12
Em primeiro lugar, cabe dizer que, como em boa parte dos casos, o tema
central de reflexão desta pesquisa é muito anterior ao meu ingresso no Mestrado e
tem relação direta com a minha trajetória como professora do Instituto Federal de
Santa Catarina
1
(IF/ SC). Conheci Franklin Cascaes em 1982, no Museu
Universitário Oswaldo Rodrigues Cabral, como aluna do Curso de História da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Na época atuava como bolsista em
projetos de História Oral. A pesquisa desenvolvida por Franklin Cascaes, de registrar
os relatos orais dos nativos da Ilha de Santa Catarina me chamava atenção. Em
1988 comecei a trabalhar na antiga Escola Técnica Federal de Santa Catarina, na
mesma instituição onde o professor Franklin havia lecionado, por quase 30 anos.
Em 2002, com implantação do Laboratório de Imagem e Oralidade
(LIO) do IF/SC
2
·, houve um questionamento, especialmente, pelo ex-aluno
Oswaldino Algemiro Hoffmann sobre quando a história do referido professor seria
contada. Oswaldino Algemiro Hoffmann, aluno do professor Franklin Cascaes na
Escola Industrial de Florianópolis, no início dos anos 60, conviveu com o professor
por dez anos. Assim como o mestre, tornou-se professor de desenho da Escola
Técnica de Santa Catarina, em 1968. A proximidade do centenário de nascimento
(outubro de 2008) de Franklin Cascaes levou os integrantes do LIO a estruturar o
projeto “Franklin Cascaes: o professor”.
Franklin Joaquim Cascaes (1908-1983) como artista/folclorista, sensível ao
“desmonte da cidade
”
, buscou nos relatos dos moradores nativos da Ilha de Santa
Catarina – os seus narradores benjaminianos
3
- uma estratégia para registrar “um
1 O Instituto Federal de Santa Catarina (IF/SC) vivenciou várias modificações na sua trajetória como escola profissionalizante. Iniciou em 1909
como "Escola de Aprendizes Artífices" através do decreto n. º 7.566, de 23/09/1909. Em 1937, passou a denominar-se "Liceu Industrial de Florianópolis" e
depois em 1942, transformou-se em "Escola Industrial de Florianópolis”. Em agosto de 1965 a escola recebeu a denominação de "Escola Industrial Federal
de Santa Catarina", e em 1968 passou a denominar-se "Escola Técnica Federal de Santa Catarina". Em 2002, foi criado o Centro Federal de Educação
Tecnológica de Santa Catarina. Durante a sua atuação como docente, o professor Cascaes vivenciou três momentos de mudança na trajetória da instituição
que ainda hoje é conhecida pelos moradores mais antigos da cidade como “a Industrial”.
Disponível em http://www.ifsc.edu.br. Acesso em 30 de março de 2009.
2 O Laboratório de Imagem e Oralidade Franklin Cascaes (LIO) está situado nas dependências do Instituto Federal de Santa Catarina, na
Avenida Mauro Ramos, número 500, Centro, Florianópolis. Tem como objetivo promover pesquisa e atividade acadêmica baseadas no uso da imagem e da
oralidade e no uso dos procedimentos metodológicos específicos de cada linguagem. As linhas de ação tanto acadêmicas quanto de pesquisa objetivam:
realizar o registro e a análise das diversas variações lingüísticas; proporcionar ao educando o acesso adequado às línguas estrangeiras em situação de
comunicação real; acessar a produção cultural (cinema, música, artes plásticas) tanto em manifestações nacionais quanto estrangeiras; disponibilizar,
mediante autorização dos narradores, o uso público das entrevistas para consulta e pesquisa; publicar resultados de projetos desenvolvidos no LIO com
vistas à divulgação do conhecimento ao público em geral e; arquivar os conjuntos documentais.
3 Para Walter Benjamin (1994, p.198), a experiência é a fonte que recorrem todos os narradores. Destaca que entre as narrativas escritas as
melhores são as que se aproximam das narrativas orais contadas pelos narradores anônimos. Apresenta dois grupos de homens que "sabiam narrar
devidamente”: do "camponês sedentário" que, sem sair de seu país, conhecia suas histórias e tradições; e a do "marinheiro comerciante" que, por viajar,
tinha muito que contar. O homem das comunidades pesqueiras da Ilha de Santa Catarina corresponde ao primeiro grupo: sem sair do seu local, conhece
sua história e tradição.