10
que há uma noção criminosa de que a honra dos homens deve ser lavada com o
sangue da mulher considerada infiel.
4
A violência está presente em todos os lugares e de várias formas. Ela está
onipresente. Para começar, as “necessidades básicas não garantidas já constituem
uma relação de violência”,
5
conforme o que nos diz Schiele. Tanto Schiele quanto
Copeland
6
consideram que a violência contra a mulher impregna todos os setores da
vida de uma mulher, pois em seu próprio lar bem como na vida pública, a mulher
está sujeita a molestamentos e a abuso físico, psicológico, emocional e mental e
corre perigo de vida. Assim, muitas mulheres tanto individual quanto coletivamente
vivem diariamente com o medo da violência. Já conforme Fiorenza, a violência “não
se limita a uma classe específica, a uma área geográfica determinada ou a um
determinado tipo de pessoas. Ao contrário atravessa as diferenças sociais e os
limites de status”.
7
Em geral, todos os tipos de mulheres, infelizmente, sofrem a
violência em função do sexo. Aqui podemos citar vários tipos de mulheres tais como:
brancas, negras, ricas, pobres, jovens, velhas, profissionais, iletradas, religiosas,
seculares, urbanas ou rurais, enfim, mulheres de todas as classes, raças e etnias
sofrem de alguma forma a violência.
É interessante observar como persistem as diversas formas de violência por
mais que este estigma seja ocultado e de forma muito vergonhosa até mesmo por
aquelas que padecem a violência. Essa realidade não pode ser quantificada, pois,
ela se dá de diversas formas tais como: “violência física, psíquica, moral e sexual, e
as mulheres a sofrem com sentimentos de vergonha e culpabilidade. Isto as
atormenta e lesa duplamente, de maneira que os maus-tratos, vexações e
humilhações se mantêm em segredo”
8
como nos revela Felisa Elizondo. Além disso,
ainda podem ser considerados como fatos do âmbito privado.
O sofrimento em silêncio da mulher manifesta o medo do agressor, a
vergonha de sua situação por não ter coragem de romper com o ciclo de agressões,
o medo de se expor e de ser vista pelos outros como fraca.
4
Cf. MACHADO, Alzira G. Violencia contra a mulher: Uma hermeneutica de João 7,53-8,11. In Estudos
Bíblicos. Petrópolis: Vozes, v. 96, 2007, p. 31.
5
SCHIELE, Beatrix. Violência e Justiça. In Concílium nº 252, 1994/ 2, p. 219
6
Cf. COPELAND, M. Shawn. Reflexões editoriais. In Concílium nº 252, 1994/2, p. 321
7
FIORENZA, Elisabeth S. Violência contra a mulher. in Concilium nº 252, 1994/2 p. 163.
8
ELIZONDO, Felisa. Violência contra as mulheres: estratégias de resistência e fontes de cura a partir do
cristianismo. in Concílium nº 252, 1994/2 p. 298.