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ANA LUCIA IVATIUK
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL EM PESSOAS
COM NECESSIDADES ESPECIAIS:
REVISÃO DE LITERATURA (2000-2009)
PUC-CAMPINAS
2009
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ANA LUCIA IVATIUK
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL EM PESSOAS
COM NECESSIDADES ESPECIAIS:
REVISÃO DE LITERATURA (2000-2009)
Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação
Stricto Sensu em Psicologia do Centro de Ciências
da Vida PUC-Campinas, como requisito do título
de Doutor em Psicologia como Ciência e
Profissão.
Orientadora: Profª Dra. Elisa M. Pizão Yoshida
PUC-CAMPINAS
2009
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Ficha Catalográfica
Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas e
Informação - SBI - PUC-Campinas
t371.42 Ivatiuk, Ana Lucia.
I93o
Orientação profissional em pessoas com necessidades especiais:
revisão de literatura (2000-2009) / Ana Lucia Ivatiuk. – Campinas:
PUC-Campinas, 2009.
xxii, 108p.
Orientadora: Elisa Medici Pizão Yoshida.
Tese (doutorado) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas,
Centro de Ciências da Vida, Pós-Graduação em Psicologia.
Inclui bibliografia.
1. Orientação profissional. 2. Orientação profissional - Pesquisa.
3. Deficientes - Estudo de casos. 4. Inclusão social. 5. Mercado de
trabalho. I. Yoshida, Elisa Medici Pizão. II. Pontifícia Universidade
Católica de Campinas. Centro de Ciências da Vida. Pós-Graduação
em Psicologia. III. Título.
iv
Não considere nenhuma prática como imutável.
Mude e esteja pronto a mudar novamente.
Não aceite a verdade eterna.
Experimente”.
Skinner (1969, p.vii)
“Quando se apresenta uma ameaça,
se for possível a evito.
Se for impossível, enfrento-a e luto com tudo o que tenho”.
Bach (2001, p. 33)
v
DEDICATÓRIA
À Deus: Obrigada por me dar a oportunidade de
vivenciar uma “prorrogação” no jogo da vida e
terminar esse trabalho. Estamos na vitória porque
você é melhor treinador que existe, a minha certeza
e minha confiança! Ainda bem que você me ensinou
a viver um dia de cada vez....
vi
AGRADECIMENTO SUPER ESPECIAL
Elisa: Quando tudo parecia confuso e perdido, em
meio a tantas turbulências, você me acolheu, me
compreendeu, me respeitou, me tolerou e, mesmo
com todas as minhas limitações do momento, me
lapidou como pesquisadora. o tenho palavras
para expressar todo o carinho e gratidão que
carrego, por tudo que fizeste por mim. Na minha
humilde condição humana resta-me dizer: obrigada
para sempre!!!
vii
AGRADECIMENTOS
A minha família, em especial aos meus pais, Dario e Inês, por serem o
meu porto seguro e o meu acalanto. Por compreender os meus momentos e os
meus limites. Por cuidarem de mim nos momentos mais delicados. Por serem
pacientes e por amarem sem limites. E também ao meu irmão, Dario Jr., por me
ensinar a exercitar a paciência quando isso não parecia possível; por ser meu
confidente, meu cúmplice e meu amigo. Por cuidar da tecnologia em meu favor
para que esse trabalho fosse concluído. A minha futura cunhada, Rubia, por
tornar o meu irmão mais feliz e ser cúmplice da caminhada. A minha vó, Tereza,
que talvez não entenda muito o quê tudo isso signifique, mas que no fundo se
orgulha de poder ter netos que se dediquem aos conhecimentos científicos e a
ajudar as pessoas.
Aos meus tios e primos, Margarete e Edilberto, Paulo Vitor e André
Kerschbaumer, por tudo que sempre fizeram e fazem por mim e por me
auxiliarem nos momentos finais da tese, encontrando tempo em suas vidas
corridas. Estou tentando cuidar bem do antigo lar de vocês.
Aos Drs. Hélio R. de Oliveira, Lincon Jo Mori e Olavo Feher por
restabelecerem e cuidarem da minha saúde, sempre me lembrando que precisava
respeitar aos limites do meu corpo, mas que conseguiria acabar essa fase.
À minha grande amiga, Claudia L. Menegatti, por ser uma parceira para
todas as horas. Estímulo constante a continuar e não desistir. Por me mostrar os
meus limites humanos. E por me receber o carinhosamente para voltarmos a
atuar juntas.
A família Alexander e Renata Beraldo, e o pequeno Felipe e o bebê, que
sempre me presentearam com muito amor, amizade, carinho e cuidados, não
deixando que a distância física diminuísse os nossos sentimentos. Obrigada por
tudo que fizeram e fazem por mim, vocês realmente são um porto seguro em
terras campineiras.
viii
À Professora Dra. Kathia M. C. Neiva pelas valiosas contribuições no
Exame de Qualificação, pelo auxílio com a ngua espanhola e, principalmente,
pela amizade construída ao longo desses anos. Seu conhecimento, experiência e
profissionalismo são muito fortes para mim. Vamos agora traçar novos objetivos
juntas.
À estimada Dra. Luciana A. Valore, por ser uma grande incentivadora de
tudo isso. Grande exemplo de superação e vivacidade. Parceira de sonhos e
lutas. Devo muito disso tudo a você.
À amiga-irAnalisa Oliveira, a qual se fosse de sangue não teríamos
tanta sintonia, cumplicidade e perseverança. Quando olho e me deparo por tudo
que passamos e crescemos somente posso ter uma conclusão: são graças aos
modelos que os “amores” das nossas vidas nos dão.
Às amigas Andrea T. Nichele e Cintia F. Martini pelo nosso reencontro e
cumplicidade em terras paulistas. Por tudo que fizeram por mim, por me
incentivarem a finalizar essa etapa, cobrando sempre com carinho e amizade e
celebrando a vida em cada momento. Obrigada por deixarem seus corações e
casas abertas para mim.
À amiga Andressa S. Engelmann que compartilhou comigo o aprendizado
do controle da ansiedade e da virtude da paciência no momento em que a vida
exigiu que assim o fizéssemos. Obrigada pelo auxilio com as correções.
À Amiga de infância e hoje companheira de luta pela vida, Mariana S.
Ferreira, pela leitura e palpites nos materiais que não estavam claro. Mas
principalmente pelas caminhadas para repensar a vida.
Às amigas Talita S. Borges e Valéria C. Santos, por terem confiado em
mim durante suas formações profissionais e serem hoje profissionais tão
respeitadas. Talita, obrigada por todos os cuidados e auxílios quando necessários
e por ser a principal responsável pela minha paixão por São Paulo. Valéria, por
ix
compreender as minhas ações para protegê-la e por me acolher sempre que
precisei em terras campineiras.
Às amigas Elsa S. Lima, Sonia R. C. de Freitas e Suzana A. Gobetti por
estarem ao meu lado e comigo nos momentos mais difíceis e turbulentos.
À amiga e futura parceira de profissão Helena Castilho, que também
confiou parte da sua formação a mim, recompensando-me pelo seu envolvimento
e interesse em construir um mundo melhor e por me auxiliar com o abstract.
À amiga Fabiana S. Robim, a quem eu influenciei com a psicologia e hoje
vejo desabrochar uma futura profissional da área. Obrigada pela amizade e por
todo o carinho que sempre me acolheu, na sua casa e com sua família, nos
momentos em que precisei.
Às amigas Eliany e Pollyana Neves, mesmo com as mudanças e as
distancias, continuamos em sintonia sempre. É como se vocês continuassem ao
meu lado. Obrigada por todos os auxílios nos mais diversos momentos e pela
companhia sempre prazerosa.
À CAPES, pela concessão da bolsa, que tornou possível a realização de
deste trabalho.
À professora Dra. Tânia Maria J. A. Vaisberg, coordenadora da Pós-
Graduação, que foi muito humana no momento mais delicado desses quatro
anos, não me deixando nem cogitar a idéia de desistir.
Às funcionárias da PUC-Campinas, Eliane Silva, Elaine M. de Oliveira,
Maria Amélia Gonçalves e Dareide Peres, pois se existem anjos na terra, vocês
com certeza são eles. Sempre me atenderam de forma carinhosa e dedicada,
fazendo o que fosse possível para meu auxiliar nas minhas necessidades junto ao
Programa de Pós-Graduação e me enchendo de carinho e motivação quando
nem tudo era muito claro.
x
Aos meus ex-alunos por serem, ainda que de forma indireta, o meu real
estímulo para seguir em frente a cada dia e poder continuar.
Enfim, foram quatro anos que se passaram na minha vida ao realizar este
estudo, os quais foram muito intensos em todos os sentidos. Por isso, jamais vou
conseguir nomear a todos que em algum momento estiveram comigo, nas mais
diversas formas de contato e comunicação, pois todos foram essenciais para essa
finalização. Mas posso dizer que rezo por cada um de vocês todos os dias e
desejo que possa ser na vida de vocês pelo menos 1% daquilo que vocês são ou
já foram na minha vida.
xi
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ..........................................................................................
xiii
LISTA DE ANEXOS............................................................................................
xv
LISTA DE SIGLAS..............................................................................................
xvi
RESUMO............................................................................................................
xvii
ABSTRACT.........................................................................................................
xviii
RESUMEM......................................................................................................... xix
APRESENTAÇÃO..............................................................................................
xx
INTRODUÇÃO....................................................................................................
01
1. O que são as Populações Especiais (PEs)....................................................
01
2. O mundo do trabalho para essas populações................................................
07
3. Orientação Profissional (OP)..........................................................................
11
3.1. Principais Referenciais Teóricos............................................................. 14
3.2 Modalidades e Locais de Intervenção......................................................
14
3.3 Técnicas e Instrumentos da OP...............................................................
16
3.4 Tipos de trabalhos desenvolvidos em OP................................................
17
4. Estudos de Revisão........................................................................................
20
OBJETIVO GERAL.............................................................................................
21
OBETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................
21
MÉTODO............................................................................................................
23
Material...........................................................................................................
23
Procedimento .................................................................................................
24
Formulário para a Classificação das Referências.....................................
28
RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................
34
ANÁLISE QUANTITATIVA DAS REFENCIAS.......................................... 34
Natureza dos Trabalhos................................................................................. 38
População.......................................................................................................
41
O Processo de Orientação Profissional..........................................................
44
Modelo Teórico...............................................................................................
48
Tipo de Trabalho em Orientação Profissional................................................
49
ANÁLISE QUALITATIVA DAS REFERÊNCIAS.............................................
51
xii
1. As Revisões de Literatura e Trabalhos Teóricos....................................
51
1.1. Relatos das pesquisas nacionais.................................................. 51
1.2. Análise...........................................................................................
53
1.3. Relatos das pesquisas estrangeiras..............................................
54
1.4. Análise...........................................................................................
56
1.5. Trabalhos Teóricos........................................................................
56
1.6. Análise...........................................................................................
58
2. Legislação...............................................................................................
59
2.1. Legislação Regulamentar.............................................................
59
2.2. Análise..........................................................................................
60
2.3. Legislação na prática....................................................................
61
2.4 Análise...........................................................................................
62
3. Programas e Manuais.............................................................................
63
3.1. Análise..........................................................................................
65
4. Orientação Profissional para Primeira Escolha......................................
66
4.1. Intervenções para a Primeira Escolha..........................................
67
4.2. Análise..........................................................................................
67
4.3. Avaliação do nível de maturidade para escolha profissional....... 68
4.4. Análise..........................................................................................
69
5. Inserção Profissional...............................................................................
69
5.1. Intervenções sobre Inserção Profissional.....................................
69
5.2. Análise..........................................................................................
71
5.3. Pesquisas.....................................................................................
71
5.4. Análise..........................................................................................
74
6. Mercado de Trabalho..............................................................................
75
6.1. Pesquisas.....................................................................................
76
6.2. Análise..........................................................................................
78
6.3. Habilidades Sociais.......................................................................
79
6.4. Análise..........................................................................................
80
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................
81
REFERÊNCIAS..................................................................................................
86
ANEXOS.............................................................................................................
106
xiii
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Censo demográfico de 2000 (IBGE).....................................................
5
Tabela
2:
Distribuição das referências na BVS-Psi segundo o tipo de base de
dados e produção...................................................................................................
27
Tabela 3: Definição da natureza dos trabalhos de acordo com Santeiro (2005)..
29
Tabela
4:
Definição dos tipos de delineamento de pesquisa de acordo com
Santeiro (2005)......................................................................................................
30
Tabela
5:
Distribuição das referências de acordo com a origem e o tipo de
fonte.......................................................................................................................
34
Tabela 6: Distribuição dos artigos de acordo com o periódico nacional...............
35
Tabela 7:
Distribuição dos artigos de acordo com o periódico estrangeiro...........
36
Tabela 8: Distribuição dos tipos de publicação nacional de acordo com o ano....
37
Tabela 9:
Distribuição dos tipos de publicação estrangeira de acordo com o
ano.........................................................................................................................
38
Tabela 10: Distribuição das referências de acordo com a origem
(nacional/estrangeira) e a natureza do trabalho....................................................
38
Tabela 11: Distribuição dos Estudos Empíricos de acordo com a origem
(nacional/estrangeira) e o delineamento realizado................................................
40
Tabela 12: Distribuição do grupo amostral nos Estudos Empíricos, Relato de
Experiência e Teórico Ilustrado.............................................................................
41
T
abela 13:
Distribuição dos participantes provenientes de população especial
em função da faixa etária e da origem da referência.............................................
42
Tabela 14:
Distribuição dos participantes provenientes de população especial
em função do sexo e da origem da referência.......................................................
43
Tabela 15: Distribuição dos participantes provenientes de população especial
em função do tipo de deficiência e da origem da referência.................................
43
Tabela 16: Distribuição dos Estudos Empíricos, Relato de Experiência e
Teórico Ilustrado de acordo com a origem (nacional/estrangeira) e a modalidade
da OP em função do número de pessoas-alvo......................................................
45
xiv
Tabela 17: Distribuição dos Estudos Empíricos, Relato de Experiência e
Teórico Ilustrado de acordo com a origem (nacional/estrangeira) e o local da
OP...........................................................................................................................
45
Tabela 18: Distribuição dos Estudos Empíricos, Relato de Experiência e
Teórico Ilustrado de acordo com a origem (nacional/estrangeira) e a natureza
da OP......................................................................................................................
46
Tabela 19:
Distribuição das referências nos Estudos Empíricos, Relato de
Experiência e Teórico Ilustrado de acordo com a origem (nacional/estrangeira)
e a Técnicas e/ou instrumentos utilizados..............................................................
47
Tabela 20:
Distribuição das referencias de acordo com a origem
(nacional/estrangeira) e o referencial teórico.........................................................
48
Tabela 21:
Distribuição das referencias de acordo com a origem
(nacional/estrangeira) e o tipo de trabalho em orientação profissional.................
49
xv
LISTA DE ANEXOS
Anexo A:
Formulário para classificação das referências...................................
107
xvi
LISTA DE SIGLAS
ABOP Associação Brasileira de orientadores profissionais
BIREME Centro Latino Americano de Informação em Ciências da Saúde –
BVS-Psi Biblioteca Virtual em Psicologia
CFP Conselho Federal de Psicologia
Dieese Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos
ERIC O Centro de Informações de Recursos da Educação
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IES Instituto de Ciências da Educação
LDB Lei de Diretrizes e Bases
MEC Ministério da Educação e Cultura
MTE Ministério do trabalho e do Emprego
NE Necessidades Especiais
NEEs Necessidades Educativas Especiais
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMS Organização Mundial da Saúde
ONU Organizaçao das Nações Unidas e
OP Orientação Profissional
PEs Populações Especiais
POPPNEs Programa de Orientação Profissional para Pessoas com
Necessidades Especiais
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
SBD-IPUSP
Serviço de Biblioteca e Documentação do Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo
Unesco Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
xvii
Ivatiuk, A. L. (2009) Orientação Profissional em Pessoas com Necessidades
Especiais: Revisão de literatura (2000-2009). Tese de Doutorado Programa
de Pós-Graduação do Centro de Ciências da Vida da Pontifícia Universidade
Católica de Campinas, Campinas, SP, p.xxii + 108.
RESUMO
Entende-se por Orientação Profissional todas as estratégias que visam auxiliar
um indivíduo a tomar decisões sobre sua vida profissional, sejam elas
relacionadas com primeira escolha, reorientação profissional, mercado de
trabalho ou inserção profissional. As pessoas que possuem algum tipo de
deficiência também apresentam esse tipo de dúvida e necessitam desse tipo de
auxílio. No Brasil, esta população pode corresponder a 14,5% do número total de
brasileiros em idade de inserção profissional. Este trabalho teve como objetivo
realizar uma revisão na literatura em relação à orientação profissional em
populações que apresentam algum tipo de deficiência, no período de 2000-2009.
Partindo de buscas em bases de dados foram selecionados artigos (N=41), teses
e dissertações (N=6), e capítulos de livros (N=2) e livros (N=4) que tivessem
relação com a temática, totalizando 55 produções. Destas, 30 eram nacionais e
25 estrangeiras. As referências foram analisadas quantitativa e qualitativamente
com base em categorias de análise previamente desenvolvidas e constantes de
Formulário. Os resultados apontaram que 31% dos trabalhos abordaram questões
relativas à inserção profissional, 18% sobre mercado de trabalho e 13% sobre a
primeira escolha. Poucos trabalhos focalizavam práticas propriamente ditas de
OP (27,3%). Os estudos tinham como foco os portadores de deficiência
propriamente ditos, ou pessoas de seu convívio como, empregadores e/ou
familiares e/ou educadores. O presente estudo apontou para a necessidade de
um maior volume de produção cientifica na área e também de pesquisas cujos
resultados possam de fato ser generalizados, uma vez que o contingente de
pessoas deficientes é alto e necessita de estudos que orientem práticas mais
efetivas no campo da orientação profissional.
Palavras-chave: Orientação Profissional, Pessoa Portadora de deficiência,
Revisão de Literatura.
xviii
Ivatiuk, A. L. (2009) Professional Guidance in a Population with Special
Needs: Literature Review (2000-2009). Doctoral Thesis Programa de s-
Graduação do Centro de Ciências da Vida da Pontifícia Universidade Católica de
Campinas, Campinas, SP, p.xxii + 108.
ABSTRACT
Professional orientation includes all strategies that seek to assist an individual on
decision making about their professional life, whether they might be related to first
choice, professional guidance, job market or professional insertion. Those who
have some sort of disability also show this kind of query and may need such
assistance. In Brazil, this population corresponds to 14.5% of the total number of
Brazilians at work age. The aim of this research was to review the literature
regarding professional orientation for a sample of disabled people during the
period from 2000 to 2009. The search included relevant articles (N=41), thesis and
dissertations (N=6), book chapters (N=2) and books (N=4), totalizing 55
documents. Thirty of those were produced in Brazil and 25 others from foreign
countries. Quantitative and qualitative analyses were made according to a set
form. The data pointed that 31% of the material referred to studies related to the
professional insertion issue, 18% were about job market, and 13% were about the
first choice. Few studies approached actual intervention practice in professional
guidance (27.3%). The majority of the researches focused on disabled people or
those who interact with them on a daily basis, such as employers, family or
educators. This study appoints for the need of more scientific production on this
area since the population contingency of disabled individuals is high and in need
of effective practices in the field of professional guidance.
Keywords: Professional Guidance, Disabled People, Literature Review.
xix
Ivatiuk, A. L. (2009) Orientación Profesional en Personas con Necesidades
Especiales: Revisión de Literatura (2000-2009). Tese de Doctorado – Programa
de Pós-Graduação do Centro de Ciências da Vida da Pontifícia Universidade
Católica de Campinas, Campinas, SP, p.xxii + 108.
RESUMEN
Se comprende como Orientación Profesional a todas las estrategias que visan
auxiliar un individuo a tomar decisiones sobre su vida profesional, sean ellas
relacionadas a la primera elección, reorientación profesional, mercado de trabajo
o inserción profesional. Las personas que tienen algún tipo de deficiencia también
presentan ese tipo de duda y necesitan de ese tipo de auxilio. En Brasil, esta
populación puede corresponder al 14,5% del número total de brasileños en edad
de inserción profesional. Este trabajo tuvo como objetivo realizar una revisión de
la literatura con respecto a la orientación profesional en populaciones que
presentan algún tipo de deficiencia, en el periodo de 2000-2009. Fueron
seleccionados para el estudio artículos, teses y libros que tuvieron relación con el
tema, totalizando 55 materiales analizados. De estos, 30 se referían a la literatura
nacional y 25 a la extranjera. Fueron realizados análisis cuantitativos y
cualitativos, según un formulario organizado para tal estudio. Los datos apuntaron
que el 31% de los materiales se refean a trabajos relacionados con la cuestión
de la inserción profesional, el 18% sobre mercado de trabajo y el 13% sobre la
primera elección. Pocos trabajos focalizaban prácticas propiamente dichas de OP.
Los estudios tenían como foco los portadores de deficiencia o personas de su
convivencia, como empleadores y/o familiares y/o educadores. El presente
estudio apunta para la necesidad de mayor cantidad de producciones científicas
en el área, y también de investigaciones cuyos resultados puedan efectivamente
ser generalizados, una vez que el contingente de personas deficientes es alto y
necesita de estudios que orienten prácticas más efectivas en el campo de la
orientación profesional.
Palabras clave: Orientación Profesional, Persona portadora de deficiencia,
Revisión de Literatura
xx
APRESENTAÇÃO
Motivada pelos trabalhos de Melo-Silva (2003) e Neiva (2009), que
propõem que se avance no conhecimento sobre Orientação Profissional (OP)
para além dos trabalhos com adolescentes e jovens que almejam profissões de
nível superior, esta pesquisa teve como objetivo fazer uma revisão da literatura
sobre OP de pessoas com necessidades especiais, também designadas como
pertencentes a Populações Especiais (PEs). Para começar, precisa-se
compreender o que se estará nomeando como tal. Segundo Lima (2007) e Soares
(2009) o termo OP refere-se a um conjunto de técnicas e estratégias que tem
como objetivo propiciar o autoconhecimento e conhecimento das atividades
profissionais, a indivíduos para que possam tomar as melhores decisões
referentes à sua vida profissional, naquele momento, reduzindo possíveis
frustrações futuras. De posse dessa decisão podem realizar sua inserção no
mundo do trabalho. Essas necessidades podem ocorrer em diferentes fases da
vida profissional, requerendo processos específicos de OP, como os relacionados
à primeira escolha, reorientação profissional, inserção profissional, orientação de
carreira, mercado de trabalho, entre outros.
Por outro lado, PEs refere-se a um contingente populacional bastante
significativo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
14,5% da população total brasileira têm algum tipo de deficiência ou
incapacidade, principalmente na idade de realizar a inserção profissional.
Entende-se por deficiência (Brasil, 1999) qualquer restrição física, mental ou
sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limite a capacidade de
exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada
pelo ambiente econômico ou social. Percebe-se diante dessa definição, que em
muitas situações essas pessoas irão precisar de auxílio para superar essas
limitações e viver como seus pares.
Com a intenção de assegurar o direito ao trabalho dessas pessoas, no
Brasil, tem-se uma lei que ficou conhecida como Lei de Cotas (Brasil, 1991), a
qual prevê o acesso do portador de deficiência no mercado de trabalho, sendo
que em julho de 2009, esta completou 18 anos de regulamentação. Atingiu sua
maioridade, mas será que na prática ela tem sido eficaz? Tem de fato auxiliado os
xxi
indivíduos a ter um lugar no mercado de trabalho? Será que esses indivíduos têm
oportunidade de discriminar suas necessidades e habilidades e exercer profissões
que sejam condizentes com estas? Estariam os orientadores profissionais
desenvolvendo de fato estratégias junto a essa população? No bojo dos objetivos
desta pesquisa encontrava-se a expectativa de poder responder, ao menos em
parte, a estas questões, por meio da análise da produção cientifica disponível nas
bases de dados nacionais e estrangeiras, no período de 2000 a 2009. A opção
por um estudo de revisão se pautou no fato de que esse tipo de metodologia pode
em muito contribuir para a compreensão de como atualmente estão se
desenvolvendo as pticas profissionais e as pesquisas realizadas na área.
Este tipo de trabalho pode, outrossim, ao fornecer um panorama do estado
da arte na área, servir de incentivo a orientadores profissionais a aprimorar,
desenvolver ou organizar estratégias que possam ser mais eficazes com essas
populações, a partir do material que já tenha sido produzido.
Pessoalmente, a pesquisadora tem especial interesse pela área da OP,
tendo desenvolvido pesquisas desde a realização da sua graduação, em curso de
especialização e também no seu mestrado. Dentre seus interesses aparece à
preocupação com o desenvolvimento de ações que ultrapassem os limites da OP
para primeira escolha e ensino universitário (Ivatiuk, 2004), aplicando-se a outros
estratos da população. E agora, na presente pesquisa, procurou ampliar esse
interesse e estudo para as PEs.
Na Introdução serão apresentados os temas relevantes para a
compreensão da pesquisa. Primeiramente, procura-se delimitar quem são as PEs,
sendo, na seqüência, discutidas algumas questões relativas ao mundo do
trabalho para pessoas dessas populações. Como estratégia possível de inserção
em atividades profissionais, propõe-se a OP e suas práticas. Por fim, porém não
menos importante, serão discutidos os aspectos referentes aos estudos de
revisão.
O método apresentará o delineamento organizado para esta pesquisa, bem
como o caminho que foi realizado pela pesquisadora para obtenção dos dados.
Os resultados e as discussões são expostos de forma quantitativa e qualitativa, a
partir dos dados que foram compilados e categorizados segundo um Formulário
especificamente desenvolvido para esse fim. Nas conclusões são feitas algumas
xxii
sugestões com base na compreensão que a pesquisadora foi desenvolvendo ao
longo da elaboração do trabalho.
INTRODUÇÃO
Populações Especiais (PEs) abrangem um largo contingente de
problemáticas e contextos e não apenas aquelas que se referem ao indivíduo
portador de uma deficiência, conforme regulamenta o decreto 3.298, de 20 de
dezembro de 1999 (Brasil, 1999). Nesse grande conjunto pode haver outros
grupos, chamados de populações específicas, como pacientes com problemáticas
de saúde específicas, como a questão das deformidades craniofaciais (Amaral &
Rezende, 2002), doenças crônicas (Brito & Barros, 2008), doentes mentais
(Ribeiro, 2004), entre outros. No entanto para esta pesquisa, dada as limitações
que todo trabalho dessa natureza possui, houve a necessidade de uma
delimitação para que ele pudesse ser realizado, portanto, aqui serão incluídas
apenas as populações especiais (PEs), portadoras de deficiências, que abrangem
um grupo bastante expressivo da população geral.
1. O QUE SÃO AS POPULAÇÕES ESPECIAIS (PEs)
O que hoje se chama de populações especiais ou PEs, nem sempre foi
nomeado dessa maneira. A definição dos termos mistura-se à compreensão
histórica do indivíduo com deficiência e seu lugar na sociedade e no mundo do
trabalho.
Quintão (2005) propôs uma reflexão da origem do termo em dicionários, o
qual remete para a compreensão de falha, carência, imperfeição, defeito ou
insuficiência e que cada inidividuo deve compreender isso como alguns aspectos
na vida diária, pois em vários momentos e situações, pode-se falhar, ser
imperfeito.
Na Antiguidade, os povos tinham uma visão mística acerca do tema,
relacionando-o com culpa por algum pecado que fora cometido ou resultado de
uma ação sobrenatural. Mas muitas deficiências também podiam ser adquiridas,
devido à prática de mutilação, por castigos recebidos ou por conseqüências das
constantes guerras nas quais as pessoas se envolviam, sendo que estes
recebiam um tratamento mais digno e eram considerados heróis. as crianças
que nasciam com algum tipo de deficiência eram abandonadas em lugares
sagrados ou nas florestas (Clemente, 2008). Com a idade média e o advento do
2
Cristianismo, os doentes e os deficientes receberam um tratamento que estava
muito próximo da caridade e tolerância. Surgiram, nesse momento, instituições e
hospitais que realizavam o assistencialismo, sempre apoiados pela Igreja
(Clemente, 2008).
Foi durante o periodo do Renascimento que houve uma mudança
considerada significativa com o advento das ciências. Iniciaram-se as práticas de
reabilitação da pessoa com deficiência em áreas como medicina e educação
(Clemente, 2008). “No Século XIX surgiram as primeiras escolas especializadas
para cegos na Europa e Estados Unidos. Na mesma época, foi desenvolvido o
método Braille, que é um sistema de leitura com o tato para cegos, inventado pelo
francês Louis Braille” (Clemente, 2008, p. 21). A partir de então é que os
indivíduos deficientes passaram a participar da vida social e do mundo do
trabalho, com os programas de reabilitação realizando treinamento profissional
com a intenção de desenvolver suas capacidades e potencialidades (Clemente,
2008; Moreira, Michels & Colossi, 2006).
Segundo Clemente (2008) a grande mudança nesse sentido ocorreu no
Século XX com os avanços tecnológicos e cienficos, em conjunto com uma
sociedade com postura de aceitação e busca do bem-estar de todos os
indivíduos. O mundo começou a se organizar melhor em termos de direitos
humanos e cidadania através de orgãos e instuições como: Organizaçao das
Nações Unidas (ONU); Organização Mundial da Saúde (OMS); Organização das
Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e Organização
Internacional do Trabalho (OIT) que passaram a apoiar os referidos programas de
reabilitação, produzindo conhecimento e legislações sobre a pessoa portadora de
deficiência. Por outro lado, essas pessoas começaram a se organizar para lutar
por seus direitos.
Essas organizações, passaram a definir o termo deficiência com mais
cuidado e fazendo com que esses indivíduos recuperassem a dignidade. Costalatt
(2003, p. 31) explicou que para a OIT o termo refere-se a “toda pessoa cujas
possibilidades de conseguir e manter um emprego adequado e de progredir no
mesmo fiquem substancialmente reduzidas devido a uma deficiência de caráter
físico ou mental devidamente comprovada”. O mesmo autor complementou com a
posição da ONU, que define que o termo pessoa portadora de deficiência deve
identificar o indivíduo que, devido aos “déficits” mentais ou fisicos, não possa
3
satisfazer de forma parcial ou total, as suas necessidades vitais e sociais, como
fariam os demais indivíduos.
A definição brasileira, para o termo deficiência, segue o decreto 3.298 de
20 de dezembro de 1999 (Brasil, 1999) e propõe que a mesma se refere a uma
restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que
limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária,
causada ou agravada pelo ambiente econômico ou social. Aqui se faz necessária
a compreensão de que uma deficiência pode ser congênita (o indivíduo nasce
com ela) ou adquirida (através de acidentes, traumas e outros). Nesse sentido,
Clemente (2008) chamou a atenção para o fato de que as deficiências adquiridas
têm se desenvolvido muito nos últimos anos, principalmente na faixa etária
correspondente de 40 a 44 anos, o que pode significar 20,1% da população
deficiente. Porém, o autor não explica se esses números referem-se a
deficiências permanentes ou transitórias.
Além disso, não basta compreender dessa forma o termo, mas também
faz-se necessário compreender a que categorias tais situações se remetem. Para
tanto segue a definição do artigo 70º do Decreto 5.296 de 02 de dezembro de
2004 (Brasil, 2004), que alterou o artigo do decreto 3.298 de 20 de dezembro
de 1999 (Brasil, 1999):
Art. 70º O artigo do 3.298 de 20 de
dezembro de 1999, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
Art. - É considerada pessoa portadora
de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias:
I - Deficiência Física alteração
completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo
humano, acarretando o comprometimento da função física,
apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia,
monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia,
triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou
ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com
deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades
estéticas e as que não produzam dificuldades para o
desempenho de funções;
II – Deficiência auditiva perda bilateral,
parcial ou total de quarenta e um decibeis (db) ou mais, aferida
por audiograma nas frequências de 500hz, 1000hz, 2000hz e
3000 hz;
III – Deficiência Visual cegueira, na
qual a acuidade visual é igual ou menor de 0,05 no melhor olho,
4
com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa
acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho com a melhor
correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do
campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou
a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores;
IV Deficiência Mental funcionamento
intelectual significativamente inferior à média, com manifestação
antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais
áreas de habilidades adaptativas, tais como:
a)comunicação;
b)cuidado pessoal;
c)habilidades sociais;
d)utilização dos recursos da comunidade;
e)saúde e segurança;
f)habilidades acadêmicas;
g)lazer e
h)trabalhos;
V – Deficiência Múltipla Associação de
duas ou mais deficiências.
Para se comprovar que uma pessoa é deficiente, tanto para termos de
empregabilidade, como de direitos e deveres, fazem-se necessárias as seguintes
ações (Brasil, 2007, p. 25):
a) Laudo médico, que pode ser emitido por médico
do trabalho da empresa ou outro médico, atestando
enquadramento legal do (a) empregado (a) para
integrar a cota, de acordo com as definições
estabelecidas na Convenção nº 159 da OIT, Parte I,
art. 1; Decreto nº 3.298/99, arts. 3º e 4º com as
alterações dadas pelo art. 70 do Decreto
5.296/04. O laudo deverá especificar o tipo de
deficiência e ter autorização expressa do (a)
empregado (a) para utilização do mesmo pela
empresa, tornando pública a sua condição;
b) Certificado de Reabilitação Profissional emitido
pelo INSS.
E quem seriam essas pessoas? O Censo de 2000 do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE (IBGE, 2000), caracterizou tal população, como se
observa na Tabela 1.
5
Tabela1. Distribuição das deficiências no Brasil no ano de 2000 segundo o
Censo demográfico de 2000 (IBGE)
Deficiência F
População Total............................................................................... 169.872.856
Pelo menos uma deficiência..............................................................
24.600.256
Deficiência Mental permanente......................................................... 2.844.937
Tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia permanente.......................... 937.463
Falta de membro ou parte dele......................................................... 478.597
Incapaz com alguma ou grande dificuldade permanente de
enxergar.............................................................................................
16.644.842
Incapaz, com alguma ou grande dificuldade permanente de ouvir... 5.735.099
Incapaz, com alguma ou grande dificuldade permanente de
caminhar ou subir escadas................................................................
7.939.784
Segundo os dados da Tabela1, identifica-se que 14,5% da população total
brasileira têm algum tipo de deficiência ou incapacidade, principalmente na idade
produtiva, ou seja, de realizar a inserção no mercado de trabalho. Segundo
Clemente (2008) esses dados contrariam o popular “censo comum”, para o qual o
indivíduo tem uma deficiência apenas se estiver numa cadeira de rodas ou se
comunicar por meio de sinais. Os dados demonstram, na verdade, justamente o
contrário, pois apresentam um contingente considerável populacional, dos quais
uma parcela considerável adquiriu alguma deficiência ao longo da vida, conforme
apresentou o referido autor.
Uma vez que essa é a realidade brasileira, faz-se necessária a
compreensão dos termos que já foram utilizados para se referir a essa população.
Marquezan (2008) apontou tais termos, realizando criticas sobre os mesmos.
Para ele, quando se utilizou “Aluno necessitado”, apenas reforçava as políticas
assistencialistas e intervencionistas; a designação “excepcional” demonstrava o
discurso da medicina na construção do sentido e na constituição do sujeito
deficiente e, por fim, “Pessoa Portadora de Deficiência” e “Educando com
Necessidades Especiais” demonstram o indivíduo na sua interrelação entre o
discurso médico, com o psicológico e com o pedagógico, numa postura um pouco
mais condizente com a realidade, que procura compreender o indivíduo de
maneira biopsicosocial. Ferreira (2007) defendeu que a utilização do termo
“necessidades especiais” é adequado, uma vez que as deficiências podem
implicar em determinadas necessidades, que podem ser sim compreendidas
como especiais, pois desta forma todos se utilizarão de recursos que sejam
6
eficazes para esta população. Mas ressaltou que isso deve realmente resultar em
ações que sejam adequadas e que possam sim fazer jus à nomenclatura
utilizada.
Eventos foram organizados e deram origem a documentos, como a
Declaração de Salamanca (1994), a qual abordou princípios, políticas e práticas,
iniciando pela proposição do termo Necessidades Educativas Especiais (NEEs),
com o qual procuraram que as escolas regulares constituam um dos meios mais
eficazes de combater atitudes discriminatórias, ensejando uma sociedade
inclusiva e gerando, assim, educação para todos. Com isso, tentou-se fazer com
que as chamadas “Escolas Especializadas” deixassem de existir nos moldes que
vigoravam até então, onde o indivíduo que fazia parte dela não tinha condições de
acesso a um ensino regular e as mesmas passam a ter um caráter temporário na
vida dessas pessoas, com o sentido de prepará-los para essa escola inclusiva
que daria conta dessa população também do ponto de vista educacional (MEC,
2009).
A legislação educacional brasileira, no que se refere a essa questão,
passou por constantes conflitos, permeados por calorosos debates sobre como
regulamentar essa situação (Moreira & cols., 2006). Algo é fato: muitas pessoas
que possuem alguma deficiência não estão impedidas, do ponto de vista cognitivo
e pedagógico, de frequentar a educação regular, mas muitas vezes são as
escolas que não estão preparadas para recebê-las. Seja no aspecto da estrutura
física, em que sobram escadas e faltam rampas para o acesso dos deficientes
físicos; na falta de material adequado em braille para o acompanhamento dos
visuais e no preparo dos profissionais, como a linguagem de sinais para os
auditivos.
Segundo Quintão (2005, p. 76) a “Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Lei Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996), prevê a garantia de vagas na
escola regular para educandos portadores de necessidades especiais desde a
educação infantil, assim como contempla a compra de vagas pelos governos em
escolas especiais, instituições privadas sem fins lucrativos, para os casos que
necessitam de uma condição de ensino especializado”. Explicou também que
essa questão do ensino especial não é um aspecto simples e nem fácil de ser
compreendido e requer o esforço de diferentes disciplinas e profissionais
envolvidos. O fato é que o ensino regular precisa realmente se adaptar para
7
conseguir cumprir essa lei, principalmente no que se refere ao preparo dos
professores para a compreensão do que precisa ser desenvolvido.
Os portadores de deficiência que rompem essas barreiras, certamente
conseguem terminar a educação básica formal e certamente ingressar no ensino
médio (Pigatto, Klein & Wisnesky, 2000) e posteriormente no ensino superior
(Hitchings & Retish, 2000; Moreira & cols., 2006), caso assim desejem. Mas é fato
que em cada uma dessas situações educacionais terão algumas “necessidades
especiais” e somente conseguirão finalizar a formação iniciada, se o sistema
estiver disposto a oferecer estratégias nesse sentido. Ferreira (2007) apresentou
um modelo sobre como compreender a constituição de uma necessidade especial
e quem está diretamente envolvida com a mesma, em uma Universidade Estadual
que disponibiliza um serviço especializado para atender essa demanda e com
resultados satisfatórios e um menor nível de evasão universitária das pessoas
que o frequentam. Nesse modelo eles procuram entender e definir que condições
especiais (deficiências) podem gerar limitações ou dificuldades e que estas
podem produzir necessidades especiais, as quais podem demandar que isso se
contemple em técnicas educacionais especializadas que demandam o apoio e
envolvimento institucional como um todo. Percebe-se com esses dados que a
organização e a efetivação das ações dependem não apenas de algumas
pessoas, mas de toda uma instituição que de fato se organize para solucionar e
atender essa demanda e, assim, realizar práticas que sejam de fato inclusivas
(Quintão, 2005). Essa é uma estratégia que pode auxiliar no avanço das
dificuldades anteriormente citadas (Levinson & Ohler, 1998; Moreira & cols., 2006)
e fazer com que os princípios da exclusão sejam definitivamente banidos das
relações (Quintão, 2005).
Portanto, uma das metas básicas da Educação de jovens e adultos
portadores de deficiências, independente do nível educacional, deve ser capacitá-
los para o exercício de uma atividade profissional e auxiliá-los em sua inserção no
mercado de trabalho, seja este formal ou informal, visto que o trabalho é uma das
melhores vias de inclusão (Mendes, Nunes, Ferreira & Silveira, 2004).
2. O MUNDO DO TRABALHO PARA ESSAS POPULAÇÕES
O trabalho, que é uma atividade central na vida dos seres humanos, pode
ser afetado por uma deficiência (Szymanski, 2000). Segundo a OIT (2006),
8
650 milhões de pessoas portadoras de deficiência no mundo, e dessas, 450
milhões estão em idade de trabalhar.
Historicamente, as pessoas com deficiência têm experimentado maiores
taxas de desemprego e subemprego e inferior formação educacional formal se
comparadas a seus pares (Cummings, Maddux & Casey, 2000; Hitchings &
Retish, 2000; Ochs & Roessler, 2001; OIT, 2006). Porém esses dados têm
melhorado nas últimas décadas, conforme defende Fabian (2007). Hitchings e
Retish (2000) explicaram que isso se deve ao fato deles conseguirem
frequentar o ensino superior, o que pode possibilitar novas oportunidades de
trabalho. Lindstrom e cols. (2008) apresentaram dados referentes à questão do
gênero, de acordo com os quais mulheres com deficiência, embora tenham
frequentado o ensino superior, continuam apresentando maiores dificuldades de
ingresso no mundo do trabalho. Como a atenção às mulheres, há necessidade de
atenção para com a existência de algumas necessidades específicas, incluindo a
de assistência com o treinamento ou o refinamento das competências
necessárias para a obtenção do primeiro emprego, bem como para alcançar seus
objetivos de carreira futura (Hitchings & Retish, 2000).
A transição da escola para a vida profissional é um processo orientado
para resultados que abrangem uma ampla gama de serviços e experiências que
levam ao emprego. A transição, no caso do indivíduo com deficiência, é um
período que pode incluir desde o ensino fundamental até a educação de nível
superior; ou então serviços complementares de formação profissional para
adultos e os primeiros anos de emprego. Por transição entende-se como uma
ponte entre a segurança e a estrutura oferecida pelo sistema educacional e as
oportunidades e riscos da vida adulta (Levinson & Ohler; 1998). Além disso, as
transições de sucesso acontecem em contextos particulares, os quais necessitam
de reabilitação profissional ou do emprego com supervisão num primeiro
momento (Johnson, Mellard & Lancaster, 2007).A educação e transição para o
trabalho é considerada uma área prioritária não apenas pelos especialistas, mas,
sobretudo, pelos próprios portadores de deficiências(Mendes & cols., 2004, p.
106).
Sabe-se que, as pessoas com deficiências, que estão inseridas no
mercado de trabalho e que atuam em situações semelhantes aos seus pares, têm
9
mais condições de ampliar o seu repertório comportamental, inclusive sob o
aspecto dos relacionamentos sociais (Mendes & cols., 2004).
A inserção da pessoa com deficiência no contexto do trabalho é
um tema que vem fazendo parte das discussões dentro da
Educação Especial de longa data, porém, a preocupação com
essa questão começou a se estender para o meio empresarial
somente a partir da aprovação de leis específicas que tentam
assegurar esse direito (Tanaka & Manzif, 2005, p. 273).
No Brasil, isso ficou reconhecido por meio da Lei de Cotas (Lei Nº 8.213 de
24 de julho de 1991, Brasil 1991), que visa garantir ao portador de deficiência
dispositivo legais para um espaço no mercado de trabalho pela via da
empregabilidade, reservando um percentual de cotas proporcionalmente ao
número de funcionários de uma empresa, tais como:
Art. 93º - A empresa com 100 (cem) ou
mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por
cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com
beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência,
habilitadas na seguinte propoão:
I – até 200 empregados...................... 2%
II – de 201 a 500 empregados............ 3%
III – de 501 a 1000 empregados ........ 4%
IV – de 1001 em diante ...................... 5%
Parágrafo - A dispensa de trabalhador
reabilitado ou de deficiente habilitado ao final do contrato por
prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada,
no contrato por prazo indeterminado, poderá ocorrer após a
contratação de substituto de condição semelhante.
Parágrafo - O Ministério do Trabalho e
da Previdência Social deverá gerar estatísticas sobre o total de
empregados e as vagas preenchidas por reabilitados e
deficientes habilitados, fornecendo-as quando solicitadas, aos
sindicatos ou entidades representativas dos empregados
Entretanto, o que se observa na prática são dados diferentes desses
propostos pela lei (Araujo & Schimidt, 2006; Clemente, 2008; Lobato, 2009;
Tanaka & Manzif, 2005; Quintão, 2005; Simonelli, 2009), sendo que em muitos
casos o que deveria incluir torna-se excludente e discriminatório (Quintão, 2005).
10
O Brasil que tem uma estrutura econômica instável, com um quadro muito
variável de desemprego, principalmente para o trabalho formal, a concorrência
para se obter um espaço no mercado de trabalho é imensa (Tanaka & Manzif,
2005). Assim como a falta de informação sobre a deficiência, aliada a possíveis
crenças de que o indivíduo com deficiência não irá corresponder em termos de
produtividade, pode gerar dificuldades quanto à absorção dessa mão-de-obra
pelas empresas (Araujo & Schimidt, 2006; Clemente, 2008; Lobato, 2009; Tanaka
& Manzif, 2005; Simonelli, 2009). Além disso, outro aspecto que pode dificultar a
inserção da pessoa com deficiência no trabalho, freqüentemente apontado pela
literatura científica é a falha no processo de formação e qualificação profissional
(Araujo & Schimidt, 2006; Carreta, 2004; Clemente, 2008; Lobato, 2009;
Marquezan, 2008; Moreira & cols., 2006; Pereira, 2006; Tanaka & Manzif, 2005;
Quintão, 2005; Simonelli, 2009).
Na realidade brasileira é comum que ocorra a formação de pessoas com
deficiências por intermédio de programas desenvolvidos por oficinas pedagógicas
ou instituições de ensino especial (Costallat, 2003; Tanaka & Manzif, 2005).
Porém, críticas em relação aos procedimentos que são desenvolvidos nesses
programas, pois nem sempre há o preparo profissional e social adequado, no que
concerne ao desenvolvimento de habilidades e competências necessárias para o
mercado de trabalho (Toldrá & Sá, 2008). Percebe-se, com isso, que o indivíduo
não tem a mesma chance de inserção que seus pares, e, por consequência, a
despeito de suas competências, busca respaldo na Lei de Cotas. Porém, isso não
garante que irá conseguir se manter atuando (Araujo & Schimidt, 2006; Tanaka &
Manzif, 2005).
Conforme afirmam Tanaka e Manzif (2005, p.281), “Quando se escolhe um
trabalho em função apenas das limitações de uma pessoa corre-se o risco de
ignorar as suas reais necessidades e possibilidades para o exercício de um
trabalho”. Dados apresentados por Clemente (2008) sobre a utilização da Lei de
Cotas pelas empresas, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais
(RAIS) em conjunto com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), em 2006 havia apenas uma vaga reservada para o
portador de deficiência, a cada 22 portadores que estavam em idade de trabalhar.
Por outro lado, foi apenas a partir de 1999 que a lei foi regulamentada para ser
acompanhada pelo Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE) e, a partir disso,
11
tal órgão levou um tempo para se organizar para realizar a fiscalização e apenas
em 2003 é que começaram a ser multadas as empresas que não realizavam a
inclusão de forma adequada. Clemente (2008) finaliza que os dados atuais,
embora demonstrem um maior número de pessoas empregadas, o são reais,
devido ao fato de que o apontadas as inserções realizadas atualmente, mas
não são acompanhadas as pessoas que já estavam inseridas e que podem,
inclusive, ter mudado de empresa e estar novamente na estatistica de nova
inclusão. Uma outra estratégia de Inserção Profissional do portador de deficiência,
refere-se a ocorrência de situações nas quais pessoas com deficiências se
tornam os profissionais que vão ajudar na formação de pessoas com deficiências
similares, principalmente nas instituições especializadas (Glover-Graf &
Janikowski, 2001).
Como todo processo de mudança social que depende da superação de
preconceitos e de mudança de visão, a inserção de pessoas portadoras de
deficiência deverá se dar progressivamente, mas de forma inexorável, no mundo
do trabalho. Para isso devem contribuir o aprefeiçoamento da legislação de um
lado, e a convivência das pessoas no ambiente de trabalho (ainda que em certos
casos forçada), com pessoas portadoras de defiência. Para isso é importante que
os indivíduos possam de fato estar melhor preparados para o mercado de
trabalho. Sabe-se que uma outra forma de auxiliar, além do preparo profissional,
através do desenvolvimento de competências, são os processo de Orientação
Profissional ou OP, que serão melhor discutidos a seguir.
3. ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL (OP)
Os indivíduos, ao longo de suas vidas, precisam realizar uma porção de
escolhas, como o que vestir, o que comer, com o que se divertir, o que ler, com
quem se casar, em que trabalhar, sendo a decisão por isso ou aquilo, um
comportamento que faz parte do repertório do indivíduo e do tipo de reforço que
ele espera com a sua escolha (Schwartz, 2004). Esses aspectos servem como
base, também, para o que se nomeia como Escolha Profissional. Tal situação
pode ocorrer de forma natural e sem necessidade de maior apoio de outras
pessoas, porém, por outro lado, pode necessitar da ajuda de outras pessoas para
auxiliar nesse momento de angústia, dúvidas e indecisões (Soares, 2009). A essa
pessoa que pode desenvolver tais atividades, dá-se o nome de Orientador
12
Profissional (Lima, 2007). O indivíduo precisa estar satisfeito com sua escolha
profissional, pois é pelo mundo do trabalho que este encontra seu
reconhecimento social (Lima, 2007). É importante, também, que se compreenda
qual o valor social que é a ele conferido, uma vez que este se altera de sociedade
para sociedade (Rocha, Sarriera & Pizzinato, 2004).
Entende-se por OP um processo no qual o indivíduo tem a possibilidade de
receber aulio sobre as dúvidas que possui, em relação à escolha de uma
profissão, estabelecimento de princípios referentes à carreira, inserção
profissional, orientações sobre o mercado de trabalho e até mesmo aposentadoria
(Lehman, 2010; Soares 2009) e ainda, sobre quais decisões são possíveis de
serem definidas no momento de vida em que se encontram. Vale lembrar que
essas não são as únicas modalidades possíveis de OP, mas que talvez sejam as
mais freqüentemente estudadas, ainda que o cenário atual demonstre novas
perspectivas nessa área (Brito & Barros, 2008; Ivatiuk, 2004; Ivatiuk & Amaral,
2007; Neiva, 2009). Dessa prática subentende-se o constructo de algo definido
como identidade profissional, a qual é organizada a partir do desenvolvimento
desse processo e “passível de revisão e de constantes ressignificações,
definindo-se, essencialmente, pelo tipo de compromisso, de ideal e de meta com
os quais o indivíduo vincula-se e identifica-se (Valore, 2010, p. 65).
Nessa identidade estão imbuídos aspectos conhecidos como habilidades e
potencialidades. Todo indivíduo nasce com uma série de potencialidades que
podem vir a desenvolver ao longo de sua existência. Tais potencialidades
transformam-se nas habilidades, por meio de desenvolvimento ou treinamento
(Neiva, 2007). No momento de uma escolha profissional, a discriminação de tais
habilidades pode ser um fator primordial para que o indivíduo realize a melhor
escolha possível, naquele momento. Diz-se que as habilidades são referentes a
fatores psicológicos que estão envolvidos no momento da escolha, pom
também fazem parte os econômicos e sociais (Medico, 2005). Por outro lado, é
importante que se saiba que a OP não é uma prática exclusiva do Psicólogo
(Melo-Silva, Bonfim, Sbrogeo & Soares, 2003), mas a Psicologia oferece seus
instrumentos, visando proporcionar reflexão e autoconhecimento (Noronha &
Ambiel, 2006). Aqui, expor-se-á apenas a OP do ponto de vista desta área do
conhecimento.
13
A história e desenvolvimento da OP já foi revista por muitos trabalhos como
Naville (1975); Baptista (1984); Soares (1999); Melo-Silva e Jacquemin (2001);
Ballarine (2002); Gabaldi, (2002); Ivatiuk (2004), Abade (2005), Lima, 2007; Neiva
(2007) os quais relataram dados desde a antiguidade até os dias mais atuais
sobre como este processo foi se estruturando, as áreas às quais foi sendo
relacionando e se tornando cada vez mais eficaz e aplicável. Nesse trabalho não
se fará este tipo de explanação, mas somente se apresentarão alguns dados
atuais que podem servir como base para essa proposta.
Muitas são as formas de entender e estudar a OP e percebe-se que este é
um campo que se encontra em expansão, portanto, encontram-se diversas
formas de apresentar esse trabalho, mas às vezes algumas nomenclaturas para
se referir a isso ou aquilo são diferentes para nomear eventos semelhantes. Isso
ocorre principalmente na questão da explanação inicial do que é OP e seus
pressupostos básicos.
Para alguns a prática de OP pode ser dividida segundo o campo de
atuação das áreas tradicionais da Psicologia, como clínica, escolar e
organizacional (Soares 2000); para outros de acordo com as diferentes correntes
teóricas do desenvolvimento vocacional (Melo-Silva & Jacquemin, 2001; Neiva,
2007). E ainda outros defendem que o processo de OP seja caracterizado
segundo a modalidade do trabalho a ser desenvolvido (Lehman, 2010). Neste
sentido Melo-Silva e cols. (2003) alertaram para o fato de que embora em muitos
trabalhos haja essas diferenças de contextualização, o importante é que estes se
ocupam do que estes autores nomearam de eixos temáticos similares, como a
questão do autoconhecimento, a escolha, a informação sobre as profissões ou
percepção da realidade e o mundo do trabalho.
Segundo Abade (2005), a fundação da Associação Brasileira de
orientadores profissionais (ABOP) em 1993 foi muito importante para a OP
brasileira, pois com ela passou-se a organizar melhor os artigos e as produções
na área e o conhecimento produzido pode ser melhor divulgado.
Nesta pesquisa, pretende-se apresentar alguns desses aspectos que são
relevantes para o cenário da OP brasileira e para o contexto que foi estudado,
porém sabe-se que ele não abrangerá todas as formas possíveis disso ser
realizado, uma vez que nem todas foram pertinentes para essa pesquisa.
14
3.1 Principais Referenciais Teóricos
Os profissionais que têm se dedicado à OP no Brasil sofreram diversos
tipos de influências teóricas na condução de suas práticas. Dentre eles, talvez, o
mais influente, até os dias atuais, seja o modelo psicanalítico a partir dos
trabalhos do argentino Bohoslavsky (1993). Sua atuação pautava-se no Modelo
Clínico de atendimento e visava o trabalho com a questão da primeira escolha
profissional. Seu trabalho foi considerado um marco na área, porque aentão
havia o predomínio dos trabalhos classificados como modalidade estatística, ou
seja, a OP era desenvolvida baseada exclusivamente nos resultados de Testes
utilizados para tal finalidade (Lima, 2007; Neiva, 2007). Na sua estratégia de
trabalho, até podem ser utilizados testes, mas estes não eram o objetivo principal
e sim todo o processo que se desenvolvia, onde se procurava trabalhar
basicamente três aspectos principais: o autoconhecimento, a realidade do mundo
do trabalho e a escolha profissional propriamente dita. Sua proposta de atuação
influenciou diretamente os trabalhos de Müller (1988), Carvalho (1995) e Levenfus
(1997b).
A partir de então outras abordagens psicológicas também passaram a
estudar o tema e se posicionar sobre as questões que o envolvem; a Sócio-
Histórica por A. Bock e Aguiar, (1995) Ferreti (1997) e S. Bock (2002); o
Psicodrama com Lucchiari (1993) e Soares (2002); a Abordagem
Psicodepagógica (Hissa & Pinheiro, 2002); a Analítico Comportamental com
Moura (2004) e Ivatiuk (2004) e, de forma bem recente, a Cognitivo-evolutiva
(Bardagi, 2010). O fato interessante é que todos os trabalhos desenvolvidos por
essas teorias visam à primeira escolha e o ingresso no ensino superior, com
exceção do trabalho de Ivatiuk (2004), que abordou a primeira escolha para
profissões não-universitárias. Talvez na prática diária, outras correntes teóricas
também se ocupem desses trabalhos, porém eles ainda não estão publicados e
de domínio público.
3.2 Modalidades e Locais de Intervenção
As formas de atuação praticadas pela OP são as modalidades individuais e
grupais. E estes podem ser realizados em contextos diversos, que variam desde o
ambiente clínico, as instituições (escolas, centros comunitários, ONGs, Igrejas) e
as clínicas-escola. Em muitos trabalhos encontra-se o relato de utilização do
15
Método Clínico, proposto por Bohoslavsky, em locais como escolas (Crestani,
2000;
Oliveira, 2000; Silva, 1997; Valore, 2003). Importante que fique claro que
são significados diferentes atribuídos a uma mesma grafia (método clínico e
ambiente clínico), mas são passiveis de serem utilizados em conjunto, informando
dados distintos de atuação.
Melo-Silva e cols. (2003) realizaram uma pesquisa em que procuraram
caracterizar as principais atividades realizadas dentro desse campo de atuação.
Fizeram parte do estudo 84 participantes que estavam em um congresso da área,
no ano de 1999. Os resultados apontaram que 61% realizavam intervenções em
grupo e 15% realizam atividade individual, o restante usava ambas as formas. Em
relação ao local de atuação, 53% desenvolviam suas atividades no ambiente
clínico. Segundo as autoras, esse fato pode ser compreendido devido ao fato da
formação em OP, nos cursos de psicologia estar, naquela época, intimamente
relacionada com essa área de atuação e a falta de políticas públicas que
estabeleçam a obrigatoriedade da escola oferecer esse tipo de trabalho.
O ambiente clínico, compreendido aqui pela realização no espaço físico de
uma clínica psicológica e o ao método utilizado, propicia a realização de
atividades individuais, uma vez que é mais comum cada um procurar pelo
processo de OP sozinho ou com o auxilio dos pais e isso dificulta a formação de
um grupo, pois não se pode precisar quanto tempo se levará para que outro
indivíduo com características semelhantes procure pelo mesmo tipo de atividade
(Levenfus, 1997b). os ambientes institucionais ou clínicas-escola propiciam o
trabalho em grupo, pois geralmente a demanda é maior e torna-se mais fácil a
organização de atividades em grupo (Carvalho, 1995; Levenfus, 1997a; Melo-
Silva & Jacquemin, 2001; Moura, 2004; Soares, 2000; Valore, 2002/2010). Deve-
se lembrar que para a realização de atividades em grupo necessidade do
estabelecimento de critérios conhecidos como seleção e grupamento (Zimerman,
1997).
A literatura aponta que a intervenção nesses locais tem se tornado mais
freqüente, principalmente em relação às instituições (Ivatiuk, 2004; Lima e
Strazzieri, 2007; Sarriera, Silva, Kabbas & Lópes, 2001). Sarriera, um psicólogo
que atua com OP e psicologia comunitária, realiza com seu grupo de trabalhos
uma série de atividades em nível institucional, como o desenvolvimento de
habilidades sociais para jovens que procuram emprego (Sarriera, Meira, Berlim,
16
Bem & Câmara, 1999) e programas de inserção laboral para jovens a procura de
emprego (Sarriera, Câmara & Berlim, 2000b).
Os trabalhos desenvolvidos em
clínicas-escolas fazem parte dos trabalhos de Carvalho (1995), Lassance (1999),
Lehman (2010), Lima (2007) e Soares (2009) e estão diretamente relacionados
com as atividades desenvolvidas em clínicas psicológicas organizadas dentro das
instituições de nível superior e que desenvolvem a formação de alunos em nível
de graduação ou pós-graduação.
3.3 Técnicas e instrumentos de OP
O uso de técnicas auxiliares e de instrumentos de avaliação durante um
trabalho de OP depende da formação teórica, das habilidades desse profissional
e do tipo de trabalho que ele vai desenvolver. A questão da escolha dos
instrumentos e técnicas a serem utilizadas é de fundamental importância para o
alcance dos objetivos que foram propostos para o trabalho. Os dados Melo-Silva
e cols. (2003) referentes às técnicas e/ou instrumentos utilizados, demonstraram
que os psicólogos, independente se atuam em clínicas ou instituições, se utilizam
mais freqüentemente das dinâmicas de grupo (91%), seguidos por entrevistas
(44%), Testes (41%) e Informação Profissional (33%); sendo que outras
estratégias foram descritas, porém em proporções menos significativas.
Na literatura especializada encontram-se trabalhos que se ocupam em
estudar e publicar as técnicas possíveis de serem utilizadas em OP, gerando,
assim, uma série de sugestões para o desenvolvimento dos mais diversos tipos
de atuação em OP, como os de Giacaglia (2003), Lucchiari (1993a); Lassance
(1999); Soares e Krawulski (2002/2010), os quais sugeriram técnicas que podem
ser utilizadas nas mais diversas fases (autoconhecimento, realidade profissional,
escolha propriamente dita), tipos (primeira escolha, inserção profissional,
reorientação profissional) e modalidade de intervenção (individual ou grupal) da
OP. Outros discutem a forma de analisar essas técnicas, como Lemos (2010) que
descreveu uma análise das estórias produzidas quando utilizado a técnica de
desenhos de profissionais no exercício de sua profissão; Levenfus (2002/2010)
organizou uma estratégia de análise para a atividade de autobiografia e Neiva
(2002b/2010b) analisou e agrupou as frases contidas na atividade Frases
Incompletas, organizada originalmente por Bohoslavsky para auxiliar a
compreensão da análise dessa atividade ao realizá-la.
17
outros materiais que procuram fornecer dados que auxiliem os
orientadores profissionais a realizar o processo de informação profissional, com
estratégias adequadas para esta finalidade (Carvalho, 1995; Greca, 2000;
Medico, 2005;
Uriartt, Paradiso, Lassance e Bardagi, 2003; Soares, 2003), ou
então fornecem dados específicos sobre informações das profissões (Filomeno &
Régis, 2001; Levenfus, 2005). Alguns trabalhos referem-se a instrumentos que
podem ser aplicados em OP, como o Berufsbilder Test (BBT) (Jacquemin, Melo-
Silva & Pasian, 2002/2010); o Jogo de Critérios para Escolha Profissional (Neiva,
2010c); a Escala de maturidade para escolha profissional (Neiva, 2002a/2010a),
Teste de Avaliação dos Interesses Profissionais (AIP) (Levenfus & Bandeira,
2010); Escala de Aconselhamento Profissional (EAP) (Noronha, Santos e Sisto
2010), sendo estes os mais freqüentemente utilizados.
3.4 Tipos de trabalhos desenvolvidos em OP
Conforme foi relatado de forma breve, vários são os tipos de trabalhos
que podem ser desenvolvidos dentro do campo da OP. Até algum tempo atrás, na
literatura havia o predomínio dos trabalhos referentes à primeira escolha
profissional e que visavam o acesso ao ensino superior, como nos trabalho
propostos por Carvalho (1995), Soares (1999), Greca, (2000), Moura (2000),
Melo-Silva e Jacquemin (2001), Neiva (2007). Porém há mudanças nesse cenário
e hoje se encontram trabalhos com populações que não tenham esse objetivo
(Ivatiuk, 2004; Ivatiuk & Amaral, 2007).
Segundo Carvalho (1995), foi no final dos anos 70 e inicio dos 80 que os
trabalhos de OP começaram a refletir a necessidade de outras práticas de OP
que pudesse atender ao interesse de outras classes sociais e o apenas de
jovens advindos de condições econômicas e sociais mais privilegiadas. Porém
isso não se alterou de imediato na prática dos orientadores, foram necessários
acontecimentos para que isso pudesse de fato ser alterado.
Atualmente, mesmo com toda a expansão do ensino de nível superior, a
realidade sugere que nem todas as pessoas têm possibilidades de acesso ao
ensino superior, seja por falta de interesse nesse sentido, ou por questões de
aprendizagem que impedem a pessoa de ter esse tipo de escolarização. Porém
isso não quer dizer que ela não tenha capacidade para desenvolver algum tipo de
atividade profissional. Nesse sentido, ela pode desenvolver uma profissão tida
18
como básica ou técnica, a qual não demanda necessariamente um nível de
escolaridade, mas a qualificação necessária para a execução dessa atividade
(Ivatiuk, 2004).
Eidelwein (2005) ao realizar um estudo sobre a importância da psicologia
em projetos sociais e trabalho, concluiu que o trabalho do orientador profissional
não deve ser restrito a encontrar um nível profissional para o seu participante,
mas que seja realmente o de educar para um processo de escolha, o que faz com
que o indivíduo sabendo escolher, a profissão se torne uma conseqüência e não a
finalidade do trabalho. E conclui que tais recursos irão auxiliar esse indivíduo em
vários momentos em que precisar realizar outras escolhas.
Embora haja esse predomínio para os trabalhos de primeira escolha
profissional, essa não é a única forma de se realizar um processo de OP.
Percebe-se que hoje, cada vez mais a literatura aponta para outros trabalhos.
Soares (2009) descreveu que esse fato está diretamente relacionado com todas
as mudanças sociais, científicas, tecnologicas e econômicas que acontecem
numa velocidade que faz com que o trabalho do Orientador Profissional também
esteja diretamente relacionado com tais avanços. Diante desses fatos ou por não
terem realizado um acompanhamento adequado de OP quando realizaram a
primeira escolha, os trabalhos relacionados com Inserção Profissional,
Reorientação Profissional e Mercado de Trabalho, estão se desenvolvendo e
tornando-se tão ou mais importante do que a primeira escolha em si.
Sarriera e cols. (2000a, 2000b) desenvolvem trabalhos com populações
cujo objetivo é conseguir realizar a inserção profissional naquilo que é possível no
momento, de acordo com as capacidades dos indivíduos e metas de vida. E, para
isso, procuram desenvolver um conjunto de habilidades que irão auxiliá-los nesse
sentido. Tal programa tem procurado trabalhar a identidade vocacional, as
habilidades sociais e os direitos e deveres do trabalhador, sendo estas a base
para se desenvolver os requisitos necessários para se tornarem seletivos e com
empregabilidade para o mercado de trabalho. Além disso, procuram ensinar
estratégias que auxiliem o indivíduo a se manter empregado, bem como
alternativas para o trabalho formal.
Nesta mesma temática é possível se trabalhar com indivíduos que tem
uma formação e querem se inserir no mercado de trabalho. Araújo, Sousa, Muniz,
Gomes e Antonialli (2008) desenvolveram uma pesquisa onde procuraram avaliar
19
como estudantes de engenharia realizam a sua inserção profissional. Os dados
encontrados apontam para uma necessidade de práticas que auxiliem os mesmos
a conseguir atuar profissionalmente de forma adequada. Na literatura estrangeira
esse tipo de atividade é conhecido como transição da escola para o trabalho
(Brown, 2000). No Brasil ainda é uma prática pouco realizada com exceções das
produções de Sarriera e seu grupo de trabalho ou de pesquisas como essa que
foi citada.
Outra proposta de se trabalhar com OP é o desenvolvimento de ações com
as pessoas que buscam esse serviço no sentido de realizar uma segunda
escolha, ou, como é mais nomeada, uma reorientação profissional. Tal proposta
procura trabalhar com as indagações que ocorrem quando o indivíduo está
exercendo uma profissão e não se encontrou satisfeito com o que se deparou no
universo profissional, não conseguiu se colocar no mercado com tal atividade ou
foi demitido. E ainda aqueles que não se adaptaram à condição de aposentaria e
desejam voltar ao mercado de trabalho (Araújo & Sarriera; 2004; Barros, 2003;
Canedo, 2000; Garcia, 2000). Muitas das ações desenvolvidas nesse tipo de
atividade são similares às dos indivíduos que procuram a OP para a primeira
escolha, uma vez que muitos desses indivíduos não realizaram um processo
semelhante na escolha da profissão anterior (Garcia, 2000).
Para alguns autores (Araújo & Sarriera, 2004), o término de um curso de
graduação ou formação e a atuação desarticulada dessa formação pode levar o
indivíduo a procurar uma reorientação, com o intuito de organizar melhor a sua
ação prática, aproveitando o conhecimento que adquiriu no curso realizado,
independente do nível a que esse se refere. Muitas vezes as ações de
reorientação são necessárias para que as pessoas recuperem a sua saúde, pois
há estudos que comprovam que o exercício de atividades profissionais pode
causar adoecimento físico e/ou psíquico (Lima, 2007).
Embora seja previsto que nos processos de OP sejam trabalhadas
questões referentes ao mercado de trabalho, atualmente algumas ações atendem
apenas a essa vertente. Em geral o atividades relacionadas às transformações
atuais do mercado de trabalho e às conseqüentes mudanças no perfil das
profissões. E, portanto, acabam sendo, em grande parte atividades de informação
profissional. A este respeito, vale destacar que muitos indivíduos não têm
disponibilidade ou não desejam passar por um processo de OP completo e
20
desejam apenas obter tais informações. Um tipo de ação atrelada ao
fornecimento de informações sobre o mercado de trabalho é desenvolvida pelo
site ikwa (www.ikwa.com.br), que disponibiliza informação profissional através de
pequenos vídeos profissionais e alunos em formação, das mais diversas áreas do
conhecimento.
Por outro lado, as práticas nessa modalidade de atividade estão
diretamente atreladas a pesquisas realizadas junto ao mercado de trabalho para
reconhecer o que eles esperam das atuações das pessoas que irão realizar tais
tipos de atividade (Araujo & Schimidt, 2006; Tanaka & Manzif, 2005). Também
auxiliam na compreensão de qual é o valor social que determinadas atividades
profissionais podem ter para determinadas sociedades ou classes sociais ou
então ser realizado com trabalhadores sobre o significado que o trabalho possui
para eles (Rocha & cols., 2004).
Pelo que foi exposto até aqui, identifica-se que muitas o as formas de
desenvolver trabalhos de OP e com as mais diversas populações. Mas o que será
que tem se realizado com as PEs nessa perspectiva? Cummings e cols. (2000)
em seu artigo, apresentaram dados apontando que naquela época havia pouca
atenção da literatura teórica para o desenvolvimento de ações de OP com essa
população. Ferreira (2007) apresentou dados mais atualizados sobre a
inserção
no ensino universitário das populações com necessidades especiais, porém, eles
estão diretamente relacionados com o indivíduo que faz parte da instituição em
si e o ao seu processo de escolha e acesso a este tipo de formação
profissional. Entre uma e outra publicação, que tipos de contribuições e
desenvolvimentos na área da OP de PEs podem ser encontrados? Esta é a
questão que motivou a presente pesquisa e que levou a pesquisadora a realizar
um estudo de revisão da literatura.
4. ESTUDOS DE REVISÃO
Uma das formas de se realizar estudos científicos sobre determinada área
do conhecimento é por meio de pesquisas que busquem organizar o que foi
publicado sobre, com a finalidade de conhecer quais são os principais aspectos
que estão sendo pesquisados e fazer reflexões sobre tais estratégias (Abade,
2005; Chope, 2008; Luzzo & MacGregor, 2001; Harrington & Harrigan, 2006;
Marques Carneiro, Andrade, Martins & Gonçalves, 2008; Melo-Silva & Soares,
21
2003; Mendes & cols., 2004; Noronha & Ambiel, 2006; Noronha & cols., 2006;
Teixeira Lassance, Silva & Bardagi, 2007; Tien, 2007; Whiston & Brecheisen,
2002).
Marques e cols.(2008) chamaram a atenção para a questão do cuidado
que precisa se ter ao realizar um trabalho dessa natureza, para que realmente
signifique um avanço na construção de novos saberes e não seja apenas uma
explicação a respeito do que é realizado. Teixeira e cols. (2007) defenderam,
ainda, que é através dessa modalidade de trabalho que se consegue demonstrar
o quanto a área se desenvolveu e aprimorou. Noronha e cols. (2006)
complementaram que é através dessa prática que se consegue também apontar
para áreas referentes ao campo em questão e que precisam de maior estudo e
desenvolvimento. Portanto, diante dos modelos propostos até aqui, referente à
PEs e OP, os quais embasam a metodologia a ser realizada, a presente pesquisa
teve como objetivos:
OBJETIVO GERAL
Descrever e analisar a produção científica disponível nas bases de dados
nacionais e estrangeiras, no período de 2000 a 2009, referente ao tema
orientação profissional em populações especiais.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1) Identificar a produção científica nacional e estrangeira sobre OP de
populações especiais, veiculada em artigos, teses e livros.
2) Distribuição da produção relativa ao ano de publicação.
3) Natureza dos trabalhos (estudos empíricos, relatos de experiência,
revisão de literatura, trabalho teórico, trabalho teórico ilustrado).
4) No caso de estudos empíricos, relatos de experiência e trabalhos
teóricos ilustrados, identificar:
4.1) Tipo de População alvo (Especial ou outros);
4.2) Caracterização das PEs (sexo, idade, tipo de população especial);
4.2) Modalidade da OP (individual ou grupal);
22
4.3) Local da realização da OP (clínica particular, instituição
especializada ou clínica-escola);
4.4) Instrumentos e técnicas utilizadas.
5) No caso de estudos empíricos, identificar o delineamento metodológico
(levantamento, correlacional, quase-experimental, experimental, estudo
de caso intensivo, meta-análise).
6) Modelo teórico dos trabalhos: Psicanalítico, Psicodramático, Social,
Comportamental, Psicopedagógico ou Modelo Inespefico.
7) Tipos de Trabalhos em Orientação Profissional: Orientação Profissional
para primeira escolha, Inserção Profissional, Reorientação Profissional e
Mercado de Trabalho
8) Proceder a uma análise qualitativa dos temas: OP em PEs, nas mais
variadas possibilidades que o primeiro permite.
9) Propor novos desenvolvimentos de pesquisa.
23
MÉTODO
A presente pesquisa foi realizada com materiais selecionados por meio de
buscas em diferentes ferramentas eletrônicas, tais como bases de dados e portais
eletrônicos que reúnem a produção científica da área. Estão organizadas como
acesso público ou restrito, sendo que o primeiro caso se pode ter acesso de
qualquer computador conectado à internet, já no segundo há necessidade de uma
senha que permita o acesso ou um computador que esteja devidamente
conectado à referida base. Ambos os casos foram utilizados para esta pesquisa.
Como bases de acesso restrito foi utilizada a PsycINFO
(http://ovidsp.tx.ovid.com/spa/ovidweb.cgi) e de acesso público a Eric
(http://www.eduref.org/Eric/) e a BVS-Psi (http://www.bvs-psi.org.br/). Além
desses recursos de pesquisa, também foram utilizados o banco de Dissertações e
Teses do Portal Capes (http://servicos.capes.gov.br/capesdw/Teses.do), bem
como sítios eletrônicos de periódicos, como o Pepsic e o Scielo.
MATERIAL
Segue abaixo uma breve explicação sobre cada um dos recursos utilizados
para a coleta dos dados, segundo a ordem de citação anterior.
1) PsycINFO: É uma base de dados restrita, com materiais de psicologia,
educação, psiquiatria e ciências sociais. Por meio dela se tem acesso a resumos
de artigos, de teses e de capítulos de livros. Alguns desses materiais são também
disponibilizados na íntegra.
2) ERIC: O Centro de Informações de Recursos da Educação é uma
biblioteca digital on-line de pesquisa em educação e informação. ERIC é
patrocinado pelo Instituto de Ciências da Educação (IES) do Departamento de
Educação dos Estados Unidos. Seu objetivo é fornecer um abrangente e fácil de
usar acervo de materiais bibliográficos e textos completos.
3) A Biblioteca Virtual em Psicologia (BVS-Psi): é uma base de dados
organizada a partir dos esforços do Conselho Federal de Psicologia (CFP)
,
do
Serviço de Biblioteca e Documentação do Instituto de Psicologia da Universidade
24
de São Paulo (SBD-IPUSP) e da Organização Pan-Americana da Saúde, por
meio do seu Centro Latino Americano de Informação em Ciências da Saúde
BIREME. Disponibiliza resumos e artigos completos em diversos periódicos na
área da psicologia. Por meio da BVS-PSI é possível acessar o portal de
periódicos eletrônicos em psicologia PePSIC (http://pepsic.bvs-
psi.org.br/scielo.php) e o portal scientific eletronic library online (Scielo)
(www.scielo.br)
4) O Banco de Teses faz parte do Portal de periódicos da Capes/MEC e
tem como objetivo facilitar o acesso a informações sobre teses e dissertações
defendidas junto a programas de pós-graduação stricto sensu do país.
PROCEDIMENTO
Para o acesso ao material foram utilizados os seguintes descritores:
Orientação Profissional, Orientação Vocacional, Escolha Profissional, Inserção
Profissional, Inclusão, Pessoas com deficiência, Escolha profissional nos
deficientes e Populações Especiais, para as buscas em Língua Portuguesa e
Vocational Guidance, Vocational Choice, Special Population, Handicap e
Disabilities para as buscas em Língua Inglesa, sendo que nesta última utilizaram-
se menos termos devido ao fato da literatura internacional ser um pouco mais
parcimoniosa no sentido dos termos utilizados.
É importante lembrar que embora esses termos sejam os descritores
relacionados com a pesquisa em questão, eles também são utilizados para outras
finalidades. Um bom exemplo refere-se à expressão “orientação profissional”, que
além de designar o processo de ajuda profissional na escolha de uma profissão,
pode ser utilizada para trabalhos de orientação com outros fins, como por
exemplo, “orientação da equipe de enfermagem no cuidado materno no 1º ano de
vida” (Caldeira, Fagundes & Aguiar 2008) ou “o processo de escolha de
estudantes de medicina” (Rego, Gomes & Siqueira-Batista, 2008).
Essa explicação é importante e necessária para que sejam bem
compreendidos os motivos de exclusão de um número muito grande de
referências de algumas bases. O período de busca nas bases foi de 2000 a 2008,
sendo que foram incluídos artigos, capítulos de livros, teses e dissertações
referentes à temática pesquisada. Em 2009, foram localizadas teses e
25
dissertações que tinham relação direta com o tema pesquisado e, portanto, foram
também incluídas. A definição desse peodo ocorreu devido ao fato de já haver o
trabalho de Mendes, Nunes, Ferreira e Silveira (2004) que apresentava um
levantamento da temática pesquisada até 1999, e contava com metodologia e
população semelhantes.
Optou-se pela inclusão das Teses e Dissertações do Portal Capes devido
ao fato de que alguns materiais mais recentes ainda não estão publicados. Esta
providência deveu-se ao fato de que na literatura nacional o processo editorial de
artigos científicos ainda é relativamente moroso, havendo um descompasso entre
a produção da tese ou dissertação de mestrado e sua publicação em forma de
artigo. Em relação aos trabalhos estrangeiros, considerou-se inviável acessar
teses e dissertações completas, portanto, este tipo de referência limitou-se às
brasileiras.
Os idiomas utilizados foram o português e o inglês, sendo que os demais
idiomas foram excluídos da pesquisa.
As referências que não puderam ser acessadas integralmente via busca
eletrônica foram pesquisados nas bibliotecas nacionais através de acesso direto
ou intercâmbio.
As referências encontradas em mais de uma base de dados foram
contabilizadas apenas uma vez, visto que ter um trabalho indexado em mais de
uma base de dados é uma prática comum no meio cientifico. E isto ocorreu
principalmente na PsycINFO e na BVS-Psi, sendo que nesta segunda alguns
trabalhos chegaram a aparecer por seis vezes. Na base de dados PsycINFO
foram encontrados, inicialmente, 652 resumos para os descritores e o período de
tempo propostos. Como a base permite que a pesquisa seja limitada dentro dos
parâmetros que se façam necessários, foram acrescidos dados como a questão
do idioma (inglês); pesquisas com humanos. Desta forma o número de resumos
dentro dos parâmetros solicitados passaram a ser 65. Após as leituras dos
resumos e das buscas pelos materiais integralmente, apenas 22 artigos e dois
capítulos de livros foram selecionados, pois tinham relação mais direta com a
pesquisa. Essa restrição ocorreu porque na literatura internacional os termos
utilizados para localização dos materiais como Special Population, Handicap e
Disabilities não se referem apenas aos trabalhos com pessoas portadoras de
deficiência conforme definido para este trabalho, mas abrange uma classe maior,
26
incluindo pessoas com doenças mentais, transtornos mentais (depressivos,
bipolares, dependentes químicos), problemas de saúde (doenças crônicas) e
pessoas vitimas de violência. Importante lembrar que na literatura nacional estas
categorias não seriam inseridas na classificação especial, mas sim uma
população específica que segue inclusive, do ponto de vista jurídico, outra
legislação. Além disso, ela é alvo de outras modalidades de assistência, tanto em
nível psicológico como no que se refere às orientações dos profissionais que
trabalham com essas populações visando o seu bem estar (Lassance, 2005; Brito
& Barros, 2008). A questão da especificidade e adequação do uso dos descritores
em cada idioma é, portanto, muito relevante em pesquisas que têm como objetivo
uma revisão da produção cienfica de uma área. Depois de aplicados todos esses
critérios, foram selecionadas 23 referências, sendo que destas, duas referem-se a
capítulos de livros.
Na base de dados ERIC, foram localizados nove trabalhos, ou seja, essa
base tem poucos trabalhos inicialmente e destes apenas dois puderam ser
utilizados nessa pesquisa por se relacionarem diretamente com o tema
pesquisado, sendo que se tratavam de livros completos. As demais referências
foram descartadas por motivos semelhantes aos descritos no parágrafo anterior.
Foram encontrados 237 resumos de teses e dissertações no Banco de
Teses do Portal de periódicos da Capes/MEC para o período, porém destes
apenas oito tinham relação com a temática estudada. Destes trabalhos, teve-se
acesso a seis trabalhos completos e sobre os outros dois, um deles já se encontra
publicado como livro e foi utilizado desta forma e o segundo conseguiu-se acesso
apenas ao resumo.
Na base de dados BVS-Psi, a primeira busca resultou em 1159 referências
distribuídas conforme se observa na Tabela 2. Percebe-se que ela propicia uma
série de dados, sendo que os resumos encontrados no item bases de dados
bibliográficas, com exceção dos tipos teses e livros, remetem aos textos
completos nas bases PePSIC ou Scielo. Isso fez com que o número inicial de
referências fosse reduzido.
27
Tabela 2. Distribuição das referências na BVS-Psi segundo o tipo de base de
dados e produção.
BVS
-
Psi
Tipo de produção
Base de Dados
F
B
ibliográfico
s
Índex Psi Periódicos Técnico-Científicos
Index Psi Periódicos de Divulgação Científica
Index Psi Teses
Index Psi Livros
LILACS - Literatura Latinoamericana e do Caribe em
Ciências da Saúde
Google Acadêmico
177
1
37
30
551
34
T
exto completo
Index Psi TCC (Trabalhos de Conclusão de Cursos)
Index Psi Monografias de Conclusão de Cursos de
Especialização
PePSIC - Periódicos Eletrônicos em Psicologia
SciELO
1
0
98
186
Sites e Biografias em
Psicologia
Dicionário Biográfico da Psicologia no Brasil
Localizador de Informação em Psicologia - LIS-Psi
43
1
Total Geral
1159
No tipo Google acadêmico, os resumos propostos em geral remetem para
o Lattes do primeiro autor ou eventos científicos que tinham alguma relação com
a área pesquisada.
Em relação aos 98 trabalhos que correspondiam ao PePSIC e dos 186 ao
Scielo, muitos deles referiam-se à área de orientação de profissionais para o
trabalho com pessoas com deficiências, ou então a outras questões do problema
da deficiência, ou então se referiam aos outros significados que os termos podem
apresentar, conforme foi explicado anteriormente. Destes, apenas nove artigos
provenientes do PePSIC e três do Scielo mostraram-se adequados aos propósitos
desta pesquisa. Ao realizar a leitura destes textos, teve-se acesso a outros por
meio das referências bibliográficas contidas em cada um deles. Ao final
acresceram-se mais sete artigos. Além disso, algumas referências não
constavam das bases pesquisadas, mas como eram do conhecimento da
pesquisadora e pertinentes ao assunto foram incluídas.
Portanto, para fins desta pesquisa foram selecionados, da literatura
nacional: 20 artigos, quatro livros e seis dissertações e/ou teses; e da estrangeira:
21 artigos, dois capítulos de livros e dois livros completos, totalizando 55
referências.
28
Formulário para a Classificação das Referências (Anexo A)
Para a categorização das variáveis a serem analisadas de cada referência,
foi organizado um formulário (Anexo A), adaptado dos desenvolvidos por Santeiro
(2005) e Quadros (2008). Antes de uma descrição mais detalhada sobre isto, é
necessário esclarecer que o objetivo desse formulário era conseguir a maior
riqueza de informações possível sobre os estudos, porém nem sempre as
variáveis estavam descritas de forma clara, portanto, em vários itens foi
necessário acrescentar o item “não especificado” para que isso pudesse ser de
alguma forma também analisado. Cada referência foi analisada segundo os
seguintes itens:
Código - O primeiro campo indica o código de identificação da referência.
Como se trabalhou referências nacionais e estrangeiras, cada uma delas ganhou
um número seqüencial (1,2,3....) acrescidos de uma letra que as diferenciava.
Para as nacionais utilizou-se “N” e para as estrangeiras “E”.
Ano - Referia-se ao ano de publicação da produção.
Origem - As referências foram separadas ainda segundo o tipo da
produção: Artigo, Tese ou Dissertação e Capítulo de livro ou livro. Para a
categoria Artigo, ainda foi criado um campo para o periódico do qual fazia parte.
Natureza do trabalho - Investigava qual a natureza do trabalho. Para isto
foram utilizadas cinco categorias definidas por Santeiro (2005) e que estavam de
acordo com a metodologia utilizada nesta pesquisa. Foram elas: Estudo Empírico,
Relato de Experiência, Revisão de Literatura, Trabalho Teórico e Trabalho
Teórico Ilustrado (Tabela 3).
29
Tabela 3. Definição da natureza dos trabalhos de acordo com Santeiro (2005).
Natureza dos trabalhos
Definição
Empírica
Pesquisa envolvendo levantamento e analise de
dados com a finalidade de conhecer um fenômeno ou
de testar uma hipótese. Usualmente e estruturado
com base nos itens: introdução, objetivos, método,
resultados, discussões e conclusões. Envolve
participação de seres humanos.
Relato de Experiência
Aplicação de novos programas ou formas de
intervenção desenvolvidas empiricamente e que são
descritas por seus autores e/ou praticantes.
Revisão de Literatura
Revisão sistemática da literatura concernente a um
tema ou tópico específico com o objetivo de delinear
o estado da arte, identificar principais autores e/ou
pesquisas, mostrar a evolução de conhecimentos
sobre um tema especifico, apontar falhas e acertos
dos diversos trabalhos na área.
Teórica
Voltado para a reflexão de um tema, tópico ou
conceito teórico ou para a descrição de uma técnica
psicoterapêutica. Exclui trabalhos teóricos com
ilustrações científicas.
Teórica Ilustrada
Voltado para a reflexão de um tema, tópico ou
conceito teórico, necessariamente acompanhado de
um ou mais casos clínicos ou práticos com a
finalidade de ilustração.
Os estudos empíricos podem seguir diferentes delineamentos
metodológicos que caracterizam tipos específicos de pesquisas. Para tanto se
adotou a classificação adaptada por Santeiro (2005) que prevê seis tipos
:
Levantamento, Correlacional, Quase-experimental, Experimental, Estudo de Caso
e Meta-Análise. Na Tabela 4 pode-se compreender melhor essa categorização.
30
Tabela 4. Definição dos tipos de delineamento de pesquisa de acordo com
Santeiro (2005).
Delineamento
Definição
Levantamento
O tipo mais simples de pesquisa. Investigação que
descreve quantitativa e/ou qualitativamente, uma
determinada realidade em um determinado momento.
Pode-se usar como instrumento: entrevistas e
questionários ou técnicas de observação, os quais
permitem apenas descrever e delimitar o fenômeno
estudado. Não ha interfencia do pesquisador, no
sentido de que não manipula e/ou controla variáveis.
Pesquisa
Correlacional
Compara a ocorrência de um tipo especifico de relação
entre variáveis em estudo, sem determinar se as relações
são ou não causais, pois não consegue determinar com
confiança qual a variável é causa e qual é efeito. Resulta
em descrição de nível mais acurado quando comparado
com a de levantamento, embora com baixo potencial
para generalizações. Não ha interferência na realidade
por parte do pesquisador, apesar da descrição resultante
possibilitar alguma inferência.
Pesquisa
Experimental
Considerado o mais completo delineamento de pesquisa,
aquele que visa estabelecer relação de causa e efeito.
Nele o pesquisador interm na realidade, manipulando
variáveis, incluindo-as ou excluindo-as. Permite
generalizações e possibilita testagem e construção de
teorias e modelos. Possui, necessariamente, controle e
manipulação de variáveis e amostra randomizada.
Pesquisa Quase-
Experimental
Possui uma ou duas das condições do delineamento
experimental. Entretanto, não apresenta a força da
amostra randomizada. Permite que se analisem as
relações de causa e efeito e, quando bem conduzida,
garante alta validade interna.
Estudo de Caso
Baseado na observação exaustiva de casos clínicos.
Procura reproduzir o contexto das psicoterapias,
estudando-as a partir de ltiplas variáveis. Utiliza
registros objetivos do processo terapêutico, tais como
áudio e vídeo. Avaliações são usualmente realizadas por
juízes independentes. A idéia subjacente e de que
pessoas não participantes da psicoterapia possam
acompanhar sua evolução.
Meta-analise
Técnica de revisão sistemática da literatura, que se
diferencia das pesquisas de revisão de literatura por ter
critérios rígidos na inclusão e/ou exclusão de artigos, na
avaliação da qualidade dos trabalhos e por envolver
combinações estatísticas dos resultados. Sintetiza
achados de vários trabalhos clínicos. Tipo especial de
estudo
empírico, que não envolve participação de seres
humanos.
31
Em relação aos tipos de pesquisa, Estudo Empírico, Relato de Experiência
e Trabalho Teórico Ilustrado as referências foram classificadas quando ao tipo de
população-alvo estudada: especial, outras ou ambas.
1. População-Alvo - Os estudos foram categorizados voltados para
População Especial, quando o foco eram pessoas com um tipo específico de
deficiência, conforme decreto 3.298 de 20 de dezembro de 1999. Na categoria
“Outros” foram agrupados os trabalhos que tinham como foco outras pessoas que
não necessariamente o portador de necessidade especial (pais, professores,
empregadores, população em geral). Optou-se pela nomenclatura “outros” com a
finalidade de agrupar todas as pessoas que atuam junto às populações especiais
e que eram mencionados em alguns estudos, mas que não são especiais. Foram
classificados na categoria “Ambas”, os estudos que faziam uma comparação
entre pessoas com necessidades especiais e algum dos grupos identificados na
categoria “Outros”.
Como a principal finalidade desse estudo estava diretamente relacionada
com pessoas com necessidades especiais, procurou-se identificar alguns itens
mais específicos como:
1a. Faixa etária - foi dividida em Adolescente (14 a 18 anos); Adulto Jovem
(19 a 30 anos), Adulto (31 a 59 anos) e Idoso (acima de 60 anos). Essa divisão foi
baseada nos critérios em geral apresentados nos trabalhos de Orientação
Profissional (Neiva, 2007; Soares, 2001). Além disso, foi, também, sugerida a
categoria “vários”, pois em alguns trabalhos havia participação de mais de uma
dessas faixas etárias; e a “não especificado”, pois nem sempre isso estava
completamente definido no trabalho.
1b. Sexo - utilizaram-se as categorias masculino e feminino, e ambos, para
quando o trabalho contava com a presença dos dois sexos; e também o critério
não especificado.
2. Tipo de necessidade especial da população-alvo - A questão do tipo de
deficiência seguiu os critérios propostos pelo decreto 3.298 de 20 de dezembro de
1999, os quais se referem à Física, Visual, Auditiva, Mental e Múltiplas. Neste
item também foi proposto o não especificado, pois em alguns trabalhos fazia-se
32
referência que se tratava de populações com algum tipo de deficiência, mas o
as nomeava de forma clara.
3. todo de intervenção Foram organizados de acordo com a literatura
da área e que incluem esta forma de divisão na realização da intervenção:
individual (Lehman, 2010; Levenfus, 1997c; Melo-Silva & cols., 2003; Soares,
2000), quando o trabalho descrito era realizado com uma pessoa por vez, ou
então grupal (Abade, 2005; Carvalho, 1995; Ivatiuk & Amaral, 2007; Levenfus,
1997a; Melo-Silva & Jacquemin, 2001; Moura, 2004; Soares, 2000 & Valore,
2002;) onde vários indivíduos com características semelhantes e com a mesma
finalidades são reunidos para a realização de um trabalho. Além dessas duas,
também foi considerada a categoria ambas.
4. Local de intervenção Referiu-se justamente à questão do espaço físico
associado à modalidade de intervenção realizada. Organizou-se em relação à
questão dos Trabalhos Clínicos (Lehman, 2010; Melo-Silva & cols., 2003; Neiva,
2007; Soares, 2000), Institucional (Ivatiuk, 2004; Lima & Strazzieri, 2007; Sarriera,
& cols., 2001) ou Clinica-Escola (Carvalho, 1995; Lassance, 2005).
5. Processo de intervenção Ainda sobre a Intervenção, buscou-se
analisar como o processo foi realizado: se foi adaptado para a população descrita,
a partir de intervenções desenvolvidas para outros tipos de pessoas, ou se foi
organizada especificamente para esta população.
6. Técnica utilizada - Uma intervenção em geral é organizada baseada em
alguns recursos, baseados em cnicas e/ou instrumentos específicos que fazem
com que ela seja possível de ser realizada (Melo-Silva & Jacquemin, 2001; Neiva,
2007). Utilizaram-se categorias semelhantes às descritas na intervenção, uma vez
que estas também podiam ser organizadas para esta população ou adaptada dos
instrumentos já organizados e testados anteriormente.
7. Instrumentos e técnicas utilizadas - Ainda foram deixadas algumas linhas
para comentários sobre este item, caso houvesse uma descrição detalhada que
33
pudesse ser utilizada posteriormente de foram qualitativa na analise dos
resultados.
Das três últimas partes do formulário, duas referem-se de forma mais
especifica a questão da Orientação Profissional.
A primeira delas busca analisar o modelo teórico a que esta relacionada.
Foram organizadas cinco categorias, as quais são as mais freentes neste tipo
de trabalho. São elas: Psicanalítico (Bohoslavsky, 1993; Carvalho, 1995;
Levenfus, 1997b; Müller, 1988), Psicodramático (Lucchiari, 1993; Soares, 2002);
Social (A. Bock e Aguiar, 1995; Ferreti, 1997; S. Bock, 2002); Comportamental
(Moura, 2004; Ivatiuk, 2004) e Psicopedagógico (Hissa e Pinheiro, 2002). Foram
considerados, também, os itens “vários”, pois alguns estudos relatavam mais de
um modelo teórico, e “modelo inespecífico” para quando não se conseguiu ter
clareza do modelo utilizado.
A segunda delas trata do tipo atuação desenvolvida no trabalho de
Orientação Profissional. Procurou-se analisar quatro categorias principais, que
são as mais freqüentemente encontradas na literatura específica (Soares, 2002)
que são: Orientação Profissional para primeira escolha (Levenfus; 1997c;
Lehman, 1999; Melo-Silva e Jacquemin, 2001; Schiessl e Sarriera, 2004; Silva e
Soares, 2001), Inserção Profissional (Moreno, 2000; Sarriera, Câmara e Berlim
2000; Sarriera, Chies, Falck, Giacomolli & Silva, 1994;), Reorientação Profissional
(Araújo e Sarriera; 2004; Barros, 2003; Canedo, 2000; Garcia, 2000) e Mercado
de Trabalho (Lima, 2007; Lisboa, 2002; Câmara, Sarriera e Pizzinato, 2004). Os
itens “vários” e “modelo inespecífico” também foram considerados.
Por fim, porém o menos importante, o formulário previa um espaço para
anotações de forma geral sobre os aspectos que tinham relação com o projeto de
tese para que possam ser utilizados na análise qualitativa do trabalho.
Uma vez categorizadas todas as variáveis das referências que foram
acessadas o material foi analisado quantitativa e qualitativamente como se verá
no item Resultados e Discussão.
34
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente serão apresentados os dados de caracterização das
referências selecionadas e na seqüência far-se-á uma análise qualitativa dos
trabalhos.
ANÁLISE QUANTITATIVA DAS REFERÊNCIAS
Seguindo a ordem de categorização das variáveis do Formulário para
Classificação das Referências (Anexo A), apresenta-se inicialmente a distribuição
das referências de acordo com a origem (nacional ou estrangeira) e o tipo de
fonte da publicação (Tabela 5).
Tabela 5. Distribuição das referências de acordo com a origem e o tipo de fonte.
Literatura
Nacional
Literatura
Estrangeira
Totais por tipo
de fonte
F
F% F F% F F%
Artigos 20 67 21 84 41 75
Capítulos ou livros
completos
4 13 4 16 8 15
Teses ou
dissertações
6 20 0 0 6 11
Totais por categoria
30 100 25 100 55 100
Conforme esperado um predomínio de trabalhos publicados em artigos
tanto na literatura nacional quanto na estrangeira. Quanto às teses e dissertações
aparecem naturalmente apenas na literatura nacional, em função de se ter
acessado especificamente o Portal da Capes com este tipo de produção,
representando 20% dos trabalhos nacionais. Quando se considera todo o
material, correspondem apenas a 11%.
Nas Tabelas 6 e 7 podem ser observadas a quais periódicos se relacionam
os artigos selecionados. De uma forma ampla, pode-se dizer que em ambas as
fontes (nacional e estrangeira) houve uma variação praticamente equivalente de
periódicos, nove e oito, respectivamente.
35
No projeto inicial da tese havia idéia de pesquisar apenas em dois
periódicos nacionais e dois estrangeiros, pom essa forma de trabalho foi
abandonada devido ao fato de que embora haja nas respectivas literaturas,
periódicos relevantes para este tipo de estratégia, efetivamente na pesquisa isso
reduziria muito o número de artigos a serem analisados. Por isso, este critério foi
abandonado e assim pode-se abranger um número maior de trabalhos.
Tabela 6. Distribuição dos artigos de acordo com o periódico nacional.
Periódico
F
F%
F%
Qualis
Revista Brasileira de Educação Especial 6 30 30 B2
Revista Brasileira de Orientação Profissional 4 20 50 B1
Boletim de Psicologia 3 15 65 B2
Psico USF 2 10 75 B3
Adolescência Latinoamericana 1 5 80 B3
Escritos sobre Educação 1 5 85 C
Psicologia e Sociedade 1 5 90 A2
Temas em Psicologia (Ribeirão Preto) 1 5 95 B3
Revista Terapia Ocupacional da Universidade de São
Paulo
1 5 100 *
Total
20
100
100
* não possui avaliação Qualis na área da Psicologia
Em relação aos periódicos nacionais, os que mais publicaram artigos de
temas relacionados à orientação profissional de pessoas com necessidades
especiais foram a Revista Brasileira de Educação Especial (30%) e a Revista
Brasileira de Orientação Profissional (20%). Somados eles contêm cerca de 50%
das referências encontradas. Todavia, no que se refere ao conteúdo, tratam de
questões teóricas ou de revisões de literatura não havendo, conforme o esperado,
nenhum estudo empírico. Este é um dado preocupante uma vez que ambos o
relativamente bem avaliados de acordo com a classificação Qualis,
respectivamente como B2 e B1 (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-
graduação em Psicologia - ANPEPP, 2009). Além disso, costumam ser
considerados referência nas suas respectivas áreas de competência: educação
especial e orientação profissional.
De forma contrastante, os artigos dos periódicos menos especializados,
que aceitam artigos de todas as áreas da Psicologia, e que somam os outros 50%
36
das refencias, publicaram estudos empíricos (n=3) ou relatos de experiência da
área (n=1). Apenas o estudo da revista Temas em Psicologia (5%) se refere a um
estudo sistemático de revisão de literatura sobre a questão da inserção
profissional das PEs, no período de 1990 a 1999. Este artigo auxiliou a delimitar o
tempo a ser consultado nessa pesquisa. Porém, como tratava apenas de revisão
de teses e dissertações produzidas, serviu para que isso fosse ampliado para a
questão dos artigos e outros materiais científicos relevantes.
Da mesma forma que dentre os periódicos nacionais, os estrangeiros
também apresentaram maior incidência nos mais específicos da área de OP,
como o The Career Development Quartely (28,6%) e o Journal of Employment
Counseling (19%); sendo que o primeiro deles corresponde a revisões
sistemáticas anuais de literatura sobre OP em geral e o Rehabilitation Counseling
Bulletin (19%) e o Teaching Exceptional Children (14,3%) publicam estudos sobre
pessoas com necessidades especiais.
Tabela 7. Distribuição dos artigos de acordo com o periódico estrangeiro.
Pe
riódico
F
F%
F%
Qualis
The Career Development Quartely 6 28,6
28,6
*
Journal of Employment Counseling 4 19,0
47,6
*
Rehabilitation Counseling Bulletin 4 19,0
66,6
*
Teaching Exceptional Children 3 14,3
80,9
*
Journal of Applied Behavior Analysis 1 4,8 85,7
A1
Journal of Career Development 1 4,8 90,5
*
Journal of Counseling Psychology 1 4,8 95,3
*
Journal of Rehabilitation 1 4,8 100 *
Total
21
100
100
* não possui avaliação Qualis na área da Psicologia
Conforme o esperado foram encontrados mais artigos em dois periódicos
de temas mais específicos tanto para questão das PE, como OP, o que não
ocorreu na nacional. Isso se deve naturalmente ao dos periódicos americanos
serem usualmente mais especializados do que os brasileiros.
Nas Tabelas 8 e 9 tem-se a distribuição dos artigos, livros ou capítulos e
teses ou dissertações, conforme o ano em que foram publicados, sendo a
primeira para a literatura nacional e a segunda para a estrangeira.
37
Tabela 8. Distribuição dos tipos de publicação nacional de acordo com o ano.
Tipo de
publicação
Artigo
Livro ou
Capítulo
Tese ou
Dissertação
Total
Ano
F
F% F F% F F% F F%
2000 0 0 1 25 0 0 1 3
2001 1 5 0 0 0 0 1 3
2002 1 5 0 0 0 0 1 3
2003 1 5 1 25 1 16,7 3 10
2004 2 10 0 0 1 16,7 3 10
2005 3 15 0 0 0 0 3 10
2006 6 30 0 0 2 33,3 8 27
2007 2 10 1 25 0 0 3 10
2008 4 20 1 25 0 0 5 17
2009 0 0 0 0 2 33,3 2 7
Total 20 100 4 100 6 100 30 100
Para a análise da distribuição da produção ao longo dos anos é necessário
considerar apenas o intervalo entre 2000 e 2008, posto que a produção de 2009
ainda demandaum tempo, até que esteja totalmente disponibilizada nas bases
de dados. Observa-se distribuição irregular ao longo dos anos nos três tipos de
produção classificados. Em relação aos artigos variaram entre um e seis, com
moda em 2006 (Mo=6), seguida de quatro artigos em 2008. Naturalmente, com
base apenas nestes dados não se pode falar em uma tendência de aumento da
produção, mas é interessante assinalar que as freqüências acumuladas de artigos
dos últimos três anos, do período estudado, somam 60% deste tipo de produção.
O mesmo pode ser dito de capítulos de livros e livros (66,6%). Quanto a
dissertações e teses, foi também no ano de 2006 que se registrou a moda de
duas produções. Como conseqüência, este também foi o ano que registrou a
moda do total de tipos de produção (Mo =8), representando 27% das referências
acessadas. Um acompanhamento da produção nos próximos anos deverá revelar
se estaria de fato havendo maior produção na área.
Na literatura estrangeira a distribuição da produção oscilou entre 2000 e
2008. Os artigos variaram entre um e quatro, com moda em 2001 e 2004 (Mo=4).
Em relação aos capítulos de livros e livros, embora a produção nessa categoria
tenha sido bem inferior em relação aos artigos, a moda foi em 2000 e
2007(Mo=2). A moda total para as produções estrangeiras foi o ano de 2001
(Mo=5).
38
Tabela 9. Distribuição dos tipos de publicação estrangeira de acordo com o ano.
Tipo de publicação
Artigo Livro ou Capítulo
Total
Ano
F
F% F F% F F%
2000 1 5 2 50 3 12
2001 4 18,5 1 25 5 20
2002 3 14 0 0 3 12
2003 2 10 0 0 2 8
2004 1 5 0 0 1 4
2005 1 5 1 25 2 8
2006 2 10 0 0 2 8
2007 4 18,5 0 0 4 16
2008 3 14 0 0 3 12
Total 21 100 4 100 25 100
Talvez isso possa ser compreendido pelo fato de não se conseguir acessar
todos os resumos da base de dados (oito trabalhos ficaram de fora) os quais se
referiam justamente aos dois últimos anos. Pode-se dizer quanto mais atuais
sejam os materiais, um pouco mais difícil tornou-se o acesso integral da
publicação estrangeira, devido às burocracias para tais acessos.
Natureza dos Trabalhos
Os trabalhos pesquisados foram organizados em relação à natureza dos
trabalhos, conforme a Tabela 10. As categorias foram organizadas como o
modelo de Santeiro (2005) e se referiam a cinco tipos de trabalhos: Empírica,
Relato de Experiência, Revisão de Literatura, Teórica e Teórica Ilustrada,
conforme explicado no método.
Tabela 10. Distribuição das referências de acordo com a origem
(nacional/estrangeira) e a natureza do trabalho.
Origem Nacional Estrangeira Total
Natureza do Trabalho
F
F% F F% F F%
Empírica 14 47 10 40 24 43
Relato de Experiência 4 13 6 24 10 18
Revisão de literatura 6 20 5 20 11 20
Teórica 5 17 3 12 8 15
Teórica Ilustrada 1 3 1 4 2 4
Total 30 100 25 100 55 100
39
Em ambos os tipos de origem da literatura predominaram trabalhos
empíricos, correspondendo a 43% do total. Na literatura nacional os artigos de
revisão da literatura aparecem em segundo lugar (n = 6, 20%) e na estrangeira,
os Relatos de Experiência (n = 6, 24%). E em relação ao total de referências, as
Revisões de Literatura atingiram 20%, demonstrando que a busca pelo estado da
arte dos campos de conhecimentos pesquisados despertam interesse na
comunidade cientifica. Porém, como foi explicado anteriormente, dos estudos
nacionais, apenas um deles é uma revisão sistemática dos temas em conjunto,
OP e PE, sendo que os demais se referem a um ou outro e fazem referência a
esse tipo de trabalho e neles citam a temática pesquisada. Além disso, eles foram
importantes, pois fazem reflexões sobre como estes campos estão se
organizando. Na literatura estrangeira, o periódico The Career Development
Quartely que realiza uma revisão sistemática anual para toda a área de
Aconselhamento de carreira e desenvolvimento, porém nos artigos de revisão de
2002, 2003 e 2004 não houve trabalhos que tivessem relação com a temática
pesquisada, mas sim com pacientes psiquiátricos e/ou doenças crônicas.
A categoria Relato de Experiência, segunda mais freqüente entre as
estrangeiras e a terceira do total (18%), é também bastante relevante, pois, por
meio da divulgação das novas práticas de intervenção, permite que profissionais
da área e pesquisadores acompanhem as iniciativas. Especialmente em áreas
novas do conhecimento, como são os processos de orientação profissional de
pessoas com necessidades especiais, o compartilhamento das experiências
costuma ser uma etapa necessária para o aprimoramento e desenvolvimento das
novas técnicas e estratégias. Com isso cria-se uma dinâmica para o progresso
dos conhecimentos dentro daquele campo do saber.
Embora seja a quarta mais freqüente (15%), não se pode deixar de falar
dos trabalhos de natureza teórica, pois esse tipo de conhecimento em geral é
fruto de pessoas que m experiência na área e a partir disso conseguem
organizar reflexões e exposições teóricas que podem auxiliar na prática de outros
indivíduos. Em ambas as origens (nacional/estrangeira) o menos freqüente foi à
teórica ilustrada, correspondendo apenas a 4% do total, indicando que uma
carência de trabalhos e pesquisas.
A variabilidade encontrada em relação à natureza dos trabalhos sugere que
apesar de se tratar de uma nova área de estudos, a Orientação Profissional que
40
tem por foco pessoas com necessidades especiais, apresenta diversidade de
tipos de publicação, tanto no que concerne à esfera nacional quanto estrangeira.
Os Estudos Empíricos (N=24) foram classificados em seis categorias,
conforme Santeiro (2005) as quais são: Levantamento, Correlacional, Quase-
Experimental, Experimental, Estudo de Caso e Meta-Análise. A Tabela 11 traz a
distribuição de freqüências dos trabalhos localizados.
Tabela 11. Distribuição dos Estudos Empíricos de acordo com a origem
(nacional/estrangeira) e o delineamento de pesquisa.
Origem Nacional Estrangeira Total
Delineamento
F
F% F F% F F%
Levantamento
8 58 7 70 15 62
Correlacional
1 7 2 20 3 13
Quase-Experimental
3 21 1 10 4 17
Experimental
0 0 0 0 0 0
Estudo de caso
2 14 0 0 2 8
Meta-Análise
0 0 0 0 0 0
Total 14 100 10 100 24 100
O delineamento mais freqüente foi o de levantamento que correspondeu a
62% dos trabalhos encontrados. Nesse tipo de trabalho, na literatura nacional,
dois deles foram descritos pelos seus autores como do tipo pesquisa-ação, porém
a sua estratégia de obtenção desses dados foram através de uma ou duas
entrevistas, por isso foram inseridos nessa categoria.
Os delineamentos Quase-Experimental e Correlacional, por serem mais
complexos, tiveram uma freqüência bem menor (17% e 13%) em comparação ao
tipo de Levantamento.
Os estudos de caso foram realizados de forma pouco freqüente (8%),
porém não deixaram de ser discriminados. Uma vez que áreas que estão em fase
de inicio de produção cientifica sistematizada, costumam se utilizar dessa prática
para a realização de pesquisas.
Os delineamentos do tipo Experimental e Meta-Análise, considerados mais
sofisticados e característicos das áreas do conhecimento com maior tradição, não
foram encontrados nessa pesquisa. Conforme ressaltado, as práticas de OP de
41
pessoas com necessidades especiais são relativamente recentes e, por
conseguinte, a produção científica da área. Nesse sentido, estes resultados
eram esperados.
População
Os trabalhos classificados como de natureza Empírica (N=24), Relato de
Experiência (N=10) e de natureza Teórica Ilustrada (N=2) foram analisados em
função da variável tipo de população-alvo. A Tabela 12 apresenta a distribuição
dos trabalhos de acordo com o tipo de participantes que compuseram as
respectivas amostras. A categoria especial incluiu trabalhos cujas amostras eram
formadas por portadores de algum tipo de necessidade especial; a categoria
outros incluiu amostras de pessoas que atuam junto a populações especiais (pais,
professores ou empregadores), e a categoria ambos se destinou aos trabalhos
em que pessoas da categoria outros eram comparadas a pessoas com
deficiências em relação a uma ou mais habilidades.
Tabela 12. Distribuição do grupo amostral nos Estudos Empíricos, Relato de
Experiência e Teórico Ilustrado.
Origem Nacional Estrangeira Total
População Alvo
F
F% F F% F F%
Especial 10 53 11 64 21 58
Outros 4 21 3 18 7 19
Ambos 5 26 3 18 8 23
Total 19 100 17 100 36 100
Tanto na literatura nacional quanto estrangeira predominaram os trabalhos
apenas com amostras compostas por pessoas com necessidades especiais (58%
do total), porém quando são considerados os trabalhos que incluíram também
outro tipo de amostra (ambos) esse valor fica ainda maior (superando 80% das
referências selecionadas). São representativos dessas categorias,
respectivamente, o trabalho de Mota (2003) que focalizou a orientação
profissional com deficientes físicos e de Lobato (2009), que refletiu sobre as
implicações da Lei de Cotas do ponto de vista de empregadores e de empregados
com deficiência. Na categoria outros (19%) foram inclusos estudos sobre
instituições especializadas, pais, empregadores e professores que atuam
42
diretamente com as PEs como os de Araújo e Schimidt (2006) que comparou o
que empregadores e professores de educação especial pensam sobre a inclusão
do portador de deficiência e o de Tanaka e Manzif ( 2005) que entrevistaram
apenas empregadores.
Para a análise da faixa etária (Tabela 13), sexo (Tabela 14) e tipo de
necessidade especial (Tabela 15) foram excluídos os trabalhos classificados na
categoria outros, pois eles não apresentavam estes tipos de dados, portanto o
total de trabalhos analisados desta forma passou a ser N=29.
Tabela 13. Distribuição dos participantes provenientes de população especial em
função da faixa etária e da origem da referência.
Origem Nacional Estrangeira Total
Faixa Etária
F
F% F F% F F%
Adolescente (14-18 a.)
2 13 2 15 4 14
Adulto Jovem(19-30 a.)
5 31 5 38 10 34
Vários
9 56 4 32 13 45
Não especificado
0 0 2 15 2 7
Total 16 100 13 100 29 100
Embora no formulário tenham sido previstas quatro categorias para faixa
etária, apenas duas delas foram identificadas: adolescente e adulto jovem. Por
isso as outras foram excluídas da Tabela. A idade mais freqüentemente
encontrada foi justamente a que apresentou as duas categorias em conjunto, ou
seja, “vários” (45%).
Ao se analisar as categorias em separado percebe-se que a idade mais
estudada foi a de adulto jovem (34%). Talvez isso possa se dever ao fato de que
como os indivíduos com deficiência podem levar um pouco mais de tempo para
se escolarizar, os trabalhos de OP sejam realizados um pouco mais tarde
(Lindstrom & cols. 2008), se comparados aos de pessoas sem necessidades, cuja
maior incidência para OP ocorre na adolescência (Neiva, 2007; Valore, 2003).
43
Tabela 14. Distribuição dos participantes provenientes de população especial em
função do sexo e da origem da referência.
Origem Nacional Estrangeira Total
Sexo
F
F% F F% F F%
Feminino
0 0 2 15 2 7
Masculino
0 0 1 8 1 3
Ambos
11 69 8 62 19 66
Não especificado
5 31 2 15 7 24
Total 16 100 13 100 29 100
A maioria dos trabalhos incluía amostras com participantes de ambos os
sexos (66%), sugerindo que os estudos de OP para pessoas com necessidades
especiais vêm focalizando indistintamente homens e mulheres. Esta também é a
realidade dos estudos com adolescentes sem necessidades especiais, em que a
questão da escolha profissional se coloca na atualidade, como uma necessidade
para homens e mulheres, que precisam encontrar espaço no mercado
profissional, que sejam compatíveis com suas necessidades, anseios e
habilidades (Couto, 2007; Ivatiuk, 2004; Moura, 2004). Apenas na literatura
estrangeira foram localizados estudos que se referiam especificamente a um dos
sexos: feminino (15%) ou masculino (8%), porém os autores que se utilizaram
dessa estratégia, não justificaram o porquê de suas escolhas. Lindstrom e cols.
(2008) e Noonan e cols. (2004) realizaram trabalhos apenas com o sexo feminino
e Smedley e cols. (2003) com o masculino.
Por se referir a uma pesquisa com OP em PEs, a definição do tipo de
deficiência seja um dos dados mais significativos nessa discussão (Tabela 15).
Tabela 15. Distribuição dos participantes provenientes de população especial em
função do tipo de deficiência e da origem da referência.
Origem Nacional Estrangeira Total
Tipo de Deficiência
F
F% F F% F F%
Física
3 19 0 0 3 10
Mental
2 13 0 0 2 7
Visual
2 13 0 0 2 7
Auditivo
1 6 0 0 1 3
Múltiplas
8 49 10 77 18 63
Não especificado
0 0 3 23 3 10
Total 16 100 13 100 29 100
44
Deve-se observar que foi mais fácil categorizar os estudos nacionais
quanto a esta variável do que os da literatura estrangeira, sendo que nesse último
caso, 77% deles tinham como foco deficiências múltiplas (Luzzo & MacGregor,
2001; Ochs & Roessler, 2001; Smedley, Levinson, Barker & DeAngelis, 2003) e
os demais não especificaram (23%), como Estrada-Hernández, Wadsworth,
Nietupski, Warth e Winslow, 2008; Gil (2007) e Kennedy e Harris (2005). Na
nacional, a questão das deficiências múltiplas também foi bastante localizada
(49%), como nos estudos de Araújo e Schimidt (2006) e Tanaka e Manzif (2005),
o que fez com que o total geral fosse para essa categoria (77%).
Na literatura nacional, foi possível localizar ainda trabalhos realizados com
deficiências específicas, como a física (29%), seguidas pelas categorias mental e
visual, com 13% cada uma. O fato de a deficiência física ser a segunda mais
relatada talvez aconteça porque a própria literatura relata ser a deficiência mais
freqüentemente diagnosticada na população (Lobato, 2009; Pereira, Del Prette &
Del Prette, 2008) e, por sua vez, a que mais consegue inserção no mercado de
trabalho (Lobato, 2009; Tanaka e Manzif, 2005).
A deficiência auditiva foi encontrada apenas em 6% da literatura nacional
de forma direta específica, porém o citadas nos tipos de estudos com
deficiência múltipla, na literatura estrangeira, em estudos de revisão (Tien, 2007;
Whiston & Brecheisen, 2002).
O Processo de Orientação Profissional
As Tabelas 16, 17 e 18 trazem as distribuições dos estudos empíricos,
relatos de experiência e trabalhos teórico ilustrados quanto às condições em que
os processos de OP com PEs vêm sendo desenvolvidos. A Tabela 16 traz a
distribuição da Modalidade da OP em função do número de pessoas assistidas; o
Local onde ocorre a OP é apresentado na Tabela 17; a Natureza da OP (se
adaptada, organizada especificamente a PEs ou não especificada) é apresentada
na Tabela 18; e a Tabela 19 trata das cnicas e/ou Instrumentos. Nelas foram
excluídas as categorias para as quais não foram encontrados trabalhos.
45
Tabela 16. Distribuição dos Estudos Empíricos, Relato de Experiência e Teórico
Ilustrado de acordo com a origem (nacional/estrangeira) e a modalidade da OP
em função do número de pessoas-alvo.
Origem Nacional Estrangeira Total
Modalidade de
Intervenção
F
F% F F% F F%
Individual
9 56 9 70 18 62
Grupal
2 13 2 15 4 14
Ambas
5 31 0 0 5 17
Não Especificado
0 0 2 15 2 7
Total 16 100 13 100 29 100
Tanto entre os nacionais quanto entre os estrangeiros predominaram
trabalhos envolvendo procedimentos de intervenção destinados a sujeitos únicos
(56% e 70%). Talvez isso se justifique pelo fato desse tipo de população exigir
cuidados específicos, mais fáceis de serem realizados nessa modalidade de
intervenção, conforme defendem Montobbio e Lepri (2007).
Ainda que as estratégias de atendimento em grupo possam atingir um
número maior de participantes (Carvalho, 1995; Lassance, 1999; Ivatiuk, 2004),
autores como por exemplo, Hagner, McGahie e Cloutier (2001), que adotaram
estratégia grupal, adimitem que trabalhos individualizados possam ter um efeito
maior, pois se pode trabalhar melhor com as particularidades de cada caso.Talvez
isso ajude a entender, porquê em alguns trabalhos (14%) as duas modalidades
são combinadas.
Para a compreensão do local onde foi realizada a intervenção descrita,
tem-se a Tabela 17.
Tabela 17. Distribuição dos Estudos Empíricos, Relato de Experiência e Teórico
Ilustrado de acordo com a origem (nacional/estrangeira) e o local da OP.
Origem Nacional Estrangeira Total
Local da OP
F
F% F F% F F%
Clínica Particular
1 6 0 0 1 3
Instituição Especializada
14 88 12 92 26 91
Clínica-Escola
1 6 0 0 1 3
Não especificado
0 0 1 8 1 3
Total 16 100 13 100 29 100
46
Sobre o local onde foram realizadas as OPs, houve um predomínio dos
trabalhos em instituições especializadas (88%), que são de fato freqüentadas por
grande parte deste tipo de população (Araujo & Schimidt, 2006; Mendes & col.,
2004; Quintão, 2005). Além disso são elas que dispõem de profissionais
preparados e responsáveis pela habilitação e o encaminhamento profissional dos
usuários daquelas instituições.
Tabela 18. Distribuição dos Estudos Empíricos, Relato de Experiência e Teórico
Ilustrado de acordo com a origem (nacional/estrangeira) e a natureza da OP.
Origem Nacional Estrangeira Total
Natureza da OP
F
F% F F% F F%
Adaptada à população
6 38 4 30 10 34
Organizada para esta
população
1 6 1 8 2 7
Não especificado
9 56 8 62 17 59
Total 16 100 13 100 29 100
Em relação à natureza do processo de OP, os dados apontam para um
predomínio da categoria “não especificado” (59%) sobre o que de fato foi
realizado. Isso fica melhor compreendido quando se identifica que na maior parte
dos estudos esse não era o objetivo principal dos artigos. Por outro lado, percebe-
se que aqueles que descreveram detalhadamente os procedimentos, 34%
adaptaram-nos de técnicas realizadas com outras populações, enquanto
apenas 7% organizaram-nos para esta população de forma especifica. A título de
ilustração cita-se, por exemplo, o trabalho de Mota (2003) que adaptou o
processo utilizado nos procedimentos de psicoterapia breve psicanalítica,
conforme a necessidade de seus participantes e Lopes (2006) que adaptou o
programa proposto por Lucchiari (1993), conhecido como “planejamento por
encontro”. Em relação à organização de intervenção para esta população, tem-se
o trabalho de Campos (2006) que desenvolveu uma metodologia para
desenvolver habilidades sociais no trabalho para portadores de deficiência física e
mental.
Ao se organizar e realizar um processo de OP, pode se fazer necessário a
utilização de recursos conhecidos como técnicas ou instrumentos que são
próprios para essa finalidade (Neiva, 2007). A técnica ou instrumento refere-se à
47
atividade desenvolvida no processo interventivo junto ao orientando com a
finalidade de se obter os dados que são objetivos desta etapa da natureza do
processo de OP. Como exemplo, pode-se ter o fato de se estar desenvolvendo a
fase do autoconhecimento e então nesse momento se utilizar a atividade “Frases
Incompletas” (Bohoslavsky, 1993) para se trabalhar essa etapa do processo.
uma variabilidade de técnicas e instrumentos encontrados na população em geral
como os de Giacaglia (2003); Jacquemin e cols., (2002/2010); Lassance (1999);
Lemos (2010); Levenfus (2002/2010); Levenfus e Bandeira (2010); Lucchiari
(1993); Soares e Krawulski (2002/2010), Neiva (2002a/2010a/2010c) e Noronha e
cols., (2010) e talvez isso possa indicar o fato de uma grande parte dos estudos
(31% do total) adaptarem as técnicas ou instrumentos para esta população, como
Lopes (2006), que adaptou as técnicas descritas por Lucchiari (1993).
Tabela 19. Distribuição das referências nos Estudos Empíricos, Relato de
Experiência e Teórico Ilustrado de acordo com a origem (nacional/estrangeira) e a
Técnicas e/ou instrumentos utilizados.
Origem Nacional Estrangeira Total
Técnicas e/ou
instrumentos
F
F% F F% F F%
Adaptada à população 5 31 4
31
9
31
Organizada para esta
população
1 6 1
8
2
7
Não especificado 10 63 8
62
18
62
Total 16 100 13 100 29 100
Da mesma forma que a questão da Natureza da Intervenção de OP, os
dados referentes às técnicas e/ou instrumentos utilizados para esta população
também não foram especificados na maior parte dos estudos (63% do total). Em
relação aos trabalhos organizados propriamente para esta população (7%), tem-
se como exemplo o trabalho de Lindstrom e cols. (2008) que desenvolveram um
jogo, composto por cartões com pessoas famosas com deficiências e os seus
interesses e ocupações. Conclui-se, portanto, que Natureza da OP e Técnicas
e/ou Instrumentos não foram aspectos que mereceram maior atenção na
literatura, havendo, portanto carência de descrições detalhadas de processos e
técnicas. Espera-se, todavia que com o desenvolvimento da área (Lisboa, 2000),
48
os autores passem a dar maior atenção tanto à natureza das intervenções
praticadas nos processos de OP para PES quanto às técnicas e/ou instrumentos
utilizados. Ambos necessitam ser testados quanto às suas eficácias para que se
tenha alguma garantia de que cumprem seus objetivos.
Modelo Teórico
Para a análise do modelo teórico dos trabalhos (Tabela 20) voltou-se a
analisar a totalidade dos trabalhos pesquisados (N=55).
Tabela 20. Distribuição das referências de acordo com a origem
(nacional/estrangeira) e o referencial teórico.
Origem Nacional Estrangeira Total
Referencial Teórico
F
F% F F% F F%
Psicanalítico
1 3 0 0 1 2
Psicodramático
0 0 0 0 0 0
Social
0 0 0 0 0 0
Comportamental
2 7 2 8 4 7
Psicopedagógico
0 0 0 0 0 0
Vários
6 20 0 0 6 11
Modelo Inespecífico
21 70 23 92 44 80
Total 30 100 25 100 55 100
Embora os modelos teóricos Psicodramático (Lucchiari, 1993; Soares,
2002) e o Social (Bock, S. 2002; Ferreti, 1997) sejam encontrados com certa
freqüência em publicações de OP, quando analisados na população geral; neste
contexto eles não foram relatados, nem mesmo quando os estudos descreveram
vários referenciais teóricos. Descrever de forma sistemática o modelo teórico
utilizado, seja em termos de discussão deste ou como informação sobre como a
prática era embasada, não foi objetivo principal, na maior parte dos trabalhos, e,
portanto, 80% não os especificaram. Todavia os trabalhos do modelo
Comportamental (7%) e Psicanalítico (2%) eram mais detalhados, provavelmente
por corresponderem às teorias mais bem estruturadas do ponto de vista
conceitual. Exemplo de trabalho de OP no modelo comportamental o os de
Campos (2006) e Pereira (2006) e dentro do psicanalítico o de Mota (2003).
49
Tipo de trabalho em Orientação Profissional
Para uma análise detalhada dos trabalhos de OP faz-se necessário que se
compreenda a que tipo de trabalho está se referindo dentro desta modalidade,
uma vez que existem muitas possibilidades (Soares, 2002). Para isso, têm-se os
dados da Tabela 21.
Tabela 21. Distribuição das referências de acordo com a origem
(nacional/estrangeira) e o tipo de trabalho em orientação profissional.
Origem Nacional Estrangeira Total
Tipo de trabalho em
Orientação Profissional
F
F% F F% F F%
Primeira Escolha
5 17 2 8 7 13
Inserção profissional
7 23 10 40 17 31
Reorientação Profissional
0 0 0 0 0 0
Mercado de Trabalho
9 30 1 4 10 18
Vários
9 30 12 48 21 38
Não Especificado
0 0 0 0 0 0
Total 30 100 25 100 55 100
Ao se analisar a Tabela 21 percebe-se que os autores nacionais têm se
ocupado mais das questões relacionadas ao mercado de trabalho (30%), cujos
objetivos o a compreensão da realidade do mercado e análise de como ele se
configura nesse momento, como exemplo o trabalho de Tanaka e Manzif (2005).
Importante lembrar que em geral os trabalhos referentes a essa temática,
referiam-se a pesquisas realizadas com empregadores e/ou pais e/ou professores
que atuam com essas populações e não correspondem a práticas interventivas
nessa área.
Os autores estrangeiros focalizaram de forma mais freqüente as questões
referentes à Inserção Profissional (40%), as quais objetivam auxiliar e
acompanhar o indivíduo nas suas tentativas de se inserir no mercado de trabalho.
Sendo que dentre estas podem estar estratégias como o desenvolvimento de
habilidades que sejam necessárias para o exercício de funções, como as
relatadas por Hagner e cols. (2001), que desenvolveram grupos, por três anos,
com pessoas portadoras de ltiplas deficiências e procuraram desenvolver
habilidades necessárias para desenvolvimento de atividades profisisionais e
50
acompanhar o processo de inserção dessas pessoas.
A expressão “Vários” (30% e 48%) se deve ao fato que nesse tipo de
estratégia foram categorizados os trabalhos de OP que contemplavam mais de
um tipo de trabalho, como por exemplo, mercado de trabalho e inserção
profissional. São exemplos desta categorias alguns manuais como, por exemplo,
os de Cummings e cols. (2000) e Beech (2002).
Como ocorreu variabilidade em ambas as literaturas, isso fez com que o
resultado total seja um pouco diferente do que quando analisada cada categoria
em separado. De forma geral, a questão da Inserção Profissional (31% do total)
pode ser considerada a mais apontada nos estudos pesquisados, seguido da
opção Mercado de Trabalho (18% do total). Na população em geral, esses temas
ganharam uma expressão mais significativa nos últimos anos e tem alcançado
espaço, principalmente nas discussões de congressos científicos de OP, como
com Luna (2009) e Leite (2009) que apresentaram as novas maneiras de se
realizar atividades denominadas como trabalho na atualidade; e Paradiso (2009)
que apresentou ações que podem auxiliar a inserção profissional de jovens
trabalhadores.
Sabe-se que a questão da primeira escolha profissional, onde estão
compreendidos os trabalhos de OP que visam auxiliar, principalmente
adolescentes e jovens, a realizar a primeira escolha profissional; é um dos temas
mais comumente discutidos na literatura cientifica de OP de uma forma geral
(Bohoslavsky, 1993; Lucchiari, 1993; Bock e Aguiar, 1995; Carvalho, 1995;
Ferreti, 1997; Levenfus, 1997; Moura, 2000; Melo-Silva & Jacquemin, 2001; Bock,
2002; Mello, 2002; Ivatiuk, 2004; Neiva, 2007) pom na presente pesquisa esta
foi apenas a quarta categoria mais frequente (11%), notando-se que a literatura
nacional teve um índice superior (17%) do que a estrangeira, apontando portanto
para diferenças exitentes entre as realidades sócio-culturais.
Embora a categoria Reorientação Profissional (indivíduos que desejam
realizar outra escolha profissional), seja uma categoria de trabalho relativamente
freqüente no campo da OP (Barros, 2003) nesse tipo de população pesquisada
ela não foi encontrada. Talvez isso se possa explicar pelo fato de que a inserção
da pessoa com deficiência tem suas dificuldades, uma reopção então, pode
significar um problema maior ainda e os profissionais não tem se ocupado em
trabalhar essas questões, mas sim em assegurar a inserção.
51
ANÁLISE QUALITATIVA DAS REFERÊNCIAS
Passa-se agora para uma tentativa de analisar os trabalhos encontrados
nessa revisão da literatura de uma perspectiva mais qualitativa. Para tanto, os
trabalhos foram reunidos segundo uma ordem que não necessariamente segue a
utilizada para analisá-los do ponto de vista descritivo, como na sessão anterior. A
análise foi mais orientada pelos objetivos buscados pelos autores e em que
medida eles trouxeram ou não informações sobre processos de orientação
profissional de pessoas com necessidades especiais. Para fins desta análise, os
trabalhos foram organizados segundo as seguintes categorias: Revisões de
Literatura e Trabalhos Teóricos; Legislações que auxiliam a regulamentar o
desenvolvimento de trabalhos com PEs; a descrição de experiências e manuais
que são utilizados para realizar vários tipos de trabalho de OP; Orientação
Profissional para primeira escolha; Inserção Profissional e Mercado de Trabalho.
1. As Revisões de Literatura e Trabalhos Teóricos
Pode-se agrupar os trabalhos de revisão em três grandes grupos: os que
objetivaram uma revisão da literatura de Orientação Profissional (OP); os que
revisaram a literatura sobre pessoas com necessidades especiais (PEs); e os que
fizeram uma revisão abrangendo as duas temáticas, OP e PE.
Dentre os trabalhos nacionais de revisão de literatura que tiveram PEs;
como foco principal tem o estudo de Marques e cols. (2008); os que possuem a
OP encontram-se os estudos de Melo-Silva e cols. (2003); Abade (2005);
Noronha e Ambiel (2006); Noronha e cols. (2006); Teixeira e cols. (2007). E
dentre os estrangeiros, os quais se relacionavam as duas temáticas; foram
encontrados os de Luzzo e MacGregor (2001); Whiston e Brecheisen (2002);
Harrington e Harrigan (2006); Tien (2007) e Chope (2008).
1.1. Relatos das pesquisas nacionais
Marques e cols. (2008) foram os autores do único trabalho localizado que
teve por foco a revisão de literatura de pessoas com necessidades especiais
(PE). Os autores realizaram um levantamento das dissertações e teses
produzidas no periodo de 2001 a 2003 em relação à Educacão Especial. O
principal objetivo dos autores foi o de identificar os trabalhos quanto à orientação
52
teórica que os inspirou. Encontraram trabalhos de orientação empírico-analítica,
crítico-dialética e fenomenológica-hermenêutica, sendo a última a mais freqüente.
Foram analisadas 85 produções e destas, uma tinha como tema a questão da
escolha profissional e outra, a questão do mundo do trabalho. O tema inclusão
social, que também pode incluir questões pertinentes à inserção no trabalho de
pessoas com necessidades especiais foi abordado em 20 trabalhos. Eles
finalizam o estudo apontando a necessidade de melhorias nos resumos e na
classificação dos trabalhos, pois muitos deles embora se referissem a pessoas
com necessidades especiais, estavam indexados como de educação geral e isso
dificultou o acesso.
Melo-Silva e cols. (2003) em pesquisa realizada com orientadores
profissionais (N=84) identificaram que a maior parte dos participantes ainda
indentifica a OP como um objeto para a classe média e alta em comparação a
outros trabalhos e estratégias. Nenhum dos participantes trabalhava com
populações especiais.
Abade (2005) fez uma revisão bibliográfica das práticas e modelos teóricos
em OP no Brasil, principalmente no que se refere ao trabalho em grupo. Utilizou-
se de bases de dados para organizar a sua pesquisa. Embora seja um estudo de
revisão, não fala da questão de trabalhos com portadores de necessidades
especiais. A autora cumpriu com seu objetivo que era pesquisar a história da OP
em grupo. Os dados apresentados por ela demonstraram que o inicio das
atividades de OP em grupo se deveu ao fato de haver muitas pessoas procurando
por esse tipo de atendimento e para atender a todos os interessados, as
atividades deixaram de ser realizadas de forma individualizada e passaram a ser
desenvolvidas em estratégias grupais. Ou seja, a modalidade de grupo em OP
teria sido antes uma resposta pragmática à demanda, do que produto de uma
reflexão teórica, como provavelmente o próprio surgimento da OP enquanto
prática profissional.
Noronha e Ambiel (2006) procuraram em seu trabalho analisar a produção
na area de OP no periodo de 1950 até 2005, através de bases de dados, onde
localizaram 191 com a temática descrita no método. Para organização e análise
dos mesmos, criaram as seguintes categorias: 1) Qualidade do processo
realizado; 2) Qualidade da técnica e do instrumento utilizado; 3) OP voltada para
publíco especifico; 4) Histórico; 6) Revisão teórica; 6) Caracterização. Em relação
53
a categoria 3, as autoras relataram um trabalho apenas com deficientes visuais
datado de 1966.
Noronha e cols. (2006) organizaram um estudo em que analisaram 100
resumos de teses e dissertações, no período de 1969 a 2005. Para o
desenvolvimento do trabalho foram propostas as seguintes categorias: (a)
Modalidade de pesquisa; (b) Palavras-chave; (c) Utilização de instrumentos; (d)
Outros instrumentos; (e) Utilização de cnicas; (f) Modalidade dos participantes;
(g) Carreira em OP/OV; (h) Outros construtos; (i) Nomenclatura utilizada; (j)
Objetivo; (k) Resultados; (l) Construção de instrumento; (m) Validade; (n)
Normatização e (o) Importância da OP/OV. Não referencia sobre trabalhos
com populações especiais. Os autores, porém relataram que em 5% dos resumos
não foi possível identificar a população trabalhada, onde podem estar trabalhos
com essa característica.
Teixeira e cols. (2007) desenvolveram um trabalho de revisão do que foi
publicado pela Revista Brasileira de Orientação Profissional. Organizaram as
seguintes categorias para analisar os artigos: 1) Conceitualização e Histórico da
OP; 2) Modelos e aproximações Teóricas em OP; 3) Formação e papel do
Orientador Profissional; 4) Instrumentos de avaliação e intervenção; 5) Escolha
profissional na adolescencia; 6) Desenvolvimento de carreira em universitários; 7)
Outras transições do ciclo vital; 8) Orientação profissional e de carreira com
populações diversas. Neste último item relatos de trabalhos com populações
consideradas como vulneráveis (jovens do meio rural, adolescentes
trabalhadores, infratores ou residentes em área de risco social), mas nenhuma
delas se refere a questão das populações especiais propriamente ditas, conforme
caracterizado para este trabalho.
1.2. Análise
Após essa breve explanação, percebe-se que os trabalhos têm em comum
o fato de não fazer referência ao trabalho de OP com PEs (Abade, 2005; Melo-
Silva & cols. 2003; Noronha & cols. 2006; Teixeira & cols. 2007) com exceção de
Noronha & cols. (2006) que encontraram um trabalho antigo. Quanto ao artigo de
Marques e cols. (2008), mais relacionado à área de PE, referências de
produções científicas voltadas principalmente para as questões referentes ao
trabalho, porém não se sabe se foram pesquisas ou relatos de experiência e nem
54
em qual das modalidades de OP isso pode ser agrupado. Embora apenas os
estudos de Noronha e Ambiel (2006) e de Marques e cols. (2008) citem trabalhos
que possam ser OP com PEs, os demais se preocupam em destacar que
trabalhos nessa área precisam ser realizados.
1.3. Relatos das pesquisas estrangeiras
As revisões da literatura estrangeira são extensas e freqüêntes, porém não
são detalhadas em relação a cada um dos trabalhos citados. Por isso os dados
apresentados, podem parecer que estão incompletos, porém o extamente os
que foram relatados em cada um dos estudos.
Luzzo e MacGregor (2001) realizaram a revisão da literatura sobre OP em
PEs no ano de 2000 e descreveram cinco estudos com populações especiais.
Apenas três deles Apenas três deles apresentavam relação direta com o tema da
presente pesquisa, pois os outros dois referiam-se a populações psiquiátricas. O
primeiro deles é sobre uma discussão de pontos fortes e os problemas
enfrentados pelas pessoas com deficiênca no desenvolvimento de suas carreiras.
O segundo sobre a transição para o trabalho de universitários com deficiência. O
terceiro avaliou o que pais e professores pensavam sobre a escolha profissional
dos portadores de deficiência e em que carreira eles conseguem realizar essa
inserção.
Whiston e Brecheisen (2002) descreveram quatro estudos realizados com
o tema populações especiais, porém, apenas 3 deles tem relação direta com o
trabalho desenvolvido. O primeiro aborda a mobilidade na carreira de deficientes
auditivos. O segundo apresenta pesquisa com indivíduos deficentes após 12 anos
de se graduarem no ensino superior e avalia como se encontram em relação às
carreiras que abraçaram. O terceiro fez uma reflexão sobre o paradigma de
reabilitação profissional e como os orientadores que trabalham nesse tipo de
atividade devem ser preparados para realizar de forma adequada a orientação.
Destaca-se a necessidade deles estarem atentos ao fato de que muitas vezes a
escolha profissional deva ser vista como uma questão secundária em função das
limitações impostas pela deficiência. O quarto trabalho abordava a escolha
profissional de pacientes psiquiáticos e não era diretamente relacionado ao da
presente pesquisa.
55
Harrington e Harrigan (2006) desenvolveram a revisão de trabalhos
relacionados à área no ano de 2005. No item população especial, havia seis
trabalhos na área, porém apenas três pesquisas tinham relação com o tema
estudado, as demais se referiam a pessoas com doenças terminais e pacientes
psiquiátricos. O primeiro fez um acompanhamento em alunos com e sem
deficiência em relação aos níveis de escolaridade por eles alcançados. Os dados
encontrados mostraram que os alunos com deficiência conseguiram chegar à
pós-graduação do sistema educacional, apenas com um semestre de diferença
dos alunos que não tinham deficiência. Estes são resultados animadores e
apontam para o valor do acompanhamento adequado e o potencial que muitas
pessoas com deficiências podem vir a desenvolver, competindo em de
igualdade com as pessoas sem deficiências.
O segundo estudo comparou os interesses dos indivíduos em relação a
atividades profissionais e à capacidade de tomada de decisão de pessoas com
deficiências cognitivas e físicas e encontrou resultados que demonstraram que os
indivíduos com deficiência física tomam decisões melhor que os indivíduos com
deficiência cognitiva. Tratam-se, portanto, de resultados esperados, uma vez
que a deficiência cognitiva costuma afetar de fato habilidades tais como a de
tomada de decisões, enquanto que não haveria motivos para se pensar que a
deficiência física prejudicaria tal habilidade.
O terceiro estudo focalizou deficientes visuais, tendo encontrado que os
que foram estimulados desde o inicio da vida, conseguiram se colocar mais
rapidamente no mercado de trabalho e tinham profissões que lhes eram
prazerosas. Deve-se destacar aqui, que os autores não detalharam sobre o tipo
de estimulação fornecida e nem o tipo de profissão que os participantes passaram
a se dedicar.
Na revisão de Tien (2007), sobre a área de OP em PEs, para o ano de
2006, ele apresenta dois estudos que foram realizados na área. O primeiro
constou da apresentação de um documento que deve auxiliar o portador de
deficiência a superar os obstáculos na sua formação acadêmica e auxiliar na
reabilitação e inserção no mercado de trabalho. O segundo avaliou 65 estudantes
do Ensino Médio com deficiência auditiva que estavam em classes regulares de
ensino, com relação aos objetivos de carreira que esses possuiam. Os dados
apontaram que eles têm pouca consciência das estratégias úteis ou necessárias
56
para o exercício de uma profissão, pois muitas vezes compreendem menos o que
é explicado sobre o mundo do trabalho e, portanto, podem não se envolver nas
questões de carreira da mesma forma que a população em geral.
Chope (2008) em sua revisão sobre OP em PEs para o ano de 2007
relatou apenas um trabalho com a referida temática. Nesse estudo foram
aplicados em 85 estudantes com deficiências, três instrumentos relacionados com
a questão da maturidade para escolha profissional, desenvolvimento de carreira e
interesses ocupacionais. Segundo Chope (2008) os autores da pesquisa
relataram que seus dados foram muito limitados e que necessidade de
preparar melhor esses instrumentos para ser utilizado nesse tipo de população.
1.4. Análise
Percebe-se que em termos de publicações estrangeiras voltadas para a
revisão de literatura mais trabalhos que integram os temas OP e PEs, se
comparados à nacional. Porém também na literatura estrangeira necessidade
de estudos mais freqüentes e constantes, cobrindo maiores extensões de tempo.
Além disso, como se observou, diferentemente da realidade brasileira, dentre as
pessoas com necessidades especiais incluem-se pessoas com distúrbios
psiquiátricos e doenças crônicas incapacitantes, tornando o campo de
investigação muito mais amplo e complexo. Aliás, este é um dos motivos pelos
quais na revisão aqui realizada a produção estrangeira ficou tão limitada. As
diferenças de concepção quanto a que categorias de deficiências se deve ou não
incluir no rol de pessoas com necessidades especiais, seria, portanto, uma das
justificativas para as discrepâncias aqui observadas.
1.5. Trabalhos teóricos
Dentre os trabalhos localizados e que focalizavam o tema da orientação
profissional de pessoas com necessidades especiais, não havia nenhum nacional.
Nessa categoria foram, portanto incluídos os trabalhos estrangeiros de Szymanski
(2000); Hitchings e Retish (2000); Mpofu e Harley (2006) e Gil (2007).
Szymanski (2000) escreveu um capítulo sobre deficiências e
comportamento profissional em um livro sobre reabilitação profissional (Frank &
Elliot,2000). Nele a autora procurou fornecer uma visão geral das teorias e
práticas relacionadas ao comportamento profissional e invalidez e desenvolveu os
57
seguintes picos: (a) trabalhar e sua natureza mutável, (b) comportamento
profissional, (c) invalidez e comportamento profissional, (d) intervenções, e (e)
desafios. Relata que não nenhuma teoria da evolução na carreira profissional
ou comportamento para pessoas com deficiência, pois estas não o tão
diferentes das pessoas sem deficiência. A autora defendeu ainda a idéia de que o
estudo da deficiência e comportamento profissional é multidisciplinar e deve
inserir o maior numero de profissionais que trabalham com reabilitação e não
apenas o psicólogo. Fala da necessidade de trabalhos de OP com essas
populações, mas faz essa discussão apenas do ponto de vista teórico, não
apresentando métodos ou estratégias que possam ser empregadas por
profissionais que estejam interessados em fazê-lo.
Com base nas referências do próprio capítulo e também nos dados obtidos
através da base de dados, foi possível verificar que Szymanski é uma autora com
uma expressiva publicação na literatura estrangeira no que se refere a essa
temática, pom conseguiu-se ter acesso apenas a esse material publicado por
ela. Vale destacar ainda que dentre oito trabalhos estrangeiros aos quais o foi
possível obter acesso, três tinham Szymanski como co-autora.
Hitchings e Retish (2000) publicaram um capítulo sobre como deve ser o
desenvolvimento de carreira de indivíduos com deficiência. Este material faz parte
de um livro sobre aconselhamento de carreira para estudantes do colegial. As
autoras defendem a idéia de que as pessoas com deficiência atualmente
frequentam o ensino de nível superior com maior freqüência devido as exigências
do mercado para uma colocação profissional. Elas têm como objetivo uma melhor
compreensão da progressão na carreira dos estudantes universitários com
deficiência mental e fazem recomendações de estratégias para utilização na
prestação serviços de aconselhamento de carreira para esta população. Fazem o
relato de uma universidade procurando se preparar melhor para orientar e
acompanhá-los.
Mpofu e Harley (2006) realizaram uma revisão teórica e crítica sobre a
questão da deficiência e raça (denomiram de africano americano) e o quanto isso
pode influenciar na escolha e inserção profissional. Relataram preconceitos,
estigma e opressão de forma mais intensa, pois apresentam dois fatores que
dificultam uma vida profissional descrita como comum, a questão da raça e das
deficiências. Os autores esperam que com essa revisão teórica, possam
58
incentivar trabalhos práticos que alterem os dados apresentados por eles
anteriormente. Embora apresentem uma reflexão bastante crítica, não
apresentam sugestões de estratégias práticas para que esse paradigma possa
ser alterado, mas defendem a idéia de que o processo deve ser inovador para
superar os dados anteriores.
Gil (2007) faz uma análise da importância dos servicos governamentais de
acompanhamento para pessoas com deficiência para a inserção na formação
universitária, com a intenção de que eles possam ter uma boa inserção no
mercado de trabalho futuramente. É um material de discussão do ponto de vista
teórico e não apresenta dados práticos. Apenas defende que essas pessoas
precisam de um processo de OP anterior ao ingresso no Ensino Universitário e
que devem ser devidamente acompanhados na formação e inseão profissional.
1.6. Análise
No que pese as limitações da presente pesquisa, devidas ao fato de
certamente ter obtido acesso à totalidade da produção nacional sobre OP de
pessoas com necessidades especiais, parece razoável dizer que há uma carência
de trabalhos teóricos, voltados à reflexão e à proposição de alternativas na área.
Pode ser que os autores nacionais se encontram mais voltados para a prática e a
intervenção, restringindo as reflexões teóricas aos trabalhos de revisão de
literatura, que como vistos acima trazem considerações dos autores sobre as
necessidades e os desenvolvimentos da orientação profissional de pessoas com
necessidades especiais em nosso meio.
Quanto à literatura estrangeira, traz recomendações para inovações e
acompanhamento de carreiras profissionais desde o nível colegial, com a atenção
voltada inclusive para a deficiência de pessoas pertencentes a grupos
estigmatizados na população, como é o caso dos afro-descendentes nos Estados
Unidos. São trabalhos que apesar de não apresentarem alternativas mais
concretas em termos de métodos e estratégias, contribuem para a reflexão crítica
sobre os desenvolvimentos e tendências da área, antecipando ou apontando
fatores que precisam ser levados em consideração quando da implementação de
programas de orientação profissional. Enquanto trabalhos teóricos, esta é de fato
sua principal vocação.
59
2. Legislação
Alguns estudos estiveram diretamente relacionados com a questão da
Legislação que regulamenta o acesso da pessoa deficiente ao mundo do trabalho
e sua formação. Os estudos que trataram dessa metodologia foram: Costallat
(2003); Clemente, (2008); Quintão (2005); Marquezan (2008). E outros am da
discussão da legislação, relataram experiências e organizações dessa legislação
em suas práticas, como Moreira e cols. (2006) e Ferreira (2007).
2.1. Legislação Regulamentar
Costallat (2003) organizou um manual em que trata das leis e dos direitos
da pessoa deficiente ao trabalho. Além de apresentar toda a legislação que
respalda o portador de deficiência, desde a sua inserção na escola até o ingresso
no mercado de trabalho, sugestões de como os portadores e seus familiares
devem se organizar para entender melhor todas essas questões, bem como
assegurar que isso ocorrerá da maneira mais correta possível, demonstrando as
mais variadas formas de acesso ao mundo do trabalho (oficinas abrigadas,
empresas privadas e públicas, cooperativas sociais, estágio, aprendizagem e
trabalho temporário).
Clemente (2008) apresentou a Lei de Cotas, fazendo uma análise crítica
sobre a mesma em conjunto com o atual mercado de trabalho. Fez o relato de
algumas inserções profissionais realizadas por algumas empresas, como exemplo
de atividades deram certo, quando as empresas se empenharam em se preparar
para receber o portador de deficiência tanto nos níveis estruturais, como no
preparo dos seus funcionários para atuar em conjunto com essas pessoas. O
mais interessante deste trabalho é que sua origem é nacional e demonstra que
embora as inserções estejam sendo realizadas no atual mercado de trabalho,
ainda não se apresenta um momento de reflexão sobre a escolha profissional, ou
seja, não se faz uma OP propriamente dita, mas sim, ocupam-se os espaços que
o Mercado oferece para depois se desenvolver habilidades que a função exige.
Talvez por isso haja a resistência, que ele mesmo apresenta, de que muitos
empregadores relutam em cumprir a Lei de Cotas ou a fazem apenas para não
serem multados, sem a devida preocupação e responsabilidade que isso exige.
Quintão (2005) apresentou uma discussão sobre os direitos adquiridos com
a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e a Lei de Cotas. Observou que as pessoas
60
com deficiência têm dificuldades de inserção social e profissional, pois são vistas
como imperfeitas e que possuem falhas. Este artigo faz uma reflexão teórica
sobre quem é o portador de deficiência, como isso foi organizado ao longo da
história e em que medida as legislações que foram estabelecidas ao longo dos
anos fazem com que os indivíduos se sintam realmente inseridos ou não no
mercado de trabalho. O autor conclui que a inclusão existe do ponto de vista das
legislações, porém propõe que todos pensem como de fato lidam, aceitam e
trabalham com isso para que realmente haja uma inserção dessas pessoas no
mercado de trabalho.
Marquezan (2008) fez uma análise dos termos na Constituição e
Legislação educacional brasileiras. Apresentou uma evolução histórica dos
termos (expecional, aluno necessitado, pessoa portadora de deficiência, individuo
deficiente, pessoa portadora de necessidade especial) e demonstrou que embora
haja mudanças nestes, a evolução na utilização de termos que sejam de fatos
inclusivos, não ocorreu de forma efetiva no comportamento das pessoas ao
utilizá-los.
2.2. Análise
Os estudos agrupados nessa categoria são complementares entre si, pois
cada um apresenta apectos históricos e/ou atuais sobre as PEs e seus direitos
em relação à problemática do mercado de trabalho que acabam por fornecer um
quadro mais amplo. É interessante perceber que em nenhum dos dispositivos
legais, ainda que tratem do direito ao trabalho do portador de deficiência, aborda
a necessidade de se prover auxilio a tais pessoas para que realizassem suas
escolhas de forma adequada e consigam uma boa inserção no mercado de
trabalho. Este auxílio deve ser garantido por profissionais preparados para tais
atividades e a regulamentação legal delas poderia se constituir em importante
incentivo para que psicólogos e pessoas relacionadas à OP de PEs se
engajassem nestas tarefas. Por outro lado, pode-se argumentar que esta é uma
luta a ser empreendida pelos profissionais que devem explicitar a relevância de
suas contribuições por meio de pesquisas metodologicamente bem formuladas e
com resultados que apontem de forma clara a necessidade de processos de OP
para essas pessoas.
61
2.3. Legislação na prática
Moreira e cols. (2006) realizaram uma discussão sobre a legislação
existente e o acesso ao ensino superior do portador de necessidade especial e
sua formação. Questionam sobre o fato de que há poucos trabalhos organizados
nesse sentido. Quando o ingresso do portador na universidade, costuma
aparecer às deficiências da formação dessas pessoas, as quais nem sempre são
expostas às mesmas exigências que os demais alunos inseridos no ensino
superior. Finalizam apresentando que está ocorrendo uma mudança na
legislação, mas que precisa haver a mudança comportamental para que muito
ainda seja realizado nessa área e fazem o relato de experiências com esse tipo
de alunos que estão inseridos e das necessidades que eles de fato enfrentam
como a questão da acessibilidade e o apoio com material especializado quando
necessário.
Ferreira (2007), através deste relato de experiencia, apresenta o modelo de
trabalho de uma Universidade Estadual Brasileira para os portadores de
necessidades especiais que ingressam no ensino superior nesta instituição.
Inicialmente fez uma revisão de como esse tipo de trabalho é desenvolvido em
outras Universidades Brasileiras, demonstrando que oito instituões de ensino
superior tem ou tiveram algum tipo de proposta nesse sentido. Ao apresentar o
sistema desta Universidade, fica claro que o objetivo das atividades é auxiliar na
inserção do portador de deficiência no mundo acadêmico, para que ele consiga
finalizar a sua formação, porém não qualquer tipo de relato sobre como são
tratadas as questões da escolha profissional em si. É um programa que visa o
não abandono dos estudantes e a finalização da sua formação acadêmica.
Algumas dessas ações são temporárias, outras são permanentes.
Como exemplo do trabalho de Ferreira (2007, p. 49), tem-se a seguinte
proposta de trabalho para a população com deficiência física:
Necessidades Educacionais Especiais (NEE):
ampliação de prazo para integralizar o currículo; ampliação de
tempo para a realização das atividades acadêmicas, tais como
provas, trabalhos, exercícios em sala de aula: adequação de
espaços físicos e mobiliários, entre outros.
Apoio Institucional: flexibilidade nos prazos
acadêmicos, plano especial de disciplinas, parcelamento da
série, remoção de barreiras físicas e arquitetônicas, adaptação
de mobiliários e de procedimentos e recursos de ensino-
62
aprendizagem avaliação que levem em conta o tipo específico
da NEE apresentada.
2.4. Análise
Identifica-se que o esforço de algumas instituições de nível superior de se
organizarem para a inserção e formação do portador de deficiência tem apontado
para resultados bem sucedidos. Estas práticas devem tornar-se cada vez mais
freqüentes, à medida que a legislação que rege a questão da inserção de alunos
com necessidades especiais, seja de fato implementada pelas instituições.
Espera-se igualmente que a produção científica correspondente, avaliando a
eficácia dos programas seja incrementada. Dentro desta tendência, deve-se
igualmente atentar para a necessidade de se prover os candidatos com
informações e esclarecimentos anteriormente ao momento de ingresso no curso
superior, de forma que a escolha da profissão seja feita em bases mais
adequadas às suas necessidades e habilidades
3. Programas e Manuais
Algumas propostas estavam relacionadas com a descrição de programas e
manuais que são realizadas em algumas instiuições, algumas de ensino superior
e outras não especificadas o nível educacional, como: Cummings e cols. (2000);
Beech (2002); NCSET-National Center on Secondary Education and Transition
(2005); Fabian (2007); Montobbio e Lepri (2007) e Johnson, Mellard, e Lancaster
(2007).
Cummings e cols. (2000) defenderam a importância de trabalhos eficazes
no sentindo de acompanhar a transição da escola para a inserção no mundo do
trabalho, para que os indivíduos com algum tipo de deficiência não tenham
subempregos ou desemprego. Para tanto, apresentaram um projeto que auxilia
nesse sentido, intitulado de K-12, o qual é estruturado em tres niveis: 1) o
acompanhamento do desenvolvimento desse individuo desde o seu inicio na
formação educacional, 2) uma proposta de OP, que auxilie a pessoa a descobrir
suas reais potencialidades e competencias, 3) Desenvolvimento da atividade
profissional e avaliação da mesma. Em cada um dos níveis há a descrição dos
objetivos a serem alcançados com cada um deles, porém não há apresentação de
metodologias e técnicas ou instrumentos que possam ser realizados.
63
Beech (2002) organizou um manual para treinar as pessoas que querem
trabalhar com OP para populações especiais. Neste sentido, abrange diversos
momentos de escolha profissional, como primeira escolha, inserção de
profissional e mercado de trabalho, apresentando modelos de trabalhos distintos.
Este manual é composto de cinco capítulos e um apêndice, sendo que os
primeiros são organizados do ponto de vista teórico, onde se apresentam quem
são os portadores de deficiência, quais suas necessidades, como deve ser o
sistema educacional adequado para esta população. Destacam, por exemplo, a
necessidade de que desde muito cedo sejam trabalhadas as potencialidades que
cada indivíduo apresenta e não em função das suas limitações. No apêndice
encontram-se algumas formações e conhecimentos que os interessados em
desenvolver essa estratégia de atuação devem ter conhecimento para realizar um
trabalho de qualidade, bem como o relato breve de alguns programas de OP que
foram realizados com esse tipo de população. Como as autoras estão
relacionadas diretamente com uma univesidade (Flórida) entende-se que esse
material seja uma forma de nortear o possivel trabalho que seja realizado por
essa instituição de ensino.
O livro organizado pelo NCSET (2005) apresenta um programa, Work-
Based Learning (WBL), um método eficaz para a educação e formação
profissional de jovens com deficiência, destinado às suas questões práticas, em
ambientes da comunidade, onde o individuo possa passar por um processo de
OP e de transição para o trabalho, com acompanhamento e treinamento de forma
considerada adequada. Apesar disso, deve ter o acompanhamento adequado de
uma instituição educacional. Para tanto, são apresentadas as leis dos Estados
Unidos referentes à questão da inserção da Pessoa com deficiência e como isso
se reflete na prática. O manual tem três seções: 1) Apresenta o programa e todas
as suas fases (OP, treinamento e inserção profissional); 2) Apresenta respostas
para as perguntas mais freqüentes feitas por profissionais da escola em
realização de programas compatíveis com o WBL; 3) descreve as experiências
WBL de oito estudantes de idades 14-21.O Programa deve ser organizado em
parceria com a comunidade onde o individuo esta inserido socialmente, pois será
a partir dela que ele será motivado a discriminar suas escolhas. Ou seja, é a partir
do que ela possa oferecer em termos de realidade de atividades profissionais.
Nesse sentido, devem ser trabalhadas as potencialidades e na seqüência,
64
começa-se um treinamento na referida atividade para que o mesmo possa ser
treinado e suas potencialidades avaliadas na prática. Caso após essa fase haja a
concretização da escolha, trabalham-se as possibilidades reais de inserção do
indivíduo. Através dos dados apresentados, pode-se dizer que é um programa
bem organizado e estruturado e que poderia ser adaptado e testado na realidade
brasileira.
Fabian (2007) analisou as caracteristicas de jovens que estão relacionados
a uma fundação norte americana para pessoas com deficiência, que realiza ações
com essa população, desde 1990. O programa de OP ali realizado é composto de
três fases. Inicialmente são desenvolvidas habilidades e competências para a
realização da escolha profissional. Após a escolha inicial, são motivados a realizar
uma espécie de estágio na atividade profissional, tendo um salário e supervisão
das atividades para desenvolvimento das habilidades necessárias.Por fim são
acompanhados para que após este estágio a inserção ocorra de fato. Ao longo
desses anos, foram atendidos mais de 10.000 jovens, porém os dados analisados
referem-se ao periodo de 2000 a 2005, quando foram atendidos 4.571 jovens. Os
dados encontrados, demonstram que dos participantes, 26% apresentavam algum
objetivo profissional já no inicio do processo, 10% tinham metas para se inserirem
profissionalmente, mas o autor não explica claramente de que forma. Por fim,
demonstra que 68% dos jovens do programa conseguiram inserção, mas não
especificam o tipo de atividade que conseguiram se inserir. Apontam todavia que
esta taxa é relativamente alta para este tipo de população. Com isso, comprovam
que programas dessa natureza auxiliam a inserção de pessoas com deficiência.
Montobbio e Lepri (2007) são autores italianos que adaptaram o seu
material para a realidade brasileira em parceria com uma Insituição de uma
cidade do Interior de São Paulo que trabalha com pessoas que apresentam
deficiência intelectual. Ao longo de seu livro relatam os diversos momentos e
situações as quais as pessoas com esse tipo de problemática vão precisar
enfrentar ao longo da vida. Ao tratar da questão da vida profissional, defendem a
necessidade de treinar conforme as necessidades individuais, pois somente
assim cada um poderá se inserir profissionalmente de forma adequada. Os
autores, todavia, não informam mais precisamente como seria esse processo ou
sobre as técnicas que devem ser empregadas. Finalizam se posicionando que a
inserção profissional é uma das formas da pessoa com este tipo de deficiência se
65
aproximar de uma vida normal, como o restante da população em geral.
Aparentemente, o livro tem como alvo o público leigo, não trazendo maiores
detalhamentos sobre as técnicas e procedimentos necessários para a
implementação da OP.
Johnson e cols. (2007) apresentaram um programa que pode ser adquirido
e implantado por instituições que desejem ensinar habilidades diversas para
pessoas que tenham algum tipo de deficiência e procuram o mesmo para se
inserir e se manter profissionalmente. Os objetivos principais são planejamento de
trabalho e preparação, incluindo o desenvolvimento de redes de apoio,
aprendizado de habilidades específicas e comportamentos que ajudarão na
obtenção e manutenção do emprego, e fazendo conexões com os locais de
emprego opções e serviços de apoio. As pessoas que procuram por esta
atividade o avaliadas antes e depois de passar pelo treinamento. Os autores
relatam que estas atividades foram adaptadas de um modelo existente para a
população em geral.
3.1. Análise
É interessante observar que os programas e os manuais apresentados
praticamente regulamentam as leis existentes sobre a questão do direito ao
trabalho. Os programas relatam atividades realizadas para acompanhar todo o
processo de inserção e em alguns (Beech, 2002; Cummings & cols., 2000;
NCSET, 2005) são descritos atividades de OP desenvolvidas. Outros se referem
apenas à questão do desenvolvimento de habilidades para se inserir no mercado
de trabalho (Johnson & cols., 2007). A maior parte deles refere-se à literatura
estrangeira e o único material nacional (Montobbio & cols., 2007) é uma
adaptação de um trabalho desenvolvido em outro pais (Itália). Considerando-se
que tanto a legislação como as condições de formação e de trabalho nacionais
são diferentes das dos demais países, nota-se então a necessidades de
iniciativas brasileiras.
Nesses programas, se nota o relato de algumas situações em que se
acompanha a transição da escola para o trabalho, como em Beech (2002) e em
NCSET (2005), atividade pouco freqüente na realidade brasileira, para qualquer
tipo de população.
66
4. Orientação Profissional para a Primeira Escolha
Dentro da categoria “orientação profissional para primeira escolha” foram
encontrados dois tipos de trabalhos: os que abordam as intervenções para a
primeira escolha, propriamente dita (Bastos, 2002; Bastos & Uvaldo, 2004; Lopes,
2006; Mota, 2003; Pigatto & cols., 2000) e trabalhos de avaliação do nível de
maturidade para a primeira escolha (Ochs & Roessler, 2001; Smedley & cols.,
2003).
4.1. Intervenções para a primeira escolha
Bastos (2002) fez uma reflexão sobre a realidade e os sonhos que impõem
aos jovens com deficiência no momento da escolha profissional, através do relato
de sua experiência com indivíduos com deficiência visual. A autora reflete que o
momento da escolha profissional nesses indivíduos têm as mesmas angustias
tradicionalmente encontradas na população em geral e que, além disso, eles
precisam delimitar a sua escolha de acordo com as restrições que o mercado, ou
eles próprios, se colocam. Além disso, precisam aprender a lidar com os
preconceitos que permeiam as relações sociais. Finaliza apontando para a
necessidade de que sejam trabalhadas as potencialidades dos indivíduos e não
as suas limitações. Embora a autora se remeta à experiência prática, não um
relato sistemático de como ela realiza este trabalho com a referida população.
Bastos e Uvaldo (2004) desenvolveram uma discussão sobre como a
questão da OP para a primeira escolha deve ser realizada nesta população: se
em grupo ou individual. Questionaram se o trabalho individual teria mais uma
função de não expor o indivíduo com deficiências ao grupo e se ao se realizar um
grupo haveria a necessidade de incluir apenas indivíduos com algum tipo de
deficiência. As autoras não se posicionam sobre qual deve ser a melhor
estratégia, mas finalizam deixando para o Orientador Profissional refletir a sua
prática e decidir o que deve fazer ao se deparar com esse tipo de população.
Pigatto e cols. (2000) publicaram a experiência que possuem no trabalho
com OP para deficientes auditivos em uma escola especializada. As estratégias
utilizadas pelas autoras ao longo do material foram adaptadas de programas de
OP para populações em geral. Além do trabalho desenvolvido com os educandos,
realizam um trabalho de orientação e auxilio aos pais para serem facilitadores do
momento de escolha em parceria com o projeto desenvolvido pela instituição. O
67
trabalho é desenvolvido quando os alunos estao no Ensino Médio, sendo
realizados nos 3 anos desse nível educacional, com estratégias e finalidades
distintas.
Mota (2003) realizou um estudo com adolescentes portadores de
deficiência física, em situação de primeira escolha profissional, utilizando-se da
psicoterapia psicanalítica breve. O número de encontros variou conforme a
necessidade de cada participante (17 a 21 sessões), pois foi realizado de forma
individualizada. O trabalho foi desenvolvido com três participantes, de ambos os
sexos, em uma instituição que desenvolve trabalhos com este tipo de população.
Os participantes se apresentaram voluntariamente. A autora apontou que os
resultados foram alcançados em cada um dos três casos descritos, pois geraram
mudanças no âmbito da escolha profissional e profissional e promoveram
integração social e qualidade de vida a essa população.
Lopes (2006) realizou um trabalho de orientação profissional para a
primeira escolha para pessoas com déficit cognitivo, através de um trabalho em
grupo. Participaram seis pessoas, durante 13 sessões, nas quais se trabalharam
temas como inclusão e escolha de uma ocupação que propiciasse a autonomia
dos participantes. O programa foi estruturado em quatro pontos:
autoconhecimento, concepções sobre trabalho, conhecimento de habilidades
profissionais e elaboração de um plano de ação. Nomeou o seu trabalho de
Programa de Orientação Profissional para Pessoas com Necessidades Especiais
(POPPNEs).
As estratégias desenvolvidas ao longo do trabalho foram adaptadas de
programas de OP para populações em geral. O autor pontua que os participantes
não se identificavam como um grupo que tem necessidades especiais. Conclui
propondo que é um campo que precisa ser melhor explorado para que as
dificuldades encontradas para a realização com populações dessa natureza
possam ser superados.
4.2. Análise
Os trabalhos de intervenção ainda podem se subdivididos em duas
categorias: aqueles que fazem reflexões sobre a temática envolvida e às
estratégias utilizadas e as intervenções propriamente ditas. Em relação as
intervenções, percebe-se que elas abrangeram diferentes tipos de PEs (visual,
68
físico, auditivo e deficiente mental) e diferentes abordagens teóricas e técnicas.
Percebe-se que em nenhuma das quatro foram realizadas atividades
desenvolvidas especificamente para esta população, mas sim adaptadas da
população em geral, talvez muito provavelmente pela área da OP contar com
um número de técnicas bem desenvolvidas e com comprovação da eficácia, como
por exemplo Giacaglia (2003); Jacquemin e cols., (2002/2010); Lassance (1999);
Lemos (2010); Levenfus (2002/2010); Levenfus e Bandeira (2010); Lucchiari
(1993); Soares e Krawulski (2002/2010), Neiva (2002a/2010a/2010c) e Noronha e
cols., (2010) o que pode em muito facilitar o trabalho.
Em relação à discussão apresentada por Bastos e Uvaldo (2004), quanto
ao processo de OP a decisão da escolha de se realizar ações em OP
individualizadas ou em grupo, o levantamento realizado na presente pesquisa
sugere que os autores têm dado preferência a modalidade individual, ou ao
menos esta modalidade tem sido mais estudada, pois foi apontada em 62% dos
trabalhos pesquisados.
4.3. Avaliação do nível de maturidade para escolha profissional
Ochs e Roessler (2001) compararam o nível de maturidade para escolha
profissional em dois grupos de alunos com e sem deficiência que frequentavam o
ensino médio. Os dados mostraram que os alunos com deficiência tem menor: 1)
crenças de auto-eficacia; 2) expectativa de resultados; 3) intenção de iniciar uma
carreira; 4) niveis de indentificação profissional. Após encontrar esses dados,
sugerem que tais participantes devem participar de um processo de OP pom
não relatam como e com quais estratégias.
Smedley e cols. (2003) avaliaram a maturidade para a escolha profissional,
em 120 participantes, provenientes de escolas de ensino médio, que eram
divididos em quatro grupos de 30 pessoas: 1) Sem deficiência; 2) com deficiência
e frequentavam a educação especial; 3) Disturbios emocionais; 4) Indicados como
com algum tipo de deficiência, porém não avaliados. Os resultados apontaram
não haver diferença entre os que não tem deficiência e os não avaliados. Os que
possuem deficiência e os disturbios emocionais tem menos maturidade para a
escolha profisisonal, sendo que estes são apontados como os que necessitam de
melhor auxílio para escolha profissional, porém no artigo não relatam como isso
deveria ser organizado.
69
4.4. Análise
A questão da maturidade para escolha profissional foi estudada apenas em
pesquisas estrangeiras. Embora as pesquisas tenham sido realizadas com
metodologias diferentes, os autores propuseram trabalhos de OP como uma
forma de auxiliar os participantes no processo de decisão por uma profissão,
ainda que não tenham especificado como isto devesse ser realizado. Vale
destacar, todavia, que a avaliação correta dos indivíduos, auxilia na identificação
daqueles que realmente necessitam de um processo como este. Efetivamente, no
estudo de revisão de literatura de Chope (2008), este demonstrou a necessidade
de se contar com instrumentos válidos para pessoas com necessidades
especiais, em trabalhos de orientação profissional destinados a esta população.
Talvez este seja um dos motivos para não se ter encontrado trabalhos
voltados para a maturidade da escolha profissional em nosso meio,
especificamente voltados para pessoas com necessidades especiais. A Escala
de Maturidade Profissional (EMEP), desenvolvida por Neiva (2002/2010), por
exemplo, destina-se à avaliação de pessoas que não se inserem no universo das
chamadas, com necessidades especiais. Sugere-se aqui, portanto, que estudos
para adaptar esta escala a pessoas com diferentes formas de deficiência, venham
a ser desenvolvidos. Esta seria uma contribuição bastante útil aos profissionais
que se dedicam à prática e à pesquisa da OP.
5. Inserção Profissional
Os trabalhos referentes à categoria Inserção Profissional podem ser
classificados em duas categorias. A Primeira delas refere-se às intervenções
realizadas com este tipo de OP (Hagner & cols., 2001; Kennedy & Harris, 2005;
Lindstrom & cols., 2008; Reid, Green & Parsons, 2003); e a segunda a pesquisas
desenvolvidas sobre a temática (Alston, Bell & Hampton, 2002; Bastos e
Amiralian, 2001; Estrada-Hernández & cols., 2008; Noonan & cols., 2004; Mendes
& cols., 2004; Toldrá & Sá, 2008; Weston & Koller, 2002).
5.1. Intervenções sobre inserção profissional
Hagner e cols. (2001) descreveram uma experiência de acompanhamento
de indivíduos com deficiências, sem especificar o tipo, e sua inserção no mercado
de trabalho, onde estes eram acompanhados em todo o processo de busca e
70
inserção profissional. Antes da busca, eram desenvolvidas habilidades
necessárias para o mundo do trabalho (não especificam quais) em atividades
grupais. Este acompanhamento durou três anos e mostrou que os indivíduos que
participaram conseguiram se inserir em atividades profissionais, se comparados
aos que não participaram do projeto, porém eles não apresentam esses dados de
forma quantitativa, apenas realizam esta afirmação. Afirmam que esse tipo de
projeto foi mais eficaz do que os desevolvidos durante o ensino médio e
relacionados com a transição da escola para o trabalho. Por fim, os autores
sugerem que o trabalho seja melhor estruturado para atingir um número maior de
pessoas e que se realizado de forma individual, possa ter melhores resultados.
Reid e cols. (2003) realizaram um estudo onde três indivíduos com
deficiências múltiplas, foram treinados para realizar determinadas atividades
profissionais em uma editora de livros. Tais atividades se relacionavam ao
preparo de materiais e livros para serem enviados aos destinatários. Os
resultados apontaram que após este tipo de treinamento essas pessoas puderam
ser inseridas profissionalmente e apresentaram resultados satisfatórios no que diz
respeito ao desempenho no trabalho. Finalizam sugerindo outros tipos de
intervencões com essas finalidades possam ser realizadas para que mais
pessoas possam ser inseridas profissionalmente.
Kennedy e Harris (2005) avaliaram os resultados de programas de
reabilitação profissional sobre a inserção profissional, descritos pelo governo,
realizados em diferentes instituições e locais dos Estados Unidos, no período de
1999 e 2003. Foram acompanhadas 533 pessoas com deficiência, destas apenas
três com deficiência severa e 33 com deficiências leves conseguiram realizar
inserção profissional e estavam em atuação. Os autores refletem que a sociedade
tem se tornado cada vez mais competitiva e isso pode comprometer a inserção de
portadores de deficiência de uma forma geral, que tenderão a apresentar cada
vez mais dificuldades para tal.
Lindstrom e cols. (2008) relataram um programa que procura auxiliar
mulheres com deficiências através de encontros em pequenos grupos semanais
(8 a 10 participantes), por um ano, para aprender sobre os papeis de gênero,
sensibilização para o enfrentamento da deficiência e questões referentes ao
mundo do trabalho (como autoconhecimento, habilidades e competencias) e
discussão das opções de carreira. Participaram desse programa 102 mulheres
71
com deficiências diversas e ao final de um ano de programa, elas conseguiram
discriminar melhor as questoes que foram propostas como objetivos do programa,
avaliando que o grupo apresentou essas possibilidades. Os autores apresentam
algumas das atividades que organizaram para esse tipo de intervenção, como um
jogo onde apresentavam pessoas famosas com deficiências e os seus interesses
e ocupações. A atividade era formada de cartões de dois tipos, em um estava o
nome do famoso e em outro as demais informações sobre ações que realizaram.
As participantes deveriam relacionar as ações aos nomes. O objetivo dessa
atividade foi mostrar que elas podem ter potencialidades semelhantes a estes que
eram pessoas com deficiências, ou outras que podem ter uma repercussão
profissional assim como os participantes dos cartões do jogo tiveram.
5.2. Análise
Nos dois primeiros trabalhos citados (Hagner & col. 2001; Reid & col. 2003)
os autores se propuseram a desenvolver habilidades nos individuos portadores de
deficiência para que estes se inserissem de fato como pessoas e não apenas
cumprndo uma exigência da legislação. Percebe-se que tais treinamentos são
eficazes, desde que envolvam as pessoas que irão atuar junto aos deficientes,
pois, do contrário, ter-se-á dados semelhantes aos de Kennedy e Harris (2005) os
quais encontraram um contingente muito baixo de pessoas inseridas de fato,
principalmente se as deficiências forem mais severas, as quais sabe-se que
realmente podem ser um fator limitador para uma reabilitação e inserção de forma
adequada, mesmo que haja suporte social adequado.
O estudo de Lindstrom e cols. (2008) é o único estudo, em relação ao
levantamento estrangeiro, que apresenta técnicas desenvolvidas para esta
população em específico e as descrevem, para que possam ser replicados.
Percebe-se, também, que nos estudos encontrados a questão da inserção
profissional foi realizada através de uma alta variabilidade de estratégias,
apresentando metodologias diversas, o que aponta para o vigor da área e o
engajamento dos autores com o tema.
5.3. Pesquisas:
Alston e cols. (2002) desenvolveram uma escala com a finalidade de
avaliar se as pessoas com necessidades especiais podem seguir carreira nas
72
ciências ou engenharia, sendo esta aplicada em pais (N= 140) e professores
(N=232). Os dados mostraram que 1) pouco incentivo para que o portador de
necessidade especial faça cursos na área de ciências ou engenharia; 2) há pouca
compreensão por parte dos professores sobre as dificuldades dos educandos,
pela visão dos pais; 3) pais acham que professores não fazem esforços extras
para o desenvolvimento dos filhos; 4) pais e professores acreditam que os
indivíduos com necessidade especial precisam de OP ou fóruns sobre as
pontencialidades do alunos para que eles possam se descobrir e se inserir
profissionalmente; 5) outra sugestão refere-se a um estágio, primeiramente, nas
atividades profissionais, seguidas de OP. Apontaram que o estudo teve limitações
pois atendeu apenas a costa-oeste dos Estados Unidos e tais dados o podem
ser generalizados, pois precisam ser melhor exploradas tanto a questão do
mercado de trabalho como a realidade da inserção. Às críticas dos autores ao
estudo, deve-se acrescentar que eles deveriam fornecer indicação do tipo ou tipos
de deficiências a que se referem. Pois, para avaliarem adequadamente a
potencialidade das pessoas a seguirem carreiras de ciência ou de engenharia
conhecer o tipo de deficiência é fundamental. Se de um lado, uma deficiência de
tipo surdez ou paraplegia pode o comprometer os estudos, certamente,
deficiências cognitivas mais severas podem se tornar impeditivas.
Weston e Koller (2002) avaliaram como o pessoal que trabalha em um
programa de desenvolvimento educacional para a inserção profissional de
pessoas com deficiência avalia um programa realizado durante o ensino médio
com vistas a facilitar o desenvolvimento e a inserção de pessoas com deficiência.
Os resultados apontaram que os orientadores, ou conselheiros conforme a
linguagem utilizada por eles, avaliam esse tipo de estratégia como um passo
importante para o desenvolvimento profissional e que os indivíduos que passam
por ele podem ter melhores condições de inserção no mercado de trabalho.
Noonan e cols. (2004) avaliaram como 17 mulheres com cargos
proeminentes e que possuiam deficiência (físicas e sensoriais) se inseriram
profissionalmente e conseguiram a realização e o sucesso profissional. Os dados
mostraram que elas tem suporte social, são envolvidas com politicas publicas e
utilizam estrategias de enfrentamento para se desenvolverem e se inserirem.
Estrada-Hernández e cols. (2008) desenvolveram uma pesquisa com 115
alunos do ensino dio com deficiência para avaliar a relação entre o grau de
73
deficiência e a carreira que desejam desenvolver. Os dados apontaram que
quanto menor for o grau da deficiência apresentada, melhor a perspectiva de
carreira que eles mesmos possuem e sobre a possibilidade de um bom
desempenho e situação econômica estável. Quanto mais severa a deficiência,
menos consciencia do desempenho e desejam atividades profissionais mais
simples ou entao nem conseguem definir uma atividade profissional.
Toldrá e Sá (2008) realizaram uma pesquisa para caracterizar 13
instituições de uma cidade do interior do estado de SP, quanto à capacidade de
inserir profissionalmente pessoas com múltiplas deficiências no mercado de
trabalho. Os resultados indicaram que as intituições desenvolvem programas que
têm pouca variabilidade de atividades profissionais, a comunicação não é eficaz e
não estão localizadas em locais de fácil acesso para a população que necessita
delas. Os autores concluiriam que os programas de profissionalização ofertados
precisam ser melhor organizados para serem realmente eficazes.
Mendes e cols. (2004) desenvolveram um estudo de revisão de teses e
dissertações brasileiras sobre a inserção profissional de indivíduos com
deficiência até o ano de 1999, através de 18 estudos encontrados. Foram criadas
as seguintes categorias de análise para os trabalhos: 1) Preparação para o
trabalho nas oficinas de instituições especializadas; 2) Perspectivas para o
trabalho competitivo; 3) A perspectiva das pessoas portadoras de deficiência, de
seus pais e de professores em relação ao processo de profissionalização.
Finalizam o estudo apontando para a precariedade em relação aos trabalhos de
OP, no sentido de ofertar ações dessa natureza, de forma efetiva pelas
intituições. Apontam, também, para o grande número de trabalhos com
deficientes mentais leves, faltando a diversidade dentro das questões das
deficiências. Deixam um lista de dez itens que podem ser desenvolvidos com a
finalidade de melhoria nos trabalhos futuros na área, tais como: realização de
treinamento em ambiente regular de trabalho; divulgação das potencialidades dos
individuos deficientes em setores onde podem ser empregados; orientar as
organizações com a finalidade de modificar as representações sociais do
indivíduo deficiente; transformar as famílias, através de orientações, em ponto de
apoio e incentivo; organizar procedimentos sistemáticos de treinamento e
acompanhamento profissionalizante compatível com as limitações; capacitar
melhor os instrutores que atuam junto a essas populações; revisar as propostas
74
existentes sobre a questão da inserção profissional; incorporar procedimentos de
OP eficazes nos programas de preparação para o trabalho; desenvolver uma
formação profissional mais ampla para o indivíduo, englobando os direitos e
deveres de trabalhador.
O trabalho que conteve o relato de mais de um tipo de trabalho de OP foi o
de Bastos e Amiralian (2001). O autores buscaram investigar o que a pessoa com
deficiência visual relata sobre o seu processo de escolha profissional e a sua
inserção no mercado de trabalho, utilizando para tanto, entrevistas com roteiro.
Participaram dez deficientes visuais, que se encontravam em dois momentos
distintos da escolha profissional: seis deles estavam em momento de realizar a
primeira escolha profissional e quatro deles cursavam o ensino universitário e
estavam prestes a escolher a área de atuação da profissão escolhida. Dentre os
resultados destaca-se o fato dos participantes apontarem as dificuldades de
inserção e formação escolar e profissional, como o acesso ainda restrito às
tecnologias necessárias para a educação (braile, recursos tecnológicos) e que faz
com que o momento da escolha profissional possa ser tão ou mais angustiante do
que para as demais pessoas. As autoras finalizam apontando a importância de
um processo de orientação profissional para estes participantes, porém não
apontam como isso deve ser feito. O que se pode perceber pelos dados
apresentados das pessoas que participaram da entrevista é que aproveitaram o
espaço que tiveram para expressar todas as suas angústias sobre a questão da
deficiência e pouco falaram sobre o que Bastos e Amiralian (2001) se propuseram
a estudar, que era o processo de escolha profissional. Talvez por isso as autoras
pontuem a necessidade do processo de orientação profissional, para que eles
possam ter um espaço para refletir sobre essas angústias.
5.4. Análise
Ao se analisar os trabalhos relatados, percebe-se que a grande maioria
que trata do assunto inserção profissional, apresentando estratégias práticas,
referem-se à literatura estrangeira. Esses trabalhos estão diretamente com o que
Brown (2000) se referiu como transição da escola para o trabalho. São bons
relatos de atividades que podem vir a servir de modelos para a pesquisa na
realidade brasileira, com a finalidade de se desenvolver novas práticas de
atuação.
75
Percebe-se que a questão da inserção profissional é um tema amplo e
pode ser tratado sobre diferentes aspectos e metodologias. possibilidades de
práticas com pais e/ou professores (Alston e cols., 2002); as pessoas portadoras
de deficiência (Estrada-Hernández e cols., 2008) ou as instituições (Toldrá & Sá,
2008). Essa variabilidade também foi encontrada na revisão realizada por Mendes
e cols. (2004).
Percebe-se que a finalidade de Bastos e Amiralian (2001) em pesquisar
dois momentos distintos do portador de deficiência visual demonstra a
necessidade de maiores trabalhos de OP efetivamente com esse tipo de
população para que possam de fato entrar em contato com essas questões.
O interessante é comparar os trabalhos de Bastos e Amiralian (2001) com
Lopes (2006), pois embora as primeiras tenham trabalhado com o portador de
deficiência visual e apenas realizaram uma entrevista; e o segundo atuou junto ao
portador de deficiência mental leve e desenvolveu um processo de OP completo,
as percepções que cada grupo teve sobre a questão da deficiência é muito
diferente. Enquanto o primeiro grupo identifica-se como deficiente, o segundo
não. Talvez isso se deva ao fato de que a deficiência visual é algo aparente, ou
seja, os demais identificam, enquanto que na mental isso não ocorre, e faz com
que as pessoas não aceitam tão facilmente, pois não se “enxerga” nada de
diferente. Isso sem contar que o preconceito que existe em relação ao mental é
muito mais significativo do que em relação ao visual, tendo atrelado o conceito de
incapacitado e até mesmo louco em alguns casos (Montobbio & Lepri, 2007).
6. Mercado de Trabalho
Sobre a temática Mercado de Trabalho, os estudos, na sua maioria, foram
pesquisas sobre essa temática (Glover-Graf & Janikowski, 2001; Carreta, 2004;
Tanaka & Manzif, 2005; Araujo & Schimidt, 2006; Pereira & col., 2008; Lobato,
2009; Simonelli, 2009). Além disso, outros dois, embora sejam pesquisas na área,
referem-se especificamente a habilidades sociais (Pereira, 2006; Campos, 2006).
6.1. Pesquisas
Glover-Graf e Janikowski (2001) desenvolveram um trabalho de pesquisa
com 186 participantes que realizavam uma formação para trabalhar com pessoas
com deficiência. O objetivo deles era caracterizar essas pessoas que atuariam
76
nesse mercado de trabalho. Em relação aos participantes, 16% relataram ter
deficiência e estar frequentando uma formação para o trabalho como reabilitação
profissional. Os autores acreditam que esse número possa ser maior, porém
poucos assumiram ou quiseram ter sua privacidade exposta. Por outro lado,
metade dos participantes indicou ter um membro na familia com deficiência e
cerca de 38% relataram ter um amigo com uma deficiência. Na avaliação, de se
isso influenciou na escolha por esse tipo de atuação, 24% dos participantes com
membros na família responderam afirmativamente para esta questão e 15%
daqueles que tinham amigos próximos. Os autores propõem que os educadores
desse tipo de formação devem olhar para os seus próprios programas para que
não ocorra desses alunos estarem freqüentando esse tipo de formação em busca
de ajuda para si próprios. Sugerem estudos de seguimento para avaliar a atuação
desses indivíduos no mercado de trabalho.
Carreta (2004) realizou estudos de casos para avaliar se as cooperativas,
organizadas com a finalidade de geração de renda e trabalho, são uma opção
viável no mercado de trabalho para o portador de deficiência. Segundo a autora,
ainda não clareza sobre os reais objetivos das cooperativas, pois em algumas
situações elas o vistas como uma possibilidade de inserção e em outras com
um programa que pode fazer reabilitação profissional. Os dados encontrados
demonstraram que as cooperativas possibilitam uma forma alternativa de
mercado de trabalho e geração de renda, bem como de inclusão social.
Tanaka e Manzif (2005) avaliaram o que os empregadores pensam sobre o
trabalho da pessoa com deficiência. Procuraram avaliar os seguintes aspectos: 1)
concepção da pessoa com deficiência e o seu trabalho; 2) Razões para admissão
do funcionário com deficiência; 3) Dificuldades para a ocupação de um cargo pela
pessoa com deficiência; 4) Meios para solucionar problemas envolvidos nessa
questão. Participaram seis empregadores de ramos variados no mercado de
trabalho. Os dados apontaram que o fator que mais faz as empresas contratarem
o individuo portador de deficiência refere-se ao fato de cumprir a questão da Lei
de Cotas, porém que apenas isso não é efetivo para que isso de fato ocorra. Em
muitos casos eles não contratam porque não encontram pessoas com a
qualificação necessária. Concluem que os fatores que dificultam a inserção no
mercado de trabalho precisam ser avaliados, discutidos e desenvolvidos, numa
ação conjunta entre individuo, família, sociedade e governo, para que de fato o
77
mercado de trabalho incorpore essas pessoas em seus efetivos e não apenas por
receio da penalidade prevista em lei.
Araujo e Schimidt (2006) realizaram um estudo de levantamento sobre
como as empresas e as escolas de educação especial vêem a inserção
profissional do portador de deficiência. Participaram 30 empresas e 10 instituições
educacionais. Apresentam, primeiramente, a realidade das empresas, em relação
ao que elas deveriam fazer sobre a inclusão social do portador de necessidade
especial, e como de fato isso acontece. Por outro lado, demonstraram como
instituições que se dizem educacionais na área de pessoas com necessidades
especiais preparam esses indivíduos, fazendo inclusive críticas à metodologia
aplicada em cada uma delas. Em relação às instituições educacionais, 70% dizem
que encaminham para o trabalho e 20% fazem avaliação do perfil profissional,
porém não maiores detalhamentos sobre o que de fato é realizado. Pelo lado
das empresas, essas afirmam que muitas vezes não cumprem a Lei de Cotas por
falta de escolaridade mínima dos indivíduos (30%) e falta de qualificação (16%).
Os autores concluem que tanto as instituições como as empresas precisam
superar muitas dificuldades para que de fato o trabalho possa ocorrer.
Pereira e cols. (2008) avaliaram qual o significado que o trabalho tem para
pessoas com e sem deficiência, no caso, deficiência física. Cada um dos grupos
foi composto por 27 participantes. Os resultados sugeriram que não diferença
estatística entre os grupos e que em ambos há pontos positivos e negativos em
relação ao desenvolvimento das atividades profissionais, sendo que um ponto
interessante se referiu ao grupo sem deficiência, o qual apresentou uma diferença
significativa no item jornada de trabalho e os autores avaliaram esse dado de
forma a mostrar que talvez haja mais exigências para a produtividade nesse
grupo do que para pessoas com deficiência. Concluíram, que a deficiência física
não foi um fator determinante na valorização dos aspectos positivos e negativos
do trabalho, pom ressaltaram que a amostra precisaria ser ampliada para outras
realidades para verificar se os dados se repetem.
Lobato (2009) realizou entrevistas semi-estruturadas, com 10 membros de
recursos humanos e 12 funcionários portadores de deficiência com a finalidade de
avaliar as implicações da Lei de Cotas. Os resultados mostraram que as
empresas contratam em função da lei, devido à fiscalização que ocorre. Há
dificuldades em contratar, porque falta escolaridade, qualificação profissional e
78
pela necessidade de adequação da empresa, em alguns casos, por exemplo,
cadeirantes são deixados de lado devido ao excesso de adaptação que a
empresa precisa fazer. Segundo a autora, a Lei cumpre seu papel de gerar
oportunidades, mas precisa ser reavaliada e deve-se incentivar a adequação das
empresas para receber as pessoas.
Simonelli (2009) analisou 17 propostas de empresas que realizam a
inclusão. Na seqüência, selecionou três delas e realizou entrevistas com cinco
empregados com deficiência e um representante da empresa, para conhecer a
realidade. Os dados apontaram que os empregadores geralmente são contrários
à prática da lei e questionam a existência de pessoas qualificadas. Acham que as
instituições educacionais especializadas muitas vezes têm um papel
assistencialista e não formam os indivíduos adequadamente para as exigências
do mercado de trabalho. Destacam, ainda, que a falta de conhecimentos
específicos para o execício das funções, por parte do portador de deficiência, é a
principal barreira para inclusão. O autor então questiona o que é feito atualmente
e o quanto isso se aplica ao modelo proposto pela Lei. Finaliza propondo que
cada municipio deve propor ações descentralizadas para tornar o mercado de
trabalho coerente com a Lei de Cotas.
6.2. Análise
Percebe-se que as pequisas realizadas sob essa temática abordaram
diferentes aspectos e pessoas relacionadas ao mercado de trabalho. Glover-Graf
e Janikowski (2001) destacaram um ponto bastante interessante que é o da
formação das pessoas que estão se qualificando para atuar com pessoas
portadoras de deficiência. Elas mesmas, em alguns casos, portadoras de
deficiência, ou relacionadas a pessoas com deficiências e que se encontram
motivadas a atuar nesse mercado. Talvez o fato de terem sido auxiliadas um dia
em suas limitações possa ser um dos maiores motivadores para esse fato. Já
Carreta (2004) procurou avaliar as cooperativas, que são um mercado de trabalho
em desenvolvimento bastante considerável na atualidade, como uma
possibilidade de atuação para o portador de deficiência.
Dentre os estudos nacionais observa-se a preocupação de vários autores
com relação à visão dos empregadores e a inclusão dos indivíduos portadores de
necessidades especiais. Esta é uma questão que se apresenta a partir da
79
instituição legal das cotas para deficientes nas empresas e portanto, de fato, um
problema brasileiro que merece aatenção dos pesquisadores. Efetivamente, os
estudos de Tanaka e Manzif (2005), de Araujo e Schimidt (2006), de Lobato
(2009) e o de Simonelli (2009) trazem dados relevantes para a presente
pesquisa, pois demonstraram como o mercado de trabalho, na visão de quem
emprega, em realidades diferentes, estão realizando a questão da inclusão do
portador de deficiência. O interessante é que apesar das particularidades de
cada um, os dados podem ser semelhantes em vários aspectos, principalmente
no que se refere à dificuldade da inclusão real no mercado de trabalho, seja por
questões de falta de preparo adequado do portador de deficiência, seja por
dificuldade da empresa em se organizar para que esta iserção possa ocorrer de
fato.
E, por fim, porém não menos importante, a pesquisa de Pereira e cols.
(2008) aborda a importância do trabalho para portadores de deficiências e seus
pares. Ao se analisar sob essa perspectiva encontrou-se que o trabalho é
valorizado de forma muito semelhante por ambos os grupos. É lógico que não se
pode deixar de ficar atento para o fato de que a pesquisa abrangeu apenas o
contingente de pessoas que possuem deficiências físicas e, talvez, essas tenham
mais facilidades para atuar no mercado de trabalho do que outros tipos de
deficiência. Além disso, o tamanho reduzido da amostra limita a possibilidade de
generalização dos resultados. Serve, todavia, como um indicador que necessitará
naturalmente ser verificado por estudos futuros.
6.3. Habilidades Sociais
Pereira (2006) fez um estudo comparativo entre 27 trabalhadores com e
sem deficiência física em relação às habilidades sociais em relação ao trabalho e
9 supervisores, em cinco empresas do interior Paulista, através de um conjunto
de instrumentos e entrevistas. O limite da deficiência física não mostrou diferença
nas habilidades sociais nos seus mais variados aspectos necessários ao mundo
do trabalho. O pesquisador conclui que as diferenças encontradas referem-se a
fatores pessoais e ambientais, mas não foram relacionados com a questão da
deficiência, demonstrando, assim, que as influências dessa natureza podem ser
semelhantes nos dois grupos distintos.
80
Campos (2006) organizou, aplicou e analisou os efeitos de um programa
de habilidades sociais para o trabalho (PHST) para pessoas com deficiência
mental ou física. Foram selecionados três participantes que estavam inseridos
no mercado de trabalho. O treinamento foi desenvolvido na situação natural de
trabalho. A autora identificou que houve um aumento gradual em comportamentos
colaborativos como: verificar o que havia para ser realizado, oferecer e solicitar
ajuda, falar de necessidades pessoais. Esses aspectos foram avaliados pelos
colegas de de trabalhos.
6.4. Análise
Percebe-se o interesse relativamente crescente dos autores pela relação
entre habilidades sociais e necesidades especiais, na última década. Trabalhos
como esses certamente podem contribuir para a solução de algumas das
dificuldades apontadas nos estudos de Tanaka e Manzif (2005) e Araujo e
Schimidt (2006) em relação à falta de preparo dos individuos para a inserção no
mercado de trabalho. Além disso, ajudam que se valorize o desenvolvimento
desses individuos em relação a uma maior autonomia, o que certamente se
reflete em outras áreas de suas vidas, transcendendo desta feita o âmbito do
trabalho e da profissão.
81
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Passa-se agora a tecer algumas considerações finais com base nos
resultados desta pesquisa. De modo geral eles demonstraram que a produção
científica da área tem sido veiculada, em grande parte, na forma de artigos
científicos (75% do total) publicados por diferentes periódicos, não tendo sido
encontrado nenhum periódico específico da área. Dentre os nacionais os
periódicos com maior número de publicações foram a Revista Brasileira de
Educação Especial e a Revista Brasileira de Orientação Profissional. E, na
literatura estrangeira, o The Career Development Quartely, Journal of
Employment Counseling, Rehabilitation Counseling Bulletin e o Teaching
Exceptional Children. Publicações em periódicos são consideradas altamente
desejáveis, posto que favorecem a divulgação do conhecimento, devido à maior
visibilidade e penetração deste meio de publicação. Esta condição é
especialmente vantajosa para áreas em que o conhecimento começa a se
estruturar como é o caso da OP de PEs, pois a disponibilidade on line de muitos
periódicos facilita em muito a difusão da informação.
Embora as teses tenham sido analisadas apenas na literatura nacional,
representaram 20% da produção acessada (Campos, 2006; Mota, 2003; Pereira,
2006; Simonelli, 2009) o que demonstra que os programas Stricto Sensu têm se
empenhado em realizar pesquisas relacionadas à orientação vocacional de
pessoas com necessidades especiais. Sugerindo que em médio prazo haverá um
maior número de artigos, uma vez que se espera que este seja o produto final de
dissertações de mestrado e de teses de doutorado. Com isso, é possível que se
modifiquem os resultados aqui observados sobre o volume de produção anual,
que o chegou a indicar claramente uma tendência crescente na literatura
nacional, nem na internacional.
Os delineamentos encontrados nas referências pesquisadas, demonstrou o
predomínio de estudos empíricos (43% do total). Ao se comparar literaturas
nacionais e estrangeiras não se pode deixar de falar das diferenças de
metodologias e organização de grupos amostrais. A literatura estrangeira
apresenta delineamentos bem mais elaborados e precisos e com amostras mais
representativas, como em Kennedy e Harris (2005) que acompanharam 533
82
pessoas com deficiência durante o processo de inserção profissional. Dentre as
nacionais, seguem em geral delineamentos metodológicos pouco sofisticados,
com pequenas amostras, o que compromete a possibilidade de generalização dos
resultados. Observa-se ademais baixa autocrítica dos autores quanto aos limites
dos resultados de suas investigações. Deve-se, todavia, ressaltar que esta não é
uma característica exclusiva dos autores de trabalhos sobre OP de PEs, mas
atinge a maioria das áreas da psicologia, refletindo de certa forma a relativa
imaturidade científica de parcela de nossos pesquisadores, sem contar às
dificuldades que enfrentam para realizar estudos que demandam maior suporte
financeiro e institucional.
Os grupos amostrais encontrados nos trabalhos, embora na sua maioria
(58%) tenham correspondido às populações especiais, nem sempre forami
organizados apenas com esta população, indentificando-se que em alguns
estudos há a preferência em relacionar o tema das PEs àqueles que estão
relacionados com estas e não diretamente com elas, como em Araujo & Schimidt
(2006) e Tanaka & Manzif (2005).
Embora o número de trabalhos que focalizam processos individuais de OP
possam ser considerados relativamente alto no contexto geral (62%), sugere-se a
realização de mais trabalhos como o de Mota (2003), que propôs o
desenvolvimento de técnicas de OP individuais especificamente desenvolvidas
para atenderem às deficiências do estrato da população a ser assistida. Trata-se
de uma área com pouco mais de uma década de produções científicas, e que
demanda o desenvolvimento de práticas efetivas junto a essa população, e não
apenas adaptações das técnicas de OP para pessoas sem deficiências. O mais
importante disso tudo é que independente da proposta, individual ou grupal,
ambas devem gerar boas propostas para que o profissional que decida trabalhar
com essa população possa encontrar respaldo adequado na modalidade que
desejar intervir.
Alguns aspectos não foram possíveis de serem avaliados como se gostaria
com o formulário organizado, como a questão das técnicas ou instrumentos de
intervenção, porque muitas vezes não se fazia referência a eles, como, por
exemplo, em Gil (2007) e Noonan e cols., (2004); bem como a dificuldade de se
analisar os referenciais teóricos utilizados (Lindstrom & cols., 2008 e Araujo &
cols., 2006). Talvez isso seja um reflexo da área de OP como um todo, que pode
83
abranger uma série de metodologias e referenciais teóricos e assim ter uma
variabilidade de possibilidades para ser realizada. Observa-se que os trabalhos
de OP para PEs vêm se desenvolvendo muito mais como produto da experiência
direta dos autores no convívio com estratos dessa população, o que resulta em
propostas de intervenção empiricamente baseadas, com menor ênfase em
referenciais teóricos específicos.
A falta de preparo e escolaridade mínima por parte dos portadores de
deficiência pode ser um fator que exija que as propostas de OP para PEs incluam
maior ênfase em técnicas e procedimentos que ensejem o desenvolvimento de
habilidades necessárias para o desenvolvimento de atividades profissionais ou de
transição da escola para o trabalho.
O número relativamente alto de referências acessadas na íntegra (N=55)
para um trabalho de revisão, somente foi possível devido à inclusão dos mais
variados tipos de trabalhos de OP. Pois, caso se desejasse analisar apenas uma
das estratégias possíveis nessa área, tais como orientação profissional para
primeira escolha, inserção profissional, reorientação profissional ou mercado de
trabalho; e com essa população, esse número ficaria muito restrito. A revisão de
trabalhos teóricos e relatos de experiências auxiliaram na compreensão da
dificuldade e restrição que a área como um todo das PEs se encontra, embora
esteja respaldada por uma legislação que assegura um lugar no mercado de
trabalho para eles.
Observaram-se poucos trabalhos relativos a práticas de OP propriamente
ditas, ou seja, trabalhos de intervenção como o de Pigatto e cols. (2000); Mota
(2003) Lopes (2006) se comparados ao contingente que existe para a população
em geral, relacionado a essa temática (Carvalho, 1995; Greca, 2000; Moura,
2000; Melo-Silva & Jacquemin, 2001; Neiva, 2007; Soares, 1999).
Dentre os temas mais explorados apareceram os voltados para a inserção
profissional e o mercado de trabalho, em sua maioria, estudos de pesquisas
empíricas (Alston & cols., 2002; Estrada-Hernández & cols., 2008; Noonan &
cols., 2004; Toldrá & Sá, 2008; Weston & Koller, 2002). Em menor mero
encontraram-se os que abordavam estes temas propondo ou adaptando
procedimentos práticos de intervenção (Hagner & cols., 2001; Kennedy & Harris,
2005). Estes são resultados auspiciosos porque sugerem que a área vem sendo
objeto de estudos sistemáticos. Mas como referido tratam-se de pesquisas cujos
84
resultados precisam ser vistos com bastante cautela, dadas as insuficiências
metodológicas e a pouca representatividade das amostras.
As propostas de manuais e programas de orientação vocacional verificados
na literatura estrangeira (Beech, 2002; Cummings e cols., 2000; Fabian, 2007;
Montobbio e Lepri, 2007; NCSET, 2005 e Johnson & cols., 2007) sugerem que em
outros países o campo da orientação profissional destinado a pessoas com
necessidades especiais se encontra mais organizado. Ao mesmo tempo, este
parece ser um caminho interessante a ser explorado por profissionais e
pesquisadores brasileiros, no sentido de sistematizarem programas e processos
de OP, pensados exclusivamente para esta população.
Dada a grande diversidade de necessidades específicas decorrentes dos
diferentes tipos de deficiência (visual, auditiva, locomotora, entre outras),
programas adaptados a elas se fazem necessários. Todavia, seria necessário que
os autores se dedicassem a detalhar mais os procedimentos empregados, para
que eles possam vir a ser replicados e sua eficácia testada por meio de pesquisas
sistemáticas. Como se viu, as propostas encontradas na literatura carecem de
detalhamento, resumindo a afirmações vagas do tipo: procedimentos específicos
são necessários, dadas as necessidades específicas que cada tipo de deficiência
pode necessitar, como no caso do deficiente visual (Bastos 2002) o qual muitas
vezes precisa de atividades que usem outros órgãos dos sentidos e não a visão.
no caso da deficiência auditiva, uma estratégia pouco eficaz pode ser a de
palestras informativas com profissionais, caso não haja tradução para a
linguagem de sinais (Pigatto & cols. 2000)
Por outro lado, é necessário se apropriar dos novos espaços possíveis
(programas de TV, Internet, publicações de autoajuda) como propôs Lehman
(2010) para que novas tecnologias em OP sejam efetivamente produzidas e
utilizadas. E isso pode ser desenvolvido para atingir um público ainda maior da
população. Como exemplo, poder-se-ia organizar sites com informações sobre o
mercado profissional com dispositivos espeficos para portadores de
deficiências, tais como a visual, que demanda que o conteúdo dos textos escritos
tenham uma versão oral; ou com instruções baseadas em desenhos e esquemas
para pessoas com deficiência mental. Em relações a publicações de auto-ajuda,
pode-se incentivar pessoas portadoras de deficiência que conseguiram realizar
escolhas e inserção profissional a fazerem relatos e organizar esse material para
85
ser disponibilizado à população em geral e também aos orientadores
profissionais. Essas e outras iniciativas que por ventura surjam demandarão
naturalmente pesquisas empíricas que testem sua utilidade e validade. Abrindo,
com isso um amplo leque de possibilidades para a investigação em nosso meio.
Esta constatação vale, aliás para toda a área da OP para PEs. A revisão da
literatura realizada parece indicar a necessidade de que orientadores profissionais
e pesquisadores da áres trabalhem em conjunto no desenvolvimento de práticas
efetivas em relação a OP para essas populações, levando também em
consideração a necessidade de que esses individuos venham de fato a ser
inseridos no mercado de trabalho. E isso, não apenas pela questão da legislação
que obriga o mercado a desenvolver ações nesse sentido, mas dando aos
indivíduos com deficiências a certeza de que também podem controlar suas
escolhas. Sabe-se que há muito a fazer e, como propôs Simonelli (2009, p. 175):
As dificuldades e as limitações são várias e estão relacionadas com o contexto e
com o ambiente, não analisar é não adequar, não é incluir. Somente assim
encontrar-se-ão melhores práticas interventivas, de fato destinadas a essas
populações.
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Artmed.
106
ANEXOS
107
Anexo A
FORMULÁRIO PARA CLASSIFICAÇÃO DAS REFERÊNCIAS
Código do material: Ano do Material:
Origem:
( ) Artigo ( ) Tese ou Dissertação ( ) Capitulo de Livro/livro
e artigo, título do periódico:_________________________________________
Natureza do Trabalho:
( ) Estudo Empírico ( ) Relato de Experiência ( ) Revisão de Literatura
( ) Trabalho Teórico ( ) Trabalho teórico Ilustrado
Delineamento metodológico dos estudos empíricos:
( ) Levantamento ( ) Correlacional ( ) Quase-experimental
( ) Experimental ( ) Estudo de caso ( ) Meta-Análise
No caso de Estudo Empírico, Relato de Experiência e Trabalho Teórico
Ilustrado:
1. População Alvo:
( ) População Especial ( ) Outras ( ) Ambas
Quando População Especial:
1a) Faixa Etária:
( ) Adolescente (14-18 a.) ( )Adulto Jovem(19-30 a.) ( ) Adulto (31-59 a.)
( ) Idoso(acima de 60 a.) ( ) Vários ( ) Não especificado
1b) Sexo:
( ) Masculino ( ) Feminino
( ) Ambos
2. Tipo de Necessidade Especial da população alvo:
( ) Física ( ) Visual ( ) Auditiva
( ) Mental ( ) Múltiplas ( ) Não especificado
3. Modalidade de Intervenção:
( ) Individual ( ) Grupal
( ) Ambas
4. Local da Intervenção:
( ) Clinica Particular ( ) Instituição Especializada
( ) Clínica-Escola ( ) Não especificado
5. Natureza da OP:
( ) Adaptada à população descrita ( ) Organizada para esta população
( ) Não especificado
6. Técnica utilizada:
( ) Adaptada à população descrita ( ) Organizada para esta população
( ) Não especificada
7. Instrumentos e técnicas utilizados:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8. Modelo teórico do trabalho:
( ) Psicanalítico ( ) Psicodramático ( ) Social
( ) Comportamental ( ) Psicopedagógica ( ) Vários
( ) Modelo Inespecífico
108
9. Tipo de Trabalho de Orientação Profissional:
( ) 1ª Escolha ( ) Inserção Profissional ( ) Reorientação Profissional
( ) Mercado de Trabalho ( ) Não Especificado ( ) Vários
Destacar os principais aspectos do trabalho que tem relação com o projeto de
tese:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
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