduos são
considerados importantes para estabilização com a cadeia B (Papaconstantinou e Di
Cera, 2008).
A trombina possui duas regiões, além do sítio catalítico, capazes de governar
sua especificidade. Estas regiões, denominadas de exosítio 1 e exosítio 2, formadas
principalmente por resíduos de arginina e lisina, o essencialmente carregadas
positivamente (Guillin e col., 1995; Stubbs e Bode, 1993). Os exosítios ficam
distantes do sítio catalítico e entre si (figura 3A) e são responsáveis pela interação
da trombina com moléculas ligantes a essas regiões e seus substratos
macromoleculares (Guillin e col., 1995; Meh e col., 1996; Esmon e Lollar, 1996).
Cada exosítio liga-se com moléculas distintas, o que se principalmente por
interações eletrostáticas (Warkentin, 2004). O exosítio 1 tem maior participação na
especificidade da enzima e na eficiência catalítica. Todas as interações da trombina
com seus substratos macromoleculares se dão através do exosítio 1, além disso
este sítio interage com alguns inibidores e outros ligantes (Warkentin, 2004;
Francischetti e col., 1997; Mathews e col., 1994; Esmon e Lollar, 1996). A interação
10
com o exosítio 1 provoca uma mudança conformacional no sítio catalítico da
trombina, ocasionando uma mudança na sua atividade catalítica, sendo esta
atividade positiva ou negativa dependendo do substrato (Monteiro e col., 1999). Por
outro lado, a ação inibitória das moléculas que interagem neste sítio é de
competição com os substratos macromoleculares, impedindo-os que tenham uma
interação satisfatória ao exosítio 1 e diminuindo a taxa de hidrólise da trombina
(Warkentin, 2004; Francischetti e col., 1997; Zingali e col., 1993).
Tabela 2 – Relação das moléculas que ligam ao exosítio 1 da trombina.
Molécula Papel na atividade da
trombina
Referência
Fibrinogênio (cadeia Aα) Substrato Binnie e Lord, 1993
PAR 1 Substrato Ossovskaya e col., 2004
Fator V Substrato Esmon e Lollar, 1996
Fator VIII Substrato Esmon e Lollar, 1996
Trombomodulina Ligante Mathews e col., 1994
PAR 3 Ligante Ossovskaya e col., 2004
GPIbα Ligante De Marco e col., 1994
Cofator II de heparina Inibidor Tollefsen, 2007
Hirudina Inibidor Warkentin, 2004
Botrojaracina Inibidor Zingali e col., 1993
Glicirrizina Inibidor Francischetti e col., 1997
Para que a trombina exerça uma ótima atividade pró-coagulante, é
indispensável a presença de cátions monovalentes na estrutura da enzima (Wells e
11
col., 1992). A trombina é capaz de fazer ligações com todos os cátions
monovalentes, no entanto suas constantes cinéticas são melhores na presença de
Na
+
ou K
+
, sendo o sódio o principal cátion para a atividade específica e alostérica
da trombina (Wells e col., 1992; Bah e col., 2006; Gianni e col., 2007).
.
Figura 4. Representação esquemática de múltiplos papéis da trombina no sangue com
a influência do Na
+
. Após a sua ativação, a trombina fica entre a forma lenta, livre de Na
+
(40% da população de moléculas in vivo) e a forma rápida, ligada ao Na
+
(60% da população
de moléculas in vivo). A forma rápida é responsável pela clivagem eficiente do fibrinogênio
para a formação do coágulo e ativação dos fatores V, VIII, e XI que promovem a progressão
da coagulação no vaso danificado. É, também, responsável pela ativação do PAR 1, PAR 3,
e PAR 4 para ativação de plaquetas e sinalização celular. A forma lenta, por outro lado, ativa
eficientemente a proteína C com a associação da trombomodulina (adaptada de Di Cera,
2008).
Anticoagulação
Coagulação
Ativação de
plaquetas, sinalizão
Fibrinonio,
Forma rápida
Forma lenta
Anticoagulação
Coagulação
Ativação de
plaquetas, sinalizão
Fibrinonio,
Forma rápida
Forma lenta
12
Quando a trombina está ligada ao Na
+
, chamada forma rápida, aumenta a sua
atividade catalítica em relação ao fibrinogênio, fator V, fator VIII, fator XI e PAR 1. Na
sua forma lenta, livre de Na
+
, sua atividade diminui, no entanto é favorável para a
ação catalítica sobre a proteína C (Di Cera, 2008; Di Cera, 2004). Estas duas
formas, em condições fisiológicas de NaCl (150 mM), estão significativamente
presentes no plasma, devido à constante de dissociação do íon sódio ser 110 mM a
37 ºC (figura 4) (Di Cera, 2008; Bah e col., 2006; Gianni e col., 2007).
A interação do Na
+
com a trombina é dependente da temperatura e auxilia na
ligação e na hidrólise da enzima com o substrato (Bah e col., 2006; Gianni, e col.,
2007). O sítio de interação do íon sódio está localizado próximo ao sítio catalítico
entre a alça 220 e a alça 186. O Na
+
forma ligações com dois átomos de oxigênio
dos resíduos arginina 221a e lisina 224 e com quatro moléculas de água ancoradas
ao redor dos resíduos do ácido aspártico 189, ácido aspártico 221, glicina 223 e
tirosina 184 (figura 5) (Zhang e Tulinsky, 1997). A ausência de Na
+
causa uma
reorientação dos resíduos serina na posição 195 e ácido glutâmico na posição 192
modificando o substrato alvo da atividade da trombina (Di Cera, 2004, Di Cera,
2008).
13
Figura 5. Sítio de ligação do sódio. Íon sódio representado pelo círculo azul, interação do
Na
+
(linha tracejada verde) com moléculas de água (círculo vermelho) e com átomos de
oxigênio dos resíduos R 221a e K 224. Asp 189 acoplando eletrostaticamente com o resíduo
Arg em P
1
do substrato (adaptada de Di Cera, 2004).
1.3. RECEPTORES PLAQUETÁRIOS
Plaquetas são fragmentos celulares de megacariócitos, com forma discóide,
responsáveis pela resposta primária do processo hemostático (Jackson, 2007). Sua
ação de adesão e agregação é dependente da sua ativação através dos agonistas:
trombina, colágeno, adenosina difosfato (ADP) e tromboxano A2 entre outros
(Jackson, 2007; Mackman, 2008). Quando as plaquetas o ativadas, estas mudam
seu formato discóide para esférico, com emissão de pseudópodes, e expõem seus
receptores (Mackman, 2008).
Colágeno e o fator de von Willenbrand (vWF) são os mediadores da adesão
plaquetária e o fibrinogênio é o mediador da agregação (Mackman, 2008; Marguerie
e col., 1979; Cooper e col., 1979; Clemetson e Clemetson, 2008). Estas moléculas
Substrato
Arg
Substrato
Arg
14
para exercerem suas funções precisam interagir com os seus respectivos receptores
plaquetário: glicoproteínas (GP) Ib, VI e IIb/IIIa (Marguerie e col., 1979; Cooper e
col., 1979; Clemetson e Clemetson, 2008). Além destas interações serem
responsáveis pelo aglomerado plaquetário, elas, também, ativam as plaquetas. No
entanto, sua ativação é eficaz quando a trombina interage com os receptores
ativados por protease (PARs) (Ossovskaya e Bunnett, 2004; Jacques e col., 2000).
1.3.1. PAR E SUA FUNÇÃO
Os receptores ativados por protease (PAR) são responsáveis pela resposta
plaquetária por meio da ação da trombina. Existem quatro receptores pertencentes à
família dos receptores atrelados à proteína G. Eles apresentam 425 resíduos de
cadeia única, contendo um amino-terminal extracelular com 75 resíduos de
aminoácidos, sete domínios hidrofóbicos transmembrana e uma porção carboxi-
terminal intercelular (figura 6) (Ossovskaya e Bunnett, 2004). Os receptores do tipo
PAR estão distribuídos em plaquetas de espécies diferentes, além de serem
encontrados em membranas de células endotelial, neurônios, miócitos, astrócitos,
entre outras (Ossovskaya e Bunnett, 2004; Coughlin, 2000).
15
Figura 6. Localização e mecanismo de ativação do receptor PAR 1. A trombina ativa o
PAR 1 em dois processos: primeiro, ela liga à porção C-terminal semelhante à hirudina da
posição extracelular e em seguida, a enzima cliva a porção N-terminal formando um novo N-
terminal que ativará o receptor (adaptada de Ossovskaya e Bunnett, 2004).
Cada receptor é ativado por enzimas específicas, o que provocará uma
resposta celular característica da célula ativada (tabela 3) (Ossovskaya e Bunnett,
2004). No caso das plaquetas humanas, elas são ativadas pelos receptores PAR 1 e
PAR 4 através da trombina. Entretanto, a ativação ocorre efetivamente com o PAR
1, sendo necessárias concentrações mínimas (picomolar) de trombina, enquanto que
para a ativação através do PAR 4 as concentrações de trombina o da ordem de
micromolar (Ossovskaya e Bunnett, 2004; Jacques e col., 2000). Entretanto, mesmo
a trombina apresentando uma atividade de hidrólise diminuída com o PAR 4, o
receptor é um auxiliar na ativação da plaqueta (Jacques e col., 2000; Coughlin,
2000; Vu e col., 1991).
Trombina
Sinal da
Transdução
Novo N-terminal
Seqüência C-terminal
semelhante ao da hirudina
que interage ao exosítio 1
Trombina
Sinal da
Transdução
Novo N-terminal
Seqüência C-terminal
semelhante ao da hirudina
que interage ao exosítio 1
Novo N-terminal
Seqüência C-terminal
semelhante ao da hirudina
que interage ao exosítio 1
16
Tabela 3 – Seqüência e enzimas agonistas dos receptores PARs.
Receptor Seqüência N-terminal Enzimas Agonistas
PAR 1
38
LDPRSFLLRNPNDKYEPFWEDEEK
61
Trombina, fator Xa, proteína C
ativada, tripsina
PAR 2
31
SKGRSLIGKVDGTSHVTGKGVTVETC
56
Tripsina, triptase, fator VIIa, fator
Xa, proteinase-3, elastase,
catepsina-G
PAR 3
35
LPIKTFRGAPPNSFEEFPFSALEEGW
60
Trombina
PAR 4
44
PAPRGYPGQVCANDSDTLELPDSSRA
69
Trombina, tripsina, catepsina-G
Adaptada de Ossovskaya e Bunnett, 2004.
A afinidade e atividade da trombina frente ao PAR 1 se deve ao sítio de
hidrólise da porção N-terminal extracelular, LDPR
41
S
42
FLL, e pela interação da
porção C-terminal do receptor,
50
DKYEPFWEDEEK
61
, com o exosítio 1 da trombina
(tabela 3) (Ossovskaya e Bunnett, 2004; Vu e col., 1991). Esta seqüência, quando
ligada à trombina, direciona sua especificidade aumentando sua eficiência catalítica
no ponto de hidrólise (Jacques e col., 2000). A porção C-terminal contém uma
seqüência, DKYEPF, que é semelhante à seqüência C-terminal da hirudina. Desta
seqüência, os resíduos tirosina na posição 52, ácido glutâmico na 53 e fenilalanina
na 55 promovem interação específica e importante no complexo trombina PAR 1,
sendo que a tirosina 52, particularmente, é vital para esta interação (Vu e col., 1991).
Uma seqüência adjacente, apesar de conter três resíduos negativos de ácido
17
glutâmico e ácido aspártico, não demonstra papel importante nessa interação (Vu e
col., 1991).
Após o reconhecimento da enzima com o domínio extracelular do receptor e a
trombina clivar o seguimento N-terminal do receptor, é formado um novo N-terminal
que se associa na alça do receptor causando a sinalização transmembranar (figura
6) (Coughlin, 2000; Ossovskaya e Bunnett, 2004).
1.4 INIBIDORES DA TROMBINA
A terapia anticoagulante e antitrombótica é, até hoje, baseada em três
agentes principais: heparina, heparina de baixo peso molecular e antagonistas da
vitamina K (Becker e col., 1999; Ansell, 2005). Apesar de serem utilizados com
freqüência, estes agentes apresentam limitações no tratamento. Eles não são
seletivos e se não forem monitorados constantemente podem provocar hemorragias
(Becker e col., 1999; Ansell, 2005).
Novos inibidores estão sendo estudados e desenvolvidos, tendo como alvo
específico a trombina, cada um com diferentes mecanismos de interação na enzima
(Kathiresan e col., 2002; Warkentin, 2004), como exemplo, argatroban, inibidor
químico que liga somente no sítio catalítico da trombina (Kathiresan e col., 2002).
Hirudina interage tanto no sítio catalítico quanto no exosítio 1 (Warkentin, 2004) e
outras moléculas em estudo, botrojaracina e glicirrizina, ambas com ações no
exosítio 1 da trombina (Francischetti e col., 1997; Zingali e col., 1993).
18
1.4.1 GLICIRRIZINA
Glicirrizina (GL) é uma substância, com importância toxológica, extraída da
raiz da planta leguminosa, Glycyrrhiza glabra, composta por uma molécula do ácido
glicirrético e duas moléculas do ácido glicurônico com massa molecular de 840 Da
(Dixon e Sumner, 2003).
Inicialmente, a glicirrizina foi caracterizada como antiinflamatório e,
posteriormente, como antialérgico, antiviral e anti-cancerígeno (Vlietinck e col., 1997;
Klass e Offerman, 2005; Koga e col., 2007). Mais tarde, estudos feitos por
Francischetti e colaboradores (1997) mostraram que a glicirrizina, também, possui
efeito anticoagulante com ação inibitória na trombina. Sua interação com a trombina
se através do exosítio 1, bloqueando a hidrólise do fibrinogênio e inibindo a
agregação de plaquetas com uma constante de inibição de 240 µM (Francischetti e
col., 1997). No entanto, sua inibição acontece somente com substratos
macromoleculares como o fibrinogênio e o PAR 1, visto que para substratos
pequenos, onde a interação com a enzima ocorre somente no sítio catalítico, a
glicirrizina é um modulador positivo para trombina (Francischetti e col., 1997).
Experimentos in vivo validaram os estudos de Francischetti na atividade anti
trombótica da glicirrizina. In vivo, observou-se diminuição do trombo induzido e
aumento no tempo de sangramento (Mendes-Silva e col., 2003). A substância
apresentou a capacidade de neutralização do veneno de Bothrops jararaca no
sistema hemostático (Assafim e col., 2006). O tempo de hemorragia induzido pelo
veneno foi reduzido com doses de glicirrizina. Isto supõe que a glicirrizina pode inibir
enzimas similares à trombina (Assafim e col., 2006).
19
1.4.2. BOTROJARACINA
Botrojaracina (BJC) é uma proteína isolada do veneno da serpente Bothrops
jararaca, formada por duas cadeias de peptídeos de 13.000 Da e 15.000 Da, ligadas
por uma ligação disulfeto. Seu ponto isoelétrico é de 4,2 e suas duas cadeias são
80% e 60% homólogas à botrocetina, logo a botrojaracina foi classificada na família
das proteínas semelhantes a lectinas tipo C (Zingali e col., 1993).
Essa molécula apresenta propriedade anticoagulante, sendo o primeiro
inibidor específico da trombina isolado do veneno de serpente (Zingali e col., 1993).
A interação da botrojaracina com a trombina é eletrostática em ambos exosítios,
sendo que no exosítio 1 a sua ação é mais significativa. Sua inibição é competitiva,
com constante de inibição de 15 nM, para os substratos que interagem no exosítio 1.
(Zingali e col., 1993; Arocas e col., 1996; Monteiro e col., 1999).
Quando a botrojaracina está complexada com a enzima, ela impede que
outras moléculas possam interagir com o exosítio 1 para que tenham uma atividade
catalítica eficaz. Assim, a atividade fibrinogenolítica e a ativação plaquetária pela
trombina são inibidas por causa do impedimento da ligação da cadeia Aα do
fibrinogênio e do receptor plaquetário PAR 1, respectivamente, com o exosítio 1,
pela botrojaracina (Arocas e col., 1996; Monteiro e col., 1999; Zingali e col., 1993).
Também foi demonstrado que a BJC impede a ativação de trombina pela interação
da protrombina através do proexosítio 1, um precursor do exosítio 1, impedindo,
assim, a interação do complexo fator Xa/Va com a protrombina, além da diminuição
de fator Va ativado pela trombina (Monteiro e Zingali, 2000; Zingali e col., 2005;
Arocas e col., 1998; Anderson e col., 2000).
20
Como a glicirrizina, a ação inibitória da botrojaracina sobre a trombina
acontece quando esta interage com os substratos macromoleculares. Para
substratos curtos, que interagem no sítio catalítico da trombina, o complexo formado
com a trombina e a botrojaracina pode modular a atividade da enzima, tanto positiva
quanto negativamente. Esta característica da atividade dependerá da interação do
sítio catalítico mudado com seqüências dos resíduos de aminoácidos de cada
substrato (Monteiro e col., 1999). Esta mudança é dada pela modulação do sítio
catalítico que é exposto para o meio externo no momento do complexo trombina
botrojaracina (Monteiro e col., 1999) .
1.5. EMPREGO DOS SUBSTRATOS FLUOROGÊNICOS BASEADOS
NA SEQÜÊNCIA DO PAR 1
Com a finalidade de avaliar a atividade da trombina com substratos que
interagissem com o subsítios e com o exosítio 1 da enzima, substratos fluorogênicos
foram sintetizados pelos professores Maria Juliano e Luiz Juliano do Departamento
de Biofísica da Universidade Federal de São Paulo Unifesp. Foram sintetizados
dois grupos de substratos (figura 7), o primeiro grupo com substratos de 26 resíduos
de aminoácidos e o segundo grupo com substratos de 11 resíduos de aminoácidos,
ambos baseados na seqüência do receptor plaquetário PAR 1
(
38
LDPRSFLLRNKNDKYEPFWEDEEKN
62
). Cada grupo contém quatro seqüências
diferenciadas na posição P
3
´, onde o resíduo original do receptor é leucina, foi
trocado por resíduos de aminoácidos com características ácido, básico e apolar.
A seqüência N-terminal do PAR 1 foi escolhida, devido a uma melhor
eficiência de hidrólise da enzima sobre este receptor. Além disso, a seqüência N-
21
terminal do PAR 1, fora o sítio de clivagem, contém, também, a seqüência que liga
ao exosítio 1 da trombina. Diferente do receptor PAR 4, que apresenta, somente, o
sítio de clivagem, sendo assim, este receptor não seria adequado para a interação
simultânea com os subsítios e com o exosítio 1.
Figura 7. Esquema dos substratos fluorogênicos. Representação esquemática dos
substratos com o fluoróforo (doador), ácido orto-aminobenzóico (Abz), ligado no lado N
terminal e o aceptor (supressor), Etilenodinitrofenil (EDDnp) e dinitrofenil (Dnp), no lado C
terminal dos substratos de 26aa e 11aa respectivamente. A letra “X” representa os
diferentes resíduos de aminoácidos na posição P
3
´: resíduo ácido (ácido aspártico), resíduo
básico (arginina), resíduos apolares (alanina e prolina). No substrato de 26aa, destacado em
vermelho, é a seqüência C terminal do receptor PAR 1. O resíduo de glutamina foi usado
no C-terminal como estratégia de síntese para ligar o EDDnp com a seqüência.
O monitoramento em tempo real da atividade enzimática é dada através do
desenvolvimento, pelo grupo dos professores Maria Juliano e Luiz Juliano, de
moléculas ligadas no amino e carboxi-terminal do substrato causando supressão
interna de fluorescência. Assim, esta estratégia aumenta a capacidade de detecção
e identificação dos fragmentos gerados pela ação enzimática.
A transmissão de fluorescência funciona pelo modelo de FRET, onde um
fluoróforo excitado transfere sua energia de excitação para um aceptor (supressor),
sendo que esta transmissão não é mediada por contato direto (Föster, 1948).
NH
2
O
LDPRSFXLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ
NO
2
NO
2
NH(CH
2
)
2
NH
Abz
EDDnp
NH
2
O
LDPRSFXLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ
NO
2
NO
2
NH(CH
2
)
2
NH
NH
2
O
NH
2
O
LDPRSFXLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ
NO
2
NO
2
NH(CH
2
)
2
NH NO
2
NO
2
NH(CH
2
)
2
NH NO
2
NO
2
NH(CH
2
)
2
NH
Abz
EDDnp
NH
2
O
LDPRSFXLRNK NO
2
NO
2
NH
Abz
Dnp
NH
2
O
LDPRSFXLRNK NO
2
NO
2
NH
NH
2
O
NH
2
O
LDPRSFXLRNK NO
2
NO
2
NH NO
2
NO
2
NH
Abz
Dnp
22
Quando ocorre a clivagem da ligação peptídica, o supressor se distancia do doador
que passa a liberar a energia de emissão, aumentando, assim, a intensidade de
fluorescência (figura 8).
Com os substratos fluorogênicos, nós podemos averiguar nossas indagações
sobre a influência mútua entre o subsítio S
3
´ e o exosítio 1 da trombina.
23
2 OBJETIVOS
24
2.1. OBJETIVO GERAL
O objetivo geral é estudar a atividade da trombina em relação à estrutura dos
substratos fluorogênicos capazes de se ligaram ao exosítio 1.
25
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar os parâmetros cinéticos da trombina com diferentes aminoácidos na
posição P
3
´ dos substratos fluorogênicos de 11 aa e de 26 aa.
Avaliar os parâmetros cinéticos da trombina com moduladores do exosítio 1,
botrojaracina e glicirrizina.
Avaliar o efeito da força nica na atividade catalítica da trombina sobre os
substratos.
Avaliar o efeito da interação da seqüência C terminal do substrato de 26 aa
na atividade catalítica da trombina com o substrato de 11 aa e com o
substrato cromogênico.
26
3. MATERIAL E MÉTODOS
27
3.1. SÍNTESE DOS SUBSTRATOS FLUOROGÊNICOS
Os substratos foram preparados pela síntese de fase sólida com o Fmoc (N-
(9-fluorenil)metóxicorbonil) usando um sintetizador de peptídeo múltiplo automático.
Glutamina foi o resíduo C-terminal usado para os substratos de 26 aa e lisina foi
para os substratos de 11 aa, porque é um requerimento de estratégia para a síntese
(Korkmaz e col., 2008).
A pureza do substrato foi verificada por espectrometria de massa e por
cromatografia de fase reversa. As concentrações dos substratos foram determinados
pela mensuração de absorbância de 365 nm usando ε
365 nm
= 17,300 M
-1
cm
-1
para
EDDnp e Dnp. A tabela 4 mostra as seqüências dos substratos, as massas deles
íntegros e as massas dos substratos hidrolisados pela trombina.
Tabela 4. Seqüências e massas dos substratos íntegros e hidrolisados.
a
Seqüência dos substratos de 26 aa (PAR 1 38 63) e dos substratos de 11 aa (PAR 1 38
48). Resíduos sublinhados correspondem à seqüência semelhante a da hirudina. Os
resíduos em negrito correspondem à posição P
3
´.
b c
Massas determinadas por
espectrometria de massa.
Seqüência dos substratos fluorogênicos
a
massa
b
Abz-LDPRSFRLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp 3681,28 619,51 3061,77
Abz-LDPRSFPLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp 3623,07 619,58 3004,08
Abz-LDPRSFALRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp 3579,72 619,55 2978,99
Abz-LDPRSFDLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp 3605,58 619,57 3023,01
Abz-LDPRSFRLRNK-Dnp 1638,85 619,58 1019,27
Abz-LDPRSFPLRNK-Dnp 1624,66 619,64 1005,32
Abz-LDPRSFALRNK-Dnp 1566,55 619,63 946,23
Abz-LDPRSFDLRNK-Dnp 1642,65 619,63 1023,25
N-terminal C-terminal
Massas da hidrólize
c
Seqüência dos substratos fluorogênicos
a
massa
b
Abz-LDPRSFRLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp 3681,28 619,51 3061,77
Abz-LDPRSFPLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp 3623,07 619,58 3004,08
Abz-LDPRSFALRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp 3579,72 619,55 2978,99
Abz-LDPRSFDLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp 3605,58 619,57 3023,01
Abz-LDPRSFRLRNK-Dnp 1638,85 619,58 1019,27
Abz-LDPRSFPLRNK-Dnp 1624,66 619,64 1005,32
Abz-LDPRSFALRNK-Dnp 1566,55 619,63 946,23
Abz-LDPRSFDLRNK-Dnp 1642,65 619,63 1023,25
N-terminal C-terminal
Massas da hidrólize
c
28
3.2. ANÁLISE DOS SUBSTRATOS FLUOROGÊNICOS POR HPLC
Os substratos sintetizados ressuspensos em DMSO (dimetilsulfóxido) foram
purificados por HPLC para separar produtos de degradação e o DMSO, pois este
interfere na cristalização da amostra para a análise por espectrometria de massas.
Injetamos 100 µL na concentração de 1,0 mg/mL dos substratos numa coluna de
fase reversa C
18
(CLC ODS Shimadzu 4,6 x 150 mm) acoplada a um sistema
HPLC, utilizando-se os solventes: solvente A 0,1% ácido trifluoroacético em água
ultra pura e solvente B 0,1% ácido trifluoroacético e 90% de acetonitrila em água
ultra pura. A corrida ocorreu durante 60 minutos com as seguintes condições de
gradiente: 0 a 10 min. 10% de solvente B; 10 a 35 min. gradiente de 10 % até 50 %
de solvente B; 35 a 40 min. 50% de solvente B; 40 a 50 min. 100% de solvente B e
50 a 60 min. 10% de solvente B. O fluxo utilizado foi de 1,0 mL/min e a análise do
eluido foi realizada no comprimento de onda de 360 nm.
3.3. HIDRÓLISE DOS SUBSTRATOS E ANÁLISE POR ESPECTROMETRIA DE
MASSAS
Depois de coletados os picos no HPLC, a integridade das massas foi
analisada por espectrometria de massas. Para este experimento, utilizamos 0,5 µL
das amostras misturados com 0,5 µL de solução matriz, ácido α ciano 4
hidroxicinâmico para os substratos de 11 aa e ácido sinapínico para os substratos de
26 aa. No final, foi aplicada na placa 1,0 µL da solução com concentração final de
5,5 pmoles. Utilizamos calibração externa com angiotensina I, ACTH (1 17 clip)
2094,46 Da, ACTH (18 39 clip) 2466,72 Da, ACTH (7 38 clip) 3660,19 Da e
29
insulina bovina 5734,59 Da. A intensidade do “laser” foi de 1881 volts no MALTI
TOF Voyager DE-Pro (Applied Biosystems).
Depois de analisar a integridade dos substratos, verificamos o sítio de
hidrólise dos substratos. Foram utilizadas as mesmas amostras do HPLC, contendo
os substratos íntegros, foram congeladas em nitrogênio líquido, liofilizadas e
ressuspendidas num volume final de 100 µL em tampão (Tris 50 mM, NaCl 150 mM,
CaCl
2
10 mM e PEG 6000 0,1%) em pH 7,5. A concentração final, considerando a
massa coletada, foi de aproximadamente 110 µM e todos os substratos foram
hidrolisados com 100 nM de trombina durante 120 minutos. A hidrólise foi
interrompida adicionando 12 µL de HCl. Em seguida, o produto de hidrólise foi
analisado no espectrômetro de massas de acordo com a metodologia descrita
acima.
3.4. CINÉTICA DE HIDRÓLISE DOS SUBSTRATOS FLUOROGÊNICOS PELA
TROMBINA
3.4.1 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS CINÉTICOS COM OS SUSBTRATOS
DE 26 aa E 11 aa
Os ensaios enzimáticos com os substratos fluorogênicos foram monitorados
no fluorímetro (Hitachi F 4500). Foi utilizado cubeta de poli-meta-acrílico contendo
1,0 mL de tampão de reação (Tris 50 mM, NaCl 150 mM, CaCl
2
10 mM e PEG 6000
0,1%) em pH 7,5 à temperatura de 37 °C. A mensuração da hidrólise dos substratos,
(figura 8), foi realizada num comprimento de onda de excitação 320 nm e de
emissão 420 nm. Depois de 1 minuto de incubação da trombina no tampão, a reação
foi disparada com a adição dos substratos. A mensuração da velocidade inicial foi
30
em 5% de hidrólise dos substratos, aproximadamente 50 segundos de reação para
os substratos de 26 aa e 3 minutos para os substratos de 11 aa. Depois de
completado o tempo de hidrólise, era adicionado mais substrato, na mesma cubeta
da reação. Utilizamos doze concentrações de substratos entre 0,05 a 2,2 µM, com
concentrações distintas de trombina, com sítio catalítico titulado, de 0,36 nM para os
substratos de 26 aa e 3,0 nM para os substratos de 11 aa. A conversão de unidades
de fluorescência por segundo para micromoles por segundo foi obtida da curva de
calibração adquirida da hidrólise completa dos substratos. Os valores de K
m
e V
máx
foram calculados a partir da curva de Michaelis – Menten pelo programa Graffit 5.0 e
os valores de K
cat
e K
cat
/K
m
foram calculados pelos dois primeiros parâmetros.
Figura 8. Representação esquemática da liberação da fluorescência. A reação de
hidrólise é mensurada quando o fluoróforo (Abz) se afasta do supressor (EDDnp ou Dnp)
aumentando, assim, a intensidade de fluorescência.
aa
aaaa
NH
2
O
NO
2
NO
2
NH(CH
2
)
2
NH
aa
aaaa
NH
2
O
NO
2
NO
2
NH(CH
2
)
2
NH
Enzima
Fluoróforo
Fluoróforo
Supressor
Supressor
aaaa
aaaaaaaa
NH
2
O
NH
2
O
NO
2
NO
2
NH(CH
2
)
2
NH NO
2
NO
2
NH(CH
2
)
2
NH NO
2
NO
2
NH(CH
2
)
2
NH
aaaa
aaaaaaaa
NH
2
O
NH
2
O
NO
2
NO
2
NH(CH
2
)
2
NH NO
2
NO
2
NH(CH
2
)
2
NH NO
2
NO
2
NH(CH
2
)
2
NH
Enzima
Fluoróforo
Fluoróforo
Supressor
Supressor
31
3.4.2. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS CINÉTICOS COM PRESENÇA DE
GLICIRRIZINA E BOTROJARACINA
A atividade enzimática da trombina com os substratos fluorogênicos na
presença de glicirrizina e botrojaracina foi monitorada no fluorímetro (Hitachi F
4500). Foi utilizada uma cubeta de poli-meta-acrílico contendo 1,0 mL de tampão de
reação (Tris 50 mM, NaCl 150 mM, CaCl
2
10 mM e PEG 6000 0,1%) em pH 7,5 à
temperatura de 37 °C. Antes de disparar a reação com o substrato, a enzima foi
incubada com glicirrizina ou botrojaracina durante 5 minutos no tampão de reação a
37 °C. As concentrações, 15 nM de botrojaracina e 240 µM de glicirrizina, foram
utilizadas de acordo com as suas constantes de inibição (K
i
) determinadas pelos
trabalhos de Zingali e colaboradores (1993) e de Francischetti e colaboradores
(1997) respectivamente. As condições para o ensaio enzimático foram as mesmas
utilizadas no item 3.4.1.
3.4.3. EFEITO DA FORÇA IÔNICA NA ATIVIDADE DA TROMBINA
As condições para o ensaio enzimático foram as mesmas utilizadas no item
3.4.1. O ensaio foi realizado em 1,0 mL de tampão de reação (Tris 50 mM, CaCl
2
10
mM e PEG 6000 0,1%) em pH 7,5 à temperatura de 37 °C. A reação enzimática
ocorreu em condições diferenciadas na presença de concentrações de NaCl e ChCl
de 0, 80, 150, 300, 500 e 700 mM. Os substratos que contêm o resíduo de prolina na
posição P
3
´ foram utilizados para o ensaio enzimático, por ser um resíduo neutro.
32
3.5. DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE ENZIMÁTICA
As velocidades enzimáticas da trombina com os substratos fluorogênicos
foram monitoradas no fluorímetro (Hitachi F – 4500). A reação ocorreu em 1,0 mL de
tampão contendo Tris 50 mM, NaCl 150 mM, CaCl
2
10 mM e PEG 6000 0,1%,
utilizando uma cubeta de poli-meta-acrílico em pH 7,5 a 37 °C. A monitorização da
reação foi em intensidade de fluorescência vs o tempo, foi calculado a partir do λ
Ex
320 nm e λ
Em
420 nm. Uma concentração fixa dos substratos foi utilizada (1,5 µM)
na presença de 0,4 nM e 0,8 nM de trombina para os substratos de 26 aa e de 11
aa respectivamente. O tempo de reação foi de 7 minutos, após a adição dos
substratos. A velocidade inicial foi calculada em 5% de hidrólise dos substratos pela
regressão linear no programa SigmaPlot 8.0. Os valores da velocidade foram
transformados em velocidade relativa, onde a velocidade mais alta foi dotada como
100%.
3.6. ANÁLISE DA INTERAÇÃO DA SEQUÊNCIA C – TERMINAL DO SUBSTRATO
DE 26 aa COM O EXOSÍTIO 1
Para esta análise, foi sintetizada a seqüência
50
DKYEPFWEDEEKNQ
63
,
identificada como 0714 D, referente ao C terminal do substrato de 26 resíduos de
aminoácidos. A eficiência catalítica foi mensurada pelo ensaio enzimático com
ambos substratos que contêm resíduo de arginina na posição P
3
´. Concentrações do
peptídeo 0714 D no ensaio com substrato de 26 aa foram 0,003, 0,02 e 2 µM e para
o ensaio com o substrato de 11 aa, as concentrações foram 0,03, 0,06, 0,3 e 2 µM.
Os ensaios cinéticos com as concentrações dos substratos e da trombina e a análise
33
dos parâmetros cinéticos foram as mesmas do item 3.4.1. O tampão de reação
utilizado foi Tris 50 mM, CaCl
2
10 mM e PEG 6000 0,1% em pH 7,5 à 37 °C. As
atividades foram mensuradas no fluorímetro (F – 4500, Hitachi) com comprimento de
onda de excitação 320 nm e de emissão 420 nm.
Para o ensaio enzimático com substrato cromogênico, o substrato utilizado foi
H-D-Phe-Pip-Arg-pNA (S-2238) da Chromogenix. A reação foi realizada em placa de
96 poços com concentrações de 0,8 a 100 µM de substrato e 50 pM de trombina. O
tampão utilizado foi Tris 50 mM, CaCl
2
10 mM e PEG 6000 0,1% em pH 7,5 à 37 °C
e a reação foi mensurada no espectrofotômetro de placa (SpectraMax, Molecular
Device) com comprimento de onda de absorção de 405 nm. A mensuração da
velocidade inicial foi em 5% de hidrólise do substrato e a conversão de micromoles
por segundo foi utilizando o coeficiente de extinção molar de 8600 M
-1
cm
-1
conforme
artigo de Hortin e colaboradores (2001). Os valores de K
m
e V
máx
foram calculados a
partir da curva de Michaelis – Menten pelo programa Graffit 5.0 e os valores de K
cat
e
K
cat
/K
m
foram calculados a partir dos dois primeiros parâmetros.
34
4 RESULTADOS
35
4.1. ANÁLISE DA INTEGRIDADE DOS SUBSTRATOS FLUOROGÊNICOS
Os substratos, sintetizados no laboratório dos professores Maria e Luiz
Juliano, foram purificados em coluna de fase reversa em sistema de HPLC (figura 9),
a fim de retirar possíveis produtos de degradação e o DMSO, para posterior análise
por espectrometria de massas.
Figura 9. Análise cromatográfica dos substratos fluorogênicos por HPLC. Uma
coluna C
18
(SuperPac Sephasil 5 µm, 4,0 mm x 250 mm, marca Pharmacia) foi
usada para purificação dos substratos. Foram utilizados os solventes denominados
A (0,1% ácido trifluoroacético) e B (0,1% ácido trifluoroacético e 90% de acetonitrila).
O gradiente utilizado para análise foi descrito a seguir: 0 a 10 minutos: 10% solvente
B; 10 a 35 minutos: gradiente de solvente B 10 a 50%; 35 a 40 minutos: 50%
solvente B; 40 a 50 minutos: 100% solvente B e 50 a 60 minutos: 10% solvente B.
Fluxo de 1 mL/min. (1) Análise dos substratos de 26 aa com P
3
´ (A) -R-; (B) -D-; (C) -
P-; (D) -A-. (2) Análise dos substratos de 11 aa com P
3
´ (E) -R-; (F) -D-;(G) -P-; (H) -
A-.
Os tempos de retenção de cada substrato foram próximos entre eles, com os
tempos aproximados, para os substratos de 26 aa, de 28 minutos para o resíduo de
prolina na posição P
3
´, 28,2 minutos para o resíduo de alanina, 28,4 minutos para o
resíduo de arginina e 28,8 minutos para o resíduo de ácido aspártico. Para os
substratos de 11 aa, os tempos foram de 30,8 minutos para o resíduo de arginina na
posição P
3
´, 32,2 minutos para o resíduo de ácido aspártico, 32,6 minutos para o
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Time (min.)
Absorbance
λ
λ
λ
λ = 360 nm
A
B
C
D
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Absorbance
λ
λ
λ
λ = 360 nm
Time (min.)
E
F
G
H
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Time (min.)
Absorbance
λ
λ
λ
λ = 360 nm
A
B
C
D
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Time (min.)
Absorbance
λ
λ
λ
λ = 360 nm
A
B
C
D
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Absorbance
λ
λ
λ
λ = 360 nm
Time (min.)
E
F
G
H
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Absorbance
λ
λ
λ
λ = 360 nm
Time (min.)
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Absorbance
λ
λ
λ
λ = 360 nm
Time (min.)
E
F
G
H
Absorbância
λ = 360 nm
Absorbância
λ = 360 nm
Tempo (min.) Tempo (min.)
1
2
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Time (min.)
Absorbance
λ
λ
λ
λ = 360 nm
A
B
C
D
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Absorbance
λ
λ
λ
λ = 360 nm
Time (min.)
E
F
G
H
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Time (min.)
Absorbance
λ
λ
λ
λ = 360 nm
A
B
C
D
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Time (min.)
Absorbance
λ
λ
λ
λ = 360 nm
A
B
C
D
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Absorbance
λ
λ
λ
λ = 360 nm
Time (min.)
E
F
G
H
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Absorbance
λ
λ
λ
λ = 360 nm
Time (min.)
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Absorbance
λ
λ
λ
λ = 360 nm
Time (min.)
E
F
G
H
Absorbância
λ = 360 nm
Absorbância
λ = 360 nm
Tempo (min.) Tempo (min.)
1
2
36
resíduo de prolina e 32,8 minutos para o resíduo de alanina. A pequena diferença no
tempo de retenção entre os substratos é devido à substituição de somente um
resíduo de aminoácido em P
3
´. Nós verificamos que os picos menores adjacentes
aos picos centrais não resultavam da degradação dos substratos, sendo confirmado,
mais adiante, pela análise no espectrômetro de massas. Assim, esses picos
adjacentes podem ser algum tipo de contaminante.
4.2. ANÁLISE DAS MASSAS E DETERMINAÇÃO DO SÍTIO DE HIDRÓLISE DOS
SUBSTRATOS FLUOROGÊNICOS POR ESPECTROMETRIA DE MASSAS.
Depois de coletar os substratos purificados, confirmamos a integridade dos
mesmos por espectrometria de massas, cujos espectros estão mostrados nas
figuras 10 e 11. Os resultados não mostram indícios de degradação dos substratos e
as massas obtidas estão de acordo com as calculadas.
37
500 1200 1900 2600 3300 4000
Massa (m/z)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
2978.9993
619.5505
SFALRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
Abz-LDPR
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
3595.7554
3579.7267
Abz-LDPRSFALRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
619.5091
Abz-LDPR
3061.7774
SFRLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Intensidade (%)
3681.2865
Abz-LDPRSFRLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
100
3697.8887
A
B
C
D
500 1200 1900 2600 3300 4000
Massa (m/z)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
2978.9993
619.5505
SFALRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
Abz-LDPR
500 1200 1900 2600 3300 4000
Massa (m/z)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
2978.9993
619.5505
SFALRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
Abz-LDPR
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
3595.7554
3579.7267
Abz-LDPRSFALRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
3595.7554
3579.7267
Abz-LDPRSFALRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
619.5091
Abz-LDPR
3061.7774
SFRLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
619.5091
Abz-LDPR
3061.7774
SFRLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Intensidade (%)
3681.2865
Abz-LDPRSFRLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
100
3697.8887
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Intensidade (%)
3681.2865
Abz-LDPRSFRLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
100
3697.8887
A
B
C
D
38
Figura 10. Análise das massas dos substratos de 26 aa. Como matriz foi usado
ácido sinapínico. Os espectros das massas dos substratos íntegros, coletados pelo
HPLC, estão representados pelas letras (A); (C); (E) e (G). Os espectros dos
substratos hidrolisados pela trombina estão identificados pelas letras (B); (D); (F) e
(H).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
3605.5823
3621.6214
Abz-LDPRSFDLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
500 1200 1900 2600 3300 4000
Massa (m/z)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
3023.0157
SFDLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
619.5980
Abz-LDPR
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
3004.0815
2988.0449
SFPLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
619.5830
Abz-LDPR
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
Abz-LDPRSFPLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
3623.0771
3639.0631
E
F
G
H
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
3605.5823
3621.6214
Abz-LDPRSFDLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
500 1200 1900 2600 3300 4000
Massa (m/z)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
3023.0157
SFDLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
619.5980
Abz-LDPR
500 1200 1900 2600 3300 4000
Massa (m/z)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
3023.0157
SFDLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
619.5980
Abz-LDPR
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
3004.0815
2988.0449
SFPLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
619.5830
Abz-LDPR
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
3004.0815
2988.0449
SFPLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
619.5830
Abz-LDPR
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
Abz-LDPRSFPLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
3623.0771
3639.0631
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
Abz-LDPRSFPLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ-EDDnp
3623.0771
3639.0631
E
F
G
H
39
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
1638.8523
1654.8449
1670.8404
Abz-LDPRSFRLRNK-Dnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
1035.8296
619.5895
1051.8287
SFRLRNK-Dnp
Abz-LDPR
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Intensidade (%)
100
1598.5373
1582.4135
1566.4001
Abz-LDPRSFALRNK-Dnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
619.6358
979.8886
SFALRNK-Dnp
Abz-LDPR
500 800 1400 1700 2000
Massa (m/z)
1100
A
B
C
D
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
1638.8523
1654.8449
1670.8404
Abz-LDPRSFRLRNK-Dnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
1035.8296
619.5895
1051.8287
SFRLRNK-Dnp
Abz-LDPR
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Intensidade (%)
100
1598.5373
1582.4135
1566.4001
Abz-LDPRSFALRNK-Dnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
619.6358
979.8886
SFALRNK-Dnp
Abz-LDPR
500 800 1400 1700 2000
Massa (m/z)
1100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
1638.8523
1654.8449
1670.8404
Abz-LDPRSFRLRNK-Dnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
1638.8523
1654.8449
1670.8404
Abz-LDPRSFRLRNK-Dnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
1035.8296
619.5895
1051.8287
SFRLRNK-Dnp
Abz-LDPR
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
1035.8296
619.5895
1051.8287
SFRLRNK-Dnp
Abz-LDPR
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Intensidade (%)
100
1598.5373
1582.4135
1566.4001
Abz-LDPRSFALRNK-Dnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Intensidade (%)
100
1598.5373
1582.4135
1566.4001
Abz-LDPRSFALRNK-Dnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
619.6358
979.8886
SFALRNK-Dnp
Abz-LDPR
500 800 1400 1700 2000
Massa (m/z)
1100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
619.6358
979.8886
SFALRNK-Dnp
Abz-LDPR
500 800 1400 1700 2000
Massa (m/z)
1100
A
B
C
D
40
Figura 11. Análise das massas dos substratos de 11aa. Como matriz foi usado ácido
α-ciano-4-hidroxi-cinâmico, (ácido p-cumarínico). Os espectros das massas dos
substratos íntegros, coletados pelo HPLC, estão representados pelas letras (A); (C);
(E) e (G). Os espectros dos substratos hidrolisados pela trombina estão identificados
pelas letras (B); (D); (F) e (H).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
1624.7198
1608.7372
1640.6794
Abz-LDPRSFPLRNK-Dnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
1021.8544
619.6356
989.8553
1005.8708
SFPLRNK-Dnp
Abz-LDPR
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
1642.7013
1610.7097
1626.7052
Abz-LDPRSFDLRNK-Dnp
500 800 1100 1400 1700 2000
Massa (m/z)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
619.6325
1023.8143
1007.8136
991.8368
SFDLRNK-Dnp
Abz-LDPR
E
F
G
H
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
1624.7198
1608.7372
1640.6794
Abz-LDPRSFPLRNK-Dnp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
1021.8544
619.6356
989.8553
1005.8708
SFPLRNK-Dnp
Abz-LDPR
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
1642.7013
1610.7097
1626.7052
Abz-LDPRSFDLRNK-Dnp
500 800 1100 1400 1700 2000
Massa (m/z)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade (%)
619.6325
1023.8143
1007.8136
991.8368
SFDLRNK-Dnp
Abz-LDPR
E
F
G
H
41
Observando as massas registradas no espectrômetro de massas, não
encontramos sinal de degradação dos substratos tanto no pico central, obtido na
cromatografia apontado pela figura 9, quanto nos picos menores adjacentes. Os
espectros apresentaram mais de uma massa com diferença de 16 Da para os
substratos (figuras 10 e 11). Isto se deve à oxidação do EDDnp e Dnp causada pelo
“laser”. Os picos observados com massas moleculares entre 500 e 700 m/z devem-
se a adutos de matriz, também, observados na análise da matriz sem amostra.
Em seguida, realizamos a hidrólise total dos substratos pela trombina, para a
confirmação do sítio de hidrólise. Analisando os espectros da hidrólise, asseguramos
que a ação hidrolítica da enzima ocorre na seqüência dos substratos, LDPR
41
S
42
FXLN, uma vez que o produto de massa molecular de 619 Da detectado em
todos os espectros se refere à massa da seqüência Abz-LDPR. Não foi detectada
outra massa obtida pela hidrólise da trombina.
42
4.3. VELOCIDADE ENZIMÁTICA E PARÂMETROS CINÉTICOS DA TROMBINA
FRENTE AOS SUBSTRATOS ANALISADOS
Depois de identificar o sítio de hidrólise dos substratos e verificar que não
fragmentação prévia dos mesmos, nós examinamos a ação da trombina frente a
estes substratos.
Primeiramente, analisamos as velocidades de hidrólise dos substratos,
representadas pela figura 12, e constatamos que a velocidade relativa de hidrólise
da trombina foi 10 vezes maior com os substratos de 26 aa do que com os de 11 aa.
Figura 12. Velocidade enzimática da trombina frente aos substratos fluorogênicos.
Reação iniciada com 1,5 µM de substratos; 0,4 nM e 0,8 nM de trombina para os
substratos de 26 aa e para os substratos de 11 aa, respectivamente, durante 7
minutos à 37 °C. Solução tampão: Tris 50 mM, NaCl 150 mM, CaCl
2
10 mM e PEG
6000 0,1%, pH 7,5 à 37 ºC. Comprimentos de onda usados: 320 nm para excitação
e 420 nm para emissão (Cada ponto é a média de 3 experimentos independentes).
Apesar disso, no que diz respeito às modificações na porção P
3
´, o
comportamento da velocidade da enzima foi igual para todos os resíduos de
aminoácidos. Sendo que, a arginina apresenta uma velocidade de hidrólise maior e
uma velocidade enzimática menor para o ácido aspártico nesta posição.
0
20
40
60
80
100
120
Asp
Ala
Pro
Arg
26 aa
11 aa
V
e
l
o
c
i
d
a
d
e
R
e
l
a
t
i
v
a
(
%
)
43
Os parâmetros cinéticos foram calculados e estão apresentados na tabela 5.
A trombina é 20 a 30 vezes mais eficiente na hidrólise dos substratos de 26 aa com
relação aos substratos menores. A enzima apresentou a mesma preferência de
resíduos de aminoácidos em P
3
´, sendo a arginina o melhor resíduo, enquanto que o
ácido aspártico foi o pior resíduo. os resíduos prolina e alanina resultaram numa
eficiência dia. Esta grande diferença na eficiência catalítica entre os substratos
está, principalmente, no tempo de renovação da enzima que é 50 vezes menor para
os substratos de 11 aa, enquanto que os valores de K
m
não apresentam uma
diferença significativa para ambos.
Tabela 5. Parâmetros cinéticos da trombina com os substratos fluorogênicos e seus
moduladores. Experimento realizado com 0,05 a 2,2 µM dos substratos, 0,36 nM de
trombina. Cinética com a presença dos moduladores foi realizada com 250 µM de
glicirrizina e 15 nM de botrojaracina em pH 7,5 à 37 °C (Cada ponto é a média ±SD
de 3 experimentos independentes).
No ensaio enzimático na presença de glicirrizina e botrojaracina, inibidores
que se ligam ao exosítio 1, estes inibiram a atividade catalítica da enzima somente
para os substratos maiores. A eficiência catalítica diminuiu cerca de 2 a 3 vezes para
ambas moléculas. Entretanto, a análise dos parâmetros cinéticos mostra que estes
inibidores atuam por mecanismos diferentes. Enquanto a botrojaracina aumentou o
26aa (P
3
´) K
m
(µM) K
cat
(s
-1
) K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
K
m
(µM) K
cat
(s
-1
) K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
K
m
M) K
cat
(s
-1
) K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
Glicirrizina Botrojaracina
-R-
-P-
-A-
-D-
-R-
-P-
-A-
-D-
1,2 ± 0,3 18 ± 2,6 16 ± 2,5
1,3 ± 0,2 14 ± 0,9 11 ± 0,7
0,6 ± 0,05 7,0 ± 0,9 10 ± 1,2
1,2 ± 0,12 6,0 ± 0,9 5,0 ± 0,9
1,8 ± 0,16 7,7 ± 0,9 4,5 ± 0,8
2,3 ± 0,6 4,4 ± 0,8 2,1 ± 0,2
2,2 ± 0,4 5,6 ± 1,1 2,7 ± 0,6
1,6 ± 0,1 2,8 ± 0,2 1,8 ± 0,2
2,5 ± 0,4 16,8 ± 2,7 6,9 ± 0,7
2,3 ± 0,1 11 ± 0,7 5,0 ± 0,1
2,2 ± 0,2 9,2 ± 1,7 4,2 ± 0,8
3,4 ± 0,8 8,3 ± 1 2,4 ± 0,4
11aa (P
3
´)
0,42 ± 1e
-2
0,34 ± 3e
-2
0,8 ± 1e
-1
0,52 ± 1e
-2
0,15 ± 2e
-2
0,35 ± 7e
-2
0,63 ± 9e
-2
0,21 ± 1e
-2
0,33 ± 3e
-2
0,69 ± 1e
-1
0,13 ± 1e
-2
0,2 ± 3e
-2
0,38 ± 3e
-2
0,4 ± 3e
-2
1,0 ± 1e
-1
0,56 ± 6e
-2
0,2 ± 2e
-2
0,36 ± 5e
-2
0,53 ± 5e
-2
0,17 ± 3e
-2
0,33 ± 6e
-2
0,57 ± 5e
-2
0,14 ± 8e
-3
0,24 ± 3e
-2
0,35 ± 3e
-2
0,5 ± 5e
-2
1,4 ± 2e
-1
0,51 ± 2e
-2
0,2 ± 2e
-2
0,46 ± 5e
-2
0,55 ± 1e
-2
0,16 ± 2e
-2
0,3 ± 3e
-2
0,55 ± 3e
-2
0,15 ± 2e
-2
0,3 ± 4e
-2
26aa (P
3
´) K
m
(µM) K
cat
(s
-1
) K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
K
m
(µM) K
cat
(s
-1
) K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
K
m
M) K
cat
(s
-1
) K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
Glicirrizina Botrojaracina
-R-
-P-
-A-
-D-
-R-
-P-
-A-
-D-
1,2 ± 0,3 18 ± 2,6 16 ± 2,5
1,3 ± 0,2 14 ± 0,9 11 ± 0,7
0,6 ± 0,05 7,0 ± 0,9 10 ± 1,2
1,2 ± 0,12 6,0 ± 0,9 5,0 ± 0,9
1,8 ± 0,16 7,7 ± 0,9 4,5 ± 0,8
2,3 ± 0,6 4,4 ± 0,8 2,1 ± 0,2
2,2 ± 0,4 5,6 ± 1,1 2,7 ± 0,6
1,6 ± 0,1 2,8 ± 0,2 1,8 ± 0,2
2,5 ± 0,4 16,8 ± 2,7 6,9 ± 0,7
2,3 ± 0,1 11 ± 0,7 5,0 ± 0,1
2,2 ± 0,2 9,2 ± 1,7 4,2 ± 0,8
3,4 ± 0,8 8,3 ± 1 2,4 ± 0,4
11aa (P
3
´)
0,42 ± 1e
-2
0,34 ± 3e
-2
0,8 ± 1e
-1
0,52 ± 1e
-2
0,15 ± 2e
-2
0,35 ± 7e
-2
0,63 ± 9e
-2
0,21 ± 1e
-2
0,33 ± 3e
-2
0,69 ± 1e
-1
0,13 ± 1e
-2
0,2 ± 3e
-2
0,38 ± 3e
-2
0,4 ± 3e
-2
1,0 ± 1e
-1
0,56 ± 6e
-2
0,2 ± 2e
-2
0,36 ± 5e
-2
0,53 ± 5e
-2
0,17 ± 3e
-2
0,33 ± 6e
-2
0,57 ± 5e
-2
0,14 ± 8e
-3
0,24 ± 3e
-2
0,35 ± 3e
-2
0,5 ± 5e
-2
1,4 ± 2e
-1
0,51 ± 2e
-2
0,2 ± 2e
-2
0,46 ± 5e
-2
0,55 ± 1e
-2
0,16 ± 2e
-2
0,3 ± 3e
-2
0,55 ± 3e
-2
0,15 ± 2e
-2
0,3 ± 4e
-2
44
K
m
indicando maior dificuldade na interação da trombina com os substratos, a
glicirrizina provocou maior modificação do K
cat
indicando queda no número de
renovações da trombina. Tanto a botrojaracina quanto a glicirrizina não provocaram
mudança na atividade da trombina nos substratos de 11 aa, com exceção da
botrojaracina com o substrato contendo o resíduo arginina em P
3
´, causou um
aumento, de quase 2 vezes, na eficiência da trombina pela diminuição do K
m
e
aumento do K
cat
.
4.4. EFEITO DA FORÇA IÔNICA NA ATIVIDADE DA TROMBINA
Uma vez que o exosítio 1 é formado por resíduos de arginina e lisina, levando
à formação de superfícies com potencial eletrostático positivo, decidimos analisar o
papel da força iônica na atividade da trombina frente aos substratos sintéticos.
Utilizamos cloreto de sódio e cloreto de colina no tampão de reação em diferentes
concentrações.
Com os resultados representados pela figura 13, observamos que a eficiência
catalítica da trombina para o substrato de 26 aa aumentava a a concentração
fisiológica de NaCl, 150 mM e acima desta concentração, 300 a 700 mM, o K
cat
/K
m
da trombina mostra-se diminuído (figura 13A).
No caso do substrato de 11 aa, a eficiência da trombina, ao contrário,
aumenta gradativamente com o aumento da concentração de NaCl estabilizando-se
a partir de 300 mM (figura 13B).
Usando o sal cloreto de colina, evitamos o efeito observado pelo sódio. Na
presença deste sal, notamos que os valores de K
cat
/K
m
começam a diminuir em
concentrações mínimas de ChCl (a partir de 80 mM), sendo que a atividade é
45
completamente abolida na presença de 700 mM de ChCl para o substrato de 26 aa
(figura 13A). No entanto, com o substrato de 11 aa, o K
cat
/K
m
da trombina apresentou
um discreto aumento da eficiência catalítica (em 80 mM) e diminuição discreta com o
aumento da concentração do sal (figura 13B).
Figura 13. Efeito da concentração de NaCl e ChCl na eficiência catalítica da
trombina. A análise foi realizada com tampão de reação na presença ou ausência
dos sais à 37 °C em pH 7,5. A eficiência catalítica foi testada com resíduo de prolina
na posição P
3
´ para ambos os substratos. (A) Valores de K
cat
/K
m
da trombina com
substrato de 26 aa. (B) Valores de K
cat
/K
m
da trombina com substrato de 11 aa
(Cada ponto é a média ±SD de 3 experimentos independentes).
[ mM ]
0 200 400 600 800
K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
NaCl
ChCl
[ mM ]
0 200 400 600 800
K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
NaCl
ChCl
A
B
[ mM ]
0 200 400 600 800
K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
NaCl
ChCl
[ mM ]
0 200 400 600 800
K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
NaCl
ChCl
A
B
46
4.5. INTERAÇÃO DA SEQÜÊNCIA C – TERMINAL DO SUBSTRATO DE 26 aa NO
EXOSÍTIO 1.
Sabendo que a seqüência C-terminal contendo os resíduos de tirosina, ácido
glutâmico e fenilalanina é responsável pela interação com o exosítio 1 (Vu e col.
1991, Jacques e col. 2000), procuramos testar se um peptídeo sintético, (0714 D),
formado pela seqüência C terminal do substrato, seria capaz de modular a
atividade catalítica sobre os substratos de 26 aa.
Figura 14. Eficiência catalítica da trombina em presença da seqüência C terminal
do substrato de 26 resíduos de aminoácidos. Seqüência
50
DKYEPFWEDEEKNQ
63
em (A) concentrações do peptídeo 0714 D foram de 3,0; 20 e 2000 nM, com
concentração da trombina de 0,36 nM e utilizando 0,05 a 2,2 µM do substrato de 26
aa. (B) concentrações do peptídeo 0714 D foram de 30; 60; 300 e 2000 nM, com
concentração da trombina de 3,0 nM e utilizando 0,05 a 2,2 µM do substrato de 11
aa. A reação ocorreu em tampão Tris 50 mM, NaCl 150 mM, CaCl
2
10 mM e PEG
6000 0,1% a pH 7,5 à 37 °C. A eficiência catalítica foi testada com resíduo de
arginina na posição P
3
´ para ambos os substratos (Cada ponto é a média ±SD de 3
experimentos independentes).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
8,3 55,5
5555,5Controle
Conc. 0714 D / Conc. THR
K
cat
/K
m
M
-1
s
-1
)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
Controle
10 20
100 666,7
Conc. 0714 D / Conc. THR
K
cat
/K
m
M
-1
s
-1
)
A
B
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
8,3 55,5
5555,5Controle
Conc. 0714 D / Conc. THR
K
cat
/K
m
M
-1
s
-1
)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
Controle
10 20
100 666,7
Conc. 0714 D / Conc. THR
K
cat
/K
m
M
-1
s
-1
)
A
B
47
A figura 14A mostra que a eficiência catalítica da trombina com o substrato
fluorogênico de 26 aa diminui cerca de 43% somente em concentração de peptídeo
5555,5 vezes maior à da trombina. Contrariando nossas expectativas, os resultados
apresentados pela figura 14B mostram que o peptídeo 0714 D provoca uma
diminuição na eficiência catalítica da trombina quando o substrato de 11 aa é
utilizado em concentrações do peptídeo de 10 a 666,7 vezes em relação à enzima.
Para analisar o efeito deste peptídeo na atividade catalítica frente a outros
substratos, testamos o substrato cromogênico S-2238 (Pre-Phi-Arg-pNA). Os
resultados apresentados na figura 15 mostraram que o peptídeo 0714 D, também,
diminui a eficiência catalítica.
Figura 15. Eficiência catalítica da trombina com o peptídeo 0714 D. Concentrações
do peptídeo 0714 D foram de 5,0; 50; 500 e 1000 pM e a concentração da trombina
foi de 50 pM. A reação ocorreu em tampão Tris 50 mM, NaCl 150 mM, CaCl
2
10 mM
e PEG 6000 0,1% a pH 7,5 à 37 °C. A eficiência catalítica foi testada com
concentração de 0,8 a 100 µM do substrato cromogênico S-2238 (Pre-Phi-Arg-pNA)
(Cada ponto é a média ±SD de 3 experimentos independentes).
0
50
100
150
200
250
300
350
Controle 0,1 1,0 10 20
K
cat
/K
m
M
-1
s
-1
)
Conc. 0714 D / Conc. THR
0
50
100
150
200
250
300
350
Controle 0,1 1,0 10 20
K
cat
/K
m
M
-1
s
-1
)
Conc. 0714 D / Conc. THR
48
Os resultados de K
cat
/K
m
com o substrato cromogênico tiveram, também, uma
ligeira diminuição indicando que o efeito inibitório do peptídeo 0714 D não é restrito
ao substrato fluorogênico de 11 aa. Correlacionando os resultados das figuras 14 e
15, uma indicação, de que a interação desse peptídeo sintetizado esteja
ocorrendo inespecífico com a trombina.
49
5. DISCUSSÃO
50
A trombina hidrolisa diversas moléculas, porém é uma enzima altamente
seletiva. No entanto, se analisarmos as seqüências do sítio de hidrólise destas
moléculas encontraremos seqüências de resíduos de aminoácidos semelhantes
entre si (Stubbs e Bode, 1993; Le Bonniec e col., 1996). A arginina é um resíduo
importante para que a trombina possa ter sua ação catalítica eficiente em uma
região dos seus substratos. Deste modo, regiões do substrato que contenham
resíduo de arginina poderão ser locais promissores para ação de hidrólise da
trombina. Porém, a hidrólise de uma determinada seqüência não depende somente
da arginina, e sim dos resíduos de aminoácidos adjacentes à arginina (Marque e
col., 2000; Harris e col., 2000). Sendo estes resíduos favoráveis à interação com os
subsítios da trombina, a ação enzimática ocorrerá naquele local que está presente a
arginina, permitindo, assim, que a trombina possa clivar uma ou mais regiões do
mesmo substrato (Stubbs e Bode, 1993; Le Bonniec e col., 1996). Logo, a
especificidade singular da trombina é atribuída pela restrição de ação em
seqüências específicas que estão presentes em muitas moléculas do sistema
hemostático e em outros sistemas.
Este reconhecimento específico é atribuído aos subsítios do sítio catalítico, os
quais interagem com os resíduos de aminoácidos dos substratos. O conhecimento
dos resíduos que compõem os subsítios e quais os melhores resíduos do substrato
para garantir a hidrólise é importante para o entendimento do funcionamento da
enzima. Outra região como o exosítio 1, também, é importante na especificidade e
na eficiência da trombina. Logo, a ação da trombina como procoagulante e
anticoagulante é definida a partir da interação do ligante com o exosítio 1 em
conjunto com os subsítios. Devido às interações específicas do ligante, como é o
caso da trombomodulina, a trombina torna-se eficiente na hidrólise da proteína C
51
que é considerado um substrato pobre devido à presença de um resíduo de Asp na
posição P
3
´ (Ye e col., 1991; Musci e col., 1988; Le Bonniec e col., 1996). Quando a
interação com o exosítio 1 ocorre com outros ligantes, como PAR 1, botrojaracina e
glicirrizina, suas distintas influências na ligação com o exosítio não são capazes de
melhorar a eficiência catalítica da enzima na presença do resíduo de ácido aspártico
em P
3
´ (Myles e col., 2001
a
; Le Bonniec e col., 1996; Vieira e col., manuscrito em
preparação).
Para entender o papel funcional da trombina é necessário, além de outros
meios, fazer uso de substratos sintéticos e inibidores que atuam tanto no sítio
catalítico quanto no exosítio. O benefício de utilizar substratos sintéticos em relação
aos substratos naturais, baseia-se no fato de que é possível variar os aminoácidos
de maneira específica, substituindo sistematicamente cada aminoácido e estudando
o efeito dessa substituição no mecanismo de catálise (Marque e col., 2000; Le
Bonniec e col., 1996; Vieira e col., manuscrito em preparação). A substituição do
resíduo de aminoácido na posição P
3
´ foi escolhida, pois, sabe-se que, nesta
posição a interação com o seu respectivo subsítio da trombina pode ocasionar uma
atividade catalítica eficiente ou não (Ye e col., 1991; Le Bonniec e col., 1996). A
utilização de substratos com fluorescência apagada favoreceu o estudo da atividade
enzimática por permitir que estes substratos possam ter tamanhos variados
consentindo, assim, interações com subsítios distantes do sítio catalítico e com
outras regiões da enzima (Pimenta e col., 2002; Le Bonniec e col., 1996; Vieira e
col., manuscrito em preparação). A vantagem de se utilizar substratos com
fluorescência apagada é a medida da atividade enzimática em tempo real, ao
contrário da utilização da cromatografia como método para testar ensaio enzimático
(Myles e col., 2001
a
). Os substratos fluorogênicos, também, levam vantagem em
52
relação aos substratos cromogênicos, pois permitem o estudo de interações com
subsítios e outras regiões distantes de uma enzima, enquanto que os cromogênicos
clássicos com p-nitroanilina permitem somente interações com os resíduos da região
N-terminal do substrato (Le Bonniec e col., 1991; Monteiro e col., 1999; Francischetti
e col., 1997). Logo, os substratos fluorogênicos com a síntese baseada no PAR 1
proporcionaram o estudo da correlação da interação dos aminoácidos do substrato
no subsítio S
3
´ com interação simultânea no exosítio 1 da trombina.
Iniciamos nossos experimentos analisando o sítio de clivagem da trombina e
verificamos que houve somente um produto de hidrólise, com massa de 619 Da,
para todos os substratos fluorogênicos. Logo, a trombina cliva todos os substratos
sintetizados entre os resíduos Arg na posição 41 e Ser na posição 42 liberando,
como produto, a seqüência do N-terminal, Abz-LDPR
41
, que é a mesma seqüência
do N-terminal do PAR 1 liberado quando clivado pela trombina (Ossovskaya e
Bunnett, 2004). Por existir um outro resíduo de arginina na posição 46 da seqüência
dos substratos e, particularmente, para os substratos que têm arginina na posição
P
3
´, imaginamos que a trombina poderia clivar, também, nestes pontos. No entanto,
não observamos massas diferentes de 619 Da que indicariam outros sítios de
hidrólise nos substratos. Levando em consideração o trabalho de Harris e
colaboradores (2000), que mostra que o resíduo de aminoácido que favorece a
eficiência catalítica da trombina em P
2
é o resíduo de prolina na posição 40, a
eficiência catalítica da trombina em outros resíduos de arginina nas posições 44 e 46
seria baixa, o proporcionando, assim, outros produtos de hidrólise ao longo da
reação devido aos resíduos de fenilalanina e leucina, respectivamente, posicionados
em P
2
.
53
Analisando a ação da trombina nos substratos, observamos na figura 12 que
a velocidade de hidrólise foi consideravelmente maior para os substratos de 26 aa.
Tanto para os substratos de 26 aa quanto para os de 11 aa, a melhor velocidade foi
para o resíduo de arginina na posição P
3
´ e a menor velocidade foi para o resíduo de
ácido aspártico na mesma posição. Estes dados da figura 12 não podem oferecer
detalhes, mas indicam uma diferença nos substratos de 26 aa e de 11 aa que
modifica a atividade da trombina.
Esses dados corroboram os resultados dos cálculos dos parâmetros cinéticos
da enzima (tabela 5). A trombina apresenta eficiência catalítica significativamente
maior para os substratos de 26 aa, enquanto que para os substratos de 11 aa foi
extremamente baixa. De fato, esta diferença se deve pela seqüência do substrato
maior que se liga ao exosítio 1 da trombina. A região C-terminal do substrato
aumenta a eficiência da trombina pelo aumento do K
cat
, enquanto que o K
m
não é
significativamente modificado. Certamente o C-terminal ligante ao exosítio 1 modifica
a conformação do sítio catalítico da trombina de modo que melhore o tempo de
renovação da sua atividade, mas sem alterar a interação com os substratos.
Curiosamente, a interação da porção ligante ao exosítio 1 do substrato maior
não alterou a eficiência catalítica da trombina em relação aos resíduos de
aminoácido em P
3
´, principalmente com o ácido aspártico. Isto indica que o C-
terminal do substrato não modula o subsítio S
3
´ como acontece com a ligação do
domínio EGF 1 6 da trombomodulina. Isso indica que o fato de acontecer uma
interação com o exosítio 1, não necessariamente, produzirá o mesmo efeito no sítio
catalítico da enzima. Isto se por interações específicas com resíduos de
aminoácidos da região ligante ao exosítio 1 com os resíduos do mesmo. Logo, os
resíduos tirosina, ácido glutâmico e fenilalanina nas posições 52, 53 e 55,
54
respectivamente, do PAR 1, através do substrato de 26 aa, não muda o
posicionamento do resíduo Glu 192 do subsítio S
3
´ da trombina (Ye e col., 1991; Vu
e col., 1991; Vieira e col., manuscrito em preparação).
Comparando-se a atividade catalítica da trombina na presença de glicirrizina e
botrojaracina, ambas as moléculas provocaram inibição da trombina frente aos
substratos de 26 aa, sendo que cada molécula apresenta um desempenho diferente
na inibição enzimática. Glicirrizina foi mais efetiva na queda da eficiência catalítica,
interferindo no tempo de renovação, diminuindo o K
cat
. No caso da botrojaracina, sua
interferência foi na interação da enzima com os substratos aumentando o K
m
da
trombina. A atividade da trombina com os substratos de 11 aa não se alterou na
presença da glicirrizina ou da botrojaracina, mostrando que a modulação
conformacional da trombina provocada por estas moléculas não seja favorável para
aumentar sua eficiência catalítica frente aos substratos de 11 aa (Monteiro e col.,
1999; Francischetti e col., 1997). Apesar de o substrato interagir somente no sítio
catalítico, ele contém vários resíduos de aminoácidos que interagem com outros
subsítios além dos subsítios S
3
e S
3
´ do sítio catalítico, logo estes resíduos de
aminoácidos que compõem o substrato, poderão favorecer tanto positiva quanto
negativamente a eficiência da enzima na interação de ligantes com o exosítio 1
(Monteiro e col., 1999; Vieira e col., manuscrito em preparação). Assim como o
peptídeo C-terminal do substrato de 26 aa, botrojaracina e glicirrizina não
modificaram K
cat
/K
m
da enzima com o resíduo Asp em P
3
´. Podemos concluir que
estas moléculas, também, não modulam o resíduo Glu do subsítio S
3
´.
As interações eletrostáticas têm uma participação importante na atividade da
trombina por conduzir a ligação ao exosítio rico em resíduos positivos. Logo, os
resíduos chaves do ligante poderão interagir com estabilidade com o exosítio (Vu e
55
col., 1991; Baerga-Ortiz e col., 2000; Myles e col., 2001
b
). A atividade catalítica é
modulada pela presença do íon Na
+
(Di Cera, 2008; Di Cera, 2004). Podemos
observar em nossos resultados que a presença de Na
+
até 150 mM ativa a trombina,
no entanto concentrações maiores afetam somente a catálise dos substratos de 26
aa, indicando que um aumento da força iônica pode interferir na interação do
substrato com o exosítio 1. Estes resultados são corroborados através da análise da
atividade catalítica na presença de sais de cloreto de colina, onde podemos observar
que este afeta principalmente a atividade dos substratos de 26 aa que possuem
interação com o exosítio 1.
Trabalhos de Vu e colaboradores, 1991 e de Jacques e colaboradores, 2000
mostraram a importância da interação de alguns resíduos de aminoácidos do C-
terminal do receptor PAR 1 com o exosítio 1. Trocando ou deletando resíduos
chaves do C-terminal (Tyr posição 52, Glu posição 53 e Phe posição 55), eles
relataram que certos resíduos de aminoácidos o determinantes para a interação
com o exosítio, prejudicando, assim, a eficiência catalítica da trombina. Porém, estes
estudos foram realizados com seqüências expressas da porção extracelular
completa do PAR 1, contendo cerca de 33 e 77 resíduos de aminoácidos nos
respectivos trabalhos. Nós estudamos como seria a interação de um segmento
pequeno,
50
DKYEPFWEDEEKNQ
63
, presente na porção C-terminal do substrato de
26 aa com o exosítio 1 da trombina.
A diminuição de K
cat
/K
m
da trombina com o substrato de 11 aa e o
cromogênico em presença de altas concentrações do peptídeo, (667 e 20 vezes,
respectivamente), indicam que o peptídeo interfere parcialmente na hidrólise dos
substratos pela enzima. Isto, também, pode ter ocorrido quando usamos o substrato
de 26 aa. Porém, a diminuição de K
cat
/K
m
na hidrólise deste substrato aconteceu a
56
partir das concentrações, aproximadas, dos peptídeos 50 e 5000 vezes maiores em
relação à concentração de enzima. Talvez a inibição do peptídeo C-terminal na
hidrólise do substrato de 26 aa pela trombina seja eficaz em concentrações
extremamente altas dele em relação à da trombina (figura 14A). Este dado, no
entanto, não é tão surpreendente, pois em trabalho publicado por Hortin e Trimpe
(1991), para causar inibição na atividade da trombina, foram necessárias, também,
concentrações elevadas da seqüência C-terminal da hirudina,
54
EIPEEY(SO
4
)LQNESG
65
(2500 vezes) em relação à concentração da enzima.
Correlacionando os dados da ação do C-terminal do substrato fluorogênico com os
do C-terminal da hirudina (Vu e col., 1991; Hortin e Trimpe, 1991), podemos sugerir
que alguma correlação com os resíduos de aminoácidos que ficam entre o ponto
de clivagem e a região C-terminal,
42
SFXLRNKN
49
. Esta seqüência pode direcionar e
estabilizar, ao longo da fenda catalítica da trombina, a ligação da seqüência
50
DKYEPFWEDEEKNQ
63
no exosítio 1. Para averiguar esta hipótese, podemos
sugerir a síntese da seqüência
42
SFXLRNKNDKYEPFWEDEEKNQ
63
para estudar
sua interação com a trombina. Além disso, poderíamos incluir três resíduos de
alanina entre as seqüências
42
SFXLRNKN
49
e
50
DKYEPFWEDEEKNQ
63
para
verificar se esta última seria deslocada do exosítio, demonstrando, assim, se a
interação do C-terminal com o exosítio 1 seria controlada pelo comprimento da
seqüência
42
SFXLRNKN
49
.
Certamente, o papel do subsítio S
3
´ é primordial na definição da ação pro ou
anticoagulante da trombina. No entanto, a influência do exosítio 1, também, é
importante na atividade anticoagulante da enzima, pois é a partir da interação com o
exosítio que ocorre a modulação conformacional do subsítio S
3
´, possibilitando,
assim, a catálise eficiente da trombina pela proteína C. Por isso, a utilização dos
57
substratos fluorogênicos sintéticos com a seqüência do receptor PAR 1 possibilitou
para nós a compreensão da estrutura – atividade destes com a trombina.
58
6. CONCLUSÃO
59
Portanto, com este trabalho podemos concluir que:
A trombina cliva os substratos em um único ponto determinado.
A velocidade de hidrólise da trombina é, aproximadamente, 10 vezes maior
para os substratos de 26 aa em relação aos substratos de 11 aa.
A eficiência catalítica da enzima foi melhor com os substratos que tiveram
resíduo de arginina na posição P
3
´ e eficiência deficitária com o resíduo de alanina
em P
3
´.
A interação do C-terminal do substrato de 26 aa com o exosítio 1 aumentou a
eficiência catalítica, porém não alterou a preferência dos resíduos em P
3
´.
As interações eletrostáticas são fundamentais para a interação dos substratos
de 26 aa e a trombina e sua conseqüente hidrólise.
O peptídeo do C-terminal do substrato de 26 aa, por si tem baixa afinidade
pela trombina, inibindo apenas parcialmente a atividade sobre os substratos de 26
aa.
60
7. Referência Bibliográfica
61
ANDERSON, P.J., NESSET, A., DHARMAWARDANA, K.R. & BOCK, P.E. (2000)
Characterization of proexosite I on prothrombin. J. Biol. Chem. 275 (22), 16428 –
16434.
ANSELL, J. (2005) Long-term anticoagulation: the prospects for alternatives to
warfarin. Semin. Vasc. Surg. 18 (3), 134 – 138.
AROCAS, V., LEMAIRE, C., BOUTON, M.C., BEZEAUD, A., BON, C., GUILLIN,
M.C. & JANDROT-PERRUS, M. (1998) Inhibition of thrombin-catalyzed factor V
activation by bothrojaracin. Thromb. Haemost. 79 (6), 1157 – 1161.
AROCAS, V., ZINGALI, R.B., GUILLIN., M.C., BON, C. & JANDROT-PERRUS, M.
(1996) Bothrojaracin: a potent two-site-directed thrombin inhibitor. Biochemistry
35 (28), 9083 – 9089.
ASSAFIM, M., FERREIRA, M.S., FRATTANI, F.S., GUIMARÃES, J.A., MONTEIRO,
R.Q & ZINGALI, R.B. (2006) Counteracting effect of glycyrrhizin on the
hemostatic abnormalities induced by Bothrops jararaca snake venom. Br. J.
Pharmacol. 148 (6), 807 – 813.
BAH, A., GARVEY, L.C., GE, J. & DI CERA, E. (2006) Rapid kinetics of Na+
binding to thrombin. J. Biol. Chem. 281 (52), 40049 – 40056.
BECKER, D.L., FREDENBURGH, J.C., STAFFORD, A.R. & WEITZ, J.I. (1999)
Exosites 1 and 2 are essential for protection of fibrin-bound thrombin from
heparin-catalyzed inhibition by antithrombin and heparin cofactor II. J. Biol.
Chem. 274 (10), 6226 – 6233.
BINNIE, C.G. & LORD, S.T. (1993) The fibrinogen sequences that interact with
thrombin. Blood 81 (12), 3186 – 3192.
BODE, W., MAYR, I., BAUMANN, U., HUBER, R., STONE, S.R. & HOFSTEENGE,
J. (1989) The refined 1.9 A crystal structure of human alpha-thrombin:
interaction with D-Phe-Pro-Arg chloromethylketone and significance of the Tyr-
Pro-Pro-Trp insertion segment. EMBO J. 8 (11), 3467 – 3475.
BODE, W., TURK, D. & KARSHIKOV, A. (1992) The refined 1.9-Å X-ray crystal
structure of D-Phe-Pro-Arg chloromethylketone-inhibited human alpha-
thrombin: structure analysis, overall structure, electrostatic properties,
detailed active-site geometry, and structure-function relationships. Protein Sci.
1 (4), 426 – 471.
CHIRGADZE, N.Y., SALL, D.J., BRIGGS, S.L., CLAWSON, D.K., ZHANG, M.,
SMITH, G.F. & SCHEVITZ, R.W. (2000) The crystal structures of human alpha-
thrombin complexed with active site-directed diamino benzo[b]thiophene
derivatives: a binding mode for a structurally novel class of inhibitors. Protein
Sci. 9 (1), 29 – 36.
CLEMETSON, K.J. & CLEMETSON, J.M. (2008) Platelet GPIb complex as a target
for anti-thrombotic drug development. Thromb. Haemost. 99 (3), 473 – 479.
62
COOPER, H.A., CLEMETSON, K.J. & LÜSCHER, E.F. (1979) Human platelet
membrane receptor for bovine von Willebrand factor (platelet aggregating
factor): an integral membrane glycoprotein. Proc. Natl. Acad. Sci. U S A. 76 (3),
1069 – 1073.
COSTANZO, M.J., ALMOND, H.R Jr., HECKER, L.R., SCHOTT, M.R., YABUT, S.C.,
ZHANG, H.C., ANDRADE-GORDON, P., CORCORAN, T.W., GIARDINO, E.C.,
KAUFFMAN, J.A., LEWIS, J.M., DE GARAVILLA, L., HAERTLEIN, B.J. &
MARYANOFF, B.E. (2005) In-depth study of tripeptide-based alpha-
ketoheterocycles as inhibitors of thrombin. Effective utilization of the S1'
subsite and its implications to structure-based drug design. J. Méd. Chem. 48
(6), 1984 – 2008.
COUGHLIN, S.R. (2000) Thrombin signalling and protease-activated receptors.
Nature 407 (6801), 258 – 264.
DAHLBÄCK, B. (2000) Blood coagulation. The Lancet 355 (9215), 1627 – 1632.
DE CRISTOFARO, R., AKHAVAN, S., ALTOMARE, C., CAROTTI, A., PEYVANDI, F.
& MANNUCCI, P.M. (2004) A natural prothrombin mutant reveals an unexpected
influence of A-chain structure on the activity of human alpha-thrombin. J. Biol.
Chem. 279(13), 13035 – 13043.
DE MARCO, L., MAZZUCATO, M., MASOTTI, A. & RUGGERI, Z.M. (1994)
Localization and characterization of an alpha-thrombin-binding site on platelet
glycoprotein Ib alpha. J. Biol. Chem. 269 (9), 6478 – 6484.
DI CERA, E. (2004) Thrombin: a paradigm for enzymes allosterically activated
by monovalent cations. C. R. Biol. 327 (12), 1065 – 1076.
DI CERA, E. (2008) Thrombin. Mol. Aspects. Med. 29 (4), 203 – 254.
DIXON, R.A & SUMNER, L.W. (2003) Legume natural products: understanding
and manipulating complex pathways for human and animal health. Plant.
Physiol. 131 (3), 878 – 885.
ESMON, C.T. & LOLLAR, P. (1996) Involvement of thrombin anion-binding
exosites 1 and 2 in the activation of factor V and factor VIII. J. Biol. Chem. 271
(23), 13882 – 13887.
ESMON, C.T. (1989) The roles of protein C and thrombomodulin in the
regulation of blood coagulation. J Biol Chem. 264 (9), 4743 – 4746.
ESMON, C.T. (2005) The interactions between inflammation and coagulation.
Br. J. Haematol. 131 (4), 417 – 430.
FENTON, J.W 2nd, FASCO, M.J. & STACKROW, A.B. (1977) Human thrombins.
Production, evaluation, and properties of alpha-thrombin. J. Biol. Chem. 252
(11), 3587 – 3598.
63
FÖSTER, T. (1948) Intermolecular energy migration and fluorescence. Ann.
Phys. (2), 55 – 75.
FRANCISCHETTI, I.M., MONTEIRO, R.Q. & GUIMARÃES, J.A. (1997)
Identification of glycyrrhizin as a thrombin inhibitor. Biochem. Biophys. Res.
Commun. 235 (1), 259 – 263.
GENTRY, P.A. (2004) Comparative aspects of blood coagulation. Vet. J. 168 (3),
238 – 251.
GIANNI, S., IVARSSON, Y., BAH, A., BUSH-PELC, L.A. & DI CERA, E. (2007)
Mechanism of Na(+) binding to thrombin resolved by ultra-rapid kinetics.
Biophys. Chem. 131 (1-3), 111 – 114.
GUILLIN, M.C., BEZEAUD, A., BOUTON, M.C. & JANDROT-PERRUS, M. (1995)
Thrombin specificity. Thromb. Haemost. 74 (1), 129 – 133.
HARRIS, J.L., BACKES, B.J., LEONETTI, F., MAHRUS, S., ELLMAN, J.A. & CRAIK
C.S. (2000) Rapid and general profiling of protease specificity by using
combinatorial fluorogenic substrate libraries. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 97
(14), 7754 – 7759.
HORTIN, G. L. & TRIMPE, B. L. (1991) Allosteric changes in thrombin's activity
produced by peptides corresponding to segments of natural inhibitors and
substrates. J. Biol. Chem. 266 (11), 6866 – 6871.
HORTIN, G. L., WARSHAWSKY, I. & LAUDE-SHARP, M. (2001) Macromolecular
chromogenic substrates for measuring proteinase activity. Clin. Chem. 47 (2),
215 – 22.
JACKSON S.P., NESBITT W.S., KULKARNI S. (2003) Signaling events underlying
thrombus formation. J. Thromb. Haemost. 1 (7), 1602 – 1612.
JACKSON, S.P. (2007) The growing complexity of platelet aggregation. Blood
109 (12), 5087 – 5095.
JACQUES, S.L., LEMASURIER, M., SHERIDAN, P.J., SEELEY, S.K. &
KULIOPULOS, A. (2000) Substrate-assisted catalysis of the PAR1 thrombin
receptor. Enhancement of macromolecular association and cleavage. J. Biol.
Chem. 275 (52), 40671 – 40678.
KATHIRESAN, S., SHIOMURA, J. & JANG, I.K. (2002) Argatroban. J. Thromb.
Thrombolysis 13 (1), 41 – 47.
KLASS, C.M. & OFFERMANN, M.K. (2005) Targeting human herpesvirus-8 for
treatment of Kaposi's sarcoma and primary effusion lymphoma. Curr. Opin.
Oncol. 17 (5), 447 – 455.
64
KOGA, K., KAWASHIMA, S., SHIBATA, N. & TAKADA, K. (2007) Novel
formulations of a liver protection drug glycyrrhizin. Yakugaku Zasshi 127 (7),
1103 – 1114.
KORKMAZ, B., ATTUCI, S., JULIANO, M.A., KALUPOV, T., JOURDAN, M. L.,
JULIANO, L. & GAUTHIER, F. (2008) Measuring elastase, proteinase 3 and
cathepsin G activities at the surface of human neutrophils with fluorescence
resonance energy transfer substrates. Nat. Protoc. (6), 991 – 1000.
LE BONNIEC, B.F. & ESMON, C.T. (1991) Glu-192 Gln substitution in
thrombin mimics the catalytic switch induced by thrombomodulin. Proc. Natl.
Acad. Sci. U S A. 88 (16), 7371 – 7375.
LE BONNIEC, B.F., BETZ, A., GUINTO, E.R., ESMON, C.T. & STONE S.R. (1994)
Mapping of the thrombin des-ETW conformation by using site-directed mutants
of hirudin. Evidence for the induction of nonlocal modifications by
mutagenesis. Biochemistry 33 (13), 3959 – 3966.
LE BONNIEC, B.F., GUINTO, E.R., MACGILLIVRAY, R.T., STONE, S.R. & ESMON,
C.T. (1993) The role of thrombin's Tyr-Pro-Pro-Trp motif in the interaction with
fibrinogen, thrombomodulin, protein C, antithrombin III, and the Kunitz
inhibitors. J. Biol. Chem. 268 (25), 19055 – 19061.
LE BONNIEC, B.F., MACGILLIVRAY, R.T. & ESMON, C.T. (1991) Thrombin Glu-39
restricts the P'3 specificity to nonacidic residues. J. Biol. Chem. 266 (21), 13796
– 13803.
LE BONNIEC, B.F., MYLES, T., JOHNSON, T., KNIGHT, C.G., TAPPARELLI, C. &
STONE, S.R. (1996) Characterization of the P2' and P3' specificities of thrombin
using fluorescence-quenched substrates and mapping of the subsites by
mutagenesis. Biochemistry. 35 (22), 7114 – 7122.
MACKMAN, N. (2008) Triggers, targets and treatments for thrombosis. Nature
451 (7181), 914 – 918.
MARGUERIE, G.A., PLOW, E.F. & EDGINGTON, T.S. (1979) Human platelets
possess an inducible and saturable receptor specific for fibrinogen. J. Biol.
Chem. 254 (12), 5357 – 5363.
MARQUE, P.E., SPUNTARELLI, R., JULIANO, L., AIACH, M. & LE BONNIEC, B.F.
(2000) The role of Glu(192) in the allosteric control of the S(2)' and S(3)'
subsites of thrombin. J. Biol. Chem. 275 (2), 809 – 816.
MATHEWS, I.I., PADMANABHAN, K.P., TULINKSY, A. & SADLER, J.E. (1994)
Structure of a nonadecapeptide of the fifth EGF domain of thrombomodulin
complexed with thrombin. Biochemistry 33 (46), 13547 – 13552.
MENDES-SILVA, W., ASSAFIM, M., RUTA, B., MONTEIRO, R.Q., GUIMARÃES, J.A
& ZINGALI, R.B. (2003) Antithrombotic effect of Glycyrrhizin, a plant-derived
thrombin inhibitor. Thromb. Res. 112 (1-2), 93 – 98.
65
MONTEIRO, R.Q. & ZINGALI, R.B. (2000) Inhibition of prothrombin activation by
bothrojaracin, a C-type lectin from Bothrops jararaca venom. Arch. Biochem.
Biophys. 382 (1), 123 – 128.
MONTEIRO, R.Q., RAPÔSO, J.G., WISNER, A., GUIMARÃES, J.A., BON, C. &
ZINGALI, R.B. (1999) Allosteric changes of thrombin catalytic site induced by
interaction of bothrojaracin with anion-binding exosites I and II. Biochem.
Biophys. Res. Commun. 262 (3), 819 – 822.
MUSCI, G., BERLINER, L.J. & ESMON, C.T. (1988) Evidence for multiple
conformational changes in the active center of thrombin induced by complex
formation with thrombomodulin: an analysis employing nitroxide spin-labels.
Biochemistry 27 (2), 769 – 773.
MYLES, T., LE BONNIEC B. F. & STONE, S. R. (2001
a
) The dual role of
thrombin's anion-binding exosite-I in the recognition and cleavage of the
protease-activated receptor 1. Eur. J. Biochem. 268 (1): 70 – 77.
MYLES, T., LE BONNIEC, B. F. BETZ, A. & STONE, S.R. (2001
b
) Electrostatic
steering and ionic tethering in the formation of thrombin-hirudin complexes:
the role of the thrombin anion-binding exosite-I. Biochemistry, 40 (16), 4972
4979.
OSSOVSKAYA, V.S. & BUNNETT, N.W. (2004) Protease-activated receptors:
contribution to physiology and disease. Physiol. Rev. 84 (2), 579 – 621.
PAGE, M.J., MACGILLIVRAY, R.T. & DI CERA, E. (2005) Determinants of
specificity in coagulation proteases. J. Thromb. Haemost. 3 (11), 2401 – 2408.
PAPACONSTANTINOU, M.E., BAH, A. & DI CERA, E. (2008) Role of the A chain
in thrombin function. Cell. Mol. Life Sci. 65 (12), 1943 – 1947.
PIMENTA, D. C., NANTES, I. L., DE SOUZA, E. S., LE BONNIEC, B., ITO, A. S.,
TERSARIOL, I. L., OLIVEIRA, V., JULIANO, M. A. & JULIANO, L. (2002) Interaction
of heparin with internally quenched fluorogenic peptides derived from heparin-
binding consensus sequences, kallistatin and anti-thrombin III. Biochem. J. 366
(2): 435 – 446.
STUBBS, M.T. & BODE, W. (1993) A player of many parts: the spotlight falls on
thrombin's structure. Thromb. Res. 69 (1), 1 – 58.
TOLLEFSEN, D.M. (2007) Heparin cofactor II modulates the response to
vascular injury. Arterioscler. Thromb. Vasc. Biol. 27 (3), 454 – 460.
VLIETINCK, A. J., DE BRUYNE, T., APERS, S. & PIETERS, L. A. (1997) Plant-
derived leading compounds for chemotherapy of human immunodeficiency
virus (HIV) infection. Planta Medica 64, 97 – 109.
66
VU, T.K., WHEATON, V.I., HUNG, D.T., CHARO, I. & COUGHLIN, S.R. (1991)
Domains specifying thrombin - receptor interaction. Nature, 353 (6345), 674
677.
WARKENTIN, T.E. (2004) Bivalent direct thrombin inhibitors: hirudin and
bivalirudin. Best. Pract. Res. Clin. Haematol. 17 (1), 105 – 125.
WELLS, C.M. & DI CERA, E. (1992) Thrombin is a Na(+)-activated enzyme.
Biochemistry 31 (47), 11721 – 11730.
YE, J., ESMON, N.L., ESMON, C.T. & JOHNSON, A.E. (1991) The active site of
thrombin is altered upon binding to thrombomodulin. Two distinct structural
changes are detected by fluorescence, but only one correlates with protein C
activation. J. Biol. Chem. 266 (34), 23016 – 23021.
YE, J., LIU, L.W., ESMON, C.T. & JOHNSON, A.E. (1992) The fifth and sixth
growth factor-like domains of thrombomodulin bind to the anion-binding
exosite of thrombin and alter its specificity. J. Biol. Chem. 267 (16), 11023
11028.
ZHANG, E. & TULINSKY, A. (1997) The molecular environment of the Na
+
binding site of thrombin. Biophys. Chem. 63 (2-3), 185-200.
ZINGALI, R.B., FERREIRA, M.S., ASSAFIM, M., FRATTANI, F.S. & MONTEIRO,
R.Q. (2005) Bothrojaracin, a Bothrops jararaca snake venom-derived
(pro)thrombin inhibitor, as an anti-thrombotic molecule. Pathophysiol. Haemost.
Thromb. 34 (4-5), 160 – 163.
ZINGALI, R.B., JANDROT-PERRUS, M., GUILLIN, M.C. & BON, C. (1993)
Bothrojaracin, a new thrombin inhibitor isolated from Bothrops jararaca
venom: characterization and mechanism of thrombin inhibition. Biochemistry 32
(40), 10794 – 10802.
67
8. ANEXO
68
Investigation of Thrombin Activity with PAR 1-based Fluorogenic Peptides
Saulo Martins Vieira
a
, Flávia Garcia dos Reis
b
, Denis Luis S. Dutra
a
, Luiz Juliano
Neto
c
, Maria Aparecida Juliano
c
, Julio Alberto Mignaco
a
and Russolina Benedeta
Zingali
a*
.
a
Instituto de Bioquímica Médica and
b
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho,
UFRJ;
c
Departamento de Biofísica, UNIFESP.
*
Corresponding author: Instituto de Bioquímica Médica, UFRJ, CCS, Sala H2-004,
Avenida Carlos Chagas Filho, 373, Rio de Janeiro RJ, Brasil. Fax: +55-21-
25626782
mailto: [email protected]rj.br
69
Thrombin, a highly specific protease of blood coagulation, has two exosites that
modulate its specificity. We used two sets of synthetic fluorescent peptides (11-aa
and 26-aa) based on the PAR 1 sequence. The 26-aa set encompassed a sequence
binding to exosite 1. The relevance of the P
3
´position for catalysis was also evaluated
by varying the amino acid therein (Arg/Pro/Ala/Asp). Thrombin showed higher
catalytic efficiencies towards the 26-aa substrates. Arg (K
cat
/K
m
= 16 µM
-1
s
-1
±2.5 and
K
cat
/K
m
= 0.8 µM
-1
s
-1
±0.1) and Asp (K
cat
/K
m
= 5 µM
-1
s
-1
±0.9 and K
cat
/K
m
= 0.2 µM
-1
s
-
1
±0.03) at P
3
´ resulted in better and poorer substrates for each set respectively.
Glycyrrhizin and bothrojaracin decreased K
cat
/K
m
for the 26-aa but not for the 11-aa
peptides. The 26-aa substrates also presented a higher dependence to salt. Thus,
the exosite binding sequence in the substrate increased thrombin´s catalytic
efficiency ~20-fold and emphasized its salt-dependence, while P
3
´ substitutions
altered efficiency ~4-fold only.
Keywords: Thrombin, Fluorogenic substrates, PAR 1 and P
3
´ position.
70
Introduction
Thrombin is a trypsin-like enzyme with a central role in blood coagulation.
Thrombin is generated from prothrombin by the prothrombinase complex, and is
responsible for the activation of factors V/VIII/XI/XIII, for the cleavage of fibrinogen
into fibrin, and is a platelet aggregation agonist [1,2]. Despite having numerous
macromolecular substrates, thrombin exhibits a narrower catalytic specificity than
trypsin. This specificity originates at the catalytic site, where subsites S
3
to S
3
´
accommodate target residues P
3
to P
3
´. While this interaction determines the
catalysis of a substrate specificity is dictated mainly by a proline in P
2
[3,4]. Thrombin
bears two electropositive exosites (1 and 2) that additionally control its catalytic
specificity, by interacting with macromolecules that bind initially by ionic attraction
followed by hydrophobic interactions [5,6]. Molecules bound to exosites promote a
significant modification in the kinetics of hydrolysis of p-nitroanilide peptidic
substrates, and binding of macromolecular substrates decreases pseudosubstrate
hydrolysis by competition. Long-term exosite interactions with the catalytic site induce
conformational changes that increase the affinity and activity towards the substrates,
and also allow poor substrates to be acted on by the enzyme [7-10]. Exosite 1 can
bind fibrinogen [11], hirudin [12], thrombomodulin [13], protease activated receptors
PAR 1 and PAR 3 [14], and heparin cofactor II [15].
PAR 1 is a member of the seven-transmembrane-domain G-protein-coupled
family of receptors (GPCRs) and when activated by thrombin regulates cellular
responses in human platelets. Thrombin activates PAR 1 by cleaving its N-terminal
exodomain, generating a new N-terminus that bends over conserved regions in the
second extracellular loop of the cleaved receptor, triggering signal transduction [14].
The binding of a hirudin-like sequence to exosite 1 significantly enhances activity. Vu
et al. [16] reported that PAR 1 C-terminal amino-acid residues Tyr-52, Glu-53 and
Phe-55 are vital for the interaction with thrombin’s exosite 1, although the acidic
sequence does not appear to directly interact with the exosite. Hirudin-like domains
bind only to exosite 1, and these interactions induce conformational changes in the
catalytic site of thrombin [8,14]. Therefore, α-thrombin achieves high catalytic rates
over chromogenic substrates when hirudin is bound [8].
Bothrojaracin (BJC), a 27kDa protein isolated from Bothrops jararaca snake
venom, is described as a specific inhibitor [9] that interacts with thrombin’s exosite 1,
but not with its catalytic site, and blocks several thrombin functions. Bothrojaracin-
71
induced structural changes on thrombin’s catalytic site either increase or decrease its
catalytic efficiency [8,17]. Glycyrrhizin (GL), extracted from Glycyrrhiza glabra, is
another ligand of thrombin exosite 1 that inhibits thrombin but does not block its
catalytic site. Although both glycyrrhizin and heparin contain glucuronic acid units in
their structures, GL does not show heparin-like anticoagulant activity [18,19].
In this study, two groups of PAR 1-derived fluorogenic peptide substrates
(Table 1) were constructed: one with 11 amino acids, possibly interacting only with
thrombin’s catalytic site, and another with 26 amino acids, containing a hirudin-like C-
terminal domain able to interact with exosite 1. We evaluated the kinetic parameters,
the influence of ionic strength and the modulator effects of either BJC or GL in their
hydrolysis by thrombin.
Materials and Methods
Fluorogenic substrates synthesis
Abz-peptidyl-EDDnp substrates were prepared by solid-phase synthesis with
the Fmoc (N-(9-fluorenyl)methoxycarbonyl)
methodology using a multiple automated
peptide synthesizer. Glutamine was the C-terminal residue
in all peptides due to
requirements of the synthesis
strategy [20].
Substrate purity was checked by MALDI-TOF mass spectrometry and by
reverse-phase chromatography. The concentrations of Abz-peptidyl-EDDnp
substrates were determined by their absorbance at 365 nm (
ε
365nm
~ 17,300
M
1
.cm
1
for EDDnp or DNP).
Hydrolysis of the fluorogenic peptides and analysis by HPLC
Substrates and their products cleaved by thrombin and were analyzed by
mass spectrometry. Before mass spectrometry the peptides were purified by HPLC to
eliminate degradation products and contaminants. Briefly, 1.0 mg.mL
-1
fluorogenic
peptides in 20 µL were analyzed by reverse-phase HPLC using a C
18
column (CLC-
ODS Shimadzu 4.6 x 150 mm) with the eluent system: solvent A (0.1% trifluoroacetic
acid in ultrapure water) and solvent B (0.1% trifluoroacetic acid, 90% acetonitrile).
Peptides (110 µM) were cleaved with 100 nM thrombin for 120 min and the reaction
was stopped with 100
µL HCl 5 N.
Mass spectrometry
72
After purification, 0.5 µL fluorogenic peptides (5.5 pmoles), with or without
thrombin were mixed with 0.5 µL matrix solution (α-cyano-4-hydroxy-cinnamic acid
for 11-aa peptides, sinapinic acid for 26-aa peptides) and 1.0 µL of this mixture was
applied onto plates. A Voyager DE-Pro (Applied Biosystems) MALDI-TOF was used
for analysis. We used CALMIX 2 [angiotensin I; ACTH (1-17 clip, 2094.46 Da); ACTH
(18-39 clip, 2466.72 Da); ACTH (7-38 clip, 3660.19 Da), bovine insulin (5734.59 Da)]
for external calibration, with a laser intensity of 1881 volts.
Determination of kinetic parameters with 26-aa peptides
Assays contained 0.05 to 2.2 µM fluorogenic peptides, 0.35 nM thrombin, 50
mM Tris-Cl (pH 7.5), 150 mM NaCl, 10 mM CaCl
2
, and 0.1% PEG 6000, at 37°C.
Reactions were initiated with the enzyme and monitored continuously on a Hitachi F-
4500 spectrofluorometer. The slope was converted into micromoles of substrate
hydrolyzed per minute based on a calibration curve obtained from the complete
hydrolysis of the fluorogenic substrates with λ
exc
320
and λ
em
420
.
Determination of kinetic parameters with 11-aa peptides
The small peptides have lower hydrolysis rates (Fig. 1), thus we calculated
K
cat
/K
m
values by monitoring their complete hydrolysis to their lowest concentration,
thus the reactions were first order. Reaction mixtures contained 0.8 µM peptide, 3.0
nM thrombin, 50 mM Tris-Cl (pH 7.5), 150 mM NaCl, 10 mM CaCl
2
, and 0.1% PEG-
6000, at 3C. The reaction was monitored as described for the 26-aa substrates.
K
cat
/K
m
values were extrapolated as a function of ln[P] vs time, where P= (F
t
-F
0
/F
t
)
(Eqn. I):
(Eqn. I)
K
cat
/K
m
values were obtained by equation II and converted into micromoles per
minute based on a calibration curve obtained from the complete hydrolysis of the
fluorogenic peptides (F
o
, initial fluorescence; F
t
, total fluorescence; K, rate constant
(defined by the slope); [E], enzyme concentration.
(Eqn. II)
We used the softwares Grafit 5.0 and Sigma Plot 8.0.
ln
F
t
- F
ס
F
t
+ kt = 0
ln
F
t
- F
ס
F
t
+ kt = 0
K =
K
cat
K
m
[E]
K =
K
cat
K
m
[E]
73
Determination of the enzymatic velocity
Hydrolysis of fluorogenic peptides was continuously monitored on a Hitachi F-
4500 spectrofluorometer as above. Assays contained 1.5 µM substrate and either 0.4
nM or 0.8 nM thrombin (for 26-aa or 11-aa substrates respectively), 50 mM Tris-Cl,
150 mM NaCl, 10 mM CaCl
2
and 0.1% PEG-6000 at pH 7.5 and 37°C. The reaction
was initiated with the enzyme and hydrolysis followed for 7 minutes.
Effect of ionic strength
The influence of NaCl and choline-Cl was investigated with the fluorogenic
substrates in 50 mM Tris-Cl, 10 mM CaCl
2
and 0.1% PEG-6000 at pH 7.5 and 3C,
over a NaCl and ChCl range of 0–700 mM. Assays were as described above.
Effects of glycyrrhizin and bothrojaracin on the hydrolysis of the peptides by
thrombin
The reaction was measured as in earlier sections but 250 µM GL or 15 nM
BJC were present. Thrombin was pre-incubated with the inhibitors at 37°C for 5 min
in 50 mM Tris-Cl (pH 7.5), 150 mM NaCl, 10 mM CaCl
2
and 0.1% PEG-6000 before
starting the reaction with the peptides.
Results
Initially, we measured the enzymatic activity of thrombin with a fixed
concentration of each fluorogenic substrate (Fig. 1). The rate of hydrolysis was 10-
fold higher for substrates bearing the exosite ligand sequence than for the catalytic
site ligand-only substrates. Substrates with Arg in the P
3
´ position, (Table 1), were
hydrolyzed more rapidly in both cases, while Ala- and Pro-bearing peptides showed
intermediate rates, and with Asp in the P
3
´ position the rate was slowest for both
substrate groups (Fig. 1).
The K
m
and K
cat
values for the 26-aa substrates and K
cat
/K
m
for either group of
substrates are presented in table 2. K
m
values did not show significant differences
among the 26-aa substrates, but K
cat
and K
cat
/K
m
values were 20-fold to 36-fold
higher than for the 11-aa substrates (Table 2). In each group, the catalytic efficiency
was better for substrates with Arg in the P
3
´ position and worse for substrates bearing
Asp.
The assays were repeated in the presence of GL or BJC. For the 26-aa
peptides, GL decreased the K
cat
and K
cat
/K
m
values to 30% and 23%, respectively for
74
the substrate with Arg in the P
3
´position. With BJC, K
cat
and K
cat
/K
m
decreased to
90% and 45%, respectively. Pro and Ala substrates showed similar diminutions for
either inhibitor, and the Asp substrate again exhibited lower K
cat
and K
cat
/K
m
values.
Noteworthy, the activity of thrombin did not change with BJC or GL for the 11-aa
fluorogenic substrates, with the sole exception of the Arg substrate for which the
catalyic efficiency improved 75% in presence of BJC.
Interactions with cations and anions are important for the activity of thrombin
[21]. Interaction with monovalent cations to produce conformational changes that
render the enzyme more active and specific toward fibrinogen [21,22]. Thrombin has
a higher affinity for Na
+
rather than for other monovalent cations. Moreover,
interaction with substrates at exosite 1 are mostly electrostatically driven, hence the
binding is ultimately responsible for modulating catalytic efficiency [23,24].
We therefore investigated the relevance of electrostatic interactions by
increasing the concentration of NaCl or ChCl. For the 11-aa substrates the K
cat
/K
m
values augmented with increasing concentrations of NaCl (Fig. 2), whereas with 26-
aa substrates the effect of NaCl was biphasic, with a maximum at 150 mM salt and
decreasing thereafter (Fig. 2A). With choline chloride, for the small substrates K
cat
/K
m
increased up to 150 mM and then decreased at higher concentrations, whereas the
longer substrates showed a monotonic decline in the K
cat
/K
m
values at all
concentrations tested (Fig. 2A and 2B).
DISCUSSION
In a site of vascular injury thrombin escapes and binds to its receptor
thrombomodulin (TM) on the cell surface. As a result, thrombin loses its procoagulant
properties and instead becomes a potent activator of protein C [25]. Activated protein
C (APC) functions as a major physiological circulating anticoagulant, which
specifically degrades and inactivates the phospholipid-bound factors Va and VIIIa
and therefore down-regulates the coagulation cascade, limiting clot formation to sites
of vascular injury [25]. Some works describe that protein C is a poor substrate for
thrombin when Asp residues are present at P
3
and P
3
´. High enzymatic efficiency
occurs because of the thrombin-thrombomodulin interaction through EGF-like
domains [10,26,27]. This is possible because Glu
192
residue present at S
3
´ thrombin
subsite difficults the interaction with acidic residues in P
3
´ [6]. Thrombomodulin favors
hydrolysis of protein C by shifting the positioning of Glu
192
and Arg
35
on thrombin
75
[6,28,29]. This is evidence that specific interaction of exosite 1 with EGF-like domains
is necessary to enhance interactions of the catalytic site with acidic residues which
are normally impeded by Glu
192
. Our results did not show augmented thrombin
activity over the 26-aa substrate containing Asp at the P
3
´ position. This indicates that
the hirudin-like sequence at PAR1 does not produce the tilting of Glu
192
therefore
conserving the affinity at P
3
position. Conversely, the construction of substrates
containing sequence interactions mimicking EGF domains could induce different
shifts.
The longer substrates, that should be able to bind their C-terminal portion at
exosite 1, gave us evidence that binding at this exosite is important to improve the
catalytic efficiency of thrombin over peptide substrates. Thrombin presented a higher
catalytic rate and better kinetic parameters with the 26-aa substrates rather than with
the 11-aa substrates, which in all cases presented a relatively poor performance as
substrates. However, the longer C-terminal substrates did not significantly alter
thrombin selectivity for amino acids in the P
3
´ position of the substrates. For either
the 26-aa or the 11-aa substrates, K
cat
/K
m
was higher when an Arg residue was
presented at the P
3
position, and diminished when an Asp residue was there. These
results would be evoked by the presence of Glu
192
in the S
3
´ subsite that could thus
favor interactions with basic residues while discriminating acidic residues simply due
to electrostatic repulsion.
Bothrojaracin and glycyrrhizin, two molecules that bind to exosites 1, were
also unable to increase K
cat
/K
m
values for substrates with Asp at the P
3
´ position. On
the contrary, these ligands negatively affected the catalytic efficiency of thrombin
over all the 26-aa substrates tested. This is indicative that the PAR-1 C-terminal
exodomain, GL and BJC do not interact with thrombin in a mode akin the EGF-like
thrombomodulin domains. Therefore, these ligands do not modify the conformation of
the S
3
´ subsite as to increase the catalytic efficiency toward substrates bearing Asp
residues at the P
3
´ position. GL and BJC as well did not change thrombin activity
over the 11-aa substrates. In this case, other amino acids in adjacent positions of the
subsites may result in this unaffected catalytic efficiency. This result is in marked
contrast with those observed for chromogenic substrates with only three amino acids,
for which thrombin activity patently increases when BJC or GL interact with exosite 1
[8,18]. However, binding of either BJC or GL was competitive with the 26-aa
76
substrates and as well inhibited activity over other thrombin macromolecular
physiological substrates [9,18].
Binding of Na
+
is the major driving force behind the procoagulant,
prothrombotic and signaling functions of thrombin, but is not required for the cleavage
of the anticoagulant protein C. As mentioned earlier, the anticoagulant function of
thrombin is under the allosteric control of the cofactor thrombomodulin. Our
experiments indicated that the addition of NaCl at nearly physiological concentrations
elicited similar responses for either the 26-aa or the 11-aa peptides. Their hydrolysis
by thrombin was increased nearly 3.5-fold, which afterwards is analogous to the
effect of NaCl on the activation of hydrolysis of fibrinogen by thrombin. However,
apparently higher ionic strength or even Cl
-
shielding of electrostatic interactions also
interfere on the substrate-exosite 1 interactions, with no effect in the hydrolysis of
smaller substrates. These results are in consonance with Baerga-Ortiz et al.[24], who
found that the association constant of thrombomodulin and thrombin decreased by
tenfold when the NaCl concentration was shifted from 100 mM to 250 mM.
Using fluorogenic peptide substrates, mainly the 26-aa substrates, we could
correlate exosite 1 ligand modulation with the catalytic efficiency and therefore with
the catalytic site of thrombin. The longer C-terminus was demonstrated to be a
demand for enzyme catalytic efficiency. Nonetheless, when a small peptide
(DKYEPFWEDEEKNQ) with the PAR-1 C-terminal sequence that normally binds to
exosite 1 was added to the experimental medium, it did not increase thrombin
hydrolysis of the 11-aa substrate; in contrast, this C-terminal peptide elicited a slightly
lower thrombin activity (data not shown). For the 26-aa substrates, thrombin activity
was inhibited by roughly 30% with peptide concentrations 10,000-fold higher than
those of thrombin (data not shown), comparable to hirugen molecules.
Opposedly, a hirudin C-terminal peptide sequence inhibits cleavage of
macromolecular substrates by thrombin and increases its activity upon small
substrates (chromogenic substrates). Hirudin high-affinity binding is due to the
presence of acidic sequences and sulfated tyrosines at the exodomain 1. Those
residues produce an electrostatically-induced docking, contributing to stabilize the
thrombin-hirudin complex [30]. Similar to ours, those results were also obtained with
a 2,000-fold molar excess of that peptide over thrombin [31]. Perhaps both PAR 1
and hirudin C-termini also require the amino acids located between the cleavage site
77
and the C-terminal sequence synthesized to enhance the binding at exosite 1 and
improve the stability and affinity of the thrombin-C-terminus complexes.
Certainly S
3
´ subsite plays an essential role in thrombin activity. This subsite
dictates the coagulant or anticoagulant fate of thrombin action under the influence of
exosite 1 and its ligands. To specifically modulate S
3
´ subsite selectivity, the binding
of a specific thrombomodulin amino acid sequence to exosite 1 is needed, while
other ligands are unable to shift the subsite conformation to the anticoagulation role.
Therefore, the specific binding of different protein C-termini to thrombin exosite 1 is
essential to drive the catalytic specificity, as well as to increase thrombin catalytic
rate. However, definite specific amino acids on the C-termini will determine the
subsite conformation for the selective action of thrombin in either coagulant or
anticoagulant substrates.
78
ACKNOWLEDGEMENTS
This work was supported by CNPq, FAPERJ CAPES and IMBEBB. We thank the
Rede Proteômica do Rio de Janeiro for the Mass Spectrometry facility and A.L
Oliveira-Carvalho and D.M.Silva for their technical assistance.
REFERENCES
[1] J.C. Fredenburgh, A.R. Stafford, J.I. Weitz, Evidence for allosteric linkage
between exosite 1 and 2 of thrombin, J. Biol. Chem., 272 (1997), 25493-
25499.
[2] P.A. Gentry, Comparative aspects of blood coagulation, The Veterinary
Journal, 168 (2004), 238-251.
[3] B.F. Le Bonniec, T. Myles, T. Johnson, C.G. Knight, C. Tapparelli, S.R. Stone,
Characterization of the P2´ and P3´ specificities of thrombin using
fluorescence-quenched substrates and mapping of the subsites by
mutagenesis, Biochemistry, 35 (1996), 7114-7122.
[4] J.L. Harris, B.J. Backes, F. Leonetti, S. Mahrus, J.A. Ellman, C.S. Craik, Rapid
and general profiling of protease specificity by using combinatorial fluorogenic
substrate libraries, PNAS, 97 (2000), 7754-7759.
[5] I.M. Verhammet, S.T. Olson, D.M. Tollefsen, P.E. Bock, Binding of exosite
ligands to human thrombin, J. Biol. Chem., 277 (2002), 6788-6798.
[6] M.T. Stubbs, W. Bode, A player of many parts: the spotlight falls on thrombin's
structure, Thrombosis Research, 69 (1993), 1-58.
[7] P.E. Marque, R. Spuntarelli, L. Juliano, M Aiach, B.F. Le Bonniec, The role of
Glu192 in the allosteric control of the S2´ and S3´ subsites of thrombin, J. Biol.
Chem., 275 (2000), 809-816.
79
[8] R.Q. Monteiro, J.G. Raposo, A. Wisner, J.A. Guimarães, C. Bon, R.B. Zingali,
Allosteric changes of thrombin catalytic site induced by interaction of
bothrojaracin with anion-binding exosites I and II, Biochemical and Biophysical
Research Communications, 262 (1999), 819-822.
[9] R.B. Zingali, M. Jandrot-Perrus, M.C. Guillin, C. Bon, Bothrojaracin, a new
thrombin inhbitor islated from Bothrops jararaca venom: characterization and
mechanism of thrombin inhibition, Biochemistry, 32 (1993), 10794-10802.
[10] H. Xu, L.A. Bush, A.O. Pineda, S. Caccia, E. Di Cera, Thrombomodulin
changes the molecular surface of interaction and the rate of complex formation
between thrombin and protein C, J. Biol. Chem., 280 (2005), 7956-7961.
[11] M.C. Naski, J.A. Shafer, A kinetic model for the
α
-thrombin-catalyzed
conversion of plasma levels of fibrinogen to fibrin in the presence of
antithrombin III, J. Biol. Chem., 266 (1991), 13003-13010.
[12] M.C. Naski, J.W. Fenton, J.M. Maraganore, S.T. Olson, J.A. Shafer, The
COOH-terminal domain of hirudin. An exosite-directed competitive inhibitor of
the action of
α
-thrombin on fibrinogen, J. Biol. Chem., 265 (1990), 13484-
13489.
[13] J. Ye, L.W. Liu, C.T. Esmon, A.E. Johnson, The fifth and sixth growth factor-
like domains of thrombomodulin bind to the anion-binding exosite of thrombin
and alter its specificity, J. Biol. Chem., 267 (1992), 11023-11028.
[14] V.S. Ossovskaya, N.W. Bunnett, Protease-activated receptors: contribution to
physiology and disease, Physiol Rev., 84 (2004), 579-621.
[15] V.M.D. Van Deerlin, D.M. Tollefsen, The N-terminal acidic domain of heparin
cofactor II mediates the inhibition of
α
-thrombin in the presence of
glycosaminoglycans, J. Biol. Chem., 266 (1991), 20223-20231.
80
[16] T.K. Vu, V.I. Wheaton, D.T. Hung, I. Charo, S.R. Coughlin, Domains
specifying thrombin-receptor interaction, Nature, 353 (1991), 674–677.
[17] V. Arocas, R.B. Zingali, M.C. Guillin, C. Bon, M. Jandrot-Perrus, Bothrojaracin:
a potent two-site-directed thrombin inhibitor, Biochemistry, 35 (1996), 9083-
9089.
[18] I.M.B. Francischetti, R.Q. Monteiro, J.A. Guimarães, Identification of
glycyrrhizin as a thrombin inhibitor, Biochemical and Biophysical Research
Communications, 235 (1997), 259-263.
[19] W. Mendes-Silva, M. Assafim, B. Ruta, R.Q. Monteiro, J.A. Guimarães, R.B.
Zingali, Antithrombotic effect of glycyrrhizin, a plant-derived thrombin inhibitor,
Thrombosis Research, 112 (2003), 93-98.
[20] B. Korkmaz, S. Attucci, M.A. Juliano, T. Kalupov, M.L. Jourdan, L. Juliano, F.
Gauthier, Measuring elastase, proteinase 3 and cathepsin G activities at the
surface of human neutrophils with fluorescence resonance energy transfer
substrates, Nat Protoc., 3 (2008), 991-1000.
[21] E. Di Cera, Thrombin: a paradigm for enzymes allosterically activated by
monovalent cations, C.R.Biologies, 327 (2004), 1065-1076.
[22] E. Zhang, A. Tulinsky, The molecular environment of the Na+ binding site of
thrombin, Biophysical Chemistry, 63 (1997), 185-200.
[23] C.M. Wells, E. Di Cera, Thrombin is a Na+-activated enzyme, Biochemistry, 31
(1992), 11721-11730.
[24] A. Baerga-Ortiz, A.R. Rezaie, E.A. Komives, Electrostatic dependence of the
thrombin-thrombomodulin interaction, J. Mol. Biol., 296 (2000), 651-658.
[25] C.T. Esmon, K. Fukudome, Cellular regulation of protein C pathway, Cell
Biology, 6 (1995), 259-268.
81
[26] I.I. Mathews, K.P. Padmanabhan, A. Tulinsky, Structure of a nonadecapeptide
of the fifth EGF domain of thrombomodulin complexed with thrombin,
Biochemistry, 33 (1994), 13547-13552.
[27] A. Vindigni, C.E. White, E.A. Komives, E. Di Cera, Energetics of thrombin-
thrombomodulin interaction, Biochemistry, 26 (1997), 6674-6681.
[28] G. Musci, L.J. Berliner, C.T. Esmon, Evidence for multiple conformational
changes in the active center of thrombin induced by complex formation with
thrombomodulin: an analysis employing nitroxide spin-labels, Biochemistry, 27
(1988), 769-773.
[29] J. Ye, N.L. Esmon, C.T. Esmon, A.E. Johnson, The active site of thrombin is
altered upon binding to thrombomodulin, J. Biol. Chem., 266 (1991), 23016-
23021.
[30] T. Myles, B.F. Le Bonniec, A. Betz, S.R. Stone, Electrostatic steering and ionic
tethering in the formation of thrombin–hirudin complexes: the role of the
thrombin anion-binding exosite-I, Biochemistry, 40 (2001), 4972-4979.
[31] G.L. Hortin, B.L. Trimpe, Allosteric changes in thrombin's activity produced by
peptides corresponding to segments of natural inhibitors and substrates, J.
Biol. Chem. 266 (1991), 6866-6871.
82
Figure Legends
Figure 1.
Enzymatic activity of thrombin in presence of 1.5 µM of either the 26-aa or
the 11-aa fluorogenic substrates. Amino acids in the abscissa indicate those in the
P
3
´ position. The medium contained 50 mM Tris-Cl (pH 7.5), 150 mM NaCl, 10 mM
CaCl
2
and 0.1% PEG-6000, at 37ºC. Rates are normalized to the maximum value
(5.44e
-9
±2.2e
-10
), obtained with the 26-aa substrate having Arg in P
3
´.
Figure 2.
Catalytic efficiency (K
cat
/K
m
) at different salt concentrations.
(A)
K
cat
/K
m
values for the 26-aa substrate in the presence of NaCl (closed circles) or ChCl (open
circles).
(B)
K
cat
/K
m
values for the 11-aa substrate in the presence of NaCl (closed
circles) or ChCl (open circles). Assays were with Pro in P
3
´ position for either
substrate.
83
Figure 1
0
20
40
60
80
100
120
Asp
Ala
Pro
Arg
26 aa
11 aa
R
e
l
a
t
i
v
e
V
e
l
o
c
i
t
y
(
%
)
0
20
40
60
80
100
120
Asp
Ala
Pro
Arg
26 aa
11 aa
R
e
l
a
t
i
v
e
V
e
l
o
c
i
t
y
(
%
)
84
Figure 2
[ mM ]
0 200 400 600 800
K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
NaCl
ChCl
[ mM ]
0 200 400 600 800
K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
NaCl
ChCl
A
B
[ mM ]
0 200 400 600 800
K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
NaCl
ChCl
[ mM ]
0 200 400 600 800
K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
NaCl
ChCl
[ mM ]
0 200 400 600 800
K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
NaCl
ChCl
[ mM ]
0 200 400 600 800
K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
NaCl
ChCl
A
B
85
Table 1. PAR 1-based Fluorogenic Substrates.
Mass of Hydrolysis Products
c
Fluorogenic Substrate Sequence
a
Mass
b
N-terminal C-terminal
Abz-LDPR
SFRLRNKNDKYEPFWEDEEKN-Q-EDDnp
3681.28 619.51 3061.77
Abz-LDPR
SFPLRNKNDKYEPFWEDEEKN-Q-EDDnp
3623.07 619.58 3004.08
Abz-LDPR
SFALRNKNDKYEPFWEDEEKN-Q-EDDnp
3579.72 619.55 2978.99
Abz-LDPR
SFDLRNKNDKYEPFWEDEEKN-Q-EDDnp
3605.58 619.57 3023.01
Abz-LDPR
SFRLRNK-Dnp
1638.85 619.58 1019.27
Abz-LDPR
SFPLRNK-Dnp
1624.66 619.64 1005.32
Abz-LDPR
SFALRNK-Dnp
1566.55 619.63 946.23
Abz-LDPR
SFDLRNK-Dnp
1642.65 619.63 1023.25
a
PAR 1 38 63 (26 aa) and PAR 1 38 48 (11 aa) sequences. The hirudin-like sequence that binds exosite 1 is underlined.. Bold
residues are in the P
3
´ position.
b,c
As determined by mass spectrometry. All the peptides were hydrolyzed at R-S peptide bond as
indicated by
..
86
Table 2. Kinetic parameters for the hydrolysis of fluorogenic substrates by thrombin in the absence and presence of glycyrrhizin
and bothrojaracin.
Glycyrrhizin Bothrojaracin
26aa (P
3
´) K
m
(µM) K
cat
(s
-1
) K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
K
m
(µM) K
cat
(s
-1
) K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
K
m
(µM) K
cat
(s
-1
) K
cat
/K
m
(µM
-1
s
-1
)
-R- 1.2 ± 0.3 18 ± 2.6 16 ± 2.5 1.8 ± 0.1 7.7 ± 0.9 4.5 ± 0.8 2.5 ± 0.4 16.8 ± 2.7 6.9 ± 0.7
-P- 1.3 ± 0.2 14 ± 0.9 11 ± 0.7 2.3 ± 0.6 4.4 ± 0.8 2.1 ± 0.2 2.3 ± 0.1 11 ± 0.7 5.0 ± 0.1
-A- 0.6 ± 5e
-2
7.0 ± 0.9 10 ± 1.2 2.2 ± 0.4 5.6 ± 1.1 2.7 ± 0.6 2.2 ± 0.2 9.2 ± 1.7 4.2 ± 0.8
-D- 1.2 ± 0.1 6.0 ± 0.9 5.0 ± 0.9 1.6 ± 0.1 2.8 ± 0.2 1.8 ± 0.2 3.4 ± 0.8 8.3 ± 1.0 2.4 ± 0.4
11aa (P
3
´)
-R- ND
*
ND
*
0.80 ± 1e
-1
ND
*
ND
*
1.0 ± 1e
-1
ND
*
ND
*
1.4 ± 2e
-1
-P- ND
*
ND
*
0.35 ± 7e
-2
ND
*
ND
*
0.36 ± 5e
-2
ND
*
ND
*
0.46 ± 5e
-2
-A- ND
*
ND
*
0.33 ± 3e
-2
ND
*
ND
*
0.33 ± 6e
-2
ND
*
ND
*
0.30 ± 3e
-2
-D- ND
*
ND
*
0.20 ± 3e
-2
ND
*
ND
*
0.24 ± 3e
-2
ND
*
ND
*
0.30 ± 4e
-2
Assays were initiated with 0.36 nM or 3.0 nM thrombin for the 26-aa or 11-aa substrates respectively. Inhibitors (250 µM GL and 15
nM BJC) were pre-incubated with thrombin for 5 min at 37 °C. *Not determined.
87
CURRICULUM VITAE
Nome: Saulo Martins Vieira
Nascimento: 22/07/1982
Naturalidade: Rio de Janeiro
Formação Acadêmica
Faculdade de Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro,
agosto de 2006.
Mestrado em Química Biológica no Instituto de Bioquímica Médica pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Comunicação em Congresso
10 comunicações em congressos nacionais.
Publicações
Vieira, S. M., Reis, F. G., Dutra, D. S., Juliano, L., Juliano, M. A., Mignaco, J. A. &
Zingali, R. B. (2009). Investigation of Thrombin Activity with PAR 1-based
Fluorogenic Peptides. Artigo submetido a revista Biochimica et Biophysica Acta.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo