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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
Maria Mônica Lacerda Martins Lúcio
AVALIAÇÃO PRELIMINAR DO EFEITO DA CARCINICULTURA SOBRE O
SEDIMENTO DE UM TRECHO DO RIO DA RIBEIRA, SANTA RITA-PB
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
João Pessoa
PB
-
Brasil
Novembro
/
2009
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Dissertação submetida ao programa de
Pós-Graduação em química da
Universidade Federal da Paraíba, como
requisito parcial à obtenção do título de
Mestre em Química, área de concentração
Química Analítica
AVALIAÇÃO PRELIMINAR DO EFEITO DA CARCINICULTURA SOBRE O
SEDIMENTO DE UM TRECHO DO RIO DA RIBEIRA, SANTA RITA-PB
Orientadora: Profa. Dra. Teresa Cristina Bezerra Saldanha
2º Orientadora: Profa. Dra. Ilda Antonieta Salata Toscano
João Pessoa
PB
-
Brasil
Novembro/2009
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L938a Lúcio, Maria Mônica Lacerda Martins.
Avaliação preliminar do efeito da carcinicultura sobre o sedimento de um trecho
do Rio da Ribeira, Santa Rita-PB / Maria Mônica Lacerda Martins Lúcio. - - João
Pessoa: [s.n], 2009.
51f.: il.
Orientadora: Teresa Cristina Bezerra Saldanha.
Co-orientadora: Ilda Antonieta Salata Toscano.
Dissertação (Mestrado) – UFPB/CCEN.
Aos meus pais, João e Maria pela formação
e incentivo em todos os momentos.
Aos meus irmãos, em especial a Valdomiro
pelo apoio e confiança.
Ao meu marido, Ednaldo pelo seu amor e
paciência.
Com amor,
Dedico
AGRADECIMENTOS
- A Deus, tudo na minha vida;
- À minha família, em especial aos meus pais, João e Maria pelo amor, apoio
e confiança;
- Ao meu marido, Ednaldo pelo amor e paciência;
- À professora Dra. Teresa Saldanha pela orientação, amizade e
principalmente por sempre está presente e pronta a ajudar;
- À professora Dra. Ilda Toscano por todas as contribuições a esse trabalho e
pela amizade;
- À minha amiga, Aline Anjos por sua amizade e colaboração imprescindível
para realização desse trabalho;
- À professora Vania Medeiros por minha iniciação no mundo da ciência;
- Ao professor Mário Ugulino pelo grande apoio ao nosso grupo de pesquisa;
- À professora Regiane pelo apoio e confiança;
- Aos colaboradores do LACOM, em especial a Raul pela ajuda na realização
de algumas medidas;
- Aos colegas Martinelly e Célio pela contribuição na realização das medidas;
- Aos amigos do LEQA e do LAQA, que contribuíram direta ou indiretamente
para realização desse trabalho;
- À Capes/UFPB pela bolsa concedida.
VII
RESUMO
A carcinicultura tem sido considerada uma atividade econômica
promissora na Região Nordeste do Brasil. Todavia, sua prática a médio e
longo prazo, pode trazer prejuízos ao meio ambiente, pois em várias
fazendas de cultivo de camarão os tanques foram construídos em áreas de
manguezais e os resíduos gerados pela atividade, podem comprometer a
qualidade da água e/ou do sedimento de corpos d´água receptores de
seus efluentes. Visando contribuir com informações técnicas e científicas
sobre os efeitos da carcinicultura, este trabalho teve como objetivo geral
avaliar a influência da carcinicultura nos teores de Ca e Zn sobre o
sedimento de um trecho do Rio da Ribeira, Santa Rita/PB. Foram
analisadas 90 amostras coletadas no período de novembro de 2007 a
fevereiro de 2009 e foram avaliados os parâmetros pH, matéria orgânica,
condutividade e os teores dos metais Ca e Zn. O tratamento dos dados foi
feito aplicando-se métodos quimiométricos univariados e multivariados
(HCA e PCA). A partir dos resultados e levando-se em conta as variáveis
medidas e o trecho do rio estudado, verificou-se que não há evidência de
que o efluente de carcinicultura até o presente, esteja afetando as
características do sedimento do rio da Ribeira.
Palavras-Chave: Sedimento, Carcinicultura, Quimiometria
VIII
ABSTRACT
Shrimp farming has been considered a promising economic activity in the
Northeast of Brazil. However, its practice in the medium and long term,
can harm the environment, as in several farms shrimp ponds were built in
mangrove areas and the waste generated by the activity, may
compromise the water quality and/or sediment of the receiver of their
effluent. In order to provide technical and scientific information on the
effects of carciniculture, this paper's main aim was to evaluate the
influence of shrimp farming in the levels of Ca and Zn on the sediment of
a stretch of the Ribeira River, Santa Rita/PB. Were analyzed 90 samples
collected between November 2007 and February 2009 and were analysed
for pH, organic matter, conductivity and also for metal contents Ca and
Zn. The data treatment was done by applying chemometric analysis
univariate and multivariate (HCA and PCA). From the results taking into
account the variables measured and the stretch of river studied, it was
found that there is no evidence that the effluent from shrimp farming, to
date, is affecting the characteristics of the sediment of Ribeira River.
Keywords: Sediment, Shrimp farming, chemometrics
IX
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1 – Vegetação típica de manguezal, Rhizophora mangle
(a) e vários indivíduos da espécie Uca maracoane se
alimentando durante a maré baixa.
1
Figura 2 – Camarão Marinho Litopenaeus vannamei.
3
Figura 3 Localização do Rio da Ribeira. (Fonte: DNIT – Mapa
Rodoviário do Estado da Paraíba)
18
Figura 4 Fotografia da área do estudo com os pontos de coleta
de amostras. Le
g
enda: M = montante, V = viveiro,
J = jusante.
19
Figura 5 – Bandeja com ração para camarão.
20
Figura 6 – Foto do ponto de coleta a montante (M) do viveiro.
21
Figura 7 – Foto do ponto de coleta a jusante (J) do viveiro.
21
Figura 8 – Foto do ponto de coleta viveiro (V).
22
Figura 9 – Curva analítica construída para determinação de Ca.
28
Figura 10 – Gráfico de resíduos da curva analítica para Ca.
28
Figura 11 – Curva analítica construída para determinação de Zn.
29
Figura 12 – Gráfico de resíduos da curva analítica para Zn.
30
Figura 13 – Variação de pH no período de Nov/07 a Fev/2009 nos
pontos de coleta (montante, jusante e viveiro).
31
Figura 14 – Variação de condutividade no período de Nov/07 a
Fev/2009 nos pontos de coleta (montante, jusante e
viveiro).
32
IX
Figura 15 Variação de matéria orgânica no período de Nov/07 a
Fev/2009 nos pontos de coleta (montante, jusante e
viveiro).
33
Figura 16 – Variação de Ca no período de Nov/07 a Fev/2009 nos
pontos de coleta (montante, jusante e viveiro)
34
Figura 17 – Variação de Ca no período de Nov/07 a Fev/2009 nos
pontos de coleta (a montante e a jusante)
35
Figura 18 – Variação de Zn no período de Nov/07 a Fev/2009 nos
pontos de coleta (montante, jusante e viveiro).
36
Figura 19 Dendrograma das médias das amostras dos pontos M,
J e V, utilizando o Método de Ward’s e Distância
Euclidiana.
38
Figura 20 – Dendrograma das variáveis pH, MO, condutividade, Ca
e Zn, utilizando o Método de Li
g
a
ç
ão Simples e
Distância de Pearson.
39
Figura 21 Gráfico dos escores de todas as amostras. O modelo
construído com 4 PC’s utilizando validação cruzada.
40
Figura 22 Gráfico dos pesos de PC1 x PC2 para o conjunto
completo de amostras e variáveis (90 amostras e 5
variáveis).
41
Figura 23 – Gráfico dos escores das amostras de montante e
jusante. O modelo construído com 4 PC’s utilizando
validação cruzada.
42
Figura 24 Gráfico dos pesos de PC1 x PC2 para o conjunto de
amostras (montante e jusante) e variáveis (60
amostras e 5 variáveis).
43
XII
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 – Composição da ração para camarões. 5
Tabela 2 Análise da variância para o ajuste de um modelo
linear (curva analítica de Ca).
29
Tabela 3 Análise da variância para o ajuste de um modelo
linear (curva analítica de Zn).
30
Tabela 4 Matriz de correlação entre as variáveis pH, MO,
Condutividade, Ca e Zn.
36
XIII
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ABCC Associação Brasileira de Criadores de Camarão
APHA
American Public Health Association
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte
EPA Environmental Protection Agency
HCA Análise Hierárquica de Agrupamentos
IBAMA
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
J Jusante
M Montante
PCA Análise de Componentes Principais
V Viveiro
XV
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. Ecossistema Manguezal 1
1.2. Carcinicultura 2
1.3. Sedimentos 6
1.4. Parâmetros monitorados e sua importância 9
1.4.1. Matéria Orgânica (MO) 10
1.4.2. pH 11
1.4.3. Condutividade 12
1.4.4. Metais 12
1.5. Quimiometria Aplicada a Dados Ambientais 13
2. OBJETIVOS 17
2.1. Objetivo Geral 17
2.2. Objetivos Específicos 17
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL 18
3.1. Localização da área de estudo 18
3.2. Sistema de renovação de água 19
3.3. Alimentação dos camarões 20
3.4. Plano de Amostragem 21
3.5. Parâmetros Analisados 23
3.5.1. Determinação de MO 23
3.5.2. Determinação de pH 24
3.5.3. Determinação de Condutividade 24
3.5.4. Determinação de Metais Pseudototais 25
3.5.4.1. Limpeza da vidraria 25
3.5.4.2. Método de digestão dos metais 25
3.5.4.3. Construção das Curvas Analíticas 26
XV
3.6. Softwares 26
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 27
4.1. Validação de curvas analíticas 27
4.2. Análise univariada dos dados 31
4.3. Análise multivariada dos dados 37
4.3.1. HCA 37
4.3.2. PCA 40
5. CONCLUSÕES 44
6. PROPOSTAS FUTURAS 45
7. REFÊRENCIAS 46
INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
1.1. Ecossistema Manguezal
O crescimento industrial e a ocupação desordenada das grandes
cidades têm provocado um aumento da poluição dos corpos hídricos, e
consequentemente, acentuado o interesse por estudos que tratam de
ecossistemas aquáticos. Entre esses ecossistemas, destacam-se os
estuários, tendo em vista sua importância para o meio ambiente.
Na região estuarina, encontram-se os manguezais, que são
formações florestais que ocorrem no litoral tropical, no ponto de contato
entre o continente e o mar e constituem um dos ambientes mais
dinâmicos do planeta (ANJOS, 2009 apud LACERDA, 2006). Esse
ecossistema desempenha papel fundamental na estabilidade da
geomorfologia costeira, na conservação da biodiversidade e na
manutenção de amplos recursos pesqueiros, geralmente utilizados pela
população local. É um ambiente propício à produção de matéria orgânica,
o que garante alimento e proteção natural para a reprodução de diversas
espécies marinhas e estuarinas, como moluscos, crustáceos e peixes
(Figura 1) (LACERDA et al., 2005).
(a) (b)
Figura 1. Vegetação típica de manguezal, Rhizophora mangle (a) e vários indivíduos da
espécie Uca maracoane se alimentando durante a maré baixa (b).
1
INTRODUÇÃO
Os manguezais ocupam uma fração significativa do litoral brasileiro,
cerca de 92% da linha de costa (±6.800 km), estendendo-se do extremo
norte no Oiapoque, Estado do Amapá (4
o
30’N), até seu limite sul na Praia
do Sonho, em Santa Catarina (28
o
53’S). Na Paraíba, as áreas de
manguezal mais expressiva são a do rio Paraíba (região de
Cabedelo/Santa Rita) e a de Barra de Mamanguape (LACERDA et al.,
2005).
Apesar das áreas de manguezais serem consideradas áreas de
preservação permanente pela legislação brasileira (Art. 2º da lei 4771/65)
sua conservação encontra-se permanentemente ameaçada pelo uso
indiscriminado das mesmas, necessitando de monitoramento constante.
Dentre os usos do ecossistema manguezal nos estados da região
Nordeste, pode-se destacar a carcinicultura, cuja influência sobre esse
ecossistema é o foco do presente estudo.
1.2. Carcinicultura
A carcinicultura é o cultivo de camarões em cativeiro. Essa atividade
produtiva utiliza águas estuarinas para o seu desenvolvimento (o camarão
necessita de água dentro de certa faixa de salinidade para sua
sobrevivência e crescimento) e também como corpo receptor de seus
efluentes.
O Brasil está entre os principais países produtores de camarão em
cativeiro. A carcinicultura é uma atividade consolidada no Brasil, apesar
de apresentar apenas 3,3% (19.715 ha) do seu potencial explorado
(WEINBERG e ROCHA, 2009). Por suas condições climáticas,
hidrobiológicas e topográficas bastante favoráveis, o Brasil tem grande
potencial para esta atividade, destacando-se a Região Nordeste entre as
demais regiões brasileiras, por apresentar as melhores condições naturais
para o desenvolvimento do camarão.
2
INTRODUÇÃO
Entre as espécies de camarão cultivadas em cativeiro, a Litopenaeus
vannamei (Figura 2) tem se destacado por sua adaptação às condições
ambientais locais (PEIXOTO et al., 2005).
Figura 2. Camarão Marinho Litopenaeus vannamei
Fonte: http://bioindonesia.org/index.php/PT_Charoen_Pokphand_Indonesia
A importância econômica da carcinicultura é demonstrada por uma
receita da ordem de US$ 300 milhões alcançada em 2008. Além disso,
essa atividade também vem assumindo importância social crescente na
região Nordeste, que responde por 95% da produção nacional, gerando
cerca de 50.000 empregos (diretos e indiretos) (WEINBERG e ROCHA,
2009).
Apesar dos aspectos econômicos e sociais favoráveis, a
carcinicultura tem causado preocupação aos órgãos de proteção e controle
ambiental do Brasil (IBAMA, CONAMA), devido à possibilidade de causar
danos aos ecossistemas manguezais. Segundo JUNIOR (2006), entre os
problemas que provêm das ações da carcinicultura podem ser citados:
destruição de áreas manguezais, lagos e matas ciliares ao longo dos
rios;
alta concentração de matéria orgânica produzida pelas fezes do
camarão e pelos restos de ração;
a redução e extinção de numerosas espécies;
extinção de áreas de mariscagem, pesca e captura de caranguejos;
3
INTRODUÇÃO
desestruturação paisagística, geoambiental e ecodinâmica do
ecossistema manguezal;
danos ambientais cumulativos ao longo das bacias hidrográficas;
contaminação dos sedimentos por metais pesados que podem ser
disponibilizados na cadeia alimentar.
A ração administrada aos camarões, como complemento ao alimento
natural presente no viveiro, tem despertado preocupação devido à
presença, em sua composição, de vários compostos orgânicos e
inorgânicos que podem contribuir para o enriquecimento de matéria
orgânica e metais dissolvidos que em elevadas concentrações tornam o
ambiente prejudicial à comunidade aquática (OLIVEIRA, 2006 apud
CARVALHO, 2004; ANJOS, 2009 apud NUNES, 2000). Entretanto, os
efeitos da ração têm sido minimizados pela utilização de bandejas para o
arraçoamento, que é uma forma reduzir a carga poluidora nas fazendas de
cultivo de camarão.
Na tabela 1 é mostrada a composição da ração administrada aos
camarões. Dentre os constituintes presentes na ração, destacam-se
alguns metais, como Ca e Zn. Estudos têm sido direcionados para a
análise de metais em vários ambientes naturais, como rios, estuários,
entre outros, principalmente por serem espécies químicas não
biodegradáveis; porém poucos trabalhos (BARROS, 2006; OLIVEIRA,
2006) tratam da análise desses metais em ambientes que sofrem
influência da atividade de carcinicultura.
4
INTRODUÇÃO
Tabela 1. Composição da ração para camarões.
Minerais Enriquecimento por Kg da Ração
Umidade (max.) 13%
Proteína Bruta (min.) 35%
Extrato Etéreo(min.) 8%
Fibra (max.) 6%
Cinzas (max.) 13%
Cálcio (max.) 3%
Fósforo (min.) 0,7%
Magnésio (g) 0,4
Manganês (mg) 10
Cobre (mg) 50
Zinco (mg) 100
Iodo (mg) 0,3
Selênio (mg) 0,15
Vitamina A (UI) 3800
Vitamina D3 (UI) 1900
Vitamina E (UI) 140
Vitamina K (mg) 20
Ácido Fólico (mg) 7
Colina (mg) 1400
Biotina (mg) 0,20
Niacina (mg) 130
Pantotenato de Cálcio (mg) 40
Tiamina (mg) 15
Riboflavina (mg) 20
Piridoxina (mg) 20
Vitamina B12(mcg) 20
Vitamina C (mg) 130
Fonte: Purina do Brasil (http://www.nutrimentospurina.com.br/
produtos_camaroes_linha.asp, acessado em 13/11/09)
Embora a importância do tema abordado seja inequívoca, a maioria
dos dados existentes na literatura referem-se à expansão desordenada da
carcinicultura que causou graves danos ambientais em países como a Ásia
(COELHO JUNIOR e NOVELLI, 2009). Entretanto, vale ressaltar que no
Brasil e principalmente na Paraíba, poucos dados são encontrados acerca
dessa atividade praticada em ambiente de manguezal.
5
INTRODUÇÃO
1.3. Sedimentos
Sedimentos são materiais sólidos depositados no leito dos lagos e
reservatórios por carreamento pelas enxurradas, por deposição de matéria
orgânica em decomposição, entre outros. Os sedimentos são considerados
de grande importância na avaliação do nível de contaminação dos
ecossistemas aquáticos (COTTA et al., 2006 apud LIMA et al., 2001), pois
o que é acumulado no sedimento atua como um testemunho do que
ocorreu na coluna d’água.
Há pelo menos três décadas, os sedimentos já não têm sido
considerados somente ambientes de deposição de espécies químicas, mas
um compartimento aquático ativo que desempenha um papel fundamental
na redistribuição dessas espécies à biota aquática (BEVILACQUA et al.,
2009 apud MORTIMER et al., 1943), ou seja, possui capacidade de
acumular e transportar espécies químicas, assim como liberá-las no
ambiente. Essa liberação de poluentes incorporados ao sedimento ocorre
devido a variações nas características físicas e químicas do meio, como
pH, salinidade, potencial redox, entre outros (HORTELLANI et al., 2008;
SARAIVA et al., 2009).
Além de parâmetros como matéria orgânica (MO), pH, capacidade
de troca catiônica (CTC), muitos estudos estão direcionados para a análise
de metais em sedimentos, principalmente por serem espécies químicas
que podem seguir na cadeia trófica, absorvidos por animais e vegetais e,
consequentemente, causar danos à saúde humana. Os metais pesados
estão associados com a MO na fração fina dos sedimentos ou adsorvidos
nos hidróxidos ou óxidos de ferro e manganês, ou então precipitados
como hidróxidos, sulfetos ou carbonatos (SANTOS et al., 2008).
A maioria dos estudos do comportamento de metais nos sedimentos
está voltada para o desenvolvimento de pesquisas em métodos de
extração, principalmente das técnicas de extração sequencial (OLIVEIRA,
2006; BEVILACQUA et al., 2009). Elas fornecem informações detalhadas
acerca da origem, modo de ocorrência, disponibilidade biológica e físico-
6
INTRODUÇÃO
química, mobilização e transporte de metais traço (ISHIKAWA et al.,
2009). Na extração sequencial, as formas extraíveis dos elementos traços
são determinadas. A amostra é tratada com uma sucessão de reagentes
extratores, com a intenção específica de dissolver suas diferentes frações
e assim, determinar os metais associados. De um modo geral, os
extratores parciais podem ser classificados em concentrados de eletrólitos
inertes, ácidos fracos, agentes redutores, agentes complexantes, agentes
oxidantes e ácidos minerais fortes. Cada extrator seqüencialmente
adicionado tem uma ação química mais drástica e de diferente da
anterior. A progressão tem início utilizando-se um extrator fraco, como
água, e termina com um extrator forte, como um ácido concentrado
(OLIVEIRA, 2006 apud FERREIRA, 2003).
Alguns problemas referentes aos métodos de extração sequencial,
têm sido apontados como: seletividade dos reagentes, falta de
concordância entre os resultados, principalmente para sedimentos
anóxidos, entre outros (BEVILACQUA et al., 2009 apud KERSTEN e
FORSTNER, 1986; KHEBOIAN e BAUER, 1987); porém, essa ainda é a
única forma de avaliar a distribuição dos metais entre as fases
geoquímicas do sedimento.
Outro método de extração que está sendo utilizado em estudos de
metais em sedimento é o recomendado pela norma 3050-EPA
(Environmental Protection Agency) (SARAIVA et al., 2009; COTTA, 2003).
Esse método não trata da digestão total dos elementos, mas de uma
digestão ácida capaz de solubilizar elementos que poderão ser
ambientalmente disponíveis (SARAIVA et al., 2009). Nesse método, não é
possível digerir metais que estejam fortemente ligados ao sedimento,
como aqueles que se complexam com a sílica, que precisariam de um
oxidante mais forte, por exemplo, o ácido fluorídrico. Por esse motivo, os
metais extraídos por esse método são chamados pseudototais e
representam apenas o ponto de partida dos estudos (ISHIKAWA et al.,
2009) para uma avaliação geral dos contaminantes metálicos presentes
no ambiente.
7
INTRODUÇÃO
BEVILACQUA et al. (2009) aplicaram o método de extração
sequencial proposto por Kersten e Forstner para determinar os níveis de
concentração de metais nas suas diversas frações em sedimento de fundo
do Rio Tietê-SP.
COTTA (2006) aplicaram o método de extração 3050-EPA para
quantificar a poluição por metais pesados, além de outras análises em
sedimento do Rio Betari-SP, a fim de reunir dados sobre o impacto
ambiental e suas complexas relações com as atividades econômicas.
BORGES et al. (2007) buscaram investigar a distribuição dos metais
Fe, Cu e Pb em sedimentos ao longo de uma área de manguezal com
diferentes níveis de degradação, localizada no noroeste da Baía de
Guanabara-RJ.
Vale salientar que a literatura registra poucos trabalhos que tratam
especificamente da carcinicultura praticada na região Nordeste (OLIVEIRA,
2006 e ANJOS, 2009).
OLIVEIRA (2006) estudou o comportamento de Cu, Fe e Zn em
diferentes frações em amostras de sedimento de rio, receptor de efluente
de carcinicultura na Paraíba.
ANJOS (2009) avaliou o impacto da carcinicultura sobre a qualidade
da água de rio, receptor de efluente de carcinicultura na Paraíba.
Considerando que segundo LACERDA et al. (2005) diferenças
fisiográficas e de uso e ocupação do solo fazem com que cada região seja
considerada como única, ainda se tem muito pouca informação acerca dos
ecossistemas manguezais da nossa região que sofrem influência dessa
atividade.
Com base no que foi apresentado até o momento, justifica-se a
necessidade de estudar a variação dos teores de metais que fazem parte
da ração administrada aos camarões, a fim de avaliar possíveis acúmulos
dos mesmos no sedimento. Outras variáveis como pH, condutividade e
MO, que influenciam na biodisponibilidade e no transporte desses metais
também devem ser considerados nessa avaliação.
8
INTRODUÇÃO
1.4. Parâmetros monitorados e sua importância
O sedimento está intimamente relacionado com os processos que
acontecem com a água nas unidades de cultivo de camarão, sejam estas
de água doce ou água salgada (ARANA, 2004). Algumas condições físicas
e químicas da água são imprescindíveis para sobrevivência dos camarões
em tanques de cultivo. Para avaliação da qualidade da água nesse
ambiente faz-se necessário também uma avaliação na qualidade do
sedimento que participa de alguns processos, como troca de nutrientes
com a água e reciclagem da matéria orgânica que sedimenta e depois é
devolvida à água na forma de organismos bentônicos e nutrientes.
No Brasil não há uma legislação específica para monitoramento de
qualidade de sedimento, mas alguns estudos utilizam critérios
interpretativos para avaliar sua qualidade (NASCIMENTO e MOZETO,
2008; SIDDIQUE et al., 2009; ISHIKAWA et al., 2009; HORTELLANI et al.,
2008).
O primeiro critério foi estabelecido pela legislação canadense e foi
adotado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo-CETESB, o
qual definiu dois limites e três faixas para sedimentos de águas salobras e
salinas: o TEL (Threshold Effect Level), indica o nível abaixo do qual não
ocorre efeito adverso à comunidade biológica; o PEL (Probable Effect
Level), nível acima do qual há a ocorrência de efeito adverso à
comunidade biológica e a faixa entre o TEL e o PEL, indica possível
ocorrência de efeito adverso à comunidade biológica (HORTELLANI et al.,
2008).
O segundo é o critério americano que é adotado pelo Conselho
Nacional do Meio Ambiente-CONAMA (para sedimentos a serem
dragados). Segundo esse critério, também foram definidos dois limites e
três faixas para estabelecer a qualidade de sedimentos: o ERL (effects
range-low) que indica o limite de concentração abaixo do qual os
sedimentos raramente são tóxicos; o ERM (effects range-medium) que
indica que os sedimentos são tóxicos, quando algum elemento metálico
9
INTRODUÇÃO
ultrapassa esse valor e a faixa entre o ERL e o ERM, que indica que os
sedimentos possivelmente são tóxicos (HORTELLANI et al., 2008 apud
LONG et al., 1995).
Porém, é importante destacar a grande relevância de estudos que
buscam gerar um banco de dados regional (NASCIMENTO e MOZETO,
2008) e que poderão servir de subsídio para órgãos ambientais
estabelecerem normas mais realistas, uma vez que cada região apresenta
características próprias.
Vindo de encontro a essa necessidade, para o presente trabalho
alguns parâmetros foram escolhidos para uma investigação preliminar da
influência da ração administrada aos camarões nos sedimentos que
recebem efluente de carcinicultura. Esses parâmetros e suas respectivas
relevâncias são indicados a seguir.
1.4.1. Matéria Orgânica (MO)
A MO engloba todos os elementos vivos e não vivos que contêm
compostos de carbono. Ela pode ser natural, viva ou proveniente de
compostos de origem antrópica. Cerca de 20% da MO natural nos
ecossistemas naturais consistem de compostos orgânicos com estrutura
química definida, como carboidratos, aminoácidos e hidrocarbonetos. Os
80% restantes correspondem à massa de MO detrítica, pertencente a um
grupo de estrutura química indefinida, com tempo de residência mais
longo no ambiente e relativamente resistente à degradação, que é
chamada de matéria orgânica refratária (ROCHA et al, 2004 apud BUFFLE,
1990). A MO exerce papel importante no transporte, na biodisponibilidade
e na complexação de nutrientes e de metais pesados que podem estar
associados com ela na fração fina dos sedimentos (SANTOS et al., 2008 e
SENA et al., 2000).
10
INTRODUÇÃO
1.4.2. pH
Segundo ARANA (2004), o pH varia de acordo com o tipo de solo.
Solos orgânicos (que apresentam cor escura e cheiro forte) tenderão a pH
ácidos, próximos de 4; solos argilosos, são em geral menos ácidos e solos
arenosos, apresentarão condições bem mais amenas que os anteriores.
O pH de sedimentos de fundo em ambientes naturais, bem como em
tanques de cultivo de camarão, é um parâmetro importantíssimo pois,
devido às suas interações com outras variáveis pode provocar mudanças
físicas e/ou químicas no sedimento. Por exemplo, a correlação entre pH e
oxigênio dissolvido (OD) é expressa pela Equação 1 (MANAHAN, 2000).
O
2
+ 4H
+
+ 4e
-
2H
2
O (Equação 1)
Sedimentos ácidos associados à falta de oxigênio, fazem com que a MO
que se deposita no fundo dos tanques de cultivo seja reciclada muito
devagar, uma vez que para oxidá-la é necessário a presença de oxigênio,
conforme a Equação 2 (MANAHAN, 2000).
{CH
2
O} + O
2
CO
2
+ H
2
O (Equação 2)
onde:
{CH
2
O} significa matéria orgânica
A reciclagem lenta faz com que a matéria orgânica apodreça, levando à
produção de grandes quantidades de CO
2
, amônia e gás sulfídrico. Assim,
o pH do sedimento deve ser 7,5 ou maior para favorecer a decomposição
de matéria orgânica (ARANA, 2004 apud BOYD, 1992).
A alteração do pH, além de prejudicar a produtividade do cultivo,
pode influenciar na biodisponibilidade de contaminantes do sedimento
para a coluna d’água, como metais que se encontram na forma mais lábil
(COTTA et al., 2006; HORTELLANI et al., 2008).
11
INTRODUÇÃO
1.4.3. Condutividade
A condutividade elétrica indica a concentração de compostos iônicos
dissolvidos em solução. Em sedimento, a força iônica do meio pode fazer
com que metais se tornem disponíveis para a coluna d’água, tornando-se
um parâmetro importante (BEVILACQUA et al., 2009).
1.4.4. Metais
Os metais estudados, Ca e Zn, foram escolhidos por fazerem parte
da constituição da ração administrada aos camarões.
A avaliação do teor de Ca também é importante porque em geral
após a despesca do viveiro adiciona-se carbonato de cálcio para
neutralizar a acidez do sedimento. A calagem influi diretamente sobre a
composição do sedimento dos viveiros, sendo este o depósito de materiais
alóctones e autóctones, que por sua vez interferem nas condições da
qualidade da água dos viveiros (SIPAÚBA-TAVARES et al., 2006 apud
SONNENHOLZNER e BOYD, 2000).
O zinco é essencial ao desenvolvimento dos animais, tendo um
papel enzimático, estrutural e regulador em muitos sistemas biológicos.
Em pH moderadamente ácido (aproximadamente 6,5), esse metal
se complexa com a MO e com os minerais em suspensão (OLIVEIRA, 2006
apud RUSSEL, 1994). Em valores de pH ácido, o Zn se encontrará na sua
forma mais lábil.
Em ambientes não impactados, os metais estão presentes nos
ecossistemas aquáticos como resultado do intemperismo das rochas e dos
solos (MARIANI, 2006 apud LAWS, 1993) e dos transportes atmosféricos
(MARIANI, 2006 apud TUNDISI e STRASKRABA, 2000).
Alóctones: Materiais formados fora da área de deposição
12
Autóctones: Formado no próprio sítio deposicional
INTRODUÇÃO
1.5. Quimiometria Aplicada a Dados Ambientais
O meio ambiente se comporta de forma muito dinâmica e complexa
devido à variedade de espécies químicas e biológicas presentes e às
diversas interações entre elas. Este comportamento está relacionado com
as características fisiográficas, assim como de tudo que se encontra ao
seu redor. Por esse motivo, dados gerados desses ambientes são em geral
numerosos e, por isso mesmo, de mais difícil interpretação. Para melhor
visualização dos dados e para facilitar inferências a partir deles, são
aplicados métodos estatísticos uni e ou multivariados.
A análise univariada é limitada, pois trata cada variável
individualmente sem levar em conta as suas possíveis interações. Por
outro lado, a análise multivariada considera simultaneamente todos os
dados buscando correlações entre amostras e variáveis, possibilitando a
observação do comportamento do meio em estudo.
Essas técnicas são muito utilizadas em tratamento de dados do
compartimento água (ZIMMERMANN et al., 2008; BOUZA-DEANO et al.,
2008; KASI et al., 2009; SOJKA et al., 2008), porém ainda são pouco
exploradas para dados de sedimento, como os listados a seguir:
SENA et al. (2000) relatam um panorama geral das aplicações de
métodos quimiométricos (Análise de Componentes Principais - PCA,
Regressão por Mínimos Quadrados Parciais - PLS, entre outros) para
análise de solos.
ALOUPI e ANGELIDIS (2001) aplicaram HCA e matriz de correlação
a dados de metais, a fim de estudar o impacto de descargas urbanas em
amostras de sedimento de porto e áreas adjacentes à costa, na ilha de
Lesvos, na Grécia.
SAKAN et al. (2009) utilizaram HCA e PCA para avaliar a
acumulação de metais pesados em sedimentos de rio de Tisza, na
Hungria.
13
INTRODUÇÃO
VEGA et al. (2009) examinaram a influência de áreas urbanas e de
agricultura na concentração de metais pesados em solos de ambiente
estuarino.
SARAIVA et al. (2009) usaram PCA para avaliar a qualidade
ambiental da sub-bacia do Ribeirão Espírito Santo (afluente do rio São
Francisco), com base em critérios geoquímicos, biológicos e
ecotoxicológicos.
SANTOS et al. (2008) aplicaram HCA e PCA para avaliar a influência
de grandes reservatórios artificiais na mobilização de metais em
ambientes aquáticos do semi-árido brasileiro, em virtude da intensificação
da política de açudagem praticada pelos governos estaduais e federal.
REID e SPENCER (2009) usaram PCA e vários pré-tratamentos dos
dados para avaliar a variabilidade de metais em sedimentos estuarinos.
Com base no que foi descrito, observa-se a importância do uso de
técnicas quimiométricas, assim como a necessidade de mais investigação
sobre a matriz sedimento.
As técnicas quimiométricas multivariadas de reconhecimento de
padrões aplicadas neste trabalho foram HCA e PCA que serão brevemente
descritas aqui. Essas técnicas têm sido extensivamente detalhadas na
literatura (BEEBE, 1998; EINAX, 1997).
HCA examina as distâncias interamostras ou intervariáveis e
representa esta informação na forma de um gráfico bi-dimensional
chamado de dendrograma, com a vantagem de fornecer os resultados em
termos das variáveis originais (MEDEIROS, 2004).
PCA, em termos matemáticos, realiza uma decomposição da matriz
de dados originais ou pré-processados, X (m x n), em dois conjuntos:
escores (t) e pesos (p) que representam, respectivamente, as
coordenadas das amostras e a contribuição de cada variável ao longo dos
novos eixos que são chamados de componentes principais (PC). Os
valores dos pesos, que podem variar entre -1 a 1, correspondem ao co-
seno do ângulo entre a PC e os eixos das variáveis originais. Quanto maior
14
INTRODUÇÃO
for este valor em módulo, maior importância terá a variável na PC
(PONTES, 2009 apud BEEBE, 1998).
Em análises ambientais as técnicas quimiométricas HCA e PCA são
utilizadas para identificar grupos de elementos com comportamento
similar, assim como para visualizar o comportamento geral dos dados
(HORTELLANI et al., 2008, SANTOS et al., 2008, ZIMMERMANN et al.,
2008).
Na HCA, as amostras ou variáveis são agrupadas de acordo com a
similaridade entre elas, ou seja, aquelas que apresentam maior
similaridade química são agrupadas a uma menor distância.
Na PCA, as amostras ou variáveis são projetadas num sistema de
eixos ortogonais entre si, chamados de componentes principais (PC’s) e
são agrupadas de acordo com sua similaridade. Cada PC obtida carrega
parte da variância explicada dos dados, sendo que a maior variação deve
ser explicada nas primeiras PC’s.
No gráfico de escores pode-se observar a distribuição das amostras,
enquanto no gráfico de pesos observa-se a contribuição de cada variável
original nas diversas PC’s. Ainda é possível avaliar os dados em três
dimensões, proporcionando uma melhor visualização do seu
comportamento.
Em sistemas ambientais, sabe-se que as variáveis interagem
fortemente; porém, ocorrem diferenças nessas interações de acordo com
as condições geográficas, de uso e ocupação de cada região. Esses
aspectos tornam estas técnicas importantíssimas para a avaliação de
dados ambientais.
Diante do que foi até agora apresentado, constata-se a relevância
de estudos que abordem o comportamento químico da matriz sedimento,
e de modo especial o que recebe efluente de carcinicultura, uma vez que
essa atividade produtiva se apresenta como econômica e socialmente
promissora, principalmente no Nordeste do Brasil. Assim, considerando a
possibilidade de danos ambientais causados pelos efluentes da
15
INTRODUÇÃO
carcinicultura sobre os sedimentos estuarinos, surgiu o interesse na
realização deste trabalho.
16
OBJETIVOS
2. Objetivos
2.1. Objetivo Geral
Avaliar a influência da carcinicultura nos teores de Ca e Zn sobre o
sedimento de um trecho do Rio da Ribeira, Santa Rita/PB.
2.2. Objetivos Específicos
¾ Avaliar possíveis acúmulos dos metais Ca e Zn provenientes da
ração administrada aos camarões e as variações de MO, pH e
condutividade;
¾ Avaliar a influência da calagem na concentração de Ca no ponto a
jusante;
¾ Utilizar técnicas quimiométricas de análise exploratória (HCA, PCA)
para avaliação da influência da carcinicultura no ambiente de
estudo;
¾ Dar início à construção de um banco de dados sobre sedimentos de
carcinicultura.
17
METODOLOGIAEXPERIMENTAL
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL
3.1. Localização da área de estudo
O presente estudo foi desenvolvido na Fazenda Galé, situada na
localidade de Livramento, distrito de Santa Rita, no Estado da Paraíba,
distante cerca de 35 km da capital. Esta fazenda apresenta uma área de
aproximadamente 17 hectares de viveiros, onde estão situados sete
tanques de cultivo de camarão marinho da espécie Litopenaeus vannamei,
com uma média de povoamento de 15 camarões/m
2
, o que caracteriza,
portanto, um cultivo semi-intensivo.
O ambiente estudado foi um pequeno trecho do rio da Ribeira,
afluente do rio Paraíba que é utilizado para o desenvolvimento do camarão
e também como corpo receptor de seus efluentes. Nas figuras 3 e 4 são
apresentados a localização no mapa e uma fotografia aérea do local,
respectivamente.
Figura 3. Localização do Rio da Ribeira. (Fonte: DNIT – Mapa Rodoviário do Estado da
Paraíba.
18
METODOLOGIAEXPERIMENTAL
M
V
J
Figura 4. Fotografia da área de estudo com os pontos de coleta de amostras. Legenda:
M = montante, V = viveiro, J = jusante.
3.2. Sistema de renovação de água
A fazenda em estudo possui um sistema de troca de água diferente
de outras fazendas da região, o qual é favorecido pela situação geográfica
da mesma. Nela, a troca de água dos viveiros se dá pela variação da
maré, e dessa forma cerca de 30% de sua água são renovados a cada dia.
Quando a maré está baixa, as comportas dos tanques são abertas para
escoamento de aproximadamente 1/3 da água e após isso são novamente
fechadas. À medida que a maré vai subindo, ocorre a elevação do nível da
água do rio e as comportas são novamente abertas completando-se assim
o volume dos tanques. Esse sistema dispensa o uso de aeradores, pois
garante a aeração necessária para a sobrevivência dos camarões e
proporciona o lançamento de nutrientes e demais espécies químicas de
forma gradual ao rio, o que favorece a diluição desses pelo rio, diferente
das demais fazendas onde todo o seu efluente é lançado apenas após a
despesca do camarão.
19
METODOLOGIAEXPERIMENTAL
3.3 Alimentação dos camarões
Os camarões são alimentados com ração comercial utilizando um
sistema de bandejas (Figura 5), onde a quantidade de ração recomendada
é adicionada diariamente de acordo com a necessidade, para evitar o
desperdício, uma vez que este é o insumo mais caro.
O ciclo de cultivo dos camarões compreende três meses entre o
povoamento do viveiro com as pós-larvas e a despesca. Como já foi dito,
no viveiro são colocados 15 camarões/m
2
. Durante o primeiro mês do ciclo
os camarões praticamente não recebem ração artificial, nutrindo-se com o
que é fornecido naturalmente pelo ambiente. A partir do segundo mês,
semanalmente é feita a biometria para acompanhar o crescimento dos
animais e controlar a administração da ração. Para a biometria, é retirada
uma amostra de 100 camarões do viveiro os quais são pesados
coletivamente e em seguida são determinados individualmente, o
tamanho e a massa. A quantidade de ração a ser administrada por dia,
para cada 100 camarões, será 10% da massa medida que deve ser
dividida por três e adicionada na bandeja em três momentos do dia. Em
cada etapa de arraçoamento, se ainda houver sobra na bandeja, pode
indicar diminuição da sobrevivência e então a quantidade de ração a ser
colocada novamente é diminuída.
Figura 5. Bandeja com ração para camarão.
Arraçoamento: Ato de alimentar os camarões, dar ração
20
METODOLOGIAEXPERIMENTAL
3.4. Plano de Amostragem
As amostras de sedimento superficial foram coletadas no Rio da
Ribeira, todas no período da manhã e nos seguintes pontos: a 100 m a
montante (M) do ponto de lançamento dos efluentes (Figura 6), a 100 m a
jusante (J) (Figura 7) e dentro de um dos viveiros (V) (Figura 8).
Figura 6. Foto do ponto de coleta montante (M).
Figura 7. Foto do ponto de coleta jusante (J).
21
METODOLOGIAEXPERIMENTAL
Figura 8. Foto do ponto de coleta no viveiro (V).
Os pontos de coleta do rio foram escolhidos por indicação da
Superintendência de Administração do Meio Ambiente (SUDEMA) para
avaliar a qualidade da água superficial cujo estudo foi desenvolvido por
ANJOS (2009). Então para complementar o referido estudo, optou-se por
realizar coletas de amostras de sedimento naqueles mesmos pontos, a fim
de posteriormente poder avaliar o comportamento nos dois
compartimentos (água e sedimento).
O ponto a montante é o ponto de controle, ou seja, onde não há
lançamento do efluente de carcinicultura da fazenda em estudo e fica
localizado na margem esquerda do rio ao lado do viveiro. O ponto a
jusante foi escolhido por receber o efluente de 5 dos 7 viveiros da
fazenda. O viveiro designado de Brito foi escolhido pela facilidade de
acesso e por ser o maior da fazenda (Figura 4).
Foram realizadas 10 coletas em triplicata, no período de novembro
de 2007 a fevereiro de 2009, totalizando 90 amostras. As amostras de
sedimento superficial foram coletadas e acondicionadas em sacos plásticos
etiquetados e transportadas em caixa de isopor até o laboratório.
22
METODOLOGIAEXPERIMENTAL
3.5. Parâmetros Analisados
Os parâmetros analisados foram: MO, pH e condutividade elétrica,
seguindo o Manual de Análises Químicas para Solos da EMBRAPA (SILVA,
1999). Para determinação dos teores dos metais Ca e Zn foi utilizado o
método de digestão ácida 3050 da EPA (EPA, 2006).
As amostras de sedimento foram inicialmente secas à temperatura
ambiente, trituradas em almofariz com auxílio de um pistilo, ambos de
porcelana e peneiradas para se obter uma fração menor que 75 μm,
estando assim, prontas para serem analisadas.
Vale destacar a importância da homogeneidade da amostra e do
tamanho de suas partículas. Na análise de pH esses fatores são críticos,
pois a determinação é feita usando uma suspensão, onde esses efeitos
são minimizados quando se utiliza pequenos tamanhos de partículas
(COTTA, 2003 apud MAJIDI e HOLCOMBE, 1990). Na determinação de
metais, estudos têm demonstrado que eles podem estar associados com a
matéria orgânica na fração fina dos sedimentos, tornando-se, assim,
imprescindível o uso de partículas menores na sua determinação (SANTOS
et al., 2008).
Os métodos utilizados nas determinações serão descritos a seguir.
3.5.1. Determinação de MO
Foi pesado aproximadamente 0,5 g das amostras de sedimento e a
cada uma delas foram adicionados 10,0 mL de solução de dicromato de
potássio 0,2 molL
-1
aquecendo-se em seguida até fervura branda durante
5 minutos. Depois de frio foram adicionados 80,0 mL de água destilada,
1,0 mL de ácido ortofosfórico e 3 gotas do indicador difenilamina. Em
seguida a amostra foi titulada com solução de sulfato ferroso amoniacal
0,05 molL
-1
.
Neste método, o carbono da matéria orgânica da amostra é oxidado
a CO
2
e o cromo (Cr) da solução extratora é reduzido de Cr
+6
a Cr
+3
e o
23
METODOLOGIAEXPERIMENTAL
excesso de dicromato de potássio é titulado com sulfato ferroso amoniacal
(EMBRAPA, 1999).
A concentração de MO foi determinada utilizando a equação 3
(SILVA, 1999).
g de matéria orgânica/Kg = 0,06 x V(40 – Va x f) x “f” (Equação 3)
onde:
0,06
fator de correção, decorrente das alíquotas tomadas
V
volume de dicromato de potássio empregado
Va
volume de sulfato ferroso amoniacal gasto na titulação da
amostra
f
40 / volume de sulfato ferroso amoniacal gasto na
titulação da prova em branco
“f”
fator de correção = 1,724 (valor utilizado por admitir que,
na composição média da matéria orgânica do solo, o
carbono participa com 58%.)
3.5.2. Determinação de pH
Foram medidos 10 cm
3
das amostras de sedimento e a cada uma
delas foram adicionados 25,0 mL de solução de cloreto de cálcio 0,01
molL
-1
, com agitação ocasional; após 30 minutos, a leitura de pH foi
realizada com imersão do eletrodo de vidro na suspensão utilizando um
pH-metro Tecnal, modelo TEC3MP, devidamente calibrado.
3.5.3. Determinação de Condutividade
Foram pesados 200 g de amostra de sedimento, adicionou-se uma
quantidade de água destilada suficiente para formação de uma pasta
(extrato saturado), mantendo-se a solução em repouso por 12 horas em
24
METODOLOGIAEXPERIMENTAL
recipiente fechado para evitar evaporação da água. Em seguida, a
amostra foi filtrada e a leitura de condutividade foi realizada utilizando um
Condutivímetro SCHOTT CG853.
3.5.4. Determinação de Metais Pseudototais
3.5.4.1 Limpeza da vidraria
Todo o material utilizado para a determinação de metais foi
devidamente lavado e colocado em ácido nítrico 15% v/v por uma noite e
em seguida enxaguados com água deionizada ultra pura (sistema Milli-Q).
3.5.4.2. Método de digestão dos metais
Foi pesado 1,0 g de cada amostra de sedimento, submetida à
acidificação a quente com ácido nítrico e peróxido de hidrogênio, por
repetidas vezes; depois adicionou-se 10,0 mL de ácido clorídrico, sob
aquecimento. Após esta etapa as amostras foram filtradas e aferidas a
100,0 mL. As medidas foram realizadas em Espectrofotômeto de Absorção
Atômica de Chama (Marca Shimadzu, Modelo AA6300).
As concentrações foram determinadas em mgL
-1
. Como na digestão
foi utilizado apenas 1,0 g de sedimento e o volume final foi de 100,0 mL,
o valor obtido deve ser multiplicado por 0,1 e dividido por 0,001 para se
obter a concentração em mgkg
-1
, unidade mais comumente utilizada em
estudos da matriz sedimento.
O branco analítico para análise de metais pseudototais foi preparado
seguindo o mesmo procedimento adotado para as amostras, incluindo
todos os reagentes usados na digestão.
25
METODOLOGIAEXPERIMENTAL
3.5.4.3. Construção das Curvas Analíticas
O Standard Methods (APHA, 1998) estabelece faixas lineares para
determinação dos metais Ca (0,2 - 20,0 mgL
-1
) e Zn (0,05 - 2,0 mgL
-1
)
utilizando o técnica de Espectrometria de Absorção Atômica de Chama.
Porém, foi necessária a redução da faixa linear recomendada, uma vez
que verificou-se desvios de linearidade nos níveis extremos das curvas
analíticas. Vale destacar que as diluições das soluções padrão foram
realizadas em meio ácido semelhante ao meio das amostras digeridas
para evitar efeito de matriz. Por esta razão fez-se necessário a validação
das curvas analíticas.
As curvas analíticas foram construídas utilizando soluções padrão
dos metais Ca e Zn na concentração de 1000,0 mgL
-1
. A partir dessas
soluções, padrões na faixa linear de concentrações foram preparados por
diluição em HNO
3
2,0 molL
-1
, para manter as mesmas condições de acidez
medida previamente nas amostras digeridas. As faixas de concentração
lineares estabelecidas foram: de 0,5 a 19,0 molL
-1
para o Ca e de 0,2 a
1,5 molL
-1
para Zn.
A fim de avaliar o ajuste das curvas analíticas, foram feitas
duplicatas autênticas em três pontos de cada curva. Para cálcio, nos
pontos 5,0; 14,0 e 19,0 molL
-1
e para zinco nos pontos 0,52; 1,16 e 1,5
molL
-1
.
Para validação das curvas analíticas foi realizada uma análise de
variância (ANOVA) e um teste F para avaliar a significância do modelo de
regressão e da falta de ajuste.
3.6. Softwares
Todo o tratamento quimiométrico dos dados foi realizado utilizando
os pacotes computacionais STATISTICA 8 (StatSoft,Inc), UNSCRAMBLER
9.1 (CAMO) e Matlab 4.0.
26
RESULTADOSEDISCUSSÃO
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Antes de iniciar esta seção vale a pena chamar atenção para o
critério que norteou as discussões dos resultados.
Como não há uma legislação específica para o efluente de
carcinicultura, considera-se que o efluente lançado ao rio não pode
modificar significativamente a qualidade do seu sedimento. Assim sendo,
neste trabalho, as discussões foram conduzidas no sentido de buscar
diferenças entre os pontos montante, jusante e viveiro que pudessem
indicar alteração na qualidade do sedimento causada pelo lançamento do
efluente do cultivo.
4.1. Validação de curvas analíticas
Um critério geralmente empregado para avaliar a linearidade de
uma curva analítica é o valor de R
2
que indica que quanto mais próximo
de 1, melhor será a correlação linear entre a concentração e a
absorbância. Porém, a literatura (NETO et al., 2007, PIMENTEL e NETO,
1996) relata que só este parâmetro não é suficiente para avaliar uma
curva analítica. Outros parâmetros como determinação da falta de ajuste,
do erro puro e a observação de gráficos de resíduos tornam a avaliação da
linearidade mais confiável.
As curvas analíticas obtidas para determinação dos metais Ca e Zn,
bem como os respectivos gráficos de resíduos dos modelos são mostradas
nas figuras 9 a 12. A validação das curvas foi feita por meio de uma
análise de variância (ANOVA), cujos resultados encontram-se nas tabelas
2 e 3. O teste F foi aplicado para avaliar a significância da regressão e da
falta de ajuste do modelo.
27
RESULTADOSEDISCUSSÃO
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
Absorbância
Concentração de Ca (mg/L)
y = 0.0326x + 0.0016
R
2
= 0.9983
Figura 9. Curva analítica construída para determinação de Ca.
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
-0.02
-0.01
0.00
0.01
0.02
Resíduo
Concentração de Ca (mg/L)
Figura 10. Gráfico de resíduos da curva analítica para Ca.
28
RESULTADOSEDISCUSSÃO
Tabela 2. Análise da variância para o ajuste de um modelo linear (curva analítica de Ca).
Fonte de
variação
Soma
quadrática
Nº de graus de
liberdade
Média
quadrática
Regressão 0,35 1 0,35
Resíduos 4,98 x 10
-4
6 8,31 x 10
-5
Falta de ajuste 1,19 x 10
-4
3 3,96 x 10
-5
Erro puro 3,75 x 10
-4
3 1,25 x 10
-4
Total 0,35 7 -
% da variação
explicada
99,83
0.0 0.3 0.6 0.9 1.2 1.5
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
Absorbância
Concentração de Zn (mg/L)
y = 0.2276x + 0.0086
R
2
= 0.9996
Figura 11. Curva analítica construída para determinação de Zn.
29
RESULTADOSEDISCUSSÃO
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6
-0.004
-0.003
-0.002
-0.001
0.000
0.001
0.002
0.003
0.004
Resíduo
Concentração de Zn (mg/L)
Figura 12. Gráfico de resíduos da curva analítica para Zn.
Tabela 3. Análise da variância para o ajuste de um modelo linear (curva analítica de Zn).
Fonte de
variação
Soma
quadrática
Nº de graus de
liberdade
Média
quadrática
Regressão 0,08 1 0,08
Resíduos 3,00 x 10
-5
6 5,00 x 10
-6
Falta de ajuste 4,70 x 10
-6
3 1,57 x 10
-6
Erro puro 2,53 x 10
-5
3 8,40 x 10
-6
Total 0,08 7 -
% da variação
explicada
99,96
Os gráficos de resíduos (Figuras 10 e 12) evidenciam uma
distribuição aleatória, característica de um bom ajuste do modelo.
Como pode ser observado nas tabelas de ANOVA, os modelos
(curvas analíticas) não apresentaram falta de ajuste. Para as duas curvas
(Ca e Zn) foram obtidos baixos valores de resíduos 4,98 x 10
-4
e 3,00 x
10
-5
, respectivamente, e a maior parte desse valor encontra-se no erro
30
RESULTADOSEDISCUSSÃO
puro e não na falta de ajuste, evidenciando que o modelo está bem
ajustado.
O teste F aplicado para o modelo de Ca e Zn, mostrou que a
regressão foi bastante significativa, F
R, r
= 4.221,4 (F
tab
= 5,99) e F
R, r
=
16.000,0 (F
tab
= 5,99), respectivamente. O teste F também evidenciou
que não houve falta de ajuste nos modelos, F
faj, ep
= 0,31 (F
tab
= 9,28)
para o Ca e F
faj,ep
= 0,19 (F
tab
= 9,28) para o Zn.
4.2. Análise univariada dos dados
Para avaliar o comportamento geral dos dados obtidos foi realizada,
uma análise univariada cujos resultados serão apresentados a seguir.
Nas figuras 13 e 14 são mostradas as variações de pH e
condutividade nos três pontos de coleta e no período estudado.
Nov-07
Jan-08
Fev-08
Abr-08
Maio-08
Jul-08
Out-08
Nov-08
Dez-08
Fev-09
3
4
5
6
7
8
pH
M
eses
Montante
Jusante
Viveiro
Figura 13. Variação de pH no período de Nov/07 a Fev/2009 nos pontos de coleta
(montante, jusante e viveiro).
31
RESULTADOSEDISCUSSÃO
Nov-07
Jan-08
Fev-08
Abr-08
Maio-08
Jul-08
Out-08
Nov-08
Dez-08
Fev-09
12
16
20
24
28
32
36
40
44
48
Condutividade (ms/cm)
M
eses
Montante
Jusante
Viveiro
Figura 14. Variação de condutividade no período de Nov/07 a Fev/2009 nos pontos de
coleta (montante, jusante e viveiro).
Nas Figuras 13 e 14 é possível observar que as menores variações
nas variáveis pH e condutividade ocorreram no viveiro. Segundo BOYD
(1995), nesses tanques, o pH do sedimento varia entre 4,0 e 8,0, devido
à presença de íons alumínio (Al
3+
) que, atraídos pelas partículas de solo
são os principais responsáveis pelos valores de pH entre 4 e 7. Valores de
pH maiores se devem a grandes quantidades de íons básicos como cálcio,
magnésio, sódio e potássio. No presente estudo observou-se que os
valores de pH encontrados estão dentro da faixa ótima esperada (em
torno de 7,5). Esse resultado deve-se possivelmente à calagem com
carbonato de cálcio que é feita, quando necessário, para manter os
tanques de cultivo nos valores de pH desejados.
Segundo COTTA (2003) o pH dos solos varia entre 3,0 e 10,0,
embora em solos brasileiros seja mais comum apresentarem valores entre
4,0 a 7,5. Assim sendo, os valores de pH encontrados nos pontos a
montante e a jusante estão dentro da faixa normalmente observada.
Nota-se também na figura 13 uma queda muito brusca no valor de pH do
ponto a montante, no mês de maio. Constatou-se nesse mês uma
combinação entre maré baixa e alta pluviosidade, o que pode ter
32
RESULTADOSEDISCUSSÃO
proporcionado o revolvimento do sedimento de fundo, uma vez que tal
comportamento (abaixamento de pH) não foi observado na matriz água
do mesmo período.
Os valores de pH obtidos para o ponto a jusante estão mais
próximos dos verificados no ponto a montante. Isso indica que medidas
tomadas para controle do parâmetro pH dentro do viveiro (calagem, por
exemplo) não estão contribuindo para as mudanças que tenham ocorrido
no rio durante o estudo.
A variação de condutividade está associada com a quantidade de
íons presentes no ambiente e como o pH também varia de acordo com a
concentração de alguns íons, esses parâmetros apresentam
comportamentos semelhantes nos pontos estudados.
Na figura 15 é mostrada a variação da MO nos pontos estudados.
Nov-07
Jan-08
Fev-08
Abr-08
Maio-08
Jul-08
Out-08
Nov-08
Dez-08
Fev-09
0
2
4
6
8
Matéria Orgânica (g/Kg)
M
eses
Montante
Jusante
Viveiro
Figura 15. Variação de matéria orgânica no período de Nov/07 a Fev/2009 nos pontos de
coleta (montante, jusante e viveiro).
A MO variou de forma semelhante em todos os pontos de coleta,
registrando-se valores sempre menores que 10%. Sendo assim, o
sedimento foi considerado inorgânico ou mineral, ou seja, onde ocorre
33
RESULTADOSEDISCUSSÃO
predominância de sílica, argila e compostos como cálcio, ferro, manganês
e outros (COTTA, 2003 apud ESTEVES, 1988).
A seguir são mostradas as variações dos metais ao longo do período
de estudo. Na figura 16 é apresentada a variação de Ca nos três pontos
de coleta.
Nov-07
Jan-08
Fev-08
Abr-08
Maio-08
Jul-08
Out-08
Nov-08
Dez-08
Fev-09
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
Ca (mg/Kg)
M
eses
Montante
Jusante
Viveiro
Figura 16. Variação de Ca no período de Nov/07 a Fev/2009 nos pontos de coleta
(montante, jusante e viveiro).
No viveiro, o cálcio atingiu concentrações muito superiores àquelas
medidas nos pontos a montante e a jusante. Isso pode ser justificado pela
calagem que é eventualmente realizada nos viveiros após as despescas.
Para acompanhar melhor as variações nos pontos a montante e a jusante
foi traçado um novo gráfico apenas com esses pontos (Figura 17).
34
RESULTADOSEDISCUSSÃO
Nov-07
Jan-08
Fev-08
Abr-08
Maio-08
Jul-08
Out-08
Nov-08
Dez-08
Fev-09
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
Ca (mg/Kg)
M
eses
Montante
Jusante
Viveiro
Figura 17. Variação de Ca no período de Nov/07 a Fev/2009 nos pontos de coleta (a
montante e a jusante).
Então fica mais notório que as concentrações de Ca medidas no
ponto a jusante resultaram sempre em valores menores que os do ponto a
montante, mostrando que não há evidência de que as medidas tomadas
para correção de pH no viveiro, estejam causando alteração dessa
variável no sedimento do rio a jusante.
Também é possível observar uma semelhança entre as variações de
Ca e pH (Figuras 13 e 16) em todos os pontos de coleta estudados, porém
com maior destaque no ponto viveiro, provavelmente também devido à
calagem.
Na figura 18 é apresentada a variação de zinco nos três pontos de
coleta.
35
RESULTADOSEDISCUSSÃO
Nov-07
Jan-08
Fev-08
Abr-08
Maio-08
Jul-08
Out-08
Nov-08
Dez-08
Fev-09
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Zn (mg/Kg)
M
eses
Montante
Jusante
Viveiro
Figura 18. Variação de Zn no período de Nov/07 a Fev/2009 nos pontos de coleta
(montante, jusante e viveiro).
Na figura 18, pode-se observar que valores mais baixos da
concentração de Zn são encontrados no viveiro, sugerindo que o zinco
presente na ração administrada aos camarões não está modificando o
sedimento no que se refere a esse metal quando se compara jusante com
montante. Além disso, todos os pontos apresentaram concentrações de
zinco abaixo dos valores mínimos estabelecidos pela legislação canadense
(TEL = 124 mg.kg
-1
) e pelo critério americano (ERL = 150 mg.kg
-1
).
Para avaliar a correlação entre as variáveis medidas foi utilizada
uma matriz de correlação. O resultado é apresentado na tabela 4.
Tabela 4. Matriz de correlação entre as variáveis pH, MO, Condutividade, Ca e Zn.
pH MO Condutividade
Ca Zn
pH 1,00
MO -0,30 1,00
Condutividade
0,04 0,39 1,00
Ca 0,57 -0,03 0,07 1,00
Zn -0,35 0,27 0,42 -0,21 1,00
36
RESULTADOSEDISCUSSÃO
Como observado na tabela 4, o valor de correlação mais expressivo
foi encontrado para pH e Ca (0,57).
Considerando os resultados apresentados até agora, a correlação
positiva entre pH e Ca foi bem evidenciada no ponto viveiro, que como já
dito acima, deve ser associada à calagem, uma vez que a adição de
carbonato de cálcio proporciona a neutralização de íons H
+
presentes no
sedimento, e consequentemente, um aumento no pH, como mostra a
equação 4 (MANAHAN, 2000).
CaCO
3
+ 2H
+
Ca
2+
+ CO
2
+ H
2
O (Equação 4)
Porém, para inferir sobre as correlações entre as demais variáveis
do conjunto de dados, seria recomendado aumentar o número de
amostras para tentar observar maiores coeficientes de correlação (Tabela
4).
4.3. Análise multivariada dos dados
Para explorar melhor o conjunto dos dados foram aplicadas as
técnicas multivariadas de reconhecimento de padrão HCA e PCA.
Numa análise quimiométrica multivariada, espera-se observar
grupos bem definidos de objetos que permitam inferir as suas
características, ou mesmo associá-los a determinados comportamentos ou
propriedades do sistema em estudo (ANJOS, 2009). Então essas técnicas
foram aplicadas para buscar similaridades entre os pontos de coleta e
verificar que variáveis contribuem de forma mais significativa para
formação dos grupos. Os resultados são apresentados nas figuras 18 a 21.
4.3.1. HCA
Uma HCA foi realizada nas amostras para avaliar o comportamento
geral dos dados e nas variáveis para buscar similaridades entre elas. Vale
37
RESULTADOSEDISCUSSÃO
destacar que foram testados vários tipos de métodos e distâncias que
distinguissem melhor a separação de grupo. Os melhores resultados são
mostrados nas figuras 19 e 20.
Na figura 19 é apresentado o dendrograma das médias das
amostras nos pontos de coleta.
0 1E5 2E5 3E5 4E5 5E5
V4
V5
V3
V8
V7
V6
V10
V2
V9
V1
J6
J2
J10
J9
J7
J8
J5
J4
J1
M8
J3
M6
M5
M2
M10
M9
M3
M7
M4
M1
Distância Euclidiana
Figura 19. Dendrograma das médias das amostras dos pontos M, J e V, utilizando o
Método de Ward’s e Distância Euclidiana.
A HCA mostrou claramente a formação de dois grupos. O primeiro
constituído de amostras de montante e jusante. Nesse grupo as amostras
desses dois pontos se juntam a uma distância muito menor que as
amostras do ponto viveiro, evidenciando características semelhantes entre
as variáveis medidas nesses pontos, como já foram observadas na análise
univariada. O outro grupo é formado por amostras de viveiro, com
características bem diferentes.
A uma distância menor, onde as amostras do ponto jusante e
montante se separam, é possível observar que a terceira coleta do ponto
jusante, correspondente a fevereiro de 2008 (J3) apresentou menor
38
RESULTADOSEDISCUSSÃO
distância em relação ao ponto montante. Nesta coleta, os valores de pH e
Ca em montante e jusante foram muito semelhantes. Como já foi
discutido anteriormente, pH e Ca são muito correlacionados; entretanto,
não foi possível fazer nenhuma associação entre a separação das
amostras de fevereiro de 2008 com qualquer evento registrado na região
no momento da coleta.
Uma HCA das variáveis foi realizada para verificar similaridades
entre elas. O resultado é mostrado na figura 20.
0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0
Zn
Condutividade
MO
Ca
pH
Distância de Pearson
Figura 20. Dendrograma das variáveis pH, MO, condutividade, Ca e Zn, utilizando o
Método de Ligação Simples e Distância de Pearson.
Na HCA das variáveis a maior similaridade foi observada entre pH e
Ca como já evidenciado na análise univariada e na matriz de correlação. A
uma distância um pouco maior as variáveis MO, condutividade e Zn se
juntam, mostrando que elas são similares, porém em menor proporção
que Ca e pH, como observado também na matriz de correlação (Tabela
4).
39
RESULTADOSEDISCUSSÃO
4.3.2. PCA
Com a PCA é possível observar o comportamento geral dos dados,
assim como verificar que variáveis contribuem mais para separação dos
grupos. O resultado é apresentado na figura 21.
Figura 21. Gráfico dos escores de todas as amostras. O modelo construído com 4 PC’s
utilizando validação cruzada.
A PCA apresentou resultado semelhante à HCA. Aqui também é
possível observar a formação de apenas dois grupos com 65% da
variância explicada nas duas primeiras componentes.
As amostras de montante e jusante constituíram um grupo,
mostrando que, com base nas variáveis medidas, esses pontos
apresentaram características semelhantes, indicando que o lançamento de
efluente de carcinicultura não está afetando as características do rio. O
outro grupo corresponde ao ponto viveiro.
Vale lembrar que, duas características do sistema de cultivo dessa
fazenda podem ter contribuído para esse resultado. O primeiro é a
utilização de bandejas para o arraçoamento que é uma forma de
minimizar perdas e contribuir para reduzir a carga poluidora nas fazendas
40
RESULTADOSEDISCUSSÃO
de camarão. Outra característica que deve ser levada em conta é o
sistema de troca de água dos viveiros de camarão. A renovação quase
diária de 1/3 da água do viveiro faz com que a carga de nutrientes e
possíveis contaminantes seja lançada de forma gradativa para o rio de
modo que facilita sua recuperação.
É importante mencionar que foram construídos gráficos em três
dimensões, assim como foi aplicada uma rotação Varimax mas, mesmo
assim, não foi possível visualizar separação entre os pontos montante e
jusante.
Outro resultado da PCA é o gráfico dos pesos que mostra a
contribuição das variáveis para separação dos dois grupos observados
(Figura 20).
Figura 22. Gráfico dos pesos de PC1 x PC2 para o conjunto completo de amostras e
variáveis (90 amostras e 5 variáveis).
O gráfico dos pesos (figura 22) mostrou que as variáveis pH e Ca
foram as que mais contribuíram para separação das amostras do ponto
viveiro das demais (montante e jusante). Como já foi discutida, a calagem
domina o efeito de pH dentro do viveiro; então, era esperado que estas
41
RESULTADOSEDISCUSSÃO
variáveis contribuíssem mais para a separação do viveiro em relação aos
outros pontos.
As variáveis condutividade, matéria orgânica e zinco se mostraram
mais importantes para separação do grupo de amostras de montante e
jusante em relação a viveiro. Estudos desenvolvidos mostram que metais
podem estar associados à MO na fração fina dos sedimentos (SENA et al.,
2000; SANTOS et al., 2008) e que à força iônica do meio pode tornar
disponíveis metais que estejam complexados na forma mais lábil
(BEVILACQUA et al., 2009).
Como na PCA realizada com todos os pontos o viveiro destacou-se
muito em relação a montante e jusante, que ficaram agrupados, uma
nova PCA com apenas esses dois pontos foi construída para tentar
observar eventos que poderiam estar mascarados. O resultado da nova
PCA é apresentado na figura 23.
Figura 23. Gráfico dos escores das amostras de montante e jusante. O modelo construído
com 4 PC’s utilizando validação cruzada.
Na PCA com apenas os pontos montante e jusante (Figura 23) foi
obtida uma melhor separação em relação à PCA com os três pontos
(Figura 21) com variância explicada de 68% nas duas primeiras PC’s.
42
RESULTADOSEDISCUSSÃO
Nessa PCA obteve-se um resultado semelhante à HCA. Nela é possível
observar que PC2 separa a maioria das amostras de jusante de montante.
Como visto na HCA as amostras de jusante da terceira coleta (laranja) se
misturam com as de montante. As amostras do ponto montante da quinta
coleta (azul) se misturam com as de jusante, o que não foi visto pela
HCA. Uma avaliação do gráfico de pesos (Figura 24) evidencia quais
variáveis são responsáveis por essa separação.
Figura 24. Gráfico dos pesos de PC1 x PC2 para o conjunto de amostras (montante e
jusante) e variáveis (60 amostras e 5 variáveis).
Como observado na figura 24, as variáveis pH, Ca e, em menor
proporção, condutividade, contribuíram de forma positiva para a
separação das amostras de montante. Observa-se também que estas
variáveis são as responsáveis pela aproximação das amostras de jusante
da terceira coleta às de montante, enquanto MO foi mais importante para
separação de jusante.
No gráfico de escores foi possível observar uma aproximação entre
as amostras da quinta coleta e as de jusante, enquanto a partir do gráfico
de pesos pode-se verificar que a variável MO foi a responsável por esse
evento.
43
CONCLUSÕES
5. CONCLUSÕES
A partir dos resultados de HCA e PCA, pode-se observar grande
similaridade entre os pontos montante e jusante, indicando que, levando
em conta as variáveis medidas e o trecho do rio estudado, não há
evidência de que o efluente de carcinicultura até o presente, esteja
afetando as características do sedimento do rio.
É importante ressaltar que este foi um estudo preliminar, de modo
que a análise de outros parâmetros, assim como a análise de sedimento
em outros trechos do rio da Ribeira são necessários para fazer inferências
mais seguras e consistentes acerca do efeito do efluente de carcinicultura
no sedimento do referido rio.
44
PROPOSTASFUTURAS
6. PROPOSTAS FUTURAS
Complementar o estudo originalmente proposto através da
determinação de outras variáveis, como salinidade, capacidade de
troca catiônica, metais (Mg, Mn, Al e Fe), sulfetos metálicos, entre
outras;
Aplicar testes de recuperação ou se possível amostras de referência
para validação do método de análise de sedimento;
Determinar metais também na matriz água, a fim de buscar
correlações entre os compartimentos água e sedimento;
Estender o estudo a outros pontos do rio para verificar a influência
da carcinicultura em fazendas com sistema de troca de água
diferente daquele usado no local deste estudo;
Aplicar a Espectrometria de Reflectância no Infravermelho Próximo –
NIRR para determinação de metais em sedimento, com o auxílio de
técnicas de calibração multivariada.
45
REFERÊNCIAS
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