CABRAL, C.R. Análise da estrutura e transporte do zooplâncton no estuário do rio Caravelas (Bahia, Brasil)...
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RESUMO
Dinâmica espacial e temporal do zooplâncton no estuário do rio Caravelas
(Bahia, Brasil). A pesquisa foi realizada no intuito de descrever a comunidade
zooplanctônica do estuário do rio Caravelas (Bahia, Brasil), além de quantificar
e relacionar os padrões de transporte horizontal e vertical com os tipos de maré
(quadratura e sizígia) e fases de maré (enchente e vazante). As amostras do
zooplâncton foram coletadas com auxílio de bomba de sucção (300L), filtradas
em redes de plâncton (300µm) e fixadas em solução salina de formol a 4%. As
coletas foram realizadas em um ponto fixo (A1), próximo a desembocadura do
estuário, com amostras obtidas nas marés de quadratura e sizígia durante os
períodos seco e chuvoso. As amostragens foram feitas durante 13 horas, em
intervalos de 1 hora, em 3 níveis de profundidade: superfície, meio e fundo.
Simultânea à coleta biológica, foram medidos a velocidade das correntes,
temperatura e salinidade da água, através de CTD. Em laboratório, amostras
foram selecionadas para análise em lupa, sendo 25 grupos identificados, com
Copepoda obtendo o maior número de espécie. As 168 amostras provindas
das coletas temporais foram subamostradas e processadas no equipamento
ZooScan, com auxílio do software ZooProcess, ao final foram geradas 458.997
vinhetas. Foram identificados 8 táxons automaticamente, com mais 16
classificados de forma semi-automática. O grupo Copepoda, apesar do
refinamento taxonômico limitado do ZooScan, obteve 2 gêneros e 1 espécie
identificada de maneira automática. Entre as campanhas seca e chuvosa os
grupos Brachyura (zoea), Chaetognatha, além dos copépodes Calanoida
(outros), Temora spp., Oithona spp. e Euterpina acutifrons foram os que
tiveram maior freqüência de ocorrência, aparecendo em mais de 70% das
amostras. O grupo Copepoda foi o que apresentou os maiores percentuais de
abundância relativa em ambas as campanhas. Não houve variação sazonal do
zooplâncton total, com densidade média de 7826±4219 org.m
-3
no período
seco, e 7959±3675 org.m
-3
no chuvoso, nem entre os tipos e fases das marés,
contudo diferenças sazonais significativas foram registradas para os principais
grupos zooplanctônicos. Foi vista estratificação vertical para os principais
grupos zooplanctônicos (Brachyura, Chaetognatha, Calanoida (outros), Oithona
spp, Temora spp. e Euterpina acutifrons). A amplitude desta estratificação
variou com o tipo (quadratura ou sizígia) ou fase de maré (enchente ou
vazante). O transporte instantâneo foi mais influenciado pela velocidade das
correntes, com maiores valores observados nas marés de sizígia para o
zooplâncton total, entretanto, houve variação deste padrão dependendo do
grupo zooplanctônico. De acordo com os dados de importação e exportação do
zooplâncton total, o fluxo de saída de organismos do estuário foi superior à
entrada. Os resultados sugerem que a região estuarina de Caravelas pode
exercer influência na dinâmica de matéria para a área costeira adjacente, com
possíveis reflexos no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos.
Palavras-chave: zooplâncton, transporte, estuário, identificação automática.