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MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOLOGIA
CURSO DE MESTRADO EM ZOOLOGIA
MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE DO PARQUE
NACIONAL DAS NASCENTES DO RIO PARNAÍBA, BRASIL
MARCELA GUIMARÃES MOREIRA LIMA
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-graduação em Zoologia, Curso
de Mestrado, do Museu Paraense Emílio
Goeldi e Universidade Federal do Pará
como requisito para obtenção do grau
de Mestre em Zoologia.
Orientador: Dr. José de Sousa e Silva Júnior
BELÉM – PARÁ
2009
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MARCELA GUIMARÃES MOREIRA LIMA
MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE DO PARQUE
NACIONAL DAS NASCENTES DO RIO PARNAÍBA, BRASIL
MARCELA GUIMARÃES MOREIRA LIMA
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-graduação em Zoologia, Curso
de Mestrado, do Museu Paraense Emílio
Goeldi e Universidade Federal do Pará
como requisito para obtenção do grau
de Mestre em Zoologia.
Orientador: Dr. José de Sousa e Silva Júnior
BELÉM – PARÁ
2009
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MARCELA GUIMARÃES MOREIRA LIMA
MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE DO PARQUE
NACIONAL DAS NASCENTES DO RIO PARNAÍBA, BRASIL
________________________________________
Dr. José de Sousa e Silva Júnior
Orientador
Mastozoologia, Museu Paraense Emílio Goeldi
________________________________________
Dr. Jader Soares Marinho Filho
Departamento de Zoologia, Universidade de Brasília
________________________________________
Dr. Leandro Silveira
Instituto Onça-Pintada
________________________________________
Dra. Anah Tereza de Almeida Jácomo
Instituto Onça-Pintada
________________________________________
Dra. Maria Aparecida Lopes
Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará
________________________________________
Dra. Ana Cristina Mendes Oliveira
Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará
Belém, 8 de abril de 2009
I
"Há um tal prazer nos bosques inexplorados,
Há uma tal beleza na solitária praia,
Há uma sociedade que ninguém invade
Perto do mar profundo e da música do seu bramir
Não que ame menos o homem
Mas amo mais a Natureza"
Lord Byron
II
Dedico este trabalho à minha mãe e
aos meus irmãos, por terem estado ao meu lado
em todos os momentos. Amo vocês!!
III
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. José de Sousa e Silva Júnior, pela confiança desde minha graduação,
e principalmente pela orientação, paciência e amizade ao longo de todo esse
trabalho.
Ao CNPq pela bolsa concedida durante toda a realização deste trabalho. À
Fundação O Boticário de Proteção a Natureza pelo apoio financeiro. Ao
Instituto Onça-Pintada pelo apoio financeiro, logístico, pelas armadilhas-
fotográficas cedidas durante o trabalho e acima de tudo, pela amizade.
Ao Programa de Pós-graduação em Zoologia do convênio Universidade
Federal do Pará e Museu Paraense Emílio Goeldi pela oportunidade de cursar
esse mestrado.
À Cristiana Aguiar, chefe do Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba
e ao Janeil Lustosa, Fiscal do IBAMA, cujo apoio foi essencial para o
desenvolvimento desse trabalho, os quais me apresentaram o Parque e me
deram o apoio logístico e alojamento ao longo do projeto. À Eugenia
Medeiros, do IBAMA de Teresina por todo apoio inicial.
Ao Dr. Walfrido Tomas pelas valiosas discussões e pelo auxilio na
identificação das espécies, estando sempre disposto a ajudar. Ao Marcos
Tortato e Leandro Scoss pelas sugestões e material bibliográfico. Ao
Leandro Juen pelo grande auxílio com as análises estatísticas e pela
paciência. À Dra Liza Veiga pelas sugestões e pela grande amizade. Ao Dr.
Leandro Silveira e Rahel Sollmann por todas as discussões, ajuda nas
identificações e amizade durante todo o trabalho. Ao Leonardo Carvalho
pelas valiosas sugestões. Muito obrigada a todos!
Aos membros da minha banca de qualificação, Dra. Ana Cristina, Dr. Rogério
Rossi, Dra. Liza Veiga e Dr. Juarez Pezzuti, pelas sugestões.
Aos amigos Samuel Astete, Tiago Boscarato, Eliot Cohen e Leandro Silveira
pela ajuda em campo. Um agradecimento especial ao Marcos Pérsio, Fábio
Lopes, Guilherme Santana (Gui) e Leonardo Moura (Leo) por terem sido
meus fieis companheiros em todos os momentos durante as campanhas,
IV
sempre me apoiando nos momentos difíceis e me proporcionando muitas
risadas.
Aos amigos Adelson Pereira (Seu Pequeno) e ao Pedro Ribeiro (Neto) por
todo apoio e ajuda durante as campanhas ao Parque, sempre guiando meus
passos. Ao seu Pequeno e Dona Tandú por terem me acolhido com todo
carinho e amor, os quais considero como uma segunda família e serei grata
eternamente pela amizade.
Ao amigo Daniel Medina por toda boa vontade que sempre teve em ajudar
com o “maravilhoso mundo dos mapas e coordenadas” (mesmo que essa ajuda
se prolongasse até as 4hrs da manhã!) e por todas as palavras de apoio e
amizade.
Aos meus grandes amigos e irmãos Janmylla Gomes (Milla) e Maurício Sousa
(Tigrão) por todo apoio, amor e paciência nesses 12 anos de amizade, e que
mesmo a 905 km de distância nunca deixaram de ser meu “porto-seguro”.
Amo vocês eternamente!
Aos meus amigos de mestrado por todos os momentos de alegria e
descontração ao longo desses dois anos. Um agradecimento especial as
minhas amigas Fernanda (Fer), Amanda (Mandinha), Naiara (Nai) e Sílvia
(Fada) por terem se tornado minha ”família paraense“. Obrigada por todas
as valiosas discussões, todos os brindes, todas as boas risadas durante os
longos ”cafés da tarde“ e, principalmente, por toda a amizade. Amo muito
vocês!
Ao amigo Francílio Rodrigues por estar ao meu lado desde a graduação,
sempre acreditando em mim e me apoiando em todos os momentos.
Aos meus pais (Klênia Maria e Paulo Murilo) por todo amor e todo apoio. Aos
meus irmãos (Caio, Karolina e Fabhyola) por sempre acreditarem em mim e
ser meu maior orgulho. Quando crescer quero ser igual a vocês! À Tonha por
sempre cuidar de mim em todos os momentos da minha vida!
Ao Dr. Marcos Pérsio por ter acreditado em mim desde o início, por ter me
ensinado grande parte do que sei sobre a profissão de biólogo e cujos
passos sigo até hoje. Ao amigo Marcos, por toda ajuda nos trabalhos de
V
campo e pelas longas e valiosas discussões sobre meu trabalho. E
finalmente, ao meu companheiro Marcos por sempre estar ao meu lado, com
as palavras certas em todos os momentos, me fazendo sempre muito feliz!
Muito Obrigada a todos!
VI
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................VIII
RESUMO....................................................................................................................................XI
ABSTRACT..............................................................................................................................XIII
1. Introdução..........................................................................................................................1
2. Objetivos............................................................................................................................8
2.1. Objetivo Geral...............................................................................................................8
2.2. Objetivos Específicos.................................................................................................8
3. Material e Métodos...........................................................................................................9
3.1. Área de Estudo.............................................................................................................9
3.1.1. Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba...........................................9
3.1.2. Fitofisionomias amostradas................................................................................12
3.2. Coleta de Dados.........................................................................................................15
3.2.1. Armadilhas-Fotográficas......................................................................................15
3.2.2. Entrevistas Semi-Estruturadas...........................................................................19
3.2.3. Métodos Complementares de Amostragem....................................................20
3.3. Análise de Dados.......................................................................................................20
3.3.1. Esforço de Amostragem.......................................................................................20
3.3.2. Composição e Riqueza.........................................................................................21
3.3.3. Abundância Relativa.............................................................................................23
3.3.4. Uso do Hábitat.........................................................................................................25
3.3.5. Padrão de Atividades............................................................................................26
3.3.6. Análise de Composição Regional......................................................................27
4. Resultados.......................................................................................................................28
4.1. Esforço de amostragem...........................................................................................28
4.2. Composição e Riqueza de espécies.....................................................................29
4.3. Abundância Relativa.................................................................................................40
4.4. Uso do hábitat.............................................................................................................45
4.5. Padrão de atividade...................................................................................................53
4.5.1. Padrão de atividade diário (24 horas)...............................................................53
4.5.2. Padrão de atividade no período noturno (12 horas).....................................56
VII
4.6. Análise de composição regional............................................................................59
5. Discussão.........................................................................................................................61
5.1. Esforço de amostragem...........................................................................................61
5.2. Composição e riqueza de espécies.......................................................................65
5.3. Abundância Relativa.................................................................................................73
5.4. Uso do habitat.............................................................................................................79
5.5. Padrão de atividade...................................................................................................89
5.6. Análise de Composição Regional..........................................................................93
5.7. Mastofauna de médio e grande porte e o Parque Nacional das Nascentes
do Rio Parnaíba......................................................................................................................95
6. Conclusões....................................................................................................................100
7. Referências Bibliográficas.........................................................................................103
ANEXO 1.................................................................................................................................137
ANEXO 2.................................................................................................................................140
VIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização geográfica do Parque Nacional das Nascentes do Rio
Parnaíba, Brasil. ............................................................................................... 10
Figura 2. Aspectos de cinco fitofisionomias do Parque Nacional das Nascentes
do Rio Parnaíba: A. Cerrado “sensu stricto”, B. Brejo (Veredas), C. Cerradão,
D. Mata de Galeria e E. Carrasco (Fotos: Marcela Lima). ............................... 14
Figura 3. .Armadilha-Fotográfica LeafRiver© (Trail Scan Model C-1) (Fotos:
Marcos Pérsio) ................................................................................................. 16
Figura 4. Distribuição das armadilhas-fotográficas durante o primeiro período
de amostragem (período chuvoso) no Parque Nacional das Nascentes do Rio
Parnaíba, Brasil. ............................................................................................... 16
Figura 5. Distribuição das armadilhas-fotográficas durante o segundo período
de amostragem (período seco) no Parque Nacional das Nascentes do Rio
Parnaíba, Brasil. ............................................................................................... 17
Figura 6. Curva de acumulação de espécies (vermelha) e estimativa de riqueza
pelo estimador não-paramétrico Jackknife1 (preta) para no Parque Nacional
das Nascentes do Rio Parnaíba. As linhas pontilhadas em vermelho
representam os desvios padrão da riqueza observada (Sobs) e as linhas
pontilhadas em preto representam os desvios padrão da riqueza esperada
(Jackknife1). ..................................................................................................... 35
Figura 7. Curva de acumulação de espécies (vermelha) e estimativa de
riqueza pelo estimador não-paramétrico Jackknife1 (preta) para cada
fitofisionomia amostrada no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.
As linhas pontilhadas em vermelho representam os desvios padrão da riqueza
observada (Sobs) e as linhas pontilhadas em preto representam os desvios
padrão da riqueza esperada (Jackknife1). (A) Brejo, (B) Cerradão, (C) Cerrado
sensu stricto, (D) Mata de Galeria e (E) Carrasco. .......................................... 37
Figura 8. Riqueza estimada das espécies de mamíferos de médio e grande
porte pelo estimador não-paramétrico Jackknife1, nas fisionomias amostradas
no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. As barras representam o
intervalo de confiança de 95%. ........................................................................ 38
IX
Figura 11. Número de espécies de mamíferos de médio e grande
porteregistradas nas fisionomias amostradas no Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba. ............................................................................ 46
Figura 12. Número de registros de Cerdocyon thous (A), Lycalopex vetulus (B)
e Chrysocyon brachyururs (C) nas fitofisionomia amostrada no Parque Nacional
das Nascentes do Rio Parnaíba. Os quadrados indicam a mediana, os boxes
os quartis de 25% e 75% e as barras os valores máximos. ............................. 49
Figura 13. Número de registros de Puma concolor (A) e Leopardus tigrinus (B)
nas fitofisionomias amostradas no Parque Nacional das Nascentes do Rio
Parnaíba. Os quadrados indicam a mediana, os boxes os quartis de 25% e
75% e as barras os valores máximos. ............................................................. 50
Figure 14. Número de registros de Conepatus semistriatus (A) e Mazama
gouazoubira (B) nas fitofisionomias amostradas no Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba. Os quadrados indicam a mediana, os boxes os
quartis de 25% e 75% e as barras os valores máximos. .................................. 51
Figure 15. Número de registros de Tapirus terrestris (A) e Dasyprocta
nigriclunis (B) nas fitofisionomias amostradas no Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba. Os quadrados indicam a mediana, os boxes os
quartis de 25% e 75% e as barras os valores máximos. .................................. 52
Figure 16. Análise de agrupamento das fitofisionomias do Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba, utilizando o coeficiente de Jaccard. .................... 53
Figure 17. Padrão de atividade das espécies (A) Dasyprocta nigriclunis, (B)
Lycalopex vetulus e (C) Mazama gouazoubira registradas pelas armadilhas-
fotográficas programadas para funcionar 24 horas no Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba. ............................................................................ 55
Figure 18. Padrão de atividade das espécies (A) Tolypeutes tricinctus, (B)
Cerdocyon thous, (C) Lycalopex vetulus, (D) Chrysocyon brachyurus, (E)
Leopardus tigrinus, (F) Puma concolor, (G) Conepatus semistriatus e (H)
Mazama gouazoubira registradas pelas armadilhas-fotográficas programadas
para funcionar no período noturno (12 horas) no Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba. ............................................................................ 58
X
Figure 19. Padrão de atividade da espécie Tapirus terrestris pelas armadilhas-
fotográficas programadas para funcionar no período noturno (12 horas) no
Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. .......................................... 59
Figura 25. Análise de similaridade da mastofauna de médio e grande porte do
Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba com outras áreas do Cerrado
e da Caatinga. .................................................................................................. 60
XI
RESUMO
O Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba está localizado na divisa
dos Estados do Piauí, Maranhão, Tocantins e Bahia. Para verificar a
composição, riqueza, abundância relativa e padrão de atividade da mastofauna
de médio e grande porte do Parque, bem como a utilização das fitofisionomias
presentes na área por essas espécies, foi realizado um inventário utilizando
armadilhas-fotográficas, entrevistas semi-estruturadas e métodos
complemetares de amostragem. Foi registrado um total de 37 espécies de
mamíferos de médio e grande porte, distribuídos em 14 famílias e sete ordens.
Vinte dessas espécies foram registradas por meio de armadilhas-fotográficas,
16 por meio de avistamentos e vestígios (rastros, fezes e carcaças), e todas
por meio de entrevistas com moradores da região. O estimador de riqueza não-
paramétrico Jackknife1 calculou 22 espécies (D.P. ± 1,41) para o Parque.
Quanto às fitofisionomias, apenas mata de galeria e cerrado sensu stricto
apresentaram diferença significativa quanto à riqueza e abundância relativa.
Dentre as espécies registradas no Parque, as raposas Cerdocyon thous e
Lycalopex vetulus foram as mais abundantes, respectivamente. Quanto ao uso
do habitat, somente Cerdocyon thous e Mazama gouazoubira apresentaram
diferença significativa entre as fitofisionomias, sendo a primeira de hábito
generalista e registrada principalmente em áreas de cerrado sensu stricto, e a
segunda mais freqüente em áreas de vegetação mais densa (cerradão). No
que diz respeito à composição de espécies, a análise de agrupamento indicou
as áreas de cerradão e cerrado sensu stricto como as de maior similaridade, o
XII
que provavelmente se deve à maior semelhança florística entre esses
ambientes. A análise de composição regional mostrou que o Parque apresenta
uma maior similaridade quanto à composição de espécies com as UCs
localizadas no Sul do Estado do Piauí (E.E. de Uruçuí-Una e PARNA da Serra
das Confusões) do que com as demais áreas de Cerrado.
Palavras-chave: Mamíferos de médio e grande porte, Cerrado, Armadilhas-
fotográficas, riqueza de espécies, fitofisionomias.
XIII
ABSTRACT
The Nascentes do Rio Parnaiba National Park is located at the convergence of
the states of Piauí, Maranhão, Tocantins and Bahia. In order to evaluate the
composition, richness, relative abundance, activity pattern of medium and large-
sized mammals of the Park, as well as the use of phytophysiognomies present
at the study site by these species, an inventory was made using camera-trap,
semi-structured interview and complementary sampling methods. It was
registered a total of 37 species of mammals of medium and large size,
distributed in 14 families and seven orders, 20 of which recorded by camera-
traps, 16 by sightings and traces (footprints, feces and carcasses), and all
through interviews with residents of the region. The estimator of the non-
parametric richness Jackknife1 estimated 22 species for the Park (D.P. ± 1,41).
Regarding phytophisiognomy, only gallery forest and cerrado sensu stricto
showed a significant difference about the richness and relative abundance.
Among the species recorded in the Park, the foxes Cerdocyon thous and
Lycalopex vetulus were the most abundant, respectively. Concerning the use of
habitat, only Cerdocyon thous and Mazama gouazoubira showed significant
differences between the phytophisiognomy, the first being from general habit
and recorded specially in areas of cerrado sensu stricto, and the second most
frequent in areas of more dense vegetation (cerradão). With respect to the
composition of species, the cluster analysis indicated the areas of cerrado
sensu stricto and cerradão with close similarity, which is probably due to the
closer floristic similarity between these environments. The analysis of regional
XIV
composition showed that the Park presents greater similarity in species
composition with the UCs located in the southern of Piauí state (E.E. of Uruçuí-
Una and PARNA of Serra das Confusões) than with other areas of Cerrado.
Keywords: Mammals of medium and large size, Cerrado, camera-traps, species
richness, phytophisiognomy.
1
1. Introdução
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, ocupando
aproximadamente dois milhões de quilômetros quadrados, o que representa
algo em torno de 25% do território nacional, sendo superado em área apenas
pela Amazônia. Situado na porção central do Brasil, é considerado a savana
com maior biodiversidade do planeta (Silva & Bates, 2002; Klink & Machado,
2005; Machado et al., 2004). Em termos florísticos, é considerado um domínio
rico, onde são conhecidas aproximadamente 10.000 espécies de plantas, das
quais cerca de 44% são espécies endêmicas, restritas e adaptadas às
condições locais (Silva & Bates, 2002; Ratter et al., 2003; Myer et al., 2000;
Mendonça et al., 1998; Oliveira-Filho & Ratter, 2002).
A fauna do Cerrado, até pouco tempo atrás, era considerada pobre em
elementos endêmicos, pouco adaptada às condições locais e distribuída ao
longo de outros tipos de paisagens pertencentes a domínios adjacentes, com
composição florística e origem muito diferentes (Klink & Machado, 2005).
Entretanto, análises recentes mostraram que a fauna do Cerrado é bastante
diversificada, apresentando 199 espécies de mamíferos, 837 de aves, 180 de
répteis, 150 de anfíbios, 1200 de peixes e cerca de 90.000 de invertebrados
(Dias, 1992; Fonseca et al., 1996; Klink & Machado, 2005). Apesar de grande
parte dessa diversidade ser compartilhada com os domínios adjacentes,
também ocorrem espécies endêmicas neste bioma: 28% dos anfíbios, 17% dos
2
répteis, 1,4% das aves e 9,3% dos mamíferos (Colli et al., 2002; Marinho-Filho
et al., 2002; Silva & Bates, 2002).
Essa grande diversidade de espécies de animais e plantas do Cerrado
está associada ao complexo mosaico fitofisionômico representado tanto por
áreas florestais - matas de galeria, matas mesófilas e cerradões - como por
formações abertas - campos úmidos, veredas, cerrados sensu stricto, campos
cerrados, campos sujos e campos limpos (Eiten, 1972, 1994; Furley, 1999).
Essa heterogeneidade espacial (variação das fitofisionomias ao longo do
espaço) seria um fator determinante para a ocorrência de um elevado número
de espécies (Machado et al., 2004), uma vez que a maioria dessas
fitofisionomias podem existir em uma mesma região.
Apesar dessa elevada biodiversidade, a atenção reservada para sua
conservação tem sido muito pequena. Somente 4,1% do bioma está
legalmente protegido, sendo apenas 2,2% em Unidades de Conservação de
proteção integral e existem estimativas indicando que pelo menos 20% das
espécies endêmicas e ameaçadas permanecem fora dos parques e reservas
existentes (Machado et al., 2004). Estudos mostraram que existem diferenças
na composição e na abundância das espécies presentes no bioma, indicando
que a área total protegida é insuficiente para preservar a diversidade de
hábitats, espécies e processos ecológicos no Cerrado (Marinho-Filho et al.,
1994; Vieira & Palma, 2005).
Uma das principais questões ligadas à conservação do Cerrado envolve
a disponibilidade de informações sobre a biologia da fauna presente no Bioma,
de modo a serem adotadas políticas que visem estabelecer prioridades para a
3
conservação do Cerrado com base em informações científicas de qualidade. A
dificuldade em se estabelecer essas políticas reside no fato de não existir uma
compreensão sólida a respeito da riqueza e dos padrões de distribuição das
espécies no bioma (Mares et al., 1986; Ratter et al., 1997). Ainda há a idéia
errônea que a fauna do Cerrado é generalista, distribuída ao longo de toda sua
extensão, comum aos domínios morfoclimáticos adjacentes e com pequeno
número de espécies endêmicas (Marinho-Filho et al., 1994). Segundo Marinho-
Filho (1992), o conhecimento sobre a fauna do Cerrado corresponde quase
sempre à abordagem de grupos taxonômicos específicos. Este autor também
afirma que os estudo no Cerrado geralmente são realizados em períodos
curtos de tempo, resultando em listas e inventários, os quais, por não
empregarem métodos padronizados, impossibilitam comparações entre áreas,
tipos de habitats e eficiência de métodos de amostragem.
Essa carência de informações básicas sobre a biologia das espécies que
vivem no Cerrado concorre com a demanda crescente por novas áreas de
cultivo e pastagens, de modo que toda essa elevada diversidade presente no
Cerrado está ameaçada. Cerca de 80% da área original já foi alterada de
alguma forma, restando apenas 20% de vegetação em estágio primário (Myers
et al., 2000). Segundo Klink & Machado (2005), ao longo das últimas quatro
décadas cerca de metade da área original do bioma já foi transformada em
pastagens plantadas e monoculturas, especialmente pela monocultura de soja
e eucalipto, além do desmatamento para a produção de carvão. A relativa
facilidade de desmatamento da sua vegetação permite a conversão rápida de
extensas áreas naturais, fragmentando habitats e populações, bem como
4
colocando em ameaça de extinção diversas espécies de sua fauna e flora
(Eiten, 1972; Verdesio, 1990). Machado et al. (2004) estimaram que a área
desmatada até o ano de 2002 chegava a 54,9%, equivalendo a quase três
vezes a área desmatada na Amazônia brasileira. Esses autores também
afirmaram que, se mantidas as taxas de desmatamento relatadas (1,1% ou 2,2
milhões de hectares de perda anual), o Cerrado deve desaparecer por volta de
2030.
Outro fator de grande impacto sobre a fauna do bioma Cerrado é o fogo.
Embora o Cerrado seja um ecossistema adaptado ao fogo, as queimadas
utilizadas para estimular a rebrota das pastagens e para abrir novas áreas
agrícolas causam perda de nutrientes, compactação e erosão dos solos.
Tansey et al. (2004) estimaram que 67% da área queimada no Brasil em 2000
estava no Cerrado, e a destruição dos ecossistemas que constituem este
bioma continua de forma acelerada.
Devido a esse crescente avanço do desmatamento sobre o Cerrado e
consequente impacto sobre sua elevada diversidade de espécies, esse bioma
foi considerado como um dos “hotspots” de biodiversidade mundial (Myers et
al., 2000; Silva & Bates, 2002; Cavalcanti & Joly 2002). Esse título procura
chamar a atenção mundial para toda essa problemática ambiental visando
adoção de políticas que objetivem frear ou reverter essa questão (Myers et al.,
2000).
Todas estas alterações pelas quais o Cerrado tem passado nas últimas
décadas causam impacto direto sobre todos os organismos que habitam esse
bioma, e dentre esses, a mastofauna certamente é um dos grupos de
5
organismos mais afetados (Sanderson et al., 2002). Apesar do Bioma possuir
uma elevada riqueza de espécies de mamíferos (Klink & Machado, 2005),
muitas delas encontram-se ameaçadas de extinção devido justamente a esse
rápido processo de degradação ambiental que vem ocorrendo nas últimas
décadas, o qual reduz a oferta de habitats (Machado et al., 2004). Por exemplo,
os carnívoros, sendo organismos de topo de cadeia e com alta demanda
energética, vivem em áreas relativamente grandes e em baixas densidades
populacionais, o que implica numa forte dependência de ambientes de boa
qualidade, sendo intensamente impactados em áreas de perda e fragmentação
dos seus habitats (Marinho-Filho & Machado, 2006).
Como já mencionado, uma das principais questões sobre a conservação
da fauna do Cerrado está relacionada à carência de informações sobre a
biologia de suas espécies, e que devido às alterações antrópicas, muitos dos
processos e padrões sobre a dinâmica das espécies, hábitos, biologia, podem
estar sendo perdidos antes que a ciência possa entender todos esses padrões
e o papel de suas relações para a manutenção do equilíbrio biótico do bioma.
Isso implica em uma necessidade urgente de realização de pesquisas que
envolvam a produção de conhecimento sobre mamíferos e suas relações com
a dinâmica do Cerrado.
Estudos sobre a mastofauna de médio e grande porte do Cerrado são
relativamente escassos (Silveira, 1999; Santos-Filho & Silva, 2002; Tozzeti,
2002; Silveira et al., 2003; Lima, 2007). Por se tratar de animais com hábitos
crípticos e predominantemente noturnos, possuírem áreas de vida
relativamente grandes, e ocorrerem em densidades relativamente baixas, os
6
mamíferos de médio e grande porte não são fáceis de ser observados, o que
dificulta sua identificação, monitoramento e manejo (Marques et al., 2001;
Silveira, 1999). Os grandes carnívoros são um caso extremo, pois além das
suas densidades tenderem a ser baixas e suas áreas de vida relativamente
grandes, essas espécies são também extremamente móveis e, quando
perturbadas, podem viajar distâncias longas para encontrar novas áreas de
vida (Mace & Waller, 1997; Andreka et al., 1999). Isto força os pesquisadores a
cobrir grandes áreas e empregar um esforço de amostragem enorme para
obter tamanho adequado de amostras e precisão das estimativas (Tomas et al.,
2006).
Dessa maneira, o estudo de tais espécies exige uso de técnicas que
permitam ao pesquisador obter informações sobre a presença dos animais,
mesmo não os visualizando, de maneira indireta (Becker & Dalponte, 1999;
Pardini et al., 2003; Voss & Emmons, 1996). Uma metodologia que vem se
mostrando bastante eficiente e dinâmica no estudo da mastofauna de médio e
grande porte são as armadilhas fotográficas. Estas armadilhas, ativadas por
sensores infravermelhos, têm sido utilizadas para o levantamento e
monitoramento da fauna terrestre, principalmente daquelas de hábitos crípticos
(Kucera & Barrett 1993; Karanth, 1995; Karanth & Nichols 1998, 2000, 2002;
Silveira et al., 2003; Canale et al., 2004; Maffei et al, 2002, 2004; Karanth &
Nichols, 2006).
Essa metodologia, em combinação com técnicas de captura-recaptura,
vem sendo amplamente utilizada nas florestas tropicais da Ásia e da África, em
estudos de grandes felinos (Carbone et al., 2001; Karanth & Nichols 1998,
7
2000, 2002; Goldman & Winther-Hansen, 2003; O’Brien et al, 2003). No Brasil,
não tem sido diferente, e as armadilhas fotográficas também têm sido
extensivamente utilizadas em estudos de levantamento e em combinação com
técnicas de captura-recaptura em trabalhos com carnívoros (Tomas & Miranda,
2003; Trolle, 2003a; Alves & Andriolo, 2005; Srbek-Araujo & Chiarello, 2005,
2007; Martins et al., 2007), principalmente em áreas abertas como o Cerrado e
o Pantanal (Silveira, 2004; Trolle, 2003b; Trolle & Kéry, 2003, 2005; Trolle et
al., 2005, 2007a,b; Soisalo & Cavalcanti, 2006; Hülle, 2006).
Dentro do contexto atual de conservação do bioma Cerrado, o sul do
Estado do Piauí se destaca como uma área de extrema importância no estudo
de mamíferos de médio e grande porte. O cerrado piauiense possui áreas que
se destacam pelas suas extensões e seu elevado grau de preservação. Dentre
essas áreas estão o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, que é a
maior Unidade de Conservação do cerrado no Brasil, e a Estação Ecológica de
Uruçuí-Una. Entretanto, assim como outras regiões dentro do bioma, o Estado
do Piauí vem sofrendo fortes pressões devido ao avanço das monoculturas. Na
região do Alto Parnaíba, localizada no sul do Estado, a soja começou a ser
plantada somente em 1993, e de maneira muito tímida. Em 2002, a área
ocupada por essa cultura já tinha aumentado seis vezes, e aparentemente
essa atividade encontra-se em franca expansão (Machado et al, 2004).
Pelos motivos expostos acima, o sul do Piauí se configura como um
excelente laboratório natural para avaliar o impacto gerado pelas atividades
antrópicas no Cerrado sobre um grupo animal que depende de áreas com
8
elevado grau de conservação ambiental, áreas essas ainda encontradas nas
unidades de conservação do sul do Piauí e seu entorno.
2. Objetivos
2.1. Objetivo Geral
Conhecer aspectos da estrutura e dinâmica da comunidade de
mamíferos de médio e grande porte do Parque Nacional das Nascentes do Rio
Parnaíba.
2.2. Objetivos Específicos
Conhecer a composição, riqueza e abundância relativa da mastofauna de
médio e grande porte do Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba;
Avaliar o padrão de uso de hábitat dos mamíferos de médio e grande porte
no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba;
Avaliar os padrões de atividade das espécies mais representativas de
mamíferos de médio e grande porte no Parque Nacional das Nascentes do
Rio Parnaíba;
Comparar a área de estudo com outras áreas de Cerrado quanto à
composição da mastofauna de médio e grande porte;
9
3. Material e Métodos
3.1. Área de Estudo
3.1.1. Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba
Com o objetivo de proteger as nascentes da bacia do rio Parnaíba, nos
seus aspectos físicos e de biodiversidade, o Parque Nacional das Nascentes
do Rio Parnaíba (S 10° 02’ 11,6’’ e WO 45° 41’ 29,7’’) foi criado por Decreto
Federal s/n em 16 de julho 2002, com uma área de 729.813 ha, abrangendo
parte do topo da Chapada das Mangabeiras e de suas encostas. Está
localizado no divisor das bacias hidrográficas dos rios São Francisco, Tocantins
e Parnaíba, nos cerrados da região sul do Piauí e Maranhão, norte do
Tocantins e noroeste da Bahia (Figura 1). Sua área total ocupa parte de nove
municípios dos Estados do Piauí (Gilbués, São Gonçalo do Gurguéia, Barreiras
do Piauí e Corrente), Bahia (Formosa do Rio Preto), Tocantins (Mateiro, São
Félix e Lizarda) e Maranhão (Alto Parnaíba), sendo que a maior parte da área
do Parque encontra-se no Estado do Piauí.
Dada a sua localização, na porção centro-ocidental do Nordeste brasileiro,
atingindo uma pequena parte do Centro-Oeste, o clima da área caracteriza-se
por apresentar um forte caráter de transitoriedade (Ab’Saber, 1970). De acordo
com Nimer (1972), esta área localiza-se entre os climas úmidos equatoriais da
Amazônia e semi-áridos das depressões sertanejas do Nordeste brasileiro,
tratando-se de um clima tipicamente tropical com duas estações muito bem
10
marcadas.
Figura 1. Localização geográfica do Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba,
Brasil.
Os solos nestas chapadas são profundos e de baixa fertilidade natural e
nos declives das vertentes apresentam-se arenosos rasos e pobres, com a
presença de afloramentos rochosos e com alta permeabilidade (FURPA, 1997).
Devido a esta grande permeabilidade, a chapada é formadora de um grande
número de nascentes que irão compor três dos principais rios brasileiros: rio
Parnaíba, rio São Francisco e rio Tocantins.
No interior do Parque, as nascentes são formadas através de
ressurgências na Chapada das Mangabeiras, que formam os cursos dos rios
Lontra, Curriola e Água Quente, os quais formam o canal principal do rio
11
Parnaíba. Esses rios possuem escoamento perene e adquirem maior descarga
ao longo do período da estação chuvosa (FURPA, 1997).
Os totais pluviométricos anuais atingem cerca de 1200 a 1300 mm, com
estação chuvosa de dezembro a março, e estação seca de abril a novembro,
com temperatura média anual de 23ºC (Emperaire, 1983). O relevo se
enquadra dentro do domínio dos chapadões tropicais, compostos por vastas
superfícies de aplainamento, apresentando porções típicas do relevo da
chapada sedimentar do São Francisco, da depressão sedimentar do Meio
Norte e dos patamares do São Francisco-Tocantins (Ab’Saber, 1970).
O Parque está inserido na região que apresenta a maior extensão de
cobertura vegetal natural do bioma Cerrado, o qual possui uma vegetação
complexa e diversificada, apresentando diferentes tipos fisionômicos
pertencentes a esse bioma (Machado et al, 2004). Segundo FURPA (1997),
são reconhecidas para a região três fitofisionomias: campo-cerrado, cerrado
típico ou “sensu stricto” (Figura 2A) e brejos ou veredas (Figura 2B), sendo a
primeira característica do platô das chapadas. Santos (2001) reconheceu para
a área mais duas fitofisionomias: cerradão (Figura 2C) e campo limpo. No
presente trabalho, foram identificadas mais duas fitofisionomias, mata de
galeria (Figura 2D) e carrasco (Figura 2E), sendo esta última uma fitofisionomia
típica do Bioma Caatinga.
12
3.1.2. Fitofisionomias amostradas
No presente estudo, foram amostradas cinco fitofisionomias do Parque
Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba: cerrado sensu stricto, cerradão, mata
de galeria, brejo e carrasco.
Cerrado sensu stricto (Figura 2A): caracterizado pela presença de dois
estratos, sendo um herbáceo-subarbustivo com predominância de gramíneas e
o outro arbustivo-arbóreo com cobertura arbórea entre 10 e 60% (Eiten, 1972).
O extrato arbustivo-arbóreo caracteriza-se pela presença de plantas com
aproximadamente 5 m de altura, apresentando tortuosidade dos ramos,
ramificação irregular, ritidoma esfoliado corticoso rígido e casca suberosa
macia (Oliveira, 2004).
Brejo (Veredas) (Figura 2B): usado para definir toda uma gama de
vegetações (brejo estacional, brejo permanente e faixa de buritis) (Eiten, 1994),
os brejos ou veredas são caracterizados pela presença de gramíneas, que
margeiam uma população de buritis (Mauritia sp.) ao meio, sobre solos úmidos,
pelo menos na época das chuvas (Eiten, 1994; Oliveira-Filho & Ratter, 2002).
Cerradão (Figura 2C): Semelhante ao cerrado típico, sua fisionomia tem dois
estratos, sendo o herbáceo-subarbustivo bastante escasso. Nessa
fitofisionomia, predominaram árvores altas e retas com alturas de até 7m e
13
troncos de casca fina, lisa ou às vezes rugosa, com presença de lenticelas, ou
ainda esfoliantes (Oliveira, 2004).
Mata de Galeria (Figura 2D): vegetação constituída por estreitas faixas de
mata perenifólia que ocorrem ao longo de cursos d’água (Felfili, 2005). Possui
altura do dossel irregular, variando de 8 a 12 m, correspondendo a uma
cobertura arbórea de 80 a 100%. Essa fitofisionomia apresenta uma grande
riqueza de palmeiras e lianas, além da presença de herbáceas no sub-bosque
e uma considerável camada de serrapilheira em sua superfície. Esta é formada
tanto pela queda e deposição de resíduos quanto por meio do escoamento
superficial a partir de tipos vegetacionais adjacentes (Oliveira, 2004).
Carrasco (Figura 2E): é uma vegetação de transição entre o Cerrado e a
Caatinga, com adensamento semelhante às partes de Caatinga, mesclada com
elementos florísticos de Cerrado. É formado por florestas baixas xeromórficas
decíduas com solo arenoso, caracterizando-se por ser extremamente fechado
e apresentar um estrato herbáceo arbustivo denso e com numerosas
ramificações (Machado et al., s.d.).
14
D
C
A
A
B
B
D
E
E
Figura 2. Aspectos de cinco fitofisionomias do Parque Nacional das Nascentes do Rio
Parnaíba: A. Cerrado “sensu stricto”, B. Brejo (Veredas), C. Cerradão, D. Mata de
Galeria e E. Carrasco (Fotos: Marcela Lima).
15
3.2. Coleta de Dados
3.2.1. Armadilhas-Fotográficas
Para execução do presente estudo, foram realizados dois períodos de
amostragem com armadilhas-fotográficas, cada um com um esforço de
aproximadamente 60 dias de campo. No primeiro período de amostragem,
realizado de dezembro de 2007 a fevereiro de 2008, foram utilizadas 65
armadilhas-fotográficas da marca LeafRiver© (Trail Scan Model C-1) (Figura 3),
distribuídas em 28 “estações”. Cada estação consistiu de duas câmeras, uma
em frente à outra, com o objetivo de se obter uma fotografia de cada lado do
indivíduo fotografado. Além dessas “estações”, foram amostrados mais nove
pontos, cada um através de uma câmera. As câmeras foram separadas entre
si por uma média de 3 km, garantindo desse modo a independência espacial
entre os pontos de amostragem (Figura 4). No segundo período de
amostragem, realizado de julho a setembro de 2008, foram utilizadas 47
armadilhas-fotográficas da marca LeafRiver© (Trail Scan Model C-1) (Figura 3).
Buscando aumentar a área de amostragem, não foram utilizadas estações
(câmeras pareadas) como no primeiro período de amostragem, optando-se por
instalar apenas uma câmera em cada ponto, aumentando desse modo o
número de pontos de amostragem (Figura 5). Assim como no primeiro
semestre, as armadilhas-fotográficas foram separadas entre si por uma média
de 3 km, garantindo desse modo a independência espacial entre os pontos de
amostragem.
16
Figura 3. .Armadilha-Fotográfica LeafRiver© (Trail Scan Model C-1) (Fotos: Marcos
Pérsio)
Figura 4. Distribuição das armadilhas-fotográficas durante o primeiro período de
amostragem (período chuvoso) no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba,
Brasil.
17
Figura 5. Distribuição das armadilhas-fotográficas durante o segundo período de
amostragem (período seco) no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba,
Brasil.
De acordo com os objetivos do trabalho, as amostragens realizadas
foram direcionadas ao registro de mamíferos com porte igual ou superior a 1
kg.
As armadilhas-fotográficas foram instaladas em árvores, a uma altura
média de 45 cm do solo e aproximadamente dois metros do ponto alvo da
fotografia. Locais estratégicos foram selecionados (trilhas naturais de animais,
que, muitas vezes, constituíam-se de antigas estradas ou aceiros) uma vez que
mamíferos de médio e grande porte geralmente usam essas áreas nos seus
deslocamentos. As armadilhas-fotográficas foram dispostas de acordo com a
18
disponibilidade dos distintos habitats nas áreas de estudo. A posição de cada
câmera foi georreferenciada, e o filme etiquetado com informações sobre as
coordenadas geográficas e data de colocação e retirada do mesmo. As
câmeras foram vistoriadas quinzenalmente para reposição de filme e
substituição de baterias quando necessário.
Dependendo da incidência de luz solar no ponto de amostragem, as
câmeras foram programadas para operar durante as 24 horas do dia (períodos
noturno e diurno) ou somente no período da noite. Foi utilizado um intervalo de
5 minutos entre cada foto (Silveira, 2004) caso houvesse continuidade do
estímulo. Isto foi feito para evitar o esgotamento do filme devido à passagem
constante de um mesmo animal ou grupo de animais na frente da câmera. Os
equipamentos foram programados para registrar o dia e o horário do evento da
fotografia, permitindo identificar e descrever os padrões de atividade das
espécies. Para aumentar a eficiência da amostragem, foi utilizado atrativo
líquido artificial da marca Buck Bomb (http://www.buckbomb.com), o qual era
renovado durante as expedições quinzenais para vistoria dos equipamentos.
Para evitar uma super estimativa dos dados, somente foram
consideradas como independentes as fotos de uma espécie registradas várias
vezes pela mesma armadilha-fotográfica, desde que separadas no mesmo dia
por mais de uma hora, evitando-se registros acumulados de indivíduos
passando várias vezes na frente de uma mesma câmera (Silveira, 2004; Lima,
2007a; Srbek-Araújo & Chiarello, 2007).
19
3.2.2. Entrevistas Semi-Estruturadas
Durante o segundo período de amostragem, foram realizadas entrevistas
semi-estruturadas com funcionários e moradores do entorno das áreas
amostradas. Estas entrevistas consistiram de um roteiro pré-estabelecido de
perguntas, que possuía uma flexibilidade durante o momento da entrevista.
Este procedimento permite acrescentar perguntas de esclarecimentos sobre
um determinado assunto, o que pode levar a um aprofundamento temático
sobre as informações levantadas durante a coleta de dados (Laville & Dionne,
1999).
O método de entrevistas semi-estruturadas vem sendo amplamente
utilizado em estudos de mastofauna, principalmente na Amazônia (Lopes,
1993; Roosmalen & Roosmalen, 1997; RONDÔNIA, 2002; Messias, 2004,
2005), sendo considerado um bom método complementar, visto que,
geralmente, os moradores locais e caçadores conhecem bem as espécies de
mamíferos. Muitas espécies apresentam comportamento críptico e/ou baixa
densidade populacional, sendo esta natural ou causada por pressão de caça,
de modo que, freqüentemente, não são registradas durante o estudo.
O questionário utilizado no presente trabalho constava de um tópico
voltado para dados pessoais (nome, idade, sexo, tempo de residência ou
trabalho no local e nível de escolaridade) e um tópico para dados sobre a
mastofauna local, buscando-se identificar quais animais ocorrem na região,
quais são avistados, com que freqüência são avistados e se existe alguma
espécie que ocorria na área, e que atualmente não é mais observada (Anexo
20
1). Durante as entrevistas, foram utilizadas como auxilio, pranchas de livros
(Aurichio, 1995; Eisenberg & Redford, 1999; Emmons & Feer, 1997; Lima
Borges & Tomas, 2004; Oliveira & Cassaro, 2005; Reis et al., 2006; Carvalho
Júnior & Luz, 2008) e fotografias, para verificar se os entrevistados
reconheciam alguma espécie ocorrente na área.
3.2.3. Métodos Complementares de Amostragem
Além das amostragens através de armadilhas-fotográficas e entrevistas,
foram realizados levantamentos não sistemáticos para registro de mamíferos
de médio e grande porte nas áreas amostradas, tais como evidências diretas
(visualizações) e indiretas (vestígios - rastros, fezes, carcaças e pêlos – e
levantamento bibliográfico). Esses levantamentos foram realizados durante os
períodos de instalação, revisão e retirada das armadilhas-fotográficas, não
seguindo um protocolo padronizado. Os dados provenientes desses tipos de
registro foram utilizados apenas para as análises de composição da
mastofauna de médio e grande porte desta Unidade de Conservação.
3.3. Análise de Dados
3.3.1. Esforço de Amostragem
O esforço de amostragem para ambos os períodos foi definido como
[número de armadilhas-fotográficas X número de horas de amostragem], onde
21
cada par de equipamentos usados no primeiro período de amostragem foi
considerado uma unidade de amostragem. Isto se deve ao fato dos dois
equipamentos cobrirem a mesma área e apresentarem igual probabilidade de
captura dos espécimes a serem registrados em cada ponto (Srbek-Araujo &
Chiarello, 2007).
Para a contabilidade do esforço de amostragem, foi considerada a data
da última fotografia feita pelo equipamento, obtida quando da revelação do
filme, evitando-se super estimativas em caso de esgotamento de pilha/filme ou
dano do equipamento antes da revisão quinzenal deste.
3.3.2. Composição e Riqueza
Uma combinação de métodos diretos (armadilhas-fotográficas e
observação direta) e indiretos (vestígios, levantamento bibliográfico e
entrevistas com moradores locais) foi utilizada para elaborar as listas de
espécies de mamíferos de médio e grande porte do Parque. No entanto, para
análises de estimativa de riqueza, foram utilizados somente os dados
provenientes das armadilhas-fotográficas.
Foi construída uma curva de acumulação de espécies por meio de um
procedimento de rarefação (Santos, 2003) com 1000 aleatorizações. Para
estimativa de riqueza, foi utilizado o estimador não paramétrico Jackknife de
primeira ordem (Jack1) (Coddington et al., 1991; Colwell & Coddington, 1994;
Heltshe & Forrester, 1983). Esse método estima a riqueza total somando a
riqueza observada (número de espécies coletado) a um parâmetro calculado a
22
partir do número de espécies raras (aquelas que ocorreram em apenas uma
amostra). Essa técnica produz uma estimativa mais aproximada da riqueza de
espécies de uma comunidade (Krebs, 1999), fornecendo ainda um intervalo de
confiança que permite a realização de comparações estatísticas entre duas ou
mais regiões amostradas.
Também foram realizadas estimativas de riqueza para cada uma das
fitofisionomias amostradas utilizando o estimador não paramétrico Jackknife1
(Coddington et al. 1991; Colwell & Coddington 1994; Heltshe & Forrester 1983).
Para as análises de estimativas de riqueza foi usado o software EstimateS,
versão 8.0 (Colwell, 2006)
Para comparar a riqueza entre as cinco fitofisionomias amostradas, foi
feita uma ANOVA com nível de significância de 5% (Zar, 1999). Quando
detectada diferença entre as amostras, utilizou-se o teste a posteriori de Tukey
HSD (‘honest significant difference’) com nível de significância de 5% (Zar,
1999), a fim de indicar a origem de tal diferença. Todas as análises foram
conduzidas com o programa Systat 12.0.
A diversidade de espécies foi calculada para cada fitofisionomia através
do índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’), que assume que os
indivíduos são uma amostra aleatória de uma população "indefinidamente
grande" e que todos os indivíduos estão representados na amostra (Magurran,
1988). A dominância foi determinada pelo índice de dominância de Simpson
(D), reflete a probabilidade de dois indivíduos escolhidos ao acaso na
comunidade pertencerem à mesma espécie. Varia de 0 a 1 e quanto mais alto
for, maior a probabilidade de os indivíduos serem da mesma espécie, ou seja,
23
maior a dominância e menor a diversidade (Magurran, 1988). Para verificar a
homogeneidade, foi calculado o índice de Equitabilidade de Pielou (J’), o qual
varia de zero a um, onde valores próximos a um indicam a maior equitabilidade
das espécies, ou seja, as espécies apresentam abundâncias semelhantes.
Estes índices foram analisados com auxílio do pacote estatístico PAST
(Hammer et al., 2001).
3.3.3. Abundância Relativa
Para estimar a abundância relativa das espécies de mamíferos de médio
e grande porte, foram utilizados os registros obtidos pelas armadilhas-
fotográficas. Para esta análise, foi gerado um índice de abundância relativa, o
qual foi expresso como uma freqüência de ocorrência representada pela
freqüência f de registros da espécie i obtidos por 100 armadilhas-hora,
calculada como:
fi

sendo ni o número de registros da espécie i e N o total do esforço de
amostragem, que é o total de horas em que as câmeras ficaram efetivamente
expostas (adaptado de Wolff, 2001; Maffei et al., 2002; Silveira et al., 2003;
Silveira, 2004; Weckel et al., 2006).
24
Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados ao adotar esse índice,
pois as amostragens com armadilhas-fotográficas podem inflar os valores de
abundância relativa de algumas espécies (Silveira et al., 2003). Ao se
considerar esse índice, pode-se estar incorrendo em uma interpretação errônea
dos dados, pois se está assumindo que todos os equipamentos funcionaram
sem interrupções durante toda a amostragem, o que nem sempre acontece.
Por causas não previstas (defeito, esgotamento de pilhas/filme, etc.), um
equipamento pode parar de registrar antes mesmo de ser verificado para a
revisão de seu funcionamento. Buscando solucionar esse problema, para
calcular o esforço de amostragem foi considerada a data da última fotografia
feita pelo equipamento, obtida quando da revelação do filme, evitando-se super
estimativas em caso de esgotamento de pilha/filme ou dano do equipamento
antes da revisão quinzenal deste.
Para comparar a abundância entre as cinco fitofisionomias amostradas,
foi feita uma ANOVA com nível de significância de 5% (Zar, 1999). Quando
detectada diferença entre as amostras, utilizou-se o teste a posteriori de Tukey
HSD (‘honest significant difference’) com nível de significância de 5% (Zar,
1999), a fim de indicar a origem de tal diferença. A diferença de abundância
relativa entre os períodos de amostragem (seco e chuvoso) foi testada através
do Teste t de Student.
25
3.3.4. Uso do Hábitat
Utilização de hábitat é um dos aspectos mais importantes a serem
considerados no manejo de populações faunísticas, já que o hábitat provê
alimento e refúgio essenciais para a sobrevivência das espécies (White &
Garrot, 1991).
As armadilhas-fotográficas foram dispostas de acordo com a área de
ocupação de cada fitofisionomia no interior do Parque. Devido à diferença entre
o tamanho das áreas ocupadas pelas fitofisionomias, o número de armadilhas-
fotográficas diferiu entre as mesmas, ocasionando uma diferença entre o
esforço de amostragem em cada uma das fitofisionomias. Buscando minimizar
essa diferença no esforço de amostragem entre as fitofisionomias amostradas,
optou-se por utilizar o índice de abundância relativa das espécies para cada
tipologia vegetacional. Este índice corrige o esforço do método, uma vez que
gera uma taxa de encontro das espécies por hora de amostragem (expressa
em armadilhas-hora).
Para comparar o uso das diferentes fitofisionomias por parte dos
mamíferos de médio e grande porte, utilizou-se o teste não paramétrico de
Kruskal-Wallis (Zar, 1999; Underwood, 1997) ao nível de significância de 0,05,
o qual testou se a abundância relativa das espécies com mais de dez registros
variou entre as fitofisionomias.
Para analisar a similaridade na composição entre as cinco fitofisionomias
amostradas, foi realizada uma análise de agrupamento, a qual é uma técnica
hierárquica baseada no grau de similaridade entre as amostras. Foi utilizado o
26
programa MVSP, versão 3.11 (Kovach, 1999), onde a forma de agrupar foi
UPGMA (Unweighted Pair Group Method with Arithmatic Mean) com coeficiente
de similaridade de Jaccard (Moreno, 2001).
3.3.5. Padrão de Atividades
O estudo do padrão de atividades foi baseado nos registros dos horários
das fotografias obtidas pelo número de armadilhas-fotográficas (Maffei et al.,
2004, 2005; Jácomo et al., 2004; Silveira, 2004). Considerando que os registros
foram obtidos de forma aleatória, a análise destes dados acumulados permitiu
identificar e descrever padrões de atividade para a espécie.
Partindo do princípio de que a premissa básica na avaliação do período
de atividade das espécies é que as armadilhas estejam prontas para registrar
em qualquer horário do dia, as análises de padrão de atividade das espécies
foram realizadas de acordo com o período de funcionamento das armadilhas-
fotográficas, uma vez que várias unidades de amostragem (armadilhas/hora)
das armadilhas programadas para funcionar somente no período noturno não
existiram, quebrando a premissa básica desse tipo de análise.
Como mencionado anteriormente, dependendo da incidência de luz solar
no ponto de amostragem, as câmeras foram programadas para registrar fotos
nas 24 horas do dia ou somente no período da noite. Como a proporção de
armadilhas instaladas no modo noturno foi maior que no modo 24 horas, foram
realizadas duas análises, sendo uma com os dados provenientes das
armadilhas-fotográficas programadas para funcionar durante as 24 horas do dia
27
e uma com todos os dados noturnos (18:00-06:00h) de todas as armadilhas-
fotográficas. Para ambas as análises, os dados dos horários foram agrupados
em períodos de duas horas.
3.3.6. Análise de Composição Regional
Para comparar a composição da mastofauna de médio e grande porte
do Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba com as de outras áreas,
foram utilizadas dez listas de espécies, sendo nove de estudos realizados no
Cerrado e uma de um estudo realizado na Caatinga, a qual foi utilizada devido
à proximidade com a área de estudo. As listas de espécies das áreas de
Cerrado utilizadas nessa análise foram realizadas na Fazenda Nazareth, PI
(Cavalcante, 2004), Fazenda Bonito, PI (Lima, 2007b), PARNA de Sete
Cidades, PI (Miranda et al, 2005; Lima, 2007a), E.E. de Uruçuí-Una, PI (Zaher
et al, 2000; Lima, em preparação), E.E. Serra Geral do Tocantins, TO/BA
(Arruda & von Behr, 2002), Jalapão, TO (Lima et al., 2005), APA Cafuringa, DF
(Coelho & Palma, 2006), PARNA das Emas, GO (Rodrigues et al., 2002), E.E.
de Águas Emendadas, DF (Marinho-Filho et al., 1998) e PARNA Serra da
Canastra, MG (Schneider et al., 2000). A lista de espécies da área de Caatinga
foi feita no PARNA da Serra das Confusões, PI (Zaher et al, 2001).
A composição de espécies foi comparada por meio de uma análise de
agrupamento, utilizando o programa MVSP, versão 3.11 (Kovach, 1999), onde
a forma de agrupar foi UPGMA (Unweighted Pair Group Method with Arithmetic
Mean) e o coeficiente foi o de Jaccard.
28
4. Resultados
4.1. Esforço de amostragem
Para a coleta de dados por meio de armadilhas-fotográficas, foram
realizados dois períodos de amostragem. O primeiro foi realizado de dezembro
de 2007 a fevereiro de 2008, resultando em um esforço de amostragem de
23.448 armadilhas-hora para as armadilhas que funcionaram 24 horas-dia e
14.916 armadilhas-hora para as armadilhas que funcionaram apenas no
período noturno (12 horas-dia). O segundo período de amostragem foi
realizado de julho a setembro de 2008, tendo sido realizada apenas
amostragem noturna (12 horas-dia) resultando em um esforço de amostragem
de 23.208 armadilhas-hora.
As entrevistas foram realizadas durante o segundo período de
amostragem, com um total de 20 entrevistados. Dentre estes, 50% residem
e/ou trabalham no Parque a mais de 30 anos, 30% residem e/ou trabalham no
Parque entre 10 e 20 anos, e 20% residem e/ou trabalham no Parque menos
de 10 anos. Apesar do total de entrevistas realizadas ser inferior à média
utilizada em outros estudos que aplicam essa metodologia (Santos et al, 2008),
esse resultado representa a grande maioria das pessoas que utilizam e
conhecem o Parque ao ponto de fornecer informações confiáveis sobre a fauna
da área. Como a área de estudo é uma unidade de proteção integral, apesar de
ainda não totalmente implantada, poucas pessoas ainda residem em seu
interior. O restante, que não mora dentro do Parque mas que eventualmente o
29
usa, são vaqueiros e criadores de gado, os quais foram entrevistados em sua
quase totalidade.
4.2. Composição e Riqueza de espécies
Foram registradas 37 espécies de mamíferos de médio e grande porte
para o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, distribuídos em 14
famílias e sete ordens, sendo elas Pilosa (2 spp.), Cingulata (6 spp.), Primates
(3 spp.), Carnivora (15 spp.), Perissodactyla (1 spp.), Artiodactyla (5 spp.) e
Rodentia (5 spp.) (Tabela 01).
Com o uso de armadilhas-fotográficas, obteve-se 857 registros de
animais, sendo 310 de mamíferos silvestres de médio e grande porte. Através
dessa metodologia, foram registradas 17 espécies no primeiro período de
amostragem (período chuvoso), e acrescidas mais três no segundo período de
amostragem (período seco), totalizando 20 espécies distribuídas em 14
famílias e seis ordens (Anexo 2), as quais representam 54,05% do total de
espécies já registradas no Parque. Em relação à riqueza e composição de
espécies entre os períodos de amostragem, fotografou-se 17 espécies no
período chuvoso, das quais cinco foram registradas somente nessa época
(Dasypus novemcinctus, Cebus libidinosus, Puma yagouaroundi, Eira barbara e
Dasyprocta nigriclunis). Para a segunda amostragem (período seco),
fotografou-se 15 espécies, sendo Panthera onca, Blastocerus dichotomus e
Cuniculus paca registradas exclusivamente nesse período. Dentre todas as
espécies listadas para o Parque através das armadilhas-fotográficas, duas
30
pertencem à ordem Pilosa, uma à ordem Primates, 11 à ordem Carnivora, uma
à ordem Perissodactyla, três à ordem Artiodactyla e duas à ordem Rodentia
(Tabela 01).
Além das espécies de mamíferos silvestres de médio e grande porte,
também foram fotografadas três espécies de pequenos mamíferos (Didelphis
albiventris, Galea spixii e Cricetidae sp1), sete espécies de aves (Penelope
superciliaris, Tigrisoma lineatum, Cariama cristata, Gnorimopsar chopi,
Leptotila sp., Nictidromus albicollis e Crypturellus tataupa), além de animais
domésticos (cães, suínos, bovinos e eqüinos).
Por meio de avistamentos e vestígios (rastros, fezes e carcaças), foram
registradas 16 (43,24%) espécies. Destas, duas não foram registradas pelas
armadilhas-fotográficas, Callithrix jacchus (Primates) e Ozotocerus bezoarticus
(Artiodactyla), ambas observadas ocasionalmente.
34
Através das entrevistas com moradores da região, foram listados 15
táxons que não foram registrados pelas armadilhas-fotográficas, vestígios ou
avistamentos sendo duas da ordem Pilosa (Myrmecophaga tridactyla e
Tamandua tetradactyla), quatro da ordem Cingulata (Cabassous unicinctus,
Dasypus septemcinctus, Euphractus sexcinctus e Priodontes maximus), uma
da ordem Primates (Alouatta caraya), cinco da ordem Carnivora (Speothos
venaticus, Nasua nasua, Galictis sp. e Lontra longicaudis,), uma da ordem
Artiodactyla (Tayassu pecari) e três da ordem Rodentia (Kerodon rupestris,
Coendou prehensilis e Hydrochoerus hidrochaeris). Todas as espécies
registradas pelas demais metodologias aplicadas foram citadas durante as
entrevistas.
Um total de dez espécies (27,02%) encontram-se na lista nacional da
fauna brasileira ameaçada de extinção (MMA, 2003): Priodontes maximus,
Tolypeutes tricinctus, Myrmecophaga tridactyla, Chrysocyon brachyurus,
Speothos venaticus, Leopardus pardalis, Leopardus tigrinus, Panthera onca,
Puma concolor e Blastocerus dichotomus. Desse total, sete foram registradas
pelas armadilhas-fotográficas (Tolypeutes tricinctus, Chrysocyon brachyurus,
Leopardus pardalis, Leopardus tigrinus, Panthera onca, Puma concolor e
Blastocerus dichotomus). Três espécies encontram-se exclusivamente na lista
vermelha da IUCN (IUCN, 2008) sendo elas Tapirus terrestris, Tayassu pecari
e Ozotoceros bezoarticus (Tabela 1).
A curva de acumulação de espécies de mamíferos de médio e grande
porte do Parque tende a atingir uma assíntota, demonstrando a eficiência do
método de amostragem (Figura 6). Entretanto, o estimador de riqueza não-
35
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36
Dentre as fitofisionomias que exibem uma tendência à estabilização
da curva de acúmulo de espécies, as áreas de brejo apresentam uma riqueza
esperada de quatro (3,99) espécies, sendo registradas três espécies nesse
ambiente, e as áreas de cerradão apresentam uma riqueza esperada de 15
espécies, sendo registradas 13 espécies nesses ambientes. Já as
fitofisionomias cerrado sensu stricto, mata de galeria e carrasco, para as quais
a curva de acumulação de espécies ainda é crescente, apresentam uma
riqueza esperada de 23, nove e sete (6,98) espécies, sendo registradas 17,
sete e quatro espécies, respectivamente. Atribuindo a esses resultados um
intervalo de confiança (I.C.) de 95% (Colwell & Coddington, 1994), constatou-
se que as áreas de cerrado sensu stricto apresentaram uma riqueza de
espécies maior que as demais fitofisionomias (23 ± 4,80) (espécies estimadas
+ intervalo de confiança). Houve uma sobreposição entre os intervalos de
confiança das áreas de carrasco e brejo, indicando que o número de espécies
nestas fitofisionomias é semelhante (Figura 8).
37
Figura 7. Curva de acumulação de espécies (vermelha) e estimativa de riqueza pelo
estimador não-paramétrico Jackknife1 (preta) para cada fitofisionomia amostrada no
Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. As linhas pontilhadas em vermelho
representam os desvios padrão da riqueza observada (Sobs) e as linhas pontilhadas
em preto representam os desvios padrão da riqueza esperada (Jackknife1). (A) Brejo,
(B) Cerradão, (C) Cerrado sensu stricto, (D) Mata de Galeria e (E) Carrasco.
38
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
Riqueza de espécie estimada pelo procedimento jackknife
Brejo Carrasco Cerradão Cerrado SS Mata de Galeria
Figura 8. Riqueza estimada das espécies de mamíferos de médio e grande porte pelo
estimador não-paramétrico Jackknife1, nas fisionomias amostradas no Parque
Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. As barras representam o intervalo de
confiança de 95%.
A riqueza de espécies de mamíferos de médio e grande porte
apresentou diferença significativa (ANOVA; F
(2; 8)
= 3,674; p = 0,008) entre as
fisionomias amostradas no Parque. O teste de Tukey, realizado para detectar a
origem da diferença encontrada, mostrou que, só existe diferença entre as
áreas de cerrado sensu stricto e mata de galeria (p < 0,05), sendo as demais
similares (Figura 9, Tabela 2).
39
Figura 9. Riqueza de espécies de mamíferos de médio e grande porte nas fisionomias
amostradas no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba (ANOVA).
Tabela 2. Resultados do teste de Tukey para as riquezas de mamíferos de médio e
grande porte nas diferentes fisionomias amostradas no Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba.
Fitofisionomia Cerradão Mata de Galeria Carrasco Cerrado sensu stricto Brejo
Cerradão - - - - -
Mata de Galeria 0.193 - - - -
Carrasco 0.910 0.989 - - -
Cerrado sensu stricto 0.952 0.017* 0.716 - -
Brejo 0.411 1.000 0.979 0.163 -
*(p < 0,05)
40
As áreas de cerrado sensu stricto, cerradão e mata de galeria
apresentaram uma alta diversidade e uma baixa dominância, e
conseqüentemente uma elevada equitabilidade. Já as áreas de brejo e
carrasco apresentaram menores diversidades e equitabilidade que as demais
fitofisionomias, possuindo os maiores índices de dominância (Tabela 3).
Tabela 3. Índice de diversidade Shannon-Wiener (H’), Índice de dominância de
Simpson (D) e Índice de equitabilidade de Pielou (J’) da mastofauna de médio e
grande porte nas diferentes fisionomias amostradas no Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba.
Fitofisionomia
Diversidade (H’)
Dominância (D) Equitabilidade (J’)
Brejo 0.8018 0.540 0.7298
Carrasco 1.0030 0.482 0.7233
Cerradão 2.1050 0.171 0.8205
Cerrado sensu stricto 2.1780 0.153 0.7688
Mata de Galeria 1.8460 0.174 0.9488
4.3. Abundância Relativa
`
Para análise da abundância relativa da mastofauna de médio e grande
porte, estabeleceu-se um índice fotográfico, dividindo-se o número de registros
de cada espécie pelo esforço de amostragem. Devido à existência de
armadilhas programadas para funcionar 24 horas e armadilhas programadas
para funcionar somente no período noturno (12 horas), esse índice foi
calculado separadamente para cada tipo de amostragem. Posteriormente,
estes foram somados, estando os resultados apresentados na Tabela 4.
41
Tabela 4. Abundância relativa (n° de registros da espécie/100 armadilhas-hora) dos
mamíferos de médio e grande porte registrados pelas armadilhas-fotográficas
programadas para funcionar 24 horas/dia, período noturno (12 horas/dia), abundância
relativa total e número de registros (n) de cada espécie.
Espécies ameaçadas de
extinção: 1. MMA, 2003, 2. IUCN, 2008 e 3. Machado et al., 2008.
Táxon 24h Noite Total
CINGULATA
Dasypodidae
Dasypus novemcinctus
0.23 (4) 0 (0) 0.23 (4)
Tolypeutes tricinctus
1,2,3
0.06 (1) 1.76 (10) 1.82 (11)
PRIMATES
Cebidae
Cebus libidinosus
0.05 (1) 0 (0) 0.05 (1)
CARNIVORA
Canidae
Cerdocyon thous
0.19 (2) 11.52 (63) 11.71 (65)
Chrysocyon brachyurus
1,2,3
0.12 (2) 1.93 (9) 2.05 (11)
Lycalopex vetulus
0.51 (7) 7.12 (37) 7.63 (44)
Procyonidae
Procyon cancrivorus
0 (0) 1.06 (6) 1.06 (6)
Mephitidae
Conepatus semistriatus
0.12 (2) 3.54 (23) 3.66 (25)
Mustelidae
Eira barbara
0.12 (2) 0 (0) 0.12 (2)
Felidae
Leopardus pardalis
1,3
0.17 (3) 0.36 (2) 0.53 (5)
Leopardus tigrinus
1,2,3
0.12 (2) 2.76 (18) 2.88 (20)
Panthera onca
1,2,3
0 (0) 0.33 (1) 0.33 (1)
Puma concolor
1,3
0.24 (4) 1.73 (10) 1.97 (14)
Puma yagouaroundi
0.12 (2) 0 (0) 0.12 (2)
PERISSODACTYLA
Tapiridae
Tapirus terrestris
2
0.16 (2) 4.18 (18) 4.34 (20)
ARTIODACTYLA
Tayassuidae
Pecari tajacu
0.11 (2) 0.32 (2) 0.43 (4)
Cervidae
Blastocerus dichotomus
1,2,3
0 (0) 0.77 (3) 0.77 (3)
Mazama gouazoubira
1.07 (18) 5.64 (24) 6.71 (42)
RODENTIA
Caviidae
Cuniculus paca
0 (0) 0.9 (3) 0.9 (3)
Dasyprocta nigriclunis
1.53 (27) 0 (0) 1.53 (27)
42
A abundância de mamíferos de médio e grande porte apresentou uma
diferença significativa (ANOVA; F
(2; 79)
= 3,541; p = 0,01) entre as fitofisionomias
amostradas. Assim como observado para riqueza de espécies, essa diferença
encontra-se entre as áreas de cerrado sensu stricto e mata de galeria (p <
0,05), sendo as demais similares (Figura 10; Tabela 5).
Figura 10. Abundância de espécies de mamíferos de médio e grande porte nas
fisionomias amostradas no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba
(ANOVA).
Tabela 5. Resultados do teste de Tukey para a abundância de mamíferos de médio e
grande porte nas diferentes fisionomias amostradas no Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba.
Fitofisionomia Cerradão Mata de Galeria Carrasco Cerrado típico Brejo
Cerradão - - - - -
Mata de Galeria 0.11 - - - -
Carrasco 0.927 0.956 - - -
Cerrado sensu stricto 0.976 0.009* 0.784 - -
Brejo 0.67 0.996 0.998 0.401 -
* (p<0,05)
43
Das espécies registradas ao longo de todo o período de estudo, as
raposas C. thous e L. vetulus apresentaram o maior número de registros para o
Parque, com índices de abundância de 11,71 e 7,63 respectivamente, seguidas
por M. gouazoubira (6,71), T. terrestris (4,34) e C. semistriatus (3,66). As
espécies P. yagouaroundi, E. barbara e C. libidinosus foram as espécies
menos abundantes, com índices de 0,12 para as duas primeiras espécies e
0,05 para a terceira espécie (Tabela 4).
Das espécies registradas pelas armadilhas programadas para funcionar
durante o período de 24 horas/dia, a cutia D. nigriclunis (1,53) foi a espécie
mais abundante, seguida pelo veado catingueiro M. goauzoubira (1,07) (Tabela
4). Cinco espécies foram registradas exclusivamente por essas armadilhas (D.
novemcinctus, C. libidinosus, E. barbara, P. yagouaroundi e D. nigriclunis), das
quais duas apresentaram registros apenas no intervalo de 6 – 18 horas, sendo
elas C. libidinosus e P. yagouaroundi.
Para as armadilhas programadas para funcionar somente no período
noturno (12 horas-dia), as espécies que apresentaram o maior índice de
abundância foram as raposas C. thous (11,52) e L. vetulus (7,63) (Tabela 4).
Dentre as espécies catalogadas, quatro foram registradas exclusivamente por
essas armadilhas, sendo elas P. cancrivorus, P. onca, B. dichotomus e C.
paca.
Considerando o total de registros, não houve diferença significativa na
abundância das espécies entre os períodos de amostragem (Chuvoso e Seco).
(t=0,93, gl= 82, p=0.355). Os valores dos índices de abundância e a quantidade
44
de registros das espécies realizados através das armadilhas-fotográficas em
ambos os períodos são encontrados na tabela 6.
Tabela 6. Abundância relativa (n° de registros da espécie/100 armadilhas-hora) e
número de registros (n) dos mamíferos de médio e grande porte registrados pelas
armadilhas-fotográficas em ambos os períodos de amostragem (chuvoso e seco) no
Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. Espécies ameaçadas de extinção: 1.
MMA, 2003 , 2. IUCN, 2008 e 3. Machado et al., 2008
Táxon
Primeira
amostragem
Segunda
amostragem Total
CINGULATA
Dasypodidae
Dasypus novemcinctus
0.23 (4) 0 (0) 0.23 (4)
Tolypeutes tricinctus
1,2,3
0.63 (5) 1.19 (6) 1.82 (11)
PRIMATES
Cebidae
Cebus libidinosus
0.05 (1) 0 (0) 0.05 (1)
CARNIVORA
Canidae
Cerdocyon thous
2.54 (14) 9.17 (51) 11.71 (65)
Chrysocyon brachyurus
1,2,3
0.93 (4) 1.12 (7) 2.05 (11)
Lycalopex vetulus
2.27 (21) 5.36 (23) 7.63 (44)
Procyonidae
Procyon cancrivorus
0.15 (1) 0.91 (5) 1.06 (6)
Mephitidae
Conepatus semistriatus
2.14 (18) 1.52 (7) 3.66 (25)
Mustelidae
Eira barbara
0.12 (2) 0 (0) 0.12 (2)
Felidae
Leopardus pardalis
1,3
0.17 (3) 0.36 (2) 0.53 (5)
Leopardus tigrinus
1,2,3
0.63 (6) 2.25 (14) 2.88 (20)
Panthera onca
1,2,3
0 (0) 0.33 (1) 0.33 (1)
Puma concolor
1,3
0.8 (8) 1.17 (6) 1.97 (14)
Puma yagouaroundi
0.12 (2) 0 (0) 0.12 (2)
PERISSODACTYLA
Tapiridae
Tapirus terrestris
2
0.75 (6) 3.59 (14) 4.34 (20)
ARTIODACTYLA
Tayassuidae
Pecari tajacu
0.26 (3) 0.17 (1) 0.17 (4)
Cervidae
Blastocerus dichotomus
1,2,3
0 (0) 0.77 (3) 0.77 (3)
45
Táxon
Primeira
amostragem
Segunda
amostragem Total
Mazama gouazoubira
2.68 (30) 4.03 (12) 6.71 (42)
RODENTIA
Caviidae
Cuniculus paca
0 (0) 0.09 (3) 0.09 (3)
Dasyprocta nigriclunis
1.53 (27) 0 (0) 1.53 (27)
Das espécies registradas pelas armadilhas-fotográficas durante a
primeira amostragem (período chuvoso), M. gouazoubira foi a mais abundante
(2,68), seguida pelas raposas C. thous (2,54) e L. vetulus (2,27). Nesse mesmo
período, C. libidinosus, E. barbara e P. yagouaroundi foram as espécies menos
abundantes, com índices de 0,05 para a primeira e 0,12 para as demais
(Tabela 6).
No segundo período de amostragem (período seco), as raposas C.
thous (9,17) e L. vetulus (5,36) foram as espécies mais abundantes, seguidas
por M. gouazoubira (4,03) e T. terrestris (3,59), enquanto que P. tajacu (0,17),
P. onca (0,33) e L. pardalis (0,36) foram as espécies menos abundantes
(Tabela 6).
4.4. Uso do hábitat
Das 20 espécies de mamíferos de médio e grande porte catalogadas no
Parque pelas armadilhas fotográficas, três (15%) foram registradas em áreas
de brejo, quatro (20%) em área de carrasco, sete (35%) em área de mata de
galeria, 13 (65%) em área de cerradão e 17 (85%) em área de cerrado sensu
stricto (Figura 11). Na Tabela 7, estão descritas a freqüência de ocorrência
46
das espécies e o número de registros fotográficos de cada espécie por
fitofisionomia.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Cerradosensu
stricto
Cerradão MatadeGaleria Carrasco
deespécies
Fitofisionomias
Brejo
Figura 9. Número de espécies de mamíferos de médio e grande porteregistradas nas
fisionomias amostradas no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.
Tabela 7. Abundância relativa (número de registros da espécie /100 armadilhas-hora)
e o número de registros (n) das espécies de mamíferos de médio e grande porte
registrados pelas armadilhas-fotográficas em cada fisionomia amostrada. Espécies
ameaçadas de extinção: 1. MMA, 2003, 2. IUCN, 2008 e 3. Machado et al., 2008.
Táxon Brejo Carrasco Cerradão
Cerrado Sensu
stricto
Mata de
Galeria
CINGULATA
Dasypodidae
Dasypus novemcinctus
0 (0) 0.022 (1) 0.006 (1) 0.003 (2) 0 (0)
Tolypeutes tricinctus
1,2,3
0 (0) 0 (0) 0 (0) 0.019 (11) 0 (0)
PRIMATES
Cebidae
Cebus libidinosus
0 (0) 0 (0) 0 (0) 0.002 (1) 0 (0)
CARNIVORA
Canidae
47
Táxon Brejo Carrasco Cerradão
Cerrado Sensu
stricto
Mata de
Galeria
Cerdocyon thous
0 (0) 0 (0) 0.038 (6) 0.098 (58) 0 (0)
Chrysocyon brachyurus
1,2,3
0.026 (1) 0 (0) 0.013 (2) 0.013 (8) 0 (0)
Lycalopex vetulus
0 (0) 0 (0) 0.025 (4) 0.067 (40) 0 (0)
Procyonidae
Procyon cancrivorus
0 (0) 0 (0) 0.006 (1) 0.008 (5) 0 (0)
Mephitidae
Conepatus semistriatus
0 (0) 0 (0) 0.013 (2) 0.039 (23) 0 (0)
Mustelidae
Eira barbara
0 (0) 0.022 (1) 0 (0) 0 (0) 0.011 (1)
Felidae
Leopardus pardalis
1,3
0 (0) 0 (0) 0.013 (2) 0.002 (1) 0.023 (2)
Leopardus tigrinus
1,2,3
0 (0) 0 (0) 0.019 (3) 0.029 (17) 0 (0)
Panthera oncaI
1,2,3
0 (0) 0 (0) 0 (0) 0.002 (1) 0 (0)
Puma concolor
1,3
0 (0) 0 (0) 0.025 (4) 0.015 (9) 0.011 (1)
Puma yagouaroundi
0 (0) 0 (0) 0 (0) 0.002 (1) 0.011 (1)
PERISSODACTYLA
Tapiridae
Tapirus terrestris
2
0.181 (7) 0.022 (4) 0 (0) 0.008 (7) 0.023 (2)
ARTIODACTYLA
Tayassuidae
Pecari tajacu
0 (0) 0 (0) 0.019 (3) 0.002 (1) 0 (0)
Cervidae
Blastocerus dichotomus
1,2,3
0.052 (2) 0 (0) 0 (0) 0.002 (1) 0 (0)
Mazama gouazoubira
0 (0) 0.022 (1) 0.114 (18) 0.039 (23) 0 (0)
RODENTIA
Caviidae
Cuniculus paca
0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0.034 (3)
Dasyprocta nigriclunis
0 (0) 0.133 (6) 0.127 (20) 0 (0) 0.011 (1)
Três espécies foram registradas exclusivamente no cerrado sensu stricto
pelas armadilhas-fotográficas: C. libidinosus, T. tricinctus e P. onca. Entretanto,
tanto C. libidinosus como P. onca foram registrados em mata de galeria, por
meio de encontro ocasional e vestígios (rastros) respectivamente. A espécie C.
paca foi registrada somente em área de mata de galeria por todos os métodos
de amostragem. Nenhum dos táxons foi registrado para todos os tipos
fitofisionômicos amostrados durante esse estudo, ocupando, no máximo, até
48
três fitofisionomias, exceto a espécie Tapirus terrestris, que foi a única
registrada para quatro fitofisionomias.
O tatu-galinha, D. novemcinctus, foi registrado em três das fisionomias
amostradas, sendo elas carrasco, cerradão e cerrado sensu stricto ocorrendo
com maior freqüência em áreas de carrasco (0,022) (Tabela 7).
As raposas C. thous e L. vetulus foram registradas apenas em duas
fisionomias pelas armadilhas-fotográficas: cerrado sensu stricto e cerradão. O
teste de Kruskal-Wallis indicou que a espécie C. thous utiliza de maneira
diferente (H
(4,53)
= 11,771; p < 0,05) as fitofisionomias amostradas (Figura 12A),
enquanto que L. vetulus não apresenta diferença significativa (H
(4,53)
= 7,821; p
= 0,098) quanto ao uso das fitofisionomias amostradas (Figura 12B). Já a
espécie C. brachyurus foi registrada em três das fitofisionomias amostradas
pelas armadilhas-fotográficas: brejo, cerradão e cerrado sensu stricto, também
não apresentando diferença significativa (H
(4,53)
= 2,842; p = 0,585) quanto ao
uso das fitofisionomias amostradas (Figura 12C). Essa espécie também foi
freqüentemente registrada em áreas de cerrado sensu stricto por meio de
vestígios (rastros e odor característico de sua urina).
49
A B
C
Figura 10. Número de registros de Cerdocyon thous (A), Lycalopex vetulus (B) e
Chrysocyon brachyururs (C) nas fitofisionomia amostrada no Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba. Os quadrados indicam a mediana, os boxes os quartis de
25% e 75% e as barras os valores máximos.
Em relação aos felinos, P. concolor e L. pardalis foram registrados em
áreas de cerradão, cerrado sensu stricto e mata de galeria. Embora a espécie
P. concolor apresente aparentemente uma maior tendência em ocupar áreas
50
de cerradão (0,025), o teste de Kruskal Wallis mostrou que não existe diferença
significativa (H
(4,53)
= 2,980; p = 0,561) no uso das fitofisionomias amostradas
(Figura 13A). A espécie P. yagouaroundi foi registrada em áreas de cerrado
sensu stricto e mata de galeria, ocorrendo com maior freqüência (0,011) na
segunda fisionomia (Tabela 7). Já a espécie L. tigrinus foi registrada em
cerrado sensu stricto e cerradão, não havendo diferença significativa (H
(4,53)
=
6,008; p = 0,198) no uso das fitofisionomias amostradas (Figura 13B).
A B
Figura 11. Número de registros de Puma concolor (A) e Leopardus tigrinus (B) nas
fitofisionomias amostradas no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. Os
quadrados indicam a mediana, os boxes os quartis de 25% e 75% e as barras os
valores máximos.
As espécies P. cancrivorus e C. semistriatus foram registradas tanto em
cerrado sensu stricto como em cerradão. A primeira não apresentou diferenças
no uso das fisionomias, uma vez que a freqüência de ocorrência entre estas é
bem próxima, enquanto C. semistriatus não apresentou diferença significativa
51
(H
(4,53)
= 5,197; p = 0,268) entre as fitofisionomias (Figura 14A). Já a espécie E.
barbara foi registrada em áreas de carrasco e mata de galeria, apresentando
maior abundância relativa (0,022) em áreas de carrasco (Tabela 7).
Dentre os cervídeos, M. gouazoubira foi registrado por meio das
armadilhas-fotográficas em áreas de carrasco, cerrado sensu stricto e
cerradão, apresentando diferença significativa (H
(4,53)
= 10,012; p <0,05) quanto
ao uso das fitofisionomias amostradas (Figura 14B). Já a espécie B.
dichotomus foi registrada em áreas de brejo e cerrado sensu stricto, ocorrendo
com maior freqüência (0,052) na primeira fisionomia (Tabela 7).
A B
Figure 12. Número de registros de Conepatus semistriatus (A) e Mazama gouazoubira
(B) nas fitofisionomias amostradas no Parque Nacional das Nascentes do Rio
Parnaíba. Os quadrados indicam a mediana, os boxes os quartis de 25% e 75% e as
barras os valores máximos.
Das espécies de taiassuídeos registradas no Parque, apenas P. tajacu
foi registrado pelas armadilhas-fotográficas. Esta espécie foi registrada em
52
áreas de cerradão e cerrado sensu stricto demonstrando maior afinidade
(0,019) com a primeira fitofisionomia (Tabela 7).
A espécie T. terrestris não foi registrada apenas nas áreas de carrasco,
não apresentando diferença significativa (H
(4,53)
= 1,495; p = 0,828) quanto ao
uso das fitofisionomias (Figura 15A). Para as áreas de brejo, essa espécie foi a
que apresentou maior abundância relativa (0,181). D. nigriclunis foi registrada
em áreas de carrasco, cerradão e mata de galeria, também não apresentando
diferença significativa (H
(4,53)
= 8,601; p = 0,072) quanto às fisionomias
amostradas (Figura 15B).
A B
Figure 13. Número de registros de Tapirus terrestris (A) e Dasyprocta nigriclunis (B)
nas fitofisionomias amostradas no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.
Os quadrados indicam a mediana, os boxes os quartis de 25% e 75% e as barras os
valores máximos.
53
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54
06:59h e 17:00–17:59h, além de uma ausência total de atividade entre as
18:00h e 05:00h (Figura 17A).
A raposinha, L. vetulus, apresentou um padrão de atividade
predominantemente noturno, com ausência quase total de atividade durante o
dia. Observou-se pico de atividade no intervalo de 20:00-21:59h (Figura 17B).
Dos demais canídeos registrados pelas armadilhas-fotográficas programadas
para funcionar no período 24 horas, a raposa C. thous apresentou apenas dois
registros, ambos no intervalo de 20:00-20:59h, e o lobo-guará, C. brachyurus,
também apresentou somente dois registros, ambos no intervalo de 00:00-
00:59h.
Dentre os demais carnívoros registrados pelas armadilhas programadas
para funcionar 24 horas-dia, C. semistriatus apresentou três registros, todos no
período noturno, sendo um no intervalo de 22:00-22:59h e dois no intervalo de
02:00-02:59h. A espécie E. barbara foi registrada somente por esse tipo de
armadilha no presente trabalho, apresentando somente dois registros, um no
período diurno (13:00-13:59h) e um no perído noturno (03:00-03:59h).
Entre os felinos, a jaguatirica L. pardalis foi registrada três vezes, nos
períodos de 21:00-21:59h, 22:00-22:59h e 23:00-23:59h, respectivamente. O
gato-do-mato-pequeno L. tigrinus foi registrado duas vezes, nos intervalos de
19:00-19:59h e 02:00-02:59h. As espécies P. yagouaroundi e P. concolor foram
fotografadas somente no período diurno. A primeira obteve somente dois
registros, ambos no intervalo de 07:00-07:59h, e a segunda foi registrada
quatro vezes, em intervalos diferentes (07:00-07:59h, 09:00-09:59h, 15:00-
15:59 e 16:00-16:59h).
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56
4.5.2. Padrão de atividade no período noturno (12 horas)
Para análise dos dados coletados somente no período noturno, foram
considerados todos os registros no intervalo entre 18:00h e 05:59h de todas as
armadilhas-fotográficas, independente se elas estavam programadas para
funcionar 24 horas-dia (dia e noite) ou 12 horas-dia.
O tatu-bola T. tricinctus aprensentou picos de atividade nos intervalos de
22:00-23:59h e 02:00h-03:59h, demonstrando ausência de atividade entre
18:00h e 22:00h (Figura 18A). O tatu-galinha D. novemcinctus foi registrado
quatro vezes, havendo um registro em cada um dos intervalos de 20:00-
20:59h, 21:00-21:59h, 22:00-22:59h e 23:00-23:59h.
Dentre os canídeos, a raposa, C. thous, mostrou-se ativa durante todo o
período noturno, com picos de atividade entre 20:00h e 00:00h (Figura 18B). A
raposinha, L. vetulus, também se mostrou ativa durante todo o período noturno,
apresentando picos de atividade no intervalo de 18:00-19:59h (Figura 18C). Já
o lobo-guará, C. brachyurus, demonstrou ausência de atividade em alguns
intervalos do período noturno, apresentando picos de atividade nos intervalos
de 22:00-23:59h e 02:00-03:59h (Figura 18D).
Os felinos L. tigrinus e P. concolor mostraram-se ativos durante quase
todo o período noturno. O primeiro apresentou pico de atividade no intervalo
entre 02:00h e 05:59h (Figura 18E), enquanto o segundo apresentou pico de
atividade no intervalo de 18:00-19:59h (Figura 18F). A jaguatirica L. pardalis foi
registrada cinco vezes pelas armadilhas-fotográficas, das quais quatro foram
entre 21:00h e 23:59h e uma no intervalo de 02:00-02:59h. A onça-pintada P.
57
onca foi registrada apenas uma vez pelas armadilhas-fotográficas, no intervalo
de 04:00-04:59h, e o gato-mourisco P. yagouaroundi não obteve nenhum
registro no período noturno.
O cangambá, C. semistriatus, foi registrado em quase todos os
intervalos do período noturno, apresentado maior atividade entre 22:00h e
02:00h (Figura 18G). O guaxinim P. cancrivorus, apesar de não possuir
registros suficientes para análise de padrão de atividade (> 10 registros), foi
registrado seis vezes pelas armadilhas-fotográficas, todas em intervalos
diferentes do período noturno, distribuídos entre 19:00h e 05:59h, indicando
que a espécie encontra-se ativa durante grande parte do período noturno.
Dentre os artiodáctilos, o veado-catingueiro, M. gouazoubira, apresentou
atividade durante quase todo o período noturno. Entretanto, foi observado
claramente um pico de atividade desta espécie no intervalo de 18:00-19:59h
(Figura 18H). A suçuapara ou cervo-do-pantanal (B. dicothomus) foi registrada
três vezes pelas armadilhas-fotográficas, nos intervalos de 01:00-01:59h,
03:00-03:59h e 05:00-05:59h. Dentre os taiassuídeos, o caititu P. tajacu foi
registrado quatro vezes, sendo duas no intervalo de 18:00-18:59h, uma entre
20:00-20:59h e uma entre 05:00-05:59h.
A anta, T. terrestris, mostrou-se ativa durante grande parte do período
noturno, com picos de atividade nos intervalos de. 22:00-23:59h e 02:00-03:59h
(Figura 19).
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Figure 17. Padrão de atividade da espécie Tapirus terrestris pelas armadilhas-
fotográficas programadas para funcionar no período noturno (12 horas) no Parque
Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.
4.6. Análise de composição regional
A análise de similaridade entre a composição das espécies, envolvendo
o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, outros estudos realizados
no Estado do Piauí (Zaher et al., 2000, 2001; Cavalcanti, 2004; Miranda et al.,
2005; Lima, 2007a e 2007b; Lima, em preparação) e outras áreas do Bioma
Cerrado (Marinho-Filho et al, 1998; Schneider et al., 2000; Arruda & von Behr,
2002; Rodrigues et al., 2002; Lima et al, 2005; Coelho & Palma, 2006),
demonstrou haver dois agrupamentos destas áreas com relação às
comunidades de mamíferos de médio e grande porte (Figura 25). O primeiro
grupo (A) é formado pela Fazenda Bonito, PARNA de Sete Cidades e Fazenda
Nazareth (j = 41,9%), os quais estão localizados no norte do Estado do Piauí.
60
O segundo grupo (B) é formado por dois subgrupos: (C) PARNA da Serra da
Canastra e E. E. de Águas Emendadas (j = 60,6%) e (D) E.E. da Serra Geral
do Tocantins, Jalapão, PARNA das Emas, APA Cafuringa, PARNA da Serra
das Confusões, PARNA das Nascentes do Rio Parnaíba e E.E. de Uruçuí-Una
(j = 58,9%). Dentro do subgrupo (D), o PARNA das Nascentes do Rio Parnaíba
agrupou-se com o PARNA da Serra das Confusões e com a E.E. de Uruçuí-
Una (j = 69%), sendo os três unidades de conservação localizadas no sul do
estado Estado do Piauí.
Figura 18. Análise de similaridade da mastofauna de médio e grande porte do Parque
Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba com outras áreas do Cerrado e da Caatinga.
61
5. Discussão
5.1. Esforço de amostragem
Dentre os estudos envolvendo vertebrados neotropicais, os trabalhos
sobre mamíferos talvez sejam os que apresentem os maiores desafios para
serem executados devido aos hábitos e comportamentos inconspícuos dessas
espécies. Essa característica peculiar da mastofauna demanda a aplicação de
uma variedade de métodos de coleta de dados que possuem graus variados de
eficiência e praticidade em sua aplicação. Para estudos de levantamento e
monitoramento da mastofauna de médio e grande porte, os métodos mais
empregados usualmente são os de censo de rastros, censos visuais, e mais
recentemente, armadilhas-fotográficas (Tozetti, 2002; Trolle, 2003a, 2003b;
Pimenta, 2005). O método de censo de rastros impressos em substratos como
lama, areia ou neve, é provavelmente o método mais antigo de identificar a
presença desses animais em uma área (Bider, 1968). Apesar de ser uma das
metodologias mais eficientes para detectar riqueza de espécies e abundância
relativa, e geralmente envolver baixos custos, esse método possui algumas
limitações como a necessidade de um observador treinado, dependência de
boas condições climáticas e de um substrato que permita uma fácil impressão
das pegadas (Silveira et al., 2003).
O método de censos por observações diretas é amplamente utilizado
para estudos com mastofauna. Entretanto, dentre os métodos utilizados para
esse tipo de estudo, este provavelmente é o que possui as maiores limitações.
62
Além de depender de condições climáticas favoráveis no campo e
pesquisadores bem treinados e experientes, também é uma metodologia
tendenciosa para espécies diurnas, uma vez que a visualização de espécies
noturnas, de hábitos crípticos e baixas densidades como a maioria carnívoros é
muito rara (Pardini et al., 2003; Silveira et al.,2003).
Desde o início da década de 1980, as armadilhas-fotográficas têm se
mostrado uma ferramenta eficiente e dinâmica no estudo da mastofauna
terrestre, principalmente no caso de estudos de grandes predadores e outras
espécies de hábitos crípticos (Karanth & Nichols 1998; Wolff, 2001; Silveira et
al. 2003; Trolle 2003a, 2003b; Silveira, 2004; Silver et al., 2004; Gonzáles-
Esteban et al., 2004; Maffei et al., 2004; Silver, 2005; Soisalo & Cavalcanti,
2006; Spalton et al., 2006, Tobler et al.,2008). Por possibilitar estudos sobre
distribuição, riqueza, padrões de atividades, abundância relativa e densidade
de espécies (Griffths e van-Schaik, 1993; Canale et al., 2004; Carbone et al.,
2001), essa metodologia é eficientemente aplicada em estudos populacionais
com carnívoros (Trolle & Kéry, 2003; Wallace et al., 2003; Maffei et al., 2004;
Silveira, 2004; Silver et al., 2004; Soisalo & Cavalcanti, 2006; Trolle et al.,
2007a; Maffei & Noss, 2007) e levantamentos populacionais de mamíferos de
médio e grande porte (Maffei et al., 2002; Trolle, 2003a, 2003b; Trolle et al.,
2007b; Srbek-Araújo & Chiarello, 2005).
Apesar de envolver altos custos devido o valor de mercado dos
equipamentos, essa metodologia tem se mostrado a mais eficiente para
estudos da mastofauna de médio e grande porte. Além de ser um método de
coleta não-invasivo, causando assim pouca interferência no ambiente, permite
63
também que grandes áreas sejam monitoradas ao mesmo tempo por um
pequeno número de pesquisadores (Silveira et al.,2003; Silveira, 2004; Astete,
2008). Também tem a vantagem de registrar espécies de hábitos crípticos e
noturnos, permitindo sua identificação com acurácia, o que muitas vezes não é
possível com as demais metodologias, possibilitando avaliar a idade, sexo,
estrutura populacional e os padrões de atividade dessas espécies (Silveira et
al., 2003; Lima, 2007a; Astete, 2008). Uma limitação desse método, a qual
também se aplica à metodologia de censo de rastros, se refere ao registro de
espécies de mamíferos arborícolas e escansoriais, as quais respectivamente,
não descem ao solo, ou fazem isso ocasionalmente. Sendo assim, uma
estimativa realizada através desses métodos claramente iria subestimar a
abundância populacional de espécies com estes hábitos de locomoção em
comparação com espécies cursoriais.
Comparando os estudos já realizados, utilizando a metodologia de
armadilhas-fotográficas, observa-se uma variação no número de espécies
registradas. Provavelmente essas diferenças estejam relacionadas a diferenças
ecológicas entre as áreas de estudo e diferenças de esforços de amostragem
empregados (Freitas, 2005), além do uso de outras metodologias (censos de
rastros e/ou censos visuais) em conjunto com as armadilhas-fotográficas,
possibilitando a detecção de espécies com características ecológicas muito
específicas, como espécies arborícolas e espécies ligadas a corpos d’água.
Em estudo realizado no Pantanal, Trolle (2003b) registrou 30 espécies de
mamíferos, sendo 16 registrados por meio das armadilhas-fotográficas
aplicando um esforço de 10.800 câmeras-hora. Astete (2008), em estudo
64
localizado no PARNA da Serra da Capivara e PARNA da Serra das Confusões,
ambas localizadas Bioma Caatinga, registrou 17 espécies de mamíferos, sendo
apenas uma de pequeno porte, aplicando um esforço de 111.600 câmeras-
hora. Em áreas de floresta, onde é esperada uma maior riqueza de espécies de
mamíferos, Tobler et al. (2008) realizou estudos no sudeste da Amazônia
Peruana nos anos de 2005 e 2006, registrando 21 espécies (34.560 câmeras-
hora) e 27 espécies (56.160 câmeras-hora), respectivamente. Já em áreas de
Mata Atlântica, Srbeck-Araújo e Chiarello (2005) e Nunes (2004), registraram
21 espécies (44.376 câmeras-hora) e 29 espécies, sendo sete por meio de
armadilhas-fotográficas (2.760 câmeras-hora), respectivamente. Em uma área
de Cerrado no sudeste de São Paulo, Hülle (2006) registrou 13 espécies,
sendo 10 registradas por meio de armadilhas-fotográficas aplicando um esforço
de amostragem de aproximadamente 16.000 câmeras-hora. Também em área
de Cerrado, Santos-Filho e Silva (2002) registraram 17 espécies de mamíferos
com um esforço de amostragem de 13.440 câmeras-hora. No PARNA das
Emas, Silveira et al. (2003) registrou 28 espécies de mamíferos de médio e
grande porte, sendo 17 por meio de armadilhas-fotográficas aplicando um
esforço de amostragem de 24.840 câmeras-hora. Lima (2007), no PARNA de
Sete Cidades, registrou 14 espécies de mamíferos de médio e grande porte
(10.080 câmeras-hora). Em um estudo realizado no PARNA Grande Sertão
Veredas, aplicando um esforço de amostragem de 96.467 câmeras-hora,
Freitas (2005) registrou 24 espécies de mamíferos de médio e grande porte. De
modo geral, o presente estudo apresenta a segunda maior riqueza dentre os
trabalhos realizados no Bioma Cerrado, sendo superado apenas por Freitas
65
(2005), o que provavelmente se deve ao maior esforço de amostragem
empregado, estando próximo dos estudos realizados em áreas de floresta,
embora a riqueza esperada para essas áreas seja mais elevada.
Um fato importante a ser analisado é a escolha do equipamento utilizado
durante o estudo. Durante o período de amostragem, as armadilhas-
fotográficas apresentaram problemas com falsos disparos ocasionados pela
elevada temperatura, havendo a necessidade de programá-las para funcionar
somente no período noturno. Segundo Santos-Filho & Silva (2002) o calor
produzido pelos raios solares ativa o sensor infravermelho, ocasionando o
disparo constante da máquina, de modo que, quando a temperatura do
ambiente está muito elevada, há uma maior dificuldade de diferenciar a
temperatura do corpo do animal da temperatura ambiental. Esse problema
também foi observado por Trolle & Kéry (2003) e Lima (2007) durante estudos
realizados em áreas de Cerrado. Desse modo, deve-se ter cautela ao escolher
as características técnicas do equipamento a ser utilizado, principalmente em
áreas mais abertas e com temperaturas mais elevadas, como é o caso dos
biomas Cerrado e Caatinga, pois muitos dos equipamentos fabricados fora do
Brasil não são configurados para funcionar a elevadas temperaturas,
ocasionando problemas (falsos disparos) durante as amostragens.
5.2. Composição e riqueza de espécies
O Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba possui uma das
mais ricas faunas de mamíferos de médio e grande porte do Cerrado (37
66
espécies). Dentre os trabalhos já realizados no Bioma em áreas do Brasil-
Central e Cerrados do Nordeste, envolvendo a mastofauna de médio e grande
porte, observa-se uma amplitude de 11 a 37 espécies de mamíferos (Schneider
et al., 2000; Zaher et al, 2000, 2001; Rodrigues et al., 2002; Lima et al, 2005;
Lima, 2007a, 2007b). Quando se compara a riqueza do PARNA das Nascentes
do Rio Parnaíba com localidades já inventariadas no sul do Piauí, como o
PARNA da Serra das Confusões (21 espécies; Zaher et al., 2001) e Estação
Ecológica de Uruçuí-Una (37 espécies; Lima, em desenvolvimento) e norte do
Tocantins, como a região do Jalapão (36 espécies; Lima et al., 2005), verifica-
se que o número de espécies registradas na área de estudo está dentro do
esperado para essa região biogeográfica.
O Cerrado possui 194 espécies de mamíferos, das quais 51 (26,3%) são
de médio e grande porte (Marinho-Filho et al., 2002). Deste total, 37 (72,5%)
estão presentes no PARNA das Nascentes do Rio Parnaíba, destacando-se
algumas espécies raras no Bioma como o cervo-do-pantanal (B. dichotomus), o
tatu-canastra (Priodontes maximus), a onça-pintada (P. onca) e o cachorro-do-
mato-vinagre (Speothos venaticus).
A grande maioria das espécies esperadas para a região foi registrada no
presente trabalho. Embora as espécies Mazama americana e Pteronura
brasiliensis tenham sido citadas durante as entrevistas, optou-se por não incluí-
las na lista de espécies, uma vez que poucos entrevistados confirmaram suas
presenças e as mesmas não foram registradas por nenhuma das outras
metodologias aplicadas no presente trabalho. A espécie Potos flavus, apesar
de ter sua ocorrência esperada para o Cerrado (Marinho-Filho et al., 2002) e ter
67
sido registrada para o Estado na Estação Ecológica de Uruçuí-Una (Zaher et
al., 2000), também não teve sua presença confirmada para o Parque por
nenhuma das metodologias utilizadas. Para o gênero Galictis, duas espécies
são esperadas para o Cerrado, sendo elas G. cuja e G. vitatta. Entretanto, a
distribuição dessas duas espécies no território brasileiro ainda não é muito bem
conhecida (Lima, 2007a). Devido à distinção entre as duas espécies ser
complicada e à falta de estudos para concluir a questão, optou-se por utilizar
no presente estudo Galictis sp.
Segundo Marinho-Filho et al. (2002), existem 19 espécies de mamíferos
endêmicos no Cerrado, sendo a grande maioria espécies de pequeno porte. A
maioria dos endemismos está concentrada na porção central do Cerrado, o que
pode representar apenas a maior concentração de estudos nesta região
(Silveira, 1999; Silveira, 2004; Rocha, 2007), de modo que um incremento no
esforço de coleta e revisões taxonômicas de alguns grupos de espécies
politípicas podem ampliar o número de espécies conhecidas para o Bioma e,
conseqüentemente, o número de endemismos (Vivo, 1996; Vivo, 2007). O
baixo número de espécies de mamíferos endêmicos do Cerrado pode estar
relacionado com a dependência das espécies a formações florestais, as quais
são normalmente raras no Bioma. Segundo Redford & Fonseca (1986),
Marinho-Filho & Reis (1989) e Marinho-Filho & Sazima (1998), a fauna de
mamíferos do Cerrado é tipicamente florestal, sugerindo que a maioria das
espécies seria, na verdade, oriunda de biomas florestais adjacentes (como
Mata Atlântica e Amazônia), e que poucas espécies teriam surgido no próprio
Bioma, explicando em parte o baixo número de endemismos.
68
Dentre as espécies registradas no Parque, duas são consideradas
endêmicas, sendo uma do Cerrado, L. vetulus, única espécie endêmica do
Bioma que não é considerada de pequeno porte (Marinho-Filho et al., 2002), e
uma do Bioma Caatinga, Kerodon rupestris, espécie altamente adaptada às
condições de calor e de escassez de água e alimento, habitando afloramentos
rochosos, usando suas fendas como refúgios e ninhos (Reis et al, 2006).
Existem 18 espécies de mamíferos de ocorrência confirmada para o
Cerrado incluídas na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção (MMA,
2003). Dentre essas, 10 foram registradas nesse estudo: P. maximus, T.
tricinctus, M. tridactyla, B. dichotomus, C. brachyurus, S. venaticus, L. tigrinus,
L. pardalis, P. onca e P. concolor. Segundo Marinho-Filho et al. (2002), estas
espécies estão ameaçadas por fatores não diretamente ligados à sua biologia,
mas por pressão antrópica. Dessa forma, fica clara a importância do Parque
Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba como área prioritária para a
conservação do Bioma Cerrado.
O tatu-bola, T. tricinctus, encontra-se listado como “vulnerável”, tanto
pela Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção
(MMA, 2003) como pela lista vermelha da IUCN (IUCN, 2008). Até pouco
tempo, esta espécie vinha sendo considerada como endêmica da Caatinga
(Wetzel, 1985a, 1985b; Silva & Oren, 1993; Santos et al., 1994), mas, desde o
primeiro registro para o Cerrado (Marinho-Filho et al., 1997), outros achados
confirmaram que a distribuição da espécie avança para os cerrados do Brasil
Central e, mais ao norte, nos cerrados do Tocantins e Piauí (Reis et al., 2002).
Esta espécie pode ser considerada comum no Parque Nacional das Nascentes
69
do Rio Parnaíba, uma vez que foram obtidos dez registros em armadilhas–
fotográficas, e que foi citada em praticamente todas as entrevistas realizadas
com moradores locais.
As espécies M. tridactyla e P. maximus foram registradas no presente
estudo apenas por meio de entrevistas e levantamento bibliográfico (FURPA,
1997), sendo espécies citadas pelos moradores locais com ocorrência
exclusiva para áreas de chapada no Parque, as quais não foram amostradas.
A primeira encontra-se listada como “vulnerável” pela Lista Oficial das Espécies
da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2003) e como “quase
ameaçada” pela lista vermelha da IUCN (IUCN, 2008). A pressão de caça
sobre a espécie (Leeuwenberg, 1997; Peres, 2000), os atropelamentos
rodoviários (Fischer, 1997), o comportamento pouco agressivo e a visão e o
olfato pouco desenvolvidos (Peracchi et al., 2002) são alguns dos responsáveis
pelo declínio de sua população. Além disso, é uma espécie muito suscetível ao
fogo, por ter deslocamento vagaroso e pelagem inflamável (Silveira et al., 1999;
Silveira, 2005). A segunda também consta, na mesma categoria (vulnerável),
nas duas listas. Além de ser uma espécie naturalmente rara, P. maximus sofre
forte pressão de caça em sua área de distribuição (Wetzel, 1985b; Hill et al.,
1997; Leeuwenberg, 1997; Peres, 2000), sendo também suscetível ao fogo
(Silveira et al., 1999).
Dentre os canídeos ameaçados de extinção, apenas o lobo-guará (C.
brachyurus) foi registrado pelas armadilhas fotográficas. Esta espécie é
considerada como “vulnerável” pela Lista Oficial das Espécies da Fauna
Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2003) e como “quase ameaçada”
70
pela lista vermelha da IUCN (IUCN, 2008). Apesar de ser uma espécie
relacionada ao bioma Cerrado, Rodrigues (2002) afirma que sua plasticidade
na utilização de diversos habitats tem resultado em registros cada vez mais
comuns em áreas do Pantanal, Floresta Atlântica e áreas de transição do
Cerrado com a Caatinga. O autor também afirma que a redução drástica de
ambientes ideais para a manutenção de populações viáveis tem sido a principal
ameaçada para a conservação desta espécie. No presente trabalho, a espécie
foi considerada comum na área de estudo, uma vez que foram obtidos 11
registros em armadilhas fotográficas, e que foi citada em praticamente todas as
entrevistas com moradores locais. Além disso, é muito comum ver rastros e
sentir o odor de sua urina utilizada na marcação de território em vários locais
do Parque. Já a espécie S. venaticus, encontra-se listada como “vulnerável”
pela Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção
(MMA, 2003) e como “quase ameaçada” pela lista vermelha da IUCN (IUCN,
2008). É uma espécie naturalmente rara sendo encontrada apenas em áreas
de chapada no Parque, segundo relatos de moradores locais.
Todos os felinos encontram-se na categoria “vulnerável” na Lista Oficial
das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2003) e
apenas L. tigrinus e P. onca estão presentes na lista vermelha da IUCN (IUCN,
2008), sendo listados respectivamente como ”vulnerável“ e ”quase ameaçado“.
Por serem organismos com alta demanda energética, vivendo em áreas
relativamente grandes e em baixas densidades populacionais, tendem a ser
fortemente dependentes de ambientes de boa qualidade, sofrendo intenso
71
impactado com a fragmentação dos seus habitats (Marinho-Filho &
Machado, 2006).
O cervo-do-pantanal, B. dichotomus, encontra-se listado como
”vulnerável“ tanto pela Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira
Ameaçadas de Extinção (MMA, 2003) como pela lista vermelha da IUCN
(IUCN, 2008). Esta é uma espécie com forte restrição de habitat, ocupando
apenas as áreas úmidas (Pinder & Grosse, 1991; Tomas et al., 1997). Até o
final da primeira amostragem (primeiro semestre), a espécie havia sido
registrada apenas por rastros, entrevistas e um crânio depositado no Museu
Paraense Emílio Goeldi (MPEG 30693). Na segunda amostragem (período
seco), a espécie foi registrada três vezes pelas armadilhas-fotográficas, além
de ter sido citada pela maioria dos entrevistados. A presença do cervo-do-
pantanal no Parque é de grande importância, pois evidencia que a espécie não
está extinta na região, e representa uma ampliação ao norte da sua área de
distribuição atual segundo Weber & Gonzalez (2003).
A riqueza estimada de mamíferos de médio e grande porte no Parque
Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, através da amostragem por
armadilhas-fotográficas, foi maior do que a riqueza observada, demonstrando
que mesmo que a curva de acumulação de espécies tenha aparentemente
atingido uma assíntota, de modo que no septuagésimo dia de amostragem
90% das espécies já haviam sido registradas, novos táxons ainda são
estatisticamente esperados para o Parque. A curva de acumulação de espécies
obtida para cada uma das fitofisionomias mostra que o esforço de amostragem
não foi suficiente para registrar todas as espécies existentes em cada um dos
72
ambientes, de modo que apenas as áreas de brejo e cerradão apresentam uma
tendência à estabilização desta curva. Esses resultados indicam que, como as
espécies apresentam uma capacidade de utilização de cada uma das
fitofisionomias de maneira diferente, seria necessário um esforço de
amostragem diferente para cada uma das fitofisionomias amostradas para
registrar todas as espécies de cada ambiente. Entretanto, segundo Dotta
(2005), se a curva de acumulação de espécies da área como um todo
estabiliza, isso pode indicar que a maioria das espécies usa a área como um
todo, ou seja, são capazes de se movimentar ao longo das fitofisionomias
encontradas na região, sendo esta uma característica de espécies generalistas
e com grande plasticidade.
Quando comparada com o resultado observado pelo conjunto de todas
as metodologias, essa estimativa indica 17 espécies a menos que o total
registrado. Essa diferença no número de espécies está relacionada com a
eficiência das armadilhas-fotográficas, que é um método eficaz principalmente
para o estudo de espécies terrestres de médio e grande porte e de hábitos
cursorias, pois os estimadores estimam a riqueza de espécies que podem ser
capturadas pelas técnicas utilizadas, na área e no espaço de tempo
amostrados, e não a diversidade local total do grupo (Voss & Emmons, 1996;
Santos, 2003). Desse modo, espécies com habitats muito específicos, como as
arborícolas (C. jacchus, A. caraya e C. prehensilis), as aquáticas ou associadas
à presença de corpos d’água (L. longicaudis e H. hidrochaeris) e as ligadas à
ambientes com afloramentos rochosos (K. rupestris) não fazem parte dessa
estimativa de riqueza, uma vez que dificilmente seriam registradas pela
73
metodologia de armadilhas-fotográficas. Do mesmo modo, M. tridactyla, P.
maximus, S. venaticus, T. pecari e O. bezoarticos, que segundo relatos de
entrevistas, são espécies restritas a área de platô da serra, a qual não foi
amostrada, também não fazem parte dessa estimativa.
A não detecção de algumas espécies que poderiam ser registradas
pelas armadilhas-fotográficas provavelmente se deve às suas baixas
densidades populacionais, pouca mobilidade e/ou ao acaso. Devido à intensa
pressão de caça e incêndios no interior do Parque, algumas espécies como os
tatus D. septemcintus, E. sexcinctus e C. unicinctus, e o mambira, T.
tetradactyla, possuem densidades populacionais muito baixas, sendo raro
encontrar vestígios ou visualizá-los em campo.
O índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) mostrou padrões de
diversidade semelhantes entre as fitofisionomias de cerradão, cerrado sensu
stricto e mata de galeria. A equitabilidade de Pielou (J’) foi superior a 0,7 para
todas as fitofisionomias, indicando ambientes relativamente homogêneos. No
entanto, o índice de dominância de Simpson foi o que demonstrou as maiores
diferenças entre os ambientes, ressaltando dominância de espécies nas áreas
de brejo e carrasco, onde as espécies Tapirus terrestris e Dasyprocta
nigriclunis aparecem como as espécies mais registradas respectivamente.
5.3. Abundância Relativa
A maioria das espécies de mamíferos do Cerrado possui uma ampla
distribuição geográfica e, ainda que no conjunto do bioma se possa considerar
74
que o número total de indivíduos de uma dada espécie seja relativamente alto,
a maioria delas tende a ser localmente rara, com grande variação de
abundância entre as áreas (Marinho-Filho et al. 1994).
Dentre as espécies registradas no Parque, as raposas C. thous e L.
vetulus foram as mais abundantes, respectivamente. Entretanto, vale ressaltar
que as espécies que possuem hábitos diurnos como D. nigriclunis e M.
gouazoubira, as quais apresentaram respectivamente 27 e 42 registros,
provavelmente tiveram sua abundância relativa subestimada, uma vez que o
modo como os dados foram coletados pode influenciar nos resultados obtidos,
pois nem todas as armadilhas utilizadas funcionaram durante as 24 horas do
dia.
Os valores de abundância relativa das espécies pertencentes à família
Dasypodidae no PARNA das Nascentes do Rio Parnaíba foram baixos, sendo
T. tricinctus a espécie com maior índice de abundância relativa. Esses dados
são similares aos obtidos por Astete (2008), em um estudo realizado no
PARNA da Serra da Capivara. Esse autor também obteve baixos valores de
abundância relativa para esse grupo, sendo a espécie T. tricinctus a mais
abundante, com apenas quatro registros, não havendo registro da espécie D.
novemcinctus. Essa diferença na quantidade de registros obtidos para essas
espécies provavelmente está relacionada à biologia das mesmas. A espécie D.
novemcinctus costuma deslocar-se preferencialmente em seus próprios
“carreiros”, reduzindo sua detecção em estradas ou trilhas, as quais são mais
utilizadas em estudos com armadilhas-fotográficas. Por outro lado, esse
comportamento parece não ser tão rígido em T. tricinctus, detectado tanto em
75
“carreiros” como em trilhas e estradas. Entretanto, Wolff (2001) em um estudo
também realizado no Parque Nacional da Serra da Capivara com armadilhas-
fotográficas, obteve 56 registros da espécie D. novemcinctus e nenhum registro
da espécie T. tricinctus. Esse fato, provavelmente, está relacinado a disposição
das armadilhas-fotográficas por esse autor, as quais foram instaladas próximas
de poços de água presentes na área de estudo.
A maioria das espécies registradas pelas armadilhas-fotográficas
pertence à ordem Carnivora, a qual obteve 62,9% dos registros. Este resultado
foi similar aos de outros estudos realizados com esse grupo de mamíferos
(Marques et al., 2001; Santos-Filho & Silva, 2002; Silveira et al., 2003; Trolle,
2003a; Freitas, 2005; Srbek-Araújo & Chiarello, 2005; Lima, 2007a). Dentro
deste grupo, os felinos e os canídeos foram registrados com maior freqüência,
enquanto os procionídeos e mustelídeos foram pouco fotografados, estando de
acordo com os resultados obtidos por Freitas (2005).
Nas Nascentes do Rio Parnaíba, a espécie de carnívoro mais abundante
foi a raposa, C. thous, seguida por L. vetulus, C. semistriatus, L. tigrinus e C.
brachyurus. Provavelmente, o elevado número de registros de C. thous está
associado ao fato da mesma ser uma espécie característica de ambientes
abertos, sendo beneficiada pela predominância de fitofisionomias mais abertas
no Parque (Emmons & Feer, 1999; Oliveira et al., 2007). De modo geral, esse
padrão de abundância de carnívoros na área de estudo é congruente com o
padrão esperado para esse grupo de mamíferos, sendo semelhante ao
encontrado em outros estudos realizados com esse grupo. Nos Parques
Nacionais da Serra da Capivara e Serra das Confusões, os quais estão
76
localizados geograficamente próximos ao Parque das Nascentes do Rio
Parnaíba, os carnívoros mais abundantes foram P. onca, C. thous, P. concolor
e L. pardalis (Astete, 2008). Rodrigues et al. (2002), em estudo com a
mastofauna no Parque Nacional das Emas (PNE), observaram que os
carnívoros com maior número de registros foram C. brachyurus, C.
semistriatus, L. vetulus e C. thous. Em paisagens fragmentadas no nordeste do
Estado de São Paulo, os carnívoros mais abundantes foram P. concolor e C.
brachyurus, seguidos por L. pardalis e C. thous (Lyra-Jorge et al., 2008).
Maffei et al. (2002), em um trabalho realizado em três áreas na Bolívia,
sugeriram que a abundância de gatos de menor porte, como os do gênero
Leopardus e a espécie P. yagouaroundi, podem ser mais baixas do que a de
felinos predadores de topo de cadeia, como P. onca e P. concolor. Entretanto,
no presente estudo, a espécie L. tigrinus apresentou a segunda maior
abundância relativa, ficando atrás apenas de P. concolor. Já a espécie
Panthera onca foi considerada extremamente rara, tendo apenas um registro
em armadilha-fotográfica, e os relatos obtidos através de entrevistas foram
enfáticos ao indicar que houve um forte declínio em sua população na última
década, o que pode provocar o desaparecimento dessa espécie no interior do
Parque. De fato, durante os trabalhos de campo, raramente foram encontrados
vestígios de sua presença na área de estudo. Essa baixa abundância da onça-
pintada pode estar fortemente associada com sua caça devido à criação de
gado na área e o hábito dessa espécie de predar o rebanho bovino (Silveira,
2004).
77
Na região do sul do Piauí, essa espécie ainda é relativamente
abundante, tendo sido registradas populações nos PARNAs da Serra da
Capivara e Serra das Confusões, além da E.E. Uruçuí-Una, todos menores do
que o PARNA das Nascentes do Rio Parnaíba, onde seria esperada uma
abundância de Panthera onca bem maior do que a observada. Astete (2008)
identificou 13 indivíduos de onça-pintada no PARNA da Serra da Capivara,
estimando que a população dessa espécie pode chegar a 35 indivíduos na
área de estudo.
A espécie T. terrestris foi o quarto mamífero mais abundante no PARNA
das Nascentes do Rio Parnaíba. Apesar de ser uma espécie de grande porte,
sendo o maior mamífero terrestre neotropical (Reis et al., 2006), essa espécie
apresenta uma elevada abundância em áreas conservadas. Provavelmente,
esse fato está relacionado ao seu hábito generalista quanto ao uso do hábitat
(ver discussão sobre uso do hábitat). Silveira (2004), trabalhando em quatro
áreas dos Biomas Cerrado e Pantanal, afirmou que esta espécie foi a quarta
mais abundante dentre os mamíferos de médio e grande porte registrados.
Trolle (2003b), em um estudo realizado no Pantanal, afirmou que esta espécie
foi freqüentemente registrada pelas armadilhas-fotográficas, sendo comum
encontrar seus “carreiros” na área de estudo, a qual foi a quarta espécie mais
abundante juntamente com D. novemcinctus.
Dentre os artiodáctilos, a espécie P. tajacu apresentou uma baixa
abundância, tendo sido registrada somente quatro vezes pelas armadilhas-
fotográficas durante o presente estudo. Entretanto, essa espécie parece ser
mais abundante do que o registrado pelas armadilhas-fotográficas, sendo
78
comum encontrar seus rastros em vários ambientes da área de estudo, além
de ser citada como uma espécie comum durante as entrevistas. Essa baixa
abundância registrada pelas armadilhas-fotográficas provavelmente está
relacionada com seu padrão de atividade, o qual apresenta picos no período
diurno (Silveira, 2004; Kasper et al., 2007). Desse modo, esta espécie
provavelmente teve sua abundância relativa subestimada, pois nem todas as
armadilhas utilizadas funcionaram durante as 24 horas do dia.
Quanto aos cervídeos, a espécie M. gouazoubira, apesar de ter sido a
terceira mais abundante no Parque, pode ter tido sua abundância relativa
subestimada, pois assim como P. tajacu, possui picos de atividade durante o
período diurno. Nos PARNAS da Serra da Capivara e Serra das Confusões,
onde as armadilhas-fotográficas foram programadas para funcionar durante as
24 horas do dia, esta espécie foi a mais abundante (Astete, 2008). Já a espécie
B. dichotomus apresentou apenas três registros durante o presente estudo,
corroborando os dados observados por Rodrigues et al. (2002) no PARNA das
Emas. Rodrigues et al. (2002) afirmaram que B. dichotomus é uma espécie
raramente observada, sendo restrita a ambientes úmidos.
A espécie C. paca apresentou uma baixa abundância relativa.
Resultados semelhantes foram obtidos em outros estudos realizados no
Cerrado (Rodrigues et al., 2002; Freitas, 2005; Trolle et al., 2007b). Esse
padrão pode estar relacionado à biologia da espécie, a qual possui forte
dependência de ambientes com vegetação mais densa e presença de corpos
d’água (ver discussão sobre uso do hábitat), sendo estes ambientes raros no
79
bioma Cerrado, onde ocorre predominância de áreas abertas (Ratter et al.,
1996).
Era esperada uma diferença significativa na abundância das espécies de
mamíferos de médio e grande porte entre os dois períodos de amostragem
(seco e chuvoso), uma vez que a estação seca apresenta menos recursos
alimentares, quando comparada com a estação chuvosa. Desse modo, no
período seco os animais têm que usar áreas maiores para forragear,
aumentando assim, as chances dos mesmos serem registrados pelas
armadilhas-fotográficas (Silveira, 2005). Entretanto, no presente trabalho, esse
padrão não foi confirmado, não tendo sido observada diferença significativa na
abundância das espécies entre os dois períodos amostrados. Esse fato pode
estar relacionado com a elevada disponibilidade de recursos hídricos no interior
do Parque, os quais estão presentes (perenes) ao longo de todo o ano. Essa
disponibilidade de água pode influenciar diretamente na taxa de deslocamento
de mamíferos de médio e grande porte, diminuindo assim os possíveis efeitos
da sazonalidade.
5.4. Uso do habitat
O padrão de uso do habitat difere entre as espécies por diversos fatores,
estando relacionado, entre outros, com a redução do risco de predação, busca
por refúgio e forrageamento, uma vez que a escala de uso dos mesmos pelas
diferentes espécies depende não só da sua área de vida como de seus
requerimentos particulares de recursos (Law & Dickman, 1998).
80
De acordo com Marinho-Filho et al. (2002), a fauna de mamíferos do
Cerrado é caracterizada por possuir, em sua maioria, elementos que habitam
uma grande variedade de ambientes, apesar de também estarem presentes
espécies exclusivamente florestais (29%) ou de área aberta (16,5%). A análise
da utilização de habitat das ordens de mamíferos de médio e grande porte do
Cerrado confirmou a predominância de espécies generalistas quanto ao habitat
sobre as especialistas, exceto para a ordem Primates, cujos membros são
predominantemente florestais, e para as ordens Cingulata e Pilosa, as quais
apresentaram predominância de espécies de áreas abertas sobre as florestais
(Marinho-Filho et al., 2002).
Analisando a mastofauna de médio e grande porte do PARNA das
Nascentes do Rio Parnaíba, parece haver uma tendência a um maior uso do
cerrado sensu stricto por esse grupo em comparação com as outras
fitofisionomias. Por ser um dos habitats mais complexos do Cerrado, esta
fitofisionomia apresenta uma maior produtividade, na qual frutos são
consumidos em grandes proporções (Rocha, 2006). É importante lembrar que,
diferente dos pequenos mamíferos, as espécies de maior porte movem-se
livremente pelas fisionomias de Cerrado, não costumando ter ocorrência
restrita, explorando diferentes tipos de ambiente (Velazquez et al., 2001). Essa
grande mobilidade, inerente aos mamíferos de porte maior, pode ter diluído as
diferenças quanto ao uso dos ambientes.
Das espécies registradas no presente estudo, dez tiveram baixa
ocorrência (D. novemcinctus, C. libidinosus, L. pardalis, P. yagouaroundi, P.
onca, E. barbara, P. cancrivorus, P. tajacu, B. dichotomus e C. paca), obtendo
81
poucos registros, o que comprometeu as análises estatísticas e, desta forma,
as interpretações dos resultados quanto ao uso do ambiente pelas mesmas
devem ser vistas com cuidado.
A espécie D. novemcinctus ocorre em uma grande variedade de
ambientes, sendo registrada tanto em áreas mais fechadas, como matas
semidecíduas e mata de galeria, como em ambientes mais abertos, como
campos, sendo freqüentemente encontrada em áreas rurais (Redford &
Fonseca, 1986; Redford, 1994; Lima-Borges & Tomas, 2004; Dotta, 2005). No
PARNA das Nascentes do Rio Parnaíba, a espécie foi registrada em áreas de
cerrado sensu stricto, cerradão e carrasco, resultado semelhante ao
encontrado por Ciocheti (2007) em uma área agroflorestal em São Paulo. A
presença desta espécie nas duas primeiras fitofisionomias provavelmente se
deve ao fato da mesma usar áreas de solos menos firmes (arenoso), menos
resistentes à escavação (Carter & Encarnação, 1983), uma vez que esta
espécie utiliza tocas para dormir, abrigar os filhotes, escapar de predadores e
para forrageamento (McDonough & Loughry, 2001). Já a presença da espécie
em áreas de carrasco, a qual possui porte mais florestal do que arbustivo,
sugere a preferência da mesma por ambientes com vegetação mais fechada.
Esses dados foram congruentes com aqueles obtidos por Bonato (2002) em
um estudo realizado na Estação Ecológica de Itirapina/SP, e também por Dotta
(2005), em um estudo realizado na bacia do rio Passa-Cinco/SP.
O tatu-bola, T. tricinctus, era considerado uma espécie endêmica da
Caatinga, sendo registrado em áreas de caatinga arbórea, dominadas por
afloramentos rochosos e vegetação arbustiva, com solo arenoso (Olmos,
82
1995). Entretanto, esta espécie foi encontrada pela primeira vez no bioma
Cerrado por Marinho-Filho et al. (1997), tendo 85 % dos seus registros em
fitofisionomias abertas de cerrado. O presente estudo encontrou o padrão
esperado para a espécie, uma vez que a mesma foi registrada exclusivamente
em áreas de vegetação aberta (cerrado sensu stricto). A espécie Euphractus
sexcinctus, que geralmente habita áreas abertas, e cuja ocorrência é esperada
para a região (Redford & Fonseca, 1986), também teve sua ocorrência
confirmada para a área de estudo apenas por meio de entrevista, não sendo
possível inferir mais informações sobre seu padrão de uso de habitat.
A raposa, C. thous, é considerada uma espécie generalista (Berta, 1982;
Maffei & Taber, 2003; Lima Borges & Tomás, 2004; Lima, 2007a), ocupando
uma variedade de ambientes, ocorrendo em áreas de floresta (Eisenberg &
Redford, 1999; Port, 2002; Santos et al., 2004) e áreas abertas (Juarez &
Marinho-Filho, 2002; Jácomo et al., 2004). Segundo Pimenta (2005), esta
espécie não apresenta uma preferência pronunciada no uso de hábitats de
acordo com o tipo fitofisionômico, e sim conforme a disponibilidade de
alimentos. No presente estudo, esta espécie obteve o maior número de
registros (65 fotografias) apresentando diferença significativa entre o uso das
fitofisionomias, com maior freqüência de ocorrência em áreas de cerrado sensu
stricto. A espécie L. vetulus, apesar de não ter apresentado diferença
significativa quanto ao uso das fitofisionomias do Parque, apresentou uma
tendência a usar áreas de cerrado sensu stricto onde se observou uma maior
freqüência de ocorrência. Esses dados corroboram o padrão esperado, uma
vez que esta espécie é relacionada a ambientes com vegetações abertas
83
(Juarez & Marinho-Filho, 2002; Jácomo et al., 2004), como o cerrado sensu
stricto. Esse fato provavelmente está relacionado a sua dieta, uma vez que
esta espécie é predominantemente insetívora (Juarez & Marinho-Filho, 2002;
Dalponte & Courtenay, 2004), habitando freqüentemente áreas mais abertas,
com grande quantidade de cupinzeiros ativos (Carter & Encarnação, 1983;
Dalponte, 2003), os quais foram frequentemente observados nas áreas de
cerrado sensu stricto do Parque.
O lobo-guará, C. brachyurus, é uma espécie relacionada a ambientes de
vegetação aberta, como campos, cerrados e banhados (Yanosky & Mercolli,
1990; Dietz, 1984; Rodden et al., 2004). No PARNA das Nascentes do Rio
Parnaíba, essa espécie mostrou-se generalista quanto ao uso das
fitofisionomias, corroborando os dados encontrados por Ciocheti (2007). Essa
característica generalista pode ser justificada por seu hábito onívoro e
oportunista (Azevedo & Gastal, 1997; Motta-Júnior, 2000; Aragona & Setz,
2001; Belentani, 2001). Entretanto, apesar de não apresentar diferenças
significativas quanto ao uso das fitofisionomias, essa espécie apresentou um
número mais elevado de registros fotográficos nas áreas de cerrado sensu
stricto (8) e foi freqüentemente registrada por meio de vestígios (rastros e odor
característico de sua urina) nesses ambientes, indicando que utiliza bastante
esse ambiente. Mares & Ernest (1995) e Tozzeti (2005) registraram pouco uso
de mata de galeria pelo lobo-guará, o que não foi observado no presente
trabalho. Estudos recentes sobre a sobreposição do uso de hábitat entre L.
vetulus, C. thous e C. brachyurus (Juarez & Marinho-filho, 2002; Jácomo et al.,
2004) demonstraram que a separação ecológica entre estas espécies permite a
84
coexistência e compartilhamento do hábitat. A espécie Puma concolor não
apresentou diferença significativa quanto ao uso das fitofisionomias
amostradas, estando de acordo com os dados da literatura, os quais
mencionam essa espécie como generalista, sendo encontrada em todos os
tipos de ecossistemas (Eisenberg & Redford, 1999; Silveira, 1999; Oliveira &
Cassaro, 2005; Reis et al, 2006, Lima, 2007a; Ciocheti, 2007). O fato dessa
espécie não ter sido registrada em áreas de carrasco e brejo provavelmente se
deve ao acaso, uma vez que se trata de um carnívoro de topo de cadeia
alimentar, precisando de grandes áreas para encontrar recursos suficientes e
deslocando-se com freqüência.
Assim como os canídeos, os felinos usam os habitats de maneira
heterogênea, no entanto necessitam de áreas em melhores estados de
preservação e baixo grau de antropização (Crawshaw, 1989; Yanosky &
Mercolli, 1994; González et al., 2003). A espécie P. yagouaroundi é
considerada generalista quanto ao uso do hábitat, ocorrendo em áreas
florestais e áreas relativamente abertas (Oliveira & Cassaro, 2005). Esta
espécie foi registrada apenas duas vezes no presente trabalho, sendo uma em
mata de galeria e uma em cerrado sensu stricto. Esse fato está provavelmente
relacionado ao seu hábito predominantemente diurno (Oliveira & Cassaro,
2005) e comportamento críptico em áreas naturais (Ciocheti, 2007), uma vez
que grande parte do esforço de amostragem empregado no presente trabalho
foi no período noturno.
As duas espécies do gênero L. encontradas no Parque (L. pardalis e L.
tigrinus) também ocorrem em baixas densidades e estão mais associadas a
85
ambientes florestais. Isso pode explicar sua baixa densidade no Parque, uma
vez que a uma há uma predominância de vegetações abertas na área de
estudo. A jaguatirica, L. pardalis, habita ambientes bastante variados, embora
utilize preferencialmente áreas florestadas, incluindo matas de galeria (Oliveira
& Cassaro, 2005). No presente trabalho, esta espécie foi registrada com mais
freqüência nas fitofisionomias florestais (mata de galeria e cerradão),
concordando com os dados encontrados na literatura. A espécie L. tigrinus
também habita ambientes variados, como áreas de floresta, cerrado e caatinga
(Oliveira & Cassaro, 2005), podendo ser encontrada também em áreas
antropizadas adjacentes à mata (Azevedo, 1996; Oliveira, 1998; Dotta, 2005;
Oliveira & Cassaro, 2005). A espécie não apresentou diferença significativa
entre o uso das fitofisionomias na área de estudo, tendo maior freqüência de
ocorrência em áreas de cerrado sensu stricto, onde foram obtidos 17 registros.
As espécies P. yagouaroundi e P. onca foram registradas apenas duas e uma
vez, respectivamente, não sendo possível fazer maiores inferências sobre as
mesmas.
O guaxinim, P. cancrivorus, é considerado um bom escalador e nadador,
habitando preferencialmente áreas de mata de galeria e mata ciliar, além de
cerradão, cerrado sensu stricto e várzeas, sempre próximos a cursos d’água
(Yanosky & Mercolli, 1990; Becker & Dalponte, 1999; Dotta, 2005; Reis et al.,
2006). Apesar da espécie não ter sido registrada nas fitofisionomias de mata de
galeria e brejo na área de estudo, havia corpos d’água nas proximidades das
áreas de cerradão e cerrado sensu stricto onde a mesma foi fotografada,
corroborando os dados supracitados. A irara, E. barbara, ocorre em quase
86
todos os biomas brasileiros, sendo mais comum em áreas de vegetação densa
(Eisenberg & Redford, 1999; Reis et al., 2006). No presente estudo, esta
espécie obteve apenas dois registros, sendo um em carrasco e outro em mata
de galeria, não sendo possível inferir um padrão de uso das fitofisionomias pela
espécie. Essa baixa freqüência de ocorrência registrada no presente estudo
está provavelmente relacionada ao seu padrão de atividade, sendo uma
espécie com hábitos preferencialmente diurnos (Parera, 2002), o que reduziu a
probabilidade de ser detectada, uma vez que grande parte da amostragem foi
realizada no período noturno. A espécie C. semistriatus habita principalmente
vegetações mais abertas, como campo, cerrado e caatinga, evitando matas
mais densas (Reis et al., 2006). Apesar dessa espécie não ter apresentado
diferença significativa no uso das fitofisionomias do Parque, apresentou maior
freqüência de ocorrência em áreas de cerrado sensu stricto estando de acordo
com os dados citados a cima.
A espécie T. terrestris foi registrada em quatro das fitofisionomias
amostradas, demonstrando ser generalista quanto ao uso do habitat no PARNA
das Nascentes do Rio Parnaíba. Esse fato, provavelmente, está relacionado à
ampla variedade de itens dos quais se alimenta, como frutos caídos, folhas,
caules tenros, brotos, pequenos ramos, plantas aquáticas, cascas de árvores e
vegetais cultivados (Fragoso, 1994; Rocha, 2001), o que permite que esta
espécie se adapte a diversos ambientes.
Dentre os cervídeos, o veado catingueiro, M. gouazoubira, utiliza desde
áreas florestais, como matas de galeria e cerradão, até áreas abertas, sendo
mais comum nessas áreas (Rossi, 2000; Reis et al., 2006). No presente
87
trabalho, essa espécie utilizou as fitofisionomias de maneira significativamente
diferente, sendo mais freqüente em áreas de cerradão, demonstrando
preferência por áreas de vegetação mais densa na área de estudo. (Emmons,
1997; Marinho-Filho et al., 1998; Schneider et al., 2000). O cervo-do-pantanal,
B. dichotomus, possui características peculiares, como a presença de
membranas interdigitais, cascos acentuadamente alongados e membros
relativamente longos, demonstrando uma adaptação a ambientes inundáveis e
outros tipos de áreas úmidas (Pinder & Grosse, 1991; Tomas et al., 1997).
Apesar de ter sido registrada somente três vezes durante os períodos de
amostragem, esses registros são congruentes com os dados supracitados,
uma vez que dois dos registros foram feitos em áreas de brejo e um em
cerrado sensu stricto, localizado próximo a áreas de brejo.
Dentre os tayassuídeos, P. tajacu mostrou-se associada a ambientes
com vegetação mais fechada, como o cerradão, sendo este resultado
semelhante ao obtido por Rodrigues et al. (2002). Entretanto, vale ressaltar
que a pequena quantidade de registros pelas armadilhas-fotográficas pode
levar a uma interpretação errônea do uso do habitat por essa espécie, uma vez
que ela foi citada nas entrevistas como uma espécie abundante e seus
vestígios foram encontrados em várias fitofisionomias durante os trabalhos de
campo.
Das duas espécies de roedores registradas pelas armadilhas-
fotográficas, C. paca foi fotografada apenas duas vezes, ambas em áreas de
mata de galeria. Os dados de entrevistas corroboraram os resultados
encontrados pelas armadilhas-fotográficas, uma vez que a espécie foi citada
88
por todos os entrevistados como altamente associada a ambientes próximos a
cursos d’água. Esse resultado confirmou os dados encontrados na literatura, os
quais afirmam que esta espécie habita primariamente áreas próximas de rios
ou alagadas, mais comumente em floresta densa (Pérez, 1992).
Já a espécie D. nigriclunis foi registrada em três das cinco fitofisionomias
amostradas (carrasco, cerradão e mata de galeria). Apesar de não existir
diferença significativa no uso das fitofisionomias, esta espécie demonstrou ter
uma tendência a usar mais as áreas de cerradão, obtendo 20 registros nessas
áreas. Esse padrão está de acordo com dados da literatura, já que, em geral,
as espécies do gênero Dasyprocta habitam uma grande variedade de
ambientes, desde que exista boa cobertura vegetal, como áreas florestais e
algumas fitofisionomias de Cerrado e Caatinga, geralmente associadas a
cursos d’água (Reis et al., 2006). Entretanto, poucos estudos já realizados
envolveram esta espécie, e a maioria deles apenas citou a presença de D.
nigriclunis nas áreas de estudo, não havendo informações sobre a biologia da
mesma (Zaher et al., 2001; Henrique, 2007).
Segundo a análise de agrupamento realizada entre as fitofisionomias, o
cerrado sensu stricto e o cerradão possuem composições de espécies mais
semelhantes entre si do que às demais fitofisionomias amostradas. De modo
geral, essas análises resultaram em valores de similaridade muito baixos entre
o grupo formado por essas duas fitofisionomias e as demais fitofisionomias
amostradas, indicando faunas diferenciadas. Esse resultado já era esperado,
se considerarmos a semelhança florística entre esses ambientes, os quais
diferem quanto à estrutura da vegetação. Ciocheti (2007) encontrou resultados
89
semelhantes aos obtidos no presente estudo em um trabalho realizado em uma
área agroflorestal em São Paulo, a qual incluiu o Parque Estadual de
Vassununga, Estação Ecológica de Jataí e Estação Experimental de Luís
Antônio.
5.5. Padrão de atividade
Como dito anteriormente, das espécies registradas pelas armadilhas-
fotográficas, dez foram fotografadas menos de dez vezes (D. novemcinctus, C.
libidinosus, L. pardalis, P. yagouaroundi, P. onca, E. barbara, P. cancrivorus, P.
tajacu, B. dichotomus e C. paca), o que poderia comprometer as análises sobre
seus padrões de atividades de modo que optou-se por excluí-las das mesmas.
Assim o padrão de atividade só foi avaliado para as seguintes espécies: T.
tricinctus, L. tigrinus, P. concolor, C, thous, C. brachyurus, L. vetulus, C.
semistriatus, T. terrestris, M. gouazoubira e D. nigriclunis.
Poucos estudos foram realizados sobre a biologia de T. tricinctus
(Santos, 1993; Guimarães, 1997), havendo poucos dados disponíveis na
literatura sobre a mesma. Santos (1993) afirmou que esta espécie é
predominantemente noturna. Entretanto, um estudo realizado na Serra
Vermelha (Piauí), localizada a leste do PARNA das Nascentes do Rio
Parnaíba, indicou que esta espécie também possui atividade no período diurno,
apresentando picos de atividade no intervalo de 16:00h as 18:00h (G.S.
Lustosa, em preparação). No presente estudo, esta espécie apresentou um
90
padrão de atividade predominantemente noturno, não tendo sido registrada
nenhuma vez durante o dia.
A espécie C. thous pode ser ativa a qualquer hora do dia, concentrando
a maior parte de suas atividades no período noturno e crepuscular, sendo
diurna em áreas com poucos distúrbios e noturna em áreas com maior pressão
antrópica (Brady, 1979; Yanosky & Mercolli, 1990; Parera, 2002; Dotta, 2005).
Essa espécie apresentou picos de atividade no intervalo de 20:00 às 00:00
horas, sendo este resultado similar ao obtido por Silveira (1999) no PARNA
das Emas e por Lima (2007) no PARNA de Sete Cidades. Esse resultado
também é apoiado por Astete (2008), onde essa espécie também apresentou
atividade quase nula durante os horários diurnos. A raposinha, L. vetulus, é
considerada predominante noturna (Jácomo et al, 2004), apesar de existirem
registros de picos de atividade dessa espécie durante o dia (Silveira, 1999). No
presente estudo, essa espécie demonstrou atividade noturna, com apenas dois
registros durante o dia, estando de acordo com o padrão esperado.
O lobo-guará, C. brachyurus, é primariamente noturno e crepuscular,
apresentando uma atividade mais intensa das 18:00 às 06:00 horas (Dietz,
1984; Sheldon, 1992). Entretanto, Silveira (1999) registrou atividade diurna
para essa espécie, a qual apresentou um dos seus picos de atividade entre
08:00 e 10:00 horas. No presente trabalho, esta espécie mostrou-se
predominantemente noturna, não sendo registrada durante o dia.
Entre os felinos, a espécie P.concolor apresenta picos de atividade
concentrados no período crepuscular-noturno (Crawshaw & Quigley, 1984;
Oliveira, 1994). Assim como nos trabalhos de Silveira (2004) e Astete (2008),
91
esta espécie demonstrou pouca atividade no período diurno, apresentando
maior atividade no período noturno na área de estudo. Já a espécie L. tigrinus
apresentou atividade predominantemente noturna, não se obtendo nenhum
registro durante o dia. Entretanto, apesar de existirem poucos dados na
literatura sobre a história natural dessa espécie (Tortato & Oliveira, 2005), ela é
descrita como predominantemente noturna, podendo ter atividade diurna
elevada em algumas áreas (Oliveira & Cassaro, 2005). Esses dados foram
corroborados por Tortato & Oliveira (2005), os quais, em um estudo realizado
no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (Santa Catarina), registraram um
padrão de atividade fortemente noturno (47,4%), com atividades crepusculares
(21%) e diurnas (31,6%) consideráveis. A não detecção de atividade diurna
dessa espécie no PARNA das Nascentes do Rio Parnaíba pode estar
relacionada a alguns fatores como disponibilidade e biologia de suas presas,
elevadas temperaturas diurnas em áreas de Cerrado e a presença de animais
domésticos (cães) no interior do Parque. Entretanto, como essas variáveis não
foram analisadas no presente estudo, não foi possível fazer maiores inferências
sobre o padrão encontrado.
A espécie C. semistriatus apresentou hábito exclusivamente noturno no
PARNA das Nascentes do Rio Parnaíba, assim como os dados obtidos por
Ciocheti (2007). Esse padrão também foi obtido por Sunquist et al. (1989), nos
llanos venezuelanos, em um estudo realizado com rádio-telemetria, os quais
sugeriram que esta espécie é noturna, iniciando suas atividades entre 20:00h e
24:00h, prolongando-se por um período de seis horas.
92
A anta, T. terrestris, é considerada primariamente noturna (Bodmer &
Brooks, 1997; Noss et al, 2003; Wallace et al., 2002). No presente estudo, esta
espécie demonstrou atividade exclusivamente noturna, não tendo sido
registrada durante o dia. Este padrão está de acordo com o obtido por Jácomo
(2003), em um estudo realizado no PARNA das Emas, e sugere que as antas
apresentam padrão de atividade crepuscular-noturno, com pico de atividade
entre 20:00 e 04:00 e de inatividade entre 08:00 e 16:00 h. Esse padrão
também foi encontrado por Ayala (2002), em um estudo realizado com rádio
telemetria no Chaco boliviano, onde a espécie apresentou picos de atividade
entre 01:00h e 06:30h, com pouca atividade no intervalo de 11:00h às 15:30h.
O veado-cantingueiro, M. gouazoubira, apresentou atividade durante
todo o dia na área de estudo. Entretanto, esta espécie mostrou-se pouco ativa
durante o dia, apresentando picos de atividade no período noturno. Esses
dados não foram semelhantes aos encontrados na literatura, os quais afirmam
que esta espécie é predominantemente diurna. Astete (2008) registrou a
espécie mais ativa, na maior parte do tempo, entre as 06:00h e as 17:59h
(período diurno), identificando claramente dois picos de atividade, sendo um
maior no período da manhã (08:00-09:59h) e um menor no período da tarde
(16:00-17:59h). Maffei et al. (2002) e Rivero et al. (2005) também registraram
um padrão de atividade predominantemente diurno para a espécie, com picos
de atividade entre 06:00-10:00h e 08:00-20:00h respectivamente.
A cutia, D. nigriclunis, apresentou atividade predominantemente diurna
na área de estudo, confirmando o padrão esperado para as espécies do gênero
Dasyprocta, as quais são consideradas diurnas e crepusculares (Reis et al,
93
2006). Esse padrão foi comum em diversos estudos sobre o padrão de
atividade envolvendo espécies diferentes de cutia (Maffei et al, 2002; Silveira,
2004; Kasper et al, 2007; Lima, 2007a). O presente estudo foi o primeiro a
analisar o padrão de atividade para a espécie D. nigriclunis.
5.6. Análise de Composição Regional
Os resultados da análise de agrupamento indicam claramente a
formação de dois grandes grupos, sendo o primeiro formado pelas áreas
localizadas ao norte do Estado do Piauí e o segundo formado pelas áreas do
Sul do Estado do Piauí e áreas de Cerrado do Brasil-Central. O primeiro grupo
é formado por áreas situadas em uma zona de tensão ecológica (ecótono)
formada pela floresta amazônica pluvial à oeste, os cerrados do Planalto
Central no centro-sul e o domínio semi-árido das caatingas à leste (Ducke &
Black, 1953; Rizzini, 1963). Analisando a riqueza de espécies observada nas
áreas estudadas, os dados sugerem que as localidades situadas nos cerrados
do norte do Piauí, de um modo geral, possuem uma riqueza de espécies menor
que as localidades amostradas no sul do Piauí e nos cerrados do Planalto
Central. Essa redução do número de espécies de mamíferos de médio e
grande porte das áreas localizadas no norte do Estado do Piauí provavelmente
está relacionada com o fato desta região ser uma área mais antropizada com
uma maior concentração de municípios. Desse modo, o agrupamento
observado entre as três localidades do norte do Piauí pode ser resultante da
94
proximidade geográfica entre elas, do seu tamanho reduzido e da forte ação
antrópica que atua sobre essas áreas e seu entorno.
O segundo grupo foi formado pelas áreas de cerrado do Brasil-Central e
pelas unidades de conservação do sul do Estado do Piauí. Nesse grupo, as
áreas que apresentaram maior similaridade na composição de espécies foram
[PARNA das Emas/GO + APA Cafuringa/DF], seguida por [E.E. de Uruçuí-Una-
/PI+ PARNA das Nascentes do Rio Parnaíba/PI, MA, TO, BA]. O Jalapão,
apesar de estar ligado geograficamente ao PARNA das Nascentes do Rio
Parnaíba, não formou um grupo com essa unidade de conservação, sendo
mais similar em composição de espécies ao grupo [PARNA das Emas/GO +
APA Cafuringa/DF]. Tal padrão pode estar relacionado com a localização
geográfica do Jalapão, o qual sofre uma maior influência do bioma Amazônia,
e, conseqüentemente, de sua composição de espécies. Isso pode ser
exemplificado pela ocorrência de espécies endêmicas da Amazônia como o
tatu-quinze-quilos, Dasypus kappleri, e o cachorro-do-mato-de-orelha-curta,
Atelocynos microtis nessa área (Lima et al., 2005). As três unidades de
conservação localizadas no sul do Estado do Piauí formaram o segundo grupo
com 69% de similaridade na composição de espécies. Entretanto, a E.E. de
Uruçuí-Una e o PARNA das Nascentes do Rio Parnaíba (áreas de Cerrado)
obtiveram uma similaridade mais elevada (76,2%) entre si do que com o
PARNA da Serra das Confusões (área de Caatinga). A E.E. da Serra Geral do
Tocantins (TO, BA) é a localidade mais similar ao grupo formado pelas áreas
localizadas no sul do Estado do Piauí, e se encontra separada das demais
95
localidades devido à presença de alguns táxons identificados em nível de
gênero (Dasypus sp, Dasyprocta sp., Mazama sp. e Leopardus sp.).
O PARNA da Serra da Canastra/MG e a E.E. de Águas Emendadas/DF,
apesar de geograficamente distantes, formaram um grupo à parte, com uma
similaridade de 60,6%. Provavelmente essa similaridade se deve a dois fatores:
1) o número de táxons identificados em nível de gênero (Dasypus sp.,
Leopardus sp. e Mazama sp.) limitando a análise e 2) a ausência de espécies
presentes nas demais localidades como C. paca, P. onca e E. barbara.
Entretanto, se estudos mais aprofundados fossem realizados nessas
áreas, de modo a identificar todos os táxons em nível de espécie,
provavelmente a similaridade entre as mesmas seria bem maior, uma vez que
a fauna de mamíferos de médio e grande porte do Cerrado é amplamente
distribuída e apresenta baixo grau de endemismo (Marinho-Filho et al., 2002).
Este caráter generalista dos mamíferos de médio e grande porte do Cerrado já
havia sido discutido por Redford & Fonseca (1986), que demonstram que mais
da metade das espécies são encontradas também em biomas florestais
(Floresta Amazônica e Atlântica) e abertos (Chaco, Caatinga).
5.7. Mastofauna de médio e grande porte e o Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba
Devido à sua riqueza faunística, presença de espécies raras e
ameaçadas de extinção e localização biogeográfica, o Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba é uma das mais importantes Unidades de
96
Conservação para a preservação de mamíferos no Cerrado. Os cerrados do sul
do Piauí onde está inserido o Parque, juntamente com os cerrados do sul do
Maranhão, foram apontados como áreas prioritárias para conservação da
biodiversidade do bioma Cerrado e incluída no patrimônio da Reserva da
Biosfera do Cerrado pela Unesco (MMA, 2002).
Apesar do Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba já existir
oficialmente como Unidade de Conservação, os moradores da área ainda não
foram retirados do seu interior e continuam a executar atividades agrícolas e de
pecuária. Desse modo, por ainda utilizarem essas terras e manterem suas
atividades de exploração dos recursos naturais, acabam impactando a fauna
silvestre. Um agravante dessa situação é a presença de centenas de cabeças
de gado bovino e outros animais domésticos no interior do Parque. Esses
animais, além de competir por espaço e alimento, são potenciais transmissores
de zoonoses para a fauna silvestre. Os cães encontrados no local são, na
maioria das vezes, pertencentes a vaqueiros, os quais fazem visitas freqüentes
ao Parque para cuidar do gado. A convivência desses animais domésticos com
a fauna silvestre merece uma atenção especial, pois além de poderem ser
possíveis transmissores de zoonoses, também podem competir por recursos
alimentares (já que também são predadores), podendo ocasionar uma redução
de presas de pequenos médios mamíferos (Gheler-Costa, 2002; Dotta, 2005;
Silveira, 2005). A presença de cães no interior de Unidades de Conservação
também foi relatada para o Parque Nacional das Emas. Esses animais são
responsáveis pela predação de espécies silvestres, como veados-campeiros
97
(Ozotoceros bezoarticus), tendo sido também capturados em armadilhas
utilizadas para captura de animais silvestres (Silveira & Jácomo, 2002).
Entretanto, o maior problema na presença do gado no interior do Parque
é a realização de queimadas pelos vaqueiros, que tem como objetivo favorecer
o rebrotamento de pastagens. Apesar do fogo ser um elemento natural do
Cerrado e estar presente neste Bioma há pelo menos 34.000 anos (Ribeiro,
1994), nem sempre os incêndios são benéficos à vida selvagem, ou a todas as
espécies (Koproski, 2005). Essas queimadas são generalizadas dentro do
Parque e têm provocado drásticos impactos sobre algumas áreas mais úmidas,
como os brejos e conseqüentemente sua fauna. Algumas áreas de brejos têm
sofrido uma elevada redução de sua cobertura florestal, estando alguns
completamente destruídos devido à incidência constante de fogo. Essas áreas,
além de serem vitais para a manutenção de algumas espécies, como o cervo-
do-pantanal (Blastocerus dichotomus), são essenciais para a manutenção da
recarga hídrica na região, assim como de toda a área de formação da bacia do
Rio Parnaíba. Alguns brejos já não possuem mais vegetação e a água não está
disponível o ano todo.
O uso indiscriminado do fogo dentro do Parque certamente tem
provocado um forte declínio nas populações de mamíferos, sendo responsável
pela morte, em sua maioria, de pequenos mamíferos, principalmente roedores,
que possuem reduzida área de vida e pouca capacidade de fuga (Koproski,
2005). Esta autora também afirmou que a mastofauna de médio e grande porte
também é impactada diretamente (morte de animais queimados ou asfixiados
pela fumaça) e indiretamente (perda de habitat) por esses grandes incêndios.
98
Coutinho (1996) alertou que em épocas passadas, os animais não estavam
limitados a determinadas regiões, podendo fugir e encontrar abrigo em áreas
vizinhas. Entretanto, devido à expansão da ocupação humana, praticamente
todas as UCs encontram-se isoladas, limitando a capacidade do ambiente de
se recuperar da ação do fogo e promover a manutenção de sua diversidade
biológica.
Outro grave problema relacionado à presença do gado dentro do Parque
é a presença conjunta dos vaqueiros contratados pelos proprietários para
cuidar do gado, os quais, além de eventualmente caçarem animais silvestres
dentro do Parque, também perseguem os grandes carnívoros por estes
representarem perigo de predação para o gado. Apesar dessa atividade já ter
sido bastante reduzida devido à fiscalização dos funcionários do
IBAMA/ICMBIO, ainda é possível observar que a pressão de caça dentro do
Parque é muito intensa.
Apesar da pressão de caça não ter sido avaliada no presente estudo,
muitos dos entrevistados relataram a constante presença de caçadores no
interior do Parque. Esse fato pode explicar a baixa abundância de algumas
espécies como os caititus (P. tajacu), as pacas (C. paca) e os tatus-galinha (D.
novemcinctus), e a não detecção de outras como o mambira (T. tetradactyla) e
tatu-peba (E. sexcinctus) pelas armadilhas-fotográficas. Esses baixos índices
de abundância encontrados no presente trabalho também podem estar
relacionados à presença de gado no Parque, que pode afugentar algumas
espécies, além de também dificultar o registro das espécies silvestres por meio
de rastro, devido a “trilhos” formados pelo gado (Dotta, 2005).
99
Segundo relatos feitos durante as entrevistas, vários moradores da
cidade Barreiras do Piauí (próxima ao Parque) conhecem muitas pessoas que
utilizam o Parque para praticar a caça e a pesca ilegal. Essa prática acaba
sendo facilitada pela distância entre o Parque e a sede do IBAMA, que fica em
outra cidade (Corrente), distante 80 km da Unidade de Conservação. Desse
modo, o que se pode observar no Parque é que, apesar do elevado grau de
preservação da área, a diversidade de mamíferos de médio e grande porte
encontra-se a abaixo do esperado. Isto, provavelmente, se deve à intensa
atividade de caça, à presença de gado no interior da UC e às queimadas
resultantes da presença desse gado, uma vez que a grande maioria dos
registros obtidos nesse estudo foi por meio de entrevistas, já que a visualização
da fauna local está cada vez mais difícil. A onça-pintada, por exemplo,
atualmente é pouco visualizada e nem mesmo seus rastros ou sua vocalização
são vistos ou ouvidos com freqüência.
Desse modo, a presença do gado no interior do Parque certamente é o
maior problema ambiental hoje nas Nascentes do Rio Parnaíba e recomenda-
se fortemente que ações parte das autoridades responsáveis sejam realizadas
para a retirada desses animais do seu interior. Além disso, recomenda-se
também que ações duras de fiscalização e coibição sobre as atividades de
caça e queimadas sejam realizadas por parte dos órgãos oficiais de proteção
ambiental, de modo a minimizar seus efeitos sobre a fauna e habitats da
região. A redução dessas práticas no interior do Parque certamente
possibilitará o aumento na densidade de mamíferos de médio e grande porte,
100
os quais são raramente observados atualmente no interior dessa Unidade de
Conservação.
6. Conclusões
Foram registradas 37 espécies de mamíferos de médio e grande porte
para o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, distribuídos em
14 famílias e sete ordens.
Vinte espécies foram registradas por meio de armadilhas-fotográficas,
16 espécies por meio de avistamentos e vestígios (rastros, fezes e
carcaças) e todas por meio de entrevistas com moradores da região.
Um total de dez espécies encontra-se na lista nacional da fauna
brasileira ameaçada de extinção (MMA, 2003) e três espécies
encontram-se exclusivamente na lista vermelha da IUCN (IUCN, 2008).
Dentre as espécies registradas no Parque, duas são consideradas
endêmicas, sendo uma do Cerrado, Lycalopex vetulus, e uma do Bioma
Caatinga, Kerodon rupestris.
A curva de acumulação de espécies de mamíferos de médio e grande
porte do Parque tendeu a atingir uma assíntota, demonstrando a
eficiência do método de coleta.
Para as fitofisionomias, apenas as áreas de brejo e cerradão tenderam a
atingir uma assíntota.
Quando se compara a riqueza do PARNA das Nascentes do Rio
Parnaíba com localidades já inventariadas no sul do Piauí e norte do
101
Tocantins, verifica-se que o número de espécies registradas nas
Nascentes está dentro do esperado para essa região biogeográfica.
Quanto às fitofisionomias, apenas mata de galeria e cerrado sensu
stricto apresentaram diferença significativa quanto à riqueza e
abundância relativa.
As áreas de cerrado sensu stricto apresentaram uma maior diversidade
e uma maior dominância, e conseqüentemente uma menor
equitabilidade.
Das espécies registradas ao longo de todo o período de estudo, as
raposas C. thous e L. vetulus foram as mais abundantes e P.
yagouaroundi, E. barbara e C. libidinosus foram as espécies menos
abundantes.
Duas espécies foram registradas apenas no intervalo de 6 – 18 horas,
sendo elas C. libidinosus e P. yagouaroundi.
Considerando o total de registros, não houve diferença significativa na
abundância das espécies entre os períodos de amostragem (Chuvoso e
Seco).
Das 20 espécies de mamíferos de médio e grande porte catalogadas no
Parque pelas armadilhas fotográficas, três (15%) foram registradas em
áreas de brejo, quatro (20%) em área de carrasco, sete (35%) em área
de mata de galeria, 13 (65%) em área de cerradão e 17 (85%) em área
de cerrado sensu stricto.
Três espécies foram registradas exclusivamente no cerrado sensu stricto
pelas armadilhas-fotográficas: C. libidinosus, T. tricinctus e P. onca.
102
Nenhum dos táxons foi registrado em todos os tipos fitofisionômicos
amostrados durante esse estudo.
Quanto ao uso do habitat, somente C. thous e M. gouazoubira
apresentaram diferença significativa entre as fitofisionomias, sendo a
primeira considerada generalista e registrada no Parque principalmente
em áreas de cerrado sensu stricto, e a segunda ter apresentando maior
afinidade com áreas de vegetação mais densa (cerradão) na área de
estudo.
A análise de agrupamento mostrou que as áreas de cerradão e cerrado
sensu stricto são mais semelhantes entre si na composição de espécies,
provavelmente pela semelhança florística entre esses ambientes, os
quais diferem quanto à estrutura da vegetação.
A análise de composição regional mostrou que o Parque apresenta uma
maior similaridade, quanto à composição de espécies, com as UCs
localizadas no Sul do Estado do Piauí (E.E. de Uruçuí-Una e PARNA da
Serra das Confusões) do que com as demais áreas de Cerrado.
Os principais problemas ambientais no Parque Nacional das Nascentes
do Rio Parnaíba é a presença de gado, o fogo e a atividade de caça.
103
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136
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ZAR, J. H. Biostatistical Analysis. 4ªed. New Jersey, Prentice-Hall, Inc., 1999,
663p.
137
ANEXO 1 – Questionário usado durante as entrevistas com moradores do
Entorno do Parque
Questionário
DADOS PESSOAIS.
1. Nome:_________________________________________________
2. Idade:
( ) 10 a 19 anos ( ) 20 a 29 anos ( ) 30 a 39 anos ( ) 40 a 49 anos
( ) 50 a 59 anos ( ) 60 a 69 anos ( ) 70 a 79 anos
3. Sexo:
( ) Masculino ( ) Feminino
4. Há quanto tempo trabalha / reside no local?
( ) 0 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) 16 a 20 anos ( ) 21 a 25
anos ( ) 26 a 30 anos ( ) acima de 30 anos
5. Qual sua atividade? ______________________________________
5. Até que série você estudou?
( ) analfabeto ( ) ensino fundamental incompleto
( ) ensino fundamental completo ( ) ensino médio incompleto
( ) ensino médio completo ( ) superior
138
ANEXO 1 - continuação
FAUNA LOCAL
Quais espécies de mamíferos (animais de pêlo) você sabe que existem no
Parque e no entorno?
Espécie Tipo de Registro Ocorrência Freqüência
139
ANEXO 1 - continuação
Existe alguma espécie que você sabe que ocorria na área e que não é mais
vista?
Espécie Tipo de
Registro
Ocorrência Freqüência quanto
tempo não é
vista
Qual o principal uso/utilidade do Parque (Gerais) para as pessoas da região?
( ) agricultura ( ) Pecuária ( ) extrativismo ( ) mineração ( ) caça ( ) pesca
Observação:
_______________________________________________________________
_________________________________________________
Legenda:
Tipo de registro: avistamentos (A), vocalização (V), rastros (R), odores (O),
relatos (Re)
Ocorrência: Chapada ou Gerais (parte de baixo)
Freqüência: Comum ou raro
140
Anexos 2. Mamíferos de médio e grande porte registrados pelas armadilhas-
fotográficas no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. (A) Dasypus
novemcinctus, (B) Tolypeutes tricinctus, (C) Cebus libidinosus, (D) Lycalopex
vetulus, (E) Chrysocyon brachyurus, (F) Cerdocyon thous.
A
B
C
D
D
F
E
141
Anexo 2 (Continuação). Mamíferos de médio e grande porte registrados pelas
armadilhas-fotográficas no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.
(G) Procyon cancrivorus, (H) Conepatus semistriatus, (I) Eira barbara, (J)
Leopardus pardalis, (L) Leopardus tigrinus, (M) Panthera onca.
G H
I
J
L
M
142
Anexo 2 (continuação). Mamíferos de médio e grande porte registrados pelas
armadilhas-fotográficas no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.
(N) Puma concolor, (O) Puma yagouaroundi, (P) Tapirus terrestris, (Q) Pecari
tajacu, (R) Blastocerus dichotomus, (S) Mazama gouazoubira.
N
O
Q
P
R S
143
Anexo 2 (continuação). Mamíferos de médio e grande porte registrados pelas
armadilhas-fotográficas no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.
(T) Cuniculus paca, (U) Dasyprocta nigriclunis.
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