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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
Mônica Karl da Silva
A INFLUÊNCIA DO NÍVEL SÓCIO-ECONÔMICO NO PROCESSO DE
AQUISIÇÃO FONOLÓGICA EM CRIANÇAS DE 3 A 8 ANOS
Rio de Janeiro
2008
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II
Mônica Karl da Silva
A INFLUÊNCIA DO NÍVEL SÓCIO-ECONÔMICO NO
PROCESSO DE AQUISIÇÃO FONOLÓGICA EM CRIANÇAS
DE 3 A 8 ANOS
Dissertação apresentada ao Mestrado
Profissional em Fonoaudiologia da Universida
de
Veiga de Almeida, como requisito parcial para
obtenção do Grau de Mestre. Área de
concentração: Processamento e Distúrbios da
Fala, da Linguagem e da Audição.
Orientadora: Profa. Dra. Mônica M. de Britto Pereira
Co - orientador: Prof. Dr. John Van Borsel
Rio de Janeiro
2008
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III
FICHA CATALOGRÁFICA
S586i Silva, Mônica Karl da
A influência do nível sócio-econômico no processo de
aquisição fonológica em crianças de 3 a 8 anos / Mônica
Karl da Silva, 2007.
100p; 30 cm.
Dissertação (Mestrado)
Universidade Veiga de
Almeida, Mestrado em Fonoaudiol
ogia, Processamento e
distúrbios da fala, da linguagem e audição, Rio de
Janeiro, 2007.
Orientação: Mônica Medeiros de Britto Pereira
Co-orientação: John Van Borsel
1. Fonoaudiologia 2. Aquisição de linguagem.
3.
Crianças. I.Pereira, Mônica Medeiros de Britto (orientador). II.
Van Borsel, John (co-orientador). III. Universidade Veiga de
Almeida, Mestrado Profissionalizante em Fonoaudiologia,
Linguagem. IV. Título.
616.855
IV
MÔNICA KARL DA SILVA
A INFLUÊNCIA DO NÍVEL SÓCIO-ECONÔMICO NO PROCESSO DE
AQUISIÇÃO FONOLÓGICA EM CRIANÇAS DE 3 A 8 NOS
Dissertação apresentada ao Mestrado
Profissional em Fonoaudiologia da Universidade
Veiga de Almei
da, como requisito parcial para
obtenção do Grau de Mestre. Área de
concentração: Processamento e Distúrbios da
Fala, da Linguagem e da Audição.
Aprovada em, 28 de fevereiro de 2008.
BANCA EXAMINADORA
Profa. Mônica Medeiros de Britto Pereira – Doutora em Lingüística
Universidade Veiga de Almeida - UVA
Profa. Heidi Elisabeth Baeck - Doutora em Engenharia Biomédica
Universidade Veiga de Almeida - UVA
Prof. Domingos Sávio Ferreira de Oliveira – Doutor em Letras
Universidade Veiga de Almeida - UVA
Maria Lúcia Novaes Menezes - Doutora em Ciências
Instituto Fernandes Figueira – FIOCRUZ
V
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos à profª Mônica M. de Britto Pereira pela
confiança e orientações valiosas.
Ao prof. Jonh Van Borsel pelas análises estatísticas realizadas.
Aos meus pais e irmãos pelo incentivo, amor e apoio.
As minhas queridas professoras da graduação Regina Elly Alves de Faria,
Rosa Maria Ramos por ter me proporcionado os primeiros passos para a pesquisa.
A amiga Carla Ferrante, com quem tive a oportunidade de construir esse
trabalho.
As amigas Christina Sales, Kátia Santana pelo incentivo durante o meu
percurso.
As minhas queridas alunas Chíntia Ribeiro e Marcela Alves (UNIG) e a Diana
Drummond (UVA) que me auxiliaram durante a coleta de dados.
VI
RESUMO
O presente estudo objetivou investigar o processo de aquisição fonológica de
crianças de nível sócio-econômico baixo de escolas públicas do Estado do Rio de
Janeiro. Os dados foram posteriormente comparados aos dados encontrados em
estudo similar desenvolvido por Ferrante (2007), com crianças da mesma idade, de
classe sócio-econômica média/alta. Participaram desta pesquisa 288 crianças,
sendo 144 do sexo feminino e 144 do sexo masculino, com as idades entre 3:0 e
8:11 anos. As análises foram realizadas em relação ao inventário fonético,
processos fonológicos, percentual de consoantes corretas e foram realizadas
comparações entre as classes no que se refere às médias de ocorrência de
processos fonológicos e de produções dos fonemas. A análise dos resultados
permitiu concluir que aos 3 anos de idade os fonemas /p/, /b/, /t/, /d/, /k/, /g/, /f/, /v/,
/S/, /m/, /n/, /¯/ estão adquiridos e estabilizados no sistema fonológico das
crianças. Os fonemas, /s/, /z/, /Z/ e /¥/ também estão adquiridos nesta faixa etária
apesar da grande variabilidade de produção entre as crianças. A aquisição do
fonema /R/ ocorre em posição de onset simples aos 4 anos e na posição de onset
complexo aos 6 anos, a aquisição do fonema /l/ em onset simples ocorre aos 3
anos e em onset complexo aos 8 anos e o fonema /{/ em onset simples aos 3 anos
e na posição de coda aos 6 anos. Com relação ao total de fonemas adquiridos
concluiu-se que desde a faixa etária de 3 anos, muitas crianças possuem o
inventário fonético completo, apesar da grande variabilidade. No que se refere aos
processos fonológicos, foi possível concluir que aos 3, 4 e 5 anos os processos de
redução de encontro consonantal, apagamento de consoante final e substituição de
/l/ > /R/, foram os mais utilizados. Ressaltamos que o processo de substituição de /l
> /R/ foi utilizado até a faixa etária dos 8 anos. A lateralização esteve presente nas
crianças de 4 e 7 anos. A análise do PCC e do PCC-R demonstrou um aumento
gradual dos índices com o aumento da idade e uma diferença significativa entre as
faixas etárias. A comparação dos dados com os de crianças de classe alta
demonstrou diferenças significativas no que se refere à utilização de processos
fonológicos, à aquisição de fonemas e ao PCC, apontando para um melhor
desempenho das crianças dessa classe.
Palavras-chave: criança, aquisição, fonologia, nível sócio-econômico, fala
VII
ABSTRACT
This study aimed at investigating the phonological acquisition process of children
from low socioeconomic background in public schools in the state of Rio de Janeiro.
The data were later compared to the ones that were found in a similar study
conducted by Ferrante (2007), which observed children of the same age range, but
from medium/high socioeconomic background. The subjects were 288 children, 144
female and 144 male, with ages between 3:0 and 8:11 years old. The analyses
comprised a phonetic inventory, phonological processes and percentage of correct
consonants. Besides, comparisons between the different backgrounds regarding the
occurrence average of phonological processes and phonemes production were also
performed. The analysis of the quintaresults enabled us to conclude that at the age
of 3:0 the phonemes /p/, /b/, /t/, /d/, /k/, /g/, /f/, /v/, /
S
/, /m/, /n/, /
ْ
/ are already
acquired and established in the children’s phonological system. The phonemes /s/,
/
z
/, /
Z
/ and /
¥
/ are already acquired at this age although a great variability can be
observed among the children. The acquisition of the /
R
/ occurs in simple onset
position at the age of 4:0 and in complex onset position at the age of 6:0. The
acquisition of /l/ in simple onset occurs at the age of 3:0 and in complex onset at 8:0,
and the phoneme /
{
/ in simple onset at 3:0 and in final position at the age of 6:0. In
relation to the total of phonemes acquired, we concluded that at the age of 3:0 many
children already possess the complete phonetic inventory, although with some great
variability. In regard to phonological processes we could conclude that at the age of
3:0, 4:0 and 5:0 the processes of cluster reduction, final consonant deletion and
substitution of /l/ > /r/ were more frequent. In addition, we emphasize that the process
of substitution of /l/ > /r/ was verified until the age of 8:0. The lateralization process
was present in children between the ages of 4:0 and 7:0. The PCC and PCC-R
analyses showed a gradual increase of indexes with the increase of age and a great
difference between the ages. The comparison of the data with the ones collected with
children from medium/high socioeconomic backgrounds showed significant
differences in relation to the use of phonological processes, phonemes acquisition
and PCC, pointing to a better performance of children from this background.
Keywords: child, acquisition, phonology, socioeconomic level, speech
VIII
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Processos fonológicos. p, 28
Quadro 2 – Processos de substituição. p, 29
Quadro 3 – Processos de estrutura silábica. p, 30
Quadro 4 – Processo de assimilação. p, 31
Quadro 5 – Aquisição dos sons. p, 72
Quadro 6 – Resumo dos processos mais utilizados com consoantes líquidas por
faixa etária. p, 77
IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Protocolo de análise de processo fonológico, p. 38
X
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Mínimo, máximo e média de fones adquiridos por faixa etária. p, 46
Gráfico 2 – Mínimo, máximo de média de processos fonológicos por faixa
etária. p, 55
Gráfico 3 – Média de ocorrência dos processos fonológicos mais utilizados por
faixa etária. p, 62
Gráfico 4 – PCC por faixa etária. p, 64
Gráfico 5 – PCC-R por faixa etária. p, 66
XI
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Distribuição de crianças por faixa etária. p, 37
Tabela 2 – Mínimo, máximo e média de fones adquiridos por faixa etária. p, 45
Tabela 3 – Mínimo, máximo e média de fones adquiridos por sexo. p, 47
Tabela 4 – Mínimo, máximo e média de produções corretas de cada som. p, 47
Tabela 5 – Mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [s] por
faixa etária. p, 49
Tabela 6 – Mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [z] por
faixa etária. p, 49
Tabela 7 – Mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [Ћ] por
faixa etária. p, 49
Tabela 8 – Mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [ѭ] por
faixa etária. p, 49
Tabela 9 – Mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [ש] por
faixa etária. p, 50
Tabela 10 – Mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [R] por
faixa etária. p, 50
Tabela 11 – Mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [l] por
faixa etária. p, 50
Tabela 12 – Mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [ש] em
onset simples. p, 51
Tabela 13 – Mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [ש] em
onset complexo. p, 51
Tabela 14 – Mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [R] em
onset simples. p, 51
Tabela 15 – Mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [R] em
posição de coda. p, 51
Tabela 16 – Mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [l] em
onset simples. p, 52
Tabela 17 – Mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [l] em
onset complexo. p, 52
Tabela 18 – Produção do [ש] onset simples. p, 53
Tabela 19 – Produção do [ש] onset complexo. p, 53
Tabela 20 – Produção do [R] onset simples. p, 53
Tabela 21 – Produção do [R] coda. p, 53
Tabela 22 – Produção do [l] onset simples. p, 53
Tabela 23 – Produção do [l] onset complexo. p, 54
Tabela 24 – Mínimo, máximo e média de processos fonológicos por faixa etária. p,
55
Tabela 25 – Mínimo, máximo e média de processos fonológicos por sexo. p, 56
Tabela 26 – Mínimo, máximo e média de ocorrência de cada processo fonológico na
faixa etária de 3 anos – 3 anos e 11 meses. p, 56
Tabela 27 – Mínimo, máximo e média de ocorrência de cada processo fonológico na
faixa etária de 4 anos – 4 anos e 11 meses. p, 57
Tabela 28 – Mínimo, máximo e média de ocorrência de cada processo fonológico na
faixa etária de 5 anos – 5 anos e 11 meses. p, 58
XII
Tabela 29 – Mínimo, máximo e média de ocorrência de cada processo fonológico na
faixa etária de 6 anos – 6 anos e 11 meses. p, 59
Tabela 30 – Mínimo, máximo e média de ocorrência de cada processo fonológico na
faixa etária de 7 anos – 7 anos e 11 meses. p, 60
Tabela 31 – Mínimo, máximo e média de ocorrência de cada processo fonológico na
faixa etária de 8 anos – 8 anos e 11 meses. p, 61
Tabela 32 – Dados estatísticos da análise dos processos fonológicos. p, 62
Tabela 33 – PCC por faixa etária. p, 63
Tabela 34 – PCC por sexo. p, 64
Tabela 35 – PCC-R por faixa etária. p, 65
Tabela 36 – PCC-R por sexo. p, 66
Tabela 37 – Dados estatísticos da análise dos processos Fonológicos e produção
dos fones por classes x idade 3 anos. p, 67
Tabela 38 – Dados estatísticos da análise dos processos Fonológicos e produção
dos fones por classes x idade 4 anos. p, 68
Tabela 39 – Dados estatísticos da análise dos processos Fonológicos e produção
dos fones por classes x idade 5 anos. p, 69
Tabela 40 – Dados estatísticos da análise dos processos Fonológicos e produção
dos fones por classes x idade 6 anos. p, 69
Tabela 41 – Dados estatísticos da análise dos processos Fonológicos e produção
dos fones por classes x idade 7 anos. p, 70
Tabela 42 – Dados estatísticos da análise da média do total de fones adquiridos
por faixa etária entre as classes. p, 71
Tabela 43 – Dados estatísticos da análise da média do PCC por faixa etária entre as
Classes. p, 71
XIII
LISTA DE ABREVIATURAS
ACRES - Acréscimo
AFR - Africação
ANT - Anteriorização
APAGLIQ – Apagamento de Líquida em Onset Simples
APCONSF – Apagamento de Consoante Final
APOC – Apócope
APSILAT – Apagamento de Sílaba Átona
ASSIM – Assimilação
DESAF – Desafricação
ENS - Ensurdecimento
EPENT - Epêntese
LAT - Lateralização
MET - Metátese
MONOT - Monotongação
PLOS –Plosivização
POST – Posteriorização
REC – Redução de Encontro Consonantal
RED – Reduplicação
SEMIV – Semivocalização
SONOR – Sonorização
V – Estrutura Silábica: vogal
VC – Estrutura Silábica: vogal - consoante
CV – Estrutura Silábica: consoante - vogal
CCV – Estrutura Silábica: consoante – consoante - vogal
CVC – Estrutura Silábica: consoante – vogal - consoante
PCC – Percentual de Consoantes Corretas
PCC-R – Percentual de Consoantes Corretas – Revisado
PCC-A – Percentual de Consoantes Corretas – Ajustado
PDI – Densidade de Processos Fonológicos
PB – Português brasileiro
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
XIV
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS
1 INTRODUÇÃO, p. 14
2 OBJETIVO, p. 18
3 REVISÃO DE LITERATURA, p. 19
3.1 DESENVOLVIMENTO FONOLÓGICO, p. 19
3.1.1 Aquisição de plosivas e nasais, p. 20
3.1.2 Aquisição de fricativas e africadas, p. 22
3.1.3 Aquisição de líquidas, p. 23
3.1.4 Aquisição da estrutura silábica, p. 25
3.2 PROCESSOS FONOLÓGICOS, p. 27
3.3 SISTEMA DE MEDIDAS, p. 34
3.3.1 PCC – Percentual de Consoantes Corretas, p. 34
3.4 A INFLUÊNCIA DO GÊNERO NA AQUISIÇÃO FONOLÓGICA, p. 35
3.5 A INFLUÊNCIA DO NÍVEL SÓCIO ECONÔMICO NA AQUISIÇÃO
FONOLÓGICA, p. 36
4 METODOLOGIA, p. 37
4.1 PARTICIPANTES, p. 37
4.2 MATERIAL, p. 38
4.3 PROCEDIMENTOS, p. 40
4.3.1 Coleta de dados, p. 40
4.3.2 Análise dos dados, p. 41
4.3.2.1 Inventário fonético, p. 41
4.3.2.1.1 Total de fones adquiridos por faixa etária e sexo,
p .41
4.3.2.1.2 Produção correta de cada fone nas diferentes
estruturas silábicas por faixa etária e sexo, p. 41
4.3.2.2 Análise dos Processos Fonológicos, p. 41
4.3.2.2.1 Número de processos fonológicos utilizados nas
diferentes faixas etárias e sexo, p. 42
4.3.2.2.2 Análise de ocorrência de cada processo fonológico por
faixa etária e sexo, p. 42
4.3.2.3 Percentual de Consoantes Corretas – PCC e PCC -R, p. 42
4.3.2.3.1 PCC – Percentual de consoantes corretas, p. 42
4.3.2.3.2 PCC-R Percentual de consoantes corretas revisado,
p. 42
4.3.2.4 Análise da influência do nível sócio-econômico, p. 42
XV
5 RESULTADOS, p. 44
5.1 INVENTÁRIO FONÉTICO, p. 45
5.1.1 Total de fones adquiridos, p. 45
5.1.2 Produções corretas de cada fone, p. 47
5.2 PROCESSOS FONOLÓGICOS, p. 54
5.2.1 Número de processos fonológicos utilizados, p. 54
5.2.2 Análise de ocorrência de cada processo fonológico por faixa
etária e sexo, p. 56
5.3 ÍNDICE DE PRODUÇÃO DE CONSOANTES – PCC E PCC-R, p. 63
5.3.1 PCC – Percentual de consoantes corretas, p. 63
5.3.2 PCC-R – Percentual de consoantes corretas revisado, p. 65
5.4 COMPARAÇÃO DOS DADOS - CLASSES MÉDIA/ALTA E BAIXA, p. 66
6 DISCUSSÃO, p. 72
7 CONCLUSÃO, p. 81
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p. 86
9 APÊNDICES, p. 91
14
1 INTRODUÇÃO
O Brasil, tanto em termos absolutos como em termos relativos, o pode ser
considerado pobre, mas deve ser reconhecido como um país extremamente injusto.
Tomando como base dados de 1999, existem 54 milhões de brasileiros pobres ou
34% da população. Os lculos feitos por institutos de pesquisa governamentais,
como o IBGE e o IPEA, definem a linha de pobreza como renda igual ou menor a
meio salário mínimo por mês per capita. É o terceiro país com maior desigualdade
de renda no mundo, estando atrás apenas de Malavi e África do Sul, (BARROS e
HENRIQUES, 2001 apud MORAES, 2002).
dois Brasis no imenso território nacional. Um contingente significativo da
população está à margem, clandestina e excluída da sociedade brasileira oficial.
Milhões de pessoas e grupos humanos não têm certidão de nascimento, de batismo
ou casamento, não têm endereço, não pagam conta de água, luz ou telefone, não
possuem carteira de trabalho, o pagam impostos, não têm conta no banco, não
sabem ler ou não entendem o que lêem, e não conseguirão entrar no mercado de
trabalho oficial, cada vez mais qualificado. É a população com maior mobilidade
geográfica; a primeira a ficar desempregada em momentos de crise e a que mais
sofre o impacto da instabilidade econômica. Tem a mais alta freqüência de
intercorrências médicas (da infância à velhice), uma expectativa de vida quase vinte
15
anos menor do que a população mais rica, e uma taxa de mortalidade três vezes
mais alta, (DUNCAN e COLS., 1995 apud MORAES, 2002). E um outro Brasil,
pouco conhecido e cuja realidade fica obscurecida nos estudos que analisam
apenas médias nacionais.
O acesso à saúde deve ser trabalhado no sentido de reforçar os direitos
humanos, de contribuir para a eliminação das desigualdades sociais em prol de uma
atenção com efetividade, qualidade e respeito à singularidade de cada indivíduo e
ao contexto de cada população. Sendo, desta forma, um instrumento a serviço da
promoção da eqüidade e não um fator da exclusão social (MORAES, 2002).
Tomando como panorama a realidade descrita acima, compreendemos que as
famílias que fazem parte dela, muitas vezes não utilizam a fala padrão (utilizada pela
classe dominante e legitimada pela escola). Em vista disso, as crianças só passam
a ter acesso a essa linguagem no ambiente escolar. Fato esse que acarreta prejuízo
durante o desenvolvimento de sua linguagem, visto que a linguagem infantil difere
da linguagem do adulto. Além disso, as crianças possuem regras através das quais
produzem sua linguagem em cada estágio do processo de aquisição,
independentemente da língua ou da forma de linguagem que estão adquirindo. Elas
trazem também como características, pouca fluência, emissões reduzidas, sintaxe
simplificada e hipercorreção fonológica.
A avaliação da fala inclui os aspectos fonéticos, fonológicos e a fluência.
Neste estudo será realizada uma avaliação fonológica buscando conhecer as etapas
de aquisição fonológica de crianças de nível sócio-econômico baixo. A aquisição e
desenvolvimento fonológico das crianças tem sido objeto de estudos de vários
pesquisadores, tanto no Brasil, como no exterior. Entretanto encontramos poucas
pesquisas que buscam relacionar esse desenvolvimento entre os níveis sócio-
16
econômicos. No Brasil, por exemplo, existe um estudo realizado por Faria (1994)
que traz essa distinção em relação à aquisição dos sons da fala. Encontramos em
Wertzner e Consorti (2004) um estudo do desempenho fonológico (processos
fonológicos) em crianças de escolas públicas e privadas. No exterior podemos citar
alguns autores com Templin (1957), Bates et al (1994) e Robertson (1998), que
pesquisaram a aquisição dos sons.
GRAÇA (2004) pesquisou os índices de prevalência de distúrbio articulatório
(fonética, fonológica) de crianças que buscaram a Clínica de Fonoaudiologia do
Morro da Mangueira (RJ) e encontrou uma taxa de 38,8% da população pesquisada,
que fazem deste distúrbio o mais comum entre as crianças. ANDRADE (1997) nas
mesmas condições na comunidade do Butantã (SP), encontrou prevalência de 47%
dos casos pesquisados para o distúrbio articulatório em crianças dos 5 aos 7 anos.
Problemas na aquisição de sons levam não à dificuldade na comunicação como
também à dificuldade na aquisição da língua e conseqüentemente na vida escolar
de uma criança, as conseqüências a partir daí são óbvias.
Por este motivo acredita-se que a pesquisa da aquisição fonológica seja
relevante com vistas ao desenvolvimento de políticas de prevenção deste distúrbio.
Para a avaliação da aquisição fonológica, é necessário pesquisar a produção
de fonemas pela criança, os processos fonológicos presentes em sua fala, como
também o índice do Percentual de Consoantes Corretas. Nesta pesquisa buscamos
estudar a aquisição dos sons da fala de crianças entre as idades de 3 a 8 anos de
classe sócio-econômica baixa assim como os processos fonológicos presentes
nessa população, o PCC (Percentual de Consoantes Corretas) e o PCC-R
(Percentual de Consoantes Corretas -Revisado), por idade e sexo.
17
Esclarecemos ainda que investigaremos a influência do nível sócio-
econômico em relação aos Processos Fonológicos, Produção de Fonemas e PCC,
comparando-os posteriormente com os dados encontrados em estudo similar
desenvolvido por (FERRANTE 2007), com crianças de classe sócio-econômica
média/ alta da mesma faixa etária.
Neste sentido o presente estudo pretende investigar o processo de aquisição
fonológica de crianças de nível sócio-econômico baixo de escolas públicas do
Estado do Rio de Janeiro.
18
2 OBJETIVO
O objetivo do presente estudo é investigar a influência do nível sócio-econômico
no processo de aquisição fonológica, através da avaliação fonética fonológica de
crianças de classe sócio econômica baixa e comparar os dados encontrados em
estudo similar desenvolvido por Ferrante (2007), com crianças de nível sócio-
econômico médio/alto da mesma faixa etária.
19
3 REVISÃO DE LITERATURA
Esta seção destina-se a descrever estudos sobre aquisição e
desenvolvimento fonológico do português brasileiro. Percorrerá a trajetória dos
processos fonológicos, com sua aquisição e revisão sob a perspectiva de alguns
autores.
Trabalhará com as medidas de análise, descrita por Shriberg e Kwiatkowski
em 1982, o PCC e o PCC-R (SHRIBERG, 1997).
Trará a influência do gênero e do nível cio-econômico na aquisição dos
fonemas.
3.1 – DESENVOLVIMENTO FONOLÓGICO
A aquisição do sistema fonológico ocorre durante os primeiros anos de vida
da criança, período em que os fonemas são adquiridos e estabilizados de acordo
com a comunidade lingüística onde está inserida. Esse desenvolvimento pode ser
analisado sob duas vertentes, a vertente fonética e a vertente fonológica. A
denominação fonológica está relacionada à organização dos sons em sistemas
contrastivos e a denominação fonética à produção dos sons da fala, especificamente
articulação e habilidades motoras. O processo de aquisição dos sons de uma língua
20
que envolve a percepção e a produção dos mesmos requer a apreensão de regras
que regem a distribuição dos sons tanto nas sílabas como nas palavras. (KESKE-
SOARES, BLANCO, MOTA, 2004).
Para adquirir uma língua a criança tem que dominar o inventário fonético e o
sistema fonológico considerados como padrão, ou seja, a norma encontrada na fala
do adulto de sua comunidade lingüística (WERTZNER, 2004).
Dodd et al (2003) descreveram três tipos de idade para aquisição: “idade de
produção habitual”, onde pelo menos 50% de crianças de uma faixa etária produzem
os sons corretamente em pelo menos duas posições; “idade de aquisição, onde
pelos menos 75% de crianças em uma faixa etária produzem os sons corretamente
em todas as posições, e ”idade domínio”, onde pelo menos 90% das crianças em
uma faixa etária produzem os sons corretamente em todas as posições.
3.1.1 – Aquisição de plosivas e nasais
Lamprecht (2004) afirma que “plosivas e nasais são os primeiros segmentos
consonantais a serem adquiridos, estando estabelecidos antes dos dois anos de
idade”. Fronza (1998 apud LAMPRECHT, 2004) aponta as consoantes nasais como
os primeiros segmentos a serem adquiridos, seguidos pelas plosivas.
Quanto à ordem de aquisição desses segmentos, Teixeira (1985), relata que o /ց/ é a plosiva adquirida mais
tardiamente. Lamprecht (2004) concorda com Teixeira, enfatizando que as consoantes dorsais /k/ e /ց/ tem
sua aquisição tardiamente. Para ela a aquisição se consolida partindo das plosivas labiais (p e b) para as
coronais (t e d) e em seguida para as dorsais (k e g).
Faria (1994) realizou um estudo com 192 crianças, falantes do PB, de ambos
os sexos com idades entre 3:1 a 8:0 anos, de Classe A (crianças que estudavam em
escolas particulares), e de Classe B (crianças de escolas públicas) no estado do Rio
21
de Janeiro. Seu estudo foi dividido em 8 grupos. Cada grupo contendo 24 crianças.
Segundo a autora as plosivas orais e nasais, são adquiridas e integradas aos 3 anos
e 6 meses em ambas as classes.
Grunwell (1995) refere que as consoantes nasais /m/, /n/ estão adquiridas
entre 1:6 a 2:0 anos de idade assim como as consoantes plosivas /p/, /b/, /t/ e /d/. A
consoante nasal /ْ/ está adquirida entre 2:0 e 2:6 anos de idade, como também as
plosivas /k/ e /g/.
Wellman et al (1931) estudaram 204 crianças em Iowa com as idades entre
2:0 a 6:0 anos, utilizando evocação e imitação. Seu estudo revelou que as
consoantes nasais /m/, /n/ e a plosiva /b/ estavam estabilizadas aos 3:0 anos. As
consoante /p/, /k/ e /g/ estabilizadas aos 4 anos, as consoantes /t/ e /d/ aos 5 anos, e
a consoante nasal /ْ/ a partir dos 6 anos de idade.
Templin (1957) estudou 480 crianças com as idades de 3:0 a 8:0 anos
observou que os fonemas /m/, /n/, /ْ/, /p/ estavam estabilizados aos 3 anos. Os
fonemas /b/, /d/, /k/ e /g/ aos 4 anos de idade, e o fonema /t/ aos 6 anos de idade.
Smit et al (1990) estudaram 997 crianças com idade entres 3:0 anos e 9:0
anos em Iowa/Nebrasca e observou diferenças na aquisição dos fonemas em
relação ao gênero. Meninos e meninas adquiriram os fonemas /m/, /p/, /b/ aos 3:0
anos. O fonema /n/ foi adquirido pelo sexo feminino aos 3:6 anos e pelo masculino
aos 3:0 anos. O fonema /t/, foi pelo sexo feminino adquirido aos 4:6 anos e pelo
masculino aos 3:6 anos. O fonema /d/ foi adquirido pelo sexo feminino aos 3:0 anos
e pelo sexo masculino aos 3:6 anos. Os fonemas /k/ e /g/ para ambos os sexos
22
foram adquiridos aos 3:6 anos. O fonema /ْ/ foi adquirido entre as idades de 7 a 9
anos.
3.1.2 – Aquisição de fricativas e africadas
Quanto à aquisição das fricativas, estudos realizados por vio (2001), com
crianças falantes do PB, referem que as primeiras consoantes fricativas a serem
adquiridas pelas crianças são respectivamente as fricativas labiais seguidas pelas
fricativas coronais [+ anteriores] e as fricativas coronais [- anteriores]. Já o fonema
/Ѐ/ está adquirido aos 2 anos e 10 meses e o fonema /Ћ/ aos 2 anos e 6 meses, na
posição onset.
Segundo Oliveira (2003), também com crianças falantes do PB, o fonema /f/
está adquirido pela criança a partir de 1 ano e 9 meses. O fonema /v/, com 1 ano e 8
meses.
Faria (1994) encontrou que as fricativas e africadas estão adquiridas e
integradas aos 3 anos e 6 meses na Classe A e adquiridas aos 3 anos e 6 meses na
Classe B, sendo integrada nessa mesma classe aos 4 anos e 6 meses.
Grunwell (1995), que pesquisou crianças falantes da língua inglesa, refere
que as fricativas /f/ e /s/ o adquiridas entre 2:6 a 3:0 anos de idade. A fricativa /Ѐ/
e a africada // entre 3:0 a 3:6 anos de idade. A fricativa /z/ e a africada // entre
3:6 a 4:6 anos de idade, e a fricativa /Z/ aos 4:6 anos de idade.
Wellman et al (1931) no mesmo estudo observaram que a fricativa /f/ estava
adquirida aos 3 anos de idade. As fricativas /s/ e /z/ e a africada // aos 5 anos de
23
idade e por último a fricativa /Z/ e a africada // aos 6 anos de idade. Seu estudo
não informa a idade de aquisição da fricativa /S/.
Templin (1957) estudou 480 crianças com as idades de 3:0 a 8:0 anos
observou que o /f/ estava adquirido aos 3 anos de idade, as consoantes fricativas
/S/, /s/ e a africada // aos 4:6 de idade, a consoante fricativa /v/ aos 6 anos de
idade e as consoantes /z/, /Z/ mais a africada // aos 7 anos de idade. Já Smit et al
(1990) observou que o fonema /v/ estava adquirido para ambos os sexos aos 5:6 de
idade. O fonema /f/ também para ambos os sexos, estava adquirido em sílaba inicial
aos 3:6 de idade e em sílaba final aos 5:6 de idade. As africadas //, // e a
fricativa /S/ no sexo feminino aos 6 anos de idade e para o sexo masculino aos 7
anos de idade. As fricativas /s/ e /z/ para ambos os sexos entre 7 e 9 anos de idade.
Para a fricativa /Z/ a idade de aquisição não foi informada.
3.1.3 – Aquisição de líquidas
Segundo pesquisa realizada por Lamprecht (2004) os grupos de sons das
consoantes líquidas, são os últimos a serem adquiridos no português pela criança.
Dentro desse grupo, o fonema /ѭ/ é o último a ser adquirido. Em relação às líquidas
não laterais, o r brando é o último a ser adquirido. Para a autora as líquidas
laterais estão estabilizadas antes das líquidas o-laterais. A líquida lateral /l/ é
adquirida em posição de onset absoluto aos 2:8 anos de idade, em seguida
dominada em onset medial aos 3:0 anos de idade.
24
Segundo Faria (1994) as líquidas estão adquiridas e integradas na Classe A
aos 3 anos e 6 meses (na mesma idade que as fricativas), e adquirida na Classe B
aos 3 anos e 6 meses sendo integradas aos 4 anos nessa mesma classe.
Teixeira (2006) realizou estudo com 72 crianças de ambos os sexos com
idades entre 3:0 e 7:11 anos na cidade de Niterói (RJ), de uma mesma escola
particular com nível sócio-econômico médio. A autora concluiu que o fonema /R/
estava adquirido aos 4 anos de idade, entretanto, apresentando grande variabilidade
de produção entra as crianças pesquisadas. A produção deste som, neste estudo,
demonstrou estar realmente estabilizada aos 7 anos de idade.
A líquida /R/ está dominada aos 3:4 – 3:5, tanto em onset absoluto quanto em
onset medial (HERNANDORENA e LAMPRECHT, 1997), sendo a primeira a ser
adquirida entre as não-laterais. Para Miranda (1996) a líquida /R/ está estabilizada
aos 2:6. Rangel (1998) observou que a aquisição do /R/ acontece depois de 1:6, e
aos 3:0 já faz parte do inventário fonético da criança.
Para Grunwell (1995) a consoante /l/ está adquirida entre 2:6 a 3:0 anos de
idade, e o /R/ entre 3:6 a 4:6 anos de idade.
Wellman et al (1931) em seu estudo revelaram que a consoante /l/ está
adquirida aos 4 anos de idade e o /R/ aos 5 anos de idade.
Templin (1957) estudou 480 crianças com as idades de 3:0 a 8:0 anos
observou que o fonema /l/ estava adquirido aos 6 anos de idade, enquanto o fonema
/R/ aos 4 anos de idade.
No estudo de Smit et al (1990) observou-se que o fonema /l/ estava adquirido
aos 5 anos de idade no sexo feminino e aos 6 anos de idade no sexo masculino. O
fonema /R/ estava adquirido aos 8 anos de idade.
25
3.1.4 – Aquisição da estrutura silábica
Durante o processo de desenvolvimento da linguagem oral, as estruturas
silábicas emergem seguindo uma cronologia em sua aquisição. As estruturas
silábicas alcançadas são respectivamente: V e CV, seguidas pelas CVC e CCV.
Para Lamprecht (2004) “as consoantes do português podem aparecer em
quatro posições, considerando-se a estrutura da sílaba e da palavra: onset absoluto,
onset medial, coda medial e coda final”. Entende-se por onset o constituinte silábico
que inicia a sílaba sendo sempre uma consoante. Por núcleo, o constituinte que
mais soa na sílaba. Este é sempre uma vogal e é obrigatório. Por coda entende-se o
som ou sons que juntamente com o núcleo, compõem a rima da sílaba. A rima,
constituinte silábica que vem depois do onset, é composta pelo núcleo e a coda da
sílaba. Como exemplo podemos ilustrar: /‘ba௎ko/, na sílaba /‘ba௎/ “ar” constitui a
rima da sílaba, onde /a/ é o núcleo e // a coda. Aproveitando esse exemplo, na
segunda sílaba, ou seja, /ko/, /k/ representa onset medial e /o/ o núcleo da sílaba.
O onset complexo é constituído por um encontro consonantal. Apresenta
maior grau de complexidade no processo de aquisição sendo a última estrutura
silábica a ser adquirida no português, segundo Ribas (2003). A autora pesquisou
134 crianças, de ambos os sexos, com desenvolvimento fonológico normal entre as
faixas etárias de 1:0 a 5:3 anos de idade. Sua análise mostrou que o domínio do
onset complexo no sistema fonológico das crianças pesquisadas ocorre aos 5 anos
de idade, não havendo ordem de domínio entre os constituintes silábicos compostos
com a líquida lateral e a líquida não-lateral.
26
Em Ribas 2003, consta:
“Entre o grupo de onset complexo com a líquida lateral /l/ e com a
não lateral /ש/ existe uma diferença quanto ao número de
combinações permitidas e quanto ao número de palavras na língua
portuguesa, pois a sílaba CCV com /l/ apresenta 6 combinações e
um número reduzido de itens lexicais e a sílaba CCV com /ש/
apresenta 8 possibilidades e um número muito maior de palavras”
(p. 24)
As consoantes posvocálicas o aquelas que aparecem em posição final de
sílaba e não modificam o significado das palavras. Para isso, utilizamos a noção de
neutralização e arquifonemas, (SILVA 2005), entendendo por neutralização a perda
do contraste fonológico em um determinado contexto (LAMPRECHT, 2004).
Ainda por neutralização, Lamprecht (2004), entende:
“(...) o resultado da neutralização da oposição entre dois fonemas. No português, o arquifonema
/S/, é o resultado do traço [+/- sonoro] na coda; nessa posição o contraste entre os fonemas /s/ e
/z/ é perdido, e o /s/ adquire o valor do traço do seguimento seguinte”. (p.216)
Para o // posvocálico, a supressão de contraste fonêmico entre o “R forte -
//” ou o “r – fraco - /ש/” ocorre em português em posição final de sílaba, seja no
meio ou no final de palavra. É então utilizado arquifonema // para representar
foneticamente o // posvocálico. O fonema /l/, é também outra consoante que
ocorre em posição final de sílaba, onde na maioria dos dialetos e palavras do
português brasileiro observa-se o processo de semivocalização como em [‘kaw],
[‘kawsa] e [‘bawsa], por exemplo.
A aquisição da coda, ocupa a terceira posição em relação à hierarquia do
processo de aquisição da estrutura silábica, depois de CV e V na aquisição
fonológica normal. (LAMPRECHT, 1990).
27
Mezzomo (2004), observa que a aquisição da líquida lateral em coda aparece,
no final da palavra aos 1:2 anos e em posição medial aos 1:6 anos. Entretanto, seu
domínio ocorre aos 1:4 em posição final e aos 3:0 anos em posição medial. Para a
aquisição da fricativa em coda, a autora sugere a idade de 1:6 em posição final
sendo definitivamente dominada aos 2:6 anos. Em coda medial, esta classe de som
aparece aos 2:0 anos sendo dominada aos 3:0 anos. a aquisição da líquida
lateral em coda medial e final surge respectivamente nas idades de 1:6 e 1:2. Seu
domínio, porém, acontece aos 1:4 em coda final e aos 3:0 anos em coda medial.
3.2 - PROCESSOS FONOLÓGICOS
Na década de 80 uma abordagem alcançou posição pré-eminente na
fonologia clínica, a análise de processos fonológicos.
De acordo com Stampe processos fonológicos são operações mentais que
uma criança usa para simplificar vocábulos de difícil articulação.
“Processo fonológico é uma operação mental aplicada na fala para substituir uma
classe de sons ou seqüência de sons que apresentam uma dificuldade específica em
comum para a capacidade da fala de um indivíduo por uma classe alternativa
idêntica, mas sem a propriedade difícil".(p. 1, 1979)
No decorrer do desenvolvimento fonológico, as crianças apresentam uma
tendência a simplificar sua fala experimentando os processos fonológicos. A
aquisição e desenvolvimento da informação fonológica transcorrem gradualmente
dependendo da comunidade lingüística em que a criança está inserida (MOTA et al
2004).
Quando empregados em avaliações, os processos fonológicos são descrições
de padrões que ocorrem regularmente, observados na fala da criança e que tem por
objetivo simplificar os alvos adultos (LOWE 1996). A análise desses processos
28
permitem traçar modelos de mudanças de sons e podem ser classificados de
formas distintas por alguns autores. Aqui destacaremos (INGRAM, 1981,
GRUNWELL, 1995 e VAN BORSEL, 2003).
Quadro 1: Processos fonológicos
Ingram (1981) Grunwell (1995) Van Borsel (2003)
Processos de estrutura
silábica:
Apagamento de consoante
final
Redução de encontro
consonantal
Apagamento de sílaba átona
Reduplicação
Epêntese
Metátese
Apócope
Simplificação da estrutura
silábica
Apagamento de consoante
final
Redução de encontro
consonantal
Apagamento de sílaba átona
Metátese
Processos de estrutura
silábica
Apagamento de consoante
final
Apagamento de consoante
inicial
Apagamento de silaba átona
Simplificação de encontro
consonantal:
- redução de encontro
consonantal
- epêntese
Coalescência ou Aglutinação
Processos de substituição:
Plosivização
Lateralização
Ensurdecimento
Anteriorização
Semivocalização
Sonorização
Africação
Simplificação de sistema
Plosivização
Anteriorização
Semivocalização
Processo de substituição
Ponto de articulação:
- anteriorização
- posteriorização
Modo de articulação:
- plosivização
- substituição de líquidas
- denasalização
- africação
Vozeamento:
- desvozeamento ou
ensurdecimento
Processos de assimilação:
Assimilação velar
Assimilação labial
Assimilação nasal
Sonorização pré-vocálica
Dessonorização de
consoante final
Interação assimilativa
Harmonia consonantal
Processos de harmonia
Assimilação ou harmonia
sonora
Reduplicação ou harmonia
silábica
Outros processos
Metátese
Processos idiossincráticos e
incomuns
Segundo Grunwell 1995, os processos descrevem as diferenças de
características entre as classes naturais de sons em relação de substituição;
Os processos que envolvem relações de substituição incluem:
a) Anteriorização, onde consoantes velares são substituídas por alveolares
b) Plosivização, onde fricativas e africadas são substituídas por plosivas
29
c) Semivocalização, onde as líquidas são substituídas por semivogais
Para Ingram (1981), são considerados processos de substituição os
processos de: plosivização, lateralização, ensurdecimento, anteriorização,
semivocalização, sonorização e africação. Em Van Borsel (2003), encontramos os
processos de anteriorização, posteriorização (ponto de articulação), plosivização,
substituição de líquidas, denasalização e africação (modo de articulação),
desvozeamento ou ensurdecimento (vozeamento).
Quadro 2: Processos de substituição
Processos fonológicos Vocábulos
Plosivização
/avi’ãw/ [abi’ãw]
Africação
/’peySi/ [‘peytSi]
Anteriorização
/’ba{ku/ [‘baxtu]
Semivocalização
/ZanEla/ [‘ZanEYa]
Ensurdecimento
/’blѐku/ [‘plѐku]
Lateralização
/igReZa/ [iglEZa]
Sonorização
/fogãw/ [vogãw]
Posteriorização
/bisiklEta/
[biSiklEta]
Denasalização
/makako/ [bakaku]
Os processos fonológicos que envolvem reorganizações ou apagamentos de
classes naturais de sons, seja em transposições ou relação de omissão para
Grunwell (1995), são: apagamento de silaba átona pe pós-tônica, apagamento de
consoante final (omissão de consoante no final da sílaba) e redução de encontro
consonantal (omissão de uma ou mais consoantes de um agrupamento de
consoantes alvo).
para Ingram (1981) os processos de estrutura silábica envolvem:
apagamento de consoante final, redução de encontro consonantal, apagamento de
sílaba átona, reduplicação, epêntese, metátese e apócope. Encontramos em Van
30
Borsel (2003) fazendo parte dos processos de estrutura silábica: apagamento de
consoante final, apagamento de consoante inicial, apagamento de sílaba átona,
simplificação de encontro consonantal, que podem ocorrer através da redução de
encontro consonantal ou da epêntese, e por último o processo de coalescência ou
aglutinação, que é o processo no qual duas sílabas ou dois sons contínuos são
justapostos em um.
Quadro 3: Processos de estrutura silábica
Processos fonológicos Vocábulos
Apagamento de consoante final
/ta{taRuga/
[tataguga]
Redução de encontro
consonantal
/’zebRa/ [‘zeba]
Apagamento de sílaba átona
/’SikaRa/ [‘Sika]
Reduplicação
/Supeta/ [pe’peta]
Epêntese
/tReyS/ [‘teReyS]
Metatese
/so{vetSi/ [sove׹tSi]
Apócope
/’naRiS/ [‘naRizi]
Apagamento de consoante inicial
/’xato/ [‘atu]
Coalescência ou aglutinação
/’a{voRe/ [‘aFvRi]
Para Grunwell (1995), também processos que envolvem interação
assimilativa entre a consoante alvo afetada e os fatores contextuais ou as
características de outras consoantes na pronúncia alvo de palavras/frases. Estes
incluem a harmonia consonantal, quando uma consoante é assimilada por outra
consoante da palavra; onde comumente o lugar das características articulatórias
interage, isto é, /ta{taRuga/ para [taxtaguga].
Ingram (1981), inclui nos processos de assimilação, a assimilação velar,
assimilação labial, assimilação nasal, sonorização pré-vocálica e dessonorização de
consoante final.
31
Quadro 4: Processo de assimilação
Direção da assimilação Progressiva
/’bѐla/ - [‘bѐba]
Regressiva
/masã - [sasã]
Progressiva-regressiva
/’SikaRa/ - [‘kikaka]
Natureza dos sons
envolvidos
Harmonia consonantal
/’kѐbRa/ - [‘pѐbRa]
Harmonia vocálica
/’a{voRE/ - [‘a׹viRi]
Harmonia vocálica
consonantal
/Supeta/ - [pepeta]
Distribuição entre os
sons assimilados
Contígua
/’luva/ - [‘vuva]
Não-contígua
/moS’kito/ -
[toS’kitu]
Grau de assimilação Total
/’livRo/ - [‘vivRu]
Parcial
/’ga{fo/ - [‘vaxfu]
Natureza da mudança Ponto de articulação
/bonEka/ - [tonEka]
Modo de articulação
/navio/ - [zaviu]
Vozeamento
/’kobRa/ - [‘kopRa]
Van Borsel (2003) denomina os processos de assimilação de processos de
harmonia e os descreve como: processo de assimilação ou harmonia sonora e
reduplicação. Para o autor a assimilação ocorre quando a criança substitui um som
de forma a ficar semelhante a outro som da palavra. A assimilação pode ser total,
quando envolve o ponto de articulação, o modo de articulação e o vozeamento ou
parcial quando nem todos os traços articulatórios estão envolvidos. a
reduplicação ocorre quando a criança produz duas vezes a mesma sílaba, quando
na verdade deveria produzir duas sílabas sucessivas diferentes.
Wertzner e Consorti (2004) estudaram o desempenho fonológico de 80
crianças entre 7 e 8 anos, de escolas públicas e privadas e observou que os
processos de redução de encontro consonantal e apagamento de consoante final
em relação à idade e ao sexo tem pouco efeito na explicação da presença dos
processos estudados. Para a variável escola, foi encontrado um nível descritivo
baixo (p=0,006), considerando um nível de significância de 10%, apontando uma
diferença estatisticamente significativa. Como achados principais sua análise
evidência que a chance de uma criança de escola pública apresentar o processo
fonológico redução de encontro consonantal é 9,15 vezes maior do que a chance de
uma criança que estuda em escola particular. E a chance de uma criança apresentar
32
o processo fonológico de apagamento de consoante final é 4,11 vezes maior do que
de uma criança que estuda em escola particular. Em relação ao número médio
desses processos por idade pesquisada, os resultados não apontaram diferenças
entre o número médio em crianças de 7 anos em relação às de 8 anos. em
relação ao tipo de escola o estudo revelou que diferença entre o mero médio
de processos em crianças que estudam em escolas particulares em relação às que
estudam em escolas públicas, considerando um número de significância de 5%. Tal
diferença nos leva a uma reflexão sobre a influência do ambiente no
desenvolvimento das crianças analisadas.
Peña-Brooks e Hedge (2000) observaram que entre os processos que
desaparecem antes dos 3 anos de idade, estão o apagamento de sílaba átona, a
anteriorização, a assimilação, a reduplicação e a sonorização.
Em McLeod e Bleile (2003), os processos fonológicos presentes aos 3 anos
de idade são: redução de encontro consonantal, plosivização, semivocalização,
apagamento de consoante final, apagamento de sílaba átona e assimilação. Aos 4
anos de idade os processos presentes são: redução de encontro consonantal,
apagamento de sílaba átona e semivocalização. Aos 5 anos de idade os processos
fonológicos epêntese, metatese e desafricação ainda estão presentes e aos 6 anos
de idade os processos fonológicos o se encontram presentes nas crianças com
desenvolvimento normal.
Os estudos de Yavas, Hernandorena e Lamprecht (1992) e Lamprecht (1990),
realizados com 4 crianças com idade entre 7 e 9 anos, com distúrbios fonológicos,
falantes do português do Brasil no estado do Rio Grande do Sul, mostraram que os
processos mais observados o: redução do encontro consonantal, dessonorização,
substituição de líquidas, apagamento de silaba átona, apagamento de fricativa final,
33
apagamento de liquida (inicial, final e intervocálica), metátese, epêntese,
anteriorização, semivocalização de liquida, plosivização, posteriorização,
assimilação e sonorização pré-vocálica. Os processos de nasalização de líquida,
africação, desafricação, plosivização de líquida e semivocalização de nasal não
foram observados na fala dessas crianças.
Wertzner, Papp e Galea (2006), pesquisaram 50 crianças (de ambos os
sexos), com transtorno fonológico, sem intervenção terapêutica, com idades entre 4
e 12 anos, com o propósito de verificar o desempenho fonológico (provas de
nomeação e imitação) pela ocorrência dos processos fonológicos e pelos índices de
gravidade do PCC e do PDI. Consideraram como processos produtivos aqueles
presentes em mais de 25% das produções nas provas de nomeação e imitação, e
não produtivos quando este percentual se encontrava com valor menor que 25%.
Analisando as ocorrências totais dos processos fonológicos, observaram que os não
produtivos foram registrados em maior número do que os produtivos. As autoras
observaram que em ambas as provas, mais crianças apresentaram produtivamente
os processos de simplificação (redução) de encontro consonantal, simplificação
(apagamento) de consoante final e simplificação (apagamento) de líquidas.
Lima e Queiroga (2007) estudaram 20 crianças com idades entre 2:1 e 6:6
anos, com histórico de antecedentes de desnutrição em Arapiraca AL, com o
propósito de pesquisar a aquisição fonológica por meio da análise dos processos
fonológicos. O processo de redução de sílaba foi observado nas crianças na faixa
etária até 5:6 anos. O processo de simplificação de fricativa velar não esteve
presente na faixa etária de 4:7 a 5:0 anos, porém apareceu em 50% das crianças da
faixa etária de 5:1 a 5:6 anos. Os processos de posteriorização e anteriorização
estiveram presentes em apenas duas crianças, uma da faixa etária de 2:1 a 3:0 e a
34
outra na faixa etária de 3:1 A 3:6 anos. O processo de simplificação de líquidas
esteve presente em 15 crianças (75%), sendo importante ressaltar que em todas as
crianças da faixa etária de 6:1 a 6:6 anos foi encontrado este processo. O processo
de redução de encontro consonantal foi encontrado em 100% das crianças
pesquisadas. O processo de apagamento de consoante final foi encontrado em
100% das crianças até a idade de 4:6 anos e este processo foi visto em 85% das
crianças pesquisadas. Os processos de harmonia consonantal, plosivização,
anteriorização e posteriorização, não ocorreram na população pesquisada.
3.3 – SISTEMAS DE MEDIDAS
3.3.1 – PCC – Percentual de Consoantes Corretas
Shriberg e Kwiatkowski em 1982 desenvolveram um sistema métrico que
considera a porcentagem de consoantes corretas (PCC) como um índice de grau de
prejuízo. Ele é calculado através da seguinte fórmula:
Número de consoantes produzidas corretamente / Número total de consoantes
Número de consoantes incorretas X 100
Exemplo: Total de consoantes da amostra 100
Consoantes produzidas corretamente = 62
62 / 100 = 0,62
0,62 X 100 = 62%
As consoantes incorretas são determinadas pelas omissões, substituições,
acréscimos e distorções.
35
De acordo com Lowe (1996), o PCC não pode ser usado como uma
avaliação de severidade, mas também como um importante meio de monitoramento
do progresso de tratamento através da aplicação periódica em amostragens de fala
da criança.
Revisando o PCC em 1997, Shriberg et al., propuseram variações do mesmo,
dentre elas, o PCC-R (Percentual de Consoantes Corretas Revisado) . O PCC,
como foi visto, considera que somente as consoantes articuladas corretamente
são pontuadas. Considera ainda, que a pontuação do PCC deve fornecer o mesmo
peso para as distorções, as omissões e as substituições, uma vez que os autores
observaram que é o total de consoantes corretas que está significativamente
associado à severidade e não o tipo de erro.
O Percentual de Consoantes Corretas Revisado (PCC-R) é calculado
também da mesma maneira que o PCC. Entretanto, esta medida não considera
nenhum tipo de distorção como erro.
Wertzner e Dias (2000) pesquisaram o índice do PCC em 40 crianças entre
as idades de 3:0 a 5:6 anos, sem queixas de distúrbio de comunicação. Encontraram
o PCC dio na prova de nomeação para as idades entre: 3:0 a 3:6 anos de
79,77%, 3:7 a 4:0 anos de 86,95%, 4:1 a 4:6 anos de 86,67%, 4:7 a 5:0 de 91,16%
e de 5:1 a 5:6 de 93,45%. Na prova de imitação encontraram PCC médio, para as
idades entre: 3:0 a 3:6 anos de 77,11%, 3:7 a 4:0 anos de 86,31%, 4:1 a 4:6 anos de
87,03%, 4:7 a 5:0 de 93,28% 4:7 a 5:0 de 94,61%.
3.4 A INFLUÊNCIA DO GÊNERO NA AQUISIÇÃO FONOLÓGICA
McCormack e Knighton (1996) relatam que meninas de 2:6 anos de idade tem
mais correção fonológica que os meninos. Hyde e Linn (1988), encontraram que o
36
gênero respondeu por aproximadamente somente 1% de discrepância na aquisição
da língua.
Smit et al (1990) encontraram que embora as meninas pareçam, adquirir os
sons da fala mais cedo que os meninos, este fato alcançou significância estatística
somente nos grupos de idade de 4;0, 4;6 e 6 anos.
Kenny e Prather (1986) investigaram diferenças de gênero na variabilidade de
produção de fala de crianças com idade de 3;0 para 5;0 anos. Eles encontraram que
meninos foram estatisticamente mais inconsistentes que meninas especificamente
nessas idades. Entretanto, Burt, Holm e Dodd’s (1999) estudando as habilidades de
fala de crianças de 4 anos de idade, não observaram efeito de gênero em termos de
consistência de produção.
3.5 A INFLUÊNCIA NO NÍVEL SÓCIO ECONÔMICO NA AQUISIÇÃO
FONOLÓGICA
Templin (1957) relatou que crianças de classe sócio-econômica alta têm
desempenho significativamente melhor que crianças de classe sócio-econômica
baixa em termos de aquisição de fonemas. Bates et al (1994) relataram que crianças
de classe sócio-econômica alta tendem a adquirir vocabulário mais rapidamente que
crianças de classe sócio-econômica mais baixa. Robertson (1998) comparou as
habilidades fonológicas de crianças do jardim de infância de famílias de classe
sócio-econômica alta e baixa e encontrou desempenho significativamente pior para
as crianças de classe sócio-econômica baixa.
37
4 METODOLOGIA
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade
Veiga de Almeida, resolução número 74/07 e foi devidamente autorizada pelos
responsáveis dos sujeitos envolvidos que assinaram o termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (Apêndice 1).
4.1 PARTICIPANTES
Foram avaliadas 288 crianças, de ambos os sexos, com idades entre 3 e 8:11
anos. As crianças foram divididas em 6 grupos, de forma a cada grupo conter 48
crianças, sendo 24 crianças do sexo feminino e 24 crianças do sexo masculino,
conforme ilustra a tabela 1.
Tabela 1: Distribuição de crianças por faixa etária
3 anos – 3 anos 11 meses G1 – 24 meninas e 24 meninos
4 anos – 4 anos 11 meses G2 – 24 meninas e 24 meninos
5 anos – 5 anos 11 meses G3 – 24 meninas e 24 meninos
6 anos – 6 anos 11 meses G4 – 24 meninas e 24 meninos
7 anos – 7 anos 11 meses G5 – 24 meninas e 24 meninos
8 anos – 8anos 11 meses G6 - 24 meninas e 24 meninos
As crianças envolvidas foram selecionadas em escolas da capital do Rio de
Janeiro e Baixada Fluminense (2 escola do Município do Rio de Janeiro, 2 escolas
38
do Município de Duque de Caxias e 3 escolas do Município de Mesquita)
obedecendo aos seguintes critérios de inclusão: não deveriam ter indicativos de
alterações visuais, genéticas, auditivas e/ou neurológicas e o desenvolvimento tanto
da fala como da linguagem deveria ser normal (essas informações foram fornecidas
pela professora ou membro da instituição de ensino e por minha observação).
4.2 MATERIAL
Para o desenvolvimento deste trabalho foi utilizado:
1) Avaliação FONOFON em desenvolvimento na Universidade Veiga de
Almeida, no curso de Mestrado Profissional em Fonoaudiologia, contendo 79 figuras.
As figuras se constituem em fotografias digitais impressas em papel fotográfico,
tamanho 15 X 21 cm.
O Protocolo de anotações dos dados (apêndice 2), é composto pelas palavras
e suas respectivas notações fonológicas. Neste protocolo o examinador transcreve
as produções da criança na coluna “trocas e omissões”. No caso de imitação do
vocábulo marca-se a palavra com I (imitação). No protocolo encontram-se listados
os processos fonológicos e para cada vocábulo existem células em branco
representando os processos fonológicos possíveis de ocorrência. O examinador
deve então marcar com um “x” o processo fonológico que corresponde à produção
realizada pela criança. Na figura abaixo o protocolo pode ser observado.
Figura 1: Protocolo de análise de processos fonológicos
Trocas /
Omissões
Redução de
encontro
Apagamento
da silaba
Apagamento
de
Reduplicação
Epêntese
Apócope
Metátese
Plosivização
Africação
Anteriorizaçã
o
Posteriorizaçã
o
Ensurdecime
nto
Lateralização
Semivocaliza
ção
Monotongaçã
o
Assimilação
Apagamento
de líquida
Desafricação
Acréscimo
Sonorização
/
l
/ > /
R
/
Outros
1. árvore /
aRvoשe/
39
A análise do PCC (apêndice 3), foi realizada respeitando os procedimentos
sugeridos pelos autores Shriberg, Kwiatkowski (1982). (PENÃ-BROOKS e HEDGE,
2000; WERTZNER, AMARO, TERAMOTO, 2005) listados abaixo:
a) Coletar e Gravar uma amostra de fala contínua de pelo menos 50 - 100 palavras.
b) Critérios de exclusão:
- Considerar consoante planejada em palavras, excluir a adição de uma
consoante antes de uma vogal;
- Não incluir a segunda ou sucessiva repetição de uma consoante, marcar apenas a
primeira produção;
- Excluir da amostra as palavras que o parcialmente ou completamente
ininteligíveis.
c) Para determinar Produções Incorretas de Consoante:
- São considerados erros:
apagamentos da consoante alvo;
substituições de outro som para uma consoante alvo;
distorções de um som alvo;
adição de um som para uma consoante alvo correta ou incorreta
d) Para calcular o Percentual de Consoantes Corretas
- O PCC é calculado usando a seguinte fórmula:
Número de consoantes corretas / Número de consoantes corretas + incorretas
X 100 = PCC
Exemplo:
239 consoantes produzidas corretamente / 241 total de consoantes
PCC = 239/241 x 100
PCC = 0,99 x 100
40
PCC = 99%
Para calcular o PCC-R (PCC revisado), são usados os mesmos
procedimentos do PCC, excluindo-se as distorções. (SHRIBERG et al 1997).
Os processos fonológicos foram classificados em três grupos: de estrutura
silábica, de substituição e de assimilação e sua classificação foi definida de acordo
com Wertzner e Consorti (2004), Magalhães (2003), Van Borsel (2003), Cagliari
(2002), Lowe (1996), Grunwell (1995) e Yavas, Hernandorena e Lamprecht (1992).
2) Gravador Digital de Voz Samsung - Digital Áudio, a transferência de dados
foi feita digital / digital.
3) Laptop Itautec
4.3 PROCEDIMENTO
4.3.1 – Coleta de dados
Os dados dessa pesquisa foram coletados no período de 1 ano e 5 dias.
Cada criança foi avaliada individualmente em sala silenciosa pela pesquisadora com
ajuda de uma aluna do curso de graduação de Fonoaudiologia da UVA
Universidade Veiga de Almeida e da UNIG Universidade Iguaçu. A criança ficou
sentada ao lado da pesquisadora, numa mesa apropriada à sua altura com o álbum
de fotos visível. Foi explicado à criança, que ela veria um álbum contendo diversas
fotografias e que então deveria dizer o nome da figura vista. Foi explicado também
que caso ela não soubesse ou não lembrasse o nome da figura, a pesquisadora diria
o nome para ela repetir, depois de ter dado uma pista. As evocações da criança
foram transcritas e gravadas no momento de sua produção, no Protocolo dos
Processos Fonológicos (Apêndice 2). As palavras pronunciadas de maneira
41
incorreta pela criança (sons omitidos, substituídos e distorcidos), foram anotadas na
coluna “trocas / omissões”. A gravação foi usada para checar e complementar a
transcrição depois da avaliação.
A notação fonética (normas do Alfabeto Fonético Internacional - IPA 1993) foi
realizada durante a avaliação e os dados coletados foram checados pela
pesquisadora (orientadora) e depois de confrontadas as transcrições, foi definida a
transcrição final de cada palavra.
4.3.2 – Análise dos dados
Baseados na notação final foram iniciadas as análises relativas ao:
4.3.2.1 Inventário FonéticoNesta análise foram definidos os fones que compõem o
sistema de sons de cada criança e foi então organizado um quadro com estes sons
nas diversas estruturas silábicas (onset simples, onset complexo e coda). O som foi
considerado adquirido quando sua ocorrência fosse igual ou superior a 75%, padrão
estabelecido para determinar a aquisição do fone Amayreh e Dyson (1998 apud
DODD et al 2003). Estes dados serviram de referência para as análises dos itens
4.3.2.1.1 e 4.3.2.1.2.
4.3.2.1.1 Total de fones adquiridos, respeitando a marca de 75%, por faixa
etária e sexo.
4.3.2.1.2 Produção correta de cada fone nas diferentes estruturas silábicas
por faixa etária e sexo.
4.3.2.2 Análise dos Processos Fonológicos Nesta análise foi definido o número de
processos utilizados por cada criança. Esses dados foram analisados nas distintas
faixas etárias e sexo. No caso de substituições, acréscimos, omissões e
transposições de sons foi feita a análise dos processos fonológicos utilizados por
42
cada criança. Estes dados serviram de referência para as analises dos itens
4.3.2.2.1 e 4.3.2.2.2. Os processos de coalescência, nasalização e denalização que
ocorreram em número reduzido foram inseridos em uma categoria denominada
“outros”. Foi observado ainda outro processo que não constava do protocolo que foi
a substituição /l/ > /R/, mais devido à observação constante desse processo nas
crianças, resolveu-se por incluí-lo no protocolo.
4.3.2.2.1 Número de processos fonológicos utilizados nas diferentes faixas
etárias e sexo.
4.3.2.2.2 Análise de ocorrência de cada processo fonológico por faixa etária e
sexo.
4.3.2.3 Percentual de Consoantes Corretas – PCC e PCC-R
4.3.2.3.1 PCC Percentual de Consoantes Corretas Foi levantado o índice
de consoantes corretas produzidas por cada criança. Esses dados foram
analisados nas distintas faixas etárias e sexo.
4.3.2.3.2 PCC-R – Percentual de Consoantes Corretas Revisado Nesta
análise foi definido o percentual de consoantes corretas revisado produzido
por cada criança, excluindo-se as distorções fonéticas. Esses dados foram
analisados nas distintas faixas etárias e sexo.
4.3.2.4 Análise da influência do nível sócio-econômico
Cruzamento dos dados coletados com os dados obtidos em pesquisa similar
com a classe cio-econômica média/alta (FERRANTE, 2007) realizada com 240
crianças, em relação aos Processos Fonológicos, Produção de Fonemas e PCC,
totalizando 480 informantes.
Após estas análises os dados foram agrupados por idade e sexo, objetivando
alcançar um padrão de aquisição dos sons e desenvolvimento do sistema fonológico
43
nas crianças participantes do estudo. Foram realizados testes estatísticos (SPSS
13.0) para comparação dos grupos referentes ao sexo (Teste Mann-Whitney) e às
faixas etárias (Teste Kruskal-Wallis).
44
5 RESULTADOS
Os dados deste estudo foram analisados no programa SPSS 13.0, com o
intuito de analisar:
1. Inventário Fonético de cada criança. Nesta análise foram definidos os fones que
compõem o sistema de sons de cada criança. A partir destes dados foram
realizadas as análises que seguem abaixo:
1.1. Total de fones adquiridos, respeitando o limite de 75% de produções
corretas, verificando as diferenças por faixa etária (Teste de Kruskal-Wallis) e
sexo (Teste de Mann-Whitney).
1.2. Produção correta de cada fone nas distintas estruturas silábicas,
verificando as diferenças por faixa etária (Teste de Kruskal-Wallis) e sexo
(Teste de Mann-Whitney).
2. Processos Fonológicos. A partir destes dados realizamos as análises que seguem
abaixo, buscando investigar a utilização dos processos fonológicos para cada
criança
2.1. Definir o número de processos utilizados nas diferentes faixas etárias
(Teste de Kruskal-Wallis) e sexo (Teste de Mann-Whitney).
2.2. Analisar e descrever os processos por faixa etária (Teste de Kruskal-
Wallis) e sexo (Teste de Mann-Whitney).
45
3. Percentual de Consoantes Corretas
3.1. PCC Percentual de Consoantes Corretas Definir o percentual de
consoantes corretas produzidas por cada criança e analisar os dados em
relação à faixa etária (Teste de Kruskal-Wallis) e sexo (Teste de Mann-
Whitney).
3.2. PCC R Percentual de Consoantes Corretas Revisado Definir o
percentual de consoantes corretas revisado produzidas por cada criança e
analisar os dados em relação à faixa etária (Teste de Kruskal-Wallis) e sexo
(Teste de Mann-Whitney).
4. Confrontar os resultados desta pesquisa com os resultados obtidos em estudo
similar desenvolvido por Ferrante (2007), com crianças de 3 anos e 11 meses a 7
anos e 11 meses de Classe Sócio Econômica Média – Alta.
5.1. INVENTÁRIO FONÉTICO
5.1.1. Total de fones adquiridos
Aqui nesta seção mostraremos o mínimo, o máximo e a média de fones
adquiridos por faixa etária e sexo. Na tabela 2 encontra-se a confrontação destes
dados por faixa etária.
Tabela 2: Mínimo, máximo e média de fones adquiridos por faixa etária
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 9 21 17,78 2,87
4 anos – 4 anos 11meses 13 21 19,02 2,02
5 anos – 5 anos 11meses 11 21 19,33 2,34
6 anos – 6 anos 11meses 14 21 20,25 1,19
7 anos – 7 anos 11meses 16 21 20,00 1,10
8 anos – 8 anos 11 meses 19 21 20,63 0,68
p < 0,00
46
Esta tabela mostra uma progressão crescente do mínimo de fones com
exceção da faixa etária de 5 anos, onde se observa uma queda. Acreditamos que o
baixo desempenho observado nas crianças de 5 anos, em contraste com um melhor
desempenho das crianças de 4 anos pode ser devido às possíveis diferenças entre
as escolas onde foi desenvolvida a pesquisa. O desvio padrão diminuiu
gradativamente com o aumento da faixa etária com exceção da faixa etária de 5
anos, o que demonstra que a variabilidade da produção dos fones entre as crianças
diminui com o aumento da idade. A diferença encontrada por faixa etária
demonstrou ser significativa.
O gráfico 1 ilustra a Tabela 2: Mínimo, máximo e média de fones adquiridos
por faixa etária.
Gráfico 1: mínimo, máximo, média e desvio padrão de fones adquiridos por faixa
etária
Mínimo, ximo, dia e desvio padrão
0
5
10
15
20
25
3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos
IDADE
Número de fonemas
adquiridos
nimo
máximo
média
desvio padrão
47
Na tabela 3 encontra-se o mínimo, o máximo e a média de fones adquiridos
por sexo.
Tabela 3: Mínimo, máximo e média de fones adquiridos por
sexo
SEXO MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
feminino 12 21 19,72 1,74
masculino 9 21 19,27 2,30
p = 0,234
Nesta tabela verificamos que não ocorreram diferenças significativas entre o
mínimo, o máximo e a média de fones adquiridos no que se refere à variável sexo.
5.1.2. Produções corretas de cada fone
Nesta seção apresentamos a análise do mínimo, do máximo e da média de
produções corretas de cada som, considerando o total de crianças envolvidas na
pesquisa (288 crianças).
A tabela 4 representa estes dados.
Tabela 4: mínimo, máximo e média de produções corretas de cada som
FONE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
[p]
65,5% 100% 99,68% 2,44
[b]
40,5% 100% 98,87% 4,66
[t]
71,5% 100% 97,17% 5,25
[d]
75% 100% 99,4% 2,93
[k]
63,5% 100% 99,39% 3,31
[ց]
33% 100% 98,15% 7,62
[f]
52% 100% 99,5% 3,87
[v]
28% 100% 99,53% 4,36
[s]
11% 100% 95,65% 13,63
[z]
0% 100% 96,53% 13,51
[Ѐ]
44,5% 100% 95,68% 7,87
[Ћ]
25% 100% 96,96% 10,51
[]
80% 100% 99,83% 1,71
[]
50% 100% 99,3% 5,86
[m]
33% 100% 98,71% 6,74
[n]
75% 100% 98,85% 4,13
[ѭ]
33% 100% 97,23% 11,11
[ْ]
50% 100% 99,65% 4,15
[ש]
0% 100% 84,3% 25,04
[R]
23,5% 100% 89,04% 12,99
[l]
14,5% 100% 82,49% 19,15
48
Na tabela 4 observamos que os fones [
d
], [
] e [
n
] apresentam um mínimo
de produção correta em 75% e acima. Os fones [
p
], [
b
], [
t
], [
k
], [
ց
], [
f
], [
v
], [
Ѐ
], [
],
[
m
], e [
ْ
], mesmo apresentando um mínimo de produção oscilando entre 33% e 71%
apresentam suas médias acima de 95,7% e os desvios padrão abaixo de 10,
indicando que o mínimo se refere a um número pequeno de crianças que tiveram
uma produção baixa nos referidos sons, não sendo este dado significativo para
justificar a realização de uma análise mais detalhada.
Em decorrência do pequeno desvio padrão (abaixo de 10) observado na
produção dos fones [
d
], [
tS
] e [
n
], consideramos que os fones [
p
], [
b
], [
t
], [
k
], [
ց
],
[
f
], [
v
], [
Ѐ
], [
], [
m
], [
ْ
], já estão adquiridos na faixa etária de 3 anos, levando-se em
conta a média de produção desses fones.
Os fones [
s
], [
z
], [
Ћ
], [
ѭ
], [
ש
], [
] e [
l
] além de apresentarem um mínimo de
produções entre 0% e 33% e médias abaixo dos demais sons, apresentaram
desvios padrão acima de 10, o que indica que houve uma grande variabilidade no
percentual de produções destes sons entre as crianças pesquisadas. Desta forma
procedemos a duas análises mais detalhadas desses sons. Na primeira análise
destacamos o mínimo, o máximo e a dia de produções corretas destes sons, por
faixa etária e na segunda o número de crianças que apresentaram produção desses
sons acima de 75%.
Nos fones [
s
], [
z
], [
Ћ
], [
ѭ
], [
ש
], [
{
] e [
l
] foi observado uma grande variabilidade
entre as crianças levando à necessidade de uma análise mais detalhada destes
sons, com vistas ao estabelecimento de uma idade de aquisição. Desta forma nas
tabelas 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 apresentamos o mínimo, o máximo e a média de
49
produções corretas dos fones [
s
], [
z
], [
Ћ
], [
ѭ
], [
ש
], [
{
] e [
l
] respectivamente, por faixa
etária.
Tabela 5: mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [
s
] por
faixa etária
FONE [s]
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 11% 100% 90,54% 19,44108
4 anos – 4 anos 11meses 56% 100% 94,52% 11,31557
5 anos – 5 anos 11meses 22% 100% 92,33% 21,60805
6 anos – 6 anos 11meses 56% 100% 97,93% 8,07256
7anos – 7anos 11meses 100% 100% 100% ,00000
8 anos – 8 anos 11 meses 78% 100% 98,62% 4,87994
p < 0,001
Tabela 6: mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [
z
] por
faixa etária
FONE [z]
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 0% 100% 91,72% 21,73
4 anos – 4 anos 11meses 60% 100% 95,83% 11,63
5 anos – 5 anos 11meses 20% 100% 92,91% 20,41
6 anos – 6 anos 11meses 80% 100% 99,58% 2,88
7anos – 7anos 11meses 80% 100% 99,58% 2,88
8 anos – 8 anos 11 meses 80% 100% 99,58% 2,88
p = 0,002
Tabela 7: mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [
Ћ
] por faixa etária
FONE [Ћ]
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 25% 100% 91,66% 18,11
4 anos – 4 anos 11meses 75% 100% 97,91% 6,98
5 anos – 5 anos 11meses 75% 100% 97,39% 7,71
6 anos – 6 anos 11meses 50% 100% 97,39% 10,61
7anos – 7anos 11meses 50% 100% 97,91% 8,68
8 anos – 8 anos 11 meses 75% 100% 99,47% 3,60
p = 0,029
Tabela 8: mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [
ѭ
] por
faixa etária
FONE [ѭ]
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 33% 100% 92,37% 18,52
4 anos – 4 anos 11meses 33% 100% 94,47% 14,26
5 anos – 5 anos 11meses 67% 100% 97,93% 8,07
6 anos – 6 anos 11meses 100% 100% 100% 0,00
7anos – 7anos 11meses 33% 100% 98,60% 9,67
8 anos – 8 anos 11 meses 100% 100% 100% 0,00
p < 0,001
50
Tabela 9: mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [
ש
] por faixa etária
FONE [ש]
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 0% 100% 64,87% 34,56
4 anos – 4 anos 11meses 2% 100% 76,65% 26,73
5 anos – 5 anos 11meses 0% 100% 83,05% 26,41
6 anos – 6 anos 11meses 0% 100% 93,39% 15,15
7anos – 7anos 11meses 7,5% 100% 89,88% 14,98
8 anos – 8 anos 11 meses 79,% 100% 97,93% 3,89
p < 0,001
Tabela 10: mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [R] por faixa
etária
FONE [R]
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 35% 100% 79,91% 17,94
4 anos – 4 anos 11meses 23% 100% 86,93% 14,47
5 anos – 5 anos 11meses 51,5% 100% 88,56% 14,08
6 anos – 6 anos 11meses 75% 100% 92,39% 6,27
7anos – 7anos 11meses 60% 100% 91,77% 9,42
8 anos – 8 anos 11 meses 80% 100% 94,68% 5,68
p < 0,001
Tabela 11: mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [
l
] por faixa
etária
FONE [l]
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 18% 100% 72,59% 21,52
4 anos – 4 anos 11meses 37% 100% 75,96% 18,70
5 anos – 5 anos 11meses 14,5% 100% 82,33% 20,76
6 anos – 6 anos 11meses 46,5% 100% 88,15% 15,35
7anos – 7anos 11meses 45,5% 100% 84,67% 16,32
8 anos – 8 anos 11 meses 50% 100% 91,21% 15,29
p < 0,001
As análises dos fones [
ש
], [
{
] e [
l
], por aparecerem em diferentes posições
nas estruturas silábicas, serão apresentadas de acordo com cada posição
pesquisada.
Nas tabelas 12 e 13 observamos o mínimo, o máximo e a média de
produções corretas do fone [
ש
] em cada faixa etária, nas posições de
onset
simples
e
onset
complexo, respectivamente.
51
Tabela 12: mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [
ש
] em onset
simples
FONE [ש]
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 11% 100% 90,54% 19,44
4 anos – 4 anos 11meses 56% 100% 94,52% 11,31
5 anos – 5 anos 11meses 22% 100% 92,33% 21,60
6 anos – 6 anos 11meses 56% 100% 97,93% 8,07
7anos – 7anos 11meses 100% 100% 100% 0
8 anos – 8 anos 11 meses 78% 100% 98,62% 4,87
p < 0,001
Tabela 13: mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [
ש
] em onset
complexo
FONE [ש]
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 0% 100% 56,81% 39,64
4 anos – 4 anos 11meses 0% 100% 66,70% 35,43
5 anos – 5 anos 11meses 0% 100% 76,45% 33,74
6 anos – 6 anos 11meses 0% 100% 90,25% 16,66
7anos – 7anos 11meses 4% 100% 83,93% 19,14
8 anos – 8 anos 11 meses 70% 100% 96,56% 5,85
p < 0,001
Nas tabelas 14 e 15 observamos o mínimo, o máximo e a média de
produções corretas do fone [
{
] em cada faixa etária nas posições de
onset
simples e
na posição de
coda
, respectivamente.
Tabela 14: mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [R]
em onset
simples
FONE [R]
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 50% 100% 94,41% 13,41
4 anos – 4 anos 11meses 17% 100% 95,45% 13,63
5 anos – 5 anos 11meses 67% 100% 97,54% 6,90
6 anos – 6 anos 11meses 100% 100% 100% 0
7anos – 7anos 11meses 100% 100% 100% 0
8 anos – 8 anos 11 meses 100% 100% 100% 0
p < 0,001
Tabela 15: mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [R]
em posição
de coda
FONE [R]
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 0% 100% 65,41% 27,28
4 anos – 4 anos 11meses 20% 100% 78,41% 20,09
5 anos – 5 anos 11meses 20% 100% 79,58% 23,69
6 anos – 6 anos 11meses 50% 100% 84,79% 12,54
7anos – 7anos 11meses 20% 100% 83,54% 18,84
8 anos – 8 anos 11 meses 60% 100% 89,37% 11,37100%
p < 0,001
52
Nas tabelas 16 e 17 observamos o mínimo, o máximo e a média de
produções corretas do fone [
l
] em cada faixa etária na posição de
onset
simples e
onset
complexo, respectivamente.
Tabela 16: mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [
l
]
em onset
simples
FONE [l]
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 18% 100% 94,02% 15,63
4 anos – 4 anos 11meses 55% 100% 97,93% 8,35
5 anos – 5 anos 11meses 18% 100% 97,72% 11,95
6 anos – 6 anos 11meses 82% 100% 99,62% 2,59
7anos – 7anos 11meses 82% 100% 99,06% 3,34
8 anos – 8 anos 11 meses 100% 100% 100% 0
p < 0,001
Tabela 17: mínimo, máximo e média de produções corretas do fone [
l
]
em onset
complexo
FONE [l]
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 0% 100% 51,16% 35,30
4 anos – 4 anos 11meses 0% 100% 54% 35,98
5 anos – 5 anos 11meses 0% 100% 66,93% 36,59
6 anos – 6 anos 11meses 0% 100% 76,68% 29,76
7anos – 7anos 11meses 0% 100% 70,29% 32,04
8 anos – 8 anos 11 meses 0% 100% 82,43% 30,59
p < 0,001
Além da análise por faixa etária, realizamos também a comparação dos dados
por sexo, na qual não encontramos diferenças significativas que justificasse a
realização de uma análise mais detalhada.
Passemos agora à análise referente ao total de crianças que apresentam
índice de produção desses sons, acima de 75% por faixa etária, uma vez que o
foram observadas diferenças entre os sexos. Nas tabelas 18, 19, 20, 21, 22 e 23
apresentaremos as análises por faixa etária do fone [
ש
] em
onset
simples, [
ש
] em
onset
complexo, [
{
] em
onset
simples, [
{
] em
coda,
[
l
]
em onset
simples e [
l
] em
onset
complexo, respectivamente.
53
Tabela 18 : Produção do
[
ש
] em onset simples
IDADE Porcentagem de crianças Número de crianças
3 anos – 3 anos 11meses 68,8% 33
4 anos – 4 anos 11meses 87,5% 42
5 anos – 5 anos 11meses 89,6% 43
6 anos – 6 anos 11meses 97,9% 47
7anos – 7anos 11meses 95,8% 46
8 anos – 8 anos 11 meses
100% 48
p <0,001
Tabela 19: Produção do
[
ש
] em onset complexo
IDADE Porcentagem de crianças Número de crianças
3 anos – 3 anos 11meses 50% 24
4 anos – 4 anos 11meses 60,4% 29
5 anos – 5 anos 11meses 72,9% 35
6 anos – 6 anos 11meses 95,8% 46
7anos – 7anos 11meses 77,1% 37
8 anos – 8 anos 11 meses
97,9% 47
p <0,001
Tabela 20: Produção do [R] em onset simples
IDADE Porcentagem de crianças Número de crianças
3 anos – 3 anos 11meses 91,7% 44
4 anos – 4 anos 11meses 95,8% 46
5 anos – 5 anos 11meses 97,9% 47
6 anos – 6 anos 11meses 100% 48
7anos – 7anos 11meses 100% 48
8 anos – 8 anos 11 meses
100% 48
p = 0,047
Tabela 21: Produção do [R] em coda
IDADE Porcentagem de crianças Número de crianças
3 anos – 3 anos 11meses 47,9% 23
4 anos – 4 anos 11meses 72,9% 35
5 anos – 5 anos 11meses 70,8% 34
6 anos – 6 anos 11meses 81,3% 39
7anos – 7anos 11meses 83,3% 40
8 anos – 8 anos 11 meses
87,5% 42
p <0,001
Tabela 22: Produção do [
l
] em onset simples
IDADE Porcentagem de crianças Número de crianças
3 anos – 3 anos 11meses 93,8% 45
4 anos – 4 anos 11meses 95,8% 46
5 anos – 5 anos 11meses 97,9% 47
6 anos – 6 anos 11meses 100% 48
7anos – 7anos 11meses 100% 48
8 anos – 8 anos 11 meses
100% 48
p = 0,149
54
Tabela 23: Produção do [
l
] em onset complexo
IDADE Porcentagem de crianças Número de crianças
3 anos – 3 anos 11meses 31,3% 15
4 anos – 4 anos 11meses 41,7% 20
5 anos – 5 anos 11meses 56,3% 27
6 anos – 6 anos 11meses 64,6% 31
7anos – 7anos 11meses 56,3% 27
8 anos – 8 anos 11 meses
79,2% 38
p <0,001
Analisando as tabelas 18, 19, 20, 21, 22 e 23 observamos que a aquisição do
fone [
ש
] em
onse
t simples ocorre aos 4 anos e na posição de
onset
complexo aos 6
anos. A aquisição do fone [R] em
onset
simples ocorre aos 3 anos e na posição de
coda
aos 6 anos. A aquisição do fone [
l
] na posição
onset
simples ocorre aos 3
anos e na posição de
onset
complexo aos 8 anos. Destacamos aqui o alto índice
de crianças que substituíram o fone [
l
], na posição de
onset
complexo, pelo fone [
ש
],
fato este ocorrido em determinadas comunidades, tendo em vista a diversidade de
instituições de ensino e as localidades onde as coletas ocorreram.
5.2 PROCESSOS FONOLÓGICOS
5.2.1 Número de processos fonológicos utilizados
Nesta seção faremos a análise através da contagem de processos
fonológicos utilizados por cada criança. Na seqüência esses dados foram analisados
e comparados por faixa etária e sexo.
Na tabela 24 observamos o número de processos fonológicos utilizados por
cada faixa etária.
55
Tabela 24: Mínimo, máximo e média de processos fonológicos por faixa etária
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 1 16 6,95 3,32
4 anos – 4 anos 11meses 1 12 6,20 2,40
5 anos – 5 anos 11meses 0 11 4,22 2,46
6 anos – 6 anos 11meses 0 8 3,93 2,13
7 anos – 7 anos 11meses 0 8 4 1,86
8 anos – 8 anos 11 meses 0 7 2,37 1,73
p < 0,001
Observamos na tabela 24 que a partir da faixa etária de 5 anos o número de
processos fonológicos utilizados estabilizou-se em zero e o número máximo de
processos utilizados diminuiu gradativamente de acordo com o aumento da faixa
etária. O mesmo acontecendo com a média (com exceção da faixa etária entre 6 e 7
anos) e com o desvio padrão. Estes resultados são estatisticamente relevantes.
O gráfico 2 ilustra a Tabela 24: Mínimo, ximo e a média de processos
fonológicos por faixa etária.
Gráfico 2: Mínimo, máximo, média e desvio padrão de processos fonológicos por
faixa etária
Mínimo, máximo, média e desvio padrão
0
5
10
15
20
3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos
IDADE
Número de processos
adquiridos
NIMO
XIMO
DIA
DESVIO PADRÃO
Na tabela 25 observamos a comparação entre o número de processos
fonológicos utilizados em relação ao sexo.
56
Tabela 25: Mínimo, máximo e média de processos fonológicos
por sexo
SEXO MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
feminino 0 15 4,52 2,75
masculino 0 16 4,71 2,87
p = 0,492
Observamos que em relação ao sexo não houve diferença estatisticamente
significante entre o número de processos fonológicos utilizados.
5.2.2 Análise de ocorrência de cada processo fonológico por faixa etária e sexo
Nesta seção apresentamos a análise do mínimo, máximo e dia de
ocorrências de processos fonológicos por faixa etária e sexo.
Nas tabelas 26, 27, 28, 29, 30 e 31 estão descritos esses dados por faixa
etária separadamente. A tabela 26 apresenta o mínimo, o máximo e a média de
ocorrência de processos fonológicos na faixa etária de 3 anos.
Tabela 26: mínimo, máximo e média de ocorrência de cada processo fonológico na
faixa etária de 3 anos – 3 anos e 11 meses
PROCESSO
FONOLÓGICO
MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
REC 0% 100% 37,89% 38,39
APSILAT 0% 6,12% 1,25% 1,82
APCONSF 0% 47,64% 19,96% 15,16
RED 0% 5,71% 0,11% 0,82
EPENT 0% 66,67% 1,51% 9,62
APOC 0% 0% 0% 0
MET 0% 11,36% 2,74% 2,88
PLOS 0% 30,14% 1,19% 4,74
AFR 0% 3,03% 0,31% 0,93
ANT 0% 20% 1,93% 3,68
POST 0% 6,45% 1,20% 1,75
ENS 0% 30,65% 1,07% 4,59
LAT 0% 42,11% 6,36% 8,91
SEMIV 0% 15,63% 0,91% 2,87
MONOT 0% 53,85% 6,73% 10,71
ASSIM 0% 6,76% 1,01% 1,40
APAGLIQ 0% 62,07% 4,16% 11,24
DESAF 0% 14,29% 0,59% 2,88
ACRES 0% 6,33% 0,39% 1,11
SONOR 0% 4,82% 0,20% 0,79
/l >ש/
0% 88,89 17,59% 26,01
OUTROS
0% 7% 0,93% 1,80
57
A tabela 26 mostra que os processos fonológicos mais utilizados nessa faixa
etária foram: redução de encontro consonantal, apagamento de consoante final,
substituição /
l
/ > /
ש
/, apagamento de líquida em
onset
simples e monotongação,
cujas médias ficaram em torno de 37,89%, 19,96%, 17,55%, 4,16% e 6,73%
respectivamente.
O processo fonológico apócope não foi encontrado nessa faixa etária.
A tabela 27 apresenta o mínimo, o máximo e a média de ocorrência de
processos fonológicos na faixa etária de 4 anos.
Tabela 27: mínimo, máximo e média de ocorrência de cada processo fonológico na
faixa etária de 4 anos – 4 anos e 11 meses
PROCESSO
FONOLÓGICO
MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
REC 0% 100% 25,84% 32,95
APSILAT 0% 10,53% 1,19% 1,85
APCONSF 0% 47,37% 15,02% 11,64
RED 0% 0% 0% 0
EPENT 0% 3,13% 0,39% 1,04
APOC 0% 0% 0% 0
MET 0% 9,09% 2,22% 2,36
PLOS 0% 4,11% 0,31% 0,81
AFR 0% 3,03% 0,18% 0,74
ANT 0% 12,73% 0,64% 2,26
POST 0% 10,75% 1,16% 1,85
ENS 0% 9,68% 0,47% 1,62
LAT 0% 65,79% 5,04% 11,48
SEMIV 0% 9,38% 0,52% 1,62
MONOT 0% 30,77% 3,61% 7,24
ASSIM 0% 5,41% 0,78% 1,17
APAGLIQ 0% 17,24% 1,79% 4,14
DESAF 0% 0% 0% 0
ACRES 0% 2,53% 0,31% 0,66
SONOR 0% 1,20% 0,05% 0,24
/l >ש/
0% 100% 24,30% 30,89
OUTROS
0% 3% 0,37% 0,91
A tabela 27 mostra que os processos fonológicos mais utilizados nessa faixa
etária foram: redução de encontro consonantal, substituição /
l
/ > /
ש
/, apagamento
de consoante final e lateralização, cujas médias ficaram em torno de 25,84%,
24,30%, 15,02% e 5,04% respectivamente.
58
Os processos fonológicos reduplicação, apócope e desafricação o foram
encontrados nessa faixa etária.
A tabela 28 representa o mínimo, o máximo e a média de ocorrência de
processos fonológicos na faixa etária de 5 anos.
Tabela 28: mínimo, máximo e média de ocorrência de cada processo fonológico na
faixa etária de
5 anos – 5 anos e 11 meses
PROCESSO
FONOLÓGICO
MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
REC 0% 100% 20,76% 32,58
APSILAT 0% 6,12% 0,38% 1,16
APCONSF 0% 47,37% 13,04% 12,89
RED 0% 0% 0% 0
EPENT 0% 3,13% 0,65% 0,45
APOC 0% 0% 0% 0
MET 0% 9,09% 1,84% 2,32
PLOS 0% 15,07% 0,39% 2,20
AFR 0% 3,03% 0,12% 0,61
ANT 0% 40% 1,06% 5,79
POST 0% 11,87% 1,07% 2,98
ENS 0% 14,52% 0,67% 2,50
LAT 0% 28,95% 2,90% 6,67
SEMIV 0% 6,25% 0,13% 0,90
MONOT 0% 23,08% 1,76% 4,82
ASSIM 0% 2,70% 0,33% 0,71
APAGLIQ 0% 41,38% 1,72% 6,16
DESAF 0% 14,29% 0,29% 2,06
ACRES 0% 1,27% 0,07% 0,30
SONOR 0% 1,20% 0,05% 0,24
/l >ש/
0% 100% 16,89% 28,16
OUTROS
0% 6% 0,50% 1,25
A tabela 28 mostra que os processos fonológicos mais utilizados nessa faixa
etária foram: redução de encontro consonantal, substituição /
l
/ > /
ש
/ e apagamento
de consoante final, cujas médias ficaram em torno de 20,76%, 16,89% e 13,04%
respectivamente.
Os processos fonológicos de reduplicação e apócope não foram encontrados
nessa faixa etária.
A tabela 29 apresenta o mínimo, o máximo e a média de ocorrência de
processos fonológicos na faixa etária de 6 anos.
59
Tabela 29: mínimo, máximo e média de ocorrência de cada processo fonológico na faixa etária de 6
anos – 6 anos e 11 meses
PROCESSO
FONOLÓGICO
MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
REC 0% 100% 7,02% 14,59
APSILAT 0% 2,04% 0,12% 0,49
APCONSF 0% 26,32% 10,30% 7,52
RED 0% 0% 0% 0
EPENT 0% 3,13% 0,13% 0,63
APOC 0% 0% 0% 0
MET 0% 6,82% 1,51% 1,76
PLOS 0% 4,11% 0,14% 0,64
AFR 0% 0% 0% 0
ANT 0% 10,91% 0,41% 1,72
POST 0% 7,53% 0,51% 1,17
ENS 0% 16,13% 0,47% 2,37
LAT 0% 23,68% 2,33% 4,95
SEMIV 0% 0% 0% 0
MONOT 0% 7,69% 0,48% 1,88
ASSIM 0% 2,70% 0,56% 0,91
APAGLIQ 0% 3,45% 0,14% 0,69
DESAF 0% 0% 0% 0
ACRES 0% 0% 0% 0
SONOR 0% 1,20% 0,02% 0,17
/l >ש/
0% 88,89% 18,28% 26,38
OUTROS
0% 2% 0,10% 0,37
A tabela 29 mostra que os processos fonológicos mais utilizados nessa faixa
etária foram: substituição /
l
/ > /
ש
/ e redução de encontro consonantal, cujas médias
ficaram em torno de 18,28%, e 7,02% respectivamente.
Os processos fonológicos reduplicação, apócope, africação, semivocalização,
desafricação e acréscimo não foram encontrados nessa faixa etária.
A tabela 30 apresenta o mínimo, o máximo e a média de ocorrências de
processos fonológicos na faixa etária de 7 anos.
60
Tabela 30: mínimo, máximo e média de ocorrência de cada processo fonológico na faixa etária de 7
anos – 7 anos e 11 meses
PROCESSO
FONOLÓGICO
MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
REC 0% 40% 7,68% 8,45
APSILAT 0% 2,04% 0,08% 0,41
APCONSF 0% 42,11% 10,63% 10,32
RED 0% 0% 0% 0
EPENT 0% 0% 0% 0
APOC 0% 0% 0% 0
MET 0% 11,36% 1,42% 2,37
PLOS 0% 0% 0% 0
AFR 0% 3,03% 0,06% 0,43
ANT 0% 14,55% 0,49% 2,14
POST 0% 1,08% 0,20% 0,42
ENS 0% 3,23% 0,06% 0,46
LAT 0% 76,32% 5,05% 12,80
SEMIV 0% 0% 3,13% 0,45
MONOT 0% 7,69% 0,96% 2,57
ASSIM 0% 2,70% 0,33% 0,71
APAGLIQ 0% 10,34% 0,64% 1,96
DESAF 0% 14,29% 0,29% 2,06
ACRES 0% 1,27% 0,52% 0,25
SONOR 0% 1,20% 0,05% 0,24
/l >ש/
0% 100% 26,85% 32,80
OUTROS
0% 6% 0,29% 1,05
A tabela 30 mostra que os processos fonológicos mais utilizados nessa faixa
etária foram: substituição /
l
/ > /
ש
/, apagamento de consoante final e lateralização
cujas médias ficaram em torno de 26,85%, 10,63% e 5,05% respectivamente.
Os processos fonológicos reduplicação, epêntese, apócope, plosivização,
semivocalização não foram encontrados nessa faixa etária.
A tabela 31 representa o mínimo, o máximo e a dia de ocorrências de
processos fonológicos na faixa etária de 8 anos.
61
Tabela 31: mínimo, máximo e média de ocorrência de cada processo fonológico na faixa etária de
8 anos – 8 anos e 11 meses
PROCESSO
FONOLÓGICO
MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
REC 0% 18,75% 2,47% 4,07
APSILAT 0% 2,04% 0,08% 0,40
APCONSF 0% 26,32% 6,78% 6,41
RED 0% 3,13% 0,65% 0,45
EPENT 0% 6,25% 0,19% 0,99
APOC 0% 5,26% 0,10% 0,75
MET 0% 6,82% 0,94% 1,74
PLOS 0% 4,11% 0,14% 0,70
AFR 0% 0% 0% 0
ANT 0% 1,82% 0,07% 0,36
POST 0% 2,15% 0,11% 0,39
ENS 0% 13,16% 0,27% 1,89
LAT 0% 10,53% 0,65% 1,84
SEMIV 0% 0% 0% 0
MONOT 0% 7,69% 0,16% 1,11
ASSIM 0% 2,70% 0,14% 0,50
APAGLIQ 0% 0% 0% 0
DESAF 0% 0% 0% 0
ACRES 0% 1,27% 0,02% 0,18
SONOR 0% 0% 0% 0
/l >ש/
0% 100% 16,89% 29,97
OUTROS
0% 3% 0,22% 0,77
A tabela 31 mostra que o processo fonológico mais utilizado nessa faixa etária
foi: a substituição /
l
/ > /
ש
/, cuja média ficou em torno de 16,89%.
Os processos fonológicos africação, semivocalização, apagamento de
líquidas em
onset
simples, desafricação e sonorização não foram encontrados nessa
faixa etária.
O gráfico 3 representa as médias de ocorrências dos processos fonológicos
mais utilizados por faixa etária.
62
Gráfico 3: média de ocorrência dos processos fonológicos mais utilizado por faixa
etária
Média de ocorrência dos processos
fonológicos
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos
IDADE
Médias
Rec
Apagliq
Apconsf
/l >R/
Lat
A Tabela 32 representa os dados da análise estatística de cada processo
fonológico por faixa etária e sexo.
Tabela 32: Dados estatísticos da análise dos processos fonológicos
Faixa etária Sexo
PROCESSO FONOLÓGICO
REC
APSILAT
APCONF
RED
EPEN
APOC
MET
PLOS
AFR
ANT
POST
ENS
LAT
SEMIV
MONOT
ASSIM
APAGLIQ
DESAF
ACRES
SONOR
/l >ש/
OUTROS
p
<0,001
<0,001
<0,001
0,547
0,092
0,416
0,002
0,024
0,059
<0,001
<0,001
0,084
<0,001
0,002
<0,001
<0,001
<0,001
0,409
<0,001
0,403
0,214
0,012
p
0,627
0,468
0,604
0,157
0,586
0,317
0,388
0,521
0,759
0,589
0,052
0,093
0,513
0,577
0,346
0,758
0,312
0,315
0,536
0,762
0,049
0,922
63
Os processos fonológicos redução de encontro consonantal, apagamento de
sílaba átona, apagamento de consoante final, metátese, plosivização, anteriorização,
posteriorização, lateralização, semivocalização, monotongação, assimilação,
apagamento de líquida em
onset
simples, acréscimo e outros obtiveram significância
estatística em relação à faixa etária. Os demais processos fonológicos não
obtiveram diferença estatisticamente significante.
Destacamos aqui que o processo fonológico denominado ‘outros’, se refere
aos processos: coalescência, nasalização e denasalização.
Em relação ao sexo, apenas 1 processo fonológico (substituição /
l
/ >/
ש
/)
apresentou diferença estatisticamente significante, considerando-se um índice de
95% de confiabilidade.
5.3 ÍNDICE DE PRODUÇÃO DE CONSOANTES – PCC E PCC-R
5.3.1 PCC – Percentual de Consoantes Corretas
Nesta seção apresentamos o índice de produções corretas das consoantes
por criança. Na seqüência realizamos uma comparação entre as faixas etárias e
depois por sexo.
A tabela 33 mostra a comparação do PCC por faixa etária.
Tabela 33: PCC por faixa etária.
IDADE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 55,60% 99,59% 86,99% 9,34
4 anos – 4 anos 11meses 73,03% 99,59% 91,02% 6,21
5 anos – 5 anos 11meses 70,54% 100% 93,12% 7,48
6 anos – 6 anos 11meses 77,18% 100% 96,26% 3,69
7 anos – 7 anos 11meses 78,43% 100% 95,28% 3,86
8 anos – 8 anos 11 meses
92,53% 100% 97,84% 2,04
p < 0,001
Na tabela 33 observamos que o PCC mínimo aumentou na faixa etária de 3
anos para 4 anos, sofreu uma queda dos 4 anos para 5 anos e, aumentou
64
gradativamente dos 5 anos aos 8 anos. A média aumentou gradativamente nas
faixas etárias de 3 anos para os 6 anos, e voltou a aumentar dos 7 anos para 8
anos. O desvio padrão diminuiu de acordo com a faixa etária dos 3 anos para 6
anos, aumentando aos 7 anos e, voltando a diminuir aos 8 anos.
O gráfico 4 mostra a Tabela 33: PCC por faixa etária
Gráfico 4: PCC por faixa etária
PCC por faixa etária
0
20
40
60
80
100
120
3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos
IDADE
PCC
nimo
Máximo
Média
Desvio Padrão
A tabela 34 mostra a relação entre o PCC e os sexos
Tabela 34: PCC por sexo
SEXO MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
Feminino 68,88% 100% 94,11% 5,83
masculino 55,60% 100% 92,73% 7,86
p = 0,427
De acordo com a tabela acima, observamos que não houve diferença
estatisticamente significante em relação ao PCC entre os sexos.
65
5.3.2 PCC–R – Percentual de Consoantes Corretas Revisado
Nesta seção apresentamos o índice de produções corretas revisado das
consoantes por criança. Na seqüência realizamos uma comparação entre as faixas
etárias e depois por sexo.
A tabela 35 mostra a comparação do PCC-R por faixa etária.
Tabela 35: PCC-R por faixa etária.
IDADE MÍNIMO XIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
3 anos – 3 anos 11meses 55,60% 99,59% 87,37% 9,25
4 anos – 4 anos 11meses 73,03% 99,59% 91,25% 6,11
5 anos – 5 anos 11meses 70,54% 100% 93,14% 7,43
6 anos – 6 anos 11meses 77,18% 100% 96,27% 3,70
7 anos – 7 anos 11meses 78,43% 100% 95,34% 3,85
8 anos – 8 anos 11 meses
92,53% 100% 97,93% 2,01
p < 0,001
Na tabela 35 observamos que o mínimo do PCC-R aumentou da faixa etária
de 3 anos para 4 anos, sofreu uma queda dos 4 anos para 5 anos e, aumentou
gradativamente dos 5 anos aos 8 anos. A média aumentou gradativamente das
faixas etárias de 3 anos para os 6 anos, e voltou a aumentar dos 7 anos para 8
anos. O desvio padrão diminuiu de acordo com a faixa etária dos 3 anos para 6
anos, aumentando aos 7 anos e, voltando a diminuir aos 8 anos.
O gráfico 5 mostra a Tabela 35: PCC-R por faixa etária.
66
Gráfico 5: PCC-R por faixa etária
PCC-R por faixa etária
0
20
40
60
80
100
120
3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos
IDADE
PCC-R
nimo
Máximo
Média
Desvio Padrão
A Tabela 36 mostra a relação entre o PCC-R e os sexos.
Tabela 36: PCC-R por sexo
SEXO MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DESVIO PADRÃO
Feminino 66,88% 100% 94,16% 5,73
masculino 55,60% 100% 92,94% 7,76
p = 0,617
De acordo com a tabela acima, observamos que não houve diferença
estatisticamente significante em relação ao PCC-R entre os sexos.
5.4 COMPARAÇÃO DOS DADOS – CLASSES MÉDIA/ALTA E BAIXA
Nas tabelas 37 a 43 observamos a comparação entre as dias de
ocorrência de processos fonológicos, produções dos fones, totais de fones
adquiridos e PCC nas classes média/alta x classe baixa por faixa etária. Apenas
serão apresentados aqui os dados que apresentaram diferença estatística entre as
classes.
67
Tabela 37: Dados estatísticos da análise dos processos fonológicos e produção
dos fones por classes - idade 3 anos
Classe
PROCESSO FONOLÓGICO
Alta Baixa p
PLOS 0,08% 1,19% =0,028
AFR 0% 0,31% =0,022
POST 1,12% 1,20% =0,016
ACRES 0,05% 0,39% =0,009
SONOR 0% 0,20% =0,042
Médias
FONES
Alta Baixa p
CV9 – [s]
97,91% 90,54% =0,028
CV18 – [ْ]
90,62% 95,95% =0,008
CCV6 – [ց]
99,31% 94,47% =0,051
CCV19 – [ש]
30,25% 56,81% <0,001
CCV21 – [l]
68,46% 51,16% <0,001
Nesta faixa etária encontramos maior incidência de processos fonológicos na
classe sócio-econômica baixa, nos processo de plosivização, africação,
posteriorização, acréscimo e sonorização, com as médias mais elevadas em relação
à classe sócio-econômica média/alta, 1,19%, 0,31%, 1,20%, 0,39% e 0,20%
respectivamente. Foi observado no processo metátese um índice p= 0,064
apontando uma tendência para uma diferença.
Em relação à produção de fones observamos médias mais elevadas para a
classe alta nos fones CV9 [
s
] - 97,91%, CCV6 [
ց
] - 99,31% e CCV21 [
l
] -
68,46% e melhores médias para a classe baixa nos fones CV18 [
ْ
] - 95,95% e
CCV19 – [
ש
] - 56,81%.
68
Tabela 38: Dados estatísticos da análise dos processos fonológicos e
produção dos fones por classes - idade 4 anos
Classe
PROCESSO FONOLÓGICO
Alta Baixa p
REC 15,23 % 25,84% =0,005
APSILAT 0,34% 1,19% <0,001
APCONF 6,62% 15,02% <0,001
PLOS 0,03% 0,31% =0,016
POST 0,71% 1,16% <0,001
SEMIV 0% 0,52% =0,012
MONOT 1,28% 3,61% =0,029
ACRES 0,03% 0,31% =0,003
Médias
FONES
Alta Baixa p
CV18 – [ْ]
92,71% 98,95% =0,028
CCV21 – [l]
91,02% 54% <0,001
Nesta faixa etária encontramos maior incidência de processos fonológicos na
classe sócio-econômica baixa, nos processo de redução de encontro consonantal,
apagamento de sílaba átona, apagamento de consoante final, plosivização,
posteriorização, semivocalização, monotongação e acréscimo, com as médias mais
elevadas em relação à classe sócio-econômica média/alta, 25,84%, 1,19%, 15,02%,
0,31%, 1,16%, 0,52%, 3,61% e 0,31% respectivamente.
Em relação à produção de fones observamos médias mais elevadas para a
classe alta no fone CCV21
- [
l
] - 91,02% e melhor média para a classe baixa no
fone CV18 – [
ْ
] -98,95%.
69
Tabela 39: Dados estatísticos da análise dos processos fonológicos e produção
dos fones por classes - idade 5 anos
Classe
PROCESSO FONOLÓGICO
Alta Baixa p
REC 5,14% 20,76% <0,001
APCONF 3,07% 13,04% <0,001
POST 0,13% 1,07% =0,053
ENS 0% 0,67% =0,006
MONOT 0,16% 1,76% =0,024
APAGLIQ 0,07% 1,72% =0,004
Médias
FONES
Alta Baixa p
CV9 – [s]
99,77% 92,33% =0,022
CV10 – [z]
100% 92,91% =0,022
CCV6 – [ց]
100% 96,54% =0,042
CCV21 – [l]
95,83% 66,93% <0,001
CVC20 – [R] 93,75% 79,58% <0,001
Nesta faixa etária encontramos maior incidência de processos fonológicos na
classe sócio-econômica baixa, nos processo de redução de encontro consonantal,
apagamento de consoante final, posteriorização, ensurdecimento, monotongação e
apagamento de líquida em
onset
simples, com as médias mais elevadas em relação
à classe sócio-econômica média/alta, 20,76%, 13,14%, 1,07%, 0,67%, 1,76% e
1,72% respectivamente.
Em relação à produção de fones observamos médias mais elevadas
para a classe alta em relação à classe baixa nos fones CV9 [
s
] - 99,77%, CV10
[
z
] - 100%, CCV6 – [
ց
] - 100%, CCV21 – [
l
] - 95,83% e CVC20 – [
{
] - 93,75%.
Tabela 40: Dados estatísticos da análise dos processos fonológicos e produção
dos fones por classes - idade 6 anos
Classe
PROCESSO FONOLÓGICO
Alta Baixa p
REC 2,15% 7,02% <0,001
APCONF 0% 10,30% <0,001
MET 0,52% 1,51% <0,001
POST 0% 0,51% <0,001
ENS 0% 0,47% =0,042
LAT 0,11% 2,33% <0,001
ASSIM 0,03% 0,56% <0,001
Médias
FONES
Alta Baixa p
CCV21 – [l]
99,31% 76,68% <0,001
CVC20 – [R] 99,79% 84,79% =0,002
70
Nesta faixa etária encontramos maior incidência de processos fonológicos na
classe sócio-econômica baixa, nos processo de redução de encontro consonantal,
apagamento de consoante final, metátese, posteriorização, ensurdecimento,
lateralização e assimilação, com as médias mais elevadas em relação à classe
sócio-econômica média/alta, 7,02%, 10,30%, 1,51%, 0,51%, 0,47%, 2,33% e 0,56%
respectivamente
Em relação à produção de fones observamos médias mais elevadas para a
classe alta em relação à classe baixa nos fones CCV21 [
l
] - 99,31% e CVC20
[R] - 99,79%.
Tabela 41: Dados estatísticos da análise dos processos fonológicos
e produção dos fones por classes - idade 7 anos
Classe
PROCESSO FONOLÓGICO
Alta Baixa p
REC 0,39% 7,68% <0,001
APCONF 0,11% 10,63% <0,001
MET 0,38% 1,42% <0,001
ANT 0% 0,49% =0,012
POST 0% 0,20% =0,002
LAT 0% 5,05% <0,001
MONOT 0% 0,96% =0,012
ASSIM 0,06% 0,33% =0,010
APAGLIQ 0% 0,64% =0,012
Médias
FONES
Alta Baixa p
CCV21 – [l]
99,77% 70,29% <0,001
CVC20 – [R] 99,79% 83,54% =0,003
Nesta faixa etária encontramos maior incidência de processos fonológicos na
classe sócio-econômica baixa, nos processos de redução de encontro consonantal,
apagamento de consoante final, metátese, anteriorização, posteriorização,
lateralização, monotongação, assimilação e apagamento de líquida em
onset
simples com as médias mais elevadas em relação à classe sócio-econômica
média/alta, 7,68%, 10,63%, 1,42%, 0,49%, 0,20%, 5,05% e 0,96%, 0,33% e 0,64%
respectivamente
71
Na classe sócio-econômica média/alta observou-se uma tendência de maior
ocorrência do processo fonológico de assimilação p=0,044.
Em relação à produção de fones observamos médias mais elevadas para a
classe alta em relação à classe baixa nos fones CCV21 [
l
] - 99,77% e CVC20
[
{
] - 99,79%.
Tabela 42: Dados estatísticos da análise da média do total de fones
adquiridos por faixa etária entre as classes
Classe
IDADE
Alta Baixa p
3 anos – 3 anos 11 meses 18,46% 17,78% =0,445
4 anos – 4 anos 11 meses 19,77% 19,02% =0,041
5 anos – 5 anos 11 meses 20,62% 19,33% <0,001
6 anos – 6 anos 11 meses 20,92% 20,25% <0,001
7 anos – 7 anos 11 meses 20,96% 20% <0,001
Para o total de fones adquiridos observamos melhores índices para as
crianças de classe sócio-econômica média/alta e a partir dos 5 anos a diferença se
torna mais expressiva.
Tabela 43: Dados estatísticos da análise da média do PCC
por faixa etária entre as classes
Classe
IDADE
Alta Baixa p
3 anos – 3 anos 11 meses 85,65% 86,99% =0,275
4 anos – 4 anos 11 meses 92,85% 91,02% =0,104
5 anos – 5 anos 11 meses 96,69% 93,12% <0,001
6 anos – 6 anos 11 meses 99,12% 96,26% <0,001
7 anos – 7 anos 11 meses 99,78% 95,28% <0,001
Em relação ao PCC observamos uma diferença estatisticamente significativa
(a partir dos 5 anos), apontando maiores índices para as crianças de classe social
média/alta.
72
6 DISCUSSÃO
Para melhor ilustrar nossos resultados facilitando a redação desta seção, foi
elaborado um quadro com as idades de aquisição dos sons encontrados em nosso
estudo.
Quadro 5: Aquisição dos sons
Plosivas Nasais Fricativas Africadas
Líquidas
Idades
p
b
t
d
k
g
m
n
¯
f
v
s
z
S
Z
tS dZ l { R
ѭ
3 anos
p
b
t
d
k
g
m
n
¯
f
v
s
z
S
Z
tS dZ l
(CV)
{
(CV)
ѭ
4 anos
R
(CV)
5 anos
6 anos
{
(CVC)
R
(CCV)
7 anos
8 anos
l
(CCV)
73
Os dados encontrados em nosso estudo revelaram que os fonemas /
p
/, /
b
/,
/
t
/, /
d
/, /
k
/, /
g
/, /
m
/, /
n
/ e /
¯
/ encontram-se adquiridos e estabilizados no sistema
fonológico das crianças de 3 anos de idade.
Nossos dados alicerçam-se nos dados encontrados nos estudos de
Lamprecht (2004), que afirma que plosivas e nasais são os primeiros segmentos
consonantais a serem alcançados antes dos 2 anos de idade, de Wertzner (2004),
que observou que as plosivas /
p
/, /
b
/, /
t
/, /
k
/, /
g
/ e as nasais /
m
/, /
n
/ e /
¯
/ estão
adquiridas aos 3:6 anos. Encontramos as mesmas referências de idade em Faria
(1994) para as plosivas e nasais, em Grunwell (1995) onde as plosivas /
p
/, /
b
/, /
t
/ e
/
d
/ e nasais /
m
/ e /
n
/ estão adquiridas entre 1:6 a 2:0 anos de idade e as plosivas /
k
/
e /
g
/ e a nasal /
¯
/, entre 2:0 e 2:6 anos de idade.
Os dados encontrados em nossos estudos estão de acordo com os dados de
Wellman
et al
(1931), que revelam que as consoantes nasais /
m
/ e /
n
/, e a plosiva /
b
/
estão estabilizadas aos 3 anos de idade. Entretanto diferem em relação à aquisição
das plosivas /
p
/, /
t
/, /
d
/, /
k
/ e /
g
/ e da nasal /
¯
/. O referido autor encontrou idades
mais elevadas para a aquisição desses fonemas, para o /
p
/, /
k
/ e /
g
/, idade de 4
anos, para /
t
/ e /
d
/, 5 anos e para /
¯
/ idade superior a 6 anos. Templin (1957),
também observou que os fonemas /
m
/, /
n
/, /
¯
/ e /
p
/ encontram-se estabilizados aos
3 anos de idade. Não encontramos a mesma idade para a aquisição das plosivas /
b
/,
/
t
/, /
d
/, /
k
/ e /
g
/. Para o referido autor, aos 4 anos estão adquiridos as plosivas /
b
/,
/
d
/, /
k
/ e /
g
/ e somente aos 6 anos a plosiva /
t
/. Os dados encontrados por Smit
et al
74
(1990), corroboram com os dados encontrados em nossos estudos na aquisição de
plosivas e nasal, com exceção da nasal /
¯
/, que para o autor está adquirida entre 7 e
9 anos de idade. Esses dados apontam diferenças no processo de aquisição dos
sons das crianças brasileiras falantes do português em relação às crianças falantes
de inglês.
Os dados encontrados em nosso estudo revelaram também que as fricativas
e africadas estão adquiridas e estabilizadas aos 3 anos nas crianças. Nossos dados
estão de acordo com os pesquisados por Lamprecht (2004) que referencia que as
fricativas estão adquiridas e estabilizadas no sistema fonológico da criança a2:10
anos de idade, de Grunwell (1995) que também encontrou que as fricativas /
f
/ e /
s
/
e a africada /
tS
/ estão adquiridas entre 2:6 e 3:0 anos de idade. Para as fricativas
/
v
/ e /
z
/ encontrou idade de aquisição na faixa etária entre 3:6 e 4:6 anos de idade,
divergindo dos resultados encontrados em nosso estudo em 6 meses. Para a autora,
a fricativa /
Z
/ esta adquirida a partir dos 4:6 anos de idade.
Para Wellman
et al
(1931) a fricativa /
f
/ esta adquirida aos 3 anos. Nossos
dados estão em concordância para essa idade de aquisição, entretanto, o autor
encontrou idade de aquisição para as demais fricativas e africadas acima dos 3
anos. Em sua pesquisa encontrou aos 5 anos os fonema /
v
/, /
s
/, /
z
/ /
tS
/, aos 6 anos
os fonemas /
Z
/ e /
dZ
/ e para o fonema /
S
/ não foi informada a idade de aquisição.
Encontramos em Templin (1957) somente adquiridos aos 3 anos o fonema /
f
/, como
encontrados em nossos resultados. O referido autor, como Wellman
et al
(1931)
também encontrou idade mais elevada para as demais fricativas e africadas. Para
75
Templin (1957) aos 4:6 anos de idade estão adquiridos os fonemas /
s
/, /
S
/ e /
tS
/ ,
aos 6 anos o fonema /
v
/ e aos 7 anos os fonemas /
z
/, /
Z
/ e /
dZ
/. Em Smit
et al
(1990), encontramos similaridade apenas na aquisição do fonema /
f
/. Os resultados
da pesquisa do referido autor sugerem também, idades mais elevadas para os
fonemas: /
v
/ - 5:6 anos, /
S
/, /t
S
/ e /
dZ
/ - 6 anos, e /
s
/ e /
z
/ - 7 a 9 anos, sendo que o
fonema /
Z
/ não foi informado em seus estudos.
Encontramos respaldo nos dados de Faria (1994) para a aquisição das
fricativas e africadas, e em Oliveira (2003) que refere estar adquirido, aos 1:9
anos o fonema /
f
/ e aos 1:8 o fonema /
v
/.
Em relação à aquisição das líquidas, observamos em nosso estudo que a
aquisição do /
R
/ ocorre aos 4 anos em
onset
simples e aos 6 anos em
onset
complexo. A aquisição do /
l
/ na posição de
onset
simples aos 3 anos e na posição
de
onset
complexo aos 8 anos. Destacamos aqui o alto índice de crianças que
substituíram o fonema /
l
/, na posição de
onset
complexo, pelo fonema /
R
/, fato este
ocorrido em determinadas comunidades onde as coletas ocorreram, indicando uma
diferença no processo de aquisição fonológica de crianças desta classe sócio-
econômica em relação às de classe alta onde tal fenômeno não foi observado. o
fonema /
{
/ tem sua aquisição em
onset
simples aos 3 anos e na posição de
coda
aos 6 anos. Nossos dados também demonstraram que o fonema /
ѭ
/ encontra-se
adquirido aos 3 anos de idade.
76
Nossos dados estão de acordo com os dados da pesquisa de Hernandorena
e Lamprecht (1997) na aquisição do /
l
/ em
onset
simples, entretanto para a
aquisição do /
l
/ em
onset
complexo, encontramos idade de aquisição mais elevada,
aos 8 anos. Para o fonema /R/ nossos dados concordam com os dados de Miranda
(1996) e Rangel (1998), para a aquisição na posição de onset absoluto, entretanto,
encontramos idade mais elevada para a posição de coda. A líquida lateral /
ѭ
/ está
adquirida aos 4 anos nos estudos de Hernandorena e Lamprecht 1997, em nossos
resultados encontramos a lateral /
ѭ
/, adquirida aos 3 anos.
A líquida não-lateral /
ש
/ em
onset
simples está adquirida aos 4:2 e em
onset
complexo aos 5 anos (HERNANDORENA E LAMPRECHT 1997). Nossos resultados
diferem dos dados das autoras em relação à aquisição do /
ש
/ em
onset
complexo.
Nossos resultados corroboram os dados de Miranda (1996) e Rangel (1998)
para a aquisição do /R/ em
onset
simples.
Concordamos com os dados de Teixeira (2006) com relação à aquisição do
fonema /
R
/ em
onset
simples.
Com relação ao total de fonemas adquiridos por faixa etária, observamos que
desde a faixa etária de 3 anos, muitas crianças possuem o inventário fonético
completo (com os 21 fonemas consonantais do inventário fonético do Português
Brasileiro dialeto local) havendo, porém, uma grande variabilidade entre as
crianças, variabilidade esta, que diminui gradativamente de acordo com o aumento
da faixa etária. Não encontramos dados similares na literatura para discussão deste
aspecto.
Em relação ao número de processos fonológicos utilizados, observamos que
estes se estabilizaram em zero aos 5 anos de idade e foram gradativamente
77
diminuindo de acordo com o aumento da faixa etária. O mesmo acontecendo com a
média (com exceção da faixa etária entre 6 e 7 anos) e com o desvio padrão. Em
relação ao sexo não encontramos diferenças estatisticamente significantes na
literatura pesquisada.
Aos 3 anos de idade os processos mais utilizados pelas crianças pesquisadas
foram: redução de encontro consonantal, apagamento de consoante final,
substituição /
l
/ > /
ש
/, apagamento de líquida em
onset
simples e monotongação,
cujas médias ficaram em torno de 37,89%, 19,96%, 17,55%, 4,16% e 6,73%
respectivamente. Esses processos também foram utilizados pelas crianças de 4
anos de idade com exceção do apagamento de consoante final e monotongação,
entretanto essas crianças utilizaram o processo de lateralização. Aos 5 anos de
idade as crianças ainda utilizaram os processos de redução de encontro
consonantal, apagamento do consoante final e substituição /
l
/ > /
ש
/. Aos 6 anos de
idade persistiram os processos de redução de encontro consonantal e substituição
/
l
/ > /
ש
/. Com 7 anos de idade reapareceu o processo de lateralização, antes visto
apenas na faixa etária de 4 anos de idade, persistiu o processo de substituição /
l
/ >
/
ש
/ além do processo de apagamento de consoante final. Aos 8 anos de idade
apenas processo de substituição /
l
/ > /
ש
/ persistiu. Para melhor visualização
apresentaremos um quadro resumo dos processos citados.
Quadro 6: Resumo dos processos mais utilizados com consoantes líquidas por faixa etária
IDADES
PROCESSOS FONOLÓGICOS
3 anos
4 anos
5 anos 6 anos
7 anos
8 anos
Redução de encontro consonantal X X X X
Apagamento de consoante final X X X X
Apagamento de liquida em onset simples
X
Substituição /l/ > /ש/
X X X X X X
Lateralização X X
78
Em nossos estudos encontramos a presença do processo fonológico redução
de encontro consonantal até a faixa etária de 6 anos de idade. O apagamento de
consoante final esteve presente nas faixas etárias de 3, 4, 5 e 7 anos de idade.
Apagamento de líquida em
onset
simples foi eliminado a partir dos 4 anos de idade,
assim como a monotongação. A substituição de /
l
/ > /
ש
/ persistiu em todas as faixas
etárias, ressaltamos que esta substituição somente ocorreu em
onset
complexo, e a
lateralização apareceu aos 4 anos de idade, depois desapareceu, reaparecendo aos
7 anos de idade.
Os dados encontrados por Penã-Brooks e Hedge (2000), que observam que
entre os processos que desaparecem antes dos 3 anos de idade, estão o
apagamento de sílaba átona, a reduplicação, a anteriorização, a assimilação, e a
sonorização estão de acordo com nossos resultados
.
Entretanto, o apagamento de
sílaba átona e o apagamento de consoante final, em nossos achados, desaparecem
em idades mais elevadas. Após os 3 anos, para estes autores, os processos que
desaparecem são: epêntese, semivocalização, plosivização e ensurdecimento, estes
achados também estão de acordo com os encontrados nesta pesquisa, com
exceção do processo fonológico redução de encontro consonantal, que desaparece
mais tarde em nossos resultados.
Os dados encontrados por McLeod e Bleile (2003) estão de acordo com os
encontrados no presente estudo para os seguintes processos fonológicos e idades:
3 anos – redução de encontro consonantal e apagamento de consoante final; 4 anos
redução de encontro consonantal. No entanto, contrariamente aos achados dos
referidos autores (que relatam que aos 6 anos os processos fonológicos não se
encontram presentes nas crianças com desenvolvimento normal), observamos a
presença dos processos fonológicos de substituição de /
l
/ > /
R
/ - até a idade de
79
8:11 anos, de apagamento de consoante final até a idade de 7:11 anos e de
lateralização – até a idade de 7:11.
Em Wertzner, Papp e Galea (2006), encontramos similaridade, em crianças
com transtornos fonológicos, para os processos de redução de encontro
consonantal, o qual em nossos dados também estão presentes nas faixas etárias
até 6 anos, no processo de apagamento de consoante final, que em nossos dados
estão presentes também nas faixas etárias de 4, 5 e 7 anos. Para o apagamento de
líquidas, as autoras encontraram este processo presente, porém em nossos
resultados não encontramos a presença do mesmo.
No que se refere ao estudo de Lima e Queiroga (2007), com crianças com
antecedentes de desnutrição, encontramos idades diferentes para o processo de
apagamento de consoante final idade de até 4:6 para as autoras e idade de até 7
anos em nossos resultados. Para o processo de redução de encontro consonantal,
também encontramos similaridades. As autoras referem que este processo está
presente até a idade de 6:6 anos, e em nosso estudo encontramos idade a6:11
anos.
Em relação ao sexo apenas um processo fonológico apresentou diferença
estatisticamente significante, o processo substituição /
l
/ > /
R
/.
Em relação ao PCC, os dados encontrados em nosso estudo revelaram que a
média aumentou gradativamente das faixas etárias de 3 anos para os 6 anos, e
voltou a aumentar dos 7 anos para 8 anos. O desvio padrão diminuiu de acordo com
a faixa etária dos 3 anos para 6 anos, aumentando aos 7 anos e, voltando a diminuir
aos 8 anos. O PCC médio obtido aos 3 anos de idade foi 86,99%, aos 4 anos de
idade foi 91,02%, aos 5 anos de idade 93,12%, aos 6 anos de idade 96,26%, aos 7
anos de idade 95,28% e aos 8 anos de idade 97,84%. Encontramos na literatura
80
pesquisada que nossos percentuais em relação ao PCC não diferem dos dados
encontrados por Wertzner e Dias (2000), com crianças normais,
os PCCs médios
descritos pelas referidas autoras relatam para a idade de 3:0 3:6 é de 79,77%,
para a idade de 3:7 – 4:0 é de 86,95%, na idade de 4:1 4:6 é de 86,67%, para a
idade de 4:7 5:0 é de 91,16%, ficando a idade de 5:1 5:6 com 93,45%. Para as
idades de 6, 7 e 8 anos não encontramos referências na literatura pesquisada.
Em relação ao sexo, assim como no presente estudo, não foram encontradas
diferenças estatisticamente relevantes na literatura pesquisada.
Em relação ao PCC-R, os dados encontrados neste estudo revelaram que a
média aumentou gradativamente das faixas etárias de 3 anos para os 6 anos, e
voltou a aumentar dos 7 anos para 8 anos. O desvio padrão diminuiu de acordo com
a faixa etária dos 3 anos para 6 anos, aumentando aos 7 anos e, voltando a diminuir
aos 8 anos. O PCC-R médio obtido aos 3 anos de idade foi 87,37%, aos 4 anos de
idade 91,25%, aos 5 anos de idade 93,14%, aos 6 anos de idade 96,27, aos 7 anos
de idade 95,34% e aos 8 anos de idade 94,93%. Para o PCC-R Wertzner, Papp e
Galea (2002) encontraram para a idade de 3 anos um índice de 80% que corrobora
com nossos estudos.
Não encontramos diferenças estatisticamente relevantes em relação ao sexo
também para o PCC-R. Entretanto, nos estudos de Dodd
et al
(2003), Wellman
et al
(1931), Templin (1957) e Smit
et al
(1990) foi observado que meninas apresentam
melhor desempenho em algum momento do desenvolvimento fonológico.
81
7 CONCLUSÃO
Nosso estudo permitiu concluir que as crianças envolvidas na pesquisa,
adquiriram as consoantes plosivas, nasais, fricativas, africadas e as líquidas /
¥
/ e /
l
/
em
onset
simples aos 3 anos de idade. A líquida não lateral /
R
/ na posição de
onset
simples está estabilizada aos 4 anos, e na posição de
onset
complexo aos 6 anos. O
fonema /
{
/ em
coda
também se encontra adquirido aos 6 anos. A líquida /
l
/ em
onset
complexo está adquirida aos 8 anos, haja visto a alta incidência da
substituição deste som pelo /
R
/.
Comparando nossos achados com os encontrados por Ferrante (2007),
concluímos que em relação à produção de fonemas observamos médias mais
elevadas para a classe alta nos fonemas /
s
/, /
g
/ e /
l
/ em
onset
complexo, e
melhores médias para a classe baixa nos fonemas /
¯
/ e /
R
/ em
onset
complexo na
faixa etária dos 3 anos.
Para a faixa etária de 4 anos observamos médias mais elevadas para a
classe alta no fonema /
l
/ em
onset
complexa e melhor média para a classe baixa no
fonema /
¯
/.
82
Na faixa etária de 5 anos observamos médias mais elevadas para a classe
alta em relação à classe baixa nos fonemas /
s
/, /
z
/, /
g
/ e /
l
/ (em
onset
complexo) e
/
{
/ em
coda
.
para a faixa etária dos 6 anos foram encontradas médias mais elevadas
para a classe alta em relação à classe baixa nos fonemas /
l
/ (em
onset
complexo) e
/
{
/ em
coda
. Na faixa etária dos 7 anos as médias foram mais elevadas para a
classe alta em relação à baixa nos fonemas /
l
/ (em
onset
complexo) e /
{
/ (em
coda
).
No que diz respeito ao número de processos fonológicos utilizados por idade,
concluímos que a partir da faixa etária de 5 anos o número de processos fonológicos
utilizados estabilizou-se em zero e o número máximo de processos utilizados
diminuiu gradativamente de acordo com o aumento da faixa etária. O mesmo
acontecendo com a média (com exceção da faixa etária entre 6 e 7 anos) e com o
desvio padrão. Em relação ao sexo nossos achados não apontaram diferenças na
população pesquisada.
Referindo-nos aos processos fonológicos, concluímos que aos 3 anos os mais
utilizados foram: redução de encontro consonantal, apagamento de consoante final,
substituição de /
l
>
R
/, apagamento de líquida em
onset
simples e monotongação.
Os processos mais utilizados aos 4 anos foram: redução de encontro consonantal,
substituição de /
l
/ > /
R
/, apagamento de consoante final e lateralização. Para a faixa
etária dos 5 anos, os processos nas utilizados foram: redução de encontro
consonantal, seguida de substituição de /
l
/ > /
R
/ e pelo apagamento de consoante
83
final. Aos 6 anos apenas os processos de substituição de /
l
/ > /
R
/ e redução de
encontro consonantal foram os mais utilizados. Na faixa etária dos 7 anos,
encontramos ainda presentes os processos de substituição de /
l
/ > /
R
/, apagamento
de consoante final e lateralização. O processo de substituição de /
l
/ > /
R
/ foi o mais
utilizado aos 8 anos.
Em relação ao sexo, apenas 1 (um) processo fonológico substituição /
l
/ > /
R
/
apresentou diferença estatisticamente significativa
Comparando nossos achados com os encontrados por Ferrante (2007), no
que se refere aos processos fonológicos, encontramos aos 3 anos maior incidência
na classe sócio-econômica baixa, com média mais elevadas em relação à classe
sócio-econômica média/ alta, nos processos de plosivização, africação,
posteriorização, acréscimo e sonorização. Na faixa etária dos 4 anos encontramos
maior incidência de processos fonológicos também na classe cio-econômica
baixa, com médias mais elevadas em relação à classe sócio-econômica média/alta,
nos processos de redução de encontro consonantal, apagamento de sílaba átona,
apagamento de consoante final, plosivização, posteriorização, semivocalização,
monotongação e acréscimo. Para a faixa etária dos 5 anos encontramos maior
incidência de processos fonológicos na classe sócio-econômica baixa, com dias
mais elevadas em relação à classe sócio-econômica média/alta, nos processos de
redução de encontro consonantal, apagamento de consoante final, posteriorização,
ensurdecimento, monotongação e apagamento de líquida em
onset
simples. Dos 6
anos encontramos maior incidência de processos fonológicos na classe sócio-
econômica baixa, com médias mais elevadas em relação à classe sócio-econômica
média/alta, nos processos de redução de encontro consonantal, apagamento de
84
consoante final, metátese, posteriorização, ensurdecimento, lateralização e
assimilação. Aos 7 anos encontramos maior incidência de processos fonológicos na
classe sócio-econômica baixa, com médias mais elevadas em relação à classe
sócio-econômica média/alta, nos processos de redução de encontro consonantal,
apagamento de consoante final, metátese, anteriorização, posteriorização,
lateralização, monotongação, assimilação e apagamento de líquida em
onset
simples.
Em relação ao sexo, encontramos diferenças estatisticamente relevantes no
processo fonológico substituição de /
l
/ > /
R
/.
Comparando nossos achados com os encontrados por Ferrante (2007), em
relação ao total de fonemas adquiridos, observamos maiores índices para as
crianças de classe sócio-econômica média/alta.
Com relação ao PCC, nossos dados permitiram concluir que o PCC médio
obtido aos 3 anos foi de 86,99%, aos 4 anos foi de 91,02%, aos 5 anos foi de
93,12%, aos 6 anos foi de 96,26%, aos 7 anos foi de 95,28% e aos 8 anos foi de
97,84%.
Nos que diz respeito ao PCC-R, nossos dados nos permitiram concluir que o
PCC-R médio obtido aos 3 anos foi de 87,37%, aos 4 anos foi de 91,25%, aos 5
anos foi de 93,14%, aos 6 anos foi de 96,27%, aos 7 anos foi de 95,34% e aos 8
anos foi de 97,93%.
Para a variável sexo, tanto no PCC quanto no PCC-R, não encontramos
diferenças estatisticamente relevante nas análises realizadas.
Comparando nossos achados com os encontrados por Ferrante (2007), no
que se refere ao PCC, observamos diferença significativa, com maiores índices para
as crianças de classe sócio-econômica dia/alta. Foi observado ainda que a
85
diferença aumenta com o aumento da idade, ou seja as crianças da classe baixa a
partir de 5 anos apresentam uma diferença maior em relação as crianças da classe
alta, do que as crianças de 3 e 4 anos.
Esses dados nos levam a questionar o tempo de permanência da criança no
ambiente escolar além da qualidade do modelo lingüístico recebido nesse ambiente.
Acreditamos que as crianças oriundas de classe sócio-econômica baixa, devem
ingressar o mais cedo possível no ambiente escolar, a fim de favorecer o contato
com a fala padrão, minimizando possivelmente dessa forma os prejuízos ocorridos
durante o desenvolvimento da linguagem.
86
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91
9 APÊNDICE
APÊNDICE 1 - CARTA PARA OBTENÇÃO DO CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO PARA PESQUISAS QUE ENVOLVEM: CRIANÇAS,
QUESTIONÁRIO E AVALIAÇÃO
.
Caro(a) Senhor(a)
Eu, Mônica Karl da Silva, fonoaudióloga, portadora do CPF 989180527-15, RG
06239033-1, estabelecido(a) na Rua Amanda Guimarães, casa 228 Portuguesa -
Ilha do Governador CEP 21932-680, na cidade do Rio de Janeiro, cujo telefone de
contato é (21) 2462-0480, vou desenvolver uma pesquisa cujo título é “A influência
do nível cio-econômico no processo de aquisição fonológica em crianças de 3 a 8
anos”.
Este estudo tem como objetivo verificar como se o processo de
desenvolvimento fonético e fonológico de crianças provenientes de classe sócio
econômica baixa e colaborar para ampliação do conhecimento sobre as alterações
de fala nessa população.
Necessito que o Sr.(a). permita a execução de uma avaliação de fala em seu
filho (a) em que realizarei, os seguintes procedimentos: Cada criança será solicitada
nomear 79 figuras. A avaliação será realizada, nas Escolas Públicas do Estado do
Rio de Janeiro, em uma sala sem ruídos e a fala será gravada com o auxílio de um
gravador digital, para a análise dos dados.
A participação de seu filho (a) nesta pesquisa é voluntária e a avaliação
clínica não determinará qualquer risco, nem trará desconfortos.
Caso seja de interesse dos pais, será enviado um laudo com os resultados da
avaliação e caso necessário, os pais receberão orientações em relação ao
desenvolvimento de fala e linguagem.
A participação de seu filho (a) é importante para o aumento do conhecimento
a respeito do desenvolvimento e produção dos sons da fala, o que pode colaborar
nos tratamentos fonoaudiológicos, podendo beneficiar outras pessoas ou até mesmo
seu filho (a). Com relação ao procedimento em questão, não existe melhor forma de
obter.
Informo que o Sr(a). tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo,
sobre qualquer esclarecimento de eventuais dúvidas. Se tiver alguma consideração
92
ou vida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) da Universidade Veiga de Almeida, situado na Rua Ibituruna 108
Tijuca, fone 32343024 e comunique-se com a Profa. Dra. Mônica Medeiros de Britto
Pereira.
Também é garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer
momento e deixar de participar do estudo.
Garanto que as informações obtidas serão analisadas em conjunto com
outras pessoas, não sendo divulgado a identificação de nenhum dos participantes.
O Sr(a). tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais
das pesquisas e caso seja solicitado, darei todas as informações que solicitar.
Não existirá despesas ou compensações pessoais para o participante em
qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não
compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa
adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.
Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os
resultados serão veiculados através de artigos científicos em revistas especializadas
e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar possível a sua
identificação.
Anexo está o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso não
tenha ficado qualquer dúvida.
93
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Acredito ter sido suficiente informado a respeito do estudo “A influência do
nível cio-econômico no processo de aquisição fonológica em crianças de 3 a 8
anos”. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os
procedimentos a serem realizados, as garantias de confidencialidade e de
esclarecimentos permanentes.
Ficou claro também que a participação de meu filho (a) é isenta de despesas
e que tenho garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a
qualquer tempo. Concordo voluntariamente que meu filho (a) participe deste estudo
e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o
mesmo, sem penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa
ter adquirido.
___________________________________ Data_______/______/______
Assinatura do informante
Nome:
Endereço:
RG.
Fone: ( )
__________________________________ Data _______/______/______
Assinatura do(a) pesquisador(a)
94
APÊNDICE 2 – Protocolo de anotação dos dados.
AVALIAÇÃO FONÉTICA – FONOLÓGICA
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
Nome: ___________________________________________________________
Data de nascimento: ___________________Idade: ________________________
Data da avaliação: _____________________Avaliador: _____________________
Observações:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_______________________________
95
96
97
98
99
100
APÊNDICE 3 - Protocolo de análise do PCC.
fone ONSET INICIAL
ONSET MEDIAL CODA MEDIAL CODA FINAL total
CV CCV CV CCV
[p] 4 3 3 2 - - 12
Criança
[b] 6 4 5 2 - - 17
Criança
[t] 2 2 12 2 - - 18
Criança
[d] 1 1 7 3 - - 12
Criança
[k] 10 3 7 2 - - 22
Criança
[g] 4 2 5 1 - - 12
Criança
[f] 1 3 6 1 - - 11
Criança
[v] 2 - 7 1 - - 10
Criança
[s] 2 - 7 - - - 9
Criança
[z] 1 - 4 - - - 5
Criança
[
S
]
2 - 4 - 3 6 15
Criança
[
Z
]
2 - 2 - - - 4
criança
[t
S
]
1 - 4 - - - 5
Criança
[d
Z
]
1 - 1 - - - 2
Criança
[m] 5 - 1 - - - 6
Criança
[n] 2 - 6 - - - 8
Criança
[
¥
]
- - 3 - - - 3
Criança
[
¯
]
- - 2 - - - 2
Criança
[r] - 12 9 11 - - 32
Criança
[R] 3 - 3 - 8 2 16
Criança
[l] 3 6 8 3 - - 20
Criança
101
Número de consoantes corretas
Número de consoantes incorretas
Total de consoantes da avaliação 241
Fórmula para calcular o PCC:
Número de consoantes corretas
___________________________________ X 100 = PCC
Número de Consoantes corretas + Consoantes incorretas
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