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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA E
ANTINOCICEPTIVA DO EXTRATO HIDROETANÓLICO
DE Macrosiphonia velame (A. St.-Hil.) Müll. Arg. (VELAME-
BRANCO).
REGINALDO VICENTE RIBEIRO
CUIABÁ – MT
2009
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2
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA E
ANTINOCICEPTIVA DO EXTRATO HIDROETANÓLICO
DE Macrosiphonia velame (A. St.-Hil.) Müll. Arg. (VELAME-
BRANCO).
REGINALDO VICENTE RIBEIRO
DISSERTAÇÃO APRESENTADA À PÓS-
GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE, DA
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS, DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO
GROSSO, COMO REQUISITO PARCIAL
PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE
MESTRE EM CIÊNCIAS DA SAÚDE, ÁREA
DE FARMACOLOGIA.
ORIENTADOR: PROF. Dr. DOMINGOS TABAJARA DE OLIVEIRA MARTINS
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CUIABÁ – MT
2009
Esta Dissertação é parte integrante dos requisitos necessários a obtenção do Grau
de Mestre em Ciências da Saúde, outorgado pela Universidade Federal de Mato Grosso e
encontra-se a disposição dos interessados na Biblioteca Central da referida Universidade.
A citação de qualquer trecho dessa Dissertação é permitida, desde que seja feita de
conformidade com as normas da ética.
______________________________________
Reginaldo Vicente Ribeiro
Dissertação aprovada em: ___/___/___
_______________________________________
Prof. Dr. Domingos Tabajara de Oliveira Martins
(Orientador)
4
FICHA CATALOGRÁFICA
R484e Ribeiro, Reginaldo Vicente
Estudo da atividade antiinflamatória e
antinociceptiva do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame (A. St.-Hil.) Müll. Arg.(velame-
branco) / Reginaldo Vicente Ribeiro. – 2009.
xxii, 145p. : il. ; color. ; 30 cm.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal
de Mato Grosso, Faculdade de Ciências Médicas,
Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Área de
Concentração: Farmacologia, 2009.
“Orientação: Prof. Dr. Domingos Tabajara de
Oliveira Martins”.
1. Plantas medicinais Cerrado mato-grossense. 2.
Velame-branco Planta medicinal. 3. Plantas medici-
nais –Atividade antiinflamatória. Plantas medicinais
Atividade antinociceptiva. I. Título.
CDU – 615.322(817.2:251.3)
Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente
Söhn – CRB-1/931
5
“Não basta a leitura sem unção, não basta a
especulação sem a devoção, não basta a
pesquisa sem maravilhar-se; não basta a
circunspecção sem o júbilo, o trabalho sem a
piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência
sem a humildade o estudo sem a graça ”.
6
SÃO BOAVENTURA
À Deus, pela proteção, saúde e por iluminar meus caminhos em busca do conhecimento e
realização pessoal.
7
8
Aos meus pais, José Vicente Ribeiro e Maria Aparecida Barbosa Ribeiro, pelo
amor, educação, apoio e por sempre acreditaram no estudo como ferramenta de
transformação da realidade.
9
Aos meus Avós, paternos e maternos, em especial a minha avó dona Lindomira
Mendonça Ribeiro, pelos cuidados com minha saúde quando criança, pelas orações e pelo
incentivo constante.
10
Á minha família, namorada e amigos pelo carinho, compreensão, incentivo e por
estarem sempre presentes no decorrer de todo este trabalho.
Sem vocês não teria conseguido, que Deus vos abençoe muito.
Muito obrigado!!!
11
Agradecimentos
AgradecimentosAgradecimentos
Agradecimentos
Ao amigo, Professor e orientador Dr. Domingos Tabajara Oliveira Martins, Prof. Titular
de Farmacologia do Departamento de Ciências Básicas em Saúde, da Faculdade de
Ciências Médicas, da UFMT, meu especial agradecimento, pela oportunidade de
trabalharmos juntos, pela inestimável dedicação, paciência, confiança em mim depositada
e pelo exemplo de dedicação à ciência e em prol do desenvolvimento da pesquisa científica
em Mato-Grosso.
À Profª. Drª. Regilane Matos da Silva, bolsista do programa PRODOC, vinculada ao
Departamento de Ciências Básicas em Saúde, da Faculdade de Ciências Médicas, da
UFMT, pela paciência, dedicação no ensinamento dos experimentos nas bancadas do
Laboratório de Farmacologia, pela sua amizade e pelo seu bom humor contagiante..
Ao Mestre Joaquim Corsino da Silva Lima, técnico e pesquisador do laboratório de
Famacologia da Faculdade de Ciências Médicas, da UFMT, pela disposição em ajudar
na realização dos experimentos e por sempre estar presente nas cansativas, porém
descontraidas coletas de material botânico.
Aos colegas e amigos de mestrado, Aurea Damaceno Alves, Clélia Regiane de Oliveira,
Elisângela Saturnino de Souza, Isanete Geraldini Costa Biesk, Maria do Carmo Souza,
Solange Fernandes Moreira Lopes e Suéllem Iara Guirra Rosa, pela amizade e auxílio na
realização dos experimentos.
Aos de alunos iniciação cientifica Joao Paulo Martins de Souza, Ana Clauda Almeida
Souza, Nathália Marques Guimarães e Marcelo Garcia Picone, pela fundamental
contribuição na realização dos ensaios e amizade.
Ao grande amigo Marcondes Alves Barbosa da Silva, Mestrando, pelo companheirismo,
pela participação das coletas de material botânico e dos experimentos.
À Pamella Marianne Figueiredo da Nóbrega, funcionária do laboratório de Farmacologia
da UFMT, pela colaboração na realização de experimentos, pelo incentivo e amizade.
Á Profª M.Sc Ângela Márcia Selhorst e Silva Beserra, professora do Curso de Farmácia
da Universidade de Cuiabá, pelo apoio e pela colaboração na realização da análise
fitoquímica.
À Profª. Drª. Silvia Regina Pengo Machado, professora das disciplinas de Controle de
Qualidade de Medicamentos e Tecnologia Farmacêutica para o Curso de Farmácia da
UNIC, pelo auxílio no preparo das formulações farmacêuticas.
12
Ao professor Dr. Artur Aburad de Carvalhosa,, prof. da disciplina de histologia do curso
de Medicina da UFMT, pelas análises histopatológicas.
Ao Professor Dr. Wander Miguel de Barros, por ter me apresentado aos Profs. Tabajara
e a Profª. Regilane, pelos ensinamentos e pelo constante incentivo à pesquisa.
Ao Professor Dr. Alex Semenoff Segundo, pela oportunidade de aprender ciência com uma
pessoa muito competente e humilde e por me fazer acreditar ainda mais em minhas
potencialidades.
Aos Técnicos de Laboratório Libério Amorim Neto e Ivan da Costa Lopes do Instituto de
Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso, pela colaboração na coleta das
plantas.
Ao Herbário da UFMT, em especial à Drª. Rosilene Rodrigues Silva, pela ratificação
taxonômica das plantas.
Ao Hospital Geral, na pessoa do Coordenador do Laboratório de Análises Clínicas Nestor
Albino de Aguar Junior, pela realização das análises bioquímicas e hematológicas.
À Coordenação de Programas de Pós-graduação em Medicina da Faculdade de Ciências
Médicas pelo apoio recebido durante a realização do Mestrado em Ciências da Saúde.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES, pela
concessão da bolsa de mestrado durante todo o período de realização do trabalho.
Ao Sr. Silvio Pereira da Silva proprietário da Fazenda Terezinha, pela autorização de
coleta das plantas em sua propriedade.
Aos funcionários do Biotério Central da UFMT, em especial o Sr. Jorge Domiciano e
Francisco Pereira Cuna, pela paciência, atenção e cuiadado com os animais.
Aos animais de laboratório, que com sua vida, colaboram para o desenvolvimento da
ciência e a cura das doenças humanas.
À todos que contribuiram direta e indiretamente para a consolidação deste trabalho o meu
muito obrigado.
13
SUMÁRIO
SUMÁRIO xi
LISTA DE ABREVIATURAS xiii
LISTA DE QUADROS xv
LISTA DE FIGURAS xvi
LISTA DE TABELAS xviii
RESUMO xx
ABSTRACT xxi
1 - INTRODUÇÃO
1.1. Processo inflamatório
01
1.1.2. Aspectos gerais da resposta inflamatória
01
1.1.3. Resposta imunológica inata 02
1.1.4. Resposta imunológica adaptativa 06
1.1.5. Mediadores do processo inflamatório 07
1.1.5.1. Aminas vasoativas 07
1.1.5.2. Substâncias plasmáticas 08
1.1.5.3. Citocinas e quimiocinas 10
1.1.5.4. Metabólitos do ácido araquidônico 13
1.1.5.5. Óxido nítrico (NO) 15
1.2. Dor e nocicepção 17
1.3. Terapia da inflamação e da dor 22
1.4. Plantas medicinais 24
1.5. Bioma Cerrado 30
1.6. O gênero Macrosiphonia 33
1.6.1. Macrosiphonia velame (A. St.-Hil.) Müll. Arg. 34
2 – OBJETIVOS
38
2.1. Geral 38
2.2. Específicos 38
4 - MATERIAIS E MÉTODOS
39
4.1. MATERIAIS 39
4.1.1. Seres vivos 39
4.1.2. Drogas e reagentes 40
4.1.3. Equipamentos 40
4.2. MÉTODOS 42
4.2.1. Protocolo experimental 42
4.3. Seleção das plantas e preparo do material botânico 44
4.3.1. Seleção das plantas 44
4.3.2. Coleta e identificação botânica 44
4.3.3. Obtenção dos extratos brutos 46
4.3.4. Determinação do peso seco 46
4.3.5. Determinação do rendimento 46
4.3.6. Abordagem fitoquímica preliminar 47
4.4. Avaliação toxicológica aguda 48
4.4. Bioensaio com Artemia Salina Leach 48
4.4.2. Teste hipocrático 49
4.4.3. Dose letal mediana (DL
50
) 49
4.4. Triagens farmacológicas 50
4.4.1. Edema de pata por carragenina 50
4.4.2. Teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético 51
4.5. Estudo da atividade antiinflamatória 51
4.5.1. Edema de pata induzido por dextrana 1,5% 51
4.5.2. Dermatite tópica por óleo de Croton 52
4.5.3. Pleurisia induzida por carragenina 52
4.5.4. Pirexia induzida por levedura de cerveja 53
4.6. Estudo da atividade antinociceptiva 54
4.6.1. Teste da formalina 54
4.6.2. Teste da capsaicina 54
4.6.3. Teste da placa quente 55
4.6.4. Teste da retirada da cauda 56
4.7. Testes gerais de atividades farmacológicas 56
4.7.1. Pressão arterial média – PAM 56
4.7.2. Teste de coordenação motora 57
4.7.3. Tempo de sono barbitúrico 58
4.7.4. Trânsito intestinal 59
4.8. Toxicidade subcrônica 59
4.9. Análise estatística 60
5 – RESULTADOS
61
5.1. Plantas selecionadas para coleta e triagem antiinflamatória 61
5.1.1. Levantamento inicial 61
5.1.2. Plantas selecionadas para triagem antiinflamatória 61
5.2. Determinação do peso seco e rendimento dos extratos brutos das plantas 62
5.3. Toxicidade aguda 63
5.3.1. Bioensaio com Artemia Salina Leach 63
5.3.2. Teste hipocrático 63
5.4.3. Toxicidade aguda – Dose letal mediana (DL
50
) 65
5.5. Triagens farmacológicas 66
5.5.1 - Edema de pata por carragenina 66
5.5.2. Teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético 68
5.6. Investigação fitoquímica preliminar 69
5.7. Estudo da atividade antiinflamatória 69
5.7.1. Edema de pata induzido por dextana 70
5.7.2. Pleurisia induzida por carragenina 71
5.7.3. Dermatite tópica induzida por óleo de Croton 73
5.7.4. Pirexia induzida por levedura de cerveja 74
5.8. Estudo da atividade antinociceptiva 76
5.8.1. Nocicepção induzida por formalina 76
5.8.2. Nocicepção induzida por capsaicina 78
5.8.3. Nocicepção induzida por placa quente 79
5.8.4. Teste da retirada de cauda 80
5.9. Testes gerais de atividades farmacológicas 81
5.9.1. Pressão arterial média 81
5.9.2. Teste sobre a coordenação motora 82
5.9.3. Tempo de sono barbitúrico 83
5.9.4. Trânsito intestinal 84
5.10. Avaliação toxicológica 84
5.10.1. Toxicidade subcrônica 84
6. DISCUSSÃO
92
14
LISTA DE ABREVIATURAS
AA Ácido araquidônico
ADP Adenosina difosfato
AINE Antiinflamatório não esteroidal
AMPc Adenosina monofosfato-cíclico
ANOVA Análise de variância uma via
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ATP Adenosina trifosfato
C3a Complemento 3ª
C5a Complemento 5ª
CD31 Molécula de adesão plaqueta-endotélio celular
CEPA Comitê de Ética em Pesquisa Animal
CIM Concentração inibitória mínima
cNOS Óxido nítrico sintase-constitutiva
CO
2
Dióxido de carbono
COBEA Colégio Brasileiro de Experimentação Animal
COX-1 Ciclo-oxigenase 1
COX-2 Ciclo-oxigenase 2
COX-3 Ciclo-oxigenase 3
CSF Fatores estimuladores de colônias
DAG Diacilglicerol
DISAD/MS Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Produtos Saneantes
Domissanitários / Ministérios da Saúde
E.P.M. Erro padrão da média
EDTA Ácido etilenodiaminotetracético
EHDf Extrato hidroetanólico das folhas de Duguetia furfuracea
EHEg Extrato hidroetanólico da entrecasca de Eriotheca gracilipes
EHMv Extrato hidroetanólico do xilopódio de Macrosiphonia velame
EHOh Extrato hidroetanólico das folhas de Oxalis hirsutissima
EHPr Extrato hidroetanólico das folhas de Palicourea rígida
EHSp Extrato hidroetanólico da entrecasca de Strychnos pseudoquina
EHXa Extrato hidroetanólico da entrecasca de Xylopia aromática
ENA Peptídeo ativador de neutrófilos derivado de células epiteliais
FAD Adenina dinucleotídeo
FMN F1avina adenina mononucleotídeo
G-CSF Fator de estimulação de colônias de granulócitos
GM-CSF Fator de estimulação de colônias de granulócitos-macrófagos
GMPc Guanosina monofosfato cíclico
i.p Intraperitonial
IASP Associação Internacional para o Estudo da Dor
7. CONCLUSÃO
116
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
118
ANEXOS
132
15
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
ICAM Moléculas de adesão intercelular
IFN-γ Interferon-γ
Ig Imunoglobulinas
IL-10 Interleucina-10
IL-13 Interleucina-13
IL-1β Interleucina-1β
IL-4 Interleucina-4
IL-6 Interleucina-6
IL-8 Interleucina-8
iNOS Óxido nítrico sintase-induzível
IP3 Inositol trifosfato
LPS Lipopolissacarídeo
mg Miligrama
mg/kg Miligrama por quilograma
MHC Complexo maior de histocompatibilidade
Min. Minuto (s)
mL Mililitro
MS Ministério da Saúde
MT Mato Grosso
NADPH Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato reduzida
NAP Peptídeo ativador de neutrófilos
NF-kB Fator de transcrição nuclear kappa beta
NK Natural killer
NO Óxido nítrico
NOD Domínio de oligomerização ligado ao nucleotídeo
NPM Nociceptores Polimodais
O
2
Oxigênio molecular
OMS Organização Mundial da Saúde
PAF Fator ativador de plaquetas
PAMP Padrão molecular associado ao patógeno
PECAM-1 Moléculas de adesão plaquetária do tipo 1
PF Fator plaquetário
PG Prostaglandina
pH Potencial hidrogeniônico
PIB Produto interno bruto
PK Proteína quinase
PMNs Polimorfonucleares
PNPICS Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde
PNPMF Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. SUS
s.c Subcutânea
SBED Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor
TGF-β Fator de crescimento transformador beta
Th T helper
THB4 Tetrahidrobiopterina
TNF-α Fator de necrose tumoral alfa
UFMT Universidade Federal de Mato Grosso
UNIC Universidade de Cuiabá
16
v.o (p.o.) Via oral
VCAM Moléculas de adesão da célula vascular
WHO World Health Organization
17
LISA DE QUADROS
1 Relação das drogas, reagentes, corantes e suas marca. 41
2 Relação dos equipamentos e de suas respectivas marcas. 42
3 Plantas coletadas para a triagem farmacológica. 45
4 Análise fitoquímica preliminar do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame.
69
18
LISTA DE FIGURAS
1 Sequência de eventos envolvidos no recrutamento leucocitário. 04
2 Migração leucocitária de acordo com o gradiente de quimiotaxia. 05
3 Cascata metabólica do ácido araquidônico e mecânismo de ação dos
Antiinflamatórios não esteroidais e esteroidais.
14
4 Relaxamento vascular induzido pela ativação da NOS por diferentes estímulos. 16
5 Inflamação neurogênica 18
6 Classificação das fibras de acordo com seu diâmetro, estrutura e velocidade de
condução
19
7 Representação esquemática dos fatores responsáveis pela ativação de nociceptores
periféricos. + significa estimula e – significa inibe
21
8 Biomas brasileiros, com destaque para o Cerrado 31
9 Macrosiphonia velame em seu ambiente natural. Foto: Ribeiro RV 11/2007 35
10 Flor de Macrosiphonia velame, desabrochando de uma só vez em poucos segundo.
Foto: Rodrigues (2001)
36
11 Fluxograma do protocolo experimental. 43
12 Efeito da administração oral do veículo (), extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame -EHMv, nas doses de 50 ( ), 200 () e 800 mg/kg (X), ou
5 mg/kg de ciproeptadina (), sobre o edema de pata induzido por dextrana, em
ratos.
70
13 Efeito da administração oral de veículo, extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv (50, 200 e 800 mg/kg), ou dexametasona (0,05 mg/kg) sobre o
volume do exsudato no teste de pleurisia induzida por carragenina em ratos.
72
14 Efeito da administração via oral de veículo, extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv (50, 200 e 800 mg/kg), ou dexametasona (0,05
mg/kg) sobre o número de leucócitos totais no teste de pleurisia induzida por
carragenina em ratos.
72
15 Efeito do tratamento tópico do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame -
EHMv (1, 10 e 100 µg/orelha) ou dexametasona (5 µg / orelha), sobre a dermatite
induzida por óleo de Croton em camundongos.
73
16 Efeito do tratamento tópico do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame -
19
EHMv (1, 10 e 100 µg / orelha), ou 5 µg/orelha de dexametasona (ambos
incorporados em formulação a base de HOSTACERIN
®
NCB) sobre a dermatite
induzida por óleo de Croton em camundongos.
74
17 Efeito da administração oral do veículo (), extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv nas doses de 50 mg/kg (), 200 mg/kg (X), 800
mg/kg (O), e de 30 mg/kg de diclofenaco de sódio () sobre a pirexia induzida por
levedura de cerveja e veículo sem administração de levedura () em ratos.
76
18 Efeito analgésico causado pelo extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame -
EHMv (50, 200 e 800 mg/kg, v.o.), Indometacina (10 mg/kg, v.o.) e Morfina (10
mg/kg, s.c.) em relação à primeira fase da dor induzida pela injeção de formalina
em camundongos.
77
19 Efeito analgésico causado pelo extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame -
EHMv (50, 200 e 800 mg/kg, v.o.), Indometacina (10 mg/kg, v.o.) e Morfina (10
mg/kg, s.c.) em relação à segunda fase da dor induzida pela injeção de formalina
em camundongos.
78
20 Efeito da administração oral de veículo, extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame -EHMv (50, 200 e 800 mg/kg) e morfina (5 mg/kg, s.c.) sobre a nocicepção
induzida pela injeção intraplantar de 1,6 µg/pata de capsaicina, na pata traseira
direita de camundongos.
79
20
LISTA DE TABELAS
1
Levantamento bibliográfico entre os anos de 1996 a 2006 referentes aos
trabalhos etnobotânicos e validações pré-clinicas realizados na Universidade
Federal de Mato Grosso.
136
2
Farmacógeno, peso seco e rendimento dos extratos hidroetanólicos 75% das
plantas utilizadas na triagem antiinflamatória.
62
3 Determinação da CL
50
dos extratos hidroetanólicos de plantas medicinais
frente ao modelo de bioensaio por Artemia salina.
63
4
Efeito da administração oral dos extratos hidroetanólicos de plantas usadas na
triagem antiedematogênica sobre as atividades comportamentais gerais em
camundongos.
65
5
Determinação da DL
50
do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame
em camundongos.
66
6
Efeito da administração oral dos extratos hidroetanólico 75% das plantas
selecionadas para a triagem, sobre o edema de pata induzido por
carragenina, em ratas.
67
7
Efeitos da administração oral dos extratos hidroetanólicos de Palicourea
rigida (EHPr), Macrosiphonia velame (EHMv) e Strychnos pseudoquina
(EHSp), sobre as contorções abdominais induzidas por ácido acético em
camundongos.
68
8
Efeito da administração oral do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv sobre o tempo de reação dos camundongos ao estímulo
térmico na placa quente.
80
9
Efeito da administração de veículo, extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv sobre o tempo de reação ao estímulo térmico (Tail-Flick) em
ratos.
81
10
Efeito da administração via oral do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv (sobre a pressão arterial média - PAM) em ratos.
82
11
Efeito da administração oral do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv sobre o tempo de permanência de camundongos na barra
giratória.
83
12 Efeito da administração oral do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
21
velame - EHMv sobre o tempo de sono barbitúrico em camundongos. 83
13 Efeito da administração oral do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv sobre o trânsito intestinal, em camundongos.
84
14
Efeito da administração oral subcrônica do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre peso corporal e ganho de peso de ratos.
86
15
Efeito da administração oral subcrônica do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre o consumo de água e ração pelos ratos.
87
16
Efeito da administração oral subcrônica do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre a excreção de urina e fezes pelos ratos.
88
17
Efeito da administração oral subcrônica do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre o peso relativo de órgãos internos em
ratos.
89
18
Efeito da administração oral subcrônica do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre parâmetros hematológicos em ratos.
90
19
Efeito da administração oral subcrônica do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre parâmetros bioquímicos em ratos.
91
20
Efeito da administração oral do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv sobre o edema de pata induzido por dextrana 1,5% em ratos.
143
21 Efeito da administração oral do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv sobre a pleurisia induzida por carragenina em ratos.
143
22 Efeito do tratamento tópico do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv sobre a dermatite induzida por óleo de Croton em
camundongos.
143
23
Efeito do tratamento tópico do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv (incorporado em formulação a base de HOSTACERIN
®
NCB) sobre a dermatite induzida por óleo de Croton em camundongos.
144
24
Efeito da administração oral do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv sobre a pirexia induzida por levedura de cerveja a 20% em
ratos.
144
25
Efeito da administração do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame -
EHMv sobre o tempo de lambida da pata induzida por formalina em
camundongos.
144
22
26
Efeito da administração do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame -
EHMv sobre a nocicepção induzida pela capsaicina em camundongos.
145
RESUMO
Estudo da atividade antiinflamatória e antinociceptiva do extrato
hidroetanólico de Macrosiphonia velame (A. St.-Hil.) Müll. Arg. (velame-branco)
Macrosiphonia velame (A. St.-Hil.) Müll. Arg (Apocynaceae.), popularmente conhecida
como velame-branco, é um subarbusto nativo que cresce no Cerrado brasileiro. A planta é
amplamente utilizada nas formas de decocto e infuso, principalmente como
antiinflamatória, depurativa, anti-sifilítica anti-reumática e antiulcerogênca. O presente
trabalho teve como objetivo proceder uma triagem antiedematogência e antinociceptiva de
plantas medicinais encontradas no Cerrado mato-grossense, para escolha de uma com
melhor perfil farmacológico. Realizou-se inicialmente um levantamento bibliográfico em
trabalhos realizados na UFMT no período de 1999-2006, para selecionar as plantas a serem
submetidas às triagens. Após a seleção das plantas, procedeu-se obtenção dos extratos
hidroetanólicos, sendo estes submetidos ao estudo da toxicidade aguda e triagem
antiedematogênica pelo modelo de edema de pata por carragenina, em ratos Wistar. Os
extratos que apresentaram melhor atividade neste modelo foram submetidos à triagem
antinociceptiva, usando-se o teste de contorções abdominais induzido por ácido acético,
em camundongos Swiss. O extrato que se mostrou mais ativo nas duas triagens foi
selecionado para aprofundamento dos estudos farmacológicos, toxicológicos e
fitoquímicos. Como resultado do levantamento bibliográfico, foram selecionados e
coletados os farmacógenos de sete plantas: xilopódio de Macrosiphonia velame (EHMv),
entrecasca de Strychnos pseudoquina (EHSp), Xylopia aromatica (EHXa) e Eriotheca
gacilipes (EHEg) e as folhas de Oxalis hirsutissima (EHOh) e Palicourea rígida (EHPr).
No teste de toxicidade aguda, verifica-se que frente ao bioensaio por Artemia salina apenas
os EHDf e EHXa apresentaram toxicidade moderada; no teste hipocrático em
camundongos os únicos que produziram alterações comportamentais dignos de nota foram
os EHMv e EHDf, sendo que o primeiro mostrou-se mais tóxico, com DL
50 =
4.176 ± 218,5
mg/kg,v.o. Entre os extratos submetidos à triagem antiedematogênica, os que se mostraram
mais ativos em reduzir o edema de pata foram o EHPr, EHMv e EHSp. Esses foram
testados no modelo de contorção abdominal por ácido acético, sendo observado efeito
antinociceptivo para os três extratos, destacando-se o EHMv. A análise fitoquímica
preliminar do EHMv revelou as presenças de alcalóides, catequinas, compostos fenólicos,
cumarinas, flavonóides, flavanonas, saponinas, taninos catéquicos e triterpenóides
pentacíclicos. Frente a experimentos de inflamação, o EHMv causou significante inibição
dos edemas de pata induzidos por carragenina e dextrana, do volume exsudado e da
migração leucocitária no modelo de pleurisia induzida por carragenina, da dermatite tópica
induzida por óleo de Croton, além de efeito antitérmico na pirexia por levedura de cerveja.
O EHMv também apresentou atividade antinociceptiva nos ensaios de contorções
abdominais induzida por ácido acético, no teste da formalina e da capsaicina. O EHMv não
produziu alterações na pressão arterial média, coordenação motora e no tempo de sono
barbitúrico dos animais, descartando a possibilidade do efeito antinociceptivo decorrer de
uma ação inespecífica central. O EHMv não alterou a motilidade gastrintestinal, não
interferindo com a absorção nesse trato. No estudo da toxicidade subcrônica do EHMv,
observou-se alterações significativas na ingestão de água, excreção de urina e presença de
processos inflamatórios nos pulmões e estômago dos ratos, indicando certo grau de
23
toxicidade desse extrato. Este estudo valida sob o ponto de vista pré-clínico, o uso popular
do xilopódio de M. velame em processos inflamatórios.
24
ABSTRACT
Study of antiinflamatory and antinociceptive activity from hydroethanolic
extract of Macrosiphonia velame (A. St.-Hil.) Müll. Arg. (velame-branco)
Macrosiphonia velame (A. St.-Hill.) Müll. Arg. (Apocynaceae.), popularly known as
“velame-branco”, is a native subarbust that grows in the Brazilian Cerrado. The plant is
widely used in decoction and infusion forms, mainly as antiinflamatory, depurative,
antisyphilitic, antirheumatic and antiulcerogenic. The actual work had as aim to proceed
the antiedematogenic and antinociceptive screening of folk plants found in the Cerrado of
Mato Grosso State, for choosing one with pharmacological profile from these plants.
Initially, a bibliographic research was done, based in works performed in the UFMT during
the period from 1999 to 2006, to select the plants to be submitted to the screenings. After
this selection, the hydroethanolic extracts were obtained and submitted to acute toxicity
tests and antiedematogenic screening using carrageenan-induced paw edema in Wistar rats.
The extracts that had the best perform were submitted to the antinociceptive screening,
using acetic acid-induced writing in Swiss mice. The extract that showed the best activity
in both screenings was selected to a deeper pharmacologic, toxicologic and phytochemical
studies. As result from the bibliographic research, pharmacogens from seven plants were
selected: Macrosiphonia velame (EHMv) xilopodium, Strychnos pseudoquina (EHSp),
Xylopia aromatica (EHXa) and Eriotheca gacilipes (EHEg) stembark and Oxalis
hirsutissima (EHOh) and Palicourea rígida (EHPr) leaves. In the acute toxicity test, by
Artemia salina bioassay, only EHDf and EHXa presented moderate toxicity; however only
EHMv and EHDf produced significant behavioral changes in mice, during hippocratic test,
where EHMv showed more toxic low toxicity DL
50 =
4.176 ± 218,5 mg/kg. p.o. Among the
extracts submitted to the antiedematogenic screening, EHPr, EHMv and EHSp showed
more activity in reducing paw edema. They were tested in acetic acid writhing test and it
was observed antinociceptive effect for those three extracts, where EHMv stood out.
Preliminary phytochemical analysis of EHMv revealed the presence of alkaloids, catechins,
phenolic compounds, coumarins, flavonoids, flavonones, saponins, catechics tannins and
pentacyclic tritrepenoids. In the experiments of inflammation, the EHMv caused significant
inhibition of paw edemas induced by carrageenan and dextran, suppression of exudated
volume and leukocyte migration in carrageenan-induced pleurisy, inhibition of topical
dermatitis induced by croton oil, and besides caused the handling of fever brewer’s yeast-
induced pyrexia. The EHMv also presented antinociceptive activity in the acetic acid
writhing, formalin and capsaisin-models. The EHMv did not produce alteration in average
arterial pressure, motor coordination and barbituric sleep of the animals, discarding the
possibility of antinociceptiva effect to happen from a nonespecific central action. The
EHMv did not modify the intestinal transit, this not interfering with the absorption of this
tract. In subchronic toxicity studies of EHMv showed significant alterations in water
ingestion, urine excretion and the presence of inflammatory processes in the lungs and
stomachs of the rats, indicating certain toxicity level of this extract. This study, validate
under preclinical view, the folk use of M. velame xilopodium in inflammatory processes.
25
1 - INTRODUÇÃO
1.1. Processo Inflamatório
1.1.2. Aspectos gerais da resposta inflamatória
A inflamação ou processo inflamatório (do grego phlogosis, calor, e do latim
flamma, fogo), reveste-se de grande importância médica por ser um substrato morfo-
fisiológico de mais de 70% das patologias que ocorrem no homem e nos animais
domésticos. Papiros egípcios de 2.000 a.C. se referem à inflamação ao relatarem a
formação de pus. Esse fenômeno é caracterizado pelos clássicos sinais de rubor, calor, dor
e tumor, descritos por Cornelius Celsus no primeiro século depois de Cristo e pela functio
laesa, (perda de função) adicionado por Virchow no final do século XIX.
1, 2
O processo inflamatório manifesta-se sempre que agentes químicos, físicos ou
biológicos alteram a homeostase do tecido conjuntivo. Alguns mecanismos que regem o
processo inflamatório continuaram desconhecidos e o fenômeno foi mal interpretado por
séculos após as observações de Celsus. Ainda no século XVIII, boa parte dos naturalistas
acreditava que a inflamação fosse uma doença ou uma conseqüência desta. Foi somente em
1739 que o cirurgião escocês John Hunter postulou que a inflamação era uma resposta não
específica e com objetivos salutares ao hospedeiro.
3
A descrição moderna da inflamação superficial não difere significativamente da
definição formulada por Cornelius Celsius. Hoje, graças a estudos com potentes
26
microscópios e com a contribuição da biologia molecular é possível constatar que os sinais
clínicos da inflamação são resultado da vasodilatação, acúmulo de leucócitos, aumento do
fluido intersticial e estimulação dos terminais nervosos por mediadores pró-inflamatórios.
1
Assim, a reação inflamatória consiste num evento complexo que envolve o
reconhecimento do agente ou estimulo lesivo, para sua posterior destruição e tentativa de
reconstruir o tecido danificado. O reconhecimento desencadeia a ativação e a amplificação
do sistema imune resultando na ativação de células e na liberação de diversos mediadores
responsáveis pela resposta inflamatória. No entanto, se a destruição do agente agressor e o
processo de reparo o ocorrerem de maneira eficiente e sincronizada a resposta
inflamatória pode levar a uma lesão tecidual persistente induzida pelo acumulo de
leucócitos, colágeno entre outras substâncias que podem ser prejudiciais ao organismo.
4
Didaticamente a inflamação pode ser dividida em duas fases: aguda e crônica. A
inflamação aguda perdura por tempo relativamente curto, podendo durar minutos, horas,
ou até mesmo alguns dias, sendo que sua principal característica é a presença de exsudato
rico em proteínas plasmáticas (edema) e a migração de leucócitos, principalmente os
neutrófilos. a inflamação crônica apresenta longa duração e está relacionada com
algumas alterações histológicas, presença de linfócitos e macrófagos, proliferação de vasos
sanguíneos, fibrose e necrose do tecido.
5, 3
Além disso, a resposta inflamatória aguda apresenta dois componentes: uma
resposta inata não-adaptativa, que engloba os eventos que ocorrem localmente no interior
dos tecidos e uma resposta imunológica adaptativa, a qual é adquirida e específica,
tornando a resposta de defesa a um microorganismo invasor mais eficaz.
3
1.1.3. Resposta imunológica inata
A reação inata não-adaptativa envolve os eventos que ocorrem no interior dos
tecidos e podem ser divididos em vasculares e celulares. Os eventos vasculares
27
compreendem a vasodilatação, com conseqüente aumento do fluxo sangüíneo local, o
aumento da permeabilidade vascular e a exsudação plasmática. Tais eventos são
importantes na medida em que promovem um aumento local da concentração de
mediadores de origem plasmática, entre eles os componentes de pelo menos quatro
cascatas enzimáticas proteolíticas: os sistemas de complemento, o da coagulação, o
fibrinolítico e das cininas.
6, 1
Concomitantemente, são desencadeados os eventos celulares, onde as células
imunológicas são ativadas para alcançar o foco da lesão e fagocitar, degradar e eliminar os
antígenos. Diversas são as células envolvidas neste processo, algumas delas estão
presentes no tecido afetado, tais como as células endoteliais vasculares, células mesoteliais,
mastócitos e macrófagos, enquanto que outras como os neutrófilos, basófilos, eosinófilos,
célula natural killer (NK) e alguns linfócitos, além de plaquetas migram para o local da
lesão através da corrente sanguínea.
7
A migração leucocitária para os sítios de inflamação é crucial para as funções
celulares dos leucócitos tanto na imunidade inata quanto na adaptativa, também é
implicada como uma característica chave em inúmeras doenças inflamatórias como lesão
de isquemia-reperfusão, doença inflamatória intestinal, e a síndrome de disfunção múltipla
dos órgãos, associada à sepse e ao trauma. Os leucócitos são atraídos para a região afetada
por um processo conhecido como quimiotaxia, através da geração local de mediadores
inflamatórios, como quimiocinas e citocinas específicas, seguindo uma lesão inflamatória.
8, 9
A passagem dos leucócitos do compartimento vascular para o tecido extravascular
é guiada por uma rápida regulação de interações adesivas entre as células sanguíneas e as
células endoteliais. A sequência de eventos envolvidos neste processo é conhecida como
teoria do recrutamento leucocitário (Figura 01). Este processo é iniciado logo após a
28
liberação de sinais químicos por macrófagos teciduais, que em seguida ativam as células
do endotélio a expressar moléculas de adesão e a secretar mediadores inflamatórios,
levando à captura de leucócitos circulantes do lúmem vascular, sua rolagem, ativação,
firme adesão e extensão na superfície do endotélio, diapedese transendotelial e migração
quimiotática.
9
Figura 01 - Sequência de eventos envolvidos no recrutamento leucocitário.
Fonte: http://www.nature.com/nri/journal/v4/n9/images/nri1438-inflammation%26hl%3D pt-
BR %26sa%3 DX%26um%3D1
Este extravasamento de leucócitos para os tecidos é dependente da existência de
diferentes famílias de moléculas de adesão e seus respectivos receptores, tanto em
leucócitos como em células endoteliais. Os principais grupos de moléculas de adesão são
as selectinas, importantes no rolamento; as integrinas, na forte adesão; e a superfamília das
moléculas de imunoglobulinas (Ig), como o PECAM-1 ou CD31 (molécula de adesão
plaqueta-endotélio celular) imprescindível na transmigração. Os principais receptores de
adesão endotelial incluem as moléculas de adesão intercelular (ICAM) e as moléculas de
adesão da célula vascular (VCAM).
3
29
Após o extravasamento, os leucócitos emigram nos tecidos em direção à região de
agressão através de um gradiente químico (Figura 02). Esse processo é controlado por
agentes quimiotáticos, tanto de origem endógena, que são aqueles liberados pelas próprias
células do hospedeiro (componentes do sistema complemento, produtos da lipoxigenase,
citocinas etc.), quanto de origem exógena, que são aqueles advindos do próprio agente
agressor (produtos bacterianos de origem lipídica).
9
Ainda na fase inata da resposta inflamatória, os macrófagos ao alcançarem o sitio
da inflamação desempenham papel muito importante no direcionamento à resposta imune
adquirida. Estas células além de auxiliarem os neutrófilos na eliminação de
microorganismos, após fagocitá-los e processá-los, apresenta seus peptídeos pelo
complexo maior de histocompatibilidade (MHC) às células T auxiliares. Dentro deste
contexto a fagocitose destas células atua como elo entre o sistema imune inato e o
adaptativo.
10, 1
Figura 02
Migração leucocitária de acordo com o gradiente de quimiotaxia. Fonte:
http://inflamacao.jpg&imgrefurl=http://pathologia.blogspot.com/2008/08/processo
s -inflamatrios.html
30
1.1.4. Resposta imunológica adaptativa
A resposta imune adquirida específica trata-se de uma resposta mais complexa, que
melhora acentuadamente a eficácia da resposta imunológica inata. Esta resposta envolve
principalmente linfócitos, entre os quais três grupos principais: as células B,
responsáveis pela produção de anticorpos (resposta humoral); as células T, importantes na
fase de indução da resposta imunológica e as células Natural Killer (NK), que são células
linfóides especializadas, as quais são ativadas durante a resposta inata.
3
Os linfócitos T e B possuem receptores antígenos-específicos que são capazes de
reconhecer e reagir com praticamente todas as proteínas e polissacarídeos estranhos com os
quais o organismo possivelmente ira se deparar durante toda a vida. A resposta
imunológica adaptativa especifica acontece em duas fases distintas, a fase de indução e a
fase efetora.
6, 3
Durante a fase de indução, o antígeno é apresentado às células T virgens portadoras
de co-receptores CD4 ou CD8 pelas grandes células dendríticas, e este processo é seguido
por complexas interações destas células T com as células B e outras células T (citotóxicas).
Ao primeiro contato com um antígeno, seja ele uma proteína ou um polissacarídeo
estranho, os linfócitos que os reconhecem através de receptores de superfície específicos
entram em expansão clonal através de várias divisões celulares, dando origem a uma massa
de células, onde todas têm a capacidade de reconhecer e responder a esse antígeno em
particular.
3
Na fase efetora, os linfócitos B se dividem e diferenciam-se em plasmócitos que
produzem e secretam uma enorme quantidade de anticorpos, já as células T ou estão
envolvidos em respostas imunológicas mediadas por células, podendo ativar macrófagos
ou eliminar células do hospedeiro infectadas por vírus. Outras células formam uma grande
população de células de memória sensíveis a antígenos, para no caso de exposição
31
subsequente ao mesmo antígeno, isto desencadeará uma resposta muito mais ampliada e
eficiente.
11, 12
Esses mecanismos de resposta imunológica, baseados em funções sofisticadas dos
leucócitos, também são responsáveis pela eliminação de células não funcionantes ou
lesadas, e assim contribuem para a manutenção da homeostase tecidual. Dessa forma, os
mecanismos de defesa não apenas protegem o organismo da infecção, mas também
permitem a remoção de restos celulares e de componentes teciduais destruídos, originados,
por exemplo, de trauma.
13
Por fim, a inflamação passagem aos processos de reparo e cicatrização que
permitem a recuperação integral da função tecidual. Entretanto, uma reação inflamatória
exacerbada pode levar à lesão tecidual e, se severa, causar descompensação fisiológica,
disfunção orgânica e morte.
3, 14
1.1.5. Mediadores do processo inflamatório
Uma variedade de mediadores químicos endógenos, incluindo fatores imunológicos
e quimiotáxicos de diferentes fontes (leucócitos e plaquetas ativados, do metabolismo do
ácido araquidônico como prostaglandinas (PGs) e leucotrienos, das cascatas da coagulação
e do complemento, etc.), tem sido reconhecida por exercer papéis importantes no processo
inflamatório. Esses mediadores podem ser considerados de ão rápida, como as aminas
vasoativas (histamina e serotonina), ou de ação prolongada, como as substâncias
plasmáticas, citocinas e lipídeos ácidos.
1, 15
1.1.5.1. Aminas vasoativas
A histamina é um mensageiro químico responsável por inúmeras respostas
celulares, incluindo reações alérgicas e inflamatórias (fase inicial), secreção do ácido
gástrico, neurotransmissão, vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, além de
desempenhar um papel central na hipersensibilidade.
1
32
Este mediador químico é encontrado na maioria dos tecidos do organismo, porém
está presente em elevadas concentrações no pulmão, na pele e no trato gastrointestinal. Em
nível celular é armazenada pré-formada em grânulos em mastócitos teciduais e basófilos
sanguíneos, associada à heparina. É liberada dos mastócitos por exocitose durante as
reações inflamatórias ou alérgicas, quando os componentes do complemento C3a e C5a
interagem com receptores de membrana específicos ou quando o antígeno interage com
IgE fixada a lulas; ou ainda, por meio de outros estímulos, como substância P,
poliaminas citocinas, entre outros. A histamina promove substância P, poliaminas,
citocinas, entre outros.
16
A serotonina denominada 5-hidroxitriptamina é um dos principais
neurotransmissores no cérebro e também está envolvida em uma gama de ações
periféricas. Pode ser encontrada no sangue em altas concentrações nas plaquetas, que a
acumulam a partir do plasma através de um sistema de transporte ativo, liberando-a quando
sofrem agregação em locais de lesão tecidual. Funciona como mediador inflamatório e está
envolvida na sensibilização de nociceptores, regulação do sono, temperatura e pressão
arterial.
17, 15
1.1.5.2. Substâncias plasmáticas
O plasma contém diversas cascatas de enzimas envolvidas na mediação da
inflamação, compostas de uma série de proteases ativadas sequencialmente. São
caracterizadas por um pequeno número inicial de proteínas que é amplificado a cada
reação enzimática sucessiva. O sistema de cascata rapidamente produz uma grande
resposta. As substâncias plasmáticas podem ser divididas basicamente em: sistema do
complemento, sistema das cininas, sistema de coagulação e sistema fibrinolítico.
12
O sistema do complemento é um componente do sistema de defesa do hospedeiro
que auxilia na eliminação de vários microorganismos e antígenos do sangue e outros
33
tecidos, e seu papel na inflamação é de considerável interesse. Consiste em um grupo de
cerca de 30 proteínas plasmáticas, normalmente presentes nos líquidos e nos tecidos
corporais em sua forma inativa, que atuam em conjunto para atacar patógenos e induzir
respostas inflamatórias, ajudando a combater a infecção. Os fatores derivados do
complemento participam dos fenômenos vasculares, adesão, quimiotaxia e ativação dos
leucócitos e fagocitose.
18, 15
O sistema das cininas constitui uma cascata de enzimas que resulta na produção de
diversos peptídeos vasoativos, através de proteases específicas chamadas calicreínas sobre
substratos protéicos, denominados cininogênios. A ativação desse sistema resulta na
liberação da bradicinina. Esta provoca vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular
e estimulação direta das terminações nervosas para a dor, ou de forma indireta, por ativar a
produção de outros mediadores como prostanóides e aminas simpáticas, que sensibilizam
os neurônios nociceptivos simpáticos.
19
O sistema de coagulação e a inflamação são processos que estão intimamente
relacionados. Uma cascata de enzimas proteolíticas e co-fatores são ativados, sendo que o
principal evento consiste na conversão do fibrinogênio solúvel em filamentos insolúveis de
fibrina pela trombina (que participa da ativação dos sistemas do complemento e das
cininas). Além disso, uma cascata fibrinolítica é iniciada concomitantemente com a de
coagulação através de vários ativadores do plasminogênio (liberados do endotélio,
leucócitos e outros tecidos), resultando na formação, dentro do coágulo, da plasmina, que
digere a fibrina. Desta forma, o sistema fibrinolítico também contribui para os eventos
vasculares durante a inflamação.
20, 21
1.1.5.3. Citocinas e quimiocinas
A resposta inflamatória é um processo dinâmico e complexo que envolve um
balanço entre citocinas pró-inflamatórias e antiinflamatórias.
22
34
As citocinas são mediadores protéicos sintetizados pelas várias células do sistema
imunológico que influenciam o comportamento de outras células, coordenando a reposta
imune. A maioria das células pode produzir citocinas, embora apresentem diferenças no
repertório delas. Muitas citocinas são produzidas em sítios de inflamação.
22, 3
As citocinas podem ser classificadas em subgrupos, como: interferons,
interleucinas, fator de necrose tumoral, quimiocinas, fatores de estimulação de colônias ou
ainda podem ser classificadas de acordo com sua atividade biológica como: pró-
inflamatórias (IL -1, IL-6, TNFα e TGFβ) e antiinflamatórias (IL-4, IL-10 e IL-13).
22, 23
O TNF e a IL-1 são as duas principais citocinas que participam do processo
inflamatório, responsáveis pelas respostas sistêmicas da fase aguda (febre, perda de apetite,
etc.) associadas a infecções ou traumas.
23
As citocinas pró-inflamatórias estão envolvidas na resposta imune inicial, ajudando
a guiar a eliminação dos patógenos e a resolução do processo inflamatório. As primárias
incluem TNF-α e a IL-1. São liberadas por macrófagos e por muitas outras células,
podendo desencadear uma cascata de citocinas secundárias, como as quimiocinas. Vários
fatores de crescimento (por exemplo, fator de crescimento derivado de plaquetas, fator de
crescimento dos fibroblastos, fator de crescimento endotelial vascular) são importantes nos
processos de reparo e estão implicados na inflamação crônica.
24, 23
As citocinas antiinflamatórias diminuem as funções celulares e a síntese de
citocinas pró-inflamatórias. Incluem TGF-β (Fator de crescimento transformador β),
interleucinas (IL-4, IL-l0 e IL-13). Essas citocinas podem inibir a produção de
quimiocinas, e as três últimas têm a capacidade de inibir respostas mediadas por células
Thl, isto é, as células cuja ativação inapropriada está envolvida em doenças auto-imunes.
3
Os interferons (IFN) são citocinas que induzem células a resistirem à replicação
viral (IFN-
α e IFN-β) ou exercem um papel significante na regulação da resposta imune
35
específica, como o IFNγ, produzido quase que exclusivamente por células NK e em certos
subgrupos de células T ativadas.
1
As interleucinas (IL) são polipeptídeos produzidos por leucócitos e que atuam
intensamente em todas as fases da inflamação, participando do controle das células
envolvidas com as respostas imunes específicas e inespecíficas.
23
Além de ações diretas sobre as células, algumas citocinas induzem a formação de
outras citocinas (formando uma cascata de amplificação), enquanto algumas induzem a
expressão dos receptores de outras citocinas e também podendo apresentar interações
sinérgicas ou antagônicas com outras citocinas. A IL-6, por exemplo, é uma citocina
multifatorial secretadas por todas as células quando lesadas ou ativada por IL-1 e/ou TNF-
α. De outro modo, citocinas como IL-4, IL-6, IL10, IL-13 e IFN-α são eficientes em inibir
a síntese de IL-1 e TNF-α.
3, 11
Outra citocina muito importante na resposta inflamatória inicial é a IL-1, que
participa como mediador da resposta inflamatória frente aos diversos estímulos
inflamatórios. A IL-1 possui duas formas, chamadas de IL-1α e IL-1β, entretanto, elas
compartilham os mesmos receptores e apresentam funções biológicas semelhantes. Em
baixas concentrações a IL-1 age como um mediador local da inflamação, aumentando a
expressão de moléculas de adesão na superfície das células endoteliais. Em altas
concentrações, esta citocina chega ao sistema circulatório e passa a exercer efeitos
endócrinos como febre e indução da atividade da fosfolipase e consequentemente a
biossíntese de PGs.
23
O fator de necrose tumoral (TNF) é produzido por macrófagos e células T. O TNF
é uma citocina pró-inflamatória que apresenta papel chave em diversos processos, como a
inflamação, imuno-modulação, crescimento, angiogênese, citotoxicidade e dor. Esta
citocina tem importante papel no recrutamento de neutrófilos para o sítio inflamatório, pois
36
promove a síntese e a liberação de fatores quimiotáticos, como as quimiocinas, tanto pelas
células endoteliais quanto pelas células residentes, além de participar da expressão de
moléculas de adesão, endoteliais e da interação entre estas moléculas.
23
As quimiocinas por sua vez, compreendem uma família de fatores secretados por
leucócitos e células endoteliais em resposta ao dano tecidual e a outros mediadores
inflamatórios. São pequenas proteínas quimioatraentes que interagem fisicamente com os
componentes da matriz extracelular, controlando a migração de leucócitos.
25, 1
As duas maiores famílias de quimiocinas são do grupo CXC e CC, cuja atividade
difere quanto à capacidade de estimular diferentes tipos de células efetoras. As
quimiocinas CXC como a IL-8, o peptídeo ativador de neutrófilos (NAP)-2, o fator
plaquetário (PF)-4, o peptídeo ativador de neutrófilos derivado de células epiteliais (ENA)-
78, atraem preferêncialmente neutrófilos para o sítio inflamatório. Enquanto que as
quimiocinas CC (α-quimiocinas) como a eotaxina, a citocina regulada sob ativação que é
expressa e secretada por células T normais e a proteína quimiotática para monócitos
(MCP)-4 ativam predominantemente eosinófilos, basófilos, linfócitos e monócitos.
25
Os fatores estimuladores de colônias (CSF) não apenas estimulam a proliferação de
determinadas células progenitoras comprometidas, como também induzem diferenciação
irreversível. O GM-CSF (fator de estimulação de colônias de granulócitos-macrófagos),
que é produzido por muitos tipos de células, influencia pelo menos cinco das oito
linhagens de desenvolvimento de células sanguíneas. O G-CSF (fator de estimulação de
colônias de granulócitos) é produzido principalmente por monócitos, fibroblastos e células
endoteliais e controla primariamente o desenvolvimento dos neutrófilos.
18,
15
1.1.5.4. Metabólitos do ácido araquidônico
A partir do ácido araquidônico são formados os eicosanóides pelas vias
ciclooxigenase (COX) e lipoxigenase. Estas enzimas são responsáveis pela síntese de
37
importantes mediadores da inflamação (PGs, tromboxanos e leucotrienos), conforme a
Figura 03.
26
Os tromboxanos e PGs são chamados prostanóides e obtidos pela via COX.
Atualmente são conhecidas três ciclooxigenases: COX-1, COX-2 e COX-3. A COX-1 é
constitutiva, ocorrendo na maioria das células, provável responsável pela homeostasia
normal. A COX-2 é induzida em células inflamatórias, sendo alvo de estudos para
antiinflamatórios. Estudos mostram a importância da COX-2 na hemodinâmica real e
provável envolvimento em processos neoplásicos. A COX-3 é expressa em maior
quantidade no córtex cerebral e no coração. O acetaminofeno (Paracetamol) e alguns
analgésicos-antipiréticos têm ação seletiva sobre essa isoforma.
26
As PGs atuam sobre nociceptores polimodais (NPM), principais neurônios
sensoriais periféricos que respondem aos estímulos nóxicos. A maioria dos NPM é
formada por fibras C não mielinizadas que respondem a estímulos térmicos, mecânicos e
químicos. As PGE
2
, PGI
2
e PGD
2
são potentes vasodilatadores intrínsecos. Fazem sinergia
com histamina e bradicinina, contribuindo para aparecimento de eritema nas áreas
inflamadas. Esses prostanóides não causam dor, mas potencializam a ação da bradicinina,
que sensibiliza as fibras C aferentes. A PGE está envolvida na produção de febre. Tem
concentração aumentada no líquor em processos inflamatórios. São liberadas por células
lesadas e intensificam efeitos da histamina e cininas. Sua síntese é inibida no hipotálamo,
causando ação antipirética. As PG podem apresentar ação moduladora em processos
inflamatórios, agindo sobre células inflamatórias, diminuindo a atividade. A PGE
2
diminui
a liberação de enzimas lisossomais e a produção de metabólitos tóxicos do oxigênio, tendo
utilização clínica em medicamentos contra hemorragia pós-parto, prevenção de úlcera
péptica, desobstrução artérias em recém-nascidos com malformações congênitas, inibição
de agregação plaquetária, glaucoma de ângulo aberto e em outras patologias.
3, 18
38
Os tromboxanos são mediadores originados também da via ciclooxigenase. Nas
plaquetas é sintetizado o tromboxano A
2
. Seus efeitos principais são a vasoconstrição de
arteríolas e veias, agregação plaquetária e alteração da resistência vascular dos pulmões
junto a outras substâncias.
3
Os leucotrienos são produtos das vias de lipoxigenase que são enzimas solúveis
localizadas no citosol e encontradas nos pulmões, plaquetas, mastócitos e leucócitos. Os
leucotrienos estimulam a liberação de citocinas nos macrófagos e linfócitos. Podem causar
aderência, quimiotaxia, ativação de polimorfonucleares e estimular a proliferação de
macrófagos e linfócitos. Causam broncoconstrição prolongada.
15
Figura 03
Cascata metabólica do ácido araquidônico e mecânismo de ação dos Antiinflamatórios
não esteroidais e esteroidais. Fonte: http://www.saude forum.com.br/viewtopic.php
39
1.1.5.5. Óxido nítrico (NO)
O óxido nítrico (NO) é um mediador inflamatório bastante versátil, apresentando
efeitos pró e antiinflamatórios. O NO é um radical livre formado endogenamente por uma
família de enzimas. Óxido nítrico sintases (NOS), através da conversão de L-arginina em
L-citrulina. Nos líquidos orgânicos, o NO produzido se oxida produzindo ânions nitrito
(NO
2
-
) e nitrato (NO
3
-
), sequencialmente. Foram identificadas três diferentes isoformas de
NOS em células de mamíferos (produtos de diferentes genes): NOS endotelial (eNOS)
encontrada em células endoteliais, epiteliais e miócitos cardíacos; NOS neuronal (nNOS)
encontrada em neurônios, células musculares esqueléticas e neutrófilos e a NOS induzida
(iNOS), encontrada em macrófagos, hepatócitos e células musculares lisas.
27, 28
As eNOS e nNOS são classificadas como enzimas constitutivas e dependentes de
cálcio, enquanto que a iNOS é classificada como uma enzima induzida, cujas ações
independem de cálcio e pode ser ativada por citocinas pró-inflamatórias, como a IL-1 e
TNF-α. A ativação de todas as enzimas NOS necessita dos seguintes cofatores:
calmodulina, f1avina adenina dinucleotídeo (FAD), f1avina adenina mononucleotídeo
(FMN), tetrahidrobiopterina (THB4) e nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato
reduzida (NADPH).
27
O óxido nítrico tem efeitos disseminados em repostas fisiológicas e inflamatórias.
Nas células endoteliais, o NO produzido, difunde-se rapidamente para fora das células de
origem para as células musculares lisas subjacentes, provocando relaxamento e,
conseqüentemente, vasodilatação (Figura 04). A vasodilatação que ocorre no processo
inflamatório, induzida por diferentes agentes flogísticos (bradicinina. histamina, substância
P, serotonina e trombina), é dependente da liberação de óxido nítrico.
29
40
Figura 04 - Relaxamento vascular induzido pela ativação da NOS por diferentes estímulos. Fonte: Sherwood
(2004).
Além de promover o relaxamento da musculatura lisa, o NO desempenha outros
papéis importantes na inflamação. Reduz a agregação e adesão plaquetária, é citotóxico
para determinados microorganismos e células tumorais. Células endoteliais produzem e
liberam NO, após a estimulação por citocinas como MCP-1, IL-1, M-CSF, ICAM-1 e
VCAM-1.
30, 1
A expressão de NOSi é regulada via fator de transcrição nuclear, dentre eles cita-se
o fator de transcrição nuclear kappa beta (NF-kB). Esta enzima pode ser induzida em
células como macrófagos, células endoteliais, células da musculatura lisa vascular e
miócitos cardíacos, após estimulo por LPS, citocinas (IL-1β, TNF-α, IFN-γ, IL-6), entre
outros.
31, 28
1.2. Dor e Nocicepção
A dor foi definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP)
como sendo “uma experiência emocional e sensorial desagradável associada com uma
lesão tecidual real ou potencial ou descrita em termos de tal lesão”.
32
Entretanto, sua
41
percepção é complexa e não envolve apenas a transdução de um estímulo nocivo, mas
também processos emocionais e cognitivos em nosso cérebro.
33
O organismo possui diversos sistemas responsáveis pelo controle da homeostasia,
dentre eles a dor tem papel de destaque, pois atua como um mecanismo de alerta do corpo,
pois “informa” que algo está ameaçando o bem-estar e retém a atenção até que a causa
tenha sido identificada e homeostase restabelecida.
34
Neste sentido, a percepção dolorosa é um sintoma clinicamente importante para a
detecção e avaliação de muitas doenças. Porém, quando persistente, a dor provoca reações
emocionais negativas, tornando-se debilitante e causadora de sofrimento.
33, 35
A dor afeta pelo menos 30% dos indivíduos durante algum momento da sua vida e,
em 10 a 40 % deles, tem duração superior a um dia. Constitui a causa principal de
sofrimento, incapacitação para o trabalho e ocasiona graves conseqüências psicossociais e
econômicas. A incidência da dor crônica no mundo oscila entre 7 e 40 % da população e,
como conseqüência da mesma, cerca de 50 a 60 % dos que sofrem dela ficam parcial ou
totalmente incapacitados, de maneira transitória ou permanente, comprometendo de modo
significativo a qualidade de vida (SBED, 2005).
36
A dor pode ser classificada de acordo com a sua duração, podendo ser designada
como dor transitória ou passageira, dor aguda e dor crônica. A dor transitória é evocada
pela ativação dos nociceptores na pele ou em outros tecidos do corpo, na ausência de
qualquer dano tecidual. Por outro lado, a dor aguda é desencadeada após uma lesão
substancial de algum tecido, com ativação dos nociceptores mesmo após a retirada do
estímulo nocivo original.
32
A lesão altera a resposta característica dos nociceptores, que se tornam
sensibilizados, e respondem mais facilmente a estímulos. Este tipo de dor pode ser
observado após um trauma, intervenções cirúrgicas e algumas doenças. Geralmente a dor
42
aguda persiste por apenas alguns dias ou poucas semanas. As dores que persistem durante
ou após a recuperação dos tecidos são consideradas de caráter crônico. Além disso, a dor
crônica também é caracterizada pela incapacidade do organismo em restabelecer suas
funções fisiológicas.
32
Quanto a sua origem, existem quatro tipos de dor. A dor nociceptiva, que é
originada devido à estimulação excessiva dos nociceptores localizados na pele, vísceras e
outros órgãos. A dor neurogênica, que reflete um dano tecidual neuronal na periferia ou no
Sistema Nervoso Central (SNC) Figura 05.
Outro tipo é a dor neuropática, que acontece devido a uma disfunção ou dano de
um nervo ou grupo de nervos. Por último, a dor pscicológica, que não é oriunda de uma
fonte somática identificável e que pode refletir fatores psicológicos.
37, 38
De modo geral a transmissão da dor envolve uma interação complexa de estruturas
centrais e periféricas desde a pele, vísceras ou outros tecidos até o córtex cerebral.
40
Os
estímulos nocivos tais como calor, frio, compressão intensa ou substâncias químicas
endógenas ou exógenas potencialmente nocivas, ativam as terminações nervosas livres e
periféricas de fibras aferentes sensoriais delgadas do tipo C e Aδ, chamadas de
nociceptores. A ativação dos nociceptores pelos diversos tipos de estímulos nociceptivos
faz com que a informação sensorial seja levada, através das fibras aferentes primárias, ao
Figura 05 - Inflamação neurogênica. Fonte: Lent (2004).
43
SNC para que este a processe e responda adequadamente em cada situação. Essas fibras
são classificadas, de acordo com seu diâmetro, estrutura e velocidade de condução,
essencialmente em três tipos: 1) fibras C: finas, não mielinizadas e de condução lenta; 2)
fibras Aδ: médias, mielinizadas e de condução intermediária e 3) fibras Aβ: espessas,
mielinizadas e de condução rápida (Figura 06).
37, 41
Figura 06 Classificação das fibras de acordo com seu dmetro, estrutura e velocidade de
condução. Fonte: Julius e Basbaum (2001)
33
As fibras descritas acima respondem de maneira diferente aos estímulos inócuos e
agressivos. As fibras Aβ respondem somente ao toque, vibração, pressão e outros tipos de
estimulação sensorial que não sejam nociceptivos, como estímulos mecânicos de baixa
intensidade. A maioria das fibras C são polimodais, isto é, são ativadas por estímulos
nocivos mecânicos ou térmicos e ainda por estímulos nocivos de origem química como
ácidos e a capsaicina. Algumas fibras do tipo C são insensíveis a estímulos mecânicos, mas
respondem a estímulos térmicos de alta ou baixa intensidade.
37,
33
Por sua vez, as fibras Aδ, são conhecidas como mecanotermo nociceptores, ou seja,
fibras responsivas às estimulações nociceptivas mecânicas e térmicas. Além disso, essas
fibras podem ser classificadas em fibras A
δ do tipo I, respondem a estímulos de calor
44
intenso (até 53 °C) e fibras Aδ do tipo II que respondem a temperaturas menores que 43°C.
33, 38
Dentro deste contexto, a sensibilização dos nociceptores pode ocorrer em
decorrência de estímulos térmicos, mecânicos e / ou químicos, o que ocasiona na liberação
local de diversos mediadores químicos, que medeiam ou facilitam a transmissão da
informação ao SNC. Esses mediadores podem ser liberados pelos neurônios sensoriais e
simpáticos e por células não neuronais como plaquetas, leucócitos, células endoteliais,
fibroblastos e células de Schwann. Quando é considerado um quadro crônico, também
participam da transmissão nociceptiva mediadores liberados a partir de células
inflamatórias.
42
Diversos mediadores m sido propostos na gênese e na transmissão da dor,
destacando-se entre eles, os metabólitos derivados do ácido araquidônico (PGs e
leucotrienos), peptídeos (bradicinina, taquicininas, peptídeo relacionado ao gene da
calcitonina, substância P (SP), colecistocinina, peptídeo intestinal vasoativo, serotonina,
citocinas, NO, adenosina trifosfato (ATP), adenosina difosfato (ADP), prótons, entre
outros. Além desse, outros mediadores químicos, tais como os aminoácidos excitatórios
(glutamato, aspartato), acetilcolina, e outros, que podem ser produzidos ou liberados após
lesão tecidual ou ainda por irritantes exógenos (formalina, capsaicina, ácido acético), são
também responsáveis pela multiplicidade de eventos que ocorrem durante a transmissão da
dor, tanto no sistema nervoso periférico quanto central (Figura 07).
33
Alguns mediadores atuam através da interação com receptores acoplados a
proteínas G, desencadeando a formação de segundos mensageiros, como o adenosina
monofosfato-cíclico (AMPc), guanosina monofosfato-cíclico (GMPc), várias classes de
proteínas quinase, inositol trifosfato (IP3), diacilglicerol (DAG), aumento de cálcio
intracelular e ativação de canais iônicos. Estes eventos iniciais induzem a ativação
45
secundária de quinases intracelulares tais como a proteína quinase A (PKA) e PKC. Outros
mediadores da nocicepção ativam diretamente canais iônicos, os quais são capazes de
alterar a permeabilidade da membrana a íons.
33, 43
Figura 07 - Representação esquemática dos fatores responsáveis pela ativação de
nociceptores periféricos. + significa estimula e significa inibe. Adaptado a
partir de Hill (2001).
44
1.3. Terapia da inflamação e da dor
Atualmente, vários medicamentos encontram-se disponíveis para uso clínico como
analgésicos e/ou antiinflamatórios, como os corticosteróides, os opióides e os AINEs. Os
glicocorticóides possuem grande amplitude de ações farmacológicas, dentre elas, seus
efeitos antiinflamatórios e imunossupressores, inibindo tanto as manifestações iniciais
quanto as tardias do processo inflamatório. Apesar destas classes de substâncias
apresentarem excelentes propriedades antiinflamatórias (com exceção dos opióides) e
serem utilizadas na terapêutica clínica, seu uso produz importantes efeitos colaterais. Tal
fato encoraja a busca por substâncias com menos efeitos indesejáveis e com maior
46
seletividade de ação antiinflamatória e/ou analgésica. Em relação aos AINEs, sua principal
molécula-alvo é a enzima COX.
45
A inibição da atividade das COXs (COX-1 constitutiva, COX-2 induzida, ou
ambas) é um dos principais mecanismos de ação de diversos fármacos, analgésicos e
antiinflamatórios, especialmente os AINEs como o ácido acetilsalicílico (Aspirina®) e a
indometacina. Desta forma, seu efeito antiinflamatório deve-se principalmente à inibição
da produção de PGs como a prostaglandina E2 (PGE
2
), PGD
2
e PGI
2
, bem como dos
tromboxanos (TXs).
46
Como a COX-2 é uma enzima expressa por células envolvidas em processos
inflamatórios, foi correlacionada como sendo a maior responsável pela produção de
prostanóides nos processos inflamatórios e dolorosos. A partir daí a busca por inibidores
seletivos de COX-2 se tornou intensa. Assim, foram desenvolvidos inibidores seletivos da
COX-2 da primeira geração, incluindo o celecoxib (Celebrex
®
; Pharmacia), e o rofecoxib
(Vioxx
®
; Merck) que foram aprovados pela “Food and Drug Administration” (FDA) para o
tratamento da artrite. Foram desenvolvidos também os inibidores seletivos para COX-2 de
segunda geração como o valdecoxib (Bextra
®
; Pfizer), etoricoxib (Arcoxia
®
; Merck) e o
lumiracoxib (Prexige
®
; Novartis).
46
Entretanto, um estudo demonstrava que o Vioxx
®
poderia causar sérios eventos
cardiovasculares como ataque cardíaco e infarto.
47
Apesar disto, a comercialização do
Vioxx continuou e após 18 meses de uso contínuo, vários indivíduos experimentaram os
eventos cardiovasculares descritos acima. Fitzgerald (2003)
46
demonstrou que rofecoxib e
o celecoxib reduziam além dos níveis de PGE
2
, os níveis de prostaciclina (PGI
2
).
Anteriormente, a produção da PGI
2
parecia ser realizada somente pela COX-1, entretanto
esta proposição estava completamente errada, uma vez que foi demonstrado que a COX-2
é a principal produtora de PGI
2
.
47
47
A PGI
2
pode causar inibição da agregação plaquetária, indução da vasodilatação e
prevenção à proliferação cardiovascular em células musculares lisas in vitro. Os inibidores
não seletivos de COX inibem tanto síntese de PGI
2
como também de tromboxano A2,
enquanto que os inibidores seletivos da COX-2 inibem somente a produção da PGI
2
. A
produção de tromboxano A
2
fica intacta podendo induzir a agregação plaquetária,
vasoconstrição e proliferação vascular. Em longo prazo a redução da PGI
2
e o aumento da
tromboxano devem predispor os pacientes ao risco de infarto do miocárdio e outros
problemas cardiovasculares. Assim, a Merck anunciou a retirada voluntária do mercado,
em todo o mundo, do medicamento Vioxx
®
, indicado para o tratamento da artrite e dor
aguda.
46
Por outro lado, o mecanismo pelo qual atuam os fármacos antiinflamatórios
esteroidais, como a dexametasona e a hidrocortisona, está relacionado principalmente à
inibição da migração celular para a área afetada, através da supressão da expressão de
moléculas de adesão, ou da indução da síntese de uma proteína inibidora de fosfolipase A2
a anexina-1 (também conhecida como lipocortina-1). Um outro mecanismo de ação dos
corticosteróides ocorre através da ativação de receptores nucleares para glicocorticóides
que regulam a transcrição de alguns genes de resposta primária, incluindo os que
expressam a COX-2 e o óxido nítrico sintase. O complexo esteróide-receptor também é
capaz de promover inibição da transcrição de um grande número de citocinas envolvidas
na inflamação crônica, destacando-se principalmente a IL-1 e o TNF-α.
18
Além disso, os corticosteróides podem ainda promover uma repressão da síntese
dos receptores das citocinas, como dos receptores da IL-2.
48, 37
Além destes, outros
mecanismos de ação podem ser evidenciados para drogas analgésicas e antiinflamatórias
como: 1) atuação como falsos substratos: análogos de precursores naturais dos ácidos
graxos podem servir de inibidores competitivos da formação de PGs e produtos da ação
48
das lipoxigenases; 2) Atuação em receptores de mediadores inflamatórios; 3) bloqueio de
canais de cálcio ou inibindo a calmodulina, diminuindo, assim, a liberação de ácido
araquidônico e sua conseqüente metabolização; 4) inibição de espécies reativas de
oxigênio e de nitrogênio e a peroxidação lipídica; atuando também por imunossupressão.
37, 18
1.4. Plantas Medicinais
O uso de plantas medicinais com finalidades terapêuticas é tão antigo quanto a
própria civilização humana e, por um longo tempo, minerais, plantas e produtos animais
foram as principais fontes de drogas destinadas ao alivio das dores e enfermidades.
49
O documento mais antigo que evidencie a utilização de produtos naturais no
tratamento de patologias é o sumeriano, que data aproximadamente 4.000 anos atrás. Este
documento menciona remédios à base de plantas utilizados para o tratamento de diversas
doenças. O papiro de Ebers, espécie de Farmacopéia faraônica, escrita em torno de 1.550
a.C., já se referia aos medicamentos de origem vegetal em mencionava cerca de 700
remédios, entre eles o bulbo de cila, o óleo de rícino e a genciana.
50
O processo cultural de utilização das plantas medicinais na prevenção e cura de
enfermidades é baseada na troca de conhecimentos entre diferentes culturas e da
transmissão desses conhecimentos de geração a geração.
51
Normalmente a utilização
destes agentes terapêuticos é feita por diferentes comunidades como as indígenas,
ribeirinhas, pantaneiras, bem como as comunidades urbanas mais tradicionais, que as
utilizam por se tratar de uma fonte geralmente de fácil obtenção, por apresentar baixo
custo, eficiência na prevenção e no tratamento de doenças, além da falsa idéia de que os
remédios naturais não produzem efeitos colaterais.
52
49
Embora a medicina moderna esteja bem desenvolvida na maior parte do mundo, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que grande parte da população dos
países em desenvolvimento depende da medicina tradicional para sua atenção primária,
tendo em vista que 80% desta população utilizam práticas tradicionais nos seus cuidados
básicos de saúde e 85% destes utilizam plantas ou preparações destas.
53
As plantas, de uma maneira geral, síntetizam diversos produtos naturais bioativos,
devido principalmente a produção de metabólitos secundários.
54
Alguns metabólitos
secundários são essenciais para sobrevivência da espécie, sendo utilizados como
importante mecanismo para atrair polinizadores ou como defesa contra fungos e
predadores.
55, 56
Ou ainda, quando liberados das raízes podem contribuir para a
competitividade contra espécies invasoras.
55, 57
No entanto, além de serem importantes para a manutenção da vida dos vegetais,
estes metabólitos secundários fornecem o substrato para a produção de compostos
biologicamente ativos ou compostos passíveis de modificações e otimizações estruturais
que dão origem a uma diversidade de fármacos. Na área farmacêutica, as plantas e os
extrativos vegetais foram e continuam sendo de grande relevância, tendo em vista a
utilização das substâncias ativas como protótipos para o desenvolvimento de fármacos e
como fonte de matérias-primas farmacêuticas, tanto para a obtenção de fármacos (que são
as substâncias ativas isoladas), como para a obtenção de adjuvantes (produtos utilizados na
formulação de medicamentos) ou, ainda, de medicamentos elaborados exclusivamente à
base de extratos vegetais; os medicamentos fitoterápicos.
58
De acordo com a OMS, das 277 drogas consideradas como essenciais pela
Organização Mundial de Saúde, 11% são originadas de plantas. Dentro deste contexto, o
Brasil é um país privilegiado, por apresentar a maior biodiversidade do mundo, estimada
em cerca de 20% do número total de espécies do planeta. Esse imenso patrimônio genético,
50
escasso nos países desenvolvidos, tem na atualidade valor econômico-estratégico
inestimável em várias atividades, mas é no campo do desenvolvimento de novos
medicamentos onde reside sua maior potencialidade.
59, 60, 61
Estima-se que 40% dos medicamentos disponíveis na terapêutica atual foram
desenvolvidos de fontes naturais: 25% de plantas, 13% de microrganismos e 3% de
animais. Somente no período entre 1983-1994, das 520 novas drogas aprovadas pela
agência americana de controle de medicamentos e alimentos (FDA), 220 (39%) foram
desenvolvidas a partir de produtos naturais. Além disso, aproximadamente 30% dos
medicamentos mais prescritos e vendidos no mundo foram desenvolvidos a partir de
produtos naturais. No caso das drogas anticancerígenas e dos antibióticos, por exemplo,
esse percentual atinge cerca de 60%.
62, 63
Embora apenas cerca de 10% da biodiversidade mundial tenham sido estudadas,
140 mil metabólitos intermediários, oriundos, sobretudo de plantas superiores e de
microrganismos, foram isolados e caracterizados, mas ainda não foram avaliados
biologicamente.
64
O interesse pela biodiversidade para a produção de medicamentos
aumentou sensivelmente com a conclusão do genoma humano, uma vez que o número de
possíveis alvos terapêuticos aumentou de cerca de 500 para mais de 6.000.
61
Atualmente, as maiores indústrias farmacêuticas mundiais possuem programas de
pesquisa na área de produtos naturais, pois oferecem, entre outras, as seguintes vantagens:
grande quantidade de estruturas químicas, muitas delas, complexas; muitas classes de
estruturas homólogas; estruturas químicas di e tridimensionais; possibilidade de utilização
como banco de moléculas para ensaios de alta velocidade; economia de tempo e recursos;
fonte de pequenas moléculas para alvos moleculares complexos e, mais importante,
capazes de serem absorvidas e metabolizadas pelo organismo.
65
51
Outro emprego importante da biodiversidade refere-se à produção de
fitomedicamentos, também conhecidos como fitoterápicos. Segundo a Resolução RDC
48/04 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA, fitoterápico, é todo
medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. É
caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela
reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança é validada
através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização, documentações
tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos fase 3. Não se considera medicamento
fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer
origem, nem as associações destas com extratos vegetais.
66
Na sua maioria, os constituintes químicos responsáveis pela atividade
farmacológica são pouco conhecidos e acredita-se que a ação farmacológica desses
produtos envolva a interação de inúmeras moléculas presentes no extrato. No entanto, para
que se possa ter controle de qualidade da matéria-prima vegetal e dos medicamentos
fitoterápicos, se faz necessário a padronização dos extratos. A padronização é feita a partir
de identificação da presença de um marcador (componente ou classe de compostos
químicos, que pode ser alcalóides, flavonóides, ácidos graxos, etc.) específico no extrato e
que preferêncialmente tenha correlação com o efeito terapêutico.
66
Enquanto que o mercado farmacêutico mundial de varejo foi de US$ 590 bilhões
em 2005, o mercado mundial dos fitomedicamentos, movimenta cerca de US$ 50 bilhões
anuais.
67
Os países europeus, especialmente a Alemanha, os países asiáticos e os Estados
Unidos, possuem os principais mercados consumidores desses medicamentos. O mercado
brasileiro de fitomedicamentos atingiu, em 2001, cerca de US$ 270 milhões
correspondendo a 5,9 % do mercado brasileiro de medicamentos, maior, portanto, que a
52
comercialização dos medicamentos genéricos que foi de R$ 226 milhões, representando
5% do mercado global brasileiro.
68,
67
O contexto social moderno e a visão econômica dos serviços de saúde, a
necessidade do mercado farmacêutico e o reconhecimento de que a pesquisa envolvendo
plantas medicinais usadas na medicina popular representa um caminho para o
desenvolvimento de novas drogas têm proporcionado um aumento no número de
publicações nesta área, e instituições privadas e governamentais estão financiando projetos
de pesquisa em todo o mundo.
60
Apesar de sustentar-se em história milenar, a infra-estrutura para a pesquisa em
medicina tradicional está muito menos desenvolvida que a de medicina convencional. Até
meados de 2002 dos 191 países membros da OMS, apenas 25 haviam desenvolvido
políticas referentes à medicina tradicional e/ou complementar e alternativa, sendo que o
Brasil não fazia parte deste pequeno grupo. Em 2006 esta realidade no país começa a
mudar, com a implantação de duas grandes Políticas Nacionais: a de Práticas Integrativas e
Complementares no Sistema Único de Saúde (PNPICS) sob a Portaria nº. 971/07 e a de
Plantas Medicinais e Fitoterápicos no SUS (PNPMF), validada pelo Decreto Presidencial
nº. 5813/07 e pelo Programa Nacional MS/08, das responsabilidades oficiais do Ministério
da Saúde.
69
A PNPICS objetiva incorporar e implementar no SUS, com ênfase na atenção
básica, sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos, denominados pela OMS de
medicina tradicional e complementar/alternativas, envolvendo: Medicina Tradicional
Chinesa - Acupuntura, Homeopatia, Termalismo Social e Crenoterapia, Medicina
Antroposófica e Plantas Medicinais e Fitoterapia.
59, 69
53
A PNPMF objetiva garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional
de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o
desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional.
69
Além destas importantes políticas, recentemente o Ministério da Saúde do Brasil
divulgou a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS),
contendo 71 plantas com a finalidade de orientar estudos e pesquisas que possam subsidiar
a elaboração da relação de fitoterápicos disponíveis para uso da população, com segurança
e eficácia para o tratamento de determinada doença.
69
Esta preocupação com implantação de políticas púbicas voltadas para o estudo com
plantas medicinais e fitoterápicos, decorre do fato do Brasil ser o país da megadiversidade,
possuindo 35% das florestas tropicais existentes na Terra, com cerca de 60 mil espécies de
plantas superiores. Até o presente, foram identificadas em torno de 3.000 espécies vegetais
nativas, com potencial para 10 mil, sendo muitas de interesse econômico, como
medicinais, oleaginosas, alimentícias, pesticidas naturais e fertilizantes.
68, 70
No Brasil, as plantas medicinais nativas estão distribuídas nos seis grandes biomas
do país: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pantanal e Campos.
71,
72
Mato Grosso ocupa lugar de destaque no cenário nacional e internacional, por
apresentar três dos principais ecossistemas brasileiros (Pantanal, Cerrado e Floresta
Amazônica). Além disso, conta com diversas comunidades tradicionais, distribuídas em
todo o território, cujos conhecimentos sobre plantas medicinais foram herdados de seus
ancestrais, porém encontra-se em risco de extinção.
73
O Cerrado destaca-se dentre os três biomas mato-grossenses, por ser o único que
está totalmente inserido no território nacional, além de apresentar um vasto potencial de
recursos naturais, destacando-se a flora com a maior diversidade taxonômica dos biomas
brasileiros. Outro fator que importante que contribui para o desenvolvimento de pesquisas
54
relacionadas com plantas medicinais neste ecossistema é a presença de grande diversidade
de comunidades tradicionais formadas principalmente por índios, quilombolas e brancos de
origem portuguesa, cujos conhecimentos sobre plantas medicinais são riquíssimos.
74
1.5. Bioma Cerrado
O Brasil possui seis áreas de grande abundância de plantas nativas, estando entre
elas o bioma Cerrado, que segundo Ribeiro e Walter (1998)
75
, é o segundo maior em área
do país, ocupando 23% do território nacional (dois milhões de km
2
), estando localizado
basicamente no planalto central (Figura 08) e sendo considerado um complexo
vegetacional de grande heterogeneidade fitofisionômica.
O clima deste grande ecossistema caracteriza-se por duas estações bem definidas,
uma seca (de maio a setembro) e outra chuvosa. A precipitação média anual fica em torno
de 1500 mm, variando para mais ou para menos em regiões de transição para outros
biomas. São freqüentes períodos de estiagem, denominados veranicos, no meio da estação
chuvosa. A temperatura média apresenta pequena variação ao longo do ano, mas uma
amplitude diária de mais de 15 °C. Dependendo da região dentro do Cerrado, a temperatura
média anual varia de 21 a 27 °C.
76
O Cerrado típico é constituído por árvores relativamente baixas (até 20 m),
esparsas, disseminadas em meio a arbustos, subarbustos e uma vegetação baixa constituída,
em geral, por gramíneas. Assim, o Cerrado contém basicamente dois estratos: um superior
formado por árvores e arbustos dotados de raízes profundas que lhes permitem atingir o
lençol freático, situado entre 15 a 20 m; e um inferior composto por um tapete de
gramíneas de aspecto rasteiro, com raízes pouco profundas, no qual a intensidade luminosa
que as atinge é alta, em relação ao espaçamento.
77, 76
A típica vegetação que ocorre no Cerrado possui seus troncos tortuosos, de baixo
porte, ramos retorcidos, cascas espessas e folhas grossas. Os estudos efetuados consideram
55
que a vegetação nativa do Cerrado não apresenta essa característica pela falta de água
pois, ali se encontra uma grande e densa rede hídrica mas sim, devido a fatores de solo,
como o desequilíbrio no teor de micronutrientes, a exemplo do alumínio.
76,77
O Cerrado é o mais brasileiro dos biomas sul-americanos, pois, excetuando-se
algumas pequenas áreas na Bolívia e no Paraguai, ele está totalmente inserido no território
nacional. Este bioma é apontado como grande detentor de diversidade biológica, sendo a
formação savânica com maior diversidade vegetal do mundo, especialmente quando se
consideram as espécies lenhosas.
78
Em uma extensa compilação referente à diversidade do Cerrado brasileiro, feita
por, foram apontados, 6.671 táxons nativos, distribuídos em 170 famílias e 1.140 gêneros.
Nesse trabalho ainda são relatados 11 táxons novos, conseqüentes às excursões realizadas
para tal pesquisa. Porém, os autores acrescentam que a flora do bioma Cerrado ainda é
pouco conhecida.
77
Ainda carência de estudos voltados para a identificação de plantas
Figura 08. Biomas brasileiros, com destaque para o Cerrado (em verde). Fonte:
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/AG01/arvore/AG01239112005
85232.html, em 10/01/2009.
76
56
úteis do Cerrado, principalmente quando comparada à diversidade e à área ocupada. O
desconhecimento de sua riqueza e possibilidades se agrava quando estimativas indicam
que cerca de 55% do bioma tenham sido devastado
79
e quando Kaplan et al. (1994)
80
afirmam que o Cerrado possui somente 1,5% de sua extensão protegida por lei, sendo
atualmente a vegetação em maior risco no país. É preciso considerar que os recursos
naturais oferecidos por ele, uma vez extintos, estarão indisponíveis às futuras gerações.
Entre estes, pode-se considerar o recurso terapêutico oferecido pelas plantas
medicinais. Nos últimos vinte anos no Brasil, país com a maior diversidade vegetal do
mundo, o número de informações sobre plantas medicinais tem crescido apenas 8%
anualmente.
81
Isso mostra que em um país biologicamente tão rico, mas com ecossistemas
tão ameaçados, pesquisas com plantas medicinais devem ser incentivadas.
82
Afinal, elas poderiam levar à reorganização das estruturas de uso dos recursos
naturais (em vista da necessidade de sua extração estar associada aos planos de manejo) e à
elevação do PIB, visto que grande tendência mundial de aumento na utilização de
fitoterápicos. Gottlieb e Borin (1994)
83
relatam que possivelmente mais espécies
vegetais (diversidade específica) em áreas amostrais de Floresta Amazônica que nas de
Cerrado de mesmo tamanho, salientando porém que a diversidade taxonômica é certamente
muito maior no último. Esta diversidade é relativa aos táxons mais elevados (gênero,
família e ordem), mostrando a importância do Cerrado para pesquisas com plantas
medicinais. Isto porque, quanto maior for a diversidade taxonômica em níveis superiores,
maior é o distanciamento filogenético entre as espécies e maior é a diferença e diversidade
química entre elas.
83
Por isso, a gama e o potencial de compostos bioativos produzidos pelas espécies do
Cerrado seriam maiores que as da Floresta Amazônica. Isto se evidencia quando Kaplan et
al. (1994)
80
afirmam que, utilizando se o mesmo método de extração fitoquímica,
57
diferenças muito contrastantes, visto que as espécies de Mata Atlântica apresentam
pequeno número de compostos em grandes quantidades e as de Cerrado, grande número de
compostos estreitamente relacionado, mas em quantidades tão pequenas que poderiam
ser identificados por análise espectral. Por essas características o bioma Cerrado deveria
ser considerado área prioritária de pesquisas com plantas medicinais e de conservação
ambiental.
80
1.6. O Gênero Macrosiphonia
O gênero Macrosiphonia foi estabelecido por Muller, em 1860.
84
O nome é
derivado do grego (macro = grande; siphon = tubo) referindo-se ao comprimento do tubo
da corola. Macrosiphonia pertence à família Apocynaceae, que por sua vez esta inserida à
ordem Gentianales, a qual inclui 4.555 espécies em 415 gêneros.
85, 86
As apocináceas ocorrem principalmente em climas tropicais a temperados. No
Brasil ocorrem cerca de 376 espécies, distribuídas por 41 gêneros, habitando diversas
formações.
86
O gênero Macrosiphonia apresenta 10 espécies na América, sendo que 5 espécies
são encontradas no norte e centro do México e sudoeste dos Estados Unidos e, outras 5
espécies, no sudoeste e centro oeste do Brasil, sudoeste do Paraguai, Uruguai, leste da
Bolívia e centro, nordeste e leste da Argentina.
85
As espécies que fazem parte deste gênero são geralmente de pequeno porte, sendo
subarbustos ou arbustos, latescentes, providos de xilopódio. Caule ereto ou ascendente, às
vezes decumbente, cilíndrico. Ramificação oposta na parte inferior, tornando-se alterna na
região superior. Folhas com pecíolo curto e emergências gladulares na base, simples,
opostas ou raramente verticiladas. A inflorescência é terminal, subterminal ou lateral,
racemosa, sempre com poucas flores, sendo estas brancas e nictantes ou vespertinas. Com
relação aos frutos, apresentam folículos apocárpicos, torulosos ou cilíndricos, deiscentes ao
58
longo da sultura ventral. As sementes são ablongas com sulco ventral, apresentando um
tufo de pelos dourados, apical.
85
1.6.1. Macrosiphonia velame (A. St.-Hil.) Müll. Arg.
Macrosiphonia velame é um subarbusto ereto, simples ou ramificado com altura
média de 20 - 40 cm, muito raramente até 1m de altura, seus ramos são densamente albo-
lanatos. Apresenta folhas com pecíolo de 0,2 1 cm de comprimento, lanoso, opostas
cruzadas, oblongo-lanceoloadas, base obtusa e ápice acuminado, lâmina com 3,9 - 6,5 cm e
comprimento e 1 - 4,2 cm de largura, membranácea, inteira, face superior inteiramente
coberta por pelos albo-lanosos, face inferior com nervuras proeminentes e densa lanugem
branco-amarelada.
85,
87
A inflorescência é terminal, com 2 - 6 flores e quando florida, produz látex branco.
Pendúculo com 2 - 8 cm de comprimento, brácteas 2, com 1 - 2 cm de comprimento,
filiformes, pilosas. Cálice com sépalas de 2 -3 cm de comprimento, linear-lanceoladas,
base alargada e ápice acuminado recurvado, extremamente lanosas, internamente glabras
com 7 – 8 escamas. Corola densamente lanosa, parte inferior do tubo com cerca de 2 cm de
comprimento e 1 cm de largura, lacínios de bordos crispados, obovados. Anteras com cerca
de 1 cm de comprimento. Ovário com 3 mm de comprimento, glabro, circundado por
nectários com cerca de 1 mm de comprimento mais ou menos unidos: estilete com 8 10
cm de comprimento e estigma com 0,5 cm de comprimento. Folículo atingindo até 30 cm
de comprimento, toruloso, densamente branco-lanos.
85,
87
Cada flor produz dois frutos alongados verde-avermelhados. Suas sementes têm
cerca de 1 cm de comprimento e tufo de pelos com 2 3 cm de comprimento. Possui raiz
tuberosa e caules normalmente pouco ramificados. O M. velame floresce de outubro a
abril, com grande predominância nos meses de novembro a fevereiro (Figuras 9 e 10). Sua
59
frutificação ocorre entre os meses de janeiro a junho, com maior predominância nos meses
de março e abril.
85, 87
Figura 9 - Macrosiphonia velame em ambiente natural (Cerrado de Acorizal /
MT). Foto: Ribeiro RV (11/2007).
Figura 10 Flor de Macrosiphonia velame, desabrochando de uma vez em
poucos segundos. Fonte: Rodrigues (2001).
87
Macrosiphonia velame ocorre em boa parte de Brasil, é encontrado em Mato
Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, o Paulo e Rio Grande do Sul. Raramente
pode ser encontrado no Uruguai. Seu habitat é o cerrado aberto, seco sujeito ao fogo,
podendo também aparecer em campo e ocasionalmente em floresta de galeria
60
Esta espécie é popularmente conhecida no Brasil pelos nomes de Velame”,
“Velame-branco”, “Velame do campo”, “Velame-grande”, “Losna do campo”,
“Guaranítica”, Boleadinha”, “Barbasco” e “Jalapa-branca”, de acordo com a região em
que se desenvolve.
85,
87
A população de um modo geral utiliza Macrosiphonia velame para fins medicinais.
É indicada para o tratamento de inflamações, gripe, febres e hemorragia, depurativa, anti-
sifilítica, anti-reumática e nas úlceras gástricas. No Estado de Mato Grosso seu uso é bem
difundido na terapia de processos inflamatórios e como depurativo.
87, 72
Apesar de ser uma planta com ampla utilização popular para o tratamento de
diversas doenças, pouco se sabe sobre suas potencialidades terapêuticas, pois até presente
não foram publicados trabalhos científicos envolvendo avaliações farmacológicas,
toxicológicas ou estudos fitoquímicos desta espécie.
Frente ao crescente interesse mundial por pesquisas voltadas para a validação
cientifica do uso de plantas medicinais, bem como o desenvolvimento de fitoterápicos que
sejam eficazes, com baixa toxicidade e com menor custo; além dos incentivos para a
inclusão da medicina tradicional no SUS do Brasil; e ainda pelo grande uso de
Macrosiphonia velame pela população mato-grossense principalmente no tratamento de
processos inflamatórios, bem como a falta de estudos farmacológicos, fitoquímicos e
toxicológicos que comprovem ou não sua eficácia, justificam o presente trabalho.
61
2 – OBJETIVOS
2.1. Geral
Selecionar plantas usadas popularmente no Estado de Mato Grosso, em processos
inflamatórios, para avaliação farmacológica daquela com maior potencial
fitoterápico.
2.2. Específicos
Selecionar plantas mais citadas como antiinflamatórias e com menor quantidade de
estudos farmacológicos com base em trabalhos desenvolvidos na UFMT no período
de 1996 - 2006;
Avaliar a toxicidade aguda de plantas selecionadas para a triagem antiinflamatória;
Proceder a uma triagem antiedematogênica e antinociceptiva de plantas medicinais
usadas em MT, visando à seleção de uma com melhor perfil antiinflamatório;
Proceder à prospecção fitoquímica preliminar do extrato hidroetanólico 75% de
Macrosiphonia velame (EHMv);
Avaliar a atividade antiinflamatória e antinociceptiva do EHMv frente a modelos
animais;
Realizar estudos farmacológicos gerais com o EHMv;
Avaliar a toxicidade subcrônica do EHMv.
62
4 - MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. MATERIAIS
4.1.1. Seres vivos
Foram utilizados camundongos da espécie Mus musculus, variedade Swiss-
Webster, albinos, de ambos os sexos, com idade de 2 a 3 meses, pesando entre 20-35 g,
com variação máxima de 5 g entre os grupos experimentais. Também foram utilizados
ratos da espécie Rattus norvegicus, variedade Wistar, albinos, com idade de 1,5 a 2 meses,
de ambos os sexos, pesando entre 160 e 250 g, com variação máxima de 20 g entre os
grupos experimentais. Todos os ratos e camundongos utilizados nos experimentos foram
fornecidos pelo Biotério Central da Universidade Federal de Mato Grosso.
Para a realização dos ensaios, os animais foram mantidos em gaiolas de plástico de
polipropileno contendo telas anticoprofágicas, em ambiente com temperatura controlada
(22 ± 2 ºC), em ciclo de claro/escuro de 12 h e tratados com ração Purina
®
(Labina) e água
de torneira ad libitum. Antes da realização dos experimentos, os animais permaneciam no
laboratório por um período de adaptação de pelo menos 48 h. Os experimentos foram
conduzidos geralmente entre 7:00 às 18:00 h.
Os experimentos foram realizados de acordo com os princípios éticos da
experimentação animal adotados pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal
(COBEA), após a aprovação pelo Comide Ética em Pesquisa Animal da Universidade
Federal de Mato Grosso (CEPA-UFMT), sob o n° 23108.005276/08-5 (Anexo 1). O
63
número de animais e a intensidade dos estímulos utilizados foram os mínimos necessários
para demonstrar de forma consistente o efeito dos tratamentos.
Para o bioensaio de toxicidade, foram utilizadas Artemia salina Leach adquiridas
em lojas de pesca.
4.1.2. Drogas e Reagentes
Todas as substâncias utilizadas nos ensaios farmacológicos foram de pureza
analítica, com exceção da heparina sódica, pentabiótico veterinário, Solução de Turck e
Meperidina (Quadro 01).
4.1.3. Equipamentos
Os equipamentos utilizados para a realização dos ensaios farmacológicos,
toxicológicos e fitoquímicos encontram-se relacionados no Quadro 02.
64
Quadro 01 - Relação das drogas, reagentes, corantes e suas marcas.
Substância Fabricante
Acetona P.A. PRO ANALYSI
Ácido acético glacial P.A. SYNTH
Álcool etílico absoluto P.A. REAGEN
Azul de Evans FLUKA
Bicarbonato de sódio P.A. MERCK
Capsaicina SIGMA
Carragenina tipo IV (lâmbda) SIGMA
Carvão ativo em pó REAGEN
Ciproeptadina SIGMA
Cloreto de acetilcolona SIGMA
Cloreto de sódio P.A. INDEX
Cloridrato de clorpromazina (Amplictil®) AVENTIS
Cloridrato de meperidina (Dolantina®) HOECHST
Cloridrato de morfina (Dimorf®) CRITÁLIA
Cloridrato de noradrenalina SIGMA
Dexametasona SIGMA
Dextrana 40 SIGMA
Diazepam (Dimorf®) CRISTÁLIA
Éter etílico P.A. SYNTH
Formalina SIGMA
Goma arábica SIGMA
Heparina sódica (Liquemine®) ROCHE
Hidrato de cloral MERCK
Hostacerin ncb
®
PHARMASPECIA
Indometacina SIGMA
Levedura de cerveja SIGMA
Óleo de Croton SIGMA
Pentabiótico veterinário
CRISTALIA
Solução de TURCK
IMBRALAB
Sulfato de atropina SIGMA
Tetracetato de etilenodiamina dissódico (EDTA dissódico) SIGMA
Tiopental Sódico (Thiopentax) CRISTÁLIA
Tween 80 SIGMA
65
Quadro 02 – Relação dos equipamentos e de suas respectivas marcas.
Equipamento Fabricante
Aparelho de placa quente – Hot Plat DS37 UGO BASILE
Aparelho Rota-Rod LI 8200 LETICA
Balança analítica Q-500 L210 C QUIMIS
Balança eletrônica de precisão modelo 500 BEL
Bomba de vácuo TE-058 TECNAL
Câmara de Neubauer INLAB
Centrífuga 4239 R ALC
Destilador QUIMIS
Espectrofotômetro Spectronic Genesys 5 MILTON ROY
Estufa de secagem MARCONI
Evaporador Rotativo MA 120 MARCONI
Gaiolas metabólicas 3700 M071 TECNIPLASTIC
Microcomputador Pentium 400Mhz ADC
Microscópio Óptico E200 NICON
Moinho de facas TE 625 TECNAL
Pipeta automática 10-1000
µ
L
EPPENDORF
Pletismômetro completo modelo 7150 UGO BASILE
Tail – Flick (Analgesimetro) DS-20 UGO BASILE
Termômetro clínico digital BD
Transdutor de pressão Arterial TP-03 AMPERE
4.2. MÉTODOS
4.2.1. Protocolo Experimental
Na Figura 11 encontra-se esquematizado o fluxograma utilizado para
seleção das plantas medicinais, obtenção do extrato, triagens
farmacológicas, ensaios farmacológicos, toxicológicos e análises
fitoquímicas.
66
FIGURA 11
Fluxograma do protocolo experimental. EHXa - Extrato hidroetanólico de Xylopia
aromatica, EHMv - Extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame, EHOh - Extrato
hidroetanólico de Oxalis aff. hirsutissima, EHPr - Extrato hidroetanólico de Palicourea
rigida, EHEg- Extrato hidroetanólico de Eriotheca gracilipes, EHSp - Extrato hidroetanólico
de Strychnos pseudoquina, EHDf - Extrato hidroetanólico de Duguetia furfuracea
.
EHXa
Entrecas
ca
EHMv
Xilopódio
EHEg
Entrecasca
EHSp
Entrecasca
EHOh
Folhas
Triagem antiedematogênica com os extratos
(Edema de pata por carragenina)
Abordagem
fitoquímica
Testes
antiinflamaórios
Avaliação
toxicológica
subcrônica
Extrato selecionado com base no perfil farmacológico preliminar
EH
Mv
Pré-seleção das plantas e coleta do material botânico
Preparo dos extratos hidoetanólicos 75%
EHMv
Xilopódio
EHSp
Entrecasca
Triagem antinociceptiva (contorções por ácido acético) com
os extratos selecionados no
teste da carragenina
EHPr
Folhas
EHDf
Folhas
EHPr
Folhas
Testes
antinociceptivos
Testes
farmacológicos
gerais
Pesquisa bibliográfica em bases de dados
Palavras-chaves ponderadas
(
Estudos de toxicidade aguda com os extratos pré-selecionados
Plantas citadas e ranqueamento
67
4.3. Seleção das plantas e preparo do material botânico
4.3.1. Seleção das plantas
Para a seleção das plantas submetidas à triagem antiinflamatória e antinociceptiva,
realizou-se, inicialmente, um levantamento etnofarmacobotânico, consultando trabalhos de
conclusão de curso de Biologia do Instituto de Biociências, dissertações e teses defendidas
nos Programas de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente do Instituto de Saúde Coletiva e
em Ciências da Saúde da Faculdade de Ciências Médicas, todos da Universidade Federal
de Mato Grosso - UFMT, publicados no período de 1996 2006, referidas como úteis no
tratamento de processos inflamatórios.
Num segundo momento, foi realizado um ranqueamento das espécies mais citadas.
Essas foram submetidas à pesquisa bibliográfica em bases eletrônicas (Lilacs, Medline e
Scielo), resumos de eventos científicos (Reunião Anual da Federação de Sociedades de
Biologia Experimental – FeSBE, Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil – SPMB,
Congresso Brasileiro de Farmacologia e Terapêutica Experimental SBFTE e Anais do
Encontro de iniciação Científica da UFMT), de modo a eliminar aquelas estudadas
como antiinflamatórias e antinociceptivas.
4.3.2 Coleta e identificação botânica
As plantas utilizadas no presente estudo foram coletadas pelos alunos de Mestrado
em Ciências da Saúde (Área de Farmacologia), Reginaldo Vicente Ribeiro e Marcondes
Alves Barbosa da Silva, pelos técnicos de Laboratório Ivan da Costa Lopes e Libério
Amorim Neto, do Departamento de Botânica e Ecologia (BOTECO) do Instituto de
Biociências (IB), da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e Ms. Joaquim
Corsino da Silva Lima, da Área de Farmacologia da Faculdade de Ciências Médicas da
UFMT.
68
No Quadro 3 são apresentadas as plantas coletadas nos dias 07 de dezembro de
2007 (Eriotheca gracilipes (Chum) Robyns, Oxalis aff. hirsutissima Mart. ex. Zucc.,
Strychnos pseudoquina A. St. Hil. e Xylopia aromatica (Lam.) Mart.) e 12 de dezembro de
2007 (Duguetia furfuracea (St. Hil.) Benth. & Hook., Macrosiphonia velame (A. St.-Hil.)
Müll. Arg. e Palicourea rigida Kunth.) para a triagem farmacológica, identificadas pela
Profª.
Drª. Rosilene Rodrigues Silva, do Departamento de Botânica e Ecologia do Instituto
de Biociências da UFMT e cujas exsicatas encontram-se depositadas no Herbário Central
da UFMT.
Quadro 3. Plantas coletadas para a triagem farmacológica.
Nome científico
Parte
coletada
Local da Coleta
Coordenadas
Geográficas
Exsicata
Duguetia furfuracea
(St. Hil.) Benth. &
Hook.
Folhas Acorizal-MT,
próximo à MT-010
S 15° 07’ 172’
W 56° 20’ 420
38.624
Eriotheca gracilipes
(Chum) Robyns
Entrecasca Fazenda Terezinha,
Serra de São Vicente
– Cuiabá-MT
S 15º 50,957´ W
54º 20,302
38.625
Macrosiphonia
velame (A. St.-Hil.)
Müll. Arg.
Xilopódio Acorizal-MT,
próximo à MT-010
S15°04´17.3";
W56°20´55.5"
38.289
Oxalis aff.
hirsutissima Mart.
ex. Zucc.
Folhas Fazenda Terezinha,
Serra de São Vicente
– Cuiabá-MT
S 15º 50,957´ W
54º 20,302
38.622
Palicourea rigida
Kunth.
Folhas Acorizal-MT,
próximo à MT-010
S 15° 07’ 172’
W 56° 20’ 420
38.623
Strychnos
pseudoquina A. St.
Hil.
Entrecasca Fazenda Terezinha,
Serra de São Vicente
– Cuiabá-MT
S 15º 50,957´ W
54º 20,302
38.621
Xylopia aromatica
(Lam.) Mart.
Entrecasca Fazenda Terezinha,
Serra de São Vicente
– Cuiabá-MT
S 15º 50,957´ W
54º 20,302
38.620
4.3.3. Obtenção dos extratos brutos
69
Os extratos brutos foram preparados nos Laboratórios de Farmacologia de Produtos
Naturais, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da UFMT, sob a supervisão do Prof.
Dr. Domingos Tabajara de Oliveira Martins.
A parte usada de cada planta foi limpa, seca à temperatura ambiente e triturada em
moinho elétrico (tamis 5 mm). Ao pó resultante foi adicionado o solvente água/etanol 75%
(v/v), na proporção de 1:3 (p/v), deixando-se em maceração por 7 dias. Após, o material
foi filtrado em papel de filtro e concentrado em evaporador rotativo sob uma pressão
constante de 600 mmHg e a uma temperatura de 50 °C, sendo o solvente residual
eliminado em estufa a 40° C, durante 72 h.
Cada extrato, assim obtido, foi envasado em frasco âmbar e mantido em geladeira
a 4 ± 1°C. No momento de uso, cada extrato foi dissolvido em veículo para a concentração
desejada.
4.3.4. Determinação do peso seco
Três alíquotas de 100 mg de cada extrato bruto foram retiradas e colocadas em
frascos-ampola previamente tarados, secas em estufa à aproximadamente 60 °C por 48 h e
pesadas sucessivamente em balança analítica, até obtenção de peso constante. As
concentrações relativas de cada extrato foram expressas em %, foram obtidas pela média
aritmética dos três últimos pesos.
4.3.5. Determinação do rendimento
A determinação do Rendimento (R %) de cada extrato foi realizada utilizando-se a
seguinte fórmula:
R = Peso seco(g/g) x quantidade de extrato obtido (g) x 100
Quantidade total de pó obtido (g)
70
4.3.6. Abordagem fitoquímica preliminar
Procedeu-se a análise química por via úmida, apenas para o extrato hidroetanólico
75% de Macrosiphonia velame (A. St.-Hil.) Müll. Arg. (EHMv), em função de apresentar o
melhor perfil farmacológico na triagem antiinflamatória e antinociceptiva inicial.
A abordagem fitoquímica do EHMv foi realizada com base em testes de coloração e
precipitação preconizado por Matos (1988)
88
, no Laboratório de Farmacognosia, da
Universidade de Cuiabá (UNIC), com a colaboração da Prof.ª Ms Ângela Márcia Selhorst
e Silva Beserra e coordenada pelo Prof. Dr Domingos Tabajara de Oliveira Martins,
descrita sumariamente como segue:
Alcalóides Caracterizados pela formação de precipitado floculoso com pelo menos
dois dos seguintes reagentes: Hager (solução saturada de picrato de sódio); Meyer
(iodomercurato de potássio) ou Dragendorf (iodobismutato de potássio).
Triterpenóides e Esteróides (Lieberman Burchard test): esteróides caracterizados por
uma coloração azul esverdeada e triterpenos por uma cor vermelha quando uma solução
clorofórmica do extrato é tratada com anidrido acético e gotas de ácido sulfúrico.
Antraquinonas: coloração vermelha na fase aquosa quando solução etérea é agitada
com NH
4
OH 6N.
Flavonas, Flavonóis e Xantonas: cor amarela em pH 11; cor vermelha na presença de
Mg/HCl.
Propriedade Tânica: reação de coloração e precipitação com cloreto férrico ou
albumina.
Saponinas: produção de espuma persistente por agitação da solução aquosa do EHMv.
71
4.4. Avaliação Toxicológica Aguda
4.4.1. Bioensaio com Artemia Salina Leach
89
Os cistos de Artemia salina Leach foram acondicionados em um recipiente
contendo água marinha artificial (sal marinho 3%), mantidos ao abrigados da luz à
temperatura de 25°C e com aeração contínua, por meio de uma bomba de ar de aquário.
Decorridos 48 h, procedeu-se a contagem das larvas em estágio de náuplio, colocando-as
em recipiente próximo a uma fonte de luz, e com a ajuda de pipeta automática de 10 µL,
foram retiradas aquelas larvas com bastante movimentos, depositando-as em tubos de
ensaio (10 larvas/tubo). Foram preparados tubos de ensaio, em triplicata, num volume final
de 10 mL, para teste dos extratos nas concentrações de 0,1, 10, 60, 100, 300, 600, 1.000,
2.500 e 5.000 µg/mL usando-se como padrão o sulfato de quinidina (controle positivo), e o
próprio sal marinho 3% como controle negativo.
Após 24 h, com auxílio de uma lupa estereoscópica, realizou-se a contagem das
larvas mortas (sem movimentos) e vivas (com movimentos), para cálculo da percentagem
de larvas mortas, usando-se a média de cada triplicata e assim determinar a Concentração
Letal Mediana 50 - CL
50
, com intervalo de confiança de 95%.
4.4.2. Teste hipocrático
90,91
Foram utilizados camundongos albinos Swiss-Webster pesando entre 25-30g.
Testou-se quatro doses de cada planta (500, 1.000, 2.000 e 5.000 mg/kg), para avaliação de
cada dose utilizou-se um grupo com quatro animais cada, sendo que três deles receberam
por via oral o extrato e o quarto recebeu o veículo (10 mL/kg). Todos os animais foram
observados individualmente em campo aberto após a administração do extrato, nos tempos
0 (antes) e 15, 30 min. 1, 2, 4 e 8 h e, uma vez, a cada dia, por um período de 14 dias, de
72
acordo com a resolução - RE 90 de 2004 da Anvisa.
92
Os resultados das observações
comportamentais gerais foram anotados em tabela adaptada do trabalho de Malone.
90
4.4.3. Dose letal mediana (DL
50
)
93
O EHMv foi administrado por via oral nas doses de 3.000, 4.000, 4.500 e 6.000
mg/kg. Para tanto, cada dose foi testada em um grupo de 10 camundongos (5 machos e 5
fêmeas) cada, pesando 25 30 g. Decorridas 24 h, foi contado o número de animais
mortos, expressos em termos percentuais, por sua vez corrigidos nos dois extremos de
doses, utilizando-se as fórmulas N– 9,75/N x 100 e N-0,25/N x 100, onde N é o número de
animais no grupo, para 0 % e 100% de letalidade, respectivamente, transformados em
probitos e plotados na ordenada contra o logarítimo das doses na abcissa. A DL 50 foi
calculada por extrapolação, através da reta de regressão linear, do valor de probito igual a
5,0 no eixo das doses. O desvio padrão da média (EPM) foi calculado utilizando-se a
fórmula: DP = 2 S / 2 N , onde 2 S representa a diferença entre os probitos 4,0 e 6,0 (
16 e 84 % , respectivamente) e N, o total de animais dos grupos compreendidos entre os
probitos 3,5 e 6,5 ( 6,7 e 93,3 %, respectivamente).
4.4. Triagens Farmacológicas
Para seleção da planta com melhor perfil antiinflamatório e antinociceptivo os
extratos brutos hidroalcoólicos foram testados por via oral, no modelo de inflamação aguda
induzida por carragenina 1%, sendo que os extratos que apresentaram melhor atividade
antiedematogênica foram conduzidos a uma triagem antinociceptiva pelo modelo de
contorções abdominais induzidos por ácido acético 0,6%.
As doses usadas nos experimentos foram determinadas com base no resultado do
teste hipocrático (a dose máxima nunca superior a 1/5 da menor dose que causou letalidade
73
neste teste), desta forma padronizou-se as doses de 20 e 200 mg/kg para as triagens
antiinflamatória e antinociceptiva, e 50, 200 e 800 mg/kg para os demais experimentos. A
indometacina (droga padrão) foi usada, na dose de 10 ou 5 mg/kg, v.o., respectivamente.
4.4.1. Edema de pata por carragenina
94
Para a triagem antiedematogênica dos extratos, utilizou-se o modelo de edema de
pata induzido por carragenina 1% (p/v). Para isso, foram utilizadas ratas albinas (Rattus
novergicus) da linhagem Wistar, pesando entre 180 – 200 g, distribuídas aleatoriamente em
grupos de 8, mantidas em jejum por 18 h , com livre acesso à água. Uma hora antes da
injeção intradérmica de 100 µL de carragenina 1% na pata traseira esquerda, os animais
receberam por via oral, veículo (10 mL/kg), indometacina (10mg/kg) e 20 ou 200 mg/kg de
extratos hidroetanólicos 75% das entrecascas de Xylopia aromatica (EHXa), Eriotheca
gracilipes (EHEg) e Strychnos pseudoquina (EHSp), das folhas de Oxalis hirsutissima
(EHOh), Duguetia furfuracea (EHDf) e Palicourea rigida (EHPr) e do xilopódio de
Macrosiphonia velame (EHMv). A pata direita contralateral recebeu igual volume de salina
0,9% e o edema foi mensurado em Pletismógrafo, nos tempos 0, 1, 2, 3 e 4 h após a injeção
do agente flogístico. A diferença entre os volumes das patas (mL) foi tomada como medida
do edema.
4.4.2. Teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético
95
Foram utilizados camundongos machos, 25 30 g, em jejum de ração por 18 h,
aclimatados por 2 dias, a uma temperatura de 25 ± 1°C, em local isento de ruídos e com
acesso apenas ao pesquisador, tratados por via oral, com veículo, 20 e 200 mg/kg de
EHPr, EHSp e EHMv ou 5 mg/kg de indometacina. Após 1 h, foi injetado em cada animal
10 mL/kg de ácido acético 0,6%, diluído em salina 0,9 % e, as contorções abdominais
(writhings), contadas durante os 30 minutos subsequentes. As contorções abdominais
74
consistiam de ondas de constrição e alongamento, passando caudalmente ao longo da
parede abdominal, acompanhadas por contorção do tronco e extensão das patas traseiras.
4.5. Estudo da atividade antiinflamatória
4.5.1. Edema de pata induzido por dextrana
94
Foram utilizados 40 Ratos albinos (Rattus novergicus) da linhagem Wistar,
pesando entre 180 200 g, distribuídas aleatoriamente em 5 grupos de 8, mantidos em
jejum por 18 h e água ad libitum. Os animais foram pré-tratados por via oral com veículo
(água destilada, 10 mL/kg), EHMv nas doses de 50, 200 e 800 mg/kg ou Ciproeptadina
(5mg/kg). Após 1 h, os animais receberam uma injeção subplantar na pata traseira
esquerda de 0,1mL de dextrana 1,5% (p/v) em salina. A pata contralateral recebeu igual
volume de salina 0,9%. Os volumes de ambas as patas foram medidos em pletismômetro
nos tempos 0, 30, 60 e 120 min após a indução do edema. A diferença entre os volumes
das patas (mL) foi tomada como medida do edema.
4.5.2. Dermatite tópica por óleo de Croton
96
Foram utilizados cinco grupos de 8 camundongos pesando entre 28 ± 2g, sendo
estes tratados topicamente, em cada uma das orelhas, com 20 µL de veículo (água
destilada), 1; 10; 100 µg do EHMv e 5 µg de dexametasona. Estes grupos foram
incorporados ou não em formulação de hostacerin ncb
®
. Após 30 min, cada animal recebeu
na face interna da orelha direita, 20 µL de óleo de Croton em acetona 5 mg/mL (100 µg/
orelha), sendo administrado na orelha esquerda igual volume de acetona. Após 6 h da
aplicação do agente irritante, os animais foram eutanasiados por deslocamento cervical e
ambas as orelhas extirpadas na base (diâmetro de 6 mm) e pesadas em balança analítica. A
75
extensão do edema foi expressa em termos da diferença de peso entre a orelha edemaciada
e a orelha tratada com veiculo (acetona).
4.5.3. Pleurisia induzida por carragenina
97
A pleurisia foi produzida pela injeção intrapleural 0,1 mL de uma suspensão de
carragenina a 2% (p/v). Para isto, foram utilizados 40 ratos albinos (Rattus novergicus) da
linhagem Wistar, pesando entre 180–200 g, distribuídos aleatoriamente em 5 grupos de 8,
mantidos em jejum por 18 h e água ad libitum. Os animais receberam por via oral o veículo
(1 mL/100g, p.c.), EHMv nas doses de 50, 200 e 800 mg/kg ou 0,5 mg/kg de
dexametasona, 1 h antes da injeção do agente flogístico. Após 6 h, os animais foram
anestesiados com éter etílico, a cavidade torácica aberta, e o exsudato pleural coletado por
aspiração e o volume aferido em proveta de 10 mL. Utilizou-se o tetracetato de
etilenodiamina dissódico (EDTA) a 0,1% (p/v) em salina 0,9%, para lavagem da cavidade
torácica e ajuste do volume final do exsudato (10 mL). A seguir, procedeu-se a
homogeneização do exsudato presente no tubo de ensaio, por inversão suave, e retirando-se
de cada frasco uma alíquota de 50 µL, a qual foi diluída com 950 µL de solução de Turck
diluído em salina 0,9% (1:20). A contagem do número de leucócitos totais foi realizada
através do hemocitômetro de Neubauer e determinada pela expressão: LT = LC x 0,25 x
10
6
, onde:
LT = número de leucócitos totais (em milhões);
LC = número de leucócitos contados.
4.5.4. Pirexia induzida por levedura de cerveja
98
Neste experimento foram utilizados 56 ratos albinos pesando entre 160 e 180 g,
distribuídos aleatoriamente em 7 grupos de 8, mantidos em jejum por 18 h e água ad
libitum, aclimatados por 2 dias, a uma temperatura de 25 ± 1°C, em local isento de ruídos e
com acesso apenas ao pesquisador. Os animais receberam por via s.c. 5 mL/kg de uma
76
suspensão de levedura de cerveja a 20% em salina 0,9% (p/v). Após 21 h (tempo zero) da
administração do agente pirético, a temperatura retal foi monitorada durante 1 minuto com
um termômetro clínico inserido 3 cm na ampola retal. Imediatamente após, o veículo,
EHMv (50, 200 e 800 mg/kg) ou 30 mg/kg de diclofenaco de sódio foram administrados
por via oral, e as temperaturas retais aferidas em 1, 2 e 3 h após os tratamentos.
Outro grupo também com 8 ratos, recebeu por via s.c. 5 mL/kg de salina 0,9%
estéril, ao invés de levedura de cerveja. Após o tempo preconizado, administrou-se por via
oral o veículo e o EHMv na dose de 200 mg/kg, e as temperaturas retais tomadas.
4.6. Estudo da atividade antinociceptiva
4.6.1. Teste da formalina
99,100
Para realização deste experimento, foram utilizados camundongos machos, pesando
entre 25 30 g, em jejum de ração por 18 h, aclimatados por 2 dias, a uma temperatura de
25 ± 1°C, em local isento de ruídos e com acesso apenas ao pesquisador. Os animais foram
distribuídos aleatoriamente em 5 grupos de 8 por gaiola. Os animais receberam por via oral
o veículo (0,1 mL/10g, p.c.), EHMv (50, 200, 800 mg/kg), indometacina (10 mg/kg) ou
cloridrato de morfina (10 mg/kg). Uma hora após, cada camundongo recebeu por via
subplantar (s.c.), 20 µL de solução de formaldeído 2,5 % em salina 0,9 %, na pata posterior
esquerda. Imediatamente, os animais foram colocados sob uma redoma de vidro espelhado
e o tempo despendido lambendo ou mordendo a pata injetada foi cronometrado durante os
5 minutos iniciais (1ª fase) e no intervalo de 20 30 min (2ª fase) que se seguiu à injeção
do agente algésico.
4.6.2. Teste da capsaicina
101
Nesse ensaio foram utilizados camundongos machos, 25 30 g, em jejum de ração
por 18 h, aclimatados por 2 dias, a uma temperatura de 25 ± 1°C, em local isento de ruídos
77
e com acesso apenas ao pesquisador. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em
grupos de 10 cada e tratados oralmente com veículo (10 mL/kg), EHMv (50, 200 e 800
mg/kg) 1 h antes da capsaicina e com morfina (5 mg/kg, s.c.) 30 min. antes. Cada animal
foi colocado individualmente sob um funil de vidro transparente, por um período de
adaptação de, no mínimo, 20 min. Após o intervalo de tratamento os animais receberam 20
µl de capsaicina (1,6 µg/pata), injetada na região subplantar da pata posterior direita, sendo
que o tempo que o animal permaneceu lambendo ou mordendo a pata injetada com
capsaicina foi cronometrado durante 5 minutos e considerado como indicativo de dor.
4.6.3. Teste da placa quente
102
A atividade antinociceptiva do EHMv também foi analisada pelo teste da placa
quente ou “hot plate”. Para isso, foram utilizados camundongos albinos do sexo feminino,
pesando 28 ± 2 g, com água a vontade, aclimatados por 2 dias, a uma temperatura de 25 ±
1°C, em local isento de ruídos e com acesso apenas ao pesquisador. Estes foram colocados
dentro de um cilindro de vidro sobre a superfície de uma placa de metal previamente
aquecida à 56 ± C. O tempo em segundos que o animal levou para lamber, morder ou
levantar as patas dianteiras ou traseiras sobre a placa quente foi cronometrado e
considerado como indicativo de efeito nociceptivo. Cada animal foi selecionado com 24 h
de antecedência ao experimento de acordo com sua reatividade ao modelo, sendo
desprezados aqueles que permaneceram por mais de 8 s na placa aquecida sem reagir ao
estímulo térmico.
Após a pré-seleção, os camundongos foram distribuídos aleatoriamente em 5
grupos de 8 animais cada e no dia seguinte, depois de ficarem 18 h de jejum os animais
foram pré-tratados por via oral com veículo (10 mL/kg), EHMv (50, 200 e 800 mg/kg) ou
morfina (5 mg/kg, s.c.), 60 e 30 min antes do experimento respectivamente. Foi realizada
uma leitura basal e após 30, 60, 120 e 180 min dos tratamentos. A permanência dos
78
animais sobre o parelho de placa quente foi permitida até um tempo máximo de 30 s,
evitando-se assim injúria tecidual decorrentes de possíveis queimaduras.
4.6.4. Teste da retida de cauda
103
A atividade analgésica central do EHMv também foi avaliada pelo teste de “tail-
flick”. Para isso, utilizou-se 40 ratos machos da linhagem Wistar (Rattus novergicus)
pesando 200 ± 10 g, aclimatados por 2 dias, a uma temperatura de 25 ± 1°C, com acesso
apenas ao pesquisador.
Para realização desse experimento, os animais foram pré-selecionados com 24 h de
antecedência ao teste, em sala fechada sem ruídos, foram colocados sobre o aparelho de
“Tail-Flick” (Ugo Basile) e submetidos à estimulação térmica com intensidade superior a
40°C, produzida por um foco de luz convergente dirigido para um ponto selecionado no
terço médio da cauda (previamente demarcada). O tempo que o animal levou para
movimentar a cauda, tirando-a do ponto de incidência de calor foi automaticamente
registrado em centésimo de segundo, sendo que os animais com latência basal superior a 7
segundos foram descartados.
Após a pré-seleção os ratos foram distribuídos aleatoriamente em 5 grupos com 8
animais cada e no dia seguinte após jejum de ração por 18 h, com água ad libitum foram
tratados por via oral com veículo (0,1 mL/10g), EHMv (nas doses de 50, 200 e 800 mg/kg)
e por via s.c. com morfina (10 mg/kg). Foi realizada uma leitura basal sobre o aparelho de
“tail-flick” (tempo 0) e nos tempos 30, 60, 120 min após o tratamento, porém sem
ultrapassar 15 s de exposição ao estímulo, para minimizar os possíveis danos tissulares.
4.7. Testes gerais de atividades farmacológicas
4.7.1. Pressão arterial média – PAM
104
Ratos machos, pesando entre 300 e 310 g, foram separados em grupos de
6 animais, anestesiados com 35 mg/kg de tiopental sódico e 200 mg/kg de
79
hidrato de cloral (i.p.). Após anestesia, foi feita a dissecação da artéria
femoral esquerda do animal para implante de uma cânula de polietileno 10
(PE-10 - diâmetro externo de 0,61 mm) soldada a uma outra cânula de 15
cm de polietileno 90 (PE-90 - diâmetro externo de 1,55 mm), contendo 500
U.I./mL de heparina em salina 0,9 %, através da qual foi efetuado o registro
direto da pressão arterial média (PAM). Em seguida, a extremidade do tubo
de PE-10 foi introduzida na artéria femoral esquerda até a aorta abdominal
e a de PE-90 passada subcutâneamente, emergindo dorsalmente à altura
da nuca do animal, onde fora fixado. Após o procedimento cirúrgico, os
animais receberam dose única de 0,1 mL de pentabiótico veterinário por via
intramuscular (i.m), foram acondicionados em gaiolas apropriadas
individuais, onde permaneceram em recuperação por 24 horas antes da
realização dos experimentos e que serviram também como câmaras para
registro da PAM.
Posteriormente à cirurgia os animais foram distribuídos aleatoriamente em
3 grupos com 6 animais cada e no dia seguinte após jejum de ração por 18
h e água ad libitum. Após esse tempo, a ponta livre da cânula foi conectada
a um transdutor e este a um polígrafo. Registrou-se a PAM basal de cada
animal por 30 min. (estabilização da pressão) e, em seguida, procedeu-se o
tratamento oral dos animais com veículo (1 mL/100 g de p.c.) ou EHMv nas
doses de 200 e 800 mg/kg, sendo a PAM de cada rato registrada nos
últimos 10 minutos de cada hora, por 4 horas consecutivas, e também após
24 horas do tratamento, através de um transdutor de pressão arterial
acoplado a um polígrafo.
4.7.2. Teste de coordenação motora
105
Com o intuito de verificar possíveis efeitos relaxantes musculares não específicos
ou sedativos do EHMv sobre o SNC, os animais tiveram seu desempenho avaliado no teste
do rota-rod. Este aparelho consiste de um cilindro com 2,5 cm de diâmetro, subdividido em
cinco compartimentos por discos de 25 cm de diâmetro. O cilindro foi ajustado para girar a
uma velocidade constante de 7 rotações por minuto (rpm).
Foram utilizados 40 camundongos machos pesando 28±2 g, aclimatados por 2 dias,
a uma temperatura de 25 ± 1°C, com acesso apenas ao pesquisador. Os camundongos
foram pré-selecionados com 24 h de antecedência para eliminar aqueles que não
permaneciam sobre a barra durante um período de 60 s. Posteriormente a pré-seleção os
animais foram distribuídos aleatoriamente em 5 grupos com 8 animais cada e no dia
80
seguinte após jejum de ração por 18 h, com água ad libitum foram tratados por via oral
com veículo (0,1 mL/10g), EHMv nas doses de 50, 200 e 800 mg/kg ou por via i.p. com
diazepam (5 mg/kg). O resultado foi expresso com o tempo que os animais permaneceram
sobre o rota-rod. O tempo máximo utilizado foi de 60 s, sendo permitida até 3 reconduções
ao cilindro.
4.7.3. Tempo de sono barbitúrico
106
Para avaliar a indução e o tempo de sono induzido por pentobarbital sódico, foram
utilizados 40 camundongos machos pesando 28 ± 2 g, em jejum de ração por 18 h, com
água ad libitum, aclimatados por 2 dias, a uma temperatura de 25 ± 1°C, com acesso
apenas ao pesquisador. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em 5 grupos com 8
animais cada, sendo estes pré-tratados por via oral com veículo, EHMv nas doses de 50,
200 e 800 mg/kg ou por via oral com clorpromazina (4 mg/kg).
Decorridos 60 min, todos os animais receberam por via i.p., pentobarbital sódico
(50 mg/kg) como agente indutor de sono. Nesse modelo duas etapas foram avaliadas após
a aplicação do agente indutor de sono. Foi tomado como latência para sono o tempo em
que o animal perde o reflexo de endireitamento e na segunda etapa o momento de retorno a
situação de alerta que caracterizou o tempo final do sono. As médias da latência e tempo
de sono ± erro padrão de cada grupo foram comparados com as do grupo controle. Foi
estabelecido um corte com limite de 180 min após a aplicação do pentobarbital sódico,
para considerar o tempo de duração de sono.
4.7.4. Trânsito intestinal
107
Foram utilizados 50 camundongos machos pesando 28 ± 2 g, em jejum de ração
por 18 h, com água ad libitum, aclimatados por 2 dias, a uma temperatura de 25 ± 1°C,
com acesso apenas ao pesquisador. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em 5
81
grupos com 8 animais cada, sendo estes pré-tratados por via oral com veículo, EHMv nas
doses de 50, 200 e 800 mg/kg ou meperidina (25 mg/kg, s.c.).
Após uma hora ou 30 min no caso da meperidina, os animais receberam solução de
carvão ativo 10% em goma arábica 5% (0,2 mL, v.o.) e após 30 min foram eutanasiados
por deslocamento cervical, o abdome foi aberto, o intestino delgado removido e suspenso
verticalmente em uma haste de ferro, com um anzol na extremidade, sob tensão do próprio
peso do ceco. O comprimento total do intestino delgado (da região gastropilórica até a
junção ileocecal) e a distância percorrida pelo carvão do piloro à última porção do intestino
delgado que continha pelo menos 1 cm contínuo do marcador, foram mensuradas. A
percentagem (%) de percurso do carvão em relação ao comprimento total do intestino foi
tomada como expressão do trânsito gastrintestinal.
4.7. Toxicidade subcrônica
108
A toxicidade subcrônica foi avaliada através da exposição única e diária dos ratos,
ao veículo (água destilada, 1 mL/100g, v.o.) ou EHMv (50, 200 e 800 mg/kg, v.o.), por um
período de 30 dias.
Os animais foram mantidos em gaiolas metabólicas, permanecendo em jejum por 1
h antes do tratamento com veículo ou extrato através de gavagem orogástrica, sempre às
8:00 h, sendo o volume ajustado ao longo do experimento, conforme o peso dos animais. O
peso corporal e a quantidade ingerida de alimento e água foram determinados a cada 2
dias, ao longo dos 30 dias, assim como a presença de sinais e sintomas de toxicidade,
compreendendo alterações na pele, pêlos, mucosas, olhos, sistemas circulatório,
gastrintestinal, respiratório, nervoso central e periférico. Ao final desse período, os animais
foram anestesiados através de inalação com éter etílico, abertos os abdômens na parte
inguinal e o sangue coletado através da veia cava inferior, para realização dos exames
hematológicos e de dosagens sorológicas de glicose, uréia, creatinina, transaminases
82
oxalacética e pirúvica, colesterol total, triglicerídeos, fosfatase alcalina e proteínas totais.
Em seguida, foram retirados o fígado, coração, pulmão, rins e baço, autopsiados e pesados
para determinação do peso relativo [(peso do órgão/peso corporal) x 100] e acondicionados
em formol 10 % para posterior análise histológica.
4.9. Análise estatística
Os resultados dos testes paramétricos envolvendo variáveis contínuas foram
expressos em Média ± Erro Padrão da Média (X ± E.P.M.) nas Tabelas e Figuras.
Para comparação múltipla dos dados paramétricos foi utilizada a análise de
variância (ANOVA) uma via (um fator como variável independente), seguida do pós-teste
de Student-Newman-Keuls.
Para análise estatística foi utilizado software Grahpad Instat, versão 2.01. Os
gráficos e tabelas foram elaborados utilizando o programa Microsoft Excel, 2003.
Em todas as análises estatísticas, considerou-se o nível crítico para rejeição da
hipótese de nulidade menor que 0,05 (p < 0,05). Os símbolos asteriscos (*p<0,05,
**p<0,01 e ***p<0,001) ou (†p<0,05; ††p<0,01 e †††p<0,001) serviram para
caracterizar o grau de significância estatística.
83
5 – RESULTADOS
5.1. Plantas selecionadas para coleta e triagem Antiinflamatória
5.1.1. Levantamento inicial
No levantamento bibliográfico de plantas medicinais utilizadas
popularmente como antiinflamatórias e analgésicas em Mato Grosso,
35 trabalhos foram consultados, sendo 13 trabalhos de conclusão de
curso, 20 dissertações e duas teses. Neste levantamento 100 plantas
medicinais foram citadas para tratamento de processos inflamatórios
nos trabalhos consultados, como pode ser verificado na Tabela 01
(Anexo 2).
Estas planas estão distribuídas em 55 famílias, com maiores
concentrações em Asteraceae (7%), Caesalpiniaceae e Fabaceae
(ambas com 6%). As principais partes da planta usadas foram as
folhas (56%), xilopódio (41%) e entrecasca (32%); a infusão (81%) foi
o preparado mais citado.
84
5.1.2. Plantas selecionadas para triagem antiinflamatória
Dentre as espécies vegetais citadas, sete foram pré-selecionadas no
levantamento inicial para coleta e preparo do farmacógeno utilizado
na triagem antiinflamatória. Estas plantas foram selecionadas, com
base na inexistência de estudos farmacológicos que avaliassem suas
atividades em modelos de inflamação e dor. Dessas, as que
apresentaram maiores freqüências de citações foram: Macrosiphonia
velame (A. St.-Hil.) Müll. Arg (1,6%), Strychnos pseudoquina St. Hil.
(1,2%) e Xylopia aromatica (Lam.) Mart. (0,8%). Já a Eriotheca
gacilipes (Chum.) Robyns., Oxalis hirsutissima Mart. ex. zucc.,
Palicourea rigida HBK. e Duguetia furfuracea (St. Hil.) Benth. & Hook.
obtiveram o mesmo percentual de citação (0,4%), como pode ser
observado na Tabela 01 do Anexo 2.
5.2. Determinação do peso seco e rendimento dos extratos
brutos das plantas.
Na Tabela 02 verifica-se que os pesos secos dos extratos hidroetanólicos 75% das
plantas selecionadas para a triagem antiinflamatória variaram de 92,61 a 97,40%, sendo
mais elevado para Xylopia aromatica (97,40 %). Os rendimentos de extratos variaram de
4,67 a 32,32%, sendo maior também para X. aromática.
TABELA 02 - Farmacógeno, peso seco e rendimento dos extratos hidroetanólicos
75% das plantas utilizadas na triagem antiinflamatória.
Planta Extrato Farmacógeno
Peso (g)
Rendimento
(%)
Peso seco
(%)
Strychnos pseudoquina EHSp Entrecasca
500
16,97 97,30
Duguetia furfuracea EHDf Folhas
500
14,09 96,30
Xylopia aromática EHXa Entrecasca
500
32,32 97,40
Eriotheca gracilipes EHEg Entrecasca
500
4,67 97,30
Palicourea rígida EHPr Folhas
500
7,57 92,61
Macrosiphonia velame EHMv Xilopódio
1.000
6,01 94,61
Oxalis hirsutissima EHOh Folhas
500
8,96 95,21
85
5.3. Toxicidade Aguda.
5.3.1. Bioensaio com Artemia Salina Leach
A Tabela 03 mostra a comparação entre os grupos tratados com os diferentes
extratos e sulfato de quinidina no ensaio com Artemia salina Leach, onde é demonstrada a
concentração letal para 50% das larvas (CL
50
).
O sal marinho 3 % serviu de controle negativo e não causou morte de nenhuma das
larvas de A. salina.
Entre os extratos testados, o EHDf foi o que promoveu maior letalidade das larvas
dos crustáceos com CL
50
de 214 ± 63 µg/mL, valor próximo do sulfato de quinidina,
padrão para este ensaio, apresentando uma CL
50
de 163,5 ± 14 µg/mL. Por outro lado, o
EHPr foi o que se mostrou menos letal, com uma CL
50
de 4.298 ± 645 µg/mL.
TABELA - 03 Determinação da CL
50
dos extratos hidroetanólicos de plantas
medicinais frente ao modelo de bioensaio por Artemia salina.
Planta/Extrato CL
50
g/mL)
Strychnos pseudoquina (EHSp) 2.924 ± 482
Duguetia furfuracea (EHDf) 214 ± 63
Xylopia aromatica (EHXa) 250 ± 99
Eriotheca gracilipes (EHEg) 2.312 ± 474
Palicourea rigida (EHPr) 4.298 ± 645
Macrosiphonia velame (EHMv) 299 ± 78
Oxalis hirsutissima (EHOx) 269 ± 57
Sulfato de quinidina 163,5 ± 14
Analise de Probitos. IC de 95%.
5.3.2. Teste hipocrático
A administração oral de veículo não causou alterações comportamentais gerais nos
camundongos durante os 14 dias de observação (Tabela 04). O tratamento oral dos
camundongos com EHXa e EHEg nas doses de 500, 1000, 2000 e 5000 mg/kg não
resultou ao longo de todo o ensaio, em quaisquer mudanças comportamentais dos animais.
o EHSp, apesar de não ter promovido alterações nas menores doses, na maior dose
86
(5000 mg/kg) diminuiu a mobilidade e a freqüência respiratória dos camundongos após 1 h
do tratamento. Entretanto, essas alterações manifestaram-se até a h. O EHOh apenas
alterou a cor da urina (amarelo mais intenso) nas doses de 2000 e 5000 mg/kg, alteração
que se prolongou durante as primeiras 6 h. O EHPr não apresentou mudanças
comportamentais na menor dose (500 mg/kg), as doses subseqüentes (1000, 2000 e
5000 mg/kg) produziram diarréia após 1 h do tratamento, se perpetuando até a 8ª h.
Observou-se também que, quanto maior a dose, mais intensos foram os efeitos. Além
dessas alterações, a maior dose promoveu discreta diminuição da mobilidade dos animais,
com duração de 3 h.
O EHDf apesar de não ter alterado a atividade comportamental dos camundongos
na menor dose, proporcionou diversas alterações nos animais que receberem doses
maiores. Com 1000 mg/kg diminuiu levemente a mobilidade e a freqüência respiratória,
sendo esses feitos intensificados com a dose de 2000 mg/kg. A dose de 5000 mg/kg
produziu alteração da coloração da urina (amarelo intenso), perda moderada de apreensão
das patas, analgesia moderada e intensificação dos efeitos anteriores. Estas alterações
foram observadas a partir da primeira hora após o tratamento e se pronunciou até a 8ª h.
O EHMv não promoveu qualquer alteração com as doses de 500 e 1000 mg/kg,
porém com a dose de 2000 mg/kg, os animais apresentaram reduções da mobilidade e
freqüência respiratória. A dose de 5000 mg/kg produziu analgesia discreta e intensificou
os efeitos anteriores levando 2/3 dos animais á óbito com até 24 h após o tratamento. Esses
efeitos começaram a aparecer após 30 minutos do tratamento e se prolongaram durante as
primeiras 24 h. Todos os efeitos observados foram reversíveis, exceto com os animais que
receberam EHMv na dose de 5.000 mg/kg, que levou a óbito 2/3 animais nas primeiras 24
h.
87
TABELA 04 - Efeito da administração oral dos extratos hidroetanólicos de plantas
usadas na triagem antiedematogênica sobre as atividades
comportamentais gerais em camundongos.
Grupo
Dose
(mg/kg)
Efeitos Comportamentais Mortes
500 Sem alterações 0/3
1.000 Sem alterações 0/3
2.000 Sem alterações 0/3
EHSp
5.000
Diminuição da mobilidade e discreta diminuição da
freqüência respiratória
0/3
500 Sem alterações 0/3
1.000 Leve diarréia 0/3
2.000 Maior intensidade de diarréia 0/3
EHPr
5.000
O mesmo efeito anterior e discreta diminuição da
mobilidade
0/3
500 Sem alterações 0/3
1.000 Sem alterações 0/3
2.000 Sem alterações 0/3
EHXa
5.000 Sem alterações 0/3
500 Sem alterações 0/3
1.000 Sem alterações 0/3
2.000 Sem alterações 0/3
EHEg
5.000 Sem alterações 0/3
500 Sem alterações 0/3
1.000 Sem alterações 0/3
2.000 Cor da urina alterada (amarelo mais intenso) 0/3
EHOh
5.000 Efeito anterior intensificado 0/3
500 Sem alterações 0/3
1.000 Sem alterações 0/3
2.000
Diminuição da mobilidade e da freqüência
respiratória.
0/3
EHMv
5.000
Analgesia discreta e intensificação dos efeitos
anteriores, com morte em até 24 h.
2/3
500 Sem alterações 0/3
1.000
Leve diminuição da mobilidade e da freqüência
respiratória
0/3
2.000 Intensificação dos efeitos anteriores e passividade. 0/3
EHDf
5.000
Alteração da coloração da urina (amarelo intenso), perda
moderada de apreensão das patas, analgesia moderada e
intensificação dos efeitos anteriores.
0/3
5.4.3. Toxicidade aguda – Dose letal mediana (DL
50
)
A determinação da DL
50
, via oral, de Strychnos pseudoquina, Palicourea rigida,
Xylopia aromatica, Eriotheca gracilipes, Oxalis hirsutissima e Duguetia furfuracea não foi
realizada por ausência de morte dos camundongos até a dose máxima administrável de
5.000 mg/kg. Apenas o EHMv levou animais ao óbito no teste hipocrático, deste modo
88
permitindo a determinação da DL
50
. A Tabela 05 mostra o valor elevado de DL
50
(4.176 ±
218,5 mg/kg) para esse extrato.
TABELA 05 - Determinação da DL
50
do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame em camundongos.
Doses
(mg/kg)
Mortos/Vivos
n
Mortos
%
% Mortos
Corrigida
Probitos
DL
50
(mg/kg, v.o.)
3000
0/10 0 2,5 3,03
4000
3/10 30 30 4,47
4500 9/10 90 90 6,28
6000 10/10 100 97,5 6,96
4
.176 ± 218,5
Análise de Probitos. IC de 95%.
5.5 - Triagens Farmacológicas
5.5.1. Edema de pata por carragenina
Na Tabela 06 observam-se os resultados da triagem antiedematogênica realizada
através do modelo de edema de pata induzido por carragenina 1%. Os extratos
hidroetanólicos submetidos a esta triagem foram testados nas doses de 20 e 200 mg/kg. A
injeção intraplantar de 0,1 mL de carragenina causou, a partir de 1 h, aumento progressivo
do volume das patas dos animais tratados oralmente com veículo, sendo o pico da resposta
antiinflamatória observado na 3ª h .
Neste modelo, de inflamação aguda, o EHPr e EHMv, na dose de 20 mg/kg,
foram os únicos a reduzirem significativamente (p<0,05) o edema de pata no pico da
resposta inflamatória (3ª h), em 29,5 e 21,6%, respectivamente. O EHSp (20 e 200 mg/kg)
reduziu o edema na h, em 18,3 (p<0,05) e 21,6% (p<0,01), respectivamente. O EHEg
(20 mg/kg) reduziu o edema apenas na 2ª h (35,8%, p<0,05). Contrariamente, o EHXa (200
mg/kg) aumentou o edema na h, em 25% (p<0,01). Os EHOh e EHDf mostraram-se
inativos nesse modelo. A indometacina foi ativa em todos os tempos, atingindo na h
49% de inibição do edema (p<0,001).
89
TABELA 06 - Efeito da administração oral dos extratos hidroetanólico 75% das plantas selecionadas para a triagem, sobre o
edema de pata induzido por carragenina, em ratas.
Os valores representam a Média ± E.P.M para n = 6 8 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste de Student-Newman-Keuls. * p<0,05, ** p<0,01, ***
p<0,001, vs veículo.
Edema de pata (mL)
Planta Preparado
Dose
(mg/kg)
1 h 2 h 3 h 4 h
Veículo - 0,47 ± 0,02 0,71 ± 0,05 0,82 ± 0,05 0,81 ± 0,05
20 0,48 ± 0,03 0,78 ± 0,05 0,84 ± 0,05 0,77 ± 0,04
Xylopia aromatica
EHXa
200 0,63 ± 0,04 ** 0,71 ± 0,05 0,84 ± 0,04 0,81 ± 0,03
Veículo -
0,45 ± 0,03 0,55 ± 0,03 0,78 ± 0,05 0,74 ± 0,04
20
0,59 ± 0,03 0,62 ± 0,03 0,67 ± 0,03 0,63 ± 0,05
Oxalis hirsutissima
EHOh
200
0,53 ± 0,05 0,63 ± 0,04 0,74 ± 0,05 0,66 ± 0,06
Veículo -
0,45 ± 0,03 0,55 ± 0,03 0,78 ± 0,05 0,74 ± 0,04
20
0,52 ± 0,03 0,52 ± 0,05 0,55 ± 0,06 * 0,70 ± 0,02
Palicourea rigida
EHPr
200
0,53 ± 0,04 0,70 ± 0,05 0,79 ± 0,04 0,82 ± 0,02
Veículo -
0,45 ± 0,07 0,67 ± 0,07 0,75 ± 0,06 0,78 ± 0,06
20
0,40 ± 0,02 0,65 ± 0,03 0,70 ± 0,03 0,70 ± 0,02
Duguetia furfuracea
EHDf
200
0,61 ± 0,08 0,71 ± 0,04 0,79 ± 0,07 0,75 ± 0,02
Veículo -
0,60 ± 0,03 0,64 ± 0,03 0,74 ± 0,04 0,70 ± 0,01
20
0,42 ± 0,04 ** 0,60 ± 0,04 0,58 ± 0,03 * 0,65 ± 0,03
Macrosiphonia velame
EHMv
200
0,44 ± 0,03 ** 0,65 ± 0,03 0,76 ± 0,04 0,66 ± 0,06
Veículo -
0,45 ± 0,07 0,67 ± 0,07 0,75 ± 0,06 0,78 ± 0,06
20
0,45 ± 0,05 0,43 ± 0,07 * 0,71 ± 0,05 0,66 ± 0,05
Eriotheca gracilipes
EHEg
200 0,30 ± 0,04 0,67 ± 0,05 0,85 ± 0,05 1,05 ± 0,08
Veículo - 0,60 ± 0,03 0,64 ± 0,03 0,74 ± 0,04 0,70 ± 0,01
20 0,49 ± 0,02 * 0,61 ± 0,03 0,72 ± 0,03 0,73 ± 0,02 Strychnos pseudoquina
EHSp
200 0,47 ± 0,02 ** 0,62 ± 0,02 0,69 ± 0,02 0,66 ± 0,04
Controle Positivo Indometacina 10 0,31 ± 0,044 * 0,41 ± 0,06 *** 0,38 ± 0,03 *** 0,50 ± 0,05 **
90
5.5.2. Teste de contorções abdominais induzidas por ácido
acético
No experimento de contorções abdominais induzidas por ácido acético em
camundongos, os EHPr, EHMv e EHSp foram administrados por via oral nas doses de 20 e
200 mg/kg. A indometacina (5 mg/kg) foi utilizada como droga padrão, conforme Tabela
07.
Entre os extratos testados apenas o EHPr na dose de 200 mg/kg não foi capaz de
inibir de forma significante as contorções abdominais. Em contrapartida, o extrato que
apresentou maior porcentagem de inibição (p<0,001) foi o EHMv em ambas doses testadas,
com 57 e 72 % (18,42 ± 2,67 e 12,28 ± 1,9) respectivamente, comparado ao grupo veículo
(43,28 ± 2,8). O EHSp também inibiu significativamente (p<0,001) as contorções
abdominais nas doses de 20 e 200 mg/kg em 44 e 46% (24,14 ± 4,17 e 23,28 ± 2,76)
respectivamente em relação ao veículo.
A indometacina (5 mg/kg), droga padrão para este teste, reduziu de forma
significativa (p< 0,001) as contorções em 91% (6,57 ± 1,04), quando comparado ao grupo
de animais que receberam o veículo.
TABELA 07 - Efeitos da administração oral dos extratos hidroetanólicos de
Palicourea rigida (EHPr), Macrosiphonia velame (EHMv) e
Strychnos pseudoquina (EHSp), sobre as contorções abdominais
induzidas por ácido acético em camundongos.
Grupo Dose (mg/kg) N° de Contorções % de inibição
Veículo --- 43,3 ± 2,8 ---
20 24,3 ± 4,3 *** 44
EHPr
200 38,6 ± 2,6 11
20 18,4 ± 2,7 *** 57
EHMv
200 12,3 ± 1,9 *** 72
20 24,1 ± 4,2 *** 44
EHSp
200 23,3 ± 2,7 *** 46
Indometacina 5 6,6 ± 1,0 *** 91
Os valores representam a Média ± E.P.M para n = 6 – 8 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste de
Student-Newman-Keuls. *** p< 0,001 vs veículo.
91
Tendo em vista que o EHMv apresentou melhor perfil de atividade
antiedematogênica e antinociceptiva nos modelos de inflamação aguda por carragenina e
nocicepção periférica por ácido acético, selecionou-se este extrato para prosseguir com os
estudos fitoquímicos e aprofundamento com os ensaios farmacológicos e toxicológicos.
5.6. Investigação fitoquímica preliminar
A análise fitoquímica do extrato bruto hidroetanólico 75% do xilopódio de
Macrosiphonia velame revelou a presença de alcalóides, catequinas, compostos fenólicos,
cumarinas, flavonóides, flavanonas, saponinas, taninos catéquicos e triterpenóides
pentacíclicos, conforme demonstrado no Quadro 4.
Quadro 4 - Análise fitoquímica preliminar do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame.
Metabólito secundário Resultado
Alcalóides
Positivo
Antraquinonas Negativo
Catequinas
Positivo
Compostos fenólicos
Positivo
Cumarinas
Positivo
Esteróides Negativo
Flavanonas
Positivo
Flavonóis Negativo
Flavanonóis Negativo
Flavonóides
Positivo
Leucoantocianidinas Negativo
Saponinas
Positivo
Taninos catéquicos
Positivo
Triterpenóides pentacíclicos
Positivo
Xantonas Negativo
5.7. Estudo da Atividade antiinflamatória
92
5.7.1. Edema de pata induzido por dextana
A Figura 12 e Tabela 20 (Anexo 2), mostram o efeito do tratamento por via oral
em ratos com EHMv, nas doses de 50, 200 e 800 mg/kg ou ciproeptadina 5mg/kg, sobre o
modelo de edema de pata induzido por dextrana 1,5%. No grupo de ratos tratados com
veículo, a injeção intraplantar de 0,1 mL de dextrana promoveu um edema de início
abrupto e de grande intensidade, atingindo o pico em 30 min.
O EHMv reduziu o edema induzido por dextrana nas doses de 200 mg/kg em 26,2%
e 800 mg/kg em 29,8% (p< 0,05) após 60 min da indução, quando comparado com o
grupo veículo. Enquanto que a dose de 50 mg/kg do extrato não produziu inibição
significativa. Efeito muito mais pronunciado foi o da ciproeptadina (5 mg/kg, v.o.), um
anti-histamínico e anti-serotonínico clássico, padrão para este teste, que causou uma
significante inibição do edema, iniciando a partir dos 30 min (72,5%, p <0,001) e
mantendo-se até a 2ª h (54,3%, p <0,01) do ensaio.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Variação do edema (mL)
*
*
*
**
*
**
*
**
t
0 30 min 60 min 120 min
Figura 12 - Efeito da administração oral do veículo (), extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv, nas doses de 50 ( ), 200 () e 800 mg/kg (X), ou 5 mg/kg de
ciproeptadina (), sobre o edema de pata induzido por dextrana 1,5%, em ratos. Cada
ponto representa a média de 7 - 8 ratos. As linhas verticais representam E.P.M. Análise
de variância uma via, seguida do teste de Student-Newman-Keuls. * p<0,05 e *** p<
0,001 vs veículo.
93
5.7.2. Pleurisia induzida por carragenina
No modelo de pleurisia induzida pela injeção intrapleural de carragenina, foi
observada a atividade do EHMv sobre a formação de exsudato e a migração leucocitária.
Neste experimento, verificou-se que os animais tratados com EHMv nas doses de
50, 200 e 800 mg/kg, o extravasamento do exsudato pleural foi reduzido de forma
significativa em 14,4% (1,48 ± 0,06 mL; p<0,05), 13,8% (1,50 ± 0,10 mL; p<0,05) e
17,8% (1,43 ± 0,04 mL; p<0,01) respectivamente, quando comparado ao grupo que
recebeu o veículo (1,74 ± 0,06 mL). Observa-se também que a dexametasona na dose de
0,5 mg/kg reduziu significativamente (p<0,001) a passagem de líquido para o espaço
pleural em 74,1% (0,45 ± 0,04 mL), com relação ao grupo veículo, como pode ser
verificado na Figura 13 e Tabela 21 (Anexo 2).
Na avaliação da infiltração leucocitária, verificou-se que o tratamento com EHMv
nas doses de 50, 200 e 800 mg/kg foi capaz de diminuir significativamente (p<0,001) o
extravasamento de leucócitos para o espaço pleural em 26,1 % (60,5 ± 3 x 10
6
), 35,7 %
(52,3 ± 5 x 10
6
) e 40,3 % (48,6 ± 3 x 10
6
) respectivamente, quando comparado ao grupo
veículo (81,4
6
± 1,8 x 10), apresentando efeito dose-dependente, como pode ser
observado na Figura 14 e Tabela 21 (Anexo 2). A dexametasona (0,5 mg/kg), utilizada
como padrão foi ainda mais efetiva que o EHMv, ao inibir a infiltração leucocitária em
71,6 % (23,1 ± 2,6 x 10
6
) em relação ao veículo.
94
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
Volume do exsudato (mL)
Figura 13 Efeito da administração oral de veículo, extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv (50, 200 e 800 mg/kg), ou dexametasona (0,05 mg/kg) sobre o
volume do exsudato no teste de pleurisia induzida por carragenina em ratos.
Cada coluna representa a média de 7-8 animais por grupo. As linhas verticais
representam o E.P.M. Os valores acima dos asteriscos representam a
percentagem de inibição. Análise de variância uma via, seguida do teste de
Student-Newman-Keuls, * p<0,05; **p<0,01; *** p < 0,001 em comparação ao
grupo veículo.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Número de Leucócitos (x10
6
)
Figura 14 Efeito da administração via oral de veículo, extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv (50, 200 e 800 mg/kg), ou dexametasona
(0,05 mg/kg) sobre o número de leucócitos totais no teste de pleurisia
induzida por carragenina em ratos. Cada coluna representa a média de 7-8
animais por grupo. As linhas verticais representam o E.P.M. Os valores
acima dos asteriscos representam a percentagem de inibição. Análise de
variância uma via, seguida do teste de Student-Newman-Keuls, *** p <
0,001 em comparação ao grupo veículo.
Veículo 50 200 800 0,05 mg/kg
EHMv Dexa
14,4 %
*
13,8 %
*
17,8 %
*
*
74,1 %
***
Veículo 50 200 800 0,05 mg/kg
EHMv Dexa.
26,1 %
***
35,7 %
***
40,3
%
***
71,6 %
***
95
5.7.3. Dermatite tópica induzida por óleo de Croton
No experimento de dermatite tópica induzida por óleo de Croton em orelha de
camundongos, o tratamento com EHMv (1, 10, 100 µg/orelha), não reduziu de maneira
significante (p > 0,05) a formação de edema em relação ao grupo veículo. No entanto, a
dexametasona (5 µg/orelha), inibiu significativamente (p< 0,001) em 61,4 % (2,2 ± 0,5
mg) o edema local, quando comparado ao grupo veículo (5,7 ± 0,8 mg), como pode ser
visto na Figura 15 e Tabela 22 (Anexo 2).
0
1
2
3
4
5
6
7
Diferença de peso (mg)
Figura 15 - Efeito do tratamento tópico do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame -EHMv
(1, 10 e 100 µg/orelha) ou dexametasona (5 µg / orelha), sobre a dermatite induzida
por óleo de Croton em camundongos. Cada coluna representa a média de 7-8 animais
por grupo. As linhas verticais representam o E.P.M. Os valores acima dos asteriscos
representam a percentagem de inibição. Análise de variância uma via, seguida do teste
de Student-Newman-Keuls, **p<0,01 em comparação ao grupo veículo.
Na Figura 16 e Tabela1 23 (Anexo 2), pode ser observado que o tratamento tópico
com EHMv (1, 10 µg/orelha) incorporado em formulação de HOSTACERIN
®
NCB, não
foi capaz de reduzir significativamente o edema (p>0,05). No entanto, a aplicação tópica
de 100 µg/orelha de EHMv e a dexametasona (5 µg/orelha), ambos incorporados em
formulação, inibiram de forma significativa o edema de orelha em 50,4 % (3,01 ± 0,77 mg;
Veículo 1 10 100 5
µ
µµ
µ
g/orelha
EHMv Dexa.
61,4
%
**
8,7
%
15,8%
12,8 %
96
p< 0,05) e 69,2 % (1,87 ± 0,43; p<0,01mg), respectivamente, com relação ao grupo veículo
(6,07 ± 0,50 mg).
0
1
2
3
4
5
6
7
Diferença de peso (mg)
Figura 16 - Efeito do tratamento tópico do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame -
EHMv (1, 10 e 100 µg / orelha), ou 5 µg/orelha de dexametasona (ambos
incorporados em formulação a base de HOSTACERIN
®
NCB) sobre a dermatite
induzida por óleo de Croton em camundongos. Cada coluna representa a média de 7-
8 animais por grupo. As linhas verticais representam o E.P.M. Os valores acima dos
asteriscos representam a percentagem de inibição. Análise de variância uma via,
seguida do teste de Student-Newman-Keuls, * p<0,05 e **p<0,01 em comparação ao
grupo veículo.
5.7.4. Pirexia induzida por levedura de cerveja
A temperatura basal retal nos ratos que receberam veículo por via oral (sem
levedura), 18 h após a injeção de salina 0,9 % (1 mL/100 g) foi de 37,1 ± 0,1 °C,
permanecendo próximo deste patamar após 3 h (37,3 ± 0,1°C). Os animais considerados
controles, que receberam veículo e levedura de cerveja (0,5mL/100 g, s.c.) apresentaram 18
h após a administração do agente pirético, uma temperatura média retal de 38,3 ± 0,1 °C,
mantendo-se neste nível até a 3ª h (38,2 ± 0,1ºC), conforme Figura 17 e Tabela 24 (Anexo
2).
Veículo
1
1
0
10
0
250
u
g/
mL
EHMv em hostacerim Dex.
69,19
%
**
50,41
%
*
18,28 %
14,82 %
97
O EHMv também foi administrado por via oral nas doses de 50, 200 e 800 mg/kg.
Entre as doses testadas, apenas a menor (50 mg/kg) foi inefetiva (p>0,05) em inibir o
aumento de temperatura corporal em qualquer tempo observado, quando comparado com o
grupo controle. Já a dose de 200 mg/kg reduziu a temperatura na 2ª eh após o tratamento
de 38,3 ± 0,1 °C para 37,7 ± 0,1 (p<0,01) e 37,8 ± 0,1 °C (p<0,05). O efeito antipirético
também foi observado com a dose de 800 mg/kg, que diminuiu a temperatura na e h
para 37,5 ± 0,08 (p < 0,001) e 37,7 ± 0,1 °C (p< 0,05).
O tratamento com diclofenaco de sódio na dose de 30 mg/kg v.o., fármaco padrão,
promoveu redução da temperatura retal em todos os tempos, diminuindo a temperatura no
pico do efeito pirético (2 h) em 1,5 °C (p < 0,001).
Por fim, a administração do EHMv (200 mg/kg, v.o.) em ratos que não receberam a
levedura de cerveja, não produziu qualquer alteração significativa (p>0,05) na temperatura
dos mesmos, resultado semelhante ao grupo veículo normal.
36,5
37
37,5
38
38,5
39
Temperatura retal (°C)
Figura 17
Efeito da administração oral do veículo (),extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv nas doses de 50 mg/kg (), 200 mg/kg (X), 800 mg/kg (O), e de 30
*
***
***
**
*
*
**
T0 1 h 2 h 3 h
††† †††
†††
*
98
mg/kg de diclofenaco de sódio (+) sobre a pirexia induzida por levedura de cerveja ou
veículo normal () e EHMv (200 mg/kg) (
), ambos sem administração de levedura
em ratos. Cada ponto representa a média de 7-8 animais. As linhas verticais
representam o E.P.M. Análise de variância uma via, seguida do teste de Student-
Newman-Keuls, *p<0,05, **p<0,01 e ***p< 0,001 vs veículo. Veículo sem levedura
vs Veículo com levedura - ††† p<0,00.
5.8. Estudo da Atividade antinociceptiva
5.8.1. Nocicepção induzida por formalina
Nos camundongos tratados com veículo, a injeção intraplantar de 25 µL de
formalina produziu sinais de intensa nocicepção, tanto na primeira fase em que se avaliou a
dor de origem neurogênica, quanto na segunda fase da dor de origem inflamatória. A
reação dos animais nos primeiros 5 min. (1ª fase) durou 68,0 ± 2,6 s, e no período de
20-30 min (2ª fase), a reação foi de 70,6 ± 4,9 s (Figura 18 e 19 e Tabela 25 (Anexo 2).
O tratamento prévio de EHMv com as doses de 50, 200 mg/kg, por v.o, não
reduziram o tempo de reatividade à dor na primeira fase em relação ao grupo veículo (p >
0,05). No entanto a dose de 800 mg/kg do extrato foi efetiva nesta fase (p<0,001), inibindo
a resposta dolorosa em 54,7% (30,8 ± 3,2 s), quando comparado ao veículo (68,0 ± 2,6 s).
Na segunda fase, a lambedura da pata foi reduzida significativamente (p<0,001) pelo
tratamento com o extrato nas doses de 50, 200 e 800 mg/kg em 68,8% (22 ± 3 s), 61,5%
(27,2 ± 3,1 s) e 78% (15,5 ± 4,3 s), respectivamente, comparado ao grupo que recebeu o
veículo (70,6 ± 4,9 s).
A indometacina (5 mg/kg v.o.), como esperado inibiu de modo significante (p <
0,001) apenas a fase da resposta dolorosa, em 72,5 % (19,4 ± 1,9 s). Já a morfina (10
mg/kg, s.c.), mostrou-se efetiva em inibir (p < 0,001) a resposta dolorosa dos animais à
formalina, tanto na primeira fase, em 69,3% (20,9 ± 2,8 s) quanto na segunda fase, em
67,7% (22,8 ± 3,3 s), quando comparado com o grupo veículo.
99
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Tempo de reação (s)
Figura 18 - Efeito analgésico causado pelo extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame -EHMv
(50, 200 e 800 mg/kg, v.o.), Indometacina (10 mg/kg, v.o.) e Morfina (10 mg/kg, s.c.)
em relação à primeira fase da dor induzida pela injeção de formalina em camundongos.
Cada grupo representa a média de 8 animais e as barras verticais indicam os E.P.M.
ANOVA uma via, seguida do teste de Student-Newman-Keuls, *** p < 0,001 em
comparação ao grupo veículo.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Tempo de reão (s)
Figura 19 - Efeito analgésico causado pelo extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame -EHMv
(50, 200 e 800 mg/kg, v.o.), Indometacina (10 mg/kg, v.o.) e Morfina (10 mg/kg, s.c.)
em relação à segunda fase da dor induzida pela injeção de formalina em camundongos.
Cada grupo representa a média de 8 animais e as barras verticais indicam os E.P.M.
ANOVA uma via, seguida do teste de Student-Newman-Keuls, *** p < 0,001 em
comparação ao grupo veículo.
Veículo
50 200
800
10
10
mg/kg
EHMv Ind Mor
2ª Fase
1ª Fase
69,3 %
***
23,2 %
54,7 %
***
20,4 %
17,3 %
Veículo
50 200
800
10
10
mg/kg
EH
Mv
Ind
Mo
r
61,5 %
***
68,8 %
***
78 %
***
72,5 %
***
67,7 %
***
100
5.8.2. Nocicepção induzida por capsaicina
Nos animais controles, a injeção intraplantar de 1,6 µg/pata de capsaicina produziu
sinais de intensa nocicepção. A reação dos camundongos nos primeiros 5 min. durou 48,3
± 1,8 s (Figura 19 e Tabela 26 em Anexo 2).
O tratamento dos camundongos com o EHMv administrado por via oral nas doses
de 50, 200 e 800 mg/kg, promoveu a redução significativa (p<0,001) do tempo em que os
animais permaneceram lambendo a pata injetada com o agente nóxico, de forma dose-
dependente, em 41,4% (28,4 ± 4,5 s), 56,5% (21,0 ± 2,3 s) e 69,5 % (14,7 ± 2,1 s)
respectivamente, em comparação ao grupo veículo (48,3 ± 1,8 s).
A morfina (10 mg/kg, s.c.) mostrou-se efetiva em inibir significativamente
(p<0,001) a resposta dolorosa dos animais à capsaicina, em 75,1% (12 ± 2 s), quando
comparado ao veículo.
0
10
20
30
40
50
60
Tempo de reão (s)
Figura 20 - Efeito da administração oral de veículo, extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame -
EHMv (50, 200 e 800 mg/kg) e morfina (5 mg/kg, s.c.) sobre a nocicepção induzida pela
injeção intraplantar de 1,6 µg/pata de capsaicina, na pata traseira direita de camundongos.
Cada coluna representa a média de 7 - 8 animais. As linhas verticais representam o E.P.M.
Os valores acima dos asteriscos representam a porcentagem de inibição. Análise de
41,4%
***
56,5%
***
69,5%
***
75,1%
***
Veículo 50 200 800 _5 mg/kg
EHMv Morfina
101
variância uma via, seguida do teste de Student-Newman-Keuls. *** p < 0,001 em
comparação ao grupo veículo.
5.8.3. Nocicepção induzida por placa quente
Os camundongos pertencentes ao grupo veículo reagiram ao estímulo térmico em
6,5 ± 0,5 s no momento inicial do experimento (temperatura basal). Esse tempo de reação
se manteve entre 6,9 ± 1,0 s (30 min.) e 8,5 ± 1,0 s (180 min.). Neste modelo, o tratamento
por via oral com EHMv nas doses de 50, 200 e 800 mg/kg, não foi capaz de elevar o limiar
nociceptivo dos camundongos, quando comparado ao grupo veículo (p >0,05), conforme
Tabela 08.
a morfina administrada por via subcutânea, na dose de 10 mg/kg foi efetiva em
inibir os reflexos centrais da dor, aumentando o tempo de permanência dos animais na
placa, frente ao estímulo térmico. Tal efeito analgésico iniciou-se 30 min após a
administração do agente analgésico, com um tempo de permanência da ordem de 19,9 ±
0,7 s (p < 0,001), em relação ao tempo de permanência dos animais que receberam o
veículo (6,9 ± 1,0 s). Esta inibição da dor ainda perdurou durante os tempos 60 (p<0,001) e
120 min (p<0,01) após o tratamento (21,1 ± 1,7 e 16,3 ± 1,7 s), em relação ao veículo (7,8
± 0,7 e 8,2 ± 0,4s, respectivamente). Porém, a morfina não foi capaz de manter aumentado
o tempo de permanência dos animais ao estimulo térmico após 180 min (p>0,05) do
tratamento, quando comparado aos animais que receberam o veículo.
TABELA 08 - Efeito da administração oral do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre o tempo de reação dos
camundongos ao estímulo térmico na placa quente.
Tempo de reação ao estímulo térmico (s)
Grupos
Doses
(mg/kg)
0 min 30 min 60 min 120 min 180 min
Veículo - 6,5 ± 0,5 6,9 ± 1,0 7,8 ± 0,7 8,2 ± 0,4 8,5 ± 1,0
EH
MV
50 6,6 ± 0,4 7,4 ± 0,9 8,2 ± 0,7 8,6 ± 1,0 7,9 ± 0,9
200 6,2 ± 0,5 6,9 ± 0,8 7,9 ± 0,6 9,1 ± 0,8 8,7 ± 1,0
800 6,4 ± 0,4 7,7 ± 0,8 8,1 ± 0,8 8,9 ± 0,6 7,9 ± 0,7
Morfina 5 5,7 ± 0,5 19,9 ± 0,7*** 21,1 ± 1,7*** 16,3 ± 1,7*** 9,4 ± 0,6
102
Os valores representam a dia ± E.P.M para n = 7-8 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste
de Student-Newman-Keuls. *** p< 0,001 em relação ao grupo veículo.
5.8.4. Teste da retirada de cauda
A Tabela 09, mostra o efeito do tratamento dos animais com EHMv nas doses de
50, 200 e 800 mg/kg sobre a resposta de retirada da cauda, nos tempos preconizados para
este experimento (30, 60 e 120 min.).
O EHMv nas doses testadas não alterou a latência de retirada da cauda dos ratos em
nenhum dos tempos analisados, quando comparado ao grupo veículo (p>0,05). Efeito
contrário ocorreu com a administração de 10 mg/kg s.c. de morfina, que aumentou de
forma significante (p<0,001) a latência de retirada da cauda dos animais nos tempos 30 (15
± 0 s), 60 (15 ± 0 s) e 120 min. (9,3 ± 1,5 s), em relação ao grupo veículo (4,4 ± 0,4 ; 4,6 ±
0,7 e 4,7 ± 0,6 s, respectivamente).
TABELA 09 - Efeito da administração de veículo, extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre o tempo de reação ao estímulo
térmico (Tail-Flick) em ratos.
Os valores representam a Média ± E.P.M para n = 7-8 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste de
Student-Newman-Keuls. *** p< 0,001 em relação ao grupo veículo.
5.9. Testes gerais de atividades farmacológicas
5.9.1. Pressão arterial média
A pressão arterial média (PAM) dos ratos foi avaliada por via oral e os
resultados obtidos são apresentados na
Tabela
10.
Neste experimento a
Tempo de reação ao estímulo térmico (s)
Grupos
Doses
(mg/kg)
0 min 30min 60min 120min
Veículo - 4,8 ± 0,4 4,4 ± 0,4 4,6 ± 0,7 4,7 ± 0,6
50 4,6 ± 0,4 4,5 ± 0,4 5,5 ± 0,5 4,9 ± 0,5
200 4,4 ± 0,3 5,1 ± 0,3 5,5 ± 0,6 5,0 ± 0,3 EHMv
800 4,9 ± 0,3 4,9 ± 0,4 5,9 ± 0,5 5,3 ± 0,6
Morfina 10 4,8 ± 0,4 15 ± 0,0*** 15 ± 0,0*** 9,3 ± 1,5**
103
pressão basal dos animais pertencentes ao grupo veículo foi de 106
±
5,2
mmHg. Nos animais que receberam EH
Mv
na dose de 200 mg/kg a PAM foi
de 104
±
6,5; 103
±
2,8; 107
±
6,7; 104
±
6,8; 106
±
6,1e 103
±
5,3 mmHg.
Resultado semelhante foi observado no grupo que recebeu o extrato na
dose de 800 mg/kg), onde a pressão foi de 107
±
3,7; 105
±
2,8; 106
±
4,8;
104
±
5,0; 104
±
4,1 e 106
±
4,8 mmHg, respectivamente nos tempos 0, 1
,2, 3, 4, e 24 h, não diferindo estatisticamente ( p>0,05 ) do grupo veículo.
TABELA 10 - Efeito da administração via oral do extrato hidroetanólico
de Macrosiphonia velame - EHMv (sobre a pressão
arterial média - PAM) em ratos.
Os valores representam a Média ± E.P.M para n = 6 animais/grupo. ANOVA.
5.9.2. Teste sobre a coordenação motora
Na Tabela 11, verifica-se, que os camundongos que receberam veículo, o EHMv
nas doses de 50, 200 e 800 mg/kg, não apresentaram alterações significativas (p>0,05)
frente ao teste sobre a coordenação motora de camundongos em barra giratória (rota rod).
O grupo tratado com o extrato permaneceu o tempo máximo (60 s) no “rota rod”. Já os
animais que receberam o diazepam (5 mg/kg), tiveram sua coordenação motora alterada e
com isso o tempo de permanêcia na barra giratória (33,4 ± 5,3 s) foi significativamente
menor (p<0,001) que o grupo veículo (60 ± 0 s).
Pressão arterial média em mmHg ( Média ±
±±
± E.P.M.)
Grupo
Dose
(mg/kg)
Antes Após o tratamento (h)
0 1 2 3 4 24h
Veículo -
106 ± 5,2
104 ± 4,5 105 ± 5,2 103 ± 4,9 104 ± 5,3 103 ± 6,7
200
104 ± 6,5
103 ± 2,8 107 ± ,6,7 104 ± 6,8 106 ± 6,1 103 ± 5,3
EHMv
800
107 ± 3,7
105 ± 2,8 106 ± 4,8 104 ± 5,0 104 ± 4,1 106 ± 4,8
104
TABELA 11 - Efeito da administração oral do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre o tempo de permanência de
camundongos na barra giratória.
Os valores representam a dia ± E.P.M para n = 8 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste de
Student-Newman-Keuls. *** p< 0,001 em relação ao grupo veículo.
5.9.3. Tempo de sono barbitúrico
Verifica-se na Tabela 12 que nos camundongos pertencentes ao grupo veículo, a
latência para o sono barbitúrico foi de 219 ± 16,1 segundos e a duração do sono foi de 58 ±
4,5 min. Os animais tratados com EHMv nas doses de 50, 200 e 800 mg/kg não tiveram o
tempo de duração do sono barbitúrico prolongado (p>0,05), quando comparado ao grupo
veículo. Porém, o grupo tratado com clorpromazina (4 mg/kg), teve a latência para o sono
diminuída (138 ± 7,2 s) e o tempo de sono aumentado (180 ± 0 min) de forma significativa
(p<0,001), quando comparado ao grupo veículo (219 ± 16,1 s e 58 ± 4,5 min,
respectivamente).
TABELA 12 - Efeito da administração oral do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre o tempo de sono barbitúrico
em camundongos.
Os valores representam a dia ± E.P.M para n = 8 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste de
Student-Newman-Keuls.*** p< 0,001 em relação ao grupo veículo.
Grupo Dose (mg/kg) Tempo de Permanência na Barra Giratória (s)
Veículo ---
60 ± 0,0
50
60 ± 0,0
200
60 ± 0,0
EHMv
800
60 ± 0,0
Diazepam 25
33,4 ± 5,3 ***
Tempo de Sono
Grupos
Doses
(mg/kg)
Latência (s) Duração (min)
Veículo -
219 ± 16,1 58 ± 4,5
50
226 ± 17,2 55 ± 5,5
200
223 ± 14,1 61 ± 5,8
EHMv
800
180 ± 10,5 63 ± 4,5
Clorpromazina 4
138 ± 7,2 *** 180 ± 0,0 ***
105
5.9.4. Trânsito intestinal
A Tabela 13, demonstram o efeito do tratamento por via oral do EHMv nas doses
de 50, 200 e 800 mg/kg sobre o trânsito intestinal avaliado em camundongos. A
meperidina (25 mg/kg, s.c.) foi o fármaco de referência para este teste.
Nos camundongos tratados com veículo, o carvão ativado, utilizado como marcador
do percurso compreendido entre a região gastropilórica e ileocecal foi de 66,2 ± 2,5 %,
enquanto que os animais tratados com EHMv, esta distância percorrida foi de 65,4 ± 2,9,
68,6 ± 3,2 e 70,7 ± 2,9%, respectivamente para as doses de 50, 200 e 800 mg/kg ( p>0,05).
Quando comparado ao grupo veículo, os animais que receberam a meperidina,
apresentaram redução significativa (p < 0,001) do percurso do carvão (38,5 ± 5,3 %).
TABELA 13 - Efeito da administração oral do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre o trânsito intestinal, em
camundongos.
Os valores representam a Média ± E.P.M para n = 9 - 10 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste
de Student-Newman-Keuls. *** p< 0,001 em relação ao grupo veículo.
5.10 - Avaliação Toxicológica
5.10.1 - Toxicidade Subcrônica
Cada um dos parâmetros clínicos analisados (massa corpórea, ganho de massa
corpórea, consumo de água, ração e quantidade de urina e fezes excretadas no teste de
toxicidade subcrônica foram anotados a cada três dias, mas para realização das análises
Grupo Dose (mg/kg) % do comprimento total do intestino delgado
Veículo ---
66,2 ± 2,5
50
65,4 ± 2,9
200
68,6 ± 3,2
EHMv
800
70,7 ± 2,9
Meperidina 25
38,5 ± 5,3 ***
106
estatísticas foram agrupados de 7 em 7 dias, durante 30 dias, e expressos como S1, S2, S3
e S4.
O efeito do tratamento oral e diário de ratos com veículo ou EHMv, nas doses de
50, 200 e 800 mg/kg, sobre a massa corpórea e ganho de massa corpórea são apresentados
na Tabela 14. Sobre esses parâmetros, não foi verificada diferença estatisticamente
significante entre a massa corpórea dos animais tratados com EHMv em relação ao grupo
controle em nenhuma das doses testadas. Por outro lado, o EHMv na maior dose (800
mg/kg) diminuiu significativamente (p<0,05) o ganho de massa corpórea no período S4
(111,5 ± 5,24 g ) quando comparado com o grupo veículo (129,6 ± 7,32 g).
Da mesma maneira, o tratamento dos ratos com EHMv nas menores doses (50 e
200 mg/kg) não alterou significativamente o consumo de água em nenhum período,
porém a dose de 800 mg/kg, aumentou o consumo de água (p<0,05) nos períodos S3 e S4
(63,8 ± 1,99 e 59,8 ± 2,35 mL), quando comparados ao grupo veículo (53,4 ± 1,43 e 49,9 ±
1,36 mL). Com relação ao consumo de ração não foi observado nenhuma alteração
significante (Tabela 15).
A Tabela 16 expressa o efeito do tratamento subcrônico com veículo ou EHMv
sobre a excreção de urina e fezes. Entre estes parâmetros, não se verificou nenhuma
alteração na excreção de fezes. Por outro lado, os animais tratados com o EHMv nas doses
de 50, 200 e 800 mg/kg aumentaram significativamente a excreta de urina nos períodos
S2, S3 e S4 de forma dose dependente.
107
TABELA 14 - Efeito da administração oral subcrônica do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame - EHMv sobre peso
corporal e ganho de peso de ratos.
Os valores representam a dia ± E.P.M para n = 7 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste de Student-Newman-Keuls, * p<0,05 em comparação ao grupo
veículo.
Massa Corpórea (g) Ganho de Massa Corpórea (g) Período
(Semana)
EHMv
mg/Kg
EHMv
mg/Kg
Controle 50 200 800 Controle 50 200 800
S1
191,8 ± 7,69 209,0 ± 4,75 198,7 ± 6,05 202,3 ± 2,20 35,0 ± 5,02 46,4 ± 6,12 41,3 ± 3,40 42,8 ± 4,18
S2
226,5 ± 8,38 248,5 ± 4,06 236,1 ± 5,00 232,8 ± 2,60 71,0 ± 5,34 83,1 ± 2,19 81,7 ± 3,82 73,4 ± 4,70
S3
267,8 ± 7,17 289,5 ± 4,54 278,7 ± 7,20 231,8 ± 2,60 107,8 ± 6,44 119 ± 3,40 120,5 ± 4,80 99,6 ± 6,40
S4
299,7 ± 4,69 319,5 ± 5,39 315,4 ± 11,3 278,3 ± 4,71 129,6 ± 7,32 141,0 ± 4,07 133,8 ± 5,94 111,5 ± 5,24 *
108
TABELA 15 - Efeito da administração oral subcrônica do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame - EHMv sobre o consumo
de água e ração pelos ratos.
Os valores representam a Média ± E.P.M para n = 7 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste de Student-Newman-Keuls, * p<0,05 em comparação ao
grupo veículo.
Consumo Água (mL) Consumo Ração (g) Período
(Semana)
EHMv
mg/Kg
EHMv
mg/Kg
Controle 50 200 800 Controle 50 200 800
S1
54,3 ± 2,88 53,1 ± 2,66 52,9 ± 2,10 58,9 ± 3,38 36,6 ± 1,90 41,1 ± 1,30 40,1 ± 2,17 38,1 ± 1,08
S2
54,8 ± 1,54 55,5 ± 3,13 56,4 ± 2,10 61,2 ± 3,35 37,7 ± 1,42 42,3 ± 0,99 40,6 ± 0,98 38,8 ± 0,83
S3
53,4 ± 1,43 58,7 ± 2,70 57,1 ± 2,27 63,8 ± 1,99* 40,6 ± 1,43 43,8 ± 0,94 42,2 ± 1,28 37,8 ± 1,26
S4
49,9 ± 1,36 55,1 ± 3,10 51,9 ± 2,27 59,8 ± 2,35* 39,9 ± 1,64 43,2 ± 1,28 37,9 ± 1,23 37,5 ± 1,16
109
TABELA 16 - Efeito da administração oral subcrônica do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia velame - EHMv sobre a
excreção de urina e fezes pelos ratos.
Os valores representam a Média ± E.P.M para n = 7 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste de Student-Newman-Keuls, *p<0,05, **p<0,01 e
***p<0,001 em comparação ao grupo veículo.
Período
(Semana)
Urina (mL) Fezes (g)
EHMv mg/Kg EHMv mg/Kg
Controle 50 200 800 Controle 50 200 800
S1
18,5 ± 1,67 22,5 ± 1,89 21,4 ± 1,56 23,3 ± 1,95 17,0 ± 1,05 18,5 ± 0,78 18,3 ± 0,77 17,1 ± 0,62
S2
17,7 ± 1,17 22,0 ± 0,93* 24,7 ± 1,88* 26,8 ± 1,86** 15,9 ± 1,13 17,8 ± 0,95 18,3 ± 0,55 18,6 ± 0,67
S3
18,3 ± 0,83 23,7 ± 1,39* 24,9 ± 1,66 ** 31,1 ± 1,22 ***
18,5 ± 1,02 19,7 ± 0,81 19,4 ± 0,75 17,9 ± 0,50
S4
19,4 ± 0,51 25,1 ± 1,23* 25,2 ± 1,33** 29,3 ± 1,52*** 18,5 ± 0,98 18,6 ± 0,99 18,2 ± 0,82 18,4 ± 0,97
110
A Tabela 17 apresenta o peso relativo dos órgãos dos animais que receberam o
veículo, bem como os tratados com EHMv nas doses de 50, 200 e 800 mg/kg no período
de 30 dias. O tratamento dos animais com EHMv nas doses testadas não produziu
diferença significativa sobre o peso relativo dos rins, fígado, baço, pulmão, coração e
estômago. Além disto, nenhuma alteração macroscópica foi observada nestes órgãos.
Tabela 17 - Efeito da administração oral subcrônica do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre o peso relativo de órgãos internos
em ratos.
(Peso úmido do órgão/ Peso úmido do animal) x 100
EHMv (mg/kg)
Órgãos
Veículo 50 200 800
Fígado 3,42 ± 0,06 3,39 ± 0,10 3,42 ± 0,08 3,42 ± 0,06
Baço 0,26 ± 0,01 0,24 ± 0,01 0,24 ± 0,01 0,24 ± 0,01
Rim direito 0,42 ± 0,01 0,43 ± 0,01 0,42 ± 0,01 0,42 ± 0,01
Rim esquerdo 0,42 ± 0,01 0,46 ± 0,02 0,47 ±0,02 0,43 ± 0,01
Pulmão 0,61 ± 0,03 0,57 ± 0,04 0,63 ± 0,03 0,63 ± 0,04
Coração 0,44 ± 0,02 0,43 ± 0,01 0,44 ± 0,03 0,45 ± 0,03
Estômago 0,53 ± 0,01 0,51 ± 0,02 0,52 ± 0,01 0,55 ± 0,01
Os valores representam a Média ± E.P.M para n = 7 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste de
Student-Newman-Keuls.
Na Tabela 18 é mostrado o efeito do tratamento com EHMv nas doses de 50, 200 e
800 mg/kg, comparado ao grupo veículo, sobre os parâmetros hematológicos. Para isto foi
analisados o total de eritrócitos, concentração de hemoglobina, hematócrito, contagem
de plaquetas, nº de leucócitos totais, neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e
basófilos. Entre estes parâmetros, apenas o percentual de neutrófilos e linfócitos do grupo
tratado com EHMv na dose de 800 mg/kg diferiu significativamente do grupo veículo (p<
0,01). Neste grupo o percentual de neutrófilos aumentou em 41,3% e o de linfócito
111
diminuiu em 14,2% quando comparados ao grupo veículo. Os demais parâmetros
hematológicos não sofreram qualquer alteração estatisticamente significante.
TABELA 18 - Efeito da administração oral subcrônica do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre parâmetros hematológicos em
ratos.
Os valores representam a Média ± E.P.M para n = 7 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste de
Student-Newman-Keuls. ** p<0,01 vs veículo.
A Tabela 19 apresenta a comparação entre os grupos, quanto a vários parâmetros
bioquímicos testados no plasma sanguíneo. O EHMv nas doses de 50, 200 e 800 mg/kg não
alterou os níveis plasmáticos de ácido úrico, albumina, fosfatase alcalina, colesterol total,
glicose, proteínas totais transaminase oxalacética (TGO), transaminase pirúvica (TGP),
triglicéride e uréia. Já os níveis plasmáticos de creatinina foram significantemente (p<0,05)
maiores na dose de 800 mg/kg (69,4 ± 2,9 mg/dL) em comparação ao grupo veículo (62,0
± 2,6 mg/dL).
EHMv (mg/kg)
Parâmetros Veículo
50 200 800
Eritrócitos (x10
6
/uL) 6,95 ± 0,24 7,12 ± 0,19 7,05 ± 0,11 7,13 ± 0,18
Hemoglobina ( g/dL) 14,4 ± 0,42 14,4 ± 0,20 14,4 ± 0,15 14,9 ± 0,29
Hematócrito ( %) 41,8 ± 1,36 42,2 ± 0,92 41,9 ± 0,40 42,4 ± 0,74
Plaquetas totais (x10
3
/uL) 1056 ± 40,6 1118 ± 58,1 1020 ± 44,5 1053 ± 64
Leucócitos totais (x10
3
/uL) 7,69 ± 0,45 8,11 ± 1,02 8,22 ± 0,61 8,78 ± 1,14
Neutrófilos (%) 25,9 ± 1,32 27,7 ± 2,00 29,9 ± 2,35 36,6 ± 2,32**
Linfócitos (%) 69,5 ± 1,39 68,6 ± 2,10 66,2 ± 1,63 59,6 ± 1,58**
Monócitos (%) 0,38 ± 0,10 0,37 ± 0,10 0,33 ± 0,08 0,34 ± 0,12
Eosinófilos (%) 3,10 ± 0,31 2,70 ± 0,23 2,90 ± 0,32 2,94 ± 0,18
Basófilos (%) 1,01 ± 0,19 0,93 ± 0,16 0,90 ± 0,17 0,96 ± 0,19
112
TABELA 19 - Efeito da administração oral subcrônica do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre parâmetros bioquímicos em ratos.
Os valores representam a dia ± E.P.M para n = 7 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste de
Student-Newman-Keuls. * p<0,05.
EHMv (mg/kg)
Parâmetros Veículo
50 200 800
Ácido Úrico (mg/dL)
1,45 ± 0,23 1,24 ± 0,17 1,25 ± 0,16 1,45 ± 0,30
Albumina (g/L)
2,57 ± 0,05 2,47 ± 0,11 2,47 ± 0,10 2,46 ± 0,09
Fosfatase alcalina (U/L)
130 ± 3,46 121 ± 5,42 118 ± 7,71 115 ± 4,51
Colesterol total (mg/dL)
80,8 ± 6,10 78,2 ± 7,74 80,2 ± 3,68 86,5 ± 5,90
Creatinina (mg/dL)
62,0 ± 2,62 58,8 ± 3,3 58,7 ± 1,2 69,4 ± 2,9 *
Glicose(mg/dL)
101,7 ± 8,74 110,8 ± 7,03 98,4 ± 3,41 113,3 ± 8,5
Proteína (g/dL)
6,67 ± 0,10 6,62 ± 0,12 6,88 ± 0,09 6,98 ± 0,18
Transaminase oxalaçetica (U/L)
127,3 ± 5,52 124,1 ± 8,94 120,1 ± 9,67 121,0 ± 3,88
Transaminase pirúvica (U/L)
50,8 ± 6,61 56,5 ± 9,48 47,3 ± 0,94 57,0 ± 2,76
Triglicéride (mg/dL)
66,1 ± 7,50 72,5 ± 12,9 74,3 ± 8,23 79,3 ± 14,5
Uréia (mg/dL)
30,1 ± 1,05 34,5 ± 1,26 33,5 ± 6 33,7 ± 2,13
113
6 - DISCUSSÃO
A utilização de plantas medicinais pela população tem sido um importante recurso
terapêutico alternativo no tratamento de diversas patologias e sua aceitação vem crescendo
junto à comunidade médica, desde que sejam utilizadas plantas cujas atividades biológicas
tenham sido investigadas cientificamente, comprovando sua eficácia e segurança.
109
Em um estudo realizado por Di Stasi et al (2002)
110
sobre o uso popular de plantas
medicinais na floresta tropical brasileira revelou que de 290 preparados vegetais de 114
plantas medicinais, 28% são utilizados no tratamento de processos inflamatórios.
Compostos derivados de plantas possuem valor histórico como fontes de agentes
antiinflamatórios. A busca por novas drogas de origem vegetal que interfiram efetivamente
com os processos inflamatórios e que apresentem baixa toxicidade, tem despertado grande
interesse no meio científico.
111
Atualmente, de todos os fármacos disponíveis na terapêutica, em torno de 25% são
derivadas, direta ou indiretamente, de plantas. Entre os exemplos mais interessante estão os
salicilatos que levaram ao desenvolvimento das maiores classes de drogas analgésicas,
principalmente, opióides e drogas antiinflamatórias não estereoidais.
111
O grande potencial natural encontrado no Brasil, aliado à diversidade de compostos
bioativos das plantas superiores, têm atraído a atenção da comunidade científica e das
indústrias farmacêuticas que apostam na produção de fitoterápicos como um negócio
114
lucrativo, uma vez que a utilização de plantas medicinais atinge um público cada vez
maior.
11
No entanto, para que se possa estudar a atividade farmacológica de plantas, é de
extrema importância que o pesquisador adote um método de seleção adequado, pois uma
seleção inapropriada de plantas medicinais pode resultar em perda de tempo e recursos,
sem levar em conta as frustrações que advém com as falhas.
Segundo Elisabetsky e Moraes (1988)
112
, existem três caminhos para abordar-se a
seleção de plantas medicinais:
i) randômico, o qual não usa qualquer critério, a investigação segue um rumo
arbitrário, todas as vezes que uma espécie é disponibilizada;
ii) quimiotaxonômico ou filogenético, onde as espécies são selecionadas de acordo
com uma dada categoria química de substâncias presentes num gênero ou numa família;
iii) etnofarmacológica, na qual a seleção da planta baseia-se em seu uso terapêutico
por um grupo étnico.
Estima-se que o desenvolvimento de uma nova droga sintética requer cerca de doze
anos de trabalho a um custo de U$ 231 milhões. Para cada 100.000 compostos sintetizados
e avaliados in vitro, 20 são testados em animais, metade destes em humanos e apenas um
será aprovado para comercialização. No caso do desenvolvimento de medicamentos a
partir de uma planta com uma história de uso tradicional, o custo estimado é de no máximo
U$ 35 milhões e o prazo para a introdução no mercado é de 8-10 anos.
114
Deve-se
considerar que o valor econômico representa todos os benefícios sociais de um certo
produto (empregos, imprevistos, etc.) e não apenas o valor de mercado, e assim a
descoberta de um fármaco de origem vegetal é um forte argumento conservacionista.
Nesse trabalho, optou-se pelo método etnofarmacológico, onde a chance de sucesso
da pesquisa é maior.
114,
115
115
A seleção de plantas medicinais para a triagem antiinflamatória e antinociceptiva
baseada, inicialmente, em trabalhos de conclusão de curso de Biologia do Instituto de
Biociências, dissertações e teses dos Programas de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente
do Instituto de Saúde Coletiva e em Ciências da Saúde da Faculdade de Ciências Médicas,
referidas como úteis no tratamento de processos inflamatórios, levou a um número
significativo de espécies vegetais (100) utilizadas em Mato Grosso.
As influências indígenas, africanas e européias presentes em Mato Grosso,
contribuíram com seus conhecimentos populares sobre o uso de plantas, constituindo a
base da medicina popular, sendo esperado esse expressivo número de espécies vegetais
relacionadas no levantamento inicial. Além disso, o estado de Mato Grosso destaca-se no
cenário nacional, por apresentar três importantes biomas (Cerrado, Floresta Amazônica e
Pantanal) constituindo-se um Estado com megadiversidade f1orística e faunística.
73, 52
Após a tabulação das plantas citadas no levantamento inicial e a submissão destas à
pesquisas bibliográficas, foi realizado um ranquemento das plantas, onde foram
selecionadas as que apresentaram maior citação para o tratamento de processos
inflamatórios e que tivessem sido pouco estudadas farmacologicamente.
Entre as sete plantas selecionadas neste levantamento (Macrosiphonia velame A.
St.-Hil. Müll. Arg, Strychnos pseudoquina St. Hil, Xylopia aromatica Lam. Mart,
Eriotheca gacilipes Chum Robyns, Oxalis hirsutissima Mart. ex. zucc, Palicourea rigida
HBK e Duguetia furfuracea), Macrosiphonia velame foi a que apresentou maior citação
popular nos trabalhos consultados e que interessantemente não foi encontrado nenhum
trabalho farmacológico, toxicológico ou fitoquímico da mesma.
A ausência de estudo que comprovem a utilização popular desta planta pode ser
justificada, quando as estimativas mais otimistas citam que menos de 1% do potencial
medicinal das plantas pertencentes à zona tropical, foi estudado química e
116
farmacologicamente. E o pior é que se considerarmos o grande potencial taxonômico
disponível e a enorme velocidade de extinção de espécies pela destruição dos seus
ecossistemas, é possível que nem 5% destas sejam conhecidas cientificamente antes que
sejam extintas.
116
Estes dados mostram a necessidade de realização de ensaios farmacológicos,
toxicológicos (pré-clínicos e clínicos), químicos, botânicos agronômicos e ecológicos com
Macrosiphonia velame, em função do fornecimento de informações que possibilitem a
utilização segura e racional da planta ou produto derivado desta pela população humana,
associado a sua conservação.
Para o preparo dos extratos brutos das plantas selecionadas para a triagem
antiedema inicial, usou-se como solvente água/etanol 75%, mimetizando assim a forma de
uso popular destas espécies vegetais, onde dos farmacógenos preparam-se chás, dectotos
ou macerados em água ou em bebidas alcoólicas.
Com relação ao rendimento, verifica-se que Xylopia aromatica foi a planta em que
o extrato apresentou melhor rendimento, o que pode indicar que uma boa parte dos
metabólitos secundários desta planta sejam de origem polar. Os rendimentos, para os
demais extratos, foram relativamente baixos, sugerindo que a maioria dos metabólitos
secundários presentes nestas plantas sejam de natureza apolar.
Para Santos (2000),
117
um dos aspectos mais relevante (talvez o mais), quando da
validação farmacológica de um produto natural amplamente utilizado pela população, é a
avaliação de sua toxicidade. Com intuito de verificar a toxicidade aguda dos extratos,
foram utilizados dois métodos: o bioensaio por Artemia salina, teste hipocrático e
determinação da DL
50,
ambos com camundongos.
O bioensaio de toxicidade com Artemia salina oferece numerosas vantagens, por
ser, em geral bem simples, rápido, sensível e barato. É definido como a estimativa da
117
concentração ou potência de uma substância através da medida de uma resposta biológica
produzida.
118
Em estudo realizado por Dolabela (1997),
118
estabeleceu-se critério de classificação
toxicológica de extratos brutos hidroetanólicos com base nos níveis de CL
50
em Artemia
salina, em que: CL
50
<80 mg/mL, altamente tóxicos; CL
50
entre 80 mg/mL e 250 mg/mL,
moderadamente tóxicos; e CL
50
>250/mL, com baixa toxicidade ou não tóxicos. Com base
nesta classificação, observou-se que apenas os EHDf, EHXa e sulfato de quinidina
apresentaram toxicidade moderada, sendo que os demais se mostraram pouco ou não
tóxicos para A. salina.
O teste hipocrático consiste de uma avaliação qualitativa e preliminar das
propriedades tóxicas de uma substância. Os testes foram realizados em concordância com a
RE 90 da ANVISA de 2004, que orienta como devem ser procedidos os estudos de
toxicidade pré-clínica de fitoterápicos.
92
O teste verificou a toxicidade aguda dos extratos administrados por via oral em
doses crescentes (500, 1.000, 2.000 e 5.000 mg/kg), mediante observações das principais
alterações comportamentais manifestadas pelos animais, no período de 14 dias.
90,91
Serve
ainda de base para o estabelecimento de um regime de doses para os estudos
farmacológicos e toxicológicos (subcrônico) subsequentes.
Nesse experimento, apenas os EHMv e EHDf produziram sinais comportamentais
agudos dignos de nota, a partir da dose de 2.000 mg/kg. Sendo observados sinais de
depressão central através diminuição da motilidade e da freqüência respiratória. Na dose
mais elevada (5.000 mg/kg) foi verificado o aumento da passividade e moderada analgesia,
seguida de perda de apreensão das patas e culminando com a morte de 2/3 dos animais que
receberam EHMv. Estes sinais indicam tanto a possibilidade de uma atividade
antinociceptiva ao nível central ou periférico, quanto uma possível ação depressora do
118
SNC, dose dependente, com possibilidade de respostas antagônicas a mediada que se eleva
a dose .
119
Confirmando o indício de baixa toxicidade oral aguda, sugerido pelos testes de
Artemia salina e hipocrático, a DL
50
, calculada para o EHMv foi de 4.146 ± 218,5 mg/kg.
A legislação brasileira classifica os produtos de origem natural em 5 classes: produtos
altamente tóxicos (I), produtos tóxicos (II), produto de média toxicidade (III), produtos de
baixa toxicidade (IV) e produtos praticamente não tóxicos (V). Portanto, a partir dos dados
obtidos, podemos admitir que o EHMv enquadra-se como “Produtos Fitossanitários da
Classe IV”, segundo a Portaria n.04 DISAD/MS de 30 de abril de 1980, que classifica
como produtos de baixa toxicidade as formulações que apresentem DL
50
oral entre 4.000 e
6.000 mg/kg.
120
A partir dos resultados obtidos no teste hipocrático, selecionaram-se as doses de 20
e 200 mg/kg para as triagens antiedematogênica e antinociceptiva, além das doses de 50,
200 e 800 mg/kg para os ensaios subseqüentes, exceto para a dermatite por óleo de Croton.
Todos os modelos experimentais usados nos experimentos de farmacologia foram
selecionados devido a sua boa reprodutibilidade, confiabilidade e preço acessível, além de
serem os modelos clássicos da experimentação farmacológica.
O presente estudo realizou inicialmente uma triagem antiedematogênica dos sete
extratos, frente ao modelo de edema de pata induzido por carragenina em ratos e uma
triagem antinociceptiva pelo modelo de contorções abdominais induzidas por ácido acético
em camundongos dos três extratos que apresentaram melhores resultados na triagem
antiedematogênica, com objetivo de selecionar o extrato da planta com melhor perfil
farmacológico.
Entre os diversos métodos utilizados para triagem e avaliação de drogas
antiinflamatórias, incluindo produtos naturais, um dos mais comumente empregados é o
119
que usa como agente flogístico a carragenina injetada na pata traseira de ratos.
94, 122
Nesse
modelo pode-se verificar o efeito de agentes antiinflamatórios em doses orais simples, não
tóxicas e apresenta boa proporcionalidade entre a dose testada em animais e a dose
clínica.
122
A carragenina é um polissacarídeo obtido por extração em fase aquosa de
variedades naturais de algas das famílias Gigartinaceae, Solieriaceae, Hypneaeceae e
Furcellariaceae da classe Rhodophyceae (algas vermelhas), que quando administrado na
região subplantar da pata induz intensa vasodilação e extravasamento plasmático
produzindo uma resposta inflamatória local mensurável.
123
A intensa vasodilatação e extravasamento plasmático são induzidos pela liberação
de mediadores inflamatórios como cininas, taquicininas, óxido nítrico, prostanóides, bem
como a liberação de serotonina e histamina a partir de mastócitos.
124, 123
Além de
desencadearem a formação do edema, estes mediadores contribuem fortemente com a
migração celular, principalmente de neutrófilos para o sítio inflamatório.
125
O modelo de edema de pata por carragenina apresenta duas fases inflamatórias e
uma terceira não caracterizada. Na primeira hora logo a após a injeção de carragenina,
um aumento da permeabilidade vascular mediada por histamina e serotonina. Na segunda
hora, o aumento da permeabilidade é ocasionado por cininas. Já na terceira hora (pico
máximo do edema), o aumento da permeabilidade vascular ocorre principalmente devido à
ação das PGs.
121
Entre os sete extratos testados na triagem antiedematogênica, foram verificadas
reduções de forma significativa na formação do edema de pata para os animais tratados
com EHSp, EHEg, EHPr e EHMv, sendo que, apenas os dois últimos foram capazes de
reduzir significativamente o edema no pico da resposta inflamatória.
120
O EHMv foi o único extrato que inibiu significativamente o edema tanto na fase
inicial quanto no pico da inflamação. De acordo com esses dados o EHMv parece atuar
tanto na fase de indução, que segundo Silva (2005)
126
é onde ocorre a liberação de
histamina, serotonina e bradicinina, quanto na fase máxima da resposta inflamatória (3h),
que está correlacionada principalmente com elevada produção de PGs pela ativação da
COX-2 e liberação de NO, sem descartar a possibilidade de interação com outros
mediadores.
O teste de contorções abdominais, induzidas pelo ácido acético, é descrito como um
típico modelo para avaliar a dor de origem inflamatória, pouco específico, mas com boa
sensibilidade, sendo uma ferramenta de triagem para avaliação da atividade analgésica e
antiinflamatória de novos agentes.
127, 128
Apesar da falta de especificidade desse modelo,
os resultados que ele fornece apresentam uma boa correlação com a potência exibida por
drogas analgésicas em outros modelos pré-clínicos e com aquela encontrada em estudos
clínicos.
129, 130
A administração do ácido acético para membrana serosa provoca comportamentos
estereotipados que são caracterizados por contorções abdominais, redução e incoordenação
da atividade motora. Estes comportamentos são considerados reflexos e evidenciam a dor
visceral.
131
Foram selecionados os extratos que se mostraram mais efetivos em reduzir o edema
de pata por carragenina (EHPr, EHMv e EHSp), para condução ao teste de contorção
abdominal por ácido acético. Frente a este experimento, os três extratos testados
apresentaram efeito analgésico, destacando-se entre eles o EHMv que reverteu, de maneira
dose dependente, o número de contorções abdominais produzidas pela injeção i.p. de ácido
acético em camundongos.
121
A irritação local, provocada pela administração deste agente na cavidade
intraperitoneal desencadeia a liberação de vários mediadores como a bradicinina,
substância P e PGs, principalmente a PGI
2
, bem como algumas citocinas como IL-1β,
TNF-α e IL-8. Estes mediadores ativam nociceptores quimiosensíveis que contribuem com
o desenvolvimento da dor de origem inflamatória.
132, 128
Com base nos resultados obtidos
neste modelo sugere-se que o efeito antinociceptivo dos extratos testados, em especial o
EHMv pode estar relacionado à inibição da liberação de mediadores pró-inflamatórios
induzida pelo ácido acético.
Os resultados da triagem nos dois modelos indicaram que o EHMv, apresentou o
melhor perfil antiedema e antinociceptivo, frente aos modelos propostos, sendo por este
motivo selecionado para aprofundamento dos estudos fitoquímicos, farmacológicos e
toxicológicos.
Após a seleção do EHMv para prosseguir com os ensaios pré-clínicos, fez-se
necessário a realização de uma avaliação fitoquímica preliminar, visto que não foi
encontrado na literatura trabalhos que tivesse estudado Macrosiphonia velame sob o ponto
de vista químico. A análise fitoquímica, realizada com o EHMv, revelou a presença de
alcalóides, catequinas, compostos fenólicos, cumarinas, flavonóides, flavanonas,
saponinas, taninos catéquicos e triterpenóides pentacíclicos, como principais metabólitos
secundários. Para maiores detalhes fazem-se necessários a purificação, o isolamento e a
elucidação estrutural dos compostos ativos, porém não foi possível realizar estes ensaios.
Estudos têm demonstrado que vários desses metabólitos secundários, como os
flavonóides possuem vários efeitos farmacológicos incluindo o efeito antiinflamatório e
antinociceptivo.
133, 134, 135
122
Os constituintes fitoquímicos responsáveis pela atividade antiinflamatória estão
relacionados com a indicação popular de Macrosiphonia velame (Velame-branco) em
processos inflamatórios.
O uso de M. velame no tratamento de processos inflamatórios é responsável por um
dos usos populares mais comuns tanto em Mato Grosso quanto em outras regiões do
Brasil.
87
Tem sido amplamente postulado que na inflamação o dano tecidual está
associado com a liberação de vários mediadores inflamatórios que causam sensibilização
ou ativação de nociceptores periféricos, o que possibilita encontrarmos muitas drogas com
atividade antiinflamatória e analgésica simultaneamente.
136, 137, 1
Neste sentido procurou-se aprofundar os estudos com o extrato bruto hidroetanólico
do xilopódio de Macrosiphonia velame frente a modelos animais de inflamação e dor.
Levando-se em conta que EHMv foi efetivo em reduzir o edema de pata induzido
por carragenina em ratos na primeira hora após a administração do agente flogístico, efeito
este que pode estar relacionado com mediadores como a histamina e a serotonina, orientou-
se o estudo para testar o extrato no edema de pata induzido por dextrana.
121
A dextrana é um polímero de alto peso molecular formado de cadeias ramificadas
de resíduos de alfa-D-glicopiranosil.
138, 139
O edema produzido pela injeção subplantar
dessa substância em animais caracteriza-se por uma pida elevação do edema e
decaimento espontâneo após a h, tendo como mediadores principais a histamina e a
serotonina.
140, 67
O teste é útil para detectar efeito de drogas com potencial aplicação no
tratamento de urticária,
141
edema pulmonar e outros tipos de reações anafilactóides.
142, 143
O tratamento dos animais com EHMv nas doses de 200 e 800 mg/kg, reduziu o
edema de pata por dextrana após 60 min da administração desse agente, porém não foi
capaz de manter a inibição do edema no tempo subsequente. Esse resultado indica que o
EHMv pode possuir propriedade de inibição da liberação de mediadores químicos,
123
particularmente de mastócitos, prevenindo sua degranulação e conseqüente liberação de
histamina e serotonina.
142, 143
Embora os modelos experimentais de edema de pata por carragenina e dextrana
sejam de grande valia na avaliação de potenciais drogas antiinflamatórias, estes não
permitem quantificar facilmente o componente celular da resposta inflamatória aguda,
onde os neutrófilos são particularmente relevantes.
97
Assim sendo, o EHMv foi avaliado
frente à pleurisia induzida pela injeção de carragenina em ratos.
A pleurisia induzida por carragenina é um excelente modelo inflamatório no qual o
extravasamento de fluído, a migração leucocitária e vários parâmetros bioquímicos no
exsudato envolvidos na resposta inflamatória podem ser mensurados prontamente.
144, 121
Nesse teste, o volume do exsudato na cavidade pleural atinge um pico entre 16 e 24 h,
enquanto que a migração de leucócitos alcança o máximo entre 4-6 h após a carragenina.
145, 146
Embora na pleurisia por carragenina o volume do exsudato seja bloqueado tanto
pelos AINEs como pelos AIEs, a redução da migração celular ocorre apenas pelos AIEs.
147
Na pleurisia induzida por carragenina, a COX-2 e o RNAm são expressos (síntese
"de novo") nos leucócitos mononucleares e neutrófilos do exsudato pleural, permanecendo
elevados por 3 - 7 h após a indução da inflamação, com conseqüente aumento da síntese de
PGE
2
.
148
Os produtos da lipoxigenase, gerados por fagócitos que migram à cavidade pleural,
atuam como fatores quimiotáticos para neutrófilos, desempenhando papéis relevantes na
migração leucocitária. Os neutrófilos, por sua vez, produzem substâncias microbicidas ou
citotóxicas dependente da redução de oxigênio (radicais livres) e independente de oxigênio
(produtos lisossomais).
149
No modelo de pleurisia o EHMv mostrou-se efetivo em reduzir tanto o volume do
exsudato quanto a migração celular sendo mais efetivo neste último. Os resultados
124
reforçam a presença de atividade antiinflamatória para o EHMv, indicando sua participação
na inibição do sistema de PGs, como também levanta a possibilidade de efeitos inibitórios
sobre outros mediadores, tais como produtos da lipoxigenase bem como citocinas pró-
inflamatórias ( IL-1β, IL-6, IL-8, TNF- α , IFN-y e IFN-α).
148
Assim como sugerido para o edema de pata por carragenina, pode-se aventar que o
efeito antiexsudativo do EHMv na pleurisia por carragenina deva-se à inibição da COX,
enquanto a redução da migração celular pode dever-se a inibição da LOX e da infiltração
de neutrófilo, assim como à estabilização de membranas lisossomais.
149
Macrosiphonia velame, também é utilizado pela população mato-grossense como
antiinflamatório tópico. Baseado nesta utilização popular, procedeu-se a avaliação da
atividade antiinflamatória do EHMv frente ao modelo de dermatite tópica induzido por
óleo de Croton, preconizado por Swingle (1981).
96
Segundo Tonelli (1965),
150
o edema de orelha induzido em camundongo por óleo
de Croton é um modelo simples e reprodutível utilizado para identificar drogas
antiinflamatórias efetivas topicamente. O óleo de Croton é primariamente um irritante
dérmico, que tem como princípio ativo o diterpeno 12-0-tetradecanooil forbol-13-acetato
(TPA).
Nesse modelo, entre os mediadores inflamatórios importantes estão os eicosanóides
como a prostaglandina E
2
(PGE
2
) e o leucotrieno B
4
(LTB
4
). Tanto inibidores de
ciclooxigenase (COX) como de 5-lipooxigenase (LOX), e também antagonistas de LTB
4
inibem o edema causado pelo óleo de Croton.
151, 152
Com esses dados, sugere-se que os eicosanóides participam da inflamação induzida
pelo óleo de Croton. No entanto o mecanismo pelo qual o óleo de Croton aumenta os
níveis de eicosanóides ainda não está completamente elucidado, mas sabe-se que inclui a
ativação de proteína quinase C (PKC), que por sua vez ativa outros grupos de enzimas
125
como as proteínas quinases ativadas por mitógenos (MAP quinases) e fosfolipase A
2
,
indução da COX -2 e ativação da LOX.
153
O óleo de Croton induz vasodilatação, edema de orelha, eritema e agregação
plaquetária que ocorre dentro de 2 h. Leucócitos polimorfonucleares (neutrófilos e
eosinófilos) podem ser visualizados aderindo-se à parede do vaso em até 6h após a
aplicação do agente indutor bem como a presença da degranulação de mastócitos.
151
Entre
6 e 24h após a aplicação do agente flogístico, ocorre intensa migração de neutrófilos,
macrófagos e linfócitos T (CD4 + e CD8 +) e hiperproliferação epidérmica.
154
A aplicação do óleo de Croton também aumenta os níveis de PGE
2
e leucotrienos
que possui o pico de concentração em 3 horas persistindo de forma gradual até 24 h, além
de aumento dos níveis de citocinas pró-inflamatórias, como a IL-1β e o TNF-α na qual se
observa em 1,5 h após a aplicação e alcança um pico em 4,5 h retornando aos níveis basais
em 24 h.
155
Os nossos experimentos demonstraram que o EHMvo foi capaz de inibir o
edema de orelha induzido pelo óleo de Croton nas concentrações testadas, não sendo
confirmada a atividade antiinflamatória tópica para este modelo. A inefetividade para este
teste pode estar relacionada com a dificuldade de absorção percutânea do EHMv.
Absorção, que segundo Barry (2005)
156
pode ser influenciada pela baixa afinidade físico-
química do agente terapêutico com a pele, uma vez que o extrato apresenta características
polares.
Para verificar se a falta de efetividade do EHMv no modelo de dermatite tópica por
óleo de Croton, tinha relação com a absorção do mesmo, procedeu-se a incorporação do
extrato nas mesmas concentrações à uma formulação comercial à base de hostacerin ncb
®
e
em seguida foram testadas frente ao modelo de dermatite por óleo de Croton.
126
Uma vez que o EHMv foi incorporado em formulação, verificou-se que o
tratamento tópico com 100 µg/orelha do extrato foi capaz de reduzir significativamente a
dermatite por óleo de Croton. Os resultados indicam que possivelmente a base de
HOSTACERIN
®
NCB melhorou a absorção de EHMv por via percutânea e que o efeito
antiedema do extrato incorporado à formulação pode estar relacionado á inibição da PLA
2
e da atividade da ciclooxigenase. Uma vez que o edema é dependente principalmente da
geração de produtos do metabolismo do AA, sendo o mesmo muito sensível à ação dos
glicocorticóides e, em menor grau, às drogas inibidoras da ciclooxigenase.
151, 157
Outro importante ensaio realizado no estudo antiinflamatório do EHMv foi o da
pirexia induzida por levedura de cerveja. Esse experimento é de grande relevância, visto
que a hipertermia é uma resposta adaptativa dos vertebrados a estímulos inflamatórios e
que a maioria dos analgésicos e AINEs inibem a resposta hipertérmico.
158
A febre é produzida quando um desequilíbrio no “termostato” hipotalâmico, o
que induz a uma elevação do ponto de ajuste da temperatura corporal. A hipertermia é
induzida durante o processo inflamatório, onde o agente inflamatório provoca a liberação
de citocinas pró-inflamatórias, como as IL-1, IL-6, IL-8, TNF e IFN, que ao alcançarem a
circulação a partir do foco inflamatório, estimulam a síntese de prostaglandina E
2
por
várias células (endoteliais, macrofágicas e até neurônios) na vizinhança dos centros
termorreguladores hipotalâmicos.
159,
23
O EHMv inibiu de maneira significante a hipertermia induzida por levedura de
cerveja, quando comparados ao grupo controle. Possivelmente o efeito antipirético do
EHMv observado nesse experimento está relacionado com sua atividade antiinflamatória,
onde a inibição da biossíntese de PGs (particularmente PGE
2
), via inibição de COX, parece
ser fundamental. Outras ações como a inibição da liberação de mediadores químicos de
macrófagos e ação antioxidante podem também estar envolvidas nesse efeito.
127
Após verificarmos que o EHMv apresentou potente atividade antinociceptiva frente
ao modelo de contorções abdominais induzidas por ácido acético, de forma dose-
dependente, com inibição da nocicepção semelhante ao da indometacina (5 mg/kg),
procedemos os estudos com objetivo de verificar as potencialidades do extrato em
diferentes modelos de dor.
Atualmente, o interesse para o uso clínico de novas substâncias com atividade
analgésicas, utilizadas principalmente para o tratamento de vários tipos de dor (tanto de
origem neurogência quanto inflamatória), vem aumentando significativamente.
Neste sentido objetivamos melhor caracterizar a atividade antinociceptiva do
EHMv utilizando modelos de nocicepção induzidos por agentes químicos (ácido acético,
formalina, capsaicina) e modelos de nocicepção induzido por agentes físicos (placa quente
e tail-flik).
127,
160,
99,
101,
102, 103
Um segundo modelo utilizado para avaliar a ação antinociceptiva do EHMv foi o
teste da formalina, descrito inicialmente em gatos e ratos por Dubuisson e Dennis
(1977).
161
A principal característica deste teste é o fato de que apresenta duas fases
diferentes de nocicepção, que parece envolver estímulos distintos,
99, 160
onde a primeira
fase inicia-se imediatamente após a injeção de formalina estendendo-se pelos primeiros 5
minutos (dor neurogênica) que está envolvida com a estimulação química direta dos
nociceptores das fibras aferentes do tipo C e em parte das fibras do tipo Aδ.
162
A segunda
fase ocorre entre 15 – 30 min após a injeção de formalina e está relacionada com a
liberação de vários mediadores pró–inflamatórios.
99
Resultados experimentais indicam ainda que vários mediadores químicos como
substância P, glutamato, bradicinina e PGs parecem estar envolvidos com a primeira fase
(dor neurogênica), enquanto a histamina, serotonina, bradicinina, PGs e neuropeptídeos
participam da segunda fase (dor inflamatória) da dor induzida pela formalina.
162
128
O teste da formalina produz um estímulo nociceptivo de caráter tônico e
moderado, que persiste por alguns minutos, e do qual o animal não pode se esquivar.
Portanto, costuma-se associar este modelo ao que mais se assemelha à condição clínica de
dor, sendo um modelo útil para a investigação de fármacos analgésicos em potencial.
163
O pré-tratamento dos camundongos com EHMv foi capaz de inibir de forma
significativa a primeira fase da dor (neurogênica) induzida pela formalina apenas com a
maior dose (800 mg/kg). na segunda fase da dor (inflamatória) observou-se uma eficaz
atividade analgésica para todas as doses testadas do extrato, efeito comparado ao das
drogas usadas como referência.
Possivelmente a atividade antinociceptiva do EHMv está correlacionada com o
bloqueio da ação de mediadores envolvidos na primeira fase (substância P, glutamato,
bradicinina e PGs entre outros) e os responsáveis pela segunda fase (histamina, serotonina,
bradicinina, PGs, neuropeptídeos, óxido nítrico e aminoácidos excitatórios, entre outros).
99, 164
Para avaliar se EHMv efetivamente interfere especificamente na dor do tipo
neurogênica, uma vez que a maior dose foi capaz de inibir a fase neurogênica do processo
doloroso induzido pela formalina realizamos o teste da capsaicina.
A capsaicina (8-metil-N-vanilil-6-nonenamida) é uma substância álgica obtida da
pimenta vermelha, Capsium annuum L., disponível como ferramenta farmacológica para o
estudo do subtipo de fibras sensoriais primárias do tipo C e Aδ, incluindo os nociceptores
polimodais e termoceptores.
165
Estudos têm demonstrado que a capsaicina induz a liberação de neurocininas
(substância P, neurocina A e neurocina B), peptídeos relacionados ao gene da calcitonina
(CGRP), somastotatina neuropeptídeos, aminoácidos excitatórios (glutamato e aspartato),
129
óxido nítrico, mediadores pró-inflamatórios na periferia, além de promover a transmissão
de informações nociceptivas para a medula espinhal e ativação dos receptores para a
capsaicina, conhecidos como vanilóides.
166, 167
A ativação direta de aferentes primários,
pela capsaicina, leva a produção e a liberação de PGE
2
na medula espinhal (in vitro),
podendo ainda causar a liberação de glutamato in vivo e de substância P in vitro.
168
No teste da capsaicina, o EHMv inibiu de forma significativa a dor de origem
neurogênica de forma dose-dependente, o que indica sua possível participação sobre os
mediadores da dor induzida por esse agente álgico, bem como a redução da ativação dos
receptores vanilóides (TRPV1).
167
Para verificar a envolvimento do sistema opióide no efeito antinociceptivo do
EHMv, realizamos o teste da placa quente, descrito por Woolfe e McDonald (1944)
169
e
posteriormente modificado por Eddy e Leimback (1953).
102
Este teste é sensível para
compostos analgésicos potentes, semelhantes aos analgésicos opióides, como a morfina,
sendo também sensível a outras drogas que atuam no SNC.
A morfina utilizada como padrão-ouro de analgesia no teste da placa quente,
aumentou significativamente o tempo de permanência do animal sob o estímulo térmico
quando comparada ao controle. Sua ação antinociceptiva é mediada via ativação de
receptores de membrana opióides, que são representados por uma família de receptores de
membrana acoplados a proteína G. Existem cinco tipos destes receptores: µ (mi), δ
(sigma), k (kapa), σ (delta), ε (Epson), que estão distribuídos tanto perifericamente como
no sistema nervoso central.
170
Surpreendentemente, nas mesmas condições experimentais nas quais a morfina
causou significativo aumento do limiar nociceptivo, o EHMv foi ineficiente em aumentar o
tempo de permanência sobre a placa quente, opondo-se ao resultado obtido anteriormente,
130
sugerindo que o efeito do extrato sobre a dor neurogênica não está associado aos receptores
centrais do sistema opióide.
Com o intuito de melhor compreender o efeito analgésico da dor neurogênica,
avaliou-se EHMv frente ao modelo de retirada da cauda, um ensaio que estuda a resposta
reflexa de integração medular, diferenciando-se da placa quente que verifica a participação
a resposta operante de integração central.
121
O experimento de retirada foi proposto por D’Amour e Smith (1941)
103
e está
baseado na media do lapso de tempo decorrido entre a aplicação do estímulo térmico de
intensidade superior a 40 °C que é direcionada ao terço médio da cauda de ratos até o
momento em que o mesmo afasta a cauda da fonte de calor.
O modelo de retirada da cauda não é ocasionado apenas por um reflexo puramente
espinhal, ele também está sujeito ao controle de estruturas supra-espinhais. Primeiramente
acreditava-se que os opióides produzissem analgesia através de ações no sistema nervoso
central.
171
Entretanto, estudos em animais
172
e em humanos
173
têm demonstrado que
mecanismos opióides periféricos também podem participar da antinocicepção.
Nossos dados mostram claramente que o EHMv não foi capaz de aumentar a
latência dos animais ao estimulo térmico no teste de retirada da cauda. Confirmando que o
efeito analgésico central observado nos testes da formalina e capsaicina não está
relacionado com antagonismo dos receptores opióides centrais ou periféricos.
O EHMv pode apresentar efeito antinociceptivo semelhante ao do paracetamol-
acetominofen que também apresenta ação central, efeito que esta relacionado a redução da
concentração de PGE
2
no cérebro devido a inibição da terceira isoenzima ciclooxigenase
(COX-3). Enquanto outros AINEs, como a indometacina, apresentam apenas ação
periférica por inibirem a COX-1 e COX-2.
26, 174
131
Com o objetivo de eliminar resultados falso-positivo para o efeito antiinflamatório
e antinociceptivo do EHMv, realizou-se alguns estudos de atividades farmacológicas gerais
(pressão arterial média, teste sobre a coordenação motora - rota rod e tempo de sono
barbitúrico).
Sabe-se que tanto o sistema adrenérgico como o colinérgico participam na resposta
nociceptiva de origem neurogência. Os receptores α2 estão envolvidos na inibição da
transmissão sensorial por interferirem na condutância do cálcio, em neurônios sensoriais
presentes na substância cinzenta periquedutal, no corno dorsal da medula. Desta forma
inibem a liberação de neurotransmissores.
40
A liberação não simpática de noradrenalina na
substância gelatinosa do corno dorsal da medula é modulada por adrenoreceptores tipo α
2ª.
175
Há evidências que os agonistas α2 promovem atividade nociceptiva através da
modulação pré-sináptica de fibras aferentes primárias, as quais conduzem os estímulos até
o corno dorsal da medula.
176
Existe uma íntima relação entre α2-agonistas e os opióides.
uma intima relação entre o sistema opióide e o sistema colinérgico, receptores
opióides pré-sinápticos induzem a liberação de acetilcolina. Esta interação sistema opióide
e sistema colinérgico tem sido discutida por vários autores.
177, 178
A acetilcolina participa da via inibitória descendente como modulador das respostas
supra-medulares. Isto pode ser verificado analisando as alterações no limiar álgico de
animais submetidos ao teste de retirada de cauda. Abe et al (2003)
125
descreveram que a
antinocicepção causada pela morfina, pelo menos em parte envolve receptores
muscarínicos. A transcecção medular de animais pré tratados com agonistas colinérgicos
gera uma atenuação do limiar nocicepivo. Bannon et al (1998)
179
descreveram que o
antagonismo do sistema colinérgico pode levar a um efeito antinociceptivo.
Em estudos realizados por Dussor et al (2004)
180
demonstraram que a ativação
periférica de receptores muscarínicos de tipo dois (M
2
) produz antinocicepção in vitro e in
132
vivo e sugerem que estes receptores possam representar um alvo periférico para o
tratamento da dor e da inflamação.
Para verificar indiretamente se o EHMv influencia sobre os sistemas colinérgicos e
adrenérgicos ou ainda sobre a pressão média de ratos, utilizou-se o modelo de registro de
pressão arterial média em ratos acordados.
No entanto, nossos resultados não demonstraram qualquer alteração na pressão
média dos animais tratados com EHMv em qualquer dose, quando comparado com o grupo
controle, afastando assim a possibilidade de que os efeitos antinociceptivo e
antinflamatório EHMv decorra de algum envolvimento sobre o sistema nervoso autônomo.
Tendo em vista que o EHMv mostrou-se efetivo em modelos de dor neurogênica, o
extrato foi avaliado frente aos modelos de locomoção motora (rota rod) e tempo de sono
barbitúrico, com intuito de verificar se o efeito antinociceptivo do EHMv esta relacionado
com algum efeito depressor do SNC ou sobre o sistema muscular.
A ação depressora de diversas drogas analgésicas sobre o sistema nervoso central e
sobre o sistema muscular pode gerar redução de coordenação motora em animais como na
expressão do comportamento nociceptivo.
181
Os resultados obtidos no presente estudo demonstrou que o EHMv não causou
incoordenação locomotora, uma vez que não alterou os padrões de locomoção nos testes de
“rota rod”. O mesmo foi observado para o teste do tempo de sono barbitúrico, onde não
houve alteração na latência para o sono e tão pouco para a duração do mesmo. Estes
resultados indicam que é pouco provável que a atividade antinociceptiva verificada para o
EHMv decorra de um efeito depressor inespecífico central.
Sabe-se que a velocidade do trânsito gastrintestinal interfere na sintomatologia da
úlcera péptica, sendo um dos fatores que determinam a intensidade do conteúdo luminal e
133
a biodisponibilidade de substâncias administradas por via oral. Serve também para a
pesquisa de compostos inibitórios ou estimulantes da atividade peristáltica. Drogas que
retardam o esvaziamento gastrintestinal agravam o quadro de úlcera gástrica.
182
Com a finalidade de investigar um possível efeito do EHMv sobre a motilidade
gastrointestinal, realizou-se o teste de trânsito intestinal. No modelo de carvão ativado, o
trânsito intestinal é medido pelo deslocamento do marcador após um tempo pré-
determinado, sendo expresso pela percentagem da distância percorrida pelo carvão, em
relação ao comprimento total do intestino delgado.
183
No presente estudo o EHMv não
alterou o trânsito intestinal em camundongos.
As atividades farmacológicas do extrato bruto hidroetanólico do xilopódio de
Macrosiphonia velame possivelmente estão relacionadas com os produtos de seu
metabolismo secundário. Estudos têm referido vários metabólitos secundários com
comprovada ação antiinflamatória, vários desses formam evidenciados na fitoquímica
preliminar do EHMv (alcalóides, flavonóides, flavanonas, taninos catéquicos e
triterpenóides pentacíclicos).
184,, 135, 185
Entre estes, destaca-se os flavonóides, que segundo Silva e col (2002),
135
apresentam potente efetividade em inibir tanto a via da ciclooxigenase quanto da 5-
lipoxigenase no metabolismo do araquidonato. Além disso, estudos têm mostrado que
flavonóides aumentam a permeabilidade capilar e exercem um efeito inibitório na
exsudação de proteínas e migração de leucócitos.
186
Assim os resultados obtidos, fornecem evidências de que as atividades
antiinflamatórias e analgésicas do EHMv podem estar relacionadas com a inibição da
síntese de PGs, interação com neuropeptídeos álgicos e podem ainda estar interagindo com
aminoácidos excitatórios tipo glutamato e aspartato, embora outros mecanismos tais como
134
inibição da liberação de mediadores lisossomais e bloqueio dos mediadores pró-
inflamatórios (histamina, serotonina, bradicinina, NO, PGE
2
, produtos da LOX, citocinas,
entre outros) possam contribuir para as atividades farmacológicas observadas.
M. velame tem sido muito utilizada em Mato Grosso para diversos fins medicinais,
principalmente na terapia de processos inflamatórios e geralmente seu uso é feito por
período prolongado. Por ser uma planta amplamente utilizada não pela população mato-
grossense, como também por várias outras regiões do Brasil e por não haver qualquer
estudo que demonstre a segurança no tratamento prolongado, fez se necessário a realização
do estudo da toxicidade subcrônica do EHMv em ratos.
De acordo com a resolução RE 90 de 2004 da ANVISA
92,
que estabelece um
guia para a realização de estudos de toxicidade pré-clínica de fitoterápicos, orienta-se, para
que no teste subcrônico a administração da substância a ser testada seja administrada pela
mesma via usada pela população e que o período de tratamento não seja inferior a 30 dias.
O EHMv nas doses de 50, 200 e 800 mg/kg, o produziu nos animais qualquer
alteração com relação aos seguintes parâmetros clínicos: massa corpórea acumulada,
consumo de ração, excreção de fezes. Já os animais que receberam o EHMv na dose de 800
mg/kg, ganharam menos massa corporal que os animais tratados apenas com o veículo,
sendo essa alteração significante apenas para a média da última semana (S4) de tratamento.
Ainda no grupo que recebeu o extrato na dose de 800 mg/kg, observou-se um aumento no
consumo de água pelos animais nas duas últimas semanas (S2 e S3).
Estudos toxicológicos realizados por Rebecca et al (2002)
187
e Tasaki et al.
(2007),
188
também obtiverem resultados parecidos aos nossos com relação ao ganho de
peso. Assim como eles, não podemos evidenciar de que forma o EHMv pode ter
135
influenciado sobre esse parâmetro, uma vez que não houve nenhuma evidência de anemia
ou mesmo alterações bioquímicas que comprometesse o metabolismo dos animais.
Com relação à excreção de urina, verificou-se, que todas as doses do extrato
promoveram um efeito diurético de forma dose-dependente a partir da semana. Para
melhor elucidação desse resultado faz se necessário a realização de estudos adicionais.
Na avaliação bioquímica a única alteração observada foi um aumento nos níveis de
creatinina dos animais tratados com a maior dose de EHMv. No entanto, apesar de
apresentar significância estatística quando comparado ao grupo veículo, verifica-se que de
acordo com estudos prévios realizados por Kozma et al. (1969)
189
e Ghys, et al. (1975)
190
os níveis de creatinina observados estão dentro nos padrões fisiológicos. Além disso, em
nossas análises histopatológicas não foram observadas nenhum tipo de alterações renais.
Nas análises hematológicas as únicas alterações significativas foram referentes ao
número de neutrófilos e linfócitos. Verificou-se que os ratos que receberam o EHMv na
dose de 800 mg/kg apresentaram aumento do mero de neutrófilos e redução do número
de linfócitos em relação ao grupo controle, indicando um possível processo inflamatório
em curso.
As análises dos índices de peso relativo e anatomomacroscópicos de órgãos vitais
não apresentou nenhuma alteração significativa. Entretanto, a analise histopatológica
confirmou as alterações bioquímicas, quando revelou a presença de processo inflamatório
crônico inespecífico, encontrado nos pulmões de todos os animas, com maior intensidade
no grupo que recebeu o EHMv na dose de 800 mg/kg, que além desses achados verificou-
se a presença de abscesso nos pulmões de 3/7 dos animais.
Resultados semelhantes aos nossos foram obtidos por Tasaki et al (2007)
188
e
Beserra (2008)
191
, que também verificaram histologicamente a presença de processo
inflamatório crônico nos pulmões de ratos. Segundo os autores o achado pode estar
136
possivelmente relacionado às condições inadequadas do ar inspirado por estes animais,
que estas alterações foram encontradas em todos os animais tratados ou não com a
substância teste. Além destes fatores, as características físico-químicas do EHMv podem
ter influenciado no desenvolvimento de abscesso pulmonar. Durante o tratamento oral
através de gavagem pode ter ocorrido refluxo do extrato para os pulmões e
consequentemente uma intensa resposta inflamatória frente a este agente estranho.
Surpreendentemente também foram encontrados processos inflamatórios agudos
em todos os estômagos, incluído os do grupo controle. Alteração que pode estar
relacionada com o método de gavagem, e não pela ação específica do extrato, uma vez que
até mesmo os animais que receberam o veículo (água destilada) apresentaram processo
inflamatório agudo.
Os resultados do teste da toxicidade subcrônica mostram que o extrato
hidroetanólico do xilopódio de M. velame quando administrado por via oral durante um
longo período pode causar efeitos indesejáveis, em proporção à dose administrada,
indicando um possível efeito tóxico.
Essa pesquisa valida sob o ponto de vista pré-clínico, o uso popular do xilopódio
de M. velame em processos inflamatórios e dolorosos, em especial sobre a inflamação
aguda. A toxicidade encontrada, em conjunto com os achados farmacológicos,
recomendam mais estudos com o EHMv com o objetivo de elucidar o mecanismo de
ação antinflamatório e antinociceptivo do extrato bem como a identificação do(s)
princípio(s) ativo(s) responsável(is) pelos efeitos farmacológicos observados.
137
7
– CONCLUSÃO
1. As plantas mais citadas nos trabalhos consultados e que apresentaram poucos estudos
farmacológicos foram: Macrosiphonia velame, Strychnos pseudoquina, Xylopia aromática,
Eriotheca gacilipes, Oxalis hirsutissima, Palicourea rígida, Duguetia furfuracea;
2. Na avaliação toxicológica aguda, apenas o EHMv promoveu a morte de animais,
entretanto, apresentou uma DL
50
relativamente alta, indicando baixa toxicidade aguda
oral;
3. O Extrato hidroetanólico do xilopódio de M. velame (EHMv) foi o que apresentou
melhor perfil de atividade antiedematogênica e antinociceptiva nas triagens realizadas com
os extratos pré-selecionados;
4. A análise fitoquímica preliminar do EHMv, revelou as presenças de alcalóides,
catequinas, compostos fenólicos, cumarinas, flavonóides, flavanonas, saponinas, taninos
catéquicos e triterpenóides pentacíclicos, como principais metabólitos secundários;
5. O EHMv apresentou atividade antiinflamatória tópica e sistêmica, antipirética e
antinociceptiva; possivelmente relacionadas a inibição do sistema de PGs e de mediadores
da resposta inflamatória como histamina e serotonina;
138
6. O EHMv não interferiu na coordenação motora, no tempo de sono e na pressãoa arterial
dos animais, indicando que sua atividade antiedema, antinociceptiva e antipirética
independem de ação central ou de ação sobre o sistema nervoso autônomo;
7. Na maior dose (800 mg/kg), o EHMv apresentou certo grau de toxicidade subcrônica
oral; porém sem interferir no peso relativo dos órgãos;
8. O presente estudo, valida sob o ponto de vista pré-clínico, o uso popular do EHMv em
processos inflamatórios agudos.
139
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153
ANEXOS
154
ANEXO 1
155
156
ANEXO 2
157
TABELA 01 – Levantamento bibliográfico entre os anos de 1996 a 2006 referentes aos trabalhos etnobotânicos e validações pré-
clínicas realizados na Universidade Federal de Mato Grosso
Nome científico/fam Nome popular Parte usada Preparo Indicações
Fre.
Abs
Freq
Rel
ALISMATACEAE
Echinodorus macrophyllus
(Kunth) Mich.
Chapéu-de-couro Folhas / Raiz Chá, garrafada
Inflamação, artrite, diurética,
infecção rins, reumatismo,
Estomacal
4 1,6
AMARANTHACEAE
Alternanthera brasiliana
Terramicina, Sabina-
lisa
Raiz, Folhas
Garrafada, Chá,
Sumo
Inflamações femininas 1 0,4
ANACARDIACEAE
Anacardium humile A. St.-Hil. Cajuzinho do campo Raiz, folha, casca
Garrafada, chá,
infusão e decocto
Gonorréia, inflamação ovariana dor
de dente e cicatrizante
2 0,8
Myracrodruon urundeuva Fr.
All.
Aroeira casca Chá, banhos
Cortes, inflamações, gripe,
reumatismo, quebradura, tumores
4 1,6
ANNONACEAE
Duguetia furfuracea (St. Hil.)
Benth. & Hook
Sofre do rim quem
quer, araticum ata-do-
mato.
Raiz e ramo com
folha
Garragada, chá,
infusão
Inflamações femininas, anti-
reumatico dores reanis e dores de
coluna
1 0,4
Xylopia aromatica (Lam.)
Mart.
Pimenta de macaco
Toda a planta,
(princ. Fruto)
Chá e decocto
Antiinflamatório, dor muscular e
digestivo
2 0,8
APOCINÁCEAE
Hancornia speciosa mangaba Casca, raiz, fruto Na água Inflamação, amarelão, 2 0,8
APOCYNACEAE
Himatanthus obovatus (M. Arg.)
Woods
Tiborná, Angélica Raiz, folha e látex. Chá
Antiinflamatória, prob. Renais,
depurativo, úlcera
3 1,2
Macrosiphonia velame (A. St.-
Hil.) Müll. Arg.
Velame-branco Folhas e raiz
Cha, garrafada
(vinho, álcool), água
Depurativo, cicatrizante,
antiinflamatório, antimicrobiano,
antiúlcera.
4 1,6
ASTERACEAE
Ageratum conyzoides L. Mentrasto
Folhas, semente,
flores
Chá, infuso, banho
inflamação de mulher, inchaço nas
pernas, febre, dores
1 0,4
Artemísia absinthium L. Losna Folha Chá / Mascar Antiinflamatório, Estomacal 1 0,4
Artemísia verlotorum Lamotte Artemísia Folhas Chá Antiinflamatório, Estomacal 1 0,4
158
Bidens pilosa L. Picão
Solidago chilensis Meyen arnica
folha, planta,
inteira
chá, macerado,
emplastro, tintura,
garrafada
hemorróida, infecção do nervo
ciático, gripe, próstata,
machucadura, pedra nos rins,
dor no corpo
1 0,4
Vernonia ferruginea L. Assa peixe Raiz, folha, flores
Chá, decocto, infuso,
macerado em água
fria, banho
Feridas, depurativo, inflamação,
febre, hemorróida.
4 1,6
Vernonia polianthes L. Caferana, assa peixe Folha Sumo Antiinflamatória, infecção, diarréia. 3 1,2
BIGNONIACAE
Anemopaegma arvense (Vell.)
Stellf. ex de souza
Verga-teso-da-folha-
estreita, catuaba
Raiz e folhas
Garrafadas, chá e
banhos
Má circulação, inflamação 1 0,4
Jacaranda decurrens cham. Carobinha do cerrado Folhas, raiz e casca
Macerado em água
fria, garrafada, chá
Inflamação, reumatismo, feridas,
depurativo, antiulcera.
4 1,6
Tabebuia impetiginosa (Mart)
Stand
Piuva Roxa, P. preta,
ipê, rosa
Entrecasca e cerne
Chá na água, banho,
macerado, xarope,
tintura
Inflamação, anemia, úlcera, úlcera,
tosse alergia e cârcer, artrite ,
sinusite, reumatismo
6 2,4
Tabebuia aurea (Manso) Benth.
E. Hook
Para-tudo, Ipê-
amarelo, caraíba,
caraíva
Entrecasca
Xarope, cozida no
leite
Chá
Estomacal, inflamação 3 1,2
BOMBACACEAE
Eriotheca gacilipes (Chum)
Robyns
Imbiru, embira-de-
folha-lisa, paineira-
do-campo, Poconé
Entrecasca Bochecho, banho Inflamação 1 0,4
BORAGINACEAE
Symphytum officinale L. Confrei Folha
Chá, Banho,
Emplastro
3
CAESALPINIACEAE
Copaifera langsdorffii Desf. Copaíba, pau-d óleo
Óleo, casca, ramo
sem folhas
Garrafada, banho,
chá, uso tópico
Inflamação, cicatrizante, 3 1,2
Copaifera reticulada Ducke. Copaíba Semente, Óleo Óleo Antiinflamatória 1 0,4
Dimorphandra mollis. Benth
Barbatimão falso
Barbatimão roxo,
faveira
Entrecasca Banho Inflamação, cicatrizante, infecção
2
0,8
Hymenaea courbaril L
Jatobá, jatobá-da-
mata Porte
Folha, casca e fruto
Banho, vinho e
xarope
Inflamação, machucado, tosse e
gripe
1 0,4
Senna occidentalis L Fedegoso
Folha, raiz,
sementes
Chá, sumo Inflamação, febre, fígado, estômago 2 0,8
159
Caesalpinia férrea Mart. ex Tul.
Jucá, Pau-ferro, Fruto Cozido Inflamação, gastrite, feridas 1 0,4
CAPPARIDACEAE
Cleome spinosa L. Tranca rua, cassindé Folha, Raiz Cozimento Antiinflamatória 1 0,4
CAPRIFOLIACEAE
Sambucos australis chan. Et
Schecht.
Sabugueiro
Folha e flores
(secas)
Chá, compressa 1
CELASTRACEAE
Maytenus ilicifolia Mart.
Cancorosa,Cancerosa,
Espinheira Santa
Folha
Chá, banho,
Cozimento
Antiinflamatória, depurativo, dores
no corpo, reumatismo
3 1,2
CHENOPODIACEAE
Chenopodium ambrosioides L. Erva de Santa Maria
Folha, Raiz, Planta
toda
Sumo, Rapadura,
Emplastro, Chá
Antiinflamatória 1 0,4
COCHLOSPERMACEAE
Cochlospermum regium (Mart.
ex schrank)
Algodão do campo,
raiz de reis.
Raiz, casca Cha, banho, decocto,
Inflamação, feridas, úlcera, gastrite,
reumatismo
6 2,4
COMBRETACEAE
Terminalia argentea Mart. &
Zucc
Capitão Casca (caule) Chá Antiinflamatória 1 0,4
COMPOSITAE
Achyroline capillata Bak. Arnica-de-batata Raiz , Folhas
Infusão, garrafada,
emprasto, banho (em
álcool), Chá
Antiinflamatória, Cicatrizante,
quebradura, inflamação e
cicatrizante
2 0,8
Brickelia pinifolia A. Gray Arnica Toda a planta Garrafada Antiinflamatória 4 1,6
COSTACEAE
Costus spicatus Roscoe
Caninha-do-brejo,
Caninha-de-macaco
Folha, Talo, Raiz,
Tronco, Cana
Cozimento, Chá Antiinflamatória 1 0,4
CUCURBITACEAE
Luffa operculata (L.)
Buchinha, buchinha
paulista
Fruto Garrafada Inflamação 2 0,4
DELLENIACEAE
Curatella americana L. Lixeira
Casca, folhas e
flores
Chá, xarope, banhos Inflamações, febre, feridas e úlceras 2 0,8
EUPHORBIACEAE
Croton antisyphiliticus (Mart.)
M. Arg.
Pé-de-perdiz, Pé-de-
perdiz, Curraleira,
erva-molá
Raiz, folhas
Garrafada, Chá,
decocto, infuso
Antiinflamatória, dpurativo, úlcera,
reumatismo
2 0,8
160
Croton urucurana Baill. Sangra-d’água
Folha, Seiva, entre-
Casca
Garrafada-chá
cozimento
Antiinflamatória, úlcera, infecção,
cicatrizante
9 3,6
Euphorbia hyssopifolia L
Sete Sangria, avalós,
cancerosa
Latex, Planta
inteira
Na água e banho Inflamação 2 0,8
FABACEAE
Acosmium subelegans
Genciana, Amendoim
Falso
Raiz Chá Antiinflamatória 1 0,4
Andira humilis Mart. ex. Benth. Genciana Folha Chá Antiinflamatória 1 0,4
Bowdichia virgilioides H.B.K. Sucupira preta
Raiz, Sementes /
Entre-casca
Chá, banho, Decocto,
infusão, garrafada
Inflamação, depurativo, febre,
Estomacal, reumatismo
6 2,4
Desmodium adscendens (Sw)
DC.
Carrapicho-venta-de-
boi
Raiz Chá Antiinflamatória 1 0,4
Dipteryx alata Vog.
cumbaru; cumaru;
baru
Fruto, Folhas
entrecasca
Chá, decocto, pó da
casca
Atiinflamatório, feridas 1 0,4
Pterodon emarginatus
Sucupira branca,
Fava-de-Santo-Inácio
Fruto, Casca do
Caule, Semente.
Chá, garrafada e
macerado, Óleo
Antiinflamatória, reumatismo,
depurativo
4 1,6
FLACOURTIACEAE
Casearia sylvestris SW.
Chá-de-frade, folha
de carne, erva de
bugre, chá de bugre
Folhas Chá
Antiinflamatória, antipirético,
depurativo, cholesterol, úlcera,
animicrobiano
4 1,6
GUTTIFERAE
Calophylhum brasiliensis camb Guanandi Entrecasca Chá, banho local
Antiinflamatória, varizes,
hemorróida, tosse
1 0,4
LAMIACEAE
Coleus barbatus (Andr.) Benth. Boldo Folha Chá Antiinflamatória 3 1,2
Hyptis cana Benth. Hortelã-do-campo Toda a planta Chá Antiinflamatória 3 0,4
Hyptis suaveolens Poit. Tapera velha Folha Chá Antiinflamatória, dores no corpo 4 1,6
Leonotis nepetaefolia R. Brown
Cordão-de-São-
Francisco, cordão de
frade
Folha/ Planta
Inteira
Chá/ Cozimento
Antiinflamatória, reumatismo,
hemorróida, febre, cicatrizante
3 1,2
Mentha villosa Menta Folhas Chá Antiinflamatória 1 0,4
Ocimum micranthum Willd. Alfavaca Subarbusto chá Inflamaçã de garganta e calmante 1 0,4
LECITIDACEAE
Cariniana legalis (Mart.)
Kuntze
Jequitibá rosa Entrecasca Chá Antiinflamatória 1 0,4
161
Cariniana rubra Gardner Ex
Miers
Jequitibá vermelho Entrecasca
Chá, garrafada no
vinho
Antiinflamatória, úlcera, ferida,
gastrite e hemorróida, garganta,
próstata
9 3,6
LECYTHIDACEAE
Hymenaea stigonocarpa Mart.
ex Hayne.
Jatobá do Cerrado Casca, seiva, fruto Chá
Antiinflamatória, cicatrizante,
depurativo, tônico, depurativo,
antigripal e fortificante, próstata,
asma, bronquite.
4 1,6
LOGANIACEAE
Strychnos pseudoquina St. Hil. Quina
Entrecasca, Caule,
raiz
Garrafada, decocto,
infusão
Antiinflamatória, reumatismo,
anticoncepcional, dor de cabeça,
anemia.
3 1,2
LORANTHACEAE
Psittacanthus robustus Mart. Erva de passarinho folhas chá Inflamação 2 0,8
LYTHRACEAE
Lafoensia pacari St. Hil. Mangava-brava
Entrecasca, folhas,
raiz Chá
Antiinflamatória, cicatrizante,
úlcera, gastrite, febre a
3 1,2
MALPIGHOACEAE
Camarea ericoides A. St. -Hil
Arnica do campo,
arnica de batata
Raiz, folhas
Garragada, chá,
decocto, macerado
em água
Anemia, inflamação, machucado,
reumatismo, circulação
3 1,2
MALVACEAE
Alcea rósea L. Malva-Branca Folha Chá Antiinflamatória 1 0,4
Gossypium barbadense L.
Algodão, algodão
crioulo
Folhas, semente Sumo, Suco, chá Antiinflamatória 5 2
Sida cordifolia L. Malva Raiz Infusão Hemorroideas 1 0,4
MIMOSACEAE
Anadenanthera colubrina Vell.
Brenan
Angico-branco Casca Cozimento, xarope Antiinflamatória 4 1,6
Stryphnodendron adstringens
(Mart.) Coville
Barbatimão Entrecasca Na água, Chá, banhos
Úlcera, inflamação, feridas,
hemorragia
10 4
MONNIMIACEAE
Siparuna guianensis Aubl. Negramina Folhas
Chá, decocto, infuso,
banhos, extrato
alcoólico
Antiinflamatória, Edema,
machucados, abortivo, antipirético,
antiulcera, reumatismo, inhaço
4 1,6
MORACEAE
Brosimum gaudichaudii Tréc
Mãe de jú,
algodãozinho
Raiz Chá no vinho Inflamação, circulação, úlcera 3 1,2
162
Dorstenia assaroides Gardner Caiapiá / Carrapiá Raiz
Queimada,
Cozimento, Chá
Antiinflamatória 1 0,4
Dorstenia brasiliensis Lam Caripiá, caiapiá Raiz Chá no vinho Antiinflamatória 2 0,8
MYRTACEAE
Myrcia sp. Primartim Folha, Entrecasca Bochecho, banho
Inflamação, dor de barriga,
cicatrizante,
1 0,4
Myrciaria cauliflora Berg. Jaboticaba Casca Chá/ Cozimento Antiinflamatória 1 0,4
OCHNACEAE
Sauvagesia erecta Jararaca Planta inteira Gargarejo Inflamação 1 0,4
OXALIDACEAE
Oxalis hirsutissima Mart. ex.
zucc
Azedinha Folha, raiz, caule Sumo, chá, Inflamação, febre, machucado, 1 0,4
PHYTOLACACEAE
Petiveria alliacea L. Guiné Folha Chá / Sumo
Antiinflamatória, reumatismo, dor
de cabeça
5 2
PIPERACEAE
Ottonia corcovadensis Miq. Jaborandi Folha Chá / Sumo Antiinflamatória 1 0,4
PLANTAGINACEAE
Antiinflamatória, problemas renais,
infecção útero, hemorragia, fígado
Plantago major L. Tansagem Folha e raiz Chá
conjuntivite, virose
7 2,8
POACEAE
Melinis minutiflora Capim gordura Folhas, raiz chá Antiinflamatória, reumatismo 1 0,4
POLYGONACEAE
Polygonum punctatum Elliot Erva-de-Bicho
Folhas, Toda a
planta
Chá, banho
Antiinflamatória, gripes, dores em
geral, artrite, hemorróideas
5 2
Rheum palmavarum L. Ruibarbo Folhas e raiz Xarope com sal Inflamação e Cólica 1 0,4
RHAMNACEAE
Rhamnidium elaeocarpum
Reissek
Saguagi amarelo Entrecasca Chá
Antiinflamatório, antiúlcera,
atividade. antioxidante
1 0,4
RUBIACEAE
Borreria capitata (Ruiz &
Pavan) DC.
Vassourinha de Botão
Folha casca e raiz chá
Inflamação, corte, pancada e dor de
dente
1 0,4
Guettarda viburnoides C. et S. Veludo-branco Raiz Garrafada Antiinflamatória 1 0,4
Dor de garganta, reumatismo,
AIDS, infecção nos rins,
Uncaria tomentosa (Willd.) DC unha-de-gato
broto, raiz, casca,
folhas
garrafada, chá
antibiótico, cistite, azia,
1 0,4
163
RUTACEAE
Palicourea rigida HBK. Douradinha do campo
Folha haste Chá Antiinflamatória, infecção 1 0,4
Spiranthera odoratissima A. St.
Hillaire
Manacá, Manacá do
serrado
Raiz Chá
Antiinflamatória, reumatismo e
labiritite
2 0,8
Zanthoxylum hasslerianum
(Chodat) Pirani
Maminha-de-porca,
Mama de porca
Raiz e entrecasca Chá
Antiinflamatória, reumatismo e
hemorróideas
3 1,2
SCROPHULARIACEAE
Scoparia dulcis L. Vassourinha Toda a planta Chá Antiinflamatória 3 1,2
SIMAROUBACEAE
Simaba ferruginea St. Hil. Calunga Folhas Chá Antiinflamatória, estomacal 2 0,4
Simarouba versicolor A. St. –
Hil.
Pau de perdiz, pé de
perdiz
Raiz, caule, folhas Chá
Inflamação, problemas renais,
hemorróideas
3 1,2
SMILACACEAE
Smilax fluminensis Stend
Japecanga,
Japecanga-folha-larga
Raiz Chá Inflamação, garganta 2 0,8
SOLANACEAE
Solanum lycocarpum (St. Hil) Lobeira Fruta Xarope Úlcera e inflamação 1 0,4
STERCULIACEAE
Guazuma ulmifolia Lam
Chico magro,
mutamba
Folha, casca Seiva
Aplicação direta, chá,
macerado em agua de
banho
Inflamação, purgativo, queimadira 3 1,2
Sterculia sacarrolha St. Hil C.
& Rendle
Rosquinha do campo Raiz Cha no Vinho Depurativo do sangue, Inflamação 1 0,4
Waltheria indica L.
Malva-branca, Salva
do Campo,
douradinha
Folhas, folhas, flor
sumo
Chá
Antiinflamatória, depurativo,
gastrite, machucadura
7 2,8
UMBELIFERAE
Foeniculum vulgare Mill. Funcho, Erva doce Folhas/ frutos/raiz Chá Antiinflamatória 1 0,4
VERBEBACEAE
Casselia mansoi Schauer Saúde da mulher Raiz Chá Inflamação 1 0,4
VOCHYSIACEAE
Qualea grandiflora Mart. Pau terra Folha, entrecasca Chá, decocto
Inflamação, cicatrizante,
antisseptico.
2 0,8
Total de citações --------- ---------- ---------- -------- 250 100%
Freq. Abs.: Freqüência Absoluta. Freq. Rel.: Freqüência relativa.
TABELA 20 - Efeito da administração oral do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre o edema de pata induzido
por dextrana 1,5% em ratos.
ANOVA, uma via, seguida do teste de Student-Newman-Kelus. n 7 - 8 animais por grupo,*
p<0,05,**p<0,01 e ***p<0,001 em relação ao grupo veículo.
TABELA 21 - Efeito da administração oral do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre a pleurisia induzida por
carragenina em ratos.
ANOVA, uma via, seguida do teste de Student-Newman-Kelus. n = 7-9 animais por grupo,*
p<0,05,**p<0,01 e ***p<0,001 em relação ao grupo veículo.
TABELA 22 - Efeito do tratamento tópico do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre a dermatite induzida por óleo
de Croton em camundongos.
Os valores representam a Média ± E.P.M para n = 6 8 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste
de Student-Newman-Keuls. ** p< 0,01 em relação ao grupo veículo.
Edema de pata (mL)
Grupos
Dose
(mg/kg)
30 min. 60 min. 120 min.
Veículo ---
0,91 ± 0,08 0,84 ± 0,08 0,70 ± 0,06
50
0,68 ± 0,12 0,72 ± 0,07 0,57 ± 0,09
200
0,72 ± 0,03 0,62 ± 0,05 * 0,64 ± 0,05
EHMv
800
0,69 ± 0,07 0,59 ± 0,02 * 0,62 ± 0,05
Ciproeptadina 5
0,25 ± 0,04 *** 0,31 ± 0,06 *** 0,32 ± 0,04 **
Grupos
Doses
(mg/kg)
Exudato
(mL)
Inibição
(%)
N° de
Leucócitos
Inibição
(%)
1,74 ± 0,06 - 81,4 ± 1,8 ---
50 1,48 ± 0,06* 14,9 60,5 ± 3,3*** 26,1
200 1,50 ± 0,10* 13,8 52,3 ± 5,3*** 35,7 EHMv
800 1,43 ± 0,04** 17,8 48,6 ± 3,1*** 40,3
Dexametasona 0,05 0,45 ± 0,04*** 74,1 23,1 ± 2,6*** 71,6
Grupos
Concentração
(µ
µµ
µg/mL)
Diferença de Peso
(mg)
Inibição (%)
Veículo
--
5,7 ± 0,80
---
50
5,0 ± 0,75
12,8
500
5,2 ± 0,72
8,7 EHMv
5000
4,8 ± 0,78
15,8
Dexametasona 250
22 ± 0,5 **
61,4
clxv
TABELA 23 - Efeito do tratamento tópico do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv (incorporado em formulação a base
de HOSTACERIN
®
NCB) sobre a dermatite induzida por óleo de
Croton em camundongos.
Os valores representam a Média ± E.P.M para n = 6 8 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste
de Student-Newman-Keuls. * p<0,05 e ** p<0,01 em relação ao grupo veículo.
TABELA 24 - Efeito da administração oral do extrato hidroetanólico de
Macrosiphonia velame - EHMv sobre a pirexia induzida por
levedura de cerveja a 20% em ratos.
Os valores representam a Média ± E.P.M para n = 6 8 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste
de Student-Newman-Keuls. * p<0,05, ** p<0,01, *** p< 0,001 vs veículo. 001 vs veículo. Levedura
†††p<0,001 vs veículo.
TABELA 25 - Efeito da administração do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv sobre o tempo de lambida da pata induzida por
formalina em camundongos.
Os valores representam a Média ± E.P.M para n = 6 8 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste
de Student-Newman-Keuls. *** p< 0,001 em relação ao grupo veículo.
Grupos
Concentração
(µ
µµ
µg/mL)
Peso
(mg)
Inibição (%)
Veículo
----
6,07 ± 0,50 ---
50 5,17 ± 1,12 14,82
500 4,96 ± 0,61 18,28 EHMv
5000 3,01 ± 0,77 * 50,41
Dexametasona 250 1,87 ± 0,43 ** 69,19
Temperatura corporal (°c) em diferentes tempos
Grupos / Dose
mg/kg
T0 1h 2h 3h
Veículo 37,1 ± 0,20 37,2 ± 0,13 37,2 ± 0,18 37,3 ± 0,14
Levedura 38,3 ± 0,15 ††† 38,5 ± 0,15 ††† 38,5 ± 0,16 ††† 38,2 ± 0,15 †††
EHMv 50 38,4 ± 0,08 38,2 ± 0,12 38,2 ± 0,09 38,3 ± 0,11
EHMv 200 38,3 ± 0,11 37,9 ± 0,14 37,7 ± 0,15 ** 37,8 ± 0,11 *
EHMv 800 38,5 ± 0,16 37,8 ± 0,10 37,5 ± 0,08 *** 37,7 ± 0,10 *
EHMv 200 s/ Lev. 37,3 ± 0,11 37,1 ± 0,05 37,2 ± 0,14 37,1 ± 0,12
Diclof. 30 38,3 ± 0,08 37,7 ± 0,10* 37,0 ± 0,09 *** 37,0 ± 0,09 ***
Tempo de Reação
Grupos
Doses)
(mg/kg
1ª Fase (s) Inibição (%) 2ª Fase (s) Inibição (%)
Veículo - 68,0 ± 2,6 --- 70,6 ± 4,9 ---
50 56,2 ± 7,6 17,3 22 ± 3,0*** 68,8
200 54,1 ± 7,8 20,4 27,2 ± 3,1*** 61,5
EHMv
800 30,8 ± 3,2*** 54,7 15,5 ± 4,3*** 78,0
Indometacina 10 52,2 ± 2,9 23,2 19,4 ± 1,9*** 72,5
Morfina 10 20,9 ± 2,8*** 69,3 22,8 ± 3,3*** 67,7
clxvi
TABELA 26 - Efeito da administração do extrato hidroetanólico de Macrosiphonia
velame - EHMv sobre a nocicepção induzida pela capsaicina em
camundongos.
Grupo Dose (mg/kg) Tempo de reação (s) % de inibição
Veículo --- 48,3 ± 1,8 ---
50 28,4 ± 4,5 *** 41,4
200 21,0 ± 2,3 *** 56,5
EHMv
800 14,7 ± 2,1 *** 69,5
Morfina 5 12,0 ± 2,0 ***
75,1
Os valores representam a dia ± E.P.M para n = 7 - 8 animais/grupo. ANOVA uma via, seguida do teste
de Student-Newman-Keuls. *** p< 0,001 em relação ao grupo veículo.
clxvii
ANEXO 3
Livros Grátis
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