Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
Cíntia Paese Giacomello
Relação entre inteligência estratégica e orientação para o mercado
e seus impactos no desempenho das organizações
Porto Alegre
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Cíntia Paese Giacomello
Relação entre inteligência estratégica e orientação para o
mercado e seus impactos no desempenho das organizações
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, como requisito
parcial para a obtenção do título de Doutor em
Administração.
Orientador: Prof. Luiz Antonio Slongo
Porto Alegre
2009
ads:
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha elaborada pela equipe da Biblioteca da Escola de Administração – UFRGS
`
G429r Giacomello, Cíntia Paese
Relação entre inteligência estratégica e orientação para o mercado e seus
impactos no desempenho das organizações / Cíntia Paese Giacomello. – 2009.
162 f. : il.
Tese (doutorado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola
de Administração, Programa de Pós-graduação em Administração, 2009.
Orientador: Luiz Antonio Slongo
1. Inteligência estratégica. 2. Organizações. 3. Tomada de decisão. 4.
Mercado financeiro I. Título
CDU 65.011
AGRADECIMENTOS
Ao final de um trabalho que demanda tanto envolvimento, percebo que sem a ajuda e
compreensão das pessoas que estiveram ao meu lado nada seria possível.
Agradeço inicialmente à Universidade de Caxias do Sul e à Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, pela oportunidade e pelo suporte.
Ao Centro Gestor da Inovação Moveleiro CGI-MOVERGS e ao Centro de
Pesquisas Aplicadas em Administração – CEPA/UFRGS – pelo apoio para a coleta dos dados.
Agradeço também às empresas participantes, por sua disponibilidade em participar da
pesquisa.
Ao meu orientador, prof. Dr. Luiz Antonio Slongo, por sua sabedoria em orientar
questões técnicas e humanas.
Aos professores-coordenadores desta turma de doutorado, prof. Dra. Edi Madalena
Fracasso, do PPGA-UFRGS e prof. Dr. Ademar Galelli, da UCS, não somente pela maestria
na condução deste processo, mas por toda experiência e sabedoria que compartilharam
conosco.
Aos professores do PPGA, em especial prof. Dr. Fernando Bins Luce e prof. Dr. Hugo
Fridolino Muller, pelas bias orientações. Aos prof. Dr. Alsones Balestrin, prof. Dr. Cláudio
Damacena e prof. Dra. Cristiane Pizzutti dos Santos pelas sugestões feitas para a tese.
Aos colegas do grupo de pesquisa da UCS, prof. Dra. Ana Cristina Fachinelli, Prof.
Dra. Jane Rech e Prof. Dr. Olivar Mattia, pelas pesquisas que desenvolvemos juntos.
Aos colegas da “turma do doutorado” tantas horas de convívio resultaram em
grandes amizades, que tornaram estes anos muito mais prazerosos.
Ao meu esposo e meus pais, pelo incentivo e compreensão.
RESUMO
A orientação ao mercado e a inteligência estratégica são duas diferentes abordagens que
visam desenvolver a inteligência nas organizações, sendo muitas vezes confundidas ou
tratadas isoladamente pela academia. Esta tese tem por objetivo investigar as relações
existentes entre elas e verificar seu impacto sobre o desempenho das organizações. Para
atingir os objetivos, foi desenvolvida uma pesquisa do tipo survey com 250 empresas do setor
moveleiro gaúcho. O construto de inteligência estratégica foi operacionalizado a partir do
trabalho de Fachinelli et al. (2007) e considerou que ela é composta por quatro dimensões:
estrutura da informação, decisão pela coleta da informação e seu uso, busca e coleta da
informão e orientação (individual ou estratégica). A orientação para o mercado foi
operacionalizada com base na escala MARKOR, desenvolvida por Kohli, Jaworski e Kumar
(1993), considerando a orientação para o mercado como sendo composta pela geração,
disseminação e resposta à inteligência de mercado. O construto de desempenho
organizacional considerou aspectos de desempenho financeiro e de mercado. Os resultados
indicaram que a indústria moveleira tem o desenvolvimento destas práticas em níveis
moderados, e que os aspectos mais desenvolvidos nestas organizações são a capacidade de
resposta à intelincia de mercado e a decisão pela coleta da informação e seu uso. Além
disso percebeu-se que existe grande correlação entre a orientação ao mercado e a inteligência
estratégica, o que indica que elas são percebidas pelos gestores como sendo semelhantes.
evidências que tanto a orientação para o mercado quanto a inteligência estratégica impactam
no desempenho das organizações quando analisadas individualmente. Porém, devido à
multicolinearidade existente entre elas, quando analisadas conjuntamente a orientação para o
mercado tem maior poder de explicação sobre o desempenho organizacional e mascara o
efeito da inteligência estratégica. Como proposta, foi elaborado um modelo híbrido para
avaliação que contempla aspectos de inteligência estratégica e orientação para o mercado.
Neste modelo, devem ser acrescentados ao construto de orientação para o mercado os
aspectos de estruturação da informação e decisão pela coleta e seu uso. Estes resultados
devem contribuir para o fortalecimento destas áreas de investigação e auxiliar os gestores a
definir os pontos prioritários de investimento de esforços para maximizar o aproveitamento
destas abordagens e criação de diferenciais competitivos.
ABSTRACT
Market orientation and strategic intelligence are two different approaches to develop business
intelligence. This doctoral dissertation investigates the relationship between them and their
impact on business performance. In order to meet the research targets, a survey of 250
furniture companies of the state of Rio Grande do Sul has been carried out. The construct
named strategic intelligence derived from the work of Fachinelli et al. (2007) and comprises
four dimensions: information structure, decision on information collection and usage,
information seeking and collection, and individual or strategic orientation. Market orientation
was built based on the MARKOR scale developed by Kohli, Jaworski e Kumar (1993), and
comprises intelligence generation, intelligence dissemination, and responsiveness. The
construct named business performance considered financial and market aspects. Results point
out that the furniture industry under investigation shows a moderate level, and the more
developed aspects are responsiveness and decision on information collection and usage. Also,
there is a high correlation between market orientation and strategic intelligence, which
indicates that they are perceived as identical by managers. It is possible to observe that both
market orientation and strategic intelligence impact organization performance when analyzed
individually. However, due to the multicollinearity between them, when they are analyzed
together market orientation explains better the variation of business performance and affects
strategic intelligence effect. It has been proposed a hybrid model that takes into account both
strategic intelligence and market orientation. In this model, aspects related to information
structure and decision on information collection and usage must be added to the market
orientation construct. Results should contribute for this area of research and can help
management to direct efforts to better explore these approaches in order to get competitive
advantage.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Orientação para o mercado segundo Narver e Slater ............................................. 29
Figura 2 - Orientação para o mercado segundo Jaworski e Kohli .......................................... 30
Figura 3 - Orientação para o mercado ................................................................................... 33
Figura 4 - Classificação das capacidades .............................................................................. 36
Figura 5 - Tipos de inteligência ............................................................................................ 45
Figura 6 - Matriz de inteligência organizacional ampliada .................................................... 52
Figura 7 - Inteligência estratégica ......................................................................................... 54
Figura 8 - Modelo teórico da pesquisa .................................................................................. 65
Figura 9 - Modelo teórico B da pesquisa .............................................................................. 69
Figura 10 - Estrutura de investigação ................................................................................. 112
Figura 11 - Modelo de relacionamento das dimensões IE e OM ......................................... 117
Figura 12 - Modelo de relacionamento das dimensões IE e OM reduzido ........................... 118
Figura 13 - Modelo de relacionamento das dimensões IE e OM reduzido 2 ........................ 119
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Medidas de desempenho ..................................................................................... 59
Quadro 2 - Indicadores de orientação para o mercado........................................................... 73
Quadro 3 - Questões acrescentadas ao instrumento inicial .................................................... 78
Quadro 4 - Indicadores de inteligência estratégica ................................................................ 79
Quadro 5 - Indicadores para avaliar o desempenho organizacional ....................................... 80
Quadro 6 - Quadro-síntese das hipóteses e resultados ......................................................... 123
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Formação dos fatores nos blocos ______________________________________ 78
Tabela 2 - Quantidade de funcionários __________________________________________ 91
Tabela 3 - Faturamento declarado _____________________________________________ 92
Tabela 4 - Mercado de atuação ________________________________________________ 92
Tabela 5 - Classes sociais para o destino dos produtos _____________________________ 92
Tabela 6 - Avaliação univariada dos indicadores de inteligência estratégica ____________ 94
Tabela 7 - Testes de médias para dimensões da inteligência estratégica ________________ 95
Tabela 8 - Dimensões da inteligência estratégica por número de funcionários ___________ 96
Tabela 9 - Dimensões da inteligência estratégica por faturamento ____________________ 96
Tabela 10 - Avaliação univariada dos indicadores de orientação para o mercado _________ 97
Tabela 11 - Dimensões da orientação para o mercado por número de funcionários _______ 98
Tabela 12 - Dimensões da orientação para o mercado por faturamento_________________ 99
Tabela 13 - Avaliação univariada dos indicadores de desempenho organizacional _______ 100
Tabela 14 - Desempenho organizacional por faturamento __________________________ 100
Tabela 15 - Desempenho organizacional por número de funcionários ________________ 101
Tabela 16 - Desempenho organizacional por formalização do planejamento estratégico __ 101
Tabela 17 - Indicadores resultantes no construto de orientação para o mercado _________ 105
Tabela 18 - Correlação entre as dimensões de orientação para o mercado _____________ 105
Tabela 19 - Indicadores resultantes no construto de inteligência estratégica ____________ 106
Tabela 20 - Correlação entre as dimensões de inteligência estratégica ________________ 107
Tabela 21 - Indicadores de desempenho organizacional ___________________________ 107
Tabela 22 - Índices de ajuste para os construtos _________________________________ 108
Tabela 23 - Índices de ajuste para os construtos revisados _________________________ 110
Tabela 24 - Matriz de correlação dos construtos _________________________________ 110
Tabela 25 - Resultados do teste de diferença de qui-quadrado ______________________ 111
Tabela 26 - Validade discriminante ___________________________________________ 111
Tabela 27 - Índices de ajuste para o modelo estrutural IE-OMDES ________________ 113
Tabela 28 - Coeficientes das relações hipotetizadas IE-OMDES (tabela resumida) ____ 113
Tabela 29 - Índices de ajuste para o modelo estrutural OM DES __________________ 114
Tabela 30 - Coeficientes das relações hipotetizadas OM DES (tabela resumida) ______ 114
Tabela 31 - Índices de ajuste para o modelo estrutural IEDES ____________________ 114
Tabela 32 - Coeficientes das relações hipotetizadas IEDES (tabela resumida) ________ 114
Tabela 33 - Síntese dos resultados para relações com desempenho ___________________ 116
Tabela 34 - Matriz de correlação das dimensões dos construtos _____________________ 117
Tabela 35 - Índices de ajuste para o modelo estrutural das dimensões de IE e OM reduzido 119
Tabela 36 - Coeficientes das relações hipotetizadas no modelo dimensões IE e OM reduzido
(tabela resumida) _________________________________________________________ 119
Tabela 37 - Índices de ajuste para o modelo estrutural das dimensões de IE e OM reduzido 2
_______________________________________________________________________ 120
Tabela 38 - Coeficientes das relações hipotetizadas no modelo dimensões IE e OM reduzido 2
(tabela resumida) _________________________________________________________ 120
Tabela 39 - Coeficientes das relações hipotetizadas IE-OMDES (tabela completa) ____ 149
Tabela 40 - Coeficientes das relações hipotetizadas OM DES (tabela completa) ______ 150
Tabela 41 - Coeficientes das relações hipotetizadas IEDES (tabela completa) ________ 151
Tabela 42 - Índices de ajuste para o modelo estrutural IE DES MERC _____________ 152
Tabela 43 - Coeficientes das relações hipotetizadas IE DES MERC _______________ 152
Tabela 44 - Coeficientes das relações hipotetizadas IE DES FINANC _____________ 153
Tabela 45 - Coeficientes das relações hipotetizadas OM DES MERC ______________ 153
Tabela 46 - Coeficientes das relações hipotetizadas OM DES FINANC ____________ 154
Tabela 47 - Coeficientes das relações hipotetizadas no modelo dimensões IE e OM reduzido
(tabela completa) _________________________________________________________ 155
Tabela 48 - Coeficientes das relações hipotetizadas no modelo dimensões IE e OM reduzido 2
(tabela completa) _________________________________________________________ 156
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO _____________________________________________________ 14
1.1. DELIMITAÇÃO DO TEMA E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA _____ 16
1.2. IMPORTÂNCIA DO ESTUDO ______________________________________________ 17
1.3. SELEÇÃO DO CAMPO DE ESTUDO ________________________________________ 18
1.3.1. Características da indústria moveleira __________________________________________________ 19
1.3.2. Estratégias para desenvolvimento do setor ______________________________________________ 21
1.4. OBJETIVOS _____________________________________________________________ 23
1.4.1. Objetivo geral ____________________________________________________________________ 23
1.4.2. Objetivos específicos _______________________________________________________________ 23
1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO _____________________________________________ 23
2. REFERENCIAL TEÓRICO ___________________________________________ 25
2.1. ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO ________________________________________ 25
2.1.1. O desenvolvimento da orientação para o mercado ________________________________________ 25
2.1.2. Construtos de orientação para o mercado _______________________________________________ 27
2.1.3. Orientação para o mercado e desempenho organizacional __________________________________ 37
2.2. INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA ___________________________________________ 40
2.2.1. Desenvolvimento da inteligência no contexto das organizações ______________________________ 40
2.2.2. O uso da inteligência nos dias atuais ___________________________________________________ 42
2.2.3. Processos de implantação de inteligência estratégica ______________________________________ 46
2.2.4. Avaliação da implantação da inteligência nas organizações _________________________________ 51
2.2.5. Inteligência estratégica e desempenho organizacional _____________________________________ 56
2.3. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DAS ORGANIZAÇÕES _____________________ 58
3. MODELO TEÓRICO DA PESQUISA ___________________________________ 63
4. MÉTODO __________________________________________________________ 70
4.1. DEFINIÇÃO / ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS____ 70
4.1.1. Instrumento para avaliação da orientação para o mercado __________________________________ 71
4.1.2. Instrumento para avaliação da inteligência estratégica _____________________________________ 73
4.1.3. Instrumento para avaliação do desempenho organizacional _________________________________ 80
4.2. IDENTIFICAÇÃO DA POPULAÇÃO ________________________________________ 81
4.3. AMOSTRAGEM E FORMA DE COLETA DOS DADOS ________________________ 81
4.4. PREPARAÇÃO DA BASE DE DADOS _______________________________________ 83
4.4.1. Tratamento das não respostas ________________________________________________________ 83
4.4.2. Avaliação dos outliers ______________________________________________________________ 85
4.4.3. Verificação da normalidade, linearidade e multicolinearidade dos dados _______________________ 86
4.5. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS DE ANÁLISE DOS DADOS _______________ 87
5. RESULTADOS _____________________________________________________ 91
5.1. DESCRIÇÃO DA AMOSTRA _______________________________________________ 91
5.2. AVALIAÇÃO UNIVARIADA DOS ITENS DOS CONSTRUTOS _________________ 93
5.2.1. Avaliação do construto de inteligência estratégica ________________________________________ 93
5.2.2. Avaliação do construto de orientação para o mercado _____________________________________ 96
5.2.3. Avaliação do construto de desempenho ________________________________________________ 99
5.3. PROCEDIMENTOS DE VALIDAÇÃO DO MODELO _________________________ 101
5.3.1. Verificação da normalidade, linearidade e multicolinearidade dos dados ______________________ 102
5.3.2. Avaliação dos construtos ___________________________________________________________ 103
5.4. IMPACTO DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA E ORIENTAÇÃO PARA O
MERCADO NO DESEMPENHO _________________________________________________ 112
5.5. ANÁLISE DAS DIMENSÕES DE INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA E ORIENTAÇÃO
PARA O MERCADO____________________________________________________________ 116
6. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES ______________________________________ 121
6.1. CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS DO ESTUDO ________________________________ 125
6.2. CONTRIBUIÇÕES GERENCIAIS DO ESTUDO _____________________________ 127
6.3. LIMITAÇÕES DA PESQUISA _____________________________________________ 128
6.4. PESQUISAS FUTURAS ___________________________________________________ 129
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________________ 131
ANEXO A – Instrumento de coleta de dados ___________________________________ 144
ANEXO B – Layout do site e modelo do instrumento disponibilizado na internet ______ 147
ANEXO C – Newsletter enviada aos associados da MOVERGS ____________________ 148
ANEXO D – Coeficientes das relações dos modelos IE-OM
DES _________________ 149
ANEXO E – Estatísticas OM-IE
DES Mercado e Financeiro ____________________ 152
ANEXO F – Coeficientes das relações entre as dimensões de IE e OM ______________ 155
ANEXO G – Retorno aos respondentes _______________________________________ 157
CURRICULUM VITAE ___________________________________________________ 159
14
1. INTRODUÇÃO
A consolidação de unidades de negócio em diferentes locais e de diferentes portes,
com necessidade de controles efetivos; o ambiente econômico que necessita melhorias da
capacidade de disponibilização de informações em todos os níveis gerenciais; e a facilidade
de acesso a ferramentas tecnológicas são alguns fatores apontados como corresponsáveis pela
busca da capacidade em integrar a informação nas organizações (ROCKART, 2004). Neste
panorama, as empresas acabaram envolvidas em uma busca constante por informações de
todas as partes: clientes, concorrentes, fornecedores, parceiros, entre outros. Entretanto,
vencida a etapa de obter e armazenar esta grande quantidade de informação, as empresas se
igualam, pois elasm acesso a recursos semelhantes. O que diferencia então umas das
outras? O diferencial está na capacidade de utilizar estes dados de forma a gerar inteligência e
antecipar os movimentos dos atores envolvidos. Dito de outra forma, as empresas precisam
‘enxergar’ antecipadamente a imagem final de um enorme quebra-cabeça, cujas peças
parecem estar desconexas umas das outras.
Algumas formas para desenvolver a inteligência nas organizações têm sido propostas.
Uma delas é a utilização da inteligência estratégica, que é um processo sistemático de busca
de informações, de forma a criar novas oportunidades e prever mudanças nas buscas pela
vantagem competitiva sustentável (WRIGHT et al., 2002; WRIGHT e CALOF, 2006). A
inteligência estratégica envolve-se com a análise de fontes de informações e suas técnicas
analíticas apropriadas para organizar toda esta informação informão torna-se inteligência
somente após ser analisada (MYBURGH, 2004).
Este processo é formado por três etapas, que são a preparação para intelincia
estratégica, o processo de busca das informações e a etapa de atribuição de significado
(JAWORSKI, MACINNIS e KOHLI, 2002) e pode ser entendida e operacionalizada a partir
da análise de suas quatro dimensões: estrutura da informação, decisão pela coleta da
informão e seu uso, busca e coleta da informação e orientação (individual ou estratégica)
(FACHINELLI et al., 2007).
O interesse na utilização da inteligência estratégica é crescente e emerge das
necessidades das organizações evoluírem e inovarem constantemente, pois a inteligência está
baseada nos princípios de geração do sentido a partir da coleta de informações de clientes,
concorrentes, sociedade e da própria empresa. Desta forma, a inteligência estratégica tem sido
15
explorada com o objetivo de auxiliar as organizações a definirem a estratégia adequada em
um contexto de rápidas mudanças.
Outra forma para desenvolver, disseminar e responder à inteligência nas organizações
é através da implantação dos conceitos de orientação para o mercado (KOHLI e JAWORSKI,
1990). Segundo os autores, uma empresa orientada para o mercado é aquela onde um ou
mais departamentos envolvidos em atividades que geram entendimento das necessidades
presentes e futuras dos clientes e dos fatores que os afetam, onde compartilhamento deste
entendimento entre os departamentos e onde todos estão engajados em atividades que buscam
atender às necessidades dos clientes. Organizações orientadas ao mercado devem ser capazes
de responder rapidamente às demandas presentes e futuras do mercado, como forma de
estarem sempre à frente dos concorrentes. No conceito de orientação para o mercado está
implícita a noção de inteligência, como pode ser percebido nas dimensões propostas por
Kohli, Jaworski e Kumar (1993), que consideram a orientação para o mercado como sendo
composta pela geração, disseminação e resposta à inteligência de mercado.
Embora possam parecer sistemas semelhantes ao se focarem no uso de inteligência
para geração de diferencial competitivo, a intelincia estratégica e a orientação para o
mercado não são tratadas como sendo abordagens semelhantes, nem tampouco suas relações
foram, até agora, investigadas pela academia. Por outro lado, se observa em algumas
organizações o desenvolvimento das atividades relativas à inteligência sendo atribuídas a
profissionais da área de marketing (SAUNER e BALESTRIN, 2006).
Além disso, ambas abordagens são utilizadas visando um fim maior que é a geração de
valor para os stakeholders. Desta maneira, caso o desempenho da organização não fosse
impactado pela adoção das práticas de inteligência ou orientação para o mercado, dificilmente
seriam feitos investimentos e internalização destas práticas nas organizações não ocorreria,
evidenciando a pertinência de se estudar suas relações.
Assim este trabalho busca discutir as relações entre orientação para o mercado e
inteligência estratégica e como estas duas abordagens podem impactar o desempenho das
organizações.
16
1.1. DELIMITAÇÃO DO TEMA E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA
O estudo da orientação para o mercado, um construto importante na área do
marketing, já está consolidado. Embora os estudos iniciais da orientação para o mercado
datem da década de 1960, as definições importantes deste campo foram feitas na década de
1990, principalmente com os trabalhos de Narver e Slater (1990), Kohli e Jaworski (1990),
Deshpandé, Farley e Webster (1993), Day (1994), entre outros. O que os pesquisadores
buscavam, naquela época, era definir as características que deveriam apresentar as
organizações que desejassem ser orientadas ao mercado.
Nos estudos desta área, muitos autores relacionaram a adoção de práticas de
orientação para o mercado com o desempenho das organizações (por exemplo, NARVER e
SLATER, 1990; DESHPANDÉ e FARLEY, 1998; MATSUNO e MENTZER, 2000; KIRKA
et al., 2005; SAMPAIO, 2000; PERIN, 2001; MÜLLER NETO, 2005; ANTONI, 2004) além
de trabalhos de meta-análises desenvolvidos recentemente (VIEIRA, 2008; ELLIS, 2006;
KIRKA et al., 2005; CANO et al. 2004). Nestes trabalhos foi constatado que a relação da
orientação para o mercado com desempenho depende de um conjunto de variáveis que
interferem de diferentes formas na relação.
Também na década de 1960 começaram a ser aprofundados os estudos sobre
inteligência estratégica, principalmente nas linhas de investigação do monitoramento da
concorrência. Atualmente, a inteligência estratégica é discutida no Brasil principalmente pelas
áreas de Administração, Ciência da Informação, Tecnologia da Informação, Psicologia e
Comunicação (MARCIAL e ORNELAS, 2007). O estudo da inteligência estratégica
apresenta muitas variações e muitas denominações e seus usos dependem do momento e do
enfoque utilizado (TENA e COMAI, 2005), evidenciando a necessidade de maior estruturação
desta área de estudo.
Se por um lado os estudos sobre orientação para o mercado estão desenvolvidos e os
construtos para sua mensuração já estão determinados, por outro, a inteligência estratégica é
uma área relativamente nova e possui poucos todos estruturados (SALLES, 2006). Assim,
pouco se conhece, empiricamente, sobre o impacto da adoção de práticas de intelincia
estratégica sobre o desempenho das organizações, assim como não se conhece, se é que ele
existe, o relacionamento que há entre a inteligência estratégica e a orientação para o mercado.
17
Conhecer como as práticas de inteligência estratégica e orientação para o mercado
complementam-se e influenciam no desempenho das organizações poderá contribuir para o
entendimento dos aspectos que auxiliam na obtenção de vantagens competitivas.
Desta forma, dada a importância dos assuntos tratados, define-se a seguinte questão de
pesquisa: caso haja relação entre inteligência estratégica e orientação para o mercado, de que
forma se este relacionamento e como elas se complementam para a melhoria do
desempenho das organizações?
1.2. IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
O entendimento das relações entre orientação para o mercado e intelincia
estratégica, assim como de suas consequências nas práticas organizacionais permitirá que
sejam desenvolvidas ações de forma a maximizar os recursos utilizados na geração de
diferenciais competitivos pelas organizações.
Assim, este trabalho pretende contribuir com desenvolvimento do campo acadêmico,
colaborando no preenchimento da lacuna existente em conhecimentos que relacionem estas
duas abordagens: orientação para o mercado e intelincia estratégica. Em um primeiro
momento, servirá para elucidar aspectos sobre suas diferenças, visto que ainda há muita
confusão sobre tais difereas (SAWKA, 2005), principalmente pelo fato de ambas se
referirem à geração e disseminação de inteligência.
Em um segundo momento, permitiidentificar aspectos de inteligência estratégica e
orientação para o mercado que podem ser teoricamente aprofundados, destacando e
fortalecendo os pontos em comum entre elas e melhorando o entendimento das relações entre
orientação para o mercado, inteligência estratégica e desempenho.
Do ponto de vista gerencial, poderão ser identificados aspectos na geração de
inteligência que dificultam a adoção da orientação para o mercado pelas organizações. Isso
contribuirá na preparação das organizações que desejam ser orientadas ao mercado e
potencializará os resultados obtidos com a implantação. Além deste aspecto, este trabalho
pode ainda contribuir para que as organizações percebam a possibilidade de implantar
conceitos de inteligência estratégica e orientação para o mercado conjuntamente, uma vez que
18
podem ser sistemas complementares visando sempre à obtenção de vantagens competitivas
estratégicas (SAWKA, 2005).
1.3. SELEÇÃO DO CAMPO DE ESTUDO
A seleção do campo de estudo é uma etapa importante do processo de investigação. A
escolha por um único setor de investigação visa controlar variáveis externas que possam de
alguma forma causar confundimento
1
nos resultados. Por outro lado, como não é de interesse
a comparação dos resultados em diferentes meios, o é necessário proceder a investigação
em mais de um setor.
A escolha pelo setor moveleiro se faz por apresentar duas características importantes:
suas características e sua representatividade.
Quanto às características, este setor apresenta, ainda, o perfil de setor tradicional na
economia, sendo atualmente visto como um dos mais conservadores na estrutura produtiva
(ROSA et al., 2007). Tal constatação deve-se ao reduzido dinamismo tecnológico, intensidade
de mão-de-obra relativamente elevada e utilização relativamente alta de materiais de origem
animal ou vegetal. Além disso, se distingue pela ausência de alguns traços comumente
associados às empresas industriais modernas, como a presença de barreiras à entrada
decorrentes de economias de escala.
Estas observações não significam que não haja progresso técnico na indústria de
mobiliário, e sim que a incorporação de tecnologia pela indústria, além de ser inferior à
verificada no conjunto da economia, não é decisiva para a competição entre as empresas do
setor (ROSA et al., 2007). Tais características tornam este setor frágil quanto à influência da
globalização dos mercados. A China, por exemplo, apresenta-se como importante concorrente
no mercado internacional de móveis, possuindo vantagem comparativa em mão-de-obra
barata e numerosa. Atualmente a China é o maior exportador de móveis, passando da décima
posição, em 1996, para a primeira posição em 2005, no ranking mundial de exportação de
móveis (ROSA et al., 2007). Os Estados Unidos, um dos maiores produtores mundiais de
móveis, sofreu grande impacto do crescimento da indústria chinesa com móveis produzidos a
1
Confundimento ocorre quando não é possível isolar (e analisar) o efeito de um determinado fator sobre
um conjunto de dados.
19
custos inferiores: entre 1992 e 2005 as importações da China aumentaram de US$ 208
milhões para US$ 10,8 bilhões enquanto no mesmo período houve retração da produção
americana (SCHULER e LAWSER, 2007).
Além disso, a representatividade desta indústria no contexto nacional. Destaca-se,
neste ponto, o papel do Rio Grande do Sul na produção brasileira. Em 2008 este estado foi
responsável por 17,6% da produção nacional, empregando mais de 35 mil pessoas
(SINDMÓVEIS, 2009). A produção gaúcha concentra-se principalmente no polo produtivo da
Serra Gaúcha, que tem como diferenciais, comparativamente aos outros polos moveleiros
nacionais, maior capacitação tecnológica e de design (ABDI/UNICAMP, 2008).
A seguir apresenta-se um aprofundamento destas informações, com detalhamento das
características e representatividade e as formas para lidar com a competição internacional.
1.3.1. Características da indústria moveleira
Embora o setor moveleiro apresente características de indústria tradicional, algumas
áreas apresentam maior desenvolvimento de inovações: entre elas encontra-se o design e o
desenvolvimento de novas matérias primas.
Quanto às matérias primas, destacam-se os paineis de madeira (compensados,
aglomerados, MDF, etc.). A utilização desses paineis implicou, entre outros fatores, alterações
na organização da instria, como o deslocamento de determinadas operações para a indústria
de processamento de madeira (ROSA et al., 2007). O próprio consumidor está mais
consciente da importância de utilizar produtos ecologicamente responsáveis (BDO
SEIDMAN, 2006).
O design é responsável por grande parte das inovações, mais significativo na linha de
produtos para as classes média e alta. Deve-se observar, no entanto, que o próprio design
tradicionalmente liderado por empresas italianas – não implica barreiras à entrada muito
expressivas, que pode ser facilmente imitado pelos fabricantes de móveis (ROSA et al.,
2007).
Quanto à forma de organização da cadeia moveleira, percebe-se que se caracteriza por
agrupamentos geográficos em polos produtivos. Os locais de concentração se formam, muito
em função de custos de produção mais baixos e ampla oferta de fornecedores de matérias
primas (SCHULER e LAWSER, 2007).
20
Nos locais de concentração de instrias moveleiras a importância deste setor é maior,
principalmente pela grande quantidade de mão de obra empregada nas fábricas e para as
atividades de logística.
Para analisar a importância do setor, estão interessantes alguns dados internacionais e
nacionais. A produção mundial de móveis em 2007 foi estimada em US$ 267 biles,
crescendo, nos últimos dez anos, ao ritmo médio de 9% ao ano. Os maiores países produtores
são Estados Unidos (US$ 57 bilhões), China (US$ 38 bilhões), Itália (US$ 23 bilhões) e
Alemanha (US$ 19 bilhões). Enquanto sete das maiores economias industriais desenvolvidas
(que são, na ordem de produção de móveis, Estados Unidos, Itália, Alemanha, Japão, Canadá,
Reino Unido e Fraa) produziram juntas, em 2005, 54% do total mundial, os países
emergentes contribuíram com 30% do total (ROSA et al. 2007).
No Brasil, a indústria moveleira representa um papel significativo. Em 2008 o
faturamento das instrias moveleiras foi de 22,25 bilhões de reais. Neste mesmo ano, o país
registrou 14,6 mil indústrias moveleiras embora estimativas indiquem que o número de
empresas pode chegar aos 50 mil devido à informalidade (ABDI/UNICAMP, 2008) com
233,6 mil colocações formais – que também tende a ser maior devido à informalidade
(SINDMÓVEIS, 2009).
O perfil das empresas que formam o setor moveleiro brasileiro é semelhante ao dos
demais países, sendo formado por um grande número de empresas, grande parte na
informalidade, operando em nichos de mercado. Em 2005, no Brasil, aproximadamente 74%
dos estabelecimentos produtores de móveis apresentavam até 9 funcionários e a participação
de empresas com mais de 100 funcionários era de menos de 2% (ABIMÓVEL, 2006).
As características desta indústria refletem uma mudança de perfil nos últimos anos.
Enquanto a demanda interna per capita manteve-se estagnada ou declinou de 1990 a
2005, as exportões aumentaram em cerca de 2.400% (ROSA et al., 2007). Porém destaca-se
que este incremento nas exportações não foi suficiente para que o Brasil despontasse entre os
maiores exportadores de móveis.
No Brasil os principais estados produtores de móveis são São Paulo, Rio Grande do
Sul, Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina, respectivamente, que juntos representam 78% do
número de empresas e 81% da quantidade de pessoas empregadas (ABIMÓVEL, 2006).
Em 2008 o faturamento das indústrias moveleiras do Rio Grande do Sul representou
17,61% do brasileiro, com 2,45 mil indústrias e 37,5 mil funcionários (SINDMÓVEIS, 2009).
21
A produção de móveis no Rio Grande do Sul se concentra especialmente no polo produtivo de
Bento Gonçalves, que engloba também as cidades de Garibaldi, Gramado, Caxias do Sul e
Flores da Cunha. Este polo apresenta elevada taxa de crescimento e concentra algumas das
maiores e mais modernas empresas moveleiras do país, que se destacam pela elevada
qualidade e pelo design inovador. Atualmente responde por mais de um quarto das
exportações brasileiras, sendo o segundo maior polo exportador do país (ABDI/UNICAMP,
2008).
Segundo o relatório desenvolvido pela ABDI/UNICAMP (2008, p. 23), as principais
diferenças observadas nas características dos polos dizem respeito à capacitação produtiva. O
polo de Bento Gonçalves (RS) tem maior capacitação tecnológica e de design. O polo de São
Bento do Sul (SC) concentra as empresas líderes exportadoras com elevada capacitação
produtiva, mas ausência de design próprio, com pequenas e médias empresas subcontratadas
das grandes empresas. O polo de Arapongas (PR) apresenta empresas líderes com capacitação
média e pequenas e médias empresas com tecnologia inferior. Já o polo da Grande São Paulo
(SP) apresenta estrutura heterogênea, onde a indústria de móveis seriados contém grandes
empresas com alta tecnologia, a indústria deveis sob encomenda contém pequenas e
médias empresas com estrutura artesanal e a indústria de móveis para escritório apresenta
elevada complexidade tecnológica.
1.3.2. Estratégias para desenvolvimento do setor
Dadas as características e importância representativa do setor, algumas estratégias
estão sendo tomadas pelas empresas para continuarem competindo, gerando novos modelos
de organizações. Uma pesquisa realizada pela Wells Fargo/Gallup nos EUA concluiu que para
pequenas empresas, a habilidade em inovar rapidamente é uma forte vantagem competitiva.
Nos resultados encontrados, 57% das empresas estão destinando tempo para a geração de
ideias e desenvolvimento da criatividade, 59% também estão desenvolvendo cursos para
melhorar suas habilidades e continuar a aprender e 55% estão fornecendo treinamentos
adicionais para seus funcionários (SMITH, 2006).
Outras estratégias adotadas pelas empresas americanas se referem à estrutura do
necio. Algumas optaram por deslocar suas atividades da manufatura para a
comercialização. Elas importam os produtos e utilizam sua marca na venda em grandes lojas
22
varejistas. Outras empresas integram a importação a sua linha produtiva, agregando
modernizações à produção através de técnicas de produção enxuta e utilizando tecnologia de
ponta (SCHULER e LAWSER, 2007b).
A estratégia adotada pelas menores empresas, com mercado regional, é focar na
customização para nichos de mercado normalmente pouco atrativos para as grandes empresas,
por terem pouca demanda com relação ao volume. Nestes casos pode-se agregar valor e os
clientes estão dispostos a pagar por produtos únicos, de qualidade e com design e serviço
diferenciado (SCHULER e LAWSER, 2007b).
Schuler e Lawser (2007) sugerem como alternativas para empresas moveleiras, a
agregação de outros diferenciais, como melhor serviço, customização com preço competitivo,
maior rapidez de entrega, melhor negociação de preços, produção flexível, marketing
especializado, conhecimento dos clientes e qualidade superior.
Não há dúvidas de que uma nova maneira de ver o setor, com novos processos e novas
ferramentas, deverá ser utilizada pelas empresas do setor moveleiro como forma de se
manterem competitivas.
Isto torna o setor particularmente interessante, pois as empresas se encontram no
limite entre o sistema tradicional de produção e gestão, mas tem noção de que são necessárias
grandes mudanças para que se mantenham na atividade.
Além destes fatores, cabe destacar, ainda, a preocupação das entidades e governos em
desenvolver as indústrias moveleiras. O Centro Gestor da Inovação Moveleiro (CGI), órgão
ligado à Associação das Indústrias de veis do Rio Grande do Sul (MOVERGS) trabalha
em parceria com a Universidade de Caxias do Sul e tem como objetivo desenvolver um
sistema de informações competitivas do Arranjo Moveleiro do Rio Grande do Sul e difundir
informações ao Arranjo Produtivo Local, melhorando a capacidade de aprendizado e resposta
destas empresas.
Dadas suas características e particularidades, percebe-se na indústria moveleira gaúcha
um ambiente procio para o tipo de investigação a que se propõe esta tese.
23
1.4. OBJETIVOS
Dada a explanação acerca do tema, do problema e do campo de estudo, o objetivo
deste trabalho consiste em compreender como se dão as relações entre inteligência estratégica
e orientação para o mercado. Assim, tem-se:
1.4.1. Objetivo geral
Avaliar a relação entre geração de inteligência estratégica e orientação para o
mercado e seu impacto no desempenho financeiro das empresas.
1.4.2. Objetivos específicos
Avaliar a utilização de práticas de inteligência estratégica e orientação para o
mercado na indústria moveleira.
Verificar quais dimensões da inteligência estratégica estão mais fortemente
relacionadas com as dimensões da orientação para o mercado.
Identificar a contribuição da orientação para o mercado e inteligência
estratégica, isoladamente e em conjunto, no desempenho financeiro das
empresas.
1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO
A estrutura deste trabalho está definida de tal forma que neste capítulo estão
apresentadas a delimitação do tema, definição do problema de pesquisa, contribuição deste
trabalho nos campos acadêmico e gerencial, definição do campo de estudo e a definição dos
objetivos do trabalho.
No segundo capítulo está apresentado o referencial teórico sobre os principais pontos
sobre orientação para o mercado e inteligência estratégica. Com relação à orientação para o
mercado apresentam-se seu desenvolvimento, os principais construtos e a relação com o
desempenho organizacional. Na sequência, apresentam-se o desenvolvimento da inteligência
24
no contexto das organizações, seu uso atual e a avaliação das iniciativas de inteligência
estratégica. Discutem-se, também nesta etapa, as relações entre inteligência estratégica e
orientação para o mercado. Finaliza-se este capítulo apresentando aspectos das avaliações de
desempenho das organizações.
O terceiro capítulo descreve o modelo teórico de relacionamento, apresentado a forma
como as hipóteses que serão testadas ao longo do trabalho foram desenvolvidas.
O quarto capítulo é referente ao método utilizado para alcançar os objetivos propostos.
Neste capítulo são tratadas as questões de definição da amostra, coleta, preparação e análise
dos dados.
O quinto capítulo apresenta os resultados obtidos, iniciando pela análise do perfil das
indústrias participantes, validação das escalas e modelos e teste das hiteses elaboradas para
o trabalho.
Finaliza-se com as considerações referentes aos resultados obtidos, contribuições,
limitações e sugestões para pesquisas futuras.
25
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo apresenta o referencial teórico dos temas tratados neste trabalho.
Inicialmente apresentam-se o desenvolvimento da orientação para o mercado, conceituação,
construtos e as escalas para mensuração. Na sequência discutem-se, sob a mesma estrutura, os
aspectos ligados à inteligência estratégica. Finaliza-se apresentando aspectos sobre o
desempenho financeiro das organizações.
2.1. ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO
2.1.1. O desenvolvimento da orientação para o mercado
As ideias de orientação para o mercado já apresentavam suas primeiras raízes com
Peter Drucker (1957), quando este afirmava que as organizações deveriam ser focadas aos
clientes. O termo orientação para o mercado aparece formalmente por volta dos anos 60. Em
1963, na Harvard Business Review foi publicado um artigo cujo título, No Easy Road to
Market Orientation, indicava a preocupação existente com a orientação para o mercado.
Neste trabalho, Lear (1963) expressa a dificuldade que em saber o que significa
exatamente ser orientado para o mercado. Na época algumas características de organizações
orientadas ao mercado são descritas pelo autor, como, por exemplo:
Clara definição do mercado, com dados dos clientes, distribuidores, produtos, regiões,
concorrentes e influências de compra;
Cálculo cuidadoso dos custos de distribuição, assim como previsões de longo prazo
dos lucros da organização;
Avaliação lógica das prováveis reações dos concorrentes;
Planos de tarefas e responsabilidades organizacionais completamente discutidos e
entendidos;
Experiências na condução de projetos;
Endosso do presidente da companhia e dos executivos de marketing e
Disposição para prosseguir e reavaliar os movimentos.
26
Ainda neste período, na edição de Maio de 1965 do Journal of Farm Economics são
apresentados dois artigos sobre a orientação para o mercado na área de produção agrícola
(MOORE e HUSSEY, 1965 e SMITH, 1965). Inicialmente Hugh L. Moore e Gorham Hussey
analisam as implicações ecomicas da orientação para o mercado, citando necessidade de
mudanças para melhor servir aos clientes, inovação e recursos alternativos. Norton E. Smith
contribui com o trabalho dos autores, concluindo que a orientação para o mercado nas
atividades agrícolas gera valor agregado, utilidade para o cliente e aumento de retorno aos
produtores. Esta situação exemplifica a preocupação da orientação para o mercado, inclusive
em setores diferentes que o da indústria e serviço.
Na década de 80, ainda não havia sido consolidado o entendimento sobre a orientação
para o mercado. Um exemplo é o trabalho de Shapiro (1988) intitulado What the hell is
‘market oriented’? Para o autor, uma organização ser orientada é mais que simplesmente
seguir a voz do cliente. A orientação consiste em distribuir a informação sobre as influências
de compra para todas as funções corporativas, tomar decisões estratégicas e táticas de forma
interfuncional e possuir funções e divisões trabalhando de forma coordenada com senso de
comprometimento.
A década de 90 marcou o desenvolvimento dos trabalhos de orientação para o
mercado com diversos artigos contribuindo com o objetivo de consolidar conceitos sobre o
tema. Kohli e Jaworski (1990) trataram a orientação para o mercado como um processo de
geração e disseminação de inteligência de mercado e capacidade de resposta da empresa.
Narver e Slater (1990) analisaram a orientação para o mercado como uma cultura
organizacional que visa criar valor superior aos clientes e desempenho superior para a
organização, através de três dimensões: orientação para o cliente, orientação para o
concorrente e coordenação interfuncional. Deshpandé, Farley e Webster (1993) analisaram a
orientação para o mercado como um conjunto de crenças, cujo primeiro plano são os
interesses dos consumidores, mas não excluindo outros envolvidos (acionistas,
funcionários,...). Para Day (1994), a empresa deveria exercer suas atividades de forma
superior que os concorrentes, assim ela desenvolveria capacidades especiais.
Entre estes trabalhos, o de Kohli e Jaworski (1990) explorou mais detalhadamente a
utilização da inteligência de mercado pelas organizações. Para eles, a orientação para o
mercado é um processo baseado na inteligência de mercado. Esta definição corrobora o
trabalho de Anderson e Hoyer (1991), os quais afirmam que os avanços na tecnologia da
27
computação (hardware e software), inovações nas tecnologias de comunicação
(telecomunicação) e as redes ligando computação e comunicação contribuíram para uma taxa
acelerada de complexidade ambiental e mudança, além de permitir a habilidade para
monitorar, analisar e aproveitar as mudanças ambientais para desenvolver a vantagem das
organizações. Anderson e Hoyer (1991) acreditam que estes fatores colocaram a informação
no topo de qualquer priorização de recursos organizacionais, e empurraram as organizações
para o que chamam de “Era da Inteligência”.
2.1.2. Construtos de orientação para o mercado
Conforme mencionado, os construtos de orientação para o mercado foram bastante
estudados, principalmente na década de 90. Dentre os estudos que tratam deste tema,
destacam-se os trabalhos seminais desenvolvidos por Narver e Slater (1990), Kohli e Jaworski
(1990), Deshpandé, Farley e Webster (1993), e Day (1994).
A seguir estão apresentados os principais aspectos desenvolvidos em cada uma destas
linhas de investigação.
Narver e Slater (1990)
Narver e Slater (1990) entendem a orientação para o mercado como sendo composta
por três componentes comportamentais: orientação para os clientes, orientação para os
concorrentes e coordenação interfuncional, além de dois critérios de decisão: foco no longo
prazo e na lucratividade.
Orientação para os clientes e orientação para os concorrentes incluem as atividades
envolvidas em buscar informações sobre clientes e concorrentes no mercado e disseminá-las
através da organização.
A orientação para os clientes consiste em entendê-los para criar valor superior
continuamente. Ela exige que o vendedor entenda a cadeia inteira de valor para os clientes,
o somente como ela é, mas também como pode envolvê-los contemplando as dinâmicas
internas e do mercado. Para os autores, a maneira de criar valor para os clientes é melhorando
28
a relação custo x benefício ou seja, aumentando o valor ou diminuindo os custos para os
clientes.
A orientação para os concorrentes exige que se entendam as forças e fraquezas de
curto prazo assim como as capacidades e estratégias atuais e futuras. A análise dos
concorrentes atuais e potenciais deve incluir o conjunto de tecnologias capazes de satisfazer
as necessidades presentes e futuras dos clientes.
O terceiro componente, coordenação interfuncional, representa a utilização
coordenada dos recursos da organização para criar valor superior para os clientes. A criação
de valor não é uma função do marketing, mas uma tarefa que deve ser desenvolvida por todos,
contemplando outras áreas além do departamento de marketing. Assim, a coordenação
interfuncional deve estar ligada à orientação para os clientes e concorrentes.
Devido à natureza multidimensional da criação de valor para os clientes, a
interdependência do marketing com as outras funções das organizações deve ser
sistematicamente incorporada na estratégia de marketing do negócio. A efetiva
intercoordenação exige, entre outras coisas, um alinhamento dos incentivos das áreas
funcionais e a criação da dependência interfuncional, para que cada área perceba as vantagens
em cooperar fortemente com as outras áreas. Alem disso, é necessário que a área de marketing
seja sensível e responsiva para as percepções e necessidades de todos os departamentos do
necio.
Quanto aos critérios de decisão, os autores citam o foco no longo prazo tanto em
relação aos lucros quanto à implementação dos componentes comportamentais da orientação
para o mercado. Para eles, as organizações orientadas ao mercado devem manter o foco
também na lucratividade, pois este é um dos objetivos das organizações (o que nas
organizações sem fins lucrativos seria representada pela sobrevivência no longo prazo).
A Figura 1 apresenta o construto de orientação para o mercado segundo Narver e
Slater (1990) na forma de um triângulo equilátero, visto que os três elementos têm a mesma
importância e estão relacionados.
29
Figura 1 - Orientação para o mercado segundo Narver e Slater
Fonte: Narver e Slater (1990, p.23)
Cada um dos componentes comportamentais e dos critérios de decisão devem ser
analisados utilizando-se uma escala multiitens. Como os três componentes comportamentais
possuem importância equivalente, a escala desenvolvida, denominada de MKTOR, resulta da
média dos escores dos três componentes.
A escala MKTOR foi inicialmente composta por 15 itens e foi testada em uma amostra
de 371 executivos de 140 unidades de negócio de uma organização americana. Somente os
três aspectos comportamentais mostraram-se confiáveis e permaneceram.
Os autores concluíram que forte relação entre orientação para o mercado e
desempenho das organizações.Também encontraram difereas significativas entre empresas
de commodities e não commodities.
Kohli e Jaworski (1990)
Kohli e Jaworski (1990) desenvolveram o construto de orientação para o mercado
como um aspecto do comportamento organizacional. Para produzir uma definição
operacional, fizeram uma revisão da literatura de marketing relativa a 35 anos de trabalhos e
entrevistaram 62 gestores, questionando-os sobre o significado da orientação para o mercado,
aspectos que incentivam ou desencorajam a orientação para o mercado, consequências
positivas da implantação da orientação para o mercado e situações onde a orientação para o
mercado não considerada pelos gestores como sendo muito importante.
Foco no
longo prazo e
na
lucratividade
Coordenação
interfuncional
Orientação para
os concorrentes
Orientação para os
clientes
Mercado alvo
30
Como resultado, definiram como uma empresa orientada para o mercado aquela onde
um ou mais departamentos envolvidos em atividades que geram entendimento das
necessidades presentes e futuras dos clientes e dos fatores que os afetam, onde
compartilhamento deste entendimento entre os departamentos e onde todos estão engajados
em atividades que buscam atender às necessidades dos clientes. Na proposta de Kohli e
Jaworski (1990), a orientação para o mercado é basicamente formada pela inteligência de
mercado.
Relacionado à definição, compreende-se que a fundamentação da orientação para o
mercado se em relação à geração, disseminação e resposta à intelincia de mercado e é
composta por antecedentes e consequentes, conforme representado na Figura 2 (JAWORSKI
e KOHLI, 1993).
Figura 2 - Orientação para o mercado segundo Jaworski e Kohli
Fonte: Adaptado de Jaworski e Kohli (1993, p.55)
Os antecedentes são fatores que intensificam ou impedem a implementação do
conceito de marketing pela organização e são classificados em três categorias,
hierarquicamente dispostas nas organizações: ênfase da alta administração para orientação
para o mercado (individual), fatores interdepartamentais (intergrupos) e sistemas
organizacionais (organização). Os fatores consequentes da orientação para o mercado podem
ser relacionados ao desempenho organizacional, clientes, inovação e empregados
(JAWORSKI e KOHLI, 1996).
sênior
Dinâmicas
interdepartamentais
Sistemas
organizacionais
Orientação para o
Mercado
Funcionários
Ambiente
Desempenho
organizacional
31
A ênfase que a alta administração atribui à orientação para o mercado possui um
grande poder sobre toda a organização, pois os projetos onde engajamento da alta
administração, mais facilmente são implementados. A alta administração tem o poder de
facilitar que todos os veis ajam conforme seus interesses, de moldar os valores e a
orientação das organizações (WEBSTER, 1988). A relação existente entre a alta
administração é direta, indicando que quanto maior a ênfase da alta administração de uma
organização na orientação para o mercado, maior será o grau de orientação para o mercado
naquela organização (DAY, 1994; NARVER e SLATER, 1990).
Algumas características da alta administração impactam no grau de orientação para o
mercado (KOHLI e JAWORSKI, 1990). Um exemplo é a propensão da alta administração em
correr riscos. Como a orientação para o mercado consiste em estar sempre em busca de novos
produtos/serviços que satisfaçam as necessidades dos clientes, pode-se afirmar que a
orientação para o mercado tem um caráter de inovação, o que está diretamente relacionado
com as incertezas do mercado. Na mesma linha, organizações gerenciadas por
administradores com alto grau de instrução e oriundos de classes ecomicas baixas (ou seja,
apresentando mobilidade social) também seriam organizações mais propensas a correr riscos
com estratégias inovadoras, portanto mais orientadas para o mercado.
O segundo antecedente corresponde aos fatores interdepartamentais, que são as
relações e interações formais e informais entre os departamentos. Segundo Kohli e Jaworski
(1990), pode haver conflitos e ligações interdepartamentais que auxiliam ou não a adoção da
orientação para o mercado em toda empresa. também relação na utilização da informação
pelos membros de uma organização, em função das relações entre os departamentos. Kennedy
et al. (2003) afirmam que a extensão das relações formais e informais entre rios
departamentos interfere na orientação para o mercado através do maior uso compartilhado de
informações. Os conflitos, ou tensão entre departamentos, provocam o efeito contrário,
diminuindo a orientação para o mercado de uma organização embora não haja efeitos quanto
à geração de inteligência em um departamento isolado, pois os conflitos não afetariam o
processo de aquisição de informação em um departamento (JAWORSKI e KOHLI, 1993).
Finalmente, sendo proposto como o terceiro antecedente da orientação para o
mercado, tem-se os sistemas organizacionais, ou a organização como um todo, sendo o nível
mais elevado da hierarquia proposta por Kohli e Jaworski (1990). Eles representam um
conjunto de barreiras que está relacionado com a estrutura organizacional (atividades e
32
coordenação entre elas) e que provocam dificuldades de comunicação e disseminação da
inteligência. Consistem de duas variáveis estruturais: formalização e estruturação; e dois
sistemas relacionados aos empregados: sistema de recompensa e treinamentos orientados ao
mercado (KIRKA et al., 2005).
Formalização se refere à definição de normas, procedimentos e autoridade através de
regras, as quais estão inversamente relacionadas com a orientação para o mercado, pois
inibem a utilização da informação dificultando o desenvolvimento de respostas rápidas às
mudanças do mercado (JAWORSKI e KOHLI, 1993).
A centralização pode ser definida como sendo a limitação na autonomia das pessoas
para a tomada de decisões. Pode-se entender que ela afeta negativamente a orientação para o
mercado, pois também inibe a disseminação e utilização da informão (MATSUNO et al.,
2002).
Os sistemas de recompensas baseados na orientação para o mercado devem utilizar
sistemas de mensuração para bonificar os empregados que estiverem mais voltados à
orientação para o mercado. Por sua vez, os treinamentos voltados à orientação para o mercado
aumentam o interesse dos funcionários sobre as necessidades dos clientes, estimulando ações
que são consistentes com esta proposta (RUEKERT, 1992). Webster (1988) argumenta que a
forma como os gestores são avaliados e recompensados interfere na orientação para o
mercado. Se suas ações forem analisadas no curto prazo, através de lucratividade e vendas,
provavelmente eles negligenciarão fatores que garantirão retornos em longo prazo, como
satisfação do cliente, por exemplo.
Conforme apresentado, os três antecedentes para a orientação para o mercado
consistem em um conjunto de aspectos que desempenham papel importante na geração e
comunicação de inteligência intra e interdepartamental nas organizações.
Para avaliar o grau de orientação para o mercado das organizações, Kohli, Jaworski e
Kumar (1993) desenvolveram a escala MARKOR, composta inicialmente por 25 itens. Após
as etapas de processo de purificação e validação, a escala resultante ficou composta por 20
itens, sendo seis variáveis relativas à geração de inteligência de mercado, cinco variáveis
relativas à disseminação da inteligência de mercado e nove variáveis referentes à resposta da
organização à inteligência gerada (Figura 3).
33
Figura 3 - Orientação para o mercado
Fonte: Jaworski e Kohli (1993)
Em relação à geração de intelincia, Jaworski e Kohli (1993) destacam aspectos
como reuniões periódicas com clientes, desenvolvimento de pesquisas de mercado, rapidez
para detectar mudanças nas preferências de consumo dos clientes e para detectar mudanças no
setor, avaliação da satisfação de clientes e da avaliação das possibilidades que mudanças no
ambiente acarretariam sobre os clientes.
em relação à disseminação, o objetivo é que haja participação de toda organização
no compartilhamento das informações sobre os clientes. Neste ponto do trabalho de Jaworski
e Kohli (1993) são consideradas as atividades que permitem o compartilhamento das
informações, tais como reuniões entre departamentos para discutir tendências,
desenvolvimento do mercado e necessidades futuras dos clientes, assim como rapidez na
comunicação sobre fatos relevantes de clientes em todos os veis hierárquicos da
organização.
Os itens da escala que avaliam a resposta à inteligência de mercado baseiam-se na
forma e no tempo necessário para que as organizações respondam à geração e disseminação
de inteligência e indicam se há um ambiente ágil propício para a orientação para o mercado.
Deshpandé, Farley e Webster (1993)
Em 1993, Deshpandé, Farley e Webster desenvolveram um estudo relacionando o
impacto da cultura, orientação para o cliente e inovação no desempenho das organizações.
Orientação
para o mercado
Geração de
inteligência
Disseminação de
inteligência
Resposta ao
mercado
34
Para os autores, a cultura organizacional consiste nos valores e crenças compartilhados
que ajudam os indivíduos a entender o funcionamento e então fornece a eles as normas para
comportamento da organização.
Como parte da cultura organizacional há a orientação para o cliente. Ela é vista como
um conjunto de crenças que coloca os interesses dos clientes em primeiro lugar, mas não
exclui os outros envolvidos (proprietários, gestores e empregados), de forma a desenvolver
lucratividade no longo prazo. Desta forma, o simples foco na orientação para o cliente é
inadequado se o considerar os valores e crenças da organização que podem reforçar este
foco e permear a organização.
A inovação, por sua vez, é outro fator importante, pois é ela que faz com que a
organização esteja sempre criando novos clientes.
O instrumento utilizado na pesquisa de Deshpandé, Farley e Webster (1993) foi
desenvolvido a partir de trabalhos sobre cada um dos construtos: cultura, orientação para o
cliente e inovação. A escala de cultura organizacional foi adaptada de Cameron e Freeman
(1991) e Quinn (1988). A escala de orientação para o cliente foi construída a partir de Kohli e
Jaworski (1990) e Narver e Slater (1990) e a escala de inovação foi adaptada de Capon, Farley
e Hulbert (1988) e Capon et al. (1992).
Assim, com o objetivo de relacionar estes construtos com o desempenho
organizacional, eles estudaram as díades de 50 empresas japonesas, através de entrevistas com
duplas de vendedores e clientes de cada uma delas.
Os resultados obtidos indicam que há relação entre o tipo de cultura organizacional e o
desempenho. Empresas com culturas que são mais responsivas (mercado) e mais flexíveis
(adocrática) tendem a ter melhores resultados que as organizações do tipo clã e as
hierárquicas. Estes resultados podem indicam que a cultura de competitividade pode
transcender a cultura nacional.
Evidenciou-se também a relação entre orientação para o cliente e inovação com o
desempenho organizacional, mesmo controlando a questão cultural. Além disso, percebeu-se
que divergência entre as respostas de clientes e empresas, e é a percepção dos clientes que
está relacionada com o desempenho organizacional, evidenciando a necessidade de pesquisar
as percepções dos clientes ao estudar a orientação para o mercado.
Mais tarde, em 1998, Deshpandé e Farley apresentaram outro estudo onde
desenvolveram uma escala relacionando as escalas MARKOR de Kohli, Jaworski e Kumar
35
(1993), MKTOR de Narver e Slater (1990) e a escala proposta por Deshpandé, Farley e
Webster (1993).
A junção destes trabalhos resultou em um questionário composto por 44 itens, os quais
foram aplicados a uma amostra de 82 executivos de marketing de 27 empresas. Como
resultado os autores propuseram uma síntese da escala, que ficou composta pelos 10 itens que
apresentaram maiores cargas fatoriais no primeiro fator.
A partir deste estudo, Deshpandé e Farley revisaram a definição de orientação para o
mercado, excluindo a noção de cultura e de monitoramento dos concorrentes, e definiram
orientação para o mercado como um conjunto de processos e atividades interfuncionais
direcionadas à criação e satisfação das necessidades dos clientes.
Day (1994)
Segundo Day (1994) a orientação para o mercado consiste em desenvolver
capacidades superiores para entender e satisfazer os consumidores. Ele define as
características das organizações orientadas ao mercado a partir das premissas de Deshpandé,
Farley e Webster (1993), Kohli e Jaworski (1990), Narver e Slater (1990) e Shapiro (1988).
Assim, as organizações orientadas ao mercado devem colocar os interesses dos clientes em
primeiro lugar, ter habilidade para gerar, disseminar e responder à inteligência de mercado e
coordenar as aplicações dos recursos interfuncionais para a criação de valor superior ao
cliente.
Day (1994) afirma que as organizações podem se tornar mais orientadas ao mercado
se identificarem e construírem as competências especiais que diferenciam-nas das demais
organizações. As capacidades são diferentes entre as organizações e dependem das realidades
dos mercados, dos compromissos assumidos e das necessidades futuras. Entretanto, todas as
organizações podem identificar as capacidades principais (core competences) que criam valor
no seu negócio.
Para ele, as capacidades são classificadas em três categorias: as internas, as externas e
aquelas que unem as internas com as externas (Figura 4).
36
Percepção do mercado
Ligação com o cliente
Vínculo no canal
Monitoramento da tecnologia
Cumprimento dos pedidos dos
clientes
Preço
Compra
Entrega dos serviços aos
clientes
Desenvolvimento de novos
produtos
Desenvolvimento de
estratégia
Gerenciamento financeiro
Controle de custos
Desenvolvimento de
tecnologia
Logística integrada
Processos de
transformação/produção
Gerenciamentos dos recursos
humanos
Ambiente saudável e seguro
Figura 4 - Classificação das capacidades
Fonte: Day (1994, p.41)
Para desenvolver as capacidades de orientação para o mercado nas organizações torna-
se necessária uma profunda mudaa de cultura, que pode ser obtida diagnosticando as
capacidades atuais, antecipando as necessidades futuras, redesenhando e dirigindo os
processos e monitorando continuamente o progresso.
Este processo de mudança não pode acontecer sem a atenção nos valores, crenças e
conhecimentos dos membros da organização e sendo suportado pelas mudanças na estrutura,
sistema, controle, incentivo e processos de decisão.
A partir das diferentes definições de orientação para o mercado, apresentadas nesta
seção, pode-se perceber que o conceito de orientação para o mercado é amplo, incluindo
desde a noção de inteligência assim como a satisfação das necessidades dos clientes.
Mais recentemente, Matsuno, Mentzer e Rentz (2000) ampliaram a proposta de Kohli
e Jaworski, acrescentando fatores macroeconômicos, de fornecedores, tendências sociais e
culturais além de aspectos sobre o ambiente regulador.
Kirka et al. (2005), em uma meta-análise dos antecedentes e consequentes da
orientação para o mercado, concluíram que relação positiva significativa entre orientação
para o mercado e ênfase da alta administração, fatores interdepartamentais, sistemas de
Processos Externos
Processos de União
Processos Internos
Ênfase Externa Ênfase Interna
37
bonificação e treinamentos. Concluíram, também, que relação negativa significativa entre
orientação para o mercado e conflitos interdepartamentais, centralização e formalização.
A seguir são apresentados alguns trabalhos que relacionam a orientação para o
mercado com o desempenho organizacional.
2.1.3. Orientação para o mercado e desempenho organizacional
A orientação para o mercado envolve a implementação do conceito de marketing
desde que ele auxilie a empresa a antecipar, reagir e capitalizar as mudanças no ambiente,
buscando desempenho superior (SHOHAM, ROSE e KROPP, 2005). Ela tem sido analisada
em diversos estudos. Muitos autores buscaram relacionar a orientação para o mercado com
diferentes construtos, principalmente o desempenho das organizações, o qual foi medido de
diferentes formas, tanto subjetivas quanto objetivas, refletindo o desempenho geral da
organização, lucros, vendas e participação de mercado.
No exterior, destacam-se os trabalhos produzidos, principalmente Narver e Slater
(1990), Matsuno e Mentzer (2000), Deshpandé e Farley (1998) Day (1994), Hult e Ketchen
(2001), Noble et al., (2002). Na Índia pode-se destacar os trabalhos de Jain e Bhatia (2007) e
Singh (2003). Na Grécia de Panigyrakis e Theodoridis (2007). Na China destacam-se os
trabalhos de Chan e Ellis (1998), Sin et al. (2005) e Li et al. (2008). No Reino Unido
Greenley (1995), Harris (2001) e Megicks e Warnaby (2008). Além dos trabalhos de Hooley
et al., (2000) na Europa Central e Snoj et al. (2007) na Slovenia.
No Brasil, têm-se diversos trabalhos, dentre eles destacam-se: Garrido (2007), Müller
Neto (2005), Antoni (2004), Carvalho (2001), Sampaio (2000), Trez (2000), Menna (2001),
Perin (2001), Urdan (2000; 2001).
Ellis (2006) realizou uma meta-análise de 56 estudos de 28 países e concluiu que a
orientação para o mercado é um determinante do desempenho, e que as relações mais fortes
são obtidas em mercados maduros e quando se utiliza a escala MARKOR de Kohli, Jaworski
e Kumar (1993). Além disso, concluiu que a orientação para o mercado é afetada por questões
culturais e características dos países.
Estes resultados são semelhantes aos resultados encontrados por Kirka et al. (2005).
Em uma meta análise de 114 trabalhos, os autores concluíram que o relacionamento entre
orientação para o mercado e desempenho é mais forte em empresas de manufatura, baixa
38
distância do poder, culturas avessas ao risco e em estudos que utilizaram medidas subjetivas
de mensuração do desempenho.
Cano et al. (2004), em um trabalho contemplando 23 países nos cinco continentes
também encontraram resultados significativos em orientação para o mercado e desempenho,
com resultados mais fortes entre orientação para o mercado e desempenho nos trabalhos que
utilizaram a escala MARKOR e escalas subjetivas de avaliação do desempenho. Estes
resultados indicam que a escala MARKOR tem maior poder de explicação da variância no
relacionamento entre orientação para o mercado e desempenho, se comparada à escala
MKTOR e que, mantendo-se fixos os níveis de orientação para o mercado, observaram-se
maiores níveis de desempenho quando utilizada a escala subjetiva para avaliação do
desempenho.
Vieira (2008) desenvolveu uma meta-análise no Brasil a partir de 27 estudos, obtendo
amostra agregada de 4537 casos. O autor encontrou resultado positivo e significativo entre a
orientação para o mercado e o desempenho organizacional.
A partir dos muitos estudos realizados sobre a orientação para o mercado e o
desempenho das organizações, concluiu-se que a relação entre orientação para o mercado e
desempenho depende de diversos fatores.
Em função das divergências quanto aos fatores que influenciam o desempenho, alguns
trabalhos optaram por analisar a orientação para o cliente, ao invés da orientação para o
mercado. A orientação para o mercado é mais ampla que a orientação para o cliente e envolve
o foco no cliente, concorrente e demais blicos relevantes (WRENN, 1997; ZHU e
NAKATA, 2007). a orientação para o cliente engloba somente os aspectos de clientes e
concorrentes e esmais próxima do conceito apresentado por Kohli e Jaworski (1990) que
indicam o desenvolvimento da inteligência de mercado (criação, disseminação e resposta)
como operacionalização da orientação de mercado.
Révillion (2005) focou nas inter-relações entre orientação para o cliente, cultura
organizacional e cultura do varejo brasileiro e seu impacto no desempenho empresarial. Neste
trabalho, a autora conclui que a implementação de comportamentos de orientação para o
cliente, através da adoção de artefatos e normas, apresenta uma influência significativa sobre
o desempenho das empresas pesquisadas.
Zhu e Nakata (2007) estudaram o papel exercido pelos sistemas de informação na
relação entre orientação para o cliente e desempenho. Eles identificaram a moderação
39
exercida pela capacidade dos sistemas de informação (aspecto tecnológico), mas não
identificaram a moderação com a qualidade dos sistemas de informação (aspecto humano) na
relação entre a orientação para o cliente e o desempenho da organização.
Ou seja, os trabalhos que relacionam orientação para o mercado/cliente e desempenho
indicam que a relação não é direta, e depende de outros fatores, por exemplo, fatores culturais,
maturidade do mercado, capacidade de inovação, adoção de práticas de aprendizagem
organizacional, recursos tecnológicos, etc. Todos estes moderadores se expressam nas
organizações em função das suas características, ou seja, da cultura organizacional que
permeia cada organização. Desphandé e Webster (1989, p.4) acreditam que a cultura
organizacional é o conjunto de valores e crenças compartilhados que auxiliam os indivíduos a
entenderem o funcionamento organizacional e então fornece a eles as normas de
comportamento na organização”. Homburg e Pflesser (2000) definiram a cultura
organizacional orientada para o mercado como sendo um construto composto por quatro
componentes distintos e inter-relacionados: compartilhamento de valores (por exemplo,
abertura para comunicação interna, responsabilidade dos empregados), normas para
orientação para o mercado (abertura para comunicação interna relacionada com a orientação
para o mercado, responsabilidade em relação a orientação para o mercado), artefatos
2
para a
orientação para o mercado (histórias, arranjos, rituais, linguagens) e comportamentos para a
orientação para o mercado (geração, disseminação e resposta à inteligência de mercado). Ou
seja, os valores e normas têm impacto indireto nos comportamentos de orientação para o
mercado. Esta constatação empírica leva à conclusão de que é necessário um ambiente
próprio, cujo contexto cultural permita que haja disseminação da cultura de orientação para o
mercado.
Estes aspectos podem auxiliar na compreensão dos motivos pelos quais são
observadas diferenças nas organizações nas relações entre a orientação para o mercado e seu
desempenho.
2
Os artefatos o criados pelas organizações e tem significado simbólico, mais importante que uma função
instrumental. São citados como exemplos as histórias sobre o principal gestor, o local de recebimento dos
visitantes, os eventos, as premiações, o estilo adotado durante as reuniões, etc (HOMBURG E PLFESSER,
2000)
40
2.2. INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA
2.2.1. Desenvolvimento da inteligência no contexto das organizações
O desenvolvimento dos conceitos de inteligência como forma de obtenção de
vantagens competitivas é antigo, e trata inicialmente da intelincia para fins militares. A arte
de Guerra, de Sun Tzu, datado de 500 A.C., é citado como um dos primeiros trabalhos onde a
inteligência foi desenvolvida (GRIFFITH, 1971).
A expressão competitive intelligence apareceu no Journal of Marketing pela primeira
vez em 1960, se referindo ao livro de Burton H. Alden, de 1959 (SONNECKEN, 1960).
O termo inteligência de mercado foi proposto inicialmente em 1961 durante os
trabalhos de revisão de currículos na Wharton School of Finance and Commerce, na
University of Pennsylvania (KELLEY, 1965) Embora naquela época estivesse explícito o
entendimento das necessidades de comunicação interna e externa, inclusive através de
informações de mercado e informações ecomicas, a produção de inteligência era vista como
um processo que deveria garantir que todos recebessem os dados que foram trabalhados e que
as pessoas entendessem os relatórios. Ou seja, a inteligência era tida como a disseminação da
informão na organização.
Cassidy Jr. (1964) falava em inteligência como uma função do necio que visava
acompanhar os movimentos dos concorrentes. Entretanto a posição do autor era relativamente
limitada, focando na observação de clientes e concorrentes. Na verdade, o autor se referia ao
que hoje se denomina inteligência de mercado.
Na década de 1970, Moyer (1972) afirmava que as organizações deveriam desenvolver
sistemas de inteligência de mercado para aproximar os vendedores dos clientes, ou seja, não
bastaria somente estar próximo dos clientes, dever-se-ia desenvolver a inteligência a partir
deles.
Os trabalhos da década de 70 apresentavam as características de desenvolvimento de
inteligência com foco de mercado, o que significa que eram mais limitados que os trabalhos
atuais, além de apresentar poucas evincias dos trabalhos das organizações de ponta
(PRESCOTT, 1999).
O trabalho de Montgomery e Weinberg (1979), publicado no Journal of Marketing
procurou aprofundar o assunto e foi além do processamento e análise, disseminação e uso da
41
informão. Eles propuseram um Sistema de Inteligência Estratégica (SIS Strategic
Intelligence System) com foco na seleção, coleta e análise de informações necessárias para o
planejamento estratégico. Um SIS é essencialmente um “processo alimentador para
segmentos de análise e uso do ciclo de inteligência estratégica” (p.43) que desempenha duas
funções principais: dirigir a função de inteligência e coletar as informações.
Embora haja um avanço em termos da amplitude das funções exercidas pelo sistema
de inteligência proposto por Montgomery e Weinberg (1979) com relação aos demais
trabalhos, o principal acréscimo observado é a inclusão de outras áreas de foco. Neste
trabalho são citados os focos nos seguintes ambientes:
Ambiente de competição: além da observação dos concorrentes, a empresa deve
analisar o ambiente em busca de possíveis competidores. (Os autores também citam os
clientes como uma forma de competidor à medida que a organização pode se tornar
dependente de um grande cliente, por exemplo).
Ambiente tecnológico: a análise das tecnologias emergentes permite monitorar as
modificações que, além do impacto nos produtos existentes, podem influenciar através
das inovações queo introduzidas.
Clientes: a análise dos clientes e o clientes possibilita a identificação de novas
tecnologias, vantagens e desvantagens competitivas e ideias de novos produtos. A
análise dos clientes forneceu três vezes mais novas ideias que os departamentos de
pesquisa das companhias” (MONTGOMERY e WEINBERG, 1979, p.43)
Ambiente econômico: o monitoramento do ambiente econômico é de vital importância
para o futuro das organizações. Mudanças nos indicadores podem revelar os rumos
que o mercado tomará nos próximos anos.
Ambiente político e legal: as agências governamentais exercem impacto nas políticas
das companhias, algumas vezes como objetivos conflitantes.
Ambiente social: questões como controle de poluição, conservação, direito das
minorias, etc. devem ser analisadas de forma que a organização se antecipe e possa
responder de forma positiva às pressões da sociedade.
O trabalho de Montgomery e Weinberg (1979) exemplifica a preocupação de se
alargar os horizontes de observação para geração de inteligência, o somente de mercado,
mas através da inteligência estratégica ou inteligência competitiva. O livro de Porter (1980)
inicia uma nova fase onde trabalho de campo, desmistificação da inteligência como um
42
trabalho de espionagem e desenvolvimento das técnicas e processos para transformação dos
dados em intelincia (PRESCOTT, 1999).
Na década de 80 e 90 muitos trabalhos foram desenvolvidos e houve aprofundamento,
tanto do ponto de vista acadêmico quanto nas práticas de implantação de inteligência
competitiva (PRESCOTT, 1999).
Jaworski, MacInnis e Kohli (2002), a partir de entrevistas com 38 profissionais e
análise da literatura, analisaram o processo de inteligência competitiva e sua influência no
desempenho das organizações e geraram uma série de possíveis hipóteses sobre os
relacionamentos entre os antecedentes e as fases de geração da inteligência estratégica.
Para eles, o processo de geração de inteligência competitiva é formado por três etapas,
que são (i) a preparação para inteligência estratégica, (ii) o processo de busca das informações
e (iii) a etapa de atribuição de significado (sense-making).
O processo em si é influenciado por quatro classes de antecedentes:
a rede de inteligência: fonte de informação pessoal relativamente estável e estimulada
pelo analista de inteligência;
o ambiente do negócio: aspectos internos e externos da organização;
o ambiente da informação: características das informações confrontadas pelo analista
de inteligência e
as características do analista: por exemplo, continuidade na função.
Percebe-se que este trabalho indica a necessidade de atribuição de significado ao
conjunto de informações coletadas e disseminadas, além de destacar a importância da
presença do analista, que tem papel determinante nos processos de criação de intelincia.
2.2.2. O uso da inteligência nos dias atuais
Para definir o conceito de inteligência estratégica faz-se necessário entender a forma
como a inteligência é gerada. Pode-se pensar em um processo composto por dois mundos: o
físico e o mental (PALOP e VICENTE, 1999). O processo inicia com a observação dos
fenômenos reais e sua transformação em dados, os quais possuem estrutura e definição
determinada (mundo físico). Na sequência a produção de informações, as quais possuem
um grau de estruturação superior que os dados gerados. A próxima etapa é a geração de
conhecimento, que ocorre quando os dados já estão agregados, correlacionados e algum
43
significado neles. A partir deste ponto trata-se do mundo mental, onde diferentes significados
para o mesmo conjunto de informações podem ser observados. As etapas seguintes consistem
em transformar esses dados em informações com significado genérico, que ambientadas ao
contexto e com influência de fatores pessoais adquire significado e compreensão pessoal,
formando, dessa forma, a inteligência.
A sequência apresentada dados
informação
conhecimento
inteligência pode ser
entendida como um processo de comunicação, onde diferentes etapas estão envolvidas, mas
devem estar encadeadas para que o fluxo seja mantido. Esta sequência pode ser aplicada a
qualquer situação cujo objetivo seja desenvolver inteligência. Percebe-se que este processo
o se dá de forma automática, ele é composto por três etapas (TJADEN, 1996), para as quais
é preciso ter claramente definidos os responsáveis pela coleta, metodologia utilizada, registro
das informações e transformação da informação em ação (LESCA, FREITAS e JANISSEK-
MUNIZ, 2003). O desafio está em decidir que informações e conhecimentos e em que
forma são necessários. Atribuir valor à informação e transmiti-la é o maior propósito das
iniciativas da inteligência, tanto que os responsáveis que trabalham no desenvolvimento da
inteligência nas organizações fazem parte de um grupo de profissionais que cada dia mais tem
seu trabalho reconhecido devido à crescente necessidade de desenvolver vantagens
competitivas nas organizações.
Em uma análise da dinâmica das informações na comunicação organizacional,
Fachinelli, Rech e Mattia (2005, p.4) relacionaram a geração da inteligência em todos os
níveis à necessidade de distribuição de informações e colaboração de todos. Para eles, “a
possibilidade de uma inteligência coletiva é, portanto, um dos grandes diferenciais da
contemporaneidade” que só está sendo possibilitada pelas ferramentas tecnológicas modernas.
A geração de inteligência tem recebido diferentes adjetivos em função do momento e
do enfoque de cada autor (TENA e COMAI, 2005). Deschamps e Nayak (1995) classificaram
a inteligência estratégica em três tipos de inteligências: de mercado, competitiva e
tecnológica, esta última também adotada por Palop e Vicente (1999). Rouach e Santi (2001)
adicionaram a inteligência social, que inclui questões sobre leis, finanças, taxas, questões
econômicas e de recursos humanos. Tarapanoff et al. (2000) citaram as inteligências para
necios, competitiva e tecnológica. Arboníes e Aldazabal (2005) se referem à inteligência
organizacional como um macroprocesso que inclui captação, armazenamento, aprendizagem,
44
comunicação e tomada de decisão e é resultante da cooperação daqueles que possuem a
informão e seu processamento.
Pela abrangência da inteligência organizacional, ela será utilizada como sendo
sinônimo da inteligência estratégica, a qual pode ser definida como sendo o uso do
conhecimento estratégico no processo de tomada de decisão quanto à formulação ou
redefinição de estratégias adotadas por uma organização (MIRANDA, 1999). Ela está baseada
na economia de forças e liberdade de ação, ou seja, deve objetivar o uso e o rendimento dos
recursos disponíveis e diversificar alternativas, possibilidades de iniciativa e antecipação.
Janissek-Muniz et al. (2006, p.4) definiram a Inteligência Estratégica Antecipativa como
sendo um sistema de monitoramento do ambiente, que visa “auxiliar as organizações na sua
capacidade em antecipar alterações de seu ambiente sócio-econômico, e a considerá-las na
definição dos eixos estratégicos que ela deseja implantar” e tem por objetivo criar
oportunidades de negócios e reduzir riscos e incertezas em geral.
A inteligência estratégica tem sua conceituação baseada nos princípios da inteligência
competitiva (FULD, 1995), a qual tem sido definida como sendo o conjunto de atividades
através das quais as organizações determinam e compreendem o setor, identificam e
compreendem os concorrentes juntamente com suas forças, fraquezas e antecipam seus
movimentos (TARAPANOFF et al., 2000; WRIGHT et al., 2002). Em resumo, a inteligência
competitiva consiste em analisar a concorrência através do acompanhamento de informações
que possam de alguma forma impactar na sua competitividade.
Analisando-se a definição de inteligência competitiva pode-se perceber que ela não
inclui a visão do cliente. Este aspecto importante para o gerenciamento das organizações pode
ser obtido através da utilização da inteligência de mercado. Kohli e Jaworski (1990) definiram
a inteligência de mercado como um conceito amplo que inclui consideração dos fatores
exógenos (competição, regulação) que afetam necessidades e preferências dos clientes, tanto
presentes quanto futuras. Nesta definição percebe-se a preocupação em monitorar tanto o
ambiente da concorrência como a opinião dos clientes, tendendo à orientação para o mercado.
Desta forma, a inteligência de mercado torna-se um ponto de apoio forte para as funções de
definição do mercado alvo, estimação do mercado potencial e previsão da demanda
(LACKMAN et al., 2000).
Na Figura 5 percebe-se a inteligência estratégica como sendo o núcleo de um conjunto
de diferentes abordagens e diferentes formas de inteligências.
45
Figura 5 - Tipos de inteligência
Fonte: adaptado de Rouach e Santi (2001)
Como foi observado, o foco da inteligência estratégica é mais amplo que o da
inteligência competitiva, de mercado, tecnológica, econômica, social, etc. Ela consiste em
relacionar o monitoramento do ambiente com as características e objetivos da organização, ou
seja, considerar a estruturação dos processos de inteligência a partir das estratégias da
empresa e do que se encontra na essência da estratégia. Não se trata então apenas do
monitoramento da concorrência e dos clientes, mas também de outros atores e ambientes que
podem interferir nos resultados da empresa, com destaque para a etapa de análise.
Existem muitas definições de inteligência, todas levando em conta selão ética e
legal, coleta, processamento, interpretação e análise e distribuição de informação específica e
no tempo correto sobre concorrentes e sobre o ambiente externo da organização
(MYBURGH, 2004).
Inteligência estratégica lida com analisar fontes de informações e suas técnicas
analíticas apropriadas para organizar toda esta informação – que se torna inteligência somente
após ser analisada (MYBURGH, 2004). Resumindo, a inteligência estratégica pode ser
percebida como o conhecimento sobre o ambiente de necios da organização que tem
implicações para o seu sucesso no longo prazo (WRIGHT et al., 2002; WRIGHT e CALOF,
2006).
Os propósitos e benecios obtidos com a implantação de sistemas de inteligência
estratégica podem ser muitos. Wright et al., (2002) e Wright e Calof (2006) destacam como
Pesquisa
básica e aplicada
Artigos e
publicações
Patentes,
regulamentações
Leis, taxas
Recursos
humanos
Economia e
política
Inovações,
produtos e
serviços
Clientes e
distribuidores
Fornecedores e
contratantes
Inteligência
competitiva e de
mercado
Inteligência
social
Inteligência
tecnológica
Inteligência
estratégica
Fluxos de
informação
Fluxos de informação
Fluxos de
informação
46
propósitos o melhor entendimento dos clientes, regulamentos, concorrentes e outros para criar
novas oportunidades e prever mudanças nas buscas pela vantagem competitiva sustentável.
McGonagle e Vella (2002) destacam gerenciar e reduzir os riscos, criar conhecimento
rentável, evitar excesso de informações desnecessárias, garantir privacidade e segurança da
informão e entender as forças que agem no ambiente do negócio para desenvolver planos
que tenham sucesso. Também são destacados determinar as competências, a estratégia e os
objetivos dos concorrentes atuais e potenciais, e estudar possíveis ações futuras; identificar e
definir as oportunidades e ameaças de um setor ou área; vigiar e alterar as mudanças
relevantes nos mercados, clientes, tecnologia, legislação e elementos relacionados. Ressalta-se
que o objetivo neste processo nunca é entender fenômenos passados, mas sim poder prever
fenômenos futuros.
Sapiro (1993) aponta os principais benefícios observados na implantação da
inteligência nas organizações destacando a identificação de novas oportunidades de negócios
e ideais compartilhados, a crescente habilidade para antecipação de surpresas, o aumento das
habilidades gerenciais e a integração de vários pontos de vista.
Fuld (2006) afirma que a inteligência estratégica é baseada em dois fundamentos: um
é a habilidade de encontrar a informação estratégica certa e outro é a habilidade de ver
rompimentos nos padrões de comportamento e, através disso, interpretar eventos
imparcialmente.
As formas de implantação da intelincia estratégica nas organizações dependem de
como a empresa está estruturada. A seguir são descritos os passos indicados e usualmente
utilizados.
2.2.3. Processos de implantação de inteligência estratégica
Percebe-se, pelas definições anteriores, a importância de prever mudanças, identificar
o rompimento de padrões e se antecipar ao que pode acontecer nos cenários de atuação das
empresas. Entretanto, isso não se faz automaticamente. São necessários investimentos em
recursos humanos e tecnológicos para que os processos de inteligência possam ser
implementados. A própria definição de inteligência estratégica formulada pela Society of
Competitive Intelligence Professionals ressalta a importância de perceber os esforços da
inteligência estratégica como um processo, quanto postula que a inteligência estratégica é um
47
programa sistemático de procura, análise e gerenciamento de informações externas e de
domínio público que podem afetar os planos, decisões e operações das organizações (SCIP,
2006). A função principal da inteligência estratégica é transformar as informações
desagregadas em conhecimento estratégico relevante, preciso e útil, que seja capaz de
antecipar eventos e dessa forma diferenciar as ações da organização.
A implantação de sistemas de inteligência estratégica nas organizações deve abranger
alguns aspectos, a seguir descritos resumidamente (FULD, 2006).
a) Aspectos estratégicos: identificação das ameaças competitivas, identificação dos
esforços de inteligência na organização e em relação ao foco de abrangência (região,
mercado, segmento), atenção a regulamentações governamentais, capacidade de
desenvolvimento de cenários.
b) Motivação e nível de interesse na organização: definição dos focos mais importantes de
interesse sobre os sistemas de inteligência e como eles afetam as oportunidades de
mercado, definição dos departamentos mais interessados e entendimento da forma como
a inteligência afeta a organização.
c) Planejamento para o sistema: avaliação do orçamento e recursos disponíveis (tempo e
recursos humanos).
d) Estrutura do sistema: definição do departamento que ficará responsável, quantidade de
pessoas que irão trabalhar, como seo os treinamentos, como serão transmitidos os
resultados.
e) Auditoria das informações internas: definição de como será feito o registro das
informações obtidas na organização. Como estas informões serão registradas e
armazenadas, quais as formas de indexação dessas informões (as quais podem ser
bibliogficas ou informações sobre ativos “invisíveis”: funcionários que trabalharam
na concorrência, filiados a entidades, etc.).
f) Organização e armazenamento: definição se a informação ficará centralizada ou não,
como serão indexadas, quais as necessidades dos usuários (diária, mensal), se serão
organizadas conforme a prioridade.
g) Soluções tecnológicas: análise das vantagens e desvantagens dos sistemas
computacionais e dos quatro aspectos sicos: análise, hardware, infraestrutura humana
e software. Definição se a tecnologia se própria ou adquirida, como serão os sistemas.
h) Códigos éticos e legais: estabelecimento de uma política de atividades – éticas e legais –
para o sistema de inteligência, observação dos trabalhos das pessoas quanto à
inteligência (garantir que não haja transpasse das possibilidades legais), treinamento dos
membros sobre questões legais e éticas, acompanhamento do departamento jurídico.
48
Os processos de desenvolvimento das capacitações em inteligência estratégica nas
organizações possuem alguns ciclos (KAHANER, 1996; MILLER, 2002; LESCA, 2003).
JANISSEK-MUNIZ et al. (2006) propõem a implantação de um sistema de monitoramento
organizacional pelo uso de um método para coleta, seleção e interpretação de informações
relativas ao estado e à evolução do ambiente da empresa na forma de um quebra-cabeça.
Nesta situação, cada elemento da organização pode ir contribuindo com uma parte do quebra-
cabeça e assim um conjunto de informações aparentemente desconexas começa a ter sentido e
antecipar um possível movimento de algum concorrente ou fornecedor, por exemplo. Kahaner
(1996) ressalta a importância de implantar o sistema de inteligência por toda a empresa, em
todos os níveis. Ele acredita que a inteligência restrita às fuões mais altas pode passar a
impressão de ser uma “agência de espionagem executiva” (p. 45), dificultando o
envolvimento de todos, tanto para contribuir com o processo quanto para usufruir dele.
Embora cada autor proponha uma metodologia própria, alguns pontos em comum podem ser
ressaltados e consistem basicamente no planejamento, coleta, organização, análise e
disseminação e avaliação.
A fase inicial refere-se à identificação dos responsáveis pelas principais decisões e
suas necessidades em matéria de inteligência. Como resultado, são definidas as prioridades
dos esforços da inteligência. Reconhece-se atualmente que os sistemas de inteligência “só dão
certo quando orientados pela demanda, ou seja, quando organizados com o objetivo de
proporcionar esclarecimentos e clareza a questões competitivas que os tomadores de decisões
identificaram como importantes para o eixo competitivo de uma empresa” (MILLER, 2002, p.
69). Nesta etapa, é importante avaliar o domínio das decisões que são tomadas, por quais
níveis hierárquicos e a necessidade de cada um deles, além da observação das limitações de
tempo para a tomada das decisões (KAHANER, 1996). Se estes pontos forem bem avaliados,
os retornos da utilização da inteligência estratégica tenderão a causar maior impacto.
A fase seguinte diz respeito à coleta das informações, que pode ser a partir de fontes
primárias ou secundárias. As fontes primárias são os especialistas de diversos setores,
consumidores, fornecedores, colaboradores e outros, e possuem um caráter de maior
exclusividade, pois os dados são coletados com um prosito específico. as fontes
secundárias apresentam a informação disponível a diversos interessados, e podem ser obtidas
em revistas, boletins, relatórios e bases de dados, além da internet que tem sido um grande
canal de busca de informações secundárias. Embora algumas fontes secundárias exijam o
49
pagamento de assinaturas, estes materiais estão disponíveis a muitos interessados e desta
forma não garantem necessariamente um diferencial competitivo.
A coleta de dados deve ser feita a partir do monitoramento do ambiente, que é
chamado de vigília. Janissek-Muniz et al. (2006), fazem analogia ao radar, que significa estar
o tempo todo monitorando o que está acontecendo ao seu redor. Independentemente de se
tratar de informações primárias ou secundárias, outra forma de classificação das informações
é pela forma da coleta: estruturada ou não estruturada. De qualquer forma, a organização deve
observar e registrar os sinais criados no ambiente, para, a partir deles, desenvolver a etapa de
análise.
É a partir desta etapa que a inteligência passa a ser um diferencial competitivo, mas
para isso é necessário um trabalho focado na utilização de técnicas de análise, que podem ser
estatísticas ou textuais. Nesta fase é desenvolvida a atribuição de significado, e sua
transformação em intelincia, com a identificação dos padrões e tendências, para posterior
geração de insights sobre relações não percebidas previamente. Saber como coletar os dados
importantes e analisá-los é uma tarefa árdua, que demanda não só técnica, mas também
criatividade do profissional para explorar relações até então impensadas (MILLER, 2002).
Uma das dificuldades observadas reside no fato de algumas informações não apresentarem
uma forma estruturada, exigindo maior atenção para coleta e para a análise. Outro desafio que
se faz presente é o de deixar de trabalhar com informações retrospectivas e passar a trabalhar
de forma antecipativa (LESCA et al., 2003). Se as informações analisadas são
suficientemente explícitas, esta fase permite então à empresa tomar decisões, e agir sobre seu
ambiente. Mas se as análises não permitem compreender o futuro ambiente da empresa, esta
deve prosseguir a coleta de informações, e se necessário mudar de alvo(JANISSEK-
MUNIZ et al., 2006, p.10).
A etapa de disseminação da inteligência entre os responsáveis pelas decisões também
tem papel importante. É necessário que os profissionais da inteligência identifiquem e
utilizem os meios mais adequados a cada perfil de executivo. os que preferem relatórios
formais, outros preferem que as conclusões sejam expostas em reuniões (MILLER, 2002).
Muitas empresas optam por divulgar em sistemas intranet. Janissek-Muniz et al. (2006, p.9)
sugerem algumas questões que devem ser pensadas, por exemplo, “como agir de forma que as
informações não se percam na empresa? Como divulgar as informações pertinentes às pessoas
certas? Que informações a empresa possui? Como explorar essas informações (podem
50
ainda o estar disponíveis, mas serem acessíveis)? Como transformar a informão em
ação?”. Nesta etapa é importante a gestão do conhecimento, pois é por meio dela que os
fluxos informais são trabalhados e permitem às pessoas da organização uma interação e um
compartilhamento de informação e conhecimento (VALENTIM e GELINSKI, 2005).
A quinta etapa, entendida como a etapa de avaliação do sistema, compreende as
atividades de questionamentos sobre o método utilizado, se as informações foram
satisfatórias, se os usuários estão satisfeitos com as ferramentas utilizadas. Em resumo, trata-
se da etapa de feedback, que serve para a melhoria do processo.
Conforme foi visto, as etapas do ciclo da implantação de sistemas de inteligência
estratégica podem ser sintetizadas nas etapas de planejamento, coleta, organização, análise e
disseminação e avaliação do sistema, embora cada etapa possa ser vista como um conjunto
maior de sub-etapas.
Prescott (2001) apresenta alguns aspectos que devem ser observados durante a
implantação de programas de desenvolvimento de inteligência estratégica nas organizações.
Para ele, (i) programas de inteligência estratégica necessitam de um processo de
(re)aprendizagem sobre as necessidades de inteligência dos membros da organização; (ii) o
conjunto de resultados de um programa de inteligência estratégica deve ser disseminado
periodicamente, proporcionar implicações práticas e ser percebido como rio e de confiança
por todos os membros; (iii) a cultura de inteligência nas organizações é construída
paulatinamente, uma pessoa por vez, através de desenvolvimento de habilidades e de uma
rede de relacionamentos e mecanismos que facilitem o fluxo das informações e (iv) a
evolução dos programas de inteligência estratégica são femenos que fluem de acordo com
as necessidades das organizações, retornos e evolução das técnicas utilizadas.
Quanto aos retornos dos programas de desenvolvimento da inteligência estratégica,
Guimarães (2000) comprovou que há relação entre eles e a resposta das organizações a
mudanças nos produtos, processos, estrutura e cultura organizacional. Se corretamente
utilizado, há melhoria no desempenho, na definição de novos negócios, retenção de negócios
existentes e aumento do rendimento e moral do grupo de vendas (MCGONALGE e VELLA,
2004).
51
2.2.4. Avaliação da implantação da inteligência nas organizações
Os processos de inteligência estratégica nas organizações não se dão de forma
padronizada. Castro e Abreu (2007) identificaram que diferentes abordagens de
monitoramento de informações são observadas nas empresas, assim diferentes modelos de
desenvolvimento do ciclo de inteligência são demandados. Ramos (2004) denominou como
“flexibilidade” as diferentes formas de inteligência estratégica observadas. Assim, torna-se
difícil obter consenso nas formas de mensurar a implantação de inteligência. Como
consequência, tem-se poucos trabalhos que avaliam a implantação da inteligência estratégica
de forma que se possa generalizar os resultados, através de pesquisas amplas ou surveys.
Os trabalhos a seguir apresentados refletem a busca da academia em conseguir
estruturar a forma de avaliação da implantação da inteligência estratégica nas organizações.
São trabalhos recentes que foram desenvolvidos em diferentes contextos geográficos, por
pesquisadores de diferentes áreas de estudo
3
. Dentre eles, optou-se por utilizar o trabalho de
Fachinelli et al. (2007), que para ser utilizado neste tese exigiu o avanço no desenvolvimento
da escala
4
.
Arboníes e Aldazabal (2005)
Arboníes e Aldazabal (2005), buscando avaliar o grau de inteligência organizacional,
desenvolveram um instrumento denominado de matriz de inteligência organizacional
ampliada, cujo desenvolvimento se baseou nos trabalhos de Quinn (1992) e Lehner (2000) e
tem foco na captação, criação e disseminação do conhecimento pela organização.
A matriz (Figura 6) é composta por sete linhas e seis colunas. As colunas representam
as capacidades da organização em vigiar, dar respostas, resolver problemas, aprender, criar
3
Ángel L. Arboes Ortiz e Jon Aldazabal Basauri são pesquisadores do Mondragón Ikerketa Kudeaketan e
desenvolveram o trabalho na Espanha, em organizações do grupo Mondragón. Jose Luis Masson Guerra é
economista e desenvolveu este trabalho como estudo para sua tese de doutorado na Universitat Autònoma de
Barcelona. Ana Cristina Fachinelli, Cíntia Paese Giacomello, Jane Rech e Olivar Mattia são pesquisadores das
áreas de comunicação e administração na Universidade de Caxias do Sul (RS). Andrea Saayman, Jaco Pienaar,
Patrick de Pelsmacker, Wilma Viviers, Ludo Cuyvers, Marie-Luce Muller e Marc Jegers são pesquisadores das
áreas de economia e administração da África do Sul e Bélgica.
4
Assim, esta seção descreve o conceito dos construtos e no capítulo referente aotodo as etapas são detalhadas
de desenvolvimento da escala são detalhadas.
52
(inovar) e compartilhar este conhecimento. As linhas representam os fatores externos
(mercados, concorrentes, fornecedores e clientes) e internos (produtos, processos e
colaboradores).
Figura 6 - Matriz de inteligência organizacional ampliada
Fonte: Arboníes e Aldazabal (2005, p.98-99)
A utilização da matriz se faz através do preenchimento de uma escala de 1 a 6 onde 1 é
o nível mais baixo de desenvolvimento daquela capacidade e 6 é o nível mais alto.
Através da aplicação da matriz de inteligência organizacional com 145 pessoas de 21
empresas espanholas, os autores conseguiram identificar onde residem as maiores
dificuldades daquelas organizações quanto ao desenvolvimento das capacidades de
inteligência. Para eles, as principais dificuldades estão na capacidade de compartilhar o
conhecimento gerado, tanto dos fatores internos quanto externos.
Guerra (2006)
Outro estudo que busca compreender como a inteligência estratégica se nas
organizações é o trabalho desenvolvido por Guerra (2006). Ele analisa a inteligência
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
De estabelecer
acordos de
aproveitamento com
terceiros
Colaboradores
O que fazem seus
colaboradores, e com
quem
Frente às inquietudes
dos colaboradores
Dos colaboradores
Conjuntamente com
os colaboradores
Novas alianças
Criar novas unidades
de negócio ou
spin-
offs
baseados em
novos desenvolv.
Processos
Novas formas de
fazer
Frente ao surgimento
de novos processos
Dos processos Dos processos Dos processos
Transferência do
conhecimento dos
processos a outras
unidades de negócio
Produtos
Novos
desenvolvimentos
Na introdução de
novas funcionalidades
ou novos produtos
No prazo, de forma
efetiva e eficiente
Dos produtos de
minha empresa
Novos produtos
De transferir
conhecimento aos
fornecedores
Clientes
O que estão pedindo
os clientes
pida e completa
frente às demandas
dos clientes
Antecipar / detectar /
resolver problemas
dos nossos clientes
Dos clientes Com os clientes
Aos clientes,
introduzindo
novidades
Fornecedores
O que fazem seus
fornecedores, e para
quem
Frente às propostas
dos fornecedores
Dos fornecedores
Conjuntamente com
os fornecedores
Novos fornecedores
A novos mercados
Concorrentes
O que fazem os
concorrentes
Frente às novas
ofertas dos
concorrentes
Conjuntamente com
os nossos
concorrentes
Dos concorrentes
Na relação com os
concorrentes
Conjuntamente com
os concorrentes ou
aos concorrentes
Mercados
O que acontece nos
mercados
Frente às novas
tendências do mercado
Para novos mercados Dos mercados Novos mercados
Capacidade de
vigiar
Capacidade de
responder
Capacidade de
resolver problemas
Capacidade de
aprender
Capacidade de criar
/ inovar
Capacidade de
compartilhar o
conhecimento
53
estratégica a partir da teoria dos Recursos e Capacidades e da teoria da Vantagem
Competitiva. O autor constrói um modelo teórico utilizando o modelo de geração de
inteligência de Jaworski, Macinnis e Kohli (2002); o modelo Spanos e Lioukas (2001), que
relaciona a estratégia e os recursos com os resultados; e o modelo de Henderson e
Venkatraman (1999), que vincula as estratégias empresariais com as dos sistemas de
informão e tecnologia.
Neste trabalho, Guerra (2006) sugere que a gestão da inteligência depende das
estratégias (diferenciação, custos, segmentação) e dos recursos empresariais (organização,
tecnologia e marketing, por exemplo) e que uma boa geração de inteligência deve apresentar
impacto positivo nos resultados das organizações.
O trabalho de Guerra está em desenvolvimento e ainda não apresentou resultados
empíricos.
Fachinelli et al. (2007)
Pode-se, ainda, analisar a comunicação nas organizações e, portanto, o grau de
disseminação de intelincia, através da utilização de metáforas como artifícios para melhor
compreender os fenômenos. Fachinelli et al. (2005) propõem a utilização de metáforas do
hipertexto
5
e da autopoiese
6
como ferramentas para analisar as situações comunicacionais nas
organizações. Assim, é possível transformar os princípios do hipertexto e da autopoiese em
categorias de análise das diferentes práticas organizacionais, as quais irão gerar as diferentes
dimensões da escala para avaliar o grau de inteligência estratégica das organizações.
A escala proposta por Fachinelli et al. (2007) parte dos princípios de que (1) existem
fenômenos contemporâneos, principalmente ligados ao advento das Novas Tecnologias da
Informação e da Comunicação, que reconfiguram o papel da informação nas organizações.
Esta reconfiguração decorre principalmente do excesso de informações que, além de permear
todos os níveis organizacionais, causa cegueira estratégica na medida em que, devido ao seu
volume, gera visão ambígua dos ambientes; (2) a possibilidade de atuar com eficiência em tal
5
LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo:
Editora 34, 1993.
6
MATURANA R., Humberto; VARELA, Francisco G. A árvore do conhecimento: as bases biológicas do
entendimento humano. São Paulo: Editorial Psy II, 1995 e MATURANA R., Humberto; VARELA, Francisco G.
De máquinas e seres vivos – autopoiese: a organização do vivo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
54
cenário é extremamente facilitada a partir da adoção de metodologias estruturadas de
processamento de informações, visando a identificação do seu conteúdo estratégico, o que,
atualmente, caracteriza-se nas metodologias de inteligência organizacional e a vigília e (3)
atualmente a maior parte das organizações apenas percebem e sentem os efeitos do fenômeno
da informão e poucas desenvolvem algum tipo de ação no sentido de gerenciar a grande
massa de informação de que dispõem ou que podem buscar.
A partir destes princípios foi gerada uma escala, cujas dimensões de análise, podem
ser classificadas em dois blocos (Figura 7). O primeiro bloco diz respeito ao fenômeno da
comunicação, com foco nas ações de comunicação organizacional (conceitual). O segundo
bloco trata do uso da inteligência estratégica enquanto metodologia de processamento de
informações (operacional).
Figura 7 - Inteligência estratégica
Fonte: Desenvolvido a partir de Fachinelli et al. (2007)
Nas questões do primeiro bloco são analisados aspectos como a percepção do excesso
de informações, contexto provocando mutações, diversidade de meios, impacto em escala,
dependência do ambiente, penetrabilidade da informação, redes de informação,
autoconhecimento como refencia e compreensão da informação.
O segundo bloco, referente às etapas da intelincia estratégica, trata do desenho e
apropriação do projeto, mapeamento dos fluxos, definição de foco, organização da rede de
especialistas, identificação e organização das fontes, definição e organização das ferramentas
de coleta e registro das informações, comunicação dos resultados, segurança da informação,
subsídio para a decisão e uso dos resultados.
Disseminação
da Inteligência
Estratégica
Fenômeno da
comunicação
Uso da
inteligência
55
Estas dimensões possibilitam que as empresas sejam classificadas segundo os eixos
conceitual e operacional, de forma que se possa avaliar o grau de adoção das práticas de
inteligência estratégica (FACHINELLI et al., 2007).
Saayman et al. (2008)
Este trabalho é um dos poucos que quantifica o uso da inteligência estratégica. O
instrumento utilizado foi desenvolvido por Sawka et al. (1995) e refinado por Calof e
Breakspear (1999), Calof e Dishman (2002) e Viviers et al. (2002). A escala utilizada para
mensurar a intelincia estratégica se baseia na ideia de que inteligência estratégica é um
processo através do qual informações de múltiplas fontes são coletadas de acordo com
necessidades específicas. Então elas são analisadas, interpretadas, comunicadas e utilizadas no
processo de decisão estratégico (SAAYMAN, et al., 2008).
Neste estudo os autores objetivam, dentre outros aspectos, contribuir para o
desenvolvimento da área explorando e validando os construtos do processo de inteligência
estratégica. Os resultados mostraram que o processo de inteligência estratégica consiste de
três construtos (comunicação e análise; coleta; planejamento e foco), enquanto que o contexto
para inteligência estratégica é formado por quatro construtos (recompensa; informação
interna; infraestrutura formal; envolvimento dos funciorios). Os autores ainda identificaram
que o processo de inteligência estratégica nas organizações é influenciado pelo tamanho da
organização e que deve haver investimentos na infraestrutura formal, envolvimento de
funcionários e fortalecimento dos processos internos de informações.
A partir dos estudos aqui apresentados, pode-se perceber que a inteligência estratégica
pode ser vista como produto ou como processo. O produto é a informação útil que deve ser
usada como base para uma específica ação. O processo é a busca sistemática, análise e
avaliação da informação para vantagem competitiva sobre os conhecidos e potenciais
concorrentes (MYBURGH, 2004; FERNANDES, 2006). Também pode ser vista como uma
metodologia de comunicação (TARAPANOFF, 2001) que busca fornecer às organizações
informações para o planejamento e gerenciamento estratégico.
Nesta tese, optou-se por utilizar o estudo desenvolvido por Fachinelli et al. (2007) para
ser utilizado na avaliação da inteligência estratégica por ter sido desenvolvido no contexto
56
nacional, a partir da evolução de trabalhos feitos na indústria moveleira ao longo dos últimos
anos.
A análise das relações existentes entre a intelincia estratégica e a orientação para o
mercado permitirá compreender quais aspectos podem auxiliar no desenvolvimento das
organizações.
2.2.5. Inteligência estratégica e desempenho organizacional
Assim como na área de marketing, os pesquisadores de inteligência e empresas
também esperam medir os benefícios tangíveis que justifiquem os investimentos em
atividades de inteligência.
Porem, mensurar o impacto das atividades de inteligência nas organizações é difícil
devido à natureza abstrata dos processos de inteligência estratégica, que variam de acordo
com o perfil de cada organização e o fato de seu impacto não poder ser mensurado
diretamente, já que o papel da inteligência é fornecer informações de valor agregado para a
tomada de decisões (PRESCOTT e MILLER, 2002).
Assim, os produtos e serviços de inteligência estratégica devem focar nos objetivos
das organizações, como desenvolver melhores produtos, ser mais ágil, atender melhor os
clientes, etc. (GIA, 2004). Devido às diferentes características das organizações, modelos ou
métodos únicos são difíceis de serem implementados (RAMOS, 2004)
Embora haja esta dificuldade, alguns resultados são relatados por McGonagle e Vella
(2002). Um deles é o estudo desenvolvido na década de 1990 pela Society of Competitive
Intelligence Professionals nos setores de comidas prontas, telecomunicações e indústria
farmacêutica que concluiu que as empresas com altos níveis de inteligência estratégica
apresentaram melhores níveis de qualidade de produto e aumento do desempenho. Outro
resultado relatado pelos autores se refere ao desenvolvido pela Competitive Intelligence
Review, que afirma que empresas com inteligência estratégica m melhor desempenho. Em
2000 a Merck afirmou que aumentou as vendas entre $150 e $ 200 milhões devido a
programas de inteligência estratégica. Em 2002 uma pesquisa da Pricewaterhouse Coopers
com executivos indicou que eles acreditam que a inteligência estratégica aumenta o
desempenho das empresas.
57
Para Myburgh (2004), os objetivos da inteligência estratégica são gerenciar e reduzir o
risco, tornar o conhecimento vantajoso, evitar sobrecarga de informação, garantir privacidade
e segurança da informação e utilizá-la estrategicamente. Em essência, inteligência estratégica
auxilia os gestores a entender as forças que influenciam o ambiente do negócio para
desenvolver planos adequados (MCGONAGLE e VELLA, 2002). Além disso, Guimarães
(2000) afirma que uma organização pode melhorar sua competitividade e desempenho
utilizando programas de inteligência estratégica.
Vedder e Guynes (2002) são claros em afirmar que o maior resultado, reportado pelos
participantes de um estudo quanto ao uso de práticas de inteligência estratégica, consiste em
auxiliar os executivos a melhor entender os desempenhos de suas empresas, relativamente aos
concorrentes. Esta constatação é compartilhada com Heinen e Hoffjan (2005), quando
afirmam que, tendo conhecimento das informações dos concorrentes, as ações tomadas pelas
empresas podem levar a melhores desempenhos organizacionais, o que poderia ser
consequência de adotar uma abordagem mais pragmática do trabalho e utilizar benchmarking
para melhorar suas práticas (KAHANER, 1997). Da mesma forma, Hesford (2008) verificou
que a utilização de informações contábeis dos concorrentes levaria a melhores resultados de
desempenho organizacional.
Fontana e Rodriguez (2004), analisando o negócio exportador de sólidos de madeira
certificados no Brasil, identificaram que a implementação de um processo de inteligência
competitiva proporciona um melhor posicionamento na arena competitiva de negócios, pois
este processo leva em conta uma análise aprofundada das tendências do ambiente externo, da
concorrência e da dinâmica do mercado, interpretando os dados e fornecendo informações
críticas aos seus tomadores de decisão.
Também no Brasil, Cavalcanti (2004) identificou que, entre as melhores e maiores
empresas de Pernambuco, de maneira geral a inteligência empresarial
7
apresentou
relacionamento positivo e significativo com o sucesso dos negócios.
Pelo observado, evidências de que organizões com maior desenvolvimento de
inteligência estratégica também apresentem maior desempenho organizacional.
7
Utilizada no trabalho de Cavalcanti (2004) como inteligência nos negócios, sinônimo de inteligência
estratégica.
58
2.3. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DAS ORGANIZAÇÕES
O desempenho das organizações é um construto multidimensional que deve incluir
medidas financeiras e de mercado (BAKER e SINKULA, 2005; VENKATRAMAN e
RAMANUJAN, 1986). As medidas financeiras em geral têm foco no curto prazo, enquanto
que medidas não financeiras podem visar o desempenho no prazo mais longo.
A escolha das medidas de desempenho varia em função dos objetivos de cada
organização e do tipo de ação gerencial realizada. Nos trabalhos que têm foco nas ações de
marketing e comunicação usualmente são utilizadas as medidas de marketing e medidas
financeiras.
A escolha pelas medidas financeiras para analisar o desempenho das organizações se
justifica no argumento de Kaplan e Norton (2003), que dizem que as medidas devem ser
ligadas com objetivos financeiros. No marketing, a importância de se utilizar indicadores do
desempenho e relacionar o impacto dos programas de marketing com métricas financeiras é
incentivada pelo Marketing Science Institute (MSI, 2007).
Gronholdt e Martensen (2006) apresentam uma lista das principais medidas de
desempenho, tanto de marketing quanto financeiras. As medidas estão categorizadas de
acordo com a cadeia de valor do marketing e de acordo com os critérios de frequência de
ocorrência na literatura, importância para a alta gestão, importância para a gestão do
marketing, importância para as companhias, relacionamento na cadeia de valor do marketing
e poder preditivo para a cadeia de valor do marketing. O resultado está apresentado no
Quadro 1.
59
Medidas de Marketing
Resultados financeiros
Vendas (volume e
valor)
Vendas para novos clientes
Tendências de vendas
Market Share (volume e valor)
Número de clientes
Número de novos clientes
Número de novos clientes potenciais
Taxa de conversão (contatos para vendas)
Penetração
Distribuição / disponibilidade
Preço
Preço relativo (volume)
Elasticidade de preço
Lucro / Lucratividade
Margem bruta
Lucratividade por cliente
Margem bruta por cliente
Fluxo de caixa
Retorno sobre investimento (Valor da
Ação/EVA/ROI)
Customer lifetime value
Quadro 1 - Medidas de desempenho
Fonte: Adaptado de Gronholdt e Martensen (2006, p.248)
O trabalho de O’Sullivan e Abela (2007) reafirma a necessidade de medir o
desempenho de marketing. Eles concluíram que a habilidade para medir o desempenho em
marketing tem um impacto significativo no desempenho da organização, lucratividade,
retorno das ações e importância do marketing dentro da organização.
Hult et al. (2007), analisando o desempenho de empresas focadas no mercado
mundial, também utilizaram medidas de desempenho em marketing e medidas financeiras. As
medidas financeiras foram lucratividade, retorno sobre investimentos, fluxo de caixa e
crescimento das vendas. As medidas de marketing utilizadas foram o crescimento das vendas
internacionais, o crescimento dos clientes internacionais e a taxa de expansão no mercado
internacional. O crescimento das vendas é provavelmente a melhor medida para indicar se
está sendo desenvolvido valor para o cliente (SLATER e NARVER, 2000).
Nos trabalhos que relacionam orientação para o mercado e desempenho também foram
utilizadas medidas financeiras e não financeiras. Jaworski e Kohli (1993) analisaram o
desempenho através de duas formas. Uma delas através da comparação subjetiva do
desempenho da organização no negócio com os principais concorrentes, utilizando uma escala
de cinco pontos variando entre deficitária e excelente. A segunda forma, objetiva, foi a
participação no mercado-alvo.
Narver e Slater (1990) avaliaram a lucratividade relativa como indicadora do
desempenho, solicitando que o respondente comparasse a organização com seus concorrentes
do mesmo mercado. A escolha por esta medida relativa de desempenho se deu como forma de
controlar as diferenças entre as unidades de negócio nos diferentes mercados.
60
Deshpandé, Farley e Webster (1993) utilizaram quatro medidas subjetivas, para as
quais foi apresentada uma escala de três pontos (maior, igual ou menor) e solicitado que o
respondente comparasse a organização com o maior competidor do negócio. Foram
analisados a lucratividade, tamanho (porte), participação no mercado e taxa de crescimento.
Outro trabalho na área, realizado por Farrel e Oczkowski (2002) utilizou o que os
autores chamaram de cinco dimensões de desempenho: retenção de clientes, sucesso de novos
produtos, crescimento das vendas, retorno sobre investimento e desempenho geral. A escala
também se baseou na comparação entre os resultados da organização com aqueles dos
principais concorrentes.
Embora ainda trabalhando com medidas relativas, Homburg e Pflesser (2000)
ampliaram a quantidade de indicadores e utilizaram seis indicadores para as medidas de
marketing: satisfação dos clientes, valor aos clientes, manutenção de clientes, atração de
novos clientes, obtenção do crescimento desejado e alcance da participação de mercado
desejada. Além destes, foi utilizada uma medida objetiva de desempenho financeiro, onde
questionaram o retorno médio anual sobre as vendas na unidade de negócio.
O trabalho de Kirka et al. (2005) identificou relação positiva entre o desempenho das
organizações e a orientação para o mercado com os indicadores desempenho geral do
necio, lucros, vendas e participação no mercado.
Observa-se que os pesquisadores tendem a mesclar medidas financeiras e de mercado.
Baker e Sinkula (2005) concordam que deve haver a análise de várias dimensões do
desempenho, e sugerem a análise do pioneirismo no mercado, taxa de introdução de novos
produtos e grau de sucesso dos novos produtos (desempenho de inovação), lealdade e
satisfação de clientes (desempenho de cliente), participação de mercado e crescimento nas
vendas (desempenho de mercado), e veis gerais de lucro, margens de lucro e retorno sobre
ativos (desempenho financeiro).
No Brasil, nos trabalhos que relacionam orientação para o mercado e desempenho,
observa-se que as medidas utilizadas diferem de acordo com cada situação. Em situações mais
específicas, observam-se diferentes medidas, como, por exemplo, Antoni (2004) que mediu o
desempenho de cursos de bacharelado como sendo o resultado em provas nacionais. De forma
geral, entretanto, o desempenho é medido com as medidas financeiras e de mercado já
utilizadas em estudos no exterior. Gava e Silveira (2007) utilizaram a taxa de ocupação, tarifa
média e lucratividade de hotéis para avaliar o desempenho.
61
Menna (2001) trabalhou com medidas subjetivas de venda média por funciorio,
lucro quido após os impostos, crescimento de vendas e sucesso/performance geral da
empresa. Müller Neto (2005) considerou o desempenho composto por medidas subjetivas de
indicadores financeiros (ROI, ROA), comerciais (ROS, crescimento de vendas, crescimento
de participação de mercado), de inovação (percentagem de vendas decorrentes de novos
produtos) e uma variável geral de performance.
Perin (2002) e Perin e Sampaio (2001; 2003; 2006) utilizaram medidas subjetivas de
desempenho de mercado (sucesso dos novos produtos, pioneirismo no mercado com novos
produtos e serviços, taxa de crescimento de vendas, resultados dos obtidos com calendários
promocionais/promoções, capacidade de manter os clientes atuais) e medidas financeiras
(lucratividade lucro operacional em relação às vendas, performance global, margens de
lucro, retorno sobre o investimento, desempenho geral)
Révillion (2005) analisou a satisfação dos clientes, fornecimento de valor, manutenção
e atração de clientes, alcance do crescimento desejado, participação de mercado e retorno
financeiro. Nina (2003) utilizou retorno sobre o patrimônio líquido, índice de liquidez, taxa de
retenção de clientes, taxa de sucesso no lançamento de novos serviços e taxa de crescimento
de volume de vendas. Urdan (2000; 2001) analisou o retorno sobre os ativos, margem de
lucro, giro dos ativos e retorno sobre o patrimônio líquido.
Apesar dos trabalhos utilizarem medidas diferentes, todos possuem em comum algum
vínculo com as medidas de caráter financeiro. Observa-se, entretanto, que alguns trabalham
com medidas subjetivas (ou relativas) enquanto outros lidam com medidas objetivas. A
escolha pela medida relativa de desempenho no trabalho de Narver e Slater (1990) se deu
como forma de controlar as diferenças entre as unidades de negócio nos diferentes mercados.
Ressalta-se que o uso de medidas subjetivas para mensurar o desempenho das organizações é
comum nas pesquisas e sua correlação com as medidas objetivas já foi comprovada no
exterior (DESS e ROBINSON, 1984; VENKATRAMAN e RAMANUJAM, 1986) e no
Brasil (PERIN e SAMPAIO, 1999).
Independentemente da forma, as medidas de desempenho devem, por um lado, ser
simples suficientes para serem compreendidas pelos respondentes e usáveis, e por outro, ter a
capacidade de explicar o comportamento do fenômeno de interesse.
Neste trabalho foram selecionadas sete medidas de desempenho, utilizando-se uma
escala subjetiva. As medidas de marketing selecionadas são obtenção da satisfação dos
62
clientes, manutenção dos clientes atuais, atração de novos clientes, participação de mercado e
taxa de crescimento de vendas. As medidas financeiras adotadas são lucratividade do negócio
(lucro operacional em relação às vendas) e desempenho geral da empresa.
Na sequência, são abordados aspectos do modelo teórico do estudo.
63
3. MODELO TEÓRICO DA PESQUISA
Neste trabalho busca-se analisar as relações entre inteligência estratégica e orientação
para o mercado, assim como seu impacto no desempenho das organizações. Desta forma, a
partir da base trica apresentada, este capítulo descreve o processo de elaboração do modelo
8
teórico a ser utilizado.
Assim, proe-se um modelo que sustenta que a inteligência é formada a partir das
dimensões de estruturação da informação, decisão pela coleta da informação e seu uso, busca
e coleta da informação e orientação (individual ou estratégica
9
) (FACHINELLI et al., 2007).
Ela possui a intenção de auxiliar no planejamento e administração estratégica das
organizações, de tal forma que seja possível, através do monitoramento e geração de
inteligência, antever os movimentos do mercado, concorrentes, clientes e partes interessadas
(stakeholders, sociedade, governo,...). É possível, portanto, tomar decisões estratégicas
baseadas em informações, sem ser surpreendido pelos movimentos de todos os participantes
(internos ou externos) que influenciam de alguma forma na estratégia da organização. Para
que a inteligência estratégica esteja efetivamente cumprindo seu papel nas organizações, há de
se ter um sistema colaborativo de comunicação organizacional que permeie todos os níveis.
A orientação para o mercado, por sua vez, pode ser entendida como sendo a
disseminação da cultura de que todos na empresa devem estar constantemente voltados às
necessidades dos clientes, o que pode ser englobado pela criação, disseminação e resposta à
inteligência de mercado (JAWORSKI e KOHLI, 1993). Assim, a orientação para o mercado e
a inteligência de mercado estão muito ligadas, não sendo possível coexistirem isoladamente.
Ressalta-se, neste ponto, a necessidade da diferenciação entre informações sobre o mercado e
a inteligência de mercado: a inteligência consiste na atribuição de significado e uso para
tomada de decisão das informações sobre o mercado. Dito de outra forma, é preciso
transformá-la de modo a desenvolver a inteligência, esta sim será o diferencial competitivo da
organização (KOHLI e JAWORSKI, 1990).
8
Modelo é “uma representação da realidade destinada a mostrar relacionamentos entre vários elementos de um
sistema ou processo sob investigação” (SCHIFFMAN e KANUK, 2000, p. 465)
9
Orientação estratégica, como uma das dimensões do construto de inteligência estratégica, se refere ao fato de
que há uma orientação com foco estratégico por parte da empresa para que sejam desenvolvidos os projetos de
inteligência. Ela difere da orientação individual, onde podem ser observados esforços que partem de um ou outro
indivíduo da organização. A orientação estratégica poderia se também entendida por orientação coletiva.
64
Assim, dadas as semelhanças observadas pelas duas abordagens, pode-se inferir que
associação entre elas e define-se a primeira hipótese do trabalho, que afirma que existe
associação entre orientação para o mercado e inteligência estratégica.
H
1
– As práticas de inteligência estratégica e orientação para o mercado estão
associadas nas organizações.
Sabe-se que o processo de geração de inteligência estratégica é um passo intermediário
que visa um objetivo maior, que é o desempenho do negócio. Se o processo de busca é
eficiente e efetivo, ele deve auxiliar a lidar melhor com planos e melhores ações serão
tomadas, acarretando melhor desempenho organizacional. Também são atribuídos aos
processos de desenvolvimento de inteligência estratégica a capacidade de determinar as
competências, a estratégia e os objetivos dos concorrentes atuais e potenciais, e estudar
possíveis ações futuras; identificar e definir as oportunidades e ameaças de um setor ou área;
vigiar e alterar as mudanças relevantes nos mercados, clientes, tecnologia, legislação e outros
elementos relacionados. Então cada um dos aspectos do processo de inteligência deverá levar
a um desempenho organizacional superior (JAWORSKI, MACINNIS e KOHLI, 2002).
Para Bernhardt (1993) intelincia estratégica é uma ferramenta que pode trazer
contribuições significantes ao processo de gestão estratégica nas organizações, impactando no
desempenho do negócio através do aumento de conhecimento, ligações internas e qualidade
dos planos estratégicos. Hughes (2005) propõe, teoricamente, que o desempenho das
empresas é influenciado pelas características dos processos de intelincia estratégica
desenvolvidos nas organizações.
Levando em conta estes resultados nos processos de inteligência estratégica, pode-se
esperar que organizações com maior grau de adoção de práticas de inteligência estratégica
apresentem melhores desempenhos organizacionais.
Define-se, desta forma, a segunda hipótese do estudo:
H
2
Organizações que possuem maior nível de adoção de práticas de inteligência
estratégica apresentarão melhor desempenho organizacional.
A relação entre orientação para o mercado e desempenho é mais clara e já está
estabelecida. Prova disso são os trabalhos de meta-análise realizados nos últimos anos, por
exemplo Vieira (2008), Ellis (2006), Kirka et al. (2005) e Cano et al. (2004) que verificaram a
exisncia do vínculo entre orientação para o mercado e desempenho.
65
Portanto, a terceira hipótese de pesquisa, que se deseja testar para este contexto, é de
que:
H
3
Organizações mais orientadas ao mercado apresentarão melhor desempenho
organizacional.
Estas relações estão esquematizadas na Figura 8.
Figura 8 - Modelo teórico da pesquisa
Chen e Quester (2006) afirmam que tem sido feito pouco esforço para explorar as
relações entre orientação para o mercado e indicadores de desempenho não financeiros, como
satisfação e retenção de clientes, o que estaria refletindo a preocupação das organizações em
maximizar retornos de curto prazo (por exemplo, medindo a participação no mercado) em
detrimento de medidas de longo prazo (por exemplo, satisfação).
Assim, pode-se desmembrar as hipóteses anteriores em novas hiteses, considerando
os indicadores financeiros e de mercado:
H
2a
A inteligência estratégica nas organizações está associada positivamente com o
desempenho de mercado.
H
2b
A inteligência estratégica nas organizações está associada positivamente com o
desempenho financeiro.
Da mesma forma, pode-se testar as hipóteses de que relação da orientação para o
mercado com desempenhos financeiros e não financeiros.
H
3a
A orientação para o mercado nas organizações está associada positivamente
com o desempenho de mercado.
Orientação
para o
mercado
Inteligência
Estratégica
Desempenho
Organizacional
H
3
H
2
H
1
66
H
3b
A orientação para o mercado nas organizações está associada positivamente
com o desempenho financeiro.
Além de supor que haja relação entre inteligência estratégica e orientação para o
mercado, faz parte dos objetivos deste trabalho identificar o tipo de relação existente entre as
duas abordagens. Testar a forma das relações será válido se for confirmada a associação
entre inteligência estratégica e orientação para o mercado.
Pensando na inteligência estratégica como um sistema eficiente de comunicação que
auxilia na tomada de decisões estratégicas, seria possível inferir que a implementação da
inteligência estratégica aumentaria a orientação para o mercado, pois faria com que os fluxos
de informação fluíssem por todos os níveis e permitiria um constante monitoramento dos
atores envolvidos. Neste sentido, a inteligência estratégica reforçaria a geração e
disseminação da inteligência na organização. Assim, a inteligência estratégica poderia ser
vista como um antecedente da orientação para o mercado, no sentido de ser um fator que
aumentaria a implementação da filosofia do negócio representada pelo conceito de marketing.
Esta proposta é condizente com o trabalho de Dishman e Calof (2008). Nele os autores
verificaram que o construto de inteligência estratégica – “a complex business construct”,
como eles denominaram é um precedente da formulação da estratégia de marketing e atua
de múltiplas formas.
Entretanto, esta relação o é tão simples, pois o próprio construto de intelincia
estratégica é formado por quatro dimensões: estruturação da informação, decisão pela coleta
da informação e seu uso, busca e coleta da informação e orientação (individual ou estratégica)
(FACHINELLI et al., 2007) e para que os fluxos de informações sejam eficientes, alguns
fatores devem estar presentes.
Conforme apresentado anteriormente, um contexto organizacional distribuído e
colaborativo (FACHINELLI et al., 2005), que funcione como meio para a geração de
inteligência, exige inicialmente boa comunicação entre os departamentos, apoio da alta
administração e estrutura organizacional adequada. Estas três premissas são justamente os
antecedentes propostos para a implantação da orientação para o mercado (JAWORSKI e
KOHLI, 1993). Ou seja, parece haver uma relação onde organizações que apresentam
orientação para o mercado mais desenvolvida também seriam organizações com maior grau
de adoção de práticas de inteligência estratégica. Qiu (2007) observou-se que a atitude
67
empreendedora e a orientação para o mercado impactam significativamente o
desenvolvimento da inteligência estratégica.
A própria análise da escala MARKOR e dos instrumentos utilizados para analisar
inteligência estratégica (ARBONÍES e ALDAZABAL, 2005; FACHINELLI et al. 2007,
SAAYMANN et al. 2008) indicam que a inteligência estratégica é mais ampla, e trata de
outros temas não diretamente envolvidos na escala MARKOR, confirmando a estrutura
proposta por Rouach e Santi (2001) e por Guerra (2006, p.9). Este autor afirma que a
orientação para o mercado pode ser vista como um “enfoque funcional da inteligência
estratégica”.
Dada a complexidade das relações entre elas, propõe-se um modelo conjunto, que
mescla as dimensões de inteligência estratégica com as dimensões de orientação para o
mercado.
A dimensão de estrutura da informação do construto de inteligência estratégica avalia
o quanto as empresas estão preparadas para desenvolverem a inteligência. Ela trata de
ferramentas, fluxos de informações, disponibilidade de especialistas, fontes a serem
consultadas, etc. (FACHINELLI et al., 2007). A dimensão busca e coleta da informação, por
sua vez, se refere às maneiras que a empresa utiliza para desenvolver a inteligência
estratégica, relacionando a rede de relacionamento, temas e ambientes de interesse. Estes
aspectos estão claramente vinculados aos antecedentes da orientação para o mercado. Em
primeiro lugar com o antecedente denominado de fatores interdepartamentais (JAWORSKI e
KOHLI, 1993), que reflete as relações e interações formais e informais entre os
departamentos de uma organização. Em seguida com o antecedente denominado sistemas
organizacionais, que representa um conjunto de barreiras relacionado com a estrutura
organizacional (atividades e coordenação entre elas) e que provocam dificuldades de
comunicação e disseminação da inteligência.
Desta forma, pode-se supor que quanto maior a estruturação da informação e quanto
maior a busca e coleta da informação maior será a geração da inteligência de mercado e então,
a quarta e a quinta hipóteses do trabalho são:
H
4
A estruturação da informação impacta positivamente na geração da inteligência
de mercado.
H
5
A busca e coleta da informação impacta positivamente na geração da
inteligência de mercado.
68
A disseminação da inteligência de mercado, uma das dimensões da orientação para o
mercado, é fortalecida em empresas onde apoio da alta direção, baixo nível de conflitos
interdepartamentais e sistemas de compensação eficientes (JAWORSKI e KOHLI, 1993). Ou
seja, necessidade que a orientação da empresa para inteligência seja estratégica e não
individual. Desta forma, pode-se estabelecer a sexta hipótese do estudo, que postula que:
H
6
Organizações com maior orientação (estratégica) para inteligência estratégica
deverão apresentar maior disseminação de inteligência de mercado.
Além disso, se estas relações se confirmarem, faz sentido pensar que empresas mais
preparadas para desenvolverem inteligência, com fluxos, redes de relacionamentos, definição
de temas de interesse, etc (o que se refere às dimensões estrutura e busca) apresentem maior
capacidade de respostas. Assim, espera-se também que organizações com maior geração de
inteligência de mercado tenham maior capacidade de disseminação da inteligência de
mercado, conforme a sétima hipótese postula:
H
7
Organizações com maior geração de inteligência de mercado deverão
apresentar maior disseminação de inteligência de mercado.
Na sequência, Kohli e Jaworski (1990, p.5) afirmam que para responder efetivamente
é necessário participação de todos os departamentos da organização e que a efetiva
disseminação é importante pois fornece bases para ações coordenadas em diferentes áreas.
Relacionando a disseminação de inteligência de mercado com o ciclo de inteligência
estratégica, espera-se que após a etapa de disseminação, os esforços dos produtos gerados
ajudem os gestores a entender as forças que influenciam o ambiente do negócio para
desenvolver planos adequados para a tomada de decisão (MCGONAGLE e VELLA, 2002;
VEDDER e GUYNES, 2002). Assim, a dimensão de inteligência estratégica que trata da
decisão e seu uso, analisa se as informações obtidas são utilizadas para facilitar a tomada de
decisão e se revertem em ações inovadoras deverá ser influenciada pela disseminação de
inteligência de mercado. Desta forma, propõe-se a oitava hipótese que postula que:
H
8
Organizações com maior disseminação de inteligência de mercado apresentarão
maior capacidade de decisão e uso para tomada de ação.
E por consequência, acredita-se que a capacidade de decisão e uso para a tomada de
decisão reverta em maior capacidade de responder às demandas identificadas pela inteligência
de mercado, o que constitui a nona hipótese:
69
H
9
Organizações com capacidade de decisão e uso para tomada de ação
apresentarão maior resposta à inteligência de mercado.
A Figura 9 apresenta as relações propostas entre as dimensões da inteligência
estratégica e orientação para o mercado.
Figura 9 - Modelo teórico B da pesquisa
Na sequência estão apresentados os procedimentos metodológicos que foram seguidos
visando alcançar os objetivos do estudo e os indicadores que constituem cada uma das
dimensões de orientação para o mercado e inteligência estratégica.
Geração
Disseminação
Resposta
Estrutura
Decisão
Busca
Orientação IE
IE
OM
H
4
H
5
H
6
H
7
H
8
H
9
70
4. MÉTODO
A proposta desta tese é desenvolver o conhecimento sobre as relações entre
inteligência estratégica e orientação para o mercado, para isso será baseada, principalmente,
em duas áreas de investigação da Administração: a gestão do conhecimento e o marketing,
que são as áreas que mais desenvolveram estudos sobre estes assuntos.
Para atingir os objetivos propostos foi realizada uma pesquisa do tipo descritiva, de
caráter de corte transversal junto a empresas moveleiras. O método de coleta dos dados
utilizado foi survey, com aplicação por internet e telefone.
A seguir estão descritas as etapas deste trabalho.
4.1. DEFINIÇÃO / ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
O instrumento de coleta de dados foi composto por três blocos, o bloco de orientação
para o mercado, o bloco de inteligência estratégica e o bloco de desempenho organizacional,
conforme os procedimentos descritos na sequência e apresentados no Anexo A.
As variáveis do estudo nos blocos de inteligência estratégica e orientação para o
mercado foram operacionalizadas utilizando-se uma escala de concordância de cinco pontos
do tipo Likert, variando de discordo totalmente” a “concordo totalmente”. Cada item foi
apresentado na forma de uma afirmação, como, por exemplo: “Em nossa empresa, buscamos
identificar as características dos ambientes antes de definirmos nossa forma de atuação.Um
texto inicial explicava o objetivo da pesquisa, orientava o respondente e assegurava
confidencialidade das informações apresentadas.
Algumas questões foram apresentadas na forma negativa ou reversa para reduzir a
possibilidade de complacência por parte dos respondentes, conforme indicações de Nunnally
(1978) e Spector (1992). Entretanto, divergência na literatura sobre o uso de questões
reversas. Marsh (1996) afirma que as vantagens em incluir questões reversas podem ser
anuladas pelos problemas associados a elas, como menor confiabilidade e dificuldade de
resposta pelos participantes, que podem se sentir confundidos (NETEMEYER, BEARDEN e
SHARMA, 2003). Lacerda e Veiga (2007) comprovaram os problemas relacionados com o
71
uso de itens reversos em uma pesquisa desenvolvida no Brasil. Como a escala de orientação
para o mercado (KOHLI e JAWORSKI, 1993) contemplava algumas questões reversas,
optou-se por mantê-las no formato original. A escala de inteligência estratégica também
contou com duas questões reversas.
O bloco de desempenho foi composto por uma escala comparativa de cinco pontos,
onde o respondente comparava a empresa com seus principais concorrentes, na sua principal
linha de produtos e posicionava sua empresa entre “muito pior que os concorrentes” e “muito
melhor que os concorrentes”.
Embora as escalas do tipo Likert com cinco pontos não tenham originalmente uma
distribuição contínua, elas cumprem parcialmente o requisito de continuidade quando
utilizadas de forma somada (BYRNE, 2001, p. 71).
Além destas questões, o instrumento contemplava um bloco referente à caracterização
da empresa e do respondente, contendo as seguintes questões:
Razão social, telefone, setor de atuação e ano de fundação da empresa:
questões abertas
Faturamento anual da empresa e número de funcionários: questões fechadas de
escolha simples
Mercado de atuação e classes sociais para as quais se destinam os produtos:
questões fechadas de escolha múltipla
Desenvolvimento formal de planejamento estratégico: questão fechada de
escolha simples
Dados do respondente nome, cargo, endereço ou e-mail, tempo de empresa e
formação: questões abertas
A seguir são detalhados os blocos de inteligência estratégica, orientação para o
mercado e desempenho.
4.1.1. Instrumento para avaliação da orientação para o mercado
A escala de orientação para o mercado utilizada neste trabalho foi a escala MARKOR,
proposta por Kohli, Jaworski e Kumar (1993). Estes autores trataram a orientação para o
mercado como um processo de geração e disseminação de inteligência de mercado e
capacidade de resposta da empresa.
72
Embora Matsuno, Mentzer e Rentz (2000) tenham proposto ampliações em alguns
pontos da escala MARKOR, determinou-se em utilizá-la na versão proposta originalmente
pelos autores, devido à importância que ela recebe na academia ao se avaliar o grau de
orientação para ao mercado nas organizações e por ter a capacidade de identificar as relações
mais fortes entre orientação para o mercado e desempenho (ELLIS, 2006).
Nos estudos de Vieira (2008) e Cano, Carrillat e Jaramillo (2004) os resultados
sugerem que o relacionamento entre orientação para o mercado e desempenho é maior quando
usada a escala MARKOR, ao invés da escala MKTOR (NARVER e SLATER, 1990). Para
Vieira (2008) pode ser uma indicação de que a escala MARKOR está mais adaptada ao
contexto brasileiro.
Uma vez que esta escala foi amplamente utilizada para avaliação da orientação para
o mercado no Brasil, evidenciando resultados satisfatórios nos testes de confiabilidade e
validade em países e culturas distintos, julgou-se desnecessário proceder as etapas de
tradução, adaptação da escala e validação com amostras de teste. Adotou-se a versão já
traduzida e utilizada recentemente nos trabalhos de Müller Neto (2005), Antoni (2004),
Santos (2004), Slongo e Bossardi (2004), Perin e Sampaio (2003), Gonçalves Filho et al.
(2002), Menna (2001), Perin (2001) e Sampaio (2000), que está detalhada no Quadro 2.
73
Dimensão Indicador
Geração de
inteligência de
mercado
1. Nesta empresa, nós nos reunimos com clientes pelo menos uma vez ao ano para identificar
que produtos ou serviços eles necessitarão no futuro.
2. Nesta empresa, nós próprios fazemos muita pesquisa de mercado.
3(R). Nós somos lentos
para detectar mudanças nas preferências de nossos clientes por
produtos.
4. Nós pesquisamos os clientes pelo menos uma vez ao ano para avaliar a qualidade de nossos
serviços
5(R). Nós somos lentos para detectar mudanças
fundamentais em nosso ramo de atividade
(por exemplo, concorrência, tecnologia, legislação).
6. Nós revisamos periodicamente os prováveis efeitos sobre os clientes das mudanças em
nosso ambiente empresarial (por exemplo, legislação).
Disseminação
da inteligência
de mercado
7. Nós temos reuniões interdepartamentais pelo menos uma vez por trimestre para discutir as
tendências e desenvolvimento do mercado.
8. O pessoal de marketing em nossa empresa investe tempo discutindo com outros
departamentos sobre as necessidades futuras dos clientes.
9. Quando algo relevante acontece a um importante cliente, toda a empresa sabe sobre o
ocorrido em um curto intervalo de tempo.
10. Dados sobre satisfação de clientes são disseminados
regularmente em todos os níveis
hierárquicos nesta empresa.
11(R). Quando um departamento descobre algo importante sobre os concorrentes, ele é lento
para alertar todos os outros departamentos.
Resposta à
inteligência de
mercado
12(R). Nós demoramos
muito tempo para decidir como responder às mudanças de preços dos
nossos concorrentes.
13(R). Por alguma razão qualquer, nós tendemos a ignorar mudanças nas necessidades de
produtos ou serviços.
14. Nós revisamos periodicamente nossos esforços de
desenvolvimento de novos serviços
para assegurar que eles estão de acordo com o que os clientes desejam.
15. Diversos departamentos encontram
-
se periodicamente para planejar uma resposta às
mudanças que ocorrem em nosso ambiente de negócio.
16. Se um i
mportante concorrente lançasse uma campanha intensiva dirigida a nossos clientes,
nós implementaríamos uma resposta imediatamente.
17. As atividades dos diferentes departamentos nesta empresa são bem coordenadas.
18(R). As reclamações dos clientes “não têm ouvidos” nesta empresa.
19(R). Se nós formulássemos um ótimo plano de marketing, nós provavelmente não seríamos
aptos a implementá-lo em tempo adequado.
20. Quando sabemos que os clientes gostariam que modificássemos um produto ou serviço, os
departamentos envolvidos fazem esforços combinados para efetuar a modificação.
(R) Questões reversas
Quadro 2 - Indicadores de orientação para o mercado
Fonte: Kohli, Jaworski e Kumar (1993)
4.1.2. Instrumento para avaliação da inteligência estratégica
Diferentemente da orientação para o mercado, o construto de intelincia estratégica
ainda não está claramente definido na literatura. Alguns trabalhos tem sido desenvolvidos
nesta linha, por exemplo Guerra (2006) e Saayman (2008) já apresentados na seção 2.2.4
porém na época da definição dos instrumentos a serem utilizados nesta tese, ambos não
74
estavam disponíveis e buscou-se a elaboração de um instrumento para operacionalização deste
construto.
O instrumento utilizado na pesquisa para avaliação da inteligência estratégica foi
desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Caxias do Sul, no projeto denominado
INFOCOM (Informação Organizacional na Contemporaneidade), ao qual a autora desta tese é
vinculada. Por ainda não ter sido publicado em sua forma final, optou-se por descrever
brevemente nesta seção os procedimentos adotados no seu desenvolvimento.
O desenvolvimento da escala foi baseado em dois pilares: os fenômenos da
comunicação e o processamento para a intelincia estratégica (FACHINELLI et al., 2007).
Somente o bloco referente ao processamento para inteligência estratégica foi utilizado nesta
tese e esdetalhado a seguir.
Foram consideradas como dimensões do construto de inteligência estratégica os
métodos propostos pela inteligência e pela vigília e descritos no artigo Elementos
metodológicos de vigília e de inteligência econômica para o processamento de informações
organizacionais” (FACHINELLI, 2004).
Assim sendo, o uso da inteligência estratégica enquanto metodologia de
processamento de informações foi composto por aspectos de desenho e apropriação do
projeto, mapeamento dos fluxos, definição de foco, organização da rede de especialistas,
identificação e organização das fontes, definição e organização das ferramentas de coleta e
registro das informações, comunicação dos resultados, segurança da informação, subsídio
para a decisão e uso dos resultados.
A partir da definição conceitual, foram desenvolvidos os passos conceituais indicados
por Churchill (1979).
A primeira fase, denominada de fase exploratória da elaboração da escala, teve como
meta fornecer uma melhor compreensão do tema e do contexto, examinar a viabilidade do
estudo e identificar sua relevância (HAIR et al., 2005). Foi feita a revisão da literatura, com a
definição das dimensões do construto. O resultado desta etapa está apresentado em Fachinelli
et al. (2005).
Na sequência, geraram-se os itens individuais, que foram derivados do arcabouço
teórico e de entrevistas com oito especialistas. A configuração do grupo de especialistas
caracterizou-se por ser formada por três profissionais da área de inteligência estratégica de
organizações, por dois pesquisadores nacionais e três pesquisadores internacionais de
75
universidades do México, Espanha e França. Buscou-se, de fato, especialistas com vasto
conhecimento e experiência na área que pudessem analisar, questionar e problematizar o
conjunto de itens gerados, contribuindo, desta forma, para assegurar a validade de conteúdo.
Tais passos permitiram o desenvolvimento dos itens individuais, que, por se tratarem
de aspectos abstratos, necessitaram ser operacionalizados em escalas do tipo multi-itens. Esta
situação ocorre sempre que necessidade de que diversos aspectos sejam avaliados
simultaneamente para chegar a um objetivo comum, que é a avaliação do construto
propriamente dito (MALHOTRA, 2006; ROSSITER, 2002). Hair et al. (2005, p.111)
apresenta dois benefícios para o uso de escalas ltiplas: o primeiro é que elas fornecem um
“meio de superar consideravelmente o erro de medida inerente em todas as variáveis
medidas” e o segundo é que elas apresentam uma “habilidade em representar múltiplos
aspectos de um conceito com uma medida única”.
Rossiter (2002) indica que a quantidade de itens depende do que está sendo medido:
construtos concretos, que não dependem da habilidade do respondente, podem ser
tranquilamente medidos com um único item. Por outro lado, construtos abstratos muitas vezes
exigem vários itens para que se possa compreendê-los.
Assim, chegou-se a um total de 26 itens referentes à inteligência estratégica enquanto
metodologia de processamento de informações, os quais foram novamente submetidos à
análise de especialistas, seguindo a indicação de DeVellis (1991, p. 175), que sugere que um
conjunto de especialistas revise o conjunto de itens gerados para “confirmar ou invalidar a sua
definição do fenômeno”.
O conjunto geral de itens desenvolvidos foi, então, submetido ao processo de
purificação, que consiste em compreender a estrutura do instrumento para que seja possível
estabelecer realmente quais itens serão mantidos no instrumento e quais não agregam valor ao
processo de avaliação do construto (ELLIS, 2000), ou seja, buscou-se, nesta fase, eliminar
itens redundantes ou com baixo poder de explicação.
Inicialmente, o instrumento foi aplicado a 16 alunos do curso de graduação de
Administração de Empresas da Universidade de Caxias do Sul, visando verificar a forma de
apresentação e a linguagem adotada. Após pequenos ajustes, o instrumento foi aplicado a um
grupo de 147 alunos de cursos de pós-graduação da mesma instituão, onde a grande maioria
exerce funções de gestores de pequenas e médias empresas. A aplicação foi feita em sala de
aula, no mês de novembro de 2007, com autopreenchimento por parte dos respondentes.
76
As variáveis foram operacionalizadas utilizando-se uma escala de concordância do
tipo Likert com cinco pontos, variando de “discordo totalmente” a concordo totalmente”.
Cada item foi apresentado na forma de uma afirmação, como, por exemplo: “Em nossa
empresa, buscamos identificar as características dos ambientes antes de definirmos nossa
forma de atuação.” Um texto inicial explicava o objetivo da pesquisa, orientava o respondente
e assegurava confidencialidade das informações apresentadas. As questões foram dispostas
aleatoriamente para o respondente o identificar o construto. Além destes cuidados, algumas
questões foram apresentadas na forma negativa ou reversa para reduzir a possibilidade
complacência por parte dos respondentes, com respostas iguais para a maioria das questões.
Na etapa de preparação dos dados, procedeu-se a inversão das questões dos itens
reversos e a limpeza do banco. Para a limpeza, inicialmente foram retirados três questionários
cujos respondentes utilizaram somente dois pontos da escala e um questionário que
apresentou quantidade de valores omissos (missing values) superior a 10% do questionário
(ROTH, 1994). Na análise das variáveis, percebeu-se que somente um questionário
apresentou três casos omissos. Os demais apresentaram dois ou menos casos omissos,
distribuídos aleatoriamente entre os casos e variáveis, possibilitando assim sua substituição
pela média do item (HAIR et al., 2005). Após esta etapa, chegou-se a uma amostra final de
143 questionários válidos com os valores missing substituídos pela média de cada item.
As esta primeira limpeza, procederam-se as análises de validade e confiabilidade
das escalas, através da análise fatorial exploratória, avaliação da consistência interna e
correlações (item-item e item-total) (FLYNN e PEARCY, 2001).
Na análise das comunalidades (percentagem da variância do item restituída pela
solução final), Hair et al. (2005) indicam que sejam retirados os itens cuja comunalidade seja
inferior a 0,5. A questão Em nossa empresa, identificamos que o processo de busca da
informão está incorporado à atividade de alguns profissionais de modo sistemático”, que
apresentou o valor da comunalidade de 0,349, foi retirada da análise. As demais questões
foram mantidas.
Em seguida, procedeu-se a realização da análise fatorial e o agrupamento das questões
nos fatores, ou dimensões. Embora alguns especialistas indiquem o uso da análise fatorial
confirmatória para avaliação das escalas, optou-se por utilizar a análise exploratória nesta
fase, uma vez que este foi o estudo inicial para estabelecimento das relações entre os
indicadores do construto intelincia estratégica (GERBING e ANDERSON, 1988).
77
Algumas medidas que visam avaliar a pertinência da análise fatorial foram verificadas.
O teste de esfericidade de Bartlett testa a associação entre as variáveis, e é utilizado para testar
a hipótese nula de que as variáveis na matriz de correlação da população não o
correlacionadas (HAIR et al., 2005). A medida de adequação da amostra de Kaiser-Mayer-
Olkin (KMO) analisa se a amostra está adequada à análise, ao comparar as magnitudes dos
coeficientes de correlação observados e os coeficientes de correlação parciais (HAIR et al.,
2005). Valores altos para o KMO indicam que a análise fatorial é adequada. Como referência,
Malhotra (2006) indica que a medida KMO deve ser superior a 0,5 e quanto mais próximo de
1 for o valor, melhor a adequação.
A determinação do número de fatores se deu através do critério de autovalor maior que
1,0 e da utilização da técnica de componentes principais com rotação ortogonal varimax
(HAIR et al., 2005). Foi adotado o critério de carga fatorial nima de 0,4 em cada um dos
fatores, por se tratar de uma análise exploratória.
Foram obtidos quatro fatores que explicam 64,35% da variabilidade, com valor KMO
de 0,889 e teste de esfericidade de Bartlett com significância p<0,001. As dimensões do
construto inteligência estratégica agruparam-se da seguinte forma: (i) Estrutura, (ii) Decisão e
uso, (iii) Busca e coleta e (iv) Orientação (individual ou estratégica).
A partir da definição dos fatores, passou-se à análise de fidedignidade para cada um
dos temas dos blocos, utilizando-se o lculo do coeficiente alfa de Cronbach. Este
coeficiente mede a confiabilidade da consistência interna, ou seja, o grau em que as respostas
são consistentes entre os itens de uma mesma medida (KLINE, 2005), e é formado pela média
de todos os coeficientes meio-a-meio que resultam de diferentes maneiras de dividir os itens
da escala (MALHOTRA, 2006). Hair et al. (2005) afirmam que o limite inferior para o alfa de
Cronbach geralmente aceito é de 0,70, apesar de poder diminuir para 0,60 em pesquisas
exploratórias semelhante ao valor indicado por Malhotra (2006) e Nunnally (1978).
Procedeu-se, também, a verificação da correlação item-total máxima de 0,8 para cada
variável, garantindo que não haja multicolinearidade (KLINE, 2005).
Quatro questões apresentaram indicação que deveriam ser retiradas do instrumento e
uma das variáveis não apresentou carga fatorial superior a 0,4 em nenhuma dos fatores, sendo
também retirada da análise. A análise do bloco foi finalizada com 19 questões agrupadas em
quatro dimensões. A Tabela 1 apresenta os resultados dos coeficientes alfa de Cronbach para
as dimensões obtidas no estudo.
78
Tabela 1 - Formação dos fatores nos blocos
Dimensão
Número de
itens
Alfa de
Cronbach
1
Estrutura da informação
10
0,8868
2
Decisão pela coleta da informação e seu uso
5
0,8441
3
Busca e coleta da informação
2
0,5431
4
Orientação (individual ou estratégica)
2
0,5047
Conforme observado na tabela, os coeficientes alfa de Cronbach apresentaram valores
inferiores a 0,6 (aceitável para estudos explorarios) para os aspectos Busca e Coleta e
Orientação, indicando necessidade de revisão dos itens que os comem.
As estas análises, a escala foi submetida novamente à apreciação de dois
especialistas que sugeriram alterações que para tentar solucionar os problemas referentes aos
baixos valores de alfa de Cronbach e garantir a validade de conteúdo do instrumento. As
sugestões foram a inclusão de quatro novas questões, conforme apresentado no Quadro 3.
Dimensão
Questões
Busca e coleta da
informação
Em nossa empresa dispomos de software de vigília e ou inteligência para
monitorar nossos ambientes de interesse.
Em nossa empresa buscamos informação estratégica por meio de uma rede de
relacionamentos que construímos para esse fim.
Orientação
(individual ou
estratégica)
Em nossa empresa, a busca de informação é um processo coletivo de observação
constante do ambiente.
Em nossa empresa, a busca de informação é um processo conduzido por um
grupo de especialistas nos temas de interesse estratégico.
Quadro 3 - Questões acrescentadas ao instrumento inicial
O instrumento final, com o acréscimo das questões sugeridas pelos especialistas foi
utilizado nesta tese e pode ser observado no Quadro 4.
79
Dimensão Indicador
Estrutura da
informação
1. Em nossa empresa, dispomos de ferramentas (softwares) de busca sistemática de
informações na internet.
2. Em nossa empresa, dispomos de uma
estrutura formal (setor, software, pessoa responsável,
etc.) que sistematiza a busca, a análise e a disseminação de informações.
3. Em nossa empresa, os fluxos de informações estão mapeados na maior parte dos setores da
organização, segundo objetivos pré-determinados.
4. Em nossa empresa, existe um grupo de especialistas de diferentes áreas que analisam as
informações obtidas em nosso ambiente de negócios.
5. Em nossa empresa, dispomos de um sistema de registro para as informações obtidas no
nosso ambiente de negócios.
6. Em nossa empresa, dispomos de um sistema organizado de fontes de informação que
consultamos sistemática e periodicamente.
7. Em nossa empresa, as informações que obtemos sempre passam pela análise de pessoas
especialistas no assunto tratado antes de serem utilizadas no processo decisório.
8. Em nossa empresa, divulgamos as informações estratégicas para os colaboradores dos
setores aos quais tais informações dizem respeito.
9. Em nossa empresa, definimos as fontes a serem
consultadas a partir dos temas de interesse
estratégico sobre os quais buscamos informações.
10. Em nossa empresa, as decisões se pautam pelo resultado do processo de busca e tratamento
de informação.
Decisão pela
coleta da
informação e
seu uso
11. Em
nossa empresa, as informações obtidas em nosso ambiente de negócios são utilizadas
para fomentar a inovação.
12. Em nossa empresa, a coleta e o tratamento da informação permitem que aprendamos com o
nosso ambiente de negócios.
13. Em nossa empresa, as
informações obtidas em nosso ambiente de negócios são
fundamentais para o processo de criação de conhecimento.
14. Em nossa empresa o processo de análise resulta em uma decisão que leva em conta as
competências dos responsáveis pela sua execução.
15.
Em nossa empresa, os gestores são orientados para agir segundo as informações geradas
por um processo sistemático de coleta e tratamento.
Busca e coleta
da informação
16. Em nossa empresa, buscamos informações sistematicamente sobre temas de interesse
estratégico.
17. Em nossa empresa a busca de informações ocorre de forma sistemática sob a
responsabilidade de pelo menos uma pessoa.
18. Em nossa empresa dispomos de software de vigília e ou inteligência para monitorar nossos
ambientes de interesse.
19. Em nossa empresa buscamos informação estratégica por meio de uma rede de
relacionamentos que construímos para esse fim.
Orientação
(individual ou
estratégica)
20(R). Em nossa empresa, a busca de informações é um processo de iniciativa individual que
acontece em função de situações pontuais.
21. Em nossa empresa, a busca de informação é um processo coletivo de observação constante
do ambiente.
22. Em nossa empresa, a busca de informação é um processo conduzido por um grupo de
especialistas nos temas de interesse estratégico.
23(R). Em nossa empresa, os fluxos de informações são espontâneos, ou seja, seguem uma
orientação pré-definida.
(R) Questões reversas
Quadro 4 - Indicadores de inteligência estratégica
80
4.1.3. Instrumento para avaliação do desempenho organizacional
Para avaliar o desempenho organizacional optou-se por utilizar medidas subjetivas (ou
relativas) de desempenho de mercado e financeiro. Neste tipo de medida o respondente avalia
cada questão através do posicionamento de sua empresa com outras empresas do mesmo setor
ou área de atuação.
A utilização de escalas subjetivas de característica multidimensional para avaliar o
desempenho é bastante utilizada nas pesquisas com organizações pois elas suprem a
relutância das empresas em fornecerem este tipo de informações e permitem a comparação
entre diferentes setores (PERIN, 2001). Além disso, também questões de
confidencialidade, que dificultam a participação das empresas na resposta deste tipo de
questão.
Alguns estudos indicam que há associação entre os resultados obtidos com avaliações
subjetivas e objetivas de desempenho (DESS e ROBINSON, 1984; VENKATRAMAN e
RAMANUJAM, 1986 e PERIN e SAMPAIO, 1999), o que possibilita seu uso em estudos
deste tipo.
Para preenchimento das questões, foi solicitado que o respondente avaliasse as
sentenças, comparando sua empresa com seus principais concorrentes, na sua principal linha
de produtos e posicionando entre “Muito pior que os concorrentes” e “Muito melhor que os
concorrentes”.
Optou-se pela utilização da escala proposta por Homburg e Pflesser (2000) e também
utilizada por Révillion (2005), conforme apresentado no Quadro 5.
Desempenho de mercado
Desempenho financeiro
1.
Satisfação dos clientes
2. Manutenção dos clientes atuais
3. Capacidade de atração de novos clientes
4. Participação de mercado
5. Taxa de crescimento de vendas
6.
Lucratividade do negócio (lucro operacional
em relação às vendas)
7. Desempenho geral da empresa
Quadro 5 - Indicadores para avaliar o desempenho organizacional
81
4.2. IDENTIFICAÇÃO DA POPULAÇÃO
A definição da população alvo depende sempre dos objetivos que se deseja estudar e
da conveniência e facilidade de acesso às unidades de análise. Neste trabalho, definiu-se o
setor moveleiro como setor de análise, com a população do estudo definida como sendo as
empresas listadas no cadastro elaborado pela pesquisa encomendada pela MOVERGS no ano
de 2007, que mapeou este setor em todo o estado do Rio Grande do Sul. O cadastro é mais
completo que a lista de empresas associadas na MOVERGS, pois conta com 1231 empresas
cadastradas, sendo estas sócias e não sócias desta entidade. Além disso, disponibiliza diversas
informações, entre as quais endereço eletrônico e telefone.
4.3. AMOSTRAGEM E FORMA DE COLETA DOS DADOS
Para determinação do tamanho da amostra utilizou-se, como regra, no mínimo cinco
respondentes para cada variável, o que sugeriria o uso de uma amostra mínima de 250 casos,
correspondendo a aproximadamente 20% do cadastro da MOVERGS.
A coleta dos dados contou com o apoio do Centro Gestor da Inovação Moveleiro
(CGI), óro ligado à MOVERGS.
Inicialmente, o instrumento de coleta ficou disponível no site do CGI durante todo o
período de coleta, caracterizando este procedimento de amostragem como amostragem por
conveniência (ANEXO B). Neste sistema, não se garante a representatividade da amostra
quanto à forma de seleção dos participantes e, portanto, não é possível a generalização dos
resultados.
Nesta etapa foi enviada uma newsletter em nome do CGI ao conjunto de empresas
solicitando que participassem do estudo (ANEXO C). Foram feitos contatos telefônicos e
enviados e-mails para as empresas cadastradas. A taxa de resposta desta iniciativa foi muito
baixa, observando-se o retorno de somente 75 questionários preenchidos.
Embora baixa, a taxa de resposta obtida na abordagem por internet está em
consonância com a literatura (MALHOTRA, 2006; HAIR, 2005; AAKER et al., 2004).
Ressalta-se ainda que alguns e-mails o eram personalizados (exemplo:
vendas@moveis.com.br), o que dificulta ainda mais a participação das empresas.
82
Devido ao baixo retorno, optou-se por modificar a forma de coleta e decidiu-se fazer a
coleta por telefone, utilizando-se a estrutura do Centro de Estudos e Pesquisas em
Administração, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CEPA/UFRGS).
As entrevistas telefônicas foram realizadas por quatro pesquisadores do CEPA entre os
dias 30 de Outubro de 2008 e 07 de Novembro de 2008. Inicialmente pensou-se em utilizar o
site do CGI, porém, devido a demoras na conexão da internet acabou-se utilizando
questionários em papel, cujas respostas após a conclusão foram digitadas em uma planilha
eletnica. O retorno obtido do CEPA foi de 200 questionários respondidos, chegando-se a
uma amostra total de 275 questionários .
Os pesquisadores foram instruídos a entrevistarem gerentes ou diretores das áreas de
marketing, vendas ou comunicação. Esta instrução foi necessária uma vez que em pequenas
empresas, fato comum na área moveleira, frequentemente se observa a inexistência de um
destes setores ou o acúmulo de tarefas para um mesmo gestor. Também foram instruídos a
entrevistar somente um gestor por empresa.
Nesta etapa da pesquisa, utilizou-se amostragem aleatória simples, que consiste de um
sistema de amostragem probabilística.
Cabe ressaltar que foram efetuados testes de diferença de dias (utilizando análise de
variância) para todas as variáveis, buscando identificar diferenças nos resultados obtidos entre
a parcela da amostra que respondeu o questionário no site e a parcela que respondeu por
telefone. Foram identificadas diferenças significativas em somente três questões
10
, sendo a
média da primeira questão maior para o grupo que respondeu no site e nas outras questões
maior no grupo que respondeu por telefone. Analisando estes resultados, optou-se por ignorar
tais diferenças e aceitar que não diferença no padrão de respostas em função da técnica de
coleta dos dados.
Conforme apresentado, grande parte dos questionários utilizados neste estudo foram
obtidos através de amostragem probabilística, o que aumenta a garantia de representatividade
da amostra quanto à forma de seleção dos elementos participantes.
10
OM 19. Mesmo se nós formulássemos um ótimo plano de marketing, nós provavelmente não
seríamos aptos a implementá-lo em tempo adequado; IE 18. Em nossa empresa dispomos de software de
vigília e/ou inteligência para monitorar nossos ambientes de interesse e DES – 2. Manutenção dos clientes atuais
83
4.4. PREPARAÇÃO DA BASE DE DADOS
As a finalização da coleta, passou-se para a limpeza do banco de dados. Esta etapa é
importante pois garante que as inconsistências dos dados, assim como dados de pouca
qualidade sejam eliminados, evitando que as análises sejam prejudicadas devido a falhas nos
dados.
Ao término da coleta, conforme apresentado anteriormente, foram obtidas as respostas
de 275 empresas com pelo menos uma resposta válida. Entretanto, diversos questionários
apresentaram faltas de respostas na segunda parte do instrumento. O padrão da distribuição
dos valores perdidos indica claramente o abandono no preenchimento. Ressalta-se que os
questionários que foram preenchidos no site do CGI apresentaram maior taxa de abandono,
pois o entrevistado poderia sair do site sem ter concluído o preenchimento. Por telefone este
fato não foi observado: todos os 200 questionários aplicados pelo CEPA foram respondidos
até o final, em função do comprometimento com o entrevistador.
As os procedimentos de limpeza e conferência dos dados, foram retirados os
questionários com menos de 50% de cada bloco respondido e com pelo menos um bloco em
branco (situação comum nos questionários respondidos no site). A eliminação foi realizada
por acreditar que estes questionários refletiam o abandono” do preenchimento ou falta de
comprometimento no preenchimento.
Ao final foram considerados válidos 250 questionários, referentes a 250 empresas
moveleiras. Conforme explicitado, dos 250 questionários, 200 são provenientes do sistema
de amostragem probabilística.
Foi realizada a inversão dos itens reversos utilizados no estudo, sendo sete itens
referentes à orientação para o mercado e dois à inteligência estratégica. Após a inversão, todas
as questões apresentavam mesmo sentido de alise, onde maiores valores representavam
maior orientação para o mercado, maior intelincia estratégica e maior desempenho.
4.4.1. Tratamento das não respostas
As não respostas ocorrem quando o entrevistado responde de forma inconsistente,
através de erros na entrada de dados, por exemplo, ou quando o entrevistado se recusa a
responder (HAIR et al., 2005, p. 57). A primeira forma de não resposta é mais comum quando
84
autopreenchimento por parte do respondente. Entretanto, com o instrumento de coleta
disponível na internet, não houve possibilidade deste tipo de erro, uma vez que cada questão
aceitava uma resposta, dentre as cinco alternativas disponíveis. Já em pesquisas por
telefone, quando o entrevistador faz a condução da coleta, este tipo de erro é também de
difícil ocorrência. Entretanto, a segunda forma de perda de informação, que consiste na recusa
em responder, é comum, principalmente nos questionários autopreenchidos no site.
Hair et al. (2005) afirmam que cabe ao pesquisador identificar padrões nos dados
perdidos que possam explicar algum motivo subjacente. Na base de dados foi observada baixa
taxa de não respostas. Ressalta-se que na etapa anterior já tinham sido eliminados os
questionários que caracterizavam abandono.
Dentre todas as questões, 70% não apresentaram questões com dados perdidos, 26%
das questões apresentaram somente uma não-resposta, uma questão apresentou duas não-
respostas e uma questão apresentou três não-respostas. A avaliação da localização destas não
respostas entre os respondentes sugere que não padrões identifiveis que justifiquem
alguma preocupação.
Observadas as características das não-respostas (baixa frequência e aleatoriedade),
optou-se pela substituão dos valores faltantes pelos estimados no procedimento de
maximização da expectância, identificado como EM no aplicativo SPSS. É um método
iterativo de dois estágios no qual o estágio E faz as melhores estimativas possíveis dos dados
perdidos e o estágio M faz a estimação dos parâmetros, assumindo que os dados perdidos
tenham sido substituído (HAIR et al., 2005).
Entretanto, no grupo de questões referentes à caracterização da empresa foi observada
maior taxa de não respostas, principalmente na questão referente ao faturamento. Nesta
questão, a taxa de recusa em responder chegou a 22,4%. Este resultado confirma a relutância
das empresas em responderem questões de desempenho organizacional e reitera a indicação
do uso de medidas subjetivas para avaliação do desempenho.
Como o objetivo do trabalho consiste em entender as relações no setor como um todo,
e as questões de caracterização foram acrescentadas para permitir análises posteriores,
acredita-se que, embora estas análises fiquem prejudicadas com a ausência das respostas de
uma grande parcela dos respondentes, não há necessidade de extrair estes questionários, nem
sequer utilizar um procedimento de substituão para estas informações faltantes. Quanto à
aleatoriedade dos padrões de não-respostas, procederam-se testes de médias (análise de
85
variância) para todas as variáveis buscando verificar que havia diferença nas respostas entre
as empresas que informaram e aquelas que não informaram o faturamento. Somente uma
questão apresentou diferença nas médias dos dois grupos
11
, sem identificação de justificativa
plausível.
4.4.2. Avaliação dos outliers
Outliers (ou informações atípicas) são definidos como observações ou conjunto de
observações que parecem ser inconsistentes com o restante dos dados (BARNETT e LEWIS,
1994, p. 7) e são importantes de serem estudados pois podem distorcer os resultados obtidos.
As informações atípicas podem ser benéficas ou problemáticas (HAIR et al., 2005, p. 71)
entretanto devem ser sempre analisadas. Os autores apresentam quatro tipos de informações
atípicas: erro de procedimento, resultado de um evento extraordinário, sem explicação do
pesquisador e combinações únicas de valores entre variáveis.
As três primeiras situações podem ser facilmente identificadas na base de dados
através de alises univariadas das distribuições de frequência. Nesta amostra não foram
identificados estes tipos de outliers, o que era esperado pois foram utilizadas escalas fechadas
para obtenção das respostas.
Entretanto o quarto tipo de ocorrência de informações atípicas acontece quando cada
questão encontra-se na faixa de variação esperada, porém no conjunto de questões a
combinação obtida é pouco provável de ocorrer, devendo ser investigada por ser um potencial
outlier.
A detecção deste tipo de outlier é feita utilizando-se métodos multivariados. Um
outlier multivariado possui valores extremos em mais de uma variável ou possui uma
configuração de respostas incomum (KLINE, 2005). A distância D
2
de Mahalanobis mede a
distância de cada caso ao centroide, para uma distribuição com determinada covariância. A
distribuição da medida D
2
é qui-quadrado com graus de liberdade igual ao número de
variáveis. São considerados outliers aqueles casos cujas probabilidades associadas ao valor de
D
2
forem inferiores a 0,001.
11
OM 13 - Por alguma razão qualquer, nós tendemos a ignorar mudanças nas necessidades de produtos
ou serviços
86
As o procedimento de identificação dos outliers, foram identificadas nove empresas
classificadas como outlier.
As análises de validação das escalas foram realizadas com e sem as nove empresas
classificadas como outliers. Os resultados obtidos foram semelhantes, possibilitando a
permanência destas empresas na amostra.
4.4.3. Verificação da normalidade, linearidade e multicolinearidade dos dados
A realização de análises multivariadas exige que algumas suposições estejam
satisfeitas. As principais são normalidade, linearidade e multicolinearidade.
A normalidade se refere à distribuição de probabilidade dos dados. Variáveis com
distribuições normais são simétricas em torno da média (assim como com a moda e mediana).
Para análise univaridada da normalidade pode-se analisar os histogramas, o gráfico de
probabilidade normal (HAIR et al, 2005, p. 76) e observar valores de assimetria e curtose. O
teste Kolmogorov-Smirnov também serve para este propósito, comparando a distribuição
observada com uma distribuição teórica.
A normalidade multivariada pode ser avaliada pelo teste de normalidade multivariada
sugerido por Mardia (1970, 1974) e apresentado pelo software AMOS. Este teste é calculado
a partir das distâncias de Mahalanobis para cada caso coletado.
A linearidade é outra suposição importante, pois a maioria das técnicas pressupõe
relações lineares entre as variáveis, ou seja, quando um aumento de uma unidade em uma das
variáveis acarreta um aumento de x unidades na outra, independentemente da faixa de
variação. A linearidade pode ser verificada através do estudo dos diagramas de dispersão dos
dados.
a multicolinearidade é observada quando uma variável pode ser explicada pelas
outras variáveis da análise (HAIR et at., 2005, p. 24). Na prática, a multicolinearidade pode
ser observada quando as variáveis têm alta correlação entre si, através do estudo da matriz de
correlações. Hair et al. (2005) e por Kline (2005) sugerem valores aceitáveis até 0,90 e 0,85,
respectivamente. Kline (2005) também sugere a verificação da correlação item-total máxima
de 0,8 para cada variável.
87
4.5. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS DE ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos dados foi feita através de estatísticas descritivas e de frequência
utilizando-se o pacote SPSS (Statistical Package for the Social Science) versão 16. Outras
análises, utilizando-se procedimentos de modelagem de equações estruturais (MEE) foram
feitas com o auxílio do software AMOS versão 16 e com a planilha eletrônica Excel.
A MEE consiste em um conjunto de técnicas estatísticas, ou seja, uma “família de
procedimentos relacionados” (KLINE, 2005, p. 9). Sua principal função é a estimação de
modelos de relações lineares entre variáveis, as quais podem ser mensuráveis (indicadores) ou
latentes (construtos estimados pelos indicadores). Neste sentido, a MEE é uma metodologia
estatística que apresenta uma abordagem confirmatória para a análise da estrutura teórica que
está por trás de algum fenômeno (BYRNE, 2001).
A aplicação da MEE pode ser feita a partir de três estratégias distintas: na estratégia de
modelagem confirmatória o pesquisador testa um modelo e avalia sua significância
estatística. Neste caso, um resultado significativo indica que o modelo testado é um modelo
válido (entre tantos possíveis, que não foram testados). Na utilização da estratégia de modelos
concorrentes ou modelos alternativos o pesquisador utiliza diversos modelos concorrentes,
todos baseados na teoria, e seleciona o modelo que apresentar o melhor ajuste. Na estratégia
de utilização de modelos equivalentes, o pesquisador, ao ter rejeitado um modelo baseado na
teoria, formula modificações no modelo de forma a buscar o melhor ajuste. Esta é uma forma
de identificar um modelo que melhor descreve o relacionamento das variáveis estudadas.
A grande utilização da MEE pode ser atribuída a sua capacidade de fornecer um
método direto para lidar com múltiplas relões simultaneamente, sua habilidade de
representar conceitos o observáveis nessas relações e de explicar erro de mensuração no
processo de estimação (HAIR et al., 2005). Além disso, sua popularização nos últimos anos
pode ser creditada à disseminação dos recursos computacionais e softwares para sua
operacionalização (BREI e NETO, 2006).
As etapas de desenvolvimento da MEE variam entre autores, mas em geral seguem os
passos apresentados na sequência, sugeridos por Hair et al. (2005):
1. Desenvolvimento do modelo teórico
2. Construção de um diagrama de caminhos de relações causais
88
3. Conversão do diagrama de caminhos em um conjunto de modelos estrutural e
de mensuração
4. Escolha do tipo de matriz de dados e estimação do modelo proposto
5. Avaliação da identificação do modelo estrutural
6. Avaliação dos critérios de qualidade de ajuste
7. Interpretação e modificação do modelo
O tipo de matriz de dados de entrada pode ser matriz de correlação ou matriz de
variâncias-covariâncias. A matriz de covariância tem a vantagem de fornecer comparações
válidas entre diferentes populações ou amostras, entretanto a interpretação dos coeficientes
deve ser feita em termos das unidades de medidas para os construtos. A matriz de correlações
é o tipo preferido de dados de entrada, pois tem uma amplitude comum, o que torna possíveis
comparações diretas entre os coeficientes dentro de um modelo. Esta alternativa é preferível
quando se deseja compreender o padrão de relações entre os construtos, mas não explicar a
variância total de um construto (HAIR et al. 2005).
Os métodos de estimação mais utilizados são o maximum likelihood (ML), o
generalized least squares (GLS) e o asymptotic distribution free (ADF). As duas primeiras
abordagens assumem que as variáveis provêm de distribuições normais. Para suplantar este
requisito, tem sido utilizada a técnica ADF, devido à sua insensibilidade a não normalidade
dos dados. Estudos indicam que o método ML desempenha-se bem em condições “não
ótimas”, por exemplo tamanhos de amostras reduzidos e existência de curtose,
A MEE pode ser utilizada com abordagem (1) estritamente confirmatória, (2) para
testar modelos alternativos ou (3) como forma de gerar modelos (KLINE, 2005). Portanto, a
técnica pode ser classificada como exploratória ou conclusiva, dependendo do uso que se faça
dela.
A avaliação do ajuste dos modelos de equações estruturais é feito com base nos
índices de ajuste. Hair et al. (2005) classificam os índices de ajuste em três categorias:
medidas de ajuste absoluto, medidas de ajuste incremental e medidas de ajuste parcimonioso.
As medidas de ajuste absoluto se referem a medidas para os modelos estrutural e de
mensuração, conjuntamente, não fazendo comparação entre o modelo nulo especificado ou
para o número de parâmetros no modelo estimado. As medidas de ajuste incremental
comparam o modelo especificado com um modelo nulo para determinar o grau de melhoria
89
sobre o modelo nulo. as medidas de ajuste parcimonioso tentam corrigir quaisquer
“superajustes” e avaliam a parcimônia do modelo.
As principais medidas utilizadas são:
Estatística qui-quadrado da razão de verossimilhança (χ
2
): avalia se
diferença entre as matrizes prevista e real.
Graus de liberdade: informação disponível para estimar a distribuição amostral
dos dados depois que todos os parâmetros do modelo tenham sido estimados.
Em modelagem de equações estruturais, é calculado como sendo o mero de
correlações ou covariâncias não redundantes da matriz de entrada menos o
número de coeficientes estimados, onde GL=1/2 [(p+q)(p+q+1)]-t, onde p é o
número de indicadores endógenos, q é o número de indicadores exógenos e t é
o número de coeficientes estimados no modelo proposto (HAIR et al., 2005, p.
487)
Qui-quadrado relativo (χ
2
/GL): leva o tamanho da amostra em consideração ao
testar a qualidade do ajuste. Uma razão de 3 ou menos é considerada como
indicador de ajuste adequado (KLINE, 2005), porém abaixo de 5 a razão é
aceitável (WHEATON et al., 1977).
Índice de qualidade de ajuste (GFI – Goodness of Fit Index): representa o grau
geral de adequação do modelo, variando de 0 a 1. Quanto mais alto o valor,
melhor o ajuste.
Índice de qualidade de ajuste corrigido (AGFI Adjusted Goodness of Fit
Index): o índice de qualidade do ajuste calibrado é uma extensão do GFI,
porem é ajustado pela razão entre os graus de liberdade para o modelo
proposto e os graus de liberdade para o modelo nulo. São aceitáveis valores
iguais ou maiores a 0,90.
Índice de ajuste comparativo (CFI Comparative Fit Index): compara o
modelo ajustado ao modelo nulo. É utilizado no desenvolvimento de modelos.
Índice de Tucker-Lewis (TLI Tucker-Lewis Index): combina uma medida de
parcimônia com um índice comparativo entre os modelos proposto e nulo.
Varia de 0 a 1. São recomendados valores maiores que 0,9.
Raiz do erro quadrático médio de aproximação (RMSEA Root Mean Square
Error of Approximation): mede a qualidade de ajuste que poderia ser esperada
90
se o modelo fosse estimado na população, não somente na amostra. Valores
entre 0,05 e 0,08 são considerados aceitáveis.
Embora os autores indiquem que os índices de ajustamento sejam superiores a 0,9,
valores acima de 0,8 são aceitáveis, geralmente indicando bons ajustes (COLE, 1987;
GARSON, 2009).
Na sequência estão apresentados os resultados obtidos com a pesquisa. Inicia-se com
as análises descritivas da amostra.
91
5. RESULTADOS
Na continuidade das etapas descritas no capítulo anterior, procedeu-se a análise dos
resultados dos dados, tanto em relação às estatísticas descritivas do perfil da amostra, quanto
às análises de validação dos construtos e da etapa confirmatória.
5.1. DESCRIÇÃO DA AMOSTRA
A amostra final, após os procedimentos de verificação, foi composta por 250 empresas
do setor moveleiro gaúcho.
A distribuição das empresas por número de funciorios está apresentada na Tabela 2.
Aproximadamente metade da amostra é composta por pequenas empresas, de até 9
funcionários. Esta característica foi observada no estudo feito pela MOVERGS (2007), que
indicou que 80,4% das empresas são consideradas microempresas, ou seja, possuem até 19
funcionários.
Tabela 2 - Quantidade de funcionários
Número de funcionários
Fre
quê
ncia
% de empresas
1 a 9 funcionários
124
49,6
Entre 10 e 49 funcionários
80
32,0
Entre 50 e 99 funcionários
20
8,0
Mais de 100 funcionários
26
10,4
Total
250
100,0
Neste estudo, observou-se certa dificuldade nas empresas revelarem o faturamento, de
tal forma que 56 empresas (22,4% da amostra) não quiseram responder esta questão (Tabela
3). Entre os que responderam, observa-se que 54,5% declararam faturamento anual inferior a
R$ 300 mil. Na pesquisa divulgada pela MOVERGS (2007), o faturamento estimado para as
empresas do setor moveleiro indica que 72,7% das empresas faturaram em 2006 até R$ 250
mil.
92
Tabela 3 - Faturamento declarado
Faturamento anual (Reais)
Fre
quê
ncia
% de empresas
Superior a 5 milhões
33
17,0
Entre 3 milhões e 5 milhões
6
3,1
Entre 1 milhão e 3 milhões
19
9,8
Entre 500 mil e 1 milhão
12
6,2
Entre 400 mil e 500 mil
5
2,6
Entre 300 mil e 400 mil
11
5,7
Entre 200 mil e 300 mil
20
10,3
Entre 100 mil e 200 mil
30
15,5
Abaixo de 100 mil
58
29,9
Total
194*
100,0
* não informou: 56 empresas
Em relação ao mercado de atuação (Tabela 4) 63% das empresas destinam seus
produtos para o mercado regional, o que é compatível com o porte destas organizações.
Destaca-se uma parcela significativa que produz, também, para o mercado internacional.
Tabela 4 - Mercado de atuão
Mercado comprador
Fre
quê
ncia
% de empresas
Mercado regional
158
63,2
Mercado nacional
108
43,2
Mercado internacional
45
18,0
Quantidade de empresas
250
-
Quando questionados sobre as classes sociais para os quais se destinam os produtos, as
empresas responderam principalmente classes B, A e C, respectivamente, conforme
apresentado na Tabela 5.
Tabela 5 - Classes sociais para o destino dos produtos
Classes sociais
Fre
quê
ncia
% de empresas
Classe A
160
64,0
Classe B
196
78,4
Classe C
121
48,4
Classe D
62
24,8
Classe E
43
17,2
Quantidade de empresas
250
-
Solicitados sobre a formalização das práticas de planejamento estratégico, verificou-se
que 44,8% desenvolvem formalmente o planejamento estratégico. Destaca-se a associação
entre o desenvolvimento de pticas de planejamento com o porte
2
=31,08; p<0,001). Entre
as empresas com os maiores faturamentos (58 empresas com faturamento acima de R$ 1
milhão) 62% afirmam desenvolver planejamento estratégico. Por outro lado, entre as
93
empresas com faturamento inferior a R$ 100 mil (58 empresas) somente 12% afirmam
desenvolver planejamento estratégico.
O tempo médio de empresa dos respondentes é de 11,7 anos (desvio padrão de 9,8
anos), variando de 3 meses a 50 anos. Quanto à escolaridade, 23,4% tem ensino superior ou
pós-graduação, 24,3% ensino superior incompleto e 52,3% no máximo, ensino médio
completo. Dadas estas características, pode-se dizer que os entrevistados têm, de forma geral,
bom conhecimento da organização, porém com baixo vel de educação formal. Observou-se,
também relação inversa entre a escolaridade e tempo de empresa. Em geral, respondentes com
maior tempo de empresa são os que apresentaram menor nível de escolaridade.
5.2. AVALIAÇÃO UNIVARIADA DOS ITENS DOS CONSTRUTOS
A seguir estão apresentadas estatísticas descritivas para os itens que constituíram o
instrumento de coleta de dados.
Para entendimento das medidas, ratifica-se que os indicadores de orientação para o
mercado e inteligência estratégica foram coletados em escalas de concordância variando de 1
a 5, onde o 5 corresponde a “concordo totalmente”. Desta forma, quanto mais alto o valor
observado para um indicador, maior a concordância dos respondentes com a prática descrita
por ele. Torna-se importante também observar que alguns indicadores foram reescritos, uma
vez que estão apresentados na forma invertida daquela apresentada no instrumento aplicado às
empresas.
5.2.1. Avaliação do construto de inteligência estratégica
Com relação ao desenvolvimento das práticas de inteligência estratégica apresentadas
na Tabela 6, observam-se médias mais próximas do valor 3 (nem concordo, nem discordo),
porém tendendo à concordância, o que significa que as práticas de intelincia estratégica não
estão tão desenvolvidas nas empresas como foi observado nas práticas de orientação para o
mercado.
94
Tabela 6 - Avaliação univariada dos indicadores de inteligência estratégica
Dimensão Indicador Média
Desvio
Padrão
Mediana
Estrutura
Média:3,113
DP: 0,826
1. Em nossa empresa, dispomos de ferramentas
(softwares) de busca sistemática de informações na
internet.
3,164 1,417 3,0
2. Em nossa empresa, dispomos de uma estrutura
formal (setor, software, pessoa responsável, etc.)
que sistematiza a busca, a análise e a disseminação
de informações.
2,980 1,259 3,0
3. Em nossa empresa, os fluxos de informações
estão mapeados na maior parte dos setores da
organização, segundo objetivos pré-determinados.
3,036 1,110 3,0
4. Em nossa empresa, existe um grupo de
especialistas de diferentes áreas que analisam as
informações obtidas em nosso ambiente de
negócios.
2,856 1,190 3,0
5. Em nossa empresa, dispomos de um sistema de
registro para as informações obtidas no nosso
ambiente de negócios.
3,068 1,086 3,0
6.
Em nossa empresa, dispomos de um sistema
organizado de fontes de informação que
consultamos sistemática e periodicamente.
3,008 1,045 3,0
7. Em nossa empresa, as informações que obtemos
sempre passam pela análise de pessoas
especialistas no assunto tratado antes de serem
utilizadas no processo decisório.
3,192 1,128 3,0
8. Em nossa empresa, divulgamos as informações
estratégicas para os colaboradores dos setores aos
quais tais informações dizem respeito.
3,280 1,069 3,0
9. Em nossa empresa,
definimos as fontes a serem
consultadas a partir dos temas de interesse
estratégico sobre os quais buscamos informações.
3,248 0,983 3,0
10. Em nossa empresa, as decisões se pautam pelo
resultado do processo de busca e tratamento de
informação.
3,292 0,873 3,0
Decisão
Média:3,566
DP:0,650
11. Em nossa empresa, as informações obtidas em
nosso ambiente de negócios são utilizadas para
fomentar a inovação.
3,592 0,842 4,0
12. Em nossa empresa, a coleta e o tratamento da
informação permitem que aprendamos com o nosso
ambiente de negócios.
3,672 0,903 4,0
13. Em nossa empresa, as informações obtidas em
nosso ambiente de negócios são fundamentais para
o processo de criação de conhecimento.
3,728 0,840 4,0
14. Em nossa empresa o processo de
análise resulta
em uma decisão que leva em conta as competências
dos responsáveis pela sua execução.
3,560 0,882 4,0
15. Em nossa empresa, os gestores são orientados
para agir segundo as informações geradas por um
processo sistemático de coleta e tratamento.
3,280 0,974 3,0
95
Dimensão Indicador Média
Desvio
Padrão
Mediana
Busca
Média:3,207
DP:0,785
16. Em nossa empresa, buscamos informações
sistematicamente sobre temas de interesse
estratégico.
3,356 0,881 3,0
17. Em nossa empresa a busca de
informações
ocorre de forma sistemática sob a responsabilidade
de pelo menos uma pessoa.
3,472 1,026 4,0
18. Em nossa empresa dispomos de software de
vigília e ou inteligência para monitorar nossos
ambientes de interesse.
2,816 1,244 3,0
19. Em nossa
empresa buscamos informação
estratégica por meio de uma rede de
relacionamentos que construímos para esse fim.
3,188 1,091 3,0
Orientação
Média:2,941
DP:0,545
20R. Em nossa empresa, a busca de informações
não é um processo de iniciativa individual que
acontece em função de situações pontuais.
2,748 1,024 3,0
21. Em nossa empresa, a busca de informação é um
processo coletivo de observação constante do
ambiente.
3,308 1,032 3,0
22. Em nossa empresa, a busca de informação é um
processo conduzido por um grupo de especialistas
nos temas de interesse estratégico.
3,080 1,113 3,0
23R. Em nossa empresa, os fluxos de informações
não são espontâneos, ou seja, seguem uma
orientação pré-definida.
2,628 0,966 3,0
A Tabela 7 apresenta os resultados dos testes de médias para amostras emparelhadas
que comparam as dimensões da intelincia estratégica. A dimensão com maior média é
decisão pela coleta das informações e seu uso, significativamente superior à dimensão de
busca e coleta das informações (p<0,001). Na sequência encontra-se a estrutura da informação
e por último, com a menor média observada, encontra-se a orientação (individual ou
estratégica). Destaca-se que as médias das dimensões diferem significativamente umas das
outras, todas ao nível de significância 0,05.
Tabela 7 - Testes de médias para dimensões da inteligência estratégica
Média
Desvio
padrão
Testes de médias
Decisão
Busca
Orientação
Estrutura da informação
3,113
0,826
<0,001
0,014
0,001
Decisão e uso
3,566
0,650
<0,001
<0,001
Busca e coleta
3,207
0,785
<0,001
Orientação (individual ou
estratégica)
2,941 0,545
96
Estes resultados evidenciam a importância das práticas de inteligência estratégica,
entretanto indicam que a estrutura e a orientação (inteligência estratégica como iniciativa
individual ou estratégica) ainda demandam maiores desenvolvimentos nas organizações.
Com relação à quantidade de funcionários, verificou-se que há associação com a
estruturação para desenvolvimento das atividades de inteligência estratégica (Tabela 8), pois
empresas com mais funcionários declararam melhor estruturação. As outras dimensões não se
mostraram associadas com a quantidade de funcionários.
Tabela 8 - Dimensões da inteligência estratégica por número de funcionários
Classificação – Número de Funcionários
Qde de
empresas
Estrutura Decisão Busca
Orien-
tação
Grupo 1 – 100 ou mais funcionários 26
3,38 3,81 3,31 3,05
Grupo 2 – 50 a 99 funcionários 20
3,24 3,69 3,28 2,89
Grupo 3 – 10 a 49 funcionários 80
3,31 3,55 3,28 3,01
Grupo 4 – 1 a 9 funcionários 124
2,91 3,51 3,12 2,88
Análise de variância (p) - <0,001 0,144 0,435 0,254
Em relação ao faturamento, foi identificada diferença significativa das dias da
dimensão estrutura entre as classes de empresas (Tabela 9). Os resultados indicaram que,
entre as empresas que declararam o faturamento, aquelas com faturamento entre R$ 200 mil e
R$ 1 milhão apresentam melhor estruturação para desenvolvimento de atividades de
inteligência estratégica, o que pode ser consequência do porte mediano, facilitando a
estruturação da informação.
Tabela 9 - Dimensões da inteligência estratégica por faturamento
Classificação – Faturamento Anual
Qde de
empresas
Estru-
tura
Decisão
Busca
Orien-
tação
Grupo 1 – faturamento acima de R$ 1 milhão 58 3,01 3,61 3,11 2,98
Grupo 2 – faturamento entre R$ 200 mil e R$ 1 milo
48 3,31 3,63 3,38 3,01
Grupo 3 – faturamento abaixo de R$ 200 mil 88 2,98 3,51 3,14 2,92
Grupo 4 – faturamento não informado 56 3,26 3,56 3,27 2,88
Análise de variância (p) - 0,047 0,690 0,236 0,590
5.2.2. Avaliação do construto de orientação para o mercado
A Tabela 10 apresenta os valores da média, desvio padrão e mediana para cada
indicador do construto orientação para o mercado, separados nas suas dimensões de geração
de inteligência de mercado, disseminação da inteligência de mercado e resposta à inteligência
de mercado.
97
Tabela 10 - Avaliação univariada dos indicadores de orientação para o mercado
Dimensão Indicadores Média
Desvio
Padrão
Mediana
Geração
Média: 3,420
DP:0,670
1. Nesta empresa, nós nos reunimos com clientes pelo
menos uma vez ao ano para identificar que produtos ou
serviços eles necessitarão no futuro.
3,236 1,328 4,0
2. Nesta empresa, nós próprios fazemos muita pesquisa de
mercado.
3,460 1,206 4,0
3R. Nós
somos rápidos para detectar mudanças nas
preferências de nossos clientes por produtos.
3,460 1,116 3,0
4. Nós pesquisamos os clientes pelo menos uma vez ao
ano para avaliar a qualidade de nossos serviços
3,536 1,186 4,0
5R. Nós somos rápidos para
detectar mudanças
fundamentais em nosso ramo de atividade (por exemplo,
concorrência, tecnologia, legislação).
3,452 1,112 3,0
6. Nós revisamos periodicamente os prováveis efeitos
sobre os clientes das mudanças em nosso ambiente
empresarial (por exemplo, legislação).
3,376 1,015 3,0
Disseminação
Média: 3,376
DP:0,667
7. Nós temos reuniões interdepartamentais pelo menos
uma vez por trimestre para discutir as tendências e
desenvolvimento do mercado.
3,432 1,215 4,0
8. O pessoal de marketing em nossa
empresa investe
tempo discutindo com outros departamentos sobre as
necessidades futuras dos clientes.
2,976 1,215 3,0
9. Quando algo relevante acontece a um importante
cliente, toda a empresa sabe sobre o ocorrido em um curto
intervalo de tempo.
3,664 1,029 4,0
10. Dados sobre satisfação de clientes são disseminados
regularmente em todos os níveis hierárquicos nesta
empresa.
3,540 1,053 4,0
11R. Quando um departamento descobre algo importante
sobre os concorrentes, ele é rápido para alertar todos os
outros departamentos.
3,268 1,184 3,0
Resposta à
IM
Média: 3,594
DP:0,504
12R. Nós demoramos pouco tempo para decidir como
responder às mudanças de pros dos nossos concorrentes.
3,316 1,116 3,0
13R. Nós não tendemos a ignorar mudanças nas
necessidades de produtos ou serviços.
3,428 1,167 3,0
14. Nós revisamos periodicamente nossos esforços de
desenvolvimento de novos serviços para assegurar que
eles estão de acordo com o que os clientes desejam.
3,600 0,923 4,0
15. Diversos
departamentos encontram
-
se periodicamente
para planejar uma resposta às mudanças que ocorrem em
nosso ambiente de negócio.
3,276 1,049 3,0
16. Se um importante concorrente lançasse uma campanha
intensiva dirigida a nossos clientes, nós implementaríamos
uma resposta imediatamente.
3,516 0,970 4,0
17. As atividades dos diferentes departamentos nesta
empresa são bem coordenadas.
3,700 0,999 4,0
18R. As reclamações dos clientes “têm ouvidos” nesta
empresa.
4,280 1,145 5,0
19R. Se nós formulássemos um
ótimo plano de marketing,
nós provavelmente seríamos aptos a implementá-lo em
tempo adequado.
3,168 1,073 3,0
20. Quando sabemos que os clientes gostariam que
modificássemos um produto ou serviço, os departamentos
envolvidos fazem esforços combinados para efetuar a
modificação.
4,060 0,883 4,0
98
Analisando a tabela de orientação para o mercado, observa-se que as médias e
medianas tendem a estar acima do valor 3, ponto “neutro da escala. Ou seja, os respondentes
tendem a concordar que há desenvolvimento de ações de orientação para o mercado nas suas
organizações, embora não este desenvolvimento não seja muito grande.
Quando observadas as médias dos indicadores que come cada uma das dimensões,
constata-se que as práticas de resposta à inteligência de mercado são as mais desenvolvidas
nas empresas, superior à geração de inteligência de mercado (t= -4,430; p<0,001) e
disseminação de inteligência de mercado (t= -6,210; p<0,001). Entretanto não diferença
significativa entre a geração e a disseminação da inteligência de mercado (t=1,121; p=0,264).
Estes resultados podem evidenciar a maior preocupação e capacidade das empresas
moveleiras em destinar esforços para responder rapidamente às mudanças do mercado, e não
em destinar esforços para identificar previamente as mudanças do mercado.
Buscando verificar a relação entre as dimensões da orientação para o mercado com o
porte das empresas, foram realizados testes de médias para número de funcionários e
faturamento. As empresas foram classificadas em quatro grupos relativos ao número de
funcionários e quatro relativos ao faturamento declarado.
Os resultados apresentados na Tabela 11 indicam associação positiva entre a
quantidade de funcionários e as dimensões da orientação para o mercado, sugerindo que
quanto mais funcionários a empresa possui, maior é sua capacidade de gerar, disseminar e
responder à inteligência de mercado.
Tabela 11 - Dimensões da orientação para o mercado por número de funcionários
Classificação – Número de Funcionários
Qde de
empresas
Geração
Dissemi-
nação
Resposta
Grupo 1 – 100 ou mais funcionários
26 4,00 3,69 3,85
Grupo 2 – 50 a 99 funcionários
20 3,57 3,47 3,72
Grupo 3 – 10 a 49 funcionários
80 3,45 3,36 3,55
Grupo 4 – 1 a 9 funcionários
124 3,25 3,31 3,55
Análise de variância (p) <0,001 0,054 0,025
Analisando somente as empresas maiores (acima de 100 funcionários), verifica-se que
a capacidade de gerar inteligência de mercado é superior à capacidade de responder à
inteligência de mercado (p=0,016). Entre as empresas com menos de 10 funcionários,
observa-se que a capacidade de responder à inteligência de mercado é superior (p<0,001) que
99
a capacidade de gerar inteligência de mercado. Estes resultados indicam que empresas
maiores tendem a identificar oportunidades mais facilmente, porém o tempo de resposta é
mais demorado se comparado com empresas pequenas, que respondem facilmente.
Quanto ao faturamento, observou-se também que empresas com faturamento anual
abaixo de R$ 200 mil apresentaram menor grau de geração de inteligência de mercado, se
comparadas com os outros grupos de empresas (Tabela 12), o que é compatível com a alise
anterior. Quanto à disseminação e resposta não foram identificadas associações com
faturamento.
Tabela 12 - Dimensões da orientação para o mercado por faturamento
Classificação – Faturamento Anual
Qde de
empresas
Geração
Dissemi-
nação
Resposta
Grupo 1 – faturamento acima de R$ 1 milhão
58 3,44 3,35 3,52
Grupo 2 – faturamento entre R$ 200 mil e R$ 1 milo
48 3,52 3,49 3,65
Grupo 3 – faturamento abaixo de R$ 200 mil
88 3,26 3,31 3,56
Grupo 4 – faturamento não informado
56 3,57 3,42 3,68
Análise de variância (p) 0,025 0,460 0,237
Os resultados encontrados estão condizentes com o perfil da indústria moveleira,
formada basicamente por pequenas empresas e apresentando baixo grau de inovação de
produtos, com utilização frequentemente de inspiração em concorrentes e feiras para o
desenvolvimento de novos produtos.
5.2.3. Avaliação do construto de desempenho
Em relação ao desempenho organizacional, a escala utilizada foi do tipo comparativa,
onde o desempenho é avaliado relativamente aos concorrentes. Baseou-se na premissa que 1
corresponde a “muito pior que os concorrentes”e 5 corresponde a “muito melhor que os
concorrentes”. Desta forma, valores acima de 3 indicam que os respondentes se consideram
melhores que os principais concorrentes nas suas principais linhas de produtos. Este fato foi
observado em todos os indicadores, conforme se observa na Tabela 13.
Fazendo-se uma análise mais detalhada da frequência das respostas com códigos 4 e 5
(melhor e muito melhor que os concorrentes, respectivamente) percebe-se que
aproximadamente 2/3 das empresas participantes julgam ter desempenhos superiores aos
100
concorrentes, exceto na questão lucratividade do negócio, onde aproximadamente metade da
amostra acha que é superior.
Tabela 13 - Avaliação univariada dos indicadores de desempenho organizacional
Média
Desvio
Padrão
Mediana
% de
respostas
4* e 5**
1. Obtenção da satisfação dos clientes
3,892 0,728 4,0 73%
2. Manutenção dos clientes atuais
3,956 0,746 4,0 76%
3. Atração de novos clientes
3,828 0,816 4,0 71%
4. Participação de mercado
3,668 0,835 4,0 60%
5. Taxa de crescimento de vendas
3,704 0,901 4,0 66%
6. Lucratividade do negócio (lucro operacional em
relação às vendas)
3,548 0,918 4,0 54%
7. Desempenho geral da empresa
3,832 0,779 4,0 70%
* Melhor que os concorrentes
** Muito melhor que os concorrentes
Semelhante às análises feitas com os outros construtos, foi analisado o comportamento
do desempenho em função da quantidade de funcionários e faturamento. O desempenho foi
analisado de duas formas: (i) Desempenho geral da empresa e (ii) Conjunto dos itens do
construto desempenho organizacional (através da média dos itens). O resultado do teste de
médias comparando os grupos de empresas pelo faturamento declarado está apresentado na
Tabela 14.
Tabela 14 - Desempenho organizacional por faturamento
Classificação – Faturamento Anual
Qde de
empresas
Desempenho
geral da empresa
Conjunto de
indicadores de
desempenho
Grupo 1 – faturamento acima de R$ 1 milhão 58
3,707
3,675
Grupo 2 – faturamento entre R$ 200 mil e R$ 1 milo 48
3,771
3,795
Grupo 3 – faturamento abaixo de R$ 200 mil 88
3,841
3,745
Grupo 4 – faturamento não informado 56
4,000
3,911
Análise de variância (p) 0,221 0,189
Observa-se que não diferença significativa do desempenho da empresa (nem no
desempenho geral, nem da média dos indicadores) com relação ao faturamento, quando
avaliados os grupos de empresas. O mesmo se verifica com relação ao número de
funcionários (Tabela 15). Isto significa que a percepção do respondente sobre o desempenho
da empresa, na sua comparação com os principais concorrentes, o difere entre empresas
grandes, médias e pequenas.
101
Tabela 15 - Desempenho organizacional por número de funcionários
Classificação – Número de Funcionários
Qde de
empresas
Desempenho
geral da empresa
Conjunto de
indicadores de
desempenho
Grupo 1 – 100 ou mais funcionários
26
3,962 4,011
Grupo 2 – 50 a 99 funcionários
20
3,800 3,714
Grupo 3 – 10 a 49 funcionários
80
3,913 3,780
Grupo 4 – 1 a 9 funcionários
124
3,758 3,733
Análise de variância (p) 0,438 0,182
Entretanto, avaliando a relação entre o desempenho relatado e o desenvolvimento de
processo formal de planejamento estratégico (Tabela 16), percebe-se que as empresas que o
desenvolvem, percebem seu desempenho como sendo superior àquelas que não desenvolvem
planejamento estratégico.
Tabela 16 - Desempenho organizacional por formalização do planejamento estratégico
Classificação – Planejamento Estratégico
Qde de
empresas
Desempenho
geral da empresa
Conjunto de
indicadores de
desempenho
Grupo 1 – desenvolve processo formal de PE 112
3,955
3,894
Grupo 2 – não desenvolve processo formal de PE 138
3,732
3,679
Análise de variância (p) 0,024 0,005
A seguir estão apresentadas as etapas de validação das suposições inerentes às técnicas
estatísticas utilizadas neste estudo.
5.3. PROCEDIMENTOS DE VALIDAÇÃO DO MODELO
Para prosseguir a análise dos dados, passou-se à verificação das suposições inerentes
aos modelos multivariados e, na sequência, à validação do modelo.
Seguindo orientação da literatura (ANDERSON e GERBING, 1988) a validação do
modelo foi dividida em dois momentos: primeiro, foram validados individualmente os
construtos componentes do modelo; a seguir, iniciou-se o processo de validação do modelo
integrado.
102
5.3.1. Verificação da normalidade, linearidade e multicolinearidade dos dados
A normalidade, linearidade e multicolinearidade são suposições inerentes às análises
multivariadas e devem ser analisadas de maneira uni e multivariada.
Os resultados, gráfico e do teste de Kolmogorov-Smirnov, apresentaram assimetria
negativa leve nas análises univariadas, indicando a não-normalidade nas variáveis coletadas.
Do ponto de vista da normalidade multivariada, os resultados indicaram ausência de
normalidade multivariada para os construtos orientação para o mercado, inteligência
estratégica e desempenho organizacional. Procederam-se transformações logarítmicas, inversa
e quadrática, conforme sugerido por Osborne (2002), porém não foram obtidas melhorias na
normalidade univariada nem multivariada. Uma justificativa para isso pode ser o baixo grau
de assimetria observado nas variáveis originais. Enquanto era esperada uma distribuição
normal com média 3, a média observada para as variáveis ficou em torno de 3,4.
A violação da suposição de normalidade dos dados no uso de técnicas multivariadas
pode acarretar alguns problemas, principalmente no aumento da chance do pesquisador
cometer os erros do tipo I e II, o que depende da natureza da análise e do grau de o-
normalidade (OSBORNE, 2002).
Entretanto, dadas as características dos dados, acredita-se que a ausência de
normalidade não implica na proibição da aplicação de métodos de estimação em equações
estruturais que supõem normalidade multivariada, pois o tamanho da amostra é relativamente
grande, os desvios da normalidade não são expressivos e a complexidade do modelo é
moderada.
As análises dos diagramas de dispersão não evidenciaram problemas de quebra da
suposição de linearidade.
Para avaliação da multicolinearidade, procedeu-se o estudo das matrizes de correlação
e verificação da correlação item-total. No estudo da matriz de correlações a correlação mais
alta entre dois indicadores foi de 0,77, abaixo do sugerido por Hair et al. (2005) e por Kline
(2005), que sugerem 0,90 e 0,85, respectivamente. A verificação da correlação item-total
máxima de 0,8 para cada variável também não indicou presença de multicolinearidade.
103
5.3.2. Avaliação dos construtos
A validação das escalas para uso em modelagem de equações estruturais deve ser feita
utilizando-se procedimentos de análise fatorial confirmatória (ANDERSON e GERBING,
1988; BAGOZZI, YI e PHILLIPS, 1991; REISE, WIDAMAN e PUGH, 1993; DUNN,
SEAKER, WALLER, 1994; HAIR et al., 2005; GARVER e MENTZER, 1999). Este
procedimento fornece informações suficientes sobre a unidimensionalidade, a confiabilidade,
a validade convergente e a validade discriminante.
A unidimensionalidade é obtida quando um conjunto de variáveis apresenta um
construto subjacente único, ou seja, um conjunto de variáveis possui propriedades estatísticas
que demonstram que elas constituem um único fator (ANDERSON e GERBING, 1988;
NETEMEYER et al., 2003). A confiabilidade representa o grau em que um conjunto de itens
estão consistentes ao medir o mesmo construto (MALHOTRA, 2006; HAIR et al. 2005). A
validade convergente é a medida em que o construto latente está correlacionado com as
variáveis designadas para mensurá-lo, enquanto a validade discriminante é a medida em que
as variáveis que representam um construto latente divergem de outras variáveis que estão
associadas a outro construto.
Garver e Mentzer (1999) indicam que o primeiro passo no processo de avaliação é
análise da unidimensionalidade. Uma vez que ela é obtida, então a confiabilidade pode ser
analisada. Quando as escalas são unidimensionais e confiáveis, então pode-se proceder a
análise da validade.
A unidimensionalidade foi analisada através dos pametros dos itens relativos ao
construto. Garver e Mentzer (1999) indicam que o sinal, a magnitude e a signifincia
estatística de cada um dos parâmetros indica se o conjunto de itens é ou não unidimensional.
Na sequência, foi realizada a análise da confiabilidade, através dos cálculos da
confiabilidade do construto (CC) e variância média extraída (AVE). A confiabilidade
composta de um construto pode ser calculada por CC=(


j
, onde é a
estimativa padronizada do parâmetro. A medida de confiabilidade composta é uma estimativa
do coeficiente de confiabilidade e indica o percentual de variância dos construtos que é livre
de erros aleatórios Em muitos casos o valor se aproxima do alpha de Cronbach e são
sugeridos valores maiores ou iguais a 0,7 (GARVER e MENTZER, 1999), embora sejam
aceitos valores inferiores se a pesquisa for do tipo exploratória (HAIR et al., 2005).
104
A variância média extrda reflete a quantia geral de variância nos indicadores
explicada pelo construto latente, apresentando o percentual médio de variância compartilhada
entre o construto latente e seus indicadores. Pode ser calculada por AVE=


j
,
onde é a estimativa padronizada do parâmetro. São aceitáveis valores de AVE iguais ou
superiores a 0,5 (GARVER e MENTZER, 1999).
Uma forma indicada para verificar se há validade convergente entre os itens de um
construto é analisar as cargas dos fatores e verificar se são estatisticamente significantes,
porém devido às variações nos tamanhos de amostra e poder estatístico, sugere-se que o valor
da carga fatorial apresente não significância porém também valores substanciais
(signifincia estatística versus significância prática).
A avaliação da escala de orientação para o mercado foi feita com todos os vinte itens
apresentados no instrumento e apresentou alguns itens com baixas cargas fatoriais, sem
significância estatística. Seguindo o procedimento sugerido por Kline (2005), os itens com
baixa signifincia estatística ou com carga fatorial muito pequena foram sendo retirados, um
a um, e os resultados foram sendo novamente analisados. Pela indicação deste autor, as
retiradas devem ser feitas com cuidado para não alterar o sentido teórico do modelo.
Ao final do processo resultaram dez indicadores, apresentando valor satisfatório para a
confiabilidade composta (CC=0,80), entretanto baixo valor de variância extraída (AVE=0,30).
As este procedimento a análise fatorial confirmatória foi novamente executada
resultando em todos os itens com cargas fatoriais significativas (embora algumas com baixo
valor) evidenciando sinais de unidimensionalidade (Tabela 17).
105
Tabela 17 - Indicadores resultantes no construto de orientação para o mercado
Indicadores Coeficiente Erro Padrão
Coef.
Padroni-
zado
C.R.
1. Nesta
empresa, nós nos reunimos com clientes pelo
menos uma vez ao ano para identificar que produtos ou
serviços eles necessitarão no futuro.
1 - 0,526 -
2. Nesta empresa, nós próprios fazemos muita pesquisa de
mercado.
0,880 0,145 0,510 6,056
4. Nós
pesquisamos os clientes pelo menos uma vez ao
ano para avaliar a qualidade de nossos serviços
1,033 0,152 0,609 6,780
6. Nós revisamos periodicamente os prováveis efeitos
sobre os clientes das mudanças em nosso ambiente
empresarial (por exemplo, legislação).
0,804 0,126 0,554 6,395
7. Nós temos reuniões interdepartamentais pelo menos
uma vez por trimestre para discutir as tendências e
desenvolvimento do mercado.
1,252 0,169 0,720 7,421
8. O pessoal de marketing em nossa empresa investe
tempo discutindo com outros departamentos sobre as
necessidades futuras dos clientes.
1,175 0,163 0,676 7,188
10. Dados sobre satisfação de clientes são disseminados
regularmente em todos os níveis hierárquicos nesta
empresa.
0,463 0,113 0,307 4,082
14. Nós revisamos
periodicamente nossos esforços de
desenvolvimento de novos serviços para assegurar que
eles estão de acordo com o que os clientes desejam.
0,643 0,110 0,487 5,864
15. Diversos departamentos encontram
-
se periodicamente
para planejar uma resposta às mudanças que ocorrem em
nosso ambiente de negócio.
0,933 0,136 0,621 6,863
16. Se um importante concorrente lançasse uma campanha
intensiva dirigida a nossos clientes, nós implementaríamos
uma resposta imediatamente.
0,429 0,105 0,309 4,105
Na sequência foi analisado o modelo de mensuração da orientação para o mercado,
com suas três dimensões (geração, disseminação e resposta) e dez indicadores. Os resultados
indicaram alta correlação entre as três dimensões (Tabela 18).
Tabela 18 - Correlação entre as dimensões de orientação para o mercado
Dimensões
Disseminação de
inteligência de mercado
Resposta à inteligência
de mercado
Geração de inteligência de mercado
0,988 0,770
Disseminação de inteligência de mercado
0,977
O estudo da escala de inteligência estratégica apresentou melhores resultados, se
comparados aos de orientação para o mercado, com CC=0,93 e AVE=0,43. Cinco itens não
foram significativos, sendo retirados do conjunto, e então o modelo apresentou bons ajustes
em todos os indicadores (Tabela 19).
106
Tabela 19 - Indicadores resultantes no construto de inteligência estratégica
Indicadores Coeficiente Erro Padrão
Coef.
Padroni-
zado
C.R.
1. Em nossa empresa, dispomos de ferramentas
(softwares) de busca sistemática de informações na
internet.
1 - 0,647 -
2. Em nossa empresa, dispomos de uma estrutura formal
(setor, software, pessoa responsável, etc.) que sistematiza
a busca, a análise e a disseminação de informações.
0,960 0,099 0,699 9,733
3. Em nossa empresa, os fluxos de
informações estão
mapeados na maior parte dos setores da organização,
segundo objetivos pré-determinados.
0,924 0,088 0,764 10,463
4. Em nossa empresa, existe um grupo de especialistas de
diferentes áreas que analisam as informações obtidas em
nosso ambiente de negócios.
0,870 0,093 0,670 9,392
5. Em nossa empresa, dispomos de um sistema de registro
para as informações obtidas no nosso ambiente de
negócios.
0,818 0,085 0,690 9,628
6. Em nossa empresa, dispomos de um sistema organizado
de fontes de informação que consultamos sistemática e
periodicamente.
0,724 0,081 0,635 8,972
7. Em nossa empresa, as informações que obtemos sempre
passam pela análise de pessoas especialistas no assunto
tratado antes de serem utilizadas no processo decisório.
0,962 0,090 0,782 10,659
8. Em nossa empresa, divulgamos as informações
estratégicas para os colaboradores dos setores aos quais
tais informações dizem respeito.
0,794 0,083 0,681 9,525
9. Em nossa empresa, definimos as fontes a serem
consultadas a partir dos temas de interesse estratégico
sobre os quais buscamos informações.
0,794 0,078 0,741 10,208
10. Em nossa empresa, as decisões se pautam pelo
resultado do processo de busca e tratamento de
informação.
0,644 0,068 0,677 9,473
11. Em nossa empresa, as
informações obtidas em nosso
ambiente de negócios são utilizadas para fomentar a
inovação.
0,437 0,063 0,476 6,952
14. Em nossa empresa o processo de análise resulta em
uma decisão que leva em conta as competências dos
responsáveis pela sua execução.
0,470 0,066 0,488 7,109
15. Em nossa empresa, os gestores são orientados para agir
segundo as informações geradas por um processo
sistemático de coleta e tratamento.
0,668 0,075 0,629 8,898
16. Em nossa empresa, buscamos informações
sistematicamente sobre temas de interesse estratégico.
0,583 0,068 0,606 8,623
18. Em nossa empresa dispomos de software de vigília e
ou inteligência para monitorar nossos ambientes de
interesse.
0,918 0,097 0,676 9,467
19. Em nossa empresa buscamos informação estratégica
por meio de uma rede de relacionamentos que construímos
para esse fim.
0,704 0,083 0,592 8,440
21. Em nossa empresa, a busca de informação é um
processo coletivo de observação constante do ambiente.
0,685 0,079 0,608 8,644
22. Em nossa empresa, a busca de
informação é um
processo conduzido por um grupo de especialistas nos
temas de interesse estratégico.
0,724 0,085 0,597 8,502
107
A análise do modelo de mensuração da inteligência estratégica, com suas quatro
dimensões (estruturação para inteligência estratégica, decisão e uso, busca e coleta e
orientação) e dezoito indicadores, indicou haver altas correlações entre as dimensões (Tabela
20).
Tabela 20 - Correlação entre as dimensões de inteligência estratégica
Dimensões Decisão Busca Orientação
Estrutura da informação 0,806 0,864 0,755
Decisão pela coleta da informação e seu uso 0,816 0,824
Busca e coleta da informação 0,755
A escala de desempenho organizacional mostrou-se unidimensional, com todos os
indicadores com cargas altas e significativas. O valor da confiabilidade composta foi de 0,86 e
da variância extrda de 0,46.
Tabela 21 - Indicadores de desempenho organizacional
Indicadores Coeficiente Erro Padrão
Coef.
Padroni-
zado
C.R.
1. Obtenção da satisfação dos clientes
1 - 0,580 -
2. Manutenção dos clientes atuais
0,993 0,139 0,562 7,137
3. Atração de novos clientes
1,271 0,159 0,658 7,984
4. Participação de mercado
1,414 0,168 0,715 8,430
5. Taxa de crescimento de vendas
1,578 0,183 0,740 8,605
6. Lucratividade do negócio (lucro
operacional em relação
às vendas)
1,498 0,182 0,689 8,228
7. Desempenho geral da empresa
1,454 0,163 0,788 8,924
Ao final do procedimento de purificação dos itens do instrumento, a escala ficou
composta por 33 itens, sendo 10 de orientação para o mercado, 18 de inteligência estratégica e
7 de desempenho organizacional.
Na sequência, os construtos orientação para o mercado, inteligência estratégica e
desempenho foram analisados pelos seguintes indicadores de ajustamento: Qui-Quadrado (χ2)
/ Graus de Liberdade (g.l.); Qui-Quadrado / Graus de Liberdade; Goodness-of-Fit Index
(GFI); Adjusted Goodness-of-Fit Index (AGFI); Comparative Fit Index (CFI); Tucker-Lewis
108
Index (TLI) e Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA). A Tabela 22 apresenta
os valores de referência, sugeridos pela literatura e os valores observados para os construtos.
Tabela 22 - Índices de ajuste para os construtos
Medida
Valores de
referência
Orientação para
o mercado
Inteligência
estratégica
Desempenho
organizacional
Quantidade de indicadores
-
10
18
7
Qui
-
quadrado
-
59,47
508,2
56,9
Graus de liberdade
-
35
135
14
Qui
-
Quadrado / gl
< 5
1,
70
3,76
4,06
GFI
(Goodness of Fit Index)
> 0,9
0,
96
0,8
1
0,94
AGFI (
Adjusted Goodness of Fit Index
)
> 0,9
0,9
3
0,75
0,87
CFI
(
Comparative Fit Index
)
> 0,9
0,9
5
0,83
0,93
TLI (
Tucker
-
Lewis Index)
> 0,9
0,9
4
0,81
0,90
RMSEA (
Root Mean Square Error of
Approximation)
0,05 a 0,08 0,05 0,10 0,11
Analisando os resultados dos índices de ajuste, percebe-se que o construto de
inteligência estratégica apresentou valores dos índices abaixo dos indicados para uso desta
técnica estatística.
Uma das alternativas sugeridas para melhorar os índices de ajuste é estabelecer
covariâncias entre variáveis observáveis de um mesmo construto latente quando
justificativa trica que explique a covariância existente entre elas (HAIR et al., 2005). Ou
seja nos casos onde supõe-se que o comportamento de um indicador pode causar influência no
desempenho do outro.
O uso de índices de modificação post hoc é questionável pois muitas vezes modifica o
sentido do modelo e dificulta sua interpretação. Cote (2001) afirma que é preferível trabalhar
com índices de ajuste mais baixos (digamos acima de 0,8) ao invés de acrescentar
modificações ao modelo em função das amostras que estão sendo utilizadas. Entretanto, este
mesmo autor aceita estas modificações se houver justificativa forte para isso.
Ressalta-se, neste ponto, que o instrumento de inteligência estratégica foi
desenvolvido há pouco tempo e que esta é sua segunda aplicação. Dadas estas características,
pode-se admitir que algumas relações sejam fixadas.
Observando-se o comportamento dos indicadores do construto de inteligência
estratégica, procurou-se identificar pares de indicadores com resíduos ajustados superiores a
2,58, que sugeririam a determinação da covariância entre eles. Identificaram-se as seguintes
relações plausíveis entre as questões:
109
Questão 1 (Em nossa empresa, dispomos de ferramentas (softwares) de busca
sistemática de informações na internet) e Questão 2 (Em nossa empresa,
dispomos de uma estrutura formal setor, software, pessoa responsável, etc.
que sistematiza a busca, a análise e a disseminação de informações).
Observando-se sua similaridade, percebe-se que faz sentido estabelecer uma
covariância entre estes dois indicadores, pois ambos se referem à estrutura de
ferramentas e pessoas para gerir as atividades de inteligência estratégica.
Questão 2 (Em nossa empresa, dispomos de uma estrutura formal – setor,
software, pessoa responsável, etc. que sistematiza a busca, a análise e a
disseminação de informações) e Questão 18 (Em nossa empresa dispomos de
software de vigília e ou inteligência para monitorar nossos ambientes de
interesse). Ambas questões são referentes à utilização de sistemas
informatizados para desenvolvimento da inteligência estratégica.
Questão 21 (Em nossa empresa, a busca de informação é um processo coletivo
de observação constante do ambiente) e Questão 22 (Em nossa empresa, a
busca de informação é um processo conduzido por um grupo de especialistas
nos temas de interesse estratégico). Estas questões referem-se à existência de
um grupo, levando à compreensão que a inteligência estratégica o se faz
individualmente.
As estas modificações no construto de inteligência estratégica, os índices de ajuste
obtidos para este construto ficaram todos dentro de limites aceitáveis. A variância média
extraída (AVE) e a confiabilidade composta (CC) foram recalculadas, não indicando
alterações nos valores destas medidas (AVE=0,43; CC=0,93).
Quanto ao desempenho organizacional, pode-se observar que o valor de RMSEA
encontra-se acima do sugerido por Hair et al. (2005), que sugerem que os valores fiquem entre
0,05 e 0,08. Analisando-se a matriz de resíduos normalizados não foram identificados pares
de variáveis com resíduos ajustados superiores a 2,58. Como os demais índices estão
apresentando valores aceitáveis, optou-se por não fazer ajustes para o construto de
desempenho organizacional.
110
A Tabela 23 apresenta os resultados dos índices de ajuste após o procedimento
realizado no construto de inteligência estratégica. Observa-se que os índices estão todos
próximos aos valores de refencia.
Tabela 23 - Índices de ajuste para os construtos revisados
Medida
Valores de
referência
Orientação para
o mercado
Inteligência
estratégica
Desempenho
organizacional
Quantidade de indicadores
-
8
18
7
Qui
-
quadrado
-
32,8
349,0
56,9
Graus de liberdade
-
20
132
14
Qui
-
Quadrado / gl
< 5
1,64
2,6
4,06
GFI
(Goodness of Fit Index)
> 0,9
0,97
0,86
0,94
AGFI (
Adjusted Goodness of Fit Index
)
> 0,9
0,94
0,81
0,87
CFI
(
Comparative Fit Index
)
> 0,9
0,97
0,90
0,93
TLI (
Tucker
-
Lewis Index)
> 0,9
0,96
0,89
0,90
RMSEA (
Root Mean Square Error of
Approximation)
0,05 a 0,08 0,05 0,08 0,11
Na sequência passou-se à análise da validade discriminante entre inteligência
estratégica, orientação para o mercado e desempenho. Esta análise busca verificar se
construtos designados para serem diferentes realmente estão medindo diferentes construtos.
Baixa correlação entre construtos, em geral indica a presea de validade discriminante
(GARVER e MENTZER, 1999).
A matriz apresentada na Tabela 24 indica que a correlação entre inteligência
estratégica e orientação para o mercado é alta (0,830) denotando associação entre elas.
Tabela 24 - Matriz de correlação dos construtos
OM
IE
DES
OM
Orientação para o mercado
1
IE
Inteligência estratégica
0,8
30
1
DES
Desempenho organizacional
0,4
37
0,393
1
Uma forma de avaliar se validade discriminante é através da comparação do
modelo com um modelo trico onde todas as correlações entre variáveis latentes são fixadas
em 1, através da utilização de um teste qui-quadrado. Este procedimento deve ser feito para
cada par de construtos (ANDERSON e GERBING, 1988). Se o valor do teste for
estatisticamente significante, então a validade discriminante existe para aquele par de
construtos.
111
Desta forma, procederam-se as avaliações dos construtos (orientação para o mercado,
inteligência estratégica e desempenho), inicialmente com as correlações livres e depois com
as correlações entre eles fixadas em 1. A Tabela 25 indica que validade discriminante entre
os construtos, embora o valor observado para a relação entre inteligência estratégica e
orientação para o mercado seja bem menor que os valores observados nas outras relações.
Tabela 25 - Resultados do teste de diferença de qui-quadrado
OM
IE
OM
Orientação para o mercado
IE
Inteligência estratégica
86,6
*
DES
Desempenho
organizacional
322,5
*
546,8
*
* p<0,001
Outra forma para avaliar a validade discriminante, recomendado por Fornell e Larcker
(1981) é comparar as variâncias extraídas de cada construto com os coeficientes de correlão
de todos os pares de construtos. Se a variância extraída for maior que a variância
compartilhada entre dois construtos, pode-se dizer que há validade discriminante.
Os valores da diagonal (em negrito) da Tabela 26 representam a variância média
extraída, enquanto que os demais valores da matriz representam a variância compartilhada,
através do quadrado do coeficiente de correlação.
Observando-se os valores pode-se dizer que o há validade discriminante entre os
construtos de intelincia estratégica e orientação para o mercado. Por outro lado, observou-
se validade discriminante destes mesmos construtos com desempenho.
Tabela 26 - Validade discriminante
OM
IE
DES
OM
Orientação para o mercado
0,3
0
IE
Inteligência estratégica
0,6
9
0,4
3
DES
Desempenho
organizacional
0,
1
9
0,
15
0,46
Valores da diagonal representam o AVE (em negrito)
Demais valores: varncia compartilhada (quadrado do coeficiente de correlação)
Os resultados encontrados são consequência da alta correlação que existe entre
inteligência estratégica e orientação para o mercado. Desta forma, pode-se assumir que a
primeira hipótese deste estudo foi aceita, e que alta associação entre inteligência
estratégica e orientação para o mercado nas organizações moveleiras. Este resultado sugere
que, para os gestores da indústria moveleira não diferença percebida entre a orientação
para o mercado e a inteligência estratégica.
112
Na sequência apresenta-se o ajustamento para o modelo agregado, composto pelos três
construtos utilizados neste estudo, iniciando pela avaliação do modelo e finalizando com a
análise da intensidade das relações entre orientação para o mercado, inteligência estratégica e
desempenho.
5.4. IMPACTO DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA E ORIENTAÇÃO PARA O
MERCADO NO DESEMPENHO
A partir da validação individual de cada um dos construtos, passou-se ao estudo do
modelo integrado, onde estão relacionados os construtos de orientação para o mercado,
inteligência estratégica e desempenho organizacional.
O objetivo desta análise é verificar como a relação entre inteligência estratégica e
orientação para o mercado impacta no desempenho organizacional. Para isso, foram utilizados
os construtos como sendo formados diretamente pelos itens individuais. Desta forma, o
modelo final ficou composto por 35 itens, distribuídos nos três construtos.
A estrutura que representa este modelo está apresentada na Figura 10. A seta curva
entre intelincia estratégica e orientação para o mercado indica a (alta) correlão existente
entre estes dois construtos, identificada anteriormente, e definida como multicolinearidade. As
setas retas indicam o impacto que inteligência estratégica e orientação para o mercado
exercem sobre o desempenho organizacional.
Figura 10 - Estrutura de investigação
Orientação
para o
mercado
Inteligência
Estratégica
Desempenho
Organizacional
113
Os resultados obtidos na análise (Tabela 27) indicam ajuste muito próximo do mínimo
aceitável sugerido por Cote (2001), exceto o índice AGFI que resultou em valor 0,78, abaixo
desta referência.
Tabela 27 - Índices de ajuste para o modelo estrutural IE-OMDES
χ
2
gl
χ
2
/gl
GFI
AGFI
CFI
TLI
RMSEA
Valor de referência
-
-
<5
>0,9
>0,9
>0,9
>0,9
0,05
-
0,08
Observado
1011,2
554
1,83
0,81
0,78
0,88
0,87
0,06
Os coeficientes das relações entre inteligência estratégica, orientação para o mercado e
desempenho estão apresentados na Tabela 28. No Anexo D encontra-se a tabela completa
(Tabela 39).
Tabela 28 - Coeficientes das relações hipotetizadas IE-OMDES (tabela resumida)
Relação
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
C.R. Significância
OM DES
0,210 0,096 0,354 2,193 0,028
IE DES
0,047 0,071 0,099 0,667 0,505
Não foi observada relação entre inteligência estratégica e desempenho, ou seja,
empresas com maior grau de desenvolvimento de práticas de inteligência estratégica não
necessariamente apresentam desempenho superior aos concorrentes (p=0,505). Por outro lado,
observa-se relação fraca entra a orientação para o mercado e o desempenho (p=0,028). Estes
resultados sugerem que a orientação para o mercado tem maior poder de explicação sobre o
desempenho, quando comparada com as práticas de inteligência estratégica nas indústrias
moveleiras.
O valor do coeficiente de determinação (r
2
) obtido neste modelo indica que 19,4% da
variabilidade do desempenho organizacional pode ser explicada pela variabilidade da
inteligência estratégica e orientação para o mercado conjuntamente.
Embora haja relação entre orientação para o mercado e desempenho e não tenha sido
evidenciada relação entre inteligência estratégica e desempenho, estes resultados podem estar
sendo influenciados pela alta correlação existente entre elas. Nestes casos, o efeito de um
construto isoladamente sobre o desempenho já é suficiente para explicar a variabilidade do
desempenho, não agregando informação quando se adiciona o outro construto no modelo.
114
Por este motivo, procederam-se novas análises. Inicialmente avaliou-se o efeito da
orientação para o mercado sobre o desempenho organizacional, sem utilizar o construto de
inteligência estratégica no modelo, o que, esquematicamente pode ser simplificado por OM
DES.
O resultado indicou bom ajuste e relação positiva entre orientação para o mercado e
desempenho (Tabela 29 e Tabela 30). O valor do coeficiente de determinação (r
2
) para este
modelo indicou que 19,0% da variabilidade do desempenho pode ser explicada pela
variabilidade da orientação para o mercado. No Anexo D encontra-se a Tabela 40, com os
resultados completos com todos coeficientes.
Tabela 29 - Índices de ajuste para o modelo estrutural OM DES
χ
2
gl
χ
2
/gl
GFI
AGFI
CFI
TLI
RMSEA
Valor de referência
-
-
<5
>0,9
>0,9
>0,9
>0,9
0,05
-
0,08
Observado
193,8
118
1,64
0,92
0,89
0,94
0,93
0,05
Tabela 30 - Coeficientes das relações hipotetizadas OM DES (tabela resumida)
Relação
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
C.R. Significância
OM DES
0,256 0,058 0,435 4,57 <0,001
Por outro lado, a análise da influência da inteligência estratégica sobre o desempenho,
simplificadamente representada por IE DES, também se mostrou significativa (Tabela 31 e
Tabela 32). O valor do coeficiente de determinação (r
2
) para este modelo é 15,5%, mais baixo
que o observado na relação com orientação para o mercado. No Anexo D encontra-se a tabela
completa para os coeficientes (Tabela 41).
Tabela 31 - Índices de ajuste para o modelo estrutural IEDES
χ
2
gl
χ
2
/gl
GFI
AGFI
CFI
TLI
RMSEA
Valor de referência
-
-
<5
>0,9
>0,9
>0,9
>0,9
0,05
-
0,08
Observado
579,1
271
2,1
0,84
0,80
0,90
0,89
0,07
Tabela 32 - Coeficientes das relações hipotetizadas IEDES (tabela resumida)
Relação
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
C.R. Significância
IE DES
0,191 0,040 0,394 4,773 <0,001
115
Estas análises indicam que relação entre inteligência estratégica e orientação para o
mercado e que esta relação é forte. Percebe-se, também, que sua relação é tão forte a ponto de,
quando analisados individualmente seus relacionamentos com o desempenho, ambas são
significativas, porém quanto agregadas em um modelo, a variabilidade do desempenho fica
atribda ao construto de orientação para o mercado.
Evidencia-se este fato na análise dos valores dos coeficientes de determinação dos três
modelos testados. A orientação para o mercado, isoladamente, é responsável por 19,0% da
explicação da variabilidade do desempenho e a inteligência estratégica, isoladamente,
responde por 15,5%. Entretanto, quando a intelincia estratégica é agregada ao construto de
orientação para o mercado, sua inclusão aumenta somente 0,4% a explicação da variabilidade
do desempenho, elevando para 19,4% a explicação.
Estes resultados confirmam a multicolinearidade existente entre inteligência
estratégica e orientação para o mercado (hipótese 1), e indicam que as hipóteses 2 e 3 do
trabalho são suportadas. Desta forma pode-se afirmar que, entre as indústrias moveleiras, a
geração de inteligência estratégica está associada positivamente com o desempenho
organizacional (hipótese 2) e da mesma forma a orientação para o mercado está associada
positivamente com o desempenho organizacional (hipótese 3).
Buscando aprofundar o entendimento e verificar as relações de inteligência estratégica
e orientação para o mercado com os desempenhos de mercado e financeiro, procederam-se os
mesmos testes, entretanto separando os indicadores de desempenho organizacional. Para
desempenho de mercado foram utilizados os indicadores Satisfação dos clientes, Manutenção
dos clientes atuais, Capacidade de atração de novos clientes, Participação de mercado e Taxa
de crescimento de vendas. Como indicadores de desempenho financeiro foram utilizados
Lucratividade do negócio (lucro operacional em relação às vendas) e Desempenho geral da
empresa.
Além disso, como consequência dos resultados encontrados anteriormente, que
indicam que a orientação para o mercado “mascara” a relação de inteligência estratégica com
desempenho, optou-se por desenvolver a análise em modelos independentes. A síntese dos
resultados está apresentada na Tabela 33. Os resultados completos, assim como os índices de
ajuste dos modelos, estão apresentados no Anexo E (Tabela 42 a Tabela 46).
116
Tabela 33 - Síntese dos resultados para relações com desempenho
Relação Hipótese
r
2
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
Decisão
IE DES MERCADO
H
2a
0,154 0,197* 0,042 0,392
Hipóteses
suportadas
IE DES FINANCEIRO
H
2b
0,129 0,292* 0,072 0,360
OM DES MERCADO
H
3a
0,194 0,277* 0,061 0,441
OM DES FINANCEIRO
H
3a
0,144 0,354* 0,098 0,380
* p<0,001
Os resultados obtidos indicam que as quatro hipóteses referentes às relações com o
desempenho de mercado e financeiro foram suportadas. Analisando-se os valores dos
coeficientes de determinação dos modelos, os resultados confirmam os encontrados
anteriormente, que postulam que a orientação para o mercado tem maior poder de explicação
sobre a variabilidade do desempenho que a inteligência estratégica. Ainda, observa-se que
tanto o construto de inteligência estratégica quanto o de orientação para o mercado têm maior
poder explicativo sobre o desempenho de mercado.
Verificada a existência de relação entre os construtos, buscou-se entender como se dão
as relações entre as dimensões de inteligência estratégica e orientação para o mercado.
5.5. ANÁLISE DAS DIMENSÕES DE INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA E
ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO
O modelo proposto, que relaciona as dimensões dos construtos de orientação para o
mercado e inteligência estratégica se torna pertinente, visto que foi identificada alta correlação
entre estes dois construtos e procura-se estabelecer um modelo que agregue os indicadores de
ambos.
A Figura 11 esquematiza estas relações, já apresentadas no capítulo referente ao
modelo teórico da pesquisa.
117
Figura 11 - Modelo de relacionamento das dimensões IE e OM
Antes de analisar as relações causais entre as dimensões, é conveniente analisar sua
matriz de correlações. Na Tabela 34 estão apresentados os coeficientes de correlação entre as
dimensões e, quando for o caso, a hitese a que ele se refere (entre parênteses).
Tabela 34 - Matriz de correlação das dimensões dos construtos
Inteligência estratégica Orientação para o mercado
Estrutura Decisão Busca Orientação Geração Disseminação
Estrutura 1
Decisão 0,817 1
Busca 0,843 0,829 1
Orientação 0,769 0,824 0,759 1
Geração 0,743 (H
4
) 0,555 0,652 (H
5
) 0,639 1
Disseminação
0,907
0,783 (H
8
) 0,825 0,783 (H
6
) 0,988 (H
7
) 1
Resposta 0,691 0,887 (H
9
) 0,710 0,619 0,770
0,977
Observam-se altas correlações entre diversas dimensões, destacando-se as correlações
entre disseminação da inteligência de mercado com a estrutura da informação (0,907),
geração de inteligência de mercado (0,988) e resposta à inteligência de mercado (0,977).
Altas correlações significam que as dimensões estão se comportando de forma idêntica
e pode ocorrer quanto existem variáveis os indicadores que possuem cargas fatoriais altas
nos dois construtos (BENTLER e CHOU, 1988). Este resultado já era esperado, uma vez que
Geração
Disseminação
Resposta
Estrutura
Decisão
Busca
Orientação IE
IE
OM
118
os construtos de orientação para o mercado e intelincia estratégica apresentam alta
correlação entre si.
As análises dos coeficientes de correlação indicam que as hipóteses H
7
e H
9
são
suportadas. Ou seja, pode-se afirmar que organizações com maior geração de inteligência de
mercado apresentam maior disseminação de inteligência de mercado (H
7
) e organizações com
maior capacidade de decisão e uso para tomada de ação apresentam maior resposta à
inteligência de mercado (H
9
).
Desta forma, sugere-se agrupar estas dimensões. A análise dos valores de
confiabilidade composta e variância média extraída indicaram valores próximos dos obtidos
com as dimensões analisadas separadamente. Para geração e disseminação, foi obtido valor de
CC=0,77 e AVE=0,33. Com a retirada do item 10 (Dados sobre satisfação de clientes são
disseminados regularmente em todos os níveis hierárquicos nesta empresa), que apresentou
baixa carga fatorial, os resultados passaram para CC=0,78 e AVE=0,37. Para a dimensão
formada por decisão pela coleta da informão e seu uso e resposta à inteligência de mercado
foi obtido valor de CC=0,72 e AVE=0,31. A carga fatorial do indicador 16 (Se um importante
concorrente lançasse uma campanha intensiva dirigida a nossos clientes, nós
implementaríamos uma resposta imediatamente) ficou baixa, indicando a remoção deste
indicador. Os novos valores obtidos foram CC=0,73 e AVE=0,36.
O modelo proposto está apresentado na Figura 12.
Figura 12 - Modelo de relacionamento das dimensões IE e OM reduzido
Os resultados deste modelo indicaram valores para os índices de ajuste muito abaixo
dos sugeridos pela literatura (Tabela 35) e baixos valores para as estimativas das relações
Busca Geração e Disseminação da IM e Orientação Geração e Disseminação da IM
(Tabela 36). A tabela com todos os coeficientes está localizada no Anexo F – Tabela 47).
Geração e
Disseminação
Estrutura
Decisão e
Resposta
Busca
Orientação IE
119
Tabela 35 - Índices de ajuste para o modelo estrutural das dimensões de IE e OM reduzido
χ
2
gl
χ
2
/gl
GFI
AGFI
CFI
TLI
RMSEA
Valor de referência
-
-
<5
>0,9
>0,9
>0,9
>0,9
0,05
-
0,08
Observado
872,1
293
2,98
0,79
0,74
0,80
0,78
0,09
Tabela 36 - Coeficientes das relações hipotetizadas no modelo dimensões IE e OM reduzido (tabela
resumida)
Relação
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
C.R. Significância
Busca Geração e Diss IM
0,290 0,080 0,279 3,620 <0,001
Estrutura Ger e Diss IM 0,490 0,086 0,733 5,677 <0,001
Orientação Ger e Diss IM 0,176 0,060 0,256 2,919 0,004
Ger e Diss IM Dec e Resp 0,570 0,120 0,806 4,734 <0,001
A análise apresentada sugere que o modelo é frágil e o impacto que a busca e coleta
das informações exerce sobre a geração da inteligência de mercado não é tão forte quanto se
acreditava. Da mesma forma, a influência que a orientação (individual ou estratégica) exerce
sobre a capacidade das empresas em disseminar os resultados na orientação para o mercado
também se mostrou baixa.
Assim, foi testado um novo modelo (denominado modelo 2 Figura 13), onde os
elementos de busca e coleta das informações e de orientação (individual ou estratégica) foram
excluídos.
Figura 13 - Modelo de relacionamento das dimensões IE e OM reduzido 2
Os índices de ajuste melhoraram, ficando próximos dos estabelecidos como valores de
referência (Tabela 37 e Tabela 38). Os coeficientes para todos os indicadores estão disponível
no Anexo F (Tabela 48)
Geração e
Disseminação
Estrutura
Decisão e
Resposta
120
Tabela 37 - Índices de ajuste para o modelo estrutural das dimensões de IE e OM reduzido 2
χ
2
gl
χ
2
/gl
GFI
AGFI
CFI
TLI
RMSEA
Valor de referência
-
-
<5
>0,9
>0,9
>0,9
>0,9
0,05
-
0,08
Observado
384,6
186
2,01
0,87
0,84
0,91
0,90
0,06
Tabela 38 - Coeficientes das relações hipotetizadas no modelo dimensões IE e OM reduzido 2 (tabela
resumida)
Relação
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
C.R. Significância
Estrutura Ger e Diss IM 0,698 0,102 0,857 6,847
<0,001
Ger e Diss IM Dec e Resp 0,506 0,087 0,828 5,829
<0,001
A análise dos coeficientes e suas significâncias permite fazer algumas inferências
sobre as hiteses sugeridas anteriormente para a relação entre as dimensões de intelincia
estratégica e orientação para o mercado.
A quarta hipótese (H
4
) que postula que a estruturação da informação impacta
positivamente na geração da inteligência de mercado foi suportada.
A quinta hipótese (H
5
), que buscava verificar se a busca e coleta da informação
impacta positivamente na geração da inteligência de mercado não foi suportada neste estudo.
Da mesma forma, não se pode afirmar que os aspectos relativos à orientação estratégica (e
o individual) dos processos de inteligência estratégica acarretem em maior disseminação da
inteligência de mercado (H
6
não suportada).
Finalizando, a hipótese que testa se organizações com maior disseminação de
inteligência de mercado apresentam maior capacidade de decisão e uso para tomada de ação
(H
8
) foi suportada.
Estes resultados indicam que há possibilidade de se agregar ao construto de orientação
para o mercado as dimensões de estrutura e decisão do construto de inteligência estratégica,
porém não foram verificadas vantagens em avaliar aspectos de busca e coleta da informação e
de orientação (individual ou estratégica).
121
6. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES
Os objetivos desta tese estiveram relacionados com a avaliação da relação entre a
inteligência estratégica e orientação para o mercado e seu impacto no desempenho financeiro
das empresas.
Percebe-se que, tanto o construto de inteligência estratégica quanto o de orientação
para o mercado se referem à geração de inteligência. Desta forma, ainda muita confusão
sobre suas diferenças (SAWKA, 2005) e se observam atividades de inteligência estratégica
sendo desenvolvidas pela área de marketing (SAUNER e BALESTRIN, 2006). Enquanto
algumas áreas tratam da inteligência estratégica como sendo mais ampla que a orientação para
o mercado, por exemplo, atribuindo à orientação para o mercado o papel de enfoque funcional
da inteligência estratégica (GUERRA, 2006), outros tratam a inteligência estratégica como
sendo um processo ou uma metodologia para fornecer informações aos gestores
(TARAPANOFF, 2001).
Entretanto, a orientação para o mercado é mais ampla que a inteligência estratégica,
tendo sido classificada como sendo a cultura organizacional (NARVER e SLATER, 1990),
como um conjunto de crenças (DESHPANDÉ, FARLEY e WEBSTER, 1993) e como um
aspecto do comportamento organizacional (KOHLI e JAWORSKI, 1990). A inteligência
estratégica, por sua vez, é sempre tratada como um processo sistemático ou como
metodologia, com etapas definidas (WRIGHT et al., 2002; WRIGHT e CALOF, 2006) e com
objetivos claros, que são auxiliar as empresas a manter e desenvolver vantagens competitivas
utilizando toda a organização e suas redes para desenvolver insights sobre o ambiente
(clientes, concorrentes, órgãos regulatórios, tecnologia,...) (CALOF, 2008).
Embora o escopo das duas abordagens seja diferente, elas não haviam sido
confrontadas. Assim, os objetivos do trabalho foram ampliados para verificar quais dimensões
da inteligência estratégica estão mais fortemente relacionadas com as dimensões da orientação
para o mercado e identificar a contribuição da orientação para o mercado e inteligência
estratégica, isoladamente e em conjunto, no desempenho financeiro das empresas. Outro
objetivo desenvolvido neste estudo foi avaliar a utilização destas práticas nas empresas
moveleiras do Rio Grande do Sul.
A indústria moveleira se mostrou interessante para estudo, pois apresenta
características de setor tradicional da economia, porém sente a pressão da entrada de
122
concorrentes estrangeiros e precisa se posicionar para se manter no mercado. Além disso,
possui grande representatividade na economia do Rio Grande do Sul, especialmente para as
cidades que fazem parte do polo produtivo da Serra Gaúcha.
Para isso, foi realizada uma pesquisa transversal, com amostra probabilística composta
por 250 indústrias moveleiras do Rio Grande do Sul. O perfil das indústrias participantes foi
semelhante ao perfil identificado em estudo realizado pela Associação das Indústrias de
Móveis do Rio Grande do Sul (MOVERGS, 2007), com predominância de empresas de
pequeno porte (baixo faturamento e poucos funcionários).
Para coleta dos dados foi utilizado um instrumento estruturado, contendo questões de
inteligência estratégica, orientação para o mercado, desempenho organizacional, além de
questões sobre o perfil das indústrias participantes do estudo. Os instrumentos de coleta
utilizados foram a escala MARKOR (KOHLI, JAWORSKI e KUMAR, 1993), uma escala
para medir inteligência estratégica desenvolvida a partir do trabalho de Fachinelli et al. (2007)
e uma escala para avaliar o desempenho organizacional.
A coleta foi feita principalmente por telefone, utilizando os cadastros fornecidos pelas
entidades representativas como SINDMÓVEIS e MOVERGS.
A seguir são analisados os principais pontos levantados e as conclues obtidas nesta
tese. Cabe ressaltar que as conclusões apresentadas são referentes à população de instrias
moveleiras do Rio Grande do Sul. Desta forma, embora não seja feita esta menção em todos
os momentos, não se pode ignorar tal característica do estudo.
O diagnóstico das práticas de inteligência estratégica e orientação para o mercado, de
acordo com os respondentes, evidenciou que ainda muito para se desenvolver neste setor.
Os valores médios e medianos ficaram um pouco acima do ponto neutro da escala, indicando
que as empresas ainda não realizam tais ações de forma intensa. Entre as dimensões de
orientação para o mercado, a que mostrou maior desenvolvimento foi a referente à capacidade
de resposta à intelincia de mercado. Entre as dimensões de inteligência estratégica a que
mostrou maior desenvolvimento foi a decisão pela coleta da informação e seu uso.
Comparando com os resultados encontrados por Reginato (1998), pode-se inferir não
houve grande evolução sobre estes aspectos nos últimos anos. Na década de 1990, o autor
concluiu que empresas do setor moveleiro da região de Bento Gonçalves (RS) não
identificavam a informação como um recurso estratégico para o seu posicionamento mais
competitivo no mercado. Além disso, poucas empresas da indústria moveleira utilizavam a
123
prática de planejamento estratégico e as técnicas mais utilizadas para elaboração de produtos
eram benchmarking e engenharia reversa, denotando postura reativa frente aos concorrentes.
Tais fatos podem ter levado estas indústrias a desenvolverem, ao longo deste período, as
capacidades que atualmente se mostram mais fortes (resposta e decisão).
Verificou-se que, de uma forma geral, orientação para o mercado e inteligência
estratégica estão associadas com o porte das organizações, sendo mais desenvolvidas nas
indústrias maiores. Este resultado, associado ao fato do setor ser composto basicamente por
pequenas empresas, justifica os valores baixos para orientação para o mercado e inteligência
estratégica.
A seguir está apresentado o quadro-síntese das hipóteses testadas e na sequência sua
discussão.
Hipótese
Decisão
H
1
As práticas de inteligência estratégica e orientão para o mercado estão
associadas nas organizações.
Hipótese
suportada
H
2
Organizações que possuem maior nível de adoção de práticas de inteligência
estratégica deverão apresentar melhor desempenho organizacional.
Hipótese
suportada
H
3
Organizações mais orientadas ao mercado deverão apresentar melhor
desempenho organizacional.
Hipótese
suportada
H
2a
A inteligência estratégica nas organizações est
á associada positivamente com o
desempenho de mercado.
Hipótese
suportada
H
2b
A inteligência estratégica nas organizações está associada positivamente com o
desempenho financeiro.
Hipótese
suportada
H
3a
A orientação para o mercado nas organizações es
associada positivamente
com o desempenho de mercado.
Hipótese
suportada
H
3b
A orientação para o mercado nas organizações está associada positivamente
com o desempenho financeiro.
Hipótese
suportada
H
4
A estruturação da informação impacta positivamente na geração da inteligência
de mercado.
Hipótese
suportada
H
5
A busca e coleta da informação impacta positivamente na geração da inteligência
de mercado.
Hipótese não
suportada
H
6
Organizações com
maior orientação (estratégica) para inteligência estratégica
deverão apresentar maior disseminação de inteligência de mercado.
Hipótese não
suportada
H
7
Organizações com maior geração de inteligência de mercado deverão apresentar
maior disseminação de inteligência de mercado.
Hipótese
suportada
H
8
Organizações com maior disseminação de inteligência de mercado deverão
apresentar maior capacidade de decisão e uso para tomada de ação.
Hipótese
suportada
H
9
Organizações com capacidade de decisão e uso para tomada de ação apresentam
maior resposta à inteligência de mercado.
Hipótese
suportada
Quadro 6 - Quadro-síntese das hipóteses e resultados
Os resultados da pesquisa indicaram que a dificuldade em reconhecer as diferenças
entre intelincia estratégica e orientação para o mercado vão além do campo acadêmico.
Identificou-se alta correlação entre inteligência estratégica e orientação para o mercado
(hipótese 1), sugerindo que as variáveis estão se comportando como se fossem idênticas nas
124
empresas moveleiras. Tal resultado indica que as empresas com maior grau de adoção de
práticas de inteligência estratégica também apresentam maiores níveis de adoção da
orientação para o mercado e sugere que os gestores da indústria moveleira não diferenciam as
abordagens.
Como consequência da alta correlação, percebe-se que o efeito do construto de
orientação para o mercado sobre o desempenho organizacional, por ser um pouco mais forte,
mascara o efeito da inteligência estratégica. Entretanto, quando analisadas isoladamente, tanto
inteligência estratégica quanto orientação para o mercado apresentam relação com
desempenho (hipóteses 2 e 3), embora o poder explicativo dos dois construtos sobre o
desempenho não seja alto (15% e 19% para inteligência estratégica e orientação para o
mercado, respectivamente). Além disso observou-se que ambas são mais fortes quando
relacionadas com os indicadores de desempenho de mercado.
O fato da orientação para o mercado ser mais forte que a inteligência estratégica para
explicar o desempenho das organizações evidencia a tese de que orientação para o mercado é
mais ampla, podendo ser entendida como cultura, como conjunto de crenças, etc., e que a
inteligência estratégica contribui (e muito) neste sentido, como uma ferramenta, mas ainda
carece de alguns aspectos que são considerados na orientação para o mercado.
De qualquer forma, verificou-se que retorno com a implantação de práticas de
geração de inteligência, seja através do desenvolvimento da cultura da orientação para o
mercado ou através da implantação de sistemas de inteligência estratégica. Este pode ser visto
como um ponto de partida, pois auxilia na estruturação das organizações, através do
desenvolvimento do processo sistemático de busca de informações, que é a essência da
geração da inteligência.
Esta proposta, de utilizar a inteligência estratégica como uma forma de estruturar a
organização para a orientação para o mercado foi testada, propondo-se a agregação das
dimensões de inteligência estratégica no construto de orientação para o mercado para
construção de um modelo híbrido. Assim, as dimensões de orientação para o mercado e
inteligência estratégica foram mescladas, buscando o entendimento da relão entre elas.
Segundo os resultados obtidos, a geração da inteligência de mercado é influenciada
pela forma como as empresas estruturam a informação, ou seja, empresas com maior
estruturação da informação apresentam maior capacidade de gerar inteligência. Por outro
125
lado, a busca e coleta da informação, refletida na rede de relacionamento, temas e ambientes
de interesse não afeta significativamente a geração de inteligência de mercado.
A disseminação da inteligência de mercado, por sua vez, é influenciada pela
capacidade de gerar inteligência de mercado, mas não pelo tipo de orientação para
inteligência estratégica ou individual. Dito de outra forma, a inteligência ser desenvolvida
por um processo coletivo, conduzido por um grupo de especialistas, com orientação pré-
definida ou um processo individual não impacta na disseminação da inteligência. Observou-se
também que a orientação (individual ou estratégica) não está relacionada com o porte nem
com o faturamento das empresas.
Verificou-se que as organizações com maior disseminação de inteligência de mercado
devem apresentar maior capacidade de decisão e uso para tomada de ação, e também, maior
resposta à inteligência de mercado.
Assim, o modelo híbrido proposto contempla as três dimensões de orientação para o
mercado (geração, disseminação e resposta à inteligência de mercado) com duas dimensões da
inteligência estratégica (estruturação da informação e decisão e uso da informão).
6.1. CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS DO ESTUDO
Embora os temas estudados nesta tese não sejam recentes, a orientação para o mercado
e a inteligência estratégica como abordagens para o desenvolvimento de intelincia nas
organizações ainda não haviam sido confrontadas.
Este estudo permite afirmar que embora tratem de escopos diferentes e sejam
analisadas independentemente na academia, seus impactos nas organizações são muito
parecidos, seja do ponto de vista dos gestores, seja na avaliação da relação com o desempenho
organizacional. Percebeu-se que desenvolver inteligência estratégica e/ou orientação para o
mercado nas organizações trás benefícios. Destaca-se também que espaço e interesse da
academia em trabalhos conjuntos entre diferentes áreas (seja Administração, Ciência da
Informação, Tecnologia da Informação, Psicologia, Comunicação e outras) a respeito da
melhor forma de implantação destas abordagens e melhor aproveitamento dos seus resultados.
Sobre as dimensões de inteligência estratégica e orientação para o mercado, sugere-se
a inclusão da dimensão de estruturação da informação, uma etapa importante da inteligência
126
estratégica que avalia o quanto as empresas estão preparadas para desenvolverem a
inteligência. Ela trata das ferramentas, fluxos de informações, disponibilidade de
especialistas, fontes a serem consultadas, etc. (FACHINELLI et al., 2007). Esta dimensão está
em consonância com os antecedentes propostos por Kohli e Jaworski (1990), relacionados
principalmente com os fatores interdepartamentais e sistemas organizacionais e apresenta
relação com a organização da empresa para o desenvolvimento de inteligência estratégica,
uma das fases interdependentes do processo de geração de inteligência propostas por
Jaworski, Macinnis e Kohli (2002). Percebeu-se que esta dimensão, que não está contemplada
diretamente no construto de orientação para o mercado, permite que se faça uma análise da
preparação da organização para desenvolvimento da orientação para o mercado e se
identifiquem pontos que necessitam ser desenvolvidos.
Outro fator que pode ser destacado no trabalho é sua contribuição para o
desenvolvimento da teoria de inteligência estratégica através da utilização de uma escala para
aval-la. Embora o uso de escalas para medir fenômenos de interesse seja bastante utilizado
na área das ciências sociais, quando os construtos de interesse não estão bem definidos, torna-
se mais difícil operacionalizá-los com uso de escalas e em trabalhos de caráter quantitativo. A
área de inteligência estratégica encontra-se neste estágio. A maioria dos trabalhos de
inteligência estratégica consta de estudos de caso e relatos (SAAYMAN et al. 2008;
HUGHES, 2005) e, embora exista o interesse, pouca pesquisa empírica sobre o impacto da
inteligência estratégica no desempenho do negócio tem sido feita (HUGHES, 2005).
Para que esta tese fosse possível de ser realizada, houve necessidade de utilizar um
instrumento de coleta que avaliasse o construto de inteligência estratégica nas organizações. O
desenvolvimento da escala foi operacionalizado recentemente por um grupo de pesquisadores
da Universidade de Caxias do Sul, a partir de Fachinelli et al. (2007), obedecendo aos padrões
metodológicos recomendados, e esta tese apresenta uma aplicação do seu resultado que pode
ser utilizada em outros estudos. Pretende-se, portanto, contribuir para a evolução da teoria de
inteligência estratégica, apresentando uma escala que pode ser utilizada para estimar o
desenvolvimento das práticas de inteligência estratégica nas organizações.
Outra contribuição que pode ser destacada é a verificação da relação entre orientação
para o mercado e desempenho no contexto da indústria moveleira. Embora esta relação
tenha sido verificada em muitos estudos, esta é mais uma contribuição para fortalecimento da
relação e da área de pesquisa.
127
6.2. CONTRIBUIÇÕES GERENCIAIS DO ESTUDO
Os resultados deste estudo podem contribuir aos gestores de organizações através do
entendimento de que o desenvolvimento de práticas de inteligência estratégica e de orientação
para o mercado podem influenciar positivamente o desempenho. O estudo mostrou também
que qualquer uma destas iniciativas ocasionará bons resultados, independentemente da
estrutura da empresa, inclusive em setores considerados tradicionais, sem alto grau de
desenvolvimento da inovação.
Para as empresas moveleiras, o estudo sugere que incentivos ao desenvolvimento de
inteligência estratégica e/ou orientação para o mercado devem acarretar maior resultado,
principalmente nas medidas de desempenho de mercado.
Destaca-se também o mapeamento que foi feito em relação às práticas atualmente
desenvolvidas pelas empresas gaúchas. Estes resultados podem ser utilizados pelas entidades
representativas para definir prioridades de capacitação, permitindo que este setor alcance
maior desenvolvimento de práticas de inteligência, fortalecendo as empresas e desenvolvendo
maior diferencial competitivo.
Outro ponto que cabe ressaltar foi o retorno dado às empresas que responderam a
pesquisa e mostraram-se interessadas nos resultados (ANEXO G). Àquelas empresas foi
enviado um resumo, comparando seus resultados com o conjunto das empresas participantes.
Os resultados possibilitaram que as empresas se comparassem com as demais e percebessem
os pontos onde maior/menor capacidade da organização. Algumas se manifestaram,
relatando, por exemplo, que “estes resultados serão considerados no nosso planejamento
estratégico, mesmo na nossa modesta condição de micro empresa familiar. Toda ajuda é
muito bem vinda”; “este resultado realmente reflete muito da [nome da empresa]. É uma
empresa que ... e “estamos promovendo uma grande mudança de estrutura na [nome da
empresa] e o resultado desta pesquisa é importante como parâmetro para algumas ações a
desenvolver.”
128
6.3. LIMITAÇÕES DA PESQUISA
As limitações das pesquisas podem decorrer de opções feitas pelos pesquisadores ao
longo do trabalho ou de restrições impostas pelas metodologias, técnicas ou informações
utilizadas.
Dentre as opções do pesquisador, pode-se destacar a seleção do campo de estudo entre
as mais importantes. Neste estudo, optou-se por trabalhar somente com um setor, de forma a
isolar influências externas que pudessem confundir os resultados. Esta opção, se por um lado
beneficia a análise, por outro lado, oculta possíveis relações existentes (e não identificadas na
amostra) ou ressalta relações que poderiam não ser identificadas em outro contexto. De
qualquer forma, a escolha feita neste estudo pela aplicação no setor moveleiro impede
generalizações para outros setores.
Outro aspecto importante observado neste trabalho foi a utilização de uma escala
inédita para avaliar a inteligência estratégica nas organizações. Embora a escala tenha sido
previamente validada (com alunos de s-graduação), ela não apresenta aplicações em outros
setores, portanto não é possível comparar os resultados com os obtidos neste trabalho. Assim,
embora acreditando-se que a escala reflita a capacidade das organizações em desenvolver a
inteligência estratégica, faz-se necessário maior desenvolvimento. As escalas de orientação
para o mercado e desempenho organizacional não apresentaram tais características, por já
terem sido utilizadas em outros contextos.
Quanto aos respondentes, deve-se ressaltar que foi entrevistado somente um executivo
por empresa. Nestes casos, generaliza-se o posicionamento da empresa em fuão da opinião
desta pessoa. Buscou-se minimizar esta limitação solicitando que os participantes fossem os
responsáveis pelas áreas de marketing, comunicação ou vendas. Verificou-se que muitos
possuíam baixa escolaridade, porém compensada pela experiência com a organização (tempo
de empresa). Acredita-se que, desta forma, esta limitação tenha sido superada. Outro fator
importante é que os resultados se baseiam em opiniões subjetivas. Pode-se pensar em,
futuramente, medir estas informações de maneira objetiva.
O caráter transversal da pesquisa faz com que as conclusões sejam lidas para aquele
momento do tempo. Desta forma, pode-se generalizar os resultados obtidos para a indústria
moveleira gaúcha, para aquele momento. Neste sentido, relações causais não deveriam ser
129
investigadas em trabalhos de caráter transversal, embora seja comum tal procedimento
utilizando a técnica de modelagem de equações estruturais.
Finalizando, ao longo de todo o trabalho observou-se que alguns construtos não
atingiram os valores de referência. Destaca-se, principalmente, a variância média extraída dos
construtos que foi inferior ao indicado por Garver e Mentzer (1999), indicando que a
variância do erro de medida é maior que a variância capturada pelo construto. Além disso, em
geral os índices de ajuste do modelo também ficaram abaixo (embora próximos) dos valores
de referência. Estes resultados indicam a necessidade de cuidado na generalização dos
resultados obtidos.
6.4. PESQUISAS FUTURAS
Como consequência deste trabalho, percebe-se espaço para a evolução destas áreas de
estudo através de pesquisas mais aprofundadas em outros aspectos.
O desenvolvimento e a confrontação de diferentes escalas de inteligência estratégica é
um campo que ainda precisa ser explorado. Assim como na área de marketing surgiram
diferentes escalas para avaliar a orientação para o mercado, destacando-se as escalas
MARKOR e MKTOR, carece no campo da intelincia estratégica a disponibilização e
comparação de diferentes instrumentos.
Percebe-se que este estudo ficou totalmente baseado nos resultados obtidos com o uso
de uma escala de inteligência que foi recentemente desenvolvida e ainda não apresenta
resultados em outros campos de aplicação. A validação desta escala em outros meios deverá
fortalecer os resultados encontrados nesta tese.
Se por um lado, a pesquisa com uso de escalas exige maior consolidação dos
fenômenos, por outro percebe-se alguma fragilidade dos métodos quantitativos no que diz
respeito aos motivos pelos quais algumas relações não foram suportadas. Desta forma, cabe
uma análise mais profunda, com uso de técnicas qualitativas, que permitam compreender os
motivos pelos quais algumas dimensões de inteligência estratégica o se relacionaram com
dimensões da orientação para o mercado.
Finalizando, sugere-se a replicação do trabalho em outros setores, buscando reavaliar
algumas relações encontradas neste estudo e verificar se os resultados obtidos são consistentes
130
em outras realidades. Esta verificação se faz, principalmente, com respeito à inteligência
estratégica, uma vez que os resultados obtidos com a orientação ao mercado estão de acordo
com os resultados já encontrados nos estudos anteriores.
131
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AAKER, David A.; KUMAR, V.; DAY, George S. Pesquisa de marketing. 2.ed. São Paulo: Atlas,
2004.
ABDI/UNICAMP. Relatório de Acompanhamento Setorial da Indústria Moveleira. Jun 2008.
Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial e Universidade Estadual de Campinas.
Disponível em: < http://www.abdi.com.br/?q=system/files/Madeira+e+M%C3%B3veis+-
+Setor+Moveleiro+Primeiro+Relat%C3%B3rio+-+P+27+com+capa.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2009.
ANDERSON, J. C.; GERBING, D. W. Structural equation modeling in practice: a review and
recommended two-step approach. Psychological Bulletin, v. 103, p. 411-423, 1988.
ANDERSON, Wilton T.;HOYER, Wayne D. Marketing in the age of intelligence: the case for control.
European Journal of Marketing. v.25, n.8, p.32-54, 1991.
ANTONI, Verner Luis. A relação entre orientação para o mercado e performance organizacional:
um estudo nos cursos de bacharelado em administração da região sul do Brasil. 2004. 214 f. Tese
(Doutorado em Administração) – Programa de Pós-Graduação em Administração, Escola de
Administração, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
ARBONÍES, Ángel Ortiz; ALDAZABAL, Jon Basauri. K>>FACTS. Identificación y evaluación de
flujos de conocimiento en las organizaciones. Mik. S. Coop. Mondragón, 2005. ISBN 84-932111-8-
4.
ABIVEL. Panorama do Setor Moveleiro no Brasil: informações gerais. Associação Brasileira das
Indústrias do Mobiliário. Ago. 2006. Disponível em: http://www.abimovel.org.br /info _programa
_setor_moveleiro .php. Acesso em: 15 set. 2008.
BAGOZZI, Richard P.; YI, Youjae; PHILIPS, Lynn W. Assessing Construct Validity in
Organizational Research. Administrative Science Quarterly, v.36, p. 421-458, 1991.
BAKER, William E.; SINKULA, James M. Market orientation and the new product paradox. The
Journal of Product Innovation Management, v. 22, p. 483-502, 2005.
BARNETT, V.; LEWIS, T. Outliers in statistical data. New York: Wiley. 1994.
BDO SEIDMAN, LDD, Furniture Insights. High Point, North Carolina. April 2006. Disponível em:
<http://www.urishpopeck.com/pdf/FurnitureInsightsApril06.pdf> Acesso em: 10 mar. 2009.
BENTLER, P. M.; CHOU, Chih-Ping. Practical Issues in Structural Modeling. In: LONG, J. Scott.
(Org.). Common problems / proper solutions: avoiding error in quantitative research. Newbury
Park: Sage Publications, 1988. p.161-192.
BREI, Vinícius Andrade; NETO, Guilherme Liberali. O uso da técnica de modelagem de equações
estruturais na área de marketing: um estudo comparativo entre publicações no Brasil e no exterior.
RAC Revista de Administração Contemporânea. v.10, n. 4. 2006.
BYRNE, Barbara M. Stfructural equation modeling with AMOS: basic concepts, applications, and
programming. Mahwah, N.J.: Lawrence Erlbaum Associates, 2001. 338 p.
132
CALOF, Jonathan L. Selling competitive intelligence. Competitive Intelligence Magazine, v. 11, n.
1, p. 39-42, 2008.
CALOF, J.L.; BREAKSPEAR, A. Competitive intelligence practices of Canadian technology
firms. National Research Council/Canadian Institute of Scientific and Technical Information, Ottawa.
1999.
CALOF, J.L; DISHMAN, P. The intelligence process: front-end to strategic planning. Working paper.
University of Ottawa. 2002.
CAMERON, Kim S.;FREEMAN, Sarah J.Cultural congruence, strength, and type: Relationships to
effectiveness. Research in Organizational Development, v. 5, p. 23-58. 1991.
CANO, Cynthia Rodriguez; CARRILLAT, Francois A.; JARAMILLO, Fernando. A meta-analysis of
the relationship between market orientation and business performance: evidence from five continents.
International Journal of Research in Marketing. v. 21, p. 179–200, 2004.
CAPON, Noel; FARLEY, John U.; HOENIG, Scout; LEHMANN, Donald R. Profiles of product
innovators among large U.S. manufacturers. Management Science. n. 38. p. 157-160, 1992.
CAPON, Noel; FARLEY, John U.; HULBERT, James. Corporate strategic planning. New York:
Columbia University Press, 1988.
CARVALHO, Glenn Gomes de. A orientação para o mercado e a performance dos negócios na
rede de distribuidores de veículos Fiat nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
2001. 88f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Programa de Pós-Graduação em
Administração, Escola de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2001.
CASSIDY JR. Ralph. The intelligence function and business competition. California Management
Review, p. 85-92. Spring, 1964.
CASTRO, José Márcio de; ABREU, Paulo Gustavo Frankilin de. Estaremos cegos pelo ciclo da
inteligência tradicional? Uma releitura a partir das abordagens de monitoramento ambiental. Ciência
da Informação, v. 36, p. 45-49, 2007.
CAVALCANTI, Elmano Pontes. Inteligência empresarial e o sucesso nos negócios. In: ENCONTRO
ANUAL DA ANPAD, 28, 2004, Curitiba. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 2004, 1 CD ROM.
CHAN, H. N.; ELLIS, P. Market orientation and business performance: some evidence from Hong
Kong. International Marketing Review, v. 15, n. 2, p. 119–139, 1998.
CHEN. S. C.; QUESTER, PG. Modeling store loyalty: perceived value in market orientation practice.
Journal of Services Marketing, v. 20, n. 3, p. 188-198, 2006.
CHURCHILL Jr., Gilbert. A. A paradigm for developing better measures of marketing constructs.
Journal of Marketing Research, n.16, n. 1, p. 64–73, 1979.
COLE, David A. Utility of confirmatory factor analysis in test validation research. Journal of
Consulting and Clinical Psychology, v.55, n.4, p. 584-594, 1987.
COTE, Joseph. Structural Equations Modeling. Journal of Consumer Psychology, v. 10, n. 1-2, p.
83–100, 2001.
133
DAY, George S. The capabilities of market-driven organizations. Journal of Marketing, v. 58, p. 37-
52, out. 1994.
DESCHAMPS J.P.; NAYAK, Ranganath P.. Product juggfernauts: how companies mobilize to
generate a stream of market winners, Harvard Business School Press. 1995.
DESHPANDÉ, Rohit e FARLEY, John U. Measuring market orientation: generalization and
synthesis. Journal of Market-Focused Management, v.2, n.3, p.213-232, 1998.
DESHPANDÉ, Rohit; FARLEY, John U.; WEBSTER, Frederick E, Jr. Corporate culture, customer
orientation, and innovativeness in Japanese firms: a quadrad analysis. Journal of Marketing, v. 57, n.
1, p. 23-27, January 1993.
DESPHANDÉ, Rohit; WEBSTER, Frederic E. Jr. Organizational culture and marketing: defining the
research agenda. Journal of Marketing, v. 53, p.3-15, January 1989.
DESS, G.G. e ROBINSON, R.B. Measuring organizational performance in the absence of objective
measures: the case of the privately-held firms and conglomerate business unit. Strategic
Management Journal, v. 5, n. 3, p. 265-273, 1984.
DEVELLIS, R. F. Scale Development: Theory and Applications. Newbury Park: Sage, 1991.
DISHMAN, Paul L.; CALOF, Jonathan L. Competitive intelligence: a multiphasic precedent to
marketing strategy. European Journal of Marketing, v.42, n.7/8, p. 766-785, 2008.
DRUCKER, Peter F. The Practice of Management. New York: Harper & Row. 1957.
DUNN, S. C.; SEAKER, R. F.; WALLER, M. A. Latent variables in business logistics research: scale
development and validation. Journal of Business Logistics, v. 15, n. 2, p. 145-172, 1994.
ELLIS, Paul D. Market Orientation and performance: a meta-analysis and cross-national comparisons.
Journal of Management Studies, v. 43, n.5, jul. 2006.
ELLIS, T. B. The development, psychometric evaluation and validation of a customer loyalty
scale. 2000. Tese (Doutorado em Psicologia) – Graduate Scholl of Southern Illinois University,
Carbondale, Illinois, EUA, 2000.
FACHINELLI, Ana Cristina. Elementos metodológicos de vigília e de inteligência econômica para o
processamento de informões organizacionais. Revista Conexão, Comunicação e Cultura, EDUCS,
Caxias do Sul, 2004.
FACHINELLI, Ana Cristina; PAESE, Cíntia, RECH, Jane e MATTIA, Olivar. A utilização de escalas
para pesquisa de fenômenos contemporâneos da comunicação organizacional. In: XXX CONGRESSO
BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 2007, Santos-SP. Anais... XXX
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 2007.
FACHINELLI, Ana Cristina; RECH, Jane e MATTIA, Olivar. A dinâmica da informação na
comunicação organizacional: a perspectiva do hipertexto e da autopoiese. In: XXVIII CONGRESSO
BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 2005, Rio de Janeiro. Anais do XXVIII
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 2005.
134
FARRELL, Mark Anthony; OCZKOWSKI, Edward. Are market orientation and learning orientation
necessary for superior organizational performance? Journal of Market-Focused Management. v.5,
n.3, p.197-217, set. 2002.
FERNANDES, Fernando do Carmo. Inteligência ou informações? Revista Brasileira de Intelincia.
Brasília: Abin, v. 2, n. 3, p.7-21, set. 2006.
FLYNN, L. R.; PEARCY, D. Four subtle in scale development: some suggestions for strengthening
the current paradigm. International Journal of Marketing Research, v. 43, n.4, p. 409-423, 2001.
FONTANA, Edson Wanderlei e RODRIGUEZ, Martius Vicente. Inteligência Competitiva e
Performance Financeira: Uma Associação Positiva nos Pequenos Negócios Exportadores de Sólidos
de Madeira Certificados. In: 3 CIPEAL - Conferência Internacional de Pesquisa em
Empreendedorismo na América Latina, 2004, Rio de Janeiro. Anais...3 CIPEAL - Conferência
Internacional de Pesquisa em Empreendedorismo na América Latina, 2004.
FORNELL, Claes; LARKER, David F. Structural equation models with unobservable variables and
measurement error: algebra and statistics. Journal of Marketing Research, v. 18, n. 3, p. 382-389,
1981.
FULD, Leonard M. The new competitor intelligence: the complete resource for finding, analyzing,
and using information about your competitors. New York: J. Wiley, 1995.
FULD, Leonard M. The secret language of competitive intelligence: how to see through and stay
ahead of business disruptions, distortions rumors and smoke screens. New York: Crown Business,
2006.
GARRIDO, Ivan Lapuente. A Relação entre orientação para mercado externo, estratégias de
internacionalização e performance exportadora. 2007. 181 f. Tese (Doutorado em Administração)
– Programa de Pós-Graduação em Administração, Escola de Administração, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.
GARSON, David. Structural Equation Modeling Statnotes. North Carolina State University, Public
Administration Program, 2009. Disponível em: http://faculty.chass.ncsu.edu/garson/PA765
/structur.htm> Acesso em: 15 mai. 2009.
GARVER, Michael S.; MENTZER, John T. Logistics research methods: employing structural
equation modeling to test for construct validity. Journal of Business Logistics, v. 20, n. 1, p. 33-57,
1999.
GAVA, Rogério; SILVEIRA, Teniza da. A orientação para o mercado sob a ótica da empresa e dos
clientes na indústria hoteleira Gaúcha. Revista de Administração Contemporânea, v. 11, n. 2, p. 49-
69, 2007.
GERBING, D. W.; ANDERSON, J. C. An update paradigm for scale dev. elopment incorporating
unidimensionality and its assessment. Journal of Marketing Research, v. 25, p. 186-192, 1988.
GIA. Measuring the benefits of competitive intelligence Global Intelligence Alliance. n. 3, 2004.
Disponível em: < http://www.markintell.com/storage/global-intelligence-alliance/GIA %20White
Paper_Measuring.pdf >. Acesso em: 15 ago. 2007.
GONÇALVES-FILHO, C., GONÇALVES, C.A.; VEIGA, R.T. Orientação ao mercado, gestão do
conhecimento de marketing e o sucesso de novos produtos: uma pesquisa empírica no setor industrial.
135
In: ENCONTRO ANUAL DA ANPAD, 26, 2002, Salvador. Anais... Rio de Janeiro, ANPAD, 2002. 1
CD-ROM
GREENLEY, G. E. Market orientation and company performance: empirical evidence from UK
Companies. British Journal of Management, v. 6, p.1–13, 1995.
GRIFFITH, S.E. Sun Tzu: The Art of War. New York: Oxford University Press. 1971.
GRONHOLDT, Lars; MARTENSEN, Anne. Key marketing performance measures. The Marketing
Review, v.3, p. 243-252, 2006.
GUERRA, José Luis Masson. La generación de inteligencia competitiva y su impacto en el
desempeño de las multinacionales tecnológicas de Barcelona. Projeto de tese de Doutorado.
Universitat Autónoma de Barcelona, 2006. http://works.bepress.com/cgi/viewcontent.cgi?
article=1006&context=jose_luis_masson_guerra Acesso em: 24 mar 2007.
GUIMARAES, Tor. The impact of competitive intelligence and IS support in changing small business
organizations. Logistics Information Management. v.13, n.3, p.117-125, 2000.
HAIR Jr, J. et al. Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman, 2005.
HARRIS, L. C. Market orientation and performance: objective and subjective empirical evidence from
UK companies. Journal of Management Studies, v. 38, n. 1, p.17–43, 2001.
HEINEN, Christoph; HOFFJAN, Andreas. The strategic relevance of competitor cost assessment – an
empirical study of competitor accounting. Journal of Applied Management Accounting Research,
v. 3, n.1, 2005.
HENDERSON, J.; VENKATRAMAN, N. Strategic alignment: leveraging information technologies
for transforming organizations. IBM Systems Journal. v.31, n.1, p.472-484, 1999.
HESFOLD, James W. An empirical investigation of accounting information use in competitive
intelligence. Journal of Competitive Intelligence and Management, v. 4, n. 3, 2008.
HOMBURG, Christian e PFLESSER, Christian. A multiple layer model of market oriented
organizational culture: measurement issues and performance outcomes. Journal of Marketing
Research, v. 37, n.4, p. 449–462, 2000.
HOOLEY, G., COX, T., FAHY, J., SHIPLEY, D., BERACS, J., FONFARA, K.; SNOJ, B. Market
orientation in the transition economies of Central Europe: tests of the Narver and Slater market
orientation scales. Journal of Business Research, v. 50, p. 273–85, 2000.
HUGHES, Stephanie. Competitive intelligence as competitive advantage: the theoretical link between
competitive intelligence, strategy and firm performance. Journal of Competitive Intelligence and
Management, v.3, n.3, p. 3-18, 2005.
HULT, G. Tomas; CAVUSGIL, S. Tamer; DELIGONUL, Seyda; KIYAK, Tunga; LAGERSTRÖM,
Katarina. What drives performance in globally focused marketing organizations? A three-country
study. Journal of International Marketing. v. 15, n. 2, p. 58–85, 2007.
HULT, G. Tomas; KETCHEN, David J. Does Market orientation matter? A test of the relationship
between positional advantage and performance, Strategic Management Journal, v. 22, p. 899-906,
set 2001.
136
JAIN, Sanjay K.; BHATIA, Manju. Market orientation and business performance: the case of Indian
manufacturing firms. Journal of Business Perspective. v. 11, n. 1, jan-mar. 2007
JANISSEK-MUNIZ, Raquel; LESCA, Humbert e FREITAS, Henrique. Inteligência estratégica
antecipativa e coletiva para tomada de decisão. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE GESTÃO
DA TECNOLOGIA E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO (CONTECSI), 3º, 2006, São Paulo. Anais...
São Paulo: FEA/USP, 2006. p. 242, 1 CD-ROM. Dispovel em: <http://professors.ea.ufrgs.
br/hfreitas/revista/arquivos/edicao_internet/2006/ieac_tomada_decisao_rjm_hl_hf.pdf> Acesso em: 12
jul. 2006.
JAWORSKI, Bernard J.; KOHLI, Ajay K, Market orientation: review, refinement, and roadmap.
Journal of Market-Focused Management, v. 1, n.2, p. 119-135, 1996.
JAWORSKI, Bernard J.; KOHLI, Ajay K. Market orientation: antecedents and consequences. Journal
of Marketing, v. 57, p. 53-70, jul. 1993.
JAWORSKI, Bernard J.; MACINNIS, Deborah J.; KOHLI, Ajay. Generating competitive intelligence
in organizations. Journal of Market-Focused Management. v.5, p.279-307, dec. 2002.
KAHANER, Larry. Competitive Intelligence, New York: New York: Touchstone, 1997.
KAHANER, Larry. Competitive Intelligence: how to gather, analyze, and use information to move
your business to the top. New York: Simon & Schuster, 1996.
KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. A estratégia em ação: Balanced Scorecard. 16.ed. Rio de
Janeiro: Campus, 2003.
KELLEY, William T. Marketing intelligence for top management. Journal of Marketing, v. 29, p.
19-24, out. 1965.
KENNEDY, Karen N., GOOLSBY, Jerry R.,; ARNOULD, Eric J. Implementing a customer
orientation: extension of theory and application. Journal of Marketing, v. 67, p.67-81, out. 2003.
KIRCA, Ahmet H.; JAYACHANDRAN, Satish; BEARDEN, William O. Market orientation: a meta-
analytic review and assessment of its antecedents and impact on performance. Journal of Marketing,
v. 69, n. 2, p. 24-42, abr. 2005.
KLINE, Rex B.. Principles and practice of structural equation modeling. 2.ed. New York:
Guilford Press, 2005
KOHLI, Ajay K.; JAWORSKI, Bernard J. Market orientation: the construct, research propositions,
and managerial aplications. Journal of Marketing, v. 54, p. 1-18, abr. 1990.
KOHLI, Ajay K.; JAWORSKI, Bernard J.; KUMAR, Ajith. MARKOR: a measure of market
orientation. Journal of Marketing Research, v. 30, p. 467-477, 1993.
LACERDA, Tales Sarmento ; VEIGA, Ricardo T. Efeitos da Codificação Reversa no Agrupamento
Fatorial de Construtos: Uma Avaliação Teórico-Empírica. In: XVIII ENANGRAD - Encontro
Nacional da ANGRAD, 2007, Cuiabá. Anais... Anais eletrônicos do XVIII ENANGRAD, 2007.
LACKMAN, Conway; SABAN, Kenneth; LANASA, John. The contribution of market intelligence to
tactical and strategic business decision. Marketing Intelligence & Planning. v. 18, n. 1, p. 6-8, 2000.
137
LEAR, Robert W. No easy road to market orientation. Harvard Business Review. Set-out. 1963.
LEHNER, F. Organisational Memory, München, Carl Hanser, 2000.
LESCA, H. Veille stratégique: La thode L.E.SCAnning®. Editions EMS, 2003.
LESCA, Humbert; FREITAS, Henrique; JANISSEK-MUNIZ, Raquel. Inteligência Estratégica
Antecipativa: uma ação empresarial coletiva e pró-ativa, 2003, 8 p. Disponível em:
<http://professores.ea.ufrgs.br/hfreitas/ revista/arquivos/LESCA_RJM_HF_30725.PDF>. Acesso em:
01 jul. 2006.
LI, Yuan; ZHAO, Yongbin; TAN, Justin e LIU, Yi. Moderating Effects of Entrepreneurial Orientation
on Market Orientation-Performance Linkage: Evidence from Chinese Small Firms. Journal of Small
Business Management. v.46, n.1, p. 113-133, 2008.
MALHOTRA, N. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 6. ed. Porto Alegre: Bookman,
2006.
MARCIAL, Elaine Coutinho; ORNELAS, Ana Carolina. A interdisciplinaridade da atividade de
inteligência competitiva: análise do Currículo Lattes. IN: ENCONTRO ANUAL DA ANPAD, 31,
2007, Rio de Janeiro. Anais ... Rio de Janeiro: ANPAD, 2007. 1 CD ROM.
MARDIA, K. V. Applications of some measures of multivariate skewness and kurtosis in testing
normality and robustness studies. Sankhya, series B, v. 36, p. 115-128, 1974.
MARDIA, K. V. Measures of multivariate skewness and kurtosis with applications. Biometrika, v.57,
p. 519-530, 1970.
MARSH, Herbert W. Positive and negative global self-esteem: a substantively meaningful distinction
or artifactors? Journal of Personality and Social Psychology, v. 70, n. 4, p. 810-19, 1996.
MATSUNO, Ken; MENTZER, John T.; OZSOMER, Aysegul. The effects of entrepreneurial
proclivity and market orientation on business performance, Journal of Marketing, v. 66, p. 18-32,
jul. 2002.
MATSUNO, Ken; MENTZER, John T.; RENTZ, Joseph O. A refinement and validation of the
MARKOR scale. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 28, n. 4, p. 527-539, 2000.
MATSUNO, Ken; MENTZER, John. The effects of strategy type on the market orientation-
performance relationship. Journal of Marketing. v.64, p. 1-16, out. 2000.
MCGONAGLE, John J.; VELLA, Carolyn M. A case for competitive intelligence. Information
Management Journal, v. 36, n. 4, p. 35-40, 2002.
MCGONAGLE, John J.; VELLA, Carolyn M. Competitive intelligence in action. Information
Management Journal, v. 38, n. 2, p.64-68, 2004.
MEGICKS, Phil; WARNABY, Gary. Market orientation and performance in small independent
retailers in the UK. The International Review of Retail, Distribution and Consumer Research. v.
18, n. 1, p. 105-119, 2008.
138
MENNA, Hélio Lemos. Orientação para o Mercado e Performance: evidências em empresas gaúchas
de varejo de confecções masculinas. 2001. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPAD, 25., 2001,
Campinas. Anais... Campinas, ANPAD, 2001. 1 CD-ROM
MILLER, Jerry P. O milênio da inteligência competitiva. Porto Alegre: Bookman, 2002.
MIRANDA, Roberto Campos da Rocha. O uso da informação na formulação de ações estratégicas
pelas empresas. Ci. Inf., Brasília, v. 28, n. 3, p. 286-292, set./dez. 1999.
MONTGOMERY, David B.; WEINBERG, Charles B. Toward strategic intelligence systems. Journal
of Marketing, v. 43, p. 41-52, Fall, 1979.
MOORE, Hugh L.; HUSSEY, Gorham. Economic implications of market orientation. Journal of
Farm Economics, v. 47, n. 2, p.421-427, maio 1965
MOVERGS. Relatório da Pesquisa Perfil da Indústria Moveleira do Estado do Rio Grande do Sul:
Sumário Executivo. Associação das Indústrias de veis do Rio Grande do Sul – MOVERGS,
2007. Disponível em: < http://www.movergs.com.br/arquivos/sala_leitura/relatorio_pesquisa
_perfil_ind_moveleira_rs.pdf> Acesso em: 21 jun. 2008.
MOYER, M. S. Market Intelligence for modern merchants. California Management Review. v. 14,
n. 4, 1972.
MSI. Research priorities. Marketing Science Institute. Disponível em: <http://www.msi.org /msi/
rp0204.cfm>. Acesso em 17 ago. 2007.
LLER NETO, Hugo Fridolino. Inovação orientada para mercado: um estudo das relações entre
orientação para mercado, inovação e performance. 2005. 169 f. Tese (Doutorado em Administração) –
Programa de Pós-Graduação em Administração, Escola de Administração, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
MYBURGH, S. Competitive intelligence: bridging organizational boundaries. The Information
Management Journal, v. 38, n.2, p. 46-55, 2004.
NARVER, John C.; SLATER, Stanley F. The effect of market orientation on business profitability.
Journal of Marketing, v. 54, p. 20-35, out. 1990.
NETEMEYER, R. G. BEARDEN, W. O.; SHARMA, S. Scaling procedures: issues and applications.
Newbury Park: Sage Publications, 2003.
NINA, Silvia P. Orientação para o mercado, desempenho financeiro e fatores influenciadores:
um estudo de concessionárias de veículos no Brasil, 2003. 257p. Dissertação (Mestrado em
Administração) –Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas da Fundação Getúlio
Vargas. São Paulo, 2003.
NOBLE, C. H., SINHA, R. K.; KUMAR, A. Market orientation and alternative strategic orientations a
longitudinal assessment of performance implications, Journal of Marketing, n.66, p. 25-39, out.
2002.
NUNNALLY, J. C. Psychometric theory. New York: McGraw-Hill. 2 ed. 1978.
O’SULLIVAN, Don; ABELA, Andrew V. Marketing performance measurement ability and firm
performance. Journal of Marketing. v. 71. p. 79-93, abr. 2007.
139
OSBORNE, Jason. Notes on the use of data transformations. Practical Assessment, Research &
Evaluation, v.8, n.6. 2002. Disponível em: < http://pareonline.net/getvn.asp?v=8&n=6> Acesso em
14 mar. 2009.
PALOP, Fernando; VICENTE, José M. Vigilancia tecnológica e inteligencia competitiva: su
potencial para la empresa española. Fundacion COTEC. 1999. Disponível em:
<http://www.navactiva.com/web/es/descargas/pdf /avtec/potencial_vtec.pdf> Acesso em: 01 jul. 2006.
PANIGYRAKIS, George G., THEODORIDIS, Prokopis K. Market orientation and performance: An
empirical investigation in the retail industry in Greece. Journal of Retailing and Consumer
Services. v. 14 p. 137–149, 2007.
PERIN, Marcelo G. A Relação entre orientação para mercado, aprendizagem organizacional e
performance. 2001. 194 f. Tese (Doutorado em Administração) – Programa de Pós-Graduação em
Administração, Escola de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2001.
PERIN, Marcelo Gattermann; SAMPAIO, Cláudio Hoffmann. A relação entre as dimensões de
orientação para mercado e a performance. IN: ENCONTRO ANUAL DA ANPAD, 25, 2001,
Campinas/SP. Anais ... Rio de Janeiro: ANPAD, 2001. 1 CD ROM.
PERIN, Marcelo Gattermann; SAMPAIO, Cláudio Hoffmann. O papel da inovação na relação entre a
orientação para o Mercado e a performance empresarial. IN: ENCONTRO DE MARKETING DA
ANPAD, 2, 2006, Rio de Janeiro/RJ. Anais ... Rio de Janeiro: EMA, 2006.
PERIN, Marcelo Gattermann; SAMPAIO, Cláudio Hoffmann. Orientação para o mercado, porte
empresarial e performance: um estudo longitudinal no setor eletro eletrônico do Brasil. IN:
ENCONTRO ANUAL DA ANPAD, 27, 2003, Atibaia/SP. Anais ... Rio de Janeiro: ANPAD, 2003. 1
CD ROM.
PERIN, Marcelo Gattermann; SAMPAIO, Cláudio Hoffmann. Performance empresarial: uma
comparação entre indicadores subjetivos e objetivos. IN: ENCONTRO ANUAL DA ANPAD, 23,
1999, Salvador. Anais ... Rio de Janeiro: ANPAD, 1999. 1 CD ROM.
PORTER, Michael. Competitive Strategy. New York: Free Press. 1980.
PRESCOTT , John E. Competitive intelligence: lessons from the trenches. Competitive Intelligence
Review. v. 12, n. 2, p. 5-19, 2001.
PRESCOTT, John E.; MILLER, Stephen H. Inteligência competitiva na prática: estudos de casos
diretamente do campo de batalha. Rio de Janeiro, RJ: Campus, 2002.
PRESCOTT, John E. The evolution of competitive intelligence: designing a process for action.
Proposal Management. p. 37-52, spring 1999.
QIU, Tianjiao. Scanning for competitive intelligence: a managerial perspective. European Journal of
Marketing. v. 42, n. 7/8, p. 814-835, 2008.
QUINN, J.B. Intelligent enterprise, New York, The Free Press, 1992.
QUINN, Robert E. Beyond rational management. San Francisco: Jossey-Bass Inc. Publishers. 1988.
140
RAMOS, Paulo de Tarso Cavalcante de Souza. Flexibilidade no processo de inteligência
competitiva: análise baseada em técnicas multivariadas. 2004. 222 f. Dissertação (mestrado) -
Universidade de Brasília, Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade. Brasília, 2004.
REGINATO, Carlos Eduardo Roehe. A inteligência Competitiva como Recurso para a análise de
Informações da indústria Moveleira da Região de Bento Gonçalves – RS. 1998. 149 f. Dissertação
(Mestrado em Administração) – Programa de Pós-Graduação em Administração, Escola de
Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1998.
REISE, S. R.; WIDAMAN, K. E.; PUGH, R. H. Confirmatory factor analysis and item response
theory: two approaches for exploring measurement invariance. Psychological Bulletin, v.114, p. 552-
566, 1993.
RÉVILLION, Anya S. P. Inter-relações entre orientação para o cliente, cultura organizacional e
cultura do varejo brasileiro e seu impacto no desempenho empresarial. 2005. 317 f. Tese
(Doutorado em Administração) – Programa de Pós-Graduação em Administração, Escola de
Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
ROCKART, John F. Information: let’s get it right. Massachusetts Institute of Technology. WS n.
342, mai 2004. Disponível em:<http://mitsloan.mit.edu/cisr/pdf/wp342%20FLEET1.pdf>. Acesso em:
4 out. 2006.
ROSA, Sergio Eduardo Silveira da; CORREA, Abidack Raposo; LEMOS, Mario Luiz Freitas;
BARROSO, Deise Vilela. O Setor de móveis na atualidade: uma análise preliminar. BNDES Setorial,
Rio de Janeiro, n. 25, p. 65-106, mar. 2007
ROSSITER, John. R. The C-OAR-SE Procedure for Scale Development in Marketing. International
Journal of Research in Marketing. v.19, p. 305-335, 2002.
ROTH, Philip L. Missing data: a conceptual review for applied psychologists. Personnel Psychology,
v, 47, n. 3, p. 537-560, 1994.
ROUACH, Daniel; SANTI, Patrice. Competitive intelligence adds value: five intelligence attitudes.
European Management Journal, v.19, n.5, p.552-559, out. 2001.
RUEKERT, Robert W. Developing a market orientation: an organizational strategy perspective,
International Journal of Research in Marketing, v. 9, p.225-245, ago. 1992.
SAAYMAN, Andrea; PIENAAR, Jaco; PELSMACKER, Patrick de; VIVIERS, Wilma; CUYVERS,
Ludo; MULLER, Marie-Luce; JEGERS, Marc. Competitive intelligence: construct exploration,
validation and equivalence. Aslib Proceedings: New Information Perspectives, v.60, n. 4,p. 383-411,
2008.
SALLES, Maryse. Decision making in SMEs and information requirements for competitive
intelligence. Production Planning & Control. v. 17, n. 3, p. 229-237, abr. 2006.
SAMPAIO, Cláudio Hoffmann Relação entre orientação para o mercado e performance
empresarial em empresas de varejo de vestrio do Brasil. 2000. 234 f. Tese (Doutorado em
Administração) – Programa de Pós-Graduação em Administração, Escola de Administração,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000.
SANTOS, Gilmar José dos. Implementação do conceito de marketing em jornais impressos:
possibilidades de conciliação entre os parâmetros de desempenho da administração e os valores
141
tradicionais do jornalismo. 2004. 217 f. Tese (Doutorado em Administração) – Programa de Pós-
Graduação em Administração, Escola de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2004.
SAPIRO, Arão. Inteligência empresarial: a revolução informacional da ação competitiva. Revista de
Administração de Empresas, v. 33, n.3, p. 106-124, maio/jun. 1993.
SAUNER, Eduardo; BALESTRIN, Alsones. Inteligência competitiva: contribuições para empresas de
Tecnologia da Informação. Base (UNISINOS), o Leopoldo - RS - Brasil, v. 2, n. 3, p. 15-24, 2006.
SAWKA, Kenneth. Compemarket restelligence. Competitive Intelligence Magazine. v.8, n.2. p.44-
45, mar-abr 2005.
SCHIFFMAN, Leon G; KANUK, Leslie Lazar. Comportamento do consumidor. 6.ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2000.
SCHULER, Al ; LAWSER, Steve. The U.S. Furniture Industry: Yesterday and Today … Will There
Be a Tomorrow?. Wood Digest, n.6, Jun 2007a.
SCHULER, Al; LAWSER, Steve. Operating Strategies For U.S. Furniture Manufacturers. Wood
Digest, n.7, Jun 2007b.
SCIP, Society of Competitive Intelligence Professionals. Disponível em: < http://www.scip.org/pdf/
languagebi. pdf> Acesso em: 05 jul 2006.
SHAPIRO, B. P. What the hell is “market orientation”? Harvard Business Review, v. 66, p. 119-125,
nov./dez. 1988.
SHOHAM, A., ROSE, G.M., KROPP, F. Market orientation and performance: a meta analysis.
Marketing Intelligence & Planning, v. 23, n. 3-4, p. 435-454, 2005.
SIN, L. Y. M., TSE, A. C. B., YAU, O. H. M., CHOW, R.; LEE, J. S. Y. Market orientation and
business performance: a comparative study of firms in mainland China and Hong Kong. European
Journal of Marketing, v. 37, n.5/6, p.910–36, 2003.
SINDMÓVEIS. Sindicato das Indústrias do Mobiliário.Setor moveleiro em 2008. 2008. Disponível
em: <http://www.sindmoveis.com.br/port/default.asp?page=dados.asp>. Acesso em: 20 abr. 2009.
SINGH, S. Effects of transition economy on the market orientation-business performance link: the
empirical evidence from Indian industrial firms. Journal of Global Marketing, v. 16, n. 4, p.73–96,
2003.
SLATER, Stanley F.; NARVER, John C. Intelligence generation and superior customer value.
Journal of the Academy of Marketing Science, v. 28, n. 1, p. 120-127, 2000.
SLONGO, Luiz Antonio; BOSSARDI, Gabriela. Orientação para o mercado e qualidade de vida no
trabalho: um estudo em empresas metalúrgicas, metal-mecânicas e de material elétrico de Caxias do
Sul. IN: ENCONTRO ANUAL DA ANPAD, 28, 2004, Curitiba - PR. Anais ... Rio de Janeiro:
ANPAD, 2004. 1 CD ROM.
SMITH, Ken. Furniture Insights, p. 2, abr. 2006. Disponível em http://www.urishpopeck.com/pdf/
FurnitureInsightsApril06.pdf. Acesso em: 15 abr. 2009.
142
SMITH, Norton E. Discussion: economic implications of market orientation. Journal of Farm
Economics, v. 47, n. 2, p.428-432, maio 1965
SNOJ, Boris; MILFELNER, Borut; GABRIJAN, Vladimir. An examination of the relationships
among market orientation, innovation resources, reputational resources, and company performance in
the transitional economy of Slovenia. Canadian Journal of Administrative Sciences. v. 24, p. 151-
164, 2007.
SONNECKEN, E.H. Competitive intelligence. Journal of Marketing, v. 24, n. 1, p.129-130, 1960.
SPANOS, Y.; LIOUKAS, S. Na examination into the casual logic of rent generation: contrasting
Porter’s competitive strategy framework and the resource-based perspective. Strategic Management
Journal. v.22, n.10, p.907-934, 2001.
SPECTOR, Paul E. Summated rating scale construction: an introduction. Newbury Park, CA. Sage,
1992.
TARAPANOFF, Kira. Inteligência organizacional e competitiva. Brasília: UnB, 2001.
TARAPANOFF, Kira; ARAÚJO JR., Rogério H.; CORMIER, Patrícia M. J. Sociedade da informação
e inteligência em unidades de informação. Ci. Inf., Brasília, v. 29, n. 3, p. 91-100, set./dez. 2000.
TENA, Joaquin Millan; COMAI, Alessandro. El desarrollo de la inteligencia competitiva en España:
un recorrido bibliográfico”, Revista Puzzle, n.16, p.4-9, 2005.
TJADEN, Gary S. Measuring the information age business. Technology Analysis & Strategic
Management, v. 8, n. 3, p.233-246, 1996.
TREZ, Guilherme. Relação entre orientação para serviços ao cliente e performance das
organizações. 2000. 141 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Programa de Pós-Graduação
em Administração, Escola de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2000.
URDAN, André T. O impacto da orientação para o mercado sobre o desempenho financeiro: as
concessionárias de veículos da Fiat no Brasil, Relatório de Pesquisa, n.15, EAESP/FGV/NPP, São
Paulo, 2000.
URDAN, André T. Orientação para o mercado e desempenho financeiro: o panorama das
concessionárias General Motors no ramo automobilístico Brasileiro, Relatório de Pesquisa, n. 39,
EAESP/FGV/NPP, São Paulo. 2001.
VALENTIM, M. L. P. ; GELINSKI, J. V. V. Gestão do conhecimento como parte do processo de
inteligência competitiva organizacional. Informação & Sociedade. Estudos, João Pessoa, v. 15, n. 2,
p. 1-12, 2005.
VEDDER, Richard G.; GUYNES Stephen C. CIOS’ perspectives on competitive intelligence.
Information Systems Management. p. 49-55, Fall 2002.
VENKATRAMAN, N.; RAMANUJAM, V. Measurement of business performance in strategy
research: a comparison of approaches. Academy of Management Review, v.11, n.4, p. 801-814, out.
1986.
143
VIEIRA, Valter Afonso. The Relationship between market orientation and business performance: a
brazilian meta-analysis. In: III ENCONTRO DO EMA-ANPAD, 2008, Curitiba. Anais...III Encontro
do EMA-AnPAD, 2008.
VIVIERS, W.; SAAYMAN, A.; MULLER, M.-L.; CALOF, J.L. Competitive intelligence practices: a
South African study, South African Journal for Business Management, v. 33, n. 3, p. 27-37, 2002.
WEBSTER, Frederick. Rediscovering the marketing concept. Business Horizons, v. 31, p. 29-39,
mai./jun. 1988.
WRENN, B. The market orientation construct: measurement and scaling issues. Journal of
Marketing Theory and Practice, p. 31-54, Summer 1997.
WRIGHT, Sheila; CALOF, Jonathan L. The quest for competitive, business and marketing
intelligence: a country comparison of current practices. European Journal of Marketing. v.40, n.5/6,
p. 453-465, 2006.
WRIGHT, Sheila; PICKTON, David; CALLOW, Joanne. Competitive intelligence in UK firms: a
typology. Marketing Intelligence & Planning. v. 20, n. 6, p. 349-360, 2002.
ZHU, Zhen; NAKATA, Cheryl. Reexamining the link between customer orientation and business
performance: the role of information systems. Journal of Marketing Theory and Practice, v.15, n.
3, p. 187–203, 2007.
144
ANEXO A – Instrumento de coleta de dados
Gostaríamos que você indicasse com um X o seu grau de discordância ou concordância quanto a cada uma
das afirmações relacionadas abaixo, tendo em mente a situação da sua empresa em relação aos seus
principais concorrentes no seu principal setor de atividade.
Para cada afirmativa, indique se concorda ou discorda, variando de discordo totalmente (1) a concordo
totalmente (5). Para situações intermediárias, escolha um ponto dentro da escala.
Caso vonão esteja em condições de responder algum dos itens abaixo, por favor procure a pessoa que
você acredita ser a mais indicada para responder o item específico.
Ressaltamos que nenhuma das empresas envolvidas na pesquisa será identificada em qualquer momento,
uma vez que o interesse da pesquisa está focado no setor como um todo, e não em empresas isoladamente.
Levando em consideração o nível estratégico-decisório e as metodologias de processamento de informações,
assinale a alternativa que, na sua opinião, mais condiz com a situação atual da sua empresa.
a) Quanto à orientação ao mercado
Discordo
Totalmente
Concordo
Totalmente
1. Nesta empresa, nós nos reunimos com clientes pelo menos uma vez ao ano para
identificar que produtos ou serviços eles necessitarão no futuro.
1 2 3 4 5
2. Nesta empresa, nós próprios fazemos muita pesquisa de mercado.
1 2 3 4 5
3. Nós somos lentos para detectar mudanças nas preferências de nossos clientes por
produtos.
1 2 3 4 5
4. Nós pesquisamos os clientes pelo menos uma vez ao ano para avaliar a qualidade de
nossos serviços
1 2 3 4 5
5. Nós somos lentos para detectar mudanças fundamentais em nosso ramo de atividade (por
exemplo, concorrência, tecnologia, legislação).
1 2 3 4 5
6. Nós revisamos periodicamente os prováveis efeitos sobre os clientes das mudanças em
nosso ambiente empresarial (por exemplo, legislação).
1 2 3 4 5
7. Nós temos reuniões interdepartamentais pelo menos uma vez por trimestre para discutir
as tendências e desenvolvimento do mercado.
1 2 3 4 5
8. O pessoal de marketing em nossa empresa investe tempo discutindo com outros
departamentos sobre as necessidades futuras dos clientes.
1 2 3 4 5
9. Quando algo relevante acontece a um importante cliente, toda a empresa sabe sobre o
ocorrido em um curto intervalo de tempo.
1 2 3 4 5
10. Dados sobre satisfação de clientes são disseminados regularmente em todos os níveis
hierárquicos nesta empresa.
1 2 3 4 5
11. Quando um departamento descobre algo importante sobre os concorrentes, ele é lento
para alertar todos os outros departamentos.
1 2 3 4 5
12. Nós demoramos muito tempo para decidir como responder às mudanças de preços dos
nossos concorrentes.
1 2 3 4 5
13. Por alguma razão qualquer, nós tendemos a ignorar mudanças nas necessidades de
produtos ou serviços.
1 2 3 4 5
14. Nós revisamos periodicamente nossos esforços de desenvolvimento de novos serviços
para assegurar que eles estão de acordo com o que os clientes desejam.
1 2 3 4 5
15. Diversos departamentos encontram-se periodicamente para planejar uma resposta às
mudanças que ocorrem em nosso ambiente de negócio.
1 2 3 4 5
16. Se um importante concorrente lançasse uma campanha intensiva dirigida a nossos
clientes, nós implementaríamos uma resposta imediatamente.
1 2 3 4 5
17. As atividades dos diferentes departamentos nesta empresa são bem coordenadas.
1 2 3 4 5
18. As reclamações dos clientes “não têm ouvidos” nesta empresa.
1 2 3 4 5
19. Mesmo se nós formulássemos um ótimo plano de marketing, nós provavelmente não
seríamos aptos a implementá-lo em tempo adequado.
1 2 3 4 5
20. Quando sabemos que os clientes gostariam que modificássemos um produto ou serviço,
os departamentos envolvidos fazem esforços combinados para efetuar a modificação.
1 2 3 4 5
145
b) Quanto à operacionalização da Inteligência Estratégica
Discordo
Totalmente
Concordo
Totalmente
1. Em nossa empresa, dispomos de ferramentas (softwares) de busca sistemática de
informações na internet.
1 2 3 4 5
2. Em nossa empresa, dispomos de uma estrutura formal (setor, software, pessoa
responsável, etc.) que sistematiza a busca, a análise e a disseminação de informações.
1 2 3 4 5
3. Em nossa empresa, os fluxos de informações estão mapeados na maior parte dos setores
da organização, segundo objetivos pré-determinados.
1 2 3 4 5
4. Em nossa empresa, existe um grupo de especialistas de diferentes áreas que analisam as
informações obtidas em nosso ambiente de negócios.
1 2 3 4 5
5. Em nossa empresa, dispomos de um sistema de registro para as informações obtidas no
nosso ambiente de negócios.
1 2 3 4 5
6. Em nossa empresa, dispomos de um sistema organizado de fontes de informação que
consultamos sistemática e periodicamente.
1 2 3 4 5
7. Em nossa empresa, as informações que obtemos sempre passam pela análise de
pessoas especialistas no assunto tratado antes de serem utilizadas no processo decisório.
1 2 3 4 5
8. Em nossa empresa, divulgamos as informações estratégicas para os colaboradores dos
setores aos quais tais informações dizem respeito.
1 2 3 4 5
9. Em nossa empresa, definimos as fontes a serem consultados a partir dos temas de
interesse estratégico sobre os quais buscamos informações.
1 2 3 4 5
10. Em nossa empresa, as decisões se pautam pelo resultado do processo de busca e
tratamento de informação.
1 2 3 4 5
11. Em nossa empresa, as informações obtidas em nosso ambiente de negócios são
utilizadas para fomentar a inovação.
1 2 3 4 5
12. Em nossa empresa, a coleta e o tratamento da informação permitem que aprendamos
com o nosso ambiente de negócios.
1 2 3 4 5
13. Em nossa empresa, as informações obtidas em nosso ambiente de negócios são
fundamentais para o processo de criação de conhecimento.
1 2 3 4 5
14. Em nossa empresa o processo de análise resulta em uma decisão que leva em conta as
competências dos responsáveis pela sua execução.
1 2 3 4 5
15. Em nossa empresa, os gestores são orientados para agir segundo as informações
geradas por um processo sistemático de coleta e tratamento.
1 2 3 4 5
16. Em nossa empresa, buscamos informações sistematicamente sobre temas de interesse
estratégico.
1 2 3 4 5
17. Em nossa empresa a busca de informações ocorre de forma sistemática sob a
responsabilidade de pelo menos uma pessoa.
1 2 3 4 5
18. Em nossa empresa dispomos de software de vigília e ou inteligência para monitorar
nossos ambientes de interesse.
1 2 3 4 5
19. Em nossa empresa buscamos informação estratégica por meio de uma rede de
relacionamentos que construímos para esse fim.
1 2 3 4 5
20. Em nossa empresa, a busca de informações é um processo de iniciativa individual que
acontece em função de situações pontuais.
1 2 3 4 5
21. Em nossa empresa, a busca de informação é um processo coletivo de observação
constante do ambiente.
1 2 3 4 5
22. Em nossa empresa, a busca de informação é um processo conduzido por um grupo de
especialistas nos temas de interesse estratégico.
1 2 3 4 5
23. Em nossa empresa, os fluxos de informações são espontâneos, ou seja, não seguem
uma orientação pró-definida.
1 2 3 4 5
146
c) Quanto ao desempenho da organização
Considerando o desempenho da empresa em que trabalha, avalie as sentenças, comparando-a com seus principais
concorrentes, na sua principal linha de produtos.
Nos últimos três anos, em comparação com seus principais concorrentes,
como tem sido o desempenho da empresa com relação a:
Muito pior
que os
concorrentes
Muito melhor
que os
concorrentes
1. Obtenção da satisfação dos clientes
1 2 3 4 5
2. Manutenção dos clientes atuais
1 2 3 4 5
3. Atração de novos clientes
1 2 3 4 5
4. Participação de mercado
1 2 3 4 5
5. Taxa de crescimento de vendas
1 2 3 4 5
6. Lucratividade do negócio (lucro operacional em relação às vendas)
1 2 3 4 5
7. Desempenho geral da empresa
1
2
3
4
5
Nesse momento, são solicitados alguns dados de identificação de sua empresa. Ressaltamos, mais uma vez,
que os dados serão tratados dentro do mais absoluto sigilo. Suas informações não serão analisadas
individualmente, interessando apenas a avaliação agregada de todos os respondentes.
Dados da Empresa
Razão social: ___________________________________
Telefone:__________________________
Setor de atuação:________________________________
Ano de fundação da
empresa:_________
Faturamento anual da empresa
( 1 ) acima de R$ 5 milhões
( 2 ) de R$ 3 milhões a R$ 5 milhões
( 3 ) de R$ 1 milhão a R$ 3 milhões
( 4 ) de R$ 500 mil a R$ 1 milhão
( 5 ) de R$ 400 mil a R$ 500 mil
( 6 ) de R$ 300 mil a R$ 400 mil
( 7 ) de R$ 200 mil a R$ 300 mil
( 8 ) de R$ 100 mil a R$ 200 mil
( 9 ) abaixo de R$ 100 mil
Número de funcionários:
( 1 ) 1 a 9
( 2 ) 10 a 49
( 3 ) 50 a 99
( 4 ) mais de 100
Mercado de atuação:
( 1 ) Regional
( 2 ) Nacional
( 3 ) Internacional
Para quais classes sociais se destinam os produtos de sua
empresa?
( 1 ) A
( 2 ) B
( 3 ) C
( 4 ) D
( 5 ) E
A empresa desenvolve o processo formal de Planejamento Estratégico?
( 1 ) Sim
( 2 ) Não
Dados do respondente
Nome:________________________________________
Endereço ou e
-
mail:______________________________
Cargo:________________________________________
Tempo de empresa:______________________________
Formação:
( 1 )Ensino Fundamental
( 2 )Ensino Médio
( 3 )Superior incompleto – Curso:________________________________
( 4 )Superior completo – Curso:_________________________________
( 5 )Pós-Graduação – Curso:___________________________________
147
ANEXO B – Layout do site e modelo do instrumento disponibilizado na internet
148
ANEXO C – Newsletter enviada aos associados da MOVERGS
Prezado(a) Empresário(a)
O CGI Moveleiro está apoiando o desenvolvimento de um estudo que visa analisar como as metodologias
de gestão de informações no processo estratégico das empresas podem estar relacionadas com os
desempenhos organizacionais.
Desta forma, estamos disponibilizando as escalas que permitem que seja feita uma auto-avaliação do
posicionamento de sua empresa, assim como permitirá que, no conjunto de respondentes, sejam obtidos
os resultados do setor.
Ao final do estudo, as empresas participantes receberão os seus resultados, comparativamente às demais
empresas do setor. Para isso, é necessário que sejam preenchidos todos os campos, até o final do
questionário. Lembramos que este processo não deverá durar mais de 10 minutos e em nenhum momento
as empresas serão identificadas.
Para participar, por favor clique aqui.
Contamos com sua participação!
CGI Moveleiro
_________________________________________________________________
Você está recebendo este boletim por estar inscrito no site www.cgimoveis.com.br.
Para editar as suas preferências acesse o endereço a seguir...
http://www.cgimoveis.com.br/boletim/subscribers/02521OZatq/Subscriber_editForm
149
ANEXO D – Coeficientes das relações dos modelos IE-OMDES
Tabela 39 - Coeficientes das relações hipotetizadas IE-OMDES (tabela completa)
Relação
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
C.R. Significância
OM DES
0,210 0,096 0,354 2,193 0,028
IE DES
0,047 0,071 0,099 0,667 0,505
OM a1 1 - 0,532 - -
OM a2 0,825 0,136 0,483 6,062 <0,001
OM a4 0,957 0,141 0,570 6,797 <0,001
OM a6 0,814 0,120 0,566 6,765
<0,001
OM a7 1,200 0,156 0,698 7,675
<0,001
OM a8 1,229 0,158 0,714 7,772
<0,001
OM a10 0,501 0,110 0,336 4,560
<0,001
OM a14 0,613 0,103 0,469 5,935
<0,001
OM a15 0,937 0,129 0,631 7,242
<0,001
OM a16 0,434 0,100 0,316 4,316
<0,001
IE b1 1 - 0,617 -
-
IE b2 0,965 0,068 0,676 14,198
<0,001
IE b3 0,961 0,097 0,757 9,862 <0,001
IE b4 0,915 0,101 0,672 9,015
<0,001
IE b5 0,866 0,093 0,697 9,275
<0,001
IE b6 0,773 0,088 0,646 8,749
<0,001
IE b7 1,020 0,100 0,791 10,172
<0,001
IE b8 0,837 0,091 0,684 9,146
<0,001
IE b9 0,837 0,086 0,744 9,740
<0,001
IE b10 0,675 0,074 0,676 9,062
<0,001
IE b11 0,463 0,068 0,481 6,839
<0,001
IE b14 0,484 0,070 0,483 6,879
<0,001
IE b15 0,704 0,082 0,631 8,589
<0,001
IE b16 0,614 0,074 0,609 8,343
<0,001
IE b18 0,948 0,106 0,666 8,953
<0,001
IE b19 0,727 0,090 0,583 8,050
<0,001
IE b21 0,704 0,086 0,597 8,209
<0,001
IE b22 0,755 0,092 0,593 8,163
<0,001
DES d1 1 - 0,575 -
-
DES d2 1,000 0,141 0,561 7,112
<0,001
DES d3 1,277 0,161 0,656 7,937
<0,001
DES d4 1,433 0,170 0,719 8,421
<0,001
DES d5 1,604 0,186 0,746 8,607
<0,001
DES d6 1,508 0,184 0,688 8,187
<0,001
DES d7
1,458 0,165 0,784 8,859
<0,001
150
Tabela 40 - Coeficientes das relações hipotetizadas OM DES (tabela completa)
Relação
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
C.R. Significância
OM DES 0,265 0,058 0,435 4,570 <0,001
OM
a1
1 - 0,519 - -
OM
a2
0,892 0,148 0,510 6,013 <0,001
OM
a4
1,037 0,153 0,603 6,765 <0,001
OM
a6
0,835 0,130 0,567 6,412 <0,001
OM
a7
1,251 0,172 0,710 7,276 <0,001
OM
a8
1,193 0,165 0,677 7,222 <0,001
OM
a10
0,478 0,117 0,313 4,082 <0,001
OM
a14
0,656 0,114 0,490 5,770 <0,001
OM
a15
0,951 0,140 0,625 6,792 <0,001
OM
a16
0,443 0,106 0,315 4,175 <0,001
DES
d1
1 - 0,576 - -
DES
d2
1,001 0,138 0,563 7,235 <0,001
DES
d3
1,278 0,160 0,657 7,982 <0,001
DES
d4
1,431 0,170 0,719 8,440 <0,001
DES
d5
1,599 0,190 0,744 8,433 <0,001
DES
d6
1,503 0,188 0,686 7,981 <0,001
DES d7 1,458 0,164 0,785 8,872 <0,001
151
Tabela 41 - Coeficientes das relações hipotetizadas IEDES (tabela completa)
Relação
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
C.R. Significância
IE DES 0,191 0,040 0,394 4,773 <0,001
IE
b1
1 - 0,611 - -
IE
b2
0,958 0,069 0,665 13,947 <0,001
IE
b3
0,964 0,100 0,752 9,668 <0,001
IE
b4
0,920 0,104 0,669 8,871 <0,001
IE
b5
0,872 0,096 0,695 9,132 <0,001
IE
b6
0,771 0,090 0,639 8,565 <0,001
IE
b7
1,032 0,103 0,792 10,031 <0,001
IE
b8
0,855 0,094 0,693 9,110 <0,001
IE
b9
0,853 0,088 0,751 9,664 <0,001
IE
b10
0,693 0,077 0,687 9,057 <0,001
IE
b11
0,473 0,069 0,487 6,857 <0,001
IE
b14
0,508 0,073 0,499 7,001 <0,001
IE
b15
0,710 0,084 0,631 8,481 <0,001
IE
b16
0,615 0,075 0,604 8,193 <0,001
IE
b18
0,950 0,108 0,661 8,794 <0,001
IE
b19
0,738 0,092 0,585 7,994 <0,001
IE
b21
0,718 0,088 0,602 8,168 <0,001
IE
b22
0,756 0,094 0,588 8,014 <0,001
DES
d1
1 - 0,577 - -
DES d2
0,995 0,140 0,560 7,112 <0,001
DES d3
1,273 0,160 0,655 7,945 <0,001
DES d4
1,428 0,169 0,718 8,430 <0,001
DES d5
1,598 0,185 0,745 8,617 <0,001
DES d6
1,508 0,184 0,689 8,214 <0,001
DES d7 1,455 0,164 0,785 8,878 <0,001
152
ANEXO E – Estatísticas OM-IEDES Mercado e Financeiro
Estatísticas das análises de relacionamento entre inteligência estratégica e orientação
para o mercado com desempenho de mercado e financeiro.
Tabela 42 - Índices de ajuste para o modelo estrutural IE DES MERC
χ
2
gl
χ
2
/gl
GFI
AGFI
CFI
TLI
RMSEA
Valor de referência
-
-
<5
>0,9
>0,9
>0,9
>0,9
0,05
-
0,08
IE
DES MERC
495,2
226
2,19
0,85
0,81
0,90
0,89
0,07
IE
DES FINAN
395,0
166
2,38
0,85
0,82
0,90
0,89
0,07
OM
DES MERC
135,5
89
1,52
0,93
0,91
0,95
0,94
0,05
OM
DES FINAN
78,7
53
1,48
0,95
0,93
0,96
0,95
0,0
4
Tabela 43 - Coeficientes das relações hipotetizadas IE DES MERC
Relação
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
C.R. Significância
IE DES MERC 0,197 0,042 0,392 4,654 <0,001
IE b1 1 - 0,611 - -
IE b2 0,958 0,069 0,665 13,954 <0,001
IE b3 0,965 0,100 0,753 9,683 <0,001
IE b4 0,919 0,104 0,669 8,873 <0,001
IE b5 0,871 0,095 0,694 9,128 <0,001
IE b6 0,771 0,090 0,638 8,563 <0,001
IE b7 1,032 0,103 0,792 10,034 <0,001
IE b8 0,854 0,094 0,692 9,104 <0,001
IE b9 0,852 0,088 0,750 9,662 <0,001
IE b10 0,692 0,076 0,686 9,050 <0,001
IE b11 0,473 0,069 0,487 6,858 <0,001
IE b14 0,508 0,073 0,499 7,003 <0,001
IE b15 0,709 0,084 0,630 8,479 <0,001
IE b16 0,616 0,075 0,605 8,212 <0,001
IE b18 0,951 0,108 0,662 8,805 <0,001
IE b19 0,738 0,092 0,586 8,002 <0,001
IE b21 0,717 0,088 0,601 8,166 <0,001
IE b22 0,755 0,094 0,587 8,012 <0,001
DES d1 1 - 0,596 - -
DES d2 0,992 0,140 0,578 7,087 <0,001
DES d3 1,344 0,165 0,716 8,167 <0,001
DES d4 1,423 0,171 0,740 8,318 <0,001
DES d5 1,428 0,179 0,688 7,981 <0,001
153
Tabela 44 - Coeficientes das relações hipotetizadas IE DES FINANC
Relação
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
C.R. Significância
IE DES FINAN
0,292 0,072 0,360 4,072
<0,001
IE b1
1 - 0,610 -
-
IE b2
0,957 0,069 0,664 13,928
<0,001
IE b3
0,963 0,100 0,750 9,647
<0,001
IE b4
0,922 0,104 0,670 8,875
<0,001
IE b5
0,875 0,096 0,696 9,139
<0,001
IE b6
0,773 0,090 0,639 8,566
<0,001
IE b7
1,033 0,103 0,792 10,022
<0,001
IE b8
0,857 0,094 0,693 9,108
<0,001
IE b9
0,853 0,088 0,750 9,647
<0,001
IE b10
0,695 0,077 0,688 9,059
<0,001
IE b11
0,473 0,069 0,486 6,840
<0,001
IE b14
0,509 0,073 0,499 7,000
<0,001
IE b15
0,711 0,084 0,631 8,481
<0,001
IE b16
0,614 0,075 0,602 8,175
<0,001
IE b18
0,949 0,108 0,659 8,770
<0,001
IE b19
0,738 0,092 0,586 7,992
<0,001
IE b21
0,719 0,088 0,602 8,168
<0,001
IE b22
0,759 0,094 0,589 8,030
<0,001
DES d6
1 - 0,764 -
-
DES d7
0,874 0,184 0,787 4,746
<0,001
Tabela 45 - Coeficientes das relações hipotetizadas OM DES MERC
Relação
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
C.R. Significância
OM DES MERCADO
0,277 0,061 0,441 4,526 <0,001
OM a1 1 - 0,518 - -
OM a2 0,897 0,149 0,511 6,008 <0,001
OM a4 1,046 0,155 0,606 6,767 <0,001
OM a6 0,833 0,131 0,564 6,378
<0,001
OM a7 1,259 0,173 0,712 7,263
<0,001
OM a8 1,190 0,166 0,673 7,186
<0,001
OM a9 0,478 0,118 0,312 4,065
<0,001
OM a14 0,659 0,114 0,491 5,761
<0,001
OM a15 0,956 0,141 0,627 6,782
<0,001
-
OM a16 0,443 0,107 0,314 4,160
<0,001
DES d1 1 - 0,593 -
-
DES d2 1,002 0,138 0,580 7,250
<0,001
DES d3 1,354 0,167 0,717 8,088
<0,001
DES d4 1,430 0,173 0,740 8,259
<0,001
DES d5 1,433 0,184 0,687 7,775
<0,001
154
Tabela 46 - Coeficientes das relações hipotetizadas OM DES FINANC
Relação
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
C.R. Significância
OM DES FINANC
0,354 0,098 3,616 0,380 <0,001
OM a1 1 - - 0,523 -
OM a2 0,885 0,147 6,021 0,509 <0,001
OM a4 1,028 0,152 6,779 0,601 <0,001
OM a6 0,829 0,129 6,424 0,567
<0,001
OM a7 1,246 0,171 7,308 0,712
<0,001
OM a8 1,188 0,164 7,261 0,679
<0,001
OM a9 0,475 0,116 4,079 0,313
<0,001
OM a14 0,650 0,113 5,773 0,489
<0,001
OM a15 0,940 0,138 6,796 0,622
<0,001
OM a16 0,438 0,105 4,159 0,313
<0,001
DES d6 1 - - 0,706
-
DES d7 1,023 0,221 4,622 0,852
<0,001
155
ANEXO F – Coeficientes das relações entre as dimensões de IE e OM
Tabela 47 - Coeficientes das relações hipotetizadas no modelo dimensões IE e OM reduzido (tabela
completa)
Relação
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
C.R. Significância
Busca Geração e Diss IM
0,290 0,080 0,279 3,620 <0,001
Estrutura Ger e Diss IM 0,490 0,086 0,733 5,677 <0,001
Orientação Ger e Diss IM 0,176 0,060 0,256 2,919 0,004
Ger e Diss IM Dec e Resp 0,570 0,120 0,806 4,734 <0,001
Estrutura b1 1 - 0,607 - -
Estrutura b2 0,663 0,077 0,653 8,571 <0,001
Estrutura b3 0,897 0,064 0,640 14,011 <0,001
Estrutura b4 1,008 0,103 0,782 9,744 <0,001
Estrutura b5 0,938 0,106 0,678 8,811 <0,001
Estrutura b6 0,913 0,099 0,723 9,234 <0,001
Estrutura b7 0,806 0,093 0,663 8,667 <0,001
Estrutura b8 1,064 0,107 0,811 9,986 <0,001
Estrutura b9 0,848 0,096 0,683 8,858 <0,001
Estrutura b10 0,840 0,090 0,735 9,340 <0,001
Busca b16 1 - 0,628 - -
Busca b18 1,674 0,225 0,755 7,448 <0,001
Busca b19 1,314 0,175 0,667 7,517 <0,001
Orientação b21 1 - 0,810 - -
Orientação b22 0,902 0,257 0,677 3,510 <0,001
Ger e Diss IM a1 1 - 0,454 - -
Ger e Diss IM a2 0,790 0,171 0,390 4,612 <0,001
Ger e Diss IM a4 0,921 0,177 0,470 5,195 <0,001
Ger e Diss IM a6 0,797 0,152 0,475 5,232 <0,001
Ger e Diss IM a7 1,190 0,199 0,611 5,974 <0,001
Ger e Diss IM a8 1,244 0,203 0,644 6,113 <0,001
Dec e resp IM a14 1 - 0,454 - -
Dec e resp IM a15 1,512 0,264 0,620 5,719 <0,001
Dec e resp IM b11 0,933 0,189 0,466 4,95 <0,001
Dec e resp IM b14 1,070 0,205 0,513 5,226 <0,001
Dec e resp IM b15 1,458 0,251 0,646 5,814 <0,001
156
Tabela 48 - Coeficientes das relações hipotetizadas no modelo dimensões IE e OM reduzido 2 (tabela
completa)
Relação
Parâmetro
estimado
Erro Padrão
Valor
Padronizado
C.R. Significância
Estrutura Ger e Diss IM 0,698 0,102 0,857 6,847
<0,001
Ger e Diss IM Dec e Resp 0,506 0,087 0,828 5,829
<0,001
Estrutura b1 1 - 0,611 -
-
Estrutura b2 0,983 0,069 0,676 14,243
<0,001
Estrutura b3 1,001 0,102 0,782 9,862
<0,001
Estrutura b4 0,936 0,105 0,681 8,930
<0,001
Estrutura b5 0,904 0,097 0,721 9,311
<0,001
Estrutura b6 0,800 0,091 0,663 8,751
<0,001
Estrutura b7 1,052 0,104 0,808 10,089
<0,001
Estrutura b8 0,841 0,094 0,682 8,937
<0,001
Estrutura b9 0,836 0,088 0,737 9,460
<0,001
Estrutura b10 0,659 0,076 0,654 8,663
<0,001
Ger e Diss IM a1 1 - 0,531 -
Ger e Diss IM a2 0,820 0,136 0,480 6,018
<0,001
Ger e Diss IM a4 0,933 0,140 0,555 6,661
<0,001
Ger e Diss IM a6 0,791 0,120 0,550 6,615
<0,001
Ger e Diss IM a7 1,198 0,157 0,696 7,640
<0,001
Ger e Diss IM a8 1,235 0,159 0,717 7,763
<0,001
Dec e resp IM a14 1,091 0,186 0,509 5,864
<0,001
Dec e resp IM a15 1,646 0,239 0,676 6,898
<0,001
Dec e resp IM b11 1 - 0,512 -
Dec e resp IM b14 1,142 0,184 0,558 6,210
<0,001
Dec e resp IM b15 1,568 0,225 0,693 6,980
<0,001
157
ANEXO G – Retorno aos respondentes
Prezado Sr. [Nome do respondente],
Durante o segundo semestre de 2008
solicitamos a sua colaboração para participar de
um estudo desenvolvido por professores da Universidade de Caxias do Sul em parceria com o CGI
Moveleiro, cujo objetivo foi o de analisar a gestão de informações no processo estratégico das
empresas.
Finaliz
amos a coleta dos dados e gostaríamos de, novamente, agradecer a sua
participação. Desta forma estamos lhe enviando um resumo dos resultados obtidos no conjunto
de respondentes, assim como o comparativo com os dados da sua empresa. Ressaltamos que as
análi
ses se fundamentam nas respostas fornecidas pelos respondentes, que traduzem sua
opinião sobre a própria empresa em relação ao tema da pesquisa.
Estamos à disposição para maiores informações sobre o estudo e sobre os dados obtidos.
Atenciosamente
Professora Dra. Ana Cristina Fachinelli
Professora Ms. Cíntia Paese Giacomello
Professora Dra. Jane Rech
Professor Ms. Olivar Mattia
Grupo INFOCOM-UCS
Universidade de Caxias do Sul
R
R
e
e
s
s
u
u
l
l
t
t
a
a
d
d
o
o
s
s
d
d
a
a
p
p
e
e
s
s
q
q
u
u
i
i
s
s
a
a
s
s
o
o
b
b
r
r
e
e
G
G
e
e
s
s
t
t
ã
ã
o
o
d
d
e
e
I
I
n
n
f
f
o
o
r
r
m
m
a
a
ç
ç
õ
õ
e
e
s
s
:
:
I
I
n
n
t
t
e
e
l
l
i
i
g
g
ê
ê
n
n
c
c
i
i
a
a
E
E
s
s
t
t
r
r
a
a
t
t
é
é
g
g
i
i
c
c
a
a
i
i
,
,
F
F
e
e
n
n
ô
ô
m
m
e
e
n
n
o
o
d
d
a
a
C
C
o
o
m
m
u
u
n
n
i
i
c
c
a
a
ç
ç
ã
ã
o
o
e
e
O
O
r
r
i
i
e
e
n
n
t
t
a
a
ç
ç
ã
ã
o
o
p
p
a
a
r
r
a
a
o
o
M
M
e
e
r
r
c
c
a
a
d
d
o
o
i
i
i
i
A pesquisa foi aplicada entre agosto e outubro, com empresas moveleiras, principalmente do Rio
Grande do Sul, sendo analisadas as respostas de 250 questionários válidos.
O perfil das empresas partici
pantes da pesquisa está descrito a seguir e esem consonância
com o perfil da Indústria Moveleira do Estado do Rio Grande do Sul apresentado pela MOVERGS no ano
de 2007.
Quanto ao porte: 10% possuem mais de 100 funcionários, 8% entre 50 e 99 funcionários, 32
%
entre 10 e 49 funcionários e 50% abaixo de 10 funcionários.
Quanto ao faturamento: 13% possuem faturamento anual superior a 5 milhões de reais, 10
%
entre 1 e 5 milhões de reais, 55% abaixo de 1 milhão. (22% não indicaram o faturamento)
Quanto ao mercado de atuação, 63% atende um mercado regional, 43% nacional e 18
%
internacional. (OBS: a mesma empresa pode atender mais de um mercado)
Quantos às classes sociais aos quais se destinam os produtos, 64
% afirmaram atender classe A,
78% classe B, 48% classe C, 25% classe D e 17
% classe E. (OBS: a mesma empresa pode atender mais
de uma classe)
158
A seguir estão descritos os principais resultados encontrados e o posicionamento da sua empresa
comparativamente às demais empresas participantes. Cabe ressaltar que os dados foram obtidos
utilizando-se escalas de concordância, ou seja, quanto maior o valor obtido mais forte este aspecto é
percebido na empresa (segundo a opinião do respondente).
Todas as
empresas
participantes
BERTOLINI
S/A
Geração 3,42 3,33
Disseminação 3,38 4,40
Resposta 3,59 4,33
Estrutura para IE 3,11 4,00
Decisão e uso 3,57 4,40
Busca e coleta 3,21 4,50
Orientação 2,94 4,50
Contexto 3,26 4,13
Constituição e diversidade 3,35 4,29
Influência do ambiente externo 3,36 4,50
Imagem 3,74 5,00
Desempenho organizacional 3,78 3,86
…avaliação do próprio desempenho acima da média declarada pelas outras empresas
…orientação mais estratégica para a IE
De acordo com as respostas fornecidas por sua empresa, quando comparada ao
conjunto das demais respostas, sua empresa apresenta,…..
Orientação para o
Mercado
Inteligência EstratégicaFenômeno da Comunicação
… maior capacidade de orientar as ações de comunicação pelas informações do
ambiente externo
… maior capacidade de vincular as ações de comunicação ao seu contexto
… maior capacidade de contemplar a diversidade na constituição das ações de
comunicação
… maior influência da própria imagem nas ações de comunicação
...menor capacidade de geração de inteligência de mercado
...maior capacidade de disseminação desta inteligência
...maior capacidade de resposta às oportunidades observadas
…maior estruturação para desenvolver atividades de IE
…maior interesse da gestão que sejam desenvolvidas atividades de IE
…maior capacidade de busca e coleta das informações
[Nome da
empresa
]
____________________________
1
A
inteligência estratégica
é um processo sistemático de busca de informações, de forma a criar novas
oportunidades e prever mudanças nas buscas pela vantagem competitiva sustentável. A operacionalização da
inteligência estratégica pode ser pensada a partir dos processos de Estruturação, Decisão e Uso, Busca e Coleta e
Orientação (individual ou estratégica).
Referência: WRIGHT, Sheila e CALOF , Jonathan L. The quest for competitive,
business and marketing intelligence: a country comparison of current practices. European Journal of Marketing.
v.40, n.5/6, p. 453-465, 2006.
1
Uma empresa orientada para o mercado é aquela onde há um ou mais departamentos envolvidos em atividades
que geram entendimento das necessidades presentes e futuras dos clientes e dos fatores que os afetam, onde há
compartilhamento deste entendimento entre os departamentos e onde todos estão engajados em atividades que
buscam atender às necessidades dos clientes. A orientação para o mercado é entendida pelos processos de geração
de inteligência de mercado, disseminação desta inteligência e resposta às demandas colocadas. Referência: KOHLI,
Ajay K.; JAWORSKI, Bernard J. Market orientation: the construct, research propositions, and managerial
applications. Journal of Marketing, v. 54, p. 1-18, abr. 1990.
159
CURRICULUM VITAE
Cíntia Paese Giacomello
cintiap@italnet.com.br
Formação acadêmica
2005 - 2009 Doutorado em conclusão em Administração.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil.
Título: Relação entre inteligência estratégica e orientação para o mercado e seus impactos no
desempenho das organizações
Orientador: Luiz Antonio Slongo.
1998 - 2000 Mestrado em Engenharia de Produção.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil.
Título: Estudo de uma metodologia para estabilização de processos
Orientador: José Luis Duarte Ribeiro.
1994 - 1997 Graduação em Bacharelado em Estatística
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil.
Atuação profissional
2000-Atual Universidade de Caxias do Sul, UCS, Brasil.
Docente de cursos de Graduação e Pós-Graduação, ministrando disciplinas de Estatística.
2002-2006 Centro de Ensino Superior Cenecista de Farroupilha, CESF, Brasil.
Docente de cursos de Graduação, ministrando disciplinas de Estatística.
Produção bibliográfica
Artigos completos publicados em periódicos
1. FLORES, E. L.; FACHINELLI, A. C. ; PAESE-GIACOMELLO, C. . O alinhamento do pensamento
estratégico: o balanced scorecard como condutor do processo na Caixa Econômica Federal. Global Manager
(FSG), v. 8, p. 65-86, 2008.
2. PAESE-GIACOMELLO, C. ; CATEN, C. T. ; RIBEIRO, J. L. D. . Aplicação da análise de variância na
implantação do CEP. Produção (São Paulo), Porto Alegre, v. 11, n. 1, p. 17-26, 2001.
3. PAESE-GIACOMELLO, C. ; CUNHA, G. ; RIBEIRO, J. L. D. ; ECHEVESTE, M. . A utilização do
comércio eletrônico em empresas do RS. P&S Produção e Sociedade, João Pessoa, v. 3, n. 5, p. 76-90, 2000.
Capítulos de livros publicados
1. PAESE-GIACOMELLO, C. ; MILAN, G. S. ; SLONGO, L. A. . Impactos da Inteligência Estratégica na
Orientação para o Mercado e no Desempenho das Organizações. In: Gabriel Sperandio Milan. (Org.).
Administração Mercadológica: Teoria e Pesquisas. 1 ed. Caxias do Sul: EDUCS - Editora da Universidade de
Caxias do Sul, 2008, v. 3, p. 93-118.
2. PAESE-GIACOMELLO, C. ; BERGUE, L. X. ; MOUTINHO, M. ; BANOLAS, R. . O desempenho da
central de atendimento ao cliente da PROCERGS. In: Aurélio Leão Andrade et al.. (Org.). Pensamento
sistêmico: caderno de campo. Porto Alegre: Bookman, 2006, v. , p. 109-118.
Trabalhos completos publicados em anais de congressos
160
1. FLORES, E.L.; FACHINELLI, A. C. ; PAESE-GIACOMELLO, C. . O Balanced Scorecard como Condutor
do Processo de Alinhamento do Pensamento Estratégico no Banco Alfa. In: XXXIII Encontro de Pós-Graduação
em Administração (ENANPAD), 2009, São Paulo. Anais do XXXIII EnANPAD, 2009.
2. FACHINELLI, A. C. ; RECH, J. ; PAESE-GIACOMELLO, C. ; BERTOLINI, A. L. . A Percepção do
Fenômeno da Informação Organizacional: uma Medida Possível a partir do Hipertexto e da Autopoiese. In:
XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2009, Curitiba. Anais do XXXII Congresso
Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2009.
3. PAESE-GIACOMELLO, C. . Impactos da Inteligência Estratégica na Orientação para o Mercado e
Desempenho das Organizações. In: III Encontro de Marketing da ANPAD, 2008, Curitiba. III Encontro de
Marketing da ANPAD. Rio de Janeiro : ANPAD, 2008.
4. FACHINELLI, A. C. ; PAESE-GIACOMELLO, C. ; RECH, J. ; MATTIA, O. M. . A utilização de escalas
para pesquisa de fenômenos contemporâneos da comunicação organizacional. In: XXX Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação, 2007, Santos - SP. Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2007.
5. TONI, D. ; PAESE-GIACOMELLO, C. ; LARENTIS, F. ; MATTIA, A. ; SCHULER, M. . Análise da
Satisfação com Instituição de Educação Superior e Imagem: Comparando instrumentos. In: Encontro Nacional
da Associação de s Graduação em Administração, 2006, Salvador. Encontro Nacional da Associação de Pós
Graduação em Administração, 2006. v. XXX.
6. TONI, D. ; PAESE-GIACOMELLO, C. ; MATTIA, A. ; LARENTIS, F. . A relação entre imagem e
satisfação: um estudo aplicado ao contexto do ensino superior. In: XXVI Encontro Nacional de Engenharia de
Produção, 2006, Fortaleza. XXVI Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2006.
7. PAESE-GIACOMELLO, C. . Uma proposta para classificar consumidores de móveis residenciais em função
da satisfação. In: Consejo Latinoamericano de Escuelas de Administración, 2005, Santiago. Consejo
Latinoamericano de Escuelas de Administración, 2005.
8. NICOLA, R. ; PAESE-GIACOMELLO, C. ; GRISA, A. M. C. . Determinação da vitamina C em sucos
naturais de laranja sob diferentes condições de preparo e armazenagem. In: Encontro de debates sobre o ensino
de química, 2005, Ijuí - RS. Encontro de debates sobre o ensino de química, 2005.
9. PEGORARO, S. ; PAESE-GIACOMELLO, C. ; DORNELES, L. T. . Efeito do ácido giberélico na
descompactação do cacho na cultivar moscato branco. In: XII congresso latino americano de fisiologia vegetal,
2005, Recife - PE. XII congresso latino americano de fisiologia vegetal, 2005.
10. PAESE-GIACOMELLO, C. ; CATEN, C. T. ; RIBEIRO, J. L. D. . Aplicação da análise de variância na
implementação do CEP. In: XIX Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 1999, Rio de Janeiro. XIX
Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 1999. v. CD-ROM.
Resumos publicados em anais de congressos
1. NICOLA, R. ; PAESE-GIACOMELLO, C. ; GRISA, A. M. C. ; DOTTO, O. J. ; ANDRADE, M. Z. . Análise
dos componentes principais de líquido percolado de uma célula de aterro sanitário. In: XII Encontro de Jovens
Pesquisadores da UCS, 2004, Caxias do Sul. XII Encontro de Jovens Pesquisadores da UCS. Caxias do Sul :
EDUCS, 2004. p. 114-114.
2. NICOLA, R. ; ANDRADE, M. Z. ; PAESE-GIACOMELLO, C. ; GRISA, A. M. C. . Recuperação de resíduos
de poliuretano (PU): Caracterização e Análise Estatística. In: Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica
em Engenharia - CRICTE, 2004, Curitiba. XIX Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica em Engenharia
- CRICTE. Curitiba : EDUFPR, 2004. v. Único. p. 333.
3. NICOLA, R. ; PAESE-GIACOMELLO, C. ; GRISA, A. M. C. ; ANDRADE, M. Z. . Análise dos
Componentes Principais (PCA): Uma técnica multidisciplinar. In: XXIV Encontro de Debates sobre o Ensino de
Química, 2004, Caxias do Sul. XXIV Encontro de Debates sobre o Ensino de Química. Caxias do Sul : EDUCS,
2004. v. Único. p. 127.
4. NICOLA, R. ; GRISA, A. M. C. ; ANDRADE, M. Z. ; PAESE-GIACOMELLO, C. . Analise quimiométrica
de Células em Aterro sanitário I : Componente principal (PCA). In: XI Encontro de Jovens Pesquisadores, 2003,
Caxias do Sul. XI Encontro de Jovens Pesquisadores. Caxias do Sul : Universidade de Caxias do Sul, 2003. p.
75-75.
5. PAESE-GIACOMELLO, C. ; RIBOLDI, J. ; FERNANDEZ, D. W. X. . A análise de medidas simultâneas
através de procedimentos mais eficientes. In: IX Salão de Iniciação Científica, 1997, Porto Alegre. Livro de
Resumos, 1997. p. 47.
161
6. FERNANDEZ, D. X. ; PAESE-GIACOMELLO, C. ; RIBOLDI, J. ; FERNANDEZ, D. W. X. . Uma
aplicação de análise de dados longitudinais. In: IX Salão de Iniciação Científica, 1997, Porto Alegre. Livro de
Resumos, 1997. p. 47.
7. RIBOLDI, J. ; CASTRO, S. M. J. ; FERNANDEZ, D. W. X. ; PAESE-GIACOMELLO, C. . Modelos auto-
regressivos na análise de dados longitudinais. In: 7ª Escola de Séries Temporais, 1997, Canela - RS. Anais da
Escola de Séries Temporais e Econometria, 1997. p. 96.
8. CASTRO, S. M. J. ; RIBOLDI, J. ; FERNANDEZ, D. W. X. ; PAESE-GIACOMELLO, C. ; MACHADO, L.
M. P. . Análise de observações simultâneas e medidas repetidas em diferentes estruturas de covariância. In: VIII
Salão de Iniciação Científica, 1996, Porto Alegre. Livro de Resumos, 1996. p. 45.
9. PAESE-GIACOMELLO, C. ; FACHEL, J. M. G. . Análise de dados qualitativos (sobre comportamento
sexual) atras de novos coeficientes de associação usando o programa TAB. In: VII Salão de Iniciação
Científica, 1995, Porto Alegre. Livro de Resumos, 1995. p. 31.
Apresentações de Trabalho
1. RECH, R. R. ; PAESE-GIACOMELLO, C. ; DEMARI, J. R. ; SARTOR, R. J. . Circunferência da cintura
como medida para rastreamento da obesidade. 2007. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).
Outras informações
Estatística da empresa Romagna Marketing e Pesquisas, entre 1998 e 2005, desenvolvendo trabalhos de pesquisa
de mercado e levantamentos estatísticos.
Trabalhou com consultoria estatística para melhoria de qualidade em empresas do setor Moveleiro.
Presta assessoria a estudantes de mestrado e doutorado na análise de dados provenientes de pesquisas.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo