Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS AMBIENTAIS
LARISSA BEGOSSO
DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS DE PROJETO E
CRITÉRIOS PARA DIMENSIONAMENTO E CONFIGURAÇÃO
DE WETLANDS CONSTRUÍDAS PARA TRATAMENTO DE
ÁGUA CINZA
CAMPO GRANDE
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS AMBIENTAIS
LARISSA BEGOSSO
DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS DE PROJETO E
CRITÉRIOS PARA DIMENSIONAMENTO E CONFIGURAÇÃO
DE WETLANDS CONSTRUÍDAS PARA TRATAMENTO DE
ÁGUA CINZA
Dissertação apresentada para obtenção do grau de
Mestre no Programa de Pós-Graduação em Tecnologias
Ambientais da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, na área de concentração em Saneamento Ambiental
e Recursos Hídricos.
ORIENTADOR: Profª. Drª. Paula Loureiro Paulo
Aprovada em:
Banca Examinadora:
Profª. Drª. Paula Loureiro Paulo
Orientadora – UFMS
Prof. Dr. Carlos Nobuyoshi Ide Prof. Dr. Luiz Fernando de Abreu Cybis
Instituição - UFMS Instituição - UFRGS
Campo Grande, MS
2009
ads:
ii
DEDICATÓRIA
As minhas
orientadoras, professores, velhos e novos amigos e
Toda minha família.
iii
AGRADECIMENTOS
A Professora Doutora Paula Loureiro Paulo, pela orientação fornecida durante a
elaboração deste trabalho.
A Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Ensino de Mato Grosso do Sul - FUNDECT,
pela bolsa de estudo concedida.
A International Foundation for Science (IFS, concessão n
o
. W/4130-1), pelo
financiamento da pesquisa.
A todos os colegas, estagiários, professores e funcionários do Departamento de
Hidráulica e Transportes da UFMS e Laboratório de Qualidade Ambiental - LAQUA, pela
colaboração.
iv
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA..................................................................................................................ii
AGRADECIMENTOS.......................................................................................................iii
SUMÁRIO.......................................................................................................................... iv
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................... v
LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... vi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS.......................................................................vii
RESUMO .........................................................................................................................viii
ABSTRACT .......................................................................................................................ix
1. Introdução Geral ...................................................................................................... 2
1.1. Situação atual do Saneamento........................................................................... 2
1.2. Saneamento Ecológico – EcoSan ...................................................................... 2
1.3. Água Cinza.......................................................................................................... 2
1.4. Tratamento de Águas Residuárias..................................................................... 4
1.5. Tratamento de Água Cinza................................................................................. 4
1.6. Wetlands construídas (CW)................................................................................ 6
1.6.1.Wetlands construídas no Brasil .................................................................. 7
1.6.2.Funcionamento ........................................................................................... 8
1.6.3.Fluxos ......................................................................................................... 8
1.6.4.Vegetação ................................................................................................... 9
1.6.5.Substrato ................................................................................................... 10
1.6.6.Dimensionamento..................................................................................... 10
1.7. Legislação pertinente........................................................................................ 13
1.8. Uso de wetlands construídas para o tratamento de água cinza...................... 14
2. Configuração e Dimensionamento de Sistema Híbrido de Wetlands Construídas
para o Tratamento de Água Cinza ............................................................................. 16
Resumo ..................................................................................................................... 16
Palavras-chave......................................................................................................... 16
Abstract..................................................................................................................... 16
Key-words................................................................................................................. 16
2.1. Introdução......................................................................................................... 17
2.2. Material e Métodos........................................................................................... 19
2.2.1.Sistema Experimental............................................................................... 19
2.2.2.Critérios de dimensionamento.................................................................. 22
2.2.3.Operação e monitoramento do sistema..................................................... 22
2.2.4.Aspectos operacionais - Vazão................................................................. 23
2.2.5.Métodos analíticos.................................................................................... 23
2.2.6.Planejamento experimental....................................................................... 23
2.2.7.Tratamento dos resultados........................................................................ 23
2.3. Resultados e Discussões ................................................................................... 24
2.3.1. Características da água cinza: influência na razão DQO/DBO e sólidos 24
2.3.2.Influência do tempo de detenção de hidráulica ........................................ 26
2.3.3.Análise estatística ..................................................................................... 29
2.3.4.Performance global do sistema................................................................. 31
2.4. Conclusões........................................................................................................ 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 34
ANEXOS........................................................................................................................... 39
v
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Sistema de wetlands contruídos (CW).................................................................
20
FIGURA 2 - Wetland construído de fluxo subsuperficial horizontal (CW-FH).......................
20
FIGURA 3 - Wetland construído de fluxo vertical (CW-FV)..................................................
21
FIGURA 4 - Vazão média e composição percentual da água cinza.........................................
25
FIGURA 5 - Distribuição dos sólidos totais (%) para os 03 pontos de coleta.........................
26
FIGURA 6 - Variação da vazão e da ER-DQO para CW-FH, CW-FV e CW, conforme t
CW
.
27
FIGURA 7 - Correlação entre ER-DQO (%) e TDH................................................................
29
vi
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Principais fontes dos componentes da água cinza..............................................
03
TABELA 2 - Caracterizações de água cinza............................................................................
03
TABELA 3 - Vantagens e desvantagens dos wetlands construídos (CW)...............................
06
TABELA 4 - Eficiência de remoção por unidades e global do sistema híbrido.......................
31
vii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
APHA American Public Health Association
Ce DBO do efluente, mg
-1
Co DBO do afluente, mg
-1
Cu Coeficiente de Uniformidade
D
10
Diâmetro efetivo
D
60
Diâmetro a 60%
E.coli Escherichia Coli
EVT Evapotranspiração
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia Estatística
IEA Instituto de Ecologia Aplicada
K
20
Constante de decaimento a 20°C
K
15
Constante de decaimento a 15°C
Ks Condutividade hidráulica saturada
K
T
Constante de reação da cinética de primeira ordem
n Porosidade
OMS Organização Mundial da Saúde
p Profundidade do substrato, m
pH Potencial Hidrogeniônico
pe pessoa
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PVC Policloreto de Vinila
Q Vazão média no sistema, m
3
d
-1
SAD Demanda de aeração na superfície, adotado < 30 g O
2
m
-2
d
-1
t
CW
Tempo de Funcionamento do Sistema Híbrido
TDH Tempo de Detenção Hidráulica, dias
UFMS Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
UNICEF United Nations Children’s Fund
UNT Unidade Nefelométrica de Turbidez
USEPA U.S. Environmental Protenction Agency
WHO World Health Organization
viii
RESUMO
Begosso, L. (2009). Determinação de parâmetros de projeto e critérios para dimensionamento e configuração
de wetlands construídos para o tratamento de água cinza. Campo Grande, 2009. Dissertação (Mestrado)
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Brasil.
A determinação de critérios próprios para dimensionamento e configuração de wetlands
construídos (CW) tratando água cinza em unidades domiciliares é necessária, considerando os
ajustes requeridos para se alcançar à eficiência desejada sem que isto implique em uma difícil
operação e intensiva manutenção. O objetivo deste trabalho foi projetar um sistema de
tratamento compacto usando CW para tratar a água cinza de uma residência e determinar se
os critérios escolhidos para dimensionamento e configuração adotada foram apropriados.
Alguns dos critérios levados em consideração foram: remoção desejada da demanda
bioquímica de oxigênio (DBO
5,20
), sólidos suspensos totais (SST), substrato, controle de maus
odores e aspecto ornamental. O sistema foi composto por: caixa de gordura (CG), tanque de
sedimentação (TS), wetland construído de fluxo horizontal subsuperficial (CW-FH), sistema
intermitente de abastecimento (TI) e wetland construído de fluxo vertical (CW-FV). Os
resultados mostraram que a configuração sugerida, apesar de contrária ao usual e teoricamente
subdimensionada para a unidade vertical, proporcionou a eficiência desejada. A performance
global do sistema mostrou que a remoção de turbidez, SST, demanda química de oxigênio
(DQO) e DBO
5,20
alcançaram, em média, níveis acima de 90%, alcançando 98% para turbidez
e DBO
5,20
. Este sistema foi suscetível a picos de fluxos que deterioraram temporariamente o
desempenho do CW-FH, entretanto não afetaram o CW-FV que proveu ao sistema híbrido
estabilidade para enfrentar tal variação. O tempo de detenção hidráulica (TDH) para o CW-
FH na faixa de 1,9 dias garantiu a estabilidade do sistema completo. Vale ressaltar que as
unidades de pré-tratamento foram de fundamental importância para manter a estabilidade de
funcionamento, pois sua periodicidade de limpeza foi fato essencial para que não houvesse
problemas com mau odor e colmatação.
Palavras-Chave: Banhados, esgoto doméstico, sistema compacto.
ix
ABSTRACT
Begosso, L. (2009). Determination of design parameters and criteria for design and configuration of constructed
wetlands for treatment of greywater. Campo Grande, 2009. Master Dissertation Federal University of Mato
Grosso do Sul, Brazil.
It is necessary to determine proper criteria for design and configuration for constructed
wetlands (CW) treating greywater at household level, considering the required adjustments to
reach the aimed efficiency, ensuring a simple operation and non-intensive maintenance. The
aim of this work was to design a compact system using CW to treat greywater at household
level and determine whether the chosen criteria and adopted configuration were appropriate.
Some of the criteria taken into consideration were: removal of biochemical oxygen demand
(BOD
5,20
), total suspended solids (TSS), media (substrate), bad odour control and ornamental
aspect of the system. The system was composed of a grease trap (GT), sedimentation tank
(ST), a subsurface horizontal flow constructed wetland (HF-CW), intermittent feeding system,
and a vertical flow constructed wetland (VF-CW). The results showed that the suggested
configuration, in spite of being the opposite of the usually adopted and also that the calculated
VF-CW unit was undersized, provided the expected efficiency. The overall performance of
the complete system showed that the removal of turbidity, TSS, chemical oxygen demand
(COD) and BOD reached, in average, levels over 90% removal, reaching 98% for turbidity
and BOD. Such system was susceptible to peak flows that temporarily deteriorated the
performance of the CW-HF, however they did not affect the performance of the VF-CW
which ensured the overall stability to the hybrid system. These conditions were achieved
when a hydraulic retention time (HRT) of 1.9 days was kept for the CW-HF. It is worthy to
mention that the pre-treatment units were crucial to maintain the stability of the system
considering that the periodical cleaning was essential to avoid clogging and bad odour.
Key-words: wetlands, domestic sewage, compact system.
1. Introdução Geral
muitos séculos as atividades antrópicas vêm causando alterações no meio ambiente. O
crescimento da população humana tem acarretado um aumento crescente nas demandas dos
ecossistemas. O planeta está mudando através do desmatamento, agropecuária,
reflorestamento, urbanização e conseqüente alteração do ciclo hidrológico. Uma grande
resultante da ação antrópica é a alteração da quantidade e qualidade de nossos recursos
hídricos, pois embora a água seja um recurso renovável, a porção potável é limitada.
Problemas associados com a falta de água potável para consumo humano e corpos d’águas
poluídos são comuns em muitas cidades em países em desenvolvimento. Com a rápida
urbanização e a pressão crescente nos governos das cidades, que muitas vezes não tem
finanças adequadas como também recursos humanos para controlar os problemas, a crise da
água está se agravando diariamente.
1.1. Situação atual do Saneamento
Hoje, mais de 2,5 bilhões de pessoas não tem acesso a saneamento melhorado, ou seja, a
qualquer instalação sanitária que, de maneira higiênica, separe os dejetos humanos do meio
ambiente; e quase 1,2 bilhões de pessoas defecam ao ar livre (WHO e UNICEF, 2008). O
resto da humanidade depende de sistemas convencionais de saneamento, que se limitam a
sistemas baseados em redes de esgoto transportado com ajuda de muita água, ou de sistemas
de fossa séptica, que na maioria dos casos correspondem apenas a um sumidouro.
A precariedade dos serviços de saneamento no Brasil, onde apenas 75% da população
possuem saneamento melhorado, explicam o agravamento de enfermidades controladas, o
ressurgimento de outras já erradicadas e o descompasso entre desenvolvimento econômico e o
quadro de saúde pública. Assim, o crescimento econômico do país não vem acompanhado de
melhorias de qualidade na prestação de serviços públicos, como pode ser visto nos estudos do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2008).
De acordo com o IBGE (2008), no Brasil 73,6% dos domicílios, no ano de 2007, possuíam
rede coletora de esgoto ou fossa séptica mais sumidouro e, no Estado de Mato Grosso do Sul,
esse valor era de 24%. Em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, 60% da população
é atendida por rede coletora de esgoto, sendo que 100% do esgoto coletado é tratado.
2
1.2. Saneamento Ecológico – EcoSan
Saneamento Ecológico (em inglês, Ecological Sanitation - EcoSan) é um novo enfoque de
soluções para saneamento em uma sociedade, cujo paradigma é baseado nos caminhos
naturais dos ecossistemas e no ciclo fechado de materiais. As excretas humanas (fezes e urina)
bem como as demais águas residuárias domésticas são reconhecidas como um recurso e não
como um resíduo, que pode ser disponível para reuso. O reuso de águas residuárias bem como
a racionalização do uso de água potável é parte integrante e importante desse ciclo, pois
promove a preservação de águas de melhor qualidade para fins potáveis e reduzir a poluição
no meio ambiente, isso porque a água é um recurso precioso que não deveria ser usado para
transportar excretas, e, estas deveriam ser gerenciadas tão perto quanto possível da sua fonte.
De acordo com
Otterpohl (2001), o efluente sanitário gerado nas residências pode
ser
segregado em á
gua negra: efluente proveniente dos vasos sanitários (
fezes, urina e papel
higiênico); á
gua cinza: efluente sem contribuição dos
vasos sanitários; água marrom:
fezes; e água amarela: urina.
1.3. Água Cinza
Água cinza é a água residuária proveniente do uso de lavatórios, chuveiros, banheiras, pias de
cozinha, máquina de lavar roupa e tanque (Jefferson et al., 1999; Eriksson et al., 2002;
Ottoson e Strenström, 2003), contendo componentes decorrentes do uso de sabão e de outros
produtos para lavagem do corpo, roupas e limpeza em geral (Jefferson et al., 1999). Suas
características em termos de quantidade e composição variam de acordo com a localização,
nível de ocupação da residência, faixa etária, estilo de vida, classe social, costumes locais e
tipo de fonte de água cinza (NSW Health, 2002; Nolde, 1999).
A água cinza normalmente contém baixos níveis de nutrientes quando comparada à água
residuária comum proveniente de sistemas transportados por água. A Tabela 1 ilustra as
principais fontes dos componentes da água cinza.
3
Tabela 1 - Principais fontes dos componentes da água cinza.
Componente Fonte
Nitrogênio Alimentos processados na cozinha
Fósforo Detergentes e sabões contendo fosfato
Matéria Orgânica Resíduos de alimentos, óleos e gorduras, resíduos corporais
Matéria Inorgânica Produtos químicos e detergentes utilizados na limpeza
Cloretos Dissolução de sais como o cloreto de sódio
Óleos e graxas
São os óleos e gorduras utilizados no preparo de alimento, resíduos presentes
no corpo e nas roupas, oriundos da transpiração humana
Enxofre Sabões, detergentes e decomposição da matéria orgânica
Patógenos
Limpeza das mãos após o uso do toalete, lavagem de roupas, alimentos
contaminados com material fecal ou o próprio banho
De acordo com o levantamento realizado por Eriksson et al. (2002), a temperatura da água
cinza foi constatada variando dentro do intervalo de 18-38ºC, a turbidez de 15-240 UNT, os
sólidos suspensos totais (SST) de 17-330 mg
-1
, os sólidos totais (ST) de 113-2410 mg
-1
, e
o pH de 5,0-8,7. Em termos de matéria orgânica carbonácea, foram reportadas faixas de
valores de concentração variando entre 13-550 mg
-1
para demanda química de oxigênio
(DQO) e DBO de 90-360 mg
-1
; em termos de nutrientes, para nitrogênio total (NT) de 0,6-
74 mg
-1
, fosfato total (PO
4
) de 50-68 mg
-1
, nitrato (NO
3
) e nitrito (NO
2
) de 0,1-2,1 mg
-1
.
Neste mesmo estudo, em termos de contaminação bacteriológica a concentração de
Escherichia coli (E. coli) variou de 1,3.10
5
-2,5.10
8
NMP 100 m
-1
. A Tabela 2 apresenta
caracterizações de água cinza, através de parâmetros físico-químicos e bacteriológicos, para
diversos casos.
Tabela 2 – Caracterizações de água cinza.*
Parâmetros Pansonato (2007)
Bazzarella (2005) Vaz (2009) Borges (2003)
pH 8,9 7,05 6,84 7,2
Turbidez (UNT) 479,5 166 89,82 37,3
Condutividade (µS cm
-1
) 461,0 430 - -
OD (mg O
2
-1
) 5,00 6,5 - 4,62
DQO (mg O
2
-1
)
1031,4 857 216,96 -
DBO
5,20
(mg O
2
-1
) 487,14 571 130,83 96,33
Cl
-
(mg
-1
) 25,69 64,0 - -
SST (mg SST
-1
) 331,0 134 69,25 -
PO
4
-
(mg
-1
) 21,15 9,0
(1)
0,97
(2)
6,24
(1)
NT (mg
-1
) 14,4 6,6
(3)
7,06
(3)
-
NO
3
-
(mg
-1
) 0,05 0,46 0,07 -
NH
3
(mg
-1
) 3,9 1,9 1,06 -
NO
2
-
(mg
-1
) 0,105 0,09 0,01 -
E. coli (NMP 100 m
-1
) 10
5
3,25x10
4
5,21x10
0
4x10
2
(1)
Fósforo total;
(2)
Ortofosfato;
(3)
NTK; * As amostras acima são compostas, isto é, provenientes do banheiro,
cozinha e lavanderia, feitas manualmente. A caracterização de Bazzarela corresponde a uma população de
Campus Universitário; Vaz a população de alto padrão; Borges de médio a alto padrão; e Pansonato de baixo
padrão, todas no Brasil.
4
Segundo Eriksson et al.
(2002), também contribuem para as
características da água
cinza a qualidade da água de abastecimento e o tipo
de rede de distribuição. Quanto a
DQO, como sua maior parte é derivada dos produtos químicos
utilizados nas
residências, espera-se
que seus níveis próximos aos do esgoto
doméstico convencional,
enquanto que para as concentrações de DBO esperam-
se valores mais baixos.
O reuso de água cinza pode, por exemplo, resultar em economia de água potável, economia
de energia elétrica e menor produção de efluente sanitário nas edificações. Em uma escala
maior, resulta em preservação dos mananciais de água, por diminuir a quantidade de água
captada e por reduzir o lançamento de esgoto sanitário pelas áreas urbanas. Os usos não
potáveis residenciais da água cinza são a lavagem de roupas, de carros, de calçadas, irrigação
de jardins, descarga de vasos sanitários, piscinas, combate a incêndios, preparo de concreto,
água para caldeira, agricultura, recarga de aqüíferos, etc. (Okun, 1997; Santala et al., 1998).
Dentre esses, a água cinza é mais comumente utilizada nas residências em descarga de vasos
sanitários e irrigação de jardins (Eriksson et al., 2002).
1.4. Tratamento de Águas Residuárias
A análise das caractesticas da água residuária, conjuntamente com os requisitos de
qualidade requeridos para a destinação final, geralmente define o
tipo de tratamento a ser
adotado. A escolha da tecnologia a ser utilizada deve ser feita considerando-se fatores como:
tipo de efluente; vazão; área disponível; custos (Lettinga, 1995; Chernicharo, 1997).
A concepção e a operação dos sistemas técnicos para gerenciamento da água cinza
dependem de uma série de fatores: clima, padrão de uso da terra, existência de sistemas de
drenagem e carga de poluição. A escolha do tratamento é também afetada pela maneira como
a água cinza é considerada pela comunidade. O melhor sistema deve, portanto ser encontrado
ponderando as condições locais e os potenciais riscos das opções alternativas (Winblad e
Simpson-Hébert, 2004).
1.5. Tratamento de Água Cinza
Partículas maiores, fibras e gorduras devem ser removidas na fonte para evitar entupimento
do encanamento. Ralos de pia de cozinha, chuveiros, banheiras, máquinas de lavar e outros
utensílios e aparelhos devem ser equipados com telas e filtros. Sem esse pré-tratamento as
gorduras e outros compostos orgânicos biodegradáveis irão entupir o sistema ou propiciar
maus odores. No pré-tratamento, os sólidos suspensos são removidos mecanicamente por
5
gravidade, telas ou filtros. A necessidade de remoção de sólidos em suspensão depende de
como a água será tratada e utilizada. O tanque séptico é uma técnica eficaz e confiável, que é
conveniente na maior parte dos sistemas de tratamento em zonas rurais, bem como em áreas
urbanas (Winblad e Simpson-Hébert, 2004).
O tratamento para água cinza pode variar de uma simples e grosseira filtração
(Marche et al., 2004) até um tratamento biológico avançado (Nolde, 2005). Estudos prévios
sugerem que se preferência aos processos biológicos, devido aos altos níveis de matéria
orgânica da água cinza (Nolde, 1999; Jefferson et al., 2004). Opções tecnológicas de
tratamento biológico para o reuso de água cinza incluem biorreator de membrana (Jefferson et
al., 2000; Lesjean e Gnirss, 2006), filtros rotacionais biológicos de contato (Nolde, 2005;
Friedler et al., 2005), grupo de reatores seqüenciais (Lamine et al., 2007) ou wetlands
construídas (CW, por sua denominação em inglês, constructed wetlands) (Dallas e Ho, 2005;
Gross et al., 2006; Li et al., 2003). Todos esses sistemas biológicos são capazes de atender a
demanda de 10 mg
-1
de DBO, mas a principal diferença entre essas tecnologias é o nível de
remoção de SST e microrganismos (Winward et al., 2008). Em comparação, processos físicos
diretos são comuns em escala muito pequena e tem se mostrado eficiente na remoção de
sólidos, mas são menos efetivos para remoção de microrganismos (Jefferson et al., 2004;
Ramon et al., 2004).
A mais avançada tecnologia de recuperação de água cinza utilizada é o tanque séptico (que
é, na realidade, um tratamento anaeróbio sem coleta do biogás gerado), com tratamento
aeróbio subseqüente que conduz a estabilização. Bazzarella e Gonçalves (2007) monitoraram
Estação de Tratamento de Águas Cinza (ETAC), cujo processo é baseado na associação de
um Reator Anaeróbio Compartimentado (RAC), de um Filtro Biológico Aerado Submerso
(FBAS), de um Filtro Terciário (FT) e de desinfecção à base de cloro. O tratamento adotado
apresentou elevada eficiência na remoção de turbidez, cor, DBO
5,20
, DQO e E. coli e
características compatíveis com diversos padrões estabelecidos para o reuso não potável.
De qualquer maneira, tratar biologicamente água cinza é um recurso que pode ser
finalizado com outra fase de tratamento, incluindo a desinfecção, como a cloração ou radiação
UV (Gulyas, 2007).
No condomínio ecológico Luebeck/Flintenbreite na Alemanha, um sistema
semi-centralizado de saneamento é operado em uma área periurbana desde o ano de 2000. O
tratamento biológico da água cinza, coletada separadamente, é operado intermitentemente em
um CW-FV, não apresentando qualquer problema operacional, obtendo baixas concentrações
de carbono orgânico total para o efluente (5 a 15 mg
-1
; Li et al., 2003).
6
1.6. Wetlands construídas (CW)
Os CW são cópias artificiais, feitas pelo homem, dos wetlands naturais, que aperfeiçoam a
exploração dos ciclos biogeoquímicos que ocorrem normalmente nesses sistemas para fins de
tratamento de águas residuárias. Diferentes tipos podem ser distinguidos, com base em
características de fluxo da água e espécies vegetais. Outro benefício inclui a criação de um
novo habitat para a fauna e a flora. CW são conhecidas por terem uma elevada capacidade-
tampão. A qualidade do efluente é normalmente bastante estável. Por outro lado, os efeitos
adversos podem ser esperados em baixas temperaturas (em especial a inibição da remoção de
nitrogênio), pico de fluxo (lavagem dos sólidos) e entupimento do sistema. As porcentagens
de remoção são dependentes principalmente da temperatura, tempo de detenção hidráulico
(TDH) e a carga aplicada, e são muito diferentes entre si (Rousseau et al., 2008).
Os CW normalmente são vantajosos quando comparados aos sistemas convencionais de
tratamento. Algumas dessas vantagens são as possibilidades de baixo custo de construção,
operação e manutenção; pouco ou nenhum uso de energia elétrica; podem ser implementados
no próprio local onde a água residuária é gerada; são flexíveis e, resistem a variações de carga
sem muito comprometimento de sua eficiência (Hammer, 1989; Brix, 1993; Kadlec e Knight,
1996; Moshiri, 1998; Neralla et al., 2000; Platzer et al., 2007a; Shutes, 2001). Além disso,
podem ser integrados perfeitamente à paisagem natural (Platzer et al., 2007a) e o apelo
estético da presença de vegetação colabora para a redução nos índices de rejeição ao sistema
de tratamento de águas residuárias por parte da população (Zanella et al., 2007). Outras
vantagens e desvantagens podem ser observadas na Tabela 3.
Tabela 3 – Vantagens e desvantagens dos wetlands construídas (CW).
Vantagens Desvantagens
Baixo custo de construção Alta demanda de área
Fácil operação e manutenção Necessidade de substrato, como brita e areia
Remove satisfatoriamente matéria orgânica e
sólidos suspensos, nitrogênio e fósforo
Susceptível a entupimento dos espaços vazios do
substrato e salinização do solo
Considerável redução de patógenos Necessidade de manejo das macrófitas
Fonte: Adaptado de Chernicharo (2001).
Embora o dimensionamento adequado seja o fator fundamental para um bom
funcionamento, outros fatores devem ser levados em consideração. A exemplo disso, o
material do leito filtrante, o pré-tratamento e a periodicidade de manutenção. Durante a rotina
de manutenção, o foco deve ser dado à limpeza das unidades de pré-tratamento já que a falta
de manutenção acarreta em má distribuição do afluente, formação de caminhos preferenciais e
entupimentos resultando, assim, em uma progressiva deterioração do desempenho do sistema
7
que muitas vezes pode se tornar irreversível (Rousseau, 2005). Kadlec et al. (2000), também
recomendam incluir estimativas da cobertura vegetal e observações sobre a saúde das plantas
como parte da rotina operacional de monitoramento.
1.6.1. Wetlands construídas no Brasil
No Brasil, esta modalidade de tratamento também recebe denominações como áreas alagadas
construídas, zona de raízes, leitos cultivados, sistemas alagados construídas (SACs) e
banhados construídas. Independente da denominação, a principal característica desse tipo de
tratamento é que são meios saturados ou mesmo inundados pela água. Apesar dos muitos
estudos que essa tecnologia de tratamento tem motivado, a grande maioria tem sido realizada
em realidades diferentes das encontradas no Brasil. As condições de clima
predominantemente tropicais do Brasil podem favorecer esse tipo de tratamento por duas
razões: a temperatura média mais alta aumenta a atividade microbiológica; e a maior
insolação faz com que as plantas se desenvolvam mais rapidamente e, conseqüentemente,
aumentam a perda líquida do sistema através da evapotranspiração, reduzindo
consideravelmente o volume de água residuária descartada após o tratamento (Toniato, 2005).
Os projetos desenvolvidos têm diferentes desenhos dependendo da sua finalidade. Existem
hoje no Brasil, implantadas várias estações de tratamento de efluente líquido utilizando
sistemas de CW que foram projetadas pelo IEA (Salati, 2003). Em geral, os projetos
executados podem ser divididos em 4 grandes categorias (IEA, 1997).
A experiência brasileira e internacional tem demonstrado que os sistemas de CW podem
ser utilizados para purificação de água em diversas situações, como segue:
tratamento integral de efluente doméstico (Platzer, 2000);
tratamento secundário (Nogueira et al, 2000) e terciário de efluente (Salati Filho et al.,
2000, Motta Marques et al., 2000);
tratamento de efluente agrícola (casas de vegetação, recinto de animais e tanques de
peixes) e runoff (escoamento superficial) agrícola (Junsan et al., 2000);
tratamento de runoff (escoamento superficial) urbano (Shutes et al., 2000);
buffer (barreiras de retenção) para o controle da poluição difusa (Kao et al., 2000);
tratamento de grandes volumes de água de rios atualmente classificados como classe 3
ou 4 para enquadramento em rios de Classe 2 (Stolberg e Vergeles, 2000; Manfrinato,
1989);
tratamento de água de rios Classe 2 para abastecimento industrial e urbano (Elias et
al., 2000);
8
recuperação de áreas alagadas com o intuito principal de aumento de biodiversidade e
conseqüente atividades de educação ambiental (utilização humana; Knight et al.,
2000).
1.6.2. Funcionamento
Conforme definição de Philippi e Sezerino (2004), CW podem ser definidos como um
ecossistema de transição entre ambientes terrestres e aquáticos. Os elementos que compõem
esse tipo de ambiente são: substrato (suporte físico e fixação microbiana), plantas (suporte de
microrganismos e transporte de oxigênio), regime hidráulico (tipo de escoamento) e fauna
(micro e macro organismos).
Os sistemas de CW podem se apresentar em configuração híbrida, também conhecida
como combinados, isto é, em uma associação em série e/ou paralelo de CW de diferentes
tipos de fluxo ou dimensionamento com a finalidade de combinar as vantagens e minimizar as
desvantagens de cada um deles. A combinação de diferentes CW oferece maior flexibilidade e
proporciona significativa melhor qualidade do efluente (Rousseau et al., 2004b; Gómez
Cerezo et al., 2001).
Nos sistemas onde os módulos de fluxo verticais são seguidos por módulos de fluxo
horizontal, o interesse é obter uma boa nitrificação nos filtros verticais, que são bem
oxigenados, e também uma desnitrificação nos filtros horizontais, onde se encontram
condições de anoxia necessárias a esta reação. Por outro lado, nos sistemas nos quais os
módulos horizontais são seguidos por módulos verticais, a idéia é que a DBO removida no
filtro horizontal possa prevenir interferência com a nitrificação no filtro vertical (Philippi e
Sezerino, 2004).
Um estudo realizado por Rousseau (2005) para o pós-tratamento de esgoto doméstico, em
um sistema híbrido em escala piloto (um CW-FV seguido por um CW-FH: wetland
construída de fluxo subsuperficial horizontal), o melhor desempenho do CW-FV foi atribuído
ao fato de que foi a unidade que recebeu a maior carga e, que, invertendo a ordem do wetland
naquele sistema híbrido resultaria na maior eficiência sendo encontrada no CW-FH.
1.6.3. Fluxos
Os CW empregados no tratamento de águas residuárias, são classificados de acordo com a
literatura, em dois grandes grupos: sistemas de lâmina livre ou de escoamento superficial (em
inglês, free water surface / surface flow) e sistemas de escoamento subsuperficial (em inglês,
subsurface flow) (Philippi e Sezerino, 2004). Também são divididos pela direção do fluxo:
horizontal e vertical.
9
Nos CW-FH, o oxigênio requerido é suprido pelas macrófitas e pela convecção e difusão
atmosférica (Philippi e Sezerino, 2004). A oxigenação está muito mais limitada, sendo que
dominam os processos anóxicos. Como vantagem principal deste está a possibilidade de
permitir sua alimentação sem o uso de bomba em locais que apresentem condições de
declividade de terreno favoráveis. O uso deste tipo de sistema limita-se ao tratamento de
efluentes com baixa carga orgânica, como água cinza (Platzer et al., 2007a), por exemplo, ou
implica na necessidade de recirculação dentro do sistema, que, segundo Brix (1994), melhora
o desempenho geral do sistema e aumenta 50% a remoção de nitrogênio por desnitrificação.
Nesta concepção de sistema, o efluente a ser tratado é disposto na porção inicial do leito,
geralmente composta por brita e denominada zona de entrada, e percola vagarosamente
através do leito filtrante até atingir a porção final, também composta por brita e denominada
zona de saída. Esta percolação tende a fluir na horizontal e é impulsionada por uma
declividade de fundo. Durante a percolação, o esgoto entrará em contato com regiões
aeróbias, anóxicas e anaeróbias. A camada aeróbia é mais evidente ao redor das raízes das
macrófitas (rizosfera), pois estas tendem a transportar oxigênio da parte aérea para a parte
submersa. Quando da passagem do efluente na rizosfera, ocorre uma depuração através de
processos físicos, químicos e, mais efetivamente, devido à degradação microbiológica. As
demais regiões anóxicas e anaeróbias – ocorrem nas camadas mais profundas do leito
(Philippi e Sezerino, 2004).
No CW-FV a forma de aplicação intermitente promove um grande arraste de oxigênio
atmosférico para o substrato tornando-se, assim, suficiente para a degradação da matéria
orgânica e a oxidação da amônia (Cooper et al., 1996). A distribuição do efluente ocorre
numa área maior de entrada e o uso de volume de filtro é mais eficiente, resultando em uma
necessidade de área muito menor. O modelo pode ser aplicado para qualquer tipo de efluente,
sejam águas negras ou cinzas, efluentes sanitários ou industriais (Platzer et al., 2007a). Nele o
efluente é direcionado para a superfície plantada e percola através do substrato (usualmente
areia) até o sistema de drenagem localizado na base inferior do canteiro. As funções das
plantas emergentes são as mesmas já reconhecidas para o CW-FH.
1.6.4. Vegetação
O tratamento de águas residuárias por meio de CW tem também como característica
importante o uso de plantas, cientificamente definidas como macrófitas aquáticas vasculares,
estabelecidas em um substrato, que pode ser constituído de vários tipos de solos ou pedras. O
uso de plantas torna esse tipo de tratamento amigável esteticamente, quando comparado a
bases de concreto (Toniato, 2005). O cultivo de CW tem como benefício às diversas funções
10
das macrófitas aquáticas, podendo-se destacar a transformação de nutrientes, atuação nos
processos físicos, químicos e microbiológicos e remoção de nutrientes para seu próprio
crescimento. Elas oferecem resistência ao fluxo, aumentando o TDH, facilitam a
sedimentação de partículas suspensas (Gopal, 1999), favorecem uma grande superfície para o
desenvolvimento de microrganismos, incorporam ar pelas folhas e o transfere aos rizomas e
raízes repassando-o ao substrato, que pode apresentar-se em condições de anaerobiose por
estar submerso. Essa transferência de oxigênio aumenta a degradação aeróbia de compostos
orgânicos no local (Brix, 1997).
Os CW são sistemas projetados para utilizar plantas em substratos (areia, solo local ou
cascalho) onde, de forma natural e sob condições ambientais adequadas, pode ocorrer a
formação de biofilme, o qual agrega uma população variada de microrganismos, localizados,
principalmente, nas raízes (House e Broome, 1990).
1.6.5. Substrato
A escolha do substrato exige ampla experiência, pois este deve atender às condições de
hidráulica e de difusão da água residuária e dos gases que são liberados no processo de
tratamento, fixar eficientemente as bactérias e possibilitar a atividade e o crescimento de
bactérias úteis aos processos de tratamento (Rosseau, 2005). Pode ser usado como substrato:
solo, areia, brita (Metcalf e Eddy, 1991), silte, cascalho, pedrisco (Costa et al., 2003), casca de
arroz (Leopoldo et al., 1999), palha de café, pneu picado (Collaço, 2001) e bambu, dentre
outros. A grande maioria dos CW instalados na Europa e Estados Unidos utiliza como
substrato a brita e a areia lavada (Vymazal, 1998 e USEPA, 1999). O substrato deverá ser
colocado sobre uma proteção impermeável para evitar a contaminação do solo e eventual
infiltração até o lençol freático (Motta Marques, 1999; Salati Filho et al., 1999).
1.6.6. Dimensionamento
Esta alternativa tecnológica não está contemplada em normas técnicas brasileiras, o que
dificulta a uniformização dos parâmetros e critérios para seu dimensionamento. Na literatura
internacional, existem diversos modelos e critérios para projetá-los, sendo que grande parte
está voltada à remoção da carga orgânica. Dentre as mais pertinentes, Hammer (1989),
Conley et al. (1991) e Crites (1994) consideram os CW como reatores biológicos de biofilme
fixo, prevendo para estes uma remoção da matéria orgânica segundo a cinética de primeira
ordem, aplicável mais especificamente em CW-FH.
11
Lara Borrero (1999) e Nogueira (2003) alertam para a necessidade de estudo desses
sistemas em países em desenvolvimento com clima tropical, clima este muito diferente
daquele onde os CW foram originalmente concebidos.
Os CW-FV são empregados com a finalidade de promover nitrificação e, portanto, além da
cinética de primeira ordem, leva-se em conta o balanço de oxigênio necessário à manutenção
das condições aeróbias no interior da massa filtrante. Por se tratar de um processo baseado na
interação do substrato com as macrófitas, deve-se conhecer as propriedades físicas
(granulometria, diâmetro efetivo, coeficiente de uniformidade, condutividade hidráulica) e
químicas (teores de Fe, Ca, Mg, capacidade de troca catiônica - CTC) deste material, para se
conhecer a dinâmica da colmatação e vida útil do sistema, bem como utilizar macrófitas que
se adaptem a ele e ao clima da região (Sezerino e Philippi, 2003).
Dimensionamento e configuração de wetlands construídas para tratamento de água cinza,
normalmente, estão baseados em dados da literatura obtidos de wetlands operando com águas
residuárias domésticas não segregadas. Dados encontrados na literatura sugerem uma área de
0,5-3 por pessoa quando a escala é reduzida para uso domiciliar (Buenfil, 2004; Shrestha
et al., 2001; Jenssen et al., 2005). Porém, é muito importante determinar critérios próprios
para projeto e configuração para promover máxima eficiência e mínima manutenção, evitando
maus odores, entupimentos e assegurar a aceitação dos moradores da residência.
A relação m
2
por pessoa (m² pe
-1
) também é muito empregada como critério de
dimensionamento, notadamente para unidades residenciais. Faixas de aplicação encontram-se
variando de 1 a 5 m
2
pe
-1
quando os CW-FH são empregados como tratamento secundário
precedidos, na maioria dos casos, de decanto digestores. Vymazal et al. (1998) indicam
valores na ordem de 1,6 m
2
pe
-1
; Philippi et al. (1999), trabalharam com valores bem mais
elevados, da ordem de 6,8 m
2
pe
-1
, porém trabalhando com efluente de características agro-
industriais. Sezerino e Philippi (2000), reduziram a área requerida para valores de 0,8 m
2
pe
-1
para tratar efluente de uma residência padrão (5 pessoas), sem que a performance de
tratamento fosse afetada significativamente.
Para os CW-FH os modelos oriundos da cinética de primeira ordem, em termos de matéria
orgânica carbonácea, aplicável aos reatores tipo pistão são os mais amplamente utilizados
para prever a área superficial necessária para a promoção do tratamento secundário de águas
residuárias ou de baixa carga orgânica. Estes modelos, onde a taxa de remoção da DBO é
diretamente proporcional a sua concentração no meio, estão sendo utilizados para o
dimensionamento de CW-FH (Rousseau et al., 2004b).
Segundo Conley et al. (1991), Philippi e Sezerino (2004) e Rousseau et al. (2004a),
seguindo os modelos oriundos da cinética de primeira ordem, temos a Eq. (1):
12
npK
CeCoQ
A
T
××
=
)ln(ln
(1)
onde
A = área superficial requerida (m
2
);
Q = vazão afluente (m
3
d
-1
);
Co
= concentração afluente em termos de DBO
5,20
(mg
-1
);
Ce
= concentração efluente em termos de DBO
5,20
(mg
-1
);
K
T =
constante de reação da cinética de primeira ordem (dependente da temperatura);
n = porosidade do substrato (m
3
vazios por m
3
material);
p = profundidade do maciço filtrante.
A constante K
20
pode ser convertida através de equações empíricas para a temperatura
desejada. Uma destas equações é a modificada por van’t Hoff-Arrhenius. Segundo Natural
Systems (1990) segue a Eq. (2):
20
20
06,1
×=
T
T
KK
(2)
onde
K
20
= 1,28 (adotado);
T = 15ºC (temperatura crítica, ou seja, a temperatura local média dos meses mais frios).
Nota-se a partir da equação para a determinação de K
T
, que este valor pode variar
consideravelmente, interferindo, portanto na determinação da área requerida do filtro plantado
com macrófitas.
Determina-se então o volume do CW-FH pela Eq. (3):
pAV ×=
(3)
onde
V = volume;
A = área superficial requerida (m
2
);
p = profundidade.
O dimensionamento para CW-FV, conforme Johansen e Brix (1996), como uma segunda
etapa para a melhoria de uma unidade horizontal (CW-FH), cujo modelo é baseado no
balanço de oxigênio necessário a atividade de remoção da matéria orgânica e nitrificação,
pode ser determinada através da área requerida pelo cálculo da Eq. (4):
SAD
OD
A
1000
×
= (4)
onde
A = área calculada para CW-FV (m
2
);
OD = demanda de oxigênio;
13
SAD = demanda de aeração na superfície (adotado < 30 g O
2
m
-2
d
-1
).
O valor do OD é determinado pela Eq. (5):
OD = (kg NH
4
-N d
-1
x 4,3 kg O
2
kg
-1
NH
4
-N) + (kg DBO
5,20
d
-1
x 1,0 kg O
2
kg
-1
DBO
5,20
) (5)
onde
NH
4
-N = concentração de NH
4
-N (kg d
-1
) da água residuária;
O
2
NH
4
-N
-1
= concentração de oxigênio requerida para degradação do NH
4
-N (kg d
-1
);
DBO
5,20
= concentração de DBO
5,20
(kg d
-1
) da água residuária;
O
2
DBO
5,20
-1
= concentração de oxigênio requerida para degradação da DBO
5,20
(kg d
-1
).
Se o CW-FV possui 1 m de profundidade e é alimentado intermitentemente, pode se
esperar uma eficiência de nitrificação de 85% com este critério de dimensionamento
(Johansen e Brix, 1996). Experiências na Áustria mostraram que CW-FV com uma
profundidade de 0,6-0,8 m necessita de uma área específica de 4-5 pe
-1
para remoção de
DBO e nitrificação total durante todo ano (Vymazal et al., 1998). Cooper et al. (1996),
recomendam 1 m
2
pe
-1
apenas para remoção de DBO e 2 m
2
pe
-1
se for necessária a
nitrificação (a maioria das plantas chega a 0,5-0,8 m de profundidade). Grant (1995)
recomenda 0,8-2 m
2
pe
-1
se o sistema for para menos que 100 pe.
Outro ponto importante que deve ser abordado na etapa de dimensionamento de CW, em
função do estabelecimento de estendes densos das macrófitas aquáticas e o calor nos meses de
verão, é a evapotranspiração, que gera uma perda de água acentuada, diminuindo o volume de
água contida no sistema. Essa perda de água implica aumento na concentração de poluentes
no sistema, mesmo que a eficiência seja efetiva em base de renovação de massa. Para
macrófitas aquáticas emergentes, a evapotranspiração pode variar de 1,3 a 3,5 vezes a taxa de
evaporação de uma superfície livre adjacente (Motta Marques, 1999).
Dados de evapotranspiração para CW são escassos, mas dados de uma plataforma natural
de Phragmites australis (Burba et al., 1999) mostrou taxas de evapotranspiração de
1,3-4,0 mm dia
-1
entre a fase inicial e de pico de crescimento; 1,8 mm dia
-1
no início e
próximo do final da senescência. Herbst e Kappen (1999) encontraram taxas de
evapotranspiração para um CW que excederam 10 mm dia
-1
durante um dia quente e
ensolarado. Maltais-Landry (2008) estimou, através da diferença entre a vazão de entrada e
saída, as taxas de evapotranspiração variando de 0-24 L m
-2
d
-1
.
1.7. Legislação pertinente
Cuidados específicos devem ser considerados para que não haja risco de contaminação. A
legislação brasileira não define padrões de qualidade para água de reuso domiciliar. A única
14
norma nacional identificada que aponta para padrões de qualidade de água para reuso é a
NBR 13969 (ABNT, 1997). Outro instrumento de orientação é o Manual de Conservação e
Reuso de água em Edificações da FIESP (FIESP, 2005).
Em nível internacional podemos citar como referência, as diretrizes da organização
mundial de saúde (OMS) que recomendam níveis máximos de contaminação bacteriológica
para reuso de água cinza. Para irrigações restritas o valor recomendado de E. coli é inferior a
10
5
NMP 100 m
-1
, enquanto que para irrigações irrestritas deve ser inferior a 10
3
NMP
100m
-1
(WHO, 2006).
No Brasil, tais diretrizes são representadas por legislações municipais, como a Lei nº.
10.785 de 2003, do município de Curitiba e a Lei nº. 6.345 de 2003 do município de Maringá,
ambas no Estado do Paraná. A Lei nº. 10.785/2003, do município de Curitiba, criou o
Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações PURAE, onde, em
artigo 1º., determina que o objetivo deste é instituir medidas que induzam à conservação , uso
racional e utilização de fontes alternativas para captação de água nas novas edificações, bem
como a conscientização dos usuários sobre a importância da conservação da água. Dentro
dessas ações de utilização de fontes alternativas estão compreendidas não só a captação,
armazenamento e utilização de água proveniente das chuvas, como também, a captação e
armazenamento e utilização de águas servidas (águas utilizadas no tanque ou máquina de
lavar e no chuveiro ou banheira); para as águas servidas o uso determinado é para descarga
em vasos sanitários. A Lei nº. 6.345/2003, do município de Maringá, muito semelhante à Lei
nº. 10.785 de Curitiba, também instituiu o programa de reaproveitamento de águas.
Outros municípios do País também adotaram essas mesmas premissas de utilização de
fontes alternativas de água, exemplificando, a Lei nº. 2.451/2005 do município de Diadema;
Lei nº. 7.216/2008 do município de Blumenau; Lei nº. 10.506/2008 do município de Porto
Alegre, entre outras que ainda estão em fase de aprovação.
1.8. Uso de wetlands construídas para o tratamento de água cinza
Existem poucos trabalhos disponíveis na literatura relacionados ao uso de CW para o
tratamento de água cinza. Gross et al. (2006), desenvolveram um sistema baseado em uma
combinação de um CW-FV com recirculação de água e um filtro biológico percolador,
alcançando bons resultados. O sistema removeu virtualmente os SST e aproximadamente 80%
de DQO, sendo que seus valores de concentração afluente eram 158 ± 30 e 466 ± 66 mg
-1
,
respectivamente. Recircular em CW parece ser um modo muito efetivo de melhorar a
15
transferência de oxigênio e evitar entupimento, mas aumenta o investimento e custo de
operação e manutenção, devido à necessidade do uso de bomba.
Niyonzima et al. (2007) projetaram no campus da Universidade de KNUST, em Kumasi,
Ghana, um CW-FH (3,5 x 0,8 x 0,8 m) precedido de um tanque de sedimentação
(3,65 x 0,65 x 0,4 m) para tratar a água cinza (0,48 dia
-1
). O substrato escolhido foi areia
grossa (Ks = 368,78 cm³ dia
-1
) e a planta foi cattails (Typha latifólia). Com uma vazão média
de 0,33 m³ dia
-1
e um TDH de 15 horas e concentrações iniciais de DBO, DQO, SST,
respectivamente, alcançou eficiência de remoção entre 72-79% para os parâmetros
mencionados.
Paulo et al. (2007) estudaram a adaptação e operação de um CW-FH, cultivado com
Heliconia psittacorum L.F, Bromelia sp. e Cyperus isocladus (papyrus), projetado e
construída para um residência com 2 habitantes, para tratar a água cinza da cozinha e área de
lavanderia. Os resultados mostraram que as plantas escolhidas foram resistentes as condições
aplicadas, mas o longo tempo de armazenamento da água cinza causou formação de biofilme
e entupimento no tanque de armazenamento e na tubulação. A melhor performance obtida
ocorreu com o sistema operando com TDH em torno de 4 dias. Jenssen (2004) mostrou por
experiências na Noruega, que a técnica de pulverização em um filtro vertical com leito
filtrante de solo combinado com um horizontal de material filtrante de porosidade média, para
remoção de fósforo, é um sistema compacto e de baixa manutenção, que também constitui um
elemento paisagístico. Jenssen (2007), também estudou as concentrações de metais pesados,
bacteriófagos e de bactérias coliformes termotolerantes em quatro CW-FH na Noruega. Os
teores de metais pesados resultantes não mostram valores superiores a concentrações máximas
admissíveis em materiais orgânicos, por exemplo, biossólidos, utilizado em áreas cultivadas
(em conformidade com a regulamentação norueguesa). Os coliformes termotolerantes
também não excederam o limite permitido.
Nesse contexto, será exposta uma técnica utilizada no Ecosan para o tratamento de água
cinza em uma residência, considerando questões relativas ao dimensionamento, eficiência
de redução de concentração e remoção para carga orgânica e outros componentes da água
cinza Também serão abordadas questões a respeito da manutenção e adaptação do sistema
ao meio, assim como sua aceitação pelos moradores envolvidos no processo.
16
2. Configuração e Dimensionamento de Sistema Híbrido de Wetlands
Construídas para o Tratamento de Água Cinza
1
RESUMO
A determinação de critérios próprios para dimensionamento e configuração de wetlands construídas (CW) tratando água
cinza em unidades domiciliares é necessária, considerando os ajustes requeridos para se alcançar a eficiência desejada sem
que isto implique em uma difícil operação e intensiva manutenção. O objetivo deste trabalho foi projetar um sistema de
tratamento compacto usando CW para tratar a água cinza de uma residência e determinar se os critérios escolhidos para
dimensionamento e configuração adotada foram apropriados. Alguns dos critérios levados em consideração foram: remoção
desejada da demanda bioquímica de oxigênio (DBO
5,20
), sólidos suspensos totais (SST), substrato, controle de maus odores e
aspecto ornamental. O sistema foi composto por: caixa de gordura (CG), tanque de sedimentação (TS), wetland construída de
fluxo horizontal subsuperficial (CW-FH), sistema intermitente de abastecimento (TI) e wetland construída de fluxo vertical
(CW-FV). Os resultados mostraram que a configuração sugerida, apesar de contrária ao usual e teoricamente
subdimensionada para a unidade vertical, proporcionou a eficiência desejada. A performance global do sistema mostrou que a
remoção de turbidez, SST, demanda química de oxigênio (DQO) e DBO
5,20
alcançaram, em média, níveis acima de 90%,
alcançando 98% para turbidez e DBO
5,20
. Este sistema foi suscetível a picos de fluxos que deterioraram temporariamente o
desempenho do CW-FH, entretanto não afetaram o CW-FV que proveu ao sistema híbrido estabilidade para enfrentar tal
variação. O tempo de detenção hidráulica (TDH) para o CW-FH na faixa de 1,9 dias garantiu a estabilidade do sistema
completo. Vale ressaltar que as unidades de pré-tratamento foram de fundamental importância para manter a estabilidade de
funcionamento, pois sua periodicidade de limpeza foi fato essencial para que não houvesse problemas com maus odores e
colmatação.
Palavras-chave: banhados, esgoto doméstico, sistema compacto, sistema híbrido.
ABSTRACT
It is necessary to determine proper criteria for design and configuration for constructed wetlands (CW) treating greywater at
household level, considering the required adjustments to reach the aimed efficiency, ensuring a simple operation and non-
intensive maintenance. The aim of this work was to design a compact system using CW to treat greywater at household level
and determine whether the chosen criteria and adopted configuration were appropriate. Some of the criteria taken into
consideration were: removal of biochemical oxygen demand (BOD
5,20
), total suspended solids (TSS), media (substrate), bad
odour control and ornamental aspect of the system. The system was composed of a grease trap (GT), sedimentation tank
(ST), a subsurface horizontal flow constructed wetland (HF-CW), intermittent feeding system, and a vertical flow constructed
wetland (VF-CW). The results showed that the suggested configuration, in spite of being the opposite of the usually adopted
and also that the calculated VF-CW unit was undersized, provided the expected efficiency. The overall performance of the
complete system showed that the removal of turbidity, TSS, chemical oxygen demand (COD) and BOD reached, in average,
levels over 90% removal, reaching 98% for turbidity and BOD. Such system was susceptible to peak flows that temporarily
deteriorated the performance of the CW-HF, however they did not affect the performance of the VF-CW which ensured the
overall stability to the hybrid system. These conditions were achieved when a hydraulic retention time (HRT) of 1.9 days was
kept for the CW-HF. It is worthy to mention that the pre-treatment units were crucial to maintain the stability of the system
considering that the periodical cleaning was essential to avoid clogging and bad odour.
Key-words: wetlands, domestic sewage, compact system.
1
Este artigo será traduzido para o idioma inglês e submetido ao periódico WATER RESEARCH e foi redigido de
acordo com suas instruções.
17
2.1. Introdução
Saneamento Ecológico (em inglês, Ecological Sanitation - EcoSan) é um novo enfoque para o
saneamento baseado nos caminhos naturais dos ecossistemas e no ciclo fechado de materiais,
considerando as excretas humanas (fezes e urina) bem como as demais águas residuárias
domésticas como um recurso e não como um resíduo, disponível para o reuso. O conceito
EcoSan, sugere a segregação na fonte, onde a água cinza é a água servida que não possui
contribuição de efluentes de vasos sanitários, sendo proveniente do uso de lavatórios,
chuveiros, banheiras, pias de cozinha, máquina de lavar roupa e tanque (Jefferson et al., 1999;
Eriksson et al., 2002; Ottoson e Stenström, 2003). Contém componentes decorrentes do uso
de produtos para lavagem do corpo, roupas ou limpeza em geral (Jefferson et al., 1999), suas
características variam de acordo com a localização, vel de ocupação da residência, faixa
etária, estilo de vida, classe social, costumes e tipo de fonte de água (NSW Health, 2002;
Nolde, 1999). De acordo com o levantamento realizado por Eriksson et al. (2002), a turbidez
da água cinza varia de 15-240 UNT, a demanda química de oxigênio (DQO) entre
13-550 mg
-1
,
a DBO
5,20
de 90-360 mg
-1
; em termos de nutrientes, para amônia (NH
3
) de
0,05-25 mg
-1
.
OS tipos de tratamento utilizados para água cinza podem variar de uma simples filtração
(Marche et al., 2004), até um tratamento biológico avançado (Nolde, 2005). Devido aos altos
níveis de matéria orgânica da água cinza (Nolde, 1999; Jefferson et al., 2004) normalmente
são adotados processos biológicos, como por exemplo, biorreator de membrana (Jefferson et
al., 2000; Lesjean e Gnirss, 2006), filtro rotacional biológico de contato (Nolde, 2005;
Friedler et al., 2005), grupo de reatores seqüenciais (Lamine et al., 2007), ou wetlands
construídas (Dallas e Ho, 2005; Gross et al., 2006; Li et al., 2003).
Os wetlands construídas (CW, por sua denominação em inglês, constructed wetlands)
normalmente são vantajosos quando comparados aos sistemas convencionais de tratamento,
pois para estes a possibilidade de construção, operação e manutenção de baixo custo com
pouco ou nenhum uso de energia elétrica além de poderem ser instalados no próprio local
onde a água residuária é gerada (Hammer, 1989; Brix, 1993; Kadlec e Knight, 1996; Moshiri,
1998; Neralla et al., 2000; Platzer et al., 2007a). Também são flexíveis e resistem a variações
de carga orgânica e hidráulica sem muito comprometimento de sua eficiência (Shutes, 2001),
podendo também ser integrados à paisagem natural (Platzer et al., 2007a).
Além do dimensionamento adequado, fatores como: i) escolha do substrato, ii) pré-
tratamento e, iii) a periodicidade de manutenção, devem ser levados em consideração.
Durante a rotina de manutenção o foco deve ser dado à limpeza das unidades de pré-
18
tratamento já que a falta de manutenção acarreta em distribuição do afluente, formação de
caminhos preferenciais e entupimentos (Rousseau, 2005). Os sistemas de CW podem se
apresentar em configuração híbrida, também conhecida como combinados, isto é, uma
associação em série ou paralelo de CW de diferentes tipos de fluxo ou dimensionamento com
a finalidade de combinar as vantagens e minimizar as desvantagens de cada um, assim
oferecendo maior flexibilidade e proporcionando significativa melhora na qualidade do
efluente (Rousseau et al., 2004b; Gómez Cerezo et al., 2001).
Em sistemas de CW onde o wetland construída de fluxo vertical (CW-FV) é instalado em
série com um wetland construída de fluxo subsuperficial horizontal (CW-FH), espera-se
nitrificação satisfatória no primeiro estágio, que é bem oxigenado, e desnitrificação no
segundo, devido às condições de anoxia presentes que são necessárias a esta reação. Para um
sistema onde o CW-FH é seguido pelo CW-FV, a idéia é que a DBO removida no primeiro
estágio possa prevenir interferências no processo de nitrificação no segundo (Philippi e
Sezerino, 2004).
Rousseau (2005), em um sistema híbrido em escala piloto para o pós-tratamento de esgoto
doméstico (um CW-FV seguido por um CW-FH), obteve remoções de 74% para SST, de 80-
90% para DQO e, com 65% de nitrificação, obteve concentração de NH
3
no efluente de 10
mg
-1
.
Gross et al. (2006) desenvolveu um sistema baseado em uma combinação de um CW-FV
com recirculação e um filtro biológico percolador, alcançando bons resultados. O sistema
removeu virtualmente todos os SST e aproximadamente 80% de DQO, sendo que as
concentrações afluentes era respectivamente 158 e 839 mg
-1
em média. Recircular em CW
parece ser um modo muito efetivo de melhorar a transferência de oxigênio e evitar
entupimento, mas aumenta o investimento e o custo de operação devido à necessidade do uso
de bomba.
Os wetlands construídas ainda não estão contemplados nas normas técnicas brasileiras, o
que dificulta a uniformização dos parâmetros e critérios para seu dimensionamento. Na
literatura internacional existem diversos modelos e critérios para projetá-los, sendo que
grande parte está voltada à remoção da carga orgânica. Para os CW-FH os modelos oriundos
da cinética de primeira ordem, em termos de matéria orgânica carbonácea, aplicável aos
reatores tipo pistão, são os mais amplamente utilizados para prever a área superficial
necessária para a promoção do tratamento secundário de águas residuárias ou de baixa carga
orgânica (Conley et al., 1991; Philippi e Sezerino, 2004; Rousseau et al., 2004). Para os CW-
FV, como são empregados com a finalidade de promover nitrificação, além da cinética de
19
primeira ordem leva-se em conta o balanço de oxigênio necessário à manutenção das
condições aeróbias no interior da massa filtrante (Johansen e Brix, 1996, Platzer, 1999).
O objetivo deste trabalho foi determinar critérios para configuração e dimensionamento de
um compacto sistema híbrido de wetlands construídas cultivados com plantas ornamentais
para o tratamento domiciliar de água cinza.
2.2. Material e Métodos
O estudo foi realizado em uma residência com 9 moradores, situado em uma área de
comodato da Prefeitura Municipal de Campo Grande, localizada no bairro Jardim Aero
Rancho, MS, Brasil.
As unidades do sistema híbrido de CW foram instaladas em série, nas dimensões,
declividades e seqüência apresentadas nas Figuras 1, 2 e 3, para tratar água cinza (chuveiro,
pia da cozinha e tanque). Para a quantificação da água cinza produzida na residência foram
instalados três hidrômetros de 1,5m
3
h
-1
(multijato Actaris
®
) nas tubulações de água que
servem a pia da cozinha, o banheiro (chuveiro) e o tanque de lavar roupas. Para efeito de
cálculos considerou-se taxa de retorno de 100%.
2.2.1. Sistema Experimental
O sistema completo (Fig. 1) foi composto por: a) caixa de gordura TIGRE (CG; somente para
a pia da cozinha), b) tanque de união (TU), c) tanque de sedimentação (TS; 250 ), d) wetland
construída de fluxo subsuperficial horizontal (CW-FH; 1860 ), e) tanque de alimentação
intermitente (TI; sistema hidromecânico) e f) wetland construída de fluxo vertical (CW-FV;
2000 ).
Uma piscina de fibra de vidro retangular (Fig. 2) foi utilizada para o CW-FH (dimensões
de 1,6 m x 2,9 m x 0,6 m). A mesma foi preenchida com 50 cm (altura) de pedrisco
(D
60
= 7,5 mm; Cu = D
60
/D
10
= 1,5; Ks = 3,6.10
-3
m s
-1
; n = 44%), enquanto as zonas de
entrada e saída foram preenchidas com brita nº. 0. Dois piezômetros foram instalados
próximos a zona de entrada e saída para monitoramento do nível e coleta de amostras, quando
necessário. O nível hidráulico dentro do reservatório foi mantido em 40 cm de altura, mas
poderia ser variado através da utilização de um sifão flexível situado na saída do sistema. A
tubulação de entrada, de 50 mm de diâmetro, foi perfurada (ø = 1 cm; alinhados e espaçados 5
cm entre si), e voltados para cima para o efluente ser distribuído igualmente ao longo do cano,
localizado na borda superior. A tubulação de saída, de 50 mm de diâmetro, foi perfurada =
20
1 cm; alinhados e espaçados 5 cm entre si), e voltados para baixo. Portanto, na entrada e na
saída foram colocados tubos de 1,5 m de comprimento.
Fig. 1 - Sistema híbrido de wetlands construídas (CW). Detalhe com ampliação da
canalização interna do tanque de sedimentação (TS).
As plantas ornamentais foram selecionadas de acordo com estudos prévios e literatura
disponível (Paulo et al., 2007; Asmus et al., 2007; Lorenzi e Souza, 2001). As espécies
selecionas para o CW-FH foram Heliconia psittacorum L.F. (popularmente conhecida como
heliconia ou andrômeda), Cyperus isocladus (popularmente conhecida como mini-papiro) e
Canna sp (popularmente conhecida como Beri).
Fig. 2 - Wetland construída de fluxo subsuperficial horizontal (CW-FH). Camadas de
substrato: pedrisco (1) e brita zero (2).
a b
c
d
e
f
a - CG
b - TU
c - TS
d - CW-FH
e - TI
f - CW-FV
21
O tanque utilizado para o CW-FV foi uma caixa d’água de 2000 (d
S
= 1,70 m;
d
i
= 1,50 m; h = 1 m, sucessivamente: diâmetro superior; diâmetro inferior e altura), sendo
preenchido por camadas (do fundo até o topo) de brita nº. 0 (20 cm), pedrisco (10 cm), areia
grossa (60 cm; D
60
= 0,85 mm, Cu = D
60
/D
10
= 2,43; Ks = 4.10
-4
m s
-1
; n = 40%) e pedrisco
novamente (5 cm).
O efluente do CW-FH aplicado intermitentemente no CW-FV é distribuído na sua
superfície através de uma tubulação de PVC de 25 mm de diâmetro em forma de “espinha de
peixe”, perfurada = 6 mm; alinhados e espaçados 8,5 cm entre si). A tubulação coletora do
efluente (drenagem do fundo) com 32 mm de diâmetro foi perfurada (ø = 6 mm; voltados para
baixo, alinhados e espaçados 4 cm entre si), também em forma de “espinha de peixe”.
Fig. 3 - Wetland construída de fluxo vertical (CW-FV). Camadas de substrato: pedrisco
(1), brita zero (2) e areia grossa (3).
Para o CW-FV as espécies selecionadas foram Arundina bambusifolia (conhecida como
orquídea bambu) e Alpinia purpurata (conhecida como alpínia ou gengibre vermelho).
O pedrisco e a brita zero, utilizados como substrato, provém de rocha basáltica, a areia
grossa é proveniente do leito do Rio Paraná. A porosidade foi quantificada no laboratório de
solos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), campus Campo Grande,
empregando-se proveta graduada de 1 de volume e água destilada. A condutividade
hidráulica saturada (Ks) foi determinada baseando-se nos princípios da Lei de Darcy e
22
utilizando-se permeâmetro vertical, constituído de uma coluna de PVC de 1 m de altura e 75
mm de diâmetro.
2.2.2. Critérios de dimensionamento
A configuração do sistema foi baseada nos seguintes critérios: i) remoção de sólidos
suspensos; ii) evitar problemas de odor e entupimento e; iii) propor um sistema compacto.
Para obter o desempenho esperado foi proposta a configuração ilustrada (Fig. 3).
As dimensões do sistema foram baseadas na vazão média (700 dia
-1
) e na concentração
de DBO
5,20
(500 mg
-1
) determinados na caracterização realizada por Pansonato et al. (2007).
O CW-FH foi dimensionado baseado na área superficial requerida (Conley et al., 1991;
Rousseau et al., 2004a) para uma remoção de 67% de DBO
5,20
.
O dimensionado do CW-FV foi baseado no balanço de oxigênio requerido para remover a
DBO
5,20
remanescente e reduzir a concentração de NH
3
(NH
4
+
) presentes no efluente do CW-
FH. Caso este CW-FV possuísse 1 m de profundidade, esperar-se-ía uma eficiência de
nitrificação de 85% com este modelo de dimensionamento (Johansen e Brix, 1996). Os
cálculos efetuados para tal modelo de dimensionamento foram efetuados utilizando-se o valor
da concentração de NH
3
em vezdo íon NH
4
+
, pois é este o parâmetro usualmente analisado em
laboratório e encontrado na literatura, como também, pela ínfima diferença quando da
conversão da unidade da concentração para k dia
-1
, necessária ao equacionamento em questão.
2.2.3. Operação e monitoramento do sistema
A operação do sistema foi iniciada em 23 de fevereiro de 2008, após seu plantio. Inicialmente,
seu funcionamento se deu apenas com água, para a adaptação das plantas e aclimatação das
raízes. Esta adaptação teve a duração de um mês, sendo que para o CW-FH, houve a variação
de sua altura da água (nível de água) reduzindo-se 10 cm a cada semana, e para o CW-FV foi
feita a rega diária. A efetiva “partida” do sistema, ou seja, a alimentação com água cinza foi
efetivada em 22 de março de 2008, com nível hidráulico em 40 cm, para o CW-FH.
Para o monitoramento do sistema foram coletadas amostras entre as 7:30h e 8:30h da
manhã, no período de 14 de abril a 15 de dezembro de 2008, em 03 pontos: após o TS (P1),
após o CW-FH, isto é, dentro do TI (P2) e após o CW-FV (P3). As amostras foram coletadas
duas vezes por semana para alguns parâmetros (ST, SST, pH, T, turbidez, condutividade e
DQO) durante os 03 primeiros meses e, posteriormente, uma vez por semana. Os parâmetros
analisados foram: sólidos totais (ST), sólidos suspensos totais (SST), pH, temperatura,
turbidez, condutividade e demanda química de oxigênio (DQO), nitrogênio total (NT), nitrato
(NO
3
-
), nitrito (NO
2
-
), amônia (NH
3
), fosfato total (PO
4
-3
), coliformes totais (CT), Escherichia
23
coli (E. coli), cloretos (Cl
-
), oxigênio dissolvido (OD) e demanda bioquímica de oxigênio
(DBO
5, 20
).
Em 2009, as coletas foram reiniciadas em 04 de março para o monitoramento dos seguintes
parâmetros: pH, temperatura, condutividade, CT, turbidez, NT, PO
4
-3
, E. coli, DQO, SST, ST,
sendo que os últimos 4 parâmetros foram considerados para avaliação no presente trabalho.
2.2.4. Aspectos operacionais - Vazão
Não houve controle no fluxo de entrada visando avaliar o desempenho do sistema sob
condições reais e eventuais picos de carga orgânica e hidráulica. Foram realizadas coletas
simples e considerou-se, para efeitos de cálculo de eficiência de remoção de parâmetros e
redução de concentração, que o sistema era estável (coletas de entrada e saídas na mesma data
e horário). Assim, não houve amortecimento no fluxo de entrada do sistema.
2.2.5. todos analíticos
Os métodos de amostragem e analíticos foram referenciados pela publicação Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater”, 21ª edição (APHA, 2005), sendo
realizadas no Laboratório de Qualidade Ambiental (LAQUA), da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul - UFMS.
2.2.6. Planejamento experimental
Para a avaliação da eficiência de remoção do sistema experimental, visando o adequado
tratamento estatístico e otimização dos resultados obtidos, foram selecionadas algumas
variáveis independentes. Para a avaliação do CW-FH foram selecionados o TDH
(representando a vazão) e a eficiência de remoção de DBO
5,20
(E
R
-DBO
5,20
; representando a
carga orgânica). Para o CW-FV e sistema híbrido completo as variáveis foram a E
R
-DBO
5,20
e tempo de funcionamento do sistema híbrido (t
CW
), que significa a operação do sistema ao
longo do tempo.
2.2.7. Tratamento dos resultados
A partir dos resultados obtidos, foram feitos tratamentos estatísticos para sua interpretação
comparativa, visando à obtenção de equações de regressão que descrevam a resposta
experimental do sistema, com foco para sua eficiência de remoção.
O tratamento estatístico dos dados obtidos foi feito com auxílio de ferramenta
computacional da empresa StatSoft Inc., o software STATISTICA
®
, versão 5.1, edição 1998.
24
2.3. Resultados e Discussões
Normalmente, os parâmetros utilizados para o dimensionamento de CW são área requerida,
profundidade, TDH, vazão média e DBO. Os modelos oriundos da cinética de primeira
ordem, em termos de matéria orgânica carbonácea, aplicável aos reatores tipo pistão são os
mais amplamente utilizados para prever a área superficial necessária para a promoção do
tratamento secundário de águas residuárias ou de baixa carga orgânica. Estes modelos, onde a
taxa de remoção desta DBO é diretamente proporcional a sua concentração no meio, estão
sendo utilizados para o dimensionamento de CW-FH (Conley et al., 1991; Philippi e Sezerino,
2004; Rousseau et al., 2004a). O dimensionamento de CW-FV conforme Johansen e Brix
(1996), como uma segunda fase para a melhoria de uma fase horizontal (CW-FH), adotam o
modelo baseado no balanço de oxigênio necessário a remoção da matéria orgânica e
nitrificação.
2.3.1. Características da água cinza: influência na razão DQO/DBO e sólidos e adequação
do pré-tratamento
Considerando que o volume e características da água cinza de uma residência variam bastante
de acordo com as atividades e hábitos dos moradores, dimensionar um sistema eficiente e
compacto é, de certo modo, difícil. Tal fato pode ser observado na Fig. 4, que mostra a
variação média da vazão da água cinza, para um período de 30 dias, e suas respectivas fontes
de geração (porcentagem) de janeiro de 2008 a julho de 2009.
As frações de água cinza provenientes da lavanderia e cozinha variaram na mesma
proporção, ao longo do período monitorado, apresentado variação de até o dobro e 1,5 vezes
sua proporção, respectivamente. A fração do chuveiro apresentou variação em torno de 3
vezes sua proporção para todo o período monitorado, ressaltando que o acentuado declive em
05/2008 foi proveniente de defeito no chuveiro. No entanto, a variação da proporção das
parcelas componentes da água cinza não apresentou correlação com a razão DQO/DBO,
parâmetro importante quando se trata da aplicação de tratamento biológico.
O valor obtido
para esta relação, para a água cinza gerada na residência, no período de 2008 a 2009, foi
de 1,7 ± 0,5, ou seja,
uma relação de aproximadamente 2:1 (DQO/DBO < 2).
Essa relação
vem ao encontro das indicações de Souza (1982) e Braile e Cavalcanti (1993), que, de forma
simplificada, consideram um resíduo facilmente biodegradável quando a relação DQO/DBO é
menor que 2. No estudo desenvolvido por Sezerino (2006) a relação DQO/DBO obtida pelo
autor foi de 1,32. De acordo com Del Porto e Steinfeld (2000), a água cinza com relação
DQO/DBO de 1,1 é considerada facilmente biodegradável. No entanto, outros estudos
25
indicam uma baixa biodegradabilidade da água cinza com a relação DQO/DBO variando de
2,9 a 3,6 (Al-Jayyousi, 2003; Jefferson et al., 2004). Normalmente a alta relação DQO/DBO
advém das águas de lavagem provenientes das ma
0
10
20
30
40
50
60
70
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun *Jul
%
0
100
200
300
400
500
600
700
V ( dia
-1
)
Lavanderia
Cozinha
Chuveiro
Volume Médio
Fig. 4 Volume médio (eixo direito) e composição da água cinza (eixo esquerdo). O mês
de janeiro corresponde ao período entre 16/12/2008 e 03/02/2009 e julho até 16/07. A
borda vermelha destaca o ano de 2009.
A relação DQO/DBO para os três pontos de amostragem (P1, P2 e P3) durante o período
monitorado em 2008 foi de 1,7 ± 0,5; 2,1 ± 0,6 e 6,7 ± 5,0 para os pontos 1, 2 e 3,
respectivamente, mostrando-se maior após cada unidade de tratamento. Isto deve ser levado
em consideração se a água cinza for reusada na irrigação e na escolha das plantas utilizadas
nos CW, considerando que as características possam causar efeitos negativos, quando em alta
concentração, para solo e plantas.
Outro parâmetro que reflete a relação DQO/DBO é representado pela variação da
composição dos ST. Foi observado que houve o aumento da proporção de SDT em relação
aos SST após cada unidade de tratamento, que os SDT representam a fração da água cinza
não biodegradável representada por substâncias inorgânicas e coloidais presentes nos
produtos de higiene pessoal (Morel e Diener, 2006; Eriksson et al., 2002). Esta relação pode
ser observada na Fig. 5 que apresenta a distribuição dos ST em cada unidade do sistema
durante sua operação.
26
71
90
98
0
20
40
60
80
100
1 2 3
Ponto de amostragem
%
SDT
SST
Fig. 5 - Distribuição dos ST (%) para os 3 pontos de coleta (ST = SDT + SST).
O aumento da proporção de SDT após cada unidade de tratamento comprova o aumento da
relação DQO/DBO anteriormente citada. Isto, provavelmente, ocorre devido às substâncias
coloidais e inorgânicas presentes em produtos de limpeza e de cuidados pessoais (Morel e
Diener, 2006; Eriksson et al., 2002).
De acordo com Phillipi e Sezerino (2004), para alcançar um desempenho estável em um
sistema compacto, é preciso, ou controlar a vazão de entrada ou utilizar um sistema para pré-
tratamento, como tanque séptico ou tanque de sedimentação. Neste estudo foi proposto um
tanque de sedimentação com TDH de 3,3 horas para acomodar a variação da composição da
água cinza (equalizar) e permitir a decantação dos sólidos mais grosseiros. A utilização deste
foi imprescindível para o sistema, evitando, quando mantida a manutenção apropriada, a
colmatação na entrada do CW de fluxo horizontal. Tal fato pode ser confirmado com a
avaliação da carga orgânica de entrada que aumentava bruscamente quando a limpeza desta
unidade era executada tardiamente. Após esta observação, com a determinação de
periodicidade quinzenal para a limpeza desta, foi possível obter certo controle da carga
afluente no sistema. Caso fosse utilizado um tanque séptico no lugar do TS seria possível
reduzir a freqüência de limpeza. No entanto, esta alternativa poderia acarretar emanação de
maus odores tendo em vista a condição anaeróbia do efluente, que seria inconveniente devido
à proximidade do sistema à residência.
2.3.2. Influência do tempo de detenção de hidráulica
Tendo em vista a importância relatada quanto ao TDH nos CW de fluxo horizontal e a larga
faixa de variação de vazão da água cinza que entra no sistema, o parâmetro TDH será
27
discutido como parâmetro de projeto. No dimensionamento do CW-FH foi preconizada uma
remoção de DBO
5,20
de 67% e o TDH obtido foi de 1,2 dias. Durante os 446 dias
monitorados, os resultados mostraram uma variação do TDH de 1,9 ± 0,9 dias, sendo que os
valores máximo e nimo encontrados foram 4,7 e 0,8 dias, respectivamente. A literatura
recomenda que o valor do TDH varie entre 3 e 7 dias para água cinza (Morel e Diener, 2006).
Assim, foram observados 3 períodos distintos (Fig. 6) durante o período monitorado através
da avaliação da E
R
-DQO.
0
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
3 27 38 45 52 62 73 80 89 103 117 131145 159187 208 222236 248334 348 376389 404433 446
t
CW
(dias)
Q ( dia
-1
)
0
20
40
60
80
100
%
Q ( dia-¹)
CW-FH
CW-FV
CW
Fig. 6 - Variação da vazão (eixo y primário) e da E
R
-DQO para CW-FH, CW-FV e CW
(eixo y secundário), conforme t
CW
. Para o período de t
CW
entre 249 e 403 não houve
coleta de amostras no ponto intermediário, P3.
O período correspondeu ao t
CW
igual a 90 dias, onde um TDH baixo afetava, isto é,
reduzia a E
R
do CW-FH e, uma seqüência de TDHs baixo (t
CW
entre74 e 87 dias) afetava este
e também o CW-FV, resultando na redução da E
R
global. No período, t
CW
entre 101 e 108,
uma sucessão de TDHs baixo implicou na redução da E
R
do CW-FH mas passou a não mais
prejudicar o CW-FV, que passou a manter sua média de E
R
-DQO acima de 80%. Para a E
R
-
DQO global essa porcentagem manteve-se acima de 90%. Com isto, podemos considerar que
os primeiros noventa dias de operação do sistema híbrido corresponderam a uma fase de
adaptação.
O TDH também interfere no número de aplicações (nA) efetuadas pelo tanque intermitente
no CW-FV. O nA não interferiu na E
R
-DQO do CW-FV como era esperado que o intervalo
entre as aplicações é de fundamental importância para o bom desempenho desta unidade. A
aplicação intermitente aliada à rápida infiltração do efluente a ser tratado tende a criar um
gradiente de entrada de ar atmosférico, via convecção e difusão, suficiente para promover a
oxidação do carbono e da amônia a nitrato (Platzer, 1999).
28
É importante salientar que o nA foi estimado, pois a configuração de funcionamento
hidromecânico do TI impossibilitava o controle do volume a cada aplicação. Enquanto uma
aplicação era efetuada, isto é, durante a execução do sifonamento, como se trata de um
sistema contínuo, o efluente do CW-FH continuava entrando no TI e sendo imediatamente
aplicado. Assim sendo, uma aplicação pode ter correspondido a uma carga hidráulica maior
que apenas o volume do tanque.
A redução da concentração de NH
3
no CW-FV variou de acordo com o nA. Tal variação
mostrou-se discreta, devido à baixa concentração de nitrogênio na água cinza. Mesmo com
esta interferência, ambas as unidades do sistema promoveram a nitrificação, fato este
comprovado pelo acréscimo da concentração de NO
3
, resultando em um efluente com
concentração maior que a afluente. A ocorrência de desnitrificação no CW de fluxo
horizontal, não era esperada dentro da configuração adotada, combinada com o baixo TDH e
a forma que o nitrogênio entra no sistema, isto é, na forma orgânica (N
org
). A hipótese é que,
devido à configuração do sistema, não tempo suficiente e condições ambientais para que
todo o Norg que foi convertido a NH
3
no CW-FH também fosse convertido a NO
3
e
desnitrificado. Mesmo com o acréscimo de NO
3
, principalmente no CW-FV, o efluente
apresentou concentração média de 0,4 mg
-1
e valor máximo de 1,9 mg
-1
.
Platzer (1999) ressalta que se deve manter a Taxa de Aplicação (Ta) no CW-FV em
valores inferiores a 0,25 m
-
² d
-1
(250 m
-2
d
-1
) e a carga de nitrogênio afluente inferior a
6,5 g NTK m
-2
d
-1
. Estudos semelhantes realizados em colunas preenchidas com areias
comprovam que a oxidação da amônia a nitrato (nitrificação) pode ocorrer
concomitantemente com a redução da DQO (Felde e Kunst, 1997; Sezerino, 2002). Felde e
Kunst (1997) reforçam ainda que com uma aplicação intermitente (duas vezes ao dia, sob uma
taxa de 80 mm d
-1
), cerca de 90% da amônia é oxidada a nitrato nos primeiros 20 cm do leito
filtrante.
Segundo Morel e Diener (2006), o nível, ou seja, grau de eficiência do tratamento é
determinado pelo TDH no CW-FH. TDH para água cinza estão normalmente variando de 3-7
dias, com Ta de 5-8 cm d
-1
e taxa orgânica de aplicação de 6-10 g DBO m
-2
d
-1
. Dependendo
da vazão de água cinza e devido às altas Ta, um CW-FH requer 1-3 m
2
de área por pessoa.
Provavelmente estes valores sugeridos aplicam-se a sistemas comuns, ou seja, composto
apenas de 1 CW-FH pois são extremamente baixos. Para a Ta média observada de
0,5 m³ m
-
² d
-1
no CW-FH e 0,2 m
-
² d
-1
no CW-FV foram obtidos, respectivamente, 70 e
94% de E
R
-DBO e 33 e 45% E
R
-NT, frisando que a concentração média efluente de NT é 5,1
mg
-1
. Assim a necessidade da implantação de outro CW-FH após o CW-FV é dispensada.
29
A relação m
2
por pessoa (m² pe
-1
) é muito empregada como critério de dimensionamento,
notadamente para unidades domiciliares ou pequenos sistemas descentralizados. Faixas de
aplicação encontram-se variando de 1 a 5 m
2
pe
-1
, quando os CW-FH o empregados como
tratamento secundário precedidos, na maioria dos casos, de decanto-digestores. Tal fator
representou grande dificuldade no momento de comparação de resultados com a literatura,
pois esta relação é obtida considerando-se a carga orgânica per capita. Alguns autores adotam
a carga orgânica do efluente padrão local e outros a vazão, mas muitas vezes não a
mencionam, o que é de extrema importância, pois este valor varia de acordo com clima,
costumes, poder aquisitivo entre tantos outros fatores supracitados para caracterização da
água cinza. Certos autores fazem uma caracterização do próprio efluente e acabam por
desconsiderar tal fator. Considerando o equivalente populacional (EP) adotado para esgoto
doméstico no Brasil, 54 g DBO pe
-1
dia
-1
, foi obtido para a água cinza no presente estudo um
EP equivalente a 72% daquele determinado para esgoto, isto é, obteve-se uma carga de
39 g DBO pe
-1
dia
-1
.
2.3.3. Análise estatística
A análise estatística dos dados obtidos revelou, graficamente, superfícies lineares e
quadráticas de resposta para todos os parâmetros, em cada unidade e no sistema híbrido
completo, que possibilitam previsão da resposta experimental de cada variável, baseado nos
parâmetros de controle: E
R
- DBO
5,20
, TDH e t
CW
.
Partindo do parâmetro TDH, é possível observar sua correlação com a E
R
-DQO e
E
R
-DBO
5,20
(Fig. 7). Para TDH entre 1,5 e 2,5 dias a E
R
-DQO e E
R
-DBO
5,20
variaram entre
60-75%. Para o TDH de dimensionamento (1,2 dias) foi obtida a E
R
-DBO
5,20
de 68%
(desejada: 67%).
Fig. 7 - Correlação entre E
R
-DQO (%), E
R
-DBO
5,20
e TDH.
30
A E
R
-SST e E
R
-ST não apresentaram correlação com o TDH, isto é, suas E
R
foram
independentes a variação do TDH. Os SST apresentaram E
R
se mantendo acima de 70% e
variando até 95%. Os ST mostraram grande variação, ocorrendo situações em que houve
100% de acréscimo na concentração, sua E
R
variou entre 7-67%. A E
R
-Turb apresentou
discreto aumento evidenciado por acréscimo de 10% para TDH 2 dias, sua E
R
variou entre
55-93% com ponto mínimo em 30% para TDH = 1,4. A E
R
-Turb e E
R
-SST apresentaram
correlação linear direta significativa (p < 0,05) de 0,98.
A redução da concentração de NH
3
apresentou correlação indireta com o TDH,
evidenciando aproximadamente 500% de acréscimo para o TDH de dimensionamento e
variando até 5% para valores de TDH até 3 dias. A E
R
- NT apresentou correlação direta com
o TDH, variando de 9-47% para TDH de 0,8-3,2 dias.
Ao considerar um sistema híbrido, a configuração mais comum para esgoto doméstico é
um CW-FV seguido por um CW-FH para nitrificar no primeiro e desnitrificar no segundo.
Neste trabalho foi proposta a configuração oposta (CW-FH seguido por CW-FV)
considerando as baixas concentrações de nitrogênio da água cinza, quando comparada ao
esgoto doméstico (Jefferson et al., 2004; Eriksson et al., 2002), e devido ao CW-FV,
aparentemente, não enfrentar bem picos hidráulicos, acarretando em colmatação da camada
do topo em tais situações (Platzer et al., 2007a). A Tab. 4 mostra a eficiência de remoção dos
parâmetros analisados no monitoramento para os anos de 2008 e 2009.
Um estudo realizado por Rousseau (2005), em um sistema híbrido em escala piloto (um
CW-FV seguido por um CW-FH) tratando esgoto doméstico pré-tratado, atribuiu o melhor
desempenho do CW-FV ao fato de que foi a unidade que recebeu a maior carga e, que,
invertendo a ordem do wetland naquele sistema híbrido resultaria no encontro da maior
eficiência no CW-FH. Para o presente estudo, a eficiência de remoção, em valores absolutos,
do CW-FH foi superior, porém, mesmo com baixa concentração do afluente no CW-FV, a
unidade apresentou maior remoção percentual para todos os parâmetros avaliados. No entanto
o CW-FV é de fundamental importância para este sistema híbrido, já que complementa
(finaliza) a remoção da unidade anterior promovendo estabilidade na performance global.
31
Tabela 4 - Valores médios e desvios padrões das concentrações de entrada e saída de cada
unidade e do sistema completo, eficiência de remoção e redução da concentração destes.
Remoção
Total
Parâmetro
n
(1)
Valor de
entrada
Remoção
CW-FH
(%)
Remoção
CW-FV
(%)
%
Concentração
de saída
pH
65 5,7 ± 0,5 -
(2)
-
(2)
-
(2)
7,1 ± 0,3
Turbidez (UNT)
(3)
64 292 ± 165 69 ± 32 87 ± 23 98 ± 3 4 ± 5
Condutividade
(µS cm
-1
)
61 298 ± 158 -
(2)
-
(2)
-
(2)
366 ± 163
OD (mg O
2
-1
)
(4)
32 0,3 ± 0,5 -
(2)
-
(2)
-
(2)
4,2 ± 1,5
DQO (mg O
2
-1
)
60 747,8 ± 386,3 56 ± 33 78 ± 42 95 ± 7 32,5 ± 44,8
DBO
5,20
(mg O
2
-1
)
(4)
23 425,6 ± 211,3 70 ± 18 94 ± 6 98 ± 2 8,2 ± 12,8
Cl
-
(mg
-1
)
(4)
21 29,3 ± 13,4 -
(2)
-
(2)
-
(2)
33,1 ± 13,9
ST (mg SST
-1
)
44 552,9 ± 176,7 9 ± 38 17 ± 14 32 ± 25 349,3 ± 97,9
SST (mg SST
-1
)
52 154,5 ± 72,4 66 ± 28 81 ± 19 94 ± 8 6,0 ± 6,8
PO
4
3-
(mg
-1
)
37 4,9 ± 2,2 -16 ± 66 33 ± 41 31 ± 47 2,9 ± 1,7
NT (mg N
-1
)
34 9,9 ± 3,2 33 ± 31 14 ± 68 45 ± 39 5,1 ± 3,5
NO
3
-
(mg
-1
)
(4)
25 4,7.10
-2
± 4,4.10
-1
-
(2)
-
(2)
-
(2)
4,2.10
-1
± 4,7.10
-1
NH
3
(mg
-1
)
(4)
12 1,6 ± 1,4 -
(2)
97 ± 2 80 ± 31 0,2 ± 0,1
NO
2
-
(mg
-1
)
(4)
23 3,4.10
-2
± 2,5.10
-2
13 ± 73 -70 ± 371 18 ± 102 2,0.10
-2
± 2,0.10
-2
CT
(NMP
(5)
100 m
-1
)
50 3,2.10
8
± 6,0.10
8
90
90
99
1,2.10
6
± 3,0.10
6
E. coli
(NMP 100 m
-1
)
46 9,7.10
5
± 3,0.10
6
80
90
99
2,9.10
3
± 3,7.10
3
(1)
Número de amostras;
(2)
Valor não calculado;
(3)
UNT: unidade Nefelométrica de turbidez;
(4)
Parâmetro monitorado apenas em 2008;
(5)
NMP: número mais provável.
A fração carbonácea, expressa pela DBO
5,20
e DQO, apresentou porcentagens de remoção
global variando entre 88% e 99% estando em concordância aos valores descritos na literatura
para esgoto doméstico (Conley et al., 1991; Rousseau et al., 2004). De acordo com a revisão
de Tuszyńska e Obarska-Pempkowiak (2008), a remoção de matéria orgânica em CW-FH
tratando esgoto doméstico varia de 71,2% a 94,1% para DBO
5,20
e de 59,7% a 89% para
DQO. Altas remoções de DQO em wetlands construídas são reportadas utilizando-se o fluxo
vertical (Shrestha et al., 2001; Li et al., 2003; Gross et al., 2006). Morel e Diener (2006)
relataram 95% de E
R
-DBO
5,20
para um sistema composto por TS + CW-FH tratando água
cinza na Costa Rica, com concentração afluente de 167 mg
-1
.
2.3.4. Performance global do sistema
Houve poucos episódios de colmatação na faixa de entrada do CW-FH, o que ocorreu devido
à falta de manutenção na caixa de gordura, ressaltando que havia o despejo de comida no ralo
da cozinha e tanque da lavanderia. No entanto, tais problemas foram sanados com a devida
limpeza nas unidades de pré-tratamento. A periodicidade de limpeza era de pelo menos uma
32
vez por mês nos primeiros 3 meses e, posteriormente, quinzenalmente. O intervalo entre os
procedimentos de limpeza pode ser encarado como uma das mudanças nos hábitos dos
moradores, a fim de diminuir a manutenção do sistema, mas como não houve tal colaboração
foram necessárias medidas corretivas como a troca do substrato na área colmatada e aumento
da freqüência de limpeza das unidades de pré-tratamento.
A operação do sistema foi simples e apenas requisitou alguma atenção para a limpeza do
sistema de pré-tratamento. O sistema hidromecânico foi monitorado regularmente, para
garantir a aplicação do efluente no CW-FV.
2.4. Conclusões
A configuração sugerida para o sistema (caixa de gordura + tanque de sedimentação)
seguidos por um sistema híbrido de wetlands construídas (CW-FH + CW-FV) se mostrou
apropriada para atender os critérios estabelecidos (remoção de sólidos suspensos, evitar
problemas de mau odor e entupimento, proposição de um sistema compacto);
Pedrisco (porosidade = 0,44 e K
s
= 3,6x10
-3
m s
-1
) mostrou ser uma boa opção para evitar
entupimento em um CW-FH recebendo água cinza, com uma concentração média de 141 ± 77
mg
-1
de SST na entrada;
O desempenho do CW-FH foi temporariamente afetado, quando houve picos de vazão, ou
seja, TDH baixo. No entanto, o CW-FV se mostrou eficiente como segundo estágio,
assegurando um desempenho estável do sistema como um todo;
A remoção bacteriológica foi suficiente para atender a qualidade microbiológica, para E.
coli, recomendada pelas diretrizes da Organização Mundial de Saúde (WHO, 2006) para
irrigação restrita (<10
5
NMP 100 m
-1
);
Ressalta-se também, que, mesmo os CW não estando destacados nas normas técnicas
aplicáveis ao tratamento descentralizado e/ou domiciliar de esgotos domésticos (como por
exemplo, a NBR 13.969 ABNT, 1997), estes se mostram como alternativa viável para a
realização do tratamento de águas residuárias.
A configuração adotada proporcionou 99% de E
R
-DQO global em situações com picos de
vazão em torno de 1000 d
-1
.
O pré-tratamento, que impediu a entrada de materiais grosseiros no CW-FH, junto com o
CW-FV, que manteve sua eficiência praticamente constante independente da concentração
afluente, demonstraram a possibilidade de se dimensionar um sistema de tratamento de água
cinza baseado nas equações utilizadas para esgoto doméstico.
33
Agradecimentos
Esta pesquisa foi financiada pela International Foundation for Science (IFS, Suécia,
concessão n
o
. W/4130-1) e pela Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Ensino de Mato Grosso
do Sul (FUNDECT, bolsas de mestrado).
34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), 1997. Tanques sépticos - unidades de tratamento
complementar e disposição final dos efluentes líquidos - projeto,construção e operação: NBR
13969. Rio de Janeiro, 60pp.
Al-Jayyousi and Odeh, R., 2003. Greywater reuse: towards sustainable water Management.
Desalination 56 (18), l-l 92.
APHA (American Public Health Association), AWWA (American Water Works Association) e WEF
(Water Environment Federation), 2005. “Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater”, 21
th
edition, APHA, Washington - DC, USA.
Asmus, A., Oliveira, A. S., Ide, Carlos Nobuyoshi, Paulo, P. L., 2007. Comparison of plants efficiency
on the removal of pollutants in constructed wetlands. In: Proceedings of the IWA Advanced
Sanitation Congress, Aachen.
Bazzarella, B. B., 2005.
Dissertação apresentada ao Programa de
s-Graduação em Engenharia
Ambiental da
Universidade Federal do Espírito Santo,
como requisito parcial para obtenção do
Grau de Mestre em Engenharia Ambiental. Vitória, Esrito Santo, 165pp.
Borges, L. Z., 2003. Caracterização da Água Cinza para Promoção da Sustentabilidade dos Recursos
Hídricos. Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Ambiental, Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Hídricos e
Ambiental, setor de tecnologia, Universidade Federal do Paraná. 91pp.
Braile, P. M., Cavalcanti, J. E. W. A., 1993. Manual de tratamento de águas residuárias. CETESB, São
Paulo, 764pp.
Brix, H., 1993. Wastewater treatment in constructed wetlands: system design, removal processes, and
treatment performance. In: Moshiri, G. A. (Ed.), Constructed Wetlands for Water Quality
Improvement. CRC Press, Boca Raton, Flórida, 9-22.
Brix, H., 1994. Use of constructed wetlands in water pollution control: historical
development, present status, and future perspectives. Water Sci.
Technol. 30 (8), 209-223.
Brix, H., 1997. Do Macrophytes play a role in constructed treatment wetlands?
Water Sci.
Technol. 35
(5), 11-17.
Buenfil, J., 2004. Biofiltro: La Jardinera que Filtra las Aguas Grises para Reciclarlas. “Instrumentos
Educativos para el Saneamiento Ecológico” Taller de Artes y Oficios AC y Sarar Transformación
SC, Tepoztlan, Mexico.
Burba, G. G., S. B. Verma, J. Kim, 1999. Surface energy fluxes of Phragmites australis in a prairie
wetland. Agricultural and Forest Meteorology 94 (1), 31-51.
Chernicharo, C. A. L., 1997. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias: reatores
anaeróbios. Belo Horizonte, UFMG, Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental 5, 245pp.
Chernicharo, C. A. L., 2001. Pós-tratamento de reatores anaeróbios. In: Pós-tratamento de Efluentes
Anaeróbios por Sistemas de Aplicação no Solo. Belo Horizonte. PROSAB/FINEP, 55-64.
Collaço, A. B., 2001. Uso de pneu “picado” como meio suporte de leitos cultivados para o tratamento
de esgoto sanitário oriundo de uma E.T.E. convencional. Tese (Mestrado Engenharia Agrícola
/Água e Solo) - Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 77pp.
Conley, L.M., Dick, R.I., Lion, L.W., 1991. An assessment of the root zone method of wastewater
treatment. Res. J. WPCF 63, 239-247.
Costa, L. L.; Ceballos, B. S. O.; Meira, C. M. B. S.; Cavalcanti, M. L. F., 2003. Eficiência de
Wetlands construídas com dez dias de detenção hidráulica na remoção de colífagos e bacteriófagos.
Revista de Biologia e Ciências da Terra 3 (1), 23pp.
Cooper, P. F., Job, G. D., Green, M. B., Shutes, R. B. E., 1996. Reed Beds and Constructed Wetlands
for Wastewater Treatment. Swindon: WRc plc, 184pp.
Crites, R. W., 1994. Design criteria and practice for constructed wetlands. Water Sci. Technol. 29 (4),
1-6.
Dallas, S. e Ho, G., 2005. Subsurface flow reedbeds using alternative media for the treatment of
domestic greywater in Monteverde, Costa Rica, Central America. Water Science and Technology
51 (10), 119-128.
35
Elias, J. M.; Salati Filho, E.; Salati, E., 2000. Performance of constructed wetland system for public
water supply. In: International conference on wetlands systems for water pollution control 7.
Orlando 3, 1539-1544.
Eriksson, E., Auffarth, K., Henze, M., Ledin, A., 2002. Characteristics of grey wastewater. Urban
Water 4, 85-104.
Felde, K.von e Kunst, S. (1997). N- and COD- removal in vertical-flow systems. Wat.Sci.Tech. 35 (5),
79-85.
FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), 2005. Conservação e Reuso de águas em
edificações. São Paulo, Prol editora e gráfica.
Friedler, E., Kovalio, R., Galil, N.I., 2005. On-site greywater treatment and reuse in multi-storey
buildings. Water Science and Technology 51 (10), 187-194.
Gómez Cerezo, R., Suarez, M. L., Vidal-Abarca, M. R., 2001. The performance of a multi-stage
system of constructed wetlands for urban wastewater treatment in a semiarid region of SE Spain.
Ecological Engineering, 16, 501-517.
Gopal, B. Natural and constructed wetlands for wastewater treatment: potentials and problems, 1999.
Water Science and Technology 40 (3), 7-35.
Grant, N., 1995. Reed bed designer. Hereford, U.K. (In : Copper, P. and Green, B. United Kingdom.
Constructed Wetlands for Wastewater Treatment in Europe). J Vymazal, H. Brix, P.F. Cooper, M.
B. Green and R. Haberl (Eds.), Backhuys Publishers, Leiden, The Netherlands, 169-190.
Gross, A., Shmueli, O., Ronen, Z., Raveh, E., 2006. Recycled vertical flow constructed wetland
(RVFCW) - a novel method of recycling greywater for irrigation in small communities and
households. Chemosphere 66 (5), 916-923.
Gulyas, H., 2007. Greywater reuse: concepts, benefits, risks and treatment technologies. international
Conference on Sustainable Sanitation – Food and Water Security for Latin America, November 26-
28, 2007, Fortaleza, Ceará, Brasil. CD-ROM.
Hammer, D.A., 1989. Constructed wetlands for wastewater treatment, municipal,
industrial
and agricultural. Chelsea: Lewis Publishers, 530pp.
Herbst, M., Kappen, L., 1999. The ratio of transpiration versus evaporation in a reed belt as influenced
by weather conditions. Aquatic Botany 63, 113-125.
House, C. H., Broome, S. W., 1990. Constructed upland-wetland wastewater treatment system. In:
Cooper, P. F., Findlater, B. C. (Eds.). Constructed Wetlands in Water Pollution Control.
Proceedings of the International Conference on the Use of Constructed Wetlands in Water
Pollution Control, Cambridge: U. K Pergamon Press.
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 2002. Pesquisa nacional de saneamento sico
2000. IBGE, Brasília, Brasil.
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 2008. Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicilio: Síntese de Indicadores 2007. IBGE, Rio de Janeiro, Brasil.
IEA (Instituto de ecologia aplicada), 1997. Relatório técnico, 22p.
Jefferson, B., Laine, A., Parsons, S., Stepherson, T., Judd, S., 1999. Technologies for domestic
wastewater recycling. Urban Water 1 (4), 285-292.
Jefferson, B., Palmer, A., Jeffrey, P., Stuetz, R., Judd, S., 2004. Grey water characterisation and its
impact on the selection and operation of technologies for urban reuse. Water Science and
Technology 50 (2), 157-164.
Jenssen, P. D., Mæhlum, T., Krogstad, T., 2005. High Performance Constructed Wetlands for Cold
Climates. Journal of Environmental Science and Health 40, 1343–1353.
Johansen, N.H. e Brix, H., 1996. Design criteria for a two-stage constructed wetland. Wetland Systems
for Water Pollution Control, Proceedings ICWS, Institute for Water Provision, Vienna, Austria.
Junsan, W., Yuhua, C., Qian, S., 2000. The application of constructed wetland to effluent purification
in pig farm. In: International conference on wetlands systems for water pollution control 7. Orlando
3, 1477-1480.
Kadlec, R. H. e Knight, R. L., 1996. Treatment wetlands. Boca Raton: Lewis Publishers, 893pp.
Kadlec, R.H. e Knight, R. L., Vymazal, J., Brix, H., Cooper, P., Haberl, R. (Eds.), 2000. Constructed
wetlands for pollution control— Processes, performance, design and operation. IWA Scientific and
Technical Report nº. 8, IWA Publishing, London, UK.
Kao, C. M.; Lee, H. Y.; Wen, C. K., 2000. Application of a constructed wetland for non-point source
pollution control. In: International conference on wetlands systems for water pollution control 7,
Orlando 3, 1553-1560.
36
Knight, R.L., Payne, V.W. E., Jr, Borer, R.E., Clarke, R.A., Jr, Pries, J.H., 2000. Constructed wetlands
for livestock wastewater management. Ecol. Eng. 15, 41-55.
Lamine, M.; Bousselmi, L.; Ghrabi, A., 2007. Biological treatment of grey water using sequencing
batch reactor. Desalination 215, 127-132.
Lara Borrero, J. A., 1999. Depuración de águas residuales municipales con humedales artificiales.
Dissertação (Mestrado em Ingeniería y Gestión Ambiental) Instituto Catalán de Tecnologia,
Universidad Politécnica de Cataluña, Cataluña, 122pp.
Leopoldo, P. R., Guimarães, A. B., Breda, C. C., 1999. Tratamento de efluentes domésticos em zona
rural através do uso de sistema com plantas aquáticas. In: Anais do Congresso Brasileiro de
Engenharia Agrícola 28. Pelotas: SBEA. CD-ROM.
Lettinga, G., 1995. Introduction. In: International course on anaerobic treatment. Wageningen
Agricultural University / IHE Delft. Wageningen 17-28.
Lesjean, B. e Gnirss, R., 2006. Grey water treatment with a membrane bioreactor operated at low SRT
and low HRT. Desalination 199, 432-434.
Li, Z., Gulyas, H., Jahn, M., Gajurel, D. R., Otterpohl, R., 2003. Greywater treatment by constructed
wetlands in combination with TiO
2
-based photocatalytic oxidation for suburban and rural areas
without sewer system. Wat. Sci. Tech., 48 (11-12), 101-106.
Lorenzi, H. e Souza, H. M., 2001. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras.
3
rd
Ed., Nova Odessa, SP, Instituto Plantarum. 1088pp.
Maltais-Landry, G., Maranger, R., Brisson, J., Chazarenc, F., 2008. Nitrogen transformations and
retention in planted and artificially aerated constructed wetlands. Water Research.
Manfrinato, E. S., 1989. Avaliação do método edafofitopedológico para o tratamento preliminar de
águas. Piracicaba. Dissertação (Mestrado) Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiróz”.
Univ. de São Paulo. 98pp.
Metcalf e Eddy Incorporation, 1991. Wastewater Engineering: Treatment, disposal and reuse. 3
rd
Ed.,
New York: McGraw-Hill, 1334pp.
Morel, A. e Diener, S., 2006. Greywater management in low and middle-income countries, review of
different treatment systems for households or neighbourhoods. Swiss Federal Institute of Aquatic
Science and Technology (Eawag). Dübendorf, Switzerland.
Moshiri, G.A., 1998. Potentials for uses of treatment wetlands in South America applicability
water pollution problems in Brazil.
In: International Conference on Wetlands Systems for Water
Pollution Control
, 6. Águas de São Pedro. Proceedings. Águas de São Pedro:
UNESP, IWA, 28-
35.
Motta Marques, 1999. Terras Úmidas Construídas de Fluxo Subsuperficial. In: Campos, J. R.,
Tratamento de Esgotos Sanitários por Processo Anaeróbio e Disposição Controlada no Solo. Rio de
Janeiro: ABES/PROSAB, 409 - 435.
Motta Marques, D. M. L., Leite, G. R., Giovannini, S. G. T., 2000. Performance of two macrophyte
species in experimental wetlands receiving variable loads of anaerobically treated municipal
wastewater. In: International conference on wetlands systems for water pollution control 7. Orlando
2, 719- 725.
NATURAL Systems for Wastewater Treatment, 1990. Manual of practice FD-16. Alexandria, Va: Water
Pollution Control Federation.
Neralla, S., Weaver, R.W., Lesikar, B.J., Persyn, R. A., 2000. Improvement of
domestic wastewater
quality by subsurface flow constructed wetlands. Bioresource Technology 75, 19-25.
Niyonzima, S., Awuah, E., Anakwa, A. O., 2007. Grey water Treatment using Constructed Wetlands
in Ghana. In: 2
nd
Scientific Meeting of Switch Managing Water for the City of the Future. Tel
Aviv, Israel.
Nogueira, S. F., Merli, G. L., Salati Filho, E., Elias, J.M., 2000. Evaluation of sewage treatment
system on constructed wetlands. In: International conference on wetlands systems for water
pollution control 7. Orlando, 3, 2010-2015.
Nogueira, S. F., 2003. Balanço de nutrientes e avaliação de parâmetros biogeoquímicos em áreas
alagadas construídas para o tratamento de esgoto. Dissertação (Mestrado em Engenharia)
Universidade de São Paulo, São Paulo, 139pp.
Nolde, E., 1999. Greywater reuse systems for toilet flushing in multi-storey buildings – over ten years
experience in Berlin. Urban Water 1 (4), 275-284.
Nolde, E., 2005. Greywater recycling systems in Germany results, experiences and guidelines.
Water Science and Technology 51 (10), 203-210.
37
NSW Health, 2000. Greywater Reuse in Sewered Single Domestic Premises. NSW Department of
Health. Sydney.
Okun, D. A., 1997. Distributing reclaimed water through dual systems. American Water Works
Association Journal 89 (11), 52-64.
Otterpohl, R., 2001. Black, brown, yellow, grey- the new colors of sanitation. Water 21, 37-41.
Ottoson, J., Strenström, T. A., 2003. Feacal contamination nof greywater and associated microbial
risk. Water Research 37 (3), 645-655.
Pansonato, N, Asmus, A. F., Ribeiro, A. S., Azevedo, C. Paulo, P. L., 2007. Caracterização de água
cinza em uma residência de baixa renda em Campo Grande, MS, Brasil (Greywater
characterisation in low-income household in Campo Grande, Ms, Brazil). In: Proceedings of the
International conference on sustainable sanitation: Food and water security for Latin America.
Fortaleza, Brazil. CD-ROM.
Paulo, P. L., Boncz, M. A., Asmus, A., Jonsson, H., Ide, C. N., 2007. Greywater treatment in
constructed wetland at household level. Gewasserschutz Wasser Abwasser 206 (34), 1-7.
Philippi, L. S., Costa, R. H. R., Sezerino, P. H., 1999. Domestic effluent treatment through integrated
system of septic tank and root zone. Water Science and Technology 40 (3), 125-131.
Philippi, L. S. e Sezerino, P. H., 2004. Aplicação de sistemas tipo wetlands no tratamento de águas
residuárias: utilização de filtros plantados com macrófitas (Application constructed wetllands for
wastewater treatment). 1
st
Ed., Florianópolis. Editora do Autor.
Platzer, C., 1999. Design recomendation for subsurface flow constructed wetlands for nitrification and
denitrification. Wat.Sci. Tech. 40 (3), 257-263.
Platzer, C., 2000. Development of Reed Bed Systems - A European Perspective. In: Proceedings of the
7
th
IAWQ Conference of Wetland Systems for Water Pollution Control. Orlando, USA.
Platzer, C., Hoffmann, H., Cardia, W., 2007a. O wetland como componente de ecosan experiências
com o uso e dimensionamento no clima subtropical. In: Proceedings of the International
conference on sustainable sanitation: Food and water security for Latin America. Fortaleza, Brazil.
CD-ROM.
Platzer, C., Hoffmann, H., Cardia, W., 2007b. Experiências práticas da aplicação do ponto de vista de
uma empresa privada de saneamento. In: Proceedings of the International conference on
sustainable sanitation: Food and water security for Latin America. Fortaleza, Brazil. CD-ROM.
PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), 2008. Relatório de Desenvolvimento
Humano 2007/2008, Brasília, Brasil.
Ramon, G., Green, M., Semiat, R., Dosoretz, D., 2004. Low strength graywater characterization and
treatment by direct membrane filtration. Desalination 170, 241-250.
Rousseau D. P. L., P.A. Vanrolleghem and N. de Pauw, 2004a. Model-based design of horizontal
subsurface flow constructed treatment wetlands: a review. Water Research, 38 (6), 1484-1493.
Rousseau, D. P. L., Vanrolleghem, P. A., Pauw, de N., 2004b. Constructed wetlands in Flanders: a
performance analysis. Ecological Engineering 23 (3), 151-163.
Rousseau, D. P. L., 2005. Performance of constructed treatment wetlands: model-based evaluation and
impact of operation and maintenance. PhD thesis, Ghent University, Ghent, Belgium, 300pp.
Rousseau, D. P. L., Lesage, E., Vanrolleghem, P. A., Pauw, de N., 2008. Constructed wetlands for
water reclamation. Desalination 218, 181-189.
Salati Filho, E., Salati, Eneida, Salati, E., 1999. Wetland projects developed in Brazil. Water Science
and Technology, 40 (3), 19-25.
Salati Filho, E., Marcondes, D. S., Salati, E., Elias, J. M., Nogueira, S. F., 2000. Assessment of the
efficiency of constructed wetland sistem Pilot plant for tertiary treatment. In: International
conference on wetlands systems for water pollution control 7. Orlando, 2, 971-976.
Salati, E., 2003. Utilização de sistemas de wetlands construídas para tratamento de águas. São Paulo,
Biológico 65 (1-2), 113-116.
Santala, E., Uotila, J., Zaitsev, G., Alasiurua, R., Tikka, R., Tengvall, J., 1998. Microbiological
greywater treatment and recycling in an apartment building. In: AWT98 Advanced Wastewater
Treatment, Recycling and Reuse: Milan, 319–324.
Sezerino, P. H. e Philippi, L. S., 2000. Utilização de um sistema experimental por meio de "wetland"
construída no tratamento de esgotos domésticos pós tanque séptico. IX Simpósio Luso-Brasileiro
de Engenharia Sanitária e Ambiental 2000. Anais. Porto Seguro, Bahia, Brasil.
38
Sezerino, P. H. e Philippi, L. S., 2003. Filtro plantado com macrófitas (wetlands) como tratamento de
esgotos em unidades residenciais Critérios para Dimensionamento. In: Congresso Brasileiro de
Engenharia Sanitária e Ambiental 22, Joinville, 1-30.
Sezerino, P. H., 2006. Potencialidade dos filtros plantados com macrófitas (constructed wetlands) no
pós-tratamento de lagoas de estabilização sob condições de clima subtropical. Tese de Doutorado.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, UFSC. Florianópolis, 171pp.
Shrestha, R. R., Haberl, R. Laber, J. Manandhar, R. and Mader, J., 2001. Application of constructed
wetlands for wastewater treatment in Nepal. Water Science and Technology, 44 (11-12), 381-386.
Shutes, R. B. E., Revitt, D. M., Scholes, L. N. L., Forshaw, M., Winter, B., 2000. An experimental
constructed wetland system for the treatment of highway runoff in the UK. In: International
Conference on Wetlands Systems for Water Pollution Control 7. Orlando, 3, 1497-1505.
Shutes, R.B.E., 2001. Artificial wetlands and water quality improvement. Environmental
International
26, 441-447.
Souza, M. E., 1982. Problemática da digestão anaeróbia dos resíduos industriais. In: Anais do I
Simpósio Latino-Americano sobre produção de biogás a partir de resíduos orgânicos. São Paulo:
CETESB, 35pp.
Stolberg, F. V. e Vergeles, Y. I., 2000. The constructed wetlands technology for de-eutrofhication of
aquatic ecosystems. In: International conference on wetlands systems for water pollution control 7.
Orlando, 3, 1531-1537.
Toniato, J. V., 2005. Avaliação de um wetland construída no tratamento de efluentes sépticos – estudo
de caso ilha grande, rio de janeiro, brasil. Dissertação apresentada à Escola Nacional de Saúde
Pública, Fundação Oswaldo Cruz, para obtenção do grau de Mestre em Ciências, Área de
concentração: Saúde Pública. Rio de Janeiro, 95pp.
USEPA (United States Environmental Protection Agency), 1999. Constructed wetlands treatments of
municipal wastewaters. EPA/625/r-99/010, Cincinnati, Ohio. 152pp.
Vaz, L. O., 2009. Avaliação do risco microbiológico decorrente do reúso de águas cinza em uma
edificação residencial de alto padrão. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Ambiental do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, como
requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Ambiental, na área de
concentração Saneamento Ambiental. 122pp.
Vymazal, J., 1998. Types of Constructed Wetlands for Wastewater Treatment. In: Proceedings of 6
th
International Conference on Wetland Systems for Water Pollution Control, CEA/UNESP e IAWQ.
Águas de São Pedro, São Paulo, 1, 150-166.
Vymazal, J., Brix, H., Cooper, P.F., Haberl, R., Perfler, R., Laber, J., 1998. Constructed Wetlands for
Wastewater Treatment in Europe. W: Removal Mechanisms and Types of Constructed Wetlands.
Backhuys Publishers, The Netherlands, Lieden, pp. 17–66.
Zanella, L., Nour, E. A. A., Roston, D. M., 2007. Wetlands-construídas vegetadas com plantas
ornamentais no pós-tratamento de efluentes domésticos. FEC/UNICAMP, 3pp.
WHO (World Health Organization), 2006. Guidelines for the safe use of wastewater, excreta and
greywater. Excreta and greywater use in agriculture. Geneva 4, 182pp.
WHO (World Health Organization) e UNICEF (United Nations Children’s Fund), 2008. Progress on
Drinking Water and Sanitation: Special Focus on Sanitation. In: Joint Monitoring Programme for
Water Supply and Sanitation (JMP). UNICEF, New York and WHO, Geneva, 54pp.
Winblad, U., Simpson-Hébert, M. (Eds.), 2004. Ecological sanitation revised and enlarged edition.
Stockholm Environment Institute, Second edition, Stockholm, Sweden, 141pp.
Winward, G. P., Avery, L. M., Stephenson, T., Jefferson, B., 2008. Chlorine disinfection of grey water
for reuse: Effect of organics and particles. Water Research 42, 483-491.
39
ANEXOS
40
ANEXO A – Fotos da construção à situação atual do projeto
Sistema híbrido de wetlands construídas, Campo Grande, MS, Brasil.
Residência onde o projeto foi instalado, antes da execução.
Residência onde o projeto foi instalado após a execução do projeto.
41
Construção do suporte para a caixa de gordura e da caixa de passagem/inspeção.
Construção do Tanque de Sedimentação – alicerce e reforma da casa.
Construção do Tanque de Sedimentação – impermeabilização.
Tanque de Sedimentação.
42
Construção da estrutura para o tanque de alimentação intermitente.
Construção do wetland de fluxo horizontal subsuperficial (CW-FH).
Preenchimento do CW-FH.
Mini-Papiru Beri Helicônia
43
Plantio e situação atual do CW-FH.
Construção e preenchimento do wetland de fluxo vertical (CW-FV).
Orquídea Bambu Alpínea
Plantio e situação atual do CW-FV.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo