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“A Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva: avanços e
entraves no município do Rio de Janeiro”
por
Luciana Santos Amaral
Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre em
Ciências na área de Saúde Pública.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Cristina Rodrigues Guilam
Rio de Janeiro, maio de 2009.
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2
Esta dissertação, intitulada
“A Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva: avanços e
entraves no município do Rio de Janeiro”
apresentada por
Luciana Santos Amaral
foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:
Prof.ª Dr.ª Marcia Soalheiro de Almeida
Prof. Dr. Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos
Prof.ª Dr.ª Maria Cristina Rodrigues Guilam – Orientadora
Dissertação defendida e aprovada em 27 de maio de 2009.
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3
Catalogação na fonte
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica
Biblioteca de Saúde Pública
A485 Amaral, Luciana Santos
A política nacional de atenção à saúde auditiva: avanços e entraves
no município do Rio de Janeiro. / Luciana Santos Amaral. Rio de
Janeiro: s.n., 2009.
129 f., tab., graf., mapas
Orientador: Guilam, Maria Cristina R.
Marinho, Carmem
Dissertação (mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio
Arouca, Rio de Janeiro, 2009
1.
Perda Auditiva. 2.
Desenvolvimento de Programas. 3.
Políticas
Públicas. I. Título.
CDD - 22.ed. – 363.74098153
4
A Deus, por permitir que coisas
boas aconteçam em minha vida.
A minha família, pelo incentivo,
sem o qual não seria possível
chegar até aqui.
5
AGRADECIMENTOS
Ao meu querido noivo Rodrigo Ferreira, pela ajuda, incentivo e compreensão nos
momentos em que estive ausente.
À minha querida orientadora, Dra. Maria Cristina Guilam, por toda ajuda, pelas valiosas
sugestões e por sempre retribuir minhas solicitações.
Aos professores e funcionários do curso de pós-graduação em Saúde Pública/Saúde do
Trabalhador da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca/Fundação Oswaldo Cruz,
pelos ensinamentos, à Dra. Ana Maria Braga, à Dra. Elida Hennington, em especial à Dra.
Carmem Marinho.
Às professoras da faculdade de fonoaudiologia da UFRJ, Mônica Rocha, Márcia Goldfeld,
Maria Isabel Kós e Silvana Frota por toda colaboração fornecida durante a realização deste
trabalho.
A Dra. Márcia Soalheiro, pelo fornecimento de valiosas informações e ajuda durante o
contato com coordenadoria do município.
À Maria Emília, funcionária do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) pela ajuda.
Aos profissionais e usuários que colaboraram com o fornecimento de informações a
respeito da Política.
Aos Amigos, companheiros de turma, por me ouvir, e me incentivar, em especial à Priscilla,
Sayonara, Isabelle, Francisco, Ana Luiza, Wilma e Afrânio.
Às minhas amigas, Viviane Almeida e Janaína Dell’Armi pelo apoio e amizade.
Aos membros da Banca Examinadora de Defesa de Dissertação por participarem deste
momento tão especial.
Finalmente, a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização
deste trabalho.
6
RESUMO
Este estudo consiste em uma proposta para identificar e discutir os principais avanços
e dificuldades do processo de implementação da Política Nacional de Atenção à Saúde
Auditiva (PNASA), no município do Rio de Janeiro. Parte-se do pressuposto que tal política
ainda não está efetivamente implementada, e grande parte das realizações está restrita ao
fornecimento de aparelho auditivo, com reduzido número de acompanhamentos e
procedimentos essenciais para se obter um melhor resultado com o uso da prótese. Em
2004, o Ministério da Saúde elaborou a PNASA, buscando uma atuação mais efetiva para a
melhoria da qualidade de vida das pessoas com problemas auditivos. No estado do Rio de
Janeiro, atualmente, existem 13 unidades de Serviços de Saúde Auditiva. Dentre estas,
quatro localizam-se no município do Rio de Janeiro, porém, no momento da pesquisa
apenas duas encontravam-se habilitadas. Em 2005, o município apresentava cerca de 190
mil pessoas com deficiência auditiva. Verificou-se a necessidade de realizar um estudo que
tratasse dos aspectos relacionados ao processo de implementação dessa Política, devido ao
reduzido número de estudos sobre o assunto. A pesquisa envolveu duas etapas: a primeira
incluiu entrevistas semi-estruturadas com atores-chave para uma descrição das unidades de
saúde em estudo. Os atores selecionados fazem parte de dois grupos: profissionais de saúde
envolvidos no atendimento de pacientes com problemas auditivos e usuários da Política. A
segunda etapa refere-se à coleta de dados desde o início da habilitação de cada unidade até a
época da realização da pesquisa; buscando caracterizar a demanda existente. Não se pode
dizer que, hoje, no município, o atendimento ao paciente com perda auditiva seja realizado
de forma integral. Apesar dos avanços conseguidos no processo de implementação da
PNASA, que possibilitaram a ampliação do atendimento às pessoas com alteração auditiva,
ainda existe uma necessidade de melhora no diagnóstico precoce, na agilidade da aquisição
das próteses auditivas, da reabilitação e da garantia do acesso ao acompanhamento do
usuário.
Palavras-chave: Processo de implementação, saúde auditiva, perda auditiva
7
ABSTRACT
This research remains in a proposal to identify and discuss the main achievements
and difficulties of the implementation process of National Policy for Hearing Health Care
(NPHHC), in Rio de Janeiro council. It has been assumed that this policy is not effectively
implemented, and most of the output is restricted to the provision of hearing, with a reduced
number of accompaniments and procedures essential to get a better result with the use of the
prosthesis. In 2004, the Ministry of Health produced the NPHHC, seeking a more effective
action for improving quality of life for people with hearing problems. In the state of Rio de
Janeiro, currently, there are 13 units of Hearing Department of Health. Among these, four
are located in Rio de Janeiro, however, during this research there were only two qualified.
In 2005, the council had about 190 thousand people with hearing loss. There is a need to
conduct a study that treats aspects of the process of implementing this policy, due to the
reduced number of studies on this subject. The research involved two stages: the first
included semi-structured interviews with key players for a description of the health units
under study. The actors are selected from two groups: health care professionals involved in
caring for patients with hearing problems and users of policy. The second stage refers to
data collection since the early clearance of each unit until the time of the completion of
research seeking to characterize the existing demand. Nowadays, in the council, the care to
patients with hearing loss is not made in full time. Despite the progress made in
implementation of NPHHC, which enabled the expansion of care for people with hearing
impairment, there is still need for improvement in early diagnosis, agility in the acquisition
of hearing aids, rehabilitation and guarantees of access to monitoring user.
Keywords: Implementation procedure, hearing health, hearing loss
8
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.........................................................
...........
......................
...
......
....
....
.
14
1.1. Processo de implementação de políticas públicas.........................
......
..............
....
....15
1.2. Saúde Auditiva.....................................................................................................
.
....16
2. COMPREENDENDO PERDA AUDITIVA.....
......
....
.......
............
..
.......................
....
.18
2.1. Sistema Auditivo...............................................................................................
......
..18
2.2. Audição..........
.
......
.........
...
...
...................
.
..
...
........................................................
....
.19
2.3. Perda Auditiva........................
.....
.........................
......................................................
.19
2.4. Diagnóstico..
...
...................
.....................................................................................
......21
2.5. Tratamento........................
...
...................................
.....
................
.........
...................
..
23
3. POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE AUDITIVA.
.............
........
..
.
..
..27
3.1-Breve Histórico....................................................................................................
.
.....27
3.2-A PNASA no Rio de Janeiro........................
...
......
..
.....
.....
..........
...
..........
....
.......
..
.....31
4. CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS.................................................................35
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................
..
....................................38
5.1-Média Complexidade
....................................................................................
.......
............
41
5.1.1-Organização do serviço....................................
......
.........
...
......
..
.............................41
5.1.2-Estrutura física...................................
....................
..............
....
................................42
5.1.3-Materiais e Equipamentos..................................
.........
.
...
........................................42
5.1.4-Fluxo de atendimento.........................................
.............
..
.
.....................................43
5.1.5- Caracterização da demanda............................................
.......
.....
........
................... 45
5.1.6-Processo de Implementação.............................................
.......
.............
.
..................51
5.1.7-Quais os avanços e fatores facilitadores para Média Complexidade?....
.
...
..
..........52
5.1.8-Quais os entraves?..................................
.........
...
..
................................
.
.....
...
.
.
........53
5.1.9-Ponto de vista dos usuários................................................
..
........................
..
..
..
.....55
5.2-Alta Complexidade
.........................................................................................
.
.........
...
.....
58
5.2.1-Organização do serviço.......................................
...........
..............................
.
..........58
5.2.2-Estrutura física...................................
....................
..............
....
................................60
5.2.3-Materiais e Equipamentos..................................
.........
.
...
........................................60
5.2.4-Fluxo de atendimento.........................................
.............
..
.
.....................................61
5.2.5- Caracterização da demanda............................................
.......
.....
........
................... 63
5.2.6-Processo de Implementação.............................................
.......
.............
.
..................68
5.2.7-Quais os avanços e fatores facilitadores para Média Complexidade?....
.
...
..
..........69
5.2.8-Quais os entraves?..................................
.........
...
..
................................
.
.....
...
.
.
........70
5.2.9-Ponto de vista dos usuários................................................
..
........................
..
..
..
.....73
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................
.......
.................
...
.........................75
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................
.....
...
....
.................78
ANEXOS....................................................................................
..............
........................85
9
Lista de siglas
AASI - Aparelho de Amplificação Sonora Individual
AP - Áreas de Planejamento
APAC - Procedimentos de Alta Complexidade
BERA - Audiometria de tronco encefálico
CIAD - Centro Integrado de Atenção à Pessoa Com Deficiência
CMS – Centro Municipal de Saúde
CNES - Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde
EOA - emissões otoacústicas
HUCFF – Hospital universitário Clementino Fraga Filho
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPPMG - Instituto de Pericultura e Pediatria Martagão Gesteira
MS - Ministério da Saúde
OMS - Organização Mundial da Saúde
ORL - Otorrinolaringologia
PAIRO - Perdas auditivas induzidas por ruído ocupacional
PAM - Postos de Assistência Médica
PNASA - Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva
RENAST - Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador
SAI – Sistema de Informação Ambulatorial
SIH - Sistema de Informação Hospitalar
SUS - Sistema Único de Saúde
TAN - Triagem Auditiva Neonatal
TCLE- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
UPS - Unidades Prestadoras de Serviço
10
Lista de gráficos
Gráfico 1: Número de pacientes da média complexidade por faixa etária 2006-
2008.......................................................................................................................................46
Gráfico 2: Número de pacientes adultos (19 a 59 anos) e idosos (mais de 60 anos) da média
complexidade por escolaridade 2006-2008...........................................................................48
Gráfico 3: Situação de Trabalho na Média Complexidade dos pacientes atendidos 2006-
2008 ......................................................................................................................................48
Gráfico 4: Número de casos por diagnóstico dos pacientes atendidos na média
complexidade 2006-2008.....................................................................................
..
...
.....
.......49
Gráfico 5: Número de pacientes atendidos na Alta Complexidade por faixa etária 2007-
2008.......................................................................................................................................63
Gráfico 6: Número de pacientes atendidos na Alta Complexidade por escolaridade de
adultos (19 a 59 anos) e idosos (mais de 60 anos) 2007 – 2008 ..................
..
........
.
....
........
64
Gráfico 7: Situação de Trabalho na Alta Complexidade dos pacientes atendidos 2006-2008
...............................................................................................................................................65
Gráfico 8: Número de casos por diagnóstico dos pacientes atendidos na Alta Complexidade
2007-2008.................................
.......
......................
.........
...........................
...
.........
....
.......
..
...66
11
Lista de figuras
Figura 1: Anatomia da orelha...............................................................................................18
Figura 2: Visão frontal com principais componentes do implante coclear
.......................
..
25
Figura 3: Mapa com a distribuição de casos atendidos nas áreas de planejamento do
município do Rio de Janeiro .................................................................................................40
Figura 4: Fluxo de atendimento na Média Complexidade........................................
..
.
......
..44
Figura 5: Fluxo de atendimento na Alta Complexidade
..........................
....
........
......
........
61
12
Lista de quadros
Quadro 1: Distribuição da rede de saúde auditiva na Média Complexidade no Estado do
Rio de Janeiro...............................................
..........................................................
.................33
Quadro 2: Distribuição da rede de saúde auditiva na Alta Complexidade no Estado do Rio
de Janeiro...........................................................
.......
......
....................
..........
.........
..................33
Quadro 3: Número de casos atendidos na média complexidade por Área de Planejamento
do município do Rio de Janeiro 2006-2008...........................................................................38
Quadro 4: Número de casos na Alta Complexidade por Áreas de Planejamento do
município do Rio de Janeiro..................................................................................................39
13
Lista de anexos
Anexo 1. Roteiro para entrevista semi-estruturada profissionais
........................................
86
Anexo 2. Roteiro para entrevista semi-estruturada usuários
...........................................
....88
Anexo 3. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
.................................
.....
...........
...
89
Anexo 4. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
.
.....
.............................................
90
Anexo 5. Termo de autorização da Prefeitura do Rio de Janeiro
........................................
91
Anexo 6. Termo de autorização do serviço de audiologia da UFRJ
......
.....
...
.....
.........
.....
..
92
Anexo 7. Parecer do Comitê de Ética da Escola Nacional de Saúde Pública
.....................
93
Anexo 8. Parecer do Comitê de Ética da UFRJ
...............
...
.................
.......
.......................
94
14
1-INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como proposta identificar e discutir os principais avanços e
dificuldades do processo de implementação da Política Nacional de Atenção à Saúde
Auditiva, no município do Rio de Janeiro.
Parte-se do pressuposto que tal política ainda não está efetivamente
implementada, e grande parte das realizações está restrita ao fornecimento de aparelho
auditivo, com reduzido número de acompanhamentos e procedimentos essenciais para
se obter um melhor resultado com o uso da prótese.
Em 2005, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
1
estimou a existência de 278
milhões de pessoas no mundo com perda auditiva moderada a profunda. O número de
indivíduos com problemas auditivos vem crescendo principalmente em decorrência do
aumento da população mundial e da expectativa de vida.
No Brasil ocorre escassez de informação recente a respeito da perda auditiva,
devido ao reduzido número de estudos epidemiológicos. Dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE)
2
mostram que, no ano 2000, havia aproximadamente
vinte quatro milhões e meio de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência das
quais, em torno de cinco milhões apresentavam deficiência auditiva.
A deficiência auditiva é considerada como um grave problema de saúde pública,
em consequência da privação sensorial no desenvolvimento infantil e pela sua
incidência
1
. A surdez infantil é um problema que atinge de 3 a 5 crianças em cada 1000
nascidas no País. Esse quadro se agrava quando o recém-nascido apresenta
complicações neonatais e precisa de internação em UTI, onde 2 a 4 em 100 crianças
apresentam algum déficit auditivo
3
, evidenciando a necessidade da triagem auditiva no
nível básico de atenção.
Sob esses ângulos, considera-se que as ações em saúde auditiva devem, portanto,
integrar todos os níveis de atenção, estando inserida na Atenção Básica de Saúde. Neste
sentido, o Ministério da Saúde (MS) buscou incluir o atendimento às pessoas com
deficiência auditiva no Sistema Único de Saúde (SUS): nos níveis de Atenção Básica,
Média e Alta Complexidade (ambulatorial e hospitalar). Para tanto, em 2004, elaborou a
Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva (PNASA)
4
, buscando uma atuação
mais efetiva para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com alterações auditivas.
A Política tem como objetivo atender a população brasileira com problemas auditivos,
criando condições de acesso desta população a todos os procedimentos de saúde
auditiva.
15
A Política prevê articulação do MS com as Secretarias Estaduais e Municipais de
Saúde. De acordo com as estratégias desta nova política, o processo de reabilitação
audiológica passa a envolver um trabalho muito mais amplo que prevê a adaptação de
próteses auditivas, com acompanhamento médico e fonoaudiológico, tanto para ajustes
como para verificações periódicas das condições técnicas e do benefício obtido com o
uso desses equipamentos, e, quando necessário, de terapia fonoaudiológica, além de
assistência social e psicológica, no nível médio de complexidade
4
. Maiores detalhes
sobre a política serão descritos no capítulo 4.
Atualmente, 130 unidades de Serviços de Saúde Auditiva
5
estão habilitadas em
todo país para oferecer atendimento ao deficiente auditivo na atenção básica, média e na
alta complexidade. Porém, os estados do Amazonas, Acre e Roraima não possuem tais
serviços
6
. De acordo com o levantamento da produção 2007 dos Serviços de Saúde
Auditiva habilitados (Tabwin/Datasus) foram realizados cerca de um milhão e duzentos
mil procedimentos da área de Saúde Auditiva
6
.
No estado do Rio de Janeiro, no momento existem 13 unidades de Serviços de
Saúde Auditiva. Dentre estas, quatro localizam-se no município do Rio de Janeiro
7
. Em
2005, a região somava 190 mil pessoas com deficiência auditiva, destas, apenas 2% se
declararam surdas. O percentual de pessoas com grande dificuldade permanente de
audição atinge a 14% dos cariocas e 84% com alguma dificuldade permanente. Logo,
um em cada seis portadores de deficiência auditiva da cidade tem severos problemas
auditivos
8
. No presente momento observa-se a inexistência de estudos sobre o
funcionamento desta Política no município.
Deste modo, justifica-se amplamente a necessidade de realizar um estudo que
trate dos aspectos relacionados ao processo de implementação dessa Política,
particularmente os avanços e os entraves.
1.1-Processo de implementação de política pública:
Para Flexor et al
9
, a implementação representa um processo pelo qual as
decisões acomodam-se à realidade, ajustam-se ao campo de aplicação, se inscrevem nas
rotinas dos agentes que atuam para a concretização da política. Implementar consiste em
aplicar um programa de ação a um problema. Assim, existem perturbações e
modificações entre os objetivos perseguidos e as ações efetivas. O papel dos gestores e
o desenho institucional da política se tornam críticos nessa fase. Em função dos atores
envolvidos (os agentes que implementam a política e o público-alvo do programa), dos
16
instrumentos estabelecidos e do grau de centralização dos processos, a distância entre os
objetivos perseguidos e as ações efetivas pode ser mais ou menos importante
9
.
O trabalho de Silva & Melo
10
apresenta um marco de referência para abordagens
da questão de implementação de políticas públicas. A instabilidade de programas
governamentais tem sido entendida como uma das dimensões cruciais – senão a variável
central para explicação do insucesso dos governos em atingir os objetivos estabelecidos
no desenho das políticas.
Propõe-se que o monitoramento e a análise das políticas sejam considerados
instrumentos que permitam o aprendizado e a constante reformulação.
O processo de implementação desenvolve-se através da constituição de atores
governamentais e não governamentais que com idéias, recursos e ações próprias vão
constituir a Política
11
. Portanto, a análise do processo e o estudo da dinâmica das ações
dos atores envolvidos têm como objetivo identificar obstáculos e elementos
facilitadores, assim como o grau de adesão e resistência dos agentes à política
proposta
12
.
1.2- Saúde Auditiva:
O movimento pela saúde está bastante marcado pela capacidade de resposta do
Estado às demandas sociais, através de suas políticas públicas.
A promoção da saúde é definida na carta de Ottawa
13
(1986), como processo de
capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e de saúde,
incluindo uma participação no controle desse processo. Buscar mudanças nas questões
referentes à preservação da saúde é um dos grandes objetivos da promoção. Assim, é
necessário que a população esteja informada do seu próprio processo saúde/doença e
dos seus direitos sociais. Deste modo, a promoção da saúde não é tarefa exclusiva do
setor saúde, mas este deve atuar em conjunto com a população na direção de um bem-
estar global.
O Sistema Único de Saúde (SUS)
14
constitui-se de ações e serviços públicos de
saúde que integram uma rede regionalizada, hierarquizada e descentralizada, com
atendimento integral e participação da comunidade.
No que diz respeito à assistência à saúde, a Lei 8080
14
considera “integralidade”
como:
“(...) um direito da cidadania, abrangendo a atenção primária, secundária e
terciária, de modo a garantir equipamentos necessários para a promoção,
prevenção, assistência e reabilitação.”
17
No Brasil, as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a
realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas são de
responsabilidade do SUS
15
.
A Saúde Auditiva insere-se neste contexto, tendo em vista, possuir
características de manutenção da qualidade de vida através de promoção da saúde do
sistema auditivo.
Uma das estratégias de promoção da saúde do SUS é a tentativa da criação de
Redes Estaduais de Atenção à Saúde Auditiva. Essas redes seriam compostas pelas
ações de Saúde Auditiva na Atenção Básica, Serviços de Atenção à Saúde Auditiva na
Média Complexidade e Serviços de Atenção à Saúde Auditiva na Alta Complexidade
16
.
Com a elaboração da PNASA, pela primeira vez o País trata a questão da saúde
auditiva
de forma específica, enfocada na atuação mais efetiva para a melhoria da
qualidade de vida dos indivíduos com problemas auditivos.
18
2- COMPREENDENDO PERDA AUDITIVA
2.1 - Sistema Auditivo:
Para melhor entendimento da audição e da perda auditiva, inicialmente faz-se
necessário a compreensão de como escutamos.
O órgão responsável pela audição é a orelha, que antigamente era denominado
ouvido. Além da função de ouvir, este órgão também é responsável pelo equilíbrio.
De acordo com Munhoz
17
e colaboradores, o sistema auditivo é constituído pela
orelha e pelas vias auditivas, que, localizadas no osso temporal, possuem distintas
características estruturais e funcionais.
A orelha é dividida em três partes (Figura1): orelha externa, média e interna
(antigamente denominados ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno)
18
.
Figura 1: Anatomia da orelha.
Fonte: César & Sezar, 2002.
19
A orelha externa compreende o pavilhão auricular, o meato acústico externo e a face
externa da membrana do tímpano. Capta os sons do meio ambiente e os transmite até o
tímpano ou membrana timpânica
17
. A orelha média compreende a membrana
timpânica e os ossículos da orelha média (martelo, bigorna e estribo), estes últimos
contidos dentro da caixa timpânica. A função da orelha média é converter a energia
sonora em energia mecânica, até a orelha interna. Para o funcionamento adequado deste
sistema, é necessário o equilíbrio com a pressão atmosférica, o que é realizado através
da tuba auditiva, canal que comunica a orelha média com a parte posterior do
nariz
17,18,19
. A orelha interna apresenta uma parte anterior, a cóclea ou caracol, que está
relacionada com a audição, e uma posterior constituída pelo vestíbulo e canais
semicirculares, relacionada com o equilíbrio. O movimento do estribo sobre uma
pequena membrana na orelha interna gera movimentos correspondentes nos líquidos da
orelha interna, que gerarão descargas elétricas, transmitidas pelo nervo auditivo até o
córtex auditivo. Este fará então o processamento da informação sonora, permitindo-nos
compreender o significado dos sons
17,19
.
2.2- Audição:
A audição é uma condição fundamental à vida, base da comunicação humana oral,
possibilitando aos indivíduos estabelecer contato com os seus semelhantes e com a
natureza. É através da audição que, desde muito cedo, os indivíduos reconhecem os sons
do meio ambiente e da fala. Desempenha, portanto, um papel preponderante e decisivo
na aquisição e no desenvolvimento da linguagem oral
20
.
Por mediação da linguagem, o homem consegue organizar seu universo, entender
o mundo que o rodeia e compreender o outro, além de transmitir e abstrair
pensamentos/sentimentos, interagindo e adquirindo conhecimento.
Os problemas auditivos na criança podem determinar prejuízos linguísticos,
educacionais e psicossociais, pois o processo de aquisição e desenvolvimento da
linguagem pode ser prejudicado se o diagnóstico e a intervenção não forem realizados
no tempo adequado
21
. Desta forma, é de suma importância que o diagnóstico precoce
de déficits auditivos, assim como a intervenção fonoaudiológica sejam enfatizados
22
.
2.3- Perda Auditiva:
A perda de audição pode ser considerada como qualquer diminuição da
capacidade de ouvir e/ou detectar sons da fala ou de ambiente, independente da causa,
tipo ou grau. As causas podem ocorrer em diferentes momentos da vida do indivíduo,
20
durante a gestação ou parto, na infância, vida adulta ou na terceira idade, assim,
qualquer alteração em uma das porções do sistema auditivo pode prejudicar a audição,
em maior ou menor grau, constituindo uma perda auditiva
23
.
Várias classificações podem ser encontradas na literatura
23,24,25
, entre elas a
classificação segundo localização topográfica, expressão clínica e grau de
comprometimento.
Classificação da perda auditiva de acordo com a localização topográfica:
Condutiva: Qualquer afecção na orelha externa e/ou média.
Neurossensorial ou Sensório-Neural: Devido a qualquer lesão da clea ou do nervo
auditivo (orelha interna).
Mista: Usado para descrever casos no qual a perda condutiva e neurossensorial
coexistem na mesma orelha.
Central: Determinada por uma alteração nas vias centrais da audição.
Funcional: Neste tipo de perda o individuo não apresenta alteração orgânica no aparelho
auditivo periférico ou central. Apresenta fundo emocional ou psíquico e em alguns
casos é difícil determinar se a perda auditiva é uma simulação ou se é orgânica.
Classificação de acordo com a expressão clinica:
Hipoacusia refere-se a uma redução na sensibilidade auditiva, sem qualquer alteração
da qualidade de audição.
Disacusia – refere-se a um distúrbio na audição, expresso em qualidade e não em
intensidade sonora.
Anacusia – ausência total de audição
Surdez – audição socialmente incapacitante.
Denomina-se surdo o indivíduo que possui uma perda na percepção normal dos
sons. Alguns indivíduos surdos são capazes de pronunciar palavras de forma quase
totalmente dentro da normalidade da língua oral, enquanto para outros, a percepção de
uma linguagem fonoarticulatória é quase inexistente, evidenciando a falta de domínio de
vocabulário oralista. Existem ainda, indivíduos com surdez profunda, incapazes de
qualquer forma de comunicação oral, embora existam evidências que, se estimulados
precocemente, possam aprender a pronunciar palavras do cotidiano
21
.
21
A perda auditiva implica em graves barreiras para o indivíduo que terá que
superar os obstáculos inerentes a uma sociedade que não o trata como “normal”. Assim,
a dificuldade de comunicação oral estabelece expressivas dificuldades de inserção
social
26
. Para a compreensão do sujeito surdo, outra questão fundamental, diz respeito a
preconceitos que podem dificultar sua inclusão social: é necessário desmistificar a
crença sobre sua reduzida capacidade de aprendizagem, uma vez que a surdez é uma
questão de linguagem. Cabe lembrar que a surdez pode ser superada através da adoção
de outras alternativas de comunicação, como por exemplo, uso da Língua de Sinais
27
.
Classificação das perdas auditivas quanto ao grau:
Dentre as diversas classificações das perdas auditivas quanto ao grau no Brasil,
uma comumente utilizada para avaliar perdas auditivas em clínicas fonoaudiológicas é a
de Davis e Silverman (1970), citados por Russo e Santos
28
:
Audição Normal – de 0 a 20 dB
Perda Auditiva Leve – de 21 a 40 dB
Perda Auditiva Moderada - de 41 a 70 dB
Perda Auditiva Severa – de 71 a 90 dB
Perda Auditiva Profunda - acima de 95 dB
De acordo com os autores supracitados, os limiares tonais para serem
considerados dentro do limite de normalidade não devem ultrapassar 20 dB. Valores
rebaixados (pior que 20 dB) devem ser considerados como perda auditiva cujo grau
pode variar de leve a profunda.
2.4-Diagnóstico:
O diagnóstico para problemas auditivos é feito a partir da avaliação médica e
audiológica. Em geral a família é a primeira a suspeitar de alterações auditivas nas
crianças ainda bem pequenas, a partir da observação da ausência de reações a sons e
que apresenta comportamento diferente do usual, dormindo em ambientes barulhentos
ou não se assustando com sons intensos, e ainda, quando num período mais tarde, não
desenvolve normalmente a linguagem
25
.
...............................................................
....... Os diagnósticos das deficiências auditivas na infância podem ocorre mais
precocemente com o auxílio de alguns programas de prevenção das deficiências
22
auditivas na infância como o registro de fatores de risco e triagens auditivas. Em geral,
o pediatra deveria ser o primeiro a verificar alterações e encaminhar a criança ao
otorrinolaringologista, quando se iniciará o diagnóstico, com a observação do
comportamento auditivo, exame físico das estruturas da orelha, nariz e das diferentes
partes da faringe e por fim a avaliação audiológica
29
. No caso de adultos e idosos, a
queixa de alteração auditiva é do próprio indivíduo, existindo inúmeras possibilidades
etiológicas.
.........No Brasil, poucos estudos revelam a prevalência da deficiência auditiva e a sua
provável etiologia. Oliveira et al
30
realizou uma revisão das principais causas da perda
auditiva, citando: hereditariedade, cerume ou corpos estranhos do conduto auditivo
externo, doenças infecciosas como rubéola congênita, meningite, sarampo e caxumba,
malformações de cabeça e pescoço e causas perinatais como baixo-peso ao nascer,
hiperbilirrubinemia, anoxia e parto prolongado. Estas são complementadas por Kós &
Kós
31
que entre as patologias mais frequentes que acometem a orelha externa, média e
interna apontam: otites, otoesclerose, surdez súbita, presbiacusia, trauma acústico,
surdez ototóxica, perda auditiva induzida por ruído ocupacional, neurinoma do
acústico, neuropatia auditiva, entre outras. ............
........
............Quanto mais precoce o diagnóstico, menores serão os danos causados ao
desenvolvimento linguístico, social e psicológico. A observação por parte dos
familiares e profissionais, de alguns aspectos referentes às funções auditivas pode
colaborar propiciando um diagnóstico precoce. Mediante o diagnóstico da perda
auditiva é fundamental que seja iniciado um trabalho terapêutico integral adequado.
Além do exame clínico, para avaliação auditiva, existem vários exames que podem ser
realizados conforme as necessidades do paciente, entre eles destacam-se
24,32,33,34
:
A audiometria, exame que mensura a audição com auxílio de um dispositivo
eletrônico (audiômetro) que produz sons em frequências (tons puros) e volumes
específicos.
Para classificarmos uma perda auditiva, quanto ao seu tipo, é imprescindível a
realização de Audiometria Tonal por Via Aérea (VA) e Audiometria Tonal por Via
Óssea (VO). Sem a comparação destes dois exames torna-se inviável a determinação do
tipo de perda auditiva.
A imitanciometria, analisa a orelha média pela medida da timpanometria, da
compliância estática e pela pesquisa do reflexo estapédico. O exame mensura a
impedância (resistência à pressão) da orelha média. A timpanometria é utilizada para
23
determinar a causa da perda auditiva condutiva. Os resultados deste teste indicam se o
problema é devido a um bloqueio na tuba auditiva (o tubo que conecta a orelha média
com a parte posterior do nariz), à presença de líquido na orelha média ou a uma ruptura
na cadeia de três ossículos. A pesquisa dos reflexos estapédicos permite identificar o
local da lesão, sendo útil para o estabelecimento de diagnóstico diferencial das perdas
auditivas.
A audiometria de tronco encefálico (BERA) é um teste que pode diferenciar a
perda auditiva sensorial da neural. Este teste mensura os impulsos nervosos cerebrais
resultantes da estimulação dos nervos auditivos. A amplificação por computador produz
uma imagem do padrão de onda dos impulsos nervosos. Quando a causa da perda
auditiva parece estar localizada no cérebro, deve ser realizada uma ressonância
magnética da cabeça.
A eletrococleografia mensura a atividade da cóclea e do nervo auditivo. Este
teste e a resposta auditiva do tronco cerebral podem ser utilizados para mensurar a
audição em indivíduos que não conseguem ou não querem responder voluntariamente
ao som. Algumas vezes, os testes podem ajudar a determinar a causa da perda auditiva
neurossensorial.
As emissões otoacústicas (EOA) são sons mensurados no meato acústico
externo, os quais são produzidos na cóclea, permitindo a avaliação de mecanismos
biomecânicos dentro desta. Uma das aplicações clínicas das emissões otoacústicas é a
triagem auditiva. Segundo Azevedo
35
, a triagem auditiva é um procedimento simples e
rápido que se aplica a um grande número de indivíduos e busca identificar aqueles que
têm alta probabilidade de apresentar perda auditiva e necessitam de um diagnóstico
audiológico completo.
É imprescindível a realização de Triagem Auditiva Neonatal (TAN) com objetivo
de detecção precoce de problemas auditivos, pois em cada mil recém-nascidos, dois a
seis apresentam algum tipo de perda auditiva
36
...........
........A incidência da surdez em bebês é maior que outras doenças que já são avaliadas
na maternidade. Estatísticas brasileiras indicam que um em cada 10 mil nascidos vivos
apresenta Fenilcetonúria enquanto 2,5 em 10 mil apresentam hipertireoidismo
37
.
2.5- Tratamento
O conhecimento das causas dos problemas auditivos, seja na criança ou no adulto,
permite a adoção de estratégias adequadas ao processo de prevenção e tratamento, que
envolvem áreas diversas como a clínica médica, a reabilitação e a educação.
24
Nem todas as perdas auditivas poderão ser prevenidas, mesmo que medidas
sejam implementadas. Torna-se importante a realização de procedimentos como as
triagens auditivas aplicadas a grupos de indivíduos de diferentes locais e faixas etárias.
Com a ampliação dos recursos tecnológicos voltados para a saúde, tornou-se
possível obter recursos para a melhoria da qualidade de vida e inclusão social das
pessoas com deficiências, entre elas, as auditivas. Nos últimos anos muitos problemas
auditivos têm sido corrigidos por meio de tratamentos clínicos ou intervenções
cirúrgicas (como por exemplo, implante coclear), porém existem algumas perdas em
que o tratamento se torna possível com o uso do Aparelho de Amplificação Sonora
Individual (AASI) ou próteses auditivas, que tentam aproveitar ao máximo a audição
residual do paciente
38
.
Aparelho de Amplificação Sonora Individual – AASI
Segundo Martínez
39
muitas das enfermidades que causam perdas auditivas de
transmissão (devido a anomalias na orelha externa e média) podem ser solucionadas e
com resultados muito satisfatórios mediante tratamento clínico ou intervenção cirúrgica.
No entanto, nas perdas de percepção (relacionadas ao ouvido interno ou nervo auditivo),
as possibilidades de melhora da audição dependem, em grande parte de correção
auditiva protética.
Existem vários tipos de próteses auditivas: próteses auditivas convencionais ou
de caixa, retroauricurales e intra-aurais. Além das diferenças de formato, as próteses
auditivas também se diferenciam em relação à tecnologia aplicada, podendo ser
analógicas, programáveis ou digitais
39,40
.
A amplificação sonora não se restringe apenas a oferecer sinais ambientais, de
perigo e alerta e principalmente tornar audíveis e satisfatórios os sons de fala, mas é
também a estratégia utilizada para facilitar a educação e o desenvolvimento psicossocial
e intelectual do deficiente auditivo. Por isso, necessidade de um levantamento da
situação do país em relação à deficiência auditiva, principalmente em relação ao
fornecimento da prótese e a satisfação do usuário após o recebimento, o que
possibilitaria uma melhoria do planejamento das ações em Atenção à Saúde Auditiva.
Implantes Cocleares
O implante coclear é um tratamento eficaz para a perda severa ou profunda da
audição em adultos e para perdas profundas nas crianças. (Figura2). Compõe-se de
duas unidades: externa e interna
41
.
25
As partes que compõem a unidade externa são:
1- Microfone
2- Processador da Fala - Retroauricular
3- Compartimento de Baterias (pilhas)
4- Antena Externa
A unidade Interna é formada por:
1- Antena Interna
2- Receptor/Estimulador
3- Eletrodo Terra
4- Feixe de Eletrodos
Na figura 2, o processador de fala externo capta o som e o converte em sinais
digitais, que são enviados ao implante interno, que os converte em energia elétrica. Esta
é transmitida a um conjunto de eletrodos situado dentro da cóclea. Os eletrodos
estimulam o nervo auditivo, e o cérebro detecta os sinais produzindo a audição do som.
Figura 2: Visão frontal com principais componentes do implante coclear
Fonte: Guia de implante cocleares para educadores. Hear now, 2006.
26
Qual é a Diferença entre um Aparelho Auditivo e um Implante?. .............
..............Os aparelhos auditivos amplificam os sons ou os intensificam. Os sons
produzidos por esses aparelhos não oferecem, em alguns casos, muito benefício às
pessoas com uma perda severa e profunda da audição em ambas as orelhas. Em outras
palavras, não importa quão intenso seja o som produzido pelo aparelho, no indivíduo
com perda profunda, a audição não poderá processar a informação devido à extensa
lesão sensorial. Por outro lado, um implante coclear não amplifica os sons. Este
dispositivo fornece informação sonora útil ao estimular diretamente as fibras neurais
remanescentes na cóclea, o que permite à pessoa perceber o som
41
.
.............Independente do tratamento, o processo de reabilitação é necessário para
permitir que pessoas com perda auditiva consigam alcançar os níveis físico, mental ou
social funcionais ótimos, podendo compreender medidas compensatórias da perda de
uma função ou uma limitação funcional e facilitar ajustes ou reajustes sociais.
Dessa
forma, a reabilitação da pessoa com perda auditiva deve incluir a prestação dos
seguintes tipos de serviços: (a) atendimento e tratamentos médicos; (b) detecção
precoce, diagnóstico e intervenção; (c) assistência social, psicológica e fonoaudiológica;
(d) fornecimento de aparelhos de amplificação sonora individual AASI; (e) serviços
educacionais especializados e serviços de reabilitação profissional
42
.
.............Um conjunto de ações e estratégias de saúde é necessário para buscar diminuir
os agravos relacionados à deficiência auditiva, viabilizando o diagnóstico precoce e a
reabilitação. Deste modo, prevenir distúrbios da audição é uma proposta de grande
extensão que, não contribui para reduzir as alterações e suas consequências como
também pode proporcionar melhores condições de saúde e educação para a população.
Seguindo este raciocínio, os cuidados dos portadores de perda auditiva devem estar
inseridos no contexto de uma política de atenção à saúde como qualidade de vida no
exercício de cidadania.
27
3- POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE AUDITIVA
3.1-Breve Histórico
No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a atenção auditiva até 2004
apresentava duas vertentes: uma voltada para o implante coclear (Portaria 1278/99) e
outra voltada para a protetização auditiva (Portaria 432/2000).
O Ministério da Saúde, em 14 de novembro de 2000, publicou a Portaria nº. 432
visando regulamentar, no âmbito ambulatorial, o diagnóstico, o acompanhamento e a
protetização de pessoas com deficiência auditiva no vel da alta complexidade. Essa
Portaria excluiu procedimentos de reabilitação auditiva do Sistema de Informação
Hospitalar (SIH), incluindo-os na tabela de serviços e classificação do Sistema de
Informação Ambulatorial (SIA), códigos e Autorização de Procedimentos de Alta
complexidade (APAC), visto tratarem-se de procedimentos ambulatoriais e de alta
complexidade. Foram incluídos quarenta e três procedimentos novos de diagnóstico, de
acompanhamento, de seleção e fornecimento de próteses auditivas
43
.
A Portaria 2035 de 4 de novembro de 2002
44
, em face à variação cambial,
reajustou os valores dos procedimentos relativos às próteses auditiva da tabela SIA-
SUS.
..........Em 2003, segundo levantamento do Departamento de Informática do SUS
(DATASUS), realizado em agosto do mesmo ano, revelou que existiam
aproximadamente 141 Unidades Prestadoras de Serviço (UPS) apresentando produção,
sendo que 87 delas realizavam somente a protetização, negligenciando o atendimento
integral ao deficiente auditivo (diagnóstico, seleção e indicação da prótese auditiva,
acompanhamento e terapia fonoaudiológica). Apenas 54 UPS realizavam o atendimento
integral
45
.
Em setembro de 2003, por meio do Ofício nº. 1445/2003, foram suspensos os
cadastramentos de novos Serviços no código 27/114 até a publicação de nova
regulamentação. As UPS cadastradas mantiveram a normalidade dos atendimentos,
inclusive com o fornecimento de próteses auditivas.
No ano de 2003, de acordo com o Ministério da Saúde, a maior parte dos gastos
com saúde auditiva (87,39% do valor total) foi destinada ao fornecimento das próteses
auditivas
45
.
O Ministério da Saúde, ciente da necessidade da organização do atendimento às
pessoas com deficiência auditiva nos diversos níveis de atenção do Sistema Único de
Saúde, em trabalho conjunto da Área Técnica de Saúde da Pessoa com Deficiência/ e da
28
Coordenação Geral de Alta Complexidade, propôs, elaborou e pactuou com os gestores
estaduais e municipais uma nova regulamentação para a organização das Redes
Estaduais de Atenção à Saúde Auditiva, em substituição à Portaria 432/00.
A Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva (PNASA)
4
instituída pela
Portaria nº. 2.073/28/09/2004 e normatizada em outubro do mesmo ano pelas Portarias
587 e 589, tem como objetivo atender a população brasileira com deficiência auditiva,
criando condições de acesso desta população a todos os procedimentos de saúde
auditiva.
A PNASA tem como diretrizes:
- Desenvolver estratégias de promoção da qualidade de vida, educação, proteção e
recuperação da saúde e prevenção de danos, protegendo e desenvolvendo a
autonomia e a eqüidade de indivíduos e coletividades;
- Organizar uma linha de cuidados integrais que perpasse todos os níveis de
atenção e atendimento;
- Identificar os determinantes e condicionantes das principais patologias e
situações de risco que levam à deficiência auditiva e desenvolver ações
transetoriais;
- Definir critérios técnicos para o funcionamento e a avaliação dos serviços que
realizam reabilitação auditiva;
- Promover a ampla cobertura no atendimento aos pacientes portadores de
deficiência auditiva;
- Desenvolver projetos estratégicos de estudo do custo-efetividade, eficácia e
qualidade e incorporação tecnológica;
- Desenvolver processos e métodos de coleta de dados que visem a disseminação
de informações e aprimoramento da gestão;
- Promover intercâmbio com outros subsistemas de informações setoriais;
- Qualificar a assistência e promover a educação continuada dos profissionais de
saúde envolvidos com a PNASA.
A implantação das diretrizes propostas por esta Política implica a descentralização
das ações de assistência, articulação intra-institucional e intersetorial em âmbito
estadual e municipal. Prevê ainda, a sensibilização e envolvimento da sociedade
organizada, com destaque para defesa dos direitos dos deficientes auditivos, de modo a
garantir os princípios da universalidade, regionalização, hierarquização e integralidade
na atenção à saúde. Ressalte-se que, a sistematização de informações que possam
29
subsidiar gestores no planejamento, regulação, controle e avaliação de ações voltadas
para tal âmbito é igualmente uma proposição dessa Política.
Entre as portarias que normatizam a PNASA, a de nº. 587 redefine as ações de
saúde auditiva na atenção básica, de média e alta complexidade, conferindo autonomia
às secretarias de saúde dos estados para adotar as providências necessárias na
organização e implantação de redes estaduais de atenção à saúde auditiva. Estabelece
ainda, as normas para credenciamento e habilitação dos serviços, as diretrizes para o
fornecimento da prótese auditiva, bem como os parâmetros para a distribuição das
UPS
46
. A Portaria nº.589/10/2004 direciona o cadastramento dos serviços de diferentes
complexidades no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES)
47
.
Com a normatização da política ocorreu uma reorganização das redes de saúde,
que passaram a se basear na regionalização e na hierarquização do tratamento.
Atualmente a rede estadual auditiva é integrada por quatro unidades: a Unidade Básica,
a Unidade de Média Complexidade, a Unidade de Alta Complexidade e a Unidade de
Terapêutica Fonoaudiológica, que realiza ações de reabilitação.
Os Serviços de Saúde Auditiva na Atenção Básica, porta de entrada dos pacientes,
compreendem ações de promoção à saúde auditiva, prevenção e identificação precoce
dos problemas auditivos, execução de ações informativas e educativas, orientação
familiar e encaminhamento, quando necessário, para um serviço da média
complexidade. As ações deverão ser desenvolvidas em estabelecimentos de saúde
devidamente cadastrados no CNES e realizadas pelas equipes da atenção básica,
considerando-se a saúde auditiva nos diferentes segmentos: gestantes, recém-nascidos,
pré-escolares, escolares, jovens, trabalhadores e idosos
46
.
As unidades da Atenção de Média Complexidade constituem-se na primeira
referência para a atenção básica e contra-referência do Serviço de Atenção à Saúde
Auditiva na Alta Complexidade. Tem como finalidade prestar assistência especializada
às pessoas com doenças otológicas e em especial às pessoas com deficiência auditiva.
Devem ainda, realizar triagem e monitoramento da audição de neonatos, pré-escolares e
escolares; diagnóstico de perda auditiva de crianças a partir de três anos de idade, de
jovens e de adultos (trabalhadores e idosos), respeitando as especificidades na avaliação
exigidas para cada um desses segmentos
48
.
Segundo as portarias de saúde auditiva, o serviço de Atenção à Saúde Auditiva na
Média Complexidade deve dispor de estrutura sica e funcional além de uma equipe
multiprofissional devidamente qualificada e capacitada para a prestação de assistência
especializada às pessoas com doenças otológicas e em especial às pessoas com
30
deficiência auditiva. O gestor estadual ou municipal em gestão plena deverá estabelecer
contrato de referência e contra-referência do Serviço de Atenção à Saúde Auditiva na
Média Complexidade com o Serviço de Atenção à Saúde Auditiva na Alta
Complexidade. Sua equipe multiprofissional deverá apresentar uma equipe mínima: um
otorrinolaringologista; quatro fonoaudiólogos (sendo pelo menos dois com qualificação
para trabalhar em audiologia e dois para terapia); um assistente Social e um psicólogo
48
.
Com essa equipe o serviço poderá protetizar até 60 (sessenta) pacientes/mês,
devendo garantir o atendimento integral aos pacientes (diagnóstico, tratamento clínico,
seleção, adaptação, fornecimento de aparelho de amplificação sonora individual – AASI
e terapias)
46
.
........
..........A Atenção à Saúde Auditiva de Alta Complexidade constitui-se na referência
para o diagnóstico das perdas auditivas e sua reabilitação em crianças até três anos de
idade e em pacientes com afecções associadas (neurológicas, psicológicas, síndromes
genéticas, cegueira, visão subnormal), perdas unilaterais e daqueles que apresentarem
dificuldade na realização da avaliação audiológica em serviço de menor complexidade.
Tem como finalidade prestar assistência multiprofissional especializada às pessoas com
doenças otológicas e em especial às pessoas com deficiência auditiva. Para tanto, o
serviço deve dispor de equipamentos específicos, estrutura física, recursos humanos
especializados e estar devidamente credenciado no SUS
49
. Para este nível de
complexidade a nova política estipula uma equipe nima composta por dois
otorrinolaringologistas; um neurologista e/ou neuropediatra; um pediatra e/ou
neuropediatra; seis fonoaudiólogos (três com experiência em reabilitação auditiva e três
com especialização em audiologia), um assistente social e um psicólogo. Com essa
equipe o serviço poderá protetizar até 100 (cem) pacientes/mês, devendo garantir o
atendimento integral aos pacientes (diagnóstico, tratamento clínico, seleção, adaptação e
fornecimento de aparelho de amplificação sonora individual – AASI e terapias)
46
.
A distribuição de estabelecimentos credenciados para atenção à saúde auditiva
deve considerar o nível de complexidade dos serviços existentes e sua capacidade
técnica operacional, assim como a série histórica de atendimentos realizados, levando
em conta a demanda e os mecanismos de acesso à referência e contra-referência
46
.
No decorrer do processo de implementação da PNASA, foram se estabelecendo
outras portarias:
Portaria nº 68 de 25 de janeiro de 2005: institui uma Câmara Técnica da Atenção
à Saúde Auditiva, com a finalidade de proceder à implantação da Política Nacional de
31
Atenção à Saúde Auditiva, bem com rever e atualizar as normas, parâmetros e
procedimentos da Tabela do Sistema Único de Saúde – SUS.
Portaria 626, de 23 de março de 2006: define os limites físicos e financeiros
dos estados e municípios.
Portaria 323, de 11 de maio de 2006, habilita o Serviço de Atenção à Saúde
Auditiva na Alta Complexidade e Serviços de Atenção à Saúde Auditiva na Média
Complexidade.
Portaria 308, de 10 de maio de 2007 estabelece novos valores aos AASI,
considerando aprovação dos membros da Câmara Técnica de Saúde Auditiva.
Portaria 389 de 3 de março de 2008 redefine os Serviços de Atenção à Saúde
Auditiva e os limites físicos e financeiros dos Estados, Distrito Federal e Municípios foi
republicada no DOU n. 65 de 04/04/08 por ter saído, no DOU n. 43 de 04/03/08 com
incorreção no original.
3.2-A PNASA no Rio de Janeiro
No Estado do Rio de Janeiro, após a criação da PNASA, foi instalada a Câmara
Técnica de Atenção a Saúde Auditiva que, dentre suas realizações, introduziu
parâmetros para regionalização, hierarquização, definição do quantitativo de unidades
por habitantes, e elaborou o plano regional de prevenção, tratamento e reabilitação
auditiva com informações sobre a população a ser atendida por polo, fluxos, regulação,
dentre outros.
................
............Com o intuito de auxiliar os gestores de saúde na organização dos fluxos e na
própria regulação dos procedimentos que geram Autorização de Procedimentos de Alta
Complexidade APAC, a Câmara Técnica elaborou o Manual para Orientação e
Organização da Rede de Atenção à Saúde Auditiva, aprovado pela comissão
intersetorial bipartite em dezembro 2005
50
.
A portaria nº. 587 estabelece que deva haver um serviço para cada 1.500.000
habitantes na distribuição dos Serviços de Atenção à Saúde Auditiva na Média e na Alta
Complexidade. Para garantir a assistência às pessoas portadoras de deficiência auditiva
nos estados cuja população é inferior a 1.500.000 habitantes foi estipulado um serviço
e nos estados cuja população esteja entre 2.000.000 e 3.000.000 habitantes foram
estipulados dois serviços
46
.
Aqueles estados que solicitarem credenciamento/habilitação de mais de um
serviço, poderão distribuí-los, a critério do gestor, de forma que até 50% (cinqüenta por
cento) deles sejam Serviços de Atenção à Saúde Auditiva na Alta Complexidade.
32
A ata da Reunião da Reunião da CIB/RJ, em 2007, aponta que pela população
estimada pelo IBGE/2004 o Rio de Janeiro deveria ter no máximo nove serviços, mas
com o aumento populacional o teto passou de nove para dez
51
.
Portanto, na reunião da Câmara Técnica foi aprovada a Rede de Atenção à Saúde
Auditiva do Estado do Rio de Janeiro que previa o estabelecimento de uma rede com 10
unidades para todo o Estado. Entretanto, a gestão da Secretária de Saúde definiu a
criação de 14 unidades, estando as quatro adicionais concentradas no município de
Duque de Caxias
7
.
Para Lima
52
“(...)a CIB/RJ aparece como uma instância por vezes benéfica para
a implementação de medidas, devido a possibilidade de negociação, aprovação e aceite
dos municípios. Por outro lado, diminui a agilidade na execução de propostas por
exigir um longo processo de discussão e pactuação. Isto pode explicar as diversas
posturas e a irregularidade da participação dos Secretários de Estado de Saúde na
CIB/RJ
Assim, com a entrada dessas novas unidades, toda organização e gica de
referência e contra-referências prevista pela Câmara Técnica foi desestruturada, pois
estas não apresentavam plena organização e foram habilitadas sem uma lógica de
referência de encaminhamentos
7
. Fato que corrobora com as idéias de Silva & Melo
10
que formuladores de política não controlam nem muito menos têm condições de prever
contingências que podem afetar o desenvolvimento da política, durante a
implementação. Muitas vezes as influências políticas supostamente minam a
racionalidade técnica dos planos e programas.
Para representantes da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, embora a
política esteja bem estabelecida no estado, alguns programas sofrem a dificuldade de ser
implantados devido a cortes orçamentários estabelecidos por parte de alguns gestores e
conflitos entre as secretarias estaduais e municipais
7
.
Atualmente, a rede de saúde auditiva no Estado do Rio de Janeiro está distribuída,
em seis polos: a região norte, noroeste, metropolitana (que envolve a baixada
fluminense), metropolitana I (com Rio de Janeiro), metropolitana II (com Niterói e São
Gonçalo); e Médio Paraíba (Quadro1 e Quadro 2).
33
Quadro 1: Distribuição da rede de saúde auditiva na Média Complexidade no
Estado do Rio de Janeiro
Média Complexidade
Pólo Região População
Unidade Quantidade
CMS Belisário Pena 1
CMS Waldyr Franco 1
I
Metropolitana I Município do
Rio de Janeiro
6.136.566
CMS Milton F. Margarão
1
II
Metropolitana I Baixada
Fluminense
3.915.985 SASE- Duque de Caxias 1
III
Metropolitana II, Serrana,
Baixada Litorânea
2.127.666 ABRAE de São Gonçalo 1
IV
Centro Sul, Médio Paraíba,
Baía da Ilha Grande
1.376.829 - -
V Norte, Baixada Litorânea 1.306.448 - -
VI Noroeste, Serrana 668.136 APAE de Natividade 1
TOTAL
15.531.630
6
Fonte: Oficina de políticas públicas para saúde Auditiva, 2008
Quadro 2: Distribuição da rede de saúde auditiva na Alta Complexidade no
Estado do Rio de Janeiro
Alta Complexidade
Pólo Região População
Unidade Quantidade
I
Metropolitana I Município do
Rio de Janeiro
6.136.566
HU Clementino Fraga
Filho - UFRJ
1
II
Metropolitana I Baixada
Fluminense
3.915.985
Inst. De Audiologia Sta.
Catarina - Duque de
Caxias
3
III
Metropolitana II, Serrana,
Baixada Litorânea
2.127.666
Poloc. Espec. Silvio
Picanço de Niterói
3
IV
Centro Sul, Médio Paraíba,
Baía da Ilha Grande
1.376.829 Sta. Casa - Barra Mansa
1
V Norte, Baixada Litorânea 1.306.448
Hospital Geral de
Guarús
1
VI Noroeste, Serrana 668.136 - -
TOTAL
15.531.630
7
Fonte: Oficina de políticas públicas para saúde Auditiva, 2008
34
Esta pesquisa foi concentrada na Região Metropolitana I, município do Rio de
Janeiro, onde foi habilitada, em junho de 2006, uma unidade de média complexidade no
Centro Municipal Waldyr Franco. A unidade de alta complexidade do município
existente, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho UFRJ teve sua habilitação
concedida pela Portaria n° 290 de 30 de abril de 2007.
As unidades de média complexidade dos Centros Municipais Belizário Pena e
Milton Fontes Magarão só foram habilitadas recentemente pela Portaria nº 485, de 09 de
setembro de 2008.
35
4-CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
Com o objetivo de obter uma compreensão abrangente do processo de
implementação da Política Nacional de Saúde Auditiva, estudamos unidades
pertencentes ao Município do Rio de Janeiro, desde o período de sua habilitação pelo
Ministério da Saúde até o mês de dezembro de 2008.
...........Através de levantamento inicial, identificou-se que até o princípio da pesquisa
apenas duas unidades de atendimento estavam habilitadas no município do Rio de
Janeiro, uma de média complexidade: Centro Municipal Waldyr Franco (habilitada pela
Portaria n°450 de 16 de junho de 2006), e uma de alta complexidade, localizada no
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho HUCFF-UFRJ (habilitada pela
Portaria n° 290 de 30 de abril de 2007). A Portaria nº. 587 da PNASA prevê uma equipe
mínima para média complexidade de um médico otorrinolaringologista, quatro
fonoaudiólogos (sendo pelo menos dois com qualificação em audiologia e dois para
terapia), e uma equipe mínima para Alta Complexidade com dois médicos
otorrinolaringologistas e seis fonoaudiólogos (três com experiência em audiologia e três
com experiência em reabilitação auditiva). .........................
.............Em setembro de 2008, foram habilitadas no município mais duas unidades de
média complexidade. Entretanto, a pesquisa encontrava-se em desenvolvimento, e
com a devida aprovação nos Comitês de Ética (anexo 7 e 8). Além disso, é necessário
um tempo para que as unidades recém habilitadas se organizem. Por estas razões,
somente as duas unidades habilitadas anteriormente foram abordadas nesse
estudo......................................................... .........................................................
.............A análise do processo de implementação abrange o estudo da dinâmica das
ações dos atores envolvidos e tem como objetivo identificar obstáculos e elementos
facilitadores, assim como o grau de adesão e resistência dos agentes implementadores
ao programa proposto
12
.
O estudo envolveu duas etapas:
A primeira etapa incluiu entrevistas semi-estruturadas com atores-chave para uma
descrição das unidades de saúde em estudo. Os atores selecionados fazem parte de dois
grupos: profissionais de saúde envolvidos no atendimento de pacientes com problemas
auditivos e usuários da Política. Foram elaborados dois roteiros para direcionar as
entrevistas com cada um dos grupos (Anexo 1 e 2). .......
.........No que se refere aos profissionais, foram selecionados os Fonoaudiólogos e
Otorrinolaringologistas , pois estes estão particularmente envolvidos na implementação
36
e funcionamento dessas unidades. Como critério de inclusão foi levado em
consideração o fato de o profissional pertencer ao programa de saúde auditiva, uma vez
que nas duas unidades existem profissionais atuando em outras atividades, que não
necessariamente envolva a saúde auditiva. Além disso, este deveria aceitar participar,
através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE. A
amostra selecionada em cada unidade foi de um profissional otorrinolaringologista e
dois fonoaudiólogos, sendo um ligado ao ambulatório de audiologia e outro
responsável pela reabilitação, buscando atingir assim, os principais setores abarcados
pela política. Nas entrevistas os principais temas abordados foram: participação do
profissional no processo, posição frente à implementação do programa, resistências,
adesões, histórico e etapas da implantação, especificidade da organização dos serviços,
dificuldade do funcionamento, sistema de referência e contra-referência, os principais
avanços estabelecidos.....................................................................................................
................No que diz respeito aos usuários, participaram da seleção os indivíduos que
utilizavam os serviços de saúde auditiva das unidades estudadas, ou em caso de
menores de idade, seus responsáveis, assim como os profissionais, estes só poderiam
participar se aceitassem os termos estabelecido no TCLE. A amostra foi definida com
base no critério de saturação
53
da informação, no qual o pesquisador verifica a
formação de um todo e reconhece a reconstituição do objeto no conjunto do material.
Assim, a saturação ocorre quando, passado certo número de entrevistas, o pesquisador
tem a impressão de que a apreensão do objeto está contemplada em suas semelhanças e
diferenças, ou seja, o entrevistador percebe que não há novidades expressivas nas
informações em relação aos dados obtidos. A participação dos usuários nesta
pesquisa consistiu em fornecer informações a respeito do processo de implantação e
funcionamento da Política de Atenção a Saúde Auditiva, na unidade em que recebe
atendimento, como a exploração de três aspectos principais: fornecer informações a
respeito de questões relativas ao acesso do atendimento, verificando-se dificuldades e
facilidades do tratamento, distância entre a residência e a unidade de serviço, bem
como número de estabelecimentos procurados; tempo transcorrido da identificação do
problema até o início da terapia fonoaudiológica; e satisfação do usuário com a
terapêutica.
As entrevistas foram gravadas em mp3, e depois de transcritas e analisadas pela
mestranda foram devidamente apagadas.
A segunda etapa refere-se à coleta de dados desde o início da habilitação de cada
unidade até a época da realização da pesquisa; buscando caracterizar a demanda
37
existente, a partir das variáveis: número de pacientes atendidos, sexo, idade, etiologia,
histórico familiar relacionado à perda auditiva, tempo de perda, com ênfase na análise
da resolubilidade dada. Entre as possibilidades desta estão: considerar se o paciente é
elegível ou não para o programa, segundo a portaria que o normatiza. Caso seja, qual a
conduta encontrada no prontuário: se ficou na média complexidade, se foi
encaminhamento a alta complexidade, se é candidato ao uso de prótese auditiva ou
provável candidato ao uso de implante coclear. Além disso, essas possibilidades variam
conforme as unidades.
Para dialogar com as informações obtidas, foi realizada uma revisão
bibliográfica, utilizando-se a legislação envolvida com a PNASA, contemplando as
possíveis legislações existentes nos municípios do Rio de Janeiro, bem como os
materiais das diversas instituições: Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Academia
Brasileira de Audiologia, Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia
Cérvico-Facial, Sociedade Brasileira de Otologia. Foram utilizados ainda, periódicos
indexados e dados de organismos internacionais como Organização Mundial de Saúde.
38
5-RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Prefeitura do Rio dividiu o município em cinco Áreas de Planejamento (AP)
para atender administrativamente os bairros. As APs, por sua vez, estão divididas em
Regiões Administrativas, de acordo com a proximidade e as particularidades urbanas,
assim podendo atender às necessidades da cidade de forma geral.
Durante o estudo buscou-se estabelecer um panorama geral da origem dos
atendimentos das duas unidades. Para tanto, inicialmente os dados foram computados
separadamente, identificando assim o atendimento por unidade. Posteriormente, esses
dados foram agregados, dando origem a um mapa para melhor visualização que pode
ser visto mais adiante. O quadro 3 revela um panorama da origem dos pacientes
atendidos na unidade de média complexidade.
Quadro 3: mero de casos atendidos na média complexidade por Área de
Planejamento do município do Rio de Janeiro 2006-
2008
AP 1
Total = 3
AP 2
Total = 17
AP 3
Total = 65
AP 4
Total = 30
AP 5
Total = 422
Centro 1 Alto da Boa Vista 1 Ira Barra da Tijuca 2 Bangu 188
Catumbí 1 Copacabana 2 Coelho Neto 1 Jacarepaguá 12 Realengo 43
Estácio 1 Ipanema 1 Rocha Miranda 1 Vila Valqueire 1 Campo Grande 29
Andaraí 1 Madureira 3 Taquara 5 Santíssimo 22
Tijuca 7 Oswaldo Cruz 1 Freguesia 1 Cosmos 4
Glória 1 Bento Ribeiro 2 Curicica 3 Padre Miguel 44
Vila Isabel 3 Ilha do Governador 11 Recreio 2 Sepetiba 4
Rocinha 1
Ricardo de Albuquerque
1 Itanhangá 2 Paciência 8
Bonsucesso 2 Cidade de Deus 2
Magalhães Bastos
4
Inhaúma 1 Deodoro 2
Vaz Lobo 1 Inhoaíba 5
Piedade 2
Senador Vasconcelos
7
Engenho de Dentro 1 Senador Cama 50
ier 3 Santa Cruz 6
Engenho Novo 2 Guaratiba 6
Riachuelo 4
Manguinhos 2
Ramos 2
Penha 4
Brás de Pina 2
Cordovil 2
Anchieta 6
Guadalupe 3
Marechal Hermes 3
Pavuna 1
Costa Barros
1
O conhecimento sobre a área onde se encontra o maior número de pacientes que
necessitem do serviço é de extrema importância, pois permite aos gestores estabelecer
os parâmetros para regionalização, hierarquização, definição do quantitativo de
unidades por número de habitantes, e elaborar o plano regional de prevenção,
tratamento e reabilitação auditiva com informações sobre a população a ser atendida. Os
dados do quadro 3 indicam que a grande maioria dos pacientes reside na AP5,
39
especificamente em Bangu, bairro onde está localizada a unidade. A localização, e não
propriamente a incidência de casos, pode explicar uma procura maior da unidade por
pessoas que moram nas proximidades e conhecem o serviço. Apenas 4% dos pacientes
atendidos são de outros municípios.
O quadro 4 apresenta o total de pacientes por região de origem dos atendimentos
da alta complexidade. Assim como na média complexidade, observa-se uma
concentração maior de casos residentes na região AP3, onde a unidade eslocalizada.
A AP5, área onde se localiza a unidade de média complexidade é responsável pelo
segundo lugar em termos de número de pacientes atendido pela alta complexidade. Na
alta complexidade é atendido um grande número de pacientes residentes em outros
municípios, cerca de 20% .
Quadro 4: Número de casos na Alta Complexidade por Áreas de Planejamento do
município do Rio de Janeiro
AP 1
Total = 35
AP 2
Total = 39
AP 3
Total = 172
AP 4
Total = 20
AP 5
Total = 53
Benfica 3 Alto Da Boa Vista 1 Anchieta 2 Barra Da Tijuca 1 Bangu 8
Caju 4 Andaraí 1 Bonsucesso 12 Curicica 3 Campo Grande 13
Catumbi 2 Botafogo 6 Bs De Pina 9 Jacarepaguá 8 Cosmos 1
Centro 5 Catete 1 Cachambi 2 Taquara 4 Deodoro 1
Estácio 2 Copacabana 7 Coelho Neto 2 Vargem Grande 1 Guaratiba 5
Mangueira 1 Cosme Velho 1 Cordovil 8 Vargem Pequena 2 Inhoaíba 1
Rio Comprido 5 Flamengo 5 Del Castilho 5 Vila Valqueire 1 Paciência 4
Santa Teresa 6 Gria 1 Engenho Da Rainha 2 Padre Miguel 1
Santo Cristo 1 Grajaú 3 Guadalupe 3 Realengo 8
São Crisvão 5 Jardim Botânico 2 Inhma 2 Santa Cruz 4
Sde 1 Leblon 1 Ira 7 Santíssimo 2
Tijuca 9 Jacaré 3 Senador Camará 4
Vila Isabel 1 Ilha do Governador 35 Sepetiba 1
Madureira 2
Manguinhos 7
Méier 2
Olaria 10
Osvaldo Cruz 2
Pavuna 7
Penha 11
Ramos 11
Riachuelo 2
Rocha Miranda 5
Vista Alegre 3
Outros
18
Organizar o sistema de saúde, os serviços de assistência e a Atenção à Saúde
como um todo, na lógica da responsabilidade sanitária, pressupõe o conhecimento da
realidade local, o envolvimento dos cidadãos, dos profissionais e das instituições
componentes do setor Saúde, e o compromisso dos gestores atuantes em determinado
território, em especial os gestores públicos. Nesta lógica durante a análise, os dados
foram computados e observados em cada AP. Depois da soma de número de casos das
duas unidades observadas, foram calculadas as percentagens encontradas, o resultado
encontra-se no mapa a seguir:
40
Figura 3: Mapa com a distribuição de casos atendidos nas áreas de planejamento
do município do Rio de Janeiro
Fonte: Rio Atlas- Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro – versão 2005.
No total de caso computados nas duas unidades observa-se maior concentração
na AP5. Hoje, existem três unidades de média complexidade localizadas nessa região. A
segunda maior concentração é AP3 onde localiza-se a unidade de alta complexidade do
município. Deste modo, pode se considerar que a distribuição de unidades pelo
município está compatível com a origem do problema.
Pelas características*
1
diferenciadas de cada unidade, optou-se pela apresentação
dos demais resultados de forma distinta. A princípio serão apresentados resultados e
discussão referentes a unidade de Média Complexidade. Posteriormente, será realizado
o debate com os dados encontrados na unidade de Alta Complexidade.
* As características da Alta Complexidade e Média Complexidade são relatadas no capítulo de exposição da
Política de Saúde Auditiva
41
5.1-Média Complexidade
O Serviço de Atenção à Saúde Auditiva de Média Complexidade do Centro
Municipal Waldyr Franco, foi habilitado em abril de 2006, entretanto suas
atividades só iniciaram efetivamente em 2007.
5.1.1-Organização do serviço:
A unidade possui um prontuário do setor para cada paciente, contendo as
informações sobre quadro clínico e conduta terapêutica, escritas, de forma clara e
precisa, datadas e assinadas pelo profissional responsável ao atendimento. Os
profissionais entrevistados consideram essa organização satisfatória.
A portaria nº. 587 preconiza que a unidade neste nível de complexidade deve
ofertar para pacientes externos referenciados no mínimo duzentos e vinte quatro
consultas de otorrinolaringologia (ORL) por mês, das quais cento e doze pacientes
deveriam chegar com os exames audiológicos prontos e outros cinquenta por cento
poderão ser consultados e autorizados para a realização de exames na unidade.
Entretanto, os profissionais relatam que isto não funciona de maneira satisfatória, pois,
como uma das portas de entrada é através da livre demanda, a maioria dos pacientes que
chegam à unidade necessita da realização do exame auditivo
46
.
Quanto ao número de protetizações recomendado pela portaria, os entrevistados
afirmam:
Nós temos que atender sessenta pacientes por mês, mas não podem passar de
cem próteses. Na última reunião foi cogitada a possibilidade de ocorrer um
aumento nesse número de atendimentos, mas até agora não tem nada oficial
(Fono 1, 2008).
Quanto aos recursos humanos a unidade conta com um responsável técnico, com
nível superior, devidamente habilitado.
O Serviço de Atenção à Saúde Auditiva na Média Complexidade deveria
apresentar uma equipe multiprofissional que incluísse: médico otorrinolaringologista,
fonoaudiólogos, assistente social e psicólogo. No entanto, a unidade dimensiona a sua
equipe fora dos parâmetros instituídos pela Política. Enquanto os setores de ORL e o
setor de fonoaudiologia (audiologia e reabilitação) estão em conformidade com a equipe
mínima necessária, nosso estudo não identificou profissionais da área de psicologia e
assistência social, o que desrespeita a condição estabelecida na portaria 587 que
determina a garantia da avaliação e da terapia psicológica, além do atendimento em
serviço social, com orientações à família e à escola
46
.
42
Assim, os profissionais que compõem a Política nesta unidade são: cinco
fonoaudiólogos, um otorrinolaringologista e pessoal do setor administrativo. Entre as
fonoaudiólogas, três estão na reabilitação, e duas na audiologia. Uma das profissionais
da reabilitação será deslocada para ser suplente no atendimento audiológico. Todos
possuem especialização necessária para o pleno exercício de seus cargos, estando em
conformidade com a capacitação exigida na portaria normatizadora da política.
5.1.2-Estrutura física:
O Serviço dimensiona a sua estrutura física de acordo com a equipe
multiprofissional apresentando: sala para consulta médica, salas para avaliação e terapia
fonoaudiológica, área para arquivo médico e registro de pacientes, depósito de material
de limpeza e área para guardar materiais/equipamentos, sala com cabina acústica, com
campo livre e equipamentos para avaliação audiológica. Todavia, as salas não
apresentam revestimento acústico conforme determinação da política.
5.1.3-Materiais e Equipamentos:
A unidade apresenta dificuldade com materiais e equipamentos mínimos, pois
apesar de possuir equipamento de emissões otoacústicas, atualmente, este não está em
funcionamento, pois não apresenta programa compatível. Estes equipamentos são
utilizados para a realização de triagem auditiva, importantíssima na participação de
diagnósticos precoces. Roslyn-Jensen
22
demonstrou que diagnósticos precoces e
posteriores intervenções na deficiência auditiva podem evitar ou reduzir possíveis
dificuldades com relação à linguagem, ao aprendizado, ao desenvolvimento cognitivo.
Os equipamentos de ganho funcional e de inserção também não se encontram em
funcionamento desde o início do ano de 2008, não podendo ser realizada a avaliação da
prótese auditiva do paciente. A não regulação prejudica bastante o sucesso do programa,
fato corroborado com as idéias de Carvalho
34
e Morettin
54
que afirmam que o
monitoramento dos resultados da adaptação ajudaa melhorar a qualidade do serviço
prestado, uma vez que a análise do desempenho do paciente protetizado pode levar à
criação de novas estratégias de atendimento.
Segundo Kuk et al
55
e Morettin
54
, após a adaptação da prótese auditiva, cada
serviço é responsável pelo periódico dos indivíduos adaptado para a realização do
monitoramento audiológico da perda auditiva e verificação das condições da
amplificação, além da orientação, treino do manuseio do AASI e de terapia
fonoaudiológica, se necessário. Desta forma, após os indivíduos serem adaptados com
43
AASIs, estes devem retornar ao serviço para que seja realizado o acompanhamento,
definindo quais as dificuldades encontradas com o uso sistemático da amplificação no
decorrer da reabilitação, possibilitando a realização das modificações. Este
acompanhamento deve ser feito principalmente nos primeiros meses de uso devido ao
fenômeno de aclimatização, conceituado por Amorim & Almeida
56
como fenômeno em
que a presença da estimulação auditiva pode conduzir a uma melhora na habilidade de
reconhecimento de fala. Os pacientes devem ser orientados de que o benefício do AASI
poderá não ser alcançado logo nos primeiros dias, pois sua audição precisará ser
“reeducada”. Esta orientação pode evitar que muitos pacientes deixem de usá-los ou se
sintam desestimulados ao uso.
Por conta do não funcionamento dos equipamentos para a realização do
monitoramento, a fila de pacientes à espera desse serviço encontra-se extremamente
grande. Como estratégia, a fonoaudióloga afirma que assim que forem solucionados os
problemas com os equipamentos, os pacientes serão chamados para avaliação do ganho
auditivo, tendo em vista a prioridade de atendimento das crianças em terapia na
unidade, posteriormente as crianças de outras unidades, e, por fim, os adultos.
5.1.4-Fluxo de atendimento:
Conforme observado na figura 4 a seguir, a unidade apresenta duas portas de
entrada: a primeira ocorre através de demanda espontânea e a segunda através do
encaminhamento do CIAD - Centro Integrado de Atenção à Pessoa Com Deficiência.
Ao chegar ao posto, o paciente recebe um cartão da unidade e o cartão do SUS,
caso ainda não o tenha. Os números de ambos os cartões vão para ficha de Autorização
de Procedimentos de Alta Complexidade APAC, a qual deve ser preenchida pela
unidade para os faturamentos dos procedimentos realizados. O processo de atendimento
dos pacientes da lista municipal ocorre de forma mais rápida do que os recebidos pela
demanda espontânea. Ao chegarem à unidade, estes pacientes já estão cadastrados na
coordenação municipal, portanto, eles são marcados na consulta ORL e como
geralmente são candidatos à prótese, são encaminhados para realização de audiometria e
pré-molde. Em contrapartida, os pacientes de livre demanda, após consulta com o ORL,
quando necessário, são encaminhados ao setor de audiologia, retornam ao ORL, para
que este analise se estes são ou não elegíveis a protetização e que melhor conduta deve
ser adotada.
Estes pacientes necessitam esperar o número de cadastro municipal para ser
liberada a protetização. O cadastramento é de suma importância, pois assim, a prefeitura
44
poderá estabelecer um controle, tanto em relação a organização dos fluxos, como na
própria regulação dos procedimentos.
Figura 4: Fluxo de tratamento na unidade de Média Complexidade
2
As marcações em ambos os setores são realizados pelo setor administrativo. Após
a protetização no setor de audiologia o paciente pode ser encaminhado para o setor de
reabilitação da unidade ou contra-referenciado para um posto municipal mais próximo
de sua residência.
Após a avaliação do caso, o ORL, pode adotar as seguintes condutas: atender e
liberar o paciente quando o problema é solucionado de maneira satisfatória, encaminhá-
lo para o setor de audiologia para a realização de exame, ou contra-referenciá-lo para
Unidade Básica ou para Alta Complexidade. Os pacientes que vêem através dos
encaminhamentos da coordenação municipal são cadastrados em vários postos
*
Setor administrativo - funciona em um das salas reservadas para a Política de Saúde Auditiva no Centro
Municipal Waldir Franco e trata-se de um setor de agendamento, onde são marcadas consultas para os setores
de otorrinolaringologia ou fonoaudiologia, estabelecendo contato da unidade com o paciente.
Portas de Entrada
Contra-Referência
Contra-Referência
CIAD
Demanda
Espontânea
Setor
*
Administrativo
Setor
ORL
Setor
Audiologia
Setor
Reabilitação
45
municipais. Portanto, a partir do diagnóstico, os pacientes que necessitam de próteses
auditivas são cadastrados na Coordenação de Reabilitação, que junto com a Central de
Regulação do Município, providencia o processo de protetização: seleção, adaptação da
prótese auditiva e acompanhamento.
A equipe inicialmente apresentou grande dificuldade nos preenchimentos das
autorizações para a realização dos procedimentos, pois não foi realizado nenhum tipo de
treinamento, ocorrendo muitas glosas. Outro problema enfrentado na unidade é que a
versão do programa de preenchimento dessas autorizações sofre constantes
modificações, dificultando ainda mais o processo.
5.1.5 - Caracterização da demanda:
Pela portaria 587, a média complexidade deverá realizar diagnóstico das perdas
auditivas em crianças maiores que três anos, jovens, adultos e idosos com perda
auditiva, respeitando as especificidades na avaliação e reabilitação exigidas por cada um
desses segmentos
46
.
Desde a habilitação da unidade em junho de 2006 até a realização da coleta de
dados em outubro de 2008, foram atendidos cerca de 560 pacientes.
A reabilitação é restrita a crianças e adolescentes e, embora não exista uma fila
de espera muito grande, nem todas são contempladas por falta de vagas. No setor
encontram-se quinze crianças em atendimento individual, atendidas uma a duas vezes
por semana, conforme a necessidade e dezesseis pacientes estão em atendimento no
grupo de adolescentes. O atendimento em grupo permite que um número maior de
pessoas tenha acesso à reabilitação, além de possibilitar o contato e a troca de
experiências entre pessoas com conflitos e dificuldades semelhantes.
Preconizado pela portaria 587, o treinamento auditivo em adultos que deveria
ocorrer em uma sessão individual, por semana, durante quatro semanas, para avaliação
e reabilitação dos aspectos auditivos e de linguagem com registro de sua evolução, não
está ocorrendo na unidade.
A fila de espera, segundo os profissionais não é muito significativa, o que é
admirável tendo em vista, a dificuldade de contra-referência relatada por estes. Em
entrevista com os responsáveis dos pacientes, verificou-se que após o ganho da prótese
na unidade a maioria relatou não conseguir terapia, tendo procurado outras unidade só
retornando ao posto após meses ou em alguns casos até anos depois.
Do ponto de vista de faixas etárias, verificou-se que uma grande parte dos
pacientes da unidade de média complexidade está acima de 60 anos (gráfico 1), fato que
46
corrobora com os achados de Teixeira
49
e
Carvalho
57
que em suas pesquisas sobre saúde
auditiva, respectivamente nos estado de Pernambuco e Tocantins, constataram que
grande número de pacientes atendidos pelas unidades de saúde eram idosos. Segundo o
Estatuto da Criança e do Adolescente
58
, considera-se criança a pessoa até doze anos de
idade incompletos, e adolescentes aqueles entre doze e dezoito anos de idade. A Política
Nacional de Saúde dos Idosos
59
e o Estatuto do Idoso
60
definem idosos como as pessoas
acima de 60 anos.
A participação da família no atendimento é fundamental, principalmente no caso
de indivíduos idosos, que muitas vezes têm dificuldades de memorizar e explicar para as
outras pessoas as informações recebidas sobre o uso do AASI, sendo necessário que
pessoas que convivem com este indivíduo recebam orientação em relação ao uso e
manuseio do AASI, além de orientação de estratégias de comunicação, ajudando no
processo de reabilitação
54
.
Gráfico 1: Número de pacientes da média complexidade por faixa etária 2006-2008
Como se observa no gráfico 1 o maior número de pacientes concentra-se entre os
idosos, para Ribas & Costa
61
uma das deficiências mais comumente observadas, nesta
faixa etária, é a perda auditiva, normalmente chamada de presbiacusia. Esta população
reclama não escutar bem ou de escutar, mas não compreender o que escuta, sendo
muitas vezes necessária a adaptação de aparelhos auditivos
A não realização de atendimento integral, com acompanhamento, adaptação e
treinamento auditivo em pacientes adultos e idosos na unidade demonstra um retrocesso
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
3-11 anos 12-18 anos 19-59 anos 60 anos ou mais
Faixa Etária
Número de pacientes
Masculino
Feminino
47
na instituição da política que preconiza uma visão mais ampla, além disso, este fato
prejudica os usuários tendo em vista, que Almeida
et al
62
em estudo sobre qualidade de
vida de adultos e idosos pós-adaptação de próteses auditivas, revelam que os resultados
apresentados evidenciam que a qualidade de vida dos indivíduos que compuseram a
amostra melhorou após a adaptação da prótese auditiva, e o acompanhamento deste
pacientes, durante sua reabilitação.
Poucos estudos nacionais discutem a não adesão ao uso do AASI e as suas
causas, sendo o envolvimento desses indivíduos e da família insatisfatório no processo
de reabilitação audiológica em muitos programas nacionais. dificuldade de
conscientização, tanto por parte do usuário como da sua rede de saúde, quanto à
importância do acompanhamento e aconselhamento no decorrer do processo de
reabilitação
63
.
De acordo com Januário
64
, a audição é fundamental para a aquisição e
desenvolvimento da linguagem. A realização da triagem auditiva (TAN) de rotina é a
única estratégia capaz de detectar precocemente alterações auditivas e possibilitar o
diagnóstico e a intervenção precoces, possibilitando assim, suavizar as conseqüências da
perda auditiva.
Contudo, a preocupação não é observada na unidade estudada, pois, verificou-se
que a incidência de intervenção precoce foi baixa, tendo em vista os números reduzidos
de pacientes na faixa etária de 3-11 anos. A reduzida incidência de identificação precoce
foi encontrada em outros estudos, nos quais os identificados em idade inferior a um ano
foram apenas 7% dos indivíduos para uma população de 1497 pacientes com problemas
auditivos e 8,81% dos indivíduos identificados em idade inferior a um ano para uma
população de 2545 crianças com suspeita de perda auditiva e/ou distúrbios da
comunicação
65,66
.
De acordo com Azevedo
67
, a prevalência da deficiência auditiva de origem
coclear obtida em estudos nacionais aponta que a cada mil recém-nascidos, dois a seis
apresentam algum tipo de perda auditiva. Quando analisada a prevalência de perdas
auditivas em nascimentos de alto risco, esta cresce para 1 em 50 nascimentos
68
.
No Gráfico 2 observa-se o grau de escolaridade das faixas etárias de adultos e
idosos, os pacientes em ambos os sexo, apresentam maior escolaridade no ensino
fundamental incompleto. O nível de escolaridade superior encontra-se uma incidência
bastante reduzida. A pouca escolaridade podem contribuir para a falta de compreensão
das orientações sobre uso e manipulação dos AASIs e seu consequente abandono
57
.
48
Gráfico 2: mero de pacientes adultos (19 a 59 anos) e idosos (mais de 60 anos)
da média complexidade por escolaridade 2006-2008
Quanto às ocupações mais observadas, estão: donas de casa (23%), estudantes
(20%), motoristas (5,3%), auxiliares de serviços gerais (7%) e outras com menor
incidência.
É grande a incidência de aposentados, principalmente no que diz respeito ao
público masculino, o que parece estar relacionado ao perfil etário dos pacientes
(predominância de maiores de 60 anos). A grande maioria dos pacientes do sexo
feminino relata não trabalhar, o que demonstra uma grande incidência de donas de casa.
Gráfico 3: Dados ocupacionais na Média Complexidade dos pacientes atendidos
2006-2008
0
20
40
60
80
100
120
140
Não
Alfabetizado
Fundamental
Incompleto
Fundamental
Completo
Médio
Incompleto
Médio
Completo
Superior
Incompleto
Superior
Completo
Escolaridade
Número de pacientes
Masculino
Feminino
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Trabalha Não trabalha Desempregado Aposentado o se Aplica
Tipo de Renda
Número de pacientes
Masculino
Feminino
49
Vários autores afirmam que o conhecimento de aspectos a respeito do
diagnóstico, etiologia e características, pode minimizar a elevada incidência das perdas
auditivas e oferecer melhores possibilidades de intervenção precoce
69, 70,71,72,82,89
.
De acordo com Teixeira
49
as causas atribuídas para as perdas auditivas variaram
de acordo com a natureza do problema e com o sexo do entrevistado.
A análise dos prontuários revelou que as etiologias mais observadas na unidade
são (gráfico 4): desconhecido (55,5%), otite dia crônica (9,2%), causas perinatais
(8,4%), alterações auditivas pós-meningite (8%), PAIRO (3,5%), otoesclerose (3,%) e
outras com menor incidência.
Gráfico 4: mero de casos por diagnóstico dos pacientes atendidos na média
complexidade 2006-2008
Ainda que a presbiacusia tenha sido apontada pelos profissionais como principal
causa de perda auditiva entre os pacientes da unidade·, durante a observação dos dados
foi encontrada maior incidência em etiologias desconhecidas, ficando a presbiacusia em
décimo primeiro. Fato que nos remete a pensar que o nexo causal pode não ter sido
estabelecido de modo satisfatório, pois a maioria dos pacientes atendidos são idosos, e
muitos autores apontam o declínio progressivo da audição em função da idade, como
principal causa entre os pacientes desta faixa etária
15,31,73
.
Em segundo lugar aparecem as doenças infecciosas, que segundo o formulário de
emissão de laudo do Ministério da Saúde da portaria 589, são definidas como: rubéola
congênita, meningite, toxoplasmose, sarampo, caxumba, e outras
47
. Nos dados
0
50
100
150
200
250
Desconhecido
Otite
Meningite
Causas Peri-
Natais
Genética
Otoesclerose
Uso de
Ototoxico
Rubéola
PAIRO
Trauma
Acústico
TCE
Presbiacusia
Surdez Súbita
Sarampo
Outras
Diagnóstico
Número de Casos
50
encontrados mais de cinquenta por cento dos casos de doenças infecciosas estão
relacionadas à meningite, ficando a rubéola congênita em segundo lugar com vinte e
sete por cento dos casos.
A otite apesar de ser uma doença infecciosa, na separação do laudo da portaria
não foi classificada nesta categoria, talvez por se tratar de uma infecção específica do
ouvido em relação as outras que podem ter várias conseqüências além da auditiva. Ela
tem maior incidência em crianças de 6 meses até 6 anos. Os fatores perinatais
associados à perda auditiva abrangem: 1) anóxia, 2) prematuridade com peso abaixo de
1500 gramas, 3) hiperbilirrubinemia, 4) traumatismo cranianos 5) trauma sonoro. Ao
nascer, o bebê deve passar por uma análise auditiva, pois existem causas de origem
genética, por exemplo, que são detectadas apenas após o nascimento
68,69
.
A otoesclerose é um distúrbio hereditário que envolve o crescimento de um
osso esponjoso no ouvido médio. Este crescimento impede a vibração do estribo em
reposta às ondas sonoras, causando, portanto perda auditiva, a maioria dos casos, só é
percebida na idade adulta
89
.
Quanto aos diagnósticos do uso de ototóxicos, é importante destacar que
medicamentos e antiiflamatórios devem ser tomados sempre com orientação médica,
pois alguns remédios em dosagem mais elevada e de uso prolongado podem levar à
perda auditiva
74
.
No gráfico 4 pode-se observar pouquíssimos diagnósticos de perdas auditivas
induzidas por ruído ocupacional- PAIRO, sendo que no art.
da Portaria nº. 587 da
PNASA estabelece que as Secretarias de Estado da Saúde, em conjunto com os
Municípios, ao constituírem as suas Redes Estaduais de Atenção à Saúde Auditiva,
estabeleçam os fluxos e mecanismos de referência e contra-referência, inclusive com os
centros da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador - RENAST.
Esta determinação não tem sido observada, pois, durante os atendimentos, a
otorrinolaringologista relata sempre procurar investigar a etiologia do problema
observado, buscando estabelecer o nexo causal. Entretanto, embora esteja atenta à
possibilidade da relação entre perda auditiva e a ocupação, quando observa um nexo
causal ocupacional a profissional relata não fazer nenhum tipo de orientação. O fato
demonstra que ainda faltam diretrizes da Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva
para o trabalhador e a necessidade de ações conjuntas a serem executadas entre a
PNASA e a RENAST.
51
5.1.6-Processo de Implementação
Sobre o processo de implementação, os profissionais entrevistados relataram que
na época da escolha da unidade para promover o implemento da Política de Saúde
Auditiva, o Centro Municipal Waldir Franco era a unidade que mais oferecia as
condições exigidas pela portaria, tanto com relação ao número de profissionais (já
existiam o setor de otorrinolaringologista e de fonoaudiologia) quanto à disponibilidade
de espaço físico. Os funcionários foram informados que o Waldir Franco passaria por
uma triagem, assim como outros centros municipais de saúde, para observar se este
preenchia os requisitos da Política. Esta vistoria é importante, pois, na portaria 587 que
normatiza a política, para que o processo de credenciamento dos Serviços de Atenção à
Saúde Auditiva na Média e na Alta Complexidade seja realizado pelo gestor estadual ou
municipal em Gestão Plena do Sistema são necessários alguns documentos, e entre eles
estão: o relatório de vistoria realizado pela Vigilância Sanitária local e cópia da Licença
de Funcionamento; e relatório de vistoria realizado pelo gestor
46
.
A implementação da ão governamental de acordo com Silva e Melo
10
deve
funcionar como uma via de mão dupla onde a implementação de ações com vistas à
obtenção de metas definidas no processo de formulação das políticas devem ser
monitoradas permitindo correções de rotas. Todavia, a visão clássica ou canônica da
implementação da ação governamental não considera o ciclo de política como um
processo, ou seja, a implementação é entendida como uma única via, onde a ação
governamental, expressa em programas ou projetos de intervenção é implementada de
cima para baixo (top down). A idéia de implementação em única via descrita pelos
autores, foi observada na média complexidade, pois, durante a entrevista os
profissionais relataram que o processo de implementação da Política de Saúde Auditiva
na unidade, foi vivido como algo apresentado hierarquicamente pelos superiores o que
remete a uma visão clássica e linear como relatado na literatura. Depreende-se que essa
não participação direta não foi vista como um entrave pelos profissionais de saúde.
Portanto, embora não tenham participado do processo de discussão da política, eles a
absorveram de modo satisfatório.
Um importante objetivo dos estudos de implementação, segundo Perez
12
, é a
identificação e análise dos fatores facilitadores e limitantes do processo de execução de
determinada política. A partir da análise das entrevistas realizadas são apresentados
fatores facilitadores e os principais avanços, além de fatores limitantes da
implementação da PNASA segundo a percepção de atores-chave envolvidos no
processo.
52
5.1.8-Quais os avanços e fatores facilitadores para Média Complexidade?
Os entrevistados consideram que a política possibilitou maior distribuição de
prótese e um alcance maior da população principalmente de pacientes adultos, que eram
negligenciados no passado. O uso destas pode amplificar o resíduo auditivo destes
pacientes ajudando e melhorando sua audição. Esta idéia é fortalecida por Silva e
Frasão
75
ao afirmarem que respeitando cada particularidade do paciente, o uso do AASI
possibilita abrir novos horizontes que vão além da interpretação sonora.
. Outro fator apontado como facilitador é o bom relacionamento entre os
profissionais dos diferentes setores que compõem o programa, pois a harmonia entre a
equipe de profissionais é fundamental no sucesso de qualquer atividade.
76
. A capacitação profissional também é muito importante e para isso a equipe do
setor de audiologia foi enviada ao sul do país, onde realizou um curso para obter
conhecimento sobre a utilização do equipamento de ganho funcional. Os profissionais
do setor de reabilitação receberam treinamento da equipe com um curso de
aprimoramento através de um convênio firmado entre o município e a UFRJ. As
fonoaudiólogas da reabilitação passaram por um curso de três meses com os
profissionais da UFRJ. Observa-se que alta complexidade está dando apoio à média
complexidade, através da divulgação de seus conhecimentos técnicos e científicos, em
conformidade com o que está preconizado nas portarias ministeriais da política..
. . ... Canesqui e Spinelli
77
afirmam que toda política ao ser implementada, necessita de
organização para apresentar um bom funcionamento. Os profissionais demonstraram
que com o tempo, o ritmo de atendimento está melhorando, e o setor esficando mais
bem organizado. .............
...........Entre as dificuldades apontadas no primeiro momento durante a implementação
da política no serviço de média complexidade estava a falta de recursos humanos,
principalmente no setor administrativo.
Hoje em dia está ótimo nesse sentido pois existem um número maior no setor
administrativo para cuidar da papelada
.” (Fono 1, 2008).
Nós fomos apreendendo com os erros, ligávamos para a coordenação para
tirar dúvidas, pois tínhamos recebido um manual, tivemos umas três ou quatro
reuniões para falar do problema.”
(Fono
2, 2008).
53
5.1.9-Quais os entraves?
Avaliando a PNASA os atores-chave apontaram alguns fatores limitantes ao
processo de implementação, listados a seguir.
A dificuldade do preenchimento das autorizações de procedimento
, o que
gerou um grande número de glosas. Através do número dessas autorizações ocorre o
financiamento das atividades na unidade. Entretanto, os funcionários não receberam
treinamento adequado e, no início do processo de implementação, não existia pessoal
treinado na unidade que pudesse executar tal procedimento. Portanto, os profissionais
faziam o máximo que podiam e foram aprendendo os procedimentos durante o
processo, mas até hoje ainda perdem repasse de verba em decorrência de dificuldades
no preenchimento da documentação.
Falta atendimento para adultos e idosos no setor de reabilitação,
os
procedimentos essenciais para se obter um melhor resultado com o uso da prótese
continuam sendo negligenciados, como o treinamento auditivo para adultos, previsto na
portaria. Os adultos recebem explicação sobre a utilização e manutenção da AASI em
uma sessão realizada em grupos aproximadamente de dez pessoas que em geral duram
uma hora, porém alguns têm dificuldade de compreender estas explicações,
principalmente os idosos, que às vezes vão sozinhos ao posto, o que dificulta ainda
mais o processo. Este fato contraria os preceitos da política que visa garantir a
reabilitação mediante o tratamento clínico em otorrinolaringologia; seleção, adaptação
e fornecimento de aparelho de amplificação sonora individual (AASI) e terapia
fonoaudiológica para adultos e crianças maiores que três anos de idade neste nível de
complexidade.
Despreparo da Unidade Básica,
conforme determinado na portaria 587 da
política, o Serviço de Atenção à Saúde Auditiva na Média Complexidade constitui-se
na primeira referência para a atenção básica e contra-referência do Serviço de Atenção
à Saúde Auditiva na Alta Complexidade. Tem como finalidade prestar assistência
especializada às pessoas com doenças otológicas e em especial às pessoas com
deficiência auditiva
.
O paciente que não necessitar de protetização deverá ser contra-
referenciado para a atenção básica com a orientação a ser seguida por aquele nível de
atenção, sendo marcado o retorno ao atendimento, quando necessário. A portaria prevê
ainda, que a Média Complexidade deveria encaminhar para os Serviços de Atenção à
Saúde Auditiva na Alta Complexidade, para diagnóstico, as crianças até três anos de
54
idade, pacientes com afecções associadas e perda auditiva unilateral e aqueles que
apresentarem dificuldade na realização da avaliação audiológica. No entanto, a contra-
referência não está sendo realizada. Na prática, o paciente que a unidade não consegue
atender tem seu nome encaminhado para a coordenação, e esta repassa para a alta
complexidade, porém isso não ocorre com frequência e muitos casos ficam perdidos
sem uma solução adequada. Ocorre, portanto, um grande problema na comunicação
entre a Rede de Saúde Auditiva, pois os níveis de complexidade não estabelecem
relação de forma satisfatória. Além disso, a falta de mapeamento com os locais de
atendimento, aumenta a dificuldade dos profissionais, pois estes não sabem para onde
contra-referenciar os pacientes, o que demonstra a desestruturação do serviço.
A atenção à pessoa portadora de deficiência auditiva no Rio de Janeiro deveria
iniciar-se com a detecção precoce nas maternidades através da triagem
auditiva neonatal por emissões otoacústicas em bebês com risco para surdez. A
complementação do diagnóstico é realizada nas unidades de alta e/ ou de média
complexidade conforme estabelecido pelas portarias ministeriais Nº587 e Nº589 de
outubro de 2004. Estas portarias preconizam, ainda, que a unidade de Média
Complexidade deveria realizar triagem e monitoramento da audição de neonatos, pré-
escolares e escolares. Todavia, o equipamento de emissões otoemissões, que realizam
as triagens não está funcionando, pois foi realizado um “backup” para atualizar o
computador e perdeu-se o programa. A unidade também deveria realizar não só o
diagnóstico de perda auditiva de crianças a partir de três anos de idade como seu
acompanhamento e monitoramento, contudo, o aparelho que realiza o ganho funcional
da prótese apresenta problemas com a caixa de som, que são necessárias para o
funcionamento do campo livre. Então, as crianças de três a quatro anos têm que ser
encaminhadas para a Alta Complexidade.
Dificuldade com a estrutura física e equipamentos
, o serviço de Atenção à
Saúde Auditiva na Média Complexidade deveria contar também com uma estrutura
física adequada, porém nenhuma sala para atendimento ainda possui revestimento
acústico. Além disso, nem todos os equipamentos apresentam condições de
funcionamento, conforme já foi relatado.
Falta de uma equipe multiprofissional completa
, faz-se necessária a presença
de um assistente social e um psicólogo, pois estes profissionais aparecem registrados no
Ministério da Saúde, mas não atuam efetivamente no setor de saúde auditiva da
unidade. Embora, tenha sido relatado que os profissionais possam contar com as
psicólogas do posto, estas nem sempre estão disponíveis. A presença de um
55
profissional da assistência social também é de grande importância conforme será
observada na discussão da unidade de Alta Complexidade, que possui este profissional
que tem demonstrado grande produtividade e auxílio em conjunto ao trabalho dos
outros setores.
5.1.10-Ponto de vista dos usuários:
Nesta pesquisa foram entrevistados 13 pacientes sob o critério de saturação das
informações. A participação destes consistiu em fornecer informações a respeito a
questões relativas o acesso ao atendimento, verificando-se dificuldades e facilidades do
tratamento, distância entre a residência e a unidade de serviço, bem como número de
estabelecimentos procurados; tempo transcorrido da identificação do problema até o
início da terapia fonoaudiológica; e satisfação do usuário com a terapêutica.
Antes de abordar as formas de acesso dos usuários aos serviços é necessário que
se diga que existem diversos conceitos sobre acesso. Em artigo de revisão sobre o
assunto, Travassos e Martins
78
advertem sobre a complexidade desta temática e
concluem que a utilização dos serviços de saúde é resultante da interação do
comportamento do indivíduo que procura cuidados e do profissional que o conduz e o
acompanha dentro do sistema de saúde. As autoras identificaram vários autores,
inclusive Donabedian
79
, que faz uma distinção entre acesso socioorganizacional do
acesso geográfico. Para o autor, o primeiro inclui recursos que facilitam ou dificultam
os esforços das pessoas para chegarem ao atendimento e o segundo envolve as
características relacionadas à distância e ao tempo para alcançar e obter os serviços.
Assim, a análise levará em conta o conceito de acesso definido pelas autoras
supracitadas.
.......... Foram entrevistados seis responsáveis por usuários, entre eles, cinco menores de
idade e uma idosa. Além de sete usuários adultos, dos quais quatro ainda iriam receber a
prótese auditiva.
A maioria dos casos verifica-se uma grande demora entre a identificação do
problema e o início da terapia fonoaudiológica. As afirmações seguintes reforçam essa
proposição e revelam que, além disso, antes é necessário que o paciente busque mais de
um estabelecimento para tentar o atendimento.
Quando foi constatada a perda ela já estava com 6 anos. Foi encaminhada a
algumas unidades , mas não conseguiu tratamento. Consegui ser chamada para cá,
quando ela já tinha oito anos.”
( Mãe de Paciente, 1)
56
...descobri a perda com nove meses... Com um ano levei ele para uma escola para
surdos em Vila Isabel, onde tinha fono. Em 2003 com cinco anos ele conseguiu receber
a prótese, aqui, mas continuou fazendo fono em Vila Isabel, porque aqui não tinha
tratamento, mas era muito longe, então tentei em outros postos, fiquei na fila do Vicente
Morete por mais de um ano e esse tempo ele ficou esperando sem fono. Este ano (2008)
que ele veio para cá.”
(Mãe de Paciente, 2)
Com um ano e oito meses desconfiei e vim aqui, mas o médico disse que o posto não
tinha recursos para atender a criança e nem poderia realizar audiometria porque o
equipamento estava quebrado. Então, foi procurar a UFRJ e ele começou o tratamento
lá e ficou até os dois anos, mas é muito longe ... Trouxe para o PAM (Posto de
Assistência Médica) de Bangu e ele ganhou uma prótese do Hospital Jesus. Mas esse
ano (2008) fui chamada aqui, ....agora ele tem nove anos.”
(Avó de Paciente, 3)
Descobri a perda com um ano, atualmente ele tem seis. Não consegui atendimento
público então eu paguei. Só consegui no INES quando ele tinha cinco anos, mas é muito
longe. Eu paguei para fazer o exame dele na clinica particular de Bangu. Depois
coloquei ele no PAM, a médica encaminhou para cá...Ele tinha um ano quando fiz a
inscrição, vim conseguir em 2006 quando ele tinha 4 anos. Depois de receber a
prótese, não consegui terapia, voltei ao Pam, mas disseram que a profissional não ia
mas... eu falei meu Deus e agora, então eu paguei para ele fazer duas vezes por
semana, mas é muito difícil. Mas eu ficava procurando o Pam,até que eles me
encaminharam para cá novamente, aí ele conseguiu atendimento.”
(
Mãe de Paciente, 4)
Descobri com 5 anos, esse é o primeiro aparelho que ela ganhou, uns três ou
quatro anos. Assim que ela ganhou aparelho ela começou atendimento em outros
lugares, e fui parar no PAM, quando terminou lá, disseram para eu voltar aqui, ai
consegui a terapia.”
(Pai de Paciente, 5)
Segundo Northern & Downs
80
(1989) dependendo de sua natureza etiológica, a
perda auditiva pode ocorrer de forma distinta em qualquer idade. Entretanto, aquela que
apresenta maiores prejuízos, manifesta-se no período neonatal ou na primeira infância,
57
pois qualquer grau de perda auditiva que altere a inteligibilidade da mensagem, nesta
população, pode interferir na capacidade adequada de interpretação ou aprendizagem.
Tschoeke
et al
89
alertam para a carência de estudos apontando a agilidade, a
precocidade e a garantia de atendimento aos usuários o SUS, na esfera da Saúde
Auditiva.
O sistema adotado antes da política de avaliação e protetização não supriu as
necessidades dos pacientes que precisam da reabilitação para o uso eficaz do aparelho
auditivo, fato confirmado por Ribas
et al
61
, que afirmam que avaliar e protetizar uma
pessoa portadora de perda auditiva não basta, pois é necessário acompanhar o sujeito
protetizado com a finalidade de minimamente garantir uma boa adaptação e uso efetivo
do aparelho auditivo.
A maioria dos relatos apesar de detectar dificuldade do acesso a terapia após a
descoberta do diagnóstico, refere ao rápido acesso de entrada na unidade depois da
habilitação da mesma em média complexidade. Tendo como tempo médio de espera de
dois a três meses. Entretanto, é importante salientar que a PNASA facilitou a entrada
no serviço, mas em poucos casos o conhecimento sobre o novo serviço após a
habilitação foi feito através de encaminhamentos de profissionais de saúde. Os usuários
relataram saber do serviço da unidade através de conhecidos, como parentes, vizinhos e
amigos.
Outro fator a ser considerado sobre os profissionais de saúde foi a dificuldade de
detecção do diagnóstico, mostrando como descrevem alguns autores o despreparo de
alguns profissionais em relação ao cuidado da saúde auditiva
45,46,47
, fato que em muitos
casos foram despertados pelo interesse da família ou de amigo como revelam os relatos
a seguir:
Demorei a descobrir a perda. Ela começou com queixa de trocas na fala, então ela
começou a fazer fonoaudiologia com 3 anos, em um posto perto de casa, ela ficou dois
anos e pouco , porém essa nunca desconfiou da perda. Foi uma amiga minha que
desconfiou e disse para eu pedir um encaminhamento para fazer o exame.”
( Mãe de Paciente, 1)
Ele teve meningite com oito meses e ficou internado. Assim que teve alta desconfiei,
mas não foram os médicos que me disseram, não. Levei ele para fazer os exames.
Então, descobri a perda com nove meses, mas disseram que ele não podia fazer
tratamento porque era muito pequenininho.
( Mãe de Paciente, 2)
58
A distância entre a residência e a unidade de serviço foi apontada como fator
facilitador do atendimento, tendo em vista que muitos pacientes residem perto da
unidade.
Todos os usuários entrevistados que utilizavam o serviço de reabilitação,
principalmente o infantil, mostraram-se satisfeitos. Os adultos também relataram
contentamento com o atendimento, tanto no setor de otorrinolaringologia, como no de
avaliação.
Foi apontado como dificuldade a falta de reabilitação para adultos,
principalmente para idosos, que dificulta a adaptação das próteses auditivas por motivos
que já foram anteriormente mencionados.
5.2-Alta Complexidade
O serviço de Atenção à Saúde Auditiva de Alta Complexidade do HUCFF-UFRJ,
iniciou suas atividades em agosto de 2007. Os registros dos pacientes que chegam para
o setor de otorrinolaringologia são feitos na agenda do setor e acabam misturando-se
com outros pacientes atendidos por ele. Portanto, não é possível saber o total de
pacientes que foram atendidos pela unidade dentro da PNASA. Todavia, o
profissional de otorrinolaringologia estima que o setor receba aproximadamente de 170
a 200 encaminhamentos do CIAD por mês. Verifica-se então, que as vagas para
atendimento disponibilizadas mensalmente aos pacientes da política nem sempre são
preenchidas totalmente, que a portaria 587 preconiza que unidades de Alta
Complexidade devam ter capacidade para oferecer no mínimo 224 consultas
otorrinolaringológicas por mês.
Em relação ao número de pacientes protetizados é possível estabelecer o
quantitativo, pois estes são encaminhados ao setor de audiologia, onde o paciente possui
uma pasta no arquivo, como será explicado mais adiante. Até outubro de 2008, foram
registrados cerca de 420 pacientes com necessidade de protetização, destes 159 ainda
aguardam na fila de espera da prótese auditiva.
5.2.1-Organização do serviço:
..........
Ainda que o hospital possua um prontuário para cada paciente, contendo as
informações sobre quadro clínico e conduta terapêutica, o protocolo de saúde auditiva
não foi anexado a este, pois ocupava muito espaço, portanto, foi realizada uma folha de
resumo para ser anexada a esse prontuário. No setor de fonoaudiologia, o paciente
59
apresenta uma pasta que contém informações específicas da saúde auditiva. Este
arquivo possui pasta de pacientes elegíveis a protetização. Ele está localizado no
terceiro andar do Hospital dentro do ambulatório de audiologia. O setor de
otorrinolaringologia preenche a parte pela qual é responsável e uma vez por semana o
conjunto do formulário de ORL vai para o setor de audiologia onde é anexado.
Pela portaria, o paciente que não necessitar de protetização, deverá ser contra-
referenciado para a atenção básica com a orientação a ser seguida por aquele nível de
atenção, sendo marcado o retorno, quando necessário. Além disso, a unidade deve
oferecer suporte técnico às equipes dos serviços de saúde auditiva de menor
complexidade.
Assim como ocorre na média complexidade, os profissionais relatam que, não
conseguem atingir o número mínimo de pacientes recomendado pela portaria para o
atendimento no setor de otorrinolaringologia, atendendo em média 170 a 200 pacientes
por mês. Para os membros da Sociedade Brasileira de Otologia, parece que grande parte
da população continua desinformada a respeito do Programa de Saúde Auditiva.
Ademais, o
despreparo da Unidade Básica sobre as questões da Saúde auditiva tem
como resultado a baixa captação de pacientes. Não ocorre, também, uma relação
satisfatória entre as unidades do município, sendo o contato raro, ocorrendo a maior
parte das vezes através da coordenação municipal. Por todas as razões mencionadas
observa-se a dificuldade da formação efetiva da Rede de Atenção Auditiva.
Por outro lado, o serviço do setor de audiologia que pode protetizar até 100
pacientes/mês, têm realizado em média 40 a 50 protetizações por mês. Os profissionais
alegam existir um número insuficiente de fonoaudiólogos e em virtude disso não dão
conta do grande número de pacientes encaminhados para avaliação e protetização. Até o
início de 2008, entre a primeira consulta e o ganho do aparelho o intervalo de tempo
médio estava entre dois a três meses, mas agora, o tempo é bem maior, pois o serviço de
protetização está parado quatro meses, por ter ocorrido um atraso na liberação das
compras das próteses pelo hospital, o que acarreta uma enorme fila de espera.
Quanto aos recursos humanos, diferentemente da média complexidade o serviço
atende aos parâmetros de equipe mínima de alta complexidade instituída pela Política.
A equipe é assim constituída: quatro médicos ORL, quatro alunos da residência que
atuam sobre a supervisão dos profissionais; um neuropediatra; um pediatra; seis
fonoaudiólogos, um assistente social e um psicólogo. também um secretário e um
técnico administrativo.
60
Embora a equipe seja satisfatória do ponto de vista da política, o setor de
fonoaudiologia não consegue funcionar todos os dias, sendo necessária a contratação de
mais profissionais. Os profissionais de nível superior possuem especialização
compatível com seus cargos e encontram-se devidamente qualificados e capacitados
para a prestação de assistência especializada às pessoas com doenças otológicas.
5.2.2-Estrutura física:
As instalações físicas do Serviço estão em conformidade com as normas de
acessibilidade para pessoas portadoras de deficiência a edificações, espaço, mobiliário e
equipamentos urbanos.
O Serviço dimensiona a sua estrutura física de acordo com a sua equipe
multiprofissional com salas para consultas dicas, salas para avaliação e terapia
fonoaudiológica, sala com cabina acústica, campo livre, reforço visual e equipamentos
para avaliação audiológica, sala para atividades em grupo, sala para atendimento
psicológico, sala para atendimento em serviço social, sala de reunião de equipe, área
para arquivo médico e registro de pacientes, área para guardar materiais/equipamentos,
entre outros.
5.2.3-Materiais e Equipamentos:
O Serviço de Atenção à Saúde Auditiva na Alta Complexidade constitui-se em
referência para o diagnóstico das perdas auditivas e sua reabilitação em crianças até três
anos de idade e em pacientes com afecções associadas (neurológicas, psicológicas,
síndromes genéticas, cegueira, visão subnormal), perdas unilaterais e aqueles que
apresentarem dificuldade na realização da avaliação audiológica em serviço de menor
complexidade. Tem como finalidade prestar assistência multiprofissional especializada
às pessoas com doenças otológicas e em especial às pessoas com deficiência auditiva.
Neste sentido, a alta complexidade dispõe de materiais e equipamentos mínimos e
dimensionados de acordo com a sua equipe multiprofissional e estrutura física.
Embora o setor de fonoaudiologia possua equipamentos de audiometria de tronco
encefálico e emissões otoacústicas, eles estão descalibrados, o que obriga os
profissionais a utilizarem os mesmos equipamentos do setor de otorrinolaringologia. A
disputa por horários gera uma demanda reprimida pela realização dos exames. Russo
81
ao falar da importância da calibração destaca que esta é exigida com frequência, pois
aumenta a confiabilidade dos resultados exames, tendo em vista que a calibração
61
Portas de Entrada
CIAD
Setor
ORL
Setor
Audiologia
Setor
Reabilitação
Posto de Saúde de
Origem
Contra-Referência
periódica determina se o equipamento está de acordo com os padrões apropriados para
cada um dos instrumentos ou se sofreram alterações com o tempo de uso.
Ao contrário do observado na média complexidade, onde existe apenas uma
cabine para realização do exame audiométrico, o setor possui quatro cabines, todas em
pleno funcionamento. Além disso, os aparelhos de ganho funcional e de inserção para a
regulação das próteses, também se encontram em perfeitas condições.
5.2.4 - Fluxo de atendimento:
Figura 5: Fluxo de tratamento no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
Observa-se, na figura 5, que atualmente a unidade de Alta Complexidade tem o
CIAD como porta de entrada. Segundo os profissionais, os pacientes são encaminhados
pela coordenação, que agenda a consulta no setor de otorrinolaringologia, diferente do
que ocorre na unidade de média complexidade, onde o setor administrativo fica
responsável pelo agendamento. Os únicos que podem entrar de uma forma alternativa
são os pacientes matriculados no hospital (três a quatro por semana, o que é irrisório
se comparado a porta de entrada principal).
Assim que chega à unidade, o paciente passa por uma primeira avaliação com
otorrinolaringologista. Quando necessário, o médico encaminha o paciente para realizar
exame com os fonoaudiólogos no setor de audiologia. O paciente retorna para o ORL
que fornece o diagnóstico ou verifica se há necessidade de fazer novos exames. De
62
posse do diagnóstico, o ORL estabelecerá a melhor conduta a ser adotada, certifica-se se
o paciente é elegível ou não para a protetização.
Em caso de colocação de prótese, o ORL encaminha o paciente novamente para
o setor de audiologia. O profissional de fonoaudiologia realizará a seleção, indicação e
adaptação do aparelho, além da orientação aos pais. Se não for elegível para a
protetização, ele deverá ser contra-referenciado ao posto de origem.
O candidato a protetização recebe um pré-molde no setor de fonoaudiologia que,
a seguir, solicita a autorização para colocação da prótese. Ao recebê-la, é realizada a
adaptação, ganho funcional, ganho de inserção, e oferecidas todas as orientações
necessárias. Neste momento também o fonoaudiólogo verifica a regulagem e marca o
retorno do paciente uma semana depois, se tiver tudo correto é feito nova remarcação e
o acompanhamento é realizado de acordo com as necessidades específicas de cada
paciente.
Os profissionais apontam que mesmo sendo uma unidade de alta complexidade,
onde a portaria preconiza o atendimento a crianças de zero a três anos, inicialmente não
apareciam crianças com esta faixa etária, provavelmente em decorrência da dificuldade
da detecção precoce, que não está ocorrendo de forma satisfatória nas maternidades do
Rio de Janeiro. Este fato demonstra que a atenção básica não está cumprindo o seu
papel, pois não consegue realizar a identificação precoce dos problemas auditivos, e
muito provavelmente não desempenha bem as ações de promoção à saúde auditiva e
prevenção, acarretando um ônus ao governo. Para Januário
64
, o investimento em
procedimentos de atenção básica, além de oferecer melhor qualidade de vida ao
cidadão, permite uma economia na área de atenção secundária e terciária.
Um outro fator que tem correlação com o não encaminhamento de crianças
menores de três anos é o fato da única unidade de média complexidade habilitada, até
setembro de 2008, não apresentar em condições de funcionamento os equipamentos
necessários para complementação do diagnóstico, conforme estabelecido pelas portarias
ministeriais Nº587 e Nº589.
Atualmente são encaminhadas para unidade crianças menores de três anos,
todavia estas chegam sem diagnóstico e ainda precisam ser avaliadas. Conforme
discutido, esta triagem deveria ser realizada em conjunto com o serviço de menor
complexidade, e não sobrecarregar o de alta.
Para atender as necessidades da PNASA, o ambulatório de surdez que
pertencente ao curso de graduação em fonoaudiologia da UFRJ, ampliou seu setor de
reabilitação e realizou a contratação de mais duas profissionais. Nos atendimentos são
63
priorizadas as crianças menores de três anos e múltiplas deficiências. Diferentemente do
que ocorre na média complexidade, a UFRJ realiza treinamentos auditivos com adultos
e idosos.
Vieira et al
82
destacou que a implantação de programas de reabilitação para o
deficiente auditivo adulto é de grande importância, principalmente na população idosa,
sendo necessário incorporá-los à rotina dos serviços ambulatoriais. A criação desses
programas vão ao encontro com as ideias da Política Nacional do Idoso, que tem por
objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua
autonomia, interação e participação efetiva na sociedade.
86
5.2.5- Caracterização da demanda:
Desde a habilitação da unidade até a realização da coleta de dados em outubro de
2008, foram encaminhados para protetização cerca de 420 pacientes. Entretanto não
foram obtidos os dados de todas as fichas, pois a organização da parte documental da
alta complexidade não é satisfatória. Entre os dados computados pode-se dizer que a
maioria é do sexo feminino (51,7%). O gráfico 5 ilustra a distribuição por faixas etárias.
Gráfico 5: Número de pacientes atendidos na Alta Complexidade por faixa etária
2007-2008
Verifica-se que a maioria dos casos está situada entre a população idosa. No
decorrer do último século observou-se um aumento da longevidade da população. O
avanço da medicina e a melhoria da qualidade de vida proporcionam um crescimento
desta parcela da população, sendo que o envelhecimento demográfico é uma tendência
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0-11 anos 12-18 anos 19-59 anos 60 anos ou mais
Faixa Etária
Número de pacientes
Maculino
Feminino
64
estabelecida não no Brasil, como mundialmente. Os distúrbios auditivos estão entre
os diversos problemas que comprometem a qualidade de vida dos idosos, como
apontam diversos estudos epidemiológicos.
57,61, 62
A pesquisa também possibilitou observar que na faixa etária infantil (0-11 anos)
ocorre o menor número de atendimentos, quando a alta complexidade deveria priorizar
crianças menores de três anos. Esta tendência tem sido observada e revela a falta de
ações satisfatórias para detecção precoce da perda auditiva, como já foi amplamente
discutido, o que poderá acarretar dificuldade linguística na criança. Goldfeld
27
afirma
que o diagnóstico e a protetização precoce são fundamentais para um bom
desenvolvimento da linguagem da criança. Rizzi
et al
83
, em estudo do programa de
acompanhamento do desenvolvimento auditivo, apontam resultados que evidenciam a
importância deste programa, nos níveis de prevenção, detecção e reabilitação de
alterações no desenvolvimento auditivo, de fala e linguagem e no diagnóstico de perdas
auditivas progressivas ou adquiridas.
Gráfico 6: Número de pacientes atendidos na Alta Complexidade por escolaridade
de adultos e idosos 2007-2008
0
10
20
30
40
50
60
Não
Alfabetizado
Fundamental
Incompleto
Fundamental
Completo
Médio
Incompleto
Médio
Completo
Superior
Incompleto
Superior
Completo
Escolaridade
Número de pacientes
Masculino
Feminino
65
Gráfico 7: Situação de trabalho na Alta Complexidade dos pacientes atendidos
2007-2008
Nos gráficos 6 e 7 observa-se dados do perfil sócio demográfico da população
atendida. Dados da literatura revelam a importância de observação destas variáveis, pois
quanto menor o nível de escolaridade e renda, maior a dificuldade na adaptação das
próteses auditivas e consequentemente abandono do uso das mesmas.
Os dados referentes à escolaridade incluem apenas as faixas etárias de adultos
(19-59 anos) e idosos (acima de 60 anos). A maioria dos pacientes é aposentada, fato
que está correlacionado a grande incidência de casos na população idosa. O item “não
se aplica” refere-se à faixa etária de crianças e à maioria dos adolescentes.
O estudo dos fatores de risco para a perda auditiva direciona intervenções de
saúde para que atendam as reais necessidades da população, principalmente na atenção
primária. De acordo com Cruz
et al
84
é escassa a literatura científica brasileira sobre
perda auditiva e os fatores de risco a ela associados.
Além do conhecimento dos fatores de riscos, também é fundamental o estudo de
possíveis etiologias para que se possa tomar providências de prevenção e promoção de
saúde. Pelegrin
85
afirma que mais de cinquenta por cento das perdas auditivas que
ocorrem no Brasil poderiam ser evitadas.
Ao observar os dados registrados nos formulários dos pacientes verificou-se que
apenas setenta por cento apresentava diagnóstico. O setor de otorrinolaringologia
justifica que os primeiros formulários não foram preenchidos, pois o atendimento foi
iniciado na unidade antes da chegada do modelo estabelecido pelo Ministério da saúde.
Atualmente o setor está resgatando estes formulários para o preenchimento correto. O
0
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80
90
Trabalha Não trabalha Aposentado Não se Aplica
Tipo de Renda
Número de pacientes
Masculino
Feminino
66
diagnóstico etiológico da perda auditiva, apesar de muitas vezes ser apenas alcançado
em trabalho multidisciplinar, é de competência médica (ORL).
Dentre as etiologias mais observadas (Gráfico 8), estão: presbiacusia (24,35%),
causas idiopáticas (20,66%), causas perinatais (8,86%), otite (8,12%), alterações
auditivas pós-meningite (7,75%), causas genéticas (7,38%), otoesclerose (6,27%),
rubéola congênita ( 5,9%), e uso de ototóxicos (4,8%), seguido de outras com menor
incidência.
Gráfico 8: Número de casos na Alta Complexidade por diagnóstico dos pacientes
atendidos 2007-2008
0
10
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70
P
r
esbi
a
c
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s
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Ruola Con
g
ênita
Uso de
O
tot
ox
ico
Outras
Diagnóstico
Número de Casos
Fica evidente, face aos resultados apresentados acima, que a presbiacusia aparece
como grande problema, causando consequências importantes na vida do idoso, sendo de
extrema importância a reabilitação auditiva para minimizar seus efeitos. A presbiacusia,
perda auditiva devido à idade é a principal causa de deficiência auditiva nos idosos, uma
incidência de cerca de 30% na população com mais de 60 anos de idade. Conforme
expõe Oliveira
et al
86
o processo de adaptação ao uso de prótese auditiva não é simples
em nenhuma faixa etária, mas os idosos requerem mais tempo para assimilar todas as
etapas do processo de seleção e adaptação à amplificação, e em conseqüência, as
informações devem ser apresentadas de forma gradual. A orientação deve ser enfatizada
para que o usuário entenda o funcionamento da prótese auditiva, dos seus componentes
e do molde auricular, assim como o treinamento para inseri-lo e retirá-lo, troca de pilhas
e manipulação dos controles.
O grande mero de causas idiopáticas está relacionado com a pouca exatidão
nos métodos diagnósticos, além da dificuldade que muitos pacientes apresentam em
67
relatar a história pregressa da doença. Diversos estudos comprovam, índice elevado da
não definição das etiologias na perda auditiva
87,88,89
.
O anexo III da portaria 589 apresenta o laudo para emissão da APAC de perda
auditiva. Um de seus itens é a provável etiologia, entre elas: causas perinatais (anoxia,
baixo peso, trabalho de parto prolongado, prematuridade e hiperbilirrubinemia);
doenças infecciosas (meningite, rubéola, sarampo, toxoplasmose, caxumba e outras). É
importante ressaltar que a perda auditiva é a sequela mais frequente da meningite
bacteriana. Silva
et al
75
demonstrou a heterogeneidade de fatores que ocasionam o
comprometimento auditivo, e como as duas principais causas (rubéola e meningite)
ainda apresentavam uma incidência alta na população estudada.
Segundo a literatura, a maior parte dos casos de surdez nos primeiros anos de
vida é decorrência de fator genético ou causas perinatais. A surdez também pode ocorrer
como resultado de infecções da orelha média (otite), que são mais comuns em
crianças.
44,45
...........A partir deste ano (2009), o Ministério da Saúde incluirá na rede de saúde
exames e aconselhamento genético. Isso significa que o SUS oferecerá recursos para o
diagnóstico e tratamento de defeitos congênitos e também aconselhamento dos pais para
prevenção de novos casos
90
.
...................................
...........Na literatura, o ruído, principalmente no ambiente de trabalho, é apontado como
a segunda principal causa de perda auditiva neurossensorial entre os adultos.
91
Embora cerca de 80 pacientes tenham relatado exposição a ruído ocupacional, a
maioria acima de 10 anos de exposição, o diagnóstico de PAIR (perda auditiva induzida
por ruído) não ultrapassou nove casos. Este achado é compatível com a literatura
científica da área, que demonstra ser o nexo ocupacional raramente estabelecido pelos
profissionais de saúde, seja por negligência ou por simples desconhecimento. O
estabelecimento do nexo ocupacional da perda auditiva em casos de exposição a ruídos
ainda é mais comum, no entanto em casos de exposição à substância xica, a situação
na qual a correlação realizada ainda está inexpressiva. Nossa pesquisa identificou
apenas um caso de surdez relacionada à exposição à substância química, embora
existissem casos de trabalhadores em fábricas de produtos tóxicos. Acredita-se que a
relação da etiologia com a ocupação não foi devidamente explorada. O número de casos
de perda auditiva do tipo ocupacional não foi analisado, pois pouquíssimos formulários
apresentavam esse dado.
Através da observação do preenchimento do formulário do setor de
fonoaudiologia e otorrinolaringologia, verificou-se uma escassez de dados relativos à
68
escolaridade e ocupação, o que foi amenizada pela observação das fichas de
atendimento psicossocial realizado pela assistente social pertencente à saúde auditiva da
unidade.
5.2.6-Processo de Implementação
Os profissionais entrevistados relataram que tiveram muita dificuldade para
conseguir a habilitação da unidade. Foram apontadas as seguintes questões: falta de
recursos humanos, tanto no que diz respeito ao setor administrativo, como dos
profissionais de nível superior e a falta de treinamento dos funcionários administrativos
para o preenchimento dos formulários, principalmente aqueles relacionados ao
faturamento. Para abertura dos outros serviços de média complexidade da saúde
auditiva no município do Rio de Janeiro realizou-se uma nova divisão orçamentária
entre as unidades do Estado.
As atividades de fornecimento de próteses não estavam sendo executadas por
conta da mudança no fluxo do recebimento da verba federal no HUCFF-UFRJ desde
maio de 2008. Segundo os entrevistados, anteriormente a esta data a verba do SUS era
recebida pela Fundação JoBonifácio que a repassava aos programas. Atualmente, o
recebimento da verba é responsabilidade do Hospital que só consegue viabilizar as
compras de materiais mediante a penhora do capital, pois tudo é feito por pregão
eletrônico. A unidade também apresentava dificuldade nos cadastramentos das empresas
fornecedoras de materiais. Em consequência a tais mudanças, em outubro de 2008, a
unidade ficou quatro meses sem comprar próteses, o que acarretou um aumento
considerável na lista de espera para protetização. Por outro lado, este fato gerava um
aparente conforto no atendimento do setor de reabilitação, pois, sem a protetização, este
não recebia pacientes há um bom tempo apresentando vagas disponíveis ou podendo
ficar com pacientes por um período maior. É previsível, no entanto, que assim que
ocorrer o retorno das protetizações, haverá uma sobrecarga no setor de reabilitação com
consequente formação de filas e dificuldade para abertura de vagas.
De acordo com os entrevistados uma possível solução para estas futuras
dificuldades que enfrentarão após a retomada da distribuição de próteses, seria a
contratação de mais profissionais. Ademais, será realizada uma melhor seleção de
pacientes adultos para o treinamento auditivo. Pois, com a experiência do setor
verificou-se que nem todos precisam de atendimento, as orientações são suficientes
para adaptação das próteses. Os pacientes com maior dificuldade encontram-se no grupo
dos idosos. Os profissionais buscarão ainda uma ampliação maior do uso da rede de
69
saúde auditiva, contra-referenciando os pacientes para atendimento nos locais de
origem.
Com a habilitação, o setor de reabilitação passou a oferecer três serviços: a
terapia em si (menores de três anos e múltiplas deficiências), avaliação de crianças que
não tem pré-requisito para atendimento em média complexidade (maior de quatro anos
sem múltiplas deficiências), mas que acabam ficando em terapia na unidade se
pertencerem à AP3 (área planejamento) onde esta se localiza. Caso contrário é
referenciado aos serviços de menor complexidade, nas áreas de planejamento a qual
pertence. Após a avaliação, se o paciente não puder ficar em terapia na unidade, ele é
reencaminhado ao local de origem. Segundo os profissionais, a maioria deste pacientes
não está sendo encaminhada para o posto de saúde, mas para instituições filantrópicas.
A tabela de atendimento fornecida pelo setor de reabilitação, atualizada em
dezembro de 2008, possuía noventa e nove pacientes, sendo setenta destes pertencentes
à Política de Saúde Auditiva. Entre os tipos de atendimento, quarenta e sete pertenciam
ao serviço de treinamento auditivo, trinta e dois à terapia auditiva, quinze à avaliação.
Foram registrados em torno de nove abandonos sem registro do motivo. Apenas quatro
casos foram contra-referenciados.
No caso das múltiplas deficiências verifica-se que às vezes a unidade não
apresenta recursos suficientes para instalação da comunicação alternativa, seja através
de línguas de sinais, de gestos, etc. No sentido de resolver a questão, foi estabelecido
um convênio com o Instituto de Pericultura e Pediatria Martagão Gesteira - IPPMG,
onde existe um núcleo de atendimento para reabilitação do desenvolvimento
neuropsicomotor. Existe uma equipe multiprofissional que trabalha na reabilitação do
desenvolvimento neuropsicomotor formada por: fonoaudiólogo, na especialidade
motora oral; fisioterapeuta; terapeuta ocupacional e pediatra.
5.2.7-Quais os avanços e fatores facilitadores para Alta Complexidade?
O atual fluxo de atendimento é visto como um avanço do ponto de vista dos
profissionais, pois antes de ser definido como seria o funcionamento da rede, as
marcações iniciais eram realizadas pela unidade através de uma lista encaminhada pela
coordenação municipal.
No entanto, foi observada muita dificuldade com essas marcações, pois desta
lista, várias pessoas haviam morrido, o telefone estava errado, ou tinha recebido
prótese em outro lugar, portanto, a marcação feita diretamente pelo CIAD facilita o
processo.
70
A interação entre a equipe de fonoaudiologia e otorrinolaringologia é apontada
como outro fator facilitador. Existe uma boa relação entre os profissionais, que, quando
possível fazem reuniões clínicas para discussão de casos.
Diferentemente da média complexidade, os pacientes adultos, particularmente os
idosos, recebem treinamento auditivo quando indicado. A continuidade do
acompanhamento após a distribuição da prótese através de treinamento auditivo, teste
de AASI, e terapia, tanto em adultos como em crianças é imprescindível, Almeida
et
al
62
corrobora a opinião dos profissionais entrevistados uma vez que seus estudos em
amostra de pacientes protetizados evidenciam a melhora da qualidade de vida de adultos
e idosos. ........................................................... ............
............Os profissionais da Alta Complexidade através de convênio firmado com a
prefeitura do Rio de Janeiro estão buscando aplicar preceitos preconizados nas portarias
ministeriais da Política. Foi oferecido um curso de aprimoramento para dar apoio à
média complexidade, o que pode ser considerado um avanço, pois este permitiu a
divulgação de conhecimentos técnicos e científicos.
5.2.8-Quais os entraves?
Déficit dos níveis primário e secundários de atenção
, a falta de triagem
auditiva em unidade de menor complexidade, os pacientes encaminhados pelo CIAD
chegam à unidade de Alta Complexidade sem passar pela triagem auditiva. Assim, o
setor de audiologia está realizando triagens neonatais que deveriam ocorrer nas
maternidades e em unidades de média complexidade
92
. O setor de otorrinolaringologia
às vezes recebe pacientes com problemas simples (como retirada de cerume) que
deveriam ser resolvidos pelo posto de saúde, isto prejudica o atendimento de pacientes
com problemas mais complexos que realmente necessitam do nível terciário de atenção,
fato que confirma as idéias de Garbi
93
ao comentar que grandes hospitais atendem
pacientes que apresentam casos simples, o que compromete o atendimento dos casos
mais graves, destacando a falta de postos de atendimentos integrados aos serviços de
ORL. Santana
et al
94
em estudo acerca dos cuidados com a audição na Atenção Básica
questionaram a efetividade das ações de Saúde Auditiva da Atenção Básica
demonstrando que estes foram insuficientes. Além disso, orientações e
encaminhamentos aos serviços adequados também se mostraram deficientes.
Necessidade de descentralização dos serviços
a distância entre serviços
que realizam a audiometria e a falta de postos de atendimento especializados são outros
fatores que comprometem o atendimento aos deficientes auditivos, esse tipo de
71
procedimento aumenta ainda mais os gastos em relação ao atendimento dessas pessoas,
pois ocorre uma despesa maior com transporte.
Uma possível solução seria o apoio da Atenção Básica à Saúde Auditiva,
através da Estratégia de Saúde da Família. Em seu estudo, Alvarenga
et al
95
(2008)
verificaram a efetividade de um programa de capacitação de agentes comunitários de
saúde da Estratégia de Saúde da Família, em municípios do Estado de São Paulo. A
capacitação abordou os temas: audição e deficiência auditiva, tipos, prevenção e causas
da deficiência auditiva, técnicas de identificação e diagnóstico. Os resultados
comprovam a eficácia do programa de capacitação com utilização de material e
abordagem interativa proposto para os agentes.
Unidades habilitadas como Alta Complexidade que não funcionam no
Estado
, outro fator apontado como ponto negativo, está relacionado com o fato de
outras unidades de Alta Complexidade habilitadas no Estado não funcionarem como tal,
embora existam. Os profissionais apontam que estas não possuem estrutura para este
nível de complexidade e acabam realizando o encaminhamento de pacientes mais
complicados para a UFRJ.
Dificuldades administrativo-burocráticas no Hospital,
apontada como
entrave, pois dificulta o processo não conseguindo acompanhar a produção do serviço
de saúde auditiva o que prejudica a continuação do trabalho, como é o caso da
suspensão da compra de próteses auditivas há vários meses.
Falta de profissionais no setor de fonoaudiologia,
este entrave ficará mais
evidente quando as distribuições de próteses retornarem à normalidade, o que
sobrecarregará o setor de reabilitação.
Falta de treinamento dos profissionais para preenchimento de papéis de
financiamento
, os funcionários contratados para área administrativa nunca tinham
trabalhado em um hospital, não tinham conhecimento do preenchimento de nada. Então
no inicio o faturamento era realizado de maneira errada, pois não foi disponibilizado
treinamento. Por isso, em termos de cobrança ocorreu muito atraso no repasse de verba
do SUS, com muitas glosas de procedimentos.
Dificuldade da formação da Rede de Saúde Auditiva
existe pouquíssima
comunicação com os outros níveis de complexidade, os profissionais reclamam da
dificuldade de realizar contra-referência.
A falta da informatização de dados dos pacientes
é uma grande
dificuldade apontada pelos profissionais, o paciente possui um prontuário no Hospital,
um formulário de saúde auditiva em pastas no setor de audiologia, e alguns com
72
múltiplas deficiências ainda possuem um prontuário no IPPMG. A informatização dos
dados do paciente facilitaria o acesso de profissionais dos diversos setores que realizam
o seu atendimento, evitando o deslocamento das pastas por vários locais que poderia
resultar na perda de documentos.
Equipamentos sem calibração
, os equipamentos de Bera e Emissões
otoacústicas do setor de otorrinolaringologia estão descalibrados, o que gera um fila de
espera destes exames, tendo em vista que necessidade da utilização dos que estão em
pleno funcionamento no setor de otorrinolaringologia.
Falta de união entre a saúde e a educação,
na 10º Conferência Nacional
de Saúde foi decidido que o Ministério da Saúde deve unir-se ao Ministério da
Educação e do Desporto para realizar a inclusão da linguagem de sinais como disciplina
curricular nos três níveis de ensino, visando a preparação de profissionais aptos à
atenção dos portadores de perda auditiva, tanto nos Serviços de Saúde como na escola,
para proporcionar-lhes oportunidades mais equânimes de acesso à escolarização e ao
mercado de trabalho.
Goldfeld
27
afirma que não são os fonoaudiólogos que desempenham o papel de
ensinar a ngua de sinais, este cabe a pessoas surdas que dominam plenamente a ngua
de sinais. Por isso, seria necessária uma ponte entre educação e saúde. A educação
poderia também permitir o aprendizado de surdos da língua de sinais como primeira
língua, e a segunda língua seria para quem tivesse condições de se beneficiar com a
terapia fonoaudiológica, dependendo da idade, e das condições e da língua escrita, que
ficaria a cargo da saúde. Assim, o Rio de Janeiro seguiria a filosofia educacional
conhecida como bilinguismo, que tem como pressuposto básico a necessidade do surdo
ser bilíngue, ou seja, este deve adquirir como língua materna a ngua de sinais, que é
considerada natural dos surdos, e , como segunda língua, a oral que é a utilizada em seu
país. Existem outras filosofias educacionais, a bilíngue é a adotada pela UFRJ, não
necessariamente é obrigatório que o município adote-a, mas independente de qual seja a
escolhida é bom sempre ter em mente que deve ser adotada com responsabilidade, e
utilização correta.
A não realização de cirurgias para implantes cocleares
, unidade ainda
não está fazendo implantes cocleares, embora tenha sido habilitada pelo Município e
pelo Estado, atualmente aguarda autorização da esfera federal. Caso algum paciente
necessite de implante este é encaminhado para São Paulo. A dificuldade encontrada é
que em alguns casos a unidade fica sem o retorno desse paciente, principalmente
quando este é encaminhado para Bauru. Porém é importante salientar, que as Portarias
73
587 e 589 de outubro de 2004, não regulamentam os implantes cocleares, embora
determinem que o acompanhamento destes pacientes seja um procedimento de alta
complexidade.
5.2.9-Ponto de vista dos usuários da alta complexidade
A entrevista com os pacientes da alta complexidade também consistiu em buscar
informações a respeito de questões relativas ao acesso para o atendimento, verificando-
se dificuldades e facilidades do tratamento, distância entre a residência e a unidade de
serviço, bem como número de estabelecimentos procurados; tempo transcorrido da
identificação do problema até o início da terapia fonoaudiológica; e satisfação do
usuário com a terapêutica.
Foram entrevistados sete responsáveis por usuários, entre eles um menor que
realizou o implante coclear em Bauru. Além de dois usuários adultos participantes do
treinamento auditivo.
Assim como a média complexidade, a maioria dos usuários relatou ter buscado
mais de um estabelecimento para tentar o atendimento.
Diferente do que ocorre na média complexidade em que os pacientes atendidos
em sua grande maioria pertencem à área de planejamento de Bangu, pode – se dizer que
o atendimento no setor de reabilitação da alta complexidade, embora priorize o
tratamento de pacientes da área de planejamento na qual a unidade es localizada,
também atende pacientes de outras localidades, inclusive outros municípios, sendo
verificado maior dificuldade de deslocamento até o local:
“...
moro longe, depois de Nova Iguaçu, e é difícil porque não tenho passe...”
( Mãe
de Paciente, 1)
...tenho que pegar dois ônibus, mas pra fazer. tenho passe, isso facilita...”
(
Mãe de Paciente, 2)
A maior dificuldade é a condução, porque tem que pagar passagem para ir na
escola todo dia, e vir aqui...”
( Mãe de Paciente, 3)
Observa-se que a dificuldade apontada encontra-se principalmente ao gasto com
o meio de transporte. O “passe“ ao qual os entrevistados se referem, diz respeito ao
passe livre nos meios de transportes para o deficiente, garantido pela Lei 3339, de 29
74
de dezembro de 1999 que dispõe sobre a regulamentação do artigo 245 da Constituição
do Estado do Rio de Janeiro, estabelecendo passe livre às pessoas portadoras de
deficiência entre outros.
Os usuários do serviço de reabilitação entrevistados demonstraram satisfação
com a terapêutica. Inclusive os pacientes adultos do serviço de treinamento auditivo.
Tentei sozinho, antes de ser chamado para terapia, mas com o treinamento é
muito melhor, porque tive uma melhora significativa e melhorei minha atenção.”
(Paciente de 66 anos)
O atendimento é muito bom, tive muitos progressos e melhorei no meu
trabalho
.” (Paciente de 49 anos)
Os relatos demonstram que o treinamento auditivo é de grande ajuda para que os
pacientes adultos e idosos possam minimizar os problemas da adaptação das próteses.
Portanto, é de extrema importância que este serviço também comece a ser realizado na
unidade de Média Complexidade.
75
6-CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa buscou identificar e discutir os principais avanços e entraves do
processo de implementação da PNASA no município do Rio de Janeiro. Não se pode
dizer que, hoje, no município, o atendimento ao paciente com perda auditiva seja
realizado de forma integral. Para se alcançar a integralidade no sistema de saúde faz-se
necessário que os gestores passem a dar prioridade a este princípio.
Apesar dos avanços conseguidos no processo de implementação da Política
Nacional de Saúde Auditiva, que possibilitaram a ampliação do atendimento às pessoas
com alteração auditiva, ainda existe uma necessidade de melhora no diagnóstico
precoce, na agilidade da aquisição das próteses auditivas, da reabilitação e da garantia
do acesso ao acompanhamento do usuário. A realização do acompanhamento para
auxiliar na adaptação ao aparelho auditivo ainda deixa a desejar, principalmente no que
diz respeito a adultos e idosos na média complexidade.
O treinamento profissional e regulação do programa de autorizações de
procedimento podem minimizar as dificuldades encontradas no preenchimento dos
formulários que permitem o repasse de verbas.
Espera-se que a falta de estudos epidemiológicos no Brasil sobre a prevalência e
a incidência dos problemas auditivos, seja sanada através da nova política, a partir da
criação de indicadores relativos à perda auditiva, como o número de portadores de
problemas auditivos, origem dos casos, etiologia, os tipos de perda auditiva, além do
acompanhamento adequado após o fornecimento de aparelho e a avaliação da satisfação
do usuário após o recebimento. Tais medidas futuramente nortearão ações
governamentais.
Em relação aos profissionais na média complexidade, seria extremamente
benéfico o respeito à multidisciplinaridade preconizada pela portaria, através da
inclusão na equipe de um assistente social e um psicólogo que, através de seus
atendimentos especializados, dariam apoio aos outros setores. Além disso, o estudo
aponta ser necessária a contratação de mais profissionais de fonoaudiologia na alta
complexidade.
Ademais, é imprescindível colocar todos os equipamentos necessários para
realização do serviço em funcionamento, bem como contrato de manutenção.
A pesquisa evidenciou a necessidade de organização e ampliação da Rede de
Saúde Auditiva. Para tanto, deve ser realizado um mapeamento dos atendimentos das
unidades com atuação em Saúde Auditiva, a fim de possibilitar melhores fluxos de
referência e contra-referência de uma unidade para a outra e entre os níveis de
76
complexidade. Os serviços devem ser mais descentralizados o que permitiria um melhor
atendimento ao usuário, evitando longas viagens.
Existe consenso de que é preciso adequar a assistência básica às demandas de
saúde da população, e isso também é verdadeiro para as questões relativas à Saúde
Auditiva. Conforme previsto na portaria, o Serviço de Atenção à Saúde Auditiva na
Média Complexidade e de Alta Complexidade deverão dar suporte técnico às equipes da
atenção básica para identificação dos casos que necessitam de encaminhamento para
serviços em outros níveis de complexidade.
É imprescindível que a atenção básica passe a ser mais discutida e priorizada
pelos gestores da área
.
Uma melhor organização desta, em busca da prevenção,
promoção e detecção precoce de problemas auditivos poderia ocorrer através do apoio
da Estratégia da Saúde da Família. Parece-nos possível e altamente recomendável o
treinamento dos agentes comunitários no sentido de possibilitar o diagnóstico e a
intervenção na perda auditiva no período crítico de desenvolvimento da criança. Os
agentes poderiam atuar na identificação de casos e, em caso de suspeita de perdas
auditivas, orientarem a procura por atendimento especializado, tendo em vista que estes
profissionais fazem ponte entre a comunidade e o Sistema Único de Saúde.
Consideramos necessária a adoção de políticas públicas mais abrangentes com
ações concretas voltadas à saúde auditiva no município do Rio de Janeiro, como a
inclusão de programas de triagem auditiva neonatal e a criação de Serviços de
Referência a serem implementados nas maternidades, de forma a garantir que todos os
recém-nascidos de alto risco para desenvolvimento de perda auditiva sejam avaliados
antes do momento de alta.
A inclusão de programas de triagem auditiva neonatal e a criação de Serviços de
Referência em maternidades, de forma a garantir que todos os recém-nascidos de alto
risco para desenvolvimento de perda auditiva sejam avaliados antes do momento de alta
representam ações concretas para a adoção de políticas públicas mais abrangentes na
saúde auditiva no município do Rio de Janeiro.
Embora a literatura refira que a instabilidade de programas governamentais seja
vista como um entrave, pois, estas explicam o insucesso dos governos em atingir os
objetivos estabelecidos no desenho das políticas, nenhum dos entrevistados se reportou
a esse tipo de crítica.
Os danos causados à população em decorrência de problemas auditivos no
município poderiam ser minimizados
se os profissionais atuantes na rede de saúde do
77
município fossem plenamente capacitados a atender a população e promover o acesso à
informação sobre aspectos relacionados à audição, perda auditiva e reabilitação precoce.
Grande parte da população continua desinformada a respeito da Política de
Saúde Auditiva do Governo. Embora
a pesquisa tenha verificado a existência de fila em
alguns serviços, ela geralmente não é resultado do número de pacientes que procura o
serviço, e sim, do atraso do repasse de verba e da falta de organização. Em relação aos
casos que não requerem exames complexos, sobram vagas para o setor de
otorrinolaringologia em ambos os níveis de complexidade. Portanto, o
número de
atendimentos
poderia ser ampliado, caso o serviço possuísse uma melhor organização e
divulgação. Hoje, existem campanhas de divulgação da Política que são realizadas por
várias instituições, incluindo a Sociedade Brasileira de Otologia e o Conselho de
Fonoaudiologia, uma iniciativa que se mostra eficaz, porém pouco abrangente.
carência de melhores formas de divulgação da Política para que um maior número de
brasileiros possa usufruir de seus benefícios.
78
7-REFERÊN
CIAS BIBLIOGRÁFICAS
1
Organização Mundial de Saúde. Organização Pan-Americana de Saúde. Família e
Saúde. Tema 4.7 da Agenda Provisória, 55ª Sessão do Comitê Regional / 44º Conselho
Diretor. Washington, 14p., setembro, 2005.
2
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Censo Demográfico 2000.
Brasília: IBGE, 2000.
3
Sociedade Brasileira de Otologia.
Campanha Nacional da Audição enfoca a surdez
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4
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Saúde Auditiva, 2008, Bauru. Anais do II Seminário Científico Políticas Públicas em
Saúde Auditiva. São Paulo : USP, 2008.
85
Anexos
86
ROTEIRO DE ENTREVISTA - PROFISSIONAL
Identificação do Entrevistado:
Nome:
Idade:
Profissão:
Cargo que ocupa:
Tempo que ocupa este cargo:
Entrevista com os profissionais
Como ocorreu o processo de implementação?
Quais foram os avanços e o que falta fazer segundo o ponto de vista do
profissional?
Qual a sua opinião quanto à interação entre os fonoaudiólogos e
otorrinolaringologista(s) da equipe?
Como é estabelecida a relação com as outras unidades do município?
ATENDIMENTOS
Quantos pacientes são atendidos em média por mês?
Qual é a clientela atendida?
A anamnese contempla a ocupação e a exposição a risco de perda auditiva?
O profissional está atento à possibilidade da relação entre perda auditiva e
ocupação?
Existe uma referência e contra-referência. Qual?
Os pacientes conseguem completar o atendimento na terapia?
Ponto de vista dos profissionais em relação ao atendimento dos pacientes
ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO
Fluxo do tratamento.
Como é a forma de organização da pasta do paciente?
Todos os dados ficam registrados em um só prontuário?
A equipe de saúde tem agenda de trabalho pré-definida?
87
Para o preenchimento manual da APAC a equipe foi treinada?
A equipe tem uma pessoa treinada para a digitação e envio da APAC?
Como são agendados os retornos da avaliação dos AASI?
Como são atendidos os casos sem agendamento e com queixa do desempenho do
AASI?
Como é agendada a entrega dos AASI?
Como é feita a reposição do molde?
RECURSOS HUMANOS
Quantitativo de profissionais na Unidade pertencentes ao programa de saúde
auditiva:
Especialização da Equipe:
Recebeu treinamento para o serviço de atenção a saúde auditiva:
Qual o tipo e atendimento prestado:
Existem estagiárias auxiliando na realização dos exames?
As estagiárias recebem treinamento para o atendimento na saúde auditiva?
OBS: A Identificação do entrevistado é exclusivamente para o controle da pesquisadora,
pois lhe é garantido o direito de anonimato.
88
ROTEIRO DE ENTREVISTA - USUÁRIOS
Identificação do Entrevistado:
Nome:
Idade:
Profissão:
Unidade:
Quando descobriu o problema auditivo?
Tempo transcorrido da identificação do problema até o início da terapia
fonoaudiológica, se for o caso.
Como foi o acesso ao atendimento?
Quantas unidades de serviço à saúde você procurou antes de conseguir
atendimento?
Qual a distância entre a residência e a unidade de serviço?
Foi protetizado na unidade?
Encontra-se em atendimento na terapia?
Quais as dificuldades encontradas?
Quais as facilidades encontradas?
Está satisfeito com o atendimento?
Sugestões:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
OBS: A Identificação do entrevistado é exclusivamente para o controle da pesquisadora,
pois lhe é garantido o direito de anonimato.
89
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