Download PDF
ads:
Universidade de Brasília - UnB
Instituto de Psicologia - IP
Departamento de Psicologia Social e do Trabalho
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e
das Organizações
Seleção de pessoas e desempenho no trabalho:
um estudo sobre a validade preditiva dos testes de conhecimentos
Doutoranda: Fabiana Queiroga
Orientador: Jairo Eduardo Borges Andrade
Brasília, dezembro de 2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Universidade de Brasília - UnB
Instituto de Psicologia - IP
Departamento de Psicologia Social e do Trabalho
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e
das Organizações
Seleção de pessoas e desempenho no trabalho:
um estudo sobre a validade preditiva dos testes de conhecimentos
Doutoranda: Fabiana Queiroga
Orientador: Jairo Eduardo Borges Andrade
Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das
Organizações, como requisito parcial à obtenção do grau
de Doutor(a) em Psicologia Social, do Trabalho e das
Organizações.
Brasília, dezembro de 2009
ads:
Seleção de pessoas e desempenho no trabalho:
um estudo sobre a validade preditiva dos testes de conhecimentos
Tese de doutorado defendida perante a banca examinadora constituída por:
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Jairo Eduardo Borges Andrade Presidente da banca examinadora
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações da
Universidade de Brasília
_____________________________________________________________
Profa. Dra. Sônia Maria Guedes Gondim
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal da Bahia
_____________________________________________________________
Profa. Dra. Gardênia Abbad
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações da
Universidade de Brasília
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Joaquim José Soares Neto
Programa de Pós-Graduação em Física Molecular e Fluidos da Universidade de Brasília
_____________________________________________________________
Dr. Marcos Ruben de Oliveira
Especialista do Banco Central do Brasil
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Luis Pasquali Suplente
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações da
Universidade de Brasília
Ao Rodrigo,
adorável e precioso “catalisador” desse trabalho.
Agradecimentos
De acordo com o que será apontado ao longo desse trabalho, a
variável suporte é fundamental para a compreensão de diversos processos.
Sem apoio não se transfere treinamento, não se desempenha bem no
trabalho, é mais difícil obter êxito nos processos seletivos e também de se
chegar ao final de uma tese. Assim, não poderia deixar de registrar meus
fortes e sinceros agradecimentos àqueles que deram apoio e tornaram
possível que o desenvolvimento desse trabalho fosse leve e agradável.
Ao prof. Jairo que sempre esteve disponível e acessível durante
todos os anos que trabalhamos juntos, dando mostras de profissionalismo,
dedicação e paixão pela carreira acadêmica. Sei que é recorrente seus
orientandos ressaltarem o exemplo de professor que sua figura representa,
mas ao chegar ao final dessa jornada, é impossível não fazer esse registro.
Obrigada pelos votos de confiança e por todo o aprendizado proporcionado.
Aos membros da banca por terem prontamente aceitado esse
convite natalino para contribuir com a melhoria desse trabalho.
Ao prof. Valdiney que foi o grande responsável pela minha iniciação
como pesquisadora e a todos os colegas do BNCS que compartilharam
comigo momentos de discussões fundamentais para o nosso
amadurecimento acadêmico.
Ao prof. Neto que sempre apostou no potencial dos seus “alunos” e
dedica a eles apoio quase incondicional sendo muito mais que um chefe.
Muito obrigada por todo investimento e credibilidade depositados nesse
trabalho e no meu êxito.
A todos os professores da UFPB, da UnB e também de fora das
universidades em que assisti aulas. Cada um deles com suas
excentricidades foram essenciais para a minha formação e direcionamento
para a área de pesquisa.
Ao grupo de pesquisa Aprendizagem no Trabalho, pela
receptividade e pelas discussões frutíferas ocorridas não durante as
minhas apresentações, mas ao longo de vários semestres.
Às alunas de pesquisa Cecília, Patrícia e Rúbia pelo empenho na
coleta de dados do estudo piloto.
Aos “amigos acadêmicos” Ana Cristina, Girlene, Melissa, Tatiana e
Valéria que tiveram paciência de escutar minhas elucubrações de tese e
retornaram as lamúrias em importantes direcionamentos para o trabalho.
Aos muitos colegas de pós-graduação com quem tive contato
durante essa jornada que sempre marcaram presença mesmo em um
simples encontro de corredor e também aos funcionários do PSTO que de
tanto resolver problemas também se tornaram grandes colegas.
Aos colegas de trabalho do Cespe/UnB por todo apoio durante esse
trabalho. Alguns contribuíram colocando “a o na massa” auxiliando na
preparação dos bancos e análises de dados (Gabriela Barros, Antonia
Regina, Hemilhana Tolentina e profa. Vera Lúcia) e outros realizando seu
trabalho com competência para que eu pudesse estar tantos dias ausente
dedicada à tese. Por esse motivo, agradeço mais uma vez à Girlene, minha
compreensiva chefe imediata, que me proporcionou condições de me
dedicar a este trabalho.
Às equipes de RH do Banco e da S/A pelo comprometimento com a
realização da pesquisa e disponibilidade durante sua execução. Pelos
mesmos motivos, agradeço imensamente aos analistas do Cespe/UnB,
Jorge Amorim, Roberto Rosa e Michell, que se engajaram diretamente com
os bancos de dados dessa pesquisa.
Às minhas famílias, por estarem sempre presentes, seja de forma
presencial ou à distância, por compreender os momentos de ausência sem
deixar de me tratar com carinho. Agradeço especialmente aos meus pais
que fizeram enormes sacrifícios para que eu pudesse chegar até aqui e
nunca deixaram de dar apoio para à construção da minha trajetória
acadêmica. Espero que eu consiga fazer pelo meu filho pelo menos metade
do que eles fizeram por mim.
Ao meu Tato, que am de lidar com o lado difícil de uma “esposa
em fase de tese”, me ensina todo dia a buscar equilíbrio, serenidade e lidar
com uma coisa de cada vez. Agradeço muito pela enorme compreensão e
por me transmitir tanta calma nos momentos mais complicados. O namorado
carinhoso, o marido prestativo e o pai atencioso que foi durante o tempo que
estamos juntos também foram elementos fundamentais para que eu
conseguisse chegar até aqui.
i
Sumário
Lista de tabelas ...................................................................................................... iii
Lista de figuras ........................................................................................................ v
Resumo ................................................................................................................... 6
Abstract ................................................................................................................ 7
Apresentação ....................................................................................................... 8
1 Revisão da literatura ....................................................................................... 15
1.1 Seleção de pessoas um breve relato histórico e uma descrição de estudos mais
recentes ..................................................................................................................................... 16
1.2 Desempenho no trabalho teoria, conceitos e resultados de pesquisa ............................. 26
1.2.1 A dimensionalidade do conceito e a avaliação de desempenho ...................................... 29
1.2.2 Os preditores de desempenho do indivíduo no trabalho .................................................. 36
2 Objetivos, modelo de pesquisa e caracterização das variáveis ...................... 53
3 Método ............................................................................................................ 65
3.1 Características gerais das organizações parceiras ............................................................. 65
3.2 Procedimentos de coleta de dados ..................................................................................... 66
3.3 Participantes do estudo ....................................................................................................... 69
3.3.1 Candidatos inscritos nos concursos ................................................................................. 70
3.3.2 Perfil dos candidatos selecionados que responderam à pesquisa via internet ................ 71
3.4 Instrumentos utilizados na pesquisa .................................................................................... 76
3.4.1 Estrutura das provas respondidas pelos candidatos aos concursos das
organizações .............................................................................................................................. 76
3.4.2 Instrumentos utilizados na pesquisa via internet .............................................................. 77
3.4.3 Instrumentos utilizados na avaliação de desempenho realizada pelas
organizações .............................................................................................................................. 81
3.5 Análise dos dados ................................................................................................................ 85
3.5.1 Estudo I Análise de pressupostos e qualidade dos instrumentos ................................. 92
3.5.2 Estudo II Relação entre as variáveis e testagem empírica do modelo ......................... 95
4 Resultados ...................................................................................................... 97
4.1 Estudo I Análise de pressupostos e qualidade dos instrumentos .................................... 97
4.1.1 Provas respondidas pelos candidatos aos concursos das organizações ........................ 97
4.1.2 Escala de Motivação para Trabalhar .............................................................................. 100
4.1.3 Escala de Suporte Organizacional para o Desempenho ................................................ 105
4.1.4 Escala de Auto-Avaliação do Desempenho ................................................................... 110
4.1.5 Pressupostos das análises com equações estruturais ................................................... 114
4.2 Estudo II Relação entre as variáveis e testagem empírica do modelo de pesquisa ...... 118
4.2.1 Relação entre as variáveis do modelo de pesquisa no Banco ....................................... 119
ii
4.2.2 Relação entre as variáveis do modelo de pesquisa na S/A ........................................... 123
5 Discussão dos resultados ............................................................................. 133
5.1 As medidas de motivação para trabalhar e de auto-percepção de desempenho no
trabalho .................................................................................................................................... 133
5.2 Hipótese 1: relação entre os indicadores de desempenho auto-relatados e os
avaliados pela organização ..................................................................................................... 137
5.3 Hipótese 2: relação entre os testes de conhecimentos e as avaliações de
desempenho no trabalho ......................................................................................................... 138
5.4 Hipótese 3: relação entre percepção de suporte organizacional e desempenho no
trabalho .................................................................................................................................... 140
5.5 Hipótese 4: relação entre percepção de suporte organizacional e motivação para
trabalhar ................................................................................................................................... 142
5.6 Hipótese 5: relação entre motivação para trabalhar e desempenho no trabalho.............. 143
5.7 Hipótese 6: relação entre desempenho no trabalho e características pessoais ............... 144
6 Considerações finais, limitações, recomendações práticas e
contribuições da pesquisa ................................................................................ 147
6.1 Principais limitações da pesquisa ...................................................................................... 148
6.2 Recomendações práticas .................................................................................................. 150
6.3 Contribuições da pesquisa ................................................................................................ 152
7 Referências bibliográficas ............................................................................. 154
Anexos ............................................................................................................. 166
iii
Lista de tabelas
Tabela 3.1 Número de candidatos das bases de dados dos concursos
realizados pelo Cespe/UnB para as duas organizações ....................................... 71
Tabela 3.2 Quantitativo de sujeitos excluídos nas bases de dados da coleta
via internet nas suas organizações. ...................................................................... 72
Tabela 3.3 Porcentagem dos participantes em ambas as organizações em
relação ao sexo e à escolaridade informados. ...................................................... 73
Tabela 3.4 Estatísticas descritivas dos participantes em ambas as
organizações em relação à idade, tempo que realiza atividade de trabalho
remunerada e tempo que trabalha na organização. .............................................. 74
Tabela 4.1 Estudo de dimensionalidade para as provas de conhecimentos
específicos ............................................................................................................ 98
Tabela 4.2 Estrutura fatorial da subescala de valência do instrumento de
Motivação para Trabalhar ................................................................................... 103
Tabela 4.3 Estrutura fatorial da subescala de instrumentalidade do
instrumento de Motivação para Trabalhar. .......................................................... 104
Tabela 4.4 Estrutura fatorial da subescala de expectativa do instrumento de
Motivação para Trabalhar ................................................................................... 104
Tabela 4.5 Análise paralela de Horn comparação entre autovalores
empíricos e aleatórios para o instrumento de Suporte Organizacional para o
Desempenho ....................................................................................................... 107
Tabela 4.6 Estrutura fatorial do instrumento de Suporte Organizacional para
o Desempenho. ................................................................................................... 107
Tabela 4.7 Análise paralela de Horn comparação entre autovalores
empíricos e aleatórios para o instrumento de Auto-Avaliação do
Desempenho ....................................................................................................... 111
Tabela 4.8 Estrutura fatorial do instrumento de Auto-Avaliação do
Desempenho ....................................................................................................... 111
Tabela 4.9 Correlações bivariadas entre as variáveis do modelo para o
Banco. ................................................................................................................. 122
Tabela 4.10 Correlações bivariadas entre as variáveis do modelo para a S/A. .. 125
iv
Tabela 4.11 Análise de regressão padrão (enter) para a variável auto-
percepção de desempenho pró-ativo voltado para o contexto (AD-C). ............ 127
Tabela 4.12 Análise de regressão padrão (enter) para a variável auto-
percepção de desempenho voltado para a tarefa (AD-T). .................................. 128
Tabela 4.13 Análise de regressão padrão (enter) para a variável hetero-
avaliação de competência (HD-C). ..................................................................... 129
Tabela 4.14 Análise de regressão padrão (enter) para a variável hetero-
avaliação das metas alcançadas (HD-M). ........................................................... 130
v
Lista de figuras
Figura 1.1 Visão geral das perspectivas em desempenho. Adaptada de
Sonnentag e Frese (2002). ................................................................................... 37
Figura 1.2 Relação entre os elementos do contexto de trabalho e
desempenho individual (setas largas representam relação de moderação).
Adaptada de Parker e Tuner (2002). ..................................................................... 41
Figura 2.1 Modelo teórico proposto para o estudo de desempenho no
trabalho. ................................................................................................................ 56
Figura 2.2 Organograma do procedimento teórico para elaboração de
medida psicológica. Adaptado de Pasquali (1999). .............................................. 58
Figura 3.1 Representação gráfica das etapas de relacionamento entre as
bases de dados da pesquisa................................................................................. 75
Figura 3.2 CCI de um item do modelo logístico com três parâmetros. ................. 92
Figura 4.1 Scree plot para os 32 itens da escala de Motivação para o
Trabalho. ............................................................................................................. 102
Figura 4.2 Scree plot para os 12 itens da subescala de valência. ...................... 102
Figura 4.3 Scree plot para os 12 itens da subescala de instrumentalidade. ...... 102
Figura 4.4 Scree plot para os 8 itens da subescala de expectativa. ................... 102
Figura 4.5 Scree plot para os 28 itens do instrumento de Suporte
Organizacional para o Desempenho ................................................................... 106
Figura 4.6 Scree plot para os 23 itens do instrumento de Auto-Avaliação do
Desempenho ....................................................................................................... 111
Figura 4.7 Modelo de pesquisa a ser testado por meio da Modelagem por
Equações Estruturais .......................................................................................... 116
6
Resumo
Os processos seletivos configuram-se como importantes ferramentas para
as organizações contemporâneas que precisam buscar os melhores
resultados em um curto espaço de tempo e que tentam alcançar bons
desempenhos com menos desgaste para seus trabalhadores. Uma seleção
adequada também pode diminuir o custo da organização com programas de
treinamento e capacitação alinhando as tarefas que precisam ser
desempenhadas com quem é mais capaz de realizá-las. Diante da
importância atribuída aos testes de conhecimentos nestes processos, este
estudo teve como objetivo verificar em que medida os resultados alcançados
nessas provas são preditores do desempenho no trabalho dos candidatos
selecionados. Para a realização da pesquisa foi considerado o desempenho
no trabalho de 447 funcionários de duas organizações, sendo uma do setor
financeiro e outra do setor de energia. Para avaliar o valor preditivo das
notas de concursos foram controladas as variáveis motivação para trabalhar
e percepção de suporte organizacional, coletadas por meio de um
questionário aplicado via internet. Foram consideradas as notas alcançadas
pelos funcionários nos concursos públicos a que se submeteram nos últimos
10 anos. Os resultados apontaram que os testes de conhecimentos
específicos têm potencial para selecionar os candidatos com maior
probabilidade de desempenhar suas atividades laborais com sucesso.
Embora os valores de predição encontrados sejam modestos, são úteis para
encorajar o maior alinhamento entre as provas e o desempenho dos
selecionados. Quando as provas foram mais direcionadas para o cargo, foi
encontrada correlação e predição significativas dos testes de conhecimentos
específicos, conforme relatado em outros estudos. Por outro lado, é
necessário refletir sobre a utilização das provas de conhecimentos básicos
que, por se tratarem de instrumentos bastante gerais, não apresentaram
relação com o desempenho do candidato selecionado.
Palavras-chave: seleção de pessoas, desempenho no trabalho, validade
preditiva de testes de conhecimentos
7
Abstract
Personnel selection is an important tool for contemporary organizations that
need to get best results in a short time trying to achieve good performance
with less effort for their employees. An appropriate selection can also reduce
the cost with training programs by aligning the tasks that must be performed
to whom is most able to perform them. Given the importance attached to
knowledge tests in these processes, the objective of this study was to verify
to what extent the results obtained in these tests are predictors of job
performance of the selected applicants. To conduct the study it was
considered the work performance of 447 employees of two corporations, one
of the financial sector and other of energy sector. To evaluate the predictive
value of the personnel selection scores, motivation to work and perceived
organizational support were controlled through a questionnaire collected via
Internet. It was considered the scores of employees who performed
personnel selections in the last 10 years. The results indicated that the tests
of specific knowledge have some potential to select the applicants most likely
to perform their work activities successfully. Although the predictive value
found was modest, they are useful to propose a best alignment between
tests and the performance evaluation. When the test is more directed to the
position, we found significant correlation and predictive scores for specific
knowledge tests, as reported in other studies. On the other hand, it is
necessary to think about the use of basic knowledge tests that are general
instruments and do not show relationship with the performance of the
selected applicant.
Key-words: personnel selection, job performance, predictive validity of
knowledge tests
8
Apresentação
Transformações tecnológicas intensas, sofisticação dos processos
laborais, demandas de trabalho diferenciadas, busca por trabalhadores
qualificados e dinâmicos. Assim estréia o mundo do trabalho no século XXI.
A sensação é a de que o tempo dura menos tempo. Mais do que no
passado, a meta é alcançar melhores resultados com maior eficiência e
eficácia, é obter bons desempenhos com menor esforço e menos desgaste
para as organizações e para os trabalhadores, ou seja, a meta é alinhar
trabalho com quem é mais capaz de realizá-lo. Existem pelo menos duas
grandes formas de promover o aumento do desempenho no trabalho: por
meio de um bom processo seletivo ou por meio de ações de treinamento e
desenvolvimento do candidato admitido (Hilliard, 2000).
Esse cenário induz as organizações a atribuir cada vez mais
importância ao papel dos sistemas seletivos na escolha dos seus
profissionais. Para eles, é designada a tarefa de buscar os candidatos que
melhor possam cumprir o que está previsto nos cargos a serem ocupados.
Aos sistemas de seleção cabe a tarefa de otimizar a relação entre esforço
demandado pelo trabalho e o desempenho esperado pela organização. A
seleção de um candidato com mais conhecimentos e habilidades, pode
diminuir o custo da organização com programas de treinamento e
capacitação, além de oferecer funcionários com mais facilidade de
aprendizagem das tarefas que precisam ser desempenhadas e/ou que
cometem menos erros (Salgado, 2000). Assim, o sistema de seleção deveria
lançar mão de instrumentos de medida que estivessem relacionados com o
desempenho esperado ou mesmo que pudessem predizer o comportamento
do candidato no ambiente de trabalho.
No âmbito da administração pública brasileira, desde a Constituição
Federal de 1988, os processos seletivos ocupam também a importância de
9
assegurar o acesso aos cargos e empregos públicos por meio de concurso
público de provas e títulos. Nesse contexto, o concurso público surge como
uma forma de processo seletivo imparcial, revestido dos princípios da
legalidade, da moralidade e da impessoalidade impedindo que os candidatos
sejam reféns da arbitrariedade e do abuso de poder da Administração. Ou
seja, o concurso público é para a sociedade brasileira, assim como para a
própria administração pública, a garantia de democratização do acesso aos
cargos e empregos públicos por meio da imparcialidade e da legalidade.
Na literatura internacional, muitos estudos sobre processos seletivos
enfocando as mais diversas características foram publicados nos últimos 10
anos. Em decorrência da importância que o modelo dos Cinco Grandes
Fatores de Personalidade (Big Five) adquiriu, os estudos sobre validade
preditiva enfocando o Big Five ocuparam boa parte das publicações
(Connolly, Kavanagh & Viswesvaran, 2007; Ones & Viswesvaran, 1998).
Entretanto, a discussão sobre o poder de predição dos testes cognitivos
também teve destaque entre as publicações da área. Os resultados da meta-
análise realizada por Dye, Reck e McDaniel (1993) indicaram elevado grau
da validade preditiva dos testes de conhecimento e ainda grande
possibilidade de generalização desse resultado. Ao analisarem o valor de
predição dos testes em função da sua similaridade com a tarefa e com a
complexidade do trabalho, os autores encontraram que à medida que os
testes de conhecimento apresentam maior semelhança com a tarefa em que
o empregado é avaliado, maior é o poder de predição do instrumento de
seleção. Além disso, foram observados melhores índices de predição
quando os desempenhos foram avaliados em atividades mais complexas.
Este resultado pode estar relacionado ao fato de atividades mais complexas
naturalmente exigirem mais conhecimentos dos candidatos (Dye, Reck &
McDaniel, 1993).
Apresentando dados de uma meta-análise européia, Bertua,
Anderson e Salgado (2005) apontam resultados promissores sobre a
validade preditiva de testes de habilidades cognitivas gerais e específicas
10
(raciocínio numérico, verbal, espacial). Os autores tomam como referencial
de estudo das habilidades cognitivas a proposta de que esse é um construto
hierarquizado, ou seja, que teria um centro mais amplo (habilidades gerais
ou fator g) que gerencia aspectos mais específicos da cognição (habilidades
específicas). Os trabalhos analisados pelos autores também levam à
conclusão de que o poder de predição das habilidades cognitivas está
associado à complexidade da tarefa. Entretanto, com exceção dos testes de
capacidade perceptual, as habilidades gerais o melhores preditores de
desempenhos e sucessos no treinamento do que as demais habilidades
específicas. Resultados muito semelhantes também foram encontrados na
revisão de Carretta e Ree (2000), em que os autores encontraram que
quase toda validade preditiva dos testes cognitivos advém da habilidade
cognitiva geral (g). Nessa revisão, a habilidade psicomotora foi estudada e
encontrou-se que o fator g também é uma das fontes de validade
psicomotora.
A discussão sobre quais são os melhores preditores de desempenho
é tão extensa quanto o debate sobre o uso de preditores mais gerais versus
específicos. Em um estudo com gestores de departamentos da polícia na
Alemanha, Krause, Kersting, Heggestad e Thornton III (2006) tiveram o
interesse de comparar o poder de predição dos testes de habilidade
cognitiva e o conjunto de avaliações específicas de centros de seleção. Os
resultados indicaram que as avaliações específicas (que nesse caso foram
as habilidades gerenciais) apresentaram um importante papel de predição,
mesmo após o controle da pontuação nos testes de habilidade cognitiva.
Krause e cols. (2006) utilizaram para mensurar desempenho no seu estudo,
apenas as notas finais do curso na academia de polícia e não os indicadores
de desempenho no trabalho dos gestores dos departamentos de polícia.
Encontrar estudos que comparam as variáveis preditoras de desempenho no
treinamento e no trabalho é bastante comum na literatura internacional
(Bertua, Anderson & Salgado, 2005; Carretta & Ree, 2000; Dye, Reck &
McDaniel, 1993).
11
Toda essa discussão sobre quais seriam os melhores preditores de
desempenho no trabalho pode, de certo modo, ser sintetizada pela teoria
proposta por Sonnentag e Frese (2002). A partir de uma análise sistemática
de estudos publicados especialmente na década de 1990 sobre
desempenho no trabalho, os autores separam desempenho (característica
individual) de resultado (característica organizacional) e identificam três
perspectivas para estudar o fenômeno no nível individual. Desse modo, os
preditores de desempenho iriam variar de acordo com a perspectiva de
desempenho adotada pelo pesquisador. Se o desempenho é observado do
ponto de vista das diferenças individuais, o objetivo é responder quais
indivíduos apresentam melhor desempenho e seus indicadores estariam
relacionados à habilidade cognitiva, à motivação, à personalidade e, ainda, à
experiência profissional. Se a perspectiva de estudo do desempenho é
situacional, o objetivo é responder em quais situações os indivíduos
apresentam melhor desempenho e seus indicadores estariam associados às
características do trabalho, ao papel dos elementos estressores e às
restrições do contexto. Quando o desempenho é estudado pela perspectiva
situacional, os indicadores estão relacionados às características de um
construto bastante estudado na literatura nacional, que é a percepção de
suporte no contexto de trabalho (Abbad, 1999; Pilati, 2004; Meneses, 2007;
Pantoja, 2004; Ribeiro, 2005; Zerbini, 2007).
A terceira perspectiva de análise do desempenho proposta por
Sonnentag e Frese (2002) é de regulação do desempenho em que a
questão central é entender como o processo de desempenho ocorre, ou
seja, identificar o que está acontecendo quando alguém está
desempenhando. Nesse caso, os preditores estariam relacionados aos
fatores processuais envolvidos na ação e à adequação do nível hierárquico
entre desempenho e complexidade da tarefa. Os conceitos e perspectivas
teóricas de desempenho propostos pelos autores voltarão a ser discutidos
no próximo capítulo na Seção 2.2 sobre desempenho no trabalho.
12
Mesmo ao se destacar apenas os artigos que tratam do valor
preditivo dos testes utilizados em seleção, é elevado o número de meta-
análises encontrado na literatura internacional. Apesar da importância e
pertinência que o tema apresenta na atualidade, pouco se tem estudado, no
Brasil, sobre o valor preditivo dos testes utilizados nos processos de seleção
de pessoas, tomando o desempenho no trabalho como variável critério.
Além de serem significativamente em menor volume do que as publicações
internacionais, as publicações nacionais se dedicam apenas ao estudo da
avaliação psicológica. Pouquíssima atenção tem sido despendida à
investigação dos testes de conhecimentos utilizados em seleção e a como
os escores obtidos nesses testes se relacionam com o desempenho no
trabalho do candidato selecionado. Ainda assim, o Estado e a iniciativa
privada frequentemente utilizam esses testes em concursos públicos e
outros processos seletivos internos e externos.
É nesse sentido que se insere a presente pesquisa, como uma
tentativa de contribuir para preencher uma lacuna preocupante e oferecer
melhores respostas tanto aos gestores quanto aos profissionais que
trabalham com seleção de pessoal. Considerando o estudo do desempenho
no trabalho a partir da perspectiva cognitivo-comportamental no nível
individual de análise, o objetivo geral da presente pesquisa é verificar em
que medida os resultados alcançados nos testes de conhecimento utilizados
em seleção profissional são preditores do desempenho no trabalho. Embora
seja discutida mais adiante a testagem de um modelo empírico, é importante
ressaltar que este trabalho não tem como pretensão propor um modelo de
avaliação de desempenho no trabalho. O modelo é proposto apenas com o
intuito de testar o valor preditivo dos testes de conhecimentos, tendo em
vista a relevância que ocupam nos processos seletivos. Desse modo, para
tentar extrair conclusões mais fidedignas sobre o valor preditivo desses
testes, outras variáveis serão incluídas no modelo de predição
principalmente com o objetivo de controlar alguns influenciadores do
13
desempenho no trabalho. Por essa razão, será necessário discutir um
quadro teórico básico sobre desempenho no trabalho.
Será realizada no Capítulo 1 uma revisão dos estudos realizados em
seleção de pessoas nos últimos 10 anos, buscando enfatizar aqueles relatos
que tiveram a validade preditiva e o desempenho no trabalho como tema de
pesquisa (Seção 1.1). Na seqüência, se dada atenção à discussão
conceitual sobre desempenho no trabalho (Seção 1.2) e, considerando os
resultados da revisão da literatura, serão definidas e discutidas suas
principais variáveis influenciadoras (Seção 1.3), a saber, características
individuais (com um tópico especial para motivação) e contextuais
(mensuradas pela percepção de suporte organizacional). São realizadas no
Capítulo 2 algumas considerações metodológicas que subsidiaram o
delineamento desta pesquisa, bem como as decisões metodológicas que
foram tomadas durante a sua realização. Assim, são apresentadas de forma
sucinta, nesse capítulo, as características essenciais do método científico
(Seção 2.1) e o papel da teoria da medida para o seu desenvolvimento
(Seção 2.2).
Os objetivos (geral e específicos) da pesquisa, bem como o modelo
de pesquisa que setestado, será ressaltado no Capítulo 3, onde também
serão apresentadas as definições das variáveis que compõem o modelo e as
hipóteses que serão investigadas. O método utilizado para alcançar os
objetivos será apresentado no Capítulo 4. No Capítulo 5, os resultados
encontrados estão agrupados em dois estudos. No Estudo I (Seção 5.1) são
apresentados os referentes à qualidade das medidas e atendimento dos
pressupostos exigidos para a realização das análises principais. No Estudo II
(Seção 5.2) são descritos os resultados encontrados para a relação entre as
variáveis envolvidas na pesquisa e para o modelo empírico testado. Na
sequência, esses resultados são discutidos no Capítulo 6 à luz de outros
encontrados na literatura e do modelo teórico adotado para o
desenvolvimento da pesquisa. Por fim, no Capítulo 7 são feitas algumas
14
considerações finais que discutem as limitações dessa pesquisa e o que
pode ser pontuado para uma agenda de trabalhos futuros.
15
1 Revisão da literatura
A busca por refinamentos nos processos seletivos tem sido vista
como uma das possibilidades mais eficientes de otimizar o desempenho do
indivíduo no trabalho uma vez que propicia, antecipadamente, uma maneira
de melhor alinhar as características dos indivíduos com as características da
tarefa a ser desempenhada (Salgado, 2000; Sonnentag & Frese, 2002). Um
processo seletivo pode ser capaz de diminuir os custos das organizações
com programas de treinamento e desenvolvimento de pessoas. Diversos
modelos de processos de seleção de pessoas têm sido estudados levando
em consideração seu valor preditivo em relação ao desempenho no trabalho.
Com vistas a delimitar o escopo da pesquisa e estruturar o modelo
de investigação deste estudo, foi realizada uma revisão da literatura sobre
seleção de pessoas, desempenho no trabalho bem como algumas das suas
variáveis influenciadoras, a saber, suporte organizacional para o
desempenho, a motivação no trabalho e características demográficas. Para
a realização da revisão de literatura internacional sobre seleção de pessoas,
foram consultadas as bases de dados CSA Illumina, ISI Web of Knowledge
(incluindo Web of Science), Psycoinfo, e Scopus, disponíveis no portal da
Capes e ainda a base de acesso livre da SAGE Journals Online
1
. Os
estudos nacionais foram consultados no Scopus, Scielo e no Google
Acadêmico. Tendo em vista que o tema de seleção de pessoas faz parte da
edificação da Psicologia como disciplina científica, trata-se de um campo
bastante fértil em publicações. Desse modo, optou-se por buscar periódicos
científicos a partir da década de 1990 para contemplar parte do histórico do
desenvolvimento da área e, principalmente, seus avanços mais recentes.
Contudo, na base de dados SAGE Journals Online havia acesso livre
para as publicações a partir de 1999.
1
Essa base de dados ficou disponível para acesso livre no período de 30/09/2009 a 31/10/2009.
16
Frente aos inúmeros relatos disponíveis na literatura internacional,
optou-se por filtrar os artigos cruzando as palavras-chave personnel
selection, predictive validity e job performance. Por outro lado, a escassez de
relatos na literatura nacional não permitiu a busca com o cruzamento de
palavras-chave. Por isso, foram considerados todos os trabalhos que
continham pelo menos uma das seguintes expressões: recrutamento e
seleção de pessoas, processo seletivo, seleção de pessoal e validade
preditiva e desempenho no trabalho.
As buscas na literatura internacional resultaram no levantamento de
476 artigos e resumos e ainda cinco teses de doutorado. O acesso e
consulta a esses trabalhos levou a um filtro de 75 estudos diretamente
relacionados ao tema ora abordado (validade preditiva da seleção e
desempenho no trabalho) e revelou algumas linhas de pesquisas
consolidadas no exterior. Nos Anexos I e II são apresentados quadros-
resumo com descrição sucinta desses trabalhos, seus autores e periódicos
em que estão publicados, respectivamente no exterior e no Brasil. A seguir
serão descritos os principais resultados encontrados sobre essa revisão,
tanto no âmbito internacional quanto no nacional.
1.1 Seleção de pessoas um breve relato histórico e uma
descrição de estudos mais recentes
O uso de “pistas” para tomar decisões e classificar pessoas se
tornou muito comum em todas as culturas. Em todos os países existem
processos de selecionar pessoas para ocupações (Salgado, 2000). Esse
autor comenta que a “seleção de pessoas, em Psicologia, tem um grande
passado, mas uma curta história” (p. 191). Como disciplina científica, a área
de seleção data apenas do início do século XX, quando começou o interesse
pela seleção das melhores pessoas para o trabalho. O interesse estava
relacionado com o desenvolvimento da Psicologia como ciência aplicada,
17
com o desenvolvimento de métodos e procedimentos de avaliação e com o
começo dos estudos sobre validade de critério. Tratava-se realmente de um
clima fértil para o desenvolvimento científico em Psicologia, visto que Wundt
havia fundado o primeiro laboratório de Psicologia experimental em 1879, ou
seja, no final do século XIX.
Muitos psicólogos do trabalho e organizacionais acreditam que Hugo
Münstenberg foi o pai da seleção científica de pessoas. Ele publicou em
1912, em Leipizg (Alemanha), o livro intitulado Psychologie und
Wirtschaftsleben: Ein Beitrag zur angewadten Experimental-Psychologie que
foi traduzido para o inglês com o título de Psychology and Industrial
Efficiency e publicado em Boston no ano de 1913. Münstenberg, antes da
publicação do livro, fez experimentos na Europa sobre seleção de pessoas.
Em 2001 J. F. Salgado publica o artigo de abertura no segundo
número do International Journal of Selection and Assessment dedicado a
homenagear a história desse campo de pesquisa. Em um texto que inclui
eventos, contribuições teóricas e avanços metodológicos que consolidaram
a seleção de pessoas como uma disciplina científica, o autor volta a afirmar
que, como domínio aplicado da Psicologia Organizacional e do Trabalho, a
seleção de pessoas tem pouco mais de 100 anos de história. Segundo o
autor, na primeira metade do século XX, duas tradições „científicas‟ de
seleção de pessoas co-existiram. A primeira delas foi desenvolvida na
Europa por pesquisadores com orientação psicotécnica e a segunda esteve
na América do Norte. Contudo, nos últimos 50 anos do século XX foi
diferente: a pesquisa americana foi dominante e sua influência tem marcado
a atual situação, especialmente nos últimos 30 anos.
De fato, como resultado das buscas da presente pesquisa
bibliográfica, dos trabalhos encontrados na literatura internacional
relacionados à validade preditiva dos instrumentos de seleção de pessoas,
apenas 11 não estão em periódicos norte-americanos e encontram-se
distribuídos em periódicos da Alemanha, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Nova
Zelândia e Canadá. De uma maneira geral, uma predominância de
18
estudos publicados nos periódicos americanos International Journal of
Selection and Assessment, Personnel Psychology e Journal of Applied
Psychology e ainda na área de Educação. Tirre e Field (2002) publicaram no
Educational and Psychological Measurement um estudo utilizando a
modelagem de equações estruturais para confirmar a existência de um fator
g em uma bateria de testes tradicionalmente utilizada em processos
seletivos nos EUA a Ball Aptitude Battery (BAB) e também em avaliações
em contextos de trabalho cujo foco é o desenvolvimento de carreira.
Entre os periódicos europeus destaca-se o Journal of Occupational
and Organizational Psychology que publicou a meta-análise britânica sobre a
validade preditiva de testes de habilidades cognitivas gerais e específicas
em que Bertua, Anderson e Salgado (2005) encontram resultados
promissores para ambas. Este é um dos poucos trabalhos que recentemente
se destina ao estudo do uso dos testes cognitivos em seleção de pessoas. A
maior parte dos trabalhos que abordou o valor preditivo dos testes de
conhecimentos, inteligência ou de raciocínio lógico foram publicados entre
1990 e 2000.
O culo XXI é, até agora, marcado por trabalhos que se dedicam a
estudar o valor preditivo dos instrumentos de personalidade utilizados nos
processos seletivos em relação ao desempenho no trabalho. Nesse cenário,
o Big Five é o instrumento mais recorrente utilizado nos artigos, com
destaque para os fatores de abertura à mudança e conscienciosidade como
sendo os que melhor predizem o desempenho no trabalho. Pelo menos 29
trabalhos abordaram esse tema.
A divulgação internacional é tão intensa que, no período de pesquisa
considerado, foram encontradas 17 meta-análises sobre o valor preditivo dos
instrumentos utilizados em seleção de pessoas. Entre elas é possível
observar a recente publicação de Morgeson, Campion, Dipboye, Hollenbeck,
Murphy e Schmitt (2007), que fazem um alerta para o baixo valor preditivo
dos auto-relatos de personalidade, embora eles tenham sido amplamente
19
utilizados nos processos seletivos dos anos 1990
2
. Tett e Christiansen
(2007) publicaram no número seguinte da Personnel Psychology uma
resposta a Morgeson e cols. (2007) argumentando a favor dos testes de
personalidade.
Além dos testes cognitivos e de personalidade, o estudo do valor
preditivo das entrevistas foi amplamente realizado cerca de 15 artigos
trataram desse tema. Em trabalhos como o de Reeve, Vickers e Horton
(1993), que estudaram validade preditiva de entrevistas estruturadas e do
16-PF na seleção de anestesistas, os resultados o positivos. Por outro
lado, no relato de Krajewski, Goffin, McCarthy, Rothstein e Johnston (2006),
em que foi realizada uma comparação entre as entrevistas estruturadas para
gerentes e seus comportamentos anteriores como elementos preditores do
desempenho, os resultados apontaram para a não predição das entrevistas.
Os artigos de McCarthy e Goffin (2001) e Puplampu, Lewis e Hogan (2003)
que abordaram o valor preditivo das cartas de recomendação e de referência
dos candidatos utilizadas nos processos de seleção. Enquanto McCarthy e
Goffin (2001) encontraram resultados positivos para o uso das cartas de
recomendação na seleção de militares, Puplampu, Lewis e Hogan (2003)
não encontraram relação entre o desempenho do empregado e suas
referências indicadas no processo seletivo.
No contexto militar é possível encontrar diversos trabalhos que
procuram estudar quais variáveis interferem no desempenho desse público e
podem ser ponderadas no processo seletivo (Detrick, Chibnall & Luebbert,
2004; Detrick & Chibnall, 2008; Forero, Gallardo-Pujol, Maydeu-Olivares &
Andrés-Pueyo, 2009; Sellbom, Fischler & Ben-Porath, 2007; Metchik, 1999;
Varela, Boccaccini, Scogin, Stump & Caputo, 2004). Em geral, tais estudos
centram-se em compreender como variáveis pessoais (traços de
2 Essa informação de Morgenson e cols. (2007), que é aparentemente paradoxal com os resultados da presente
pesquisa bibliográfica, na verdade explica o grande número de trabalhos sobre o uso de testes de personalidade
em processos seletivos publicados a partir dos anos 2000. Tendo em vista que os trabalhos relatam a relação de
predição entre os testes de personalidade e o desempenho no trabalho, é de se esperar que exista um tempo entre
a seleção do candidato e o início das suas atividades em ambiente de trabalho.
20
personalidade, de tolerância ao estresse, de idade) podem predizer o
desempenho de policiais.
Além das variáveis antecedentes citadas anteriormente, a literatura
internacional oferece diversos relatos sobre o valor de predição dos dados
biográficos dos candidatos e sobre a relação entre motivação e desempenho
no trabalho, sugerindo que o conhecimento deste último, também pudesse
ser investigado durante a seleção (ver Corr & Gray, 2003). A utilização dos
dados biográficos é comentada nos trabalhos de Bosshardt, Carter, Gialluca,
Dunnette e Ashworth (1992) e Cook e Taffler (2000) em que ambos sugerem
uma melhor utilização dessas variáveis para que possam predizer o
desempenho no trabalho. Na Seção 1.3 esse tema será melhor explorado
por meio da descrição de estudos que utilizaram as características
demográficas em modelos de predição.
De uma maneira geral, os resultados do mapeamento realizado com
a revisão da literatura internacional podem ser sumarizados com a meta-
análise de Sackett e Lievens (2008). Nela, os autores fazem uma varredura
dos trabalhos publicados desde a revisão de Hough e Oswald (2000),
enfocando a aprendizagem propiciada pelos métodos de seleção, ou seja,
como a compreensão sobre seleção e sobre a capacidade de escolher
efetivamente tem se modificado ao longo dos anos. Sackett e Lievens (2008)
discutem, por exemplo, como o Big Five ganhou importância na predição do
desempenho no trabalho e ocupou o lugar dos testes cognitivos utilizados
em seleção. Mostram ainda como os artigos se confundem ao argumentar
sobre o uso de entrevistas e dados biográficos para selecionar pessoas.
Assim como foi encontrado em diversos trabalhos listados no Anexo
I, Sackett e Lievens (2008) chamam a atenção para a utilização da variável
critério “desempenho” no estudo do valor preditivo de variáveis utilizadas em
seleção de pessoas. Os autores argumentam que o uso de indicadores
situacionais, mais específicos e mais próximos do que é esperado na
realização da atividade laboral, favorecem a confiabilidade dos resultados.
Chen e Nanquim (2006), embora reconheçam o papel dos centros de
21
avaliação na predição de desempenho, argumentam que o estabelecimento
de validade de construto ainda não foi resolvido e propõem um modelo
integrado de avaliação de competência para ser utilizado no processo
seletivo, que se aproximaria mais do desempenho esperado pela
organização. Discussões semelhantes a essa aparecem no cenário nacional,
que se apresenta com outra configuração.
Também são numerosas as publicações nacionais no campo de
seleção de pessoas, como mostra o Anexo II, mas não com o mesmo perfil
dos estudos encontrados na literatura internacional. Grande parte das
publicações nacionais está voltada para a discussão de gestão de pessoas.
Os processos seletivos costumam aparecer apenas como um dos elementos
que tem influência nesse campo, mas não ganham tanto destaque nos
estudos. Também é bastante comum o tema da seleção de pessoas
aparecer em estudos que se propõem a discutir instrumentos para avaliação
de competências e suas relações com o desempenho no trabalho.
Um desses estudos é realizado por P. Caetano (2008) que sugere
um inventário para avaliação de competências pessoais no trabalho, o ICPT.
Em seu estudo, a autora apresenta um instrumento composto por itens que
avaliam duas dimensões, competência pessoal e falta de orientação para o
trabalho. A primeira delas descreve o indivíduo que possui iniciativa no
trabalho, busca informações e resolve problemas. A segunda refere-se ao
sujeito que não possui orientação para o trabalho, é irresponsável, inseguro,
tímido e intolerante. Apesar do trabalho de P. Caetano (2008) focar
estritamente no desenvolvimento e validação de construto do inventário, sua
agenda de pesquisa sugere que a medida seja utilizada em outros estudos
que busquem a validade preditiva em relação ao desempenho no trabalho.
Encontrados resultados positivos, o mencionado inventário poderia ser
incluído na fase de seleção de pessoas para diagnóstico, em função do que
é esperado por uma organização.
Nessa mesma direção está o trabalho de Bruno-Faria e Brandão
(2003). Nesse caso, os autores sugerem um instrumento com itens que
22
contemplam os conhecimentos, as habilidades e as atitudes dos
profissionais, formulados a partir das características específicas da
organização (chamadas de competências organizacionais). Esse inventário
(ou pelo menos a sua proposta geral), também poderia ser incluído entre os
métodos de seleção para auxiliar no mapeamento de sujeitos que tenham
competências mais alinhadas com o que espera uma determinada
organização. Porém, também carece de outros estudos que discutam a
validade preditiva dessa medida no desempenho no trabalho.
Souza, Correia, Paixão, Telles e Santos (2009) realizaram um
estudo exploratório-descritivo com abordagem qualitativa na área de
recursos humanos de duas empresas brasileiras, com o objetivo de verificar
a opinião do setor de Recursos Humanos (RH) acerca das dificuldades e dos
benefícios da utilização de técnicas associadas ao modelo de seleção por
competências. Os resultados encontrados por esses autores apontam como
aspectos positivos ressaltados pelos profissionais de RH, a objetividade da
demanda específica da vaga e a redução de custos (uma vez que a análise
precisa do perfil das competências diminui os erros) e a aderência à vaga
que possibilita esboçar detalhadamente o perfil apropriado dos candidatos
para as respectivas vagas. Como empecilhos foram indicados o tempo
disponibilizado para conciliar os procedimentos inerentes a esse modelo de
seleção face às vagas emergenciais, as expectativas dos requisitantes
acerca das competências desejadas e a formulação das perguntas feitas aos
candidatos para que possam captar a total sinceridade deles. Sobre esse
último aspecto, cabe ressaltar que a avaliação de competências nos
processos seletivos analisados foi realizada exclusivamente por meio de
entrevista comportamental.
Outras iniciativas no contexto nacional também buscaram mapear
competências de trabalhadores, como é o caso do trabalho de Luna e
Santos (2003). O trabalho dos autores teve como objetivo explorar e definir o
perfil do administrador requerido pelo mercado de trabalho e, ainda, levantar
as dificuldades em selecionar profissionais com o perfil mapeado. No mesmo
23
sentido, Vergelio e Vanalle (2003) adotam práticas semelhantes para
desenhar o perfil pessoal do engenheiro vigente no mercado de trabalho,
com a finalidade de alocar profissionais a cargos ou funções onde eles
poderão obter maior sucesso. Nota-se que, em ambos os casos, o processo
seletivo é tocado de maneira marginal, sendo apenas um elemento que pode
estar implicado nos objetos de estudo dos autores.
Em outros trabalhos, porém, a seleção de pessoas ocupa papel de
destaque, sendo o foco de estudo de diversos autores nos mais variados
contextos. É o caso do trabalho de Vieira, Lima e Pereira (2007) que
realizaram um estudo descritivo sobre as práticas de recrutamento e seleção
de pessoas no setor de hospedagem em Belo Horizonte. Como resultados
obtidos, os autores identificaram que as fontes de recrutamento nos hotéis 3
estrelas ainda são, prioritariamente, recomendação por funcionário e
consulta ao banco de currículos. Nos hotéis 4 e 5 estrelas e apart-hotéis, as
técnicas são um pouco mais diversificadas, com o uso de estágios em
convênios com escolas, além do recrutamento interno.
Segundo os pesquisadores, os processos seletivos nos apart-hotéis
e nos hotéis 4 e 5 estrelas contam com fontes consideradas modernas,
como análise de currículo, entrevista pessoal, teste de conhecimento e
dinâmica de grupo, enquanto que nos hotéis 3 estrelas, basicamente são
utilizadas análise de currículo e entrevista pessoal. Na conclusão do
trabalho, Vieira, Lima e Pereira (2007) reconhecem que quando se associam
a esses dados os requisitos desejáveis, observa-se que as técnicas evoluem
ou modernizam-se, mas ainda não se sabe exatamente o que elas irão
aferir.
O trabalho realizado por Thomaz (2006) também procura discutir a
eficiência de um método de seleção de pessoas em uma indústria do setor
petrolífero. Mais especificamente, a proposta do autor é apresentar o uso de
um modelo de apoio à decisão, denominado de multicritério, por meio do
Analytic Hierarchy Process (AHP). O intuito é desenvolver um modelo mais
eficiente de seleção que possa trazer redução de custos do processo
24
seletivo e de tempo de adaptação do novo empregado e, ainda, adequá-lo
melhor às estratégias da empresa. O AHP consiste em um método para
tomada de decisões complexas que agrega os elementos envolvidos nessa
situação em agrupamentos que podem ser hierarquizados. As hierarquias
podem ser divididas em três níveis: 1) o nível de estabelecimento da meta
da decisão; 2) o nível central onde são estabelecidos os fatores e subfatores
que interferem na decisão e; 3) o nível final da hierarquia onde são exibidas
as alternativas para a decisão.
Segundo o autor, a utilização do AHP se torna adequada em
seleção de pessoas quando são utilizadas informações quantitativas e
qualitativas no processo seletivo. Os resultados apresentados no estudo
mostraram a viabilidade de associar o AHP aos métodos tradicionais de
seleção e, dessa forma, promover um processo mais crítico para a seleção
de pessoal que ocorre de forma mais transparente e eficiente para todos os
envolvidos. Não obstante, o trabalho também não trás resultados sobre o
valor de predição desse método de seleção, ou seja, se os candidatos
selecionados por meio do AHP foram, de fato, aqueles que tiveram melhor
desempenho no trabalho.
Outros trabalhos também se dispuseram a apresentar reflexões
sobre os métodos empregados nos processos seletivos nos mais variados
contextos de comércio de bebidas e transportes (Nicoleti & Nazario, 2008),
de hospital psiquiátrico (Mazon & Trevizan, 2000), de agroindústrias (Araújo
& Dias, 2008) e até de estagiários para empresa Jr. (Santos, 2007). O ponto
em comum em todos eles é que se trata de trabalhos de cunho exploratório
que se propõem a fazer uma análise descritiva dos métodos empregados
nos processos seletivos por meio de entrevistas com o RH de cada
organização. Os autores costumam comparar seus resultados com as
recomendações de um determinado referencial teórico e em geral
descrevem falhas nos métodos utilizados pelas organizações. Contudo,
todos os estudos configuram-se apenas como análises descritivas dos
processos de seleção de pessoas.
25
Em um outro grupo de trabalhos estão aqueles que se propõem a
fazer reflexões sobre os processos seletivos atualmente realizados no
cenário nacional, mas relacionando tais práticas com temas como
desemprego (Ventura & Lechner, 2007), desenvolvimento do capital humano
(Custódio e Silva & Silva, 2008), cultura organizacional (Silva, Galindo &
Vilas Boas, 2006) ou ainda com a ideologia da gestão capitalista (Targa,
2006). Há também estudos que utilizam determinada abordagem teórica
para produzir reflexões sobre o processo de seleção de uma maneira geral.
É o caso de Santos, Franco e Miguel (2003), que analisam os processos
seletivos sob a ótica do behaviorismo radical, e de Parpinelli e Lunardelli
(2006), que fazem tal análise à luz da abordagem sistêmica, enfocando os
testes de avaliação psicológica.
Não obstante, quando se busca relatos sobre validade preditiva,
encontram-se na literatura nacional muitas publicações sobre o estudo de
validade dos mais diferentes testes, embora grande parte deles seja utilizada
em avaliações clínicas
3
. Entretanto, como pode ser constatado nas
descrições das pesquisas e nos demais estudos apresentados no Anexo II,
poucos trabalhos que enfocam o valor preditivo dos instrumentos utilizados
em seleção de pessoas foram encontrados.
Os três que efetivamente relatam estudos de validade preditiva,
consideram os testes psicológicos utilizados em seleção e foram publicados
por pesquisadores vinculados à Universidade São Francisco (São Paulo).
Pereira, Primi e Cobêro (2003) comentam sobre a validade preditiva de
testes utilizados em seleção de pessoal em 34 empresas multinacionais e
nacionais do estado de São Paulo. No trabalho, os autores relatam a falta de
entendimento dos recrutadores sobre o conceito de validade dos testes. Um
outro estudo foi publicado por Baumgartl e Primi (2006) em que são
apresentados os resultados sobre o valor preditivo das provas de raciocínio
em relação ao desempenho no trabalho, utilizando como critério o número
3 Esses estudos não foram relatados em virtude do objeto do presente projeto estar relacionado aos estudos que
primam pelo desempenho no contexto de trabalho como um dos parâmetros para a avaliação da validade dos
testes.
26
de acidentes de trabalho dos funcionários. Os resultados apresentados são
promissores para a bateria BPR-5. No terceiro estudo encontrado, Cobêro,
Primi e Muniz (2006) investigam a relação entre inteligência emocional
(MSCEIT), inteligência mensurada pelo BPR-5, personalidade (16-PF) e
desempenho profissional. Aqui, os resultados apontam baixa correlação
entre inteligência emocional e personalidade, bem como entre estas duas e
o BPR-5. Entretanto, indicam também que a faceta regulação das emoções
se correlaciona com o desempenho profissional.
Seja na amplitude de publicações da literatura internacional ou no
tímido cenário nacional, o estudo sobre a validade preditiva dos modelos de
seleção acompanha uma discussão importante sobre a mensuração do
parâmetro de predição, ou seja, sobre a mensuração do desempenho no
trabalho. Por esse motivo, serão apresentados a seguir alguns estudos que
abordaram esse tema, bem como o referencial teórico que será levado em
conta para o delineamento da presente pesquisa.
1.2 Desempenho no trabalho teoria, conceitos e resultados de
pesquisa
Além do número de pesquisas apresentadas no Anexo I que
recentemente levaram em conta o desempenho no trabalho como variável
critério em seus modelos de predição, Sonnentag e Frese (2002)
encontraram que aproximadamente a metade (54,8%) das meta-análises
presentes em 20 dos maiores periódicos da área de POT entre 1980 e 2000,
se referiam ao desempenho individual como o construto principal. Segundo
os autores, o grande número de publicações sobre desempenho certamente
está relacionado à sua importância dentro das organizações que precisam
do bom desempenho dos indivíduos para alcançar suas metas, entregar
produtos e serviços nos quais elas são especializadas e, finalmente, para
obter vantagem competitiva. Todavia, o desempenho também é importante
para o indivíduo. Bons resultados de desempenho, se reconhecidos pela
27
organização, além de serem uma fonte de satisfação e orgulho, podem ser
um importante pré-requisito para o desenvolvimento da carreira e o sucesso
no mercado de trabalho.
Apesar da grande relevância do desempenho individual no trabalho
e do uso generalizado deste como uma medida de resultado em pesquisas
empíricas, pouco esforço foi despendido no sentido de clarificar o conceito
de desempenho. Não obstante, existe certa concordância na literatura sobre
a necessidade de diferenciar a conceituação de desempenho em termos de
ação (ou seja, aspectos comportamentais) e aspectos de resultado (Guilford,
1973; Campbell, 1990; Campbell, McCloy, Oppler & Sager, 1993). Os
aspectos comportamentais se referem ao que um indivíduo faz no contexto
de trabalho, ou seja, comportamentos tais como montar as partes do motor
de um carro, vender computadores ou ainda realizar uma cirurgia cardíaca.
Os aspectos de resultados referem-se às conseqüências de
comportamentos dos indivíduos. Os comportamentos descritos podem trazer
resultados como número de motores montados, valores das vendas ou ainda
número de cirurgias bem sucedidas.
Em muitas situações, comportamentos e resultados se relacionam
empiricamente, mas eles não se sobrepõem completamente. Os resultados
de desempenho dependem também de outros fatores diferentes dos
comportamentos individuais (Campbell, 1990; Campbell & cols., 1993;
Sonnentag & Frese, 2002). Imagine-se, por exemplo, um vendedor no ramo
das telecomunicações que demonstra um desempenho medíocre na
interação com o cliente (aspecto comportamental do desempenho), mas
ainda assim apresenta elevados valores de venda (aspecto de resultado do
desempenho), porque naquele período em que realizava as vendas havia
alta demanda por telefones.
Campbell (1990) chama ainda a atenção para que desempenho seja
diferenciado de efetividade e produtividade. Efetividade refere-se à avaliação
de resultados de desempenho. No exemplo do vendedor de
telecomunicações, podemos observar que recompensar ou punir indivíduos
28
em termos de sua efetividade pode ser uma medida injusta e
contraproducente para a sobrevivência da organização. Como um indicador
de desempenho, a medida de efetividade é, por definição, uma medida
contaminada. Seria necessário conhecer as fontes de variação do
desempenho e as fontes de variação da efetividade. Em relação à definição
de produtividade, o autor ressalta que em geral refere-se à razão entre
efetividade e o custo para alcançá-la. Por exemplo, o mesmo número de
vendas pode ser alcançado com um menor custo em uma organização do
que em outra. Assim como os resultados, a produtividade total tem mais
componentes do que o desempenho do indivíduo.
Contudo, embora a avaliação comportamental esteja no cerne da
definição de desempenho, nem todo comportamento pertence ao conceito
de desempenho, mas apenas aqueles que de alguma forma se relacionam
com as metas organizacionais. Os capítulos de Campbell (1990) e Campbell
e cols. (1993) são bastante citados por Sonnentag e Frese (2002) e
direcionam a definição de desempenho não em termos da ação em si, mas
pelo julgamento e avaliação do processo: “desempenho é aquilo que a
organização admite alguém para fazer e faz bem(p. 40). Na prática, essa
característica conceitual torna difícil a descrição do aspecto comportamental
do desempenho sem que seja levado em conta algum aspecto de resultado
como parâmetro. Portanto, como nem todas as ações são consideradas no
desempenho, mas apenas aquelas que são relevantes para o alcance das
metas organizacionais, faz-se necessário um critério para avaliar em que
medida o desempenho individual vai ao encontro das metas organizacionais.
Por isso, é difícil imaginar como conceituar tal critério sem simultaneamente
considerar o aspecto de resultado do desempenho.
Nota-se, então, que apesar da concordância entre os autores de que
comportamento e resultado devem ser diferenciados no conceito de
desempenho, não uma concordância sobre o que pode ser nomeado de
“desempenho”. Na presente tese, o interesse recai sobre o estudo do
desempenho do ponto de vista do indivíduo e, portanto, será adotada a
29
perspectiva de Campbell (1990) e Campbell e cols. (1993) em que o
desempenho é compreendido à luz do aspecto comportamental. Desse
modo, serão abordadas algumas implicações teóricas e práticas
relacionadas ao estudo desse construto considerando-o como ações de
indivíduos no local de trabalho.
1.2.1 A dimensionalidade do conceito e a avaliação de
desempenho
Na década de 1990, aparece no trabalho de Campbell a primeira
tentativa de estruturar um modelo teórico para melhor compreender o
conceito de desempenho. Embora sua definição tenha sido proposta
anteriormente em outros trabalhos (por exemplo, em Campbell, Dunnette,
Lawler & Weick, 1970; Campbell, 1983; Campbell & Campbell, 1988) ou
mesmo por outros autores (Borman & Motowidlo, 1993; Dunnette, 1963a;
1963b; Wallance, 1965), o capítulo publicado no Handbook of Industrial and
Organizational Psychology trata da publicação de uma taxonomia para
estudar o desempenho. Para estruturar esse modelo, Campbell (1990) fez,
inicialmente, uma distinção entre componentes e determinantes de
desempenho e entre determinantes e preditores de desempenho.
A primeira distinção refere-se aos determinantes do desempenho.
As diferenças individuais em um componente específico de desempenho são
vistas como função de três determinantes principais, quais sejam:
conhecimento declarativo, conhecimento procedimental e habilidade e
motivação. O conhecimento declarativo é simplesmente o conhecimento
sobre fatos e objetos, como por exemplo, características gerais de um
equipamento. O conhecimento procedimental e a habilidade são observados
quando o conhecimento declarativo, ou o conhecimento sobre o quê fazer é
combinado satisfatoriamente com o conhecimento de como fazer. Habilidade
cognitiva, psicomotora, interpessoal ou de se auto-gerenciar são exemplos
deste tipo de conhecimento. Outro determinante direto do desempenho é a
30
motivação. O autor define esse construto como sendo o efeito combinado da
direção do esforço de um indivíduo, da amplitude desse esforço e do valor
que ele atribui ao esforço despendido.
É possível perceber que, no embasamento do modelo de
desempenho que começa a ser proposto por Campbell (1990), há certa
apropriação da taxonomia de aprendizagem proposta por Gagné (1985) e
também da teoria de motivação sugerida por Vroom (1964). Ao discutir sobre
as diferentes categorias de aprendizagem, Gagné apresenta a definição de
cinco tipos de habilidades (ou capabilities, conforme foi definido por ele):
habilidades intelectuais, informação verbal, estratégias cognitivas,
habilidades motoras e atitudes. O conhecimento declarativo e procedimental
aparecem nas definições das categorias informação verbal e habilidades
intelectuais, respectivamente. Ao se observar a aplicação dessa taxonomia
para o contexto de trabalho, nota-se que o conceito de desempenho começa
a ser bastante relacionado com o conceito de desenvolvimento de
competência. Nesse mesmo sentido, no que se refere à definição do
determinante motivacional do desempenho proposto por Campbell, observa-
se forte relação com a teoria da motivação através da expectância de Vroom
(1964). Segundo este autor, a motivação humana pode ser compreendida
por meio da combinação de instrumentalidade, importância e expectativa
atribuída ao esforço do indivíduo no trabalho.
Relacionando esses conceitos, Campbell comenta em um primeiro
momento que o baixo desempenho de um indivíduo pode ser resultado da
falta de conhecimento sobre determinada tarefa, pela falta de saber usar
esse conhecimento ou ainda pela ausência de vontade de se mobilizar para
realizar a tarefa. Mais adiante, ao definir o desempenho em termos
comportamentais, Campbell (1990) acrescenta outros elementos que
influenciam o desempenho do indivíduo no trabalho e propõe uma taxonomia
para a compreensão desse construto, definindo oito componentes (ou
fatores), conforme descrito a seguir.
31
Proficiência em uma tarefa específica. Trata-se do grau com que
um indivíduo pode realizar adequadamente as tarefas centrais de seu
trabalho.
Proficiência em uma tarefa não-específica. Refere-se aos
comportamentos de um indivíduo no trabalho o especificados, ou seja,
que não são prescritos.
Proficiência em comunicação oral e escrita. Reflete a dimensão
do desempenho de trabalhos que requerem do indivíduo apresentações
orais ou escritas para grandes audiências ou leitores.
Demonstração de esforço. Refere-se à observação de esforço
diário no trabalho e ao grau com que o indivíduo despende esforço extra e
ainda ao grau com que ele está disposto a manter esse esforço em
condições adversas.
Manutenção de disciplina pessoal. Caracteriza o grau com que
comportamentos negativos tais como o uso de álcool e substâncias
abusivas, infrações de regras ou leis ou absenteísmo elevado ocorrem.
Facilitação do desempenho de pares e equipes. Reflete o grau
com que o suporte oferecido pelo indivíduo no trabalho ajuda seus pares ou
sua equipe de trabalho na solução de problemas. Também refere-se ao grau
de comprometimento do indivíduo com as metas do seu grupo de trabalho e
ainda a como ele facilita o funcionamento do seu grupo sendo um bom
modelo, mantendo o grupo direcionado para as suas metas e reforçando a
participação de outros membros.
Supervisão. Inclui todos os comportamentos direcionados a
modificar o desempenho dos subordinados por meio de relação interpessoal
e influência. Diferentemente do fator anterior, esta dimensão é típica de
indivíduos que ocupam cargos de liderança.
Gerenciamento/Administração. Este componente pretende incluir
elementos maiores no gerenciamento que são independentes de supervisão
direta. Este fator inclui comportamentos direcionados para articulação de
32
metas para uma unidade ou departamento, organização de pessoas ou
recursos de trabalhos para elas.
Partindo dessas dimensões de Campbell (1990), Neal e Griffin
(1999) e, mais recentemente, Sonnentag e Frese (2002), argumentam que o
conceito de desempenho pode ser distinguido em duas facetas, a saber,
desempenho voltado para tarefa e para o contexto. A primeira delas,
desempenho voltado para tarefa, refere-se à maneira com que as atividades
desempenhadas pelos indivíduos podem contribuir com as questões
técnicas da organização. Essa contribuição pode ser tanto direta (como é o
caso de trabalhadores voltados para produção) ou indireta (como é o caso
dos gestores). O desempenho voltado para a tarefa também é um construto
multidimensional cujos componentes poderiam ser identificados em cinco
fatores do modelo proposto por Campbell (1990): 1) proficiência em tarefa
específica de um trabalho; 2) proficiência em tarefa não-específica de um
trabalho; 3) proficiência em comunicação escrita e oral; 4) supervisão; 5)
gestão/administração. Cada um desses fatores compreende um número de
subfatores que podem variar entre diferentes trabalhos. Por exemplo, o fator
gestão/administração compreende subdimensões tais como planejar e
organizar ou guiar, direcionar e motivar subordinados, fornecer feedback e
manter os outros informados.
A segunda faceta, desempenho contextual, refere-se às atividades
que não contribuem para os aspectos técnicos, mas estão incluídas no
suporte da organização, no ambiente social e psicológico nos quais as
metas organizacionais estão sendo buscadas. Desempenho contextual inclui
não apenas comportamentos tais como ajuda aos colegas da organização
ou bem estar dos seus membros, mas também, fazer sugestões sobre como
melhorar procedimentos de trabalho. Para Sonnentag e Frese (2002), é
possível diferenciar dois tipos de desempenho contextual: comportamentos
que visam, sobretudo, o bom funcionamento da organização, uma vez que
referem-se ao momento presente, e a comportamentos pró-ativos, que
33
visam a mudança e refinamento de processos laborais e organizacionais. A
“estabilidade” do desempenho contextual inclui comportamento de cidadania
organizacional com seus cinco componentes: 1) altruísmo, 2)
concienciosidade, 3) virtude cívica, 4) alguns aspectos de espontaneidade
organizacional (tais como ajudar colegas e proteger a organização) e 5)
comportamento organizacional pró-social. Os comportamentos pró-ativos
incluem iniciativa pessoal, voz e assumir responsabilidade. Desse modo, o
desempenho voltado para o contexto não é um conjunto de comportamentos
uniformes, mas um construto multidimensional.
Em resumo, basicamente três pressupostos o associados na
diferenciação entre desempenho voltado à tarefa e ao contexto, a saber: 1)
atividades relevantes para o desempenho na tarefa variam entre os tipos de
trabalho, ao passo que as atividades de desempenho contextual o
relativamente semelhantes entre os tipos de trabalho; 2) desempenho
voltado para a tarefa é relacionado à habilidade, enquanto que desempenho
contextual é relacionado à personalidade e à motivação; 3) desempenho
voltado para a tarefa é mais prescrito e constitui comportamento esperado
de uma tarefa, enquanto que desempenho contextual é mais flexível e
menos estrito. Além de serem construtos que podem ser facilmente
distinguidos no nível abstrato, os autores argumentam que existem também
muitas evidências de que esses dois conceitos podem ser separados
empiricamente.
Em face de todos esses elementos conceituais que permeiam a
compreensão do desempenho no trabalho, uma questão fundamental está
na mensuração desse construto. Ela está estreitamente relacionada à
avaliação do desempenho nas organizações (A. Caetano, 1996; Abbad &
Borges-Andrade, 2004). Conforme já foi discutido na taxonomia proposta por
Campbell (1990), ao propor a mensuração desse construto observa-se que
diversos autores tocam novamente na interface desse conceito com a
expressão de competência no trabalho (ver, por exemplo, Abbad & Borges-
34
Andrade, 2004; Brandão 2009; Brandão & Guimarães, 2001; Carbone,
Brandão, Leite & Vilhena, 2005).
A principal questão levantada na mensuração do desempenho é que
a aplicação de conhecimentos, habilidades e atitudes no trabalho (os CHAs,
componentes que constituem a competência) resulta em desempenho no
trabalho, com possíveis reflexos nos resultados organizacionais. Dessa
forma, o desempenho representaria uma manifestação das competências
dos indivíduos, expressas em razão dos comportamentos que o indivíduo
adota no trabalho e de resultados decorrentes (Gilbert, 1978).
Ao se propor a avaliação de desempenho no ambiente
organizacional, o objeto principal está em aferir o trabalho que o empregado
executa e que lhe é atribuído em razão de processos, objetivos e metas
organizacionais (Brandão & Guimarães, 2001). Assim, em consonância com
o que é proposto por Sonnentag e Frese (2002), avaliar desempenho implica
observar o comportamento das pessoas no trabalho, os resultados advindos
desse comportamento e compará-lo com o que era esperado pela
organização (A. Caetano, 1996).
pelo menos duas formas de lidar com as avaliações de
desempenho no trabalho. Uma delas é compreender a avaliação como um
processo que objetiva promover o desenvolvimento das pessoas e fornecer
feedback sobre seu desempenho no trabalho. A outra é observá-la como um
mecanismo para exercer pressão e controle psicossocial sobre os
trabalhadores (Brandão, 2009; A. Caetano, 1996). Ao direcionar o olhar para
a primeira perspectiva, pode-se observar que a avaliação do desempenho
no trabalho tem o potencial de subsidiar decisões organizacionais, em
especial no que concerne à gestão de pessoas (Carbone & cols. 2005).
Assim, os resultados da avaliação de desempenho poderiam ser utilizados
para identificar necessidades de treinamento e desenvolvimento, decidir
quanto à concessão de promoções e recompensas e ainda auxiliar nas
alocações de pessoal (Robbins, 2002).
35
No que concerne aos meios utilizados para aferir o desempenho dos
indivíduos no trabalho, A. Caetano (1996) e Robbins (2002) descrevem que
diferentes métodos e instrumentos (incidentes críticos, avaliação por
objetivos, escolha forçada, escalas gráficas de classificação e escalas
comportamentais, entre outros) surgiram e foram aprimorados ao longo das
últimas décadas. De acordo com o primeiro autor, uma mudança
especialmente relevante diz respeito aos envolvidos na avaliação. Os
métodos evoluíram de modelos unilaterais, onde os subordinados eram
avaliados em uma via descendente pelo seu superior, para modelos que
envolvem mais de uma fonte de informação (por exemplo, auto e hetero-
avaliação, com pares ou ainda avaliação 360º).
Embora a avaliação dos resultados organizacionais também possa
ser feita a partir de indicadores comportamentais de desempenho, o
referencial teórico apresentado até aqui propõe uma distinção clara entre
esses dois níveis. Enquanto os indicadores de desempenho organizacional
preocupam-se fundamentalmente com o resultado, produto ou serviço
gerado pela organização, os de desempenho de equipes e de indivíduos
voltam-se para o comportamento necessário para produzir tais produtos ou
serviços (Sonnentag & Frese, 2002). Uma grande implicação desta
diferenciação entre resultado e desempenho individual é a compreensão
sobre os fatores que predizem o desempenho em cada um dos níveis de
análise.
Considerando essa distinção conceitual e buscando reorganizar o
modelo de Campbell (1990), Sonnentag e Frese (2002) discutem os
preditores de desempenho no trabalho. Ao retomarem o desempenho como
um conjunto de ações empreendidas pelo indivíduo que podem ser
caracterizadas como desempenho contextual e desempenho voltado para
tarefa, os autores advogam que tais facetas são preditas por variáveis
individuais diferentes. As habilidades e competências tendem a predizer
mais o desempenho voltado para a tarefa. Personalidade e fatores
relacionados tendem a predizer mais desempenho contextual. Entretanto,
36
aspectos específicos de desempenho contextual, tais como iniciativa, têm se
mostrado mais preditos por habilidades e fatores motivacionais.
1.2.2 Os preditores de desempenho do indivíduo no trabalho
Para melhor compreender os preditores de desempenho, Sonnentag
e Frese (2002) propõem que desempenho seja observado por meio de três
perspectivas: 1) das diferenças individuais (como habilidades mentais gerais,
personalidade) como fonte de variação do desempenho; 2) dos aspectos
situacionais como facilitadores e dificultadores para o desempenho e; 3) de
regulação do desempenho. Estas perspectivas não são mutuamente
excludentes, mas enfocam o desempenho por diferentes ângulos, uma
complementando a outra. A Figura 1.1 apresenta uma visão geral dessas
perspectivas relacionando: as questões centrais de investigação, os
preditores fundamentais e as implicações práticas.
37
Figura 1.1 Visão geral das perspectivas em desempenho. Adaptada de Sonnentag e Frese
(2002).
Com relação à primeira perspectiva, o interesse maior está em saber
quais são os indivíduos que apresentam melhor desempenho. Para
responder a essa demanda, Sonnentag e Frese (2002) apresentam uma
análise de diversos estudos que apontaram para importantes preditores de
desempenho. Nessa análise, os autores encontraram que, quando o
desempenho é mais relacionado às tarefas específicas, a habilidade
cognitiva aparece como um forte preditor de desempenho. O pressuposto
desse argumento é de que sujeitos com alta habilidade cognitiva teriam mais
facilidade de adquirir conhecimentos e habilidades sobre o trabalho e,
conseqüentemente, melhor impacto haveria nos seus desempenhos. Se por
um lado a habilidade cognitiva está mais relacionada à predição de
desempenho voltado para tarefa, os traços de personalidade são fortes
Pergunta central
Quais indivíduos
desempenham melhor?
Pressupostos e
achados fundamentais
- Habilidade cognitiva
- Motivação
- Personalidade
- Experiência
profissional
Implicações práticas para
a melhora de desempenho
- Treinamento
- Seleção de pessoas
- Exposição a experiências
específicas
Pergunta central
Em que situações os
indivíduos apresentam
melhor desempenho?
Pressupostos e
achados fundamentais
- Características do
trabalho - Influência de
estressores
- Restrições situacionais
Implicações práticas para
a melhora de desempenho
- Desenho do trabalho
Pergunta central
Como é que o processo
de desempenho se
desenvolve?
O que está acontecendo
quando alguém está
“desempenhando”?
Pressupostos e
achados fundamentais
- Fatores de processo
de ação
- Nível hierárquico
adequado
Implicações práticas para
a melhora de desempenho
- Definição de objetivos
- Intervenção por meio de
feedbacks
- Modificação de
comportamento
- Melhora de processos de
ação
- Treinamento
- Desenho do trabalho
Perspectiva das diferenças individuais
Perspectiva situacional
Perspectiva da regulação
38
preditores quando o foco do desempenho é contextual. Novamente os
fatores de neuroticismo (estabilidade emocional) e concenciosidade
aparecem como os elementos do Big Five que mais predizem o
desempenho.
Outro componente importante para o estudo do desempenho na
perspectiva das diferenças individuais é a motivação. Os traços
motivacionais em muito se assemelham às características de personalidade,
porém são mais estreitos, intensos e persistentes nos seus efeitos. As
habilidades motivacionais, por outro lado, são mais relacionadas aos
processos de regulação, como, por exemplo, a auto-eficácia.
Seja qual for o conjunto de preditores analisado e qual for o tipo de
desempenho considerado (voltado para a tarefa ou para o contexto), é
importante ressaltar que se a demanda é conhecer quais são os indivíduos
que melhor apresentam desempenho, o foco deve estar principalmente na
seleção de pessoas (Sonnentag & Frese, 2002). Para obter alto
desempenho dos indivíduos no trabalho, é conveniente que as organizações
invistam na seleção de habilidades, na experiência no trabalho e nos traços
de personalidade. Contudo, as características individuais também podem ser
trabalhadas em programas de treinamento, desde que os cursos possam ser
capazes de direcionar seus objetivos para o desenvolvimento de habilidades
relevantes para o desenvolvimento das tarefas.
Na segunda perspectiva, denominada situacional, são enfocadas as
características do ambiente que estimulam e dão apoio para o desempenho
do indivíduo. A questão principal é saber em quais situações ocorre o melhor
desempenho. Essa perspectiva engloba abordagens com foco em fatores do
local de trabalho (que facilitam ou dificultam o desempenho), mas também
em abordagens motivacionais, tais como a teoria da expectância de Vroom
(1964) ou abordagens com foco na melhora do desempenho por meio de
sistemas de recompensas e percepção de justiça. Grande parte dos fatores
de contexto relacionados pelos autores nessa perspectiva (necessidade de
informação, estressores, problemas com máquinas e suplementos) está
39
contemplada no construto de suporte organizacional para o desempenho,
que será discutido na seção seguinte (1.3).
A terceira perspectiva está menos voltada para características
individuais e para contexto. Ao invés disso, o foco se direciona para o
processo pelo qual ocorre o desempenho. Uma das metas da pesquisa da
área é identificar o que distingue os indivíduos em diferentes níveis de
desempenho. Sonnentag e Frese (2000) compilam importantes resultados
de pesquisa em que a definição das metas, o feedback adequado e ainda
um planejamento detalhado estão fortemente relacionados aos processos de
desempenho. Apesar de distintas, os autores argumentam que, idealmente,
o desempenho no trabalho poderia ser mais bem explicado por meio da
integração entre as três perspectivas. Ainda que algumas tentativas de
somar as perspectivas das diferenças individuais e a situacional tenham sido
realizadas (ver indicação do trabalho de Mitchell, 1997), nenhuma pesquisa
até o momento contemplou estudos acrescentando a perspectiva da
regulação do desempenho.
Como pode ser observado no Anexo I, o campo da validade
preditiva utilizando o desempenho do indivíduo no trabalho como critério é
bastante frutífero. Ainda tomando a perspectiva do desempenho como
comportamento do indivíduo no trabalho, Kanfer e Kantrowitz (2002) fazem
um apanhado do valor preditivo de variáveis psicológicas em diversos
estudos publicados durante o culo XX, separando estas variáveis em dois
grupos: habilidades e não-habilidades. Segundo os autores, até meados dos
anos 1980, estudos sobre esses dois grupos de preditores caminharam de
forma independente. No domínio da habilidade, avanços teóricos e
empíricos na construção de testes de inteligência (por exemplo, Binet &
Simon, 1905) forneceram embasamento para um número substancial de
estudos demonstrando a validade dos testes de inteligência geral para
predizer a seleção de candidatos e o sucesso no trabalho.
Outros pesquisadores (tais como Kelly, 1928 e Thomson, 1916), se
propuseram a estudar também fatores específicos como habilidade verbal e
40
espacial e mostrar sua relação com o trabalho. Esses estudos culminaram
em diferentes tipos de baterias múltiplas utilizadas para a seleção de
integrantes do exército americano durante a Segunda Guerra Mundial
(Urbina, 2007; Kanfer & Kantrowitz, 2002). Embora tenham sido
apresentadas evidências de validade dessas duas abordagens na predição
de desempenho no trabalho, havia uma preocupação na demonstração de
validade preditiva dos testes de inteligência geral em relação ao
desempenho no trabalho em contextos não militares.
Por outro lado, no domínio de preditores não relacionados às
habilidades, pode-se observar que na primeira parte do século XX, os testes
de personalidade foram freqüentemente utilizados para identificar e rejeitar
indivíduos com desajustes. Entretanto, revisões da literatura que
investigaram a validade preditiva de testes de personalidade foram
pessimistas. Morgeson e cols. (2007), em uma publicação recente sobre
esse assunto, argumentam que embora a investigação da personalidade
tenha seu valor na seleção de pessoas, um passo importante ainda precisa
ser dado no sentido de aprimorar a mensuração desse construto. Segundo
dados levantados pelos autores, as medidas de auto-relato de personalidade
ainda são frágeis para predizer o desempenho no trabalho.
Em resposta a Morgeson e cols. (2007), Tett e Christiansen (2007)
defendem que os instrumentos de personalidade não devem ser
abandonados e que seu valor preditivo varia em função do modelo
estatístico utilizado. Segundo os autores, as estimativas de validade são
mais robustas quando tomadas em validações baseadas em pesquisas
confirmatórias de análise do trabalho e quando se relaciona traços com
desempenho. Além de modelos de predição multivariada, os autores
chamam a atenção para o uso da amplitude da medida de desempenho em
decorrência da complexidade da tarefa em que o desempenho é avaliado.
Essa discussão também está presente no trabalho de Bertua, Anderson e
Salgado (2005), cujos resultados positivos sobre a validade preditiva de
testes de habilidades cognitivas gerais e específicas (raciocínio numérico,
41
verbal, espacial) estão associados à complexidade da tarefa. Desse modo,
além de todo mapeamento teórico sobre o conceito de desempenho, parece
relevante considerar aspectos ainda mais específicos sobre mensuração
desse construto, para que seja possível obter conclusões mais fidedignas
sobre seus preditores.
Parker e Tuner (2002) sintetizam toda essa discussão sobre os
elementos existentes no ambiente de trabalho que podem influenciar o
desempenho do indivíduo e propõem uma agenda de pesquisa por meio da
Figura 1.2.
Figura 1.2 Relação entre os elementos do contexto de trabalho e desempenho individual
(setas largas representam relação de moderação). Adaptada de Parker e Tuner (2002).
Os elementos da Figura 1.2 ressaltam a influência direta que as
características dos indivíduos exercem sobre o desempenho no trabalho,
com destaque para os aspectos motivacionais e cognitivos. Justamente pela
importância desses elementos, a figura chama ainda a atenção para a
Contingências individuais
- necessidade de
crescimento;
- personalidade proativa;
- preferência para trabalhar
em grupos ou equipes, etc.
Desenho do
trabalho
enriquecido
Contingências
organizacionais
- interdependência;
- incerteza;
- processo de redesenho do
trabalho;
- alinhamento do RH, controle,
informação, sistemas
tecnológicos.
Motivação
- esforço motivado;
- motivação proativa;
- mudança nas
disposições motivacionais
Conhecimentos e
habilidades
- aquisição de habilidade e
desenvolvimento;
- conhecimento
especializado;
- conhecimento integrado;
- desenvolvimento cognitivo.
Oportunidade
- respostas rápidas
- expansão do papel
Desempenho do
indivíduo no trabalho
- desempenho na
tarefa;
- desempenho
contextual;
- desempenho proativo
e adaptativo.
42
relação de moderação que os elementos do contexto também exercem
nessas variáveis individuais.
A seleção de pessoas necessariamente envolve a avaliação de
características individuais de candidatos em relação aos conhecimentos
básicos, às habilidades intelectuais e aos atributos de personalidade ou
motivacionais. Conforme comentado anteriormente, Bosshardt e cols. (1992)
e Cook e Taffler (2000) são exemplos de relatos que destacam o valor
preditivo dos dados biográficos dos candidatos em relação ao seu posterior
desempenho no trabalho. Com base na proposta de Meneses, Abbad,
Zerbini e Lacerda (2006), as características individuais de um indivíduo
poderiam ser classificadas em quatro categorias:
1) Sócio-demográficas. São características relacionadas ao perfil
biográfico dos indivíduos tais como sexo, idade, escolaridade, condição
sócio-econômica e ao perfil profissional e funcional, como profissão, tempo
de serviço, função, cargo e lotação.
2) Psicossociais. variáveis relativas à personalidade,
características cognitivas e atitudinais, tais como: locus de controle (forma
como os indivíduos delegam a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso
de suas ações), auto-eficácia (crenças do indivíduo em suas próprias
capacidades para mobilizar motivação, recursos cognitivos e cursos de ação
necessários ao sucesso das ações em que se engajam), comprometimento
organizacional (apego a uma organização de trabalho).
3) Motivacionais. Direção, intensidade e persistência do esforço
despendido pelo indivíduo para realizar suas atividades.
4) Cognitivo-comportamentais. Estratégias cognitivas,
comportamentais e autoregulatórias utilizadas pelo participante para
aprender no contexto de trabalho.
No campo do planejamento instrucional, diversas pesquisas têm
apontado para a importância de se considerar as características dos
participantes (ver por exemplo Gagné, 1985; Pintrich, 2003). Em contexto de
trabalho, são inúmeros os depoimentos que ressaltam a relação entre
43
características dos indivíduos e sua relação com os resultados de
treinamento (Abbad, 1999; Baldwin & Ford, 1988; Colquitt, LePine & Noe,
2000; Pantoja, 2004; Pilati, 2004; Zerbini & Abbad, 2005; Sallorenzo, 2000;
Zerbini, Brauer, Meneses & Abbad, 2006). O estudo de características
individuais pode fornecer aos profissionais de TD&E direções mais eficazes
para incrementar os resultados das ações educacionais e,
conseqüentemente, seu desempenho no trabalho (Meneses & cols., 2006).
Do mesmo modo, Warr e Allan (1998) incentivam o desenvolvimento de
pesquisas sobre características individuais, visto que podem contribuir para
o desenvolvimento de modelos teóricos de treinamento e para identificar
características que podem melhorar o desempenho dos indivíduos nas suas
atividades.
Entre as características individuais, algumas variáveis sócio-
demográficas e o conjunto de variáveis psicossociais destacam-se pelo
papel que ocupam nos processos seletivos. Interessa ao selecionador
identificar os candidatos com maior grau de escolaridade, com maior
experiência profissional e ainda com maior grau de conhecimento das
atribuições exigidas no cargo. Por outro lado, conforme ressaltam Ackerman
e Hujmpherys (1990), as variáveis motivacionais exercem enorme influência
no estudo dos fenômenos em ambiente de trabalho, como é o caso do
desempenho.
Se algo que estimula a curiosidade humana é saber as razões
das diferenças individuais que evidenciam as preferências humanas
(Gondim & Silva, 2004). Grande parte das razões da diversidade de conduta
está relacionada ao processo denominado motivação, isto é, deve-se a um
fenômeno psicológico sico de relativa complexidade e que não é
diretamente observado. Entretanto, em outras áreas de conhecimento,
também observa-se forte interesse para a compreensão desse processo.
Gestores organizacionais buscam ter empregados motivados com seu
trabalho, com sua equipe e com a organização a que pertencem,
acreditando que altos níveis de motivação são capazes de melhorar o
44
desempenho e garantir ganhos de produtividade. Conforme apresentado
anteriormente nas Figuras 1.1 e 1.2, os construtos motivacionais o
diretamente relacionados ao desempenho, seja considerando o foco na
tarefa ou no contexto.
A busca por satisfação e uma boa expectativa em relação ao seu
desempenho fazem com que as pessoas trabalhem melhor porque elas
acabam atribuindo significado ao seu trabalho e porque elas satisfazem suas
necessidades de crescimento (Parker & Tuner, 2002). A atribuição de
significados aos diferentes eventos ou fatos sociais é inerente à natureza
humana e isso tem implicações em todas as esferas da vida em sociedade,
incluindo as organizações (Borges, Alves-Filho & Tamayo, 2008). Os
significados que os indivíduos atribuem ao seu trabalho estão associados às
suas motivações e ambos (significados e motivações) fazem parte do
ambiente de trabalho. Assim, quando um indivíduo agrega alto valor de
motivação no trabalho, ele acredita que o esforço despendido vai resultar em
um bom desempenho e que esse desempenho pode trazer benefícios.
A Figura 1.2 aponta ainda para a relação positiva entre motivação e
busca de conhecimentos. Pintrich (2003), apresentando uma revisão sobre
estudos de motivação e aprendizagem no campo educacional, ressalta a
existência de sete áreas de pesquisa. O autor apresenta um panorama da
pesquisa nesse campo sumariamente descrito a seguir.
1) O que os estudantes buscam. Vários modelos teóricos foram
desenvolvidos para explicar os elementos motivacionais, principalmente
baseados nas idéias de autodeterminação, necessidades e alcance de
expectativas, tais como as teorias de traços de personalidade (i.e.
necessidade de realização, necessidade de poder, necessidade de
afiliação).
2) O que motiva os estudantes em sala de aula. Os modelos
teóricos focam na relação de motivação com alcance de objetivos e crenças
relacionadas à escola. Os resultados indicam que a auto-eficácia adaptativa
e a percepção de competência exercem influência sobre a motivação dos
45
estudantes. Ainda, o aluno se torna mais motivado para aprender quando
acredita mais no controle de sua aprendizagem e quando os objetivos de
aprendizagem são claramente definidos, pois ele é capaz de dar maior
significado aos procedimentos instrucionais.
3) Como os estudantes alcançam suas metas. Nessa linha,
modelos que avaliam estratégias de aprendizagem, estratégias
metacognitivas e comportamento auto-regulado apresentam resultados
importantes para se compreender os processos envolvidos no alcance de
objetivos no contexto escolar.
4) O que os estudantes sabem sobre o que eles querem e o que
os motiva. Pesquisas mostram que processos cognitivos conscientes e
inconscientes afetam a motivação dos estudantes.
5) Relação entre motivação e cognição. Existe pouco
conhecimento produzido sobre essa questão, mas alguns resultados
apontam para a diferença de processamento cognitivo em função de
distintos estados emocionais.
6) Desenvolvimento e mudança da motivação. Existem elementos
de maturação que influenciam nesse processo.
7) Influência do contexto e da cultura sobre a motivação.
Necessidade de se compreender a motivação como um fenômeno situado e
não unicamente intrapsicológico.
Na área da Psicologia Instrucional, o conceito de motivação é
bastante debatido (Gagné, 1985; Pozo, 2002). Em sua obra clássica sobre
as condições da aprendizagem, Gagné (1985) aponta para a importância da
motivação do aprendiz para que este atinja bons resultados de
aprendizagem e de transferência de aprendizagem. Esse autor argumenta
que a motivação dos alunos deve ser levada em conta na elaboração do
planejamento instrucional por meio da definição clara de objetivos
instrucionais e posterior apresentação desses objetivos para os aprendizes.
Assim, o comportamento esperado (dos alunos) ganha significado e um grau
de expectativa em relação ao instrutor pode ser elaborado pelos alunos.
46
Fazendo uma relação dessa visão com o ambiente de trabalho, poderíamos
pensar que a especificação de resultados serviria para direcionar a
motivação dos indivíduos no trabalho. Contudo, em consonância com o
argumento de Pilati (2004), essa concepção parece ser insuficiente para a
elaboração de modelos teóricos na área do comportamento organizacional,
uma vez que não aborda outras facetas relevantes do fenômeno.
Frente à profusão de modelos emergentes na década de 1960 (ver a
revisão de Kanfer, 1990), Vroom (1964) destaca-se pela tentativa de
apresentar um modelo teórico de motivação relacionado ao trabalho cujo
foco é em uma abordagem cognitivista de compreensão do fenômeno
motivacional. A partir de uma perspectiva ahistórica” do indivíduo, o autor
situa a motivação não somente relacionada a eventos passados de
experiências positivas e/ou prazerosas, mas também à interação das noções
subjetivas de valência, instrumentalidade e expectância (ou expectativa) do
resultado de determinado comportamento. Desse modo, é possível definir a
força motivacional do indivíduo, por meio da relação entre esses três
elementos.
No modelo teórico proposto por Vroom (1964), conhecido como
teoria da expectância, valência é definida como a preferência por
determinados resultados do comportamento. Essa preferência seria a força
de atração que uma pessoa teria em relação a um evento ou em relação à
indiferença a determinados eventos. Em outras palavras, é o valor que um
indivíduo atribui a um certo evento.
O segundo componente do modelo é a instrumentalidade, definida
pelo autor como a avaliação do sujeito de que o envolvimento com
determinado comportamento levaria ao alcance dos possíveis resultados
esperados. Ou seja, é a crença do indivíduo de que a realização de
determinado conjunto de ações vai levá-lo a obter os resultados que deseja.
O terceiro componente do modelo é denominado expectativa, e
refere-se à probabilidade subjetiva avaliada pela pessoa de que o resultado
do comportamento possa lhe trazer algum tipo de benefício. É importante
47
ressaltar que essa avaliação probabilística é situada, ou seja, que existe
uma série de circunstâncias que estão fora do controle do indivíduo e que
influenciam a avaliação, pois são relativas ao ambiente.
No campo de Treinamento, Desenvolvimento e Educação (TD&E),
conforme apresentado na revisão de Zerbini (2006), as características
motivacionais têm sido amplamente estudadas. Diversos trabalhos têm
buscado compreender o papel exercido pela motivação do treinando em
diferentes momentos do treinamento e relacioná-la com resultados do
treinamento, como satisfação com o evento instrucional, aprendizagem,
transferência do treinamento, entre outros (ver Abbad, 1999; Colquit, LePine
& Noe, 2000; Salas & Cannon-Bowers, 2001; Tannenbaum, Mathieu, Salas
& Cannon-Bowers, 1991; Warr & Bunce, 1995; Warr & Downing, 2000).
No contexto brasileiro, Sallorenzo (2000) aponta um resultado
interessante e de grande valia para os gestores. Segundo a autora, a
motivação do indivíduo após o treinamento tem uma relação maior com o
resultado do treinamento em curto prazo, mas à medida que o treinado
distancia-se do final do evento instrucional seu comportamento passa a ser
cada vez mais controlado pelo ambiente de trabalho. Em um outro estudo,
Lacerda (2002) relatou que uma medida de instrumentalidade (avaliação do
indivíduo de que seu comportamento levaria ao alcance dos resultados
esperados) apresentou-se como preditora de impacto do treinamento no
trabalho em longo prazo.
Sabendo que os resultados de treinamento estão relacionados à
mudança de comportamento do indivíduo no trabalho e que, portanto, se
relacionam com seu desempenho, as conclusões das autoras reforçam a
importância de se considerar a motivação na avaliação de desempenho.
Além desses, resultados positivos observados nos trabalhos recentes de
Pilati (2004) e Ribeiro (2005) e ainda os excelentes indicadores apontados
por Borges, Alves-Filho e Tamayo (2008) para a medida de motivação no
trabalho (ver descrição na seção 4.4.2), encorajam a aplicação do referencial
de Vroom para o estudo da motivação para o desempenho no trabalho.
48
Em virtude da relevância das variáveis contextuais na influência da
motivação do sujeito e das variáveis psicológicas que influenciam o
desempenho (Seção 1.2.2), faz-se necessário discutir ainda que brevemente
os fatores contextuais que influenciam o desempenho. No presente trabalho,
será dado enfoque ao conceito de percepção de suporte organizacional.
Na literatura especializada existem muitos relatos de pesquisas que
demonstram a influência do contexto sobre as ações do indivíduo no
trabalho onde o grau de influência de variáveis contextuais sobre o
comportamento humano em ambientes organizacionais pode ser avaliado
segundo três perspectivas: o contexto como oportunidade ou restrição, como
fator de influência distal ou proximal e como fator antecedente e
conseqüente do desempenho (ver Abbad, 1999; Abbad, Freitas & Pilati,
2006).
Na primeira perspectiva, o ambiente como oportunidade ou
restrição, os fatores de ambiente interno e externo são vistos como
estímulos ao desenvolvimento de novos conhecimentos, habilidades e
atitudes (CHAs) para a realização de novos trabalhos. Dependendo da
situação, esses estímulos podem ser interpretados como uma ameaça à
vida profissional das pessoas. Em geral, esses fatores são ligados às
mudanças tecnológicas, sociais, econômicas, demográficas, ecológicas e
políticas, que podem servir de estímulo ou de restrição ao desempenho do
indivíduo (Abbad, Freitas & Pilati, 2006).
Na segunda perspectiva, a que trata das influências distal e proximal
ao desempenho individual, a influência distal refere-se ao impacto exercido
pela distribuição de recursos na organização, às práticas de gestão de
desempenho e de valorização das contribuições do profissional. A influência
proximal, por sua vez, engloba o apoio psicossocial (gerentes, pares e
colegas) para a ocorrência de desempenho.
A terceira perspectiva reúne, nos antecedentes de desempenho,
variáveis relacionadas às condições necessárias para a ocorrência do
desempenho, tais como materiais e informações. Em relação aos
49
conseqüentes, podem ser agrupadas aquelas variáveis ligadas aos efeitos
do desempenho sobre o ambiente organizacional. Segundo Abbad, Freitas e
Pilati (2006), essas conseqüências tanto podem ser favoráveis e servir de
estímulo e reforço ao desempenho, quanto podem inibir a ocorrência futura
de um desempenho e/ou torná-lo insatisfatório.
Ainda na década de 1980, Peters e O‟Connor publicaram uma
importante revisão destacando a relação entre desempenho no trabalho e
fatores ambientais. Os autores encontraram que, em muitas situações de
trabalho, pessoas dispostas e capazes de realizar com sucesso uma tarefa
podem ter seu desempenho inibido ou mesmo impedido em decorrência de
características situacionais fora do seu controle. Segundo os autores, as
restrições situacionais exerceriam efeitos mais prejudiciais sobre o
desempenho dos empregados mais capazes e mais motivados.
Esses autores argumentam que a remoção de restrições pode
produzir uma melhoria imediata e em longo prazo nos níveis de desempenho
do empregado. Quando as pessoas trabalham em ambientes com uma
longa história de restrições situacionais podem, no entanto, desenvolver
fortes crenças de que um aumento no esforço pessoal ao executar as
tarefas não resultará em um aumento correspondente no seu desempenho.
Nesse caso, os autores alertam que a remoção das restrições não produziria
uma melhora imediata e significativa no desempenho do empregado até que
suas crenças sobre auto-eficácia se tornassem mais favoráveis.
De uma maneira geral, Peters e O‟Connor (1980) alertam que as
pessoas tendem a desempenhar melhor e a expressar respostas afetivas
mais favoráveis em relação aos ambientes de trabalho nos quais as
restrições estão ausentes. Sugerem o desenvolvimento e a validação de
instrumentos de restrições ambientais para avaliar em que medida elas
estão presentes nas organizações. Ao mencionar o impacto da cultura
organizacional no comportamento do trabalhador, Silva e Zanelli (2004)
acabam fazendo uma interface com esse tema na medida em que
argumentam que a percepção sobre cultura influencia a qualidade do
50
desempenho, assim como o grau (e tipo) de comprometimento do indivíduo
com a organização.
No estudo de Allen e Mellor (2002) sobre o trabalho de enfermeiras,
os autores destacam que fatores contextuais como carga de trabalho é
preditivo de burnout. Contudo, nem todas as pessoas expostas ao mesmo
ambiente desencadeiam essa síndrome. Fatores individuais como os traços
de personalidade podem alterar a maneira como as pessoas observam as
condições de trabalho e podem fazê-las agir de forma diferenciada.
Entretanto, assim como as características individuais afetam a percepção do
ambiente, as teorias motivacionais de expectativa tendem a relatar que o
ambiente também interfere no grau de motivação dos indivíduos. Assim,
pessoas impedidas de alcançar metas de desempenho devido a restrições
ambientais não seriam beneficiadas por programas de recompensas ou
similares. Tentativas de aumentar a importância do desempenho, sem
tentativas correspondentes de mudar as expectativas dos trabalhadores a
respeito das chances pessoais que eles têm de atingir o desempenho
excelente, não surtiriam os efeitos normalmente almejados pelos programas
de desenvolvimento de recursos humanos (Peters & O‟Connor, 1980).
Na literatura internacional, observa-se que freqüentemente o termo
clima organizacional é empregado para tratar da influência desses
elementos em relação ao comportamento do indivíduo (ver, por exemplo, o
estudo clássico de Roullier & Goldstein, 1993). No Brasil, um esforço
essencial para a pesquisa em TD&E foi empreendido por Abbad (1999) que,
a partir da análise sobre o conceito de clima, propõe que o conceito de
suporte seja usado em substituição ao primeiro. Essa iniciativa leva em
conta a maior parcimônia e capacidade de delimitação conceitual de suporte
organizacional. Em uma revisão mais recente, Abbad, Freitas e Pilati (2006)
definem suporte organizacional como um construto multidimensional,
relacionado às opiniões dos empregados ou funcionários acerca das práticas
de gestão do desempenho, às exigências e à carga de trabalho, ao suporte
material e às práticas de promoção e ascensão e salários da organização.
51
A literatura da área de comportamento organizacional vem
demonstrando que existem correlações positivas entre percepções
favoráveis de suporte organizacional e medidas de desempenho no trabalho,
comportamentos de cidadania organizacional, criatividade e inovação (ver
Abbad, 1999; Sallorenzo, 2000; Abbad, Freitas & Pilati, 2006). No estudo
experimental de Jawahar (2005), o autor argumenta também que entre os
fatores contextuais que influenciam o desempenho, a própria situação de
avaliação é uma variável interferente. Os resultados dos experimentos
conduzidos pelo pesquisador mostraram diferenças significativas entre as
avaliações de desempenho dos empregados quando os avaliadores levam
em conta esse elemento do contexto.
A percepção de suporte do contexto é relevante mesmo em redes
de trabalho virtuais (Wiesenfeld, Raghuram & Garud (2001). No estudo
realizado por esses autores, os resultados indicaram que o trabalhado
baseado em apoio social é fortemente associado à identificação
organizacional de trabalhadores dessas redes e ainda é uma variável
moderadora entre a necessidade de afiliação e a força da identificação
organizacional. Na proposta de um modelo individual de desempenho
(também baseado nos elementos sugeridos por Campbell) para auxiliar as
práticas de RH, Neal e Griffin (1999) também sugeriam que elementos do
contexto tais como tecnologia, inovação e clima organizacional configuram-
se como importantes antecedentes do desempenho no trabalho.
Após o trabalho pioneiro de Abbad (1999), as medidas relativas a
variáveis organizacionais (escalas de percepção de suporte organizacional)
tiveram seu uso ampliado nas pesquisas nacionais. A autora utilizou, em seu
trabalho de tese, parte do questionário desenvolvido por Oliveira-Castro,
Pilati e Borges-Andrade (1999) e desde então vem dando grande visibilidade
para esse construto. Partindo da proposta teórica de Eisenberger,
Huntington, Hutchinson e Sowa (1986), que integra conceitos como norma
de reciprocidade, ideologia da troca e modelo motivacional de esforço-
resultado, Oliveira-Castro, Pilati e Borges-Andrade (1998) levantaram
52
indicadores junto a uma amostra de trabalhadores brasileiros e validaram
para o contexto nacional um instrumento de percepção de suporte
organizacional. Na presente pesquisa pretende-se fazer uso de uma versão
reduzida dessa medida, conforme descrito mais adiante na Seção 4.4.2.
O próximo capítulo apresenta os objetivos da pesquisa realizada e
as hipóteses derivadas a partir deles.
53
2 Objetivos, modelo de pesquisa e caracterização das variáveis
Para o desenvolvimento da presente pesquisa foi adotado o modelo
teórico delineado por Sonnentag e Frese (2002). Assim, o desempenho no
trabalho foi estudado enquanto processo, ou seja, observado como um
conjunto de ações pertencentes aos comportamentos dos indivíduos e ainda
entendido como um construto multidimensional. Além de levar em conta as
dimensões propostas pelos autores (desempenho voltado para a tarefa e
para o contexto), o estudo tem seu foco voltado para as perspectivas das
diferenças individuais (quais características diferenciam indivíduos que
desempenham melhor) e situacionais (quais elementos do contexto
influenciam o desempenho).
De acordo com o que argumentava Siqueira (1950) ao falar sobre a
implantação do regime de concurso na administração pública, é papel do
sistema de seleção identificar os candidatos mais capazes para o
provimento de cargos de uma organização. Conforme descreve o autor, “a
seleção, em si mesma, não deprecia ou aprimora os candidatos: tão
somente procura hierarquizá-los, de acordo com certos atributos releváveis
em provas tecnicamente preparadas” (p.45). No Brasil, pode-se observar
que grande parte dos processos de seleção para o setor público, se não
todos eles, utiliza como ferramenta para alcançar esse objetivo os chamados
testes de conhecimentos. Em geral, as provas são compostas por uma parte
geral (comum a todos os candidatos) e outra específica para cada um dos
cargos (múltipla escolha ou de verdadeiro ou falso). Dependendo do cargo,
os concursos podem ainda adotar uma segunda ou até uma terceira fase
que incluiria prova dissertativa (redação) e/ou a chamada avaliação
psicológica. De qualquer modo, a fase inicial de um processo seletivo
sempre está atrelada à realização dos testes de conhecimentos.
54
Conforme foi comentado inicialmente, desde a Constituição Federal
de 1988, os processos seletivos passaram a ter o papel de assegurar o
acesso aos cargos e empregos públicos por meio de concurso público de
provas e títulos, garantindo a democratização por meio da imparcialidade e
legalidade. Em nota divulgada em meados de 2008 no Diário Oficial da
União, o governo federal anunciou o envio ao Congresso Nacional de 21
projetos que solicitam a abertura de mais 1.500 vagas para a administração
pública durante o ano de 2009. Diante da importância atribuída aos testes de
conhecimento nos processos de seleção o objetivo geral dessa pesquisa é
analisar em que medida os resultados alcançados nos testes de
conhecimentos utilizados em seleção de pessoas para a administração
pública são preditores do desempenho no trabalho dos candidatos
selecionados.
De acordo com o quadro teórico apresentado nesse trabalho, os
conteúdos abordados nos testes de conhecimento podem ser importantes na
predição do desempenho no trabalho do candidato selecionado,
especialmente se as características e a complexidade da tarefa se
assemelham aos testes utilizados (Bertua, Anderson & Salgado, 2005;
Carretta & Ree, 2000; Dye, Reck & McDaniel, 1993; Krause & cols., 2006;
Sackett & Lievens, 2008).
O objetivo geral da pesquisa demanda o alcance dos seguintes
objetivos específicos.
1) Desenvolver e analisar a validade psicométrica de uma medida que
permita a auto-avaliação de desempenho dos candidatos
selecionados, tendo em vista a proposta conceitual de Sonnentag e
Frese (2002);
2) Verificar em que medida as auto-percepções de desempenho se
relacionam com as avaliações de desempenho realizadas pela
organização, com vistas a obter maior segurança em ambas as
55
medidas. Além disso, as organizações podem fornecer indicadores de
resultado que, embora seja conceitualmente distinto dos indicadores
de processo destacados nessa pesquisa (Campbell, 1990; Sonnentag
& Frese, 2002), são importantes parâmetros para definição dos
comportamentos no trabalho considerados como desempenho;
3) Analisar a qualidade psicométrica dos testes de conhecimentos
utilizados em processos seletivos da administração pública, uma vez
que tratam-se de medidas amplamente utilizadas no contexto
brasileiro (Siqueira, 1950);
4) Desenvolver e analisar a validade psicométrica dos instrumentos para
mensurar a motivação para trabalhar e percepção de suporte
organizacional em função da relevância de tais variáveis para a
compreensão do desempenho do sujeito no trabalho (Abbad, Freitas
& Pilati, 2006; Ackerman & Hujmpherys, 1990; Meneses & cols., 2006;
Parker & Tuner, 2002);
5) Verificar em que medida a percepção de suporte organizacional
(poder fazer) e motivação para trabalhar (querer fazer) estão
associadas ao desempenho no trabalho, uma vez que este último é
fruto tanto de características individuais quanto de percepções do
contexto (Abbad, Freitas & Pilati, 2006);
6) Analisar o grau de predição dos testes de conhecimentos utilizados
em seleção de pessoas após controlar o efeito das variáveis
contextuais (suporte organizacional) e individuais (motivação para
trabalhar e tempo de trabalho).
Esses objetivos podem ser representados graficamente em um
modelo de pesquisa que é seguido pela definição de cada uma das variáveis
de pesquisa.
56
Figura 2.1 Modelo teórico proposto para o estudo de desempenho no trabalho.
Conforme argumentam Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2002),
seria impossível analisar todas as propriedades e todos os acontecimentos
que interagem com um objeto. Por isso, na tentativa de compreender o real,
são selecionados certos aspectos da realidade que compõem um modelo do
objeto que se pretende estudar (princípio da parcimônia). Assim, para
alcançar o objetivo geral da pesquisa proposta, é proposto o modelo
ilustrado pela Figura 2.1. São considerados dois indicadores para o estudo
da variável critério. Um deles foi obtido por meio das respostas dos
indivíduos sobre suas próprias percepções de desempenho no trabalho.
Além disso, foram levados em conta os indicadores de acompanhamento de
desempenho de cada participante coletados pelas organizações. Desse
modo, procurou-se obter indicadores de desempenho mais gerais (como
será o caso da medida de auto-relato) e também mais específicos de cada
função.
Partindo do pressuposto de que existe relação positiva e significativa
entre esses indicadores de desempenho, espera-se que as variáveis
antecedentes apresentem padrões de relação semelhantes com ambas
variáveis critério. Em especial, espera-se que as características pessoais de
H
6
H
6
H
5
H
5
H
3
H
3
H
4
H
2
H
2
H
1
Auto-percepção
de desempenho
no trabalho
Indicadores de
desempenho medidos
pela organização
Características
pessoais
-sexo; - idade;
- tempo de trabalho
Testes de
conhecimento
Motivação para
trabalhar
Percepção de suporte
organizacional
57
sexo, idade e tempo de trabalho, motivação para trabalhar e percepção de
suporte organizacional apresentem-se significativamente relacionadas com o
desempenho no trabalho independente do tipo de indicador estudado. Ainda,
levando em conta o que foi mencionado sobre a percepção de suporte
(Capítulo 1), espera-se observar associação entre essa variável e a
motivação dos indivíduos.
No que se refere aos testes de conhecimento, espera-se encontrar
valores preditivos de magnitudes diferenciadas em função dos indicadores
de desempenho. Como serão consideradas tanto as notas obtidas nas
provas de conhecimento básico quanto as notas obtidas nas provas
específicas para cada cargo, espera-se encontrar predição de ambas as
variáveis nos indicadores de desempenho.
Após testar o tipo de relação que de fato as variáveis antecedentes
estabelecem com as variáveis critério, será controlado o efeito das
características individuais e da percepção de suporte organizacional para
identificar o poder de predição dos testes de conhecimentos utilizados nos
processos seletivos. Antes de explorar as hipóteses sinalizadas na Figura
2.1, faz-se necessário identificar o sistema psicológico que engloba cada
uma das variáveis presentes no modelo e apresentar suas definições.
Pasquali (1999) esclarece que para conhecer a realidade, o método
científico propõe-se a estudar os objetos inseridos, porém não por meio
do acesso direto a esses objetos, mas por meio da mensuração das suas
propriedades. A ciência não conhece os objetos; o que ela é capaz de
acessar (conhecer) são os fenômenos, as características dos objetos que
fazem parte da realidade que o pesquisador tem interesse em estudar.
Portanto, o objeto de estudo da ciência são os fenômenos naturais, ou seja,
aquilo que é perceptível aos sentidos humanos, aquilo que pode ser
observado. Uma das maneiras de se observar um fenômeno é fazer uso de
medidas que permitam acessar as propriedades do objeto de interesse.
Para tanto, Pasquali (1999) propõe a apropriação das vantagens
matemáticas uma vez que seu uso vem possibilitando distinguir níveis de
58
progresso no conhecimento científico. Assim, ao se utilizar números para
expressar uma observação, deve-se levar em conta a ocorrência de
isomorfismo, isto é, a construção da medida deve conservar a característica
dos números (sua magnitude) e as propriedades dos objetos. Para lançar
mão de um instrumento que leve em conta essas premissas, o autor advoga
que sua elaboração deve estar pautada em três grandes pólos denominados
procedimentos teóricos, procedimentos empíricos (experimentais) e
procedimentos analíticos (estatísticos). A etapa de execução dos
procedimentos teóricos é a que resulta na elaboração do instrumento piloto a
ser testado e utilizado nas etapas posteriores. Esse procedimento é
realizado em seis passos, conforme está destacado na Figura 2.2.
Figura 2.2 Organograma do procedimento teórico para elaboração de medida psicológica.
Adaptado de Pasquali (1999).
Interpretando o organograma, pode-se observar que os itens que
compõem um instrumento de medida são indicadores das definições
constitutivas e operacionais de determinado atributo (ou característica) de
um objeto psicológico. Os itens são, portanto, a forma pela qual podemos
acessar as dimensões (que são variáveis latentes) das características de
determinado objeto que se tem a intenção de estudar.
O primeiro passo desse exercício teórico é a fase de entendimento
da teoria do objeto que se deseja mensurar. É uma fase realizada
principalmente por meio de busca na literatura de interesse e reflexões sobre
Procedimento
Fase
Método
Passo
Produto
TEÓRICOS
TEORIA
CONSTRUÇÃO DO INSTRUMENTO
Reflexão/ Interesse/ Livros
índices
Literatura/ Peritos/ Experiência/
Análise de conteúdo
Categ. comport/
Literatura/
Experiência/
Entrevista
Análise:
- teórica;
- prática
1
2
3
4
5
6
Objeto
Psicológico
Instrumento
piloto
Atributo
Fatores
(dimensões)
- Constitutiva
- Operacional
Itens
Sistema
Psicológico
Propriedade
Dimensio-
nalidade
Definições
Operaciona-
lização
Análise
dos itens
59
o tema de pesquisa. O primeiro passo para a construção de uma medida é,
portanto, a identificação do sistema psicológico que se pretende estudar. A
execução do primeiro passo resultará na identificação do objeto psicológico
que será avaliado por meio do instrumento. Para que os resultados obtidos
por meio do instrumento de medida possam ser adequadamente
interpretados, é fundamental que esse exercício seja feito para proporcionar
clareza ao pesquisador sobre o objeto psicológico que seu instrumento
pretende medir.
O segundo passo descrito na Figura 2.2 é a identificação das
propriedades do objeto psicológico que será estudado, ou seja, aquilo que
realmente é passível de observação. A identificação dessas propriedades
resulta, portanto, na denominação dos atributos que serão mensurados
pelos itens do instrumento. Essa também é uma fase eminentemente teórica
e que deve ser feita por meio de buscas na literatura. Em seguida (no passo
três), o pesquisador começa a delinear a construção do instrumento
propriamente dito, procurando identificar quais e quantas são as dimensões
do atributo que será mensurado. Além de buscar na literatura pertinente, é
indicado que o pesquisador utilize como ferramenta a análise de
especialistas para conhecer as dimensões do seu atributo de avaliação.
Ainda com a ajuda de peritos, da literatura e da análise de conteúdo,
o passo quatro consiste na definição das dimensões identificadas. Pasquali
(1999) argumenta que são necessários dois tipos de definição: uma
puramente teórica (definição constitutiva) e outra operacional, que consiste
na descrição de como cada dimensão será acessada (ou mensurada). Feito
esse mapeamento, o passo seguinte (quinto passo) diz respeito à
operacionalização dos construtos (das dimensões identificadas), cujo
produto é a geração dos itens. Além de buscar ajuda na literatura ou recorrer
à sua própria experiência, o pesquisador pode fazer um levantamento por
meio de entrevistas para formular os itens do seu instrumento.
No sexto passo é realizada a análise dos itens formulados. Essa
análise deve ser feita por meio de reflexões teóricas e testagem prática de
60
compreensão das sentenças confeccionadas. O produto resultante desse
passo é a estruturação do instrumento piloto que deverá ser aplicado em
campo. Após essa aplicação será possível submeter o instrumento às
análises de verificação da qualidade da medida desenvolvida. Nessa etapa,
dois conceitos aparecem como fundamentais para subsidiar essas análises,
a validade e a fidedignidade da medida elaborada. Enquanto a validade se
preocupa com o grau em que o instrumento representa a definição teórica do
construto mensurado, a fidedignidade diz respeito à calibragem do
instrumento, ao seu grau de consistência interna (para mais explicações
sobre esses conceitos ver Pasquali, 2007 e Urbina, 2007).
Conforme é orientado por Pasquali (1999) na Figura 2.2
(organograma do procedimento teórico para elaboração de medida
psicológica) e o que se observa na Figura 2.1 (modelo teórico proposto para
o estudo de desempenho no trabalho), quatro sistemas psicológicos
precisam ser identificados. O primeiro deles refere-se ao sistema referente à
variável critério desempenho no trabalho. Ao se fazer um resgate do que foi
pontuado na Seção 1.2, é possível identificar que o desempenho no trabalho
é o objeto psicológico de interesse da presente pesquisa. Esse objeto
poderia ser descrito por meio das características de resultado (conseqüência
do desempenho) e de processo (ações dos indivíduos no trabalho). A
presente pesquisa tem como objetivo o estudo da segunda característica do
desempenho, ou seja, pelo conjunto de ações do indivíduo no trabalho
consideradas relevantes para o alcance das metas organizacionais
(Campbell, 1990; Sonnentag & Frese, 2002).
De acordo com o referencial teórico adotado, esse atributo do
desempenho apresenta duas dimensões: desempenho voltado para a tarefa
e para o contexto. Conforme sinalizado anteriormente (ver subseção 1.2.1),
a primeira dimensão refere-se à maneira com que as ações dos indivíduos
podem contribuir direta ou indiretamente com as questões técnicas da
organização. Operacionalmente essa dimensão pode ser identificada por
meio da proficiência em tarefas específicas e não-específicas de um
61
trabalho, da proficiência em comunicação escrita e oral, e, ainda, pelos
processos de supervisão e gestão/administração (dependendo do cargo que
ocupa). A segunda dimensão, desempenho contextual, refere-se às
atividades incluídas no ambiente social em que as metas organizacionais
estão sendo buscadas. A definição operacional dessa dimensão inclui a
observação de comportamentos como ajuda aos colaboradores da
organização, bem estar dos seus membros e fazer sugestões sobre como
melhorar procedimentos de trabalho.
Os demais sistemas psicológicos que demandam serem
identificados dizem respeito às três variáveis antecedentes descritas na
Figura 2.1. A primeira variável antecedente a ser analisada pertence ao
construto motivacional. Segundo a análise de Ribeiro (2005), a motivação
seria uma propriedade (atributo) da volição humana, aquilo que ativa,
direciona e mantém o comportamento de um indivíduo. Outras
características desse construto seriam o lócus de controle e a auto-eficácia.
Na presente pesquisa o foco está no estudo da motivação para trabalhar.
Segundo a proposta de Vroom (1964), esse atributo é definido pela interação
entre o valor atribuído a determinado comportamento no trabalho (valência),
a crença do indivíduo de que seus comportamentos podem levá-lo a
alcançar os resultados que deseja (instrumentalidade) e a expectativa do
indivíduo de alcançar suas metas ao realizar determinadas ações
(expectativa). Por se tratar de um construto situacional, a operacionalização
dessas três dimensões deve levar em conta os comportamentos
característicos do contexto de trabalho dos indivíduos.
A segunda variável antecedente cujo objeto psicológico necessita
ser identificado é a percepção de suporte. Conforme proposto por Abbad
(1999), esse atributo está relacionado às percepções de apoio no contexto
para a realização das atividades de trabalho. Diversas características podem
ser identificadas, tais como: percepção de suporte para aprendizagem, para
transferência do aprendido ou ainda o suporte organizacional, que é o foco
dessa pesquisa. Essa característica refere-se aos elementos contidos no
62
ambiente de trabalho que podem estar associados ao desempenho do
trabalhador. Operacionalmente esse construto é acessado por meio das
opiniões dos empregados ou funcionários acerca das práticas de gestão do
desempenho, das exigências e da carga de trabalho, do suporte material e
das práticas de promoção e ascensão e salários da organização (Abbad,
Freitas & Pilati, 2006).
Por fim, a terceira variável antecedente a ser analisada é mensurada
pelos testes de conhecimento. As questões da prova de conhecimentos
respondida pelos indivíduos também são ferramentas de acesso a um traço
latente, ou seja, são meios de acesso a algo que não pode ser diretamente
observado. O que os indivíduos respondem são questões sobre o conteúdo
de determinado assunto e que objetivam avaliar o seu grau de conhecimento
sobre o tema avaliado. Assim, é possível identificar que os testes de
conhecimento pretendem servir como ferramentas para fazer inferências
sobre aspectos da competência humana e que essa competência poderia
posteriormente atuar no desempenho no trabalho.
Diante dos objetivos descritos e das definições apresentadas, a
hipótese nula (H
0
) a ser testada é a que o desempenho do indivíduo no
trabalho não está associado às variáveis antecedentes percepção de
suporte organizacional, motivação para trabalhar, escore nos testes de
seleção e características biográficas.
Apesar do desempenho dos indivíduos ser analisado com diferentes
indicadores (auto-relatos e medidos pela organização), espera-se que as
medidas utilizadas sejam capazes de compartilhar um grau de similaridade
para melhor validar os resultados encontrados. A primeira hipótese de
pesquisa vai procurar verificar essa relação desenhada na Figura 2.1 por
meio da seta de duplo sentido entre as duas variáveis critério.
H
1
: Haverá correlação significativa entre os auto-relatos de
desempenho no trabalho e os indicadores de desempenho do indivíduo
medidos pela organização.
63
Considerando os relatos de Ackerman e Hujmpherys (1990) e de
Parker e Turner (2002), além dos diversos estudos relatados na Seção 1.1, o
foco dessa pesquisa é verificar o grau de relação entre as habilidades
cognitivas demonstradas pelos candidatos nos testes de conhecimento
utilizados como uma das ferramentas de seleção e seu desempenho no
trabalho, conforme indicado na parte superior da Figura 2.1.
H
2
: A proficiência obtida pelos candidatos nos testes de
conhecimento realizados será positiva e significativamente relacionada com
o desempenho no trabalho (auto-relatos e indicadores organizacionais).
Entretanto, diversos estudos encontraram que sistematicamente a
percepção dos indivíduos sobre as condições presentes no contexto de
trabalho acabam influenciando a mudança de comportamento (Abbad, 1999;
Abbad & cols 2006; Mourão, 2004; Pilati, 2004). Além disso, conforme
apontam Parker e Turner (2002), a percepção dos indivíduos sobre as
variáveis presentes em seu ambiente de trabalho pode exercer uma
importante influência em outros aspectos pessoais, tal como a motivação.
Considerando esses relatos e os demais estudos descritos na Seção 1.3,
são formuladas as hipóteses 3 e 4 representadas na parte direita da Figura
2.1.
H
3
: A percepção de suporte organizacional será significativamente
correlacionada com o desempenho do indivíduo no trabalho (auto-relatos e
indicadores organizacionais).
H
4
: A percepção de suporte organizacional está significativamente
associada ao grau de motivação para trabalhar dos indivíduos.
Contudo, conforme bem ressalta Zerbini (2006), apesar do valor
robusto de explicação que possuem as variáveis contextuais, as variáveis
individuais também exercem seu papel. Como grande parte da literatura
sobre desempenho ressalta a importância das variáveis motivacionais (ver
Ackerman & Hujmpherys, 1990; Sonnentag & Fresse, 2002; Parker & Turner,
64
2002; Pilati, 2004), espera-se poder identificar e controlar o efeito da
motivação no desempenho do indivíduo no trabalho. Assim, a seguir é
formulada a quinta hipótese de pesquisa representada na Figura 2.1 pela
relação entre motivação para trabalhar e as variáveis critério.
H
5
: O grau de motivação para trabalhar será positivamente
relacionado com o desempenho do indivíduo no trabalho (auto-relatos e
indicadores organizacionais).
De acordo com Ackerman e Hujmpherys (1990), o estudo das
diferenças individuais é uma questão central em Psicologia. Identificar quais
características estão por trás das melhores condutas e dos melhores
desempenhos também é uma questão importante em POT. Assim, a última
hipótese de pesquisa a ser testada trata da verificação das diferenças de
desempenho em função de algumas características dos indivíduos e está
indicada na Figura 2.1 pela relação entre as características pessoais e as
variáveis critério.
H
6
: Os indivíduos irão apresentar níveis de desempenho (auto-
relatos e indicadores organizacionais) diferenciados em função de
características pessoais como sexo, idade e tempo de trabalho.
O capítulo a seguir descreve os procedimentos realizados para
alcançar os objetivos previamente formulados e testar cada uma das
hipóteses apresentadas anteriormente.
65
3 Método
Para realização dessa pesquisa, foram utilizadas as bases dos
dados de concursos dos últimos 10 anos de duas organizações, realizadas
por um centro de seleção vinculado à Universidade de Brasília o Centro de
Seleção e Promoção de Eventos, Cespe/UnB. A opção por trabalhar com
esses dados ocorreu em função da parceria que a UnB conseguiu firmar
com as organizações por meio da pós-graduação em Psicologia e da
facilidade de acesso ao Cespe/UnB. Os dados foram cedidos pelo centro de
seleção mediante a autorização das organizações. Além dessas bases de
dados, também foram aplicados questionários aos funcionários que
atualmente trabalham nas organizações.
Para manter o contrato de sigilo, as organizações parceiras não
serão identificadas, mas será apresentada a seguir uma descrição geral das
suas características, do tratamento realizado nas bases de dados do
concurso, bem como dos procedimentos de coleta de dados com os
funcionários.
3.1 Características gerais das organizações parceiras
Foram realizadas parcerias de pesquisa com uma organização do
setor financeiro e outra do setor de energia. A primeira organização parceira
caracteriza-se principalmente por ser uma autarquia federal integrante do
Sistema Financeiro Nacional, responsável pela gestão da política
econômica, monetária e cambial. Sua sede está situada em Brasília, mas a
organização possui projeções regionais em nove capitais brasileiras. O
ingresso na carreira ocorre via concurso público e por isso seus postos de
trabalho são ocupados por servidores públicos federais (com exceção dos
diretores e presidente). A maior concentração de servidores está situada na
66
sede e nas projeções nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Ao longo
do texto, essa organização será denominada simplesmente como Banco.
A segunda organização é uma sociedade anônima de capital aberto
que atua de forma integrada e especializada em segmentos relacionados à
indústria de óleo, gás e energia. Sua sede é localizada no Rio de Janeiro. A
companhia conta com quatro áreas de negócio (de Exploração e Produção,
de Abastecimento, de Gás & Energia e a Internacional), duas áreas de apoio
(a Financeira e a de Serviços) e unidades corporativas ligadas diretamente
ao presidente. No contexto de abertura do setor petrolífero brasileiro, a
empresa mantém o crescimento e a liderança no País, preparando-se para
tornar-se uma companhia de energia com atuação internacional. Seus
empregados estão alocados em estados de todas as regiões do país. A
companhia possui plano de carreira próprio e os postos de trabalho também
são ocupados via processos seletivos públicos (com exceção do presidente).
Essa organização será mencionada daqui em diante apenas como S/A.
Conforme mencionado anteriormente, a realização desta pesquisa
contou ainda com o apoio do Cespe/UnB que foi o centro de seleção que
repassou as bases de dados dos concursos. O Cespe/UnB, constituído em
1993 pelo Ato da Reitoria nº 1.777/93, é o responsável pelos processos de
seleção de estudantes para o ingresso na Universidade de Brasília e pela
realização de concursos públicos, processos seletivos e de avaliação
educacional. Atualmente, o Cespe/UnB tem procurado inserir na sua missão
o estímulo à produção de conhecimento por meio do apoio à realização de
pesquisas, visto ser esta uma das missões da própria Universidade.
3.2 Procedimentos de coleta de dados
Para o alcance dos objetivos da presente pesquisa, contou-se com
informações provenientes de três bases de dados distintas, combinadas em
etapas sucessivas de análises. A primeira delas refere-se aos candidatos
que realizaram concursos para as duas organizações descritas, no período
67
de aproximadamente 10 anos. Essa base de dados forneceu as informações
referentes ao domínio do conteúdo avaliado pelos testes de conhecimento,
que é uma das variáveis antecedentes do modelo de pesquisa (ver Figura
2.1).
A segunda base de dados diz respeito à participação das pessoas
que foram selecionadas nos concursos e que atualmente trabalham em cada
uma das organizações. Esses participantes responderam os instrumentos
referentes às demais variáveis antecedentes do modelo de pesquisa, tais
como motivação para trabalhar, percepção de suporte organizacional para o
desempenho e as variáveis sociodemográficas e, ainda, o instrumento para
mensuração de uma das variáveis critério que foi auto-percepção de
desempenho no trabalho.
A terceira base de dados foi fornecida pelas organizações e traz as
informações referentes às avaliações de desempenho dos funcionários
realizadas pelas próprias organizações. De acordo com o que foi
apresentado na Figura 2.1, essas avaliações de desempenho compõem a
segunda variável critério do modelo de pesquisa. Todos os instrumentos
serão descritos detalhadamente na seção 4.4.
Para a realização do Estudo I análise de pressupostos e
qualidade dos instrumentos, cada medida foi considerada separadamente.
Este estudo está voltado para o alcance dos objetivos 1 e 4 apresentados no
capítulo anterior. O Estudo II testagem empírica do modelo de pesquisa,
foi realizado por meio da junção das três bases de dados, ou seja, o modelo
de pesquisa foi testado com as respostas das pessoas que haviam realizado
o concurso para cada uma das organizações, que também responderam a
pesquisa realizada para esta tese e que tinham notas nas avaliações de
desempenho realizadas pelas organizações. Especificamente, este estudo
foi realizado para alcançar os demais objetivos relatados (objetivos 2, 3, 5 e
6).
Os dados referentes ao Banco dizem respeito aos candidatos que
realizaram concurso nos anos de 1997 e 2000, tendo em vista que esses
68
foram os únicos concursos realizados pelo Cespe/UnB no período
considerado. A S/A realizou sete concursos nesse período, sendo três deles
em 2003, três em 2004 e um em 2007. A base de dados referente aos
candidatos selecionados no concurso, e que atualmente trabalham nas
organizações, foi composta por meio de uma coleta on line utilizando um
software de pesquisa contratado para essa finalidade.
Em decorrência de experiências positivas tais como as relatadas
recentemente por Moraes (2006), a versão eletrônica do questionário foi
hospedada em um site especializado denominado “www.zoomerang.com”. A
opção pelo uso da internet viabilizou a coleta em cidades distintas, nas quais
se encontram as sedes das organizações, a um baixo custo. A utilização
desse tipo de coleta de dados envolveu a testagem do acesso ao formulário
eletrônico com diferentes sistemas operacionais (Microsoft Windows e
Ubuntu Linux) e navegadores (Internet Explorer, Mozilla Firefox, Netscape),
a tomada de decisão sobre bloquear a ocorrência de repetidas participações
do mesmo respondente e a reiteração periódica do convite para garantir
maiores retornos. Essas verificações ocorreram na fase de pré-teste
realizada em ambas as organizações. Não foi observado nenhum problema
quanto aos sistemas operacionais, os navegadores, os bloqueios e os
convites para participação na pesquisa também funcionaram com sucesso.
No Anexo III podem ser visualizadas as cartas-convites enviadas aos
participantes dessa fase.
Na S/A, a coleta de dados dessa fase foi comunicada aos gerentes
das áreas que ficaram encarregados de repassar a informação aos seus
empregados. Desse modo, os participantes estavam cientes da pesquisa
quando receberam o convite em suas caixas de e-mail. Embora essa etapa
não tenha ocorrido no Banco, considera-se que a coleta de dados não foi
prejudicada. Assim como na fase do pré-teste, todos os participantes (no
Banco e na S/A) receberam no seu e-mail uma carta inicial onde foram
apresentados os objetivos gerais e os responsáveis pela pesquisa (ver
69
Anexo IV). Essas informações parecem ter sido suficientes para garantir a
adesão dos participantes.
Para a coleta das informações sobre o desempenho dos servidores
do Banco, foram utilizados os dados da avaliação do sistema de gestão por
competência, recentemente implementado na organização. Os servidores
responderam um formulário eletrônico disponibilizado em um sistema
desenvolvido pelo próprio Banco. Pelo mesmo sistema foram feitas hetero-
avaliações pelos superiores imediatos dos servidores. Ambas as avaliações
foram confrontadas e discutidas para que houvesse convergências entre
elas. Os dados de desempenho dos empregados da S/A também foram
provenientes do sistema de gestão de competências onde o empregado
recebe uma avaliação do seu chefe imediato. Além da avaliação nos grupos
de competência da sua área, o empregado recebe do seu chefe uma
avaliação referente às metas que deveria atingir (avaliação de resultado).
A seguir, será apresentada uma descrição do perfil dos sujeitos
pertencentes a essas bases de dados, considerando os procedimentos de
limpeza empregados em cada uma delas.
3.3 Participantes do estudo
Considerando que foram utilizadas três bases de dados coletadas
em diferentes fontes, para facilitar a compreensão de como elas foram
utilizadas, o perfil dos participantes será apresentado em seções distintas. A
primeira delas apresentará o perfil dos candidatos que realizaram concurso
para as duas organizações descritas, no período considerado neste estudo,
de onde foram obtidos os dados para a variável antecedente nota nos testes
de conhecimento. A segunda seção apresentará o perfil dos candidatos
selecionados nos concursos que se dispuseram a participar da pesquisa via
internet para a coleta das demais variáveis, a saber: motivação para
trabalhar, percepção de suporte organizacional, auto-percepção de
desempenho no trabalho e variáveis sociodemográficas. Cabe destacar que
70
os sujeitos pertencentes à terceira base de dados utilizada (fornecida pela
organização) são os mesmos respondentes da pesquisa via internet.
3.3.1 Candidatos inscritos nos concursos
Conforme mencionado anteriormente, foram considerados os dados
de candidatos que prestaram dois concursos para o Banco. A base de dados
de 1997 foi composta por 6.360 candidatos que se inscreveram para 56
vagas abertas para o cargo de Procurador. Destes candidatos, apenas 128
apresentaram notas na primeira fase (prova objetiva). De 2000, foram
considerados os dados de 24.710 candidatos que se inscreveram para 300
vagas de Analista do Banco nas áreas de Contábil-financeira, Pesquisa em
Economia e Finanças e Informática. Do total de inscritos, 20.234 obtiveram
nota na prova objetiva. Outro concurso realizado em 1997 não pode ser
incluído, pois sua base de dados não foi recuperada.
Na S/A foram considerados sete processos seletivos entre os anos
de 2003 e 2007 que disponibilizaram vagas para cargos de nível médio e
superior. No total, foram oferecidas quase 800 vagas para os cargos de nível
médio e aproximadamente 700 vagas para os cargos de vel superior. Os
processos seletivos de 2003 contaram com cerca de 53.000 candidatos
inscritos, de 2004 com mais de 64.000 e os de 2007 com cerca de 130.000
inscritos. Do total de candidatos inscritos, cerca de 247.000 se apresentaram
para realizar a primeira fase do concurso (prova objetiva).
A Tabela 3.1 apresenta resumo do número de candidatos das duas
organizações de acordo, com os processos seletivos abertos em cada ano,
realizado pelo Cespe/UnB e considerado nesta pesquisa.
71
Tabela 3.1 Número de candidatos das bases de dados dos concursos realizados pelo
Cespe/UnB para as duas organizações
Organização
Ano
Número de
cargos
Número de vagas
Número de
candidatos
Banco
1997
1 nível
superior
56
6.360
2000
3 nível
superior
300
24.710
S/A
2003
Nov
23 nível médio
500
28.429
2003
Mai
1 nível médio
78
20.656
2003
Jul
1 nível
superior
40
3.980
2004
Jan
25 nível médio
199
27.216
2004
Jan
27 nível
superior
542
37.347
2004
Fev
1 nível
superior
3
70
2007
Mai
17 nível
superior
116 (mais formação de
cadastro)
112.563
23 nível médio
20 (mais formação de
cadastro)
18.062
Para relacionar os dados do concurso com os dados coletados via
internet optou-se por o excluir qualquer candidato dessas bases. O
objetivo dessa opção foi tentar identificar sujeitos que atualmente trabalham
nas organizações, mas que porventura não tenham sido selecionados nos
processos seletivos considerados ou ainda que tenham prestado mais de
uma seleção.
3.3.2 Perfil dos candidatos selecionados que responderam à
pesquisa via internet
No Banco, a versão eletrônica do questionário ficou on line durante 45
dias no período de 19 de maio a 2 de julho de 2009. O convite foi enviado
para uma lista de 2.986 e-mails pré-selecionados pela equipe de Recursos
Humanos do Banco. Ao final da coleta foi obtida uma taxa de retorno de
35,03% (1.046 respostas), sendo que o maior fluxo foi observado nos quatro
primeiros dias 61,8% dos respondentes retornaram seus questionários
nesse período. Após 12 dias de coleta, foi reiterado o convite para o e-mail
72
dos participantes que não haviam dado retorno. Cerca de 34% das
respostas foram obtidas após o segundo convite.
Do total dos 1.046 questionários recebidos, 930 foram de funcionários
que responderam a pesquisa até o final, sendo que destes, alguns deixaram
poucas variáveis sem respostas ao longo do questionário. Em virtude desse
número de respondentes ser satisfatório, os demais casos foram
desconsiderados pelos motivos registrados na Tabela 3.2.
Na S/A, o questionário ficou disponível para os participantes durante
17 dias no período de 16 de junho a 2 de julho de 2009. O convite enviado
aos participantes dessa organização foi remetido pela própria pesquisadora
para uma lista de 1.580 e-mails pré-selecionados pela equipe de RH da
companhia. Ao final da coleta foi obtida uma taxa de retorno de 46,9% (741
respostas), sendo que o maior fluxo foi observado nos dois primeiros dias
quase 60% dos respondentes retornaram seus questionários nesse período.
Após oito dias de coleta, foi reiterado o convite para o e-mail dos
participantes que não haviam dado retorno. Aproximadamente 22% das
respostas foram obtidas após o segundo convite.
Levando em conta os 741 questionários recebidos, 687 foram de
funcionários que responderam a pesquisa até o final. Destes, alguns
deixaram poucas variáveis sem respostas ao longo do questionário. Como
esse número de respondentes também foi considerado satisfatório, os
demais casos foram excluídos do banco de respostas pelos motivos
registrados na Tabela 3.2.
Tabela 3.2 Quantitativo de sujeitos excluídos nas bases de dados da coleta via internet nas
suas organizações.
Motivos da exclusão
Organização
Banco
S/A
N
%
N
%
Não concluíram o primeiro instrumento motivação
67
6,4
26
3,5
Só concluíram o primeiro instrumento motivação
13
1,0
12
1,2
Só concluíram o primeiro e o segundo instrumentos motivação e
desempenho
36
3,4
16
2,2
Total de casos excluídos
116
10,8
54
6,9
73
Assim, a amostra final advinda da coleta de dados da pesquisa
realizada via internet foi composta por 1.617 participantes, sendo 57,5% de
servidores do Banco e 42,5% de empregados da S/A. Em ambas as
organizações, a maioria dos respondentes é do sexo masculino
(aproximadamente 80%) e com ensino superior completo. Contudo, na S/A
foi maior o percentual de respondentes com pós-graduação (MBA ou
especialização, mestrado ou doutorado). Esses dados são apresentados na
Tabela 3.3.
Tabela 3.3 Porcentagem dos participantes em ambas as organizações em relação ao sexo
e à escolaridade informados.
Variáveis do perfil dos respondentes
Organização
Banco
S/A
%
%
Sexo
Masculino
81,7
79,2
Feminino
18,3
20,8
Escolaridade
Ensino fundamental completo
0,3
0,1
Ensino médio completo
8,0
10,3
Ensino superior completo
41,7
36,7
MBA ou Especialização
34,3
26,0
Mestrado
12,9
22,6
Doutorado
2,8
4,2
Apesar da semelhança encontrada em relação a essas duas
variáveis, as estatísticas de idade e tempo de trabalho revelaram que os
respondentes da S/A são mais jovens que os respondentes do Banco. A
média de idade dos participantes da S/A foi 33,8 anos (d.p. 7,0 anos)
enquanto que no Banco a média dos respondentes foi 47,7 anos (d.p. 9,9
anos). A Tabela 3.4 também apresenta dados relacionados ao tempo de
trabalho dos participantes, que corroboram a maior experiência da amostra
do Banco.
74
Tabela 3.4 Estatísticas descritivas dos participantes em ambas as organizações em relação
à idade, tempo que realiza atividade de trabalho remunerada e tempo que trabalha na
organização.
Organização
Variáveis do perfil
dos respondentes
Estatísticas descritivas
Mínimo
Máximo
Média
Desvio-padrão
Banco
Idade
23 anos
67 anos
47,7 anos
9,9 anos
Tempo que exerce
atividade remunerada
2 anos e 9
meses
48 anos e 6
meses
25 anos e 9
meses
11 anos e 3
meses
Tempo na organização
10 meses
41 anos e 9
meses
17 anos e 8
meses
12 anos e 11
meses
S/A
Idade
19 anos
63 anos
33,8 anos
6,7 anos
Tempo que exerce
atividade remunerada
0 meses
37 anos e 2
meses
10 anos e 6
meses
7 anos e 7
meses
Tempo na organização
8 meses
23 anos e 6
meses
3 anos e 7
meses
2 anos e 1 mês
Como pode ser observado, os participantes do Banco exercem
atividade remunerada há mais tempo (média de 25 anos e 9 meses) e
também estão bastante tempo (cerca de 17 anos e 8 meses). Os
respondentes da S/A estão no mercado de trabalho cerca de 10 anos e 6
meses e estão mais recentes na companhia (média de 3 anos e 7 meses).
Em seguida, as informações sobre a avaliação de desempenho dos
1.617 foram buscadas nas bases de dados fornecidas pelas organizações. O
Banco realizou uma pesquisa de avaliação de competências, que resultou
na avaliação de desempenho considerada na presente tese, incluindo 902
sujeitos que também responderam a pesquisa via internet descrita
anteriormente. Na S/A, 580 respondentes da pesquisa tinham dados da
avaliação de desempenho.
A base de dados agora contendo 1.482 sujeitos foi relacionada aos
dados dos candidatos aos concursos. Essa junção resultou em uma amostra
final de 447 sujeitos que foi utilizada para testagem empírica do modelo de
pesquisa. Foi possível identificar 62 respondentes do Banco que realizaram
concursos nos anos de 1997 ou 2000 e 385
4
respondentes da S/A que
realizaram pelo menos um dos sete concursos para essa companhia. A
4
Inicialmente haviam sido identificados 479 candidatos que se inscreveram em pelo menos um dos concursos da
S/A. Contudo, foram excluídos aqueles candidatos que fizeram a inscrição e não realizaram as provas e as
participações “duplicadas”, ou seja, de candidatos que fizeram mais de uma prova do mesmo concurso (cargos de
nível médio e superior) ou mais de um dos concursos. Nessa segunda situação, permaneceram os que realizaram
provas para o ensino superior ou que tinham nota na prova objetiva em um dos concursos.
75
Figura 3.1 apresenta um esquema que resume as etapas de relacionamento
entre as bases de dados para facilitar a compreensão das complexas
combinações realizadas entre elas.
Figura 3.1 Representação gráfica das etapas de relacionamento entre
as bases de dados da pesquisa.
O banco de dados final é composto por 61 candidatos que fizeram
provas para 28 cargos de nível dio e 386 candidatos que fizeram provas
para 35 cargos de nível superior. Além de ter menor número de concursos, a
quantidade inferior de respondentes identificados nas bases de concurso do
Banco deve-se, provavelmente, ao fato de que grande parte dos
respondentes da pesquisa foi selecionada em concursos bem mais antigos
do que aqueles que puderam ser considerados nesta pesquisa ou mesmo de
pessoas que trabalharam bastante tempo em outras organizações e
ingressaram no Banco através de processos seletivos mais recentes não
realizados pelo Cespe/UnB. Mesmo assim, considera-se que a amostra final,
após relacionar as três bases de dados (dos concursos, da pesquisa via
internet e com os dados de desempenho fornecidos pela organização) era
adequada para testar empiricamente o modelo de pesquisa inicialmente
proposto.
...base de dados com
1.617 sujeitos
- Banco: 930
- S/A: 687
Pesquisa
realizada via
internet resultou
em...
A relação com os
dados da avaliação de
desempenho realizada
pelas organizações
resultou em...
...base de dados com
1.482 sujeitos
- Banco: 902
- S/A: 580
A relação com os
dados dos concursos
resultou em...
...base de dados final com
447 sujeitos
- Banco: 62
- S/A: 385
1
2
3
76
A seguir serão descritos os instrumentos utilizados na pesquisa que
resultaram em cada uma das bases de dados apresentadas até o momento.
3.4 Instrumentos utilizados na pesquisa
Nessa seção será apresentada a estrutura geral das provas de
concurso realizadas pelos candidatos das duas organizações, os
instrumentos respondidos pelos candidatos selecionados e, por fim, os
instrumentos utilizados pelas organizações para obter as avaliações de
desempenho dos seus funcionários.
3.4.1 Estrutura das provas respondidas pelos candidatos aos
concursos das organizações
Para verificação do valor preditivo dos testes de conhecimento foram
utilizados os resultados das provas de seleção realizadas pelos candidatos
ao concurso de cada organização. Os dois concursos para o Banco
considerados nesta pesquisa foram para o nível superior. Os candidatos ao
concurso em 1997 para o cargo de Procurador responderam uma prova
composta por 350 itens de verdadeiro ou falso, sendo que 30 itens eram
referente à Língua Portuguesa e os demais referentes à prova de
conhecimentos específicos. Os candidatos que realizaram em 2000 o
concurso para os cargos de Analista, responderam uma prova composta por
250 questões, sendo que 100 referiam-se à parte de conhecimentos gerais,
125 à parte de conhecimentos específicos e 25 à Língua Portuguesa. Para a
realização das análises, os itens de ngua Portuguesa e conhecimentos
gerais foram agrupados formando um bloco de conhecimentos básicos.
Na S/A, foram realizados concursos tanto para o nível médio quanto
superior. Para os cargos de nível médio, as provas foram compostas por 150
itens de verdadeiro ou falso sendo que, em geral, 50 itens abordavam
77
conhecimentos básicos e os demais contemplavam conhecimentos
específicos de cada cargo. Embora o número de itens total para os cargos
de nível médio tenha sido constante nos diferentes concursos, houve
pequena variação do número de itens que avaliou cada uma das partes da
prova. Os candidatos que se inscreveram para os cargos de nível superior
em 2003 e 2004 responderam uma prova com 175 itens, sendo 45 para
avaliar conhecimentos básicos e 130 para avaliar conhecimentos
específicos. Em 2007, os candidatos aos cargos de nível superior
responderam uma prova composta por 150 questões, sendo que 50
avaliaram conhecimentos básicos e as demais, conhecimentos específicos.
3.4.2 Instrumentos utilizados na pesquisa via internet
De acordo com o que será descrito a seguir, dois instrumentos
utilizados nessa fase foram desenvolvidos para atender aos objetivos desta
pesquisa, a medida de motivação para trabalhar e a de auto-percepção de
desempenho. Por esse motivo, além da validação por juízes e semântica,
esses instrumentos foram submetidos previamente a uma validação
psicométrica em um estudo piloto. Nesse estudo, os instrumentos foram
aplicados para 248 sujeitos pertencentes a quatro organizações distintas,
sendo: duas pertencentes à administração pública (uma do governo federal
e outra do governo distrital), uma relacionada ao fomento de pesquisa no
país e outra vinculada a uma universidade pública federal.
A medida de percepção de suporte organizacional não foi inserida
no estudo piloto porque havia sido validada por Brandão (2008). A
descrição do perfil dos participantes do estudo piloto, bem como as análises
realizadas nessa etapa podem ser consultadas em Queiroga, Borges-
Andrade, Pagotto, Almeida & Fernandes (2009). Cabe destacar que além
dos ajustes apontados nas etapas de validação semântica e por juízes (que
demandaram pequenas alterações no conteúdo dos itens), os resultados da
validação psicométrica não apontaram necessidade de realizar outras
78
modificações. A estrutura fatorial e as demais informações psicométricas de
cada instrumento são apresentadas a seguir e complementadas com os
anexos indicados nesta seção.
Após a conclusão dessa etapa, foi encaminhado aos e-mails dos
participantes o link da pesquisa que os dirigia para o site da internet onde o
questionário estava hospedado. A primeira tela apresentou informações
gerais sobre o que o participante iria encontrar daquele ponto em diante e
novamente agradecia a participação do respondente. Essa tela pode ser
observada no Anexo V. Em seguida, o participante foi levado a responder os
instrumentos descritos a seguir.
Escala de motivação para trabalhar
Para mensurar o componente relacionado ao querer fazer, também
mencionado na literatura como influenciador do desempenho, foi adaptada a
versão do Inventário de Motivação e Significado do Trabalho IMST
(Borges, Alves-Filho & Tamayo, 2008). O objetivo foi não apenas reduzir o
número de itens, mas também direcionar o conteúdo do instrumento para o
grau de motivação do indivíduo em desempenhar as tarefas que lhe são
atribuídas. O IMST foi desenvolvido adotando-se a perspectiva proposta por
Vroom (1964) de motivação por meio da expectância e contém 171 itens.
Para elaborar a versão da escala de motivação para trabalhar, foram
desconsiderados todos os itens que medem outros construtos não
relacionados à presente pesquisa como é o caso do significado do trabalho.
Assim, foi submetida à validação psicométrica no estudo piloto uma versão
contendo 32 itens, sendo 12 de valência, 12 de instrumentalidade e 8 de
expectativa. Os participantes utilizaram uma escala de resposta do tipo likert
de cinco pontos cujos extremos variavam de acordo com conteúdo
mensurado pelo bloco de itens. Para a mensuração da valência utilizou-se
uma escala de importância, para a instrumentalidade, uma escala de
utilidade e para a expectativa foi questionado ao respondente quanto ele
79
considerava provável alcançar, por meio do trabalho, o que estava descrito
nos itens. O instrumento de medida de motivação está apresentado no
Anexo VI.
Os resultados encontrados no estudo piloto apontaram uma
estrutura robusta para as três dimensões do instrumento de motivação. A
subescala de valência apresentou índice de consistência interna calculado
por meio do alfa de Cronbach de 0,83 e cargas fatoriais que variaram de
0,51 a 0,66. A subescala de instrumentalidade apresentou alfa de Cronbach
de 0,91 e cargas fatoriais entre 0,47 e 0,79. Os itens da subescala de
expectativa apresentaram alfa de Cronbach de 0,89 e as cargas fatoriais
ficaram entre 0,57 e 0,81. Apesar das dimensões terem sido estudadas
separadamente, o lculo dos escores de motivação foi obtido por meio da
multiplicação da pontuação em cada dimensão, conforme a orientação
teórica para a avaliação desse construto. Os resultados da validade
psicométrica obtidos no estudo piloto para o instrumento de motivação para
trabalhar podem ser visualizados no Anexo VII.
Escala de auto-avaliação de desempenho no trabalho
Inicialmente, essa medida foi desenvolvida por Coelho Jr., Queiroga
& Borges-Andrade (manuscrito não-publicado) atendendo ao referencial
teórico proposto por Campbell (1990). O instrumento contendo 32 itens foi
aplicado e validado em uma organização privada da área de saúde do
Distrito Federal e apresentou indicadores psicométricos que corroboraram a
proposta teórica (seis fatores com Alfas de Cronbach entre 0,70 e 0,90).
Entretanto, em decorrência da revisão do modelo de avaliação de
desempenho de Campbell (1990) proposto por Sonnentag e Frese (2002),
exposta na seção 1.2.1 do Capítulo 1 e adotada na presente pesquisa, foi
adaptada uma medida para contemplar essa atualização. Assim, a partir da
medida proposta por Coelho Jr, Queiroga & Borges-Andrade (manuscrito
não-publicado), foram desenvolvidos 23 itens para avaliar as duas facetas
80
de avaliação do desempenho propostas por Sonnentag e Frese (2002):
desempenho voltado para a tarefa e para o contexto. Esses itens foram
submetidos à validação psicométrica no estudo piloto e os respondentes
utilizaram uma escala de freqüência de cinco pontos cujos extremos
variaram de 1 = nunca a 5 = sempre. O instrumento de auto-avaliação de
desempenho apresentado aos participantes encontra-se no Anexo VIII.
Os indicadores psicométricos obtidos apontaram para uma estrutura
unifatorial com cargas fatoriais variando de 0,34 a 0,71 e Alfa de Cronbach
de 0,89. Os resultados do estudo piloto não indicaram a separação dos itens
em duas dimensões. Não obstante essa limitação, considerou-se que o
conjunto de itens apresentou indicadores robustos e satisfatórios para a
mensuração desse construto, ainda que sem contemplar as dimensões de
forma separada. Todavia, seria indicado que esse instrumento fosse
novamente testado com uma amostra maior, tanto em quantidade de
respondentes quanto em variabilidade de organizações. Os demais dados
sobre a validação psicométrica desse instrumento realizada no estudo piloto
podem ser contemplados no Anexo IX.
Escala de percepção de suporte organizacional
Originalmente desenvolvido por Abbad, Pilati e Borges-Andrade
(1999) para a mensuração de percepção de suporte organizacional no
contexto brasileiro, a escala é composta por 51 itens agrupados em quatro
fatores: gestão de desempenho (13 itens, α = 0,87), carga de trabalho (9
itens, α = 0,80), suporte material ao desempenho (17 itens, α = 0,91) e
promoções, ascensão e salário (11 itens, α = 0,83). Apesar dos bons
indicadores dessa medida, em virtude da necessidade da coleta das demais
variáveis, foi utilizada a versão reduzida dessa medida validada por Brandão
(2009) para diminuir a fadiga dos respondentes. Os 28 itens que compõem a
versão reduzida foram respondidos em uma escala do tipo likert de
81
concordância cujos extremos variaram de 1 = discordo totalmente a 5 =
concordo totalmente.
Na validação realizada por Brandão (2009), foram encontradas as
quatro dimensões propostas originalmente, denominadas pelo autor com
rótulos bastante semelhantes: suporte material ao desempenho (6 itens, α =
0,91), práticas de promoção e recompensa (8 itens, α = 0,85), carga de
trabalho (7 itens, α = 0,85) e práticas de gestão de desempenho (7 itens, α =
0,87).
Questões sociodemográficas dos participantes
Para complementar a coleta de informações necessárias para a
testagem do modelo de pesquisa, bem como para caracterizar a amostra de
respondentes, foram elaboradas cinco questões apresentadas ao final do
questionário. Trata-se de informações sobre o sexo, idade e escolaridade
dos respondentes e ainda o tempo que realizam atividade remunerada e o
tempo que trabalham na organização. Como a última questão identifica a
organização do respondente, a página de informações sociodemográficas do
questionário não será apresentada em Anexo.
No final da página havia uma nota de agradecimento pela
participação do respondente na pesquisa e em seguida um botão “submeter”
para que as respostas fossem enviadas para o banco de dados. Ao final de
cada instrumento de medida as respostas eram gravadas no sistema, de
modo que foi possível identificar as respostas parciais, conforme descrito
anteriormente.
3.4.3 Instrumentos utilizados na avaliação de desempenho
realizada pelas organizações
Os indicadores de acompanhamento do desempenho dos
candidatos selecionados utilizados pela organização são considerados como
82
uma das medidas de desempenho do modelo. Em ambas as organizações
foram consideradas as medidas de avaliação do sistema de gestão de
competências implantado no início desse ano no Banco e dois anos na
S/A
5
.
O modelo de gestão por competência no Banco foi proposto com o
intuito de promover o alinhamento entre as competências organizacionais e
as competências profissionais e oferecer a possibilidade de implementar a
adequação do servidor ao seu posto de trabalho, o suporte ao processo de
recrutamento e seleção e o desenvolvimento de um processo de carreira e
sucessão. Ainda, com a implantação do modelo, o Banco pretende que haja
um alinhamento com as diretrizes governamentais, que tornaram
compulsória a adoção do modelo de gestão por competências para toda a
administração pública federal, até mesmo para a realização do plano anual
de capacitação (Decreto nº 5.707/2006).
A estrutura de gestão por competências nessa organização teve
como direcionador a análise da missão, dos objetivos estratégicos e dos
valores do Banco. Com base nessa análise, foi desenvolvido um modelo
composto de competências organizacionais e profissionais. As competências
organizacionais são consideradas como guia para a definição das
competências profissionais e conceituam-se como um conjunto de
competências detido pela organização que lhe permite cumprir sua missão e
ser reconhecida pela sociedade como essencial. As competências
profissionais, por sua vez, são definidas como características percebidas nas
pessoas envolvendo conhecimentos, habilidades e atitudes que lhes
permitam agregar valor à organização. É o conjunto de competências que
as pessoas devem ter ou desenvolver, de maneira a possibilitar à
organização a efetivação dos resultados e o cumprimento de sua missão.
A partir do mapeamento desses dois grupos de competência, foi
elaborado o inventário de competência que trata do registro no sistema
5
A descrição dos modelos de gestão de competência bem como as características dos inventários utilizados para
realizar a avaliação foram informações retiradas dos manuais desses sistemas produzidos pelas organizações.
Para resguardar o anonimato do Banco e da S/A, não será apresentada a referência dessas fontes.
83
informatizado das competências que cada profissional lotado na Unidade
possui. Os servidores, individualmente, informaram e registraram no sistema
o nível de entrega que julgavam demonstrar (auto-avaliação) em relação a
cada competência requerida, classificando-a de 0 = “não entrega” a 5 =
“entrega totalmente”. Em seguida, o gestor imediato, frente à auto-avaliação
efetuada pelo servidor, deve identificar eventuais divergências e, nesse
caso, fazer uma reunião com o servidor para rever e adequar as avaliações,
buscando convergência. Os dados utilizados nessa pesquisa levaram em
conta apenas as avaliações finais, ou seja, após a convergência entre auto e
hetero-avaliações.
O modelo de gestão por competência da S/A apresenta bastante
semelhança com o Banco. Trata-se de um modelo definido pela S/A para
desdobrar suas estratégias, materializando-as em um conjunto de
comportamentos estruturados e diferenciados que facilitem a execução e
integração dos processos de recursos humanos. A gestão de competências
pretende orientar a gestão dos empregados com um estilo comum, explicitar
quais são os comportamentos dos empregados esperados pela companhia e
possibilitar o alinhamento das pessoas às necessidades do negócio.
O modelo de competências na S/A possui um enfoque sistêmico
apoiado em três pilares: plano estratégico, processos de negócio e capital
intelectual. As competências da S/A aplicam-se aos processos de RH que
envolvem educação corporativa, aprendizagem organizacional, gestão do
conhecimento, dimensionamento de equipes, recrutamento e seleção,
gestão de desempenho e alocação, mobilidade e sucessão. Assim, também
foi desenvolvido um modelo composto por dois grupos de competências
chamadas de organizacionais e individuais. As competências
organizacionais são um conjunto de habilidades e comportamentos
estruturados diferenciados que apóiam uma vantagem estratégica,
competitiva e sustentável em longo prazo. As competências individuais, por
outro lado, são definidas como saber agir de forma responsável, que
84
implica capacidade de mobilizar os conhecimentos, as habilidades e as
atitudes e que apóiam as competências organizacionais.
O mapeamento desses dois grupos de competências resulta na
escala de competência, onde cada uma delas possui uma descrição e uma
escala evolutiva. Os dados utilizados nessa pesquisa foram obtidos em uma
escala com cinco intervalos que levaram em conta as avaliações finais
recebidas pelos empregados para cada competência avaliada (hetero-
avaliações). Até 2007, esses intervalos eram nomeados como “não atingiu”,
“não atingiu permaneceu”, atingiu parcialmente – avançou”, “atingiu” e
“superou”. Essa avaliação final era dada pelo gerente do empregado em
virtude de negociações realizadas ao final de cada ciclo de avaliação. A
partir de 2007, os níveis das competências passaram a ser definidos
institucionalmente de acordo com os cargos da companhia e a nomenclatura
passou a ser “iniciação”, “aplicação intermediária” (dividida em dois níveis),
“aplicação integral” e “superação”. Esses níveis de competência foram
codificados para uma escala de cinco pontos de 1 a 5 para que pudesse ser
obtida uma média de desempenho por empregado de acordo com o grupo
de competências em que ele foi avaliado.
Além desses indicadores, o empregado também foi avaliado de
acordo com as metas que deveria alcançar. Tratam-se de indicadores de
resultados, avaliados pelo gerente, que levam em conta metas pré-
estabelecidas pela companhia. Essas avaliações foram pontuadas em uma
escala de 0 a 130 e também podem ser agrupadas em intervalos, sendo
eles: de 0 a 69 “não atinge a meta”, de 70 a 89 “atinge parcialmente a
meta”, de 90 a 109 “atinge a meta”, acima de 110 “supera a meta”. Em
ambos os casos (seja por competência ou por resultado), as avaliações de
desempenho referem-se a hetero-avaliações.
85
3.5 Análise dos dados
No âmbito da pesquisa em POT, a relação entre os construtos
mencionados até o momento foi explorada por meio de diferentes tipos de
análises. Segundo Abbad e Torres (2002), existe nessa área uma
predominância de análises multivariadas, como regressões lineares e
análises de variância. Apenas recentemente, com o trabalho pioneiro de
Puente-Palacios (2002), análises mais sofisticadas começaram a ser
inseridas em pesquisas dessa área no contexto brasileiro. A autora trás uma
grande contribuição ao utilizar a abordagem multinível para o estudo de
equipes de trabalho e ressalta a importância da utilização dessa técnica em
POT, visto que as organizações são, por definição, sistemas multiníveis
(Puente-Palacios & Borges-Andrade, 2002).
Outra contribuição importante foi dada por Pilati (2004), ao trazer em
seu trabalho diferentes técnicas de análises de dados para propor uma
taxonomia de treinamento e, ainda, para testar um modelo de efetividade de
treinamento. Nesse estudo, fica evidente a importância de se utilizar a
Modelagem por Equações Estruturais (MEE) para o estudo dos fenômenos
em contexto organizacional.
Ainda assim, observa-se que no Brasil os maiores avanços
metodológicos têm acontecido no campo da avaliação educacional, que
frequentemente empregam tanto a abordagem multinível (ver, por exemplo,
Andrade, 2005; Ferrão, 2003; Jesus, 2004) quanto a Teoria de Resposta ao
Item. Os estudos em POT pouco utilizam as técnicas de análises modernas
desenvolvidas pela Psicometria. Embora Drasgow e Hulin (1990) tenham
dedicado um capítulo do Handbook of Industrial and Organizational
Psychology para ressaltar a importância da Teoria de Resposta ao Item
(TRI), a utilização dessa ferramenta na pesquisa em POT é pouco verificada.
Além de propiciar discussões mais consistentes, o uso de técnicas mais
robustas pode permitir maior poder de generalização das hipóteses testadas,
conforme já argumentava Popper (2008).
86
Ao se considerar o caminho da formulação de hipóteses refutáveis
como linha condutora do desenvolvimento científico, os testes estatísticos e
a teoria da medida aparecem como importantes ferramentas na
consolidação dessa proposta. No caso das ciências sociais, os fenômenos
de que tratam as hipóteses não podem ser observados diretamente e, por
isso, as medidas cumprem ainda mais esse papel adicional: o de trazer para
o campo do observável aquilo que não se pode acessar diretamente,
conforme já foi exposto no Capítulo 2.
Em Psicometria, duas vertentes apresentam contribuições no estudo
de instrumentos de avaliação, a saber, a Teoria Clássica dos Testes (TCT),
em que os parâmetros envolvidos são comportamentos; e a teoria moderna,
a Teoria de Resposta ao Item (TRI), em que os parâmetros referem-se
também aos traços latentes.
Tradicionalmente utilizada nos modelos de avaliação no campo da
Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT), a Psicometria Clássica ou a
Teoria Clássica dos Testes começou a ser sistematizada por Thorndike
(1982), Crocker e Algina (1986) e Anastasi (1988). A TCT é uma
representação simbólica dos fatores que influenciam as respostas dos
indivíduos aos instrumentos de avaliação e procura explicar o resultado final,
ou seja, a soma das respostas dadas pelos indivíduos a um conjunto de
itens. O interesse da TCT não recai sobre o traço latente, e sim sobre o
comportamento, ou melhor, o escore final dos indivíduos obtido em um
instrumento. Desta forma, assume-se que o escore total em tais testes
expressa a magnitude do que se deseja medir no sujeito, ou seja, indivíduos
com escore maior são mais aptos do que aqueles com menor escore
(Pasquali, 2004).
Para introduzir a linguagem característica da Psicometria, pode-se
dizer que o enfoque da TCT está no tau (τ) e não no teta (θ). O tau (τ) seria o
equivalente ao escore em um determinado teste (comportamento), enquanto
que o teta (θ) se refere ao traço latente (Pasquali, 2004). Faz-se necessário
distinguir na TCT três componentes: o escore total ou empírico (T), o escore
87
verdadeiro (V) e o erro (E), de tal modo que o escore total ou empírico em
um teste é a soma do escore verdadeiro e o erro, ou seja:
T = V + E [1]
Na TCT é possível estudar os índices ou parâmetros que descrevem
a distribuição das respostas dos indivíduos por meio de dois indicadores
conhecidos nas provas de “certo e errado” como dificuldade e
discriminação. O parâmetro de dificuldade avalia se a questão pode ser
considerada fácil ou difícil e é definido como a porcentagem de sujeitos que
respondem corretamente a questão. Um valor para o índice de dificuldade
da TCT perto de 1 indica que o item é fácil, pois denota que a totalidade de
respondentes (ou seja, 100%) respondeu corretamente a questão. Desse
modo, um valor perto de 0 (zero) indica que se trata de uma questão difícil,
pois quase nenhum indivíduo consegue localizar a resposta correta
(Pasquali, 2004). Em questionários de atitude ou personalidade
(instrumentos que não apresentam itens de “certo ou errado”), a dificuldade
pode ser entendida como a quantidade de marcações do sujeito em
determinados pontos da escala (que pode ser de concordância, de
frequência, de utilidade, entre outras) ou como sua pontuação média no
questionário.
A discriminação, por sua vez, diz respeito à capacidade da questão
para diferenciar corretamente os sujeitos em relação ao desenvolvimento
das competências que o instrumento afere. Nos testes de conhecimento, a
discriminação é a capacidade da questão de diferenciar sujeitos com altos
escores de sujeitos com escores baixos. Uma das formas de se calcular o
índice de discriminação na TCT é por meio da correlação bisserial (rbis). A
rbis é uma medida de associação entre o desempenho na questão e o
desempenho no teste (instrumento). Um alto valor da correlação bisserial
indica que a questão diferencia de maneira efetiva pessoas de alta e baixa
habilidade, e um valor perto de zero ou negativo indica uma pobre
diferenciação entre elas (Paquali, 2004). Novamente, em questionários que
88
não apresentam questões de “acerto e erro”, a discriminação deve ser
interpretada com o potencial de diferenciar sujeitos com elevado teor do
construto avaliado daquelas com baixo teor.
Apesar das contribuições e da ampla utilização da TCT, trata-se de
uma ferramenta que padece de algumas limitações teóricas. Exemplo disso
é que, na TCT, as características das questões mencionadas (dificuldade e
discriminação) dependem da amostra de sujeitos utilizada para estabelecê-
los. Isto quer dizer que um instrumento será considerado mais fácil ou mais
difícil, dependendo de quem vai respondê-lo (Andrade, Tavares & Valle,
2000; Pasquali, 2004). É nesse contexto que a TRI vem ganhando espaço e
é cada vez mais utilizada em estudos com temas como qualidade de vida,
satisfação do consumidor, gestão da qualidade total e também nas áreas de
Nutrição e Psiquiatria (Andrade & Tavares, 2007).
A TRI é um conjunto de modelos matemáticos que representam a
probabilidade de um indivíduo dar uma resposta a um item como função dos
parâmetros do item e da habilidade do respondente (Andrade, Tavares &
Valle, 2000). Assim, na TRI, cada item é considerado individualmente, sendo
indicados a probabilidade e os fatores que afetam a probabilidade de cada
item ser respondido de maneira correta ou errada, no caso de itens
dicotômicos (Pasquali, 2004). A TRI trabalha com traços latentes e considera
dois axiomas fundamentais:
1) o desempenho do indivíduo em um item se explica em função de
um conjunto de fatores ou traços latentes e, portanto, o desempenho é o
efeito, e os traços latentes são a causa;
2) a relação entre o desempenho na tarefa e o conjunto dos traços
latentes pode ser descrita por uma equação monotônica crescente, chamada
de Curva Característica do Item (CCI), na qual se observa que indivíduos
com maior carga” do traço latente terão maior probabilidade de responder
ao item corretamente (no caso de testes de acerto e erro) ou de responder
nos extremos da escala (no caso de instrumentos atitudinais com escalas
politômicas) (Hambleton, Swaminathan & Rogers, 1991; Pasquali, 2004).
89
Em muitas situações, as respostas fornecidas aos itens são
transformadas em dados binários em que o “0” indica uma reposta incorreta
(nos testes de conhecimento ou habilidade) ou uma resposta negativa (nas
escalas de interesse ou atitude) e o “1” indica uma resposta correta ou
positiva. Todavia, em algumas situações em que são possíveis três ou mais
categorias de respostas, como é o caso das escalas do tipo Likert, os dados
são considerados politômicos. Os modelos disponíveis da TRI podem ser
utilizados para escalas nominais ou ordinais (Drasgow & Hulin, 1990).
Na TRI, quando os dados se ajustam adequadamente ao modelo, os
parâmetros dos itens e os escores dos indivíduos não são dependentes da
amostra de respondentes. Além disso, os modelos podem ser expressos a
partir dos itens e não dos testes e os modelos fornecem uma medida de
precisão para cada escore de habilidade (Nunnally & Bernstein, 1995;
Hambleton, Swaminathan & Rogers, 1991). Apesar das vantagens
oferecidas por essa técnica, sua aplicação depende da verificação de dois
pressupostos, a dimensionalidade e a independência local.
Considerada desejável em todos os testes, mesmo quando se
emprega a TCT para análise dos resultados, (ver Vitória, Almeida & Primi,
2006), a unidimensionalidade é um pressuposto importante requerido em
grande parte dos modelos da TRI. Fatores como motivação, ansiedade ou
habilidade para trabalhar com rapidez podem atuar concomitantemente com
o traço em avaliação e prejudicar o alcance da unidimensionalidade
(Hambleton, Swaminathan & Rogers, 1991). Portanto, esses autores
argumentam que a questão principal não é avaliar se um teste é
estritamente unidimensional, mas checar em que medida outros estímulos
interferem no fator dominante avaliado pelo teste. Assim, a
unidimensionalidade diz respeito ao pressuposto da TRI segundo o qual
um traço latente predominante responsável pela realização de um conjunto
de itens.
90
O postulado da independência local, por sua vez, refere-se ao fato
de que mantidas constantes as aptidões que afetam o teste, as respostas
aos itens são estatisticamente independentes (Hambleton, Swaminathan &
Rogers, 1991; Laros, Pasquali & Rodrigues, 2000; Pasquali, 2004). Em
outras palavras, a resposta dada a uma questão em uma prova ou
questionário, o pode depender de outra. Em geral, quando o pressuposto
da unidimensionalidade é satisfeito, o pressuposto da independência local
também é atendido (Lord, 1980).
Na TRI, a dificuldade de um item é o valor do traço latente, do teta
(θ). Em testes de matemática, por exemplo, um item será mais difícil quanto
maior for o nível do teta necessário para o sujeito acertar o item, ou seja,
quanto maior for a habilidade em matemática requerida para acertar o item.
Em instrumentos de avaliações atitudinais, a dificuldade de um item indica a
quantidade de teta necessária para responder à sentença. Pasquali (2004)
exemplifica essa situação com os itens “eu gosto dos meus pais” vs. “eu
odeio meus pais”. Para responder com concordância ao primeiro item é mais
fácil do que para responder ao segundo. A dificuldade é representada na TRI
pelo parâmetro b (threshold, location) e é expressa numa escala
padronizada, isto é, escala z, a qual varia teoricamente de - a + ∞. Na
prática, no entanto, seus valores variam de -3 a +3, pois entre esses
extremos situam-se mais de 99,9% dos casos. Valores de b próximos a -3
correspondem a itens extremamente fáceis e valores de b próximos a +3
correspondem a itens extremamente difíceis (ver Andrade, Tavares & Valle,
2000; Hambleton, Swaminathan & Rogers, 1991; Pasquali, 2004).
Assim como na TCT, uma outra característica do item investigada
pela TRI é a discriminação, definida como o poder do item para diferenciar
sujeitos com magnitudes próximas do traço latente que está sendo aferido. A
discriminação é representada pelo parâmetro a, expresso numa escala que
varia de 0 (nada discriminativo) a 4 (extremamente discriminativo).
No modelo de TRI com 3 parâmetros é possível ainda avaliar uma
outra característica do item: o “chute”. O acerto ao acaso (c) representa as
91
respostas dadas não em função da aptidão dos sujeitos ou traço latente em
questão, mas simplesmente por “chute”. Isso ocorre, sobretudo, com os itens
que são mais difíceis, para os quais sujeitos de menor aptidão não
conhecem a resposta correta, mas arriscam uma qualquer (Pasquali, 2004).
A equação da TRI que possibilita a estimação da probabilidade de acertar
um item, e consequentemente, o traço latente de um sujeito, considerando
os três parâmetros de um item é apresentada a seguir.
)]([
1
1
)(
i
bDai
i
ii
e
c
cP
[2]
Em que:
i
P
é a probabilidade de um item i ser respondido corretamente por indivíduos com
proficiência θ;
e
é uma constante igual a 2,718; base do logaritmo natural;
D é uma constante escalar que usualmente é igual a 1,702 que determina a unidade de θ;
i
b
é o parâmetro de localização relativo à dificuldade do item i;
i
a
é o parâmetro de inclinação do item (discriminação).
i
c
é o parâmetro da assíntota inferior do item i, refletindo as chances de um indivíduo de
baixa proficiência acertar uma questão (0 <
i
c
< 1).
A CCI de um item considerando três parâmetros pode ser observada
na Figura 3.2.
92
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
-4,0 -3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0
θ
P(θ)
b
a
c
iiiiiiii
Figura 3.2 CCI de um item do modelo logístico com três parâmetros.
Entretanto, o parâmetro c é tipicamente utilizado em itens de testes
que avaliam conhecimento ou habilidade e não faz sentido em avaliações
atitudinais, uma vez que não respostas corretas esperadas. Conforme
comentado anteriormente, para avaliações dessa natureza, os modelos que
consideram os dados politômicos são mais adequados.
No presente estudo, as análises descritivas e inferenciais foram
realizadas por meio do pacote estatístico SPSS (Statistic Package for Social
Science) versão 17.0. As análises de dimensionalidade da prova foram
realizadas por meio TestFact 4.0 e os indicadores psicométricos dos itens
(TCT e TRI) foram obtidos por meio do BILOG-MG 3.0. Esse conjunto de
análises foram utilizadas tanto para a descrição da amostra quanto para
compor os dois estudos descritos a seguir.
3.5.1 Estudo I Análise de pressupostos e qualidade dos
instrumentos
A TCT e a TRI foram ferramentas adotadas para a avaliação da
qualidade psicométrica dos instrumentos dessa pesquisa. A utilização da
TRI demanda a verificação de um pressuposto fundamental que é o da
predominância de unidimensionalidade, que foi checada por meio da análise
fatorial. Contudo, conforme foi ressaltado, a predominância de
93
unidimensionalidade também é desejável para a realização das estatísticas
clássicas (Vitória, Almeida & Primi, 2006).
A Análise Fatorial Full Information (FIFA) foi utilizada para as
medidas com dados dicotômicos, ou seja, para respostas do tipo “certo ou
errado” (como os testes de conhecimento utilizados nos concursos e
seleções) e realizada por meio do pacote estatístico Testfact versão 4.0.
Para os instrumentos que geram dados politômicos, como é o caso dos
demais instrumentos respondidos em escalas do tipo likert, foi utilizada a
Análise Fatorial Comum (AFC) realizada por meio do pacote estatístico
SPSS 17.0. Em virtude da análise fatorial ser empregada para a verificação
do pressuposto da unidimensionalidade, seus resultados também foram
utilizados na discussão sobre a validade de construto das medidas.
Conforme será apresentado no próximo capítulo, nenhuma das
medidas atendeu ao pressuposto da unidimensionalidade para que fossem
submetidas às análises da TRI. Ainda assim, utilizou-se o BILOG-MG 3.0
para fazer uma breve discussão sobre o uso dessa ferramenta na análise da
qualidade das provas de concurso.
Após a verificação da qualidade das medidas, o passo seguinte é a
análise das hipóteses envolvidas no estudo. Em consonância com os
argumentos descritos até o momento, buscou-se inicialmente submeter o
modelo de pesquisa a testes mais rigorosos utilizando a Modelagem de
Equação Estrutural MEE. Ullman (2001) comenta que a MEE pode ser
conceituada como uma mistura de análise fatorial com regressão múltipla e
análise de trajetórias.
De acordo com a argumentação de Pilati e Laros (2007), a lógica do
modelo da MEE procura replicar um conjunto de dados observados por meio
da imposição de parâmetros nas matrizes, que são as relações teóricas
definidas pelo pesquisador. Essa característica da técnica acaba exigindo do
pesquisador uma pré-definição do tipo de relações existentes entre as
variáveis do modelo em teste, que são operacionalizadas em termos de
restrições nas matrizes. Por esse motivo, a MEE necessita que as medidas
94
utilizadas pelo pesquisador sejam de boa qualidade psicométrica e também
de modelos teóricos sólidos, fundamentados em pesquisas anteriores, para
que possibilitem ao pesquisador estabelecer essas imposições (relações
pré-definidas) com propriedade.
Em virtude dessa última característica, a MEE é vista como uma
técnica confirmatória, pois a modelação teórica sobre o que está sob
investigação deve ter ocorrido antes da análise dos dados. Com relação à
especificação do modelo, uma característica usual é a representação gráfica
ou pictórica dos modelos estruturais. Convencionalmente, nos diagramas em
que são desenhados os modelos, as variáveis representadas por retângulos
ou quadrados indicam variáveis observadas e variáveis representadas por
círculos ou elipses indicam variáveis latentes. As variáveis latentes, por sua
vez, estão associadas às variáveis observadas, pois os construtos latentes
são aferidos por fenômenos observáveis.
Kaplan (2000) comenta ainda sobre a nomenclatura dos tipos de
variáveis que compõem os modelos. Segundo ele, haveria as variáveis
endógenas, que se referem àquelas que recebem setas unidirecionais e são
conhecidas também como variáveis critério e outro grupo que seriam as
variáveis exógenas, ou seja, aquelas que originam setas unidirecionais
variáveis antecedentes.
Além da definição do tipo de variáveis para a especificação de um
modelo, é importante a sua definição quanto às covariâncias entre os
distúrbios (erros associados às variáveis especificadas) e a direção
estabelecida entre as variáveis. Existem dois tipos básicos de modelos em
MEE: recursivos, onde ausência de covariância entre distúrbios de
variáveis endógenas e presença de unidirecionalidade das relações de
determinação entre as variáveis e os não-recursivos, que possuem relação
de dupla determinação entre variáveis e/ou correlações entre os distúrbios
de variáveis endógenas. Segundo Pilati e Laros (2007), a definição dessa
característica de um modelo de MEE é fundamental para o processo de
identificação de modelos estruturais, uma vez que os modelos não-
95
recursivos têm um número maior de parâmetros para serem estimados
acarretando em maiores exigências para a análise.
Por fim, em seu trabalho de revisão conceitual sobre os limites e
possibilidades da MEE, Pilati e Laros (2007) comentam que, atualmente, o
debate no campo da MEE é intenso, com bastante fôlego para o
desenvolvimento de novos modelos de análise adequados para a resolução
de questões empíricas importantes tais como os fenômenos multinível.
Kaplan (2000) apresenta o modelo geral da MEE multinível, com a aplicação
dos devidos elementos de modelos hierárquicos aninhados para a
matemática linear da MEE. Considerar a abordagem multinível na MEE
significa respeitar a complexidade dos níveis hierárquicos das variáveis para
melhor estudar os fenômenos.
Por isso, considerou-se relevante o modelo de pesquisa a testes
mais rigorosos utilizando a MEE. Contudo, como será apresentado no
próximo capítulo, após submeter o conjunto de dados ao pacote estatístico
do AMOS (Analysis of Moment Structures) versão 6.0, verificou-se que a
matriz não se ajustou de forma adequada ao modelo, impossibilitando seguir
adiante com essa análise. Desse modo, para testar a relação entre as
variáveis foram utilizadas análises de correlações bivariadas e de
regressões lineares múltiplas do tipo enter (padrão), cuja verificação de
pressupostos seria atendida com as análises propostas no próprio Estudo
I.
3.5.2 Estudo II Relação entre as variáveis e testagem empírica
do modelo
Para respeitar os pressupostos exigidos pelos testes estatísticos e a
natureza dos dados coletados, as relações entre as variáveis do modelo
foram analisadas por meio de correlações bivariadas (no caso do Banco) e
de regressões lineares múltiplas (no caso da S/A). Embora os testes
adotados sejam menos rigorosos, essa decisão foi amparada no fato de que
96
prejuízos no atendimento aos pressupostos de testes mais complexos
poderiam prejudicar a legitimidade dos resultados e contribuir de maneira
empobrecedora para a refutação das hipóteses de pesquisa. Conforme se
apresentado a seguir, considera-se que o bom ajuste dos dados aos testes
menos sofisticados permitiu obter resultados mais válidos e fidedignos.
97
4 Resultados
Este capítulo está dividido em duas seções. A primeira delas refere-
se ao Estudo I em que são apresentados os resultados dos pressupostos
averiguados referentes às análises necessárias para o alcance dos objetivos
1 e 4 da tese (ver Capítulo 2). Muitos dos resultados encontrados nessa
etapa também são indicadores da qualidade das medidas, como é o caso
dos resultados das análises fatoriais, que fornecem informações sobre o
pressuposto de unidimensionalidade dos instrumentos (necessário para a
TRI) e também subsídios sobre a validade de construto das medidas. Na
segunda seção são apresentados os resultados do Estudo II que testa
empiricamente a relação entre as variáveis e o modelo de pesquisa da tese
para alcançar os objetivos 2, 3, 5 e 6 da tese (ver Capítulo 2).
4.1 Estudo I Análise de pressupostos e qualidade dos
instrumentos
Conforme ressaltado no Capítulo 3, os dados desta pesquisa foram
oriundos de três fontes diferentes que serviram para obter as informações
dos diversos instrumentos utilizados para a coleta dos dados. Nessa seção
serão apresentados os resultados encontrados na análise de cada um dos
instrumentos.
4.1.1 Provas respondidas pelos candidatos aos concursos das
organizações
Para verificar o valor preditivo das provas de concurso, foram
utilizadas as provas de conhecimento respondidas pelos candidatos. Essas
provas avaliaram a parte de conhecimentos básicos (em geral abarcando
98
conteúdos de Língua Portuguesa, Informática e Conhecimentos Gerais) e de
conhecimentos específicos de cada cargo. Devido à diversidade de assuntos
abordados na parte de conhecimentos básicos, observa-se que, por
definição, essa prova não apresenta uma única dimensão. Sendo assim,
apenas a prova de conhecimentos específicos foi submetida ao teste de
unidimensionalidade.
O banco de dados final ficou composto por candidatos que se
submeteram a provas de 61 cargos diferentes. Como seria muito oneroso
realizar as análises para toda essa quantidade de provas, foram
selecionadas três provas que tiveram maior volume de candidatos. Assim,
foram analisadas duas provas para os concursos da S/A (uma para um
cargo da área fim e outro para um cargo da área meio) e uma prova para um
cargo da área fim do Banco. Para garantir maior variabilidade nas análises,
foram consideradas as respostas de todos os candidatos que responderam
as provas e não somente daqueles selecionados.
A prova do cargo da área fim da S/A contou com as respostas de
5.811 candidatos, da área meio com 9.143 respostas
6
e do Banco com
15.437 respostas válidas. Por se tratar de dados dicotômicos, as provas dos
concursos foram submetidas à análise fatorial full information (FIFA) onde se
procurou identificar uma dimensão dominante entre os itens. Os resultados
desse estudo são apresentados na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 Estudo de dimensionalidade para as provas de conhecimentos específicos
Prova
analisada
Nº de itens
avaliados
% variância explicada
Diferença
Critérios
Fator 1
Fator 2
1/2
2
Graus de
liberdade
(1)
(2)
Cargo da área
meio da S/A
98
13,44
6,67
2,01
4810,45
97
49,59
16,53
Cargo da área
fim do Banco
124
10,08
4,92
2,05
49109,65
123
399,26
133,09
Cargo da área
fim da S/A
130
12,45
7,41
2,14
1660,98
129
12,88
4,29
Nota. (1): razão entre as diferenças do qui-quadrado e dos graus de liberdade.
(2): razão entre as diferenças do qui-quadrado e dos graus de liberdade dividido por 3 (correção).
6
Em geral, é confeccionado mais de um caderno de prova nos concursos onde se altera a ordem das questões.
Foi o que ocorreu no caso da S/A. Para viabilizar as análises, foi selecionado o caderno de prova em que houve
maior número de candidatos.
99
A análise da tabela indica problemas na ocorrência de um fator
predominante nas três provas analisadas. Um critério associado à FIFA para
a identificação do “fator dominante” é o estudo da porcentagem de variância
explicada, ou seja, o primeiro fator deve apresentar uma explicação da
variância maior do que a do segundo fator. A literatura sugere que no
mínimo 20% da variância deve ser explicada para que se possa obter
estimativas mais confiáveis dos parâmetros dos itens (ver Kirisci, Hsu & Yu,
2001). Observa-se na Tabela 4.1 que embora a porcentagem da variância
explicada pelo Fator 1 seja superior ao Fator 2, os valores apenas se
aproximam da indicação da literatura. Além disso, a maior razão entre as
porcentagens de variância explicada foi observada na prova do cargo da
área fim da S/A, mas ainda é muito pouco para justificar a presença
dominante do primeiro fator.
Acrescenta-se a essas observações o fato de os valores
encontrados para o índice de unidimensionalidade (critérios 1 e 2) terem sido
muito superiores ao valor 2, o que indica que as provas não são
unidimensionais (ver Laros, Pasquali & Rodrigues, 2000). Esse teste é
realizado observando-se a mudança no valor da estatística qui-quadrado
obtida com o ajuste de modelos de 1 e 2 fatores (uni e bidimensional).
Entretanto, o valor do qui-quadrado é sensível ao tamanho da amostra e, no
caso de amostras muito grandes, essas mudanças sempre são altamente
significativas. Esse resultado poderia acarretar uma análise errônea que
levaria a rejeitar a unidimensionalidade do teste quando, de fato, o conjunto
de itens é essencialmente unidimensional
7
.
Contudo, pelas cargas fatoriais apresentadas no Anexo XII, observa-
se que esse não deve ser o caso das provas do concurso. Em lugar disso,
as questões das provas parecem se agrupar em mais de um conjunto (ou
fator), embora todas elas se refiram aos conhecimentos específicos do cargo
7
Quando os procedimentos amostrais atribuem pesos às respostas dos sujeitos, recomenda-se renormalizar os
fatores de expansão com a finalidade de resolver esse problema. O objetivo é que se tenha um “n” razoável para o
uso do teste qui-quadrado. No caso dos concursos, os candidatos não apresentam pesos diferentes e, por isso,
esse procedimento não foi adotado. Pode-se observar que o valor do qui-quadrado ficou muito maior na prova em
que o número de candidatos também foi maior.
100
avaliado. Apesar dessa constatação, foi levada adiante a análise dos
parâmetros das questões por meio da TCT e da TRI, na tentativa de
observar se os dados se ajustariam aos modelos.
Para a estimação dos parâmetros dos itens foi calculado o modelo
logístico de 2 parâmetros em virtude das questões serem de certo ou errado
(como a probabilidade de acerto ao acaso é de 50%, o parâmetro c ficaria
muito prejudicado). Além de ter apresentado diversos problemas de
convergência, os resultados encontrados apontam índices bastante pobres,
conforme é apresentado nos Anexos XIII e XIV. Para considerar a nota dos
candidatos com base nos parâmetros dos itens, seria necessário fazer uma
grande limpeza de itens que por sua vez deveria ser iniciada desde a fase
anterior, na análise fatorial.
Entretanto, essa decisão deveria ser replicada para todas as 61
provas consideradas no estudo e demandaria uma análise de especialista de
cada cargo para observar os índices psicométricos e fazer a limpeza correta.
Além de custosa, essa tarefa foge ao escopo da presente pesquisa e ainda
tem a agravante de tornar a nota do candidato mais distante daquela que ele
passou no concurso, o que tornaria interpretável qualquer predição posterior
de desempenho e sua utilização para tomada de decisão nas organizações
estudadas. Por esses motivos, tomou-se a decisão de considerar apenas o
escore bruto (total de acertos) em cada uma das provas (conhecimentos
básicos e específicos), visto que ele foi considerado na seleção dos
candidatos.
4.1.2 Escala de Motivação para Trabalhar
O banco de dados utilizado para análise desse instrumento foi
proveniente da coleta de dados via internet que contou com 1.617 respostas
válidas de ambas as organizações. Inicialmente, os 32 itens da escala (12
de valência, 12 de instrumentalidade e 8 de expectativa) foram submetidos à
análise fatorial. Apesar dos indicadores de fatorabilidade serem adequados e
101
o scree plot apontar para a possibilidade de extração de até três fatores, a
estrutura resultante não é interpretável do ponto de vista teórico, conforme já
foi possível em outras medidas de motivação desenvolvidas a partir do
mesmo referencial (ver Borges-Andrade, Abbad, Mourão, Pantoja, Queiroga
& Freire, 2008).
Assim, em consonância com o que ocorreu no estudo piloto (ver
Anexo VII) e com o modelo teórico proposto por Vroom (1964), a inspeção
desse instrumento foi realizada por meio do tratamento de cada subescala
separadamente. Além dos indicadores de fatorabilidade apresentados para
cada uma delas mais adiante, foram verificados os percentuais de casos
faltosos, respostas extremadas, linearidade e relação entre número de
sujeitos por item.
Não foram observados casos faltosos acima de 2% para as variáveis
de qualquer das três subescalas de motivação para trabalhar, mas foram
observadas respostas extremadas para quase todas as variáveis da
subescala de valência. Entretanto, por ser a análise fatorial robusta à fuga
de pressupostos dessa natureza (ver Tabachnick & Fidell, 2001) e por ser
característica dessa subescala levar os sujeitos a usar o extremo positivo da
escala de resposta, optou-se por não eliminar nenhum caso. Essa decisão,
de não excluir os casos extremos, acabou afetando os índices de assimetria
(que variaram de -3,78 a -0,05) e de curtose (que variaram de -1,12 a 18,15).
De acordo com Miles e Shevlin (2001), valores acima de |2,0| requerem
atenção do pesquisador, embora ofereçam pouco perigo na distorção dos
resultados.
Em consequência, os gráficos scatterplots utilizados para verificar a
presença de um importante pressuposto da análise fatorial, que é a
linearidade, também ficaram prejudicados. Esse pressuposto está
diretamente relacionado com a matriz de correlações, que é a base da
análise fatorial (Laros, 2005; Pasquali, 2005). Apesar de a inspeção gráfica
ter apontado alguns problemas nesse requisito, a robustez das matrizes de
correlações das subescalas e a observação do contraste esperado na matriz
102
de correlações não encorajaram a adoção de transformações nas variáveis.
Por isso, optou-se por realizar a análise fatorial com os dados originais.
O número de sujeitos por item apontado na literatura como um
aspecto relevante para a realização da análise fatorial (ver, por exemplo,
Costello & Osborne, 2005; Crocker & Algina, 1986; Gorsuch, 1973) também
mostrou-se adequado (cerca de 135 sujeitos por item em cada subescala).
Por se tratar de subescalas com estrutura simples, bem corroborada pelo
modelo teórico e também no estudo piloto, utilizou-se apenas o gráfico do
scree plot para a verificação do número de fatores. Para todas elas, o gráfico
apontou nitidamente uma estrutura unifatorial e, por isso, foi realizada uma
análise fatorial dos eixos principais (PAF), com critério de extração de um
fator. Os gráficos de scree plot são dispostos nas Figuras 4.1 a 4.4.
Figura 4.1 Scree plot para os 32 itens da
escala de Motivação para o Trabalho.
Figura 4.2 Scree plot para os 12 itens da
subescala de valência.
Figura 4.3 Scree plot para os 12 itens da
subescala de instrumentalidade.
Figura 4.4 Scree plot para os 8 itens da
subescala de expectativa.
103
A subescala de valência apresentou indicadores de fatorabilidade
satisfatórios (Pasquali, 2005; Tabachnick & Fidell, 2001) que foram
verificados por meio dos índices de KMO (0,86), do teste de esfericidade de
Bartlett (
2
= 5979,148 (g.l. = 66); p < 0,001) e do determinante (0,02). As
cargas fatoriais encontradas para essa subescala são apresentadas na
Tabela 4.2.
Tabela 4.2 Estrutura fatorial da subescala de valência do instrumento de Motivação para
Trabalhar
Itens
Considero importante....
Cargas
fatoriais
h
2
1. ...ter oportunidades de me tornar mais qualificado.
0,55
0,30
2. ...sentir-me valorizado pelas pessoas.
0,61
0,37
3. ...ter retorno econômico.
0,39
0,15
4. ...fazer amizades.
0,57
0,32
5. ...obter assistências como transporte, educação, saúde, moradia,
aposentadoria, etc.
0,50
0,25
6. ...poder aprender novas coisas.
0,65
0,42
7. ...poder dar assistência para minha família.
0,49
0,24
8. ...poder contribuir para o progresso da sociedade.
0,58
0,34
9. ...sentir-me reconhecido no que faço.
0,67
0,45
10. ...sentir que sou uma pessoa produtiva.
0,66
0,43
11. ...poder expressar sua criatividade.
0,66
0,44
12. ...ter independência financeira.
0,49
0,24
As cargas fatoriais acima de 0,40 e comunalidades relativamente
elevadas apontam que o fator explica alta porcentagem de variância dos
itens e que eles também compartilham uma boa quantidade de variância
entre si. No total, os 12 itens explicaram 32,95% da variância do construto
valência. O índice de consistência interna mensurado por meio do Alfa de
Cronbach foi 0,85.
A subescala de instrumentalidade apresentou KMO = 0,93, teste de
esfericidade de Bartlett
2
= 12471,789 (g.l. = 66); p < 0,001 e determinante
= 0,00. Esses indicadores também demonstram a adequação de realizar a
análise fatorial dessa subescala. A Tabela 4.3 apresenta as cargas fatoriais
encontradas.
104
Tabela 4.3 Estrutura fatorial da subescala de instrumentalidade do instrumento de
Motivação para Trabalhar.
Itens
A realização do meu trabalho é útil para...
Cargas
fatoriais
h
2
1. ...ter oportunidades para me tornar mais qualificado.
0,78
0,61
2. ...sentir-me reconhecido pelo que faço
0,83
0,69
3. ...ser independente financeiramente.
0,44
0,19
4. ...sentir-me valorizado
0,87
0,75
5. ...conquistar a confiança dos chefes.
0,71
0,50
6. ...sentir-me uma pessoa digna.
0,67
0,45
7. ...aprender coisas novas.
0,82
0,67
8. ...contribuir para o progresso da sociedade.
0,76
0,57
9. ...perceber-me como produtivo.
0,85
0,73
10. ...expressar minha criatividade.
0,80
0,65
11. ... obter assistências como transporte, educação, saúde, moradia,
aposentadoria, etc.
0,52
0,27
12. ...dar assistência para minha família.
0,52
0,27
Também foram observadas cargas fatoriais elevadas para essa
subescala, o que não demandou a exclusão de qualquer item. O conjunto
dos 12 itens explicou 52,93% da variância do construto instrumentalidade e
o índice Alfa de Cronbach foi 0,93.
A terceira subescala do instrumento de motivação para trabalhar é a
de expectativa que apresentou KMO = 0,93, teste de esfericidade de Bartlett
2
= 9343,964 (g.l. = 28); p < 0,001 e determinante = 0,03. Trata-se,
portanto, de indicadores de fatorabilidade bastante adequados. A estrutura
fatorial dessa subescala é apresentada na Tabela 4.4.
Tabela 4.4 Estrutura fatorial da subescala de expectativa do instrumento de Motivação para
Trabalhar
Itens
É provável que o meu trabalho possa trazer...
Cargas
fatoriais
h
2
1. ...maiores oportunidades para eu me tornar mais qualificado.
0,84
0,70
2. ...reconhecimento pelo que faço.
0,87
0,75
3. ...confiança dos meus chefes.
0,76
0,57
4. ...crescimento profissional.
0,88
0,78
5. ...sentimento de dignidade.
0,70
0,50
6. ...aprendizagem de coisas novas.
0,83
0,69
7. ...contribuição para o progresso da sociedade.
0,73
0,54
8. ...oportunidades de influenciar nas decisões da empresa.
0,70
0,49
105
Essa foi a subescala que apresentou maiores cargas fatoriais e
comunalidades entre as três. Os 8 itens explicaram 62,73% da variância do
construto expectativa e o índice Alfa de Cronbach foi 0,93.
Esses resultados indicam que as subescalas de motivação, quando
consideradas separadamente, apresentam estruturas robustas e estáveis, e
asseguram a validade de construto do instrumento de Motivação para
Trabalhar. O referencial teórico utilizado para a construção dessa medida
define o traço motivacional como sendo um produto da importância que o
indivíduo atribui a determinado objeto (representado pelo componente
valência), da crença de que seu esforço pode levá-lo a alcançar esse objeto
(representado pelo componente instrumentalidade) e da expectativa de que
ao realizar determinadas ações, ele poderá alcançar o que deseja
(representado pelo componente expectativa).
Esses resultados corroboram o que foi delineado teoricamente e,
portanto, descartam a possibilidade do instrumento Motivação para
Trabalhar ser unidimensional. Por isso, não foram realizadas as análises de
TRI para essa medida. Para a obtenção do escore geral de motivação, os
escores fatoriais de cada subescala foram computados e multiplicados
conforme orientação de Vroom (1964).
4.1.3 Escala de Suporte Organizacional para o Desempenho
A validação dessa escala também foi realizada com o banco de
dados da coleta de dados via internet em ambas as organizações (N =
1.617). Esse instrumento havia sido validado previamente por Brandão
(2009) em uma organização de sociedade anônima do setor bancário
público, ou seja, que agrega características das organizações em que os
dados desta pesquisa foram coletados. Os percentuais de casos faltosos, as
respostas extremadas, a linearidade e a relação entre número de sujeitos
por item, também se mostraram adequados para essa medida.
106
Apenas uma variável apresentou pouco mais de 5% de casos
faltosos (as demais não passaram de 1%) e não foram observadas
respostas extremadas para qualquer das variáveis. Os índices de assimetria
(que variaram de -1,19 a 1,36) e de curtose (que variaram de -1,50 a 1,26)
ficaram dentro da faixa esperada. Para essa escala foi observada uma
relação de quase 58 sujeitos por item, o que é suficiente para alcançar a
variabilidade necessária para a realização da análise fatorial. Os mesmos
indicadores de fatorabilidade foram verificados para o instrumento de
Suporte Organizacional para o Desempenho. Os índices de KMO (0,92), o
teste de esfericidade de Bartlett (
2
= 20916,395 (g.l. = 378); p < 0,001) e o
determinante (0,000000357) apontaram a adequação de realizar a fatoração
da matriz. Para a identificação do número de fatores a serem extraídos
desse instrumento foram utilizados dois procedimentos. O scree plot
apresentado na Figura 5.5 indicou a presença de até quatro fatores.
Figura 4.5 Scree plot para os 28 itens do instrumento de Suporte Organizacional para o
Desempenho
Adicionalmente, também foi utilizada a análise paralela de Horn para
a verificação do número de fatores a serem extraídos. Esse procedimento é
recomendado por Zwick e Velicer (1986) que apontam o todo da análise
paralela como o mais preciso para a verificação do número de fatores a
serem extraídos em uma matriz, visto que em 92% dos casos o método
107
indicou o número correto de fatores. A interpretação da análise paralela
propõe a retenção de componentes, cujos autovalores empíricos são
superiores àqueles obtidos paralelamente por meio de matrizes de variáveis
randômicas não-correlacionadas, com igual tamanho de amostra e número
de variáveis (Laros, 2005). O que essa análise propõe é que os dados
empíricos devem explicar mais variância do que uma matriz de dados
gerada aleatoriamente. Nesse estudo, os autovalores aleatórios foram
gerados por meio da sintaxe de Enzmann (2003) e os resultados apontaram
a presença de quatro fatores, conforme é mostrado na Tabela 4.5.
Tabela 4.5 Análise paralela de Horn comparação entre autovalores empíricos e aleatórios
para o instrumento de Suporte Organizacional para o Desempenho
Autovalores
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Empíricos
8,83
3,71
2,31
1,38
0,96
0,86
0,85
0,77
0,72
0,65
Aleatórios
1,25
1,21
1,19
1,17
1,15
1,13
1,11
1,09
1,08
1,06
A partir do resultado desses indicadores, foi realizada uma análise
fatorial dos eixos principais (PAF) com extração de quatro fatores e rotação
promax. Os resultados são apresentados na Tabela 4.6.
Tabela 4.6 Estrutura fatorial do instrumento de Suporte Organizacional para o Desempenho.
Itens
I
II
III
IV
h
2
22. Esta organização procura aprimorar constantemente os
processos de trabalho, levando em consideração as sugestões dos
funcionários
0,80
0,00
0,03
-0,04
0,60
23. Esta organização procura sanar as dificuldades encontradas
pelo funcionário para o desempenho eficaz de suas atividades
0,88
0,07
-0,02
-0,13
0,70
24. Esta organização leva em consideração propostas criativas
feitas pelos funcionários para melhoria do trabalho
0,89
0,02
0,04
-0,11
0,69
25. Nesta organização, o funcionário recebe todas as orientações e
informações necessárias à execução eficaz de suas atividades
0,67
0,04
-0,09
-0,04
0,47
26. Nesta organização, são freqüentes as manifestações de
reconhecimento pelo trabalho bem feito
0,56
-0,09
-0,02
0,25
0,50
27. Esta organização evita repreender os funcionários por pequenas
falhas, ressaltando mais os aspectos positivos do que os negativos
do seu desempenho
0,49
-0,05
-0,10
0,06
0,28
28. Esta organização promove a capacitação de seus funcionários,
oferecendo-lhes constantemente treinamentos segundo a área de
atuação de cada um
0,47
0,09
-0,03
0,11
0,37
10. Na organização em que trabalho, os valores pagos ao
funcionário a título de participação nos lucros e resultados (PLR)
representam uma boa recompensa financeira
0,40
0,07
0,22
-0,02
0,20
1. A organização em que trabalho fornece aos funcionários
equipamentos, máquinas e materiais necessários ao desempenho
eficaz de suas tarefas
0,08
0,69
0,00
0,02
0,57
108
Itens
I
II
III
IV
h
2
2. Nesta organização, as ferramentas de trabalho (computadores,
aplicativos, sistemas informatizados e outros) são de boa qualidade
0,04
0,69
0,04
0,02
0,51
3. Esta organização oferece locais de trabalho com móveis,
equipamentos e materiais em quantidade suficiente
-0,03
0,86
-0,02
-0,05
0,68
4. Nesta organização, os ambientes de trabalho são adequados
ao desempenho eficaz das atividades (salas limpas, bem
iluminadas, ventiladas, com móveis apropriados à execução das
tarefas)
-0,06
0,80
0,01
0,05
0,63
5. Esta organização efetua regularmente a manutenção de
máquinas e equipamentos de trabalho, conservando-os em plenas
condições de uso
0,00
0,82
0,02
-0,03
0,64
6. Esta organização procura melhorar constantemente as
condições físicas dos locais de trabalho
0,06
0,76
0,04
0,07
0,67
15. Na organização em que trabalho, há cobrança e pressão
excessivas para o alcance de metas
0,14
0,06
0,67
0,02
0,43
16. Esta organização sobrecarrega de trabalho os funcionários que
possuem melhor desempenho
-0,14
0,12
0,57
0,07
0,33
17. Nesta organização, a sobrecarga de trabalho leva o funcionário
freqüentemente ao esgotamento físico e mental
0,01
0,07
0,80
-0,02
0,62
18. A organização em que trabalho freqüentemente estabelece
metas inatingíveis
-0,04
0,02
0,76
-0,02
0,58
19. Esta organização só se interessa pelo alcance de metas,
deixando de oferecer condições saudáveis de trabalho
-0,07
-0,21
0,61
-0,05
0,54
20. Esta organização estabelece prazos insuficientes para
realização de trabalhos, sem considerar a disponibilidade de
recursos financeiros, materiais e humanos necessários à sua
execução
-0,09
-0,06
0,71
0,00
0,56
21. Nesta organização, os funcionários são obrigados
constantemente a fazer horas-extras, sobrando pouco tempo para o
descanso e o lazer
0,12
-0,04
0,67
-0,03
0,45
7. As oportunidades de promoção e ascensão profissional
oferecidas por esta organização são compatíveis com as aspirações
dos funcionários
0,00
0,04
0,00
0,82
0,72
8. Nesta organização, há muitas oportunidades de promoção e
ascensão profissionais
0,02
0,05
0,09
0,82
0,71
9. Nesta organização, os funcionários que se dedicam à formação
profissional (participando de cursos de graduação e especialização,
por exemplo) têm mais oportunidades de ascensão profissional
0,07
0,01
0,01
0,60
0,43
11. Na organização em que trabalho, o funcionário exemplar tem
maiores chances do que os outros de receber recompensas (como
promoções, premiações e elogios, por exemplo)
0,31
-0,07
0,08
0,53
0,52
12. Nesta organização, os salários pagos aos funcionários são
compatíveis com as melhores remunerações praticadas no mercado
financeiro para cargos similares
-0,15
0,06
-0,20
0,42
0,20
13. A organização em que trabalho, ao avaliar o desempenho do
funcionário, leva em conta o esforço que ele despendeu para atingir
os resultados esperados
0,38
-0,08
0,00
0,45
0,52
14. A organização em que trabalho leva em consideração os
interesses pessoais do funcionário, ao tomar decisões
administrativas sobre ele (como remoções, por exemplo)
0,35
-0,02
-0,09
0,29
0,35
Nota: I = práticas de gestão de desempenho, II = suporte material ao desempenho, III = carga de trabalho e IV =
práticas de promoção e recompensa.
Os itens apresentaram cargas fatoriais elevadas nos seus fatores e,
em geral, cargas baixas nos demais, o que indica que tendem a avaliar
apenas uma dimensão do construto. Considerando que essa medida já
havia sido validada em um contexto semelhante por Brandão (2008), foi
adotado o critério de |0,40| para considerar que um item pertence a
109
determinado fator. A partir desse critério, pode-se observar que o item 14,
que pertencia originalmente à dimensão práticas de promoção e
recompensa, não apresentou carga fatorial satisfatória em qualquer
dimensão.
O item 10 também apresentou divergência com o que foi previsto
teoricamente e apresentou carga fatorial de 0,40 no Fator I (práticas de
gestão e desempenho), mas também pertencia originalmente à dimensão de
práticas de promoção e recompensa. Por se tratar de assuntos relacionados
(os Fatores I e II compartilham uma correlação de r = 0,67) e por terem sido
observadas cargas fatoriais muito baixas nos demais fatores, esse item foi
considerado para a mensuração do Fator I. Assim, este fator ficou composto
por oito itens com Alfa de Cronbach de 0,86.
O Fator II, suporte material ao desempenho, permaneceu com os
seis itens propostos originalmente e obteve Alfa de Cronbach de 0,91. Suas
cargas fatoriais são bastante elevadas e distanciam-se dos demais fatores,
indicando que esses itens claramente avaliam apenas suporte material. No
Fator III, carga de trabalho, também observa-se situação semelhante. Foram
conservados os sete itens da estrutura original, com cargas fatoriais bem
definidas e índice de consistência interna de 0,86.
Por fim, no Fator IV, práticas de promoção e recompensa, foram
desconsiderados dois itens da estrutura fatorial original pelos motivos já
comentados. Os seis itens restantes apresentaram Alfa de Cronbach de 0,83
e cargas fatoriais satisfatórias. Entretanto, pode-se observar que o item 13
também apresentou carga elevada no Fator I. Como a diferença entre as
cargas fatoriais é relativamente alta, optou-se por não eliminar esse item.
Ao final, o instrumento de Suporte Organizacional para o
Desempenho ficou composto por 27 itens que representam e mensuram de
forma adequada 51,56% da variância do construto. Não obstante, sua
estrutura multidimensional não possibilita que, nesse estudo, a medida seja
submetida às análises da TRI.
110
4.1.4 Escala de Auto-Avaliação do Desempenho
Os dados para validação dessa escala também foram provenientes
da coleta via internet em ambas as organizações (N = 1.617). Seguindo os
mesmos procedimentos anteriores, foram inspecionados os números de
casos faltosos, respostas extremadas, linearidade e relação entre número de
sujeitos por item.
Em nenhuma das variáveis o percentual de casos faltosos chegou a
1%, mas foram observadas respostas extremadas para quase todos os
itens. A amplitude dos valores de assimetria (que variaram de -1,14 a -0,61)
confirma que os sujeitos concentraram suas respostas em apenas um dos
lados da curva normal. Os valores de curtose (que variaram de 0,52 a 6,31)
mostraram que em algumas variáveis os picos da curva foram bastante
elevados, o que indica grande concentração de respostas em torno de um
ponto. Não obstante, como é esperado que os sujeitos tenham tendência de
usar o extremo positivo da escala de resposta para se auto-avaliarem,
optou-se por não excluir nenhum caso. Além disso, a concentração em um
dos extremos da escala de resposta não chegou a prejudicar a variabilidade
da matriz de dados.
Para esse instrumento foi observada uma relação de 70 sujeitos por
item, ou seja, suficiente para a realização da análise fatorial sem que haja
confusões ocasionadas por falta de variabilidade. Os indicadores de
fatorabilidade verificados por meio do KMO (0,98), do teste de esfericidade
de Bartlett (
2
= 13736,524 (g.l. = 253); p < 0,001) e do determinante
(0,0000894), também apontaram que é adequado realizar a fatoração da
matriz. Semelhantemente ao procedimento utilizado para o instrumento
descrito anteriormente, o número de fatores a serem extraídos da escala de
Auto-Avaliação de Desempenho foi identificado por meio do scree plot e da
análise paralela. O gráfico apresentado na Figura 4.6 indicou a presença de
no máximo dois fatores.
111
Figura 4.6 Scree plot para os 23 itens do instrumento de Auto-Avaliação do Desempenho
Os resultados da análise paralela de Horn dispostos na Tabela 5.7
indicam uma estrutura de até três fatores, mas com um terceiro quase
inexistente.
Tabela 4.7 Análise paralela de Horn comparação entre autovalores empíricos e aleatórios
para o instrumento de Auto-Avaliação do Desempenho
Autovalores
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Empíricos
8,93
1,32
1,18
0,96
0,84
0,81
0,76
0,70
0,68
0,65
Aleatórios
1,22
1,19
1,16
1,14
1,12
1,10
1,08
1,06
1,04
1,03
Assim, diferentemente do que foi encontrado no estudo piloto, esses
indicadores encorajaram a extração dos dois fatores previstos teoricamente
pelo modelo proposto de Sonnentag e Frese (2002). Tais fatores foram
examinados por meio de uma análise fatorial dos eixos principais (PAF) com
rotação promax e tem seus resultados reunidos na Tabela 4.8.
Tabela 4.8 Estrutura fatorial do instrumento de Auto-Avaliação do Desempenho
Itens
I
II
h
2
20. Busco novas soluções para problemas que possam surgir em meu trabalho.
0,84
-0,11
0,57
13. Tomo iniciativas para melhorar meus resultados no trabalho.
0,82
-0,06
0,60
22. Aproveito oportunidades que possam melhorar meus resultados de trabalho.
0,73
0,01
0,55
9. Contribuo com alternativas para a solução de problemas e a melhoria de
processos da Organização.
0,69
-0,02
0,46
12. Estabeleço contato com outras pessoas ou equipes para atingir os objetivos
organizacionais.
0,67
-0,06
0,38
19. Utilizo meu conhecimento teórico/prático para realizar meu trabalho.
0,62
-0,03
0,35
6. Procuro atualizar meus conhecimentos técnicos para realizar meu trabalho.
0,61
0,01
0,38
112
Itens
I
II
h
2
14. Adapto minha rotina às alterações das metas da Organização.
0,47
0,22
0,43
21. Executo minhas atribuições prevendo os seus resultados.
0,47
0,21
0,42
4. A realização do meu trabalho contribui para o alcance da missão e objetivos da
Organização.
0,44
0,16
0,32
15. Soluciono dúvidas de meus colegas quando sou solicitado.
0,33
0,16
0,21
1. Executo minhas tarefas dentro dos prazos previstos.
-0,24
0,73
0,32
17. Executo adequadamente tarefas rotineiras.
-0,08
0,68
0,39
7. Executo meu trabalho de acordo com o que é esperado pela Organização.
0,10
0,59
0,45
3. Executo meu trabalho levando em conta a estrutura e as políticas da
Organização.
0,06
0,51
0,31
23. Esforço-me para realizar as tarefas que me são destinadas.
0,22
0,43
0,37
10. Planejo a execução do meu trabalho definindo ações, prazos e prioridades.
0,29
0,41
0,43
11. Planejo ações de acordo com minhas tarefas e rotinas organizacionais.
0,30
0,41
0,44
2. Executo adequadamente tarefas difíceis.
0,16
0,40
0,28
5. Realizo o meu trabalho com economia de recursos (material, financeiro e
humano).
0,17
0,39
0,27
8. Implemento ações adequadas quando detecto algum erro ou falha em meu
trabalho.
0,32
0,35
0,40
18. Adapto-me aos imprevistos que ocorrem em meu trabalho.
0,33
0,33
0,37
16. Utilizo as sugestões e críticas que me são dadas para melhorar meu
desempenho.
0,30
0,32
0,34
Nota: I = desempenho estratégico, II = desempenho voltado para a tarefa
Ao se adotar o critério de carga fatorial |0,30|, observa-se que duas
dimensões se distinguem claramente. A primeira delas contempla um tipo de
desempenho mais direcionado ao contexto organizacional, com itens que
focam a pró-atividade do funcionário e ações voltadas para agir de forma
estratégica. Por isso, esse fator foi denominado desempenho pró-ativo e
pode ser definido como o conjunto de comportamentos que o indivíduo
realiza no seu contexto de trabalho que são voltados estrategicamente para
o alcance de metas da organização. Os itens do Fator I apresentaram
cargas fatoriais satisfatórias e que são bem mais baixas no Fator II, o que
demonstra que eles se separam nitidamente da segunda dimensão. A
consistência interna dos 11 itens do Fator I pode ser confirmada pelo Alfa de
Cronbach elevado de 0,88.
Por outro lado, o segundo conjunto de itens apresenta um conteúdo
relacionado à “micro-execução” do trabalho dos indivíduos. Trata-se de
ações realizadas pelo sujeito que promovem um bom desempenho das suas
tarefas. Assim, o segundo fator foi denominado de desempenho voltado para
a tarefa e pode ser definido como o conjunto de comportamentos que o
113
indivíduo realiza no seu contexto de trabalho que são voltados para a
execução das suas tarefas. Apesar de ser composto por itens com cargas
fatoriais igualmente elevadas, esse fator apresentou itens que compartilham
bastante variância com o Fator I. É o caso, principalmente, dos itens 10 e 11.
Contudo, como a diferença entre as cargas nos dois fatores é considerada
elevada (mais de 0,10), optou-se por não desconsiderar esses itens. Esse
procedimento não foi adotado para os itens 8, 18 e 16, que apresentaram
cargas acima de 0,30 e com valores bem próximos tanto no Fator I quanto
no Fator II. Por se tratar de itens “confusos” (que mensuram o construto dos
dois fatores), foram desconsiderados da escala. Os nove itens que
permaneceram para compor a segunda dimensão também apresentaram
Alfa de Cronbach elevado de 0,82.
Os dois fatores explicam juntos 39,47% da variância do construto.
Assim, apesar de ser diferente do que foi encontrado no estudo piloto, a
estrutura fatorial apresentada na Tabela 6.7 é mais satisfatória e condizente
com o modelo teórico que orientou a construção da medida. Conforme o
modelo proposto por Sonnentag e Frese (2002), o desempenho voltado para
o contexto contemplaria uma faceta sobre comportamentos voltados para o
bom funcionamento da organização e outra com descrições de
comportamentos pró-ativos contemplada, portanto, pelo primeiro fator
identificado nessa medida.
Possivelmente o menor número de sujeitos considerados no estudo
piloto (N = 248) tenha influenciado negativamente no surgimento de uma
estrutura bidimensional mais interpretável, como a que foi encontrada nos
dados da coleta via internet (N = 1.617). A variabilidade de respostas
proporcionada pelo aumento de sujeitos e das características das
organizações podem ter contribuído para definir melhor a estrutura do
instrumento. No estudo piloto, a coleta de dados foi realizada em quatro
organizações com características de prestação de serviço blico, enquanto
que no estudo principal as duas organizações participantes são híbridas
quanto ao que fazem. Além disso, o Banco e a S/A são organizações que
114
têm a avaliação de desempenho presente na sua cultura, diferentemente
das organizações do estudo piloto. A estrutura bifatorial observada nesse
instrumento também inviabiliza, nesse trabalho de tese, que a medida de
Auto-Avaliação do Desempenho seja analisada pela TRI.
4.1.5 Pressupostos das análises com equações estruturais
Para a testagem do modelo de pesquisa foram verificados alguns
pressupostos essenciais para a correta aplicação da MEE. Essa técnica
utiliza diferentes métodos de estimação para o lculo dos parâmetros do
modelo. O mais difundido dos métodos é o da máxima verossimilhança
(MLE), o qual exige que os dados tenham normalidade uni e multivariada
para a estimação. Embora existam outros métodos que não exigem
normalidade dos dados, o MLE apresenta algumas vantagens relevantes,
como a facilidade do processamento estatístico e o tamanho reduzido da
amostra, além da possibilidade de verificação de diversos índices de
adequação.
Apesar das distorções dos itens apresentadas na seção anterior,
não foi observado prejuízo no atendimento desses pressupostos em relação
aos fatores considerados no modelo. Contudo, caso o pressuposto da
normalidade não fosse verificado, haveria a possibilidade de se empregar
outros métodos de estimação, como o ADF (Método Assintótico Isento de
Pressupostos de Distribuição).
Além do pesquisador dever se manter atento para as questões de
homocedasticidade, heterocedasticidade, singularidade e valores ou casos
extremos, é necessário checar outro pressuposto de grande importância
relativo aos casos omissos (ou dados faltosos). Uma grande lacuna de
dados pode ocasionar problemas na estimação dos parâmetros de um
modelo estrutural, pois os coeficientes da matriz de covariância são obtidos
com números não homogêneos de dados brutos. No caso dos dados da
presente pesquisa, como não foi observado um padrão sistemático nas
115
omissões de nenhuma variável, optou-se por substituir pela média os poucos
casos observados nas escalas de motivação, suporte e auto-percepção de
desempenho. Aqueles casos em que houve falta de informação das
avaliações de desempenho realizadas pelas organizações foram excluídos
das análises. Assim, o banco de dados submetido à MEE contou com 366
casos válidos, número que permite testar o modelo de forma adequada
utilizando o MLE (Ullman, 2001).
O passo seguinte é a verificação de identificação do modelo, isto é,
se o número de parâmetros a ser estimado é menor que o número de pontos
da matriz (variâncias e covariâncias das variáveis observadas). Essa
situação resulta em graus de liberdade que permitem a refutabilidade do
modelo, o que é esperado no campo científico. Em termos gerais, a questão
da identificação procura informar se existe ou não um conjunto único de
parâmetros consistentes com os dados (Byrne, 2001; Kaplan, 2000; Ullmam,
2001). Segundo Byrne (2001), os modelos estruturais podem ser
identificados (just-identified), super identificados (overidentified) ou sub-
identificados (underindentified).
No primeiro caso, dos modelos identificados, apenas uma
correspondência entre os dados e os parâmetros estruturais, ou seja, o
número de variância e covariância dos dados é igual ao mero de
parâmetros a ser estimado. Esse tipo de modelo não é “cientificamente”
interessante, pois como não há graus de liberdade, existe apenas uma única
solução para todos os parâmetros e o modelo não pode ser rejeitado. No
segundo caso, dos modelos super identificados, o número de parâmetros a
ser estimado é menor que o número de dados da matriz, ou seja, a diferença
entre a quantidade de variância e covariância e os parâmetros que serão
estimados resulta em graus de liberdade que permitem a rejeição do
modelo. Por fim, os modelos sub-identificados são aqueles em que a
quantidade de parâmetros a ser estimada excede a quantidade de pontos na
matriz de dados e, por isso, a quantidade de informação é insuficiente para
determinar a solução de estimação dos parâmetros.
116
Para conhecer o número de pontos da matriz, Byrne (2001)
recomenda a aplicação da fórmula p(p + 1)/2, sendo p o número de variáveis
observadas. Como pode ser visto na Figura 5.7, o modelo a ser testado é
composto por 17 variáveis observadas e, portanto, 153 pontos na matriz.
Como o número de parâmetros a ser estimado é 31 (17 variâncias erro, 4
parâmetros de regressões de medida, 7 de regressões estruturais e 3
variâncias de erros residuais), sobram 122 graus de liberdade. Dessa forma,
o modelo é super identificável.
Desempenho
organizacao
Desempenho
auto-avaliacao
Suporte
organizacional
Motivação para
trabalhar
SUP_MAT
e_s1
1
1
SUP_REC
e_s2
1
SUP_CARGA
e_s3
1
SUP_GESTAO
e_s4
1
VALENCIA
e_m1
1
1
INSTRUM
e_m2
1
EXPECT
e_m3
1
SEXO
e_sx
ESCOL
e_es
T_ORG
e_or
1
1
1
T_ATIV
e_at
1
Conhecimentos
r_met
r_comp
DES_TAREFA
e_d2
1
1
DES_PRO_AT
e_d1
1
METAS
e_d4
C_ENT
e_d3
1
ZESCORE_CB
e_cb
1
1
ZESCORE_CE
e_ce
1
1
1
1
1
r_sup
1
r_conh
r_mot
1
1
Figura 4.7 Modelo de pesquisa a ser testado por meio da Modelagem por Equações
Estruturais
O passo seguinte é a verificação do ajuste do modelo, ou seja, o
quanto o modelo proposto é capaz de explicar o conjunto de dados.
Segundo recomendação de Byrne (2001), três indicadores são fundamentais
para identificação desse ajuste, o RMR, o GFI e o AGFI. O RMR (root mean
square residual) representa o valor médio do resíduo derivado da matriz de
117
variância e covariância do modelo hipotetizado e da matriz de variância e
covariância dos dados amostrais. O RMR representa a média padronizada
de todos os resíduos e varia de zero a 1,00. Um bom ajuste de modelo é
aquele em que o RMR é inferior a 0,05. O GFI (goodness-of-fit index) é a
medida da quantidade de variância e co-variância dos dados amostrais que
pode ser explicada pelos dados populacionais. O AGFI difere do GFI apenas
porque seu ajuste se dá em função do número de graus de liberdade
especificado no modelo. Ambos variam de zero a 1,00, sendo que quanto
mais próximo de 1,00, melhor é a qualidade de ajuste do modelo.
O modelo apresentado na Figura 4.7 não apresentou bons
indicadores de ajuste. O RMR mostrou-se extremamente elevado (0,46) e os
coeficientes GFI e AGFI ficaram em torno de 0,60. Diante desses números,
ainda buscou-se outras alternativas como: testar o modelo redesenhando
algumas relações entre as variáveis, eliminando estimação das variáveis
latentes (uma vez que todas elas haviam sido mensuradas por meio dos
seus respectivos instrumentos) ou, ainda, utilizando um procedimento para
variáveis não-normais (visto que até então estava sendo utilizado o método
da máxima verossimilhança que pressupõe a normalidade das variáveis).
Entretanto, para todas as alternativas testadas os dados apresentaram
problemas em, pelo menos, um dos indicadores de adequação do ajuste,
especialmente na quantidade de resíduos do modelo.
Conforme foi apresentado nas seções 4.1.1 a 4.1.4, a falta de ajuste
do modelo provavelmente não se deve à qualidade das medidas, visto que
para quase todas elas observou-se excelentes indicadores. A única exceção
foi observada para as provas de conhecimento testadas. Não por
coincidência, os escores de conhecimentos específicos e conhecimentos
básicos foram os que apresentaram maior quantidade de resíduo durante a
tentativa de estimação do modelo de MEE. Esse fato corrobora o resultado
das análises realizadas com as provas, que apontaram a necessidade de
ajustes em diversas questões, e parece indicar que tais resultados podem
ser estendidos para as demais provas não analisadas (visto que os escores
118
inseridos no modelo de MEE foram estimados a partir da nota de todos os
candidatos presentes no banco de dados e não apenas daqueles que
realizaram as três provas descritas na seção 4.1.1).
Entretanto, conforme já foi ressaltado anteriormente, para viabilizar a
re-estimação da nota dos candidatos após a realização de ajustes nas
provas, seria necessário ter um número muito menor de provas para serem
analisadas. Contudo, esse procedimento tornaria a nota dos candidatos
bastante distorcida daquela recebida no concurso em que eles foram
selecionados, o que poderia enviesar as conclusões sobre a preditividade
dos testes de conhecimento em relação ao desempenho no trabalho (foco
principal desta tese).
Desse modo, optou-se por não utilizar a MEE na testagem do
modelo teórico e seguir as análises por meio da regressão linear múltipla.
Como os pressupostos dessa análise são os mesmos discutidos nas seções
4.1.1 a 4.1.4 (normalidade, linearidade, casos extremos e omissos) e foram
atendidos, não necessidade de repetir tais resultados. Apenas para
sintetizar, nenhuma das variáveis inseridas nos modelos de regressão
apresentou problemas de distorção em relação aos pressupostos citados e
em nenhuma situação observou-se problemas no número da amostra.
Tabachinick e Fidell (2001) recomendam como regra geral que o número de
sujeitos para regressão múltipla deve ser 40 + 8 vezes o mero de
variáveis antecedentes. Em nenhum modelo testado o número de variáveis
ultrapassou sete variáveis.
4.2 Estudo II Relação entre as variáveis e testagem empírica do
modelo de pesquisa
As análises exploratórias foram realizadas com a soma dos dados
das duas organizações e para cada uma delas também. Além do padrão de
relação entre as variáveis ser diferente para o Banco e para a S/A, uma das
variáveis critério de avaliação de desempenho foi mensurada de maneira
119
distinta pelas organizações (ver descrição da seção 3.4.3). Por esses
motivos, não considerou-se prudente realizar as análises com os bancos de
dados em conjunto. Assim, os resultados do Estudo II serão apresentados
em duas sub-seções, uma para cada organização.
4.2.1 Relação entre as variáveis do modelo de pesquisa no Banco
A Tabela 5.9 apresenta correlações entre as variáveis do modelo no
Banco. A primeira delas refere-se às percepções de suporte organizacional
ao desempenho e as variáveis de motivação para trabalhar. O suporte
material ao desempenho, as práticas de promoção e recompensas e as
práticas de gestão do desempenho apresentaram correlação significativa e
positiva com as subescalas de instrumentalidade e expectativa (ver células
sombreadas na tabela). Entretanto, a subescala de valência apresentou
correlação significativa apenas com o fator de práticas de gestão do
desempenho (r = 0,291; p < 0,01). Do mesmo modo, este foi o único fator de
percepção de suporte organizacional que apresentou correlação significativa
com o componente geral de motivação (r = 0,537; p < 0,001).
No que diz respeito às variáveis de mensuração de desempenho
dos empregados, cabe fazer a ressalva de que foram considerados, além
dos dois fatores de auto-percepção de desempenho, três indicadores de
avaliação das competências dos servidores. O primeiro diz respeito ao grau
de competência entregue pelo servidor. O segundo refere-se à lacuna de
competência entre a avaliação no nível requerido e o grau de competência
entregue nesse nível. Por fim, considerou-se ainda o grau de competência
entregue pelo servidor no nível requerido para a sua função/cargo. Os dois
primeiros indicadores de desempenho mensurados pelo Banco
apresentaram correlações significativas com o fator de auto-percepção de
desempenho estratégico, que é mais relacionado ao contexto (r = 0,288 e
0,268, respectivamente; p < 0,01 para ambos).
120
Entretanto, dos indicadores de desempenho observados, apenas os
fatores de auto-percepção de desempenho apresentaram correlação com a
percepção de suporte organizacional dos servidores. Ainda assim, somente
o fator de práticas de gestão do desempenho se relacionou
significativamente com a auto-percepção de desempenho estratégico (r =
0,531; p < 0,01) e voltado para a tarefa (r = 0,436; p < 0,01). Por outro lado,
as auto-percepções de desempenho dos servidores apresentaram
correlações positivas e significativas com os três componentes da motivação
para trabalhar (valência, instrumentalidade e expectativa), inclusive com seu
fator geral (ver células sombreadas na tabela).
Ainda com relação às variáveis de desempenho, não se observou
qualquer correlação significativa com os escores das notas nas provas de
conhecimento realizadas pelos candidatos. Em lugar disso, observa-se que
quanto maior o tempo de trabalho na organização, melhor a percepção dos
servidores sobre as práticas de gestão do desempenho (r = 0,314; p < 0,01),
mas pior é a sua auto-percepção de desempenho voltado para tarefa (r = -
0,296; p < 0,01).
Apesar da elevada correlação apresentada na Tabela 5.9, entre a
idade e o tempo que o sujeito exerce atividade remunerada (r = 0,897; p <
0,001), não se observa relação significativa entre essas variáveis e o tempo
de trabalho na organização. Contudo, quanto maior a idade dos
respondentes, maior a importância que eles atribuem às suas atividades
laborais (r = 0,301; p < 0,01 no fator de valência), mas menor é a expectativa
de alcançar os pontos que eles valorizam por meio do seu trabalho (r = -
0,286; p < 0,01). Ainda, os mais velhos percebem menor carga de trabalho
que os mais novos (r = -0,311; p < 0,01). Por fim, a correlação inversa entre
sexo e carga de trabalho (r = -0,330; p < 0,001) indica que os homens do
Banco percebem menor carga de trabalho do que as mulheres.
Como o número de casos válidos que puderam ser considerados no
Banco foi bastante reduzido (N = 62), não foi possível levar adiante as
análises de regressão múltipla para testar o valor preditivo das variáveis
121
antecedentes sobre as variáveis de desempenho. Por esse mesmo motivo,
as correlações encontradas devem ser observadas com cautela até que seja
possível compor uma base de dados mais robusta para investigar tais
relações.
122
Tabela 4.9 Correlações bivariadas entre as variáveis do modelo para o Banco.
Variáveis
ET
ECB
ECE
VAL
INST
EXP
MOT
SM
SR
SCT
SG
AD-C
AD-T
OD-CE
OD-LC
OD-NR
Sexo
Idade
TAR
TTO
ESC
Escore total
1
Escore Conhecimentos
Básicos
,948
**
1
Escore Conhecimentos
Específicos
,953
**
,806
**
1
Valência
-,021
-,079
,036
1
Instrumentalidade
,026
,058
-,007
,373
**
1
Expectativa
-,082
-,070
-,086
,264
*
,807
**
1
Motivação
-,044
-,034
-,049
,520
**
,912
**
,912
**
1
Suporte material
,094
,167
,015
-,079
,264
*
,163
,180
1
Suporte recompensas
-,003
-,004
-,002
-,152
,257
*
,322
*
,190
,403
**
1
Suporte carga de trabalho
-,108
-,066
-,138
,003
,045
,151
,065
-,148
-,016
1
Suporte gestão
,066
,080
,046
,291
*
,528
**
,514
**
,537
**
,462
**
,435
**
-,052
1
Auto-desempenho -
contexto
,052
,049
,050
,535
**
,399
**
,384
**
,514
**
,157
,034
,088
,531
**
1
Auto-desempenho -tarefa
,100
,036
,151
,332
**
,303
*
,344
**
,417
**
-,033
-,111
-,036
,436
**
,710
**
1
Organização desempenho -
competência entregue
-,023
-,067
,021
,223
,073
,110
,110
-,141
-,016
,010
,001
,288
*
,189
1
Organização desempenho -
lacuna de competência
-,196
-,246
-,128
,236
,045
,042
,102
-,052
-,127
-,110
-,094
,268
*
,187
,751
**
1
Organização desempenho -
nível requerido
-,150
-,197
-,090
,127
-,096
-,151
-,074
-,112
-,089
-,146
-,032
,236
,195
,675
**
,759
**
1
Sexo
-,114
-,128
-,090
,099
-,054
-,106
-,069
-,145
-,330
**
,091
-,112
,023
,151
-,005
-,048
-,005
1
Idade
,124
,013
,218
,301
*
-,185
-,286
*
-,142
,084
-,078
-,311
*
,010
,087
,013
,048
,071
,139
-,025
1
Tempo atividade
remunerada
-,063
-,129
,003
,269
,154
-,063
,083
,219
,032
-,279
,153
,181
,163
,106
,129
,065
-,124
,897
**
1
Tempo de trabalho na
organização
,269
,272
,232
,001
,016
-,192
-,106
,276
,314
*
,057
-,072
-,098
-,296
*
,278
,196
,144
-,184
,167
,197
1
Escolaridade
,060
,074
,040
,070
,111
,035
,036
,006
-,044
,130
,113
-,140
-,045
-,015
-,048
-,011
-,161
-,187
-,168
,012
1
Notas: As iniciais na linha de cabeçalho correspondem às mesmas variáveis listadas na primeira coluna da esquerda da tabela.
* p < 0,01
** p < 0,001
123
4.2.2 Relação entre as variáveis do modelo de pesquisa na S/A
Diferente do que aconteceu com os dados do Banco, foi possível
considerar na S/A um número muito maior de casos (N = 366), mesmo após
fazer a exclusão dos sujeitos que não apresentaram uma das avaliações de
desempenho realizadas pela organização. Sendo assim, as correlações
realizadas e dispostas na Tabela 4.10 serviram de orientação para a
inserção das variáveis nos modelos de regressão apresentados mais
adiante.
Conforme pode ser observado, o padrão de correlações entre as
variáveis motivacionais e a percepção de suporte organizacional foi
semelhante nas duas organizações (ver células sombreadas na tabela).
Entretanto, no caso da S/A o fator geral de motivação apresentou correlação
significativa com todos os fatores de suporte, incluindo carga de trabalho (r =
-0,122; p < 0,01) que não havia se correlacionado significativamente no
Banco. Do mesmo modo, as auto-percepções de desempenho se
correlacionaram de maneira direta e significativa com as variáveis
motivacionais, especialmente quando se observa o fator geral de motivação.
As auto-percepções de desempenho também apresentaram
correlações significativas com os fatores de suporte, quase todas no sentido
positivo (ou seja, quanto melhor a percepção dos empregados sobre o
suporte oferecido pela organização, maior é a auto-avaliação de
desempenho). Mesmo o sinal negativo do fator de percepção de carga de
trabalho aponta para uma avaliação positiva entre esse construto e
desempenho voltado para a tarefa, pois quanto menor é a percepção do
empregado em relação à carga de trabalho, melhor é a sua auto-avaliação
de desempenho nas rotinas relacionadas à execução do seu trabalho. No
que diz respeito às avaliações realizadas pela organização, foram
considerados para a S/A dois indicadores, sendo ambos de hetero-
avaliação: um voltado para a avaliação de competências do empregado e
124
outro voltado para o alcance de metas (resultado). Entre as variáveis de
auto-relato consideradas, apenas o fator de práticas de gestão do
desempenho se correlacionou significativamente com um dos indicadores de
desempenho mensurado pela organização, a avaliação de competências do
empregado (r = -0,112; p < 0,01).
125
Tabela 4.10 Correlações bivariadas entre as variáveis do modelo para a S/A.
Variáveis
ET
ECB
ECE
VAL
INST
EXP
MOT
SM
SR
SCT
SG
AD-C
AD-T
HD-C
HD-M
Sexo
Idade
ESC
TAR
TTO
Escore total
1
Escore
Conhecimentos
Básicos
,390
**
1
Escore
Conhecimentos
Específicos
,912
**
-,018
1
Valência
-,055
,005
-,058
1
Instrumentalidade
,014
-,002
,027
,472
**
1
Expectativa
,078
-,047
,116
*
,338
**
,748
**
1
Motivação
,032
-,030
,060
,528
**
,903
**
,904
**
1
Suporte material
,172
**
-,121
*
,247
**
,205
**
,256
**
,417
**
,340
**
1
Suporte
recompensas
,120
*
-,095
,174
**
,146
**
,361
**
,517
**
,439
**
,479
**
1
Suporte carga de
trabalho
-,021
-,025
-,016
-,001
-,064
-,149
**
-,122
*
-,252
**
-,223
**
1
Suporte gestão
,094
-,111
*
,163
**
,201
**
,371
**
,564
**
,482
**
,541
**
,672
**
-,372
**
1
Auto_Desempenho
contexto
-,032
,008
-,031
,464
**
,503
**
,491
**
,526
**
,232
**
,155
**
-,057
,244
**
1
Auto_Desempenho
tarefa
-,020
,020
-,021
,390
**
,386
**
,364
**
,408
**
,227
**
,114
*
-,146
**
,228
**
,739
**
1
Hetero_Desempenho
competência
,169
**
,015
,179
**
-,056
,019
,010
,006
-,075
-,112
*
,046
-,041
-,003
,013
1
Hetero_Desempenho
metas
,143
**
-,016
,152
**
,034
-,001
,042
,026
,039
-,021
-,034
,084
,049
,043
,225
**
1
Sexo
,095
,039
,082
,040
,034
,030
,037
,094
,010
-,039
,025
,054
,060
,071
,097
1
Idade
,069
,009
,068
,036
,120
*
,081
,090
,091
,071
-,027
,056
,155
**
,082
,094
-,156
**
-,067
1
Escolaridade
,168
**
-,191
**
,257
**
-,032
-,035
,008
-,003
,042
,007
,044
,085
-,010
-,065
,090
,080
,153
**
,071
1
Tempo atividade
remunerada
,079
,096
,046
,041
,088
,061
,073
,073
,075
-,060
-,018
,097
,061
-,009
-,231
**
-,102
,808
**
,080
1
Tempo de trabalho
na organização
-,109
,014
-,120
*
-,086
-,034
-,029
-,053
-,103
-,121
*
,113
*
-,040
-,030
-,064
,244
**
-,044
-,113
*
,168
**
,026
,152
*
1
Notas: As iniciais na linha de cabeçalho correspondem às mesmas variáveis listadas na primeira coluna da esquerda da tabela.
* p < 0,01
** p < 0,001
126
As avaliações de desempenho realizadas pela S/A apresentaram
correlações importantes com outras variáveis, como é o caso das notas nos
concursos. Tanto as avaliações de competência quanto as avaliações de
alcance de metas correlacionaram-se direta e significativamente com o
escore na prova específica (r = 0,179 e r = 0,152, respectivamente; p <
0,001 para ambos), mas não com o escore da prova de conhecimentos
básicos. Com relação às medidas de auto-relato, a nota na prova de
conhecimentos básicos se correlacionou significativamente com as
percepções de suporte (material, práticas de promoção e recompensas e
práticas de gestão do desempenho) e com o componente motivacional de
expectativa (ver células sombreadas na tabela). As auto-percepções de
desempenho o se correlacionaram significativamente nem com o escore
em conhecimentos básico nem com o escore de conhecimentos específicos.
As notas na prova também apresentaram significativas correlações
com as características pessoais e, por isso, algumas delas foram
selecionadas para compor os modelos de regressão múltipla. É o caso de
tempo que o sujeito trabalha na organização. A idade apresentou forte
correlação com o tempo que o sujeito exerce atividade remunerada (r =
0,808; p < 0,001) e, por isso, apenas a segunda variável foi selecionada para
compor os modelos de regressão. A seguir serão apresentados os
resultados das regressões, sempre considerando quatro variáveis critério,
duas de auto-percepção de desempenho e duas de hetero-avaliação de
desempenho dos empregados da S/A. A Tabela 4.11 apresenta os
resultados para a variável critério auto-percepção de desempenho pró-ativo,
cuja avaliação é mais voltada para o contexto.
127
Tabela 4.11 Análise de regressão padrão (enter) para a variável auto-percepção de
desempenho pró-ativo voltado para o contexto (AD-C).
Variáveis
AD-C
ECB
ECE
MOT
SR
SG
TAR
TTO
B
β
Auto_Desempenho Contexto
1
-
-
Escore Conhecimentos
Básicos
,008
1
,001
,011
Escore Conhecimentos
Específicos
-,031
-,018
1
-,002
-,053
Motivação
,526
**
-,030
,060
1
,010
,537**
Suporte recompensas
,155
**
-,095
,174
**
,439
**
1
-,060
-,111
Suporte gestão
,244
**
-,111
*
,163
**
,482
**
,672
**
1
,042
,063
Tempo atividade remunerada
,097
,096
,046
,073
,075
-,018
1
,006
,058
Tempo de trabalho na
organização
-,030
,014
-,120
*
-,053
-,121
*
-,040
,152
*
1
-,010
-,027
*
* p < 0,01
*
** p < 0,001
Intercepto = 3,741
R
= ,533
R
2
= ,284
R
2
ajustado
= ,270
Os dados apresentados na Tabela 4.11 mostram que o modelo
considerando as sete variáveis antecedentes é significativo e explica quase
29% da variável auto-percepção de desempenho voltado para o contexto (R
2
= 0,284). Porém, ao se observar a contribuição individual de cada variável,
apenas o componente motivacional apresentou impacto significativo (β =
0,537; p < 0,001). Por apresentarem correlação entre si, as demais variáveis
influenciam na explicação de variância da variável critério, mas não exercem
impacto direto sobre ela, como ocorre com a variável motivação.
No caso de auto-percepção de desempenho voltado para a tarefa,
além de motivação, os fatores de percepção de suporte apresentaram,
também, impacto direto sobre a variável critério, conforme mostra a Tabela
4.12.
128
Tabela 4.12 Análise de regressão padrão (enter) para a variável auto-percepção de
desempenho voltado para a tarefa (AD-T).
Variáveis
AD-T
ECB
ECE
MOT
SR
SG
TAR
TTO
B
β
Auto_Desempenho Tarefa
1
-
-
Escore Conhecimentos
Básicos
,020
1
,002
-,055
Escore Conhecimentos
Específicos
-,021
-,018
1
-,002
-,055
Motivação
,408
**
-,030
,060
1
,007
,395**
Suporte recompensas
,114
*
-,095
,174
**
,439
**
1
-,068
-,138*
Suporte gestão
,228
**
-,111
*
,163
**
,482
**
,672
**
1
,082
,134*
Tempo atividade remunerada
,061
,096
,046
,073
,075
-,018
1
,005
,051
Tempo de trabalho na
organização
-,064
,014
-,120
*
-,053
-,121
*
-,040
,152
*
1
-,021
-,061
*
* p < 0,01
*
** p < 0,001
Intercepto = 3,805
R
= ,424
R
2
= ,179
R
2
ajustado
= ,163
Apesar de o modelo geral ter explicado uma quantidade menor da
variância da auto-percepção de desempenho voltado para a tarefa (R
2
=
0,179), a Tabela 4.12 mostra que os fatores de percepção de suporte
também estão associados à forma como os respondentes avaliam essa
dimensão do desempenho, embora com magnitudes bem menores. Além da
motivação = 0,395; p < 0,001), a percepção de práticas de promoção e
recompensas apresentou impacto significativo sobre a variável critério, mas
o impacto foi negativo (β = -0,138; p < 0,01). Esse dado indica que a
percepção dos empregados sobre tais políticas dentro da organização é
inversamente relacionada à maneira como eles avaliam seu desempenho
voltado para a tarefa.
Dito de outra forma, a insatisfação dos empregados sobre as
práticas de promoção e recompensas os leva a avaliar melhor seu
desempenho. O “mito do herói” pode estar bastante presente na companhia
e ser uma possibilidade para compreender esse resultado aparentemente
contraditório. Isto significaria que apesar de não ser bem recompensado ou
reconhecido, o empregado se desempenhando bem o seu trabalho. Por
outro lado, as avaliações positivas das práticas de gestão do desempenho
também levam a auto-percepções positivas do desempenho dos
empregados (β = 0,134; p < 0,01).
129
Até o momento, percebe-se que a nota nos testes de conhecimentos
utilizados no concurso, não esteve associada ao desempenho do
empregado. Isso significa que, na avaliação dos empregados, o grau de
domínio dos conteúdos abordados no concurso não prediz diretamente a
maneira como eles percebem seu desempenho no trabalho. As tabelas a
seguir apontam resultados diferentes quando se considera as avaliações de
desempenho realizadas pela organização como variável critério. A Tabela
4.13 mostra os resultados para a avaliação de desempenho de
competências realizada pela S/A.
Tabela 4.13 Análise de regressão padrão (enter) para a variável hetero-avaliação de
competência (HD-C).
Variáveis
HD-C
ECB
ECE
MOT
SR
SG
TAR
TTO
B
β
Hetero_Desempenho
Competências
1
-
-
Escore Conhecimentos
Básicos
,015
1
,002
,017
Escore Conhecimentos
Específicos
,179
**
-,018
1
,011
,232**
Motivação
,006
-,030
,060
1
,001
,055
Suporte recompensas
-,112
*
-,095
,174
**
,439
**
1
-,145
-,197*
Suporte gestão
-,041
-,111
*
,163
**
,482
**
,672
**
1
,043
,047
Tempo atividade remunerada
-,009
,096
,046
,073
,075
-,018
1
-,003
-,020
Tempo de trabalho na
organização
,244
**
,014
-,120
*
-,053
-,121
*
-,040
,152
*
1
,109
,212**
*
* p < 0,01
*
** p < 0,001
Intercepto = 2,979
R
= ,326
R
2
= ,106
R
2
ajustado
= ,088
Observa-se na Tabela 4.13 que o modelo não explicou grande
quantidade de variância da variável critério (R
2
= 0,106), mas que ao se
considerar as variáveis individualmente, a nota alcançada na prova de
conhecimentos específicos apresentou impacto significativo na avaliação de
desempenho das competências dos empregados = 0,232; p < 0,001).
Contudo, não ocorreu o mesmo para a nota de conhecimentos básicos. Das
variáveis de auto-relato consideradas no modelo, apenas a percepção de
práticas de promoção e recompensa se mostrou significativo para explicar
essa variável critério (β = -0,197; p < 0,01). Da mesma forma como ocorreu
130
com a medida de auto-avaliação apresentada na Tabela 4.12, a percepção
dos empregados sobre essas condutas na organização parece associar-se
inversamente com a avaliação de desempenho recebida por eles. Pode-se
analisar ainda que, apesar de terem seu desempenho bem avaliado, os
empregados consideram que as práticas de promoção e recompensas não
são condizentes com o esperado por eles (β = -0,138; p < 0,001).
Outra variável que apresentou relação significativa na avaliação de
desempenho de competências dos empregados foi o tempo que trabalham
na organização (β = 0,212; p < 0,001). Esse dado indica que o tempo que os
empregados estão na S/A prediz positivamente a avaliação de desempenho
de competência que a companhia realiza. Na Tabela 4.14 são apresentados
os resultados para a avaliação das metas alcançadas pelos empregados.
Tabela 4.14 Análise de regressão padrão (enter) para a variável hetero-avaliação das metas
alcançadas (HD-M).
Variáveis
HD-M
ECB
ECE
MOT
SR
SG
TAR
TTO
B
β
Hetero_Desempenho Metas
1
-
-
Escore Conhecimentos
Básicos
-,016
1
,004
,005
Escore Conhecimentos
Específicos
,152
**
-,018
1
,062
,160*
Motivação
,026
-,030
,060
1
,006
,028
Suporte recompensas
-,021
-,095
,174
**
,439
**
1
-,966
-,157*
Suporte gestão
,084
-,111
*
,163
**
,482
**
,672
**
1
1,184
,156*
Tempo atividade remunerada
-,231
**
,096
,046
,073
,075
-,018
1
-,184
-,166*
Tempo de trabalho na
organização
-,044
,014
-,120
*
-,053
-,121
*
-,040
,152
*
1
-,013
-,003
*
* p < 0,01
*
** p < 0,001
Intercepto = 93,991
R
= ,269
R
2
= ,072
R
2
ajustado
= ,054
Embora o conjunto das variáveis também tenha sido significativo
para explicar os resultados alcançados pelos empregados (R
2
= 0,072),
nota-se que o percentual de variância explicada para as duas avaliações de
desempenho realizadas pela organização foi menor que quando
consideradas as medidas de auto-avaliação de desempenho como variável
critério. Porém, assim como foi observado na Tabela 4.13, a nota de
131
conhecimentos específicos também apresentou relação significativa no que
diz respeito ao alcance das metas pelos empregados (β = 0,160; p < 0,01).
Novamente observou-se que a percepção dos empregados sobre as
práticas de promoção e recompensas associa-se inversamente com a
avaliação do desempenho deles (β = -0,157; p < 0,01). Além desta, outra
variável apresentou relação inversa ao alcance de metas: o tempo que o
empregado exerce atividade remunerada (β = -0,166; p < 0,01). Embora
possa parecer estranho, por ter alta correlação com a idade do respondente
(ver Tabela 4.10), esse dado revela apenas que quanto mais velho, maior é
a probabilidade do empregado não alcançar as metas esperadas pela
companhia.
Após a análise do valor de predição das variáveis antecedentes
sobre as avaliações de desempenho dos empregados, foram computados
dois coeficientes de interação para inspecionar a relação de moderação que
são as variáveis de percepção de suporte organizacional ao desempenho, a
motivação para trabalhar e de características pessoais exercem no escore
alcançado na nota de conhecimentos específicos. O objetivo, portanto, foi
verificar qual o impacto da nota dos candidatos (saber fazer) no seu
desempenho no trabalho, após serem selecionados, quando é controlada a
influência do contexto (poder fazer) e do componente motivacional (querer
fazer).
Considerando que os resultados das regressões múltiplas
apresentaram valor preditivo significativo para as variáveis critério de hetero-
avaliação de desempenho, os coeficientes de interação foram
considerados para a avaliação de competências e de metas realizadas pela
S/A. Os resultados apontaram que, ao se levar em conta a relação de
moderação exercida pela percepção de suporte organizacional, da
motivação para trabalhar e de características como tempo na organização e
tempo de atividade remunerada, a nota de conhecimentos específicos
alcançada no concurso exerce ainda menos influência no desempenho dos
empregados. Para a avaliação de desempenho de competências foi
132
encontrado um valor de β = 0,184 (p < 0,001) e para a avaliação do alcance
das metas um valor de β = 0,158 (p < 0,001).
Diferentemente do que ocorreu na MEE, as regressões
apresentaram resultados consistentes do ponto de vista teórico e, também,
de ajuste estatístico adequado aos dados empíricos. As tabelas
apresentadas mostram a opção de modelos parcimoniosos (com, no
máximo, sete variáveis antecedentes) para explicar as variáveis critério (auto
e hetero-avaliações de desempenho no trabalho) e, levarem em
consideração a complexidade envolvida nos fatores relacionados ao
desempenho do sujeito no trabalho, explicaram uma porcentagem razoável
da variância desse construto. A seguir, é realizada uma discussão dos
resultados apresentados, considerando-se para isso o referencial teórico
anteriormente descrito.
133
5 Discussão dos resultados
Os resultados descritos no capítulo anterior são úteis para
apresentar uma visão geral do que foi obtido com a realização das análises,
mas ganham um significado mais completo quando relacionados ao
referencial teórico e ao delineamento adotados na pesquisa. Por isso, este
capítulo tem como objetivo retomar os objetivos e as hipóteses formuladas
inicialmente e discutir os resultados encontrados à luz dos conceitos e
estudos descritos na revisão de literatura.
De uma maneira mais ampla, o objetivo da pesquisa foi analisar em
que medida os escores obtidos nos testes de conhecimentos utilizados em
seleção de pessoas são preditores do desempenho no trabalho dos
candidatos selecionados. Para alcançar esse objetivo, foi necessário, antes
de tudo, desenvolver e validar duas medidas para mensuração de variáveis
envolvidas nessa hipótese de predição. A primeira delas refere-se à medida
de motivação para trabalhar, que é uma das variáveis de controle que
compôs o modelo de pesquisa, e a segunda refere-se à medida de auto-
percepção de desempenho no trabalho, considerada como uma das
variáveis critério.
5.1 As medidas de motivação para trabalhar e de auto-percepção
de desempenho no trabalho
O instrumento de motivação para trabalhar foi desenvolvido com
base no referencial teórico de Vroom (1964) e teve como ponto de partida o
Inventário de Motivação e Significado do Trabalho IMST, proposto por
Borges, Alves-Filho e Tamayo (2008). Com o intuito de obter uma medida
mais condizente com os objetivos da pesquisa, os itens relacionados à
dimensão de significado do trabalho foram retirados, enquanto outros foram
134
reformulados. O resultado foi o alcance de uma medida mais parcimoniosa
que avalia com estabilidade o construto motivação para trabalhar. Os
indicadores psicométricos encontrados para o instrumento bem como os
resultados da sua relação com outras variáveis, confirmaram a existência de
três componentes que são distintos (valência, instrumentalidade e
expectativa), porém são fortemente interligados e juntos mensuram o fator
geral de motivação.
O outro instrumento desenvolvido teve como objetivo mensurar uma
das variáveis critério da pesquisa, que é a auto-percepção de desempenho
dos respondentes. A decisão de desenvolver uma medida de auto-relato
teve como intenção garantir a mensuração desse construto em concordância
com o referencial teórico utilizado nessa tese, uma vez que a literatura
aponta certa confusão acerca desse tema (Brandão, 2009; Campbell, 1990;
Gilbert, 1978; A. Caetano, 1996; Sonnentag & Frese, 2002). Para a
realização desse estudo, foi adotado o modelo conceitual proposto por
Sonnentag e Frese (2002) que distingue claramente o desempenho,
enquanto processo (comportamentos), de resultados esperados pela
organização (produtos).
Desse modo, foi desenvolvido um instrumento para contemplar as
dimensões propostas pelos autores (desempenho voltado para a tarefa e
para o contexto), considerando que o foco da pesquisa está voltado para as
perspectivas das diferenças individuais (ou seja, investigar quais
características diferenciam os indivíduos que desempenham melhor) e
situacionais (investigar quais elementos do contexto influenciam o
desempenho). A versão final do instrumento de auto-percepção de
desempenho agregou itens que mensuram as dimensões do desempenho
propostas por Sonnentag e Frese (2002), ainda que o desempenho voltado
para o contexto tenha sido representado por apenas uma das facetas
descritas pelos autores.
Conforme argumentam Sonnentag e Frese (2002), haveria dois tipos
de desempenho contextual, sendo um deles relacionado aos
135
comportamentos que visam o bom funcionamento da organização e o outro
relacionado aos comportamentos pró-ativos do indivíduo, que visam a
mudança e o refinamento dos processos laborais. A medida de auto-
percepção de desempenho, desenvolvida para a realização desta pesquisa,
foi originalmente proposta por Coelho Jr., Borges-Andrade e Queiroga
(manuscrito não-publicado), mas foi reformulada para atender ao modelo de
Sonnentag e Frese (2002). Como resultado das análises psicométricas
realizadas, observou-se uma estrutura bi-dimensional com bons indicadores,
que agrega, em um fator, itens relacionados aos comportamentos mais
técnicos dos indivíduos (desempenho voltado para a tarefa) e outro fator
cujos itens descrevem, predominantemente, comportamentos pró-ativos dos
indivíduos (faceta do desempenho contextual).
Além da verificação da validade das medidas desenvolvidas,
também foram inspecionados os indicadores psicométricos dos demais
instrumentos utilizados: escala de percepção de suporte organizacional e as
provas de concurso respondidas pelos candidatos. No caso do instrumento
para mensuração da percepção de suporte organizacional, tratou-se apenas
de checar se a estrutura da versão reduzida proposta por Brandão (2009)
seria mantida para os contextos organizacionais dessa pesquisa. Embora os
resultados encontrados tenham apresentado pequenas divergências na
alocação de alguns itens, de uma maneira geral, foram observados os
fatores encontrados na validação de Brandão (2009), com indicadores
bastante fidedignos.
Para as provas de concurso respondidas pelos candidatos foram
empregados procedimentos de validação distintos daqueles utilizados nos
demais instrumentos, em virtude da natureza das medidas. Diferentemente
dos instrumentos discutidos até o momento, as provas de concurso
produzem respostas que são do tipo “certo” ou “errado”. Por esse motivo,
foram utilizadas técnicas de validação apropriadas para dados dicotômicos.
Os resultados encontrados não confirmaram a predominância de uma
estrutura única, conforme era esperado teoricamente. Mesmo considerando
136
apenas as questões referentes à mensuração dos conhecimentos
específicos, predomina mais de uma dimensão no conjunto de questões.
Esse resultado foi corroborado pela falta de convergência dos
modelos de TRI testados em algumas provas e pelas estatísticas fora do
padrão observadas em outras. Quando os pressupostos de tais modelos são
atendidos, os parâmetros produzidos pela TRI são coerentes com o que é
estatística e teoricamente esperado (Andrade, Tavares & Valle, 2000;
Hambleton, Swaminathan & Rogers, 1991). No caso dessas provas, o que
se observou foi a falta de unidimensionalidade, pressuposto que impediu de
seguir adiante com as demais análises que seriam realizadas com a TRI. É
importante ressaltar que esse resultado por si não aponta qualidade
das provas, mas apenas a falta de pressuposto para realizar uma análise.
Contudo, ao se interpretar as estatísticas clássicas das três provas
submetidas à TCT, observou-se certo desequilíbrio no nível de dificuldade
das questões (algumas são demasiadamente fáceis), bem como no nível de
discriminação algumas questões não cumpriram o papel de diferenciar
candidatos que dominam o conteúdo daqueles que não dominam.
Embora tais análises tenham sido empregadas em um conjunto
pequeno de provas, é possível supor que a baixa discriminação das
questões não parece ser regra nas provas de concursos. Ou seja, as provas
não apresentaram um indicador claro de falta de qualidade. Apesar da falta
de unidimensionalidade ter trazido um empecilho inicial para as análises, foi
uma contribuição para uma tomada decisão bastante positiva, que foi a de
utilizar os escores brutos dos candidatos, isto é, as notas recebidas por eles
ao final do concurso. Desta forma, os valores de predição dessas provas
podem ser mais próximos do que realmente ocorre em uma seleção,
conforme será retomado mais adiante na discussão de cada uma das
hipóteses de pesquisa formuladas inicialmente.
137
5.2 Hipótese 1: relação entre os indicadores de desempenho auto-
relatados e os avaliados pela organização
A primeira hipótese de pesquisa era de que haveria correlação
significativa entre os auto-relatos de desempenho no trabalho e os
indicadores de desempenho dos indivíduos medidos pela organização. Essa
hipótese não foi confirmada nesta pesquisa, visto que apenas as avaliações
de desempenho do Banco se correlacionaram moderadamente com uma
das dimensões (desempenho pró-ativo) da escala de auto-percepção de
desempenho.
Embora em ambas as organizações tenha sido possível contar com
avaliações de desempenho de processo, os indicadores de auto-percepção
de desempenho foram bastante distintos dos indicadores utilizados pelas
organizações. Tanto no Banco quanto na S/A, as avaliações de desempenho
dos funcionários focaram-se na mensuração de competências requeridas
para a atuação nos respectivos cargos. Ainda que se compreenda que o
desempenho possa ser representado pela manifestação das competências
dos indivíduos no trabalho (Brandão & Guimarães, 2001; Gilbert, 1978), o
referencial teórico que orientou a elaboração da medida de auto-percepção
de desempenho define esse construto com indicadores e dimensões
diferentes das dimensões que compõem as competências (os CHA‟s).
Todavia, a correlação positiva e significativa encontrada entre a
dimensão desempenho pró-ativo e a avaliação de competência, realizada
pelo Banco, levanta indícios de que essas avaliações não são antagônicas.
Os resultados indicam que, de maneira geral, não há relação entre a forma
como os indivíduos percebem seu próprio desempenho e a forma como a
organização os avalia. Desse modo, considerar as duas formas de avaliação
de desempenho para estudar o grau de predição dos escores obtidos nos
testes de concurso mostrou-se ainda mais pertinente. Por esse motivo,
também se observou como relevante levar em conta as avaliações de
resultados disponibilizadas pela S/A. Essas decisões acabaram
138
enriquecendo as interpretações dos dados, conforme será discutido mais
adiante.
5.3 Hipótese 2: relação entre os testes de conhecimentos e as
avaliações de desempenho no trabalho
A segunda hipótese de pesquisa formulada sugeriu que a
proficiência obtida pelos candidatos nos testes de conhecimentos seria
positiva e significativamente relacionada com o desempenho no trabalho
(auto-relatos e indicadores organizacionais). Essa hipótese só foi confirmada
parcialmente, uma vez que no Banco as correlações não foram
estatisticamente significativas e na S/A elas foram significativas apenas com
as avaliações de desempenho da organização.
O fato dos testes de conhecimentos não se relacionarem
significativamente com as avaliações de desempenho do Banco pode estar
associado às características das provas de concursos utilizadas para essa
organização. No caso dessa organização, as provas são desenvolvidas para
selecionar candidatos para uma área de atuação e não para um cargo
específico, como é o caso da S/A. Com isso, as provas encomendadas
dificilmente poderiam ser elaboradas com foco em competências complexas
ou procedimentais. Diante dessas condições, o foco das provas fica em
conteúdos ou em competências que envolvem apenas capacidades de
informações verbais simples ou pouco complexas. Esse resultado é coerente
com outros estudos relatados na revisão de literatura que apontam a forte
associação entre o valor preditivo dos testes de conhecimentos e a sua
semelhança com o desempenho esperado pela organização (Dye, Reck &
McDaniel, 1993; Krause & cols., 2006).
Ao mesmo tempo em que a falta de correlação entre os escores da
prova e as auto-percepções de desempenho é um elemento que contribui
para a rejeição da segunda hipótese, é também um ponto positivo quando se
observa os resultados da S/A. Os escores da prova apresentaram
139
correlações e valores de predição significativos, indicando que o conteúdo
da prova está em consonância com o que é valorizado pela S/A. Todavia,
faz-se necessário ponderar que, embora tenham sido encontradas
correlações e coeficientes de predição significativos, a magnitude desses
valores é bastante modesta. O fato dos escores dos testes de
conhecimentos específicos terem se relacionado positiva e
significativamente com as avaliações de desempenho da organização (tanto
de processo quanto de resultado), representam um forte indício de que as
provas podem se alinhar aos desempenhos esperados pelas organizações e
serem ainda mais importantes na predição do desempenho do candidato.
Contudo, a fragilidade dos valores encontrados também pode estar refletindo
os resultados discutidos nas provas de conhecimentos que, apesar de ter
mostrado grande potencial para selecionar os melhores candidatos, ainda
podem ser aprimoradas.
A refutação dessa hipótese estimula não a reflexão em torno das
provas utilizadas atualmente nos concursos, mas também das avaliações de
desempenho. Quando os resultados das correlações e regressões aqui
relatados são confrontados com os resultados de outras pesquisas
realizadas no exterior (Bertua, Anderson & Salgado, 2005; Carretta & Ree,
2000; Dye, Reck & McDaniel, 1993; Krause & cols., 2006; Sackett & Lievens,
2008), percebe-se que os instrumentos de seleção devem ser aprimorados
levando em conta o desempenho avaliado pelas organizações. Nos estudos
internacionais, o debate sobre o uso de preditores gerais vs. específicos é
intenso e não parece haver consenso entre os autores citados sobre quais
deles funciona melhor como preditor do desempenho no trabalho,
justamente porque isso depende do tipo de desempenho considerado (se
focado no processo ou no resultado) e de como ele será mensurado (por
meio de competências gerais, específicas do cargo ou dos produtos).
Da mesma forma, a complexidade da tarefa acaba direcionando a
amplitude do preditor (Krause & cols., 2006), elemento que pode explicar a
falta de associação entre o desempenho dos funcionários e as notas obtidas
140
na prova de conhecimentos básicos. Esse tipo de prova avalia
conhecimentos bastante gerais e, portanto, que se distanciam das tarefas
mais específicas realizadas após a admissão do candidato. Desse modo,
esses resultados podem ser considerados importantes pontos de partida
para fazer com que as provas aumentem o seu potencial de predizer o
desempenho no trabalho do candidato selecionado por meio da elaboração
de provas mais estreitamente relacionadas às competências procedimentais
mais complexas esperados pela organização.
5.4 Hipótese 3: relação entre percepção de suporte organizacional
e desempenho no trabalho
A terceira hipótese de pesquisa afirmava que a percepção de
suporte organizacional seria significativamente relacionada com o
desempenho do indivíduo no trabalho (auto-relatos e indicadores
organizacionais). Em virtude das percepções do contexto servirem de
estímulo ao desempenho ou até inibir a ocorrência futura de um bom
desempenho (Abbad, Freitas & Pilati, 2006), o suporte organizacional
percebido pelos funcionários acaba funcionando como um elemento que
condições ao desempenho (poder fazer). No presente estudo essa hipótese
foi confirmada, pois embora tenha se observado correlações significativas no
Banco apenas com os auto-relatos de desempenho, na S/A foi observada
uma correlação entre as metas alcançadas e a percepção de recompensas,
além de valores de predição desse fator com desempenho avaliado por meio
das competências e das auto-percepções.
No caso do Banco, o modo como os servidores percebem seu
desempenho (seja voltado para a tarefa ou para o contexto) está
essencialmente correlacionado à forma como eles percebem as práticas de
gestão do desempenho. Este resultado parece indicar que as demais
dimensões que compõem o construto suporte organizacional, não estão
141
associadas à execução das tarefas de trabalho dos servidores ou à maneira
como eles realizam atividades laborais que contribuem com a organização.
Na S/A essa situação é bastante diferente. As quatro dimensões do
suporte organizacional se correlacionaram significativamente com as auto-
avaliações de desempenho dos empregados, com exceção da percepção da
carga de trabalho e de desempenho voltado para o contexto. Nessa
organização, a percepção de suporte material, de práticas de recompensas
e de gestão de desempenho são fatores que se correlacionam
significativamente com a avaliação de desempenho no trabalho feita pelos
empregados. Ainda, ao se interpretar os modelos de regressão, as
percepções do ambiente apresentaram impacto significativo na auto-
avaliação de desempenho voltado para a tarefa, bem como nas avaliações
de desempenho realizadas pela S/A.
Quando os resultados foram significativos, a percepção de práticas
de recompensas se relacionou sistematicamente, de maneira inversa, com
as avaliações de desempenho. Esse dado curioso leva à interpretação de
que uma percepção de restrição do contexto pode estar sendo avaliada
como desafio para os empregados da S/A. Ou seja, a percepção negativa
sobre as práticas de recompensas acaba levando os empregados a
buscarem melhores desempenhos. Embora resultados semelhantes
tenham sido encontrados no contexto brasileiro em situações de
transferência de treinamento (ver Carvalho, 2003; Zerbini, 2003), faz-se
necessário estar alerta para o prolongamento deste tipo de situação, uma
vez que uma longa história de restrições situacionais pode levar as pessoas
a desenvolver crenças de que o aumento do esforço pessoal não resultará
em ganhos correspondentes (Peters & O‟Connor, 1980). Além disso, a
percepção de um contexto de trabalho desfavorável também pode trazer
impactos negativos na motivação para trabalhar.
142
5.5 Hipótese 4: relação entre percepção de suporte organizacional
e motivação para trabalhar
A hipótese 4 foi formulada tendo em vista a relação entre motivação
e suporte e afirmava que a percepção de suporte organizacional estaria
associada ao grau de motivação para trabalhar dos indivíduos. Ao se
observar os resultados do Banco, essa hipótese foi apenas parcialmente
confirmada, pois o fator geral de motivação se correlacionou somente com
um dos fatores de percepção de suporte. Novamente, se observou que para
esta organização, o fator ambiental práticas de gestão de desempenho é o
mais enfocado pelos servidores, associando-se, neste caso, à motivação
para trabalhar.
De acordo com o que aponta a literatura, fatores ambientais tanto
podem afetar o desempenho do indivíduo no trabalho quanto podem
influenciar respostas afetivas mais favoráveis em relação ao seu ambiente
de trabalho, trazendo consequências para a motivação do indivíduo e
também para o seu comprometimento com a organização (Peters &
O‟Connor, 1980; Silva & Zanelli, 2004).
Na S/A, a motivação para trabalhar apresentou correlações
significativas com as quatro dimensões de suporte organizacional,
confirmando a hipótese formulada. Nessa organização, nota-se que o fator
motivacional está fortemente correlacionado com as percepções dos
empregados acerca do suporte da organização, com exceção da percepção
de carga de trabalho, que apresentou uma correlação bastante modesta,
porém significativa. Nesse caso, quanto maior é a carga de trabalho
percebida pelos empregados, menor é o seu grau de motivação para
trabalhar. Esse resultado ressalta a importância de se manter condições de
trabalho adequadas, especialmente quando a motivação está
significativamente correlacionada com a forma como os indivíduos percebem
seu desempenho, que é o próximo tópico a ser discutido.
143
5.6 Hipótese 5: relação entre motivação para trabalhar e
desempenho no trabalho
A quinta hipótese formulada afirmava que o grau de motivação para
trabalhar seria positivamente relacionado com o desempenho do indivíduo
no trabalho (auto-relatos e indicadores organizacionais). Essa hipótese foi
parcialmente confirmada visto que, diferentemente do que se esperava, o
grau de motivação para trabalhar não se correlacionou com as avaliações de
desempenho realizadas pelas organizações. Porém, em ambas as
organizações foi observada correlação significativa entre motivação e as
auto-avaliações de desempenho dos indivíduos que trabalham no Banco e
na S/A. Esse resultado corrobora o referencial teórico adotado para a
mensuração de desempenho nesta pesquisa, em que características
motivacionais são fortemente relacionadas com a maneira como as pessoas
percebem seu desempenho, especialmente quando seus comportamentos
no trabalho são mais voltados para o contexto (Sonnentag & Frese, 2002).
Nas duas organizações, tanto os componentes da força motivacional
(valência, instrumentalidade e expectativa), quanto o fator geral de
motivação para trabalhar, apresentaram elevada correlação com as auto-
percepções de desempenho dos indivíduos. Além disso, na S/A, a motivação
para trabalhar mostrou-se como um preditor que exerce grande impacto
tanto no desempenho voltado para a tarefa, quanto no desempenho voltado
para o contexto, corroborando o que foi mencionado na literatura sobre essa
relação (Parker & Tuner, 2002).
A explicação dessa relação positiva entre motivação e desempenho
pode estar na forte associação entre motivação e busca por satisfação das
necessidades de crescimento que, por sua vez, acaba levando o indivíduo a
atribuir significado ao seu trabalho (Borges, Alves-Filho & Tamayo, 2008;
Parker & Tuner, 2002). Conforme foi descrito na Seção 1.3, a atribuição de
significados aos eventos ou fatos sociais é inerente à natureza humana e
traz implicações para diversas esferas da vida, incluindo os comportamentos
dentro das organizações. Assim, quando um indivíduo agrega alto valor de
144
motivação ao trabalho, ele acredita que o esforço despendido vai resultar em
um bom desempenho e que este desempenho pode trazer benefícios
(Borges, Alves-Filho & Tamayo, 2008). Porém, além da motivação, outras
características individuais podem estar associadas ao desempenho no
trabalho.
5.7 Hipótese 6: relação entre desempenho no trabalho e
características pessoais
A última hipótese de pesquisa formulada afirmava que os indivíduos
apresentariam níveis de desempenho (auto-relatos e indicadores
organizacionais) diferenciados em função de características pessoais como
sexo, idade e tempo de trabalho. No Banco, apenas o tempo de trabalho na
organização se correlacionou significativamente com a auto-percepção de
desempenho e na S/A somente as avaliações de desempenho realizadas
pela organização se correlacionaram com algumas das características
pessoais. As avaliações de desempenho (seja dos próprios indivíduos, seja
das organizações) não se diferenciaram em função do sexo dos
participantes. Assim, a sexta hipótese foi confirmada parcialmente.
Chama a atenção o sentido inverso da correlação entre tempo de
trabalho no Banco e a auto-avaliação de desempenho voltado para a tarefa.
Quando se interpreta esse resultado agregando as demais correlações entre
as características individuais, observa-se que no Banco não há, por
exemplo, relação entre idade e tempo de trabalho na casa, embora as
pessoas mais idosas sejam aquelas que realizam atividade remunerada
mais tempo. Ou seja, existem pessoas que estão no mercado de trabalho
bastante tempo, mas que ingressaram recentemente no Banco. Os
resultados apontam que quanto menor é o tempo de trabalho nessa
organização, mais satisfeitos os servidores estão com a realização das suas
atividades de trabalho.
145
Não obstante essa relação, é relevante destacar que o ingresso
recente no Banco não é a regra dessa organização, uma vez que a média de
tempo de trabalho na casa é bastante elevada (17 anos e 8 meses). Essa
pode ser uma variável que também explique a falta de correlação entre a
nota no concurso e o desempenho dos respondentes. Como os servidores
estão bastante tempo no Banco, os conhecimentos avaliados no
concurso não são essenciais para que eles desenvolvam suas atividades
de trabalho. Depois de tanto tempo de trabalho em uma organização, as
avaliações do concurso passam a ser variáveis muito distais e os elementos
do contexto (bem como sua relação com as características pessoais)
ocupam papel mais proximal no desempenho dos indivíduos (Parker &
Tuner, 2002; Peters & O‟Connor, 1980; Silva & Zanelli, 2004).
Na S/A ocorreu uma situação diferente com as variáveis de tempo
de trabalho. Tais variáveis não apresentaram relação com as auto-
avaliações de desempenho, mas se correlacionaram significativamente com
as avaliações realizadas pela organização, além de apresentarem relações
de predição. O tempo de trabalho na casa prediz significativamente a
avaliação de desempenho por competência realizada pela S/A no sentido
positivo, ou seja, quanto mais tempo os respondentes estão na organização,
melhor o seu desempenho é avaliado.
Por outro lado, quando a variável critério é as metas de desempenho
alcançadas, nota-se que o tempo de casa não é uma variável significativa,
mas sim o tempo que o respondente declarou que exerce atividade
remunerada. Embora o tempo que o indivíduo atua no mercado de trabalho
estabeleça uma relação inversa com o alcance das metas esperadas pela
organização, é necessário esclarecer que a correlação entre a primeira
variável e a idade é muito elevada. Assim, esse resultado indica que na S/A,
assim como em outros ambientes organizacionais (Parker & Tuner, 2002;
Sturman, 2003), o alcance das metas é mais difícil para os mais idosos,
embora eles realizem mais atividades que visam a melhoria dos processos
146
organizacionais, conforme observado na correlação entre idade e
desempenho pró-ativo.
A confirmação ou a refutação de cada uma das hipóteses
formuladas inicialmente levou a conclusões relevantes acerca do objetivo
geral da presente pesquisa. Essas conclusões estão reunidas nas
considerações finais apresentadas no próximo capítulo.
147
6 Considerações finais, limitações, recomendações práticas e
contribuições da pesquisa
Diante das todas as transformações tecnológicas que impulsionaram
as organizações contemporâneas a buscar melhores resultados em um
espaço de tempo cada vez mais curto, os processos seletivos aparecem
como importantes catalisadores que podem viabilizar esse processo. A meta
é alcançar bons desempenhos com menor esforço e menos desgaste para
as organizações e para os trabalhadores (Hiliard, 2000; Salgado, 2000).
Uma seleção adequada pode diminuir o custo da organização com
programas de treinamento e capacitação, alinhando as tarefas que precisam
ser desempenhadas com quem é mais capaz de realizá-las.
Não bastasse essas características para identificar a importância
dos processos seletivos, ainda pode ser ressaltado o papel do concurso
público no contexto brasileiro após a Constituição Federal de 1988. Desde
então, os processos seletivos também asseguraram o acesso aos cargos e
empregos públicos de forma justa, impedindo que os candidatos sejam
reféns de arbitrariedades e abusos de poder. Em tais processos seletivos, é
atribuído aos testes de conhecimento o maior peso para a seleção dos
candidatos, assumindo-se que o bom desempenho nessas provas está
relacionado aos candidatos com maior potencial para desempenhar no
trabalho.
Diante da importância atribuída aos testes de conhecimentos e das
poucas pesquisas nacionais que buscam investigar o valor preditivo dos
processos seletivos em relação ao desempenho no trabalho, esse estudo
teve como propósito verificar em que medida os resultados alcançados nos
testes de conhecimentos utilizados em seleção de pessoas para a
administração pública são preditores do desempenho no trabalho dos
candidatos selecionados. O alcance desse objetivo foi viabilizado por meio
da parceria firmada com três organizações que forneceram os subsídios
148
necessários para a execução da pesquisa. Mesmo diante do apoio
despendido, como toda pesquisa científica, esta não é livre de limitações
(Popper, 2008). Na próxima seção serão discutidas algumas dessas
limitações, em seguida as principais contribuições da pesquisa e, por fim,
descritas algumas recomendações práticas para pesquisas futuras.
6.1 Principais limitações da pesquisa
De acordo com o que foi discutido ao longo da tese, diversos
elementos acabaram re-orientando as análises inicialmente propostas para o
alcance dos objetivos da pesquisa e diminuindo o rigor do teste das
hipóteses formuladas. Um dos elementos que pode ter contribuído para o
empecilho em usar análises mais sofisticadas foi a falta de tratamento
adequado aos testes de conhecimentos. A aplicação da TRI demandaria
estudar em profundidade as provas aplicadas a cada um dos cargos para
eliminar questões que porventura estivessem interferindo em pressupostos
como unidimensionalidade e independência local. Embora se tenha feito a
opção por manter as notas originais obtidas pelos candidatos, deve-se
reconhecer que a inspeção dessas provas por meio da TRI traria uma
grande contribuição para a área, em termos de estimação da proficiência
dos candidatos e mapeamento de grupos de competências que estes
instrumentos estariam de fato avaliando.
O grau elevado de erro associado a estes instrumentos também
impediu o uso da MEE, forçando o uso de uma técnica menos sofisticada
para a inspeção do modelo de pesquisa. Além de ter trazido o custo de
abandonar o uso de ferramentas de análise importantes, a decisão de não
“alterar” as notas dos candidatos também pode ter interferido na magnitude
dos valores de predição encontrados para estas provas. Mesmo após
controlar o efeito das variáveis pessoais (querer fazer) e de ambiente (poder
fazer) que se associam ao desempenho (Abbad, Freitas & Pilati, 2006), a
magnitude dos valores de predição é bastante modesta. Os resultados
149
apenas apontam para uma relação significativa entre o conteúdo das provas
e o desempenho do indivíduo no trabalho, mas não revelam um elevado
impacto dos escores do teste de conhecimentos.
No caso do teste empírico do modelo, a grande perda de casos na
associação entre as diferentes bases de dados e a diferença entre os
métodos de avaliação de desempenho das organizações foram outros
elementos que levaram a desistência de aplicar a MEE. Apesar do grande
número de respondentes da pesquisa no Banco, poucos haviam participado
dos processos seletivos realizados pela instituição que forneceu os dados
dos concursos. Além disso, a avaliação de desempenho realizada pelo
Banco é conceitualmente distinta daquela realizada pela S/A, o que
impossibilitou que os dados pudessem ser agrupados.
Do ponto de vista teórico, a revisão de literatura realizada acerca do
tema seleção de pessoas revelou que as pesquisas mais recentes têm
enfocado no estudo dos testes de personalidade (Connolly, Kavanagh &
Viswesvaran, 2007) bem como em habilidades cognitivas mais gerais, tais
como raciocínio numérico, verbal, espacial (Bertua, Anderson & Salgado) e
demonstrado elevado poder de predição de tais variáveis. Assim, ainda que
o foco da presente pesquisa tenha sido no estudo dos testes de
conhecimentos, não se pode deixar de mencionar a relevância de levar em
conta a influência de tais variáveis que, no contexto brasileiro, costumam ser
avaliadas na etapa denominada de avaliação psicológica. Contudo, essa
etapa não ocorreu nos concursos analisados, mas em alguns cargos, outras
etapas estiveram presentes, tais como a prova discursiva e de capacidade
física.
Ainda com relação aos aspectos conceituais, cabe destacar que a
busca por parcimônia levou à decisão de fazer um recorte teórico bastante
preocupado com variáveis mais diretamente relacionadas à mensuração do
desempenho no trabalho, como foi o caso de motivação para trabalhar e
percepção de suporte organizacional. Em virtude da natureza distinta das
organizações pesquisadas, outras variáveis poderiam ter sido controladas,
150
como, por exemplo, o comprometimento organizacional e a cultura
organizacional (que também está relacionada à seleção de pessoas), a
organização do trabalho, a quantidade e intensidade de treinamentos ou
mesmo o uso de estratégias para aprender no trabalho. Se mensuradas,
essas variáveis poderiam ter possibilitado uma discussão mais rica sobre as
características das duas organizações e ainda incrementado a generalização
dos resultados.
As limitações de pesquisa descritas levam à elaboração de algumas
recomendações para pesquisas futuras.
6.2 Recomendações práticas
Para solucionar os problemas relacionados ao uso das ferramentas
de análises, uma primeira sugestão seria aprofundar as análises de
qualidade das provas de concurso, selecionando uma quantidade menor de
cargos a serem estudados. Embora essa medida tenha o ônus de estreitar
ainda mais a generalização dos resultados, traz a vantagem de esclarecer
como e quais competências dos candidatos foram de fato avaliadas, por
meio de uma ferramenta apropriada para mensuração dos traços latentes
(ou seja, daquilo que não é observado diretamente) que é a TRI (Hambleton,
Swaminathan & Rogers, 1991). Um número menor de provas também
poderia viabilizar a estimação de escores com menor quantidade de erro e
permitir o uso da MEE para testagem de modelos teóricos mais complexos.
O incremento da complexidade dos modelos também está associado
ao controle de outras variáveis, tais como comprometimento e cultura
organizacionais, organização do trabalho e aprendizagem neste contexto,
conforme mencionado. Além de estarem fortemente associadas às
condições para desempenhar no trabalho, a própria seleção de pessoas
estabelece forte relação com a manutenção da cultura organizacional (Silva
& Zanelli, 2004; Robbins, 2002), por exemplo.
151
Assim como foi realizado em outras pesquisas (Carretta & Ree,
2000; Dye, Reck & McDaniel, 1993) também seria relevante o
desenvolvimento de uma pesquisa longitudinal que considerasse o quanto
as notas do concurso estão associadas ao desempenho alcançado pelos
selecionados nos treinamentos internos e o quanto este desempenho está
associado aos comportamentos no trabalho e à mobilidade interna e a
rotatividade dos concursados. Todavia, os resultados encontrados levam
não somente à proposta de recomendações metodológicas para futuros
delineamentos de pesquisa, mas também à recomendações acerca dos
próprios concursos.
No Brasil, os modelos de concurso tradicionalmente são compostos
por uma prova objetiva direcionada para a avaliação de habilidades
consideradas mais básicas, como Língua Portuguesa e Informática, e
avaliações mais específicas focando em conteúdos programáticos dos
cursos relacionados a cada cargo. Ainda que alguns concursos contemplem
outras etapas tais como avaliações discursivas para verificação do domínio
da Língua Portuguesa, avaliação psicológica ou de capacidade física, não há
registros de instrumentos de seleção que levaram em conta os
desempenhos ou as competências esperados no trabalho.
Seguir este caminho demandaria mudar o foco dos editais e,
consequentemente, das provas, para o uso das taxonomias de desempenho
e de competência ao invés da listagem de conteúdos programáticos, muitas
vezes excessiva. Ainda que essa mudança de foco acarrete na necessidade
de um novo tipo de capacitação das bancas elaboradoras das provas, optar
por taxonomias consolidadas podem facilitar a estruturação dos programas
de capacitação. As taxonomias de Campbell (1990) e de Sonnentag e
Freese (2002) descritas no Capítulo 1 são exemplos para mensuração do
desempenho e as taxonomias de Bloom (1972) e de Gagné (1985) poderiam
ser citadas para a avaliação de competências.
Estudos realizados no exterior (Chen & Naquin, 2006) e no contexto
brasileiro (Bruno-Faria & Brandão, 2008; P. Caetano, 2008; Thomaz, 2006)
152
levantam indícios significativos de que ter, nos concursos, instrumentos que
avaliem competências pode aumentar o valor preditivo em relação ao
desempenho do candidato selecionado. O uso do ICPT proposto por P.
Caetano (2008), por exemplo, por ser um instrumento não especificado para
um cargo, teria a vantagem de poder ser utilizado em diversos tipos de
processos seletivos e diagnosticar previamente características do candidato
que interferem na avaliação de desempenho realizada pela organização.
Nesse sentido, outra recomendação de pesquisa seria utilizar dados
de concursos realizados por mais de uma instituição e que, de preferência,
fossem comparados os valores preditivos dos instrumentos utilizados em
seleções dos setores públicos e privados para ampliar a discussão sobre os
métodos de seleção utilizados no Brasil. Embora todo recorte implique em
impor limites de generalizações, a realização desta pesquisa também
permite observar importantes contribuições, conforme pontuado a seguir.
6.3 Contribuições da pesquisa
Não obstante às limitações metodológicas descritas em função da
perda de dados e da diferença entre as duas organizações estudadas, a
realização deste trabalho permitiu observar que os testes de conhecimentos
específicos têm potencial para selecionar os candidatos com maior
probabilidade de desempenhar suas atividades laborais com sucesso. Os
valores de predição encontrados, após ser controlada a influência das
variáveis pessoais e de contexto, embora modestos, são úteis para
encorajar o maior alinhamento entre as provas e o desempenho dos
selecionados.
À medida que os testes de conhecimentos apresentam maior
semelhança com a tarefa em que o empregado é avaliado, maior é o poder
de predição do instrumento de seleção (Dye, Reck & McDaniel, 1993). Na
presente pesquisa, observou-se que quando as provas foram mais
153
direcionadas para o cargo (caso da S/A), foi observada correlação e
predição dos testes de conhecimentos específicos. Por outro lado, os
resultados apresentados devem levar à reflexão sobre a utilização das
provas de conhecimentos básicos, que por se tratarem de instrumentos
bastante gerais, não apontaram para associação com o desempenho do
candidato selecionado.
Outra contribuição desta pesquisa é a disponibilização de dois
instrumentos para diagnóstico no trabalho: a medida de motivação para
trabalhar e a de auto-percepção de desempenho no trabalho. Ambas
apresentaram excelentes indicadores psicométricos e correlações
consistentes com as demais variáveis consideradas, o que reforça a
validade de construto das medidas. No caso do instrumento de auto-
percepção de desempenho, embora haja necessidade de testar sua
estabilidade em outras pesquisas, é pertinente ressaltar que a medida
confirma a mensuração do construto desempenho no trabalho de acordo
com um modelo conceitual bastante consistente (Sonnentag & Frese, 2002),
que reconhece a fronteira desse conceito com outros construtos correlatos
(como resultados organizacionais e competências no trabalho), mas que traz
uma forma de análise que o separa de tais temas.
Dessa forma, espera-se que os instrumentos disponibilizados sirvam
de subsídios para tomadas de decisão dos gestores em suas avaliações de
desempenho e que os resultados apresentados ao longo desta tese levem à
estruturação de modelos de seleção com instrumentos mais alinhados com o
que é esperado dos candidatos selecionados e menos focados em
avaliações conteudistas.
154
7 Referências bibliográficas
Abbad, G. & Vaz-Torres (2002). Regressão múltipla stepwise e hierárquica
em Psicologia Organizacional: aplicações, problemas e soluções. Estudo
de Psicologia, 7 (número especial), 19-29.
Abbad, G. (1999). Um modelo integrado de avaliação do impacto do
treinamento no trabalho IMPACT. Tese de Doutorado, Instituto de
Psicologia, Universidade de Brasília.
Abbad-OC, G., Pilati, R. & Borges-Andrade, J. E. (1999). Percepção de
suporte organizacional: Desenvolvimento e validação de um questionário.
Revista de Administração Contemporânea, 3 (2), 29-52.
Allen, J. & Mellor, D. (2002). Work Context, Personal Control, and Burnout
amongst Nurses. Western Journal of Nursing Research, 24, 905 - 917.
Alves-Mazzotti, A. J. & Gewandsznajder, F. (2002). O método nas ciências
naturais e sociais pesquisa quantitativa e qualitativa (2ª Ed.). São Paulo:
Thompson.
Araújo, G. C. & Dias, E. M. (2008). Estudo sobre os processos de
recrutamento e seleção em agroindústrias: uma análise em dois estudos
de casos. In XLVI Congresso da Sociedade Brasileira de Economia,
Administração e Sociedade Rural. Rio Branco, Acre.
Baumgartl, V. O. & Primi, R. (2006). Evidências de validade da bateria de
provas de raciocínio (BPR-5) para seleção de pessoal. Psicologia:
Reflexão e Crítica, 19(2), 246-251.
Bertua, C., Anderson, N. & Salgado, J. F. (2005). The predictive validity of
cognitive ability tests: A UK meta-analysis. Journal of occupational and
organizational, 78, 387-409.
Borges, L. O.; Alves-Filho, A.; Tamayo, A. (2008). Em: Medidas do
Comportamento Organizacional Ferramentas de Diagnóstico e de
Gestão. Porto Alegre: Artmed.
155
Borges-Andrade, J. E.; Abbad, G.; Mourão, L.; Pantoja, J.; Queiroga, F.;
Freire, R. A. N. (2008). O Psicólogo Brasileiro: estratégias de
aprendizagem e qualificação para o trabalho. In: III Congresso Brasileiro
de Psicologia Organizacional e do Trabalho, Florianópolis.
Bosshardt, M. J., Carter, G. W., Gialluca, K. A., Dunnette, M. D. & and
Ashworth, S. D. (1992). Predictive validation of an insurance agent
support person selection battery. Journal of Business and Psychology,
7(3), 231-224
Brandrão, H. P. (2009). Aprendizagem, contexto, competências e
desempenho: um estudo multinível. Tese de Doutorado, Instituto de
Psicologia, Universidade de Brasília.
Brandão, H. P. & Guimarães, T. A. (2001). Gestão de competência e gestão
de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo
construto? Revista de Administração de Empresas, 41(1), 8-15.
Bruno-Faria, M. F. & Brandão, H. P. (2003). Competências Relevantes a
Profissionais da Área de T & D de uma Organização Pública do Distrito
Federal. Revista de Administração Contemporânea, 7 (3), 35-56.
Caetano, A. Avaliação de Desempenho metáforas, conceitos e práticas.
Lisboa: Editora RH.
Caetano, P. F. (2008). Construção e Validação do Inventário de
Competências Pessoais para o Trabalho ICPT. Dissertação de
Mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília.
Campbell, J. P. (1990). Modeling the performance prediction problem in
industrial and organizational psychology. In M. D. Dunnette & L. M. Hough
(Eds.), Handbook of Industrial and Organizational Psychology (Vol 1, pp.
687-732). Palo Alto: Consulting Psychologists Press.
Campbell, J. P., McCloy, R. A., Oppler, S. H. & Sager, C. E. (1993). A theory
of performance In E. Schmitt, W. C. Borman & Associates (Eds.),
Personnel selection in organizations (pp. 35-70). San Francisco: Jossey-
Bass.
156
Carretta, T. R. & Ree, M. J. (2000). General and specific cognitive and
psychomotor abilities in personnel selection: the prediction of training and
job performance. International journal of selection and assessment, 8(4),
227-236.
Carvalho, R. S. (2003). Avaliação de treinamento a distância via internet:
reação, suporte à transferência e impacto do treinamento no trabalho.
Dissertação de Mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade de
Brasília.
Chen, H-C. & Naquin, S. S. (2006). An Integrative Model of Competency
Development: Training Design, Assessment Center, and Multi-Rater
Assessment. Advances in Developing Human Resources, 8, 265 - 282.
Cobêro, C., Primi, R. & Muniz, M. (2006). Inteligência emocional e
desempenho no trabalho: um estudo com MSCEIT, BPR-5 e 16PF.
Paidéia, 16(35), 337-348.
Coelho Jr, F. A.; Queiroga, F.; Borges-Andrade, J. E. Validação Psicométrica
de Escala de Avaliação de Desempenho. Manuscrito não-publicado.
Colquitt, J. A., LePine, J. A. & Noe, R. A. (2000). Toward an integrative
theory of training motivation: A meta-analytic path analysis of 20 years of
research. Journal of Applied Psychology, 85(5), 654-665.
Connolly, J. J., E. J. Kavanagh & Viswesvaran, C. (2007). The convergent
validity between self and observer ratings of personality: A meta-analytic
review. International Journal of Selection and Assessment, 15(1), 110-
117.
Cook, H. J. E. & Taffler, R. J. (2000). Biodata in professional entry-level
selection: Statistical scoring of common format applications. Journal of
Occupational and Organizational Psychology Psychology, 73(1), 103-118.
Corr, P. J. & Gray, J. A. (2003). Attributional style, socialization and
cognitive-ability as predictors of sales success: a predictive-validity study.
Personality and individual differences, 18(2), 241-252.
Costello, A. B., & Osborne, J. W. (2005). Best pratices in exploratory factor
analysis: Four recommendations for getting the most from your analysis.
157
Practical Assesment, Research and Evaluation, 10(7)
http://pareonline.net/getvn.asp?v=10&n=7.
Custódio e Silva, F. & Silva, M. S. V. (2008). Recrutamento e seleção:
recursos humanos desenvolvendo o capital humano. Revista Científica do
curso de Administração da UniEVANGÉLICA, 3, versão on line.
http://www.unievangelica.edu.br/gc/imagens/file/revistaadministracao//pdf
3/RECRUTAMENTO_E_SELECAO.PDF. Acessado em 21/10/2009.
Detrick , P. & Chibnall, J. T. (2008). Positive Response Distortion by Police
Officer Applicants: Association of Paulhus Deception Scales With MMPI-2
and Inwald Personality Inventory Validity Scales. Assessment, 15, 87-96.
Drasgow, F. & Hulin, C. L. (1990) Item Response Theory. In M. D. Dunnette
& L. M. Hough (Eds.), Handbook of Industrial and Organizational
Psychology (Vol 1, pp. 687-732). Palo Alto: Consulting Psychologists
Press.
Dye, D. A., Reck, M. & McDaniel, M. A. (1993). The validity of job knowledge
measures. International journal of selection and assessment, 1(3), pp.
153-157.
Embretson, S. E. & Reise, S. P. (2000). Item response theory for
psychologists. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, Publishers.
Enzmann, D. (2003). RanEigen 2.0.
http://www.kfn.de/softwareenzmann.html.
Ferrão, M. E. (2003). Introdução aos modelos de regressão multinível.
Komedi: Campinas.
Forero, C. G., Gallardo-Pujol, D., Maydeu-Olivares, A. & Andrés-Pueyo, A.
(2009). A Longitudinal Model for Predicting Performance of Police Officers
Using Personality and Behavioral Data. Criminal Justice and Behavior, 36,
591-606.
Gagné, R. M. (1985). The conditions of learning and theory of instruction (4ª
ed.). New York: Holt, Rinchardt and Winston.
Hair, J. F., Anderson, R. E., Tatham, R. L. & Black, W. C. (2005). Análise
multivariada de dados. Porto Alegre: Artmed.
158
Hamblenton, R. K.; Swaminathan, H. & Rogers, H. J. (1991). Fundamentals
of item response theory. California: Sage Publications.
Hilliard, P. A. (2000). Comparison of the predictive validity of a written test,
an integrity test, a conscientiousness questionnaire, a structured
behavioral interview and a personality inventory in the assessment of job
applicants' background investigations, and subsequent task and
contextual job performance Criterion-related validity of a measure of
person-job and person-organization fit. Tese de doutorado. University of
Southern Califórnia.
Hough L.M., Oswald, F. L. 2000. Personnel selection: looking toward the
future: remembering the past. Annual Review of Psychology, 51, 631-64.
Jawahar, I. M. (2005). Do Raters Consider the Influence of Situational
Factors on Observed Performance When Evaluating Performance?
Evidence From Three Experiments. Group & Organization Management,
30, 6 - 41.
Jöreskog, K.G.; Moustaki, I. (2006). Factor analysis of ordinal variables with
fullinformation maximum likelihood.
http://www.ssicentral.com/lisrel/advancedtopics.html. Acessado em
31/08/2009.
Kanfer, R. & Kantrowitz, T. M. (2002). Ability and non-ability predictors of job
performance. In S. Sonnentag (Ed.), Psychological management of
individual performance (pp. 27-50). John Wiley & Sons, LTD: London.
Kanfer, R. (1990). Motivation Theory and Industrial Organizational
Psychology. In M. D. Dunnette & L. M. Hough (Eds.), Handbook of
Industrial and Organizational Psychology (Vol 1, pp. 687-732). Palo Alto:
Consulting Psychologists Press.
Kirisci, L., Hsu, T. & Yu, L (2001). Robustness of item parameter estimation
programs to assumptions of unidimensionality and normality. Applied
Psychological Measurement, 25(2), 146-162.
Krajewski, H. T., Goffin, R. D., McCarthy, J. M., Rothstein, M. G. & Johnston,
N. (2006). Comparing the validity of structured interviews for managerial-
159
level employees: Should we look to the past or focus on the
future? Journal of Occupational and Organizational Psychology, 79(3),
411-432.
Krause, D. E., Kersting, M., Heggestad, E. D. & Thornton III, G. C. (2006).
Incremental validity of assessment center ratings over cognitive ability
tests: a study at the executive management level. International journal of
selection and assessment, 14(4), 360-371.
Lacerda, E. M. (2002). Motivação, valor instrumental do treinamento, reação,
suporte à transferência e impacto do treinamento no trabalho. Dissertação
de mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília.
Laros, J. A., Pasquali, L & Rodrigues, M. M. M. (2000). Análise da
unidimensionalidade das provas do SAEB. Relatório Técnico. Brasília:
Centro de Pesquisa em Avaliação Educacional Universidade de Brasília.
Lord, F. M. (1980). Applications of item response theory to practical testing
problems. New Jersey: IEA.
Luna, J. & Santos, T. (2003). Formação geral ou direcionada: como
satisfazer o mercado? Monografia de Especialização, Departamento de
Administração, Universidade Federal da Bahia.
Mazon, L., Trevizan, M. A. (2000). Recrutamento e seleção de recursos
humanos em um hospital psiquiátrico de um município paulista. Revista
latino-americana de enfermagem, 8(4), 81-87.
McCarthy, J. M, & Goffin, R. D. (2001). Improving the Validity of Letters of
Recommendation: An Investigation of Three Standardized Reference
Forms, Military Psychology, 13 (4),199-222.
Meneses, P. P. M. (2007). Avaliação de um Curso de Desenvolvimento
Regional Sustentável no Nível de Resultados: a Contribuição dos Modelos
Lógicos e do Método Quase-Experimental. Tese de Doutorado. Instituto
de Psicologia, Universidade de Brasília.
Metchik, E. (1999). An Analysis of the "Screening Out" Model of Police
Officer Selection. Police Quarterly, 2, . 79 - 95.
160
Miles, J. & Shevlin, M. (2001). Applying regression & correlations A guide
for students and researchers. London: SAGE.
Moraes, M. M. (2006). Auto-eficácia e estratégias para criar no trabalho:
construção de medidas. Dissertação de Mestrado, Universidade de
Brasília, Brasília.
Morgeson, F. P., Campion, M. A., Dipboye, R. L., Hollenbeck, J. R., Murphy,
K. & Schmitt, N. (2007). Reconsidering the use of personality tests in
personnel selection contexts. Personnel Psychology, 60 (3) pp. 683 - 729.
Neal, A. & Griffin, M. A. (1999). Developing a Model of Individual
Performance for Human Resource Management. Asia Pacific Journal of
Human Resources, 37, 44 - 59.
Nicoleti, G. G., Nazario, G. (2008). Recrutamento e seleção na Com. de
Bebidas e Transportes Hammes Ltda. Revista Interdisciplinar Científica
Aplicada, 2(2), 1-18.
Nunnally, J. C. & Bernstein, I. H. (1995). Psychometric theory (3
a
ed). New
York: McGraw-Hill.
Ones, D. S. & Viswesvaran, C. (1998). The effects of social desirability and
faking on personality and integrity assessment for personnel selection.
Human performance, 11 (2/3), 245-269.
Pantoja, M. J. (2004). Estratégias de aprendizagem no trabalho e
percepções de suporte à aprendizagem contínua - uma análise multinível.
Tese de Doutorado. Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília.
Parker, S. K. & Tuner, N. (2002). Work design and individual work
performance: research findings and an agenda for future inquiry. In S.
Sonnentag (Ed.), Psychological management of individual performance
(pp 3-25). John Wiley & Sons, LTD: London.
Parpinelli, R. F. & Lunardelli, M. C. F. (2006). Avaliação psicológica em
processos seletivos: contribuições da abordagem sistêmica. Estudos de
Psicologia, 23(4), 463-471.
Pasquali, L. (2004). Psicometria - Teoria dos testes na Psicologia e na
Educação. Petrópolis: Vozes.
161
Pasquali, L. (2005). Análise fatorial para pesquisadores. Brasília: LabPAM.
Pasquali, L. (org.) (1999). Instrumentos psicológicos: manual prático de
elaboração. Brasília: Editora UnB.
Paul Detrick,P.; John T. Chibnall, J. T. & Luebbert. M. C. (2004). The
Revised NEO Personality Inventory as Predictor of Police Academy
Performance. Criminal Justice and Behavior, 31, 676 - 694.
Pereira, F. M. Primi, R. & Cobêro, C. (2003). Validade de testes utilizados
em seleção de pessoal segundo recrutadores. Psicologia: Teoria e
Prática, 5(2), 83-98.
Peters, L.H. & O‟Connor, E.J. (1980). Situational constraints and work
outcomes: The influence of frequently overlooked construct. Academy of
Management Review, 5(3), 391-397.
Pilati, R. & Abbad, G. (2005). Análise fatorial confirmatória da escala de
impacto do treinamento no trabalho. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 21(1),
43-51.
Pilati, R. & Laros, J. A (2007) Modelos de Equações Estruturais em
Psicologia: Conceitos e Aplicações. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 23(2),
205-216.
Pilati, R. (2004). Modelo de efetividade do treinamento no trabalho: aspectos
dos treinandos e moderação do tipo de treinamento. Tese de Doutorado.
Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília.
Pintrich, P. R. (2003). A motivational science perspective on the role of
student motivation in learning and teaching contexts. Journal of
Educational Psychology, 95 (4), 667-686.
Popper, K. R. (2008). Conjecturas e refutações o progresso do
conhecimento científico (5ª ed.). Brasília: Editora Universidade de Brasília.
Pozo, J. I. (2002). Aprendizes e mestres. A nova cultura da aprendizagem.
Porto Alegre: Artmed.
Puente-Palacios, K. E. (2002). Depender ou não depender, eis a questão:
um estudo multinível do efeito de padrões de interdependência na
162
satisfação dos membros das equipes de trabalho. Tese de doutorado.
Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília.
Puplampu, B. B., Lewis, C. & Hogan, D. (2003). Reference Taking in
Employee Selection: Predication or Verification. IFE Psychologia: An
International Journal, 11 (1), 1-11.
Queiroga, F., Borges-Andrade,J. E., Pagotto, C. P, Almeida, R. S, &
Fernandes, P. V. (2009). Auto-avaliação de desempenho e motivação
para o trabalho: validação de medidas e relação entre os construtos. In IV
Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica, Campinas, SP.
Reeve, P. E., Vickers, M. D. & Horton, J. N. (1993). Selecting anaesthetists:
The use of psychological tests and structured interviews. Journal of the
Royal Society of Medicine,86(7), 400-4003.
Ribeiro, R. L. (2005). Motivação para aprendizagem informal no trabalho:
construção de medidas e investigação de modelo teórico. Dissertação de
Mestrado não publicada. Universidade de Brasília, Brasília.
Roullier, J.Z. & Goldstein, I. L. (1993). The relationship between
organizational transfer climate and positive transfer of training. Human
Resource Development Quarterly, 4(4), 377-390.
Sackett, P. R. & Lievens, F. (2008). Personnel selection. Annual Review of
Psychology, 59(16), 1-16.
Salas, E. & Cannon-Bowers, J. A. (2001). The science of training. Annual
Review of Psychology, 52, 471-499.
Salgado, J. F. (2000). Personnel selection at the beginning of the new
millennium. International journal of selection and assessment, 8(4), 191-
193.
Salgado, J. F. (2001). Some landmarks of 100 years of the scientific
personnel at the beginning of the new century. International journal of
selection and assessment, 9(1/2), 3-8.
Sallorenzo. L. H. (2000). Avaliação de impacto de treinamento no trabalho:
Analisando e comparando modelos de predição. Dissertação de
Mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília.
163
Santos, A. P. X. (2007). Análise do recrutamento e seleção dos estagiários
da empresa Jr. A/C. Monografia de final de curso. Curso de
Administração, Faculdade UNIRG.
Santos, J. G. W., Franco, R. N. A. & Miguel, C. F. (2003). Seleção de
pessoal: considerações preliminares sobre a perspectiva behaviorista
radical. Psicologia: Reflexão e Crítica,16(2), 235-243.
Sellbom, M., Fischler, G. L. & Ben-Porath, Y. S. (2007). Identifying Mmpi-2
Predictors of Police Officer Integrity and Misconduct. Criminal Justice and
Behavior, 34, 985 - 1004.
Silva, G. L. S., Galindo, F. & Vilas Boas, A. A. (2006). Cultura Organizacional
e Processo Seletivo em Empresas do Sul Fluminense. In III Simpósio de
Excelência em Gestão e Tecnologia SEGeT, Resende, RJ.
Silva, N. & Zanelli, J. C. (2004). Cultura Organizacional. Em J. C. Zanelli; J.
E. Borges-Andrade e A. V. B. Bastos (Eds.). Psicologia, organizações e
trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed
Siqueira, B. (1950). Do regime de concurso sua eficiente implantação no
S.P.F. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional.
Sonnentag, S. & Frese, M. (2002). Performance concepts and performance
theory. In S. Sonnentag (Ed.), Psychological management of individual
performance (pp 3-25). John Wiley & Sons, LTD: London.
Souza, D. A., Correia, L. T., Paixão, C. R., Telles, J. S. M. & Santos, C. P.
(2009). Uma análise do modelo de seleção por competências sob a ótica
dos profissionais de gestão de pessoas. In XII SemeAD
Empreendorismo e Inovação, São Paulo, SP.
Sturman, M. C. (2003). Searching for the Inverted U-Shaped Relationship
Between Time and Performance: Meta-Analyses of the
Experience/Performance, Tenure/Performance, and Age/Performance
Relationships. Journal of Management, 29, 609 - 640.
Tabachnick, B., & Fidell, L. S. (2001). Using multivariate statistics (4ª ed.).
San Francisco: Allyn & Bacon.
164
Tannenbaum, S. I.; Mathieu, J. E.; Salas, E. e Cannon-Bowers, J. A. (1991).
Meeting trainee‟s expectations: The influence of training fulfillment on the
development of commitment, self-efficacy and motivation. Journal of
Applied Psychology, 76(6), 759-769.
Targa, T. A. (2006). A ideologia da gestão capitalista no processo de seleção
de profissionais de alto nível hierárquico. Dissertação de Mestrado,
Departamento de Educação, Universidade Federal do Paraná.
Tett, R. P & Christiansen, N. D. (2007). Personality tests at the crossroads: A
response to Morgeson, Campion, Dipboye, Hollenbeck, Murphy, and
Schmitt (2007). Personnel Psychology, 60 (4) pp. 967 - 993.
Thomaz, H. J. R. (2006). Seleção de empregados em indústria de petróleo:
uma análise pelo método AHP. Dissertação de mestrado
profissionalizante. Departamento de Administração, Faculdades Ibmec.
Tirre, W. C. & Field, K. A. (2002). Structural Models of Abilities Measured by
the Ball Aptitude Battery. Educational and Psychological Measurement ,
62, 830- 856.
Ullman, J. B. (2001). Structural equation modeling. Em B. Tabachnick. & L.
S. Fidell (Eds.), Using Multivariate Statistics (4ª ed.). San Francisco: Allyn
& Bacon.
Urbina, S. (2007). Introdução aos testes psicológicos e seus usos. Em
Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artmed.
Varela, J. G., Boccaccini, M. T. , Scogin, F., Stump, J. & Caputo, A. (2004).
Personality Testing in Law Enforcement Employment Settings: A Meta-
analytic Review. Criminal Justice and Behavior, 31, 649 - 675.
Ventura, F. & Lechner, A. C. (2007). O processo seletivo pode incluir ou
excluir? In IV Mostra Acadêmica Unimpe, Piracicaba, SP.
Vergelio, M. E. & Vanalle, R. M. (2003). O perfil pessoal do engenheiro no
mercado de trabalho uma abordagem prática. In XXIII Encontro Nac. de
Eng. de Produção, Ouro Preto, MG.
Vieira, A., Lima, C. H. P. & Pereira, G. B. (2007). Tradição e modernidade
nas práticas de recrutamento e seleção de pessoas em hospedagem. In
165
IV Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia SEGeT, Resende,
RJ.
Vitória, F.; Almeida, L. S. & Primi, R. (2006). Unidimensionalidade em testes
psicológicos: conceito, estratégias e dificuldades na sua avaliação. PSIC -
Revista de Psicologia da Vetor Editora, 7 (1), 1-7,
Vroom, V. H. (1964). Work and motivation. New York: John & Sons.
Warr, P. & Bunce, D. (1995). Trainee characteristics and the outcomes or
open learning. Personnel Psychology, 48, 347-375.
Warr, P. & Downing, J. (2000). Learning strategies, learning anxiety and
knowledge acquisition. British Journal of Psychology, 91(3), 311-333.
Wiesenfeld, B. M., Raghuram, S., Garud, R. (2001). Organizational
identification among virtual workers: the role of need for affiliation and
perceived work-based social support. Journal of Management, 27, 213 -
229.
Zerbini, T. (2007). Avaliação da Transferência de Treinamento em Curso a
Distância. Tese de Doutorado. Instituto de Psicologia, Universidade de
Brasília.
Zwick, W. R., & Velicer, W. F. (1986). Comparison of five rules for
determining the number of components to retain. Psychological Bulletin, 3,
432-442.
166
Anexos
Anexo I Quadro-resumo 1. Trabalhos encontrados nas bases de dados internacionais cruzando as
palavras-chave: personnel selection, predictive validity e job performance
Anexo II - Quadro-resumo 2. Trabalhos nacionais encontrados nas bases de dados buscando as
palavras-chave: recrutamento e seleção de pessoas, processos seletivo, seleção de pessoal, validade
preditiva de instrumentos dos processos de seleção
Anexo III Carta-convite enviada aos e-mails dos participantes da fase de pré-teste nas
organizações.
Anexo IV Carta-convite enviada aos e-mails dos participantes da fase da coleta principal nas
organizações.
Anexo V Tela de abertura do questionário hospedado no site da pesquisa.
Anexo VI Instrumento de Motivação para Trabalhar.
Anexo VII Informações psicométricas do instrumento de Motivação para Trabalhar.
Anexo VIII Instrumento de Auto-avaliação de Desempenho.
Anexo IX Informações psicométricas do instrumento de Auto-avaliação de Desempenho.
Anexo X Instrumento de Percepção de Suporte Organizacional para o Desempenho.
Anexo XI Informações psicométricas do instrumento Percepção de Suporte Organizacional para o
Desempenho.
Anexo XII Cargas fatorias das provas do concurso do Banco e da S/A.
Anexo XIII Índices da TCT para as provas do concurso do Banco e da S/A.
Anexo XIV Índices da TRI para as provas do concurso do Banco e da S/A.
167
Anexo I - Quadro-resumo 1. Trabalhos encontrados nas bases de dados internacionais cruzando as palavras-chave: personnel selection, predictive validity e job
performance
Título do artigo
Revista/Jornal
Autor(es)
Ano
Tema abordado
An empirical comparison of self-assessment and
organizational assessment in personnel selection
Public Personnel
Management
George, David I., Smith,
Mike C.
1990
Comparação entre os valores preditivos do auto-relato de
desempenho versus a avaliação de desempenho da
organização. Não há nenhuma relação entre ambos e o auto-
relato revelou não predizer o desempenho no trabalho.
Situational interviews and job performance: the results in
one public agency
Public Personnel
Management
Gabris, Gerald T., Rock,
Steven M.
1991
Valor preditivos da entrevista em sistema de seleção
Mechanical vs Consensus-Derived Assessment Center
Ratings: A Comparison of Job Performance Validities
Public Personnel
Management
Pynes, Joan, Bernardin, H.
John.
1992
Estuda a validade preditiva de medidas “mecanicamente”
derivadas em contraposição às medidas “consensualmente”
derivadas que são utilizadas em um centro de avaliação de
policiais. Não há resultados significativos para a diferença entre
os dois métodos.
Predictive validation of an insurance agent support
person selection battery
Journal of Business and
Psychology
Bosshardt, Michael J; Carter,
Gary W; Gialluca, Kathleen
A; Dunnette, Marvin D; et al
1992
Investigação da validade preditiva de uma bateria de seleção
para agente de seguros. A bateria incluía testes cognitivos,
escalas de personalidade e dados biográficos.
The validity of job knowledge measures
International journal of
selection and
assessment
David Dye, Martin Reck &
Michael McDaniel
1993
Foi examinada a validade de testes escritos de conhecimento do
trabalho como preditores de desempenho e do treinamento.
Variáveis hipotetizadas como moderadoras: similaridade de
conteúdo e complexidade do trabalho.
The validity of the employment
interview: a meta-analysis
International journal of
selection and
assessment
Marc C. Marchese & Paul M.
Muchinsky
1993
O uso de meta-análise para investigar a validade preditiva da
entrevista em seleção de pessoas revelou confiabilidade
validade baixas quando comparadas com outros métodos da
seleção.
Validating personnel selection:
a process model for research
and practice
International journal of
selection and
assessment
Beryl Hesketh & Ivan
Robertson
1993
É esboçado um modelo de processo de seleção que inclui
pesquisa sobre os relacionamentos entre mudança de habilidade
para desempenhar e estágios diferentes da aquisição da
habilidade. São discutidas questões como habilidades gerais vs.
específicas, “os cinco grandes” da personalidade,
desenvolvimento de habilidades em função de interações ou
treinamento e desempenho.
Validity and utility of personality-assessment
European review of
applied psychology-
revue europeenne de
psychologie appliquee
Blasco RD, Prieto JM
1993
Necessidade de construção de um modelo preditivo que leve em
consideração não apenas o desempenho individual, mas
também o desempenho do grupo e organizacional.
Comprehensive metaanalysis of integrity test validities -
findings and implications for personnel-selection and
theories of job-performance
Journal of applied
psychology
Ones DS, Viswesvaran C,
Schmidt FL
1993
Condução de meta-análise para identificar a integridade dos
testes de validade na predição do desempenho no trabalho.
Resultados muito positivos.
Personnel-selection methods used by New-Zealand
organizations and personnel consulting firms
New Zealand journal of
psychology
Taylor P, Mills A, Odriscoll M
1993
Comparação do valor preditivo de dois métodos de seleção
utilizados na Nova Zelândia.
Police officer selection validation project: The
Journal of Business and
Ford, J. Kevin; Kraiger, Kurt
1993
Estudo da validade preditiva do teste cognitivo utilizado na
168
Título do artigo
Revista/Jornal
Autor(es)
Ano
Tema abordado
Multijurisdictional Police Officer Examination
Psychology.
seleção de oficiais de polícia resultados positivos encontrados
considerando 3 tipos de desempenho.
Selecting anaesthetists: The use of psychological tests
and structured interviews
Journal of the Royal
Society of Medicine
Reeve, P.E., Vickers, M.D.,
Horton, J.N.
1993
Verificar a validade preditiva de entrevistas estruturadas e do 16-
PF na seleção de anestesistas. Foram utilizadas como variáveis
critério o desempenho acadêmico, clínico e comportamental.
Resultados promissores para o uso de entrevistas e para 5
fatores do instrumento de personalidade.
The validity of a measure of job compatibility in the
prediction of job performance and turnover of motion
picture theater personnel
Personnel Psychology
Villanova, Peter, Bernardin,
H John, Johnson, Dennis L,
Dahmus, Sue A.
1994
Foi estudada a validade preditiva de uma medida de
“compatibilidade trabalho”.
The validity of a measure of job compatibility in the
prediction of job-performance and turnover of motion-
picture theater personnel
Personnel psychology
Villanova P, Bernardin HJ,
Johnson DL, Dahmus SA
1994
Valor preditivo do Questionário de Compatibilidade no Trabalho
em relação ao desempenho no trabalho e a rotatividade
resultados positivos para esta medida.
Attributional style, socialization and cognitive-ability as
predictors of sales success - a predictive-validity study
Personality and
individual differences
Corr PJ, Gray JA
1995
Estudo do valor preditivo do estilo atribucional (resiliência
motivacional), socialização (habilidades intepessoais) e
raciocínio numérico e abstrato (habilidades cognitivas
específicas) tomando como variável critério o número de
prospectos obtidos (esforço) e apólices fechadas (vendas
realizadas).
Validity of a Dutch assessment center selection
procedure
Gedrag em Organisatie
Jansen, Paul G.W; Stoop,
Bert
1995
Validade preditiva de um procedimento utilizado para seleção
orientada a carreira de um centro de holandês.
Validity of the Multimodal Interview
Zeitschrift fur Arbeitsund
Organisationspsychologi
e
Schuler, Heinz; Moser, Klaus
1995
Apresentação das propriedades psicométricas dos métodos de
Entrevistas Multimodal (semi-estruturada) como proposta
alternativa aos modelos convencionais de entrevista.
Meta-analyzing the relationship between grades and job
performance
Journal of applied
psychology
Roth PL, BeVier CA, Switzer
FS, Schippmann JS
1996
Resultados positivos para o valor preditivo das notas
acadêmicas e o desempenho no trabalho.
Simulations as a method of illustrating the impact of
differential weights on personnel selection outcomes
Human performance
Doverspike D, Winter JL,
Healy MC, Barrett GV
1996
Uso de um método de simulação para adquirir escores em um
bateria de seleção e posterior desempenho no trabalho.
Resultados positivos para esta prática.
Psychological Measures As Predictors of Pilot
Performance: A Meta-Analysis
International Journal of
Aviation Psychology
Martinussen, M.
1996
Meta-análise para verificar o valor preditivo de variáveis
psicológicas e o desempenho de pilotos. Resultados
promissores para os testes cognitivos, psicomotores e
experiência no treinamento. Correlações baixas para os testes
de personalidade e de inteligência.
A meta-analytic investigation of cognitive ability in
employment interview evaluations: Moderating
characteristics and implications for incremental validity
Journal of Applied
Psychology
Huffcutt, A.I., Roth, P.L.,
McDaniel, M.A.
1996
Meta-análise sobre a relação da entrevista com os testes
cognitivos e o valor preditivo de ambos com o desempenho no
trabalho. Resultados promissores para a predição da entrevista
quanto ela se relaciona melhor com os testes cognitivos.
Personality testing and the assessment center:
Incremental validity for managerial selection
Journal of Applied
Psychology
Goffin, R.D., Rothstein, M.G.,
Johnston, N.G.
1996
Investigação do valor preditivo de testes de personalidade e
centros de avaliações no desempenho gerencial. Como variável
critério foram utilizados desempenho e promoções. Resultados
promissores para os dois preditores em relação ao desempenho
169
Título do artigo
Revista/Jornal
Autor(es)
Ano
Tema abordado
mas não em relação às promoções.
Selection of telemarketing employees by standardized
assessment procedures
Psychology & Marketing
Hakstian, Ralph A,
Scratchley, Linda S,
MacLeod, Allison A, Tweed,
Roger G, Siddarth, S
1997
O uso de testes cognitivos, medidas perceptuais de velocidade e
precisão, de capacidade de pensamento divergente ainda de
escalas de personalidade aponta para a importância do uso de
diversos instrumentos para melhor predizer o desempenho
esperado no trabalho.
The effect of aptitude and experience on mechanical job
performance
Educational and
psychological
measurement
Mayberry PW, Carey NB
1997
Valor preditivo da bateria ASVAB utilizada no processo seletivo
do serviço militar americano. Foram considerados diferentes
tipos de desempenho (testes cognitivo, mecânicos e avaliações
de supervisores).
Exploring the upper bound of predictive validity of
personality testing in selection decisions
Tese da Universidade
de Northern Illinois
Roman, Marie Allison
1997
Estimação dos limites inferiores e superiores da validade
preditiva dos testes de personalidade utilizados em processos
de seleção.
Face validity in context of a personnel selection: a
multimedia appoach
International journal of
selection and
assessment
Allison Shotland, George
Alliger & Tom Sales
1998
Adoção da abordagem multimídia para avaliação da validade
aparente pelas organizações no desenvolvimento dos testes de
seleção, pode ser uma opção mais rápida, atrativa e útil. Os
autores acreditam que o investimento dessa abordagem
apresentada no artigo, pode diminuir o tempo e os esforços
despendidos no desenvolvimento desses testes.
Personality and job performance: The importance of
narrow traits
Journal of
Organizational Behavior
Aston, Michael C.
1998
Relação entre testes de personalidade e seleção de pessoas
The effects of social desirability and faking on
personality and integrity assessment for personnel
selection
Human performance
Ones DS, Viswesvaran C
1998
A desejabilidade social não parece influenciar na validade
preditiva do Big Five e desempenho no trabalho.
The Validity and Utility of Selection Methods in
Personnel Psychology: Practical and Theoretical
Implications of 85 Years of Research Findings
Psychological Bulletin
Schmidt, F.L., Hunter, J.E.
1998
Meta-análise que discute as implicações teóricas e práticas de
85 anos de pesquisa na área de seleção de pessoas. Aborda o
valor preditivo em relação ao desempenho no trabalho e no
treinamento do teste de Habilidade Mental Geral, entrevista e
outros 18 procedimentos utilizados em seleção.
Psychometric and information processing approaches to
measuring cognitive abilities: paradigms in military
testing
Canadian Psychology
Miller, Linda T
1999
Discussão sobre o valor preditivo de baterias de memória
utilizadas no recrutamento militar e ainda considerações sobre a
validade de construto das medidas empregadas.
Exploring the boundary conditions for interview validity:
Meta-analytic validity findings for a new interview type
Personnel Psychology
Frank L Schmidt, Mark
Rader
1999
Validade preditiva de entrevistas realizadas por telefone os
resultados se assemelham àqueles encontrados por entrevistas
presenciais.
Effects of nonlinearity and heteroscedasticity on the
validity of conscientiousness in predicting overall job
performance
International journal of
selection and
assessment
Robie C, Ryan AM
1999
Implicações estatísticas e teóricas da não linearidade e
heteroscedasticidade na validade do fator de conscenciosidade
na predição de desempenho no trabalho.
General and specific cognitive and psychomotor abilities
in personnel selection: the prediction of training and job
performance
International journal of
selection and
assessment
Thomas R. Carretta &
Malcolm James Ree
2000
Revisão de estudos mostrou que quase toda validade dos testes
cognitivos advém da habilidade cognitiva geral (g). Habilidade
psicomotora foi revisada e encontrou-se que fatores de ordem
superior foram uma das fontes de validade psicomotora.
170
Título do artigo
Revista/Jornal
Autor(es)
Ano
Tema abordado
Comparison of the predictive validity of a written test, an
integrity test, a conscientiousness questionnaire, a
structured behavioral interview and a personality
inventory in the assessment of job applicants'
background investigations, and subsequent task and
contextual job performance
Tese da University of
Southern Califórnia (104
páginas)
Hilliard, Pearl Augustine
2000
Comparação entre diferentes preditores (incluindo testes
cognitivos e inventários de personalidade) e o desempenho
contextual no trabalho.
Criterion-related validity of a measure of person-job and
person-organization fit
New Zealand journal of
psychology
Hambleton AJ, Kalliath T,
Taylor P
2000
Discussão do valor preditivo de uma ferramenta de seleção de
pessoas popularmente utilizada na Nova Zelândia - Omnia
Profile(R). Embora tenham sido encontrados resultados positivos
com satisfação no trabalho e comprometimento organizacional,
não se observou predição significativa para desempenho no
trabalho.
The incremental validity of interview scores over and
above cognitive ability and conscientiousness scores
Personnel psychology
Cortina JM, Goldstein NB,
Payne SC, Davison HK,
Gilliland SW
2000
Correlação entre resultados de meta-análises e regressão
hierárquica para verificar em que medida os resultados de
entrevista, de testes cognitivos e o fator conscenciosidade
podem predizer o desempenho no trabalho.
Biodata in professional entry-level selection: Statistical
scoring of common format applications
Journal of Occupational
and Organizational
Psychology
Harvey Cook, J.E; Taffler,
R.J
2000
Desenvolvimento de um modelo estatístico para aumentar a
predição de desempenho do trabalho utilizando dados
biográficos dos candidatos.
Personality and job performance: The big five revisited
Journal of Applied
Psychology
Hurtz, G.M., Donovan, J.J.
2000
Meta-análise sobre o valor preditivo do Big-5 e desempenho no
trabalho.
Do Impression Management Scales in Personality
Inventories Predict Managerial Job Performance
Ratings?
International Journal of
Selection and
Assessment
Viswesvaran, C., Ones, D.S.,
Hough, L.M.
2001
Trata da relação entre as escalas de gerenciamento de
impressão e os testes de personalidade e o valor preditivo delas
nas avaliações de desempenho gerencial.
Improving the Validity of Letters of Recommendation: An
Investigation of Three Standardized Reference Forms
Military Psychology
McCarthy, J.M., Goffin, R.D.
2001
Valor preditivo das cartas de recomendação utilizando o
contexto militar como ambiente de investigação.
Identification and meta-analytic assessment of
psychological constructs measured in employment
interviews
Journal of Applied
Psychology
Huffcutt, A.I., Roth, P.L.,
Conway, J.M., Stone, N.J.
2001
Estudo sobre os construtos avaliados na entrevista de seleção
proposta de uma taxonomia de conteúdos. Resultados
promissores para o seu valor preditivo quando o conteúdo da
entrevista é voltado para o desempenho do trabalho.
A critical re-examination and analysis of cognitive ability
tests using the Thorndike model of fairness
Journal of occupational
and organizational
psychology
Chung-Yan GA, Cronshaw
SF
2002
Discussão sobre o grau de viés dos testes cognitivos utilizados
em processos seletivos e os indicadores de desempenho no
trabalho utilizado para verificar sua predição (objetivos versus
subjetivos).
Structural Models of Abilities Measured by the Ball
Aptitude Battery
Educational and
Psychological
Measurement
Tirre, W. C. & Field, K. A.
2002
Os autores utilizam métodos de equações estruturais para
confirmar a existência de um fator g em uma bateria de testes
tradicionalmente utilizada em processos seletivos nos EUA a
Ball Aptitude Battery (BAB).
Past Experience versus Situational Employment:
Interview Questions in a New Zealand Social Service
Agency
Asia Pacific Journal of
Human Resources
Jenny L. Gibb and Paul J.
Taylor
2003
O estudo comparou a validade de experiência no trabalho e da
entrevista estruturada para emprego utilizando dois grupos em
um desenho experimental. Os sujeitos foram 130 trabalhadores
selecionados para cobrir um grande intervalo de níveis de
171
Título do artigo
Revista/Jornal
Autor(es)
Ano
Tema abordado
experiência de trabalho e diversidade étnica dentro de uma
agência de serviço social da Nova Zelândia.
The prediction and structure of graduate student
performance
Tese da University of
Minnesota (196 páginas)
Kuncel, Nathan Richard
2003
Verificação do valor preditivo de testes escolares como o GRE,
MAT e UGPA, considerando não apenas o desempenho
acadêmico, mas incluindo ainda medidas de desempenho no
trabalho.
Towards an understanding of the constructs underlying
the situational interview and the patterned behavior
description interview in predicting typical versus
maximum performance
Tese da University of
Toronto (142 páginas)
Klehe, Ute-Christine
2003
Valor preditivo da entrevista situacional e da entrevista padrão
para o desempenho no trabalho.
Prediction of performance facets using specific
personality traits in the Chinese context
Journal of vocational
behavior
Kwong JYY, Cheung FM
2003
Valor preditivo dos fatores de personalidade para o desempenho
no trabalho divido nas facetas interpessoal e pessoal,
considerando o contexto chinês.
The validation of an assessment center for the selection
of maintenance and production employees in a paper
manufacturing company
Tese da Universidade
de Walden, EUA
Bransford, Janile Lenore
2003
Validação dos procedimentos envolvidos em um centro de
seleção de uma companhia de papel resultados positivos para
validade preditiva do desempenho observado até 90 dias de
contratação.
Reference Taking in Employee Selection: Predication or
Verification
IFE Psychologia: An
International Journal
Puplampu, Bill B; Lewis,
Chris; Hogan, David
2003
Valor preditivo das referências dos empregados utilizadas em
processos seletivos baixo valor de predição.
Assessment Center for Pilot Selection: Construct and
Criterion Validity and the Impact of Assessor Type
Applied Psychology
Marc Damitz, Dietrich
Manzey, Martin Kleinmann &
Karsten Severin
2003
Estudo das validades de critério e construto e ainda do valor
preditivo dos procedimentos de avaliação utilizados no processo
seletivo de pilotos. Possibilidade de extrapolar a discussão para
outras profissões.
Searching for the Inverted U-Shaped Relationship
Between Time and Performance: Meta-Analyses of the
Experience/Performance, Tenure/Performance, and
Age/Performance Relationships
Journal of Management
Sturman, M. C.
2003
Usando meta-análise, este trabalho visa confirmar a existência
de uma relação de U invertido entre tempo (experiência de
trabalho, tempo na organização e idade) e desempenho e
demonstrar os efeitos de moderação de medição de
desempenho (medida objetiva versus subjetiva de desempenho)
e complexidade do trabalho.
Using personality constructs to predict performance:
Narrow or broad bandwidth
Journal of business and
psychology
Jenkins M, Griffith R
2004
Comparação entre fatores de personalidade específicos e gerais
para predição de desempenho no trabalho.
The Revised NEO Personality Inventory as predictor of
police academy performance
Criminal justice and
behavior
Detrick P, Chibnall JT,
Luebbert MC
2004
Valor preditivo do NEO-PI no desempenho de policiais em curso
de formação.
Personality Testing in Law Enforcement Employment
Settings: A Metaanalytic Review
Criminal justice and
behavior
Varela, J. G., Boccaccini, M.
T., Scogin, F., Stump, J. &
Caputo, A.
2004
Foi utilizada uma meta-análise para avaliar a validade preditiva
de testes de personalidade no desempenho do trabalho de
oficiais que aplicam a lei, para investigar o efeito de moderação
de desenhos de estudos nessa relação e comparar efeitos para
instrumentos comumente usados nesse contexto. Resultados
revelaram uma relação modesta, porém significativa entre os
testes de personalidade e desempenho no trabalho. O preditor
mais forte foi o California Psychological Inventory e os mais
fracos foram o Minnesota Multiphasic Personality Inventory e o
172
Título do artigo
Revista/Jornal
Autor(es)
Ano
Tema abordado
Inwald Personality Inventory.
Dimensionality and validity of a structured telephone
reference check procedure
Personnel psychology
Taylor PJ, Pajo K, Cheung
GW, Stringfield P
2004
Validade de construto e preditiva de um modelo de entrevista
estruturada realizada por telefone resultados positivos.
Future Perspectives on Employee Selection: Key
Directions for Future Research and Practice
Applied Psychology
Neil Anderson, Filip Lievens,
Karen van Dam, Ann Marie
Ryan
2004
Discussão de fatores que têm emergido na literatura como
preditores de desempenho no trabalho, tais como potencial para
inovação, flexibilidade, adaptabilidade, abertura à mudança e
potencial para desenvolvimento de habilidades futuras. Tanto
em meta-análises americanas quanto européias, os testes
cognitivos aparecem como importantes preditores de
desempenho no trabalho.
The predictive validity of cognitive ability tests: A UK
meta-analysis
Journal of occupational
and organizational
Bertua C, Anderson N,
Salgado JF
2005
Meta-análise britânica sobre a validade preditiva de testes de
habilidades cognitivas gerais e específicas resultados
promissores para ambas.
Assessment centers in Belgium: The results of a study
on their validity and fairness
Psychologie du Travail
et des Organisations.
Lievens,-Filip; Van-Keer,-
Etienne; De Witte, Morel
2005
Validade prediditva a justiça dos sistemas de seleção mais
populares da Bélgica.
A meta-analysis of work sample test validity: Updating
and integrating some classic literature
Personnel Psychology
Roth, P.L., Bobko, P.,
Mcfarland, L.A.
2005
Meta-análise para verificar a validade preditiva de testes de
amostras de trabalho (work samples tests; ex: conhecimento de
emprego, julgamento situacional, etc.) e desempenho no
trabalho (avaliações de supervisores e mensurações objetivas
de desempenho no trabalho).
Selecting individuals in team settings: The importance of
social skills, personality characteristics, and teamwork
knowledge
Personnel Psychology
Morgeson, F.P., Reider,
M.H., Campion, M.A.
2005
Verificar se métodos de seleção utilizados em contexto
tradicionais (entrevista estruturada, teste de personalidade,
julgamento situacional) também servem para seleção em
contextos de equipes.
Main and interaction effects of personality and P-O fit in
personnel selection
Tese da The University
of Tulsa (122 páginas)
Shin, Ho-Chul
2006
Relação entre fatores de personalidade e seleção de pessoas
Incremental validity of assessment center ratings over
cognitive ability tests: A study at the executive
management level
International journal of
selection and
assessment
Krause DE, Kersting M,
Heggestad ED, Thornton GC
2006
Comparação entre os testes de habilidade cognitiva e os
“assessment center” (AC) – testes cognitivos têm menos valor
preditivo no desempenho no trabalho.
A meta-analytic investigation of conscientiousness in the
prediction of job performance: Examining the
intercorrelations and the incremental validity of narrow
traits
Journal of applied
psychology
Dudley NM, Orvis KA,
Lebiecki JE, Cortina JM
2006
Foco no valor preditivo do fator de conscenciosidade para
desempenho no trabalho resultados promissores para este
fator.
Comparing the validity of structured interviews for
managerial-level employees: Should we look to the past
or focus on the future?
Journal of Occupational
and Organizational
Psychology
Krajewski, H.T., Goffin, R.D.,
McCarthy, J.M., Rothstein,
M.G., Johnston, N.
2006
Comparação entre as entrevistas estruturadas para gerentes e
seus comportamentos anteriores na predição do desempenho
de gerentes. Resultados que apontam a não predição das
entrevistas.
The use of person-organization fit in employment
decision making: An assessment of its criterion-related
validity
Journal of Applied
Psychology
Arthur Jr., W., Bell, S.T.,
Villado, A.J., Doverspike, D.
2006
Meta-análise que discute o valor preditivo de instrumentos de
personalidade e desempenho no trabalho. Resultados positivos
para essas medidas.
The use of personality measures in personnel selection:
What does current research support?
Human Resource
Management Review
Rothstein, M.G., Goffin, R.D.
2006
Revisão e avaliação das principais tendências que têm levado
ao aumento da utilização dos testes de personalidade nos
173
Título do artigo
Revista/Jornal
Autor(es)
Ano
Tema abordado
processos seletivos. O artigo faz uma discussão sobre essas
medidas e sua relação com o desempenho no trabalho.
An Integrative Model of Competency Development,
Training Design, Assessment Center, and Multi-Rater
Assessment
Advances in Developing
Human Resources
Chen, H-C., Naquin, S.S.
2006
Embora os autores reconheçam o papel dos centros de
avaliação na predição de desempenho, argumentam que o
estabelecimento de validade de construto ainda não foi
resolvida. Assim, propõe um modelo integrado de avaliação de
competência e discutem sobre seu potencial para melhorar a
validade de construto Implicações práticas também são
fornecidas.
Reconsidering the use of personality tests in personnel
selection contexts
Personnel Psychology
Morgeson FP, Campion MA,
Dipboye RL, Hollenbeck JR,
Murphy K, Schmitt N
2007
Embora os inventários de personalidade tenham sido
amplamente utilizados nos anos 1990 e, atualmente, muitas
pesquisas venham discutindo novamente seu uso, os autores
apontam um baixo valor preditivo para estas medidas de auto-
relato.
The convergent validity between self and observer
ratings of personality: A meta-analytic review
International Journal of
Selection and
Assessment
Connolly JJ, Kavanagh EJ,
Viswesvaran C
2007
Validade convergente entre as auto-avaliações e as dimensões
observadas nos fatores do Big Five, utilizando o método da
meta-análise. Verificou-se o valor preditivo do Big Five e o
desempenho no trabalho.
Personality tests at the crossroads: A response to
Morgeson, Campion, Dipboye, Hollenbeck, Murphy, and
Schmitt (2007)
Personnel Psychology
Tett, R.P., Christiansen, N.D.
2007
Meta-análise que responde o artigo de Morgenson e cols (2007)
a favor do valor preditivo dos testes de personalidade.
The validity of assessment centres for the prediction of
supervisory performance ratings: A meta-analysis
International Journal of
Selection and
Assessment
Hermelin, E., Lievens, F.,
Robertson, I.T.
2007
Meta-análise sobre o valor preditivo dos centros de avaliação
(Overall Assessment Rating - OAR) para a função de supervisor.
Identifying Mmpi-2 predictors of police officer integrity
and misconduct
Criminal Justice and
Behavior
Sellbom, M., Fischler, G.L.,
Ben-Porath, Y.S.
2007
Capacidade do MMPI-2 (administrado em exames pré-
admissionais) em predizer os faltas e as má condutas de
policiais.
Evidence of predictive and incremental validity of
personality factors, vocal attractiveness and the
situational interview
International Journal of
Selection and
Assessment
DeGroot, T., Kluemper, D.
2007
Avalia o impacto da entrevista situacional, medidas de
personalidade, atratividade vocal e as interações entre
personalidade e atratividade vocal em relação ao desempenho
no trabalho de prestadores de serviço ao cliente.
Personnel selection
Annual Review of
Psychology.
International journal of
selection and
assessment
Sackett, P. R. & Lievens, F.
2008
Meta-análise sobre o desenvolvimento na área de seleção de
pessoas incluindo temas como: a) melhor entendimento de
critérios de medidas; b) identificação e mensuração de novos
preditores ou construtos; c) identificação de características que
moderam ou mediam relações entre preditores e critério, entre
outros.
A Longitudinal Model for Predicting Performance of
Police Officers Using Personality and Behavioral Data
Criminal Justice and
Behavior
Forero, C. G., Gallardo-Pujol,
D., Maydeu-Olivares, A. &
Andrés-Pueyo, A.
2009
Os autores utilizam um modelo de equações estruturais
longitudinais para examinar a validade preditiva do processo de
treinamento no desempenho real de policiais depois do curso.
Foram utilizados medidas comportamentais e auto-relatos de
personalidade em uma amostra de 2.010 candidatos policiais do
174
Título do artigo
Revista/Jornal
Autor(es)
Ano
Tema abordado
Catalan Institute for Public Safety. Enquanto que as
qualificações acadêmicas predisseram 27,3% da variância do
desempenho, o valor preditivo aumentou quando o treinamento
foi incluído como variável mediadora. O modelo final explicou
cerca de 60% da variância.
175
Anexo II - Quadro-resumo 2. Trabalhos encontrados nas bases de dados nacionais buscando as palavras-chave: recrutamento e seleção de pessoas, processos
seletivo, seleção de pessoal, validade preditiva de instrumentos dos processos de seleção e desempenho no trabalho
Título do artigo
Revista/Jornal
Autor(es)
Ano
Tema abordado
Recrutamento e seleção de recursos humanos em um
hospital psiquiátrico de um município paulista
Revista latino-americana
de enfermagem
Mazon, L., Trevizan, M. A.
2000
O objetivo deste trabalho foi divulgar experiência de
recrutamento e seleção de recursos humanos em um hospital
psiquiátrico de Ribeirão Preto que apresenta
alto “turnover” de pessoal nos diversos setores. Como
estagiários do hospital, os autores do trabalho realizaram
intervenções de redução do trabalho operacional e
implementação do trabalho assistencial de planejamento,
orientação, execução e avaliação no sentido de reduzir o
“turnover”, promover maior engajamento institucional pelo
pessoal, mais sincronia entre os funcionários, diminuição de
gastos e de atividades burocráticas relacionadas a contratação e
demissão de pessoal.
Validade de testes utilizados em seleção de pessoal
segundo recrutadores
Psicologia: Teoria e
Prática
Pereira, F. M., Primi, R. &
Cobêro, C.
2003
Listagem dos testes e métodos utilizados em seleção de pessoal
em 34 empresas multinacionais e nacionais de SP, comparação
com a literatura encontrada sobre os testes utilizados nos EUA,
observando-se, principalmente, a existência de estudos de
validade preditiva. Alta freqüência de utilização do Teste de
Wartegg (15,2%) e Dinâmica de Grupo (15,2%). Recrutadores
descrevem utilizar determinados testes pela sua validade,
mesmo não existindo estudos empíricos sobre essa
característica dos testes citados.
Seleção de pessoal: considerações preliminares sobre a
perspectiva behaviorista radical
Psicologia: Reflexão e
Crítica
Santos, J. G. W., Franco, R.
N. A. & Miguel, C. F.
2003
O artigo discute alguns aspectos que dificultam a implementação
de processos de seleção com base em uma abordagem
behaviorista radical e critica o uso de testes e categorias no
processo de seleção. Sugere uma definição mais clara e objetiva
das habilidades e comportamentos relevantes para um cargo,
assim como a identificação das condições necessárias para que
tais habilidades/ comportamentos ocorram. É sugerido um
modelo behaviorista para o processo de seleção de pessoal que
incluiria técnicas que possibilitam a observação direta do
comportamento em situações análogas, análises funcionais e,
possivelmente, o treinamento mínimo das habilidades requeridas
antes que a seleção final ocorra.
Gerenciamento de impressão e produção de
subjetividade em entrevista de seleção
RAE-eletrônica
Carvalho, M. L &
Grisci, C. L. I.
2003
Este artigo verifica as relações entre o gerenciamento de
impressão e os comportamentos de candidatos a cargos de
gerência intermediária em entrevista de seleção. A foi realizada
em duas empresas de consultoria de Recursos Humanos, tendo
como sujeitos trinta candidatos a cargos de gerência
intermediária e quatro selecionadoras. Os dados foram
coletados através de entrevistas individuais, observações diretas
176
Título do artigo
Revista/Jornal
Autor(es)
Ano
Tema abordado
e fontes documentais. Os resultados da pesquisa indicam uma
homogeneização das orientações oferecidas aos candidatos,
bem como do comportamento destes durante a entrevista de
seleção.
Instrumentos psicológicos utilizados em seleção
profissional
Revista do
Departamento de
Psicologia - UFF
Godoy, S. L. & Noronha, A.
P. P.
2005
O estudo se propôs a identificar os instrumentos mais utilizados
em seleção profissional e as técnicas mais empregadas nos
processos seletivos. Participaram como sujeitos desta pesquisa
15 estudantes último-anistas do curso de Psicologia de uma
instituição de ensino superior particular do interior paulista e 15
psicólogos recrutadores e selecionadores da região de
Campinas. Os resultados mostraram que os instrumentos
psicológicos mais utilizados nas seleções foram Wartegg,
Atenção Concentrada, Teste de Inteligência Não Verbal G36,
Bateria CEPA e Palográfico e as técnicas mais empregadas
foram entrevistas individuais, dinâmicas de grupo e testes
psicológicos.
Recrutamento e seleção no contexto da gestão de
recursos humanos: um estudo em organizações de
Minas Gerais.
Dissertação de
Mestrado, UFMG.
Toma, L. S. J.
2006
O trabalho teve o propósito de descrever e analisar as práticas
de recrutamento e seleção dentro do contexto de RH a partir de
experiências de organização de grande porte de MG. Foram
realizadas entrevistas semi-estruturadas, análise de documentos
e registros das empresas. Os resultados mostraram que a
maioria das empresas realiza as atividades de recrutamento e
seleção internamente, alocando pessoal próprio. A autora
aponta ainda que tais atividades não parecem seguir uma lógica
ou um planejamento dentro da gestão de RH.
Cultura Organizacional e Processo Seletivo em
Empresas do Sul Fluminense.
III Simpósio de
Excelência em Gestão e
Tecnologia SEGeT
Silva, G. L. S., Galindo, F. &
Vilas Boas, A. A.
2006
O artigo analisa a percepção de um grupo de gestores de
empresas da região sul fluminense, através de uma pesquisa de
campo, que compara conceitos de seleção de colaboradores e
de cultura organizacional. A análise propõe que por mais
sofisticadas que as ferramentas de gestão e análise de
indivíduos sejam lançadas, pouca coisa evoluiu no sentido de se
buscar o profissional global, mais preparado para o mundo
competitivo.
A ideologia da gestão capitalista no processo de seleção
de profissionais de alto nível hierárquico
Dissertação de
Mestrado, Universidade
Federal do Paraná
Targa, T. A.
2006
O trabalho presente descrever como a ideologia da gestão
capitalista se manifesta no processo de seleção de profissionais
de alto nível hierárquico da área de telecomunicações. Para
tanto, verifica-se qual a importância da ideologia no processo de
gestão capitalista, sobretudo avaliando o papel dos intelectuais
do capital no processo de formação da ideologia. A pesquisa
demonstra que o estabelecimento dos quesitos importantes,
segundo os interesses da ideologia da gestão capitalista, é
fundamental para estabelecer uma “elite” que procura defender
177
Título do artigo
Revista/Jornal
Autor(es)
Ano
Tema abordado
seus interesses a partir de diferenciações de competências
específicas.
Avaliação psicológica em processos seletivos:
contribuições da abordagem sistêmica
Estudos de Psicologia
Parpinelli, R. F. & Lunardelli,
M. C. F.
2006
O trabalho tem por objetivo a caracterização de algumas das
principais etapas no processo de avaliação psicológica - a saber:
planejamento, aplicação, avaliação dos resultados e devolutiva -
a partir das perspectivas da abordagem sistêmica, visando
trazer reflexões que possam contribuir com a prática do
psicólogo organizacional dentro do subsistema de seleção de
pessoal.
Evidências de validade da bateria de provas de
raciocínio (BPR-5) para seleção de pessoal
Psicologia: Reflexão e
Crítica
Baumgartl, V. O. & Primi, R.
2006
Evidências de validade preditiva do BPR-5 em um contexto
organizacional (empresa de energia elétrica). Como critério foi
utilizado o número de acidentes de trabalho dos funcionários. O
critério utilizado correlacionou-se inversamente com a
inteligência principalmente para funcionários com menor tempo
na função.
Inteligência emocional e desempenho no trabalho: um
estudo com MSCEIT, BPR-5 e 16PF
Paidéia
Cobêro, C., Primi, R. &
Muniz, M.
2006
Relação entre inteligência emocional (MSCEIT) inteligência
(BPR-5), personalidade(16PF) e desempenho profissional
(avaliação respondida por um supervisor e um colega). Os
resultados apontam baixa correlação entre inteligência
emocional e personalidade, bem como com inteligência. Indicam
também que a faceta regulação das emoções se correlaciona
com o desempenho profissional e apresenta validade
incremental em relação à inteligência.
Seleção de empregados em indústria de petróleo: uma
análise pelo método AHP
Dissertação de
mestrado
profissionalizante.
Faculdades Ibmec
Thomaz, H. J. R.
2006
O autor procura discutir a eficiência de um método de seleção
de pessoas em uma indústria do setor petrolífero utilizando um
modelo de apóio à decisão denominado de multicritério, por
meio do Analytic Hierarchy Process (AHP). O AHP consiste em
um método para tomada de decisões complexas que agregas os
elementos envolvidos nessa situação em agrupamentos que
podem ser hierarquizados. As hierarquias podem ser divididas
em três níveis: 1) nível de estabelecimento da meta da decisão;
2) nível central onde são estabelecidos os fatores e subfatores
que interferem na decisão e; 3) nível final da hierarquia onde são
exibidas as alternativas para a decisão. Nos seus resultados o
autor mostra a viabilidade de associar o AHP aos métodos
tradicionais de seleção e, dessa forma, promover um processo
de seleção mais crítico para a seleção de pessoal que ocorre de
forma mais transparente e eficiente para todos os envolvidos.
Tradição e modernidade nas práticas de recrutamento e
seleção de pessoas em hospedagem
IV Simpósio de
Excelência em Gestão e
Tecnologia SEGET
Vieira, A., Lima, C. H. P. &
Pereira, G. B.
2007
Realizaram um estudo descritivo sobre as práticas de
recrutamento e seleção de pessoas no setor de hospedagem em
Belo Horizonte. Participaram 2 hotéis padrão cinco estrelas, 8
hotéis quatro estrelas, 5 hotéis três estrelas e 15 apart-hotéis. O
178
Título do artigo
Revista/Jornal
Autor(es)
Ano
Tema abordado
instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário
composto de questões fechadas e abertas, a maioria delas
permitindo respostas múltiplas, precedido de uma entrevista
não-estruturada com o Gerente Geral ou com o Gerente de
Recursos Humanos de cada empresa. Como resultados obtidos,
os autores identificaram que as fontes de recrutamento nos
hotéis 3 estrelas ainda são, prioritariamente, recomendação por
funcionário e consulta ao banco de currículos. Nos hotéis 4 e 5
estrelas e apart-hotéis as técnicas são um pouco mais
diversificadas com o uso de estágios em convênios com escolas
além do recrutamento interno.
Análise do recrutamento e seleção dos estagiários da
empresa Jr. A/C
Monografia de final de
curso
Santos, A. P. X.
2007
O objetivo do trabalho foi analisar o processo de recrutamento e
seleção dos estagiários da empresa Jr. A/C. Para tanto, com a
diretoria de RH da empresa uma entrevista estruturada com 10
questões abertas bem como análise de documentos da
empresa. Os resultados da autora apontam para falhas no
processo seletivo atual e sugerem mais organização no
departamento de recrutamento e seleção como maneira de
aprimorá-lo.
O processo seletivo pode incluir ou excluir?
IV Mostra Acadêmica
Unimpe
Ventura, F. & Lechner, A. C.
2007
O artigo contextualiza o estudo dos efeitos do processo de
recrutamento e seleção das empresas, num ambiente
globalizado e capitalista, como agente de inclusão social dos
indivíduos desempregados. Procura demonstrar os diferentes
efeitos causados pela diferença entre os processos de
recrutamento e seleção, isto é, a inclusão ou exclusão de
indivíduos desempregados na volta ao mundo do trabalho.
Recrutamento e seleção: recursos humanos
desenvolvendo o capital humano
Revista Científica do
curso de Administração
da UniEVANGÉLICA
Custódio e Silva, F. & Silva,
M. S. V.
2008
O artigo trata do papel decisivo da Administração de Pessoal no
processo de Recrutamento e Seleção de pessoas, apontando,
as necessidades existentes do planejamento de recursos
humanos, as etapas e os mecanismos de recrutamento e
seleção de pessoal, bem como os papéis dos profissionais
destas atividades.
Recrutamento e seleção na Com. de Bebidas e
Transportes Hammes Ltda
Revista Interdisciplinar
Científica Aplicada
Nicoleti, G. G., Nazario, G.
2008
O trabalho teve como objetivo identificar junto aos colaboradores
qual a percepção do setor administrativo da empresa em relação
aos aspectos relacionados a recrutamento e seleção e quais as
ações que podem ser oferecidas para melhorar estes
aspectos.Organizou-se uma pesquisa de campo no setor
administrativo da empresa composto por 9 colaboradores a fim
de analisar como foi realizado o processo de recrutamento e
seleção com os colaboradores do setor administrativo. Utilizou-
se um questionário com perguntas fechadas e uma pergunta
aberta. De acordo com os resultados foram feitas as análises e
179
Título do artigo
Revista/Jornal
Autor(es)
Ano
Tema abordado
sugestões, sendo uma das sugestões implantar por escrito os
procedimentos a serem realizados no processo de recrutamento
e seleção para a empresa.
Estudo sobre os processos de recrutamento e seleção
em agroindústrias: uma análise em dois estudos de
casos
Congresso da
Sociedade Brasileira de
Economia,
Administração e
Sociedade Rural
Araújo, G. C. & Dias, E. M.
2008
O objetivo do trabalho foi analisar e avaliar as formas de recrutar
e selecionar pessoas duas agroindústrias. A análise foi feita com
respostas obtidas na entrevista das duas empresas. Os
resultados indicaram que a Empresa A (indústria frigorífica de
bovinos) valoriza crenças internas deixando por conta disso de
contratar candidatos que possuem competências técnicas e
comportamentais. A Empresa B (processadora de soja) tem um
modelo estrutural baseado em teoria para aplicação de suas
entrevistas. Para os autores, um modelo ideal de recrutamento e
seleção deve ser aquele onde o requisitante da vaga participe
ativamente em conjunto com a área Recursos Humanos na
escolha do candidato.
Uma análise do modelo de seleção por competências
sob a ótica dos profissionais de gestão de pessoas
XII SemeAD
Empreendorismo e
Inovação
Souza, D. A., Correia, L. T.,
Paixão, C. R., Telles, J. S. M.
& Santos, C. P.
2009
Trata-se de um estudo exploratório-descritivo com abordagem
qualitativa realizado na área de recursos humanos de duas
empresas brasileiras com o objetivo de verificar a opinião RH
acerca das dificuldades e dos benefícios utilização de técnicas
associadas ao modelo de seleção por competências. Os
resultados dos autores apontam como aspectos positivos
ressaltados pelos profissionais de RH a objetividade da
demanda específica da vaga e redução de custos e a aderência
à vaga que possibilita esboçar detalhadamente o perfil
apropriado dos candidatos para as respectivas vagas. Como
empecilhos foram indicados o tempo disponibilizado para
conciliar os procedimentos inerentes a este modelo de seleção
face às vagas emergenciais, as expectativas dos requisitantes
acerca das competências desejadas e a formulação das
perguntas feitas aos candidatos para que possam captar a total
sinceridade. Sobre este último aspecto, cabe ressaltar que a
avaliação de competência nos processos seletivos analisados foi
realizada exclusivamente por meio de entrevista
comportamental.
180
Anexo III Carta-convite enviada aos e-mails dos participantes da fase de pré-teste nas
organizações.
E-mail enviado aos funcionários do Banco
Período de coleta de dados: 14/05 à 19/05/2009
Prezado(a) colega,
Está sendo aplicada no Banco e em outras organizações pesquisa da Universidade de Brasília sobre
comportamento no trabalho, sob responsabilidade de Fabiana Queiroga (doutoranda) e Jairo E.
Borges-Andrade (orientador). A partir dos resultados dessa pesquisa, o Banco receberá análises e
diagnósticos úteis para a formulação de políticas em gestão de pessoas.
Antes que a pesquisa seja disponibilizada aos demais servidores, você foi selecionado
aleatoriamente para que leia e faça o pré-teste.
É preciso que responda à pesquisa observando se os itens estão de fácil compreensão, não dão
margem a dupla interpretação, se alguma dificuldade para responder, ou outros aspectos que
analise como oportuno apontar. Por favor, relacione eventuais pontos de ajuste que encontrar e nos
envie nesse e-mail até segunda-feira. Para responder à pesquisa, clique no link abaixo:
http://www.zoomerang.com/Survey/?p=WEB229632LY6GS
Desde já agradecemos pela sua colaboração.
Atenciosamente,
Equipe de Pesquisa e Planejamento em Gestão de Pessoas
E-mail enviado aos funcionários da S/A
Período de coleta de dados: 27/05 e 28/05/2009
Prezado(a),
Está sendo aplicada no Banco e em outras organizações, pesquisa da Universidade de Brasília (UnB)
sobre comportamento no trabalho, sob responsabilidade de Fabiana Queiroga (doutoranda) e Jairo E.
Borges Andrade (orientador). A partir dos resultados dessa pesquisa, a S/A receberá análises e
diagnósticos úteis para a formulação de políticas em gestão de pessoas.
Antes que a pesquisa seja disponibilizada aos demais empregados, você foi selecionado
aleatoriamente para que leia e faça o pré-teste.
É preciso que responda à pesquisa observando se os itens estão de fácil compreensão, não dão
margem à dupla interpretação, se alguma dificuldade para responder, ou outros aspectos que
analise como oportuno apontar. Por favor, relacione eventuais pontos de ajuste que encontrar e nos
envie nesse e-mail até o dia 28/05/2009 (quinta-feira).
O link abaixo dá acesso ao questionário. Em caso de vidas, disponibilizamos os telefones: [número
dos telefones do RH]
http://www.zoomerang.com/Survey/?p=WEB229632LY6GS
Desde já agradecemos a colaboração.
Atenciosamente,
RH/GEF
181
Anexo IV Carta-convite enviada aos e-mails dos participantes da fase da coleta principal nas
organizações.
E-mail enviado aos funcionários do Banco
Período de coleta de dados: 19/05 à 02/07/2009
Prezado colaborador,
Está sendo aplicada no Banco e em outras organizações pesquisa da Universidade de Brasília sobre
comportamento no trabalho, sob responsabilidade de Fabiana Queiroga (doutoranda) e Jairo E.
Borges-Andrade (orientador). A partir dos resultados dessa pesquisa, o Banco Central receberá
análises e diagnósticos úteis para a formulação de políticas em gestão de pessoas.
As questões apresentadas a seguir objetivam avaliar o que você pensa sobre o seu trabalho e com
que freqüência realiza algumas ações no seu cotidiano organizacional.
Ressaltamos que suas respostas são confidenciais e você não será identificado uma vez que as
respostas serão sempre tratadas de forma coletiva e nunca individual. Para responder à pesquisa,
clique no link abaixo:
http://www.zoomerang.com/Survey/?p=WEB229632LY6GS
Desde já agradecemos pela sua colaboração.
Atenciosamente,
Equipe de Pesquisa e Planejamento em Gestão de Pessoas
E-mail enviado aos funcionários da S/A
Período de coleta de dados: 16/06 à 02/07/2009
Prezado,
Conforme comunicado anteriormente, as informações abaixo deverão ser observadas para resposta
ao questionário que é base da pesquisa que está sendo patrocinada pela Universidade de Brasília
(UnB), cujo resultado é de interesse da Companhia.
As questões apresentadas a seguir objetivam avaliar o que você pensa sobre o seu trabalho e com
que freqüência realiza algumas ações no seu cotidiano organizacional.
Ressaltamos que suas respostas são confidenciais e você não será identificado uma vez que as
respostas serão sempre tratadas de forma coletiva e nunca individual.
Para acessar a pesquisa, clique no link apresentado ao final desse e-mail. Para outros
esclarecimentos, se necessários, entre em contato conosco.
Desde já, agradecemos a colaboração.
Atenciosamente,
Fabiana Queiroga ([email protected])
Jairo E. Borges-Andrade ([email protected])
http://www.zoomerang.com/Survey/?p=WEB229632LY6GS
182
Anexo V Tela de abertura do questionário hospedado no site da pesquisa.
Pesquisa sobre comportamentos no trabalho
Os itens apresentados a seguir objetivam avaliar o que você pensa sobre o
seu trabalho e com que freqüência realiza algumas ações no seu cotidiano
organizacional.
As questões serão apresentadas em 6 telas sendo que a última contém 5
questões referentes aos seus dados demográficos. Para indicar a resposta
que melhor representa o que você pensa, é necessário apenas escolher um
número por meio de um clique nas questões apresentadas em cada tela. O
tempo de resposta é estimado em torno de 15 minutos.
Ressaltamos que suas respostas são confidenciais e não serão tratadas
individualmente. Por favor, responda todas as questões. Sua participação é
de extrema importância, já que a qualidade dos resultados deste trabalho
depende muito do seu empenho em responder o questionário com precisão
e sinceridade.
Desde já agradecemos a sua colaboração!
Responda agora
183
Anexo VI Instrumento de Motivação para Trabalhar
Seção I. Utilizando os números da escala abaixo, indique o grau de
importância que você atribui para os itens listados a seguir.
Nada importante 1 2 3 4 5 Muito importante
Considero importante....
1 ...ter oportunidades de me tornar mais qualificado.
Nada importante Muito importante
2 ...sentir-me valorizado pelas pessoas.
Nada importante Muito importante
3 ...ter retorno econômico.
Nada importante Muito importante
4 ...fazer amizades.
Nada importante Muito importante
184
5 ...obter assistências como transporte, educação, saúde, moradia,
aposentadoria, etc.
Nada importante Muito importante
6 ...poder aprender novas coisas.
Nada importante Muito importante
7 ...poder dar assistência para minha família.
Nada importante Muito importante
8 ...poder contribuir para o progresso da sociedade.
Nada importante Muito importante
9 ..sentir-me reconhecido no que faço.
Nada importante Muito importante
185
10 ...sentir que sou uma pessoa produtiva.
Nada importante Muito importante
11 ...poder expressar minha criatividade.
Nada importante Muito importante
12 ...ter independência financeira.
Nada importante Muito importante
Seção II. Utilizando os meros da escala abaixo, indique em que medida
você considera que o seu trabalho é útil para alcançar os itens listados a
seguir.
Nada útil 1 2 3 4 5 Muito útil
A realização do meu trabalho é útil para...
13 ...ter oportunidades de me tornar mais qualificado.
Nada útil Muito útil
186
14 ...sentir-me reconhecido pelo que faço.
Nada útil Muito útil
15 ...ser independente financeiramente.
Nada útil Muito útil
16 ...sentir-me valorizado.
Nada útil Muito útil
17...conquistar a confiança dos meus superiores.
Nada útil Muito útil
18 ...sentir-me uma pessoa digna.
Nada útil Muito útil
19 ...aprender coisas novas.
Nada útil Muito útil
187
20 ...contribuir para o progresso da sociedade.
Nada útil Muito útil
21 ...perceber-me como produtivo.
Nada útil Muito útil
22 ...expressar minha criatividade.
Nada útil Muito útil
23 ... obter assistências como transporte, educação, saúde, moradia,
aposentadoria, etc.
Nada útil Muito útil
24 ...dar assistência para minha família.
Nada útil Muito útil
188
Seção III. Utilizando os números da escala abaixo, indique em que medida
você considera provável que o seu trabalho possa trazer os itens listados a
seguir.
Nada provável 1 2 3 4 5 Muito provável
É provável que o meu trabalho possa trazer...
25 ...maiores oportunidades de me tornar mais qualificado.
Nada provável Muito provável
26 ...reconhecimento pelo que faço.
Nada provável Muito provável
27 ...confiança dos meus superiores.
Nada provável Muito provável
28 ...crescimento profissional.
Nada provável Muito provável
189
29 ...sentimento de dignidade.
Nada provável Muito provável
30 ...aprendizagem de coisas novas.
Nada provável Muito provável
31 ...contribuição para o progresso da sociedade.
Nada provável Muito provável
32 ...oportunidades de influenciar nas decisões da empresa.
Nada provável Muito provável
190
Anexo VII Informações psicométricas do instrumento de Motivação para Trabalhar.
Itens da subescala de valência
Considero importante....
Cargas
fatoriais
1. ...ter oportunidades de me tornar mais qualificado.
0,53
2. ...sentir-me valorizado pelas pessoas.
0,54
3. ...ter retorno econômico.
0,55
4. ...fazer amizades.
0,52
5. ...obter assistências como transporte, educação, saúde, moradia,
aposentadoria, etc.
0,60
6. ...poder aprender novas coisas.
0,63
7. ...poder dar assistência para minha família.
0,50
8. ...poder contribuir para o progresso da sociedade.
0,60
9. ...sentir-me reconhecido no que faço.
0,66
10. ...sentir que sou uma pessoa produtiva.
0,60
11. ...poder expressar sua criatividade.
0,61
12. ...ter independência financeira.
0,51
Nota. Cargas fatoriais obtidas no estudo piloto realizado nesta pesquisa (N = 248) por meio da análise fatorial dos
eixos principais (PAF) realizada no SPSS versão 17.0. Indicadores de fatorabilidade: KMO = 0,85; Determinante =
0,023; Teste de Esfericidade de Bartlett
2
= 890,70; g.l. = 66; p < 0,001. Alfa de Cronbach = 0,83.
Itens da subescala de instrumentalidade
A realização do meu trabalho é útil para...
Cargas
fatoriais
1. ...ter oportunidades de se tornar mais qualificado.
0,67
2. ...sentir-me reconhecido pelo que faço
0,75
3. ...ser independente financeiramente.
0,47
4. ...sentir-me valorizado
0,76
5. ...conquistar a confiança dos chefes.
0,60
6. ...sentir-me uma pessoa digna.
0,67
7. ...aprender coisas novas.
0,75
8. ...contribuir para o progresso da sociedade.
0,70
9. ...perceber-me como produtivo.
0,79
10. ...expressar sua criatividade.
0,73
11. ... obter assistências como transporte, educação, saúde, moradia,
aposentadoria, etc.
0,52
12. ...dar assistência para sua família.
0,57
Nota. Cargas fatoriais obtidas no estudo piloto realizado nesta pesquisa (N = 248) por meio da análise fatorial dos
eixos principais (PAF) realizada no SPSS versão 17.0. Indicadores de fatorabilidade: KMO = 0,90; Determinante =
0,002; Teste de Esfericidade de Bartlett
2
= 1406,38; g.l. = 66; p < 0,001. Alfa de Cronbach = 0,91.
191
Itens da subescala de expectativa
É provável que o meu trabalho possa trazer...
Cargas
fatoriais
1. ...maiores oportunidades de se tornar mais qualificado.
0,79
2. ...reconhecimento pelo que faço.
0,81
3. ...confiança dos meus chefes.
0,68
4. ...crescimento profissional.
0,82
5. ...sentimento de dignidade.
0,57
6. ...aprendizagem de coisas novas.
0,73
7. ...contribuição para o progresso da sociedade.
0,72
8. ...oportunidades de influenciar nas decisões da empresa.
0,63
Nota. Cargas fatoriais obtidas no estudo piloto realizado nesta pesquisa (N = 248) por meio da análise fatorial dos
eixos principais (PAF) realizada no SPSS versão 17.0. Indicadores de fatorabilidade: KMO = 0,89; Determinante =
0,016; Teste de Esfericidade de Bartlett
2
= 991,32; g.l. = 28; p < 0,001. Alfa de Cronbach = 0,89.
192
Anexo VIII Instrumento de Auto-avaliação de Desempenho
Seção IV. As sentenças apresentadas a seguir dizem respeito a algumas
ações que possivelmente você realiza no seu dia-a-dia de trabalho. Por
favor, reflita sobre suas tarefas e rotinas de trabalho e indique com que
freqüência você realiza os comportamentos descritos. Utilize a seguinte
escala de resposta:
Nunca 1 2 3 4 5 Sempre
33 Executo minhas tarefas dentro dos prazos previstos.
Nunca Sempre
34 Executo adequadamente tarefas difíceis.
Nunca Sempre
35 Executo meu trabalho levando em conta a estrutura e as políticas da
organização.
Nunca Sempre
36 A realização do meu trabalho contribui para o alcance da missão e
dos objetivos da organização.
Nunca Sempre
193
37 Realizo o meu trabalho com economia de recursos (material,
financeiro e humano).
Nunca Sempre
38 Procuro atualizar meus conhecimentos técnicos para realizar meu
trabalho.
Nunca Sempre
39 Executo meu trabalho de acordo com o que é esperado pela
organização.
Nunca Sempre
40 Implemento ações adequadas quando detecto algum erro ou falha em
meu trabalho.
Nunca Sempre
41 Contribuo com alternativas para solução de problemas e melhoria de
processos da organização.
Nunca Sempre
194
42 Planejo a execução do meu trabalho definindo ações, prazos e
prioridades.
Nunca Sempre
43 Planejo ações de acordo com minhas tarefas e rotinas
organizacionais.
Nunca Sempre
44 Estabeleço contato com outras pessoas ou equipes para atingir os
objetivos organizacionais.
Nunca Sempre
45 Tomo iniciativas para melhorar meus resultados no trabalho.
Nunca Sempre
46 Adapto minha rotina às alterações das metas da Organização.
Nunca Sempre
195
47 Soluciono dúvidas de meus colegas quando sou solicitado.
Nunca Sempre
48 Utilizo as sugestões e críticas que me são dadas para melhorar meu
desempenho.
Nunca Sempre
49 Executo adequadamente tarefas rotineiras.
Nunca Sempre
50 Adapto-me aos imprevistos que ocorrem em meu trabalho.
Nunca Sempre
51 Utilizo meu conhecimento teórico/prático para realizar meu trabalho.
Nunca Sempre
196
52 Busco novas soluções para problemas que possam surgir em meu
trabalho.
Nunca Sempre
53 Executo minhas atribuições prevendo os seus resultados.
Nunca Sempre
54 Aproveito oportunidades que possam melhorar meus resultados de
trabalho.
Nunca Sempre
55 Esforço-me para realizar as tarefas que me são destinadas.
Nunca Sempre
197
Anexo IX Informações psicométricas do instrumento de Auto-avaliação de Desempenho.
Itens
Cargas
fatoriais
1. Executo minhas tarefas dentro dos prazos previstos.
0,34
2. Executo adequadamente tarefas difíceis.
0,40
3. Executo meu trabalho levando em conta a estrutura e as políticas da
Organização.
0,47
4. A realização do meu trabalho contribui para o alcance da missão e objetivos da
Organização.
0,50
5. Realizo o meu trabalho com economia de recursos (material, financeiro e
humano).
0,38
6. Procuro atualizar meus conhecimentos técnicos para realizar meu trabalho.
0,46
7. Executo meu trabalho de acordo com o que é esperado pela Organização.
0,56
8. Implemento ações adequadas quando detecto algum erro ou falha em meu
trabalho.
0,58
9. Contribuo com alternativas para solução de problemas e melhoria de processos
da Organização.
0,53
10. Planejo a execução do meu trabalho definindo ações, prazos e prioridades.
0,42
11. Planejo ações de acordo com minhas tarefas e rotinas organizacionais.
0,52
12. Estabeleço contato com outras pessoas ou equipes para atingir os objetivos
organizacionais.
0,52
13. Tomo iniciativas para melhorar meus resultados no trabalho.
0,63
14. Adapto minha rotina às alterações das metas da Organização.
0,57
15. Soluciono dúvidas de meus colegas quando sou solicitado.
0,59
16. Utilizo as sugestões e críticas que me são dadas para melhorar meu
desempenho.
0,50
17. Executo adequadamente tarefas rotineiras.
0,60
18. Adapto-me aos imprevistos que ocorrem em meu trabalho.
0,55
19. Utilizo meu conhecimento teórico/prático para realizar meu trabalho.
0,46
20. Busco novas soluções para problemas que possam surgir em meu trabalho.
0,57
21. Executo minhas atribuições prevendo os seus resultados.
0,48
22. Aproveito oportunidades que possam melhorar meus resultados de trabalho.
0,71
23. Esforço-me para realizar as tarefas que me são destinadas.
0,50
Nota. Cargas fatoriais obtidas no estudo piloto realizado nesta pesquisa (N = 248) por meio da análise fatorial dos
eixos principais (PAF) realizada no SPSS versão 17.0. Indicadores de fatorabilidade: KMO = 0,88; Determinante =
0,001; Teste de Esfericidade de Bartlett
2
= 1708,83; g.l. = 253; p < 0,001. Alfa de Cronbach = 0,89.
198
Anexo X Instrumento de Percepção de Suporte Organizacional para o Desempenho.
Seção V. As sentenças apresentadas a seguir dizem respeito ao seu
contexto de trabalho. Por favor, indique em que medida você concorda com
as afirmações a seguir. Utilize a seguinte escala de resposta:
Discordo totalmente 1 2 3 4 5 Concordo totalmente
56 A organização em que trabalho fornece aos empregados
equipamentos, máquinas e materiais necessários ao desempenho eficaz de
suas tarefas.
Discordo totalmente Concordo totalmente
57 Nesta organização, as ferramentas de trabalho (computadores,
aplicativos, sistemas informatizados e outros) são de boa qualidade.
Discordo totalmente Concordo totalmente
58 Esta organização oferece locais de trabalho com móveis,
equipamentos e materiais em quantidade suficiente.
Discordo totalmente Concordo totalmente
59 Nesta organização, os ambientes de trabalho são adequados ao
desempenho eficaz das atividades (salas limpas, bem iluminadas,
ventiladas, com móveis apropriados à execução das tarefas).
Discordo totalmente Concordo totalmente
199
60 Esta organização efetua regularmente a manutenção de máquinas e
equipamentos de trabalho, conservando-os em plenas condições de uso.
Discordo totalmente Concordo totalmente
61 Esta organização procura melhorar constantemente as condições
físicas dos locais de trabalho.
Discordo totalmente Concordo totalmente
62 As oportunidades de promoção e crescimento profissional oferecidas
por esta organização são compatíveis com as aspirações dos empregados.
Discordo totalmente Concordo totalmente
63 Nesta organização, há muitas oportunidades de promoção e
crescimento profissional.
Discordo totalmente Concordo totalmente
200
64 Nesta organização, os empregados que se dedicam à formação
profissional (participando de cursos de graduação e especialização, por
exemplo) têm mais oportunidades de crescimento profissional.
Discordo totalmente Concordo totalmente
65 Na organização em que trabalho, os valores pagos ao empregado a
título de participação nos lucros e resultados (PLR) representam uma boa
recompensa financeira.
Discordo totalmente Concordo totalmente
66 Na organização em que trabalho, o empregado exemplar tem maiores
chances do que os outros de receber recompensas (como promoções,
premiações e elogios, por exemplo).
Discordo totalmente Concordo totalmente
67 Nesta organização, os salários pagos aos empregados são
compatíveis com as melhores remunerações praticadas no mercado
financeiro para cargos similares.
Discordo totalmente Concordo totalmente
201
68 A organização em que trabalho, ao avaliar o desempenho do
empregado, leva em conta o esforço que ele despendeu para atingir os
resultados esperados.
Discordo totalmente Concordo totalmente
69 A organização em que trabalho leva em consideração os interesses
pessoais do empregado, ao tomar decisões administrativas sobre ele (como
transferências, por exemplo).
Discordo totalmente Concordo totalmente
70 Na organização em que trabalho, há cobrança e pressão excessivas
para o alcance de metas.
Discordo totalmente Concordo totalmente
71 Esta organização sobrecarrega de trabalho os empregados que
possuem melhor desempenho.
Discordo totalmente Concordo totalmente
72 Nesta organização, a sobrecarga de trabalho leva o empregado
freqüentemente ao esgotamento físico e mental.
Discordo totalmente Concordo totalmente
202
73 A organização em que trabalho freqüentemente estabelece metas
inatingíveis.
Discordo totalmente Concordo totalmente
74 Esta organização só se interessa pelo alcance de metas, deixando de
oferecer condições saudáveis de trabalho.
Discordo totalmente Concordo totalmente
75 Esta organização estabelece prazos insuficientes para realização de
trabalhos, sem considerar a disponibilidade de recursos financeiros,
materiais e humanos necessários a sua execução.
Discordo totalmente Concordo totalmente
76 Nesta organização, os empregados são obrigados constantemente a
fazer horas-extras, sobrando pouco tempo para o descanso e o lazer.
Discordo totalmente Concordo totalmente
77 Esta organização procura aprimorar constantemente os processos de
trabalho, levando em consideração as sugestões dos empregados.
Discordo totalmente Concordo totalmente
203
78 Esta organização procura sanar as dificuldades encontradas pelo
empregado para o desempenho eficaz de suas atividades.
Discordo totalmente Concordo totalmente
79 Esta organização leva em consideração propostas criativas feitas
pelos empregados para melhoria do trabalho.
Discordo totalmente Concordo totalmente
80 Nesta organização, o empregado recebe todas as orientações e
informações necessárias à execução eficaz de suas atividades.
Discordo totalmente Concordo totalmente
81 Nesta organização, são freqüentes as manifestações de
reconhecimento pelo trabalho bem feito.
Discordo totalmente Concordo totalmente
82 Esta organização evita repreender os empregados por pequenas
falhas, ressaltando mais os aspectos positivos do que os negativos do seu
desempenho.
204
Discordo totalmente Concordo totalmente
83 Esta organização promove a capacitação de seus empregados,
oferecendo-lhes constantemente treinamentos segundo a área de atuação
de cada um.
Discordo totalmente Concordo totalmente
205
Anexo XI Informações psicométricas do instrumento Percepção de Suporte Organizacional para o
Desempenho.
Itens
I
II
III
IV
S8 - A organização em que trabalho fornece aos funcionários
equipamentos, máquinas e materiais necessários ao desempenho
eficaz de suas tarefas
0,86
S9 - Nesta organização, as ferramentas de trabalho (computadores,
aplicativos, sistemas informatizados e outros) são de boa qualidade
0,86
S14 - Esta organização oferece locais de trabalho com móveis,
equipamentos e materiais em quantidade suficiente
0,82
S16 - Nesta organização, os ambientes de trabalho são adequados ao
desempenho eficaz das atividades (salas limpas, bem iluminadas,
ventiladas, com móveis apropriados à execução das tarefas)
0,81
S22 - Esta organização efetua regularmente a manutenção de máquinas e
equipamentos de trabalho, conservando-os em plenas condições
de uso
0,62
S25 - Esta organização procura melhorar constantemente as condições
físicas dos locais de trabalho
0,61
S28 - As oportunidades de promoção e ascensão profissional oferecidas
por esta organização são compatíveis com as aspirações dos
funcionários
0,89
S17 - Nesta organização, há muitas oportunidades de promoção e
ascensão profissionais
0,71
S24 - Nesta organização, os funcionários que se dedicam à formação
profissional (participando de cursos de graduação e especialização,
por exemplo) têm mais oportunidades de ascensão profissional
0,61
S26 - Na organização em que trabalho, os valores pagos ao funcionário a
título de participação nos lucros e resultados (PLR) representam
uma boa recompensa financeira
0,60
S23 - Na organização em que trabalho, o funcionário exemplar tem
maiores chances do que os outros de receber recompensas (como
promoções, premiações e elogios, por exemplo)
0,55
S27 - Nesta organização, os salários pagos aos funcionários são
compatíveis com as melhores remunerações praticadas no
mercado financeiro para cargos similares
0,54
S18 - A organização em que trabalho, ao avaliar o desempenho do
funcionário, leva em conta o esforço que ele despendeu para atingir
os resultados esperados
0,458
S21 - A organização em que trabalho leva em consideração os interesses
pessoais do funcionário, ao tomar decisões administrativas sobre
ele (como remoções, por exemplo)
0,42
S12 - Na organização em que trabalho, há cobrança e pressão excessivas
para o alcance de metas
0,81
S13 - Esta organização sobrecarrega de trabalho os funcionários que
possuem melhor desempenho
0,80
S3 - Nesta organização, a sobrecarga de trabalho leva o funcionário
freqüentemente ao esgotamento físico e mental
0,74
S15 - A organização em que trabalho freqüentemente estabelece metas
inatingíveis
0,72
S4 - Esta organização só se interessa pelo alcance de metas, deixando
de oferecer condições saudáveis de trabalho
0,66
S19 - Esta organização estabelece prazos insuficientes para realização de
trabalhos, sem considerar a disponibilidade de recursos financeiros,
materiais e humanos necessários a sua execução
0,62
S20 - Nesta organização, os funcionários são obrigados constantemente a
fazer horas-extras, sobrando pouco tempo para o descanso e o
lazer
0,45
S2 - Esta organização procura aprimorar constantemente os processos
de trabalho, levando em consideração as sugestões dos
funcionários
0,80
S5 - Esta organização procura sanar as dificuldades encontradas pelo
funcionário para o desempenho eficaz de suas atividades
0,70
S10 - Esta organização leva em consideração propostas criativas feitas
pelos funcionários para melhoria do trabalho
0,63
S1 - Nesta organização, o funcionário recebe todas as orientações e
0,61
206
Itens
I
II
III
IV
informações necessárias à execução eficaz de suas atividades
S7 - Nesta organização, são freqüentes as manifestações de
reconhecimento pelo trabalho bem feito
0,56
S6 - Esta organização evita repreender os funcionários por pequenas
falhas, ressaltando mais os aspectos positivos do que os negativos
do seu desempenho
0,42
S11 - Esta organização promove a capacitação de seus funcionários,
oferecendo-lhes constantemente treinamentos segundo a área de
atuação de cada um
0,35
Nota. Cargas fatoriais obtidas no estudo de validação realizado por Brandão (2008). I = suporte material ao
desempenho (Alfa de Cronbach = 0,91), II = práticas de promoção e recompensa (Alfa de Cronbach = 0,85), III =
carga de trabalho (Alfa de Cronbach = 0,85) e IV = práticas de gestão de desempenho (Alfa de Cronbach = 0,87).
207
Anexo XII Cargas fatorias das provas do concurso do Banco e da S/A.
Prova do cargo da área fim da S/A
Questão
Fator 1
Fator 2
Q01
0,50
0,00
Q02
0,36
-0,08
Q03
-0,16
0,14
Q04
-0,03
0,44
Q05
0,04
0,49
Q06
0,30
-0,18
Q07
-0,11
0,38
Q08
0,00
0,43
Q09
-0,25
0,19
Q10
0,33
-0,20
Q11
0,30
-0,06
Q12
0,50
-0,07
Q13
0,44
0,03
Q14
0,33
0,29
Q15
-0,02
0,50
Q16
-0,36
0,39
Q17
0,43
-0,10
Q18
0,41
0,03
Q19
0,42
0,10
Q20
-0,01
0,50
Q21
0,42
0,18
Q22
0,41
0,23
Q23
0,02
0,49
Q24
0,49
0,06
Q25
0,10
0,38
Q26
-0,11
0,50
Q27
0,11
0,30
Q28
0,35
0,30
Q29
0,07
0,47
Q30
0,40
0,19
Q31
-0,11
0,50
Q32
0,34
0,17
Q33
0,07
0,39
Q34
0,48
0,07
Q35
0,36
0,07
Q36
0,13
0,46
Q37
0,49
-0,15
Q38
0,43
0,20
Q39
0,20
0,32
Q40
0,39
0,16
Q41
-0,40
-0,11
Q42
-0,06
0,45
Q43
-0,32
0,40
Q44
0,25
0,34
Q45
0,37
-0,16
Questão
Fator 1
Fator 2
Q46
0,39
-0,12
Q47
0,33
0,32
Q48
-0,36
0,14
Q49
0,50
-0,05
Q50
0,37
0,23
Q51
0,30
0,27
Q52
0,12
0,29
Q53
-0,19
0,48
Q54
0,50
-0,07
Q55
0,48
-0,09
Q56
0,41
0,02
Q57
-0,15
0,48
Q58
0,38
-0,06
Q59
0,43
0,20
Q60
-0,23
0,46
Q61
0,26
0,37
Q62
-0,11
0,47
Q63
0,45
0,08
Q64
0,37
0,15
Q65
0,41
0,01
Q66
0,47
0,09
Q67
0,36
0,17
Q68
0,04
0,47
Q69
-0,37
0,12
Q70
-0,08
0,50
Q71
-0,50
0,01
Q72
0,48
-0,02
Q73
0,47
-0,03
Q74
0,26
0,33
Q75
0,39
-0,24
Q76
0,50
-0,10
Q77
0,14
0,44
Q78
0,50
-0,06
Q79
0,37
0,19
Q80
0,41
0,20
Q81
-0,28
0,16
Q82
0,42
-0,07
Q83
-0,01
0,43
Q84
0,50
0,00
Q85
0,50
-0,10
Q86
0,44
0,10
Q87
0,06
0,40
Q88
0,37
-0,18
Q89
0,11
0,44
Q90
0,48
0,07
Questão
Fator 1
Fator 2
Q91
0,46
0,05
Q92
0,36
-0,05
Q93
0,48
-0,05
Q94
0,42
-0,15
Q95
0,10
0,24
Q96
-0,13
0,45
Q97
-0,22
0,47
Q98
0,17
0,44
Q99
0,17
0,27
Q100
0,42
0,16
Q101
0,40
0,21
Q102
-0,13
0,43
Q103
0,43
-0,24
Q104
0,02
0,46
Q105
0,41
0,06
Q106
-0,47
0,23
Q107
-0,39
0,12
Q108
-0,03
0,33
Q109
0,50
-0,11
Q110
0,42
-0,15
Q111
0,47
0,12
Q112
-0,48
0,04
Q113
-0,08
0,46
Q114
0,49
0,05
Q115
0,46
0,10
Q116
0,33
0,20
Q117
-0,09
0,48
Q118
0,31
-0,18
Q119
0,50
-0,03
Q120
0,18
0,35
Q121
-0,19
0,33
Q122
0,28
0,19
Q123
0,44
0,03
Q124
0,47
0,12
Q125
0,34
-0,17
Q126
0,50
-0,10
Q127
0,34
0,29
Q128
-0,47
0,21
Q129
0,46
-0,25
Q130
-0,15
0,49
208
Prova do cargo da área meio da S/A.
Questão
Fator 1
Fator 2
Q01
0,29
-0,11
Q02
0,38
-0,34
Q03
0,24
-0,23
Q04
0,01
0,06
Q05
0,24
0,14
Q06
0,40
-0,22
Q07
0,08
0,05
Q08
0,32
-0,09
Q09
0,20
-0,18
Q10
0,09
0,23
Q11
0,23
0,19
Q12
0,01
0,26
Q13
0,00
0,49
Q14
0,51
-0,21
Q15
0,33
0,19
Q16
0,31
-0,09
Q17
0,36
0,15
Q18
0,54
-0,16
Q20
0,40
0,25
Q21
0,40
0,24
Q22
0,27
0,27
Q23
0,45
-0,08
Q24
0,40
0,39
Q25
0,40
-0,26
Q26
0,53
-0,27
Q27
0,40
0,01
Q28
0,39
-0,22
Q29
0,39
-0,21
Q30
0,19
0,47
Q31
0,40
0,21
Q32
0,26
0,28
Q33
0,23
0,08
Q34
0,33
0,22
Q35
0,35
0,16
Q36
0,41
0,26
Q37
0,32
0,08
Q38
0,31
-0,08
Q39
0,30
-0,20
Q40
0,23
0,01
Q41
0,25
0,19
Q42
0,17
0,50
Questão
Fator 1
Fator 2
Q43
0,02
0,44
Q44
0,43
0,10
Q45
0,22
0,43
Q46
0,15
0,35
Q47
0,45
0,01
Q48
0,53
-0,18
Q49
0,41
-0,33
Q40
0,11
-0,03
Q51
0,19
-0,06
Q52
0,08
0,41
Q53
0,30
0,08
Q54
0,26
0,34
Q55
0,17
0,29
Q56
0,25
0,11
Q57
0,48
-0,13
Q58
0,09
0,48
Q59
0,37
0,14
Q60
0,24
-0,34
Q61
0,28
0,14
Q62
0,31
-0,29
Q63
0,27
-0,30
Q64
0,37
-0,14
Q65
0,23
0,46
Q66
0,29
-0,16
Q67
0,07
0,30
Q68
0,23
-0,12
Q69
0,47
-0,29
Q70
0,37
-0,07
Q71
0,33
-0,17
Q72
0,20
0,33
Q73
0,34
-0,21
Q74
0,23
0,32
Q75
0,38
0,16
Q76
0,37
-0,03
Q77
0,45
0,24
Q78
0,42
0,11
Q79
0,35
0,08
Q80
0,37
-0,04
Q81
0,49
-0,18
Q82
0,31
-0,17
Q83
0,24
0,14
Questão
Fator 1
Fator 2
Q84
0,45
0,16
Q85
0,09
0,37
Q86
0,40
-0,09
Q87
0,03
-0,01
Q88
0,44
-0,20
Q90
0,46
-0,21
Q91
0,29
-0,37
Q92
0,33
-0,04
Q93
0,43
0,11
Q94
0,27
0,20
Q95
0,03
0,49
Q96
-0,05
0,45
Q97
0,15
0,21
Q98
-0,01
0,52
Q99
-0,04
0,51
Q100
0,05
0,30
Nota. A prova de conhecimentos
específicos desse cargo foi composta
por 100 questões de certo ou errado.
Contudo, dois itens foram anulados
no concurso.
209
Prova do cargo da área fim do Banco.
Questão
Fator 1
Fator 2
Q101
0,32
0,11
Q102
0,30
0,03
Q103
0,29
-0,05
Q104
0,09
-0,38
Q105
-0,03
-0,33
Q106
0,05
-0,34
Q107
0,13
-0,25
Q108
0,24
-0,08
Q109
0,38
0,04
Q110
0,35
0,08
Q111
-0,01
-0,19
Q112
-0,04
-0,38
Q113
0,29
0,01
Q114
0,13
-0,29
Q115
-0,08
-0,37
Q116
0,06
-0,33
Q117
0,05
-0,35
Q118
-0,06
-0,38
Q119
0,11
-0,15
Q120
0,00
-0,34
Q121
0,35
0,02
Q122
0,10
-0,37
Q123
0,18
-0,08
Q124
0,36
-0,08
Q125
-0,02
-0,43
Q126
0,48
0,12
Q127
0,00
-0,34
Q128
0,44
0,11
Q129
0,30
-0,09
Q130
-0,17
-0,39
Q131
0,13
-0,38
Q132
0,40
-0,06
Q133
-0,10
-0,42
Q134
-0,15
-0,37
Q135
0,41
-0,07
Q136
0,48
0,12
Q137
0,40
-0,04
Q138
0,44
-0,04
Q139
0,10
-0,33
Q140
0,34
-0,03
Q141
-0,08
-0,44
Q142
-0,01
-0,38
Q143
0,07
-0,44
Q144
0,33
-0,12
Q145
0,40
-0,10
Q146
-0,23
-0,45
Q147
0,35
-0,04
Questão
Fator 1
Fator 2
Q148
0,11
-0,37
Q149
0,39
-0,06
Q140
-0,16
-0,41
Q151
0,46
0,01
Q152
0,43
0,11
Q153
0,15
-0,24
Q154
0,21
-0,26
Q155
-0,05
-0,31
Q156
0,20
-0,28
Q157
0,48
-0,03
Q158
0,49
0,10
Q159
0,08
-0,35
Q160
0,17
-0,35
Q161
0,47
0,03
Q162
0,10
-0,38
Q163
0,07
-0,27
Q164
0,36
-0,03
Q165
0,50
0,08
Q166
0,48
0,02
Q167
0,50
0,02
Q168
0,24
-0,25
Q169
0,01
-0,43
Q170
0,46
-0,04
Q171
0,40
0,07
Q172
0,09
-0,32
Q173
-0,07
-0,38
Q174
0,42
0,01
Q175
0,48
0,05
Q176
0,46
0,06
Q177
0,42
-0,01
Q178
-0,05
-0,41
Q179
0,43
-0,02
Q180
0,02
-0,45
Q181
-0,24
-0,38
Q182
0,26
-0,27
Q183
0,26
0,03
Q184
0,04
-0,36
Q185
-0,11
-0,45
Q186
0,46
0,08
Q187
-0,07
-0,39
Q188
-0,03
-0,37
Q189
0,38
-0,09
Q190
0,14
-0,37
Q191
0,31
-0,14
Q192
0,43
-0,05
Q193
0,00
-0,44
Q194
-0,04
-0,37
Questão
Fator 1
Fator 2
Q195
0,40
-0,04
Q196
0,42
-0,03
Q197
0,40
-0,01
Q198
0,06
-0,38
Q199
0,39
-0,09
Q200
-0,03
-0,45
Q201
0,44
0,08
Q202
0,01
-0,41
Q203
-0,08
-0,43
Q204
0,38
0,14
Q205
-0,17
-0,44
Q206
0,34
-0,07
Q207
-0,04
-0,40
Q208
-0,08
-0,43
Q209
0,22
-0,15
Q210
0,10
-0,13
Q211
0,34
0,02
Q212
0,34
-0,04
Q213
0,27
0,03
Q214
0,27
-0,11
Q215
0,28
-0,13
Q216
0,39
0,17
Q217
0,36
-0,08
Q218
0,22
-0,04
Q219
0,32
-0,11
Q220
0,37
0,13
Q221
0,33
0,19
Q222
0,05
-0,38
Q224
-0,05
-0,45
Q225
0,36
0,01
Nota. A prova de conhecimentos
específicos desse cargo foi composta
por 125 questões de certo ou errado.
Contudo, um item foi anulado no
concurso.
210
Anexo XIII Índices da TCT para as provas do concurso do Banco e da S/A.
Índices da TCT para a prova do cargo da área fim da S/A
Questões
% acerto
rbis
Q001
28,2
0,32
Q002
42,2
0,35
Q003
39,6
0,38
Q004
47,2
0,25
Q005
58,4
0,28
Q006
32,9
0,31
Q007
40,6
0,27
Q008
37,3
0,21
Q009
32,2
0,36
Q010
36,1
0,34
Q011
32,7
0,37
Q012
28,1
0,34
Q013
71,9
0,18
Q014
76,6
0,30
Q015
85,3
0,25
Q016
42,9
0,08
Q017
87,0
0,24
Q018
70,1
0,15
Q019
86,0
0,24
Q020
81,3
0,26
Q021
83,9
0,29
Q022
62,7
0,24
Q023
51,8
0,32
Q024
36,7
0,35
Q025
42,1
0,17
Q026
64,3
0,22
Q027
86,9
0,22
Q028
75,4
0,36
Q029
31,9
0,09
Q030
56,0
0,33
Q031
58,1
0,18
Q032
77,3
0,25
Q033
89,9
0,30
Q034
84,9
0,38
Q035
69,2
0,16
Q036
63,5
0,27
Q037
64,8
0,20
Q038
84,3
0,41
Q039
85,1
0,32
Q040
76,0
0,25
Q041
33,5
0,15
Q042
72,9
0,16
Q043
46,4
0,05
Q044
37,5
0,14
Q045
67,8
0,13
Q046
35,4
0,35
Questões
% acerto
rbis
Q047
63,4
0,43
Q048
20,7
0,27
Q049
62,3
0,31
Q050
82,0
0,37
Q051
78,9
0,24
Q052
92,0
0,20
Q053
75,3
0,22
Q054
23,4
0,21
Q055
76,6
0,25
Q056
62,6
0,11
Q057
57,1
0,16
Q058
88,8
0,17
Q059
75,1
0,43
Q060
75,3
0,12
Q061
95,8
0,38
Q062
54,1
0,19
Q063
77,0
0,26
Q064
87,3
0,24
Q065
41,5
0,23
Q066
56,1
0,35
Q067
72,4
0,21
Q068
94,4
0,33
Q069
7,8
0,06
Q070
63,3
0,21
Q071
20,7
0,04
Q072
90,8
0,32
Q073
83,6
0,23
Q074
82,4
0,47
Q075
22,5
0,12
Q076
58,2
0,24
Q077
85,4
0,33
Q078
67,4
0,32
Q079
95,6
0,35
Q080
96,8
0,48
Q081
11,9
0,11
Q082
36,3
0,28
Q083
41,9
0,26
Q084
64,7
0,36
Q085
57,3
0,32
Q086
54,2
0,32
Q087
37,1
0,34
Q088
41,5
0,32
Q089
63,0
0,36
Q090
27,3
0,19
Q091
50,9
0,48
Q092
43,7
0,40
Questões
% acerto
rbis
Q093
52,7
0,32
Q094
45,4
0,28
Q095
68,2
0,13
Q096
59,8
0,08
Q097
58,9
0,09
Q098
58,2
0,24
Q099
75,2
0,29
Q100
26,9
0,24
Q101
68,9
0,36
Q102
36,7
0,26
Q103
31,5
0,29
Q104
48,5
0,24
Q105
69,1
0,24
Q106
22,1
0,19
Q107
28,4
0,20
Q108
48,3
0,29
Q109
22,7
0,20
Q110
44,0
0,26
Q111
53,5
0,32
Q112
24,3
0,10
Q113
34,8
0,17
Q114
56,4
0,31
Q115
88,1
0,42
Q116
77,7
0,24
Q117
57,3
0,33
Q118
44,2
0,32
Q119
67,8
0,33
Q120
15,0
0,15
Q121
36,7
0,09
Q122
86,8
0,24
Q123
29,0
0,11
Q124
74,0
0,36
Q125
40,6
0,23
Q126
36,1
0,25
Q127
95,6
0,51
Q128
34,8
0,08
Q129
36,6
0,19
Q130
63,7
0,17
211
Índices da TCT para a prova do cargo da área meio da S/A
Questões
% acerto
rbis
Q101
51,1
0,19
Q102
60,0
0,25
Q103
53,4
0,29
Q104
69,7
0,44
Q105
29,7
0,22
Q106
81,2
0,39
Q107
74,4
0,34
Q108
74,3
0,31
Q109
74,8
0,36
Q110
65,6
0,27
Q111
37,0
0,15
Q112
49,8
0,26
Q113
62,9
0,28
Q114
76,1
0,40
Q115
38,0
0,22
Q116
60,8
0,33
Q117
57,1
0,32
Q118
43,5
0,24
Q119
42,0
0,22
Q120
55,2
0,27
Q121
67,0
0,33
Q122
67,7
0,43
Q124
73,7
0,24
Q125
68,0
0,43
Q126
73,2
0,37
Q127
73,9
0,41
Q128
39,9
0,24
Q129
51,3
0,30
Q130
59,3
0,34
Q131
22,9
0,15
Q132
73,3
0,49
Q133
75,2
0,48
Q134
40,3
0,24
Q135
21,4
0,15
Q136
83,1
0,56
Q137
75,7
0,41
Q138
74,4
0,46
Q139
87,3
0,63
Q140
67,1
0,37
Q141
67,0
0,35
Q142
44,3
0,27
Q143
38,0
0,26
Q144
66,7
0,48
Q145
79,4
0,47
Q146
77,5
0,55
Q147
15,4
0,15
Questões
% acerto
rbis
Q148
64,1
0,36
Q149
56,2
0,38
Q150
74,6
0,47
Q151
21,8
0,17
Q152
55,6
0,42
Q153
39,7
0,28
Q154
35,4
0,27
Q155
45,3
0,35
Q156
18,8
0,17
Q157
44,4
0,35
Q158
65,5
0,54
Q159
46,6
0,37
Q160
28,4
0,29
Q161
44,1
0,39
Q162
59,9
0,44
Q163
37,7
0,34
Q164
25,7
0,22
Q165
50,6
0,33
Q166
61,8
0,45
Q167
41,2
0,39
Q168
61,7
0,52
Q169
42,6
0,36
Q170
34,1
0,32
Q171
51,4
0,46
Q172
48,8
0,30
Q173
34,9
0,29
Q174
30,8
0,22
Q175
57,2
0,38
Q176
45,4
0,38
Q177
52,7
0,37
Q178
67,4
0,43
Q179
34,8
0,26
Q180
67,2
0,45
Q181
56,5
0,39
Q182
11,6
0,10
Q183
54,2
0,43
Q184
25,5
0,18
Q185
31,4
0,27
Q186
38,0
0,25
Q187
76,7
0,44
Q188
33,6
0,22
Q189
30,0
0,24
Q190
65,1
0,45
Q191
43,6
0,39
Q192
67,0
0,42
Q193
73,2
0,51
Questões
% acerto
rbis
Q194
38,9
0,33
Q195
32,8
0,23
Q196
53,6
0,39
Q197
61,3
0,43
Q198
42,2
0,33
Q199
38,1
0,31
Q200
77,4
0,52
Q201
55,7
0,34
Q202
77,1
0,40
Q203
54,6
0,33
Q204
46,3
0,26
Q205
48,3
0,22
Q206
33,4
0,19
Q207
92,8
0,54
Q208
63,2
0,30
Q209
51,1
0,27
Q210
63,3
0,32
Q211
11,9
0,18
Q212
68,3
0,32
Q213
69,5
0,38
Q214
30,6
0,20
Q215
53,1
0,32
Q216
81,4
0,42
Q217
69,2
0,24
Q218
82,9
0,48
Q219
24,2
0,20
Q220
65,3
0,39
Q221
51,1
0,23
Q222
40,3
0,14
Q223
63,6
0,36
Q224
57,2
0,32
Q225
69,1
0,35
212
Índices da TCT para a prova do cargo da área fim do Banco
Questões
% acerto
rbis
Q101
51,1
0,19
Q102
60,0
0,25
Q103
53,4
0,29
Q104
69,7
0,44
Q105
29,7
0,22
Q106
81,2
0,39
Q107
74,4
0,34
Q108
74,3
0,31
Q109
74,8
0,36
Q110
65,6
0,27
Q111
37,0
0,15
Q112
49,8
0,26
Q113
62,9
0,28
Q114
76,1
0,40
Q115
38,0
0,22
Q116
60,8
0,33
Q117
57,1
0,32
Q118
43,5
0,24
Q119
42,0
0,22
Q120
55,2
0,27
Q121
67,0
0,33
Q122
67,7
0,43
Q124
73,7
0,24
Q125
68,0
0,43
Q126
73,2
0,37
Q127
73,9
0,41
Q128
39,9
0,24
Q129
51,3
0,30
Q130
59,3
0,34
Q131
22,9
0,15
Q132
73,3
0,49
Q133
75,2
0,48
Q134
40,3
0,24
Q135
21,4
0,15
Q136
83,1
0,56
Q137
75,7
0,41
Q138
74,4
0,46
Q139
87,3
0,63
Q140
67,1
0,37
Q141
67,0
0,35
Q142
44,3
0,27
Q143
38,0
0,26
Q144
66,7
0,48
Q145
79,4
0,47
Q146
77,5
0,55
Q147
15,4
0,15
Questões
% acerto
rbis
Q148
64,1
0,36
Q149
56,2
0,38
Q150
74,6
0,47
Q151
21,8
0,17
Q152
55,6
0,42
Q153
39,7
0,28
Q154
35,4
0,27
Q155
45,3
0,35
Q156
18,8
0,17
Q157
44,4
0,35
Q158
65,5
0,54
Q159
46,6
0,37
Q160
28,4
0,29
Q161
44,1
0,39
Q162
59,9
0,44
Q163
37,7
0,34
Q164
25,7
0,22
Q165
50,6
0,33
Q166
61,8
0,45
Q167
41,2
0,39
Q168
61,7
0,52
Q169
42,6
0,36
Q170
34,1
0,32
Q171
51,4
0,46
Q172
48,8
0,30
Q173
34,9
0,29
Q174
30,8
0,22
Q175
57,2
0,38
Q176
45,4
0,38
Q177
52,7
0,37
Q178
67,4
0,43
Q179
34,8
0,26
Q180
67,2
0,45
Q181
56,5
0,39
Q182
11,6
0,10
Q183
54,2
0,43
Q184
25,5
0,18
Q185
31,4
0,27
Q186
38,0
0,25
Q187
76,7
0,44
Q188
33,6
0,22
Q189
30,0
0,24
Q190
65,1
0,45
Q191
43,6
0,39
Q192
67,0
0,42
Q193
73,2
0,51
Questões
% acerto
rbis
Q194
38,9
0,33
Q195
32,8
0,23
Q196
53,6
0,39
Q197
61,3
0,43
Q198
42,2
0,33
Q199
38,1
0,31
Q200
77,4
0,52
Q201
55,7
0,34
Q202
77,1
0,40
Q203
54,6
0,33
Q204
46,3
0,26
Q205
48,3
0,22
Q206
33,4
0,19
Q207
92,8
0,54
Q208
63,2
0,30
Q209
51,1
0,27
Q210
63,3
0,32
Q211
11,9
0,18
Q212
68,3
0,32
Q213
69,5
0,38
Q214
30,6
0,20
Q215
53,1
0,32
Q216
81,4
0,42
Q217
69,2
0,24
Q218
82,9
0,48
Q219
24,2
0,20
Q220
65,3
0,39
Q221
51,1
0,23
Q222
40,3
0,14
Q223
63,6
0,36
Q224
57,2
0,32
Q225
69,1
0,35
213
Anexo XIV Índices da TRI para as provas do concurso do Banco e da S/A.
Índices da TRI para a prova do cargo da área fim da S/A
Questão
a
b
Q001
0,49
1,32
Q002
0,52
0,45
Q003
0,56
0,57
Q004
0,24
0,29
Q005
0,25
-0,81
Q006
0,42
1,13
Q007
0,27
0,87
Q008
0,22
1,45
Q009
0,48
1,07
Q010
0,49
0,82
Q011
0,63
0,87
Q012
0,52
1,27
Q013
0,20
-2,84
Q014
0,29
-2,58
Q015
0,21
-5,06
Q016
0,12
1,37
Q017
0,28
-4,27
Q018
0,18
-2,83
Q019
0,25
-4,43
Q020
0,20
-4,36
Q021
0,28
-3,60
Q022
0,22
-1,42
Q023
0,32
-0,12
Q024
0,43
0,86
Q025
0,17
1,15
Q026
0,18
-1,98
Q027
0,21
-5,35
Q028
0,34
-2,07
Q029
0,12
3,69
Q030
0,35
-0,42
Q031
0,17
-1,13
Q032
0,25
-3,07
Q033
0,29
-4,69
Q034
0,37
-3,01
Q035
0,17
-2,85
Q036
0,26
-1,29
Q037
0,24
-1,53
Q038
0,39
-2,78
Q039
0,30
-3,58
Q040
0,25
-2,84
Q041
0,18
2,31
Q042
0,15
-3,89
Q043
0,10
0,89
Q044
0,16
1,90
Q045
0,17
-2,58
Q046
0,54
0,80
Questão
a
b
Q047
0,46
-0,77
Q048
0,45
1,97
Q049
0,36
-0,87
Q050
0,35
-2,73
Q051
0,22
-3,61
Q052
0,21
-6,91
Q053
0,19
-3,64
Q054
0,27
2,70
Q055
0,28
-2,65
Q056
0,13
-2,30
Q057
0,17
-1,02
Q058
0,21
-5,95
Q059
0,44
-1,64
Q060
0,11
-6,23
Q061
0,36
-5,47
Q062
0,17
-0,59
Q063
0,27
-2,81
Q064
0,25
-4,68
Q065
0,31
0,72
Q066
0,38
-0,40
Q067
0,21
-2,80
Q068
0,30
-5,80
Q069
0,18
8,38
Q070
0,19
-1,73
Q071
0,09
8,71
Q072
0,33
-4,36
Q073
0,24
-4,15
Q074
0,46
-2,23
Q075
0,18
4,19
Q076
0,26
-0,78
Q077
0,29
-3,73
Q078
0,35
-1,30
Q079
0,34
-5,71
Q080
0,47
-4,77
Q081
0,22
5,54
Q082
0,38
0,97
Q083
0,31
0,68
Q084
0,40
-0,96
Q085
0,39
-0,47
Q086
0,38
-0,26
Q087
0,42
0,85
Q088
0,44
0,54
Q089
0,38
-0,89
Q090
0,22
2,72
Q091
0,68
0,01
Q092
0,57
0,35
Questão
a
b
Q093
0,38
-0,16
Q094
0,37
0,34
Q095
0,15
-3,16
Q096
0,10
-2,29
Q097
0,09
-2,36
Q098
0,23
-0,89
Q099
0,28
-2,43
Q100
0,30
2,06
Q101
0,36
-1,41
Q102
0,28
1,20
Q103
0,41
1,26
Q104
0,22
0,18
Q105
0,24
-2,02
Q106
0,26
3,00
Q107
0,22
2,59
Q108
0,26
0,17
Q109
0,30
2,52
Q110
0,34
0,48
Q111
0,34
-0,24
Q112
0,15
4,45
Q113
0,17
2,18
Q114
0,34
-0,46
Q115
0,41
-3,15
Q116
0,23
-3,26
Q117
0,32
-0,56
Q118
0,41
0,40
Q119
0,37
-1,29
Q120
0,26
4,06
Q121
0,11
2,85
Q122
0,24
-4,80
Q123
0,17
3,14
Q124
0,36
-1,83
Q125
0,26
0,90
Q126
0,29
1,25
Q127
0,47
-4,31
Q128
0,15
2,54
Q129
0,25
1,34
Q130
0,14
-2,35
214
Índices da TRI para a prova do cargo da área meio da S/A
Questão
a
b
Q01
0,34
-3,34
Q02
0,42
-1,22
Q03
0,25
-0,31
Q04
0,05
4,84
Q05
0,26
0,99
Q06
0,46
-2,40
Q07
0,11
5,07
Q08
0,34
-1,54
Q09
0,24
1,62
Q10
0,10
-0,17
Q11
0,23
-0,51
Q12
0,06
13,35
Q13
0,04
11,00
Q14
0,69
-3,63
Q15
0,36
-5,37
Q16
0,37
-1,57
Q17
0,35
-3,53
Q18
0,74
-3,54
Q20
0,44
-3,95
Q21
0,40
-3,06
Q22
0,24
-5,15
Q23
0,53
-2,31
Q24
0,38
-3,19
Q25
0,46
-1,93
Q26
0,71
-3,02
Q27
0,44
-1,53
Q28
0,42
-0,57
Q29
0,40
-1,17
Q30
0,15
-5,06
Q31
0,45
-4,00
Q32
0,23
-5,17
Q33
0,20
-2,61
Q34
0,33
-4,77
Q35
0,35
-4,08
Q36
0,44
-3,88
Q37
0,32
-3,26
Questão
a
b
Q38
0,32
-2,07
Q39
0,35
-0,87
Q40
0,24
-2,80
Q41
0,24
-2,79
Q42
0,12
-7,15
Q43
0,03
-10,66
Q44
0,47
-2,87
Q45
0,18
-7,62
Q46
0,11
-4,12
Q47
0,49
-2,65
Q48
0,71
-3,04
Q49
0,50
-0,25
Q50
0,17
4,43
Q51
0,25
2,30
Q52
0,05
-11,87
Q53
0,31
0,21
Q54
0,24
-6,13
Q55
0,14
-8,37
Q56
0,25
-0,33
Q57
0,57
-3,03
Q58
0,06
-19,75
Q59
0,35
-2,48
Q60
0,31
2,36
Q61
0,28
-4,19
Q62
0,37
0,70
Q63
0,30
-0,90
Q64
0,47
-3,83
Q65
0,22
-7,65
Q66
0,31
-1,52
Q67
0,08
6,38
Q68
0,25
-0,89
Q69
0,59
-0,97
Q70
0,39
-1,69
Q71
0,37
-2,46
Q72
0,18
-1,14
Q73
0,41
0,53
Questão
a
b
Q74
0,20
-3,54
Q75
0,41
-2,59
Q76
0,43
0,12
Q77
0,53
-3,34
Q78
0,46
-2,78
Q79
0,36
-1,97
Q80
0,39
-1,50
Q81
0,61
-1,26
Q82
0,37
0,10
Q83
0,24
-0,63
Q84
0,49
-2,63
Q85
0,08
-6,78
Q86
0,42
-2,16
Q87
0,06
6,61
Q88
0,51
-1,65
Q90
0,56
-0,82
Q91
0,32
0,02
Q92
0,35
-0,49
Q93
0,49
-3,53
Q94
0,28
-1,47
Q95
0,05
6,49
Q96
0,03
15,26
Q97
0,17
2,02
Q98
0,03
11,30
Q99
0,03
14,41
Q100
0,08
7,57
215
Índices da TRI para a prova do cargo da área fim do Banco
Questão
a
b
Q101
0,22
-0,10
Q102
0,27
-0,91
Q103
0,31
-0,25
Q104
0,40
-1,32
Q105
0,20
2,57
Q106
0,33
-2,76
Q107
0,32
-2,11
Q108
0,30
-2,21
Q109
0,37
-1,87
Q110
0,29
-1,38
Q111
0,13
2,46
Q112
0,22
0,04
Q113
0,28
-1,16
Q114
0,36
-2,03
Q115
0,19
1,57
Q116
0,30
-0,89
Q117
0,30
-0,58
Q118
0,21
0,78
Q119
0,21
0,94
Q120
0,24
-0,52
Q121
0,34
-1,28
Q122
0,40
-1,17
Q124
0,23
-2,71
Q125
0,46
-1,06
Q126
0,32
-1,96
Q127
0,46
-1,47
Q128
0,23
1,10
Q129
0,38
-0,05
Q130
0,36
-0,63
Q131
0,11
6,37
Q132
0,47
-1,40
Q133
0,51
-1,44
Q134
0,20
1,18
Q135
0,11
6,94
Q136
0,56
-1,95
Q137
0,45
-1,64
Q138
0,49
-1,43
Q139
0,61
-2,22
Q140
0,35
-1,26
Q141
0,37
-1,19
Q142
0,25
0,59
Q143
0,25
1,20
Q144
0,46
-0,97
Q145
0,47
-1,90
Q146
0,58
-1,46
Q147
0,11
9,19
Q148
0,39
-0,93
Q149
0,39
-0,38
Q150
0,50
-1,42
Q151
0,14
5,53
Q152
0,55
-0,23
Q153
0,38
0,74
Q154
0,31
1,24
Questão
a
b
Q155
0,41
0,34
Q156
0,17
5,20
Q157
0,41
0,40
Q158
0,73
-0,59
Q159
0,54
0,23
Q160
0,32
1,82
Q161
0,46
0,39
Q162
0,57
-0,43
Q163
0,39
0,87
Q164
0,24
2,67
Q165
0,39
0,00
Q166
0,60
-0,51
Q167
0,60
0,47
Q168
0,74
-0,40
Q169
0,44
0,48
Q170
0,33
1,29
Q171
0,67
0,01
Q172
0,37
0,12
Q173
0,31
1,26
Q174
0,19
2,53
Q175
0,46
-0,38
Q176
0,56
0,28
Q177
0,49
-0,10
Q178
0,49
-0,96
Q179
0,24
1,60
Q180
0,53
-0,88
Q181
0,37
-0,42
Q182
0,07
16,29
Q183
0,52
-0,17
Q184
0,23
2,84
Q185
0,28
1,72
Q186
0,21
1,41
Q187
0,47
-1,66
Q188
0,20
2,07
Q189
0,22
2,34
Q190
0,51
-0,79
Q191
0,44
0,42
Q192
0,44
-1,03
Q193
0,57
-1,18
Q194
0,33
0,88
Q195
0,22
2,01
Q196
0,49
-0,15
Q197
0,52
-0,56
Q198
0,44
0,51
Q199
0,32
0,97
Q200
0,55
-1,50
Q201
0,31
-0,44
Q202
0,42
-1,85
Q203
0,31
-0,35
Q204
0,23
0,41
Q205
0,28
0,17
Q206
0,15
2,75
Q207
0,48
-3,53
Questão
a
b
Q208
0,26
-1,28
Q209
0,23
-0,10
Q210
0,31
-1,07
Q211
0,21
5,77
Q212
0,32
-1,47
Q213
0,39
-1,33
Q214
0,24
2,11
Q215
0,34
-0,20
Q216
0,40
-2,38
Q217
0,26
-1,89
Q218
0,47
-2,23
Q219
0,25
2,83
Q220
0,41
-0,96
Q221
0,26
-0,08
Q222
0,18
1,31
Q223
0,33
-1,04
Q224
0,28
-0,61
Q225
0,37
-1,38
1
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo