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“Resiliência a Eventos Traumáticos: Conceito, Operacionalização e
Estudo Seccional”
por
Liliane Maria Pereira Vilete
Tese apresentada com vistas à obtenção do título de Doutor em Ciências
na área de Saúde Pública.
Orientador principal: Prof. Dr. Evandro da Silva Freire Coutinho
Segundo orientador: Prof. Dr. Ivan Luiz de Vasconcellos Figueira
Rio de Janeiro, junho de 2009.
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Esta tese, intitulada
“Resiliência a Eventos Traumáticos: Conceito, Operacionalização e
Estudo Seccional”
apresentada por
Liliane Maria Pereira Vilete
foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:
Prof. Dr. Sérgio Baxter Andreoli
Prof.ª Dr.ª Carla Marques Portella
Prof. Dr. Marco Antônio Alves Brasil
Prof.ª Dr.ª Simone Gonçalves de Assis
Prof. Dr. Evandro da Silva Freire Coutinho –
Orientador principal
Tese defendida e aprovada em 08 de junho de 2009.
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Catalogação na fonte
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica
Biblioteca de Saúde Pública
V699 Vilete, Liliane Maria Pereira
Resiliência a eventos traumáticos: conceito, operacionalização
e estudo seccional. / Liliane Maria Pereira Vilete. Rio de Janeiro :
s.n., 2009.
277 f.
Orientador: Coutinho, Evandro da Silva Freire
Figueira, Ivan Luiz de Vasconcellos
Tese (Doutorado) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio
Arouca, Rio de Janeiro, 2009
1. Transtornos de Estresse Pós-Traumáticos. 2. Saúde
Mental. 3. Epidemiologia. 4. Revisão. 5. Escalas. 6. Estudos
Transversais. I. Título.
CDD - 22.ed. – 616.8521
iv
Para meus amores, Julia e Sidney.
v
“Não desespere, pois a vida fere, fere
e nenhum mágico interferirá.
Se a vida fere como a sensação do brilho,
de repente, a gente brilhará”.
Gilberto Gil
vi
AGRADECIMENTOS
Ao querido Evandro Coutinho, minha gratidão por tê-lo tido como orientador
por tantos anos, nutrindo a esperança de continuar sempre tendo o prazer e o privilégio
dessa alegre e criativa parceria de trabalho.
Ao estimado Ivan Figueira, meu co-orientador, grande maestro de uma orquestra
de muitas vozes de que tenho tanto orgulho de participar.
Aos parceiros do Instituto do Milênio “Saúde Mental e Violência”, por quem
nutro uma enorme admiração. Em especial, meus agradecimentos aos pesquisadores
Wagner Ribeiro, à Prof. Dra. Maria Inês Quintana e ao coordenador Prof. Dr. Jair Mari,
pela oportunidade que me foi oferecida. Ao Prof. Dr. Sérgio Baxter Andreoli, pelas
mesmas razões e por sua disponibilidade em participar da banca examinadora.
Às caras Prof. Dra. Simone de Assis e Prof. Dra. Carla Marques pelos
comentários valiosos e sugestões no exame de qualificação e por sua participação na
banca examinadora. Ao prezado Prof. Dr. Marco Antônio Brasil, também por sua
disponibilidade em participar da argüição da tese.
Aos funcionários do IBOPE e entrevistadores, pela competência e perseverança.
Aos entrevistados, pela participação e confiança depositada na pesquisa.
À Érika Arce, pelo trabalho de tradução dos artigos em alemão.
Aos meus professores de sempre.
Aos meus caros amigos.
À minha família querida.
vii
RESUMO:
Introdução: A resiliência pode ser conceituada como um
processo dinâmico que leva à
adaptação positiva diante de uma adversidade e que envolve a interação entre processos
sociais e intrapsíquicos de risco e de proteção. Metodologia: Tese composta por três
artigos independentes, que apresentam a resiliência como aspecto comum. O primeiro
deles apresenta uma revisão sistemática sobre a operacionalização do conceito de
resiliência em estudos epidemiológicos sobre o transtorno de estresse pós-traumático
(TEPT) seguido a eventos de violência urbana e/ou íntima. O segundo artigo traz uma
revisão sistemática sobre as propriedades psicométricas da Escala de Resiliência e de
suas diferentes versões. As bases de dados nas duas revisões foram: ISI; MEDLINE;
PILOTS e LILACS. O terceiro artigo investigou os fatores associados à resiliência a
eventos traumáticos a partir dos dados de um inquérito epidemiológico domiciliar
conduzido com uma amostra representativa da população com 15 anos ou mais
residente na cidade de São Paulo. A associação foi investigada através de modelos
logísticos multivariados hierárquicos, tanto para traumas intensos quanto para aqueles
leves/moderados. Resultados: Artigo 1) Estudos epidemiológicos sobre violência
íntima e/ou urbana são relativamente recentes e muito heterogêneos no modo como
operacionalizam o conceito de resiliência junto ao TEPT. Artigo 2) A literatura
apresenta críticas sobre a capacidade de um instrumento único abranger a complexidade
do fenômeno de resiliência. No entanto, a Escala de Resiliência vem sendo amplamente
aplicada, apresentando boas propriedades psicométricas em suas diferentes versões, e
sugerindo ser um instrumento útil para aferir alguns fatores individuais de resiliência.
Artigo 3) O estudo seccional conduzido em São Paulo exemplificou a proposta de um
método de análise que combina algumas formas de operacionalização da resiliência,
demonstrando congruência dos achados (isto é, com maiores escores da Escala de
viii
Resiliência predizendo ausência de patologia após um evento traumático e com o grupo
classificado como resiliente - através dessa operacionalização de “adaptação positiva” -
apresentando os maiores escores de bem-estar). Conclusão: Apesar da complexidade do
fenômeno de resiliência, a congruência dos achados aponta para a possibilidade de uma
cada vez melhor apreensão do construto, favorecendo o entendimento sobre o que pode
contribuir para a superação de eventos traumáticos pelos indivíduos a eles expostos.
Descritores: epidemiologia, resiliência, revisão, escala, estudo seccional.
ABSTRACT
Introduction: The resilience can be conceptualized as a dynamic process that leads to
positive adaptation in the face of adversity and involves the interaction between
intrapsychic and social processes of risk and protection. Methods: Thesis of three
independent articles, which have the resilience as common theme. The first one presents
a systematic review on the operationalization of the resilience concept in
epidemiological studies on Postttraumatic Stress Disorder (PTSD) following events of
urban and/or intimate violence. The second article provides a systematic review on the
psychometric properties of the Resilience Scale, and their different versions. The
databases in the two revisions were: ISI, MEDLINE, LILACS and PILOTS. The third
article investigates the factors associated with resilience to traumatic events from the
data of a household survey conducted with a representative sample of the population
aged 15 years or more living in the city of São Paulo. The association was investigated
using hierarchical multivariate logistic models for both trauma intense as those for
light / moderate. Results: Article 1) Epidemiological studies on PTSD followed intimate
and/or urban violence are relatively recent and very heterogeneous in how
ix
operationalize the resilience concept. 2) The literature presents criticism on the ability
of a single instrument to cover the complexity of the resilience phenomenon. However,
the Resilience Scale has been widely applied, showing good psychometric properties in
different versions, and suggesting to be a useful tool to assess individual factors of
resilience. 3) The cross-sectional study conducted in São Paulo illustrated the proposal
for a method of analysis that combines some forms of operationalization of resilience,
demonstrating consistency of findings (with higher scores of the Resilience Scale
predicting absence of disease after a traumatic event and the group classified as
resilient - through the operationalization of "positive adjustment" - showing the higher
scores of well-being). Conclusion: Despite the complexity of the phenomenon of
resilience, the congruence of findings points to the possibility of an even better
understanding of the construct, facilitating the comprehension of what can help to
overcome traumatic events on individuals exposed to them.
Key-words: epidemiology, resilience, review, scale, cross-sectional study
x
SUMÁRIO
Dedicatória.......................................................................................................................iv
Epígrafe.............................................................................................................................v
Agradecimentos................................................................................................................vi
Resumo............................................................................................................................vii
Abstract..........................................................................................................................viii
Sumário..............................................................................................................................x
Lista de quadros, tabelas e figuras.................................................................................xiii
Lista de Abreviaturas.....................................................................................................xiv
CAPÍTULOS
1.
INTRODUÇÃO
1.1. Definição do Termo Resiliência...........................................................................1
1.2. Histórico...............................................................................................................4
1.2.1. A origem do conceito de Resiliência na Psicopatologia do
Desenvolvimento. As crianças “invulneráveis”............................................4
1.2.2. A resiliência é dinâmica, relativa, e resultado de interações
constitucionais e ambientais........................................................................10
1.2.3. O Transtorno de estresse pós-traumático e o estudo da resiliência na
Traumatologia e entre adultos.....................................................................12
1.3. A Psicologia Positiva..........................................................................................18
1.4. Resiliência Comunitária ..................................................................................20
2. ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ESTUDO DA RESILIÊNCIA
2.1. Definição dos principais construtos relacionados à resiliência: mecanismo de
risco/ estressor, adaptação positiva (ou desfecho resiliente) e processos de
proteção ou de vulnerabilidade...........................................................................23
2.1.1. Tipos de Estressores................................................................................24
2.1.2. Definição de Adaptação Positiva............................................................27
xi
2.1.3. Processos protetores (“fatores resilientes”, “fatores” moderadores ou
“fatores” relacionados à resiliência)............................................................32
2.1.3.1. Fatores Individuais.......................................................................37
2.1.3.1.1. Biológicos.........................................................................37
2.1.3.1.1.1. Genéticos..............................................................38
2.1.3.1.1.2. Neurofisiológicos..................................................40
2.1.3.1.1.3. Auto-regulação.....................................................44
2.1.3.1.2. Gênero..............................................................................46
2.1.3.1.3. Auto-estima......................................................................48
2.1.3.1.4. Inteligência.......................................................................49
2.1.3.1.5. Estratégias de enfrentamento (coping styles)..................50
2.1.3.1.6. Locus interno de controle.................................................52
2.1.3.1.7. Mecanismos de defesa do ego.........................................53
2.1.3.1.8. Temperamento..................................................................55
2.1.3.1.9. Emoções positivas............................................................57
2.1.3.1.10. Empatia............................................................................59
2.1.3.1.11. “Hardiness”.....................................................................59
2.1.3.1.12. Auto-valorização – (“Self-Enhancement”).......................61
2.1.3.2. Fatores Familiares........................................................................62
2.1.3.2.1. Experiências Precoces. Relações com adultos cuidadosos –
O sistema de Apego...................................................................62
2.1.3.2.2. Apoio conjugal.................................................................68
2.1.3.3. Fatores Sociais..............................................................................69
2.1.3.3.1. Apoio Social.....................................................................69
2.1.3.3.2. Macro-ambiente................................................................71
2.1.3.4. Pontos de mudança (“Turning points”).......................................74
2.1.4. A
resiliência como uma “mágica comum” (“ordinary magic”).............74
2.1.5. Possibilidade de Intervenção para Promoção de Saúde..........................76
2.2. Modelos de análise para as pesquisas em resiliência........................................78
2.2.1. Abordagem focada na variável ...............................................................78
2.2.2. Abordagem focada na pessoa..................................................................83
xii
2.2.3. Cuidado na interpretação dos resultados. A questão da bidirecionalidade
da causalidade..............................................................................................84
2.2.4. A operacionalização dos estudos sobre resiliência. Resiliência como
processo X “escalas de resiliência” ....................................................................85
3. JUSTIFICATIVA......................................................................................................90
4. OBJETIVO GERAL.................................................................................................91
5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................................91
6. METODOLOGIA.....................................................................................................92
6.1. Estudo A revisão sistemática sobre como o conceito de resiliência vem sendo
pesquisado nos estudos epidemiológicos sobre o Transtorno de Estresse Pós-
Traumático.................................................................................................................92
6.2. Estudo B revisão sistemática sobre as propriedades psicométricas das
diferentes versões da escala de resiliência.................................................................93
6.3. Estudo C - Inquérito Epidemiológico na cidade de São Paulo no ano de
2007...........................................................................................................................93
7
PRIMEIRO ARTIGO -
Estudo A - Operacionalização do Conceito de Resiliência
em Estudos sobre Transtorno de Estresse pós-Traumático após Violência Íntima e/ou
Urbana.......................................................................................................95 (A-1 – A-24)
8 SEGUNDO ARTIGO Estudo B - Propriedades Psicométricas da Escala de
Resiliência – Uma Revisão Sistemática .................................................. 96 (B-1 – B-25)
9 TERCEIRO ARTIGO Estudo C - Resiliência a Eventos Traumáticos- Inquérito
Epidemiológico na Cidade De São Paulo no Ano de 2007.......................97 (C-1 – C-43)
10 – CONCLUSÃO.........................................................................................................98
11-
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS....................................................................100
A
NEXOS
..........................................................................................................................111
xiii
LISTA DE QUADROS, TABELAS E FIGURAS
Figura 1. Qualidade de relacionamentos: um preditor específico de
resiliência/vulnerabilidade seguindo o abuso....................................................................9
Figura 2. Trajetórias prototípicas de ruptura no funcionamento normal durante o período
de 2 anos seguintes a uma perda ou a um trauma............................................................16
Figura 3. Efeitos ilustrativos de variáveis moderadoras em interação com o status de
risco e em relação aos desfechos competentes................................................................33
Figura. 4. Comportamento anti-social como função da atividade da MAOA e de uma
história de maus-tratos na infância..................................................................................39
Figura. 5. Efeito dos maus-tratos na infância no risco de depressão moderado pelo gene
5-HTT..............................................................................................................................39
Figura. 6. Medidas Biológicas de risco e resiliência subdivididos pela exposição,
resistência, recuperação e TEPT atual.............................................................................44
Figura 7. Efeito protetor de um bom relacionamento......................................................64
Figura 8. Exemplo de um Modelo Indireto de Risco e Resiliência.................................66
Figura 9. Perda materna (antes dos 11 anos), agentes provocantes e depressão.............67
Figura.10. Intimidade com o parceiro, agentes provocantes e transtorno afetivo...........68
Figura 11. Exemplo de Modelos de Efeitos Principais Baseados em Análises
Multivariadas na Pesquisa da Resiliência........................................................................79
Figura 12. Exemplos de Modelos de Interação para a Pesquisa da Resiliência..............80
Figura 13. Interação do estresse e QI com relação ao sucesso acadêmico......................81
Quadro 1. Itens da Escala de Resiliência........................................................................90
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS
5HT1A – 5-hidroxi triptamina-1A
ARS – Adolescent Resilience Scale
CIDI – Composite International Diagnostic Interview
CD-RISC – Connor-Davidson Resilience scale
CID-10 – Classificação Internacional das Doenças
CRH – Hormônio liberador de corticotropinaa
DHEA – Dehidroepiandrosterona
DSM Diagnostic and Statistical Manual
FP – Fatores Protetores
GABA – Ácido Gama-Aminobutírico
HPA – (eixo) Hipotálamo-pituitária-adrenal
ISI – Institute for Scientific Information
LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
MAO-A – Monoaminooxidase A
MEDLINE – Base de Dados da U.S. National Library of Medicine
PANAS – Positive and Negative Affect Scale
PDEQ – Peritraumatic Dissociation Experiences Questionnaires
PILOTS - Published International Literature On Traumatic Stress
PRS – Physical Reaction Subscale
PTSD – Posttraumatic Stress Disorder
RSA – Resilience Scale for Adults
SCL-90 – Symptom Checklist 90-revised
TEPT – Transtorno de Estresse Pós-Traumático
xv
TIS – Tonic Imobility Scale
TSST – Trier Social Stress Test
1
1
-
INTRODUÇÃO
1.1 Definição do Termo Resiliência
Uma definição apenas define os definidores.”
Mário Quintana
“ - Quando eu uso uma palavra –Humpty-Dumpty disse com certo desprezo – ela significa o que eu quiser
que ela signifique... Nem mais nem menos.
- A questão é – disse Alice – se você pode fazer as palavras significarem tantas coisas diferentes.
(Alice através do Espelho e o que Alice encontrou lá, Lewis Carrol, 1872)
O termo resiliência, originariamente, tem suas raízes nas ciências físicas. É
utilizado para descrever a habilidade que um material possui de armazenar energia ao
sofrer uma pressão e de se flexionar elasticamente sem quebrar ou se deformar
(GORDON, 1978 apud NORRIS et al, 2008). Descreve ainda a velocidade com a qual
um sistema retorna ao seu equilíbrio após deslocamento, sem considerar quantas
oscilações sejam necessárias para isso. Ou seja, diz respeito à velocidade com que a
homeostase é atingida novamente (BODIN & WIMAN, 2004 apud NORRIS et al,
2008). Etimologicamente, a origem inglesa da palavra (resilient) também remete à idéia
de elasticidade e capacidade rápida de recuperação (HOUAISS & VILLAR, 2001).
A partir dessa metáfora de elasticidade, de retorno à homeostase e de
flexibilidade que impede a quebra do material diante de um estresse, o termo vem sendo
utilizado na Psicologia e Psiquiatria desde o final da década de 70. Começou a ser
utilizado com o surgimento de evidências de que algumas crianças seriam capazes de
apresentar um desenvolvimento favorável apesar da grande exposição a condições de
risco. No entanto, ao longo dessas três décadas, suas definições vêm sendo diversas para
diferentes autores/pesquisadores. A literatura sobre o tema reflete pouco consenso, com
variações substanciais na operacionalização e aferição dos construtos principais
(LUTHAR et al, 2000a).
2
A expressão já foi utilizada como sinônimo de fator de proteção intrínseco ao
indivíduo (HOGE et al, 2007), como uma característica positiva da personalidade que
facilita a adaptação individual (WAGNILD & YOUNG, 1993), e como sinônimo do
conjunto de fatores de proteção individuais, familiares e sociais (LAM & GROSSMAN,
1997). Embora tenha sido utilizada como sinônimo de desfecho positivo,
freqüentemente, é usada para descrever o processo dinâmico que leva à adaptação
positiva no contexto de uma adversidade (LUTHAR et al, 2000a).
A distinção entre os fatores que definem a resiliência e os fatores que a
promovem ou a reduzem também costuma ser pouco clara. Por exemplo, a auto-estima
positiva ora é considerada um preditor da resiliência, ora é apresentada como um
critério para defini-la (KINARD, 1998).
Em Inglês, vemos dois termos relacionados ao construto, com grafias distintas
resiliency e resilience”. Observamos que o primeiro, freqüentemente, é utilizado
para se referir aos fatores (protetores) relacionados à resiliência, como um traço de
personalidade do indivíduo que favorece a superação; “resilience” costuma descrever
o processo que leva à adaptação/superação de uma adversidade. Essa, no entanto, não
pode ser considerada uma regra e, certamente, encontramos artigos em que essa
distinção não está clara. Luthar et al (2000a) acreditam que essa confusão entre “traço”
e “processo” pode derivar, pelo menos em parte, da influência da literatura que versa
sobre o construto “ego-resiliency”. Esse conceito se refere a uma característica pessoal
do indivíduo, que refletiria uma resistência do caráter e uma flexibilidade de
funcionamento na resposta a várias circunstâncias ambientais, com uma capacidade
dinâmica de modificar contextualmente o nível individual de autocontrole em resposta
às demandas e ofertas situacionais (KLOHNEN, 1996; LETZRING et al, 2005). Como
característica da personalidade, o conceito de “ego-resiliency” não pressupõe a
3
necessidade de uma exposição substancial a uma adversidade, enquanto que “resilience”
(isto é, o processo que leva à adaptação positiva) requer, por definição, a exposição a
uma condição adversa. Masten (1994 apud LUTHAR et al. 2000a) sugere cautela na
utilização do termo “resiliency”, por causa de sua conotação de “traço individual”.
Em virtude da falta de consenso, a resiliência psicológica foi, ironicamente,
apelidada por Rutter (1999) - um dos pioneiros em seu estudo -, como o Rorschach do
Milênio”, fazendo menção ao teste projetivo de avaliação de personalidade. Diz ele:
Resiliência fornece o estímulo ideal para as pessoas lerem nela o que quer que as preocupe. É
claro que, como Humpty-Dumpty esclareceu há mais de um século atrás, indivíduos podem fazer
as palavras significarem o que eles quiserem. No entanto, a comunicação é problemática quando
a mesma palavra é utilizada por diferentes pessoas para exprimir idéias totalmente disparatadas.
(RUTTER, 1999 p. 159 – tradução nossa).
Apesar da inexistência de um consenso na literatura, a maioria das definições
enfatiza a capacidade de adaptação bem-sucedida diante de um distúrbio, estresse ou
adversidade (NORRIS et al, 2008). Também não existe ainda um consenso sobre a
definição operacional da resiliência (KINARD, 1998). No entanto, parece também
haver uma proximidade em outros dois pontos: primeiro, que a resiliência é melhor
definida como uma habilidade ou processo do que como um desfecho; e segundo, que é
melhor definida como adaptabilidade do que como estabilidade (NORRIS et al, 2008).
Para Norris et al (2008), a resiliência é um processo ligando um conjunto de
capacidades adaptativas a uma trajetória positiva de funcionamento e adaptação após
um distúrbio. Isto é, um processo ligando recursos (capacidades adaptativas) a
desfechos (adaptação). É possível percebermos uma convergência de muitos
pesquisadores para esse conceito atual de maior complexidade, considerando a
resiliência como um construto multifacetado que expressa um processo dinâmico e
4
envolve a interação entre processos sociais e intrapsíquicos de risco e de proteção
(ASSIS et al, 2006).
A resiliência é, assim, um construto contextual e inferencial e, para identificá-la,
dois julgamentos são necessários. Primeiro, que tenha havido uma ameaça significativa
ao indivíduo, tipicamente indexada por: um estado de alto-risco (p.ex. nascimento em
condições sócio-econômicas extremamente precárias, de uma mãe solteira e sem
instrução secundária); ou uma exposição a uma adversidade severa; ou um trauma
(violência familiar, guerra, morte de um parente). Segundo, que a qualidade da
adaptação ou do desenvolvimento seja boa. Indivíduos não são considerados resilientes
se nunca tiverem sofrido uma ameaça significativa (MASTEN & COATSWORTH,
1998; MASTEN 2001).
A seguir, descreveremos mais detalhadamente a origem desse conceito e sua
evolução.
1.2 Histórico
1.2.1 A origem do conceito de Resiliência na Psicopatologia do
Desenvolvimento. As crianças “invulneráveis”.
“Aquele que vê as coisas crescerem desde o princípio terá, delas, a melhor visão”.
Aristóteles
“O menino é o pai do homem”.
William Wordsworth.
A percepção de que experiências negativas de vida e acontecimentos
estressantes podiam precipitar transtornos mentais esteve presente desde os primórdios
da prática psiquiátrica mais de 200 anos atrás. Tradicionalmente, os estudos
empíricos deram ênfase, por muito tempo, na demonstração de que as experiências ruins
levavam a desfechos negativos para a saúde mental (RUTTER, 1985). Entende-se por
5
estressor qualquer circunstância adversa que ameace o bem-estar ou funcionamento de
um indivíduo, organização, vizinhança, comunidade ou sociedade (NORRIS et al,
2008).
Os interesses de Bowlby sobre a infância e sobre os componentes afetivos da
maternidade constituíram uma primeira mudança nesse enfoque, e estudos posteriores
confirmaram que ele estava certo em enfatizar a influência das experiências familiares e
das relações parentais para o desenvolvimento psicológico da criança. No entanto,
Bowlby ainda superestimava tanto a universalidade quanto a irreversibilidade de um
dano para a posterior saúde mental do indivíduo (RUTTER, 1985).
No final da década de 70, alguns estudos na área de psicopatologia do
desenvolvimento começaram a evidenciar o que antes parecia inesperado: que, apesar
da exposição a graves estressores, parte das crianças não sucumbia, demonstrando
competência apesar da adversidade. Nessa época, tornou-se popular o conceito de
“criança invulnerável” (RUTTER, 1985).
O estudo epidemiológico longitudinal conduzido na ilha de Kauai no Hawaí,
com primeira publicação feita por Werner & Smith em 1982, marcou definitivamente
essa mudança de paradigma: do predominante enfoque dado aos fatores de risco que
levavam a problemas psicossociais, para a identificação da resistência dos indivíduos. O
estudo, iniciado em 1955, acompanhou uma coorte de 698 crianças, desde o pré-natal e
com reavaliações nas idades: 1, 2, 10, 18, 32 e 40 anos. Dessas crianças, cerca de 30%
viviam “sob risco”, devido a estresse perinatal, pobreza, discórdia familiar crônica,
desorganização e graves problemas mentais dos pais. Os pesquisadores observaram que
dois terços do grupo com quatro ou mais fatores de risco desenvolveu distúrbios de
aprendizagem, delinqüência, distúrbios mentais ou gravidez na adolescência. Entretanto,
cerca de um terço se desenvolveu adequadamente, se tornando adultos competentes,
6
confiáveis e cuidadosos (WERNER, 1989, 1992). Os autores categorizaram, então, as
características desses indivíduos competentes apesar da adversidade. Esses tinham sido
crianças ativas, afetivas, fáceis de lidar, comunicativas e práticas e que desenvolveram
um padrão de enfrentamento que combinava autonomia com uma habilidade de pedir
ajuda quando necessário. Freqüentemente, essas crianças tinham um interesse especial
ou hobby que compartilhavam com um amigo, o que lhes dava um sentimento de
orgulho e auto-estima. Acreditavam na efetividade de suas ações e tinham um forte
sentido de responsabilidade. Os autores também observaram que esses indivíduos
tiveram a oportunidade de uma ligação próxima a pelo menos um adulto estável e
competente, e de participarem de um ambiente saudável extra-familiar (WERNER,
1992).
O estudo da resiliência surgiu do estudo do risco, à medida que os investigadores
pioneiros (como Werner, Rutter, e Garmezy) perceberam que algumas crianças
prosperavam em meio à adversidade (MASTEN & COATSWORTH, 1998).
“Essas crianças podem nos ensinar melhores modos de reduzir o risco,
promover competência e modificar o curso do desenvolvimento em direções mais
positivas” (MASTEN, 1998, p. 206 – tradução nossa).
A partir da observação da enorme variabilidade de resposta aos estresses
exibidas pelas pessoas, que não podia ser explicada apenas pela diferença dos
estressores e por suas diferentes gravidades, surge a hipótese de buffering”, isto é, de
que fatores protetores pudessem impedir, amortecer ou atenuar o efeito do estresse,
evitando assim o desenvolvimento de transtornos mentais. Uma compreensão dos
mecanismos subjacentes a essa variação poderia ajudar a esclarecer os processos causais
e, fazendo isso, teria implicações para estratégias de intervenção no que diz respeito
tanto à prevenção quanto ao tratamento (RUTTER, 1985, 2006).
7
Muitos estudos foram, então, realizados por pesquisadores da Psicopatologia do
Desenvolvimento, passando a considerar não apenas os desfechos negativos
(psicopatologia), mas os positivos (p.ex. competência), e a investigar não os fatores
de risco, mas os fatores protetores que levavam a uma adaptação positiva na
adversidade. Embora correlações estatisticamente significativas fossem geralmente
encontradas entre estresse e ajustamento, a magnitude dessas correlações estava
tipicamente entre 0.30 e 0.40. Estudos que exploraram, além dos estresses de vida, o
impacto de atributos da criança e de fatores ambientais no ajustamento, levaram a
coeficientes de correlações entre 0.60 e 0.80, explicando uma proporção bem maior da
variância no ajustamento do que a predita apenas pelos estresses de vida (LUTHAR &
ZIEGLER, 1991).
Outro estudo longitudinal a partir de uma amostra populacional na Ilha de
Wight, Inglaterra, iniciado em 1964, acompanhou intensivamente um grupo de crianças
sob risco e um grupo controle, totalizando 571 crianças, reavaliadas então na
adolescência e na meia-idade. Em 2007, Collishaw et al. (2007) publicaram os últimos
resultados do subgrupo que sofreu abuso (investigado retrospectivamente) e um grupo
controle. De toda a coorte, quarenta e quatro indivíduos relataram história de abuso
físico ou sexual severo na infância, que foi mais comum no contexto de outra
adversidade familiar e associado a um baixo cuidado parental. Esse grupo apresentou
taxas aumentadas de transtornos psiquiátricos (mesmo após controle da variável de
adversidade familiar) na adolescência e na vida adulta, tais como: ansiedade, depressão,
ideação e tentativas de suicídio, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT),
abuso/dependência de substâncias, distúrbio de conduta e dificuldade de relacionamento
com pares. Nesse grupo, uma substancial minoria não relatou nenhum problema de
saúde mental ao longo da vida e foram classificados como “resilientes”. Para testar se
8
esses indivíduos apresentavam problemas em outras esferas, eles foram comparados
com um subgrupo de indivíduos sem história de abuso e também sem transtornos
mentais na vida adulta, no que diz respeito a dificuldades de funcionamento da
personalidade, instabilidade relacional, crime e percepção de estado de saúde ruim. No
entanto, no subgrupo “resiliente”, embora alguns indivíduos mostrassem dificuldades
isoladas, o grupo apresentou taxas ainda menores do que o grupo de comparação,
mostrando um funcionamento psicossocial superior. Indivíduos com escores elevados
para neuroticismo se mostraram com menor probabilidade de serem resilientes a um
transtorno mental na idade adulta. Foram evidenciadas taxas elevadas de resiliência
dentre aqueles com história de presença de, pelo menos, um dos pais como muito
cuidadoso; dentre os com boas relações entre os pares na adolescência; e com boa
qualidade das amizades e a estabilidade das relações amorosas na vida adulta.
Controlando-se pela variável de gravidade do abuso, as variáveis neuroticismo adulto,
qualidade de relacionamento entre os pares na adolescência, presença de transtorno
mental na adolescência e cuidado parental permaneceram significativas ou quase. Como
mostrado na figura 1, na predição de transtorno mental, foi evidenciada uma interação
significativa entre o status de abuso e o índice de funcionamento relacional (composto
pelo número de domínios bem sucedidos: elevado cuidado parental; relacionamento
normal entre pares adolescentes; boas amizades na vida adulta, apoio de um primeiro
parceiro e história de relacionamentos estáveis).
9
Figura 1. Qualidade de relacionamentos: um preditor específico de resiliência/vulnerabilidade seguindo o abuso. Risco de
transtorno psiquiátrico (pelo DSM-IV) ao longo da vida adulta de acordo com escores no índice de funcionamento relacional
(número de domínios bem sucedidos: elevados cuidados parentais; relacionamento normal entre os pares na adolescência; boas
amizades na vida adulta; primeiro parceiro que apóie; história de relacionamento estável). Adaptado de Collishaw et al. (2007).
Garmezy et al. (1984) também estudaram crianças sob risco de psicopatologia.
Conduzindo pesquisas inicialmente com filhos de mães esquizofrênicas, e observando o
grande número de crianças vulneráveis que mostraram pouco ou nenhum sinal de
patologia ou incompetência, os autores passaram a se dedicar ao estudo da “resistência
ao estresse” em crianças. Essa era por eles definida como: “manifestações de
competência apesar da exposição a eventos estressantes”. Garmezy et al. (1984)
encontraram que a maior parte das crianças não se tornou adultos mal-adaptados, mas
cresceram como pessoas calorosas e competentes, que tinham como características:
efetividade no trabalho, lazer e relacionamento amoroso; expectativas elevadas; visão
positiva; auto-estima; locus interno do controle; auto-disciplina; habilidades para a
solução de problemas e para o pensamento crítico e humor.
Todos esses estudos com crianças operacionalizaram cada um dos maiores
construtos relacionados com a resiliência (como p.ex. os construtos competência e
estresse) por múltiplas medidas, muitas vezes usando várias fontes de informação para a
avaliação do desfecho (como, p.ex. pais, professores, desempenho escolar).
abuso
sem
abuso
2
3
4 ou 5
Número de domínios de funcionamento de relacionamentos bem-sucedidos.
Risco
de transtorno psiquiátrico na idade adulta
10
O mesmo reconhecimento de que muitos não sucumbiriam com perdas pessoais
foi aplicado aos adultos, através das evidências de que, embora o risco de depressão seja
aumentado após eventos de vida negativos, é comum que a maioria das pessoas não se
torne deprimida apesar das experiências estressantes (PAYKEL, 1978 apud RUTTER,
1985).
1.2.2. A resiliência é dinâmica, relativa, e resultado de interações
constitucionais e ambientais.
Em 1985, Rutter publica seu clássico artigo “Resilience in the Face of Adversity
Protective Factors and Resistance to Psychiatric Disorder”, onde ele comenta o
equívoco produzido pelo termo “invulnerabilidade” de levar as pessoas acreditarem que
tais crianças “invulneráveis” seriam constitucionalmente tão resistentes que não
cederiam sobre a pressão de estresses ou adversidades. Rutter esclarece que a resistência
ao estresse é relativa e não absoluta, sendo mais útil considerar a susceptibilidade ao
estresse como um fenômeno gradativo. Esse grau de resistência não seria uma qualidade
fixa, mas variaria ao longo do tempo e de acordo com as circunstâncias. Por esse
motivo, os pesquisadores passaram a preferir o conceito de resiliência ao de
invulnerabilidade para descrever esses fenômenos. Embora, nos primeiros anos do
estudo sobre a resiliência, a variabilidade individual de resposta aos estressores fosse
muitas vezes atribuída apenas a diferenças constitucionais - o que levou a uma série de
estudos sobre as variações do temperamento - Rutter reforça em seu artigo que as bases
da resistência são tanto ambientais quanto constitucionais. Embora as diferenças
individuais também devam ser geneticamente determinadas, essas bases genéticas não
explicariam todo o fenômeno. Rutter (1985, 1987, 1993) nos lembra que não é acurado
ou útil conceitualizar diferenças individuais como devidas à natureza e o estresse como
resultado do ambiente. Primeiro, porque padrões do temperamento refletem tanto
11
fatores genéticos quanto fatores relacionados à experiência do indivíduo. Segundo, pois
a genética do indivíduo cria, em parte, os ambientes que ele experimenta. Terceiro,
porque fatores genéticos podem operar largamente através de influências na
susceptibilidade a condições particulares do ambiente (RUTTER, 1985). Além disso,
como Lazarus et al. (1985 apud LUTHAR & ZIEGLER, 1991) argumentaram, o
estresse não repousa apenas no estímulo ambiental, mas na avaliação da pessoa sobre a
relação entre o estímulo ambiental e os seus recursos pessoais para enfrentar as
demandas impostas.
Masten & Coatsworth (1998) também observam que a maioria dos
pesquisadores da década de 90 assumiram que a resiliência surge de interações
dinâmicas dentro do organismo e entre ele e o ambiente. Dizem os autores: “a
competência resulta de complexas interações entre a criança e seu ambiente; e, portanto,
irá mudar na medida em que a criança de desenvolve ou quando muda o contexto. A
criança é um sistema vivo” e podemos pensar, que um adulto também é assim “À
medida que ela cresce” ou que envelhece, ou que o tempo passa –“ os contextos em
que ela deve funcionar mudam, e os desafios que ela deve negociar para demonstrar
competência irão diferir”. (...). “Mais ainda, a mesma criança” ou pessoa “pode ser
julgada como competente em um contexto e incompetente em outro. Similarmente, uma
criança capaz pode não ser bem sucedida em um determinado ambiente por causa de
barreiras para oportunidades de sua ação, como pode ocorrer para um grupo oprimido
ou sociedade”. E concluem: “O desenvolvimento está enviesado na direção da
competência, mas não existe isso chamado de criança invulnerável” (MASTEN &
COATSWORTH, 1998, p. 206 – tradução nossa).
Nesse processo dinâmico, enquanto circunstâncias passadas continuam a ter
peso, circunstâncias subseqüentes também são importantes (VANDERBILT-
12
ADRIANCE & SHAW, 2008). Peck (1987 apud LUTHAR & ZIGLER 1991) ao
descrever um “adulto invulnerável”, também observa que esse forte impulso individual
em direção à superação periodicamente o leva a entrar em contato com um alto-risco
que ele não é capaz de dominar, podendo resultar em ansiedade ou depressão
(LUTHAR & ZIGLER, 1991)
Existem poucos estudos que examinam a continuidade e descontinuidade da
resiliência ao longo do tempo, mas aqueles que o fazem geralmente demonstram que a
resiliência não é estável, sobretudo dentre aqueles com mais alto-risco (VANDERBILT-
ADRIANCE AND SHAW, 2008).
Dumont et al. (2007) sugerem duas explicações para a queda observada do
número de indivíduos resilientes com o passar dos anos em um estudo longitudinal
dentre vítimas de abuso. Pela ocorrência de novas experiências de revitimação e
retraumatização, ou pela possibilidade de que estressores subseqüentes venham erodir
os apoios remanescentes, os recursos ou competências, levando assim a um estado de
má-adaptação de duração desconhecida.
1.2.3. O Transtorno de estresse pós-traumático e o estudo da resiliência na
Traumatologia e entre adultos.
“...a disfunção jamais será completamente compreendida sem um mais profundo conhecimento da saúde e
da resiliência” (Bonanno, 2004; p. 26).
Embora o estudo da resiliência em crianças venha sendo desenvolvido ao longo
de cerca de quatro décadas, recentemente esse construto começou a ser mais
amplamente estudado entre adultos. A maior parte das pesquisas sobre resiliência vem
sendo conduzida com populações jovens, e pouco é conhecido sobre como a resiliência
opera na vida adulta (CAMPBELL-SILLS et al., 2006). Bonanno (2004) argumenta
também que, como a maior parte da pesquisa sobre trauma e perda incluía apenas
13
populações que procuravam tratamento, muito pouco se sabe sobre como o processo de
adaptação resiliente opera nessas faixas etárias.
Na história da classificação psiquiátrica DSM - Diagnostic and Statistical
Manual of Mental Disorders - o diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático
(TEPT) foi incluído somente em 1980, na sua terceira edição (DSM-III). Na versão
anterior, isto é, na segunda edição (DSM-II), havia a descrição de um quadro de
“transtorno situacional transitório”, que deveria remitir logo após a retirada do estressor,
com retorno à normalidade. Caso esse retorno não ocorresse, os sintomas seriam
atribuídos a uma neurose subjacente, o que levou a estigmatização de muitas pessoas -
julgadas como “fracas de caráter’ ou como portadoras de uma fragilidade -,
responsabilizando-as mais do que o evento traumático pelos seus sintomas. No DSM-III,
foi incluído o diagnóstico de Transtorno de Estresse Pós-Traumático, que descrevia, no
entanto, que o estressor produzindo essa síndrome evocaria sintomas significativos na
maioria das pessoas, estando geralmente fora de experiências comuns como luto,
doença crônica, perdas financeiras ou conflito conjugal. Assim, o TEPT rapidamente
passou a representar uma “resposta normal a um trauma catastrófico” (YEHUDA &
FLORY, 2007).
No entanto, os estudos epidemiológicos subseqüentes não apoiaram essa
afirmativa, observando uma proporção baixa de TEPT desenvolvido entre os expostos a
esses eventos (YEHUDA & FLORY, 2007).
Como compara Ribeiro et al (2005), os dois manuais oficiais para classificação
diagnóstica, (a Classificação Internacional das Doenças na sua décima edição – CID-10;
e o DSM-IV) apresentam diferenças marcantes nos critérios para definição de caso de
TEPT. Diz ele:
[...] as diferenças principais dizem respeito à definição de evento traumático e à forma
como os indivíduos se referem a ele. A CID-10 define como evento traumático, em seu Critério
14
A, a exposição a um evento ou situação estressante (de curta ou longa duração), de natureza
excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica, que deve causar angústia invasiva em quase todas
as pessoas. no Critério A do DSM-IV, a definição é bem mais abrangente, incluindo qualquer
evento que represente um ameaça à própria integridade física ou de outras pessoas. Para o DSM-
IV, os eventos traumáticos são definidos não apenas em função das características objetivas da
experiência vivida, mas também em função da resposta subjetiva de intenso medo, impotência ou
horror diante do evento (Ribeiro et al, 2005, p. 140).
Embora não seja tecnicamente possível diagnosticar TEPT imediatamente após
um trauma (visto que é necessário que os sintomas estejam presentes por mais de um
mês para que seja estabelecido o diagnóstico), mais de 90% de sobreviventes de um
trauma exibe inicialmente algum grau de sintomas agudos de TEPT. Com o tempo, a
maioria dos sobreviventes apresenta uma redução dos sintomas, com persistência do
diagnóstico em apenas uma minoria. Assim, o TEPT pode representar uma falência na
recuperação de um conjunto de reações universais (YEHUDA, 2004).
Vários fatores de risco para TEPT vêm sendo identificados e incluem variáveis
pré-traumáticas, peritraumáticas e pós-traumáticas. Dentre as pré-traumáticas estão
incluídas: baixo nível sócio-educacional; baixa inteligência; atrasos do
desenvolvimento; história prévia de transtorno mental e sexo feminino. Dentre as
peritraumáticas, estão: a magnitude do estressor, as reações imediatas a este e a
presença de dissociação peritraumática. Variáveis pós-traumáticas incluem: falta de
apoio social percebido; subseqüente estresse de vida; e contínua ameaça à segurança.
História de exposição prévia a um trauma, como abuso infantil, geralmente está
associado ao desenvolvimento de sintomas mais graves de TEPT após um novo trauma.
Em uma meta-análise dos fatores de risco para TEPT conduzida por Brewin CR et al.
(2000 apud HOGE et al. 2007), os mais importantes preditores encontrados foram: falta
de apoio social; presença de estresses de vida adicionais; gravidade do trauma;
15
adversidade na infância e baixa inteligência. Em outra meta-análise, conduzida por Ozer
et al. (2003 apud HOGE et al. 2007), o maior preditor de TEPT foi dissociação
peritraumática.
Segundo Bonanno (2004), a resiliência seria a resposta mais comum a um
trauma potencial. Para esse autor, a maioria dos indivíduos manteria uma trajetória
relativamente estável de funcionamento saudável após a exposição a um trauma
potencial. Muitos indivíduos apresentariam apenas um quadro de sintomas de curta-
duração ou de reações subclínicas ao estresse - como dificuldade esporádica de
concentração, insônia intermitente, e variabilidade diária de níveis de bem-estar -, que
remitiriam após algumas semanas, com a manutenção de seu funcionamento efetivo ou
próximo a sua normalidade. No entanto, como a maior parte do conhecimento sobre
como os adultos lidam com uma perda ou um trauma teria sido proveniente de estudos
com indivíduos que buscavam tratamento ou exibiam maior mal-estar, os teóricos
costumavam ver esse tipo de resiliência como rara e patológica. Essa seria vista como
sinal de uma força emocional excepcional ou como uma aberração resultante de
negação extrema. Assim, já chegou a ser assumido que virtualmente todos os indivíduos
expostos a eventos violentos e de ameaça à vida iriam se beneficiar de intervenção
terapêutica, que, muitas vezes, se mostrou ineficiente ou mesmo prejudicial
(BONANNO 2004, 2005).
Bonanno (2004) sugeriu, então, que fosse adaptado o corpo da literatura
desenvolvimentalista sobre resiliência para estudar desfechos resilientes em adultos que
são expostos a eventos potencialmente muito disruptivos. Vista pela perspectiva da
traumatologia, a resiliência é a adaptação eficaz apesar de ameaças significativas à
integridade pessoal e física (AGAIBI & WILSON, 2005).
16
Para Hoge et al. (2007), nesse contexto do estudo dos eventos traumáticos
(traumatologia), indivíduos resilientes seriam aqueles que experimentam um trauma e
que não desenvolvem TEPT. Bonanno, em seus estudos, também costuma
operacionalizar a resiliência como a ausência de sintomas de TEPT ou a presença de
apenas um sintoma deste transtorno (BONANNO et al. 2006).
Essa operacionalização para definir resiliência vem sendo alvo de críticas, como,
por exemplo, a de (ALMEDOM & GLANDON, 2007). Ele diz:
[...]esse estudo se restringiu a medir o TEPT como indicador de resiliência. Isso traz um
problema. Assim como é difícil interpretar a ausência de febre (acuradamente medida por um
termômetro) como evidência de boa saúde em indivíduos que podem bem ter outros sintomas de
doenças não medidos por um termômetro, é inadequado igualar a ausência de TEPT como
evidência de resiliência (Almedon, 2007, p. 138).
Uma diferença observada nos estudos nessas diferentes faixas etárias é que,
embora a resiliência entre crianças possa ser utilizada para significar também
recuperação (RUTTER, 2006), nos estudos conduzidos em adultos comumente essa
distinção é feita, com a afirmação de que a trajetória resiliente é diferente da trajetória
de recuperação após um transtorno maior (BONANNO, 2005). Ver figura 2.
Figura 2. Trajetórias prototípicas de ruptura no funcionamento normal durante o período de 2 anos
seguintes a uma perda ou a um trauma. Extraído de Bonanno et al. (2005).
Crônico 10 a 30%
Tardio 5 a 10%
Recuperação 15 a 35%
Resiliência 35 a 55%
Evento
1 ano
2 anos
Tempo desde o evento
Rupturas no funcionamento normal
Leve moderado grave
17
Luthar & Brown (2007) observam, no entanto, que talvez essas trajetórias não
sejam qualitativamente diferentes, mas que possam apenas refletir diferentes níveis de
um mesmo contínuo de relativa resiliência. Para eles, talvez o grupo “resiliente” possa,
mais rápido e prontamente do que o grupo “recuperado”, acessar os rios recursos de
amortecimento (“buffering”). Os autores acrescentam que seria necessária a evidência
de um conjunto distinto de preditores ou conseqüências, para estabelecer que resilientes
e recuperados sejam grupos qualitativamente diferentes.
para Yehuda (2006a), é essencial diferenciarmos esses dois aspectos da
resiliência resistência e recuperação que devem ser avaliados separadamente. Para a
autora, é imperativo não apenas distinguir entre protótipos relacionados com a
resiliência, mas testar a extensão na qual esses constructos estão relacionados,
comparando parâmetros biológicos e psicológicos e suas associações na sua capacidade
de distinção de sobreviventes de trauma que nunca desenvolveram TEPT e aqueles que
se recuperaram dele.
O estudo da resiliência entre crianças enfatiza que esta deriva de diferentes
forças, incluindo aspectos proximais e distais do ambiente, e que mesmo “traços
protetores da criança”, como boa auto-regulação e alta auto-eficácia, são afetados pela
qualidade de suas relações com a família e a comunidade. Já o estudo da resiliência
entre adultos tem focado amplamente nos atributos pessoais individuais, como traços de
personalidade e biologia, fazendo pouca menção a como esses atributos dependem eles
mesmos de qualidades externas, como as relações de apoio (LUTHAR & BROWN,
2007; HOGE et al, 2007).
Embora, de algum modo, a resiliência ao trauma represente um problema mais
simples (o contexto aversivo está centrado em um único evento), ainda será crucial
determinar: como ela varia ao longo da vida; como a resiliência no adulto se relaciona
18
às experiências do desenvolvimento; e se os vários fatores que promovem resiliência no
adulto também poderiam funcionar de uma maneira cumulativa e interativa
(MCFARLANE AND YEHUDA, 2008 apud SELIGMAN & CSIKSZENTMIHALYI
2000; RICHARDSON, 2002; BONANNO, 2004; CAMPBELL-SILLS et al., 2006).
1.3. A Psicologia Positiva
“não digo que a vida é bela,
tampouco me nego a ela.
Digo sim”.
Ferreira Gullar
Além da mudança de paradigma representada pelos estudos sobre a resiliência
que passaram a focar os desfechos positivos e fatores protetores, outro movimento atual
vem estimulando a produção científica em outra direção que não a tradicionalmente
voltada para as doenças e fatores de risco. Em 2000, Seligman & Csikszentmihalyi
publicaram um editorial observando que o campo da Psicologia teria se afastado de sua
proposição inicial e de que nas várias últimas décadas esse estaria sendo focado quase
que exclusivamente na compreensão do funcionamento humano a partir de um modelo
médico focado na doença e mais preocupado em reparar as piores coisas da vida do que
em contribuir para as qualidades positivas. A um modelo compreensivo do ser humano
falta a compreensão de características positivas que fazem a vida valer a pena de ser
vivida. Esperança, sabedoria, criatividade, capacidade de sonhar, coragem,
espiritualidade, responsabilidade e perseverança são ignoradas ou explicadas como
transformações de impulsos negativos mais autênticos. O movimento da psicologia
positiva advoga uma visão mais ampla da experiência humana, que inclui a
compreensão das forças individuais, dos talentos e das virtudes, encorajando a aplicação
do método científico para a compreensão de toda a complexidade do comportamento
19
humano, incluindo a adaptação positiva e o crescimento. Essa abordagem é consistente
com o que vem sendo chamado de perspectiva pós-moderna ou da “nova ciência”, que
recomenda uma mudança das abordagens orientadas para os problemas para aquelas que
foquem em forças, recursos, que permitam aos indivíduos sobreviverem e crescerem
mesmo diante de uma adversidade. O campo da Psicologia Positiva diz respeito às
experiências subjetivas valiosas: bem-estar, contentamento e satisfação (no passado);
esperança e otimismo (para o futuro); fluxo e felicidade (no presente). Diz respeito aos
traços individuais positivos: a capacidade para o amor e vocação, a coragem, a
curiosidade, as habilidades interpessoais, a sensibilidade estética, a perseverança, o
perdão, a originalidade, o talento e a sabedoria. E também às virtudes cívicas que
movem os indivíduos na direção de uma melhor cidadania: a responsabilidade, o
cuidado, o altruísmo, a civilidade, a moderação, a tolerância e a ética no trabalho. Os
autores propõem, então, que seja lembrado que o campo da Psicologia não se restringe
só em estudar a patologia, a fraqueza e o dano; é também o estudo da força e da virtude.
E que o tratamento não se restringe apenas a “consertar o que está quebrado”, mas em
nutrir o que de melhor (SELIGMAN & CSIKSZENTMIHALYI, 2000;
RICHARDSON, 2002; CAMPBELL-SILLS et al., 2006).
Ao contrário de uma psicologia que perceba os seres humanos como focos
passivos - em que um estímulo vem e provoca uma resposta -, a psicologia baseada em
princípios evolucionários partiria do pressuposto de que os sistemas vivos são auto-
organizáveis e orientados para uma complexidade crescente. Assim, entende-se que os
indivíduos são autores de sua própria evolução, e que suas escolhas de comportamentos
e de valores seriam motivadas não apenas pelas pressões da adaptação e sobrevivência,
mas também pela necessidade de reproduzir melhores experiências. A partir desse ponto
de vista, sempre que possível uma vez que características psicológicas complexas não
20
podem ser entendidas isoladas de contextos sociais e culturais - as pessoas escolheriam
comportamentos que fazem elas se sentirem mais cheias de vida, competentes e
criativas (SELIGMAN & CSIKSZENTMIHALYI, 2000)
A Psicologia Positiva seria, portanto, o estudo das condições e processos que
contribuem para o florescimento ou para o melhor funcionamento de indivíduos, grupos
e instituições.
O objetivo da Psicologia Positiva não é negar o mal-estar e o desagradável, ou os aspectos
negativos da vida, nem é um esforço para vê-los através de lentes ‘cor-de-rosa’[...] O objetivo da
Psicologia Positiva é estudar o outro lado da moeda os modos como as pessoas sentem alegria,
mostram altruísmo, criam famílias saudáveis e instituições – acessando, assim, ao espectro
completo da experiência humana (GABLE & HAIDT, 2005, p. 105 – tradução nossa).
Acredita-se que, desse modo, compreendendo os recursos e as forças humanas,
seria possível prevenir ou diminuir o dano da doença e do estresse.
Gable & Haidt (2005) observam que talvez os mais desencorajadores desafios da
psicologia positiva estejam sobre o que é realmente positivo e a linha ambígüa entre
descrever algo como “bom” e prescrever algo como “bom”. Rotular algo como bom
ou positivo não é tarefa fácil e, considerando a complexidade dos indivíduos, um único
modelo que se pressuponha para todos certamente não será efetivo.
1.4. Resiliência Comunitária
“Sou um homem comum [...] Mas somos muitos milhões de homens comuns e podemos formar uma muralha
com nossos corpos de sonho e margaridas.”
- Ferreira Gullar
O conceito de resiliência vem sendo estendido para descrever também a
superação de eventos adversos por comunidades e sociedades. Também vêm sendo
21
descritos atributos de instituições e organizações que são facilitadores de resiliência.
São caracterizados por serem estruturas coerentes e flexíveis; com respeito; garantia de
privacidade; tolerância às mudanças; com limites de comportamento definidos e
realistas; com comunicação aberta; tolerância aos conflitos; busca de reconciliação;
sentido de comunidade e empatia (FLACH, 1991 apud PINHEIRO, 2004).
Norris et al. (2008), a partir da teoria inicial de Bruneau et al. sobre as
características dos sistemas resilientes, propõem que os recursos para a resiliência
comunitária devam ter três propriedades dinâmicas: robustez, redundância e rapidez.
Robustez é aqui entendida como a capacidade de suportar o estresse sem sofrer
degradação. Uma estratégia de resistência é robusta se ela se mantém ou se contrapõe a
uma ampla variedade de perigos, mas é frágil se funciona apenas em um número
pequeno de cenários possíveis. Robustez é a força dos recursos para resiliência. Já a
redundância é a extensão na qual os elementos são substituíveis em um evento após a
ruptura ou a degradação. Os indivíduos também se constituem em redundância ao
possuírem amplas redes sociais ou tendo mais de uma maneira para solucionar um
problema, ou mesmo tendo mais de um pulmão ou mais de um rim. Assim, a
redundância representa a diversidade de recursos. Comunidades que são dependentes
em uma estreita margem de recursos são menos hábeis para lidarem com uma mudança
que envolva alguma depleção desses. Alguns ecologistas argumentam que as economias
costais são mais resilientes do que as economias do interior, por possuírem diferentes
funções, ligações e posição favorável. A terceira propriedade dinâmica dos recursos
para a resiliência seria a rapidez, isto é, a capacidade de se atingir objetivos em um
tempo apropriado para conter as perdas e evitar a ruptura e de mobilizar recursos
quando certas condições ameacem o sistema. As capacidades se tornaram capacidades
22
adaptativas quando forem robustas, redundantes ou rapidamente acessíveis e, portanto,
capazes de superarem um novo estressor, perigo ou surpresa.
Norris et al (2008) descreveram também quatro conjuntos de recursos de uma
comunidade: o desenvolvimento econômico; o capital social; a comunicação e
informação; e a competência comunitária. Assim como o conceito de resiliência, o
conceito de capital social veio transferido de uma disciplina (economia) para outra.
Também como a resiliência, existe para esse termo uma variedade de definições e
críticas para essas. A idéia básica é que os indivíduos investem, acessam e usam
recursos inseridos em suas redes sociais para ganhar retornos. Nesse conceito, está
incluída a estrutura de redes inter-organizacionais, caracterizadas por ligações
recíprocas e freqüentes interações de apoio, com habilidade para formar novas
associações e cooperar com processos decisórios.
O capital social pode ser entendido como o grau de ligação e a qualidade e
quantidade das relações sociais em uma dada população. Ele pode ser definido como
tendo dois componentes: o estrutural e o cognitivo. O componente estrutural inclui a
extensão e a intensidade das ligações ou atividades de associação. o componente
cognitivo engloba percepções de apoio, reciprocidade, troca e confiança. Existe uma
moderada evidência de uma relação inversa entre o componente cognitivo do capital
social e os transtornos mentais mais comuns. O capital social deve ser entendido como
uma característica da estrutura social; como uma característica ecológica e não
individual. Assim ele se diferencia dos conceitos de redes sociais e apoio social - que
são atribuídas aos indivíduos. Imagina-se que o capital social poderia reduzir eventos de
vida negativos e as adversidades, além de aumentar o apoio social, que pode tamponar
os efeitos de eventos negativos sobre a saúde mental (HARPHAM, 2002; DE SILVA,
2008).
23
2 - ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ESTUDO DA RESILIÊNCIA
2.1 Definição dos principais construtos relacionados à resiliência:
mecanismo de risco/ estressor, adaptação positiva (ou desfecho resiliente) e
processos de proteção ou de vulnerabilidade.
A crucial diferença entre processo de vulnerabilidade ou de proteção e
mecanismo de risco é que esse último levaria diretamente a um transtorno, enquanto que
os primeiros operariam indiretamente com seus efeitos aparecendo somente em virtude
de suas interações com a variável de risco (RUTTER, 1993). A vulnerabilidade pode ser
vista como uma resposta a um estressor e como uma inclinação na direção de desfechos
negativos, especialmente após a exposição a eventos traumáticos (AGAIBI &
WILSON, 2005).
Os termos processos e mecanismos são preferíveis aos termos “variável” ou
“fator”, pois uma mesma variável pode atuar como um fator de risco em uma ocasião e
como um fator de proteção em outra. É preciso que não pensemos em termos de
características que sejam sempre “de risco” ou sempre “de proteção” nos seus efeitos, e,
ao invés disso, focarmos nos processos específicos que operam em circunstâncias
particulares para desfechos particulares (RUTTER, 1993).
O estudo da variabilidade de respostas dentre os sobreviventes deve endereçar
diferenças em quatro domínios: dentre os eventos, dentre os indivíduos, dentre os
ambientes de recuperação e através do tempo (LYONS, 1991).
24
2.1.1 Tipos de Estressores
“Todos estes que aqui estão
atravancando o meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
Mário Quintana
Uma variedade de eventos de vida estressores e circunstâncias familiares vêm
sendo pesquisadas. Desde graves desastres - como guerras e inundações e outros
eventos traumáticos -; a estressores sociodemográficos e familiares - como privação
econômica, institucionalização, divórcio e psicopatologia parentais-; e até mesmo
estressores cotidianos menores. Pesquisas sugerem que esses últimos parecem mediar a
relação entre eventos maiores de vida e saúde, e que podem estar mais relacionados com
diferentes desfechos em adultos do que os eventos maiores de vida (LUTHAR &
ZIGLER, 1991).
Os fatores estressores podem interagir em uma cadeia de eventos que, em
combinação, predispõem a um transtorno mental (RUTTER, 1985). Muitos estudos
demonstraram que o risco cumulativo está altamente associado com os desfechos
negativos, e que a probabilidade de um desfecho negativo aumenta na medida em que
aumentam o número de fatores de risco, como um efeito de dose-resposta. Em adição à
natureza cumulativa do risco, a sua continuidade no tempo também aumenta o seu
impacto (VANDERBILT-ADRIANCE AND SHAW, 2008). Além disso, pessoas
expostas à adversidade crônica também têm mais dificuldade em lidar com eventos de
vida agudos (PESCE et al., 2004).
Os efeitos dos estressores devem ser considerados em termos do tempo em que
ocorrem e do seu significado. A avaliação de uma situação pode definir se essa é vista
como positiva ou ameaçadora. Assim, a resposta a qualquer estressor vai ser
influenciada pela avaliação do indivíduo da situação e por sua capacidade de processar a
25
experiência, associando sentido a ela e incorporando-a em seu sistema de crenças
(RUTTER, 1985). A percepção e a avaliação de estressores pode ser conceitualizada
como fatores moderadores para o Transtorno de Estresse Pós-Traumático e
comorbidade. Um evento será percebido como estressante se a pessoa acreditar que o
estresse excede sua capacidade de enfrentamento. É a percepção de que demandas
exageradas de um estressor podem levar a auto-atribuições de inadequada competência,
que, por sua vez, irá afetar os desfechos positivos (AGAIBI & WILSON, 2005).
A abordagem da resiliência deve incluir um exame dos efeitos bidirecionais do
estresse (Yehuda, 2006a). Embora experiências estressantes possam tornar os
indivíduos mais susceptíveis a estressores posteriores, existem evidências de que,
algumas vezes, a experiência de estresse pode fortalecer a resistência do indivíduo a
novas adversidades (RUTTER, 2006). Assim, dependendo do momento de sua
ocorrência, de sua duração e da sua intensidade, a exposição pode ser positiva ou
“inoculadora”. Uma questão importante é identificar as circunstâncias que levam o
estresse/adversidade resultar em efeitos endurecedores (steeling effects”) ao invés de
sensibilização. Rutter (2006) sugere que esse processo deve envolver adaptação
fisiológica, habituação psicológica, sentimento de auto-eficácia, aquisição de estratégias
efetivas de coping e/ou redefinição cognitiva da experiência.
Ao contrário de outros estressores que podem ter efeitos bidirecionais e cujos
efeitos finais podem depender da influência adicional de outros riscos, o abuso e a
negligência infantis são indubitavelmente negativos, e, claramente, a exposição contínua
a estes constitui o mais deletério risco ambiental que existe (LUTHAR & BROWN,
2007). Porque crianças que sofrem maus-tratos são adversamente afetadas em sua
imensa maioria, o abuso infantil e a negligência parecem representar a maior falha do
26
ambiente em prover oportunidades para um desenvolvimento normal (CICCHETTI &
BLENDER, 2006).
Antes de inferir resiliência, existe uma possibilidade de um artefato
metodológico que deve ser considerada: uma resiliência aparente pode ser simplesmente
uma função da variação nas exposições a riscos. Portanto, a resiliência pode ser
efetivamente estudada se houver tanto evidência de risco mediado pelo ambiente,
quanto uma medida quantitativa do grau desse risco (RUTTER, 2006). Características
importantes do evento que podem explicar as variações de respostas entre os
sobreviventes de um trauma são: o grau do horror experimentado, a duração do impacto,
o efeito-surpresa, a continuidade da ameaça antes e após o evento, o potencial para
alteração prolongada do ambiente pós-evento, a percepção de controle, a percepção de
ameaça à vida, o sentimento de falência em atuar de modo que pudesse mitigar as
circunstâncias do evento, a sua natureza (p.ex. se o desastre foi natural ou causado pelo
homem), a existência de exposição à dor, e os seus aspectos culturais e simbólicos
(LYONS, 1991; YEHUDA, 2004).
O tempo transcorrido desde o trauma também pode ser um importante fator de
variabilidade. A literatura sobre trauma de estupro indica que os sintomas psicológicos
freqüentemente parecem resolvidos, mas são reativados mais tarde. Indivíduos podem
precisar retrabalhar sua experiência traumática a cada vel de desenvolvimento, na
medida em que novas “pistas” se tornam evidentes. Por exemplo, veteranos de guerra
que viram crianças combatentes ou que testemunharam abuso infantil na guerra podem
ter reativadas essas situações traumáticas quando diante da paternidade. “Relapsos”
intermitentes devem ser esperados, à medida que o sobrevivente lidando com rios
componentes do trauma no decurso de sua vida, e o é indicativo de incapacidade
psicológica crônica. Entretanto, na medida em que os sobreviventes de um trauma
27
alcançam uma idade avançada, eles podem se tornar cada vez mais susceptíveis a
experimentarem sintomas graves de TEPT, com o aumento de estressores e perdas, e
com o enfraquecimento de estratégias de enfrentamento (LYONS, 1991).
A diversidade do risco estudada na literatura traz um problema de
comparabilidade e interpretação dos resultados entre os estudos. Por outro lado, aqueles
achados que se mostram convergentes apesar dos diferentes contextos de adversidades
reforçam o poder dos resultados (LUTHAR et al. 2000a; MASTEN, 2001).
2.1.2. Definição de Adaptação Positiva:
“Aprendi com as primaveras a me deixar cortar e a voltar sempre inteira”.
Cecília Meireles
Freqüentemente, pesquisadores usaram a ausência de psicopatologia ou de
comportamento mal-adaptativo como indicador de resiliência contra condições de alto-
risco. Investigações recentes tendem a valorizar aspectos de saúde e competência como
desfechos.
Estudos iniciais sobre a resiliência operacionalizavam os diferentes níveis de
competência com base em critérios externos de adaptação, como o de competência
(p.ex. social, acadêmica, de conduta) esperada para uma determinada idade e em uma
determinada cultura (LUTHAR & ZIGLER, 1991). Para Masten & Coatsworth (1998) -
pioneiros no estudo dos conceitos de resiliência e competência -, a competência pode
ser entendida, mais amplamente, em termos de razoável sucesso nas tarefas esperadas
para uma dada pessoa, de um determinado gênero e em uma dada idade, no contexto de
sua cultura, sociedade e tempo; ou, mais especificamente, para determinados domínios
de sucesso (p.ex. acadêmico; de aceitação pelos pares; de conduta; ou de auto-domínio,
28
i.é. em termos de identidade e de autonomia). O que é saudável às vezes depende da
geografia, da cultura e do momento histórico (VAILLANT & VAILLANT, 1990).
Luthar & Zigler (1991) chamam atenção sobre como melhor definir uma
adaptação positiva apesar da adversidade. Será que as crianças, classificadas como
resilientes com relação a sintomas externalizantes (p.ex. sem comportamento agressivo
ou anti-social), pagariam um preço para atingirem essa competência na adversidade, em
termos de mal-estar psicológico? Apesar de competência em índices comportamentais,
indivíduos podem ter uma variedade de outras dificuldades psicológicas. Eles apontam
para uma limitação dos estudos no campo da resiliência que se restrigem a analisar
apenas como desfecho a competência externalizada, não investigando aspectos
internalizados que comprometam o bem-estar . Esses autores exemplificam estudos
onde, embora o grupo resiliente (alto estresse/ elevada competência) apresentasse
competência superior ao grupo afetado (alto estresse/ baixa competência), eles não
mostravam vantagens similares em níveis auto-relatados de ansiedade e depressão.
Um estudo realizado por Spaccarelli & Kim (1995), examinando medidas
alternativas de resiliência e correlatos em 43 meninas entre 10 e 17 anos com história de
abuso sexual, indicou níveis relativamente altos de discordância entre os critérios de
manutenção da competência ou de ausência de sintomatologia clínica para a definição
de resiliência. Os autores sugerem que a ausência de sintomas clínicos parece uma
medida mais sensível de resiliência do que a manutenção da competência no contexto
do abuso sexual.
Estudos com adultos costumam manter seu foco em aspectos de sentimentos de
mal-estar ou felicidade do próprio indivíduo; menos comumente utilizam a avaliação de
outros (p.ex. cônjuge ou parente) sobre o seu funcionamento (Luthar & Brown, 2007).
29
Existe também uma variabilidade nessa definição de adaptação positiva no que
diz respeito a se esta deve estar presente em vários domínios, ou se um desfecho
positivo em um único domínio pode ser também considerado adequado para defini-la. A
requisição da avaliação de adaptações positivas ao longo do tempo e da informação dos
desfechos por outros informantes também diminuem a probabilidade de que uma
criança seja considerada “resiliente” (VANDERBILT-ADRIANCE & SHAW, 2008).
Luthar & Zigler (1991) acreditam na necessidade de se utilizar ambos os
critérios, internos e externos, para a identificação correta da resiliência. Uma pessoa
pode funcionar bem em um domínio, independente de, ou mesmo às expensas de outros
(LYONS, 1991).
Outros estudiosos ainda definem adaptação positiva apenas com base em
critérios internos, ainda na ausência de psicopatologia ou em baixos níveis de sintomas
e de debilitação e/ou na presença de bem-estar. De qualquer forma, quanto mais altos os
níveis de desenvolvimento dos indivíduos (em termos de maturidade), mais a patologia
tende a ser expressa por sintomas internalizantes, do que por distúrbios
comportamentais externalizantes (LUTHAR & ZIGLER, 1991).
Luthar et al. (2000a) observam que, quando muitos desfechos são investigados,
uma questão crítica a ser considerada é se esses devem ser examinados separadamente
ou integrados. Se os desfechos abordados representam construtos diferentes, considera
ser melhor examiná-los separadamente, dando prioridade àqueles desfechos para os
quais as condições de adversidade representem os maiores riscos. Em outros casos,
podem ser integrados em um índice composto, se houver uma justificativa teórica para
isso.
Vaillant (2003) observa que apesar da doença mental poder ser definida pela
presença de sintomas específicos, a saúde mental é algo mais do que a ausência de
30
sintomas. Considera que a saúde mental pode ser conceitualizada de diversas formas.
Pode ser conceitualizada como “acima da normalidade” - incluindo a capacidade para
trabalhar, para amar, para se divertir, para solucionar problemas de modo eficiente, para
se manter investindo na própria vida, e para ter autonomia, reconhecendo suas próprias
necessidades e sentimentos. Pode ser concebida, como na psicologia positiva, como um
ideal utópico, dando ênfase na completa utilização e exploração de talentos, capacidades
e potencialidades. Pode ser correlacionada com a maturidade, com o desenvolvimento e
expansão de quatro aspectos: identidade; intimidade; produtividade e integridade (com
aceitação da própria vida), e também com a consolidação de uma carreira (que envolve
ser de valor para outras pessoas) e com a manutenção de um sentido. Pode, também,
dentre outras maneiras, ser definida como bem-estar subjetivo.
É necessária a distinção de um funcionamento saudável estável, da possibilidade
de negação ou de outras formas de ajustamento superficial. É necessária sua distinção
também de possíveis reações tardias (p.ex. TEPT tardio) (BONANNO, 2005)
Claramente, escolhas sobre o critério de adaptação definidor de resiliência irá
influenciar quem é incluído no estudo e irá refletir normas culturais (MASTEN, 2001).
Essa é uma outra possibilidade de artefato metodológico que deve ser
considerada: uma aparente resiliência pode ser conseqüência da restrição na definição
dos desfechos (RUTTER, 2006). Rutter (1993) afirma que é preciso valorizar o fato das
pessoas poderem sofrer de uma série de maneiras diferentes, e que é importante que
nossas medidas acomodem essa diversidade.
Luthar & Brown (2007) observam que, em virtude dessa dependência dos
critérios de definição de resiliência, os estudiosos da psicopatologia do desenvolvimento
são extremamente cautelosos em estimarem taxas e prevalências de resiliência, embora
essas sejam encontradas na literatura com adultos. A considerável heterogeneidade de
31
operacionalização dos conceitos de risco e de adaptação positiva contribui para as
diferenças de resultados (VANDERBILT-ADRIANCE & SHAW, 2008).
Luthar & Brown (2007) lembram também a responsabilidade desse tipo de
estimativa com base em critérios estreitos (p.ex. definindo resiliência pela presença de
apenas um ou nenhum sintoma de TEPT nos seis meses após um evento traumático e
não considerando outros distúrbios, como p.ex. abuso de substâncias ou álcool).
Alertam que a influência desses achados para políticas de saúde pode resultar na
diminuição da alocação de recursos para grupos mais vulneráveis.
Porque a resiliência em relação às adversidades na infância pode ter sua origem
em experiências positivas na vida adulta, uma abordagem da trajetória ao longo da vida
é necessária (RUTTER, 2006).
Apesar das diferenças na operacionalização dos diferentes conceitos, estudos
com crianças com um fator de risco único, predominantemente brancas, e de classe
média, têm, relativamente, maiores taxas de desfechos positivos. Já os estudos que
examinam o impacto de múltiplos riscos e que são realizados com amostras mais
desfavorecidas são muito menos otimistas nos seus achados. Além disso, estudos mais
recentes dentre amostras com baixa-renda vêm mostrando resultados consideravelmente
piores do que aqueles demonstrados pelo estudo de Kauai, talvez pelas mudanças da
sociedade que agregam maiores fatores de risco do que no passado, tais como aumento
da parentalidade única, do divórcio e do uso de substâncias (VANDERBILT-
ADRIANCE & SHAW, 2008).
Rutter (2000 apud VANDERBILT-ADRIANCE & SHAW 2008) aponta que
certa descontinuidade através de diferentes domínios deve ser esperada, dado que riscos
e fatores protetores podem ser específicos para desfechos particulares. É como se não
devêssemos esperar que alguém que evitou o câncer também estaria protegido para
32
doença coronariana. Essa descontinuidade dentre diferentes domínios também tende a
aumentar na medida em que aumenta o nível de risco (VANDERBILT-ADRIANCE &
SHAW, 2008).
Outra questão importante é se, para a definição de trajetória resiliente, deve ser
considerada a aquisição de uma competência média ou excelente. Luthar et al. (2000a)
sugerem que, quando os estressores são eventos catastróficos e severos, a manutenção
de um funcionamento próximo à média deve ser suficiente para definir a resiliência.
para riscos mais moderados, a evidência de um funcionamento superior em domínios
conceitualmente importantes pode ser necessária para justificar que a trajetória seja
denominada de resiliente.
2.1.3. Processos protetores (“fatores resilientes”, “fatores” moderadores ou
“fatores” relacionados à resiliência).
“Todo caminho da gente é resvaloso. Mas, também, cair não prejudica demais
— a gente levanta, a gente sobe, a gente volta!
João Guimarães Rosa
Fatores protetores se referem à influência que modifica, melhora ou altera a
resposta de uma pessoa ao estresse, e não é sinônimo de experiência positiva. Eventos
desagradáveis e potencialmente perigosos, em determinados graus e circunstâncias,
podem fortalecer o indivíduo o que começou a ser chamado de efeito de
endurecimento (steeling effect) de estressores, como relatado (RUTTER, 1985).
Também vários estudos demonstram que nem todos os fatores protetores são benéficos
para níveis de mais alto risco (VANDERBILT-ADRIANCE & SHAW, 2008).
Dessa forma, os fatores protetores são assim definidos com base em seus efeitos,
mais do que por suas qualidades hedônicas. Além disso, experiências positivas
geralmente têm um efeito benéfico direto sobre desfechos adaptativos. Em contraste,
33
fatores protetores podem não ter efeitos detectáveis na ausência de qualquer estressor e
o seu papel se modificar em resposta à adversidade (RUTTER, 1985). Isso significa que
o estudo da resiliência, diferentemente das abordagens sobre risco e proteção, força uma
atenção nos processos dinâmicos, ao invés de em fatores estáticos (RUTTER, 2006).
Como ilustrado na Figura 3, Luthar et al. (2000a) sugerem que os processos
protetores podem ser aqueles que exercem efeitos diretos na direção de uma adaptação
positiva tanto em condições de baixo como alto-risco (A), ou serem aqueles que podem
ter suas ações através da interação ou moderação de um risco. Para esses últimos, a
autora sugere uma denominação mais específica, e os divide em três tipos: “protetores-
estabilizantes” - quando o atributo em questão confere estabilidade na competência
apesar do risco crescente - (B); “protetores-intensificadores” - quando permitem ao
indivíduo terem a sua competência aumentada na medida que cresce o risco - (C); e
“protetores, mas reativos” - quando o atributo geralmente confere vantagens, porém
menos quando os níveis de estresse são altos do que quando são baixos
(D).
Figura 3. Efeitos ilustrativos de variáveis moderadoras em interação com o status de risco e em relação aos desfechos
competentes: A) protetoras; B) protetoras-estabilizantes; C) protetoras-intensificadoras; e D) protetoras, mas reativas. Extraído
de Luthar
et al
(2000).
34
A primeira fase dos estudos sobre a resiliência, conduzida principalmente com
crianças e adolescentes, esteve voltada para a identificação fenomenológica de quais
características marcavam os indivíduos que mostravam superação diante de fatores de
risco e adversidades em oposição àqueles que sucumbiam. A literatura se ocupou em
descrever quais qualidades, atributos resilientes, ou fatores protetores ajudavam as
pessoas a enfrentarem ou superarem as adversidades (p.ex. auto-estima; auto-eficácia,
sistemas de apoio, etc.) (RICHARDSON, 2002). Apesar da grande variabilidade de
operacionalização dos construtos nos diferentes estudos empíricos sobre a resiliência, os
seus resultados são muito consistentes em apontar quais as qualidades que uma criança
e seu ambiente possuem que estão associadas a sua competência e a um melhor
funcionamento psicossocial durante ou seguindo experiências adversas (LUTHAR et.
al, 2000a).
Dentre as características psicológicas mais evidentes desses indivíduos estão
incluídas: uma responsividade rápida ao perigo; a busca de informações; a formação e a
utilização de relacionamentos para propiciarem a sobrevivência; a convicção de ser
amado; a reestruturação cognitiva de experiências dolorosas; o otimismo e a esperança
(
MRAZEK & MRAZEK, 1987
apud LAM & GROSSMAN, 1997). Também são descritas
as capacidades: de manter uma postura ativa diante das dificuldades; de recuperação; de
ativamente solucionar problemas e uma habilidade de ver que os obstáculos podem ser
superados; de persistir de um modo racional; de ter uma ampla gama de interesses e
objetivos que levam a uma maior variedade de estratégias e habilidades; e de ser
flexível e adaptativo em termos de que habilidades são mais apropriadas em diferentes
situações (DEMOS, 1989 apud LAM & GROSSMAN, 1997).
Dentre as características de vida e fatores sociais que contribuem para o
desenvolvimento da resiliência, foram descritos: pertencer a uma classe social de média
35
a elevada (embora nem todos os estudos confirmem esse achado); ter um ambiente
familiar que apóie; ter acesso a bons serviços de saúde, educacionais e sociais; e ter
cuidadores adicionais além da mãe e outros parentes (avós, principalmente) e vizinhos
disponíveis para apoio (
MRAZEK & MRAZEK, 1987
apud LAM & GROSSMAN, 1997).
Dentre as características familiares que promovem a resiliência, estão; a
compreensão e apoio dos pais a respeito das capacidades e objetivos da criança; a
flexibilidade em solucionar problemas entre pais e criança; a capacidade de
circunscrever problemas ao conflito original, minimizando a interferência do adulto em
outras áreas do funcionamento da criança; e adequação entre pais e crianças (DEMOS,
1989 apud LAM & GROSSMAN, 1997).
Wilson (1995 apud AGAIBI & WILSON, 2005), em uma revisão de estudos a
respeito de trauma de guerra, desastres tecnológicos e naturais, tortura, o Holocausto e
trauma relacionado ao trabalho, encontrou um mesmo grupo de preditores para bem-
estar atual, para saúde mental positiva e para manifestações de resiliência nesses
sobreviventes. Esses incluíam: a) um locus interno de controle; b) a revelação do evento
traumático para outras pessoas significativas; c) um sentimento de identidade de grupo e
de si mesmo como um sobrevivente positivo; d) a percepção de recursos sociais e
pessoais para ajudar no enfrentamento no ambiente de recuperação pós-traumático; e) a
presença de comportamentos altruísticos e pró-sociais; f) a capacidade de encontrar
sentido na experiência traumática e na vida posterior; g) a conexão, ligação e interação
social dentro de uma comunidade significativa de amigos e companheiros
sobreviventes.
Um estudo observou que veteranos de combate da Guerra do Vietnã com alta
resiliência eram caracterizados por: a) tranqüilidade sobre pressão; b) aceitação do
medo em si e nos outros; c) baixos níveis de violência excessiva na zona de guerra; d) a
36
importância da compreensão e do bom-senso; e) a ausência de culpa; e f) o senso de
humor (HENDIN & HAAS, 1984 apud AGAIBI & WILSON, 2005).
Garmezy (1984) identificou três categorias de fatores que protegem contra o
estresse: a) os atributos disposicionais; b) a coesão e o calor” familiar; e c) a
disponibilidade e o uso de sistemas de apoio.
Um funcionamento resiliente parece surgir de interações entre fatores herdados,
características individuais e fatores experienciais através do tempo (circunstâncias de
vida, familiares e sociais). Fatores genéticos (como p.ex. polimorfismo no genótipo da
monoamino oxidase A); fatores biológicos (p.ex. reatividade ao estresse); fatores
cognitivos (p.ex. inteligência; locus de controle; prazer no domínio; motivação
intrínseca; visões positivas de si; auto-estima; planejamento e auto-regulação) e fatores
interpessoais (p.ex responsividade emocional parental, afiliação a pares e amigos,
relações maritais afetivas e de apoio); estão todos relacionados à variabilidade
individual nas respostas à adversidade (COLLISHAW et al., 2007).
Parece importante que seja analisado o efeito cumulativo de fatores protetores.
foi observado que, enquanto um fator protetor individual pode não ser poderoso o
suficiente para contrabaleancear níveis altos de estresse, um acúmulo de fatores
protetores pode melhorar os desfechos (VANDERBILT-ADRIANCE & SHAW, 2008).
Michael Rutter (1985) conduziu uma série de estudos epidemiológicos no
centro de Londres e na ilha Rural de Wight. Ele identificou algumas qualidades
resilientes como ser do sexo feminino, ter temperamento fácil, um clima escolar
positivo, auto-domínio, auto-eficácia, habilidades de planejamento e um relacionamento
pessoal próximo e caloroso com um adulto.
Masten & Coatsworth (1998) enfatizam, no entanto, que é necessário termos
cuidado no estudo da resiliência, visto que, tais características podem estar associadas
37
com a resiliência e não serem necessariamente influências causais, mas sim
conseqüência da resiliência ou da competência (como p.ex. o que pode ocorrer com a
auto-estima e o apoio social). Essas características também podem não ser adaptativas
em todos os contextos. Assim, uma criança com um temperamento “fácil” pode ter
desvantagens contra uma criança vista como difícil para os padrões norte-americanos ao
enfrentarem uma situação como uma seca Africana.
A seguir, serão enumerados alguns principais processos protetores que vêem
sendo descritos na literatura. É importante lembrar que, apesar da divisão entre fatores
individuais, familiares e ambientais, esses processos se dão de forma interligada para
promoverem essa característica de proteção.
2.1.3.1 Fatores Individuais:
2.1.3.1.1 Biológicos
O papel dos fatores biológicos na resiliência é sugerido por evidências na função
dos sistemas neurais e neuroendócrinos em relação à reatividade ao estresse e em
pesquisas genético-comportamentais sobre os efeitos ambientais não-compartilhados.
Não se pode reduzir, no entanto, a resiliência a processos biológicos. Reduzir o
fenômeno psicológico a componentes genéticos, neuroanatômicos, neuroquímicos e a
fatores neurofisiológicos desconsideraria o grande impacto que a experiência tem sobre
esses processos. Para entender a resiliência, é necessário considerar todos os níveis de
análise, do celular ao cultural. Uma análise multiníveis enfatiza a importância primária
da inter-relação de todos os fatores. As vias que levam tanto à patologia quanto à
resiliência são influenciadas, em parte, por uma matriz complexa do nível individual de
organização biológica e psicológica, da experiência, do contexto social, do momento
dos eventos adversos e da história do desenvolvimento. Uma expressão genética altera o
38
comportamento social, assim como experiências como o abuso infantil e o crescimento
em instituições exercem ações sobre o rebro em desenvolvimento, com influência
sobre a expressão gênica e sobre a estrutura e funcionamento cerebrais, produzindo
alterações nos padrões neuronais e nas conexões sinápticas, e, assim, na função das
células nervosas. A plasticidade neuronal é vista como um processo dinâmico do
sistema nervoso central que orquestra alterações funcionais, estruturais e neuroquímicas
em resposta à experiência. Essa pode ocorrer através da fosforilação protéica, alterando
a atividade funcional de receptores, ou através de alteração da expressão gênica,
levando a, por exemplo, à alteração do número e dos tipos de canais iônicos e dos
receptores presentes na membrana celular, assim como nos níveis de proteínas que
regulam a morfologia dos neurônios e o número de conexões sinápticas (CICCHETTI
& BLENDER, 2006).
2.1.3.1.1.1 Genéticos
Alguns dos estudos que bem ilustram a moderação genética do impacto do
estresse sobre um desfecho negativo foram conduzidos pela equipe do Dunedin Study
ver (ver figuras 4 e 5).
Na figura 4, observamos variações na resposta do abuso infantil em termos de
desfecho de comportamento anti-social, de acordo com a moderação de uma variação
alélica no gene que regula a atividade da monoaminooxidase A. Considerada em termos
quantitativos, não efeitos principais dos genes, um efeito pequeno mais
significativo do abuso infantil, mas o grande efeito vem da interação. O abuso infantil
tem um pequeno efeito (em termos de desenvolvimento de comportamento anti-social),
em indivíduos com alta atividade da MAOA, mas um efeito muito grande em relação
àqueles com baixa atividade da MAOA.
39
Figura 4. Comportamento anti-social como função da atividade da MAOA e de uma história de maus-tratos
na infância. Traduzido de Caspi et al (2002).
A figura 5 mostra um padrão comparável com respeito ao gen transportador de
serotonina, de novo com o abuso com a variável de risco, mas dessa vez com depressão
como desfecho.
Figura. 5. Efeito dos maus-tratos na infância no risco de depressão moderado pelo gene 5-HTT. Traduzido
de Caspi et al (2003).
Algumas lições podem ser tiradas desses estudos sobre a interação gene-ambiente.
Primeiro, que a influência dos genes foi demonstrada na sua interação com um risco
ambiental, e, portanto, a variância genética em si não é nem risco nem fator protetor,
Índice
composto de
comportamento
anti-social.
(escores z)
Nenhum
Provável
Grave
Maus-tratos na infância
Baixa atividade
MAOA, n=163
Alta atividade
MAOA, n= 279
c
/
c
c
/
l
l
/
l
Nenhum
Provável
Grave
Maus-tratos na infância
Probabilidade de episódio depressivo maior
c/c – homozigoto
alelo curto
c/l – heterozigoto
l/l – homozigoto
alelo longo
40
mas tem um efeito moderador diante do trauma ambiental. Segundo, que, em cada um
dos dois casos, a interação gene-ambiente foi específica para um desfecho
psicopatológico particular. Esses achados salientam o fato de que não há e nem pode
haver um traço resiliente universalmente aplicável (RUTTER 2006; LUTHAR &
BROWN, 2007).
2.1.3.1.1.2 Neurofisiológicos:
Segundo Charney (2004), a resposta a um estresse agudo envolve um processo
inicialmente referido como alostasis em que o meio interno varia em virtude de uma
demanda percebida e antecipada. Em um contexto de uma situação de ameaça à vida,
isso pode ser adaptativo a curto prazo. No entanto, se a recuperação de um evento agudo
não for acompanhada por uma adequada resposta para retorno à homeostasis, que
finalize a resposta aguda de mediadores do estresse, ocorrem efeitos deletérios na
função psicológica e fisiológica, denominados de “carga alostática”. A exposição
crônica a experiências estressantes tende a levar a uma ativação excessiva do eixo HPA
(hipotálamo- pituitária – adrenal), com resultante elevação do CRH (hormônio liberador
da corticotropina) e do cortisol. A elevação persistente do CRH contribui fortemente
para a carga alostática e a “resiliência psicobiológica” pode estar relacionada a uma
habilidade de refrear a resposta inicial do CRH ao estresse agudo. O aumento da
atividade de neurônios CRH extra-hipotalâmicos também é importante: a ativação de
neurônios CRH da amígdala desencadeia comportamentos relacionados com medo,
enquanto a ativação de neurônios CRH corticais diminui a expectativa de recompensa.
O cortisol contribui para o aumento da vigilância, da atenção focada e da formação de
memória, e sua secreção excessiva e mantida tem sérios efeitos adversos sistêmicos
41
(como hipetensão, resistência à insulina, imunossupressão, dislipdemia...). A elevação
de níveis de CRH e cortisol em experiências estressantes no início da vida, leva a uma
down-regulation de receptores serotoninérgicos 5-HT1A - cuja estimulação tem efeito
ansiolítico -, levando a um menor limiar para eventos de vida estressantes ansiogênicos.
Em termos de processos protetores, parece haver benefícios na combinação dos efeitos
do cortisol e da dehidroepiandosterona (DHEA), o segundo maior produto do eixo
HPA, que contrabalancearia os efeitos deletérios do cortisol elevado, servindo
potencialmente como “neuroproteção” (CHARNEY 2004; YEHUDA et al. 2006c).
Acredita-se que a DHEA possua propriedades antidepressivas, ansiolíticas e de anti-
agressão (HOGE et al, 2007).
O estresse também ativa o locus coeruleus que resulta em aumento da liberação
da noradrenalina; sua persistente hiperresponsividade contribui para a ansiedade
crônica, o medo, as memórias intrusivas e aumento do risco de hipertensão e doenças
cardíacas. O Neuropeptídeo Y e o peptídeo galanina reduzem o disparo de neurônios no
locus coeruleus e o neuropeptídeo Y neutraliza os efeitos ansiogênicos do CRH, e sua
atuação na amígdala pode impedir a retenção de memória. Esses peptídeos podem,
dessa forma, ter um importante papel na resiliência psicobiológica (CHARNEY 2004;
YEHUDA et al. 2006c; HOGE et al., 2007).
Hormônios sexuais também parecem contribuir na modulação da resposta ao
estresse. Aumento de testosterona pode promover aumento de energia e de
enfrentamento ativo e reduzir sintomas de depressão. A elevação temporária de
estrogênio poderia atenuar os efeitos da ativação do sistema noradrenérgico e do eixo
HPA, mas sua elevação crônica parece, ao contrário, aumentar os riscos para ansiedade
e depressão (CHARNEY, 2004).
42
Sugere-se, então, que o perfil resiliente seria caracterizado por indivíduos com
os mais elevados índices de DHEA, neuropeptídio Y, galanina, testosterona e função
dos receptores 5HT1A e benzodiazepínicos e com as menores atividades do eixo HPA,
do CRH e do locus coeruleus/epinefrina (CHARNEY, 2004).
Allopregnanolona, outro produto da glândula adrenal associado com a resposta
ao estresse, pode ser um potencial fator de resiliência em relação ao desenvolvimento de
TEPT. Sua ação ocorre através da modulação do receptor GABA-A, com efeito
ansiolítico (HOGE et al, 2007).
Para a manutenção do otimismo, da esperança e da auto-avaliação positiva dos
indivíduos resilientes, Charney (2004) sugere também que esses devam ter um sistema
de recompensa dopaminérgico que seja tanto hiperresponsivo à recompensa, ou
resistente à mudança apesar da exposição crônica a estresse extremo. Com relação ao
condicionamento do medo, a capacidade de evitar a supergeneralização de um estímulo
condicionado para um contexto mais amplo, de reverter o armazenamento de memórias
emotivas e de facilitar a extinção da resposta condicionada do medo parecem contribuir
para a resiliência. O maior grau de ativação do sistema noradrenérgico na amígdala, em
interação com o CRH e glicocorticóides, está relacionado com a maior consolidação das
memórias traumáticas. Indivíduos que mostram uma habilidade para atenuar
rapidamente o medo aprendido, através de processos de extinção poderosos e eficientes,
tendem a funcionar mais eficientemente sob condições de perigo, o que pode estar
relacionado a uma maior capacidade de inibição do córtex prefrontal medial sobre a
amígdala (CHARNEY, 2004; YEHUDA et al., 2006a).
O altruísmo e a capacidade para atrair e utilizar o apoio social são
características psicológicas que promovem resiliência. A ocitocina tem sido implicada
na supressão do eixo HPA e pode contribuir para uma interação social positiva,
43
reduzindo o estresse e a ansiedade e aumentando os níveis da confiança interpessoal
(CARTER, 2005 apud LUTHAR & BROWN, 2007). O mecanismo neural responsável
por esse efeito parece envolver os mesmos circuitos cerebrais do sistema de recompensa
dopaminérgico. A cooperação mútua já foi associada, em um estudo, a uma ativação
mais consistente de áreas cerebrais ligadas a esse sistema o que sustentaria esses
relacionamentos cooperativos e inibiriam o impulso egoísta de aceitar e não retribuir um
ato altruístico (CHARNEY, 2004).
A maior parte dos estudos sobre fatores de resiliência biológica, no entanto, não
mediram essas variáveis antes da ocorrência do trauma, o que dificulta o
estabelecimento da direção da relação entre esses fatores e o desfecho positivo ou
TEPT. Também poucos utilizaram grupos controles de não-expostos, limitando-se a
comparar indivíduos expostos a um trauma com e sem TEPT. Os achados de estudos
distintos têm sido discrepantes: p.ex, alguns estudos mostraram níveis superiores de
cortisol urinário dentre os indivíduos com TEPT, enquanto outros mostraram níveis
diminuídos. Isso pode ser decorrente de diferenças metodológicas e da utilização de
pacientes com gravidades distintas. Estudos experimentais examinando níveis de DHEA
no TEPT também têm gerado resultados discrepantes. Alguns estudos, mas não todos,
têm mostrado aumento dos níveis de epinefrina e norepinefrina urinários dentre
pacientes com TEPT, relacionando-os também com um maior número de sintomas do
transtorno (HOGE et al., 2007). Yehuda & Flory (2007) sugerem a separação também
de grupos com história de TEPT atual e TEPT passado, pela possibilidade dos fatores de
resiliência estarem mais relacionados com a recuperação do TEPT do que com a
resistência a esse transtorno (ver figura 6).
44
Fig. 6. Medidas Biológicas de risco e resiliência subdivididos pela exposição, resistência, recuperação e TEPT atual. Os dados
apresentados são de 11 controles, 6 veteranos sem TEPT, 5 veteranos recuperados com TEPT e 12 veteranos com TEPT atual.
Reproduzido de:
(YEHUDA, BRAND, & YANG, 2006b; YEHUDA, BRAND, GOLIER, et al., 2006c).
2.1.3.1.1.3 Auto-regulação:
A proteção biológica pode também derivar da capacidade de se recuperar com
relativa rapidez de eventos negativos experimentados. Essas tendências à rápida
recuperação podem ser acessadas através do emprego do reflexo de sobressalto
modulado pela emoção, que é uma resposta involuntária (uma contorsão rápida dos
músculos faciais e corporais) a um estímulo acústico, tátil ou visual súbito e intenso
(CICCHETTI & CURTIS, 2006 apud LUTHAR & BROWN, 2007).
Esse conceito tem suas raízes históricas no conceito de resiliência do ego (ego-
resiliency) e de controle do ego (ego-control). O controle do ego se refere à
inibição/expressão do impulso, enquanto que a resiliência do ego se refere à capacidade
dinâmica de modificar o nível de controle do ego em resposta às demandas e ao
contexto situacionais. É definida também como uma habilidade de se recuperar
rapidamente de experiências emocionais negativas (KLOHNEN 1996; TUGADE et al.
2004; LETZRING et al. 2005).
A regulação da emoção se refere à monitorização, avaliação e modificação da
intensidade e duração das reações emocionais para o alcance de algum objetivo do
indivíduo (VANDERBILT-ADRIANCE & SHAW, 2008)
Não-Expostos Sem TEPT Recuperados TEPT atual
Não-Expostos Sem TEPT Recuperados TEPT atual
Neuropeptídio Yplasmático (pmol/l)
DHEA plasmática (ng/ml)
45
Dificuldades de regulação da atenção e das emoções negativas estão ligadas a
problemas na infância e à competência social. Por outro lado, a melhor capacidade de
auto-regulação está associada a uma história de menor reatividade ao estresse e de
maior auto-controle da atenção e do comportamento, assim como a expressão de
emoções positivas está ligada à sociabilidade e agradabilidade (MASTEN &
COATSWORTH, 1998). O auto-controle começa a emergir no segundo ano de vida,
quando se expressa na sua preocupação com os demais e se torna evidente no terceiro
ano de vida, sendo dependente dos cuidados parentais, além de os influenciarem.
Para TUGADE et al. (2004), a capacidade de recuperação rápida cardiovascular
após um estressor poderia ser atribuída, em parte, às experiências de emoções positivas.
Também a atividade eletroencefalográfica do hemisfério esquerdo pode estar
implicada na capacidade de regular as emoções. Em geral, a participação do hemisfério
direito cerebral é maior no afeto negativo, enquanto a do hemisfério esquerdo é maior
no afeto positivo (CICCHETTI & CURTIS, 2006 apud LUTHAR & BROWN, 2007).
Para Bonanno (2004) uma adaptação bem-sucedida dependeria também da
habilidade de, flexivelmente, aumentar ou suprimir a expressão emocional de acordo
com as demandas situacionais. Baseado em um estudo experimental realizado com
estudantes, avaliando a capacidade de aumentar e diminuir esta expressão e sua
contribuição na predição de mal-estar, esse autor sugere que pessoas que possuem essa
dupla capacidade tenderiam a ter melhor ajustamento a longo-prazo. Acrescenta que,
embora a supressão emocional possa servir para fins adaptativos, evidências
consistentes sugerem que a supressão crônica traz conseqüências adversas para a saúde
física, o que acredita que surgiria apenas dentre aqueles que não demonstram
flexibilidade expressiva.
46
Um estudo de Block & Kremen (1996 apud AGAIBI & WILSON, 2005)
descreveu indivíduos com altos níveis de ego-resiliency, caracterizando-os por
dimensões que incluem flexibilidade, desafio, curiosidade, assertividade, controle,
sociabilidade, energia e disposições pró-sociais. Quando era controlado o efeito da
inteligência, foi observado que os indivíduos resilientes eram sociáveis, calorosos,
assertivos, calmos, enérgicos, autônomos, ativos, produtivos, consistentes internamente,
estáveis e responsivos ao humor. Esses achados têm conclusões semelhantes ao estudo
de Siebert (1996 apud AGAIBI & WILSON, 2005), que pesquisou os traços de
sobreviventes de ambientes extremamente hostis e de ameaças à vida. Esses eram
caracterizados pelo otimismo, pela aceitação de seu destino situacional, pela capacidade
de solução criativa de problemas e pela integração de habilidades de intuição e
pensamento holístico com habilidades de pensamento analítico.
2.1.3.1.2. Gênero
Em comparação com meninas, meninos têm uma probabilidade maior de
reagirem com transtornos mentais, como comportamentos disruptivos e de oposição, em
decorrência de circunstâncias familiares (RUTTER, 1982 apud LUTHAR & ZIGLER,
1991; LUTHAR et al., 2000a). Além disso, uma tendência a se atribuir significados
diferentes para a agressão de meninos e meninas. Os meninos quando apresentam um
comportamento agressivo encontram, mais freqüentemente, respostas punitivas ou de
retirada dos adultos e respostas negativas dos colegas.
O estudo conduzido por Werner e Smith na Ilha de Kauai, mostrou que o
impacto dessa variável muda em várias etapas da vida. Na sua amostra, os meninos
mostravam maior vulnerabilidade do que as meninas durante a primeira década de vida
47
e menos durante a segunda, com uma nova troca aparecendo no início da terceira
década (WERNER, 1992).
Em um estudo com uma amostra de conveniência de 624 adolescentes rurais,
com uma proporção de resposta de 52%, foi observada uma maior percentagem de
meninas com baixos níveis de resiliência psicossocial (definida, no estudo, pela
ausência de depressão e de abuso de substância e por escores acima da média em
subescalas de enfrentamento), e uma maior percentagem de meninos com médios e altos
escores de resiliência (TUSAIE et al., 2007).
Também o estudo de Punamaki et al. (2001 apud AGAIBI & WILSON, 2005)
que acompanhou crianças palestinas três anos após a cessação de um conflito militar em
Gaza, observou que as meninas não eram mais vulneráveis do que os meninos, mas
que os seus sintomas diminuíam menos ao longo do tempo.
Quando se compara a resiliência entre os diferentes neros, é preciso julgá-la
tanto em termos de dificuldades externalizadas, quanto internalizadas: enquanto os
meninos apresentam maior risco de desenvolver transtornos de conduta e carreira
criminal, as meninas são mais vulneráveis aos problemas internalizados, como
depressão, e a, posteriormente, apresentarem uma maternidade incompetente para seus
filhos. Deve-se assinalar que as meninas tendem a procurar apoio social mais
freqüentemente do que os meninos (WOLFF, 1995).
Estudos epidemiológicos sugerem que a prevalência de TEPT pode ser duas
vezes maior dentre as mulheres do que nos homens (KESSLER et al., 1995 apud
YEHUDA, 2004), sugerindo que estas podem ser mais vulneráveis para o
desenvolvimento deste transtorno. No entanto, como as experiências vividas durante os
eventos traumáticos podem ser diferentes segundo o gênero, é possível que esse
aumento seja devido às características do evento. Mulheres tendem a sofrer, mais
48
freqüentemente do que homens, eventos como estupro – o qual costuma se associar com
medo, desamparo, humilhação, culpa e incapacidade de minimizar o dano. Quando
homens sofrem esse mesmo tipo de trauma, o risco de adoecimento tende a se igualar,
com grande traumatização de ambos os gêneros. Já no que diz respeito aos desastres
naturais, onde a probabilidade de exposição é a mesma, as prevalências de TEPT
praticamente não diferem entre os gêneros (YEHUDA, 2004).
Dumont et al. (2007) realizaram um estudo prospectivo, iniciado em 1967-1971
e concluído em 1995, comparando 676 casos de abuso sexual e negligência na infância,
com controles pareados por idade, etnia, gênero e classe social aproximada. Dentre os
indivíduos que foram maltratados na infância, as mulheres se mostraram duas vezes
mais resilientes do que os homens.
Outros estudos sugerem que a resiliência não é gênero-específica e que também
nem aumenta nem decresce com a idade (ZEIDNER & ENDLER, 1996 apud AGAIBI
& WILSON, 2005).
2.1.3.1.3. Auto-estima
Sistemas motivacionais também são claramente centrais à competência humana.
A competência é motivada pelo prazer no domínio e este se refere à crença da própria
capacidade em solucionar problemas e/ou responder efetivamente quando diante de um
estresse. Está claro como as crenças de uma criança sobre seu próprio sucesso afetam
seu comportamento. O envolvimento com atividades extra-curriculares podem
promover e expor um talento individual, contribuindo, assim, para um sentimento
global de competência, eficácia, estima e bem-estar (MASTEN & COATSWORTH,
1998; WOLFF, 1995).
49
Sentimentos de auto-estima, auto-confiança e auto-eficácia fazem com que um
enfrentamento bem sucedido seja mais provável, funcionando como moderadores de
experiências traumáticas e servindo como fatores protetores. Ao contrário, um
sentimento de impotência aumenta a probabilidade de uma adversidade levar à outra.
Experiências de sucesso e de domínio anterior em situações estressantes,
provavelmente, promovem esses sentimentos (RUTTER, 1982; AGAIBI & WILSON,
2005). Crianças com baixa auto-estima são mais vulneráveis a estressores e tendem a
perceber os eventos como mais estressantes (GARMEZY, 1987 apud AGAIBI &
WILSON, 2005).
Ambientes institucionais e organizacionais que promovem auto-estima e um
comportamento voltado para a solução de problemas aumentam a tendência à
competência, à resiliência e ao domínio de situações que desafiem o indivíduo
(RUTTER, 1990 apud AGAIBI & WILSON, 2005).
2.1.3.1.4. Inteligência
A habilidade intelectual é uma das variáveis mais amplamente estudadas como
moderadoras no estudo da resiliência (LUTHAR & ZIEGLER, 1991). Crianças que
superam ambientes de alto-risco, freqüentemente têm fortes habilidades intelectuais
(MASTEN & COATSWORTH, 1998) e o QI é um dos mais poderosos preditores de
sucesso acadêmico, além de ter sido associado ao comportamento pró-social, à
competência social entre pares e a ausência de comportamento antisocial e de outros
tipos de psicopatologia (VANDERBILT- ADRIANCE & SHAW, 2008).
Garmezy et al (1984) encontraram que, diante de níveis progressivos de estresse,
crianças inteligentes não mostram o declínio na competência social como demonstrado
em crianças menos inteligentes. A inteligência pode desempenhar um papel direto ou
50
pode operar como uma influência protetora, mediando outros fatores, como desempenho
escolar ou habilidades para solucionar problemas, que, por sua vez, podem estar
relacionados aos desfechos resilientes (DUMONT et al., 2007).
Outros estudos, no entanto, não encontraram associações significativas entre
inteligência e predição de ajustamento. Ainda, outros investigadores observaram que a
inteligência pode, às vezes, operar como um fator de vulnerabilidade. Em um estudo de
Luthar, a inteligência estava relacionada positivamente com a competência, para baixos
níveis de estresse. Quando os níveis de estresse eram elevados, as crianças inteligentes
pareciam perder sua vantagem e demonstrava níveis de competência mais similares aos
daquelas menos inteligentes, o que poderia ser interpretado como decorrente da maior
sensibilidade ao ambiente das inteligentes, levando a uma maior susceptibilidade
(LUTHAR & ZIEGLER, 1991).
A resiliência esteve conceitualmente ligada à curiosidade e ao domínio
intelectual, assim como à capacidade de se desligar e elaborar os problemas (BLOCK &
KREMEN, 1996 apud AGAIBI & WILSON, 2005).
2.1.3.1.5. Estratégias de enfrentamento (coping styles)
Essas estratégias dizem respeito à habilidade para lidar com mudanças e
adaptações e a um repertório de abordagens de solução de problemas.
Estilos de enfrentamento vêm sendo examinados em populações traumatizadas,
com melhores desfechos e recuperação mais rápida de sintomas de TEPT nos grupos de
indivíduos com os estilos de enfrentamento positivo e orientado para a ação, ou com o
enfrentamento focado na tarefa ou na emoção. Esperança, otimismo e comportamento
religioso foram também associados com menos sintomas de ansiedade e depressão após
os eventos do 11 de setembro. Estilos de enfrentamento evitativo e de “pensamento
51
desejoso” (wishful thinking) são os mais comumente associados a mais altos níveis de
TEPT e o estilo evitativo parece predizer a gravidade de TEPT. É importante lembrar,
no entanto, a possibilidade de o estilo evitativo ser resultado do TEPT, ao invés de seu
preditor, visto que a esquiva é um sintoma comum neste transtorno. Porém, também em
estudos longitudinais, o estilo evitativo foi relacionado tanto ao aumento no uso de
álcool, quanto ao menor bem-estar entre soldados. Diferenças individuais em estilos de
enfrentamento também influenciam a transição do mal-estar para o transtorno mental
(JOHNSEN et al., 2002; AGAIBI & WILSON, 2005; HOGE et al, 2007).
Estudos sugerem que atribuir culpa a si mesmo por um determinado evento pode
ser adaptativa, desde que o sobrevivente culpe algo que ele tenha feito (“Eu cometi um
erro”), ao invés de culpar o seu caráter (“Eu sou uma pessoa ruim”). É possível que a
culpa sobre o comportamento promova um sentido de controle pessoal sobre eventos
futuros. Estudos também sugerem que encontrar um significado em algum desfecho
(p.ex. de auto-conhecimento; de revisão de prioridades) está associado a uma adaptação
mais positiva. Curiosamente, não é necessário que a explicação do indivíduo seja
baseada na realidade. A manutenção de uma ilusão que satisfaça a busca por significado
pode ser melhor adaptativa do que a aceitação das ambigüidades da realidade (LYONS,
1991).
Outra forma de enfrentamento que pode ser efetiva diante da adversidade é a
religiosa, que vem sendo associada a um melhor ajustamento psicossocial dentre
pacientes diante de um transplante de rim e dentre seus cuidadores; dentre adultos
idosos hospitalizados, e dentre pessoas expostas a enchentes. Mecanismos possíveis
ligando a religião/espiritualidade a uma melhor saúde mental e física (incluindo
medidas de funcionamento cardiovascular, neuroendócrino e do sistema imune)
52
incluem: práticas de meditação ou de oração; ter uma motivação para viver (sentido) e
as funções de apoio por pertencer a um grupo religioso (YEHUDA, 2006a).
Apesar de ser sugerido que as estratégias de enfrentamento focadas para um
problema possam ser adaptativas e que promovam sentimentos de auto-estima, essas
estratégias podem não ser adequadas para levarem a uma adaptação bem-sucedida em,
por exemplo, ambientes abusivos. Nesses ambientes, um enfrentamento ativo pode
provocar a atenção e a reação de outros, com um maior risco de maus-tratos. O que
representa um enfrentamento adaptativo em uma situação pode não ser adaptativo em
outra. Em determinadas circunstâncias, o que pode ser habitualmente entendido como
mal-adaptativo - como, por exemplo, o distanciamento e o auto-controle excessivo -,
pode não ser em um ambiente caracterizado pela violência e o abuso (BISSONNETTE,
1998).
2.1.3.1.6. Locus interno de controle
Locus interno de controle i.é., o sentimento de que a própria pessoa pode
influenciar as circunstâncias de sua vida vem sendo associado a uma menor tendência
para o desenvolvimento de TEPT e psicopatologia e a um ajustamento geral melhor em
vários estudos sobre o efeito de traumas de guerra, de desastres naturais, de tortura e do
holocausto (AGAIBI & WILSON, 2005; HOGE et al, 2007). Essa é uma das dimensões
do construto hardiness. No seu estudo longitudinal em Kauai, Werner & Smith
encontraram que jovens com maior potencial de resiliência acreditavam no seu controle
sobre o ambiente, em oposição àqueles que acreditavam que o ambiente externo era
aleatório e imutável (LUTHAR & ZIEGLER, 1991; WERNER, 1992). Consistente
com o conceito de locus de controle um “sentimento de controle” sobre a situação
traumática específica também pode ser protetora contra TEPT (HOGE et al., 2007).
53
Aqueles indivíduos que pensam não ter nenhum controle sobre as situações externas
podem se sentir desamparados e, menos freqüentemente, tomam alguma atitude. Mas, é
evidente que a tendência de manter um locus de controle interno quando se está
experimentando um grande número de estressores crônicos e incontroláveis será muito
menor do que para alguém que enfrente menos adversidades (VANDERBILT-
ADRIANCE & SHAW, 2008).
2.1.3.1.7 Mecanismos de defesa do ego
Vaillant & Vaillant (1990) acompanharam uma amostra homogênea de 204
homens (sem história inicial de qualquer problema físico ou mental) a partir dos 18 anos
para examinar as correlações de preditores biopsicossociais com três desfechos: saúde
física, saúde mental e satisfação com a vida. Medidas de ajustamento psicossocial
(refletindo habilidade para trabalhar, para se divertir, para amar e bem-estar emocional)
e de satisfação com a vida foram avaliadas tanto subjetivamente quanto objetivamente.
Foram investigados potenciais preditores da infância e início da adolescência (coesão
familiar, bom relacionamento com os pais e ausência de problemas emocionais na
infância, proximidade com irmãos, elevado ajustamento na escola secundária); do final
da adolescência (traços de personalidade; freqüência cardíaca no repouso; horas
semanais de exercício) e na vida adulta (uso de substâncias como tranqüilizantes e
antidepressivos, abuso de álcool, história de depressão, fumo, sobrepeso, história de
longevidade familiar e maturidade das defesas). Foram considerados como mecanismos
de defesa maduros: a sublimação; a supressão (isto é, a capacidade de adiar a
gratificação, mas de não renunciá-la); a antecipação (manter-se consciente de uma dor
futura); o altruísmo e o humor. Mecanismos de defesa como fantasia esquizóide,
54
projeção, agressão-passiva, hipocondria, acting out e dissociação foram considerados
imaturos; enquanto que intelectualização/isolamento, repressão, deslocamento e
formação-reativa foram considerados intermediários (VAILANT & VAILLANT, 1990;
VAILLANT, 2003).
Cento e setenta e três homens da amostra inicial chegaram aos 65 anos. Baixo
ajustamento psicossocial aparentemente teve um papel etiológico no declínio da saúde
física, assim como uma saúde física comprometida também desempenhou um papel
fundamental no ajustamento psicossocial na meia-idade. Após o controle de outras
variáveis, a maturidade de mecanismos de defesa (acessadas antes dos 50 anos) teve a
maior contribuição independente para o ajustamento psicossocial aos 65 anos
(VAILLANT & VAILLANT, 1990).
Por esse motivo, os mecanismos de defesa maduros têm sido utilizados como um
indicador de resiliência, como no estudo de Simeon et al (2007) com voluntários
adultos saudáveis. Nesse estudo, esse indicador esteve inversamente relacionado com o
escore total de trauma na infância e positivamente correlacionado com um apego
seguro. Trauma na infância foi o maior preditor (negativo) de um mecanismo de defesa
maduro, seguido pelo número de erros em uma tarefa matemática desempenhada
publicamente para indução de estresse (Trier social stress test - TSST) e pela
característica de personalidade esquiva de perigo (“harm avoidance”), sugerindo que os
indivíduos que se arriscam mais e que buscam recompensa de modo saudável podem ter
uma melhor adaptação do que aqueles que evitam excessivamente.
O papel do humor na resiliência tem sido sugerido em análises exploratórias,
mostrando que crianças competentes e altamente estressadas têm maiores escores em
geração de humor do que crianças altamente estressadas mais menos competentes
(MASTEN, 1982 apud LUTHAR & ZIEGLER, 1991).
55
2.1.3.1.8 - Temperamento
O temperamento se refere às diferenças individuais em traços comportamentais
que são relativamente estáveis e têm aparecimento precoce. As diferenças de
temperamento são multideterminadas. Têm raízes biológicas que podem refletir
diferenças na reatividade e auto-regulação, refletindo diferenças na estrutura e na função
do sistema nervoso central. Mas também abrangem influências experienciais, refletindo
a contribuição de influências bioecológicas (p.ex. nutrição) e de características
ambientais (p.ex. de estilos de parentalidade, e de contexto familiar) (WACHS, 2006).
Padrões de temperamento também foram descritos como operando em
processos protetores e de vulnerabilidade, e Wachs (2006) sugere que isso possa ocorrer
por cinco mecanismos: 1) através de diferenças no tratamento de crianças com
temperamento diferente por seus cuidadores. ; 2) através da busca, por indivíduos com
essas diferenças, de ambientes que possam aumentar o risco ou promover resiliência; 3)
pela adequação ou não do temperamento da criança às demandas do ambiente; 4) pelas
diferenças de modo de reação a estresses semelhantes; e 5) pelas diferentes estratégias
de enfrentamento usadas por indivíduos com temperamentos diferentes.
Traços de temperamento com elevada reatividade emocional positiva; com
características de sociabilidade, flexibilidade e adaptabilidade; com baixa impulsividade
e com elevada capacidade de atenção focada e de orientação para tarefas, podem servir
como promotores de resiliência (WACHS, 2006).
Parece que um temperamento tímido, e socialmente retraído protege contra a
delinqüência, embora uma personalidade extrovertida não predisponha à delinqüência
(RUTTER, 1987)
Efeitos de diferenças de temperamento na modulação das reações (das crianças)
ao estresse e adversidade operam em parte através de seus efeitos no ambiente e, em
56
particular, nas respostas das outras pessoas a elas. Por exemplo, crianças com
temperamento “difícil” são, mais freqüentemente, alvo da crítica e da hostilidade
parental, enquanto que um temperamento “fácil” pode ser protetor se levar a uma
interação pais-criança mais adaptativa, especialmente no caso de doença mental nos
pais. Mas dificuldades de temperamento não são qualidades absolutas, e padrões de
temperamento que ajudam à adaptação em um contexto, podem não ajudar em outro
(RUTTER, 1985).
No estudo de Vaillant & Vaillant (1990), de 26 traços de personalidade
investigados, apenas dois predisseram significativamente saúde mental futura:
personalidade prática-organizada (essencialmente pragmática) e bem-integrada
(constante, estável, sincera e confiável). Embora uma personalidade extrovertida tenha
sido fortemente associada com saúde mental na juventude, essa não se correlacionou a
nenhum desfecho aos 65 anos de idade.
Gil (2005) realizou um estudo prospectivo em Israel com 185 adolescentes de
graduação avaliados duas semanas antes e uma semana após sua exposição a um ataque
terrorista a um ônibus que estava em direção a sua Universidade. Oitenta e um jovens
foram expostos à explosão e reavaliados após seis meses para a determinação do
diagnóstico de TEPT. Características de personalidade pré-traumática do tipo evitativo
(i.é, com uma tendência a responder intensamente a sinais estabelecidos previamente de
um estímulo adverso e a aprender passivamente a evitar a punição, a novidade e as
situações não-compensadoras) estiveram positivamente associadas com o maior risco de
TEPT.
57
2.1.3.1.9 Emoções positivas.
“Como um tempo de alegria
Por trás do terror me acena
E a noite carrega o dia
No seu colo de açucena.
- sei que dois e dois são quatro,
sei que a vida vale a pena,
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade pequena”.
- Ferreira Gullar
As emoções positivas desempenham um papel crucial em aumentar recursos de
enfrentamento diante de eventos negativos, contribuindo criticamente para um bem-
estar físico e psicológico. Estratégias de enfrentamento relacionadas à ocorrência e à
manutenção de emoções positivas (como a reavaliação positiva; o enfrentamento focado
no problema e a infusão de significado positivo a eventos comuns) ajudam a amortecer
o estresse e a proteger contra o humor deprimido. Essas estratégias ajudam aos
indivíduos a emergirem de suas crises com novas estratégias de enfrentamento, com
relacionamentos mais próximos, com mais rica apreciação pela vida que predizem
aumentos no bem-estar psicológico (TUGADE et al., 2004).
Segundo a “teoria de ampliar-e-construir” (“Broaden-and-Build Theory) de
Fredrickson (1998, 2001 apud TUGADE et al. 2004), enquanto as emoções negativas
elevam a atividade simpática e estreitam a atenção do indivíduo para apoiar tendências
de ações específicas (p.ex. para atacar ou escapar), as emoções positivas têm o potencial
de finalizar a estimulação autonômica gerada pelas emoções negativas e de ampliar a
atenção, o pensamento e os repertórios comportamentais do indivíduo. As emoções
positivas produzem padrões de pensamento que são notavelmente incomuns, flexíveis,
criativos, integrativos, abertos à informação, e eficientes. Seus efeitos cognitivos têm
sido ligados a elevação de veis de dopamina no córtex cingular anterior, aumentando,
assim, a capacidade individual de modificar ou ajustar esforços, mais do que de
58
perseverar em uma regra de decisão particular. Com o tempo, essas experiências
repetidas se tornam habituais, aumentando os recursos individuais. Além disso,
indivíduos com maior potencial de resiliência não cultivam emoções positivas em si
mesmos, mas também as evocam nas pessoas próximas, o que cria uma rede de apoio
social que ajuda nos processos de enfrentamento.
Também do ponto de vista de saúde física, aqueles indivíduos com maior
tendência a enfrentarem as situações com humor mostram aumentos nos níveis de
imunoglobulina-A salivar, aumentando assim o funcionamento imune. O otimismo
também foi relacionado a menores taxas de doenças cardiovasculares e de admissão
hospitalar e a melhores recuperações, por exemplo, após cirurgia coronariana e a maior
longevidade. Intervenções que promovem emoções positivas são benéficas à saúde,
contribuindo para melhores desfechos positivos de saúde (TUGADE et al., 2004).
O otimismo, definido como a expectativa individual de desfechos positivos na
maioria das situações, pode permitir o indivíduo a traçar objetivos, fazer compromissos,
a lidar com a adversidade e a dor e a se recuperar de traumas e outros estressores. Pode
fazer com que o indivíduo tenda a considerar as experiências negativas como
conseqüência de fatores específicos, externos e transitórios. Também é demonstrada sua
associação com o bem-estar psicológico (BISSONNETTE, 1998). Danner et al.(2001
apud GABLE & HAIDT, 2005) encontraram que autobiografias de freiras católicas
escritas na juventude predisseram a sua sobrevivência na idade avançada. Aquelas
freiras cujos escritos relatavam um conteúdo de emoções positivas tiveram vida mais
longeva do que aquelas em cujos escritos faltava esse tipo de conteúdo.
Bonanno et al. (2007) lembra que são as emoções positivas genuínas as que vêm
sendo associadas com numerosos benefícios sociais, e os enumera: sorrisos e
gargalhadas genuínas convidam outros para aproximação e evocam neles contagiantes
59
respostas emocionais; ajudam o comportamento e a cooperação; promovem a coesão do
grupo; regulam a conversação e encorajam contínuas atividades sociais. Mas acrescenta
que as funções de todas as emoções são contexto-específicas e que emoções promovem
a adaptação a ameaças e oportunidades ambientais específicas. Assim, a regulação
efetiva da expressão emocional requer uma resposta flexível às demandas da situação, e
uma expressão de emoção positiva no contexto do relato de um evento altamente
estigmatizante como, por exemplo, de abuso sexual na infância - pode indicar, na
realidade, um ajustamento precário (BONANNO et al., 2004).
É importante lembrar que a resiliência não envolve a ausência de
experimentação de um afeto negativo, mas a habilidade de se recuperar mais
rapidamente e mais facilmente e retornar a um estado de afeto positivo, além de uma
aumentada capacidade de aprender com a experiência de afeto negativo (DAVIDSON,
2000 apud CURTIS & CICHETTI, 2003)
2.1.3.1.10 Empatia
Comparadas com crianças afetadas pelo estresse, aquelas resilientes mostravam
maiores índices de empatia, de uma capacidade de relações empáticas, bem como
maiores habilidades de solução de problemas, estratégias de coping e expressividade
social (LUTHAR & ZIEGLER, 1991; WOLFF, 1995).
2.1.3.1.11 “Hardiness”
Em 1979, Kobasa também à procura de mediadores que pudessem explicar
variações individuais na reação ao estresse, publicou um estudo retrospectivo com 200
executivos de médio e alto escalão e na quinta década de vidas, onde comparava dois
grupos, homogêneos quanto as suas características demográficas e igualmente expostos
60
a situações estressantes: um que, apesar de exposto ao risco não teve sua saúde abalada
e outro que ficou doente. Embora a autora considerasse que esses mediadores pudessem
incluir desde predisposições fisiológicas, experiências precoces na infância, recursos
sociais, e outros mediadores fisiológicos, psicológicos e ambientais, seu estudo se
deteve na avaliação de uma estrutura de personalidade, chamada por ela de “hardiness”
(robustez), que seria característica desses indivíduos que não adoeciam. Os resultados
desse estudo sugeriram que esse grupo se diferenciava do grupo que sucumbia, por
apresentarem: uma crença de que podiam controlar ou influenciar os eventos de sua
experiência (locus interno de controle); uma habilidade em sentirem-se profundamente
envolvidos com as atividades da sua vida e com um forte sentido de seus valores,
objetivos, capacidades e crenças em si mesmos (commitment); e por acreditarem nas
mudanças como um desafio para um desenvolvimento futuro (challenge) (KOBASA,
1979).
Especificamente, hardiness altera dois componentes da avaliação: reduz a
avaliação de ameaça e aumenta a expectativa do indivíduo de que os esforços de
enfrentamento serão bem-sucedidos (TARTASKY, 1993 apud BISSONNETTE, 1998).
Essa característica também se mostrou associada ao maior uso de estratégias de
enfrentamento ativas e voltadas para problemas (KOBASA, 1982 apud
BISSONNETTE, 1998). Alguns estudos têm sido consistentes em mostrar que
características hardiness de personalidade moderam o efeito do estresse na zona de
guerra e o enfrentamento pós-guerra com estressores civis, predizendo menores níveis
de sintomas psiquiátricos. Uma interação entre hardiness e estilo de apego (attachment
style) também se mostrou responsável por 20% a 40 % da variância medida na predição
de depressão, ansiedade, somatização e sintomas de TEPT passados e presentes dentre
61
um grupo de veteranos de combate e de prisioneiros de guerra (AGAIBI & WILSON,
2005).
O conceito de “hardiness” - embora claramente definido por Kobasa (1979)
como apenas um dentre outros mediadores fisiológicos, psicológicos e ambientais do
impacto do estresse sobre a adversidade apresenta-se mais como um atributo estático
do que dinâmico, sem considerar as possibilidades de variações deste ao longo do
tempo e das circunstâncias. Definido como característica da personalidade e do
temperamento, também parece ser compreendido como um atributo apenas
constitucional, sem considerar a possibilidade dele também ser resultado das relações do
indivíduo com o ambiente.
2.1.3.1.12 Auto-valorização – (Self-Enhancement)
A característica de auto-valorização tem sido associada com benefícios, como
elevada auto-estima e maiores emoções positivas, mas também com custos: pessoas que
se auto-valorizam excessivamente pontuam alto em medidas de narcisismo e costumam
evocar impressões negativas nos outros. Essa característica pode ser menos
problemática, no entanto, em um contexto de eventos altamente aversivos, quando as
ameaças aos indivíduos são mais proeminentes. Nessas condições, viéses
excessivamente positivos ou irreais em favor de si mesmo, como o self-enhancement,
podem ser adaptativos e promoverem bem-estar, embora com alguns custos sociais.
Bonanno et al. (2005) examinaram essa característica como preditora de ajustamento
entre indivíduos que estavam dentro ou próximo ao World Trade Center durante os
ataques terroristas do 11 de setembro de 2001. Essa auto-valorização foi associada a um
desfecho resiliente, e uma análise adicional mostrou que essa diminuição dos níveis de
62
sintomas entre esses indivíduos, era amplamente mediada por sua baixa percepção de
constrangimentos sociais. Esses indivíduos parecem capazes de perceber, também
através de lentes positivas distorcidas, os seus meios sociais como receptivos e
apoiadores, e serem completamente inconscientes das reações críticas que podem
evocar nos demais. No entanto, apesar da associação com baixos veis de sintomas,
amigos e parentes desses indivíduos com auto-valorização excessiva consideram que,
após o evento traumático, houve um declínio do ajustamento social desses, e que eles se
tornaram menos honestos (BONANNO et al., 2005).
2.1.3.2 Fatores Familiares
2.1.3.2.1 Experiências Precoces. Relações com adultos cuidadosos – O
sistema de Apego.
“Não existe tal coisa chamada bebê (...), se decidirmos descrever um bebê, encontrar-nos-emos
descrevendo um bebê e alguém. Um bebê não pode existir sozinho, sendo essencialmente parte de uma
relação.”
D.W.Winnicott
Masten & Coatsworth (1998) consideram que as origens da competência estão
na infância precoce, quando muitas ferramentas para a boa adaptação são moldadas
pelas interações entre a criança e seus ambientes. Nessa fase, ocorrem o
desenvolvimento de tarefas motoras, linguagem, auto-confiança, habilidades de
soluções de problemas. O cérebro em desenvolvimento é profundamente responsivo à
experiência, dado a um fenômeno conhecido como neuroplasticidade, onde
reorganização funcional e estrutural cerebral. Ambientes precoces hostis levam à
diminuição das redes neuronais e do tamanho de estruturas cerebrais, enquanto
intervenções precoces resultam no enriquecimento dessas redes e aumento no tamanho
do cérebro. Alterações físicas cerebrais, por seu lado, podem ter implicações
63
substantivas em exacerbar ou reduzir a vulnerabilidade à psicopatologia futura
(CURTIS & NELSON, 2003 apud LUTHAR & BROWN, 2007).
Estudos com animais mostraram que experiências precoces envolvendo o
cuidado, podem, significativamente, alterar a expressão gênica e que a sua expressão
afeta o comportamento posterior (LUTHAR & BROWN, 2007). Um exemplo é o
estudo de Suomi (2006 apud LUTHAR & BROWN, 2007) com macacos, em que
aqueles com um alelo curto do gene transportador da 5-hidroxitriptamina claramente
mostram problemas no funcionamento comportamental e fisiológico, mas se eles
tiverem sido criados por seus pares ao invés de por sua mãe biológica. Se tiverem sido
criados por sua mãe, seu funcionamento será igual ou superior ao daqueles macacos
com o longo alelo.
A competência infantil está embebida em um sistema de cuidados, portanto,
desenvolvimentalistas descreveram “o par competente mãe-lactente”, onde a criança é
competente com respeito ao asseguramento de suas necessidades através da influência
do comportamento de uma mãe-responsiva. evidências de que a qualidade dessas
relações especiais prediga sucesso significativo posterior. Estudos longitudinais indicam
a importância das relações com cuidadores para a adaptação bem-sucedida. Estudos
sobre resiliência apontam para a relevância de uma boa qualidade parental em prevenir
problemas anti-sociais dentre crianças expostas a auto-níveis de adversidade
psicossocial (MASTEN & COATSWORTH, 1998). (Ver figura 7).
64
Figura 7. Efeito protetor de um bom relacionamento.
Extraído de Rutter (1987) – tradução nossa.
Estudos sobre o desenvolvimento da resiliência-do-ego (ego-resiliency) indicam
que crianças frágeis m de casas marcadas por discórdia e conflito, enquanto que
crianças ego-resilientes têm pais que são competentes, integrados, amorosos, pacientes,
compatíveis e que compatilham valores (BLOCK, 1971 apud LUTHAR & ZIEGLER,
1991). Um relacionamento seguro com um dos pais, pode substancialmente mitigar os
efeitos de uma relação insegura com o outro. O que parece importante para a proteção é
uma relação segura com alguém (RUTTER, 1985, 1987). Uma ligação próxima com um
pai efetivo está relacionada a melhores desfechos dentre crianças com vidas comuns,
tanto quanto dentre aquelas que são ameaçadas por uma ampla gama de situações, como
dicórdia familiar, abuso, situação de rua e situações de múltiplos riscos. Similarmente,
quando há uma grave exposição a trauma relacionado a guerra ou a desastres naturais , a
proximidade do cuidador é um dos mais potentes preditores da resposta da criança
(MASTEN & COATSWORTH, 1998; LUTHAR & ZIEGLER, 1991).
Ambientes estruturados (previsíveis), em adição a estratégias como graduação
(usando pequenos passos para superar desafios) e escolha (maximizando a quantidade
Crianças
com
transtorno
de conduta
Sem discórdia
Com discórdia
Um bom
relacionamento
Nenhum bom
relacionamento
65
de escolha dada a uma criança), permite à criança, desenvolver um sentimento de
controle sobre o seu mundo. É essa percepção de controle sobre o ambiente que leva a
sentimentos de domínio e de otimismo por parte da criança, promovendo sua autonomia
(SELIGMAN, 1995 apud BISSONNETTE, 1998; BROOKS, 1994 apud
BISSONNETTE, 1998). É bem documentada na literatura que a vinculação precoce
segura, aumenta a auto-estima e a auto-eficácia. Relações amorosas e protetoras com o
cuidador levam a criança a se sentir amável e dotada de valor. Essa auto-percepção
positiva que a criança recebe, em parte, dos outros, oferece uma base segura para a
exploração do mundo (BISSONNETTE, 1998). As raízes do otimismo repousam na
infância, nas experiências repetidas de gratificação das necessidades, de ser capaz de
confiar que a vida pode ser boa. O otimismo e a esperança, adquiridas através dessas
experiências precoces, o reforçados anos mais tarde, na medida em que as separações
são seguidas de reencontros e a dor é seguida de conforto. A criança desenvolve
confiança de que ela e o ambiente serão capazes de manejar qualquer problema
(MURPHY, 1987 apud BISSONNETTE, 1998).
Na coorte estudada por Dumont et al. (2007), com indivíduos com e sem história
de abuso sexual e negligência na infância, crescer em uma situação de vida estável
com ambos os pais até os dezoito anos; ou com mais de dez anos no primeiro local de
lotação -, estavam dentre os fatores preditores de resiliência na adolescência.
No estudo de Spaccarelli & Kim (1995), apoio parental foi o melhor preditor de
resiliência após abuso sexual, juntamente com estresse total de abuso que também
mostrou uma contribuição significativa para a variância.
A parentalidade pode funcionar como uma variável mediadora também entre os
efeitos de privação econômica sobre crianças e adolescentes (CONGER et al., 1997 e
66
1992, apud MASTEN, 2001). Essa via indireta pode ser exemplificada no diagrama da
Figura 8.
Figura 8. Exemplo de um Modelo Indireto de Risco e Resiliência. Extraído de Masten (2001)- tradução nossa.
O nível de estresse dos pais parece predizer o nível de estresse dos filhos e os
sintomas dos pais são preditores significativos de problemas comportamentais e de
auto-relatos de estresse internalizado pelas crianças. O nível de sintoma das mães, em
comparação com o dos pais, deve ser mais grave antes que a criança esteja em risco
para o desenvolvimento de problemas (COMPAS & PHARES, 1991 apud AGAIBI &
WILSON, 2005).
Uma boa parentalidade está associada com o desenvolvimento de habilidades
cognitivas e criatividade que facilitam a maior competência no enfrentamento de
diferentes tipos de estressores (AGAIBI & WILSON, 2005).
A perda parental precoce cria vulnerabilidade para transtornos psiquiátricos que
não se torna manifesta até muito mais tarde, e só em associação com variáveis diretas de
risco. Dados de um estudo de Brown & Harris (1986 apud RUTTER, 1987), mostram
que a perda da mãe antes da criança ter 11 anos, não tem associação com depressão no
adulto na ausência de um agente provocante, mas tem um efeito potenciador de 3 vezes,
Risco
Parentalidade
Efetiva
Desfecho
Desejável na
criança
Atributo
Nota: Exemplo de um modelo indireto de risco e resiliência onde uma ameaça ou
um atributo ao desenvolvimento produz seus efeitos através de um sistema
adaptativo maior, nesse caso a parentalidade. O efeito do atributo ou variável de
risco nesse caso é mediado pela variável parentalidade.
67
quando combinada com um evento de ameaça à vida ou uma dificuldade duradoura. Ver
Figura 9.
Fig ura 9. Perda materna (antes dos 11 anos), agentes provocantes e depressão. Extraído de Rutter (1987)
(tradução nossa).
Com o avançar do conhecimento sobre resiliência, percebe-se a necessidade de
se aprimorar os estudos em uma abordagem mais fina, e não apenas global, que possa
melhor traduzir os processos que levam a uma adaptação positiva na adversidade em
situações específicas. Por exemplo: boa parentalidade tem numerosos componentes, e o
que bons pais fazem, depende das características dos filhos, assim como da situação. O
que na perda materna cria vulnerabilidade? Parece que a falta de um cuidado afetivo, a
orientação cognitiva de desamparo são as chaves principais, que pode também ter a
contribuição de baixa auto-estima (RUTTER, 1987).
A disponibilidade de cuidadores sensíveis e responsivos durante a primeira
infância é crítica em amortecer os efeitos negativos do estresse e adversidade sobre o
desenvolvimento do eixo HPA. Já a separação da mãe após o nascimento pode levar a
alterações permanentes na responsividade neuroquímica e endócrina e levar a problemas
comportamentais (LUTHAR et al., 2006).
Com perda materna
Sem perda materna
depressão
Evento provocante
e dificuldade
Nenhum evento provocante
68
No estudo de Vaillant & Vaillant (1990) citado no capítulo de mecanismos
de defesa foram preditores de saúde antes dos 50 anos de idade: a coesão familiar e a
presença de relações com os pais que levavam à confiança, à autonomia e à iniciativa.
Paradoxalmente, a história de um ambiente caloroso na infância teve uma contribuição
independente importante em predizer saúde física, mas não saúde mental. Aos 65 anos
de idade, a proximidade dos irmãos foi um poderoso preditor de ajustamento
psicossocial.
2.1.3.2.2 Apoio conjugal
A presença de relações íntimas ou de apoio conjugal também se mostrou
associada a processos protetores em alguns estudos (LUTHAR & ZIEGLER, 1991). A
falta de uma relação íntima e confidente com um marido ou namorado foi associada em,
um estudo de Campbell et al (1983 apud RUTTER, 1987), com um aumento não-
significativo de depressão, mas com um aumento significativo de três vezes o efeito do
agente provocante; um aumento que excede a soma dos dois se considerados
separadamente (ver Figura 10).
Figura.10. Intimidade com o parceiro, agentes provocantes e transtorno afetivo. Extraído de Rutter (1987) tradução
nossa.
Sem intimidade
Com intimidade
Transtorno
afetivo
Com um a
gente provocante
Sem um a
gente provocante
69
No estudo de Vaillant & Vaillant (1990), o passado de uma relação conjugal
prazerosa predisse medidas de ajustamento físico e psicossocial, mas o de satisfação
subjetiva com a vida aos 65 anos de idade.
No estudo de Dumont et al. (2007), o envolvimento com um cônjuge ou
companheiro que oferecesse grande apoio foi um dos preditores de resiliência no início
da vida adulta. os indivíduos com baixo nível de apoio de seus cônjuges ou
companheiros não se mostraram significativamente mais resilientes do que aqueles sem
um relacionamento desse tipo.
2.1.3.3 – Fatores Sociais
2.1.3.3.1 Apoio Social
A relação entre estresses de vida e doença foi mostrada como sendo moderada
pela presença de apoio social de fontes familiares e extra-familiares. O apoio social
pode exercer seus efeitos tanto por permitir oportunidades para o indivíduo sair da
situação de risco, quanto por ajudar a uma avaliação mais saudável dos eventos. Além
disso, pode indiretamente facilitar qualidades protetoras, como, por exemplo, a auto-
estima (WOLKOW & FERGUSON, 2001; RUTTER, 1987).
Desfechos positivos tendem a ser associados com maior uso de sistemas sociais
entre as crianças de alto-risco e suas famílias. A presença de apoio social estava entre
um dos fatores mais significantes diferenciando pais que não repetiram um ciclo
intergeracional de abuso infantil daqueles que o fizeram. Programas de intervenção que
oferecem serviços de apoio a crianças de alto-risco e suas famílias podem ser de grande
benefício em termos de fornecer funções protetivas e de promover desfechos positivos.
(LUTHAR & ZIEGLER, 1991). Tipicamente, crianças com mais recursos de capital
social
vão melhor na escola (COLEMAN, 1988 apud MASTEN & COATSWORTH,
70
1998). Além disso, vítimas de adversidade na infância, que identificam pelo menos um
adulto do passado como provedor de apoio, demonstram menor abuso de substância,
menor comportamento violento e menos transtorno de conduta; melhores
relacionamentos com os pais e colegas, melhor ajustamento psicossocial, melhor
desempenho acadêmico, melhores estratégias de enfrentamento, auto-imagens mais
positivas, melhor bem-estar subjetivo e melhor qualidade de vida (WOLKOW &
FERGUSON, 2001).
Em um estudo com adolescentes de escolas rurais na Pensilvânia, a percepção de
apoio social da família teve, após o otimismo, o segundo maior efeito principal sobre a
resiliência psicossocial. Apoio social percebido dos amigos foi o mais poderoso
moderador das experiências negativas de vida, sendo tanto mais importante dentre os
adolescentes mais velhos e quanto maior era o número de eventos negativos na vida
desses jovens (TUSAIE et al., 2007).
Assim como os achados na pesquisa sobre resiliência infantil, vários estudos
sobre trauma em adultos encontraram que apoio social percebido e coesão familiar
estavam associados a uma maior resiliência. evidências de que é o engajamento
ativo do indivíduo nos relacionamentos mais do que o aumento da disponibilidade de
apoio, que ajuda a mediar a proteção contra o TEPT. Isto é, parece a habilidade do
indivíduo de usar e de manter tal apoio que está envolvida na proteção (HOGE et al.,
2007).
Uma das ironias da recuperação de um trauma é que o evento traumático pode
romper as redes de apoio no momento em que elas são mais necessárias, seja pela perda
de pessoas significativas, seja pela destruição de redes de apoio (p.ex. de escolas), seja
por afetarem a utilização do apoio pelo indivíduo (LYONS, 1991).
71
No entanto, dentre os fatores protetores, o apoio social parece ser o mais
suscetível à intervenção (WOLKOW & FERGUSON, 2001).
É importante lembrar que, medidas de tamanho de uma rede de apoio ou de
freqüência de interação são menos preditivas do que medidas que levam em
consideração a qualidade e a valência das interações. Nem todos os relacionamentos
fornecem apoio, e podem constituir estressores adicionais se colocam demandas
elevadas ou conflituosas para o indivíduo (LYONS, 1991).
O apoio social pode ser diferenciado em apoio “percebido” (isto é, a crença de
que a ajuda estaria disponível quando necessária) e apoio recebido” (isto é, o atual
recebimento de ajuda). O apoio social também varia em duas dimensões críticas. A
primeira é refletida no padrão geral de utilização da ajuda. Esse padrão lembra uma
pirâmide, com sua ampla base constituída pela família, seguida de outros grupos de
suporte primário, como amigos, vizinhos e colegas de trabalho, e seguidos de agências
formais e outras pessoas de fora do círculo imediato da vítima. A segunda dimensão, o
tipo de apoio, diferencia entre apoio emocional, informacional e apoio tangível. O apoio
recebido protege contra a erosão do apoio percebido, que, por sua vez, é um potente
fator protetor para a saúde mental. O apoio recebido ajuda mais quando é recíproco,
significando que um balanço entre receber e dar apoio. Estar constantemente na
ponta final de recebimento no contínuo das trocas de apoio pode ameaçar a auto-estima,
enquanto que ser aquele que constantemente provê o apoio cria estresse e sobrecarga
(NORRIS et al., 2008).
2.1.3.3.2 Macro-ambiente.
As condições políticas e sócio-econômicas presentes no nascimento e na
infância podem afetar a resiliência contra a adversidade. Crescer em tempos de amplo
72
emprego pode favorecer um adolescente delinqüente a não seguir uma trajetória
criminal, uma vez que os vínculos sociais da vida adulta, como o trabalho e o
casamento, protegem homens predispostos contra uma carreira criminal adulta
(WOLFF, 1995). Afinal, todos indivíduos têm o potencial para se desenvolverem mais
positivamente (LERNER, 2006). Para ajudar jovens de alto-risco e em desvantagem na
direção de um sentido de competência e auto-eficácia, mudanças no macro-ambiente
são essenciais e condições de pobreza e de desemprego necessitam ser seriamente
atacadas. Essas adversidades contribuem para a violência doméstica, para a depressão
materna, para a discórdia parental, para uma parentalidade coercitiva e não-vigilante e
para o abuso infantil, quando pais vulneráveis também não estão protegidos por
melhores condições de vida.
O macro-ambiente também inclui o sistema educacional. São necessários
programas que promovam a resiliência de crianças de alto-risco, permitindo que elas
comecem a escola de modo mais competente, com maior confiança nas suas
capacidades, e evocando respostas mais positivas de professores, o que promove sua
maior auto-estima. Atividades extra-curriculares também podem oferecer a
oportunidade de sucesso àqueles menos dotados intelectualmente, possibilitando o
desenvolvimento de outros talentos individuais (WOLFF, 1995).
Dumont et al. (2007) em seu estudo prospectivo com casos de abuso sexual e
negligência na infância e controles, pesquisou a influência de residir em uma vizinhança
próspera na predição de resiliência. Essa variável de prosperidade da vizinhança foi
definida por um índice composto por quatro itens: percentagem de casas ocupadas pelo
proprietário; percentual de famílias com renda anual maior do que 25.000 dólares; de
indivíduos com 25 anos ou mais com mais com quatro anos de ensino superior e de
indivíduos com 16 anos ou mais trabalhando como profissionais ou managers. Apesar
73
de não terem evidenciado efeito principal da vizinhança sobre a predição de resiliência,
observaram uma interação, indicando que vizinhança próspera moderava a relação entre
a estabilidade do lar e a resiliência. Além disso, também foi observada uma interação
entre o tipo de vizinhança com as habilidades cognitivas dos indivíduos. Aqueles que
cresceram em vizinhanças com, relativamente, um maior número de “vantagens” e que
tinham uma habilidade cognitiva alta, tenderam a ser três vezes mais resilientes do que
os participantes de um mesmo tipo de vizinhança, mas que tinham baixos níveis de
habilidade cognitiva. Por outro lado, em vizinhanças menos prósperas, a habilidade
cognitiva não esteve significativamente relacionada com a resiliência.
A classe social, como variável independente, pode ser um fator distal, mas
resultar em estressores proximais que diretamente afetam os indivíduos sujeitos a tais
experiências e que levam a altas taxas de TEPT. Fatores de risco daqueles indivíduos
socialmente em desvantagem ocorrem juntos freqüentemente, elevando a
vulnerabilidade desses indivíduos. Riscos proximais incluem ambientes caóticos,
trauma e instabilidade na família, abuso de substâncias, nutrição inadequada, separação
parental, doença mental e comportamento anti-social. Agaibi & Wilson (2005) sugerem
que se uma criança é exposta a riscos distais, mas ainda não experimenta riscos
proximais (como abuso e negligência), é mais seguro assumir que a família seja mais
resiliente do que não.
outros estudos, como o de Miller et al. (1999), citado por (VANDERBILT-
ADRIANCE, 2008) encontraram que, para uma amostra de garotos de alto-risco, baixos
níveis de conflito familiar estiveram associados a baixos níveis de comportamento anti-
social apenas no contexto de uma baixa exposição à violência comunitária. Assim, viver
em uma família com poucos conflitos não seria um fator protetor quando a violência na
comunidade for alta. Riscos para adolescentes de vizinhanças em desvantagem podem
74
ser de maior magnitude e, portanto, podem mais freqüentemente superarem fatores
protetores. Alguns fatores associados com a resiliência podem perder sua habilidade de
amortecer o risco uma vez que um determinado nível deste seja atingido.
2.1.3.4 Pontos de mudança (“Turning points”).
É assim chamado, pois o que acontece determina a direção da trajetória de vida
por muitos anos (RUTTER, 1987). Experiências de trabalho na adolescência, desde que
não excessivas, podem aumentar o sentimento de competência, promover o bem-estar
do adolescente e reforçarem as relações dos adolescentes com seus pais (MASTEN &
COATSWORTH, 1998). Uma recuperação tardia pode derivar de experiências de
“turning point” na vida adulta. Um exemplo seria o efeito protetor de um bom
casamento, com apoio do cônjuge, para uma amostra de mulheres institucionalizadas na
infância e juventude. Outro seria a entrada nas forças armadas para pessoas de uma
origem gravemente desvantajosa (RUTTER, 2006). Para estudar o efeito de
experiências positivas na vida adulta representando pontos de virada para crianças com
experiências adversas é necessária a abordagem da trajetória ao longo de toda vida.
2.1.4.
Resiliência como uma “mágica comum” (“ordinary magic”).
Apesar das histórias extraordinárias de crianças que superam a adversidade que
freqüentemente inspiraram o estudo desse construto, o fenômeno de resiliência é mais
comum do que se esperava. Diz Masten (2001) que o que começou como uma busca
para a compreensão do extraordinário revelou o poder do comum. Crianças resilientes
não parecem possuir qualidades excepcionais misteriosas; antes, elas conservaram
importantes recursos representando sistemas protetores básicos do desenvolvimento
75
humano. A resiliência não vem de qualidades raras e especiais, mas da mágica cotidiana
de recursos humanos comuns nos indivíduos, na família e relacionamentos e nas suas
comunidades, isto é, a resiliência parece ser um fenômeno comum que surge de
processos adaptativos comuns. (MASTEN & COASTWORTH, 1998; MASTEN,
2001).
Como foi dito, Bonanno (2004) considera que a resiliência é a resposta mais
comum de um adulto a um trauma potencial. É necessário lembrar, no entanto, a
possibilidade de que a utilização de critérios de desfecho muito estreitos possa
artificialmente considerar como “adaptadas positivamente” pessoas, na realidade, mal-
adaptadas. Bonanno (2004) argumenta que, mesmo se consideramos a possibilidade das
reações ao trauma se manifestarem através de outros problemas comportamentais e de
saúde na ausência de TEPT, ainda assim muitos sobreviventes não demonstram tais
problemas. Para exemplificar, cita um estudo longitudinal com sobreviventes de um
terrível desastre, em que, após um ano, 13,7% dos pacientes preenchiam critérios para
algum transtorno psiquiátricos e 31% apresentaram algum diagnóstico dico. Embora
essas taxas sejam bem maiores do que aquelas encontradas no grupo controle (1,1% e
4,5 %, respectivamente); ainda assim a maioria dos sobreviventes não exibia nem mal-
estar extremo, nem problemas de saúde pouco comuns. No entanto, a proporção de
resiliência vai variar também com a gravidade do estressor.
A conclusão de que a resiliência emerge de processos comuns oferece uma visão
mais otimista para a ação. Se as maiores ameaças ao indivíduo são aquelas que minam
seus sistemas básicos protetores - que não são invulneráveis e que precisam ser nutridos
-, esforços para promover a competência e resiliência no indivíduo em risco devem
focar sobre estratégias que protejam e restaurem a eficácia de seus sistemas básicos
(MASTEN, 2001).
76
2.1.5. Possibilidade de Intervenção para Promoção de Saúde
Até bem recentemente, o foco principal das discussões sobre risco psicossocial
vinha sendo a redução de influências adversas. É claro que esse é um importante
objetivo, mas é igualmente importante prestar atenção àqueles padrões que, enquanto
não promovem diretamente bons desfechos, aumentam a resistência a adversidades
psicossociais e a perigos de vários tipos (RUTTER, 1993). A descoberta de como os
indivíduos superam a adversidade nos ajudou a identificar possibilidades previamente
indetectadas para a ação preventiva (WOLFF, 1995).
Existem várias similaridades entre a pesquisa sobre resiliência e a pesquisa de
prevenção, mas também algumas diferenças. A maior distinção repousa na distinção da
frase “estar bem”. Para os prevencionistas, isso freqüentemente representa a evitação da
doença. Os pesquisadores da resiliência, por outro lado, estão preocupados com bem-
estar em adição à ausência de disfunção. No entanto, a ênfase desses pesquisadores no
bem-estar não implica no abandono do que não aborda a excelência. O foco,
simplesmente, está em trajetórias que são “inesperadamente positivas”, isto é,
significativamente melhores do que as esperadas com base na maioria dos indivíduos
afetados pelas adversidades. Quando qualquer condição de risco está conceitualmente e
estatisticamente associada aos diagnósticos psiquiátricos, (p.ex. por elevadas odds-
ratios) é lógico priorizar a ausência da psicopatologia antes da manutenção da elevada
competência social como indicador apropriado de uma adaptação resiliente (LUTHAR
& CICHETTI, 2000b).
Um cuidado deve ser tomado com a má-interpretação do conceito de resiliência,
que pode levar à minimização do impacto real dos eventos traumáticos, com a
presunção de resiliência dentre aqueles mais vulneráveis (p.ex. crianças). Intervenções
precoces, que podem melhorar a intensidade e a gravidade da resposta ao trauma, vão
77
diminuir a probabilidade do desenvolvimento de sistemas neurais sensibilizados que
resultem em hipervigilância mantida ou em sintomas dissociativos, ou em ambos
(PERRY et al., 1995)
A evidência objetiva dos efeitos deletérios da adversidade precoce no cérebro
em desenvolvimento, na sua arquitetura, química e sistemas fisiológicos cerebrais
implicados no enfrentamento do estresse; e a evidência de que um ambiente cuidador
sensível e responsivo podem substancialmente reduzir esses efeitos do estresses, são
argumentos poderosos para o investimento de recursos nas intervenções preventivas na
infância (NATIONAL SCIENTIFIC COUNCIL ON THE DEVELOPING CHILD,
2005 apud LUTHAR & BROWN, 2007).
Segundo Suomi (2006 apud LUTHAR & BROWN 2007), os achados dos
estudos da interação Gene-Ambiente entre animais e humanos podem ser interpretados
de dois modos. Ainda que não sejam mutuamente exclusivos, esses têm diferentes
implicações para as estratégias de prevenção. Uma interpretação é que “bons” genes
protegem contra um mau ambiente. Outra, é que “bons” ambientes, significativamente,
amortecem indivíduos com genes “maus”, reduzindo desfechos do desenvolvimento
deletérios.
Clinicamente, alguns fatores protetores podem ser acessíveis à manipulação
externa e podem, assim, nos mostrar um foco potencial para futuros tratamentos e
intervenções (COLLISHAW et al., 2007). Os objetivos agora incorporam a promoção
da competência como a prevenção ou melhora dos sintomas.
A promoção de resiliência não se encontra na esquiva de todo estresse, mas
antes, em encontrar o estresse (dependendo do grau deste, é claro) no tempo e do modo
que permita aumentar a auto-confiança e a competência social através de domínio e
responsabilidade apropriada (RUTTER, 1985).
78
2.2 Modelos de análise para as pesquisas em resiliência.
Duas abordagens caracterizaram os desenhos de estudo sobre a resiliência dentre
crianças de alto-risco: A) a abordagem focada na variável que usa estatística
multivariada para testar as ligações entre as medidas do grau de risco e ou adversidade,
desfecho e qualidades potenciais que podem funcionar para compensar ou proteger o
indivíduo das conseqüências negativas do risco; B)
a abordagem focada na pessoa que compara pessoas que têm diferentes perfis em um
conjunto de critérios para avaliar o que diferencia os indivíduos com um maior
potencial de resiliência do que as outras (MASTEN, 2001).
2.2.1 Abordagem focada na variável
Garmezy et al (1984) sugeriram três modelos para descreverem o impacto do
estresse e dos atributos protetores/ moderadores na qualidade da adaptação. O primeiro,
chamado de “compensatório”, consideraria que os fatores de estresse e os atributos de
personalidade podem ser vistos como se combinando aditivamente na predição de
competência, através da seguinte equação: C= β
1
A + β
2
E + D (onde C é competência;
A, os atributos de personalidade; E, a variável estresse e D, uma constante).
Teoricamente, reflete a contribuição independente (efeitos principais) de riscos ou
atributos ou ainda de atributos “bipolares” no curso da variável de desfecho (ver Figura
11). As linhas da regressão são paralelas (A), pois a relação desse atributo com o
critério de interesse não varia através dos níveis de risco-adversidade (MASTEN, 2001).
79
Fig 11. Exemplo de Modelos de Efeitos Principais Baseados em Análises Multivariadas na Pesquisa da Resiliência. Adaptado de
Masten (2001).
Nota: Em A, as linhas da regressão são plotadas para dois valores de um atributo para um dado desfecho; elas são
paralelas porque o atributo representa uma vantagem apesar da adversidade ou nível de risco. A adversidade também tem um efeito
principal nesse exemplo; assim, o desfecho cai, na medida em que a adversidade aumenta. B mostra um diagrama com os mesmos
efeitos principais para a variável de atributo e uma variável adversidade-risco, além de um preditor bipolar com efeito principal
nesse desfecho.
O segundo modelo, o “modelo de desafio”, consideraria que o estresse, se não
for excessivo, pode aumentar a competência e, nesses casos, a resistência a riscos
ambientais poderia vir da exposição ao risco em circunstâncias controladas
(GARMEZY et al, 1984 e RUTTER, 2006). Nesse modelo, pela relação curvilínea entre
estresse e competência, adiciona-se um termo quadrático à função: C= β
1
A + β
2
E +
β
3
E
2
+ D (GARMEZY et al, 1984).
Já no terceiro modelo, existe uma relação condicional entre o estresse e os
atributos de personalidade, com uma modulação desses atributos no impacto do estresse
sobre a competência (ver diagrama B figura 12).
Alto no atributo
Baixo no atributo
Baixa Alta
Adversidade
Desfecho Desejável
Alto
Baixo
Atrib
u
to
Desfecho
Preditor
Bipolar
Risco
80
Figura 12. Exemplos de Modelos de Interação para a Pesquisa da Resiliência. Adaptado de Masten (2001).
Nota: O gráfico A ilustra uma interação retratada pela análise de regressão onde a adversidade ou risco parece ter efeitos preditivos
no desfecho dependendo do nível ou ausência de um fator protetor ou de vulnerabilidade. O diagrama B mostra dois tipos de efeitos
moderadores. Um, representa um atributo de um indivíduo ou ambiente que modera o impacto de um fator de risco ou estressor no
desfecho de interesse, mas não tem relação direta com o estressor/risco. O outro é um moderador ativado pelo risco, análogo a um
airbag de automóvel ou a uma resposta do sistema imune.
Assim, na presença de atributos pessoais positivos, há uma atenuação desse
impacto (“imunidade”), enquanto que, na presença de vulnerabilidade pessoal, pode
haver a sua acentuação. Esse modelo, chamado pelos autores de “modelo de imunidade-
versus-vulnerabilidade” incorpora um termo de interação: C= β
1
A + β
2
E + β
3
EA + D.
Os autores consideram que o atributo de resistência” ao estresse/vulnerabilidade
poderia também ser ambiental, e não apenas individual. Observam ainda que esses
modelos de relação entre essas variáveis podem não ser mutuamente exclusivos, mas
sim combinados e que a “resistência ao estresse” ou o fator protetor podem não
diferenciar a competência da criança em níveis baixos de estresse, mas apenas em níveis
elevados. Exemplificam ainda, em uma coorte de base populacional de 200 crianças, a
interação entre um fator protetor (Quoeficiente de Inteligência) e diferentes níveis de
estresse no sucesso acadêmico, como mostra a figura 13 (GARMEZY et al, 1984).
Alto no atributo
Baixo no atributo
Desfecho Desejável
Alto
Risco
Baixa Alta
Adversidade
Baixo
Moderador
ativado por
risco
Desfecho
Moderador
81
Figura 13. Interação do estresse e QI com relação ao sucesso acadêmico. Adaptado de Garmezy et al
(1984).
Esse mostra um exemplo do modelo imunidade-versus-vulnerabilidade, onde
crianças com QI elevado mantêm bom desempenho, para ambos os níveis de estresse,
enquanto para crianças com baixo QI, o desempenho cai em função do estresse. Indica,
ainda, um efeito compensatório, onde o desempenho covaria com o QI, independente do
estresse (GARMEZY et al., 1984).
Dois “marcadores neurobiológicos de resiliência” parecem ser exemplos de
variáveis moderadoras ativada pelo risco (ver figura 6): o neuropeptídio Y e a DHEA.
Conforme podemos observar na figura, seus valores são maiores dentre os indivíduos
que se recuperaram de um trauma. Mas são menores naqueles que nunca se expuseram
do que naqueles com história de trauma ou naqueles com PTSD, sugerindo que tais
marcadores sejam ativados pela exposição (YEHUDA & FLORY, 2007).
Garmezy et al. (1984) sugerem que o ordenamento hierárquico das variáveis na
entrada do modelo é o mais apropriado para condução das análises de regressão
múltipla/correlação nos estudos das relações complexas envolvidas no processo de
resiliência, uma vez que existe uma prioridade lógica ou temporal para ordenar essas
variáveis no modelo. A prioridade de entrada no modelo é dada às características do
QI elevado
QI baixo
Estresse
Baixo Alto
Sucesso Acadêmico
82
organismo sobre as ambientais. Assim, variáveis cognitivas precedem status sócio-
econômico e taxas de estresse. Dentro das características do organismo, a prioridade é
dada à mais simples (p.ex. sexo, idade) sobre as mais completas (p.ex QI) e à
precedência temporal, (p.ex sexo, antes da idade). E todas as interações significativas só
entram após a entrada dos efeitos principais.
Rutter (1985) observa que os processos interativos podem não ser
multiplicativos, podendo ser necessários modelos aditivos de interação para a percepção
de um efeito sinergístico entre as variáveis. Lembra também que o fato de serem
encontrados efeitos das variáveis no modelo multivariado, isso não significa que cada
uma delas tenha um efeito significativo sozinha, mas que esse existe quando as outras
variáveis são levadas em conta. Exemplifica com o estudo por ele conduzido sobre
adversidades familiares crônicas (p.ex. discórdia familiar, transtorno mental parental,
superlotação, etc), em que não foi encontrado efeito no risco psiquiátrico quando elas
ocorriam isoladas, mas o risco psiquiátrico subia nitidamente quando várias
adversidades co-existiam.
Roosa (2000 apud LUTHAR, 2000c) sugere que os efeitos de interação o,
certamente, o coração da pesquisa de resiliência, uma vez que forças protetoras e de
vulnerabilidade são altamente contexto-específicas. Luthar (2000c) lembra que, embora
o efeito de interação seja o coração” da resiliência, os efeitos principais de fatores
protetores não devem ser negligenciados.
Para Rutter (2006), a resiliência é uma inferência baseada na evidência de uma
interação (entre risco e proteção), mesmo que essa não esteja refletida em um termo de
interação estatístico. Esta ausência pode decorrer da necessidade de uma interação
estatística requerer variação em ambas as variáveis (risco e proteção), e não apenas em
uma delas. Por exemplo, em uma área endêmica, a exposição dos indivíduos a um
83
determinado risco pode não variar, e, apesar de haver variações individuais protetoras, a
interação pode não ser estatisticamente evidente.
2.2.2 Abordagem focada na pessoa
Muitas abordagens focadas na pessoa procuram identificar, a partir de pontos de
corte, grupos de indivíduos com padrões de bom e mau-funcionamento adaptativo em
contextos de ameaça ou risco distintos a partir de pontos de corte, e de modo a examinar
o que possa explicar as diferenças nos desfechos. Um exemplo foi o estudo de Kauai,
em que foram comparados dois grupos de alto-risco aos dois anos de idade e que
tiveram desfechos adaptativos e mal-adaptativos. A identificação do subgrupo
“resiliente” foi feita com base na sua competência nas idades de 10 e 18 anos. As
diferenças encontradas foram descritas no capítulo 1.2.1 (MASTEN, 2001 E
WERNER, 1992).
Classificações com modelos completos contam também com grupos de baixo-
risco, para avaliar se os “resilientes” diferem também daqueles bem-adaptados que não
tiveram adversidades (MASTEN, 2001). Para isso, são formados quatro grupos: baixo
risco/má-adaptação (indivíduos muito vulneráveis); baixo-risco/boa adaptação; alto-
risco/má-adaptação (indivíduos afetados) e alto-risco/boa-adaptação (maior potencial de
resiliência). Estudos relatados por Masten et al. (1999) revelaram que jovens
competentes com baixa-adversidade e jovens “resilientes” tinham recursos psicossociais
muito similares, incluindo melhor funcionamento intelectual e qualidade parental, e
maior auto-percepção positiva. Esses grupos diferiam marcantemente dos grupos mal-
adaptados com relação a esses recursos, mesmo que indivíduos resilientes tivessem
histórias semelhantes de experiências de vida graves ou catastróficas. Já Luthar &
84
Ziegler (1991) desenharam uma investigação para abordar a possibilidade de um jovem
resiliente, na realidade, estar sofrendo um mal-estar subjetivo, e seus achados apoiaram
esse ponto de vista, embora esses resultados não tenham sido replicados por Masten et
al (1999), que geralmente encontravam bem-estar entre o grupo resiliente.
Análises de função discriminante e análise de cluster também têm sido usadas
para estudar esses subgrupos, como em MASTEN et al (1999). Jovens mal-adaptados
puderam prontamente ser discriminados dos dois grupos competentes pelos seus
recursos e indicadores de bem-estar, enquanto os grupos “resiliente” e “competente com
baixa-adversidade” não puderam ser discriminados. a análise de cluster produziu
grupos resilientes, maladaptativos e competentes que eram altamente comparáveis com
os grupos definidos previamente por pontos-de-corte.
2.2.3. Cuidado na Interpretação dos resultados. A questão da
bidirecionalidade da causalidade.
Em estudos sobre resistência ao estresse em crianças, uma abordagem comum
para operacionalizar o estresse é o método de eventos de vida e consiste em uma lista de
eventos que se acredita serem experimentados freqüentemente por essas e por
adolescentes. Embora medidas de estresse na vida tipicamente se correlacionem com o
ajustamento, um problema potencial uma vez que vários itens em medidas de
eventos de vida podem ser eles mesmos resultados de uma má-adaptação. Na tentativa
de abordar essa questão da causalidade, vários estudos examinaram correlações com
ajustamento de dois tipos: aqueles eventos sobre os quais o indivíduo não possuía
controle e que não poderiam ser vistos como conseqüência do ajustamento e aqueles nos
quais os respondentes possuíam algum grau de controle. Uma outra maneira de
examinar essas questões de causa-e-efeito tem sido usar o método de cross-lagged
85
correlation, que consiste no exame da extensão na qual eventos de vida no Tempo 1
podem predizer ajustamento no tempo 2, ao contrário do oposto. O uso dessa técnica
indicou que, enquanto o estresse pode desempenhar um papel importante no
desenvolvimento de mau-ajustamento, a presença de problemas de ajustamento também
pode levar a experiências de eventos negativos da vida. Mais ainda, a aparente relação
bidirecional entre estresse de vida e ajustamento pode, em alguns casos, resultar da
influência comum de uma terceira variável (LUTHAR & ZIEGLER, 1991)
Outro problema no que diz respeito à causalidade é que a maioria dos estudos
(mesmo aqueles longitudinais), não informam dados do ajustamento prévio à ocorrência
do estressor ou do evento traumático. Embora os estudos longitudinais conduzidos após
o aparecimento desses eventos forneçam insights úteis sobre os fatores que podem
moderar os efeitos do estresse, eles excluem a possibilidade de uma conclusão definitiva
em termos de uma relação causal entre o estressor e os desfechos do desenvolvimento.
(LUTHAR & ZIEGLER, 1991).
Também as variáveis psicológicas e biológicas de resiliência com relação ao
TEPT deviam idealmente ser medidas antes do início do trauma, o que quase nunca
acontece (HOGE et al, 2007).
2.2.4.
A operacionalização do conceito resiliência.
Resiliência como processo X a utilização de “escalas de resiliência”.
Como dissemos anteriormente, o conceito de resiliência vem ganhando maior
complexidade nas últimas décadas, sendo definido como um processo dinâmico que
leva a uma adaptação/superação de uma adversidade. Os estudos sobre resiliência
realizados por pesquisadores da Psicopatologia do Desenvolvimento costumam utilizar,
86
em sua maioria, diversas medidas na classificação dos principais construtos
relacionados à resiliência, isto é, na definição do estresse, dos fatores protetores e da
adaptação positiva, conforme já descrito nos capítulos anteriores.
Para a identificação do processo de resiliência é preciso que, primeiro, a
experiência a qual os indivíduos sejam expostos represente um risco suficiente;
segundo, os marcadores de resiliência devem abarcar uma variedade de domínios e,
preferencialmente, devem estar evidentes por um período prolongado
(LUTHAR et al.,
2000a)
.
Abaixo, exemplificaremos duas distintas operacionalizações da resiliência, ora
entendida como um processo, ora como um conjunto de fatores protetores:
No citado estudo longitudinal conduzido por Rutter et al na Ilha de Wight,
Inglaterra, com publicação recente de um subgrupo que sofreu abuso e um grupo
controle por Collishaw et al em 2007, foram definidas como crianças sob risco aquelas
com histórico de problemas psiquiátricos e/ou educacionais; que necessitaram de
aconselhamento infantil; que foram apresentados perante a tribunal juvenil; ou com
história de institucionalização de longa permanência no ano anterior. Na adolescência,
a avaliação foi feita através de entrevistas com o próprio adolescente, assim como com
seus pais e professores, investigando a presença de transtornos psiquiátricos, o
relacionamento com seus colegas e o funcionamento familiar. o desfecho final, na
meia-idade, considerou a investigação sobre a história psiquiátrica ao longo da vida, e
sobre os funcionamentos da personalidade e social. Ao final do estudo, décadas depois,
foi investigada, retrospectivamente, história de abuso sexual ou físico na infância.
o estudo correlacional retrospectivo conduzido por Lam & Grossman (1997),
com 264 mulheres, estudantes de graduação e com média de idade de 18 anos
conceituou a resiliência (resiliency, no caso) deste modo: “um meta-construto,
87
multifacetado (...) uma variável mediadora, representada como um índice composto de
fatores protetores, consistindo na combinação de 16 variáveis de auto-relato nos
domínios individuais, familiares e sociais” (LAM & GROSSMAN, 1997; p. 177). Os
autores utilizaram medidas de auto-estima, de auto-eficácia, de características de
personalidade, de locus interno de controle, de relações de apego com os pais e colegas,
de qualidade da relação parental e de percepção de apoio social de familiares e amigos.
Para avaliação dos desfechos, utilizou três medidas: a escala de depressão de Beck; a
SCL-90R (Symptom Checklist 90- revised) e a escala de ajustamento social. A amostra
foi separada em 4 grupos: um com história de abuso sexual e com baixo índice de
fatores protetores (FP); um com história de abuso e índice alto de FP; outro sem história
de abuso e com baixo índice de FP e outro sem história de abuso e com alto índice de
FP. Foi também utilizada uma medida para avaliar um possível viés de resposta de
intenção de agradar, mas a magnitude e a direção dos resultados foram similares quando
os escores foram e quando não foram ajustados estatisticamente para esse viés. Os
resultados do estudo demonstraram que mulheres com um maior índice de fatores
protetores tinham melhores desfechos, independente de terem ou não história de abuso
sexual na infância. Os dados sugeriram que, enquanto os fatores protetores foram bons
para as mulheres em geral, eles foram cruciais para mulheres com história de abuso,
servindo como amortecimento (buffering).
Também descrevemos as conseqüências de serem utilizados critérios pouco
abrangentes para a definição do construto de adaptação positiva, crítica que vem sendo
feita à operacionalização desses desfechos nos estudos sobre resiliência na
traumatologia.
Dada a complexidade do conceito de resiliência e do entendimento atual de se
tratar de um “processo”, Norris et al. (2008) observam que o valor científico da
88
resiliência não repousa nela ser facilmente capturada e quantificada, mas na
possibilidade desse construto levar a novas hipóteses sobre as características e sobre as
relações entre estressores, capacidades adaptativas e bem-estar. Como uma analogia a
essa observação, o autor se utiliza de outra metáfora da Física: apesar de não existir
nenhuma variável chamada “relatividade” na Teoria da Relatividade de Einstein, essa
teoria levou a hipóteses revolucionárias entre energia, massa e velocidade da luz.
Se pensamos, então, na resiliência como um processo, e se não devemos,
portanto, reduzi-la a uma única variável, o que podem medir as ditas escalas de
resiliência?
Rutter (2006) critica a tendência atual de numerosos pesquisadores e clínicos
que acreditam ser possível medir a resiliência diretamente como um traço observável,
através de questionários ou entrevistas, ao invés de se basear em uma inferência a partir
de algum tipo de interação abordada. Para o autor essa seria uma abordagem falaciosa,
uma vez que a resiliência não é uma qualidade única. Observa que as pessoas podem ser
resilientes em relação a algum tipo de adversidade, mas não a outras; podem estar
resilientes em relação a alguns tipos de desfecho e a outros não. E, porque o contexto é
crucial, pessoas podem ser resilientes em um período do tempo e não todo o tempo.
Assim, devemos ser cuidadosos e não rotular indivíduos como resilientes ou não-
resilientes com base em escores dessas escalas.
Atualmente, existem vários instrumentos de auto-preenchimento desse tipo,
como a Resilience Scale (WAGNILD & YOUNG, 1993); a Resilience Scale for Adults
(RSA) (FRIBORG et al., 2003); a Adolescent Resilience Scale (ARS) (OSHIO et al.,
2003) e a Connor-Davidson Resilience Scale (CD-RISC) (CONNOR & DAVIDSON,
2003). A maioria desses instrumentos tem enfoque sobre características individuais que
podem estar relacionadas a um maior potencial de resiliência (CONNOR &
89
DAVIDSON, 2003; PESCE et al., 2005) e outros incluem também dimensões
ambientais, como de coerência familiar e de apoio social (FRIBORG et al., 2003).
Dentre essas escalas, a Resilience Scale (WAGNILD & YOUNG, 1993) foi
considerada a mais apropriada para uso em adolescentes e a mais utilizada em estudos
conduzidos com diferentes faixas etárias por uma revisão sistemática realizada por
Ahern et al (2006) comparando as propriedades psicométricas das “escalas de
resiliência”. Observando os itens da Escala de Resiliência (WAGNILD & YOUNG,
1993; PESCE et al., 2005) (ver quadro 1), vemos que eles parecem medir, na realidade,
alguns fatores relacionados com a resiliência, como auto-estima, locus de controle,
estilos de coping e senso de humor. Apesar das críticas à pretensão de que um
instrumento desse tipo possa abarcar um construto tão complexo - o que nos traz o
questionamento sobre a possibilidade limitada de validade de conteúdo desses
instrumentos -, a Escala de Resiliência vem sendo traduzida para diversos idiomas e
foi amplamente utilizada. Nos vários estudos em que tem sido usada, observamos que
mantém adequado desempenho em contextos culturais distintos, com índices de elevada
consistência interna e adequadas reprodutibilidade e validades convergente e divergente
(VILETE et al, não-publicada). Lembramos, no entanto, como observa Smith (2005),
que apenas quantificar a validade de construto não permite capturar inteiramente a
complexidade do que está sendo validado.
90
Quadro 1. Itens da Escala de Resiliência (Wagnild & Young, 1993)
3. JUSTIFICATIVA
Nas últimas três décadas, observa-se, nas metrópoles brasileiras, o aumento dos
indicadores relacionados à violência urbana, tais como a mortalidade por causas
externas, os crimes violentos e os homicídios (REICHENHEIM & WERNECK, 1994,
DELLASOPPA, et al 1999, CARDIA, 2003, SOUSA & LIMA, 2006).
Com a intenção de estudar a relação entre eventos traumáticos e a saúde mental
da população a eles exposta, foi realizado um inquérito epidemiológico de base
1
.
Quando eu faço planos, eu levo eles até o fim.
2
. Eu costumo lidar com os problemas de uma forma ou de outra.
3. Eu sou capaz de depender de mim mais do que qualquer outra pessoa.
4
. Manter interesse nas coisas é importante para mim.
5
. Eu posso estar por minha conta se eu precisar.
6
. Eu sinto orgulho de ter realizado coisas em minha vida.
7. Eu costumo aceitar as coisas sem muita preocupação.
8
. Eu sou amigo de mim mesmo.
9
. Eu sinto que posso lidar com várias coisas ao mesmo tempo.
10
. Eu sou determinado.
11
. Eu raramente penso sobre o objetivo das coisas.
12
. Eu faço as coisas um dia de cada vez.
13. Eu posso enfrentar tempos difíceis porque experimentei
dificuldades antes.
14
. Eu sou disciplinado.
15
. Eu mantenho interesse nas coisas.
16
. Eu normalmente posso achar motivo para rir.
17. Minha crença em mim mesmo me leva a atravessar tempos difíceis.
18. Em uma emergência, eu sou uma pessoa em quem as pessoas podem
contar.
19
. Eu posso geralmente olhar uma situação de diversas maneiras.
20
. Às vezes eu me obrigo a fazer coisas querendo ou não.
21
. Minha vida tem sentido.
22. Eu não insisto em coisas as quais eu não posso fazer nada sobre elas.
23. Quando eu estou numa situação difícil, eu normalmente acho uma
saída.
24
. Eu tenho energia suficiente para fazer o que eu tenho que fazer.
25
. Tudo bem se há pessoas que não gostam de mim.
91
populacional, domiciliar, com amostras representativas das populações das cidades São
Paulo e Rio de Janeiro nos anos de 2007 e 2008.
Acreditamos como Bonanno (2004) que a disfunção jamais será completamente
compreendida sem um mais profundo conhecimento da saúde e da resiliência, e, por
esse motivo, parece-nos importante o estudo das reações ao trauma como um todo, isto
é, considerando os desfechos negativos e os positivos. Assim, ao procurarmos nos
aproximar da compreensão sobre como as pessoas são capazes de resistir ou superar os
eventos traumáticos, poderemos aprofundar nosso entendimento sobre os processos que
levam ao adoecimento nessas circunstâncias, ampliando estratégias para intervenção,
tratamento e, sobretudo, para a promoção de saúde.
4. OBJETIVO GERAL
Estudar a resiliência a eventos traumáticos na população a partir de 15 anos de
idade na cidade de São Paulo no ano de 2007.
5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- revisar sistematicamente como o conceito de resiliência vem sendo pesquisado
nos estudos epidemiológicos sobre o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (Estudo
A).
- revisar sistematicamente as propriedades psicométricas das versões da escala
de resiliência (Estudo B).
- Identificar os fatores pré e peritraumáticos relacionados à resiliência a eventos
traumáticos na população com idade igual ou superior a 15 anos da cidade de São Paulo
no ano de 2007 (Estudo C).
92
6. METODOLOGIA
6.1. Estudo A Revisão sistemática sobre como o conceito de resiliência vem sendo
pesquisado nos estudos epidemiológicos sobre o Transtorno de Estresse Pós-
Traumático. Apesar dos eventos traumáticos poderem desencadear outros transtornos
mentais, a maior parte da literatura sobre as reações a esses eventos versa sobre esse
transtorno - o único que exige a exposição a tais eventos na sua definição e para o
estabelecimento de seu diagnóstico.
A revisão considerou todos os estudos epidemiológicos realizados com adultos
e/ou adolescentes que pretenderam estudar a relação entre TEPT e resiliência. Foram
incluídos os artigos que investigavam eventos relacionados à violência urbana e/ou
íntima. Considerou-se como critério de exclusão: estudos não-epidemiológicos, estudos
com crianças, estudos com eventos traumáticos não-violentos (p.ex.catástrofes naturais)
e com eventos violentos não-relacionados à violência urbana ou íntima. Foram
utilizadas as seguintes bases de dados, cobrindo os respectivos períodos: MEDLINE
(1950-2007), ISI (1945-2007); LILACS (1982-2007) e PILOTS (1960-2007) (base de
dados do National Center for PTSD USA). Na base ISI, foram pesquisados os termos:
PTSD OR “stress disorder*” e, dentro da busca obtida, o termo resilien*. Na base
PILOTS foi pesquisada a expressão “stress AND resilien*”, e na base LILACS, essa e
sua equivalente em espanhol. No Medline, foi pesquisado o termo (Mesh)Stress
Disorder, Posttraumatic” associado (AND) ao termo resilien*.
Maiores detalhes são descritos na seção de métodos do 1º. Artigo (capítulo 7).
93
6.2. Estudo B Revisão sistemática sobre as propriedades psicométricas das diferentes
versões da escala de resiliência.
A revisão considerou todos os estudos que investigaram as propriedades
psicométricas da Escala de Resiliência (Wagnild and Young 1993a) e de suas diferentes
versões. Foram utilizadas as seguintes bases de dados, cobrindo os respectivos períodos:
MEDLINE (1950-2007); ISI (1945-2007); LILACS (1982-2007) e PILOTS (1960-
2007) (base de dados do National Center for PTSD USA), com a pesquisa da
expressão “Resilience Scale”, concluída em 06/08/2007. Maiores detalhes são descritos
na seção de métodos do 2º. Artigo (capítulo 8).
6.3. Estudo C - Inquérito Epidemiológico na cidade de São Paulo no ano de 2007
Estudo seccional com amostra probabilística da cidade de São Paulo, realizado
no ano de 2007. O estudo foi realizado com dados de uma amostra representativa da
população da cidade de São Paulo, selecionada a partir de amostragem estratificada em
múltiplos estágios e conglomerados. Considerando a resiliência como um processo de
adaptação positiva a uma adversidade, dentre aqueles indivíduos com história de pelo
menos um evento traumático, definimos como adaptação positiva a ausência, ao longo
da vida, de qualquer um dos transtornos mentais investigados. Assim, foram construídas
duas variáveis dependentes: a) adaptação positiva a trauma intenso; b) adaptação
positiva a trauma leve ou moderado. Como variáveis independentes foram estudadas:
variáveis sociodemográficas; história de doença mental nos pais; história pessoal de
tabagismo; variáveis relacionadas ao trauma; reações peritraumáticas, afetos positivos e
negativos, e outros fatores relacionados à resiliência medidos indiretamente pelo escore
94
da Escala de Resiliência (WAGNILD & YOUNG, 1993). Esse estudo não teve como
objetivo investigar os fatores biológicos ou genéticos da resiliência.
O estudo C fez parte do inquérito epidemiológico intitulado “Epidemiologia do
Transtorno de Estresse Pós-Traumático nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro,
prevalências, comorbidades e fatores associados” aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo/Hospital São Paulo conforme parecer
em anexo 1. A participação no estudo foi voluntária, respeitando a autonomia dos
indivíduos selecionados, com esclarecimento para os mesmos de todos os objetivos da
pesquisa. A cada participante do estudo foi garantido o sigilo e confidencialidade das
informações individuais, com garantia de publicação dos resultados apenas em
conjunto. Foi garantido também o encaminhamento para tratamento dos transtornos
mentais estudados, no caso de solicitação dos entrevistados ou de identificação dos
transtornos quando da análise dos resultados (ver Termo de consentimento Livre e
Esclarecido – anexo 2) .
O questionário utilizado pode ser visto no anexo 3.
Entrevistadores de um instituto de pesquisa privado foram treinados para a
aplicação dos questionários pelos pesquisadores responsáveis pelo inquérito, que
revisaram e corrigiram os erros de aplicação em um estudo piloto e acompanharam o
desenvolvimento do campo, supervisionando os trabalhos.
Maiores detalhes sobre a metodologia do estudo, inclusive sobre a análise dos
dados, são descritos no 3º. Artigo (capítulo 9).
95
7 – PRIMEIRO ARTIGO.
ESTUDO
A
OPERACIONALIZAÇÃO DO CONCEITO DE RESILIÊNCIA EM ESTUDOS
SOBRE TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO APÓS
VIOLÊNCIA ÍNTIMA E/OU URBANA.
A-1
OPERACIONALIZAÇÃO DO CONCEITO DE RESILIÊNCIA EM ESTUDOS
SOBRE TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO APÓS
VIOLÊNCIA ÍNTIMA E/OU URBANA.
Vilete, LMP; Coutinho, ESF & Figueira, ILV.
Resumo
Introdução: A resiliência pode ser definida como o processo dinâmico de interação
entre fatores de risco e de proteção que levam à superação de adversidades, como os eventos
traumáticos. Estudos costumam usar diferentes formas de operacionalizar o conceito. Métodos:
Busca nas bases de dados MEDLINE; LILACS; ISI e PILOTS de artigos sobre estudos
epidemiológicos observacionais com adultos e/ou adolescentes, que pretenderam investigar a
relação entre sintomas de Transtorno de Estresse pós-traumático (TEPT) e resiliência após
eventos de violência urbana e/ou íntima. Resultados: A busca resultou em 18 artigos.
Observamos haver uma grande heterogeneidade na operacionalização do conceito, ora visto
como adaptação positiva na adversidade, ora como fator protetor ou mediador. Quatro artigos
utilizaram “escalas de resiliência”, outros investigaram variáveis relacionadas com esse
construto, como: apoio social, auto-estima, controle interno e estilos de enfrentamento.
Conclusão: Embora venha aumentando rapidamente o número de publicações sobre o tema, o
processo de resiliência ainda necessita ser mais bem explorado em estudos sobre o transtorno de
estresse pós-traumático relacionado à violência urbana e íntima.
Descritores: Transtorno de estresse pós-traumático, resiliência, violência, epidemiologia,
revisão.
Abstract
Introduction: The resilience may be defined as the dynamic process of interaction between risk
factors and protection leading to the overcoming of adversity, such as traumatic events. Studies
often use different ways to operationalize the concept. Methods: Search the databases
MEDLINE, LILACS, ISI and PILOTS of articles on observational epidemiological studies with
adults and/or adolescents, which have intended to investigate the relationship between
symptoms of the Post-traumatic stress disorder (PTSD) and resilience after an event of urban
and/or intimate violence. Results: The search resulted in 18 articles. We noticed that there is
great heterogeneity in the concept operationalization, sometimes seen as a positive adaptation
to adversity, or as a protective factor, or mediator. Four articles has used “resiliences scales",
other investigated variables related to this construct, such as social support, self-esteem,
internal control and styles of coping. Conclusion: Although it has quickly increased the number
of publications on the subject, the process of resilience needs to be better studied in PTSD
related to urban and intimate violence researches.
Key-words: posttraumatic stress disorder, resilience, violence, epidemiology, review.
A-2
Introdução:
O termo resiliência é utilizado pela Física para descrever a habilidade que um
material possui, ao sofrer um impacto, de retornar à sua forma original quando a pressão
é removida.
Do ponto de vista psicológico, a resiliência não significa, necessariamente, um
retorno a um estado anterior, mas sim a superação (ou adaptação, para alguns autores)
diante de uma dificuldade considerada como um risco, e a possibilidade de construção
de novos caminhos de vida e de um processo de subjetivação a partir do enfrentamento
de situações estressantes e/ou traumáticas. É possível, assim, romper com a visão
fatalista que ressalta a existência de um ciclo onde, p.ex., a vítima de maus-tratos tende
a ser um agressor e/ou a desenvolver transtornos mentais graves. O conceito de
resiliência, dessa forma, lança um novo olhar para os que vivenciam situações adversas
(JUNQUEIRA & DESLANDES, 2003).
Na literatura, percebemos que o conceito ainda está em construção e que ainda
não consenso sobre a sua definição. Inicialmente, a resiliência foi definida como um
conjunto de traços de personalidade e capacidades que tornavam “invulneráveis” as
pessoas às experiências traumáticas, fazendo-as “resistentes” a doenças psíquicas (DE
SOUZA & CEVERNY, 2006). Atualmente, considera-se que mesmo os indivíduos com
grande potencial para resiliência não devam ser considerados “invulneráveis”, visto que
também experimentam perturbações, mesmo que transitórias e de menor intensidade
(BONANNO, 2004). Além disso, esse potencial é dinâmico, podendo variar ao longo da
vida e de acordo com as circunstâncias (RUTTER, 1995). Com o tempo, passaram a ser
valorizados, nesse processo de “adaptação positiva apesar da adversidade” (LUTHAR et
al, 2000), também os recursos internos da família e externos da comunidade, e a
A-3
resiliência deixou, então, de ter um caráter individual absoluto, passando a ter um
caráter sistêmico e ecológico (DE SOUZA & CEVERNY, 2006).
Hoje, o conceito vem, portanto, se revestindo de uma maior complexidade, ao
ser entendido não mais como um atributo pessoal que levaria o indivíduo ao sucesso,
mas como um “processo dinâmico que envolve a interação entre processos sociais e
intrapsíquicos de risco e de proteção” (ASSIS, 2006: p.19). No entanto, a expressão
ainda é utilizada por muitos autores como sinônimo de fator de proteção (VOGES &
ROMNEY, 2003); como uma qualidade do caráter do indivíduo (AGAIBI & WILSON,
2005); ou como uma característica positiva da personalidade que facilitaria
a adaptação
individual (WAGNILD & YOUNG, 1993).
Até muito recentemente, se acreditava ser incomum (e algumas vezes
patológica) a capacidade de um indivíduo reagir, de forma positiva, a uma perda ou a
um trauma. Essa crença se devia, sobretudo, ao fato de o conhecimento sobre as reações
aos eventos traumáticos estar baseado, quase que exclusivamente, em estudos com
indivíduos que desenvolviam transtornos mentais relevantes e que solicitavam
tratamento (BONNANNO, 2004). Bonanno (2005) sugere que a maioria das pessoas
expostas a uma situação traumática mantém uma trajetória de funcionamento saudável,
depois de experimentar tão-somente um distúrbio leve e de curta duração.
Souza & Cerveny, em 2006, analisaram a produção científica sobre o tema, e
observam um aumento expressivo do número de artigos, que quase triplica a cada cinco
anos. Esses autores sugerem que sejam realizados levantamentos e revisões da literatura
focalizadas em temas específicos. Agaibi & Wilson (2005), em uma revisão sobre
resiliência, eventos traumáticos e transtorno de estresse pós-traumático, restringiram sua
análise quase que exclusivamente a estudos relacionados aos estressores de guerra e ao
terrorismo.
A-4
O objetivo deste artigo é conhecer o modo pelo qual o conceito de resiliência
vem sendo operacionalizado nos estudos observacionais sobre estresse pós-traumático e
adaptação positiva frente a eventos traumáticos relacionados à violência urbana e à
violência íntima.
Metodologia:
Estratégia de Busca e Critério de Revisão.
A revisão considerou todos os estudos epidemiológicos observacionais
realizados com adultos e/ou adolescentes que investigaram a relação entre transtorno de
estresse pós-traumático (TEPT) e resiliência. Apesar dos eventos traumáticos poderem
desencadear outros transtornos mentais, a maior parte da literatura sobre as reações a
esses eventos versa sobre esse transtorno - o único que exige a exposição a tais eventos
na sua definição e para o estabelecimento de seu diagnóstico.
Foram incluídos apenas
os artigos relacionados à violência urbana e/ou íntima,
sendo considerados critérios de exclusão: estudos não-epidemiológicos, estudos
experimentais, estudos com crianças, estudos com eventos traumáticos não-violentos
(p.ex.catástrofes naturais) e com eventos violentos não-relacionados à violência urbana
ou íntima (p.ex. terrorismo; traumas de guerra).
Foram utilizadas as seguintes bases de dados, cobrindo os respectivos períodos:
ISI (1945-2007); LILACS (1982-2007) e PILOTS - base de dados do National Center
for PTSD/USA (1960-2007 peer-reviewed journals). Na base ISI, foram pesquisados
os termos: PTSD OR “stress disorder*” e, dentro da busca obtida, o termo resilien*. Na
base PILOTS foi pesquisada a expressão “stress AND resilien*”; na base LILACS, essa
mesma expressão e “estresse AND resiliencia”.
A-5
No MEDLINE (1950-2007), foi pesquisado o termo (Mesh) Stress Disorder,
Posttraumatic” associado (AND) ao termo resilien*.
Todos os artigos foram selecionados através da leitura de seus títulos e resumos,
com a solicitação do texto completo daqueles que se referiam a estudos epidemiológicos
observacionais com adultos ou adolescentes sobreviventes de algum dos eventos
traumáticos descritos, e que utilizaram alguma “escala de resiliência” ou alguma medida
de fatores relacionados à resiliência - por exemplo, medindo variáveis proxy de apoio
social, de estratégia de enfrentamento (coping), ou de ausência de diagnóstico.
Não houve restrição de idioma na busca das referências.
Resultados:
A busca, realizada em dezembro de 2007, identificou, inicialmente, 439 artigos.
É importante ressaltarmos o expressivo aumento do número de artigos sobre o tema nos
últimos dois anos. Na base ISI, por exemplo, quase metade dos artigos identificados foi
publicada a partir de 2006. Pela leitura dos resumos ou do artigo completo foram
excluídos aqueles que não se enquadravam nos critérios mencionados na
metodologia. Restaram, assim, 18 artigos.
O artigo mais antigo dentre os encontrados data de 1993 e foi conduzido por
Astin & Foy (1993) com 53 mulheres espancadas, procurando estudar os fatores
associados à sintomatologia de TEPT, incluindo fatores de resiliência como apoio
social e religiosidade intrínseca.
Outros estudos foram conduzidos utilizando medidas de fatores relacionados à
resiliência, como apoio social e estilos de enfrentamento (coping). (Dougall et al, 2001
e Marmar et al, 2006).
A-6
Katerndahl et al (2005) estudaram variáveis de ligação parental e ambiente
familiar como preditores de ausência de transtorno mental, enquanto Ozer et al (2005)
avaliaram o impacto da violência e o possível efeito protetor de variáveis como apoio
social familiar e conexão com a escola. Para isso, esses últimos pesquisadores
utilizaram relatos dos adolescentes e professores, bem como a análise dos registros
escolares.
Regehr et al (2000) investigaram, junto ao efeito do apoio social, a influência de
fatores individuais (entendidos aqui também como resultado das experiências do início
da vida). Entre esses, pesquisaram o grau de controle e autonomia que um indivíduo
experimenta; a auto-eficácia (relacionada às expectativas de que a pessoa pode resolver
problemas e encontrar novos desafios); e os padrões de relacionamento interpessoal.
Coker et al (2005) consideraram proxy de apoio social e ambiental as seguintes
variáveis: renda, escolaridade, emprego, seguro privado de saúde e estado civil. E
investigaram a influência de tais fatores promotores de resiliência sobre a gravidade de
sintomas de TEPT.
Outros estudos pesquisaram o papel da variável de apoio social como mediadora
no desenvolvimento de TEPT em indivíduos com história de abuso sexual infantil,
como os conduzidos por Rosenthal et al (2003) e por Schumm et al (2006):
Além da mediação pelo apoio social, Bradley et al (2005) investigaram a
mediação de auto-estima e coping religioso na relação entre exposição a eventos
traumáticos e desenvolvimento de TEPT (pelo Brief Coping Activities Scale). Coping
religioso foi classificado em positivo (p.ex. “procurar uma conexão mais forte com
Deus” ou “focar na religião para parar de se preocupar com os problemas”); e em
negativo (p.ex: “Eu me pergunto por que Deus me abandonou”). Considerando a
possibilidade de bidirecionalidade na relação entre essas variáveis, posteriormente
A-7
estudou a influência de TEPT como mediadora da relação entre abuso e as demais
variáveis (auto-estima e coping religioso).
Hyman et al (2003) pretenderam especificar o tipo de apoio social que
atenuaria o desenvolvimento de TEPT. Os autores consideraram
quatro tipos de apoio
social: disponibilidade material; disponibilidade de ter alguém para conversar sobre
seus problemas; incentivo a auto-estima, reforçando que a pessoa tem valor; e
sentimento de pertencimento a um grupo.
Alguns estudos usaram questionários especificamente criados com intuito de
medir o potencial de resiliência nos indivíduos, isto é as escalas de resiliência”, que
são compostas, na realidade, por itens que investigam alguns fatores individuais
relacionados à resiliência, como auto-estima, lócus interno de controle e humor.
Nicholls et al (2006), Connor et al (2003) e Davidson et al (2005) utilizaram a Escala
de Resiliência de Connor-Davidson. Esses dois últimos estudos procuraram investigar
também - além da relação desse potencial de resiliência com o estado de saúde e a
gravidade de TEPT-, a sua relação com crenças espirituais.
Heilemann et al (2005) utilizaram a Escala de Resiliência (WAGNILD &
YOUNG, 1993), a Escala de Sentido de Domínio (Sense of Mastery) e questões sobre a
satisfação com a vida como medidas de “fatores de força intrínseca” em seu estudo com
descendentes mexicanas. Foram também investigadas variáveis consideradas como
“recursos externos”, como: renda, educação, emprego, número de pessoas dependentes
financeiramente, além de estado civil (independente de casamento legal) e se moravam
sozinhas ou com outras pessoas.
O processo de resiliência também foi investigado por Jang et al (2007) em um
estudo com 222 gêmeos monozigóticos e 184 dizigóticos, que testou a moderação de
A-8
influências ambientais e genéticas na relação entre traumas e o desenvolvimento de
sintomas de TEPT.
Hyman & Williams (2001) investigaram, em um estudo longitudinal, os
desfechos resilientes, definidos como a “competência diante da adversidade”, de 136
mulheres com história de abuso sexual na infância. Os autores consideraram que o
funcionamento resiliente seria composto de: bem-estar psicológico (medindo ausência
de TEPT e presença de auto-estima); boa saúde; relações interpessoais bem-sucedidas;
não terem tido história de prisão; e terem bem-estar econômico. A primeira avaliação
foi feita no início da década de 70 a respeito das experiências de abuso. Cerca de quinze
anos depois, as mesmas
meninas, agora com 18 a 31 anos, foram reentrevistadas, com o
objetivo de investigar quais fatores e mecanismos que prediziam o seu funcionamento
competente na segunda avaliação.
Por fim, Johnson et al (2007) estudaram o efeito de sintomas de TEPT no
agravamento da perda de recursos (material, de energia, de trabalho, interpessoal e
familiar) – compreendida como fatores promotores de resiliência) - em um estudo
prospectivo com 225 mulheres com história de abuso interpessoal.
Discussão:
Através dessa revisão, podemos observar o quanto ainda é recente o estudo da
relação entre esses conceitos, visto que os artigos descritos foram todos publicados a
partir de 1993. Também observamos que o número de publicações cresceu muito nos
últimos dois anos, o que fica evidente, por exemplo, na lista de artigos obtida na busca
na Base ISI, onde quase a metade deles foi publicada a partir de 2006. A novidade do
tema parece, no entanto, trazer uma heterogeneidade na definição de resiliência na sua
relação com TEPT e a violência urbana e/ou íntima. Os diferentes autores usaram o
A-9
termo ora para definir um desfecho de adaptação positiva ou de saúde mental, ora como
sinônimo de fatores de proteção, às vezes intrínseco, às vezes ambiental; outras vezes, a
resiliência foi investigada como variável mediadora entre um fator de risco (p.ex abuso
infantil) e um desfecho negativo (p.ex TEPT). Outros avaliaram a influência da
interação de fatores individuais e ambientais nesse processo de resiliência.
Dentre os estudos que utilizaram medidas relacionadas ao construto de
resiliência, apoio social percebido foi a variável mais investigada, considerada por
alguns autores como “fator de resiliência”.
Outras variáveis consideradas medidas relacionadas ao construto de resiliência
foram: controle interno (locus de controle); auto-eficácia; medida de teste de realidade e
relações objetais; auto-estima; coping religioso; conexão com a escola; ligação parental
e funcionamento adaptativo.
Os estudos que utilizaram “Escalas de Resiliência” procuraram associar seus
escores com menores níveis de sintomas de TEPT.
É compreensível a heterogeneidade dos estudos sobre a resiliência visto que,
como defendem alguns autores, a resiliência não é uma qualidade única. Portanto, seria
uma abordagem falaciosa a sua mensuração como um traço observável, através de
questionários ou entrevistas, ao invés de se basear em uma inferência a partir de algum
tipo de interação abordada (RUTTER, 2006).
Breno et al (2007) assinalam
que também a relação entre os “escores de
resiliência”, quando medidos por auto-relatos e pela presença/ausência de
sintomatologia, não é inteiramente clara.
Norris et al (2008) observam que o valor científico da resiliência não repousa
nela ser facilmente capturada e quantificada, mas na possibilidade desse construto levar
a novas hipóteses sobre as características e relações entre estressores, capacidades
A-10
adaptativas e bem-estar. Como uma analogia a essa observação, o autor se utiliza de
outra metáfora da física: apesar de não existir nenhuma variável chamada “relatividade”
na Teoria da Relatividade de Einstein, essa teoria levou a hipóteses revolucionárias
entre energia, massa e velocidade da luz.
A maior parte dos estudos revisados apresenta desenho do tipo seccional, em que
as variáveis são mensuradas na mesma ocasião. Ao serem aferidas ao mesmo tempo,
nem sempre é possível inferir causalidade, dada a impossibilidade de se estabelecer uma
seqüência temporal entre as variáveis. Um exemplo diz respeito à associação entre
baixo apoio social e gravidade de TEPT. Parece plausível que tanto baixo apoio social
possa levar a TEPT, quanto a presença desse transtorno possa ter como conseqüências
um maior isolamento social, ou uma menor satisfação com o apoio percebido. Bradley
(2005) mostrou a atenuação da relação entre variáveis de abuso e TEPT, na presença da
variável mediadora apoio social, mas também a atenuação da correlação entre abuso e
apoio, na presença da mediadora TEPT, sugerindo que essas variáveis tendem a ser
recíprocas, podendo se afetar mutuamente de forma cíclica.
Com apenas uma exceção, os estudos revisados foram conduzidos
nos EUA,
com populações específicas, com amostras de conveniência ou com amostras aleatórias
com baixas taxas de resposta, comprometendo a generalização de seus resultados.
Especificamente sobre as reações às violências urbanas e íntimas, alguns
estudos, como os conduzidos por Connor (2003) e Davidson (2005), não as separaram
dos demais tipos (por exemplo, terrorismo, e eventos de guerra), em que pese
investigarem essas duas formas de violência. Um desses inquéritos foi conduzido em
outubro de 2001, isto é, cerca de um mês após os atentados de 11 de setembro, e pode,
por isso, retratar uma situação bastante específica da população.
A-11
Conclusão:
Apesar do expressivo aumento do número de artigos sobre o tema nos últimos
anos, o estudo da resiliência junto ao transtorno de estresse após violência urbana e/ou
íntima ainda é recente e necessita ser mais bem explorado. Dada a abrangência do
construto, é compreensível a heterogeneidade na sua operacionalização, o que, no
entanto, compromete a comparação dos achados de estudos conduzidos em contextos
distintos.
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A-15
Figura 1. Fluxograma do processo de seleção dos estudos.
439 estudos:
221 Base ISI
+ 75 (novos) Medline
+ 120 (novos) Base PILOTS
+ 23 (novos) LILACS
Excluídos pelo Título ou
Abstract
estudos não-epidemiológicos,
estudos experimentais, estudos
com crianças, estudos com
eventos traumáticos não-
violentos e com eventos
violentos não-relacionados à
violência urbana ou íntima
32 artigos
Excluídos pela leitura
dos artigos completos:
estudos que não
pesquisavam TEPT ou
eventos relacionados à
violência urbana e/ou
íntima
18 artigos
estudos observacionais sobre resiliência e TEPT e que incluíam
eventos relacionados à violência íntima e/ou urbana.
A-16
Quadro 1. Características dos estudos observacionais sobre resiliência e TEPT que incluíram adolescentes e/ou adultos vítimas de violência
íntima e/ou urbana.
Estudo População
(N)
Objetivo Desenho Avaliação da
resiliência
Adesão ao estudo Principais resultados
Astin & Foy
(1993)
EUA
53 mulheres
espancadas
Investigar os fatores
associados ao
desenvolvimento de
TEPT.
Estudo
Seccional
Fatores
relacionados à
resiliência:
Apoio social
(Social Support
Questionnaire);
Religiosidade
(Age Universal
Religious
Orientation
Scale)
Amostra de
conveniência.
43% da variação na
sintomatologia de TEPT
explicada pela gravidade
de exposição, pelo tempo
decorrido da agressão,
pela disponibilidade de
apoio social, por eventos
de vida concomitantes,
pela religiosidade
intrínseca e por histórico
de estressores familiares
durante o
desenvolvimento.
Dougall et
al.
(2001)
EUA
115 vítimas
de acidente
automobilísti
co
Investigar os
preditores de TEPT.
Estudo de
coorte.
Disponibilidade
de apoio social;
percepção de
controle pessoal;
estilos de
enfrentamento
(Ways of Coping
Inventory);
44% dos
candidatos
elegíveis
concordaram em
participar.
Desses, 61%
completaram as
entrevistas no 12º.
mês de
acompanhamento.
O estilo de enfrentamento
de “pensamento desejoso”
(wishful thinking) foi
preditor de sintomas
crônicos de TEPT.
A-17
Marmar et al
(2006)
EUA
723 policiais
Estudar os
“preditores” de
sintomas de TEPT.
Estudo
Seccional
“Recursos atuais
e ambiente”:
Estratégias de
enfrentamento
(Ways of Coping
Scale) e
apoio social
(Sources of
Support Scale).
97% da amostra
inicial (N=747)
tiveram dados
completos para o
modelo de
regressão final.
Estratégias de
enfrentamento mais
voltadas para a resolução
de problemas e menores
níveis de apoio social
foram associados a
maiores sintomas de
TEPT.
Katerndahl et
al (2005)
EUA
90 mulheres
com história
de abuso
sexual na
infância.
Estudar os fatores
associados à
ausência de
psicopatologia
(TEPT; transtorno
depressivo maior,
suicídio, transtorno
de pânico,
agorafobia,
transtorno de uso de
substância, bulimia e
transtorno de
personalidade
borderline).
Estudo
Seccional
variáveis de
ligação parental
e ambiente
familiar
(Parental
Bonding
Instrument e
Family-of-Origin
Questionnaire)
como preditoras
de ausência de
psicopatologia
Amostra de
conveniência.
preditores de saúde
mental: alto nível sócio-
econômico; ausência de
abuso de álcool na família;
menor freqüência de abuso
e menor número de
perpetradores do abuso.
História de violência da
mãe contra o pai, de abuso
de substância dentro de
casa e superproteção
foram associadas a
transtornos mentais.
A-18
Ozer et al
(2005)
EUA
115
adolescentes
de sétima a
oitava série
Avaliar o impacto da
violência e o
possível efeito
protetor do apoio
social familiar e da
conexão com a
escola contra o
desenvolvimento de
sintomas de estresse
pós-traumático,
depressão e
agressividade.
Estudo de
Coorte
Apoio social
(Social Support
Microsystem
Scale); conexão
com a escola
(School
Conection Scale)
64% participaram
da segunda fase
Sentimento de maior
conexão com a escola foi
protetor contra o aumento
de ansiedade, a
perpetuação de violência e
a queda no funcionamento.
Apoio familiar foi protetor
em relação à perpetuação
da violência e a sintomas
depressivos.
Regehr et al
(2000)
Austrália
164
bombeiros
expostos a
eventos
trágicos em
serviço
Investigar história de
trauma e TEPT e o
possível efeito
protetor de fatores
individuais
(entendidos também
como resultado das
experiências do
início da vida) e de
apoio social.
Estudo
Seccional
fatores
individuais
relacionados à
resiliência:
Índice de
Controle Interno;
a Escala de Auto-
Eficácia; e o
Inventário de
Teste de
Realidade e de
Relações Objetais
de Bell;
e apoio social
percebido.
85% de taxa de
resposta
Controle interno e auto-
eficácia se associaram
negativamente com
depressão;
Expostos a eventos
traumáticos com níveis
mais altos de controle
interno;
Mais fortes preditores de
depressão foram
insegurança e apoio
percebido no trabalho;
Mais forte preditor de
gravidade de sintomas de
TEPT foram insegurança e
alienação a outros.
A-19
Coker et al.
(2005)
EUA
185 homens e
369 mulheres
vítimas de
violência
íntima pelo
parceiro
Estudar fatores
associados ao
desenvolvimento de
sintomas moderados
a graves TEPT.
Estudo
Seccional
variáveis proxy
de apoio social e
ambiental como
fatores de
resiliência:
escolaridade;
renda; seguro de
saúde privado;
emprego e estado
civil atual
Todas as vítimas
de violência em
um estudo de base
populacional,
com 72% de
resposta para as
mulheres e 69%
para os homens.
Dos indicadores sociais e
ambientais ser casado, o
parceiro estar empregado,
e a mais alta escolaridade
foram associados a menor
gravidade de TEPT para
ambos os sexos.
Maior renda e seguro
privado de saúde foi
associado a menor
gravidade de TEPT para as
mulheres.
Rosenthal et
al (2003)
EUA
147 vítimas
de abuso
sexual
(dessas, 64
eram
adolescentes.
As demais
eram
crianças)
Investigar a relação
da satisfação com o
apoio social de
familiares e amigos
com níveis de
estresse pós-
traumático e de
ajustamento
psicossocial.
Estudo de
coorte
Satisfação com o
apoio social
(escala My
Family and
Friends)
82% dos
contatados
concordaram em
participar
e, desses, 92%
foram
reentrevistados.
Nos adolescentes, após um
ano, pior satisfação com
cuidadores e maior com os
amigos.
Insatisfação com o apoio
dos cuidadores foi
relacionada a piores níveis
de ajustamento.
Maior satisfação com os
amigos foi relacionada a
maior nível de depressão e
de baixa auto-estima, mas
a menor nível de
ansiedade sexual.
A-20
Schumm et
al (2006)
EUA
777 mulheres
recrutadas de
duas clínicas
obstétricas.
Avaliar a moderação
do apoio social na
relação entre
violência sexual e
desenvolvimento de
TEPT e humor
deprimido.
Estudo
seccional
apoio social
percebido (Social
Provisions Scale)
Cerca de 80%
História de violência
sexual associada a maior
probabilidade de apoio
social abaixo da média;
apoio social abaixo da
média associado a alto-
risco para depressão;
apoio social acima da
média predisse menor
gravidade de TEPT entre
mulheres revitimizadas.
Bradley et al
(2005)
EUA
134 mulheres
afro-
americanas
com história
de violência
íntima e
comportamen
to suicida
Investigar a relação
entre auto-estima
apoio social e coping
religioso com
sintomas de TEPT.
Estudo
Seccional
auto-estima
(Taylor Self-
esteem Scale),
apoio social
(Multidimensiona
l Profile of Social
Support); e
coping religioso
(Brief Coping
Activities Scale)
De 146 mulheres
referidas pelo
hospital, duas
foram excluídas e
dez não foram
entrevistadas
auto-estima e coping
religioso negativo
pareceram mediadoras da
relação abuso e TEPT.
TEPT pareceu mediadora
das relações abuso e auto-
estima e abuso e coping
religioso.
A relação entre essas
variáveis parecem
recíprocas, afetando-se
mutuamente de forma
cíclica.
A-21
Hyman et al
(2003)
EUA
172 mulheres
vítimas de
abuso sexual
infantil.
Especificar o tipo de
apoio social que
atenuaria o
desenvolvimento de
TEPT entre vítimas
de abuso sexual
infantil.
Estudo
seccional
apoio social
(escala
Interpersonal
Support
Evaluation List)
9 excluídas de um
grupo inicial de
181 mulheres
procurando
atendimento
psicoterápico
percepção de que outros
valorizam o indivíduo e de
que estão disponíveis para
conversar e aconselhar
sobre os problemas
predisse menores níveis de
sintomas de TEPT
Connor et al
(2003)
EUA
648
indivíduos
com trauma
violento
Relacionar os
escores de resiliência
com a auto-avaliação
do estado de saúde e
com a gravidade de
sintomas de TEPT
Estudo
Seccional
Escala de
Resiliência de
Connor-
Davidson
56% concordaram
em participar, e,
desses, 72%
responderam o
inquérito
Maiores escores na escala
de resiliência e mais forte
crença espiritual
associados a melhor auto-
avaliação do estado de
saúde.
maiores escores na escala
de resiliência associados a
menores graus de sintomas
de TEPT
Davidson et
al (2005)
EUA
1969
indivíduos
com trauma
violento
(769 +648)
Investigar a relação
de crenças
espirituais de
“carma” e de
reencarnação com os
escores de resiliência
e TEPT
Estudo
Seccional
Escala de
Resiliência de
Connor-
Davidson
62% no primeiro
grupo
+
40% no segundo
crenças admitidas por 5%
da amostra (com mais
experiências traumáticas e
maior gravidade de
TEPT).
Não foi evidenciada
associação significativa
com o “escore de
resiliência”.
A-22
Nicholls et
al(2006)
EUA
1158
indivíduos
Investigar história de
trauma e TEPT.
Examinar as
diferenças entre
indivíduos com e
sem TEPT e explorar
fatores associados a
esse diagnóstico.
Estudo
Seccional
Escala de
Resiliência de
Connor-Davidson
recrutamento de
duração de
quatro meses em
website com 5
milhões de
visitantes
Fatores associados com
TEPT: morte ou doença de
ente querido; história de
incesto, estupro ou abuso
físico; menor idade; menor
renda; desemprego;
aumento de cuidados de
saúde; insatisfação com a
medicação; sintomas
depressivos e mais baixo
“escore de resiliência”
Heilemann et
al (2005)
EUA
315 mulheres
de origem
Mexicana
Comparar as
experiências de
trauma e de
gravidade de estresse
pós-traumático
dentre as diferentes
gerações de
descendentes
Estudo
Seccional
“fatores de força
intrínseca”: a
Escala de
Resiliência
(Wagnild &
Young, 1993), a
Escala de Sentido
de Domínio (Sense
of Mastery) e
questões sobre a
satisfação com a
vida e
“recursos externos”
sociodemográficos
Amostra de
conveniência
baixo potencial de
resiliência e baixos níveis
de Sensação de Domínio e
de satisfação com a vida
explicavam mais a
variação nos sintomas de
TEPT do que a falta de
recursos externos ou a
existência de fatores de
risco
A-23
Hyman &
Williams
(2001)
EUA
136 mulheres
com história
de abuso
sexual na
infância
Investigar os
desfechos resilientes
de mulheres com
história de abuso
sexual na infância.
Estudo de
coorte
Competência
diante da
adversidade
definida por:
auto-estima (Self-
esteem Scale of the
Middlesex Hospital
Questionnaire);
ausência de
sintomas de
estresse pós-
traumático; boa
saúde; relações
interpessoais bem-
sucedidas; bem-
estar econômico e
ausência de
histórico de prisão.
de todas as 206
vítimas de abuso
sexual de uma
cidade entre os
anos de 1973 e
1975, 136 foram
reentrevistadas
cerca de 15 anos
depois.
Prevalência de 29% de
bom funcionamento.
Predisseram um desfecho
resiliente: ter crescido
em uma família estável;
não ter experimentado
incesto; não ter sido
utilizada força física.
como parte do abuso;
não ter sido presa na
juventude; ter se
graduado no ensino
médio e não ter sido
revitimizada quando
adulta.
Jang et al
(2007)
EUA
222 gêmeos
monozigótico
s e 184
dizigóticos
todos com
história de
eventos
traumáticos
Testar a moderação
de influências
ambientais e
genéticas na relação
entre traumas e o
desenvolvimento de
sintomas de TEPT
Estudo
Seccional
Fatores genéticos
(investigados
através da
similaridade entre
gêmeos) como
prováveis fatores
de resiliência
Amostra de
conveniência.
No caso de violência
não-interpessoal:
sintomas de TEPT
afetados diretamente por
fatores ambientais;
No caso de violência
interpessoal: sintomas de
TEPT diretamente
afetados por fatores
genéticos e ambientais
não-compartilhados;
A-24
Fatores Genéticos se
tornavam menos
importante acima de três
ou quatro tipos diferentes
de trauma.
Johnson et al
(2007)
EUA
225 mulheres
com história
de abuso
interpessoal
(físico ou
sexual), na
infância ou
vida adulta.
Investigar o impacto
dos sintomas de
TEPT na perda
futura de recursos.
Estudo de
coorte.
Como “perda de
recursos” (de
fatores promotores
de resiliência):
perda material, de
energia, de
trabalho,
interpessoal e de
recursos familiares
(Conservation of
Resource-
Evaluation).
57% (de um
grupo de 394
mulheres com
história de abuso)
completaram todo
o estudo
prospectivo.
Sintomas de TEPT na
primeira avaliação
contribuiu
significativamente para a
perda de recursos após 6
meses, mesmo após o
controle pelas variáveis
de comprometimento
prévio dos recursos e de
depressão.
Entorpecimento
emocional foi a
dimensão de TEPT mais
associada à perda futura
de recursos (materiais, de
trabalho, interpessoais e
familiares).
96
8 – SEGUNDO ARTIGO.
ESTUDO
B
P
ROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA
E
SCALA DE
R
ESILIÊNCIA
UMA
R
EVISÃO SISTEMÁTICA
.
B-1
P
ROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA
E
SCALA DE
R
ESILIÊNCIA
UMA
R
EVISÃO SISTEMÁTICA
.
Vilete, LMP; Coutinho, ESF & Figueira, ILV.
Resumo
Introdução: A resiliência é entendida, atualmente, como o processo dinâmico entre fatores de
risco e de proteção que levam a superação das adversidades. Tal construto vem sendo estudado em
diferentes populações com o auxílio de instrumentos padronizados. O presente estudo pretende revisar, de
modo sistemático, as propriedades psicométricas das diferentes versões da Escala de Resiliência
elaborada por Wagnild & Young.
Métodos: Busca nas bases de dados MEDLINE; LILACS; ISI e PILOTS de artigos que
investiguem as propriedades psicométricas das versões da Escala de Resiliência.
Resultados: Dezessete artigos estudaram, em algum aspecto, o desempenho das suas versões em
Inglês (original), em Russo, em Espanhol, em Sueco, em Alemão e em Português. Todos obtiveram bons
coeficientes de consistência interna (α de Cronbach em torno de 0,85) e apoiaram a validade de construto
da escala, sugerindo correlações positivas com medidas de bem-estar e adaptação positiva e, correlações
inversas com medidas de transtornos mentais e violência. O estudo da estabilidade temporal das outras
versões mereceria maior aprofundamento, embora a da versão em Português tenha se mostrado boa
(CCIC= 0,75). Os dados sobre sua dimensionalidade são pouco conclusivos e de difícil comparação, pelas
diferentes metodologias utilizadas.
Conclusão: A Escala de Resiliência, amplamente aplicada, vem demonstrando boas
propriedades psicométricas em suas diferentes versões e pode ser considerada um instrumento de grande
contribuição na ampliação do conhecimento sobre esse construto.
Descritores: Validade, confiabilidade, resiliência, escala, revisão
Abstract
Introduction: Resilience is currently defined as a dynamic process between risk and protective
factors that allows overcoming adversities. Factors related to resilience have been studied with the aid of
standardized instruments. The current study aims to systematically review the psychometric properties of
the different versions of the Resilience Scale elaborated by Wagnild & Young.
Methods: The methodology was based on a search in the MEDLINE, LILACS, ISI, and PILOTS
databases.
Results: Seventeen articles studied the scale’s performance in at least some aspect of its versions
in English (original), Russian, Spanish, Swedish, German, and Portuguese. All obtained good internal
consistency coefficients (Cronbach’s α of around 0.85) and supported the scale’s concurrent validity.
More in-depth investigation is recommended on the temporal stability of the other versions, although the
Portuguese version proved good, with intraclass correlation coefficient (ICC) equal to 0.75. Data on its
dimensionality are not very conclusive.
B-2
Conclusion: The Resilience Scale is widely used and has shown good psychometric properties in
its different versions and can be considered a useful instrument for expanding knowledge on what help
people to overcome adversities.
Key-words: Validity, reliability, resilience, scale, review.
Introdução:
Ao longo de suas vidas, muitos indivíduos enfrentam circunstâncias adversas e
potencialmente traumáticas. Até muito recentemente, acreditava-se ser incomum a
capacidade de um indivíduo reagir, de forma positiva, a uma perda ou a um trauma.
Essa capacidade poderia até ser considerada uma resposta patológica em determinadas
circunstâncias. Essa crença se devia, sobretudo, ao fato do conhecimento sobre as
reações aos eventos traumáticos estar baseado, quase que exclusivamente, em estudos
com indivíduos que desenvolviam transtornos mentais relevantes e que solicitavam
tratamento
2
.
Hoje, reconhece-se que muitas pessoas expostas a uma situação traumática
mantém uma trajetória de funcionamento saudável, depois de experimentar tão-somente
um distúrbio leve, e de curta duração
3
. O crescente interesse em se estudar não apenas
os processos de adoecimento e os fatores de risco para os transtornos mentais
relacionados ao trauma, mas também os desfechos positivos e os fatores protetores que
contribuem para que os indivíduos superem as adversidades vem ampliando o foco para
o qual, tradicionalmente, a Psiquiatria e a Psicologia estavam voltadas
4;5
.
É nesse contexto que o conceito de resiliência vem sendo estudado e
reformulado ao longo das últimas quatro décadas. Ainda não observamos consenso
sobre sua definição. Algumas vezes, a expressão é utilizada como sinônimo de fator de
proteção
6
; outras vezes, é definida como uma qualidade do caráter do indivíduo
7
, ou
uma característica positiva da personalidade que facilita a adaptação individual
1
.
Encontramos, ainda, a utilização do termo para descrever a adaptação positiva apesar da
B-3
adversidade
8
. Apesar dessa falta de consenso, hoje, o conceito de resiliência vem se
revestindo de uma maior complexidade, ao ser entendido não mais como um atributo
pessoal que levaria o indivíduo ao sucesso, mas como um “processo dinâmico que
envolve a interação entre processos sociais e intrapsíquicos de risco e de proteção”
9
(ASSIS, 2006: p.19).
Algumas características dos indivíduos resilientes vêm sendo descritas na
literatura, como: a visão da mudança e do estresse como um desafio ou oportunidade; o
reconhecimento dos limites do controle que pode ser exercido sobre as situações; a
capacidade de atrair o apoio de outras pessoas e a sensação de vinculação a elas; o senso
de humor; o otimismo; a paciência e a tolerância frente ao afeto negativo
10
.
Existem alguns instrumentos de autopreenchimento que pretendem medir esse
construto como: a Resilience Scale
1
; a Resilience Scale for Adults (RSA)
11
; a
Adolescent Resilience Scale (ARS)
12
e a Connor-Davidson Resilience Scale (CD-
RISC)
10
.
Uma revisão sistemática, conduzida por Ahern et al (2006)
13
, comparando as
propriedades psicométricas de seis escalas que pretendem medir resiliência, concluiu ser
a Resilience Scale
1
a mais apropriada para o uso com adolescentes e a mais utilizada,
até o momento, em estudos conduzidos com diversas faixas etárias.
A Escala de Resiliência, elaborada por Wagnild & Young
1
, é constituída de 25
itens com gradação de resposta de 1 (Discordo) até 7 (Concordo) para cada item. Os
escores da escala oscilam, assim, de 25 a 175 pontos, com valores altos indicando
elevada resiliência.
O presente estudo pretende revisar, de maneira sistemática, as propriedades
psicométricas das diferentes versões da Escala de Resiliência.
B-4
Metodologia:
Estratégia de Busca e Critério de Revisão.
A revisão considerou todos os estudos que investigaram as propriedades
psicométricas da Escala de Resiliência
1
e de suas diferentes versões.
Foram utilizadas as seguintes bases de dados, cobrindo os respectivos períodos:
MEDLINE (1950-2007); ISI (1945-2007); LILACS (1982-2007) e PILOTS (1960-
2007) (base de dados do National Center for PTSD USA), com a pesquisa da
expressão “Resilience Scale”, concluída em 06/08/2007.
Na base LILACS, em virtude de não ter sido encontrado nenhum estudo através
dessa estratégia, foram feitas as buscas dos seguintes termos: resiliência AND escala$;
resiliência AND questionário$; resiliência AND instrumentos; e seus equivalentes em
inglês e espanhol.
Na base MEDLINE, para cada artigo listado na busca inicial, surgem novas
listas de artigos relacionados aos primeiros. Nessa base de dados, a pesquisa também foi
ampliada através da leitura dos títulos e resumos dos artigos relacionados àqueles que
versavam sobre as propriedades psicométricas da escala e que foram primeiramente
identificados pela busca.
Todos os artigos foram selecionados através da leitura de seus títulos e resumos,
com a solicitação do texto completo daqueles que se referiam ao estudo das
propriedades psicométricas de qualquer versão da Escala de Resiliência. Não houve
restrição de idioma.
A busca foi concluída com a pesquisa das referências bibliográficas citadas
nesses artigos completos.
B-5
Os dados foram extraídos por um pesquisador com o auxílio de um formulário
elaborado para resumir as informações sobre as características dos estudos, as
propriedades psicométricas analisadas e as metodologias utilizadas.
Resultados:
A busca identificou, ao todo, 57 artigos (veja figura1). Foram excluídos, pela
leitura dos resumos, aqueles que versavam sobre outras escalas de resiliência, e um
artigo de revisão sobre as várias escalas que pretendem medir esse construto. Após essa
primeira exclusão, restaram 23 artigos referentes especificamente a Escala de
Resiliência, e, dentre esses, oito tinham como o objetivo principal o estudo das
propriedades psicométricas de suas diferentes versões. Foram encontrados, além do
estudo sobre a versão original em Inglês
1
, estudos sobre as versões para o Espanhol
14
,
para o Russo
15
, para o Sueco
16
, para o Português
17
, e para o Alemão
18;19
.
A partir da leitura das referências desses artigos selecionados, foram encontrados
outros nove artigos que, embora não tivessem como objetivo principal o estudo das
propriedades psicométricas da Escala de Resiliência, calcularam nas respectivas
amostras, a consistência interna do instrumento (α de Cronbach) e alguns também
estudaram a correlação da escala de resiliência com outras escalas. Assim, no total,
dezessete artigos foram incluídos na revisão.
A respeito de sua validade de conteúdo, a escala original foi desenvolvida a
partir de um estudo qualitativo com 24 mulheres que tiveram adaptação positiva após
uma adversidade. Os itens foram elaborados a partir de seus relatos e da revisão, na
literatura científica, sobre o conceito de resiliência. O instrumento foi pré-testado em
1988
1
.
B-6
Wagnild & Young, em um
artigo publicado em 1993
1
, citam os estudos
conduzidos até então que analisaram algumas propriedades psicométricas da versão
original da escala. Os autores também descrevem a condução de uma pesquisa com uma
população de 810 adultos, onde avaliam a consistência interna do instrumento, sua
validade de construto e sua dimensionalidade (ver quadro 1).
Todas essas pesquisas citadas por Wagnild nesse artigo de 1993 haviam sido
conduzidas predominantemente com mulheres adultas e idosas, com média de escore
sugerindo graus médio e alto de resiliência. Além disso, indicaram um bom
desempenho da escala com coeficientes de consistência interna (α de Cronbach) em
torno de 0,85. O único estudo que investigou também a confiabilidade teste-reteste da
versão original foi conduzido por Killien & Jarret em 1993
1
, e também sugeriu uma
estabilidade satisfatória com correlações variando de 0,67 a 0,84. Wagnild, ao citar o
estudo, não explicita o tipo de coeficiente utilizado e os dados do estudo são
provenientes de manuscrito não-publicado.
Estudos mais recentes, com amostras mais jovens, também evidenciaram uma
boa consistência interna da escala e médias de escores de resiliência igualmente
elevadas
20-22
, com menores valores de escore no estudo com jovens em situação de
rua
22
.
Quanto à validade de construto do instrumento original (ver quadro 2), todos
esses estudos apresentaram correlações estatisticamente significantes em sua maioria e
ocorreram na direção esperada, isto é, foram observadas correlações positivas entre a
Escala de Resiliência e medidas de bem-estar, satisfação com a vida, auto-estima e
saúde geral; e correlações negativas com medidas de estresse e depressão.
B-7
A análise fatorial conduzida pelos autores da escala em 1993, sugeriu a
existência de dois fatores, denominados por eles de “Competência Pessoal” e de
“Aceitação de Si e da Vida”.
quanto as diferentes versões da Escala de Resiliência, elaboradas para serem
utilizadas em contextos sócio-culturais distintos, essas foram aplicadas em populações
compostas mais equilibradamente por homens e mulheres e com indivíduos de diversas
faixas etárias, desde adolescentes até idosos (ver quadro 3).
Nos estudos das versões em Espanhol e Português
14;17
, foi mencionada a
preocupação quanto à análise da validade de conteúdo da escala no atual contexto em
que seria utilizada, tendo a escala sido submetida à avaliação de especialistas.
Embora as metodologias de adaptação transcultural utilizadas para o
desenvolvimento das versões tenham sido diversas, com um maior ou menor rigor
nesses processos, em todos eles foram realizadas, pelo menos, uma tradução e
retradução, com preocupação com a equivalência semântica dos itens.
Salvo no estudo realizado com mulheres mexicanas, onde observamos maior
amplitude dos escores da escala, com valores a partir de 29, em todos os outros os
escores variaram de valores que sugeriam grau médio a alto grau de resiliência.
Em algumas versões
14;15
(Heileman, 2003 e Aroian, 1997) foi observado um
melhor desempenho do instrumento, quando da exclusão de alguns itens. No caso da
versão em Espanhol, foram excluídos os itens 11 e 25 por apresentarem valores muito
baixos de correlação item-total (0,17 e 0,10, respectivamente). Com essa exclusão,
ocorreu um incremento na consistência interna da escala (agora com 23 itens e com α
de Cronbach igual a 0,93), sobretudo na dimensão de Aceitação da Vida (α=0,74) - que
na escala completa apresentava um valor baixo (α=0,68)
14
.
B-8
As demais versões apresentaram boa consistência interna, com valores de
α de
Cronbach variando de 0,80 a 0,93
15;17;23;24
.
Embora no estudo brasileiro, que analisou a confiabilidade teste-reteste do
instrumento, os valores de kappa ponderado calculados para cada item tenham variado
entre 0,16 a 0,53 - isto é, com grau de concordância variando de fraca a regular,
segundo a classificação de Landis & Koch
25
-, o escore final do instrumento mostrou
estabilidade satisfatória (CCI = 0,75)
17
. Já o coeficiente utilizado no estudo sueco
16
(Correlação de Pearson) para quantificar a reprodutibilidade da escala, não é apropriado
para esse fim, por não poder ser considerado uma medida de concordância.
no caso da versão para o Russo, foi feita a redução da escala para 12 itens por
ter sido essa versão reduzida a que obteve o melhor ajuste para uma solução de dois
fatores, tais como os sugeridos pela análise fatorial da escala original
15
(ver quadros 2 e
4).
A proposta inicial dos autores Wagnild & Young de que a escala de resiliência
fosse constituída por cinco dimensões características dos indivíduos resilientes
(equanimity; perseverance; self-reliance; meningfulness; aloneness) foi confirmada,
através da análise fatorial, por um único estudo sueco
26
.
Nenhuma versão apoiou a mesma solução de dois fatores encontrada por
Wagnild para os 25 itens
14;15;17;23
. Em outro estudo da versão em Sueco
23
, apesar da
análise fatorial ter sugerido a bidimensionalidade da escala, observamos que os fatores
obtidos a partir das duas diferentes versões (original e em Sueco), diferem em alguns
itens. O mesmo ocorreu para a versão em espanhol de 23 itens, apesar de também ter
também sido sugerida a sua bidimensionalidade
14
.
Também foram estatisticamente significantes e na direção esperada, as
correlações entre as versões da escala de resiliência com outras medidas. Foram
B-9
observadas correlações positivas com medidas de satisfação com a vida, auto-estima,
self-efficacy, saúde geral, apoio social, coerência e supervisão familiar; e correlações
negativas com depressão, somatização, violência psicológica, “demandas da imigração”
e fadiga
14;15;17;18;23
(ver quadro 4).
No caso das versões em Alemão, a forma curta (de 11 itens) se mostrou tão útil
quanto a longa (de 25 itens), não sendo observada diferença clínica significativa
(diferença de médias; mediana e effect size) na aplicação destas.
18
Em um estudo Colombiano, a versão espanhola da escala completa com 25 itens
apresentou um coeficiente α de Cronbach de 0,90, também sugerindo uma boa
consistência interna
27
(Jaramillo-Velez et al, 2005).
Outros estudos, que utilizaram a escala de resiliência e que estimaram a
consistência interna do instrumento nas populações estudadas, obtiveram valores de α
de Cronbach variando entre 0,72 a 0,94.
20-23;26; 28-30
Discussão:
A Escala de Resiliência vem sendo amplamente aplicada, em diferentes
populações e contextos sócio-culturais. Pode-se dizer que, juntos, os estudos sobre as
propriedades psicométricas de suas diferentes versões abrangeram uma ampla variação
de faixas etárias. Pode-se dizer o mesmo quanto a sua utilização entre os sexos, apesar
do predomínio de mulheres nos estudos com a versão original.
no que diz respeito à escolaridade das populações estudadas, observamos um
predomínio de indivíduos com escolaridade variando de média a superior. Devemos
lembrar que mesmo o estudo com adolescentes brasileiros foi realizado no contexto
escolar (7ª. série do ensino fundamental pelo menos), e, portanto, seria importante
B-10
conhecermos também o desempenho da escala dentre indivíduos de menor escolaridade,
para garantir sua aplicabilidade na população geral.
Também observamos certa homogeneidade quanto à média dos escores da escala
nas diferentes populações, e quanto aos seus desvios-padrão - sobretudo nos estudos
com a versão original em Inglês. Há um claro predomínio de escores sugestivos de
média a elevada resiliência. Embora possamos esperar tal característica na população
geral, as estreitas amplitudes de escores observadas (salvo para o estudo com população
de origem Mexicana), sugerem a necessidade de estudos sobre o desempenho da escala
também dentre os indivíduos com “baixa resiliência”. É também importante lembrarmos
que a construção da escala, toda composta de itens com termos positivos, não favorece a
detecção de viéses de informação causados por um padrão monótono de resposta.
A consistência interna do instrumento original e de suas versões nos diferentes
estudos se manteve com valores considerados adequados para a utilização em pesquisa
(α de Cronbach em torno de 0,85).
Já os dados sobre a confiabilidade teste-reteste das versões são escassos e,
embora sugiram uma boa confiabilidade, apontam para a necessidade de uma maior
investigação dessa propriedade, com utilização de metodologia adequada (isto é, com
utilização de um coeficiente que possa analisar concordância, ao invés de indicar apenas
correlação).
No que diz respeito à validade de construto da escala, essa vem sendo apoiada
por todos os estudos que investigaram as correlações das diferentes versões com outras
medidas, reforçando a tese de que o conceito de resiliência se correlaciona,
positivamente, com medidas de bem-estar e adaptação positiva e, inversamente, com
medidas de transtornos mentais e violência.
B-11
Todos os estudos foram realizados com tamanhos amostrais adequados para
permitirem a obtenção de resultados estatisticamente significantes.
Já os dados referentes às análises fatoriais realizadas com a Escala de Resiliência
e suas versões não permitem a conclusão sobre sua dimensionalidade, com a obtenção
de um, dois, três ou cinco fatores nos diferentes estudos. A bidimensionalidade da
escala encontrada através da análise fatorial conduzida pelos autores da escala original,
também não foi confirmada pela maioria dos estudos. Assim, sugere-se que apenas o
escore geral da Escala de Resiliência seja utilizado, e que não sejam calculados os
escores de cada subescala nas versões em que essa bidimensionalidade não foi
comprovada. Devemos ressaltar que a utilização de metodologias diferentes na
condução das análises desses diferentes estudos (ora varimax ortogonal-, ora oblimim
– oblíqua) dificulta a comparação dos resultados.
Como bem lembra Leite et al em artigo publicado em 2006, o desenvolvimento
de uma escala é um processo contínuo que nunca se completa. Propriedades como
validade e confiabilidade não são fixas, mas específicas do instrumento usado em uma
situação específica e com uma dada população
30
.
Conclusão:
A Escala de Resiliência vem se apresentando como um instrumento adequado
para utilização em populações heterogêneas. Os resultados apresentados sugerem que as
suas versões apresentam um bom desempenho nos diferentes contextos em que são
utilizadas, sobretudo no que diz respeito a sua consistência interna e a sua validade
concorrente. São necessários mais estudos sobre a sua estabilidade temporal, com
utilização de metodologia adequada. Também novas análises fatoriais em outras
B-12
populações podem nos ajudar a compreender a dimensionalidade desse construto, o que
ainda não parece bem esclarecido pelos estudos já conduzidos.
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B-15
Figura 1. Fluxograma do processo de seleção dos estudos.
57 Estudos
Excluídos estudos sobre
outras escalas de resiliência
23 estudos sobre a Escala de
Resiliência (Wagnild & Young)
Excluídos estudos
sem informação
sobre propriedades
psicométricas da
escala
17 estudos com pelo menos uma propriedade psicométrica da
Escala de Resiliência e de suas versões.
B-16
Quadro 1. Estudos sobre a Qualidade da Versão Original da Escala de Resiliência (em inglês e com 25 itens).
PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS ESTUDADAS ESTUDOS
TAMANHO
DA
AMOSTRA
(n)
POPULAÇÃO
ESCORES DA AMOSTRA
Média (M), Desvio Padrão(DP) e
Amplitude(A)
Consistência Interna
Confiabilidade
teste-reteste
Wagnild & Young, 1988*
EUA
n= 39
100%: mulheres cônjuges e cuidadoras
de portadores de Alzheimer;
Idade: M= 71,5 anos
DP= +/- 7,9
M= 138,4
DP= 8,6
A= 90 – 175
α Cronbach = 0,85
Não realizada
Klass, 1989 *
n= 58
100%: mulheres estudantes graduadas.
Idade: M = 31,8 anos
DP = +/- 6,1
M= 139,1
DP= 14,5
A= 92 – 165
α Cronbach = 0,86
Não realizada
Cooley, 1990 *
n= 43
100% mulheres estudantes graduadas
Idade: M = 33,4 anos
DP = +/- 6,6
M= 138,8
DP = 14,1
A = 105 – 167
α Cronbach = 0,85
Não realizada
Killien & Jarret, 1993 *
n= 130
100% mulheres no pós-parto do primeiro
filho; Idade; M = 30,7 anos
(DP = sem informações)
M= 141,7
DP= 14,9
A= 101 – 172
α Cronbach = 0,90
Administração da escala durante a
gravidez e nos 1
o
; 4º. ; 8º. e 12º. meses
do pós-parto;
Correlações variando de 0,67 a 0,84
(não informa qual o coeficiente usado).
Wagnild & Young, 1991*
EUA
n= 43
Residentes de residências públicas;
83,7% mulheres
Idade: M= 73,4 anos
DP= +/- 11,7
M= 141,1
DP= 15,3
A= 114 – 167
α Cronbach = 0,76
Não realizada
B-17
Wagnild & Young, 1993
¹
EUA
n= 810
Idade: 53-95 anos
M= 71,1 anos ;
62,3% mulheres;
66,2% com escolaridade maior do que o
ensino médio
M= 147,91
DP= 16,85
A= 75 – 175
α Cronbach = 0,91
Não realizada
Rew et al, 2001
22
USA
n= 59
Amostra de conveniência de jovens em
situação de rua com idades de 15 a 22
anos.
64% rapazes.
Escore médio 4,48 (amplitude de
1-7, com 1 não sendo resiliente e
7 sendo muito resiliente)
α Cronbach = 0,91
Não realizada
Black & Ford-Gilboe,
2003
20
Canadá
n= 41
Amostra de conveniência de mães
adolescentes.
Média de idade: 20 anos ( amplitude de
18-23; DP 1.35 )
Média de 11 anos de educação
M=146,6
DP= 14,08
A=114 -167
Escore Médio 5.9 / 7
α Cronbach = 0,85
Não realizada
Monteith & Ford-Gilboe,,
2007
21
Canada
n= 67
Amostra de conveniência de mães com,
pelo menos uma criança em idade pré-
escolar.
Média de idade: 33 anos (amplitude de 27-
44 anos).
98% com 12 ou mais anos de escolaridade
M=142,1
DP= 12,87
A= 109-166
Escore Médio 5.7 / 7
α Cronbach = 0,85
Não realizada
M = Média; DP= Desvio Padrão; A=Amplitude
* estudos citados por Wagnild & Young 1993
¹
B-18
Quadro 2. Validade de Construto da Versão Original (em Inglês e com 25 itens) da Escala de Resiliência.
Estudo
Validade Concorrente
(correlação com outras escalas; r = coeficiente de Pearson))
Análise Fatorial
Wagnild & Young, 1988*
EUA
Philadelphia Geriatric Center Morale Scale – PGCMS (medida de
moral e bem-estar subjetivo) r= 0,54 (p<0,001)
Sem informações
Klass, 1989 *
Perceived Stress Scale r= - 0,67 (p<0,001)
General Health Rating Scale r= 0,50 (p<0,001)
Sem informações
Cooley, 1990 *
Perceived Stress Scale r= - 0,32 (p<0,05)
General Health Rating Scale r= 0,40 (p<0,001)
Sem informações
Killien & Jarret, 1993 *
Symptoms of Stress Scale r= - 0,24
Beck Depression Inventory r= - 0,36
Self-Esteem Scale r= 0,57
(p< 0,01 para todos os coeficientes)
Sem informações
Wagnild & Young, 1991*
EUA
Philadelphia Geriatric Center Morale Scale (PGCMS) r= 0,43 (p<0,01)
Life Satisfaction Index-A r= 0,59 (p<0,001)
Sem informações
Wagnild & Young, 1993
¹
EUA
Life Satisfaction Index-A (LSI-A) r= 0,30
Philadelphia Geriatric Center Morale Scale (PGCMS) r=0,28
Beck Depression Inventory (BDI) short form r= - 0,37
Physical Health r= 0,26
(p<0,001 para todos os coeficientes)
Métodos:
Análise de Componentes Principais seguida de rotação oblimim e normalização de
Kaiser
Pela análise exploratória: unidimensional;
Pelo critério de Kaiser, considerando todos os fatores sem rotação com auto-
fator>1.0 = 5 fatores
Utilizando o critério da variância, com interrupção quando o último fator não explicar
mais de 5% da variância: 2 fatores -“Competência Pessoal” e
“Aceitação de si mesmo e da Vida
B-19
Rew et al, 2001
22
UCLA revised Loneliness Scale r= -0,50
Beck Hopeless Scale r= - 0,47
Social Connectedness Scale r= -0,41
Death-related Life Attitude Schedule (DR-LAS) r= -0,52
(p<0,01 para todos os coeficientes)
Sem informações
Black & Ford-Gilboe, 2003
20
Canadá
Health Options Scale (HOS) r= 0,34
Health Promoting Lifestyle Profile II (HPLPII) r= 0,42
(p<0,01 para todos os coeficientes)
Sem informações
Monteith & Ford-Gilboe, 2007
21
Canada
Health Promoting Lifestyle Profile II (HPLPII) r= 0,42**
Responsabilidade com a saúde r= 0,20
Atividade Física r= 0,25**
Nutrição r= 0,16
Crescimento Espiritual r= 0,58**
Relações Interpessoais r= 0,31**
Manejo do estresse r= 0,24**
**(p<0,05)
Sem informações
* estudos citados por Wagnild & Young, 1993
¹
B-20
Quadro 3. Características e Resultados dos Estudos sobre as Propriedades Psicométricas das Diferentes Versões da Escala de Resiliência.
Propriedades psicométricas estudadas
Versões e Estudos
Tamanho
da
Amostra
População
Média (M),
Desvio
Padrão(DP) e
Amplitude(A)
dos escores da
amostra.
Processo de Adaptação
Transcultural
Número
de itens
da
versão
final da
escala
Consistência Interna
Confiabilidade
teste-reteste
Aroian et al,
1997
15
Israel
n= 450
Imigrantes da antiga URSS em
Israel;
Idade: M= 44,3 anos
DP= 18,2
52,9% mulheres
53,2% com, pelo menos, nível
superior.
Sem
informações
Tradução e retradução para o
Russo por tradutores bilíngües
familiarizados com o construto.
Preocupação com equivalência
semântica.
12
α Cronbach =0,87 (para a
versão de 12 itens)
α Cronbach =0,88
α Cronbach =0,56 (para a
subescala de 3 itens de
“Aceitação da vida”)
Não estudada
Russo
Miller et al,
2002
24
USA
n= 200
100% mulheres da União Soviética
que viviam nos EUA há menos de
6 anos.
Idade: 45-65 anos.
60.5 % com ensino superior
Sem
informações
Adaptação conduzida
anteriormente por Aroian
(1997)
12
α Cronbach =0,91
Não estudada
B-21
Heilemann
et al,
2003
14
EUA
n= 147
Mulheres de origem mexicana
21- 40 anos (média= 28 anos)
4% sem educação formal; 40%
menos de 11 anos de estudo; 56%
ensino médio completo.
M= 124
DP= 27,07 (?)
A= 29 – 161
Tradução para o Espanhol
por 1 tradutor
Retradução independente
para o Inglês
Revisão de ambas versões
por terceiro tradutor
Nova Retradução por mais 2
tradutores
Revisão por toda a equipe
23
α Cronbach =0,91 (escala não-
modificada com 25 itens)
α Cronbach =0,93 (escala
modificada com 23 itens)
α Cronbach =0,90 (para
subescala de 17 itens de
“Competência Pessoal”)
α Cronbach =0,68 (para
subescala de 8 itens de
“Aceitação da vida”)
α Cronbach =0,74 (subescala
modificada de 6 itens
Aceitação de Si e da Vida)
Não estudada
Espanhol
Jaramillo-
Vélez et al,
2005
27
Colombia
n=199
Mulheres consultadas nas
Comisarías de Familia de Medellín
M= 147,3
DP= 25
Não relatado
25
α Cronbach =0.90 (escala não
modificada com 25 itens)
α Cronbach =0,90 (fator Atitude
Pessoal)
α Cronbach =0,70 (questões
significando aceitação da vida)
Não estudada
B-22
Propriedades psicométricas estudadas
Versões e Estudos
Tamanho
da Amostra
População
Média (M), Desvio
Padrão(DP) e Amplitude(A)
dos escores da amostra.
Processo de Adaptação
Transcultural
Número
de itens
da versão
final da
escala
Consistência Interna
Confiabilidade
teste-reteste
Nygren et al,
2004
16
Suécia
n= 142
54% mulheres;
19-85 anos
40 idosos, 50
operários e 52
estudantes
M= 140,7 (teste) e 139,4
(reteste)
DP= 15,6
A= 94 – 174 (teste) e
94 – 170 (reteste)
Tradução para o Sueco
por 4 Tradutores
Independentes
Versão de Consenso
Retradução por tradutor
de Língua Inglesa
25
α Cronbach =0,88 (teste) e
0,90 (reteste)
Reteste 4
semanas após.
r= 0,78 (sic)
Sueco
Lundman et al,
2007
26
Suécia
n=1719
73% mulheres
19-103 anos
(M= 59 anos;
DP=19,2)
M= 141
DP= 17,7
Tradução para o Sueco
por 4 Tradutores
Independentes
Retradução por tradutor
de Língua Inglesa
25
α Cronbach dos 5 fatores:
fator 1= 0,78
fator 2 = 0, 77
fator 3 = 0,78
fator 4 = 0,45
fator 5 = 0,55
Não estudada
Português
Pesce et al,
2005
17
Brasil
n= 997
12- 19 anos (M=
15,4 anos)
alunos de 7ª. Série
ao 2º. Ano do
Ensino Médio
57,7% mulheres
Sexo Feminino:
M =73,54
Sexo Masculino:
M =71,34
Sem informações sobre DP
ou Amplitude dos escores
(Pesce et al, 2004)
Tradução para o
Português por 2
tradutores
independentes
Retraduções para o
Inglês por outros 2
tradutores
Avaliação “cega” por
quinto profissional
Versão de consenso
Pré-teste
25
α Cronbach =0,80 (amostra
total)
α Cronbach =0,85 (pré-teste;
n=230)
Intervalo de
10 dias.
CCI = 0,75
IC95% [0,62 -
0,83]
B-23
M = Média; DP= Desvio Padrão; A=Amplitude
Schumacher et
al, 2005
19
Alemanha
n= 2031
14 - 95 anos (M= 48,29
anos)
53,37% mulheres
Amostra representativa
da população ale
(escolha aleatória de
distritos, domicílios e
indivíduos).
Versão de 25 itens:
M= 133,78
SD=22,54
A= 42 – 175
Versão de 11 itens:
M= 58,03
SD=10,76
A= 15 - 77
Tradução para o Alemão e
retraduzida por cientista de
língua inglesa com bons
conhecimentos em alemão e
por estudante de psicologia
bilíngüe.
Versão de consenso de toda
a equipe (autorizada pelos
autores da versão original).
25
e
11 itens
(versão
curta)
α Cronbach = 0,95 (total
escala 25 itens)
α Cronbach = 0,82 (Subescala
da Aceitação de Si e da Vida)
α Cronbach = 0,94 (subescala
de Competência Pessoal)
α Cronbach = 0,91 (escala
curta de 11 itens)
Não estudada
Alemão
Rohrig et al,
2006
18
Alemanha
n= 212
maiores de 40 anos;
67,9 % mulheres
Idade:
Homens M= 62,2 anos;
DP=12,8
Mulheres M=57,8 anos;
DP= 13,2
Versão de 25 itens:
Mean score 5,932 / 7
SD= 0,655
Versão de 11 itens:
Mean score 5,852 / 7
SD= 0,761
Adaptação conduzida por
Schumacher, 2005
19
25
e
11 itens
α Cronbach = 0,88 (total
escala 25 itens)
α Cronbach = 0,81 (escala
curta de 11 itens)
Não estudada
B-24
Quadro 4. Validade de Construto das Diferentes Versões da Escala de Resiliência.
Versões e Estudos Validade concorrente Análise Fatorial
Espanhol
Heilemann et al, 2003
14
EUA
Satisfação com a vida (1 pergunta) r= 0,36
Center of Epidemiologic Studies Depression Scale (CES-D) r= -0,29
(p<0,001 para os dois coeficientes)
Método: Análise de Componentes Principais; rotação varimax e
subseqüentes índices de ajuste do modelo com resultados ambivalentes(1
ou 2 fatores?)
Teste de diferença de qui-quadrado: 2 fatores (com alguns itens diferentes
daqueles encontrados nos dois fatores da versão original)
Nygren et al, 2004
16
Suécia
Sense of Coherence Scale (SOC) r=0,41 (p<0,01)
Rosemberg Self Esteem Scale (RSE) r=0,37 (p<0,01)
Método: Análise de Componentes Principais com rotação varimax.
2 fatores: “Autoconfiança” (“Personal Assurance”) e “Aceitação de si mesmo
e da vida” - também com intercâmbio de alguns itens, quando comparamos
tais fatores com os da versão original.
Sueco
Lundman et al, 2007
26
Suécia
Sem informações
Método: Análise de Componentes Principais com rotação varimax.
5 fatores: meningfulness; equanimity; self-reliance; perseverance;
aloneness
Português
Pesce et al, 2005
17
Brasil
Itens de supervisão familiar r= 0,11
Escala de satisfação de vida r= 0,37
Escala de auto-estima r= 0,33
Escala de violência psicológica r= -0,155
Dimensão “apoio afetivo” da escala de apoio social r= 0,20
Dimensão “apoio emocional” da escala de apoio social r= 0,23
Dimensão “apoio de informação” da escala de apoio social r= 0,23
Dimensão “interação positiva” da escala de apoio social r=0,25
(p<0,001 para todos os coeficientes)
Método: rotação oblíqua e varimax
3 fatores:
Itens que indicam resolução de ações e valores (que dão sentido à
vida)
Itens que transmitem idéia de independência e determinação.
Itens indicativos de auto-confiança e capacidade de adaptação a
situações.
B-25
r = Coeficiente de Correlação de Pearson
Aroian et al, 1997
15
Israel
Demands of Immigration Scale (DI) r= -0,23 a – 0,29
Depression scale of the SCL-90 r= -0,42 a -0,49
Somatization scale SCL-90 r= -0,29 a -0,35
Questões (item único)
Saúde Geral r= 0,22 a 0,27
Atingir Objetivos Pessoais r= 0,33 a 0,39
Bem-Estar Subjetivo r= 0,27 a 0,34
Tipo de Pessoa que você é r= 0,15 a 0,23
Capacidade de ajudar 0,40 a 0,51
(p<0,001 para todos os coeficientes)
Método:
Análise Fatorial Confirmatória com uso de 5 medidas diferentes de ajuste do
modelo – Não apoiou solução de dois fatores para a escala de 25 itens.
O melhor ajuste para uma solução de dois fatores foi obtido com 12 dos 25
itens da escala original.
Russo
Miller et al, 2002
24
USA
Center of Epidemiologic Studies Depression Scale (CES-D) r= -0,336
(p=0,05)
Sem informações
Schumacher et al, 2005
19
Alemanha
Self Efficacy Scale – com a escala de resiliência 25 itens(r= 0,68)
Self Efficacy Scale – com a escala curta de 11 itens(r= 0,70)
(p<0,001 para os dois coeficientes)
Método: Análise de Componentes Principais com rotação oblíqua
Extração de 3 fatores (com eigenvalue >1). O primeiro mostra 46,3% da
variação da escala. Com importante correlação entre os fatores 1 e 2
(r=0,68)
A solução sem rotação também apontou para um fator geral forte, e os
autores concluíram pela unidimensionalidade da escala.
Propuseram escala curta com 11 itens, unidimensional, com forte correlação
com a escala de 25 itens (r=0,95)
Alemão
Rohrig et al, 2006
18
Alemanha
Multidimensional Fatigue Inventory - com a escala de resiliência 25
itens (r*= - 0,326)
Multidimensional Fatigue Inventory - com a escala de resiliência 11
itens (r*= - 0,374)
*coeficientes de Spearmans Rho; com diferença entre eles sem
significância estatística p=0,105
Sem informações
97
9 – TERCEIRO ARTIGO.
ESTUDO
C
R
ESILIÊNCIA
A
E
VENTOS
T
RAUMÁTICOS
-
I
NQUÉRITO
E
PIDEMIOLÓGICO
N
A
C
IDADE
D
E
S
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P
AULO
N
O
A
NO
D
E
2007
C-1
R
ESILIÊNCIA
A
E
VENTOS
T
RAUMÁTICOS
-
I
NQUÉRITO
E
PIDEMIOLÓGICO
N
A
C
IDADE
D
E
S
ÃO
P
AULO
N
O
A
NO
D
E
2007
Liliane Vilete; Evandro Silva Freire Coutinho; Ivan Figueira; Wagner Ribeiro; Maria
Inês Quintana; Sérgio Baxter Andreoli; Jair Mari.
Resumo:
Introdução: A resiliência expressa um processo dinâmico que envolve a interação entre processos sociais
e intrapsíquicos de risco e de proteção. Para identificá-la, dois julgamentos são necessários: que tenha
havido uma ameaça significativa ao indivíduo, como um evento traumático, e que a qualidade da
adaptação seja boa. Objetivo: Identificar os fatores associados à adaptação positiva a eventos traumáticos
em uma população geral. Metodologia: Estudo seccional com amostra probabilística da população com
15 anos ou mais, residente na cidade de São Paulo (n=2536). Foram considerados como resilientes
aqueles que, na presença de história de pelo menos um evento traumático, tiveram adaptação positiva
definida pelo estudo como a ausência, ao longo da vida, dos transtornos mentais investigados (transtornos
depressivos, transtorno de estresse pós-traumático, outros transtornos fóbico-ansiosos e transtornos
relacionados ao uso/dependência de álcool pelo Composite International Diagnostic Interview - CIDI).
Resultados: Mostraram-se associados à adaptação positiva a traumas intensos: sexo masculino, ausência
de transtorno mental parental, ausência de eventos traumáticos na infância, ausência de tabagismo, maior
escolaridade, menor diversidade de traumas, desastres naturais, menor percepção de risco de vida, menor
atribuição de própria responsabilidade pelos eventos traumáticos, maiores escores na escala de resiliência
e menores escores na subescala de afetos negativos e nas escalas de imobilidade tônica, dissociação e
reações físicas peritraumáticas. Mostraram-se associados à adaptação positiva a traumas leves a
moderados: idade menos avançada, ausência de trauma na infância e de tabagismo, menor escolaridade,
maior número de filhos, maior renda, religião católica, maior idade no pior trauma, menor diversidade de
traumas, menores escores na subescala de afetos negativos e nas escalas de dissociação e de reações
físicas peritraumáticas Conclusão: O presente estudo identificou diversos fatores associados à adaptação
positiva a eventos traumáticos na população da cidade de São Paulo. Apesar disso, a baixa proporção de
variância explicada pelos modelos (R
2
<0,32), sugere, no entanto, que a variabilidade individual de
respostas aos eventos traumáticos permanece, na maior parte, inexplorada ou desconhecida.
C-2
Descritores: Eventos traumáticos, violência, resiliência, estudo seccional, epidemiologia.
Abstract:
Introduction: The resilience expresses a dynamic process involving the interaction between intrapsychic
and social processes of risk and protection. To identify it, two judgments are needed: that there has been
a significant threat to the individual, as a traumatic event, and that the quality of adjustment is good.
Objective: To identify factors associated with positive adaptation to traumatic events in a general
population. Methodology: Cross-sectional study with random sample of the population aged 15 or over,
resident in São Paulo (n=2536). It was considered as resilients people who showed, in the presence of at
least one traumatic event, positive adaptation to failure, defined as the lifetime absence of any of the
mental disorders investigated (depressive disorders, posttraumatic stress disorder, others anxious-fobic
disorders and disorders related to use/dependence of alcohol - Composite International Diagnostic
Interview - CIDI ). Results: Were associated with positive adaptation to intense trauma: male sex,
absence of parental mental disorder, absence of traumatic events in childhood, absence of smoking, more
education, less variety of traumas, natural disasters, lower perception of risk of life, lower allocation of
responsibility for traumatic events, higher scores of the resilience scale and lower scores on negative
affect sub-scale and on tonic immobility, dissociation and peritraumatic physical reactions scales. Were
associated with positive adaptation to mild to moderate trauma: less advanced age, absence of trauma in
childhood and absence of smoking, less education, more children, higher income, religion Catholic,
oldest in the worst trauma, less variety of traumas, lower scores in negative affect sub-scale and in
dissociation and peritraumatic physical reactions scales. Conclusion: The present study identified many
associated factors to positive adaptation to traumatic events in São Paulo population. Despite this, the
low proportion of variance explained by the model suggests, however, that the variability of individual
responses to traumatic events remain for the most part unexplored or unknown.
Key-words: Traumatic events, violence, resilience, cross-sectional study, epidemiology.
C-3
Introdução:
O termo resiliência é originário das Ciências Físicas e descreve a habilidade de
um material de se flexionar elasticamente ao sofrer uma pressão, sem quebrar ou se
deformar (GORDON, 1978 apud NORRIS et al, 2008). Esse termo foi introduzido no
campo da Psiquiatria no final da década de 70 por estudiosos da Psicopatologia do
Desenvolvimento, a partir da observação de crianças que, apesar da exposição a graves
adversidades, conseguiam se desenvolver, tornando-se adultos saudáveis e competentes
(WERNER, 1989; 1992; MASTEN & COATSWORTH, 1998). A idéia de
“invulnerabilidade”, difundida na época, foi substituída pelo conceito de resiliência para
se corrigir a errada impressão de que a resistência ao estresse pudesse ser constitucional
e absoluta. A resiliência deve ser entendida como relativa e resultante de fatores
constitucionais e ambientais. Também não deve ser entendida como uma qualidade fixa
ou estática. Ela varia ao longo do tempo e de acordo com as circunstâncias (RUTTER,
1985). Embora não exista consenso na literatura quanto a sua definição, esse conceito
vem ganhando maior complexidade e uma tendência atual de considerá-lo um
construto multifacetado que expressa um processo dinâmico e envolve a interação entre
processos sociais e intrapsíquicos de risco e de proteção (ASSIS et al, 2006; RUTTER,
1993, 2006; LUTHAR et al, 2000).
Para identificar um processo de resiliência, dois julgamentos são necessários.
Primeiro, que tenha havido uma ameaça significativa ao indivíduo, como um estado de
alto-risco, ou uma exposição a uma adversidade grave ou a um evento traumático.
Segundo, que a qualidade da adaptação seja boa. Indivíduos não são considerados
resilientes se nunca tiverem sofrido uma ameaça significativa (MASTEN &
COATSWORTH, 1998; MASTEN 2001).
C-4
Bonanno (2004) sugeriu que fosse adaptado o corpo da literatura
desenvolvimentalista sobre a resiliência para se estudar os desfechos resilientes em
adultos que são expostos a eventos potencialmente muito disruptivos. Vista pela
perspectiva da traumatologia, a resiliência é a adaptação eficaz apesar de ameaças
significativas à integridade pessoal e física (AGAIBI & WILSON, 2005). Para Bonanno
(2004), essa seria a resposta mais comum a um trauma potencial. Essa conclusão parece
ser baseada na menor proporção de Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT)
encontrada entre os expostos a eventos traumáticos identificados em estudos
epidemiológicos (YEHUDA & FLORY, 2007).
Alguns autores sugerem cautela na estimativa de prevalências de resiliência,
visto que a considerável heterogeneidade de operacionalização dos conceitos de risco
(de trauma, p.ex.) e de adaptação positiva pode contribuir para as diferenças de
resultados (VANDERBILT-ADRIANCE & SHAW, 2008). Luthar & Brown (2007)
lembram a responsabilidade de se realizar esse tipo de estimativa com base em critérios
estreitos de adaptação positiva (definindo resiliência pela presença de apenas um ou
nenhum sintoma de TEPT nos seis meses após um evento traumático e não
considerando outros distúrbios, p.ex.). Indivíduos podem ter uma variedade de outras
dificuldades psicológicas. Luthar & Zigler (1991) apontam para uma limitação dos
estudos que se restrigem a analisar apenas como desfecho a competência externalizada,
não investigando aspectos internalizados que comprometam o bem-estar. Outros
estudiosos definem adaptação positiva apenas com base em critérios internos, como
ausência de psicopatologia ou baixos veis de sintomas e de debilitação e/ou como
presença de bem-estar. Quanto maior a maturidade do indivíduo, mais a patologia tende
C-5
a ser expressa por sintomas internalizantes, do que por distúrbios comportamentais
externalizantes (LUTHAR & ZIGLER, 1991).
O estudo da resiliência contribui para o esclarecimento da variabilidade de
respostas às adversidades exibidas pelos indivíduos e permite ampliar as estratégias de
prevenção, promoção de saúde e tratamento dos transtornos mentais (RUTTER, 1985,
2006). O objetivo desse presente trabalho é identificar os fatores associados à adaptação
positiva a eventos traumáticos em uma população geral.
Metodologia:
Desenho:
Estudo seccional com amostra probabilística da população com 15 anos ou mais,
residente na cidade de São Paulo.
Amostra:
A amostra foi planejada para atender os objetivos do estudo original, isto é,
estimar a prevalência de violência e de transtornos mentais, e os participantes foram
selecionados por meio de amostragem probabilística em multi-estágios. No primeiro
estágio, os 96 distritos administrativos da cidade foram ranqueados com base em suas
taxas de homicídio e, em seguida, agrupados em sete estratos (1 = menos de 10
homicídios por 100.000 habitantes; 2 = 10,01 a 20 homicídios; 3 = 20.01 a 30; 4 =
30.01 a 40; 5 = 40.01 a 50; 6 = 50.01 a 60; e 6 = mais de 60 homicídios por 100.000
habitantes). No segundo estágio, todos os setores censitários em cada estrato foram
mapeados com base em critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBGE. Em seguida, um número de setores censitários (de 4 a 18) foi sorteado em cada
estrato. No terceiro estágio, 43 residências foram selecionadas em cada setor censitário,
C-6
com base em saltos sistemáticos a partir de uma esquina inicial definida por sorteio.
Em cada casa, foi sorteado um indivíduo, com 15 a 75 anos de idade.
O tamanho da amostra em cada estrato foi estimado proporcionalmente ao
número de habitantes entre 15 anos e 75 anos de idade, segundo censo populacional
realizado pelo IBGE. Nos primeiros três estratos de distritos classificados como mais
violentos conforme suas taxas de homicídios, foi duplicada a proporção ideal, de forma
a “superamostrar” esta determinada localidade. Considerando: o tamanho da população
da cidade; as prevalências estimadas dos transtornos mentais, para um nível de
confiança de 95%; a duplicação das amostras em áreas violentas; e 20% de perda, o
tamanho total da amostra foi calculado em 3000 pessoas.
Variáveis dependentes
Considerando a resiliência como um processo de adaptação positiva a uma
adversidade, definimos como adaptação positiva a ausência, ao longo da vida, de
transtornos mentais nos indivíduos com história de pelo menos um evento traumático.
Foram investigados os seguintes transtornos mentais: transtornos depressivos (episódio
depressivo maior, distimia e transtorno depressivo recorrente); transtornos fóbico-
ansiosos (fobias específicas, fobia social, transtorno de pânico, agorafobia, transtorno de
ansiedade generalizada e transtorno obsessivo compulsivo); transtorno de estresse pós-
traumático e transtornos mentais e comportamentais relacionados com o uso de álcool.
Assim, foram construídas duas variáveis dependentes:
a) adaptação positiva a trauma intenso - ausência desses transtornos ao longo
da vida na presença de história de pelo menos um trauma classificado como intenso pelo
C-7
indivíduo (isto é, com intensidade igual a 4 ou 5 em uma escala de Likert variando de 1
a 5).
b) adaptação positiva a trauma leve ou moderado - ausência desses
transtornos ao longo da vida na presença de história de pelo menos um trauma
classificado como leve ou moderado (isto é com intensidade menor ou igual a três em
uma escala de 1 a 5) e de nenhum considerado como intenso.
Variáveis independentes.
Foram investigadas as seguintes variáveis independentes: variáveis
sociodemográficas (gênero, idade, escolaridade, estado civil, renda, número de filhos,
história de migração e religião); história de doença mental nos pais; história pessoal de
tabagismo; variáveis relacionadas ao trauma (como número de eventos traumáticos,
número de tipos diferentes de eventos, tipo do evento traumático definido como pior
vivido pelo indivíduo, idade em que ocorreu esse pior evento, e história de abuso
infantil e/ou de outro evento traumático na infância); reações peritraumáticas
(imobilidade tônica, dissociação e reações físicas), afetos positivos e negativos, e outros
fatores relacionados à resiliência (auto-estima, senso de humor, locus interno de
controle e estilos de coping), medidos indiretamente pelo escore da Escala de
Resiliência (WAGNILD & YOUNG, 1993).
Foram considerados como trauma na infância os eventos traumáticos ocorridos
até os doze anos de idade (inclusive). Os abusos na infância investigados foram abuso
sexual e físico.
Considerou-se como violência íntima ou familiar aquela cometida pelo njuge
ou vivenciada no ambiente familiar.
C-8
Instrumentos e coleta de dados.
- Composite International Diagnostic Interview, versão 2.1 (ANDREWS &
PETERS, 1998; COOPER et al, 1998; QUINTANA et al, 2004; 2007), com o propósito
de estabelecer os diagnósticos psiquiátricos e pesquisar a existência de eventos
potencialmente traumáticos. O CIDI é uma entrevista inteiramente estruturada que
classifica os sintomas investigados de acordo com critérios diagnósticos do DSM-IV
(Diagnostic and Statistical Manual edição) e da CID-10 (Classificação
Internacional das Doenças 10ª edição). Foram utilizadas as seções D (transtornos
fóbicos e ansiosos); E (transtornos depressivos); J (transtornos decorrentes do uso de
álcool) e K (Transtorno obsessivo-compulsivo e Transtorno de Estresse Pós-
traumático), com lista extendida de eventos potencialmente traumáticos adaptados para
a realidade da nossa população. No estudo de confiabilidade da versão brasileira, para
os diagnósticos ao longo da vida, os valores de kappa variaram de 0,77 a 1,0 (Quintana,
2004). A validade de critério da versão brasileira estimou os seguintes valores de
especificidade e sensibilidade: para transtornos decorrentes do uso de álcool
(79,5%/97,2%); transtorno depressivo (82,5%/93,8%); transtorno fóbico-ansioso
(80,6%/93,5%); transtorno obsessivo-compulsivo (18,2%/98,9%) (QUINTANA, 2007).
- Escala de Resiliência (WAGNILD & YOUNG, 1993) - adaptada para a
população brasileira. A versão brasileira demostrou propriedades psicométricas
adequadas: boa consistência interna (alpha = 0,85); estabilidade satisfatória (ICC =
0,75, com IC 95% = 0,62 a 0,83) e validade convergente com as escalas de supervisão
familiar, de satisfação com a vida, de auto-estima e de apoio social, enquanto que foi
evidenciada validade discriminante com a escala de violência psicológica (PESCE et
al., 2005).
C-9
- PANAS (Positive and Negative Affect Schedule) – instrumento que consiste em
uma lista de palavras descrevendo estados afetivos diferentes, por exemplo, atento e
aflito. Os participantes são instruídos a indicarem quanto cada um desses afetos (10
positivos e 10 negativos) geralmente se aplica a eles, utilizando uma escala Likert com
gradação de 1 a 5. São gerados, então, escores separados de afeto negativo e afeto
positivo. Embora os termos Afeto Positivo e Negativo possam sugerir que esses dois
fatores sejam opostos (isto é, fortemente correlacionados negativamente), na realidade,
eles apresentam como dimensões altamente distintas e quase-independentes, que podem
ser representadas por dimensões ortogonais em estudos de análise fatorial. Segundo
seus autores, as escalas se mostraram com elevada consistência interna (α de Cronbach
de 0,85 a 0,91) e com estabilidade dentro de um período de dois meses, sobretudo se a
investigação dissesse respeito aos afetos que “geralmente” se aplicavam ao indivíduo
(medida de traço afetivo). Além disso, a escala de Afeto Negativo mostrou correlação
com escalas de depressão e ansiedade, enquanto a escala de Afeto Positivo mostrou
correlações inversas com essas mesmas escalas. Estresse percebido também se
correlacionou com a escala de Afeto Negativo, enquanto interação social se
correlacionou com a de Afeto Positivo (WATSON et al., 1988). Uma análise fatorial
exploratória não-publicada da versão brasileira também identificou dois fatores: afeto
positivo e afeto negativo.
- Adaptação da Escala de Imobilidade Tônica Tonic Immobility Scale (TIS) -
com utilização de seu construto motor conforme identificado por análise fatorial nessa
amostra (dados não-publicados) e composto por três itens da versão para adultos (TIS-
A) “Marque o quanto você se sentiu congelado ou paralisado durante o acontecimento”;
“...o quanto você se sentiu incapaz de se mexer mesmo que ninguém estivesse lhe
C-10
prendendo durante o acontecimento”; “...o quanto você sentiu incapaz de gritar mesmo
tendo vontade durante o acontecimento”; e um da versão para crianças (TIS-C):
“Marque o quanto você se sentiu incapaz de escapar mesmo tendo vontade(HEIDT et
al, 2005; ROCHA-REGO et al, 2008, FUSÉ et al, 2007).
- Questionário de Experiências Dissociativas Peritraumáticas - Peritraumatic
Dissociative Experiences Questionnaire (PDEQ) composto de 10 itens, cada um com
gradação em uma escala Likert de 5 pontos. O PDEQ apresentou consistência interna
elevada e associou-se fortemente com medidas de resposta a trauma, de tendência geral
à dissociação e de nível de exposição a estresse, e não se correlacionou com medidas de
psicopatologia geral. Quatro estudos constataram índices elevados de confiabilidade e
de validade convergente, discriminante e preditiva. Os autores do instrumento
demonstraram que os escores do PDEQ predisseram corretamente a ocorrência de
sintomas de TEPT, independentemente do nível de exposição ao trauma e da tendência
geral à dissociação (Fiszman et al., 2005).
- Subescala de Reações Físicas - Physical Reactions Subscale (PRS) escala
composta por 10 itens, cada um com gradação em uma escala Likert de 4 pontos, para
avaliação da intensidade de sintomas físicos experimentados durante o evento
traumático (RESNICK et al., 1994 apud ROCHA-REGO, 2008).
- seis itens do Inventário de Bem-Estar Subjetivo (Subjective Well-Being
Inventory). Acredita-se que o bem-estar subjetivo possa ser função do grau de
congruência entre os desejos dos indivíduos e necessidades de um lado e as demandas e
oportunidades ambientais de outro. É importante também a magnitude da congruência
entre as expectativas individuais e do grupo, e a realidade percebida. Foram utilizadas
duas questões referentes à dimensão “Bem-Estar Geral afeto positivo” (“Você acha
C-11
que sua vida é interessante?”; “Comparando com o passado, acha que a sua vida é muito
feliz; mais ou menos feliz; ou não muito feliz”). Duas questões referentes à dimensão
“Congruência entre Expectativa-Realização” (“Como você se sente quanto ao que
conseguiu realizar e vai continuar realizando?”; “Normalmente realiza aquilo que
quer?”). E duas outras questões referentes à dimensão “Transcendência” (“Experimenta
às vezes momentos de alegria intensa?”; “Experimenta às vezes sensação de fazer parte
da humanidade como se fosse uma grande família?”) (SELL & NAGPAL, 1985).
- seis itens do Questionário Ad Hoc desenvolvido por Voges & Romney (2003)
para acessar fatores de vulnerabilidade e resiliência identificados na literatura. Os itens
utilizados investigam a atribuição de responsabilidade pelo evento traumático e a
intencionalidade deste; a percepção de risco de vida; a disponibilidade de alguém para
conversar sobre o evento e/ou de treinamento para lidar com este.
Foram realizadas entrevistas domiciliares por entrevistadores treinados pelo
Centro de Treinamento CIDI/Brasil/OMS.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de São Paulo/Hospital São Paulo.
Análise de dados
Inicialmente, foram investigadas as distribuições das variáveis de interesse,
através de suas médias, desvios-padrão e valores limítrofes. Em seguida foram
conduzidas análises bivariadas das variáveis independentes com as variáveis de
desfecho isto é, adaptação positiva a trauma intenso e adaptação positiva a trauma
leve/moderado.
Na análise bivariada, utilizou-se o teste qui-quadrado para avaliar a significância
estatística das variáveis categóricas e o teste t de Student para as variáveis contínuas.
C-12
Variáveis com valores de p inferiores a 0,20 foram selecionadas inicialmente para
inclusão nos modelos multivariados. Algumas variáveis contínuas foram categorizadas
para melhor observação da relação de cada categoria com a variável de adaptação
positiva.
A análise multivariada foi conduzida através de modelos hierárquicos de
regressão logística (VICTORA et al, 1997). Consideramos um primeiro bloco “distal”
de variáveis independentes, composto por fatores sociodemográficos e de influência
precoce na vida do indivíduo; e por características e hábitos dos indivíduos. Um
segundo bloco foi composto pelas variáveis referentes ao trauma. Um terceiro bloco
investigou a influência das reações peritraumáticas com a predição de adaptação
positiva na presença de história de trauma. As variáveis contínuas foram incluídas no
modelo tanto nas formas contínuas como nas categorizadas, com manutenção da forma
que permitiu melhor clareza sobre os resultados.
A avaliação da contribuição das variáveis para o modelo foi feita através do teste
da razão de verossimilhanças. Variáveis com p-valor inferior a 0,10 foram mantidas no
modelo.
Não foram feitas correções para a superamostragem, pois o objetivo do presente
estudo não era a estimativa de prevalências, mas sim o estudo das associações entre
adaptação positiva e os diversos fatores estudados.
Os dados foram analisados através do programa STATA 9.1.
C-13
Resultados.
Descrição da amostra
Foram entrevistadas 2536 pessoas no município, representando uma perda de
cerca de 16% da amostra inicial. Dois mil cento e sessenta e quatro entrevistados
(85,3%) informaram terem experimentado ou testemunhado pelo menos um evento
traumático ao longo da vida. Desses, 1831 classificaram o evento com intenso e 333
classificaram o evento como de leve a moderado.
A descrição da amostra com história de pelo menos um evento traumático ao
longo da vida pode ser vista na tabela 1.
Dentre os indivíduos com história de pelo menos um trauma classificado como
intenso pelos próprios, observamos uma predominância de mulheres, enquanto que,
dentre aqueles cuja classificação foi de leve a moderado, a predominância é de homens.
O perfil etário e de educação foi semelhante em ambos os grupos, e cerca de
metade dos entrevistados possuía até 8 anos de estudo formal. Dentre aqueles que
referiram o trauma como leve a moderado, foi observada uma grande proporção de
solteiros, assim como de indivíduos sem filhos.
O número de traumas, assim como a variedade de tipos de trauma foi maior na
amostra de indivíduos com história de trauma intenso.
A maioria dos indivíduos da amostra (independente da intensidade do trauma)
também o apresentava história de transtorno mental parental, nem de tabagismo e
declarou-se católica. Poucos indivíduos se disseram ateus ou não seguindo uma religião
específica, e praticamente metade dos entrevistados tinha história de migração.
C-14
Mais da metade da amostra não relatou história de trauma na infância e referiu
que o pior trauma vivido teria ocorrido na segunda ou terceira década de vida. Ainda
com relação ao trauma, a maioria informou percepção de nenhum a pouco risco de vida;
referiu disponibilidade de alguém para conversar sobre o evento e não recebeu
treinamento para lidar com este.
Quanto ao tipo de pior trauma vivido, os relatados mais freqüentemente foram:
morte de ente querido, violência urbana direta e violência urbana indireta.
A média de escores da escala de afeto positivo observada foi em torno de 30,
enquanto que a de afeto negativo foi em torno de 20. A escala de resiliência teve média
de escores elevada, isto é, acima de 138 pontos.
No grupo com história de trauma intenso foram maiores os escores do construto
motor da escala de imobilidade tônica e das escalas de dissociação, de reações físicas
peritraumáticas.
Adaptação positiva a trauma
Os dados das prevalências de adaptação positiva ao trauma intenso e leve a
moderado se encontram na tabela 2.
Observamos entre os homens uma maior proporção de adaptação positiva do que
entre as mulheres, independente da intensidade do trauma.
Indivíduos com escolaridade mais baixa, assim como aqueles casados e aqueles
com maior número de filhos apresentaram mais adaptação positiva no caso de trauma
leve/moderado. Para essa intensidade de trauma, indivíduos que se disseram ateus ou
sem seguirem uma religião específica apresentaram menor proporção de adaptação
C-15
positiva quando comparado com os que referiram alguma religião, independentemente
desta.
Aqueles sem história de transtorno mental nos pais, os não-fumantes e aqueles
que atribuíram menor responsabilidade de si próprio pelo trauma apresentaram mais
adaptação positiva no caso de traumas classificados como intensos.
Quanto ao número e diversidade de traumas um gradiente inverso de
adaptação positiva no grupo com história de trauma intenso, mas o padrão não é claro
quando o evento foi classificado como leve ou moderado.
Violência sexual e abuso na infância (sexual ou físico) estão relacionados com
baixa adaptação positiva. Também observamos um gradiente inverso de adaptação
positiva quanto maior a percepção de risco de vida para o indivíduo.
Maior proporção de adaptação positiva foi observada dentre aqueles indivíduos
com menor pontuação na subescala de afetos negativos. Dentre os traumas classificados
como intensos, aqueles com maior pontuação na escala de resiliência também
apresentaram mais adaptação positiva.
Indivíduos com maiores escores no construto motor da escala de imobilidade
tônica e nas escalas de dissociação e de reações físicas peritraumáticas apresentaram
menor proporção de adaptação positiva.
Análise multivariada – Modelo hierárquico.
Adaptação positiva a trauma intenso.
A tabela 3 apresenta os fatores que se mantiveram no modelo multivariado, com
base nos critérios explicitados na seção de métodos, quando foi tratada como variável
C-16
dependente a ausência de transtorno mental ao longo da vida na presença de história de
pelo menos um trauma intenso.
Observou-se um aumento da adaptação positiva entre indivíduos do gênero
masculino, com maior escolaridade, não-fumantes e que pontuavam mais na escala de
resiliência. Em relação a tipo do pior trauma, houve mais adaptação positiva entre
aqueles que vivenciaram desastres naturais, quando comparados com timas de
violência urbana direta. A adaptação positiva foi menor entre indivíduos que relataram
história de transtorno mental parental, abuso na infância, maior escore de afeto
negativo, maior número de traumas. Em comparação com a violência urbana direta,
houve menos adaptação positiva entre as timas de violência sexual, violência familiar
e/ou íntima e morte de ente querido. Quanto maior a responsabilidade pelo trauma
atribuída a si próprio, quanto maior a percepção de risco de vida e quanto mais intensas
as reações peritraumáticas, menor foi a associação com adaptação positiva.
Adaptação positiva a trauma leve a moderado
A tabela 4 apresenta os fatores que se mantiveram no modelo multivariado,
quando foi tratada como variável dependente a ausência de transtorno mental ao longo
da vida na presença de história de trauma de leve a moderado.
Houve um aumento da adaptação positiva associada com a presença de um
número elevado de filhos, renda acima de 4 salários mínimos, ausência de tabagismo e
idade tardia de ocorrência do pior trauma. Por outro lado, uma redução da chance de
adaptação positiva com o aumento da idade, da escolaridade (acima de 4 anos) e com a
presença de trauma na infância (sobretudo abuso). Evangélicos apresentaram associação
diminuída com a adaptação positiva quando comparados com indivíduos que se
C-17
disseram católicos. O maior número de traumas e a presença de reação peritraumática
de dissociação ou reação física também se mostraram associados a uma menor
adaptação positiva.
Discussão
Decidimos utilizar como critério de adaptação positiva a ausência dos
diagnósticos acima citados na presença de histórico de trauma, por esses representarem
os transtornos mentais mais comuns seguidos a uma exposição a um evento traumático
(RIVERA et al., 2008; DARVES-BORNOZ et al. 2008; ). Também foram pesquisados
apenas sintomas internalizados, por serem a forma mais comum de reação entre adultos
(LUTHAR & ZIGLER, 1991). Sintomas externalizados e avaliação da competência não
foram investigados pela impossibilidade de incluirmos entrevistas com terceiros no
estudo original. Alguns autores sugerem que a ausência de sintomas em um nível
clínico pode ser um indicador mais sensível de resiliência do que a aquisição de níveis
de competência apropriados para a idade (SPACARELLI & KIM 1995; KINARD,
1998).
Optamos também por conduzir uma análise para traumas classificados como
leve/moderados, e não apenas para traumas intensos, imaginando que a atribuição de
uma intensidade menor ao trauma pelo entrevistado pudesse ser conseqüência de um
maior potencial de resiliência. A restrição da análise apenas àqueles traumas
considerados muito impactantes (critério necessário para o diagnóstico de TEPT)
poderia levar à exclusão de indivíduos resilientes.
Optamos também pela definição de intensidade do trauma através da
classificação subjetiva dos eventos, ao invés do número de eventos traumáticos. A
C-18
informação dos número de eventos nos pareceu pouco precisa, com muitos indivíduos a
respondendo de modo vago: “tantas vezes que nem lembro”. Além disso, seria difícil
imaginar ranquear, por exemplo, em termos de intensidade, um maior número de
eventos de ameaça por telefone, contra um menor número de eventos reconhecidamente
muito traumáticos (p.ex abuso e violência sexual). Talvez por esses motivos essa
variável não se manteve no modelo, ao contrário da variável “diversidade de trauma”,
que pareceu melhor expressar o acréscimo de fatores estressores.
Em nossos resultados, embora o processo de resiliência pareça ser a trajetória
mais comum após um trauma leve ou moderado, não podemos afirmar o mesmo para
traumas classificados como intensos, em que observamos menos da metade dos
indivíduos se mantendo sem nenhum diagnóstico ao longo da vida. Isso parece
contrariar a afirmativa de Bonanno (2004) de que a resiliência seria a trajetória mais
comum seguida a um trauma potencial. Algumas diferenças metodológicas podem ter
contribuído para esse achado. Primeiro, um maior número de diagnósticos foi
pesquisado, possibilitando, um número provavelmente menor de falsos-negativos, isto
é, diminuindo a probabilidade de um indivíduo - com outro transtorno mental
relacionado ao trauma que não TEPT ou depressão - ser erroneamente classificado
como “resiliente”.
O fato de não termos analisado separadamente aqueles indivíduos que tiveram
transtorno mental ao longo da vida mas que se recuperaram também pode ter
contribuído para inflar o grupo de “não-adaptados positivamente”. Embora para
Bonanno (2004), a resiliência (entendida por ele como resistência) deva ser considerada
uma trajetória diferente da recuperação, para outros autores, como Yehuda et al (2006)
2007) e Rutter (2006) ambas seriam formas de resiliência. A análise sobre a recuperação
C-19
de transtornos mentais na presença de histórico de trauma nessa nossa amostra será
conduzida posteriormente.
A menor adaptação positiva ao trauma nas mulheres também é muito consistente
com achados da literatura (TUSAIE et al., 2007; PUNAMAKI et al., 2001 apud
AGAIBI & WILSON, 2005; KESSLER et al., 1995 apud YEHUDA, 2004). Devemos
lembrar, no entanto, que, ao restringirmos nossa análise aos transtornos internalizantes,
podemos ter ampliado essa diferença de gênero, visto que os externalizantes são mais
comuns em homens. Mas também na literatura, é controverso se as mulheres são
realmente mais vulneráveis, ou se, na realidade, essa diferença é decorrente de
exposição a tipos diferentes de traumas. Mulheres tendem a sofrer, mais freqüentemente
do que homens, eventos como estupro. Entre os indivíduos que relataram terem sofrido
estupro em nossa amostra, 84 eram mulheres e 7 eram homens. Quando homens sofrem
esse mesmo tipo de trauma, o risco de adoecimento tende a se igualar (YEHUDA,
2004). Alguns estudos mostram até duas vezes mais vulnerabilidade entre os homens
nesses casos (DUMONT et al., 2007)
Traumas interpessoais (violências) são descritos na literatura como relacionados
a uma maior probabilidade de desenvolvimento de TEPT do que desastres naturais
(KESSLER et al, 1995 apud ALIM et al 2008; BRESLAU et al, 1999; JEON et al,
2007).
Consistente com dados da literatura, indivíduos com história de abuso infantil e
traumas na infância se mostraram com uma chance muito pequena de terem adaptação
positiva (SPACARELLI & KIM, 1995; COLLISHAW et al., 2007; LUTHAR &
BROWN, 2007). Porque crianças que sofrem maus-tratos são adversamente afetadas em
sua imensa maioria, o abuso infantil parece representar a maior falha do ambiente em
C-20
prover oportunidades para um desenvolvimento normal (CICCHETTI & BLENDER,
2006). Nossos dados corroboram a importância do desenvolvimento de medidas
preventivas e de promoção de saúde na infância, parecendo-nos mais do que justificada
a alocação de recursos nessas medidas. A violência íntima e familiar levou a diminuição
pela metade da chance de adaptação positiva (se comparada com a violência urbana
direta). Sendo esse um risco ambiental passível de intervenção, intervenções devem ser
conduzidas nessa esfera, principalmente entre os indivíduos de mais baixa renda e de
menor escolaridade (mais vulneráveis também a traumas intensos). Indivíduos com
histórico de doença mental de um dos pais parecem representar um grupo vulnerável
que também deve ser considerado.
O tipo de intervenção que pode ser eficaz ainda parece controverso na literatura
(BONANNO, 2007). Na nossa amostra, indivíduos que disseram ter recebido
“treinamento” para lidar com o trauma, tiveram uma menor chance de adaptação
positiva. No entanto, desconfiamos que possa ter havido uma dificuldade de
compreensão do que seria um “treinamento”, visto que a prevalência desse foi muito
próxima a de tratamento. Por esses motivos, optamos pela exclusão dessa variável do
modelo.
Também história de violência sexual, diversidade de trauma e percepção de
maior risco de vida no trauma têm se mostrado associadas a uma menor chance de
adaptação positiva (GILLOCK et al, 2005; DARVES-BORNOZ et al, 2008; ALIM et
al, 2008 ).
Menores escores na subescala de afetos negativos também costumam estar
relacionados a uma maior chance de adaptação positiva (SOUZA et al. 2008), assim
como maiores escores na Escala de Resiliência (HEILEMANN et al, 2005). No
C-21
entanto, devemos observar que, apesar da tentativa de se investigar “traços de
personalidade”, o nosso desenho de estudo transversal não nos permite concluir se essa
pontuação era anterior à adaptação positiva, ou se, na realidade, foi conseqüência desse
desfecho. O mesmo pode ser o caso da menor adaptação positiva dentre os evangélicos
por exemplo. A busca por essa religião pode ser posterior à exposição ao trauma e ao
desenvolvimento de um transtorno mental, e não “fator de risco” para seu aparecimento
(BRADLEY et al., 2005). O mesmo raciocínio pode se aplicar aos achados sobre
tabagismo.
A variável de imobilidade tônica expressa de forma dicotômica (presença ou
ausência de imobilidade tônica como recomendado pelos autores da versão original da
escala com 10 itens) perde significância com a entrada no modelo da variável de
dissociação peritraumática, devido à sobreposição de questões sobre sintomas
dissociativos e colinearidade entre essas duas variáveis. Quando utilizamos o escore
apenas do construto motor da escala de imobilidade tônica (soma dos itens1,2,4 da
escala TIS-adulto - e item 9a da escala TIS-criança) (ROCHA-REGO et al, 2008), essa
variável se mantém significativa no modelo.
Surpreendentemente, para indivíduos que classificaram o trauma vivido como
leve a moderado, a baixa escolaridade (até 4 anos de estudo) foi associada a uma maior
chance de adaptação positiva. Essa relação se manteve mesmo quando a variável
número de filhos foi incluída no modelo, embora com alguma queda na magnitude
dessa associação. Isso sugere que o número de filhos pode explicar em parte, mas não
totalmente, essa relação entre baixa escolaridade e adaptação positiva a trauma leve e
moderado. Acreditamos que, além da possibilidade de uma causalidade inversa (isto é,
pessoas mais adaptadas tendo um maior número de filhos), a maior prole pode
C-22
representar uma maior rede de apoio social para os indivíduos em fases mais avançadas
da vida.
A opção de utilizarmos modelos hierárquicos para a análise multivariada
também foi decorrente da colinearidade de variáveis que, na realidade, parecem se
comportar como mediadoras de outras.
Limitações do estudo
Não foi possível estabelecermos uma relação entre o tempo de ocorrência do
trauma e o tempo de início dos transtornos psiquiátricos investigados. Assim, alguns
indivíduos ditos “sem adaptação positiva”, podem ter tido, na realidade, um diagnóstico
anterior, sem desencadeamento de nenhum outro pelo trauma. Considerando que a
resiliência tem um caráter dinâmico, podemos, nesses casos, estar subestimando a
resiliência a um determinado trauma apenas pelo indivíduo ter tido algum diagnóstico
em algum outro momento ao longo de sua vida. Essa metodologia, no entanto, foi
utilizada em outro estudo e tem caráter apenas exploratório (ALIM et al, 2008).
a não-investigação de alguns diagnósticos (tais como transtornos de conduta,
transtornos relacionados com outras substâncias, psicoses e transtornos somatoformes),
pode levar à classificação errônea de alguns indivíduos como resilientes. Mas psicoses
possuem prevalência muito reduzida nas populações e são menos freqüentemente
relacionadas a eventos traumáticos. Além disso, indivíduos com esses quadros, bem
como de transtornos de condutas e relacionados a outras substâncias, podem ter sido
considerados na categoria “presença de diagnóstico”, por outras comorbidades
investigadas. A investigação de transtornos somatoformes se tornou inviável em
virtude da dificuldade de estabelecimento de diagnóstico diferencial com outros
C-23
transtornos de etiologia geral e não-psicogênica e por isso não foi incluída. O estudo
longitudinal de Kauai encontrou que mesmo participantes “resilientes” em vários
domínios de desfechos positivos, tinham taxas elevadas de problemas físicos e queixas
somáticas (WERNER AND SMITH, 1992 apud VANDERBILT-ADRIANCE, 2008)
No entanto, o grupo de indivíduos classificados como “resilientes” no nosso
estudo foram os que apresentaram os maiores escores na escala de bem-estar, quando
comparados com os outros grupos (indivíduos com história de algum transtorno mental
sem história de trauma, indivíduos com história de algum transtorno mental com
história de trauma e indivíduos sem histórico de transtorno e sem histórico de trauma)
(dados não-publicados).
A pesquisa da influência de variáveis como apoio/capital social e aspectos
genéticos e neurobiológicos não foi objeto desse nosso estudo. Muito provavelmente a
exploração desses outros fatores de resiliência ambientais e individuais poderá levar a
uma melhor compreensão do fenômeno, contribuindo com uma maior explicação da
variabilidade individual na adaptação aos eventos traumáticos.
É importante relembrarmos o cuidado que devemos ter na classificação de um
indivíduo como “resiliente”. Além das questões discutidas, considerando a resiliência
um processo dinâmico, tais indivíduos considerados resilientes nesse estudo podem não
apresentar a mesma trajetória diante de novas circunstâncias de vida.
Conclusão
Mostraram-se associados à adaptação positiva a traumas intensos: sexo
masculino, ausência de transtorno mental parental, ausência de eventos traumáticos na
C-24
infância, ausência de tabagismo, maior escolaridade, menor diversidade de traumas,
desastres naturais, menor percepção de risco de vida, menor atribuição de
responsabilidade pelos eventos traumáticos, maiores escores na escala de resiliência e
menores escores na subescala de afetos negativos e de reações peritraumáticas.
Mostraram-se associados à adaptação positiva a traumas leve a moderados: idade menos
avançada, ausência de trauma na infância e de tabagismo, menor escolaridade, maior
número de filhos, maior renda, religião católica, menores escores na escala de afetos
negativos, maior idade no pior trauma, menor diversidade de traumas e menores escores
nas escalas de dissociação peritraumática e de reações peritraumáticas.
Os pequenos percentuais de variância explicada pelos dois modelos (21% e
31%, respectivamente), sugerem, no entanto, que a variabilidade individual de respostas
aos eventos traumáticos permanece, na maior parte, inexplorada ou desconhecida.
C-25
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C-32
Tabela 1. Descrição da amostra com história de pelo menos um evento traumático (n=2164).
Trauma intenso Trauma
leve/moderado
n % n %
Total
1831
84,3
333
15,4
Masculino
760
41,5
197
59,2
Gênero
Feminino
1071
58,5
136
40,8
15 a 24 anos
314
17,2
85
25,5
25 a 34 anos
536
29,3
83
24,9
35 a 44 anos
376
20,5
63
18,9
45 a 54 anos
282
15,4
53
15,9
55 a 64 anos
207
11,3
29
8,7
Idade
65 a 75 anos
116
6,3
20
6,0
0 a 4 anos
399
21,8
70
21,0
5 a 8 anos
503
27,5
95
28,5
9 a 12 anos
712
38,9
122
36,6
Escolaridade
(anos
completos de estudo)
13 ou mais
217
11,8
46
13,8
Solteiro
476
26,0
134
40,2
Casado/união estável
1067
58,3
166
49,9
Separado/divorciado
188
10,3
25
7,5
Estado civil
Viúvo
100
5,5
8
2,4
0
504
27,5
147
44,1
1
394
21,5
65
19,5
2
429
23,4
48
14,4
3
259
14,2
32
9,6
Número de filhos
4 ou mais
245
13,4
41
12,3
< 2
662
36,2
118
35,4
>=2 e <4
502
27,4
93
27,9
Renda
(salários mínimos)
>= 4
667
36,4
122
36,6
C-33
não
1707
93,2
320
96,1
História de
transtorno mental
parental
Sim
124
6,8
13
3,9
Católica
1103
60,6
199
60,1
Evangélica
447
24,6
86
26,0
Outras
247
13,6
39
11,8
Religião
não tem ou não segue
nenhuma específica
23
1,3
7
2,1
não
854
46,6
167
50,2
História de migração
Sim
977
53,4
166
49,9
não
1387
75,75
266
79,9
Tabagismo
Sim
444
24,3
67
20,1
1 a 3
858
46,9
283
86,0
4 a 6
638
34,8
41
12,5
Número de tipos
diferentes de
eventos traumáticos
7 ou mais
335
18,3
5
1,5
1 a 3
503
27,5
185
55,6
4 a 6
340
18,6
62
18,6
7 a 9
185
10,1
14
4,2
Número de eventos
10 ou mais
803
43,9
68
20,4
violência urbana direta
406
22,3
103
31,4
violência urbana
indireta
298
16,4
93
28,4
violência sexual
33
1,8
1
0,3
violência íntima ou
familiar
154
8,5
25
7,6
morte de ente querido
522
28,6
52
15,9
acidente / desastre
116
6,4
30
9,2
desastre natural
32
1,8
8
2,4
diagnóstico de doença
170
9,3
8
2,4
Tipo de piortrauma
Outros
92
5,1
8
2,4
Nenhum
1069
62,2
247
76,7
trauma que não abuso
504
29,3
69
21,4
Trauma na infância
abuso na infância
146
8,5
6
1,9
C-34
0 a 10 anos
173
9,5
29
9,0
11 a 20 anos
521
28,7
115
35,5
21 a 30 anos
522
28,8
85
26,2
31 a 40 anos
295
16,3
45
13,9
41 a 50 anos
159
8,8
23
7,1
51 a 60 anos
102
5,6
19
5,9
Idade quando
ocorreu o pior
trauma
61 ou mais
43
2,4
8
2,5
nenhum perigo
976
53,6
187
56,2
um pouco
249
13,7
74
22,2
em perigo
167
9,2
31
9,3
em grande perigo
188
10,3
18
5,4
Percepção de risco
de vida
extremamente em
perigo
241
13,2
19
5,7
nada intencional
753
41,1
116
34,8
muito pouco
48
2,6
10
3,0
um pouco
134
7,3
36
10,8
mais ou menos
103
5,6
25
7,5
Intencionalidade no
evento traumático
Totalmente
783
42,8
141
42,3
Não
416
22,7
95
28,5
Conversou com
alguém sobre o
trauma
Sim
1405
76,7
234
70,3
Não
1597
87,2
303
91,0
Recebeu
treinamento para
lidar com o trauma
Sim
224
12,2
26
7,8
Nenhum
760
41,5
238
71,5
Diagnóstico
Psiquiátrico ao
longo da vida
Algum
1071
58,5
95
28,5
C-35
M= média; DP= Desvio Padrão; min =valor mínimo; máx= valor máximo.
trauma intenso trauma leve/moderado
M
11,0
8,7
DP
26,0
23,1
min
0
0
Grau de
responsabilidade do
próprio indivíduo
pelo evento
(0 a 100%)
max
100
100
M
56,3
51,7
DP
45,6
44,5
min
0
0
Grau de
responsabilidade de
outros pelo evento
(0 a 100%)
máx
100
100
M
32,8
31,5
DP
7.2
6,9
min
10
12
Panas positivo
max
50
50
M
22,3
18,7
DP
7,9
6,3
min
10
10
Panas negativo
max
50
43
M
139,9
139,0
DP
17,3
15,8
min
25
83
Escala de Resiliência
max
175
175
M
8,1
3,6
DP
7,8
5,5
min
0
0
Imobilidade Tônica
(4 itens construto
motor)
máx
24
24
M
18,9
13,6
DP
9,8
6,5
min
10
0
Dissociação
Peritraumática
max
50
50
M
15,2
11,5
DP
6,8
3,4
min
10
0
Reações
Peritraumáticas
max
40
36
C-36
Tabela 2. Prevalências de adaptação positiva ao trauma intenso e ao trauma leve a moderado, segundo
variáveis sociodemográficas, relacionadas ao trauma, características e hábitos individuais.
Adaptação
positiva a
trauma
intenso
Adaptação
positiva a
trauma
leve/moderado
n %
p valor
(χ2)
N %
p valor
(χ2)
Masculino
392
51,6
149
75,6
Gênero
Feminino
368
34,4
<0,01
89
65,4
0.04
15 a 24 anos
141
44,9
63
74,1
25 a 34 anos
207
38,6
57
68,7
35 a 44 anos
166
44,2
40
63,5
45 a 54 anos
101
35,8
38
71,7
55 a 64 anos
89
43,0
22
75,9
Idade
65 a 75 anos
56
48,3
0,06
18
90,0
0,29
0 a 4 anos
162
40,6
59
84,3
5 a 8 anos
192
39,0
61
64,2
9 a 12 anos
300
42,1
86
70,5
Escolaridade
(anos
completos de
estudo)
13 ou mais
102
47,0
0,23
32
69,6
0,04
Solteiro
200
42,0
92
68,7
Casado/união estável
458
42,9
128
77,1
Separado/divorciado
62
33,0
13
52,0
Estado civil
Viúvo
40
40,0
0.08
5
62,5
0,05
0
224
44,4
98
66,7
1
158
40,1
45
69,2
2
177
41,3
33
68,8
3
110
42,5
25
78,1
Número de filhos
4 ou mais
91
37,1
0,39
37
90,2
0,04
< 2
255
38,5
75
63,6
>=2 e <4
223
44,4
70
75,3
Renda
(salários
mínimos)
>= 4
282
42,3
0,11
93
76,2
0,06
não
723
42,4
230
71,9
História de
transtorno mental
parental
Sim
37
29,8
0.01
8
61,5
0,42
Católica
11
47,8
5
71,4
Evangélica
481
43,6
154
77,4
Outras
167
37,4
55
64,0
Religião
não tem ou não segue
nenhuma específica
97
39,3
0,10
24
61,5
0,05
χ2 = quiquadrado
C-37
não
347
40,6
113
67,7
0,12
História de
migração
Sim
413
42,3
0,48
125
75,3
não
611
44,0
196
73,7
Tabagismo
Sim
149
33,6
<0,01
42
62,7
0,08
1 a 3
440
51,3
210
74,2
4 a 6
244
38,2
22
53,7
Número de tipos
diferentes de
eventos
traumáticos
(diversidade de
eventos).
7 ou mais
76
22,7
<0,01
4
80,0
0,02
1 a 3
259
51,5
142
76,8
4 a 6
171
50,3
41
66,1
7 a 9
68
36,8
7
50,0
Número de
eventos
10 ou mais
262
32,6
<0,01
46
67,7
0,09
violência urbana
direta
175
43,1
80
77,7
violência urbana
indireta
134
45,0
68
73,1
violência sexual
3
9,1
0
0,0
violência íntima
ou familiar
49
31,8
12
48,0
morte de ente
querido
224
42,9
38
73,1
acidente / desastre
55
47,4
18
60,0
desastre natural
19
59,4
6
75,0
diagnóstico de
doença
63
37,1
7
87,5
Tipo de
piortrauma
Outros
34
37,0
<0,01
6
75,0
0,07
Nenhum
499
46,7
190
76,9
trauma que não
abuso
208
41,3
40
58,0
Trauma na
infância
abuso na infância
32
21,9
<0,01
3
50,0
0,00
C-38
0 a 10 63
36,4
17
58,6
11 a 20 207
39,7
81
70,4
21 a 30 223
42,7
59
69,4
31 a 40 132
44,8
32
71,1
41 a 50 60
37,7
19
82,6
51 a 60 41
40,2
18
94,7
Idade quando
ocorreu o pior
trauma
(anos)
61 ou mais
26
60,5
0,07
7
87,5
0,12
nenhum perigo
457
46,8
142
75,9
um pouco
102
41,0
49
66,2
em perigo
68
40,7
22
71,0
em grande perigo
53
28,2
12
66,7
Percepção de
risco de vida
extremamente em
perigo
77
32,0
<0,01
11
57,9
0,341
nada intencional
338
44,9
88
75,9
muito pouco
19
39,6
8
80,0
um pouco
53
39,6
29
80,6
mais ou menos
36
35,0
19
76,0
Intencionalidade
no evento
traumático
totalmente
311
39,7
0,20
91
64,5
0,25
Não
164
39,4
66
69,5
Conversou com
alguém sobre o
trauma
Sim
593
42,2
0,46
170
72,7
0,54
Não
664
41,6
222
73,3
Recebeu
treinamento para
lidar com o
trauma
Sim
93
41,5
0,76
14
53,9
0,07
C-39
Adaptação
positiva a trauma
intenso
Adaptação positiva
a trauma
leve/moderado
Não Sim
p valor
(teste T)
Não Sim
p valor
(teste T)
M
20,9
11,3
10,3
22,9
Grau de
responsabilidade
do próprio
indivíduo pelo
evento
(0 a 100%)
DP
89,6
65,6
0,01
12,2
68,2
0,80
M
64,3
58,6
62,3
41,3
DP
88,2
82,5
55,5
97,9
0,51
Grau de
responsabilidade
de outros pelo
evento
(0 a 100%)
0,16
M
32,6
33,0
32,7
31,0
Panas positivo
DP
7,4
6,9
0,21
6,5
7,0
0,03
M
24,8
18,8
22,4
17,3
Panas negativo
DP
8,2
6,0
<0,01
7,3
5,3
<0,01
M
138,3
142,1
138,8
139,0
Escala de
Resiliência
DP
18,5
15,3
<0,01
16,4
15,6
0,88
M
10,3
5,0
6,2
2,6
Imobilidade
Tônica (construto
motor 4 itens)
DP
7,9
6,5
<0,01
6,5
4,6
<0,01
M
21.8
14.9
17,0
12,3
Dissociação
Peritraumática
DP
10.6
6,9
<0,01
8,8
4,7
<0,01
M
17,1
12,6
13,2
10,9
Reações
Peritraumáticas
DP
7,6
4,2
<0,01
5,0
2,2
<0,01
M= média; DP=desvio padrão
C-40
Tabela 3. Fatores associados à adaptação positiva na presença de história de pelo menos um trauma
intenso. Odds ratio (O.R.), intervalo de confiança a 95% (IC 95%) e p-valor.
Bloco I – modelo “distal” – variáveis anteriores ao trauma e características ou hábitos
individuais (coeficientes ajustados pelas variáveis deste bloco).
Pseudo R
2
=0,13
Variável O.R. IC 95% p-valor
Gênero
feminino
masculino
referência
1,61
2,00
1,30
<0,01
História de transtorno mental
parental
Ausente referência
Presente 0,67
0,42
1,05
0.08
Trauma infância
Ausente referência
presente (exceto abuso) 0,90
0,71
1,14
0.39
abuso na infância 0,48
0,31
0,75
<0.01
Escolaridade
0 a 4 anos
referência
5 a 8 anos 1,10
0,81
1,50
0.52
9 a 12 anos 1,27
0,96
1,68
0.10
>=13 anos 1,35
0,93
1,96
0.11
Escala de Resiliência
1,01
1.0022
1.0156
0.01
Afeto negativo 0,90
0,88
0,91
<0.01
Tabagismo
sim
não
referência
1,09
1,16
1,02
0.01
C-41
Bloco II – Características do Trauma – (coeficientes ajustados pelas variáveis deste bloco e
do bloco I)
Pseudo R
2
=0,17
Variável O.R.
IC 95%
p valor
N
o
. de tipos de trauma 0,84
0,80
0,89
<0.01
Tipo de pior trauma:
violência urbana direta
referência
violência urbana indireta
0,81
0,55
1,20
0.30
violência sexual
0,12
0,01
0,99
0.05
violência familiar e/ou íntima
0,53
0,31
0,89
0.02
morte de ente querido
0,62
0,42
.90
0,01
acidentes/ desastres
1,42
0,88
2,30
0,15
desastre natural
2,43
1,04
5,70
0,04
diagnóstico de. doença grave
0,99
0,56
0,73
0,97
responsabilidade pelo trauma 0,99
0,99
1,00
0.00
Percepção de risco de vida
nenhum perigo referência
um pouco 0,74
0,52
0,05
0.09
em perigo 0,68
0,44
1,05
0,09
em grande perigo 0,44
0,28
0,68
0,00
extremamente em perigo 0,50
0,33
0,77
0,00
Bloco III – Características do Trauma – (coeficientes ajustados pelas variáveis deste bloco
e dos blocos I e II)
Pseudo R
2
=0,21
Variável O.R. IC 95% p valor
Imobilidade tônica construto motor
(escore 4 itens)
0,96
0,94
0,97
<0,01
Dissociação Peritraumática 0,97
0,96
0,99
<0,01
Reações físicas peritraumáticas 0,96
0,93
0,99
<0,01
R
2
= percentual de variância explicada pelo modelo
C-42
Tabela 4. Fatores associados à adaptação positiva na presença de história de trauma
leve/moderado. Odds ratio (O.R.), intervalo de confiança a 95% (IC 95%) e p-valor.
Bloco I – modelo “distal” – variáveis anteriores ao trauma e características ou
hábitos individuais.
Pseudo R
2
= 0,23
Variável O.R. IC 95% p-valor
Idade 0,97
0,94
1,00
0,05
Trauma na infância
Ausente Referência
Presente (exceto abuso) 0,48
0,24
0,99
0,05
Abuso na infância 0,25
0,04
1,44
0,12
Escolaridade
0 a 4 anos Referência
5 a 8 anos 0,20
0,07
0,57
0,00
9 a 12 anos 0,39
0,14
1,12
0,08
>=13 anos 0,26
0,07
0,91
0,04
Número de filhos
Nenhum
referência
um filho 0,93
0,43
1,99
0,85
dois filhos 1,86
0,73
4,80
0,20
três filhos 1,79
0,53
5,99
0,35
quatro ou mais 6,66
1,51
29,35
0,01
Renda (salários mínimos)
>2
>=2 e <4
referência
1,83
0,87
3,87
0,11
>=4 2,03
0,92
4,46
0,08
Religião
católica
evangélica
outras
não tem ou não sabe
referência
0,44
0,51
0,79
0,22
0,21
0,12
0,89
1,25
5,13
0,02
0,14
0,80
Tabagismo
sim
não
referência
1,25
1,52
1,03
0,02
Afeto negativo 0,88
0,84
0,92
0,00
C-43
R
2
= percentual de variância explicada pelo modelo)
Bloco II – Características do Trauma – coeficientes ajustados pelo bloco I
Pseudo R
2
=0,26
Variável O.R. IC 95% p valor
Idade do pior trauma 1,05
1,01
1,09
0,03
Número de tipos de trauma 0,80
0,65
0,99
0,04
Bloco III – Reações Peritraumáticas – coeficientes ajustados pelos blocos I e II
Pseudo R
2
=0,31
Variável O.R. IC 95% p valor
Dissociação Peritraumática
0,94
0,88
1,01
0,09
Reações físicas
peritraumáticas.
0,87
0,76
1.01
0,07
98
10 – CONCLUSÃO
O estudo da resiliência na Psicologia e Psiquiatria teve sua origem na literatura
sobre o desenvolvimento infantil na adversidade. Embora esse conceito tenha sido
introduzido na traumatologia mais de 15 anos, o construto de resiliência vem
evoluindo há quase quatro décadas na literatura desenvolvimentalista. Nesse percurso, o
conceito ganhou maior complexidade e foram sugeridos modelos de relações entre
fatores protetores, risco e adaptação positiva. Foram desenvolvidos métodos para
análise dessas variáveis e explorados uma série de fatores protetores relacionados à
resiliência. Na literatura sobre o tema, percebemos diferentes modos de
operacionalização da resiliência, como nos estudos observacionais sobre TEPT seguido
à violência íntima e/ou urbana. São várias as críticas sobre algumas maneiras de
conceituar resiliência, sobretudo, com a afirmação da impossibilidade de um
instrumento único abranger a complexidade desse fenômeno.
A Escala de Resiliência vem, no entanto, sendo amplamente aplicada,
demonstrando boas propriedades psicométricas em suas diferentes versões, e sugerindo
ser um instrumento útil para aferir alguns fatores individuais de resiliência.
O estudo seccional conduzido em São Paulo exemplificou a proposta de um
método de análise que combina algumas formas de operacionalização da resiliência,
demonstrando congruência dos achados (isto é, com maiores escores da Escala de
Resiliência predizendo ausência de patologia após um evento traumático e com o grupo
classificado como resiliente - através dessa operacionalização de “adaptação positiva” -
apresentando os maiores escores de bem-estar).
Apesar da complexidade do fenômeno da resiliência, a congruência dos achados
aponta para a possibilidade de uma cada vez melhor apreensão do construto,
99
favorecendo o entendimento sobre o que pode contribuir para a superação de eventos
traumáticos pelos indivíduos a eles expostos.
No nosso estudo, as categorias associadas à adaptação positiva a trauma intenso
foram: sexo masculino, ausência de transtorno mental parental, ausência de eventos
traumáticos na infância, ausência de tabagismo, maior escolaridade, menor diversidade
de traumas, desastres naturais, menor percepção de risco de vida, menor atribuição de
responsabilidade pelos eventos traumáticos, maiores escores na escala de resiliência e
menores escores na subescala de afetos negativos e nas escalas de imobilidade tônica,
dissociação e reações físicas peritraumáticas.
Foram associados à adaptação positiva a traumas leves a moderados: idade
menos avançada, ausência de trauma na infância e de tabagismo, menor escolaridade,
maior número de filhos, maior renda, religião católica, maior idade no pior trauma,
menor diversidade de traumas, menores escores na subescala de afetos negativos e nas
escalas de dissociação e de reações físicas peritraumáticas.
A baixa proporção de variância explicada pelos modelos sugere, no entanto, que
a variabilidade individual de respostas aos eventos traumáticos permaneceu, na maior
parte, inexplorada.
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111
ANEXOS
Rua Botucatu, 572 - 1º andar – conj. 14 - CEP 04023-062 - São Paulo / Brasil
Tel.: (011) 5571-1062 - 5539.7162
1
São Paulo, 7 de dezembro de 2007.
CEP 1684/07
IImo(a). Sr(a).
Pesquisador(a) WAGNER SILVA RIBEIRO
Co-Investigadores: Sergio Baxter Andreoli ( orientador)
Disciplina/Departamento: Psiquiatria Clínica/Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo/Hospital São Paulo
Patrocinador: CNPq.
PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA INSTITUCIONAL
Ref: Projeto de pesquisa intitulado: “Epidemiologia do transtorno de estresse pós-traumático nas cidades de
São Paulo e Rio de Janeiro prevalência comorbidades e fatores associados”.
CARACTERÍSTICA PRINCIPAL DO ESTUDO: ESTUDO CLÍNICO OBSERVACIONAL - TRANSVERSAL.
RISCOS ADICIONAIS PARA O PACIENTE: Risco mínimo, desconforto leve ( coleta de secreções).
OBJETIVOS: O presente projeto tem como objetivo principal pesquisar a relação entre exposição a situações de
violência e o desenvolvimento de transtornos mentais na população das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro..
RESUMO: Trata-se de estudo de coorte, transversal com amostra probabilistica da população geral das cidades de
São Paulo e Rio de Janeiro. A amostra será representativa das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, selecionada
a partir de amostragem estratificada em multi-estágios. As cidades serão estratificadas por distritos administrativos,
classificados segundo seu grau de violência, utilizando, para isso, o indice de homicídios na região. . Em cada grupo,
serão sorteados dois distritos, uma rua por setor e uma casa por rua. A rua sorteada servirá de referência para a
seleção das demais, seguindo o sentido horário . Considerando o tamanho da população das cidades, as
prevalências estimadas dos trasntornos mentais, para um nível de confiança , o tamanho total da amostra foi
calculado em 3000 pessoas na cidade de São Paulo e 1500 pessoas na cidade do Rio de Janeiro. Os procedimentos
que serão realizados serão: tradução e validação de questionário: os questionários em idioma inglês serão traduzidos
e adptados para a realidade brasileira. Após a tradução e adaptação, será realizado um estudo piloto visando sua
validação, elaboração de protocolo de estudo, contratação de entrevistadores; treinamento; trabalho de campo;
consolidação do banco de dados e análise estatística.. Todos os entrevistados que apresentarem critérios
diagnósticos para qualquer dos transtornos mentais pesquisados serão encaminhados para avaliação por
profissionais da área da saúde mental das Instituições responsáveis pela pesquisa. Este projeto é parte do Estudo
Multicêntrico financiado pelo MCT , Instituto do Milênio ..
FUNDAMENTOS E RACIONAL: Como resultado desta análise pretende-se a constituição de uma base de dados
consistente que possibilite a identificação de grupos vulneráveis à exposição à violência e desenvolvimento de
transtornos mentais e mapeamento de necessidades regionais, subsidiando o planejamento e execução de
programas de intervenção e ações de prevenção..
Rua Botucatu, 572 - 1º andar – conj. 14 - CEP 04023-062 - São Paulo / Brasil
Tel.: (011) 5571-1062 - 5539.7162
2
MATERIAL E MÉTODO: Materiais e métodos adequadamente descritos.
TCLE: apresentado adequadamente.
DETALHAMENTO FINANCEIRO: Orgão financiador - CNPq.
CRONOGRAMA: 24 meses.
OBJETIVO ACADÊMICO: Doutorado.
ENTREGA DE RELATÓRIOS PARCIAIS AO CEP PREVISTOS PARA: 6/12/2008 e 6/12/2009.
O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo/Hospital São Paulo ANALISOU e APROVOU
o projeto de pesquisa referenciado.
1.
Comunicar toda e qualquer alteração do projeto e termo de consentimento livre e esclarecido. Nestas
circunstâncias a inclusão de pacientes deve ser temporariamente interrompida até a resposta do Comitê, após
análise das mudanças propostas.
2.
Comunicar imediatamente ao Comitê qualquer evento adverso ocorrido durante o desenvolvimento do estudo.
3.
Os dados individuais de todas as etapas da pesquisa devem ser mantidos em local seguro por 5 anos para
possível auditoria dos órgãos competentes.
Atenciosamente,
Prof. Dr. José Osmar Medina Pestana
Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de São Paulo/ Hospital São Paulo
CEP 1684/07
Anexo 2
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO I
CARTA DE INFORMAÇÃO:
Você foi selecionado, através de sorteio, para participar da pesquisa EPIDEMIOLOGIA DO
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO NAS CIDADES DE SÃO PAULO E RIO DE
JANEIRO: PREVALÊNCIA, COMORBIDADES E FATORES ASSOCIADOS, que é uma pesquisa
da Universidade Federal de São Paulo em parceria com Universidade Federal do Rio de
Janeiro e Fundação Oswaldo Cruz. Essas informações estão sendo fornecidas para sua
participação voluntária neste estudo que visa pesquisar a associação entre violência urbana e
problemas mentais.
Caso aceite participar da pesquisa, o entrevistador irá fazer algumas perguntas de um
questionário que investiga as experiências das pessoas com situações de violência e as
conseqüências dessas experiências sobre a saúde mental. A pesquisa não trará benefícios diretos
para os participantes, mas seus resultados poderão contribuir no desenvolvimento de serviços e
modelos de tratamento. Caso seja apurada a necessidade de atendimento especializado, você
receberá encaminhamento para um serviço adequado.
Vonão é obrigado a participar desse estudo ou responder a todas as perguntas e pode
pedir explicações sobre qualquer pergunta ou sobre a pesquisa; tem o direito de saber sobre
qualquer informação proveniente da pesquisa, e, a qualquer momento, pode interromper sua
participação. Também terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para o
esclarecimento de eventuais dúvidas. O seu nome não será revelado, pois todas as informações
da pesquisa são confidenciais.
O pesquisador principal é o psicólogo Wagner Ribeiro, que poderá ser encontrado no
Centro de Estudos do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina, na rua Dr.
Bacelar, 334 Vila Clementino, telefone (11) 5084-7060, e-mail: wagner@dpsiq.epm.br. No Rio de
Janeiro, a profissional responsável pela pesquisa é a Dra. Liliane Vilete, da Fundação Oswaldo
Cruz, localizada na Rua Leopoldo Bulhões, 1480 8
o
andar, telefone (21) 9118-1702, e-mail:
lilianevilete@ensp.fiocruz.br. Se tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa,
entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) Rua Botucatu, 572 andar cj
14, (11) 5571-1062, FAX: (11) 5539-7162 – E-mail: c[email protected].
CONSENTIMENTO INFORMADO:
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram
lidas para mim, descrevendo o estudo ”EPIDEMIOLOGIA DO TRANSTORNO DE ESTRESSE
PÓS-TRAUMÁTICO NAS CIDADES DE SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO: PREVALÊNCIA,
COMORBIDADES E FATORES ASSOCIADOS”. Ficaram claros para mim quais são os propósitos
do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação
é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento especializado, quando
necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu
consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou
perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento nos serviços
ligados às instituições realizadoras do estudo.
_____________________________________
Assinatura do entrevistado/representante legal
Data / /
(Somente para o responsável do projeto)
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste
entrevistado ou representante legal para a participação neste estudo.
______________________________________
Assinatura do responsável pelo estudo
Data / /
1
Anexo 3. Questionário do estudo: “Epidemiologia do Estresse Pós-Traumático, prevalências, comorbidades e fatores associados”.
INÍCIO DA ENTREVISTA: |____|____|-|____|____| TÉRMINO: |____|____|-|____|____|
Entrevistador:____________________________________ |____|____|____| Data _____/_____/_____
Supervisor:______________________________________ |____|____|____| Data _____/_____/_____
A1
REGISTRE SEXO OBSERVADO MASCULINO...................1
FEMININO.......................2
A2
Quantos anos você tem? ___/___
A3
Qual a data do seu nascimento? ___/___/___
A4
Atualmente está casado, viúvo, separado, divorciado, ou nunca casou?
CASADO....................1 PERGUNTE A4a
VIÚVO....................... 2 PERGUNTE A4b
SEPARADO...............3 PERGUNTE A4b
DIVORCIADO............4 PERGUNTE A4b
NUNCA CASOU.........5 PERGUNTE A4b
A4a Está vivendo com seu (marido/esposa)?
NÃO.........................1 SIM....(SALTE P/A5).....5
A4b Atualmente está vivendo com alguém como se fosse casado?
NÃO.........................1 SIM.................................5
A5
Quantos filhos você tem, sem contar filhos adotivos ou que nasceram mortos? ___/___
A6
Agora, gostaria de lhe perguntar sobre seu trabalho. Nos últimos 12 meses, quantos meses esteve
empregado? CONSIDERE TRABALHO AUTÔNOMO OU ASSALARIADO; SE NENHUM,
COD 00 E SALTE P/A8. SE MENOS DE 1 MÊS CODIF 01
___/___
A7
Está empregado atualmente?
A7a Qual a sua renda pessoal?
A7b Quantas pessoas que moram na casa?
A7c Quantas pessoas trabalham na sua casa?
A7d
Qual a rendadia da familia?
CONSIDERAR RENDA DO MÊS ANTERIOR À PESQUISA
NÃO
.......(SALTE P/A7b)
...1
SIM..................................5
____________ reais
________________
________________
____________reais
A8
Quantos cômodos tem a sua casa? _____/_____
A9
Quantos anos de escola você completou? ________ ANOS
A10
Qual o grau de instrução do chefe da família?
Analfabeto/primário inc........1
Primário com/ginasial inc.....2
Ginasial com/colegial inc.....3
Colegial com/super inc.........4
Superior completo.................5
A11
RAÇA/ETNIA DO ENTREVISTADO
BRANCO..............................1
NEGRO ................................2
MULATO/PARDO.............. 3
ORIENTAL/AMARELO ....4
OUTROS .............................5
A12
Alguém na sua família tem ou teve problemas mentais ou dos nervos?
Mãe .................................1
Pai ...................................2
Irmãos .............................3
Avos maternos.................4
Avos paternos..................5
Outros .............................6
A13
Qual é a sua religião?
SE DUAS OU MAIS RELIGIÕES: Qual e a principal? (que pratica mais)
CATOLICO................................1
ESPÍRITA............................ ......2
EVANGÉLICA...........................3
AFRO/BRASILEIRA.................4
ORIENTAIS................................5
JUDAICA....................................6
MUÇULMANA..........................7
OUTRAS.....................................8
ENTRY:_____________ DISTRITO:
__________
SETOR:
__________
2
RELIGIOSO MAS NÃO SEGUE
NENHUMA................................9
ATEU...
..(SALTE P/ HM1).........
10
NS/NO..
(SALTE P/HM1)
..........11
A13a
E você é ou não é praticante, isto é, o(a) sr(a) costuma ou não costuma comparecer a algum
culto ou evento desta religião?
É praticante......................1
Não é praticante...............2
Não sabe/ Não opinou......3
A13b Quantas vezes freqüentou cultos da sua religião no ultimo mês?
_______________
HM1
Onde você nasceu? São Paulo............................................................1
Outros (____________________________).....2
HM2
Onde o seu pai nasceu? São Paulo............................................................1
Outros (____________________________).....2
HM3 Onde a sua mãe nasceu? São Paulo............................................................1
Outros (____________________________).....2
HM4 Para aqueles que nasceram em São Paulo: do seu nascimento até hoje, você
alguma vez se mudou para ficar um mês ou mais em outro lugar?
Sim .......................................(preencher tabela 4)
Não .........................................(Salte para parte 3)
HM5 Para aqueles nascidos em outro estado: do seu nascimento até hoje, onde
você esteve antes de mudar-se para cá?
Sim .......................................(preencher tabela 5)
Não .........................................(Salte para parte 3)
4.1 mês/ano (idade)/
duração da estada
4.2 cidade 4.4 com que
ficou
hospedado?
4.5 razão para ter-se
mudado
4.3 Estado 4.6 razão para ter voltado
5.1 mês/ano (idade)/
duração da estada
5.2 cidade 5.4 com quem
ficou hospedado
5.5 razão para ter se
mudado/voltado
5.3 Estado
Código para a pessoa com que ficou hospedando Código da razão da mudança (selecione o mais importante)
1. Sozinho 2. Cônjuge 3. pai 1.procurando por emprego 2. trabalho temporário 3. trabalho
4. Mãe 5. Irmão/irmã 6. sogros 4. morar com o cônjuge 5. estudar 6.morar com os pais
7. avô/avó 8. Tio/tia 9.
parentes
7. fazer tratamento médico 8. unir-se a parentes 9.outros
(especificar)
10. amigo 11. Outros (especifique)
CS1
Agora vou lhe fazer algumas perguntas sobre a sua comunidade. Nos últimos 12 meses você participou ativamente de qualquer
uma das atividades abaixo na sua comunidade?
Tipo de Grupo Membro?
CS2 Nos últimos 12 meses, você recebeu do grupo
qualquer tipo de ajuda emocional, econômica ou
assistência para aprender ou fazer coisas?
NAO
SIM
NAO SIM
NAO SIM
0
1
Sindicato
1 5 1 5 1 5
0
2
Associação
comunitária/cooperativa
1 5 1 5 1 5
0
3
Grupo de mulheres 1 5 1 5 1 5
0
4
Grupo político 1 5 1 5 1 5
0
5
Grupo religioso 1 5 1 5 1 5
0
6
Cooperativa de crédito 1 5 1 5 1 5
0
7
Grupo de esportes
1 5 1 5 1 5
CS3 Nos últimos 12 meses, você recebeu dos seguintes grupos qualquer tipo de ajuda ou suporte emocional, econômico ou assistência
para aprender ou fazer coisas.
3
NÃO SIM
0
1
Família
1 5
0
2
Vizinhos 1 5
0
3
Amigos que não são
vizinhos
1 5
0
4
Líderes comunitários 1 5
0
5
Líderes religiosos
1 5
0
6
Politicos 1 5
0
7
Servidores públicos
1 5
0
8
Instituições de
caridade/ONG
1 5
0
9
Outros: especifique
1 5
CS4
Nos últimos 12 meses, você se reuniu com outros membros da comunidade para discutir um problema
pessoal ou do grupo?
NÃO........................
1
SIM.........................
5
CS5
Nos últimos 12 meses, você conversou com uma autoridade local ou órgão governamental sobre
problemas da sua comunidade?
NÃO........................
1
SIM.........................
5
CS6
De forma geral, pode-se confiar na maioria das pessoas desta comunidade? NÃO........................
1
SIM.........................
5
CS7
A maioria das pessoas desta comunidade mantém um bom relacionamento entre si? NÃO........................
1
SIM.........................
5
CS8
Você se sente realmente fazendo parte desta comunidade? NÃO........................
1
SIM.........................
5
CS9
Você acha que a maioria das pessoas desta comunidade tentaria tirar vantagem de você se tivesse
oportunidade?
NÃO........................
1
SIM.........................
5
SUBI1
Você acha que sua vida é interessante?
muito
1
mais ou menos
2
pouco
3
SUBI2 Como você se sente q
uanto ao que conseguiu realizar e vai continuar
realizando?
muito bem
1
mais ou menos
bem
2
não tão bem
3
SUBI3
Normalmente realiza aquilo que quer?
a maior parte do
tempo
1
às vezes
2
quase nunca
3
SUBI4
Comparando com o passado, acha que a sua vida é
muito feliz
1
mais ou menos
feliz
2
nao muito feliz
3
SUBI5
Experimenta às vezes momentos de alegria intensa?
freqüentemente
1
às vezes
2
raramente
3
SUBI6
Experimenta às vezes sensação de fazer parte da humanidade como
se fosse uma grande família?
freqüentemente
1
às vezes
2
raramente
3
US1 Alguma vez na vida você procurou ajuda por problemas psiquiátricos, emocionais, dos nervos,
por uso de álcool ou drogas?
NÃO.............................
...1
SIM...............................
..5
4
A. Quantas vezes? ______________
B. Alguma vez no último ano você procurou ajuda por problemas psiquiátricos, emocionais, dos
nervos, por uso de álcool ou drogas?
NÃO.............................
...1
SIM...............................
..5
C. Quantas vezes? ______________
B1
Você é fumante?
A. Há quanto tempo fuma?
B. Quantos cigarros fuma por dia?
NÃO
.......(SALTE
P/D1)
.
.......1
SIM..............................
....5
_______ semanas
___________ dia
D1 APRESENTE O CARTÃO 1 AO ENTREVISTADO. Nessa lista existem coisas que fazem com
que as pessoas sintam tanto medo que as evitem, mesmo que não exista perigo real. Por favor, olhe
com cuidado para a lista no topo do cartão, que inclui coisas como animais, situações de altura,
tempestades, estar em lugares fechados e ver sangue. Você alguma vez teve um medo
inexplicavelmente forte ou precisou evitar alguma dessas coisas da lista?
NÃO........
.(SALTE
P/D33)
...1
SIM............................
......5
A. Agora olhe para o primeiro grupo. Alguma vez teve um medo inexplicavelmente forte de qualquer
um destes seres vivos, como insetos, cobras, pássaros ou outros animais?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
D2 Alguma vez evitou estar perto de insetos, cobras, pássaros, ou outros animais, mesmo não havendo
perigo real?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
SE AMBOS, D1A E D2, CODIFICAREM “1” SALTE PARA D9
D3 O (A) seu (sua) (medo de/necessidade de evitar) insetos, cobras, pássaros ou outros animais alguma
vez interferiu muito na sua vida ou atividades?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
D4 Alguma vez o (a) seu (sua) (medo de/necessidade de evitar) insetos, cobras, pássaros ou outros
animais foi muito excessivo, isto é, mais forte do que em outras pessoas?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
A. Alguma vez seu (sua) (medo/ necessidade de evitar) a insetos, cobras, pássaros ou outros animais
foi muito irracional, isto é, muito mais forte que deveria ser?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
B. Alguma vez ficou muito chateado com você mesmo por ter (medo de/necessidade de evitar)
insetos, cobras, pássaros, ou outros animais?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
SE NENHUM “5” EM D4, D4A, OU D4B, SALTE PARA D9
D5 Quando você tinha que estar perto de insetos, cobras, pássaros ou outros animais, ou pensava que
teria que estar, você ficava muito incomodado?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
D6 Quando você estava perto de insetos, cobras, pássaros ou outros animais, ou pensava que teria que
estar (PERGUNTE 1-14, APÓS 2 ÍTENS CODIFICADOS “5”, SALTE /D7)
NÃO SIM
1. Seu coração bateu com força ou disparou? 1 5
2. Você suou? 1 5
3. Você teve tremores? 1 5
4. Sua boca ficou seca? 1 5
5. Você sentiu dificuldade para respirar? 1 5
6. Você se sentiu como se estivesse em estado de choque? 1 5
7. Você teve dor ou desconforto no peito? 1 5
8. Você teve náuseas ou um desconforto no estômago? 1 5
9. Você sentiu tontura ou sensação de desmaio? 1 5
10. Você sentiu que você e as coisas ao seu redor não eram reais? 1 5
5
11. Você ficou com medo de perder o controle sobre si próprio, agir de maneira irracional ou ficar
inconsciente?
1 5
12. Você sentiu medo de morrer? 1 5
13. Você sentiu ondas de calor ou calafrios? 1 5
14. Você sentiu formigamento ou zumbidos? 1 5
D7 INÍC/ÚLT VEZ: Quando foi a (primeira/última) vez em que você (teve medo de/evitou) insetos,
cobras, pássaros ou outros animais?
INÍC: 1 2 3 4
5 6
IDADE INÍC:
___/___
ÚLT VEZ: 1 2 3 4
5 6
ID ÚLT VEZ:
___/___
D8 Entre a primeira e a última vez, este(esta) (forte medo de /necessidade de evitar) insetos, cobras,
pássaros ou outros animais estava habitualmente presente quando você estava ou quando pensava
que teria que estar perto deles?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
D9 Agora olhe para o segundo grupo do cartão. Alguma vez teve um medo inexplicavelmente forte de
alguma destas coisas, como altura, tempestades, trovão ou raio, ou de estar em local de água parada
como piscina ou lago?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
D10 Alguma vez evitou altura, tempestades, raios ou trovões, ou estar em local de água parada, mesmo
sabendo que não havia perigo real?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
SE AMBOS, D9 E D10, CODIFICAREM “1” SALTE PARA D17
D11 O(A) (medo de/ necessidade de evitar) altura, tempestades, trovão ou raios, ou de estar em local de
água parada alguma vez interferiu muito na sua vida ou atividades?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
D12 Alguma vez o (a) seu (sua) (medo de/necessidade de evitar) altura, tempestades, trovão ou raios, ou
de estar em local de água parada alguma vez foi muito excessivo, isto é, mais forte do que em
outras pessoas?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
A. O(A) seu(sua) (medo de/necessidade de evitar) altura, tempestades, trovão ou raios ou de estar em
locais com água parada, foi muito irracional, isto é, muito mais forte que deveria ser?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
B. Alguma vez você ficou muito chateado com você mesmo por (ter medo de/necessidade de evitar)
altura, tempestade, trovão ou raios ou local de água parada?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
SE NENHUM “5” EM D12, D12A-D12B SALTE PARA D17
D13 Quando você tinha que ficar perto de altura, tempestade ou locais com água parada ou pensava que
teria que ficar, você ficava muito incomodado?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
D14 Quando você estava perto de altura, tempestade ou locais com água parada ou pensava que teria
que estar numa dessas situações (PERGUNTE 1-14, APÓS 2 ITENS CODIFICADO “5” SALTE
P/D15)
NÃO SIM
1. Seu coração bateu com força ou disparou?
1 5
2. Você suou?
1 5
3. Você teve tremores?
1 5
4. Sua boca ficou seca?
1 5
5. Você sentiu dificuldade para respirar?
1 5
6. Você se sentiu como se estivesse em estado de choque?
1 5
7. Você teve dor ou desconforto no peito?
1 5
8. Você teve náuseas ou um desconforto no estômago?
1 5
9. Você sentiu tontura ou sensação de desmaio?
1 5
6
10. Você sentiu que você e as coisas ao seu redor não eram reais?
1 5
11. Você ficou com medo de perder o controle sobre si próprio, agir de maneira irracional ou ficar
inconsciente?
1 5
12. Você sentiu medo de morrer?
1 5
13. Você sentiu ondas de calor ou calafrios?
1 5
14. Você sentiu formigamento ou zumbidos?
1 5
D15 INÍC/ÚLT VEZ: Quando foi a (primeira/última) vez em que você (teve medo de/evitou) altura,
tempestades ou estar em local com água parada?
INÍC: 1 2 3 4
5 6
IDADE INÍC:
___/___
ÚLT VEZ: 1 2 3 4
5 6
IDADE ÚLT VEZ:
___/__
D16 Entre a primeira e a última vez, este(a) (forte medo/necessidade de evitar) de altura, tempestades ou
locais com água parada, estava habitualmente presente quando tinha que enfrentar uma destas
situações ou quando pensava que poderia ter que enfrentá-las?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.....5
D17 Olhe para o terceiro grupo de situações do cartão. Alguma vez você teve um medo
inexplicavelmente forte de viajar de avião ou de estar em espaços fechados, como uma caverna,
túnel ou elevador? SE SIM CIRCULE GRUPO 3 CARTÃO 1
NÃO...........................
.....1
S.................................
.....5
D18 Alguma vez você evitou viajar de avião ou ficar em lugares fechados mesmo sabendo que não
havia perigo real? SE SIM CIRCULE GRUPO 3 CARTÃO 1
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.....5
SE D17 E D18 CODIFICAREM “1”, SALTE PARA D25
D19 O(A) seu(sua) (medo/necessidade de evitar) de viajar de avião ou de ficar em um espaço fechado
alguma vez interferiu (interferiram) muito na sua vida ou atividades?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
......5
D20 Alguma vez o(a) (medo/ de necessidade de evitar) de viajar de avião ou de ficar em um espaço
fechado foi excessivo, isto é, mais forte que em outras pessoas?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
......5
A. Alguma vez este (medo/necessidade de evitar) de voar ou de estar em um espaço fechado foi muito
irracional, isto é, mais forte do que deveria ser?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
......5
B. Alguma vez ficou muito chateado com você mesmo por (ter este medo/necessidade de evitar) de
viajar de avião ou estar em um espaço fechado?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.....5
SE NENHUM “5” EM D20, D20A-D20B, SALTE PARA D25
D21 Quando você tinha que viajar de avião ou ficar em um lugar fechado, ou pensou que teria que ficar
ou estar em uma dessas situações, você ficava muito incomodado?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.....5
D22 Quando você teve que viajar de avião ou estar em um espaço fechado, ou pensou que teria que estar
numa dessas situações (INICIE PERGUNTANDO 1-14, APÓS 2 ÍTENS CODIFICADOS “5”
SALTE P/D23)
NÃO SIM
1. Seu coração bateu com força ou disparou?
1 5
2. Você suou?
1 5
3. Você teve tremores?
1 5
4. Sua boca ficou seca?
1 5
5. Você sentiu dificuldade para respirar?
1 5
6. Você se sentiu como se estivesse em estado de choque?
1 5
7. Você teve dor ou desconforto no peito?
1 5
7
8. Você teve náuseas ou um desconforto no estômago?
1 5
9. Você sentiu tontura ou sensação de desmaio?
1 5
10. Você sentiu que você e as coisas ao seu redor não eram reais?
1 5
11. Você ficou com medo de perder o controle sobre si próprio, agir de maneira irracional ou ficar
inconsciente?
1 5
12. Você sentiu medo de morrer?
1 5
13. Você sentiu ondas de calor ou calafrios?
1 5
14. Você sentiu formigamento ou zumbidos?
1 5
D23 INÍC/ÚLT VEZ: Quando foi a (primeira/última) vez em que você (teve medo de/evitou) viajar de
avião ou estar em um espaço fechado?
INÍC: 1 2 3 4
5 6
IDADE INÍC:
___/___
ÚLT VEZ: 1 2 3 4
5 6
ID ÚLT VEZ:
___/___
D24 Entre a primeira e a última vez, este (esta) (forte medo/necessidade de evitar) viajar de avião ou
estar em espaços fechados estava habitualmente presente, sempre que você se encontrava nestas
situações, ou pensava que poderia ter que enfrentá-las?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
D25 Olhe para o último grupo de situações do Cartão D1. Alguma vez você teve um medo
inexplicavelmente forte de alguma destas situações como, ver sangue, tomar injeção, ir ao dentista
ou ao hospital? SE SIM CIRCULE GRUPO 4 NO CARTÃO 1.
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.....5
D26 Alguma vez você evitou ver sangue, fazer uma injeção, ir ao dentista ou ao hospital, mesmo não
havendo perigo real? SE SIM CIRCULE GRUPO 4 NO CARTÃO 1.
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.....5
SE D25 E D26 CODIFICAREM “1”, SALTE PARA D33
D27 O(A) (medo de/necessidade de evitar) ver sangue, tomar injeção, ir ao dentista ou ao hospital
alguma vez interferiu muito na sua vida ou atividades?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.....5
D28 Alguma vez o(a) seu(sua) (medo/necessidade de evitar) de ver sangue, tomar injeção, ir ao dentista
ou ao hospital foi excessivo, isto é, mais forte que em outras pessoas?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.....5
A. O(A) seu(sua) (medo/necessidade de evitar) de ver sangue, tomar injeção, ir ao dentista ou ao
hospital foi tão irracional, isto é, muito mais forte do que deveria ser?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
B. Você ficou muito chateado com você mesmo por (ter este medo/ necessidade de evitar) de ver
sangue, fazer uma injeção, ir ao dentista ou ao hospital?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
SE NENHUM “5” EM D28, D28A-D28B, SALTE PARA D33
D29 Quando você tinha que ver sangue, tomar injeção, ir ao dentista ou ao hospital, ou pensou que teria
que fazer isto, você ficava muito incomodado?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
D30 Quando você teve que ver sangue, tomar injeção, ir ao dentista ou ao hospital, ou pensou que teria
que fazer isto (PERGUNTE 1-14, APÓS 2 ÍTENS COD “5” SALTE P/D31)
NÃO SIM
1. Seu coração bateu com força ou disparou? 1 5
2. Você suou? 1 5
3. Você teve tremores? 1 5
4. Sua boca ficou seca? 1 5
5. Você sentiu dificuldade para respirar? 1 5
6. Você se sentiu como se estivesse em estado de choque? 1 5
8
7. Você teve dor ou desconforto no peito? 1 5
8. Você teve náuseas ou um desconforto no estômago? 1 5
9. Você sentiu tontura ou sensação de desmaio? 1 5
10. Você sentiu que você e as coisas ao seu redor não eram reais? 1 5
11. Você ficou com medo de perder o controle sobre si próprio, agir de maneira irracional ou ficar
inconsciente?
1 5
12. Você sentiu medo de morrer? 1 5
13. Você sentiu ondas de calor ou calafrios? 1 5
14. Você sentiu formigamento ou zumbidos? 1 5
D31 INÍC/ÚLT VEZ: Quando foi a (primeira/última) vez em que você (teve medo de/evitou) ver
sangue, tomar injeção, ir ao dentista ou ao hospital?
INÍC: 1 2 3 4
5 6
IDADE INÍC:
___/___
ÚLT VEZ: 1 2 3 4
5 6
ID ÚLT VEZ:
___/___
D32 Entre a primeira e a última vez, este(a) (medo/necessidade de evitar) de ver sangue, tomar injeção,
ir ao dentista ou ao hospital estava habitualmente presente sempre que você tinha que enfrentar
alguma destas situações ou pensava que poderia ter que enfrentá-las?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.....5
D33 Agora eu gostaria de perguntar sobre outras situações nas quais você pode ter ficado ansioso ou
com medo. Algumas pessoas têm um forte medo de fazer coisas na frente dos outros ou de ser o
centro das atenções.
APRESENTE O CARTÃO 2 PARA O ENTREVISTADO. Olhe para as situações do Cartão D2.
Alguma você vez teve um medo inexplicavelmente forte ou necessidade de evitar qualquer uma
dessas situações na lista?
NÃO
.......(SALTE
P/D43
)..1
SIM............................
....5
A. Alguma vez você teve um medo inexplicavelmente forte de: NÃO SIM
1. Comer ou beber em público, onde alguém poderia estar olhando para você? 1 5
2. Falar com pessoas, por achar que não teria o que dizer ou que poderia parecer tolo? 1 5
3. Escrever enquanto alguém olhava? 1 5
4. Tomar parte ou falar em uma reunião ou aula? 1 5
5. Ir a uma festa ou outro evento social? 1 5
6. Dar uma palestra ou falar em público? 1 5
7. Alguma vez teve um medo inexplicavelmente forte de qualquer outra situação na qual você
poderia ser o centro das atenções? SE CODIFICOU “1”, SALTE PARA D34, SE NÃO,
PERGUNTE: Você poderia me dar um exemplo de uma situação em que você sentiu medo de
ser o centro das atenções?
EXEMPLO:_________________________________________________________
CIRCULE ITENS CODIFICADO “5” NO CARTÃO 2
1 5
D34 Você freqüentemente evitou situações nas quais poderia ser o centro da atenção, como aquelas do
Cartão 2? SE CODIFICAR “5”, PERGUNTE: Quais? (Alguma outra?) CONTINUE
PERGUNTANDO ATÉ O ENTREVISTADO RESPONDER NÃO. CIRCULE ITENS
MENCIONADOS PELO ENTREVISTADO QUE NÃO FORAM CIRCULADOS NO CARTÃO
D2.
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.... 5
SE D33A.1-7 E D34 CODIFICADOS “1”, SALTE PARA D43
D35 Você falou a um médico sobre seu(sua) (medo de/necessidade de evitar) as situações circuladas no
Cartão 2 onde você poderia ser o centro das atenções?
SE NÃO SALTE P/1 – SE SIM SALTE P/6 - CONTINUE INVESTIGANDO, MAS OBSERVE
QUE MEDOS RELACIONADOS A DEFEITOS DE LINGUAGEM, TREMORES POR
DOENÇAS FÍSICAS E TRANSTORNOS ALIMENTARES SÃO TRATADOS COMO
DOENÇAS FÍSICAS (CODIFICAR DER “2” EM D35).
DER: 2 3 4 5
9
1. Você falou a qualquer outro profissional sobre este/esta (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas
circuladas no Cartão 2? SE SIM SALTE P/ 4 – SE NÃO PERGUNTE 2
2. Você tomou remédios para este/esta (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas no Cartão 2
mais de uma vez? SE SIM SALTE P/ 4 – SE NÃO PERGUNTE 3
3. Este/Esta (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas no Cartão 2 interferiu muita na sua vida ou
atividades? SE SIM SALTE P/ 4 – CODIFIQUE DER “2
4. Alguma vez o/a seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas no Cartão 2 resultou de
doença física ou traumatismo?
NÃO .............................SALTE PARA 2
SIM ..............................PERGUNTE: O/A seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas
circuladas no Cartão2 resultou sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO
PERGUNTE: Quando seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas no Cartão 2 não
foi devido a doença física ou traumatismo, resultou sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD
DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
5. Alguma vez seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas no Cartão 2 resultou do uso de
medicamentos, drogas ou álcool?
NÃO .............................CODIFIQUE DER “5”
SIM ..............................PERGUNTE: O/A seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas
circuladas no Cartão 2 sempre resultou do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO
COD DER “5”.
6. Quando contou ao médico qual foi o diagnóstico?___________________________________________
6.1 Doença mental................................CODIFIQUE DER “5”.
6.2 Doença orgânica/traumatismo......PERGUNTE: O/A seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como
aquelas circuladas no Cartão 2 resultou sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE
NAO, PERGUNTE: Quando o/a seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas no
Cartão 2 não foi devido a doença física ou traumatismo, resultou sempre do uso de medicamentos, drogas ou
álcool? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO COD DER “5”.
6.3 Drogas, álcool ou medicamentos.......PERGUNTE: O/A seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações
como aquelas circuladas no Cartão 2 resultou sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD
DER “3”; SE NAO PERGUNTE: Quando o/a seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas
circuladas no Cartão 2 não foi devido ao uso de medicamentos, drogas ou álcool, resultou sempre de doença física
ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
6.4 Não sabe, não lembra......................PERGUNTAR: Ele encontrou alguma coisa anormal quando o examinou,
pediu
exames ou Rx?
NÃO....................CODIFIQUE DER “5”.
SIM.......................PERGUNTE: O/A seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas
no Cartão 2 resultou sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NAO,
PERGUNTE: Quando o/a seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas no Cartão
2 não foi devido ao uso de remédios, drogas ou álcool, resultou sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM
COD DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
D36 (Você tinha medo das/ Você evitou as) situações em que você poderia ser o centro das atenções
como aquelas circuladas no Cartão 2, porque poderia demonstrar ansiedade ou agir de forma que
poderia ser humilhante?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.... 5
D37 O(A) (medo de/necessidade de evitar) qualquer uma destas situações em que você poderia ser o
centro das atenções, como aquelas circuladas no Cartão 2, foi muito excessivo, isto é, muito mais
forte do que o de outras pessoas?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.....5
A. O (A) (medo de/ necessidade de evitar) qualquer uma destas situações nas quais você poderia ser o
centro das atenções, como aquelas circuladas no Cartão 2, alguma vez foi muito irracional, isto é,
muito mais forte do que deveria ser?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.....5
B. Alguma vez você ficou muito chateado com você mesmo por ter (medo de/necessidade de evitar) as
situações nas quais você poderia ser o centro das atenções, como aquelas circuladas no Cartão 2?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.... 5
C. SE ENTREVISTADO TIVER MENOS DE 18 ANOS, PERGUNTAR C; OUTROS, SALTAR
PARA D38. Qual foi o maior período em que você teve (medo de/necessidade de evitar) qualquer
uma destas situações nas quais você poderia ser o centro das atenções?
__/__
MESES
D38 O(A) (medo de/necessidade de evitar) qualquer uma das situações nas quais você poderia ser o
centro das atenções, como as circuladas no Cartão 2, alguma vez interferiu muito na sua vida ou
atividades?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.....5
10
D39 Quando você estava ou pensava na possibilidade de estar em uma das situação na qual poderia ser o
centro das atenções, como as circuladas no Cartão 2 você habitualmente ficava muito incomodado?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.....5
D40 Quando você estava, ou pensava que teria que estar em uma situação na qual você poderia ser o
centro das atenções...
NÃO SIM
1. Você ficou vermelho ou tremeu? 1 5
2. Teve náuseas ou desconforto no estômago ou achou que poderia vomitar? 1 5
3. Ficou com medo de perder o controle sobre seus intestinos ou bexiga?
1 5
A. Olhe para parte inferior do cartão. Quando você estava, ou pensava que teria que estar em uma
situação na qual poderia ser o centro das atenções (PERGUNTE 1-13; APOS 2 ÍTENS
CODIFICADOS “5” SALTE P/D41).
NÃO SIM
1. Seu coração acelerou ou bateu mais forte? 1 5
2. Você suou? 1 5
3. Você teve tremores? 1 5
4. Você ficou com a boca seca? 1 5
5. Você sentiu dificuldade para respirar? 1 5
6. Você se sentiu como se estivesse em estado de choque? 1 5
7. Você teve dor ou desconforto no peito? 1 5
8. Você teve tontura ou sensação de desmaio? 1 5
9. Você sentiu que você e as coisas ao seu redor não eram reais? 1 5
10. Você ficou com medo de perder o controle sobre si próprio, agir de maneira irracional ou
ficar inconsciente?
1 5
11. Você sentiu medo de morrer? 1 5
12. Você sentiu ondas de calor ou calafrios? 1 5
13. Você teve formigamento ou zumbidos? 1 5
D41 INÍC/ÚLT VEZ: Quando foi a (primeira/última) vez em que você (teve medo de/ evitou) situações
nas quais poderia ser o centro da atenção, como aquelas circuladas no Cartão 2?
INÍC: 1 2 3 4 5
6
IDADE INÍC:
___/___
ÚLT VEZ: 1 2 3 4 5
6
ID ÚLT VEZ:
___/___
D42 Entre a primeira e a última vez, este(a) (medo das/ necessidade de evitar as) situações nas quais
você poderia ser o centro das atenções, como aquelas circuladas no Cartão 2, estava usualmente
presente quando tinha que enfrentar uma destas situações ou pensava que poderia ter que enfrentá-
las?
NÃO..........................
.1
SIM............................
.5
D43 APRESENTE O CARTÃO D3. Agora eu gostaria de lhe perguntar sobre outras situações nas quais
você pode ter sentido medo. Olhe para as situações no Cartão 3. Alguma vez você sentiu um forte
medo ou necessidade de evitar qualquer uma das situações na lista?
NÃO
..(SALTE P/
D54)......
.1
SIM............................
......5
A. Alguma vez teve um medo forte de:
NÃO SIM
1. Estar fora de casa sozinho? 1 5
2. Viajar em um ônibus, trem ou carro? 1 5
3. Estar em um lugar cheio de gente ou ficar em uma fila? 1 5
4. Estar em um local público, como um loja? 1 5
CIRCULE CADA ÍTEM CODIFICADO “5” NO CARTÃO 3
D44 Você com frequência evita situações como aquelas do Cartão 3 por causa do seu medo? SE
CODIFICAR “5”, PERGUNTE: Quais? (Alguma outra?) CONTINUE INVESTIGANDO ATÉ
QUE O ENTREVISTADO DIGA NÃO. CIRCULE ÍTENS NO CARTÃO 3.
NÃO...........................
..1
SIM............................
.5
SE D43A1-4 E D44 CODIFICAREM “1”, SALTE PARA D54.
D45 Alguma vez na vida você ficou com tanto medo destas situações que não conseguia permanecer
sozinho nelas?
NÃO
.(SALTE P/
D46)
..1
SIM............................
.5
11
A. Você era capaz de permanecer nas situações como as circuladas no Cartão 3, se tivesse algum
conhecido com você?
NÃO...........................
.....1
SIM............................
.....5
D46 Você contou para um médico sobre o/a seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como
aquelas circuladas no Cartão 3? SE NÃO SALTE P/1 – SE SIM SALTE P/6
DER: 2 3 4
5
1. Você falou para qualquer outro profissional sobre este/esta (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas
circuladas no Cartão 3? SE SIM SALTE P/4 – SE NÃO PERGUNTE 2
2. Você tomou remédios para este/esta (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas no Cartão 3
mais de uma vez? SE SIM SALTE P/4 – SE NÃO PERGUNTE 3
3. Este/Esta (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas no Cartão 3 interferiu muita na sua vida ou
atividades? SE SIM SALTE P/4 – CODIFIQUE DER “2”.
4. Alguma vez o/a seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas no Cartão 3 resultou de
doença física ou traumatismo?
NÃO .............................SALTE PARA 2
SIM ..............................PERGUNTE: O/A seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas
circuladas no Cartão 3 resultou sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO
PERGUNTE: Quando seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas no Cartão 3 não
foi devido a doença física ou traumatismo, resultou sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD
DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
5. Alguma vez seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas no Cartão 3 resultou do uso de
medicamentos, drogas ou álcool?
NÃO .............................CODIFIQUE DER “5”.
SIM ..............................PERGUNTE: O/A seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas
circuladas no Cartão 3 sempre resultou do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO
COD DER “5”.
6. Quando contou ao médico qual foi o diagnóstico?___________________________________________
6.1 Doença mental................................CODIFIQUE DER “5”.
6.2 Doença orgânica/traumatismo......PERGUNTE: O/A seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como
aquelas circuladas no Cartão 3 resultou sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE
NAO, PERGUNTE: Quando o/a seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas no
Cartão 3 não foi devido a doença física ou traumatismo, resultou sempre do uso de medicamentos, drogas ou
álcool? SE SIM COD DER “4”; SE NAO COD DER “5”.
6.3 Drogas, álcool ou medicamentos.......PERGUNTE: O/A seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações
como aquelas circuladas no Cartão 3 resultou sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD
DER “3”; SE NAO PERGUNTE: Quando o/a seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas
circuladas no Cartão 3 não foi devido ao uso de medicamentos, drogas ou álcool, resultou sempre de doença física
ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
6.4 Não sabe, não lembra......................PERGUNTAR: Ele encontrou alguma coisa anormal quando o examinou,
pediu
exames ou Rx?
NÃO.....................CODIFIQUE DER “5”.
SIM.......................PERGUNTE: O/A seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas
no Cartão 3 resultou sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NAO,
PERGUNTE: Quando o/a seu(sua) (medo de/ necessidade de evitar) situações como aquelas circuladas no Cartão
3 não foi devido ao uso de remédios, drogas ou álcool, resultou sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM
COD DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
D47 Quando você estava, ou pensava que poderia ter que estar, em uma situação como as circuladas no
Cartão 3 você usualmente ficava muito chateado?
NÃO...........................
.....1
SIM
...................................
......
5
D48 Quando você estava ou pensava que poderia estar em uma situação como as circuladas no Cartão 3
(PERGUNTE 1-14, APÓS 2 ITENS CODIFICADOS “5” SALTE P/D49):
NÃO SIM
1. Seu coração bateu forte ou acelerou? 1 5
2. Você suou? 1 5
3. Você teve tremores? 1 5
4. Você ficou com a boca seca? 1 5
5. Você ficou com dificuldade para respirar? 1 5
6. Você se sentiu como se estivesse em estado de choque? 1 5
7. Você teve dor ou desconforto no peito? 1 5
8. Você teve náuseas ou um desconforto no estômago? 1 5
9. Você sentiu tontura ou sensação de desmaio? 1 5
10. Você sentiu que você e as coisas ao seu redor não eram reais? 1 5
11. Você ficou com medo de perder o controle sobre si próprio, agir de maneira irracional ou ficar
inconsciente?
1 5
12
12. Você sentiu medo de morrer? 1 5
13. Você sentiu ondas de calor ou calafrios? 1 5
14. Você sentiu formigamento ou zumbidos? 1 5
SE NENHUM “5” CODIFICADO EM 1-14, SALTE PARA D51
D49 (Você teve medo das/Você evitou as) situações como aquelas circuladas no Cartão 3 porque não
seria capaz de escapar se de repente tivesse algum destes problemas?
NÃO..........................
.....1
SIM............................
.....5
D50 (Você teve medo das/Você evitou as) situações como aquelas circuladas no Cartão 3 porque não
seria capaz de conseguir ajuda se de repente tivesse algum destes problemas?
NÃO..........................
.....1
SIM............................
.....5
D51 Alguma vez o(a) seu(sua) (medo de/necessidade de evitar) qualquer uma das situações como as
circuladas no Cartão 3, foi excessivo, isto é, muito mais forte que em outras pessoas?
NÃO..........................
.....1
SIM............................
.....5
A. Alguma vez o(a) seu(sua) (medo de/necessidade de evitar) qualquer uma das situações como as
circuladas no Cartão 3, foi irracional, isto é, muito mais forte do que deveria ser?
NÃO..........................
.....1
SIM............................
.....5
B. Alguma vez você ficou muito chateado com você mesmo (por ter este medo de/esta necessidade de
evitar) situações como as circuladas no Cartão 3?
NÃO..........................
.....1
SIM............................
.....5
D52 INÍC/ÚLT VEZ: Quando foi a (primeira/última) vez que você (teve medo das/evitou as) situações
como as circuladas no Cartão 3?
INÍC: 1 2 3 4 5
6
IDADE INÍC: ___/_-
__
ÚLT VEZ: 1 2 3 4 5
6
ID ÚLT VEZ:
___/___
D53 Entre a primeira e a última vez, este(a) forte (medo de/ necessidade de evitar as) situações como as
circuladas no Cartão 3 estava usualmente presente sempre que você enfrentava a situação ou
pensava que teria que enfrentá-la?
NÃO..........................
.....1
SIM............................
.....5
D54 Agora eu gostaria de lhe perguntar sobre ataques de medo que podem acontecer em qualquer lugar.
Alguma vez teve um ataque quando de repente sentiu-se assustado, ansioso ou muito inquieto?
NÃO
..(SALTE P/
D63)......
.1
SIM............................
.....5
D55 Algum destes ataques ocorreu quando você estava em uma situação de risco de vida? NÃO..
(SALTE
P/.D56)......
1
SIM............................
.....5
A. Algum destes ataques ocorreu quando você não estava em uma situação de risco de vida?
NÃO..(SALTE
P/D63)....1
SIM............................
......5
D56 Ao responder às próximas questões, pense apenas nos ataques que ocorreram quando você não
estava em situações de risco de vida. Você já teve mais de um ataque como este, e que era
totalmente inesperado?
NÃO
..(SALTE P/
D63).......
1
SIM, MAIS DE
UMA
VEZ...........................
......5
D57 Pense em uma crise ruim que teve: durante essa crise, quais dos problemas abaixo você teve?
(PERGUNTE 1-14, APÓS 5 ÍTENS CODIFICADOS “5” SALTE P/D58)
NÃO SIM
1. Seu coração bateu forte ou acelerou? 1 5
2. Você suou? 1 5
3. Você teve tremores? 1 5
4. Você ficou com a boca seca? 1 5
5. Você sentiu dificuldade para respirar? 1 5
6. Você se sentiu como se estivesse em estado de choque? 1 5
7. Você teve dor ou desconforto no peito? 1 5
8. Você teve náuseas ou um desconforto no estômago? 1 5
9. Você sentiu tontura ou sensação de desmaio? 1 5
10. Você sentiu que você e as coisas ao seu redor não eram reais? 1 5
11. Você ficou com medo de perder o controle sobre si próprio, agir de maneira irracional ou ficar
inconsciente?
1 5
12. Você sentiu medo de morrer? 1 5
13. Você sentiu ondas de calor ou calafrios? 1 5
14. Você teve formigamento ou zumbidos? 1 5
13
SE MENOS DE 5 SINTOMAS FOREM CODIFICADOS COM “5” DE 1-14, SALTE P/ D63.
D58 Durante os ataques de sentir-se amedrontado ou ansioso, esses problemas começaram de repente e
então pioraram nos primeiros minutos do ataque?
NÃO..
.(SALTE
P/D63
)......1
SIM............................
......5
D58a. Você contou a um médico sobre um ataque como este? SE NÃO PERGUNTE 1 – SE SIM
SALTE P/6.
DER: 2 3 4 5
1. Você falou a qualquer outro profissional sobre um ataque como este? SE SIM SALTE P/4 – SE NÃO PERGUNTE 2
2. Você tomou remédios para um ataque como este mais de uma vez? SE SIM SALTE P/4 – SE NÃO PERGUNTE 3
3. Ter um ataque como este interferiu muita na sua vida ou atividades? SE SIM SALTE P/4 – CODIFIQUE DER “2”.
4. Alguma vez um ataque como este resultou de doença física ou traumatismo?
NÃO .............................SALTE PARA 2
SIM ..............................PERGUNTE: Ter um ataque deste tipo resultou sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM
COD DER “4”; SE NÃO PERGUNTE: Quando um ataque como este não foi devido a doença física ou traumatismo, resultou
sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
5. Alguma vez um ataque como este resultou do uso de medicamentos, drogas ou álcool?
NÃO .............................CODIFIQUE DER “5”.
SIM ..............................PERGUNTE: Ter um ataque como este sempre resultou do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE
SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
6. Quando contou ao médico qual foi o diagnóstico?___________________________________________
6.1 Doença mental................................CODIFIQUE DER “5”.
6.2 Doença orgânica/traumatismo......PERGUNTE: Ter um ataque como este resultou sempre de doença física ou
traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO, PERGUNTE: Quando um ataque como este não foi devido a doença
física ou traumatismo, resultou sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO
COD DER “5”.
6.3 Drogas, álcool ou medicamentos.......PERGUNTE: Ter um ataque como este resultou sempre do uso de medicamentos,
drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NAO PERGUNTE: Quando um ataque como este não foi devido ao uso de
medicamentos, drogas ou álcool, resultou sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO
COD DER “5”.
6.4 Não sabe, não lembra......................PERGUNTAR: Ele encontrou alguma coisa anormal quando o examinou, pediu
exames ou Rx?
NÃO.....................CODIFIQUE DER “5”.
SIM.......................PERGUNTE: Ter um ataque como este resultou sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE
SIM COD DER “3”; SE NAO, PERGUNTE: Quando um ataque como este não foi devido ao uso de remédios, drogas ou
álcool, resultou sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
D59 Depois de ter um desses ataques, alguma vez houve um mês ou mais em que:
NÃO SIM
A. você ficou preocupado com a possibilidade de ter outro ataque?
1 5
B. você estava preocupado com que os ataques pudessem causar algo terrível como morrer,
perder o controle ou enlouquecer?
1 5
C. mudou suas atividades diárias por ter medo de ter ataques?
1 5
D60 Alguma vez você já teve quatro destes ataques em um período de quatro semanas? 1 5
SALTE P/D61
A. Alguma vez você já teve um período de um mês em que tivesse pelo menos quatro destes
ataques em uma semana?
1 5
D61 INÍC/ÚLT VEZ: Quando foi a (primeira/última) vez que você teve um destes ataques
repentinos de se sentir assustado ou ansioso?
INÍC: 1 2 3 4 5 6
IDADE INÍC: __/__
ÚLT VEZ: 1 2 3 4 5 6
IDADE ÚLT VEZ: __/__
SE NENHUMA SITUAÇÃO CIRCULADA NOS CT D1, D2 E D3, SALTE P/ D63.
D62 Agora olhe para os Cartões D1, D2 e D3. Você também disse que teve medo ou evitou
algumas das situações listadas nos cartões. Os ataques repentinos de sentir-se amedrontado ou
ansioso ocorreram somente quando você estava naquelas situações?
SIM, SÓ EM SITUAÇÕES
DE MEDO...........................1
NÃO, EM OUTRAS
SITUAÇÕES........................5
D63 Agora eu quero lhe perguntar sobre períodos mais longos de sentir-se preocupado, tenso ou
ansioso. Alguma vez você teve um período de um mês ou mais no qual na maior parte do
tempo você se sentia preocupado, tenso ou ansioso com relação a problemas do dia a dia, tais
como trabalho ou família?
NÃO
...(SALTE P/B)
..........1
SIM..................................5
A. Qual foi o período mais longo que você teve de se sentir preocupado, tenso ou ansioso?
SE D63A FOR SEIS MESES OU MAIS, SALTE PARA D64.
__/__
MESES
14
B. As pessoas diferem muito em como se preocupam com as coisas. Alguma vez na sua vida
você teve um período no qual se preocupava muito mais do que a maioria das outras pessoas
na mesma situação?
NÃO
....(SALTE P/ E1)
......1
SIM............................ ....5
C. Qual foi o maior período deste tipo que você teve?
SE D63C FOR MENOR QUE 6 MESES, SALTE PARA E1.
__/__
MESES
D64 Pense no pior período que tenha durado 6 meses ou mais no qual você se sentia preocupado,
tenso ou ansioso. Durante este período:
NÃO SIM
A. você acha que seu medo era excessivo, ou seja, muito mais forte do que de outra pessoa? 1 5
B. você se preocupava com estas coisas na maioria dos dias? 1 5
C. você achava difícil parar de se preocupar? 1 5
D. com que tipo de coisas você se preocupava mais?
EXEMPLO:________________________________
SE OS EXEMPLOS FOREM EXCLUSIVAMENTE SOBRE SINTOMAS, PESO OU
DROGAS, PERGUNTAR: Algo mais?
SE OS EXEMPLOS AINDA NÃO INCLUÍREM OUTRAS PREOCUPAÇÕES,
CODIFIQUE “1” E SALTE PARA E1.
PRÓPRIO SINTOMA,
EXCESSO DE PESO,
DROGAS .................. .....1
OUTRA COISA........ .....5
D65 Vou citar alguns problemas que algumas pessoas apresentam durante períodos em que se
sentem com medo, tensas ou ansiosas. Pense no pior período de sentimentos de preocupação,
tensão e ansiedade. Durante aquele período:
NÃO SIM
1. Você esteve impaciente? 1 5
2. Você se sentia cansado? 1 5
3. Você se cansava facilmente? 1 5
4. Você teve dificuldade para se concentrar no que estava fazendo? 1 5
5. Você ficou mais irritado do que o normal? 1 5
6. Você ficou com os músculos tensos, machucados ou doloridos? 1 5
7. Você teve dificuldade para adormecer ou continuar dormindo? 1 5
8. Seu coração batia forte ou disparava? 1 5
9. Você tinha suores? 1 5
10. Você teve tremores? 1 5
11. Você ficou com a boca seca? 1 5
SE NENHUM “5” CODIFICADO DE 1-11, SALTE P/E1 - SE 4 OU MAIS “5” CODIFICADOS DE 1-11 SALTE P/D66 -
OUTROS PERGUNTE 12-24, SALTE P/D66 APÓS 4 ÍTENS CODIFICADOS “5” DE 1-24.
12. Você sentiu dificuldade para respirar? 1 5
13. Você se sentiu como em estado de choque? 1 5
14. Você teve dor ou desconforto no peito? 1 5
15. Você teve mal estar ou desconforto no estômago? 1 5
16. Você sentiu náuseas? 1 5
17. Você sentiu tontura? 1 5
18. Você sentiu que você e as coisas ao seu redor não eram reais? 1 5
19. Você ficou com medo de perder o controle sobre si próprio, agir de maneira irracional ou
ficar inconsciente?
1 5
20. Você ficou com medo de morrer? 1 5
21. Você sentiu ondas de calor ou calafrios? 1 5
22. Você teve formigamento ou zumbidos? 1 5
23. Você sentiu como se tivesse um inchaço em sua garganta? 1 5
24. Você ficava facilmente sobressaltado? 1 5
SE MENOS DE 4 ÍTENS CODIFICADOS COM “5” SALTE PARA E1.
15
D66 Você falou a um médico sobre os longos períodos de sentir-se preocupado, tenso ou ansioso
quando você também tinha alguns dos problemas que conversamos? SE NÃO PERGUNTE 1;
SE SIM SALTE P/6.
DER: 2 3 4 5
1. Você falou a qualquer outro profissional sobre estes
longos períodos de sentir-se preocupado, tenso ou ansioso
? SE SIM
SALTE P/4; SE NÃO PERGUNTE 2.
2. Você tomou remédios mais de uma vez devido a estes
longos períodos de sentir-se preocupado, tenso ou ansioso
? SE SIM
SALTE P/4; SE NÃO PERGUNTE 3.
3. Esses
longos períodos de sentir-se preocupado, tenso ou ansioso
interferiram muita na sua vida ou atividades? SE SIM
SALTE P/4; CODIFIQUE DER “2”.
4. Alguma vez esses
longos períodos de sentir-se preocupado, tenso ou ansioso
resultaram de doença física ou traumatismo?
NÃO ....................SALTE PARA 2.
SIM .....................PERGUNTE: Esses
longos períodos de sentir-se preocupado, tenso ou ansioso
resultaram sempre de
doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO PERGUNTE: Quando esses
longos períodos de sentir-se
preocupado, tenso ou ansioso
não foram devido a doença física ou traumatismo, resultaram sempre do uso de medicamentos,
drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NAO COD DER “ 5”.
5. Alguma vez esses
longos períodos de sentir-se preocupado, tenso ou ansioso
resultaram do uso de medicamentos, drogas
ou álcool?
NÃO .............................CODIFIQUE DER “5”.
SIM ..............................PERGUNTE: Esses
longos períodos de sentir-se preocupado, tenso ou ansioso
sempre resultaram
do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
6. Quando contou ao médico qual foi o diagnóstico?___________________________________________
6.1 Doença mental................................CODIFIQUE DER “5”.
6.2 Doença orgânica/traumatismo......PERGUNTE: Esses
longos períodos de sentir-se preocupado, tenso ou ansioso
resultaram sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NAO, PERGUNTE: Quando esses
longos períodos de sentir-se preocupado, tenso ou ansioso
não foram devidos a doença física ou traumatismo,
resultaram sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “4”; SE NAO COD DER “5”.
6.3 Drogas, álcool ou medicamentos.......PERGUNTE: Esses
longos períodos de sentir-se preocupado, tenso ou ansioso
resultaram sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NAO PERGUNTE: Quando
esses
longos períodos de sentir-se preocupado, tenso ou ansioso
não foram devido ao uso de medicamentos, drogas
ou álcool, resultaram sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
6.4 Não sabe, não lembra......................PERGUNTAR: Ele encontrou alguma coisa anormal quando o examinou, pediu
exames ou Rx?
NÃO.....................CODIFIQUE DER “5”.
SIM.......................PERGUNTE: Esses
longos períodos de sentir-se preocupado, tenso ou ansioso
resultaram sempre
do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “ 3”; SE NAO, PERGUNTE: Quando esses
longos
períodos de sentir-se preocupado, tenso ou ansioso
não foram devido ao uso de remédios, drogas ou álcool, resulta
sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
D67 Alguma vez você ficou chateado com você mesmo por se sentir preocupado, tenso ou ansioso
por longos períodos de tempo?
NÃO................................1
SIM..................................5
D68 Alguma vez os períodos de preocupação, tensão e ansiedade interferiram muito na sua vida ou
atividades?
NÃO................................1
SIM..................................5
D69 INÍC: Quando começou o primeiro período de seis meses ou mais de sentir-se preocupado,
tenso ou ansioso e ter esses outros problemas da lista?
INÍC: 1 2 3 4 5 6
IDADE INÍC: ___/___
ÚLT VEZ: Quando terminou o último período em que se sentiu preocupado, tenso ou ansioso
e teve esses outros problemas da lista?
ÚLT VEZ: 1 2 3 4 5 6
ID ÚLT VEZ: ___/___
16
E1 Agora eu vou lhe perguntar sobre períodos em de se sentir triste, vazio ou deprimido. Em toda a
sua vida, alguma vez você teve duas semanas ou mais nas quais quase todos os dias você se
sentia triste, vazio, deprimido na maior parte do dia? SE CODIFICAR DER “1” (NÃO)
SALTAR P/ E2; SE RESPONDER “SIM” PERGUNTAR:
DER: 1 3 4 5
# Você contou a um médico sobre os períodos em que se sentia triste, vazio ou deprimido? SE NÃO PERGUNTE 1; SE SIM
PERGUNTE 3.
1. Alguma vez esses
períodos em que se sentia triste, vazio ou deprimido
resultaram de doença física ou traumatismo?
NÃO ...................SALTE PARA 2
SIM ....................PERGUNTE: Esses
períodos em que se sentia triste, vazio ou deprimido
resultaram sempre de doença
física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO PERGUNTE: Quando esses
períodos em que se sentia triste, vazio
ou deprimido
não foram devido a doença física ou traumatismo, resultaram sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool?
SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
2. Alguma vez os
períodos em que se sentia triste, vazio ou deprimido
resultaram do uso de medicamentos, drogas ou álcool?
NÃO .....................CODIFIQUE DER “5”.
SIM ......................PERGUNTE: Esses
períodos em que se sentia triste, vazio ou deprimido
sempre resultaram do uso de
medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
3. Quando contou ao médico qual foi o diagnóstico?___________________________________________
3.1 Doença mental................................CODIFIQUE DER “5”.
3.2 Doença orgânica/traumatismo......PERGUNTE: Esses
períodos em que se sentia triste, vazio ou deprimido
resultaram
sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NAO, PERGUNTE: Quando esses
períodos em que
se sentia triste, vazio ou deprimido
não foram devido a doença física ou traumatismo, resultaram sempre do uso de
medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “4”; SE NAO COD DER “5”.
3.3 Drogas, álcool ou medicações.......PERGUNTE: Esses
períodos em que se sentia triste, vazio ou deprimido
resultaram
sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NAO PERGUNTE: Quando estes
períodos
em que se sentia triste, vazio ou deprimido
não foram devidos ao uso de medicamentos, drogas ou álcool, resultaram
sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “ 3”; SE NAO COD DER “5”.
3.4 Não sabe, não lembra......................PERGUNTAR: Ele encontrou alguma coisa anormal quando o examinou, pediu exames
ou Rx?
NÃO.....................CODIFIQUE DER “5”.
SIM.......................PERGUNTE: Esses
períodos em que se sentia triste, vazio ou deprimido
resultaram sempre do uso de
medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NAO, PERGUNTE: Quando esses
períodos em que se sentia
triste, vazio ou deprimido
não foram devidos ao uso de remédios, drogas ou álcool, resultaram sempre de doença física ou
traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
17
E2 Em toda sua vida, alguma vez voteve duas semanas ou mais em que perdeu o interesse na
maioria das coisas como trabalho, hobbies, e outras coisas de que habitualmente gostava? SE
CODIFICAR DER “1” (NÃO) SALTAR P/E34; SE SIM PERGUNTAR:
DER: 1 3 4 5
# Você contou a um médico sobre os períodos em que perdeu o interesse na maioria das coisas? SE NÃO PERGUNTE 1; SE SIM
PERGUNTE 3
1. Alguma vez perder o interesse na maioria das coisas resultou de doença física ou traumatismo?
NÃO ...............SALTE PARA 2
SIM ................PERGUNTE: Esses
períodos de perda de interesse
resultaram sempre de doença física ou traumatismo? SE
SIM COD DER “4”; SE NÃO PERGUNTE: Quando essa perda de interesse na maioria das coisas não foi devida a doença física
ou traumatismo, resultou sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
2. Alguma vez perder o interesse na maioria das coisas resultou do uso de medicamentos, drogas ou álcool?
NÃO .............................CODIFIQUE DER “5”.
SIM ..............................PERGUNTE: Essa
perda de interesse na maioria das coisas
sempre resultou do uso de
medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
3. Quando contou ao médico qual foi o diagnóstico?___________________________________________
3.1 Doença mental................................CODIFIQUE DER “5”.
3.2 Doença orgânica/traumatismo......PERGUNTE: Perder o interesse na maioria das coisas resultou sempre de doença física
ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO, PERGUNTE: Quando a perda de interesse na maioria das coisas não foi
devida a doença física ou traumatismo, resultou sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “4”;
SE NAO COD DER “5”.
3.3 Drogas, álcool ou medicamentos.......PERGUNTE: A perda de interesse na maioria das coisas resultou sempre do uso de
medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO PERGUNTE: Quando perder o interesse na maioria das
coisas não foi devido ao uso de medicamentos, drogas ou álcool, resultou sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM
COD DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
3.4 Não sabe, não lembra......................PERGUNTAR: Ele encontrou alguma coisa anormal quando o examinou, pediu exames
ou Rx?
NÃO.....................CODIFIQUE DER “5”.
SIM.......................PERGUNTE: Perder o interesse na maioria das coisas
resultou
sempre do uso de medicamentos, drogas
ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO, PERGUNTE: Quando a perda de interesse na maioria das coisas não foi devida
ao uso de remédios, drogas ou álcool, resultou sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO
COD DER “5”
SE E1 E E2 CODIFICADOS “1” SALTE PARA E34.
I
ALGUMA
VEZ NA
VIDA
II
PIOR
PEODO
FALTA DE ENERGIA
O SIM NÃO SIM
E3 Durante um período de duas semanas ou mais no qual você (se sentia triste, vazio ou
deprimido/com perda do interesse nas coisas), [você se sentia cansado ou sem energia todo o
tempo, quase todos o dias, mesmo que não tivesse trabalhado muito?
1 5 1 5
MUDANÇA NO APETITE
O SIM O SIM
E4 E sobre outros problemas que você teve durante um período em que (se sentia deprimido/com
perda de interesse nas coisas/sentia-se cansado todo o tempo) por duas semanas ou mais. [Você
teve menos apetite que o habitual quase todos os dias?
1 5 1 5
E5 Durante um desses períodos [você perdeu peso sem querer, como 1 quilo por semana durante
rias semanas?
SE E5 CODIFICADA COM “1”, SALTE PARA E6
1 . 5 1 5
SE1”, P/O
PRÓX D “5”
NA COL. I
A. Quantos quilos você perdeu? KG
___/___
KG ___/___
E6 Durante um desses períodos [você tinha muito mais apetite que o normal quase todos dias por
duas semanas ou mais? COD “1” SE SOMENTE POR CAUSA DE CRESCIMENTO RAPIDO
OU GRAVIDEZ
1 5 1 5
E7 Durante um daqueles períodos [sua fome aumentou tanto que você ganhou peso, como 1 quilo
por semana por várias semanas?
CODIFIQUE “1” SE APENAS RECUPEROU PESO PERDIDO.
SE E7 CODIFICAR “1”, SALTE PARA E8.
1 5 1 5
SE1”, P/O
PRÓX D “5”
NA COL. I
A. Quantos quilos você ganhou? KG
___/___
KG ___/___
PROBLEMAS COM O SONO
O SIM NÃO SIM
E8 Quando você (estava se sentindo deprimido/tinha perdido interesse/tinha falta de energia), [você
teve problemas de sono quase todas as noites por duas semanas ou mais, tanto problemas para
pegar no sono, ou acordar no meio da noite, ou acordar muito cedo?
SE CODIFICADAR “1”, SALTE PARA E9.
1 5 1 5
18
O SIM O SIM
A. [Você acordava pelo menos duas horas antes do que queria todos os dias por pelo menos duas
semanas?
1 5 1 5
E9 Durante um período em que (se sentia deprimido/com perda do interesse/falta de energia) [você
estava dormindo muito quase todos os dias?
1 5 1 5
LENTIFICAÇAO/INQUIETUDE
O SIM NÃO SIM
E10 Durante um daqueles períodos [você falava ou se movimentava mais lentamente do que o
normal para você quase todos os dias por pelo menos duas semanas?
SE CODIFICADAR 1, SALTE PARA E11.
1 5 1 5
A. [Alguém mais notou que você estava falando ou se movimentando lentamente? 1 5 1 5
E11 Durante um daqueles períodos, [você tinha que ficar se movimentando todo tempo, isto é, não
conseguia permanecer sentado e andava de um lado para outro ou não conseguia manter suas
os quietas enquanto sentado?
SE CODIFICADAR “1”, SALTE P/E12
1 5 1 5
A. [Alguém mais notou que você estava se movimentando todo o tempo? 1 5 1 5
SEM VALOR/CULPADO
O SIM NÃO SIM
E12 Durante um daqueles períodos [você se sentia sem valor quase todos os dias]? 1 5 1 5
A. [Você se sentia culpado?
SE E12 E E12A CODIFICADAREM “1”, SALTE PARA E13.
1 5 1 5
B. [Havia alguma razão especial para se sentir (sem valor/culpado)?
COL. I APENAS: REGISTRE EXEMPLO:________________________________________
_____________________________________________________________________________
SE E12B CODIFICADO “1”, SALTE PARA E13.
COL. II APENAS: REGISTRE
EXEMPLO__________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
1 5 1 5
SE B “5”, COD
C; SE COD1”,
SALTE
P/PX CÓD
“5” NA COL I
C. ENTREVISTADO ESTAVA SE SENTINDO SEM VALOR/CULPADO APENAS POR
ESTAR FRÁGIL PELA DEPRESSÃO?
NÃO......5
SIM........1
NÃO...........5
SIM............1
FALTA DE CONFIANÇA
O SIM NÃO SIM
E13 Durante um daqueles períodos [você sentia que não era tão bom quanto as outras pessoas? 1 5 1 5
E14 [Você tinha tão pouca confiança em si próprio que nem tentaria dar sua opinião sobre qualquer
assunto]?
1 5 1 5
PROBLEMAS PARA PENSAR
E15 Durante um daqueles períodos [votinha muito mais dificuldade para se concentrar do que o
normal para você?
1 5 1 5
A. [Você estava incapaz de ler coisas que geralmente lhe interessam ou assistir televisão ou ver
filmes de que habitualmente gosta porque não conseguia prestar atenção neles?
1 5 1 5
E16 [Seus pensamentos vinham muito mais lentos do que o habitual ou pareciam confusos]? 1 5 1 5
E17 [Você estava incapaz de decidir sobre coisas que normalmente não teria problemas para decidir? 1 5 1 5
PENSAMENTOS DE MORTE
O SIM O SIM
E18 Durante um daqueles períodos [vopensava muito sobre morte? 1 5 1 5
E19 [Você se sentia tão por baixo que pensava muito em cometer suidio?
SE CODIFICADAR “1”, SALTE PARA E21.
1 5 1 5
A. [Você chegou a fazer um plano de como tentaria fazê-lo? 1 5 1 5
E20 [Você tentou suicídio? 1 5 1 5
E21 ADICIONE OS NÚMEROS “5” DE E1, E2, MAIS O NÚMERO DE BOXES COM PELO
MENOS UM “5”. O NÚMERO TOTAL É DE 4 OU MAIS? SE NÃO, SALTE PARA E34.
NÃO.............................1
SIM..............................5
E22 Durante um período de duas semanas no qual (se sentia deprimido/com perda de interesse/com
falta de energia) [você se sentia na maioria dos dias, particularmente mal ao acordar, e melhor
mais tarde?
1 5 1 5
E23 Durante um daqueles períodos [seu interesse por sexo estava muito menor do que o habitual? 1 5 1 5
E24 [Você perdeu a capacidade de sentir prazer quando coisas boas aconteciam com você, como
ganhar alguma coisa ou ser elogiado ou cumprimentado]?
1 5 1 5
SALTE P/ E34
19
E25 Durante qualquer período em que (se sentia triste, vazio ou deprimido/com perda de interesse),
você contou a um médico sobre os seus sentimentos ou sobre os problemas que estava tendo
como quando (LISTAR SINTOMAS CODIFICADOS COM “5” DE E3-E20)? SE NÃO
PERGUNTE 1 - SE SIM PERGUNTE 6.
DER: 2 3 4 5
1. Você falou a qualquer outro profissional sobre os períodos em que (sentia-se triste, vazio ou deprimido/com perda de interesse)?
SE SIM SALTE P/4 – SE NÃO PERGUNTE 2
2. Tomou remédios para os períodos em que (sentia-se triste, vazio ou deprimido/com perda de interesse) mais de uma vez? SE SIM
SALTE P/4 – SE NÃO PERGUNTE 3
3. Os períodos em que (sentia-se triste, vazio ou deprimido/com perda de interesse) interferiram muita na sua vida ou atividades? SE
SIM PERGUNTE 4 – SE NÃO CODIFIQUE DER “2”.
4. Alguma vez um período em que (sentia-se triste, vazio ou deprimido/com perda de interesse) resultou de doença física ou
traumatismo?
NÃO ............... SALTE PARA 2
SIM ................. PERGUNTE: Os períodos em que (sentia-se triste, vazio ou deprimido/com perda de interesse) resultaram
sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO PERGUNTE: Quando os períodos em que (sentia-se
triste, vazio ou deprimido/com perda de interesse) não foram devidos a doença física ou traumatismo, resultaram sempre do uso
de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
5. Alguma vez um período em que se (sentia triste, vazio ou deprimido/com perda de interesse) resultou do uso de medicamentos,
drogas ou álcool?
NÃO ............. CODIFIQUE DER “5”.
SIM ............... PERGUNTE: Os períodos em que (sentia-se triste, vazio ou deprimido/com perda de interesse) sempre resultaram
do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
6. Quando contou ao médico qual foi o diagnóstico?___________________________________________
6.1 Doença mental................................CODIFIQUE DER “5”.
6.2 Doença orgânica/traumatismo......PERGUNTE: Os períodos em que (sentia-se triste, vazio ou deprimido/com perda de
interesse) resultaram sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO, PERGUNTE: Quando os
períodos em que (sentia-se triste, vazio ou deprimido/com perda de interesse) não foram devidos a doença física ou
traumatismo, resultaram sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “4”; SE NAO COD DER
“5”.
6.3 Drogas, álcool ou medicamentos..PERGUNTE: Os períodos em que (sentia-se triste, vazio ou deprimido/com perda de
interess) resultaram sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO PERGUNTE:
Quando os períodos em que (sentia-se triste, vazio ou deprimido/com perda de interesse) não foram devidos ao uso de
medicamentos, drogas ou álcool, resultaram sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO
COD DER “5”.
6.4 Não sabe, não lembra...................PERGUNTAR: Ele encontrou alguma coisa anormal quando o examinou, pediu exames
ou Rx?
NÃO.....................CODIFIQUE DER “5”.
SIM.......................PERGUNTE: Os período em que (sentia-se triste, vazio ou deprimido/com perda de interesse) resultaram
sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO, PERGUNTE: Quando os períodos em
que (sentia-se triste, vazio ou deprimido/com perda de interesse) não foram devidos ao uso de remédios, drogas ou álcool,
resultaram sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
E26 Qual foi o período mais longo como este que você já teve?
SE TODA VIDA OU MAIS QUE 19 ANOS, CODIFIQUE 996. (ANOS X 52 = # SEMANAS;
MESES X 4=#SEMANAS.) SE 0 A 13 DIAS COD 001 E SALTE P/E34.
__/__/__ SEMANAS
A. Algum desses períodos de duas semanas ou mais interferiu seriamente com a sua habilidade para
tocar seu trabalho, cuidar da sua casa ou família, ou de cuidar de si próprio?
NÃO.............................1
SIM...............................5
E27 INÍC/ÚLT VEZ: Quando foi a (primeira/última) vez que você teve um período de duas semanas
ou mais em que (se sentia triste, vazio, ou deprimido/com perda de interesse/falta de energia) e
teve alguns desses problemas, como (SINTOMAS CODIFICADOS COM “5” EM E4-E20)?
INÍC: 1 2 3 4 5 6
IDADE INÍC: ___/___
ÚLT VEZ: 1 2 3 4 5 6
ID ÚLT VEZ: ___/___
E28 SE E26 FOR MENOR QUE 26, SALTE PARA E29.
SE A IDADE DE INÍCIO EM D69 ESTIVER EM BRANCO OU FOR MENOR QUE A
IDADE DE INÍCIO EM E27, SALTE PARA E29. SE DIFERENTE DISSO PERGUNTE: Você
disse antes que teve períodos longos em que estava ansioso e preocupado com várias coisas
diferentes. Esses períodos longos nos quais sentia-se ansioso e preocupado, ocorreram
inteiramente dentro de um desses períodos em que você se sentia deprimido/com perda do
interesse)?
NÃO.................................1
SIM...................................5
E29 Em toda sua vida, quantos períodos diferentes você teve que duraram duas semanas ou mais em
que (se sentiu deprimido/com perda do interesse nas coisas/falta de energia) e tinha algum dos
problemas sobre os quais conversamos? SE 96 EPISÓDIOS OU MAIS, CODIFIQUE 96.
SE CODIFICADAR 01, SALTE PARA E30.
__/__
#EPISÓDIOS
A. Entre (qualquer um desses) (esses) períodos de (sentir-se deprimido/não ter interesse nas
coisas/falta de energia), você se sentia bem por alguns meses?
NÃO....
..(SALTE P/E30)
...1
BEM NO INTERVALO.......5
B. Entre seus períodos de depressão, você era capaz de trabalhar ou de ter prazer em estar com
outras pessoas, como era antes de adoecer?
NÃO
...(SALTE P/E30)
.......1
SIM...................................5
20
C. A época em que você se sentia bem e tinha prazer em estar com outras pessoas durou pelo menos
dois meses?
NÃO
...(SALTE P/E30)
.......1
SIM...................................5
D. Quantos períodos (crises) separados de (sesentir deprimido/não ter interesse nas coisas/falta de
energia) você teve, se contar somente períodos com pelo menos dois meses de intervalo em que
se sentia bem?
___/___
#EPISÓDIOS COM 2
MESES DE INTERVALO
SE E29D CODIFICADO “1”, SALTE PARA E30
E. Que idade você tinha quando o primeiro epidio deste tipo terminou? Refiro-me aos episódios
nos quais você (se sentia deprimido/não tinha interesse nas coisas/tinha falta de energia) e com
intervalos de pelo menos dois meses entre eles.
___/___
IDADE NO FINAL
DO PRIMEIRO
EPISÓDIO
E30 (Esse período/Qualquer um desses períodos) de (depressão/perda de interesse) ocorreu logo após
a morte de alguém muito próximo a você?
SE ESPONTANEAMENTE REFERE QUE COMEÇOU 2 MESES OU MAIS APÓS MORTE,
MARQUE “1” E SALTE PARA C.
NÃO
...(SALTE P/C)
..........1
SIM...................................5
A. Você teve períodos de (sentir-se deprimido/com perda de interesse) junto com estes outros
problemas (LISTE 3 SINTOMAS CODIFICADOS “5” DE E3-E20) em períodos que não foram
logo após a morte de alguém próximo a você?
O, SOMENTE APÓS
MORTE..(SALTE P/E31).....1
SIM, OUTRAS VEZES........5
B. SE FICOU DEPRIMIDO NO ÚLTIMO ANO (E27 ÚLT VEZ = 1-5), PERGUNTE: E sobre
o(s) período(s) que você teve no último ano? Ele(s) foi(foram) logo depois da morte de alguém
próximo a você?
SIM, SOMENTE APÓS
MORTE............................1
NÃO, NÃO SOMENTE
APÓS MORTE................5
C. SE DO SEXO MASCULINO OU SEM FILHOS (A5=00), SALTE P/ E31. (Esse/Algum
desses) período(s) começou(começaram) não mais que um mês após um parto?
NÃO.................................1
SIM...................................5
E31 ENTREVISTADO TEVE 2 OU MAIS EPISÓDIOS DE DEPRESSÃO EM PERÍODOS
SEPARADOS (E29D CODIFICADO 2 OU MAIS)?
NÃO
...(SALTE P/E34
).......1
SIM...................................5
E32 Agora eu gostaria de saber sobre a época em que você se sentia (deprimido/com perda de
interesse/com falta de energia) por pelo menos duas semanas e tinha o, ao mesmo tempo, maior
número dos outros problemas sobre os quais conversamos. Quantos anos você tinha naquela
época?(SE NÃO CONSEGUIR ESCOLHER: Escolha um período ruim de duas semanas).
___/___
IDADE
E33 Estarei perguntando sobre os problemas que você teve durante as duas semanas quando você
tinha ___ anos de idade e teve o maior número destes problemas ao mesmo tempo.
NÃO SIM
Naquela época, voestava se sentindo triste ou deprimido? 1 5
A. Você perdeu o interesse em quase tudo? 1 5
RETORNE PARA E3, COL. II. LEIA CADA QUESTÃO CODIFICADA COM “5” NA COL. I, COMEÇANDO A LER A
PERGUNTA A PARTIR DO “ [- CODIFIQUE NA COL. II.
21
E34 Alguma vez na vida você teve dois anos ou mais em que se sentiu deprimido ou triste na maior
parte dos dias, mesmo que algumas vezes se sentisse bem?
NÃO...(SALTE P/J1)......1
SIM...................................5
A. Algum período como esse durou dois anos, sem interrupção de dois meses inteiros nos quais
você se sentia bem? SE NÃO, COD DER “1” E SALTE P/J1. SE SIM PERGUNTE:
DER: 1 2 3 4 5
Durante um período de dois anos ou mais de sentir-se deprimido ou triste, você contou a um médico sobre esses
sentimentos? SE NÃO SALTE P/1; SE SIM SALTE P/6.
1. Você falou para qualquer outro profissional sobre um
período de dois anos ou mais de sentir-se deprimido ou triste
? SE SIM
SALTE P/4; SE NÃO PERGUNTE 2
2. Você tomou remédios mais de uma vez por
sentir-se deprimido ou triste durante este periodo de dois anos
? SE SIM SALTE
P/4; SE NÃO PERGUNTE 3
3. Sentir-se deprimido ou triste durante um período de dois anos ou mais interferiu muita na sua vida ou atividades? SE SIM SALTE
P/4; SE NÃO COD DER “2”.
4. Alguma vez um
período de dois anos ou mais de sentir-se deprimido ou triste
resultou de doença física ou traumatismo?
NÃO ................SALTE PARA 5
SIM .................PERGUNTE: Sentir-se deprimido ou triste durante um periodo de dois anos ou mais resultou sempre de doença
física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO PERGUNTE: Quando um
período de dois anos ou mais de sentir-
se deprimido ou triste
não foi devido a doença física ou traumatismo resultou sempre do uso de medicamentos, drogas ou
álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NAO COD DER “5”.
5. Alguma vez um
período de dois anos ou mais de sentir-se deprimido ou triste
resultou do uso de medicamentos, drogas ou
álcool?
NÃO .............................CODIFIQUE DER “5”.
SIM ..............................PERGUNTE: O
período de dois anos ou mais de sentir-se deprimido ou triste
sempre resultou do
uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
6. Quando contou ao médico qual foi o diagnóstico?___________________________________________
6.1 Doença mental................................CODIFIQUE DER “5”.
6.2 Doença orgânica/traumatismo......PERGUNTE: O
período de dois anos ou mais de sentir-se deprimido ou triste
resultou sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO, PERGUNTE: Quando um
período de
dois anos ou mais de sentir-se deprimido ou triste
não foi devido a doença física ou traumatismo, resultou sempre do
uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO COD DER “5”.
6.3 Drogas, álcool ou medicamentos.......PERGUNTE: Um
período de dois anos ou mais de sentir-se deprimido ou triste
resultou sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO PERGUNTE: Quando um
período de dois anos ou mais de sentir-se deprimido ou triste
não foi devido ao uso de medicamentos, drogas ou
álcool, resultou sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
6.4 Não sabe, não lembra......................PERGUNTAR: Ele encontrou alguma coisa anormal quando
o examinou, pediu exames ou Rx?
NÃO....................CODIFIQUE DER “5”.
SIM.......................PERGUNTE: O
período de dois anos ou mais de sentir-se deprimido ou triste
resultou sempre do
uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO, PERGUNTE: Quando um
período de dois
anos ou mais de sentir-se deprimido ou triste
não foi devido ao uso de remédios, drogas ou álcool, resultou sempre de
doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NAO COD DER “5”
.
O SIM
E35 Durante esse período no qual se sentia deprimido, você tinha problemas de sono, como
dificuldades para iniciar o sono, acordar no meio da noite ou acordar cedo demais?
1 5
E36 Durante um período em que você esteve deprimido por dois anos ou mais, você freqüentemente
dormia demais?
1 5
E37 Durante um período de dois anos ou mais em que você esteve deprimido você com freqüência
tinha muito pouco apetite?
1 5
E38 Durante os dois anos em que você esteve deprimido, você freqüentemente comia muito mais do
que o normal para você?
1 5
E39 Você se sentia com falta de energia ou cansado na maior parte do tempo, mesmo quando não
tinha trabalhado muito?
1 5
E40 Durante um período de dois anos de depressão, você freqüentemente sentia que você não era tão
bom quanto as outras pessoas?
1 5
E41 Você tinha tão pouca confiança em si próprio que nem tentaria dar sua opinião sobre qualquer
coisa?
1 5
E42 Durante um período de dois anos em que esteve deprimido, você teve muito mais dificuldade
para se concentrar do que é o normal para você?
1 5
E43 Durante um período de dois anos em que esteve deprimido, você teve dificuldades para decidir
sobre coisas que normalmenteo teria problemas para decidir?
1 5
E44 Durante um período de dois anos em que você esteve deprimido, você freqüentemente chorava? 1 5
E45 Durante um período de dois anos em que você esteve deprimido, você freqüentemente se sentia
sem esperanças, achando que não havia como melhorar as coisas?
1 5
E46 Durante qualquer período de dois anos em que você esteve deprimido, você freqüentemente
sentia que não conseguia lidar com seu cotidiano e com suas responsabilidades?
1 5
22
NÃO SIM
E47 Durante um período de dois anos em que você esteve deprimido, você sentia que sua vida
sempre tinha sido ruim e que não iria ficar melhor?
1 5
E48 Durante um longo período em que esteve deprimido, você achava queo queria mais passar
seu tempo com amigos ou parentes?
1 5
E49 Durante um longo período em que esteve deprimido, você estava menos falante que o normal
para você?
1 5
E50 Durante um período de dois anos em que esteve deprimido, você perdeu interesse na maioria das
coisas como trabalho e hobbies ou coisas que normalmente gostava de fazer para se divertir?
1 5
E51 Durante um período de dois anos em que esteve deprimido, o seu interesse por sexo estava muito
menor que o habitual?
1 5
SE NENHUM “5” CODIFICADO EM E35-E51, CODIFIQUE “1” EM E52 E SALTE PARA J1.
E52 Alguma vez conversou com um médico sobre os problemas que estava tendo durante este
período de depressão – problemas como (SINTOMAS CODIFICADOS COM “5” EM E35-
E51)? SE NÃO SALTE P/1; SE SIM SALTE P/6.
DER: 2 3 4 5
1. Você falou a qualquer outro profissional sobre os problemas que estava tendo durante este período de depressão? SE SIM SALTE
P/4; SE NÃO PERGUNTE 2.
2. Você tomou remédios para os problemas que estava tendo durante este período de depressão mais de uma vez? SE SIM SALTE
P/4; SE NÃO PERGUNTE 3.
3. Os problemas que estava tendo durante este período de depressão interferiram muita na sua vida ou atividades? SE SIM SALTE
P/4; SE NÃO CODIFIQUE DER “2”.
4. Alguma vez os problemas que estava tendo durante esse período de depressão resultaram de doença física ou traumatismo?
NÃO ..................SALTE PARA 2.
SIM .................... PERGUNTE: Os problemas que estava tendo durante este período de depressão resultaram sempre de doença
física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO PERGUNTE: Quando os problemas que estava tendo durante esse
período de depressão não foram devidos a doença física ou traumatismo, resultaram sempre do uso de medicamentos, drogas ou
álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
5. Alguma vez os problemas que estava tendo durante este período de depressão resultaram do uso de medicamentos, drogas ou
álcool?
NÃO ................... CODIFIQUE DER “5”.
SIM ..................... PERGUNTE: Os problemas que estava tendo durante este período de depressão sempre resultaram do uso de
medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3” ; SE NÃO COD DER “5”.
6. Quando contou ao médico qual foi o diagnóstico?___________________________________________
6.1 Doença mental................................CODIFIQUE DER “5”.
6.2 Doença orgânica/traumatismo......PERGUNTE: Os problemas que estava tendo durante este período de depressão
resultaram sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NAO, PERGUNTE: Quando os
problemas que estava tendo durante este período de depressão não foram devidos a doença física ou traumatismo,
resultaram sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO COD DER “5”.
6.3 Drogas, álcool ou medicações.......PERGUNTE: Os problemas que estava tendo durante esse período de depressão
resultaram sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO PERGUNTE: Quando os
problemas que estava tendo durante este período de depressão não foram devidos ao uso de medicamentos, drogas ou
álcool, resultaram sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
6.4 Não sabe, não lembra......................PERGUNTAR: Ele encontrou alguma coisa anormal quando o examinou, pediu
exames ou Rx?
NÃO....................CODIFIQUE DER “5”.
SIM.......................PERGUNTE: Os problemas que estava tendo durante este período de depressão resultaram sempre do
uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO, PERGUNTE: Quando os problemas que estava
tendo durante este período de depressão não foram devidos ao uso de remédios, drogas ou álcool, resultaram sempre de
doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”
.
E53 INIC: Que idade tinha quando iniciou seu primeiro período de dois anos ou mais em que se
sentia triste e teve algum desses outros problemas como (SINTOMAS CODIFICADOS
“5” EM E35-E51 E NÃO ATRIBUIDO SOMENTE A DOENÇA FÍSICA OU
MEDICAÇÃO, DROGAS OU ÁLCOOL)?
ÚLT VEZ: Quando seu último período como este terminou?
IDADE INÍC: ___/___
ÚLT VEZ: 1 2 3 4 5 6
ID ÚLT VEZ: ___/___
E54 SE EM D69 IDADE INÍCIO ESTIVER EM BRANCO OU FOR MENOR QUE A IDADE
DE INÍCIO EM E53, SALTE P/J1.
Você disse anteriormente que teve um longo período em que se sentia ansioso e preocupado
sobre diversas coisas diferentes. Este período inteiro de sentir-se ansioso e preocupado ocorreu
dentro de um desses longos períodos nos quais você se sentia deprimido na maior parte do
tempo?
NÃO…........…………1
SIM…....…....……….5
J1 APRESENTE O CARTÃO 4 PARA O ENTREVISTADO. Agora eu vou fazer algumas
perguntas sobre o uso de bebidas alcoólicas por você como cerveja, vinho ou cachaça. Em toda
sua vida, você tomou pelo menos 12 doses de qualquer dessas bebidas? Por favor, conte as doses
como mostra este cartão.
NÃO.................................1
SIM
..(SALTE P/J2)
...........5
23
A. Então vocêo bebeu no mínimo 12 doses, mesmo contando com ocasiões especiais ou
feriados?
NUNCA TOMOU MAIS
DE 12 DOSES
...(SALTE
P/L1)
..................................1
TOMOU MAIS DE 12
DOSES.............................5
J2 Nos últimos 12 meses, tomou pelo menos 12 doses de qualquer tipo de bebida alcoólica? NÃO.................................1
SIM
...(SALTE P/J3)..
..........5
A. E no passado, em um período qualquer de 1 ano de toda sua vida, você tomou no mínimo 12
doses de qualquer bebida alcoólica?
NÃO
....(SALTE P/L1)
........1
SIM
.....(SALTE P/ J5A).
.....5
J3 Nos últimos 12 meses, você tomou no mínimo uma dose.... (CODIFIQUE O PRIMEIRO SIM)
Quase todos dias?..................1
3 ou 4 dias por semana?........2
1 ou 2 dias por semana?........3
1 a 3 dias por mês?...............4
menos de 1 vez pors?......5
J4 Nos últimos 12 meses, nos dias em que bebia mais, quantas doses tomava usualmente em um
dia? REGISTRE RESPOSTA E COD QUANTIDADE BEBIDAS USANDO CARTÃO 4____
____________________________________________________________________________
___/___
QUANTIDADE DE DOSES
EM 24 HORAS
J5 Agora pensando em toda sua vida, alguma vez houve um período no qual você bebeu mais do
que nos 12 meses passados?
O...(SALTE P/C)...........1
SIM......................................5
A. Focalizando no período em que vobebia mais, com que freqüência bebia? Era...(CODIFIQUE
O PRIMEIRO SIM)
Quase todos dias?..................1
3 ou 4 dias por semana?........2
1 ou 2 dias por semana?........3
1 ou 3 dias por s?.............4
menos de 1 vez pors?......5
B. Durante o ano no qual estava bebendo mais, mais ou menos quantos doses você tomava em um
dia? REGISTRE RESPOSTA E CODIFIQUE DOSES USANDO CARTÃO 4 ______________
_____________________________________________________________________________
___/___
QUANTIDADE DE DOSES
EM 24 HORAS
C. Quando que você começou a beber (FREQÜÊNCIA E QUANTIDADE EM A E B, SE EM
BRANCO, USE J3 E J4)?
INÍC: 1 2 3 4 5 6
IDADE INÍC: ___/___
D. Quando você bebeu pela última vez (FREQÜÊNCIA E QUANTIDADE EM A E B, SE EM
BRANCO, USE J3 E J4)?
ÚLT VEZ: 1 2 3 4 5 6
ID ÚLT VEZ: ___/___
J6 Alguma vez houve um período em sua vida em que estar embriagado ou de ressaca
freqüentemente interferiu nas suas atividades na escola, trabalho ou em casa?
NÃO.................................1
SIM...................................5
J7 Alguma vez houve um período na sua vida em que você freqüentemente entrava em brigas
enquanto bebia?
NÃO.................................1
SIM...................................5
A. O seu modo de beber freqüentemente causava problemas entre você e os membros da sua família
ou amigos?
SE J7 E J7A AMBOS CODIFICADOS COM “1”, SALTE PARA J8.
NÃO.................................1
SIM...................................5
B. Você continuou bebendo após saber que isto estava lhe causando problemas no relacionamento
com outras pessoas ?
NÃO.................................1
SIM...................................5
J8 Alguma vez você foi preso por perturbar a paz ou por dirigir enquanto estava sob a influência do
álcool?
NÃO.................................1
SIM...................................5
J9 Houve um período em sua vida em que você com freqüência estava sob influência do álcool em
situações nas quais poderia se ferir, por exemplo andando de bicicleta, dirigindo, operando uma
quina, ou qualquer outra coisa?
NÃO.................................1
SIM...................................5
SE NENHUM “5” CODIFICADO EM J6-J9, SALTE PARA J11.
J10 INÍC/ÚLT VEZ: Quando foi a (primeira/última) vez (SINTOMAS CODIFICADOS “5” EM J6-
J9)?
INÍC: 1 2 3 4 5 6
IDADE INÍC: ___/___
ÚLT VEZ: 1 2 3 4 5 6
ID ÚLT VEZ: ___/___
J11 Alguma vez você teve que beber muito mais do que estava acostumado para conseguir ter o
efeito que queria?
NÃO ................................1
SIM
...(SALTE P/J12
).......5*
A. Alguma vez achou que beber a mesma quantidade de álcool tinha menos efeito do que antes? NÃO.................................1
SIM.................................5*
J12 Alguma vez na sua vida você sentiu um desejo tão forte
ou uma necessidade tão grande de beber
que você não conseguiu ficar sem beber?
NÃO.................................1
SIM...
(SALTE P/J13)........
5*
24
A. Alguma vez você sentiu tanta vontade de beber que não podia pensar em outra coisa? NÃO.................................1
SIM.................................5*
J13 Alguma vez houve um período na sua vida no qual você bebeu mais do que desejava? NÃO.................................1
SIM
..(SALTE P/J14).........
5*
A. Alguma vez houve um período no qual você com freqüência se manteve bebendo por muito mais
tempo do que desejava?
NÃO.................................1
SIM.................................5*
J14 Houve algum período na sua vida no qual você quis parar ou diminuir o uso de bebida? NÃO.................................1
SIM.................................5*
A. Alguma vez tentou parar ou diminuir o uso de bebida mas não conseguiu?
NÃO.................................1
SIM.................................5*
J15 Houve um período na sua vida em que gastou muito tempo consumindo bebidas alcoólicas ou se
recuperando de seus efeitos?
NÃO.................................1
SIM.................................5*
J16 O hábito de beber alguma vez o fez abandonar ou reduzir atividades muito importantes, como
participar em atividades esportivas, ir à escola ou trabalho, ou encontrar-se com amigos ou
parentes?
NÃO.................................1
SIM.................................5*
J17 Vou lhe fazer perguntas sobre alguns problemas que você pode ter tido nos primeiros dias após
ter parado ou diminuído o consumo de bebida. SE NUNCA PAROU OU DIMINUIU,
CODIFIQUE J17.1 = “6” E SALTE PARA B. OUTROS LEIA E CODIFIQUE ITENS 1-11
NÃO SIM NUNCA
PAROU
1. Por exemplo, nos primeiros dias, você teve tremores (mãos trêmulas)? 1 5 6
2. Teve mais problema para dormir do que o usual? 1 5
3. Você estava mais nervoso que o usual? 1 5
4. Sentiu-se mais inquieto que o usual? 1 5
5. Você suou? 1 5
6. Sentiu seu coração batendo rápido? 1 5
7. Você teve náuseas ou vômitos? 1 5
8. Você teve dor de cabeça? 1 5
9. Você se sentiu fraco? 1 5
10. Você viu, escutou, ou sentiu coisas que outros não viam, escutavam ou sentiam? 1 5
11. Você teve um ataque epiléptico? 1 5
A. EXISTEM 2 OU MAIS "5" CODIFICADOS DE 1- 11?
SINTOMA = parar ou diminuir causou problemas
NÃO ................................1
SIM
...(SALTE P/J18)........
5*
B. Alguma vez você bebeu para evitar ter esses problemas (ou bebia para fazer com que eles
desapareceram)
NÃO ................................1
SIM.................................5*
J18 Na sua vida inteira, beber alguma vez lhe causou algum dos problemas médicos como: NÃO SIM
1. doença do fígado ou hepatite? 1 5
2. doença do estômago ou vômito de sangue? 1 5
3. formigamento ou adormecimento nos pés? 1 5
4. problemas de memória mesmo quando o estava bebendo? 1 5
5. pancreatite? 1 5
6. alguma outra doença? Qual?______________ 1 5
SE ALGUM "5" FOR CODIFICADO EM 1-6, PERGUNTE A. OUTROS SALTE P/J19.
A. Você continuou a beber após saber que a bebida estava lhe causando um problema de saúde? 1 5*
J19 Você continuou a beber quando soube que tinha alguma (outra) doença física grave que piorava
com a bebida?
1 5*
J20 O álcool alguma vez lhe causou algum dos problemas emocionais ou psicológicos como: NÃO SIM
1. sentir-se desinteressado das suas atividades usuais? 1 5
2. sentir-se deprimido? 1 5
3. suspeitar ou desconfiar dos outros? 1 5
4. ter pensamentos estranhos? 1 5
SE ALGUM “5” CODIFICADO DE 1-4, PERGUNTE A; OUTROS SALTE PARA B.
A. Você continuou a beber mesmo sabendo que a bebida estava lhe causando problemas
emocionais ou psicológicos?
NÃO.................................1
SIM.................................5*
B. EXISTEM 3 OU MAIS “5*” EM J11-J20?
NÃO
...(SALTE P/J23) ........
1
SIM...................................5
J21 Você disse que (LISTE OS ÍTENS CODIFICADOS “5” EM J11-J20). Houve algum período da
sua vida em que voteve 3 ou mais desses problemas no mesmo ano?
NÃO
..(SALTE P/J23)..........
1
SIM...................................5
J22 INÍC/ÚLT VEZ: Quando foi a (primeira/ultima) vez que você teve 3 ou mais desses problemas
decorrentes do álcool em um mesmo ano?
INÍC: 1 2 3 4 5 6
IDADE INÍC: ___/___
ÚLT VEZ: 1 2 3 4 5 6
ID ÚLT VEZ: ___/___
25
J23 SE NENHUM “5*” CODIFICADO EM J11-J20, SALTE PARA L1
INÍC/ÚLT VEZ: Quando foi a (primeira/ultima) vez que você teve qualquer um dos problemas
mencionados?
INÍC: 1 2 3 4 5 6
IDADE INÍC: ___/___
ÚLT VEZ: 1 2 3 4 5 6
ID ÚLT VEZ: ___/___
L1 Você tomou algum desses medicamentos no último ano? APRESENTE O CARTÃO 5 AO
ENTREVISTADO. ANOTAR RESPOSTA NO QUADRO 1
a) Quais?
b) Quem prescreveu? APRESENTE CARTÃO 6
c) Onde conseguiu o medicamento? APRESENTE CARTÃO 7
d) Usou algum medicamento no último mês?
NÃO
........(SALTE P/L2)
.....1
SIM...................................5
L2 Você fez uso de alguma das drogas listadas no cartão por mais de cinco vezes no último ano?
APRESENTE CARTÃO 8 AO ENTREVISTADO. ANOTAR RESPOSTA NO QUADRO 2.
a) Quais?
b) Usou alguma droga no último mês?
NÃO
........(SALTE P/K1).....
1
SIM...................................5
QUADRO 1
A. MEDICAMENTOS B. QUEM PRESCREVEU C. ORIGEM D. USO ULTIMO MÊS
NÃO SIM
1. 1 5
2. 1 5
3. 1 5
4. 1 5
5. 1 5
6. 1 5
7. 1 5
8. 1 5
9. 1 5
10. 1 5
QUADRO 2
A. DROGAS B. USO ULTIMO MÊS NÃO SIM
1. 1 5
2. 1 5
3. 1 5
4. 1 5
5. 1 5
6. 1 5
7. 1 5
8. 1 5
9. 1 5
10. 1 5
K1 Agora eu gostaria de perguntar se alguma vez você se sentiu incomodado por ter certos
pensamentos desagradáveis que permaneciam vindo à sua mente contra a sua vontade. Um
exemplo seria a idéia persistente de que suas mãos estavam sujas ou de que elas tinham germes.
Você já teve algum tipo de pensamento desagradável como esses?
NÃO................................1
SIM.................................5
A Um outro exemplo de pensamento desagradável seria a idéia persistente de que poderia ferir
alguém, apesar de você realmenteo querer; ou pensamentos que o envergonhassem, mas que
o saem de sua mente. Você já teve algum pensamento desagradável e persistente como esses?
NÃO................................1
SIM.................................5
B. K1 OU K1A CODIFICARAM “5”? NÃO
..(SALTE P/K9)........
1
SIM.................................5
26
K2 Você teve esses pensamentos apenas por um curto período de tempo ou eles ficaram
incomodando por um período de no mínimo 2 semanas?
MENOS QUE 2 SEMANAS
...(SALTE P/ K9)...................1
2 SEMANAS OU MAIS.......5
K3 Pode me dar exemplos do tipo de pensamento que o incomodavam?
EX:___________________________________
TODOS OS EXEMPLOS EXCLUSIVAMENTE DESCREVEM:
NÃO SIM
1) SENTIMENTOS DE CULPA 1 5
2) PREOCUPAÇÃO COM AS FORMAS DO CORPO, COM PESO, OU COMER? 1 5
3) PREOCUPAÇÕES COM OBTER, UTILIZAR OU LIVRAR-SE DE DROGAS OU
OUTRAS SUBSTÂNCIAS?
1 5
4) PREOCUPAÇÃO POR ESTAR ARRANCANDO CABELOS? 1 5
5) PREOCUPAÇÃO COM DOENÇA SEVERA? 1 5
6) ALGUMA COMBINAÇÃO DE 1-5?
SE ALGUM “5” FOI CODIFICADO SALTE PARA K9.
1 5
K4 Acha que qualquer desses pensamentos era irracional ou sem sentido? 1 5
A. Você tinha esses pensamentos mais freqüentemente que deveria ter? 1 5
B. Quando você pensava sobre essas coisas, você gostava? 1 5
K5 Esses pensamentos continuavam voltando muitas vezes à sua mente mesmo que fizesse muita
força para resistir, ignorar ou se livrar deles? SE NÃO CODIFIQUE 1 E SALTE P/ K9; SE SIM
PERGUNTE:
DER: 1 3 4 5
# Você contou a umdico sobre esses pensamentos? SEO PERGUNTE 1; SE SIM PERGUNTE 3.
1. Alguma vez estes pensamentos resultaram de doença física ou traumatismo?
NÃO .............................SALTE PARA 2
SIM ..............................PERGUNTE: Esses pensamentos resultaram sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD
DER “4”; SE NÃO PERGUNTE: Quando esses pensamentos não foram devidos a doença física ou traumatismo, resultaram
sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
2. Alguma vez esses pensamentos resultaram do uso de medicamentos, drogas ou álcool?
NÃO .............................CODIFIQUE DER “5”.
SIM ..............................PERGUNTE: Esses pensamentos sempre resultaram do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM
COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
3. Quando contou ao médico qual foi o diagnóstico?___________________________________________
3.1 Doença mental................................CODIFIQUE DER “5”.
3.2 Doença orgânica/traumatismo......PERGUNTE: Esses pensamentos resultaram sempre de doença física ou traumatismo? SE
SIM COD DER “4”; SE NAO, PERGUNTE: Quando estes pensamentos não foram devido doença física ou traumatismo,
resultaram sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “4”; SE NAO COD DER “5”.
3.3 Drogas, álcool ou medicamentos.......PERGUNTE: Estes pensamentos resultaram sempre do uso de medicamentos, drogas
ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NAO PERGUNTE: Quando estes pensamentos não foram devido ao uso de
medicamentos, drogas ou álcool, resultaram sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO
COD DER “5”.
3.4 Não sabe, não lembra......................PERGUNTAR: Ele encontrou alguma coisa anormal quando o examinou, pediu exames
ou Rx?
NÃO.....................CODIFIQUE DER “5”.
SIM.......................PERGUNTE: Esses pensamentos resultaram sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM
COD DER “3”; SE NÃO, PERGUNTE: Quando estes pensamentos não foram devido ao uso de remédios, drogas ou álcool,
resultaram sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NAO COD “DER 5”.
K6 Esses pensamentos o incomodaram freqüentemente por mais de uma hora a cada vez? NÃO................................1
SIM.................................5
K7 Ficar pensando nessas idéias interferiu com sua vida, ou trabalho, ou lhe causou dificuldades
com a sua família ou amigos, ou o deixou muito incomodado?
NÃO................................1
SIM.................................5
K8 INÍC/ÚLT VEZ: Quando foi (primeira/ultima) vez que você se sentiu incapaz de tirar de sua
mente um pensamento desagradável deste tipo?
INÍC: 1 2 3 4 5 6
IDADE INÍC: ___/___
ÚLT VEZ: 1 2 3 4 5 6
ID ÚLT VEZ: ___/___
K9 Algumas pessoas tem a sensação desagradável de ter que fazer repetidamente as mesmas coisas,
mesmo sabendo que isto é realmente uma bobagem, maso conseguem resistir em fazê-las -
coisas como lavar as mãos repetidamente ou voltar muitas vezes para se certificarem de que
trancaram a porta ou de que fecharam o gás do fogão. Você já teve que fazer repetidamente
alguma coisa assim? SE CODIF “5”, PERGUNTE
EXEMPLO:___________________________________________________________________
NÃO................................1
SIM.................................5
27
K10 Alguma vez teve um período em que tinha que fazer alguma coisa numa certa ordem, como por
exemplo, vestir-se numa certa ordem, e caso você se enganasse, tinha que repetir tudo desde o
começo? SE CODIF “5”, PERGUNTE EXEMPLO:__________________________________
NÃO................................1
SIM.................................5
K11 Alguma vez houve um período de rias semanas em que você tinha que contar alguma coisa,
como por exemplo, os quadrados de calçadas, e não conseguia deixar de contar mesmo que
tentasse? SE CODIF “5”, PERGUNTE EXEMPLO:__________________________________
NÃO................................1
SIM.................................5
K12 Alguma vez houve um período em que voteve que dizer certas palavras repetidas vezes em
voz alta ou para si mesmo? SE CODIF “5”, PERGUNTE EXEMPLO:____________________
NÃO................................1
SIM.................................5
SE K9-K12 TODOS CODIFICADOS “1”, SALTE PARA K22."
K13 Você mencionou que você teve (SINTOMAS CODIFICADOS “5” DE K9-K12). Acha que
fazer estas coisas era desnecessário ou que você as fez exageradamente?
NÃO................................1
SIM.................................5
K14 Você se esforçava para não fazer estas coisas, mas fazia de qualquer jeito?
CONSEGUIA CONTROLAR.....1
O TENTAVA, LOGO NS......3
SIM ..............................................5
NÃO SIM
K15 Você se sentia muito desconfortável se não fizesse aquelas coisas?
1 5
A. Você sentia que alguma coisa ruim poderia acontecer se não as fizesse?
1 5
K16 Quando você fazia essas coisas, você gostava de fazê-las?
1 5
K17 Você contou ao médico a respeito de (SINTOMAS CODIFICADOS “5” DE K9-K12)? SE
NÃO PERGUNTE 1; SE SIM PERGUNTE 3.
DER: 3 4 5
1. Alguma vez esses problemas como (SINTOMAS COD “5” DE K9-K12) resultaram de doença física ou traumatismo?
NÃO ................... SALTE PARA 2.
SIM .................... PERGUNTE: Os problemas como (SINTOMAS COD “5” DE K9-K12) resultaram sempre de doença física
ou traumatismo? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO PERGUNTE: Quando os problemas como (SINTOMAS COD “5” DE K9-
K12) não foram devidos a doença física ou traumatismo resultaram sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM
COD DER “3”; SE NÃO COD “DER 5”.
2. Alguma vez os problemas como (SINTOMAS COD “5” DE K9-K12) resultaram do uso de medicamentos, drogas ou álcool?
NÃO ................... CODIFIQUE DER “5”.
SIM ..................... PERGUNTE: Os problemas como (SINTOMAS COD “5” DE K9-K12) sempre resultaram do uso de
medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
3. Quando contou ao médico qual foi o diagnóstico?___________________________________________
3.1 Doença mental................................CODIFIQUE DER “5”.
3.2 Doença orgânica/traumatismo......PERGUNTE: Os problemas como (SINTOMAS COD “5” DE K9-K12) resultaram
sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “4” - SE NÃO, PERGUNTE: Quando os problemas como
(SINTOMAS COD “5” DE K9-K12) não foram devidos a doença física ou traumatismo, resultaram sempre do uso de
medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “4”; SE NÃO COD DER “5”.
3.3 Drogas, álcool ou medicamos.......PERGUNTE: Os problemas como (SINTOMAS COD “5” DE K9-K12) resultaram
sempre do uso de medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO PERGUNTE: Quando os problemas
como (SINTOMAS COD “5” DE K9-K12) não foram devidos ao uso de medicamentos, drogas ou álcool, resultaram
sempre de doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”.
3.4 Não sabe, não lembra......................PERGUNTAR: Ele encontrou alguma coisa anormal quando o examinou, pediu
exames ou Rx?
NÃO....................CODIFIQUE DER “5”.
SIM.......................PERGUNTE: Os problemas como (SINTOMAS COD “5” DE K9-K12) resultaram sempre do uso de
medicamentos, drogas ou álcool? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO, PERGUNTE: Quando os problemas como
(SINTOMAS COD “5” DE K9-K12) não foram devidos ao uso de medicamentos, drogas ou álcool, resultaram sempre de
doença física ou traumatismo? SE SIM COD DER “3”; SE NÃO COD DER “5”
.
K18 INÍC/ÚLT VEZ: Quando foi a (primeira/última) vez que você teve (essas idéias/que fazer essas
coisas)?
INÍC: 1 2 3 4 5 6
IDADE INÍC: ___/___
ÚLT VEZ: 1 2 3 4 5 6
ID ÚLT VEZ: ___/___
K19 Ter que (SINTOMAS CODIFICADOS “5” DE K9-K12) alguma vez interferiu em sua vida ou
trabalho, ou causou problemas com seus parentes ou amigos, ou o deixou muito incomodado?
NÃO................................1
SIM.................................5
K20 Você tinha que fazer qualquer uma daquelas coisas na maioria dos dias por um período de duas
semanas no mínimo?
NÃO................................1
SIM.................................5
K21 Você com freqüência gastava mais de uma hora por dia fazendo essas coisas? NÃO................................1
SIM.................................5
28
K22 Agora eu gostaria de lhe perguntar sobre situações extremamente estressantes ou eventos muito tristes que algumas vezes
ocorrem as pessoas. APRESENTE O CARTÃO 9 P/O ENTREVISTADO. Alguns desses eventos estão listados neste cartão.
PERGUNTE K22.1-K22.32. COD NA COL. I.
PARA CADA COD “5” NA COL I, PERGUNTE:
A) Pensando em uma escala de 0 a 5 qual foi a intensidade
desse evento na sua vida?
B) Quantas vezes você passou por essa experiência?
C) Que idade você tinha quando isto ocorreu pela primeira vez?
D) Que idade você tinha quando ocorreu pela última vez?
COL.
I
COL.
II
A
B
(n_x)
C
(ONS)
C
(AGO)
D
(REC)
D
(AGR)
K22_1
Você já teve experiência de contato direto em uma
guerra?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_2
Esteve envolvido em um acidente de automóvel/moto
com risco de vida?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_3
Esteve envolvido em algum outro tipo de acidente
com risco de vida?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_4
Alguma vez esteve envolvido em um incêndio,
inundação ou outro desastre natural?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_4a
SE SIM, PERGUNTAR: Qual? _________________
___________________________________________
K22_5
Alguma vez presenciou alguém sofrer uma lesão grave
com risco de vida ou ser assassinado?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_5a
SE SIM, PERGUNTAR: Quem?_________________
K22_6
Você já presenciou um assalto a banco?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_7
Alguma vez foi atacado fisicamente ou assaltado sem
arma?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_8
Foi rendido, assaltado ou ameaçado com uma arma?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_9
Alguma vez você foi mantido em cativeiro, raptado ou
seqüestrado (não relâmpago)?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_10
Você já foi vítima de um seqüestro relâmpago?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_11
Alguma vez foi torturado ou foi vítima de terrorismo?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_12
Alguém já o ameaçou de morte?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_13
Alguma vez você foi vítima de guerra de gangues ou
de traficantes?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_14
Alguma vez você presenciou um tiroteio?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_15
Recebeu um diagnóstico de doença com risco de vida?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_16
Alguma vez foi estuprado, isto é, alguém manteve
relação sexual com você contra sua vontade,
ameaçando você ou usando a força?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_17
Alguma vez você foi molestado sexualmente, isto é,
alguém tocou ou sentiu suas partes íntimas contra sua
vontade?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_18
Alguém da sua família já lhe bateu, espancou ou
empurrou com força suficiente para causar
ferimentos?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_19
Foi agredido fisicamente por seu cônjuge?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_20
Apanhou muito de qualquer outra pessoa?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_21
Quando criança, presenciou briga séria com agressão
física, em casa?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_22
Alguém muito próximo a você morreu de repente, por
exemplo, em acidente, foi assassinado, cometeu
suicídio ou teve um ataque cardíaco?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
29
PERGUNTE K22.1-K22.32. COD NA COL. I.
PARA CADA COD “5” NA COL I, PERGUNTE:
A) Pensando em uma escala de 0 a 5 qual foi a intensidade
desse evento na sua vida?
B) Quantas vezes você passou por essa experiência?
C) Que idade você tinha quando isto ocorreu pela primeira vez?
D) Que idade você tinha quando ocorreu pela última vez?
COL.
I
COL.
II
A
B
(n_x)
C
(ONS)
C
(AGO)
D
(REC)
D
(AGR)
K22_23
Algum filho seu teve uma doença ou ferimento que
representasse risco de vida?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_24
Alguém já tentou invadir ou de fato invadiu sua casa
quando você não estava em casa?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_25
Alguém já tentou invadir ou de fato invadiu sua casa
quando você estava em casa?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_26
Você já viu um cadáver, excluindo em funerais, ou
teve que tocar um cadáver por qualquer motivo?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_27
Você já viu atrocidades ou carnificinas, como corpos
mutilados ou chacinas?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_28
Você já passou por algum desastre causado pelo
homem, tal como, choque de trem, metrô,
desmoronamento de prédio, incêndio durante o qual
você percebeu que você ou pessoas queridas corriam
perigo de vida ou de se ferir gravemente?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_29
Você já sofreu anestesia geral?
1 5
K22_29a
SE SIM, PERGUNTAR: Você tem lembranças ou
memórias ruins de um período no qual sofreu
anestesia geral?
1 5 1 5 ___
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_30
Você ou algum parente seu presenciou ou sofreu
consequências diretas do atentados do PCC de 2006?
SE SIM SALTAR PARA K22_32.
1 5 1 5 ___
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_31
Você ficou muito estressado com os atentados do PCC
em 2006 mesmo não presenciando ou sofrendo
consequências diretas dos atentados?
1 5 1 5 ___
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_32
Você já foi ameaçado por meio de ligação telefônica?
1 5 1 5 ___
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
K22_33
Alguma vez vivenciou qualquer outra situação
extremamente estressante ou que o deixasse muito
abalado? SE SIM, PERGUNTE: Qual foi a situação
mais estressante ou triste que aconteceu com você?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
DESCRIÇÃO:________________________________
____________________________________________
SE FOR EVENTO FOR LUTO, DOENÇA CRÔNICA,
PERDA NOS NEGÓCIOS, CONFLITO CONJUGAL/
FAMILIAR, LIVRO, FILME OU TELEVISÃO, COD “1”,
OUTROS COD “5”.
K22_34
Alguma vez sofreu um grande choque porque um dos
eventos da lista ocorreu com alguém próximo a você?
SE SIM, PERGUNTE: Dentre os eventos estressantes
que aconteceram a alguém próximo a você, qual você
achou mais estressante e triste?
1 5 1 5
1 2 3 4 5 6
__/__
1 2 3 4 5 6
__/__
DESCRIÇÃO:_______________________________
___________________________________________
SE O EVENTO FOR LUTO, DOENÇA CRÔNICA,
PERDA NOS NEGÓCIOS, CONFLITO CONJUGAL/
FAMILIAR, LIVRO, FILME, OU TELEVISÃO, COD “1”.
OUTROS COD “5”.
SE NENHUM “5” NA COL I, SALTE P/QUESTIONARIO PANAS.
SE APENAS UM “5” NA COL I COD “5” P/AQUELE EVENTO NA COL II E PERGUNTE
K22A.1. OUTROS SALTE P/K22A.2
30
K22A 1. Você disse que vivenciou (EVENTOS CODIFICADOS NA COL. I). Isto ocorreu apenas uma vez na sua vida ou mais de
uma vez? SE APENAS 1 VEZ, SALTE PARA K22B, OUTROS PERGUNTE: Dessas vezes, alguma delas foi mais
estressantes ou triste que as outras? SALTE PARA K22B.
2. Você disse que vivenciou (EVENTOS CODIFICADOS “5” NA COL. I). Daqueles eventos, qual foi o mais estressante ou
triste? CODIFIQUE “5” PARA AQUELE EVENTO NA COL II.
K22B
PARA EVENTO CODIFICADO COM “5” NA COL. II, PERGUNTE: Quantos anos você
tinha quando (EVENTO) aconteceu?
IDADE: ___/___
K22C
PARA EVENTO CODIFICADO “5” NA COL II, PERGUNTE: Quando aconteceu você se
sentiu apavorado?
NÃO ...............................1
SIM ................................5
K22D
PARA EVENTO CODIFICADO COM “5” NA COL II, PERGUNTE: Quando o (EVENTO)
aconteceu, você se sentiu muito sozinho?
NÃO ...............................1
SIM ................................5
Agora eu gostaria de lhe perguntar sobre o período de tempo após a experiência estressante ou triste que vivenciou.
PERGUNTE K23 A K45 P/EVENTO COD “5” NA COL II
NÃO SIM
K23
Você ficava relembrando (EVENTO) mesmo quando não queria? 1 5
K24
Após o (EVENTO), você tinha sonhos ruins ou pesadelos sobre ele? 1 5
K25
Você repentinamente agia ou se sentia como se o (EVENTO) estivesse acontecendo
novamente, mesmo sabendo que não estava?
1 5
K26
Você ficava muito chateado quando alguém lhe relembrava a situação? 1 5
K27
Você suava, ou seu coração acelerava ou você tremia quando relembrava o (EVENTO)? 1 5
SE K23 A K27 TODOS CODIFICARAM “1”, SALTE PARA US2.
K28 Após (EVENTO) você teve problemas para dormir? 1 5
K29 Após o (EVENTO), você com freqüência se sentia irritado ou perdia a paciência muito mais
do que é o habitual?
1 5
K30 Você tinha dificuldade para se concentrar? 1 5
K31 Após (EVENTO) você passou a ficar mais preocupado com o perigo ou muito mais
cuidadoso?
1 5
K32 Após (EVENTO) você se tornou mais assustado ou amedrontado por barulhos e
acontecimentos comuns?
1 5
SE K28 - K32 CODIFICARAM “1”, SALTE PARA QRR1.
K33 Você deliberadamente tentou não pensar ou falar sobre (EVENTO)? 1 5
K34 Você evitou locais ou pessoas ou atividades que poderiam lhe relembrar o (EVENTO)? 1 5
K35 Após (EVENTO) você teve um “branco” de memória para todo ou partes do evento? NÃO
........(SALTE P/K36)
..1
SIM .................................5
SE EVENTO CODIFICADO COM “5” NA COL II. FOR TESTEMUNHAR UM
ACIDENTE OU SE ACONTECEU A PARENTES OU AMIGOS, SALTE PARA K36.
OUTROS PERGUNTE:
NÃO SIM
K35_A Você sofreu uma lesão como resultado do (EVENTO)? 1 5
K35_B Você ficou inconsciente por mais de 10 minutos? 1 5
K36 Após (EVENTO) você perdeu o interesse em fazer coisas que antes eram importantes ou
prazerosas para você?
1 5
K37 Após (EVENTO) você se sentiu mais isolado ou distante das outras pessoas? 1 5
K38 Após (EVENTO) você achou que tinha mais dificuldade em vivenciar sentimentos normais
como amor ou afeição em relação a outras pessoas?
1 5
K39 Após (EVENTO) você começou a sentir que não havia mais razão em pensar no futuro? 1 5
SE K33 A K39 TODOS CODIFICAREM “1”, SALTE PARA US2.
31
K40 Você disse que teve problemas após (EVENTO) como (SINTOMAS CODIFICADOS COM
“5” EM K23 A K39). Quanto tempo após o (EVENTO) você iniciou a ter qualquer um
desses problemas? CODIFIQUE O NÚMERO MAIS BAIXO.
MESMO DIA...................1
MESMA SEMANA.........2
MESMO MÊS..................3
DENTRO DE 6 MESES...4
DENTRO DE 1 ANO.......5
MAIS DE 1 ANO.............6
IDADE: ___/___
K41 Por quanto tempo você continuou a ter qualquer um desses problemas por causa do
(EVENTO)?
MENOS 1 SEMANA.......1
MENOS DE 1 MÊS.........2
MENOS DE 6 MÊS.........3
MENOS DE 1 ANO.........4
MAIS DE 1 ANO.............5
K42 Quando foi a última vez que você teve qualquer um desses problemas resultantes do
(EVENTO)?
ÚLT VEZ: 1 2 3 4 5 6
IDADE ÚLT VEZ:___/___
K43 Você contou a um médico sobre os problemas que ocorreram como resultado do
(EVENTO)?
NÃO................................1
SIM....
..(SALTE P/K43_2)
...5
K43_1 Você contou a qualquer outro profissional?
NÃO..............................1
SIM...............................5
K43_2 Você tomou medicamentos, ou usou drogas ou álcool mais de uma vez devido aos problemas
que ocorreram como resultado do evento?
NÃO .............................1
SIM...............................5
K43_3 Os problemas que ocorreram como resultado do (EVENTO) interferiram muito na sua vida
ou atividades?
NÃO .............................1
SIM...............................5
K44 Alguma vez você ficou muito chateado com você mesmo por ter esses problemas que
resultaram do (EVENTO)?
NÃO .............................1
SIM...............................5
K45 Os problemas que ocorreram como resultado do (EVENTO) alguma vez o impediram de ir a
uma festa, evento social ou reunião?
NÃO .............................1
SIM...............................5
US2 Voce procurou ajuda devido (EVENTO TRAUMATICO CODIFICADO 5 NA COL II)? SE
NÃO SALTAR P/ QRR1; SE SIM, PERGUNTAR, ANOTAR NO QUADRO ABAIXO:
NÃO................................1
SIM.................................5
A. Procurou ajuda com:
B. PARA RESPOSTAS SIM NA COLUNA A, PERGUNTE: Você procurou ajuda no último
ano?
C. Número de vezes que procurou ajuda no último ano?
D. Tipo de serviço procurado?
1. SUS 3. Convênio de Saúde
2. Particular 4. Outras
E. Você ficou satisfeito com o atendimento?
F. Situação atual do tratamento?
1. em tratamento 4. falta de atendimento
2. alta médica 5. outros
3. abandono
A B C D E D
NAO SIM NAO SIM NÃO SIM
Psiquiatra 1 5 1 5 1 5
Clínico geral ou medico da família 1 5 1 5 1 5
Psicólogo 1 5 1 5 1 5
Qualquer outro profissional de saúde mental 1 5 1 5 1 5
Fez terapia individual ou em grupo? 1 5 1 5 1 5
Líder religioso 1 5 1 5 1 5
Outros, espefique: 1 5 1 5 1 5
QRR1
Em uma escala de 100% a 0%, o quanto você se sente responsável pelo (EVENTO
CODIFICADO “5”NA COL II OU EM K46A) ter ocorrido? Eu me sinto __ % responsável
pelo evento traumático.
_________%
QRR2
Em uma escala de 100% a 0%, o quanto você acha que outra pessoa foi responsável (EVENTO
CODIFICADO “5”NA COL II OU EM K46A) ter ocorrido? Eu sinto que outra pessoa foi ___%
responsável pelo evento traumático.
_________%
QRR3
O quanto você sentiu que sua vida estava em perigo? Nenhum perigo..................1
Um pouco..........................2
Em perigo.........….....…....3
Em grande perigo..............4
Extremamente em perigo..5
30
QRR4
Por favor, indique o quanto você acha que o (EVENTO CODIFICADO “5”NA COL II OU
EM
K46A) evento traumático foi resultado de um ato deliberado ou intencional:
Nada intencional...............1
Muito pouco intecional.....2
Um pouco.........................3
Mais ou menos..................4
Totalmente........................5
QRR5
Você teve alguém com quem conversar após o (EVENTO CODIFICADO “5”NA COL II OU
EM
K46A)?
NÃO..................................1
SIM ..................................5
QRR6
Você recebeu algum treinamento sobre como lidar com (EVENTO CODIFICADO “5”NA
COL II
OU EM K46A)?
NÃO .................................1
SIM ...................................5
IT Instruções: As questões a seguir se referem a reações que você pode ter tido durante ou imediatamente após (EVENTO
CODIFICADO “5”NA COL II OU EM K46A). Para cada item, marque de 0 a 6 para mostrar o quanto estas reações
ocorreram com você. APRESENTE O CARTÃO 10 PARA O ENTREVISTADO.
IT1
Marque o quanto você se sentiu congelado ou paralisado
durante o acontecimento.
0
Não me senti
paralisado ou
congelado
1 2 3 4 5 6
Senti-me totalmente
paralisado ou congelado
IT2
Marque o quanto você se sentiu incapaz de se mexer
mesmo que ninguém o estivesse prendendo durante o
acontecimento.
0
Senti-me capaz de me
mexer
1 2 3 4 5 6
Senti vontade de me
mexer, mas fiquei
“travado”
IT3
Marque o quanto seu corpo ficou tremendo ou sacudindo
durante o acontecimento.
0
Não fiquei tremendo
ou sacudindo
1 2 3 4 5 6
Fiquei tremendo ou
sacudindo extremamente
IT4
Marque o quanto você se sentiu incapaz de gritar mesmo
tendo vontade durante o acontecimento.
0
Senti-me capaz de
gritar
1 2 3 4 5 6
Senti vontade de gritar,
mas fiquei “travado”
IT5
Marque o quanto você consegue se lembrar dos detalhes
do acontecimento.
0
Lembro-me de tudo
1 2 3 4 5 6
Não me lembro de nada
IT6
Marque o quanto você se sentiu anestesiado ou sem dor
durante o acontecimento.
0
Não me senti
anestesiado
1 2 3 4 5 6
Extremamente
anestesiado
IT7
Marque o quanto você sentiu frio durante o
acontecimento.
0
Não senti frio algum
1 2 3 4 5 6
Senti frio extremo
IT8
Marque o quanto você sentiu medo ou pânico durante o
acontecimento.
0
Fiquei totalmente
calmo
1 2 3 4 5 6
Senti medo extremo
IT9
Marque o quanto você achou que ia morrer durante o
acontecimento.
0
Não achei que ia
morrer
1 2 3 4 5 6
Tive certeza absoluta de
que ia morrer
IT10
Marque o quanto você se sentiu incapaz de escapar
mesmo tendo vontade.
0
Senti-me capaz de
escapar
1 2 3 4 5 6
Senti vontade de escapar,
mas fiquei “travado”
IT11
Marque o quanto você se sentiu desligado de si mesmo
(por exemplo, sensação de sair do corpo) durante o
acontecimento.
0
Não me senti desligado
de mim mesmo
1 2 3 4 5 6
Senti-me extremamente
desligado de mim mesmo
IT12
Marque o quanto você se sentiu distante da situação
(por exemplo, sensação de ir para outro lugar) durante o
acontecimento.
0
Não me senti distante
da situação
1 2 3 4 5 6
Senti-me extremamente
distante da situação
IT13
Marque o quanto você se sentiu culpado ou
envergonhado após o acontecimento.
0
Não me senti culpado
ou envergonhado
1 2 3 4 5 6
Senti-me extremamente
culpado ou
envergonhado
DPT
Por favor, preencha os itens abaixo marcando a opção que melhor descreve suas sensações e reações durante o (EVENTO
CODIFICADO “5”NA COL II OU EM K46A) e imediatamente após este acontecimento. Para cada item, marque de 1 a 5
para mostrar o quanto esta situação ocorreu com você. APRESENTE O CARTÃO 11 PARA O ENTREVISTADO.
DPT1
Houve momentos em que eu perdi a noção do que estava
acontecendo – “Me deu um branco” ou “eu saí do ar” ou de
alguma forma eu senti como se eu não fizesse parte do que
estava acontecendo.
1
Não
2
Lev
e
3
Moderad
o
4
M
ui
to
5
Extremamente
31
DPT2
Eu senti que eu estava no “piloto automático” – Eu acabei
fazendo coisas que mais tarde percebi que não tive intenção de
fazer.
1
Não
2
Lev
e
3
Moderad
o
4
M
ui
to
5
Extremamente
DPT3
Minha noção do tempo mudou – as coisas pareciam estar
acontecendo em câmera lenta.
1
Não
2
Lev
e
3
Moderad
o
4
M
ui
to
5
Extremamente
DPT4
O que estava acontecendo parecia que não era real, como se eu
estivesse num sonho ou assistindo um a filme ou uma peça de
teatro.
1
Não
2
Lev
e
3
Moderad
o
4
M
ui
to
5
Extremamente
DPT5
Eu me senti como se estivesse assistindo a tudo o que estava
acontecendo comigo pelo lado de fora, como um espectador, ou
como se eu estivesse flutuando, vendo tudo de cima.
1
Não
2
Lev
e
3
Moderad
o
4
M
ui
to
5
Extremamente
DPT6
Houve momentos em que a noção que eu tinha do meu próprio
corpo parecia distorcida ou modificada. Eu me senti desligado do
meu corpo ou que meu corpo estava maior ou menor do que o
habitual.
1
Não
2
Lev
e
3
Moderad
o
4
M
ui
to
5
Extremamente
DPT7
Eu me senti como se as coisas que estavam acontecendo com
outras pessoas estivessem acontecendo comigo – por exemplo,
alguém foi preso, e eu senti que era eu quem estava sendo preso.
1
Não
2
Lev
e
3
Moderad
o
4
M
ui
to
5
Extremamente
DPT8
Eu fiquei surpreso por descobrir mais tarde que várias coisas que
tinham acontecido naquela ocasião eu não havia percebido,
principalmente coisas que eu normalmente teria notado.
1
Não
2
Lev
e
3
Moderad
o
4
M
ui
to
5
Extremamente
DPT9
Eu me senti confuso: ou seja, houve momentos em que eu tive
dificuldade para entender o que estava acontecendo.
1
Não
2
Lev
e
3
Moderad
o
4
M
ui
to
5
Extremamente
DPT10
Eu me senti desorientado: ou seja, houve momentos em que eu
me senti perdido no tempo e no espaço.
1
Não
2
Lev
e
3
Moderad
o
4
M
ui
to
5
Extremamente
DPT11
Eu me senti “entorpecido” ou sem emoção.
1
Não
2
Lev
e
3
Moderad
o
4
M
ui
to
5
Extremamente
RFP
As questões a seguir se referem a reações que você pode ter tido durante ou imediatamente após (EVENTO
CODIFICADO
“5”NA COL II OU EM K46A). Para cada item, marque de 1 a 4 para mostrar o quanto estas reações ocorreram com você.
APRESENTE O CARTAO 12 AO ENTREVISTADO.
NADA UM
POUCO
MODERADAMENTE EXTREMAMENTE
RFP1
Falta de ar 1 2 3 4
RFP2
Tonteira ou sensação de desmaio 1 2 3 4
RFP3
Coração acelerado 1 2 3 4
RFP4
Tremores ou abalos 1 2 3 4
RFP5
Sudorese 1 2 3 4
RFP6
Náusea ou desconforto abdominal 1 2 3 4
RFP7
Dormência no corpo ou sensação de formigamento 1 2 3 4
RFP8
Ondas de calor ou calafrios 1 2 3 4
RFP9
Sufocação 1 2 3 4
32
RFP10
Dor ou desconforto no peito 1 2 3 4
RFP11
Dificuldade para controlar bexiga ou intestino 1 2 3 4
RFP12
Você desmaiou durante o trauma?
NÃO .......................................1
SIM ........................................5
PANAS
Quanto cada uma dessas características geralmente se aplica a você? APRESENTE CARTÃO 13 PARA O
ENTREVISTADO.
NADA OU
QUASE NADA
UM POUCO MODERADAMENTE
MUITO EXTREMAMENTE
PANAS1
Atento
1 2 3 4 5
PANAS2
Forte
1 2 3 4 5
PANAS3
Irritável
1 2 3 4 5
PANAS4
Inspirado
1 2 3 4 5
PANAS5
Com medo
1 2 3 4 5
PANAS6
Alerta 1 2 3 4 5
PANAS7
Chateado
1 2 3 4 5
NADA OU
QUASE NADA
UM POUCO MODERADAMENTE
MUITO EXTREMAMENTE
PANAS 8
Ativo
1 2 3 4 5
PANAS 9
Culpado
1 2 3 4
PANAS1
0
Nervoso
1 2 3 4 5
PANAS1
1
Empolgado
1 2 3 4 5
PANAS1
2
Hostil
1 2 3 4 5
PANAS1
3
Orgulhoso
1 2 3 4 5
PANAS1
4
Inquieto
1 2 3 4
PANAS1
5
Envergonhad
o
1 2 3 4 5
PANAS1
6
Apavorado
1 2 3 4 5
PANAS1
7
Entusiasmado
1 2 3 4 5
PANAS1
8
Aflito
1 2 3 4 5
PANAS1
9
Determinado
1 2 3 4
PANAS2
0
Interessado
1 2 3 4 5
ER
Marque o quanto você concorda ou discorda com
as seguintes afirmações:
DISCORDO CONCORDO
APRESENTE O CARTÃO 14 AO ENTREVISTADO
Totalm
ente
Muito P
ou
co
NEM
CONCORD
O NEM
DISCORD
O
P
ou
co
Muito T
o
t
a
l
m
e
n
t
e
ER1
Quando eu faço planos, eu os levo até o fim. 1 2 3 4 5 6 7
ER2
Eu costumo lidar com os problemas de uma forma ou de
outra.
1 2 3 4 5 6 7
ER3
Eu sou capaz de depender de mim mais do que qualquer
outra pessoa.
1 2 3 4 5 6 7
ER4
Manter interesse nas coisas é importante para mim. 1 2 3 4 5 6 7
ER5
Eu posso estar por minha conta se eu precisar. 1 2 3 4 5 6 7
33
ER6
Eu sinto orgulho de ter realizado coisas em minha vida. 1 2 3 4 5 6 7
ER7
Eu costumo aceitar as coisas sem muita preocupação. 1 2 3 4 5 6 7
ER8
Eu sou amigo de mim mesmo. 1 2 3 4 5 6 7
ER9
Eu sinto que posso lidar com várias coisas ao mesmo
tempo.
1 2 3 4 5 6 7
ER10
Eu sou determinado. 1 2 3 4 5 6 7
ER11
Eu raramente penso sobre o objetivo das coisas. 1 2 3 4 5 6 7
ER12
Eu faço as coisas um dia de cada vez. 1 2 3 4 5 6 7
ER13
Eu posso enfrentar tempos difíceis porque já
experimentei dificuldades antes.
1 2 3 4 5 6 7
ER14
Eu sou disciplinado. 1 2 3 4 5 6 7
ER15
Eu mantenho interesse nas coisas. 1 2 3 4 5 6 7
ER16
Eu normalmente posso achar motivo para rir. 1 2 3 4 5 6 7
ER17
Minha crença em mim mesmo me leva a atravessar
tempos difíceis.
1 2 3 4 5 6 7
ER18
Em uma emergência, eu sou uma pessoa com quem as
pessoas podem contar.
1 2 3 4 5 6 7
ER19
Eu posso geralmente olhar uma situação de diversas
maneiras.
1 2 3 4 5 6 7
ER20
Às vezes eu me obrigo a fazer coisas querendo ou não. 1 2 3 4 5 6 7
ER21
Minha vida tem sentido. 1 2 3 4 5 6 7
ER22
Eu não insisto em coisas sobre as quais eu não posso
fazer nada.
1 2 3 4 5 6 7
ER23
Quando eu estou numa situação difícil, eu
normalmente acho uma saída.
1 2 3 4 5 6 7
ER24
Eu tenho energia suficiente para fazer o que eu tenho
que fazer.
1 2 3 4 5 6 7
ER25
Tudo bem se há pessoas que não gostam de mim. 1 2 3 4 5 6 7
ENCERRAR A ENTREVISTA E INICIAR PROTOCOLO DE COLETA DE SALIVA.
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