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Desta maneira, parte-se para o conceito de gêneros emergentes, visto que em
sua essência a própria palavra já carrega o sentido de “gerar, criar, produzir”.
Por certo, não são propriamente as tecnologias que originam os gêneros
e sim a intensidade dos usos dessas tecnologias e suas interferências
nas atividades comunicativas diárias. Assim, os grandes suportes
tecnológicos da comunicação tais como o rádio, a televisão, o jornal, a
revista, a internet, por terem uma presença marcante e grande
centralidade nas atividades comunicativas da realidade social que
ajudam a criar, vão por sua vez propiciando e abrigando gêneros novos
bastante característicos (MARCUSCHI, 2003, p.20)
Desta maneira, considera-se o blog como um macrogênero, pois nele podem ser
inseridos outros tipos de texto, como comentários, entrevistas, fotos, links para outros
sites, músicas, entre outros.
Marcuschi (2008, p. 33) expõe ainda que, “uma das características centrais dos
gêneros em ambientes virtuais é a alta interatividade, em muitos casos síncronos,
embora escritos”, o que, segundo o autor, lhes confere um caráter inovador no contexto
das relações entre fala-escrita.
Se é verdade que por meio da palavra, escrita ou verbalizada, o homem se
constitui e se liberta, nesse processo, constrói e reconstrói o meio em que vive. Por esta
razão, a história é dividida em antes e depois do descobrimento do uso da escrita, pois, a
partir desta descoberta, o homem foi capaz de registrar sua história e suas impressões
de mundo. A escrita ampliou o universo linguístico e a habilidade comunicativa do
homem, ainda mais com os avanços tecnológicos que marcam presença constante em
nas relações sociais. Segundo Meurer (2000, p.29) “criamos representações que
refletem, constroem e/ou desafiam nossos conhecimentos e crenças, e cooperam para o
estabelecimento das relações sociais e identitárias”
Desta forma, pode-se considerar a internet um vasto mundo virtual com registros
escritos e audiovisuais, e o blog, como um instrumento interativo no qual o indivíduo lê,
interpreta, escreve, apaga, dialoga de forma irrestrita com seu interlocutor, por intermédio
da escrita que, por sua vez, revela muito de si mesmo, conforme ressalta Lévy (1996,
p.37): “o texto serve de vetor, de suporte ou de pretexto à atualização de nosso próprio
espaço mental”.
Segundo Faraco (2006, p. 116) “são muitas as pessoas que, mesmo dominando
muito bem a língua, sentem-se logo desamparadas em certas esferas da comunicação
verbal, precisamente pelo fato de não dominarem tudo na prática, as formas do gênero
de uma dada esfera”.
A partir de Bakhtin (1992), é possível dizer que todos os campos da atividade
humana estão ligados à utilização da linguagem e que toda produção da linguagem