a crises epileptiformes do hipocampo dorsal durante o ciclo estral com marcado
decréscimo na sensibilidade no proestro, no pico dos níveis de estrogênio e
progesterona".
Para encerrar este tópico citaríamos textualmente Sloviter (1994):
Crises repetidas levam à formação de nova ramificação axonal e dos terminais de
células granulares (brotamento ou sprouting) nos hipocampos de humanos e animais
cronicamente epilépticos. Descrito inicialmente em animais com crises desencadeadas
por kindling, mas posteriormente reconhecido em espécimes de lobo temporal também
de pacientes com crises parciais complexas intratáveis. O brotamento reflete uma
reorganização sináptica de fibras musgosas que provavelmente ocorre em
conseqüência de atividade dependente do comportamento neuronal tal como ocorre
durante as crises. Alguns investigadores consideram o fenômeno como
“maladaptativo” assumindo que as ramificações axonais novas estabelecem conexões
excitatórias recorrentes que contribuem à excitabilidade patológica no hipocampo.
Outros encontraram que o brotamento pode ser restabelecido na sua inibição
aumentada. Finalmente, um estudo recente concluiu que o brotamento pode
estabelecer novos circuitos excitatórios, mas estes são suprimidos e não aumentam o
nível de excitabilidade, quando a inibição é normal. Talvez todas as observações
estejam corretas. Na reorganização sináptica das fibras musgosas induzida por crises
[talvez ocorra] fundamentalmente um epifenômeno, cujos efeitos funcionais são
complexos e variáveis, dependentes de outros fatores que afetam a interação entre
excitação e inibição.
No texto acima reproduzido, nos parece importante, no contexto de nossa
argumentação, destacar a última frase, onde Sloviter (1994) opina que a reorganização
sináptica induzida por crises trata-se, na verdade, de um epifenômeno dependente de
outros fatores que afetariam a interação entre excitação e inibição neuronais. Nos parece
que aí surgem as condições para a interveniência de mecanismos não sinápticos na
epileptogênese, dentre eles o papel da relação volume celular/ extracelular,
osmolaridade/ concentração iônicas do meio extracelular, interações efápticas, e
comunicação inter-neuronal via gap-junctions, dentre outros.
Finalmente, no que tange à sincronização de grandes populações neuronais,
evidenciadas como um fenômeno secundário à hiperexcitação, porém praticamente
inescapável nas AE, como evidenciado pelas population spikes, os mecanismos não
sinápticos seriam, a nosso ver, os grandes atores.
Desaparece o mistério da hipersincronização quando consideramos que um
grande número de células está exposto ao mesmo microambiente local, tornando pois,
desnecessária a comunicação interneuronal mediada por sinais químicos, demasiado
lenta para provocar esse recrutamento em bloco que observamos nas AE.
Não há "comunicação de estado" entre neurônios, simplesmente todos disparam
em sincronia porquanto todos estão igualmente hiperexcitados, a partir de um meio
ambiente que assim os tornou. Longe de desprezar a importância dos mecanismos