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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
FABIANO CAMARGO ROSA
DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE
MONITORAMENTO E CONTROLE PARA UM
EQUIPAMENTO DE PIPETAGEM E MANIPULAÇÃO DE
TUBOS DE USO LABORATORIAL
Dissertação apresentada à comissão de pós-
graduação de Engenharia Biomédica da
Universidade de Mogi das Cruzes, como
parte dos requisitos para obtenção do Título
de Mestre em Engenharia Biomédica, no
curso de Engenharia Biomédica.
Prof° Orientador: Dr. Marco Antonio Fumagalli
Mogi das Cruzes, SP
2009
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AGRADECIMENTOS
Professor Marco Fumagalli, sempre pronto e disposto com diretrizes seguras e
permanente incentivo na orientação do trabalho.
Aos meus pais, Luiz e Tânia, pelo estímulo e incansável compreensão que não
pouparam esforços para que este momento acontecesse.
Aos meus avós, Norma e Antônio (em memória), que me acolheram em sua casa desde
o período de minha graduação, o meu eterno agradecimento.
Aos meus avós paternos, Colomi e Zélia (em memória), que acompanharam a mionha
infância o meu reconhecimento e gratidão.
Aos meus irmãos e primos Fabrício, Fábio, Guto, Diogo, Daniel e Henrique,
companheiros em todos os momentos de minha vida.
Aos colegas Hélio, Jayr e Guilherme, amigos de longa jornada.
Aos amigos que me socorreram no desenvolvimento deste trabalho, engenheiros
Domingos Azevedo, Fábio Lima, fica aqui minha gratidão.
Aos professores e amigos Pitta, Marques e Salvador, pelo constante apoio e
incentivo em minha vida acadêmica.
A todos os colegas e funcionários da UMC pela ajuda nas horas mais amargas.
Uma especial referência pelo apoio e incentivo na reta final deste trabalho:
Monica....
A Deus pelo projeto divino, onde cada etapa aconteceu no momento exato, como
somente Ele o faria.
RESUMO
Com a crescente demanda por análises laboratoriais, e em especial por análises do
sangue, tem-se a necessidade de recepção, processamento da análise e emissão
de resultados rapidamente, para que o médico tenha informações suficientes de um
diagnóstico correto. Estes procedimentos, normalmente manuais, envolvem muitas
pessoas durante o procedimento de recepção de amostras com grande risco de
contaminação de amostras ou pessoas, além da possibilidade de erro de
identificação das amostras. Este trabalho teve como propósito desenvolver um
sistema de monitoramento e controle, incluindo “hardware” e “software”, para
automatizar uma máquina de pipetagem e manipulação de tubos de uso laboratorial,
para utilização no setor de recepção de amostras. Com o hardware desenvolvido,
placa de controle e placa de potência, foi possível monitorar e controlar todas as
ações do equipamento possibilitando a automação dos procedimentos de recepção
dos tubos contendo amostra de sangue. Através do software desenvolvido utilizando
a plataforma LabView
®
, pôde-se monitorar e gerenciar o equipamento. Com a
arquitetura de controle proposta no presente trabalho pôde-se fazer o controle do
equipamento de forma correta e sincronizada.Para posicionar os braços robóticos
com precisão, foi implementado um algoritmo de controle PID que é executado pelo
microcontrolador PIC18f4431. Para sintonizar o controlador PID foi desenvolvido um
software para auxiliar na obtenção do modelo matemático e os parâmetros do
controlador foram obtidos através da técnica de anulação de pólos. Os resultados
obtidos mostram que é possível automatizar os procedimentos de recepção dos
tubos contendo amostra de sangue, utilizando a arquitetura e componentes proposto
no pressente trabalho, com uma redução no custo em torno de 50% se comparado
com a automação utilizando componentes de mercado.
Palavras-chave: automação laboratorial, robô de pipetagem, análises laboratoriais e
controlador PID.
ABSTRACT
With the increasing demand for laboratorial analysis, specially for the blood ones,
there is a need for reception, analysis processing an also a quick emission of results.
Such procedures, normally handmade, involve many people with great contamination
risks either for the samples or for people, besides the possibilities of mistakes at the
identification samples. The purpose of this work was to develop a system of
monitoring and control, by including hardware an software, to automate a pipeting
machine an tubes manipulation of laboratorial use, to be used at the sample
reception sector. With the hardware development, power drive and control board, it
was possible to monitor and control all the equipment actions, by being possible the
automation of the tubes reception procedures with the blood samples. By the use of
the developed software through LabView
®
platform, it was possible to monitor and
manage the equipment. With the control system present at this work, we could
control the equipment correct and synchronized way. To find the correct position of
the robotics arms, it was implemented a PID algorithmic which is executed by the
microcontroller PIC18f2431. To tune the PID controller, a software was created to get
the mathematical model. The controller parameters were obtained through the
canceling poles techniques. The results present that it is possible to automate the
tubes reception procedures with blood samples, by using the control, frame and
hardware presented at this work, with a 50% reduction, if compared with components
available at the market.
Keywords: Lab. Automation, pipetting robot, laboratorial analysis and PID controller
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1: MÁQUINA DE PIPETAGEM E MANIPULAÇÃO DE LÍQUIDOS COM SISTEMA DE BRAÇOS
ROBÓTICOS. ........................................................................................................................................................ 19
FIGURA 2: MÁQUINA DE USO LABORATORIAL AUTOMATIZADA PARA DISTRIBUIÇÃO DE AMOSTRAS DE
SANGUE. ............................................................................................................................................................... 20
FIGURA 3: MÁQUINA DE USO LABORATORIAL AUTOMATIZADA PARA TAMPAGEM DE TUBOS. ............... 20
FIGURA 4: MÁQUINA DE USO LABORATORIAL AUTOMATIZADA COMPOSTA DE MÓDULOS. .................... 21
FIGURA 5: SISTEMA DE PROCESSAMENTO AUTOMATIZADO. ....................................................................... 22
FIGURA 6: FLUXOGRAMA DOS PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS COM UM SISTEMA DE
PROCESSAMENTO AUTOMATIZADO DE AMOSTRAS. ..................................................................................... 23
FIGURA 7 - SERVO-CONTROLADOR PARA MOTOR DC. ................................................................................. 24
FIGURA 8 - SERVO-CONTROLADOR PARA MOTOR DE PASSO. .................................................................... 25
FIGURA 9: GRÁFICO DA CORRENTE EM FUNÇÃO DO TORQUE PARA O MOTOR CARREGADO E SEM
CARGA. ................................................................................................................................................................. 27
FIGURA 10: GRÁFICO DO RENDIMENTO EM FUNÇÃO DO TORQUE .............................................................. 28
FIGURA 11: GRÁFICO CARACTERÍSTICO DE ROTAÇÃO DE UM MOTOR CONTROLADO EM FUNÇÃO DO
TEMPO. ................................................................................................................................................................. 28
FIGURA 12 - REOSTATO CONTROLANDO A POTÊNCIA ENTREGUE A CARGA ............................................ 30
FIGURA 13 - MODULAÇÃO POR LARGURA DE PULSO (PWM) ........................................................................ 31
FIGURA 14 - GRÁFICO DA TENSÃO MÉDIA APLICADA À CARGA EM FUNÇÃO DO ÍNDICE DE
MODULAÇÃO PARA UMA FONTE DE ALIMENTAÇÃO DE 24 VOLTS ............................................................... 32
FIGURA 15 - CONTROLE LIGA-DESLIGA (ON-OFF) .......................................................................................... 34
FIGURA 16 - CONTROLE LIGA-DESLIGA COM HISTERESE ............................................................................. 35
FIGURA 17 - GRÁFICO DE RESPOSTA DE UM CONTROLADOR LIGA-DESLIGA COM HISTERESE ............. 35
FIGURA 18 - SISTEMA DE CONTROLE COM AÇÃO PROPORCIONAL ............................................................ 36
FIGURA 19 - RESPOSTA DO SISTEMA PARA AÇÃO DE CONTROLE PROPORCIONAL. ............................... 36
FIGURA 20 - MALHA DE CONTROLE COM AS AÇÕES DE CONTROLE PROPORCIONAL E INTEGRAL ....... 37
FIGURA 21 - GRÁFICO DE RESPOSTA DE UM SISTEMA COM AS AÇÕES DE CONTROLE PROPORCIONAL
E INTEGRAL.......................................................................................................................................................... 38
FIGURA 22 - MALHA DE CONTROLE COM AS AÇÕES DE CONTROLE PROPORCIONAL E DERIVATIVA ... 39
FIGURA 23 - GRÁFICO DE RESPOSTA DE UM SISTEMA COM AS AÇÕES DE CONTROLE PROPORCIONAL
E DERIVATIVA ...................................................................................................................................................... 39
FIGURA 24 - MALHA DE CONTROL COM AS AÇÕES DE CONTROLE P-I-D .................................................... 40
FIGURA 25 - GRÁFICO DE RESPOSTA DE UM SISTEMA COM AS AÇÕES DE CONTROLE P-I-D ................. 41
FIGURA 26 - ILUSTRAÇÃO DO FENÔMENO "WINDS UP". O DIAGRAMA MOSTRA A SAÍDA DO PROCESSO
(Y), SINAL DE REFERÊNCIA (YSP), SINAL DE CONTROLE (U), TERMO INTEGRAL E O ERRO. ................... 42
FIGURA 27 - ESTRUTURA DE CONTROLE PROPOSTA POR ASTROM PARA ELIMINAR O EFEITO “WIND
UP” ......................................................................................................................................................................... 43
FIGURA 28 - GRÁFICO DEMONSTRANDO O EFEITO A AÇÃO "ANTI-WINDUP" EM UM CONTROLADOR DO
TIPO PID. .............................................................................................................................................................. 43
FIGURA 29 - ESQUEMA DE UMA PONTE-H COMPLETA USANDO CHAVES ................................................... 44
FIGURA 30 – SENTIDO DA CORRENTE QUANDO AS CHAVES CH1 E CH2 ESTÃO FECHADAS .................. 45
FIGURA 31 – SENTIDO DA CORRENTE QUANDO AS CHAVES CH2 E CH3 ESTÃO FECHADAS .................. 45
FIGURA 32 - ESQUEMA DE UMA PONTE-H UTILIZANDO MOSFET ................................................................. 46
FIGURA 33 - ESTRUTURA FÍSICA DE UM MOSFET TIPO N.............................................................................. 47
FIGURA 34 - ESTRUTURA FÍSICA DE UM MOSFET TIPO N COM A FORMAÇÃO DO CANAL DE CONDUÇÃO.
............................................................................................................................................................................... 47
FIGURA 35 - A CORRENTE DE DRENO ID VERSUS TENSÃO DRENO-SOURCE VDS PARA UM MOSFET
TIPO N OPERANDO COM VDS>VT ..................................................................................................................... 48
FIGURA 36 - ESQUEMA DE ACIONAMENTO DE UM MOTOR DC UTILIZANDO MOSFET ............................... 48
FIGURA 37 - ESQUEMA DE UMA PONTE-H UTILIZANDO MOSFET ................................................................. 50
FIGURA 38 - CONDIÇÃO EM QUE OS MOSFET´S Q1 E Q4 ENCONTRAM-SE SATURADOS ........................ 50
FIGURA 39 - ESQUEMA DE UTILIZAÇÃO DO CI IR2183 PROPOSTO PELO FABRICANTE ............................ 52
FIGURA 40 - ESQUEMA DE UMA PONTE-H DESENVOLVIDA UTILIZANDO O CI IR2183 ............................... 53
FIGURA 41 - PINAGEM DO MICROCONTROLADOR PIC18F4431 ..................................................................... 55
FIGURA 42 - FOTO DA PLACA CONTROLADORA DESENVOLVIDA ................................................................. 56
FIGURA 43 - CONFIGURAÇÃO MECÂNICA DA MÁQUINA DE PIPETAGEM DE SANGUE E MANIPULAÇÃO
ROBÓTICA DE TUBOS. ........................................................................................................................................ 58
FIGURA 44: FLUXOS DE CAIXAS, TUBOS E MOVIMENTOS DOS BRAÇOS ROBÓTICOS DA MÁQUINA. ..... 60
FIGURA 45 - ARQUITETURA DE CONTROLE DO EQUIPAMENTO ................................................................... 61
FIGURA 46 - DISPOSIÇÃO DOS SENSORES UTILIZADOS PARA MONITORAR O EQUIPAMENTO. .............. 63
FIGURA 47 - SENSORES E ATUADORES CONECTADOS À PLACA CONTROLADORA 1 .............................. 64
FIGURA 48 - SENSORES E ATUADORES CONECTADOS À PLACA CONTROLADORA 2 .............................. 65
FIGURA 49 - FLUXOGRAMA DAS ETAPAS EXECUTADAS PELO PROGRAMA GERENTE ............................. 66
FIGURA 50 - ELEMENTOS DE UM GRAFCET..................................................................................................... 67
FIGURA 51 - CÓDIGO FONTE EM LINGUAGEM C A PARTIR DO GRAFCET DA FIGURA 47 .......................... 69
FIGURA 52 - ARQUITETURA IMPLEMENTADA PARA OBTER O MODELO E VALIDAR O CONTROLADOR PID
............................................................................................................................................................................... 70
FIGURA 53 - INTERFACE GRÁFICA DO SOFTWARE IDENTIFICAÇÃO E VALIDAÇÃO DO CONTROLADOR
PID ......................................................................................................................................................................... 71
FIGURA 54 - FIGURA DEMONSTRANDO O FENÔMENO "ALIASING" .............................................................. 73
FIGURA 55 - FERRAMENTA "STOPWATCH" UTILIZADA PARA MEDIR O TEMPO DE AMOSTRAGEM.......... 74
FIGURA 56 - CURVA DE RESPOSTA DE UM SISTEMA DE PRIMEIRA ORDEM............................................... 77
FIGURA 57 - CURVA DE VELOCIDADE DO SISTEMA PARA UMA ENTRADA EM DEGRAU DE MAGNITUDE
DE 24 VOLTS ........................................................................................................................................................ 78
FIGURA 58 - GRÁFICO MOSTRANDO O VALOR DA VARIÁVEL K E DA CONSTANTE Τ................................. 79
FIGURA 59 - ESTRUTURA IMPLEMENTADA NO MATLAB PARA SIMULAR A RESPOSTA DO SISTEMA ...... 80
FIGURA 60 - CURVA DE RESPOSTA DO SISTEMA OBTIDA ATRAVÉS DE SIMULAÇÃO ............................... 81
FIGURA 61 - GRÁFICO DE RESPOSTA DE UM SISTEMA COM PRESENÇA DE SOBRE-SINAL .................... 82
FIGURA 62 - CURVA DE RESPOSTA DO SISTEMA OBTIDA ATRAVÉS DE SIMULAÇÃO PARA UM DEGRAU
DE 41 RAD KP DE 40 E KI DE 4,4. ....................................................................................................................... 84
FIGURA 63 - MODELAMENTO DA MALHA DE CONTROLE UTILIZANDO A FERRAMENTA SIMULINK
PRESENTE NO MATLAB® ................................................................................................................................... 84
FIGURA 64 - FOTO DA PLACA DE POTÊNCIA DESENVOLVIDA. ...................................................................... 86
FIGURA 65 - FOTO DA PLACA DE CONTROLE DESENVOLVIDA ..................................................................... 87
FIGURA 66 - INTERFACE GRÁFICA DO SOFTWARE GERENTE ...................................................................... 88
FIGURA 67 - (A) CURVA DE RESPOSTA DO SISTEMA OBTIDA EXPERIMENTALMENTE (B) CURVA DE
RESPOSTA DO SISTEMA OBTIDA ATRAVÉS DE SIMULAÇÃO. ....................................................................... 89
FIGURA 68 - ESQUEMA DE MONTAGEM DOS BRAÇOS ROBÓTICOS ............................................................ 90
FIGURA 69 - FIGURA DEMONSTRADO A DINÂMICA DOS BRAÇOS ROBÓTICOS NOS INSTANTE INICIAIS
DA MOVIMENTAÇÃO ........................................................................................................................................... 90
FIGURA 70 - CURVA DE RESPOSTA DO SISTEMA APÓS INSERIR UMA MASSA DE 2,5 KG SOBRE O LADO
"A" DO BRAÇO ROBÓTICO .................................................................................................................................. 91
FIGURA 71 - CURVA DE RESPOSTA DO SISTEMA OBTIDA EXPERIMENTALMENTE PARA UM
CONTROLADOR PD COM AS CONSTANTES K
P
=40, K
D
=4,4 ............................................................................ 92
FIGURA 72 - GRÁFICO DE RESPOSTA DO SISTEMA OBTIDA EXPERIMENTALMENTE PARA UM
CONTROLADOR PID COM AS CONSTANTES K
P
=40, K
D
=4,4 E K
I
=0,8. ............................................................ 93
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ESTADOS DOS MOSFET´S EM FUNÇÃO DOS SINAIS QUE SÃO APLICADOS NOS TERMINAIS
HIN E LIN DO CI IR2183 ....................................................................................................................................... 52
TABELA 2 - CONDIÇÃO DO MOTOR EM FUNÇÃO DOS SINAIS DE CONTROLE 1 E 2 ................................... 54
TABELA 3 - TABELA RESUMIDA DAS CARACTERÍSTICAS DO MICROCONTROLADOR PIC18F4431 .......... 54
TABELA 4 - COMPARATIVO DOS DADOS OBTIDOS EXPERIMENTALMENTE E ATRAVÉS DE SIMULAÇÃO92
TABELA 5 - CUSTO PARA AUTOMATIZAR OS PROCEDIMENTOS DE RECEPAÇÃO DE TUBOS UTILIZANDO
COMPONENTES DE MERCADO E SOFTWARE E HARDWARE PROPOSTO. .................................................. 94
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
dc. Índice de modulação.
D
Pol
. Diâmetro da polia.
e. Erro
e
ss
. Erro em regime permanente.
f
a
. Taxa de amostragem.
f
S
. Frequência do sinal amostrado.
G
p
(s). Função de transferência do
sistema.
I. Corrente
I
0
. Corrente sem carga
I
A
. Corrente de partida
J
L
. Momento de inércia da carga
adicional.
K
d
. Constante derivativa.
K
i
. Constante integrativa.
K
n
. Constante de rotação
K
p
. Ganho proporcional.
K
T
. Constante de torque.
m. Massa
M. Torque
M
R
. Torque de atrito
M
v
. Magnitude da tensão aplicada no
motor.
M
α
. Torque na
aceleração/desaceleração.
n. Rotação.
P
BR
. Deslocamento do braço robótico.
P
el
. Potência elétrica.
P
J
. Potêcia perdida.
P
mec
. Potência mecânica.
R. Resistência elétrica.
T
a
. Tempo de amostragem.
T
H
. Tempo em que o sinal permanece
em nível lógico alto.
T
L
. Tempo em que o sinal permanece
em nível lógico baixo.
t
n
. Tempo
u. Sinal de controle.
U. Tensão
u
sat
. Sinal de controle saturado.
V
ds
. Tensão entre o "dreno" e a "fonte"
V
gs
. Tensão entre a "porta" e a "fonte".
V
i
. Tensão de entrada.
V
m
. Tensão média do sinal de PWM
V
t
. Tensão de limiar.
y. Resposta do sistema.
y
sp
. Sinal de referência.
η. Eficiência
θ. Posição angular da polia motora.
τ. Constante de tempo do sistema.
α. Aceleração angular.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ....................................................................... 13
1.1
Motivação e descrição do problema .......................................... 13
1.1.1
Procedimentos laboratoriais ...................................................... 13
1.1.2
Automação laboratorial .............................................................. 14
1.1.3
Problemas relacionados à utilização de máquinas automatizadas
na preparação de amostras ....................................................... 16
1.2
OBJETIVO ..................................................................................... 17
1.2.1
Objetivos específicos ................................................................. 17
1.3
Estrutura do trabalho .................................................................. 18
2
ESTADO DA ARTE ................................................................ 19
2.1
Máquinas automatizadas............................................................. 19
2.2
Hardware encontrados em equipamentos laboratoriais .......... 23
3
CONCEITOS RELACIONADOS AO PROJETO .................... 26
3.1
Motores DC ................................................................................... 26
3.1.1
Dimensionamento ...................................................................... 26
3.1.2
Técnica de controle de potência ................................................ 29
3.2
Sistema de controle ..................................................................... 33
3.2.1
Ações de controle ...................................................................... 33
3.2.2
Integrador “anti-windup” ............................................................. 41
4
METODOLOGIA .................................................................... 44
4.1
Desenvolvimento do hardware ................................................... 44
4.1.1
Drive de Potência ...................................................................... 44
4.1.2
Placa Controladora .................................................................... 54
4.2
Projeto Mecânico ......................................................................... 57
4.3
Arquitetura de controle ............................................................... 61
4.4
Desenvolvimento do software .................................................... 66
4.4.1
Software gerente ....................................................................... 66
4.4.2
Software do controlador ............................................................. 69
4.4.3
Software de identificação e validação do controlador PID ......... 70
4.5
Projeto do sistema de controle ................................................... 75
4.5.1
Obtenção experimental do modelo matemático ........................ 76
4.5.2
Sintonia do controlador PID ....................................................... 81
5
RESULTADOS ....................................................................... 86
5.1
Placa de potência ......................................................................... 86
5.2
Placa de controle ......................................................................... 87
5.3
Software supervisório ................................................................. 87
5.4
Software de identificação e validação do controlador PID ...... 88
5.4.1
Identificação do modelo ............................................................. 89
5.4.2
Validação do controlador PID .................................................... 91
5.5
Custo ............................................................................................. 94
6
CONCLUSÃO ........................................................................ 95
REFERÊNCIAS .......................................................................... 97
APÊNDICE....................................................................................99
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 MOTIVAÇÃO E DESCRIÇÃO DO PROBLEMA
1.1.1
1.1.11.1.1
1.1.1 P
PP
Procedimentos laboratoriais
rocedimentos laboratoriaisrocedimentos laboratoriais
rocedimentos laboratoriais
As análises laboratoriais têm por finalidade verificar e quantificar a
composição química dos líquidos, secreções do corpo humano, e dar aos médicos
que as requisitam uma orientação mais segura no diagnóstico dos seus pacientes.
As análises hematológicas entre todos os tipos de análises laboratoriais, podem
fornecer uma grande quantidade de informações, e dar subsídios aos médicos em
seus diagnósticos (JIMÉNEZ, 1996).
Segundo Gorina (apud Jiménez 1996, prólogo) “Não há doente algum no qual
a exploração completa não requeira dados de laboratório; à medida que a doença
requeira maior atenção, será preciso realizar exame de sangue”.
As coletas de amostras de sangue seguem padronização tais como: tipo de
tubo com etiqueta, tubo com vácuo, anti-coagulante e cor da tampa, sendo feitas
geralmente em jejum de pelo menos quatro horas e descanso do paciente. Após ser
feita a coleta do sangue, se recomenda um tempo preferivelmente menor que 48
horas e máximo de 72 horas, para que sejam feitos os exames, e não seja
necessário o armazenamento das amostras, pois isto invalidaria as análises, além
de aumentar os custos do laboratório. Por este motivo os laboratórios devem ter a
capacidade de efetuar todas as análises dentro deste período de tempo (BRASIL,
2000; OLIVEIRA, 2001).
Esta restrição de tempo, a demanda crescente e principalmente a urgência
dos resultados dos exames para a correta diagnose dica, exigem agilidade na
coleta, recepção, análise, emissão e confiabilidade dos resultados nos laboratórios.
Após a coleta de sangue que normalmente é feita pela manhã nos postos ou
setores de coleta, é necessário enviar os tubos, denominados tubos primários,
etiquetados, contendo as amostras ao setor de recepção dos laboratórios onde é
feita a preparação da amostra para uma posterior análise que consiste na
14
identificação da amostra, pipetagem e fracionamento do sangue. Esta identificação é
realizada pelo profissional do laboratório através do código de barras ou nome do
paciente impresso na etiqueta. Este código é associado ao cadastro do paciente
preenchido pelo posto ou setor de coleta e armazenado em um banco de dados
(AZEVEDO, 2009).
No cadastro do paciente devem constar informações do paciente tais como:
nome, idade, sexo, quantidade e tipos de exames a serem realizados. Essas
informações são importantes, pois, são utilizadas para orientação do pessoal do
laboratório e definem quais procedimentos e processos devem ser utilizados desde
a recepção até a expedição dos resultados das análises (AZEVEDO, 2009).
Depois de feita esta identificação, o tubo primário é destampado, e é realizado
a pipetagem de amostras do sangue deste tubo e fracionado para outros tubos,
estes denominados de tubos secundários, tantos quantos forem necessários para
realizar todos os exames solicitados pelo médico. Os tubos secundários devem
receber o volume de sangue necessário para realizar cada exame, e também uma
etiqueta com um código de barras associado ao tubo primário usado na coleta de
sangue. Estes novos tubos devem ser separados aos lotes, segundo o setor de
análise e posteriormente levados a setores que efetivamente realizarão as diversas
análises solicitadas (AZEVEDO, 2009).
1.1.2
1.1.21.1.2
1.1.2 Automação laboratorial
Automação laboratorial Automação laboratorial
Automação laboratorial
Para garantir espaço em um mercado cuja tônica é a acirrada competitividade
decorrente da globalização da economia e das exigências do consumidor, o
processo de análises laboratoriais vem sofrendo profundas transformações, que
compreendem desde a incorporação de novas ferramentas tecnológicas a a
reestruturação organizacional.
Sabendo-se que os procedimentos laboratoriais descritos anteriormente são
realizados, na grande maioria, manualmente por pessoal qualificado, o que torna o
processo demorado, cansativo e que requer grande atenção das pessoas que o
executam, pois podem ocorrer erros de quantidade da amostra, identificação de
15
tubos, quebra de tubos, contaminação da amostra ou do laboratorista (AZEVEDO,
2009).
Para tanto, existem máquinas automatizadas que realizam algumas das
tarefas separadamente tais como; destampar, identificar, etiquetar, pipetar e
manipular tubos, (PORTER, 2001; MORRIS, et al., 2005).
Se forem consideradas as grandes quantidades de exames que atualmente
os laboratórios têm que realizar todos os dias, verifica-se que não produção
suficiente para suprir eventuais picos de demanda, sem um remanejamento ou
contratação de pessoal para execução de procedimentos de identificação,
pipetagem e fracionamento das amostras. Isto causa uma restrição de fluxo no setor
de recepção do processo de análises laboratoriais, e a conseqüente redução da
agilidade necessária para atender a demanda, além dos erros que podem ocorrer
devido à quebra do tubo contendo a amostra, ou com a troca de amostras (MORRIS,
et al., 2005).
Deste modo, Siqueira (2001 apud ROSA, 2004, p. 1) lembra que “a
competitividade tem exigido das empresas a busca contínua em aprimorar a
qualidade em todos os processos e atividades que executam, buscando obter a
aceitação de seus produtos e/ou serviços e alcançar não apenas a permanência no
mercado em que atuam, mas também, outros objetivos desejados.” E que para
sobreviver a empresa tem que ser competitiva, sendo necessário que a produção
tenha baixo custo e alta qualidade, ou seja, equipamentos, matéria prima e mão-de-
obra devem ser utilizados de forma eficaz.
De acordo com Muscat et al. (1988), a empresa deve definir, medir e
monitorar indicadores na estrutura de ações para melhorar o desempenho.
Qualquer alteração no quadro produtivo de uma atividade modificará o
resultado geral da empresa. Essas alterações têm origens diversas, como o valor da
mercadoria e a qualidade da o-de-obra, a inclusão de novos equipamentos, o
aumento ou a diminuição do volume de produção, o custo da matéria-prima e a
inclusão ou exclusão de produto(s) (ROSA, 2004).
16
As vantagens da utilização de quinas automatizadas e integradas são: a
rapidez de execução, a repetitividade do processo e a grande exatidão, tendo como
benefícios a redução no custo operacional do processo, a diminuição dos riscos de
contaminação de amostras e pessoas, e também a redução do tempo total entre, a
coleta e a apresentação dos resultados, (PORTER, 2001; MORRIS, et al., 2005).
Outro benefício da automação é a facilidade de coletar dados do processo,
facilitando a tomada de decisões para melhorar seu desempenho.
1.1.3
1.1.31.1.3
1.1.3 Problemas relacionados à
Problemas relacionados à Problemas relacionados à
Problemas relacionados à utilização de
utilização de utilização de
utilização de quinas
quinas quinas
quinas
automatizadas na preparação de amostras
automatizadas na preparação de amostrasautomatizadas na preparação de amostras
automatizadas na preparação de amostras
Quando sistemas automatizados são utilizados na preparação de amostras de
sangue, alguns problemas podem ocorrer. Estes problemas podem resultar na
imprecisão nos resultados ou podem apresentar perigos a saúde do pessoal do
laboratório (BRENNAN, et al., 1988).
Segundo Brennan et al. (1988), “os problemas encontrados em sistemas
automatizados para a preparação de amostras são: imprecisão na pipetagem,
transferência de contaminantes entre amostras, interferência dos reagentes,
gotejamento, formação de spray” e negligência ou interferência do usuário do
equipamento”.
A imprecisão na pipetagem é um erro randômico ou sistemático no volume de
liquido que é pipetado pelo sistema. Este erro pode ser causado por vários fatores,
incluindo o excesso de líquido aderido à superfície da pipeta, entrada de ar na pipeta
e, para pequenos volumes, imprecisão inerente do sistema (BRENNAN, et al.,
1988).
A transferência de contaminantes entre amostras pode alterar o resultado da
análise. Esta transferência de contaminantes pode ocorrer entre os tubos
secundários ou entre os tubos primários (BRENNAN, et al., 1988).
O gotejamento pode ser formado por dois fatores em sistemas robóticos. A
alta velocidade de sucção da pipeta e a deformação dos tubos podem causar
pequenas gotículas do fluido que são ejetadas durante a movimentação da pipeta.
17
Adicionalmente, a alta velocidade com que o fluido é ejetado pelo pequeno orifício
da pipeta pode ocasionar a formação de gotículas quando o fluido bater em uma
superfície sólida, por exemplo o fundo do tubo (BRENNAN, et al., 1988).
O gotejamento apresenta riscos à saúde das pessoas que trabalham
próximas ao equipamento, devido à contaminação das superfícies do equipamento
em que as pessoas irão trabalhar, além de causar a contaminação de outras
amostras (BRENNAN, et al., 1988).
A formação de spray ocorre quando a superfície do liquido é quebrada. Este
spray contém agentes biológicos, que podem apresentar riscos a saúde das
pessoas que trabalham nas imediações do equipamento (BRENNAN, et al., 1988).
Conhecendo os benefícios proporcionados ao se automatizar um
procedimento laboratorial e também os problemas decorrentes desta automação, um
equipamento laboratorial que visa automatizar algum procedimento laboratorial deve
ser projetado de tal forma a melhorar a qualidade de um produto ou procedimento,
aumentar a produtividade e/ou diminuir custos, melhorar a qualidade de vida das
pessoas, além de minimizar ou eliminar os problemas já conhecidos.
1.2 OBJETIVO
Novas tecnologias surgem a todo instante visando melhorar a qualidade de
um produto ou processo, aumentar a produtividade e/ou diminuir custos tornando as
empresas mais competitivas, além de melhorar a qualidade de vida das pessoas que
estão em contato com essas novas tecnologias.
Neste sentido este trabalho tem como objetivo desenvolver um sistema de
monitoramento e controle para automatizar o processo de triagem dos laboratórios
melhorando este processo nos aspectos citados acima.
1.2.1
1.2.11.2.1
1.2.1 Objetivos específicos
Objetivos específicosObjetivos específicos
Objetivos específicos
1- Desenvolvimento da placa de controle;
2- Desenvolvimento do “software” do controlador;
18
3- Desenvolvimento do algoritmo PID para controle dos servos-
posicionadores;
4- Modelagem dos sistemas mecânicos;
5- Sintonia dos parâmetros do controlador PID;
6- Desenvolvimento do “drive” de potência;
7- Desenvolvimento do “software” de gerenciamento do equipamento;
8- Integrar no equipamento mecânico pré-existente.
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO
O capítulo 2 descreve os tipos de equipamentos utilizados para automatizar o
processo de triagem.
No capítulo 3 tem-se uma descrição da teoria necessária para a compreensão
deste trabalho.
No capítulo 4 é feita uma descrição geral do equipamento mecânico utilizado,
é dada uma visão geral das partes envolvidas neste projeto, além da metodologia
utilizada para a execução deste trabalho.
No capítulo 5 são mostrados os resultados obtidos referente a cada parte do
projeto desenvolvida, incluindo o resultado geral de funcionamento do equipamento.
As conclusões do presente trabalho e sugestões para trabalhos futuros
constam do capítulo 6.
19
2 ESTADO DA ARTE
2.1 MÁQUINAS AUTOMATIZADAS
A grande maioria das máquinas “pipetting robot(robôs de pipetagem), as
liquid handling machines (máquinas de manipulação de líquidos) e as
Workstations (estações de trabalho) realizam procedimentos de manipulação,
destampagem ou análises. Estas máquinas, em sua grande maioria, ainda não são
produzidas no Brasil e tem preços elevados para os padrões econômicos brasileiros
(AZEVEDO, 2009).
Tipicamente estas máquinas são desenvolvidas por empresas que
impõem restrições de acesso às informações sobre recursos computacionais,
método ou parâmetros adotados para projeto e detalhes técnicos destes, mesmo
quando protegidas pelo registro de patente (AZEVEDO, 2009).
Sabe-se, entretanto que os elementos e sistemas mecânicos comuns
destas máquinas são; motores de passo, buchas de deslizamento, guias lineares,
fusos de roscas trapezoidais, rolamentos de esferas, garras pneumáticas, molas,
solenóides, bombas peristálticas, etc.
Como exemplo tem-se na Figura 1 uma máquina de manipulação de
líquidos com braços robóticos e pipetas modelo Xantus 44 OH fabricado pela Sias.
Figura 1: Máquina de pipetagem e manipulação de líquidos com sistema de braços robóticos.
Fonte: Sias AG, 2006.
20
Sistemas robóticos para manipulação de amostras de sangue podem ser
usados para distribuão destas amostras em novos tubos, como mostra a Figura 2.
Figura 2:
Máquina de uso laboratorial automatizada para distribuição de amostras de
sangue.
Fonte: PVT, 2007.
Máquinas dedicadas à tarefa de tampagem ou destampagem de tubos em
um laboratório de análises existem, e são fabricados por empresas estrangeiras,
como pode ser visto na Figura 3.
Figura 3:
Máquina de uso laboratorial automatizada para tampagem de tubos.
Fonte: PVT, 2007.
Para que todas as tarefas associadas as atividades de triagem de um
laboratório de análises de sangue possam ser feitas de modo automatizado, a
necessidade de união destas máquinas como mostra a Figura 4, sendo esta, uma
máquina de uso laboratorial automatizada composta de módulos para distribuição,
pipetagem e tampagem.
21
Figura 4: Máquina de uso laboratorial automatizada composta de módulos.
Fonte: PVT, 2007.
As aplicações mais usuais de tais máquinas dentro da área de triagem de
um laboratório de análise hematológica são a destampagem, tampagem, pipetagem
de amostras de sangue, distribuição de amostras em novos tubos e a manipulação
de tubos.
Equipamentos que cumpram estas tarefas devem estar integrados para
que se evite a necessidade de intervenção humana, e consequentemente o contato
entre a amostra e o laboratorista.
Um exemplo de integração entre estas quinas realizando os
procedimentos necessários é mostrado na Figura 5, o sistema de processamento
automatizado idealizado pela Bayer HealthCare e AVIA Lab Consulting Services
para a manipulação de amostras e pipetagem de sangue, onde se vê indicado pelas
setas o sentido de fluxo do processo e as figuras sublinhadas em amarelo no início e
final do processo indicando a necessidade de intervenção humana. As etapas
mostradas na Figura 5 referem-se a: 1 introdução de bandejas contendo tubos na
máquina, 2 - manipulação robótica de tubos para o posicionador de tubos, 3 –
parada para identificação do tubo, 4 – análise do conteúdo, 5 – posicionamento para
retirada, 6 retirada do tubo por braço robótico, 7 retirada da bandeja e 8
armazenamento da bandeja.
22
Figura 5: Sistema de processamento automatizado.
Fonte: Bayer HealthCare.
Vê-se que estes processos utilizam braços robóticos cartesianos, pipetas
automáticas, garras elétricas ou pneumáticas, eletroímãs, esteiras, motores de
passo, servomotores, sensores óticos e mecânicos entre outros elementos que
possibilitam o controle por microprocessadores ou computadores.
Com a utilização destes sistemas com seus atuadores, sensores e
demais elementos torna-se possível realizar diversas etapas do processo, entretanto
também é essencial que a seqüência das etapas seja mantida implementando-se a
lógica do fluxo de processo de maneira que os resultados sejam satisfatórios,
conforme verificado por (ORSULAK, 2000).
Na Figura 6 se o estudo do fluxo de um processo onde, a região
delimitada pelo quadro restringe os procedimentos a serem realizadas pela máquina,
sendo que estes procedimentos mostrados são similares ao proposto neste trabalho,
porém neste caso, também está integrada a um sistema analisador para a análise
do conteúdo dos tubos.
1
2
3
4
5
6
7
8
23
Figura 6: Fluxograma dos procedimentos laboratoriais com um sistema de processamento
automatizado de amostras.
Fonte: Azevedo, 2009 apud Orsulak, 2000
2.2 HARDWARE ENCONTRADOS EM EQUIPAMENTOS
LABORATORIAIS
Até o presente momento não se tem nenhum trabalho que mencione o
hardware encontrado em quinas automatizadas de uso laboratorial. Isto deve-se
ao fato de que a maioria das quinas automatizadas são projetadas e
desenvolvidas por empresas que impõe restrições de informação para guardar
segredo tecnológico.
Apesar de até o presente momento não haver nenhum trabalho que mencione
qual é o hardware utilizado pelas empresas para automatizar equipamentos
laboratoriais, sabe-se, que os componentes utilizados para automatizar estes tipos
de equipamentos são:
- Controlador: São utilizados como elemento controlador: computadores,
controladores lógicos programáveis (CLP), microcontroladores, etc.
Recebimento do carregamento,
abertura e distribuição do conteúdo
Abertura das bolsas de risco biológico
Verificação dos recipientes
Inspeção de lacres
Aceite / Rejeição
Verificação das assinaturas
Acessão ao Sistema de
Informação do Laboratório
Transferência das amostras
para processamento
Impressão e colocação de
etiquetas dos tubos
Abertura de cada tubo
Pipetar parte da amostra
Transferir os tubos para caixas
Retornar os tubos primários para as
caixas/bandejas
Análises
Transferência dos tubos para as
caixas do instrumento
Transferência das caixas para o
analisador
Verificação de resultados negativos
Impressão e envio de relatórios
Área de espera para
caixas de amostras
Descarte de amostras negativas
Sistema de
processamento
de amostras
Retenção de
amostras positivas
Localização de
amostras positivas
Geração de lista de
amostras positivas
Colocar positivo no relatório
Unir amostra e relatório
Pipetar e confirmar positivos
24
- Controle de movimento: Os equipamentos laboratoriais normalmente
utilizam servos-motores para fazer a movimentação e posicionamento de braços
robóticos, tubos, bandejas, pipeta, etc. Por serem máquinas de pequeno porte,
normalmente são utilizados servo-motores de passo ou de corrente contínua, sendo
assim necessária a utilização de servo-controladores.
Para que esses servo-controladores possam ser integrados com outros
sistemas, eles normalmente possuem algum tipo de comunicação. Os tipos de
comunicação mais comumente encontradas são a serial RS-232 e RS485, podendo
ser também CAN, ProfBus, DeviceNet, etc.
Na Figura 7 é mostrado um servo-controlador, para motor DC, fabricado pela
empresa Maxon Motor.
na Figura 8 mostra-se um servo-controlador, para motor de passo,
fabricado pela empresa Applied Motion.
Figura 7 - Servo-controlador para motor DC.
Fonte: Maxon Motor.
25
Figura 8 - Servo-controlador para motor de passo.
Fonte: Applied Motion
26
3 CONCEITOS RELACIONADOS AO PROJETO
3.1 MOTORES DC
3.1.1
3.1.13.1.1
3.1.1 Dimensionamento
DimensionamentoDimensionamento
Dimensionamento
A potência elétrica de um motor pode ser expressa por:
ܲ
௘௟
=ܲ
௠௘௖
+ ܲ
(3.1)
Sendo
P
el
a potência elétrica,
P
mec
a potência mecânica e
P
J
a potência
perdida pela resistência do motor ao giro.
Detalhando-se a equação anterior tem-se:
ܷ.ܫ =
గ.ெ.௡
ଷ଴଴଴଴
+ ܴ.ܫ
(3.2)
Onde
U
é a tensão em Volts,
I
é a corrente em Amperes,
M
é o torque em
mNm,
n
é a rotação por minutos, e
R
é a resistência elétrica em Ohms.
Dois valores característicos da conservação da energia eletromecânica
dos motores são as constantes de rotação
K
n
e de torque
K
T
, e não são
independentes uma da outra, aplicando-se a seguinte relação:
ܭ
.ܭ
=
ଷ଴଴଴଴
(3.3)
A equação 3.4 mostra que a rotação
n
é proporcional a tensão elétrica e a
constante
K
n
é o coeficiente desta proporcionalidade, da mesma forma a equação
3.5 mostra a proporcionalidade entre o torque e a corrente através da constante
K
T
.
݊ = ܭ
.ܷ
௜௡ௗ
(3.4)
ܯ = ܭ
.ܫ
(3.5)
O gráfico da Figura 9 pode-se ver que a corrente é diretamente
proporcional ao torque exigido.
27
Torque M
U = U
nom
M
H
M
R
I
A
I
0
Corrente I
Figura 9: Gráfico da corrente em função do torque para o motor carregado e sem carga.
Fonte: Maxon motor.
Na Figura 9 apresenta-se o gráfico da corrente em função do torque para
tensão elétrica igual à tensão nominal do motor, e percebe-se que funcionando sem
carga a corrente é proporcional ao torque de atrito
M
R
(reta tracejada), isto se deve
ao atrito dos rolamentos e ao sistema comutação interna do motor.
A eficiência do motor
η
relaciona a potência mecânica entregue por seu
eixo, com a potência elétrica consumida, ou seja, rendimento líquido.
Pode ser obtida por:
ߟ =
ଷ଴଴଴଴
.
௡.(ெିெ
)
௎.
(3.6)
E o rendimento máximo por:
ߟ = ൬1 −
(3.7)
Onde,
I
0
é a corrente sem carga no motor e
I
A
é a corrente de partida.
Observando-se o gráfico da Figura 10 percebe-se que o rendimento varia de
maneira não linear e após atingir o valor máximo decresce com o aumento do torque
e redução da rotação.
28
Figura 10: Gráfico do rendimento em função do torque
Fonte: Maxon motor.
Na Figura 11 é mostrado um gráfico característico da rotação de um
motor controlado nas fases de aceleração, velocidade constante, desaceleração, e
parado em função do tempo decorrido.
Figura 11: Gráfico característico de rotação de um motor controlado em função do tempo.
O pico de torque ocorre durante a aceleração quando a velocidade se
aproxima da velocidade final. Mas também é relevante conhecer o torque médio
necessário de uma aplicação, uma vez que o regime de trabalho de um motor é
determinado por este valor. Desta forma é utilizado também o conceito de RMS
(Root Means Square, Raiz Média Quadrática), com o qual se pode então determinar
o torque dio quadrático do ciclo inteiro de trabalho, através deste conceito e com
a utilização da equação 3.8.
n
Tempo
Velocidade
constante
Aceleração
Desaceleração
Parado
t
0
t
1
t
2
t
3
t
4
29
ܯ
ோெௌ
=
೟೚೟
൫ݐ
.ܯ
+ ݐ
.ܯ
+ ⋯+ ݐ
.ܯ
(3.8)
Cada torque
M
n
ocorre durante o período de tempo
t
n
correspondente.
A aceleração angular
α
pode ser obtida com a corrente constante
I
ou
torque constante
M
com a carga adicional de inércia
J
L
, o momento de inércia do
rotor
J
R
, por uma das equações abaixo:
ߙ = 10
.
.ூ
ା௃
= 10
.
ା௃
(3.9)
O torque do motor
M
α
para a aceleração ou desaceleração é o produto da
aceleração angular
α
e o momento de inércia da carga adicional
J
L
conforme
mostrado na equação 3.10.
ܯ
=ߙ.ܬ
(3.10)
Para a manutenção do movimento das partes móveis sempre que existir o
atrito entre estas partes e as partes fixas, torna-se necessário considerar a
contribuição do torque constante relacionado.
Para se determinar o valor de torque total exigido do motor durante o
período de aceleração é necessário acrescentar ao torque
M
α
também os valores
dos torques de constante de carga.
No período de desaceleração deve-se subtrair o valor encontrado para o
torque na aceleração
M
α
do valor de torque constante de carga
M
, pois neste
período o atrito entre as partes em movimento e as partes fixas auxilia a redução de
velocidade.
A rotação máxima ocorre ao final da fase de aceleração quando o torque
também é máximo. Então o pico da potência mecânica pode ser obtido por:
ܲ
௠á௫
= ܯ
௠á௫
.݊
௠á௫
.
ଷ଴
(3.11)
O
M
máx
deve estar em N.m e
n
máx
em rotações por minuto e
P
máx
em Watt.
3.1.2
3.1.23.1.2
3.1.2 Técnica de controle de potência
Técnica de controle de potênciaTécnica de controle de potência
Técnica de controle de potência
Neste tópico são abordadas as técnicas para controle de potência de motores
DC, bem como suas vantagens e desvantagens.
30
Conforme visto no item 3.1.1 deste capítulo a potência elétrica de um motor
CC depende da tensão que lhe é aplicada e da intensidade da corrente que circula
por seu estator. Deste modo, para controlar a potência de motores de corrente
contínua, devemos controlar a tensão que lhe é aplicada e a intensidade da corrente
que circula no estator (AHMED, 1999).
Segundo Ahmed (1999), podemos controlar a potência que é entregue a
carga variando a tensão de alimentação, usando um transformador variável ou
inserindo um regulador, como um reostato, um reator variável ou uma chave.
Na Figura 12 temos um reostato controlando a potência elétrica entregue a
carga.
Variando-se a resistência apresentada pelo reostato pode-se modificar a
corrente na carga e, portanto, a potência aplicada a ela.
A grande desvantagem deste tipo de controle, denominado “linear”, é que a
queda de tensão no reostato multiplicada pela corrente que ele controla representa
uma grande quantidade de calor gerada.
Em determinadas posições do ajuste o controle passa a dissipar mais
potência que a aplicada na própria carga. Além desta perda ser inadmissível, ela faz
E
-
+
CARGA
Reostato
Figura 12 - Reostato controlando a potência entregue a carga
31
com que os componentes usados no controle sejam capaz de dissipar elevadas
potências, ou seja, torna-se caro e grande (AHMED, 1999).
Outra maneira de se controlar a tensão aplicada no motor é através da
técnica de PWM ou modulação por largura de pulso. Esta técnica consiste em gerar
um sinal de onda quadrada com freqüência constante que ligue e desligue o motor
rapidamente e modular, variar a largura dos pulsos fazendo com que o motor fique
mais ou menos tempo ligado. Em conseqüência da variação da largura dos pulsos
tem-se uma tensão média que é aplicada no motor (AHMED, 1999).
Na Figura 13 (a) temos um sinal de PWM cujo tempo em que o sinal
permanece em nível lógico alto (
T
H
) é igual ao tempo em que o sinal permanece em
nível lógico baixo (
T
L
), para um determinado período do sinal, e como conseqüência
deste sinal tem-se uma tensão resultante que é a tensão média (
V
m
).
na Figura 13(b) aumentamos o tempo em que o sinal permanece em nível
lógico alto em relação ao período do sinal que permanece o mesmo da figura 11(a).
Como conseqüência tem-se um aumento da tensão média aplicada à carga e
conseqüentemente um aumento da potência entregue a carga.
100
Tensão (%)
TH
TL
V
m
0
Período
TH TL
V
m
100
0
Tensão (%)
Período
(a) (b)
Figura 13 - Modulação por largura de pulso (PWM)
32
Chamamos de índice de modulação ou duty cicle(
dc
) a relação
T
H
/Período.
Assim sendo, se temos um sinal de PWM cujo índice de modulação é de 0,75, a
tensão aplicada a carga será 75% do valor da tensão da fonte.
Na Figura 14 temos um gráfico mostrando a tensão média (V
m
) aplicada à
carga em função do índice de modulação (
dc
) para uma fonte de alimentação de 24
volts.
Desta forma a tensão média aplicada à carga pode ser calculada da seguinte
forma:
ܸ
=݀ܿ ݔ V
(3.12)
Onde
V
i
é a tensão da fonte e
dc
é o índice de modulação ou duty cicle” e é
dado por:
݀ܿ =
௉௘௥í௢ௗ௢
(3.13)
Substituindo a 3.1 na equação 3.2 temos:
ܸ
=
௉௘௥í௢ௗ௢
ݔ ܸ
(3.14)
24
0
V
m
(V)
1 dc
Figura 14 - Gráfico da tensão média aplicada à carga em função do índice de modulação
para uma fonte de alimentação de 24 volts
33
Assim sendo, podemos controlar a tensão média do sinal de PWM e
conseqüentemente a potência entrega a carga modulando a largura do pulso (
T
H
).
Segundo Ahmed (1999), as vantagens de se fazer o controle de potência
utilizando a técnica de PWM, é devido ao fato de que os componentes eletrônicos
são relativamente pequenos, baratos e eficientes.
3.2 SISTEMA DE CONTROLE
“Ao se construir um sistema de controle, sabe-se que modificações
adequadas da dinâmica do processo a controlar pode ser uma forma simples de
atender às especificações de desempenho. Isto contudo, pode não ser possível em
muitas situações práticas onde o processo a controlar seja fixo e não possa ser
modificado. Deve-se, então, realizar o ajuste dos parâmetros outros que não os
fixados no processo a controlar
(OGATA, 1998).
Assim sendo, segundo Ogata (1998), os problemas de projeto, por
conseguinte, passam a ser: melhorar o desempenho do sistema pela inserção de um
compensador. A compensação de um sistema de controle se reduz a um filtro cujas
características tendem a compensar as características indesejáveis e inalteráveis do
processo a controlar.
3.2.1
3.2.13.2.1
3.2.1 Ações de contr
Ações de contrAções de contr
Ações de controle
oleole
ole
A Figura 15 abaixo representa o diagrama de blocos, referente ao controle
de qualquer sistema dinâmico. O bloco “Planta” representa um modelo matemático
de qualquer sistema dinâmico que, em geral, é descrito por uma equação diferencial
que relaciona o sinal de entrada com o sinal de saída. Usando a ferramenta
matemática da transformada de Laplace, tem-se então uma representação entrada-
saída do sistema em domínio da frequência que chamamos função de transferência.
O bloco “controlador” representa diferentes estratégias de controle de modo
que o sistema a ser controlado atinja seu determinado fim. Este controlador pode ser
do tipo liga-desliga, liga-desliga com histerese, PID, PID com anti-windup” como
será demonstrado a seguir.
34
3.2.1.1 Ação Liga-Desliga (On-off)
Neste tipo de ação o controlador é modelado por um relé.
Figura 15 - Controle liga-desliga (on-off)
O sinal de controle (
u
) pode assumir apenas dois valores, conforme o erro (
e
)
seja positivo ou negativo. Em outras palavras tem-se:
ݑ
(
ݐ
)
=
ݑ
௠௔௫
ݏ݁ ݁
(
ݐ
)
>0
ݑ
௠௜௡
ݏ݁ ݁
(
ݐ
)
<0
(3.15)
Este tipo de função pode ser implementada como um simples comparador ou
mesmo um relé físico. Note que neste caso teríamos uma inconsistência em zero e,
na presença de ruídos, teríamos chaveamentos espúrios quando o sinal
e(t)
for
próximo de zero (ÅSTRÖM, et al., 1995).
Para evitar este tipo de problema, utiliza-se na prática o que chamamos de
controlador liga-desliga com histerese (ÅSTRÖM, et al., 1995).
u
min
u
max
y
u
e
y
sp
+
Controlador Planta
e
u
35
Com este tipo de controlador temos o seguinte comportamento:
Se
u=u
max
, é necessário que o valor do erro (
e
) desça abaixo de
e
min
para que
ocorra um chaveamento para
u
min
.
Se
u=u
min
, é necessário que o valor do erro (
e
) ultrapasse o valor de
e
max
para
que haja um chaveamento para
u
max
.
A Figura 17 mostra a curva de resposta em malha fechada e o respectivo
sinal de controle para um sistema com controlador liga-desliga com histerese. Note
que, a saída do sistema apresenta uma oscilação em torno do valor de referência
devido ao fato de que o sistema reage muito bruscamente para pequenos erros.
Este fato denota a baixa precisão obtida com este tipo de controlador. Para
evitar essas oscilações e melhorar a precisão, (ÅSTRÖM, et al., 1995) sugere a
ação de controle proporcional.
Figura 16 - Controle liga-desliga com histerese
u
min
u
max
e
min
e
max
y
u
e
y
sp
+
Controlador Planta
e
u
Referência (y
sp
)
y
u
tempo (s)
tempo (s)
Figura 17 - Gráfico de resposta de um controlador liga-desliga com histerese
Fonte (ÅSTRÖM, et al., 1995)
36
3.2.1.2 Ação Proporcional (P)
O controlador proporcional é essencialmente um amplificador com ganho
ajustável (OGATA, 1998).
Para um controlador proporcional, a relação entre o sinal de saída do
controlador
u(t)
e o sinal de erro atuante
e(t)
é
ݑ
(
ݐ
)
=ܭ
݁(ݐ)
(3.16)
onde
K
p
é denominado ganho proporcional.
Na Figura 18 temos a representação de um sistema de controle com a ação
de controle proporcional onde a planta representa um sistema dinâmico de 2
a
ordem.
A Figura 19 mostra a simulação do sistema de 2
a
ordem, em que a posição final
desejada (y
sp
) esta em função do tempo. Esta simulação é realizada para diferentes
valores do ganho proporcional
K
p
.
Figura 19 - Resposta do sistema para ação de controle proporcional.
y
s
p
e
u
y
Controlador
Figura 18 - Sistema de controle com ação proporcional
e
ss
para K
p
=30
37
y
s
p
e
u
y
Controlador
Figura 20 - Malha de controle com as ações de controle proporcional e
integral
Note que, quanto maior o ganho
K
p
menor o erro em regime permanente (
e
ss
),
isto é, melhor a precisão do sistema. Este erro pode ser diminuído com o aumento
do ganho, entretanto nunca conseguiremos anular completamente o erro. Por outro
lado, quanto maior o ganho, mais oscilatório tende a ficar o comportamento
transitório do sistema em malha fechada. Na maioria dos processos físicos, o
aumento excessivo do ganho proporcional pode levar o sistema a instabilidade.
3.2.1.3 Ação Integral (I)
No controle proporcional de um processo um erro em regime estacionário,
erro residual, na resposta a uma excitação em degrau. Este erro pode ser eliminado
se for incluída no controlador uma ação de controle integral (
1/s
). Em um controlador
com a ação de controle integral, o valor da saída do controlador
u(t)
é variado
segundo uma taxa proporcional ao sinal da integral do erro atuante
e(t)
. Isto é:
=
t
i
dtteKtu
0
).()(
(3.17)
A função de transferência da ação integral é dada por:
(௦)
(௦)
= ܭ
(3.18)
Na Figura 20 temos uma malha de controle com as ações de controle
proporcional e integral, já na Figura 21 temos a resposta do sistema (
y
) para
diferentes valores de
K
i,
e para o controle proporcional
K
p
=15
, constante.
38
Como podemos verificar na Figura 21, a ação de controle integral esta
diretamente ligada à melhoria da precisão do sistema, fazendo com que o erro em
regime estacionário seja nulo. Entretanto, tende a piorar a estabilidade relativa do
sistema em malha fechada ou mesmo torná-lo instável. Por este motivo, esta ação
de controle em geral não é aplicada de maneira isolada.
3.2.1.4 Ação derivativa (D)
A ação de controle derivativa, quando adicionada a um controlador
proporcional, propicia um meio de obter um controlador com alta sensibilidade. Uma
vantagem em se usar a ação de controle derivativa é que ela responde a taxa de
variação do erro atuante e pode produzir uma correção significativa antes do valor
do erro atuante tornar-se demasiadamente grande. O controle derivativo, portanto,
antecipa o erro atuante e inicia uma ação corretiva mais cedo, tendendo a aumentar
a estabilidade do sistema (OGATA, 1998).
A ação derivativa é então dita antecipatória ou preditiva e tende a fazer com
que o sistema reaja mais rapidamente. Este fato faz com que a ação derivativa seja
utilizada para a obtenção de respostas transitórias mais rápidas, ou seja, para a
melhora do comportamento dinâmico do sistema em malha fechada.
Figura 21 - Gráfico de resposta de um sistema com as ações de controle
proporcional e integral
39
y
s
p
e
u
y
Controlador
Em um controlador com a ação de controle derivativo, o valor da saída do
controlador u(t) é variado segundo uma taxa proporcional a derivada do erro. Isto é:
ݑ
(
ݐ
)
=ܭ
ௗ௘
(
)
ௗ௧
(3.19)
A função de transferência da ação de controle derivativa é dada por:
(௦)
(௦)
= ܭ
ݏ
(3.20)
Na Figura 22 temos uma malha de controle com as ações de controle
proporcional e derivativa, na Figura 23 temos a resposta do sistema (y) para
diferentes valores de
K
d
, e o valor de
K
p
=30.
Como podemos verificar na Figura 23, a ação de controle derivativa esta
diretamente relacionada com a estabilidade do sistema, diminuindo a amplitude das
oscilações, ou até mesmo eliminando-as .
Figura 22 - Malha de controle com as ações de controle proporcional e
derivativa
Figura 23 - Gráfico de resposta de um sistema com as ações de controle proporcional e derivativa
40
Embora o controle derivativo não afete diretamente o erro em regime
estacionário, ele introduz amortecimento ao sistema e, portanto, permite o uso de
um valor maior do ganho
K
p
, o que resulta em uma melhoria na precisão em regime
estacionário (OGATA, 1998).
3.2.1.5 O controlador Proporcional - Integra l - Derivativo (PID)
A combinação da ação de controle proporcional, ação de controle integral e
ação de controle derivativa é denominada ação de controle proporcional integral -
derivativa (controlador PID). Esta ação combinada possui as vantagens de cada
uma das três ações de controle individuais. A equação de um controlador com esta
ação combinada é dada por:
ݑ
(
ݐ
)
=ܭ
݁
(
ݐ
)
+ ܭ
׬
݁
(
ݐ
)
݀ݐ
+ ܭ
ௗ௘(௧)
ௗ௧
(3.21)
ou em domínio de Laplace
(௦)
(௦)
= ܭ
+ ܭ
+ ܭ
ݏ
(3.22)
Onde
K
p
é o ganho proporcional,
K
i
a constante integrativa e
K
d
a constante
derivativa.
Na Figura 24 temos uma malha de controle com as ações de controle
proporcional integral e derivativa (PID). A Figura 25 mostra a resposta do sistema (
y
)
para diferentes valores de
K
p
, K
i
e
K
d
.
Controlador
Figura 24 - Malha de control com as ações de controle P-I-D
41
3.2.2
3.2.23.2.2
3.2.2 I
II
Integrador
ntegrador ntegrador
ntegrador “
anti
antianti
anti-
--
-windup
windupwindup
windup”
Embora, no controle de sistemas, muitos aspectos possam ser
compreendidos baseados em teoria linear, alguns efeitos não lineares devem ser
levados em conta. Todos os atuadores têm uma limitação: o motor tem um limite de
velocidade, uma válvula tem um limite de abertura, etc. (ÅSTRÖM, et al., 1995)
Quando o valor da variável de controle atinge o limite máximo (ou mínimo) do
atuador ocorre a saturação do sinal de controle. Este fato faz com que a malha de
realimentação seja de certa forma quebrada, pois o atuador permanecerá no seu
limite máximo (ou mínimo) independentemente da saída do processo. Entretanto, se
um controlador com ação integral é utilizado, o erro continuará a ser integrado e o
termo integral tende a se tornar muito grande, ou seja, tende a "carregar-se"
demasiadamente. Do inglês, diz-se que o termo integral "winds-up". Neste caso,
para que o controlador volte a trabalhar na região linear (saia da saturação) é
necessário que o termo integral se "descarregue". Para tanto dever-se-á esperar que
o sinal de erro troque de sinal por um longo período de tempo. A conseqüência disto
é que a resposta transitória do sistema tenderá a ficar lenta e oscilatória,
Figura 25 - Gráfico de resposta de um sistema com as ações de controle P-I-D
42
característica esta extremamente indesejável em um processo industrial (ÅSTRÖM,
et al., 1995).
Na Figura 26 temos ilustrado o fenômeno “wind up”.
Conforme mostrado na Figura 26, o valor de referência (
y
sp
) faz com que
sature o atuador, porém o erro continua sendo integrado e o valor do termo integral
aumentado pois o erro é positivo. Quando o erro é igual a 0 o termo integral atinge
seu valor ximo, porém o atuador continua saturado devido a magnitude do termo
integral. O atuador irá sair da situação de saturação quando o erro passar a ser
negativo e permanecer negativo durante um certo tempo de forma a diminuir a
magnitude do termo integral.
Para eliminar o efeito do integrador “wind-up”, Åström et al. (1995) propõe a
seguinte estrutura de controle chamada de “PID anti-windup”, conforme mostrado na
Figura 27.
Figura 26 - Ilustração do fenômeno "winds up". O diagrama mostra a saída do processo (y), sinal de
referência (ysp), sinal de controle (u), termo integral e o erro.
y
Como podemos verificar no gráfico da
va
lor negativo enquanto a saída (
para
dentro dos limites de saturação. Quando a saída (
saturação,
a magnitude do termo integral é
positivo ele passa a ser integrado e a magnitude do termo integra
atingindo seu
valor máximo
está
saturada, o termo integral t
de saturação. A
gora quando a saída (
integrado de forma a eliminá
28
, melhora substancialmente a resposta do sistema, pois a magnitude do termo
integral é bem menor se comparada com o gráfico da
y
sp
e
Figura 27 -
Estrutura de controle proposta por Astrom para eliminar o efeito “wind up”
Figura
28
controlador do tipo PID.
Como podemos verificar no gráfico da
Figura 28
, o term
lor negativo enquanto a saída (
u
sat
) esta satur
ada de forma a
dentro dos limites de saturação. Quando a saída (
u
sat
) sai do estado de
a magnitude do termo integral é
igual a zero
, porém como o erro é
positivo ele passa a ser integrado e a magnitude do termo integra
valor máximo
quando o erro é zero. Assi
m sendo, quando a saída (
saturada, o termo integral t
em a função de manter a saída (
u
gora quando a saída (
u
sat
) não está
saturada o erro passa a ser
integrado de forma a eliminá
-
lo. Isso, como podemos verificar no gráfico da
, melhora substancialmente a resposta do sistema, pois a magnitude do termo
integral é bem menor se comparada com o gráfico da
Figura 26.
u
e
sat
Estrutura de controle proposta por Astrom para eliminar o efeito “wind up”
Controlador
28
- Gráfico demonstrando o efeito a ação "anti-
windup" em um
controlador do tipo PID.
43
, o term
o integral tem um
ada de forma a
trazer a saída (u)
) sai do estado de
, porém como o erro é
positivo ele passa a ser integrado e a magnitude do termo integra
l aumenta
m sendo, quando a saída (
y
)
u
) dentro dos limites
saturada o erro passa a ser
lo. Isso, como podemos verificar no gráfico da
Figura
, melhora substancialmente a resposta do sistema, pois a magnitude do termo
u
sat
Estrutura de controle proposta por Astrom para eliminar o efeito “wind up”
windup" em um
44
4 METODOLOGIA
4.1 DESENVOLVIMENTO DO HARDWARE
4.1.1
4.1.14.1.1
4.1.1 Drive de Potência
Drive de PotênciaDrive de Potência
Drive de Potência
O drive de potência tem como principal finalidade amplificar a
potência dos sinais de controle (PWM) gerados pelo microcontrolador, fornecendo
tensão e corrente suficiente para o acionamento dos motores.
Estes sinais de controle gerados pelo microcontrolador PIC18F4431
para se fazer o controle dos motores apresentam amplitude de 5 V e corrente
máxima de 10 mA, não sendo suficiente para acionar os motores, cuja tensão e
corrente nominal são de 24 V e 3 A respectivamente.
Desta forma o drive de potência foi desenvolvido e dimensionado
tomando como base a tensão e corrente nominal dos motores, a amplitude e a
corrente dos sinais de controle.
O circuito adotado para o desenvolvimento do drivede potência foi
em forma de ponte-H pelo fato de ser fácil de controlar, e permitir a reversão do
motor.
4.1.1.1 Princípio de funcionamento da ponte-H
A Figura 29 esquematiza a configuração da ponte H completa.
Figura 29 - Esquema de uma ponte-H completa usando chaves
45
Conforme mostra a Figura 30, quando as chaves CH1 e CH4 estão fechadas
a corrente circula pelo motor no sentido indicado pela seta, fazendo com que o eixo
do motor gire em um dado sentido.
Figura 30 – Sentido da corrente quando as chaves CH1 e CH2 estão
fechadas
Quando as chaves CH2 e CH3 estão fechadas a corrente circula pelo motor
no sentido contrário invertendo o sentido de giro do eixo do motor, conforme
indicado na Figura 31.
Figura 31 – Sentido da corrente quando as chaves CH2 e CH3 estão
fechadas
Porém para se fazer o controle de um motor DC utilizando a técnica de PWM,
as chaves devem abrir e fechar obedecendo a freqüência do sinal de PWM que irá
comandá-las e normalmente é de 1 kHz até 10 kHz para acionamento de motores.
Deste modo, os componentes utilizados para fazer a função das chaves deverão
possuir uma freqüência de chaveamento maior que 10 kHz.
46
Decidiu-se por utilizar o transistor de efeito de campo (MOSFET) tipo N por
atender estas especificações e ser de fácil aquisição. Um outro aspecto levado em
conta foi o fato de que os MOSFET´s proporcionam a isolação dos sinais de controle
gerados pelo microcontrolador dos sinais de alta potência que alimentam o motor,
isso é interessante, pois caso ocorra a queima de um MOSFET o microcontrolador
não sofrerá nenhum dano.
Na Figura 32 temos um esquema simplificado de uma ponte-H utilizando
MOSFET.
Figura 32 - Esquema de uma ponte-H utilizando MOSFET
4.1.1.2 O MOSFET canal N
Conforme mostrado na Figura 33, o MOSFET tipo N (NMOS) consiste de um
substrato P no qual se incrustam duas regiões N. Uma camada fina de dióxido de
silício (SiO
2
), que é um excelente isolante é acrescida sobre a região do substrato,
um metal é depositado sobre a camada de dióxido de silício para formar o eletrodo.
47
Figura 33 - Estrutura física de um MOSFET tipo N
Fonte: (Sedra, et al., 2000)
Quando a tensão entre a “porta” e a “fonte”, chamada de (
V
gs
), é menor
ou igual a tensão de limiar (
V
t
), não formação de um canal de condução entre as
duas regiões N, deste modo o MOSFET tipo N está na condição de corte, situação
semelhante de uma chave aberta.
Quando a tensão
V
gs
é maior do que a tensão de limiar (
Vt
), ocorre a
formação do canal de condução (Figura 34) podendo trabalhar em duas regiões
conhecidas como de triodo e de saturação conforme a Figura 35.
Figura 34 - Estrutura física de um MOSFET tipo N com a formação do canal de
condução.
Fonte: (Sedra, et al., 2000)
48
Figura 35 - A corrente de dreno id versus tensão dreno-source Vds para um MOSFET tipo N
operando com Vds>Vt
Fonte: (Sedra, et al., 2000)
Conforme mostrado na Figura 35, na região de triodo para um
V
gs
constante e
maior do que
V
t
, a corrente que circulará pelo dreno é limitada em função da
diferença de potencial entre o dreno e a fonte (
V
ds
). Se pensarmos no acionamento
de um motor DC, isso implica que a corrente que irá circular pelo estator do motor
será limitada pela corrente de circulação do dreno, limitando o torque do motor.
Figura 36 - Esquema de acionamento de um motor DC utilizando MOSFET
Para que o MOSFET tipo N funcione como uma chave fechada, devemos
trabalhar na região de saturação; para tanto a tensão
V
gs
deve ser maior do que a
tensão de limiar, e a tensão entre o dreno e source (
V
ds
) deve ser maior ou igual a
V
gs
-V
t
.
Vds
Vgs
49
Visto que o MOSFET fará a função das chaves na ponte-H, conforme descrito
no item Princípio de funcionamento da ponte-H deste capítulo, ele deve conduzir
plenamente ou não conduzir, assim sendo, devemos trabalhar na condição de corte
ou de saturação. Deste modo temos:
- Para a condição de corte
ܸ݃ݏ ܸݐ
(4.1)
- Para a condição de saturação
ܸ݃ݏ >ܸݐ
(4.2)
ܸ݀ݏ ܸ݃ݏ − ܸݐ
(4.3)
4.1.1.3 Desenvolvimento da ponte-H
Tendo os dados dos motores fornecidos pelo fabricante, cuja tensão nominal
é de 24 V e a corrente nominal de 3 A, escolhemos o MOSFET que atenderia estas
condições. O MOSFET selecionado foi o modelo IRF540 com as seguintes
características:
Dados do MOSFET:
Vt = 3 V
Tensão Vds máxima: 100 V
Corrente Id máxima: 19 A
Tensão Vgs máxima: 18 V
Sabendo que os níveis gicos dos sinais gerados pelo microcontrolador que
é de 0 V e 5 V, e que estes sinais serão aplicados na “porta” dos MOSFET´s para
controlar seus estados, corte ou saturação, verificou-se se os MOSFET´s irão
trabalhar na condição de corte e de saturação.
Visto que a tensão de limiar (
V
t
) do MOSFET IRF540 é de 3 V, então se
aplicarmos uma tensão inferior a 3 V no terminal “porta” (g) dos MOSFET´s eles
50
estariam na condição de corte, não condução. Esta condição será satisfeita quando
o microcontrolador aplicar uma tensão de 0 V na “porta” (g) dos MOSFET´s.
Figura 37 - Esquema de uma ponte-H utilizando MOSFET
Porém quando o microcontrolador aplicar uma tensão de 5 V na “portados
MOSFET´s eles deverão entrar no estado de saturação. Condição mostrada na
Figura 38.
Figura 38 - Condição em que os MOSFET´s Q1 e Q4 encontram-se saturados
Deste modo, para que o MOSFET Q1 e Q4 estarem em saturação, as duas
condições a seguir devem ser satisfeitas:
1
a
condição
ܸ݃ݏ >ܸݐ
ܸ݃ݏ >3 ܸ
2
a
condição
ܸ݀ݏ ܸ݃ݏ − ܸݐ
MOSFET´s em condição
de saturação
51
ܸ݀ݏ ܸ݃ݏ − 3
Assim sendo, verificou-se que a primeira condição não seria satisfeita, para
os MOSFET´s superiores (Q1 e Q2), tomando como base os níveis lógicos
envolvidos.
1
a
condição -> (ܸ݃ݏ1> 3 ܸ)
ܸ݃ݏ1 =ܸ݃ −ܸݏ
ܸ݃ݏ1 =5 − 24
ܸ݃ݏ1 =−19 ܸ
Como a tensão Vgs1 é menor do que 3 V, os MOSFET´s Q1 e Q2 estariam
trabalhando na condição de corte e não seria possível trabalhar na condão de
saturação para estes níveis de tensão envolvidos.
Já para os MOSFET´s inferiores, Q3 e Q4, tem-se a seguinte situação:
1
a
condição -> (ܸ݃ݏ4> 3 ܸ)
ܸ݃ݏ4 =ܸ݃4 − ܸݏ4
ܸ݃ݏ4 =5 − 0
ܸ݃ݏ4 =5 ܸ
2
a
condição -> (ܸ݀ݏ4ܸ݃ݏ4− 3)
ܸ݀ݏ4 5 − 3
ܸ݀ݏ4 2 ܸ
Como a primeira condição foi satisfeita e a segunda também, pois Vds4 =
24V, conclui-se que os MOSFET´s Q3 e Q4 irão trabalhar no estado de saturação
quando o microcontrolador aplicar um sinal de 5 V em seus terminais “porta”.
Porém como visto acima, os MOSFET´s superiores (Q1 e Q2), irão trabalhar
somente na condição de corte, ou seja, com estes níveis lógicos envolvidos não irão
conduzir a corrente.
Por esse motivo tivemos que incorporar um componente extra para garantir
que os MOSFET´s superiores trabalhassem em seu estado de saturação quando o
microcontrolador gerar um sinal de comando com amplitude de 5 V.
52
O componente escolhido foi o IR2183 que é um componente desenvolvido
pela International Rectifier específico para controlar pontes-H desenvolvidas
utilizando somente MOSFET´s tipo N. Na Figura 39 temos um esquema de utilização
deste componente sugerido pelo fabricante.
Figura 39 - Esquema de utilização do CI IR2183 proposto pelo fabricante
Como visto na Figura 39 este componente faz o controle de apenas 2
MOSFET´s um superior e um inferior cuja configuração é conhecida como meia
ponte-H.
O controle destes dois MOSFET´s, corte e saturação, é feito obedecendo aos
sinais que são aplicados nos terminais HIN e LIN deste circuito integrado (CI).
Na Tabela 1 temos os estados dos dois MOSFET´s, corte ou saturação, em
função dos sinais que são aplicados nos terminais HIN e LIN deste CI.
Tabela 1 - Estados dos MOSFET´s em função dos sinais que são aplicados nos terminais HIN e
LIN do CI IR2183
Apesar do CI IR2183 fazer o controle de um lado de uma ponte-H (meia
ponte-H), podemos fazer o controle de uma ponte-H completa utilizando dois
IR2183.
Sinais de controle
Estado dos MOSFET´s
HIN LIN Superior Inferior
0 V 0 V Corte Saturação
0 V 5 V Corte Corte
5 V 0 V Corte Corte
5 V 5 V Saturação Corte
Meia ponte
-
H
53
Na Figura 40 temos o esquema de uma ponte-H completa que foi
desenvolvida utilizando o CI IR2183. Este esquema foi testado primeiramente com o
auxílio de um protoboard e posteriormente, depois de efetuados os testes para
verificar seu funcionamento, foi transferido para uma placa de circuito impresso.
Figura 40 - Esquema de uma ponte-H desenvolvida utilizando o CI IR2183
De acordo com o funcionamento do IR2183 descrito na Tabela 1, quando
colocamos a linha “sinal de controle 1” em nível gico alto (5 V) e a linha “sinal de
controle 2” em nível lógico baixo, os MOSFET´s Q2 e Q6 estarão saturados (
conduzindo ) e os MOSFET´s Q1 e Q5 em condição de corte (não conduzindo). Isso
faz com que o motor gire em um dado sentido.
Porém se colocarmos a linha “sinal de controle 1” em nível lógico baixo e a
linha “sinal de controle 2” em nível lógico alto, o motor irá girar no sentido contrário à
condição citada acima.
Na Tabela 2 temos a condição do motor em função dos estados dos sinais de
controle 1 e 2. Adotamos que quando o sinal de controle 1” está em nível lógico 1
(5 V) e o “sinal de controle 2” em nível lógico baixo (0 V), o motor irá girar no sentido
horário.
54
Tabela 2 - Condição do motor em função dos sinais de controle 1 e 2
Sinal de controle 1
Sinal de controle 2
Condição do motor
0 V 0 V Parado
0 V 5 V Anti-Horário
5 V 0 V Horário
5 V 5 V Parado
4.1.2
4.1.24.1.2
4.1.2 Placa Controladora
Placa ControladoraPlaca Controladora
Placa Controladora
A placa controladora foi projetada para receber o microcontrolador
PIC18F4431, cuja função é fazer o controle do equipamento. Decidiu-se por utilizar
esse modelo de microcontrolador por ser de ser de fácil aquisição, os softwares de
desenvolvimento serem gratuitos, além da velocidade de processamento, memória e
periféricos presentes neste modelo de microcontrolador.
A Tabela 3 traz um resumo das características do microcontrolador
PIC18F4431.
Tabela 3 - Tabela resumida das características do microcontrolador PIC18F4431
PIC18F4431
Arquitetura
8 bits
Tipo da memória de programa
FLASH
Capacidade da memória de programa
8 Kbytes
Capacidade da memória de dados
(EEPROM)
256 bytes
Capacidade da memória RAM
768 bytes
Pinos de I/O
36
Clock máximo
40 MHz
Canais A/D
9 canais de 10 bits
Comunicação digital
1 – USART
1 - SSP
Interface para sinal de encoder incremental
1
Pinos de PWM
8
Timers
1 x 8 bits
3 x 16 bits
55
Tendo em mãos a pinagem do microcontrolador PIC18F4431, conforme
mostrado na Figura 41, elaborou-se o circuito eletrônico da placa controladora
visando aproveitar ao máximo os periféricos presentes neste modelo de
microcontrolador.
Figura 41 - Pinagem do microcontrolador PIC18F4431
Fonte: (Microchip, 2007)
Na Figura 42 temos uma foto da placa controladora que foi desenvolvida.
56
O conector de interface dos pinos do “PORTA” possui 8 contados conectados
aos pinos do “PORTA” (RA0 – RA7) do microcontrolador. Esses pinos podem ser de
entrada e/ou saída digital, os pinos RA0 RA5 também podem ser pinos de
entrada analógica. Tais funcionalidades são programadas via registrador interno do
microcontrolador. Também podemos configurar os pinos RA2, RA3 e RA4 como
sendo pinos de interface de quadratura de encoder incremental, podendo assim, por
exemplo, monitorar a posição de um eixo utilizando o encoder incremental como
sensor.
O conector de interface do “PORTB” possui 8 contatos conectados aos pinos
do “PORTB” (RB0 RB7) do microcontrolador. Os pinos do “PORTB” do
Conectores de interface
dos pinos do PORTD
Conectores de
interface dos pinos
do PORTC
Conector de
alimentação
LED para indicar
que a placa esta
alimentada
Microcontrolador
PIC18F4431
Conector de interface dos
pinos do PORTA
Conectores de interface
dos pinos do PORTB
CI MAX232
Interface
serial
RS232
Interface de
programação
Interface para
display LCD
Conector de
interface dos
pinos do PORTE
Figura 42 - Foto da placa controladora desenvolvida
57
microcontrolador podem ser de entrada e/ou saída digital, ou ainda, pinos de PWM.
A função que os pinos do PORTB irão assumir é programada via registrador interno
do microcontrolador.
O conector de interface dos pinos do “PORTC” possui 8 contatos conectados
aos pinos do “PORTC” (RC0 – RC7) do microcontrolador. Estes pinos podem ser de
entrada e/ou saída digital programados via registrador interno do microcontrolador,
além disso, os pinos RC6 e RC7 podem ser configurados para serem pinos de
transmissão de dados serial (TX) e recepção de dados serial (RX) respectivamente
conforme mostrado na Figura 41. Desta forma há a possibilidade de se comunicar
com a placa controladora por meio de uma comunicação serial.
O conector de interface dos pinos do “PORTD” possui 8 contatos conectados
aos pinos do “PORTD” (RD0 RD1) do microcontrolador. Estes pinos podem ser de
entrada e/ou de saída digital ou podem assumir outra função programada por meio
dos registradores internos do microcontrolador conforme o datasheet do fabricante.
O conector de interface dos pinos do “PORTD” possui 3 contatos conectados
aos pinos do “PORTE” (RE0 RE2) do microcontrolador. Estes pinos podem ser de
entrada e/ou de saída digital ou ainda de entrada analógica. A função que estes
pinos irão assumir é programada por meio dos registradores internos do
microcontrolador.
Para facilitar a programação do microcontrolador implementou-se uma
interface para programar o microcontrolador no próprio circuito, dispensando assim a
retirada do CI para efetuar a programação.
4.2 PROJETO MECÂNICO
Todo o trabalho de projeto mecânico, fabricação das peças e montagem
do equipamento foi executado por Domingos Flávio de Azevedo em seu mestrado.
58
Na Figura 43 temos a concepção mecânica do equipamento de
pipetagem idealizado por ele.
A configuração mecânica idealizada possibilita que os tubos primários
contendo as amostras de sangue sejam colocados dentro de caixas que podem ser
unidas formando uma bandeja.
Depois de colocadas no alimentador de caixas, pode ser iniciado o fluxo
de processo. Assim que as precondições de funcionamento forem atendidas, por
exemplo, a existência de ponteiras na máquina, de tubos, portas fechadas, etc.
conforme definidas em programação da máquina, o ciclo é iniciado.
Ao iniciar o fluxo do processo o alimentador de caixas posiciona a
primeira caixa para que esta seja separada da bandeja e encaminhada para a
posição de identificação.
Uma garra retira o tubo primário parcialmente da caixa e o faz girar para
que possa ser identificado por seu código de barra através de um leitor ótico.
Tubos primários
nas caixas
Sistema Alimentador
de caixas
Sistema de retirada de tubos
primários para identificação
Sistema de alimentação
de tubos para pipetagem
Leitor de código
de barras
Caixa com
ponteiras
Sistema de
saída de caixas
Sistema de posicionamento
de tubos secundários
Braço robótico
para pipetagem
Bandejas para tubos
secundários
Braço robótico
para manipulação
Garra do braço
robótico
Local de descarte
de ponteiras
Figura 43 - Configuração mecânica da máquina de pipetagem de sangue e manipulação robótica de tubos.
Fonte: (AZEVEDO, 2009)
59
Após a identificação o próximo tubo da caixa é posicionado para o mesmo
procedimento. Ao chegar o primeiro tubo na posição, a pipeta desce dentro do tubo
e é feita pipetagem do sangue no volume adequado. A pipeta então sobe saindo de
dentro do tubo, e o braço robótico desloca-se para a posão onde fará a ejeção do
sangue.
Durante este período de tempo o braço robótico manipulador deverá
pegar tubos secundários vazios e colocar no posicionador de tubos.
Estando o tubo secundário na posição adequada, a pipeta desce dentro
do tubo e realiza a ejeção do sangue.
A pipeta então deve subir e ser posicionada para descarte da ponteira em
local predefinido.
O tubo secundário contendo uma amostra de sangue deverá ser então
etiquetado e retirado pelo braço robótico manipulador e posicionado na bandeja
adequada.
Uma nova ponteira deverá ser retirada da caixa de ponteiras para a
próxima pipetagem.
Assim que a primeira caixa de tubos primários for posicionada no final do
alimentador de tubos, o sistema de saída das caixas será acionado retirando a caixa
do alimentador.
Sendo um processo contínuo, diversos eventos devem ocorrer
simultaneamente.
A Figura 44 mostra através das diferentes cores: o fluxo das caixas
contendo os tubos primários (em azul), o fluxo dos tubos secundários (em vermelho),
os movimentos do braço de pipetagem (em verde) e os movimentos do braço
manipulador (em preto).
60
Figura 44: Fluxos de caixas, tubos e movimentos dos braços robóticos da máquina.
Fonte: (AZEVEDO, 2009)
Entrada de caixas com
tubos primários contendo
amostras de sangue
Devolução de tubos
secundários contendo
o sangue fracionado
Movimentos do
braço da pipeta
Movimentos do
braço manipulador
Passagem das caixas para
identificação dos tubos
primários e pipetagem
Saída de caixas com
tubos primários
Retirada de tubos secundários
vazios para serem utilizados
61
4.3 ARQUITETURA DE CONTROLE
Neste item é apresentada, em forma de figura, a arquitetura de controle
implementada bem como um breve descritivo de como as partes se interagem.
E
ncoder
E
ncoder
Computador Gerente
Software
G
erente
RS232
Placa
Controladora 1
Placa
Controladora 2
Saída
Entradas
Saída
Entradas
Placa de
potência 1
Sensores
Atuadores
Servomotores de posicionamento
do braço da pipeta
Servomotores de posicionamento
do braço de manipulação de tubos
Sensores
Atuadores
Placa de
potência 2
Figura 45 - Arquitetura de controle do equipamento
62
No computador gerente tem-se uma aplicação desenvolvida no software
LabView
®
, denominada “software gerente” que gerencia todas as ações do
equipamento em função dos estados das variáveis de controle e dos sensores, tais
como:
- estados dos sensores que referenciam os braços manipuladores,
- estados dos sensores que detectam a presença da bandeja,
- posição dos braços manipuladores,
- posição da pipeta,
- motor ligado, etc.
O software gerente é descrito em detalhe no item 4.4.1, mas basicamente ele
os estados dos sensores e das variáveis de controle, que são monitoradas e
armazenadas na placa controladora, executa a lógica de controle para o correto
funcionamento do equipamento, e envia comandos para as placas controladoras via
comunicação serial.
As placas controladoras por sua vez, recebem estes comandos, os
decodificam e geram sinais elétricos para controlar os atuadores do equipamento.
Desta forma as placas controladoras tomam uma ação de controle
mediante o recebimento de um comando enviado pelo computador gerente. Este por
sua vez envia os comandos, que disparam ações de controle, tendo como base os
estados das variáveis de controle, os estados dos sensores e em função da lógica
de controle. Assim sendo, todas as ações de controle são disparadas pelo
computador gerente, fazendo com que o equipamento execute as tarefas de forma
correta e sincronizada conforme descrito no item 4.2.
Visto que os sinais elétricos de controle, gerados pelas placas controladoras,
são sinais de baixa potência e que para se fazer o acionamento dos servos-motores
é necessário uma potência superior; estes sinais, então, são amplificados pelas
placas de potência para fornecer tensão e corrente suficientes para o acionamento
dos servos-motores.
63
Na Figura 46 tem-se a disposição dos sensores utilizados para monitorar o
equipamento.
Figura 46 - Disposição dos sensores utilizados para monitorar o equipamento.
Abaixo tem-se um breve descritivo da função de cada sensor.
S1.1 – Detecta a presença/ausência de bandeja na esteira de alimentação
S1.2 – detecta a presença/ausência de bandeja na posição de alimentação
S1.3 – detecta presença/ausência de tubos na posição de pipetagem
S1.4 – Indica a presença/ausência de bandeja na posição de retirada
S2.x – Sensor para referenciar o eixo “x” do braço que manipula a pipeta
S2.y – Sensor para referenciar o eixo “y” do braço que manipula a pipeta
S2.1 – Sensor que detecta a condição em que a pipeta esta recuada (posição superior)
S2.2 – Sensor que detecta a condição em que a pipeta esta avançada ( posição inferior)
S3.1 – Sensor que detecta a presença de tubos na mesa giratória
S4.x - Sensor para referenciar o eixo “x” do braço que manipula os tubos
S4.y
-
Sensor para referenciar o eixo “x” do braço que manipula a pipeta
S4.1 - Sensor que detecta a condição em que a garra esta recuada (posição superior)
S4.2 – sensor que detecta a condição em que a garra esta avançada (posição inferior)
Encoder 2x – Sensor de posição “x” do braço que manipula a pipeta
Encoder 2y – Sensor de posição “y” do braço que manipula a pipeta
Encoder 4x – sensor de posição “x” do braço que manipula a garra
Encoder 4y – sensor de posição “y” do braço que manipula a garra
64
A Figura 47(a) mostra os sensores monitorados pela placa controladora 1,
na Figura 47(b) temos os atuadores controlados pela placa controladora 1.
RS232
RS232
(a)
(b)
Sensor S1.1
Sensor S1.2
Sensor S1.3
Sensor S1.4
Sensor S2.x
Sensor S2.y
Sensor S2.1
Sensor S2.2
Encoder 2x
Encoder 2y
Cilindro avanço/recuo
da pipeta
Cilindro para retirar
bandeja
Motor da esteira de
alimenta ção de bandeja
Motor da esteira
transportadora
Motor de
subida/descida do
embolo da pipeta
Motor 2x Motor 2y
Figura 47 - Sensores e atuadores conectados à placa controladora 1
65
A Figura 48(a) mostra os sensores monitorados pela placa controladora 2,
na Figura 48(b) temos os atuadores controlados pela placa controladora 2.
RS232
RS232
(a)
(b)
Sensor S3.1
Sensor S4.x
Sensor S4.y
Sensor S4.1
Sensor S4.2
Encoder 4x
Encoder 4y
Cilindro de
avanço/recuo da
garra
Cilindro para
abrir/fechar a garra
Motor para acionar a
mesa giratória
Motor 4x Motor 4y
Figura 48 - Sensores e atuadores conectados à placa controladora 2
66
4.4 DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE
4.4.1
4.4.14.4.1
4.4.1 Software
Software Software
Software gerente
gerentegerente
gerente
O software gerente é responsável por controlar todas as ações do
equipamento, é ele, através de comandos, que dispara as ações executadas pelas
placas controladoras. Este software foi desenvolvido em linguagem C no ambiente
LabView
®
.
Quando inicia-se o software, ele executa uma série de rotinas de verificação e
inicialização. Após executar todas as rotinas de verificação e inicialização, o
software entra em um loop, onde neste loop ele executa três rotinas conforme
mostrado na Figura 49.
Figura 49 - Fluxograma das etapas executadas pelo
programa gerente
67
Na rotina de leitura dos sensores e posição dos braços é feita a verificação
dos estados de todos os sensores da máquina e da posição em que se encontram
os braços robóticos. Os estados dos sensores e a posição dos braços robóticos são
armazenados na memória do microcontrolador presente na placa controladora, e
enviados serialmente para o software gerente quando solicitado.
Em seguida, em função dos estados dos sensores e da posição dos braços
robóticos, é executada a lógica de controle do equipamento.
Por fim, o software gerente envia comandos que disparam as ações de
controle do equipamento. Estes comandos o enviados serialmente para as placas
controladoras que executam a ação referente a cada comando.
Para a elaboração da lógica de controle, primeiramente montou-se o Gráfico
Funcional de Comandos Etapa-Transição (GRAFCET) e em seguida montou-se a
lógica de controle em linguagem C.
Um GRAFCET é um modelo de representação gráfica do comportamento da
parte de comando de um sistema automatizado. Ele é formado por arcos orientados
que interligam etapas e transições, por uma interpretação das variáveis de entrada e
saída da parte de comando, caracterizadas como recepitividade e ações, e por
regras de evolução que definem formalmente o comportamento dinâmico dos
elementos de comando (SILVEIRA, et al., 2004).
Para exemplificar, na Figura 50 temos os elementos de um GRAFCET.
Figura 50 - Elementos de um GRAFCET
68
Como podemos ver na Figura 50, o GRAFCET é formado por etapas,
transições e ões. Uma etapa significa um estado no qual o comportamento do
equipamento não se altera. A transição é representada por um traço e significa a
possibilidade de evolução da GRAFCET de uma etapa para outra. As ações
representam os efeitos que devem ser obtidos sobre o mecanismo controlado em
uma determinada etapa.
Assim sendo, através do GRAFCET podemos modelar graficamente um
sistema automatizado por completo e, através dele, montar o software de controle.
Para montar o software gerente em linguagem C a partir do GRAFCET,
presente no apêndice A, criou-se duas rotinas. A primeira rotina, chamada de
“etapas”, é a que determina as etapas do GRAFCET, ou seja, as etapas do
processo. a segunda, chamada de acoes”, é a que determina as ações para
cada etapa.
Na Figura 51 tem-se o programa em C criado a partir do GRAFCET da Figura
50, para exemplificar o processo de escrita do código fonte em linguagem C a partir
do GRAFCET de funcionamento do equipamento.
69
4.4.2
4.4.24.4.2
4.4.2 Software do controlador
Software do controladorSoftware do controlador
Software do controlador
O software do controlador é executado pelo microcontrolador presente nas
placas controladoras. Ele em si é um interpretador de comandos, ou seja, recebe os
comandos enviados pelo computador gerente, os interpreta e controla as ações do
equipamento em função dos comandos recebidos.
Quando um comando é recebido pelo microcontrolador, é gerada uma
“interrupção” que interrompe o fluxo normal de execução do programa “saltando”
para uma rotina de tratamento da interrupção. Nesta rotina é feita a leitura do
comando recebido, em seguida este comando é interpretado onde verifica-se a ação
correspondente ao comando recebido e por fim executa esta ação, como por
exemplo: ligar motor, desligar motor, acionar válvula, etc.
Figura 51 - Código fonte em linguagem C a partir do GRAFCET da
Figura 50
70
Outra função atribuída aos microcontroladores e executada também pelo
software gerente é a de monitorar os estados dos sensores e posição dos braços
robóticos, além de executar o algoritmo PID para o controle dos servo-motores que
movimentam os braços robóticos.
Os estados dos sensores e a posição dos braços robóticos são verificados e
armazenados na memória do microcontrolador a cada ciclo de execução do
programa. Quando solicitado por meio de um comando que é enviado pelo software
gerente, os estados dos sensores e a posição dos braços robóticos são transmitidos
da memória do microcontrolador para o software gerente através da comunicação
serial.
4.4.3
4.4.34.4.3
4.4.3 Software de identificação e validação do controlador PID
Software de identificação e validação do controlador PIDSoftware de identificação e validação do controlador PID
Software de identificação e validação do controlador PID
Para auxiliar no projeto do sistema de controle, foi criada uma aplicação para
o LabView
®
que se comunica serialmente com a placa. Esta aplicação controla e
monitora a posição e/ou velocidade do eixo do motor como mostra a Figura 52.
Sinais do encoder
PWM
RS-232
Figura 52 - Arquitetura implementada para obter o modelo e validar o controlador PID
71
Nesta aplicação, conforme mostra a Figura 53, tem-se um painel à esquerda
onde configuramos os parâmetros da comunicação serial RS-232, um painel central
onde selecionamos o tipo de controle e as ações que devem ser executadas pela
placa controladora, e uma janela gráfica onde é traçada a curva de resposta do
sistema.
No painel de configuração da comunicação serial temos os seguintes
componentes:
- Caixa de texto “Porta serial”, onde selecionamos a porta de
comunicação,
Painel para
configuração da
comunicação serial
Painel central para
seleção do tipo de
controle e ações
Janela gráfica
Figura 53 - Interface gráfica do software identificação e validação do controlador PID
72
- Caixa numérica “baund rate”, onde configuramos a taxa de
transmissão,
- Caixa de texto “parity”, onde selecionamos o tipo de paridade,
- Caixa de texto “stop bits”, onde selecionamos a quantidade de bits de
parada.
Já no painel central temos os seguintes componentes a serem configurados:
- Chave seletora “step / close loop” onde selecionamos o tipo de
controle. Se esta chave estiver na posição “stepserá aplicado um degrau
cuja magnitude é a tensão nominal do motor e será plotado na tela gráfica a
curva de resposta de velocidade do motor em malha aberta. Utilizou-se esta
opção para obter a curva de resposta do motor, e auxiliar na determinação do
modelo matemático do sistema. Caso a chave seletora esteja na posição
“close loop”, será feito o controle de posição do eixo do motor em malha
fechada, e será plotada a curva de resposta da posição do eixo do motor na
tela gráfica. Esta opção foi utilizada para verificar o desempenho do sistema
em função dos parâmetros K
p
, K
i
e K
d
do controlador PID.
- Caixa numérica “K
p
”, “K
i
e “K
d
”, onde entramos com a constante
proporcional, constante integrativa e derivativa do controlador PID
respectivamente; além da caixa numérica “posição” onde passamos para a
placa controladora o posicionamento desejado do eixo do motor.
- Botão “atualizar parâmetros” para atualizar os parâmetros K
p
, K
i
e K
d
do controlador PID, um botão “Executar” que envia um comando para o
microcontrolador executar o programa, e também para iniciar a aquisição dos
dados, velocidade ou posição do eixo do motor, enviados pela placa
controladora.
Um parâmetro importante e que foi levado em conta, foi com relação ao
tempo de amostragem do sistema que define a taxa de amostragem conforme a
equação 4.4
73
݂
=
1
ܶ
(4.4)
Onde
f
a
é a taxa de amostragem em Hertz e
T
a
é o tempo de amostragem em
segundos.
Uma taxa de amostragem com freqüência inferior a duas vezes a freqüência
do sinal amostrado gera um fenômeno chamado de aliasingdescrito por Nyquist
em seu teorema (FRANKLIN, et al., 1994). Segundo Nyquist para que um sinal seja
reconstruído por completo a taxa de amostragem deve ser maior do que duas vezes
a freqüência do sinal (FRANKLIN, et al., 1994).
Assim sendo, para que um sinal seja reconstruído por completo, deve-se
obedecer a condição imposta pela equação 4.5
݂
>
(4. 5)
Onde,
f
a
é a taxa de amostragem e
f
S
a freqüência do sinal a ser amostrado
Na Figura 54 temos uma representação do fenômeno “aliasing”.
Visto que o microcontrolador presente na placa controladora é quem envia os
dados de posição ou de velocidade do motor, a taxa de amostragem ficou limitada
em função do tempo de execução do programa e do tempo para transmitir os dados
serialmente.
A única maneira de diminuir o tempo de execução do programa é
aumentando a freqüência do sinal de clockou otimizando o código fonte. Como a
freqüência do sinal de clock” estava no limite suportado pelo microcontrolador
Figura 54 - Figura demonstrando o fenômeno "aliasing"
74
PIC18F4431, trabalhou-se no sentido de se desenvolver o código fonte de maneira
mais otimizada possível.
o tempo de transmissão dos dados serialmente é inversamente
proporcional à taxa de transmissão da comunicação serial, ou seja, quanto maior a
taxa de transmissão da comunicação serial menor será o tempo para transmitir o
dado. Assim sendo, trabalhou-se com a maior taxa de transmissão suportada pelo
microcontrolador PIC18F4431 que é de 115.200 Kbps.
Desta forma, como podemos ver na Figura 55, conseguiu-se um tempo de
amostragem de 6,625 ms, ou seja , a cada 6,625 ms um novo valor é plotado na tela
gráfica. Este tempo de amostragem foi medido utilizando a ferramenta stopwatch
presente no software de desenvolvimento MPLAB
®
, que permite medir o tempo para
a execução do código fonte definido entre dois pontos, assim como o tempo para
transmitir os dados.
Substituindo o tempo de amostragem na equação 4.4, temos que a taxa de
amostragem do sistema é de 150,94 Hz.
Tempo de execução
do programa
Rotina que determina o tempo
para transmitir os dados
serialmente
Ponto que determina o início da medida
do tempo
Ponto que determina o término da
medida do tempo
Tempo de amostragem
Figura 55 - Ferramenta "stopwatch" utilizada para medir o tempo de amostragem.
75
Sabe-se que a rotação máxima do motor é de 900 rpm, ou seja, o motor gira
uma freqüência de 15 Hz. Desta forma temos que a taxa de amostragem do
sistema é 10 vezes maior que a freqüência de giro do motor. Com esta taxa de
amostragem, de acordo com o teorema de Nyquist, consegue-se reproduzir por
completo a forma de onda da velocidade do motor.
4.5 PROJETO DO SISTEMA DE CONTROLE
Quando se projeta um sistema de controle a primeira etapa é determinar os
parâmetros de desempenho desejado do sistema, em seguida montar um modelo
matemático do sistema para que possamos simular e ajustar os parâmetros do
controlado PID, de maneira a atender as especificações de desempenho impostas
no projeto.
“De um modo geral, as especificações de desempenho não devem ser mais
apertadas que o necessário à execução da tarefa a que se destina. Se, num dado
sistema de controle, o aspecto primordial for a exatidão na operação em regime
permanente, não se deve, então, impor especificações de desempenho
desnecessariamente rígidas sobre o regime transitório. Tais especificações iriam
requerer a utilização de componentes dispendiosos” (OGATA, 1998).
Neste trabalho os parâmetros de desempenho do sistema foram escolhidos
levando-se em conta a aplicação do equipamento e as características mecânicas da
máquina que estava construída e o cabe a este projeto fazer alterações na
mecânica da máquina para melhorar a dinâmica do sistema.
Assim sendo, por se tratar de uma máquina de manipulação de tubos, onde o
primordial é a precisão no posicionamento final dos tubos e não a precisão durante a
movimentação dos tubos. Assim sendo, os braços que manipulam os tubos devem
ser posicionados com uma exatidão que não cause problemas na colocação e
retirada dos tubos nas bandejas.
76
Adotou-se como parâmetro de exatidão, um erro máximo no posicionamento
dos braços robóticos de ±0,5 mm, por não proporcionar problemas na retirada e na
colocação dos tubos nas bandejas.
Através da equação 4.6, que relaciona o deslocamento angular da polia
motora em função do deslocamento linear do braço robótico, calculamos o erro
máximo admitido medindo-se a posição angular da polia motora.
ߠ =
ଶగ.௉
ಳೃ
ು೚೗
(4.6)
Onde
θ
representa a posição angular da polia motora em radianos,
P
BR
o
deslocamento do braço robótico em milímetros e
D
Pol
o diâmetro da polia em
milímetros.
Desta forma, para que o braço robótico seja posicionado com uma exatidão
de ±0,5 mm, a polia motora deve ser posicionada com uma exatidão de ±0,26 rad,
conforme 4.7.
ߠ =
ଶగ.଴,ହ
ଵଶ
ߠ = 0,26 ݎܽ݀
(4.7)
4.5.1
4.5.14.5.1
4.5.1 Obtenção experimental do modelo matemático
Obtenção experimental do modelo matemáticoObtenção experimental do modelo matemático
Obtenção experimental do modelo matemático
Segundo Ogata (1998), a modelagem de um sistema dinâmico é definida
como um conjunto de equações que representam a dinâmica do sistema com
precisão, ou pelo menos, de forma bastante aceitável.
Como diz Ogata (1998), “a dinâmica de muitos sistemas, sejam eles
mecânicos, elétricos, térmicos, econômicos, biológicos etc., pode ser descrita em
termos de equações diferenciais. Tais equações diferencias podem ser obtidas
utilizando-se as leis de físicas que governam um sistema particular, como leis de
Newton dos sistemas mecânicos e leis de Kirchhoff dos sistemas elétricos”.
Porém, para se montar o modelo matemático do sistema com precisão, é
necessário conhecer todas as variáveis que influenciam na dinâmica do sistema,
mas em muitos casos estas variáveis são desconhecidas e difíceis de determinar.
77
Quando se depara com esta condição uma alternativa é obter o modelo
experimentalmente.
Uma maneira de se obter o modelo matemático experimentalmente é através
da curva de resposta do sistema ao degrau
1
, que consiste em aplicar um degrau de
magnitude
M
v
e plotar um gráfico de resposta do sistema conforme mostrado na
Figura 56
Sabe-se que a função de transferência
2
de um sistema de 1° ordem é dado
por:
ܩ
(
ݏ
)
=
ܭ
ܯ
τs+1
(4.8)
Onde
τ
é a constante de tempo do sistema, e corresponde ao tempo para o
sistema atingir 63,2% do valor do regime estacionário. A relação (
K / M
v
) representa
o ganho do sistema.
1
Alteração abrupta do valor de referência (y
ss
)
2
Modelo matemático de um sistema dinâmico em domínio da freqüência
0,632 K
K
τ
Figura 56 - Curva de resposta de um sistema de primeira ordem
78
Desta forma, conhecendo magnitude da tensão (
M
v
) aplicada no motor e
tendo a curva de reposta do sistema, pode-se modelar o sistema determinando o
valor da constante de tempo τ e o ganho do sistema.
Para a determinação do valor da constante
τ
e o ganho do sistema, aplicamos
um degrau, cuja magnitude corresponde a tensão nominal do motor (24 V), e
plotamos com auxílio da aplicação que foi desenvolvida no LabView
®
a curva de
velocidade do sistema em função do tempo conforme mostrado na Figura 57.
Tendo o gráfico de resposta do sistema para uma entrada em degrau cuja
magnitude é 24 V, determinou-se o valor da variável
K
e o valor da constante de
tempo do sistema
τ
, conforme mostrado na Figura 58.
Figura 57 - Curva de velocidade do sistema para uma entrada em degrau de magnitude de 24 volts
79
K=890
0,632 K
τ
=
0,11
Após determinar os valores da variável
K
, da constante de tempo do sistema
τ
e sabendo que a magnitude do degrau aplicado é de 24 volts, substituiu-se esses
valores na equação 4.8 para obter a função de transferência do sistema
G
p
(s)
,
que
ficou da seguinte forma.
ܩ
)=
଼ଽ଴/ଶସ
଴,ଵଵ௦ାଵ
(4.8)
Assim sendo temos que:
ܩ
)=
ଷ଻,଴଼
଴,ଵଵ௦ାଵ
(4.9)
Na equação 4.10 temos a rotação do motor que movimenta os braços, em
rpm, em função da tensão que lhe é aplicada.
Porém, como desejamos fazer o controle de posição dos braços e não da
velocidade, temos que obter a função de transferência do sistema
G
pp
(s)
, que
represente a posição angular das polias motoras que movimentam os braços em
função da tensão que lhe é aplica.
Figura 58 - Gráfico mostrando o valor da variável K e da constante
τ
80
Sabe-se que a posição é a integral da velocidade. Assim sendo, inseriu-se um
integrador na equação 4.10, de forma que esta representa a posição angular da
polia motora em função da tensão que lhe é aplicada.
Desta forma temos:
ܩ
௣௣
)=
యళ,బఴ
లబ
ଶగ
଴,ଵଵ௦ା
(4.10)
Resolvendo a equação 4.11 temos:
ܩ
௣௣
)=
ଷ,଼଼
଴,ଵଵ௦
ାଵ௦
(4.11)
Desta forma temos na equação 4.12 a função de transferência da planta
G
pp
(s)
, que representa a posição angular das polias motoras, em radianos, em
função da tensão aplicada.
Para validar o modelo matemático comparamos o gráfico de resposta do
sistema obtido experimentalmente (Figura 58), com o gráfico de resposta do sistema
obtido através da simulação utilizando o software MATLAB. Para simular a resposta
do sistema, inserimos a função de transferência obtida experimentalmente, equação
4.12, no MATLAB, aplicamos uma entrada em degrau com magnitude de 24 V,
conforme mostrado na Figura 59 e plotamos a curva de resposta conforme mostra
Figura 60.
Bloco que aplica um
degrau de 24
V
Função de
transferência do
sistema
Bloco que plota a
curva de resposta
Figura 59 - Estrutura implementada no MATLAB para simular a resposta do sistema
81
Como podemos observar, existe alguma diferença entre a curva de resposta
do sistema obtida experimentalmente, Figura 58, com a curva obtida por meio de
simulação, Figura 60. Tal fato que será discutido no item 5.4.1 da seção de
resultados.
4.5.2
4.5.24.5.2
4.5.2 Sintonia do controlador P
Sintonia do controlador PSintonia do controlador P
Sintonia do controlador PI
II
ID
DD
D
Tendo a função de transferência que representa a dinâmica do sistema,
equação 4.12, o passo seguinte é encontrar os parâmetros
K
p
,
K
i
, e
K
d
do
controlador PID, de tal forma a melhorar a resposta dinâmica do sistema para
atender as especificações de projeto.
Figura 60 - Curva de resposta do sistema obtida através de simulação
82
Neste projeto, para encontrar os parâmetros
K
p
,
K
i
e
K
d
do controlador,
utilizou-se o método de cancelamento de pólos
3
e zeros
4
, onde os pólos e zeros da
planta são cancelados pelos pólos e zeros do controlador (ÅSTRÖM, et al., 1995).
Cancelando os pólos da planta, esta passa a se comportar como sendo um
sistema de primeira ordem e sabe-se que sistemas de primeira ordem não admitem
sobre-sinal ou do inglês “overshoot”. O sobre sinal é mostrado na Figura 61.
Sabe-se que a função de transferência de um controlador PD é dada por:
ܩ
ܿ݌݀
= ܭ
݌
+ ܭ
݀
ݏ
(4.12)
Trazendo
K
p
em evidência tem-se:
ܩ
ܿ݌݀
= ܭ
݌
1 +
ܭ
݀
ܭ
݌
ݏ
(4.13)
Trazendo
s
em evidência na equação 4.14 tem-se:
3
Raizes extraídas do denominador de uma função.
4
Raizes extraídas do numerador de uma função.
Valor de sobre-sinal
Figura 61 - Gráfico de resposta de um sistema com presença de sobre-sinal
83
ܩ
௣௣
=
ଷ,଼଼
(
଴,ଵଵ௦ାଵ
)
(4.14)
Assim sendo, para que o sistema se comporte como sendo de primeira
ordem, o pólo da função de transferência da planta, equação 4.15, cujo valor é 0,11
deve ser anulado pelo zero da função de transferência do controlador PD, equação
4.14.
Para tanto, tem-se:
ݏ = 0,11ݏ
(4.15)
Como na equação 4.16 temos duas incógnitas, atribuiu-se um valor para
K
p
e
encontrou-se o valor de
K
d
.
Para K
p
=40, o valor de K
d
é 4,4.
Para simular a resposta do sistema, em malha fechada, discretizou-se a
função de transferência da planta, equação 4.15, que é contínua no tempo,
utilizando o comando “c2ddo MATLAB® para obter uma melhor aproximação do
sistema real.
Na equação 4.17 tem-se a função de transferência da planta discreta no
tempo. Para a simulação com esta função de transferência foi escolhido um tempo
de amostragem de 6.625 ms, que corresponde ao tempo de amostragem do
microcontrolador, ver item 4.4.3
ܩ
௣௣
(
ݖ
)
=
଴,଴଴଴଻ହ଼଼௭ା଴,଴଴଴଻ସଷ଻
ି ଵ,ଽସଶ௭ା଴,ଽସଵ଺
(4.16)
Tendo a função de transferência da planta discreta no tempo, simulou-se a
malha de controle utilizando a ferramenta Simulink presente no MATLAB
®
.
A Figura 63 mostra a malha de controle modelada no Simulink e na Figura 62
tem-se a resposta do sistema obtida através da simulação para um degrau de 41
rad, K
p
=40 e K
d
=4,4.
84
Como pode-se observar através do gráfico da Figura 62, tem-se um erro em
regime estacionário de 0,27 rad, que corresponde ao erro de posicionamento
angular da polia motora.
Este erro de 0,27 rad no posicionamento angular da polia motora, irá gerar
um erro no posicionamento do braço robótico de 0,51 mm, conforme equação 4.6.
Erro em regime
estacionário (e
ss
)
Ponto em que o sistema
entra em regime
Figura 63 - Modelamento da malha de controle utilizando a ferramenta simulink presente no
MATLAB®
Figura 62 - Curva de resposta do sistema obtida através de simulação para um degrau de 41 rad Kp de 40 e Ki
de 4,4.
85
Sabe-se que a constante integrativa (
K
i
) é responsável por diminuir, ou a
mesmo eliminar o erro em regime estacionário, assim sendo, pode-se fazer ajustes
no valor de
K
i
de forma a minimizar ou até mesmo eliminar o erro, que em regime
estacionário que é de 0,27 rad.
Para validar os parâmetros do controlador PD,
K
p
e
K
d
, obtidos através do
método de anulação de pólos, utilizou-se o software desenvolvido para a
identificação e validação do controlador PID descrito na seção 4.4.3.
86
5 RESULTADOS
5.1 PLACA DE POTÊNCIA
A placa de potência foi confecciona como mostra a Figura 64 e possui a
seguinte característica:
- Permite o acionamento de até dois motores CC;
- Controle por PWM;
- Tensão máxima de 100 V e corrente máxima de 19 A.
Para efeito de teste, foi feito o acionamento de um motor CC cuja tensão
nominal é de 48 V e a corrente nominal 5 A. Este teste foi feito em um período de
72h onde a cada 10 minutos a rotação do motor era invertida. A intenção neste teste
foi a de verificar o comportamento e a robustez do sistema. Durante as 72h em que
a placa de potência foi submetida a um teste, simulando uma condição real, não foi
detectada nenhuma condição anormal, tais como: queima de componentes elétricos,
superaquecimento, etc.
Figura 64 - Foto da placa de potência desenvolvida.
87
5.2 PLACA DE CONTROLE
Na Figura 65 temos uma foto da placa de controle que foi desenvolvida. Esta
placa possui até 36 entradas/saídas digitais, até 9 entradas analógicas, 2 interfaces
para ler sinal de encoder incremental, até 8 saídas de PWM, e 1 interface de
comunicação serial RS232. Estas funcionalidades são todas elas configuradas via
software de programação do microcontrolador, tornando-a assim flexível.
5.3 SOFTWARE SUPERVISÓRIO
O software gerente demonstrou ser eficiente na função de gerenciar todas as
ações do equipamento. Respondeu bem a todos os comandos, tais como: iniciar
processo, parar processo, além de indicar o status do equipamento através das
“lâmpadas” de sinalização.
Como a mecânica do equipamento não estava totalmente pronta, estavam
faltando algumas partes importantes para se fazer o controle total do processo,
implementou-se apenas parte da lógica de controle mostrada no GRAFCET do
apêndice A, mas o que foi programado, foi executado pelo software gerente
demonstrado que é eficiente para esta tarefa.
Figura 65 - Foto da placa de controle desenvolvida
88
Um fato que vale ser ressaltado é que o modelamento da lógica de controle
da máquina utilizando o diagrama GRAFCET facilitou muito a implementação da
lógica de controle em linguagem C. Pode-se dizer isto, pois num primeiro instante
este modelamento estava sendo feito através de fluxograma e demonstrou ser uma
ferramenta menos eficiente com relação ao GRAFCET para esta aplicação.
Na Figura 66 tem-se a interface gráfica do software gerente desenvolvida,
onde através desta interface o operador da máquina pode controlar e monitorar o
equipamento.
5.4 SOFTWARE DE IDENTIFICAÇÃO E VALIDAÇÃO DO
CONTROLADOR PID
O software de validação e identificação do controlador PID foi uma ferramenta
de fundamental importância no projeto do sistema de controle, minimizando esforços
Figura 66 - Interface gráfica do software gerente
89
(a)
(b)
Queda abrupta na
rotação do motor
na obtenção do modelo matemático do sistema e na validação dos parâmetros do
controlador PID
5.4.1
5.4.15.4.1
5.4.1 Ide
IdeIde
Identificação do modelo
ntificação do modelontificação do modelo
ntificação do modelo
Como visto no item 5.5.1 existe uma diferença entre curva de resposta do
sistema obtido experimentalmente (Figura 67a) com a curva de resposta do sistema
obtida através de simulação do modelo matemático (Figura 67b). Esta diferença na
curva de resposta deve-se ao fato do sistema possuir folgas mecânicas, que
influenciam na dinâmica do sistema.
Figura 67 - (a) Curva de resposta do sistema obtida experimentalmente (b)
curva de resposta do sistema obtida através de simulação.
90
Como mostra a Figura 68, os braços robóticos estão apoiados sobre duas
buchas deslizantes, que deslizam sobre a estrutura da quina. Esta estrutura da
máquina serve de guia para as buchas deslizante. Existe, porém, folga mecânica
entre a bucha e a estrutura.
O acionamento do braço robótico é realizado por um motor colocado no lado
“A” da estrutura, que transmite o movimento através de uma correia.
Nos instantes iniciais da movimentação o lado tracionado “A”, se desloca mais
que o lado “B”, devido as folgas mecânicas existentes. Isto está acarretando um giro
em torno do ponto “B”, como mostra a Figura 69.
r
P
el
F
t
Buchas deslizantes
Extremidade
(A)
Extremidade
(
B
)
Motor
Figura 68 - Esquema de montagem dos braços robóticos
Figura 69 - Figura demonstrado a dinâmica dos braços robóticos nos instante
iniciais da movimentação
91
Em um determinado instante, devido a posição que o braço assume, toda a
massa do braço passa a ser deslocada fazendo com que ocorra uma queda abrupta
da rotação do motor.
Para se melhorar a estabilidade do braço, ou seja, diminuir a queda da
velocidade, pode-se pensar em duas soluções:
- alterar a construção mecânica, colocando elementos que reduzam esta
folga,
- aumentar a massa sobre o lado tracionado fazendo com que o centro de giro
do braço seja deslocado no sentido da extremidade “A”. Isto pôde ser comprovado
conforme mostra a Figura 70, onde temos a curva de resposta do sistema após
inserir uma massa,
m
,
de 2,5 Kg sobre o lado “A” da estrutura mecânica.
5.4.2
5.4.25.4.2
5.4.2 Validação do controlador PID
Validação do controlador PIDValidação do controlador PID
Validação do controlador PID
Na Figura 71 tem-se a curva de resposta do sistema obtida
experimentalmente através do software de identificação e validação do controlador
PID para um degrau de 41 rad.
Figura 70 - Curva de resposta do sistema após inserir uma massa de 2,5 Kg sobre o lado "A" do
braço robótico
92
Analisando o gráfico da Figura 71, tem-se que:
- o erro em regime estacionário,
e
ss
, é da ordem de 0,1269 rad e que o tempo
de acomodação, tempo para o sistema entrar em regime, é da ordem de 0,634
segundos.
Comparando a curva de resposta do sistema obtida experimentalmente,
Figura 71, com a curva de reposta obtida através de simulação, Figura 62, observa-
se uma assimetria.
Na Tabela 4 tem-se um comparativo dos dados obtidos analisando a curva de
resposta do sistema obtida experimentalmente e através da simulação.
Tabela 4 - Comparativo dos dados obtidos experimentalmente e através de simulação
Simulação
Experimental
e
ss
0,27 rad 0,1269 rad
Tempo de acomodação
1,246 seg 0,634 seg
Tempo de acomodação
Posição em regime
e
SS
= 41- 41,1269
e
ss
=
0,1269
rad
Figura 71 - Curva de resposta do sistema obtida experimentalmente para um controlador PD com as
constantes K
p
=40, K
d
=4,4
93
Como mostra a Tabela 4, existe uma divergência nos valores obtidos
experimentalmente e través da simulação. Esta divergência pôde ser causada
devido à imprecisão na obtenção do modelo matemático conforme descrito no item
5.4.1.
Na seção 4.5, impõe-se um erro máximo no posicionamento angular das
polias motoras de ±0,26 rad, o que representa um erro no posicionamento dos
braços robóticos de 0,5 mm. Como resultado obtido experimentalmente, as polias
motoras foram posicionadas com uma exatidão de +0,1269 rad, estando dentro da
faixa tolerável, validando assim os parâmetros do controlador PD calculados.
Inserindo-se o termo integra no controlador, responsável por eliminar o erro
em regime estacionário, pôde-se posicionar os braços robóticos com extrema
exatidão, estando esta limitada em função da resolução dos sensores que é de
0,0041 rad.
Abaixo tem-se um gráfico de resposta do sistema obtida experimentalmente
para um degrau de 41 rad e um controlador PID com as constantes K
p
=40, K
d
=4,4 e
K
i
=0,8.
Posição em regime
e
SS
= 41 - 40,996
e
ss
=
0,
004 rad
Figura 72 - Gráfico de resposta do sistema obtida experimentalmente para um controlador PID com as
constantes K
p
=40, K
d
=4,4 e K
i
=0,8.
94
Com a inserção do controle proporcional, conforme Figura 72, as polias
motoras foram posicionadas com uma exatidão de 0,004 rad, o que gera um erro no
posicionamento dos braços robóticos de 0,00764 mm.
5.5 CUSTO
Abaixo tem-se uma tabela comparativa demonstrando o custo de
implementação desta arquitetura de controle proposta, utilizando equipamentos de
mercado versus o software e hardware desenvolvido neste projeto.
Tabela 5 - Custo para automatizar os procedimentos de recepção de tubos utilizando componentes de
mercado e software e hardware proposto.
Componentes de mercado
Software e hardware desenvolvido (dedicado)
Componentes Preço unitário Quant. Total Componentes Preço unitário Quant. Total
CLP SLC500 R$ 3.000,00 1 R$ 3.000,00 Placa controladora R$ 1.000,00 2 R$ 2.000,00
Cartão de entrada R$ 800,00 1 R$ 800,00 Paca de potência R$ 600,00 3 R$ 1.200,00
Cartão de saída R$ 800,00 1 R$ 800,00 Software gerente R$ 4.000,00 1 R$ 4.000,00
Controlador de servomotor R$ 6.000,00 6 R$ 36.000,00
Total R$ 40.600,00 Total R $7.200,00
Como pode-se ver, com o presente trabalho, tem-se uma diminuição
significativa no custo de implementação de um sistema para automatizar o processo
de recepção dos tubos contendo amostra de sangue.
95
6 CONCLUSÃO
Neste trabalho foi proposto o desenvolvimento de uma arquitetura para
controle e monitoramento de uma máquina de uso laboratorial para a pipetagem e
manipulação de tubos, visando substituir os procedimentos manuais de recepção de
tubos contendo amostras de sangue para análise.
Com a automação dos processos de recepção dos tubos contendo
amostra de sangue, tem-se uma maior confiabilidade no volume de sangue pipetado
nos tubos secundários, minimizando erros de análise, além de minimizar erros no
próprio processo de recepção.
Tendo o processo de recepção automatizado, é possível saber, em tempo
real, quantas amostras foram processadas pelo setor de recepção e triagem, e a
quantidade de amostras que cada setor de análise terá que processar.
Se pensarmos num laboratório onde todos os processos e procedimentos
são automatizados e integrados por uma rede, seja ela Ethernet, CAN, etc., pode-se
obter em tempo real a situação atual de funcionamento de todos os equipamentos,
dos dados do processo, como por exemplo: a quantidade de exames realizados,
além de poder acompanhar a situação de um exame, desde a recepção do tubo
contendo a amostra de sangue, até a geração do resultado para o médico ou
paciente.
Para viabilizar a automação do processo de recepção dos tubos para
pequenos e médios laboratórios foi necessário desenvolver software e hardware
dedicado a esta aplicação diminuindo o custo de investimento por parte dos
laboratórios.
A placa de potência desenvolvida é capaz de acionar até dois motores de
corrente contínua com potência de até 1900 W cada um, potência suficiente para
acionar os diversos motores utilizados no equipamento.
A placa de controle atendeu às necessidades do equipamento por possuir
até 36 pontos de entradas e/ou saídas, 8 saídas de PWM, 2 interfaces para ler sinais
de encoder incremental, até 9 entradas analógicas e uma interface serial.
Com estas características, para se fazer o controle total do equipamento,
foi necessário utilizar duas placas de controle devido ao fato de que o equipamento
possui quatro servomotores CC que movimentam os braços robóticos, e que cada
96
placa controladora possui apenas 2 interfaces para leitura de sinais de encoder
incremental.
O software desenvolvido para a identificação do modelo matemático e
validação dos parâmetros do controlador PID, auxiliou na obtenção do modelo
matemático e validação dos parâmetros do controlador PID.
Através da curva de resposta do sistema obtida com o auxilio deste
software foi possível montar o modelo matemático do sistema com boa precisão,
além de validar os parâmetros do controlador PID calculados.
Os parâmetros do controlador PID obtidos fizeram com que os braços
robóticos fossem posicionados com precisão garantindo com que os tubos fossem
posicionados corretamente nas bandejas.
A estrutura de controle proposta, onde o software gerente é responsável por
controlar todas as ações do equipamento através de comandos enviados para as
placas controladoras, possibilitou que as tarefas fossem executadas de forma
correta e sincronizada pelas placas controladoras.
Com a arquitetura de controle proposta e utilizando o hardware e software
desenvolvidos, é possível automatizar o processo de recepção dos tubos contendo
amostra de sangue reduzindo o custo de investimento por parte dos laboratórios em
torno de 50%, além de obter os benefícios inerentes da automação já comentados.
97
REFERÊNCIAS
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1995.
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manipulação de tubos de uso laboratorial com a utilização de recursos
computacionais. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em
engenharia biomédica, Universidade de Mogi das Cruzes. 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária: Manual de
procedimentos básicos em microbiologia clínica para o controle de infecção
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safety and accuracy. Vox Sanguinis. 1988, p. 115-122.
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Janeiro : LTC, 2001.
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JIMÉNEZ, M. S. A clínica e o laboratório: interpretação de análises e provas
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Microchip. Manual PIC18F4431. Microchip. [Online] Microchip, 2007. [Acessado em:
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abordagem ergonômica baseada na técnica dos incidentes críticos. Dissertação
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99
APÊNDICE A – GRAFCET de controle do equipamento
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