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Ronaldo Janvrot Vivone
DESENVOLVIMENTO DE UMA METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DE
230
Th,
234
U E APLICAÇÃO NA DATAÇÃO DE CORAIS FÓSSEIS E
EXSUDAÇÕES, ORIUNDOS DA REGIÃO DA BACIA DE CAMPOS, RJ
Dissertação aprovada para obtenção do
Grau de Mestre pelo Programa de s-
Graduação em Radioproteção e Dosimetria
do Instituto de Radioproteção e Dosimetria
da Comissão Nacional de Energia Nuclear
na área de Radioquímica Ambiental.
Orientador: Dr. José Marcus Godoy
IRD/CNEN
Co-Orientadora: Dra. Maria Luiza Godoy
IRD/CNEN
Rio de Janeiro – Brasil
Instituto de Radioproteção e Dosimetria – Comissão Nacional de Energia Nuclear
Coordenação de Pós-Graduação
2009
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ii
Vivone, Ronaldo Janvrot
Desenvolvimento de uma metodologia para determinação de
230
Th ,
234
U e aplicação na datação de corais fósseis e exsuda-
ções oriundos da Região da Bacia de Campos, RJ. Rio de Janeiro:
IRD, 2009.
xv, 90 p. 29,7 cm: Il. Graf., tab.
Dissertação (mestrado) - Instituto de Radioproteção e Dosimetria
Rio de Janeiro, 2009.
1. Datação
230
Th/
234
U; 2. Série U; 3. Coral fóssil; 4. Exsuda-
ção; 5. Teses.
I. Instituto de Radioproteção e Dosimetria. II. Título.
ads:
iii
Ronaldo Janvrot Vivone
DESENVOLVIMENTO DE UMA METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DE
230
Th,
234
U E APLICAÇÃO NA DATAÇÃO DE CORAIS FÓSSEIS E
EXSUDAÇÕES, ORIUNDOS DA REGIÃO DA BACIA DE CAMPOS, RJ
Rio de Janeiro, 16 de outubro de 2009.
______________________________________________________________
Dr. José Marcus Godoy – IRD/CNEN
______________________________________________________________
Dr. Cláudio de Carvalho Conti – IRD/CNEN
______________________________________________________________
Dr. Sambasiva Rao Patchineelam – UFF
______________________________________________________________
Dr. Antônio Carlos Augusto da Costa – IQ/UERJ
iv
O presente trabalho foi desenvolvido no Instituto de Radioproteção e Dosimetria da
Comissão Nacional de energia Nuclear, sob orientação do Prof. Dr. José Marcus Godoy
e co-orientação da Dr
a
. Maria Luiza D. P. Godoy.
v
A minha mãe, Dina, que me educou e sempre fez o possível e o quase impossível pela
minha vida acadêmica.
A minha esposa, Rafaella, pela força que me dá, em tudo que faço.
vi
AGRADECIMENTOS
Ao meu grande amigo e companheiro de trabalho, Luiz Alfredo Roldão, Luca, pela
sua paciência e importante colaboração neste trabalho. Pessoa sempre disposta a ajudar
em qualquer momento.
Ao meu outro grande amigo, Vicente de Paula Melo, que sempre me incentivou
para a realização do mestrado.
Ao meu orientador, Dr. José Marcos Godoy e a minha co-orientadora, Dr
a
. Maria
Luiza D. P. Godoy, pelo incentivo e pelos conhecimentos transmitidos.
À Dr
a
Ana Cristina de Melo Ferreira, pelo trabalho de revisão.
Ao Instituto de Radioproteção e Dosimetria, na pessoa do Dr. Luiz Fernando de
Carvalho Conti, pela oportunidade para a realização do curso de mestrado.
Ao Programa de Pós Graduação do IRD e a todo o seu corpo docente, pelos
conhecimentos técnico-científicos ministrados.
Aos meus colegas alunos do mestrado que formaram uma excelente turma,
companheiros de estudo e trabalhos.
Aos colegas da Divisão de Análises Ambientais (SEANA/IRD) pelo incentivo e
apoio nas horas necessárias. Em especial ao Dr. Cláudio de Carvalho Conti, pela sua
colaboração e boa vontade.
Um agradecimento especial aos meus pais, por terem me criado e me dado toda a
educação digna de um cidadão.
Um agradecimento especial a minha esposa Rafaella, pelo seu carinho, incentivo e
paciência, até nas horas mais difíceis.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para o êxito deste trabalho.
A Deus, por ter me dado saúde e paz.
vii
RESUMO
Conforme o tipo de material que se deseja determinar a idade, existem diversos
métodos de datação. Para estudos geológicos e paleoceanográficos os mais utilizados
são aqueles baseados no decaimento dos elementos das séries do urânio .
De modo a aumentar a precisão e exatidão na determinação da razão
230
Th/
234
U,
empregando-se a espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado, foi
desenvolvido um método de separação de urânio e tório da matriz das amostras, gerando
uma solução final com baixo teor de sais e de características semelhantes aos padrões
utilizados. O método desenvolvido teve como base a extração cromatográfica com
coluna UTEVA da Eichrom
®
. No caso específico de exsudações, foi acrescida uma
etapa de separação por cromatografia de troca iônica em meio nítrico.
As metodologias desenvolvidas foram validadas empregando-se um material de
referência certificado, NIST SRM 4357 (sedimento marinho), obtendo-se valores
médios de concentrações de
230
Th e
234
U de acordo com os valores de referência e
precisão em torno de 3 %.
A metodologia otimizada foi empregada para a datação de sete corais e duas
exsudações provenientes de águas profundas da plataforma continental da Bacia de
Campos RJ. As idades obtidas para as amostras de corais fósseis de um mesmo
testemunho de sedimento variaram de 9 a 203 kanos, com precisão na faixa de 1,5 a 4,5
%. Estas idades estão coerentes com as obtidas pela técnica do
14
C usando um AMS, na
Universidade da Califórnia-Irvine (Estados Unidos), e com as obtidas através do par
230
Th/
234
U pela técnica de ICP-MS usando separação e injeção em fluxo, no Laboratório
de Espectrometria de Massa do Instituto de Radioproteção e Dosimetria IRD/Brasil.
As amostras de exsudação apresentaram idades de 297 kanos e 67 kanos e precisão de 5
%.
viii
ABSTRACT
There are several dating methods available; the most suitable one will depend on
the type of the sample material. For geological and paleoceanographic studies, the
methods based on the decay of the isotopes of the uranium series are the most used
ones.
In order to increase precision and accuracy in the
230
Th/
234
U ratio determination,
using the inductively coupled plasma mass spectrometry, it was developed a method for
uranium and thorium separation from the matrix of the samples, generating a final
solution with low salts content and similar to standards used. The developed method
was based on chromatographic extraction with column UTEVA (Eichrom Co.). In the
specific case of hydrocarbon seeps, a separation step was added by ion exchange in
nitric solution.
The developed methodologies were validated by using a certified reference
material, NIST SRM 4357 (marine sediment). The average concentrations results for
234
U and
230
Th were in agreement with the reference values and was precision around 3
%.
These methodologies were applied to seven fossil corals and two hydrocarbon
seeps from deep water of the continental shelf in Campos Basin - Brazil. The
determined ages for the fossil corals samples of the same sediment core ranged from 9
to 203 ky and the precision ranged from 1.5 to 4.5%, which were consistent with the
values determined by the
14
C technique using an AMS, in the University of California-
Irvine (United States), and with those determined by the
230
Th/
234
U pair using separation
and injection flow, by ICP-MS technique, in the Mass Spectrometry Laboratory at the
Institute for Radioprotection and Dosimetry IRD/Brazil. The hydrocarbon seeps ages
obtained were 297 ky and 67 ky with a 5 % precision.
ix
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO
1
1.1 – OBJETIVOS
4
1.1.1 – GERAIS 4
1.1.2 – ESPECÍFICOS 4
2 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS
5
2.1– DATAÇÃO RADIOATIVA
5
2.1.1 – MÉTODOS DE DATAÇÃO UTILIZANDO A SÉRIE DO
URÂNIO
11
2.1.2 – MÉTODO DE DATAÇÃO UTILIZANDO
230
Th/
234
U 13
2.1.3 – DATAÇÃO DE CARBONATOS MARINHOS 16
2.1.4 – CORREÇÃO PARA O
230
Th INICIAL 17
2.1.5 – MÉTODOS DE DATAÇÃO DE SISTEMAS ABERTOS 19
2.2 – AMOSTRAS
20
2.2.1 – CORAIS FÓSSEIS 20
2.2.2 – EXSUDAÇÕES DE METANO 23
2.3 – TÉCNICA DA EXTRAÇÃO CROMATOGRÁFICA
26
2.3.1 – RESINA TRU 27
2.3.2 – RESINA UTEVA 32
2.4 – ESPECTROMETRIA DE MASSA
37
2.4.1 TÉCNICA DA ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA
INDUTIVAMENTE ACOPLADO – ICP-MS
39
2.4.1.1 – RAZÃO ISOTÓPICA – CORREÇÃO NA DISCRIMINAÇÃO DE
MASSA
42
2.4.1.2 – TÉCNICA DA DILUIÇÃO ISOTÓPICA 44
3 – MATERIAIS E MÉTODOS
46
3.1 – AMOSTRAS
46
3.2 – EQUIPAMENTOS
48
3.3 – MATERIAIS UTILIZADOS
50
3.4 – REAGENTES
52
3.5 – PROCEDIMENTO
53
3.5.1 – PREPARAÇÃO DA AMOSTRA 53
3.5.2 – PESAGEM E DISSOLUÇÃO 54
x
3.5.3 – DETERMINAÇÃO QUANTITATIVA DE URÂNIO E TÓRIO 55
3.5.4 – DETERMINAÇÃO DE URÂNIO POR DILUIÇÃO ISOTÓPICA 55
3.5.5 – SEPARAÇÃO DE URÂNIO E TÓRIO EM BATELADA 55
3.6 – CÁLCULOS PARA A DATAÇÃO
61
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
62
4.1 – EXTRAÇÃO CROMATOGRÁFICA DE URÂNIO E TÓRIO
62
4.1.1 – SEPARAÇÃO DE URÂNIO E TÓRIO EM COLUNA TRU (EICHROM)
62
4.1.2 – SEPARAÇÃO DE URÂNIO E TÓRIO EM COLUNA UTEVA
(EICHROM)
66
4.1.3 SEPARAÇÃO DE URÂNIO E TÓRIO EM BATELADA
SIMULAÇÃO DA MATRIZ
70
4.1.4 SEPARAÇÃO DE URÂNIO e TÓRIO EM BATELADA, COM
COLUNA UTEVA DETERMINAÇÃO DOS FATORES DE
DESCONTAMINAÇÃO
72
4.2 – SEPARAÇÃO DE TÓRIO E URÂNIO POR TROCA IÔNICA COM
RESINA DOWEX 1X8
73
4.3 – VALIDAÇÃO DAS METODOLOGIAS
75
4.4 – DATAÇÕES USANDO O PAR
230
Th/
234
U
77
4.4.1 – CORAIS 77
4.4.2 – EXSUDAÇÕES 80
5 – CONCLUSÕES
82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
83
xi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1:
Esquema de decaimento da série do urânio com a informação do
tipo de decaimento e a meia-vida(Universidade Federal de Santa
Catarina – UFSC, 2008).
12
Figura 2.2:
Comparação da curva teórica de crescimento para os nuclídeos
230
Th e
231
Pa. Note o efeito de 15% de desequilíbrio entre
234
U e
238
U na curva de crescimento do
230
Th (IVANOVICH et al.,
1992).
14
Figura 2.3:
Variações nas razões de atividades
234
U/
238
U e
230
Th/
234
U com o
tempo em um sistema fechado sem
230
Th inicial. As linhas
verticais são isócronas (linhas de idade constante), obtidas da
equação 1, para diferentes valores da razão de atividades
234
U/
238
U. As linhas horizontais são “curvas de crescimento”,
mostrando a mudança nas razões das atividades com o aumento
da idade para diferentes razões iniciais de atividades
234
U/
238
U
(KU, 2000).
15
Figura 2.4:
Coral Lophelia pertusa (BRANCHU et al., 2005).
22
Figura 2.5:
Fotografias de exemplos de exsudações: (A) Tipo helicoidal. (B)
Tipo cônico bifurcado em dois tubos. (C) Tipo monte amarelo
clara. (D) Três bifurcações curvas no topo de uma exsudação
cilíndrica. (E) Tipo cilíndrica. (F) Tipo cilíndrica com
terminação arredondada. (G) Cilíndrica ampla, mostrando
protuberâncias na base. (H) Cilíndrica característica. (I) Detalhes
do orifício central dentro de uma exsudação cilíndrica espessa.
(J) Visão detalhada do topo alargado de uma exsudação tipo
monte, mostrando o orifício central. (K) Visão detalhada de um
amplo orifício central relacionado com tubo de paredes finas
(DÍAZ et al., 2003).
25
Figura 2.6:
Molécula de óxido octilfenil-N, N-di-isobutil carbamoilfosfina
(CMPO) (CRUZ, 2006) .
28
Figura 2.7:
Dependência do k’, em função da concentração molar de ácido
nítrico, para vários íons à 23-25
o
C, na resina TRU (HORWITZ
et al., 1992).
29
Figura 2.8:
Dependência do k’, em função da concentração molar de ácido
clorídrico, para vários íons à 23
o
C, na resina TRU (HORWITZ
et al., 1992).
30
Figura 2.9:
Efeito dos íons poliatômicos ácido oxálico, ácido fosfórico,
ácido sulfúrico e tetrahidrofurano 2,3,4,5- ácido tetracarboxílico
(THFTCA) na retenção do neptúnio na resina TRU, em HNO
3
2M (HORWITZ et al., 1992).
31
xii
Figura 2.10:
Efeitos do ácido oxálico no k’ do neptúnio tetravalente e do
urânio hexavalente em resina TRU, no meio de HCl 1 M
(HORWITZ et al., 1992).
32
Figura 2.11:
Molécula de diamil amilfosfonato (DAAP) (CRUZ, 2006) .
33
Figura 2.12:
Dependência do k’, em função da concentração molar de ácido
nítrico, para vários íons à 23-25
o
C, na resina UTEVA
(HORWITZ et al., 1992).
34
Figura 2.13:
Dependência do k’, em função da concentração molar de ácido
clorídrico, para vários íons à 23-25
o
C, na resina UTEVA
(HORWITZ et al., 1992).
35
Figura 2.14:
Efeito da variação da molaridade de ânions complexantes na
retenção do neptúnio na resina UTEVA, em HNO
3
2M
(HORWITZ et al., 1992).
36
Figura 2.15:
Efeito da variação da molaridade de ânions complexantes na
retenção do urânio na resina UTEVA, em HNO
3
2M
(HORWITZ et al., 1992).
36
Figura 2.16:
Componentes básicos de um espectrômetro de massa
(RODRIGUEZ, 2003). .
37
Figura 2.17:
Principais componentes de um ICP-MS tipo quadrupolo
(TEIXEIRA, 2007). .
40
Figura 3.1:
Amostra de coral Lophelia pertusa da Bacia de Campos – RJ. 46
Figura 3.2:
Amostra de testemunho de sedimentos, mostrando os corais
fósseis da Bacia de Campos (CRUZ, 2006).
47
Figura 3.3:
Localização das amostras objeto do estudo de datação (CRUZ,
2006) .
48
Figura 3.4:
ICP-MS Perkin Elmer ELAN 6000, instalado no Laboratório de
Análises Ambientais – SEANA-IRD.
50
Figura 3.5:
Frascos de PFA savillex
®
. 51
Figura 3.6:
Sistema fechado para evaporação, com fluxo de argônio. 51
Figura 3.7:
Esquema de montagem usado para a extração cromatográfica. 56
Figura 3.8:
Metodologia datação
230
Th/
234
U, para corais.
59
Figura 3.9:
Metodologia datação
230
Th/
234
U, para exsudações. 60
xiii
Figura 4.1:
Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1
µg de U e 1
µg de Th da coluna de TRU de 4 cm (1 cm de diâmetro), com
HCl 0,1M.
63
Figura 4.2:
Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e 1
µg de Th da coluna de TRU de 4 cm (1 cm de diâmetro), com
HCl 0,1M + HF 0,1M.
64
Figura 4.3:
Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e 1
µg de Th da coluna TRU de 4 cm (1 cm de diâmetro), com HCl
0,1M + HF 0,01M.
64
Figura 4.4:
Percentagem de eluição de tório em coluna TRU, em função do
volume de eluente.
65
Figura 4.5:
Percentagem de eluição de urânio em coluna TRU, em função
do volume de eluente.
65
Figura 4.6:
Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e 1
µg de Th da coluna de UTEVA de 4 cm (1 cm de diâmetro),
com HCl 0,1M.
67
Figura 4.7:
Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e 1
µg de Th da coluna de UTEVA de 4 cm (1 cm de diâmetro),
com HCl 0,1M + HF 0,1M.
67
Figura 4.8:
Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e 1
µg de Th da coluna de UTEVA de 4 cm (1 cm de diâmetro),
com HCl 0,1M + HF 0,01M.
68
Figura 4.9:
Percentagem de eluição de tório em coluna UTEVA, em função
do volume de eluente.
68
Figura 4.10:
Percentagem de eluição de urânio em coluna UTEVA, em
função do volume de eluente.
69
Figura 4.11:
Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e 1
µg de Th, da coluna TRU de 4 cm (1 cm de diâmetro), com HCl
0,1M + HF 0,01M. Adição de 500 mg de Ca.
70
Figura 4.12:
Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e 1
µg de Th da coluna UTEVA de 4 cm (1 cm de diâmetro), com
HCl 0,1M + HF 0,01M. Adição de 500 mg de Ca.
71
Figura 4.13:
Percentagem de eluição de urânio e tório em coluna UTEVA e
em coluna TRU, em função do volume de HCl 0,1M + HF
0,01M. Adição de 500 mg de Ca.
71
xiv
Figura 4.14:
Curvas de eluição de aproximadamente 0,1
µg de Th das colunas
com resina DOWEX 1x8 de 5 cm (1,5 cm de diâmetro), com
HCl 6 M + HF 0,26 M, HCl 1 M + HF 0,26 M e HCl 0,1 M +
HF 0,26 M.
74
Figura 4.15:
Percentagem de eluição de tório em coluna com resina DOWEX
1x8, em função do volume de eluição de HCl 6 M + HF 0,26M,
HCl 1 M + HF 0,26 M e HCl 0,1 M + HF 0,26 M.
75
Figura 4.16:
Intercomparação das idades das amostras de corais, utilizando
diferentes metodologias.
79
xv
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.1:
Principais métodos radioativos e sua ocorrência no uso geológico e
arqueológico (IVANOVICH et al., 1992).
8
Tabela 2.2:
Eras, períodos e épocas geológicas relacionadas com a sua
ocorrência (NOLLER, 2000).
9
Tabela 3.1:
Condições de operação do ICP-MS Perkin-Elmer ELAN 6000 para
ambos os modos de medida: razão isotópica e concentração.
49
Tabela 4.1:
Parâmetros experimentais do estudo da separação U/Th em coluna
TRU (Eichrom).
63
Tabela 4.2:
Parâmetros experimentais do estudo da separação U/Th em coluna
UTEVA (Eichrom).
66
Tabela 4.3:
Parâmetros experimentais do estudo dos fatores de descontaminação
na separação U/Th em coluna UTEVA (Eichrom).
72
Tabela 4.4:
Fatores de descontaminação em resina UTEVA e eluição com HCl
0,1M + HF 0,01M.
73
Tabela 4.5:
Parâmetros experimentais do estudo da separação de Th e U em
resina DOWEX 1x8.
74
Tabela 4.6:
Valores de atividades de
230
Th e de
234
U obtidos na amostra de
referência NIST SRM 4357, valores em Bq kg
-1
- Metodologia para
corais.
76
Tabela 4.7:
Valores de atividades de
230
Th e de
234
U obtidos na amostra de
referência NIST SRM 4357, valores em Bq kg
-1
- Metodologia para
exsudações.
76
Tabela 4.8:
Valores de razões de atividades
230
Th/
234
U e
234
U/
238
U e idades
obtidas nas amostras de corais, utilizadas neste trabalho.
77
Tabela 4.9:
Intercomparação das idades das amostras de corais.
78
Tabela 4.10:
Teste “F” de Snedecor e diferença mínima significativa, entre as
metodologias, com 95 % de probabilidade.
80
Tabela 4.11:
Valores de razões de atividades
230
Th/
234
U,
234
U/
238
U, obtidos nas
frações das amostras de exsudações.
81
Tabela 4.12:
Idades obtidas das amostras de exsudações. 81
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Ao longo de décadas de exploração de petróleo, a indústria petrolífera foi
percebendo a necessidade de investimento cada vez maior na área de tecnologia e
capacitação de pessoal, a fim de se diminuir o risco exploratório. Por ser o petróleo um
recurso estratégico e com elevadíssimos custos de exploração, a sua prospecção deve
ser realizada com o maior grau de precisão possível.
Aproximadamente dez anos após as primeiras descobertas nas regiões da
plataforma continental, a Petrobrás achou seu primeiro campo gigante em lâmina de
água superior a 700 metros, abrindo uma nova fronteira exploratória de produção de
hidrocarbonetos em águas profundas. Segundo MILANI et al. (2001), se encontram
poços exploratórios em lâminas d’água próximas de 2800 metros. A produção destes
campos requer também um bom conhecimento das condições ambientais e de
estabilidade do subsolo marinho, onde se assentarão todos os equipamentos de extração
de petróleo. Condições de mar, força e direção das ondas e correntes, também devem
ser precisamente conhecidas, bem como a circulação submarina, para que operações
seguras de produção possam ser executadas. O desenvolvimento desta nova tecnologia
de produção em águas profundas, processo altamente dispendioso, é justificado devido
ao grande volume de produção destes poços.
Visando um desenvolvimento tecnológico cada vez maior na área de exploração
petrolífera em águas profundas, a Petrobrás investe em diversos projetos de pesquisa e,
dentre eles, tem-se o projeto Rocha 2 (CT -PETRO, FINEP-PETROBRAS). Este
projeto contempla a determinação da idade de corais fósseis e de exsudações de metano
através do par
230
Th/
234
U.
A margem continental brasileira tem apresentado importantes reservas de
hidrocarbonetos para o país e, por isso, vem sendo alvo de diversas pesquisas
relacionadas à bioestratigrafia, à paleoecologia e à paleoceanografia. Sequências de
aparecimento/desaparecimento de corais fósseis são observadas em testemunhos de
sedimentos amostrados na Bacia de Campos.
Recentemente, foi mostrado que corais fósseis do fundo do mar fornecem uma alta
resolução temporal para a reconstrução das rápidas mudanças de circulação dos oceanos
2
passados (SCHRODER-RITZRAU et al., 2003). O clima da Terra muda rapidamente na
escala de tempo geológica e o fundo do mar desempenha um papel importante como
ferramenta paleoceanográfica (WILSON et al., 2000, ALLEY et al., 2003). Trabalhos
recentes têm sugerido que os corais do fundo do mar são bem adequados ao estudo das
rápidas mudanças climáticas (ADKINS et al., 1998, GOLDSTEIN et al., 2001,
SCHRODER-RITZRAU et al., 2003). Esses autores reconstruíram o passado da
circulação do fundo do mar utilizando registros de alta resolução de corais de águas
profundas obtidos pelo sinal de
14
C e pela datação utilizando-se U-Th.
A bioestratigrafia do Quaternário, ao contrário daquela desenvolvida para intervalos
geocronológicos anteriores, está relacionada a variações paleoclimáticas. Essas
variações estão relacionadas, entre outros fatores, a mudanças no padrão de circulação
dos oceanos. Como consequência dessas mudanças, bem como da variação do nível do
mar relacionado à variação do volume de gelo acumulado nas calotas polares e grandes
cadeias de montanhas, a dinâmica de sedimentação marinha também é afetada, o que
resulta em alterações na microbiota marinha e, consequentemente, no registro
microfossilífero. A alternância de camadas contendo diferentes associações de
microfósseis possibilita a correlação de rochas e gera uma moldura temporal para o
entendimento da história geológica de uma região (VICALVI, 1999). Estas mudanças
da fauna, climaticamente induzidas, necessitam ser calibradas numa escala de tempo
absoluta a fim de serem utilizadas como uma ferramenta de datação.
Segundo MILLER (2006), a ocorrência de exsudações de petróleo tem sido
amplamente utilizada como indicadora de acumulações de hidrocarbonetos em
profundidade e o estudo detalhado das características geoquímicas, geológicas e
geocronológicas de uma exsudação pode fornecer importantes informações relativas à
origem, evolução rmica e processos de migração dos hidrocarbonetos presentes,
contribuindo assim para um melhor entendimento do sistema petrolífero.
Ao longo dos últimos anos, inúmeros estudos de ambientes submarinos e rochas de
registros fósseis têm ressaltado a importância da formação de carbonato associada à
idade da exsudação de hidrocarboneto e à atividade microbiana (CAMOIN, 1999).
Como a formação deste tipo de exsudação resulta da oxidação de metano, a sua
fonte de carbono é petrogênica; com isso, a datação convencional com
14
C não é
aplicável. Encontram-se na literatura trabalhos demonstrando a aplicabilidade do
método
230
Th/
234
U para estes fins. Por outro lado, estudos preliminares realizados no
Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) indicam que parte deste material possui
3
idades acima dos 40 mil anos, ou seja, superior à faixa de aplicação da datação com
14
C-
AMS (GODOY et al., 2006). Devido ao longo tempo de contagem necessário para se
obter bons resultados estatísticos na determinação de urânio e tório por espectrometria
alfa nestes tipos de amostras, esta determinação foi realizada através da técnica da
espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS).
O método de determinação da razão
230
Th/
234
U desenvolvido no Serviço de
Análises Ambientais (SEANA) do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD),
emprega uma separação em linha com uma solução final de oxalato de amônio que é
injetada no plasma (GODOY et al., 2006). Neste método, a quantidade de sais presentes
na solução de leitura não permite alcançar a exatidão e a precisão obtida trabalhando-se
com soluções menos salinas (HILL et al., 2007). Desta forma, a presente proposta visa
o desenvolvimento de um método de separação U e Th em batelada, utilizando a
extração cromatográfica, que forneça ao final uma solução com baixo teor de sais e de
características semelhantes aos padrões utilizados.
4
1.1 - OBJETIVOS
1.1.1 - GERAIS
Este trabalho tem como objetivo principal o desenvolvimento de uma metodologia
para separação química e pré-concentração em regime de batelada para posterior
determinação de urânio e tório por ICP-MS, com melhoria da precisão e exatidão em
relação à técnica on-line, que utiliza injeção em fluxo no ICP-MS, desenvolvida no
Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD). Aplicação da técnica desenvolvida na
datação de corais fósseis e exsudações de metano provenientes de águas profundas da
Plataforma Continental da Bacia de Campos – RJ.
1.1.2 - ESPECÍFICOS
Estudos das melhores condições de separação de urânio e tório em batelada, com a
simulação de matriz de carbonato marinho.
• Validação da metodologia desenvolvida.
• Intercomparação laboratorial dos resultados de datação dos corais fósseis obtidos, com
os do laboratório da Universidade da Califórnia (Estados Unidos), pela metodologia de
datação com C-14 via espectrometria de massa acoplada a um acelerador de partículas
(AMS), com os obtidos pela Universidade de Heidelberg (Alemanha), que utiliza o
método de espectrometria de massa com ionização térmica (TIMS), e com os da
metodologia empregando-se a injeção em fluxo e espectrometria de massa com plasma
indutivamente acoplado (ICP-MS), do Instituto de Radioproteção e Dosimetria IRD,
ambos pela datação usando o par
230
Th/
234
U.
5
CAPÍTULO 2
FUNDAMENTOS TEÓRICOS
2.1 - DATAÇÃO RADIOATIVA
A necessidade de se conhecer a idade de materiais encontrados em sítios
arqueológicos e idade do próprio planeta Terra fez surgir a técnica de datação
radioativa. Anteriormente a esta técnica, várias maneiras de se "contar" o tempo
geológico foram idealizadas (FAIRCHILD et al., 2000):
1) Cálculo da idade da Terra através do tempo necessário para que o mar se tornasse
salgado, pressupondo que este seria doce no início e que o sal teria sido levado pelos
rios a partir da dissolução das rochas aflorantes nos continentes. O cálculo obtido em
1899 indicou que a água do mar teria cerca de 90 milhões de anos. Mas, com o tempo,
os pesquisadores descobriram que o sal das rochas que vai para o mar pode ser
reciclado. Além disso, descobriram também que o sal do mar também é proveniente do
manto e que a salinidade da água do mar é constante no tempo.
2) Cálculo do tempo através da espessura das camadas de areia. Para este cálculo era
necessário que se soubesse o tempo necessário para formar uma camada de areia (taxa
de sedimentação). Contudo, este método está prejudicado, pois não registro
preservado que contenha todas as camadas de areias empilhadas desde o princípio da
Terra face à dinâmica transformadora do planeta e, também, verificou-se que a taxa de
sedimentação não é constante no tempo.
3) Cálculo do tempo pela perda de calor da Terra (Estimativas de Lord Kelvin): os
pesquisadores observaram que em minas profundas o calor era maior do que na
superfície e que, portanto, havia uma perda de calor nas camadas mais superficiais. Essa
perda deve ter acompanhado toda a história da Terra, começando com as rochas
fundidas. O problema é que ainda não se tem conhecimento suficiente de ponto de fusão
da crosta terrestre, das altas pressões que atuam no interior da Terra e nem do calor
interno gerado pelo decaimento radioativo. Assim, esta estimativa de tempo não é real.
6
Todos esses meios de estimar a idade da Terra (séculos XVI e XVII) levaram a
estimativas de idades que não ultrapassavam 100 milhões de anos e não contribuíam
para a aceitação da então nova teoria da origem das espécies de Charles Darwin (1809-
1882), pois uma Terra jovem (100 milhões de anos) não poderia ter mantido a longa
estabilidade que Darwin julgava necessária para a evolução gradual das espécies e sua
diversificação (FAIRCHILD et al., 2000).
Atualmente, pode-se fazer a datação de rochas por duas metodologias:
1) Método relativo, onde se observa a relação temporal entre camadas geológicas,
baseando-se nos princípios estratigráficos de Steno (1669) e Hutton (1795). Por
exemplo, a presença de fósseis, onde se conhece o período de tempo de existência dos
mesmos, pode indicar a idade da camada geológica em que o fóssil foi encontrado e por
relação, indicará que a camada que está abaixo dessa é mais velha e a camada que está
por cima é mais nova.
2) Método absoluto, que utiliza os princípios físicos da radioatividade e fornece a idade
da rocha com precisão. Este método está baseado no princípio do decaimento
radioativo, ou seja, no fato de que um determinado radionuclídeo decai a uma
determinada taxa formando um “relógio geológico”. A princípio, qualquer elemento
radioativo pode ser utilizado para datação, desde que se conheça sua constante de
decaimento e seu tempo de meia-vida seja útil cronologicamente. Um ponto importante
que permite a determinação da idade absoluta de rochas ou minerais é que estes são
constituídos por elementos químicos e alguns desses, por sua vez, possuem isótopos
radioativos.
Uma síntese dos principais métodos de datação encontra-se na Tabela 2.1.
Alguns desses métodos medem o número de partículas emitidas por unidade de tempo
por um radioisótopo, como o método de datação utilizando o
14
C. Outros medem a
quantidade de isótopos radioativos e de novos núcleos produzidos pelos seus
decaimentos ao longo da história do mineral ou da rocha. Um exemplo deste último é a
datação pelo potássio-argônio (K-Ar). Parte do potássio radioativo (
40
K) decai,
produzindo um núcleo de argônio com número de massa 40. Medindo as quantidades de
40
K e de
40
Ar contidos em uma amostra é possível determinar a idade do material. Um
7
terceiro método baseia-se na medida do grau de restauração do equilíbrio radioativo nas
séries de decaimento, alcançado após uma perturbação externa, como por exemplo, o
método de datação da série do urânio. Adicionalmente, existe um outro método de
datação baseado nos efeitos produzidos pelo decaimento radioativo em alguns tipos de
rochas. Como exemplo, pode-se citar a termoluminescência.
Os diferentes métodos de datação radiométrica podem ser considerados como
relógios usados para marcar o tempo geológico. O pêndulo desse relógio é a meia-vida
do isótopo no qual o método se baseia. No caso do relógio, se o período do pêndulo é
bem conhecido, o passar do tempo é medido com precisão. Da mesma forma, se a meia-
vida do isótopo é bem conhecida, a idade de uma amostra pode ser determinada com
precisão.
Na datação radioativa, muitos critérios devem ser obedecidos. Primeiro, a constante
de decaimento do radionuclídeo deve ser conhecida com exatidão; segundo, a amostra
analisada deve ser representativa do sistema geológico do qual se quer determinar a
idade; terceiro, em alguns casos, produtos intermediários de decaimento e produtos
finais devem estar ausentes quando o sistema foi formado, ou quantidades iniciais
presentes devem ser levadas em consideração no cálculo da idade; e, por último, deve-
se levar em consideração a perda ou ganho do nuclídeo pai ou filho que pode ter
ocorrido no sistema desde a sua formação.
8
Tabela 2.1 Principais métodos radioativos e sua ocorrência no uso geológico e
arqueológico (IVANOVICH et al., 1992).
Método Descrição T
1/2
(a) Faixa datável
Materiais datáveis
10
Be
Decaimento beta e
espectrometria de massa
1,5 x 10
6
até 10
7
anos
Sedimentos do fundo do
mar e depósitos de ferro-
manganês.
14
C
Decaimento beta do
14
C e
espectrometria de massa
5730 até 4 x 10
4
anos
Madeira, carvão, turfa,
grão, tecido, osso e pano.
26
Al
Decaimento positron e
espectrometria de massa
7,3 x 10
5
até 3 x 10
6
anos
Depósitos do fundo do
mar.
32
Si
Decaimento beta 100 até 10
3
anos
Sedimentos oceânicos
siliciosos.
36
Cl
Decaimento beta e
espectrometria de massa
3,1 x 10
5
até 10
6
anos
Sedimentos argilosos de
Cl, espeleotemas, eventos
geológicos (errático e
glacial).
41
Ca
Decaimento beta e
espectrometria de massa
1,3 x 10
5
5 x 10
5
anos
Depósitos de cálcio,
rochas soterradas e ossos.
U/Pb
Th/Pb
238
U/
206
Pb
235
U/
207
Pb
232
Th/
208
Pb
(
207
Pb/
206
Pb)
4,5 x 10
9
0,71 x 10
9
13,9x 10
9
de 10
7
anos à
idade da Terra
Zircônio, monazita,
rochas ígneas, rochas
metamórficas, rochas
sedimentares.
K/Ar
40
K/
39
Ar 1,31x 10
9
de 10
5
anos à
idade da Terra
Rochas ou minerais com
K, aplicável a rochas
vulcânicas (pedra-pome).
Rb/Sr
87
Rb/
87
Sr
idades minerais
análise isocrômica
47,0 x 10
9
48,5 x 10
9
50,0x 10
9
de 10
7
anos à
idade da Terra
Rochas ou minerais com
Rb, como biotita,
moscovita e granito.
I/Xe
129
I decaindo para
129
Xe 16,4 x 10
6
até 10
8
anos
Meteorito e material
lunar.
Re/Os
187
Re decaindo para
187
Os
43 x 10
6
até 10
8
anos
Minerais de terras raras e
meteoritos.
U-série
230
Th/
234
U
231
Pa/
235
U, etc.
7,5 x 10
4
3,4 x 10
4
3,5 x 10
5
2 x 10
5
anos
Corais, espeleotemas,
ossos, dentes, depósitos
do mar e conchas.
4
He/U
Alcance 0 - 10
5
anos
Corais, águas
subterrâneas e fósseis
Traços de
Fissão
Fissão espontânea do
238
U
10
-16
De 6 meses à
idade da Terra
Vidro, apatita, zircônio,
feldspato, mica, etc.
Termolumi-
nescência
Integração radiação alfa,
beta e gama
< 1 M anos Sílex.
9
Baseados nos estudos de rochas e fósseis, os geólogos admitem que a Terra se
formou cerca de 5 bilhões de anos, podendo a sua existência ser dividida em várias
etapas, as quais foram denominadas de eras geológicas, conforme a Tabela 2.2.
Tabela 2.2 Eras, períodos e épocas geológicas relacionadas com a sua ocorrência
(NOLLER, 2000).
Eras Períodos Épocas Início (Ma)
Holoceno
0,005
Quaternário Pleistoceno 2,5
Cenozóico Plioceno 7
Mioceno 26
Terciário Oligoceno 38
Eoceno 54
Paleoceno 65
Cretáceo 136
Mesozóico Jurássico 190
Triássico 250
Permiano 280
Carbonífero 325
Mississipiano 345
Paleozóico Devoniano 395
Siluriano 430
Ordoviciano 500
Cambriano 570
Proterozóico
Pré-cambriano 4600
10
A Era Proterozóica, também denominada de Primitiva ou Pré-cambriana foi a mais
antiga e que apresenta a maior divisão do tempo geológico. O seu início não é ainda
definitivamente conhecido, porém, sabe-se, que ultrapassa a casa dos 4 bilhões de anos;
o seu término deu-se aproximadamente 500 milhões de anos. Após a Era Primitiva
vem o Paleozóico, também denominado de Era Primária, com duração aproximada de
380 milhões de anos. Embora existisse vida na Era Proterozóica, é nos terrenos mais
antigos da Era Paleozóica que se encontram vestígios de organismos em maior
quantidade. Os animais do início da Era Paleozóica viveram dominantemente em
ambiente marinho. Os peixes surgiram no Ordoviciano, nas águas doces. As grandes
florestas, das quais se originaram carvões em várias partes do mundo, surgiram no
Carbonífero e no Permiano. Os insetos mais antigos e os anfíbios surgiram no
Devoniano.
A Era Mesozóica, também denominada de Era Secundária, é a penúltima das Eras
em que se divide a história da Terra. Conhecida como a Idade dos Répteis ou Idade dos
Amonides, pela importância que estes dois grupos atingiram durante os 140 milhões de
anos da sua duração. Os dinossauros são os répteis mesozóicos mais conhecidos, sendo
que sua extinção se deu no fim da Era Mesozóica.
A Era mais recente da história da Terra é a Era Cenozóica. Seu nome é originário
da união de duas palavras gregas que significavam vida recente. Iniciada há cerca de 60
milhões de anos, foi nela onde se desenvolveu o ser humano. A Era Cenozóica é
dividida em dois períodos principais: o mais antigo, denominado de Período Terciário;
e o mais recente, Período Quaternário. Durante o Período Terciário houve muita
atividade vulcânica, com formação dos grandes maciços montanhosos do mundo, como
o Himalaia, os Alpes e os Andes. Foi marcada pelo aparecimento de várias ordens de
mamíferos, dos quais muitos ainda sobrevivem.
O Pleistoceno, também denominado Época Glacial ou Idade do Gelo, foi marcado
por uma intensa glaciação no hemisfério norte, com menor intensidade no hemisfério
sul. Os mais antigos restos do homem (cerca de 450.000 anos) são datados do
Pleistoceno.
O Período Quaternário é o mais importante para este trabalho, uma vez que as
amostras de corais fósseis e exsudações da região da Bacia de Campos, provavelmente,
são referentes a este período.
11
2.1.1 - MÉTODOS DE DATAÇÃO UTILIZANDO A SÉRIE DO URÂNIO
A geocronologia com elementos da série do urânio refere-se a métodos isotópicos
de estimativa da idade baseados na medida de urânio (
238
U e
235
U), tório e certos
radionuclídeos filhos intermediários membros das três séries naturais de decaimento
radioativo. Destas três séries de decaimento, a que apresenta o menor valor
geocronológico é a do
232
Th, devido às meia-vidas relativamente pequenas de todos os
seus filhos intermediários.
A Figura 2.1 mostra inúmeros métodos radiocronológicos que têm sido
desenvolvidos baseados na determinação do desequilíbrio dos radionuclídeos das séries
do urânio (LAMONT e HALL, 2005).
Em um material geológico que contenha urânio e que permaneça sem perturbação
por diversos milhões de anos será estabelecido um estado de equilíbrio secular entre
todos os nuclídeos na rie radioativa. Entretanto, uma combinação de fatores
nucleares, tal como recuo, químicos, tal como solubilidade, frequentemente criam
desequilíbrio pela separação dos membros das séries de decaimento. Esta separação
pode se dar através de processos tais como fusão parcial, degradação pela ão da
atmosfera, transporte e deposição. Por exemplo, quando um depósito de sedimento é
formado, frequentemente existe um estado de desequilíbrio entre
238
U e seus filhos
234
U
e
230
Th nele contidos. Se os isótopos se desenvolverem em um sistema fechado desde a
formação do depósito, é possível determinar a sua idade medindo-se a extensão na qual
o sistema radionuclídeo (
238
U-
234
U-
230
Th) retorna ao estado de equilíbrio secular.
Abrangendo um espectro de técnicas envolvendo diversos nuclídeos, os métodos de
datação das séries de urânio podem ser divididos em dois grupos: métodos baseados na
acumulação de produtos de decaimento do urânio (ou métodos de deficiência de filhos
daughter-deficiency DD); e métodos baseados no decaimento de nuclídeos
intermediários das séries (ou métodos de excesso de filhos daughter-excess–DE) (KU,
1976, IVANOVICH et al., 1992). No caso do primeiro grupo, um nuclídeo pai pode ser
depositado livre de seus filhos ou com uma deficiência de filhos de extensão conhecida.
Em qualquer intervalo de tempo subseqüente, a idade do depósito pode ser determinada
a partir da extensão de crescimento do(s) filho(s) dentro do equilíbrio secular com
seu(s) pai(s). Os exemplos deste grupo de métodos de datação incluem datação dos
carbonatos por
230
Th/
234
U e
231
Pa/
235
U.
12
No método de excesso de filho (DE), o nuclídeo filho está inicialmente presente em
excesso em relação a seu pai e a amostra é datada medindo o decréscimo deste excesso
através do decaimento radioativo desde a formação ou deposição do material. Os
exemplos deste método incluem a datação por
230
Th e
231
Pa de sedimentos profundos do
mar e datação por
210
Pb de sedimentos recentes.
Os métodos de deficiência de filhos e de excesso de filhos estão baseados no fato
de que os isótopos de urânio são altamente solúveis em águas naturais, enquanto os
isótopos de tório e outros nuclídeos são praticamente insolúveis, sendo coprecipitados
juntos com o material particulado em suspensão, ocorrendo, assim, um acúmulo destes
nos sedimentos de lagos e mares, ficando o urânio em solução. Desta forma, os métodos
baseiam-se no acúmulo preferencial de um dos produtos de decaimento das séries do
urânio ou do tório em um determinado compartimento ambiental.
Figura 2.1. Esquema de decaimento da série do urânio com a informação do tipo de
decaimento e a meia-vida (Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, 2008).
13
2.1.2 - MÉTODO DE DATAÇÃO UTILIZANDO
230
Th/
234
U
A datação utilizando
230
Th/
234
U é um método do tipo deficiência de filhos. Sob
condições oxidantes, o urânio encontra-se solúvel em águas naturais, como íon uranila
(UO
2
++
), que forma complexos com espécies iônicas, como carbonatos e sulfatos.
Assim, o urânio é transportado na solução enquanto que, em contraste, o tório e o
protactínio são bastante insolúveis por causa do potencial iônico elevado dos íons Th
+4
e
Pa
+5
o que faz com que sejam facilmente hidrolizados e então rapidamente
coprecipitados. Portanto, quando uma forma mineral autógena é formada de uma
solução aquosa, ela pode conter algum (geralmente ao nível de µg L
-1
) urânio, mas
essencialmente nenhum tório e protactínio. Se o mineral atua num sistema fechado em
relação aos isótopos de urânio, tório e protactínio, subsequente a sua formação, então a
sua idade (t) pode ser ca1culada a partir da extensão de crescimento de
230
Th ou
231
Pa.
Quando o material contém urânio e não contém
230
Th no instante de sua formação,
pode-se determinar a idade da amostra, em qualquer instante posterior, pela medida do
crescimento de
230
Th resultante do decaimento do
234
U, desde a precipitação até o
equilíbrio. A razão
230
Th/
234
U pode ser obtida através da Equação 1 (IVANOVICH et
al., 1992).
( )
( )
t
t
e
UUUU
e
UTh
234230
230
1
/
1
1
/
1
/
234230
230
238234238234
234230
λλ
λ
λλ
λ
+
=
Equação 1
onde λ
230
e λ
234
são as constantes de decaimento do
230
Th e
234
U, respectivamente. A
idade, em anos, é representada por t, utilizando-se as constantes em anos
-1
. Nesta
equação, duas suposições básicas são feitas: 1) a amostra inicialmente (t = 0) não
contém
230
Th e 2) é mantida num sistema fechado com relação aos isótopos de
interesse. O último termo da equação representa o decaimento do excesso de
234
U,
geralmente presente em minerais precipitados de águas naturais. O efeito deste excesso
14
de
234
U na curva teórica de crescimento do
230
Th é mostrado na Figura 2.2, para o caso
de 15 % de excesso de
234
U, que é o que normalmente se encontra na água do mar.
A solução gráfica de t para a Equação 1 é mostrada na Figura 2.3 para um intervalo
inicial de
234
U/
238
U ilustrando a relação funcional entre
234
U/
238
U e
230
Th/
234
U com o
tempo. Da Figura 2.3 se infere que a idade máxima datável depende da razão
234
U/
238
U
bem como da precisão analítica das razões
234
U/
238
U e
230
Th/
234
U.
Figura 2.2 Comparação da curva teórica de crescimento para os nuclídeos
230
Th e
231
Pa. Note o efeito de 15% de desequilíbrio entre
234
U e
238
U na curva de crescimento
do
230
Th (IVANOVICH et al., 1992).
15
Figura 2.3 Variações nas razões de atividades
234
U/
238
U e
230
Th/
234
U com o tempo em
um sistema fechado sem
230
Th inicial. As linhas verticais são isócronas (linhas de idade
constante), obtidas da Equação 1, para diferentes valores da razão de atividades
234
U/
238
U. As linhas horizontais são “curvas de crescimento”, mostrando a mudança nas
razões das atividades com o aumento da idade para diferentes razões iniciais de
atividades
234
U/
238
U (KU, 2000).
Como pode ser visto na Figura 2.3 (diagrama isocrônico), a correção da
contribuição extra do
230
Th pelo excesso de
234
U (termo final da Equação 1) é
desnecessária para amostras com idade abaixo de 3 x 10
4
anos, visto que é a partir desta
que a isócrona começa a ter uma curvatura. O alcance da datação do método
230
Th/
234
U
é de 3,5 x 10
5
anos através da contagem alfa; porém, com o aumento da sensibilidade
analítica através da técnica de espectrometria de massa, tem-se chegado a valores de
datação de até 6 x 10
5
anos (KU et al., 1998).
16
2.1.3 - DATAÇÃO DE CARBONATOS MARINHOS
O método de datação utilizando medidas de
230
Th/
234
U em carbonatos marinhos foi
primeiramente demonstrado, com sucesso, por BARNES et al. (1956) e SACKETT e
POTRATZ (1963) que descobriram que recifes de corais contêm concentrações de
urânio de partes por milhão, mas são essencialmente livres de
230
Th no momento de sua
formação. Estes autores constataram que corais estratigraficamente mais velhos exibiam
um sistemático aumento de
230
Th para equilíbrio radioativo com
238
U. A subseqüente
descoberta de um excesso de 14-15 % de atividade de
234
U sobre a atividade do seu pai
238
U em oceanos modernos por THURBER (1962), KOIDE e GOLDBERG (1965)
forneceu um meio conveniente de avaliar a confiabilidade da medida da quantidade de
230
Th para a datação de carbonatos marinhos. O decaimento do excesso de
234
U e o
crescimento de
230
Th podem ser expressos como uma função da idade sujeitas às
condições que: somente urânio, e não tório, entra no carbonato no tempo de sua
formação; o carbonato continua a ser um sistema fechado em relação ao urânio e seus
produtos de decaimento; e a razão inicial
234
U/
238
U pode ser facilmente obtida.
Em geral, os carbonatos marinhos satisfazem a primeira e a última destas
condições. Entretanto, a segunda condição é frequentemente violada, e uma série de
critérios foram estabelecidos ao longo dos anos a fim de avaliar a aptidão de uma
determinada amostra de carbonato ser confiável para a determinação de idades.
Baseado em aproximadamente duas décadas de experiência em análises de
carbonatos marinhos, parece ser mais provável que se obtenham idades confiáveis
quando os seguintes critérios são cumpridos:
1. Não deve ter evidência de recristalização e/ou deposição, porque pode haver uma
introdução de urânio e tório secundários, não relacionados com a verdadeira idade do
carbonato original.
2. O urânio contido na amostra não deve diferir significativamente de um
contemporâneo equivalente do carbonato em questão. Isto é baseado no raciocínio de
que a concentração de urânio no oceano tem se mantido constante e que o processo que
regula a incorporação de urânio no esqueleto do carbonato no tempo de sua formação é
bem definido e independe das respectivas espécies.
3. A amostra deve estar livre de
232
Th, uma vez que
232
Th indicaria a adição de
230
Th
comum, ou seja, não originado, na amostra, pelo decaimento de seu pai,
234
U. Este
importante critério é baseado na observação de que as concentrações destes isótopos de
17
tório são negligenciáveis em água do mar superficial e deverão ser indetectáveis em
carbonatos marinhos que tenham se formado nesta região. Qualquer
232
Th detectável na
amostra de carbonato marinho praticamente teria sido introduzido juntamente com
material de origem contaminante (por exemplo, argila, grãos de quartzo com
revestimento de óxido de ferro, etc) e é provável que esse material também deverá
conter algum
230
Th e/ou urânio.
4. As razões de atividade
234
U/
238
U,
231
Pa/
235
U e
230
Th/
234
U na amostra devem ser
internamente consistentes, ou seja, devem variar apenas de acordo com as sistemáticas
das séries de decaimento do urânio.
5. As idades das séries de urânio devem ser consistentes com a posição estratigráfica
das amostras , bem como internamente consistente dentro das unidades estratigráficas
bem definidas.
Em princípio, uma variedade de carbonatos marinhos, tanto biogênicos como
inorgânicos, podem ser adequados para a determinação da idade pelas séries do urânio,
baseado na observação de que todos os carbonatos até agora investigados contém
quantidades mensuráveis de urânio.
2.1.4 - CORREÇÃO PARA O
230
Th INICIAL
Conforme já comentado, a grande diferença de solubilidade entre urânio e tório
forma a base para a datação de depósitos quaternários pelas séries de urânio. Na água do
mar, as razões de atividades de
232
Th/
238
U e
230
Th/
238
U são menores que 10
-4
(HUH et
al., 1989). Portanto, quando da formação dos carbonatos marinhos, estes apresentam
baixíssimas razões de atividades de
232
Th/
238
U e
230
Th/
238
U. O método de datação pelo
crescimento do
230
Th pode ser empregado com confiança nestes minerais quase livres de
tório, assumindo que
230
Th/
234
U é igual a zero no tempo de formação do mineral (t = 0).
Entretanto, na natureza, particularmente em regiões continentais, muitos depósitos não
estão livres de tório; eles contêm o
230
Th inicial ou o não produzido in situ. A maior
fonte deste
230
Th vem de minerais alóctones (transportados de outras áreas) que são
fisicamente misturados com fases autógenas (que existem por si mesmas). Uma outra
fonte provém de revestimento com óxidos/hidróxidos de ferro e manganês precipitados
na superfície do mineral, os quais adsorvem tório da água do mar.
18
A presença de tório em materiais alóctones nega a suposição de
230
Th/
234
U igual a
zero, no tempo t igual a zero , devendo ser considerados esquemas de correção para esta
contaminação inicial de
230
Th não radiogênico. Por ser razoável esperar que o
232
Th
acompanhe o
230
Th na amostra, o
232
Th (um isótopo de tório não radiogênico) pode ser
usado para calcular a correção necessária, uma vez que são esperados comportamentos
idênticos dos dois isótopos nos sistemas naturais.
A presença de contaminação de
230
Th em carbonatos marinhos tem de ser avaliada a
fim de se determinar a validade das idades utilizando-se a razão Th/U (LOMITSCHKA
e MANGINI, 1999). Os procedimentos de correção frequentemente envolvem
tratamento da amostra por lixiviação ácida a fim de minimizar a dissolução de
230
Th de
minerais detríticos, ou seja, provenientes de sedimentos ou fragmentos desagregados de
uma rocha. Os sinais isotópicos de urânio e rio do lixiviado são então combinados
com os da fase residual não carbonática (KU et al, 1998) ou com diferentes lixiviados
da amostra (SCHWARCZ e LATHAM, 1989) para obter a idade da fase autigênica,
fase resultante da cristalização de minerais. Estes esquemas de correção foram referidos
como o método L/R (lixiviação/resíduo) e o método L/L (lixiviado-lixiviado). Nestes
sistemas, assume-se que existe um equilíbrio secular entre
238
U-
234
U-
230
Th nos
componentes alóctones. Esquemas subsequentes não requerem esta suposição, porém,
assumem que o tratamento ácido de lixiviação não apresenta preferência de solubilidade
de um isótopo sobre o outro, ou se tiver, o grau de fracionamento permanece constante.
Foi demonstrado que este requisito pode ser satisfeito com cuidadosos controles
experimentais, especialmente para amostras nas quais a maioria do urânio está presente
em minerais autigênicos como a calcita (KAUFMAN, 1993). Entretanto, constitui um
compromisso não trivial, manter consistentemente as condições de reprodutibilidade
requeridas do tratamento de lixiviação. Além disso, amostras com quantidades
relativamente baixas de componentes alóctones frequentemente fornecem pequena
quantidade de resíduo de lixiviação para ser manuseado pelo método L/R. Para
contornar estas dificuldades, o método da lixiviação foi recentemente substituído pelo
da dissolução total (TSD) das amostras. Neste método, um conceito gráfico similar ao
empregado nos métodos L/R e L/L, pode ser utilizado para ajudar a mostrar a
consistência dos dados (LUO e KU, 1991). Este método de dissolução total da amostra
mostra-se menos sensível a controles experimentais que os encontrados nos métodos
L/R e L/L.
19
Ainda que os sistemas mais comuns para o emprego dos métodos de TDS, L/R e
L/L sejam os dos carbonatos impuros, outros depósitos como os evaporitos, sílica,
sulfatos, material orgânico, fosfatos e outros sedimentos que incorporem quantidades
mensuráveis de urânio autógeno são candidatos à aplicação destes métodos de correção
(KU, 2000).
2.1.5 - MÉTODOS DE DATAÇÃO DE SISTEMAS ABERTOS
Um dos critérios fundamentais para que uma determinada amostra seja datável é
que ela permaneça fechada em relação à migração de nuclídeos desde o tempo de
formação até o tempo de medida. Desta forma, corais não recristalizados e espeleotemas
de calcitas puras são considerados como sistemas fechados ideais, ao passo que sistemas
abertos podem ser encontrados em conchas marinhas, sistemas de águas subterrâneas e
uma variedade de solos e sistemas. Vários modelos têm sido propostos em diversos
estudos a fim de corrigir tal mobilidade de radionuclídeos em recifes de corais fósseis
(HAMELIN et al., 1991, THOMPSON et al., 2003, SCHOLZ et al., 2004). Nestes
corais, a evidência de efeitos diagenéticos (que começam a agir modificando o material
desde o seu depósito) deve-se a razões iniciais elevadas de
234
U/
238
U, que são
incompatíveis com as razões mais recentes de
234
U/
238
U em água do mar. Estes modelos
propõem a correção para os excessos de
234
U e de
230
Th observados para sistemas
abertos de corais fósseis (THOMPSON et al., 2003). Nestes modelos, foram feitas
várias tentativas modificando as equações de decaimento e formalizando dados de
desequilíbrio matematicamente nos termos de um modo de sistema aberto. O que resta é
determinar se as novas suposições dos modelos são testáveis e qual a sensibilidade deste
modelo de idade para estas suposições.
SZABO e ROSHOLT (1969) e HILLE (1979) foram os primeiros a construir
modelos de sistema aberto para a datação de moluscos e outros fósseis. No modelo
proposto por HILLE (1979), assume-se o
234
U radiogênico como sendo mais estável
contra perda preferencial da amostra comparado ao urânio
que migrou para o sistema
logo após a morte do organismo, e a perda total de urânio é tratada como sendo
exponencial em relação ao tempo. Os autores sugerem que os pressupostos adotados são
um pouco arbitrários, não sendo prova de validação os sucessos alcançados em seus
trabalhos. Eles indicam que o modelo irá permanecer não aprovado, até que seja
20
mostrado que o
234
U radiogênico é, sem dúvida, mais estável. Deve-se também
investigar a dependência da perda de urânio com o tempo, a fim de se determinar se é
realmente exponencial, como originalmente assumido.
A aceitação de uma idade confiável para sistemas abertos depende de diversos
fatores, dentre eles, aquele que envolve o conceito de fluxo de urânio, o que diz respeito
à curva do tempo de calibração para a determinação deste fluxo e da dependência do
método de uma distribuição sistemática do urânio e seus filhos produzidos no depósito.
O sistema aberto não pode se comportar de uma maneira previsível se não são
conhecidos, a priori, a migração isotópica e os fluxos durante a história do depósito.
Portanto, supor a idade do sistema baseado na acumulação de todos os eventos
migratórios frequentemente representa um esforço inútil.
2.2 - AMOSTRAS
2.2.1 - CORAIS FÓSSEIS
Os corais são pequenos e frágeis animais do filo dos cnidários que vivem fixos no
fundo do mar e possuem um esqueleto calcário (rígido) ou córneo (flexíveis), podendo
ser construtor de recifes
ou não.
São reconhecidas três classes de cnidários: Hydrozoa, Scyphozoa e Anthozoa. Os
corais pertencem à classe Anthozoa, que compreende as formas em que há apenas a fase
pólipo, sem a ocorrência de medusas. São organismos solitários ou coloniais,
bentônicos, sésseis e exclusivamente marinhos
.
De acordo com a morfologia dos corais, podem se classificar em três tipos:
- Os corais tabulados – exclusivamente fósseis. Incluem formas coloniais onde os septos
foram reduzidos ou ausentes. Distribuíram-se do Ordovícico inferior ao Pérmico, onde
participaram ativamente na formação de construções recifais.
- Os corais rugosos (tetracorais) caracterizam-se pela inserção dos septos em quatro
posições. Foram os corais de maior variação de formas do Paleozóico, distribuindo-se
do Ordovícico médio ao Pérmico superior. As formas solitárias variavam desde poucos
milímetros até quase 1m de comprimento e 15cm de diâmetro; as formas coloniais
chegavam a atingir 4m de diâmetro. Entre suas principais características, destacam-se as
rugosidades transversais externas de crescimento, motivo da designação do grupo.
21
- Os corais escleractíneos são organismos solitários ou coloniais que incluem todos os
corais fósseis verdadeiros pós-paleozóicos. São conhecidos como hexacorais devido à
simetria hexâmera da inserção dos septos e mesentérios. Distribuem-se desde o Triásico
médio. São abundantes nos mares atuais, nos recifes litorais e em outros ambientes
marinhos, inclusive de águas profundas.
A distribuição dos recifes de coral não é uniforme indicando a existência de um
gradiente de distribuição, bastante dependente de fatores ambientais, como a
temperatura, salinidade, luminosidade e pH.
Em relação à temperatura, os recifes de corais concentram-se em zonas onde a
temperatura média anual da água é superior a 20ºC no inverno. Porém, algumas
espécies podem desenvolver-se com temperaturas inferiores a 20ºC. É o caso dos corais
de água fria, que são restritos a águas oceânicas com temperaturas entre 4ºC e 12ºC.
Estas condições são geralmente encontradas em algumas águas rasas (50 a 1000 m) a
altas latitudes e a grandes profundidades (acima de 4000 m) debaixo de massas de água
quente, em baixas latitudes (ROBERTS et al., 2006).
Um outro fator é a profundidade. Os recifes de corais são geralmente associados a
rasos mares tropicais; entretanto, com as técnicas modernas de exploração do fundo do
oceano, foram revelados, inesperadamente, ecosistemas de corais generalizados e
diversificados em águas profundas em plataformas continentais, encostas e montes
submarinos ao redor do mundo (ROBERTS et al., 2006) .
Os corais fósseis são restos ou vestígios destes organismos que viveram em épocas
geológicas passadas, antes do Holoceno.
As datações de corais pelo método das séries de urânio têm se tornado uma
importante ferramenta paleoceanográfica, tendo se mostrado também essenciais nos
estudos de mudanças na temperatura e/ou salinidade do oceano (BECK et al., 1997,
GAGNAN et al., 1998). Sob este ponto de vista, os corais fósseis das profundezas do
mar apresentam características interessantes. Eles não estão limitados a águas tropicais
superficiais, mas habitam todas as latitudes do oceano; se estendem de águas profundas
(> 6000 m) a águas superficias (SMITH et al., 2002, FOSSA et al., 2002). Portanto, eles
podem fornecer informação indireta das propriedades físicas e químicas de massas de
água relativamente superficiais até profundas.
Entretanto, deve-se observar atenção no impacto de razões de crescimento e na
geoquímica de elemento traço a fim de obter uma geocronologia de alta precisão.
22
Muitas dificuldades são encontradas para se estabelecer idades exatas para corais
das profundezas do mar. A maioria das espécies comuns (por exemplo, Lophelia
pertusa, Desmophyllum cristagalli) tem complexas formas de crescimento, fazendo com
que seja dificultada a determinação de cronologias relativas; corais das profundezas do
mar são freqüentemente cobertos com óxidos/ hidróxidos de manganês e ferro que
podem adsorver urânio e tório adicionais, resultando em erros de idade U-Th
(LOMITSCHKA e MANGINI, 1999); podem incorporar quantidades não
negligenciáveis de
230
Th devido a sua mais alta concentração em águas profundas do
mar que em águas superficiais (CHENG et al., 2000) e podem sofrer processos
diagenéticos.
O coral Lophelia pertusa, mostrado na Figura 2.4, é um coral de esqueleto
aragonítico formando colônias que podem medir acima de 150 cm de diâmetro. São
também encontrados no Atlântico Norte, no Atlântico Oriental, no Mar Mediterrâneo e
nos Oceanos Índico e Pacífico Oriental. Devido a esta distribuição mundial, a Lophelia
pertusa é um objeto bastante promissor para estudos paleoceanográficos (BRANCHU et
al., 2005).
Figura 2.4 – Coral Lophelia pertusa (BRANCHU et al., 2005).
23
2.2.2 - EXSUDAÇÕES DE METANO
As exsudações de hidrocarbonetos resultam do escape espontâneo destes compostos
diretamente de uma rocha geradora ativa ou acumulados em reservatórios de
subsuperfície, para a superfície. Segundo ABRAMS et al. (2001), as exsudações deste
tipo são atualmente definidas como macroexsudações, as que apresentam
hidrocarbonetos visíveis e em elevadas concentrações; e microesxudações, para aquelas
emanações de hidrocarbonetos não identificadas visualmente, mas detectadas mediante
análises geoquímicas.
De acordo com Van der Meer (2002), o processo de escape de hidrocarbonetos
ocorre, principalmente, por efusão na forma livre, resultante de altas pressões
diferenciais nos reservatórios. A migração ocorre por várias formas, através de falhas,
fraturas, planos de acamamentos e de rochas com altas porosidades, propiciando o
alcance dos fluidos até a superfície. Na superfície, ocorre a oxidação química e/ou
conversão bacteriológica dos hidrocarbonetos, com conseqüente produção de gás
carbônico, gás sulfídrico e ácidos orgânicos. Estes processos resultam também na
formação de carbonatos de cálcio, precipitando em forma de cimento nos solos. A ação
de bactérias sulfato-redutoras e metanogênicas neste ambiente promovem a oxidação
anaeróbica do metano de acordo com as seguintes reações paralelas:
CH
4
+ 2H
2
O CO
2
+ 4H
2
4H
2
+ SO
4
2-
+ H
+
HS
-
+ 4H
2
O
O somatório das equações acima pode ser assim representado:
CH
4
+ SO
4
2-
HCO
3
-
+ HS
-
+ H
2
O
Dessa forma, ocorre um decréscimo na concentração de sulfato e um
enriquecimento em gás carbônico e bicarbonato, favorecendo assim a precipitação de
carbonatos autigênicos quando o índice de saturação dos minerais carbonáticos é
alcançado. A formação dos carbonatos a partir do enriquecimento do bicarbonato
obedece à seguinte reação:
24
2HCO
3
-
+ Ca
2+
H
2
O + CO
2
+ CaCO
3
(calcita)
Dependendo dos cátions disponíveis no ambiente, outros carbonatos, como calcita
magnesiana, aragonita, dolomita, ankerita, ikaite, etc., podem ser precipitados.
(SCHUMACHER, 1996).
Existem outros processos de formação de carbonatos autigênicos das exsudações.
LEIN (2004) elaborou uma classificação para os diferentes tipos de depósitos, de acordo
com a procedência do carbono que originou a precipitação dos carbonatos, a saber:
Tipo I: carbonatos autigênicos diagenéticos formados a partir da decomposição da
matéria orgânica microbiana nos sedimentos.
• Tipo II: carbonatos autigênicos derivados de metano.
Tipo III: carbonatos autigênicos associados à oxidação microbiana de metano
hidrotermal.
Tipo IV: carbonatos autigênicos formados durante a mistura de fluidos hidrotermais
com a água do mar.
Esta classificação demonstra a inter-relação e sobreposição dos diferentes ambientes e
processos responsáveis pela formação dos carbonatos autigênicos.
Segundo DÍAZ et al. (2003), as exsudações de hidrocarbonetos apresentam diversas
formas, sendo suas superfícies freqüentemente irregulares com protuberância de
nódulos e canais para a passagem de fluido, as quais são mostradas na Figura 2.5. Tubos
de exsudações podem ser retos, tortuosos, ramificados e helicoidais. Pequenas
bifurcações dos principais orifícios de ventilação também são observadas em algumas
exsudações. As paredes exteriores das exsudações são da cor de óxido de ferro, podendo
ir do castanho avermelhado até o preto. Na maioria das amostras também podem ser
observadas incrustações de corais. Em alguns casos, os dutos de ventilação são total ou
parcialmente preenchidos por sedimentos marinhos.
As exsudações de canalização cilíndrica são as do tipo mais comum. As do tipo
cônico apresentam o orifício central principal bifurcado em sua parte superior, conforme
é mostrado na Figura 2.5B.
A Figura 2.5C mostra o terceiro tipo, que é caracterizado pela forma de monte,
sendo predominantemente na cor amarelo claro em contraste com os tipos cônico e
cilíndrico, que são castanho escuros.
25
Figura 2.5 Fotografias de exemplos de exsudações: (A) Tipo helicoidal. (B) Tipo
cônico bifurcado em dois tubos. (C) Tipo monte amarelo clara. (D) Três bifurcações
curvas no topo de uma exsudação cilíndrica. (E) Tipo cilíndrica. (F) Tipo cilíndrica com
terminação arredondada. (G) Cilíndrica ampla, mostrando protuberâncias na base. (H)
Cilíndrica característica. (I) Detalhes do orifício central dentro de uma exsudação
cilíndrica espessa. (J) Visão detalhada do topo alargado de uma exsudação tipo monte,
mostrando o orifício central. (K) Visão detalhada de um amplo orifício central
relacionado com tubo de paredes finas (DÍAZ et al., 2003).
26
A ocorrência de exsudações de hidrocarbonetos tem sido amplamente utilizada
como indicadora de acumulações destes compostos em profundidade. Segundo HUNT
(1996), uma parcela significativa das maiores províncias petrolíferas do planeta foi
descoberta a partir da ocorrência de exsudações de petróleo e gás acima ou nas
adjacências de acumulações de hidrocarbonetos em profundidade.
Atualmente, embora existam métodos exploratórios mais usuais na busca por
acumulações comerciais de petróleo e gás em subsuperfície, a identificação e datação de
exsudações de hidrocarbonetos termogênicos ainda representa uma ferramenta
exploratória útil, particularmente em regiões de novas fronteiras
.
O estudo detalhado das características geoquímicas, geológicas e geocronológicas
de uma exsudação pode fornecer importantes informações relativas à origem, evolução
térmica e processos de migração dos hidrocarbonetos presentes, contribuindo assim para
um melhor entendimento do sistema petrolífero.
Neste estudo, são feitas as determinações de idades utilizando-se as razões de
atividades
230
Th/
234
U de duas exsudações do leito marinho em águas profundas da Bacia
de Campos – RJ.
2.3 - TÉCNICA DA EXTRAÇÃO CROMATOGRÁFICA
A extração cromatográfica é uma técnica de separação química e vem sendo
bastante utilizada na separação de terras raras e íons metálicos, como um método
alternativo à troca iônica. Nesse método, são utilizados suportes funcionalizados com
grupamentos quelantes ou impregnados com agentes complexantes líquidos. O método
da extração cromatográfica tem demonstrado ser mais seletivo do que a cromatografia
de troca iônica, ganhando espaço significativo no campo da separação de espécies
metálicas (BEAUVAIS e ALEXANDRATOS, 1998).
Os três principais componentes de um sistema de extração cromatográfica são: o
suporte inerte, a fase estacionária e a fase móvel. O suporte inerte, geralmente, consiste
de sílica porosa ou um polímero orgânico com tamanho variando na faixa de 50 a 150
µm de diâmetro. Partículas muito menores ou bem maiores têm sido estudadas para
aplicações especiais. Líquidos extratores, quer como componentes simples ou misturas,
são usados como fase estacionária. Diluentes também poder ser utilizados para ajudar a
27
solubilizar o extrator e para aumentar a hidrofobicidade da fase estacionária. A fase
móvel é, geralmente, uma solução ácida, por exemplo, ácido nítrico ou clorídrico,
embora complexantes, tais como ácidos oxálico ou fluorídrico, sejam freqüentemente
usados para reforçar a seletividade ou melhorar e remoção de íons metálicos fortemente
retidos nas colunas.
A extração cromatográfica é considerada uma forma particular de cromatografia de
partição, aquela que se baseia na diferença de solubilidade dos componentes de uma
mistura em ambas as fases móvel e estacionária as quais são as duas líquidas. Por
tratar-se de uma aplicação da cromatografia em coluna no processo de extração líquido-
líquido, possui, como parâmetros determinantes da eficiência de separação, os mesmos
que ambas as técnicas apresentam. Pode ser citado, por exemplo, o coeficiente de
distribuição, que é uma constante de equilíbrio e que representa a razão entre a
concentração do soluto na fase estacionária e a concentração do soluto na fase móvel.
Muitos métodos têm sido descritos para a efetiva separação do urânio e tório das
mais variadas matrizes. A extração líquido-líquido, por exemplo, tem sido largamente
aplicada. Entretanto, despende-se bastante tempo nos trabalhos de rotina, para um
grande número de amostras. Muitos procedimentos baseados na troca iônica também
têm sido descritos. A falta de especificidade das resinas de troca iônica convencionais,
porém, frequentemente complica o tratamento das amostras. Muitos trabalhos anteriores
tiveram propósito no uso da extração cromatográfica, na qual um suporte inerte é
impregnado com um extratante orgânico seletivo para produzir um adsorvente sólido, a
fim de separar urânio e tório de várias amostras (HORWITZ et al., 1992).
2.3.1 - RESINA TRU
A resina TRU (Eichrom) é um material de extração cromatográfica no qual o
sistema extratante é o óxido octilfenil-N, N-di-isobutil carbamoilfosfina CMPO, cuja
fórmula estrutural é mostrada na Figura 2.6, dissolvido em tri-n-butil fosfato TBP,
com densidade de aproximadamente 0,37 mg/mL.
28
Figura 2.6 Molécula de óxido octilfenil-N, N-di-isobutil carbamoilfosfina (CMPO)
(CRUZ, 2006).
O sistema solvente CMPO/TBP complexa os elementos actinídeos, extraindo-os de
determinadas soluções aquosas. A Figura 2.7 mostra as curvas de absorção de rios
elementos actinídeos em soluções de ácido nítrico pela resina TRU. A constante k’ é
uma medida de absorção e corresponde ao número de volumes de coluna livre (FCV)
para que o máximo do pico de eluição seja obtido. O FCV é uma medida do espaço
interno (ou volume vazio) de uma coluna. Uma absorção forte é indicada por valores de
k’ acima de 100; valores de k’ entre 1 e 50 indicam uma fraca absorção e valores
inferiores a 1 indicam que não retenção na coluna. Verifica-se que os actinídeos
tetravalentes apresentam retenções extremamente altas na coluna, com k’ na faixa de
10
4
a 10
6
, em concentrações de ácido nítrico acima de 2 M e o urânio hexavalente com
k’ de aproximadamente uma ordem de grandeza abaixo.
29
Figura 2.7 – Dependência do k’, em função da concentração molar de ácido nítrico, para
vários íons à 23-25
o
C, na resina TRU (HORWITZ et al., 1992).
A Figura 2.8 mostra o comportamento de retenção dos actinídeos em meio de HCl.
Verifica-se que os actinídeos tetravalentes e o urânio hexavalente apresentam retenções
altas na coluna, com k’ acima de 10
3
, em concentrações de ácido clorídrico acima de 4
M.
30
Figura 2.8– Dependência do k’, em função da concentração molar de ácido clorídrico,
para vários íons à 23
o
C, na resina TRU (HORWITZ et al., 1992).
A Figura 2.9 mostra os efeitos da presença dos íons poliatômicos normalmente
encontrados nas matrizes, na retenção do neptúnio tetravalente. Os demais actinídeos
tetravalentes possuem comportamento análogo nas mesmas condições e, no caso do
tório, com uma ordem de grandeza abaixo.
31
Figura 2.9– Efeito dos íons poliatômicos ácido oxálico, ácido fosfórico, ácido sulfúrico
e tetrahidrofurano 2,3,4,5- ácido tetracarboxílico (THFTCA) na retenção do neptúnio na
resina TRU, em HNO
3
2M (HORWITZ et al., 1992).
Conforme apresentado na Figura 2.10, o efeito do ânion oxalato é bastante
significativo para os actinídeos tetravalentes, os quais rapidamente formam oxalato
complexos que não são extraídos pelo sistema solvente CMPO/TBP. A retenção do
urânio não é significativamente afetada pelo oxalato até a concentração de 0,1 M. Por
esta razão, as soluções com oxalato podem ser usadas para eluir seletivamente os
actinídeos tetravalentes da resina TRU, sem a eluição do urânio (HORWITZ et al.,
1992).
32
Figura 2.10– Efeitos do ácido oxálico no k’ do neptúnio tetravalente e do urânio
hexavalente em resina TRU, no meio de HCl 1 M (HORWITZ et al., 1992).
2.3.2 - RESINA UTEVA
A resina UTEVA (Eichrom) é preparada impregnando a resina Amberchrom CG-71
com o extratante orgânico diamil amilfosfonato DAAP, mostrado na Figura 2.11, na
proporção de 40 % p/p.
33
Figura 2.11 – Molécula de diamil amilfosfonato (DAAP) (CRUZ, 2006).
O extratante diamil amilfosfonato forma nitrato complexos com os elementos
actinídeos. A formação destes complexos é determinada pela concentração de nitrato na
solução da amostra. Por conseqüência, a extração dos actinídeos aumenta com o
aumento da concentração de ácido nítrico. A Figura 2.12 representa o gráfico do
coeficiente k’ em função da concentração molar de ácido nítrico. Verifica-se que a
absorção em meio nítrico é bastante similar para os actinídeos tetravalentes e o urânio,
todos apresentando uma forte retenção (k’>100) para valores acima de 5 M de ácido
nítrico. O amerício não é retido em qualquer concentração de ácido nítrico.
34
Figura 2.12 Dependência do k’, em função da concentração molar de ácido nítrico,
para vários íons à 23-25
o
C, na resina UTEVA (HORWITZ et al., 1992).
A Figura 2.13 é um gráfico similar que mostra o efeito da concentração de ácido
clorídrico na retenção de neptúnio tetravalente, tório e urânio hexavalente, na resina
UTEVA.
Da Figura 2.12 se infere que o urânio e o tório podem ser eluídos eficientemente da
resina UTEVA com um volume relativamente pequeno de ácido nítrico bem diluído
(por exemplo, 0,01M). Na prática, entretanto, parece que o ácido clorídrico é mais
eficiente na remoção do urânio e tório, sendo então recomendado que, quando possível,
o ácido clorídrico seja usado no lugar do ácido nítrico. Concentrações abaixo de 1M de
ácido clorídrico têm se mostrado eficazes na eluição quantitativa de urânio e tório
(HORWITZ et al., 1992).
35
Figura 2.13– Dependência do k’, em função da concentração molar de ácido clorídrico,
para vários íons à 23-25
o
C, na resina UTEVA (HORWITZ et al., 1992).
Na maioria das situações analíticas, a interferência da matriz pode afetar os
métodos que utilizam a separação com a resina UTEVA. As Figuras 2.14 e 2.15
mostram o efeito de certos ânions na retenção de neptúnio e urânio, respectivamente,
em meio de ácido nítrico 2M. Nota-se que o efeito no neptúnio tetravalente é mais
significante que no urânio. Tem sido observado, na prática, que o tório é afetado,
similarmente ao neptúnio, por estes ânions.
Estes ânions interferem, uma vez que formam complexos estáveis com os
elementos em questão, que não são extraídos pelo DAAP. Em alguns métodos,
adiciona-se nitrato de alumínio a fim de neutralizar a interferência do ânion fluoreto, por
meio da formação de um complexo altamente estável com o alumínio.
36
Figura 2.14– Efeito da variação da molaridade de ânions complexantes na retenção do
neptúnio na resina UTEVA, em HNO
3
2M (HORWITZ et al., 1992).
Figura 2.15– Efeito da variação da molaridade de ânions complexantes na retenção do
urânio na resina UTEVA, em HNO
3
2M (HORWITZ et al., 1992).
37
2.4 - ESPECTROMETRIA DE MASSA
A espectrometria de massa é uma técnica analítica que utiliza o movimento de íons
em campos elétricos ou magnéticos para distinguí-los conforme sua relação massa-
carga. A técnica se baseia no fato de uma partícula carregada sofrer uma deflexão em
sua trajetória, em função de sua massa/carga, ao passar por um campo magnético ou
elétrico.
Os instrumentos que fazem uso desta técnica são denominados de espectrômetros
de massa. São compostos, basicamente, de três partes essenciais: uma fonte de íons, um
analisador de massa e um detector de íons. A Figura 2.16 mostra um diagrama de blocos
destes componentes principais dos espectrômetros de massa.
Figura 2.16- Componentes básicos de um espectrômetro de massa (RODRIGUEZ,
2003).
A fonte de íons tem como função converter os componentes da amostra em íons,
que são imediatamente acelerados em direção ao analisador de massa. A fonte de íons
para a espectrometria de massa deve demonstrar alta sensibilidade (ou baixo consumo
de amostra), alta estabilidade e baixo espalhamento de energia do feixe iônico; e deve
38
produzir correntes médias de íons maiores que 10
-10
A para resultados de maior precisão.
Desde o início do uso da espectrometria de massa, as fontes de impacto de elétrons e de
ionização térmica para gases e sólidos, respectivamente, mostraram-se perfeitamente
adaptadas a este propósito. Para análise multielementar simultânea de uma amostra, a
ionização térmica é imprópria e deve ser substituída pela fonte de plasma indutivamente
acoplada (WINEFORDNER, 1997). Esta fonte possui vantagens consideráveis sobre a
de ionização térmica: pode tolerar níveis relativamente altos de impurezas, permite
imediatas análises de amostra e pode ionizar eficientemente mais de 95% dos elementos
da tabela periódica. A fonte de plasma indutivamente acoplada é a utilizada no presente
trabalho.
O objetivo do analisador de massa é separar os íons que são produzidos na fonte,
conforme a sua relação massa/carga (m/z). As três principais características de um
analisador de massa são: o limite de massa, a transmissão iônica e o poder de resolução
em massa. O limite de massa indica o maior valor de massa que pode ser medido, sendo
geralmente expresso em daltons (Da) para um íon de carga unitária; a transmissão é a
razão entre o número de íons que chegam ao detector e os íons produzidos na fonte. O
poder de resolução é a capacidade de gerar dois sinais distintos para dois íons com uma
pequena diferença de massa.
Existem diversos tipos de analisador de massa, sendo os mais comuns os de
quadrupolo, os de setor magnético e os analisadores de massa por tempo de vôo. Neste
trabalho é comentado apenas o de quadrupolo, que foi o utilizado. Nele, um campo
quadrupolo é formado por quatro barras paralelas às quais aplica-se um campo elétrico
oscilante que afeta o percurso dos íons viajando pelo trajeto centralizado entre as quatro
barras. Para uma dada voltagem, somente os íons de uma relação massa/carga
determinada podem passar através do quadrupolo, enquanto os outros colidem com as
barras. Ao variar os sinais elétricos a um quadrupolo, pode-se variar a faixa da relação
massa/carga transmitida, possibilitando uma varredura espectral.
O sistema de recolhimento de íons mede a abundância relativa de razões massa/
carga. Diferentes tipos de detectores ou coletores de íons são disponíveis para
espectrômetros de massas. Os mais usados são os coletores Faraday e o multiplicador de
elétrons.
39
2.4.1 - TÉCNICA DA ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA
INDUTIVAMENTE ACOPLADO – ICP-MS
A espectrometria de massa com fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP-MS)
é uma técnica analítica bastante sensível para análise multielementar e isotópica, tendo
sido usada para a determinação de elementos traço em várias amostras de diversas áreas,
incluindo ambiental, geológica, metalúrgica, semicondutora, petroquímica e biomédica.
Um dos principais benefícios que levou ao uso generalizado do ICP-MS tem sido a sua
ampla cobertura elementar e excelentes limites de detecção (µg/L e ng/L) para uma
série de elementos os quais são difíceis de se medir por uma técnica mais simples
alternativa. Tanto o preparo como a introdução de amostras para o ICP-MS são
relativamente simples. O ICP-MS muitas vezes tem sido capaz de substituir as técnicas
de espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP-OES),
espectrometria de absorção atômica com atomização eletrotérmica em forno de grafite
(GFAAS), gerador de hidretos e fluorescência (HOLLAND et al., 1999).
Os valores de leitura encontrados no ICP-MS dependem de uma série de processos
que envolvem a conversão da amostra líquida em aerossol, transporte do aerossol ao
plasma indutivamente acoplado (ICP), produção de íons elementares no plasma e
transporte dos íons do plasma ao detector do espectrômetro de massa. A amostra, na
forma líquida, é nebulizada para produzir um aerossol; o aerossol é pulverizado na
câmara de spray que remove eficientemente grandes gotas e limita a quantidade total de
solvente que entra no ICP. O aerossol é transportado ao plasma por fluxo de argônio. Na
alta temperatura dentro do plasma (aproximadamente 8000 K), o aerossol sofre
dessolvatação e evaporação. A partícula é, então, vaporizada. O vapor é atomizado e
ionizado. O vapor, átomos e íons viajam através do plasma, passam através de dois
pequenos orifícios circulares, conhecidos como sampler cone” e “skimmer cone”, que
separam a atmosfera do plasma da câmara de vácuo do espectrômetro de massa e têm a
função de direcionar os íons para o analisador de massas. Uma pequena fração do feixe
de íons é centrada em direção ao espectrômetro de massa e somente alguns dos íons
com massa apropriada atingem o detector e são contados. Os principais componentes de
um ICP-MS tipo quadrupolo se encontram na Figura 2.17.
40
Figura 2.17 Principais componentes de um ICP-MS tipo quadrupolo (TEIXEIRA,
2007).
Os efeitos de matriz ocorrem porque os sólidos totais dissolvidos podem provocar
depósitos sólidos sobre os cones. Estes depósitos podem se formar quando soluções
com teores de sólidos totais dissolvidos superiores a 1% - 2 % (m/v) são aspiradas
continuamente. Tais depósitos podem causar a supressão na corrente de íons das
espécies do analito, podendo acarretar uma diminuição da sensibilidade (DRESSLER et
al., 1999). Além das interferências não espectrais, existem as espectrais, que podem ser
divididas em duas categorias, dependendo de sua origem. Na primeira categoria,
incluem-se as causadas por sobreposição de sinais de isótopos de elementos diferentes
com a mesma relação massa/carga e, na outra, incluem-se as interferências causadas por
íons com carga dupla ou íons poliatômicos.
A separação química prévia dos analitos tem a vantagem de reduzir, ou mesmo
eliminar, tanto as interferências espectrais como as não espectrais. Métodos de
separação são amplamente empregados em determinações por ICP-MS (GOOSSENS et
al., 1993).
Sistemas de introdução de amostra estão disponíveis para amostras gasosas,
líquidas e sólidas. Os principais sistemas de introdução de amostras quidas são os
nebulizadores, que podem ser pneumático de fluxo cruzado (CF), pneumático
concêntrico, tipo Babington, ultrassônico (USN), termo-spray, nebulizador
41
microconcêntrico e outros. No presente trabalho, são usados os do tipo pneumático de
fluxo cruzado e o ultrassônico.
O tipo mais comum de nebulizador para a produção de aerossol da amostra é o
nebulizador pneumático, o qual apresenta diferentes formatos. Possuem como
característica comum o uso da força de um fluxo de gás, passando através de um orifício
ou tubo capilar, para criar microgotas da amostra líquida. Estas microgotas são
transportadas ao plasma, pelo fluxo de gás de escoamento, para decomposição,
atomização e ionização.
O nebulizador pneumático de fluxo cruzado consiste de dois tubos capilares,
geralmente feitos de vidro ou quartzo, posicionados perpendicularmente um ao outro de
modo que o fluxo de gás de um gera uma pressão diferencial capilar na extremidade,
ocorrendo uma aspiração natural da solução do outro tubo capilar. A eficiência e a
performance do processo de geração de aerossol é altamente dependente do alinhamento
dos dois tubos capilares. A distribuição do tamanho das gotas é usualmente muito
grande para aerossóis gerados por este tipo de nebulizador. A energia resultante do
fluxo de gás perturba o líquido e o resultado é a geração de aerossol na extremidade do
capilar. Melhores resultados são obtidos forçando a passagem da solução da amostra
pelo nebulizador, utilizando-se de uma bomba peristáltica. O bombeamento minimiza
variações na taxa de alimentação de amostra, devido à variabilidade da sua viscosidade
e de sua tensão superficial.
Uma vez que a solução da amostra deve passar através de um dos capilares do
nebulizador, pode resultar num entupimento parcial ou bloqueio provenientes de
partículas em suspensão ou precipitação de altas concentrações de sais dissolvidos,
resultantes da evaporação do solvente. Isto pode ser um problema potencial, porque o
bloqueio parcial pode resultar numa inibição irreprodutível da formação de aerossol.
Este decréscimo na produção de aerossol resulta em uma perda variável de sensibilidade
que pode não ser evidente para o analista.
O nebulizador ultrassônico é um dispositivo bastante utilizado quando se requer
maior sensibilidade nas aplicações analíticas. Consiste de um transdutor de cristal que é
impulsionado por um gerador ultrassônico operando a uma freqüência de 200 kHz a 10
MHz. A amostra é enviada à superfície frontal do transdutor através de um tubo
provindo da bomba peristáltica. Um aerossol é formado pela sondas longitudinais que
permanecem na superfície do transdutor de cristal. Quando a amplitude da onda é
grande o suficiente para perturbar o filme de solução depositada na superfície do
42
transdutor, um aerosol é gerado, o qual é removido do nebulizador pelo fluxo de
argônio.
Uma vez que a taxa de produção de aerossol é alta e independente da taxa de
aerossol de gás carreador, mais amostra é transportada ao plasma a menores taxas de
fluxo de gás injetor que a obtida com nebulizadores pneumáticos convencionais. Isto
resulta numa maior sensibilidade obtida usando este tipo de nebulizador, com uma
correspondente melhoria nos limites de detecção para todos os elementos medidos.
Devido à alta eficiência de nebulização e da dimensão relativamente pequena da
gotícula, uma grande quantidade de solvente da amostra é transportada ao plasma. Com
efeito, o excesso de solvente pode extinguir ou esfriar o plasma, o que reduz a eficiência
de conversão das espécies não atomizadas do analito para uma forma adequada à
ionização. Além disso, a elevada quantidade de oxigênio e hidrogênio, no caso da água,
ou carbono, no caso de solventes orgânicos, resulta em altas concentrações de
compostos moleculares formados, que podem causar séria interferência espectral
isobárica. Este problema de excesso de solvente atingindo o plasma pode ser
significativamente reduzido pelo uso de um sistema de dessolvatação. Um sistema de
dessolvatação consiste na passagem do aerossol através de uma câmara aquecida onde o
solvente componente das gotículas do aerosssol é termicamente evaporado.
Imediatamente após percorrer por esta câmara aquecida, o gás passa por um
condensador onde o vapor do solvente é condensado e removido através do dreno.
Em alguns sistemas, uma alternativa que é empregada consiste no uso de uma
membrana microporosa para remover o solvente, seletivamente. O aerossol, após passar
através da câmara aquecida e do condensador, flui através de uma membrana separadora
antes de ir para o plasma.
Geralmente, em comparação aos nebulizadores pneumáticos convencionais, os
nebulizadores ultrassônicos apresentam uma melhoria nos limites de detecção de um
fator de aproximadamente 10.
2.4.1.1 - RAZÃO ISOTÓPICA CORREÇÃO NA DISCRIMINAÇÃO DE
MASSA
Como em todos os sistemas de espectrometria de massa, os íons que entram no
ICP-MS experimentam o efeito de discriminação de massa. Este efeito favorece a
43
transmissão do isótopo mais pesado, em detrimento do isótopo mais leve, para o
espectrômetro de massa. Este fenômeno é totalmente controlado pelo processo que
ocorre na região de interface e a causa dominante acredita-se serem os efeitos do
excesso de íons na região do cone skimmer (GILSON et al., 1988). Para a correção de
discriminação de massa empregam-se materiais de referência que contenham razões
isotópicas certificadas do elemento em questão ou de um elemento com massa atômica
próxima. Existem diferentes equações para o cálculo da correção do efeito da
discriminação de massa. Para elementos pesados, é usual utilizar-se uma relação
exponencial, conforme a Equação 2 (INGLE et al., 2003):
(
)
β
yxXX
/mmRMRC =
Equação 2
onde:
RC
X
: razão isotópica corrigida do isótopo x sobre o isótopo y
RM
X
: razão isotópica medida do isótopo x sobre o isótopo y
m
x
/m
y
: razão das massas atômicas dos isótopos x e y
O valor de β é determinado pela equação abaixo, usando-se um padrão com razão
isotópica conhecida dos isótopos a e b:
(
)
( )
ba
PP
/mln
/RMRVln
β
m
=
Equação 3
onde:
RV
P
: razão isotópica verdadeira entre os isótopos a e b do padrão, retirada de um
certificado
RM
P
: razão isotópica medida entre os isótopos a e b do padrão
m
a
/m
b
: razão das massas atômicas dos isótopos a e b
44
2.4.1.2 - TÉCNICA DA DILUIÇÃO ISOTÓPICA
O princípio da técnica da diluição isotópica envolve a adição precisa de uma
quantidade conhecida do elemento que se deseja determinar contendo composição
isotópica diferente da amostra (traçador). Após atingir o equilíbrio, a razão isotópica
modificada do analito é medida e a concentração do elemento na amostra original é
calculada pela seguinte equação da diluição isotópica:
1000
11
)(
)(
=
Q
rAA
ArA
mc
M
M
w
W
C
y
a
x
a
x
s
y
s
ss
s
a
a
Equação 4
onde:
C
a
: Concentração do elemento na amostra, em µg/g
W : Massa da solução de abertura, em gramas
w : Massa da alíquota usada na determinação dos teores, em gramas
M
a :
Massa atômica do elemento na amostra
M
s :
Massa atômica do elemento no traçador
c
s :
Concentração do elemento no traçador, em ng/g
m
s :
Massa de solução contendo o traçador adicionada à amostra, em gramas
x : Para urânio é o isótopo 238 e para tório é o 230
y : Para urânio é o isótopo 233 e para tório é o 229
A
x
s :
Abundância do isotopo x no traçador
A
y
s :
Abundância do isotopo y no traçador
A
y
a :
Abundância do isotopo y na amostra
A
x
a :
Abundância do isotopo x na amostra
r : Razão de intensidades dos dois isótopos selecionados. Para urânio é a razão
238
U/
233
U e para tório é
230
Th/
229
Th.
Q : Massa da amostra, em gramas
45
Para a máxima precisão da análise, a massa adicionada do isótopo enriquecido é
calculada de forma que a concentração do isótopo enriquecido seja aproximadamente
igual à do isótopo de referência, ou seja, que a razão isotópica fique próxima de 1.
De todas as técnicas adequadas ao uso com ICP-MS, o método da diluição isotópica
é o que oferece a mais alta exatidão, não dependendo da comparação a um ou mais
padrões externos de calibração. Este procedimento é amplamente usado para a
certificação de padrões de referência secundários de matrizes naturais (TAYLOR,
2001).
46
CAPÍTULO 3
MATERIAIS E MÉTODOS
3.1- AMOSTRAS
As amostras de corais fósseis, mostradas nas Figuras 3.1 e 3.2, e exsudações
utilizadas neste estudo foram cedidas pela PETROBRÁS e são oriundas da plataforma
continental da Bacia de Campos, margem continental do sudeste brasileiro, cuja
localização é mostrada na Figura 3.3. Portadora das maiores reservas petrolíferas da
Plataforma Continental Brasileira, a Bacia de Campos tem cerca de 100 mil km
2
,
estendendo-se do estado do Espírito Santo até Cabo Frio, no litoral norte do estado do
Rio de Janeiro. Atualmente, estão em operação mais de 400 poços produtores de óleo e
gás associado, mais de 30 plataformas de produção e 3.900 km de dutos submarinos
(GRASSI et al., 2004).
Os corais fósseis da Bacia de Campos, RJ, normalmente, são das espécies Lophelia
pertusa e Solenosmilia variabilis . A Figura 3.1 mostra uma das amostras de coral
estudada no presente trabalho. Todas foram da espécie Lophelia pertusa, retiradas de
um mesmo testemunho de sedimentos de água profunda, mostrado na Figura 3.2, a
diferentes profundidades. A coral Lophelia pertusa tem a seguinte classificação
científica: Reino - Animalia, Filo - Cnidaria, Classe - Anthozoa, Ordem Scleractinia,
Família – Carophylliidae, Gênero – Lophelia e Espécie - Lophelia pertusa.
Figura 3.1 – Amostra de coral Lophelia pertusa da Bacia de Campos – RJ.Erro!
47
F
igura 3.2 Amostra de testemunho de sedimentos, mostrando os corais fósseis da
Bacia de Campos (CRUZ, 2006).
48
Figura 3.3 - Localização das amostras objeto do estudo de datação (CRUZ, 2006).
3.2- EQUIPAMENTOS
As determinações por espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado
(ICP-MS) foram feitas com o equipamento da Perkin Elmer ELAN 6000, mostrado na
Figura 3.4, no Laboratório de Espectrometria de Massa do Setor de Análises
Ambientais (SEANA) do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD). Para as
determinações quantitativas de tório e urânio, e urânio por diluição isotópica, utilizou-se
o nebulizador de fluxo cruzado (CF); e, para as determinações da razão isotópica
234
U/
235
U e de
230
Th, acoplou-se um nebulizador ultrassônico (USN) com membrana
dessolvatadora. As condições de operação do equipamento estão listadas na Tabela 3.1.
49
Tabela 3.1 Condições de operação do ICP-MS Perkin-Elmer ELAN 6000 para ambos
os modos de medida: razão isotópica e concentração.
Condições Gerais de Operação
Potência do gerador de alta freqüência 1050 W
Nebulizadores Ultrassônico com membrana dessolvatadora
(USN)
Fluxo cruzado (CFN)
Cone de amostragem Níquel, orifício de 1,1 mm de diâmetro
Cone “Skimmer”
Fluxos de argônio
Plasma
Auxiliar
Nebulizador
Taxa de alimentação de am
ostra
Níquel, orifício de 0,9 mm de diâmetro
15 L/min
1,2 L/min
0,95 – 1,02 L/min (CFN)
1,17 – 1,21 L/min (USN)
1,0 mL/min (CFN); 1,5 mL/min (USN)
Condições de operação do nebulizador ultrassônico
Temperatura de aquecimento.
Temperatura de resfriamento
Temperatura de aquecimento da
membrana dessolvatadora.
Fluxo do gás de arraste
140
o
C
3
o
C
160
o
C
2,0 L/min
Configurações de aquisição de dados
Modo de aquisição
Tempo de atraso de leitura
Medidas de razões atômicas
Isótopos monitorados
Varredura/repetição
Repetições
Tempo de varredura
Tempo total de análise
Medidas de Concentração
Isótopos monitorados
Varredura/repetição
Repetições
Tipo de integração
“Peak hopping”
40 s (USN) 30 s (CFN)
234
U,
235
U
233
U,
238
U
229
Th,
230
Th
400 60 100
3 6 6
75ms/50ms 50ms/50ms 25ms/25ms
150 s 36 s 30 s
238
U e
232
Th
20
3
Média
50
Figura 3.4 ICP-MS Perkin Elmer ELAN 6000, instalado no Laboratório de Análises
Ambientais – SEANA-IRD.
3.3- MATERIAIS UTILIZADOS
Os materiais utilizados no presente trabalho foram:.
Tubos de centrifuga de polipropileno de 15 mL e 50 mL
Ponteiras para micropipetas
Provetas de diferentes volumes
Seringas plásticas de 10 mL
Suporte para as colunas usadas na extração cromatográfica
Kits de soro (tubo de PVC e controlador de fluxo)
Béchers de PVC e teflon de diferentes volumes
Bombonas de teflon para abertura, de 50 mL, com rosca
Frascos de PFA Savillex
®
de 15 mL, mostrado na Figura 3.5
Frascos de teflon
Sistema fechado para evaporação, conforme 3.6
51
Figura 3.5 – Frascos de PFA Savillex
®
.
Figura 3.6 – Sistema fechado para evaporação, com fluxo de argônio.
52
Todo o material, antes de ser utilizado nos experimentos, foi submetido a
procedimento de limpeza, que consiste em imersões em detergente, ácidos nítricos 2M e
1M, intercalados por lavagens com água deionizada, seguido de lavagem final com água
Milli-Q.
3.4- REAGENTES
Foram utilizados ácidos nítrico, clorídrico, fluorídrico e perclórico concentrados
supra puros. O ácido nítrico supra puro foi obtido por bi-destilação do ácido nítrico p.a.
Merck, em destilador de quartzo. Os demais foram adquiridos diretamente da Merck.
As trocas iônicas foram realizadas utilizando a resina Dowex 1x8 100-200 mesh, da
Sigma, e as extrações cromatográficas por meio da coluna cromatográfica UTEVA e
TRU, da Eichrom.
Todas as soluções foram preparadas com água Milli-Q e armazenadas em frascos
de polietileno. As soluções utilizadas no presente trabalho foram:
Ácido nítrico 3 M
Ácido nítrico 7 M
Ácido nítrico 0,05 M
Ácido nítrico 0,1M
Ácido nítrico 2 %
Nitrato de alumínio 1 M
Ácido clorídrico 0,1 M + ácido fluorídrico 0,01 M
Ácido clorídrico 6 M + ácido fluorídrico 0,26 M
Solução de Fe
3+
de 10000 mg/L em HNO
3
1 M
Solução de Sr
2+
de 1000 mg/L em HNO
3
1 M
Solução de Mg
2+
de 10000 mg/L em HNO
3
1 M
Solução de índio/tálio de 200 µg/L em HNO
3
1 M
Solução de ácido ascórbico 0,01 M + EDTA 0,06 M em água
53
O fator de correção para a discriminação de massa no ICP-MS foi determinado com
o uso do padrão NIST CRM U020A 1 ng/mL ( razão atômica
235
U/
238
U = 0,0206872).
Para a validação das metodologias desenvolvidas, foi utilizada uma amostra de
referência certificada de sedimento marinho (NIST SRM 4357).
Os traçadores utilizados no trabalho são todos rastreáveis ao BIPM (Bureau
Internacional de Pesos e Medidas) e foram adquiridos no Setor de Metrologia de
Radionuclídeos (SEMRA) do Intituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) e foram os
seguintes:
233
U : 80 – 150 ngU/g
229
Th : 0,08 – 0,15 ngTh/g
Foram utilizadas soluções padrão de tório e urânio adquiridas da Perkin Elmer e
rastreados ao NIST.
3.5- PROCEDIMENTO
3.5.1 – Preparação da Amostra
As amostras de corais foram submetidas a um processo de limpeza com água e
ultra-som, para remover o sedimento; seguindo-se a uma limpeza mecânica e lavagem
com HNO
3
0,1 M, por 20 minutos, com 1 minuto no ultra-som. Posteriormente, foram
submetidas ao processo de limpeza, proposto por LOMITSCHKA e MANGINI (1999),
que consiste na lavagem química com uma mistura à base de ácido ascórbico 0,01 M e
EDTA 0,06 M. Cada amostra de coral foi subdividida de modo a se enviar subamostras
para o grupo da Universidade da Califórnia-Irvine (Estados Unidos) e Universidade de
Heidelberg (Alemanha) e, com isso, fazer intercomparação dos resultados.
As seis amostras de exsudação sofreram um processo de remoção mecânica da
parte externa, sendo esta fração descartada. O material restante foi submetido a uma
limpeza rápida, com ácido nítrico 0,1 M, lavagem com água Milli-Q e secagem à 60
o
C.
Após resfriamento, as amostras foram totalmente moídas e foram determinadas as
concentrações de urânio e tório totais, em porções de 250 mg de cada uma. Para as duas
54
amostras que apresentaram concentração de urânio, proveniente de carbonato não
residual, passível de datação utilizando o par
230
Th/
234
U, quatro frações foram obtidas
por peneiramento: 24<mesh<42, 42<mesh<80, 80<mesh<170 e mesh>170. O objetivo
da divisão da amostra em frações com diferentes granulometrias é o de se fazer a
construção de isócronas pelo método da dissolução total que, segundo KU (2000), é um
meio alternativo de estimar os erros das idades, devido a contaminações da amostra com
material detrítico. As amostras com concentrações baixas de urânio, proveniente de
carbonato não residual, não são passíveis de datação por esta metodologia.
3.5.2 – Pesagem e Dissolução
Em tubos de centrífuga de polipropileno de 50 mL, foram pesadas,
aproximadamente, 1g das amostras de corais já limpos e 1g das frações das exsudações.
As dissoluções foram feitas da seguinte forma:
1) Dissolução dos corais: foram adicionados aos tubos de centrífuga pré-pesados,
aproximadamente 30 mL de HNO
3
3M, em frações de 5 em 5 mL, com o cuidado de
não haver perdas de amostra. Aguardou-se até a dissolução total. Os tubos foram
pesados novamente, determinando-se assim, a massa de solução após a abertura.
2) Dissolução das exsudações: a cada uma das quatro frações de cada amostra, foram
adicionados aos tubos de centrífuga pré-pesados, aproximadamente 20 mL de HNO
3
7
M, em frações de 5 em 5 mL, com o cuidado de não haver perdas de amostra. Após a
dissolução inicial, as amostras foram centrifugadas e o resíduo transferido para
bombona de 50 mL de teflon, com 10 ml de HNO
3
concentrado e 2 ml de HF
concentrado. As bombonas foram fechadas e deixadas em repouso por 24 horas, depois
aquecidas a 100
o
C 24h e a 250
o
C por mais 24h. Resfriou-se, adicionou-se 0,4 mL de
HClO
4
concentrado e aqueceu-se a 250
o
C por mais 1 dia. As amostras foram levadas à
secura e, com a bombona ainda quente, retomadas com aproximadamente 10 ml de
HNO
3
7 M, que foram juntados aos 20 ml resultantes da primeira dissolução. No
resíduo restante, fez-se um ataque por fusão em cadinho de platina, com a mistura de
metaborato/tetraborato de lítio. Dissolveu-se com 10 mL HNO
3
7 M que foram reunidos
aos outros 30 mL, perfazendo um total de aproximadamente 40 mL de solução de
55
abertura em HNO
3
7 M. Os tubos de centrifuga foram resfriados e pesados,
determinando-se assim, a massa de solução após a abertura.
Para ambos os procedimentos de dissolução das amostras, foi feito um branco, que
foi submetido a todo o processo, de forma a realizar o controle de toda a marcha
analítica.
3.5.3 – Determinação Quantitativa de Urânio e Tório
Foram retiradas alíquotas de 0,1 mL (pesando), da solução de abertura, para a
determinação quantitativa de tório e urânio, transferindo-as para tubos de centrífuga de
polipropileno. Adicionaram-se 0,5 mL do padrão interno de tálio de 200 µg/L e 4,4 mL
de HNO
3
2%. Foram feitas as leituras no ICP-MS, previamente calibrado com soluções
padrões mistas de tório e urânio de 1, 5, 10, 15 e 20 µg/L .
3.5.4 – Determinação de Urânio por Diluição Isotópica
Foram retiradas alíquotas de 0,1 mL (pesando), da solução de abertura, para a
determinação de urânio por diluição isotópica, transferindo-as para tubos de centrífuga.
Com base no resultado quantitativo de urânio, adicionou-se uma quantidade conhecida
do traçador
233
U, de forma que a razão
233
U/
238
U em massa fosse próxima de 1.
Adicionaram-se 1,8 mL de HNO
3
2%, de forma a obter um volume final próximo de 2
ml, volume este necessário para a leitura das intensidades de
233
U e
238
U de acordo com
as condições operacionais pré-estabelecidas para esta metodologia, otimizadas de forma
a se alcançar a melhor exatidão e precisão possíveis.
3.5.5 – Separação de Urânio e Tório em batelada
Foi feito um estudo detalhado da metodologia de separação de tório e urânio para
matrizes de composição similares a dos corais e exsudações. Baseando-se em dados
obtidos por HORWITZ et al. (1992), o estudo foi iniciado com soluções padrões mistas
contendo urânio e tório, em meio de HNO
3
3 M, utilizando-se para extração
cromatográfica, colunas de TRU e UTEVA (Eichrom), conforme Figura 3.7. Cada uma
das resinas TRU e UTEVA foi pré-condicionada com 20 mL de HNO
3
3 M; foram
56
percolados 40 ml de solução padrão mista, contendo aproximadamente 1000 ng de
tório, 1000 ng de urânio e 1 ml de Al(NO
3
)
3
1 M. A vazão de alimentação foi de
1mL/min. As resinas foram lavadas com 20 mL de HNO
3
3M e foram eluídas (1
mL/min) da seguinte forma: uma resina UTEVA e uma resina TRU,
independentemente, com HCl 0,1 M; outra resina UTEVA e outra resina TRU,
independentemente, com solução contendo HCl 0,1 M e HF 0,1 M; e mais uma última
resina UTEVA e outra TRU, com uma solução contendo HCl 0,1 M e HF 0,01 M .
Todos os eluídos foram recolhidos em 10 frações de 2 mL (pesadas) em tubos de 5 mL.
Foi retirada uma alíquota de 0,5 mL (pesada) de cada fração e adicionado 1 mL do
padrão interno de tálio e mais 8,5 mL de HNO
3
2%. Realizaram-se as determinações
quantitativas de uranio e tório no ICP-MS; foram traçadas as curvas de eluição e
calculados os rendimentos químicos para cada condição.
Figura 3.7 – Esquema de montagem usado para a extração cromatográfica.
57
Procedeu-se ao estudo da separação com as colunas TRU e UTEVA, mantendo as
condições anteriores, porém, com a adição de 500 mg de cálcio na solução padrão mista
de alimentação, com o objetivo de simular as matrizes objeto deste estudo. Novas
curvas de eluição foram obtidas e os rendimentos químicos calculados com a solução
contendo HCl 0,1 M e HF 0,01 M,. Esta solução mais diluída em HF foi a escolhida
para dar sequência ao estudo da separação por ser menos agressiva ao sistema de
evaporação (composto de vidro) visto que os resultados da experiência anterior foram
semelhantes aos da solução mais concentrada em HF.
Devido aos melhores resultados terem sido obtidos com a resina UTEVA, partiu-se
para a continuidade do estudo da separação somente com esta resina. De modo a
simular melhor as matrizes em estudo, foram adicionados à solução padrão mista os
seguintes elementos, nas seguintes quantidades: 500 mg de cálcio, 50 mg de ferro, 10
mg de estrôncio, 1 mg de magnésio e 27 mg de alumínio. A solução, em meio de HNO
3
3 M, foi percolada na resina UTEVA, com o fluxo de 1 mL/min, lavada com 20 mL de
HNO
3
3 M e eluída com 6 mL de solução contendo HCl 0,1 M e HF 0,01 M. Nas
soluções de alimentação e de eluição, foram feitas as determinações quantitativas de
todos os elementos adicionados, sendo calculados os seus fatores de descontaminação.
Foram feitas medidas de tório e urânio nas soluções para verificar se haveria alguma
perda em razão dos elementos adicionados.
A metodologia foi aplicada às amostras de corais e exsudações. No caso das
exsudações, verificou-se que, ao percolar a solução resultante da abertura, diretamente
na coluna UTEVA, o tório não era retido. Foi necessária a adição de uma etapa de
cromatografia de troca nica com a resina DOWEX 1x8 (aniônica) a fim de eliminar a
matriz. Reteve-se o tório com a resina DOWEX 1x8 e o urânio apresentou-se dividido
entre o percolado e a solução de lavagem. O tório foi eluído com 25 mL da solução
mista de HCl 6 M e HF 0,26 M e o urânio seguiu o procedimento dos corais, a partir da
mistura da solução de alimentação percolada junto com a solução de lavagem da
resina DOWEX 1x8.
Os procedimentos estabelecidos para a separação em batelada do urânio e do tório e
determinação por ICP-MS, em amostras de corais e exsudações, foram:
1) Corais, conforme Figura 3.8 - Na solução restante da abertura (após a retirada das
alíquotas para quantitativo de urânio e tório e para urânio por diluição isotópica), foi
58
adicionado aproximadamente 15 pg do traçador
229
Th, 3 mL de HNO
3
concentrado e 1
mL de Al(NO
3
)
3
1 M. Avolumou-se para 40 mL, de forma que a solução final se
apresentasse em meio de HNO
3
3M. Percolou-se diretamente na coluna UTEVA
(previamente condicionada com 20 mL de HNO
3
3 M) num fluxo de 1mL/min, lavou-se
com 20 mL de HNO
3
3 M (1mL/min) e eluiu-se, simultaneamente, o tório e o urânio
com 10 mL de solução contendo HCl 0,1 M e HF 0,01 M com o fluxo de 1 mL/min. Ao
eluído, adicionou-se 100 µL de HClO
4
concentrado e 2 mL de HNO
3
concentrado e
evaporou-se até à secura, em frascos tipo Savillex
®
, colocados dentro de um sistema
fechado de evaporação com fluxo de argônio (20 L/min), conforme Figura 3.6. Com o
frasco ainda quente, adicionou-se 0,125 mL de HNO
3
concentrado, 10 µL de HF e 3,865
mL de água Milli-Q. Foi retirada uma alíquota de 1 mL e diluída para 10 mL, com
HNO
3
2 % , para determinação da razão isotópica
234
U/
235
U. Os 3 mL restantes foram
utilizados para a determinação de
230
Th , usando-se como traçador o
229
Th.
2) Exsudações, conforme Figura 3.9 - Nos 40 mL de solução restante da abertura, em
meio de HNO
3
7 M (após a retirada das alíquotas para quantitativo e para urânio por
diluição isotópica), foi adicionado aproximadamente 45 pg do traçador
229
Th e 1 mL de
Al(NO
3
) 1 M. Percolou-se na resina DOWEX 1x8 ( previamente condicionada com 20
mL de HNO
3
7 M). Lavou-se com 40 mL de HNO
3
7 M e eluiu-se o tório com 25 mL
de solução mista de HCl 6 M e HF 0,26 M. As soluções de lavagem e percolação foram
reunidas resultando num volume de aproximadamente 80 mL.
À solução resultante da eluição do tório, foi adicionado 100 µL de HClO
4
concentrado e 2 mL de HNO
3
concentrado e evaporou-se até à secura, em frascos tipo
Savillex
®
, colocados dentro de um sistema fechado de evaporação com fluxo de argônio
(20 L/min), conforme Figura 3.6. Com o frasco ainda quente, adicionou-se 0,1 mL de
HNO
3
concentrado, 10 µL de HF e 2,89 mL de água Milli-Q. A solução obtida foi
utilizada para a determinação de
230
Th, usando como traçador o
229
Th.
A solução resultante da reunião das soluções de lavagem e percolado da resina
DOWEX 1x8 foi evaporada e retomada com 20 mL de HNO
3
3M. Procedeu-se a
percolação na coluna UTEVA (previamente condicionada com 20 mL de HNO
3
3 M)
num fluxo de 1mL/min, lavou-se com 20 mL de HNO
3
3 M (1mL/min) e eluiu-se o
urânio com 10 mL de solução contendo HCl 0,1 M e HF 0,01 M com o fluxo de 1
mL/min. Ao eluído, adicionou-se 100
µL de HClO
4
concentrado e 2 mL de HNO
3
concentrado e evaporou-se até à secura, em frascos tipo Savillex
®
, colocados dentro de
59
um sistema fechado de evaporação com fluxo de argônio (20 L/min), conforme Figura
3.6. Com o frasco ainda quente, adicionou-se 0,1 mL de HNO
3
concentrado, 10 µL de
HF e 1,89 mL de água Milli-Q. Esta solução foi utilizada para a determinação da razão
isotópica
234
U/
235
U no ICP-MS.
Os métodos foram validados aplicando-os a uma amostra de referência certificada
de sedimento marinho (NIST SRM 4357) com valores de referência para
230
Th e
234
U de
12 Bq kg
-1
.
Figura 3.8 – Metodologia datação
230
Th/
234
U, para corais.
Adição de traçador
229
Th
Extração cromatográfica (UTEVA-pré-
condicionada com 20 mL de HNO
3
3 M)
Eluição simultânea de U e Th com
HCl 0,1 M + HF 0,01 M (10 mL)
Solução de abertura + 1 mL Al(NO
3
)
3
1 M
(40 mL HNO
3
3 M)
0,1 mL – Det. quantitativa de U e Th
0,1 mL – Det. de U usando
233
U como traçador
Lavagem – HNO
3
3 M
(20 mL)
Evaporação até à secura , dentro de
cápsula c/ fluxo Argônio
Retomar em meio nítrico 2% (4 mL)
1 mL : Razão isotópica
234
U/
235
U
ICP
MS
Restante :
230
Th por diluição
isotópica
ICP
MS
60
Figura 3.9 - Metodologia datação
230
Th/
234
U, para exsudações.
Adição de traçador
229
Th
Lavagem e Eluição
Eluição de U com HCl 0,1 M + HF
0,01 M (10 mL)
Solução de abertura + 1 mL Al(NO
3
)
3
1 M
(40 mL HNO
3
7 M)
0,1 mL – Det. quantitativa de U e Th
0,1 mL
Det. de U usando
233
U como traçador
Evaporação até à secura, dentro de
cápsula c/ fluxo Argônio
Evaporação. Retomar com
HNO
3
3 M (20 mL)
Solução de alimentação : Percolado +
lavagem (80 mL HNO
3
7 M)
HNO
3
7 M (40 mL lavagem)
HCl 6 M + HF 0,26 M (eluição)
Solução de Eluição (25 mL
HCl 6 M + HF 0,26 M)
Extração cromatográfica
(UTEVA-pré-
condicionada HNO
3
3 M)
Lavagem
HNO
3
3 M
(20 mL)
Retomar em meio nítrico 2 % (2 mL)
Razão isotópica
234
U/
235
U
ICP
MS
Retomar em meio nítrico 2 %
(3 mL)
23
0
Th por diluição isotópica
ICP
MS
Evaporação até à secura, dentro de
cápsula c/ fluxo Argônio
Troca iônica (DOWEX 1x8)
U
Th
61
3.6- CÁLCULOS PARA A DATAÇÃO
Foram calculadas as razões de atividades
234
U/
238
U e
230
Th/
234
U. Com estas razões,
foram determinadas as idades das sete amostras de corais e das duas de exsudações, a
partir da equação de IVANOVICH et al. (1992) (Equação 1 – Capítulo 2).
Para o cálculo da razão isotópica
234
U/
238
U, multiplica-se a razão isotópica medida
234
U/
235
U pela razão isotópica
235
U/
238
U que, para amostras naturais, é de 0,0072526. A
razão de atividade
234
U/
238
U é obtida multiplicando-se a razão isotópica pela razão entre
as atividades específicas dos isótopos
234
U e
238
U.
Para o cálculo da razão mássica
230
Th/
234
U, divide-se a concentração de
230
Th pelo
resultado da multiplicação da razão isotópica
234
U/
238
U pela concentração de
238
U. A
transformação da razão mássica
230
Th/
234
U em razão de atividades é obtida através da
multiplicação pela razão entre as atividades específicas dos isótopos em questão.
62
CAPÍTULO 4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1- Extração Cromatográfica de Urânio e Tório
Embora o procedimento atual (GODOY et al., 2006) empregando injeção em fluxo,
seja também baseado na extração cromatográfica, a solução injetada no plasma possui
uma composição química bem distinta dos padrões empregados para a correção de
discriminação na massa (“mass bias”). Por este motivo, neste trabalho, foi feito um
estudo da separação simultânea de urânio e tório em batelada, a fim de se obter uma
solução final com composição química semelhante às soluções de calibração do ICP-
MS, permitindo a correção do efeito de discriminação de massa,. A extração em
batelada com eluição simultânea de U e Th pode ser viável, uma vez que não há
interferências espectrais entre os isótopos de urânio e de tório de interesse (
238
U,
235
U,
234
U,
230
Th,
229
Th) nas leituras no ICP-MS.
O estudo da separação em coluna baseou-se em dados existentes na literatura
(HORWITZ et al., 1992, ADRIAENS et al., 1992, YOKOYAMA et al., 1999, BOLL et
al., 1997, MAXWELL e NICHOLS, 2000, KETTERER et al., 2000).
4.1.1 - Separação de Urânio e Tório em coluna TRU (Eichrom)
Na Tabela 4.1, encontram-se os dados dos experimentos realizados com colunas
TRU (Eichrom), 4 cm de altura e 1 cm de diâmetro, variando-se as soluções de eluição.
Nas Figuras 4.1, 4.2 e 4.3, são apresentadas as curvas de eluição obtidas.
63
Tabela 4.1- Parâmetros experimentais do estudo da separação U/Th em coluna TRU
(Eichrom).
COLUNA TRU (Eichrom)
Alimentação 40 mL HNO
3
3 M com 1 µg U, 1 µg Th e 1 mL Al(NO
3
)
3
1 M
Lavagem 20 mL de HNO
3
3 M
Eluição Th/U 20 mL de HCl 0,1 M (frações de 2 mL)
20 mL de HCl 0,1 M + HF 0,1 M (frações de 2 mL)
20 mL de HCl 0,1 M + HF 0,01 M (frações de 2 mL)
Determinação Th, U ICP-MS
Curvas de Eluição - TRU/HCl 0,1 M
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Volume HCl 0,1M (mL)
Massa (ng)
Th
U
Figura 4.1- Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e 1 µg de Th
da coluna de TRU de 4 cm (1 cm de diâmetro), com HCl 0,1 M.
64
Curvas de Eluição - TRU/HCl 0,1 M + HF 0,1 M
0
100
200
300
400
500
600
700
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Volume HCl 0,1 M + HF 0,1 M (mL)
Massa (ng)
Th
U
Figura 4.2- Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e 1 µg de Th
da coluna de TRU de 4 cm (1 cm de diâmetro), com HCl 0,1 M + HF 0,1 M.
Curvas de Eluição - TRU/HCl 0,1 M + HF 0,01 M
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 5 10 15 20 25 30
Volume HCl 0,1 M + HF 0,01 M (mL)
Massa (ng)
Th
U
Figura 4.3- Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e 1 µg de Th
da coluna TRU de 4 cm (1 cm de diâmetro), com HCl 0,1 M + HF 0,01 M.
65
Os resultados, em termos de rendimento químico de tório e urânio, são
apresentados, respectivamente, nas Figuras 4.4 e 4.5.
Percentagem de Eluição de Th em TRU
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25 30
Volume Eluição (mL)
% Eluída
HCl 0,1 M
HCl 0,1 M + HF 0,1 M
HCl 0,1 M + HF 0,01 M
Figura 4.4- Percentagem de eluição de tório em coluna TRU, em função do volume de
eluente.
Percentagem de Eluão de U em TRU
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25 30
Volume Eluição (mL)
% Eluída
HCl 0,1 M
HCl 0,1 M + HF 0,1 M
HCl 0,1 M + HF 0,01 M
Figura 4.5- Percentagem de eluição de urânio em coluna TRU, em função do volume de
eluente.
66
Uma vez que não foi encontrado urânio e tório nas soluções de percolação e de
lavagem dos experimentos realizados, pode-se concluir que a retenção destes elementos
foi quantitativa, conforme esperado segundo dados da literatura (HORWITZ et al.,
1992, KETTERER et al., 2000). Empregando-se HCl diluído como eluente, observa-se
que apenas o tório é eluído, permanecendo o urânio retido na coluna, conforme mostra a
Figura 4.1. A Figura 4.2 mostra que a adição de HF 0,1 M, como complexante do urânio
é efetiva, resultando numa eluição simultânea de ambos os elementos. Como a presença
de HF no eluente poderia resultar num ataque químico da cúpula de vidro, testou-se o
emprego de uma solução de HF mais diluída, 0,01 M. Nota-se que, o volume necessário
para a eluição quantitativa do urânio aumenta significativamente, conforme Figuras 4.3
e 4.5. No entanto, resolveu-se optar pela eluição com a solução (HCl 0,1 M + HF 0,01
M) pela razão apresentada.
Embora a eluição do tório com a solução diluída de HCl seja possível (HORWITZ
et al.,1992), a adição de HF ao eluente também tem um efeito positivo na redução do
volume necessário para a sua eluição quantitativa, conforme Figura 4.4.
4.1.2 - Separação de Urânio e Tório em coluna UTEVA (Eichrom)
Na Tabela 4.2, encontram-se os dados dos experimentos realizados com colunas
UTEVA (Eichrom), 4cm de altura e 1 cm de diâmetro, variando-se as soluções de
eluição. Nas Figuras 4.6, 4.7 e 4.8, são apresentadas as curvas de eluição obtidas.
Tabela 4.2- Parâmetros experimentais do estudo da separação U/Th em coluna UTEVA
(Eichrom).
COLUNA UTEVA (Eichrom)
Alimentação 40 mL HNO
3
3 M com 1 µg U, 1 µg Th e 1 mL Al(NO
3
)
3
1 M
Lavagem 20 mL de HNO
3
3 M
Eluição Th/U 20 mL de HCl 0,1 M (frações de 2 mL)
20 mL de HCl 0,1 M + HF 0,1 M (frações de 2 mL)
20 mL de HCl 0,1 M + HF 0,01 M (frações de 2 mL)
Determinação Th, U ICP-MS
67
Curvas de Eluição - UTEVA/HCl 0,1 M
0
100
200
300
400
500
600
700
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Volume HCl 0,1 M (mL)
Massa (ng)
Th
U
Figura 4.6- Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e 1 µg de Th
da coluna de UTEVA de 4 cm (1 cm de diâmetro), com HCl 0,1 M.
Curvas de Eluição - UTEVA/HCl 0,1 M + HF 0,1 M
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Volume HCl 0,1 M + HF 0,1 M (mL)
Massa (ng)
Th
U
Figura 4.7- Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e de 1 µg Th
da coluna de UTEVA de 4 cm (1 cm de diâmetro), com HCl 0,1 M + HF 0,1 M.
68
Curvas de Eluição - UTEVA/HCl 0,1 M + HF 0,01 M
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Volume HCl 0,1 M + HF 0,01 M (mL)
Massa (ng)
Th
U
Figura 4.8- Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e 1 µg de Th
da coluna de UTEVA de 4 cm (1 cm de diâmetro), com HCl 0,1 M + HF 0,01 M.
Em termos de rendimento químico de tório e urânio, os resultados são apresentados
respectivamente, nas Figuras 4.9 e 4.10.
Percentagem de Eluição de Th em UTEVA
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Volume Eluição (mL)
% Eluída
HCl 0,1 M
HCl 0,1 M + HF 0,1 M
HCl 0,1 M + HF 0,01 M
Figura 4.9- Percentagem de eluição de tório em coluna UTEVA, em função do volume
de eluente.
69
Percentagem de Eluição de U em UTEVA
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Volume Eluição (mL)
% Eluída
HCl 0,1 M
HCl 0,1 M + HF 0,1 M
HCl 0,1 M + HF 0,01 M
Figura 4.10- Percentagem de eluição de urânio em coluna UTEVA, em função do
volume de eluente.
Também no caso da coluna UTEVA, não foi encontrado urânio e tório nas soluções
de percolação e de lavagem em todos os experimentos realizados, demonstrando uma
retenção quantitativa destes elementos, nas condições empregadas. No caso da coluna
UTEVA, os resultados obtidos, aplicando-se como eluente a solução diluída de HCl, 0,1
M, são o oposto daqueles observados com a coluna TRU, ou seja, uma eluição do
urânio e uma retenção do tório, segundo as Figuras 4.6, 4.9 e 4.10. A adição do HF
como complexante teve um efeito pronunciado na eluição deste elemento, tanto na
concentração de 0,1 M como na de 0,01 M, mostrado nas Figuras 4.7, 4.8, 4.9 e 4.10.
Sendo possível uma eluição quantitativa de ambos elementos em apenas 10 mL de
solução (HCl 0,1 M + HF 0,01 M) contra 30 mL, no caso das colunas TRU.
70
4.1.3 - Separação de Urânio e Tório em batelada – Simulação da Matriz
Após os estudos de eluição de tório e urânio, foram feitos ensaios de simulação das
matrizes objetos deste estudo. Primeiramente, simulou-se somente pela adição de 500
mg de cálcio, quantidade aproximada presente em 1g de matriz de corais e exsudações,
testando a separação nas colunas TRU e UTEVA. As condições dos experimentos são
as mesmas apresentadas nas Tabelas 4.1 e 4.2, com o acréscimo do elemento cálcio,
empregando-se como eluente (HCl 0,1 M + HF 0,01 M), devido aos resultados obtidos
nos estudos já descritos.
As curvas de eluição e os percentuais de recuperação de tório e urânio nas colunas
TRU e UTEVA estão apresentados nas Figuras 4.11 a 4.13.
Curvas de Eluição - TRU / HCl 0,1 M + HF 0,01 M
Adição de Ca
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Volume HCl 0,1 M + HF 0,01 M (mL)
Massa (ng)
Th
U
Figura 4.11- Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e de 1 µg Th,
da coluna TRU de 4 cm (1 cm de diâmetro), com HCl 0,1 M + HF 0,01 M. Adição de
500 mg de Ca.
71
Curvas de Eluição - UTEVA / HCl 0,1 M + HF 0,01 M
Adição de Ca
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Volume HCl 0,1M + HF 0,01M (ml)
Massa (ng)
Th
U
Figura 4.12- Curvas de eluição simultânea de aproximadamente 1 µg de U e de 1 µg Th
da coluna UTEVA de 4 cm (1 cm de diâmetro), com HCl 0,1 M + HF 0,01 M. Adição
de 500 mg de Ca.
Percentagem de Eluição de U e Th
com HCl 0,1 M + HF 0,01 M - Adição de Ca
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Volume Eluição (mL)
% Eluída
Th/UTEVA
U/UTEVA
Th/TRU
U/TRU
Figura 4.13- Percentagem de eluição de urânio e tório em coluna UTEVA e em coluna
TRU, em função do volume de HCl 0,1M + HF 0,01M. Adição de 500 mg de Ca.
72
Comparando-se as Figuras 4.5 e 4.13, concluí-se que, com a adição de cálcio, não
houve alteração nos resultados das eluições, permanecendo a menor eficiência da resina
TRU com relação à eluição do urânio. Quando comparada com a resina TRU, a resina
UTEVA apresentou resultados bem mais satisfatórios, sendo alcançado
aproximadamente 100% de recuperação de tório e urânio, com 6 ml de eluente. Por esta
razão, optou-se pela coluna UTEVA como modo de separação destes elementos da
matriz de carbonato de cálcio dos corais e exsudações.
4.1.4 - Separação de Urânio e Tório em batelada, com coluna UTEVA
Determinação dos Fatores de Descontaminação
Conforme parâmetros apresentados na Tabela 4.3, foram obtidos os fatores de
descontaminação para os elementos representativos das matrizes de corais fósseis e
exsudações. Estes fatores de descontaminação encontram-se na Tabela 4.4.
Tabela 4.3- Parâmetros experimentais do estudo dos fatores de descontaminação na
separação U/Th em coluna UTEVA (Eichrom).
COLUNA UTEVA (Eichrom)
Alimentação 40 mL HNO
3
3M contendo:
- 1 µg de U e 1 µg de Th
- 500 mg de cálcio
- 50 mg de ferro
- 10 mg de estrôncio
- 1 mg de magnésio
- 27 mg de alumínio
Lavagem 20 mL de HNO
3
3 M
Eluição Th/U 6 mL de HCl 0,1M + HF 0,01M
Determinação Th, U, Ca,
Sr, Fe, Mg, Al
ICP-MS (Quantitativo)
73
Tabela 4.4- Fatores de descontaminação em resina UTEVA e eluição com HCl 0,1M +
HF 0,01M.
Elemento Fator de Descontaminação
Ca 5,7 x 10
3
Fe 3,8 x 10
3
Al 3,1 x 10
3
Mg 9,9 x 10
2
Sr 4,3 x 10
3
Verificou-se que a recuperação de tório e urânio se manteve quantitativa. Os fatores
de descontaminação obtidos podem ser considerados satisfatórios, uma vez que são
iguais ou maiores do que 10
3
(GRATE et al., 1999).
4.2 – Separação de Tório e Urânio por Troca Iônica com Resina DOWEX 1x8
Testes realizados com exsudações mostraram a necessidade da adição de uma etapa
prévia de separação da matriz à separação na coluna UTEVA, devido à baixa retenção
do tório, nesta coluna, quando se percola diretamente a matriz da exsudação. Na Tabela
4.5, encontram-se os dados dos experimentos desta etapa prévia, realizados com colunas
contendo resina DOWEX 1x8 (aniônica), 5 cm de altura e 1,5 cm de diâmetro,
variando-se as soluções de eluição. Nas Figuras 4.14 e 4.15, são apresentadas as curvas
e os percentuais de eluição obtidos.
74
Tabela 4.5- Parâmetros experimentais do estudo da separação de Th e U em resina
DOWEX 1x8.
COLUNA DOWEX 1x8
Alimentação
40 mL HNO
3
7 M com:
0,1 µg U, 0,1 µg Th e 1 mL Al(NO
3
)
3
1 M
Lavagem 20 mL de HNO
3
7 M
Eluição Th/U 24 mL de HCl 6 M + HF 0,26 M (frações de 2 mL)
24 mL de HCl 1 M + HF 0,26 M (frações de 2 mL)
24 mL de HCl 0,1 M + HF 0,26 M (frações de 2 mL)
Determinação Th, U ICP-MS
Curvas de Eluição de Th em Resina Dowex 1x8
0
10
20
30
40
0 5 10 15 20 25
Volume Eluição (ml)
Massa (ng)
HCl 6 M + HF 0,26 M
HCl 1 M + HF 0,26 M
HCl 0,1 M + HF 0,26 M
Figura 4.14- Curvas de eluição de aproximadamente 0,1 µg de Th das colunas com
resina DOWEX 1x8 de 5 cm (1,5 cm de diâmetro), com HCl 6 M + HF 0,26 M, HCl 1
M + HF 0,26 M e HCl 0,1 M + HF 0,26 M .
75
Percentagem de Eluição Th em Resina DOWEX 1x8
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25
Volume Eluição (mL)
% Eluída
HCl 6 M + HF 0,26 M
HCl 1 M + HF 0,26 M
HCl 0,1 M + HF 0,26
M
Figura 4.15- Percentagem de eluição de tório em coluna com resina DOWEX 1x8, em
função do volume de eluição de HCl 6 M + HF 0,26M, HCl 1 M + HF 0,26 M e HCl 0,1
M + HF 0,26 M.
O urânio não é retido na resina DOWEX, nas condições empregadas no presente
trabalho, ficando distribuído entre a solução de alimentação e a de lavagem . Por outro
lado, o tório é quantitativamente retido na coluna e eluído com solução de eluição (HCl
6 M + HF 0,26 M), conforme mostra as Figuras 4.14 e 4.15. Estes resultados obtidos
estão em conformidade com dados da literatura (GODOY et al., 2009). Com isso,
adicionou-se esta etapa de cromatografia de troca iônica com resina DOWEX 1x8 ao
procedimento para exsudações, quando comparado ao procedimento para os corais.
4.3 – Validação das metodologias
Os valores de atividades de
230
Th e de
234
U obtidos para a amostra de referência
NIST SRM 4357, usada para validar a metodologia para os corais e a para as
exsudações, estão apresentados nas Tabelas 4.6 e 4.7, respectivamente. Os resultados
76
obtidos encontram-se dentro do intervalo de confiança dos valores de referência para
ambos isótopos sendo, portanto, considerados estatisticamente equivalentes.
Tabela 4.6- Valores de atividades
230
Th e
234
U obtidos na amostra de referência NIST
SRM 4357, valores em Bq kg
-1
- Metodologia para corais.
Radio-
nuclídeo
Valor referência
(Bq kg
-1
)
IC
a
(95 %)
(Bq kg
-1
)
Valor obtido
b
(Bq kg
-1
)
Precisão
(%)
Exatidão
(%)
234
U 12
c
9–15 12,79 ± 0,42 3,3 6,6
230
Th 12,0 9,6-14,4 12,33 ± 0,23 1,9 2,8
a
Intervalo de Confiança.
b
Valores representam a média ± 1 SD de três análises.
c
Valor não certificado.
Tabela 4.7- Valores de atividades
230
Th e
234
U obtidos na amostra de referência NIST
SRM 4357, valores em Bq kg
-1
- Metodologia para exsudações.
Radio-
nuclídeo
Valor referência
(Bq kg
-1
)
IC
a
(95 %)
(Bq kg
-1
)
Valor obtido
b
(Bq kg
-1
)
Precisão
(%)
Exatidão
(%)
234
U 12
c
9–15 12,29 ± 0,44 3,6 2,4
230
Th 12,0 9,6-14,4 12,27 ± 0,38 3,1 2,2
a
Intervalo de Confiança.
b
Valores representam a média ± 1 SD de três análises.
c
Valor não certificado.
As exatidões obtidas para o
230
Th, pela metodologia do coral e pela da exsudação,
2,8 % e 2,2 % , respectivamente, são superiores aos obtidos por GODOY et al. ( 2006),
cujo valor encontra-se acima de 10 %. As precisões obtidas para o
230
Th, 1,9 % e 3,1 %,
encontram-se na ordem do valor obtido por GODOY et al. ( 2006).
Apesar do fato de o valor de
234
U ser somente um valor de referência e não
certificado, os valores de precisão e exatidão para este elemento, obtidos neste trabalho,
por ambas as metodologias, estão próximos aos de GODOY et al. ( 2006).
As incertezas obtidas para ambos os radionuclídeos estão dentro dos valores
esperados, sendo compatíveis com a aplicação pretendida.
77
4.4 - Datações usando o par
230
Th/
234
U
4.4.1 – Corais
Os valores obtidos para as razões de atividades
230
Th/
234
U e
234
U/
238
U e para as
idades das sete amostras de corais de um mesmo testemunho de sedimento de águas
profundas da PETROBRÁS, provenientes da Bacia de Campos - RJ, são apresentados
na Tabela 4.8. As identificações das amostras correspondem a diferentes profundidades.
A precisão associada às idades ficou em torno de 1,5 a 4,5 %, sendo calculadas através
da propagação das incertezas das leituras no ICP-MS. As idades foram calculadas
segundo a Equação 1.
Tabela 4.8- Valores de razões de atividades
230
Th/
234
U e
234
U/
238
U e idades obtidas das
amostras de corais, utilizadas neste trabalho.
Amostra
Razão atividade
a
230
Th/
234
U
Razão atividade
b
234
U/
238
U
Idade (kanos)
c
5 0,0913 ± 0,0040
1,1660 ± 0,0038 10,44 ± 0,46
30 0,0799 ± 0,0011 1,1513 ± 0,0015 9,08 ± 0,13
44 0,1227 ± 0,0024 1,1507 ± 0,0022 14,26 ± 0,28
47 0,1188 ± 0,0034 1,1783 ± 0,0091 13,77 ± 0,41
68 0,1925 ± 0,0052 1,1725 ± 0,0082 23,23 ± 0,65
87 0,1167 ± 0,0020 1,1710 ± 0,0048 13,51 ± 0,23
238 0,855 ± 0,030 1,0569 ± 0,0069 203,1 ± 7,2
a
Valores representam a média ± 1 SD de seis leituras no ICP-MS.
b
Valores representam a média ± 1 SD de três leituras no ICP-MS.
c
Valores ± 1 SD, calculados pela propagação das incertezas das leituras no ICP-MS.
78
Na Tabela 4.9, são apresentadas as idades obtidas no presente trabalho, aquelas
obtidas empregando-se a injeção em fluxo, as obtidas na Universidade de Heidelberg,
Alemanha, que utiliza o método de espectrometria de massa com ionização térmica
(TIMS); e as obtidas na Universidade da Califórnia-Irvine, Estados Unidos, pela
metodologia de datação com C-14 via espectrometria de massa acoplada a um
acelerador de partículas (AMS).
Tabela 4.9- Intercomparação das idades das amostras de corais.
IDADE (kanos
)
Amostra
Coral
Este Trabalho
ICP-MS
(batelada)
IRD
ICP-MS
(em linha)
Univ. Heidelberg
TIMS
Univ. Califórnia
14
C-AMS
5
10,44
10,91 13,01 10,93
30
9,08
8,40 10,73 11,14
44
14,26
14,87 16,47 14,98
47
13,77
14,71 15,54 11,12
68
23,23
26,07 29,39 22,97
87
13,51
13,13 16,57
238
203,1
Na Figura 4.16, estão apresentados os resultados obtidos das idades das amostras de
corais, para cada metodologia. Os resultados da amostra 238 não foram utilizados no
gráfico, pois só foram obtidos pela técnica desenvolvida neste trabalho.
79
INTERCOMPARAÇÃO DAS IDADES DOS CORAIS PARA AS
DIFERENTES METODOLOGIAS
0
5
10
15
20
25
30
35
0 20 40 60 80 100
Amostra de Coral
Idade (kanos)
Este Trabalho
Universidade de Heidelberg
Universidade da Califórnia-Irvine
IRD em linha
Figura 4.16- Intercomparação das idades das amostras de corais, utilizando diferentes
metodologias.
De modo a verificar-se se existe uma diferença estatisticamente significativa entre
os resultados obtidos pelas quatro metodologias, foi aplicado o Teste “F” de Snedecor
de análise de variância às diferenças observadas entre eles, conforme mostra a Tabela
4.10. Como o valor de F calculado (6,52) foi superior ao valor de F crítico (2,62),
concluí-se que existe ao menos uma diferença significativa.
As médias das diferenças entre os resultados obtidos através da técnica de TIMS (3)
e os obtidos no presente trabalho, bem como em relação àqueles obtidos por AMS (4),
são superiores ao valor mínimo significativo (DMS). Desta forma, pode-se concluir que
tais diferença 1-3 e 3-4, são significativas do ponto de vista estatístico, para um grau de
confiança de 95 %. Por outro lado, pode-se afirmar que os resultados obtidos pela
metodologia proposta no presente trabalho são equivalentes aos obtidos pelo método
com injeção em fluxo e por AMS.
80
Tabela 4.10 Teste “F” de Snedecor e diferença mínima significativa, entre as
metodologias, com 95 % de probabilidade.
Este
trabalho
(1)
IRD
linha
(2)
Univ.
Heidelberg
(3)
Univ.
Califórnia
(4)
1-2 2-3 1-3 1-4 2-4 3-4
10,44
10,91 13,01 10,93 -0,47 -2,1 -2,57 -0,49 -0,02 2,08
9,08
8,4 10,73 11,14 0,68 -2,33 -1,65 -2,06 -2,74 -0,41
14,26
14,87 16,47 14,98 -0,61 -1,6 -2,21 -0,72 -0,11 1,49
13,77
14,71 15,54 11,12 -0,94 -0,83 -1,77 2,65 3,59 4,42
23,23
26,07 29,39 22,97 -2,84 -3,32 -6,16 0,26 3,1 6,42
13,51
13,13 16,57 Média
-0,84 -2,04
-2,87
-0,07 0,76
2,80
SD 1,28 0,92 1,87 1,74 2,60 2,66
GM -0,38
SSF 124,1
5
SSE 91,4 24
MSF 24,81
MSE 3,81
F 6,52 2,62
DMS 2,42
4.4.2 - Exsudações
Das seis amostras disponíveis, somente duas apresentaram concentração de urânio,
presente na fase solúvel ácida, passível de datação. Os valores obtidos para as razões de
atividades
230
Th/
234
U e
234
U/
238
U nas duas amostras de exsudações provenientes da
Bacia de Campos - RJ, encontram-se na Tabela 4.11. As frações correspondem a
diferentes granulometrias. Nota-se que a amostra 1 encontra-se próxima do estado de
equilíbrio. As idades foram calculadas a partir dos valores médios das razões de
atividades
230
Th/
234
U e
234
U/
238
U, aplicando-se Equação 1. As idades obtidas são
apresentadas na Tabela 4.12. A precisão associada às idades ficou em torno de 5,0 %,
sendo calculadas através da propagação das incertezas das leituras no ICP-MS.
81
Tabela 4.11- Valores de razões de atividades
230
Th/
234
U,
234
U/
238
U, obtidos nas frações
das amostras de exsudações.
Amostra
Razão de
atividade
a
170 <
Fração
170 - 80
(mesh)
80 - 42
42 - 24
1
230
Th/
234
U
a
234
U/
238
U
b
0,978 ± 0,036
1,0974 ± 0,0068
0,995 ± 0,041
1,0976 ± 0,0065
0,904 ± 0,037
1,0993 ± 0,0064
0,965 ± 0,020
1,1010 ± 0,0090
2
230
Th/
234
U
a
234
U/
238
U
b
0,473 ± 0,015
1,1456 ± 0,0091
0,468 ± 0,025
1,1511 ± 0,0048
0,447 ± 0,047
1,1646 ± 0,0068
0,406 ± 0,025
1,1680 ± 0,0020
a
Valores representam a média ± 1 SD de seis leituras no ICP-MS.
b
Valores representam a média ± 1 SD de três leituras no ICP-MS.
Tabela 4.12 – Idades obtidas das amostras de exsudações.
Amostra
Idade (kanos)
a
1 297 ± 15
2 66,7 ± 3,3
a
Valores ± 1 SD, calculados pela propagação das incertezas das leituras no ICP-MS.
82
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES
A metodologia de separação em batelada desenvolvida mostrou ser equivalente, em
termos de precisão e melhor, em termos de exatidão, àquela proposta por GODOY et al.
(2006), que emprega uma separação usando injeção em fluxo. Além disso, a
metodologia proposta apresenta as seguintes vantagens:
1) Solução final com composição química semelhante às soluções de calibração do
ICP-MS, permitindo a correção do efeito de discriminação de massa;
2) Menor acúmulo de sais na região de interface do equipamento (cones sampler e
skimmer);
3) Aplicabilidade a matrizes mais complexas como, por exemplo, as exsudações.
O que não é possível pela metodologia em linha.
As metodologias desenvolvidas para corais e exsudações foram validadas pela
aplicação à amostra de referência e, ambos os resultados obtidos para os nuclídeos
230
Th
e
234
U, ficaram de acordo com os valores de referência.
Segundo o teste paramétrico “F” de Snedecor e observação da diferença mínima
significativa, os resultados obtidos neste trabalho, em termos de idades dos corais, são
estatisticamente equivalentes aos obtidos pela Universidade da Califórnia-Irvine (
14
C-
AMS) e pela metodologia usada até agora no IRD (ICP-MS em linha), mas diferentes
aos obtidos na Universidade de Heidelberg, que emprega a técnica de espectrometria de
massa com ionização térmica (TIMS).
A resina UTEVA mostrou ser mais eficiente que a resina TRU para a separação de
urânio e tório em batelada de matrizes com carbonato, por possibilitar trabalhar com
volumes de soluções de eluição bem menores, otimizando a metodologia.
A técnica se mostrou adequada para a aplicação em amostras de corais e
exsudações.
Estudos posteriores devem ser realizados com outros tipos de matrizes que
apresentem interesse em termos geológicos e paleoceanográficos.
83
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