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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS
CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
ROSSANA PICCOLI
ANÁLISE DAS ALTERAÇÕES NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DECORRENTE DA APLICAÇÃO DE SISTEMA DE CERTIFICAÇÃO
AMBIENTAL DE EDIFICAÇÕES
Trabalho submetido ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil da UNISINOS
como requisito para obtenção do título de Mestre
em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dra. Andrea Parisi Kern
São Leopoldo
Junho de 2009
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2
FICHA CATALOGRÁFICA
Piccoli, Rossana
Análise das alterações no processo de construção decorrentes de
sistema de avaliação ambiental de edificações: ênfase nos processos de
projeto e produção. São Leopoldo, 2009.
101 pp.
Dissertação (Mestrado) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos –
UNISINOS
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil – PPGEC
1. Sustentabilidade. 2. Avaliação de edifícios.
CDU – 69:658
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À Tatiana, Romano e Glória
4
AGRADECIMENTOS
No imenso Universo da vida Deus nos proporciona momentos inigualáveis
para que possamos crescer e aprender. Ele está presente em todos os
momentos e atua nas mais diversas situações sem que percebamos. Coloca
no nosso caminho de vida, pessoas que se tornam especiais e luminosas
como o facho de luz de uma estrela cadente.
Posso dizer que sou agradecida por poder compartilhar minha vida com a
presença de várias dessas pessoas iluminadas.
Meus pais, Romano e Glória que possuem este brilho e sempre me
ampararam, aconselharam e
estiveram presentes em minha vida, me apoiando
e, mais do que isso, acreditando de maneira indescritível no meu potencial para
qualquer coisa a que eu resolvesse me dedicar
e permitiram que mais esta
etapa fosse concretizada.
À minha filha Tatiana, estrela querida que Deus me presenteou, minha amiga
e companheira e que sem a presença dela não sei se teria conseguido vencer
as dificuldades de que ambas nos deparamos. Sua luz me auxiliou muito e me
fez ter a certeza que a prática do bem sempre é o caminho certo.
Ao meu irmão Alexandre e sua família, agradeço o apoio, mesmo que um
pouco distante, mas sei que foi com muita energia e compreensão.
Ao Marcelo, querido irmão ,e sua família, outra luz que me auxiliou num
momento muito difícil de minha vida, sem sua colaboração não teria
alcançado a paz de espírito e resgatado os meus verdadeiros valores que
estavam adormecidos dentro do meu ser.
À minha querida amiga, colega e orientadora Andrea, a qual considero um
anjo que Deus colocou no meu caminho de uma maneira muito especial.
Através de um encontro inexplicável, nossas vidas se cruzaram novamente
depois de muito tempo e foi onde a idéia do mestrado surgiu. A partir deste
5
momento posso dizer que meu destino começou a ser modificado e para
melhor.
A minha amiga e colega Karina, uma estrela iluminada que encontrei no
mestrado e que me fez enxergar que a vida pode ser bem mais divertida..
As queridas Sirlei e Sirlene, que me fizeram compreender a importância que é
ter amizades duradouras e sinceras.
Aos meus queridos colegas de trabalho, João, Leonardo, Bruno, Caroline,
Jacqueline e Vanessa. Com eles tive a chance de aprimorar meus
conhecimentos profissionais e conviver com pessoas muito especiais.
Ao Alexandre, Daniel, Rafael, Marcelo e Cibeli, por sua colaboração e
mostrarem sua competência e profissionalismo.
Ao Erwin, Shima, Fabiano, Ana, Luciano, Thiago, Shundi e Eduardo de
Almeida, agradeço a compreensão e a permissão por poder participar das
atividades que envolveram a concretização deste empreendimento cujas
informações foram muito cruciais para e conclusão deste trabalho.
Ao Carlos que ajudou na realização deste trabalho fornecendo material e
elementos que embasaram o conteúdo da pesquisa.
Aos professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil (PPGEC), pela competência, disponibilidade e dedicação.Em
especial, à Professora Luciana Gomes, por facilitar o contato com a empresa
do Estudo de Caso B.
Aos colegas da primeira turma do Mestrado em Engenharia Civil da
UNISINOS, Aldrim, Amanda, Camila, Emerson, Jeferson,José Ricardo, Karina,
Marcelo Caetano, Marcelo Grub, Marcelo Peruzatto e Marília, amigos que
descobri e que farão parte da história de sucesso de minha vida para sempre.
Enfim, a todas as pessoas que de alguma forma acreditaram em mim e se
tornaram aquele rastro de luz, colaborando para a realização deste trabalho.
6
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS..................................................................................................................... 4
SUMÁRIO...................................................................................................................................... 6
ABREVIATURAS E SIGLAS.......................................................................................................... 8
RESUMO..................................................................................................................................... 10
Abstract........................................................................................................................................ 11
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 12
1.1 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO...................................................................................... 13
1.2 Limitações da dissertação ................................................................................................. 14
1.3 Estrutura da dissertação.................................................................................................... 14
2. SUSTENTABILIDADE, CONSTRUÇÃO E IMPACTOS AMBIENTAIS..................................... 15
2.1 O DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL.............................................. 15
2.1.1 Elementos norteadores de ações para o desenvolvimento sustentável..................... 17
2.1.1.1 Agenda 21........................................................................................................... 17
2..1.1.2 ISO 14000......................................................................................................... 18
2.2 A CONSTRUÇÃO CIVIL E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............................. 19
2.2.1 Impactos ambientais relacionados com a construção civil......................................... 19
2.2.1.1 Consumo de recursos naturais ........................................................................... 20
2.2.1.2 Geração de resíduos .......................................................................................... 21
2.2.2 Iniciativas para a diminuição dos impactos ambientais.............................................. 23
2.3 FATORES ECONÔMICOS DE UM EMPREENDIMENTO SUSTENTÁVEL................... 25
3. SISTEMAS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS...................................................... 27
3.1 AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS ........................................................................ 27
3.2 PRINCIPAIS SISTEMAS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL de edifícios................................ 29
3.2.1 Conteúdo da avaliação dos sistemas existentes........................................................ 32
3.2.2 Aspectos metodológicos e sistemas de avaliação ..................................................... 34
3.2.3 Leadership Energy and Environmental Design - LEED............................................. 36
3.3 AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFICAÇÕES NO BRASIL.............................................. 43
4. MÉTODO DE PESQUISA........................................................................................................ 50
4.1 ETAPA 1 – contexto .......................................................................................................... 52
4.2 ETAPA 2: o projeto e a certificação ambiental de edifícios ............................................... 53
4.3 ETAPA 3: o processo de produção e a certificação ambiental de edifícios...................... 55
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS.............................................................. 60
5.1 ETAPA 1 – contexto .......................................................................................................... 60
5.1.1 Considerações sobre os resultados da Etapa 1......................................................... 61
5.2 ETAPA 2 – o projeto e a certificação ambiental de edifícios ............................................. 62
5.2.1 Requisitos, fase do empreendimento, observações e sugestões............................... 62
5.2.1.1 Local sustentável ................................................................................................ 62
5.2.1.2 Eficiência da Água .............................................................................................. 66
5.2.1.3. Energia e atmosfera........................................................................................... 67
7
5.2.1.4. Materiais e Recursos ......................................................................................... 70
5.2.1.5 Qualidade do Ambiente Interno .......................................................................... 73
5.1.2.6. Inovação e Processo de projeto......................................................................... 77
5.2.2 Possíveis Alternativas ................................................................................................ 78
5.2.3 Considerações sobre os resultados da Etapa 2......................................................... 80
5.3 ETAPA 3 – o processo de produção e a certificação ambiental de edifícios.................... 81
5.3.1 Principais envolvidos na execução de um prédio que busca a certificação ambiental81
5.3.1.2 Projetistas........................................................................................................... 84
5.3.1.2 Construtora ......................................................................................................... 85
5.3.1.3 Fornecedores...................................................................................................... 86
5.3.1.4 Empreendedor .................................................................................................... 87
5.3.2 Dificuldades encontradas........................................................................................... 88
5.3.2.1 Local sustentável ................................................................................................ 88
5.3.2.2 Eficiência da água............................................................................................... 89
5.3.2.3 Energia e Atmosfera ........................................................................................... 90
5.3.2.4 Materiais e Recursos .......................................................................................... 90
5.3.2.5 Qualidade do Ambiente Interno .......................................................................... 91
5.3.2.6 Inovação e Projeto.............................................................................................. 93
5.3.3 Considerações sobre os resultados da Etapa 3........................................................ 94
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................... 96
6.1 Sugestões para trabalhos futuros...................................................................................... 97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................. 98
ANEXO 1 - questionário............................................................................................................. 103
8
ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACV Análise de Ciclo de Vida
AQUA Alta Qualidade Ambiental
ASAEC Associação de Arquitetos e Engenheiros Civis de Novo Hamburgo
ASTM American Society for Testing and Materials
ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditionning
Engineering
BEPAC Building Environmental Performance Analysis Club
BRE Building Research Establishment
BREEAM Building Research Establishment Environmental Assessment Method
CASBEE Comprehensive Assessement System for Building Environmental
CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CEBDS Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
CFCs Clorofluorcarbonos
CIB Conceil International du Batiment
CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
COV Compostos Orgânicos Voláteis
CSTB Centre Scientifique ET Technique Du Bätiment
DNPM Departamento Nacional de produção Mineral
DOE Departament of Energy
EPA US Environmental Protection Agency
FSC Forest Stewardship Council
GBC Green Building Council
GBCB Green Building Council Brasil
HQT Haute Qualité Environnementale
HK-BEAM Hong Kong Building Environmental Assessment Method
HCFC Hidroclorofluorcarbono
IISBE International Initiative for SustainableBuilt Environment
IEQ Indoor Environmental Quality
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
ISO International Standardization Organization
LEED
Leadership in Energy & Environmental Design
MDF Médium Density Fiberboard
MMA Ministério do Meio Ambiente
MME Ministério de Minas e Energia
MSDG Minnesota Sustainable Design Guide
NFRC National Fenestration Rating Council
9
NIST National Institute of Standards and Technology
ONU Organização das Nações Unidas
PPA Programa do Plano Plurianual
PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
PVC Policloreto de Vinila
RCD Resíduos de Construção e Demolição
SHGC Solar Heat Gain Coefficient
TC Technic Comitee
UNISINOS Universidade do Vale do Rio dos Sinos
USGBC United States Green Building Council
WBCSD World Business Council for Sustainable Development
10
RESUMO
O setor da construção civil é responsável por diferentes e significativos impactos
ambientais, quer seja pelo expressivo consumo de recursos naturais, pela significativa
quantidade de resíduos e perdas gerados, ou ainda, pela ocupação e uso inadequado do solo.
Em alguns países, um conceito que vem sendo desenvolvido e pesquisado é o da avaliação
ambiental de edifícios. No Brasil, a importância e a necessidade deste tipo de avaliação são
percebidas pelos diversos agentes do setor da construção civil e o interesse pelo tema está se
consolidando, sendo que alguns empreendedores buscam algum tipo de certificação, ainda
que estrangeira. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar as
principais alterações no processo de construção decorrentes de sistema de certificação
ambiental de edificações, com ênfase nos processos de projeto e produção. Como objetivos
específicos, a realização do trabalho prevê: (i) analisar o interesse dos profissionais da região no
tema da construção sustentável e sistema de certificação ambiental de prédios; (ii) identificar as
principais alterações a serem realizadas nos processos de projeto e produção de
empreendimentos que buscam a certificação ambiental; (iii) identificar os principais envolvidos e
respectivos papéis na execução de um empreendimento que busca a certificação ambiental; e
(iv) identificar principais dificuldades na etapa de preparação para a certificação de
empreendimentos de construção. De uma forma geral, os resultados apontaram que os
profissionais da Região do Vale do Sinos desconhecem os sistemas de avaliação ambiental,
ainda que tenham interesse no tema, e que na prática, a implementação e aplicabilidade dos
quesitos exigidos pelo método de certificação provoca modificações substanciais nos processos
de projeto e produção, além de exigirem uma mudança cultural que atinge canteiros de obras,
projetistas,profissionais da área e fornecedores.
Palavras-chave: Construção civil, sustentabilidade, certificação ambiental de edifícios,
projeto.
11
ABSTRACT
The civil construction sector is responsible for differents and significants environmental
impacts, e.g. the high natural resources consumption, the high amount of losses and waste
generated, the inadequade soil ocupance. In some contries, a concept that has been enveloped
and applied is the environmental evaluation of buildings. In Brazil, the importance of those type of
evaluation has been perceived by different construction agents, and the interest about this topic is
growing, and some projects have already searched some kind of certification, even from other
countries. However, the certification process requires significant changes in design and
production processes, also cultural changes in the sites and suppliers. In this context, this work
has as general objective to analyse the main changes in the buildings construction process due
to the environmental evaluation system, with focus on design and production processes. As
specífic objectives, this works searches: (i) to analyse the interest of regional professionals in the
topic of sustaintability in constructiona and environmental evaluation systems; (ii) to identify the
main changes needed in the desing and production phases of projects that are willing to be
certified; (iii) to identify the main agents and its roles in the production of a building that are being
certified; and (iv) to identify main difficulties in the preparation phase for certification. In general,
the results obtained point that the professional from Região do vale do Sinos do not properly
know the environmental evaluation systems, although they show interest in the subject, and that
actualy, the implementation and application of the requirements of the certification method results
in substancial changes in design and production processes, besiades a cultural change that
occurs in the production sites and in the supply chain.
Key-Words: Civil construction, sustainability, building environmental certification
12
1. INTRODUÇÃO
Para efetivamente alcançar o que se chama de desenvolvimento sustentável, é preciso
buscar um equilíbrio entre o que é socialmente desejável, economicamente viável e
ecologicamente sustentável, o que vem a formar o tripé da sustentabilidade que engloba as
esferas sociais, econômicas e ambientais. Da esfera ambiental é esperado que haja o equilíbrio
entre proteção do ambiente físico e seus recursos, e o uso destes recursos de forma racional,
sem comprometer a qualidade de vida aceitável no planeta. No âmbito social requer-se o
desenvolvimento de sociedades justas, proporcionando oportunidades de desenvolvimento
humano e de um nível aceitável de qualidade de vida para todos. Da dimensão econômica
espera-se a facilidade de acesso a recursos e oportunidades, aumentando a prosperidade para
todos, sem ferir os direitos humanos básicos (SILVA, 2003).
A construção sustentável pode ser definida como aquela que considera a economia e
eficiência de recursos, o ciclo de vida do empreendimento e o bem estar do usuário, reduzindo
significativamente, ou até eliminando possíveis impactos negativos causados ao meio ambiente
e a seus usuários (ECOPLANO, 2007).
Segundo Silva et al. (2003), esforços para a construção de bases de dados ambientais
de produtos disponíveis nos níveis regional e nacional são de extrema importância.
Principalmente o estabelecimento de desempenhos de referência que orientem a confecção de
novos projetos e a definição de políticas e regulamentações específicas para o setor de
construção (energia, uso da água, teor mínimo de resíduos/reciclados, etc) ou mesmo de
esquemas de certificação ambiental de edifícios.
Em alguns países, a proposta de certificação “verde” das edificações deixou de ser
meramente estratégia de mercado e passou a ser condição para a legalização do edifício
(SILVA, 2007). No Brasil, embora se observe um crescente interesse no tema sustentabilidade
no setor da construção, o número de pesquisas relacionadas à avaliação de produtos da
construção em termos de desempenho ambiental ainda é relativamente baixo. Assim como é
incipiente a realização de iniciativas no âmbito legislativo por parte do poder público.
13
O presente trabalho faz parte do projeto de pesquisa intitulado “Construção Civil:
sustentabilidade, sistemas de gestão e redução de perdas” que se encontra em desenvolvimento
no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade do Rio Grande do Sul.
A motivação deste trabalho ocorreu principalmente pela oportunidade da mestranda em
fazer parte de uma equipe de profissionais que atuou na execução de uma obra de grande porte
que buscou um selo de certificação ambiental, durante o segundo ano do curso de Mestrado. A
partir desta experiência, e por considerar um tema de interesse pessoal e extremamente atual ,
surgiu a curiosidade de investigar mais a respeito da dimensão do conhecimento e esforço dos
profissionais locais a respeito da aplicação dos sistemas de certificação ambiental de
edificações, os envolvidos da indústria da construção e a informação destes sobre este tema
bem como as dificuldades e as alterações nos processos de projeto e produção para atender as
principais exigências de obras certificadas ou que buscam certificação no Brasil.
1.1 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO
O objetivo geral da dissertação consiste em analisar as principais alterações no
processo de construção decorrentes da aplicação de sistema de certificação ambiental de
edificações
Como objetivos específicos, a realização do trabalho prevê:
Analisar o interesse dos profissionais da Região do Vale do Sinos no tema da
construção sustentável e de sistema de certificação ambiental de prédios;
Identificar as principais alterações necessárias a serem realizadas nos
processos de projeto e produção de empreendimentos que buscam a
certificação ambiental;
Identificar os principais envolvidos e os respectivos papéis na execução de um
prédio que busca a certificação ambiental;
Identificar as principais dificuldades na etapa de preparação para a certificação
ambiental de empreendimentos de construção.
14
1.2 LIMITAÇÕES DA DISSERTAÇÃO
Esse trabalho teve como foco a análise do processo de produção de empreendimento a
ser certificado e na análise do produto projeto, sendo que a mestranda não teve acesso ao
processo de projeto em si. O projeto analisado no Estudo de Caso A é o que foi realizado por
arquitetos e aprovado pela Prefeitura. No Estudo de Caso B, a análise do sistema de certificação
em termos de eficiência e desempenho ambiental não faz parte do escopo do trabalho.
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Essa dissertação contém seis capítulos. Neste primeiro, está descrita a introdução ao
tema, os objetivos e a limitação da dissertação, além da apresentação da estrutura do
documento.
No segundo capítulo é realizada uma revisão bibliográfica, relacionada às peculiaridades
da construção civil, destacando aspectos como: resíduos, impactos ambientais, sustentabilidade
e desenvolvimento da consciência ambiental na construção civil.
O capítulo três, também de revisão bibliográfica, apresenta uma visão sobre sistemas de
avaliação ambiental existentes passíveis de aplicação a edificações, o conteúdo de avalição,
suas metodologias, mais especificamente do sistema de certificação americano LEED por ser
esta certificação que atualmente está sendo mais utilizada no Brasil e também por ter sido o
sistema norteador nos estudos de caso neste trabalho. Este capitulo também aborda a avaliação
ambiental de edificações no Brasil.
O capítulo quatro apresenta a metodologia empregada, o delineamento da pesquisa e
descreve as três etapas através das quais o trabalho foi desenvolvido. No capítulo cinco os
resultados obtidos nas três etapas da pesquisa são apresentados e analisados. Por fim, no
capítulo seis, estão descritas as considerações finais, conclusões obtidas e as recomendações
para realização de trabalhos futuros.
15
2. SUSTENTABILIDADE, CONSTRUÇÃO E IMPACTOS
AMBIENTAIS
Desde que o homem começou a ocupar a superfície da terra, muitas centenas de
anos, várias transformações têm sido percebidas e muitas delas são relativas às alterações
ambientais que vêm ocorrendo constantemente (DRUSZCZ, 2002). Atualmente, a
sustentabilidade tem sido um assunto amplamente discutido pelas diferentes nações,
envolvendo todas as áreas do conhecimento.
Sjöstrom (1992) define desenvolvimento sustentável como a forma de desenvolvimento
econômico que emprega recursos naturais e o meio ambiente, não apenas para benefício do
presente, mas também visando o benefício às gerações futuras.
Trata-se de um tema que, por conceito é amplo, complexo e multidisciplinar. Além disso,
quando se pretende definir sustentabilidade, a principal dificuldade encontrada reside no fato de
que os problemas ambientais são, em grande medida, impossíveis de serem avaliados de forma
totalmente objetiva. O grau de subjetividade implícito nas avaliações ambientais torna a questão
um terreno fértil para as mais variadas opiniões, nem todas pautadas pelo senso comum e pela
ética (DEMANBORO et al., 2004).
2.1 O DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL
O desenvolvimento da consciência ambiental vem acontecendo gradativamente, e em
diversos níveis nos vários setores da sociedade do planeta, tendo sempre como pano de fundo
graves acidentes envolvendo a sociedade e o ecossistema (COSTA, 2003), que provocam,
muitas vezes, sérios impactos ambientais. Moreira (1999) define impacto ambiental como uma
alteração no meio, ou em algum de seus componentes, causada por determinada ação ou
atividade, podendo ser positiva ou negativa, grande ou pequena. O que caracteriza o impacto
ambiental, não é qualquer alteração nas propriedades do ambiente, mas alterações que
provocam o desequilíbrio das relações constitutivas do ambiente.
16
Segundo Moura (1998), foi a partir da cada de 60 que as primeiras mudanças
significativas em relação ao meio ambiente foram observadas. A partir daí, os recursos naturais
começaram a ser valorizados, assim como seu esgotamento futuro (petróleo, madeira, água,
etc.) passou a ser visualizado. Nas décadas de 70 e 80, vários fatos e acidentes ambientais
levaram à tomada de medidas de combate à poluição ambiental. Segundo Moreira (1999), nesse
período a expressão “impacto ambiental” teve uma definição mais precisa, e diversos países
perceberam a necessidade de estabelecer diretrizes e critérios para avaliar efeitos adversos das
intervenções humanas na natureza. Como exemplo, a crise energética provocada pelo aumento
repentino do custo do petróleo levou à busca de alternativas energéticas de fontes renováveis,
visando a economizar recursos e aumentar, por conseguinte, a conscientização da reciclagem
de materiais e a valorização energética dos resíduos (MOURA, 1998).
Ainda na década de 70 surgiu o conceito de ‘desenvolvimento sustentável’, e passou a
ser exigida, nos Estados Unidos, a realização de estudos de impactos ambientais para
aprovação de empreendimentos potencialmente poluidores. Em 1978, na Alemanha, surgiu o
primeiro selo ecológico, Anjo Azul”, utilizado para rotular produtos considerados ambientalmente
corretos. Foi nesta década que ficou em evidência o problema da destruição da camada de
ozônio pelo uso de gases como os CFCs (clorofluorcarbonos) (VALLE,1995).
A década de 90 iniciou-se com a percepção de que os problemas do meio ambiente
deviam ser vistos de forma globalizada, ultrapassando as fronteiras das nações. A Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD, também conhecida
como Cúpula da Terra, Rio 92, ou ECO 92, realizada no Rio de Janeiro em 1992, mostrou que
estava ocorrendo uma mudança generalizada de maior preocupação com o meio ambiente,
associada à aceitação da necessidade de desenvolvimento, posição defendida principalmente
pelos países do terceiro mundo. A partir dessa conferência, passou a ser melhor entendida a
mútua dependência entre o desenvolvimento e um meio ambiente ecologicamente em equilíbrio,
com conservação dos recursos para as gerações futuras (MOURA, 1998).
Em 1997 foi realizada uma reunião em Kyoto - Japão, da qual resultou um Protocolo no
qual os chefes de Estado presentes assumiram o compromisso de não superar, nos anos de
2008 a 2012, a emissão média de gases causadores do efeito estufa em 1990 (DIAS, 2001). No
Protocolo de Kyoto estão expressos vários mecanismos que facilitam a obtenção das metas
estabelecidas. Entre eles, o mais polêmico diz respeito à aquisição de créditos de carbono.
17
Também são colocadas medidas relacionadas à obtenção de licença para emissão ou
substituição de matéria que resulte em uma produção limpa, buscando formas alternativas de
energia. Isto porque combustíveis fósseis, como o petróleo, são os maiores causadores do efeito
estufa, além de colocar outros compromissos para países industrializados e em desenvolvimento
que devem reduzir sua emissão, e são hoje grandes credores de carbono para as nações
industrializadas (OLIVEIRA, 2003).
2.1.1 Elementos norteadores de ações para o desenvolvimento sustentável
Nessa caminhada mundial rumo à preservação do meio ambiente e do aumento da
consciência ambiental, dois elementos, dentre outros, surgem como norteadores de ações a
serem realizadas, discutidos e implementados por diferentes países: a Agenda 21 e o conjunto
de normas da série ISO 14000.
2.1.1.1 Agenda 21
A Agenda 21 é um plano a ser adotado de forma global, nacional e local, em todas as
áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. Composta por 40 capítulos, a Agenda
21 foi construída de forma consensuada, a partir da CNUMAD (ou Rio 92), num processo que
durou dois anos e contou com a participação de 178 países. Pode ser considerada como uma
abrangente tentativa de orientação para um novo padrão de desenvolvimento no século XXI,
cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econômica (MMA, 2008). O
programa de implementação da Agenda 21 Global e os compromissos para com a carta de
princípios do Rio 92 foram fortemente reafirmados durante a Cúpula de Johanesburgo, ou
Rio+10, em 2002 (ONU, 2002). A construção da Agenda 21 Brasileira ocorreu entre 1996 e
2002, baseada nas diretrizes da Agenda 21 Global. A partir do ano de 2003, entrou em fase de
implementação sendo elevada pelo governo à condição de Programa do Plano Plurianual (PPA),
2004 - 2007, passando a ser instrumento fundamental para a construção do Brasil Sustentável
(MMA, 2008).
Em resposta às pressões regulamentadoras da sociedade, a indústria da construção, em
conjunto com o International Council for Research and Innovation in Building and Construction
(Conselho Internacional para Pesquisa e Inovação em Construção - CIB), desenvolveu o
documento denominado Agenda 21 para o Setor de Construção. Essa agenda trata de noções,
práticas, programas e dificuldades para alcançar o desenvolvimento sustentável na indústria da
18
construção com o objetivo de permitir às empresas comparar visões e percepções de
desenvolvimento sustentável e avaliar o futuro de setor de construção. Além disso, serve como
guia para as empresas do setor desenvolverem sua própria agenda e, dessa forma, diferenciar
sua organização. Nessa agenda, fica claro que os métodos para atingir o equilíbrio ambiental
dependem das características regionais dos vários países e de como eles evoluíram. As grandes
diferenças aparecem entre as regiões norte e sul do globo, fazendo com que medidas
apropriadas para um país não podem ser idênticas às medidas tomadas em outros (COSTA,
2003).
2..1.1.2 ISO 14000
A International Standardization Organization - ISO (Organização Internacional de
Normatização) é a maior organização mundial que desenvolve normas técnicas. Desde 1947, é
constituída por cnicos de 148 países, com sede em Genebra, Suíça. Trata-se de uma
instituição não-governamental formada por membros do setor público e do setor privado. Os
padrões estabelecidos pela ISO procuram dar um marco de referência ou uma linguagem técnica
comum entre fornecedores e usuários, para facilitar o comércio e a transferência de tecnologia.
Os programas incluem atividades como agricultura, construção e engenharia mecânica, e até a
mais recente tecnologia da informação (ALBERTON, 2003). Dentre as famílias da ISO,
destacam-se a ISO 9000, que virou uma referência internacional para a qualidade e
padronização requerida nos negócios e a ISO 14000, com foco em desafios ambientais
(MONTES, 2005).
A ISO 14000 surgiu nos anos 90, como resposta à necessidade de normalização das
ferramentas de gestão no domínio ambiental. Neste contexto, foi criado em 1993 um comitê
Comitê cnico TC 207 para desenvolver as normas relacionadas com os diversos campos
ambientais resultando nas normas para: Sistemas de Gestão Ambiental (ISO 14001-14004),
Auditorias Ambientais (ISO 14010 14011 14012), Avaliação do Desempenho Ambiental (ISO
14031), Rotulagem Ecológica (ISO 14020), Análise do Ciclo de Vida (ISO 14040) e Termos e
Definições (ISO 14050).
19
2.2 A CONSTRUÇÃO CIVIL E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O ambiente construído é um dos principais determinantes do desenvolvimento
econômico e social, em termos de provisão de infra-estrutura, edificações e geração de emprego
e renda. Porém, segundo Silva (2007), a construção civil tem papel dualístico. Por um lado, é um
dos campos de maior capilaridade nas atividades sócio-econômicas. Por outro lado, contribui
com importante parcela na deterioração ambiental.
Baseado em Druszcz (2002), as primeiras manifestações que pareciam reconhecer a
influência do setor sobre o meio ambiente tomaram corpo no último terço do Século XX.
Neste período, começaram as discussões sobre a poluição nas cidades, o consumo de recursos,
o aumento da população e outros fatores ligados a problemas ambientais.
Existem várias interpretações do significado de sustentabilidade no setor de edificação e
construção (KIBERT, 2000). Para esse autor, a construção sustentável consiste na “criação e
manutenção responsável de um ambiente construído saudável, baseado na eficiência de
recursos e princípios ecológicos”. Para Yeang (2001) apud Montes (2005), o projeto ecológico
(ou sustentável) reconhece que o entorno edificado depende da terra como fornecedora de
recursos materiais e energéticos. Portanto requer estratégias referentes ao uso de materiais, no
sentido de projetar para reutilizar, reciclar para que dure, reduzir a quantidade de material
empregado (se o material resulta escasso ou não reciclável), reparar e manter, reduzir os
resíduos, regenerar, melhorar, e recarregar (no lugar de substituir). Contudo, de forma geral,
esses conceitos têm mudado para abordar, além das questões relacionadas ao impacto no
ambiente natural, aspectos relacionados à sustentabilidade econômica, social e cultural.
2.2.1 Impactos ambientais relacionados com a construção civil
Conforme Sattler (2003), o periódico britânico Green Building Digest classifica os
impactos determinados pela construção em dois tipos: os impactos que ocorrem durante a fase
de produção e aqueles que ocorrem durante a fase de uso da edificação.
A fase de construção do empreendimento envolve atividades com maior interferência no
ambiente, compreendendo desde alteração do ecossistema com os processos naturais de
movimentação de massa, a partir das terraplanagens e obras para a execução da infra-estrutura
e edificações, até a geração e disposição de entulhos resultantes. Dentre os impactos ocorridos
nesta fase, incluem-se o uso de energia, a diminuição dos recursos biológicos e não-biológicos,
20
o aquecimento global, a diminuição da camada de ozônio, emissões tóxicas, chuvas ácidas, e
oxidantes fotoquímicos (SATTLER, 2003). Além desses, Couto e Couto (2007) citam os impactos
sonoros e visuais, e a poluição do ar (poeira) causados na execução de obras.
Em termos de impactos ocorrentes durante a ”fase de uso da construção”, incluem-se o
uso da energia, a reciclabilidade ou degradabilidade, e prejuízos à saúde (SATTLER, 2003).
Trata-se da última fase considerada do empreendimento habitacional. Porém, diferentemente
das anteriores, apresenta uma intervenção contínua e dinâmica no ambiente e deve, portanto,
ser continuamente monitorada. Esta fase pode ser dividida em duas etapas, a primeira trata do
uso do empreendimento e a segunda da sua eventual ampliação, também de demolição( JOHN
2000).
Assim, de uma forma ampla, os impactos no meio ambiente provocados pela construção
devem ser entendidos sob diferentes prismas: quer seja pelo expressivo consumo de recursos
naturais, pela significativa quantidade de resíduos e perdas gerados, ou ainda, pela ocupação e
uso inadequado do solo.
Além dos gastos energéticos, outros impactos estão relacionados como a geração de
esgoto, emissões, poluição interna dos ambientes - que pode provocar dano à saúde dos
ocupantes - consumo de água, geração de resíduos sólidos urbanos (RSU) e finalmente a
geração de resíduos na construção e quando a vida útil do edifício é finalizada onde o
desmonte ou demolição, necessitando de local para fazer a disposição final destes resíduos.
2.2.1.1 Consumo de recursos naturais
Aproximadamente a quantia de 35% do volume total de recursos naturais empregados
no setor produtivo é consumida pela construção civil (JOHN, 2000). Como exemplos, segundo o
Anuário Mineral Brasileiro de 2006, disponibilizado pelo Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM), a construção civil foi responsável pelo consumo de aproximadamente 70% do
consumo da areia e 80% do consumo de brita no ano de 2005 (DNPM, 2008). Em 2003, a
produção nacional de cimento foi de aproximadamente 34 milhões de toneladas (CBIC, 2007), o
que implica em grandes consumos de energia e matéria prima, especialmente calcário e argilas.
Em termos de consumo de energia, o setor da construção tem importante participação,
tanto no que diz respeito à energia necessária para produção de materiais e componentes,
quanto à energia devido ao uso das edificações. Dos 40% da energia consumida mundialmente
21
pela construção civil, aproximadamente 80% concentram-se no beneficiamento, produção e
transporte de materiais (CIB, 2000). Por exemplo, o esgotamento de reservas nas proximidades
das grandes cidades faz com que a areia natural seja transportada de longas distâncias,
implicando em significativos consumos de energia, além da geração de poluição (JOHN, 2000).
No Brasil, edifícios residenciais, comerciais e do setor público consomem cerca de
45,15% do total da energia elétrica produzida (Balanço Energético Nacional, 2007). Segundo
Oliveira (1999) o país possui uma matriz energética amigável ambientalmente, em termos
relativos, e sua população apresenta baixo consumo quando comparada com a de outros países.
Porém, a deficiência dos projetos em termos de bioclimatologia resulta em edificações com
pouco uso da ventilação natural e emprega componentes inadequados por desconhecimento de
elementos arquitetônicos passivos. Assim, esses fatores acabam por tornar as habitações
inadequadas ao clima tropical do país, sendo quentes no verão e frias no inverno. Do ponto de
vista da iluminação, a ausência de técnicas de aproveitamento da luz natural apresenta
resultados semelhantes (OLIVEIRA, 1999).
Ainda conforme Oliveira (1999), considerando o uso da energia nas habitações do país,
percebe-se uma fração de quase um terço do total produzido sendo empregado no aquecimento
de água por meio de chuveiros elétricos, o que exige grandes investimentos em potência
instalada em hidrelétricas e termelétricas para atender a esta finalidade.
Segundo Druszcz (2002), a quantidade de energia gasta durante a operação do edifício,
levando em conta uma vida útil de aproximadamente 50 anos, é quase a mesma gasta para a
sua construção, incluindo os gastos energéticos para a produção dos materiais de construção.
2.2.1.2 Geração de resíduos
De acordo com Pinto (1999), os resíduos de construção e demolição (RCD) constituem
cerca de 40% a 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos em vários municípios brasileiros.
Em muitos municípios, mais da metade dos resíduos gerados por toda a cidade são resíduos da
construção civil. Ainda segundo o autor, a quantidade gerada de resíduos é, em média, 150kg/m²
de área construída.
Especificamente com relação ao consumo de materiais, o consumo desnecessário de
materiais é denominado perda. Soibelman (1993) caracteriza as perdas de materiais num
canteiro de obra em ocultas e aparentes. As perdas ocultas são as que advêm do emprego de
22
materiais em quantidades superiores às previstas no projeto inicial. Como exemplo, cita-se a
parcela de material que não é aproveitada ou aplicada no local previsto, materiais incorporados à
obra por super-dimensionamento, etc. Por outro lado, as perdas aparentes decorrem da geração
de produtos indesejáveis, ou seja, de materiais não incorporados à obra, denominados
comumente de entulho e caracterizados pelas sobras de materiais adquiridos, danificados ou
não utilizados ao longo do processo produtivo.
Quanto à natureza das perdas num canteiro de obra, elas estão fortemente relacionadas
a diversos fatores que podem ser associados a qualquer sistema produtivo. De acordo com
Shingo (1981), as perdas geradas em processos produtivos podem ser classificadas em sete
categorias:
superprodução, ou seja, a produção de itens acima do necessário;
o transporte ou a movimentação desnecessária de materiais, numa fábrica ou
num canteiro de obras;
desperdícios no processamento, referente às atividades de transformação
desnecessárias para que o produto adquira as necessidades básicas de
qualidade;
fabricação de produtos defeituosos, corresponde aos itens confeccionados fora
das especificações de qualidade;
desperdícios no movimento, ou seja, a movimentação inútil na execução das
atividades;
desperdícios por espera, formados pela capacidade ociosa;
desperdícios por estoque, gerando um custo financeiro, além do material
estocado ficar exposto à obsolência e roubo, entre outros;
desperdício de matéria-prima, ou seja, a utilização e emprego de matéria-prima
de forma anormal ou acima do estritamente necessário à produção do produto.
Além dos resíduos gerados nos canteiros de obras em decorrência da produção de
edificações propriamente dita, também deve ser considerado o resíduo gerado na produção de
materiais e componentes utilizados pela indústria. Por exemplo, a produção mundial de cimento,
da ordem de 1,7 bilhão de toneladas em 2002, é responsável por 7% das emissões globais de
CO
2
, sendo que 1 tonelada de cimento libera 1 tonelada de CO
2
para a atmosfera (PIERCE,
2002).
23
2.2.2 Iniciativas para a diminuição dos impactos ambientais
Para a diminuição dos impactos ambientais causados pelo setor da construção civil, é
necessário o envolvimento dos diferentes agentes, tais como, o engajamento dos profissionais e
da cadeia fornecedora, o incentivo e fiscalização do poder público, o desenvolvimento de
pesquisa acadêmica no tema e a conscientização e exigência dos consumidores e da sociedade
em geral.
Tendo em vista a complexidade de todo o processo e diversidade dos impactos
ambientais gerados pela construção, é necessário focar onde agir em primeiro lugar e para o quê
dar prioridade, que dificilmente é possível atuar sobre tudo, pois, normalmente os recursos
disponíveis são limitados. Deve-se ainda saber em que medida todos aqueles que sofrem
impactos, as chamadas partes interessadas, consideram-se prejudicados, como os operários da
obra, os fornecedores, o empreendedor, os projetistas, a vizinhança e, mesmo a sociedade
como um todo (SILVA 2007).
Além disso, características peculiares da indústria ou do setor da construção dificultam a
implantação de mudanças que conduzam à construção sustentável. Dentre essas, o baixo nível
tecnológico com o qual a construção civil opera, o insuficiente treinamento dos operários, a falta
de planejamento organizacional e social, a carência de educação ambiental não só por parte dos
operários, a qual é primária, mas também do setor empresarial, e a pouca informação a respeito
da situação das condições ambientais e sociais em que a obra se realiza (SILVA, 2007).
Conhecer os valores das perdas e consumos vigentes na construção, compreender as
decisões tecnológicas potencialmente redutoras de consumos desnecessários e dominar as
posturas de gestão que favoreçam a redução da demanda por materiais, constituem-se,
portanto, caminhos obrigatórios para o contínuo aprimoramento da construção e a redução dos
impactos ambientais por ela causados (PIERCE, 2002).
Neste contexto, podem ser mencionadas algumas iniciativas realizadas, envolvendo o
poder público, fornecedores, profissionais autônomos, empresas construtoras e a comunidade
acadêmica. Em termos de ações por parte do poder público, uma iniciativa a ser citada é a Lei
Federal 10.257, promulgada em 2001, que exige a adoção de políticas setoriais articuladas por
parte dos municípios, com destaque à política de gestão dos resíduos sólidos, a qual originou a
Resolução de número 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicada em 5
de julho de 2002, voltada especificamente à gestão dos resíduos da construção civil.
24
Resumidamente, esta resolução estabelece responsabilidades e prazos de adequação à gestão
de resíduos de construção tanto para o poder público, para o gerador como para o transportador.
Tem como premissas a não geração, a minimização, a reciclagem, e que a gestão integrada dos
resíduos da construção civil deva proporcionar benefícios de ordem social, econômica e
ambiental. O que se constata, porém, é que a exigência e fiscalização do cumprimento e
adequação à esta norma até hoje não são efetivas.
Quanto aos resíduos causados pela demolição, sua diminuição depende de fatores
fortemente relacionados com o projeto e escolha dos materiais, o que exige mais engajamento
por parte dos projetistas e fornecedores. Como exemplos desses fatores são citados: o
prolongamento da vida útil dos edifícios e seus componentes, através da tecnologia de projeto
tanto quanto da escolha dos materiais; a existência de incentivos para que os proprietários
realizem modernizações e não demolições; e de tecnologia de projeto e demolição ou
desmontagem que permita a reutilização dos componentes (PATRICIO, 2005).
Quanto ao desenvolvimento de equipamentos redutores de consumo, Silva (2007) cita o
aproveitamento da energia solar sob a forma de termo-acumulação, como importante alternativa.
Esta tecnologia teve um primeiro impulso com a crise do petróleo nos anos 70, e difundiu-se
mais ainda com o “apagão brasileiro de 2001, apresentando hoje um desenvolvimento
tecnológico avançado, com a presença de muitas empresas no mercado. O Brasil conta com
algumas iniciativas de implantação de aquecimento solar em habitações de interesse social,
gerando uma economia na ordem de 30 % na conta de energia elétrica, além de proporcionarem
maior conforto para o usuário em relação ao chuveiro elétrico comum. Apesar de recomendável
a intensificação do uso de aquecedores solares de água nos conjuntos habitacionais, seu custo
inicial é mais elevado, o que torna sua implantação mais cil nas habitações de construção
destinadas à população de rendas média e elevada (SILVA, 2007).
Também são encontrados no mercado equipamentos economizadores de água, assim
como equipamentos para o aproveitamento de águas pluviais, o reuso de águas servidas e o
controle de escoamento superficial, que abordam a preocupação ambiental relacionada à
conservação e gestão da água, desde o abastecimento até o tratamento do esgoto (SILVA,
2007).
Outro exemplo de iniciativa por parte de importantes fornecedores, diz respeito à
indústria cimenteira. Segundo WBCSD (2006), a indústria do cimento está consciente das
25
pressões que exerce ao meio-ambiente, e se diz engajada em desenvolver produtos alternativos
que permitam sua permanência a longo-prazo. O cimento ecológico, baseado no uso de
carbonato de magnésio em substituição ao carbonato de cálcio, pode ser uma tentativa
promissora de diminuir os impactos da indústria do cimento ao meio-ambiente, uma vez que tal
cimento absorveria até 400 kg de CO
2
em meses e não em séculos, como o cimento tradicional.
Além disso, sua fabricação exigiria temperaturas da ordem de 600 ºC contra os cerca de 1200 ºC
necessários para o cimento portland (PIERCE, 2002).
Atualmente percebe-se o forte engajamento de algumas empresas construtoras, no que
diz respeito à adoção de estratégias para redução de perdas e organização de canteiros,
geralmente através de melhorias implementadas no sistema de gestão da produção. Como
ações tomadas por essas empresas tem-se a modularização de projetos, o uso de sistemas pré-
moldados ou pré-fabricados, o controle de estoque, o reaproveitamento de materiais, entre
outros. Esse fato ocorre geralmente por parte de empresas de maior porte, ou empresas mais
estruturadas e que investem fortemente em sistemas de gestão, resultando em canteiros mais
organizados e limpos, quando comparados ao cenário geral da indústria dos anos anteriores, ou
o cenário atual de empresas ainda despreocupadas e não comprometidas com essas questões.
Especialmente na esfera acadêmica, a sustentabilidade tem sido pauta de ampla
discussão durante as últimas décadas. São encontrados na literatura muitos artigos científicos,
teses e dissertações que versam sobre o tema, abordando os mais diferentes aspectos, tais
como, reciclagem de resíduos, desenvolvimento de materiais, componentes e equipamentos
com apelo ambiental, otimização de processos, entre outros.
2.3 FATORES ECONÔMICOS DE UM EMPREENDIMENTO SUSTENTÁVEL
As Figuras 2.1 e 2.2 apresentadas por Ceotto (2008), mostram que ao considerar a vida
útil de 50 anos de um edifício comercial, com base na forma tradicional de construção, incluindo
o custo de idealização, concepção, projeto, construção, uso e manutenção, bem como sua
adaptação para novo uso, o item mais importante é o de uso e operação (manutenção), e é ele
que vai se destacar num prazo maior como forma diferenciadora no produto edifício.
O planejamento cuidadoso com implementação de concepções e técnicas sustentáveis
promove uma vantagem econômica que se estende por toda a vida operacional do projeto e vai
além, mas começa com o design, aprovação e o processo de construção.
26
Figura 2.1
Custo total de um edifício comercial tradicional em 50 anos Fonte: CEOTTO, 2008
Figura 2.2 Possibilidade de interferência no custo total. Fonte: CEOTTO, 2008
Inicialmente a idealização e o processo de concepção do projeto podem parecer mais
custosos, todavia, essa despesa excedente não tarda a desaparecer à medida que os projetistas
adquirem experiência e é mais do que compensador a economia em material. O maior conforto
visual, térmico e acústico do prédio também acaba por criar um ambiente de pouco estresse e
alto desempenho, que gera ganhos valiosos e a produtividade do trabalho, nas vendas e no
varejo, assim como na qualidade e na produção industrial . Os prédios verdes, em geral, são
vendidos ou alugados antes e conservam os inquilinos por mais tempo, pois combinam atração e
conforto superiores com custos operacionais mais baixos e em termos mais competitivos. Os
ganhos resultantes em ocupação, aluguéis e resíduos ampliam o retorno financeiro
(CEOTTO,2008)
27
3. SISTEMAS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE
EDIFÍCIOS
O primeiro sinal da necessidade de se avaliar o desempenho ambiental de edifícios veio
exatamente com a constatação que, mesmo os países que acreditavam dominar os conceitos de
projeto ecológico, não possuíam meios para verificar quão "verdes" eram de fato os seus
edifícios. O segundo grande impulso no crescimento de interesse pela avaliação ambiental de
edifícios veio com o acordo entre pesquisadores e agências governamentais quanto à
classificação de desempenho atrelada aos sistemas de certificação ser um dos métodos mais
eficientes para elevar o nível de desempenho ambiental, tanto do estoque construído quanto de
novas edificações (SILVA, 2007).
Para englobar todas as iniciativas dedicadas à criação de construções que utilizem
recursos de maneira eficiente, a expressão Green Building foi então cunhada com claro foco em
uso adequado de energia, em conforto, e em longevidade, adaptando-se às mudanças de
acordo com as necessidades dos usuários e permitindo desmontagem ao final do ciclo de vida
do edifício, para aumentar a vida útil dos componentes através de sua reutilização ou reciclagem
(SILVA et al, 2003).
3.1 AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS
Um conceito que vem sendo desenvolvido e pesquisado atualmente é o da avaliação
ambiental de edifícios, que os edifícios são produtos com longa vida útil, e responsáveis por
parcela significativa do impacto ambiental da construção civil (DRUSZCZ, 2002).
Segundo Gonçalves e Duarte (2006), a certificação constitui-se em um sistema de
avaliação no qual é quantificado o grau de sustentabilidade de um projeto de acordo com
determinados critérios de desempenho, que podem englobar desde o consumo de energia até
tópicos como o impacto ambiental gerado por tintas, por exemplo.
28
Os principais estudos e sistemas para avaliação ambiental de edifícios, em geral,
partiram dos sistemas de avaliação de impactos ambientais de processos ou produtos
industriais, que utilizam a ferramenta da Análise do Ciclo de Vida (ACV) (em inglês - Life-Cycle
Analysis - LCA). Entretanto, na avaliação de impactos de edifícios, que envolve uma diversidade
de produtos, processos e agentes, esse sistema se torna demasiadamente complexo. Outra
deficiência, em se tratando do setor da construção, é que a ACV é usada apenas para abordar
os impactos ambientais de um edifício, não tratando também dos impactos econômicos e sociais
(SOUZA et al., 2007).
Uma grande variedade de sistemas de avaliação ambiental tem sido lançada no
mercado, tomando, segundo Trusty (2000), a escolha apropriada para cada situação uma tarefa
trabalhosa e determinante para o êxito da avaliação. Reconhecendo esta multiplicidade de
propostas, algumas classificações têm sido sugeridas com o objetivo de facilitar a discussão e a
escolha entre as ferramentas (KUHN, 2006).
Verifica-se que a maioria dos sistemas existentes, difundidos até recentemente,
compreendem um grupo similar de elementos que permite aos usuários fornecerem dados e
obterem resultados de desempenho ou de potenciais impactos associados à produção e ao uso
da edificação. Além disso, grande parte dos sistemas voltados à avaliação ambiental de
edificações, mesmo não seguindo a metodologia de ACV, extrai do método o conceito de avaliar
impactos ao longo do ciclo de vida, o que faz transparecer em suas estruturas o uso de muitos
dos seus elementos (SILVA, 2003).
Dos sistemas dirigidos à aplicação em diferentes etapas do ciclo de vida de uma
edificação, existem aqueles orientados à etapa de projeto e têm, geralmente, o objetivo de dar
suporte à tomada de decisões, possibilitando que sejam feitas melhorias no desempenho
potencial do edifício. No entanto, nesta etapa apenas se pode fazer uma estimativa do
desempenho do edifício nas etapas seguintes. os sistemas para condução de avaliações
durante a etapa de uso, possibilitam análises mais precisas, pois medem o desempenho das
soluções efetivamente implantadas no edifício. Porém, nesta etapa, poucas alterações podem
ainda ser feitas no próprio edifício.
Segundo Graham (2000), o que praticamente todos os sitemas existentes têm em
comum é não avaliar todos os aspectos da sustentabilidade relacionados ao ciclo de vida das
edificações, concentrando-se na dimensão ambiental. Ainda assim, os focos sobre determinados
29
aspectos ambientais o diferenciados de um sistema para outro. Primeiro, porque os impactos
críticos variam de um país para outro. Segundo, porque as práticas construtivas e de projeto são
distintas, influenciadas pelas características climáticas e culturais de cada região (SILVA et al.,
2003). Além disso, a experiência tem demonstrado que os saltos nos níveis mínimos de
desempenho aceitáveis dependem necessariamente de alterações nas demandas do mercado,
sejam elas voluntárias ou originadas de exigências normativas (SILVA, 2007).
Silva (2001) destaca que, em linhas gerais, as avaliações ambientais de edifícios
compreendem pelo menos cinco categorias:
Utilização de recursos naturais: energia (energia incorporada, operacional,
monitoramento/gerenciamento); água (consumo, emprego de dispositivos de
controle, monitoramento e plano de manutenção) e materiais (teor de resíduos e
reciclados; presença de materiais danosos ao homem ou ao ambiente;
reutilização de elementos; geração e reciclagem de entulho).
Geração de poluição e emissões: emissões para o ar; resíduos sólidos;
efluentes líquidos e outras cargas ambientais.
Qualidade do ambiente interno.
Comprometimento ambiental dos agentes (projetistas, executores e
empreendedores) e qualidade do monitoramento da operação do edifício.
Contexto da inserção: distâncias de transporte e impactos nas áreas vizinhas.
Forsberg e Von Malmborg (2004) argumentam que tem surgido recentemente uma
geração mais nova de sistemas para a avaliação de edificações como um todo, que se
diferenciam desses difundidos nos últimos 10 anos, pela utilização exclusiva de dados
quantitativos. Segundo os autores, os sistemas que se baseiam em critérios e pontuações, têm
algumas questões fundamentadas em dados quantitativos e outros estritamente em critérios
qualitativos ou até mesmo prescritivos. Caracterizam-se por auditorias de edificações, onde o
atribuídas pontuações para cada parâmetro ambiental avaliado, resultando em uma pontuação
geral ou várias pontuações parciais para a edificação (KUHN, 2006).
3.2 PRINCIPAIS SISTEMAS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS
Os sistemas de avaliação de construção sustentável são ferramentas importantes que
permitem incentivar e auxiliar a implementação de edifícios sustentáveis. Estes sistemas são
30
compostos por um determinado conjunto de critérios que agregam os aspectos ambientais e
fatores de construção relevantes, sendo a avaliação dos edifícios efetuada de acordo com o seu
desempenho referente a esses critérios (PINHEIRO e SOARES, 2007).
Atualmente, praticamente cada país europeu - além de Estados Unidos, Canadá,
Austrália, Japão e Hong Kong - possui um sistema de avaliação e classificação de desempenho
ambiental de edifícios. As circunstâncias contextuais que resultaram na criação destes sistemas
variam, assim como as aplicações pretendidas, desde ferramentas de apoio ao projeto até
ferramentas de avaliação s-ocupação. A grande maioria dos sistemas é mais adequada à
avaliação de edifícios novos ou projetos, trabalhando no plano do desempenho potencial, sendo
raros os exemplos de sistemas voltados à etapa de uso (SILVA, 2007). Poucos sistemas
distinguem claramente entre o desempenho ambiental com base em propriedades inerentes ao
edifício (desempenho potencial) e o desempenho real do edifício em operação. Sob este
aspecto, o alcance das exigências normativas é limitado à garantia de um desempenho mínimo,
não havendo incentivo para procurar atender a patamares superiores. Os sistemas de adoção
voluntária, por outro lado, pretendem que o próprio mercado impulsione a elevação do padrão
ambiental, seja por comprometimento ambiental ou por questão de competitividade e
diferenciação mercadológica (ZIMMERMANN et al., 2002).
Na prática, países como EUA, Canadá, alguns asiáticos e europeus m investido em
certificação de edifícios, baseados em critérios e indicadores de desempenho que avaliam,
dentre outros, o consumo de energia e impacto ambiental, com destaque aos sistemas BREEAM
(Inglaterra) e LEED (Estados Unidos da América). Estes sistemas visam encorajar a demanda de
mercado por níveis superiores de desempenho ambiental. Tratam-se de ferramentas de
avaliação ambiental sistêmicas, respeitadas internacionalmente, procurando, em alguns casos, a
aplicabilidade a nível mundial dos sistemas. Porém verificam-se grandes influências de
problemas de caráter ambiental de cada região na utilização desses sistemas (SILVA, 2007).
Conforme Benini et al. (2003), a certificação ambiental pode seguir vários modelos,
dependendo de cada país e de suas necessidades. Abaixo, uma relação abrangente onde estão
citados alguns órgãos que criaram critérios de avaliação de desempenho:
BREEAM / EcoHomes (Building Establishment Environmental Assessment
Method) 1990 – Inglaterra - o primeiro deles e que embasou os vários sistemas
orientados ao mercado subseqüentes;
31
BEPAC – (Building Environmental Performance Assessment Criteria) – 1993 –
Canadá - o primeiro sistema orientado a pesquisa metodológica;
LEED™ (Leadership in Energy and Environmental Design) 1999 – Estados
Unidos - atualmente o sistema com maior potencial de crescimento, pelo
investimento maciço que está sendo feito para sua difusão e aprimoramento;
Certification Operation HQE Tertiaire / CSTB 1996 – França - metodologia
inovadora que avalia o sistema de gestão do desenvolvimento do
empreendimento, além de suas características de desempenho, as quais são
priorizadas em função do contexto e dos princípios de sustentabilidade do
empreendedor;
HK-BEAM
GBC (Green Building Challenge) 1996, SBTool, GBToll / iiSBE- atual SBTool
(Green Building / International Initiative for SustainableBuilt Environment),
sucessor do BEPAC – aplicação internacional - utilizado no estudo exploratório;
CASBEE (Comprehensive Assessment System for Building Environment
Efficiency) 2002 – Japão - o sistema lançado mais recentemente, que introduziu
alguns conceitos inovadores à avaliação de edifícios;
Segundo Silva (2003), embora não exista uma classificação formal, os sistemas de
avaliação ambiental disponíveis podem ser divididos em duas categorias. No primeiro grupo
estão aqueles orientados por mecanismos de mercado, desenvolvidos para serem facilmente
aplicados por projetistas e pelo mercado em geral. Geralmente estes esquemas possuem uma
estrutura mais simples, muitas vezes na forma de listas de verificação, e estão atrelados a algum
tipo de certificação ambiental. Neste grupo se enquadram o BREEAM, HK-BEAM, LEED™,
CSTB ESCALE, CASBEE. No segundo grupo estão os orientados à pesquisa, como o BEPAC e
seu sucessor, o SBTool (anteriormente nomeado GBTool). Estes esquemas estão centrados no
desenvolvimento metodológico e fundamentação científica para orientar o desenvolvimento de
novos métodos.
Os principais sistemas de avaliação de desempenho ambiental de edifícios existentes
em alguns países estão demonstrados na Tabela 3.1, com um breve comentário da metodologia
que seguem.
32
Tabela 3.1 - Principais sistemas de avaliação de desempenho ambiental em edifícios. Fonte: SILVA, 2003.
3.2.1 Conteúdo da avaliação dos sistemas existentes
As estruturas de seis dos principais sistemas disponíveis - BREEAM, LEED™, HKBEAM,
MSDG, CASBEE e GBTool foram estudadas pormenorizadamente em Silva (2003). Constatou-
33
se que os nomes, conteúdo e nível de detalhamento das categorias variavam de um sistema a
outro, dentro de blocos de discussão relativamente comuns, porém com diferente importância
entre as categorias, como é mostrado na Figura 3.1. A separação das categorias não é
perfeitamente clara, pois alguns itens podem enquadrar-se em mais de uma categoria (uso de
energia renovável, por exemplo, pode ser entendido como pertinente à categoria de gestão de
energia ou de prevenção de poluição) (SILVA, 2003).
Figura 3.1 – Distribuição de créditos ambientais. Fonte: SILVA, 2003.
Os sistemas são diferentes porque refletem expectativas de mercado, práticas
construtivas e, principalmente, agendas ambientais diferentes para cada país. A maior parte dos
sistemas de avaliação existentes especialmente aqueles que atribuem pontos ou créditos com
base em critérios, como o LEED™, BREEAM, etc. não utilizam a ACV como ferramenta de
apoio à atribuição de créditos ambientais relacionados ao uso de materiais. Esta deficiência
resulta da natureza evolucionária das estruturas dos sistemas de avaliação ambiental e da
ausência de dados ambientais apropriados e consensualmente aceita, mas pode ser superada
pela integração de ferramentas de suporte à decisão com base em ACV e aos sistemas de
avaliação ambiental. São poucos os sistemas que seguem mais rigorosamente este formato,
34
devido às dificuldades práticas de aquisição e manipulação de dados, e ao fato de aspectos
importantes do desempenho de edifícios ficarem fora de seu alcance. De toda forma, o conceito
de avaliar impactos ao longo de todo o ciclo de vida do edifício permeia todos os sistemas de
avaliação disponíveis e de alguma forma transparece em suas estruturas. (SILVA, 2007).
Cabe ainda uma observação específica sobre a consideração da categoria Desempenho
Econômico. O único sistema que vai além da avaliação de desempenho ambiental é o GBC, que
procura estimar o custo envolvido na obtenção de um determinadovel de desempenho
ambiental, com a intenção de: (i) estimular o emprego de métodos de valoração no longo prazo;
e, (ii) reunir dados para desmistificar o pré-conceito de que edifícios com melhor desempenho
ambiental são necessariamente muito mais caros que um edifício comum. No entanto, o
desempenho econômico é balanceado no mesmo nível que as diversas subcategorias de
desempenho ambiental (SILVA, 2007).
3.2.2 Aspectos metodológicos e sistemas de avaliação
O desenvolvimento ideal das metodologias de avaliação de edifícios é migrar dos
critérios prescritivos para critérios de desempenho. Neste caso, o papel dos valores referências
(benchmark) considerado de forma implícita na definição das metas, passa para o primeiro
plano, e sinaliza o grande desafio de acumular os dados para construção destas referências de
desempenho. Diante da complexidade de aplicar os conceitos de avaliação de desempenho, a
maior parte das metodologias é prescritiva e orientada a dispositivos ou estratégias, e trabalham
com listas de verificação que concedem créditos em função da aplicação de determinadas
estratégias de projeto ou especificação de determinados equipamentos (DEGANI e CARDOSO,
2002).
Conforme Silva (2003), os pontos metodológicos-chave de um sistema de avaliação de
edifícios podem ser estruturados em torno de três questões centrais:
O que avaliar? Definição da estrutura e do conteúdo da avaliação;
Como avaliar? Definição da natureza da avaliação (prescritiva x desempenho);
seleção dos indicadores destas medidas, definição dos pesos a serem
atribuídos a cada um deles, e do formato de apresentação de resultados; e
Quanto atingir? Definição de pontuação mínima, da escala de pontuação
(referências e metas), e de classes de desempenho.
35
Ainda não consenso sobre um conjunto de indicadores mais apropriado. Os valores
de referência naturalmente variam de um contexto a outro, sendo normalmente obtidos através
de programas experimentais para coleta de dados da prática típica, que retroalimentam a
definição das metas. Uma vez adotado um determinado indicador, a unidade é normalmente
consensual, isto é: emissões o expressas em kg de substâncias equivalentes/ano; o consumo
de energia, em MJ/ano; e o consumo de água, em m³/ano. O que muda um pouco é o critério de
normalização, isto é, se os valores dos indicadores são expressos como a quantidade absoluta
de impacto ou por unidade de área, ou por horas de ocupação (SILVA, 2007).
No entanto, em geral pouca informação sobre o desempenho de edifícios existentes
em relação a diversos indicadores, pois aspectos de desempenho ambiental (como o efeito
de qualidade do ar interno na saúde dos ocupantes) substancialmente mais difíceis de avaliar
quantitativamente, seja de forma absoluta ou comparativa (HARRIS, 1999).
Sobre a aplicação de ponderação, esta é a área mais complexa de avaliação de
impactos ambientais. Segundo Silva (2007), ainda não um método consensual para
determinar objetivamente os fatores de ponderação apropriados, pois:
Há dificuldade em obter consenso sobre a importância relativa de diferentes
efeitos, ex.: “como a redução do consumo de energia compara-se ao consumo
de matéria prima em termos ambientais?”, ou “uma tonelada de material
depositada em aterro tem um impacto ambiental equivalente a uma tonelada de
emissão de CO
2
?”;
Um determinado efeito pode ser não só dependente de materiais, mas também
de características de uso;
A importância pode variar geograficamente, ex: conservação de água,
isolamento térmico;
Há variações geográficas na energia incorporada, atreladas a diferentes
requisitos de transporte e variações de eficiência energética na manufatura.
Por essas razões, nem todos os sistemas agregam todos os resultados. A diferença em
importância relativa entre variáveis pode existir explicita ou implicitamente e, neste sentido, os
sistemas existentes acabam adotando critérios muito diferentes.
36
A pontuação da certificação de desempenho é conferida com base no total de créditos
obtidos, sendo necessário, portanto, atender a um número mínimo de créditos em cada uma das
categorias (COLE e LARSSON, 2002).
O sistema de avaliação ambiental de edifícios LEED se abordado a seguir por ser
objeto de referência nos estudos de caso deste trabalho.
3.2.3 Leadership Energy and Environmental Design - LEED
Em 1993 nascia o US Green Building Council (USGBC). Trata-se de uma instituição
sem fins lucrativos, financiada pelo NIST (National Institute of Standards and Technology) onde,
sob a iniciativa de alguns agentes individuais, foram conduzidas reuniões com representantes do
mercado de construção civil nos Estados Unidos, em associação com órgãos governamentais e
associações de classe. Ela tem como objetivo abordar a questão da sustentabilidade do
ambiente construído (HERNANDES e DUARTE, 2007), com o objetivo original de desenvolver
um sistema para definir o que constitui um edifício verde - green building (SOUZA et al., 2007).
Após o estudo dos programas existentes (principalmente o BREEAM e o BEPAC), decidiu-se
desenvolver um sistema próprio para os Estados Unidos, com o nome de LEED™ (Leadership in
Energy and Environmental Design) – Liderança em Projeto Energético e Ambiental (SILVA,
2007).
É um sistema de classificação e certificação ambiental projetado para facilitar a
transferência de conceitos de construção ambientalmente responsável os profissionais da
indústria de construção americana, e proporcionar reconhecimento junto ao mercado pelos
esforços despendidos para essa finalidade (USGBC, 2005). Os trabalhos foram iniciados em
1996, voltados inicialmente para edifícios de ocupação comercial (SILVA, 2007). Hoje, porém,
tornou-se também aplicável a edifícios institucionais e residenciais de múltiplos pavimentos,
utilizado tanto como uma ferramenta auxílio de projeto, como uma ferramenta de certificação
ambiental (MARQUES, 2007).
Os principais objetivos do sistema LEED, segundo Goulart (2005), o: (i) definir “green
building” para estabelecer um padrão comum de medição; (ii) promover a prática de projeto
integrado, do edifício como um todo; (iii) reconhecer a liderança ambiental na indústria da
construção; (iv) estimular a competição na construção sustentável; (v) aumentar a consciência
37
nos consumidores dos benefícios de edificações sustentáveis; (vi) transformar o mercado da
construção.
A primeira versão do LEED foi desenvolvida em 1998, conhecida também como projeto
piloto. Em março de 2000, foi lançada a versão 2.0 e em 2002 foi apresentada a versão 2.1
(HERNANDES e DUARTE, 2007).
A certificação LEED reconhece projetos de edificações que tenham demonstrado um
comprometimento com a sustentabilidade, alcançando determinados parâmetros de
desempenho. Para verificar se um projeto poderá receber um selo do LEED, a USGBC encoraja
as equipes de projeto a usarem uma lista de verificação, o Checklist Leed Rating System
(MONTES, 2005). Esta lista de verificação atribui pontos para o atendimento de critérios pré-
estabelecidos, sendo cada um desses critérios dividido em sub-créditos que são basicamente
ações de projeto, construção ou gerenciamento que contribuam para reduzir os impactos
ambientais do edifício (ARAUJO e CALMON, 2007). Com a obtenção de um mínimo de 26
pontos na lista, os projetos são vistos como tendo potencial para ganhar uma Certificação LEED
(MONTES, 2005). A avaliação do edifício verde é realizada através de uma certificação em 4
níveis (Certificado, Prata, Ouro e Platina (Certified, Silver, Gold e Platinum). Os selos que
representam esses níveis de classificação são mostrados na Figura 3.2. A Figura 3.3 mostra a
faixa de créditos necessária para atingir cada um dos quatro níveis.
Figura 3.2 – Selos da certificação LEED. Fonte: USBCG, 2007
38
Figura 3.3 – Quantidade de créditos necessária para cada nível da certificação LEED. Fonte: SILVA, 2007
Na versão atual do sistema existem 7 pré-requisitos e 69 pontos possíveis. A versão 3.0
está sendo preparada e deverá ser lançada em breve (HERNANDES e DUARTE, 2007).
Consiste num sistema computadorizado, com foco nas características exatas e no contexto do
projeto, chamado de LEED Multi-dimencional, considerando uma adaptação mais regional
(USGBC, 2005).
Os vários créditos são distribuídos em 5 categorias de impactos ambientais (sítios
sustentáveis; uso eficiente de água; energia e atmosfera; materiais e recursos; e qualidade do
ambiente interno) e mais 5 créditos são destinados à categoria de inovação e processo de
projeto como demonstrado na Tabela 3.2. Não um critério explícito de ponderação entre as
categorias que todos os créditos possuem peso igual. Entretanto, o número variável de itens
dentro de cada categoria acaba por definir pesos para cada uma delas (SILVA, 2003).
39
Tabela 3.2 - Créditos, requisitos e pontuação do sistema LEED. Fonte: SILVA, 2007.
HCFC - Hidroclorofluorcarbono
40
Tabela 3.2 (continuação) - Créditos, requisitos e pontuação do sistema LEED. Fonte: SILVA 2007.
VOCs (Volatile Organic Compounds) - Compostos orgânicos voláteis
Segundo Souza (2007), este sistema se tornou, claramente, um instrumento de
marketing para edifícios ambientalmente responsáveis e como estímulo a políticas de mudança.
A princípio destinado simplesmente à avaliação de edifícios comerciais, hoje existem versões
para diferentes situações como para edifícios novos, edifícios existentes, interiores comerciais,
habitações, entre outros. Em 2004 foram lançadas as versões do LEED™ específicas (USGBC,
2007), descritas a seguir e conforme mostra Figura 3.4:
41
Figura 3.4 – Versões da certificação LEED. Fonte: SILVA, 2007
LEED™NC - New Constrution (Construções Novas): designado para guiar
projetos institucionais e de alto-desempenho em construções novas;
LEED™EB - Existing Buildings (Edifícios Existentes): fornece um nivelamento
para os usuários, proprietários para a melhoria das medidas de operação e
manutenção de edifícios existentes.
LEED™CS - Core and Shell (Estrutura e Envelope): auxilia aos projetistas,
construtores, colaboradores e novos proprietários de edifícios em executar
projetos sustentáveis de novas construções de núcleo e cascas como grandes
edifícios comerciais e escritórios;
LEED™CI Commercial Interiors/Renovations (Interiores Comerciais e
Reformas): direcionado a projetos de renovações e reabilitações de maiores
proporções para projetos de interiores comerciais, não necessariamente em
green buildings;
LEED™H - for Homes (Residencial): dedicado ao desenvolvimento e construção
de residências unifamiliares ou edifícios residenciais com até 3 pavimentos;
42
LEED™ NB - Neighborhood Development (Desenvolvimento do Bairro): integra
princípios de crescimento considerável do entorno, do urbanismo do green
building; como condomínios e loteamentos. Sua versão piloto foi publicada em
fevereiro de 2007. Esta versão preliminar deveser aplicada em mais de 120
projetos, após o que será realizada a sua revisão baseada no retorno dos
comentários públicos acerca da versão piloto, culminando em 2009 na votação e
lançamento da versão final.
A certificação LEED é válida por um período de cinco anos, quando deverá ser
encaminhada uma nova solicitação de avaliação por um programa apropriado do USGBC, desta
vez centrado na avaliação da operação e gestão do empreendimento. A partir de janeiro de
2000, foram previstas revisões regulares do sistema de certificação a cada 3 ou 5 anos ou em
período inferior, caso uma decisão consensual do USGBC ou alguma regulamentação local
assim o exigir (USGBC, 2007). É aconselhado registrar o projeto logo nas suas primeiras fases,
já que assim é possível estabelecer contato e obter informação com a USGBC (MONTES, 2005).
O LEED é considerado uma ferramenta auxiliar de projeto, o que facilita a sua
incorporação à prática profissional. Com uma estrutura simples a ponto de ser, por isso,
criticada, o LEED é baseado em especificação de desempenho em vez de critérios prescritivos,
e toma por referência princípios ambientais e de uso de energia consolidados em normas e
recomendações de organismos com credibilidade reconhecida, como a ASHRAE - American
Society of Heating, Refrigerating and Air-conditionning Engineers (Sociedade Americana de
Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar Condicionado).; a ASTM - American Society for
Testing and Materials (Sociedade Americana de Ensaios e Materiais); a EPA (U.S.
Environmental Protection Agency (Agência Americana de Proteção Ambiental). e o DOE - U.S.
Department of Energy ( Departamento Americano de Energia). (BENINI et al,2003).
Segundo o USGBC (2007), existem aproximadamente 875 projetos certificados (650
LEED-NC, 75 LEED-EB, 100 LEED-CI e 50 LEED-CS). Dados de 2003 mostravam que a metade
dos projetos registrados no LEED (cerca de 48%) eram do governo (federal, estadual e local dos
EUA). Em 2006, os dados mostram que a participação dos projetos do governo haviam se
mantido constante, cerca de 46% (USGBC, 2006b). Estas participações são mostradas na
Figura 3.5.
43
Figura 3.5 - Usuários do LEED (EUA). Fonte: HERNANDES e DUARTE, 2007
Avaliando-se a progressão do número de projetos certificados pelo sistema, observa-se
um aumento expressivo de mais de 28 vezes nos últimos 5 anos, indo de 4 projetos no ano de
2001 para 114 projetos em 2005 (HERNANDES e DUARTE, 2007).
Ainda segundo Hernandes e Duarte (2007), identificando os itens mais alcançados pelos
projetos certificados, destacam-se os seguintes aspectos: (i) alta presença dos itens
relacionados à qualidade do ar ( Indoor Environmental Quality IEQ) um dos aspectos que
chamam mais atenção do mercado americano, pela tendência dos ambientes fechados em
climas frios de serem menos salubres; (ii) itens relacionados com a disponibilidade de materiais
de construção com baixa emissão de VOCs, fabricados localmente ou com conteúdo reciclado,
têm grande destaque, indicando a necessidade de adaptação dos fornecedores desses materiais
a novas exigências de mercado relacionadas ao desempenho ambiental; (iii) itens relacionados
ao uso racional da água e economia de energia, e, conseqüentemente, de recursos financeiros
na fase de operação do edifício; (iv) os créditos diretamente relacionados com o papel dos
clientes/empreendedores, à escolha do terreno e ao reaproveitamento de edifícios existentes;
(v) créditos relacionados com o incentivo às energias alternativas apresentam ainda um grande
desafio para os projetos, já que apresentam 4 dos 16 créditos que não são alcançados.
3.3 AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFICAÇÕES NO BRASIL
A importância e a necessidade da avaliação da sustentabilidade de edifícios já são
percebidas pelos diversos agentes do setor da construção civil no Brasil e o interesse pelo tema
44
está se consolidando. Entretanto, ainda se enfrenta a carência de um sistema de avaliação que
responda às questões próprias do país. Em geral, os sistemas disponíveis, consagrados
internacionalmente, têm origem em países desenvolvidos e já foi constatado que não são
aplicáveis em realidades distintas às do seu contexto original. Diferenças culturais, ambientais,
climáticas, sociais e econômicas influenciam significativamente nas prioridades e objetivos da
avaliação, entre diferentes países ou mesmo entre diferentes regiões de um mesmo país
(SOUZA et al.,2007)
As diferenças entre os países em desenvolvimento, especificamente o Brasil, com
relação aos desenvolvidos referem-se, além dos aspectos econômicos, aos impactos
ambientais, que têm características diferenciadas, pois a estrutura industrial e de consumo são
diferentes. Além disso, citam-se outros problemas de ordem social e ambiental, como a falta de
saneamento básico, o déficit habitacional e de infra-estrutura, a grande concentração de renda e
a exclusão social (JOHN et al., 2001).
Alguns pesquisadores acreditam ser fundamental a criação de um modelo nacional de
certificação ambiental. Porém, o que se deve observar é que a certificação não deva se tornar
uma “rotulagem verde” ou apenas um meio publicitário para viabilizar empreendimentos com
“carimbos” e “selos” de atitudes ecologicamente corretas. A tendência do mercado nacional, no
entanto, aponta para uma crescente valorização das certificações, como o Sistema ISO, o
INMETRO, o selo PROCEL de eficiência energética, entre outros. Obviamente, o destaque
publicitário ou mercadológico proveniente da certificação ou da aplicação de um selo sempre
ocorrerá, mas isto deve ser entendido como uma conseqüência, e não um objetivo. Afinal, se a
publicidade conquistada com a obtenção de um certificado se tornar o objetivo principal, os
meios avaliados para a obtenção do selo, razão principal da existência de uma metodologia,
podem ser negligenciados por tornarem, neste caso, de importância secundária (SOBREIRA, et
al., 2007).
Ao contrário da realidade européia, a legislação brasileira ainda não contempla
conceitos e critérios para a construção sustentável. Além do mais, a legislação e os códigos de
obra são muito mais normativos do que de fato direcionados para o desempenho. Em termos de
impacto ambiental do edifício em construção ou do edifício em operação, não existe ainda uma
definição por parte da legislação brasileira que demonstre uma atitude pública em prol de
edificações de menor impacto ambiental, como um indicador de consumo de energia, por
45
exemplo. No entanto, vale ressaltar o valor metodológico e científico de propostas feitas e em
desenvolvimento para o tema no Brasil, cuja viabilidade de implementação está na dependência
de vontades políticas (GONÇALVES e DUARTE, 2007).
Entre um conjunto de iniciativas nesse sentido, existe o trabalho de pesquisa identificada
no contexto nacional, voltada a edificações como um todo, que foi conduzida por Silva (2003).
Neste trabalho foram estabelecidas diretrizes, base metodológica e o inicio do desenvolvimento
de um sistema de avaliação de sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros. No modelo
de avaliação sugerido, os limites do estudo abrangem as etapas de construção e uso dos
edifícios. Também são avaliados os agentes envolvidos no processo, iniciando-se pela empresa
construtora. Essa estrutura de avaliação, e uma lista abrangente de indicadores relacionados a
ela, foram submetidas à consulta das partes interessadas no Estado de São Paulo. Foi
constatado, no entanto, que o setor não estaria preparado, em curto prazo, para medir ou ser
avaliado por sistemas sofisticados, o que a fez adotar uma estrutura simplificada, com uma
estratégia de implementação gradual.
Sob este aspecto, pesquisas que contribuam para o acúmulo de experiência nacional
para o desenvolvimento de um sistema de avaliação de sustentabilidade de edifícios brasileiros
se mostram necessárias. Dentre as várias possibilidades, experiências na coleta e tratamento de
dados necessários para a avaliação, identificação de itens relevantes da agenda ambiental local,
relatos das dificuldades encontradas na aplicação do todo adotado, avaliação de impacto
ambiental de edifícios para definição de bases de referência, fornecem subsídio para o
aprimoramento do Brasil nesse campo (SOUZA et al.,2007).
Algumas empresas públicas têm desenvolvido os seus projetos de novas edificações
com o objetivo de obter certificações internacionais de eco-eficiência, como o selo francês Haute
Qualité Environnementale (HQE) ou o LEED,
Em outubro 2007 foi criado o primeiro sistema brasileiro de certificação ambiental de
edifícios a ser lançado para o setor da construção civil, o Referencial Técnico de Certificação
Edifícios do setor de serviços - método
Alta QUalidade Ambiental
- AQUA, da Fundação
Vanzolini. Ele tem como base o sistema francês NF Bâtiments Tertiaires - marche HQE®, em
particular o documento técnico Référentiel Technique de Certification “Bâtiments Tertiaires
Démarche HQE®. Este foi adequado para a realidade brasileira pela Fundação Vanzolini, a partir
de um acordo com o Centre Scientifique et Technique Du timent CSTB, instituição líder na
46
França na área de pesquisa e desenvolvimento,e com sua filial Certivéa, detentoras da
certificação (AULICINO, 2008).
Assim como o francês, o referencial técnico brasileiro é estruturado em duas partes que
avalia o empreendimento de maneiras complementares (VANZOLINI, 2008). A primeira
compreende o Sistema de Gestão do Empreendimento, que trata da gestão a ser estabelecida
pelo empreendedor para assegurar a qualidade ambiental final de sua construção. A segunda
corresponde à Qualidade Ambiental do Edifício, que avalia o desempenho do empreendimento
de acordo com suas características técnicas e arquitetônicas. O empreendimento também é
avaliado em três momentos: na fase de pré-projeto (programa de necessidades), na fase de
concepção e ao final da execução da obra, para a certificação final. Para avaliar a Qualidade
Ambiental do Edifício, o referencial estrutura-se em 14 categorias, propostas no documento
original francês pelos trabalhos da Association HQE®.
Quanto à influência do sistema LEED™ no Brasil, existe um esforço por parte do Green
Building Council Brasil (GBCB), criado em 2007, no sentido de adaptar o sistema LEED às
edificações brasileiras, conferindo o selo de "green building", implementado em projetos por
algumas empresas construtoras.
A partir da constatação do uso do sistema LEED™ no Brasil, e de seu potencial de
disseminação no mercado, identifica-se a necessidade da elaboração de uma iniciativa local que
responda de maneira consistente às demandas e particularidades nacionais, eventualmente a
baseada nos pontos fortes reconhecidos no LEED™. O objetivo principal desse sistema deveria
ter foco na questão mais estratégica para o contexto nacional: a grande desigualdade e baixa
média de sustentabilidade dos projetos e novas construções no Brasil.
Apesar disto, a Figura 3.6 mostra que nos ultimos seis anos houve um acúmulo
significativo nos registros do USBCG, na busca pela certificação do sistema ambiental LEED no
mercado da construção brasileira. Registra também um decréscimo dos registros no ano de
2009, podendo representar a influência da crise mundial no mercado imobiliário que atingiu a
maioria dos países neste período, incluindo o Brasil.
47
Figura 3.6 Registros do LEED no Brasil. Fonte USBCG, 2009
Recentemente, em 2007 e 2008, alguns empreendimentos no Brasil receberam a
certificação com selo LEED conforme mostrado na Tabela 3.3.
Tabela 3.3 - Empreendimentos que receberam certificação com selo LEED no Brasil Fonte: USBCG 2009
Nome do Projeto
Proprietário
Cidade
Estado
País
Nível LEED
Banco Real Agencia Bancaria
Granja Viana
ABN AMRO BANK
Cotia
SP
BR
Silver NC
Morgan Stanley
Bank Morgan Stanley Dean Witter
S.A.
São Paulo
SP
BR
Silver EB
Delboni Auriemo - Dumont
Villares
Diagnósticos da America
São Paulo
SP
BR
Silver NC
Bracor - Brazil Project Bracor VII Empreendimentos
Imobiliários
Rio de Janeiro RJ BR Certified CS
Dentre alguns empreendimentos brasileiros registrados e que buscam a certificação
estão: dois conjuntos de edifícios com escritório de mais alto padrão do país, o Rochaverá em
São Paulo, o Ventura Corporate no Rio de Janeiro (HERNANDES e DUARTE, 2007); a Sede da
Serasa e o Edifício Eldorado Business Tower, ambos em São Paulo e o edifício comercial de
escritórios Primavera Green Office, em Florianópolis, todos desenvolvidos usando o LEED™
como norteador do processo de projeto com objetivo de certificação (TRIANA, 2006).
A procura pelo selo de certificação LEED no Brasil concentra-se na maioria nos grandes
centros urbanos pois, é onde encontra-se um mercado imobiliário mais atuante e competitivo,
proporcionando à indústria da construção civil a aplicação de técnicas mais arrojadas tanto em
tecnologia quanto em sustentabilidade ambiental. A Figura 3.7 mostra a porcentagem de
registros por estados brasileiros de empreendimentos brasileiros que buscam a certificação.O
48
estado de São Paulo é o que concentra maior numero de registros seguido dos estados do Rio
de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul .
Figura 3.7 – Porcentagem de registros no USBCG por estado no Brasil Fonte: USBCG 2009
No entanto, uma das críticas que se faz a esse tipo de certificação é a pouca importância
relacionada à qualidade do projeto de arquitetura propriamente dita. Em alguns casos, constata-
se que edificações de baixa qualidade arquitetônica, sob o ponto de vista plástico, funcional e do
conforto ambiental passivo, têm sido premiadas com selos de qualidade ambiental em virtude da
quantidade de acessórios e tecnologias adicionadas ao edifício: células fotovoltaicas, reutilização
de águas pluviais, utilização de materiais com selos ecológicos, acessórios tecnológicos de
automação, etc. Retirados todos esses adereços, o que se tem, muitas vezes, o edificações
ineficientes. Não obstante, a importância das certificações deve-se ter o cuidado para que a
importação indiscriminada de selos não venha a causar a promoção de uma arquitetura nociva
ao meio urbano e de alto impacto sócio-ambiental, se consideramos a sustentabilidade no
sentido mais amplo, que considera as características da cultura local (SOBREIRA, et al, 2007).
A preocupação com desempenho, segundo Borges e Sabbatini (2008), é uma tendência
irreversível no mundo todo, porém a aplicação do conceito na construção é difícil, pois depende
de vários fatores como por exemplo, de acordo com esses autores, formação para conceber os
projetos utilizando a abordagem de desempenho. Além disso, toda a normalização técnica
existente no Brasil é prescritiva, e a migração de uma abordagem prescritiva para uma de
desempenho tem se mostrado difícil na prática por várias razões, entre elas, o fato de que é
AL
AM
BA
DF
MG
PR
RG
RJ
R
S
SC
SP
outros
49
necessária, na maioria dos casos, uma mudança radical para substituir o arcabouço prescritivo
existente, desenvolvido por décadas, além da própria dificuldade e falta de experiência na
explicitação das necessidades dos usuários em requisitos de desempenho mensuráveis.
Desta forma, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que o conceito de
desempenho possa ser efetivamente aplicado na construção civil brasileira. Contudo, além dos
aspectos ambientais e do atendimento aos usuários, a aplicação do conceito de desempenho
também pode ser uma boa oportunidade para a melhoria da qualidade das habitações brasileiras
e da otimização dos recursos governamentais, pois a aplicação do conceito exige uma visão de
longo prazo (BORGES e SABBATINI, 2008).
50
4. MÉTODO DE PESQUISA
Este capítulo tem como proposta descrever o método de pesquisa utilizado no presente
trabalho. De acordo com Yin (2001), a primeira e mais importante condição para se diferenciar e
optar dentre as várias estratégias de pesquisa é a identificação do tipo de questão a que o
trabalho busca responder. Além de considerar o tipo de questão de pesquisa, Yin (2001) ressalta
que a opção também deve ser em função do nível de controle que o pesquisador possui sobre
os eventos, considerando se o foco da pesquisa é em fenômenos históricos ou em fenômenos
contemporâneos. A estratégia de pesquisa escolhida para este trabalho foi o estudo de caso.
O estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características
holísticas e significativas de eventos da vida real tais como ciclos de vida individuais,
processos organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações
internacionais e a maturação de alguns setores (YIN, 2001)
O método de estudo de caso é um método específico de pesquisa de campo. Estudos
de campo são investigações de fenômenos à medida que ocorrem, sem qualquer interferência
significativa do pesquisador. Seu objetivo é compreender o evento em estudo e ao mesmo
tempo desenvolver teorias mais genéricas a respeito dos aspectos característicos do fenômeno
observado (FIDEL, 1992).
Segundo Hamel (1993) o estudo de caso emprega várias ferramentas, como entrevistas
(semi-estruturadas ou o-estruturadas), questionários, observação participante e estudos de
campo, por exemplo, que devem ser escolhidas de acordo com a tarefa a ser cumprida.
Os estudos de caso realizados nesta pesquisa são chamados de empíricos, pois foram
conduzidos no ambiente real e envolveram múltiplas variáveis. A Figura 4.1 apresenta o
delineamento da pesquisa, através dos objetivos específicos, questões de pesquisa, estudos
empíricos e os objetos de estudos das três etapas realizadas.
51
Figura 4.1 - Delineamento da pesquisa
De acordo com a Figura 4.1, realização do trabalho foi dividida em três etapas. De uma
forma geral, a primeira etapa serviu de contextualização ao trabalho, abrangendo uma pesquisa
em campo com profissionais da construção das cidades de São Leopoldo e Novo Hamburgo
sobre o interesse do tema da sustentabilidade na construção, práticas aplicadas, conhecimento
em sistemas de certificação ambiental. Na segunda etapa foi realizado um estudo de caso
envolvendo questões de certificação ambiental na analise do produto projeto de um prédio
2
-
PROJETO
OBJETIVO GERAL
: analisar as principais alterações no processo de construção decorrente
s da aplicação de
sistema de certificação ambiental de edificações
Objeto de Estudo
Estudo Empírico
Questões de Pesquisa
3
-
PRODUÇÃO
Identificar principais
envolvidos e seus papéis
na execução de um
prédio que busca a
certificação;
Identificar principais
dificuldades na etapa de
preparação para a
certificação
Quais os principais
envolvidos e seus
papéis?
Quais as principais
dificuldades para a
certificação durante a
fase de produção?
Estudo de
Caso B
Produção
de um
edifício
comercial a
ser
certificado
Objetivos Específicos
1
-
CONTEXTO
Identificar interesse dos
profissionais regionais no
tema da sustentabilidade na
construção e sistemas de
certificação ambiental de
prédios
Qual o interesse dos
profissionais locais no tema?
Que práticas são usadas na
construção local?
Questionário
Profissio
-
nais da
construção
local
Identificar requisitos
facilmente atendidos por
projetos residenciais;
Identificar as fases do
empreendimento em cada
requisito;
Propor alternativas
Que requisitos são
facilmente atingidos em
projetos residenciais?
Que fase do
empreendimento se
refere cada requisito?
Que alternativas podem
ser propostas?
Estudo
de Caso A
Projeto de
um edifício
residencial
52
residencial. Por fim, a terceira etapa consistiu na realização de um estudo de caso durante a fase
de produção de um prédio comercial que busca a certificação.
Durante as três etapas, o trabalho foi embasado em revisão bibliográfica sobre práticas
de sustentabilidade e sistemas de avaliação e certificação, aplicados nos diferentes processos
da construção civil. As referências utilizadas incluem artigos de periódicos, dissertações, teses,
artigos de congressos, com foco na identificação de parâmetros propostos pelo sistema
americano de avaliação de edifícios, o sistema LEED.
Tanto no Estudo de Caso A quanto no Estudo de Caso B, o sistema de avaliação
ambiental de prédios estudado foi o LEED, especialmente pelo fato de este ser o sistema de
certificação utilizado na obra do Estudo de Caso B. Outra razão é também por ser um sistema
que vem sendo gradativamente utilizado no Brasil, com algumas obras certificadas. Cabe
ressaltar que não é intuito do trabalho realizar uma apologia a esse sistema em si, mas sim
analisar o processo da construção dos prédios, identificando envolvidos, facilidades e
dificuldades encontradas.
4.1 ETAPA 1 – CONTEXTO
Na primeira etapa de contextualização da pesquisa foi realizada uma investigação sobre
o interesse e aplicabilidade por parte dos profissionais atuantes na construção civil local em
questões de sustentabilidade e certificação ambiental. Para tanto, foi elaborado um questionário
direcionado a engenheiros civis e arquitetos, composto por seis questões de respostas objetivas:
(1) você tem contato atualmente com o tema? (2) aplica práticas e conceitos de
sustentabilidade nos projetos e/ou produção das obras? (3) seus clientes, quando o procuram,
solicitam a aplicação de conceitos e práticas de sustentabilidade? (4) dentre os possíveis
entraves ou barreiras para a aplicação e implementação de práticas sustentáveis na construção,
abaixo listados, indique os três que, em sua opinião, são os mais proeminentes; (5) dentre as
normas, resoluções e leis que versam sobre o tema, quais são de seu conhecimento? (6) você é
favorável a programas de certificação de edifícios: “selo verde” “green building”?.
O questionário com as opções de respostas, enviados aos profissionais, é apresentado
no Anexo 1. O acesso aos profissionais foi permitido através das listas de sócios das
associações de arquitetos e engenheiros civis das cidades de Novo Hamburgo e São Leopoldo.
53
Ao todo foram enviados 276 questionários entre os dias 14 e 15 de abril de 2008, via correio
eletrônico. Esta etapa da pesquisa contou com a participação de duas bolsistas de iniciação
científica, alunas do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos.
4.2 ETAPA 2: ALTERAÇÕES NECESSÁRIAS AO PRODUTO PROJETO E À
CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS
A segunda etapa do trabalho buscou responder o objetivo específico de identificar as
principais alterações a serem realizadas ao produto projeto de um prédio para a certificação
ambiental, baseado na forma tradicional de projeto, ou seja, na realização de projetos
inicialmente sem a preocupação de conceitos ambientais ou certificação. As questões de
pesquisa que embasaram esta etapa consistem em:
Que requisitos do sistema de certificação ambiental estudado são facilmente
atendidos por um projeto residencial, desenvolvido inicialmente sem
preocupação ambiental?
A que fase do empreendimento se refere cada requisito do sistema de avaliação
ambiental?
Que alternativas podem ser propostas para atender os requisitos não atendidos?
Para a realização desta etapa da pesquisa foi realizado um convênio com uma empresa
construtora da cidade de Novo Hamburgo com a realização de um estudo de caso exploratório,
denominado “Estudo de Caso A”.
O objeto de estudo consistiu no projeto arquitetônico e memorial descritivo de um edifício
residencial, desenvolvido,a ser construído na Cidade de Novo Hamburgo. Segundo esses
documentos, a edificação será composta por 11 pavimentos divididos em 2 subsolos com 30
vagas de estacionamento, pavimento térreo com portaria, salão de festas, apartamento do
zelador, 8 pavimentos-tipo,subestação, playground, guarita e área de uso comum. Os
pavimentos-tipo são compostos por 2 apartamentos de 2 dormitórios e uma suíte, sendo o último
pavimento composto por duas coberturas e casa de máquinas (Figuras 4.2, 4.3 e 4.4).
A estrutura em concreto moldada no local será composta por pilares, lajes treliçadas,
vigas e as paredes de vedação em blocos cerâmicos ou tijolos cerâmicos maciços, dependendo
da solicitação estrutural. São previstas esquadrias internas e guarnições de madeira e externas
de alumínio anodizado e ferro. A cobertura com telhas metálicas e os terraços serão
54
impermeabilizados com manta asfáltica. Os pisos das áreas comuns serão revestidos de lajota
cerâmica e o revestimento de piso dos apartamentos será escolhido pelos proprietários.
Figura.4.2 -.Planta Baixa do Pavimento Tipo.
Figura 4.3 - Elevação Frontal Norte
Figura 4.4 - Elevação Lateral Oeste
55
A primeira atividade desta etapa do trabalho consistiu na tradução da versão do sistema
LEED mais adequada ao objeto de estudo. Como o sistema ainda não prevê uma versão voltada
a edifícios residenciais, a análise foi realizada tomando como referência a última versão (LEED
2.2 NC) voltada a novas construções.
Em seguida o projeto e o memorial foram analisados de acordo com os parâmetros (pré-
requisitos e requisitos) do sistema em cada um dos itens do sistema. Num primeiro estágio, foi
identificado se o projeto atende ou não os parâmetros. Após, foi feita uma nova análise quanto
aos parâmetros não atendidos, identificando aqueles que ainda poderiam ser atendidos
mediante modificações no projeto ou nas fases de produção e uso, ou aqueles que não se
aplicam à realidade do projeto.
Essas análises foram realizadas com auxílio de uma tabela, cujas colunas relacionam os
itens do sistema, o atendimento ou não dos parâmetros, a possibilidade de atendimento dos
parâmetros não atendidos, a fase do empreendimento que se relaciona com o parâmetro, e,
observações e sugestões para cada um dos parâmetros analisados.
Esta etapa teve duração de quatro meses, com início no mês de abril de 2008,
envolvendo a realização de reuniões entre a pesquisadora, empresa construtora e arquitetos,
assim como a análise dos principais documentos do empreendimento, como projetos, memoriais
e orçamento.
4.3 ETAPA 3: O PROCESSO DE PRODUÇÃO E A CERTIFICAÇÃO
AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS
A terceira etapa do trabalho refere-se às questões de certificação de um prédio durante
a fase de produção. Buscou responder os objetivos específicos de “identificar os principais
envolvidos e seus respectivos papéis na etapa de preparação para a certificação durante
produção de uma obra esta etapa” e “identificar as principais dificuldades encontradas”.
Para tanto foi realizado um convênio com uma empresa consultora que atuou em uma
obra em São Leopoldo - RS para a realização de um estudo de caso exploratório, denominado
”Estudo de Caso B”. O objeto de estudo nesta etapa foi um empreendimento comercial que se
56
encontrava na fase de execução. O diferencial deste empreendimento consiste na busca, por
parte do cliente, da certificação do sistema de avaliação norte-amerciano LEED, nível gold”. A
empresa com a qual o convênio foi firmado prestou consultoria quanto à certificação, e
representou o cliente frente à empresa construtora da obra. A análise também foi realizada
tomando como referência a última versão (LEED 2.2 NC) voltada a novas construções.
As questões de pesquisa que embasam a realização do estudo de caso consistem em:
Quais os principais envolvidos e seus respectivos papéis na fase de preparação
para a certificação durante a produção de uma obra?
Quais as principais dificuldades encontradas?
Neste estudo de caso a mestranda possuiu um envolvimento fortemente participativo,
pois atuava como estagiária da empresa consultora, sendo responsável por tarefas como
redação de relatórios, acompanhamento e fiscalização da obra, acompanhamento e participação
em reuniões com fornecedores, empresa construtora e cliente.
Este estudo de caso teve duração de 13 meses, com início em abril de 2008. Nesse
período os itens de certificação que tiveram maior envolvimento da pesquisadora foram:
movimentação de terra e impactos de entorno na implantação da obra (prevenção e controle da
poluição do solo e do ar); diretrizes e providências no processo de suprimentos (fornecedores,
especificação de materiais, produtos e reciclados) e o comprometimento dos diferentes agentes
envolvidos no processo para a certificação do empreendimento.
O empreendiento estudado consiste num prédio comercial dividido em dois blocos
separados por um espelho d’água e locados ao longo de um eixo Leste-Oeste, orientados com
as fachadas principais no sentido Norte-Sul. Cada bloco é composto por um pavimento subsolo,
3 pavimentos tipo, área de estacionamento e área de ajardinamento. A área total da edificação
será de 18.893,58m². A construção será efetuada em duas fases: a primeira fase, concluída e
objeto deste estudo, constituída de subsolo, térreo, primeiro e segundo pavimentos com área
total de 7.326,92m².
O prédio foi projetado com a preocupação de incorporar práticas e elementos para
reduzir o impacto negativo da construção ao meio ambiente e ao entorno, mantendo ao mesmo
tempo altos níveis de desempenho. O projeto teve como premissas racionalização construtiva e
aproveitamento ao máximo dos elementos arquitetônicos visando menor consumo de energia da
57
edificação na fase pós-ocupação. A seguir algumas vistas da edificação através de maquetes
eletrônicas (Figuras 4.5, 4.6, 4.7)
Figura 4.5 Vista do lado Sul da edificação
Figura 4.6 Vista do lado Oeste da edificação
58
Figura 4.7 Vista geral da edificação
O projeto arquitetônico contemplou um volume cujo principal elemento é a fachada de
concreto com vidros expostos. Introduziu projeto sustentável através da preocupação com a
localização do empreendimento no entorno, orientação solar favorável, utilização racional do solo
aproveitando o desnível existente do terreno, área específica para depósito de resíduos
recicláveis, e utilização de materiais regionais e com conteúdo reciclado.
Nos projetos complementares a utilização de elementos como forros e vidros especiais
com brises verticais e horizontais para sombreamento nas fachadas, o controle da umidade,
aberturas com vistas para o exterior e ventilação natural foram especificados para garantir o
conforto acústico e térmico dentro dos padrões do sistema de certificação utilizado.
A preocupação com racionalização da energia foi solucionada através dos projetos de
automação (sistema DALI dimerização da iluminação conforme a claridade externa) e elétrica,
com especificação e controle de equipamentos elétricos, ar condicionado e iluminação.
No projeto paisagístico, para atingir o controle do calor externo exigido para a
certificação, foi previsto um espelho d’água entre os dois blocos e um memorial das espécies
nativas (que necessitam de pouca manutenção e água) para sombreamento adequado
diminuindo as ilhas de calor.
A redução do consumo de água potável é prevista com a adequação do projeto
hidrossanitário, com a implantação de uma estação de tratamento total do esgoto, utilizando
59
água de reuso nos sanitários, sistema de refrigeração do ar condicionado e na rega de
ajardinamento.
Na Figura 4.8 é apresentado um corte ilustrativo da edificação, indicando alguns dos
elementos utilizados para certificação LEED, como: a implantação da edificação no terreno
aproveitando a orientação solar para incidência dos raios solares tanto no inverno quanto no
verão. Para o conforto térmico, utilização de brises nas fachadas laterais e superior interna (entre
os dois blocos); vidros amplos proporcionando vistas do usuário para o exterior da edificação;
forro acústico nos ambientes internos; controle da umidade e resfriamento do ar através de um
espelho d’água entre as duas edificações e plantio de árvores para sombreamento das calçadas
e estacionamento. Controle da iluminação interna conforme incidência de luz externa, para
redução do consumo energético e local para usuário de bicicleta.
Figura 4.8. Corte ilustrativo da edificação com os elementos utilizados para a certificação LEED
Para a execução desse empreendimento o cliente contratou projetistas e uma empresa
construtora. Para representar o cliente frente à empresa construtora e auxiliar questões
referentes à certificação, o cliente contratou uma empresa consultora. Durante o estudo de caso,
o cliente rescindiu o contrato com a primeira empresa construtora, e contratou outra empresa
construtora para a conclusão da obra.
Incidência Solar
Brises verticais
Brises vertica
is
Brise horizontal
Forro acústico
60
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo, os resultados obtidos nas três etapas da pesquisa são apresentados e
analisados.
5.1 ETAPA 1 – CONTEXTO
Dos 276 questionários enviados aos engenheiros civis e arquitetos das cidades de São
Leopoldo e Novo Hamburgo, 25 foram respondidos, o que representa um percentual de
aproximadamente 9% de respondentes.
Esse número de resposta relativamente baixo leva a diferentes interpretações. Pode ter
havido problemas com endereços eletrônicos, desinteresse em participar da pesquisa (ainda que
haja interesse pelo tema) e/ou desinteresse pelo tema.
A Figura 5.1 demonstra que no percentual das respostas obtidas um desinteresse ou
desinformação por parte dos clientes que, segundo os respondentes, os clientes da indústria
da construção raramente ou nunca demonstram alguma preocupação ou solicitam introduzir
práticas sustentáveis nos projetos.
Figura 5.1. Percentual de clientes que solicitam práticas sustentáveis
As principais barreiras e entraves apontados pelos profissionais quanto à aplicação de
práticas sustentáveis na construção estão representadas na Figura 5.2 e foram: 15% alto custo
Percentual de clientes que solicitam práticas sustentáveis
Sempre
5%
Raramente
59%
Nunca
36%
61
inicial; 13% desinteresse por parte do mercado consumidor; 13% distância entre academia e
prática; 13% desinformação dos profissionais; 9% falta de parâmetros; 5% falhas na legislação.
Figura 5.2. Principais barreiras e entraves apontadas pelos proffissionais quanto a aplicação das práticas
sustentáveis
Quanto ao conhecimento e interesse nas normas, leis e resoluções vigentes que
abordam o tema sustentabilidade, mais da metade dos respondentes (54,55%) desconhece a
ISO 14000, e (59,10%) afirma conhecer a resolução CONAMA 307. No que diz respeito aos
sistemas de avaliação ambiental de edificações, 63,60% dos profissionais respondentes afirma
que não conhece os sistemas existentes, porém 86,40% se dizem favoráveis à utilização dos
sistemas, enquanto 13,60% se diz desfavorável.
5.1.1 Considerações sobre os resultados da Etapa 1
Grande parte dos profissionais que responderam ao questionário, apesar de
apresentaram grande interesse pelo tema, desconhece algumas das normas vigentes e dos
sistemas de avaliação ambiental de edificações. Ainda verificou-se que o fator custo faz com que
estas práticas sustentáveis não sejam aplicadas e implantadas em seus projetos devido à
desinformação nesta área juntamente com o desinteresse por parte do cliente e do mercado
consumidor.
A distância entre estudos acadêmicos e a prática profissional bem como a falta de
parâmetros de sustentabilidade também foram apontados como fatores de entrave para a
aplicação e implementação de práticas sustentáveis na construção. Por último, e o menos
Barreiras à sustentabilidade
Custo Inicial
23%
Desinteresse do
mercado
19%
Desinformação
19%
Falhas na legislação
7%
Falta de parâmetros
13%
Distãncia entre
academia e prática
19%
62
significativo, as falhas na legislação que ainda não possui exigências legais ou programas de
conscientização na construção neste setor.
5.2 ETAPA 2 – O PROCESSO DE PROJETO E A CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL
DE EDIFÍCIOS
Assim como descrito no capítulo do método de pesquisa, os resultados da Etapa 2 do
trabalho se referem ao Estudo de Caso A. Com o objetivo de responder os objetivos específicos
e as questões de pesquisa propostos nessa etapa da pesquisa, os resultados são apresentados
nos dois itens a seguir.
5.2.1 Requisitos atendidos, fase do empreendimento envolvida, observações e sugestões
Os requisitos do sistema de avaliação ambiental atendidos e não atendidos pelo projeto
estudado, assim como a fase do empreendimento envolvida em cada requisito, o
apresentados em figuras com as tabelas referentes a cada um dos seis grandes itens do sistema
de avaliação utilizado (LEED): (1) Local sustentável; (2) Eficiência da água; (3) Energia e
atmosfera; (4) Materiais e recursos; (5) Qualidade do ambiente interno (6) Inovação e processo
de projeto.
A primeira coluna das tabelas relaciona os itens do sistema, seus pré-requisitos e
requisitos. Na coluna seguinte, o projeto e memorial são analisados se atendem (At) ou não
atendem (Nat) os parâmetros, utilizando-se a cor verde e vermelha, respectivamente. Na terceira
coluna, os parâmetros não atendidos pelo projeto e memorial são analisados se ainda podem ser
atendidos (Pat) (amarelo) ou se não se aplicam (Nap) (vermelho) à realidade do
empreendimento. Na quarta coluna é identificada a fase do empreendimento que se relaciona
com o parâmetro: projeto (PJ), produção (PD) e uso (U). Na última coluna são apresentadas as
observações e sugestões para cada um dos parâmetros analisados.
5.2.1.1 Local sustentável
A Tabela 5.1 apresenta os resultados do item Local Sustentável.
63
Tabela 5.1 - Local Sustentável
P -requisitos e requis itos para avaliação L E E D
Atende/não
atende
P ode
atender/o
aplica
projeto (P J ) /
prodão (P D)
/ us o (U)
O bs ervações / S uges tões
P revenção de poluão das atividades de construção
Nat
P A t
P J /P D
P lano de controle da s edimentação e
Escolha do local
At
P J
Dentro das exigências da legis lação
local,estadual, etc
Densidade de desenvolvimento & conectividade com a
At
P J
L ocal com infra-estrutura existente
Recuperação de locais contaminados
NA t
NAp
P J
A implantação do projeto o é em
Transportes alternativos: transporte público
At
P J
P róximo a linhas de onibus
Transportes alternativos: biciletário e vestiário
NA t
P A t
P J
P rever um espaço para bicicletas e
Transportes alternativos: combustível não poluente
NA t
P A t
P J
Vagas para veículos com combus tível o
Transportes alternativos: capacidade do estacionamento
At
P J
Dentro das exigências da legis lação local
Desenvolvimento do local: proteção ou restauro de habitat
NA t
P A t
P J /P D
R estaurar as áreas com vegetação nativa
Desenvolvimento do local: maximização de espaço aberto
At
P J /P D
Área permeável segundo exigência da
Projeto de água pluvial: controle da quantidade de água
NA t
P A t
P J
Infiltração, deteão e escoamento das
Projeto de água pluvial: controle da qualidade da água
NA t
P A t
P J
F iltros para retenção de sólidos em
Efeito ilha de calor,exceto telhado
(estacionamento,calçadas,vias..)
At
P J
Minimo de 50% dos estacionamentos no
subs olo
Efeito ilha de calor, telhado
NA t P A t
P J
Impermeabilização e cores claras /alta
refletância
Redução da poluição luminosa
NA t P A t
P J
Iluminação interna e externa não
ultrapass ar o entorno
a) Prevenção da poluição das atividades da construção (pré-requisito obrigatório): não
atende; pode atender; fase de projeto e produção.
O projeto do estudo de caso possui garagens em dois subsolos. Para realizar as
escavações e evitar possíveis erosões, foi projetada cortina atirantada em concreto armado. Não
contempla outra atividade, mas pode atender a este requisito antes da implantação, na fase de
projeto e durante a fase de construção, com implementação de um Plano de Controle da Erosão
e Sedimentação de algumas atividades como: controle de poeira em suspensão através do
umedecimento superficial do solo por pulverização de água; trincheiras drenantes para direcionar
as águas no perímetro do canteiro; paisagismo temporário para reforçar a estabilização do solo;
cercas filtrantes para contenção dentro do perímetro do canteiro dos resíduos sólidos em
suspensão; lava-rodas no controle da entrada e saída de veículos no canteiro da obra.
b) Escolha do local: atende; fase de projeto.
O projeto atende a este requisito, pois o terreno de implantação não é reserva ecológica,
não é vulnerável a inundações e nem compromete ou polui mananciais. Além disso, o projeto
atende ao código de obras, plano diretor e legislação local com documentações segundo as leis
federais, estatais e municipais.
c) Densidade de desenvolvimento e conectividade com a comunidade: atende; fase de
projeto.
O local de implantação do projeto encontra-se numa área central da cidade, portanto de
grande adensamento e infra-estutura existente, como: próximo ao transporte público, aos centros
64
de trabalho, a áreas residenciais, a facilidades comerciais e culturais e ao espaço verde público
e em distâncias que possam ser percorridas a pé. Desta maneira evita gastos de recursos
financeiros, naturais e energéticos na implantação de nova infra-estrutura.
d) Recuperação de locais contaminados: não atende; não aplica, fase de projeto.
O terreno selecionado não é uma recuperação de área industrial abandonada, de aterro
sanitário ou depósito de detritos. Parte do local é um reaproveitamento de área previamente
construída, mas cuja edificação existente é residencial e será demolida para implantação no
novo projeto.
e) Transportes alternativos (transporte público): atende; fase de projeto.
O terreno encontra-se em torno de 400m de uma ou mais linhas de ônibus.
f) Transportes alternativos (bicicletário e vestiários): não atende, pode atender, fase de
projeto.
Uma alternativa seria criar um local coberto para que 15% dos ocupantes da edificação
possam guardar suas bicicletas.
O atendimento desse requisito por si pode não ser eficaz se a cidade não oferecer
facilidades ao uso de bicicletas, como ciclovias e locais para estacionamento, entre outros.
Culturalmente falando, no Brasil, em poucas cidadeso uso intenso desse meio de transporte,
e ocorre geralmente em cidades com topografia plana.
g) Transportes alternativo (veículos com combustível não poluente): não atende; pode
atender; fase de projeto
No Brasil existe a produção do álcool e o gás como fonte combustível, portanto este
requisito pode ser atendido fazendo uma seleção das vagas no projeto para no mínimo 3% dos
ocupantes da edificação usuários dos veículos que utilizem algum tipo de combustível menos
poluente.
h) Transportes alternativos (capacidade do estacionamento): atende, fase de projeto.
O projeto contempla aos requisitos mínimos da legislação local para a capacidade de
estacionamento. Na via pública, em frente ao terreno do empreendimento, também é permitido o
estacionamento de veículos de transporte público (táxis, micro-ônibus, vans, etc) capaz de
atender a 5% dos ocupantes da edificação.
65
i) Desenvolvimento do local (proteção ou restauração de habitat): não atende; pode
atender, fase de projeto e produção.
É um local que possui infra-estrutura interna como playground e áreas descobertas de
uso comum. O projeto como está não contempla este requisito, mas pode ser atendido através
de um projeto de paisagismo complementar onde 50% da área não construída seja vegetada
com espécies nativas, adaptadas ao clima da região local (não necessitam muita manutenção e
irrigação).
j) Desenvolvimento do local (maximização do espaço aberto): atende; fase de projeto e
produção.
O Plano Diretor do município de Novo Hamburgo admite uma taxa de ocupação de 75%
do terreno sendo a área restante permeável e com espaços abertos. O projeto analisado cumpre
as exigências da legislação local, portanto atende este requisito.
k) Projeto de água pluvial (controle da quantidade de água): não atende; pode atender,
fase de projeto.
Através de um projeto detalhado do local, pode ser implementado um plano de
gerenciamento da água da chuva, dependendo da permeabilidade local do solo, que determine a
carga máxima de chuva em um período de 24 horas para evitar enchente. Prever os fluxos
naturais da água das chuvas promovendo infiltração com especificação dos tetos, jardins,
superfícies permeáveis e reuso de água de chuva para usos não potáveis.
l) Projeto de água pluvial (controle da qualidade da água): não atende; pode atender;
fase de projeto
Através de projeto que vise à captura e o tratamento do escoamento superficial da água
da chuva usando práticas de gestão capazes de remover a carga de sólidos totais em
suspensão (bacias de infiltração, faixas filtrantes vegetadas, etc) este requisito pode ser
atendido.
m) Efeito ilha de calor, exceto telhado (estacionamento, calçadas, vias.): atende; fase de
projeto.
As vagas de estacionamento encontram-se todas nos subsolos, portanto cobertas. Outra
estratégia que pode ser considerada é usar o paisagismo para sombrear as áreas abertas
impermeáveis, calçadas ou caminhos abertos, da qual o projeto prevê implantação de vegetação
66
adequada. Nas áreas permeáveis também pode ser utilizado material de cores claras com alta
refletância.
n) Efeito ilha de calor, telhados: não atende; pode atender; fase de projeto.
Pode ser facilmente atendido através de uma modificação do projeto de cobertura,
utilizando telhas de cores claras com alta refletância (75% da área do telhado) ou prever um
telhado jardim. O projeto apenas contempla impermeabilização dos terraços dos apartamentos
de cobertura, que auxilia em parte para reduzir o efeito de aquecimento dentro dos locais
cobertos.
o) Redução da poluição luminosa: não atende, pode atender; fase de projeto.
Este requisito tem por objetivo minimizar a passagem de luz da edificação para o
ambiente, através de projeto de iluminação eficiente, reduzindo o impacto do edifício no
ambiente noturno. O projeto do estudo não atende esta solicitação. Propõe-se verificar o projeto
de luminotécnica de interiores e no paisagismo para que a incidência luminosa não ultrapasse o
perímetro do terreno.
5.2.1.2 Eficiência da Água
A Tabela 5.2 apresenta os resultados do item Eficiência da Água.
Tabela 5.2 - Eficiência da Água
P -requisitos e requis itos para avaliação L E E D
Atende/não
atende
P ode
atender/o
aplica
projeto (P J ) /
produção (P D)
/ us o (U)
O bs ervações / S ug estões
Uso eficiente de água no paisagismo, reduzir em 50%
NA t
P A t
P J
R eduzir o us o de água potável no
Uso eficiente de água no paisagismo,não utilização de
água potável ou sem irrigação
NA t P A t
P J
Não utilizar água potável no paisag ismo
Tecnologias inovadoras para águas residuais
At
P J /P D
S istemas de tratamento de águas res iduais
Redução do uso de água: 20% de redução
NA t P A t
P J
Redução do uso de água: 30% de redução
NA t
P A t
P J
Dispositivos economizadores (bacias,
torneiras,etc)
a )Uso eficiente de água no paisagismo (reduzir em 50%): não atende; pode atender;
fase de projeto.
No projeto do estudo não foi prevista nenhuma medida de redução. A implementação de
algumas estratégias, no projeto de paisagismo, pode atender a este requisito tais como
67
tecnologia para irrigação de alta eficiência (gotejamento), usar água da chuva ou água reciclada
e usar plantas nativas para reduzir a necessidade de irrigação.
b) Uso eficiente da água no paisagismo (não utilização de água potável ou sem
irrigação): não atende; pode atender; fase de projeto.
Medidas como plantio de vegetação nativa adaptada ao local, aproveitamento da água
da chuva, utilização de água de reuso (águas cinzas), podem ser previstas no projeto de
hidráulica e paisagismo.
c) Tecnologias inovadoras para águas residuais: atende; fase de projeto e produção.
Este requisito do método visa reduzir o desperdiço de água e limitar os efluentes líquidos
das operações da edificação enviados para fora do local do terreno. As estratégias para esta
redução consistem em tratamento de 50% dos efluentes gerado na edificação ou tratar e reter no
terreno 100% das águas residuais na forma de infiltração, irrigação, reuso em bacias sanitárias,
lavagens etc. O projeto do estudo prevê o tratamento de 50% dos efluentes, portanto atende
este requisito.
d) Redução do uso de água (reduzir de 20% a 30%): não atende; pode atender; fase de
projeto.
O requisito visa maximizar a eficiência da água na edificação para reduzir os encargos
do abastecimento da água municipal e a demanda dos sistemas das águas residuais. O projeto
não atende este requisito, mas pode atingir este requisito através de planos de gerenciamento
para limitar o uso da água para os sistemas da edificação e as necessidades dos ocupantes
(sem contar a água para irrigação). Usar alternativas eficientes como: bacias e torneiras
economizadoras, sistema de descarga dual, aeradores/restritores, tecnologia a vácuo, reuso das
águas cinzas nas bacias sanitárias.
5.2.1.3. Energia e atmosfera
A Tabela 5.3 apresenta os resultados do item Energia e Atmosfera.
68
Tabela 5.3 - Energia e atmosfera
P -requisitos e requis itos para avaliação L E E D
Atende/não
atende
P ode
atender/o
aplica
projeto (P J ) /
prodão (P D)
/ us o (U)
O bs ervações / S uges tões
Pré-requisito: Comissionamento fundamental dos sistemas
prediais de energia
NA t P A t
P J /P D
S istemas fundamentais funcionam como
pretendido
Pré-requisito: Desempenho energético mínimo
NA t P A t
P J
Modelos computacionais p/ simular o
desemp. energético
(redução de CFC em ar condicionado)
NA t P A t
P J
condicionado
Otimização de desempenho energético
NA t P A t
P J
S istemas reguladores de energia
(boilers,isolam.térm)
Uso de energia renovável:2,5%
NA t P A t
P J
Uso de aquecimento solar, a gás , óleo,
eólica, etc)
Uso de energia renovável:7,5%
NA t P A t
P J
Uso de aquecimento solar, a gás , óleo,
eólica, etc)
Uso de energia renovável:12,5%
NA t P A t
P J
Uso de aquecimento solar, a gás , óleo,
eólica, etc)
Comissionamento adicional
NA t P A t
P J /P D
C ontrole da implantação dos projetos pelos
projetistas
Gestão adicional de refrigerantes (eliminação de HCFCS e
Halogêneos)
NA t P A t
P J
C ontrole de HC FC s e Halogêneos no ar
condicionado
Mensuração e Verificação
NA t
P A t
P J
Monitoramento por pes soal comiss ionado
Energia Verde
NA t NAp
P J
35% da energia da edificação g erada por
energia verde
a) Comissionamento fundamental dos sistemas prediais de energia (pré-requisito
obrigatório): não atende; pode atender; fase de projeto e produção
O projeto do estudo para atender este pré-requisito, deve assegurar que os elementos e
sistemas fundamentais da edificação (sistemas de ventilação, calefação, ar condicionado,
elétrico, hidráulico, energias renováveis, etc) estejam projetados, instalados e calibrados para
funcionar como pretendido. Isto deverá ser feito através de monitoração e comprovação
documentada de profissionais habilitados como relatório de testes dos equipamentos durante a
fase de produção, manuais de uso e operação, especificações técnicas dos equipamentos, entre
outros.
b) Desempenho energético mínimo (pré-requisito obrigatório): não atende; pode atender;
fase de projeto.
O projeto do estudo não contempla este requisito. Com a utilização de equipamentos
mais eficientes e modelos computacionais para simulação do desempenho energético da
edificação e também o cumprimento de normas para o funcionamento dos sistemas, descrito em
projeto elétrico complementar com assessoramento de profissional habilitado, o projeto do
estudo poderá atender este requisito.
c) Gestão fundamental de refrigerantes (pré-requisito obrigatório): não atende; pode
atender; fase de projeto.
69
Para cumprimento deste requisito a edificação deve evitar a utilização de equipamentos
de refrigeração (ar condicionados) que eliminem CFCs (clorofluorcarbonetos). Não nenhuma
consideração a respeito deste requisito no projeto do estudo, mas pode ser adicionado através
de um caderno de especificações dos equipamentos a serem instalados na edificação (manual
de instalações e do usuário).
d) Otimização de desempenho energético: não atende; pode atender, fase de projeto
Para que o projeto do estudo atenda este requisito é necessário que os equipamentos a
serem instalados na edificação, além de atender as especificações como mencionado no item
anterior, sejam também mais eficientes (que tenham o selo PROCEL- Programa Nacional de
Conservação de Energia Elétrica) como : uso de lâmpadas mais econômicas, sensores de
presença nas áreas de uso comum e garagens, aquecimento solar ou a gás, bem como o
desempenho térmico dos componentes da edificação (paredes, janelas e coberturas).
e) Uso de energia renovável (2,5% ou 7,5% ou 12,5%): não atende; pode atender; fase
de projeto.
Para atender este requisito o projeto do estudo pode prever um sistema de coletores
solares para aquecimento da água auxiliando na redução de energia ou outra energia renovável
como biogás e geotérmica.
f) Comissionamento adicional: não atende; pode atender; fase de projeto e produção.
Este requisito pode ser atendido se houver, durante a execução e implementação do
projeto, um plano de ação de atividades monitorado por pessoal comissionado e capacitado para
atender da forma mais completa as exigências dos projetistas, reduzindo as alterações e
retrabalhos que geram perdas de energia e custos.
g) Gestão adicional de refrigerantes (eliminação de HCFCs e Halogênios): não atende;
pode atender; fase de projeto
O projeto do estudo pode atender este requisito especificando o uso de aparelhos de ar
condicionado que não usem refrigerantes HCFCs (hidroclorofluorcarbonos) utilizar e monitorar o
uso de equipamentos que o liberem ácido foto-oxidante, dióxido de carbono, óxido nitroso,
metano e halogênios. Estes gases devem ser monitorados durante o processo de construção,
pois estão associados à queima de combustíveis fósseis, na produção de energia e, durante o
uso da edificação, em alguns dos equipamentos de combate ao incêndio.
70
h) Mensuração e verificação: não atende; pode atender; fase de projeto
Para atender, é necessário um investimento em equipamentos de automação para um
monitoramento otimizado. Prever modificações nos projetos complementares e implantar, para
cada unidade (apartamento), medidores de água e energia que são medidas de controle e
podem auxiliar na redução destes consumos.
i) Energia Verde: não atende; não aplica, fase de projeto.
A orientação deste requisito é que seja proporcionado através de fontes renováveis ao
menos 35% da eletricidade do edifício como, por exemplo, o uso de energia eólica ou energia
solar através de coletores solares (células fotovoltaicas). O projeto do estudo não atende. No
Brasil, a utilização regular destas energias nos projetos ainda não são muito viáveis devido ao
seu alto custo e ausência de uma política ambiental para estas fontes energéticas renováveis.
5.2.1.4. Materiais e Recursos
A Tabela 5.4 apresenta os resultados do item Materiais e Recursos.
Tabela 5.4 - Materiais e Recursos .
a) Armazenamento e coleta de resíduos recicláveis (pré-requisito obrigatório): não
atende; pode atender; fase de projeto e uso.
P -requisitos e requisitos para avaliação L E E D
Atende/o
atende
P ode
atender/o
aplica
projeto (P J ) /
prodão (P D )
/ us o (U)
Observações / S ugestões
Pré-requisito: Armazenamento e coleta de resíduos
NAt
P A t
P J
Implantar local para armazenar e coletar
Reuso de edifícios,manutenção de 75% de paredes,pisos
e telhados
NAt NAp
P J
Não se aplica - edificação nova
Reuso de edifícios,manutenção de 100% de paredes,pisos
e telhados
NAt NAp
P J
Não se aplica - edificação nova
Reuso de edifícios,manutenção de 50% dos elementos
NAt
NAp
P J
Não se aplica - edificação nova
Gestão de resíduos de construção,evitar aterro de 50%
dos RCD
NAt P At
P J /P D
C ontrole de resíduos enviado para aterros
Gestão de resíduos de construção,evitar aterro de 75%
dos RCD
Nat P A t
P J /P D
C ontrole de resíduos enviado para aterros
Reuso de materiais, 5%
NAt
NAp
P D
F alta de cultura e logís tica no Brasil
Reuso de materiais, 10%
NAt
NAp
P D
F alta de cultura e logís tica no Brasil
Teor reciclado, 10% (pós-consumo +1/2 pós-industrial)
NAt
P A t
P D
Utilização de materiais com teor reciclado
Teor reciclado, 20% (pós-consumo +1/2 pós-industrial)
NAt
P A t
P D
Utilização de materiais com teor reciclado
Materiais regionais,10% extraído,processado e
manufaturado regionalmente
At
P D
Utilização de materiais fabricados e
extraidos na reg o
Materiais regionais,20% extraído,processado e
manufaturado regionalmente
NAt P At
P D
Utilização de materiais regionais
Materiais rapidamente renováveis
NAt NAp
P D
Não vveis de aplicação nes te projeto -
cus to/benecio
Madeira certificada
NAt P At
P D
Us o de madeira com certificação ambiental
71
Analisando o desenho arquitetônico no projeto do estudo, verifica-se que não existem
áreas destinadas aos usuários armazenarem estes resíduos. Para atender este requisito se
fazem necessárias algumas medidas: i) na fase de construção, um estudo do layout no canteiro
de obras com implantação de um local específico para armazenar os resíduos; ii) na fase de uso,
projetar um local na edificação de fácil acesso onde os usuários possam armazenar estes
resíduos para coleta posterior.
b) Reuso de edifícios, manutenção de 75% e 100% de paredes pisos e telhados: não
atende; não aplica; fase de projeto
Nesta diretriz o objetivo é revitalização e renovação de estruturas existentes para
edificações novas. Manter de 75% a 100% da estrutura e casca da edificação (sem incluir
janelas) ou ainda manter também mais de 50% da casca (paredes, pisos, sistema de forro e
teto), remover elementos que possam ser contaminantes e reformar janelas, tubulações e
sistemas mecânicos. No projeto do estudo não se aplica este requisito, pois é uma construção
nova.
c) Gestão de resíduos de construção, evitar aterro de 50% a 75% dos RCD: o atende;
pode atender; fase de projeto e produção.
Com este requisito o método promove a redução do desperdício de materiais e do
volume enviado para aterros, de resíduos gerados durante a construção. Para este requisito o
projeto do estudo pode atender as diretrizes, desenvolvendo um plano detalhado de gestão de
resíduos (Resolução 307 do CONAMA) e um monitoramento constante da produção, reciclagem
e direcionamento dos resíduos durante a fase de construção. Neste requisito pode-se atingir um
ponto de inovação se alcançar 100% de resíduos reciclados e desviados de aterros.
d) Reuso de materiais, 5% a 10%: não atende; não aplica; fase de produção
Requisito que incentiva o reuso de 5% a 10% (por custo) de materiais e produtos de
construção (esquadrias, vidros, móveis, detalhes decorativos, guarnições, pisos) para reduzir o
impacto de extração e produção dos recursos naturais no meio ambiente. O projeto do estudo
não atende este requisito. No Brasil, devido à falta de uma cultura e logística apropriadas, torna-
se ainda muito difícil implantar e incentivar reutilização de materiais recuperados em construções
novas.
72
e) Teor reciclado 10% a 20% (pós-consumo + ½ s-industrial ou pré-consumo): não
atende; pode atender; fase de produção;
Este requisito tem o propósito de aumentar a demanda para a produção de produtos que
incorporem conteúdo de materiais reciclados, reduzindo assim os impactos resultantes da
extração e transformação da matéria prima. Pós-consumo: resíduos que não podem mais ser
utilizado para o propósito a que foram concebidos. Pré-consumo: resíduos de materiais retirados
do fluxo ou gerados durante o processo de fabricação. Para atender este requisito, o projeto do
estudo deve estabelecer uma meta, em conjunto com a fase de construção, para a utilização de
materiais com conteúdo reciclado (10% ou 20%) identificando os fornecedores que possam
atingir este objetivo.
f) Materiais regionais, 10% ou 20%, extraído processado e manufaturado regionalmente:
não atende; pode atender; fase de produção.
Neste requisito deve-se analisar a aquisição dos produtos e materiais de forma a garantir
que estes tenham sido extraídos, beneficiados e manufaturados num raio de 800 km do local do
empreendimento, reforçando assim, o uso de recursos locais e reduzindo os impactos
ambientais, resultantes de transporte. Como o local da implantação do projeto do estudo é uma
região com infra-estrutura industrial e comercial, os materiais utilizados para a fase de
implantação e execução do mesmo atendem a porcentagem de 10% de material regional. Pode-
se neste requisito, no processo de construção, alcançar um índice de 20%, através da
otimização do uso de materiais e na identificação dos fornecedores locais.
g) Materiais rapidamente renováveis: não atende; não se aplica; fase de produção
Renováveis são os materiais que se regeneram mais rapidamente que a demanda da
extração tradicional (plantados) e colhidos num ciclo de menos de 10 anos; não afetam a
biodiversidade, não aumentam a erosão nem impactam a qualidade do ar. O objetivo deste
requisito é reduzir o uso (2,5% do custo total) e prevenir o esgotamento da extração da matéria
prima de materiais renováveis e com ciclo de vida longo, com a substituição de materiais que
podem ser renovados dentro de um curto período de tempo depois de extraídos ou colhidos
(cortiça, bambu, linóleo, lã, algodão, palha, fibras naturais). Estes materiais, no projeto do
estudo, não se aplicam, pois a utilização num âmbito mais abrangente na edificação envolve
custos elevados, manutenção e monitoramento do período de renovação.
h) Madeira certificada: não atende; pode atender; fase de projeto e produção
73
Este requisito vem assegurar que, no mínimo, 50% (em custo) de todos os materiais ou
produtos de madeira que serão incorporados à edificação, sejam certificados pelos princípios e
critérios do FSC (Forest Stewardship Council). Estes componentes incluem, mas não se limitam
a, estruturas de madeira, esquadrias de madeira, pisos em geral, rodapés, molduras, portas,
batentes e acabamentos. Somente incluem materiais que fiquem permanentemente na
edificação. Mobiliário pode ser incluído desde que seja parte permanente no local do uso. O
projeto do estudo pode atender este requisito especificando os materiais no projeto de interiores
e, durante a construção, exigir a certificação do produto dos fornecedores que processam,
manufaturam e/ou vendem madeira.
FSC é uma sigla em inglês para Forest Stewardship Council, ou Conselho de Manejo
Florestal, em português. Este conselho foi criado como o resultado de uma iniciativa para a
conservação ambiental e desenvolvimento sustentável das florestas do mundo inteiro. Seu
objetivo é difundir o uso racional da floresta, garantindo sua existência no longo prazo. Para
atingir este objetivo, o FSC criou um conjunto de regras reconhecidas internacionalmente,
chamadas Princípios e Critérios, que conciliam as salvaguardas ecológicas com os benefícios
sociais e a viabilidade econômica, e são os mesmos para o mundo inteiro. O FSC atua de três
maneiras: desenvolve os princípios e critérios (universais) para certificação; credencia
organizações certificadoras especializadas e independentes; e apóia o desenvolvimento de
padrões nacionais e regionais de manejo florestal, que servem para detalhar a aplicação dos
princípios e critérios, adaptando-os à realidade de um determinado tipo de floresta. O Conselho
Brasileiro de Manejo Florestal fornece o cadastro de empresas e fornecedores qualificados.
5.2.1.5 Qualidade do Ambiente Interno
A Tabela 5.5 apresenta os resultados do item Qualidade do Ambiente Interno.
74
Tabela 5.5 - Qualidade do Ambiente Interno
P -requisitos e requisitos para avaliação L E E D
Atende/não
atende
P ode
atender/o
aplica
projeto (P J ) /
prodão (P D)
/ us o (U)
O bs ervações / S uges tões
Pré-requisito: desempenho mín, de controle do ar interno
At
P J
C onforme exigências da legis lação local
Pré-requisito: controle de fumaça de cigarro
NAt P A t
P J /U
C ontrole em áreas de us o comum e pouco
ventiladas
Monitoramento da tomada de ar externo
NAt NAp
P J /U
Não s e aplica - automação com controle do
C O2
Aumento de ventilação
NAt
P A t
P J
F luxo da ventilação - janelas , dutos etc
Plano de Gestão de qualidade do ar interno (IAQ) durante
a construção
NAt P A t
P J /P D
P lano de G es tão da qualidade do ar
durante a construção
Plano de Gestão de qualidade do ar interno (IAQ) pré-
ocupação
NAt P A t
P J /U
P lano de G es tão da qualidade do ar
durante o uso.
Materiais de baixa emissão de COV : adesivos e selantes
NAt P A t
P D
Baixo teor de compos tos organicos voteis
Materiais de baixa emissão de COV : tintas e vernizes
NAt P A t
P D
Baixo teor de compos tos organicos voteis
Materiais de baixa emissão de COV : sistemas de carpetes
NAt P A t
P D
Baixo teor de compos tos organicos voteis
produtos de fibras agricolas
NAt P A t
P D
Baixo teor de compos tos organicos voteis
Controle de fontes químicas e poluentes internas
NAt NAp
P J
E dificação não manipula produtos qmicos
Controlabilidade dos sistemas de iluminação
At
P J /U
C ontrole individual dos sistemas de
iluminação - us rio
Controlabilidade dos sistemas de conforto térmico
At
P J /U
C ontrole individual dos sistemas térmicos -
us rio
Conforto térmico: projeto
NAt P A t
P J
P rojeto arquiteônico e sistemas de
refrigeração/calefação
Conforto térmico: monitoramento
NAt
NAp
P J /P D /U
Monitoramento cons tante automático
Iluminação natural e vistas para o exterior, iluminação
natural em 75%
At
P J
Aberturas com o ximo de iluminação e
ventilação nat.
Iluminação natural e vistas para o exterior, vistas para o
exterior 90%
At
P J
Ambientes com vis tas para o exterior
a) Desempenho mínimo da qualidade do ar interno (pré-requisito obrigatório): atende,
fase de projeto
O projeto do estudo atende este requisito porque satisfaz as exigências mínimas da
norma ASHRAE 62.1 – 2004 e do sistema de ventilação mecânica e atende as especificações da
legislação local estabelecendo um rendimento mínimo na qualidade do ar interno na edificação,
contribuindo assim, para manter o conforto e bem estar dos usuários.
No pré-requisito Controle de fumaça de cigarro, o projeto do estudo pode contemplar
este requisito na fase de uso da edificação através de um manual do usuário, ou convenção de
condomínio, para especificar e informar as áreas permitidas aos fumantes.
b) Monitoramento de tomada de ar externo: não atende; não se aplica; fase de projeto
Neste requisito o objetivo é verificar a maximização na eficácia da ventilação garantindo
um nível satisfatório da qualidade do ar interno em locais de ocupação ventilados
mecanicamente, garantindo o conforto e bem estar do usuário. Este requisito não se aplica no
projeto do estudo, pois envolve monitoramento constante do rendimento da ventilação nos
75
espaços ocupados e do ar condicionado, de modo que permita ajustes automáticos de
equipamentos no controle da medição dos níveis de CO2.
c) Aumento de ventilação: não atende; pode atender; fase de projeto
O projeto do estudo pode atingir este requisito verificando as dimensões das aberturas e
as trocas do ar interno e externo nos espaços e, demonstrando através de cálculos e diagramas,
a orientação da edificação quanto aos ventos predominantes na região. A recomendação do
método é que para edifícios naturalmente ventilados, a ventilação do ar envolva mais de 90% da
área, sendo que o mínimo de 75% tenha ventilação cruzada.
d) Plano de gestão de qualidade do ar interno durante a construção: não atende; pode
atender; fase de produção
Para atender este requisito, um plano de gestão da qualidade do ar pode ser implantado
no projeto do estudo, através de uma análise no cronograma de obra para compatibilizar as
atividades, antes e durante a construção da edificação com a finalidade de evitar a contaminação
com poluentes nas instalações, garantindo a qualidade do ar interno e o bem estar dos
trabalhadores durante as etapas de construção/reforma da edificação,
e) Plano de gestão de qualidade do ar interno, pré-ocupação: não atende; pode atender;
fase de produção
O projeto do estudo pode atender o requisito desenvolvendo e implementando um plano
de gestão da qualidade do ar interno, após a construção e antes da ocupação. Executar a
ventilação do ar no interior da edificação (Flush out) por um período determinado para remover
resíduos ou poluições emitidas, quando todos os equipamentos e acabamentos estiverem
instalados, reduzindo os problemas da qualidade do ar interno resultantes do processo de
construção/reforma a fim de auxiliar a manter o conforto e o bem estar dos trabalhadores e
usuários da edificação
Flush out - teste de qualidade do ar interno após o término da construção e anterior à
ocupação da edificação por intermédio de ensaios consistentes com o USEPA Compendium of
Methods for the Determination of Air Pollutants in Indoor Air – Sumário de Métodos para
Determinação de Poluentes Atmosféricos do Ar Interno (com mobiliário, carpetes e todos os
componentes instalados antes da ocupação)
76
f) Materiais de baixa emissão de COV: adesivos, selantes, tintas, vernizes e sistema de
carpetes: não atende; pode atender; fase de projeto e produção
O projeto do estudo, para atender este requisito, deve elaborar uma pesquisa antecipada
dos materiais que serão utilizados na execução da edificação. Certificar-se dos limiteis aceitáveis
de COV (Compostos Orgâncios Voláteis) em todos os adesivos, selantes, tintas, vernizes e
revestimentos entre eles: argamassa, colas, espumas plásticas, primer, manta asfáltica e
impermeabilizantes, carpetes, forrações, almofadas entre outros produtos químicos utilizados no
interior da edificação para reduzir a quantidade de contaminantes do ar interno que exalem
odores e sejam irritantes e/ou prejudiciais para a saúde e o conforto dos instaladores e usuários.
g) Materiais de baixa emissão de COV: madeira compósita e fibras naturais: não atende;
pode atender; fase de projeto e produção
Para o projeto do estudo atender este requisito, os compostos de madeira e produtos de
fibras naturais (inclusive adesivos de laminação) incorporados no interior da edificação, não
devem conter resina de uréia-formaldeído. Estes componentes incluem, mas não se limitam a:
piso laminado, painéis, lãminas de paredes, MDF ( painéis de fibras naturais), sisal, algodão,
bambu, preenchimento das portas e compensados. A proposta é reduzir a quantidade de
contaminantes do ar interno que exalem odores e sejam irritantes e/ou prejudiciais para a saúde
e o conforto dos instaladores e usuários.
h) Controle de fontes químicas e poluentes internas: não atende; não se aplica; fase de
projeto e produção.
O projeto do estudo é uma edificação residencial e não contempla áreas ocupadas com
poluentes químicos.
i) Controlabilidade dos sistemas: iluminação e do conforto térmico: atende; se aplica;
fase de projeto
O projeto do estudo atende este requisito, pois os usuários m controle individual em
toda edificação sobre os sistemas de iluminação, janelas e ar condicionado garantindo condições
de saúde, produtividade e conforto.
j) Conforto térmico: projeto: não atende; não se aplica; fase de projeto
O projeto do estudo não atende este requisito porque é uma edificação residencial onde
os usuários monitoram individualmente suas unidades (apartamentos). Em função disso, torna-
77
se difícil estabelecer parâmetros de conforto térmico de acordo com a norma ASHRAE 55,
incluindo controle da umidade relativa, radiante de temperatura, velocidade do ar de uma forma
integrada em toda a edificação (automação no controle do ar condicionado e ventilação natural).
k) Conforto rmico: verificação: não atende; não se aplica; fase de projeto, produção e
uso
O projeto do estudo para atender este requisito, deve promover, durante a fase de
ocupação, uma avaliação através de uma pesquisa de satisfação dos usuários quanto ao
desempenho da edificação no conforto rmico, num período de seis a dezoito meses após a
ocupação. Desenvolver um plano de ação com os resultados da pesquisa para maximizar a
eficiência da edificação não é uma estratégia usual nas edificações residenciais no Brasil .
l) Iluminação natural e vistas para o exterior: iluminação natural em 75%: atende; fase
de projeto
Neste requisito o método prevê uma ligação entre os ambientes internos e externos
através da introdução de vistas e iluminação natural nas áreas regularmente ocupadas da
edificação com exigência de que o coeficiente de luz diurna seja no mínimo 2% para 75% da
área de ocupação principal. O projeto do estudo atende este requisito porque o projeto
arquitetônico contempla o aproveitamento da luz natural através de aberturas e insolação na
maioria das áreas regularmente ocupadas, proporcionado pela localização e orientação da
edificação no terreno.
m) Iluminação Natural e vistas para o exterior: vistas para o exterior em 90% dos
espaços: atende; fase de projeto
O projeto do estudo atende este requisito, pois 90% dos espaços regularmente
ocupados permitem visão para o exterior da edificação (não incluem depósitos, sala de
máquinas e lavanderias e outras áreas de apoio).
5.1.2.6. Inovação e Processo de projeto
A Tabela 5.6 apresenta os resultados do item Inovação e Processo de Projeto.
Tabela 5.6 - Inovação e Processo de projeto
78
P -requis itos e requisitos para avaliação L E E D
Atende/não
atende
P ode
atender/o
aplica
projeto (P J ) /
produção (P D)
/ us o (U)
O bs ervações / S ug estões
Inovação no projeto
NA t
P A t
P J /P D
Desempenho am dos exigidos pelo L E E D
Profissional credenciado LEED
NA t
P A t
P J /P D
credenciado
a) Inovação em projeto: não atende; pode atender; fase de projeto, produção e uso
Neste requisito o método proporciona buscar junto aos projetistas, cliente e usuários as
possibilidades de buscarem estratégias ou medidas para serem atribuídos pontos em um
desempenho excepcional, acima daqueles requeridos e que demonstrem uma abordagem
abrangente na qualidade e saúde ambiente. O projeto de estudo pode buscar este requisito
buscando maior eficiência no desempenho de energia, água e materiais com resíduos
reciclados.
b) Profissional credenciado LEED: não atende; pode atender; fase de projeto e produção
O projeto do estudo pode buscar este requisito através da contratação deste profissional
para acompanhar as fases desde o projeto, execução aa ocupação da edificação, que auxilie
e oriente os projetos para que atendam e apliquem os requisitos da maneira mais completa
agilizando o processo de certificação.
5.2.2 Possíveis Alternativas
A seguir são apresentadas algumas propostas que podem ser facilmente implementadas
no atendimento de requisitos o atendidos para que o projeto de estudo possa implementar
práticas de sustentabilidade com base nos requisitos do sistema de avaliaçao ambiental
estudado:
a) Local sustentável:
Na fase de implantação e construção prever um plano de controle da erosão e
sedimentação do local; no projeto prever um local onde os usuários possam guardar suas
bicicletas, projetar vagas de estacionamento para transportes que utilizem combustíveis menos
poluentes (álcool e gás), projetar áreas permeáveis com escoamento da água da chuva e
filtragem de resíduos sólidos em suspensão; no projeto de paisagismo selecionar espécies de
vegetação nativa (requerem menos manutenção); para diminuir o efeito de calor prever um
telhado jardim ou utilizar materiais com alta reflectância, utilizar cores claras com sombreamento
79
nas áreas abertas pavimentadas, controlar a iluminação externa no projeto elétrico para que não
ultrapasse o perímetro da edificação.
b) Eficiência da água:
Prever no projeto hidráulico um sistema de aproveitamento da água da chuva para
irrigação, em sistemas de calefação a água, uso em bacias sanitárias e lavagens de pisos nas
áreas comuns. Prever outras medidas eficientes como medidores de consumo individuais (por
apartamento), bacias e torneiras economizadoras com sistema de descarga dual,
aeradores/restritores, tecnologia a vácuo e reuso das águas cinzas nas bacias sanitárias
(provenientes dos chuveiros, tanques, máquinas de lavar roupas e louças, pias de cozinha e
banheiro).
c) Energia e atmosfera:
Controle da emissão de CFCs dos sistemas de refrigeração através de um caderno de
especificações dos equipamentos a serem instalados na edificação (manual de instalações e
manual do usuário); no projeto elétrico especificar lâmpadas mais econômicas, sensores de
presença nas áreas de uso comum e garagens, prever um sistema de coletores solares ou a gás
para aquecimento da água, especificar o desempenho térmico dos componentes da edificação
(paredes, janelas, vidros e coberturas) e medidores individuais (por apartamento) auxiliando na
redução do consumo de energia.
d) Materiais e recursos:
Projetar local adequado para materiais recicláveis durante a construção e, na fase de
uso, prever a redução e gestão do envio de resíduos para aterros durante a construção;
especificar materiais fabricados e manufaturados regionalmente; usar materiais com conteúdo
reciclado e utilizar madeira certificada.
e) Qualidade do ambiente interno:
Especificar em projeto as áreas permitidas aos fumantes e informar através de um
manual do usuário ou convenção de condomínio; projetar dimensões das aberturas para permitir
trocas do ar interno e externo satisfatório, reduzindo o uso do ar condicionado bem como maior
aproveitamento da incidência da luz natural e vistas para o exterior nos espaços ocupados;
prever um plano de controle da poluição do ar durante e após a construção; especificar materiais
80
que emitam baixo teor de compostos orgânicos voláteis como tintas, vernizes, carpetes,
solventes,fibras, colas, espumas etc.
5.2.3 Considerações sobre os resultados da Etapa 2
Analisando as categorias e os requisitos propostos pelo sistema de avaliação utilizado
no projeto do estudo, percebe-se a existência de aspectos que devem ser contemplados na fase
de concepção do projeto, na fase de produção (desde a implantação do empreendimento no
local, na interface destas duas fases projeto/produção) e na fase de uso e manutenção, os
quais requerem envolvimento dos usuários como um todo.
Os requisitos propostos pelo sistema estudado permitem visualizar que a fase de
concepção do projeto tem um papel significativo, senão o mais significativo, na maioria dos
quesitos considerados solicitados pelo sistema de avaliação. A concepção do projeto deve
considerar todo o ciclo de vida da edificação e seus componentes, de forma que as escolhas
sejam as menos impactantes possíveis em cada etapa.
Embora o interesse da empresa construtora não seja a certificaçao em si, a título
ilustrativo é possível verificar a classificação atingida pelo projeto, considerando a pontuação dos
créditos atendidos, conforme é apresentada na Tabela 5.7.
Tabela 5.7 - Pontuação atingida pelo projeto de estudo
Categoria
Pontuação do
projeto do estudo
Local Sustentável 6
Eficiência da água 1
Energia e Atmosfera 0
Materiais e Recursos 1
Qualidade do Ambiente Interno 5
Inovação e processo de Projeto 0
Total de pontos 13
Verifica-se que projeto do estudo não se classifica em nenhuma categoria de pontuação
dos créditos atendidos pelo sistema estudado, pois a pontuação para o nível Certificado é de 26
a 32 pontos; Prata de 33 a 38 pontos; Ouro de 39 a 51 pontos; e Platina de 52 a 69 ou mais
pontos.
81
Contudo, vários requisitos considerados pelo sistema de avaliação são de fácil
implantação. Outros, para serem atendidos, dependem de um pouco mais de empenho e custos,
desenvolvimento tanto tecnológico como de projeto, e outros serão atendidos na fase de uso
da edificação. Alguns dos quesitos não são claros ou não se aplicam por serem avaliados por
normas americanas e internacionais, diferentes das brasileiras.
5.3 ETAPA 3 – O PROCESSO DE PRODUÇÃO E A CERTIFICAÇÃO
AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS
Os resultados da Etapa 3 do trabalho se referem ao Estudo de Caso B e serão
apresentados nos dois itens a seguir, buscando atingir os objetivos específicos e responder às
questões de pesquisa propostos nessa etapa da pesquisa.
5.3.1 Principais envolvidos e respectivos papéis na execução de um prédio que busca a
certificação ambiental
Analisando a etapa de produçao da obra a ser certificada, verificou-se que houve o
envolvimento e a participação dos projetistas, da construtora, dos fornecedores e do
empreendedor, sendo uns mais intensamente solicitados que outros, envolvendo os processos
de projeto e produção.
A Tabela 5.8 foi desenvolvida para apresentar os requisitos do sistema de avaliaçao
atendidos pelo empreendimento (primeira coluna), indicando dois momentos: (i) o maior
responsável por solucionar cada requisito e a fase do processo na qual a solução do requisito foi
definida (segunda coluna); (ii) o maior envolvido na realizaçao da solução definida e a fase
correspondente (terceira coluna). Como responsáveis ou envolvidos foram considerados
construtor, projetista e empreendedor, e as fases consideradas foram projeto, produção e uso.
Tabela 5.8 - Créditos e respectivos responsáveis, envolvidos e fase do processo
Local Sustentável Definição da solução
Responsável/fase
Realização da solução
Envolvidos/fase
Prevenção de poluição das atividades de construção Construtor/ produção Construtor/produção
Escolha do local Projetista/ projeto Empreendor/ projeto
Densidade de desenvolvimento & Conectividade com a
comunidade
Projetista/ projeto Empreendor/ projeto
Transporte alternativo: acesso ao transporte publico Projetista/ projeto Empreendor/ projeto
82
Transporte alternativo: armazenamento de bicicletas e vestiários Projetista/ projeto Projetista/ projeto
Transporte alternativo: veículos com baixa emissão e eficientes
no uso de combustível
Projetista/ projeto Empreendor/ Uso
Transporte alternativo: capacidade de estacionamento Projetista/ projeto Empreendor/ Uso
Desenvolvimento do local: proteção ou restauração do habitat Projetista/ projeto Construtor/produção
Desenvolvimento do local: maximização do espaço aberto Projetista/ projeto Construtor/produção
Efeito ilha de calor, exceto telhado ( estacionamento, calçadas,
vias,..)
Projetista/ projeto Construtor/produção
Efeito ilha de calor, telhado
Projetista/ projeto Construtor/produção
Eficiência da água Definição da solução
Responsável/fase
Realização da
solução
Envolvidos/fase
Uso eficiente da água no paisagismo, reduzir em 50%
Projetista/ projeto Construtor/produção
Uso eficiente da água no paisagismo, não utilizar água potável ou
não irrigar
Projetista/ projeto Construtor/produção
Tecnologias inovadoras para águas residuais
Projetista/ projeto Construtor/produção
Redução no uso da água; 20% de redução
Projetista/ projeto Construtor/produção
Redução no uso da água: redução de 30%
Projetista/ projeto Construtor/produção
Energia e Atmosfera Definição da solução
Responsável/fase
Realização da
solução
Envolvidos/fase
Comissionamento fundamental dos sistemas prediais de energia
Empreendor/ projeto Construtor/produção
Desempenho energético mínimo
Projetista/ projeto Projetista/ projeto
Gestão fundamental de refrigerantes (redução de CFC)
Projetista/ projeto Projetista/ projeto
Otimização do desempenho energético Projetista/ projeto Projetista/ projeto
Comissionamento adicional
Empreendor/ projeto Construtor/produção
Gestão adicional de refrigerantes (eliminação de HCFC e
Halogênios)
Projetista/ projeto Projetista/ projeto
Medição e Verificação
Projetista/ projeto Construtor/produção
Materiais e Recursos Definição da solução
Responsável/fase
Realização da
solução
Envolvidos/fase
Armazenamento e coleta de resíduos recicláveis Projetista/ projeto Empreendedor/ uso
Gestão de resíduos de construção, evitar aterro de 50% dos RCD
Construtor/produção Construtor/produção
Gestão de resíduos de construção, evitar aterro de 75% dos RCD
Construtor/produção Construtor/produção
Teor reciclado, 10% (pós-consumo + ½ pós-industrial)
Projetista/ projeto Construtor/produção
Teor reciclado, 20% (pós-consumo + ½ pós-industrial)
Projetista/ projeto Construtor/produção
Materiais regionais, 10% extraído, processado e manufaturado
regionalmente
Projetista/ projeto Construtor/produção
Materiais regionais, 20% extraído, processado e manufaturado
regionalmente
Projetista/ projeto
Construtor/produção
83
Madeira certificada
Projetista/ projeto Construtor/produção
Qualidade do Ambiente interno Definição da solução
Responsável/fase
Realização da
solução
Envolvidos/fase
Desempenho mínimo da qualidade do ar interno Projetista/ projeto Projetista/ projeto
Controle de fumaça de cigarro Projetista/ projeto Empreendor/ Uso
Monitoramento da tomada de ar externo Projetista/ projeto Empreendor/ Uso
Plano de gestão da qualidade do ar interno durante a construção
Construtor/produção Construtor/produção
Plano de gestão da qualidade do ar interno pré ocupação
Construtor /produção Construtor/produção
Materiais de baixa emissão de COV, adesivos e selantes usados
no interior
Projetista/ projeto
Materiais de baixa emissão de COV, tintas e vernizes
Projetista/ projeto Construtor/produção
Materiais de baixa emissão de COV, sistemas de carpetes
Projetista/ projeto Construtor/produção
Materiais de baixa emissão de COV, madeira compósita &
produtos de fibras agrícolas
Projetista/ projeto Construtor/produção
Conforto térmico: projeto
Projetista/ projeto Projetista/ projeto
Conforto térmico: verificação
Projetista/ projeto Empreendor/ Uso
Iluminação natural e vistas para o exterior, iluminação natural em
75% dos locais
Projetista/ projeto
Projetista/ projeto
Iluminação natural e vistas para o exterior, vistas para o exterior
em 90% dos locais
Projetista/ projeto Projetista/ projeto
Inovação & Projeto Definição da solução
Responsável/fase
Realização da
solução
Envolvidos/fase
Inovação em projeto Projetista/projeto
Construtor/ produção
Empreendor/ Projeto
Projetista/projeto
Construtor/
produção
Empreendor/ Uso
Profissional credenciado LEED Profissional LEED Profissional LEED
De uma forma geral, a partir da Figura 5.8 é possível identificar que as seis categorias
de impactos ambientais abordadas no sistema de avaliação requerem diferentes participações
dos principais envolvidos para atingir os créditos previstos. No item Local Sustentável, o
responsável pelas soluções da grande maioria dos créditos é o projetista, durante a fase de
projeto, porém os responsáveis pela realização da solução proposta pode ocorrer nas três fases
(projeto, produção e uso), envolvendo a participação do construtor e empreendedor. Na
categoria Eficiência da Água, as soluções são definidas pelos projetistas na fase de projeto e são
realizadas pela construtora na fase de produção. No item Energia e Atmosfera, a definição da
solução dos seis créditos ocorre na fase de projeto, envolvendo os projetistas em quatro créditos
e o empreendedor em dois. A realização da solução envolve as fases de projeto e produção, e a
84
participação de projetistas e construtores. Na categoria Materiais e Recursos, as soluções são
definidas por projetistas e construtores nas fases de projeto e produção, serdo realizadas nas
fases de produção e uso, pelo construtor e empreendedor. O item Qualidade do Ambiente
interno envolve créditos que requerem soluções definidas nas fases de projeto e produção,
envolvendo a participação de projetistas e construtor, sendo realizadas nas fases de projeto,
produção e uso, por projetistas, construtor e empreendedor. Por último, na categoria Inovação e
Projeto, as soluções são definidas e realizadas nas fases de projeto e produção, envolvendo
projetistas, construtor, empreendedor e profissional LEED.
A seguir, com base na realização do Estudo de Caso B é descrito o envolvimento dos
projetistas, da construtora, dos fornecedores e do empreendedor na fase de produção da obra
estudada.
5.3.1.2 Projetistas
Para a concretização deste empreendimento, foi realizado um concurso onde projetos
concorreram, sendo escolhido aquele que melhor atingiu as determinações da concepção
exigida pelo empreendedor, ou seja, aplicação de parâmetros que atendessem às
especificações determinadas pelo sistema escolhido – o sistema de certificação ambiental
americano LEED.
O envolvimento dos projetistas demonstrou ser o mais importante de todo o
procedimento, pois pode ser considerado o principal determinante para o empreendimento atingir
as características ambientais exigidas pelo processo de certificação. Este envolvimento ocorreu
não na fase de concepção do projeto, mas durante toda a fase de execução, pois ocorreram
algumas revisões para aperfeiçoar o desempenho da edificação. Como exemplos de
modificações podem ser citados o comportamento de absorção do solo, que se mostrou
diferente ao considerado na etapa de projeto e a troca do sistema de ar-condicionado solicitado
pelo cliente. O envolvimento dos projetistas, em especial do arquiteto na fase de execução se
deu por meio de reuniões por fone-conferência e por visitas no local para discutir modificações
de projetos.
Um dos diferenciais desta obra foi a utilização do memorial descritivo realizado na etapa
de projeto com extensas e detalhadas especificações e definições das características
construtivas em cada projeto complementar, da descrição detalhada em memoriais de todo o
85
material a ser empregado, bem como as formas de execução que foram definidas antes da fase
de produção, tendo em vista os desempenhos determinados pelo sistema de avaliação
ambiental, ao contrário do que ocorre tradicionalmente no processo de projeto, onde muitas
vezes as definições são realizadas durante a fase de produção. Como exemplo, os
equipamentos a serem utilizados na execução, foram especificados em termos de consumo de
energia, geração de ruídos, com aplicação e comprovação de ensaios de simulação energética,
e a utilização da setorização da iluminação através de projeto de automação com dispositivos
que medem o fluxo luminoso. Outro exemplo é a especificação de vidros e esquadrias que
exigiram a realização de testes e simulações em laboratórios americanos, quanto à refletância,
estanqueidade e isolamento térmico (base na norma ASHRAE 90.1/2004). No projeto estrutural,
a especificação de formas de PVC (cubetas) para a confecção das lajes e aplicação de papelão
tratado para confecção de pilares, em substituição das tradicionais formas de madeira, também
foram procedimentos adotados pelos projetiistas visando economia e contribuindo para
minimização do impacto ambiental. Na pavimentação das áreas externas e internas, bem como
para os tampos das pias dos sanitários, os projetistas especificaram a utilização da pedra
basalto que, além de atender as exigências da certificação ambiental, também contribui para o
desenvolvimento da economia local. No projeto de paisagismo, a especificação de uma
vegetação que exigisse menos manutenção e consumo de água, bem como espécies nativas
oriundas da região, contribuiram para garantir a pontuação do método de certificação.
5.3.1.2 Construtora
Devido a uma solicitação do empreendedor, a exigência para a contratação da
construtora foi o conhecimento e adequação da mesma para execução da obra dentro dos
parâmetros ambientais solicitados para certificação internacional escolhida.
A construtora teve uma participação efetiva em todo o processo que envolveu desde a
contratação da mão-de-obra e dos fornecedores até a conclusão e entrega efetiva da edificação.
Neste estudo de caso a construção do empreendimento se desenvolveu em dois
momentos. Num primeiro momento com a contratação pelo empreendedor de uma construtora
de outro estado, denominada Construtora A, que teve a sua atuação na obra a partir de
Novembro de 2007 e se prolongou até Novembro de 2008, quando o empreendedor cancelou o
contrato com a mesma. Num segundo momento, o empreendedor contratou uma construtora do
86
estado, denominada Construtora B, que assumiu em Dezembro de 2008, permanecendo aa
conclusão da obra.
Esta decisão por parte do empreendedor deu-se em função de que a Construtora A
demonstrou que, além de não cumprir o prazo estipulado de entrega da obra, não estava
atendendo uma rie de questões necessárias de qualidade e de especificações dentro dos
padrões internacionais LEED, para a certificação Gold da edificação. Como conseqüência deste
descomprometimento ocorreram retrabalhos e atraso no prazo de entrega da obra.
Como importante diferencial à primeira empresa
,
a construtora B contratou um
profissional capacitado para orientar e esclarecer as equipes de trabalhadores bem como
produzir documentação necessária dentro das exigências e padrões da cerificação escolhida,
garantindo assim a satisfação do cliente.
Em termos de envolvimento com a certificação, diferentemente de uma obra tradicional,
nesta obra as construtoras tiveram que solicitar diferentes documentos dos fornecedores quanto
à especificação dos produtos, como: declaração ambiental, ficha técnica (composição química,
reciclados), regionalidade (distância do fornecimento à obra). Além desta documentação, a
construtora teve que comprovar a gestão dos resíduos da obra, gerando documentação
comprobatória do resíduo destinado a aterros, especificando o material, transportador e destino
final. Por fim, um importante papel desempenhado foi quanto a cuidados especiais no canteiro
da obra, em termos de poeira, ruídos e erosão.
A construtora também participou de decisões construtivas auxiliando na revisão e
viabilizando soluções juntamente com os arquitetos e o empreendedor.
5.3.1.3 Fornecedores
Os fornecedores tiveram uma participação singular no esforço de entregar o produto
dentro dos padrões exigidos pelos projetistas e pelo empreendedor para garantir a certificação
do empreendimento. Alguns tiveram um envolvimento mais intenso, pois buscaram, além da
venda, um diferencial de mercado, adaptando o produto às exigências ambientais solicitadas,
como o exemplo da concreteira, que modificou a composição do concreto fornecido à obra com
a substituição de 25% da areia por resíduo de britagem de pedra. A escolha da construtora e do
empreendedor foi, em grande parte, por fornecedores e materiais regionais que, além de contar
87
na pontuação para certificação, também agilizaram o processo em função do custo e
disponibilidade dos mesmos.
5.3.1.4 Empreendedor
O empreendedor atuou significativamente em todo o processo e teve um papel decisivo
desde a concepção do projeto até escolha dos materiais, a qualidade, funcionalidade, cores,
mobiliário, análise de custos, modificações e acabamentos dos elementos integrantes do
empreendimento.Para tratar das questões ligadas à certificação, o empreendedor contratou uma
empresa fiscalizadora, um profissional credenciado LEED e um gerente de comissionamento.
Empresa Fiscalizadora
Para auxiliar nas decisões construtivas e execução da obra, o empreendedor contou
com a colaboração de uma Empresa Fiscalizadora que atuou ativa e integralmente junto ao
canteiro de obras e na interface com os projetistas para garantir a qualidade dos serviços.
Reuniões semanais foram realizadas com a participação do empreendedor, projetistas,
construtora e fiscalizadora e que foram documentadas através da confecção de atas. As
reuniões que ocorreram entre fornecedores, construtora, empreendedor e fiscalizadora, foram
decisivas para a definição do processo de fornecimento e recebimento de materiais empregados
na obra conforme exigência do empreendedor e do sistema de certificação. Como
documentação, foram realizados relatórios descritivos e fotográficos para conferência da
qualidade dos trabalhos e conferência do uso dos materiais conforme especificações dos
projetistas. Além disso, foram realizadas reuniões entre o cliente a construtora e fiscalizadora no
acompanhamento do cronograma físico para garantir que os prazos fossem cumpridos. A
atuação da fiscalizadora se deu também após a conclusão da obra, na fase pós-ocupação, para
acompanhar e documentar as atividades exigidas pela certificação. Enfim, o principal papel da
empresa fiscalizadora foi de garantir as expectativas do empreendedor para o desempenho e
certificação ambiental da edificação.
Profissional LEED
Visando aprimorar e garantir o processo de certificação, o empreendedor também optou
pela contratação de um profissional credenciado pelo método de certificação LEED que atuou
ativamente na forma de visitas e reuniões à obra. Este profissional foi o orientador de decisões e
informações cruciais sobre o processo de certificação, sendo também responsável pela
organização da documentação exigida para envio ao USGBC.
88
Gerente de comissionamento
Outro profissional contratado pelo empreendedor foi o gerente de comissionamento, cujo
principal papel é verificar e garantir que os sistemas relacionados à área de energia estão
instalados, calibrados e com as características de desempenho conforme os Requisitos de
Projeto do Proprietário, as Bases do Projeto e os documentos da construção.
Os benefícios do Comissionamento incluem a redução do consumo de energia, custos
operacionais menores, menor quantidade de chamadas aos instaladores para reparos/
correções, melhor documentação, melhoria na produtividade dos usuários e a garantia da
verificação que os sistemas apresentam um desempenho conforme os Requisitos de Projeto do
Proprietário.
Os sistemas relacionados à energia foram completamente comissionados (através das
atividades do processo de comissionamento) por profissional qualificado contratado pelo
empreendedor atendendo as exigências do sistema de certificação. Os sistemas comissionados
foram os de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração, iluminação , sistemas de
água quente.
5.3.2 Dificuldades encontradas
As dificuldades encontradas pelos envolvidos para implantar e garantir a certificação
ambiental da edificação na fase de produção são descritas a seguir, seguindo como referência
as seis categorias do sistema de avaliação.
5.3.2.1 Local sustentável
Nesta categoria a Construtora teve um papel primordial para que fosse atingido o pré-
requisito exigido pela certificação, através da confecção de um plano de prevenção
da poluição
nas atividades de construção.
A Construtora A encontrou dificuldades na elaboração deste plano para conter o
processo de erosão e sedimentação, pois não é uma prática usual na construção civil (exceto
por alguns itens, como o lava-rodas, cujo uso tem sido cada vez mais exigido em diferentes tipos
de construção) e também pelas equipes de trabalho que não foram orientadas corretamente pois
desconheciam o processo.
89
Apesar de ter um conhecimento maior do processo de certificação, a dificuldade maior
encontrada pela Construtora B foi o planejamento e ordenamento de atividades que levassem à
redução de movimentação e exposição de solo. Verificações periódicas das medidas tomadas
para a minimização da erosão foram necessárias, bem como a manutenção de diversos itens
como o lava-rodas, o lava-bica para caminhão de concreto, as proteções com material geotêxtil
nas bocas de lobo, os anteparos junto aos pés de taludes e as lonas para proteção dos taludes.
Como se trata de um pré-requisito, o controle da erosão e sedimentação mereceu uma atenção
especial por parte da construtora, pois, segundo a análise do solo realizada, o terreno mostrou
ser pouco permeável o que contribuiu para que houvessem áreas alagadas e com escoamento
lento em alguns pontos do terreno, principalmente em períodos de chuva.
No crédito Ilhas de Calor, as construtoras tiveram um papel importante e difícil na
identificação e compra de materiais com alta reflectância. Neste caso, tiveram de trabalhar em
conjunto com o arquiteto e cliente na escolha de materiais que atendessem, simultaneamente,
às necessidades estéticas e aos requisitos da certificação. Como exemplo, na cobertura da
edificação, a colocação de uma camada de pedrisco branco em substituição a última camada de
impermeabilização mecânica, para atender o índice de reflectância exigida pelo método de
certificação. A dificuldade foi o deslocamento deste material até a cobertura, exigindo da
construtora a contratação de maquinário especializado.
No item Redução de Poluição Luminosa, o empreendedor acatou a decisão do projetista,
que foi enfático e o concordou com a redução da iluminação externa, não atendendo assim a
pontuação nesta categoria.
5.3.2.2 Eficiência da água
Não houve, por parte dos projetistas, um estudo para recolhimento e aproveitamento da
água da chuva, levando o empreendimento a não atingir a pontuação para certificação no crédito
Projeto da Quantidade e Qualidade da Água Pluvial. Diante disto, o empreendedor buscou
alternativa para redução do consumo de água potável com a construção de uma Estação de
Tratamento de Esgoto ETE, onde 100% do esgoto produzido na edificação será tratado e a
água sereutilizada em vasos sanitários e regas de jardim, garantindo assim a pontuação na
categoria Eficiência da água. Outra particularidade foi que, devido as características pouco
permeáveis do solo, a ETE foi executada com uma estrutura de tratamento ao nível do solo e
não enterrada .
90
Neste crédito a Construtora A teve um envolvimento parcial monitorando apenas o
processo de montagem e funcionamento inicial do sistema, ficando ao encargo do
empreendedor a manutenção e operação do mesmo.
5.3.2.3 Energia e Atmosfera
Como o principal elemento da edificação é a fachada de concreto com vidros expostos, a
maior dificuldade encontrada nesta categoria foi a análise dos vidros para comprovação da
simulação energética da edificação. Como a Construtora A não estava preparada sobre as
questões que envolviam a certificação, ocorreu que na compra e na etapa de vedação da
edificação esta análise dos vidros o havia sido realizada, gerando atraso na execução e
colocando em risco a certificação que o empreendedor buscava.
No período em que a Construtora B assumiu a execução, foram realizados testes por
laboratório credenciado no exterior e procedimentos de ensaio estabelecidos pelo NFRC (NFRC
100, NFRC 200 e NFRC 400) da National Fenestration Rating Council (www.nfrc.org) onde
devem ser apresentados valores de U factor (coeficiente de transmissão térmica do vão
envidraçado) que depende de três fatores fundamentais: as características técnicas dos vidros, a
qualidade da caixilharia e o grau de proteção oferecido pelo sistema de sombreamento exterior.
Este conjunto de fatores deve conseguir reduzir as perdas térmicas do interior para o exterior,
para que sejam criadas condições de conforto no interior e junto do mesmo, e deve controlar os
ganhos de calor do exterior para o interior. Outra análise é do SHGC (Solar Heat Gain Coefficient
coeficiente de ganho de calor solar) que mede a fração de radiação solar incidente através de
um vidro quanto menor o coeficiente menor o calor transmitido para o ambiente. Também foi
feita a análise dos vidros conforme exigências mandatórias da norma ASHRAE 90.1/2004 (itens
5.4.2 e 5.8.2). Isto tornou o processo lento e oneroso tanto para o empreendedor quanto para a
construtora.
5.3.2.4 Materiais e Recursos
Esta categoria concentra o maior número de créditos sob a responsabilidade da
construtora no processo de certificação. Uma dificuldade encontrada, tanto pela Construtora A
quanto pela Construtora B na obtenção deste crédito, residiu no fato de encontrar empresa que
fizesse o reaproveitamento final de determinados resíduos. Resíduos como de rocha, de
vidro e gesso não possuirem reutilização definida no mercado. Outros resíduos são de mais fácil
91
reaproveitamento devido à cultura aplicada de reciclagem no mercado brasileiro. Encontrar
produtos com conteúdo reciclado que apresentem informações claras sobre o percentual de
material reciclado incorporado ao processo de fabricação também foi outro entrave no processo
para ambas construtoras, tendo a Construtora B maior empenho na pesquisa destes materiais. A
Construtora A, pela falta de informações sobre as exigências do processo, muitas vezes não
obteve qualidade nos serviços executados, em desacordo com o que foi especificado pelos
projetistas e pelo empreendedor.
Grande parte dos produtos empregados na construção do empreendimento foram
encontrados em um raio de 800km do local da obra, o que facilitou a obtenção do crédito
Materiais Regionais. A dificuldade, aqui, foi planejar com antecedência e de forma alinhada com
o arquiteto a especificação e as alternativas disponíveis, pois para o processo de certificação o
método exige que haja uma comprovação da origem dos materiais através da rastreabilidade de
documentos. Um exemplo foi na aquisição da vegetação especificada pelo projeto de
paisagismo. O projeto foi concebido por projetistas de outro estado levando a que muitas das
espécies especificadas não atendessem ao quesito regionalidade da certificação e tiveram de
ser substituidas por outras espécies nativas. A Construtora A, pelo desconhecimento do
processo neste crédito, teve dificuldade em fornecer informação adequada, a Construtora B
disponibilizou informações corretas aos fornecedores que adequaram suas documentações
conforme as exigências do método.
Madeira certificada foi outra questão que envolveu dedicação para ambas construtoras.
Adquirir madeira com certificação FSC (
Forest Stewardship Council- Conselho de Manejo Florestal
)
requereu, muitas vezes, uma explicação ao fornecedor acerca do que é a certificação devido ao
desconhecimento do mesmo sobre o tema. A maior dificuldade encontrada pela Construtora B foi
a análise da documentação comprobatória (certificado emitido pelo FSC) e orientações ao
fornecedor para incluir o número do certificado na nota fiscal. Percebeu-se que este processo de
certificação ainda é muito pouco difundido no mercado consumidor regional, daí a dificuldade de
os fornecedores atenderem os parâmetros de qualidade exigidos pelo método de certificação
5.3.2.5 Qualidade do Ambiente Interno
Nesta categoria a Construtora A teve um envolvimento parcial, pois sua atuação foi
interrompida logo que as atividades iniciaram. Sua participação foi na instalação de dutos do
sistema de ar condicionado, onde cuidados mais específicos como vedação dos dutos, controle
92
de umidade no material isolante e controle de poeira não estavam sendo monitorados conforme
o Plano de Qualidade do Ar exigido pelo método. Isto colocou em risco a pontuação para
certificação do empreendimento.
A Construtora B teve uma atuação mais significativa nesta categoria, pois as atividades
que exigiam mais controle de alguns créditos ocorreram no período em que esta assumiu a
execução do empreendimento. Dentre eles, o Plano de Qualidade do Ar Interno Durante a
Construção. Reconhecidamente a atividade da construção civil é uma atividade com grande
geração de poeira, fumaça, barro, sujeira, etc. A necessidade de se fazer um Plano de
Qualidade Interna do Ar pode ser considerada como uma novidade no setor da construção civil
brasileira. Conscientizar os operários da construção a seguir o que está preconizado neste Plano
foi a maior dificuldade relacionada a este crédito. Atividades simples como limpeza ao final de
uma atividade, colocação de lona plástica sobre o piso, minimização de poeira com o
umedecimento do piso durante a varreção, uso de máscaras protetoras e luvas em atividades
específicas, fechamento de grelhas de ar condicionado, etc., tiveram inspeção mais rígida e de
forma contínua.
No decorrer da execução da obra, o proprietário, em função da estética, optou pela
mudança do modelo do sistema de ar condicionado, gerando mais um entrave na continuidade
do cronograma das atividades da construtora. Foi necessário uma adequação de projeto junto
aos projetistas, construtora e fornecedores para que o novo sistema fosse implantado dentro do
prazo e também estivesse dentro das especificações exigidas pelo sistema de certificação
O Plano de Qualidade do Ar Interno Pré-Ocupação também foi outro crédito no qual a
Construtora B teve seu empenho bastante solicitado. Este crédito oferece duas alternativas: a
realização do flush-out ou a análise da qualidade do ar por laboratório. A análise de laboratório
ainda é muito cara no Brasil e somente uma empresa de São Paulo realiza este trabalho. O
Flush-Out que é um processo pouco empregado, a sua dificuldade residiu no fato de se conciliar
o final de obra ao cronograma e às atividades inerentes à entrega da obra, como reparos,
acabamentos finais e arremates que geravam muito e residuos particulados. Desta forma, o
tempo para a realização do flush-out foi a maior dificuldade e este objetivo não foi alcançado
pela Construtora B para a obtenção deste crédito no processo de certificação.
No pré-requisito Comissionamento do prédio, a Construtora B teve um papel importante
no processo, uma vez que foi responsável pela contratação e gerenciamento das empresas
93
instaladoras. A maior dificuldade encontrada neste processo foi a necessidade de listas de
verificação e comprovação de que os itens especificados foram realmente instalados e estavam
funcionando corretamente. Como não existe a cultura do comissionamento na construção civil
brasileira, fez-se necessário um planejamento de todos os itens que deveriam ser considerados
neste processo. A carência de profissionais no mercado com o correto entendimento acerca do
processo também dificultou a realização do comissionamento, sobrecarregando, muitas vezes,
toda a equipe que participou da construção.
O conceito de comissionamento ainda não está bem definido no Brasil e normalmente é
confundido com as atividades de fiscalização do projeto ou inspeção. Muitas vezes a atividade
se resume na elaboração e preenchimento de documentação a ser apresentada. Além disso, é
importante que a atividade de comissionamento seja vista como uma atividade de qualificação
de todo o processo (incluindo o projeto e a instalação), tendo como referência a expectativa do
Proprietário.
No crédito Materiais de Baixa Emissão adesivos, selantes, tintas, e carpetes, a maior
parte das empresas fornecedoras desses materiais apresentou o valor de compostos orgânicos
voláteis presente em sua composição devido ao fato de serem materiais com controle (a maioria
apresenta fichas técnicas). A maior dificuldade enfrentada pela Construtora B foi encontrar
empresas que tenham desenvolvido produtos com VOC abaixo do limite exigido pelo sistema de
certificação escolhido. Outro entrave foi encontrar materiais isentos de uréiaformoldeído na sua
composição, como no caso da fabricação das portas, que no Brasil este componente é
encontrado nas colas e resinas utilizadas pelos fabricantes do setor. Empresas multinacionais
como a Basf, por exemplo, levam vantagem sobre outras empresas menores, pois
disponibilizam produtos de baixa emissão no mercado e fazem a devida divulgação de seu
atendimento aos sistemas de certificação ambiental em edificações.
5.3.2.6 Inovação e Projeto
Nesta categoria, tanto a Construtora A quanto a Construtora B encontraram certa
dificuldade em manter contato com a profissional LEED. Por ela estar estabelecida e trabalhar
em outro estado, suas visitas à obra foram mensais e muitas comunicações e informações foram
realizadas através de correio eletrônico ou por telefone, gerando certa demora em algumas
decisões que precisavam ser resolvidas rapidamente na obra.
94
A compatibilização dos projetos foi outra dificuldade que influenciou nas atividades das
construtoras devido ao fato destes terem sido idealizados por projetistas contratados de outro
estado e que nunca visitaram a obra gerando algumas revisões e modificações nos mesmos .
Este procedimento comprometeu e atrasou muitas vezes o processo de produção da obra.
5.3.3 Considerações sobre os resultados da Etapa 3
Para aplicação das exigências da certificação, a análise na gestão do processo de
produção identificou uma série de alterações importantes como por exemplo o sugimento de
novos agentes intervenientes com novos papéis tanto para projetistas como para gestores .
O papel e o envolvimento dos projetistas demonstrou ser o mais importante de todo o
processo, pois pode ser considerado o principal determinante para o empreendimento atingir as
características ambientais exigidas pelo processo de certificação. Deles foram exigidos
memorias descritivos mais elaborados nos projetos complementares com descriçôes detalhadas
de todos os materiais e equipamentos que foram empregados, bem como os procedimentos de
execução de alguns serviços.
O empenho da construtora e o seu conhecimento do método de certificação foram
bastante significativos pois tiveram influência em diferentes atividades como na orientação e
esclarecimento do processo na contratação da mão-de-obra; na solicitação de diferentes
documentos e informações especificadas aos forncecedores dos produtos e materias conforme
exigência do sistema de certificação; na geração de documentação comprobatória da gestão de
resídos de obra e cuidados especiais no canteiro de obra em termos de ruido, poeira e erosão.
O envolvimento dos fornecedores foi grande na adaptação e entrega dos materiais
dentro das especificações solicitadas e muitas vezes até modificando a composição de seu
produto para garantir as exigencias da certificação também foi um procedimento diferenciado
dentro do processo.
Um diferencial dessa obra foi a contratação de uma empresa fiscalizadora por parte do
empreendedor que atuou ativa e integralmente no processo de produção e na interface com os
projetistas para garantir a qualidade dos serviços e as exigências do empreendedor e do sistema
de certificação. Também essa obra contou com a atuação de um profissional credenciado pelo
sistema de certificação, contratado pelo empreendedor, para informar e organizar a
documentação exigida.
95
Alguns conceitos como o de comissionamento e a aplicação de testes e procedimentos
conforme normas internacionais, exigidos pela certificação foram entraves bastante acentuados
no processo de produção, pois envolveram custos e disponibilidade, tanto do empreendedor
quanto da construtora, além de não serem práticas comuns da cultura e do procedimento
tradicional da indústria da construção no Brasil.
96
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tema sustentabilidade na construção é atualmente um assunto constante e em pauta
na academia, existindo numerosos trabalhos publicados, e a aproximaçao da academia com a
prática profissional pode ser entendida como um excelente meio de mudar esse cenário.
Com o intuito de verificar o conhecimento sobre aplicação de sistemas de certificação
ambiental em edificações e o interesse no uso de práticas sustentáveis na construção local,
elaborou-se uma pesquisa através de um questionário, dirigido aos profissionais da área.
Constatou-se uma relativa baixa participação na pesquisa realizada, mas com relação
aos profissionais questionados, apesar do interesse no assunto e aplicarem algumas práticas
sustentáveis em seus projetos e obras quando possível, demonstraram não ter conhecimento
das leis e resoluções vigentes que abordam o tema sustentabilidade e dos sistemas de avaliação
ambiental existentes. As principais barreiras e entraves apontados pelos profissionais quanto à
aplicação de práticas sustentáveis na construção foram: alto custo inicial, desinteresse por parte
do cliente e do mercado consumidor e a falta de parâmetros para avaliação do que é
sustentável.
Buscando entender a aplicação da certificação ambiental em edificações , foi realizada
uma análise de um sistema de certificação através de dois estudos de caso. Nos estudos de
caso realizados, analisando o método de certificação buscado, a fase de projeto demonstrou ser
o norteador principal de todo o processo . A introdução de especificações mais detalhadas de
materiais e de memoriais mais elaborados bem como conhecimento dos quesitos solicitados
pelo método, exigiu do profissional um empenho mais significativo. Na prática, a implementação
e aplicabilidade dos quesitos exigidos pelo método de certificação demonstrou ser mais
complexa, pois durante a análise do produto projeto não se tem parâmetros para perceber o
grande envolvimento que ocorre, de todas as partes, durante a fase de produção principalmente
em práticas de organização do canteiro, compra de materiais, rigorosas fiscalizações e
documentação. Essa constatação foi possível comparando-se a realizaçao do Estudo de Caso A
e o Estudo de Caso B.
97
Para aplicação das exigências da certificação, a análise na gestão do processo de
produção identificou uma série de alterações importantes como por exemplo o sugimento de
novos agentes intervenientes com novos papéis, e mostrou englobar o envolvimento de todas as
partes que integram a indústria da construção desde o fornecedor , a construtora, o
empreendedor e o projetista. Os fornecedores devem disponibilizar informações de seus
produtos, usualmente não disponibilizadas. Este é um entrave bastante acentuado, pois não é
prática comum da cultura e do procedimento tradicional da indústria da construção no Brasil.
6.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Como sugestões para trabalhos futuros, a realização do presente estudo aponta para:
Analisar o desempenho do prédio certificado ao longo da fase de uso
Investigar impactos no custo decorrente da certificação ambiental de prédios
(custos de produção e custos de operação do empreendimento);
Estudar ferramentas para o sistema de gestão de empreendimentos que
buscam a certificação ambiental.
98
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERTON, A.; Meio ambiente e desempenho econômico-financeiro: o impacto da ISO 14001
nas empresas brasileiras. 2003. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis.
ARAUJO S.L.; CALMON J.L.; Avaliação ambiental de edifícios hospitalares no município de
Vitória: Aplicação da metodologia LEED – NC. IV Encontro Nacional e II Encontro Latino-
americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis – ELECS, 2007.
AULICINO, P.; Análise de Métodos de Avaliação de Sustentabilidade do Ambiente Construído: o
Caso dos Conjuntos Habitacionais. Dissertação de Mestrado. Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo – Departamento de Engenharia Civil, 2008.
BELL, Judith. Doing your research project: a guide for the first-time researchers in education and
social science. 2. reimp. Milton Keynes, England: Open University Press, 1989. 145p.
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103
ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO
Dados do respondente:
Formação: ( ) arquitetura ( ) engenharia civil
Tempo de formatura: ( ) até 5 anos ( ) de 6 a 15 anos ( ) mais de 15 anos
Atuação: ( ) como autônomo ( ) em empresa construtora
Ramo: ( ) residencial ( ) comercial ( ) industrial
( ) projeto ( ) execução
Questionário:
1. Você tem contato atualmente com o tema?
( ) Sim. Através de ( ) jornal/revista ( ) seminários ( ) cursos ( ) Não.
2. Aplica práticas e conceitos de sustentabilidade nos projetos e/ou produção das obras?
( ) Sim. Quais? _____________ ( ) Não. Por quê? _______________________
3. Os seus clientes, quando o procuram, solicitam a aplicação de conceitos e práticas de
sustentabilidade?
( ) Sempre. O que é mais solicitado? _______________________________________
( ) Raramente. O que é mais solicitado? __________ ( ) Nunca.
4. Dentre os possíveis entraves ou barreiras para a aplicação e implementação de práticas
sustentáveis na construção, abaixo listados, indique os três que, na sua opinião, são os
mais proeminentes.
( ) custo inicial; ( ) desinteresse por parte do mercado;
( ) desinformação dos profissionais; ( ) falhas na legislação;
( ) falta de parâmetros de sustentabilidade; ( ) distância entre estudos acadêmicos e
prática profissional;
5. Dentre as normas, resoluções e leis que versam sobre o tema, abaixo listadas, quais
são de seu conhecimento?
( ) ISO 14.000;
( ) Resolução CONAMA 307;
( ) Sistemas internacionais de avaliação LEED, BREAM, etc.
6. Você é favorável a programas de certificação de edifícios: “selo verde” “green building”?
( ) Sim. Por quê? _______________________________________________________
( ) Não. Por quê? _____________________________________________________
Algum comentário a respeito do assunto: _____________________________________
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