Assim, ao constatar que o interlocutor interpreta corretamente os
propósitos do locutor e os aceita, a partir da persuasão do que foi falado,
traz à tona a existência de vários tipos de atos de fala.
Na década de 1960, precisamente em 1962, J. L. Austin, filósofo
britânico, introduziu a Teoria dos Atos de Fala. As concepções austinianas
focavam a concepção de linguagem como uma atividade realizada pelos
interlocutores, isto é, os falantes sempre expressam uma ação em seu
dizer, ao falar, como desejos, ordem, acordos, etc.
Uma das descobertas do filósofo britânico é o conceito de enunciados
performativos e performativos implícitos. Os enunciados performativos
expressam que alguém ao “dizer” alguma coisa, denota “um compromisso”
só pelo fato de dizê-lo. Por seu turno, os enunciados performativos
implícitos são os enunciados que dizem por outros meios alguma coisa, por
exemplo, “eu trago”. Esses enunciados carregam três tipos de atos:
locucionário, ilocucionário e perlocucionário.
A definição dos atos de fala é trazida por Austin em sua obra Quando
Dizer é Fazer:
Distinguimos um conjunto de coisas que fazemos ao dizer algo,
que sintetizamos dizendo que realizamos um ato locucionário, o
que equivale, a grosso modo, a proferir determinada sentença
com determinado sentido e referência, o que, por sua vez,
equivale, a grosso modo, a “significado”no sentido tradicional
do termo. Em segundo lugar dissemos(sic) que também
realizamos atos ilocucionários tais como informar, ordenar,
prevenir, avisar, comprometer-se, etc., isto é, proferimos que
têm uma certa força (convencional).Em terceiro lugar também
podemos realizar atos perlocucionários, os quais produzimos
porque dizemos algo, tais como convencer, persuadir, impedir,
ou, mesmo, surpreender ou confundir. (Austin, [1962,1975]
1990,p. 95)
Austin alerta-nos para a distinção do ato ilocucionário, “ao dizer tal coisa eu o
estava prevenindo” e que para o ato perlocucionário, “ao dizer tal coisa eu o convenci, ou
surpreendi, ou fiz parar”, por serem ações intencionais que têm efeitos diferenciados.