Download PDF
ads:
IFT
Instituto de F´ısica Torica
Universidade Estadual Paulista
TESE DE DOUTORAMENTO IFT–T.001/05
Rela¸ao entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores
puros para a supercorda
afni Fernanda Zenedin Marchioro
Orientador
Prof. Dr. Nathan J. Berkovits
Mar¸co de 2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
i
Agradecimentos
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Daniel Luiz Nedel, ao apenas por
completar minha vida sendo meu marido, mas por tamb´em ser meu melhor amigo e meu
companheiro cient´ıfico. Gostaria de agradecˆe-lo pela compreens˜ao, carinho, paciˆencia e
pelas discuss˜oes que ajudaram a completar minha forma¸ao como f´ısica e como pessoa.
Por tudo isto, posso dizer que nunca vou esquecˆe-lo.
ao importante quanto o Daniel ´e a minha fam´ılia, Val´eria, Maur´ıcio, arile e
Helena. Sou eternamente grata aos meus pais, Maur´ıcio e Val´eria, que souberam respeitar
as diferen¸cas de suas trˆes filhas e prepar´a-las para o mundo, com muito amor, apoio e
democracia. Tamem devo gratid˜ao `as minhas irm˜as, arile e Helena, duas pessoas
maravilhosas que me fizeram perceber que ´e poss´ıvel amar indiv´ıduos ao diferentes de
os mesmos.
Aos meus aos, Erna e Alide, que ajudaram a formar a pessoa que sou hoje; aos
meus padrinhos, Angela e Aldecir, pela torcida e pelo apoio; a todos meus tios e primos
das duas fam´ılias (Zenedin e Marchioro), que sempre foram a minha grande fam´ılia.
`
A fam´ılia Nedel, Aid´ee, Claudia, Lucio, Felipe, Beatriz e Isabela, por terem me
acolhido t˜ao bem nesta minha nova fam´ılia.
Ao Nathan, pela orienta¸ao, discuss˜oes e oportunidades.
Ao Doff, amigo sempre presente e companheiro da padaria.
Aos amigos da Federal, Ana Am´elia, Sandro e Benvenho, que continuaram a
manter contato e que permanecem grandes amigos.
Aos amigos da Mal´aquia, pelas portas sempre abertas, pelas conversas e baladas.
Aos amigos Gadelha, Ricardo, Di, arcia e Babi, pela amizade, preocupa¸ao,
carinho e por serem legais como vocˆes s˜ao!
i
ads:
ii
Ao Maurizio, pela cuidadosa leitura da tese e pela amizade.
Aos amigos da sala 10, Marijana e Tofilo, pelo intercˆambio de culturas e pela
convivˆencia agrad´avel.
`
A Arlene Cristina, amiga verdadeira e pessoa de quem sinto falta. Pelo compan-
heirismo, pela torcida e por toda ajuda nestes 4 anos.
`
A
´
Erica, pessoa doce e ´unica, pela amizade e apoio.
Aos amigos da rep´ublica da Arruda Alvim, Cris, Marcel, Baretta, pela con-
vivˆencia, amizade e apoio.
`
A Olivera Miˇskovc, por estar longe e ainda assim ser uma excelente amiga!
Valeu por todos os conselhos, discuss˜oes e apoio!
Aos membros do grupo de cordas do IFT, Carlos Mafra, Vladimir Pershin, Oscar
Bedoya, Brenno Vallilo, Luciano Barosi, pela amizade e discuss˜oes de f´ısica.
`
A comunidade IFT (alunos, professores e funcion´arios), por ter me acolhido.
`
A Fapesp, pelo apoio financeiro.
ii
iii
Resumo
Nesta tese, mostramos a equivalˆencia dos formalismos de Green-Schwarz e de
espinores puros para a supercorda. Partindo da ao de Green-Schwarz no semi-gauge
de cone de luz e adicionando graus de liberdade fermiˆonicos, relacionamos os operadores
BRST do formalismo de espinores puros e de Green-Schwarz no semi-gauge de cone de
luz atrav´es de transforma¸oes de similaridade, indicando a equivalˆencia das respectivas
cohomologias. Esta prova de equivalˆencia ´e uma generaliza¸ao do procedimento usado
para relacionar a superpart´ıcula de Brink-Schwarz e a superpart´ıcula do formalismo de
espinores puros.
Palavras Chaves:
Supercorda; formalismo de Green-Schwarz; BRST; espinores puros.
´
Areas do conhecimento:
ısica de Part´ıculas Elementares e Teoria de Campos
iii
iv
Abstract
In this thesis, we have shown the equivalence of the Green-Schwarz and pure
spinor formalisms for the superstring. Starting from the Green-Schwarz action in the
semi-light-cone gauge with additional fermionic degrees of freedom, we have related the
BRST operator of pure spinor formalism to the semi-light-cone Green-Schwarz operator
through similarity transformations, indicating the equivalence of the cohomologies. This
equivalence proof is a generalization of the procedure used to relate the Brink-Schwarz
and pure spinor’s superparticle.
iv
Conte´udo
1 Introdu¸ao 1
2 Quantiza¸ao BRST 5
2.1 Quantiza¸ao de Dirac .............................. 6
2.2 Quantiza¸ao BRST ............................... 8
2.2.1 Simetria BRST ............................. 8
2.2.2 Quantiza¸ao BRST ........................... 10
2.3 Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica ..................... 11
2.3.1
´
Algebra de Virasoro .......................... 12
2.3.2 Operadores de v´ertice ......................... 15
2.3.3 Quantiza¸ao BRST ........................... 17
3 Part´ıcula 24
3.1 Part´ıcula relativ´ıstica de spin 1/2 ....................... 25
3.2 Superpart´ıcula de Brink-Schwarz ....................... 27
3.3 Superpart´ıcula de Brink-Schwarz no semi-gauge de cone de luz ....... 31
3.4 Quantiza¸ao covariante da superpart´ıcula ................... 33
3.4.1 Descri¸ao no super-espa¸co de super Maxwell em D =10 ...... 33
3.4.2 Quantiza¸ao covariante da superpart´ıcula ............... 35
4 Supercorda 39
4.1 Supercorda RNS ................................ 40
4.2 Supercorda de Green-Schwarz ......................... 45
i
ii Conte´udo
4.2.1 Supercorda de Green-Schwarz no semi-gauge de cone de luz ..... 51
4.3 Quantiza¸ao covariante da supercorda ..................... 52
4.3.1 Supercorda no formalismo de espinores puros ............. 53
4.3.2 Parametriza¸ao do espinor puro e constru¸ao dos geradores de Lorentz 54
4.3.3 Operadores de v´ertice em espinores puros ............... 57
4.3.4 Compara¸ao entre os m´etodos BRST usual e de espinores puros . . 59
5 Equivalˆencia 61
5.1 Equivalˆencia entre a ao de Brink-Schwarz e de espinores puros para a
superpart´ıcula .................................. 62
5.2 Equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores puros para
a supercorda ................................... 69
6 Conclus˜oes e Perspectivas 81
A Matrizes gama em dez dimens˜oes 84
B Resolu¸ao do v´ınculo de espinor puro 87
ii
Cap´ıtulo 1
Introdu¸ao
Uma das teorias mais promissoras de gravita¸ao quˆantica ´e a teoria de cordas [1, 2].
Seus ingredientes b´asicos s˜ao objetos extensos unidimensionais (cordas) que podem estar
definidos em 26 (corda bosˆonica) ou em dez dimens˜oes espa¸co-temporais (supercordas). A
corda bosˆonica descreve apenas graus de liberdade bosˆonicos, e apresenta em seu espectro
uma part´ıcula vetorial n˜ao-massiva identificada com o oton (corda aberta) e um tensor
sim´etrico de dois ´ındices identificado como sendo o gr´aviton (corda fechada), entre outras.
No entanto, tamb´em apresenta uma part´ıcula de massa negativa em seu espectro, ou seja,
um aquion. Por esta raz˜ao, ´e uma teoria inconsistente, a menos que seja poss´ıvel eliminar
este grau de liberdade problem´atico.
Isto ´e poss´ıvel quando construimos uma teoria de cordas que possui supersimetria.
Esta teoria ´e chamada de teoria de supercorda. Como supersimetria ´e uma simetria
que relaciona graus de liberdade bosˆonicos e fermiˆonicos, no espectro da supercorda
tamb´em aparecer˜ao, al´em das part´ıculas citadas acima, part´ıculas com mesma massa mas
com spin semi-inteiro. Por exemplo, no espectro da supercorda teremos uma part´ıcula
fermiˆonica sem massa que chamamos de fotino (o parceiro supersim´etrico do oton) e
part´ıculas ao-massivas representadas por um campo de Rarita-Schwinger, que ao con-
hecidas como gravitinos (parceiros supersim´etricos do gr´aviton). Por descrever mat´eria,
al´em das part´ıculas de intera¸ao, a teoria de supercorda se mostrou uma teoria muito mais
1
2
interessante que a teoria da corda bosˆonica. Al´em disto, os graus de liberdade taquiˆonicos
ao aparecem nestas teorias, ou podem ser eliminados consistentemente.
Existem cinco teorias de supercordas consistentes, todas relacionadas por uma rede de
dualidades [3]: tipo I, tipo IIA, tipo IIB, heter´otica E
8
× E
8
e heter´otica SO(32). Estas
cinco teorias ao descritas por dois formalismos padr˜ao [1]: o formalismo de Ramond-
Neveu-Schwarz (RNS) e o formalismo de Green-Schwarz (GS). A formula¸ao RNS possui
supersimetria manifesta na folha de mundo, mas ao no espa¸co-tempo. A supersime-
tria no espa¸co-tempo e poss´ıvel ser verificada depois de efetuarmos a proje¸ao GSO
(Gliozzi-Scherk-Olive) [4] que, a princ´ıpio, serviria para eliminar o aquion de um dos
setores da teoria mas que, por conseq¨encia, torna o espectro supersim´etrico no espa¸co-
tempo. O fato deste formalismo ao apresentar supersimetria manifesta no espa¸co-tempo
traz dificuldades nos alculos de amplitudes de espalhamento envolvendo ermions. Os op-
eradores de ertice fermiˆonicos s˜ao muito complicados, tornando alculos expl´ıcitos uma
tarefa ´ardua. Por sua vez, c´alculos envolvendo b´osons n˜ao apresentam tais dificuldades.
Uma formula¸ao com supersimetria manifesta no espa¸co-tempo seria desej´avel para
contornar esse problema. Esta formula¸ao j´a existe - o formalismo de Green-Schwarz. A
ao neste formalismo ´e invariante por uma simetria fermiˆonica conhecida por simetria
kappa, necess´aria para garantir unitariedade da teoria. Outro exemplo de modelo que
apresenta tal simetria ´e a superpart´ıcula de Brink-Schwarz [5], que ´e o modo zero da
supercorda aberta. Tal simetria ´e gerada pelas oito componentes de primeira classe do
ınculo fermiˆonico d
α
; as outras oito componentes s˜ao de segunda classe.
De modo a fazer a quantiza¸ao covariante da teoria, ´e necess´ario que exista um proced-
imento que separe esses dois tipos de v´ınculos covariantemente. No entanto, tentativas de
fixar covariantemente a simetria kappa n˜ao obtiveram sucesso. Tamb´em foi proposto por
Siegel um modelo com ao quadr´atica nos ermions e um novo conjunto de v´ınculos de
primeira classe, de modo a resolver o problema da simetria kappa [6]. Tal procedimento
obteve sucesso no caso da superpart´ıcula [7], mas um conjunto de v´ınculos de primeira
2
3
classe que fechasse a ´algebra no n´ıvel quˆantico e que reproduzisse o espectro correto n˜ao
ode ser encontrado. Outra forma de quantizar a supercorda ´e trabalhar no semi-gauge
de cone de luz [8], que consiste em fixar apenas a simetria kappa. No entanto, tamem
esta abordagem se mostrou inconsistente.
Por outro lado, quantizar a a¸ao GS no gauge de cone de luz ´e uma via poss´ıvel. No
entanto, pela falta de covariˆancia manifesta, amplitudes de espalhamento s˜ao dif´ıceis de
calcular; de fato, apenas amplitudes de quatro pontos no n´ıvel de ´arvore e em um loop
foram calculadas explicitamente [9]. Al´em disto, estes alculos o podem ser feitos em
backgrounds que permitam o gauge de cone de luz.
Em 2000, um novo formalismo para a supercorda foi proposto: o formalismo de es-
pinores puros [10]. Neste formalismo, a ao para os f´ermions ´e quadr´atica e a super-
simetria ´e manifesta no espa¸co-tempo. Quantiza¸ao covariante ´e poss´ıvel usando um
operador BRST Q =
dzλ
α
d
α
, sendo λ
α
um espinor puro, ou seja, que satisfaz a rela¸ao
(λγ
m
λ) = 0. Gra¸cas a esta rela¸ao, o operador BRST ´e nilpotente. O alculo de am-
plitudes de espalhamento se beneficia da supersimetria manifesta no espa¸co-tempo e da
covariˆancia de Lorentz, sendo mais simples que nos outros dois formalismos [10, 11]. No
entanto, a origem do operador BRST e da condi¸ao de espinor puro ´eumt´opico ao com-
preendido dentro do formalismo pelo fato de, no m´etodo BRST usual [12], ao existirem
fantasmas (ghosts) restritos a v´ınculos.
Nesta tese, mostraremos que ´e poss´ıvel derivar o operador BRST e a condi¸ao de
espinor puro partindo da ao de Green-Schwarz. A abordagem usada (em analogia ao
que foi feito para a superpart´ıcula [13]) consiste em partir da ao de GS no semi-gauge de
cone de luz com vari´aveis fermiˆonicas adicionais e, por equivalˆencia das cohomologias das
cargas BRST, chegar `aa¸ao do formalismo de espinores puros junto com Q e(λγ
m
λ)=0
[14]. Este procedimento, na verdade, mostra a equivalˆencia dos dois formalismos, fato j´a
mostrado no caso de RNS e de espinores puros [15].
A tese est´a dividida da seguinte forma: no cap´ıtulo 2 apresentaremos uma breve
3
4
descri¸ao da quantiza¸ao BRST e sua aplica¸ao no caso da corda bosˆonica. No cap´ıtulo 3,
revisaremos a part´ıcula relativ´ıstica de spin 1/2 [16], modelo que apresenta analogia com
RNS por apresentar supersimetria apenas na linha de mundo. Al´em disto, falaremos da
superpart´ıcula de Brink-Schwarz que, por apresentar simetria kappa e supersimetria no
espa¸co-tempo, ´e modelo an´alogo `a supercorda de Green-Schwarz. Falaremos tamb´em de
sua quantiza¸ao no gauge de cone de luz, no semi-gauge de cone de luz e no formalismo
de espinores puros [17]. No cap´ıtulo 4 apresentaremos uma revis˜ao do formalismo RNS
edeGSnogauge de cone de luz. Al´em disto, quantiza¸ao de GS no semi-gauge de cone
de luz e quantiza¸ao covariante da supercorda tamb´em ser˜ao discutidas. A equivalˆencia
entre a superpart´ıcula de Brink-Schwarz e a superpart´ıcula de espinores puros ´et´opico do
cap´ıtulo 5, bem como a equivalˆencia entre os formalismos de GS e espinores puros para a
supercorda [14]. Finalmente, o cap´ıtulo 6 apresenta conclus˜oes e perspectivas.
4
Cap´ıtulo 2
Quantiza¸ao BRST
Existem v´arios m´etodos para quantizar teorias de gauge, que s˜ao por excelˆencia sistemas
vinculados. Neste cap´ıtulo, iremos mencionar dois deles: a quantiza¸ao de Dirac e a
quantiza¸ao BRST.
A quantiza¸ao de Dirac, em poucas palavras, consiste em manter todos os graus de
liberdade do sistema cl´assico, inclusive os que ao puro gauge, e promovˆe-los a operadores
[18]. De forma a remover os estados que ao ao f´ısicos, imp˜oe-se que os estados f´ısicos
devem ser aniquilados por operadores que ao os an´alogos quˆanticos dos v´ınculos de
primeira classe. No entanto, este procedimento ao ´e mais alido quando a invariˆancia
de gauge do sistema ´e quebrada, ou seja, na presen¸ca de anomalias. Neste caso, condi¸oes
extras devem ser impostas.
Om´etodo BRST (Becchi, Rouet, Stora, Tyutin) [12] pode ser aplicado tanto a teorias
simples, como a part´ıcula relativ´ıstica, quanto a sistemas mais complicados, como as teo-
rias de supercordas. Assim como a quantiza¸ao de Dirac, o m´etodo preserva a covariˆancia
de Lorentz das teorias ao qual ´e aplicado. Os estados f´ısicos ao determinados como sendo
aqueles que s˜ao aniquilados por um operador nilpotente constru´ıdo a partir dos v´ınculos
de primeira classe. Esta condi¸ao tamem garante que os estados f´ısicos ao invariantes
de gauge.Om´etodo BRST pode ainda ser consistente quando aplicado a teorias com
anomalias e, por este motivo, j´a apresenta uma vantagem sobre a quantiza¸ao de Dirac.
5
6 2.1. Quantiza¸ao de Dirac
Com o intuito de justificar a eficiˆencia do etodo BRST, apresentaremos uma breve
explica¸ao da quantiza¸ao de Dirac na se¸ao 2.1. As outras se¸oes ser˜ao dedicadas `a
quantiza¸ao BRST e `a aplica¸ao do m´etodo `a corda bosˆonica.
2.1 Quantiza¸ao de Dirac
Como mencionado na introdu¸ao, na quantiza¸ao de Dirac mant´em-se todas as vari´aveis
do sistema inclusive os v´ınculos de primeira classe, ou seja, ao ser´a feita fixa¸ao de gauge.
Por este motivo, o espa¸co de representa¸ao do m´etodo de Dirac carrega informa¸oes que
ao ao f´ısicas.
´
E necess´ario impor uma condi¸ao para selecionar os graus de liberdade
ısicos. Esta condi¸ao deve ser tal que enfatize a invariˆancia de gauge da teoria no n´ıvel
quˆantico. Isto leva `a imposi¸ao
ˆ
G
a
|ψ =0, (2.1)
sendo
ˆ
G
a
os equivalentes quˆanticos dos v´ınculos de primeira classe. No entanto, quando
a invariˆancia de gauge ao ´e preservada no n´ıvel quˆantico a teoria apresenta anomalias e
a aplica¸ao do m´etodo de Dirac neste caso ao ´et˜ao imediata. Os v´ınculos de primeira
classe G
a
satisfazem classicamente a seguinte ´algebra:
{G
a
,G
b
} = C
c
ab
G
c
, (2.2)
sendo C
c
ab
as fun¸oes de estrutura. Se a rela¸ao acima ´e preservada quanticamente, ou
seja,
[
ˆ
G
a
,
ˆ
G
b
]=i
ˆ
C
c
ab
ˆ
G
c
, (2.3)
enao a equa¸ao (2.1) ´e automaticamente satisfeita:
[
ˆ
G
a
,
ˆ
G
b
] |ψ =0. (2.4)
6
2.1. Quantiza¸ao de Dirac 7
Contudo, esta ´algebra pode ser modificada no n´ıvel quˆantico, ou seja, as fun¸oes de
estrutura podem adquirir corre¸oes em :
[
ˆ
G
a
,
ˆ
G
b
]=i
ˆ
C
c
ab
ˆ
G
c
+
2
ˆ
D
ab
. (2.5)
Se isto acontece, vemos que, para satisfazer o requerimento que os estados f´ısicos sejam
invariantes de gauge, devemos impor uma condi¸ao extra:
ˆ
D
ab
|ψ =0. (2.6)
Esta condi¸ao ao tem an´alogo cl´assico e restringe ainda mais o sub-espa¸co f´ısico. Quando
ˆ
D
ab
= 0, os operadores quˆanticos
ˆ
G
a
deixam de ser v´ınculos de primeira classe e, por-
tanto, ao ao mais geradores das simetrias de gauge. Por este motivo, a invariˆancia de
gauge ´e quebrada
e o operador
ˆ
D
ab
´e chamado de anomalia. Se a invariˆancia de gauge ´e
quebrada no n´ıvel quˆantico, ao faz sentido procurar por estados invariantes de gauge.H´a
a necessidade de um tratamento mais cuidadoso do que simplesmente postular a equa¸ao
(2.1).
Outra inconsistˆencia que pode surgir quando a teoria apresenta anomalias vem da
evolu¸ao dinˆamica do sistema. Classicamente,
{H
0
,G
a
} = V
b
a
G
b
, (2.7)
sendo H
0
a hamiltoniana canˆonica do sistema, que tamem ´e uma fun¸ao de primeira
classe, e a quantidade V
b
a
pode ser interpretada como fun¸oes de estrutura. No caso de
uma teoria anˆomala, a ´algebra acima seria modificada da seguinte forma:
[H
0
,G
a
]=i
ˆ
V
b
a
ˆ
G
b
+
2
ˆ
A
a
, (2.8)
sendo
ˆ
A
a
a chamada anomalia. A conseq¨encia da equa¸ao acima ´e que um estado f´ısico
seria mapeado em outro estado que n˜ao ´e invariante de
gauge
.
7
8 2.2. Quantiza¸ao BRST
No caso da quantiza¸ao BRST, mesmo quando
ˆ
D
ab
ou
ˆ
A
a
ao ao nulos, a quantiza¸ao
pode ser consistente. Isto quer dizer que pode n˜ao ser correto levar em conta os graus de
liberdade esp´urios sem introduzir os fantasmas, seus parceiros na quantiza¸ao BRST [18].
2.2 Quantiza¸ao BRST
Nesta se¸ao vamos apresentar como se constr´oi o operador BRST e a quantiza¸ao propri-
amente dita.
2.2.1 Simetria BRST
O primeiro passo para a constru¸ao do operador BRST ´e tornar a teoria invariante pela
simetria BRST. Isto se faz da seguinte forma:
1. Primeiro, devemos estender o espa¸co de fase da teoria considerando os multipli-
cadores de Lagrange associados aos v´ınculos de primeira classe e seus momentos
canˆonicos conjugados como vari´aveis canˆonicas:
{λ
a
b
} = δ
a
b
. (2.9)
Os momentos conjugados tamb´em ser˜ao considerados como v´ınculos de primeira
classe de modo a n˜ao modificar a teoria original. Portanto, o conjunto de v´ınculos
de primeira classe ´e
C
A
=(G
a
a
) . (2.10)
2. Depois disso, introduzimos um par canˆonico de fantasmas para cada v´ınculo de
primeira classe C
a
. Os conjugados canˆonicos aos fantasmas ser˜ao os antifantasmas:
{η
A
, P
B
} = {P
B
A
} = δ
A
B
, (2.11)
8
2.2. Quantiza¸ao BRST 9
sendo P
B
os antifantasmas e η
A
os fantasmas. Impomos que os fantasmas e antifantasmas
comutem com o resto das vari´aveis.
Vamos tamem definir o operador n´umero de fantasma
como
U =
A
η
A
P
A
, (2.12)
sendo que os autovalores de U ao inteiros entre 0 e n, com n sendo a dimens˜ao da ´algebra
de Lie definida pelos v´ınculos de primeira classe.
Constr´oi-se o operador BRST impondo que ele gere as transforma¸oes de gauge asso-
ciadas aos v´ınculos de primeira classe em ordem mais baixa numa expans˜ao em erie de
fantasmas. Al´em disso, ele deve ter n´umero de fantasma igual a um, ser real e nilpotente.
Com estes requerimentos, temos que o operador BRST ´e, em primeira instˆancia,
Q = η
A
C
A
+ termos de ordem superior . (2.13)
Os termos de ordem superior s˜ao encontrados fazendo uso da propriedade de nilpotˆencia
do operador BRST:
Q = η
A
C
A
+ η
B
η
C
U
(1)A
BC
P
A
+ ... (2.14)
sendo
U
(1)A
BC
=
1
2
f
A
BC
, (2.15)
e f
A
BC
ao as fun¸oes de estrutura da ´algebra que os v´ınculos de primeira classe satisfazem.
Sabendo que os v´ınculos satisfazem a seguinte ´algebra
{C
A
,C
B
} = f
D
AB
C
D
, (2.16)
e usando a identidade de Jacobi para as fun¸oes de estrutura,
9
10 2.2. Quantiza¸ao BRST
f
A
BC
f
D
AE
+ f
A
CE
f
D
AB
+ f
A
EB
f
D
AC
=0, (2.17)
calculamos Q
2
a partir de (2.14), e o resultado ´e que o operador BRST ´e nilpotente, ou
seja, Q
2
= 0. Agora que temos a forma geral para o operador BRST, podemos proceder
`a quantiza¸ao.
2.2.2 Quantiza¸ao BRST
Come¸camos o processo de quantiza¸ao identificando quem ao os estados invariantes pela
simetria BRST. Seja C
k
o espa¸co de Hilbert dos estados de n´umero de fantasma U = k.
Um estado |χ ´e invariante por BRST se
ˆ
Q |χ =0. (2.18)
Podemos construir estados invariantes pela simetria BRST que tenham a seguinte forma:
|ψ =
ˆ
Q |χ+ |ψ
, (2.19)
com o estado |ψ
satisfazendo a condi¸ao (2.18). No entanto, os estados
ˆ
Q |χ ao ortog-
onais a todos os outros estados. Estes estados s˜ao chamados de estados nulos
ou exatos.
Dois estados que diferem por um estado nulo ter˜ao os mesmos produtos internos com
todos os estados invariantes por BRST, e portanto ao indisting¨ıveis. As classes de
equivalˆencia das solu¸oes de (2.18) de n´umero de fantasma k, com duas solu¸oes consider-
adas equivalentes como em (2.19), formam o kesimo grupo de cohomologia da ´algebra de
Lie G, H
k
(G), e estas classes de equivalˆencia ao chamadas de classes de cohomologia.Em
outras palavras, o grupo de cohomologia H
k
(Ge igual ao espa¸co de estados invariantes
pela ´algebra de Lie G com n´umero de fantasma k.
Os estados BRST-invariantes com n´umero de fantasma zero em uma propriedade
interessante; aplicando
ˆ
Q a estes estados, temos que
10
2.3. Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica 11
ˆ
Q |χ η
A
ˆ
C
A
|χ , (2.20)
pois, pela forma do operador BRST, podemos ver que apenas o primeiro termo sobrevive,
pois o antifantasma aniquila o estado de n´umero de fantasma zero. Se este estado ´e
invariante pela simetria BRST, enao
ˆ
C
A
|χ =0, (2.21)
pois ˆη
A
ao aniquila o estado |χ. Ou seja, estes estados ao invariantes por BRST se,
e somente se, eles forem invariantes por transforma¸oes de gauge. Por outro lado, os
estados com n´umero de fantasma zero n˜ao podem ser escritos como |χ = Q |λ, pois n˜ao
a estados com n´umero de fantasma -1. Desta forma, estes estados formam classes de
cohomologia de n´umero de fantasma zero, ao mesmo tempo em que ao invariantes de
gauge. Vamos tom´a-los como sendo os estados f´ısicos da teoria.
Portanto, as condi¸oes para encontrar os estados f´ısicos do sistema s˜ao:
1. ter n´umero de fantasma zero;
2. e ser aniquilado por
ˆ
Q:
ˆ
Q |χ =0. (2.22)
A discuss˜ao que foi feita at´e aqui vale para ´algebras de Lie finitas. Esta discuss˜ao
tamb´em vale para ´algebras com dimens˜ao infinita com algumas modifica¸oes. Isto ser´a
visto na pr´oxima se¸ao, onde vamos tratar da quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica.
2.3 Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica
No caso da corda bosˆonica, a ´algebra de Lie ´ea´algebra de Virasoro, que tem dimens˜ao
infinita. O m´etodo BRST como foi apresentado anteriormente pode ser usado neste
11
12 2.3. Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica
caso, no entanto com algumas diferen¸cas. A condi¸ao de nilpotˆencia do operador BRST
pode n˜ao ser alida por causa da presen¸ca de anomalias; portanto, devemos ser mais
cuidadosos. Al´em disto, o operador n´umero de fantasma U recebe uma corre¸ao devido
ao ordenamento normal. Por este motivo, ´e leviano afirmar que os estados f´ısicos ao
classes de cohomologia de n´umero de fantasma zero, pois o n´umero de fantasma dos
estados f´ısicos depender´a da constante de ordenamento normal e, portanto, depender´ado
sistema f´ısico que estamos considerando [1].
Nesta se¸ao, primeiro vamos apresentar uma revis˜ao da ´algebra conforme e de oper-
adores de v´ertice no caso da corda para, em seguida, apresentarmos a quantiza¸ao BRST
da teoria.
2.3.1
´
Algebra de Virasoro
No caso da corda bosˆonica, o tensor de energia momento ´e dado por,
T
X
(z)=
1
2
: ∂X
m
∂X
m
: , (2.23)
sendo m ındice do espa¸co-tempo, z = exp(
1
+ σ
2
)(σ
1
, σ
2
: coordenadas da folha de
mundo) e : : significa ordenamento normal. Podemos escrever T
X
(z) em termos de uma
expans˜ao de Laurent:
T
X
(z)=
a=−∞
L
a
z
a+2
. (2.24)
Os coeficientes de Laurent ao os geradores da ´algebra de Virasoro; eles podem ser escritos
em termos de integrais de contorno:
L
a
=
dz
2πiz
z
a+2
T
X
(z) . (2.25)
No caso da corda fechada, temos tamb´em a contribui¸ao anti-holom´orfica do tensor de
energia-momento. A ´algebra de Virasoro ´e dada por
12
2.3. Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica 13
[L
a
,L
b
]=(a b)L
a+b
+
c
12
(a
3
a)δ
a,b
, (2.26)
sendo c a carga central
da ´algebra. Para calcular a ´algebra, ´e necess´ario usar o OPE
(Operator Product Expansion) dos campos X
m
:
X
m
(y)X
n
(z) −→ η
mn
log | y z |
2
, (2.27)
e a express˜ao dos L
a
’s em termos de integrais de contorno. A derivada de X
m
, ∂X
m
,
´e holom´orfica (s´o depende de z), e tamem pode ser escrita em termos de expans˜oes de
Laurent:
∂X
m
(z)=i
a=−∞
α
m
a
z
a+1
, (2.28)
e equivalentemente, podemos escrever os α
m
a
em termos de ∂X
m
:
α
m
a
=
dz
2π
z
a
∂X
m
(z) . (2.29)
Usando o OPE de X
m
com X
n
, temos as rela¸oes de comuta¸ao dos α
m
a
:
[α
m
a
n
b
]=
a,b
η
mn
. (2.30)
Finalmente, podemos expressar os L
a
em termos dos α
m
a
:
L
a
=
1
2
a=−∞
: α
m
ab
α
mb
: . (2.31)
Uma defini¸ao importante ´e a de campos prim´arios
. Para uma transforma¸ao conforme
z −→ f (z), campos prim´arios s˜ao tensores que se transformam como
O(z) −→
∂f
∂z
p
O(f(z)) . (2.32)
13
14 2.3. Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica
sendo p o peso conforme do campo prim´ario O. Tamb´em podemos escrever a defini¸ao
de um campo prim´ario em termos de seu OPE com o tensor de energia momento:
T (y)O(z) −→
p
(y z)
2
O(z)+
1
y z
O(z) . (2.33)
Os estados f´ısicos da corda ser˜ao estados de peso mais alto na ´algebra de Virasoro.
Para definir o que ´e um estado de peso mais alto na ´algebra de Virasoro, consideremos
um estado |p, criado por um campo prim´ario φ(z) de peso p:
|p = φ(0) |0 . (2.34)
Ele ´e um estado de peso mais alto da ´algebra se [19]
L
0
|p = p |p ,L
a
|p =0,a>0 . (2.35)
Para o caso da corda veremos mais adiante que invariˆancia por transforma¸oes BRST
implica que os estados f´ısicos tˆem peso conforme p = 1 e que a segunda condi¸ao ´ev´alida
para a 1.
Na constru¸ao do operador BRST, vamos introduzir um par canˆonico de fantasmas
(b, c), que tamb´em podemos escrever em termos de expans˜oes de Laurent,
b(z)=
a=−∞
b
a
z
a+2
,c(z)=
a=−∞
c
a
z
a1
,
{b
a
,c
d
} = δ
a,d
. (2.36)
Para encontrar as rela¸oes de anticomuta¸ao acima, utilizamos o OPE
b(y)c(z) −→
1
y z
. (2.37)
O tensor de energia-momento para os fantasmas ´e escrito como
14
2.3. Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica 15
T
g
=: (∂b)c : 2(: bc :) , (2.38)
que tem carga central c = 26.
2.3.2 Operadores de v´ertice
Nesta subse¸ao, vamos introduzir o conceito de operador de ertice. Em teoria de campos
conforme em duas dimens˜oes, h´a um mapeamento entre o espa¸co dos estados da teoria e
o conjunto dos operadores locais. Isto ´e poss´ıvel quando quantizamos a teoria de campos
conforme num c´ırculo. Considere um cilindro semi-infinito na coordenada w, sendo
w = σ
1
+
2
, 0 Re w 2π,
w w +2π, Im w 0 , (2.39)
Este semicilindro pode ser mapeado num disco unit´ario quando usamos a coordenada
z = exp(iw), como mostra a figura a seguir:
15
16 2.3. Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica
phys>
|
= −τ
τ
τ
σ
σ
π
0
0<σ< 2
τ i τ
τ −iσ
V
phys
(0)
τ
π
oo
z
= ez
Figura 2.1: O mapeamento do cilindro no plano complexo. As linhas de τ constante
formam c´ırculos concˆentricos ao redor da origem no plano z complexo enquanto que linhas
de σ constante correspondem `as linhas emergindo das dire¸oes radiais a partir da origem.
O estado f´ısico de chegada |phys no passado infinito da folha de mundo (τ = −∞)
corresponde `a inser¸ao de um operador de v´ertice V
phys
(z) na origem z =0.
Na coordenada z,opontoImw →−´e mapeado na origem. No cilindro, este
ponto especifica um estado inicial |A, que no disco unit´ario ´e mapeado na origem como
o operador local A, conhecido como operador de v´ertice.
No caso da corda bosˆonica, a correspondˆencia operador local estado ´e vista da
seguinte forma: queremos identificar qual o estado que corresponde ao operador unit´ario
1. Dentro de um contorno Q, e sem nenhum operador na origem, as integrais de contorno
que definem α
m
a
α
m
a
para a 0n˜ao em nenhum olo e portanto se anulam. Disto
conclu´ımos que estes modos aniquilam o operador 1, que pode ser identificado com o
estado de v´acuo
16
2.3. Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica 17
1 = |0; 0 . (2.40)
Agora, fazendo o mesmo para Q = α
m
a
contornando o operador unit´ario podemos calcular,
para a 1,
α
m
a
=
dz
2π
z
a
∂X
m
(z)
i
(a 1)!
a
X
m
(0) , (2.41)
e, portanto,
α
m
a
|1
=
i
(a 1)!
a
X
m
(0) . (2.42)
Logo, qualquer estado pode ser obtido a partir de 1 atuando com os operadores da ex-
press˜ao acima.
Outra caracter´ıstica do estado de acuo |0; 0 ´e que ele ´e aniquilado pelos modos L
0
, L
1
e L
1
. Estes trˆes geradores formam uma representa¸ao da ´algebra SL(2, R), e portanto, o
estado de v´acuo ´e SL(2, R)-invariante. Al´em disto, o estado 0; 0|, que ´e identificado com
o operador unit´ario em z = , tamb´em ´e SL(2, R)-invariante. Desta forma, os elementos
de matriz da teoria conforme s˜ao invariantes por transforma¸oes geradas por SL(2, R).
2.3.3 Quantiza¸ao BRST
O procedimento que vamos usar para construir o operador BRST ´e um pouco diferente do
apresentado na subse¸ao (2.2.1). O primeiro passo da se¸ao (2.2.1) n˜ao ser´a apresentado
aqui pelo seguinte motivo: seguindo o formalismo de integrais de trajet´oria, temos a ao
original, uma ao para os campos fantasmas e uma ao com o termo de fixa¸ao de
gauge.Naa¸ao com o termo de fixa¸ao de gauge da m´etrica da folha de mundo g
αβ
,
temos um multiplicador de Lagrange B, que aqui ser´a integrado. Assim, a transforma¸ao
para b, que deveria ser δb = B ´e substitu´ıda pela transforma¸ao δb = i(T
X
+ T
g
), onde
foi usada a equa¸ao de movimento de g
αβ
para substituir B [2]. Portanto, o v´ınculo de
17
18 2.3. Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica
primeira classe, no nosso caso, ´e apenas o gerador da ´algebra de Virasoro. No segundo
passo, devemos introduzir um par canˆonico de fantasmas para cada v´ınculo de primeira
classe, ou seja, o par de fantasmas (b, c) associado ao tensor de energia-momento.
Partiremos das transforma¸oes BRST para a corda, visto que basta saber as trans-
forma¸oes de gauge dos campos e fantasmas para ent˜ao escrevˆe-las:
δX
m
= i(c∂ c
¯
)X
m
,
δb = i(T
X
+ T
g
)
˜
b = i(
T
X
+
T
g
) ,
δc = i(c∂ c
¯
)c, δ˜c = i(c∂ c
¯
c, (2.43)
sendo o parˆametro da transforma¸ao, c o fantasma holom´orfico, b o antifantasma
holom´orfico e as quantidades com til ao os an´alogos anti-holom´orficos. Usando o teorema
de Noether, calculamos a corrente BRST,
j
B
= cT
X
+
1
2
: cT
g
:+
3
2
2
c = cT
X
+:bc∂c :+
3
2
2
c, (2.44)
e an´alogo para
j
B
. Esta corrente tem a forma do operador BRST (2.14), notando que
o segundo termo da equa¸ao acima est´a associado com o segundo termo que aparece em
(2.14), e o ´ultimo termo ´e uma derivada total e o foi somado para garantir que j
B
seja
um tensor por transforma¸oes conformes. O operador BRST propriamente dito ´e
Q =
1
2πi
(dzj
B
d¯z
j
B
) , (2.45)
e em termos dos modos dos fantasmas,
Q =
a=−∞
(c
a
L
a
c
a
L
a
)
+
1
2
a,d=−∞
(a d):(c
a
c
d
b
ad
c
a
˜c
d
˜
b
ad
):+A(c
0
c
0
) , (2.46)
18
2.3. Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica 19
Na equa¸ao (2.46), A ´e uma constante de ordenamento normal, que pode ser calculada
da seguinte forma: sabendo que
{Q, b
a
} = L
a
+ L
g
a
, (2.47)
sendo
L
g
a
=
nZ
(a + d):b
ad
c
d
: , (2.48)
enao
{Q, b
0
} = L
0
+ L
g
0
, (2.49)
e, portanto, A = 1.
Existe uma anomalia na simetria de gauge quando a carga central do setor de mat´eria,
c
X
, tem valor diferente de 26
. Neste caso, o operador BRST ao ´e mais nilpotente. Para
verificar isto, calculamos o OPE da corrente j
B
com ela mesma:
j
B
(y)j
B
(z) −→
c
X
18
2(y z)
3
c∂c(z)
c
X
18
4(y z)
2
c∂
2
c(z)
c
X
26
12(y z)
c∂
3
c(z) . (2.50)
Da integral de contorno, vemos que o olo simples se anula apenas quando c
X
=26e,
neste caso, {Q, Q} =0.
Ser´util tamb´em introduzirmos o operador n´umero de fantasma. A corrente de
umero de fantasma ´e dada por
U = : bc : , (2.51)
e o operador n´umero de fantasma ´e escrito no sistema de coordenadas do cilindro da
seguinte forma
A carga do setor de mat´eria est´a relacionada com a dimens˜ao do espa¸co-tempo: c
X
= D.
19
20 2.3. Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica
N
g
=
1
2πi
2π
0
dwU
w
=
a=1
(c
a
b
a
b
a
c
a
)+c
0
b
0
1
2
. (2.52)
Na passagem para o sistema de coordenadas do plano complexo (z = e
iw
), temos
(
z
w)U
w
(w)=j
z
(z)
q
0
z
, (2.53)
mostrando que a corrente de n´umero de fantasma ao ´e um tensor por transforma¸oes
conformes. Neste caso, q
0
tem valor 3/2. O operador n´umero de fantasma no sistema de
coordenadas do plano complexo ´e escrito como
Q
g
1
2πi
dzU
z
= N
g
+ q
0
. (2.54)
On´umero de fantasma dos estados ´e convencionalmente definido por N
g
(sistema de
coordenadas do cilindro), e Q
g
est´a relacionado com o n´umero de fantasma dos operadores
de v´ertice [2].
Agora, vamos fazer uma discuss˜ao sobre o espectro da corda. Come¸cando pelos fan-
tasmas, a escolha natural para o estado de acuo ´e o estado SL(2, R)-invariante, |0
g
.No
entanto, temos que
c
n
|0
g
=0,n 2 ,
b
n
|0
g
=0,n≥−1 , (2.55)
ou seja, os modos c
0
, c
1
e c
1
ao aniquilam |0
g
. Portanto, temos quatro escolhas
diferentes para o acuo dos fantasmas: |0
g
, c
1
|0
g
, c
1
c
0
|0
g
e c
1
c
0
c
1
|0
g
. Em termos de
operadores, estes estados s˜ao escritos como
20
2.3. Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica 21
|0
g
−→ 1 ,
c
1
|0
g
−→ c,
c
1
c
0
|0
g
−→ c∂c,
c
1
c
0
c
1
|0
g
−→ c∂c∂
2
c. (2.56)
No entanto, c
1
|0
g
(ou equivalentemente, seu parceiro degenerado c
1
c
0
|0
g
e o estado de
energia m´ınima ou estado de peso mais alto para o sistema (b, c). Portanto, os estados
ısicos ter˜ao a forma geral
|{n}; k
X
c
1
|0
g
−→ cV , (2.57)
sendo que {n} denota o n´ıvel do estado, k ´e o momento e V ´e o operador de v´ertice
constru´ıdo a partir de X
m
e suas derivadas. Note que os estados f´ısicos em umero de
fantasma igual a 1. Voltando ao v´acuo do fantasma, o adjunto do estado c
1
|0
g
´e
(c
1
|0
g
)
= 0|
g
c
1
c
0
, (2.58)
pois
0 | 0
g
=0, mas 0|
g
c
1
c
0
c
1
|0
g
=1. (2.59)
Esta normaliza¸ao ´e uma conseq¨encia dos modos zero do fantasma c, devido `an˜ao
conservao da corrente de n´umero de fantasma no n´ıvel quˆantico [20]. Escrita em termos
de operadores, esta normaliza¸ao ´e c∂c∂
2
c =1.
Aplicando a condi¸ao de que o estado f´ısico deve ser aniquilado pelo operador BRST
num estado geral do tipo
|ψ = A
mn...
α
m
1
α
n
1
...|0; k⊗c
1
|0
g
, (2.60)
21
22 2.3. Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica
temos
Q |ψ =
dz
2πi
cT
X
+
1
2
: cT
g
:+
3
2
2
c
|ψ =
a
=
−∞
c
a
(L
a
δ
a,0
)
|ψ =0. (2.61)
Para a>0, c
a
c
1
|0
g
= 0, e metade das condi¸oes para invariˆancia BRST j´a est˜ao garan-
tidas. Agora, para termos um estado BRST-invariante ´e necess´ario que
(L
0
1) |ψ =0,
L
a
|ψ =0, para a 1 . (2.62)
A primeira equa¸ao ´e a condi¸ao de camada de massa; al´em disto, esta equa¸ao nos diz
que o operador de v´ertice que cria o estado |ψ a partir do estado c
1
|0
g
⊗|0; 0
X
deve
ter peso conforme igual a 1. As duas equa¸oes juntas nos dizem que os estados f´ısicos s˜ao
campos prim´arios de peso conforme um.
Vamos agora analisar os dois primeiros n´ıveis do espectro. No n´ıvel n = 0, o operador
de v´ertice ´e dado por
V = e
ik·X
−→ |0; k . (2.63)
Das condi¸oes que vimos acima, V deve ter peso conforme igual a 1. Do OPE do tensor
energia-momento com V , o peso conforme deste operador de ertice ´e h =
k
2
2
. Como
k
m
k
m
= M
2
,ent˜ao a massa deste estado ´e dada por
k
2
2
=1=
M
2
2
−→ M
2
= 1/2 , (2.64)
e este estado representa um aquion. Para compara¸ao posterior, notamos que os estados
constru´ıdos com os outros poss´ıveis v´acuos para os fantasmas, ou seja,
22
2.3. Quantiza¸ao BRST da corda bosˆonica 23
|0; k⊗|0
g
−→ 1 ,
|0; k⊗c
1
c
0
|0
g
−→ c∂ce
ik·X
,
|0; k⊗c
1
c
0
c
1
|0
g
−→ c∂c∂
2
c, (2.65)
representam, respectivamente, o fantasma, o parceiro degenerado do t´aquion (o qual va-
mos chamar de modo geral de anticampo)eoantifantasma. Estes estados aparecem na
quantiza¸ao via formalismo de anticampo [21]. Para uma boa revis˜ao sobre o assunto, ver
[22].
No pr´oximo n´ıvel, n = 1, o operador de v´ertice ´e
V = ζ
m
∂X
m
e
ik·X
. (2.66)
Pela imposi¸ao que o operador de v´ertice tem peso conforme igual a 1, temos
h =1+
k
2
2
=1−→ k
2
=0, (2.67)
indicando que o estado tem massa zero. E pela imposi¸ao de que V seja um campo
prim´ario (ou seja, que seu OPE com o tensor de energia-momento seja da forma (2.33))
temos a condi¸ao de transversalidade ζ ·k = 0. Este ´e o estado que representa o f´oton em
D = 26.
23
Cap´ıtulo 3
Part´ıcula
Neste cap´ıtulo, apresentaremos trˆes extens˜oes da part´ıcula relativ´ıstica, todas apresen-
tando supersimetria: part´ıcula de spin 1/2, superpart´ıcula de Brink-Schwarz e super-
part´ıcula do formalismo de espinores puros.
A part´ıcula de spin 1/2 ´e constru´ıda a partir da a¸ao da part´ıcula relativ´ıstica adicio-
nando uma vari´avel anticomutante, que far´a o papel do grau de liberdade de spineum
exemplo de modelo que apresenta supersimetria, por´em na linha de mundo.
A constru¸ao de um modelo com supersimetria manifesta no espa¸co-tempo leva `aa¸ao
da superpart´ıcula de Brink-Schwarz, que ´e uma generaliza¸ao supersim´etrica da part´ıcula.
Al´em de ser supersim´etrica no espa¸co-tempo e ser invariante por reparametriza¸ao, esta
ao possui uma simetria fermiˆonica, a simetria kappa, que ´e necess´aria por quest˜oes de
unitariedade. No entanto, dos dezesseis v´ınculos da simetria kappa, oito ao de primeira
classe e oito ao de segunda classe. Para quantizar a teoria, precisamos impor uma fixa¸ao
de gauge de modo a separar estes dois tipos de v´ınculos. Uma fixa¸ao de gauge que
preserve a invariˆancia de Lorentz manifesta da teoria parece n˜ao ser poss´ıvel, impedindo
que a teoria seja quantizada covariantemente.
O problema da quantiza¸ao covariante da superpart´ıcula ´e solucionado quando se tra-
balha com a superpart´ıcula no formalismo de espinores puros. A ao deste modelo ´e uma
ao quadr´atica nas vari´aveis fermiˆonicas, e sua quantiza¸ao atrav´es do etodo BRST
24
3.1. Part
´
Icula relativ
´
Istica de spin 1/2 25
inclui dois novos ingredientes: uma carga BRST que inclui apenas o v´ınculo da simetria
kappa, e um fantasma bosˆonico espinorial chamado de espinor puro, que ´e vinculado a
satisfazer uma condi¸ao extra, chamada de condi¸ao de espinor puro.
3.1 Part´ıcula relativ´ıstica de spin 1/2
Aa¸ao que descreve uma part´ıcula relativ´ıstica de spin 1/2 ´e dada por
S =
M
2
x
m
˙x
m
+ i
˙
ψ
m
ψ
m
) , (3.1)
sendo M a massa da part´ıcula, x
m
as coordenadas da part´ıcula no espa¸co-tempo e ψ
m
um vetor de Lorentz anticomutante, relacionado ao grau de liberdade de spin. Para ver
que esta a¸ao descreve uma part´ıcula com spin 1/2, temos que construir os geradores de
Lorentz desta a¸ao. Das transforma¸oes de Lorentz das vari´aveis x
m
e ψ
m
,
δ
L
x
m
mn
x
n
L
ψ
m
mn
ψ
n
, (3.2)
podemos construir os geradores de Lorentz M
mn
, usando o teorema de Noether:
M
mn
= Mx
[n
x
m]
+
n
ψ
m
) . (3.3)
Acima, o primeiro termo corresponde `a contribui¸ao de momento angular, e o segundo
termo `a contribui¸ao de spin. Por exemplo, se estamos trabalhando em quatro dimens˜oes
espa¸co-temporais, o vetor de spin ´e dado por
S
=
i
2
M
ψ ×
ψ, (3.4)
isto ´e,
S
= iM(ψ
2
ψ
3
3
ψ
1
1
ψ
2
). Da quantiza¸ao de (3.1),
[x
m
, ˙x
n
]=
i
M
δ
m
n
, {ψ
m
n
} =
M
δ
m
n
, (3.5)
25
26 3.1. Part
´
Icula relativ
´
Istica de spin 1/2
temos que
[S
a
,S
b
]=i
abc
S
c
, |
S
|
2
=
3
4
. (3.6)
sendo que a, b, c variam de 1 a 3.
Aa¸ao (3.1) ´e um exemplo de ao supersim´etrica na linha de mundo, o que pode ser
visto usando as seguintes transforma¸oes (com α sendo um parˆametro anticomutante):
δx
m
= iαψ
m
ψ
m
= α ˙x
m
. (3.7)
Variando a a¸ao com rela¸ao a esta simetria, temos
δS =
M
2
δx
2
+ i
˙
ψ
m
ψ
m
)
=
M
2
d
x
m
ψ
m
)
=0, (3.8)
indicando que, de fato, a ao ´e supersim´etrica. Fazendo o comutador de duas trans-
forma¸oes de supersimetria consecutivas das vari´aveis x
m
e ψ
m
, encontramos
(δ
1
δ
2
δ
2
δ
1
)x
m
= δ
1
(
2
ψ
m
) δ
2
(
1
ψ
m
)=2
1
α
2
˙x
m
= δ
p
x
m
,
(δ
1
δ
2
δ
2
δ
1
)ψ
m
= δ
1
(α
2
˙x
m
) δ
2
(α
1
˙x
m
)=2
1
α
2
˙
ψ
m
= δ
p
ψ
m
, (3.9)
sendo
δ
p
x
m
= iΛ˙x
m
p
ψ
m
= iΛ
˙
ψ
m
, (3.10)
as invariˆancias de transla¸ao das vari´aveis x
m
e ψ
m
,eΛ=2α
1
α
2
um parˆametro comutante.
Esta ´ea´algebra de supersimetria em D = 1, ou seja, na linha de mundo. No entanto,
ao a supersimetria no espa¸co-tempo; a vari´avel anticomutante ψ
m
ao ´e um espinor de
Lorentz, e sim um vetor. ao a a interpreta¸ao de que, para cada grau de liberdade
26
3.2. Superpart
´
Icula de Brink-Schwarz 27
bosˆonico no espa¸co-tempo, a um grau de liberdade fermiˆonico, que ao seus parceiros
supersim´etricos. Tal fato tem analogia em supercordas, no formalismo de Ramond-Neveu-
Schwarz, que apresenta supersimetria manifesta na folha de mundo, mas ao no espa¸co-
tempo; a supersimetria no espa¸co-tempo ´e verificada indiretamente.
Para implementar supersimetria no espa¸co-tempo, ´e necess´ario construir uma ao
que envolva espinores no espa¸co-tempo, e que a ´algebra de supersimetria seja satisfeita.
Tal modelo existe - a superpart´ıcula de Brink-Schwarz - descrita na pr´oxima se¸ao.
3.2 Superpart´ıcula de Brink-Schwarz
Aa¸ao para a superpart´ıcula de Brink-Schwarz em dez dimens˜oes espa¸co-temporais ´e
descrita por
S =
˙x
m
P
m
i
2
(
˙
θγ
m
θ)P
m
+ eP
m
P
m
, (3.11)
sendo P
m
o momento canˆonico conjugado a x
m
, e o multiplicador de Lagrange associado
ao v´ınculo bosˆonico P
m
P
m
= 0 (condi¸ao de camada de massa) e θ
α
ao espinores de
Majorana-Weyl. As matrizes gama γ
αβ
ao matrizes sim´etricas 16 × 16 que satisfazem
γ
(m
αβ
γ
n)βλ
=2η
mn
δ
λ
α
, e a conven¸ao de m´etrica ´e tal que η
mn
= diag(1, 1, 1,...). A ao
(3.11) ´e invariante de Lorentz e supersim´etrica no espa¸co-tempo, como pode ser verificado
usando as transforma¸oes dos campos
δθ
α
=
α
x
m
=
i
2
(θγ
m
) P
m
= δe =0. (3.12)
Esta ao para a superpart´ıcula ao ´ea´unica ao que pode ser constru´ıda com as
quantidades invariantes por supersimetria
˙
θ
α
e(˙x
m
i
2
(
˙
θγ
m
θ)); no entanto, ´e a mais
simples que pode ser constru´ıda, e tamb´em a generaliza¸ao mais direta para a ao da
part´ıcula relativ´ıstica [1].
Esta a¸ao ´ev´alida para qualquer dimens˜ao; no entanto, para fazer contato com a teoria de supercor-
das, escolhemos D=10.
27
28 3.2. Superpart
´
Icula de Brink-Schwarz
Al´em de ser supersim´etrica e invariante de Lorentz, a ao (3.11) apresenta uma
simetria fermiˆonica local denominada simetria kappa
, representada pelas transforma¸oes
δθ
α
= P
m
(γ
m
κ)
α
x
m
=
i
2
(θγ
m
δθ) P
m
=0e= i
˙
θ
α
κ
α
. (3.13)
Acima, κ
α
´e o parˆametro da transforma¸ao fermiˆonica e ´e um espinor com quiralidade
oposta a θ
α
. Esta simetria tem um papel importante na teoria: ela ´e respons´avel por
eliminar os estados de norma negativa; portanto, garante que a teoria seja unit´aria. No
entanto, trabalhar com ela tamb´em impede que a teoria seja quantizada covariantemente.
Podemos definir o v´ınculo associado `a simetria kappa da seguinte maneira:
d
α
= p
α
+2P
m
(γ
m
θ)
α
. (3.14)
Calculando a ´algebra que os v´ınculos acima satisfazem atrav´es de parˆenteses de Poisson,
temos (sendo {p
α
β
} = δ
β
α
)
{d
α
,d
β
} =4P
m
γ
m
αβ
. (3.15)
Do m´etodo de Dirac de sistemas vinculados [23], o alculo da ´algebra dos v´ınculos nos
diz que papel estas quantidades representam na teoria: se os parˆenteses de Poisson de
um v´ınculo com todos os outros v´ınculos resulta em zero ou em outro v´ınculo, dizemos
que ele ´e uma quantidade de primeira classe
e, portanto, est´a relacionado `as simetrias de
gauge da a¸ao; caso contr´ario, ele ´e uma quantidade de segunda classe
e est´a relacionado
a graus de liberdade esp´urios da teoria. No caso acima, sabendo que o v´ınculo bosˆonico
´e P
m
P
m
= 0, as rela¸oes (3.15) nos dizem que, dos 16 v´ınculos fermiˆonicos d
α
, oito ao
de primeira classe e oito ao de segunda classe. Portanto, apenas oito das quantidades d
α
est˜ao relacionadas ao gerador das simetrias kappa.
Em dez dimens˜oes, n˜ao h´a um tensor totalmente antissim´etrico que possa levantar e abaixar ´ındices
espinoriais; portanto, n˜ao h´a uma rela¸ao entre espinores quirais e anti-quirais.
28
3.2. Superpart
´
Icula de Brink-Schwarz 29
Para quantizar esta teoria covariantemente (por exemplo, usando quantiza¸ao BRST),
´e necess´ario que exista uma forma de separar covariantemente os v´ınculos de primeira
classe dos v´ınculos de segunda classe. No entanto, isto parece ao ser poss´ıvel; arias
tentativas de atingir este objetivo n˜ao obtiveram sucesso. ao sendo poss´ıvel separar os
ınculos de primeira e segunda classe covariantemente, resta a alternativa de quantizar a
teoria utilizando uma condi¸ao de gauge que quebre a invariˆancia de Lorentz manifesta.
A condi¸ao de gauge mais utilizada com este fim ´eogauge de cone de luz
:
x
+
= P
+
τ, (γ
+
θ)
α
=0. (3.16)
sendo γ
±
= γ
0
±γ
9
. A primeira condi¸ao fixa as reparametriza¸oes associadas ao v´ınculo
P
m
P
m
= 0, e a segunda condi¸ao fixa a simetria kappa.
A escolha de gauge (γ
+
θ)
α
= 0 vem do fato que, para qualquer θ
α
e poss´ıvel fazer
uma transforma¸ao kappa θ
α
= θ
α
+δθ
α
tal que (γ
+
θ
)
α
= 0. Isto pode ser visto primeiro
lembrando que P
m
P
m
= 0, de forma que um referencial poss´ıvel ´e P
0
= P, P
9
= P, P
i
=0.
Usando a nota¸ao de cone de luz P
±
= P
0
±P
9
, temos que P
= P
i
= 0, e a transforma¸ao
de θ
α
´e dada por
δθ
α
=
1
2
P
+
(γ
κ)
α
. (3.17)
O espinor θ
α
pode ser escrito como
θ
α
=
1
4
(γ
+
γ
θ)
α
1
4
(γ
γ
+
θ)
α
, (3.18)
e, se escolhermos o parˆametro da transforma¸ao κ
α
=
1
2P
+
(γ
+
θ)
α
,ent˜ao
θ
α
=
1
4
(γ
+
γ
θ)
α
, (3.19)
e, portanto, (
γ
+
θ
)
α
=0.
29
30 3.2. Superpart
´
Icula de Brink-Schwarz
Da imposi¸ao da condi¸ao (γ
+
θ)
α
= 0, oito componentes do espinor θ
α
ao eliminadas,
e ficamos com um espinor de SO(8), representado por S
a
=
P
+
2
(γ
θ)
a
, com a variando
de 1 a 8. Seguindo com o m´etodo de Dirac, ou seja, construindo os parˆenteses de Dirac
para os campos S
a
, temos que estes espinores satisfazem
{S
a
,S
b
} = δ
ab
, (3.20)
e em analogia com o que sabemos de ´algebras de Clifford,
2S
a
´e uma vers˜ao espinorial
das matrizes de Pauli SO(8):
σ
j
a ˙a
σ
j
b
˙
b
+ σ
j
b ˙a
σ
j
a
˙
b
=2δ
ab
δ
˙a
˙
b
. (3.21)
com i, ˙a variando de 1 a 8. Isto tamem pode ser visto da seguinte forma: se definirmos a
atua¸ao de S
a
sobre estados bosˆonicos |i e sobre estados espinoriais anti-quirais |˙a como
S
a
|˙a =
1
2
σ
i
a ˙a
|i ,
S
a
|i =
1
2
σ
i
a ˙a
|˙a , (3.22)
enao
(S
a
S
b
+ S
b
S
a
) |i =
1
2
(S
a
σ
i
b ˙a
|˙a + S
b
σ
i
a ˙a
|˙a)
=
1
2
(σ
i
b ˙a
σ
j
a ˙a
|j + σ
i
a ˙a
σ
j
b ˙a
|j)
= δ
ab
|i . (3.23)
Assim sendo, os estados f´ısicos da superpart´ıcula ao representados por um vetor de SO(8)
ao-massivo |i e um espinor anti-quiral de SO(8) ao massivo |˙a, ou seja, o espectro de
super Yang-Mills em dez dimens˜oes.
30
3.3. Superpart
´
Icula de Brink-Schwarz no semi-gauge de cone de luz 31
3.3 Superpart´ıcula de Brink-Schwarz no semi-gauge
de cone de luz
Fixando apenas a simetria kappa local, ou seja, impondo apenas a condi¸ao (γ
+
θ)
α
=0,
que ´e chamado semi-gauge de cone de luz e assumindo que P
+
=0,aa¸ao toma a forma
S =
˙x
m
P
m
+
i
2
˙
S
a
S
a
+ eP
m
P
m
, (3.24)
Novamente, a quantiza¸ao canˆonica da ao acima implica que {S
a
,S
b
} = δ
ab
e, portanto,
2S
a
´e uma vers˜ao espinorial das matrizes de Pauli SO(8). Agora o restou a simetria
bosˆonica gerada pelo v´ınculo da camada de massa P
m
P
m
= 0, e seguindo o m´etodo BRST,
podemos fixar esta simetria acrescentando um par de fantasmas (b, c)naa¸ao e escolhendo
o multiplicador de Lagrange e = 1/2. Desta maneira, a a¸ao ´e escrita como
S =
˙x
m
P
m
+
i
2
˙
S
a
S
a
1
2
P
m
P
m
+ i ˙cb
, (3.25)
e a carga BRST tem a forma
Q = cP
m
P
m
, (3.26)
que apresenta esta forma simples pois a simetria kappa local j´a foi fixada.
Geradores da simetria de Lorentz podem ser constru´ıdos para (3.25), apesar da ao
ao ser manifestamente invariante:
N
+
= ix
+
P
+ ix
P
+
,
N
i+
= ix
i
P
+
+ ix
+
P
i
,
N
i
= ix
i
P
+ ix
P
i
(
i
)
˙a
(
j
)
˙a
P
j
2P
+
,
N
ij
= ix
i
P
j
+ ix
j
P
i
1
4
(
ij
S) . (3.27)
31
32 3.3. Superpart
´
Icula de Brink-Schwarz no semi-gauge de cone de luz
Estes geradores ao constru´ıdos de forma usual: sabendo como os vetores e espinores se
transformam por Lorentz, usamos o teorema de Noether para encontrar o gerador. Mas
isto ao funciona quando queremos construir N
i
. A transforma¸ao de Lorentz para o
espinor θ
α
gerada por a
µν
N
µν
´e proporcional a a
µν
(γ
µν
θ)
α
. Tal transforma¸ao preserva
(γ
+
θ)
α
= 0 para todos os geradores, exceto N
i
.
Para contornar o problema exposto acima, devemos compensar as transforma¸oes
kappa de tal forma que a condi¸ao (γ
+
θ)
α
= 0 seja restaurada, e ´e por este motivo que
N
i
tem uma forma mais complicada. Este problema tamb´em ocorre quando trabalhamos
com a ao de Green-Schwarz para a supercorda no gauge de cone de luz [1]: ao tentar
construir os geradores de Lorentz, verificamos que N
i
ao preserva a condi¸ao (γ
+
θ)
α
=
0. Levando em conta este fato, verificamos que o campo fermiˆonico S
a
deve se transformar
como
δS
a
=
(a
i
P
i
)S
a
P
+
+
a
i
σ
i
a ˙a
(
j
)
˙a
P
j
P
+
, (3.28)
garantindo que a ´algebra dos geradores seja a ´algebra correta. Na verdade, no caso de
N
i
com ele mesmo a ´algebra o fecha a menos de uma transforma¸ao BRST, como pode
ser verificado usando os comutadores [P
m
,x
n
]=
mn
e {S
a
,S
b
} = δ
ab
:
[N
i
,N
j
]=
Q,
b(
i
)
˙a
(
j
)
˙a
(P
+
)
2
. (3.29)
Esta se¸ao ser´a importante para a generaliza¸ao do caso em que estamos interessados,
que ´eaa¸ao de Brink-Schwarz no semi-gauge de cone de luz com vari´aveis fermiˆonicas
adicionais. A partir de tal ao, chegaremos `aa¸ao de espinores puros para a super-
part´ıcula, usando argumentos de equivalˆencia entre as cohomologias das cargas BRST
das duas teorias.
32
3.4. Quantiza¸ao covariante da superpart
´
Icula 33
3.4 Quantiza¸ao covariante da superpart´ıcula
Usando o formalismo de espinores puros ´e poss´ıvel quantizar a superpart´ıcula covariante-
mente e obter o espectro de Super Yang-Mills em D=10. Os ingredientes principais do
formalismo s˜ao a carga BRST Q = λ
α
d
α
, sendo d
α
os v´ınculos da simetria kappa e λ
α
o
fantasma associado ao v´ınculo fermiˆonico. Este fantasma ´eumespinor puro bosˆonico, ou
seja, (λγ
m
λ)=0.
´
E esta condi¸ao que garante que Q ser´a nilpotente, como exigido pelo
formalismo BRST.
Por simplicidade, mostraremos que a quantiza¸ao covariante da superpart´ıcula leva
`as equa¸oes de movimento e invariˆancias de gauge da teoria de super Maxwell em 10
dimens˜oes. Antes, ´util apresentar a descri¸ao no super espa¸co para tal teoria.
3.4.1 Descri¸ao no super-espa¸co de super Maxwell em D =10
A teoria de super Maxwell em D =1e descrita, basicamente, por um campo vetorial
de SO(9, 1) a
m
(x), que representa o oton, e um campo espinorial de Lorentz χ
α
(x),
representando o fotino, cujas equa¸oes de movimento seguem:
m
[m
a
n]
=0,∂
m
(γ
m
χ)
α
=0. (3.30)
Estes campos tˆem as seguintes transforma¸oes de gauge:
δa
m
=
m
s, δχ
α
=0, (3.31)
Tamb´em ´e poss´ıvel descrever super Maxwell em dez dimens˜oes espa¸co-temporais on
shell utilizando o formalismo de supercampos. Esta descri¸ao se d´a atrav´es de um super-
campo espinorial A
α
(x, θ), o qual conem os campos do oton e do fotino [24]. Ele satisfaz
as seguintes equa¸oes de movimento no super-espa¸co:
γ
αβ
mnpqr
(D
α
A
β
)=0, (3.32)
33
34 3.4. Quantiza¸ao covariante da superpart
´
Icula
sendo γ
αβ
mnpqr
o produto de cinco matrizes gama (definidas anteriormente) e D
α
a derivada
supersim´etrica definida por:
D
α
=
∂θ
α
+
1
2
(γ
m
θ)
α
m
. (3.33)
O supercampo A
α
(x, θ) se transforma da seguinte maneira por transforma¸oes de gauge:
δA
α
= D
α
Λ , (3.34)
sendo Λ(x, θ) um supercampo escalar qualquer, cuja componente mais baixa ´e o parˆametro
da transforma¸ao de gauge usual s(x). O supercampo A
α
pode ser escrito em componentes
na forma geral abaixo:
A
α
(x, θ)=f
α
(x)+f
αβ
(x)θ
β
+ f
αβγ
(x)θ
β
θ
γ
+ ... (3.35)
Para mostrar que A
α
descreve super Maxwell on shell, usa-se o fato que um bi-espinor
sim´etrico em D=10 pode ser decomposto como
g
αβ
= γ
m
αβ
g
m
+ γ
mnpqr
αβ
g
mnpqr
, (3.36)
ou seja, este pode ser escrito em termos de um vetor g
m
e uma cinco-forma g
mnpqr
.Da
mesma maneira, um bi-espinor antissim´etrico pode ser escrito em termos de uma trˆes-
forma:
g
αβ
= γ
mnp
αβ
g
mnp
. (3.37)
Portanto, a componente f
αβ
(x)deA
α
(x, θe escrita em termos de um vetor (γ
m
αβ
a
m
(x)),
uma trˆes-forma (γ
mnp
αβ
a
mnp
(x)) e uma cinco-forma (γ
mnpqr
αβ
a
mnpqr
(x)). Pode-se escolher uma
forma para o supercampo escalar Λ(x, θ), relacionado ao parˆametro das transforma¸oes
de gauge, de tal maneira que se possa descartar algumas componentes de A
α
. Escolhendo
34
3.4. Quantiza¸ao covariante da superpart
´
Icula 35
Λ(x, θ)=s(x)+h
α
(x)θ
α
+ j
αβ
(x)θ
α
θ
β
, (3.38)
usa-se a componente h
α
(x) para descartar a componente mais baixa de A
α
, ou seja,
f
α
(x) = 0, e a componente j
αβ
(x) para eliminar a parte de trˆes-forma de D
α
A
β
(x) |
θ=0
,
ou seja, a
mnp
(x). Usando a equa¸ao de movimento (3.32), vemos que a parte de cinco-
forma de D
α
A
β
(x) |
θ=0
, a
mnpqr
(x) deve ser zero. Escrevendo f
αβγ
(x) como
f
αβγ
(x) (γ
mnp
)
αλ
χ
λ
(x)(γ
mnp
)
βγ
, (3.39)
e escrevendo todas as componentes mais altas de A
α
(x, θ) em termos de a
m
(x)eχ
α
(x),
temos
A
α
(x, θ)=
1
2
(γ
m
θ)
α
a
m
(x)+
i
12
(θγ
mnp
θ)(γ
mnp
)
αβ
χ
β
(x)+... , (3.40)
sendo a
m
(x) um vetor de SO(9, 1) relacionado ao campo do oton, χ
β
(x) um espinor de
SO(9, 1) relacionado ao fotino e os termos remanescentes ao fun¸oes das derivadas espa¸co-
temporais de a
m
(x)eχ
β
(x). Ainda existe uma simetria de gauge residual relacionada com
a componente mais baixa de Λ(x, θ), s(x), que ´e o parˆametro de gauge das transforma¸oes
dos campos de super Maxwell (3.31). Tamb´em as equa¸oes de movimento (3.30) ao
reproduzidas a partir de (3.32) com a forma acima para A
α
(x, θ).
Com o conhecimento das equa¸oes de movimento e transforma¸oes de gauge dos cam-
pos de super Maxwell, procede-se `a quantiza¸ao da superpart´ıcula via formalismo de
espinores puros.
3.4.2 Quantiza¸ao covariante da superpart´ıcula
Nesta subse¸ao, mostraremos como quantizar a superpart´ıcula usando o formalismo de
espinores puros [17]. Partimos da a¸ao
35
36 3.4. Quantiza¸ao covariante da superpart
´
Icula
S =
˙x
m
P
m
1
2
P
m
P
m
+ i
˙
θ
α
p
α
+ i
˙
λ
α
w
α
, (3.41)
sendo w
α
o momento conjugado a λ
α
. Temos que a fun¸ao de onda mais geral constru´ıda
a partir de (x
m
α
α
) e que seja invariante de Lorentz ´e dada por
Ψ(x, θ, λ)=C(x, θ)+λ
α
A
α
(x, θ)+(λγ
mnpqr
λ)A
mnpqr
(x, θ)+λ
α
λ
β
λ
γ
C
αβγ
(x, θ)+... ,
(3.42)
sendo que C(x, θ), A
α
(x, θ), A
mnpqr
(x, θ), C
αβγ
(x, θ)s˜ao supercampos e ... inclui super-
campos com potˆencias maiores do que trˆes em λ
α
. O supercampo C(x, θ) tem n´umero de
fantasma igual a zero e conem o fantasma espa¸co-temporal, o supercampo A
α
(x, θ) tem
umero de fantasma igual a um e cont´em os campos de super Yang-Mills, o supercampo
A
mnpqr
(x, θ) tem n´umero de fantasma dois e cont´em o anticampos de super Yang-Mills
e, finalmente, C
αβγ
(x, θ) tem umero de fantasma trˆes e cont´em o antifantasma espa¸co-
temporal.
´
E poss´ıvel mostrar que supercampos com umero de fantasma maior do que
trˆes ter˜ao cohomologia trivial.
Aplicando a carga BRST Q = λ
α
d
α
nesta fun¸ao de onda, temos
QΨ=
α
D
α
C
α
λ
β
D
α
A
β
+ ... , (3.43)
e exigindo que QΨ = 0, ou seja, que os estados f´ısicos sejam aniquilados por Q, temos
que o supercampo A
α
(x, θ) satisfaz a equa¸ao de movimento
λ
α
λ
β
D
α
A
β
=0. (3.44)
No entanto, λ
α
λ
β
´e proporcional a (λγ
mnpqr
λ)γ
αβ
mnpqr
, e isto implica que
(
mnpqr
A)=0, (3.45)
que ´e a equa¸ao de movimento de super Maxwell (3.32).
36
3.4. Quantiza¸ao covariante da superpart
´
Icula 37
As transforma¸oes de gauge dos campos podem ser obtidas sabendo que
δΨ=Q , (3.46)
sendo Ω o parˆametro de gauge. Se definimos Ω como sendo
Ω=iΛ+λ
α
W
α
+ ... , (3.47)
temos que A
α
(x, θ) se tranforma como
δA
α
= D
α
Λ , (3.48)
que s˜ao as transforma¸oes de gauge de super Maxwell (3.34). Portanto, A
α
(x, θ) cont´em
os graus de liberdade on shell do oton e do fotino que, como mostrado anteriormente,
satisfazem as equa¸oes de movimento e invariˆancias de gauge
m
[m
a
n]
= γ
m
αβ
m
χ
β
=0a
m
=
m
s. (3.49)
No formalismo de anticampos, as equa¸oes de movimento dos campos correspondem `as
invariˆancias de gauge dos anticampos.
´
Ef´acil ver que os anticampos correspondentes est˜ao
na cohomologia de Q, e que satisfazem as seguintes equa¸oes de movimento e invariˆancias
de gauge:
m
a
m
=0a
m
=
n
(
n
s
m
m
s
n
) χ
α
= γ
m
αβ
m
κ
β
, (3.50)
sendo s
m
e κ
β
parˆametros de gauge. Os anticampos a
m
e χ
α
aparecem como campos
componentes no supercampo A
mnpqr
. O procedimento para obter as equa¸oes de movi-
mento e as invariˆancias de gauge ´e o mesmo mostrado anteriormente: usando QΨ=0
e δΨ=QΩ, obt´em-se as equa¸oes de movimento e as invariˆancias de gauge linearizadas
(3.50). Tamb´em ´e necess´ario escolher o supercampo W
α
de tal maneira a obter a seguinte
forma para A
mnpqr
:
37
38 3.4. Quantiza¸ao covariante da superpart
´
Icula
A
mnpqr
=(θγ
[mnp
θ)(θγ
qr]
)
α
χ
α
(x)+(θγ
[mnp
θ)(θγ
qr]s
θ)a
s
(x)+... , (3.51)
sendo que (...) envolve termos com ordem maior em θ e que dependem de derivadas de
a
m
e χ
α
.
Al´em destes campos e anticampos, est˜ao na cohomologia de Q o fantasma e antifan-
tasma de super Maxwell. O fantasma c(xe a componente θ = 0 do supercampo C(x, θ),
e o antifantasma c
(xe encontrado na componente (θ)
5
do supercampo C
αβγ
(x, θ).
Como mencionado anteriormente, ´e poss´ıvel mostrar que estes campos e anticampos
ao os ´unicos que aparecem na cohomologia de Q, pois na expans˜ao de Ψ(x, θ, λ)os
supercampos com n´umero de fantasma maior do que trˆes tˆem cohomologia trivial.
Portanto, foi mostrado que o formalismo de espinores puros fornece o espectro correto
para a superpart´ıcula, neste caso, a vers˜ao linearizada de super Yang-Mills, que ´e a teoria
de super Maxwell.
38
Cap´ıtulo 4
Supercorda
Dentre os formalismos padr˜ao mais utilizados para descrever a supercorda est˜ao o for-
malismo de Ramond-Neveu-Schwarz (RNS) e o formalismo de Green-Schwarz (GS). No
entanto, tanto um formalismo como o outro possui caracter´ısticas indesej´aveis para a
quantiza¸ao da supercorda.
O formalismo RNS possui supersimetria na folha de mundo, e a constata¸ao de que ´e
uma teoria supersim´etrica no espa¸co-tempo se faz de maneira indireta, atrav´es da proje¸ao
GSO. Por causa desta falta de supersimetria manifesta no espa¸co-tempo, o alculo de
amplitudes de espalhamento envolvendo f´ermions ´e uma tarefa ´ardua, devido `a forma dos
operadores de v´ertice fermiˆonicos.
A supercorda de Green-Schwarz apresenta supersimetria manifesta no espa¸co-tempo,
e seria o formalismo natural para alculos em supercordas. No entanto, devido `a simetria
kappa, quantiza¸ao covariante neste formalismo ao tem se mostrado poss´ıvel. A alter-
nativa para este problema ´e trabalhar no gauge de cone de luz. Neste gauge,c´alculos de
amplitudes de espalhamento ao dif´ıceis devido `a falta da covariˆancia manifesta. De fato,
apenas amplitudes de quatro pontos no n´ıvel de ´arvore e a um loop foram calculadas.
Al´em disso, e poss´ıvel trabalhar com backgrounds em que esta escolha de gauge seja
permitida.
A quantiza¸ao covariante da supercorda ´e poss´ıvel utilizando o formalismo de espinores
39
40 4.1. Supercorda RNS
puros. Este formalismo consiste numa a¸ao quadr´atica, e os estados f´ısicos s˜ao definidos
como sendo aqueles pertencentes `a cohomologia do operador BRST Q =
dzλ
α
d
α
, sendo
λ
α
um espinor puro definido pela restri¸ao (λγ
m
λ) = 0, com m = 0 at´e9.
Neste cap´ıtulo ser´a apresentada uma revis˜ao da supercorda RNS, e suas caracter´ısticas
asicas. Tamb´em falaremos sobre a supercorda de Green-Schwarz, sua fixa¸ao no gauge
de cone de luz e semi-gauge de cone de luz. Por fim, a supercorda no formalismo de
espinores puros tamb´em ser´a discutida.
4.1 Supercorda RNS
A supercorda RNS (Ramond-Neveu-Schwarz) ´e descrita pela a¸ao
S =
1
4π
d
2
z
∂X
m
¯
∂X
m
+ ψ
m
¯
∂ψ
m
+
ψ
m
ψ
m
, (4.1)
sendo X
m
as coordenadas do espa¸co-tempo e um escalar na folha de mundo, ψ
m
e
ψ
m
vetores de SO(9, 1) anticomutantes e m varia de1a9. Asvari´aveis z z ao coordenadas
complexas que parametrizam a folha de mundo, e a etrica ´e η
z¯z
=2,η
zz
= η
¯z¯z
=0.
Aqui, temos uma analogia com a part´ıcula relativ´ıstica de spin 1/2: a ao (4.1) tem
supersimetria manifesta na folha de mundo, mas ao no espa¸co-tempo, pois os campos
ψ
m
e
ψ
m
ao ao espinores no espa¸co-tempo. A supersimetria em dez dimens˜oes o
´e verificada depois de se efetuar a proje¸ao GSO (Gliozzi-Scherk-Olive), sobre a qual
falaremos um pouco no decorrer da se¸ao.
A formula¸ao RNS ´e uma teoria superconforme na folha de mundo que possui os
seguintes geradores:
T =
1
2
∂X
m
∂X
m
1
2
ψ
m
∂ψ
m
,
G =
m
∂X
m
, (4.2)
40
4.1. Supercorda RNS 41
e express˜oes an´alogas para o setor anti-holom´orfico.
´
Ef´acil verificar que satisfazem a
´algebra superconforme com carga central c = 15 na folha de mundo (com D sendo a
dimens˜ao do espa¸co-tempo):
T (y)T (z) −→
3D
4(y z)
4
+
2T (z)
(y z)
2
+
∂T(z)
y z
,
T (y)G(z) −→
3G(z)
2(y z)
2
+
∂G(z)
y z
,
G(y)G(z) −→
D
(y z)
3
+
2T (z)
y z
. (4.3)
Acima, usamos os OPE’s dos campos X
m
e ψ
m
:
X
m
(y, ¯y)X
n
(z, ¯z) −→ η
mn
log | y z |
2
,
ψ
m
(y)ψ
n
(z) −→
η
mn
y z
. (4.4)
Estamos interessados em estudar o espectro da supercorda, e para isto, come¸caremos
pela corda fechada. Em coordenadas cil´ındricas, a a¸ao fermiˆonica
S
F
=
1
4π
d
2
w(ψ
m
¯w
ψ
m
+
ψ
m
w
ψ
m
) , (4.5)
deve ser invariante sob w −→ w +2π (periodicidade). Respeitando esta condi¸ao e a
invariˆancia de Lorentz, as duas poss´ıveis condi¸oes de periodicidade para os f´ermions ao:
Ramond : ψ
m
(w +2π)=+ψ
m
(w) ,
Neveu Schwarz : ψ
m
(w +2π)=ψ
m
(w) , (4.6)
e de forma an´aloga para
ψ
m
. Os campos X
m
tamb´em devem ser peri´odicos. A supercor-
rente G deve ter a mesma condi¸ao de periodicidade escolhida para o campo ψ
m
(setor
holom´orfico). Assim, dadas as condi¸oes de contorno, existem quatro diferentes tipos de
41
42 4.1. Supercorda RNS
supercorda fechada que podemos construir, cada uma com um espa¸co de Hilbert diferente:
NS-NS, NS-R, R-NS e R-R.
Vamos escrever os campos fermiˆonicos em termos de modos de Fourier:
ψ
m
(w)=i
1/2
rZ+θ
ψ
m
r
exp(irw) ,
ψ
m
w)=i
1/2
rZ+
¯
θ
ψ
m
r
exp(ir ¯w) . (4.7)
Acima, θ e
¯
θ ao iguais a zero no setor R e iguais a 1/2 no setor NS. Podemos substituir
exp(iw) −→ z (e analogamente para ¯w), e portanto devemos transformar os campos da
seguinte forma
ψ
m
(z)=(
z
w)
1/2
ψ
m
(w)=i
1/2
z
1/2
ψ
m
(w) . (4.8)
Assim, podemos expressar os campos ψ
m
e
ψ
m
em termos de z z e escrever suas expans˜oes
de Laurent:
ψ
m
(z)=
rZ+θ
ψ
m
r
z
r+1/2
,
ψ
m
z)=
rZ+
¯
θ
ψ
m
r
¯z
r+1/2
. (4.9)
No caso bosˆonico, temos
∂X
m
(z)=i
a=−∞
α
m
a
z
a+1
,
¯
∂X
m
z)=i
a=−∞
α
m
a
¯z
a+1
, (4.10)
sendo que α
m
0
= α
m
0
= p
m
na corda fechada e α
m
0
=2p
m
no caso da corda aberta, e p
m
´e o momento do centro de massa da corda. A quantiza¸ao canˆonica fornece as seguintes
rela¸oes:
42
4.1. Supercorda RNS 43
[α
m
a
n
b
]=[α
m
a
, α
n
b
]=
mn
δ
a,b
,
{ψ
m
r
n
s
} = {
ψ
m
r
,
ψ
n
s
} = η
mn
δ
r,s
. (4.11)
Para a corda aberta, as condi¸oes de contorno para os f´ermions (respeitando o requer-
imento que o termo de superf´ıcie se anule) s˜ao as seguintes:
ψ
m
(0
2
) = exp(2πiθ)
ψ
m
(0
2
) ,
ψ
m
(π, σ
2
) = exp(2πiθ
)
ψ
m
(π, σ
2
) , (4.12)
sendo que θ e θ
assumem os valores de 0 e 1/2, correspondendo aos setores R e NS.
Considerando apenas um conjunto de osciladores, o espectro do setor NS ´e obtido
da seguinte forma: como ao a o modo r =0,ov´acuo ´e definido como aquele que ´e
aniquilado por todos os modos com r>0,
ψ
m
r
|0
NS
= 0 para r>0 , (4.13)
e o espectro ´e constru´ıdo atraes da a¸ao dos operadores de cria¸ao (r<0).
a no caso do setor R, o acuo ´e degenerado devido aos modos ψ
m
0
que satisfazem a
´algebra de matrizes gama de Dirac, com
Γ
m
=
2ψ
m
0
. (4.14)
Como {ψ
m
r
n
0
} = 0 para r = 0, os operadores ψ
m
0
levam estados de acuo em estados
de acuo. Eles formam uma representa¸ao das matrizes gama de Dirac, que no caso de
D = 10, tem dimens˜ao igual a 32. Esta representa¸ao se reduz a duas representa¸oes de
Weyl inequivalentes 16+16’, que possuem autovalores diferentes com rela¸ao `a matriz
Γ
11
, definida por
43
44 4.1. Supercorda RNS
Γ
11
0
Γ
1
...Γ
9
. (4.15)
Como Γ
11
comuta com todos os Γ
m
, ou seja, os ψ
m
0
, seria interessante construir um
operador com esta propriedade para todo o espectro da corda, ou seja, para os ψ
m
r
com
r = 0. Primeiro , vamos escrever os geradores de Lorentz:
Σ
mn
=
i
2
rZ+θ
[ψ
m
r
n
r
] , (4.16)
e definir
S
α
= i
δ
α,0
Σ
2α,2α+1
, (4.17)
com α variando de 0 a 4. Finalmente, definimos a seguinte quantidade:
F =
4
α=0
S
α
, (4.18)
que ´e chamado de n´umero de ermion da folha de mundo. Com F construimos o operador
que queremos, exp(πiF), que ser´a usado como projetor na chamada proje¸ao GSO.
Com rela¸ao ao espectro das diferentes cordas que podem ser constru´ıdas, comentare-
mos apenas o caso da corda aberta. Ap´os a inclus˜ao de fantasmas superconformes
((b, c) −→ anticomutantes, (β,γ) −→ comutantes), temos uma teoria com carga cen-
tral igual a zero. Procedendo `a quantiza¸ao desta teoria, no caso da corda aberta, temos
que no setor NS o estado de mais baixa energia ´eumt´aquion, que possui autovalor igual
a -1 com rela¸ao ao operador exp(πiF). O primeiro estado excitado ´e uma representa¸ao
vetorial ao massiva do grupo SO(8), com autovalor +1 com rela¸ao a exp(πiF). No
setor R, o estado de mais baixa energia ´e a representa¸ao que vimos anteriormente, 32
= 16+16’, que, ap´os usarmos a equa¸ao de Dirac, fica sendo apenas 8+8’. A repre-
senta¸ao 8 tem autovalor +1 com rela¸ao a exp(πiF)e8’ tem autovalor -1. Tamb´em ao
representa¸oes n˜ao massivas.
44
4.2. Supercorda de Green-Schwarz 45
De forma a obter uma teoria de corda aberta consistente, escolhe-se como sendo estados
ısicos aqueles estados que possuem autovalor +1 perante o operador exp(πiF); esta ´ea
chamada proje¸ao GSO. Desta forma, eliminamos o aquion do setor NS. Fazendo este
procedimento para todo o espectro, como conseq¨encia a supersimetria no espa¸co-tempo
´e verificada. Por exemplo, para os modos n˜ao massivos, temos oito estados bosˆonicos do
setor NS e oito estados fermiˆonicos do setor R
.
Oc´alculo de amplitudes de espalhamento envolvendo f´ermions (que vem do setor R)
neste formalismo ´e uma tarefa ´ardua justamente pela falta de supersimetria manifesta no
espa¸co-tempo. Os operadores de v´ertice fermiˆonicos s˜ao muito complicados, tornando os
alculos expl´ıcitos muito dif´ıceis de serem feitos. a o setor NS ´e bem compreendido. Por
estes motivos ´e que seria interessante trabalhar com uma teoria que tivesse supersimetria
manifesta no espa¸co-tempo, o que acontece com a supercorda de Green-Schwarz. No
entanto, esta formula¸ao tamb´em apresenta dificuldades, como ser´a visto na pr´oxima
se¸ao.
4.2 Supercorda de Green-Schwarz
Aa¸ao de Green-Schwarz para a supercorda pode ser escrita como
S =
1
π
d
2
z
1
2
∂X
m
¯
∂X
m
1
2
∂X
m
(θγ
m
¯
∂θ)
1
4
(θγ
m
¯
∂θ)(θγ
m
∂θ) + termos anti-holom´orficos
.
(4.19)
sendo X
m
um vetor de SO(9, 1) e escalar na folha de mundo, e θ
α
um espinor de Lorentz
no espa¸co-tempo e um escalar na folha de mundo. As conven¸oes das matrizes γ
m
αβ
eda
etrica no espa¸co-tempo ao alidas aqui. Vamos trabalhar o com o setor holom´orfico
da ao pois o que acontece no setor anti-holom´orfico ´e an´alogo. De modo a garantir a
A proje¸ao GSO, como apresentada, ´e um procedimento ad hoc. No entanto, verifica-se que a fun¸ao
parti¸ao s´e invariante modular ap´os se efetuar a proje¸ao GSO [2]. Portanto, esta proje¸ao ´e necess´aria
para consistˆencia da teoria.
45
46 4.2. Supercorda de Green-Schwarz
unitariedade da teoria, a a¸ao possui invariˆancia kappa, que elimina os estados de norma
negativa. Seus geradores est˜ao relacionados aos v´ınculos
d
α
= p
α
+(θγ
m
)
α
(2∂X
m
+(θγ
m
∂θ)) . (4.20)
algebra que estes v´ınculos obedecem ´e representada pelos seguintes OPE’s:
d
α
(y)d
β
(z) −→
4γ
m
αβ
Π
m
y z
, (4.21)
sendo
Π
m
= ∂X
m
(θγ
m
∂θ) , (4.22)
e os OPE’s fundamentais utilizados nestes c´alculos s˜ao:
θ
α
(y)p
β
(z) −→
δ
α
β
y z
, (4.23)
X
m
(y, ¯y)X
n
(z, ¯z) −→
1
2
η
mn
log | y z |
2
. (4.24)
Aa¸ao (4.19) tamb´em ´e invariante por reparametriza¸oes, e o v´ınculo de Virasoro ´e
T
m
Π
m
=0. (4.25)
Com esta informa¸ao, podemos analisar a equa¸ao (4.21): ela nos diz que, como Π
m
Π
m
=
0, metade dos v´ınculos d
α
ao de primeira classe e a outra metade ´e de segunda classe.
Comparando com o caso da superpart´ıcula, tamb´em aqui ao ´e poss´ıvel separar estes
ınculos de forma covariante, e os mesmos problemas que apareceram no caso da su-
perpart´ıcula aparecem aqui. A alternativa continua sendo fixar as simetrias de gauge
utilizando condi¸oes de gauge que n˜ao preservam a invariˆancia de Lorentz, como ´e o caso
do gauge de cone de luz.
Impondo as condi¸oes do
gauge
de cone de luz:
46
4.2. Supercorda de Green-Schwarz 47
X
+
(z, ¯z)=x
+
+ p
+
τ, (γ
+
θ)
α
=0, (4.26)
sendo x
+
e p
+
coordenada e momento do centro de massa da corda, a a¸ao se reduz a
S =
1
π
d
2
z
1
2
∂X
i
¯
∂X
i
+
1
4
∂X
+
(θγ
¯
∂θ)
=
1
π
d
2
z
1
2
∂X
i
¯
∂X
i
+
1
2
S
a
¯
∂S
a
, (4.27)
sendo S
a
=
∂X
+
2
(γ
θ)
a
um espinor de SO(8). A quantiza¸ao covariante da ao implica
S
a
(y)S
b
(z) −→
δ
ab
y z
. (4.28)
As equa¸oes de movimento que vem da a¸ao (4.27) s˜ao as seguintes:
¯
∂X
i
(z, ¯z)=0,
¯
∂S
a
(z)=0. (4.29)
Como vamos trabalhar com a supercorda aberta, as condi¸oes de contorno para os campos,
neste caso, ser˜ao:
∂X
i
=
¯
∂X
i
em z z,
S
a
(z)=
S
a
z)emz z, (4.30)
sendo S
a
o campo fermiˆonico anti-holom´orfico. A condi¸ao de igualar na fronteira os
campos fermiˆonicos holom´orfico e anti-holom´orfico reduz a supersimetria da teoria de
N = 2 para N = 1 de modo a preservar sua consistˆencia. Podemos expressar os campos
∂X
i
e S
a
em termos de suas expans˜oes em s´eries de Laurent:
47
48 4.2. Supercorda de Green-Schwarz
∂X
i
(z)=
i
2
m=−∞
α
i
m
z
m+1
,
S
a
(z)=
m=−∞
S
a,m
z
m+1/2
, (4.31)
Usando (4.28), vemos que os modos S
a,m
obedecem `algebra:
{S
a,m
,S
b,n
} = δ
ab
δ
m,n
. (4.32)
Em particular, os modos zero S
a,0
ao uma vers˜ao espinorial das matrizes de Pauli de
SO(8) σ
i
a ˙a
, introduzidas no cap´ıtulo 3. Portanto, a ´algebra dos modos zero S
a,0
pode
ser representada num espa¸co vetorial 8
v
+ 8
c
da mesma forma como foi feito para a
superpart´ıcula, ou seja,
S
a,0
|i =
1
2
σ
i
a ˙a
|˙a ,
S
a,0
|˙a =
1
2
σ
i
a ˙a
|i , (4.33)
Este ´e o multipleto completo obtido nas duas constru¸oes separadas do formalismo RNS:
temos oito estados fermiˆonicos e oito estados bosˆonicos, que correspondem precisamente
ao espectro da superpart´ıcula, ou seja, teoria de super Yang-Mills em D=10. Para obter
os estados excitados da supercorda aberta, atua-se com os operadores de cria¸ao α
i
m
e
S
a,m
sobre os estados de v´acuo |i e |˙a.
a uma maneira de relacionar as oes no cone de luz dos formalismos de Green-
Schwarz e RNS, mostrando sua equivalˆencia quando se trabalha nesta escolha de gauge
[1]. Escrevendo a a¸ao de RNS no cone de luz como
S =
1
4π
d
2
z(∂X
i
¯
∂X
i
i
σ
α
α
Ψ
i
) , (4.34)
48
4.2. Supercorda de Green-Schwarz 49
sendo que o ´ındice α est´a relacionado `as vari´aveis z z, e as matrizes σ
α
ao definidas
como
σ
z
=
00
01
¯z
=
10
00
, (4.35)
i
´e escrito em termos de ψ
i
e
ψ
i
como
Ψ
i
=
ψ
i
ψ
i
. (4.36)
Vamos relacionar a ao RNS no gauge de cone de luz com a ao de Green-Schwarz no
gauge de cone de luz, escrita na seguinte forma:
S =
1
2π
d
2
z(∂X
i
¯
∂X
i
+ S
a
σ
α
α
S
a
) , (4.37)
sendo
S
a
=
S
a
¯
S
a
. (4.38)
Note que, no caso de Green-Schwarz, S
a
pertence `a representa¸ao 8
s
de SO(8) e no caso
RNS, ψ
i
pertence `a representa¸ao 8
v
.
As duas descri¸oes no gauge de cone de luz ser˜ao relacionadas bosonizando os ermions
Ψ
i
e, depois, fermionizando-os. Primeiro, introduzimos quatro escalares reais:
αβ
β
φ
1
1
σ
α
Ψ
2
,
αβ
β
φ
2
3
σ
α
Ψ
4
,
αβ
β
φ
3
5
σ
α
Ψ
6
,
αβ
β
φ
4
7
σ
α
Ψ
8
, (4.39)
e depois recombinamos os escalares em novos campos:
49
50 4.2. Supercorda de Green-Schwarz
τ
1
=
1
2
(φ
1
+ φ
2
+ φ
3
+ φ
4
) ,
τ
2
=
1
2
(φ
1
+ φ
2
φ
3
φ
4
) ,
τ
3
=
1
2
(φ
1
φ
2
+ φ
3
φ
4
) ,
τ
4
=
1
2
(φ
1
φ
2
φ
3
+ φ
4
) . (4.40)
Por fim, vamos fermionizar estes campos introduzindo f´ermions de Majorana S
a
como
abaixo:
αβ
β
τ
1
= S
1
σ
α
S
2
,
αβ
β
τ
2
= S
3
σ
α
S
4
,
αβ
β
τ
3
= S
5
σ
α
S
6
,
αβ
β
τ
4
= S
7
σ
α
S
8
. (4.41)
Estas manipula¸oes ao poss´ıveis devido a uma caracter´ıstica do grupo SO(8), chamada
trialidade. Esta simetria extra do grupo SO(8) permite relacionar as representa¸oes es-
pinoriais 8
s
e 8
c
com as representa¸oes vetoriais 8
v
.
Oc´alculo de amplitudes de espalhamento neste formalismo no gauge de cone de luz
tamb´em enfrenta problemas, devido `a falta de covariˆancia manifesta (Lorentz), visto que
esta escolha de gauge ao ´e covariante. Apenas amplitudes de quatro pontos em n´ıvel de
´arvore e a um loop foram calculadas. Al´em disto, este alculo e poss´ıvel em backgrounds
em que o gauge de cone de luz ´e permitido. Por este motivo, este formalismo ao ´e muito
utilizado para estes fins, em favor do formalismo RNS, que tamb´em tem dificuldades, mas
´e mais trat´avel.
50
4.2. Supercorda de Green-Schwarz 51
4.2.1 Supercorda de Green-Schwarz no semi-gauge de cone de
luz
A supercorda de Green-Schwarz tamb´em pode ser quantizada no semi-gauge de cone de
luz, que significa fixar apenas a simetria fermiˆonica local kappa impondo (γ
+
θ)
α
=0.
Neste gauge,aa¸ao de Green-Schwarz para a supercorda ´e escrita como
S =
1
π
d
2
z
1
2
∂X
m
¯
∂X
m
+
1
2
S
a
¯
∂S
a
+ termos anti-holom´orficos
, (4.42)
e, novamente, S
a
=
∂X
+
2
(γ
θ)
a
´e um espinor quiral de SO(8). a ainda uma simetria
local bosˆonica gerada pelo tensor de energia momento
T
m
= ∂X
∂X
+
+ ∂X
i
∂X
i
1
2
S
a
∂S
a
+
1
2
2
(log ∂X
+
) . (4.43)
Acima, o termo
1
2
2
(log ∂X
+
) vem da fixa¸ao de gauge ao covariante, e ´e necess´ario
tanto para invariˆancia conforme quanto para invariˆancia de Lorentz quˆantica. Usando os
OPE’s de X
m
e S
a
, verifica-se que T
m
tem carga central c = 26, que ´e compensada com
a inclus˜ao dos fantasmas, totalizando uma carga central igual a zero. O operador BRST
´e constru´ıdo de forma usual:
Q =
dz(cT
m
+ bc∂c) , (4.44)
sendo (b, c) o par de fantasmas fermiˆonicos. A ao, incluindo os fantasmas, toma a forma
S =
1
π
d
2
z
1
2
∂X
m
¯
∂X
m
+
1
2
S
a
¯
∂S
a
+ b
¯
∂c + termos anti-holom´orficos
. (4.45)
A constru¸ao de geradores de Lorentz para a ao (4.45) tamb´em ter´a as mesmas
complica¸oes observadas no caso da superpart´ıcula no semi-gauge de cone de luz: o gerador
N
i
ao preserva a condi¸ao de gauge (γ
+
θ)
α
= 0 e, portanto, sua constru¸ao implica em
compensar as transforma¸oes kappa para restaurar a condi¸ao de gauge. Por este motivo,
51
52 4.3. Quantiza¸ao covariante da supercorda
a forma de N
i
´e mais complicada do que seria no caso em que se tem simetria de Lorentz
manifesta. Os outros geradores, por preservarem (γ
+
θ)
α
=0,tˆem a forma usual:
N
ij
= X
i
∂X
j
+ X
j
∂X
i
1
4
(
ij
S) ,
N
+
=
1
2
X
+
∂X
+
1
2
X
∂X
+
,
N
i+
= X
i
∂X
+
+ X
+
∂X
i
,
N
i
= X
i
∂X
+ X
∂X
i
(
i
)
˙a
(
j
)
˙a
∂X
j
2∂X
+
, (4.46)
Como no caso da superpart´ıcula, a ´algebra dos geradores ´ea´algebra de Lorentz, exceto
pelo comutador de N
i
com ele mesmo:
dyN
i
(y),
dzN
j
(z)
=
Q,
dz
b(
i
)
˙a
(
j
)
˙a
(∂X
+
)
2
(z)
, (4.47)
indicando que a ´algebra fecha a menos de uma transforma¸ao BRST.
4.3 Quantiza¸ao covariante da supercorda
Desde que foi constatado o problema da quantiza¸ao covariante da supercorda de Green-
Schwarz, arias tentativas de resolver o problema foram feitas. Uma tentativa que vale
a pena mencionar ´e o trabalho de Siegel [6], que em 1986 sugeriu a seguinte a¸ao para a
supercorda:
S =
d
2
z
1
2
∂X
m
¯
∂X
m
+ p
α
¯
∂θ
α
, (4.48)
sendo que o ´ındice espinorial α vai de 1 a 16, e o momento conjugado a θ
α
, p
α
e tratado
como um campo independente. Ele tamb´em substituiu os v´ınculos da simetria kappa d
α
por um conjunto de v´ınculos de primeira classe e segunda classe constru´ıdos a partir dos
objetos supersim´etricos Π
m
, d
α
e ∂θ
α
.Al´em disto, n˜ao ´e exigido que d
α
se anule, como ´e
o caso quando a teoria apresenta v´ınculos. Este conjunto de v´ınculos inclui
52
4.3. Quantiza¸ao covariante da supercorda 53
A =
1
2
Π
m
Π
m
d
α
∂θ
α
,
B
α
m
(γ
m
d)
α
,
C
mnp
= d
α
(γ
mnp
)
αβ
d
β
. (4.49)
Acima, A ´eov´ınculo de Virasoro, B
α
´e o gerador da simetria kappa e C
mnp
seria a parte
dos v´ınculos de segunda classe que aparece em Green-Schwarz. Este procedimento tamb´em
foi aplicado `a superpart´ıcula, com um certo sucesso [7]; no entanto, para a supercorda
um conjunto de v´ınculos de primeira classe que fechasse a ´algebra no n´ıvel quˆantico e que
reproduzisse o espectro correto n˜ao pˆode ser encontrado.
Outra tentativa de se quantizar a supercorda covariantemente foi feito por Carlip e
Kallosh et al [8]. Nesta tentativa, a supercorda de Green-Schwarz foi quantizada usando-
se o semi-gauge de cone de luz. Esta tentativa tamb´em se mostrou infrut´ıfera devido a
problemas com o propagador dos f´ermions.
Em 2000, um novo formalismo com supersimetria manifesta para a supercorda surgiu,
chamado de formalismo de espinores puros [10]. Este formalismo apresenta uma ao
quadr´atica e novos ingredientes que permitem quantizar a ao covariantemente e obter
o espectro correto para a supercorda. Este ´e o assunto da pr´oxima subse¸ao.
4.3.1 Supercorda no formalismo de espinores puros
A quantiza¸ao covariante da supercorda com supersimetria e simetria de Lorentz mani-
festas pode ser feita a partir da seguinte a¸ao
S =
1
π
d
2
z
1
2
∂X
m
¯
∂X
m
+ p
α
¯
∂θ
α
+ f
α
d
α
+ termos anti-holom´orficos
, (4.50)
sendo p
α
o momento conjugado do espinor de Lorentz θ
α
e f
α
um multiplicador de La-
grange que imp˜oeov´ınculo fermiˆonico (4.20). Usando o m´etodo BRST, a ao pode ser
53
54 4.3. Quantiza¸ao covariante da supercorda
fixada introduzindo-se um par de fantasmas espinoriais bosˆonicos (λ
α
,w
α
) e escolhendo
f
α
=0:
S =
1
π
d
2
z
1
2
∂X
m
¯
∂X
m
+ p
α
¯
∂θ
α
+
¯
∂λ
α
w
α
+ termos anti-holom´orficos
. (4.51)
O fantasma λ
α
´e um espinor puro, ou seja, λ
α
γ
m
αβ
λ
β
=0,ew
α
´e seu momento conjugado.
O operador BRST, neste formalismo, ´e
Q =
dzλ
α
d
α
, (4.52)
que ´e nilpotente gra¸cas a (λγ
m
λ) = 0. O fato do fantasma λ
α
obedecer a um v´ınculo ´e
algo que ao aparece no etodo BRST usual; no entanto, ´e poss´ıvel derivar esta condi¸ao
e o operador BRST (4.52) a partir da ao de Green-Schwarz no semi-gauge de cone de
luz com vari´aveis fermiˆonicas adicionais. Isto ser´a mostrado no cap´ıtulo 5.
4.3.2 Parametriza¸ao do espinor puro e constru¸ao dos ger-
adores de Lorentz
De forma a construir a parte dos fantasmas N
mn
dos geradores de Lorentz, primeiro temos
que resolver o v´ınculo do espinor puro λ
α
γ
m
αβ
λ
β
= 0. Para isto, vamos parametrizar λ
α
em termos de representa¸oes do subgrupo U(5) de SO(10):
λ
+
= e
s
ab
= u
ab
a
=
1
8
e
s
abcde
u
bc
u
de
, (4.53)
sendo que a, b, c, d, e variam de1a5,u
ab
= u
ba
ao dez vari´aveis independentes. O
espinor λ
α
est´a escrito em termos das representa¸oes 1
5/2
, 10
1/2
e5
3/2
de SU(5)
U(1)
.A
maneira de se obter estas representa¸oes ´e escrever um espinor SO(10) usando a nota¸ao
[±±±±±], sendo que espinores de Weyl e anti-Weyl tem n´umero ´ımpar e par, respec-
tivamente, de sinais +. No caso de λ
α
, que ´e um espinor de Weyl, λ
+
´e a representa¸ao
com cinco sinais +,
λ
ab
a representa¸ao com trˆes sinais + e
λ
a
a representa¸ao com um
54
4.3. Quantiza¸ao covariante da supercorda 55
sinal +. Como λ
a
depende de u
ab
e s, temos enao 11 componentes independentes, que ´e
on´umero de componentes independentes de um espinor puro.
Aa¸ao para os fantasmas, escrita em termos dos campos que parametrizam λ
α
e dada
por
S
λ
=
d
2
z
¯
∂t∂s
1
2
v
ab
¯
∂u
ab
, (4.54)
sendo t e v
ab
os momentos conjugados a s e u
ab
, respectivamente; eles ao os campos que
parametrizam w
α
na nota¸ao U(5). A ´algebra destes campos, em termos de OPE’s, ´ea
seguinte:
t(y)s(z) −→ log(y z) ,
v
ab
(y)u
cd
(z) −→
δ
[a
c
δ
b]
d
y z
. (4.55)
A parte de fantasmas dos geradores de Lorentz N
mn
tamb´em pode ser colocada na
nota¸ao U(5). Eles s˜ao constru´ıdos a partir dos campos (s, t)e(u
ab
,v
ab
):
N =
1
5
1
4
u
ab
v
ab
+
5
2
∂t
5
2
∂s
,
N
b
a
= u
ac
v
bc
1
5
δ
b
a
u
cd
v
cd
,
N
ab
= e
s
v
ab
,
N
ab
= e
s
2∂u
ab
u
ab
∂t 2u
ab
∂s + u
ac
u
bd
v
cd
1
2
u
ab
u
cd
v
cd
. (4.56)
As componentes U(5) de N
mn
(N,N
b
a
,N
ab
,N
ab
) se transformam de acordo com as rep-
resenta¸oes (1
0
, 24
0
, 10
2
,
¯
10
2
)deSU(5)
U(1)
, respectivamente. Os geradores (4.56) devem
satisfazer os seguintes OPE’s:
55
56 4.3. Quantiza¸ao covariante da supercorda
N
mn
(y)λ
α
(z) −→
(γ
mn
)
α
β
λ
β
(z)
2(y z)
,
N
kl
(y)N
mn
(z) −→
η
m[l
N
k]n
η
n[l
N
k]m
(z)
y z
3(η
kn
η
lm
η
km
η
ln
)
(y z)
2
, (4.57)
o que de fato acontece. Portanto, ao ´e necess´ario trabalhar com a nota¸ao U(5), visto
que os OPE’s que envolvem λ
α
e N
mn
ao SO(10) covariantes.
O tensor de energia-momento para as vari´aveis fantasma ´e dado por
T
λ
=
1
2
v
ab
∂u
ab
+ ∂t∂s +
2
s, (4.58)
sendo que o termo
2
s ´e inclu´ıdo para que os geradores de Lorentz N
mn
sejam tensores na
´algebra conforme. Este tensor tem carga central +22 (que ´e cancelada pela carga central
-22 do setor de mat´eria da teoria) e pode ser escrito de forma covariante como
T
λ
=
1
10
N
mn
N
mn
1
8
J
2
∂J , (4.59)
sendo que J ´e escrito em termos dos campos U(5):
J =
1
2
u
ab
v
ab
+ ∂t +3∂s . (4.60)
J ao tem p´olos com N
mn
, e satisfaz os seguintes OPE’s:
J(y)J(z) −→
4
(y z)
2
,
J(y)λ
α
(z) −→
λ
α
y z
. (4.61)
O operador
J pode ser identificado como o operador de umero de fantasma, e enao
λ
α
tem n´umero de fantasma um.
56
4.3. Quantiza¸ao covariante da supercorda 57
4.3.3 Operadores de v´ertice em espinores puros
No formalismo de espinores puros, os estados f´ısicos da supercorda ao identificados como
estados de n´umero de fantasma um na cohomologia do operador BRST
Q =
dzλ
α
(z)d
α
(z) , (4.62)
sendo que λ
α
deve satisfazer (λγ
m
λ) = 0, ou seja, ele ´e um espinor puro. Esta condi¸ao
tamb´em implica que w
α
, o momento conjugado a λ
α
,s´o pode aparecer em combina¸oes
que s˜ao invariantes pela transforma¸ao de gauge abaixo:
δw
α
=(γ
m
λ)
α
Λ
m
. (4.63)
sendo Λ
m
um parˆametro de gauge arbitr´ario. Enao w
α
o aparece nas seguintes com-
bina¸oes:
N
mn
=
1
2
:(
mn
λ):,
J =: w
α
λ
α
: , (4.64)
sendo N
mn
e J definidos explicitamente em termos dos campos U(5) como na se¸ao
anterior. Os operadores de v´ertice da supercorda aberta s˜ao constru´ıdos como uma com-
bina¸ao arbitr´aria de [x
m
α
,d
α
α
,N
mn
,J], que tˆem n´umero de fantasma um e peso
conforme n a momento zero. No caso, n est´a relacionado com o n´umero do estado, ou
seja, (massa)
2
= n/2.
No caso do estado que tem (massa)
2
= 0, ou seja, n = 0, o operador de ertice mais
geral que pode ser constru´ıdo ´e
U = λ
α
A
α
(x, θ) , (4.65)
sendo A
α
um supercampo espinorial. Em analogia com a superpart´ıcula, se fazemos
QU
=0e
δU
=
Q
obtemos as equa¸oes de movimento de super Maxwell
γ
αβ
mnpqr
D
α
A
β
=0
57
58 4.3. Quantiza¸ao covariante da supercorda
e suas invariˆancias de gauge δA
α
= D
α
Ω. O operador de v´ertice para o pr´oximo estado,
ou seja, n = 1 e (massa)
2
=1/2, foi constru´ıdo em [25], e segue as id´eias asicas da
constru¸ao do operador de v´ertice para o estado fundamental.
Para calcular amplitudes de espalhamento, tamb´em ´e necess´ario ter operadores de
ertice na forma integrada
dzV , sendo que V ´e geralmente obtido a partir do operador
de v´ertice n˜ao integrado U, por anticomuta¸ao de U com o fantasma b.H´a tamb´em uma
forma alternativa de se obter V a partir da rela¸ao [26]
[Q, V ]=∂U . (4.66)
Usando a rela¸ao acima, o operador de v´ertice para o n´ıvel n˜ao massivo da supercorda ´e
encontrado [10]:
V = ∂θ
α
A
α
(x, θ)+Π
m
B
m
(x, θ)+d
α
W
α
(x, θ)+
1
2
N
mn
F
mn
(x, θ) , (4.67)
sendo
B
m
=
1
8
γ
αβ
m
D
α
A
β
,
W
α
=
1
10
γ
αβ
m
(D
β
B
m
m
A
β
) ,
F
mn
=
[m
B
n]
=
1
8
(γ
mn
)
β
α
D
β
W
α
, (4.68)
as intensidades de campo (field strenghts) que podem ser constru´ıdas a partir de A
α
.O
alculo de QV = ∂U fornece
QV = (λ
α
A
α
)+λ
α
∂θ
β
(D
α
A
β
D
β
A
α
+ γ
m
αβ
B
m
)+λ
α
Π
m
(D
α
B
m
m
A
α
γ
mαβ
W
β
)
+ λ
α
d
β
D
α
W
β
+
1
4
(γ
mn
)
β
α
F
mn
+
1
2
λ
α
N
mn
D
α
F
mn
, (4.69)
e para que QV = ∂U = (λ
α
A
α
), as seguintes equa¸oes devem ser satisfeitas pelos campos:
58
4.3. Quantiza¸ao covariante da supercorda 59
D
α
A
β
D
β
A
α
+ γ
m
αβ
B
m
=0,
D
α
B
m
m
A
α
γ
mαβ
W
β
=0,
D
α
W
β
+
1
4
(γ
mn
)
β
α
F
mn
=0,
λ
α
λ
β
(γ
mn
)
γ
β
D
α
F
mn
=0, (4.70)
que ao as equa¸oes de movimento de super Maxwell da subse¸ao (1.3.1). A ´ultima
equa¸ao de (4.70) vem da imposi¸ao da equa¸ao anterior, visto que
λ
α
λ
β
D
α
D
β
W
γ
=
1
2
(λγ
m
λ)
m
W
γ
=0. (4.71)
Amplitudes de espalhamento no n´ıvel de ´arvore podem ser calculadas neste formalismo
definindo uma medida apropriada [10]. A generaliza¸ao destes alculos para arios loops
pode ser encontrada em [11].
4.3.4 Compara¸ao entre os m´etodos BRST usual e de espinores
puros
Nesta subse¸ao, vamos discutir as diferen¸cas e semelhan¸cas entre o etodo BRST usual
eom´etodo BRST em espinores puros no contexto da supercorda.
De in´ıcio, podemos constatar que a constru¸ao do operador BRST no formalismo de
espinores puros n˜ao segue os procedimentos apresentados na se¸ao (2.2). Este operador ´e
apenas Q =
dzλ
α
d
α
, ou seja, ao aparecem os fantasmas (b, c) relacionados ao tensor de
energia-momento, como esperar´ıamos se estiv´essemos trabalhando com o m´etodo BRST
usual. A constru¸ao leva em conta todas as componentes de d
α
,n˜ao apenas a parte de
primeira classe; al´em disto, n˜ao requeremos que d
α
se anule, como acontece no m´etodo de
Dirac.
Uma das caracter´ısticas mais importantes do formalismo ´e que o fantasma λ
α
deve
obedecer a condi¸ao de espinor puro, (λγ
m
λ) = 0, de forma que o operador BRST seja
59
60 4.3. Quantiza¸ao covariante da supercorda
nilpotente. Este fato ao tem an´alogo no m´etodo BRST usual. Esta condi¸ao tamem
restringe em que combina¸oes o momento conjugado a λ
α
pode aparecer, como vimos na
se¸ao anterior.
Em espinores puros, definimos os estados f´ısicos como estados de n´umero de fantasma
um na cohomologia do operador Q =
dzλ
α
d
α
, assim como no etodo BRST usual
para a corda bosˆonica os estados f´ısicos s˜ao aqueles que tem n´umero de fantasma um na
cohomologia do operador BRST. A partir da imposi¸ao que o operador de v´ertice deve
ser invariante por BRST, encontramos as equa¸oes de movimento. Este fato ´e an´alogo ao
que encontramos no caso da corda bosˆonica, no cap´ıtulo 2.
No alculo de amplitudes de espalhamento, ´e necess´ario usar a seguinte prescri¸ao para
calcular as fun¸oes de correla¸ao, de forma a obter um resultado n˜ao nulo [10][11]:
(λγ
m
θ)(λγ
n
θ)(λγ
p
θ)(θγ
mnp
θ) =1. (4.72)
Esta prescri¸ao est´a relacionada com os modos zero dos campos λ
α
e θ
α
. Da mesma forma,
uma prescri¸ao para os modos zero do fantasma c aparece no c´alculo de amplitudes para
a corda bosˆonica:
c∂c∂
2
c =1. (4.73)
Obviamente, existem diferen¸cas e semelhan¸cas entre os dois m´etodos, mas o mais
importante ´e que ambos descrevem corretamente os estados f´ısicos da supercorda. No
entanto, como a foi mencionado anteriormente, o formalismo de espinores puros tem uma
vantagem em rela¸ao aos formalismos de supercorda existentes: o alculo de amplitudes
de espalhamento pode ser feito covariantemente, sem as complica¸oes que aparecem em
RNS e GS [11].
60
Cap´ıtulo 5
Equivalˆencia
Como mencionado nos cap´ıtulos anteriores, o formalismo que permite quantizar covari-
antemente a supercorda com supersimetria manifesta ´e o formalismo de espinores puros.
Seus ingredientes asicos ao uma ao quadr´atica para os f´ermions, o operador BRST
Q =
dzλ
α
d
α
e o fantasma espinorial bosˆonico λ
α
que ´e vinculado a obedecer a condi¸ao
de espinor puro (λγ
m
λ) = 0. No entanto, no etodo BRST padr˜ao os fantasmas ao
obedecem a condi¸oes de v´ınculo como no caso do formalismo de espinores puros. Esta
peculiaridade do formalismo de espinores puros ainda ao ´e completamente bem enten-
dida, mas ´e poss´ıvel derivar a condi¸ao de espinores puroseooperador BRST partindo
da ao de Green-Schwarz no semi-gauge de cone de luz com vari´aveis fermiˆonicas adi-
cionais atraes da equivalˆencia das cohomologias dos operadores BRST desta aoeade
espinores puros [14].
Neste cap´ıtulo, ser˜ao apresentados os procedimentos usados para mostrar a equivalˆencia
do formalismo de espinores puros e de Green-Schwarz para a supercorda. Mas antes ´e
instrutivo mostrar esta equivalˆencia no caso da superpart´ıcula [13], partindo da ao de
Brink-Schwarz no semi-
gauge
de cone de luz.
61
62
5.1. Equivalˆencia entre a a¸ao de Brink-Schwarz e de espinores puros para a
superpart
´
Icula
5.1 Equivalˆencia entre a ao de Brink-Schwarz e de
espinores puros para a superpart´ıcula
Para mostrar a equivalˆencia entre as oes de Brink-Schwarz e espinores puros, come¸camos
comaa¸ao de Brink-Schwarz no semi-gauge de cone de luz, e adicionamos um par de
vari´aveis fermiˆonicas (p
α
α
) que n˜ao est˜ao relacionadas ao espinor S
a
, e definimos
d
α
= p
α
+2P
m
(γ
m
θ)
α
, (5.1)
que satisfazem os parˆenteses de Poisson
{d
α
,d
β
} =4P
m
γ
m
αβ
. (5.2)
Agora, constru´ımos a quantidade
ˆ
d
α
:
d
α
= d
α
+
(γ
m
γ
+
S)
α
P
m
P
+
, (5.3)
que s˜ao v´ınculos de primeira classe, como ´e poss´ıvel ver pela ´algebra que obedecem:
{
d
α
,
d
β
} =
2P
m
P
m
γ
+
αβ
P
+
. (5.4)
Aa¸ao da superpart´ıcula no semi-gauge de cone de luz com as novas vari´aveis e v´ınculos
´e escrita como
S =
˙x
m
P
m
+ eP
m
P
m
+ i
˙
θ
α
p
α
+
i
2
˙
S
a
S
a
+ f
α
d
α
, (5.5)
sendo f
α
multiplicadores de Lagrange fermiˆonicos que est˜ao relacionados ao v´ınculo (5.3).
Para retornar `aa¸ao original no semi-gauge de cone de luz, usa-se
d
α
para escolher θ
α
=0.
Tendo apenas v´ınculos de primeira classe na teoria, a constru¸ao do operador BRST se
faz da maneira usual. A a¸ao, depois de fixada pelos fantasmas, toma a forma
62
5.1. Equivalˆencia entre a a¸ao de Brink-Schwarz e de espinores puros para a
superpart
´
Icula 63
S =
˙x
m
P
m
1
2
P
m
P
m
+ i
˙
θ
α
p
α
+
i
2
˙
S
a
S
a
+ i
˙
λ
α
w
α
+ i ˙cb
, (5.6)
sendo que foi escolhido e = 1/2ef
α
= 0; o operador BRST, na nota¸ao SO(8), ´e escrito
como
Q =
λ
a
d
a
+2
λ
a
S
a
P
+
+
λ
˙a
d
˙a
2P
i
(
i
λ)
P
+
+ c
4P
+
4P
i
P
i
P
+
1
2
λ
˙a
λ
˙a
b. (5.7)
Note que ´e poss´ıvel reescalonar os fantasmas (b, c) por fatores de P
+
,
b −→
b
P
+
,c−→ cP
+
, (5.8)
de tal forma que o fantasma c apareceria multiplicando P
m
P
m
no operador BRST
Q.
No entanto, para a generaliza¸ao para a supercorda do procedimento apresentado nesta
se¸ao, ´e conveniente trabalhar com o operador BRST da equa¸ao (5.7).
Os geradores de Lorentz, como nos casos anteriores, ao constru´ıdos sabendo como
os campos se transformam por transforma¸oes de Lorentz. Por exemplo, um vetor e um
espinor de Lorentz tˆem as seguintes transforma¸oes
δX
m
= a
mn
X
n
θ
α
=
1
2
a
mn
(γ
mn
θ)
α
. (5.9)
sendo a
mn
os parˆametros da transforma¸ao. Ent˜ao, a constru¸ao dos geradores se faz
usando o teorema de Noether. Isto funciona para as componentes N
+
, N
i+
e N
ij
de
N
mn
, porque a transforma¸ao δθ
α
=
1
2
a
mn
(γ
mn
θ)
α
preserva (γ
+
θ)
α
= 0. Como no caso de
N
i
isto n˜ao acontece, alguns campos devem se transformar de forma diferente da usual
para que preservem a condi¸ao do semi-gauge de cone de luz. Os campos S
a
, b e c se
transformam da seguinte forma por rota¸oes de N
i
:
63
64
5.1. Equivalˆencia entre a a¸ao de Brink-Schwarz e de espinores puros para a
superpart
´
Icula
δS
a
=
(a
i
P
i
)S
a
P
+
+
a
i
σ
i
a ˙a
(
j
)
˙a
P
j
P
+
+
a
i
b(σ
i
λ)
a
2
P
+
,
δb =
2a
i
bP
i
P
+
,
δc =
a
i
(
i
λ)
2
P
+
+
2a
i
cP
i
P
+
. (5.10)
Sabendo estas transforma¸oes, o procedimento para construir N
i
´e o mesmo usado para
construir as outras componentes. Os geradores de Lorentz s˜ao
N
+
= ix
+
P
+ ix
P
+
+ θ
a
p
a
θ
˙a
p
˙a
+
λ
a
w
a
λ
˙a
w
˙a
2bc ,
N
i+
= ix
i
P
+
+ ix
+
P
i
(
i
θ)+(
i
λ) ,
N
ij
= ix
i
P
j
+ ix
j
P
i
+
1
2
(θσ
ij
p)+
1
2
(θ¯σ
ij
p)+
1
2
(
λσ
ij
w)+
1
2
(
λ¯σ
ij
w)
1
4
(
ij
S) ,
N
i
= ix
i
P
+ ix
P
i
+
b(
i
λ)
2
P
+
(
i
)
˙a
(
j
)
˙a
P
j
2P
+
+(θσ
i
p)+(
λσ
i
w)
2bcP
i
P
+
. (5.11)
Eles obedecem `algebra de Lorentz, exceto pelo comutador de N
i
com ele mesmo, que
fecha a ´algebra a menos de uma transforma¸ao BRST em estados na camada de massa:
[N
i
,N
j
]=
Q,
b(
i
)
˙a
(
j
)
˙a
P
+
. (5.12)
A constru¸ao dos geradores de Lorentz mostra que, apesar da condi¸ao (γ
+
θ)
α
= 0 quebrar
a invariˆancia de Lorentz manifesta da teoria, esta ainda continua sendo invariante.
Agora vamos mostrar que a cohomologia do operador BRST
Q ´e equivalente `a coho-
mologia do operador BRST de espinores puros com a condi¸ao (λγ
m
λ) = 0. Para mostrar
a equivalˆencia das cohomologias de
Q e Q = λ
α
d
α
com λ
α
sendo um espinor puro, primeiro
vamos mostrar que a cohomologia de
Q ´e equivalente `a cohomologia do operador BRST
Q
=
λ
a
d
a
+ λ
˙a
d
˙a
, (5.13)
64
5.1. Equivalˆencia entre a a¸ao de Brink-Schwarz e de espinores puros para a
superpart
´
Icula 65
num espa¸co de Hilbert independente dos fantasmas (b, c), e λ
˙a
deve obedecer λ
˙a
λ
˙a
=0.
Para isto, vamos supor que um estado V est´a na cohomologia de Q
;ent˜ao V ´e aniquilado
pelo operador
Q

=
λ
a
d
a
+
λ
˙a
d
˙a
, (5.14)
a menos de termos proporcionais a
λ
˙a
λ
˙a
, ou seja,
Q

V =
λ
˙a
λ
˙a
W, (5.15)
para algum estado W. O operador Q

´e nilpotente a menos de termos proporcionais a
λ
˙a
λ
˙a
:
(Q

)
2
=
2
λ
˙a
λ
˙a
P
m
P
m
P
+
. (5.16)
A equa¸ao acima e (5.15) implicam que
Q

W =
2P
m
P
m
V
P
+
, (5.17)
que por sua vez implica que o estado
V = V +2cW ´e aniquilado por
Q:
Q
V = Q

V 2cQ

W +
4cP
m
P
m
P
+
V
λ
˙a
λ
˙a
b
2
2cW
=
λ
˙a
λ
˙a
W 4c
P
m
P
m
V
P
+
+
4cP
m
P
m
P
+
V
λ
˙a
λ
˙a
W =0. (5.18)
Al´em disto, se o estado V ´e BRST-trivial a menos de termos proporcionais a
λ
˙a
λ
˙a
:
V = Q

Ω+
λ
˙a
λ
˙a
Y, (5.19)
para quaisquer estados Y eΩ,ent˜ao o estado
V = V +2cW =
Q(Ω 2cY ) tamb´em ´e
BRST-trivial. Portanto, qualquer estado na cohomologia de Q
est´a na cohomologia de
ˆ
Q, num espa¸co de Hilbert independente de (b, c).
65
66
5.1. Equivalˆencia entre a a¸ao de Brink-Schwarz e de espinores puros para a
superpart
´
Icula
Para mostrar que qualquer estado na cohomologia de
Q est´a na cohomologia de Q
,
vamos supor um estado
V que est´a na cohomologia de
Q;al´em disto, o fantasma b ´e
escolhido para aniquilar o v´acuo. Portanto, um estado geral que est´a na cohomologia de
Q pode ser escrito como
V = V + cW , (5.20)
para quaisquer estados V e W .Ent˜ao
QV =
1
2
λ
˙a
λ
˙a
W, (5.21)
implica que Q
V = 0 no espa¸co de Hilbert reduzido (ou seja, independente de (b, c) e onde
λ
˙a
λ
˙a
= 0). E se
V ´e um estado BRST-trivial com rela¸ao a
Q, ou seja,
V =
QΛ , (5.22)
para Λ = + cY ,ent˜ao
V =
Q
1
2
λ
˙a
λ
˙a
Y, (5.23)
ou seja, V = Q
no espa¸co de Hilbert reduzido. Portanto, as cohomologias de
Q e Q
ao equivalentes.
Agora, ser´a mostrado que a cohomologia da carga Q
´e equivalente `a cohomologia do
operador BRST de espinores puros Q = λ
α
d
α
num espa¸co de Hilbert independente de
S
a
, e onde λ
α
´e um espinor puro. Para isto, vamos definir um espinor antiquiral r
˙a
que
satisfaz r
˙a
λ
˙a
=1er
˙a
r
˙a
= 0. Usando este espinor, podemos separar os campos S
a
e
λ
a
da
seguinte maneira:
S
a
= S
1
a
+ S
2
a
,
λ
a
=
λ
1
a
+
λ
2
a
, (5.24)
66
5.1. Equivalˆencia entre a a¸ao de Brink-Schwarz e de espinores puros para a
superpart
´
Icula 67
sendo
S
1
a
=
1
2
(σ
j
λ)
a
(
j
r) ,
S
2
a
=
1
2
(σ
j
r)
a
(
j
λ) ,
λ
1
a
=
1
2
(σ
j
λ)
a
(
λσ
j
r) ,
λ
2
a
=
1
2
(σ
j
r)
a
(
λσ
j
λ) , (5.25)
Tamb´em precisamos exigir que os estados f´ısicos o dependam de r
˙a
na combina¸ao
(σ
i
r)
a
(σ
i
λ)
b
. Isto ´e necess´ario porque se os estados pudessem depender arbitrariamente
de r
˙a
, a cohomologia se tornaria trivial ap´os sua inclus˜ao; por exemplo, QV = 0 implica
que Q(θ
˙a
r
˙a
V )=V .
Os campos definidos em (5.25) obedecem `as seguintes rela¸oes de anticomuta¸ao:
{S
1
a
,S
2
b
} =
1
2
(σ
i
λ)
a
(σ
i
r)
b
,
{S
1
a
,S
1
b
} = {S
2
a
,S
2
b
} =0. (5.26)
O operador BRST Q
, em termos destes novos campos, ´e escrito como
Q
=
λ
1
a
d
a
+
λ
2
a
d
a
+2
λ
1
a
S
2
a
P
+
+2
λ
2
a
S
1
a
P
+
+ λ
˙a
d
˙a
2(S
2
σ
i
λ)P
i
P
+
. (5.27)
Vamos fazer uma transforma¸ao de similaridade em Q
:
Q
−→ e
d
a
S
2
a
2
P
+
Q
e
+
d
a
S
2
a
2
P
+
= λ
˙a
d
˙a
+
λ
1
a
d
a
+2
λ
2
a
S
1
a
P
+
, (5.28)
onde usamos
67
68
5.1. Equivalˆencia entre a a¸ao de Brink-Schwarz e de espinores puros para a
superpart
´
Icula
e
A
Qe
A
= Q +[Q, A]+
1
2!
[Q, [Q, A]] +
1
3!
[Q, [Q, [Q, A]]] + ... (5.29)
E pode-se ver que Q
= λ
α
d
α
+2
λ
2
a
S
1
a
P
+
, sendo λ
α
um espinor puro definido como
[λ
˙a
a
]=[λ
˙a
,
λ
1
a
] . (5.30)
Pelo argumento quarteto para
λ
2
a
, w
1
a
, S
1
a
e S
2
a
, temos que estados do tipo
F = f
λ
2
a
P
+
,G= gS
1
a
P
+
, (5.31)
ao BRST-triviais com rela¸ao a Q
pois
F = Q
f
2
S
2
a
,G= Q
g
2
w
1
a
. (5.32)
a estados do tipo
H = hw
1
a
,J= jS
2
a
, (5.33)
ao est˜ao na cohomologia de Q
pois
Q
H =2hS
1
a
P
+
=0,Q
J =2j
λ
2
a
P
+
=0. (5.34)
Portanto, as cohomologias de Q
e Q = λ
α
d
α
ao equivalentes num espa¸co de Hilbert
independente de
λ
2
a
, w
1
a
, S
1
a
e S
2
a
, sendo λ
α
um espinor puro.
Finalmente, a a¸ao de Brink-Schwarz para a superpart´ıcula ´e equivalente `aa¸ao
S =
˙x
m
P
m
1
2
P
m
P
m
+ i
˙
θ
α
p
α
+ i
˙
λ
α
w
α
, (5.35)
junto com o operador BRST Q = λ
α
d
α
e(λγ
m
λ) = 0, a condi¸ao de espinor puro. Apesar
desta derivao da equivalˆencia entre a superpart´ıcula de Brink-Schwarz e a superpart´ıcula
do formalismo de espinores puros ao ser invariante de Lorentz manifesta, o resultado final
68
5.2. Equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores puros para a
supercorda 69
´e manifestamente covariante. Usando procedimento an´alogo, mostraremos, na pr´oxima
se¸ao, que a a¸ao de Green-Schwarz para a supercorda ´e equivalente `aa¸ao de espinores
puros para a supercorda.
5.2 Equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz
e espinores puros para a supercorda
A demonstra¸ao da equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores puros
para a supercorda segue procedimento an´alogo ao apresentado na se¸ao anterior. Primeiro,
partimos da ao de Green-Schwarz no semi-gauge de cone de luz, e incluimos um par
de vari´aveis fermiˆonicas (p
α
α
), sendo p
α
o momento conjugado ao espinor de SO(9, 1)
θ
α
. Este par de vari´aveis fermiˆonicas ao est´a relacionado a S
a
.Aa¸ao, com as novas
vari´aveis, ´e
S =
1
π
d
2
z
1
2
∂X
m
¯
∂X
m
+
1
2
S
a
¯
∂S
a
+ p
α
¯
∂θ
α
. (5.36)
Feito isto, definimos
d
α
= p
α
+(θγ
m
)
α
(2∂X
m
+(θγ
m
∂θ)) , (5.37)
que satisfazem a ´algebra
d
α
(y)d
β
(z) −→
4γ
m
αβ
Π
m
y z
. (5.38)
A partir de d
α
, construimos as quantidades
d
α
, que ao os geradores da nova invariˆancia
de gauge decorrente da inclus˜ao das vari´aveis (θ
α
,p
α
). Escrevendo
d
α
em nota¸ao SO(8),
temos
69
70
5.2. Equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores puros para a
supercorda
d
a
= d
a
+2S
a
Π
+
,
d
˙a
= d
˙a
i
(
i
)
˙a
Π
+
+
(
jk
S)(¯σ
jk
∂θ)
˙a
+
4
2
θ
˙a
Π
+
+
2Π
+
∂θ
˙a
+
)
2
, (5.39)
sendo que a, ˙a variam de 1 a 8, Π
i
+
ao componentes de Π
m
e
σ
i
a ˙a
σ
j
b ˙a
+ σ
j
a ˙a
σ
i
b ˙a
=2δ
ij
δ
ab
,
σ
jk
ab
=
1
2
(σ
j
a ˙a
σ
k
b ˙a
σ
k
a ˙a
σ
j
b ˙a
) ,
¯σ
jk
˙a
˙
b
=
1
2
(σ
j
a ˙a
σ
k
a
˙
b
σ
k
a ˙a
σ
j
a
˙
b
) , (5.40)
ao matrizes de Dirac 8 × 8 que aparecem em γ
i
αβ
quando escrita na forma de bloco:
γ
i
αβ
=
0 σ
i
a ˙a
σ
i
b
˙
b
0
. (5.41)
A constru¸ao do v´ınculo
d
α
opˆode ser feita na nota¸ao SO(8); no entanto, como ficar´a
claro no fim da demonstra¸ao, o resultado final ser´a invariante de Lorentz. A ´algebra de
primeira classe ´e dada por
d
˙a
(y)
d
˙
b
(z) −→
T (z)δ
˙a
˙
b
y z
,
d
˙a
(y)
d
b
(z) −→ regular ,
d
a
(y)
d
b
(z) −→ regular , (5.42)
sendo
T =
+
8S
a
∂θ
a
Π
+
i
(
i
∂θ)
+
)
3/2
2S
a
∂S
a
Π
+
+
i
Π
i
Π
+
+
4(
i
∂θ)(
i
∂θ)
+
)
2
16
2
θ
˙c
∂θ
˙c
+
)
2
2
2
(log Π
+
)
Π
+
, (5.43)
70
5.2. Equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores puros para a
supercorda 71
que tamb´em ´e uma quantidade de primeira classe:
T (y)
T (z) −→ regular ,
T (y)
d
˙a
(z) −→ regular ,
T (y)
d
a
(z) −→ regular . (5.44)
Os seguintes OPE’s foram usados nestes c´alculos:
d
a
(y)d
b
(z) −→
4δ
ab
Π
+
y z
,
d
a
(y)d
˙a
(z) −→
4σ
i
a ˙a
Π
i
y z
,
d
˙a
(y)d
˙
b
(z) −→
4δ
˙a
˙
b
Π
y z
,
d
a
(y
+
(z) −→ regular ,
d
a
(y
(z) −→
4∂θ
a
y z
,
d
a
(y
i
(z) −→
2(σ
i
∂θ)
a
y z
,
d
˙a
(y
+
(z) −→
4∂θ
˙a
y z
,
d
˙a
(y
(z) −→ regular ,
d
˙a
(y
i
(z) −→
2(σ
i
∂θ)
˙a
y z
. (5.45)
Como o sistema o apresenta v´ınculos de primeira classe, podemos proceder com o
etodo BRST padr˜ao. A a¸ao deve incluir fantasmas anticomutantes para o v´ınculo
T e
fantasmas comutantes para
d
a
e
d
˙a
:
S =
1
π
d
2
z
1
2
∂X
m
¯
∂X
m
+
1
2
S
a
¯
∂S
a
+ p
α
¯
∂θ
α
+
¯
λ
α
w
α
+ b
¯
∂c
, (5.46)
sendo (b, c) o par de fantasmas anticomutantes para o v´ınculo bosˆonico
T ,e(
λ
α
, w
α
)o
par de fantasmas espinoriais comutantes para os v´ınculos fermiˆonicos
d
a
e
d
˙a
. Note que
ao h´a restri¸oes sobre o fantasma
λ
α
. O operador BRST, escrito em nota¸ao SO(8), ´e
71
72
5.2. Equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores puros para a
supercorda
Q =
dz
c
T +
λ
˙a
d
˙a
+
λ
a
d
a
1
2
λ
˙a
λ
˙a
b
. (5.47)
Como no caso da superpart´ıcula, podemos reescalonar os fantasmas b e c da seguinte
forma:
b −→
b
Π
+
,c−→ cΠ
+
. (5.48)
Fazendo esta redefini¸ao, c multiplicaria o tensor de energia momento usual no operador
BRST. Este procedimento pode ser feito, no n´ıvel quˆantico, da seguinte forma:
Q −→ e
dzbc log Π
+
Qe
+ dzbc log Π
+
=4
dz(cT
m
+ bc∂c + ...) , (5.49)
sendo
dz(cT
m
+ bc∂c) o operador BRST que aparece no cap´ıtulo 4 para a ao de
Green-Schwarz no semi-gauge de cone de luz, e (...)s˜ao termos que envolvem as vari´aveis
(θ
α
,p
α
)e(
λ
α
, w
α
). No entanto, para mostrar a equivalˆencia entre
Q e o operador BRST
de espinores puros, ´e mais conveniente ao reescalonar b e c, deixando
Q na forma da
equa¸ao (5.47).
O tensor de energia-momento usual pode ser obtido fazendo
T =
Q,
1
4
bΠ
+
w
α
∂θ
α

m
Π
m
1
2
S
a
∂S
a
d
α
∂θ
α
w
α
λ
α
b∂c
1
2
2
(log Π
+
) . (5.50)
Portanto, a quantidade
1
4
bΠ
+
w
α
∂θ
α
faz o papel do fantasma b usual. Novamente, o
termo
1
2
2
(log Π
+
) que aparece acima ´e necess´ario para manter as invariˆancias conforme
e de Lorentz no n´ıvel quˆantico
. Usando os OPE’s de X
m
, S
a
e (5.45), ´ef´acil verificar
que T tem carga central igual a zero.
Muitos artigos discutem anomalias da supercorda de GS no semi-gauge de cone de luz [27]. No
entanto, n˜ao encontramos artigos que discutam este assunto usando o m´etodo BRST.
72
5.2. Equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores puros para a
supercorda 73
Apesar da quebra da invariˆancia de Lorentz manifesta pela imposi¸ao da condi¸ao
de gauge (γ
+
θ)
α
=0,aa¸ao (5.46) ainda tem simetria de Lorentz. Como nos casos
anteriores, os geradores de Lorentz N
ij
, N
+
e N
i+
ao constru´ıdos de maneira canˆonica,
exceto por N
i
que, se considerarmos as transforma¸oes usuais de S
a
, b e c,n˜ao preservar´a
a condi¸ao do semi-gauge de cone de luz. Portanto, estes campos devem transformar-se
por N
i
como
δS
a
=
a
i
σ
i
a ˙a
(
j
)
˙a
Π
j
Π
+
a
i
S
a
Π
i
Π
+
a
i
σ
i
a ˙a
(
j
)
˙a
(
j
∂θ)
+
)
3/2
+
2a
i
S
a
(
i
∂θ)
+
)
3/2
+
2a
i
(σ
i
2
θ)
a
+
)
3/2
a
i
(σ
i
∂θ)
a
Π
+
+
)
5/2
+
a
i
b(σ
i
ˆ
λ)
a
2
Π
+
2a
i
bc(σ
i
∂θ)
a
+
)
3/2
,
δb =
2a
i
b(
i
∂θ)
+
)
3/2
2a
i
bΠ
i
Π
+
,
δc =
a
i
(
i
ˆ
λ)
2
Π
+
2a
i
c(
i
∂θ)
+
)
3/2
+
2a
i
cΠ
i
Π
+
, (5.51)
e a parte holom´orfica dos geradores de Lorentz ´e dada por
N
ij
= X
i
∂X
j
+ X
j
∂X
i
+
1
2
(
λσ
ij
w)+
1
2
(
λ¯σ
ij
w)+
1
2
(θσ
ij
p)+
1
2
(θ¯σ
ij
p)
1
4
(
ij
S) ,
N
+
=
1
2
X
+
∂X
+
1
2
X
∂X
+
+
1
2
λ
a
w
a
1
2
λ
˙a
w
˙a
+
1
2
θ
a
p
a
1
2
θ
˙a
p
˙a
bc ,
N
i+
= X
i
∂X
+
+ X
+
∂X
i
+(
i
λ) (
i
θ) ,
N
i
= X
i
∂X
+ X
∂X
i
(
i
)
˙a
(
j
)
˙a
Π
j
+
+
(
i
)
˙a
(
j
)
˙a
(
j
∂θ)
3(Π
+
)
3/2
+
2(∂Sσ
i
∂θ)
+
)
3/2
2(
i
∂θ)Π
+
+
)
5/2
+
b(
i
λ)
2
Π
+
+
2bc(
i
∂θ)
+
)
3/2
2bcΠ
i
Π
+
+(
λσ
i
w)+(θσ
i
p) . (5.52)
Novamente, eles obedecem `algebra de Lorentz exceto pelo comutador de N
i
com ele
mesmo, que fecha a ´algebra a menos de uma transforma¸ao de gauge em estados na
camada de massa:
73
74
5.2. Equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores puros para a
supercorda
dyN
i
(y),
dzN
j
(z)
=
Q,
dz
b(
i
)
˙a
(
j
)
˙a
+
(z)
. (5.53)
Para come¸car a mostrar que o espectro f´ısico determinado pelos estados na cohomologia
de
Q ´e o mesmo que o espectro determinado pelo operador BRST de espinores puros,
primeiro vamos mostrar que a cohomologia do operador
Q ´e equivalente `a cohomologia
do operador
Q
=
dz(
λ
a
d
a
+ λ
˙a
d
˙a
) , (5.54)
sendo que λ
˙a
satisfaz a condi¸ao λ
˙a
λ
˙a
= 0. Esta equivalˆencia ´e mostrada num espa¸co de
Hilbert independente dos fantasmas (b, c). Para isto, vamos supor um estado V que est´a
na cohomologia de Q
. Este estado ´e aniquilado pelo operador
Q

=
dz(
λ
a
d
a
+
λ
˙a
d
˙a
) , (5.55)
a menos de termos proporcionais a
λ
˙a
λ
˙a
ou suas derivadas, isto ´e,
Q

V =
n=0
n
(
λ
˙a
λ
˙a
)W
(n)
, (5.56)
para algum W
(n)
com n variando de 0 a . Tamb´em ´e necess´ario supor que V ao tem
olos com o v´ınculo λ
˙a
λ
˙a
, ou seja, este estado o depende de w
˙a
em combina¸oes que
comutem com o v´ınculo imposto a λ
˙a
. Novamente, em analogia com a superpart´ıcula, Q

ser´a nilpotente a menos de um termo proporcional a
λ
˙a
λ
˙a
,
(Q

)
2
=
dy
T (
λ
˙a
λ
˙a
)
2
, (5.57)
Da´ı segue que podemos saber como Q

atua em W
(n)
:
Q

W
(n)
=
dy
1
2
T (y)V (z)
(y z)
n
n!
. (5.58)
Usando as informa¸oes acima, verifica-se que o estado
74
5.2. Equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores puros para a
supercorda 75
V = V +2
n=0
(
n
c)W
(n)
(5.59)
´e aniquilado por
Q, ou seja, est´a na cohomologia de
Q. Da mesma forma, se um estado
V ´e BRST-trivial a menos de termos do tipo
n
(
λ
˙a
λ
˙a
),
V = Q

Ω+
n=0
n
(
λ
˙a
λ
˙a
)Y
(n)
, (5.60)
para algum Y
(n)
,ent˜ao
V tamb´em ´e BRST-trivial com rela¸ao a
Q:
V = V +2
n=0
(
n
c)W
(n)
=
Q
2
n=0
(
n
c)Y
(n)
. (5.61)
Desta forma mostrou-se que qualquer estado na cohomologia de Q
est´a na cohomologia
de
Q num espa¸co de Hilbert independente dos fantasmas (b, c) e onde λ
˙a
λ
˙a
=0.
Para mostrar que qualquer estado que est´a na cohomologia de
Q est´a na cohomologia
de Q
, primeiro ´e necess´ario notar que qualquer estado
V com n´umero de fantasma um e
que est´a na cohomologia de
Q com P
+
ao nulo pode ser escrito como
V = V + cW , (5.62)
para quaisquer V e W independentes de (b, c). Pode-se mostrar isto lembrando que,
no gauge de cone luz, a invariˆancia gerada pelos v´ınculos
T e
d
α
´e usada para eliminar
vari´aveis da teoria, exceto X
j
, S
a
e o modo zero de X
+
. Assim, o operador de v´ertice
integrado no gauge cone de luz depende apenas destas vari´aveis, ou seja,
dzV
LC
=
dzV
LC
(X
j
,S
a
,X
+
0
) . (5.63)
Usando a constru¸ao DDF (Del Giudice, Di Vecchia e Fubini)
, podemos definir um
operador de v´ertice que seja invariante BRST
A constru¸ao DDF [28] consiste, em poucas palavras, na constru¸ao de operadores que comutam com
os operadores de Virasoro e que, quando aplicados sucessivamente no estado de acuo, fornecem todos
os poss´ıveis estados f´ısicos. Est˜ao em correspondˆencia um a um com os modos transversos dos campos.
75
76
5.2. Equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores puros para a
supercorda
dzV
DDF
(X
j
,S
a
,X
+
α
) ,
tal que V
DDF
coincida com V
LC
quando ∂X
+
= θ
α
= 0. Como
dzV
DDF
´e invariante
BRST, enao
QV
DDF
=
V, (5.64)
para algum
V . Da forma do operador BRST
Q, concluimos que
V =
λ
α
V
α
+ cW , (5.65)
sendo V
α
e W os olos duplos provenientes do OPE de
d
α
e
T com V
DDF
, respectivamente.
E como
(
Q
V )=
Q
QV
DDF
=0, (5.66)
en˜ao a campos da folha de mundo constantes, isto implica que
Q
V = 0. Portanto,
V =
λ
α
V
α
+ cW ´e um operador de ertice de n´umero de fantasma um que est´ana
cohomologia BRST, e que representa o estado no cone de luz
dzV
LC
.
Se
Q(V + cW ) = 0, isto implica que Q

V =
1
2
λ
˙a
λ
˙a
W , e portanto Q
V = 0 no espa¸co
de Hilbert reduzido. Por outro lado, se
V =
QΛ, sendo
Λ=Ω+cY ,
enao isto implica que V = Q

1
2
λ
˙a
λ
˙a
Y ,eV = Q
no espa¸co de Hilbert reduzido.
Portanto, as cohomologias de
Q e Q
ao equivalentes para estados com momento ao
nulo P
+
.
A prova da equivalˆencia n˜ao vale para estados com momento nulo pois estes estados n˜ao podem ser
descritos por operadores de v´ertice no cone de luz.
76
5.2. Equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores puros para a
supercorda 77
Para completar a demonstra¸ao, ´e necess´ario mostrar a equivalˆencia entre as coho-
mologias de Q
e do operador BRST do formalismo de espinores puros Q =
dz λ
α
d
α
com a condi¸ao (λγ
m
λ) = 0. Para isto, ´e conveniente definir um espinor antiquiral r
˙a
que
satisfaz r
˙a
λ
˙a
=1er
˙a
r
˙a
= 0. Novamente, como na superpart´ıcula, os estados f´ısicos o
poder˜ao depender de r
˙a
na combina¸ao (σ
i
r)
a
(σ
i
λ)
b
, de forma que a cohomologia n˜ao se
torne trivial.
Podemos separar os campos S
a
e
λ
a
da seguinte forma
S
a
= S
1
a
+ S
2
a
,
λ
a
=
λ
1
a
+
λ
2
a
, (5.67)
sendo
S
1
a
=
1
2
(σ
j
λ)
a
(
j
r) ,
S
2
a
=
1
2
(σ
j
r)
a
(
j
λ) ,
λ
1
a
=
1
2
(σ
j
λ)
a
(
λσ
j
r) ,
λ
2
a
=
1
2
(σ
j
r)
a
(
λσ
j
λ) . (5.68)
Estes campos tˆem os seguintes OPE’s n˜ao nulos:
S
1
a
(y)S
2
b
(z) −→
(σ
i
λ)
a
(σ
i
r)
b
2(y z)
,
S
1
a
(y)S
1
b
(z)=S
2
a
(y)S
2
b
(z) −→ regular . (5.69)
Escrevendo Q
explicitamente em termos dos novos campos, temos
77
78
5.2. Equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores puros para a
supercorda
Q
=
dz(λ
˙a
d
˙a
+
λ
a
d
a
)
=
dz(λ
˙a
d
˙a
i
(S
2
σ
i
λ)
Π
+
2:S
1
a
S
2
a
: λ
˙a
∂θ
˙a
Π
+
+
(S
2
σ
i
λ)(S
2
σ
i
∂θ)
Π
+
4
2
θ
˙a
λ
˙a
Π
+
+
2Π
+
∂θ
˙a
λ
˙a
+
)
2
+
λ
1
a
d
a
+
λ
2
a
d
a
+2
λ
1
a
S
2
a
Π
+
+2
λ
2
a
S
1
a
Π
+
) , (5.70)
sendo que : : denota ordenamento normal, isto ´e,
: S
1
a
S
2
b
(z):
dy
S
1
a
(y)S
2
b
(z)
y z
. (5.71)
Vamos fazer uma erie de transforma¸oes de similaridade em Q
para deix´a-lo numa
forma adequada para mostrar a equivalˆencia. A primeira transforma¸ao ´e
Q
e
A
Q
e
A
= Q

,
A =
dz
d
a
S
2
a
2
Π
+
, (5.72)
onde usamos novamente
e
A
Be
A
= B +[B,A]+
1
2!
[B,[B, A]] +
1
3!
[B,[B, [B, A]]] + ... (5.73)
O operador BRST resultante Q

´e
Q

=
dz(λ
˙a
d
˙a
2:S
1
a
S
2
a
: λ
˙a
∂θ
˙a
Π
+
+
4(∂θ
˙a
λ
˙a
)(∂λ
˙
b
r
˙
b
)
Π
+
2Π
+
∂θ
˙a
λ
˙a
+
)
2
+
λ
1
a
d
a
+2
λ
2
a
S
1
a
Π
+
) . (5.74)
Uma segunda transforma¸ao de similaridade ´e feita, agora em Q

:
78
5.2. Equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores puros para a
supercorda 79
Q

e
A
Q

e
A
= Q

A =
dz
Π
+
+
+
1
2
: S
1
a
S
2
a
: log Π
+
+
4(∂θ
˙a
λ
˙a
)(∂θ
˙
b
r
˙
b
)
Π
+
. (5.75)
E por fim obtemos a forma desejada, o operador transformado Q

:
Q

=
dz(λ
˙a
d
˙a
+
λ
1
a
d
a
+2
λ
2
a
S
1
a
) . (5.76)
Em Q

,o´ultimo termo vem de uma s´erie de potˆencias em Π
+
:
2
λ
2
a
S
1
a
=2
λ
2
a
S
1
a
Π
+
1
log Π
+
2
+
1
2!
log Π
+
2
2
1
3!
log Π
+
2
3
+ ...
=2
λ
2
a
S
1
a
Π
+
exp
log Π
+
2
=2
λ
2
a
S
1
a
Π
+
exp(log(Π
+
)
1/2
)=2
λ
2
a
S
1
a
. (5.77)
Podemos escrever Q

como
Q

=
dz(λ
α
d
α
+2
λ
2
a
S
1
a
) , (5.78)
sendo λ
α
um espinor puro definido por
[λ
˙a
a
]=[λ
˙a
,
λ
1
a
] . (5.79)
Pelo argumento quarteto para S
1
a
,
λ
2
a
e seus momentos conjugados S
2
a
e w
1
a
, temos que
estados do tipo
F =
n=0
f
(n)
n
λ
2
a
n!
,G=
n=0
g
(n)
n
S
1
a
n!
, (5.80)
ao BRST-triviais com rela¸ao a Q

pois
79
80
5.2. Equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores puros para a
supercorda
Q

n=0
f
(n)
n
S
2
a
2
=
n=0
f
(n)
n
λ
2
a
n!
,
Q

n=0
g
(n)
n
w
1
a
2
=
n=0
g
(n)
n
S
1
a
n!
. (5.81)
sendo f
(n)
e g
(n)
constantes. a estados do tipo
H =
n=0
h
(n)
n
w
1
a
,J=
n=0
j
(n)
n
S
2
a
, (5.82)
ao est˜ao na cohomologia de Q

, pois n˜ao s˜ao aniquilados pelo operador BRST:
Q

n=0
h
(n)
n
w
1
a
= 2
n=0
h
(n)
n
S
1
a
n!
=0,
Q

n=0
j
(n)
n
S
2
a
=2
n=0
j
(n)
n
λ
2
a
n!
=0, (5.83)
com h
(n)
e j
(n)
sendo constantes. Portanto, a cohomologia de Q

= Q +2
dzλ
2
a
S
1
a
´e equivalente `a cohomologia de Q =
dzλ
α
d
α
num espa¸co de Hilbert independente de
S
1
a
,
λ
2
a
e seus momentos conjugados S
2
a
e w
1
a
. Para concluir, foi mostrado que a ao de
Green-Schwarz para a supercorda ´e equivalente `aa¸ao do formalismo de espinores puros
S =
1
π
d
2
z
1
2
∂X
m
¯
∂X
m
+ p
α
¯
∂θ
α
+
¯
∂λ
α
w
α
+ anti-holomorphic terms
, (5.84)
junto com o operador BRST Q =
dzλ
α
d
α
,eλ
α
´e um espinor puro. Como no caso da
superpart´ıcula, a derivao do operador BRST e da condi¸ao de espinor puro a partir da
supercorda de Green-Schwarz n˜ao ´e um procedimento em que a invariˆancia de Lorentz ´e
manifesta, mas o resultado final (5.84) ´e covariante manifesto.
80
Cap´ıtulo 6
Conclus˜oes e Perspectivas
Nesta tese, mostramos a equivalˆencia entre os formalismos de Green-Schwarz e espinores
puros para a supercorda. Derivamos o operador BRST Q =
dzλ
α
d
α
eov´ınculo de
espinor puro (λγ
m
λ) = 0 a partir da ao de Green-Schwarz no semi-gauge de cone de luz
com vari´aveis fermiˆonicas adicionais, usando argumentos de equivalˆencia de cohomologia
dos operadores BRST. Os resultados foram publicados em [14].
No entanto, ainda n˜ao temos uma explica¸ao de como funciona, a partir de primeiros
princ´ıpios, a quantiza¸ao BRST no formalismo de espinores puros. A rela¸ao de equivalˆencia
citada no par´agrafo anterior ao explica a quantiza¸ao em si, mas apenas mostra como
podemos derivar o operador BRST e a condi¸ao de espinor puro.
Podemos especular o que seriam explica¸oes poss´ıveis para a quantiza¸ao neste for-
malismo. Por exemplo, duas caracter´ısticas deste formalismo que n˜ao est˜ao presentes no
etodo BRST usual s˜ao:
o fato dos v´ınculos n˜ao se anularem por imposi¸ao;
ov´ınculo (λγ
m
λ) = 0 sobre o fantasma bosˆonico λ
α
.
Em sistemas vinculados, sabemos que os v´ınculos aparecem no alculo dos momentos
canˆonicos (v´ınculos prim´arios) ou na imposi¸ao de consistˆencia temporal dos v´ınculos
prim´arios (v´ınculos secund´arios). Por exemplo, no primeiro caso temos que o momento
81
82
canˆonico de um sistema vinculado p depende das vari´aveis do espa¸co de fase; as equa¸oes
que relacionam p e as outras vari´aveis ´e que s˜ao chamadas de v´ınculos:
φ = p f(p, q)=0, (6.1)
e a rela¸ao acima mostra que eles ao vinculados a se anular. Os v´ınculos definem uma
superf´ıcie no espa¸co de fase, a chamada superf´ıcie vincular. Esta superf´ıcie ´e importante
na determina¸ao dos estados f´ısicos: estes s˜ao fun¸oes nesta superf´ıcie que ao invariantes
de gauge, ou seja, comutam com os v´ınculos de primeira classe.
Voltando `a primeira caracter´ıstica do formalismo de espinores puros, podemos nos
perguntar como os estados f´ısicos ao definidos neste caso, pois ao existe mais uma
superf´ıcie vincular; al´em disto, d
α
cont´em ao apenas quantidades de primeira classe, mas
tamb´em de segunda classe. Lembramos que na constru¸ao do operador BRST, apenas
ınculos de primeira classe ao permitidos; por este motivo, a uma equivalˆencia clara
entre a quantiza¸ao de Dirac e a quantiza¸ao BRST. Com base neste fato, outra pergunta
pode ser levantada: que tipo de condi¸ao no formalismo de espinores puros faria o papel
dos an´alogos quˆanticos dos v´ınculos de primeira classe na quantiza¸ao de Dirac?
Pelo que foi apresentado nos cap´ıtulos 3 e 4, sabemos que este formalismo realmente
descreve os estados f´ısicos da superpart´ıcula e da supercorda; portanto, existe uma forma
de separar estados f´ısicos de ao f´ısicos. Este mecanismo pode ser uma uni˜ao das duas
caracter´ısticas acima: apesar de d
α
ao definir uma superf´ıcie vincular, a condi¸ao de
espinor puro (λγ
m
λ) = 0 pode ser o candidato natural a desempenhar este papel. Neste
caso, a diferen¸ca entre v´ınculos de primeira e segunda classe pode n˜ao ser relevante. Por
este motivo, seria importante estudar as propriedades geom´etricas dos espinores puros
e como a condi¸ao de espinor puro deve ser interpretada no espa¸co de fase da teoria.
Uma compreens˜ao mais profunda destes aspectos a seria um passo adiante dentro do
formalismo.
Outro problema a ser atacado fazendo uso das ferramentas apresentadas nesta tese
82
83
´e o de mostrar a equivalˆencia entre a formula¸ao padr˜ao da supermembrana em onze
dimens˜oes e a formula¸ao constru´ıda em termos de espinores puros [29]. A supermem-
brana ´e um objeto de interesse para teorias de grande unifica¸ao pois acredita-se que ela
tenha propriedades relacionadas `a teoria M [30], que ´e uma teoria em onze dimens˜oes
espa¸co-temporais cuja existˆencia se faria sentir no setor ao-perturbativo das teorias de
supercordas em dez dimens˜oes atraes de dualidades [3][31].
83
Apˆendice A
Matrizes gama em dez dimens˜oes
Em D =(9, 1), temos dez matrizes reais 32 × 32 Γ
m
, que forma a representa¸ao das
matrizes gama de Dirac nesta dimens˜ao espa¸co-temporal. Estas matrizes podem ser
expressas como
Γ
m
=
0(σ
m
)
α
˙
β
σ
m
)
˙
βγ
0
, (A.1)
sendo σ
m
=(I,σ
µ
)e˜σ
m
=(I,σ
µ
), I ´e a identidade 16 × 16, σ
µ
ao 8 matrizes
sim´etricas de Dirac 16×16 com elementos fora da diagonal para D =(8, 0), e χ = σ
1
...σ
8
,
ou seja, a matriz de quiralidade para D =(8, 0). Tamb´em devemos definir a matriz de
conjuga¸ao de carga C:
C =
0 c
˙
β
α
c
˙
β
γ
0
, (A.2)
sendo que as matrizes c
˙
β
α
e c
˙
β
γ
ao numericamente iguais a I
16×16
e I
16×16
, respectiva-
mente e, portanto, um espinor da forma λ
α
´e quiral e um espinor da forma
˙
β
´e antiquiral.
Nas a¸oes escritas em termos de matrizes gama 32 × 32, o termo que aparece ´e CΓ
m
que, por c´alculo direto, fornece
84
85
CΓ
m
=
σ
m
)
αβ
0
0 (σ
m
)
˙
β ˙α
γ
m
αβ
0
0(γ
m
)
βα
, (A.3)
onde foi usado
m
)
T
=
0(˜σ
m,T
)
α
˙
β
(σ
m,T
)
˙αβ
0
. (A.4)
Nesta tese, usamos apenas as matrizes 16 × 16 sim´etricas γ
m
αβ
σ
m
αβ
e γ
m
˙α
˙
β
= σ
m
˙α
˙
β
,e
omitimos os pontos porque em dez dimens˜oes ao ´e poss´ıvel abaixar e levantar ´ındices
espinoriais, pois a matriz de conjuga¸ao de carga s´o tem componentes n˜ao nulas fora da
diagonal.
As matrizes γ
m
αβ
e γ
m
α
β
obedecem `as seguintes rela¸oes:
γ
(m
αβ
γ
n)βγ
=2η
mn
δ
γ
α
,
γ
m(αβ
γ
m
γ)δ
=0. (A.5)
A forma expl´ıcita das matrizes gama utilizadas aqui ´e
γ
0
αβ
=
10
01
0 αβ
=
10
0 1
,
γ
9
αβ
=
10
0 1
9 αβ
=
10
0 1
,
γ
i
αβ
=
0 σ
i
˙aa
σ
i
a ˙a
0
iαβ
=
0 σ
i
˙aa
σ
i
a ˙a
0
, (A.6)
Definindo
γ
±
= γ
0
± γ
9
, (A.7)
85
86
temos tamb´em as matrizes na nota¸ao de cone de luz:
γ
+ αβ
=
00
0 2
αβ
=
20
00
,
γ
+
αβ
=
20
00
αβ
=
00
02
,
γ
+ αβ
=
00
0 2
αβ
=
20
00
,
γ
αβ
+
=
20
00
αβ
=
00
02
. (A.8)
86
Apˆendice B
Resolu¸ao do v´ınculo de espinor puro
Para resolver o v´ınculo de espinor puro λ
α
γ
m
αβ
λ
β
= 0 ou equivalentemente λ
T
(CΓ
m
)λ =0
[10], primeiro vamos combinar as dez matrizes de Dirac Γ
m
em termos de cinco operadores
de aniquila¸ao a
i
e cinco operadores de cria¸ao a
i
= a
i
, com i = 1 at´e 5 [32]:
a
1
=
1
2
1
+ iΓ
2
) ,a
2
=
1
2
3
+ iΓ
4
) ,...a
5
=
1
2
9
Γ
0
) ,
a
1
=
1
2
1
iΓ
2
) ,a
2
=
1
2
3
iΓ
4
) ,...a
5
=
1
2
9
0
) . (B.1)
Estes operadores satisfazem {a
i
,a
j
} = δ
j
i
.Ent˜ao, definimos o acuo |0 como sendo
aniquilado pelos a
i
: a
i
|0 = 0. Atuando com os operadores a
i
obtemos 32 estados |A
com A = 1 at´e 32. Tamb´em introduzimos o estado 0| com 0|a
i
= 0, e atuando com os
operadores a
i
temos os 32 estados B|. Escolhemos os estados B| = |A
, logo B|A =
δ
B
A
. A matriz de conjuga¸ao de carga, definida no apˆendice A, ´e dada por
C = Γ
2
Γ
4
Γ
6
Γ
8
Γ
0
=(a
1
a
1
)(a
2
a
2
) ...(a
5
a
5
) . (B.2)
O espinor quiral λ pode ser expandido como
|λ = λ
+
|0 +
1
2!
λ
ij
a
j
a
i
|0 +
1
4!
λ
i
ijklm
a
m
a
l
a
k
a
j
|0 , (B.3)
e suas dezesseis componentes n˜ao nulas s˜ao dadas por
87
88
λ
+
= 0|λ
ij
=
1
2!
0|a
i
a
j
|λ ,
λ
i
=
1
4!
ijklm
0|a
j
a
k
a
l
a
m
|λ . (B.4)
Agora estamos prontos para resolver o v´ınculo de espinor puro, que consiste nas 10
condi¸oes abaixo:
λ|Ca
j
|λ =0,
λ|Ca
j
|λ =0. (B.5)
Antes, notemos que A|C |B =0seA
B ´e proporcional a a
1
a
2
a
3
a
4
a
5
pois 0|C =
0|a
5
a
4
a
3
a
2
a
1
. Se colocarmos todos os a
j
em A| `a direita de C, obtemos 0|CA
B |0,e
isto s´on˜ao se anula uma vez que todos os a
k
combinem com os a
k
de 0|C. Segue ent˜ao
que 0|Ca
1
a
2
a
3
a
4
a
5
|0 =1.
Para o primeiro conjunto de v´ınculos, temos
λ|Ca
n
|λ = λ
+
0|Ca
n
|λ+
1
2
λ
ij
0|a
i
a
j
Ca
n
|λ+
1
4!
λ
i
ijklm
0|a
j
a
k
a
l
a
m
Ca
p
|λ . (B.6)
Do primeiro termo, temos
λ
+
0|Ca
n
|λ =
1
4!
λ
+
λ
i
ijklm
0|Ca
n
a
m
a
l
a
k
a
j
|0
=
1
4!
λ
+
λ
i
ijklm
nmlkj
= λ
+
λ
n
. (B.7)
Como a
j
C = Ca
j
e a
j
C = Ca
j
, o segundo e terceiro termos fornecem
1
2
λ
ij
0|a
i
a
j
Ca
n
|λ =
1
4
nijkl
λ
ij
λ
kl
,
1
4!
λ
i
ijklm
0|a
j
a
k
a
l
a
m
Ca
p
|λ = λ
+
λ
p
. (B.8)
88
89
Como (B.6) deve ser zero, temos que
2λ
+
λ
a
+
1
4
abcde
λ
bc
λ
de
=0, (B.9)
que ´e resolvido se
λ
a
=
1
8
e
s
abcde
u
bc
u
de
, (B.10)
com λ
+
= e
s
e λ
ab
= u
ab
. O segundo conjunto de v´ınculos tamb´em ´e satisfeito pela solu¸ao
acima. Esta ´e a parametriza¸ao de λ
α
que se encontra na se¸ao (2.3).
89
Bibliografia
[1] M. B. Green, J. H. Schwarz, E. Witten, Superstring theory, Cambridge University
Press, 1987.
[2] J. Polchinski, String theory, Cambridge University Press, 1998.
[3] E. Witten, String theory dynamics in various dimensions, Nucl. Phys. B443 (1995)
85, hep-th/9503124.
[4] F. Gliozzi, J. Scherk, D. Olive, Supersymmetry, supergravity theories, and the dual
spinor model, Nucl. Phys. B122 (1977) 253.
[5] L. Brink, J. H. Schwarz, Quantum superspace, Phys. Lett. B100 (1981) 310.
[6] W. Siegel, Classical superstring mechanics, Nucl. Phys. B263 (1986) 93.
[7] F. Essler, M. Hatsuda, E. Laenen, W. Siegel, J. Yamron, Covariant quantization of
the first ilk superparticle, Nucl. Phys. B364 (1991) 67.
[8] S. Carlip, Heterotic string path integrals with the Green-Schwarz covariant action,
Nucl. Phys. B284 (1987) 365;
R. Kallosh, A. Morozov, Green-Schwarz action and loop calculations for superstring,
Int. J. Mod. Phys. A3 (1988) 1943.
[9] M. B. Green, J. H. Schwarz, Supersymmetrical dual string theory, Nucl. Phys. B181
(1981) 502.
90
Bibliografia 91
[10] N. Berkovits, Super-Poincar´e covariant quantization of the superstring, J. High En-
ergy Phys. 04 (2000) 018, hep-th/0001035.
[11] N. Berkovits, Multiloop amplitudes and vanishing theorems using the pure spinor
formalism for the superstring, J. High Energy Phys. 09 (2004) 047, hep-th/0406055.
[12] C. Becchi, A. Rouet, R. Stora, Renormalization of the abelian Higgs-Kibble model,
Commun. Math. Phys. 42 (1975) 127;
C. Becchi, A. Rouet, R. Stora, Renormalization of gauge theories, Ann. Phys. 98
(1976) 287;
I. V. Tyutin, Gauge invariance in field theory and statistical mechanics, Lebedev
preprint FIAN (1975) n
o
39.
[13] N. Berkovits, ICTP lectures on covariant quantization of the superstring, hep-
th/0209059.
[14] N. Berkovits, D. Z. Marchioro, Relating the Green-Schwarz and pure spinor for-
malisms for the superstring, J. High Energy Phys. 01 (2005) 018, hep-th/0412198.
[15] N. Berkovits, Relating the RNS and pure spinor formalism for the superstring, J.
High Energy Phys. 08 (2001) 026, hep-th/0104247.
[16] L. Brink, S. Deser, B. Zumino, P. Di Vecchia, P. S. Howe, Local supersymmetry for
spinning particles, Phys. Lett. B64 (1976) 435.
[17] N. Berkovits, Covariant quantization of the superparticle using pure spinors, J. High
Energy Phys. 09 (2001) 016, hep-th/0105050.
[18] M. Henneaux, C. Teitelboim, Quantization of gauge systems , Princeton University
Press, 1992.
[19] P. H. Ginsparg, Applied conformal field theory, Les Houches Summer School 1988,
hep-th/9108028.
91
92 Bibliografia
[20] D. Friedan, E. Martinec, S. Shenker, Conformal invariance, supersymmetry and
string theory, Nucl. Phys. B271 (1986) 93.
[21] J. Zinn-Justin, Trends in elementary particle theory, eds. H. Rollnik e K. Dietz,
Springer-Verlag, Berlim, 1975;
I. A. Batalin, G. A. Vilkovisky, Gauge algebra and quantization, Phys. Lett. B102
(1981) 27;
I. A. Batalin, G. A. Vilkovisky, Feynman rules for reducible gauge theories, Phys.
Lett. B120 (1983) 166;
I. A. Batalin, G. A. Vilkovisky, Quantization of gauge theories with linearly dependent
generators, Phys. Rev. D28 (1983) 2567;
I. A. Batalin, G. A. Vilkovisky, Closure of the gauge algebra, generalized Lie equations
and Feynman rules, Nucl. Phys. B234 (1984) 106;
I. A. Batalin, G. A. Vilkovisky, Existence theorem for gauge algebra, J. Math. Phys.
26 (1985) 172.
[22] S. Vandoren, Covariant quantisation in the antifield formalism, tese de doutorado,
Leuven (1995), hep-th/9601013.
[23] P. A. M. Dirac, Lectures on quantum mechanics, Yeshiva University, New York, 1964.
[24] W. Siegel, Superfields in higher dimensional spacetime, Phys. Lett. B80 (1979) 220;
E. Witten, Twistor-like transform in ten dimensions, Nucl. Phys. B266 (1986) 245.
[25] N. Berkovits, O. Chandia, Massive superstring vertex operator in D = 10 superspace,
J. High Energy Phys. 08 (2002) 040, hep-th/0204121.
[26] N. Berkovits, M. Hatsuda, W. Siegel, The big picture, Nucl. Phys. B371 (1992) 434,
hep-th/9108021.
[27] U. Kraemmer, A. Rebhan, Anomalous anomalies in the Carlip-Kallosh quantization
of the Green-Schwarz superstring, Phys. Lett. B236 (1990) 255;
92
Bibliografia 93
F. Bastianelli, P. van Nieuwenhuizen, A. Proeyen, Superstring anomalies in the semi-
light cone gauge, Phys. Lett. B253 (1991) 67;
M. Porrati, P. van Nieuwenhuizen, Absence of world-sheet and space-time anomalies
in the semi-covariantly quantized heterotic string, Phys. Lett. B273 (1991) 47.
[28] E. Del Giudice, P. Di Vecchia, S. Fubini, General properties of the dual resonance
model, Ann. Phys. 70 (1972) 378.
[29] N. Berkovits, Towards covariant quantization of the supermembrane, J. High Energy
Phys. 09 (2002) 051, hep-th/0201151.
[30] J. Hughes, J. Liu, J. Polchinski, Supermembranes, Phys. Lett. B180 (1986) 370;
E. Bergshoeff, E. Sezgin, P. K. Townsend, Supermembranes and eleven-dimensional
supergravity, Phys. Lett. B189 (1987) 75;
M. J. Duff, P. S. Howe, T. Inami, K. S. Stelle, Superstrings in D=10 from superme-
mbranes in D=11, Phys. Lett. B191 (1987) 70;
M. J. Duff, J. X. Lu, Duality rotations in membrane theory, Nucl. Phys. B347 (1990)
394.
[31] C. M. Hull, P. K. Townsend, Unity of superstring dualities, Nucl. Phys. B438 (1995)
109, hep-th/9410167;
P. K. Townsend, The eleven-dimensional supermembrane revisited, Phys. Lett. B350
(1995) 184, hep-th/9501068.
[32] P.A. Grassi, G. Policastro, P. van Nieuwenhuizen, An introduction to the covariant
quantization of superstrings, Class. Quant. Grav. 20 (2003) S395, hep-th/0302147.
93
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo