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Quando (a fortuna) some, converteis em fuga a consideração do infeliz
A trupe encena um mimo no palco; aquele é chamado pai,
Este, filho, aquele tem o nomede rico.
Logo que ali na página concluem-se as partes sorridentes
A verdadeira face retorna, a dissimulada desaparece.
Encólpio ficou só, abandonado num albergue daquela cidade grega (urbis
Graecae). Novamente em um monólogo Encólpio personagem introduzido pelo Encólpio
narrador, lamenta sua sorte e revela o que pensa de Ascilto e Gitão com esse discurso
patético e deliberadamente piegas:
“Ergo me non ruina terra potuit haurire? Non iratum etiam innocentibus mare ?
Effugi iudicium, harenae imposui, hospitem occidi, ut inter audaciae nomina
mendicus, exul, in deversorio Graecae urbis iacerem desertus? Et quis hanc mihi
solitudinem imposuit? Adulescens omni libidine impurus et sua quoque
confessione dignus exílio, stupro liber, stupro ingenuus, cuius anni ad tesseram
venierunt, quem tanquam puellam conduxit etiam qui virum putavit. Quid ille
alter? Qui tanquam die togae uirilis stolam sumpsit, qui ne uir esset a matre
persuasus est, qui opus mulibre in ergastulo fecit, qui postquam conturbauit et
libidinis suae solum vertit, reliquit veteris amicitiae nomen et – pro pudor –
tanquam mulier secutuleia unius noctis tactu omnia vendidit. Iacent nunc
amatores obligati noctibus totis, et forsitan mutuis libidinibus attriti derident
solitudinem meam. Sed non impune. Nam aut uir ego liberque non sum, aut noxio
sanguine parentabo iniuriae meae”.
(“Por que a terra arruinada não pôde me tragar? Nem também o irado mar para os
inocentes? Fugi da justiça, sobrepujei a arena, matei um hóspede, para que eu
mendigo, exilado entre palavras de ousadia, jazesse abandonado no albergue de
uma cidade Grega? E quem impôs a mim esta solidão? Um adolescente maculado
por toda volúpia e também, por sua própria confissão, digno de exílio, liberado
pelo estupro, liberado com o estupro, cujos anos vieram em senha, que alguém
levou como mulher sbendo-o homem. E o outro? Que no dia da toga viril preferiu
a estola. Que foi persuadido pela mãe para que não fosse homem, que fez função
de mulher na prisão de escravos, que depois caiu em desgraça e se entrega sozinho
a própria libido, abandonando o compromisso de velha amizade e – ó verginha –
como uma mulher venal vendeu tudo pelo prazer de uma única noite.. Os amantes
agora deitam junto todas as noites e talvez consumidos por mútuo desejo zombem
de minha solidão. Mas não impunemente. Pois, vingarei com o sangue ruim à
minha injuria, ou homem e homem livre não sou.”)
Este discuro não deixa dúvida de que a paródia romanesca está a todo o momento
em busca do motivo satírico. Encólpio agora está só, não há mais o carrocel de imagens da
noite da ceia. Sua solidão é então motivo para uma reflexão sobre sua sorte e sobre seus
amigos traidores. Os dois responsáveis por aquela situação são dois celerados efeminados
tanto quanto ele. Depois de proferir aquelas palavras tem um acesso de ira que o leva às