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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
MARIA MARGARETH PEREIRA
RELAÇÕES MIDIÁTICAS: DO BLOG A UMA
(RE)LEITURA DA ESCRITA NA CONSTRUÇÃO DA
APRENDIZAGEM
Taubaté
2009
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MARIA MARGARETH PEREIRA
RELAÇÕES MIDIÁTICAS: DO BLOG A UMA
(RE)LEITURA DA ESCRITA NA CONSTRUÇÃO DA
APRENDIZAGEM
Dissertação apresentada à banca examinadora da
Universidade de Taubaté, como requisito para a
obtenção do tulo de Mestre em Linguística
Aplicada, sob a orientação da Profa. Dra. Eliana
Vianna Brito
Taubaté
2009
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P4366r Pereira, Maria Margareth.
Relações midiáticas : do blog a uma (re)leitura da escrita na construção
da aprendizagem / Maria Margareth Pereira - Taubaté, São Paulo, 2009.
83 f.
Orientadora : Profa. Dra. Eliana Vianna Brito
Dissertação de Mestrado em Linguística Aplicada – Universidade de
Taubaté, Taubaté, 2009.
Referências
1. Prodão Escrita. 2. TIC. 3. Internet. 4. Educação. 5. Interação. 6.
Aprendizagem. I. Título.
MARIA MARGARETH PEREIRA
RELAÇÕES MIDIÁTICAS: DO BLOG A UMA (RE)LEITURA DA ESCRITA NA
CONSTRUÇÃO DA APRENDIZAGEM.
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ, TAUBATÉ, SP
Data: 30 / 04 / 2009
Resultado:___________________________________
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Eliana Vianna Brito (UNITAU)
Assinatura___________________________________
Prof. Dr. Carlos Alberto de Oliveira (UNITAU)
Assinatura___________________________________
Profa. Dra. Rosália Maria Netto Prados (USP)
Assinatura___________________________________
Dedico,
Pela vida, por saber desfrutá-la, a Deus
Pelo amor incondicional, carinho e orões, aos meus pais
Pelo apoio constante, abraços e sorrisos, aos amigos
Por acreditar que era possível à querida Eliana
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me dado foas e sabedoria suficientes para cumprir mais uma etapa tão
sonhada da minha vida.
Aos meus familiares, amigos e colegas de trabalho que souberam entender a ausência
necessária.
Aos meus alunos, anjos de luz, cúmplices, companheiros, amigos, pelo afeto e por
iluminarem o meu caminho, fazendo-me acreditar que educar vale a pena.
A todos os professores que participaram desse processo de ser e existir na vida acadêmica.
À Profa. Dra. Maria Aparecida Garcia Lopes-Rossi, pelo incentivo e pelo carinho com que
me acolheu.
À Profa. Dra. Eliana Vianna Brito, orientadora, amiga, mão fraterna, por acreditar
incondicionalmente nesse projeto e incentivar nos momentos mais difíceis. Pela luz acesa
quando tudo parecia nebuloso e sem sentido.
À colaboradora Patrícia Dovigo, pela amizade e por comemorar cada conquista.
A todos os colegas e amigos do Mestrado de Linguística Aplicada, turmas 2007 e 2008, pela
força e exemplos de garra.
Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão
livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão
incapazes de escrever - inclusive a sua própria história.
Bill Gates (2008)
RESUMO
Esta pesquisa tem por objetivo caracterizar o blog como um nero discursivo emergente
em razão de sua importância na mediação do aprendizado e aprimoramento da escrita. Com
a finalidade de esclarecer para o leitor sobre este tema, o primeiro capítulo traz o conceito
de gêneros discursivos baseados em Bakhtin (1992), Marcuschi (2007, 2008), Faraco (2006)
e outros. A partir dessa conceituação, discutem-se as características do blog enquanto
gênero discursivo e seus aspectos linguístico-discursivos tais como suas marcas de
oralidade, intertextualidade e situações de interlocução. Para melhor entendimento das
análises, também apresentam-se esclarecimentos sobre a Análise do Discurso, Polifonia,
Interação Verbal e Dialogismo. O segundo capítulo aborda a história da internet, rede que
interliga os cidadãos, denominados internautas, com o propósito de interagi-los nos seus
mais diversos aspectos. Também enfatiza-se a expansão do uso da internet no Brasil, as
formações das comunidades on-line e a definição de hipertexto, de acordo com os autores
Bazin (1999, apud GOSCIOLA, 2003), Koch (2005) e Marcuschi (2001). O terceiro capítulo
trata dos procedimentos metodológicos utilizados para fazer a análise de dados, bem como
caracteriza o contexto de produção, os sujeitos de pesquisa e o instrumento de coleta de
dados. Para análise de dados, no quarto capítulo, apresentam-se as postagens (textos)
feitas pelos sujeitos de pesquisa em um blog em que a professora-pesquisadora faz a
mediação entre a escrita e o conteúdo, a fim de que esses sujeitos se sintam motivados e
interessados em escrever, partindo do pressuposto que todo aprimoramento ocorre na
prática. A conclusão é a de que trabalhar com esse gênero em sala de aula, ou mesmo fora
dela, é viável e importante, pois os sujeitos de pesquisa se mostram interessados em
interagir com o grupo e com a professora-pesquisadora por se tratar de um instrumento
menos formal, o que os leva a escreverem mais e, consequentemente, melhor.
Palavras chaves: Produção Escrita; TIC; Internet; Educação; Interação e Aprendizagem.
ABSTRACT
This research aims to characterize the blog as an emerging genre and is justified by its
importance in the mediation of learning and improvement of writing. For a greater
understanding and seeking for a more systemic overview, the first chapter brings the concept
of genre based on Bakhtin (1992), Marcuschi (2007, 2008), Faraco (2006) and others. From
this concept on, there is a discussion on some characteristics of the blog as a genre and its
linguistic-discursive aspects such as speech references, intertextuality and situations of
communication. For a better understanding of the analysis, there is also a clarification on the
Discourse Analysis, polyphony, verbal interaction and dialogue. The second chapter
discusses the history of Internet, network that connects people, known as Internet for the
purpose having them interacted in its various aspects. Emphasis on the expansion of the
use of the Internet in Brazil, the formation of online communities and the definition of
hypertext, according to the authors, Bazin (1999, apud GOSCIOLA, 2003) Koch (2005) and
Marcuschi (2001). The third chapter addresses the methodological procedures used to make
the analysis of data, and characterizes the context of production, the subject of research and
data collection instrument. For data analysis in the fourth chapter, there are some posts
(texts) made by the research subjetcs on a blog in which the teacher-researcher mediates
the media and content, so that these individuals feel motivated and interested in writing on
the basis that any improvement occurs in practice. The conclusion is that, working with this
genre in the classroom or outside it is viable and important as the research subejct become
more interested in interaction with the group and with the teacher-researcher because it is a
less formal manner, which leads them to write more and therefore better.
Keywords: Writing production, TIC, Internet, Education, Interaction and Learning.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Usuários de Internet no Brasil...................................................................33
Tabela 2 – Usuários ativos no mês..............................................................................34
Tabela 3 – Usuários de Internet por Faixa Etária........................................................35
Tabela 4 – Frequência de utilização da Internet .........................................................35
Tabela 5 – Usuários de Internet por Faixa de Renda..................................................36
Tabela 6 – Usuários de Internet por Grau de Instrução .............................................36
Tabela 7 – Conceitos de hipertexto.............................................................................42
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................11
1 CONCEITOS NECESSÁRIOS .............................................................................14
1.1 ANÁLISE DO DISCURSO ..............................................................................14
1.2 INTERAÇÃO VERBAL...................................................................................15
1.3 DIALOGISMO E POLIFONIA ........................................................................18
1.4 MARCAS DE ORALIDADE E INTERTEXTUALIDADE...............................19
1.5 OS GÊNEROS DISCURSIVOS........................................................................21
2 MÍDIA DIGITAL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ..........................................29
2.1 O USUÁRIO DA INTERNET NO BRASIL......................................................29
2.2 A REDE E O CIBERESPAÇO..........................................................................34
2.3 AS COMUNIDADES ON-LINE.......................................................................37
2.4 O HIPERTEXTO..............................................................................................38
2.5 O QUE É UM BLOG AFINAL?........................................................................41
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..........................................................46
3.1 CONTEXTO DE PRODUÇÃO ........................................................................46
3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DE PESQUISA ..................................47
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS....................................................47
4 ANÁLISE DO CORPUS........................................................................................48
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................53
REFERÊNCIAS.............................................................................................................55
ANEXOS ........................................................................................................................58
11
INTRODUÇÃO
Atualmente, não se pode negligenciar o impacto da mídia, especificamente da
internet no cotidiano das pessoas e, principalmente, na vida do público mais jovem. Não
há como fugir dessa realidade imposta pela evolução tecnológica das últimas décadas.
O indivíduo da sociedade atual está dedicando grande parte do seu tempo diante
da tela de um microcomputador, seja para acesso aos processadores de textos e de
imagens ou conectando-se à internet. Por uma necessidade de trabalho ou como forma
de lazer, o fato é que se tornou uma questão social estar linkado à rede mundial de
computadores. A linguagem como instrumento de comunicação entre os indivíduos surge
nesse contexto, multifacetada, pois a todo e qualquer instante o texto disponível na rede
pode ser modificado, ampliado e até mesmo apagado de um determinado local.
Neste contexto, esse trabalho inserido na linha de pesquisa sobre linguagens
midiáticas e práticas de leitura e produção de textos no ensino de Língua Portuguesa
visou investigar as produções de alunos em um blog como forma de verificar se a internet
é viável para o aprimoramento da língua escrita, com a finalidade de caracterizar o blog
como um gênero discursivo emergente.
Atentos a essas mudanças, os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN
propõem que o ensino da Língua Portuguesa esteja pautado na noção de gêneros
textuais, de forma que haja uma mudança de paradigma do ensino da Língua
Portuguesa, antes fundamentada apenas na gramática normativa. Alguns autores, como
Schneuwly e Dolz (2004) e Marcuschi (2001) enfatizam a importância e pertinência dos
gêneros textuais para o aprendizado da língua materna, pois abarcam diversas
características discursivas, as quais levam o aluno a desenvolver um pensamento mais
sistêmico da produção e circulação de determinado texto. Eles são instigados a pensar
para quem se escreve, com que objetivo, como, porque, entre outras questões.
Por esse viés, apresentou-se a caracterização do blog como um gênero textual,
bem como sua aplicabilidade no ensino de Língua Materna (conforme página 41). O
trabalho em sala de aula com o blog, para o aprimoramento da escrita, se justifica por ser
um instrumento de trocas de experiências, que pode ter um caráter de cunho
educacional, enfatizando-se o uso adequado da língua escrita. Refletir a utilização de
todo aparato tecnológico de forma eficaz e a favor do crescimento das pessoas e não
somente como forma de entretenimento, como é visto pela maioria, é de suma
importância para trabalhar bem esse gênero emergente na sociedade da informação.
Atentou-se constantemente em trabalhar a criticidade e a ética nos meios
midiáticos, visto que são dois pontos importantes na formação de um cidadão. Nesse
12
sentido, coube ao leitor pesquisar, avaliar e julgar o que lhe conviesse num dado
momento.
O uso dos blogs como instrumento de comunicação eficiente entre alunos é um
vasto campo a ser estudado, pois são poucos os trabalhos de pesquisadores
encontrados nessa área e em particular na preocupação com a produção escrita. Há de
se considerar também o preparo dos professores para trabalhar esse nero em sala de
aula, pois exige desse profissional uma disponibilidade e disposição para que as
atividades propostas por intermédio do blog tenham êxito.
Uma vez que é notória a interação internet x sociedade, parte-se do pressuposto
de que este estudo é relevante para a educação por ser o blog um gênero que prende a
atenção dos jovens. O blog pode e deve ser utilizado como recurso didático nas aulas de
produção textual escrita e que uma proposta voltada para esse fim deveria ser, no
mínimo, considerada.
Como objetivo geral dessa pesquisa pretendeu-se verificar a relevância e
possibilidade de trabalhar os aspectos midiáticos em sala de aula, especialmente a
internet com o gênero discursivo blog, o qual está cada vez mais presente no cotidiano
dos estudantes, a fim de levá-los a uma melhoria na produção textual escrita.
Como objetivos espeficos buscou-se:
a) Caracterizar o blog como um gênero discursivo de uso cotidiano e como um
gênero de uso didático.
b) Verificar as possibilidades e/ou limitações da eficiência da utilização de blogs no
ensino de produção textual escrita.
c) Apresentar uma proposta de utilização do blog como recurso didático nas aulas de
produção textual escrita, mediante a elaboração de um projeto piloto a ser
realizado com alguns alunos de uma escola pública da cidade de Campos do
Jordão.
Para iniciar a discussão sobre a importância de trabalhar com gêneros textuais em
sala de aula, foram apresentados no primeiro capítulo os conceitos de gêneros textuais,
com base nas leituras de Marcuschi (2003, 2005, 2007 e 2008) assim como os gêneros
emergentes discutidos pelo autor, dentre os quais o blog está diretamente ligado a esse
conceito, o que será percebido com maior ênfase no desenvolvimento do capítulo.
Bakhtin (1992) foi apresentado como base dessa pesquisa por sua inegável importância
e contribuição para a área da linguagem, principalmente no que tange ao dialogismo e à
interação verbal. Também foram abordados alguns aspectos linguístico-discursivos do
gênero tais como: marcas de oralidade, intertextualidade e situações de interlocução
No segundo capítulo abordou-se a contextualização histórica em que se instaurou
a World Wide Web (WWW) no Brasil a fim de caracterizar o perfil do público que mais
13
acessa a internet para enfatizar a importância desse trabalho junto ao público jovem.
Procurou-se esclarecer, com base em Lévy (1996), sobre o que é o virtual e como se
a relação entre o sujeito e a internet, além da análise sobre alguns conceitos essenciais
para melhor tratamento do assunto, tais como a conceituação de texto e hipertexto
apresentada por Koch (2005) e Marcuschi (2005).
No terceiro capítulo, o foco esta nos procedimentos metodológicos, ou seja,
contexto de produção, caracterização dos sujeitos de pesquisa e instrumento de coleta
de dados.
Por fim, o quarto capítulo apresenta as análises linguísticas do corpus, com a
finalidade de sugerir uma proposta pedagógica para o trabalho de produção textual
escrita com alunos, por meio do gênero blog. Para tanto, criou-se um blog com acesso
restrito àqueles alunos que foram convidados a participar do projeto, a fim de preservar
tanto as identidades de cada participante, como a própria pesquisa. Outra condição
necessária para compor os sujeitos de pesquisa desse trabalho foi que os mesmos
participassem com pseudônimos e mediante autorização de seus responsáveis, uma vez
que na sua maioria eram jovens que não haviam atingido a maioridade.
Seguem as considerações finais, as referências e os anexos.
14
1 CONCEITOS NECESSÁRIOS
Nada é mais essencial a uma sociedade que a classificação
de suas linguagens. Mudar essa classificação, deslocar a
fala, é fazer uma revolução.
Roland Barthes
Apresentam-se neste capítulo algumas considerações necessárias sobre a
Análise do Discurso, a Interação Verbal, o Dialogismo e a Polifonia, as Marcas de
Oralidade e Intertextualidade e os neros Discursivos para melhor embasamento e
entendimento das análises do corpus.
1.1 ANÁLISE DO DISCURSO
Conforme Orlandi (2000), a Análise do Discurso, como o próprio nome induz, não
estuda a gramática e nem a língua e sim o discurso por meio da linguagem, ou seja, é a
palavra em movimento.
Historicamente, os estudos da Análise do Discurso foram considerados em três
etapas.
A primeira etapa em 1969 tinha como grande preocupação o desenvolvimento de
uma metodologia para um analisador sintático. Constata-se que as bases teóricas são
estruturalistas, mostrando preocupação com o estudo linguístico das condições de
produção de um enunciado.
Pêcheux (1983) concebe o sujeito “assujeitado”, ou seja, aquele que ao produzir
um discurso acredita ser dono do seu próprio discurso, no entanto, ele reproduz um
discurso existente. A definição de sujeito fica, dessa forma, restrita a um conjunto de
enunciados fechados e possíveis de serem analisados por uma quina lógico-
semântica. Nesta concepção, o sujeito é afetado pela ideologia, é descentrado e não tem
controle sobre seu consciente.
em outra fase dos estudos da Análise do Discurso, cheux insiste na crença
da maquinaria discursiva para desenvolver um método automático de análise. Nesse
momento as considerações de Benveniste sobre a questão da língua a ser refletida como
um sistema faz emergir a polêmica entre o uso social e individual da linguagem. Discute-
se a impossibilidade de aceitar o sujeito que se apropria, na individualidade, de formas
linguísticas já existentes. Surge na Análise do Discurso a noção de interdiscurso para
designar o “exterior específico” de uma formação discursiva. Desenha-se um novo
caminho para discussão no estudo da linguagem: a validade da maquinaria discursiva
15
estrutural, inserindo a noção de formação discursiva apresentada por Foucault e refletida
por Pêcheux.
No terceiro momento da Análise do Discurso no ano de 1986, existe a
impossibilidade de construir um analisador sintático e uma maquinaria discursiva, pois se
vive a crença da Linguística da depressão e da heterogeneidade enunciativa. O sujeito
passa a ser heterogêneo, disperso. Em 1986, as reflexões do russo Mikhail Bakhtin sobre
dialogismo dão impulso aos estudos da enunciação e do discurso em Análise do
Discurso. O dialogismo passa a fundamentar toda discursividade e a constituição do
sujeito se dá nas relações dialógicas.
Atualmente os vários estudos realizados em Análise do Discurso o se prendem
num único modelo de análise, diversificam-se em função dos momentos e dos lugares de
enunciação em que está inserido o discurso a ser analisado. Assim, tem como objeto de
estudo a análise do discurso por meio de corpus que limita um determinado espaço
discursivo, podendo o analista realizar seu trabalho sob várias facetas.
A Análise do Discurso enfatiza a relação de um texto com outro, considerando-se
a sua exterioridade constitutiva.
A AD considera que a palavra tem um sentido, historicamente e
ideologicamente construído. Fato que nos afeta de forma inconsciente, como comenta
Orlandi (2000, p.20) “as palavras simples do nosso cotidiano chegam a nós
carregadas de sentidos que não sabemos como se constituíram e que no entanto
significam em nós e para nós”
1.2 INTERAÇÃO VERBAL
O caráter interativo da linguagem é a base teórica dos estudos de Bakhtin. A
linguagem é compreendida a partir de sua natureza sócio-histórica.
Toda enunciação é de natureza social e para compreendê-la é necessário
entender que ela acontece sempre numa interação. A verdadeira substância da língua é
constituída, para Bakhtin (1992, p.123), “pelo fenômeno social da interação verbal,
realizada por meio da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim
a realidade fundamental da língua”. É pela interação verbal que o homem se organiza em
sociedade e é capaz de criar e transmitir sua cultura, pois como o Bakhtin (1995, p. 124)
postulava, a língua vive e evolui historicamente na comunicação verbal concreta(grifo
do autor). Bakhtin acrescenta ainda que,
16
O diálogo, no sentido estrito do termo, não constitui, é claro, senão uma
das formas, é verdade que das mais importantes, da interação verbal.
Mas pode-se compreender a palavra diálogo num sentido amplo, isto é,
não apenas como a comunicação em voz alta, de pessoas colocadas
face a face, mas toda comunicação verbal, de qualquer tipo que seja
(BAKHTIN 1995, p. 123).
Percebe-se, portanto, que a interação verbal une-se aos demais tipos de
comunicação conduzindo o homem à situação de produção de um discurso socialmente
organizado, ou seja, discurso este que tem um contexto definido, seus participantes e os
papéis que ocupam nesta interação. Na escola, a situação discursiva envolve professor e
alunos numa relação orientada para um fim já estabelecido, qual seja a aprendizagem.
Para Maingueneau (2001, p. 53) “em situações de interação oral, ocorre
constantemente de as palavras escaparem, de ser necessário recuperá-las ou torná-las
mais precisas etc., em função das reações do outro”. (grifo do autor)
Segundo o autor, evidencia-se que, se um diálogo face-a-face com o
interlocutor pode-se voltar o discurso, rearranjá-lo, pedir e dar explicações mais
detalhadas sobre o assunto discutido. No entanto, enquanto os sujeitos encontram-se em
uma comunidade virtual o mesmo não é tão simples assim, pois para sanar as dúvidas é
necessário postagens de outros membros do grupo.
Já para Kleiman (2002, p. 13) “é mediante a interão de diversos níveis de
conhecimento, como o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento de mundo,
que o leitor consegue construir o sentido do texto”. Para a autora, é justamente porque o
leitor utiliza esses diversos níveis de conhecimento que eles são capazes de ler, entender
e compreender melhor um texto.
A interação ocorre no estabelecimento de uma relação entre leitor e autor como
sendo uma responsabilidade mútua. Diferentemente da interação face a face o leitor
articula seus pensamentos para então expor suas opiniões ou acrescentar informações
ao texto. Por isso a leitura é considerada uma atividade difícil, pois exige esforço por
parte do leitor em compreender o que o autor tentou explicitar em seu texto.
Diferentemente dessa característica de interação leitor x texto x autor, é a
interação face a face, pois nela os elementos do contexto ajudam a compreensão:
gestos, os objetos ao redor, bem como o conhecimento mútuo dos interlocutores facilitam
a compreensão do discurso.
Por outro lado, de acordo com Kleiman (2002) a interação via texto é
descontextualizada, pois o fato de o leitor ler em um parque ou em uma sala não é um
contexto relevante para a compreensão.
17
Daí que na leitura tanto a responsabilidade do autor como a do leitor
sejam consideradas maiores: o autor, que detém a palavra, por assim
dizer, por um turno extenso, como num monólogo, deve ser informativo,
claro e relevante. Ele deve deixar suficientes pistas no seu texto a fim de
possibilitar ao leitor a reconstrução do caminho que ele percorreu. Isto
não quer dizer que sempre haja necessidade de explicitação, mas que o
implícito possa ser inferido, ou por apelo ao texto ou por apelo a outras
fontes de conhecimento (KLEIMAN, 2002, p. 66)
Desta forma, considera-se importante que os alunos ao postarem seus textos em
um blog saibam expressar-se de maneira no mínimo satisfatória para que o outro o
entenda e possa acrescentar contribuições sobre determinado assunto. Cabe então ao
professor mediador incitar a escrita e que esta seja clara e relevante como mencionado
por Kleiman (2002).
Em contrapartida ao leitor é proposto,
(...) acreditar que o autor tem algo relevante a dizer no texto, e que o di
clara e coerentemente. Quando obscuridades e inconsistências
aparecem, o leitor deverá tentar resolvê-las, apelando ao seu
conhecimento prévio de mundo, lingüístico, textual, devido a essa
convicção de que deve fazer parte da atividade de leitura que o conjunto
de palavras discretas forma um texto coerente, isto é, tem uma unidade
que faz com que as partes se encaixem umas nas outras para fazer um
todo. Isso implica atender às pistas textuais, ao invés de ignorá-las
(KLEIMAN, 2002, p. 66)
Neste sentido, este estudo tem sua importância pelo seu caráter atual,
acompanhando as necessidades de ensino e aprendizagem da língua materna, bem
como os desejos de interação via Web por parte dos jovens. Conforme Braga (2005),
É inegável que o contexto digital pode favorecer o pensamento crítico, na
medida em que oferece ao leitor um acesso diferenciado à informação e
a formas mais flexíveis de construção de conhecimento. O uso de links
agiliza e instiga a comparação e o contraste rápido entre diferentes itens
ou fontes de informações e facilita a atitude reflexiva que é, de certa
forma, pressuposta pela leitura crítica (BRAGA, 2005, p.249).
Desta maneira, percebe-se que o trabalho com blog esta sendo utilizando em
maiores escalas. Nota-se por meio de estudos e relatos de profissionais que este tem
sido um gênero bastante eficaz para a participação dos jovens nas atividades, bem como
auxiliado o pensamento crítico-reflexivo dos alunos mediante as postagens dos colegas.
18
1.3 DIALOGISMO E POLIFONIA
Faz-se necessário nesse item uma tentativa de examinar a relação entre
dialogismo e polifonia, pois muitas vezes esses conceitos são considerados sinônimos,
mas segundo Barros (1997, p.35) “dialogismo é o princípio dialógico constitutivo da
linguagem e de todo o discurso, já polifonia é um certo tipo de texto, aquele em que o
dialogismo se deixa ver , aquele em são percebidas muitas vozes.
Freitas (1997) descreve a relação destes dois conceitos da seguinte forma:
dialogismo e polifonia constituem as características, essenciais e
necessárias, a partir das quais o mundo pode ser compreendido e
interpretado de muitas e diferentes maneiras, tendo em vista seu estado
de permanente mutação e inacabamento (FREITAS, 1997, p. 341)
O Dialogismo de Bakhtin baseia-se na concepção dialógica da linguagem, pois
conforme Barros (1997, p.30) “é impossível pensar no homem fora das relações que o
ligam o outro”.
De acordo com Barros (1997) o dialogismo é considerado o princípio constitutivo da
linguagem e a condição do sentido do discurso. Para a autora, Bakhtin insiste no fato de
que,
o discurso não é individual, nas duas acepções de dialogismo
mencionadas: não é individual porque se constrói entre pelo menos dois
interlocutores que, por sua vez, são seres sociais; não é individual
porque se constrói como um “diálogo entre discursos”, ou seja, porque
mantém relações com outros discursos (BARROS, 1997, p.33)
Desta maneira, todo discurso é constituído por diversas vozes. Um texto, portanto,
segundo Barros (1997, p. 34) “é um “tecido de muitas vozes” ou de muitos textos ou
discursos, que se entrecruzam, se completam, respondem umas às outras ou polemizam
entre si no interior do texto”.
Neste sentido pôde-se perceber, por meio das análises apresentadas neste estudo,
que o homem imprime suas idéias pela linguagem e sem que perceba repete, reescreve,
reorganiza a fala do outro. Na concepção psicanalítica dizer-se-ia que ele está
dialogando com o “outro” do discurso.
para melhor esclarecer a Teoria da Polifonia, Koch (1997) menciona que este
conceito foi introduzido nas ciências da linguagem por Bakhtin. Essa teoria rejeita o
pressuposto da unicidade do sujeito da enunciação, ou seja, a concepção de que um
único autor do enunciado e responsável por tudo em que nele se diz. Essa teoria
19
concebe o sentido do enunciado como constituído pela superposição das distintas vozes
que nele se manifestam.
Para Barros (1997, p. 35) “em um texto polifônico os diálogos entre discursos
mostram-se, deixam se ver ou entrever; já nos textos monofônicos eles se ocultam sob a
aparência de um discurso único de uma única voz”. Assim, Polifonia e Monofonia são
efeitos de sentido que decorrem dos procedimentos discursivos, bem como da
constituição dialógica.
1.4 MARCAS DE ORALIDADE E INTERTEXTUALIDADE
É preciso encarar a linguagem não apenas como
representação do mundo e do pensamento ou como
instrumento de comunicação, mas sim, acima de tudo, como
forma de inter – ação social.
Ingedore Koch
Koch (1998) descreve as diferentes concepções de linguagem humana no curso
da História. Para a autora, a primeira concepção refere-se àquela como representação do
mundo e do pensamento, ou seja, o homem representa para si o mundo por meio da
linguagem. Na segunda concepção a linguagem é posta como instrumento de
comunicação. Assim sendo, o homem toma a linguagem com o principal objetivo de
comunicar-se. Por fim, na terceira concepção, a qual considera a linguagem como forma
de ação ou interação, é nesta que este estudo se apoia. Pode-se dizer que a linguagem
possibilita aos indivíduos de uma sociedade a prática de tipos variados de atos, que irão
intervir em suas ações e comportamentos. Portanto, considera-se que a grande diferença
entre a linguagem oral e a escrita encontra-se na situação de interação. Na linguagem
oral, os interlocutores se encontram face-a-face e recorrem aos recursos de entonação,
gestuais, de repetições, correções, entre outros. Já na escrita, as vezes não se sabe nem
quem vai ler o texto. Assim, tem-se tempo para reelaborar o que se quer escrever, um
cuidado com a gramática e com as escolhas linguísticas.
A autora também expõe que na língua falada encontra-se um discurso não
planejado, fragmentado e incompleto. Estes discursos são também pouco elaborados e
predominância de frases curtas, simples ou coordenadas, bem como pouco uso de
passivas. Já na língua escrita ocorre de forma inversa, ou seja, há planejamento, não há
discurso fragmentado, o discurso não é interrompido, é mais elaborado, as frases são
mais complexas e há emprego frequente de passivas.
Na língua falada percebe-se uma grande recorrência dos marcadores
conversacionais, denominados por Marcuschi (1986 apud KOCH 1998) como elementos
20
discursivos extremamente frequentes nos textos falados, os quais fornecem pistas
importantes para os interlocutores. Alguns desses marcadores estão presentes nos
textos escritos para melhor representar a fala. Assim, encontram-se: então, depois,
agora, aí, com o objetivo de iniciar-se uma conversa. para finalizá-la tem-se:
entendeu? né?, viu? que acha? entre outros.
Para indicar concordância, discordância ou dúvida, têm-se os seguintes
marcadores: ok, certo, ta, claro, sem dúvida, não, o é bem assim, será? tem certeza?
Já para mencionar hesitação: ah, eh, é.., hummmm.
Para início e fim de uma digressão pode-se enfatizar os seguintes termos e/ou
orações: desculpe interromper, antes que me esqueça, aliás, retomando o que me disse,
voltando ao assunto, e assim por diante.
Indicando sequência narrativa tem-se: depois, ai, então, ai então, daí, etc.
Especificamente, na maioria dos blogs, os interlocutores se conhecem,
virtualmente ou pessoalmente, embora não estejam ao mesmo tempo no espaço da
conversa. Cada um escreve sua mensagem em momentos diferentes, mas com
características de conversação. A escrita ocorre de forma interacional, sincronicamente.
No que tange a intertextualidade, segundo Koch (1997, p. 46), “todo texto é um
intertexto; outros textos estão presentes nele, em níveis variáveis, sob formas mais ou
menos reconhecíveis”. Assim, os texto dialogam, retomam, ou ainda se opõe por meio da
intertextualidade.
A autora expõe também que há aquela intertextualidade em sentido amplo, a qual
diz respeito a condição de existência do próprio discurso o que se aproxima da
perspectiva da Análise do Discurso de linha francesa e se denomina interdiscursividade
ou heterogeneidade constitutiva. também a intertextualidade em sentido restrito que
está relacionada nas referências que um texto tem com outros textos já existentes.
outro pesquisador, Bazerman (2006) assim conceitua intertextualidade:
Relações explícitas e implícitas que um texto ou enunciado estabelecem
com os textos que lhe são antecedentes, contemporâneos ou futuros
(em potencial). Através de tais relações um texto evoca não só a
representação da situação discursiva, mas também os recursos textuais
que têm ligação com essa situação e ainda o modo como o texto em
questão se posiciona diante de outros textos e os usa (BAZERMAN,
2006, p. 92)
A linguagem usada na internet, denominada por alguns autores como
“internetês” carrega muitas marcas de intertextualidade e também tem suas
características próprias. A respeito dessas características, existem estudiosos que
21
acreditam na possibilidade da internet influenciar a escrita de forma negativa. Nesse
sentido, tem-se a seguinte constatação por parte de alguns autores.
Para Marconato (2008), por exemplo, o internes pode não representar uma
ameaça ao idioma como no passado a grafia dos telégrafos (“vg” para rgula) ou o
caipirês de Chico Bento, personagem de Mauricio de Sousa, não o fizeram. Possenti
(apud MARCONATO, 2008) assegura que não existiria fator de risco, pois a escrita difere
da fala. O que existe atualmente são estratégias para tornar a comunicação dos
internautas mais interessantes fazendo uso de algumas abreviações, de modo que as
vogais são cortadas. Deste modo tem-se no lugar da palavra “cabeça”, o signo linguístico
“kbça” e não “aea”, o que preserva a sua compreensão.
1.5 OS GÊNEROS DISCURSIVOS
A riqueza e diversidade dos gêneros discursivos é imensa,
porque as possibilidades da atividade humana são
inesgotáveis e porque em cada esfera da práxis existe todo
um repertório de gêneros discursivos que se diferencia e
cresce à medida que se desenvolve e se complexifica a
própria esfera.
Bakhtin (1992)
Encontra-se neste item a definição de gêneros discursivos tratados por alguns
importantes estudiosos da linguagem. Fez-se considerações sobre os estudos de
Bakhtin, pesquisador russo do início do século XX, bem como uma análise dos gêneros
emergentes, apoiados nos trabalhos mais recentes de Marcuschi (2007, 2008). O
propósito em trabalhar tais definições é o de caracterizar o blog como um gênero
emergente, para posterior análise sobre sua utilização nas aulas de Língua Portuguesa.
Segundo Bakhtin (1992), os gêneros discursivos têm as seguintes características:
conteúdo temático, estilo e construção composicional. Obviamente elas irão diferir de
acordo com a necessidade social do enunciado, seja ele escrito ou verbal e, para tal
adequação, Bakhtin denominaria esses gêneros de tipos relativamente estáveis de
enunciado.
Faraco (2006) traz para maior entendimento desse conceito a epistemologia da
palavra gênero.
A palavra gênero remonta à base indo-européia *gen- que significa
‘gerar’, ‘produzir. Em latim, relaciona-se com esta base o substantivo
genus, generis (significando ‘linhagem’, ‘estirpe’, ‘raça’, ‘povo, nação’) e
o verbo gigno, genui, genitum, gignere (significando gerar’, ‘criar’,
‘produzir’, ‘provir’), com o qual se relacionam palavras como genitor
primogênito, genital, genitura (FARACO, 2006, p. 108)
22
Desta maneira, parte-se para o conceito de gêneros emergentes, visto que em
sua essência a própria palavra já carrega o sentido de “gerar, criar, produzir”.
Por certo, não são propriamente as tecnologias que originam os gêneros
e sim a intensidade dos usos dessas tecnologias e suas interferências
nas atividades comunicativas diárias. Assim, os grandes suportes
tecnológicos da comunicação tais como o rádio, a televisão, o jornal, a
revista, a internet, por terem uma presença marcante e grande
centralidade nas atividades comunicativas da realidade social que
ajudam a criar, o por sua vez propiciando e abrigando gêneros novos
bastante característicos (MARCUSCHI, 2003, p.20)
Desta maneira, considera-se o blog como um macrogênero, pois nele podem ser
inseridos outros tipos de texto, como comentários, entrevistas, fotos, links para outros
sites, músicas, entre outros.
Marcuschi (2008, p. 33) expõe ainda que, “uma das características centrais dos
gêneros em ambientes virtuais é a alta interatividade, em muitos casos síncronos,
embora escritos”, o que, segundo o autor, lhes confere um caráter inovador no contexto
das relações entre fala-escrita.
Se é verdade que por meio da palavra, escrita ou verbalizada, o homem se
constitui e se liberta, nesse processo, constrói e reconstrói o meio em que vive. Por esta
razão, a história é dividida em antes e depois do descobrimento do uso da escrita, pois, a
partir desta descoberta, o homem foi capaz de registrar sua história e suas impressões
de mundo. A escrita ampliou o universo linguístico e a habilidade comunicativa do
homem, ainda mais com os avanços tecnológicos que marcam presença constante em
nas relações sociais. Segundo Meurer (2000, p.29) “criamos representações que
refletem, constroem e/ou desafiam nossos conhecimentos e crenças, e cooperam para o
estabelecimento das relações sociais e identitárias”
Desta forma, pode-se considerar a internet um vasto mundo virtual com registros
escritos e audiovisuais, e o blog, como um instrumento interativo no qual o indivíduo lê,
interpreta, escreve, apaga, dialoga de forma irrestrita com seu interlocutor, por intermédio
da escrita que, por sua vez, revela muito de si mesmo, conforme ressalta Lévy (1996,
p.37): “o texto serve de vetor, de suporte ou de pretexto à atualização de nosso próprio
espaço mental”.
Segundo Faraco (2006, p. 116) “são muitas as pessoas que, mesmo dominando
muito bem a língua, sentem-se logo desamparadas em certas esferas da comunicação
verbal, precisamente pelo fato de não dominarem tudo na prática, as formas do gênero
de uma dada esfera”.
A partir de Bakhtin (1992), é possível dizer que todos os campos da atividade
humana estão ligados à utilização da linguagem e que toda produção da linguagem
23
(enunciado) oral ou escrita pode ser entendida como gênero textual, ou, mais
modernamente, gênero discursivo. Para ele, os gêneros discursivos são quaisquer textos
que apresentam suas singularidades construídas com uma finalidade específica, nas
mais diferentes situações de interação social. Eles têm, portanto, um papel fundamental
para que o homem exerça sua cidadania.
Apresenta-se de forma concisa o conceito de sociointeracionismo com a finalidade
de situar o leitor da importância do gêneros segundo essa perspectiva trica. Segundo
Zacharias (2009) Lev S. Vygotsky foi o precursor do sociointeracionismo
construindo essa teoria tendo por base o desenvolvimento do homem como resultado de
um processo cio-histórico, com ênfase no papel da linguagem e da aprendizagem
nesse desenvolvimento. Assim, a teoria é considerada histórico-social e sua questão
central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio.
Nesta perspectiva sóciointeracionista, os diferentes gêneros textuais serão
escolhidos em função de certas características materiais e sociais de contexto
situacional, como tempo e lugar, relação entre os interlocutores, características e papel
social do enunciador e do receptor, objetivos da interação canal–veículo, grau de
formalidade de situação. Por ocorrerem em diferentes situações de interação social, o
número de gêneros é infinito e crescente.
Para Bakhtin (1992), todos os textos que são produzidos, orais ou escritos,
apresentam um conjunto de características relativamente estáveis, tenhamos ou não
consciência delas. Essas características configuram diferentes tipos ou gêneros textuais
que podem ser identificados por três aspectos básicos coexistentes: o assunto, a
estrutura e o estilo (procedimentos recorrentes de linguagem).
Existe uma variedade de termos de que os locutores dispõem para nomear os
textos produzidos pela sociedade, como: manual, seminário, conversa, romance,
panfleto, carta etc. Muitos são os gêneros discursivos utilizados pela sociedade, no
processo comunicativo cotidiano, gêneros que se aplicam a situações muito peculiares.
Algumas denominações não fazem parte do léxico corrente, o que torna necessário o
agrupamento dos inúmeros gêneros discursivos de acordo com vários critérios baseados
nas diversas esferas sociais, como literários, jornalísticos, publicitários, pois visam
atender às particularidades de certos profissionais como jornalistas, bibliotecários,
advogados, que utilizam um vocabulário específico.
Dessa forma, é possível dizer que cada gênero discursivo possui uma maneira
típica de organização, ora mais rigorosa e ritualizada de acordo com as convenções
sociais, ora mais flexíveis, permitindo variações estilísticas.
Com o decorrer do tempo, alguns gêneros entraram em declínio, como a carta
familiar, o telex, o telegrama, a fotonovela. No entanto, outros foram sendo criados e
24
aperfeiçoados, como os e-mails, chats, os blogs, entre outros. Nesse processo, que
acompanha a constante evolução da sociedade, muitos gêneros seo gestados e depois
utilizados por um período de tempo que vai depender das necessidades da sociedade
que os criou. Desta forma, um grande responsável pela atual modificação dos gêneros
discursivos é o avanço tecnológico, como exposto acima, pois a rapidez com que os
gêneros circulam acaba exigindo transmutação contínua, conforme cita Marcuschi (2003,
p. 20): “[...] esse fato fora notado por Bakhtin (1997 apud MARCUSCHI 2003) que
falava na “transmutação” dos gêneros e na assimilação de um gênero por outro gerando
novos”:
A riqueza e diversidade dos gêneros discursivos é imensa, porque as
possibilidades da atividade humana o inesgotáveis e porque em cada
esfera da práxis existe todo um repertório de gêneros discursivos que se
diferencia e cresce à medida que se desenvolve e se complexifica a
própria esfera (BAKHTIN, apud MACHADO, 2005, p.155).
Também Fiorin (2002, p.61) se manifesta a esse respeito: “[...] a linguagem
penetra na vida por meio dos enunciados concretos e, ao mesmo tempo, pelos
enunciados a vida se introduz na linguagem”. Isso significa que os gêneros estabelecem
uma interconexão da linguagem com a vida social.
Lopes-Rossi (apud LOPES-ROSSI, 2002, p.25) comenta sobre os conceitos
bakhitinianos dos gêneros quando menciona que eles podem ser divididos:
[...] em primários os que ocorrem em situações cotidianas e em
secundários os que ocorrem em circunstâncias mais complexas, isto
é, dentro de um contexto profissional, artístico, científico, jurídico, entre
outros. Todos os gêneros discursivos têm características picas que o
individualizam e permitem o seu reconhecimento (LOPES-ROSSI, 2002,
p. 25)
Deste modo, os gêneros estão presentes na rotina das pessoas, e são utilizados
por elas de acordo com a sua situação sócio-político-econômica-cultural-histórica-
geográfica.
Marcuschi (2005, p.32) evidencia que “[...] os gêneros organizam nossa fala e
escrita assim como a gramática organiza as formas lingüísticas(BAKHTIN, 1979 apud
MARCUSCHI, 2005). Assim, pode-se dizer que os gêneros são um tipo de gramática
social, isto é, uma gramática da enunciação.
Percebe-se, portanto, que os gêneros são mutáveis, que se desenvolvem e
variam de acordo com a necessidade cotidiana de forma dinâmica, o que faz com que
tenham uma plasticidade, sejam infinitos, que se misturem e derivem de gêneros pré-
existentes, vinculando-se à vida cultural, hisrica e social. Por isso, é indiscutível o papel
25
da escola e das aulas de língua portuguesa, assim como de outras disciplinas, a fim de
desenvolver a competência comunicativa do aluno.
Dessa forma, o estudo dos gêneros textuais na área interdisciplinar, com atenção
especial ao funcionamento da língua e das atividades sociais e culturais, “[...] desde que
os gêneros não sejam modelos estanques dentro de estruturas rígidas, mas sim, formas
culturais e cognitivas de ação social”, como enfatiza Marcuschi (2005, p.18), pode ser
aplicado nas aulas como uma inovação que traga produtividade por meio de significados
reais de escrita, uma vez que a função primária dos gêneros discursivos é a
comunicativa. Como afirma Machado (apud BRAIT, 2005), os gêneros têm uma
abordagem linguística centrada na função comunicativa, o que outros autores
denominam como propósito comunicativo ou função social.
Os gêneros são meios de apreender a realidade. Novos modos de ver e
de conceptualizar a realidade implicam o aparecimento de novos gêneros
e a alteração dos existentes. Ao mesmo tempo, novos neros
ocasionam novas maneiras de ver a realidade. A aprendizagem dos
modos sociais de fazer leva, concomitantemente, ao aprendizado dos
modos sociais de dizer, os gêneros (FIORIN, 2006, p.69).
Nesse sentindo, a escola tem sua responsabilidade voltada para a construção de
indivíduos que sejam capazes de assumir uma postura crítica perante os fatos sociais
que o cercam. Daí a pertinência de formar leitores proficientes. Para que isso ocorra,
tem-se que voltar o olhar para as atividades de produção textual em sala de aula, de
forma que essas atividades sejam significativas.
Os gêneros textuais, por seu caráter genérico, são um termo de
referência intermediário para a aprendizagem. Do ponto de vista do uso
e da aprendizagem, o gênero pode, assim, ser considerado um
megainstrumento que fornece um suporte para a atividade, nas
situações de comunicação, e uma referência para os aprendizes
(SCHNEUWLY & DOLZ, 2004, p.75).
Portanto, cabe à escola apresentar aos alunos diferentes gêneros discursivos,
usados em diferentes situações e com objetivos diversos, de modo a ampliar sua
competência comunicativa.
Conforme afirma Berbare (apud LOPES-ROSSI, 2002, p. 41), os professores
ainda se veem presos aos livros didáticos, apesar do grande avanço dos estudos em
aprendizagem e em Linguística Aplicada. Grande parte desses professores ainda
trabalha somente com a tipologia textual clássica de “narração”, “dissertação e
“descrição”. Lopes-Rossi (2002) acrescenta que,
26
Para entendermos bem o que se propõe atualmente, inclusive pelos
PCN, é preciso que tenhamos clara a diferença entre um ensino baseado
em narração, descrição e dissertação, por um lado, e em gêneros
discursivos, por outro (LOPES-ROSSI, 2002, p.21)
Os PCN apontam direções para que os professores possam elaborar melhor
essas atividades, de maneira a garantir que a escola cumpra sua função social.
De acordo com Mello (apud LOPES-ROSSI, 2002, p. 61) cabe à escola oferecer
acesso aos usos sociais da escrita, ou seja àqueles que circulam fora do âmbito escolar,
pois percebe-se que a escrita é importante na escola porque é importante também fora
dela; por esta razão, mais importante do que um aluno ler livros didáticos é saber ler e
interpretar um artigo de jornal, escrever uma carta, um e-mail profissional, do que ficar
produzindo redações que, na maioria das vezes, para ele, não faz sentido.
Dessa maneira, os professores devem observar os diversos tipos de textos que
circulam na sociedade e trabalhá-los em sala de aula conforme o interesse de seus
alunos. Se os professores tiverem uma boa orientação de como trabalhar os gêneros em
sala de aula, contribuirão para a formação de leitores e escritores proficientes. Os PCN
de Língua Portuguesa propõem:
Considerando-se os diferentes níveis de conhecimento prévio, cabe à
escola promover a sua ampliação de forma que, progressivamente, [...],
cada aluno se torne capaz de interpretar diferentes textos que circulam
socialmente, de assumir a palavra e, como cidadão, de produzir textos
eficazes nas mais variadas situações (BRASIL, 1998, p.19) [...]. O texto
produzido pelo aluno, seja oral ou escrito, permite identificar os recursos
lingüísticos que ele já domina e os que precisa aprender a dominar,
indicando quais conteúdos precisam ser tematizados, articulando-se às
práticas de escrita, leitura e análise lingüística. Nessa perspectiva, os
conteúdos de língua e linguagem não são selecionados em função da
tradição escolar, que predetermina o que deve ser abordado em cada
rie, mas em função das necessidades e possibilidades do aluno, de
modo a permitir que ele, em sucessivas aproximações, se aproprie de
instrumentos que possam ampliar sua capacidade de ler, escrever, falar
e escutar (BRASIL, 1998, p. 37).
Marcuschi (2008) faz uma crítica ao afirmar que em alguns aspectos os PCN são
inovadores e muito claros, porém em relação aos gêneros, há uma sugestão pouco clara
do seu tratamento.
Lopes-Rossi (apud LOPES-ROSSI, 2002 p.24) comenta que, para o aluno ter sua
competência comunicativa desenvolvida, é necessário que o professor, além de trabalhar
as condições de produção características do gênero, trabalhe também as condições de
circulação. Desta forma, o aluno perceberá sentido no que está aprendendo.
27
Quando o aluno atribui significado a um texto, quando ele o reconhece dentro de
sua esfera social, internaliza o aprendizado. Por essa razão, enfatiza-se neste trabalho os
diversos gêneros discursivos e sua importância para uma aprendizagem plena do aluno,
voltada para os usos sociais da língua.
Conforme comenta Lopes-Rossi (apud LOPES-ROSSI, 2002, p.20), alguns
fatores que são inadequados para a produção de texto nas escolas. Um deles refere-se à
questão da artificialidade das situações de redação. A autora lembra que o texto
produzido na escola “[...] não tem finalidade, a não ser cumprir uma exigência do
professor ou do programa de ensino”.
O segundo fator é a descaracterização do aluno como sujeito no uso da
linguagem; ou seja, o aluno procura reproduzir o “discurso da escola”, o que o professor
espera que ele produza.
Um outro fator abordado é o da artificialidade dos temas propostos, ou a pouca
possibilidade de interesse dos alunos nesses temas, casos bastante comuns em sala de
aula.
Outra contribuição para a inadequação na produção de texto é a questão da falta
de objetivos de escrita por parte do aluno, pois, sem um objetivo explícito, o aluno não vê
sentido naquilo que está fazendo e o faz somente como cumprimento de um dever.
Um quinto fator apontado é a falta de um real leitor, ou seja, além do professor,
para quem o aluno escreve?
A falta de acompanhamento do professor nas várias etapas de elaboração do
texto ou amesmo a inexistência de tal acompanhamento é outra questão discutida por
Lopes-Rossi. Tal postura docente é um fator dificultador para a elaboração de textos, pois
os alunos precisam de um mediador para orientar a organização de suas idéias e revisar
os textos produzidos.
Os professores tendem a se comportar como corretores de textos, e não como
leitores participativos na construção desses textos junto a seus alunos.
Por fim, “[...] a falta de ânimo do próprio professor em relação à correção de um
exercício cuja eficácia ele próprio talvez questione” (LOPES-ROSSI, 2002, p.21).
Vistos todos esses indicadores, há de se considerar que uma mudança de postura
docente deve ser pensada criteriosamente, a fim de que a prática de produção textual
nas escolas se torne mais eficaz.
Também convém discorrer sobre uma questão pertinente, que uma das funções
da escola é preparar o aluno para o exercício da cidadania. Na sua prática cidadã, o
aluno esta e estará frente a uma diversidade de textos, ou seja, diversos gêneros
discursivos, das mais diversas culturas e línguas, por isso, compete à escola dar acesso
aos usos sociais da escrita, aos textos que circulam fora do ambiente escolar.
28
Portanto, é importante trabalhar textos significativos com os alunos, textos de que
os alunos precisarão no seu dia-a-dia, no mercado de trabalho, bem como em qualquer
outro contexto comunicacional: dos mais simples (conversa com os amigos, diálogo com
os pais, escrita de um bilhete, de um diário, uma carta pessoal), aos mais complexos (uma
palestra, uma ata). Nesta pesquisa destacou-se a pertinência do blog por se tratar de um
gênero emergente no meio juvenil e que muito lhes contribui para a formação pessoal e
profissional, porém isso dependerá de como o professor trabalhará esse novo gênero com
os alunos. Para tanto, o próprio professor deve estar informado e preparado para orientá-
los durante o processo de criação e manutenção de um blog educativo.
Adotando, portanto, essa linha teórica, os PCN vêm exigindo do profissional
docente atualização e mudanças na concepção de suas práticas pedagógicas tradicionais.
Para a concretização disso, cursos de capacitação para professores da rede pública
estadual, gratuitamente, em parceria com instituições privadas de ensino e com o governo.
Fiorin (2006) ressalta a importância dos trabalhos com gêneros, pois uma vez que
se fala por gêneros e escreve-se por intermédio deles, portanto, aprender a falar e
escrever nada mais é do que aprender gêneros.
[...] ainda que a unidade de trabalho seja o texto é necessário que se
possa dispor tanto de uma descrição dos elementos regulares e
constitutivos do gênero quanto das particularidades do texto selecionado
[...] (BRASIL, 1998, p. 48). Os textos organizam-se sempre dentro de
certas restrições de natureza temática, composicional e estilística, que
os caracterizam como pertencentes a este ou aquele gênero. Desse
modo, a noção de gênero, constitutiva do texto, precisa ser tomada como
objeto de ensino (BRASIL, 1998, p. 23).
Nesse sentido, é importante comentar o conceito de multimodalidade exposto por
Dionisio (2005, p.161), uma vez que as ações sociais são fenômenos multimodais, ou
seja, “ao falarmos ou escrevermos um texto, usamos no mínimo dois modos de
representação: gestos e palavras, imagens e palavras, entonações e palavras, entre
outros modos”.
Bazerman (2006) menciona que todo escritor pode jogar com uma grande
variedade de formas em diversas situações sociais e para diferentes objetivos.
29
2 MÍDIA DIGITAL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Escrever pelo computador no contexto da produção
discursiva dos bate-papos síncronos (on-line) é uma nova
forma de nos relacionarmos com a escrita, mas não
propriamente uma nova forma de escrita.
Marcuschi
Neste capítulo, abordou-se aspectos relevantes sobre a mídia digital para maior
esclarecimento do trabalho proposto com blogs.
Segundo Mattar (2008) a precursora da internet é a Arpanet desenvolvida nos
anos de 1960 com a criação da ARPA (Advanced Research Projects Agency) pelo
Departamento de Defesa dos Estados Unidos em resposta, a fim de estabelecer a
liderança dos Estados Unidos em tecnologia militar.
Para o autor, em 1980 a National Science Foundation (NSF) passou a utilizar a
rede para pesquisas acamicas. Nas décadas seguintes, a Arpanet ganhou prospecção,
integrando várias universidades, por meio do sistema operacional Unix. Em 1993, deixou
de ser uma instituição de natureza apenas acadêmica e passou a ser explorada
comercialmente.
No Brasil, chegou em 1988 por iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (FAPESP) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
assim como o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC).
Comercialmente, no Brasil, a internet teve início em 1994 com um projeto piloto da
Embratel, por meio de linhas discadas e em em 1995 por acessos dedicados via
Renpac ou linhas E1. Desde então cresce substancialmente o número de usuários,
físicos ou jurídicos.
2.1 O USUÁRIO DA INTERNET NO BRASIL
Nesta parte apresentamos uma pesquisa feita por um site de telecomunicações, o
teleco (2008), a qual mostra que não existem estatísticas precisas sobre a quantidade
de usuários de Internet no Brasil. O levantamento mais abrangente foi feito pelo
suplemento da Pesquisa Nacional por amostra de Domicílios (PNAD) em 2005 que
pesquisou 408 mil pessoas e 142,5 mil unidades domiciliares que apontou a existência
de 32,1 milhões de usuários de Internet em 2005 (21% da população de 10 anos ou
mais de idade).
30
A fonte adotada pelo site para os anos de 2006 e 2007 contou com entrevistas em
17 mil domicílios urbanos em 2007 e 10,5 mil em 2006.
Uma fonte alternativa é a pesquisa do Ibope que indicou que o total de pessoas
com mais de 16 anos com acesso à internet em qualquer ambiente (casa, trabalho,
escolas, universidades e outros locais) era de 39 milhões em Set/07. Eram 36,9
milhões em Jun/07 e 32,5 milhões em Jun/06.
TABELA 1 – EVOLUÇÃO DE USUÁRIOS DE INTERNET NO BRASIL
Milhões 2005 2006 2007
Usuários de
Internet*
32,1 35,3 44,9
Fonte Suplemento PNAD TIC Domicílios TIC Domicílios
Fonte: IBOPE NetRatings in: teleco.com.br. Acesso em 24/10/2008
* população de 10 anos ou mais de idade que acessou a Internet, pelo menos uma vez, por meio de computador, em
algum local (domicílio, local de trabalho, escola, centro de acesso gratuito ou pago, domicílio de outras pessoas ou
qualquer outro local) nos 90 dias que antecederam à entrevista.
Neste panorama, percebe-se que há um crescimento vertiginoso com relação
àqueles que acessam a internet no Brasil, o que leva a crer que se esse interesse
crescente por esse tipo de mídia, deve-se considerar um trabalho conjunto entre escola e
professores, de modo que a internet seja contemplada como uma ferramenta a serviço da
aprendizagem do jovem, visto que esse público tem facilidade no domínio desse tipo de
tecnologia.
31
USUÁRIOS DOMICILIARES DE INTERNET
Para uma melhor caracterização do crescimento do uso da internet pela
sociedade brasileira, apresentam-se abaixo tabelas com dados do IBOPE/Net ratings,
encontrados no site mencionado anteriormente.
A primeira tabela demonstra o crescimento de acessos à internet pelos usuários
no Brasil, tomando como parâmetro o período de 2006 a 2008. Percebe-se um
crescimento significativo, o que aponta para a importância de atentar-se a estudos
voltados para o uso das tecnologias para o desenvolvimento sócio-cultural da sociedade
brasileira.
TABELA 2 - USUÁRIOS ATIVOS NO MÊS
Milhares 2006 2007 2008
Janeiro 12.036 14.034 21.100
Fevereiro 13.241 14.068 22.043
Março 14.107 16.257 22.742
Abril 13.431 15.867 22.419
Maio 13.246 17.933 23.141
Junho 13.397 18.047 22.910
Julho 13.393 18.523 23.715
Agosto 13.641 19.302 24.331
Setembro 13.639 20.100 -
Outubro 13.313 19.881 -
Novembro 14.448 21.536 -
Dezembro 14.419 21.393 -
Fonte: IBOPE NetRatings in: teleco.com.br. Acesso em 24/10/2008
32
A tabela seguinte demonstra que os usuários que mais acessam a internet são os
jovens de 16 a 24 anos, característica dos nossos sujeitos de pesquisa, o que traz maior
certeza de que este estudo deve ser voltado aos estudantes e que a escola deve ter a
preocupação constante em direcionar os trabalhos educativos com o uso da internet, uma
vez que essa não está distante de seus alunos.
TABELA 3 – USUÁRIOS DE INTERNET POR FAIXA ETÁRIA
Faixa etária 2005 2006 2007
10 a 15 anos 30% 38% 53%
16 a 24 anos 46% 49% 60%
25 a 34 anos 27% 35% 45%
35 a 44 anos 20% 21% 24%
45 a 59 anos 16% 11% 12%
> 60 anos 4% 3% 3%
Fonte: IBOPE NetRatings in: teleco.com.br. Acesso em 24/10/2008
Na tabela 4 ,verifica-se que a frequência de utilização da internet é crescente a
cada ano. Até o ano de dois mil e sete, todos os dias 53% dos entrevistados acessavam
a internet ao menos uma vez ao dia.
TABELA 4 - FREQUÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DA INTERNET
Frequência de utilização (%)
PNAD
2005
2005*
2006*
2007*
Pelo menos 1 vez por dia 36,3% 40% 46% 53%
Pelo menos 1 vez por semana, mas não todo dia 47,3% 40% 38% 34%
Pelo menos 1 vez por mês, mas não toda semana 11,7% 14% 12% 10%
Menos de 1 vez por mês 3,1% 6% 4% 3%
Fonte: IBOPE NetRatings in: teleco.com.br. Acesso em 24/10/2008
33
Percebe-se na tabela abaixo que o acesso à internet não está restrito àquelas
pessoas com renda alta. No decorrer dos anos, o acesso das populações de renda média
vem crescendo, não pela popularização do computador, facilidade para comprá-lo,
mas também pelas iniciativas do governo em inserir a internet nas escolas.
TABELA 5 - USUÁRIOS DE INTERNET POR FAIXA DE RENDA
%
PNAD
2005
2005* 2006* 2007*
até 1 SM - 4% 5% 12%
1 a 2 SM 12% 8% 11% 21%
2 a 3 SM 25% 15% 20% 38%
3 a 5 SM 42% 26% 34% 51%
> de 5 SM 55% 55% 59% 68%
Total 21% 24% 28% 34%
Fonte: IBOPE NetRatings in: teleco.com.br. Acesso em 24/10/2008
Na tabela 6 verifica-se que boa parte dos usuários da internet está concentrada na
população jovem que cursam o Ensino Médio. A porcentagem aumentou
significativamente nos últimos anos. Por esta razão volta-se a atenção para um estudo
com jovens que estão em formação e que atuarão nesse mundo tecnológico em total
expansão.
TABELA 6 - USUÁRIOS DE INTERNET POR GRAU DE INSTRUÇÃO
Grau de Instrução 2005 2006 2007
Analfabeto/Educ. Infantil 3% 4% 7%
Fundamental 13% 22% 29%
Médio 41% 42% 51%
Superior 80% 82% 78%
Fonte: IBOPE NetRatings in: teleco.com.br. Acesso em 24/10/2008
Segundo Rogar (2008), em uma publicação na revista Veja há a confirmação da
ascensão desenfreada da internet.
34
Os brasileiros estão comprando um computador a cada três segundos!
Com a venerável exceção do telefone celular, nenhum outro aparelho
chegou à casa dos consumidores brasileiros em ritmo tão alucinante. A
instalação de um computador, com a conseqüente conexão à internet,
muda o padrão de vida educacional e cultural (ROGAR, 2008, p.17)
Ainda nesse mesmo artigo pode-se ter a informação de que o Brasil tornou-se o
quinto maior mercado de PCs do mundo, e perde suas vendas somente para os Estados
Unidos, China, Japão e Inglaterra.
2.2 A REDE E O CIBERESPAÇO
Segundo Nicola (2004), existem muitos erros conceituais sobre a rede; como por
exemplo, defini-la como rede de computadores, sendo que na verdade a origem da
palavra internet advém da abreviação de Internetworking, cuja tradução é “entre rede”.
Uma rede de redes que criou, a partir da década de 1970, um novo espaço.
Lévy (1999) concebe o ciberespaço como um conjunto de computadores
interligados, um computador hipertextual, disperso, vivo, fervilhante, inacabado.
Eu defino o ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela
interconexão mundial dos computadores e das memórias dos
computadores.[...] nossa definição de ciberespaço aproxima-se, embora
seja mais restritiva, daquela fornecida por Esther Dyson, George Gilder,
Jay Keyworth e Alvin Toffler . Para estes autores, o ciberespaço é a
“terra do saber” (“the land of knowledge”), a “nova fronteira” cuja
exploração poderá ser, hoje, a tarefa mais importante da humanidade
(LEVY, 1999, apud NICOLA, 2004, p. 92)
O ciberespaço reúne a nova sociedade da informação: uma sociedade que se
reorganiza num espaço sócio-técnico, suportada por uma linguagem hipertextual de
códigos, o HTML (Hypertext Markup Language linguagem de marcação hipertextual)
que consiste em diferentes nós de texto digital.
Segundo Lévy (1999), todos estão todos envolvidos nos jogos que a internet nos
propõe, jogos esses que nos entrelaçam por significantes dos mais diversos, o que
representa uma proposta de construção de mundos cada vez mais fantásticos.
Consolidada a estrutura hipermídia
1
do sistema, a internet propõe uma construção
hipertextual que solidificou a interatividade e, com ela, a manutenção do ciberespaço: a
rede alavancou maior prestígio ante as outras mídias.
Com o aumento do uso da internet, modificam-se constantemente os hábitos das
pessoas, interferindo diretamente nos seus modos de pensar, agir e comunicar-se.
Percebe-se que a internet, mais do que qualquer outro meio de comunicação e/ou
1
Segundo Gosciola (2003, p. 32) a Hipermídia se caracteriza por seu acesso e navegação não-linear a
conteúdos - textos, fotos, gráficos, animações e vídeos.
35
entretenimento, ganha a cada dia, novo espaço e novos modos de uso. Portanto, voltar o
olhar para usá-la como recurso educacional é uma necessidade de todos aqueles que
estão preocupados com uma educação de qualidade e inseridos em um mundo pós-
moderno e em constante transformação.
Nesse sentido, as escolas não podem ficar à margem dessas transformações,
visto que a internet está em contínua ascensão e no contexto escolar não é diferente,
pois já projetos de algumas prefeituras e até mesmo de estados sobre a inclusão
digital dos estudantes. Negar esse crescimento e fechar os olhos para o trabalho com
tecnologias em sala de aula é negar a evolução de toda uma sociedade.
Uma vez que a internet pode e deve ser usada a favor e não contra o
desenvolvimento humano, é importante pensar em como se a interão indivíduo x
internet (ciberespaço).
Diferentes conceitos procuram definir interatividade e, no seu conjunto,
o definições complementares. Do ponto de vista social, é uma relação
interpessoal, na qual pessoas trocam informações que podem levar ou
não à alteração dos (s) comportamento (s) individual (s) ou coletivo (s).
Sistematicamente, a interatividade é um fenômeno que envolve
indivíduos constituídos em grupo, no qual os comportamentos de cada
um tornam-se estímulos para o outro, permitindo a construção da
identidade (TURKLE, apud NICOLA, 2004, p. 28)
Ocorrendo na dia digital, a interatividade exerce fascínio sobre a sociedade da
informação, na medida em que suas características exigem uma análise transdisciplinar.
Lévy problematiza esse conceito:
A interatividade assinala muito mais um problema, a necessidade de um
novo trabalho de observão, de concepção e de avaliação dos modos
de comunicação, do que uma característica simples e unívoca atribuível
a um sistema específico (LEVY, apud NICOLA, 2004, p. 29)
Para noção da existência coletiva mental no espaço cibernético, os jogos com a
participação simultânea de usuários denominados MUDs ( Multi-User Domain), IRC
(Internet Relay Chat) e RPG ( Role Playing Game) foram “os alicerces para essa
formação plural da mente no ciberespaço
Do ponto de vista psicossocial, Turkle resgatou a atuação dos atores cibernéticos
nesses jogos e, sobre essa relação do usuário com o espaço multimidiatizado pelos
computadores escreveu:
36
We construct our Technologies, and our Technologies construct us and
our times. Our times make us, we make our machines, our machines
make our times. We became the objects we look upon but they become
what we make of them (TURKLE, apud NICOLA, 2004, p. 75)
O rompimento das barreiras socioculturais, preconizado pela natureza
transdisciplinar do sistema de rede, exerceu influência decisiva no surgimento de uma
nova indústria cultural e, depois dela, de uma nova cultura digital.
Entender a internet como simples conexão de máquinas por aplicativos não é
compreendê-la na sua abrangência. A rede possui em sua história diferentes aspectos
destacados e um deles inclui a constituição dos pequenos mundos virtuais, dos quais
enfatiza-se nesta pesquisa, o blog.
Projetados pelo idealismo de comunidades em espaços geográficos específicos,
esses mundos fortificaram relações no ciberespaço e desvelaram a ecologia cognitiva,
onde a sociedade da informação atua em torno do eixo de valores informacionais,
cognitivos e selecionáveis, em vez de valores materiais.
Fala-se atualmente, em um Estado cibernético, constituído por brasileiros que
moram no exterior. Esse Estado teria regras, deveres e direitos assim como qualquer
outro Estado geográfico, obviamente que essas normas seriam adaptadas ao mundo
virtual. Percebe-se, portanto, como é dinâmica, ágil e mutável a internet.
A experiência prova as novas formatações e os usos do ciberespaço num
contínuo exercício da cidadania. Se os cibercidadãos mantiverem esse ideal, será
possível saber quais são (ou serão) os limites entre a prática rotineira dos serviços
midiáticos e a oferta de serviços sociais.
Segundo Nicola (2004) a internet está demonstrando sua incrível versatilidade ao
abrigar as mais diferentes explorações e manifestações do espaço sociotécnico,
revelando-se transdisciplinar tanto na conceituação como mídia quanto na legitimação do
espaço-temporal
O texto contemporâneo, alimentando correspondências on line e
conferências eletrônicas, correndo em redes, fluido, desterritorializado,
mergulhado no meio oceânico do ciberespaço, esse texto dinâmico
reconstitui, mas de outro modo e numa escala infinitamente superior, a
copresença da mensagem e de seu contexto vivo que caracteriza a
comunicação oral. De novo, os critérios mudam. Reaproximam-se
daqueles do diálogo ou da conversação: pertinência em função do
momento, dos leitores e dos lugares virtuais; brevidade, graças à
possibilidade de apontar imediatamente as referências; eficiência, pois
prestar serviço ao leitor (e em particular ajudá-lo a navegar) é o melhor
meio de ser reconhecido sob o dilúvio informacional (LÉVY, 1996, p. 39).
37
Lévy expõe ainda que considerar o computador apenas como um instrumento a
mais para produzir textos, sons ou imagens sobre suporte fixo (papel, película, fita
magnética) equivale a negar sua fecundidade propriamente cultural, ou seja, o
aparecimento de novos gêneros ligados à interatividade.
Assim, o leitor em tela é mais ativo que o leitor em papel: ler em tela é, antes
mesmo de interpretar, enviar um comando a um computador para que projete esta ou
aquela realização parcial do texto sobre uma pequena superfície luminosa.
Ainda de acordo com Lévy (1999), o suporte digital permite novos tipos de
leituras (e de escritas) coletivas. Um continuum variado se estende assim entre a leitura
individual de um texto preciso e a navegação em vastas redes digitais no interior das
quais um grande número de pessoas anota, aumenta, conecta os textos uns aos outros
por meio de ligações hipertextuais.
Os hiperdocumentos acessíveis por uma rede informática são poderosos
instrumentos de escrita-leitura coletiva. Assim, a escrita e a leitura trocam seus papéis.
De acordo com Lévy (1996, p.46) “todo aquele que participa da estruturação do
hipertexto, do traçado pontilhado das possíveis dobras do sentido, já é um leitor”.
A partir das home-pages e dos hiperdocumentos on-line, pode-se seguir os fios de
diversos universos subjetivos. Percebe que no mundo digital, a distinção do original e da
cópia há muito perdeu qualquer pertinência. O ciberespaço está misturando as noções de
unidade, de identidade e de localização.
Graças à digitalização, o texto e a leitura receberam hoje um novo impulso, e ao
mesmo tempo uma profunda mutação. Pode-se imaginar que os livros, os jornais, os
documentos técnicos e administrativos impressos no futuro serão apenas, em grande
parte, projeções temporárias e parciais de hipertextos on line muito mais ricos e sempre
ativos.
2.3 AS COMUNIDADES ON-LINE
De acordo com Teixeira Filho (2002, p. 20) “o advento da internet como meio ágil,
flexível e de baixo custo e sua adoção em larga escala pelas organizações e na vida
doméstica foram os propulsores das comunidades virtuais”. Comunidades de
relacionamentos como Orkut, My space, MSN, entre outros são acessadas diariamente
por milhares de pessoas em todo o mundo. O blog na sua concepção primeira tem como
principal característica a de um diário virtual pessoal, com uma forma intimista, porém
quando propomos um blog coletivo com um objetivo educacional esse pode ser
caracterizado como uma comunidade com número restrito de autores ou leitores, e o
objetivo dos membros dessa “nova comunidade” deve ser o mesmo.
38
Essas comunidades têm características próprias definidas pelos seus membros.
Embora algumas sejam tão heterogêneas que dificultam um estudo mais preciso sobre
suas identidades. Apesar da necessidade de rigor científico dos instrumentos de
verificação das mídias on-line, as tentativas de traçar um perfil dos internautas são uma
constante.
Sabe-se que a escrita permeia todo o contexto interacional dessas comunidades,
e que ela ocorre de forma hipertextual e dinâmica.
Sendo o texto e o som meios unidimensionais, as linhas ou os polígonos
meios bidimensionais, as superfícies ou o sólido tridimensionais, a
hipermídia e o hipertexto são meios de comunicação multidimensionais,
porque incluem o tempo das animações, dos vídeos e dos saltos entre
os conteúdos proporcionados por seus links. (GOSCIOLA, 2003, p.28)
Gosciola (2003, p. 28) descreve ainda sobre uma provável humanidade que esteja
em constituição de uma nova realidade, ou seja, a Homo media, que segundo ele, “não
só está entre os meios de comunicação, mas interage com eles, neles interfere e por eles
é influenciado”. (grifo nosso).
Segundo Nicola (2004) no Brasil, os últimos índices revelam um “internauta
padrão”, cuja idade varia entre 18 e 24 anos ou, ainda, entre 15 e 29 anos. De qualquer
modo, esses dados somente poderão ser de fato legitimados pelo desempenho
hipertextual (mapa do site) e de conteúdo das mídias digitais (comunidades virtuais), que
revelarão as características mais aproximadas de seu público.
Um dado interessante desse estudo, apresentado pelas pesquisas qualitativas,
revela que os participantes avaliam o mundo de hoje dependente por completo do
computador, que não apenas facilita, mas organiza a vida das empresas e das pessoas.
Quanto ao controle do acesso do público às comunidades virtuais, ele se efetua
pela senha de seus usuários, também chamados de cibercidadãos, mas isso não garante
maior segurança na visitação de usuário autorizado, porque por trás de uma senha pode
haver mais de um usuário. O mesmo raciocínio se aplica aos provedores de acesso, que
incorrem nesse risco.
2.4 O HIPERTEXTO
Como o propósito desse trabalho é buscar uma alternativa educacional para o
aprimoramento da produção textual escrita, cabe apontar uma definição do que venha a
ser hipertexto. Desta maneira, foram adotados três autores e os elementos por eles
apontados para a constituição de hipertexto:
39
TABELA 7 – CONCEITOS DE HIPERTEXTO
BAZIN (1999, apud
GOSCIOLA, 2003 p. 30)
KOCH, 2005 MARCUSCHI, 2001
digitalização de textos
completos;
não-linearidade (geralmente
considerada a característica
central)
A não-linearidade é
tida como a
característica central
do hipertexto.
possibilidade de examinar,
arquivar e atualizar arquivos
em tempo real;
possibilidade de conectar
uma sucessão de
caracteres com qualquer
outra sucessão de
caracteres
Volatilidade, devida à própria
natureza (virtual) do suporte
Texto volátil.
acesso ultra-rápido por
interfaces amigáveis e
redes do tipo Internet às
melhores fontes, qualquer
que seja sua localização
nas coleções mundiais
Espacialidade topográfica, por
se tratar de um espaço de
escritura/leitura sem limites
definidos, não-hierárquicos,
nem tópico.
Texto topográfico.
Não tem limites
definidos.
rápido intercâmbio de
comentários em runs
eletnicos
Fragmentariedade, visto que
não possui um centro
regulador imanente.
Texto fragmentário.
Multissemiose, por viabilizar a
absorção de diferentes aportes
sígnicos e sensoriais numa
mesma superfície de leitura
(palavras, ícones, efeitos
sonoros, diagramas, tabelas
tridimensionais).
Tem acessibilidade
ilimitada .
40
TABELA 7 (cont.) – CONCEITOS DE HIPERTEXTO
Interatividade, devido à relação
contínua do leitor com
múltiplos autores praticamente
em superposição em tempo
real.
Multisemiótico.
Possibilidade da
interação linguagem
verbal com a não-
verbal.
Interatividade, em decorrência
da natureza intrinsecamente
polifônica e intertextual.
Interativo.
Multisemiose e
múltiplos autores.
Descentração, em virtude de
um deslocamento indefinido de
tópicos, embora não se trate, é
claro, de um agregado
aleatório de fragmentos
textuais.
Segundo Koch (2005), uma vez que todo texto constitui uma proposta de sentidos
múltiplos e não de um único sentido, e que todo texto é plurilinear na sua construção,
poder-se-ia afirmar, portanto, que pelo menos do ponto de vista da recepção todo
texto é um hipertexto.
Pensemos, inicialmente, nos textos acadêmicos, povoados de
referências, citações, notas de rodapé ou de final de capítulo. Temos
aqui um hipertexto, em que as chamadas para as notas ou as
referências feitas no corpo do trabalho funcionam como links. (...) Ao
encontrar uma referência, quer no texto, quer em nota, poderá inclusive
suspender a leitura para consultar a obra ali referendada. Nesta nova
obra, por sua vez, podeencontrar outras referências, que o levem a
outros textos, e assim por diante. A diferença com relação ao
hipertexto eletrônico está apenas no suporte e na forma e rapidez
do acessamento (KOCH, 2005, p. 61, grifo nosso).
É justamente essa diferença exposta acima que faz com que mais leitores se
vejam atraídos e se identificam com a internet. Várias informações em único suporte,
rapidez e interatividade são fatores que são valorizados pelo indivíduo do mundo pós-
moderno.
Para a referida autora, o hipertexto é também uma forma de estruturação textual
que faz do leitor, simultaneamente, um co-autor do texto, oferecendo-lhe a possibilidade
de opção entre caminhos diversificados, de modo a permitir diferentes veis de
desenvolvimento e aprofundamento de um tema.
41
Theodor Holm Nelson (apud MARCUSCHI, 2001) referiu-se ao hipertexto como
uma escritura eletrônica não-sequencial e não linear, a qual se bifurca e permite ao leitor
o acesso a um número praticamente ilimitado de outros textos a partir de escolhas locais
e sucessivas, em tempo real.
Marcuschi (2001) defende que
o conceito de hipertexto traz não um deslocamento do texto impresso,
mas sim uma revisão de nossas formas de pensar o letramento e as
condições de produção social do conhecimento. Em especial vem “dar
voz aos silenciados em nossa cultura” e esclarecer as relações
bastantes complexas entre autor e leitor mesclando suas posições
(MARCUSCHI, 2001, p.85)
Isso leva a concluir que, apesar das diferenças entre a linearidade de um texto
impresso e as características referidas nesse estudo sobre hipertexto, ambos se
complementam.
Segundo Barreto e Moreira (2008, p. 160) “acredita-se que o hipertexto exige um
leitor mais experiente, mais consciente de sua autonomia” e ainda que a deslinearização
do hipertexto causa dificuldades de compreensão. Por esta razão, considera-se que este
estudo aponte novas e eficazes perspectivas com relação ao ensino da língua escrita.
O que se pode pressupor de acordo com Barreto e Moreira (2008, p.160) é que os
“leitores inexperientes desorientam-se mais facilmente e apresentam maior dificuldade
para lidar com a sobrecarga cognitiva provocada pelo hipertexto, o que provoca, muitas
vezes, uma leitura apenas superficial”.
Assim, cabe ao professor orientar, apontar formas e criar estratégias para que seu
aluno atinja os objetivos de compreensão de leitura e proficiência em escrita de forma
autônoma. É inegável a contribuição do trabalho com hipertextos, vistos que estes
possibilitam ao aluno formas mais variadas e flexíveis de construir seu conhecimento.
2.5 O QUE É UM BLOG AFINAL?
Segundo Gomes (2008), na sua origem e na sua acepção mais geral, um blog é
uma página na Web que se pressupõe ser atualizada com grande frequência através da
colocação de mensagens que se designam postsconstituídas por imagens e/ou
textos normalmente de pequenas dimensões (muitas vezes incluindo links para sites de
interesse e/ou comentários e pensamentos pessoais do autor) e apresentadas de forma
cronológica, sendo as mensagens mais recentes normalmente apresentadas em primeiro
lugar.
42
Dos blogs pessoais, como diários eletrônicos aos blogs coletivos, ou seja, aqueles
que têm intuitos comerciais ou educacionais, pode-se encontrar de tudo na web. Do autor
individual que compartilha a sua intimidade ou os seus interesses, à autoria institucional
formalmente assumida, passando pelos blogs criados e mantidos por grupos de pessoas,
existe todo um leque de possibilidades de autoria. O que importa neste estudo são os
blogs de cunho educacional, aqueles que objetivam intermediar a aprendizagem entre um
grupo de alunos, levando-os a troca de experiências e percepção do seu próprio
processo de aprendizagem, a metacognição.
É possível encontrar milhares de blogs na Internet abrangendo toda a diversidade
de temas, dos mais específicos aos mais gerais, criados com objetivos de natureza
diversa (lúdica, informativa, política, etc.), sendo encarados pelo seu autor como forma de
expressão de natureza íntima e intimista (apesar de num espaço com um público
potencial à escala mundial) ou procurando a notoriedade e a máxima divulgação das
idéias expostas. Um blog pode ser, para o seu autor, um simples arquivo de links úteis
enriquecido com comentários ou descrições do seu teor. Pode também constituir um
registro digital das reflexões e/ou emoções do seu autor ou apresentar-se com um
espaço de troca de idéias e confronto de perspectivas, incentivando a participação dos
“bloggers” que o visitam, com uma finalidade específica.
Gomes (2008) comenta sobre fragilidade da visibilidade do conteúdo de um blog.
Expõe que a visibilidade pública de um blog pode, até certo patamar, ser determinado
pelo(s) seu autor(es). Muitos dos sites que atualmente disponibilizam blogs permitem aos
seus utilizadores optar por inscrever, ou não, o seu blog numa base de dados que pode
ser consultada por qualquer utilizador da Internet. Adicionalmente o autor do blog pode
decidir divulgá-lo.
A criação e manutenção de um blog podem ser de autoria individual ou coletiva,
neste último caso existindo um conjunto de pessoas que asseguram a dinamização do
blog. Os sistemas de criação e edição de blogs são muito atrativos pelas facilidades que
oferecem, pois dispensam o conhecimento de HTML.
Por outro lado, os blogs podem ser uma forma privilegiada da presença
idiossincrática de uma pessoa na web ou podem assumir a forma de uma presença
“institucional” de uma associação ou instituição.
Segundo Gomes (2008) o sucesso dos blogs está muito provavelmente associado
ao fato de constituírem espaços de publicação na web, facilmente utilizáveis por
internautas sem conhecimentos de construção de websites, e frequentemente sem
custos para os seus criadores, pois existem sites que disponibilizam sistemas de criação,
gestão e alojamento gratuito de blogs. Um dos mundialmente mais conhecidos é o
http://www.blogspot.com
43
Pode-se caracterizar um blog de forma mais geral da seguinte maneira:
Conteúdo Temático: mais variável, definido pelo (s) autor(es) do blog.
Estilo: menos variável, também definido pelo(s) autor(es) do blog, caráter mais
informal da língua.
Construção Composicional: Definição pelo(s) autor(es) do blog, segue alguns
critérios de acordo com o site provedor.
Komesu (apud HEINE, 2008) chama a atenção quanto à estrutura textual dos
blogs, composta por parágrafos curtos e por publicações de mensagens em ordem
cronológica.
O blog poder ser definido [...] como uma página web, composta de
parágrafos dispostos em ordem cronológica (dos mais aos menos atuais,
colocados em circulação na rede), atualizada com freqüência pelo
usuário. O dispositivo permite a qualquer usuário a prodão de textos
verbais (escritos) e não verbais (com fotos, desenhos, animações,
arquivos de som), a ão de copiar e colar um link e sua publicação na
web, de maneira rápida e eficaz, às vezes praticamente simultânea ao
acontecimento que se pretende narrar (KOMESU apud HEINE, 2008,
p.99)
É importante ressaltar o processo de produção de um blog, que demanda alguns
cuidados por parte do internauta. Em se tratando de um blog educativo, é necessário
escolher criteriosamente o site provedor, bem como o modo pelo qual esse blog será
mantido, para que seu objetivo não se perca. Para tanto, realizou-se uma exposição de
como foi o processo de criação desses blogs feitos exclusivamente com a finalidade
pedagógica, qual seja, a de mediar o processo de produção textual.
Antes da criação dos blogs houve um diálogo com a sala sobre o que são as
Tecnologias da Informação, qual sua importância para a sociedade, como usá-las a favor
do conhecimento e não tornar-se um escravo delas, que relevância há no cuidado que
deve-se ter quando a participação em comunidade on line e o que isso poderia acarretar.
Após este diálogo, os alunos foram instigados a pensar sobre o que seria um blog,
se conheciam esse gênero ou não, e como poderiam fazer um blog coletivo que os
auxiliasse não nas atividades de sala de aula, mas também nas produções textuais
escritas entre os próprios colegas.
Seguindo a discussão, foi proposto que todos iriam escrever (postar) no blog
comentários sobre as aulas, podendo ser críticas, sugestões, bem como inserir links de
44
artigos que achassem interessantes. Neste item foi solicitado pela professora-
pesquisadora que, ao adicionarem um link de reportagem, este deveria vir acompanhado
de um breve resumo descritivo e/ou opinativo sobre a mesma, para que os demais
colegas pudessem avaliar se desejariam ler toda a reportagem.
Ficou combinado que toda a escrita do blog deveria ser a mais normativa
possível, e havendo dúvida, a professora-pesquisadora e/ou outro colega deveriam ser
consultados para que pudessem avaliar se havia alguma inadequação no texto, uma vez
que a linguagem de internet, o “internetês”, seria evitado.
No momento da criação do blog, todos optaram por fazer no site da UOL, pois
havia um aluno que dominava bem a ferramenta; porém, depois de uma semana,
percebeu-se que a melhor ferramenta para a edição e postagem seria a criação de um
blog no site do blogspot.com já mencionado neste estudo como o mais acessado
mundialmente.
Paola Gentile (2008) faz uma advertência para o cuidado que o professor deve ter
ao trabalhar com o blog em sala de aula, e descreve algumas dificuldades. Uma delas,
encontradas no desenvolvimento desta pesquisa, foi a seguinte indagação: como
trabalhar as correções de grafia e construção textual, uma vez que a escrita estaria
inserida em um ambiente virtual já bastante conhecido por sua informalidade? Isso faria
com que o jovem trouxesse os vícios próprios da internet.
Encontram-se divergências sobre o assunto, que alguns educadores e
estudiosos acreditam que a escrita deve ser livre e outros que acreditam que, se o
blog apresentar um cunho acadêmico, deve utilizar uma linguagem mais formal.
Nesse sentido, adota-se nesta pesquisa o critério de trabalhar com o blog em sala
de aula a partir do acordo entre alunos e professora-pesquisadora de que a postagem de
relatos diários sobre suas percepções de aprendizagens, críticas e sugestões iria
obedecer à norma padrão da língua portuguesa, evitando assim o uso do internetês”.
Acredita-se que, ao escreverem suas percepções, esses alunos possam exercer a arte
da escrita, aprimorando-a gradativamente pela constante postagem no blog.
Gentile (2008) salienta ainda que, por ser muito recente o uso do blog como
ferramenta de aprendizagem, não existe um parâmetro que sirva de referência. Para
alguns linguistas, o blog é fruto da cultura da internet e nasceu com os jovens, por isso
não é nesse meio que eles aprenderiam a ortografia e a gramática. Assim, a internet
seria reservada para os adolescentes expressarem-se livremente. Já para outros, como é
o caso de Edinia Bernardino, professora de Língua Portuguesa do Colégio Magister,
em São Paulo, especialista em linguagem cibernética, o blog comporta textos publicados
como trabalhos escolares e portanto, exigem formalidade e devem seguir a norma culta:
45
"Uma vez na rede, o conteúdo será acessado por diversos públicos e por isso precisa ser
intelivel".
Outro depoimento importante sobre a eficácia do trabalho com blog foi o da
professora de Língua Portuguesa Álfia Aparecida Botelho Nunes que notou que os textos
dos alunos melhoraram muito depois de o blog ser utilizado para documentar um projeto
sobre transportes e locomoção no Jardim das Flores, bairro da zona sul da capital
paulista, onde fica a Escola Municipal Pracinhas da FEB: "Ao saber que o trabalho seria
lido por outras pessoas, eles tomaram mais cuidado com a forma e com o conteúdo,
procurando deixar as idéias bem claras", observou.
Com base nos estudos feitos e também nos exemplos citados, foi feita uma
proposta de que se aliassem os dois fatores: o escrever livremente para comunicarem
entre si e o de escrever adequadamente quando o trabalho a ser postado for solicitação
da professora que está conduzindo as atividades.
Acredita-se que conciliar esses dois pontos, formalidade e informalidade da língua
seja possível e favoreça o aprimoramento e o gosto pela escrita. Por um lado, por se
tratar de um ambiente informal, os jovens se sentiriam mais a vontade e incitados a
escrever; por outro, ao terem assumido o compromisso de escrever utilizando-se da
norma padrão, iriam colocar em prática aquilo que já tinham de conhecimento lingüístico,
e o que não sabiam ficaria evidente para que o professor trabalhasse em suas aulas de
produção textual.
46
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Essa pesquisa constitui-se em um estudo qualitativo e a metodologia aplicada
para a análise do corpus foi a pesquisa-ão, método que segundo Gonçalves, (2004,
p.33) implica um processo com traços essências: análise;coleta de dados e
conceituação dos problemas; planejamento da ação; execução e nova coleta de dados
para avalia-la; repetição desse ciclo de atividades.” A pesquisa-ação tem como objetivos
o controle e acompanhamento de ações de um determinado estudo. É também
conhecida como pesquisa de intervenção.
Por intermédio desta pesquisa utilizam-se estratégias que têm como proposta a
participação de grupos sociais, os quais buscam soluções para problemas vivenciados.
Envolve um processo de compreensão e mudança da realidade. Portanto, em algumas
vezes, é necessário que haja uma quebra de paradigmas na postura do pesquisador e
seus sujeitos de pesquisa, considerando-os parte de todo o processo de diagnóstico e da
construção de estratégias conjuntas que levem a resolução das questões levantadas.
Esse processo transforma a prática e as relações dos participantes, bem como os
próprios sujeitos, pesquisador e pesquisados.
Neste sentido, a metodologia aplicada neste estudo teve o propósito de interagir
com os alunos por intermédio do blog para que a aprendizagem transpusesse o ambiente
da sala de aula, e que os alunos se sentissem mais próximos da professora-
pesquisadora e dos demais colegas, a fim de que tivessem uma participação maior no
blog, postando mais textos e comentando os textos dos colegas para que pudessem
atingir o objetivo desse estudo, ou seja, a melhoria da escrita e da articulação de suas
idéias sobre a aprendizagem.
3.1 CONTEXTO DE PRODUÇÃO
Esse estudo foi desenvolvido com trinta alunos de uma escola pública estadual de
ensino médio de Campos do Jordão.
Os alunos fizeram postagens regulares sobre as aulas que participaram, dando
sugestões, fazendo críticas e compartilhando com os colegas e professores a sua
percepção do aprendizado sobre qualquer assunto tratado em sala.
47
3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DE PESQUISA
Os alunos que fizeram parte dessa pesquisa encontravam-se na faixa etária de 15
a 17 anos, totalizando em média 30 alunos que postavam no blog, porém efetivamente
foram 10 alunos que participaram assiduamente. Daí a razão de suas postagens terem
sido selecionadas para constituir o corpus desta pesquisa. Buscou-se convidar alunos
que variassem em seu grau de criticidade e participação nas aulas para que a pesquisa
contasse com um público mais heterogêneo.
O perfil desses sujeitos de pesquisa ficou assim distribuído: 55% do sexo
masculino e 45% do sexo feminino. A renda familiar era de 2,5 salários mínimos,
totalizando 55%, sendo que 45% ganhavam menos que 2 salários mínimos. As famílias
tinham em seu núcleo familiar uma média de 4 pessoas. Os sujeitos de pesquisa tinham
entre 15 e 17 anos, sendo que a maioria, 55% possuíam 15 anos e estavam
concentrados nas séries do Ensino Médio da seguinte forma: 55% estavam cursando o
primeiro ano, 36% estavam no segundo ano e 9% no terceiro ano. A maioria, 64 % o
tinham computadores em suas residências e somente 36% possuíam esse equipamento.
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Foram analisados vinte e quatro textos postados pelos alunos no blog, sob a
forma de depoimentos sobre as aulas, críticas, sugestões, análise sobre o que foi
apreendido, bem como orientações e discussões acerca de projetos que foram
desenvolvidos.
Os textos escolhidos para análises foram daqueles alunos que mais acessavam o
blog e que postassem com maior frequência, pois desta forma pode-se avaliar a evolução
da escrita e das reflexões sobre as aulas.
A professora-pesquisadora solicitou que a cada dia pelo menos dois alunos
postassem depoimentos sobre as aulas no período de setembro a novembro do ano de
dois mil e oito.
48
4 ANÁLISE DO CORPUS
É preciso encarar a linguagem não apenas como
representação do mundo e do pensamento ou como
instrumento de comunicação, mas sim, acima de tudo, como
forma de inter – ação social.
Ingedore Koch
Para análise do corpus, doravante adotar-se-á a abreviação S-1 quando tratarmos
do sujeito de pesquisa 1, S-2 para sujeito de pesquisa 2, e assim sucessivamente.
Considerando as marcas de oralidade e a preocupação em estar isento a elas,
percebeu-se, em diversos textos de S-1, uma preocupação em escrever usando os
pronomes (tu, te, vos), o que parece uma forma de mostrar maior erudição na escrita,
porém não faz as colocações desses pronomes de forma correta, misturando em um
mesmo texto, pronomes de primeira e terceira pessoa.
a) Abraços e boa noite a todos!!! (...) vos espero no curso!!! ( ao invés de, “espero
vocês no curso”) (Anexo 05, grifo nosso)
b) Estou aprendendo muito com tu, e sei que isso é só o começo!!! (ao invés de
contigo) (Anexo 06, grifo nosso).
Também houve uma confusão por parte desse sujeito de pesquisa, quando foi
pedido que postassem seus depoimentos como um relato de aula. Em seu depoimento
percebeu-se que o aluno entendeu que deveria fazer a postagem como forma de
relatório, por isso iniciou seu texto com a frase “Hoje, aos dezoito de setembro de dois mil
e oito (...)”. Notou-se que houve uma mistura de dois gêneros, o relatório ou ata e uma
postagem de um blog, pois na sequência ele utilizou uma linguagem mais informal,
inclusive com marcas de oralidade.
Evidenciou-se também que uma marca bastante recorrente nas postagens dos
alunos foram às aspas, o ponto de exclamação e as reticências.
c) Se vc permitir é claro!!!
d) que você opine sobre a mesma...Assim me ajudará muito
e) Até a próxima...
f) Toda opinião vinda da tua parte é bem vinda...
g) Você faça a sua também...
49
O diálogo acima, de “c” a “g” foram retirados do Anexo 01, os quais evidenciam
uma situação de interação entre os sujeitos por intermédio das postagens.
h) Essas foram minhas primeiras palavras em relação ao novo "cargo" que estou
interagindo: o blog.
Bom curso e motivação a todos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! (Anexo 02)
Algumas vezes, por terem uma dificuldade na colocação da pontuação, como o
uso da vírgula e do ponto final, ou por trazerem um hábito de conversas de internet, os
alunos utilizavam as reticências com frequência. Quando é por hábito do “internetês”,
acredita-se que o uso seja para expressar continuidade implícita do assunto e/ou
sentimento. Em contrapartida, parece que a falta de conhecimento adequado do uso
desses sinais de pontuação contribui para o uso recorrente das reticências.
Por esta razão, o texto tende a ficar carregado de marcas de oralidade.
i) Bom o dia de hoje foi otimo, eu e meu grupo percebemos o quanto é bom e
importante o trabalho em equipe. Conseguimos controlar a timidez ao conversar
com pessoas que não conhecemos. (Anexo 17)
j) Oiiiii pessoal, nessas últimas aulas aprendi muitas coisas sobre comunicação com
o professor Y2, como por exemplo, os tipos de comunicação,os veículos da
comunicação. (Anexo 16)
No início dos dois trechos, nota-se uma marca bastante recorrente nas postagens.
As frases iniciam-se com “Bom” e “Oiiiii pessoal”, marcas que na escrita mais formal não
seriam utilizadas. Percebe-se, assim, uma tentativa muito clara em escrever mais
formalmente, conforme orientação da professora-pesquisadora, porém a oralidade se
encontra fortemente evidenciada por ser uma característica própria do gênero.
No que tange à intertextualidade, pôde-se perceber as seguintes marcas:
2
Nome apagado pela professora-pesquisadora.
50
k) Quero postar aqui minha gratidão perante essa chance que o divino está me
dando de cursar com pessoas realmente especiais a ponto de a cada dia que
passa me surpreender de uma forma que eu jamais achei que poderia imaginar
(...). (Anexo 02).
l) Mas novamente o ponto de discórdia foi o da falta de disciplina, o de não respeitar
a fala do outro. (Anexo 08)
Com base na concepção dialógica da linguagem, fica evidente, nesse trecho, que a
fala da professora-pesquisadora predominou na escrita do sujeito de pesquisa, pois o
respeito em relação à fala do outro foi mencionado na sala de aula antes de saírem e
postarem seus comentários. Percebe-se, portanto, um discurso imbricado em outro.
m) A educação junto a aprendizagem para melhora o nosso futuro!
Discurso no imaginário coletivo. Propagandas governamentais, discurso docente.
(Anexo 19).
n) Então muitos ficam incomodados caso surga uma crítica sobre o uso da internet
em nossa vida pessoal e é ai que surge a pergunta do início da postagem: está
certo criticar nosso uso desse meio de comunicação para fins
"passatempicos"?(rsrsrsrssr). (...)
Boa semana a todos, beijos e abraços!!!!!!!!!!!!!!!!!!:) :) :): ): (Anexo 01)
A utilização do “internetês” não é predominante na maioria das postagens
analisadas, pois os sujeitos de pesquisa buscaram seguir a orientação dada pela
professora-pesquisadora de que essa linguagem deveria ser evitada. Porém, nos textos
do sujeito de pesquisa 1, percebeu-se algumas dessas marcas do “internetês” como
(rsrsrsrs risos), excesso do ponto de exclamação e signos próprios identificando
sentimento de felicidade e/ou contentamento [:):) :) :)]
Isso incita a pensar que esse jovem utilizasse a internet diariamente e,
principalmente, o Microsoft Network (MSN), programa de comunicação instantânea pela
internet, o que lhe dificultava isentar-se desse “vício da escrita” (grifo nosso)
Percebeu-se claramente uma forte tendência para o uso de verbos em terceira
pessoa e verbos em formas nominais (infinitivo, gerúndio e particípio).
51
o) Eu gostei muito desse dia apesar do cansaço, porque o nosso grupo pode se
conhecer melhor, perdemos um pouco de timidez, conseguimos nos comunicar
bem com as pessoas (...). (Anexo 15)
p) (...) fazer uma palestra diante do público, isso foi muito bom para mim pois já não
fico mais com tanta vergonha, e sei que um dia posso precisar disso em minha
vida. (Anexo 16)
q) Para conseguirmos ter uma boa apresentação, devemos ter um bom
conhecimento sobre o assunto, assim conseguiremos ter segurança em nós
mesmos, pois sem isso fica dificil nos comportarmos bem. (Anexo 19)
r) Vivem pegando no nosso pé...Isso está certo? (...) É creio eu que essa é uma
pergunta que será discutida durante anos de nossa evolução e jamais
chegaremos a uma resposta definitiva já que muito só usam a "net" para se
distrair e outros apenas como forma de pesquisa. A cultura de cada um diz tudo e
nesse caso se não nos policiarmos ou iremos só nos distrair, ou iremos adquirir
mais conhecimento e jamais iremos equilibrar nosso ponto de vista sobre esse
assunto. (Anexo 03)
No título da postagem (r) faz referência a uma crítica, introduzida pela
interrogação “Isso está certo?”. No desenvolvimento do texto percebeu-se um grau de
criticidade quanto ao uso da internet. O assunto foi discutido em sala com todos os
alunos, porém é notório que esse sujeito foi mais atingido pela discussão do que outros,
pois como exposto, trata-se de um aluno que fica mais tempo frente a internet. Esse
incômodo mostra-nos que o aluno refletiu melhor sobre até que ponto ele mesmo está
gerenciando seu tempo, o que fica evidenciado pelo seu comentário em todo o texto.
Sugere também que há um grau de polifonia neste texto, pois carrega enunciados já ditos
pela professora-pesquisadora e por outros colegas.
52
s) Prof Y, você esta de parabéns por conseguir passar tão rapidamente para a sala o
que era para ser feito, só queria alertá-lo para que não fale tão alto, pois, quando
você fala alto a sala também aumenta o som. (Anexo 11)
Neste trecho evidenciou-se a atenção dada ao modo de exposição do professor
Y, pois o sujeito de pesquisa expôs claramente sua percepção quanto ao tom de voz do
professor o que tornava a classe mais agitada e os alunos acabavam conversando mais
alto. Essa “chamada de atenção” mostrou que os alunos estavam não atentos aos
temas e/ou conteúdos das aulas, mas principalmente a postura e aos modos de
linguagens utilizadas pelos professores, sua entonações, cacoetes entre outros vícios
linguísticos. Daí a importância do auto-policiamento frente aos alunos, visto que eles
tendem a imitar as ações do professor.
t) Eu gostei muito desse dia apesar do cansaço, porque o nosso grupo pode se
conhecer melhor, perdemos um pouco de timidez, conseguimos nos comunicar
bem com as pessoas, a maioria das pessoas foram bem educadas conosco,
outras estavam atrasadas ou arrumaram alguma desculpa, enfim mas todas nós
sem excessão participamos tanto entrevistando as pessoas, quanto dando
opniões para crescimento do grupo. (Anexo 15)
Esse sujeito de pesquisa expôs claramente seu contentamento com alguns
colegas e com outros, um descontentamento por se atrasarem para a atividade, o que
pareceu ser bastante produtivo, pois voz as angústias e anseios gerados por um
trabalho em grupo. Desta maneira os demais colegas ao lerem essa postagem puderam
ter uma readequação de postura de comportamento e comprometimento.
53
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como principal objetivo verificar a pertinência do uso do blog em
sala de aula para que os alunos se tornassem escritores proficientes. Surgiu da
preocupação de que esse público, jovens na faixa etária de 15 a 17 anos, dedica muito
tempo aos sites da internet, principalmente aos de relacionamentos. Pensou-se, a partir
dessa preocupação, na possibilidade de utilizar a internet como ferramenta com caráter
educacional. Para tanto, foi criado um blog piloto com a participação voluntária de trinta
alunos de uma escola pública de Campos do Jordão. Os alunos postaram diariamente
suas contribuições sobre as aulas ministradas no período da pesquisa, de setembro a
novembro de dois mil e oito. Desta maneira foi possível coletar dados suficientes para as
análises propostas neste estudo.
Como objetivo específico, conceituou-se o blog como um gênero discursivo
emergente e realizar uma proposta para utilizá-lo em sala de aula.
Ao rmino dessa pesquisa constatou-se que os gêneros discursivos quando bem
trabalhados em sala de aula, o uma excelente ferramenta para o ensino da produção
escrita. Percebeu-se também que o blog, enquanto gênero discursivo hipermidiático,
pode ser utilizado em sala de aula para o aprimoramento e o incentivo da escrita.
O blog apresentou uma eficiência para o desenvolvimento de atividades, pois
permitiu maior interação entre professores e alunos e estes com seus colegas. O
professor pôde perceber mais facilmente as limitações de escrita de seus alunos e
orientá-los de maneira pontual.
Um cuidado que se deve ter quando utilizar o blog como extensão das atividades
de aulas é que o professor tenha domínio do uso das tecnologias e sobre o provedor do
site do blog, pois há particularidades entre os sites, como os meios de inserção de
arquivos e controles de postagens, e por isso cabe ao professor verificar qual seo
melhor site para atender a necessidade de aprendizagem de sua classe. Outro cuidado é
que o professor deve dispor de tempo extra-classe para que possa gerenciar os
comentários postados, pois se não o fizer os alunos se sentirão desmotivados a continuar
postando.
O projeto apresentado neste estudo como piloto foi de extrema importância para
que houvesse uma percepção das dificuldades e facilidades de se utilizar a internet com
os alunos. A maior dificuldade encontrada foi conscientizá-los de que aquele site era um
espaço educacional e, sendo assim, não seriam permitidas trocas de mensagens afetivas
como em comunidades de relacionamentos, mas sim que houvessem discussões sobre
54
temas a respeito das aulas, bem como que deixassem postadas suas percepções sobre
as mesmas.
Porém, notou-se a colaboração do blog para a melhor aprendizagem e exercício
da escrita, uma vez que este permitiu que seus autores pudessem opinar sobre as aulas,
desde seu conteúdo, bem como a interação com o grupo de colegas e com os
professores. A interação entre os colegas foi importante para a aprendizagem, pois
podiam comentar a opinião do outro, concordando ou não. Desta forma, dava a esses
jovens um espaço para exporem seus contentamentos ou descontentamentos em relação
às aulas. Assim, percebeu-se, por meio das análises, que os jovens sentiram-se a
vontade para se posicionar perante a qualquer fato, o que acreditava-se não ocorrer com
tanta regularidade e criticidade em um diário de bordo não-virtual.
Pretende-se, a partir dessa experiência, continuar o trabalho com blogs, visto que
os objetivos desse estudo foram alcançados de maneira bastante satisfatória, pois a
participação efetiva dos alunos contribuiu para o sucesso dessa pesquisa.
55
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58
ANEXOS
ANEXO 01
S-1
Postagem A
olá pessoal, eu estou fazendo a redação para o rotary* clube amanhã eu vou levá-la para
a aula.Então peço para qualquer um que queira me ajudar e se interesse por leitura que
venha até a minha pessoa para que eu possa tirar algumas idéia e assim fazer um bom
trabalho, também desde já eu ofereço a minha ajuda a quem pretende fazer esta mesma
redação...
Tenham uma boa semana e acima de tudo boas aulas, até amanhã para vocês e boa
noite
*desculpa caso a ortografia esteja errada!
7 Comentários - Mostrar postagem original Recolher comentários
S-5 disse...
Quero ler sua redação
Se vc permitir é claro!!!
12 de Setembro de 2008 06:39
S-1 disse...
tudo bem,é claro que eu permito-a ler minha redação, mas do que isto quero que você
opine sobre a mesma...Assim me ajudará muito.
Obrigado pelo interesse e até a próxima...
tchau!
12 de Setembro de 2008 06:45
S-5 disse...
Ficarei contente em te ajudar!
Só espero não te atrapalhar.
12 de Setembro de 2008 07:10
59
S-1 disse...
você atrapalhar? Que isso toda opinião vinda da tua parte é bem vinda...
12 de Setembro de 2008 07:16
S-5 disse...
Nossa muito obrigado.
Fico feliz que pense assim!
12 de Setembro de 2008 07:17
S-1 disse...
E eu ficarei mais feliz ainda em ser ajudado.
Obrigado
12 de Setembro de 2008 07:27
S-1 disse...
muitíssimo obrigado estarei esperando dicas suas sobre a minha redação e espero que
você faça a mesma também.....
tchau até a próxima...
12 de Setembro de 2008 07:29
60
ANEXO 02
S-1
Postagem B
Quero postar aqui minha gratidão perante essa chance que o divino está me dando de
cursar com pessoas realmente especiais a ponto de a cada dia que passa me
surpreender de uma forma que eu jamais achei que poderia imaginar, com atividades
proposta pela grandiosa profa X
3
que sempre nos surpreende com as mais diversas
situações de aprendizagem...No início eu realmente pensei em desistir pois acordar cedo
nunca foi meu ponto forte (rsrs).
Mais aqui estou e sinceramente não me arrependo de nada e com certeza não irei me
arrepender...
Desejo a todos que nesse curso estão se dedicando que consigam realizar os sonhos
que almejam e o principal sejam felizes ...
Essas foram minhas primeiras palavras em relação ao novo "cargo" que estou
interagindo: o blog.
Bom curso e motivação a todos!!!!!!!!!!!!!!!!
3
Nome apagado pela professora-pesquisadora
61
ANEXO 03
S-1
Postagem C
Vivem pegando no nosso pé...Isso está certo?
Com um título assim creio eu que tenho de me explicar...
Mas é o seguinte: hoje nossa aula teve como contexto a utilização da internet como
forma de passatempo e para pesquisas. Assim veio a questão de como estamos usando
nosso tempo na frente do "PC". Muitos (inclusive eu) disseram que usam a famosa "net'
para ficar no orkut, msn, e os sites de videos(youtube, vagalume,etc), e poucos são os
que usam-na para adquirir conhecimentos e expandir seu intelecto.
Então muitos ficam incomodados caso surga uma crítica sobre o uso da internet em
nossa vida pessoal e é ai que surge a pergunta do início da postagem: está certo criticar
nosso uso desse meio de comunicação para fins "passatempicos"?(rsrsrsrssr).
É creio eu que essa é uma pergunta que será discutida durante anos de nossa evolução
e jamais chegaremos a uma resposta definitiva já que muito só usam a "net" para se
distrair e outros apenas como forma de pesquisa. A cultura de cada um diz tudo e nesse
caso se não nos policiarmos ou iremos só nos distrair, ou iremos adquirir mais
conhecimento e jamais iremos equilibrar nosso ponto de vista sobre esse assunto.
Para finalizar quero dizer que todos que usem a internet a usem de forma maleável, ou
seja, a use de acordo com a situação que esteja, pois assim conquistaremos não só
novos amigos, mas também mais conhecimento!!!!
Boa semana a todos, beijos e abraços!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
:) :) :) :)
62
ANEXO 04
S-1
Postagem D
o começo de tudo...
Hoje saímos da teoria em relação a empreendedorismo que é o módulo que estamos
atualmente, depois de três aulas vendo slides, textos e conversas chegamos a tão
esperada "mão na massa", que será um ato empreendedor para os daqui quatro dias
letivos, com a divisão de grupos pela docente foram formados grupos digamos que
"novos" e penso que assim extraordinários projetos iram ser feitos, já que trabalho em
grupo/equipe é um dos tópicos do empreendedorismo.
Sinceramente estou empolgado com o projeto do grupo ao qual faço parte, pois como
pede a regra é algo inovador e acredito que com pessoas inteligentes e acima de tudo
motivadas como existem neste grupo, algo gigantesco irá ser realizado.
Peço empenho e motivação a todos desde o início até o fim, pois como lemos em um
texto: "o difícil não é começar e sim continuar o processo de desenvolvimento"
Um grande projeto a todos e boa sorte
Beijos e abraços!
63
ANEXO 05
S-1
Postagem E
o que é politica?
Hoje, aos dezoito de setembro de dois mil e oito, nós juntamente com a fabulosa prof x
demos introdução ao um tema polêmico: política...
Apesar de todos tentarem escapar deste assunto que chega a "doer" os ouvidos quando
ouvimos comentário sobre o mesmo, creio eu que positivamente ou negativamente todos
tiveram comentários a dar sobre a temática, já que como diz no texto em que lemos:
"praticamos política todos os dias ao escolhermos algo etc"!
Como seres humanos, hoje cometemos um erro relacionado a irresponsabilidade...e
tomamos um "baita puxão de orelha" da nossa professora que por sinal fora merecido!
Mais isso foi bom pois mostrou que nada é perfeito...
E acho que erramos na hora certa, se é que tem hora para errar. Deixe que explico,
agora erramos, mais isso irá nos favorecer para não cometermos os mesmos erros e se
fosse em um emprego iríamos ser despedidos...ou seja, a partir de hoje teremos de
colocar a mão na consciência e refletirmos sobre nossos atos...
Abraços e boa noite a todos!!!
Vos espero no curso!!!
See you tomorrow!!!
64
ANEXO 06
S-1
Postagem F
Sem palavras para você professora, mais uma vez me fazendo feliz por suas análises
que poucos tem coragem em dize-las.
Estou aprendendo muito com tu, e sei que isso é só o começo!!!
Thank you again
65
ANEXO 07
S-2
Postagem A
Uma boa semana...
Bom, essa semana foi um período de novas percepções, um contato mais íntimo entre
meus colegas e eu. A convivência está de uma forma tão incrível, que parece hipocrisia,
mas creio que não. tenho conviões de que estamos muito bem, embora cometendo
deslizes e erros supérfluos algumas vezes. Parabéns a todos nós pela constante
evolução!! Um ótimo dia a todos e um maravilhoso final de semana!!
66
ANEXO 08
S-2
Postagem B
Aula de Comunicação
Hoje tivemos uma aula que diria proveitosa, o grupo me parece estar mais "integrado",
acredito que tiramos um bom proveito.Mas novamente o ponto de discórdia foi o da falta
de disciplina, o de não respeitar a fala do outro.Fizemos avaliões se somos ou não
bons ouvintes, além de fazer comparações com os colegas e se esforçar para o
aperfeiçoamento de tais condições.Acredito eu que estou me soltando mais na aula e não
impondo mais aquele aspecto tão sério que impunha no começo do curso, issso talvez
seja muito importante para mim, mas tenho de tomar cuidado e me precaver.Outro
aspecto que achei interessante foi o dessa mescla de troca de professores em
períodos.Parece que não fica tão cansativo segundo algumas avaliações.Estamos bem,
mas ainda precisamos de muito mais empenho e determinação, além de demonstrar o
que estamos realmente aprendendo.Parabéns a todos nós.Um bom dia e FELICIDADES
a todos e até amanhã!!
67
ANEXO 09
S-3
Postagem A
Nessa semana gostei muito da ativdade de dizer ao colega suas qualidades e seus
defeitos, pois ficamos sabendo o que podemos melhorar para o convivio na sala e
éticamente.
Com o aprendizado que tenho adquirindo aqui ,venho conseguindo melhorar cada vez
mais na vida humana.Devo muito a você profa. X muito obrigado por me ensinar a
melhorar pessoalmente.
Abraços a todos
68
ANEXO 10
S-3
Postagem B
Hoje á aula foi bem divertida e construtiva,também hoje gostei do comportamento da sala
ao contrário de ontem.
Há aula com o prof. Y como já disse foi bem interessante e tenho certeza que a sala
gostou muito.Espero que a sala continue mantendo o bom comportamento ou melhore
cada vez mais.
A aula hoje foi sobre Comunicação um dos pontos mais importantes para formação
profissional e pessoal de cada pessoa,também teve a constextualização de um livro feito
por nós alunos,que perante as nove[9] aulas comandadas pelo docente Y concluiremos
este livro.
Esperamos aprender mais sobre esse assunto que é muito importante para nós alunos.
69
ANEXO 11
S-4
Postagem A
No começo da aula tivemos que terminar a apresentação dos nossos livros, que
começamos ontem... (Na verdade só eu apresentei..).
Depois tivemos que preparar apresentações para mostrar aos outros alunos as formas de
propagação da comunicação. Foi muito bom... porque (novamente) tivemos que trabalhar
o raciocínio rápido, com pouco tempo para apresentar os "mini teatro". Isso serve para
nos mostrar como é importante o trabalho em equipe, e também que não precisamos de
muito tempo para formular boas apresentações, que somos capazes mesmo com um
pouco de pressa
70
ANEXO 12
S-4
Postagem B
Os grupos montados na aula de hoje foram relativamente novos, já que a intenção era
colocar na mesma equipe pessoas que tinha trabalhado poucas vezes, (ou nenhuma vez)
juntos. Eu gosto bastante disso por que sempre fazemos grupos com as pessoas com
quem temos mais afinidade, e acabamos não conhecendo o potencial dos outros
colegas... Estou ansiosa já para colocar em prática as idéias que apresentamos às
equipes hoje.
71
ANEXO 13
S-5
Postagem A
Mudança de módulo
Hoje começamos mais um módulo, COMUNICAÇÃO.
Espero que ao final desses nove(9) dias, todos tenham aprendido mais, sobre o que é
comunicação, quais os elementos que preciso para estabelecer uma comunicação, e
também que todos saibam usar masi e entender mais a linguagem corporal.
Prof Y, você esta de parabéns por conseguir passar tão rapidamente para a sala o que
era para ser feito, só queria alertá-lo para que não fale tão alto, pois, quando vofala
alto a sala também aumenta o som.
Dou meus parabéns a sala também por sua participação e espero que todos continuem
assim!
72
ANEXO 14
S-5
Postagem B
Infelizmente poucos compareceram à aula hoje por causa da chuva, ou por outros
motivos.
Mas, mesmo com apenas DEZ alunos em sala, a aula foi muito boa, com tão poucos
alunos em sala não houve tanta conversa, dando assim para o prof Y passar mais
facilmente seus pensamentos e conhecimentos.
A aula de hoje foi muito proveitosa!
Muito obrigado e meus parabéns aos alunos que compareceram hoje.
E que continue sempre assim e nunca desanime!
73
ANEXO 15
S-6
Postagem A
Aula Produtiva...
Bem, a aula de hoje, não foi como o planejado,infelismente o pendrive da docente não
funcionou da maneira esperada, mas mesmo assim a aula foi muito produtiva, falamos
um pouco sobre enpreendedorismo em varis areas.
74
ANEXO 16
S-6
Postagem B
Aula de hoje...
Bem,na aula de hoje nós vimos um pouco sobre tecnologia,nós ficamos no laboratório de
informatica vendo um pouco de como nós podemos ajudar os bairros carentes onde nós
fomos fazer nossas pesquisas de campo.
75
ANEXO 17
S-7
Postagem A
O dia das pesquisas nos bairros
Eu gostei muito desse dia apesar do cansaço, porque o nosso grupo pode se conhecer
melhor, perdemos um pouco de timidez, conseguimos nos comunicar bem com as
pessoas, a maioria das pessoas foram bem educadas conosco, outras estavam
atrasadas ou arrumaram alguma desculpa, enfim mas todas nós sem excessão
participamos tanto entrevistando as pessoas, quanto dando opniões para crescimento do
grupo.
Grupo: Vila São Paulo
76
ANEXO 18
S-7
Postagem B
Aulas de Comunicação
Oiiiii pessoal, nessas últimas aulas aprendi muitas coisas sobre comunicação com o
professor Y
4
, como por exemplo, os tipos de comunicação,os veículos da comunicação,
como apresentar um trabalho ou fazer uma palestra diante do público, isso foi muito bom
para mim pois já não fico mais com tanta vergonha, e sei que um dia posso precisar disso
em minha vida.
Beijos para todos vocês
4
O nome do docente foi apagado pela professora pesquisadora.
77
ANEXO 19
S-8
Postagem A
A educação junto a aprendizagem para melhorar o nosso futuro!
Bom o dia de hoje foi otimo, eu e meu grupo percebemos o quanto é bom e importante o
trabalho em equipe. Conseguimos controlar a timidez ao conversar com pessoas que não
conhecemos.
Ao decorrer da pesquisa que fizemos na Vila São Paulo, o grupo se divertiu apesar do
sono e do frio mais foi otimo. Là percebemos as qualidades e defeitos do bairro com
ajuda dos moradores.
E como sempre estamos aprendendo algo novo em nossas vidas, levando a
aprendizagem o futuro junto a educação!
78
ANEXO 20
S-8
Postagem B
Aula produtiva!!
A aula de hoje foi muito interessante,pois fizemos varias pesquisas sobre tudo que esta
acontecendo no mundo,foi muito produtivo também pois aprendemos varias coisas
novas.
E também foi bom pois não ficamos só na sala de aula que ja estava ficando umas aulas
consativas,saimos fomos para o laboratório (2) fazer as pesquisas e assim aprendendo
mais e mais!!
79
ANEXO 21
S-9
Postagem A
UMA BOA APRESENTAÇÃO
Para conseguirmos ter uma boa apresentação, devemos ter um bom conhecimento sobre
o assunto, assim conseguiremos ter segurança em nós mesmos, pois sem isso fica dificil
nos comportarmos bem.
A ropa também é um fator principal, pois mostra se você está interessado ou não no
assunto. Então devemos fazer o melhor que conseguimos para ter eficiência no que
estaremos explicando.
80
ANEXO 22
S-9
Postagem B
As regiões e as suas variações linguisticas
No Brasil temos várias regiões, e essas regiões tem variações linguisticas, ou seja, tem
um modo de falar diferente das outras regiões, por exemplo em alguns lugares se falam
meio fil já em outros lugares se falam guia.
Mas apesar disso não devemos ter preconceito com isso, e sim, devemos respeitalas.
81
ANEXO 23
S-10
Postagem A
A aula só é boa quando tem uma boa professora.
Eu gostei da aula de hoje, não ficamos muito na sala, mas estavamos no laboratório
pesquisando sobre nossos trabalho.
O bom é que não só vimos os problemas nas vilas mas agora estamos pesquisando
sobre o tema.
82
ANEXO 24
S-10
Postagem B
AULA DE HOJE
Eu gostei da aula de hoje por que voltamos a falar sobre as nossas metas, mas hoje foi
em grupo e eu acho legal compartilhar estas coisas com nossos colegas.
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