49
de energia destas, transformando-as na molécula de oxigênio em seu estado
fundamental. A energia então absorvida pelo carotenóide é dissipada na forma
de calor, retornando a molécula ao seu estado basal (Cerqueira, Medeiros,
Augusto, 2007; Young, Lowe, 2001). O carotenóide excitado resultante libera
pouca energia e, portanto, é inofensiva ao meio celular (Cerqueira, Medeiros,
Augusto, 2007; Young, Lowe, 2001).
Diversos fatores, tais como, a estrutura da molécula oxidável, tipo de carotenóide; a
localização e sítio de atuação do carotenóide; a capacidade de interagir com outros
carotenóides e antioxidantes; a concentração do carotenóide e a pressão parcial de oxigênio
influenciam a capacidade antioxidante dos carotenóides em sistemas biológicos (Young, Lowe,
2001). Entre as reações in vitro bem estabelecidas dos antioxidantes carotenóides (CAR),
encontram-se as reações com radical peroxil (ROO
•
) que se dão ao menos por três vias
(reações XV a XVII) (Cerqueira, Medeiros, Augusto, 2007, Young, Lowe, 2001):
CAR + ROO• → CAR•+ + ROO- (transferência de elétrons) (XV)
CAR + ROO• → CAR• + ROOH (abstração de hidrogênio) (XVI)
CAR + ROO• → ROOCAR• (adição) (XVII)
As reações de transferência de elétrons resultam em carotenóides
radicalares na forma de cátion (CAR
+•
), anion (CAR
-•
) ou de um radical alkil
(CAR
•
) (Young, Lowe, 2001). A adição de radicais livres, como radicais
peróxidos (ROO·) pode ocorrer em qualquer ponto da molécula de carotenóide
(CAR), resultando na formação de um carotenóide carbono radicalar. O radical
seria estabilizado interferindo, portanto, na fase de propagação da oxidação,
por exemplo, na peroxidação lipídica (Young, Lowe, 2001).
In vivo, o conteúdo e a composição tecidual de carotenóides são
heterogêneos. Em ambientes apolares, como tecido adiposo e interior de
membranas plasmáticas, a separação de carga é termodinamicamente
desfavorável, e a reação (transferência de elétrons) é improvável para licopeno
e β-caroteno (hidrocarbonetos). Contudo, carotenóides, como zeaxantina,
possuem grupamentos polares, e podem, portanto interceptar radicais no meio
aquoso e na superfície de membranas. Uma vez que o cátion radical
carotenóide (CAR
•+
) é formado, pode oxidar diferentes compostos no ambiente
aquoso (Young, Lowe, 2001).