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São personagens-tipo aquelas que povoam os contos de fada ou os contos
maravilhosos (reis, rainhas, anões, fadas, bruxas, gigantes, etc) e aquelas que
representam funções de trabalho ou estados sociais nas narrativas realistas
(lavrador, pescador, ministros, mendigos, velhos, crianças, etc). A segunda
categoria, denominada personagem-caráter, é mais complexa do que a primeira,
pois representa comportamentos ou padrões morais. É muito freqüente nas
narrativas exemplares e na literatura tradicional, pois as personagens desta
categoria são movidas pelos pensamentos, impulsos ou ações próprios da trama
narrativa em que estão inseridas e que justificam os aspectos do caráter, da
estrutura ética ou afetiva que as caracteriza. Por fim, a terceira categoria,
denominada personagem-individualidade, é aquela considerada típica da ficção
contemporânea, pois representa o novo homem, que se revela ao leitor por meio
“das complexidades, perplexidades, impulsos e ambigüidades de seu mundo
interior” (COELHO, 2000, p. 76). Por representar o ser humano em diferentes
estágios de seu mistério interior, é uma personagem ambígua e, por isso, exige do
leitor maturidade e reflexão.
7) Espaço: é o ponto de apoio para a ação das personagens, pois estabelece as
circunstâncias locais, espaciais ou concretas, as quais fornecem realidade e
verossimilhança à narrativa. É um elemento de grande importância na efabulação,
porque se assemelha ao valor do mundo real para a vida cotidiana das pessoas.
Existem, basicamente, três espécies de espaço. A primeira espécie é denominada
espaço natural, caracterizada pela natureza livre, ou seja, montanha, deserto, mar,
paisagem, enfim, um ambiente não modificado pela ação do homem. Já a segunda
espécie é intitulada espaço social, ou seja, um ambiente modificado pelo trabalho
de transformação do homem, como casa, castelo, palácio, entre outros. Finalmente,
a terceira categoria, denominada espaço trans-real, é o ambiente criado pela
imaginação humana, aquele que vai além do mundo real, é o espaço maravilhoso,
encontrado nas antigas novelas de cavalaria, nos contos maravilhosos, nas fábulas
e na ficção científica.
8) Tempo: a ficção narrativa é uma arte que se desenvolve no tempo e, o autor de
uma obra se utiliza de vários recursos para marcar o tempo em sua narrativa, ou
para registrar o processo temporal em que estão envolvidas as personagens: a
passagem de horas, dias, anos, por exemplo, é caracterizada pela sucessão dos dias
e das noites; pela passagem das estações; pelas alterações do espaço, onde as