Procedimentos Analíticos: o discurso em movimento
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A lei da atração afirma que você consegue aquilo em que se concentra.
Então, eu peguei um extrato bancário, apaguei o saldo e coloquei um novo.
Coloquei, exatamente, quanto queria ver no banco. (...) É impressionante:
hoje, só recebo cheques pelo correio. Recebo algumas contas, porém, mais
cheques do que contas.
Há uma retomada das vivências pessoais, como no início do capítulo, até como
modo de enfatizar experimentos de pessoas que possuem a “chave” e a utilizam, em
suas vidas. Mais uma vez, depara-se com fatos e eventos incontestáveis, que fogem
a uma lógica, puramente racional, pois, revela a crença, os valores e os
acontecimentos da vida do ser humano, como alguém que, segundo o enunciador
referido, “compreendeu O Segredo” (2007, p. 104).
Após esse relato, o leitor encontra um longo discurso da enunciadora central, a
autora, que, por sua vez, narra o seu exercício, em “fingir que as contas, na verdade,
eram cheques” (2007, p.105). Esse enunciador traduz o seu método de vivenciar O
Segredo, na maneira de receber os cheques, pelo correio, de imaginar que eram
cheques, de acrescentar um zero a ela na mente, para torná-la, ainda maior, e de
escrever ‘recebido’ e ‘obrigado’.
Vale, ainda, ressaltar os vocábulos e as expressões utilizadas nesse enunciado,
como “jogo”, “imaginava”, “sentimento de gratidão”, “lágrimas nos olhos”, “sensação”,
“emoção do meu estômago” (2007, p. 105). Juntos, eles parecem remontar uma
nova realidade para esse leitor, para esse homem pós-moderno. Fica evidente que o
modo de ser da modernidade, não mais satisfaz um homem que está em busca de
outras, rápidas, efetivas e centralizadoras aspirações.
Hall (2002) estuda o contexto e o homem pós-modernos e evidencia um homem
perdido em suas angústias, em novas descobertas, quase incapaz de acompanhar a
velocidade de seus acontecimentos e dos fatos do contexto histórico-político e social
da atualidade. O ser humano perdeu seu centro pessoal, familiar, social, intelectual,
profissional e financeiro, portanto, ele precisa correr atrás de seu tempo, procurando
soluções simples: usando sua “chave” para adentrar o seu “Segredo”. Assim, o jogo
do sonhar o que se deseja, imaginar, vivenciar, como se tivesse alcançado, sentindo
gratidão, com tamanha emoção e agradáveis sensações, que até enchem os olhos
de lágrimas (grifo meu) passa a ser uma prática constante na vida desse ser.
Procura-se e quer-se obter uma nova realidade, que propicie segurança e maior
estabilidade para a vida desse homem pós-moderno, sem entrar no mérito se essa
nova realidade é realmente funcional ou não. O que não se pode é ignorar a