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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
José Everaldo Domingues Ladeira
AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
INTERFRAGMENTAR EM OSTEOSSÍNTESES DE
FRATURAS COM DIFERENTES COMPRIMENTOS DE
PLACAS
Taubaté - SP
2006
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Universidade de Taubaté
José Everaldo Domingues Ladeira
AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
INTERFRAGMENTAR EM OSTEOSSÍNTESES DE
FRATURAS COM DIFERENTES COMPRIMENTOS DE
PLACAS
Dissertação apresentada para obtenção do Título de
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Mecânica da UNITAU:
Sub-área de concentração: Tecnologia dos Materiais e
Processos de Fabricação
Orientadora: Profª. Drª. Ana Paula Rosifini Alves
Taubaté – SP
2006
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José Everaldo Domingues Ladeira
AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO INTERFRAGMENTAR EM OSTEOSSÍNTESES
DE FRATURAS COM DIFERENTES COMPRIMENTOS DE PLACAS
Dissertação apresentada para obtenção do Título de
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Mecânica da UNITAU.
Sub-área de concentração: Tecnologia dos Materiais e
Processos de Fabricação
Orientadora: Profª. Drª Ana Paula Rosifini Alves
Data: __________________
Resultado:______________
BANCA EXAMINADORA
Prof. Drª. Ana Paula Rosifini Alves
Assinatura____________________________________________
Prof. Dr. Marcos Valério Ribeiro
Assinatura____________________________________________
Prof. Dr. Luis Rogério de Oliveira Hein
Assinatura____________________________________________
Dedico este trabalho à minha família, pela
compreensão da presença “ausente”.
AGRADECIMENTOS
O meu agradecimento aos que estiveram envolvidos na realização deste
trabalho:
À Profª Drª Ana Paula Rosifini Alves, por mostrar os meios para a realização
do trabalho, esclarecimentos das questões técnicas e da elaboração do texto.
Aos tecnólogos do laboratório de Engenharia de Materiais da UNITAU, José
Arauto Ribeiro e Luiz Flávio Martins Pereira pela cooperação acima das
expectativas.
À Profª Rosana Giovanni Pires Clemente pela correção das normas e revisão
gramatical.
À firma de materiais Synthes do Brasil, na pessoa do Engenheiro Marcelo
Prado e da representante comercial Samantha Santos, pelos materiais para os
ensaios.
À Pro Reitoria de Pós Graduação da UNITAU pelo auxílio da bolsa de estudo.
Aos companheiros da XX turma de Mestrado da UNITAU pela convivência
agradável que muito abrandou os longos sábados.
Aos amigos que gentilmente auxiliaram na revisão e formatação do trabalho.
Qualquer forma de fixação interna [...] é um dispositivo
com uma vida útil finita. Se a biologia da fratura ficar tão
perturbada, que não venha a ocorrer a sua consolidação,
previsivelmente o dispositivo de implante irá fracassar.”
THOMAS RUSSEL 1996
O paradoxo da fixação interna para o tratamento das
fraturas é que, é preciso a fixação para obter
consolidação, enquanto é necessário flexibilidade para
restaurar as propriedades mecânicas normais do osso
após a união.
W. AKESON 1980
RESUMO
Ladeira JED. Avaliação da deformação interfragmentar em osteossínteses de
fraturas com diferentes comprimentos de placas. Taubaté, 2006 [Dissertação
de Mestrado - Departamento de Engenharia Mecânica da UNITAU].
As fraturas são um problema comum. Algumas vezes, pode ser necessário
um tratamento cirúrgico. Atualmente, procura-se tratar as fraturas com o mínimo de
interferência possível no local, para não agravar as lesões do trauma. Um método de
fixação dos ossos longos do membro inferior é a técnica de cirurgia minimamente
invasivas com placa em ponte. São usadas fixações com placas mais longas e
menor número de parafusos, tendo por objetivo menor interferência na biologia local
e promover a consolidação por calo externo. O propósito deste trabalho experimental
foi comparar configurações que permitam alguns movimentos interfragmentários
para estimular a consolidação e encontrar as que são suficientemente estáveis.
Modelos de fratura em ossos de animais foram fixados com configurações de
osteossíntese variando o comprimento das placas e mantendo constante o número
de parafusos. Os dados dos ensaios mecânicos sugerem que o uso de placas mais
longas são superiores, tanto nos testes mecânicos de flexão em quatro pontos,
como nos testes com compressão axial, para fornecer estabilidade à construção e
flexibilidade aos fragmentos. Os dados obtidos sugerem que o aumento do
comprimento de trabalho da placa influência a flexibilidade da fixação e o
comprimento da placa influencia a estabilidade da construção.
Palavras chave: Osteossíntese. Fratura. Estabilidade Relativa. Placa em Ponte.
ABSTRACT
Ladeira, JED. Evaluation of the interfragmentar deformation in osteosynthesis
of fractures with different lengths of plates. Taubaté, 2006 [Dissertação de
Mestrado - Department of Engineering Mechanics of the UNITAU].
The fractures are a common problem. Some times, might be necessary a
surgical treatment. Currently, it has been tried to deal with the fractures with the
minimum possible interference in the place, for not to aggravate the injuries of the
trauma. A fixation method of the long bones of the lower extremity is the techniques
of minimal invasive surgeries with bridging plate. It is used longer plates fixation and
fewer screws, for the objective of minimum interference in local biology and to
promote the external callus consolidation. The purpose of this experimental work was
to compare configurations that allow some interfragmentary movements to stimulate
the consolidation and to find the ones that are steady enough. Models of fractures in
animal’s bones had been fixed with configurations of osteosynthesis varying the
length of the plates and keeping constant the number of screws. The data of the
mechanical assays suggest that the use of longer plates are superior in the
mechanical tests of flexion in four points such as in the tests with axial compression
to supply to stability to the construction and flexibility to the fragments. The achieved
data suggest that the increase of the working length of the plate influence the
flexibility of the fixation and the length of the plate influences the stability of the
construction.
Words key: Osteosynthesis. Fractures. Relative stability. Bridging Plate.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Tração esquelética para tratamento da fratura do fêmur
19
Figura 02 - Representação de um parafuso de tração
25
Figura 03 - Representação da compressão pela placa
26
Figura 04 - Redução anatômica com placa e parafusos
27
Figura 05 - Representação do momento de flexão sobre as placas
27
Figura 06 - Modos de consolidação: indireto e direto
29
Figura 07 - Representação gráfica e radiografias da placa em onda
34
Figura 08 - Representação gráfica e radiografias da placa em ponte
36
Figura 09 - Concepção gráfica da teoria da deformação interfragmentar
na consolidação
44
Figura 10 - Relação entre movimentos, espaço e consolidação
46
Figura 11 - Parâmetros para o comprimento da placa
49
Figura 12 - Carregamento dos parafusos em flexão
51
Figura 13 - Deformação e comprimento de trabalho
53
Figura 14 - Representação dos modelos de Ellis, et al. (2001)
61
Figura 15 - Gráfico das deformações ao longo da placa (Ellis, et al.,
2001)
62
Figura 16 - Execução de um modelo de fratura
66
Figura 17 - Fixação do modelo controle e do modelo experimental
67
Figura 18 - Modelos das configurações de fixação controle
68
Figura 19 - Modelos das configurações com parafuso próximo ao foco
69
Figura 20 - Plataforma para centralizar a amostra
70
Figura 21 - Deformação plástica da placa após compressão axial
71
Figura 22 - Placa lateral em angulo reto com a carga
72
Figura 23 - Medição com um relógio comparador nos testes em flexão
em quatro pontos
72
Figura 24 - Posicionamento do relógio comparador na extremidade da
osteotomia
73
Figura 25 - Medição do espaço inicial com compressão axial
74
Figura 26 - Medição do espaço final com compressão axial
74
Figura 27 - Escala de referência medindo 23 milímetros
75
Figura 28 - Estabelecendo a referência de pixel e milímetros
75
Figura 29 - Medicação do espaço e janela dos resultados
76
Figura 30 - Gráfico da deflexão dos fragmentos nos ensaios de flexão em
quatro pontos
78
Figura 31 - Gráfico comparativo da deflexão com carga de 600N dos
diferentes modelos
79
Figura 32 - Gráfico dos resultados dos ensaios em compressão axial
80
Figura 33 - Gráfico da relação da compressão axial e variação do
movimento
81
Figura 34 - Gráfico da relação da deformação e modelos testados
82
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Comparação da técnica de tratamento das fraturas de
fêmur com placas no período de 1972 – 1994
33
Tabela 2 - Resistência tecidual à deformação
43
Tabela 3 - Padrão convencional de parafusos por local fraturado
56
Tabela 4 - Resultados de Törnkvist, et al. (1996)
59
Tabela 5 - Dados obtidos após três ensaios de flexão em quatro
pontos
78
Tabela 6 - Dados obtidos após ensaios de flexão em quatro pontos
com parafusos ao lado da osteotomia
79
Tabela 7 - Dados obtidos após ensaio de compressão axial
80
Tabela 8 - Deformação específica (ε) após compressão axial
81
Tabela 9 - Cálculo da rigidez média (em compressão axial) para cada
construção
82
Tabela 10 - Percentual de redução da mobilidade dos fragmentos
90
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
%
Percentagem
µm
Micrômetro
mm
Milímetro
N
Newton
Pa
Pascal
σ
Tensão
ε
Deformação específica
E
Módulo de Elasticidade
DCP Dynamic Compression Plate
LC-DCP Limited Contact – Dynamic Compression Plate
LCP Locking Compression Plate
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 15
2 REVISÃO DA LITERATURA 18
2.1 Historia do tratamento das fraturas
18
2.1.1 As imobilizações das fraturas
18
2.1.2 A redução das fraturas
19
2.1.3 A doença da fratura
20
2.1.4 O tratamento cirúrgico das fraturas
20
2.1.5 A germinação do tratamento cirúrgico
21
2.1.6 O desenvolvimento da técnica de osteossíntese
22
2.1.7 O conceito da técnica cirúrgica AO/ASIF
24
2.2 Técnica de osteossíntese com estabilidade absoluta
24
2.2.1 Compressão pelos parafusos
25
2.2.2 Compressão pela placa
26
2.2.3 Redução anatômica e a estabilidade absoluta
27
2.2.4 Resistência mecânica da construção
28
2.2.5 Estabilidade e consolidação
29
2.3 Fatores que comprometem a osteossíntese
30
2.3.1 Fatores mecânicos que comprometem a osteossíntese
31
2.3.2 Causas biológicas que comprometem a osteossíntese
31
2.4 Evolução dos conceitos de fixação: da mecânica para a biologia
32
2.4.1 As placas em onda
34
2.4.2 As placas em ponte
35
2.4.3 Redução indireta
36
2.4.4 As osteossíntese biológicas
37
2.5 As fixações com menos rigidez
38
2.5.1 Avaliações da flexibilidade dos fragmentos e estabilidade das fixações
40
2.5.2 Parâmetros das osteossínteses que influem na consolidação
41
2.5.3 Análises do movimento interfragmentar
41
2.5.4 Análises do espaço entre os fragmentos
46
2.6 Parâmetro para a flexibilidade das fixações
48
2.6.1 Aumento da extensão das placas
48
2.6.2 Redução do número dos parafusos nas placas
50
2.6.3 Aumento do comprimento de trabalho das placas
52
2.6.4 Parâmetros relacionados ao número de parafusos
55
2.6.5 O número de parafusos
57
2.6.6 A posição dos parafusos
60
2.6.7 Dados finais
63
3 PROPOSIÇÂO 65
4 MATERIAL E MÉTODO 66
4.1 Material
66
4.2 Método
68
4.3 Ensaio de flexão em quatro pontos e compressão axial
70
4.4 Calculo da deformação entre os fragmentos em flexão quatro pontos
73
4.5 Calculo da deformação entre os fragmentos em compressão axial
74
78
5 RESULTADOS
5.1 Ensaio de flexão em quatro pontos
78
5.2 Ensaio de compressão axial
80
6 DISCUSSÂO 83
7 CONCLUSÃO 93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 94
1. INTRODUÇÂO
As fraturas representam um problema comum no dia a dia. O profissional apto
a prestar assistência deverá optar pelo tratamento que melhor recupere a
biomecânica e funcionalidade do membro fraturado. As técnicas de tratamento das
fraturas evoluíram, e ainda estão por evoluir, conforme avança o conhecimento da
biologia e o desenvolvimento dos implantes utilizados nas fixações das fraturas.
No inicio do século passado, os tratamentos eram realizados por meio de
imobilizações com gesso, trações continuas e repouso até a consolidação. Essas
técnicas aplicadas às fraturas dos membros inferiores, exigiam longos períodos de
tratamento e nem sempre a função normal do membro fraturado era restaurada
(COLTON, 2000). Em busca por melhores resultados clínicos e funcionais, o
tratamento operatório das fraturas aperfeiçoaram-se e alcançaram os seus melhores
resultados na segunda metade do século XX com fixações rígidas com placas e
parafusos. Adequadas do ponto de vista mecânico, a estabilidade absoluta mostrou-
se, algumas vezes, inadequadas do ponto de vista biológico (SCHATZKER, 2000;
RUEDI; MURPHY, 2001).
Com a compreensão da relevância da preservação da viabilidade dos
fragmentos ósseos, um conceito de osteossíntese “biológica” desenvolveu-se no
final do século passado e considerava não apenas a mecânica da fixação, mas a
importância da mínima lesão biológica adicional (KRETTEK, 1997; SCHATZKER,
2000; PERREN, 2001; RUEDI; MURPHY, 2001).
Uma técnica que demonstrou vantagens biológica e mecânica, principalmente
para o tratamento das fraturas cominutivas, foi o uso de placas mais longas
16
transpassando a região da fratura, sem abordagem do local, e fixadas apenas nas
extremidades: as placas em ponte (MÜLLER, et al., 1993; RUSSEL, 1996; RIIEDI;
SOMMER; LEUTENEGGER, 1998; LEUNIG, et al., 2000; SANDERS, et al., 2002;
SCHATZKER, 2000; PERREN, 2001). Ao contrário da estabilidade absoluta com as
técnicas tradicionais, os movimentos entre os fragmentos eram controlados, mas
não abolidos. Ao invés da consolidação direta, o processo de reparo ósseo era
mediado pela formação do calo ósseo externo. Os resultados do tratamento com
estabilidade relativa foram superiores aos das técnicas de fixação rígida, com
menores índices de complicações (RUSSEL, 1996; RING, et al., 1997;
BAUMGAERTEL; BUHL; RAHN, 1998; RIIEDE; SOMMER; LEUTENEGGER, 1998;
ROZBRUCH, et al., 1998; COLTON, 2000).
A fixação por placa em ponte deu inicio à era das cirurgias menos invasivas
com estabilização menos rígida das fraturas, por meio de longas placas e menos
parafusos. As construções tornaram-se mais flexíveis e o movimento entre os
fragmentos atuavam como estímulo para a formação do calo (PERREN, 1979;
KRETTEK, 1997; RIIEDI; SOMMER; LEUTENEGGER, 1998; ROZBRUCH, et al,
1998; FIELD, et al., 1999; LEUNIG, et al., 2000; SCHATZKER, 2000; ELLIS, et al.,
2001; RUEDI; MURPHY, 2001; PERREN, 2003; STOFFEL, et al., 2004).
Entretanto, o excesso de movimento pode prejudicar a consolidação, e a
fixação menos rígida pode mostrar-se insuficiente e prejudicar o processo. Estudos
biomecânicos pesquisam o ponto de equilíbrio entre a estabilização suficiente e
insuficiente, variando a extensão da placa e o número e posição dos parafusos.
Desta forma, aumentam a flexibilidade das osteossínteses para antecipar a
consolidação e manutenção de adequada estabilidade mecânica, (TORNKVIST, et
al., 1996; FIELD, et al., 1999; ELLIS, et al., 2001, EL MARAGHY, et al., 2001;
17
SANDERS, et al., 2002; GAUTIER; SOMMER, 2003; STOFFEL, 2004; SOMMER, et
al., 2004).
A proposta deste trabalho experimental foi avaliar a influência de diferentes
comprimentos de placa na fixação de modelos in vitro de fratura em osso animal, por
meio de ensaios mecânicos de flexão em quatro pontos e compressão axial. O
objetivo é identificar, por comparação entre os modelos, a configuração que
proporciona maior flexibilidade sem prejuízo da estabilidade, pela relação da
variação do movimento entre os fragmentos com a aplicação de carga de 600N.
A análise realizada justifica-se, uma vez que na literatura observa-se apenas
o estudo de construções menos rígidas, avaliando a influência da disposição e/ou
omissão dos parafusos. Os parafusos foram limitados em três em cada lado da
osteotomia. Foi avaliado principalmente extensão da placa e o seu comprimento de
trabalho.
O ensaio de flexão em quatro pontos foi utilizado para avaliar a flexibilidade
da fixação, considerando a deflexão dos fragmentos como a quantidade de
movimentos permitido pela construção. A estabilidade da fixação foi avaliada por
meio do ensaio de compressão axial, correlacionando a variação do movimento e a
deformidade interfragmentar com a carga aplicada.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 História do tratamento das fraturas
Para compreender as atuais técnicas de tratamento das fraturas, é preciso
rever os principais eventos na evolução do tratamento operatório das fraturas, desde
o final do século XIX até o inicio das técnicas de fixação do Grupo AO
(Arbeitsgemeinschaft für Osteosynthesefragen) ou ASIF (Association for the Study of
Internal Fixation), uma associação para o estudo dos problemas de fixação interna
(MÜLLER, et al., 1993).
2.1.1 As imobilizações das fraturas
Os mais antigos relatos sobre o tratamento das fraturas eram formas de
imobilizações externas, feitas de madeiras, que mantinham em repouso o membro
fraturado até a consolidação natural. Os precursores dos aparelhos de gesso para o
tratamento das fraturas foram as ataduras – emplastos (misturas de farinha de trigo,
pó de argila ou cal, com clara de ovos ou gomas) que eram moldadas ao membro
após a redução dos desvios, e depois de endurecidos, mantinham as fraturas em
posição, até a consolidação. As ataduras de gesso, similares às usadas atualmente,
foram introduzidas na segunda metade do século XIX e rapidamente tornaram-se o
tratamento padrão da maioria das fraturas (COLTON, 2000), usadas até a
consolidação (WATSON-JONES, 1945).
19
2.1.2 A redução das fraturas
A meta do tratamento das fraturas é a obtenção da consolidação em posição
anatômica compatível e máximo retorno de função da extremidade (RUSSEL, 1996).
O tratamento de qualquer fratura desviada segue certos princípios como a
manipulação para correção dos fragmentos desviados e manutenção em boa
posição durante o período de consolidação (BÖHLER,1930).
Entretanto, manter a correção e/ou impedir novos desvios, em algumas
fraturas são extremamente difíceis, e em outras, impossíveis, apenas com
imobilizações gessadas, como ocorre com a maioria das fraturas do fêmur
(WATSON-JONES, 1945). Para estas fraturas, o método que tornou-se clássico, foi
a tração através de pesos para contrabalançar a tendência de desvio pela ação
muscular (Figura 1). A tração esquelética foi usada para o tratamento das fraturas do
fêmur durante toda a primeira metade do século XX (WATSON-JONES, 1945;
BÖHLER, 1930; COLTON, 2000).
A B
Figura 1 – Tração esquelética para fratura do fêmur (Adaptado de BÖHLER, 1930) (A)
Fratura com desvio (B) Fratura reduzida
20
2.1.3 A doença da fratura
Tanto a imobilização gessada como a tração continuada, obrigavam o
paciente a ficar confinado ao leito durante o processo de consolidação. Esta
exigência de repouso prolongado causava o que convencionou-se chamar de
Doença da Fratura (SCHATZKER, 1995; MÜLLER, et al., 1993). A fratura deveria
permanecer imobilizada de modo mais completo possível, durante o tempo
suficiente até que estivesse consolidada, “por mais demorada que fosse” (WATSON-
JONES, 1945, p. 34). As fraturas evoluíam para a consolidação mas, conseqüente a
esta proposta de tratamento, as articulações tornavam-se rígidas, havia atrofia
muscular, osteopenia por desuso, osteoporose, afinamento das cartilagens, edemas
crônicos, e eventualmente, dor, exigindo longos períodos de recuperação
(SCHATZKER, 2000). O tratamento das fraturas nesta época freqüentemente
resultava em altas taxas de incapacidades, seqüelas e deficiências para toda a vida
(HELFET, et al., 2003; SCHATZKER, 2000, MULLER, et al., 1993). Dava-se ênfase
à recuperação do osso e não à reabilitação do tecido mole (SCHATZKER, 2000).
2.1.4 O tratamento cirúrgico das fraturas
Colton (2000) em revisão da literatura do começo do século, cita dados do
tratamento fechado de 153 fraturas dos membros inferiores, onde foram
insatisfatória em 81% das fraturas do quadril, 69% das femorais em adultos, e 60%
das de tíbia.
Anderson (1967 apud COLTON, 2000) em seu estudo de revisão de 56
pacientes adultos com fratura de fêmur tratados por tração, apenas três (5%)
21
evoluíram para a pseudartrose; 95% de consolidação estavam associados a longo
tempo de internação, limitações da mobilidade articular e consolidações viciosas
(COLTON, 2000). Poucas fraturas precisavam da cirurgia para consolidar, mas,
precisavam da fixação interna para melhorar os resultados funcionais: manter a
posição funcional e iniciar a mobilização precoce para evitar a doença da fratura
(RUSSEL, 1996).
Se por um lado o tratamento das fraturas, com manobras de reduções e
conceitos de condutas fechadas para as fraturas eram habilmente dominados pela
escola européia representado por Lorenz Böhler (1885 – 1973) e pela escola inglesa
representada por Watson-Jones (1902 – 1972), estes autores tinham posições
contrárias a um tratamento cirúrgico das fraturas. As reduções abertas e fixações
internas eram consideradas como último recurso (SCHATZKER, 1995).
2.1.5 A germinação do tratamento cirúrgico
As primeiras abordagens cirúrgicas eram limitadas a operações no
subcutâneo. Fraturas expostas eram tratadas com amputações, devido ao perigo de
septicemia. A fixação interna das fraturas não seria um procedimento seguro antes
de estabelecidas as condições de assepsias e anti-sepsias das salas cirúrgicas, da
anestesia e dos raios-X, fatos que somente ocorreram no final do século XIX e inicio
do século XX (LEUNIG, et al., 2000; COLTON, 2000). Entretanto, já eram
registradas a partir do século XVIII, o uso de materiais metálicos (bronze, prata,
chumbo) para alguma forma de sutura óssea, geralmente associadas com
problemas de corrosões e necrose teciduais (RIIEDE; SOMMER; LEUTENEGGER,
1998; LEUNIG, et al., 2000; COLTON, 2000).
22
No inicio do século XX, as fixações das fraturas alcançaram algumas
conquistas importantes. Desenvolveu-se as técnicas para fixação das fraturas, que
variaram dos fios metálicos iniciais, para os parafusos, e mais tarde para as placas e
algumas formas de fixações intramedulares dos ossos. Os problemas com corrosão
seriam esclarecidos com a compreensão de que alguns metais criam um potencial
de eletrodo quando banhado pelo ambiente salino do meio orgânico, e permitiria as
pesquisas de metais e ligas mais inertes para uso como implantes biológicos.
(RUSSEL, 1996; COLTON, 2000).
Entretanto, até o final da década de 1950, as técnicas cirúrgicas usadas para
a fixação interna, não eram modalidades geralmente aceita de tratamento
(PERREN, 2001). Apesar de alguns relatos de bons resultados, não forneciam
estabilização suficiente para reabilitação precoce e precisavam de imobilizações
gessadas até a consolidação (WATSON-JONES, 1945; SCHATZKER, 1995;
LEUNIG, et al., 2000), com os pacientes sofrendo os riscos da cirurgia e as
desvantagens da imobilização prolongada (SCHATZKER, 1995, p. S-B52).
Precisava ser resolvido o problema da adequada estabilidade na fixação interna
para permitir mobilização precoce (SCHATZKER, 1995; COLTON, 2000).
2.1.6 O desenvolvimento da técnica de osteossíntese
A técnica de osteossíntese estável para permitir precoce reabilitação,
somente iria aparecer após a década de 1940 (COLTON, 2002; LEUNIG, et al.,
2000).
Gerhard Küntscher em 1940 apresentou uma técnica que introduzia uma
haste metálica dentro do canal medular das fraturas diafisárias dos membros
23
inferiores. Este método permitia que o paciente operado da fratura iniciasse a
deambulação, praticamente, no dia seguinte. Teve rápida divulgação, mas como era
indicada para apenas algumas fraturas da diáfise, relatos subseqüentes reportavam
elevada incidência de complicações (ROTHWELL; FITZPATRICK, 1978). As hastes
viriam a se tornar realmente o padrão de tratamento apenas no final do século XX,
com o desenvolvimento das hastes com bloqueio proximal e distal, que aumentaria a
estabilidade das osteossínteses (SCHATZKER, 1995; LEUNIG, et al., 2000).
A técnica de osteossíntese que viria a conciliar estabilidade e mobilização
precoce foi idealizada por Danis (1949 apud MÜLLER, et al., 1971) com a aplicação
de compressão axial nas placas durante a cirurgia (MÜLLER, et al., 1971; 1993;
SCHATZKER, 2000; RUEDI; MURPHY, 2001). Este conceito foi aplicado por
Maurice Müller a partir de 1950 na Suíça, e os resultados iniciais foram
convincentes. A fixação interna rígida por compressão entre os fragmentos fornecia
estabilidade suficiente para permitir a mobilização precoce das articulações
adjacentes e tecidos muscular, mas havia necessidade de desenvolvimento
adicionais de aperfeiçoamento da técnica (MÜLLER, et al., 1971; 1993; RIIEDE;
SOMMER; LEUTENEGGER, 1998; COLTON, 2002).
Em 1958, Maurice Müller, junto com Hans Willeneger e Martin Allgöwer, e
logo depois com Robert Schneider e Walter Bandi (MATTER, 1998; HELFET, et al.,
2003), formaram um grupo para discutir sobre as questões de osteossíntese. Este
grupo, formado por cirurgiões gerais e ortopédicos, engenheiros e pesquisadores,
ficou conhecido pelas siglas AO (Arbeitsgemeinschaft für Osteosynthesefragen) ou
ASIF (Association for the Study of Internal Fixation) (MÜLLER, et al., 1971;
SHATZKER, 1995).
24
2.1.7 O conceito da técnica cirúrgica AO/ASIF
Enquanto as escolas atuantes no tratamento das fraturas tinham como
objetivos a consolidação óssea, o grupo AO/ASIF concentrou-se na reabilitação
precoce da função, prevenindo as complicações das imobilizações pós operatória
prolongada (MÜLLER, et al., 1971, 1993; SCHATZKER, 1995; MATTER, 1998;
LEUNIG, et al., 2000; HELFET, et al., 2003). Basearam seu conceito de tratamento
na constatação que, se a fratura fosse rigidamente fixada e obtivesse adequada
estabilidade, a maioria da dor era efetivamente eliminada e qualquer forma de
imobilização gessada externa podia ser abolida. Não precisando de imobilização
complementar, a movimentação da extremidade podia ser plena e a reabilitação
começava imediatamente após a cirurgia, sem esperar pela união óssea. Para obter
estabilidade da fratura, fundamentaram-se nas observações de Danis (1949 apud
MÜLLER, et al., 1971) de compressão interfragmentar para desenvolverem as
técnicas de osteossíntese com estabilidade da fratura considerada absoluta
(MÜLLER, et al., 1971; 1993; SCHATZKER, 1995; 2000; HELFET, et al., 2003).
2.2 Técnica de osteossíntese com estabilidade absoluta
Para obter, não apenas a fixação rígida da fratura, mas também,
estabilidade suficientemente forte e duradoura para dispensar a imobilização externa
complementar, a técnica desenvolvida pelo Grupo AO/ASIF fundamentou-se na
osteossíntese com compressão entre os fragmentos (MÜLLER, et al., 1971), onde a
estabilidade é obtida com a restauração da continuidade estrutural. Os fragmentos
ósseos são convertidos em um bloco sólido único por meio de compressão
25
interfragmentar pelos parafusos e/ou placas (MÜLLER, et al., 1971; 1993;
SCHATZKER 2000). As placas mantêm os fragmentos alinhados e permitem a
transferência de cargas entre as extremidades da fratura. Este compartilhamento de
cargas entre o implante e o osso acentua a compressão dos fragmentos,
aumentando a durabilidade da construção devido a redução das sobrecargas do
implante (MÜLLER, et al., 1971; 1993).
2.2.1 Compressão pelos parafusos
Quando a compressão entre os fragmentos é feita por parafusos, estes são
posicionados cruzando a linha de fratura e fixados apenas no fragmento mais distal
(Figura 2) e as forças de torque são convertidas em forças de compressão através
da fratura (RUSSEL, 1996). Nesta técnica interfragmentar de inserção do parafuso,
eles são chamados de parafuso de tração (“lag screw”) ou parafuso de compressão
(MÜLLER, et al., 1971; 1993; SCHATZKER, 1995, RUSSELL, 1996; RUEDI;
MURPHY, 2001).
Figura 2 – Representação de um parafuso de tração (Adaptado de RUEDI; MURPHY, 2001)
26
O parafuso usado como um dispositivo interfragmentar de modo isolado é
insuficiente para dar estabilidade duradoura à fixação, e deve ser associado a uma
placa com a função de neutralizar as forças locais até a consolidação (MÜLLER, et
al., 1993, RUSSEL, 1996).
2.2.2 Compressão pela placa
Outra forma de compressão entre os fragmentos é por meio das placas que
são colocadas previamente sob uma pré-tensão axial antes da fixação definitiva, e
por conseqüência, com a aplicação, exerce compressão interfragmentária estática
no local da fratura (MÜLLER, et al., 1971, 1993; RUEDI; MURPHY, 2001).
A aplicação de tensão axial nas placas pode ser feita por um aparelho
compressor articulado (Figura 3-A) ou com placas de compressão dinâmicas (DCP,
Dynamic Compression Plate) (Figura 3-B), com orifícios ovais por onde a cabeça do
parafuso desliza e exerce compressão estática no plano da fratura (MÜLLER, et al.,
1993; RUSSELL, 1996).
A B
Figura 3 – Representação da compressão pela placa (a) Com um dispositivo fora da
placa. (b) Compressão pela própria placa. (Adaptado de RUEDI; MURPHY, 2001.)
27
2.2.3 Redução anatômica e a estabilidade absoluta
A eficiência da compressão interfragmentar, quer com placas ou com
parafusos, exige a completa reconstrução anatômica da continuidade óssea (Figura
4) (MÜLLER, et al., 1993; SCHATZKER, 2000; PERREN, 2003).
Figura 4 – Redução anatômica com placa e parafusos (Retirado de MÜLLER, et al., 1993)
Um detalhe relevante da técnica de osteossíntese é a consideração
biomecânica de que os osso tem carregamento excêntrico, resultando em um lado
de tensão e outro de compressão (Figura 5).
Figura 5 – Representação do momento de flexão sobre as placa (Adaptado de MAZZOCCA,
et al., 2000)
28
O metal é mais apropriado para suportar tração e o osso suporta melhor a
compressão. A fixação interna deve ser feita com o arranjo biomecânico no qual, o
osso seja submetido à compressão e o metal à tração. As placas colocadas no lado
da tensão do osso são submetidas às cargas fisiológicas nas quais são mais
resistentes (SCHATZKER, 1995, RING, et al., 1997).
Parte das tensões que atuam sobre a placa são compartilhadas pelo contato
das superfícies fraturadas, acentuando a compressão interfragmentar e a redução
por gerar atritos-fricção pela interação dos fragmentos (RING, et al., 1997; MÜLLER,
et al., 1993; SCHATZKER, 2000; PERREN, 2003). Outra parte são transmitidas na
interface placa – osso, pela compressão exercida pelos parafusos e promovem, por
fricção – atrito, prevenção adicional aos desvios de cisalhamento (STOFFEL, et al.,
2003, PERREN, 2003). A resistência em torção não depende da placa propriamente
dita, mas dos parafusos (SCHATZKER, 1995; TÖRNKVIST, et al., 1996).
2.2.4 Resistência mecânica da construção
Para aumentar a estabilidade da construção com placas, não há necessidade
de usar implantes mais espessos e nem com rigidez elevada (RUSSEL, 1996). A
estabilidade depende da correta aplicação da técnica de compressão inter-
fragmentar (MÜLLER, et al., 1993) que cria o ambiente biomecânico de ausência de
movimentos no foco da fratura e a consolidação (PERREN, 1979).
Por outro lado, a estabilidade da montagem deverá, além de controlar as
demandas das tensões locais, possuir vida útil suficiente até a consolidação óssea
(RUSSELL, 1996). Como as solicitações mecânicas são distintas entre diferentes
ossos e entre segmentos do mesmo osso, para atender a estas peculiaridades,
29
foram desenvolvidos diversos modelos, tamanhos e larguras de placas (MULLER, et
al., 1993). A escolha, entretanto, é feita em função da proporção anatômica. Em
ossos maiores, como o fêmur, são usadas placas mais largas, e, em ossos menores,
como os do antebraço, placas mais estreita (RUSSELL, 1996).
2.2.5 Estabilidade e consolidação
Em termos histológicos clássicos, há dois padrões de consolidação das
fraturas: consolidação primária (ou direta, osteonal) e consolidação secundária (ou
indireta, não osteonal) (Figura 6). A formação de um ou outro modo de consolidação,
mantido um ambiente biológico adequado, dependem da estabilidade da fixação da
fratura (MCKIBBINS, 1978; PERREN, 1979; RUSSEL, 1996; EINHORN, 1998; ,
WEBB; TRICKS, 2000; HANKEMEIER, et al., 2001).
A
B
Figura 6 – Modos de Consolidação (A) Consolidação Indireta com formação de calo (B)
Consolidação indireta com remodelação intracortical (Adaptado de MCKIBBINS, 1978)
Quando o método de tratamento permite alguma amplitude de movimentos
entre os fragmentos, o tecido ósseo reage com a formação característica de um calo
externo que temporariamente estabiliza a fratura. Neste ambiente de estabilidade
relativa, a consolidação segue pela diferenciação de tecidos intermediários antes da
30
formação de tecido ósseo, motivo pela qual são chamadas de consolidação indireta
(MCKIBBINS, 1978; PERREN, 1979).
Com a fixação rígida e estabilidade absoluta, os extremos das fraturas
consolidam sem evidência radiológica de formação de calo externo. Neste modo de
consolidação, ocorre direta formação óssea, motivo pela qual são chamadas de
consolidação óssea direta ou osteonal. A consolidação osteonal depende da
redução anatômica e necessita de um ambiente sem movimentos entre os
fragmentos (MÜLLER, et al., 1993; SCHATZKER, 2000).
2.3 Fatores que comprometem a osteossíntese
A partir dos anos 1970, os relatos de redução das incapacidades e das
seqüelas causadas pelas fraturas, encorajaram a difusão mundial da técnica de
redução aberta com osteossíntese rígida (MÜLLER, et al., 1993, MATTER, 1998;
SANDERS, et al., 2002). Entretanto, “muitos cirurgiões adquiriram o equipamento
sem compreenderem o método, e os seus resultados foram insatisfatórios”
(HARKESS; RANSEY, 1993, p. 106). A aplicação inadequada causou uma
reputação duvidosa à técnica (MATTER, 1998) pelos relatos subseqüentes de
aumento das falências das osteossínteses, infecções e complicações no processo
de consolidação tais como retardo do tempo de consolidação e pseudartrose
(MATTER, 1998; LATTA; SARMIENTO; ZYCH, 2000; STOFFEL, et al., 2003).
Em investigações dos fatores que comprometeram a osteossíntese,
considerando que “a estabilidade é a base mecânica e a vascularidade a base
biológica da consolidação não complicada da fratura” (TSCHERNE; GOTZEN, 1984
apud MAZZOCCA, et al., 2000, p.332), duas possibilidades foram identificadas:
31
causas mecânicas (da estabilidade) e/ou causas biológicas (PERREN, 1979;
MULLER, et al., 1993; SCHATZKER, 1995; LEUNIG, et al., 2000; OROZCO, 2001).
2.3.1 Fatores mecânicos que comprometem a osteossíntese
A osteossíntese não é adequada, do ponto de vista biomecânico, quando a
fixação rígida com estabilidade absoluta não é obtida. Ocorrem principalmente por
falha da aplicação da técnica ou da indicação dos implantes. Exemplo comum são
as falhas por falta de contato entre os fragmentos que tendem a sobrecarregar as
placas e que, independentes da sua rigidez ou espessura, são predestinadas a
entortar ou quebrar por fadiga (PERREN, 1979; MULLER, et al., 1993;
SCHATZKER, 2000; OROZCO, 2001). Outras possibilidades comuns são: uso de
implantes inadequados para as solicitações biomecânicas do segmento fixado; e,
pobre qualidade óssea que não dá suporte aos parafusos (PERREN, 1979;
MULLER, et al., 1993; SCHATZKER, 1995; RUSSEL, 1996; CLAES, et al., 1999;
OROZCO, 2001; GARDNER, et al., 2005).
2.3.2 Causas biológicas que comprometem a osteossíntese
Foi do ponto de vista do comprometimento do suprimento sanguíneo ao
osso, pelas agressões adicionais da redução aberta cirúrgica, que a técnica de
osteossíntese rígida mostrou sua falta de primor, principalmente para as fraturas
diafisárias dos ossos longos do membro inferior (SCHATZKER, 1995; 2000,
LEUNIG, et al., 2000).
32
Na pratica clínica, observa-se que a proporção das lesões ósseas e das
partes moles tem relação com a gravidade do trauma. Além das lesões à
vascularização pelo acidente, se a fratura demandar um tratamento cirúrgico, sofrerá
desvitalizações adicionais pelo desnudamento e manipulação dos fragmentos
(PERREN, 2001). O osso com menor vitalidade não responde biologicamente, nem
à defesa local e nem ao processo de consolidação, aumentando a predisposição às
infecções, retardo de consolidação, e às vezes, pseudartrose (SCHATZKER, 1995;
RUSSEL, 1996; CLAES, et al., 1999; PERREN, 2001).
O tratamento cirúrgico precisa evitar traumas adicionais (CLAES, et al.,
1999). Uma fixação interna que aumenta a desvitalização dos fragmentos “não é um
procedimento bem planejado e nem bem executado”, mas deve ser escolhida a
técnica que causa menos danos aos tecidos moles e ósseo (RUSSEL, 1996, p. 772).
A redução anatômica e fixação interna rígida com placa e parafuso foi reconhecida
como inadequada para as fraturas, principalmente as mais complexas
(SCHATZKER, 1995). O apreciado foi que, as osteossínteses com placas estavam
baseadas em exagerada ênfase da estabilização absoluta, por meio da rigidez
estrutural da construção, às custas da biologia (PERREN, 1991;2001).
2.4 Evolução dos conceitos de fixação: da mecânica para a biologia
Os conceitos da técnica de fixação rígida com estabilidade absoluta são
viáveis e ainda hoje são executáveis, principalmente para as fraturas articulares e
fraturas do antebraço (RUEDI; MURPHY, 2001; MÜLLER, et al., 1993;
SCHATZKER, 1995). Entretanto, para as fraturas diafisárias do membro inferior, a
questão primordial era mudar a técnica de osteossíntese para um método com
33
menor comprometimento das partes moles. “O conflito entre a necessidade por
redução anatômica e o desejo por preservação das partes moles é igual a dizer lave-
me, mas não me molhe” (KRETTEK, 1997, p. S-A1, grifo do autor).
Nas últimas duas décadas do século XX, a melhor compreensão da biologia
local favoreceu a balança a pender da “mecânica para a biologia” (SCHATZKER,
1995; RUEDI; MURPHY, 2001; PERREN, 2001). O tratamento das fraturas
deslocou-se dos fundamentos da rigidez estrutural, para apoiar-se no conceito
biológico de preservação do suprimento sanguíneo dos fragmentos (SCHATZKER,
2000; PERREN, 2001). A transição ocorreu de forma progressiva, como observaram
Rozbruch, et al. (1998) na revisão do tratamento com placas das fraturas da diáfise
do fêmur no período de 1972 a 1994, interpretados como períodos representativo de
três décadas de fixação interna pelas técnicas AO/ASIF(Tabela 1).
Tabela 1 – Comparação da técnica de tratamento das fraturas de fêmur de 1972 a 1994
Época do tratamento
Variáveis
1972 - 1973 1982 1993 - 1994
Comprimento da Fratura
1
8,7 cm 10,1 cm 10,3 cm
Número de Orifícios na Placa 11.8 13,9 14,6
Comprimento da Placa 21,7 cm 25,5 cm 27,8 cm
Número de Parafusos na Placa 11 11,4 6,5
Razão do vão da placa
2
3,9 cm 5,3 cm 6 cm
Índice de Parafusos de tração
3
10 % 9 % 0,75 %
Densidade de Parafusos da Placa
4
95 % 84 % 45 %
Parafusos por área da fratura
5
2,02 2,52 1,47
(1) Length of the fracture - comprimento da fratura reduzida. (Adaptado de ROZBRUCH, et al., 1998)
(2) Plate span ratio – relação entre o comprimento da placa pelo comprimento da fratura.
(3) Lag screw index - nº de parafusos de tração fora da placa por cm do comprimento da fratura vezes 100 (%).
(4) Plate Screw density - nº de parafusos na placa dividido pelo nº orifícios na placa, vezes 100 (%).
(5) Screw to fracture density - nº de parafusos na placa dividido pelo comprimento da fratura.
Pela comparação entre os grupos, os autores observaram que os resultados
mais recentes tinham aumento da taxa de consolidação e redução significativa das
34
falhas das fixações, comparada às técnicas dos anos iniciais do estudo. Atribuíram
os melhores resultados, aos aprimoramentos da técnica nos anos mais recentes. As
estabilizações das fraturas, notadamente as cominutivas, foram deixando de ser
rígidas e gradualmente substituídas por técnicas com “adequada estabilidade ao
invés da máxima”, com placas mais longas (razão do vão da placa) e parafusos de
modo mais eficiente e ponderado (densidade de parafusos na placa), evitando
traumas cirúrgicos desnecessários. (ROZBRUCH, et al., 1998, p.196).
2.4.1 As placas em onda
Brunner e Weber (1981, apud PERREN, 1991) publicaram o tratamento de
pseudartrose de fraturas dos ossos longos com placas que chamaram de placas em
ondas. Eram moldadas de maneira que a porção central, sobre a pseudartrose, não
tocava no osso, e eram fixadas com parafusos apenas nas extremidades (Figura 7).
A
B
C
Figura 7 – Representação gráfica (A) e radiografias da placa em onda (B,C)
35
Foram os primeiros relatos de fixação com placa com estabilidade relativa ao
invés da síntese rígida habitual da época (PERREN, 1991; RING, et al., 1997).
Este espaço sem contato com o osso, reduz a necessidade de dissecção e
manipulação da área sob a placa, preservando o suprimento sanguíneo local.
Observaram redução do risco de fadiga pelo fato das tensões estarem distribuídas
por maior área da placa, ao invés de concentradas a um local. Entretanto, para
evitar que o maior braço de alavanca aumentasse as falhas em flexão, a placa era
colocado no lado lateral do fêmur com algum suporte ósseo na cortical lateral do
osso. Ensaios biomecânicos mostraram que a placa em onda tende a falhar em um
orifício do parafuso fora do momento da flexão (RING, et al., 1997).
Ring, et al. (1997) relataram suas experiências clínica com o uso da placa
em onda no tratamento de pseudartroses em diáfise femorais e confirmaram as
vantagens mecânicas e biológicas da técnica sobre a placa convencional: alto índice
de consolidação, ausência de falência dos implantes, e resultados finais adequados.
O comprimento médio das placas usadas pelos autores foi de 14 orifícios (10 a 21
orifícios), tomando o cuidado para que ao menos três parafusos pudessem ser
colocados em cada lado da pseudartrose.
2.4.2 As placas em ponte
A placa em onda pode ser considerada a primeira descrição da técnica de
uma placa transpassando a área da fratura, todavia, os conceitos das placas em
ponte foram desenvolvidos para reduzir as desvitalizações dos fragmentos em
fraturas cominutivas do fêmur (PERREN, 1991; SCHATZKER, 1995). O uso de
placas transpassando fraturas cominutivas foi apresenta por Heitemeyer e
36
Hierholzert (1985 apud PERREN, 1991) em estudo comparativo com a técnica
convencional de redução anatômica. As placas em ponte apresentaram resultados
superiores de consolidação com menos complicações (RIIEDE; SOMMER;
LEUTENEGGER, 1998). A Figura 8 mostra exemplos de placas em ponte. No
entanto, na sua descrição inicial, a técnica ainda solicitava a exposição do local da
fratura e alguma manipulação dos fragmentos principais, para restaurar o
alinhamento ósseo sob visão direta (PERREN, 2001).
A
B
C
Figura 8– Representação gráfico (A) e radiografias da placa em ponte (B,C)
2.4.3 Redução indireta
Mast, Jakob e Ganz (1989 apud RIIEDI; SOMMER; LEUTENEGGER, 1998)
propuseram a aplicação da redução indireta com placas em pontes. Nesta técnica,
os fragmentos intermediários da fratura permaneciam intocados e, ao invés da
redução anatômica dos fragmentos, restaurava-se o alinhamento anatômico do
membro por meio de tração externa. Após restaurado o alinhamento axial, angular e
37
rotacional da fratura, a placa transpassava a região fraturada e era fixada apenas
nas extremidades, nos fragmentos principais (RIIEDI; SOMMER; LEUTENEGGER,
1998; LEUNIG, et al., 2000; PERREN, 2001).
Para a fixação, eram usadas placas longas com apenas três ou quatros
parafusos nos fragmentos principais (MÜLLER, et al., 1993; RIIEDI; SOMMER;
LEUTENEGGER, 1998). A placa atuava como um tutor interno de sustentação das
cargas até a formação do calo externo (LEUNIG, et al., 2000; SANDERS, et al.,
2002), e a construção era mais “estável” e menos “rígida” (SANDERS, et al., 2002,
grifos do autor). Por não precisar refazer a anatomia dos fragmentos, as fraturas não
eram manipuladas e não existia a desvitalização adicional (RUSSEL, 1996; RIIEDI;
SOMMER; LEUTENEGGER, 1998; SCHATZKER, 2000; PERREN, 2001).
Comparações experimentais e clínicas de fixações com estabilidade
relativas e absolutas de fraturas cominutivas diafisárias mostraram resultados,
radiológicos e biomecânicos, mais favoráveis às técnicas com movimentos
controlados que com a fixação convencional rígida, tais como: consolidação mais
rápida; formação de calo mais sólido; e menores índices de falha das sínteses, de
pseudoartrose e de infecções (RUSSEL, 1996; BAUMGAERTEL; BUHL; RAHN,
1998; RIIEDI; SOMMER; LEUTENEGGER, 1998; ROZBRUCH, et al., 1998; CLAES,
et al., 1999; SCHATZKER, 2000; PERREN, 2001; SANDERS, et al., 2002).
2.4.4 As osteossínteses biológicas
McKibbins (1978) sugeriu que a possível fixação ideal, somente poderia ser
obtida por fixações nas quais pudesse manter a segurança sem impor total rigidez.
Com as experiências de falências das placas pela técnica convencional, tornou-se
mais evidente que, a redução anatômica das fraturas com estabilidade absoluta
38
tinha um preço biológico (PERREN, 2001). Observações de que a vascularização
dos fragmentos eram mantidas e melhoradas com as fixações flexíveis e menos
invasivas (BAUMGAERTEL; BUHL; RAHN, 1998), foram os fundamentos do reajuste
entre a mecânica e a biologia, que deram origem aos conceitos de osteossíntese
bio-lógica (PERREN, 2003, grifo do autor). A máxima preservação da vascularização
e a reatividade dos fragmentos eram mais importantes do que a rigidez da fixação
(ROZBRUCH, et al., 1998; CLAES, et al., 1999; LEUNIG, et al., 2000; GAUTIER;
SOMMER, 2003).
O aprimoramento do tratamento das fraturas ocorreram principalmente na
última década do século XX, e ainda estão em processo de refinamento. Técnicas
de abordagens “minimamente invasivas” (MIPO, Minimally invasive percutaneous
osteosynthesis) (PERREN, 2001) com mínimas incisões e com o uso de fluoroscopia
(KRETTEK, 1997; RIIEDI; SOMMER; LEUTENEGGER, 1998) recomendam o uso
das placas mais longas, para aumentar a alavanca mecânica, e menos parafusos
colocados mais espaçados, obtendo uma fixação, apenas, suficiente (ROZBRUCH,
et al., 1998; FIELD, et al., 1999; LEUNIG, et al., 2000; ELLIS, et al., 2001). Nestas
fixações, as construções tornam-se mais flexíveis pela omissão de alguns parafusos
e o movimento no local da fratura cria estímulo para promover a formação do calo
(FIELD, et al., 1999).
2.5 As fixações com menos rigidez
Vários fatores estão envolvidos no processo de consolidação e os
mecanismos que controlam cada etapa não estão completamente elucidados
(MCKIBBINS, 1978; HANKEMEIER, et al., 2001). Entretanto, merece destaque o
39
ambiente mecânico: a consolidação das fraturas é a reação do ambiente biológico
aos movimentos, desde que preservada a viabilidade óssea (ROZBRUCH, et al.,
1998; WOLF, et al., 2001; PERREN, 2003; EGOL, et al., 2004).
Observações tanto da pratica clínica (SARMIENTO, et al., 1977;
KENWRIGHT, et al., 1991; NOORDEEN, et al., 1995; SCHATZKER, 1995;
GARDNER, et al., 1997; KENWRIGHT; GARDNER, 1998; ROZBRUCH, et al.,
1998), como de métodos experimentais (LAURENCE; FREEMAN; SWANSON,
1969; GOODSHIP; KENWRIGHT, 1985; CARTER et al., 1987; CARTER;
BLENMAN; BEAUPRE, 1988; ARO; CHAO, 1993; AUGAT, et al., 1996; GOODSHIP;
CUNNHINGHAM; KENWRIGHT, 1998; CLAES, et al., 1998) demonstraram que com
as construções menos rígida, enquanto mecanicamente forte, a mobilidade entre os
fragmentos são reduzidos, mas não eliminados, e geram movimentos
interfragmentários controlados que são benéficos para consolidação (SANDERS, et
al. 2002; STOFFEL, et al., 2004).
Os movimentos destas construções com intencional flexibilidade, são
transferidos entre os fragmentos ósseos (se houver contato) e/ou espaço
interfragmentar, estimulando mais rapidamente a formação de calo (MCKIBBINS,
1978; GOODSHIP; KENWRIGHT, 1985; SARMIENTO, 1989; ROZBRUCH, et al.,
1998; CLAES, et al., 1998; STOFFEL, et al., 2004). Estudos comparativos da
consolidação em diferentes construções de osteossíntese observaram, que a
quantidade de calo periosteal formado era inversamente proporcional à rigidez da
fixação (FÜCHTMEIER, et al., 1999; SANDERS, et al. 2002; HENTE, et al., 2004).
Entretanto, uma produção abundante de calo com acentuados movimentos,
pode não ser um critério do curso mais eficiente da consolidação, considerando que
volumes menores e mais rápidos, podem ser suficientes para a estabilização da
40
fratura (GARDNER, et al., 1997; FÜCHTMEIER, et al., 1999; HENTE, et al., 2004).
Esta observação é uma indicação de que há um limite para o estímulo dos desvios
relativos dos fragmentos, que ultrapassado, têm influências inibitórias na
consolidação (GARDNER, et al., 1997). Portanto, as estabilizações menos rígidas
das fraturas mantêm um equilíbrio entre a flexibilidade que promove a formação de
calo e a instabilidade que pode conduzir à falência do implante, sem concluir a
consolidação (STOFFEL, et al., 2004).
A fixação com estabilidade relativa necessita permitir movimentos entre os
fragmentos, mas ser suficientemente estável para evitar que as deformações locais
excedam o limite de tolerância dos tecidos, prejudicando a consolidação
(MCKIBBINS, 1978; PERREN, 1979; MÜLLER, et al., 1993; EL MARAGHY, et al.,
2001).
2.5.1 Avaliações da flexibilidade dos fragmentos e estabilidade das fixações
Dados biomecânicos que permitam a escolha de uma construção com
máxima estabilidade para controlar as deformações locais, e adequada flexibilidade
que permita movimentos controlados e consolidação, ainda não estão estabelecidos
(TEPIC; PERREN, 1995; EL MARAGHY, et al., 2001; STOFFEL, et al., 2003).
O esclarecimento do ponto de equilíbrio entre a estabilidade suficiente e a
insuficiente (TEPIC; PERREN, 1995, STOFFEL, et al., 2003; 2004) foram estudados
por ensaios mecânicos em modelos de fraturas, que avaliaram a capacidade da
construção de resistir às cargas. A relação da carga e da deformação nos ensaios
de compressão axial, flexão e/ou torção, foram usados para supor a rigidez
estrutural da construção e comparados entre diferentes modelos e/ou com o osso
41
normal (CHAO, et al., 1989, TÖRNKVIST, et al., 1996; CLAES, et al., 1999; EL
MARAGHY, et al., 2001; STOFFEL, et al., 2003).
2.5.2 Parâmetros das osteossínteses que influem na consolidação
A decisão cirúrgica sobre a escolha da osteossíntese, precisa considerar
quais os parâmetros da fixação que tem maior influência favorável à consolidação.
Desta forma, o cirurgião poderá fazer a escolha da estabilidade apropriada e reduzir
as complicações de dissecações e desvitalizações desnecessárias dos tecidos e,
possivelmente, reduzindo as complicações causadas por fixações inadequadas,
quer por demais rígidas, ou insuficientes (EL MARAGHY, et al., 2001; STOFFEL, et
al., 2004).
Excluindo os fatores eventuais que influem no processo de consolidação,
tais como a geometria da fratura, magnitude do trauma inicial e grau de
comprometimento da vascularidade óssea, a formação do calo é influenciada por
dois parâmetros das osteossínteses, que podem ser controlados no momento da
fixação da fratura: a quantidade de movimentos dos fragmentos e a qualidade da
redução que determina a largura do espaço fratura (GOODSHIP; KENRIGHT, 1985;
ARO; CHAO, 1993; CLAES, et al., 1998; WEBB; TRICKS, 2000; AUGAT, et al.,
2005).
2.5.3 Análises do movimento interfragmentar
A quantidade de movimento interfragmentário tem um efeito decisivo na
formação de calo (MCKIBBINS, 1978; CLAES, et al., 1998; LATTA; SARMIENTO;
ZYCH, 2000). Se há fragmentos móveis, o calo estabiliza a fratura pelo aumento da
42
área transversa (propriedades estruturais) e pela diferenciação tecidual
(propriedades mecânicas) (MCKIBBINS, 1978; CLAES, et al., 1998; CLAES;
HEIGELE, 1999; AUGAT, et al., 2005). Com a fixação interna rígida, o movimento é
abolido e a necessidade da consolidação por calo é removida, e o processo é direto
(MCKIBBINS, 1978; GOODSHIP; KENWRIGHT, 1985).
Se algum movimento é necessário para o desenvolvimento do calo, o
excessivo movimento pode causar pseudoartrose (WEBB; TRICK, 2000). Se a
consolidação é modulada pelos movimentos interfragmentários no espaço da fratura
(MCKELLOP, et al., 1993; CLAES, et al., 1998), entretanto, a quantidade ideal de
movimentos não estão definidos para aplicação clínica (RICHARDS, et al., 1998; EL
MARAGHY, et al., 2001; STOFFEL, et al., 2003).
Pode-se predizer a flexibilidade da construção por meio de ensaios
mecânicos, entretanto a correlação da mobilidade dos fragmentos com as
deformações no foco da fratura, não podem ser feitas por meios diretos (AUGAT, et
al., 2005), mas presumido por simulações computadorizadas e modelos de
Elementos Finitos (AUGAT, et al., 2005; HERNANDEZ; BEAUPRE; CARTER, et al.,
2000; PRENDERGAST; HUISKES; SOBALLE, 1997) ou ainda, por previsões
matemáticas da quantidade de deformação entre os fragmentos conforme proposto
por Perren (1979) na Teoria da Deformação Interfragmentária (PERREN, 1979;
AUGAT, et al., 2005), calculado pela razão da variação do espaço da fratura pelo
espaço inicial (PERREN, 1979; CLAES, et al., 1998; PRENDERGAST; HUISKES;
SOBALLE 1997).
A hipótese de Perren (1979) correlaciona a deformação interfragmentar no
espaço da fratura, com os limites de tolerância ao alongamento dos diferentes
tecidos que se formam durante o processo de consolidação. Ocorre ruptura celular
43
quando um tecido é submetido a um alongamento acima do seu limite de tolerância
à deformação (MÜLLER, et al., 1993). Os valores da resistência de cada tipo celular
à deformação estão na Tabela 2.
Tabela 2 – Resistência tecidual à deformação
Tecido de
granulação
Tecido
conjuntivo
Fibrocartilagem Osso
Alongamento
tolerável
100% 5 – 17% 10 – 13% 2%
Angulação
tolerável
40º - 5 º 0,7 º
(Adaptada de AEGERTER; KIRKPATRICK. 1968, PERREN. 1979, MÜLLER, et al., 1993)
A Teoria da Deformação Interfragmentar considera que, a deformação entre
os fragmentos, em dado momento, vai determinar os tecidos que podem ser
formados, diferenciando os tipos celulares que resistem à deformação existente
entre os fragmentos (PERREN, 1979; MÜLLER, et al.,1993; LACROIX;
PRENDERGAST, 1999). Os tecidos que experimentam deformações acima do limite
de resistência ao alongamento, não poderão ser formado no local (PERREN, 1979).
Por sua vez, cada tipo tecidual formado, gradativamente aumenta o módulo
de elasticidade no espaço interfragmentar, com progressiva redução do movimento
interfragmentário conforme avança a consolidação (PERREN, 1979; CLAES, et al.,
1998). Se a redução do movimento alcança os limites do próximo tecido a ser
formado, este passa a ser formado no espaço. A Figura 9 é uma concepção das
etapas de diferenciação dos tecidos, conforme a progressiva redução da
deformação interfragmentar, até a formação de tecido ósseo.
44
Figura 9 – Concepção da teoria da deformação interfragmentar na consolidação.
Baseado em PERREN, 1979
Durante o processo de consolidação das fraturas há etapas em que
determinados tecidos predominam e vão sendo substituídos pelo domínio de outros,
podendo predominar em uma etapa os fibroblastos, em outra os condroblastos e na
etapa final, quando os movimentos interfragmentários é reduzido aos seus mais
baixo níveis, os osteoblastos (PERREN, 1979; MÜLLER, et al., 1993; CLAES, et al.,
1998).
Modelos experimentais têm comprovado a correlação da redução dos
movimentos entre os fragmentos com a diferenciação dos tecidos, conforme
proposto pela teoria da deformação interfragmentar, até criar o ambiente de
estabilidade necessária para a formação do tecido ósseo (CLAES, et al., 1998,
PRENDERGAST; HUISKES; SOBALLE, 1997; GARDNER, et al., 2000; LACROIX;
PRENDERGAST, 2002; AUGAT, et al., 2005).
Apesar de ser uma análise simplificada do processo de diferenciação
tecidual na consolidação (CHEAL, et al., 1991; CLAES, et al., 1998; LACROIX;
PRENDERGAST, 2002) os movimentos entre os fragmentos tem influência prioritária
45
na consolidação e as deformações são bons indicadores do processo (LACROIX;
PRENDERGAST, 1999). A deformação interfragmentar é um modo de prever a
influência dos movimentos entre os fragmentos na consolidação das fraturas
(PERREN, 1979; CLAES, et al., 1998).
A formação de tecido ósseo na consolidação direta ocorre em ambiente com
deformações menores que 2% e na consolidação secundária, quando a deformação
é mantida entre 2 e 10%, não forma osso se for maior que 10% (EGOL, et al., 2004).
Claes, et al. (1998) verificaram em culturas de osteoblastos a proliferação
celular somente com deformações até 4%. Lacroix e Prendergast (1999) não
observaram consolidação óssea quando a deformação estava acima de 2%.
Augat, et al. (1998) evidenciaram que as menores deformações estavam
associadas com menor quantidade de cartilagem e mais de osso, e as maiores, com
menor quantidade de calcificação da cartilagem, como previsto pela teoria de Perren
(1999).
Füchtmeier, et al. (1999) encontraram formação de ponte óssea em regiões
de consolidação com deformações iniciais de até 20% e somente a formação de
tecido conjuntivo nas regiões com valores de deformações entre 20 e 50%.
Claes, Eckert-Hhübner e Augat (2002) encontraram correlação entre a
formação de tecido ósseo, a deformação e os movimentos interfragmentário em
investigações experimentais da consolidação em ovelhas tratadas com fixadores
externos com movimentos controlados. Observaram que o grupo com menor
movimento (6,2% de movimento axial e 9% de deformação) tinham as mais altas
formações óssea e as menores de fibrocartilagem, que o grupo com maior
movimento (21,6% e 32% de deformação).
46
2.5.4 Análises do espaço entre os fragmentos
Além do movimento entre os fragmentos, também a largura do espaço da
fratura é um importante fator a influir na consolidação. Enquanto pequenos espaços
são benéficos para uma rápida e conclusiva consolidação, largos espaços retardam
significativamente o processo de reparo (CLAES, et al., 1998; AUGAT, et al., 1998;
AUGAT, et al., 2005; LACROIX; PRENDERGAST, 2002). Comparações
experimentais de fixações com larguras de espaço de fratura de 1,0 mm, 2,0 mm e
6,0 mm, e deformações pequenas (7%) e grandes (31%) apresentadas por Claes, et
al. (1998), está reproduzido na Figura 10-A. Comparações com espaços de 1,0 mm,
3,0 mm e 6,0 mm, e deformações pequenas (carga 300N) e grandes (500N)
apresentadas por Lacroix e Prendergast (2002), está reproduzido na Figura 10-B.
A
B
Figura 10 – Relação entre movimentos, espaço e consolidação (A) Reproduzido de
CLAES,
et al. 1998 (B) Reproduzido de
LACROIX; PRENDERGAST 2002
A capacidade de reparar da fratura decresce com o aumento do espaço entre
as superfícies da fratura, indicando que o tamanho do espaço da fratura influi de
modo inverso na consolidação, e tem um papel mais relevante que a deformação
47
interfragmentária em situações de consolidação indireta (CLAES, et al., 1998;
AUGAT, et al., 1998; 2005). Os modelos com menores deformações
interfragmentares e menores espaços estavam associados com as maiores
quantidades de tecido ósseo e menores de cartilagem, confirmando os efeitos
benéficos da menor deformação para a consolidação. Entretanto, quando
consideraram os espaços maiores, inclusive os com menores deformações, a
consolidação é atrasada ou pode não conseguir formar osso (AUGAT, et al., 1998).
O efeito do espaço na consolidação é sempre negativo, independente do
movimento ou deformação local (CLAES, et al., 1998). O processo de consolidação
é mais rápido e eficaz nos pequenos espaços (AUGAT, et al., 2005).
Movimentos interfragmentários relativamente grandes como de 1,0 mm,
podem ser tolerados, se os espaços não forem maiores que 2,0 mm (CLAES, et al.,
1998; AUGAT, et al., 1998). As menores deformações e os menores espaços (até
1,0 mm) promovem a formação de calo ósseo de modo mais eficiente. Pequenos
espaços (em torno de 1,0 mm) e grande movimentos interfragmentários resultam em
maiores áreas de calo. Os piores resultados são os grandes espaços (maior que 2,0
mm) com maiores deformações (CLAES, et al., 1998; AUGAT, et al., 1998; 2005;
LACROIX; PRENDERGAST, 2002).
Com base nas observações do efeito da largura do espaço na fratura,
limitando o calo de transpor os espaços maiores, Claes, et al (1998) propuseram que
as fraturas devem ser reduzidas com o menor espaço possível, para favorecer uma
consolidação tanto precoce quanto possível. A formação do calo parece piorar
quando o espaço é maior que 2,0 mm, e são melhores quando menor que 1,0 mm
(CLAES, et al., 1998; AUGAT, et al., 1998; 2005).
48
2.6 Parâmetro para a flexibilidade das fixações
Estudos pertinentes às questões das fixações menos rígida, tem demarcado
alguns parâmetros das osteossínteses que combinam adequada “flexibilidade” com
placa e parafusos para promover a formação do calo, com suficiente resistência
mecânica para não comprometer a estabilidade. Foram considerados relevantes: a
extensão da placa, o comprimento de trabalho da montagem, o número e a
disposição dos parafusos (JOHNSTON, et al., 1991 apud TÖRNKVIST, et al., 1996;
DENNIS, et al., 1993 apud TÖRNKVIST, et al., 1996; TÖRNKVIST, et al., 1996;
FIELD, et al., 1999; ELLIS, et al., 2001; EL MARAGHY, et al., 2001; STOFFEL, et
al., 2003; GAUTIER; SOMMER, 2004; SOMMER, et al., 2004).
2.6.1 Aumento da extensão das placas
Quanto maior a largura de uma placa, maior a sua resistência mecânica.
Entretanto, a escolha das dimensões das placas são feitas em função da proporção
do osso a ser fixado, e não são recursos que possam ser usados para alterar a
estabilidade de uma fixação (SCHATZKER, 1995; OROZCO, 2001).
Tentativas em aumentar a flexibilidade com placas mais elásticas, resultaram
em maior contato do implante com a superfície óssea e maior interferência na
vascularização cortical, causando maior porose e enfraquecimento cortical
(SCHATZKER, 1995; MULLER, et al., 1993; RUEDI; MURPHY, 2001).
Quanto mais longa a placa, mais resistente a fixação, pelo aumento do braço
de alavanca da construção. O aumento do comprimento da placa mostrou ser um
49
recurso que pode ser usado para aprimorar a estabilidade mecânica (LAURENCE;
FREEMAN; SWANSON, 1969; SCHATZKER, 1995; ROZBRUCH, et al.,1998).
Trabalhos têm correlacionados o maior comprimento da placa com melhor
estabilidade que as placas curtas, tanto em flexão como em torção (JOHNSTON, et
al., 1991 apud TÖRNKVIST, et al., 1996; DENNIS, et al., 1993 apud TÖRNKVIST, et
al.,1996; TÖRNKVIST, et al., 1996; EL MARAGHY, et al., 2001; ELLIS, et al., 2001;
SANDERS, et al. 2002; GAUTIER; SOMMER, 2003; SOMMER, et al., 2004).
Placas longas são indicadas para uma construção biomecânica suficiente
(RIIEDI; SOMMER; LEUTENEGGER, 1998; GAUTIER; SOMMER, 2003), entretanto,
deixando aberta a questão de uma “envergadura” mínima da placa.
Rozbruch, et al. (1998) e Gautier e Sommer (2003), sugeriram que o
comprimento da placa podia ser determinado pela razão do vão da placa (plate span
ratio) (Figura 11-A) e pela densidade de parafusos na placa (Figura 11-B).
A B
Figura 11 – Parâmetro para o comprimento da placa (A) Relação do comprimento da placa e
da fratura (razão do vão da placa) (B) Proporção de parafusos por orifícios da placa
(densidade de parafusos na placa). (Retirado de
GAUTIER; SOMMER, 2003)
A razão do vão da placa é definida como o quociente do comprimento da
placa pelo comprimento total da fratura (ROZBRUCH, ET AL., 1998). O comprimento
da placa, segundo Rozbruc, et al. (1998) deveria ser a que tivesse uma proporção
50
de 6:1, com o comprimento da fratura. Os valores empíricos, citados por Gautier e
Sommer (2003), seria o de obter o comprimento de placa que tivesse a proporção
em fraturas cominutivas maior que 2 ou 3; e, em fraturas simples, a proporção do
comprimento de placa seria entre 8 a 10 da largura da fratura. Por base no critério
da densidade de parafusos, Gautier e Sommer (2003) sugeriram que o quociente do
número de parafusos inseridos e o número de orifícios na placa, fossem de valores
abaixo de 40 a 50%, com menos da metade dos orifícios da placa ocupados pelos
parafusos.
2.6.2 Redução do número dos parafusos nas placas
Johnston, et al. (1991 apud TÖRNKVIST, et al., 1996) estudaram a
resistência de saída dos parafusos em modelos de fraturas em ossos de animais
fixadas com placas menores (DCP, 3,5 mm) de 7 orifícios, comparadas com placas
maiores e mais curtas (DCP, 4,5 mm, 5 orifícios). As placas foram fixadas com todos
os parafusos. Os resultados dos ensaios mecânicos não mostraram diferenças
significativas na resistência e concluíram que, apesar das placas de 3,5 mm serem
mais fracas, o maior comprimento (sete orifícios) foi fator determinante na
resistência, comparada às placas mais fortes e menores (4,5 mm, cinco orifícios).
Dennis, et al. (1993 apud TÖRNKVIST, et al., 1996) compararam placas
mais longas com menos parafusos e placas mais curtas com todos os parafusos, em
modelos de fraturas em ulna de cadáveres. Concluíram que as placas mais longas,
com menos parafusos e colocados mais espaçados, tinham vantagens nos testes da
resistência da construção em flexão em quatro pontos, e em balanço antes de falhar,
comparadas com placas mais curtas com todos os orifícios preenchidos.
51
Sanders, et al. (2002) compararam a resistência de placas DCP (3,5 mm, 06
orifícios) com todos os parafusos versus placas de diferentes comprimentos (06, 08
e 10 orifícios) com quatro parafusos, em osteotomias de ulna de cadáveres fixadas
com compressão entre os fragmentos. Os autores concluíram, que as placas de 08 e
10 orifícios, com quatro parafusos, tiveram resistência equivalente ou superior do
que as placas de seis orifícios com todos os parafusos.
A maior resistência das placas mais longas e menos parafusos se deve ao
modo do carregamento dos parafusos, que são alterados com o aumento do braço e
pela posição do parafuso, conforme exemplificado na Figura 12. Quanto mais longa
a placa, menor força sobre os parafusos (LAURENCE; FREEMAN; SWANSON,
1969; SANDERS, et al., 2002; GAUTIER; SOMMER, 2003).
Figura 12 - Carregamento dos parafusos em flexão (A,C) Com as placas mais curtas (B,D)
Com as placas mais longas (Retirado de
GAUTIER; SOMMER, 2003).
52
Com a redução da força sobre os parafusos em momento de flexão externo
(ROZBRUCH, et al., 1998) a fixação da placa pode ser feita com menor número de
parafusos nos fragmentos principais, sem comprometer a estabilidade (RIIEDI;
SOMMER; LEUTENEGGER, 1998). Esta associação de placas longas com
ponderado número de parafusos permite aumentar a flexibilidade da construção e
fornece estabilidade “suficiente” ao invés de máxima, e demonstraram melhores
resultados clínicos que na técnica convencional (ROZBRUCH, et al., 1998).
2.6.3 Aumento do comprimento de trabalho das placas
Estudos das deformações na superfície óssea mostraram que as tensões são
redistribuídas com a aplicação da placa (FIELD, et al., 1999). O implante atua como
carregador e transportador das cargas sobre a fratura óssea. Com as placas mais
longas as tensões são redistribuídas por maior área do implante (LEUNIG, et al.,
2000; ROZBRUCH, et al., 1998).
Entretanto, além do comprimento da placa, a posição dos parafusos tem
demonstrado ser importante para determinar a estabilidade e a resistência da
construção (GAUTIER; SOMMER, 2003). A inserção de parafusos ao nível da fratura
reduz a flexibilidade do implante (STOFFEL, 2003, SOMMER, et al., 2003) e o
momento de flexão ocorre sobre um curto segmento de placa e aumenta a
deformação local do implante (GAUTIER; SOMMER, 2003).
Quando a placa em ponte é aplicada com maior distância entre os dois
parafusos adjacentes à fratura, como deixando dois ou três orifícios vazios na região
central, além de aumentar a flexibilidade da construção e promover a consolidação,
as deformações elásticas são distribuídas em maior segmento livre da placa
53
(SCHATZKER, 1995; FIELD, et al., 1999; ELLIS, et al., 2001; GAUTIER; SOMMER,
2003; SOMMER, et al., 2004). A Figura 13 mostra a representação das deformações
na placa, em flexão de três pontos, com menor e maior segmento entre os parafusos
centrais.
Korvick, et al. (1988 apud FIELD, et al., 1999) usaram de strain gauges
fixados em placas de 08 orifícios, para avaliar as deformações pela omissão dos
parafusos centrais. Observaram que o aumento das tensões na placa eram
proporcionais ao número de parafusos omitidos, e só foram excessivas para a
estabilidade da construção, com a omissão de seis parafusos. Propuseram que a
omissão simétrica de até 40% dos parafusos da placa, não comprometiam a
estabilidade estrutural da construção e, pelo aumento das deformações, iriam
promover estímulos para aumentar a massa óssea e evitaria a osteopenia induzida
pela aplicação da placa ao osso (FIELD, et al., 1999).
Entretanto, um aumento das deformações na região da fratura por fixações
mais flexíveis, poderiam comprometer a diferenciação celular, como proposto pela
hipótese de Perren (1979) (FIELD, et al., 1999). A investigação da possibilidade de
Figura 13 – Deformação e comprimento de trabalho (A,C) Curto segmento da Placa com
altas deformações (B,D) Longo segmento da Placa com menores deformações (Retirado de
GAUTIER; SOMMER, 2003).
54
que as deformações na superfície óssea também fossem aumentadas e pudessem
prejudicar a consolidação foram feitas por Field, et al. (1999). Os autores
compararam as deformações na superfície óssea de fixações rígidas, com todos os
parafusos, e construções mais flexíveis com placas mais longas e remoção de 25 a
50% dos parafusos. Observaram que as deformações elásticas também
aumentaram na área embaixo do segmento livre da placa, comparada com as
fixações com todos os parafusos. Todavia, não encontraram diferenças significativas
nas deformações no local da fratura, entre os modelos de osteossíntese (FIELD, et
al., 1999). A área fraturada mantém baixa deformação dos tecidos
interfragmentários, permitindo segura diferenciação celular e formação da ponte
óssea (PERREN, 1979; ROZBRUCH, et al., 1998; FIELD, et al., 1999; GAUTIER;
SOMMER, 2003).
Devido ao mais longo segmento livre, com os maiores comprimento de
trabalho das placas, apesar do momento de flexão ser alto, pela posição excêntrica
das placas em ponte (SCHATZKER, 1995), as tensões são distribuídas por maior
área, o que tem um efeito de proteção contra falência por fadiga do implante
(GAUTIER; SOMMER, 2003; SOMMER, et al., 2004). As observações clínicas não
têm evidenciados as falhas por fadiga quando a placa é colocada com maior
comprimento de trabalho transpondo o espaço da fratura (SCHATZKER, 1995;
ROZBRUCH, et al., 1998; LEUNIG, et al., 2000). Conforme forma o calo, processa-
se o compartilhamento de carga entre placa e osso e as solicitações das placas são
progressivamente reduzidas (ROZBRUCH, et al., 1998; HENTE, et al., 2004).
Quando as placas mais longas falham, freqüentemente deformações plásticas
ocorrem antes da soltura do parafuso e da fratura por fadiga (SANDERS, et al.,
2002).
55
As fixações flexíveis permitem a aproximação dos extremos das fraturas com
a carga, e depois movem-se de volta à sua posição (GAUTIER; SOMMER, 2003).
Uma questão técnica, que retorna, é do efeito prejudicial do espaço entre os
fragmentos, tanto para a consolidação, como para a resistência da fixação. Por não
permitir a transferência de cargas de um fragmento para outro (SCHATZKER, 1995;
STOFFEL, et al., 2003), um maior espaço entre os fragmentos poderia aumentar os
riscos de deformações plásticas do implante. Experimentações biomecânicas e
clínicas demonstram que quando há redução anatômica da fratura e compressão
entre os fragmentos, os implantes são menos solicitados pelo compartilhamento com
o osso (OROZCO, 2001). Para aumentar a estabilidade das construções com
flexibilidade, Stoffel et al. (2003) sugeriram que o espaço entre os fragmentos
fossem mantidos pequenos, para permitir contato dos fragmentos diante de
condições de carga, assim reduzindo os riscos de deformações permanente da
placa. Esta proposta está de acordo com as de Claes, et al. (1998) e Augat, et al.
(1998), de reduzir as fraturas com o menor espaço possível par favorecer a
consolidação.
2.6.4 Parâmetros relacionados ao número de parafusos
Os parafusos atuam para comprimir a placa contra o osso, oferecendo
resistência aos movimentos. Convencionou-se preencher todos os orifícios da placa
com parafusos para, desta forma, evitar falha prematura da construção (PERREN,
1979, SCHATZKER, 1995).
De acordo com Orozco (2001), uma questão clássica nos cursos de
osteossíntese é a de “quantos parafusos devem fixar a placa ao osso nas fraturas
56
diafisárias” (OROZCO, 2001, página 177). O menor número de parafusos segundo o
“Manual de Osteossíntese das Técnicas AO – ASIF” (MÜLLER, et al., 1993) é
definido como o mínimo de corticais para cada lado da fratura de modo a obter-se
uma fixação estável. Há alguns anos a resposta ao número mínimo de corticais
padronizou-se, aconselhando-se a oito corticais nos segmentos proximal e distal da
diáfise femoral, seis ou sete para a tíbia e seis para os ossos do braço e antebraço
(OROZCO, 2001). A Tabela 3 mostra a comparação das sugestões do número de
corticais por lado da fratura, segundo diferentes livros técnicos em fixação interna.
Tabela 3 – Padrão convencional de parafusos por local fraturado
N° mínimo de corticais óssea (por lado da fratura) Fonte
de referência
Fêmur Tíbia Úmero Rádio e Ulna
Muller, et al. (1993) 07 06 06 05
Orozco (2001) 08 06 a 07 06 06
Mazzocca, et al. (2000)
07
06
06
05
Todavia, a determinação dos números de corticais recomendados, foram
baseadas em evidências pessoais e clínicas com falhas mecânicas e nenhuma
razão biomecânica têm sido fornecida para estes números mínimos (EL MARAGHY,
et al., 2001; SANDERS, et al., 2002). O número “suficiente” [grifo do autor] é aquele
que explora ao máximo o efeito da neutralização da fratura, e depende do tipo de
fratura, da qualidade do tecido ósseo e das solicitações mecânica locais (OROZCO,
2001).
Nas origens do grupo de osteossíntese AO, a escola de Algöwer aconselhava
a utilizar todos os orifícios da placa e a escola de M. Müller sempre aconselhou a
utilizar somente os parafusos necessários para obter uma osteossíntese
suficientemente estável para permitir a função imediata da extremidade (OROZCO,
57
2001). Especialistas tem suprimido os parafusos progressivamente, conforme
aumentam a sua experiência cirúrgica (OROZCO, 2001) e as orientações AO/ASIF
como guia prévio para um número específico de parafusos e corticais ancorados em
cada fragmento, não são mais usados na clínica de vários autores (ROZBRUCH, et
al., 1998; GAUTIER; SOMMER, 2003).
Com o conceito das placas em pontes, o padrão de colocação dos parafusos
foram alterados para um modo mais eficiente e ponderado, para evitar traumas
cirúrgicos desnecessário ao osso (ROZBRUCH, et al., 1998). Considera-se mais
importante inserir menos parafusos, desde que, tenham o suporte de placa com
maior braço de alavanca, para reduzir o carregamento dos parafusos (GAUTIER;
SOMMER, 2003).
Entretanto, a questão clássica do número de parafusos nas fixações
convencionais (OROZCO, 2001) ainda persiste com as fixações com estabilidade
relativa (EL MARAGHY, et al., 2001; TÖRNKVIST, et al. 1996). Todavia, há poucos
dados biomecânicos disponíveis sobre o número necessário de parafusos em cada
lado da fratura, para se ter estabilidade suficiente e evitar a falência da construção
(EL MARAGHY, et al., 2001; TÖRNKVIST, et al. 1996).
2.6.5 O número de parafusos
Com a tendência moderna do uso de placas mais longas, tornou-se
desnecessário o uso de todos os parafusos para uma fixação estável, trazendo com
isso benefícios de menos manipulações e desvitalizações desnecessárias
(ROZBRUCH, et al., 1998).
58
Laurence, Freeman e Swanson, (1969) relataram que era mecanicamente
redundante o uso de mais do que quatro parafusos para uma placa. Os autores
concluíram que, as mais altas tensões fisiológicas em flexão, aplicadas sobre os
parafusos na placa, não chegavam à metade da força necessária para arrancar o
parafuso.
Gotzen, Haas e Riefenstahl (1983 apud ROZBRUCH, et al., 1998)
compararam a estabilidade em modelos de fraturas em osso de cadáveres, de
fixações de placas de dez orifícios com dois parafusos em cada lado da fratura (mais
próximo e outro mais distante da fratura) versus placas de oito orifícios fixadas com
quatro parafusos em cada lado. Como a estabilidade de ambas foram semelhantes,
eles concluíram que a construção com dez orifícios com quatro parafusos era mais
eficiente que a de oito orifícios com todos os parafusos.
Korvick, et al. (1988 apud FIELD, et al., 1999) investigaram o efeito da
omissão de parafusos nas deformações de placas de oito orifícios fixadas em
modelos de fraturas com tubos de alumínio. Observaram que a omissão de dois,
quatro e seis parafusos centrais tinham um aumento proporcional das tensões em
flexão no meio da placa, comparadas com a placa com todos os oitos parafusos.
Entretanto, exceto com a remoção de seis parafusos, não observaram efeito
deletério na rigidez da construção com omissão de dois e quatro parafusos, e
propuseram a omissão simétrica de até 40% dos parafusos centrais da placa.
Törnkvist, et al., (1996) estudaram a influência na resistência da fixação do
número e do espaçamento dos parafusos em placas DCP (largas, 4,5 mm) fixadas
em modelo sintético (espuma de poliuretano) de fratura. Cinco construções
diferentes foram testadas até a falência em cinco modalidades de ensaios: balanço
aberto e fechado, flexão aberta e fechada, e em torção e comparadas com uma
59
fixação com três orifícios com todos os parafusos. Na Tabela 4 é apresentada uma
adaptação, com símbolos, dos resultados de Törnkvist,et al. (1996).
Tabela 4 – Resultados de Törnkvist, et al. (1996)
Local dos parafusos nos orifícios da placa a partir do centro
para as extremidades
Tipo de ensaio mecânico da
construção
1,2,3 1,3 1,4 1,5 1,6 1,3,5
Balanço (Cantilever) fechado controle
Ð
Ù Ï ÏÏÏ ÏÏ
Balanço (Cantilever) aberto controle Ð Ù Ï Ï ÏÏ
Flexão 4 pontos aberto controle Ð Ï ÏÏ ÏÏ ÏÏ
Flexão 4 pontos fechado controle Ð Ð ÏÏ ÏÏ ÏÏ
Torção controle Ð Ð Ð Ð Ù
Ï = lado que resistiu a falência (Adaptado de TÖRNKVIST, et al., 1996)
ÏÏ = mais resistente à falência
ÏÏÏ
= muito mais resistente à falência
Ð
= lado menos resistente (lado da falência, por extrusão do parafuso nos ensaios)
Ù = sem diferença significativa do modelo comparada com a configuração 1-2-3.
Entre os resultados obtidos, os autores observaram que a resistência em
flexão aberta e fechada é aumentada principalmente pelo comprimento da placa,
com as placas mais longas (cinco e seis orifícios) sendo mais resistentes que as
mais curtas (três orifícios). A resistência em torção não foram influenciadas pelo
comprimento da placa ou pelo espaçamento dos parafusos, mas pelo número de
parafusos, as placas com três parafusos foram superiores às com dois parafusos. A
resistência à saída dos parafusos nos testes em balanço aberto foi influenciada mais
pelo numero de parafusos (três versus dois) colocados mais espaçados (três
espaçado versus três juntos) do que pelo comprimento da placa. Nos testes em
balanço fechado a melhor influência foi do comprimento da placa seguido pelo
número de parafusos (três versus dois). Os autores concluíram que, como o modelo
com três parafusos espaçados mostraram melhor resistência na maioria dos
60
ensaios, inclusive na resistência em torção, que o uso de três parafusos colocados
mais espaçados (placa mais longa do que três parafusos juntos) são mais efetivos
para melhorar a resistência do que aumentar o número de parafusos (TÖRNKVIST,
et al., 1996).
Rozbruch, et al. (1998) estabeleceram a densidade de parafuso na placa
(plate screw density) como um dos fatores de sucesso na fixação de fraturas do
fêmur. Os autores sugeriram que o quociente do número de parafusos inseridos em
relação ao número de orifícios na placa, deveria ser de até 50%. Uma fratura
transversa de fêmur, geralmente estabilizada com uma placa de 10 a 12 orifícios,
usariam dois ou três parafusos em cada fragmento principal, com um próximo da
fratura e o outro na extremidade da placa, e um parafuso adicional podendo ser
colocados entre eles (ROZBRUCH, et al., 1998). O critério de densidade de
parafusos usados por Gautier e Sommer (2003) era que o percentual de ocupação
de parafusos na placa fossem de valores abaixo de 40 a 50%, com menos da
metade dos orifícios da placa ocupados pelos parafusos.
2.6.6 A posição dos parafusos
Field, et al. (1999) nas análises dos efeitos da omissão simétrica dos
parafusos na rigidez da construção, registradas com strain gauge na superfície do
metacarpo de eqüinos fixados com placas DCP de dez orifícios, observaram que,
nos ensaios de flexão em quatro pontos, que em alguns padrões, a omissão de até
40% dos parafusos não alterava significantemente a rigidez em flexão da
construção, comparados com a fixação de todos os parafusos.
61
Törnkvist, et al. (1996) haviam proposto a vantagem de três parafusos ao
invés de dois, para a estabilidade em torção.
Field, et al. (1999), nos ensaios em torção, não compararam o número, mas
o espaçamento dos três parafusos, e concluíram que a rigidez em torção foi
significativamente afetado pela disposição: a maior redução foi com a omissão dos
parafusos próximos da fratura (aumento do comprimento de trabalho da placa) e
com as placas mais curtas. A maior rigidez em flexão e torção, foi com todos os
parafusos na placa.
Ellis, et al. (2001) propuseram, ao invés de medir a deformação na superfície
óssea como Field, et al. (1999), a medida da deformação na placa como método
mais apurado para investigar o efeito de algumas posições dos parafusos, alegando
que a maioria das falências dos implantes ocorrem por fadiga do metal. Usaram
canos de PVC (polyvinyl chloride) de 38 mm de diâmetro para construírem seus
modelos de fraturas fixadas com placa DCP (4,5 mm, 20 orifícios). Na Figura 14 está
representada a posição dos medidores da deformação e os seus três modelos de
fraturas: com contato dos fragmentos, espaço de 1,0 cm e espaço de 4,0 cm.
Figura 14– Representação dos modelos de ELLIS et al. (2001)
62
Em todos os modelos analisados, os autores observaram que as
deformações na placa eram mais altas na região adjacentes aos três primeiros
parafusos, e que após o terceiro, as deformações se dissipam, e eram mínimas
(Figura 15).
Figura 15 – Gráfico das deformações ao longo da placa (Reproduzido de ELLIS, et al. 2001)
Além da posição dos parafusos, os autores observaram que as deformações
nos implantes diferem se a fratura fosse fixada com contato ou se com espaço entre
os fragmentos. Nos modelos com espaço, simulando fraturas cominutivas, as
deformações na placa eram menores com os parafusos colocados próximos da
fratura, quando comparados com os modelos com parafusos colocados mais
distantes ou espaçados. Nos modelos sem espaço, simulando fraturas com redução
anatômica, as posições dos parafusos que registraram as mais baixas deformações
na placa, foram aqueles colocados mais distantes do foco de fratura, seguido pela
disposição com os parafusos espaçados e as maiores deformações, quando eram
colocados juntos. Todavia, as mais altas deformações com os modelos sem espaço,
foram de aproximadamente um terço das deformações dos modelos com espaço.
63
Por isso, segundo os autores, a disposição dos parafusos tem maior importância nas
fraturas com espaço, do que nas reduzidas com contato (ELLIS, et al., 2001).
2.6.7 Dados finais
Stoffel, et al. (2003), Gautier e Sommer (2004), e Sommer, et al. (2004)
recentemente fizeram análises biomecânicas do comprimento da placa, do
comprimento de trabalho e do número de parafusos, mas usando as placas com
bloqueio dos parafusos do tipo LCP (Locking Compression Plate, Synthes®).
Apesar destes modelos de placas atuarem como fixadores internos e com
propriedades mecânicas distintas das placas convencionais, Stoffel, et al., (2003)
mencionaram que a determinação do número e posição dos parafusos e o
comprimento da placa, foram principalmente baseados em experiências clínicas e
experimentais com placas convencionais, descrita em vários estudos, tais como
Dennis, et al. (1993 apud TÖRNKVIST, et al., 1996), Ellis, et al. (2001), El Maraghy,
et al. (2001), Field, et al. (1999), Johnston, et al. (1991 apud TÖRNKVIST, et al.,
1996), Törnkvist et al. (1996).
Para as placas LCP são recomendadas nas fraturas do fêmur e tíbia, dois, e
no máximo, três parafusos em cada lado da fratura; para o úmero e rádio, três
parafusos, e no máximo quatro em cada segmento (STOFFEL, et al., 2003;
SOMMER, et al., 2004).
Stoffel et al. (2003) propuseram para as fraturas com pequeno espaço: placas
longas com maior comprimento de trabalho com dois ou três parafusos em cada
segmento (o terceiro quando existir maior força em torção). Para espaços maiores,
um parafuso adicional colocado mais próximo do espaço da fratura reduziu o pico de
64
deformações nos parafusos mais internos. Quanto mais próximo do espaço da
fratura, mais rígido torna-se a construção sob compressão. A colocação espaçada
dos parafusos, aumenta a resistência da fixação sob compressão, comparada com
os parafusos juntos, como também evidenciaram Sanders, et al. (2002) e Törnkvist,
et al. (1996). A flexibilidade aumenta (redução da rigidez axial) tanto em compressão
(64%) como em torção (36%) pela omissão nos orifícios adjacentes ao lado da
fratura; a cada orifício a mais desocupado, a rigidez axial reduziu por cerca de 10%
(STOFFEL, et al., 2003).
Stoffel, et al. (2003) mencionaram que na consideração do número dos
parafusos, a rigidez em torção aumenta com o aumento de parafusos, mas um
quarto parafuso pouco acrescenta na rigidez, sugerindo que não são necessários
mais do que três por fragmento, como sugeridos por Ellis, et al. (2001), Field, et al.
(1999), Törnkvist, et al. (1996).
Gautier e Sommer (2004) usando as placas com bloqueio dos parafusos do
tipo LCP (Locking Compression Plate, Synthes), propuseram como disposição dos
parafusos, em placas com compressão entre os fragmentos, que os dois parafusos
centrais fossem inseridos tão próximo quanto possível da fratura, com os dois
parafusos periféricos inseridos em cada extremo da placa, como também proposto
anteriormente por Sanders, et al. (2002). Para fraturas cominutivas, Gautier e
Sommer (2003) recomendam uma distância mais longa entre os parafusos
adjacentes à fratura para menor carregamento dos parafusos mais centrais.
65
3 PROPOSIÇÃO
Se há consenso, na pratica clinica, sobre os benefícios das fixações menos
rígida, no entanto, ainda não foi elucidado os limites desta flexibilidade e nem
desvendado os parâmetros adequado de estabilidade. A proposta deste trabalho
experimental foi, avaliar algumas configurações de fixações com placa e parafuso, e,
por um lado, tentar compreender as conseqüências destas nuanças biomecânica na
produção final da flexibilidade e estabilidade da construção, e por outro lado, atrever-
se no campo das ciências exatas e tentar desvendar os conceitos mecânicos que
praticamente domina a área das osteossíntese das fraturas.
66
4 MATERIAL E MÉTODO
4.1 Material
Para a realização dessa pesquisa foram utilizados vinte ossos longos,
bovinos, frescos, incluindo tíbias e fêmures. As amostras foram desnudadas das
inserções das partes moles 24 horas antes do ensaio, e mantidas em caixa de
isopor com gelo e solução salina até a realização dos testes.
Foi produzida uma secção transversal no terço médio da diáfise das
amostras, simulando um modelo de fratura, com o auxílio de uma serra manual
(marca Starret) (Figura 16).
Figura 16 – Execução de um modelo de fratura
As placas utilizadas nas fixações das osteotomia eram do tipo DCP (dinamic
compression plate) estreita de 4,5 mm, de aço inoxidável com diferentes
comprimentos (08, 10, 12 e 14 orifícios). Os parafusos utilizados eram do tipo
cortical de 4,5 mm, de aço inoxidável. Os parafusos foram implantados com
perfuração prévia dos orifícios com brocas 3,2 mm e fresagem das roscas com fresa
de 4,5 mm. As placas e os parafusos foram fornecidos pela Synthes do Brasil.
67
Cinco modelos de fixações foram criados para as tíbias e para os fêmures,
com no mínimo três amostras para cada configuração. As tíbias foram usadas para
os ensaios de flexão em quatro pontos e os fêmures para os ensaios com carga
axial. O modelo para controle foi fixado pela técnica AO/ASIF de compressão
interfragmentar e estabilidade absoluta, com a colocação excêntrica dos parafusos
centrais (Figura 17-A, à esquerda).
A
B
Figura 17 – Fixação do modelo controle (A) e do modelo experimental (B)
Os outros quatro modelos de fixação foram fixados de modo a deixar um
espaço entre os fragmentos em torno de 10,0 mm para evitar que as extremidades
ósseas contribuíssem para estabilidade, e deste modo reduzissem os movimentos
interfragmentários (Figura 17-B, à direita). Este espaço na prática clínica pode ser
correlacionado com as fraturas cominutivas, nas quais a redução, habitualmente,
não obtêm o pleno contato entre os fragmentos.
68
4.2 Método
As três placas de oito orifícios fixadas pela técnica de compressão
interfragmentar e estabilidade mecânica absoluta, foram usadas como controles nos
testes mecânicos para as demais amostras, e tiveram todos os seus oitos orifícios
fixados com parafusos. Este modelo de configuração na prática clinica equivale ao
padrão para algumas fraturas transversa do membro inferior (Figura 18-A, à
esquerda).
A B
Figura 18 – Modelos das configurações de fixação controle (A) e experimental (B)
Para as demais quatro configurações preparadas para os ensaios foram
usadas as placas de 08, 10, 12 e 14 orifícios em montagens de osteossíntese com
apenas três parafusos em cada extremidade (Figura 18-B, à direita), simulando as
placas em pontes com diferentes comprimentos livres da placa entre os parafusos
69
mais internos. Estas amostras, com diferentes comprimento de trabalho, foram
avaliadas com ensaios de flexão em quatro pontos, para estimativa da flexibilidade
entre os fragmentos e com ensaios de compressão axial para estimativa da
estabilidade da construção pela deformação entre os fragmentos. Estas amostras
experimentais foram fixadas deixando um espaço em torno de 10,0 mm entre as
extremidades do defeito, para evitar que houvesse contato durante os ensaios.
Nos ensaios em flexão em quatro pontos, foram feitos testes adicionais com
redução do comprimento de trabalho da placa, com a aproximação dos parafusos
mais centrais para o mais próximo possível da osteotomia (Figura 19-A, à esquerda),
sem alterar os dois parafusos mais externos de cada lado, exceto para as placas de
08 orifícios, as quais foram avaliadas com apenas dois parafusos em cada lado
(Figura 19-B, à direita) para diferenciar do modelo testado com os 3 parafusos
(comparar com a Figura 18-B, à direita).
Figura 19 – Modelos das configurações com parafuso próximo ao foco
70
4.3 Ensaio de Flexão em quatro pontos e compressão axial
As amostras foram avaliadas em uma máquina universal de ensaios (Versat
2000, Panambra) em duas modalidades de testes: flexão em quatro pontos e
compressão axial. Para o ensaio de compressão foi fabricado um dispositivo para
posicionar e centralizar as peças (Figura 20).
Figura 20 – Plataforma para centralizar a amostra
As cargas de compressão axial foram de aplicação única de 600 N através
do osso femoral bovino. O limite das cargas em 600N foram previamente
71
determinadas em testes pilotos de modo a evitar deformação plástica da placa como
visualizada na Figura 21, após a retirada de uma carga em torno de 900N carga. As
deformações plástica não foram observadas com cargas de até 600N. Foram feitos
no mínimo, três repetições de cada teste.
Figura 21 – Deformação plástica da placa após compressão axial
As cargas nos ensaios de flexão em quatro pontos foram aplicadas de modo
progressivo, inicialmente com cargas de 50 N, depois 100, 300 e até 600 N. Os
ensaios de flexão em quatro pontos foram feitos com as placas colocadas
lateralmente, em ângulo reto com o eixo de aplicação da carga e sem contato dos
72
roletes com a placa (Figura 22). As deflexões ósseas foram medidas com relógio
comparador (Figura 23) posicionados próximo à osteotomia (Figura 24).
Figura 22 - Placa lateral em angulo reto com a carga
Figura 23 - Medição com um relógio comparador nos testes em flexão em quatro pontos
73
4.4 Cálculo da deformação entre os fragmentos em flexão quatro pontos
No ensaio em flexão em quatro pontos, foram considerados para cada
modelo testado, quatro medidas obtidas pelo relógio comparador, respectivamente
para as cargas de 50N, de 100N, de 300N e de 600N. As médias destes valores
obtidos foram considerados para comparação entre os modelos experimentais, mas
para efeito de comparação com a fixação controle, foram considerados apenas os
valores médio da deflexão com as cargas de 600 N para cada modelo testado.
As medidas da deflexão obtidas com a colocação do parafuso próximo à
linha da osteotomia foram utilizados para comparação adicional da flexibilidade dos
fragmentos na construção construção, em relação aos modelos com maior
comprimento de trabalho.
Figura 24 – Posicionamento do relógio comparador na extremidade da osteotomia
74
4.5 Cálculo da deformação entre os fragmentos em compressão axial
Foram realizadas fotos digitais nos ensaios de compressão axial com escala
de referência, para cada uma das cargas antes (Figura 25) e depois (Figura 26).
Figura 25 - Medição do espaço inicial com compressão axial
Figura 26 - Medição do espaço final com compressão axial
75
Os dados do espaço inicial e o do espaço final, para o cálculo da
deformação interfragmentar foram obtidos por medições usando o software ImageJ
1.35h (RASBAND, 2006) e como unidade de referência de medida, a largura de 23,0
mm da régua plástica, como mostrada na Figura 27.
Figura 27 – Escala de referência medindo 23 milímetros
Usado o comando Analyze/Set Scale do ImageJ, como mostrado na Figura
28, foi estabelecido a correlação entre pixels e milímetro.
Figura 28 – Estabelecendo a referência de pixel e milímetros
76
Feita a medição do espaço entre os fragmentos em pixel, foi usado os
comandos Analyze/Set Measure do ImageJ para medir o comprimento em milímetro
da linha (Figura 29).
Figura 29 – Medicação do espaço e janela dos resultados
Da diferença entre as medidas do comprimento inicial e final do vão entre os
fragmentos, foi calculado a variação do movimento de cada modelo. Estes dados
foram usados para comparação entre as fixações com prévios espaços, excluindo o
grupo controle, com contato entre as extremidades.
Obtido o cálculo do movimento interfragmentário (IFM, espaço inicial menos
o espaço final), o cálculo da deformação interfragmentária (IFS) foi calculada pela
divisão da variação do movimento dividido pela largura (L) inicial do espaço e
77
multiplicado por 100, para resultados em percentual, conforme proposto por Perren
(1979) e Claes, et al. (1998) e expresso pela equação:
onde,
δ = deformação interfragmentar (strain)
L = variação do movimento (L
o
– L
1
)
L
o
= espaço inicial
O cálculo da estabilidade das construções nos testes em compressão axial
foram feitos considerando dois modos. Inicialmente pela consideração da relação
entre a carga e os movimentos interfragmentares (L) e depois pela relação da
carga com a deformação interfragmentar.
%100×
=
Lo
L
δ
78
5 RESULTADOS
5.1 Ensaio de flexão em quatro pontos
Na Tabela 5 é possível observar os dados após a realização do ensaio de
flexão em quatro pontos.
Tabela 5 – Dados obtidos após três ensaios de flexão em quatro ponto (em mm)
Movimento (mm) segundo a Carga (Newton)
Modelo
da fixação
50 N 100 N 300 N 600 N
Média final
(600 N)
Intacto
0,15
Controle
0,46
Placa 08
0,01 0,01 0,01 0,04 0,03 0,03 0,19 0,21 0,2 0,43 0,44 0,46
0,44± 0,01
Placa 10
0,06 0,03 0,03 0,22 0,09 0,1 0,41 0,52 0,54 1,09 1,31 1,05
1,15± 0,14
Placa 12
0,03 0,05 0,03 0,09 0,15 0,1 0,46 0,62 0,46 0,96 1,33 1,07
1.12± 0,19
Placa 14
0.06 0,09 0,1 0,21 0,24 0,25 0,78 0,8 0,85 1,63 1,64 1,8
1,69± 0,09
Comparando a deflexão entre os segmentos ósseos das diferentes
construções de acordo com a carga aplicada, observou-se que a variação do
movimento dos fragmentos foram superiores para os maiores comprimento de
trabalho. Foram semelhantes entre as placas de 10 e de 12 orifícios (Figura 30).
Figura 30 – Gráfico da deflexão dos fragmentos nos ensaios de flexão em quatro pontos
79
Na Tabela 6 podem ser visualizados os valores obtidos após o ensaio de
flexão em quatro pontos. Nesse caso, o comprimento de trabalho da construção foi
reduzido com a mudança do parafuso mais interno para o mais próximo possível à
área da osteotomia.
Tabela 6 – Dados obtidos após ensaios de flexão em quatro ponto com parafusos ao lado
da osteotomia (em mm)
Movimento (mm) segundo a Carga (Newton)
Modelo
de fixação
50 N 100 N 300 N 600 N
Intacto
0,15
Controle
0,46
Placa 08b
0,01 0,03 0,22 0,44
Placa 10b
0,02 0,07 0,33 0,80
Placa 12b
0,02 0,09 0,35 0,79
Placa 14b
0,03 0,10 0,30 0,63
A representação gráfica da comparação dos dados da deflexão dos
fragmentos entre as diferentes construções, de acordo com a carga aplicada, é
mostrada na Figura 31. Foram incluídos as fixações com maior e as com menor
comprimento de trabalho de cada modelo.
Figura 31 – Gráfico comparativo da deflexão com carga de 600N dos diferentes modelos .
80
5.2 Ensaio de compressão axial
Os resultados obtidos após a realização do ensaio de compressão axial
estão representados na Tabela 7.
Tabela 7 – Dados obtidos após ensaio de compressão axial
Espaço inicial e final (mm) com carga de 600N Modelo
de
fixação
Inicial
1
final
1
L
1
Inicial
2
final
2
L
2
Inicial
3
final
3
L
3
L médio
)
Placa 08
8,99 6,31 2,68 10,98 8,44 2,54 8,61 5,85 2,76
2,66 ± 0,11
Placa 10
10,03 7,17 2,86 4,81 3,09 1,72 7,05 4,45 2,60
2,39 ± 0,59
Placa 12
10,37 8,09 2,28 10,02 8,39 1,63 8,84 7,49 1,35
1,75 ± 0,47
Placa 14
9,11 8,09 1,02 8,62 7,30 1,32 7,72 6,41 1,31
1,21 ± 0,17
L = Variação do movimento (L
o
– L
1
)
L Médio = Média aritmética dos três ensaios (1+2+3/3)
OBS. Valores do osso intacto e do controle não foram realizados, por não existir espaço inicial e final
A partir dos dados da Tabela 7 foi possível calcular o movimento
interfragmentário médio (L) como mostrado na Figura 32.
Figura 32– Gráfico com resultados dos ensaios em compressão axial
81
Na Figura 33 é possível observar a expressão gráfica da correlação da carga
de compressão axial aplicada e da média da variação de movimentos de cada
modelo testado. A inclinação de cada curva foi interpretada como sendo a rigidez,
conforme estabelecido por Gerber e Ganz (1998).
Figura 33 – Gráfico da relação da compressão axial e variação do movimento
A deformação interfragmentar (deformação específica) foi calculada
dividindo-se o movimento (L) pelo espaço inicial, conforme proposto por Perren
(1979) e por Claes, et al. (1998), Na Tabela 8 são apresentados os valores obtidos
de deformação interfragmentar com compressão axial.
Tabela 8 – Deformação específica (ε) após compressão axial
Deformação específica (ε) em percentual
Modelo
de fixação
ε 1 ε 2 ε 3 ε médio ± desvio padrão
Placa 08
29 % 23 % 32 % 28 % ± 0,04
Placa 10
28 % 35 % 36 % 33 % ± 0,04
Placa 12
21 % 16 % 15 % 17 % ± 0,03
Placa 14
11 % 15 % 16 % 14 % ± 0,02
ε = Deformação específica (strain)
82
Na Figura 34, a representação da correlação entre a carga de compressão
axial e deformação específica de cada modelo testado.
Figura 34 – Gráfico da relação da deformação e modelos testados
83
6 DISCUSSÂO
Nos últimos anos, as técnicas de tratamento das fraturas evoluíram e,
atualmente, consideram relevantes não apenas a mecânica, mas também a biologia
óssea.
Nas configurações padrões de osteossíntese, com compressão entre os
fragmentos, o contato entre os extremos das fraturas previne os movimentos
interfragmentares, requisito para a consolidação direta. Esta técnica convencional foi
gradualmente substituída por uma fixação que proporcionasse “estabilidade
adequada ao invés da máxima” com melhores resultados (ROZBRUCH, et al, 1998).
A tendência atual tem sido o desenvolvimento de técnicas cirúrgicas menos
invasivas, valorizando a viabilidade dos fragmentos com um mínimo de invasão no
foco da fratura, empregando-se para esse propósito placas em onda, as placas em
ponte e técnicas de redução indireta com placas ou hastes intramedulares
(PERREN, 1991; SCHATZKER, 1995; RÜEDI; SOMMER; LEUTENEGGER, 1998).
Ao contrário da configuração padrão, esta técnica de osteossíntese “biológica”
desvia-se dos objetivos de estabilidade absoluta, sem rigidez máxima, mantendo
uma estabilidade suficiente da fratura, de tal forma que seja possível a mobilização
precoce e a consolidação com formação do calo ósseo (ROZBRUCH, et al., 1998).
A flexibilidade da construção influencia o movimento relativo entre os
fragmentos da fratura (PERREN, 1979). Se por um lado, uma certa quantidade de
deformação é benéfica, por outro, o excesso pode prejudicar a formação do calo
ósseo. Uma construção com menos implantes pode resultar em uma fixação
insuficiente para neutralizar as tensões locais ou manter a redução óssea, o que
pode levar a uma consolidação viciosa, falência da síntese ou não consolidação.
84
Clinicamente, placas longas com menor número de parafusos proporcionam
estabilidade suficiente para a consolidação (TÖRNKVIST, et al., 1996) e os
movimentos controlados na fratura atuam como estímulo para uma formação mais
precoce do calo ósseo (STOFFEL, et al., 2004).
A quantidade de deslocamento entre os fragmentos após a fixação da fratura
depende da maior ou menor rigidez da construção e tem um efeito decisivo na
formação de calo (MCKIBBINS, 1978; LATTA; SARMIENTO; ZYCH, 2000). O
movimento gerado causa deformações teciduais que influem na diferenciação
celular durante a consolidação da fratura (PERREN, 1979; CLAES, et al., 1998;
PRENDERGAST; HUISKES; SOBALLE, 1997). Todavia, não é possível fazer a
medição direta das tensões e deformações no espaço interfragmentar (AUGAT, et
al., 2005), verificando-se na literatura apenas métodos indiretos por simulações
computadorizadas e modelos de Elementos Finitos (AUGAT, et al., 2005;
HERNANDEZ; BEAUPRÉ; CARTER, et al., 2000).
Perren (1979) propôs a Teoria da Deformação Interfragmentária (StrainTheory),
segunda a qual, a deformação interfragmentar poderia ser calculada pela razão
entre variação do espaço da fratura e o espaço inicial (PERREN, 1979; CLAES, et
al., 1998; PRENDERGAST; HUISKES; SOBALLE, 1997). Algumas ressalvas à teoria
de Perren (1979) foram sugeridas por Claes, et al. (1998) que encontraram maior
influência do espaço na consolidação do que a quantidade de deformação.
A motivação deste trabalho experimental foi avaliar as configurações que
admitam alguns movimentos interfragmentários para a formação do calo, mas que
sejam suficientemente estáveis para tolerar a mobilização precoce até a restauração
da continuidade óssea pelo calo ósseo.
85
Tornkvist, et al. (1996) buscando analisar a influência da posição e/ou
omissão de parafusos preferiram ao invés de testar o limite de resistência dos seus
modelos, medir a rigidez da construção, alegando que a reabilitação funcional
envolve cargas repetitivas bem abaixo do limite de resistência à fadiga do material,
não sendo necessário o carregamento do material até a fratura. Este trabalho, de
modo semelhante, objetivou avaliar a fixação mais flexível, sem prejuízo da
estabilidade.
Para analisar a estabilidade e flexibilidade, modelos in vitro com ossos
bovinos e placas com quatro configurações de osteossíntese foram construídos. A
influência do comprimento de trabalho de diferentes construções de osteossíntese,
na estabilidade da construção e na “mobilidade” dos fragmentos ósseos, foram
avaliados.
O comprimento de trabalho é definido como o comprimento da placa não
suportado pelo osso devido a cominuição, segmento ou outra razão (ROZBRUCH, et
al., 1998; SANDERS, et al, 2002); neste estudo o conceito de comprimento de
trabalho foi relacionado com o comprimento da placa entre os dois parafusos mais
internos, como proposto por Stoffel, et al. (2004).
A análise realizada justifica-se uma vez que na literatura observa-se apenas
o estudo de construções menos rígidas, avaliando a influência da disposição e/ou
omissão dos parafusos.
Ensaios de flexão em quatro pontos e compressão axial foram realizados
para medir os deslocamentos entre os fragmentos e a estabilidade, respectivamente.
Os modelos para os ensaios mecânicos foram construídos com simulações de
fraturas em osso bovino. Esses animais foram escolhidos por possuírem estrutura
óssea semelhante à humana, fácil aquisição e apresentarem dimensões apropriadas
86
para as fixações de placas relativamente longas (14 orifícios, 230 mm). Por outro
lado, foi difícil a sua preparação e montagem, sugerindo-se o emprego de modelos
sintéticos nesses casos (ELLIS, et al., 2001; TÖRNKVIST, et al., 1996).
Como o objetivo era aplicar uma carga abaixo do limite de fadiga, sem
deformação plástica das placas, diferentes cargas axiais foram testadas e foi
observado que acima de 700 N a placa apresentava deformação plastica (Figura 21)
o que esta de acordo com Ellis, et al. (2001) que escolheu cargas estáticas de 600 N
para os ensaios de compressão axial de seus modelos de fratura, porque era o limite
máximo que não causava deformação permanente da placa. Com base nos estudos
de Gardner, et al (1997), que relatam que o peso do corpo é de aproximadamente
650 N, e de Claes e Heigele (1999) que utilizaram força axial de aproximadamente
500 N, para análise de marcha em metatarso de ovelhas, optou-se em manter a
carga máxima em 600 N para os dois ensaios. Entretanto, segundo Perren (1979), a
carga utilizada (600 N) foi muito abaixo da resistência máxima das placas com 12
mm de largura e 4 mm de espessura, como as utilizadas neste trabalho.
As configurações empregadas foram baseadas em estudos de fixações
menos rígidas com suficiente resistência mecânica que consideraram o comprimento
da placa e o número e a disposição dos parafusos como os fatores mais relevantes
da construção (JOHNSTON, et al., 1991 apud TÖRNKVIST, et al., 1996; DENNIS, et
al. 1993 apud TÖRNKVIST, et al., 1996; TÖRNKVIST, et al., 1996; FIELD, et al.,
1999; ELLIS, et al., 2001; EL MARAGHY, et al., 2001; STOFFEL, et al., 2003;
GAUTIER; SOMMER, 2004; SOMMER; et al., 2004). De acordo com Stoffel, et al.
(2004), os fatores que influenciam a resistência da construção são o comprimento da
placa, o comprimento de trabalho e o número de parafusos. Nesse trabalho,
avaliamos principalmente o comprimento de trabalho da placa (variando o
87
comprimento da placa) e o efeito adicional do posicionamento do parafuso próximo à
fratura (redução do comprimento de trabalho, mantendo o comprimento da placa).
Foram escolhidas placas com oito (padrão mínimo nas fraturas de ossos longos do
membro inferior), dez, doze e catorze orifícios, normalmente disponíveis nos
conjuntos de fixação interna.
Quanto ao número de parafusos, a tendência atual é a utilização de placas
mais longas e com menos parafusos (ROZBRUCH, et al., 1998). Autores sugerem
que a omissão de até 40% dos parafusos da placa não compromete a estabilidade
(FIELD, et al., 1999). Optamos por um número constante de três parafusos em cada
lado da placa, que segundo Törnkvist, et al. (1996), seria o número mínimo para
adequada estabilidade em flexão e em torção. Stoffel, et al. (2003) observaram que
um quarto parafuso pouco acrescentou à estabilidade.
O comprimento de trabalho variou em cada modelo ensaiado e, exceto pelos
ensaios complementares, com a máxima redução do comprimento de trabalho pela
colocação de um parafuso em cada lado da osteotomia, os parafusos eram
colocados sempre nos três orifícios mais distais de cada lado das placas.
A partir da relação entre a deformação no espaço da fratura e a carga
aplicada, pretendeu-se estabelecer a relação da estabilidade da construção.
Sobre os dados obtidos temos alguns fatores que poderiam influir nos
resultados. Inicialmente é preciso considerar que a colocação das amostras para os
ensaios de compressão axial exigia uma “pré carga” para estabilizar a amostra e
pode ter causado redução do espaço inicial e alterado os resultados finais (variação
do espaço). Outro fator que pode influir nos resultados a ser considerado, é que
segundo Gardner, et al. (1997), os movimentos interfragmentários na fratura não são
apenas axiais, mas também angulares e transversos e, não considerados nesse
88
estudo, acredita-se que os dados obtidos na compressão podem não representar a
total deformação local.
E como ultima consideração, a questão da relação da largura do espaço e a
consolidação. A hipótese de Perren (1979) pressupõe que os maiores espaços estão
relacionados com menores deformações que favorecem a diferenciação tecidual e
beneficia a consolidação; e os menores espaços interfragmentares com as maiores
deformações, que pode retardar a diferenciação celular e portanto, retardar a
consolidação óssea. Claes, et al. (1998) demonstrou experimentalmente o que já era
observado na prática clinica: são os menores espaços onde a consolidação se
processa com maior eficácia. Baseado nos argumentos acima, ao invés de usarmos
os dados da deformação interfragmentar como referência da flexibilidade da
construção, optamos por usar a variação de movimento (L) com critérios, e
interpretarmos os valores da deformação interfragmentar como observação de um
efeito da flexibilidade na consolidação: altas deformações, dificultando a
diferenciação tecidual e podendo retardar a consolidação e menores deformações,
favorecendo a diferenciação e consolidação.
Finalmente, considerando que os dados colhidos foram significativos,
observou-se que para as placas mais longas e com maiores comprimentos de
trabalho, ocorreram menores variações de movimento e deformações
interfragmentares na compressão axial, e maiores deflexões (deformação, flecha)
entre os fragmentos na flexão em quatro pontos.
Considerando a deflexão como a mobilidade dos fragmentos na construção,
elas foram superiores para os maiores comprimentos de trabalho, com a mesma
carga. Os dados (Tabela 5, Figura 30) não sugerem diferenças para a deflexão dos
fragmentos nos testes em flexão em quatro pontos entre o grupo controle (0,46 mm)
89
e o grupo com 08 orifícios (0,44 ± 0,01 mm). Não foi encontrado diferenças
importante da flexibilidade dos fragmentos com o uso de placas de dez (1,15 ± 0,14
mm) e de doze (1.12 ± 0,19 mm) orifícios. Por esses dados, a omissão de quatro ou
seis parafusos na região central da placa (de 10 e 12 orifícios), a deflexão aumentou
em torno de 25% comparados com a configuração padrão com placa de oito orifícios
com todos os parafusos (0,46 mm) ou com as placas de oito orifícios com a omissão
dos dois parafusos centrais (0,44 ± 0,01 mm). A construção com placa de 14 orifícios
com a omissão dos oitos parafusos centrais mostrou um aumento da flexibilidade
dos fragmentos em torno de 36% comparada com a configuração padrão.
Foi observado que, ao colocarmos um parafuso no orifício próximo à fratura,
a deflexão dos fragmentos reduziu de modo significativo (Tabela 6, Figura 31). Pela
comparação do comprimento de trabalho maior (parafusos distais) e o comprimento
de trabalho curto (parafuso mais central), observou-se que não houve diferença na
mudança da deflexão dos fragmentos com as placas de oito orifícios (0,44 mm em
ambos os modelos), porque o comprimento de trabalho da construção não foi
alterado e persistiu o espaço do modelo. Comparando os modelos de 10 e 12
orifícios com maiores comprimento de trabalho e os modelos de 10 e 12 com o
parafuso mais central, observou-se que a construção reduziu a mobilidade
respectivamente em 31% e 30% (Tabela 10). Para as placas com 14 orifícios, a
redução da mobilidade entre os fragmentos foi de 63% com a colocação do parafuso
mais próximo da osteotomia, o que representou uma redução de duas vezes mais às
que ocorreram com as placas de 10 e 12.
90
Tabela 10 – Percentual de redução da mobilidade dos fragmentos
Movimento (mm)
Placa
Sem parafuso
Central
Com parafuso
Central
Percentual de
Redução
do movimento
08 0,44 0,44 0%
10 1,15 0,80 31%
12 1.12 0,79 30%
14 1,69 0,63 63%
Estes dados evidenciam os encontrado por Ellis, et al (2001) de que a
flexibilidade de uma construção é proporcional ao comprimento de trabalho e que a
construção é menos flexível quando parafusos são inseridos próximo do espaço da
fratura. A maior redução que foi observada com as placas de 14 orifícios pode ser
entendida por serem as placas de 14 as com maior mobilidade dos fragmentos e as
que tiverem maior “redução” do comprimento de trabalho. Observamos ainda que os
valores com a colocação do parafuso central ficou em uma faixa relativamente
próxima de 0,63 a 0,80 (placas 14, 12 e 10), sugerindo semelhanças biomecânicas
das construções, o que seria de esperar e está de acordo com Stoffel, et al. (2003) e
Sommer, et al. (2004), que consideram o comprimento de trabalho o parâmetro que
determina as carcaterísticas da flexibilidade da construção.
Pelos dados obtidos pela compressão axial (Tabela 7, 8, 9, Figura 32, 33,
34) concluiu-se que as maiores placas com os maiores comprimento de trabalho
apresentaram menor variação de movimento e deformação. A placa com 14 orifícios
mostrou maior rigidez que as demais construções e os dados sugerem que houve
proporcionalidade entre os comprimentos da placa e a rigidez da construção: as
menores placas foram as menos rígidas. Estes dados estão de acordo com Stoffel,
et al. (2003) que relataram que o uso de uma placa mais curta com número igual de
parafuso causou uma redução da rigidez em compressão.
91
Não foi possível, por este estudo, distinguir se a maior ou menor rigidez da
construção é influenciada pelo comprimento de trabalho ou pelo comprimento da
placa. Mas pela referência na literatura, o comprimento de placa foi mostrado ser o
fator mais importante afetando a resistência à carga axial e de flexão (LAURENCE;
FREEMAN; SWANSON, 1969; SCHATZKER, 1995; TÖRNKVIST, et al., 1996;
RIIEDI; SOMMER; LEUTENEGGER, 1998; ROZBRUCH; et al.,1998; EL MARAGHY
et al., 2001; ELLIS, et al., 2001; SANDERS, et al., 2002; GAUTIER; SOMMER, 2003;
STOFFEL, et al., 2003; SOMMER, et al., 2004). Entretanto, Stoffel, et al. (2003)
observaram que, se mantido o comprimento da placa, foi o comprimento de trabalho
que teve os mais importantes efeitos na estabilidade da construção, relatando que a
rigidez axial em compressão estática reduziu 64% pela omissão nos orifícios
adjacentes ao lado da fratura e, a cada orifício a mais desocupado, a rigidez reduzia
por cerca de 10%. Em nosso estudo, a variação de movimento com compressão
axial decresceu 0,08% da placa de 10 para 8 orifícios, 0,07% de placa de 12 para 10
orifícios, e 0,06% da placa de 14 para a de 12.
Em termos de deformação interfragmentar, se for interpretada como
estimativa do efeito dos deslocamentos no processo de consolidação, todas as
construções apresentaram valores compatíveis com o processo de consolidação,
mas foram as fixações com 12 e 14 orifícios que mostraram valores menores que
20% de deformação, considerado pela literatura de referência (GARDNER, et al.,
1997; FUCHTMEYER, et al., 1999; HENTE, et al., 2004) como ambiente
biomecânico favorável à consolidação óssea.
Estes dados sugerem que as maiores placas (e os maiores comprimentos de
trabalho) além de demonstrarem maior estabilidade (interpretado pela variação de
movimento e deformação interfragmentar na compressão axial) também
92
demonstraram maior mobilidade entre os fragmentos (pelos valores de deflexão nos
ensaios em flexão em quatro pontos). Esta associação de flexibilidade e estabilidade
entre os modelos comparados, sugerem que as placas de 14 orifícios, teoricamente,
propiciam o ambiente mecânico que atendem os requisitos de flexibilidade e
estabilidade, sem prejuízo do processo de consolidação, conforme proposto por
Rozbruch, et al. (1998) de que a área da fratura sob baixa deformação não inibe a
diferenciação tecidual e a formação óssea pode tomar lugar como resultado da
limitada deformação. Estes dados, sugerem: que existe uma correlação entre o
comprimento de trabalho maior e a maior mobilidade dos fragmentos; e uma
correlação entre as maiores placas e maior estabilidade. Os maiores comprimento
de placas seriam as mais adequadas para obter flexibilidade e estabilidade nas
fixações internas; as deformações no foco da fratura estariam dentro de valores
tolerados pelo processo de consolidação, o que estaria de acordo com Field, et al.
(1999) que observou que as deformações na superfície óssea são redistribuídas
com a aplicação da placa e mostraram-se reduzidas na região interfragmentária.
Esta maior distribuição das deformações na placa, pelo aumento do comprimento de
trabalho, reduz a fadiga dos implantes e mostram maior índice de consolidação
indireta e menos complicações (RING, et al., 1997; ROZBRUCH, et al., 1998).
Com o intuito de melhorar estes dados, sugere-se a continuição dos estudos
com medidores da deformação (strain gauge) para a registrar as deformações nas
placas em ensaios de compressão axial como executados por Ellis, et al. (2001)
para avaliar o risco de falhar por concentração de tensões, que em hipótese,
estariam sujeitas as construções com menores comprimento de trabalho e com
espaço entre os fragmentos.
93
7 CONCLUSÂO
Por meio da comparação das construções nos ensaios mecânicos de flexão
em quatro pontos e compressão axial com carga de 600N, observou-se que, existe
uma proporcionalidade entre o comprimento da placa, tanto com a flexibilidade dos
fragmentos, quanto com a estabilidade da construção.
A maior mobilidade dos fragmentos ocorreu com as maiores placas,
comparada com as de menores comprimentos. Na comparação de modelos com a
mesma extensão da placa, a deflexão foi maior com os maiores comprimento de
trabalho. Na comparação entre os modelos com diferentes extensões de placa (10,
12 e 14) e semelhantes comprimentos de trabalho (parafuso ao lado da osteotomia),
a vantagem da extensão da placa para a deflexão não foi evidenciado. Os dados
sugerem que são as placas mais longas, com a disposição dos parafusos mais
distantes do centro, o arranjo que mais contribui para as fixações serem mais
flexíveis. O aumento do comprimento de trabalho com placas mais longas é um
recurso que corrobora os movimentos locais e, talvez, favoreça a consolidação.
Ocorreu menor variação do espaço e menor deformação interfragmentar na
compressão axial com as placas mais longas. A estimativa de que a deformação
com as placas de 10 e 14 orifícios foram menores que 20%, e tais valores são
considerados na literatura como favoráveis à consolidação, sugerem que, as placas
mais longas têm maior resistência sob a mesma carga que as placas mais curtas,
com menores deformações no espaço interfragmentar
A combinação de placas longas com maior comprimento de trabalho
mostraram-se as construções mais flexíveis e com maior resistência, entre os
modelos avaliados.
94
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104
Autorizo cópia total ou parcial desta
obra, apenas para fins de estudo e
pesquisa, sendo expressamente vedado
qualquer tipo de reprodução para fins
comerciais sem prévia autorização
específica do autor.
Jose Everaldo Domingues Ladeira
Taubaté, agosto de 2006
Ladeira, José Everaldo Domingues
Avaliação da deformação interfragmentar em osteossínteses de
fraturas com diferentes comprimentos de placas / José Everaldo
Domingues Ladeira. Taubaté: UNITAU. -- 2006.
104 f.: il.
Orientadora: Ana Paula Rosifini Alves
Dissertação (Mestrado) – Universidade de Taubaté, Departamento
de Engenharia Mecânica, 2006.
1. Osteossíntese 2. Fratura 3. Estabilidade Relativa 4. Placa
Ponte – Dissertação. I. Universidade de Taubaté, Departamento
de Engenharia Mecânica. II. Título
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