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O MUSEU DE IMAGENS DO INCONSCIENTE:
das coleções da loucura
aos desafios contemporâneos
por
Eurípedes Gomes da Cruz Junior
Aluno do curso de Mestrado em Museologia e Patrimônio
Linha 02 Museologia, Patrimônio Integral e Desenvolvimento
Dissertação de Mestrado apresentada
à Coordenação do Programa de Pós-
Graduação em Museologia e Patrimônio
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Lena Vania Ribeiro Pinheiro
UNIRIO/MAST
Rio de Janeiro, Fevereiro de 2009
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FOLHA DE APROVAÇÃO
O MUSEU DE IMAGENS DO INCONSCIENTE:
das coleções da loucura aos desafios
contemporâneos
Dissertação de Mestrado submetida ao corpo
docente do Programa de Pós-graduação em
Museologia e Patrimônio, do Centro de Ciências
Humanas e Sociais da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro UNIRIO e Museu de
Astronomia e Ciências Afins MAST/MCT, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
grau de Mestre em Museologia e Patrimônio.
Aprovada por:
_________________________________________________
Prof.ª Dra. Lena Vania Ribeiro Pinheiro
_________________________________________________
Prof. Dr. Marcos Luiz Cavalcanti de Miranda
________________________________________________
Prof Dra. Maria Cristina dos Reis Amendoeira
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Cruz Junior, Eurípedes Gomes da.
C957 O Museu de Imagens do Inconsciente: das coleções da loucura aos
desafios contemporâneos / Eurípedes Gomes da Cruz Junior, 2009.
xiii, 183f.
Orientador: Lena Vania Ribeiro Pinheiro.
Dissertação (Mestrado em Museologia e Patrimônio) Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro; MAST, Rio de Janeiro, 2009.
1. Museu de Imagens do Inconsciente. 2. Silveira, Nise da, 1905-
1999. 3. Coleções da loucura. 4. Arte e ciência. 5. Patrimônio cultural.
6. Museus Aspectos sociais. I. Pinheiro, Lena Vania Ribeiro. II. Uni-
versidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2003-). (Centro de
Ciências Humanas e Sociais). Mestrado em Museologia e Patrimônio
III. Museu de Astronomia e Ciências Afins. IV. Título.
CDD 069.67
iv
Para o meu pai
(in memorian)
v
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos podem ser ao mesmo tempo prazeirosos e perigosos. O prazer vem
da possibilidade de honrar aqueles que contribuíram, muitas vezes sem noção da
dimensão de sua importância, para que um trabalho como este chegue ao seu
objetivo. O perigo é o esquecimento que sempre ronda, amplificado pelo cacoete da
importância que atribuímos à memória em nossa campo de atuação. A lista a seguir
não possui uma hierarquia, ela é puro rizoma.
Ter a Prof Lena Vania como minha orientadora foi mais que uma escolha, foi um
desígnio. À sua decantada proficiência soma-se uma generosidade que se expressa
através de uma direção firme que nos trouxe sempre a sensação de segurança para
prosseguir.
À Coordenação do PPG-PMUS, cujo zelo pelos discentes pude testemunhar em várias
oportunidades, e aos demais professores do programa que além do elevado nível
intelectual nos instigaram constantemente a ampliar cada vez mais nossa visão sobre
os assuntos estudados.
Na Banca examinadora, incluindo as suplências, estão pessoas que eu admiro e
considero colaboradores, pelas dicas, sugestões e leituras aconselhadas,
especialmente no processo de qualificação. Meu obrigado inclui tudo aquilo que ainda
espero aprender com elas.
Aos meus colegas do Programa, cujo convívio foi fecundo - um adubo, a relação
afetiva como seu principal componente. Em especial a Aline Rocha e Rosângela Brito,
amigas sensíveis e sempre disponíveis para ajudar em qualquer hora.
A todos os meus colegas do Museu de Imagens do Inconsciente, não pela
solidariedade como também pela sobrecarga de trabalho gerada em função de minhas
muitas ausências para atender às atividades do Programa. Ao Luiz Carlos Mello e
Gladys Schincariol, pelas longas discussões conceituais e filosóficas sobre a
instituição, pelas inúmeras e detalhadas informações e principalmente pelo apoio
irrestrito e estímulo cotidiano, transmitindo confiança. Agradeço também a Marize
Parreira pelo auxílio no levantamento e descrição das monografias, teses e
dissertações do acervo, trabalho pioneiro que revelou a dimensão desse conjunto. Aos
estagiários de Museologia, pelo apoio fundamental no levantamento de dados e
localização de documentos e arquivos.
À direção do Instituto Municipal Nise da Silveira, que desde o primeiro momento
manifestou total apoio à minha participação no Programa, concedendo-me todas as
facilidades administrativas e funcionais para o melhor desempenho da minha
pesquisa.
À Coordenação-Geral de Documentação e Informação e o Centro Cultural da Saúde,
na pessoa de Márcia Rollemberg e sua equipe, cuja parceria com o MII disponibilizou
infraestrutura e pessoal ligados a projetos em desenvolvimento na instituição, além de
inestimável apoio à divulgação de nossa pesquisa em Congressos e Seminários.
Se fosse apenas pelo amor, a contribuição de minha família já seria o bastante.
Evidentemente, onde existe o amor, tudo vai mais além. Como somos muitos,
impossível citar alguém, exceção feita à minha mãe, Doraci Ribeiro, cujo desvelo
materno foi muito além do carinho e do encorajamento, impedindo-me em muitos
momentos de limitar ou mesmo interromper a pesquisa por motivos econômicos.
vi
À minha esposa Cândida Bougleux, cujo companheirismo e cumplicidade resistiram
estoicamente às “síndromes de pós-graduação” que frequentemente abalam as
relações mais frágeis, aceitando com carinho minhas longas ausências apesar da
presença física causadas pelas intermináveis horas dedicadas à leitura, ao estudo
ou à elaboração de textos. Isso sem nunca consentir que eu tivesse um momento de
desânimo.
Às minhas filhas Renata e Isabela, cujas existências são faróis que iluminam meu
coração, e cuja admiração por mim faz-me sempre refletir sobre tão grande
responsabilidade ser um exemplo para pessoas tão melhores que eu.
À minha neta Manuela, cujo nascimento antecedeu, de pouco, o início de tudo. A
energia gerada com a chegada desse novo ser, composta de uma espécie de amor
até então desconhecida, foi e tem sido, com certeza, meu maior estímulo afetivo.
Aos irmãos e amigos da Igreja Nova Vida do Méier, em especial o Pastor Sebastião
Estevam, por me apoiarem com palavras e orações. A comunhão com eles mostrou-
me que Fé e Ciência não só podem - elas devem andar juntas.
Repassando esta lista, me ocorre que nenhum homem é merecedor, por si só, de
tantas bênçãos.
Um dia, manifestei a Deus meu desejo de continuar os estudos. Orei, pedindo que Ele
me indicasse o caminho. Esta dissertação é um dos resultados de Sua resposta.
Como hoje, a presença d‟Ele em minha vida é como o ar que respiro, agradeço
citando as derradeiras palavras do Rei Davi:
Obrigado, Senhor
“Porque tudo vem de ti, e das tuas mãos to damos”.
I Crônicas 29:14
Fig. 1: “O trapezista”
Carlos Pertuis
Óleo sobre papel
Acervo do Museu de Imagens do Inconsciente
viii
CRUZ JUNIOR, Eurípedes Gomes da. O Museu de Imagens do Inconsciente: das coleções da
loucura aos desfios contemporâneos. 2009. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-
Graduação em Museologia e Patrimônio, UNIRIO/MAST, Rio de Janeiro, 2009. 196 p.
Orientadora: Lena Vania Ribeiro Pinheiro.
RESUMO
O trabalho analisa o Museu de Imagens do Inconsciente - MII desde a sua concepção,
as circunstâncias históricas e sociais antecedentes e contemporâneas da fase de sua
implantação. Apresenta a orientação e as idéias de sua fundadora, Dr.ª Nise da
Silveira, através da trajetória de sua obra, especialmente o documento por ela
denominado “Benedito”, em leitura transdisciplinar e de estudos de outros pensadores.
Mapeia as principais „coleções da loucura‟ no mundo, enfocadas nos seus atributos
museológicos. Aborda o MII na condição de patrimônio cultural e nos aspectos de
Ciência e Arte sobre as imagens produzidas pelos freqüentadores dos seus ateliês
terapêuticos, bem como da informação em museus e da informação em arte. Enfatiza
a socialização do conhecimento, pensada a partir da relação do museu com a
comunidade e na nova perspectiva do mundo contemporâneo - o ciberespaço.
ix
CRUZ JUNIOR, Eurípedes Gomes da. Museu de Imagens do Inconsciente: from collections of
madness to the contemporary challenges. 2009 Dissertation (Master‟s) - Programa de Pós-
Graduação em Museologia e Patrimônio, UNIRIO/MAST, Rio de Janeiro, 2009. 196p.
Supervisor: Lena Vania Ribeiro Pinheiro.
ABSTRACT
Analysis of the Museum of Images from the Unconscious-MII since its conception, the
historical circumstances and social contemporary background when its deployment.
The guidance and the ideas of its creator, Nise da Silveira, through the trajectory of his
work, especially the document called "Benedito", as a transdisciplinary reading and
studies of other thinkers. Mapping of the main „collections of madness‟ in the world,
focusing on their museological aspects. The collection of MII is focused in the condition
of cultural heritage and by the aspects of Science and Art about the images produced
by its therapeutic workshops users, as well as information on museums and
information on art. This trajectory emphasizes, at the end, the socialization of
knowledge, thought from the museum's relationship with the community and in the new
perspective of the contemporary world - the cyberspace.
x
LISTA DE FIGURAS
Fig. 1. Carlos Pertuis. “O trapezista”. óleo sobre papel. ................................................... vii
Fig. 2. Fachada principal da sede do Museu de Imagens do Inconsciente ....................... 1
Fig. 3. Nise da Silveira na antiga sede do Museu de Imagens do Inconsciente ................ 9
Fig. 4. Jung e Nise, na inauguração da exposição A Esquizofrenia em Imagens ........... 15
Fig. 5. Octávio Ignácio. Lápis de cor s/ papel ................................................................... 19
Fig. 6. Escultura de Adelina Gomes ................................................................................. 29
Fig. 7. Modelagem - Cultura Tisza ................................................................................... 29
Fig. 8. “Niágara” Obra da coleção Morgenthaler ........................................................... 33
Fig. 9. Obra da Coleção Prinzhorn ................................................................................... 33
Fig. 10. Obra da Coleção abcd ......................................................................................... 48
Fig. 11. Obra reproduzida no livro de Osório César ......................................................... 48
Fig. 12. Raphael Domingues. Guache sobre papel .......................................................... 71
Fig. 13. Carlos Pertuis. Óleo sobre jornal ......................................................................... 85
Fig. 14. Dra. Nise e um dos álbuns organizados por ela .................................................. 90
Fig. 15. Emygdio de Barros. Óleo sobre papel ............................................................... 101
Fig. 16. Maquete do projeto para a nova sede do MII .................................................... 112
Fig. 17. Página inicial sítio do MII na Internet .............................................................. 114
Fig. 18. Carlos Pertuis. Óleo sobre papel. ...................................................................... 116
Fig.19. Carlos Pertuis. Óleo sobre tela ........................................................................... 121
xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ARAS The Archive for Research in Archetypal Symbolism
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
ICOFOM-LAM Grupo Regional de Trabalho para a América Latina e o Caribe do Comitê
Internacional de Museologia
ICOM Conselho Internacional de Museus
IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
MAM Museu de Arte Moderna
MASP Museu de Arte de São Paulo
MAST Museu de Astronomia e Ciências Afins
MII Museu de Imagens do Inconsciente
MOMA Museum of Modern Art (New York)
SAMII Sociedade Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente
SIMBA Sistema de Informações do Museu Nacional de Belas Artes
STO Seção de Terapêutica Ocupacional
STOR Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
UNIRIO Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1
2 OBJETIVOS ................................................................................................. 9
2.1 Gerais .............................................................................................. 10
2.2 Específicos ......................................................................................... 10
3 CRIADOR E CRIATURA .............................................................................. 11
3.1 Nise da Silveira, uma psiquiatra rebelde .......................................... 14
3.2 O Museu de Imagens do Inconsciente-MII ....................................... 16
4 AS COLEÇÕES DA LOUCURA ................................................................... 21
4.1 Sociedade e loucura: o estatuto da alteridade ................................. 23
4.1.1 O nascimento do asilo
4.2 O patrimônio e as coleções da loucura ........................................... 27
4.2.1 O interesse pela diferença: as raízes românticas ........................... 28
4.2.2 Um patrimônio emergente .............................................................. 30
4.2.3 A constituição das coleções da loucura .......................................... 33
4.2.3.1 As experiências brasileiras de Osório César e
Nise da Silveira
4.2.4 As coleções se multiplicam ............................................................ 40
4.3 Aspectos museológicos nas coleções da loucura .......................... 41
4.3.1 As coleções européias ................................................................... 42
4.3.2 As coleções brasileiras: Osório César ............................................ 48
4.3.3 Nise da Silveira e o ateliê de pintura da STO ................................. 50
4.4 Imagens da Loucura, Ciência e Arte: algumas leituras ................... 55
4.4.1 A gramática de Freud e Jung ......................................................... 60
4.4.2 As leituras européias ...................................................................... 61
4.4.3 Uma leitura brasileira ..................................................................... 65
4.4.4 Arte ou ciência? ............................................................................. 66
5 NISE DA SILVEIRA E O “BENEDITO”: UMA LEITURA
TRANSDISCIPLINAR .................................................................................. 70
5.1 Adquirindo Conhecimento ................................................................ 73
5.2 Produzindo Conhecimento ................................................................ 77
5.3 O “BENEDITO” .................................................................................. 79
6 SOCIALIZANDO O CONHECIMENTO ........................................................ 84
6.1 Organizando o Conhecimento .......................................................... 88
6.1.1 Princípios de organização do conhecimento no MII
6.2 Informação em Museus ..................................................................... 92
6.3 Informação em arte no Brasil ............................................................ 96
xiii
7 O MUSEU DE IMAGENS DO INCONSCIENTE NO MUNDO
CONTEMPORÂNEO .................................................................................. 100
7.1 O Museu e a comunidade ..................................................................... 105
7.2 O Museu e o território ........................................................................... 109
7.2.1 Museu e ciberespaço: um novo território possível ............................. 111
8 O DESAFIO CONTEMPORÂNEO ............................................................... 115
9 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 121
10 ANEXOS
A: Relação dos Documentários ........................................................................ 129
B: Relação de Exposições ............................................................................... 133
C: Fac-simile do Sistema de classificação do A.R.A.S. .................................... 142
D: Ficha de Catalogação ................................................................................. 146
E: Relação de Monografias, Teses, Dissertações, Coletâneas, Poesias,
Estudos, Projetos relativos ao acervo do MII existentes em sua biblioteca. . 148
1.
INTRODUÇÃO
2
1. INTRODUÇÃO
Quando se fala em Museu de Imagens do Inconsciente - MII estamos nos
referindo a uma instituição pública, genuinamente brasileira, cujo acervo de obras
plásticas desperta admiração, pela originalidade e pela qualidade dos trabalhos
produzidos em seus ateliês de atividades expressivas. Desde sua fundação o Museu
vem apresentando exposições, seminários, cursos e documentários que procuram
lançar luzes sobre os intrigantes fenômenos que ocorrem em regiões pouco
conhecidas da psique humana, tomando como ponto de partida a produção plástica de
indivíduos rotulados como loucos pela sociedade.
Fig. 2. Fachada principal da sede do Museu de Imagens do
Inconsciente
Foto: Arquivo do Museu
3
Essa produção também tem sido utilizada como um elemento provocativo de
reflexões sobre a desumana exclusão a que muitas vezes são submetidos os
indivíduos portadores desse rótulo, procurando transformar a forma como a sociedade
os vê, trazendo à tona as insuspeitadas riquezas de seu mundo interno, muitas vezes
em contraste com a aparência externa de ruína ou degradação.
Esses aspectos, embora não sejam os únicos, são predominantes na atuação
do MII desde sua criação, em 1952, pela psiquiatra Nise da Silveira. Criadora e
criatura muitas vezes se confundem, tornando indispensável o estudo conjunto da
instituição e sua fundadora para uma melhor compreensão do trabalho produzido
nessa relação ao longo do tempo.
Criado para ser um centro de estudos, é na fase inicial do Museu, quando sua
fundadora esteve à sua frente, que se originou a maior parte das principais pesquisas
hoje conhecidas. Após esse período, as atividades museológicas de conservação,
organização e acondicionamento do acervo, já então na casa dos 180 mil documentos
plásticos, passa a ocupar um espaço privilegiado nas preocupações da equipe que
sucedeu Nise da Silveira na direção da entidade
1
.
Este segundo período é fértil na consolidação dos estudos até então
desenvolvidos, seja através de mostras extensivas que abordam múltiplos assuntos,
seja pela publicação de livros e catálogos, ou pela realização de documentários
audiovisuais, filmes e vídeos.
O século XXI vem encontrar o Museu com uma estrutura museológica bastante
razoável no tocante às atividades de conservação e organização do acervo. Entretanto
as mudanças ocorridas na área da psiquiatria e da museologia, as transformações e
exigências da sociedade contemporânea e as novas possibilidades tecnológicas para
a disseminação de conhecimentos reclamam uma reflexão sobre o papel que a
instituição pode desempenhar nessa contemporaneidade.
Para traçar esse perfil, pretendemos percorrer um itinerário onde recorreremos
inicialmente a uma contextualização histórica da loucura, seguindo-se as iniciativas de
musealização de coleções similares à do Museu que aconteceram em diversos
lugares do mundo e de que forma esse patrimônio se insere na atualidade. Num
momento seguinte vislumbrar sinteticamente as diferentes leituras das quais essas
coleções foram objeto, com destaque para a fundamentação teórica estabelecida por
Nise da Silveira, que veio influenciar e mesmo cunhar o caráter do Museu de Imagens
do Inconsciente.
Outro ponto a considerar é a produção sobre o acervo existente nos arquivos
do Museu - ensaios, depoimentos, dissertações, teses, artigos, muitos dos quais ainda
1
Nise da Silveira, funcionária pública concursada, foi aposentada compulsoriamente em 1975.
4
inéditos. Esses trabalhos são oriundos de pesquisadores do Museu ou de outras
instituições, além de artistas e intelectuais de áreas diversas. Por tratar-se de um
assunto ainda pouco divulgado, esse acervo de conhecimentos encontra-se
subutilizado, especialmente por não ter havido, ainda, na instituição, um projeto para
sua recuperação, organização e comunicação.
A Dra. Nise tem sido incensada e amplamente reconhecida como a fundadora
do Museu de Imagens do Inconsciente, como a mulher que defendeu a liberdade de
expressão dos loucos, que rebelou-se contra os tratamentos agressivos da psiquiatria
tradicional, como a protetora dos animais. Porém seu trabalho científico, as bases
teóricas e epistemológicas que desenvolveu ao longo dos anos e que serviram para
fundamentar a atuação do Museu como centro de pesquisa e estudo é muito pouco
conhecido (Melo, 2005). Muitos admiram as obras produzidas nos ateliês do Museu,
mas poucos sabem o que realmente aquelas obras significaram para seus autores e o
que essa significação pode ajudar na compreensão dos processos psíquicos humanos
assunto que não se limita, como pode parecer à primeira vista, aos estudiosos da
mente, mas a todos aqueles que se interessam por essas complexas e misteriosas
regiões que desconhecemos, mas que tanta influência exercem sobre nós. Esses
conteúdos perpassam nossa história na terra, povoam nosso imaginário, que o
pensamento clássico tentou tornar moeda de duas faces ora realidade, ora
alucinação mas que na verdade é cristal multifacetado que não permite um limite
arbitrário traçado pelo que a sociedade considera como razão, e que vem sendo
questionado por artistas, pensadores e filósofos, com destaque para Foucault:
É no espaço da pura visão que a loucura desenvolve seus poderes.
Fantasmas e ameaças, puras aparências do sonho e do destino
secreto do homem a loucura tem, nesses elementos, uma força
primitiva de revelação: revelação de que o onírico é real, de que a
delgada superfície da ilusão se abre sobre uma profundeza
irrecusável, e que o brilho instantâneo da imagem deixa o mundo às
voltas com figuras inquietantes que se eternizam em suas noites
(Foucalt, 1978 p. 27).
Se o onírico é real, o problema da loucura não pode estar nem nunca esteve
restrito à área médica. Apesar das tentativas dos séculos passados, de inseri-la no
modelo médico, podemos constatar hoje os modestos resultados obtidos, resumidos a
descrições, quadros nosológicos e contenção de sintomas. O médico de Lady
Macbeth diz que a loucura é “um mal bem além de minha prática”. E Foucalt vai mais
longe, sugerindo ser ela a arqueologia espontânea das culturas. “O desatino seria a
grande memória dos povos, a maior fidelidade deles para com o passado; nele, a
história lhes será indefinidamente contemporânea.” (Foucalt, 1978, p. 106).
5
Esta contemporaneidade indefinida da loucura pode ser constatada nas
imagens do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente. Não se trata aqui de uma
“arte contemporânea”, mas sim na emergência de imagens cujos símbolos e signos
remete-nos a uma história imagética da espécie humana, uma verdadeira arqueologia
da psique.
É a mediação dessa arqueologia que o Museu de Imagens do Inconsciente
vem fazendo. Não basta apenas o olhar, por mais intuitivo que seja. É preciso uma
leitura, fruto de uma observação que, embora não hegemônica, seja provocadora na
criação de sentidos. Bússola que o navegador poderá abandonar quando se sentir
seguro em sua navegação, criando suas próprias rotas. Rotas que poderiam retornar à
leitura inicial, criar novos nós a ela interligados, gerando conhecimento rizomático, não
estratificado.
As teses de mestrado, doutorado, monografias que abordam aspectos do
acervo do Museu de Imagens do Inconsciente, ou de sua fundadora, Dra. Nise da
Silveira, ou de atores que dela participaram, sucedem-se. A demanda por esses
conhecimentos reflete-se no interesse despertado pelas exposições e cursos que o
Museu tem realizado no Brasil e no exterior. A nova ordem psiquiátrica e as iniciativas
de inclusão social resultantes do movimento da Luta Antimanicomial (Por uma
Sociedade sem Manicômios) vêm freqüentemente beber nessa fonte de inspiração
tanto para a prática terapêutica, como para a formação de indivíduos e cidadãos da
modernidade, incorporando saberes que dizem respeito diretamente ás suas vivências
mais íntimas.
É nesse universo que esta dissertação se insere, para tentar formalizar uma
expectativa de múltiplas abordagens e diferentes formas de acesso ao acervo do
Museu com seus objetos, documentos e saberes.
Não se trata de propor grandes construções teóricas vazias, mas sim
de abordar um caso empírico com a intenção de construir um modelo
que não tem a necessidade de se revestir de uma forma
matemática ou formalizada para ser rigoroso -, de ligar os dados
pertinentes de tal modo que eles funcionem como um programa de
pesquisas que põe questões sistemáticas, apropriadas a receber
respostas sistemáticas. Em resumo, trata-se de construir um sistema
coerente de relações, que deve ser posto à prova como tal (Bordieu,
2005, p. 32).
Com o falecimento da Dra. Nise, em 1999, encerrou-se um ciclo na história do
Museu. Também começou a mudar o perfil dos pesquisadores que procuram a
instituição. Inicialmente composto de entusiastas com multidisciplinares formações,
6
estes agora estão mais focados na produção acadêmica e agem de forma mais
individualizada.
Nos últimos anos, grandes mudanças ocorreram na área da saúde mental - o
Brasil é um dos países na vanguarda desse assunto - e também nas instituições
museológicas. Essas duas vertentes se avolumam nas preocupações da atual equipe
do Museu quanto ao futuro da instituição, apontando a necessidade de novas
iniciativas para integrá-lo cada vez mais à comunidade, para que o Museu possa
desenvolver suas potencialidades de mediação entre seu objeto principal as
imagens do inconsciente e seu público-alvo a sociedade humana.
Nesse sentido, observamos a necessidade de uma maior visibilidade do
conjunto de informações e saberes que foram produzidos sobre o acervo do Museu,
que pela sua peculiaridade demanda uma organização própria, um arranjo que permita
ao estudioso fazer as conexões necessárias para a apreensão daquilo que foi
produzido, bem como abrir um leque para novas interfaces e estudos.
Esse patrimônio imagético da humanidade, que compõe-se de diversas
coleções espalhadas pelo mundo, surgidas em um ciclo delimitado da história e
reunidas por motivações diversas, tem no modesto museu brasileiro seu maior e mais
diferenciado representante. Nenhuma outra possui a dimensão e a riqueza de autores
e assuntos, nenhuma trouxe tanto conteúdo representativo das vivências especiais
desses seres que rotulamos como loucos, nem possuem organização tão peculiar.
Dessa maneira, a importância desses saberes, das práticas que os produziram,
dos fundamentos teóricos e epistemológicos que o justificam, aumenta sobremaneira.
Se aparentemente eles parecem destinar-se inicialmente à área da saúde mental,
posteriormente verifica-se que na verdade trazem uma maior compreensão sobre
processos e estruturas da psique humana, ou seja, pertencentes a todos os
indivíduos.
Sem diminuir sua importância para a compreensão do processo psicótico, ou
da loucura como esse processo é mais conhecido coloquialmente, esta nova
dimensão para o entendimento de certas imaginações, acontecimentos psíquicos,
produção de símbolos, que podem ser acompanhadas através da história da
humanidade, justifica a socialização desses conhecimentos de uma forma mais
enfática.
Adotamos, nesta dissertação, uma pesquisa de natureza teórica e exploratória,
com base em documentos, numa leitura transdisciplinar que entrecruza aspectos
históricos, sociais, museológicos, informacionais e de patrimônio, na fronteira de
Ciência e Arte e na perspectiva da socialização do conhecimento das coleções
7
plásticas e da produção científica do Museu de Imagens do Inconsciente, lócus da
pesquisa.
Da literatura estudada, a obra da Dra. Nise da Silveira é privilegiada, por ter
sido a criadora do MII. Pesquisadora incansável, no seu labor para fundamentar
cientificamente sua prática ela reuniu idéias advindas de diversos campos do saber,
numa prática deliberadamente interdisciplinar. A questão mesma das imagens e de
seu estudo traz uma amálgama desses campos: filosofia, psiquiatria, psicologia, arte e
ciência, num diálogo nem sempre concordante; essa interdisciplinaridade refletir-se-á
na pesquisa, uma exigência básica para o assunto abordado.
A filosofia nos traz, através de Foucault, considerações sobre as relações entre
a loucura e a sociedade ocidental nos últimos séculos, que deram origem ao hospital
psiquiátrico; com Régis Debray temos o estudo, tão afim com o trabalho do MII, da
imagem como mediadora: ambos os autores trabalham com o conceito de arché, que
segundo o próprio Debray (1993, p. 21) “significa, ao mesmo tempo, razão de ser e
começo”.
No campo da arte priorizamos as idéias daqueles que tiveram estreito contato
na constituição das coleções estudadas: Jean Dubuffet, o criador do conceito de Art
Brut e seu seguidor, Michel Thévoz; Edward Adamson, o primeiro artista a criar um
modelo de arte-terapia. E no Brasil, a presença fundamental do crítico de arte Mário
Pedrosa.
No aspecto científico, destacamos Hans Prinzhorn, Robert Volmat e Osório
César. Prinzhorn é uma referência nesse campo, por ser o pesquisador que
conseguiu, no início do século XX, analisar sob o ponto de vista da arte e da medicina,
a coleção que leva o seu nome, uma vez que possuía formação nos dois campos.
Brasileiro, Osório César, quase à mesma época e também com uma dupla formação
similar, fez interessante trabalho de análise no campo. Volmat reuniu em Paris
(1950) uma amostragem significativa do que existia na época em termos de obras
produzidas por pacientes psiquiátricos de vários países, criando depois disso a
Sociedade Internacional de Psicopatologia da Expressão. E obviamente, Nise da
Silveira. Estes três últimos autores têm seus principais trabalhos separados por 30
anos cada, mostrando assim um panorama significativo do pensamento do século XX
sobre o assunto.
Evidentemente, não se poderia deixar de citar as influências de Freud e Jung.
Este último, personagem tão importante na história do pensamento de Nise da Silveira
e, por conseguinte, do Museu de Imagens do Inconsciente, teve seus conceitos
teóricos amplamente adotados nas pesquisas realizadas na instituição.
8
No campo da museologia e do patrimônio, que são os temas transversais da
dissertação, destacamos os autores Tereza Scheiner (e o conceito de museu interior),
e Jean Pierre Trudel (e o conceito de museus fora das normas); e documentos do
ICOM e ICOFOM-LAM, além de pesquisadores da área da Museologia e da Ciência
da Informação. Reconhecendo que as coleções da loucura ficam no limiar entre arte e
ciência, também incluímos considerações sobre informação em arte, especificamente
as que se referem aos museus de arte. Os capítulos finais trazem reflexões sobre as
potencialidades do MII no âmbito da realidade contemporânea, e alguns possíveis
caminhos, pensados segundo uma perspectiva coerente com sua trajetória.
Portanto, nossa pesquisa desenvolveu-se em duas etapas: uma investigação
teórica que incluiu a contextualização histórica, e outra empírica e exploratória,
consistindo no levantamento e análise de documentos, artigos, teses e dissertações
existentes no Museu de Imagens do Inconsciente e no arquivo pessoal de Nise da
Silveira, sobretudo o “BENEDITO”, documento que será explicado posteriormente.
Partindo dessa metodologia, procuramos respostas para algumas questões:
Qual a real dimensão da produção teórica sobre o acervo existente no Museu de
Imagens do Inconsciente? Afinal, porque devemos conhecer esses conteúdos, para
que eles servem e que papel a Museologia tem nessa discussão? É possível conciliar
os aspectos artísticos e científicos do acervo? Qual a importância e a razão para trazer
esse patrimônio a um nível maior de visibilidade e como utilizar as novas tecnologias
para alcançar esse objetivo?
Perguntas geram outras perguntas, dizia Foucault. Mas sempre será possível
encontrar algumas respostas.
9
2.
OBJETIVOS
10
2. OBJETIVOS
2.1 Geral
Analisar a constituição e a trajetória do Museu de Imagens do Inconsciente
desde a fundamentação teórica que orientou a sua criação, a fim de repensá-lo como
patrimônio e em seu papel no mundo contemporâneo, nas interfaces das imagens
criadas por psicóticos, Ciência e Arte, nos aspectos museológicos e nas
potencialidades tecnológicas para socialização e amplo acesso à informação e ao
conhecimento da produção plástica e científica do seu acervo.
2.2 Específicos
1. Estudar as idéias de Nise da Silveira, expostas em sua obra e especialmente
no documento “Benedito”, e de outros pensadores que influenciaram na
concepção do MII;
2. Analisar o contexto histórico e social na formação de coleções similares em
outros locais do mundo, traçando um breve panorama sobre as diferentes
leituras da ciência e da arte na musealização dessas coleções, a fim de
identificar convergências e divergências teóricas e práticas;
3. Analisar a produção plástica e a produção científica resultante do estudo do
acervo de obras plásticas do MII, a fim de propor diretrizes para uma rede
interativa com a finalidade de socialização e amplo acesso ao conhecimento.
11
3.
CRIADOR E CRIATURA
12
3. CRIADOR E CRIATURA
A constituição do Museu de Imagens do Inconsciente confunde-se com a
trajetória de sua fundadora, a Dra. Nise da Silveira. De como uma mulher simples e
despojada, como o atestam todos os depoimentos das pessoas que com ela
conviveram, encontrou um caminho que viria revolucionar não as práticas
terapêuticas de indivíduos portadores de sofrimento psíquico, mas também construir
um arcabouço epistemológico para fundamentar essas práticas. A constituição de uma
instituição para abrigar e encaminhar o desenvolvimento de pesquisas e produção de
conhecimentos foi um fator decisivo para que a sedimentação desses saberes
acontecesse de forma sólida e regular.
O rigor científico com o qual Nise da Silveira conduziu seu trabalho foi exercido
com uma profunda humanidade que permeia todas as suas ações. Nesse sentido o
criador, a Dra. Nise da Silveira, e a criação, o Museu de Imagens do Inconsciente,
comungam desse espírito humanista, surpreendentemente nascido na aridez dos
tristes lugares que formam um hospital psiquiátrico.
Fig. 3. Nise da Silveira na
sala de exposições da antiga
sede do Museu de Imagens
do Inconsciente
Foto: Arquivo do MII
13
Essa perspectiva humanista, que se insere na história brasileira em um período
de afirmação e consolidação de sentimentos nacionalistas, indo da ditadura Vargas ao
restabelecimento do estado de direito após a ditadura militar, feriu a atenção de
intelectuais e artistas e propiciou a criação de núcleos de pesquisa, grupos de
estudos, instituições terapêuticas. No primeiro caso, provocou a reformulação da visão
sobre a loucura e a condição de exclusão social dos indivíduos rotulados como
doentes mentais em importante parcela de formadores de opinião da sociedade:
Freqüentar o grupo de estudos Junguiano em sua casa [de Nise], na
década de 70, era um grande acontecimento. Ali freqüentavam
pessoas afoitas para saber um pouco sobre os territórios
desconhecidos da psique humana. Vinham filósofos, matemáticos,
sociólogos, psicólogos, senhoras perplexas e instigadas pela fase de
reflexão da vida, jovens estudantes hippies e artistas.
É bom lembrar que vivíamos num período fechado, onde era proibida
a reunião de pessoas e a pobreza cultural era tenebrosa. Freqüentar
também o grupo de estudos das terças-feiras na STOR [Seção de
Terapêutica Ocupacional e Reabilitação, que abrigava o Museu de
Imagens do Inconsciente], do Centro Psiquiátrico Pedro II [antigo
nome do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira
ao qual o Museu está administrativamente subordinado], juntamente
com a oportunidade de acompanhar os freqüentadores dos ateliês
de pintura e outras artes, representou para mim uma experiência
profunda. Na verdade, ali se cultivava o verdadeiro espírito
universitário, onde a pulsão do saber estava dirigida para uma ética
da práxis (Pacelli, 2001, p. 59).
As instituições que foram criadas sob a inspiração dessas idéias multiplicaram-
se. O reconhecimento da sociedade por esse trabalho veio através dos inúmeros
prêmios, medalhas e condecorações recebidas por Nise da Silveira ao longo de sua
trajetória.
14
3.1 Nise da Silveira, uma psiquiatra rebelde
A Dra. Nise é a mulher do século no Brasil, por ter nos
dado uma visão mais humana e inovadora da loucura.
Frei Betto
Nise da Silveira tem uma trajetória singular no campo da ciência e da cultura
brasileiras. Nascida em Alagoas, em 1905, filha do jornalista Faustino Magalhães da
Silveira e da pianista Maria Lydia da Silveira, foi precocemente cursar Medicina na
Faculdade da Bahia. Seu pai providenciou um documento alterando sua data de
nascimento, para que ela pudesse ser inscrita. Segundo ela própria narra ao poeta
Ferreira Gullar, “[...] não tinha nenhuma vocação para a Medicina. Na verdade a
escolha se deu por influência desse grupo de rapazes, que estudavam com meu pai, e
que iam todos cursar Medicina, na Bahia. Assim, fomos em bando para Salvador”.
(Gullar, 1996, p. 35). Logo após a formatura, o pai de Nise falece e ela vem residir no
Rio de Janeiro. Algum tempo depois foi aprovada num concurso para médica
psiquiatra no Centro Psiquiátrico Nacional, àquela época ainda sediado na Urca (hoje
um dos campi da UFRJ), onde passa a residir.
Logo depois, a perseguição aos intelectuais movida pela ditadura Vargas
acaba por alcançá-la: vítima da denúncia de uma enfermeira, que notificou a
existência de livros marxistas em seu quarto, Nise foi presa e levada para o presídio
Frei Caneca, onde permaneceu por quase dois anos.
Na prisão, trava contato com outros intelectuais e militantes Olga Benário,
Maria Werneck, Elisa Berger, e com o escritor Graciliano Ramos, que descreve essa
convivência nas suas Memórias do Cárcere.
Libertada, mas sob a ameaça de voltar à prisão, Nise inicia uma peregrinação
pelo Brasil, um auto-exílio do qual poucas informações existem. Sabe-se que ela
passou pela Bahia, Pernambuco, Alagoas, Amazonas.
Anistiada, retoma, em 1944, seu cargo de médica no hospício, que nesse
ínterim havia sido transferido para o subúrbio de Engenho de Dentro. É nessa volta
que ela se depara com as últimas inovações no tratamento psiquiátrico o
eletrochoque, a insulinoterapia, a lobotomia. Nise descreve suas primeiras
experiências com esses métodos:
Paramos diante da cama de um doente que estava ali para tomar
eletrochoque. O psiquiatra apertou o botão e o homem entrou em
convulsão. Quando o outro paciente ficou pronto para a aplicação do
choque, o médico me disse: - Aperte o botão. Eu respondi:- Não
aperto! Aí começou a rebelde. (Gullar, 1996 p. 46, itálico no original)
15
Essa rebeldia vai desaguar na adoção de um método considerado subalterno
no panteão médico: a terapêutica ocupacional. Ela propõe ao diretor do hospício da
época a instalação de algumas oficinas, que logo vão se multiplicar dando origem à
Seção de Terapêutica Ocupacional. Estas oficinas abriram caminho para a expressão,
para a criatividade. Não era um conjunto de atividades para recreação ou passatempo,
mas uma prática solidamente fundamentada nos estudos e conceitos teóricos da
época, ou seja, desde o início a utilização de atividades sempre teve para ela
propósito terapêutico: “[...] as atividades ocupacionais não constituem, do ponto de
vista que adotamos, meios para „distrair os doentes‟, mas verdadeiros agentes
terapêuticos [...]” (Silveira, 1966, p. 53, aspas no original).
Mas são os ateliês de pintura e de modelagem que, instalados em de
igualdade com as demais atividades, irão se destacar. O ateliê de pintura começou a
funcionar a partir de uma parceria de Nise com o jovem artista Almir Mavignier. Desse
encontro entre ciência e arte resultou a criação de um ambiente onde as obras ali
produzidas logo chamaram a atenção pelo volume e pela qualidade, assim como pelo
envolvimento de seus participantes com a atividade.
Esses acontecimentos logo atraíram a atenção de diversos artistas e críticos,
pessoas ligadas ao mundo da arte. Impressionado com o que via, Mavignier convida
Mário Pedrosa para conhecer os ateliês. Pedrosa logo convida Leon Degand, primeiro
diretor do Museu de Arte Moderna de São Paulo, para uma visita: o resultado desse
movimento foi a exposição 9 Artistas de Engenho de Dentro, realizada no recém
inaugurado MAM de São Paulo (1949). Depois essa exposição viria para o Rio de
Janeiro, onde ficaria exposta no Salão Nobre da Câmara dos Vereadores (Silveira,
1966, p. 117).
É dessa época a polêmica criada sobre a existência ou não de valor artístico
nessa produção. Defensores de ambos os lados escreveram ardorosamente nos
jornais da época.
Vários artistas vão visitar o ateliê de Engenho de Dentro. Abraham Palatnik,
Ivan Serpa, Djanira, Francisco Brennand, Lygia Pape, todos querem conhecer
Emygdio de Barros, Raphael Domingues e Carlos Pertuis e seus trabalhos
surpreendentes. Esses artistas deixaram depoimentos onde narram a influência desse
contato em suas obras (QUATERNIO, 2001; Silva, 2006).
Em 1950, os ateliês da Seção de Terapêutica Ocupacional contribuíram com
98 obras para a exposição que fez parte da programação do I Congresso Internacional
de Psiquiatria, reunido em Paris. A comunidade científica internacional começa a
tomar conhecimento do trabalho desenvolvido no longínquo subúrbio carioca.
16
Posteriormente o organizador da exposição, Dr. Robert Volmat, à época chefe da
clínica psiquiátrica da Faculdade de Medicina de Paris, publicou o livro L’Art
Psycopathologique, onde as coleções expostas são descritas e analisadas.
Em 1952 Nise funda o Museu de Imagens do Inconsciente, do qual falaremos
mais adiante. Quatro anos mais tarde, cria a Casa das Palmeiras, primeira clínica em
regime de externato do país, onde aplica os mesmos princípios terapêuticos
desenvolvidos no Engenho de Dentro, mas agora sob o signo da liberdade. Portas e
janelas sempre abertas, a Casa das Palmeiras funciona até hoje e foi a inspiradora
dos atuais Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) que se espalham pelo país,
núcleos de tratamento que substituem, por força da Reforma Psiquiátrica em curso no
Brasil, os antigos asilos públicos (Delgado, 1998).
Nise também criou o Grupo de Estudos C. G. Jung (1955), que se reunia
semanalmente em sua residência, no bairro do Flamengo. De portas sempre abertas,
ali circulavam
[...] pessoas de profissões, credos, idades, raças e culturas
diferentes. Artistas sentavam ao lado de médicos, estudantes,
donas-de-casa e doentes mentais. Pessoas extremamente diversas
compunham as equipes de estudo.
[...] cada um de nós ia construindo, aos poucos, um conhecimento
sólido, uma maneira própria de pensar, confrontando-se
permanentemente com críticas e visões diferentes. [...] Enfrentei dois
cursos universitários que, comparados à universidade livre criada
pela médica, me parecem hoje sombrios e desinteressantes.
(Ramos, 2000, p. 29, 30)
Estimulados por Nise, muitos dos freqüentadores do Grupo de Estudos C. G.
Jung iam até o Engenho de Dentro, conhecer o Museu de Imagens do Inconsciente,
seu acervo e os pintores de seu ateliê.
3.2 - O Museu de Imagens do Inconsciente - MII
As modestas origens do Museu de Imagens do Inconsciente, inaugurado numa
pequena sala do hospício de Engenho de Dentro, em 20 de maio de 1952, não
deixavam antever a trajetória de crescimento contínuo que ele passaria a ter desde
então. Quatro anos mais tarde o Museu seria transferido para um espaço mais amplo,
onde também foram reunidas várias oficinas da Terapêutica Ocupacional. A partir de
então, Museu e oficinas não mais se separariam.
17
O Museu foi criado não apenas com o objetivo de reunir coleções de obras
plásticas, mas de constituir-se em um centro de estudo e pesquisas. A sistematização
na organização da coleção possibilitou um aprofundamento das pesquisas que a Dra.
Nise e seus colaboradores já vinham realizando sobre diversos assuntos relativos à
loucura e à sua terapêutica. Essas pesquisas levaram Nise ao encontro de Carl
Gustav Jung, e desse encontro resultou um fecundo relacionamento que viria trazer
uma base teórica consistente aos estudos por ela desenvolvidos, e uma projeção
internacional para a coleção.
Em 1957 o Museu participou do II Congresso Internacional de Psiquiatria em
Zurique com a exposição A Esquizofrenia em Imagens, que foi inaugurada pelo próprio
C. G. Jung. Ele admirou-se com algumas peculiaridades das obras, fazendo
comentários e reflexões.
A partir de então, vários contatos entre a Dra. Nise e C. G. Jung sucedem-se,
tendo a mestra posteriormente realizado estudos no Bild Archiv (arquivo de imagens)
do Instituto C. G. Jung em Zurique, graças a uma bolsa de estudos da Organização
Mundial de Saúde.
Em 1961 o Presidente Jânio Quadros assinou o decreto 51.169, que instituía a
Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação dirigida por Nise da Silveira,
atribuindo-lhe a responsabilidade de “manter um Museu de obras plásticas, que será
um centro de estudo e pesquisa” (Silveira, 1966, p. 99). Embora o decreto nunca tenha
sido posto em prática, o Museu continuou a afirmar-se como um centro de estudos.
Exposições sucessivas são realizadas e focalizam estudos clínicos através da pintura
e da modelagem, que vão atraindo cada vez mais interessados. (Silveira, 1966, p. 97).
Em 1968 é criado o Grupo de Estudos do Museu que passa a ser um núcleo de
efervescência cultural, freqüentado pela intelectualidade da época. Artistas e
Fig. 4. Jung (à direita) e Nise
(à esquerda), na inauguração
da exposição A Esquizofrenia
em Imagens
Foto: Arquivo do Museu
18
personalidades de todos os matizes acorrem ao museu não mais apenas para admirar
as obras, mas também para participar de um diálogo multifacetado, uma troca. As
exposições temáticas apresentadas dão o tom, o leitmotiv para abordagens
transdisciplinares, com as quais jovens estudantes ou artistas consagrados
apresentam trabalhos: poesia, música, teatro, literatura, psicologia uma ebulição
cultural sem similar na história carioca. É nesse clima que acontece a primeira leitura
dramática da tragédia As Bacantes, de Eurípedes, realizada no Brasil. Atores,
técnicos, funcionários e clientes (Nise preferia chamar assim os freqüentadores das
oficinas), misturaram-se para apresentar o grande clássico da tragédia grega. (Amaral,
2000, p. 89)
Nos anos 70, o Museu consolida-se definitivamente como uma instituição
possuidora de um lugar muito especial no imaginário social. O recrudescimento da
ditadura reflete-se no hospital psiquiátrico, e o Museu , com o apoio da imprensa e de
setores esclarecidos da sociedade, resiste às pressões que quase resultaram no seu
fechamento. Esse movimento de resistência resulta, em 1974, na criação da
Sociedade Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente e inaugura um novo tempo
na história do Museu. A Sociedade passa a ser a principal articulação da instituição
com o mundo fora do hospital, e após a celebração de um convênio com a FINEP, em
1979, recebe recursos financeiros para instalar o Museu em um novo prédio, dotando-
o da estrutura física e funcional que ele mantém até hoje.
Esse convênio permitiu a restauração de grande parte do acervo que se
encontrava ameaçado, e deu um salto em sua organização, acondicionado-o de
maneira mais adequada à sua preservação.
Os anos seguintes viram a consolidação das pesquisas realizadas no Museu,
através de documentários, filmes, exposições e dos livros publicados pela Dra. Nise.
Suas exposições passaram a ser visitadas por um público cada vez mais abrangente e
os conhecimentos ali acumulados passam a despertar o interesse de estudiosos de
várias áreas do conhecimento: arte, psicologia, pedagogia, antropologia. O Museu
participa, como representante brasileiro, de diversos eventos no exterior Portugal,
Alemanha, Itália nesta última, representando a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa nas comemorações dos 50 anos da ONU, em 1995. Segundo informou o
atual diretor da instituição, Luiz Carlos Mello, essa representação foi decidida a partir
de uma visita dos ministros da saúde desses países ao Museu, uma vez que naquele
ano a Organização Mundial de Saúde tinha como tema a Saúde Mental.
Outra exposição de grande importância para o Museu foi sua participação na
Mostra do Redescobrimento (2000), inicialmente no Pavilhão da Bienal de São Paulo,
depois no Rio (Paço Imperial e Centro Cultural dos Correios), São Luiz (MA Convento
19
das Mercês) e Buenos Aires (Fundación Proa). Vista por mais de 2 milhões de
pessoas, a mostra consolidou definitivamente o lugar do Museu na história das artes
visuais brasileiras. O módulo Imagens do Inconsciente, que reunia uma seleção de
várias coleções brasileiras, tinha no Museu e no artista Arthur Bispo do Rosário seus
expoentes e foi considerado por público e crítica como um dos destaques da Mostra.
É também em 2000 que acontece a municipalização da saúde no Estado do
Rio de Janeiro, passando o Centro Psiquiátrico Pedro II, ao qual o Museu estava
integrado, a chamar-se Instituto Municipal Nise da Silveira. Essa renomeação foi o
marco de um processo de desconstrução do antigo hospício que, iniciado pelo
movimento social que viria denominar-se Luta Antimanicomial nos anos 80, vem
desaguar na Reforma Psiquiátrica, que modifica toda a legislação e as práticas
referente aos tratamentos de portadores de transtornos psíquicos no país. As
sementes lançadas por Nise, em 1946, e regadas durante décadas pela atuação do
Museu de Imagens do Inconsciente, deram seus frutos (Oliveira, 2002).
No âmbito dessa “homenagem”
2
, foi desenvolvido um projeto para ampliação
da sede do Museu, para possibilitar o desenvolvimento de suas múltiplas atividades:
guarda adequada do seu acervo (agora com o dobro de obras), galerias para
exposição, ateliês, café, loja, biblioteca. O projeto nunca saiu do papel. A redução no
número de funcionários, devido a aposentadorias e transferências, forçou o
fechamento de várias oficinas. A importância dos conhecimentos científicos e da
terapêutica proposta pelo Museu continuou sem ressonância na área psiquiátrica,
especialmente no âmbito oficial.
Entretanto, o Museu vem participando cada vez mais de atividades na esfera
acadêmica, onde seu trabalho é regularmente apresentado e debatido em cursos de
pós graduação das áreas de psicologia e arte-terapia, com incursões também na
área das artes plásticas.
O acervo de obras, graças a uma seqüência de projetos celebrados entre a
Sociedade Amigos do Museu e entidades públicas e privadas, está bem protegido e
sua organização vem se desenvolvendo continuamente. O Museu conta ainda com
uma biblioteca que inclui aquela que pertenceu à Dra. Nise da Silveira, documentos de
seu arquivo pessoal, teses e monografias, acervo de fotografias históricas,
reportagens e matérias publicadas na imprensa desde sua fundação, revistas editadas
pelo Grupo de Estudos, vídeos e filmes que documentam diferentes acontecimentos
de sua história. Possui um importante conjunto de 15 documentários científicos, ainda
2
Segundo o fotógrafo Sebastião Barbosa (2000, p. 167) Nise corroborava a frase do compositor Cartola:
“Se quiserem me homenagear, que me homenageiem em vida...”
20
sob forma de diapositivos, esperando recursos para sua transformação em outro tipo
de mídia que permita sua divulgação.
Em 2003, as principais coleções de obras plásticas do Museu foram tombadas
pelo IPHAN, por unanimidade de seus conselheiros.
Vinculado aos ateliês, o acervo do Museu recebe a cada dia novos documentos
plásticos, não cessa de crescer. O último levantamento revelou a existência de mais
de 352 mil obras em seu acervo, volume que o torna na maior e mais diferenciada
coleção do gênero, no mundo.
Os conhecimentos gerados em torno desse acervo, revelando aspectos em
temas ainda tão obscuros para a ciência, as características interdisciplinares desses
saberes, a grande lacuna existente no meio acadêmico sobre esses assuntos e a
necessidade de uma mudança no imaginário social sobre o louco e a loucura, a
importância desses assuntos para a compreensão do ser humano como um todo,
tornam ainda mais instigantes os desafios que essa instituição deve enfrentar para
cumprir o lugar que lhe cabe como patrimônio da humanidade.
21
4.
AS COLEÇÕES DA LOUCURA
22
4. AS COLEÇÕES DA LOUCURA
É no recinto do hospital psiquiátrico que se originarão as coleções da loucura.
Este será o lócus para onde irão confluir as experiências vivenciais dos excluídos da
sociedade sob o estigma da loucura. Assim, buscaremos traçar uma síntese da
construção desse estatuto da alteridade que Foucault abordou de forma tão extensiva
em seu livro História da Loucura na idade clássica, que é hoje uma referência para
todo estudioso do assunto. Esse texto servirá de base para alinhar algumas
considerações sobre a constituição desses espaços, mistos de repressão e
tratamento, cujo ambiente opressor é considerado um dos fatores que influenciaram
no surgimento das expressões imagéticas dos indivíduos condenados ao asilamento
nesses locais, expressões essas que são, no fundo, o tema central desta dissertação.
Fig. 5: Sem Título
Octávio Ignácio
Lápis de cor s/ papel
Acervo do MII
23
4.1 Sociedade e loucura: o estatuto da alteridade
No século XV, enquanto a loucura ocupava progressivamente o lugar de
segregação anteriormente destinado à lepra, indivíduos considerados loucos eram
confiados aos marinheiros, para serem levados a algum porto distante. Não se sabe
ao certo como esse costume começou, mas não é difícil imaginar a possível seqüência
de viagens marítimas ou fluviais desses indivíduos, seguidamente repudiados. Ou,
como no dizer de Foucault (1978, p. 12), tornando-os prisioneiros de sua própria
partida. Esse fato insólito despertou a imaginação de artistas e escritores na
Renascença, onde encontramos os exemplos clássicos da Nau dos Loucos de Bosch,
na pintura, e a não menos clássica Stultiferae naviculae de Josse Bade, ou A Nave
dos Loucos, de Sebastian Brant, na literatura. Este tema, ainda segundo Foucault,
assombrará toda a primeira fase da Renascença. A loucura, nesse contexto, reúne um
conteúdo imaginário que simboliza a inquietação cultural da Europa no final da Idade
Média, associando-a a transcendências imaginárias, a uma escatologia, aos limites
extremos o fim dos tempos, a morte, o território do desatino.
Nessa época existam alguns locais destinados ao isolamento de indivíduos
considerados loucos - castelos, torres e até mesmo prisões, o interdito da loucura
sendo exercido de formas variadas e até contraditórias. Aparentemente, foi o mundo
árabe que primeiro construiu hospitais reservados a loucos: indícios de sua
existência em Fez, já no século VII, e em Bagdá no final do século XII, e
comprovadamente no Cairo no Século XII
3
. Em meados do século XV, inicia-se a
construção de hospitais para loucos na Espanha, por religiosos que tinham
familiaridade com o mundo árabe: Valência, Saragoza, Sevilha, Toledo, Valladolid. Por
toda parte, na Europa, surgem instituições similares: Pádua, Bérgamo, Bethlem
(Londres), Nuremberg, Frankfurt [...] (Foucault, 1978, p. 120).
Essa separação dos loucos era motivada pela intenção de tratamento; se no
mundo árabe praticava-se uma espécie de cura da alma na qual intervêm a música, a
dança, os espetáculos e a audição de narrativas fabulosas”, e na Espanha (Saragoza)
as portas estavam abertas aos “doentes de todos os países, de todos os governos, de
todos os cultos” para uma vida regulada pela sabedoria dos jardins, das vindimas, da
colheita; em Londres uma recomendação do Dr. T. Monro dizia que os doentes
deveriam ser
3 Foucault baseia-se no artigo “The Cairo lunatic asylum”, publicado no Journal of Mental Science, XXIV,
de autoria de F. M. Sandwith. Segundo o British Journal of Medicine, Sandwith foi um médico cirurgião
inglês que trabalhou no Hospital Kasr-el-any do Cairo, na virada do século XX. (Cf.
http://www.pubmedcentral.nih.gov/pagerender.fcgi?artid=2340072&pageindex=1)
24
sangrados o mais tardar até o fim do mês de maio, conforme o
tempo que fizer; após a sangria, devem tomar vomitórios uma vez
por semana, durante um certo número de semanas. Após o que, os
purgamos. Isso foi praticado durante anos antes de mim, e me foi
transmitido por meu pai; não conheço prática melhor (Tuke apud
Foucault, 1978, p. 118).
Mas é com a concepção segundo a qual os pobres e indigentes precisam do
cuidado público, que começam a ser instituídos os Hospitais Gerais, onde o estatuto
da internação vai atingir não apenas os „loucos‟, „insanos‟, ou „dementes‟, mas também
todo tipo de devassos, libertinos, blasfemos, dissipadores. Já em 1575 a Rainha
Elizabeh I da Inglaterra prescrevera a construção de “houses of correction”, “para
punição dos vagabundos e alívio dos pobres”, recomendando a existência de pelo
menos uma por condado. A experiência francesa tem seu marco no decreto real de
1656 que criou, em Paris, o Hospital Geral; vinte anos após, um édito real determina o
estabelecimento de um deles em “cada cidade do reino”. O Hospital seria inicialmente
destinado aos pobres “de todos os sexos, lugares e idades, de qualquer qualidade de
nascimento, e seja qual for a sua condição, válidos ou inválidos, doentes ou
convalescentes, curáveis ou incuráveis”
4
(Foucault, 1978, p. 49).
“Em seu funcionamento, ou em seus propósitos, o Hospital Geral não se
assemelha a nenhuma idéia médica. É uma instância da ordem, da ordem monárquica
e burguesa [...]” (Foucault, 1978, p. 50). Essa mistura de assistência e repressão vai
progressivamente privilegiando esta última, com significações políticas, religiosas,
econômicas, sociais e morais. Ampliando seus domínios, essa população vai se
multiplicar. Pouco tempo depois de inaugurado, o Hospital Geral de Paris abrigava
6000 internos (Foucault, 1978, p. 55).
Isso porque, segundo Foucault (1978, p. 66), o internamento na Europa tem o
mesmo sentido: dar uma resposta à crise econômica que afetava o mundo ocidental
em sua totalidade: diminuição de salários, desemprego, escassez de moeda,
devendo-se este conjunto de fatos muito provavelmente, a uma crise na economia
espanhola”. Ele cita o estudo do economista e historiador norte americano Earl
Jefferson Hamilton, segundo o qual as dificuldades da Europa nesse período se
deviam a uma parada na produção das minas das Américas
5
.
4
Foucault está citando aqui o Artigo XI do Decreto Real que instituiu o Hospital Geral de Paris.
5
American Treasure and the price revolution in Spain, 1934. Hamilton lecionou na Universidade de
Chicago, foi editor do Journal of Political Economy de 1948 a 1954. Ver
<http://ead.lib.uchicago.edu/view.xqy?id=ICU.SPCL.HAMILTON&c=h>. Acesso em: set. 2008.
25
Assim, muitas dessas casas passaram a empregar essa mão de obra barata
para minimizar os efeitos da recessão econômica. Criaram-se as workhouses, em
especial na Alemanha e Inglaterra, gerando descontentamento na indústria pela
concorrência desleal, embora muitas delas se utilizassem da mão de obra dos asilos.
(Foucault, 1978, p.67-69). O internamento passa a desempenhar um duplo papel:
“reabsorver o desemprego ou pelo menos ocultar seus efeitos sociais mais visíveis, e
controlar os preços quando ameaçam ficar muito altos” (Foucault, 1978, p. 70).
Foucault afirma que as novas significações dadas à pobreza “não são pobres
apenas aqueles que não têm dinheiro, mas todo aquele que não tem a força do corpo,
ou a saúde, ou o espírito e o juízo” a importância dada à obrigação do trabalho e
todos os valores éticos a ele ligados modificam o sentido da loucura. Se na
Renascença ela aparecia à luz do dia Rei Lear, Don Quixote, agora ela se vê
“reclusa e, na fortaleza do internamento, ligada à Razão, às regras da moral e a suas
noites monótonas” (Foucault, 1978, p. 78).
4.1.1 O nascimento do asilo
Se o século XVII é o período do grande internamento, o século XVIII verá, em
seus meados, o início da construção de espaços reservados exclusivamente para o
internamento de loucos. Inicialmente são pensões, casas em Paris eram chamadas
de Petites-Maisons, com algumas dezenas de internados. Logo esse fenômeno se
espalhará pela Europa Ocidental, revelando o início de um período de reformas
humanas (THE UNIVERSTITY OF LIVERPOOL, sítio). Foucault (1978, p. 384) afirma
que os primeiros textos que exigem um estatuto médico para os loucos, um esforço
teórico para considerá-los como doentes, acontece logo após. Mas contesta essas
„reformas humanas‟ afirmando que as condições jurídicas do internamento não
mudaram, sendo o espírito dessa renovação apenas a segregação espacial,
determinando e isolando asilos especialmente destinados à loucura.
A loucura encontrou uma pátria que lhe é própria: deslocação pouco
perceptível, tanto o novo internamento permanece fiel ao antigo, mas
que indica que alguma coisa de essencial está acontecendo, algo
que isola a loucura e começa a torná-la autônoma em relação ao
desatino com o qual ela estava confusamente misturada (Foucault,
1978, p. 384).
Ao aproximar-se o final do século, acontece um fato sincrônico, que é
conhecido como a „libertação dos loucos‟: as reformas empreendidas por Samuel
26
Tuke
6
, na Inglaterra, e Phillipe Pinel
7
, na França. Embora tenham naturezas diferentes,
essa sincronicidade chama a atenção, pois irá mudar a face da psiquiatria e
desencadear um processo que chegará até nossos dias. Se Tuke introduz a
privatização da assistência, partindo de uma reorganização na legislação inglesa,
Pinel estabelece definitivamente a avaliação médica para assegurar as dimensões da
loucura; refutando esse papel „libertador‟. Foucault (1978, 466), afirma ser o
verdadeiro sentido dessa libertação “a aplicação pura e simples das idéias que
haviam sido formuladas vários anos antes, e que faziam parte desses programas de
reorganização [...]. Tirar as correntes dos alienados presos nas celas é abrir-lhes o
domínio de uma liberdade que será ao mesmo tempo o de uma verificação [...]; é
constituir um campo asilar puro”.
O modelo inglês prevê a instituição dos Retiros, lugares afastados da poluição
das cidades, onde a proximidade do louco com a natureza ajudaria a eliminar as
perturbações do espírito causadas pela sociedade. Uma segregação moral e religiosa,
influenciada pela Sociedade dos Quacres, à qual pertencia Tuke. Já em Pinel o
positivismo vem da ordem da uniformização étnica: ao libertar os acorrentados, os
„injustiçados‟, cria paradoxalmente em torno da loucura um lugar onde as diferenças
serão reduzidas, “um instrumento de uniformização moral e de denúncia social”
(Foucault, 1978, p. 488).
Se anteriormente o espetáculo era o da loucura, agora é o próprio louco que
assume o papel principal, a coação física substituída por uma liberdade que é limitada
pela solidão. O diálogo entre a razão e a loucura desfaz-se, [...] o silêncio é absoluto,
não mais existe entre a loucura e a razão uma língua comum. A ausência da
linguagem vai ser a estrutura fundamental da vida no asilo (Foucault, 1978, p. 491).
A observância das condutas morais vai sendo substituída pela prática
psiquiátrica, o estudo das „doenças da cabeça‟ adquire uma autonomia inexistente
anteriormente na ciência ocidental. A loucura passa definitivamente para o estatuto de
doença mental. Foucault (1978, p. 500) afirma que “à medida que o positivismo se
impõe à medicina e à psiquiatria, singularmente essa prática torna-se mais obscura”.
“O que se chama de prática psiquiátrica é uma certa tática moral, contemporânea do
fim do século XVIII, conservada nos ritos da vida asilar e recoberta pelos mitos do
positivismo” (Foucault, 1978, p. 501).
O século XIX caracterizou-se pelos esforços de inserir a loucura no modelo
médico, classificando formas clínicas e descrevendo-as minuciosamente (Silveira,
6
Samuel Tuke (1784 1857) foi um comerciante de chá que dirigiu o York Asylum da Inglaterra, um dos
precursores do „tratamento moral‟ para os doentes mentais.
7
Phillipe Pinel (1745 1826), médico francês que chefiou os serviços dos famosos hospitais parisienses
de Bicêtre e Salpetrière
27
1981, p. 104). A vigilância e o julgamento serão os personagens essenciais do asilo no
século XIX. (Foucault, 1978, p. 482). Aquilo que era reprovação vira julgamento, a
ciência das doenças mentais não será diálogo, e sim observação e classificação. O
julgamento é imediato, pelo estatuto médico, ao qual não cabe recurso. Sua justiça irá
inventar os próprios métodos de repressão.
Acredita-se que Tuke e Pinel abriram o asilo ao conhecimento
médico. Não introduziram uma ciência, mas uma personagem, cujos
poderes atribuíam a esse saber apenas um disfarce ou, no máximo,
sua justificativa. Esses poderes, por natureza, são de ordem moral e
social; [...] Se a personagem do médico pode delimitar a loucura, não
é porque a conhece, é porque a domina [...] (Foucault, 1978, p. 498).
Assim, tem-se completado o quadro do qual irão surgir, do interior desse
silêncio absoluto, dessa ausência de linguagem, as imagens e formas plasmadas
pelos agora „doentes mentais‟. Veremos os contextos culturais que cercaram o
aparecimento dessa produção, sua instância como patrimônio, sua musealização.
4.2 O Patrimônio e as coleções da loucura
Como nos referimos na introdução dessa pesquisa, em 2003, o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) tombou, por unanimidade de seus
conselheiros, um conjunto de mais de 128 mil obras pertencentes ao Museu de
Imagens do Inconsciente. Esta decisão acatou pleito da Sociedade Amigos do Museu
de Imagens do Inconsciente, na época dirigida pelo pesquisador Humberto Franceschi
(IPHAN, 2004)
8
.
O fato de um conjunto de obras plásticas produzidas por indivíduos em sua
maioria residentes em um hospício blico de um subúrbio do Rio de Janeiro, pela
primeira vez fazer parte de uma lista oficial de patrimônio é um reconhecimento da
importância adquirida por esse tipo de acervo. O interesse por esta produção vem
crescendo desde as primeiras iniciativas nesse sentido, que remontam quase dois
séculos.
8
Anteriormente o acervo já havia sido tombado em nível municipal.
28
4.2.1 O interesse pela diferença: as raízes românticas
Médicos e/ou artistas estes são os dois principais atores no colecionismo de
criações plásticas de indivíduos marginalizados pela sociedade, em especial os
portadores de sofrimento psíquico, os chamados „loucos‟, isolados da vida mundana
por não poderem mais, segundo a ordem psiquiátrica, conviver com
a família e a sociedade. Nas instituições psiquiátricas do mundo
inteiro são rotulados como seres embrutecidos e absurdos. Apesar
desta trágica concepção, deste abismo criado pela ciência, surgem
do mais profundo da alma, imagens, as mais inusitadas e belas
(Mello, 2000).
A produção desses indivíduos chama a atenção pela sua singularidade, o que
lhe confere uma certa „autenticidade‟. A noção de autenticidade que entendemos aqui
é aquela descrita por Trilling (apud Gonçalves, J. 1988, p. 2) segundo a qual ela pode
ser aplicável a objetos ou pessoas e
tem a ver não com o modo como apresentamos nosso self ao outro
em nossas interações sociais, mas sim com o que ele realmente é,
ou o que realmente somos, independentemente dos papéis que
desempenhemos e de nossas relações com o outro (1972: 106-133).
[...] Autenticidade é a expressão desse self definido como uma
unidade livre e autônoma em relação a toda e qualquer totalidade
cósmica ou social.
Ou ainda, essa produção é um tipo de arte que “se define pela originalidade e
pela individualidade irredutível dos diferentes autores” (Thévoz, 1975, p. 9). Volmat
(1956, p. 139) também afirma que a individualidade, a originalidade e o polimorfismo
são as três noções que se depreende do „desenho psicótico‟. o médico e dublê de
historiador da arte Prinzhorn, à procura de uma arte „autêntica‟, encontra como saída a
construção do modelo „artista doente mental isolado do mundo por sua doença‟
(Brand, 1995, p. 28).
Assim o colecionismo dessas obras, esses dois olhares dos médicos .e dos
artistas confinam com o nascimento do individualismo moderno onde
os dois rostos começaram a adquirir contornos tendendo a uma
concretização social: no conjunto da comunidade produtiva, passou a
haver lugar para atividades individualizadas, como a do cientista e a
do pintor, freqüentemente aproximados pelo colecionador (Janeira,
2005, p. 27, grifo nosso)
29
Segundo Duarte (2004), este individualismo nasce de um movimento de reação
ao universalismo, cujas raízes estariam no pensamento romântico. O universalismo
está fortemente ligado aos processos de criação (ou invenção) das identidades das
nações modernas, especialmente a França e os Estados Unidos.
“Esse individualismo nietzcheano, que defende filosoficamente o direito de
cada um exprimir seu ponto de vista, influencia de forma direta o comportamento das
vanguardas ao longo do séc. XX” (Scheiner, 1996, p. 274). A representação da
verdade pela arte não se dá mais pela idéia do belo “mas pela constatação da
diferença refletindo a crença num universo onde é possível admitir (até do ponto de
vista científico) a desordem e o caos” (Scheiner, 1996, p. 274).
Mello (2000) assinala que “no final do Séc. 18, as influências do romantismo
abriram uma pequena fresta para uma visão mais favorável da loucura: o
descobrimento da capacidade criativa dos indivíduos internados em asilos, através de
suas produções expressivas”.
O movimento romântico do século 19 desempenhou um papel
importante e exerceu enorme influência na reorientação das opiniões
sobre os doentes mentais. Ele não atingiu apenas a arte, mas
influenciou igualmente as metodologias da filosofia, dos homens
científicos e dos psiquiatras, deixando seus rastros até nossos dias.
[...] a tendência manifestada pelo romantismo para uma introspecção
completa e um individualismo perfeito, eleva o insano à categoria do
herói, em comunicação com uma realidade mais viva e mais
autêntica, que serve para ressaltar o caráter epistêmico da
imaginação (Douglas 1995, 62, tradução nossa).
Anteriormente, vimos como Foucault declara a ausência da linguagem como a
estrutura central do asilo. Segundo ele, no início do século XIX dá-se o
reaparecimento da loucura no domínio da linguagem. Relacionando a linguagem da
loucura e a poesia romântica ele diz:
Aquilo que a loucura diz de si mesma é, para o pensamento e a
poesia do começo do século XIX, igualmente aquilo que o sonho diz
na desordem de suas imagens: uma verdade do homem, bastante
arcaica e bem próxima, silenciosa e ameaçadora: uma verdade
abaixo de toda verdade, a mais próxima do nascimento da
subjetividade (...) uma verdade que é a retirada profunda da
individualidade do homem (...) (1978, p. 510).
É dessa profunda individualidade que vão emergir, dos porões dos asilos, as
criações que vão compor as coleções da loucura.
30
4.2.2 Um patrimônio emergente
A atividade do colecionismo possibilitou ao homem “reconstruir um passado em
que sequer o homem vivia nele” (Cuvier apud Menegat, 2005, p. 6). Ao lado dos
achados fósseis e arqueológicos, ou mesmo do exotismo dos artefatos d‟além mar, a
produção de seres humanos que parecem ter como característica peculiar a
possibilidade de extrair representações de regiões psíquicas profundas, começa no
início do Séc. XIX, para atingir maiores proporções em meados do Séc. XX. O advento
da psicanálise e da psicologia analítica veio trazer fundamento epistemológico para
uma tentativa de compreensão de uma arqueologia da imagem, assim como aqueles
primeiros achados da arqueologia propriamente dita, em busca de reconstruir um
passado de continuada evolução, “que insere o humano na imensidão não apenas do
espaço, como também do tempo profundo” (Menegat, 2005, p. 6).
Espaço imenso, tempo profundo: “é exatamente no cruzamento entre o tempo
e o espaço qualificados que se institui a percepção do patrimônio” (Scheiner, 2004, p.
35). É no movimento dialético entre a tradição e a ruptura, que, no âmbito das teorias
do patrimônio cultural se dá a criação (Scheiner, 2004, p. 42)
9
.
Ora, a expressão subjetiva dessa produção, inicialmente configurada por uma
necessidade, uma pulsão para expressão que ultrapassava todas as carências de
meios e matérias os desenhos e pinturas inicialmente recolhidos nos hospícios eram
feitos em papéis recolhidos nas cestas de lixo, em envelopes desdobrados,
modelagens feitas com miolo de pão ou sucata de oficinas diversas e aquelas
posteriormente desenvolvidas nos ateliês de terapia ocupacional ou de artes livres,
conforme o caso - trouxeram, em grande parte, conteúdos que podem ser
apreendidos através da construção de uma linguagem simbólica, prenhe de
significações mitológicas.
Muitas coisas estão amalgamadas: o sonho e a razão, a busca da origem, a
mediação, a representação do impronunciável, as matrizes de uma „memória coletiva‟
como o inconsciente de Jung ou os campos morfogenéticos de Sheldrake (Scheiner,
2004, p. 42). A comunicação com o divino, o sagrado, os rituais, os mitos, traduzidos
em imagens muitas vezes inusitadas ou impressionantes estão presentes em grande
parte dessas obras. Muitos desses conteúdos trazem a evidência de sua origem não
na consciência, mas em outros estratos da psique humana: o inconsciente. Segundo
Jung “o inconsciente é uma parte da natureza, é algo objetivo, real, genuíno. Os
9
A autora reporta-se a René Guénon (La Règne de la Quantité et lês Signes du Temps) segundo o qual a
verdadeira representação do tempo seria oferecida pela Tradição, cuja concepção de ciclos remete a um
tempo “qualificado”, diferenciando-o da concepção cronológica de tempo, de algo que se desenrola
uniformemente sobre uma linha.
31
produtos de sua atividade merecem o maior crédito, pois são „manifestações
espontâneas de uma esfera psíquica não controlada pelo consciente, livre em suas
formas de expressão‟” (Silveira, 1992, p. 158, aspas da autora).
Se “toda experiência artística é também patrimonial, na medida em que revela
um sentimento fundamental de pertença: o de fazer parte da totalidade do universo”
(Scheiner, 2004, p. 51), este mesmo conceito deve valer para as produções
espontâneas, pois hoje “as coisas já não são vistas como dadas, mas como processos
que atravessam o indivíduo em todos os seus planos de percepção(Scheiner, 2004,
p. 53). Essas obras prenunciam “o que caracteriza o contemporâneo, que é o
processo de criação: cada obra pode ser definida pelo próprio criador como um
prolongamento de si mesmo’” (Scheiner, 2004, p. 51, grifo e aspas da autora).
A relação sincrônica das produções feitas nos hospitais psiquiátricos com a
contemporaneidade das mesmas tem sido ressaltada por vários autores e estudiosos
do assunto (Prinzhorn, Volmat, Dubuffet, Thévoz). Prinzhorn afirma mesmo que “um
sentimento de mundo análogo ao sentimento de mundo esquizofrênico só se encontra
em um pequeno número de obras de arte „autênticas‟”. Nesse aspecto, Osório César,
médico brasileiro colecionador de desenhos e pinturas produzidos no Hospital do
Juqueri, nas proximidades de São Paulo, desenvolveu entre os anos de 1930 e 1950
interessantes pesquisas comparativas entre a produção plástica dos loucos e o
movimento vanguardista da época. “A estética futurista apresenta vários pontos de
contato com as dos manicômios. Não desejamos com isso censurar essa nova
manifestação de arte, longe disso. Achamo-la até muito interessante, assim como a
estética dos alienados” (César, 1929, p. 39).
“Naturalmente falar de arte ou de arte enferma não tem sentido, porque o
que cria não é em si mesmo patológico. Às vezes a angústia profunda, a ansiedade
„psicótica‟ introduz verdades e forças..., como no caso de VAN GOGH” (Melgar e
Gomara, 1988, p. 21).
Por outro lado, são notáveis também a similaridade entre muitas das obras
criadas nos ateliês psiquiátricos e a arte primitiva, que Orio César chega a
classificar de neo-primitivismo. Exemplos admiráveis são as esculturas de Adelina
pertencentes ao Museu de Imagens do Inconsciente, que encontram paralelos na
Cultura Tisza, de 5 mil anos antes de Cristo (Museu de Imagens do Inconsciente,
[199?], p. 16 e 17)
32
Arte para uns, expressões do imaginário para outros. Embora não sejam as
únicas, essas duas noções têm prevalecido sobre as demais. A discussão sobre essa
definição até hoje não produziu um consenso. E embora exista hoje maior aceitação
dessa produção como arte, as duas noções continuam a coexistir
10
. E se pelo ponto
de vista da Arte chegamos à noção de patrimônio, também pelo do imaginário não
será difícil fazê-lo. “Como se instaura a relação entre imaginário e patrimônio? Ora
no exato momento em que cada um de nós percebe o universo imaginal como
instância afetiva, e passa a fazer uso dele para vivenciar experiências que
desejaríamos reais‟, no mundo exterior aos nossos sentidos” (Scheiner, 2004, p. 107,
grifo da autora). Ao mesmo tempo a autora lembra a força emocional do
componente evocativo do patrimônio, a sua profunda ligação com a memória
afetiva, especialmente naquilo que nos afasta da cotidianidade e nos remete ao sonho,
à fantasia, ao extraordinário, ao mundo dos sentidos(Scheiner, 2004, p. 108, grifo da
autora, sublinhado nosso).
De qualquer forma, esse mundo das imagens originadas nos porões da mente
é um mundo impregnado pelo onírico, pelo devaneio. Ele é da ordem do simbólico,
quase sempre permeado pela idéia de sagrado. Sua presentificação através das
configurações plásticas de indivíduos tão alijados do cotidiano, traz-nos a idéia de um
fascinante estranhamento, resultante do choque entre universos. Referindo-se à
imensidão dos espaços íntimos e o espaço do mundo, Bachelard (1989, p. 207)
ressalta que
quando a grande solidão do homem se aprofunda, as duas
imensidões se tocam, se confundem. Numa carta, Rilke se inclina,
com toda a sua alma para “essa solidão ilimitada, [...] essa
comunhão com o universo, [...] o espaço invisível que entretanto o
homem pode habitar e que o cerca de inúmeras presenças.”
10
Como esta discussão não entra no escopo do presente trabalho, e em não havendo esse consenso,
utilizamos livremente as duas formas, de acordo com a dinâmica do texto.
Fig. 6
Adelina Gomes
Década de 50
Acervo do MII
Fig. 7
Cultura Tisza
Ca. 5000 AC
33
“E ainda que os personagens imaginados já não estejam ali [...] é nesta
capacidade de presentificação que residem a magia e o fascínio do patrimônio”
(Scheiner, 2004, p. 110, grifo da autora).
Certamente não são apenas as formas configuradas que exercem seu fascínio,
quando se fala nesse patrimônio constituído pelas criações de doentes mentais nos
asilos ou ateliês. Mas sim a profunda interdependência entre o patrimônio cultural
material e o patrimônio cultural imaterial, no dizer da Convenção para a Salvaguarda
do Patrimônio Cultural Imaterial (UNESCO, 2004, p. 372), ou seja, do conjunto
resultante do produto e dos processos e ambientes que o geraram. Esses processos
de criação, originados em função do ambiente e da interação com a natureza do
transtorno psíquico e da própria história indivíduo/loucura/sociedade, confirmam sua
importância como patrimônio, contribuindo para promover o respeito à diversidade
cultural e à criatividade humana.
4.2.3 A constituição das coleções da loucura
Com a riqueza dessa criação, presente em vários quadrantes do mundo, foram
se constituindo coleções e museus dedicados a esse tipo de expressão. Embora não
seja possível precisar quando e onde originou-se esse colecionismo, os primeiros
registros dão conta que os médicos do Hospital Psiquiátrico de Waldau, em Berna,
conservavam nos prontuários os escritos e desenhos de seus pacientes.
Pinturas de pacientes são conhecidas praticamente em todas as
instituições mais antigas de saúde mental. Frequentemente elas
motivaram a fundação de pequenos museus, ou foram anexadas a
coleções que existiam e que apresentavam manequins modelados
em pão, ferramentas utilizadas para fuga, gessos representando
partes do corpo humano anormais, em outras palavras, muito
parecidas com aquelas coleções de curiosidades. Alguns psiquiatras
mais antigos também possuem pequenas coleções privadas,
especialmente na França. Lombroso provavelmente acumulou a
maior delas em seus dias. [...] Coleções mais completas foram
constituídas nas instituições de Waldau, perto de Berna, por
Morghentaler [...]; em Konradsberg, perto de Estocolmo, por
Gadelius; e em Londres, por Hyslop. (Prinzhorn, 1972, p. 2, tradução
nossa)
Também no Bethlem Hospital de Londres são colecionadas obras de seus
pacientes 150 anos” (BETHLEM HERITAGE, 2008). Porém o núcleo da coleção
desse hospital foi desenvolvido nos anos 30, pelos Drs. Eric Guttmann e Walter
34
Maclay, O primeiro, interessado em pesquisas clínicas; o segundo numa abordagem
mais cultural (BETHLEM HERITAGE, 2008).
Reunidas com objetivos diferentes, de acordo com o colecionador, as coleções
saíram dos porões dos hospitais psiquiátricos para os ateliês, sejam estes de terapia
ocupacional ou de artes, segundo a concepção do profissional envolvido. Desses
ateliês, ganharam as galerias e os museus, tornando-se cada vez mais conhecidas.
Os registros mais antigos da existência de desenhos e pinturas de pacientes
psiquiátricos em publicações são encontrados em Auguste Tardieu (Étude médico-
legal sur la folie, 1872) e em Max Simon (L’Imagination dans la folie: étude sur les
dessins, plans, descriptions, et costumes des alienes, 1876). Nessa mesma época
surge o conhecido trabalho de Cesare Lombroso L’art nei pazzi, de 1880 e o de Marcel
Réja L’art malade: dessins des fous, de 1901 (Volmat, 1956, p. 1, 286, 294, 295).
Entretanto, Douglas (1995, 61) afirma que apesar de Pinel e Tuke citarem em seus
escritos a existência do interesse dos pacientes pela arte, foi sem dúvida John
Haslam, farmacêutico do Hospital de Bethlem, o primeiro a reproduzir desenhos de
pacientes em sua publicação Ilustrations of Madness, de 1810. McCan (2004, p. 29), e
Mojana (2003, p. 11) assinalam que a primeira coleção de objetos de arte feitos por
doentes mentais foi criada no início do século 19 pelo Dr. Benjamim Rush, médico
conhecido como pai da psiquiatria norteamericana, que fundou com Benjamim Franklin
o primeiro hospital daquele país e também um dos signatários da Declaração da
Independência e da Constituição americana.
Ainda segundo Volmat (1956, p. 139) no hospital “cerca de 2% dos doentes
pintam espontaneamente, e são geralmente provenientes de meios modestos, quase
sempre incultos e sem formação artística”. Completa, ainda, destacando que a grande
maioria (69-75%) dos criadores são portadores do diagnóstico de esquizofrenia.
Em 1908, Morgenthaler criou um pequeno museu no Hospital de Waldau, onde
trabalhava, a partir de uma coleção que constituiu, solicitando trabalhos de pacientes a
médicos de diversos hospitais suíços. Segundo Thévoz (1975, p. 44) esta coleção,
mesmo “enfrentando as marchas e contra-marchas da Sociedade Suíça de Psiquiatria”
encontra-se ainda hoje nos arquivos daquele Hospital.
35
Prinzhorn (1886-1933) foi um dublê de historiador da arte e psiquiatra
assistente do hospital da cidade alemã de Heildelberg, onde encontrou uma pequena
coleção, em 1918 (Baeyer, 1972, v). Por considerá-la insuficiente para fins de
pesquisa, escreve para instituições psiquiátricas na Alemanha, Áustria, Suíça, Itália e
Holanda, solicitando doações, resultando em 5.000 trabalhos de cerca de 450 autores.
Esse fato demonstra como essa prática era difundida naquela época. Artistas como
Alfred Kubin, Paul Klee, Max Ernst e Pablo Picasso foram admiradores desta coleção,
usando estes trabalhos como fonte de inspiração (PUHH, 2008). Atualmente a coleção
encontra-se no Hospital Universitário de Psiquiatria de Heildelberg e pode ser visitada.
A coleção Prinzhorn é considerada a mais célebre e rica formada numa
instituição psiquiátrica européia. Ela foi, sem dúvida inspiradora na criação de várias
outras, em espaços fora do hospital psiquiátrico, entre elas aquela que viria a ser a
mais conhecida de todas: a Coleção de Arte Bruta.
Fig. 8. “Niágara” – Obra da
coleção Morgenthaler
Fig. 9. Obra da
Coleção Prinzhorn
36
A noção de Arte Bruta é definida por Dubuffet como
Produções de toda espécie desenhos, pinturas, bordados,
modelagens, esculturas, etc. que apresentam um caráter
espontâneo e fortemente inventivo, que nada devem aos padrões
culturais da arte, tendo por autores pessoas obscuras, estranhas aos
meios artísticos profissionais (Silveira, 1992, p. 88).
Ele iniciou a coleção em 1945, empreendendo sucessivas buscas em hospitais
psiquiátricos da Suíça. Três anos após, em companhia de André Breton, Jean
Paulhan, Charles Ratton, H-P Roché e Michel Tapié, funda a Compagnie de l’Art Brut.
Poucos anos depois, após várias exibições e publicações, a companhia termina, por
falta de capital e espaço. Dubuffet consegue conservar a coleção guardando-a nos
Estados Unidos durante dez anos. Depois volta a França, porém sua luta para
preservar a coleção termina em 1971, quando a prefeitura da cidade de Lausanne
cedeu o castelo de Beaulieu, uma construção do séc. XVIII, para abrigar o Musée de
l‟Art Brut, onde permanece até hoje.
Apesar de não restrita a pacientes psiquiátricos, pois a coleção reúne obras de
marginais de toda espécie prisioneiros, moradores de rua, ermitões como em regra
acontece, a produção daqueles é predominante, respondendo por cerca de 80% da
coleção.
A influência dessa coleção sobre os movimentos artísticos de vanguarda foi
enorme. Num texto da época da fundação da Compagnie de l’Art Brut, André Breton,
figura central do movimento surrealista escreveu: “Eu não tenho medo de defender a
idéia [...] de que a arte que hoje classificamos como de doentes mentais constitui-se
em um reservatório de saúde moral” (Cardinal, 1972, p. 15). Os artistas, cansados do
espaço linear herdado do academicismo, encontraram nessas produções instigantes
estímulos para a busca de novas concepções.
Na mesma época da criação da Coleção da Arte Bruta, Edward Adamson
(1911-1996), renomado pintor inglês sem nenhuma ligação com a psicologia ou
psiquiatria, teve a oportunidade de desenvolver um ateliê de artes plásticas no London
Netherne Hospital. Ali, trabalhando com pacientes que recebiam como tratamento
drogas, eletrochoques e lobotomias, ele desenvolveu uma prática e uma teoria que
hoje integram o campo da Arte-terapia.
Durante sua vida ele colecionou cerca de 60 mil trabalhos produzidos pelos
pacientes do Netherne Hospital (Fountain, 1996). Segundo Silveira (1992, p. 92), logo
que ele se aposentou, a galeria onde eram expostos os trabalhos foi transformada em
um setor de fisioterapia! Adamson faleceu em 1996, e a informação de que sua
37
coleção estaria sob a guarda da Dra. Miriam Rotschild, em sua propriedade, (Silveira,
1992 e Fountain, 1996), não foi possível se confirmar em nossa pesquisa.
Outra coleção que se iguala à de Adamson em termos numéricos é a do Centro
de Estudos da Expressão pertencente ao Hospital Sainte-Anne, em Paris, também
com 60 mil obras (Trudel, 1996, p. 305). As obras foram produzidas nas oficinas do
hospital desde 1954, reunidas pelo Dr. Claude Wyart. Entretanto, não existem
referências a ela no sítio do hospital
11
. O Museu de Imagens do Inconsciente recebeu
em setembro de 2008 convite para a exposição de trabalhos da Coleção Sainte-Anne
La couleur des mots 2, realizada pelo Centre d‟Etude de l‟Expression e o Musée
Singer Polignac. Entretanto, o endereço (URL) do Centro, fornecido no convite, não
mostrou-se ativo na pesquisa (<www.centreetudeexpression.com>, acesso em: jan.
2008).
4.2.3.1 As experiências brasileiras de Osório César e Nise da Silveira
A história desse colecionismo no Brasil tem início em 1929. No Hospital
Psiquiátrico do Juquery, onde hoje é o município de Franco da Rocha, nas
proximidades de São Paulo, depois de “pacientemente organizar o Museu, com as
peças e os trabalhos mais interessantes dos doentes do Juquery”, o médico Osório
César realiza uma vasta revisão da bibliografia estrangeira de até então sobre a
expressão dos doentes mentais. A seguir publica o livro A expressão artística dos
alienados: Contribuição para os estudos dos symbolos na arte.
Naquela época, pouco tempo após a semana de arte moderna de 1922 em São
Paulo, a oposição dos críticos conservadores sobre as novas formas de arte era ainda
muito grande, e os trabalhos desta coleção foram mesmo utilizados para depreciar,
por comparação, as criações modernistas
12
. (Gonçalves T., 2004, p. 41).
Curiosamente, na mesma época a clínica de Heildelberg é ocupada pelo nazismo.
Instala-se o programa de exterminação dos doentes mentais e a coleção passa a ser
usada para fins de propaganda nazista. Joseph Goebbels comanda uma série de
exposições na Alemanha e Áustria, “comparando depreciativamente o acervo de
Heildelberg com obras de artistas da arte moderna como Cézanne, Van Gogh, Klee,
Kandinski, Kokosha, Chagall e outros” (Mello, 2000, p. 2).
mais tarde, em uma exposição organizada por ele no MASP (1948) é que a
coleção desperta o interesse de críticos, artistas e intelectuais. Em 1949 é fundada
11
Ver <www.ch-sainte-anne.fr>. Acesso em: jan. 2008.
12
Em 1933 obras da coleção participaram da Semana dos Loucos e das Crianças, organizada no Clube
dos Artistas Modernos de São Paulo por Flávio de Carvalho
38
oficialmente a Escola Livre de Artes Plásticas do Juqueri
13
; e no ano seguinte, Osório
César envia 54 trabalhos de 10 autores para figurar na Exposição de Arte
Psicopatológica do I Congresso Internacional de Psiquiatria, realizado em Paris, 1950
(Volmat, 1956, p. 7).
Esta exposição teve uma grande repercussão: 1362 trabalhos de 305 autores
foram apresentados para um público de mais de 10 mil pessoas, com grande impacto
na imprensa francesa da época. (Volmat, 1956, p. 7). Dos 17 países que enviaram
obras, o Brasil teve a maior representação: 395 obras. Os estudos sobre essas
coleções resultariam na publicação L’Art Psychopatologique de Robert Volmat, o
organizador da exposição.
A coleção reunida por Osório foi também em parte por ele dispersada. “Grande
parte deste acervo foi perdida ou comercializada; alguns desenhos do início foram
doados por Osório ao MASP
14
. O que sobrou desta coleção foi encontrado num galpão
do Hospital Juqueri, por um grupo de funcionários. Posteriormente outras obras,
dispersas pelo complexo hospitalar, foram encontradas”. (Mello 2000, p. 5). Em 1985
foi inaugurado o Museu Osório César, na antiga residência do primeiro diretor do
Juqueri, Dr. Franco da Rocha, que hoje nome ao município onde está localizado o
hospital. Seu acervo contém mais de 5 mil obras entre desenhos, pinturas, esculturas
e gravuras.
Em 2001 os funcionários do Museu de Imagens do Inconsciente Eurípedes G.
Cruz Júnior e Gladys Schincariol encontraram 29 obras pertencentes a essa coleção
no ateliê do artista Giuseppe Baccaro, em Olinda (PE). Segundo narrou o artista, ele
as recebeu das mãos da artista Tarsila do Amaral, que foi companheira de Orio
César por um período. Baccaro gentilmente doou estas obras, que hoje se encontram
guardadas no Museu de Imagens do Inconsciente.
Na mesma época em que os artistas Dubuffet e Adamson iniciavam suas
coleções, Nise da Silveira, acompanhada pelo então jovem artista Almir Mavignier,
inaugura os ateliês de pintura e de modelagem da Seção de Terapêutica Ocupacional
no Centro Psiquiátrico Nacional. As produções desses ateliês viriam formar a maior
coleção do gênero, contabilizando hoje mais de 352 mil obras entre telas, desenhos e
modelagens, constituindo-se no acervo do Museu de Imagens do Inconsciente.
13
Segundo o diretor do MII, Luiz Carlos Mello, foi a exposição 9 Artistas de Engenho de Dentro, realizada
no Museu de Arte Moderna de São Paulo que motivou Osório César a criar a Escola.
14
Segundo o sítio do MASP, “A doação Osório César, que faz parte da coleção, é composta de 101
desenhos de autoria de alienados, realizados na Escola Livre de Artes Plásticas do Hospital do Juqueri
que o doador, médico e psiquiatra dirigia” (MASP, 2006).
39
Naqueles idos anos do fim da década dos 40 vinham frequentemente
com Mavignier a Engenho de Dentro seus jovens amigos Ivan Serpa
e Abraão Palatnik, que mais tarde teriam nomes famosos nas artes
brasileiras. Nesse primeiro período, organizamos duas exposições:
uma em fevereiro de 1947, no Ministério da Educação, e outra, em
outubro de 1949, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Era uma
tentativa para entrar em contato com pessoas talvez interessadas [...]
alguns artistas e críticos de arte responderam a esse apelo
(Silveira, 1980, p. 14).
A partir da década de 70, o Museu passa a organizar cada vez mais,
exposições fora da sua sede e solidifica seu lugar na cultura brasileira. Sempre
atraindo grande público, destacaram-se as seguintes exposições: Imagens do
Inconsciente: centenário de C. G. Jung, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro;
O Universo de Fernando Diniz, no Paço Imperial do Rio de Janeiro; Arqueologia da
Psique, na Casa França-Brasil, também no Rio de Janeiro. Estas mostras também
foram apresentadas em outros estados. Em sua trajetória no exterior, teve a
oportunidade de representar o Brasil em vários eventos internacionais. Em 2005 foi um
dos representantes oficiais do governo brasileiro no Ano do Brasil na França com a
exposição Images de l’Inconscient no Musée Halle Saint Pierre, em Paris, instituição
que tem se dedicado à exposição desse tipo de acervo (HALLE SAINT PIERRE, 2005,
p. 2).
Enquanto suas congêneres pararam de crescer ou o fazem de forma reduzida,
a coleção do Museu de Imagens do Inconsciente, pelo funcionamento ininterrupto de
seus ateliês criativos, continua a aumentar cotidianamente, atingindo em 2003 a
impressionante cifra de 352 mil documentos plásticos.
Outra importante coleção brasileira é a do artista Arthur Bispo do Rosário,
atualmente reunida no Museu que leva o seu nome. Diferentemente das demais, essa
é uma coleção que reúne praticamente um criador. Reconhecido como um dos
mais criativos artistas do século passado, Bispo do Rosário tem encantado os meios
artísticos contemporâneos pela extrema modernidade de suas obras, sejam na
concepção ou na execução. O Museu Bispo do Rosário está localizado na Colônia
Juliano Moreira, uma antiga Colônia Agrícola que era destinada aos pacientes
terminais no bairro carioca de Jacarepaguá.
40
4.2.4 As coleções se multiplicam...
O Museu de Imagens do Inconsciente tem inspirado a criação de serviços,
oficinas e outras coleções. Em Porto Alegre, um grupo de pessoas deu início, em
1990, a Oficina de Criatividade do Hospital Psiquiátrico São Pedro. Esta coleção já
ultrapassa as 50 mil obras (Neubarth, 2005, p. 71). Com a Reforma Psiquiátrica,
alguns dos mais de 2 mil Centros de Atenção Psicossocial (substitutos do hospício na
terapêutica dos portadores de sofrimento psíquico) possuem oficinas de pintura; várias
clínicas também têm seus serviços de terapia ocupacional, cuja produção resulta
frequentemente em exposições nos mais diversos espaços.
Um exemplo internacional dessa inspiração é a criação em 1992 do Museo
Attivo delle Forme Inconsapevoli na cidade de Gênova. O Museu é atuamente
denominado Museoattivo Claudio Costa, em homenagem a um de seus fundadores
(MAPPA SENSIBILIZATTA, 2004). Na realização de nossa pesquisa, não
conseguimos um contato com o Museo, e o pesquisador Marcelo Maggi, doutourando
da Universidade Nova de Lisboa em passagem pelo Museu de Imagens do
Inconsciente nos informou que o mesmo está atualmente fechado.
É possível encontrar hoje coleções que se dedicam a reunir, exibir, vender,
obras criadas por pessoas à margem dos processos da arte formal em diversos
lugares do mundo. Sob os mais diversos nomes arte visionária, arte intuitiva, arte
bruta, outsider art, raw art, arte fora das normas essas coleções frequentemente
integram em seus acervos obras de pessoas portadoras de sofrimento psíquico,
principalmente psicóticos. Porém as características dessas produções vêm se
modificando. As transformações no tratamento psiquiátrico em todo mundo, e o
advento dos medicamentos que agem, cada vez mais poderosamente, nos cérebros
dos pacientes, em busca da inibição de sintomas, traz dois aspectos que a nosso ver,
encerram esta faceta da criação humana. Em primeiro lugar, essas pessoas são cada
vez mais estimuladas ao convívio social, diminuindo seu isolamento. Esse contato
permanente com o mundo exterior, que não acontecia anos atrás, muda
completamente o panorama da criação, reduzindo a originalidade da mesma,
avassalada pela enxurrada de imagens que caracteriza nossa sociedade
contemporânea.
Em segundo lugar, o uso generalizado (e em geral excessivo) de
medicamentos
mudou completamente a face dos hospitais psiquiátricos. Os longos
isolamentos, as formas de demência mais espetaculares, os delírios
inspirados, estão aos poucos desaparecendo. Não cabe a nós julgar
41
se esta mudança constitui um progresso global. Nós apenas
assinalamos que, se os neuroléticos têm diminuído o sofrimento, eles
geram, em contrapartida, um embrutecimento mental e uma
anestesia que se traduzem no domínio da produção plástica por uma
perda das faculdade de criação (Thévoz 1975, p. 17, tradução
nossa).
Apesar dessa visão fatalista, o Museu de Imagens do Inconsciente mantém
seus ateliês em funcionamento onde observa-se que, mesmo em mutação, a pulsão
para a expressão em imagens e o benefício terapêutico dessa prática mantêm-se
vivíssimos.
Esses fatos apontam para a importância que adquire, hoje, a conservação e
visibilidade desse patrimônio, sobre o qual muito ainda o que descobrir. Um
patrimônio que, a despeito de sua alta carga de individualidade, pertence a todos nós,
como um livro escrito para a humanidade através de uma sintaxe e uma gramática que
parece esquecida e que precisamos reaprender.
Se é inevitável a perda de uma parte da intangibilidade desse patrimônio, como
processo, restam as misteriosas, inusitadas, estranhas ou belas imagens que nos
foram legadas por seres humanos que vivenciaram estados do ser diferentes do
nosso, estados “inumeráveis e cada vez mais perigosos”
15
.
4.3 Aspectos museológicos das coleções da loucura
Neste capítulo, estaremos considerando as coleções que, de alguma forma,
adquiriram o estatuto de museus, seja através da autodenominação, seja através das
práticas relativas à museologia: catalogação, museografia, exibição, pesquisa,
conservação, restauração.
O Conselho Internacional de Museus (ICOM) define o museu como
instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e
do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva,
investiga, difunde e expõe, para fins de estudo, educação e lazer, as
evidências materiais do humano e do seu ambiente” [...]. Além das
instituições designadas como „museus‟, consideram-se qualificados
como museus [...] as instituições que conservam coleções [...] que
realizem atividades de conservação, pesquisa, educação,
treinamento, documentação e outras, relacionadas aos museus e à
museologia.
15
Expressão criada pelo poeta e teatrólogo francês Antonin Artaud, para definir as vivências expressas na
pintura do surrealista Victor Brauner (Silveira, 1981, p. 235)
42
Mesmo reconhecendo as limitações dessa definição, por ser ela “descritiva e
funcional” (Loureiro, M., 2003 p. 12), e a despeito dessa limitação, consideramo-la
suficiente para qualificar os acervos que serão estudados a seguir.
4.3.1 As coleções européias
Se em 1900 o Bethlem Hospital de Londres havia realizado uma exposição
com os trabalhos de pacientes (Mojana, 2003, p. 11), as primeiras coleções da loucura
com a denominação de museu surgem logo a seguir. Em 1905 o médico suíço
Auguste Marie abre na cidade francesa de Villejuif o Musée de la Folie (Andriolo, 2006,
p. 46; Mojana, 2003, p. 11). Hulak (1988, p. 82) atribui a data “perto de 1910” para um
“embrião de museu”, cuja coleção, ou o que restou dela, atualmente está integrada ao
museu da Collection de l‟Art Brut em Lausanne (Chevillion, 1991).
O Dr. Pailhas, do asilo de Albi (França), já em 1908 fala de um projeto de um
museu ou de uma seção de museu reservada à produção artística dos alienados, onde
se reuniria também trabalhos de tatuadores e desenhistas de muros” (Hulak, 1988, p.
82, tradução nossa).
[...] um pequeno museu destinado a recolher toda produção de
nossos doentes do asilo, entre aqueles que, tendo afinidades com a
arte, seriam suscetíveis de trazer uma contribuição ao estudo de sua
essência, de suas produções psíquicas, assim como sua evolução
através dos anos (Pailhas apud Hulak, 1988, p. 82, tradução nossa).
Segundo o prontuário de um paciente internado em Bremem, alguns de seus
desenhos foram enviados para o “museu da clínica psiquiátrica universitária de
Heidelberg”, embora um memorando da clínica datado de 1908 considere apenas a
existência de uma modesta “coleção de material didático” (Brand, 1995, p. 14). Como
já foi citado anteriormente, Prinzhorn, convidado a fazer pesquisas na coleção, achou-
a muito pequena para esse fim. Em 1919, o diretor Karl Williams, em uma das cartas
que enviou a diversos asilos e clínicas de vários países europeus, pede que as
pinturas e escritos, emprestadas a título temporário, sejam cedidos à clinica para
serem disponibilizados em um “museu de arte patológica”. Um projeto que segundo
ele tinha a concordância das autoridades ministeriais (Brand, 1995, p. 14). No ano
seguinte, outra carta explicava mais detalhadamente o projeto: caso o interessado
concordasse em ceder obras, aquelas com interesse do ponto de vista artístico ou
puramente psicológico seriam emolduradas e penduradas em uma sala de museu,
43
enquanto as outras seriam arquivadas de maneira a ficarem sempre disponíveis ao
estudo (Brand, 1995, p. 15).
Se as informações sobre o museu organizado em Villejuif são poucas, as
atividades museológicas da coleção-museu de Heidelberg estão bem documentadas.
Pode-se saber que após um inventário realizado em 1920 que conta de 4.500
obras, as preocupações financeiras para conservar e exibir as obras tomaram vulto.
Numa Europa enfraquecida economicamente pela Primeira Guerra Mundial, Williams e
Prinzhorn tentam obter doações para seguir com a parte museográfica do projeto.
Salas de exposição planejadas seria a única solução satisfatória para tornar a coleção
“tão acessível quanto o interesse geral exige”. Os recursos conseguidos ficam muito
abaixo do esperado, suficientes apenas para o pagamento da colocação de passe-
partout e dos serviços de um moldureiro (Brand, 1995, p. 16). A conservação das
principais obras não segue as normas museológicas em vigor na época, a utilização
de material de qualidade vai resultar em danos tais como o desaparecimento de
desenhos e textos dos versos dos suportes, a falta do registro da data da execução da
obra ou de sua aquisição. Apenas a procedência e o diagnóstico são considerados.
Anotações são feitas em letras de grandes proporções sobre textos escritos no verso
das obras.
Alegando problemas pessoais, Prinzhorn deixa a clínica em 1921. O projeto do
Museu, com suas salas de exposição, nunca veio à luz.
Outras considerações emergem das correspondências trocadas entre os
diretores das clínicas e asilos que enviavam trabalhos para Heidelberg, e os
organizadores da coleção. A questão da aquisição de acervo para o projeto do “Museu
de arte patológica” era levada a sério. Numa carta dirigida a um dos diretores dessas
clínicas, Karl Williams promete enviar para os internos um “pequeno presente em
dinheiro a título de encorajamento” ou mesmo material de desenho e escultura. E vai
mais longe, dizendo que se o autor quisesse fazer valer o seu direito de propriedade
sobre os trabalhos que seriam cedidos ao museu por um preço razoável, ele ficaria
feliz em considerar a proposta.
As exposições da coleção começam em 1921 na Galeria Zingler de Frankfurt,
mesmo local e ano onde foram apresentados os trabalhos de Paul Klee. Seguem-se
mostras em Hannover, Leipzig. Em 1923 trabalhos da coleção fazem parte de uma
exposição no Museu de Belas Artes de Mannheim. Em 1929 a coleção chega a Paris;
1933, Genebra, depois um circuito de 9 cidades alemãs, sempre com títulos girando
em torno de “A Arte dos Doentes Mentais”(Brand, 1995, p. 33 e 34).
Com a ascensão do nacional socialismo, começam a levantar-se vozes que
procuram desqualificar a produção e seus criadores. Psiquiatras contestam Prinzhorn
44
abertamente: com o crescimento da eugenia, do arianismo e do anti-semitismo essas
obras passam a ser classificadas como “produções de idiotas”, de técnica grosseira,
faltosas de espírito crítico, bizarras, de simbolismo confuso, contribuindo para “fazer
cair a dignidade da humanidade ao nível mais baixo” (Weygandt apud Brand, 1995, p.
36).
O diretor Karl Williams é demitido por ultraje ao Führer e Carl Schneider, que
mais tarde será o responsável pelo programa de extermínio dos doentes mentais,
assume a clínica de Heidelberg. O passo seguinte é exibir a coleção ao lado dos
artistas modernos, para desqualificar estes últimos.
Inicia-se uma série de exposições na Alemanha e Áustria,
comandadas por Joseph Goebbels, comparando depreciativamente
o acervo de Heildelberg com obras de artistas da arte moderna como
Cézanne, Van Gogh, Klee, Kandinski, Kokosha, Chagall e outros.
Essas exposições tinham como título Arte Degenerada. Continham
um enfoque preconceituoso em relação às duas manifestações,
negando-lhes o valor artístico. Grande ironia, esta atitude do nazismo
acabaria por comprovar que não fronteiras entre os ditos normais
e os loucos (Mello, 2000, p. 2).
As exposições acontecem até o ano de 1941, e depois a coleção vai aos
poucos ficando no esquecimento. Nos início dos anos 70, a coleção, desfalcada de
muitas obras, é encontrada por Inge Jádi dentro de um grande armário, as obras
agrupadas por “casos”, dentro de pastas habitualmente utilizadas para prontuários
médicos. Estavam contaminadas por traças, que foram erradicadas pela restauração
(Jádi, 1995, p. 56). Além das atividades de pesquisa e ação cultural Jádi diz que
assumiu também a tarefa da “catalogação científica, acondicionamento e conservação
dos documentos e das obras”. De 1980 a 1985 a coleção sofre um processo de
restauração, patrocinado por uma empresa de automóveis alemã (Jádi, 1985, p. 55).
“Cada medida destinada a prevenir uma destruição provoca outra”, diz ele.
“Mesmo o recurso das técnicas museográficas modernas, que garantem a melhor
conservação possível, haja visto a extrema fragilidade das peças e permitem múltiplas
explorações do acervo sem contar que elas fornecem um campo de atividade a
diversos profissionais irremediavelmente cortam algo da originalidade desses
trabalhos, destruindo alguma coisa que lhes pertencia” (Jádi, 1995, p. 55, tradução
nossa).
“A grande diversidade dos processos criativos envolvidos na coleção o nos
permitem rotulá-la: ela compreende produções plásticas, escritos e músicas [...]
Particularmente, é um erro acreditar, como acontece em certos círculos, que ela se
45
trata de uma coleção de Arte Bruta, comparável aquela do Museu de Arte Bruta de
Lausanne” (Jádi, 1995, p. 46, tradução nossa).
Como dissemos anteriormente, a Coleção de Arte Bruta não reúne apenas
desenhos feitos por pessoas internadas em hospitais psiquiátricos. Mas o hospital
psiquiátrico está na própria gênese da coleção: no início de suas prospecções sobre a
arte bruta Dubuffet visitou as coleções dos hospitais psiquiátricos suíços (1945). Ele
ainda não pensava em organizar uma coleção, senão reunir documentos e
monografias para a publicação de um trabalho (Thévoz, 1975 p. 52).
Entretanto, várias pessoas da França e de outros lugares se interessam pelo
projeto e a coleção começa a tomar corpo. Assim, o Foyer de l‟Art Brut abre as portas
em novembro de 1947, ocupando duas salas no subsolo da Galeria René Drouin, em
Paris. Um ano depois é transferida para um pavilhão na rue de l‟Université.
Organizando-se sob o nome de Compangnie de l‟Art Brut, esta “sociedade de amigos”
chegou a contar com 60 membros, tendo o pintor Slavko Kopac sido escolhido como
curador da coleção. Uma exposição de 1949 apresenta um conjunto de 200 trabalhos
de 63 autores, e seu catálogo é um manifesto de Dubuffet intitulado L’art brut préféré
aux arts culturels (Thévoz, 1975 p. 53).
Porém o local não apresentava condições para a conservação da coleção.
Além disso, a falta de pessoal, as dificuldades financeiras e mesmo dissensões entre
os participantes da Companhia levaram Dubuffet a extingui-la. Ele aceita o convite do
pintor Alfonso Ossorio e a coleção é transferida para East Hampton, um local próximo
de Nova York (Thévoz, 1975 p. 53).
Após uma exposição na Galerie Cordier et Eckström em Nova York, a coleção
volta a se enriquecer com novas aquisições. Segundo Thévoz (1975, p. 54) essas
peças foram “adquiridas, achadas ou doadas” (grifo nosso). Em 1962 a coleção volta
novamente a Paris, onde vai ocupar um edifício de quatro andares, fechado ao público
porém aberto para visitantes especialmente interessados. A Compagnie de l‟Art Brut é
reorganizada com uma centena de membros e Slavko Kopac é reconduzido ao cargo
de curador da coleção. Em 1967 acontece uma importante exposição no Museu de
Artes Decorativas em Paris, onde o apresentados 700 trabalhos de 75 autores. Em
1971 é publicado o catálogo da coleção, dando conta de 4104 trabalhos de 133
autores. Mais de 1000 outros trabalhos, considerados a meio-caminho entre a arte
bruta e a arte cultural” são classificadas como “coleções anexas” (Thévoz, 1975 p. 54).
Finalmente em 1972 a coleção é cedida a cidade suíça de Lausanne, que
compromete-se com a conservação e a gestão do acervo e sua exposição pública
permanente em um local adquirido pela municipalidade, o Château de Beaulieu, um
46
hotel construído no século XVIII, próximo ao centro da cidade, onde encontra-se até
hoje. De 1964 a 1975 foi publicada uma série de doze fascículos, cada um deles
contendo uma ou mais monografias sobre o acervo e seus autores. O apoio da
comunidade de Lausanne põe um final na grande viagem de Dubuffet iniciada em
1945, e que vem terminar justamente na Suíça, o mesmo lugar onde teve início.
No mesmo ano em que se constituía a primeira Compagnie de l‟Art Brut, o
pintor inglês Edward Adamson abria o ateliê de pintura do Netherne Hospital em
Londres. Ele relata que mesmo antes de iniciar as atividades do ateliê, encontrou
vários indivíduos que desenhavam; como exemplo, reproduz os desenhos de um
internado, feitos em papel higiênico com pontas de palitos de fósforos queimados à
guisa de lápis. (Adamson, 1984, p. 10). Falando dos materiais utilizados, diz que
iniciou as atividades com pedaços cortados de rolos de papel de parede que sobraram
da decoração de uma das enfermarias. Os cabides de roupa feitos de arame eram
frequentemente desfeitos para serem utilizados como estrutura de modelagens; que
durante a reforma de um setor do hospital, “desapareceu uma significativa quantidade
de cimento”. Outros pacientes pintavam em pedras, seixos ou mesmo em ossos
(Adamson, 1984, p. 10). Para alegrar o ambiente Adamson pintou os corredores com
cores fortes e pendurou neles mais de 70 obras de autores contemporâneos, doados
pelos próprios artistas, como resultado de uma campanha da artista Julie Lawson do
Instituto de Arte Contemporânea (Adamson, 1984, p. 13).
Ele nunca expôs os desenhos dos internados no ateliê ou nos corredores, com
receio de que isso expressasse uma desvalorização dos trabalhos. Então montou uma
galeria que era aberta para visitantes selecionados, com a função de ser um espaço
didático para médicos, enfermeiros e outros profissionais, um fórum onde o ponto de
vista do paciente pudesse ter expressão. A galeria chegou a receber 3 mil e 500
visitantes anualmente.
Depois de 35 anos de trabalho no ateliê a aposentadoria compulsória chegou
para Adamson. Logo após sua saída, a galeria construída por ele foi transformada
num departamento de fisioterapia, e o destino da coleção de 60 mil trabalhos começou
a ser questionado pelas autoridades hospitalares (Timlin, 1983, p. 68). Entretanto, a
reputação internacional adquirida por Adamson e seu trabalho, resultaram na
formação da associação beneficente “Adam‟s Collection”, com o objetivo de preservar,
ampliar e encontrar um espaço mais acessível e permanente para a coleção. Em
setembro de 1983 é aberta ao público uma galeria próxima a Cambridge, sob os
auspícios de uma das associadas, a Dra Miriam Rothschild. Segundo o psiquiatra
canadense Dr. Sherwood Appleton o objetivo seria organizar “não apenas um museu,
47
mas um centro; um oásis onde qualquer um que sinta necessidade possa pintar numa
atmosfera de apoio que reflita a forma peculiar de cuidado de Adamson” (Timlin, 1983,
p. 68, tradução nossa).
Um ano antes, em 1982, na França, um grupo de três pintores também resolve
formar uma associação, que ocupasse o vazio deixado pela coleção da Arte Bruta.
Como “uma Fênix que renasce das cinzas”, decidem “reorganizar e salvaguardar um
patrimônio freqüentemente ameaçado, através da constituição de uma coleção
pública” (Lomell et al, 1988, p. 6). Eles procuraram um nome que não fosse um rótulo
marginalizante, e a partir da sugestão fonética provocada pela palavra „art‟ a
associação a transforma em L‟Aracine (Lomel et al, 1988, p. 6). Encontraram na
cidade de Neuilly-sur-Marne um local para a instalação de um Museu, que passa a
funcionar “baseado mais na paixão de seus criadores e admiradores do que em bases
administrativas” (Danchint, 1988, p. 14).
L‟Aracine tende a ser, dentro do deserto afetivo da vida urbana, uma
espécie de oásis onde os visitantes [...] vêm entrar em contato com
trabalhos que fazem apelo não ao intelecto, como a maioria dos
museus contemporâneos, mas ao instinto, e onde eles possam
reencontrar uma simplicidade esquecida, uma emoção verdadeira,
alimentar uma certa exigência secreta [...] (Danchant, 1988, p. 14,
tradução nossa).
Segundo Duchein (1988, p. 5), a sede do L‟Aracine não parece um museu.
“Mais que um museu, um castelo, ou uma fundação ele é um refúgio, um abrigo para o
acolhimento. [...] Ela parece ter por natureza a vocação para salvatagem mais do que
propriamente do espetáculo”. Em 1986, L‟Aracine ganhou da Direction des Musées de
France o status de “musée contrôlé”.Segundo Trudel (1996, p. 303) isso garante „o
valor científico da coleção, sua inalienabilidade, permitindo receber ajuda do Estado.
No Hospital Sainte-Anne de Paris, o Centre d‟Etude de l‟Expression é o
responsável pela documentação e conservação de sua coleção de 60 mil obras. A
existência dessa coleção está intimamente ligada à Sociedade Francesa de
Psicopatologia da Expressão, associação que “formou, em 1993, uma Seção de
Patrimônio que se ocupa essencialmente de inventário, conservação e difusão por
meio de exposições das obras que se produzem nos ateliês terapêuticos de arte na
França. Também se espera, eventualmente, poder dispor de um espaço museal
(Trudel, 1996, p. 305).
48
4.3.2 As coleções brasileiras: Osório César
No início de seu livro A expressão artística nos alienados, a título de
advertência, Osório César relata que desde sua designação para o lugar de estudante
interno do hospital de Juquery, em 1923, tinha idéia de “estudar a arte nos
alienados, comparando-a com a dos primitivos e a das crianças”. Segundo ele esta
idéia surgiu logo após o contato com o livro de Prinzhorn Bildnerei der Geisteskranken
(César, 1929, p. xxi).
No começo, encontramos uma serie enorme de dificuldade: literatura
escassa entre nós, falta de Museu artístico no Hospital e
principalmente carência de sólido conhecimento da matéria que
íamos estudar. [...]
Depois de pacientemente organizado o Museu, com as peças e os
trabalhos mais interessantes do Juquery, fomos procurar nas revistas
médicas nacionais e estrangeiras e nos catálogos de livrarias, obras
referentes ao nosso assunto (César, 1929, p. xxi, grifo nosso).
Osório César transcreve a história psiquiátrica dos doentes, apresentando
reproduções de algumas obras. Curiosamente, a maioria delas pertence não ao
museu que afirma ter organizado, mas à “coleção do autor”.
Seu objetivo era fazer um estudo comparativo entre o trabalho artístico dos
primitivos e das crianças” (César, 1929, p. xxi). Para conseguir o seu intento ele
realizou pesquisas no então Museu Nacional do Rio de Janeiro, dirigido por Roquette
Pinto:
Uma boa parte do material artístico que reproduzimos dos índios do
Brasil e dos negros, devemos ao prof. Roquette Pinto, diretor do
Museu Nacional do Rio de Janeiro, que nos facilitou e orientou, com
a bondade e a inteligência que lhes são inatas, durante o tempo de
nossa estada no Rio, as ricas coleções do Museu (César, 1929, p.
xxii).
Paradoxalmente, Osório dispersou grande parte da coleção, conforme
observamos anteriormente. Um desenho de Albino Brás, um dos principais artistas do
Juquery, aparece reproduzido na página 91 do livro Art Brut de Michel Thévoz, como
parte da coleção de Dubuffet no Museu de Arte Bruta de Lausanne. Segundo nos
informou o diretor do MII Luiz Carlos Mello, em visita a uma exposição no hospital
Sainte-Anne de Paris ele verificou a existência de obras doadas por Osório César
àquela entidade, por ocasião do I Congresso Internacional de Psiquiatria de 1950,
segundo informações obtidas no próprio hospital. Durante pesquisa, encontramos na
49
coleção particular organizada por Bruno Decharme
16
, o desenho de um autor brasileiro
desconhecido que indiscutivelmente pertence à coleção do Juquery, haja visto sua
semelhança com outro publicado no livro de Osório César:
16
Disponível em <http://www.abcd-artbrut.org>. Acesso em: 8 out. 2008
Fig. 10. Obra da
Coleção abcd
Fig. 11. Obra reproduzida
no livro de Osório César
50
4.3.3 Nise da Silveira e o ateliê da STO
Na mesma época em que Dubuffet criava a Compagnie de l‟Art Brut em Paris,
Nise da Silveira e o artista Almir Mavignier organizavam o ateliê de pintura da Seção
de Terapêutica Ocupacional, no distante subúrbio carioca do Engenho de Dentro. Em
1947 acontece a primeira exposição da coleção, no Palácio Capanema, sede do
Ministério da Educação no Rio de Janeiro, e outra em 1949, no recém criado Museu
de Arte Moderna de São Paulo. Foi o próprio diretor do MAM de São Paulo, o crítico
francês Leon Degand, quem escolheu pessoalmente os desenhos pinturas e
modelagens para a exposição 9 Artistas de Engenho de Dentro. Depois viria a primeira
exposição internacional da coleção, no I Congresso Internacional de Psiquiatria, em
Paris, 1950.
A produção do atelier era muito grande, aumentando cada dia. O
agrupamento em séries das pinturas levantava interrogações no
campo da psicopatologia. Começou-se a falar em museu, como um
órgão que reunisse todo esse volumoso material de importância
científica e artística. E, assim, foi inaugurado o Museu de Imagens do
Inconsciente, cujas raízes estavam nos ateliers de pintura e de
modelagem de uma modesta seção de terapêutica ocupacional
(Silveira, 1981 p. 16).
Em 1956 o Museu é transferido para um novo local do Hospital, mais amplo e
no pavimento térreo.
No dia 11 de maio de 1961, os jornais publicaram mensagem do Presidente da
República Jânio Quadros, convocando a Dra. Nise ao seu gabinete, para apresentar
um plano de trabalho “para o exercício e de ampliação para o futuro” (Silveira, 1966, p.
39). No texto do plano apresentado, Nise afirma que o Museu possuía, naquela
ocasião, cerca de 40 mil peças, e pleiteia recursos para a aquisição de estantes de
aço “que nos livrarão da permanente ameaça dos cupins, fichários, arquivos,
remodelação de álbuns antigos e confecção de novos álbuns, biblioteca especializada”
(Silveira, 1966, p. 41 e 43).
Fato interessante, ela agradece ao Presidente as medidas que ele teria tomado
no sentido de providenciar o retorno das “pinturas e modelagens das mais
significativas pertencentes às coleções de nosso Museu, que se encontram na Europa
desde 1957, quando foram apresentadas na Exposição Internacional, organizada pelo
II Congresso Mundial de Psiquiatria reunido em Zurique” (Silveira, 1966, p. 43). Isso
significa que as obras permaneceram pelo menos quatro anos na Europa!
51
Ela afirma que
o museu de obras plásticas da STO [Seção de Terapêutica
Ocupacional] do CPN [Centro Psiquiátrico Nacional] tornar-seum
centro de estudo e pesquisa, aberto não a psiquiatras, mas
também a antropólogos, artistas, críticos de arte e educadores
interessados pelos problemas da psicologia profunda e da atividade
criadora (Silveira, 1966, p. 46).
Como resposta ao plano apresentado pela Dra. Nise da Silveira, o Presidente
Jânio Quadros edita o Decreto 51.169, de 9 de agosto de 1961, que entre outras
coisas institui o Museu de Imagens do Inconsciente. Segundo ela própria narra, logo
após acontece a renúncia do Presidente e “as autoridades dos novos governos não se
interessaram pela execução do decreto presidencial 51.169 ou não houve condições
para fazê-lo. Tudo continuou como antes” (Silveira, 1966, p. 51).
Em 1963, o Diretor do Serviço Nacional de Doenças Mentais, órgão do governo
ao qual o hospital estava subordinado, edita a Ordem de Serviço no. 3/63, onde,
determina que as obras plásticas do Museu sejam “inalienáveis e que, para fins de
estudo e pesquisa [...] terão de permanecer dentro do território daquela Seção”
[STOR] (Silveira, 1966, p. 100)
Mas, segundo Nise (1966, p. 100), apesar da constante vigilância, “o acervo do
Museu tem sido desfalcado, pelo furto, de documentos importantes. Em princípios de
1965 foi cometido furto de grande vulto, que privou as coleções do Museu de peças do
maior interesse para as pesquisas concernentes à psicopatologia profunda”. Ela
enumera 12 exposições organizadas na sede do Museu de 1958 a 1966 e afirma ter o
Museu, naquela ocasião, cerca de 70 mil documentos.
Quanto à organização do acervo, vale a pena transcrever o texto integral no
qual ela se refere, pela primeira vez, a uma efetiva metodologia museológica.
Desde o início, desenhos e pinturas vêm sendo reunido, segundo
seus autores, em ordem cronológica. Sentíamos porém, a
necessidade de uma organização desse material que permitisse o
estudo de temas, sem contudo desfazer a posição das peças dentro
do contexto dos casos clínicos. Dra. Maria Stela Braga, assistente da
seção de terapêutica ocupacional no período maio 1956 dezembro
1958, fez as primeiras tentativas de organização do Museu.
Em relatório de 1956 escrevíamos: „Dra. Maria Stela Braga tomou a
iniciativa de organizar o nosso Museu, o que vale dizer, de inventar a
organização de um museu de arte psicopatológica, pois a
museologia mundial ainda não estabeleceu regras neste campo
especializado‟ (Silveira, 1966, p. 100, aspas no original, grifo nosso).
52
Em 1964, graças a uma bolsa da Organização Mundial de Saúde (OMS), Nise
vai estudar no Instituto C. G. Jung, em Zurique. Nessa época o Instituto estava
organizando seu arquivo de imagens (Bild Archiv). (Silveira, 1966, p. 101). De volta ao
Brasil, preocupada com a metodologia para catalogação das obras, Nise entra em
contato com o Instituto C. G. Jung, que disponibiliza os dados referentes à sistemática
de catalogação utilizada por eles:
Esta sistemática é a mesma utilizada pelo Archiv for Research in
Archetypal Symbolism (ARAS) de Nova York, realização da Bollingen
Foundation. Portanto, desde que nos sejam proporcionadas
indispensáveis condições de trabalho, poderá ser organizado no Rio
de Janeiro um arquivo de imagens dentro do mesmo sistema
adotado pelo Bild Archiv e pelo Aras, o que nos permitirá
comunicarmo-nos com essas organizações usando uma linguagem
comum (Silveira, 1966, p. 101, grifo no original).
Citando como exemplo as bibliotecas e seus sistemas universais de
catalogação, ela afirma que, no futuro, arquivos de imagens também serão
estruturados segundo sistemas semelhantes, possibilitando aos pesquisadores “ter
conhecimento das imagens concernentes aos temas que estejam investigando, seja
qual for a procedência dessas imagens e seja qual for o país onde se encontre o
pesquisador” (Silveira, 1966, p. 101). Isso 30 anos antes da internet!
17
O Museu foi admitido como membro do ICOM em 1973. Nesse período, a
convite da Dra. Nise, a presidente e a secretária geral da AM-ICOM Brasil,
respectivamente Fernanda de Camargo-Moro e Lourdes Maria Novaes, prestam
colaboração no que diz respeito à organização técnica, inclusive com a realização de
um curso de ciclagem museológica para os funcionários do Museu em novembro de
1974 (Silveira, 1980, p.24).
A experiência dessas profissionais do campo da museologia está descrita no
artigo Museum of Images of the Unconscious, Rio de Janeiro: an experience lived
within a psychiatric hospital, publicado em 1976 na Revista Museum, da UNESCO. No
artigo, a autora confirma a utilização do ARAS como sistemática utilizada no Museu.
Segundo ela, o desafio era promover modificações sem comprometer a estruturação
do Museu, sem grandes alterações no convívio de pacientes, funcionários e visitantes
(Camargo-Moro, 1976, p. 35).
Assim, as modificações empreendidas foram realizadas durante o dia, à vista
de todos: aumento da área de exposição, montagem de uma exposição permanente,
17
Fato interessante, depois de várias tentativas de contato com o ARAS sem sucesso, durante a
realização desta pesquisa finalmente entrou no ar o sítio do ARAS, sobre o qual falaremos em um
capítulo posterior.
53
suportes e prateleiras para exibição de esculturas, forração das paredes das salas de
exibição com cânhamo, foram alguns dos aspectos museográficos trabalhados então.
Segundo ela, algumas práticas profissionais, padrões em museologia, apesar de seu
alto valor técnico, não poderiam ser aplicadas no Museu, devido às suas
peculiaridades (Camargo-Moro, 1976, p. 36).
A „ciclagem museológica‟ dos funcionários a que se referia Nise, constou da
realização de um curso de noventa e oito horas onde foram abordados estudos sobre
patrimônio cultural, preservação, museologia e museografia. Como parte prática,
foram realizadas visitas a museus, com a posterior elaboração de relatórios e
discussões sobre classificação e catalogação, com a implantação de um sistema de
classificação em bases museológicas, além daquela existente (ARAS) (Camargo-
Moro, 1976, p. 44).
Participaram desse treinamento 35 pessoas entre médicos (1), psicólogos (2),
estudantes de medicina (1), terapeutas ocupacionais (20) e pessoal administrativo
(10). (Camargo-Moro, 1976, p. 44). Foi também realizada pesquisa no entorno do
hospital, para verificar o conhecimento sobre o Museu na comunidade circundante. O
resultado é que 80% das pessoas não sabiam da existência do Museu. Entrevistas
com visitantes demonstraram o alto impacto causado pelas obras expostas. Outro
dado que aparece no artigo é o número de visitantes: 280 em 1973 e 580 em 1974
(Camargo-Moro, 1976, p. 43).
Nessa época, a hostilidade da direção do Hospital torna-se evidente - redução
dos espaços do Museu, corte de verbas. (Silveira, 1980, p. 26). Porém, um
acontecimento de grande importância para a sobrevivência do Museu vem mudar esse
cenário de ameaças: a criação, em dezembro de 1974, da Sociedade Amigos do
Museu de Imagens do Inconsciente, centralizada pela educadora Zoé Noronha
Chagas Freitas. em 1975 a SAMII tem papel decisivo na realização da exposição
Imagens do Inconsciente centenário de C. G. Jung, primeira mostra itinerante do
Museu, inaugurada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em junho de 1975 e
que depois percorreria as cidades de Brasília, Curitiba e Belo Horizonte (Silveira, 1980
p. 27).
Inicialmente presidida pelo ministro Eduardo Portela, foi durante a
administração de Aluísio Magalhães que a atuação da Sociedade executou o projeto
que seria um divisor de águas na história da instituição: Treinamento Terapêutico e
Manutenção do Museu foi o nome dado ao convênio celebrado entre a SAMII e a
FINEP e que foi coordenado pela psicóloga Gladys Schincariol (Silveira, 1980, p. 29).
A contratação de uma equipe de bolsistas, técnicos e profissionais possibilitou a
realização de seminários, cursos, exposições, documentários científicos; a
54
organização de uma pequena biblioteca especializada e de uma imagoteca, com
cromos, diapositivos e fotografias; foi também aperfeiçoado o sistema de registro e
indexação do acervo; possibilitou a restauração da totalidade das obras em suporte de
tela, e a parte mais danificada do acervo em papel (Silveira, 1980, p. 29). O
treinamento da equipe para a conservação e pequenos reparos possibilitou mutirões
que impediram o processo de degradação de milhares de obras importantes do acervo
(SOCIEDADE...., [1983])
O Ministério da Saúde cedeu um prédio independente, nos fundos do terreno
do hospital, anteriormente ocupado por um pronto-socorro. O edifício foi adaptado
para suas novas funções, e a equipe contratada pelo projeto foi absorvida pelo
Ministério da Saúde, uma exigência da FINEP para a continuidade do convênio. Salas
foram projetadas especialmente para receber as obras, e móveis de aço adquiridos
para acondicioná-las. Até então, as obras eram guardadas precariamente em salas
sem nenhuma segurança, e embora organizadas, não possuíam nenhuma proteção.
Agora os papéis foram empacotados ou acondicionados em caixas de papelão, e as
telas dispostas em trainéis de telas de aço ou estantes modulares (SOCIEDADE
AMIGOS...[1983])
Uma atmosfera de criatividade permeia hoje o museu como um todo
[...]. Bem cedo de uma manhã ensolarada eu cheguei à nova sede.
Ela vibrava de atividade. Pacientes pintavam e esculpiam no jardim.
As oficinas dentro estavam cheias de pessoas. Um forte clima de
entusiasmo permeava o ambiente, acompanhado harmoniosamente
pelo piano da sala de convívio” (Camargo-Moro, 1981, p. 168,
tradução nossa).
A precariedade de determinados suportes até então utilizados papéis de
embrulho, jornais, formulários administrativos, bem como técnicas não apropriadas
óleo sobre papel levaram a pesquisas e iniciativas não ortodoxas na área da
conservação, segundo nos informou a conservadora Ingrid Beck, responsável pela
conservação e restauração das obras do MII desde 1979. O Museu possui em seus
arquivos ampla documentação dessa época, com fichas de conservação e fotografias
do processo de restauração das obras.
Com o novo espaço o Museu passou a exibir mostras mais complexas e com
maior cuidado nas informações e no acabamento visual. Paralelamente, a equipe
desenvolvia materiais didáticos para divulgação dos trabalhos realizados no Museu:
dirigidos por Luiz Carlos Mello, editados por Eurípedes Júnior e coordenados por
Gladys Schincariol, sempre sob a supervisão científica da Dra. Nise da Silveira, um
conjunto de 15 documentários científicos, feitos em diapositivos com textos gravados
por grandes atores e atrizes brasileiros, foi realizado entre 1982 e 1994 (Ver Anexo A).
55
Esses documentários são frequentemente apresentados em universidades e centros
de cultura do país, sempre que o Museu é convidado a expor seus métodos de
trabalho.
É também na década de 80 que acontece a mostra de maior repercussão no
Rio de Janeiro: Os Inumeráveis Estados do Ser, no Paço Imperial da Praça XV. Essa
exposição, que sintetizava as principais pesquisas desenvolvidas por Nise e seus
colaboradores no Museu de Imagens do Inconsciente, visitaria depois as cidades de
Porto Alegre e Belo Horizonte. Alguns anos depois ela iria representar o Brasil em
comemorações internacionais: Lisboa Capital Européia da Cultura (Fundação
Gulbenkian, 1994), e 50 Anos da ONU (Roma, Istituto Italolatinoamericano de Cultura,
1995). Uma relação completa das exposições do Museu encontra-se no Anexo B.
Segundo o curador e diretor do Museu Luiz Carlos Mello, a linguagem das
exposições do Museu, especialmente a partir dessa nova fase da instituição, procura
apresentar trabalhos de qualidade estética, sem deixar de enfatizar a pesquisa
científica. No final da década de 90 crescem as mostras com uma abordagem mais
artística, especialmente depois da participação do Museu na Mostra do
Redescobrimento Brasil + 500.
O apoio financeiro da FINEP terminou em 1982. Depois, a escassez de
recursos e a falta de pessoal da área museológica fez decrescer as atividades de
conservação e catalogação, alternando períodos de total estagnação com outros de
pouca produção.
4.4 Imagens da Loucura, Ciência e Arte: algumas leituras
“Mudei para o mundo das imagens.
As imagens tomam a alma da pessoa.”
Fernando Diniz
O Museu de Imagens do Inconsciente ocupa hoje um lugar especial no
imaginário social brasileiro, e é bastante conhecido no exterior. É evidente o fascínio
que ele exerce ao abordar tema tão peculiar, ressaltando não a forma resultante da
união entre método, suporte e expressão (pintura, escultura), mas a expressão em si
como possibilidade de mensagem: a imagem ela mesma.
Nesta seção procuraremos inicialmente refletir sobre o seu assunto principal,
ou seja, as imagens elas mesmas. E particularmente os diversos tipos de apropriação
pelo olhar das produções de indivíduos excluídos socialmente ou fora das normas,
como é o caso dos freqüentadores do Museu de Imagens do Inconsciente,
especialmente no período em que esteve sob a direção da Dra. Nise da Silveira. Num
56
mundo cada vez mais dominado por um caudaloso e interminável fluxo de imagens, o
estudo a elas referente ganha importância. Pretendemos relacionar as principais
coleções ligadas ao tema da loucura e os conceitos e noções com os quais
trabalharam aqueles que as colecionaram ou estudaram de um ponto de vista
científico ou artístico, traçando uma linha do tempo sobre este campo de investigação.
Quando a Dra. Nise da Silveira começou a reunir as obras produzidas nos
ateliês de pintura e modelagem por ela inaugurados em 1946, no então Centro
Psiquiátrico Nacional
18
, a qualidade e a quantidade dessa produção logo feriu sua
atenção. Entretanto, foi o fato de encontrar imagens que representavam símbolos da
unidade e da imago dei, que levaram-na a buscar uma compreensão maior, uma vez
que os indivíduos que as produziam eram rotulados pela medicina de dissociados,
embotados afetivamente. Se inicialmente a utilização de atividades expressivas tinha
como objetivo a busca de um método terapêutico com um perfil humanista, em
oposição ao organicismo predominante na psiquiatria da época, a procura de
explicação científica para o surgimento das imagens e símbolos acima citados acabou
por levá-la a encontrar um meio de acesso ao mundo interno daqueles indivíduos,
muitos deles incapazes de uma expressão verbal inteligível; uma forma de realizar
uma leitura possível de processos intra-psíquicos através de longas seqüências de
imagens.
A eficácia do método e o desenvolvimento de uma epistemologia para a leitura
das imagens foi a tônica de todo o desenvolvimento posterior do pensamento de Nise
da Silveira. No capítulo O Mundo das Imagens, de sua obra homônima, ela faz um
recolhimento das diversas formas de leitura que a psicologia, a psicanálise, a
psiquiatria e outros campos, fazem das imagens. Ela chegou mesmo a elaborar um
guia para o pesquisador que queira investigar as imagens do acervo do Museu de
Imagens do Inconsciente, do qual trataremos oportunamente.
As características dos conteúdos emergentes nas pinturas dos freqüentadores
do ateliê de Engenho de Dentro, aproximaram-na da psicologia de C. G. Jung. A
experiência de Jung nos hospitais psiquiátricos, sempre procurando compreender o
sentido dos delírios e alucinações de seus pacientes, certamente contribuiu para que
Nise pudesse encontrar na obra do mestre suíço uma fundamentação teórica
consistente para a compreensão das imagens surgidas nos ateliês do hospital. Ela
mesma afirma que esse encontro foi “o mais importante acontecimento ocorrido nas
minhas buscas de curiosa dos dinamismos da psique” (Silveira, 1981, p. 11).
18
Na década de 60 o CPN passou a chamar-se Centro Psiquiátrico Pedro II, e em 2000, Instituto
Municipal Nise da Silveira, em homenagem a fundadora do Museu de Imagens do Inconsciente.
57
Outras vertentes de seus estudos vêm através dos historiadores e críticos de
arte, da filosofia e da literatura. Nise dizia que pode-se aprender muito mais com a
literatura do que com os “massudos tratados de psiquiatria” (Passeti, 1992). Morin
(2006) concorda: “nos romances um conhecimento mais profundo dos seres
humanos que nas ciências humanas”.
Foi a possibilidade desse conhecimento profundo que Nise vislumbrou nessas
obras. Bachelard (1996, p.7) ressalta que a imagem “atinge as profundezas antes de
emocionar na superfície”. A atemporalidade das formas simbólicas que emergiam nas
pinturas e desenhos dos internados de Engenho de Dentro e a observação da
conseqüente atividade transformadora de energias psíquicas, corroboram a afirmação
de Debray (1993, p. 40) segundo a qual
uma „história da arte‟, mas „a arte‟ em nós não tem história. A
imagem fabricada é datada em sua fabricação; também o é em sua
recepção. O que é intemporal é a faculdade que ela tem de ser
percebida como expressiva até mesmo por aqueles que não
possuem seu código. Uma imagem do passado jamais será
ultrapassada porque a morte é o nosso limite inultrapassável e
porque o inconsciente religioso não tem idade.
É, portanto, em razão de seu arcaísmo, que uma imagem pode
permanecer moderna.
A imagem foi, desde a pré-história, meio de expressão da cultura humana.
Segundo Debray, (1993, p. 15) é um fato comprovado, que desde algumas
dezenas de milhares de anos, as imagens nos fazem agir e reagir. Concordando com
a frase de Fernando Diniz, um freqüentador do ateliê do Museu de Imagens do
Inconsciente que dá epígrafe à presente seção, ele afirma que
se nossas imagens nos dominam, se, por natureza, são em potência
de algo diferente de uma simples percepção, sua capacidade aura,
prestígio ou irradiação muda com o tempo [...] variam com o campo
gravitacional em que são inscritas por nosso olhar coletivo, esse
inconsciente partilhado que modifica suas projeções ao sabor de
nossas técnicas de representação. (Debray, 1993, p. 15)
A imagem é pré-verbal, não narrativa. Sua íntima relação com a questão da
morte é conhecida, anima que tenta intermediar, preservar, ou mesmo atuar como
substitutivo do representado, como as réplicas que substituíam os reis da França ou
os imperadores romanos nos mais importantes momentos das exéquias. No primeiro
caso, para evitar a inevitável putrefação durante as honrarias; em Roma, a incineração
desse duplo levaria suas cinzas, pela fumaça, a juntarem-se aos deuses no empíreo
(Debray, 1993, p. 24).
58
A imagem seria, assim, na origem e por função “mediadora entre os vivos e os
mortos, os seres humanos e os deuses; entre uma comunidade e uma cosmologia;
entre uma sociedade de sujeitos visíveis e a sociedade das forças invisíveis que os
subjugam” (Debray, 1993, p. 33).
Esse poder vem de sua originalidade como potência de transmissão: sem as
propriedades semânticas da língua ela possui um poder de transmissão inigualável,
uma função simbólica ou religiosa: “[...] intermediário entre o homem e seus deuses, a
imagem exerce uma função de relação. Estabelece a ligação entre termos opostos.
Garantindo uma transmissão (de sentido, de graça ou de energia), serve de junção
(Debray, 1993, p. 47). Se a palavra tem múltiplos significados, a imagem adquire um
significado para cada olhar.
As estelas funerárias procuravam comunicar os vivos com os mortos. O ícone
bizantino insere-se num espaço eclesial, numa prática litúrgica coletiva. As imagens do
Cristo e de Maria foram diferentemente lidas ou estilizadas em diferentes épocas. A
arte contemporânea reflete o individualismo da sociedade ocidental contemporânea. A
imagem contém, assim, uma história de si própria e ao mesmo tempo reflete uma
história de quem a vê.
Partindo do conceito de midiologia, que segundo Debray (1993, p. 104), seria
uma interdisciplina que reduziria a distância entre o aspecto material e o aspecto
espiritual da imagem ele faz uma interessante divisão da história da imagem no
ocidente, em três períodos que ele denomina midiasferas. No quadro a seguir
procuramos representar essa divisão:
Quadro 1: As midiasferas
MIDIASFERAS
Logosfera
Grafosfera
Videosfera
Ídolo
(presença)
Arte
(representação)
Visual
(simulação)
Grécia
Itália
América
Essa divisão baseia-se principalmente no aparecimento da escrita, da imprensa
e da eletrônica, e os países citados são aqueles mais representativos do período em
questão. O segundo quadro que reproduzimos a seguir mostra os atributos da imagem
e sua evolução nessas diferentes fases da história:
Fonte: Debray (1993, p. 7).
59
Quadro 2: Os atributos da imagem segundo as diferentes épocas
A IMAGEM TEM
COMO...
NA LOGOSFERA
(após a escrita)
NA GRAFOSFERA
(após a imprensa)
NA VIDEOSFERA
(após o audiovisual)
PRINCÍPIO DE
EFICÁCIA
(OU RELAÇÃO AO
SER)
REGIME IDOLO PRESENÇA
(transcendente)
A imagem é vidente
REGIME ARTE
REPRESENTAÇÃO (ilusória)
A imagem é vista
REGIME VISUAL
SIMULAÇÃO
(computadorizada)
A imagem é visualizada
MODALIDADE DE
EXISTÊNCIA
VIVA
A imagem é um ser
FÍSICA
A imagem é uma coisa
RITUAL
A imagem é uma percepção
REFERENTE
CRUCIAL (FONTE
DE AUTORIDADE)
O SOBRENATURAL
(Deus)
O REAL
(A natureza)
O PERFORMÁTICO
(A máquina)
FONTE DE LUZ
ESPIRITUAL
(de dentro)
SOLAR
(de fora)
ELÉTRICA
(de dentro)
OBJETIVO E
EXPECTITATIVA
DE...
PROTEÇÃO
(e salvação)
A imagem captura
DELEITAÇÃO
(e prestígio)
A imagem cativa
INFORMAÇÃO
(e jogo)
A imagem é captada
CONTEXTO
HISTÓRICO
Da MAGIA para o RELIGIOSO
(tempo cíclico)
Do RELIGIOSO para o
HISTÓRICO (tempo linear)
Do HISTÓRICO para o
TÉCNICO (tempo
individualizado)
DEONTOLOGIA
EXTERIOR
(direção teológico-política)
INTERNA
(Administração autônoma)
AMBIENTE
(gestão tecno-econômica)
IDEAL E NORMA
DE TRABALHO
EU CELEBRO (uma força)
Segundo a Escritura (cânon)
EU CRIO (uma obra)
Segundo o Antigo (modelo)
EU PRODUZO
(um acontecimento)
Segundo Minha Concepção
(moda)
HORIZONTE
TEMPORAL
(E SUPORTE)
A ETERNIDADE
(repetição)
Duro (pedra e madeira)
A IMORTALIDADE
(tradição)
Flexivel (tela)
A ATUALIDADE (inovação)
Imaterial (tela)
MODO DE
ATRIBUIÇÃO
COLETIVA ANONIMATO
(Do feiticeiro ao artesão)
PESSOAL ASSINATURA
(Do artista ao gênio)
ESPETACULAR griffe,
logotipo, marca
(do empresário à empresa)
FABRICANTES
ORGANIZADOS
EM...
CLERICATURA
CORPORAÇÃO
ACADEMIA ESCOLA
REDE PROFISSÃO
OBJETO DO
OCULTO
O SANTO
(Eu sou sua salvaguarda)
O BELO
(Eu lhe dou prazer)
O NOVO
(Eu o surpreendo)
INSTÂNCIA DE
GOVERNO
1) CURIAL O Imperador
2) ECLESIÁSTICA Mosteiros
e catedrais)
3) SENHORIAL O Palácio
1)MONÁRQUICA =
ACADEMIA 1500-1750
BURGUESIA=
SALÃO+CRÍTICA+
GALERIA 1968
MÍDIA/MUSEU/MERCADO
(artes pláticas)
PUBLICIDADE
(audiovisual)
CONTINENTE DE
ORIGEM E
CIDADE-PONTE
ÁSIA
(entre a antiguidade e
cristandade)
EUROPA FLORENÇA
(entre a cristandade e
modernidade)
AMERICA NOVA IORQUE
(entre o moderno e pós-
moderno)
MODO DE
ACUMULAÇÃO
PÚBLICO:
o Tesouro
PARTICULAR:
a Coleção
PRIVADO/PÚBLICO:
a Reprodução
AURA
CARISMÁTICA
(anima)
PATÉTICA
(animus)
LUDICA
(animação)
TENDENCIA
PATOLÓGICA
PARANÓIA
CARATER OBSESSIVO
ESQUIZOFRENIA
PONTO DE MIRAR
DO OLHAR
ATRAVÉS DA IMAGEM
A vidência transita
MAIS DO QUE A IMAGEM
A visão contempla
SOMENTE A IMAGEM
A visualização controla
RELAÇÕES
MÚTUAS
A INTOLERÂNCIA
(religiosa)
A RIVALIDADE
(Pessoal)
A CONCORRÊNCIA
(econômica)
Fonte: Debray (1996, p. 210).
60
4.4.1 A gramática de Freud e Jung
A influência da contribuição de Freud e Jung no campo da leitura das imagens
é enorme. Embora não seja objetivo desta pesquisa detalhar as teorias desses
expoentes do pensamento analítico, pontuaremos apenas os principais eixos que
dizem respeito à questão da compreensão do simbolismo das imagens.
A Interpretação dos Sonhos foi “a mais valiosa descoberta que tive a felicidade
de fazer” (Freud, 1987, p. 38). Segundo ele, “os sonhos realmente têm um sentido e
que é possível ter-se um método científico para interpretá-los” (Freud, 1987, p. 122). É
esse método que a psicologia freudiana utiliza para fazer a interpretação dos
conteúdos das imagens pelo homem.
Para Freud, as imagens estão num plano secundário, são apenas um véu, uma
máscara que disfarça tendências e desejos inconscientes. O seu método de
investigação, aplicado às imagens “as reduz quase inescapavelmente a motivos de
natureza sexual” (Silveira, 1992, p. 83). Exemplos são os bastante conhecidos estudos
de Freud sobre pinturas de Leonardo da Vinci. Mas o que o atrai não é a imagem em
si: “o conteúdo de uma obra de arte me atrai mais que suas qualidades formais [...]
Teremos de descobrir previamente o sentido e o conteúdo do representado na obra de
arte, isto é, teremos de poder interpretá-la” (Freud apud Silveira, 1992, p. 84).
Se o caráter reducionista da teoria freudiana obteve sucesso na compreensão
de conteúdos neuróticos, o mesmo não se pode dizer em relação à psicose. Nesse
campo, Jung, com sua mencionada larga experiência no hospital psiquiátrico, foi
mais além, compreendendo que as imagens não eram apenas máscaras, mas “auto-
retratos do que está acontecendo no espaço interno da psique”, por ser esta uma
peculiaridade essencial à natureza da psique a configuração de imagens. As
imagens seriam a linguagem inata da psique em sua estrutura profunda. (Silveira,
1992, p. 85).
Jung concebeu um processo de individuação onde existiria uma dialética entre
o ego e as imagens do inconsciente. Assim, encontram-se em sua obra inúmeras
leituras de imagens, sejam em sonhos, visões, desenhos ou pinturas (Silveira, 1992, p.
87). Suas idéias acerca da concepção sistêmica dos fenômenos mentais, em oposição
ao conceito cartesiano de Freud (Capra, 1997, p. 352), vêm fazendo com que sua
influência se amplie cada vez mais nos exauridos terrenos antes monopolizados pela
psicanálise.
61
4.4.2 As leituras européias
A produção de imagens feitas por indivíduos marginalizados (outsiders)
começa a despertar interesse, na Europa, no final do século XIX. Dentre essa
produção, destaca-se aquela feita por pacientes de hospitais psiquiátricos. Como visto
anteriormente, os tratamentos da época condenavam essas pessoas a longos anos de
reclusão, em geral abandonados ao azar da não-ação. Entretanto, alguns psiquiatras
começaram a notar que alguns desses indivíduos produziam escritos, desenhos e
pinturas em suportes os mais diversos. Os primeiros registros dão conta que os
médicos do Hospital Psiquiátrico de Waldau, em Berna, conservavam nos prontuários
de seus pacientes os escritos e desenhos por eles produzidos. Entretanto, Simon
em 1876, Lombroso em 1888 (Gênio e Folia) e Mohr em 1906, já haviam escrito sobre
o assunto (Prinzhorn, 1972, p. 1).
Entre 1908 e 1910, o Dr. W. Morgenthaler começa a reunir uma coleção a partir
de obras que solicitava aos médicos suíços de estabelecimentos psiquiátricos. Ele
publica uma monografia sobre os trabalhos de Adolf Wölfli
19
, o mais célebre dos
internados em Waldau, em 1921. Segundo Tvoz (1975, p. 44), uma característica
importante desse trabalho é a primazia do aspecto estético sobre o interesse clínico.
A monografia de Morghentaler antecede em um ano uma publicação que é até
hoje um marco na história das coleções de obras produzidas por pacientes
psiquiátricos: Bildnerei der Geisteskranken (A vocação artística dos doentes mentais),
de H. Prinzhorn (1889 1933). Constitui-se no estudo da coleção formada inicialmente
no Hospital de Heildelberg, entre 1890 e 1920, com cerca de 5 mil trabalhos de 450
pacientes alemães, austríacos, suíços, italianos e holandeses. Prinzhorn enumera 36
instituições hospitalares às quais ele se dirigiu solicitando a doação de trabalhos.
Nessa época ainda não havia serviços de terapia ocupacional, o que
caracteriza o alto grau de espontaneidade desses trabalhos, feitos por uma premente
necessidade interior. o obras realizadas em papéis subtraídos de cestas de lixo,
envelopes desdobrados, ou papel higiênico. A atenção de Prinzhorn não se volta para
a interpretação dos conteúdos dos desenhos, mas para o destaque das tendências
expressivas. Segundo o autor, apesar de utilizar nas imagens “investigação
psicopatológica comparativa com as histórias clínicas dos autores”, ele protege-se
contra “falsas conclusões” utilizando as experiências da história da arte e da Gestalt
(Cardinal, 1972, p. 4). Mesmo assim, ele evita usar o termo “arte” (Kunst), preferindo o
termo Gestaltung (dar forma a, configurar) (Cardinal, 1972, p. 18).
19
Este trabalho foi republicado: Adolf Wölfli par le Prof. Dr. W. Morgenthaler. L‟Art Brut, fascicule 2, 1964.
62
Prinzhorn afirma ter procurado, sem sucesso, por uma base firme de referência
em qualquer das ciências. Que os conceitos de saúde/doença e de arte/não-arte não
seriam claramente distintos, a não ser dialeticamente. Assim, escolheu
como ponto central de referência um conceito psicológico que
aproxima-se de nosso principal problema (configuração artística e
percepção da doença mental), ou seja, o da configuração
propriamente dita. Este conceito deve ser teoricamente interpretado
tão amplamente quanto necessário (Prinzhorn, 1972, p. 4, tradução e
sublinhado nossos).
Apesar de admirador do trabalho de Freud, Prinzhorn exclui conscientemente
todos os aspectos psicanalíticos (Baeyer, 1972, p. vi). Segundo Prinzhorn, o subtítulo
de seu livro - uma contribuição para a psicologia e a psicopatologia da configuração
mostra sua intenção de contribuir para uma futura psicologia da configuração. Ou seja,
uma abordagem fenomenológica.
Segundo Silveira (1992, p. 88), foi o desprestígio do estudo das imagens que
fez com que a obra de Prinzhorn fosse traduzida para o inglês em 1972 e para o
francês em 1984. Mas se os psiquiatras tardiamente se interessaram por ela, o mesmo
não se pode dizer da arte moderna: Marx Ernst, Paul Klee, Kubin e numerosos
surrealistas franceses foram por ela influenciados.
Silveira (1992) e Cardinal (1972) destacam que uma das principais teses de
Prinzhorn era a da existência de “formas psíquicas de expressão e objetos de formas
correspondentes, que em todos os homens, em dadas condições, seriam
necessariamente quase idênticas, mais ou menos como os processos fisiológicos”.
Assim como Prinzhorn, o psiquiatra clínico L. Navratil (1921 2006), também
foi um estudioso de arte. Durante muito tempo trabalhou no Hospital Maria Gugging,
nas proximidades de Viena. Em seu livro Schizophrenie und Kunst (Esquizofrenia e
Arte, 1965) afirma que um dos sintomas da esquizofrenia é a expressão artística,
normalmente sob a forma de escritos ou desenhos, atribuída por ele como uma função
reformadora, ou seja, uma tentativa de restauração da psique (Cardinal, 1972, p. 21).
Ele fala de “eixos” estruturais nas pinturas de esquizofrênicos: formalização,
deformação, simbolismo e fisionomização; fala também de um “estilo” esquizofrênico
como sendo irreal, anti-naturalista, desintegrado, maneirista, original. Fazendo uma
analogia com o conceito de maneirismo definido por Hocke, diz ser a arte
esquizofrênica o verdadeiro gesto primitivo de maneirismo, uma arte anti-clássica e
não derivada de nenhuma tradição, no sentido de uma arte autenticamente original,
uma arte não conformista (Cardinal, 1972, p. 21).
63
Em 1981 Navratil fundou a “Casa dos Artistas”, um pavilhão multicolorido com
as paredes e pisos repletos das mais variadas expressões plásticas de seus
habitantes uma dezena de pessoas com transtornos crônicos, que ali moravam em
comunidade e onde tinham seus ateliês.
Baitello (2000), um estudioso das imagens midiáticas, fala da atualidade de
Navratil, afirmando que ele
oferece aos estudos da imagem, da comunicação e da cultura um
caminho instigante para compreender a obsessividade do assédio a
que nos submetemos. A fértil produção de imagens no decorrer do
século que recém findou, independentemente de seu âmbito de
origem, tem sempre presente ao menos um dos traços da
expressividade esquizofrênica. A obsessão pelas fisionomias
conhecidas e pelos ídolos, pelas caras e pela visibilidade
fisionômica, a frenética repetição, a insaciável recorrência das
mesmas imagens em evidência, a adoração pelos formatos
padronizados, previsíveis e sempre os mesmos, a adoração dos
símbolos e obediência cega a seus preceitos são alguns dos
evidentes traços da subordinação humana em relação ao mundo das
imagens.
E conclui: “A contribuição de Leo Navratil, reconhecida internacionalmente,
ainda se restringe ao pequeno mundo da psiquiatria, não tendo podido, por enquanto,
frutificar em universos cognitivos mais amplos”.
As imagens produzidas por pacientes de hospitais psiquiátricos ganham
importância. Em 1950, o I Congresso Internacional de Psiquiatria realizado em Paris,
tem uma exposição desses trabalhos organizada por Robert Volmat. O Brasil
contribuiu com 236 obras para esta exposição, entre elas trabalhos pertencentes à
Seção de Terapêutica Ocupacional dirigida por Nise da Silveira, e também da coleção
particular de Osório César, Mário Yahn, e H. Peres da Colônia Juliano Moreira
(Silveira, 1992; Andriolo, 2003; Volmat, 1956, p. 7).
Motivado por esta mostra, Volmat publica, em 1956, o livro L’Art
Psychopathologique, e posteriormente funda a Sociedade de Psicopatologia da
Expressão (1959), que realiza vários Congressos Internacionais, um deles no Brasil,
no Copacabana Palace, em 1988. Segundo Silveira (1992, p. 90-91), embora nesses
encontros predomine o modelo médico, o mérito de Volmat, apesar da escolha dessa
denominação, é o de “não utilizar desenhos e pinturas unicamente com objetivos
diagnósticos e esclarecimento redutivo da dinâmica de sintomas, mas tem sua
atenção dirigida para a utilização das atividades expressivas como métodos de
tratamento nos hospitais psiquiátricos”. Isso porque outros psiquiatras tradicionais
buscam nas imagens dados para a confirmação de seus diagnósticos, não aceitando o
efeito terapêutico das mesmas sobre o indivíduo que as configura. Muitos deles
64
admitem até que “o ato de desenhar ou pintar contribui para um mergulho mais
profundo na psique e fixação em temas delirantes (E. Kries, F. Reitman, J. Plokker,
etc.)” (Silveira, 1992, p. 90).
Melgar e Gomara (1998, p. 28) classificam o livro L’Art Psychopatologique de
Volmat como “um importante aporte para o estudo científico da arte do psicótico desde
o ponto de vista clínico, terapêutico e psicopatológico”.
Uma outra leitura é trazida pelo movimento da Arte Bruta. Em um catálogo
publicado em 1966 pela Compagnie de l‟Art Brut, Dubuffet pontifica o objetivo desse
trabalho: “O objetivo de nossa empreitada é a procura de obras que tanto quanto
possível escapem do condicionamento cultural e provenha de verdadeiras atitudes
mentais originais” (Cardinal, 1972, p. 24, tradução nossa). Ele não espera uma arte
„normal‟ mas original e imprevisível, de outra maneira não terá efeito sobre nós.
Apenas de uma arte que expressa uma autêntica pureza bruta pode-se esperar
conduzir a alguma coisa como um dinamismo verdadeiro. Todas as outras formas de
arte são ditas cozidas de acordo com as fastidiosas receitas elaboradas pelos chefs
da cultura” (Cardinal, 1972, p. 26, grifos no original, tradução nossa)
20
.
Cardinal afirma ainda que essa visão de Dubuffet, que chegou a incorporar em
seu próprio trabalho aspectos da arte infantil, „primitiva‟ e dos loucos, radicaliza seu
discurso no ambiente vivido pela França na década de 60. Ele estava plenamente
convencido que
na cultura da sociedade moderna, a massa estava sendo doutrinada
por poucos que, esgrimindo armas intelectuais idéias como
patriotismo, orgulho vico, respeito pelo passado, etc. buscava
preservar um odioso status quo de proporções totalitárias. Cultura,
ele diz tornou-se viciada em classificar e estabelecer todos os
produtos a ela oferecidos. (Cardinal, 1972, p. 26, tradução nossa).
Dubuffet não aceita a ditadura do passado sobre o presente. Considerava a
cultura segundo dois pontos de vista: 1) o conhecimento e a deferência para com as
obras do passado (que sobreviveram e foram assim determinadas pelos historiadores
da arte); 2) o pleno desenvolvimento do pensamento humano. Segundo ele, o primeiro
asfixiou o segundo.
Num texto da época da fundação da Compagnie de l’Art Brut, André Breton
escreveu: “Eu não tenho medo de defender a idéia [...] de que a arte que hoje
20
Segundo Silveira (Op. Cit., 15) “no Brasil Mário Pedrosa assumiu posição equivalente a partir do
encontro com desenhos e pinturas de internados no Centro Psiquiátrico [em Engenho de Dentro, Rio de
Janeiro]. [...] A esta arte, que Jean Dubuffet chama Arte Bruta, Mário Pedrosa deu o nome de Arte
Virgem”.
65
classificamos como de doentes mentais constitui-se em um reservatório de saúde
moral” (Cardinal, 1972, p. 15, tradução nossa).
4.4.3 Uma leitura brasileira
O médico Osório César, pioneiro no Brasil na coleção de obras de pacientes
psiquiátricos lança, em 1929, o livro A Expressão Artística nos Alienados: Contribuição
para os estudos dos Symbolos na Arte, fruto dos estudos que vinha desenvolvendo
desde 1923 no Hospital Psiquiátrico de Juqueri. César foi fortemente influenciado
pelas idéias de Freud, com quem chegou a corresponder-se. Passa a circular no meio
intelectual paulista como psicanalista, embora não tenha essa formação (Andriolo,
2003).
As representações de arte desses doentes são todas emocionais,
pois elas são de caráter espontâneo e se dirigem para um fito único:
a satisfação de uma necessidade instintiva. Elas representam
descargas acumuladas de emoções, durante muito tempo no
subconsciente adormecidas pela censura, em virtude de certos
impulsos de ordem moral (César apud Mello, 2000).
Se para Osório César arte é compensação, realização na fantasia daquilo que
o real negou, seus estudos comparativos da produção plástica dos internados do
Juqueri com determinadas épocas da história da arte arte primitiva, arte futurista,
arte vanguardista mostram que não considerava as orientações de Freud no campo
das artes como um corpo de doutrina propriamente dito para essa questão. Ele opera
também com a noção de inspiração poética em relação ao funcionamento das
fantasias infantis e dos sonhos, trabalhando com idéias provenientes de Oskar Pfister
e Otto Rank (Andriolo, 2003). Como pesquisador, reuniu uma extensa bibliografia
sobre o assunto, que abrange praticamente tudo que tinha sido publicado até então.
Apesar de não discutir em seus escritos a questão da validade ou não
dessas produções como obras de arte, sua atividade no campo artístico é notável.
Participou da exposição organizada por Flávio de Carvalho no Clube dos Artistas
Modernos, "Semana dos Loucos e das Crianças" (1933), com a palestra intitulada
"Estudo Comparativo Entre a Arte de Vanguarda e a Arte dos Alienados”.
É um erro classificar a obra de arte criada pelo doente mental, de
arte degenerada ou patológica. Na expressão artística do doente,
descortinamos um mundo calmo, ingênuo, rico de colorido, do qual a
doença não participa como degenerescência. É, pois, uma
clamorosa injustiça classificá-la como tal. O Panorama artístico do
66
doente mental tem a mesma ampliação, a mesma beleza, daquele
do homem chamado normal (César apud Ferraz, 1998, p. 89).
Sua participação no XV Congresso de Fisiologia na Rússia, sob a presidência
de Pavlov, colocou-o em contato com o marxismo, que passa a ser um de seus
principais interesses, depois da psicanálise.
Dois anos após expor sua coleção no Museu de Arte de São Paulo, Osório
César contribui com cinqüenta e quatro obras à exposição, já citada anteriormente, do
I Congresso Internacional de Psiquiatria, organizada por Robert Volmat. Em 1952 volta
a França para estudar Psicologia Social, e apresenta o trabalho L'Art chez les Alienés
dans l'Hôpital de Juqueri nos Annales Médico-Psychopatologiques.
Nessa mesma época Osório participa da formação da Escola Livre de Artes
Plásticas do Juquery, apontando para um reconhecimento institucional desta atividade
nos hospitais psiquiátricos (ver nota n. 12).
O método comparativo de estudo das imagens por Orio César vem na
mesma linha de Lombroso e Prinzhorn. Ele cria um sistema de categorias onde cada
grupo corresponde a um „estilo‟, ao qual as obras dos pacientes eram comparadas e
classificadas. Seu conteúdo simbólico era, como de esperar, feito através de uma
leitura freudiana (Andriolo, 2003).
Esses estudos comparativos de Osório César resultaram na produção do livro
A Arte nos Loucos e Vanguardistas (Rio de Janeiro: Flores & Mano, 1934).
O conceito de arte degenerada” referido por Osório César, foi utilizado pelos
nazistas para desqualificar a arte moderna e a cultura não ariana, conforme vimos
anteriormente. A exposição denominada Arte Degenerada ocorre em 1937, promovida
durante o regime fascista na Alemanha. Nela, a coleção de Heidelberg é colocada lado
a lado com obras das vanguardas modernas a fim de caracterizar aquelas produções
como anômalas, não salutares e mostrando o que não seria a arte ariana pregada pelo
regime, o desvio a ser evitado (Mello, 2000).
4.4.4 Arte ou Ciência?
Os exemplos trazidos mostram claramente as duas vertentes principais na
abordagem das produções expressivas de indivíduos marginalizados, em especial
àqueles habitantes de asilos e hospitais psiquiátricos. Uma é a abordagem „científica‟,
médica, e a outra, uma abordagem estética. A primeira, subdivide-se em uma parte
que deseja servir-se dessa expressão para uma confirmação de seu olhar diagnóstico,
buscando identificar nos conteúdos dessa produção indícios de degeneração e
67
anomalia; e outra que, a partir do empirismo, busca compreender os processos que
regeriam uma configuração simbólica, processos subjacentes à área da consciência.
Compreende-se o fato da menor consideração dos aspectos estéticos por essa
corrente, provavelmente devido ao “mal estar que provoca estabelecer relações entre
a arte e a loucura, e também a lógica desorientação de incursionar em temas de arte
sendo profissionais de outras disciplinas” (Melgar e Gomara, 1998, p. 28, tradução
nossa).
Conhecedores de arte afirmavam a existência de valores estéticos
em obras de esquizofrênicos. [...] Tudo isso me alegrava
profundamente. Mas sempre me mantive discreta quanto a
pronunciamentos sobre a qualidade das criações plásticas dos
doentes. Isso competia aos conhecedores de arte (Silveira, 1981, p.
16).
Já artistas em geral procuraram encontrar objetos artísticos não convencionais,
sustentando a convicção de sua natureza artística e seu valor como obras de criação.
No entanto, existem outras opiniões, segundo as quais essas obras não possuem
valor artístico, seja pela falta de intenção na sua criação, seja pela ingerência de
processos inconscientes na sua execução.
De fato há, no meio artístico, uma divergência entre a aceitação ou
não dos trabalhos plásticos de doentes mentais como arte. Por um
lado, considera-se e valoriza-se esta expressão exatamente pela sua
espontaneidade e não suscetibilidade às amarras e pré-condições
que a arte erudita assim imporia. Por outro lado, os que
considerem que nenhum desses trabalhos poderia sequer ser
considerado como obra, uma vez que as pessoas que os geram não
possuem uma intencionalidade (Gonçalves T., 2004, p. 61).
No Brasil essa polêmica aconteceu na primeira exposição da coleção de
Engenho de Dentro. Mário Pedrosa foi um admirador dos ateliês de Engenho de
Dentro. Desde o princípio defendeu com entusiasmado o valor artístico das obras ali
produzidas: ele e Quirino Campofiorito esgrimiram, em textos publicados nos jornais
da época, suas opiniões antagônicas sobre o assunto. Em um desses textos Pedrosa
desafia:
As imagens do inconsciente são apenas uma linguagem que o
psiquiatra tem por dever decifrar. Mas ninguém impede que essas
imagens e sinais sejam, além do mais, harmoniosos, sedutores,
dramáticos, vivos ou belos, enfim, constituindo em si verdadeiras
obras de arte (Silveira, 1981, p. 14).
[...]Estamos mesmo dispostos a comparecer a um tribunal de críticos
e especialistas, para sustentar, de pés juntos, ser Raphael um
artista da sensibilidade de um Matisse ou de um Klee, e que o
68
Municipal de Emygdio, por exemplo, é uma tela que, pela força de
expressão, o sopro criador, a atmosfera especial e o arranco da
imaginação, não tem talvez segunda na pintura brasileira (Correio da
Manhã, 14/2/49).
E Nise da Silveira (1981, p. 16) completa:
Os loucos são comumente considerados seres embrutecidos e
absurdos. Custará admitir que indivíduos assim rotulados em
hospícios sejam capazes de realizar alguma coisa comparável às
criações de legítimos artistas que se afirmem justo no domínio da
arte, a mais alta atividade humana.
Essa produção e o interesse por ela despertado tem suas rzes no
pensamento romântico, tal como está definido por Duarte (2004). Como citado, foi,
segundo ele, uma reação de resistência ao universalismo, que operou principalmente
na cultura germânica (lembremos que este movimento de estudo e apreciação de
processos psíquicos inconscientes acontecem nessa cultura: Suíça, Alemanha e
Áustria).
Nesse pensamento romântico, Duarte destaca as dimensões/categorias
constituintes de singularidade, diferença, fluxo e pulsão, entre outras. Na categoria de
singularidade, o indivíduo pode ser considerado uma unidade de totalidade em si.
“Nações, culturas, organismos e obras de arte são compreensíveis como
totalidades na medida em que se apresentam como singularidades nas seqüências
dos seres de seu mesmo nível ontológico” (Duarte, 2004, p. 9). Na dimensão da
diferença, “cada momento de um ente ou da dimensão de um fenômeno tem sua
própria intensidade, quase sempre associável à de singularidade” (Duarte, 2004. p.10).
O fluxo seria uma propriedade temporal da condição íntima e não uma medida
externa: os tempos de um mesmo ente não são idênticos entre si, exemplificado na
durée de Henri Bérgson, não pode ser medida com o mecanismo comum do relógio,
mas com a sensibilidade interior (Duarte, 2004, p. 10).
A pulsão, embora um conceito hoje muito associado à psicanálise, traz a idéia
de que “os fenômenos e os entes, singulares como são dotados da capacidade de se
distender no fluxo vital, temporal, com uma qualidade especial, interna, própria [...] e
caracteriza o elemento mais essencial da vida organizada: o seu horizonte de destino
realizável” (Duarte, 2004, p. 11, grifo nosso).
Em sua História da Loucura, Foucault afirma que o gesto que divide a loucura
da razão é ele próprio uma forma de loucura. Um ato de cisão que traspassa a
unidade essencial do homem, mesmo que isso sirva para proteger a sociedade em
que vivemos. Não existe uma linguagem comum entre „doente‟ e „são‟, a comunicação
69
foi interrompida e “a linguagem da psiquiatria, que é um monólogo da razão sobre a
loucura, foi baseado apenas nesse silêncio” (Cardinal, 1972, p. 23, tradução nossa).
Arnulf Rainer, pintor austríaco contemporâneo, chama a loucura de “a décima -
terceira musa”; ele desenvolveu a noção de que a riqueza criativa da esquizofrenia é a
coisa mais original desde o Romantismo, e tão importante para o futuro da arte como o
modelo Negro no final do séc. XIX. Longe de ser relegada, esta produção deveria
ser reconhecida como uma cultura autônoma de direito próprio” (Cardinal, 1972,
p. 22, tradução e grifo nossos).
Com a superação do pensamento romântico, na pós-modernidade essa
produção começa a se inserir dentro da lógica capitalista, gerando um nicho de
mercado que já tem uma considerável expansão principalmente nos Estados Unidos e
em alguns países da Europa. O interesse econômico tem aguçado diretores de
museus, marchands e galerias para a exploração desse filão; a biologização da
loucura, cujo tratamento vai sendo cada vez mais medicalizante, embrutecendo e
anestesiando os indivíduos; juntos, esses fatores vão extinguindo esse tipo de
produção. Mas isto já é uma outra história.
70
5.
NISE DA SILVEIRA E O “BENEDITO”:
UMA LEITURA TRANSDISCIPLINAR
71
5. NISE DA SILVEIRA E O BENEDITO”: UMA LEITURA TRANSDISCIPLINAR
Como foi citado anteriormente, as principais coleções do acervo do Museu
de Imagens do Inconsciente foram tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN), num total de 128 mil obras. Esse foi um significante passo
para o reconhecimento, por parte da mais alta autoridade do país na área de
patrimônio, da importância da preservação desse conjunto de obras para a sociedade
brasileira. Essas coleções reúnem a produção dos principais criadores do Museu, tais
como Fernando Diniz, Adelina Gomes, Carlos Pertuis, Emygdio de Barros, Raphael
Domingues, Isaac Liberato, entre outros. Estes artistas são reconhecidos como
importantes para a história das artes visuais brasileiras, e o encantamento e influência
que exerceram em muitos artistas brasileiros pode ser atestado nos depoimentos
desses admiradores, ao longo das décadas da existência do Museu (Silva, 2006).
Entretanto, o Museu de Imagens do Inconsciente não se resume apenas a uma
coleção de obras: ele é um exemplo típico de patrimônio intangível. Segundo a
UNESCO, entende-se por esse conceito
Fig. 12
Raphael Domingues
Guache sobre papel
Acervo do MII
72
as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas
junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que lhes são
associados que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os
indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio
cultural. Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de
geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades
e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a
natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e
continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à
diversidade cultural e à criatividade humana (UNESCO, 2004, p.
373).
Assim o patrimônio do Museu de Imagens do Inconsciente reúne não apenas
um conjunto de obras plásticas, mas todo o processo e o ambiente, o convívio onde
elas se originam. Posteriormente veremos a importância desse conceito quando
refletirmos sobre os desafios atuais da instituição.
Mas é através da materialidade constituída pela produção farta dos ateliês de
pintura e modelagem instalados por Nise da Silveira, em 1946, que a sociedade
começa a se interessar por esse trabalho. Vimos como a polêmica criada pela
exposição 9 Artistas de Engenho de Dentro, com críticos e artistas dividindo-se acerca
do reconhecimento do valor artístico desses trabalhos, uns afirmando-o, outros
negando-o, é um exemplo de como, desde o início, essas pinturas, desenhos e
esculturas romperam preconceitos, suscitando reflexões e debates, questionamentos.
Vimos também como a Dra. Nise da Silveira mantinha-se afastada desses
debates. Embora acompanhasse com interesse, sua atenção estava voltada a outro
aspecto do acervo: qual o significado daquelas criações para os seus realizadores,
que testemunhos essas imagens traziam do interior desses seres e de suas sofridas
experiências ontológicas.
O que me cabia era estudar os problemas científicos e investigar o
fato de que certos esquizofrênicos, inclusive alguns ditos „crônicos‟,
exprimissem suas vivências através de formas que os conhecedores
de arte admiravam. E, acima de tudo, eu me sentia no dever de
ressaltar o aspecto humano desse fenômeno (Silveira, 1981, p. 16).
Esse interesse de investigação científica do material produzido nos ateliês de
atividades expressivas foi o leitmotiv de um processo de produção de conhecimento
que resultou em um conjunto de práticas e saberes inéditos, caracterizando o Museu
de Imagens do Inconsciente como instituição ímpar no mundo. Esse é um patrimônio
pouco visível, cuja importância, nos parece, não foi ainda devidamente avaliada.
A Dra. Nise da Silveira chamava de “projeto Chaplin” ao desejo utópico de
fazer uma leitura não verbal das imagens. A leitura das imagens foi o grande fio
condutor de toda a sua pesquisa no Museu de Imagens do Inconsciente. Ela
73
desenvolveu um método de leitura das imagens produzidas nos ateliês, que está
amplamente demonstrada nos seus livros Imagens do Inconsciente e O Mundo das
Imagens.
Para conhecer melhor essa leitura seria pertinente estabelecer a trajetória
epistemológica desse trabalho, traçando inicialmente um resumo do itinerário dos
estudos da Dra. Nise da Silveira. Isso porque “o conhecimento possui propriedades
inerentes ao sujeito que o constrói. Essas propriedades serão utilizadas de forma
diferente, por cada indivíduo, caracterizando-se, assim, como conhecimento único”
(Valentim, 2005, p. 10).
Desse modo, interessa-nos o percurso da formação intelectual da Dra. Nise da
Silveira, conhecer melhor as origens de seu pensamento.
5.1. Adquirindo conhecimento
A Dra. Nise formou-se em 1926, na Faculdade de Medicina da Bahia, única
mulher entre 157 rapazes. Precoce, conta que o pai teve que alterar sua idade para
que fosse aceita, com presumidos 16 anos. vimos, anteriormente que ela
afirmava não possuir vocação para medicina, foram os rapazes que freqüentavam sua
casa em Maceque a influenciaram nesse sentido. Além da mudança na certidão de
nascimento, o próprio fato da admissão da Dra. Nise na Faculdade de Medicina vem
contrapor-se aos paradigmas estabelecidos pelo conhecimento para a sociedade da
época. Esses paradigmas estabeleciam a mulher como necessária ao papel de
organizadora do lar e da educação dos filhos, segundo a proposta higienista e
eugênica da época, atendendo a um discurso médico. A Faculdade de Medicina da
Bahia fica no Terreiro dos Meninos de Jesus, emSalvador, onde séculos antes os
jesuítas preconizavam a salvação do homem pela religião. Agora, eram os médicos os
salvadores do povo das moléstias, da loucura, do crime. O saber médico era o
instituinte de uma nova ordem que procurava regular as leis da família. Também fazia
apenas 40 anos que D. Pedro II promulgara o Decreto que possibilitava o ingresso de
mulheres nas faculdades brasileiras (Melo, 2005, p. 44 e 49).
A medicina legal encontrava-se então em fase de consolidação; o poder
médico passa a brandir o conhecimento recentemente adquirido sobre as funções
psíquicas para intervir na determinação das penas imputadas aos criminosos.
Questões como a razão, o grau de racionalidade, o livre arbítrio, levam à criação da
figura do médico-perito, trazendo o crime para a esfera da medicina: “criminalização
da doença e psiquiatrização do crime”, no dizer de Delgado (apud Melo, 2005, p. 62).
74
Tendo em vista essa valorização da psiquiatria, não é estranhável que várias
teses
21
sobre assuntos psiquiátricos estejam entre os colegas de faculdade da Dra.
Nise. Influencia do Sympathico na Etiopathogenia da Demencia Precoce
22
,
Diagnóstico differencial da Demencia Precoce, Espiritismo e Loucura, Primitivo e
Loucura. Esta última foi escrita por Arthur Ramos, grande erudito por quem os colegas
(inclusive Nise) nutriam admiração. Iniciado nos estudos psicanalíticos, ele cita Freud
e Jung, traçando algumas relações entre arte, pensamento primitivo e alienação
mental (Melo, 2005, p. 55-56). Certamente esses estudos marcaram e influenciaram a
jovem Nise.
Nessas teses pode-se notar o embate entre as correntes organicista e
psicológica, que persiste até hoje. Na primeira, de forte inspiração cartesiana, a
doença ocorre no corpo, como um mau funcionamento de uma máquina, e por isso
são necessárias intervenções para consertá-lo(a). A segunda admite as influências do
ambiente e da sociedade na conformação dos comportamentos individuais.
Mário Magalhães, primo e futuro marido de Nise, que também se tornaria um
dos mais importantes médicos na área de políticas de saúde e sanitarismo do Brasil,
também apresentou sua tese À margem dos meios punitivos onde, apoiado em idéias
sociológicas, trata sobre definições de crimes e meios de punição (Melo, 2005, p. 62).
A tese da Dra. Nise intitulou-se Ensaio sobre a criminalidade das mulheres na
Bahia. Sua preferência pelos assuntos referentes às minorias oprimidas socialmente é
inequivocamente demonstrada desde já. Manter-se-á ao longo de sua vida,
influenciando toda sua produção científica. Nela, o problema é debatido à luz
higienista da época, com ênfase na profilaxia. Destacando não os fatores sociais
que podem levar o indivíduo ao crime, mas também outros tais como a geografia e o
clima, traz considerações sobre o fato de misturarem-se nas penitenciárias criminosos
e doentes mentais, argumentando a necessidade de separação institucional e
diferenciação no tratamento. Enfatiza a atuação da medicina no campo social, com a
reabilitação dos chamados „desregrados‟: prostitutas, vagabundos (Silveira, 1926).
Vindo para o Rio de Janeiro após a morte de seu pai, Nise da Silveira vai morar
em Santa Teresa, onde tem contato com Manuel Bandeira, Laura e Otávio Brandão
23
.
Com este último, possuidor de uma biblioteca da qual era leitora assídua, mantinha
freqüentes debates sobre filosofia, literatura e religião (Bezerra, 1995, p. 148). Com
21
- Nessa época as teses eram de inteira responsabilidade do aluno, sem orientação do professor,
versando sobre assuntos relativos às cadeiras estudadas (Melo, 2005, p. 53).
22
- Esse era o termo médico instituído por Emil Kraepelin para a loucura, que estabelecia uma
comparação com a demenciação verificada na senilidade. Posteriormente seria adotado o termo
esquizofrenia para descrever o mesmo quadro.
23
- Laura era poetisa e esposa de Otávio, líder comunista do Bloco Operário, partido marxista fundado na
década de 20.
75
Laura, Nise diz ter aprendido a “descobrir beleza em todas as coisas”, a “buscar a
beleza nas coisas aparentemente feias”. (Bezerra, 1995 p. 148; Gullar, 1996, p. 37).
Essa declaração, de aparência tão simples, vai nortear a abordagem de Nise em
relação aos loucos e suas produções e, consequentemente, na apreensão dos
significados que se originaram dessa abordagem.
Nise vai então prestar concurso público para médica psiquiatra. Ela afirma ter
estudado com muito afinco. nessa época, indigna-se com o tratamento dado aos
doentes, que eram exibidos em sala de aula. Interessa-se por Proust, Anatole France,
Oscar Wilde (Gullar, 1996, p. 38-39).
Logo após assumir o cargo no antigo Hospital da Praia Vermelha, Nise é presa
pela ditadura Vargas, em 1935. Quando sua mãe, informada de que poderia ser solta,
uma vez que não havia nenhuma prova contra ela, veio ao Rio de Janeiro na
expectativa de libertá-la, o encarregado do processo disse-lhe, nessa ocasião, que
Nise não sairia tão cedo da prisão. “Se duas pessoas que me têm dado muito
trabalho na formação do processo é ela e o Francisco Mangabeira Filho. Eles parecem
malucos, tomavam nota de tudo o que liam, e eu estou sendo obrigado pela lei a ler e
analisar todas essas anotações. São folhas e folhas de anotações sobre marxismo,
sobre literatura, etc.” (Gullar, 1996, p. 44). Esse hábito iria acompanhá-la por toda
vida, como mostra a farta quantidade de manuscritos de seu acervo pessoal, hoje sob
a guarda da Sociedade Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente.
Anistiada, Nise é reintegrada ao serviço público em 1944. Em 1946, as
primeiras oficinas da Seção de Terapêutica Ocupacional são abertas por ela. A
riqueza da produção dos ateliês de pintura e de modelagem logo feriu sua atenção.
Alguns colegas médicos ridicularizavam seu trabalho, mas essa hostilidade não
arrefeceu seu ânimo em ampliar seus conhecimentos sobre a linguagem da arte e a
significação das formas simbólicas (Gullar, 1996, p. 11). Worringer, Jaspers, Focillon e
Merleau-Ponty estão entre os autores citados como esclarecedores de suas primeiras
pesquisas (Silveira, 1981 cap. 1).
Em sua busca para compreender o fenômeno do não-figurativismo, da
abstração e do geometrismo nas produções plásticas dos ateliês, fenômeno esse que
muitos psiquiatras atribuíram a um processo regressivo, de desumanização, ela
escreve:
76
Worringer havia trazido esclarecimentos decisivos quando eu me
debatia em inúteis procuras nos livros dos psiquiatras. Mais tarde, o
encontro com Kandinski trouxe dados talvez ainda mais importantes
para o entendimento de numerosas pinturas abstratas surgidas no
nosso atelier. [...] O achado empírico encontrava lugar nas
concepções de um mestre de teoria da arte (Silveira, 1981, p. 20).
Posteriormente, em um estudo para compreender as diferentes vivências
espaciais que fazem parte das experiências psicóticas, é na fenomenologia e ainda no
campo da arte que vai buscar inspiração: Paul Klee, Herbert Read, Giedion,
Minkowski.
Mas é o encontro de Nise com a psicologia de Carl Gustav Jung que vai
fertilizar o entendimento das produções dos criadores dos ateliês, trazendo, segundo
suas palavras, “uma nova abertura para a compreensão da esquizofrenia”. (Silveira,
1981, p. 52). Este encontro, iniciado através de uma carta por ela dirigida ao Prof.
Jung, irá estreitar-se quando da apresentação da exposição de obras do Museu no II
Congresso Internacional de Psiquiatria, reunido em Zurique, 1957, inaugurada pelo
próprio Jung. Outros encontros suceder-se-iam, o mestre suíço ainda daria preciosas
orientações para o estudo da pesquisadora brasileira.
No dia 14 de junho de 1957 tive a feliz oportunidade de ser recebida
por C. G. Jung, na sua residência de Kusnacht. Sentada diante do
mestre no seu gabinete de trabalho, junto à larga janela com vista
sobre o lago, falei-lhe de minhas dificuldades de autodidata. Ele me
ouvia muito atento. Perguntou-me de repente:
- Você estuda mitologia?
Não, eu não estudava mitologia.
- Pois se você não conhecer mitologia nunca entenderá os delírios
de seus doentes, nem penetrará na significação das imagens que
eles desenhem ou pintem. Os mitos são manifestações originais da
estrutura básica da psique. Por isso seu estudo deveria ser matéria
fundamental para a prática psiquiátrica (Silveira, 1981, p. 98).
Outros estudos também tiveram grande influência no conjunto dessas
investigações. O movimento da antipsiquiatria com destaque para Ronald Laing e
David Cooper e autores de diferentes áreas do conhecimento como John Perry,
Capra, Artaud, Bachelard, entre outros, também influenciaram a Dra. Nise nesse
processo de formação do arcabouço teórico que alicerçou, contribuiu para o
desenvolvimento dos conhecimentos que foram gerados
24
.
24
Essas influências podem ser depreendidas a partir da leitura dos dois principais livros da Dra. Nise da
Silveira Imagens do Inconsciente e O Mundo das Imagens.
77
5.2 Produzindo conhecimento
O desenvolvimento das pesquisas utilizando a coleção produzida nos ateliês
terapêuticos da STO começou pelo estudo dos efeitos da lobotomia sobre a atividade
criadora, um clássico sobre o assunto (Silveira, 1955). Enquanto a primeira exposição
externa da coleção despertava interesse e suscitava polêmicas, um dos artistas
participantes da mostra, Lúcio Noemann, foi lobotomizado como resultado de um
acordo entre o médico e sua família. Nise protestou veementemente (“vocês vão
decapitar um artista”), sem sucesso. A comparação entre a refinada produção do autor
antes da operação, e a pobreza de concepção e execução em sua obra após a
intervenção, torna tão evidente a degradação ocorrida no sistema cognitivo do artista,
que permite ao mais leigo visualizar os efeitos nocivos dessa prática danosa ao
cérebro humano.
A questão dos afetos, dos relacionamentos, as expressões e vivências do
espaço, espaço interno versus espaço externo, a evolução de casos clínicos vistos
através de longas séries de imagens, temas de interesse psiquiátrico e psicológico o
Museu se afirma cada vez mais como um centro de estudo. Em 1968 passa a
funcionar regularmente o Grupo de Estudos do Museu de Imagens do Inconsciente, de
caráter interdisciplinar e freqüentado por médicos, psicólogos, antropólogos,
historiadores, artistas e professores, técnicos e estudantes, numa constante troca
entre experiência clínica e conhecimentos tricos, sempre tendo como ponto de
partida a produção plástica dos seus ateliês (Silveira, 1980, p.21).
As principais pesquisas desenvolvidas no Museu de Imagens do Inconsciente
pela Dra. Nise e seus colaboradores estão reunidas nos dois livros mais importantes
de sua obra, no que se refere ao estudo das imagens: Imagens do Inconsciente e O
Mundo das Imagens. Esses estudos lançam luzes sobre problemas ainda muito
obscuros para a ciência. Se aparentemente parecem destinar-se inicialmente à área
da saúde mental, na verdade posteriormente verifica-se que trouxeram maior
compreensão sobre processos e estruturas da psique humana, ou seja, pertencentes
a todos os indivíduos.
Dessa maneira, a relevância desses saberes, das práticas que os produziram,
dos fundamentos teóricos e epistemológicos que os justificam, aumenta sobremaneira.
Sem diminuir sua importância vital para a compreensão do processo psicótico, ou da
loucura como esse processo é mais conhecido coloquialmente, esta nova dimensão
para a compreensão de certas imaginações, acontecimentos psíquicos, produção de
78
símbolos, que podem ser acompanhadas através da história da humanidade,
justificam a socialização desses conhecimentos de forma mais enfática.
Essa instância de conhecimento nos leva a concordar com a nova definição
para esses processos dada pela Dra. Nise, segundo uma expressão que ela tomou
emprestada de Antonin Artaud: “os inumeráveis estados do ser
25
”. Essa nova
concepção vem de encontro a toda noção de „normalidade‟, que desde o Século XVII
vem recebendo o título de racionalismo. E, em verdade, encontramos no acervo do
Museu incontáveis descrições de vivências desses inumeráveis, às vezes perigosos,
estados do ser. Perigo nesse caso residindo na ameaça à integridade do ser que
vivencia esses estados.
Sabemos que uma das características principais da esquizofrenia, termo
médico que define a psicose, é a desagregação do pensamento, a impossibilidade de
ordenar os conteúdos avassaladores que emergem do inconsciente. Kant (apud
Hessen, 2000, p. 63) via o pensamento como a função que forma às sensações
vindas da experiência, idéia assim explicitada: “nosso pensamento produz ordem
nesse caos na medida em que conecta os conteúdos sensíveis uns aos outros e faz
com que eles se relacionem”.
Entretanto, o pensamento do ponto de vista do racionalismo acha-se impotente
para manter a coesão dessa tensão entre as vivências internas e a visão de mundo
por ele imposta. Caberia mais, aqui, o conceito de pensamento complexo no dizer de
Edgar Morin (2006), no qual os operadores dialógicos juntariam, entrelaçariam coisas
que aparentemente estão dissociadas: razão x emoção, sensível x inteligível, real x
imaginário, razão x mito, homem x natureza etc.
O leitor atento dos livros Imagens do Inconsciente e O Mundo das Imagens
perceberá, além da forte presença dos conceitos junguianos, uma coerência no
método analítico das séries de imagens que permite entrever, a partir dos resultados
propostos, uma visão dialógica desse universo de imagens. Depois de
acompanharmos os encontros da mestra com as obras e as personalidades das mais
diversas áreas do saber, vamos conhecer, a seguir, os principais fundamentos
epistemológicos para essa visão, que a Dra. Nise legou, em um documento especial, a
um pesquisador fictício ao qual chamou de “BENEDITO”.
25
Poeta e teatrólogo francês, Artaud foi durante muito tempo internado em hospitais psiquiátricos e
descreveu, como nenhum outro, as profundas vivências internas e espirituais pelas quais passou, em
contraste com a incompreensão dos psiquiatras e da sociedade em aceitá-las como verdadeiras. Na
revista Cahiers d‟Art, Artaud refere-se à obra do pintor surrealista Victor Brauner afirmando que ele
conhecia os “estados do ser inumeráveis e cada vez mais perigosos”.
79
5.3 O Benedito
“O crescimento contínuo nos diversos campos do conhecimento tem
sido uma constante preocupação dos epistemologistas. Para
organizar e avaliar os dados do conhecimento são feitos estudos
sobre a vida científica, a compreensão da natureza e a formação de
assuntos”. (Naves, 2006, p. 40)
A Dra. Nise elaborou e organizou um roteiro de leituras para o pesquisador que
desejasse se aventurar no estudo das imagens. Confeccionou um pequeno caderno
de 49 páginas datilografadas, com o seguinte título: “PEQUENO FICHÁRIO
RELATIVO A OBRAS SOBRE EXPRESSÃO PLÁSTICA DE PSICÓTICOS E
ALGUMAS DICAS PARA O BENEDITO[grifo e sublinhado no original]. Este título é
esclarecido por ela, com a pergunta: “Quem será o Benedito que vai se interessar por
estes livros?”
26
Não existe nenhuma data nesse guia elaborado pela Dra. Nise, porém Melo
(2005, p. 281) afirma tê-lo conhecido em 1990, e como o texto citado mais próximo no
tempo é de 1989, supõe-se que foi ao longo da década de 80 que ela organizou o
“Benedito”. Anteriormente, Nise havia trabalhado em um guia de leituras: o livro
Jung Vida e Obra (1968), até hoje uma referência para os estudiosos de Jung no
Brasil. Mas é no capítulo 5 do seu livro O Mundo das Imagens que vão aparecer as
principais linhas traçadas no Benedito.
Interessante é que nessa compilação a Dra. Nise inclui várias tendências e
pontos-de-vista contraditórios, alguns dos quais exprimem conceitos aos quais ela se
posiciona de forma contrária. Sua intenção é óbvia: fornecer uma estruturação teórica
multilateral para a compreensão e o desenvolvimento do trabalho realizado no Museu
de Imagens do Inconsciente.
O Benedito está dividido em 4 seções:
1) Freud e estudos psicanalíticos;
2) Jung e estudos junguianos;
3) Arteterapia; e
4) Estudos psiquiátricos.
No primeiro tópico Nise seleciona alguns textos de Freud referentes ao estudo
das imagens (p.2). Logo após (p.3), cita a frase do mestre “As imagens constituem um
meio muito imperfeito para tornar o pensamento consciente e pode-se dizer que o
pensamento visual aproxima-se mais dos processos inconscientes que o pensamento
26
- O “Benedito” encontra-se hoje nos arquivos do Museu de Imagens do Inconsciente.
80
verbal e é mais antigo que este, tanto do ponto de vista filogenético quanto
ontogenético”. Define sublimação em um verbete e adiciona um comentário de
Melaine Klein sobre o assunto. Seguem-se publicações de Osório César, como
representante brasileiro, Abraham, Groddeck, William Phillips, Baudoin, Schneider,
Goiten, Pickford, Waelder, Sechehaye, Frieda Fromm Reichmann, Marion Milner, Ernst
Kries, Eissler, Adrian Stokes, Melaine Klein, Otto Rank, Robert Volmat, Wiart e
Denner. A gina 4 do Benedito é toda dedicada a Osório César, mencionando as
quatro publicações de sua autoria
27
e chamando a atenção para a Escola Livre de
Artes Plásticas do Juqueri, criada por Osório, “que produziu obras de grande interesse
científico e artístico. Infelizmente esta Escola não conseguiu manter-se e seu acervo
dispersou-se”.
Estendendo-se ao longo das 16 primeiras páginas, nesse primeiro tópico a Dra.
Nise vai apresentando, por entre a bibliografia, conceitos importantes de alguns
autores, trechos de textos que sintetizam seus pensamentos, algumas vezes fazendo
contraponto com autores que não fazem parte do bloco.
Nessa primeira parte do Benedito, Nise detém-se no estudo feito por Freud
28
sobre o quadro pintado por Leonardo da Vinci onde estão representados o menino
Jesus, Maria e Sant‟Ana, estudo sobre o qual Jung e Eissler fizeram observações
posteriores; sobre o livro L’art psycopathologique, de Robert Volmat, onde destaca as
passagens que referem-se aos artistas de Engenho de Dentro que participaram da
mostra por ele organizada no I Congresso Internacional de Psiquiatria (Paris, 1950)
anteriormente citada; e também sobre os desdobramentos desse evento, que motivou
a criação da Societé Internationale de Psychopathologie de l‟Expression, da qual a Dra
Nise é sócia fundadora (BRASILIANA DE FRANKFURT, 1994, p. 22).
No segundo tópico, Jung e estudos junguianos, a bibliografia referente ao
mestre suíço está dividida: na primeira parte, os escritos sobre expressão plástica e
literatura; na segunda parte, os trabalhos onde ele faz interpretação de imagens. Entre
as duas partes, um texto no qual a Dra. Nise apresenta alguns dos principais conceitos
de Jung sobre a natureza e significado das imagens configuradas por indivíduos
psicóticos. “Elas representam auto-retratos de sua situação interna e do processo
psicótico em desdobramento”, escreve na página 19, e também frequentemente
configuram-se em “símbolos que condensam profundas significações e constituem
uma linguagem arcaica de raízes universais”. O pesquisador não poderá prescindir do
estudo da mitologia para o aprendizado dessa linguagem. As imagens aterrorizantes,
que frequentemente assolam o indivíduo que sofre esse processo, poderão ser
27
A Arte nos loucos e vanguardistas (1934); Simbolismo místico nos alienados (1949); Contribuition à
l‟étude de l‟art chez les alienés (1951); Os místicos dos hospícios (1952).
28
Uma recordação de infância de Leonardo da Vinci, de 1910.
81
esvaziadas de sua forte carga energética por meio da pintura. A configuração de
imagens simbólicas possui eficácia terapêutica, elas transformam energia psíquica,
permitindo ao indivíduo a transposição de níveis.
Embora admitindo que a maioria dos autores não eficácia nas imagens não
verbalizadas e compreendidas, na página 20 a Dra. Nise afirma, com convicção, o
contrário:
Entretanto, a experiência demonstra que as imagens simbólicas
podem ser apreendidas pela via de percepções inconscientes,
independentemente do intelecto, influindo sobre o curso do processo
psicótico. (sublinhado no original)
Conhecendo-se os textos da Dra. Nise da Silveira, podemos dizer que esses
conceitos fazem parte do alicerce de sua prática terapêutica e conseqüente produção
científica.
Este tópico encerra-se com os Estudos Junguianos, compostos por títulos de
Neumann, Fordhan, Perry, Baynes, Wickes, Morris Philipson, Maud Bodkin, uma
coletânea de textos sobre inconsciente coletivo, além, é claro, do seu próprio livro,
Imagens do Inconsciente. Finaliza (página 23) com a indicação do trabalho
Rosegarden and labyrinth, de Seonaid Robertson, professora de arte em escolas
inglesas que encontrou empiricamente imagens arquetípicas nos trabalhos de seus
alunos, o que aproximou-a da psicologia junguiana, levando-a a pesquisas em vários
museus e a investigações no campo da arqueologia e das religiões antigas.
Na parte intitulada Arteterapia, a Dra. Nise destaca logo de início, seu
pensamento sobre essa denominação, segundo ela inadequada, pela conotação de
valor e qualidade estética contida na palavra arte. Manifesta sua preferência pelos
termos “linguagem plástica” ou “expressão plástica”, justificando-a pelo argumento de
que “nenhum terapeuta tem em mira que seu doente produza obras de arte” mas, “o
que se deseja conseguir com o desenho, pintura ou modelagem espontâneos é ter
acesso ao misterioso mundo dos psicóticos” (página 25).
Entretanto, nesta seção a Dra. Nise se detém sobre cada autor, comentando-o
em separado. O destaque é para a obra de Margaret Naumburg, cuja título Dinamically
oriented art therapy: its principles and practice (1966), ela recomenda “estudar com
atenção a introdução”. Na página 27 volta a apontar a diferença entre seu método e a
arte-terapia, uma vez que aqui as imagens criadas “não são completamente
espontâneas. São „dinamicamente orientadas‟.” (aspas no original).
Estão relacionadas publicações de Ainslie Meares, Regina Chagas Pereira,
Harris e Cliff J., Hans Prinzhorn. Nise preferiu incluir Prinzhorn nesta seção, muito
82
embora seu livro Bildnerei der Geisterkranken tenha sido escrito em 1922, muito antes
do conceito de arte-terapia, mais utilizado nos países anglo-saxônicos. Além disso,
como já vimos anteriormente, Prinzhorn não foi um terapeuta e sim um pesquisador
que ajudou a reunir a coleção que leva seu nome, constituída por contribuições de
dezenas de hospitais da Europa. Entretanto, seus estudos no campo da arte e a
influência recebida de Conrad Fiedler, historiador de arte e da psicologia da Gestalt,
além da exclusão deliberada dos aspectos psicanalíticos de sua leitura, certamente
levaram a Dra. Nise a incluí-lo nesse grupo, reconhecendo que o livro “traz a marca da
profunda intuição e alta inteligência do próprio Prinzhorn” (página 32).
Os Estudos Psiquiátricos encerram o Benedito, trazendo uma extensa lista de
obras que vão de 1905, com Rogues de Fursac
29
, até Adamson (1984). Logo no início
dessa seção a Dra. Nise inclui seu trabalho de 1955, Contribuição ao estudo dos
efeitos da leucotomia sobre a atividade criadora. Entretanto, é nas obras que se
debruçam sobre Van Gogh que ela se detém com mais detalhes. Também aparece
aqui o estudo de Morghentaller sobre Adolf Wolfli, já citado anteriormente.
Se a Dra. Nise incluiu Prinzhorn no grupo da arte-terapia, porque deslocou
Adamson para os estudos psiquiátricos, ele um artista plástico sem nenhuma
formação no campo da psiquiatria e cujo trabalho é uma das referências para a arte-
terapia? Mesmo levando-se em conta que seu trabalho desenvolveu-se no interior do
hospital psiquiátrico,
30
ao longo de 34 anos, um fato chamou-nos a atenção: na página
43, que aborda as idéias de Leo Navratil contidas em seu livro Esquizofrenia e Arte
(1965), a propósito da comparação de Navratil entre o estilo esquizofrênico e o
maneirismo, a Dra. Nise remete o leitor para uma “seção de arte”, não existente no
Benedito. Ela cita duas obras e seus autores não encontrados no Benedito, apontando
possivelmente para uma seção que não chegou a ser desenvolvida
31
.
Essa idéia embrionária de uma seção de arte pode ser o motivo de
encontrarmos, nas últimas páginas do Benedito (Estudos psiquiátricos), anotações
referentes a trabalhos que recusam a abordagem psiquiátrica. Se aparecem
justificadamente aí os nomes de Fursac, Antheaume, Dromard, Reitman, Cunningham
Dax, Plokker, Jean Vichon, Henri Ey, Irene Jakob, Jaspers, Françoise Minkowska,
Minkowski, Doiteau, Graetz, Guy Vogelweith, Morgenthaler, parece inadequada a
inclusão de Michel Thévoz, Alfred Bader e Roger Cardinal, que procuram ver as
imagens produzidas pelos pacientes exclusivamente pelo campo da Arte. Isso reforça
nossa hipótese de uma possível quinta seção do Benedito, que seria dedicada à
29
Les écrits et les dessins dans les maladies nerveuses et mentales.
30
Netherne Hospital em Londres.
31
Labyrinthe de l’art fantastique, de G. R. Hocke e Maneirismo, de A. Hauser
83
abordagem do ponto de vista artístico. Isso explicaria a ausência de autores
importantes como Mário Pedrosa e Antonin Artaud.
Talvez a tarefa de escrever seu segundo trabalho sobre leitura de imagens, O
Mundo das Imagens (1992), tenha interrompido a compilação do Benedito, cuja última
página tem o título de Desenhos Infantis e apresenta obras de oito autores, sem tecer
nenhum comentário. Aliás, o último comentário da Dra. Nise no Benedito (página 48) é
um alerta muito especial. Ela comenta o fato, já narrado por nós anteriormente na
página 35, do desmonte do ateliê criado por Adamson, logo após sua morte. “O acervo
teve a sorte de ser recolhido na residência de uma admiradora de Adamson, a
riquíssima Miriam Rothschild. Salvou-se o acervo, mas se acabou o atelier, onde os
internados do hospital psiquiátrico exprimiriam suas emoções”, diz ela e arremata:
“Esteja vigilante, Benedito, na defesa do seu Museu, (M.I.I.) e seu atelier livre!”
84
6.
SOCIALIZANDO O CONHECIMENTO
85
6. SOCIALIZANDO O CONHECIMENTO
Entendo conhecimento como aquele gerado por um sujeito
cognoscente, portanto é único, dependente de estruturas teóricas e
práticas que possibilitarão sua construção. No entanto, acredito que
o conhecimento somente será construído, a partir da sua
socialização aos outros. Esta dinâmica é que permite ao outro
conhecer o conhecimento socializado, de forma a propiciar a
construção de „novo‟ conhecimento. (Valentim, 2005, p. 2).
foi bastante enfatizada aqui a relevância das pesquisas, em diversas áreas
do conhecimento, sobre o acervo do Museu de Imagens do Inconsciente. Compartilhar
esses saberes com a sociedade é o caminho natural, pressuposto mesmo para sua
organização. Trata-se, aqui, de transmitir socialmente um patrimônio complexo (objeto
do conhecimento) que reúne obras plásticas e textuais, artefatos, técnicas, saber-
fazer, constituindo-se em um patrimônio que transcende o regional, tornando-se
comum à humanidade.
Tendo como eixo principal o método para leitura de séries de imagens
desenvolvido pela Dra. Nise da Silveira, outro importante acervo se formou no Museu
de Imagens do Inconsciente, além das obras plásticas: o conjunto de textos
Fig. 13
Carlos Pertuis
Óleo sobre jornal
Acervo do MII
86
trabalhos, monografias de diferentes autores, que podem ser encontrados nos
arquivos do Museu. Como exemplo, citaremos os oito números da revista Quaternio,
editada pelo Grupo de Estudos C. G. Jung, que reunia-se nas quartas-feiras à noite no
escritório da Dra. Nise, à Rua Marquês de Abrantes. Esses encontros eram abertos a
qualquer pessoa que desejasse freqüenta-los, os participantes revezando-se na
apresentação de trabalhos sobre os temas escolhidos. A mesma dinâmica ocorria nas
reuniões do Grupo de Estudos do Museu, que desde 1968 se reúne às terças-feiras de
manhã, na sede do Museu. Um interessante trabalho de pesquisa seria localizar as
pessoas que elaboraram textos para as reuniões desses grupos e que não estão nos
seus arquivos, para que sejam agregados aos já existentes
32
.
Cerca de 90 monografias teses, dissertações, trabalhos de conclusão de
curso - podem ser encontradas na biblioteca do Museu (Ver Anexo E). Algumas
versam sobre o trabalho desenvolvido no Museu, ou a ele referem-se em parte. Outras
desenvolvem idéias diferentes, inclusive trazendo outras propostas de leituras ou
classificação das imagens.
A coleção de artigos em jornais e revistas também é bastante significativa. Traz
registros importantes da história da instituição e de seu trabalho (ou de seus
personagens), testemunhando a constante luta pela sua sobrevivência no ambiente
hostil do asilo. Mas também contém o registro de eventos, além de textos de críticos
de artes do calibre de Mário Pedrosa, Ferreira Gullar e Wilson Coutinho.
Outro conjunto não menos importante são as anotações feitas pelos monitores
das oficinas/ateliês, onde estão relatadas suas observações durante o trabalho dos
criadores, contextualizados em episódios das relações do dia-a-dia.
Após o falecimento da Dra. Nise da Silveira, todo seu acervo pessoal foi doado
à Sociedade Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente, e atualmente encontra-se
na sede do MII. Este acervo compõe-se de manuscritos, correspondência, material de
imprensa, fotografias, biblioteca, prêmios e medalhas, mobiliário, obras de arte.
No campo mais específico da documentação museológica, temos o registro da
intensa atividade de conservação/restauração de milhares de obras, ao longo dos
últimos 30 anos, além da iconografia e das informações geradas pela organização de
mais de uma centena de exposições, cursos, seminários.
Põe-se-nos então a questão da necessidade de organização desse
conhecimento, difícil de se realizar por um sistema unitário, haja vista “a característica
heteróclita dos saberes contemporâneos, muitas vezes discordantes entre si” (Gil,
2000, p. 254). O motivo central é o ineditismo desse conjunto e sua importância para o
32
Segundo nos informou a coordenadora de projetos do Museu, Gladys Schincariol, o arquivo pessoal da
Dra. Nise da Silveira, que está sob a guarda da SAMII, encontra-se em processo de organização.
87
desenvolvimento das pesquisas sobre as origens do imaginário, da criatividade, nos
recantos ainda pouco estudados do psiquismo humano. Conjunto esse cujo acesso
público resume-se praticamente ao conteúdo dos dois livros da Dra. Nise citados como
a ntese dessas principais pesquisas Imagens do Inconsciente e O Mundo das
Imagens, às exposições e apresentações dos documentários. Entretanto, seus
fundamentos teóricos, bem como toda uma gama de documentação que vem
complementá-las teses, artigos, manuscritos, monografias, ensaios acha-se ainda
adormecida para o grande público nas prateleiras da biblioteca do Museu de Imagens
do Inconsciente. Seria necessária a organização desse conjunto sem perder de vista a
concordância com seu eixo principal, as imagens do acervo.
Uma questão seria a metodologia utilizada para a organização desse
conhecimento. Arte, ciência, filosofia, história oral, “a dificuldade está em sua forma e
economia, em se dispor uma variedade tamanha de material sem que isso resulte num
montão de partes incoerentes, e sim num todo consistente...” (Chambers apud
Darnton, 2001, p. 253). Dada a sua característica multifacetada, na qual tantas
vertentes e abordagens estão em intersecção, é preciso ter em mente o conceito
citado de pensamento complexo, uma vez que esse conhecimento não está limitado
ao campo da ciência ou da arte, mas engloba mitologia, folclore, religião, arte,
educação, antropologia, literatura. Será preciso destacar um elemento integrador que
unidade ao conjunto - uma interdisciplinaridade, que identifique e reúna os pontos
fundamentais desse conhecimento.
A interdisciplinaridade trata e abrange no universo do conhecimento
a investigação que, sob um projeto de ordem comum, procede à
combinação de modelos teóricos e práticas próprias a diferentes
disciplinas / áreas, integrando conceitos, métodos distintivos e
complementares dirigidos ao entendimento para resolver
determinado problema (Lima, 2003, p. 62).
Pinheiro (2007, p. 3) destaca o desenvolvimento da ciência e os problemas
epistemológicos das Ciências Humanas e Sociais como motivo para trazer a
interdisciplinaridade para o centro das discussões, na busca da compreensão das
interfaces entre disciplinas. Ela cita a definição dada por Japiassu e Marcondes no
Dicionário Básico de Filosofia:
Método de pesquisa e de ensino suscetível de fazer com que duas
ou mais disciplinas interajam entre si, esta interação podendo ir da
simples comunicação das idéias até a integração mútua dos
conceitos, da epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos
procedimentos, dos dados e da organização da pesquisa (grifo
nosso).
88
Ainda segundo Lima (2003, p. 16), a interdisciplinaridade, ao configurar uma
outra possibilidade para a produção do conhecimento, “tem sido identificada como
alternativa, um novo modelo para a reorganização do saber, um novo paradigma”.
É pensando a complexidade e pluralidade da documentação do MII, que será
abordada a organização do conhecimento, sem aprofundar os seus fundamentos, uma
vez e nos limites da presente pesquisa.
6.1 Organizando o conhecimento
A organização de um conhecimento sempre pressupõe uma classificação,
preocupação constante do homem. Após os quase dois mil anos em que prevaleceram
as categorizações aristotélicas, sucederam-se diferentes propostas para a
estruturação de uma ordem que permitisse o arranjo metódico e hierarquizado do
conhecimento. Em geral, o princípio dessas propostas é determinar grandes áreas ou
regiões que se subdividem em agrupamentos ou facetas, arranjadas numa seqüência
significativa (Vickery, 1980, p. 37). Estas facetas podem ser subdivididas e
hierarquizadas, relacionadas de acordo com sua ordem de prevalência. Por exemplo,
memória, linguagem e razão foram alguns dos atributos subjetivos utilizados para
basear os agrupamentos. No Séc. XX, o empirismo passa a prevalecer sobre o
aspecto teórico da questão, surgindo novos conceitos. Aos modelos arborescentes,
isto é, baseados na lógica biunívoca, vêm opor-se outros arranjos como o sistema
decimal de Dewey, a Classificação Decimal Universal de Paul Otlet, ou aquela
proposta pelas comissões da Library of Congress, dos Estados Unidos.
Diferentemente de outros teóricos, Ranganathan considera „organização do
conhecimento‟ e „classificação‟ como sinônimos (Naves 2006, p. 40). Para superar a
rígida estrutura dos sistemas hierárquicos propõe uma estrutura facetada com síntese
notacional, mapeando o conhecimento com um número ilimitado de divisões. Seu
conceito de multidimensionalidade do conhecimento procura demonstrar como os
assuntos são resultantes da síntese de múltiplos conceitos (Naves 2006, p. 42).
Embora não seja um sistema teórico de classificação na acepção clássica do
termo, podemos também citar a concepção rizomática de arranjo.
“Os sistemas arborescentes são sistemas hierárquicos que
comportam centros de significância e de subjetivação. A estes
sistemas centrados os autores opõem sistemas a-centrados, [...] nos
quais a comunicação se faz de um vizinho a um vizinho qualquer, [...]
de tal maneira que as operações locais se coordenam e o resultado
final global se sincroniza independente de uma instância central”
(Deleuze e Guatarri, 1997, p. 26 e 27).
89
A explosão de conhecimentos e informação navegantes no tráfego ilimitado da
Web, trouxe os paroxismos da ubiqüidade, o presencial/distanciamento do sujeito, as
novas tecnologias que o permitem atuar como destinatário e/ou instituinte do saber.
Em um processo organizativo contemporâneo, o só esse aspecto tem de ser levado
em conta, como considerá-lo estratégico na formulação, implantação e
desenvolvimento de um sistema cujo arranjo possibilite a pesquisa transdisciplinar.
Uma organização que reúna o acervo visível e o „invisível‟ do Museu de Imagens do
Inconsciente vai precisar de um modelo de relação entre assuntos e suas interações,
da construção de um vocabulário compartilhado para a troca de informações pela
comunidade. Sobre esta questão, é oportuno introduzir os princípios da organização
do acervo do MII, por suas peculiaridades e singularidade.
90
6.1.1 Princípios de organização do conhecimento no MII
A primeira forma de organização do acervo para consulta pública no Museu foi
bastante criativa e eficaz. A Dra. Nise organizou álbuns de pinturas, geralmente
contendo de 50 a 100 obras montadas sobre passepartout e encadernadas,
inicialmente de maneira bastante rudimentar, segundo os materiais disponíveis.
Apresentavam seqüências demonstrativas da reorganização psíquica do indivíduo no
transcorrer temporal da atividade, ou narrações em imagens de sua história pessoal
ou seus fragmentos, além de vivências internas e temas recorrentes na obra de um ou
vários autores. Alguns desses álbuns ficavam dispostos numa grande mesa de
reuniões que havia numa das poucas salas de exposição, na antiga sede do Museu.
Quando chegava um visitante ou pesquisador, a Dra. Nise folheava esses álbuns,
fazendo sobre o assunto comentários e considerações. Sem sua presença,
transformava-se em uma exposição encadernada, coleção que cativava o visitante
seja pela qualidade estética, pelo simbolismo misterioso ou pelo inusitado de seus
conteúdos.
As séries de imagens constituem a base de toda a organização do acervo
principal do MII, que a equipe chama de „prioritário‟. Dentro dessa classificação estão
obras que foram objeto de estudos e pesquisas ou possuam relevância na história de
vida de seus autores; ou ainda, aquelas citadas ou reproduzidas em documentários,
filmes, publicações, ou que participaram de alguma das centenas de exposições
realizadas. Segundo seu diretor atual, essa parte do acervo pode chegar a 50 mil
obras, o que representa cerca de 15% do acervo total.
Fig. 14. Dra. Nise e um dos
álbuns organizados por ela
91
Uma vez constituídas, essas séries recebem uma classificação, que pode
obedecer ao assunto abordado pelo autor na série por exemplo, Os cavalos de
Octávio Ignácio
33
. ou ao tema estudado na série, geralmente composta de vários
autores por exemplo, Rituais ou Animais Fantásticos. Outras vezes podem
representar assuntos que englobam outros assuntos, por exemplo a Série da
Japonesa, de Fernando Diniz, onde temas associados ao Japão e sua cultura o
reunidos, tendo a figura da japonesa como elemento central. Uma mesma série pode
apresentar-se em várias classificações. Como exemplo, esta última série citada (Série
da Japonesa) encontra-se no âmbito de um tema de pesquisa, O afeto catalisador.
citamos, anteriormente, como a Dra. Nise esperava um sistema de
classificação das imagens que permitisse o intercâmbio entre instituições afins, que
permitisse aos bancos de imagens „conversar‟ entre si. Para isso incluiu um campo na
ficha de catalogação das obras do Museu destinado a classificá-las segundo o sistema
utilizado na época pelo Archiv for Research in Archetypal Symbolism - ARAS. Esse
sistema, que reproduzimos no Anexo C refere-se ao conteúdo simbólico das imagens,
visto segundo uma leitura analítica. Seu idealizador, o Dr. Joseph L. Henderson,
escreveu com Jung e outros o livro O homem e seus símbolos, publicação que tem por
objetivo apresentar as idéias do mestre suíço de forma mais acessível ao público em
geral.
O ARAS teve origem numa coleção constituída por Olga Froebe-Kapteyn, na
Suíça, iniciada em 1933 (ARAS, 2008). Esta coleção reunia inicialmente reproduções
originais, desenhos, gravuras - de antigos artefatos simbólicos, que eram estudados
em reuniões anuais, promovidas por ela num espaço denominado Sociedade Eranos.
Essas reuniões apresentavam caráter interdisciplinar, no mesmo espírito daquelas que
a Dra. Nise organizaria no Brasil posteriormente. Compareciam a estas reuniões
cientistas, teólogos, filósofos, psicólogos, e historiadores tais como Heinrich Zimmer,
C. Kerényi, Mircea Eliade, Erich Neumann, Gilles Quispel, Gershom Scholem, Henry
Corbin, Adolf Portmann, Herbert Read, Max Knoll, Joseph Campbell, além do próprio
C.G. Jung.
Em 1946 Olga Froebe-Kapteyn doou sua coleção para o Warburg Institute, em
Londres, uma escola de estudos avançados em literatura, arte, pensamento europeu e
conhecimentos derivados da antiguidade clássica. Hoje essa coleção pode ser
encontrada nos arquivos daquele instituto, nomeada como Eranos Collection of
Junguian Archetypes. (THE WARBURG INSTITUTE, 2008). Duas cópias fotográficas
33
Esta série foi publicada com o mesmo título (FUNARTE, [1978]). O organizador e também autor das
fotografias foi Humberto Franceschi, que depois veio a ser presidente da Sociedade Amigos do Museu
de Imagens do Inconsciente (período 2002 2007).
92
da coleção foram doadas: uma ao Instituto C.G. Jung de Zurique, onde Dra. Nise
estudou, e outra à Bollingen Foundation de New York, que depois originou o ARAS.
O atual sistema de classificação do ARAS, além dos campos normalmente
encontrados em um sistema dessa natureza inclui uma descrição detalhada da
imagem acompanhada de seu contexto cultural, com o objetivo de esclarecer o
significado do seu simbolismo, atribuído na época de sua origem. A imagem também é
comentada de um ponto de vista arquetípico, buscando uma interpretação da
psicologia moderna. Segundo o Dr. Henderson (ARAS, 2008), “embora a interpretação
psicológica repouse fortemente na teoria junguiana, a natureza universal do
simbolismo no nível da cultura e da religião é plenamente respeitada”. Seguem-se a
bibliografia e o repositório onde a imagem pode ser encontrada, além de um glossário
dos termos técnicos utilizados no comentário. Conexões podem levar o pesquisador a
imagens do mesmo período, ou localiza-la dentro de uma linha do tempo onde estão
assinaladas as principais civilizações e culturas conhecidas.
Este sistema de organização preenche uma lacuna freqüente nos museus,
onde, segundo Besser, “a relação entre um objeto e outros objetos, pessoas ou
teorias, (geralmente um elemento chave para um catálogo de exposição) raramente
aparece no sistema de gerenciamento da coleção” (Besser, 1997)
Não encontramos, no sítio do ARAS, nenhum vestígio ou referência ao antigo
sistema. No MII, o grande volume do acervo para catalogação e a redução progressiva
da equipe de pesquisa
34
, fez com que a partir da década de 90 este campo não fosse
mais preenchido nas fichas de catalogação.
6.2 Informação em Museus
As obras plásticas que constituem o acervo do Museu de Imagens do
Inconsciente situam-se no ambíguo território entre obras de arte e documentos
científicos. São criadas no recinto de um ateliê com intenções claramente terapêuticas,
e esse próprio ato de criação já faz parte do processo de musealização, o próprio fazer
é integrante do processo museal. Mas não se pode negar a presença ali de artistas,
cujas produções são reconhecidas pela sua qualidade estética. Seria correto,
34
A falta de uma política de pessoal para o Museu, por parte das autoridades responsáveis, provocou a
redução, por transferência, doença ou aposentadoria, de 18 funcionários em 2000 (ano em que a
Prefeitura do Rio assume a administração da instituição) para apenas 9 em 2008. Fonte: Folhas de
freqüência de pessoal, arquivo administrativo do Museu.
93
considerar todas as 352 mil peças como obras de arte? E que todas pessoas que
freqüentaram os ateliês centenas delas podem ser consideradas artistas plásticos?
Trudel (1996, p. 306) nos traz a compreensão de que as obras criadas em
ateliês terapêuticos “não são obrigatoriamente obras de arte, nem que todos os
pacientes possuem real talento de artista. [...] Entretanto, as obras ali criadas podem
ser consideradas em um primeiro nível como documentos médicos. Somente pelo
processo de validação museal e pela colocação na vitrine obtêm o status de obras de
arte reconhecido em nossa sociedade”.
o ex-curador do Museu de Arte Bruta, Michel Thévoz (Chevillion, 1991),
afirma que a psiquiatria, a terapia, a saúde mental não são de sua competência, mas
segundo o seu ponto de vista “a arte-terapia pode se justificar por um benefício
terapêutico, mas não produz arte de maneira nenhuma. Do ponto de vista artístico a
produção dos ateliês de arte-terapia é nula [...]”. vimos anteriormente a diferença
entre o conceito de arte-terapia e o trabalho dos ateliês de expressão espontânea do
Museu de Imagens do Inconsciente. Entretanto, pela popularização do termo, esta
expressão vem atualmente aderir-se a todos os tipos de atividade que incluem a
expressão criativa através de produções plásticas. Mesmo não trabalhando com os
conceitos e métodos da arte-terapia, os ateliês terapêuticos do MII certamente são
atingidos pela fala de Thévoz
35
.
Esta polêmica não parece, até hoje, chegar a qualquer conclusão definitiva. Em
carta a Jean Trudel (1996, p. 305), o Secretario Geral da Sociedade Francesa de
Psicopatologia da Expressão escreve:
Nosso grande problema [...] é definir esta arte cuja finalidade não é
realmente arte. Também não nos apropriamos do conceito de arte
bruta, apesar de seu sucesso. O termo „arte terapêutica‟ parece
incompatível com a difusão desses documentos entre o grande
público, dado que a terapia, por definição, pertence à ordem do
íntimo e está preservada pelo sigilo médico. Nosso desejo é
comunicar algo sobre a experiência humana contida, rompendo
assim com o isolamento e a rejeição.
A própria proliferação de nomes, a persistência na tentativa de uma taxonomia
que possa diferenciar as produções dos indivíduos à margem dos processos formais
de criação, entre os quais destacam-se os loucos, mostra a dificuldade em considerar
35
Em outro artigo, L’Art therapeutique ou l’avenir d’une illusion Thevoz vai mais longe, afirmando que “a
penetração no mercado de arte da expressão artística dos doentes mentais e em dúvida o valor
artístico e a terapêutica da terapia pela arte” (Trudel 1996, 305).
94
essa produção, como querem alguns, exclusivamente como „arte‟, sem a extensão de
substantivos ou adjetivos.
O jornal New York Times (THE NEW TORK TIMES, 2008, tradução nossa),
apresentando a Outsider Art Fair 2008
36
, expõe a questão:
Algumas pessoas acham que o rótulo outsider artist” deveria ser
retirado. O que importa se um artista é autodidata, deficiente mental
ou louco, escreve Ken Johnson. A arte „outsideré boa pela mesma
razão que a arte profissional: porque é atrativa visualmente,
realizada de forma inventiva, imprevisivelmente imaginativa e
apaixonante. Mas é difícil negar que os trabalhos de „outsider art‟
mais intrigantes frequentemente parecem oriundos de um tipo
alternativo de consciência nelas as convenções sociais e
intelectuais são menos predominantes, afinam-se mais com os
impulsos visionários intuitivos e emocionais.
Por sua vez, o crítico de arte Frederico de Morais (2003, p. 373) considera que
Bispo do Rosário, como Fernando Diniz, Raphael, Emygdio, Carlos,
Adelina, Isaac, são artistas, apesar da loucura37. Não se tornaram
artistas porque eram loucos. A loucura é uma circunstância na
vida/obra do artista [...]. Com isso quero dizer que não existe “arte
louca” assim como não existe uma “loucura artística” [...]. O que
existe é tão somente arte. Ou loucura.
Esta questão, difícil de responder, mostra também a impossibilidade de
classificar o Museu de Imagens do Inconsciente como museu de arte ou museu de
ciência, uma vez que os produtos de sua pesquisa estão no âmbito das ciências da
saúde e das ciências humanas, e as obras de seu acervo são utilizadas tanto para
interpretações de investigações científicas como artísticas. Segundo o curador e
diretor do MII, Luiz Carlos Mello, as obras consagradas no meio das artes
correspondem a uma parcela aproximada de 15 a 20% do acervo total; dentre estas
muitas também se legitimam no campo da ciência, como o restante do acervo.
É evidente que não se busca aqui uma classificação
38
para o Museu de
Imagens do Inconsciente, o que nos parece irrelevante. “Não há, pois, compartimentos
estanques entre os diferentes tipos de Museu, sendo, por vezes, bastante fluidas as
fronteiras entre as suas coleções e domínios de atividade” (Bragança, 1988, p. 73).
Trata-se de investigar as características dos sistemas de informação mais adequados
a um acervo dessa natureza. E, neste caso, a definição dos objetos é importante, uma
36
Esta feira é um evento anual, realizado no bairro do Soho, em Nova York. Muitas instituições e galerias
dedicadas à arte „fora das normas‟ são ali apresentadas.
37
À exceção de Bispo do Rosário, todos os artistas citados pintaram nos ateliês do MII.
38
O ICOM é constituído por diversos comitês dedicados a museus de áreas específicas: ciências, arte
moderna, música. O comitê que mais se aproxima do Museu de Imagens do Inconsciente é o Comitê
Internacional de Museus Etnográficos (CIME).
95
vez que as informações contidas nos mesmos, provenientes de diferentes campos,
estão sujeitas a diferentes éticas e representações.
Vimos que Trudel
39
considera a musealização como validadora do status de
obra de arte. Este processo é entendido como o “conjunto de ações caracterizadas
pela separação/deslocamento do contexto original e privação das funções de uso de
alguns objetos, que passariam a desempenhar a função de documentos” (Loureiro, M.,
2007). A autora demonstra que o conceito „criado‟ ou „inventado‟ de Arte delimita o
processo de musealização dos objetos nesse campo, em dois aspectos:
1) “obras de arte” criadas intencionalmente por profissionais
reconhecidos como artistas para que sejam experimentadas de
um modo propriamente estético;
2) objetos criados fora do contexto moderno-ocidental para
exercerem funções as mais diversas, mas que são, entretanto,
reconhecidos como “obras de arte” e apreciados por suas
qualidades estéticas e valores formais. (Loureiro M., 2003, p.18)
A autora ressalta que, no primeiro caso, existe uma forte cumplicidade entre o
ato de musealização e o estatuto de obra de arte, enquanto o segundo desmonta o
processo tradicional de musealização. Embora não se possa dizer que a criação nos
ateliês do Museu esteja fora do contexto moderno-ocidental, reconhecemos que
ambas as possibilidades se fazem presentes nesse caso, ou seja, as criações são
executadas para também exercer funções diversas daquelas estabelecidas pelo
campo da arte.
Lembremos que ao ser denominado Museu de Imagens do Inconsciente, está
sendo reportada uma virtualidade (imaginário, vivências internas) que se manifesta
(atualiza) no real através das imagens plasmadas nos ateliês. Este fato aproxima o MII
dos museus de ciência, que frequentemente lidam com acontecimentos e eventos
inacessíveis à percepção humana e onde determinados objetos podem ser
transportados por meio de imagens ou modelos (cartas celestes, mapas, globos) e
fragmentos” (Loureiro M., 2007). Assim como as expedições naturalistas para a
formação de coleções gerou uma enorme produção de imagens, a introspecção
psíquica traz para o mundo externo visões de um território afastado de nossas
consciências. Assim, temos na contemporaneidade referências e fragmentos de outros
espaços, tempos e significados (Loureiro, M. 2007).
É nesse processo de musealização que vão se constituir as informações
institucionalizadas, ou seja, o grupo de dados que, lembremos, sempre vai estar
39
Op. Cit.
96
contaminado por alguma parcela de arbitrariedade, e virá a luz nos procedimentos de
comunicação exposições, catálogos, bancos de dados. A informação em museus
abrange os espaços da exposição, das bibliotecas, arquivos e bases de dados (Lima e
Costa, 2007, p. 4). É no cruzamento da Museologia e da Ciência da Informação que
está situada:
É do processo de identificação descritiva a que são submetidas
variadas coleções, elementos e espaços, tanto sob o aspecto formal
como da relação contextual agregando numerosas fontes de
referência, que se originam os catálogos dos acervos museológicos.
A Documentação Museológica (...), sistema de recuperação da
informação - é o território comum para o processo de interseção dos
dois domínios do conhecimento. (Lima e Costa, 2007, p.8).
O objeto museal que impõe-se, aqui, são obras plásticas, e sob este aspecto é
a informação em arte independentemente da discussão acima referida que
predomina, uma vez que a valorização estética será apenas mais um dado no
conjunto do sistema de informações.
“„Informação em Arte é o estudo da representação do conteúdo informacional
de objetos de Arte, a partir de sua análise e interpretação. Nesse sentido, a obra de
arte é fonte de informação,‟ objeto de estudo e trabalho pertinente a museólogos, em
museus de Arte” (Pinheiro, 2000 e 2008, p. 10).
Segundo a autora, é nos anos 80 que tomam impulso as iniciativas de criação
de sistemas de informação em museus de arte. Um dos reflexos desse impulso foi a
criação, pelo ICOM, do Comitê Internacional de Documentação CIDOC, que
congrega cientistas da informação e da computação e tem trazido importante
contribuição para os estudos nessa área. O Comitê produziu um modelo técnico-
descritivo para catalogação, uma matriz proposta para a ficha catalográfica do objeto
museológico: o International guidelines for museum object information que serve de
base para grandes museus em todo o mundo (Lima, 2003, p. 154).
Uma iniciativa pioneira foi o Getty Art History and Information Program AHIP,
da Getty Foundation. Em seu início reunia alguns dos maiores museus dos EUA, como
o MOMA, o Metropolitan, o Guggenhein, a National Gallery of Art de Washington, com
o objetivo de “fortalecer a presença, a qualidade e a acessibilidade de informação em
arte cultura através da tecnologia computacional” (Pinheiro, 2000; Fink, 1998). Por sua
importância, o programa transformou-se no Getty Information Institute, desativado em
1998 após desenvolver uma série de ferramentas e padrões com os principais centros
de pesquisa nas diversas áreas do patrimônio cultural. Na área dos museus destaca-
se o Consortium for the Computer Interchange of Museum Information (CIMI), em
97
parceria com o The Canadian Heritage Information Network e o Research Libraries
Group. O objetivo do consórcio foi desenvolver e testar aplicativos e formatos de
intercâmbio como o protocolo Z39.50 e desenvolver padrões de metadados como o
Dublin Core (Fink, 1999).
Um dos resultados do CIMI foi a publicação do Categories for the Description of
Works of Art (CDWA), uma estrutura de dados com o objetivo de definir categorias de
informação em obras de arte para acesso eletrônico. Esta ferramenta, construída com
o auxílio de pesquisadores acadêmicos, curadores de museus, profissionais da
informação, apresenta um padrão para a documentação de objetos de arte e
reproduções que permite o intercâmbio de informações via internet e tem sido
largamente adotada, inclusive em regiões como o Leste Europeu e a América Latina.
6.3 Informação em arte no Brasil
São muito frágeis os investimentos da museologia brasileira quando o assunto
é museu como sistema ou fonte de informação, ou seja, intermediários entre
documentos/objeto e usuários. Como resultado, temos a subutilização dos acervos
enquanto fontes de pesquisa (Ferrez e Bianchini, 1987 p xvi). O processo de
automação das informações dos museus brasileiros encontra-se ainda numa fase
onde o foco principal é sua utilização para identificação e controle internos, ainda sem
acesso publico via internet. Entretanto, a presença cada vez maior de pesquisadores e
técnicos da Museologia e áreas afins tem aumentando a utilização dos acervos
museológicos como fontes de pesquisa.
O Projeto Portinari foi a primeira iniciativa de automação de uma coleção em
nosso país (Pinheiro, 1996, p. 4), feita de forma independente pelo filho do artista. Em
São Paulo, o Banco Itaú criou um banco de dados sobre a arte brasileira dos séculos
XIX e XX, também fora do âmbito dos museus. Segundo Pinheiro (1996, p. 4)os
projetos de automação surgem tardiamente no final dos anos 80, como o SIMBA -
Sistema de Informação do Acervo do Museu Nacional de Belas Artes e o Projeto Lygia
Clark, no MAM - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Este último, como o nome
indica, cuidou apenas da coleção da artista, ou seja, uma pequena parcela do acervo
total do museu. Mesclando Museologia, Ciência da Informação, Ciência da
Computação, Biblioteconomia, Arquivística, Psicologia, Psiquiatria, História, o projeto
teve importância não pela preservação do conjunto da obra da artista, onde se
cruzam a Arte e a terapia psicológica, ou a automação do acervo através da produção
de bancos de dados integrados entre si, senão pelo impulso que deu para a
98
constituição de linha de pesquisa sobre Informação em Arte. No IBICT Instituto
Brasileiro de Informação Ciência e Tecnologia essa linha “abrigou sobretudo
museólogos, que desenvolveram pesquisa de mestrado e doutorado de cunho
fortemente interdisciplinar, nas interfaces das duas áreas, Ciência da Informação e
Museologia” (Pinheiro, 2008 p. 2). Entre esses pesquisadores encontram-se nomes
que compõem atualmente o Programa de Pós Graduação em Museologia e Patrimônio
da UNIRIO/MAST.
o SIMBA foi concebido como sistema unificado de informação de todo o
acervo do Museu Nacional de Belas Artes. Financiado pela Fundação Vitae, o projeto
enfrentou dificuldades, em parte devido ao caráter heteróclito das coleções do Museu.
O sistema foi instrumentalizado através do programa DONATO, cuja primeira versão
não permitia sua utilização na Web. O desenvolvimento do software culminou em uma
segunda versão que atende essa necessidade indispensável. Hoje, cerca de 36
museus brasileiros, entre os quais o Museu de Imagens do Inconsciente, adotam este
sistema (FAPESP, 2007). No caso particular do MII, a equipe realizou uma adaptação,
onde descartou diversos campos de informação, seja por não se aplicarem às
peculiaridades do acervo, ou pelo grande número de obras a catalogar, o que exige
economia de meios. No Anexo D apresentamos um modelo da ficha hoje utilizada.
O Museu de Imagens do Inconsciente possui hoje 12.694
40
obras tombadas, ou
seja, contendo um número de identificação e um registro em livro, onde estão
apensadas as informações básicas sobre a obra: autor, data, técnica, dimensões,
classificação ARAS (até meados dos anos 90) e um campo para observações. Apenas
1.225 estão inseridas na base de dados (Donato). Isso porque entre esse tombamento
e a base de dados existe a migração para o SIMBA, com o preenchimento da ficha
citada anteriormente, que congrega um número muito maior de informações. Além
disso, a inserção de dados teve de ser interrompida à espera da nova versão do
programa Donato, citada anteriormente, que demorou cerca de dois anos para ser
concretizada (2006-2008)
41
. A reestruturação do sistema de computadores da
instituição, feita com financiamento do Departamento de Museus do IPHAN, também
foi responsável pela interrupção da alimentação da base de dados, que a equipe
espera retomar em 2009. Atualmente, o Museu conta com a pesquisadora Carmem
Maia, Doutora em História da Arte, que tem se dedicado às descrições formais das
obras, cuja variedade abarca referências aos mais diversos períodos da civilização
humana. Entretanto, não existe ainda um projeto institucional desenhado para suprir
as informações contextuais, para atender ao processo de elaboração e transmissão da
40
Conforme dados apurados nos Livros de Tombo da instituição, em janeiro de 2009.
41
Conforme correspondência entre a coordenação do projeto SIMBA e o MII.
99
informação que, segundo Lima (2003, p. 30), é operado tomando-se como fundamento
“não os acervos museológicos mas também os bibliográficos pertinentes aos seus
diversificados referentes técnicos”, aos quais acrescentaríamos ainda os acervos
documentais e os iconográficos que lhes fazem paralelo.
Como outras referências em relação à automação de museus brasileiros,
poderíamos citar o Museu do Folclore Edson Carneiro, do IPHAN, no qual as
informações estão automatizadas, constituindo bases de dados bibliogficos e de
acervo museológico (Pinheiro, 1996, p. 5). No Museu do Índio, a base de dados
disponibiliza on line as referências de todo o acervo do Museu, integrando a
documentação bibliográfica (teses, periódicos, folhetos, livros e obras raras), a
documentação arquivística (textual, cartográfica, digital, imagética e sonora) e a
documentação museológica (MUSEU DO ÍNDIO/FUNAI, 2004).
Não realizamos uma pesquisa sobre o estado da arte da automação em
museus brasileiros, que foge ao escopo de nossa pesquisa. Limitamo-nos a citar
algumas experiências que constam na literatura disponível. O grande impulso que a
área museológica tem recebido no Brasil, especialmente com a implementação de
políticas públicas para o setor, com a abertura de linhas de fomento e a constituição
de sistemas de museus nos municípios e estados, certamente está trazendo em seu
bojo um avanço nessa importante área, fundamental para o desafio em que se
constituem, hoje, as novas tecnologias.
100
7.
O MUSEU DE IMAGENS DO INCONSCIENTE
NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
101
7. O MUSEU DE IMAGENS DO INCONSCIENTE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
“[...] é possível imaginar, filosoficamente, um
museu plural, um museu que seja
simultaneamente a representação de um
mundo concreto, exterior ao indivíduo, e
uma presentificação do seu mundo interior.”
Tereza Scheiner
Ao longo desse trabalho estivemos discorrendo sobre os aspectos que
consideramos mais relevantes no que diz respeito à trajetória do Museu de Imagens
do Inconsciente. Ao iniciarmos, procuramos fazer um breve histórico de sua formação,
apresentando a instituição e sua fundadora, para em seguida dar um salto ao
passado, trazendo as reflexões de Foucault sobre a constituição do estatuto da
loucura na idade moderna, e os antecedentes histórico-sociais que viriam conformar o
ambiente, criar as condições que possibilitaram a insurgência desse trabalho.
Vimos, assim, que é a partir de uma recusa, de um ato de contestação e
rebeldia que foi desencadeado o processo que levaria à criação do Museu de Imagens
Fig. 15
Emygdio de Barros
Óleo sobre papel
Acervo do MII
102
do Inconsciente. A loucura passaria, então, no pequeno subúrbio carioca de Engenho
de Dentro, a ser revisitada de uma forma humana, com uma abordagem
predominantemente cultural e interdisciplinar, ressaltando-se o rigor científico dos
estudos e pesquisas que passaram a ser desenvolvidos pela Dra. Nise e sua equipe,
desde então.
Constatamos a influência que esse trabalho exerceu sobre o campo da arte
brasileira quando de seu aparecimento público, influência que viria alcançar outras
áreas da cultura quando, durante o período da ditadura militar, artistas e
personalidades reuniam-se no hospício, dentro do melhor espírito da „universidade
livre‟, para produzir conhecimento e exercer um convívio que iria criar várias aberturas
no círculo intelectual da época. Essas aberturas viriam a inspirar, quando do
movimento de redemocratização do país, os grupos da área da saúde mental que
empreenderam a cruzada antimanicomial, e que desaguaria na Reforma Psiquiátrica
hoje em curso, onde o principal substitutivo dos hospícios desconstruídos - os Centros
de Atenção Psicossocial - estão intimamente ligados, em sua origem, ao trabalho da
Casa das Palmeiras e, conseqüentemente, ao Museu de Imagens do Inconsciente.
Examinando um recorte mais amplo, pudemos observar que na constituição
das coleções da loucura que nos foi possível estudar, existem semelhanças que nos
permitem indagar se não se trata de um movimento coletivo, movimento psíquico de
reação contra o interdito ao discurso da loucura, iniciado nos porões silenciados dos
manicômios e que, rasgando as estruturas dominantes do poder médico-psiquiátrico,
surgem na superfície subvertendo e transformando conceitos e paradigmas,
fertilizando os movimentos artísticos da época com sua liberdade e originalidade.
Apontamos os percursos dessas coleções sob o ponto de vista de seus aspectos
museológicos, acompanhando seus passos até nossos dias.
Entre outros fatos notáveis sobre a coleção brasileira, observamos que, ao
contrário do esforço da psiquiatria em medicalizar os sentidos dessa produção, das
frustradas tentativas de apropriação buscando a elaboração de um discurso patológico
sobre essas obras, essa coleção foi a base para o desenvolvimento de um método
consistente de leitura das imagens que, pela sua interdisciplinaridade, afasta-se
progressivamente do enfoque médico para chegar a uma arqueologia da psique, sem
nunca perder de vista o cuidado com o sofrimento e a dor do outro.
Após identificarmos os conjuntos de informação gerados pelo acervo do
Museu, tentamos apontar, na produção científica atual, ferramentas que poderiam ser
úteis na organização e socialização do acervo e dos conhecimentos produzidos sobre
ele.
103
Neste último capítulo, queremos, à guisa de conclusão, traçar um percurso
reflexivo procurando unir dois pontos: o referencial museológico atual e um porvir
possível para o Museu de Imagens do Inconsciente, tendo como percurso as próprias
potencialidades inerentes à sua constituição e trajetória.
Os primeiros textos sobre o Museu na área da museologia apareceram em
1976 e 1981, conforme citado no capítulo 6. Esses textos caracterizam-se pelo teor
descritivo; trabalhos onde a instituição é abordada de forma conceitual surgem em
1996: Museologia e Arte Uma Imprecisa Relação, de Tereza Scheiner, e Musées et Art
Hors-le-Normes de Jean Trudel. No primeiro, a autora nos fala de uma „ideologia da
precisão‟, que seria uma tendência ocidental a valorizar apenas o que pode ter certeza
científica, tendência que menospreza “a parcela do real não explicável pelo método
científico [...] e que fazem parte de um domínio muito dificilmente mensurável: o
subconsciente humano, o imaginário pessoal e social, o irracional, as crenças, os
processos de emergência das formas, os estados de desordem” (Scheiner, 1996, p.
268). Segundo a autora, nessa esfera estariam situados o artista, o processo da arte,
a obra de arte, além da própria Museologia. Scheiner refere-se diretamente ao MII (p.
274) em uma nota que ilustra citação de Nietszche/Schomberg: “uma obra de arte não
será suficiente para dizer o essencial: é somente no itinerário do artista que ele poderá
eventualmente desvelar-se (em itálico no original). Na nota 24 (p. 278), a autora
afirma ser possível encontrar, “entre as muitas expressões do museu na sociedade
contemporânea, iniciativas como o Museu [de Imagens] do Inconsciente e o Museu
Nise da Silveira
42
, com acervos constituídos pelo produto da criação artística dos
indivíduos denominados “loucos” pela sociedade”.
Em seu texto, Jean Trudel (1996, p. 302) define a origem do conceito que
título ao seu trabalho nos artistas que se encontram fora do sistema,“cujas obras, que
não são limitadas pelas verdades estéticas oficiais, ao serem apresentadas ao público,
suscitam assombro, questionamento, reflexão, debates, mas também prazer e deleite
estético”. Ele estabelece relações entre esse conceito e a noção de arte bruta, criada
por Jean Dubuffet. Entre as várias coleções de diversos lugares do planeta que
trabalham com o conceito de „arte bruta‟, ou outsider artcomo preferem os países de
língua inglesa
43
, refere-se à coleção de Engenho de Dentro citando como fonte os
primeiros textos sobre o MII, de autoria de Camargo-Moro, publicados na revista
Museum, aos quais já aludimos. Trudel (1996, p. 306) afirma que os museus „fora das
normas‟ apesar de derivarem do mesmo sistema museal que os museus de arte
42
Atual Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea.
43
Embora próximos entre si, os dois conceitos apresentam nuances que os diferenciam. Enquanto o
conceito de arte bruta permanece muito ligado às definições dadas por Dubuffet, o conceito de outsider
art engloba outras categorias não previstas pela arte bruta.
104
contemporânea, foram constituídos de forma paralela, validando obras executadas por
pessoas que não sofreram influência da cultura artística, fora do pertencimento a
padrões estilísticos, estéticos ou históricos. A questão da validação (ou não) como
obras de arte atribuída aos trabalhos criados em oficinas e ateliês terapêuticos, um
ponto nevrálgico quando se fala desse tipo de expressão plástica, é também levantada
por ele nesse trabalho, assunto que abordaremos um pouco adiante.
Dois anos após a publicação desse texto e com o sugestivo título Desvelando o
museu interior, Scheiner (1998, p. 18) retoma o conceito de Trudel e acrescenta que
(...) Nietzsche, Freud e Jung tornam possível a criação dos “museus
fora das normas” que enfatizam a representatividade onírica da arte
e atuam como instância de legitimação de representações materiais
e não-materiais da sombra, do desvio e da loucura. Pois embora
todos os museus do mundo (especialmente os de arte) trabalhem, de
uma ou de outra forma, com essas representações, é nos museus
devotados ao inconsciente que se faz presente, com toda a sua
força, o fantástico mundo simbólico contido no universo interior dos
indivíduos rotulados socialmente como „desviantes‟: o infradotado, o
superdotado, o louco, o poeta, o marginal.
Dentro dessas duas noções a de museu interior e de museu fora das normas,
reside uma concepção de memória como patrimônio, memória não necessariamente
consciente, seja ela de caráter individual ou coletiva, como Jung viria demonstrar
posteriormente em seus estudos.
As idéias de Jung ensinam ao Ocidente que não é mais possível
viver apenas segundo as normas formais daquilo a que chamamos
vida consciente. E ao fazê-lo, abre caminho para a compreensão do
Museu como representação das forças do inconsciente, como leitura
do mundo inteligível existente para além do plano consciente do
homem (Scheiner, 1988 p. 18, grifo no original).
Visto como planos de subjetividade, esse mundo estranho (embora inteligível)
torna-se fundamental para a filosofia, a arte e também para o museu: “Esta
subjetividade, que pode ser (como diria Guatarri) individual, coletiva, ou mesmo
institucional, leva-nos a considerar a validade dos atuais modelos de estudo do
inconsciente e a valorizar, na produção artística, aquilo que é externo ao terreno da
razão”. (Scheiner, 1996 p. 274.).
É interessante notar que a museóloga utiliza-se das concepções junguianas
para a compreensão do museu que opera com o universo interior, e a estreita relação
que essas mesmas concepções tiveram na história do MII e na construção
epistemológica do método de leitura das imagens de seu acervo desenvolvido pela
Dra. Nise da Silveira, tão impregnados da presença do mestre suíço. Esse fato mostra
porque foram as idéias de Jung que se mostraram mais adequadas para o
105
esclarecimento e compreensão das questões suscitadas pela produção dos ateliês em
Engenho de Dentro.
As peculiaridades de um museu tão especial, certamente devem ser
preservadas. Sua trajetória, ímpar no campo museal brasileiro, mostra uma coerência
que se reflete no seu discurso expositivo.
Se levar-mos em conta as profundas transformações no contexto onde o MII se
encontra: transformações na estrutura de poder; no campo das ciências da saúde
onde está inserido; na comunidade de usuários e freqüentadores que lhe
sustentação; na nova realidade físico-espacial (hospital fechado x espaço
comunitário); se acrescentar-mos a esse panorama o desenvolvimento do campo
teórico da museologia e as concomitantes mudanças nos paradigmas de pensar e
refletir o fenômeno museu, na ressignificação de suas atribuições, estaremos
assinalando o lugar onde se encontra, hoje, o Museu de Imagens do Inconsciente.
Esse lugar encontrado é o lugar da preparação, de repensar a instituição com
vistas ao futuro, traçar as metas e diretrizes que irão sulear
44
suas iniciativas nos
próximos anos, dar um salto qualitativo nas suas esferas de comunicação. É com essa
perspectiva que tentaremos, a seguir, identificar alguns caminhos possíveis.
7.1 O Museu e a comunidade
A Mesa Redonda de Santiago do Chile
45
, realizada em 1972, propôs o conceito
de „museu integral‟, um tipo de ação destinado a proporcionar à comunidade uma
visão de conjunto de seu meio material e cultural, um museu dirigido ao homem na
sua condição de indivíduo e ser social, contextualizado em seu meio ambiente. Vinte
anos após, a Declaração de Caracas reavaliou aquele encontro: reafirma o museu
como um domínio de intervenção, onde a comunidade, definida no espaço social do
próprio museu, deve encontrar um lugar para se exprimir. Consolida-se, assim, a
importância da participação comunitária no discurso museal e no próprio conceito de
museu, resultante da relação espaço/comunidade/patrimônio. Esta posição indica
44
O Prof. Marcio d‟Olne Campos, propõe o termo sulear, em substituição a nortear: “Devemos ao
contrário do que nos é ensinado - dirigir o nosso olhar para o Cruzeiro do Sul, o que significaria SULear-
se em vez de NORTEar-se. Dessa referência noturna, também se pode deduzir os outros pontos
cardeais. Para adequarmos nossa orientação ao hemisfério em que vivemos a regra prática deve se
inverter” (www.sulear.com.br). Esta orientação tem sido seguida por vários pesquisadores e instituições,
p. ex. o Fórum Social do Mercosul
(http://www.forumsocialdomercosul.org/modules/noticias/article.php?storyid=56)
45
A Mesa Redonda de Santiago do Chile foi um encontro interdisciplinar organizado pela UNESCO . O
tema "Papel do museu na América Latina de hoje", iria constituir-se “não numa análise profunda do
papel dos museus, como viria a traduzir-se num conjunto de recomendações concretas, visando uma
mudança de atitudes nos Museus” (Constancia, 1993, p. 63)
106
claramente a necessidade dos museus como promotores de uma consciência crítica
na comunidade (Constancia, 1993 p. 66).
Logo em seu primeiro encontro regional, em Buenos Aires, o ICOFOM-LAM
(1992, p. 1) apóia esses conceitos e afirma o Museu como “um fenômeno social
dinâmico, que se apresenta de formas distintas, de acordo com as características e
necessidades da sociedade em que se encontra”. O documento final do encontro
recomenda aos museus que “desenvolvam projetos e elaborem programas destinados
a fazer com que a comunidade conheça, compreenda e valorize a utilidade da ciência
posta ao serviço da sociedade e de seu desenvolvimento sustentável”.
No VI Encontro, realizado em Cuenca, os profissionais declaram-se
convencidos de que „os museus são ambiente adequado para proteger a paulatina
perda de nossa identidade cultural ou seja, de nossa memória [...]‟ (ICOFOM-LAM,
1997 p. 1). Na Declaração da Bahia, em 2003, os participantes do XII Encontro
recomendam (p. 3) a introdução das comunidades locais “na dinâmica de trabalho dos
museus, para que conheçam e valorizem o acervo museológico e os conhecimentos
científicos neles produzidos; procurando fazer com [que] esta experiência se constitua
numa extensão de sua vida cotidiana, tanto em nível individual como coletivo”.
No caso do MII, qual é essa „comunidade local‟, em que sociedade se encontra,
de que identidade cultural estamos falando? Como sabemos, o MII foi criado no
interior de um hospital psiquiátrico, a priori um local interditado ao público. O
conhecimento de seu trabalho se fazia inicialmente quase exclusivamente através das
exposições extra-muros que realizava. Nesse período inicial, a comunidade do museu
era então constituída basicamente de seus usuários, ou seja, os internos que
freqüentavam seus ateliês, participavam de suas atividades. Foi a partir da década
de 60, com o movimento intelectual em torno do Grupo de Estudos do Museu, já citado
anteriormente, que passou a haver uma quantidade mais significativa de público
externo visitante. Essa quantidade foi se intensificando com o passar dos anos,
especialmente com a aquisição da nova sede, na década de 80. No último ano (2008),
conforme o livro de assinaturas, a instituição registrou 2.727 visitantes. Examinando a
ocupação declarada pelos visitantes, verificamos que a maioria é de estudantes das
áreas afins com a saúde: psicologia, enfermagem.
Com as grandes transformações que ocorreram na área da psiquiatria, o
museu, que atendia em seus ateliês uma parte da comunidade dos internos do
hospital, passa por uma transformação, atraindo hoje para seus espaços pessoas com
transtornos psíquicos, mas que estão livres, recuperaram espaços na sociedade e se
afirmam hoje cada vez mais como cidadãos que, com a ajuda de serviços
ambulatoriais ou de atenção especial levam suas vidas da maneira mais independente
107
possível. Por outro lado, com a divulgação cada vez maior da instituição, seja através
de exposições ou de sua página na internet, o público visitante aumenta e se
diversifica. Identificamos, então, uma comunidade segmentada em três estratos: a)
freqüentadores dos ateliês, em geral usuários dos serviços de saúde mental; b)
público acadêmico: pesquisadores, técnicos e estudantes de áreas da saúde e das
artes; c) publico em geral.
A comunidade de frequentadores dos ateliês tem se reduzido segundo dois
fatores: a) o esvaziamento das atividades do hospital, com a transferência de seus
serviços para outras localidades, dentro da política de descentralização e
territorialização do atendimento psicossocial; b) o progressivo fechamento dos ateliês
e oficinas devido à falta de pessoal. Sem reposição ou concurso público, as
aposentadorias e transferências implicam em redução de serviços oferecidos.
Em relação à comunidade de estudantes e pesquisadores, sua parcela mais
significativa é, sem dúvida, da área da saúde mental, com destaque para a psicologia.
A política pública brasileira em relação à saúde mental é considerada, hoje, uma das
mais avançadas no mundo. Entretanto, no que diz respeito à memória, à história
dessa trajetória, são muito poucas as iniciativas que contemplam esse aspecto. Como
exemplos dessas iniciativas podemos citar a criação da Rede Brasileira de História e
Patrimônio Cultural da Saúde, A Biblioteca Virtual em Saúde Mental, as linhas de
pesquisa da Casa de Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). A grande rede que constitui
atualmente os Centros de Atenção Psicossocial CAPS, representa uma demanda
nacional no que diz respeito à capacitação e formação de pessoal técnico para
desenvolver atividades terapêuticas nessas unidades, atividades que buscam cada
vez mais uma abordagem cultural. Como instituição adequada para a preservação de
memória, o museu tem a potencialidade para ser o aglutinador não da história da
saúde mental no Brasil, mas também constituir-se numa referência da produção
plástica dos inúmeros ateliês que, inspirados em sua experiência, são criados em todo
o país.
O Museu recebe cotidianamente grupos de estudantes e técnicos de vários
lugares do país, que vêm para conhecer o acervo, o trabalho, e a história da
instituição. Ao ampliar o seu âmbito de atuação, o MII tem potencial para transformar-
se em um centro onde os técnicos e profissionais da área possam ter acesso às
informações, desenvolver projetos de pesquisa e experimentar o convívio dos ateliês.
O Museu possui ainda a Biblioteca Nise da Silveira, um conjunto de títulos
especializados nas áreas da arte, loucura, psiquiatria, psicologia, literatura e filosofia;
seu núcleo principal é a biblioteca que pertenceu à Dra. Nise da Silveira, contendo
obras dificilmente encontradas em outras coleções brasileiras.
108
Na introdução da presente dissertação, citamos que desde 1982 o MII vem
desenvolvendo um conjunto de documentários didáticos sobre a vida e obra de seus
principais criadores, e sobre as principais pesquisas. Estes documentários, cuja
relação completa encontra-se no Anexo A, têm sido utilizados para a realização de
cursos nas principais universidades e centros de cultura do país
46
. Sob a denominação
O Mundo das Imagens, a experiência acumulada ao longo de inúmeras apresentações
desses cursos, pode servir de base para reestruturá-los de forma a constituir-se numa
ferramenta didática independente, inclusive disponível pela tecnologia da educação à
distância, através de parceria com universidades. Entretanto, esses documentários
estão em um sistema já ultrapassado diapositivos e até o momento o Museu não
conseguiu recursos para adapta-los a uma mídia mais atual (DVD)
47
.
Entretanto o fato mais notável que se pode constatar, após essa identificação
da(s) comunidade(s) do museu, é a ausência de um outro elemento: a comunidade
circundante, ou seja, os habitantes da região do „Grande Encantado‟, que engloba os
vários bairros vizinhos ao MII
48
. Apesar de não existir uma pesquisa sobre esse
assunto, é certo que o Museu é desconhecido pela maioria da população dessa área.
Sua permanência durante tantos anos atrás dos muros de um espaço de exclusão
social é um dos fatores que explicam esse desconhecimento. A falta de sinalização
externa em sua sede (devido, segundo seu diretor, a problemas de segurança), e o
fato de não funcionar nos fins-de-semana, certamente contribuem para esse
isolamento. Scheiner (2000, p. 94) considera imprescindível que os museus “realizem
um trabalho constante de integração com a sociedade, partindo de seu próprio espaço
físico em direção à comunidade onde está localizado e daí em direção a outras
comunidades num progressivo trabalho de ampliação de fronteiras”. Ao dilatar o
domínio patrimonial, os museus vêem-se também forçados a dilatar e reorganizar seus
próprios limites (Chagas e Nascimento Jr., 2007, p. 201)
No caso do MII, nada mais lógico do que seguir o caminho trilhado pela sua
comunidade de usuários: sua integração ao tecido social extra-hospitalar, não mais
apenas ao público especializado e acadêmico, mas ampliando o seu papel educativo
na área da saúde mental, hoje completamente inserida na questão da ecologia e do
desenvolvimento sustentável, entendendo-se o equilíbrio entre o indivíduo e o meio
ambiente como um dos pressupostos para alcançá-la. Será preciso, então,
desmistificar, dessacralizar e desencantar a idéia de museu,
possibilitar às comunidades a percepção do significado daquilo que
46
O anexo citado inclui também uma longa listagem dos locais onde o curso foi apresentado.
47
Conforme informado pela coordenadora de projetos do MII, Gladys Schincariol.
48
O termo foi cunhado pelo cinegrafista Luiz Carlos Saldanha, ao referir-se à região onde se encontra o
Museu.
109
constitui a memória local, conscientizando-a do acervo do qual é
portadora, e demonstrar a possibilidade de viabilizar um museu por
mais modestas que possam ser estas comunidades (Sperb e Ramos,
2005, p. 22).
7.2 O Museu e o território
O „Grande Encantado‟ é uma região suburbana, distante cerca de 20
quilômetros do centro da cidade do Rio de Janeiro, onde praticamente inexistem
equipamentos culturais. A região é plana e encontra-se aos pés da Serra dos Pretos
Forros, um belo conjunto de montanhas que faz parte do Maciço da Tijuca, um dos
três grandes maciços do Rio de Janeiro. A Serra é uma Área de Proteção Ambiental, o
seu nome refere-se à sua ocupação pelos escravos que eram libertos. São muito
poucos os relatos históricos sobre a região, as pesquisas na Biblioteca Nacional e no
Arquivo Geral da Cidade não revelaram mais que umas poucas citações
49
.
O complexo do Instituto Municipal Nise da Silveira, espaço que abrigava o
antigo hospício e no interior do qual encontra-se o MII, ocupa todo um quarteirão,
totalmente cercado por altos muros ou grades. Em seu interior existem várias
edificações, que vêm progressivamente recebendo nova destinação em virtude da
desconstrução do manicômio. Algumas fazem parte de um programa de moradias
para usuários dos serviços de saúde mental, a maioria antigos moradores do hospício.
Um Centro Comunitário abriga alguns serviços oferecidos por pequenas ONGs à
comunidade. No prédio da administração central fica a Biblioteca Alexandre Passos,
fundada por Juliano Moreira, que possui mais de 40 mil títulos e é, sem dúvida, a
maior do Brasil sobre o assunto. encontramos também um fundo, bastante bem
conservado, contendo milhares de prontuários médicos e documentos que remetem à
inauguração do primeiro hospital psiquiátrico brasileiro (1852), através dos quais é
possível traçar uma linha evolutiva da organização social do Brasil, sem falar,
evidentemente, dos métodos terapêuticos e da progressão da visão médico-
psiquiátrica sobre a(s) doença(s) mentais. Equipamentos médicos e objetos que não
são mais utilizados, mas trazem consigo a potência de musealização, encontram-se à
espera da organização de um memorial da instituição
50
.
49
Um estudo mais detalhado sobre a região pode ser encontrado em O Grande Encantado e a Geografia
da Exclusão (Cruz Jr. E. G. C. e Costa, H. H.), trabalho apresentado no XVI Congresso Brasileiro de
Museus, Recife, 2007)
50
Segundo informação da coordenadora de projetos do MII, Gladys Schincariol, a Coordenação-Geral de
Documentação e Informação do Ministério da Saúde e a Sociedade Amigos do Museu de Imagens do
Inconsciente, estão concluindo o inventário dos acervos museológicos, bibliográficos e arquivísticos do
Instituto.
110
Tudo isto em uma área pública nobre, com densa cobertura vegetal de árvores
centenárias e largas alamedas internas, a maior área verde da região. Atualmente, a
população do bairro vem cada vez mais utilizando o seu entorno como local para a
prática de esportes. Nos meses em que brisa, os adolescentes sempre pularam os
muros para soltar pipas, lugar sem tráfego e sem rede elétrica aérea.
Esse espaço carregado de simbolismo, poderia ser transformado em um centro
de memória onde a história da instituição e da região seriam integradas; o acervo
documental, uma biblioteca pública com acesso gratuito à internet, o Museu de
Imagens do Inconsciente, um Memorial da saúde mental, aliados a serviços
comunitários (alguns já existentes: rádio comunitária, núcleo de artes, coral da terceira
idade, escola de informática), distribuídos entre jardins e praças, formando um núcleo
de convívio e fruição de cultura inexistente na região. Promover estímulo aos projetos
de história oral (da instituição e da comunidade) e resgate das vivências, valorizando a
memória social.
As cidades precisam de espaços adequados para que a
rememoração aconteça, para que se estabeleça um diálogo de
gerações no qual jovens e idosos tenham oportunidade de se
conhecerem e de trocarem experiências. Por exemplo, pensar
projetos de urbanização que privilegiem as praças públicas, os
jardins, a segurança, o entorno dos monumentos, edifícios e sítios
históricos, cujas características inovadoras permitam ao cidadão uma
completa apropriação da cidade como lugar de vida e não de morte
(Costa, 2000, p. 149).
Nesse complexo, o Museu de Imagens do Inconsciente teria o papel de
privilegiado mediador entre o patrimônio e a coletividade, centralizando o
desenvolvimento de ações de educação patrimonial visando à integrão de outros
valores patrimoniais existentes no bairro ao espaço afetivo da comunidade.
Este novo território musealizado, tendo o Museu como centro, aproximar-se-ia
do conceito de Metamuseu, cujo modelo “é semelhante ao de uma célula, onde o
museu é o núcleo, o ponto central a partir de onde se irradia, ou para onde converge,
todo o trabalho de coleta, investigação, documentação, conservação e interpretação
daquele conjunto” (Scheiner, 1991, p. 86). Esse conceito deriva dos assim chamados
museus de território, cuja forma mais conhecida é o Ecomuseu
51
.
Em 2002, durante as comemorações do cinqüentenário do Museu, foi
concebido um projeto para ampliação da atual sede do Museu, feito pela Secretaria
Municipal de Saúde com a consultoria da Escola de Arquitetura da UFRJ. Esse
51
Segundo Scheiner (1991, p. 86) o Ecomuseu foi desenhado por Hughes de Varine, inspirado nas idéias
de Henri Rivière, e sua base conceitual não repousa no objeto, mas no território do homem, incluindo
todas as características geográficas, ambientais e culturais.
111
projeto, que nunca foi executado, previa três espaços de atuação: reserva técnica,
exposições e ateliês.
Os museus são “percebidos como práticas sociais complexas, que se
desenvolvem no presente, para o presente e para o futuro, como centros (ou pontos)
envolvidos com criação, comunicação, produção de conhecimentos e preservação de
bens e manifestações culturais”. (Chagas, 2007). E o futuro passa pelos novos
territórios virtuais, mais um desafio para os museus contemporâneos.
7.2.1 Museu e ciberespaço: um novo território possível
É patente a vocação do MII para a pesquisa e a produção de conhecimentos.
Inicialmente na área da loucura, da saúde mental, abriram-se portas para
investigações com múltiplas e interdisciplinares abordagens no estudo das imagens.
Para desenvolver e ampliar essa potência de geração de saberes, uma possibilidade
que se mostra bastante adequada para esse perfil é o estabelecimento no ciberespaço
de uma rede de pesquisa interativa, onde o perfil de „universidade livre‟, atribuído
aos encontros realizados pela Dra. Nise, encontre terreno fértil para prosperar. No
mundo contemporâneo, esse caminho parece irreversível: muitos autores sublinham “a
tendência à desmaterialização que acompanha a emergência e o desenvolvimento das
novas tecnologias de digitalização e de redes eletrônicas” (Loureiro, M. 2003, p.2).
Essas redes propiciam, segundo Lévy (1998, p. 28) a manifestação de uma
„inteligência coletiva‟, inteligência que seria distribuída por toda parte,
incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma
mobilização efetiva de competências”. Ainda segundo o autor, ciberespaço e rede se
Fig. 16. Maquete do projeto para a nova sede do MII
112
aproximam, pois o termo refere-se não apenas a infra-estrutura material da
comunicação digital, mas, também, ao universo oceânico de informações que ela
abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo.
(Lévy, 1999, p. 17).
Essa rede possível dependeria inicialmente da estruturação do sistema de
informações do MII, integrando as informações museológicas, bibliográficas e
arquivísticas. Essa não é uma tarefa fácil, tendo em vista o volume do acervo, mas um
projeto inicial que contemplasse uma parte do acervo prioritário poderia servir de
piloto. O problema inicial para a construção dessa base de dados é que não existe
uma ferramenta, um software livre que contemple essa arquitetura. Por exemplo, o
PHL, utilizado no Museu do Índio, não permite a visualização de imagens. Em se
tratando de um Museu de Imagens, é evidente sua inviabilidade. No sítio do Museu do
Índio encontramos uma informação de que em breve poderão ser vistas fotografias, ao
que parece uma costumização do programa citado (MUSEU DO ÍNDIO/FUNAI, 2004).
O software Donato, adotado no MII e que é um shareware cedido mediante contrato
de cessão celebrado com o Museu Nacional de Belas Artes, é um programa específico
para acervos museológicos, cujo perfil se assemelhe àquele do MNBA.
Na página do Museu na Internet, que encontra-se em processo de atualização,
pode-se encontrar uma gama diversificada de informações: exposições virtuais, textos,
históricos. Nessa atualização, a equipe trabalha com a organização de álbuns virtuais,
ou seja, séries de imagens e textos semelhantes aos criados por Nise da Silveira nos
primórdios do MII. Esses álbuns apresentam estudos comparativos, temáticos, ou
séries artísticas, para serem disponibilizados ao público em geral. Os álbuns que
tratam de estudos de caso teriam um acesso mais restrito, reservados aos
pesquisadores credenciados para tal. A publicação desse material na Web e sua
disponibilidade em outras línguas certamente trará um grande impulso à formação da
rede interativa de pesquisa à qual nos referimos.
113
Garantido o acesso às informações, sua disseminação seria feita também pelo
estreitamento de laços com organizações similares, tais como o ARAS, O Instituto C.
G. Jung de Zurique, e tantas outras associações dedicadas ao estudo e pesquisas na
área da psicologia analítica, do simbolismo das imagens.
“Vê-se claramente a existência recente e que vem se ampliando de uma
rede de museus de arte bruta e outros intimamente a eles relacionados, que se
somam aos interesse de colecionadores e galerias nesta forma de arte, cujos
parâmetros são difíceis de definir” (Trudel, 1996, p. 306).
Debray (1992, p. 362) chama de „uma certa cegueira simbólica, no interior‟, ao
efeito causado pelo excesso de imagens do mundo externo. Segundo ele, a extensão
dos espaços observáveis, potencializada pelos tratamentos informáticos, parece estar
sendo paga com a amputação dos territórios da utopia. Se as imagens do
inconsciente, pelos seus demiurgos ou exploradores intra-galácticos, presentificam,
constelam espaços utópicos no Real, o museu enquanto fenômeno será então a
heterotopia do desvio que abrigará esse cluster dissonante, sempre a provocar o
Fig. 17. Página inicial sítio do MII na Internet
114
desconforto necessário à instigação do devir, à eterna procura do Outro que se
encontra dentro de nós.
115
8.
O DESAFIO CONTEMPORÂNEO
116
8. O DESAFIO CONTEMPORÂNEO
Não tivemos a pretensão de esgotar, nesta pesquisa, todas as complexas e
multifacetadas inserções, intercessões, projeções dos sentidos e significados
produzidos pela instituição Museu de Imagens do Inconsciente. Sempre haverão
zonas de sombra e esquecimento. Entretanto, nessas considerações finais queremos
constatar a vocação heterotópica da instituição. Foucault (1967) desenvolve o conceito
de heterotopia como uma utopia que é encenada no real, um anti-lugar onde camadas
de acontecimentos simultâneos e mesmo contraditórios coexistem. Jung afirma que
acontecimentos podem ser relacionados de forma não causal, mas existindo entre eles
uma relação de conteúdos significativos. “Conteúdo significativo é a forma de
expressar os eventos afins, que separados pela cronologia, só podem se encontrar na
paralisação do tempo, na simultaneidade” (Cavalheiro, 2001).
Fig. 18
Carlos Pertuis
Óleo sobre papel
Acervo do MII
117
Nas reflexões contidas nesta pesquisa, procuramos, por um lado, aprofundar o
estudo sobre o contexto e as sincronicidades
52
que possibilitaram a construção, em
diversos lugares da civilização ocidental, de coleções que têm na loucura seu motivo
central criações de indivíduos onde se configuram formas inusitadas e „imensamente
impressionantes‟, no dizer de C. G. Jung.
Muitas dessas coleções estão encerradas em seu contexto histórico, de
princípio meio e fim. Será difícil renová-las, retomá-las de forma anacrônica. Outras
vão se ampliando vagarosamente, concorrendo deslealmente com o mercado
capitalista que institucionaliza, cada dia mais, a valorização da produção fora das
normas dos meios formais da arte.
O Museu de Imagens do Inconsciente, dentro desse contexto, é um patrimônio
cultural no qual identificamos um contínuo processo de crescimento, não no
número de obras em seu acervo, mas em quase todas as áreas que afetam o museu,
como instituição e enquanto fenômeno.
Pudemos observar sua afinidade com os conceitos mais recentes do campo da
Museologia, seja de forma atuante ou como potência, latente no desejo da equipe
atualmente responsável pelas suas diretrizes. O Museu de Imagens do Inconsciente é
um museu que já nasceu moderno.
O MII é mais que um espaço: é um ambiente cuja existência o diferencia da
maioria dos seus congêneres. Traz a revelação de que, afinal, não somos nós a
ensinar o louco: ele é o privilegiado mergulhador das ricas dimensões do inconsciente
que não nos são acessíveis, ou o são limitadamente, de onde trazem ora imagens que
admiramos, ora as “verdades insuportáveis”, no dizer de Antonin Artaud
53
. Isso muitas
vezes à custa de enormes sofrimentos, para os quais, mais uma vez, o afeto parece
ser o melhor remédio.
Que têm feito as autoridades responsáveis por essa jóia engastada no subúrbio
carioca, de onde tantos brilhos iluminaram a cultura brasileira? Quais são as
perspectivas mais imediatas para a instituição?
Nos arquivos do MII, em um relatório de agosto de 2007, encontramos o
seguinte texto, que achamos apropriado transcrever:
[...] apesar do reconhecimento do pioneirismo e da importância
desse trabalho por uma expressiva parcela da sociedade, o Museu
vem enfrentando graves problemas decorrentes da falta de apoio
efetivo por parte das autoridades responsáveis. A equipe de
52
Jung criou o conceito de sincronicidade para definir acontecimentos os quais, segundo ele, só podem
ser apreendidos na supressão do tempo por uma função psíquica: o inconsciente.
53
Segundo Artaud, a psiquiatria é a invenção de uma sociedade tarada “para se defender das
investigações de certos indivíduos de lucidez superior, cujas faculdades de percuciência a
incomodavam”(apud Silveira, 1981, p. 105)
118
funcionários vem se reduzindo progressivamente sem que o poder
público tome nenhuma iniciativa em relação a esse problema, que
começa a afetar o funcionamento regular da instituição. Os ateliês
foram sendo sucessivamente fechados com a aposentadoria e/ou
licença de seus monitores, restando apenas dois setores sob os
cuidados de três técnicos54. A Reserva Técnica do Museu encontra-
se atualmente sem nenhum funcionário. Os técnicos que acham-se
em cargos de gestão estão próximos da aposentadoria, sem que
haja nenhuma perspectiva de renovação do quadro.
Existe mesmo uma corrente que considera esses ateliês
dispensáveis, sugerindo que o Museu dedique-se exclusivamente às
exposições, inclusive transferindo sua responsabilidade para o
âmbito do Ministério da Cultura certamente por desconhecimento: da
concepção de patrimônio intangível, na qual o Museu se encaixa
com perfeição; ou pela ignorância acerca do rico acervo de
conhecimentos que o gerados pela produção diária e metódica
desses ateliês; pelo não reconhecimento da comprovada eficácia do
método terapêutico proposto pelo Museu; ou mesmo pela
impossibilidade de inserir o Museu nas estreitas normas burocráticas
da saúde blica, o fato é que a instituição encontra-se hoje numa
situação de impasse e indeterminação quanto ao seu futuro.
É nessa hora crucial que a equipe do Museu de Imagens do
Inconsciente ao lado de sua Sociedade de Amigos vem conclamar a
sociedade para uma ampla discussão sobre seu futuro.
Consideramos necessária a construção de um coletivo pensante
para uma profunda reflexão sobre o papel do Museu na saúde
mental, nas artes, na comunidade, na sociedade em geral. Um
coletivo que apresente e convalide propostas para assegurar a
continuidade da instituição e de seus princípios. Como fruto desse
pensamento o Museu vem estreitar laços com a comunidade
patrimonialista através da participação do Programa de Pós
Graduação em Museologia e Patrimônio da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (UNIRIO)/Museu de Astronomia, pela
apresentação em congressos e simpósios, pela sua participação nas
Redes Brasileira e Latinoamericana de História e Patrimônio Cultural
da Saúde, como integrante do Sistema Brasileiro de Museus, da
Associação Brasileira de Saúde Mental. Nessas instâncias
procuramos identificar e agregar ressonâncias para compor um
colegiado cuja representatividade seja o importante trunfo que
poderá garantir o sucesso de um futuro Plano Diretor para a
instituição, com o compromisso de manutenção das instâncias
competentes do poder público.
A qualidade e originalidade deste acervo, monumental em termos de
número de peças, determina um cuidado na área de conservação,
acondicionamento e restauro, necessário para bens culturais de
importância fundamental. Somando-se a isso sua trajetória na
história das práticas terapêuticas e o acervo de conhecimentos
gerados por suas pesquisas em assuntos que abrangem um amplo
leque do saber humano faz-se necessário um alicerce firme para sua
preservação e desenvolvimento (SOCIEDADE AMIGOS..., 2007).
Em texto de 1980, Pedrosa (p. 10) já alertava:
Nise da Silveira e sua equipe [...] se vêm com problemas cada vez
mais complexos. Que fazer como todos esses enfermos elevados
hoje a personalidades artísticas com obras esteticamente
54
No mês de novembro de 2008, a Coordenação de Saúde Mental da Prefeitura do Rio de Janeiro, retirou
o último funcionário do ateliê Fernando Diniz (modelagem, jardinagem e produção de textos).
119
respeitáveis, tais como Emygdio, Raphael, Fernando Diniz, Carlos,
Isaac, Octávio e outros? Como preservar suas obras, como proteger
esses seres por vezes de grande talento, mas frágeis, muito frágeis
mesmo, assegurar-lhes um futuro menos incerto, menos trágico? Daí
nasceu com eles a idéia de museu. Mas que museu? Uma coleção
de belos quadros pendurados à parede, com salas contíguas para
serem apreciadas? Não. Os criadores de arte, os seus produtos não
podem ser dispersos. O museu tem de ser tamm uma instituição,
uma casa que os abrigue. Mas que não seja uma dessas colônias”
de doidos por aí, verdadeiro depósito de homens insanos aos quais a
sociedade renunciou aceita-los como tais, embora os retenha
[...]. O museu que a doutora Nise batizou, com sua habitual precisão,
Museu de Imagens do Inconsciente, tem por isso mesmo de
completar-se numa comunidade. Tem que ser realmente uma
comunidade da qual, ao contrário da teoria hoje prevalecente no
campo da psiquiatria, não se pode afastar de os doentes. O que,
ao contrário, a experiência crua tem demonstrado é ser
absolutamente necessário criar-se, com essa autêntica comunidade,
uma ambiência que lhes faça a ela afluírem os doentes e não dela
fugirem.
No momento em que o processo mundial de globalização enfraquece os laços
identitários das comunidades e grupos sociais mais vulneráveis, a atuação do Museu
de Imagens do Inconsciente mantém-se no sentido de preservar o espaço onde o
discurso da loucura e de seus portadores não é silenciado, onde não se tem medo do
inconsciente: “o complexo e versátil mundo do Museu só se desvela inteiramente para
aqueles que não sentem medo (Scheiner, 1998, p. 93).
Isso nos leva à conclusão: O Museu de Imagens do Inconsciente é um museu
especial, “um museu da paixão, que toca o homem profundamente, elevando-o às
alturas ou fazendo-o enfrentar o abismo [...]. Que apresenta as entranhas do homem,
e não apenas a superfície, que fala da luta e do medo, da dor e da coragem, do
sangue e das lágrimas, da angústia e do riso [...] que o suporta o meio termo, a
conciliação, a mediocridade travestida em virtude [...]. Um museu vinculado à estética
da criação como ontológica, cuja beleza é intensiva e se na relação, povoada de
afetos” (Scheiner, 1998, p. 93).
Mário Pedrosa dizia ser o MII “mais que um museu, pois se prolonga de interior
a dentro, até dar num ateliê onde artistas em potencial trabalham, fazem coisas, criam,
vivem e convivem [...]” (Pedrosa, 1980, p. 10). O afeto, um dos eixos principais do
trabalho da Dra. Nise da Silveira, gera e é gerado por esse convívio que envolve os
freqüentadores do ateliê, as obras que já foram criadas e estão nas galerias e nos
arquivos do museu, os técnicos e funcionários da instituição, o público visitante, os
animais, e tudo isso retroalimenta a criação que acontece a todo momento: de
repente, irrompe um usuário lendo poemas em voz alta; outro manifesta
veementemente delírios incompreensíveis; um terceiro mostra seu trabalho recém-
criado. Nesse processo, todos são envolvidos: ninguém fica impune.
120
Essa experiência profundamente humana, este convivium difícil de encontrar
no cotidiano de nossa sociedade globalizada, onde o lúdico, o inspirador, o criativo
estão amalgamados, é um patrimônio ético, moral e cultural que, pertencente a um
espaço e tempo qualificados, é intrinsecamente ligado à alma brasileira, e que pelo
seu profundo compromisso com o ser humano alcança a universalidade.
Fig.19
Carlos Pertuis
Óleo sobre tela
Acervo do MII
121
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122
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Cartas Patrimoniais. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004.
VALENTIM, Marta Lígia P. Construção de conhecimento científico. In: VALENTIM, M. L. P.
(Org.) Métodos qualitativos de pesquisa em Ciência da Informação. São Paulo: Polis, 2005.
p. 7-28.
128
______. Conhecimento científico e sociedade: interação e responsabilidade. Apresentação
disponível em:
<http://www.dentalpress.com.br/editores2005/materiais/pdf/Marta_Valentim.pdf>. Acesso em: 7
ago. 2007.
VICKERY, Brian C. A necessidade de classificação. In: Classificação e indexação nas
ciências. Rio de Janeiro: BNG/Brasilart, 1980. Cap. 1, p. 23-38
VOLMAT, Robert. L’Art Psycopathologique. Paris: PUF, 1956.
WARBURG INSTITUTE, THE 2008. Disponível em:
<http://warburg.sas.ac.uk/photos/index/eranos.htm>. Acesso em: dez. 2008.
129
ANEXOS
130
ANEXO A RELAÇÃO DE DOCUMENTÁRIOS
O MUSEU DE IMAGENS DO INCONSCIENTE (19‟)
Pequeno resumo de sua história e de seus métodos de trabalho
Narração : Cláudio Cavalcanti
AFETIVIDADE NA ESQUIZOFRENIA (25')
As pesquisa no Museu demonstram a permanência viva da afetividade nos esquizofrênicos, contrariando
um dos chavões da psiquiatria tradicional, que frisa o embotamento afetivo progressivo desses indivíduos
Narração: Vanda Lacerda
ABSTRAÇÃO E GEOMETRISMO (30')
A psiquiatria tradicional interpreta a abstração e o geometrismo como sendo uma característica do estilo
esquizofrênico, significando embotamento afetivo e intelectual. Esta afirmação não corresponde à
realidade revelada nos documentos do atelier de pintura. Emoção, angústia e o esforço para se opor ao
estado de caos e confusão psíquica são mostrados neste documentário. Uma panorâmica dos primeiros
anos da obra de Fernando Diniz
Narração: Rubens Correa
MANDALA (30')
Na tentativa de entender o aparecimento de imagens ordenadas na pintura de esquizofrênicos que
frequentavam o atelier de pintura, Nise recorreu a Jung, cujos esclarecimentos acerca dessas imagens
comprovando a existência de um potencial autocurativo na psique, foram o ponto de partida para
introdução da psicologia junguiana no Brasil.
Narração: Vanda Lacerda
VIVÊNCIAS DO ESPAÇO (30')
As estranhas vivências espaciais dos esquizofrênicos, são estudadas através das imagens por eles
pintadas, que revelam a interpenetração mundo externo/mundo interno.
Narração: Vanda Lacerda
EFEITOS DA LEUCOTOMIA SOBRE A ATIVIDADE CRIADORA (20')
Apresentação do estudo de três casos clínicos, através de imagens produzidas antes e depois da
intervenção cirúrgica.
Narração: Vanda Lacerda
PAIXÃO E MORTE DE UM HOMEM (20')
A série de imagens apresentada nesse audiovisual, contradiz um dos chavões da psiquiatria tradicional,
que frisa o embotamento afetivo do esquizofrênico crônico. Permite o acompanhamento da paixão de um
homem, durante 36 anos, até o exato momento de sua morte, comprovando a permanência viva da
afetividade num esquizofrênico crônico.
Narração : Cláudio Cavalcanti
EMYGDIO Um caminho para o infinito (45')
Depois de três décadas internado e realizando trabalhos subalternos no hospital, Emygdio de Barros
revelou um talento excepcional para a pintura desde que começou a frequentar o atelier do pintura da
Seção de Terapêutica Ocupacional. Críticos como Mário Pedrosa e Ferreira Gullar consideram sua obra
como de grande qualidade artística, o que faz ruir o conceito tradicional que considera crônicos indivíduos
com mais de cinco anos de internação.
Narração : Vanda Lacerda
NO REINO DAS MÃES (45')
Durante mais de 30 anos, Nise da Silveira acompanhou a evolução do caso clínico de Adelina. Sua
trajetória de auto-cura pode ser observada através das imagens pintadas por ela.
Narração : Nise da Silveira
OS CAVALOS DE OCTÁVIO IGNÁCIO (30')
Através de uma série de desenhos de cavalos, onde se defrontam cavalo e cavaleiro, vida instintiva e
razão, pode-se acompanhar o conflito interno que cindiu a psique de Octávio e o trabalho autocurativo
para reconstruí-la.
131
Narração: Nathália Timberg e Cláudio Cavalcanti
RAPHAEL (30')
Doente desde os 15 anos, portador da forma mais grave da esquizofrenia, através do contato afetivo pode
realizar uma obra de grande valor artístico, reconhecida pelos maiores críticos de arte brasileiros.
Narração: Vanda Lacerda
IMAGENS ARQUETÍPICAS (50')
Para explicar o surgimento de certas idéias, de certas imagens "imensamente impressionantes" na
esquizofrenia, e, muitas vezes também, nos sonhos e fantasias de pessoas normais, tendo analogias
surpreendentes com mitos, contos de fada e outros produtos da criatividade humana, Jung postulou a
existência de uma estrutura psíquica básica comum a todos os homens. Neste documentário, imagens
pintadas livremente num hospital psiquiátrico do Rio de Janeiro, aparecem ao lado de imagens históricas,
confirmando as descobertas de C.G.Jung.
Narração : Rubem Rocha Filho
ARQUEOLOGIA DA PSIQUE (75')
Estudo comparativo entre imagens espontâneas e atuais, produzidas por internos do antigo Centro
Psiquiátrico Pedro II (atual Instituto Municipal Nise da Silveira), e imagens que constituem achados
arqueológicos em distantes épocas e diferentes regiões do mundo, bem como entre imagens históricas na
arte e na alquimia.
A primeira parte traz textos de Freud e Jung que esclarecem os fatos e indagações dos dois mestres
sobre o assunto. Na segunda parte Nise discorre sobre O Tema Mítico de Dionysos, ilustrado por um rico
painel de imagens que vêm desde a época clássica até os nossos dias. Finalmente, A Barca do Sol
apresenta um estudo sobre o tema mítico do Sol, destacando-se a obra de Carlos Pertuis. Uma parte
significativa da sua criação nos últimos anos de vida será aqui apresentada.
Narração : Vanda Lacerda e Claudio Cavalcanti
OS INUMERÁVEIS ESTADOS DO SER (45')
Este documentário tem em Antonin Artaud, poeta e teatrólogo francês, seu ponto de partida. Apresenta
desenhos, fotografias e depoimentos de Artaud; obras do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente,
acompanhadas de imagens de várias épocas da história humana que lhes fazem paralelo.
Narração: José Wilker e Rubens Correa como Artaud
RITUAIS (55')
Os rituais constituem barreiras para conter os perigos do inconsciente. O documentário apresenta um
estudo comparativo entre imagens de rituais pintadas por esquizofrênicos e imagens encontradas na
história da humanidade.
Narração: Domitila do Amaral
Ficha Técnica
Textos: NISE DA SILVEIRA
Direção: LUIZ CARLOS MELLO
Montagem: EURÍPEDES JÚNIOR
Coordenação: GLADYS SCHINCARIOL
Fotografia: JOA. MAURO, MAURO DOMINGUES, LUIZ CARLOS SALDANHA
Apoio: FINEP, RIOARTE, FUNARTE (CTAV), MINC, ALIANÇA FRANCESA
132
Curso: O Mundo das Imagens
O curso O MUNDO DAS IMAGENS é realizado através da projeção de
documentários seguidos de debates coordenados por membros da equipe do Museu.
Com textos da Dra. Nise da Silveira e ilustrados por mais de 1000 imagens, em sua
grande maioria pertencentes ao acervo do MII, são narrados por grandes artistas
brasileiros. O Curso vem sendo apresentado nas principais universidades e
instituições culturais do Brasil, sempre contando com numerosos interessados. Pelo
caráter universal dos temas abordados, está aberto a estudantes e profissionais de
diversas áreas de conhecimento: psicologia, psiquiatria, arte, história, educação,
antropologia, etc., e a todos interessados no estudo da alma humana.
Mais de 10 mil pessoas já viram o curso O MUNDO DAS IMAGENS, já apresentado
nas principais universidades e centros de cultura do país:
Centro de Ensino Unificado de Brasília (1984), Universidade Sedes Sapientiae-SP
(1985), PUC-RJ (1985), Universidade Santa Úrsula-RJ (1985 e 1989), Universidade
Gama Filho-RJ (1986), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1987), Associação
dos Psicólogos de Santos (1988), Universidade Federal de Juiz de Fora-MG (1989),
Universidade Estácio de Sá-RJ (1989), Museu Histórico Palácio Cruz e Souza,
Florianópolis (1990), Fundação Hospitalar de Minas Gerais, Barbacena (1996),
Universidade Mackenzie-SP (1997), Clínica Terapêutica TERAPEUTAS - Psicologia
Aplicada, Maceió, Setembro/98. Espaço Cultural Eranos, Santos (SP), Agosto/99
Em 2000: Centro Terapêutico OlhosdaalmaSã, Goiânia (abril), Centro de Estudos
Freudiano, Recife (agosto), Hospital Psiquiátrico Estadual São Pedro, Porto Alegre,
Abordagem Multidisciplinar ao Psicótico, S. José do Rio Preto-SP (dezembro).
Em 2001: Loucuras do Inconsciente, na PUC-SP (abril), Loucura, Instituições e
Exclusão Social, Faculdade Ruy Barbosa, Salvador (maio), II Congresso da Liga de
Psiquiatria de Taubaté (setembro). Em 2002: Centro Cultural da Saúde (RJ), e
Secretaria de Saúde de Santo André (SP).
Em 2003: Espaço Eranos (Santos).
Em 2004 Faculdades Adamantinenses Integradas, Adamantina (SP) Universidade do
Estado de São Paulo Campus Assis (SP). Universidade São Marcos, Campus de
Paulínia (SP)
Em 2005: Universidade do Estado de São Paulo (UNESP) , Campus Ribeirão Preto.
Hospital Psiquiátrico São Pedro, Porto Alegre (RS). Centro Cultural Teóphilo Massad,
Angra dos Reis (RJ), Fundação de Ensino Superior do Vale dos Sinos, Novo Hamburgo
(RS).
Em 2006: Universidade La Salle (Niterói, RJ), Universidade de Passo Fundo (RS),
Universidade do Estado de São Paulo (UNESP), Núcleo Psicanalítico de Aracajú (SE),
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Católica de
Pernambuco.
Em 2007: Núcleo de Arte e Educação, São José dos Campos (SP); Universidade
Federal do Pará (Belém); Programa de Pós Graduação em Arteterapia da Universidade
São Marcos, Campus de Paulínia (SP)
133
ANEXO B - RELAÇÃO DE EXPOSIÇÕES
1946
Título: Sem título
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: 22/12 a ?
Observações: Obras de 35 internos
1947
Título: Sem Título
Local: Associação Brasileira de Imprensa, Rio de Janeiro.
Período: 24 a 31/03?
Observações: --------
1949
Título: Nove Artistas de Engenho de Dentro
Local: Museu de Arte Moderna, São Paulo.
Período: 12/10 a ?
Observações: -------
1952
Título: Sem título
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: 20/05 a ?
Observações: Inauguração das primeiras instalações do museu
1956
Título: Sem título
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: 28/09 a ?
Observações: Inauguração das novas instalações do museu
1957
Título: Exposição Patrocinada pela Fédération des Sociétès de Croix Marine
Local: Salle Saint-Jean, Hôtel de Ville, Paris.
Período: 15/10/57
Observações: O primeiro prêmio, Hors Concours, coube a Fernando Diniz
1958
Título: Imagens de Arquétipos do Inconsciente Coletivo
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: -------
Observações: Estudo da evolução de casos clínicos através da pintura e da modelagem
1960
Título: A Esquizofrenia em Imagens
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: -------
Observações: ---------
1961
Título: Isaac Liberato
Local: Galeria Macunaíma, Rio de Janeiro.
Período: 27/10 a ?
Observações: -------
1961
Título: Um Caso Clínico ( I.L. )
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: --------
Observações: ---------
134
1962
Título: O Retrato
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: -------
Observações: Interpretação da pessoa humana segundo vários autores
1963
Título: Um Caso Clínico
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: ------
Observações: pinturas e modelagens de Adelina Gomes
1964
Título: Pinturas de E.B.
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: ------
Observações: ---------
1965
Título: A Árvore
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: ------
Observações: A árvore segundo vários autores
1966
Título: Formas Animais e Relações doEsquizofrênico com o Animal
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: -----
Observações: --------
1968
Título: A Árvore
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: -------
Observações: --------
1970
Título: Quatro Artistas de Engenho de Dentro
Local: Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Período: 13/08 a ?
Observações: --------
1971
Título: Um Caso Clínico
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: ------
Observações: Octávio Ignácio
1973
Título: Rituais
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: ------
Observações: ---------
1974
Título: Afetividade e Contato na Esquizofrenia
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: ------
Observações: ---------
135
1975
Título: Imagens Arquetípicas do Inconsciente Coletivo
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: ------
Observações: -------
1975
Título: Centenário de C.G.Jung
Local: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Período: 05/06 a 20/07
Observações: Comemoração ao Centenário de C.G. Jung.
1975
Título: Centenário de C.G.Jung
Local: Fundação Cultural do Distrito Federa, Brasília.
Período: 16/09 a 28/09
Observações: Comemoração ao Centenário de C. G. Jung.
1975
Título: Centenário de C.G.Jung
Local: Universidade Federal do Paraná
Período: 20/11 a 05/12
Observações: Comemoração ao Centenário de C.G. Jung
1977
Título: 30 Anos de Pintura de Carlos Pertuis
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: -------
Observações: --------
1978
Título: Estudo Paralelo entre o Simbolismo Alquímico e as Pinturas de Octávio Ignácio
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: -------
Observações: -------
1978
Título: Psicologia da Esquizofrenia
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: -----
Observações: --------
1979
Título: Fernando Diniz: Desenhos e Pinturas
Local: Galeria Sérgio Milliet, FUNARTE, Rio de Janeiro.
Período: --------
Observações: ---------
1980
Título: Psicologia da Esquizofernia
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: -----
Observações: -------
1981
Título: Miséria do Hospital Psiquiátrico/ nas Fontes do Fantástico
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: -----
Observações: -------
136
1982
Título: As Forças Auto-Curativas da Psique
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: ------
Observações: -------
1983
Título: Simbolismo da Cruz
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: -----
Observações: -------
1984
Título: O Desenvolvimento da Consciência
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: ------
Observações: -------
1985
Título: Adelina, Vida e Obra
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: ------
Observações: -------
1986
Título: O Mundo das Imagens
Local: Museu Universitário Gama Filho no Rio de Janeiro.
Período: ------
Observações: --------
1987
Título: Os Inumeráveis Estados do Ser
Local: Paço Imperial do Rio de Janeiro
Período: 12 / 05 a 14 / 06 / 1987
Observações: -----------------------
1988
Título: Os Cavalos de Octavio Ignácio
Local: Copacabana Palace/ Rio de Janeiro
Período: 07/09 a 10/09
Observações: Durante o XII Congresso Internacional de Psicopatologia e Expressão
1989
Título: Fundamento e Perspectivas da Psicologia Junguiana
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: ---------
Observações: -----------------
1991
Título: Imagens do Inconsciente: Uma Experiência em Terapêutica Ocupacional
Local: Espaço Cultural Mascarenhas/ Juiz de Fora
Período: 16/09 a 30/09
Observações:
1993
Título: Arqueologia da Psique e Dubuffet e L'Art Brut
Local: Casa França-Brasil / Rio de Janeiro
Período: Junho de 1993
Observações:
137
1994
Título: Brasil: Museu de Imagens do Inconsciente
Local: 46ª Feira do Livro de Frankfurt
Período: Nov/Dez de 1994
Observações:
1995
Título: Os Inumeráveis Estados do Ser
Local: Istituto Italo-Latino Americano/ Roma
Período: nov. a dez / 95 a jan/96
Observações: Comemorações do Cinquentenário da ONU
1996
Título: Mandalas
Local: Fortaleza - CE
Período: 13 / 10 a 18 / 10 / 1996
Observações: I Congresso Norte - Nordeste de Terapia Ocupacional
1997
Título: Arqueologia da Psique
Local: Conj. Cultural da Caixa Ec.Fed. - Brasília / D.F
Período: 17 / 11 a 12 / 12 / 97
Observações: -----------------
1998
Título: O Homem Produtor de Memória
Local: Museu Nacional / UFRJ
Período: 05/11 a ?
Observações: Exposição do Fórum Permanente dos Museus da Zona Norte
1998
Título: Octavio Ignácio-Estudo Comparativo com o Caso Schreber
Local: Sociedade Brasileira de Psicanálise /RJ
Período: 29/05 a ?
Observações: ----------------------
1999
Título: Arqueologia da Psique
Local: Sofitel Palace Hotel - Av. Atlântica, posto 6 / RJ
Período: de 21 / 04 a 24 / 04 / 99
Observações: 17º Congresso Brasileiro de Psicanálise
1999
Título: Mostra Retrospectiva de Abraham Palatnik
Local: MAC - Niteroi
Período: 25 / 08 a 24 / 10
Observações:
1999
Título: O Universo de Fernando Diniz
Local: Museu de Imagens do Inconsciente
Período: 22/06 a ?
Observações: -----------------------
2000
Título: Mostra do Redescobrimento - Imagens do Inconsciente *
Local: Ibirapuera-São Paulo
Período: 25/04 a 10/09
Observações:
138
2000
Título: Nise da Silveira : Museu de Imagens do Inconsciente
Local: Fundação Oswaldo Cruz - R.J
Período: 28 / 11 a 15 / 12 /00
Observações: II Bienal de Pesquisa
2000
Título: Nise da Silveira e C. G. Jung: O Encontro
Local: Hotel Glória - Rio de Janeiro
Período: 21 a 34/6
Observações: II Congresso Latino Americano de Psicologia Analítica
2000
Título: Sem título
Local: Centro Psiquiátrico Pedro Segundo
Período: 23 / 08 a 31 / 12 / 00
Observações: -------------------
2000
Título: Quando o Brasil Era Moderno
Local: Paço Imperial
Período: 07/12/00 a 25/03/01
Observações:
2000
Título: Nise da Silveira e Carl Gustav Jung: O Encontro
Local: Hotel Glória - R.J
Período: 21 a 24 /06/00
Observações: II Congresso Latino-Americano de Psicologia Analitica
2001
Título: Sem título
Local: Câmara dos Deputados - D.F
Período: abril de 2001
Observações: Referente ao Dia Mundial da Saúde
2001
Título: Imagens do Inconsciente: A Emoção de Lidar
Local: Museu de Arte Sacra de Paraty
Período: 30/06 a 08 / 07/ 01
Observações: -----------------
2001
Título: Museu de Imagens do Inconsciente: Mandala
Local: SESC - Petrópolis
Período: 09/11 a 24/11/01
Observações: ------------------------
2002
Título: Cinquentário do Museu de Imagens do Inconsciente
Local: Sede do Museu
Período: jul/2002 a Dez./2005
Observações:
2002
Título: Cinco Artistas de Engenho de Dentro
Local: Centro Cultural da Saúde
Período: Julho de 2002
Observações: Comemorações do cinquentenário
139
2003
Título: Coleção Museu de Imagens do Inconsciente
Local: Sede do IPHAN - Rio de Janeiro
Período: 14/Ago. a 26/set.
Observações: 15 obras - reabertura da galeria de exposições
2004
Título: O Museu Vivo do Engenho de Dentro
Local: Centro Cultural da Saúde
Período: 17/jun a2/out.
Observações: 51 obras - 2013 visitantes
2004
Título: No Centro da Vida
Local: Centro de Convenções - São Paulo
Período: 29/6 a 2/7
Observações: Encontro Nacional de CAPS - 32 obras
2005
Título: Trauma: Imagens do Inconsciente
Local: Museu do Exército - Rio de janeiro
Período: 28 a 31/jul
Observações: 44º Congresso Intern. de Psicanálise
2005
Título: Mostra Arte, Diversidade e Inclusão Socio-cultural
Local: Centro Cultural Banco do Brasil - Rio de Janeiro
Período: 3 a 29 mai.
Observações: 12 obras de F. Diniz
2005
Título: Imagens do Inconsciente: Centenário de Nise da Silveira (II)
Local: RioCentro - Rio de Janeiro
Período: 11 a 17/abr.
Observações: Exposição interativa: Ciência para todos
2005
Título: Imagens do Inconsciente: Centenário de Nise da Silveira (III)
Local: Centro Cultural Teóphilo Massad, Angra dos Reis (RJ)
Período: 30 de junho a 30 de julho.
2005
Título: Images de l'Inconsciente
Local: Musée Halle Saint Pierre - Paris
Período: set./2005 a fev./2006
Observações: Ano do Brasil na França - 182 obras
2006
Título: Imagens do Inconsciente: Centenário de Nise da Silveira (IV)
Local: Biblioteca da PUC - São Paulo
Período:
Observações: Soc. Brasileira de Psic. Analítica
2006
Título: Arqueologia da Psique
Local: Sociedade Semear - Aracaju
Período: 8 a 30/set.
Observações: VII Jornada de Psicanálise - 25 obras
2006
Título: Arqueologia da Psique
140
Local: Universidade Católica de Pernambuco Dep. Psicologia
Período: 16 a 27 de outubro.
2006
Título: 7 Artistas de Engenho de Dentro
Local: Centro Cultural da Caixa - Brasília
Período: 2/set a 1/out
Observações:
141
2007
Título: Exposisom
Local: Sede do Museu
Período: 25/set. a ?
Observações:
Arte e Loucura: O Museu Vivo do Engenho de Dentro
Local: SESC de Ribeirão Preto
Período: Maio de 2008
Obs.: Semana da Luta Antimanicomial.
2008
Título: Fotoforma: Pinturas Quase
Local: Centro Universitario Maria Antonia - São Paulo
Período: 24/mar a 25/mai
Observações: Participação exposição de obras de Manoel de Barros
2008
Título: Nise da Silveira: caminhos de uma psiquiatra rebelde
Local: Museu Oscar Niemeyer
Período:
Observações:
142
ANEXO C FAC-SIMILE DO DOCUMENTO
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO A.R.A.S.
143
144
145
146
ANEXO D FICHA DE CATALOGAÇÃO
147
148
ANEXO E
MONOGRAFIAS, TESES, DISSERTAÇÕES, COLETÂNEAS, POESIAS, ESTUDOS, PROJETOS E ARTIGOS
RELATIVOS AO ACERVO DO MUSEU
01
TÍTULO: “Drª. NISE DA SILVEIRA” - UMA VIAGEM NAS IMAGENS...
AUTOR (AS): MARISILVIA BARROS BORGES E FÁTIMA M. S. VICTORIO
DATA: 02 DE MAIO DE 1995 (BAURU SÃO PAULO)
ASSUNTO: BREVE HISTÓRICO DA VIDA DA Drª. NISE, UMA VISÃO DO MUSEU, DA CASA DAS PALMEIRAS, OS CASOS CLÍNICOS E AS
OBRAS DE LÚCIO E ADELINA, COM PROJEÇÃO DE SLIDES. FOI FEITOS UM “MINI MUSEU” COM EXPOSIÇÃO DE FOTOS TIRADAS.
TRABALHO FEITO COMO CONCLUSÃO DE ETAPA DE FORMAÇÃO JUNGUIANA EM BAURU (SÃO PAULO) EM CONGRESSO.
EM ANEXO, CARTA DAS AUTORAS A LUIZ CARLOS MELLO COM OS RELATOS ACIMA.
OBSERVAÇÃO: ORIGINAL E CÓPIA
SUMÁRIO:
Dra. Nise Magalhães da Silveira
Museu de Imagens do Inconsciente
Encontro de Nise com Jung
Viagem para Zurique
Exposição no II Congresso Internacional de Psiquiatria
Casa das Palmeiras, “Emoção em Lidar...”
Método Terapêutico empregado na Casa das Palmeiras
Dra. Nise
Publicações de Dra. Nise da Silveira
Exposições
Prêmios. Títulos e Homenagens à Dra. Nise
Viagem
Referências Bibliografias e Fontes
02
TÍTULO: A SAÚDE DO TRABALHADOR EM UMA INSTITUIÇÃO PSIQUIÁTRICA
AUTOR: FERNANDO MAURO DE MORAES MIRANDA
DATA: OUTUBRO DE 1997 FLORIANÓPOLIS (SANTA CATARINA)
COORDENADOR: PROFESSOR: SEBASTIÃO IVONE VIEIRA
ORIENTADOR: PROFESSOR: OCTACÍLIO SCHÜLER SOBRINHO
ASSUNTO: XII CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MEDICINA DO TRABALHO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DE SANTA CATARINA ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE MEDICINA
SUMÁRIO:
Apresentação
Abstract
Introdução
A mente O Normal, o Patológico
O trabalhador em Saúde Mental
Uma Visão da Realidade
Conclusões
Referências Bibliográficas
03
TÍTULO: FOTOFORMAS: A MÁQUINA LÚDICA DE GERALDO DE BARROS
AUTOR (A): HELOISA ESPADA RODRIGUES DE LIMA
DATA: 2006 SÃO PAULO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: HISTÓRIA DA ARTE
ASSUNTO: DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO DEPARTAMENTO DE ARTES PLÁSTICAS DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES DA
UNIVERSODADE DE SÃO PAULO COMO EXIGÊNCIA PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM ARTES, SOB
ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR Dr. DOMINGOS TADEU CHIARELLI
SUMÁRIO:
Introdução
Capítulo I: Concomitância, conflito e renovação: arte em São Paulo no segundo pós-guerra;
Capítulo II: Facetas da máquina lúdica de Geraldo de Barros;
Capítulo III: Geraldo de Barros e o sistema da fotografia;
Considerações Finais
Cronologia
Referências Bibliográficas
149
04
TÍTULO: ARTE, LOUCURA E CIÊNCIA NO BRASIL: AS ORIGENS DO MUSEU DE IMAGENS DO INCONSCIENTE
AUTOR (A): PAULA BARROS DIAS
DATA: 2003 RIO DE JANEIRO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: HISTÓRIA DAS POLÍTICAS, INSTITUIÇÕES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE
ORIENTADOR: PROFESSORA DRA. NÍSIA TRINDADE DE LIMA
ASSUNTO: DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS DA SAÚDE DA CASA DE
OSWALDO CRUZ, COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU MESTRE.
SUMÁRIO:
Lista de siglas
Resumo
Abstract
1. Introdução
2. Arte, Inconsciente e Loucura: A aproximação entre arte e loucura e a emergência do discurso psicanalítico no Brasil:
2.1. Freud, a psicanálise e o conceito de Inconsciente
2.2. O conceito de inconsciente como crítica à civilização
2.2.1. Surrealismo e Psicanálise
2.2.2. Modernismo e a emergência do discurso psicanalítico no Brasil
2.3. A ocupação terapêutica no âmbito da história da psiquiatria brasileira
2.3.1. A utilização do trabalho como terapia: colônia de alienados e terapêutico ocupacional
2.3.2. Psicanálise e ocupação terapêutica
2.3.3. Psicologia Analítica Junguiana e ocupação terapêutica: a originalidade de Nise da Silveira
3. Nise da Silveira e a Terapêutica Ocupacional em Engenho de Dentro
3.1. Uma Alagoana no Rio de Janeiro: A trajetória de Nise da Silveira
3.2. A Terapêutica Ocupacional em Engenho de Dentro
3.3. O Museu de Imagens do Inconsciente
4. A Psiquiatria Brasileira na Década de 1940
4.1. Periódicos médicos
4.2. O ensino e a assistência a alienados no Brasil
4.2.1. O ensino de psiquiatria e a assistência a psicopatas em São Paulo
4.2.2. O ensino psiquiátrico e a assistência a alienados no Rio de Janeiro
4.3. As terapêuticas psiquiátricas
4.3.1. O predomínio das terapêuticas biológicas em psiquiatria
4.3.2. As psicoterapias
4.4. A expressão artística dos alienados
4.4.1. A exposição de Arte Psicopatológica no I Congresso Internacional de Psiquiatria
4.4.2. Nise da Silveira e Osório César
5. O apoio de artistas e críticos de arte nas origens do Museu de Imagens do Inconsciente
5.1. Almir Mavignier, co-fundador do Ateliê de Pintura da STO
5.2. Realismo x Abstracionismo: A arte brasileira na década de 1940
5.3. A presença crítica de Mário Pedrosa
5.4. Abraham Palatinik, artista plástico
5.5. As primeiras exposições da STO
5.5.1. I Mostra do CPN: A exposição de Alienados de 1947
5.5.2. A exposição de 1949: 9 Artistas de Engenho de Dentro
5.6. Os loucos-Artistas de Engenho de Dentro
6. Conclusão
7. Referências Bibliográficas
7.1. Obras citadas
7.2. Obras consultadas
05
TÍTULO: INICIAÇÃO À LOUCURA
AUTOR: FAUZI ARAP
DATA: SEM DATA
ASSUNTO: UM ESTUDO
ÍNDICE
Parte 1 Iniciação à Loucura
Parte 2 Iniciação
Parte 3 Loucura
Parte 4 Ou cura
06
TÍTULO: O ESPÍRITO DA UTOPIA
AUTOR: MARCOS FERNANDES DA SILVA MOREIRA
DATA: 1989
ORIENTADOR: PROFESSOR: MÁRCIO TAVARES D’AMARAL NÍSIA TRINDADE DE LIMA
ASSUNTO: TESE APRESENTADA A ESCOLA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PARA OBTENÇÃO
DO GRAU DOUTOR.
150
SUMÁRIO:
Capítulo I Exílio e êxodo
Capítulo II Cálida corrente
Capítulo III A razão dos vencidos
Capítulo IV Heterodoxia
Capítulo V Invisibilidade Iluminação do Instante
Capítulo VI Electra
Capítulo VII Socialismo utópico-religioso
Capítulo VIII A árvore da vida
Epílogo Florença
Bibliografia
OBSERVAÇÃO: Ficha Catalográfica
1. Utopia
2. Judaísmo
3. Cristianismo
4. Marxismo
07
TÍTULO: MINHA VIDA SENTIMENTAL - POESIAS
AUTOR: CARLOS DE OLIVEIRA
DATA: 18 DE ABRIL DE 1991 COLÔNIA JULIANO MOREIRA MS RIO DE JANEIRO
ORIENTADOR: SANDRA REGINA GUEDES PACHECO TERAPEUTA OCUPACIONAL
ASSUNTO: POESIAS
ÍNDICE
01. Minha vida
02. Aqui está presente
03. Ainda sou flamengo
04. A vida é assim
05. Coração
06. Coração
07. Coração bate sempre assim
08. Coração verde
09. Cadê a felicidade
10. Conquistar coração
11. Deixa de queixar-se
12. Deixe esse tempo correr
13. Eu brinquei com o amor
14. Estou sempre triste
15. Esqueci de viver
16. Estou na bandeira branca
17. Eu não tenho namorada
18. Eu e você
19. Eu gosto de você
20. Eu nunca amei
21. Me leva pra casa
22. Meu pensamento é tão feliz
23. Mesmo na multidão
24. Não mora no presente
25. O meu tempo de criança
26. O desamor
27. Oh! Deus querido
28. Pai
29. Pra que nasci?
30. Procurando a felicidade
31. Que beleza
32. Quem deras
33. Que vontade
34. Saudade
35. Sofrimento
36. Thelma
37. Vamos presidente
38. Vai coração
39. Vai saudade, vai tristeza
40. Vai quem tem coração
151
08
TÍTULO: A POESIA DO PARAÍSO DE DANTE & OUTROS ESTUDOS
AUTOR: MARCO LUCCHESI
DATA: SEM DATA RIO DE
ASSUNTO: POESIAS E OUTROS
SUMÁRIO
Prefácio
Apresentação
A Viagem de Ulisses
Os mares do ser
Ao eterno do tempo
A sombra de Argos
O prefácio de Deus
O alto do lume
O arco tricórdio
O hipersigno do paraíso
Bibliografia
Nota sobre o Autor
09
TÍTULO: QUATÉRNIO A MORTE DA CRIANÇA IMORTAL O EXTERMÍNIO DE MENINOS DE RUA
AUTOR (ES) /REDATORES: BERNARDO HORTA (ORGANIZADOR), CLEIA SCHIAVO WEYRAUCH, CRISTINA BETHENCOURT, EDGAR
SILVA TAVARES DE MELO, ELVIA MARIA BEZERRA DE MELLO, HELOISA MARIA CARDOSO DA SILVA (ORGANIZADORA) MÁRCIA
LEITÃO DA CUNHA, MAY WADDINGTON, NARA MATOS, NILTON SOUZA SILVA, PHILIPPE BANDEIRA DE MELLO
DATA: 1993 RIO DE JANEIRO
CORDENAÇÃO: DRª. NISE DA SILVEIRA
ASSUNTO: GRUPO DE ESTUDOS C.G.JUNG
SUMÁRIO:
Introdução
1. Parte: A criança imortal
I. O mito da criança imortal
II. A criança e os sistemas ético-religiosos
III. A criança na cultura indígena e os ritos de passagem
2. Parte: Os meninos de rua no Brasil
IV. A denúncia na imprensa escrita do extermínio de menores no Brasil.O papel político da imprensa
V. A sociedade brasileira, o mercado de trabalho e os meninos de rua.
VI. Meninos de rua, pra rua já.
VII. O extermínio, segundo suas vítimas e criminosos.
3. Parte: O significado do sacrifício da criança
VIII. Uma reflexão psicológica: Meninos de rua, meninos na rua, meninos sem rua
IX. A interpretação Junguiana
10
TÍTULO: REFLEXÃO TEÓRICA SOBRE O FILME “ESTRELA DE OITO PONTAS” DO ARTISTA PLÁSTICO FERNANDO DINIZ
AUTOR (A): MARIA CLÁUDIA BOLSHAW GOMES
DATA: SEM DATA RIO DE JANEIRO
ASSUNTO: PROPOSTA DE DISSERTAÇÃO - MESTRADO EM DESIGN, APRESENTADA AO DEPARTAMENTO DE ARTES DA PONTIFÍCIA
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO.
SUMÁRIO:
1. Introdução
2. Objetivos
2.1. Objetivos Gerais
2.2. Objetivos Secundários
3. Justificativa
4. Metodologia
4.1. Análise dos desenhos em plano isolados e estáticos
4.2. Análise dos desenhos sobrepostos em movimento
4.3. Análise e classificação dos elementos em movimento que constituem planos de construção plástica da animação
4.4. Análise das características que diferenciam as técnicas convencionais de animação e as técnicas de animação utilizadas por
Fernando Diniz
4.5. Análise da “História da Estrela” procurando estabelecer uma correlação entre o método de criação das formas plásticas e
geométricas com uma teoria de composição.
4.6. Análise da especificidade da estrutura psiquiátrica de Diniz e sua reorganização psíquica através da atividade artística
5. Revisão Bibliográfica
6. Anexos:
6.1. O Relógio Escultura
6.2. Jogo de Montar Estrelas
6.3. A História da Estrela
152
7. Glossário de Termos Técnicos
8. Bibliografia
8.1. Artes Plásticas
8.2. Arte e Psicologia
8.3. Cinema de Animação
8.4. Metodologia de Pesquisa
8.5. Artigos e Publicações sobre o Artista Fernando Diniz
11
TÍTULO: MUSEU VIVO: UM PANORAMA SOBRE A INSTITUIÇÃO
AUTOR (A): CAREM CRISTINA RIBEIRO PINHEIRO
DATA: 2001 RIO DE JANEIRO
ORIENTADOR (A): GLADYS SCHINCARIOL DE MELLO
ASSUNTO: MONOGRAFIA APRESENTADA AO CURSO DE MUSEOLOGIA DA UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM MUSEOLOGIA
SUMÁRIO:
Introdução
I. Museu de Imagens do Inconsciente: um breve histórico sobre a instituição
1.1 Museu de Imagens do Inconsciente
1.2 O que é Museu?
II. Nise da Silveira e a psiquiatria no Brasil
2.1 Dra. Nise da Silveira e o pensamento “Junguiano”, explícito através de símbolos
2.2 Fernando Diniz: uma trajetória de vida
2.3 Instituto Nise da Silveira: o cotidiano
2.3.1 Ex-pacientes
2.3.2 As Oficinas da Terapêutica Ocupacional
III. Museologia
3.1 Museu de Imagens do Inconsciente x Museologia
3.2 O tipo de acervo da Instituição?
3.3 O espaço físico que abriga as obras
3.4 A clientela
Considerações Finais
Bibliografia
12
TÍTULO: CINCO CONTOS PSICANALÍTICOS (A LINGUAGEM DA LOUCURA)
AUTOR : MARCONDES FARIA COSTA (POETA E ESCRITOR)
DATA: JUNHO DE 1997 - MACEIÓ
SUMÁRIO:
Opiniões
Limites da loucura
Agradecimentos
O objeto e a coisa
Fragmentos
Delírio
Expressão da Loucura
Fragmentos de uma análise
O Psicótico e o Analista
Os Urubus
Esperança
O Quarto
O Pássaro e o Espantalho
13
TÍTULO: NISE DA SILVEIRA
AUTOR : WALTER MELO
DATA: 2001 RIO DE JANEIRO
SUMÁRIO:
Introdução
Capítulo 1 O Estudo do Processo Psicótico
A Ferramenta Junguiana
Será o Benedito?
O Pequeno-Grande Tratado de Psiquiatria
Capítulo 2 A Casa das Musas
Anjo Duro
Nem por Sangue de Aragão
Mandala
153
A Linguagem Esquecida
Capítulo 3 A Emoção de Lidar
O Paradigma Ético-Estético
O Afeto Catalizador
Os Devaneios e a Imaginação Material
A Cozinha e os Devaneios Cósmicos
Capítulo 4 Os Inumeráveis Estados do Ser
O Gato e Outros Bichos
Mulheres na Prisão
Conclusão
Referências Bibliográficas
Anexos
Textos Publicados
14
TÍTULO: COLETÂNEA DE TEXTOS TEÓRICOS
AUTOR (A): LEA 101
DATA: SEM DATA
ASSUNTO: COLETÂNEA DE TEXTOS UNIVERSIDADE GAMA FILHO, DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE
LETRAS
SUMÁRIO:
UNIDADE I.
A linguagem como representação da realidade
1. Linguagem e Comunica
2. A linguagem verbal
UNIDADE II.
A produção textual
1. Elementos da comunicação e sua função no texto
2. Texto/Contexto
3. Condições de produção do texto
3.1. Condições de produção da leitura
3.2. Tipologia de texto: produção escrita
3.2.1. expositivo-argumentativo; narrativo, descritivo
3.2.2. texto acadêmico; jornalístico; publicitário; literário
UNIDADE III.
Estratégias Discursivas
1. Variedades lingüísticas
1.1. As modalidades faladas e escrita e registros
1.2. A língua padrão
2. Coerência e coesão textuais
2.1. Da frase
2.2. Do parágrafo
2.3. Do texto
15
TÍTULO: A INTERAÇÃO LUA/SOL NO LANCE DE DADOS DO ESPELHO INTERIOR (UMA LEITURA DO “MITO SOLAR” NA VERSÃO
MALLARMAICA DE QUATRO CONTOS INDIANOS).
AUTOR (A): MARIA LÚCIA FABRINI DE ALMEIDA
DATA: 1987 SÃO PAULO
ORIENTADOR (A): FERNANDO SEGOLIN
ASSUNTO: TESE APRESENTADA JUNTO AO DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E SEMIÓTICA DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE
CATÓLICA DE SÃO PAULO COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM COMUNICAÇAO E SEMIÓTICA.
ÍNDICE:
O Girassol e o Lótus
Capítulo 1
A Capitulação Sorridente
Capítulo 2
O Texto em Férias
- Aos Dados
Capítulo 3
Octávio Paz, Leitor e Mallarmé
3.1. O Mito com Chave de Leitura
- Soneto em IX
3.2. O Mito Solar
Capítulo 4
Rastreando Palavras
4.1. Do Mito ao Método Solar
Capítulo 5
Narrativas em espelho: O Conto do Conto
5.1. O Retrato Encantado
154
Reflexos: O Retrato e o Desejo
5.2. A Falsa Velha
Auroras e Olhares
5.3. O Morto-Vivo
O Rajá da Lua
5.4. Nala e Damayantí
Sol e Estrela: As Faces dos Dados
Capítulo 6
O Sol e o Jogo de Dados
Capítulo 7
A Lua Escondida de Mallarmé
Ou As Merys de Stéphane
Ou O Lunarista
O Lótus e o Girassol
Glossário
Bibliografia
16
TÍTULO: NISE, RACONTE-NOUS! OU QUELQUES SOUVENIRS D’UNE PSYCHIATRE REBELLE
AUTOR (A): MAIONE DE QUEIROZ SILVA
DATA: 1987 SÃO PAULO
ASSUNTO: FILM - DOCUMENTAIRE DE 52’
LÊS PRODUCTEURS INDÉPENDANTS ASSOCIÉS
NOTE D’ INTENTION
Est une conversation avec Nise da Silveira, 91 ans, psychiatre rebelle selon ses propres termes. A travers le fil conducteur de ses
paroles, prises lors d’un entretien fait récemment à Rio de Janeiro, nous suivrons as trajectoire singuliére. Nise da Silveira nous conduit à l’atelier
de peinture crée dans le cadre de la Thérapeutique Occupationnelle, section qu’elle a dirigée pendant de nombreuses années. Nous connaîtrons
ses patients et leurs oeuvrez: Emygdio de Barros, Adelina Gomes, Raphael Domingues, Carlos Pertuis et Fernando Diniz. Nous visiterons le
“Musée d’Images de l’Inconscient”, la “Maison de Palmierset nous allons au carnaval de Rio de Janeiro de cette année participer à l’hommage
qui lui est rendu par l’école de samba du “Salgueiro”.
Pour reconstituer les scènes du passé nous servirons d’images d’archives photographiques et de séquence du film “Images de
l’Inconscient”, réalisé par Leon Hirstzman em collaboration avec Dr. Nise da Silveira, où nous voyons ses patients em activité au Centre
Psychiatrique Pedro II.
Dans l’intention de reconstituer l’histoire profissionalle du Dr. Nise da Silveira, une mise-em-scéne non-réaliste, sera introduite, avec
femme dans le role du Douteur. Cette démarche de reconstitution fait appel a l’imagination de celui qui regarde le film par certains plans vides
d’action où la parole se charge de ranconter l’histoire et permet aussi um rapprochement, d’abord sonore et ensuite visuel, entre la “vraie” Nise et
la ieune femme où l’une deviente le complément de l’autre et vice-versa.
A l’interieur de chaque série de peinture, un fil conducteur ou des fils conducteurs seront indiqués afin de retrer dans la lecture des
images, cette plongée dans le monde intérieur de chacun d’ eux dont nous parle Dr. Nise. Notre intention ne sera pas de montrer une étude
approfondie (voir la trilogie “Images de l’Inconscient” de Leon Hirstzman), mais de donner des chemis de lecture et de laisser ces images, sans
aucune réserve d’une grandeur plastique, parler d’elles mêmes. Le choix des images et ses déploiments seron faits avec l’irremplaçable apport
scientifique de M. Luiz Carlos Mello.
Une grande barque lumineuse, la “Barque du Soleil”, apparaît à l’image. Autour d’elle la fête em paillettes, sourires et danses explose em
snsualité et joie. Des tournesols voltigent em tourbillon. C’est le Carnaval brésilien rendant homage aux artistes, aux fous et à Nise da Silveira
Sur le images du Carnaval de Rio de cette année 1997 apparaît le titre en encrustation: NISE RACONTE NOUS!
17
TÍTULO: “RAPHAEL DOMINGUES”: O TRAÇO EM SEU PERCURSO POÉTICO”
AUTOR : CLAUDIO DE SOUZA CASTRO FILHO (RA: 040133)
DATA: JUNHO DE 2005 - CAMPINAS
ASSUNTO: TRABALHO APRESENTADO À PROFESSORA LÚCIA REILY COMO CONCLUSÃO DA DISCIPLINA ANÁLISE CRÍTICA E
HISTÓRICA DAS ARTES / ARTES VISUAIS E DOENÇA MENTAL E DEFICIÊNCIA (AT 313 A), NO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM
ARTES DA UNICAMP
18
TÍTULO: COMPÊNDIO DE TERAPIA OCUPACIONAL: UMA ALTERNATIVA À SAÚDE MENTAL
AUTOR : GILBERTO VERARDO MOULARD
DATA: 1997
ASSUNTO:
SUMÁRIO
Nota ao Leitor
Apresentação
Prefácio
Capítulo I A Fenomenologia Existencial: Uma abordagem filosófica
1. Breve histórico do existencialismo e da fenomenologia
2. Um olhar na corporalidade humana
3. O pacto entre o corpo e o mundo
4. A fenomenologia da indiferença
155
5. A fenomenologia do amor
Capítulo II A terapia Ocupacional e a Gestalterapia: Um encontro possível
1. Um olhar na teoria da Gestalterapia segundo Fritz Perls
2. Um olhar revelado da Terapia Ocupacional por Nise da Silveira
3. Método científico versus Técnica Terapêutico
3.1. A doutrina Biomédica
3.2. A doutrina Freudiana
3.3. A abordagem fenomenológica
Capítulo III Breve histórico da Terapia Ocupacional
1. A Terapia Ocupacional através dos tempos
2. O início da Terapia Ocupacional como expressão e profissão
3. A difusão da Terapia Ocupacional
4. A Terapia Ocupacional no Brasil
Capítulo IV As diferentes escolas e a Terapia Ocupacional
1. A escola organicista
2. A escola psicanalítica
3. A psicologia analítica de Carl Gustav Jung
4. A Terapia Ocupacional em países socialistas
Capítulo V Terapia Ocupacional: Um método alternativo para o tratamento de disfunções mentais
1. Aspectos psicológicos da relação Terapeuta Ocupacional e algumas condições psiquiátricas
2. Processo de tratamento em Terapia Ocupacional para psicoses
Conclusão
Referências Bibliográficas
19
TÍTULO: PARA UMA TEORIA LINGÜÍSTICA SOBRE OS MECANISMOS DE COMUNICAÇÃO NAS PSICOSES
AUTOR (A): MARILUCI NOVAES (PESQUISADORA)
DATA: MARÇO DE 2001 A FEVEREIRO DE 2003
ASSUNTO: ÁREA: LINGÜÍSTICA SUB-ÁREA: TEORIA E ANÁLISE LINGÜÍSTICA PALAVRAS CHAVES: PRAGNMÁTICA/ATOS DE
LINGUAGEM/COMUNICAÇÃO/PSICANÁLISE/PSICOSE
TITULAÇÃO: DOUTORA EM CIÊNCIAS (UNICAMP 1995)
VÍNCULO EMPREGATÍCIO: PROFESSOR ADJUNTO III DE UFF
SUMÁRIO
Identificação
Resumo
Introdução
As formações imaginárias e a realidade simbólica dos sujeito nas psicoses
Objetivos e justificativas
Metodologia
Cronograma de execução
Equipe executora
Referências Bibliográficas
20
TÍTULO: TIRÉSIAS OLHOS DA ALMA SÃ A BUSCA DA DOENÇA E O ENCONTRO COM A SAÚDE NUMA ABORDAGEM JUNGUIANA
AUTOR: JORGE ANTÔNIO MONTEIRO DE LIMA
DATA: SEM DATA
SUMÁRIO
Apresentação
Introdução: A deficiência Visual: Uma realidade
Introdução ao Mito
21
TÍTULO: A PSICOLOGIA DA FORMA E AS IMAGENS DO INCONSCIENTE DE MÁRIO PEDROSA A NISE DA SILVEIRA
AUTOR : GUSTAVO HENRIQUE DIONÍSIO
DATA: SEM DATA
ASSUNTO: PROJETO DE PESQUISA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
SUMÁRIO
I - Introdução
II - A Arte Inconsciente ou Arte e Inconsciente
III A experiência do Museu de Imagens de Imagens do Inconsciente
III Justificativa
III Objetivos da Pesquisa e Cronograma
IV Material e Métodos
VI Referências Bibliográficas
22
156
TÍTULO: “A MIGRAÇÃO E SUAS VICISSITUDES: ANÁLISE DE UMA CERTA DIVERSIDADE”
AUTOR: ADEMIR PACELLI FERREIRA
DATA: 1996 RIO DE JANEIRO
ASSUNTO: TESE DE APRESENTADA AO DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE
JANEIRO, PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM PSICOLOGIA CLÍNICA
ORIENTADORA: PROFESSORA DOUTORA LÚCIA RABELLO DE CASTRO - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
ÍNDICE
Resumo
Abstract
Introdução
Parte I: Olhares da Diferença na Construção do Migrante
Capítulo I As mudanças sócio-econômicas e a abertura das fronteiras migrantes: Novos Campos de subjetivação e de circulação do
sujeito
1.1. Das reminiscências
1.2. Do Regime de assujeitamento à construção de caminhos migrantes
1.3. A Mobilidade nos discursos dos alienistas: Etnocentrismo ou natureza versus civilização
Capítulo II Da clínica das diferenças: A marca dos rompimentos ou o drama da reancoragem
2.1. Experiência de migrar: O desafio de lançar-se ao outro
2.2. O migrante no campo interdisciplinar
2.2.1. A epidemiologia e as Análises sócio-antropológicas da migração
2.2.2. O migrante na clínica: O fracasso na mediação eu-outro
Parte II: O Migrante na Rede do Outro: Análise de uma certa diversidade
Capítulo III: O migrante e seus espelhamentos: A diversidade semiótica na construção de um objeto
Capítulo IV: O Migrante no Jogo da Alteridade
4.1. O eu e o outro: Um campo de circulação
4.2. Loucura e alteridade migrante
4.2.1. História de Nano: Ruptura psicótica ou encarnação do fantasma do outro
4.3. Cinema e reflexividade migrante
4.3.1. “O homem que virou suco”: Uma construção migrante contra a loucura
4.3.2. Identificação e desidentificação: Uma metabolização necessária na experiência migrante
4.3.3. A carta: Um dispositivo na intersubjetividade migrante
4.4. Literatura e presentificação migrante
4.4.1. “História de Macabéa”: Um instante de explendor
4.4.2. “A hora da estrela”: O estilhaçamento do ser na ótica do outro
Parte III: Espaço e Temporalidade na Intersubjetividade migrante
Capítulo V: O migrante e o devaneio lírico: Uma memória saudosista ou o recalcamento do passado
Capítulo VI: O campo e a cidade: O bucólico e o futurístico no imaginário migrante
Conclusão
Bibliografia
23
TÍTULO: TAOISM AND ALCHEMY THE ALCHEMICAL MYTH OF THE GOLDEN MANN MAN
AUTOR (A): FRANKLIN CHANG
DATA: 1991
ASSUNTO: DIPLOMA THESIS C. G. JUNG INSTITUT, ZURICH AO DEPARTAMENTO
THESIS ADVISOR: DR. MARIE LOUISE VON FRANZ
ÍNDICE
Introduction
The Creation or the golden man myth
1) Chapter 1 The creation
2) Chapter 2 The alchemical opus
3) Chapter 3 The fall
4) Chapter 4 The re-birth of the anthropos
Epilogue
Notes
Figures
Tables
Bibliography
24
TÍTULO: O TERAPEUTA OCUPACIONAL COMO AGENTE DA SAÚDE MENTAL
AUTOR (A): ÉRIMA CASTELO BRANCO DE ANDRADE
DATA: 1º SEMETRE DE 1994
ASSUNTO: MONOGRAFIA APRESENTADA COMO REQUISITO PARA CONCLUSÃO DA DISCIPLINA DE DESEMPENHO PROFISSIONAL
EM TERAPIA OCUPACIONAL II - DEPARTAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL, ESCOLA SUPERIOR DE ENSINO HELENA ANTIPOFF
SUMÁRIO
1 Introdução
2 Pequeno histórico da Terapia Ocupacional
3 Processo criador
157
4 Tratamento com uso de atividades expressivas
5 Objetivos gerais da Terapia Ocupacional em saúde mental
6 Critérios para um bom Terapeuta Ocupacional
7 Avaliações
8 Psicoses
9 Produção Plástica de um paciente P.M.D.
10 Conclusão
11 Referências Bibliográficas
12 - Bibliografia
25
TÍTULO: NISE DA SILVEIRA OU LE RAVISSEMENT DES IMAGES DE L’INCONSCIENT
AUTOR (A): MAIONE DE QUEIROZ SILVA
DATA: SEM DATA
ASSUNTO: FILM - DOCUMENTAIRE DE 52’
RESUMÉ
Nise da Silveira ou le Ravissement des Images de l’Inconscient, documentaire de 52 minutes sur le travail de la psychiatre Nise da Silveira
au Musée d’Images de l’Inconscient. Par as vision de la folie et ses pratiques thérapeutiques, Nise est une figure à part dans le monde de la
psychiatrie brésilienne. Le film, centre sur la personnalité, témoigne de son travail pionnier et de son experience à l’àtelier de peinture. Au côté de
Nise, nous rencontrerons Isaac, Emygdio et Raphael, ses clients et auteurs d’étonnantes peintures. Ce film est une fenêntre entroverte sur
l’univers des Images de l’Inconscient.
26
TÍTULO: REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE A OBRA DE FERNANDO DINIZ
AUTOR (A): MARIA CLÁUDIA BOLSHAW GOMES
DATA: 1º SEMETRE DE 1994
ASSUNTO: MESTRADO EM DESIGN, DEPARTAMENTO DE ARTES DA PUC, RIO DE JANEIRO
SUMÁRIO
1.0 Introdução
2.0 Situação problemática
3.0 Objetivo Principal
3.1 Objetivos Secundários
3.2 Delimitação
4.0 Metodologia
4.1 Passos da Pesquisa
5.0 Justificativa
5.1 Material conceitual
5.2 Histórico da teoria formal de Fernando Diniz
5.3 Tratamento de dados
5.4 A história da Estrela
5.5 Release: “O filme de Fernando Diniz”
6.0 Literatura relacionada
6.1 Bibliografia
7.0 Anexos
7.1 Relatórios dos encontros semanais da equipe do “Filme de Fernando Diniz”
7.2 Principais obras de Fernando Diniz
Jogo de montar estrelas
A Estrela
O relógio escultura
O tapete digital
7.3 Histórico do Museu de Imagens do Inconsciente
Reportagens de Jornal
27
TÍTULO: NISE DA SILVEIRA L’AUTRE CÔTÉ DU RÉEL
AUTOR (A): MAIONE DE QUEIROZ SIVA & MARCELO TELES
DATA: SEM DATA
ASSUNTO: FILM
NOTE D’INTENTION
L’oeuvre du Docteur Nise da Silveira est le fil conducteur de notre film. C’est à partir de son oeuvre que nous allons connaître as
personalité singulière et son influence dans la psychiatrie au Brésil et dans le monde. C’est dans um climat de complicité et de décontraction que
nous allons fimer chez elle.
En ce qui concerne lês autre psychiatres, notre démarche será différente. Nous avons envie de constater simplement la manière dont
ils voient leur travail et comment lês patients vivent au quotidien à l’intérieur de l’hôspital qu’ils dirigent.
L’utilisation d’images d’archives, filme et photo, sont indispensables pour pouvoir reconstituer 50 années de travail. Nise ayant
toujours refuse tout ce que lui semblait être “faire de la promotion personelle”, les documents son rares. Cependant, nous connaissons l’exsitence
158
d’une interview exclusive faite dans les années 1970 par Leon Hirtszman, avec qui elle a realize trios films appelés “Images de L’Inconscient”.
Nous comptons utiliser dês extraits de cette trilogie, ainsi qu’une partie de l’interview em question.
L’utilisation de l’image super-8 à l’intérieurs d’um film em 16mm releve d’um besoin de flexibilité et légèreté à la prise de vue. Em
effet, nous allons rencontrer plusieurs cas de figures l’utilisation de tel ou tel support nous permettra de mieux cerner le sujet. Ainsi, lorsque
nous trouvons dans les rues de Rio, une câmera super-8 est plus adaptée de par as taille et maniabilitté.
28
TÍTULO: NISE DA SILVEIRA A FELINA DAMA DA MENTE OU UMA BELLA TRAVERSATA
AUTOR (A): MARIA DA LUZ ALVES E SILVA
DATA: 1997 RIOARTE
ASSUNTO: PEÇA TEATRAL SOBRE A DRA NISE DA SILVEIRA
CONTEÚDO
Objetivo
Justificativa
Notas
Filmografia
Cronograma
Fontes de Pesquisa
Bibliografia
Curriculum Vitae da Autora
Carta à RioArte do Ator e Diretor Paulo José
Carta à RioArte do Ator e Diretor Miguel Falabella
Recorte do Segundo Caderno do Jornal O GLOBO de 20 de abril de 1996
Cópia da Revista Veja de 17 de abril de 1996
Cópia do Diário Catarinense, parte Variedades Teatro
Cópia do Dário Regional de Aveiro, datado de 14 de junho de 1997 Opinião
Cópia de Crítica de teatro de Manuel João Gomes Lisboa 24 de maio de 1997
29
TÍTULO: NISE DA SILVEIRA A SENHORA DAS IMAGENS
AUTOR: PROJETO DE: ANDRÉ HORTA
DATA: 1997 RIOARTE
ASSUNTO: FILME DA TVZERO
CONTEÚDO
01. Sala de recreação do Hospital Psiquiátrico da Praia Vermelha. INT-DIA
02. Hospital da Praia Vermelha: corredores, pátios, salas INT/EXT-DIA
03. Refeitório dos Médicos. INT-DIA
04. Quarto de Nise Hospital da Praia Vermelha. INT-ENTARDECER
05. Corredor do Hospital INT-AMANHECER
06. Quarto de Nise INT-AMANHECER
07. Jardim interno do Hospital da Praia Vermelha EXT-DIA
08. Quarto de Nise. INT-NOITE
09. Sala da Casa de O. Brandão. INT-NOITE
10. Ruas do Rio. EXT-NOITE e AMANHECER
11. Sala de Recreação. INT-NOITE
12. Quarto de Julieta. INT-DIA
13. Corredor do Hospital, frente ao quarto de Julieta. INT-DIA
14. Quarto de Nise INT-DIA
15. Sala de recreação. INT-DIA
16. Corredor do Hospital. INT-DIA
17. Sala de recreação. INT/DIA
18. “Sala 6” Penitenciária do Complexo Frei Caneca. INT-NOITE
19. “Sala 6” da Frei Caneca. INT-DIA
20. Sala seis. Frei Caneca. INT-DIA
21. Sala seis. Frei Caneca. INT-DIA
22. Corredor e Pátio do Presídio. EXT-DIA
23. Sala seis. INT-DIA
24. Pátio do Presídio. EXT-DIA
25. Algum lugar do Rio, talvez Centro. EXT-DIA
26. Ônibus para o Engenho de Dentro. INT/EXT-DIA
27. Entrada do Hospital Pedro II. INT-DIA
28. Escritório do Diretor do Hospital. INT-DIA
29. Corredores do Hospital, Engenho de Dentro. INT-DIA
30. Sala de eletrochoque. INT-DIA
31. Apartamento do Flamengo. INT-NOITE
32. Escritório do Diretor. INT-DIA
33. Ônibus Engenho de Dentro-Flamengo
34. Apartamento do Flamengo. INT-NOITE
35. Quarto de uma paciente. INT-DIA
159
36. Escritório do Diretor. INT-DIA
37. Apartamento do Flamengo. INT-NOITE
38. Setor de T. Ocupacional, Hospital. INT-DIA
39. Setor de T. Ocupacional. INT-DIA
40. Ateliê de encadernação. INT-DIA
41. “Salão de Beleza”. INT-DIA
42. Sala principal da STO. INT/DIA
43. Ateliê de Pintura. INT-DIA
44. Escritório de Nise. INT-DIA
45. Pátio do Hospital. EXT-DIA
46. Ateliê. INT-DIA
47. Corredor do Hospital. INT-DIA
48. Sala de Reunião. INT-DIA
49. Apartamento do Flamengo. INT-NOITE
50. Ateliê. INT-DIA
51. Quarto de Hospital. INT-DIA
52. Ateliê. INT-ENTARDECER
53. Pátio do Hospital. INT-DIA
54. Escritório de Nise. INT-DIA
55. Ateliê. INT-DIA
56. Ateliê de Modelagem. INT-DIA
57. Corredor. INT-DIA
58. Posto Seis ou...EXT-DIA
59. Quarto de Carlos. INT-AMANHECER
60. Ateliê. INT-DIA
61. Escritório de Nise
62. Pátio. EXT-DIA
63. Escritório de Nise. INT-DIA
64. Pátio. EXT-DIA
65. Exposição no Ministério da Cultura e no MASP. INT-DIA
66. Sala do Diretor. INT-DIA
67. Ateliê de Pintura. INT-DIA
68. Escritório de Nise. INT-DIA
69. Apartamento do Flamengo. INT-DIA
70. Ateliê. INT-DIA
71. Ponto de Ônibus. EXT-ENTARDECER
72. Ateliê. INT-DIA
73. Ateliê. INT-DIA
74. Escritório de Nise. INT-DIA
75. Pátio. EXT-DIA
76. Apartamento do Flamengo. INT-NOITE
77. Apartamento do Flamengo. INT-NOITE
78. Ateliê. INT-ENTARDECER
79. Pátio. EXT-DIA
80. Corredor. INT-DIA
81. Sala do Diretor. INT-DIA
82. Escritório de Nise. INT-DIA
83. Ateliê. INT-DIA
84. Ateliê. INT-ENTARDECER
85. Corredores do Hospital. INT-DIA
86. Pátio. EXT-DIA
87. Ateliê. INT-DIA
88. Apartamento do Flamengo. INT-NOITE
89. Hospital. INT-DIA
90. Ateliê. INT-DIA
91. Corredores do Hospital. INT-DIA
92. Apartamento do Flamengo. INT-DIA
93. Ateliê. INT-DIA
94. Ateliê. INT-ENTARDECER
95. Exposição brasileira no CPI, Zurich. INT-NOITE
96. Ateliê. INT-ENTARDECER
CRÉDITOS FINAIS
OUTRA PROPOSTA:
97. Ateliê. INT-DIA
CRÉDITOS FINAIS
TV ZERO CURRICULO
30
TÍTULO: ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
AUTOR (A): RUTH MYLIUS ROCHA
DATA: SEM DATA
ASSUNTO: LIVRO FACULDADE DE ENFERMAGEM - UERJ
SUMÁRIO
Da Psiquiatria à Saúde Mental
As novas diretrizes
160
O Técnico e o Auxiliar de enfermagem como membros da equipe de saúde mental
Exercícios
O Ser Humano e a Saúde Mental
Períodos críticos
Sentimentos
Sexualidade
Doença física e aspectos psico-sócio-espirituais
Exercícios
SAÚDE MENTAL E TRANSTORNOS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO
Origem dos transtornos mentais
Prevenção em Saúde Mental
O Usuário dos serviços de saúde mental
Exercícios
TRATAMENTO
Psicoterapia
Terapia de família
Terapia pela atividade
Terapia pelo trabalho
Terapia medicamentosa
Eletroconvulsoterapia
Saúde mental e sistemas populares de saúde
Exercícios
O PAPEL DA ENFERMAGEM
Enfermagem em situações específicas
Admissão do cliente
Enfermagem e terapia medicamentosa
Registro de enfermagem
Alta do Cliente
Exercícios
UMA PALAVRA FINAL
BIBLIOGRAFIA
31
TÍTULO: A CRIAÇÃO DO INDIVÍDUO NA OBRA DE C.G. JUNG
AUTOR : MADDI DAMIÃO JUNIOR
DATA: 1997 RIO DE JANEIRO - PUC
ORIENTADORA: MONIQUE R. AUGRAS
ASSUNTO: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA AO DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE
CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO, COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM PSICOLOGIA
CLÍNICA
ÍNDICE
Introdução
Capítulo 1 A subjetividade como narrativa da experiência; da historicidade à historialidade
Capítulo 2 As moradas do humano; o fundamento do solo da existência como experiência
Capítulo 3 Hermenêutica e Psicologia Junguiana, diálogo entre pensamento e exeriência
Capítulo 4 A criação do indivíduo, ou o mito junguiano da subjetividade
Considerações Finais
Anexo
Referências Bibliográficas
32
TÍTULO (PROVISÓRIO): A LÓGICA DA COMUNICAÇÃO E A QUESTÃO DAS PSICOSES
AUTOR (A): ROSEMARY CAETANO
DATA: 1999 RIO DE JANEIRO - UFF
ORIENTADORA: MARILUCI NOVAES
ASSUNTO: ANTEPROJETO DE TESE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ESTUDOS LINGÜÍSTICOS LINHA DE PESQUISA: DISCURSO E
INTERAÇÃO
ÍNDICE
1. Apresentação: Definição do Objeto de Análise
2. Justificativa: Relevância do Tema
3. Metodologia
4. Cronograma provável
5. Orientação Bibliográfica
6. Notas
33
TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DA ARTE NA TERAPIA
AUTOR (A): LELA PINTO SILVA
DATA: 2001 RIO DE JANEIRO
161
COORDENAÇÃO: CONCEIÇÃO ROBAINA
ASSUNTO: MONOGRAFIA APRESENTADA AO FINAL DE ESTÁGIO EM SAÚDE MENTAL NO IMAS NISE DA SILVEIRA
SUMÁRIO
Introdução
1. A REFORMA PSIQUIÁTRICA E A LUTA ANTIMANICOMIAL
2. O CENTRO COMUNITÁRIO E A INCLUSÃO SOCIAL
2.1. Oficinas de Arte como Proposta de Inclusão Social
2.2. O Estágio em Parcerias das Oficinas de Artes com o Projeto vidas
2.3. Relatos de Experiências com alguns Usuários nas Oficinas de Artes
3. O MUSEU DE IMAGENS DO INCONSCIENTE
3.1. A Comemoração dos 50 Anos de Fundação do Museu de Imagens do Inconsciente
4. O ESTÁGIO NO CENTRO COMUNITÁRIO E MUSEU DE IMAGENS DO INCONSCIENTE E A INTERFERÊNCIA DA GREVE
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
34
TÍTULO: SOFRIMENTO: UM CAMINHO PARA DEUS
AUTOR: GUSTAVO JOPPERT
DATA: 1994 RIO DE JANEIRO
ASSUNTO: LIVRO CÓPIA PARTICULAR DISTRIBUIÇÃO RESTRITA
SUMÁRIO
Mensagem sobre parte da vida do próprio Gustavo Joppert
35
TÍTULO: PSICOLOGIA ANALÍTICA NO BRASL: CONTRIBUIÇÕES PARA A SUA HISTÓRIA
AUTOR: ARNALDO ALVES DA MOTTA
DATA: 2005 PUC SÃO PAULO
ORIENTADOR(A): PROFESSORA DOUTORA MARIA DO CARMO GUEDES
ASSUNTO: DISSERTAÇÃO À BANCA EXAMINADORA DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO, COMO EXIGÊNCIA
PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM PSICOLOGIA SOCIAL.
SUMÁRIO
Introdução Da origem do problema aos objetivos da pesquisa
- Origem do problema
- As pessoas
- O contexto
- História da Psicologia
- Objetivo da Pesquisa
Capítulo 1 Como fazer história da psicologia
Capítulo 2 Em busca dos pioneiros
- O surgimento da psicologia analítica
- Assistência psiquiátrica no Brasil: do Hospício D. Pedro II ao setor de terapêutica ocupacional em Engenho de Dentro
- Definindo pioneiros
Capítulo 3 Os pioneiros da PA no Brasil
- Nise da Silveira
- Pethö Sándor
- Léon Bonaventure
Capítulo 4 Algumas considerações
Conclusão
Referências Bibliográficas
Anexos
- Anexo 1 Situando a psicologia analítica no Brasil, datas e fatos
- Anexo 2 Produção e iniciativas ligadas a Nise da Silveira
- Anexo 3 - Produção e iniciativas ligadas a Pethö Sándor
- Anexo 4 - Produção e iniciativas ligadas a Léon Bonaventure
- Anexo 5 Informações sobre o panorama atual da PA no Brasil
36
TÍTULO: O TRABALHO CRIADOR UM IMPORTANTE CAMINHO DE TRATAMENTO
AUTOR (A): LUCIANA RAMOS
DATA: 1995 ABRIL RIO DE JANEIRO
ORIENTADOR (A): DRA NISE DA SILVEIRA
ASSUNTO: MONOGRAFA APRESENTADA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO DE PSIQUIATRIA DA UFRJ, COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM PSIQUIATRIA.
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
I Antônia Uma História Típica
162
II Prática Sem Base Teórica
III Uma Medicina em Transformação
3.1 A Crise da Formação Médica
3.2 Uma Revolução Social
3.3 Uma Medicina em Transformação
IV O Trabalho Criador
Uma Questão de sobrevivência para Indivíduos e Povos
V Astrid uma História Incomum
VI O Símbolo
6.1 Elemento de Expressão do Mundo Interior
6.2 As Transformações da Cabeça
Conclusão
Bibliografia
37
TÍTULO: CASO BEATRIZ
AUTOR (A): VERA L. M. MACEDO E AGILBERTO CALAÇA NEVES
DATA:
ASSUNTO: TRABALHO APRESENTADO NO GRUPO DE ESTUDOS C. G. JUNG DIREÇÃO DRª NISE DA SILVEIRA
SUMÁRIO
Agradecimentos
Introdução
Histórico Clínico
Diagnóstico: Esquizofrenia
OBS.: Junto a este trabalho, encontra-se um exemplar do jornal da Casa das Palmeiras de Junho de 1999 - ARAUTO
38
TÍTULO: THE AESTHETIC OF THE MASSES
AUTOR (A): NILZA DE OLIVEIRA
DATA: 1982
ASSUNTO: SUBMITTED IN PARTIAL FULFILLMENT OF THE REQUIREMENTS FOR THE DEGREE OF MASTER IN ART EDUCATION
(C.N.A.A.) SCHOOL OF ART EDUCATION, BIRMINGHAM POLYTECNIC.
CONTENTS
Preface
Introduction
Chapter:
I. Aesthetic as a Common element in art and in thechnology
II. Aesthetic Autonomy, A Kantiant View
III. The Aesthetic of the Masses
IV. Aesthetic in Art Education and in our Daily Life
Appendix
Bibliography
39
TÍTULO: MUROS POÉTICOS
AUTOR: CARLOS DE OLIVEIRA
DATA: 24 DE NOVEMBRO DE 1992 COLÔNIA JULIANO MOREIRA RIO DE JANEIRO
ORIENTADOR (A): SANDRA REGINA GUEDES PACHECO TERAPÊUTA OCUPACIONAL
ASSUNTO: SEGUNDO LIVRO DE POESIAS.
ÍNDICE
Criança
Sofremos e Morremos
Chegou a Nova Direção
Miséria
Que dor!
Violência
Tenho Amor Guardado
Não é Assim
Todas as Manhãs
Vale a pena Chorar
Temos que pensa
Ser Mãe
Alô, Meu Brasil!
Todo dia toda hora
AI! Rio das Flores
163
Cara e Voz
Ai!, Que Tanto Sonho
Humanidade Pessoal
Contrariado
Que Sufoco
É Outra Que Te Ama
Tudo Aquilo
Salve a Seleção
Eu Tenho que Mudar
Saudade
Flamengo é o Campeão
Isso não é Hora
Me Deixa em Paz
Cuidado com Ela
Está Chocado
Eu Não Esperava
Bem Parece
Corrupção
Invasão
Tentei o Amor
Esta Pra Chover
Quero Sair Daqui
40
TÍTULO: O DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO DA PSICOLOGIA ANALÍTICA
AUTOR (A): JÚLIO CÉSAR ASSIS KÜHL
DATA: 1982 SÃO PAULO
ORIENTADOR : PROF. DR. SHOZO MOTOYAMA
ASSUNTO: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA AO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS
E CIÊNCIAS HUMANAS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO.
ÍNDICE
Introdução
Capítulo I Uma arqueologia da psique (1902-1961)
Seção 01 Religiosos e Libertinos
Seção 02 Associação e Dissociação
Seção 03 Descrição e Interpretação
Seção 04 Redução e Ampliação
Seção 05 Análise e Síntese
Seção 06 O Pessoal e o Coletivo
Seção 07 Sujeito e Objeto
Seção 08 Progressão e Regressão
Seção 09 Carvões e Diamantes
Seção 10 Coincidência e Significado
Capítulo II Jung e Rogers
Seção 11 Individuação e Atualização
Seção 12 Individuação e Socialização
Seção 13 Sincronicidade e Serendipidade
Capítulo III Jung e Popper
Seção 14 Falseabilidade Objetiva e Falseabilidade Subjetiva
Seção 15 Dogma e Crítica
Seção 16 Inatismo Lógico e Inatismo Psicológico
Seção 17 Psique Subjetiva e Psique Objetiva
Capítulo IV A hipótese dos Homótipos
Seção 18 Razões Lógicas e Psicológicas para a Hipótese da Existência de Propensões Inatas
O Homótipo do Cosmo
Seção 19 O Conceito do Homótipo do Cosmo
Seção 20 O Homótipo do Cosmo e a Teoria do Desamparo
Seção 21 O Homótipo do Cosmo e a Hipótese do Controle Plástico
Seção 22 O Homótipo do Cosmo na História das Religiões
Seção 23 O Homótipo do Cosmo e a Atividade Cientìfica
Homótipo do Desenvolvimento
Seção 24 O Processo de Desenvolvimento em Jung, Rogers e Seligman
Seção 25 O Processo de Desenvolvimento em Popper e Eliade
Seção 26 O Conceito de Homótipo do Desenvolvimento
Homótipo do Modelo
Seção 27 O Homótipo do Modelo na História das Religiões
Seção 28 O Homótipo do Modelo na Psicologia Analítica e na Psicologia Rogeriana
Seção 29 O Homótipo do Modelo e a Transmissão de Estruturas Culturais
Seção 30 O Conceito de Homótipo do Modelo
Seção 31 Síntese da Hipótese dos Homótipos
Capítulo V Resposta de Jung
Seção 32 O Psíquico e o Não-Psíquico
164
Seção 33 Persona, Ego, Sombra e Anima/Animus
Seção 34 O Self e o Homótipo do Cosmo
Seção 35 Símbolo e Analogia
Seção 36 A Hipótese dos Homótipos como um Programa Científico de Pesquisa
Seção 37 Implicação Espistemológicas da Hipótese dos Homótipos
Capítulo VI O Ato Criador
Seção 38 O Ato Criador na Ciência e na Arte
Seção 39 O Ato Criador em Kuhn, Seligman, popper, Jung, Bronowiski e Rogers
Seção 40 Os Homótipos e o Ato Criador
Capítulo VIII Os Quatro Momentos da Psicologia Analítica
Seção 41 O Momento Psicológico: Uma Interpretação dos “Septem Sermones ad Mortuos”
Seção 42 O Momento Lógico: O Desenvolvimento científico da Psicologia Analítica
Seção 43 O Momento Técnico: As Técnicas Clínicas
Seção 44 O Momento Institucional: As Instituições
Seção 45 Conclusão
Notas
Bibliografia
41
TÍTULO: PROCESSO SIMBÓLICO: UM ESTUDO PARA A TERAPIA OCUPACIONAL
AUTOR (A): CLÁUDIA CRISTINA PULCHINELLI
DATA: 1989 PUC CAMPINAS
ORIENTADOR (A): PROF (A) SELMA APARECIDA CASELLI MARTINS
ASSUNTO: MONOGRAFIA APRESENTADA COMO EXIGÊNCIA PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE GRADUAÇÃO EM TERAPIA
OCUPACIONAL
SUMÁRIO
Introdução
Capítulo I Uma Introdução ao Estudo do Processo Simbólico
1. Símbolos
2. Processo Simbólico
Capítulo II Reflexões Acerca do Uso do Processo Simbólico
1. Fidler e Fidler e o Processo Simbólico
2. Nise da Silveira e o Processo Simbólico
3. Análise Comparativa entre Fidler e Fidler e Nise da Silveira
Capítulo III A Terapia Ocupacional e o Símbolo
1. O Processo da Atividade
2. O Símbolo dentro do Processo da Atividade
Conclusão
Bibliografia
Anexos
1. Revista Ciência Hoje Entrevista com Nise da Silveira
2. Folhetim Cultura O Estado de São Paulo
3. Relato de Visita feita à Dra Nise da Silveira
4. Relato de Visita no Centro Psiquiátrico Pedro II
5. Relato de Visita na Casa das Palmeiras
6. Entrevista com o Psicólogo José Henrique Alves Marcusso
7. Entrevista com o Artista Plástico e Professor de Arte José de Oliveira
OBS.: Contém 26 figuras
42
TÍTULO: TERAPIA OCUPACIONAL: LÓGICA DO CAPITAL OU DO TRABALHO? RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA PROFISSÃO NO ESTADO
BRASILEIRO DE 1950 A 1980
AUTOR (A): LÉA BEATRIZ TEIXEIRA SOARES
DATA: 1987 UFSCar
ORIENTADOR : PROF. DR. VALDEMAR SGUISSARDI
ASSUNTO: DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, DO CENTRO DE EDUCAÇÃO E
CIÊNCIAS HUMANAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO
DE MESTRE EM EDUCAÇÃO (ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PESQUISA EDUCACIONAL)
SUMÁRIO
Introdução
Capítulo I TRABALHO, CAPITAL E SAÚDE
Introdução
A concepção histórica-material de homem e sociedade
A saúde na sociedade de classes
Capitulo II POLÍTICAS DE SAÚDE NO SÉCULO XX FACE AS CONDIÇÕES ESTRUTURAIS DO ESTADO BRASILEIRO
História da medicina institucional no Brasil, início do século
O período de transição de 945-50
A partir do segundo governo Vargas 1950 a 1964
O governo militar-civil 1964 a 1980
Capítulo III A REABILITAÇÃO NO ESTADO BRASILEIRO DE 1950 A 1980
As raízes da reabilitação no Brasil
165
A revolução técnico-científica e a reabilitação
Os serviços de reabilitação na área hospitalar
Os serviços de reabilitação nas entidades filantrópicas e particulares
A reabilitação no interior das políticas sociais
Capítulo IV - TERAPIA OCUPACIONAL: DO REDUCIONISMO A UMA PRÁXIS UNITÁRIA
Concepções e práticas da terapia pela atividade no Brasil
A formação de terapeutas ocupacionais dos anos 40 em diante
As práticas terapêutico-ocupacionais no mercado de trabalho
A corrente reducionista e os modelos em terapia ocupacional
Da crise atual para uma práxis unitária
Referências Bibliográficas
Anexo I CURSOS DE TERAPIA OCUPACIONAL NO BRASIL
Anexo II - ENTREVISTAS
43
TÍTULO: O CENTRO PSIQUIÁTRICO PEDRO II ANÁLISE DE ALGUNS ASPECTOS DE SEU PROCESSO DE MUDANÇA
AUTOR (A): LUIZA CRISTINA REGO RAMALHO, MARIA RITA LUSTOSA BYLINGTON, SHEYLA MARIA LEMOS LIMA, VIRGÍNIA HELENA
CAMPOS COUTINHO
DATA: 1989 DEZEMBRO RIO DE JANEIRO - FGV
ORIENTADOR : PROF. DR. VALDEMAR SGUISSARDI
ASSUNTO: TRABALHO APRESENTADO PARA A OBTENÇÃO DE CRÉDITOS DA DISCIPLINA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES DO CURSO
DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FUNDAÇÃO GETÚLIO
VARGAS
ÍNDICE
1. Apresentação
2. Antecedentes Históricos E Justificativa
3. Caracterização Geral
3.1. Localização e Estrutura Física
3.2. Situação Jurídico-administrativa
3.3. Estrutura formal/informal e atividades
4. O Processo De Mudança
4.1. Modelo de Gestão
4.2. Objetivos/Estratégias
4.3. Elementos Facilitadores e Obsculizadores
4.4. Medidas Implementadas
5. Conclusões
Bibliografia
Anexos
Anexo 1 Roteiro e Entrevista
Anexo 2 - Organograma
44
TÍTULO: MOSAICO DE DIONÍSO UMA VISÃO JUNGUIANA DE PEER GYNT, DE IBSEN
AUTOR (A): LUCIANA RAMOS MESQUITA
DATA: SEM DATA
ASSUNTO: LIVRO
ÍNDICE
Prefácio
Cap. I O Desenvolvimento da Consciência
Cap. II Dioniso
Cap. III A Loucura do Deus
Cap. IV Puer Aeternus
Cap. V O Teatro Dionisíaco
Cap. VI Peer Gynt
Cap. VII Dioniso e Cristo
Cap. VIII A Ressurreição de Dioniso
Cap. IX A Evolução da Mulher Interior
Cap. X A Deterioração do Sentimento
Cap. XI A Mulher Sem Alma
Cap. XII A Máscara Animal de Dioniso
Cap. XIII Solveig
Cap. XIV Perséfone
Cap. XV Dioniso e Perséfone
Cap. XVI Capitalismo: Relações de Poder
Cap. XVII A Esfinge
Cap. XVIII O Viajante Solitário
Cap. XIX A Viagem Subterrânea
Cap. XX Dorme e Sonha, Meu Filho Querido!
Cap. XXI A Mãe Divina
Cap. XXII O Filho Divino
Cap. XXIII A Contemporaneidade de Ibsen
166
45
TÍTULO: RATIONALISM AND ROMANTICISM: TWO DISEASES OF THE SOUL
AUTOR : J. O. DE MEIRA PENNA
DATA: 1976 JANEIRO C.G.JUNG. INSTITUTE ZÜRICH
ASSUNTO:
ÍNDICE
1. Introduction
2. Nosos
3. The Sun-King, Reason in apogee
4. Hobbes and Leviathan
5. Rousseau and the Romantics
6. Things fall apart
Bibliography
46
TÍTULO: CITY AND SOUL ANALYTICAL PSYCHOLOGY AND POLITICAL ORGANIZATION
AUTOR : J. O. DE MEIRA PENNA
DATA: 1969 FEBRUARY
ASSUNTO: ANALYTICAL SPYCHOLOGY AND POLITICAL ORGANIZATION
ÍNDICE
Therefore I tell you, know your-selves, for you are the city, and the city is the Kingdom.
From the fragments of the Apocryphal New Testament
1. Introduction
Anankê e the Archetypal City
The disorders of the City
I I The ideal City in the shape of a ster
Bibliography
47
TÍTULO: A EXPRESÃO ARTÍSTICA COMO VIA TERAPÊUTICA: UMA POSSIBILIDADE NO TRATAMENTO DAS PICOSES
AUTOR (A): FABIANA BANDEIRA MAIA
DATA: 15/07/1996
ASSUNTO: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DA FACULDADE DE PSICOLOGIA DA PUC/SP
SUMÁRIO
Introdução
Tratamento e sua trajetória histórica
Tateando a Psicose
Referências Bibliográficas
48
TÍTULO: A I O N AND THE ARCHETYPE OF THE THIRD STAGE
AUTOR : J. O. DE MEIRA PENNA
DATA: 1977 JANUARY OSLO
ASSUNTO: ANALYTICAL SPYCHOLOGY AND POLITICAL ORGANIZATION
ÍNDICE
In the present series of three lectures. I am proceding with na enquiry I atarted several years ago, in an attmpt to appro the fielf of political ideas
and the philosophy o history through the categories of Jungian thought.
My Central concept is that of the City. There are however two cities. One is the outer city of the world, the city which we live in, the city of external
reality as we know it in history. The other is what I call the inner City of de Soul, a well-know symbol of the self. It is on the dialectics of these two
Cities that the enquiry will concentrate through an analysis of the ambivalent contents which develop in the four corners and the four gates of the
Inner City. These four gates which form a philosophical Quaternio lead to the two avenues that cross city at right angles. And the names of the
gates are Logos and Eros, Freuma and Empiris
Bibliography
49
TÍTULO: A PSYCHOLOGICAL APPROACH TO CITY PLANNING (PEKING AND BRASILIA)
AUTOR : J. O. DE MEIRA PENNA
DATA: 1961 ZURICH
ASSUNTO: ANALYTICAL SPYCHOLOGY AND POLITICAL ORGANIZATION
ÍNDICE
I. Peking
II. Brasília
167
50
TÍTULO: A ÚLTIMA VIAGEM DE ULISSES
AUTOR: MARCO AMERICO LUCCHESI
DATA: 1989 RIO DE JANEIRO UFRJ
ORIENTADOR: PROFESSOR (A): DRª BELLA JOZEF
ASSUNTO: DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DE LETRAS E ARTES DA FACULDADE DE LETRAS DA UFRJ, COMO
PARTE DOS REQUSITOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIA DA LITERATURA
SUMÁRIO
Introdução
1. ULISSES: CRÍTICA E TEORIA
a) A vocação
b) A norma do texto
c) O texto da norma
2. IMAGENS DE ULISSES
a) Imagens tardo-romanas
b) Tradição e memória
c) A volta de Ulisses
3. ULISSES: SISTEMA E MISTÉRIO
a) O rosto de Ulisses
b) Ulisses na história
c) A magia e a missão
d) O retorno em questão
e) A estética totalizante
f) O tempo
g) A oração
h) O mar
i) Mistério e hermenêutica
j) A distância
k) Leitura do abismo
l) A estética do silêncio
4. O ACASO DO LÓGOS
a) A odisséia na City
b) A leitura do signo
c) O corpo de Penélope
d) A rota do signo
f) Penélope e o resgate
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
51
TÍTULO: SHAMANISM AND PSYCHOTHERAPY
AUTOR: WALTER BOECHAT, M.D.
DATA: 1979 - ZURICH
ORIENTADOR: PROFESSOR (A): THESIS ADVISER: DR. MARIO JACOBY
ASSUNTO: DIPLOMA THESIS AT THE C.G.JUNG INSTITUTE.
TABLE OF CONTENTS
I. Introduction
II. The Initiatory Ilness
III. The Shamanic Ecstasy
IV. Whole Man Therapy
V. he Mirror Model of Lévi-Strauss
VI. The Killing of the Shaman among the Brazilian Indians
VII. The transference of the Archetypal Healer
Bibliography
52
TÍTULO: PASSAGEM DE NÍVEL
AUTOR: JOSÉ CARLOS PEREIRA PELIANO
DATA: 1978 DEZEMBRO BRASÍLIA
OBS: POESIAS TRECHO EXTRAÍDO DO LIVRO: OS CAVALOS DE OCTÁVIO IGNÁCIO
SUMÁRIO
ALAVAM: A Revelação
Caminhos
Impressões
Apenas
Atitude
Contracanto
168
Teorema
TURUMA: A Alquimia
Beirada da Vida
Acontecências
Intervalo
Etapa
Alquimia
Contato
Livramento
Limite
CONTATO: O Plantio da Terra
Instantâneo
Cantiga
Eclosão
Hoje à Noite
Decisão
Conquista
Tarefa
Renascimento
Individuação
Negativo
Decadência
Moto-Contínuo
Balada Livre
Confissão
Simplesmente
Assim Está Escrito
O Filho Que Nunca Tive
Pregar a Peça
Termo de Compromisso
Gatos Pardos
O Rio Nosso de Cada Curva
53
TÍTULO: COMPÊNDIO DE PSICOLOGIA
AUTOR: KURI
DATA: 1975 NOVEMBRO - RIO DE JANEIRO
ASSUNTO: POESIAS
OBS.: DA AUTORA: “LUGAR NENHUM” – POEMAS PONGETTI 1968
“POEMANCIPAÇÃO”- POEMAS PONGETTI 1970
“O NEGÓCIO DA PIA” – POEMAS PONGETTI - 1972
SUMÁRIO
Percepção nº1 (ou Vida Paralela)
Percepção nº2
Percepção nº3
Percepção nº4
Percepção nº5
Percepção nº6 (ou Cinerama)
Percepção nº7 a Percepção nº28
Quem?
Percepção nº29 a Percepção nº57
Ano Velho
Retomada
Percepção nº58 a Percepção nº60
Cápsula Fantástica (I)
Cápsula Fantástica (II)
Percepção nº61 a Percepção nº63
Persona
Percepção nº64 a Percepção nº68
Delírio nº1
Delírio nº2 (ou Ela)
Delírio nº3 ao Delírio nº28
54
TÍTULO: SONHOS ARQUETÍPICOS
AUTOR: CARLOS ALBERTO CORRÊA SALLES
DATA: SEM DATA
ASSUNTO: PUBLICAÇÃO
OBS.: DR. CARLOS ALBERTO SALLES E MÉDICO PSIQUIATRA E, ANALISTA GRADUADO PELO C.G. JUNG INSTITUT DE ZURIQUE, NA
SUÍÇA, ONDE FEZ UMA ESPECIALIZAÇÃO POR UM PERÍODO DE CINCO ANOS NA ESCOLA DE C.G. JUNG. DEFENDEU TESE NAQUELE
169
INSTITUTO SOBRE O PROCESSO ANALÍTICO NAS PSICOSES ATRAVÉS DE IMAGENS. ATUALMENTE RESIDE EM BELO HORIZONTE,
ONDE SE DEDICA A SEU CONSULTÓRIO E PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS. TAMBÉM TEM REALIZADO CURSOS E CONFERÊNCIAS
DESDE SEU RETORNO AO BRASIL SOBRE A ANÁLISE JUNGUIANA.
ÍNDICE
I - Sonhos Arquetípicos Uma Introdução
II - Imaginação Ativa
III - Sonhos Iniciais
IV Os Sonhos de Nabucodonosor
V Metamorfose Estudo de Um Sonho
VI Símbolos de Transformação em um Sonho
VII A Serpente Humana. Imagens de um Sonho Representando o Desenvolvimento da Consciência do Corpo e o Processo de Transformação
de Anima
Referência
Bibliografia Geral
55
TÍTULO: ARTHUR BISPO - ARTISTA PLÁSTICO
AUTOR (A): DENISE DE ALMEIDA CORRÊA
DATA: 1992 RIO DE JANEIRO UFRJ
ASSUNTO: MONOGRAFIA CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO MESTRADO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO - ÉTICA, ESTÉTICA, MEIOS DE
COMUNICAÇÃO E FORMAS NOVAS DE SOCIALIDADE
ÍNDICE
Introdução Hipótese de Trabalho
1 Em Dionísio: a transgressão
2 O neo-tribalismo e a lógica das redes
3 A ética da estética e o processo de comunicão
4 O novo paradigma e a nova ética
5 Em Arthur Bispo: a transgressão e a contemporaneidade
Conclusão
Bibliografia
56
TÍTULO: “DESATANDO NÓS”. UMA ABORDAGEM PSICOSSOCIOLÓGICA DE MULHERES DE UMA COMUNIDADE PRISIONAL
AUTOR: NÍVEA GRAÇA DE TOMMASO ROCHA
DATA: 1997 JUNHO - RIO DE JANEIRO UFRJ
ORIENTADOR (A): PROF (A): DRª MARIA LUIZA ASSUMPÇÃO SEMINERIO
CO-ORIENTADOR: PROF (A): DRª MARIA CECÍLIA DE MELLO E SOUZA
ASSUNTO: DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA UFRJ, COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM PSICOSSOCIOLOGIA DE COMUNIDADES E ECOLOGIA SOCIAL
PROGRAMA EICOS
SUMÁRIO
I INTRODUÇÃO
1.1 Fundamentação do problema
1.2 Objetivos
1.3 Justificativa relato de uma experiência anterior
1.4 Apresentação dos conteúdos teóricos
II UMA VISÃO DA INSTITUIÇÃO, SOB O ÂNGULO DE “INSTITUIÇÃO TOTAL” E “ESPAÇO DISCIPLINAR”
2.1 A prisão feminina: informações sobre o seu surgimento, as características disciplinares dos anos 50 e de hoje
2.2 A comunidade prisional: o espaço onde vivem as mulheres participantes da pesquisa: seu histórico e funcionamento
da instituição. O primeiro contato.
2.3 A comunidade prisional como lócus de controle de conceitos de Goffman e Foucault
III O GRUPO DE MULHERES PRESAS: EM BUSCA DA COMPREENSÃO DO EU.
Metodologia
3.1 O material de estudo
3.2 O trabalho de campo: experiências, dificuldades e algumas considerações
3.3 Histórias de Vida
3.3.1 Relatos: Visualizando os laços perdidos
3.3.2 Análise Desatando NÓS
a) Um sujeito de “si e do social”
b) Procedência
c) Relação Materna/Paterna/A inserção relacional
d) Escolaridade/Profissão/Relação com o Trabalho
e) Perspectivas para o futuro: apresentação dos desenhos
IV CONCLUSÃO: Re-pensando a escolha criminalizante
V BIBLIOGRAFIA
VI - ANEXOS
57
TÍTULO: UM ESTUDO DO ESPAÇO PSICOLÓGICO APLICADO EM PROPOSTA CENTRO TERAPÊUTICO
170
AUTOR: JERUSHA CHANG
DATA: 1977
ORIENTADOR: MIGUEL JULIANO
ASSUNTO: ESTUDO - FAUM
SUMÁRIO
Introdução
Sobre o Desenvolvimento das formas
Esboço de Projeto Mandala
Centro Terapêutico Programa-Espaço
Centro Terapêutico Implantação Efetiva
Jung e a Terapia
Terapia e Forma
Terapia e Cor
Terapia e Natureza
Do Paisagismo
Do Projeto
Modelo Teórico de Desenvolvimento
Outro Modelo Teórico de Desenvolvimento
Proposta de Centro Terapêutico na Cidade
Proposta de Centro Terapêutico no Campo
58
TÍTULO: FRAGMENTOS DE LUCIDEZ NESSE MUNDO DE LOUCURAS
AUTOR (A): ISIS MARIA PEREIRA DE AZEVEDO (NOME ARTÍSTICO ISIS BAIÃO)
DATA: 1977
ORIENTADOR: MIGUEL JULIANO
ASSUNTO: PROJETO
SUMÁRIO
Apresentação
Objetivos
Plano de Trabalho: Previsão para 12 meses
Do 1º ao 3º mês:
Entrevistas: com a Dra. Nise da Silveira história de vida, trajetória profissional, casos clínicos, e etc.
Com pessoas que trabalharam com ela, médicos e paramédicos.
Pesquisa: o pensamento e as técnicas de tratamento da Dra. Nise: casos clínicos
Digitação do material
Do 4º ao 6º mês
Pesquisa: o pensamento da psiquiatria tradicional e suas práticas no Brasil; casos clínicos
Entrevistas: com pessoas que combateram (e/ou combatem) os métodos da Dra. Nise; com pacientes da Dra. Nise e/ou dos seus
seguidores
Digitação do material
Do 7º ao 9º mês
Estudo de todo material coletado
Criação de uma sinopse definição de plot e sub-plots
Elaboração de uma estrutura dramática
Do 10º ao 12º mês
Escritura do texto: primeira redação
Segunda redação
Redação final
Cronograma
Curriculum Vitae
Cartas de Referência de Marieta Severo e Ivone Hoffmann
Comprovação de trabalhos anteriores em dramaturgia
Carta a Dra. Nise
59
TÍTULO: “TERAPIAS EXPRESSIVAS: UMA PESQUISA DE REFERÊNCIAS TEÓRICOS-PRÁTICOS”
AUTOR (A): LIOMAR QUINTO DE ANDRADE
DATA: 1993
ORIENTADOR: PROF. Dr. NORBERTO ABREU E SILVA NETO
ASSUNTO: TESE APRESENTADA AO INSTITUTO DE PSICOLOGIA, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, COMO PARTE DOS REQUISITOS
PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM PSICOLOGIA - ÁREA DE CONCENTRAÇÃO PSICOLOGIA CLÍNICA
SUMÁRIO
Resumos
Introdução
Pressupostos Teóricos
Histórico Do Uso De Arte Em Psicoterapia
Origens: Arteterapia E Arte-Educação Sob A Luz Da Psicanálise
171
Arte: Psicoterapia E Educação Fronteiras
Arteterapia E Terapia Expressivas De Orientação Junguiana
Referenciais Humanísticos Em Arteterapia E Terapia Expressivas
Conclusões
Bibliografia
60
TÍTULO: O MITO E A ARTE COMO FORMAS DEQUETÍPICAS DO INCONSCIENTE COLETIVO NA PSICOLOGIA ANALÍTICIA DE CARL
GUSTAV JUNG
AUTOR (A): MARIA HELENA ZILBERBEG
DATA: 1980 JULHO RIO DE JANEIRO
ORIENTADOR: PROF. CELSO LEMOS
ASSUNTO: DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA COMO REQUISITOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE EM FILOSOFIA
ÍNDICE
Índice
Agradecimentos
Resumo
Abstract
Introdução
CAPÍTULO I INCONSCIENTE
1 O Inconsciente Individual
2 O Inconsciente Coletivo
3 O Processo de Individuação (dialética entre o Eu e o Inconsciente)
4 Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo
CAPÍTULO II OS MITOS
1 Os Mitologemas (Imaginário Arquetípico)
2 O Homem Arcaico
3 O Retorno “ab origine” (conceito de mito)
CAPÍTULO III A ARTE
1 A Arte e o Mito: sua posição na Cultura Humana
2 O Universo do Significado: O Símbolo
3 Arte e Arquétipo
Conclusão
Referência Bibliográfica (Bibliografia citada e consultada)
61
TÍTULO: PAREIDOLIAS
AUTOR: AGILBERTO CALACA NEVES
DATA: 1993 19 DE DEZEMBRO RIO DE JANEIRO
ASSUNTO: POEMAS
SUMÁRIO
ALQUIMIA POÉTICA
Alquimia poética
A Manuel Bandeira
Poema inspirado no “Livro do Desassossego de Fernando Pessoa”
Trabalho de poeta
Poesia e palavra
Penúltimo canto operário
Haicai
Fetiche
Destino
Estrangeiro
Anima
Rosita
Espanha
Diagnóstico
Prostituta
Dois poeminhas apocalípticos extraídos de um livro de S. Freud
VINHETAS
Prosaico
Tivemos uma dura existência
Paisagem
Tempo
Do que não gosto dos livros
Viagem
Eu e você
Rio de Janeiro
Eu nuca volto
172
Conceito
A louca
Eqüestre
Biografia
Saudade
Dois Koans
62
TÍTULO: HYPNAGOGIC IMAGERY AND PSYCHOTIC OUTSIDER ART STUDY OF FORM-CONSTANTS AND VISUAL PROPERTIES
AUTOR : NELSON MARAVALHAS, JR
DATA: 2002
ORIENTADOR: PROF. CELSO LEMOS
ASSUNTO: THESIS SUBMITTED FOR THE DEGREE OF DOCTOR OF PHILOSOPHY (PHD) - HISTORY AND THEORY OF ART
UNIVERSITY OF KENT AT CANTERBURY
OBS.: Volume I: Thesis, Volume II: Illustrations
TABLE OF CONTENTS
Volume I
- Abstract
- Notes on Abbreviations
- Preface
- Introduction
PART ONE THE THEORY
Chapter 1 Pictures in the Mind
- Mental Imagery
- Hypnagogic State
- Psychotic Hallucinations
Chapter 2 Studies of form Constants and Visual Properties
- Klüver’s
- Siegel & Jarvik Model
- Lewis Williams & Dowson’s Entopic Model
- Summary
Chapter 3 Tools
- The Loop-state and the Image-recall Hypotheses
- Model of twelve form-Constants (FC)
- Model of Visual Properties (VP)
- Repertoire of Strategies
PART TWO THE APPLICATION
Chapter 4 Comparative examples
- Cartoons
- Spiralgraph
- Vertigo
- Mystics & Visions
- Romanticism
- Surrealism
Chapter 5 General points concerning Outsider Mental Imagery, and Psychosis
- Psychotic Art
- Distinction between Integrated and outsider Artists
- Psychotic Outsider Art
- The presence of FC and VP in works of nineteenth-century self-taught psychotic artists
- Preservation of art-training during psichosis
- Sumary
Chapter 6 Classic Outsider Art from Europe
- Adolf Wölfli
- August Natterer
- Hélène Smith and Frank Miller
Chapter 7 Case-Studies from a Brazilian Collection
- Museu de Imagens do Inconsciente and the Brazilian concern
- Choice and structure of the case-studies
- Adelina
- Carlos Pertuis
- Fernando Diniz
- Octávio Ignácio
- Raphael
- Sumary
Conclusion
Bibliography
62 A
Volume II
- Appendixes
173
- The Model of 12 FC
- The Model of VP
- Repertoire of Strategies
- List of Illustrations
- Notes on the Illustrations
- Illustrations
- Theoretical Addenda
- Translation Hypothesis and Concrete-image
- Universal Organising Agent
- Form-Constants in Nature
- Templates
- Mixed-categories
-Last Consideration
63
TÍTULO: O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO E O INFERNO DE DANTE
AUTOR (A): LÊDA MARIA DONNABELLA QUINETE MAAS
DATA: 1998 PUC SÃO PAULO
ORIENTADOR: PROF. DR. GILBERTO GORGULHO
ASSUNTO: DISSETAÇÃO APRESENTADA À BANCA EXAMINADORA DA PUNTIFÍCIA UNIVERSDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO, COMO
EXIGÊNCIA PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
I.O HOMEM EM SEU TEMPO
1.A trajetória existencial de Dante
2.O cenário medieval de sua experiência
II. A OBRA; A (DIVINA) COMÉDIA
1. Mapa de leitura
2. As três tapas da peregrInação
III . O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO E O INFERNO DE DANTE
1. O limiar do Inferno
2. A Cidade de Dite
1. A saída
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
GLOSSÀRIO
64
TÍTULO: ESPAÇO REAL, ESPAÇO IMAGINÁRIO
AUTOR (A): MARIA HELENA LISBOA DA CUNHA
DATA: 1990 UFRJ RIO DE JANEIRO
ORIENTADOR: PROF. DR. GILBERTO A. BORNHEIM
ASSUNTO: TESE APRESENTADA AO DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA, COMO REQUISITO PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR
EM FILOSOFIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO
I VIVÊNCIAS ORIGINÁRIAS NA ARTE EXPRESSIVA INFANTIL
II- O ESPAÇO E O TEMPO
III A REALIDADE DO MITO
IV AS RAÍZES DO SÍMBOLO
V A PERCEPÇÃO ESTÉTICA E A OBRA DE ARTE
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA GERAL
BIBLIOGRAFIA SUPLEMENTAR
APÊNDICES
65
TÍTULO: MUSEU DE IMAGENS DO INCONSCIENTE: UM EPAÇO TERAPÊUTICO E DE CONVIVÊNCIA AFETIVA E PSICOSSOCIAL
AUTOR (A): NATHÁLIE DE SOUZA JORGE
DATA: 2002
ORIENTADOR: PROF. DR. GILBERTO A. BORNHEIM
ASSUNTO: ESTÁGIO INTEGRADO EM SAÚDE MENTAL NO MUSEU DE IMAGENS DO INCONSCIENTE/INSTITUTO MUNICIPAL DE
ASSISTÊNCIA A SAÚDE NISE DA SILVEIRA
ÍNDICE
Apresentação
Aprendendo a Lidar com a Desestruturação Interna do Esquizofrênico
As Atividades Expressivas e a Terapêutica Ocupacional
174
Os Grupos Terapêuticos e o Contato com a Realidade Externa
O Ambiente Facilitador de Winnicott
Conclusão
Bibliografia
66
TÍTULO: DIÁLOGOS DA ALMA: UMA OUTRA HISTÓRIA DA LOUCURA
AUTOR (A): JULIANA ROCHA DE AZEVEDO
DATA: 2006 NATAL - RN
ORIENTADOR: PROFª: DRª. MARIA DA CONCEIÇÃO XAVIER DE ALMEIDA
ASSUNTO: DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS, DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO GRANDE DO NORTE, COMO REQUISITO PARCIAL À OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM CIÊNCIAS SOCIAIS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
TEMPESTADE E BONANÇA
Um iluminado pôr do sol no Potengi
O crepúsculo anuncia a noite e a escuridão
Um luminoso alvorecer anuncia bom tempo
Uma flor desabrocha no orvalho fresco da manhã
MEU ABRIGO, MINHA CASA
O nascimento e os primeiros dias da Casa
O jardim de Zé Raimundo
A Capela
Os cantos especiais
MEU MEDO DO TROVÃO E MEU AMOR PELA CHUVA
Chico Domingos
Zé Raimundo e Sebastiana
Aloízio Albuquerque
Outras Pessoas, outros momentos
BRISAS
SUSSURROS
Lista de Figuras
Fig.01 BOUGART Natal no século XIX, vista panorâmica da Praça André de Albuquerque - Acervo: Coleção IHGRN
Fig.02 Vista da entrada do Leprosário São Francisco de Assis, fonte: Cd 400 anos de Natal
Fig.03 Foto do paciente Sabino Alves. Ficha de controle do Hospício de Alienados do Rio Grande do Norte (1922). Acervo: Hospital Dr. João
Machado
Fig.04 Foto do paciente Antônio de Tal. Fonte: Ficha de controle do Hospício de Alienados do Rio Grande do Norte (1922). Acervo: Hospital Dr.
João Machado
Fig.05 Foto da paciente Elysa Lopes do Santos. Fonte: Ficha de controle do Hospício de Alienados do Rio Grande do Norte (1922). Acervo:
Hospital Dr. João Machado
Fig.06 Ficha de controle do paciente Silvino de Tal, Hospício de Alienados do Rio Grande do Norte (1922). Acervo: Hospital Dr. João Machado
Fig.07 Verso da ficha de controle do paciente Silvino de tal, Hospício de Alienados do Rio Grande do Norte (1922). Acervo: Hospital Dr. João
Machado
Fig.08 Ulysses Pernambucano (*1892 / +1943)
Fig.09 João da Costa Machado. Fonte: SUCAR, Douglas Dogol. Nas Origens da Psiquiatria Social: Um corte através da História do Rio Grande
do Norte, Natal: Clima, 1993
Fig.10 Chanana. Foto: Juliana Rocha de Azevedo
Fig.11 Nise da Silveira com gato. Fonte: www.annafrank.blog.uol.com.br
Fig.12 Nise da Silveira. Acervo: Museu de Imagens do Inconsciente. Fonte: www.museuimagensdoinconscirente.org.br
Fig.13 Vista panorâmica do Hospital da Colônia de Psicopatas 1957. Acervo: Hospital Dr. João Machado
Fig.14 Chegada da Comitiva presidencial. Presença do Presidente Juscelino Kubitschek 20 de janeiro de 1957. Acervo do Hospital Dr. João
Machado
Fig.15 Internos praticando s Laborterapia no Aviário do Hospital Colônia de Psicopatas. Acervo do Hospital João Machado
Fig.16 Outro aspecto do Aviário. Acervo do Hospital João Machado
Fig.17 Pacientes na lavoura. Acervo do Hospital João Machado
Fig.18 Outro aspecto da lavoura. Acervo do Hospital João Machado
Fig.19 Pocilga. Internos no trato com os animais. Acervo do Hospital João Machado
Fig.20 Outro aspecto da Pocilga. Acervo do Hospital João Machado
Fig.21 Lavanderia do Hospital Colônia. Acervo do Hospital João Machado
Fig.22 Internos e Visitantes na exposição dos trabalhos feitos nas oficinas de praxiterapia. Fonte: Acervo do Hospital João Machado
Fig.23 Fragmentos jornalísticos sobre os eventos realizados pelas Damas Protestoras
Fig.24 Poema Emeraude feito pela paciente Ronilda Pinheiro
Fig.25 Mudas preparadas para o plantio. Foto: Juliana Rocha de Azevedo
Fig.26 José Raimundo detalhe da mão e da rosa. Foto: Juliana Rocha de Azevedo
Fig.27 José Raimundo no jardim. Foto: Juliana Rocha de Azevedo
Fig.28 Nossa Senhora da Cabeça detalhe. Foto: Manoel Bezerra
Fig.29 Ex-voto em madeira cabeça. Foto: Manoel Bezerra
Fig.30 Detalhe de uma flor na grade da capela. Foto: Manoel Bezerra
Fig.31 Detalhe da porta do Setor de Terapia Ocupacional. Foto: Juliana Rocha Azevedo
Fig.32 Detalhe do pátio interno durante a festa junina de 2005. Foto: Juliana Rocha Azevedo
Fig.33 Francisco Domingos. Foto: Juliana Rocha Azevedo
Fig.34 Francisco Domingos. Foto: Juliana Rocha Azevedo
Fig.35 Príapo lamparina em terracota encontrada em Pompéia, pertencente ao século I d.C.
Fig.36 Foto do Jornal “Diário de Natal” – Dia 05 de abril de 1998
175
Fig.37 Sebastiana durante a Festa Junina do Hospital Dr. João Machado 2005. Foto: Juliana Rocha Azevedo
Fig.38 José Raimundo na Festa Junina do Hospital Dr. João Machado 2005. Foto: Juliana Rocha Azevedo
Fig.39 Ilustração de São João menino e o carneirinho. Acervo: Juliana Rocha Azevedo
Fig.40 Sebastiana na inauguração da Residência Terapêutica dia 18 de maio de 2005. Foto: Juliana Rocha Azevedo
Fig.41 Equipe Brasileira da Copa do Mundo de 1958. Fonte: www.reservaer.com.br
Fig.42 Aloizio Albuquerque. Foto: Juliana Rocha Azevedo
Fig.43 - Aloizio Albuquerque. Foto: Juliana Rocha Azevedo
Fig.44 Baiano tocando o triângulo no dia da despedida 17 de maio de 2005. Foto: Juliana Rocha Azevedo
Fig.45 Ilustração de Adriano
Fig.46 Ilustração de Adriano
Fig.47 Ilustração de Adriano
Fig.48 Ilustração de Adriano
Fig.49 Ilustração de Adriano
Fig.50 Ilustração de Robson
Fig.51 Bilhete de Robson
Fig.52 Detalhe da Bíblia nas mãos de Baltazar. Foto: Juliana Rocha Azevedo
67
TÍTULO: NISE DA SILVEIRA, A EMOÇÃO DE LIDAR Vida e Obra de uma psiquiatra rebelde
AUTOR: SYDNEY CINCOTTO JUNIOR
DATA: 2003 SÃO PAULO
ORIENTADOR: PROF: DR. EDGARD DE ASSIS CARVALHO
ASSUNTO: DISSERTAÇÃO APRESENTADA À BANCA EXAMINADORA DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO,
COMO EXIGÊNCIA PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM CIÊNCIAS SOCIAIS NA ÁREA DE ANTROPOLOGIA
SUMÁRIO
1. Princesa Caralâmpia
2. Uma Psiquiatra rebelde e anti-cartesiana
3. Em busca da Unidade do ser
No caminho do consciente
Á sombra dos Ateliês, o afeto humanizador
A totalidade reencontrada
Notas
4. Cartas à Nise da Silveira
5. Carta I
6. Carta II
7. Carta III
Obras e fontes consultadas
Anexos
68
TÍTULO: A UTILIZAÇÃO DA ARTE COMO DISPOSITIVO TERAPÊUTICO
AUTOR(A): LAURA BARROS DE SOUZA
DATA: 2002 SÃO LEOPOLDO
ORIENTADOR: PROFª: ANNA MARIA RUSCHEL
ASSUNTO: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DA UNIVERSIADE DO VALE DO RIO DOS SINOS, CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE,
CURSO DE PSICOLOGIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1 A ARTE COMO PRODUÇÃO SIMBÓLICA
1.1 Um pouco de história Nise da Silveira uma psiquiatra rebelde
1.2 A arte e a psicologia analítica de Carl Gustav Jung
1.2.2 Individuação, Símbolo e Self
1.3 Arteterapia
1.3.1 O papel do arterapeuta
2. ANÁLISE PRÁTICA: ARTE X GRUPO DE USUÁRIOS DO CAIS MENTAL E GRUPO DE PROFESSORES
CONCLUSÃO
OBRAS CONSULTADAS
69
TÍTULO: TERAPIAS EXPRESSIVAS UMA PESQUISA DE REFERÊNCIAS TEÓRICO-PRÁTICOS
AUTOR (A): LIOMAR QUINTO DE ANDRADE
DATA: 1993 SÃO PAULO
ORIENTADOR: PROF: DRº NORBERTO ABREU E SILVA NETO
ASSUNTO: TRABALHO APRESENTADO AO INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, COMO PARTE DOS
REQUISITOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM PSICLOGIA CLÍNICA
176
SUMÁRIO
RESUMOS
INTRODUÇÃO
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
HISTÓRICOS DO USO DE ARTE EM PSICOTERAPIA
ORIGENS: ARTETERAPIA E ARTE-EDUCAÇÃO SOB A LUZ DA PSICANÁLISE
ARTE: PSICOTERAPIA E EDUCAÇÃO FRONTEIRAS
ARTETERAPIA E TERAPIAS EXPRESSIVAS DE ORIENTAÇÃO JUNGUIANA
REFERÊNCIAS HUMANÍSTICAS EM ARTETERAPIA E TERAPIAS EXPRESSIVAS
CONCLUSÕES
BIBLIOGRAFIA
OBRAS CONSULTADAS
70
TÍTULO: O ENGENHO DE DENTRO DO LADO DE FORA CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA E PROPOSTAS PARA O FIM DE UM MANICÔMIO
AUTOR: EDMAR OLIVEIRA
DATA: 2004 RIO DE JANEIRO
ORIENTADOR: PROF: BENILTON BEZERRA JUNIOR
ASSUNTO: MONOGRAFIA APRESENTADA COMO REQUISITO DE TÍTULO PARA O CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DE GESTÃO EM SAÚDE
FUNDAÇÃO JOÃO GOULART
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
SUMARIO
RESUMO
DA METODOLOGIA
INTRODUÇÃO: INÍCIO DATADO, O FIM POSSÍVEL
CAPÍTULO 1: PARA IMAGINAR ONDE CHEGAR É PRECISO UM PONTO DE PARTIDA
PRIMEIRA PARTE: CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA
CAPÍTULO 2: A MESMA CENA SE REPETE QUASE UM SÉCULO DEPOIS: O NASCIMENTO DO HOSPÍCIO NO BRASIL
CAPÍTULO 3: HIGIENE MENTAL: UM ENGENHO DE DENTRO QUE SUBSTITUI A PRAIA DA SAUDADE...
CAPÍTULO 4: PERDE-SE O PASSADO, FICA-SE SEM O FUTURO: A PSIQUIATRIA, ENVERGONHADA, FOI PRIVATIZADA PELOS
MERCADORES DE INFORTÚNIOS...
SEGUNDA PARTE: ECOS DA REFORMA NO ENGENHO DE DENTRO
CAPÍTULO 5: A RECONSTRUÇÃO DA FORMA: A REFORMA PSIQUIÁTRICA NÃO MODIFICA O CONTEÚDO MANICOMIAL
TERCEIRA PARTE: PROPOSIÇÕES ESTRATÉGICAS
CAPÍTULO 6: A INTENÇÃO DE CHEGAR AO TERRITÓRIO: DE UM ENGENHO DE DENTRO PARA UM ENGENHO DE FORA
ENGENHO DE DENTRO
PROPOSIÇÕES ESTRATÉGICAS AINDA NO LADO DE DENTRO, MAS QUE POSSIBILITEM AÇÕES DO LADO DE FORA
UM ENGENHO DO FORA
O PROVISÓRIO DA CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
FONTES PRIMÁRIAS
ANEXO: DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
71
TÍTULO: COMPREENSÃO NO ESQUIZOFRÊNICO
AUTOR: CARLOS ROBERTO HOJAIJ
DATA: 1987 SÃO PAULO
ORIENTADOR: PROF: SIDNEY CHIORO
ASSUNTO: TESE DE DOUTORAMENTO APRESENTADA À FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. CURSO DE
PÓS-GRADUAÇÃO.ÁREA DE PSIQUIATRIA
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. LITERATURA
2.1. A questão do delírio
2.2. A idéia do processo psíquico
2.3. Fenomenologia
2.4. Compreensão
3. MATERIAL E MÉTODO
3.1. Paciente A
Comentários
3.2. Paciente B
Comentários
3.3. Paciente C
Comentários
3.3. Paciente D
Comentários
3.4. Paciente E
Comentários
4. DISCUSSÃO
177
5. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABSTRACT
72
TÍTULO: JANELAS DESENHOS E PINTURAS COMO ESPAÇOS ABERTOS PARA O INCONSCIENTE
AUTOR(A): BÁRBARA ELISABETH NEUBARTH
DATA: INVERNO DE 1996 RIO GRANDE DO SUL
ORIENTADOR: PROFa. DRa. ANALICE DUTRA PILLAR
ASSUNTO: UM ESTUDO SOBRE A OFICINA DE CRIATIVIDADE DO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO DE SÃO PEDRO UNIVERSIDADE DO RIO
GRANDE DO SUL FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
II A JANELA DESDE O LADO DE FORA Uma Primeira Olhada
Cem anos de Hospital Psiquiátrico São Pedro (1884-1984)
A História Recente e as Políticas de Saúde Mental
Alguns Números e Serviços
A Oficina de Criatividade Inserção do Setor na Organização
III O CAIXILHO QUE SUSTENTA
3.1 Os Freqüentadores
3.2 A Dimensão do Espaço
3.2.1 O Lugar da Oficina
3.2.2 Relação Freqüentador Espaço
3.3 A Dimensão Tempo
3.3.1 O Tempo que se congela
3.3.2 Horário
3 4 Técnicas Utilizadas e os Materiais Empregados
IV ABRINDO UMA NESGA DA JANELA A Luz e o Ar Renovam
4.1 As Psicoses
4.2 Jung e a Psicologia da Esquizofrenia
4.3 O Tratamento Psicológico na Esquizofrenia
4.4 Arte e Inconsciente
4.5 Antecedentes da Utilização da Arte com fins Terapêuticos
4.6 A Expressão Plástica como Recurso Terapêutico
V JANELAS ABERTAS
5.1 CLEÒPATRA
5.2 NATÁLIA
5.3 Cenilda
5.4 Ernesto
5.5 Sorriso
5.6 Luiz
VI ENCOSTANDO A JANELA Considerações parciais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
73
TÍTULO: RELÓGIOS SEM PONTEIROS DESVELANDO UMA HISTÓRIA A VIDA E A OBRA DE LUIZ SILVEIRA GUIDES, MORADOR DO
HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO
AUTOR(A): BÁRBARA ELISABETH NEUBARTH
DATA: VERÃO DE 1997 RIO GRANDE DO SUL
ORIENTADOR: PROFa. DRa. ANALICE DUTRA PILLAR
ASSUNTO: UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO SUL - FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
I. A VIDA
Luiz Silveira Guides Fragmentos de uma história de vida
O Cotidiano de Luiz na Oficina de Criatividade
O Rito Sagrado
II. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
O Diálogo com a Obra
Imagem e Símbolo
III. O SIGNIFICADO DAS IMAGENS NA OBRA DE LUIZ
No Início era o Caos
Relógios sem Ponteiros
IV. FINALIZANDO
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
74
178
TÍTULO: GÊNERO E ENVELHECIMENTO NA ESQUIZOFRENIA UM ESTUDO DE CASO ATRAVÉS DA ICONOGRAFIA DE ADELINA
GOMES, PACIENTE DO MUSEU DE IMAGENS DO INCONSCIENTE
AUTOR(A): MARIA CRISTINA REIS AMENDOEIRA
DATA: NOVEMBRO DE 2003
ASSUNTO: ANTEPROJETO DE TESE DE DOUTORADO PARA ÁREA DE SAÚDE MENTAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE MEDICINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSIQUIATRIA E
SAÚDE MENTAL
COMPOSIÇÃO DO PROJETO
1. Trabalho escrito dividido em 5 capítulos
Introdução
Metodologia
O perfil de Adelina Gomes
O papel da mulher na cultura trecho da primeira versão em anexo
2. Produção de vídeo/documentário com material sobre Adelina Gomes
3. Montagem de Exposição com obras de Adelina Gomes pertinentes ao Projeto realizado
Cronograma
Etapas
I. Revisão bibliográfica sobre o tema, assim como listagem das exposições em processo
II. Inventário e estudo do acervo, com seleção dos trabalhos a serem estudados em processo
III. Entrevistas em processo
IV. Fotos das obras e organização do material de vídeo selecionados fotos de Adelina Gomes realizadas. Fotos das obras do grupo
controle a programar
V. Análise do material coletado
VI. Redação final do trabalho
VII.Confecção do documentário em vídeo e seleção das peças para exposição
75
TÍTULO: NISE DA SILVEIRA: A EMOÇÃO DE LIDAR
AUTOR (A): MAIONE DE QUEIROZ
DATA: OUTUBRO DE 1996
ASSUNTO: DOCUMENTÁRIO DE 60 MINUTOS, SOBRE O TRABALHO DE NISE DA SILVEIRA NO CENTRO PSIQUIÁTRICO PEDRO II EM
ENGENHO DE DENTRO. O FORMATO FINAL DO DOCUMENTÁRIO SERÁ EM VÍDEO BETACAM SP
SINOPSE
Rio de Janeiro, outubro de 1996. Nise da Silveira, em seu apartamento, retraça a história do Museu de Imagens do Inconsciente, dos
freqüentadores do ateliê de pintura, das lutas contras os psiquiatras tradicionais.
76
TÍTULO: A PONTE DE MADEIRA A POSSIBILIDADE ESTRUTURANTE DA ATIVIDADE PROFISSIONAL NA CLÍNICA DA PSICOSE
AUTOR: ARNALDO ALVES DA MOTA
DATA: 1994 SÃO PAULO
ORIENTADOR: DR. CARLOS BYINGTON
ASSUNTO: MONOGRAFIA PARA CONCLUSÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO DE ANALISTAS DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOLOGIA
ANALÍTICA
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
PSICOSE E LOUCURA
O TRABALHO
O PERCURSO
A MARCENARIA
CONCLUSÃO
RESUMO
BIBLIOGRAFIA
ABSTRACT
77
TÍTULO: ESPAÇO E TEMPO: PALAVRA
AUTOR(A): MARIA DA GLORIA ATALLA
DATA: 1998
ASSUNTO: PRIMEIRA PROVA DE UM LIVRO QUE HÁ MUITO ESTAVA SENDO PREPARADO
78
TÍTULO: A HISTÓRIA DE BETA
AUTOR(A): ABERTINA BORGES DA ROCHA - ELIZABETH
DATA: SEM DATA
ASSUNTO: ORIGINAL DO LIVRO EM PASTA PARA ARQUIVOS
ÍNDICE
179
Dedicatória
Prólogo
Capítulo 1º - Da infância a primeira crise
Capítulo 2º - Viagem dentro de uma crise misturando o real
Capítulo 3º - Os grandes achados nos grande mergulhos (os cadernos)
Capítulo 4º - Reflexões
Capítulo 5º - Vivências através do tempo
Capítulo 6º - O grande passo de estar só
Capítulo 7º - O caminho pelo saber da razão
Capítulo 8º - Mergulho em uma viagem fantástica
Epílogo O grande golpe do destino
78 A
TÍTULO: A HISTÓRIA DE BETA
AUTOR (A): ABERTINA BORGES DA ROCHA - ELIZABETH
DATA: SEM DATA
ASSUNTO: ORIGINAL DO LIVRO EM PASTA PARA ARQUIVOS
ÍNDICE
Dedicatória
Prólogo
Capítulo 1º - Da infância a primeira crise
Capítulo 2º - Viagem dentro de uma crise misturando o real
Capítulo 3º - Os grandes achados nos grande mergulhos (os cadernos)
Capítulo 4º - Reflexões
Capítulo 5º - Vivências através do tempo
Capítulo 6º - O grande passo de estar só
Capítulo 7º - O caminho pelo saber da razão
Capítulo 8º - Mergulho em uma viagem fantástica
Epílogo O grande golpe do destino
79
TÍTULO: A RELAÇÃO ENTRE A PATOLOGIA PSÍQUICA E A PERCEPÇÃO IMPRESSIONISTAS DE VINCENT VAN GOGH
AUTOR (A): NATÁLIA TÁVORA CELESTINO
DATA: 2008 VASSOURAS
ORIENTADOR: PROF MADDI DAMIÃO JUNIOR
ASSUNTO: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC) APRESENTADO AO CURSO DE PSICOLOGIA DA USS, PARA OBTENÇÃO DO
GRAU DE PSICÓLOGO.
UNIVERSIDADE SEVERINO SOMBRA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1 A ARTE
1.1 O que é impressionismo?
1.2 A vida de Vincent Van Gogh
CAPÍTULO II O QUE É PERCEPÇÃO
2.1 A percepção de Vincent Van Gogh
CAPÍTULO III A PSICOPATOLOGIA E A PATOLOGIA PSÍQUICA
3.1 O transtorno afetivo bipolar
CAPÍTULO IV A PATOLOGIA PSÍQUICA E A PERCEPÇÃO IMPRESSIONISTA DE VINCENT VAN GHOG
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
80
TÍTULO: GENUINESS AS DUALITY IN UNITY
AUTOR: CARLOS A B BYINGTON, MD
DATA: 1965 - NOVEMBER
ASSUNTO: DIPLOMA THESIS FOR THE C G JUNG INSTITUTE - ZURICH.
SUMÁRIO
INTRODUCTION
CHAPTER I
CHAPTER 2
CHAPTER 3
CHAPTER 4
81
TÍTULO: RIOBALDO/ROSA: “O HOMEM MODERNO À PROCURA DE UMA ALMA”. UM PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO
AUTOR (A): TANIA REBELO COSTA SERRA
DATA: 1965 - AGOSTO
180
PROFESSOR: ORIENTADOR: AGLAEDA FACÓ VENTURA
ASSUNTO: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA À UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, DF. MESTRADO DE LITERATURA
BRASILEIRA DEPARTAMENTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA
ÍNDICE
Capítulos
I INTRODUÇÃO
II O NÍVEL REAL
A - A Conquista do Sertão
B A Estrutura Fundiária e as Relações de Classe
1 A Estrutura Fundiária
2 As Relações de Classe
3 - Bandidos, Jagunços e Cangaceiros
4 José Rebelo Adro Antunes, vulgo Zé Bebelo: Símbolo de um Novo Ciclo; a Urbanização/Industrialização
III O NÍVEL MÍTICO/PSÍQUICO
1 O Mito
2 O Processo de Individuação
3 Riobaldo Rosa: “O homem moderno a procura de uma alma”
4 Grande Sertão: Veredas como um processo de Individuação
I Prólogo
II Primeiro Ato
III - Segundo Ato
IV - Terceiro Ato
V Quarto Ato
VI Epílogo
IV Conclusão
V Referências Bibliográficas
82
TÍTULO: ATIVIDADES EXPRESSIVAS COMO VIA TERAPÊUTICA: UMA POSSIBILIDADE NO TRATAMENTO DAS PSICOSES
AUTOR (A): FABIANA BANDEIRA MAIA
DATA: 1977 - OUTUBRO
PROFESSOR: ORIENTADOR: MARIA CECÍLIA VILHENA MORAES SILVA
ASSUNTO: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO COMO EXIGÊNCIA PARA GRADUAÇÃO NO CURSO DE PSICOLOGIA DA PUC SÃO
PAULO
ÍNDICE
I. Introdução
O tratamento e sua trajetória histórica: da marginalização à responsabilidade
Atividades expressivas: uma legítima via terapêutica
Tateando a psicose
1.3.1 Sob o ponto de vista da Psicologia Analítica
1.3.2 Sob o ponto de vista da Psiquiatria Clássica
1.3.3 Sob o ponto de vista de outras abordagens
II. Nise da Silveira e o Museu de Imagens do Incosciente
III. Metodologia
IV. Análise
V. Discussão
VI. Conclusão
VII. Anexos
VIII. Bibliografia
83
TÍTULO: MÉTODO DO SONHO ACORDADO DE DESOILLE E A TEORIA DA TRANSFERÊNCIA
AUTOR (A): ADEMIR PACELLI FERREIRA
DATA: 1986 - MARÇO
PROFESSOR: ORIENTADOR: LUIZ ALFREDO GARCIA ROZA
ASSUNTO: TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DE ENINO PARA GRADUADOS E PESQUISA DO INSTITUTO
DE PSICOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUIITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO
GRAU DE MESTRE - UFRJ
ÍNDICE
I INTRODUÇÃO
II O SONHO ACORDADO DE DESOILLE
1.1 Dados Biográficos do Autor
1.2 A Técnica e o Método
1.2.1 A Série de Imagens Iniciais
1.2.2 As Características das Imagens no SAD
1.2.3 A Análise Um exemplo
1.2.4 O SAD, o Inconsciente, o Imaginário e a Linguagem
181
1.2.5 Evolução Histórica do SAD
1.2.6 O Afloramento da Problemática Inconsciente
1.2.7 A Integração da Problemática Inconsciente
1.2.8 A Superação dos Conflitos
1.2.9 A Indicação do SAD
III IMAGINÁRIO, IMAGINAÇÃO E FUNÇÃO IMAGINÁRIA
2.1 Definição de Imaginário
2.2 Desejo: do Modelo Hegeliano a Lacan
2.3 O imaginário em Lacan: O estágio do Espelho
2.3.1 Ordem do Fantasma e Ordem do Imaginário
2.4 O Imaginário em Bachelard
IV A Transferência Momentos do Conceito no Devir da Psicanálise
3.1 A Transferência em Freud
3.1.1 Transferência como conceito periférico e como interferência na cura psicanalítica
3.1.2 O Lugar estratégico da transferência na prática psicanalista
3.1.3 Sobre a sugestão e a transferência
3.1.4 A transferência, suas formas e a estrutura libidinal do sujeito
3.1.5 A transferência e a compulsão de repetição
3.2 A transferência em Jung A função transcendente do símbolo
3.2 A transferência em Lacan
3.3.1 O sujeito suposto sabe
V - A Transferência no SAD
4.1 Desoille e a questão da transferência
4.1.1 Exemplo da simbolização da transferência
4.1.2 A questão da escuta, da interpretação e da resistência
VI A Trama da Transferência no Drama de Re Um Exemplo da Clínica
5.1 Introdução
5.2 Dados da Vida de Rene
5.3 Observações sobre o primeiro contato com René. O impacto inicial
5.4 Sonhos noturnos de Rene
5.5 Sonhos Acordados de René
VII Conclusão
VIII - Bibliografia
84
TÍTULO: VOZES DO HOSPÍCIO
AUTOR: RICARDO AQUINO
DATA: SEM DATA
ASSUNTO: POESIA
ANAMNESE
IDENTIFICAÇÃO
- Elegia para Valnei
QUEIXA PRINCIPAL
- “O trouxeram para o hospício”
QUADRO CLÍNICO
- “Os saberes científicos” – “as paredes” – silêncio desgraça o olhar singelo do paciente” – comadre Colônia
PERÍODO DE ESTADO
- “No corredor” – “não como” – “percorri a Colônia” – “eu o vi chorando”
HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA
- Dilema “ele rodopiou” – menino - impossibilidade
ANTECEDENTES FAMILIARES
- Crise nosso tempo “hoje o hospital” – “os maços de cigarro”
BIOGRAFIA
- “Seu nome é nome de outro” - o asilo é o exílio” – reino do silêncio
SÚMULA PSICOPATOLÓGICA
- “Meu íntimo” – tagarela pinel protesto - ofegante
DIAGNÓSTICO
- “Ser maluca” – “tua voz distante” – dezembro na Colônia Juliano Moreira
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Rainha suicídio um homem despedida - anos psicopata pessimista “chorando ele implorou” – aposentado alcoolismo
hipocondríaco - catatônico
TRATAMENTO
182
- “Na madrugada” – destino sobre vivência “seu engajamento na doença
PROGNÓSTICO
85
TÍTULO: MANDALAS UM OLHAR PARA O FUTURO
AUTOR (ES): ANA ELISA A L REIS E ROBERTO SILVA
DATA: 2008
ASSUNTO: PROJETO REALIZADO NO ATELIER FERNANDO DINIZ
ÍNDICE
Introdução
Observação da Atividade
Identificação do Objetivo
Experimentos
Partido Adotado
Geração de Alternativas
Alternativas Adotadas
Construção
Experimentação Final
Conclusão
Bibliografia
Pessoas Consultadas
Gratidões
Obs: Anexo CD
86
TÍTULO: NISE , SIMPLESMENTE NISE
AUTOR (A): VALQUÍRIA DA PAZ
DATA: SEM DATA
ASSUNTO: MATÉRIA PARA JORNAL DE MACEIÓ QUE SE TRANSFORMOU EM LIVRO
SUMÁRIO
Cara Doutora Nise
Nise, Simplesmente Nise
Corações Partidos
De perto ninguém é normal
Encontro Cósmico
O Mito de Dafne
Natureza e Espírito
União dos Opostos
O Planetário de Deus
87
TÍTULO: “UMA MITOLOGIA INDIVIDUAL” – ESBOÇO DE UMA POSSÍVEL UTILIZAÇÃO DOS CONCEITOS JUNGUIANOS NA ANÁLISE DE
ALGUMAS VISÕES
AUTOR (A): THEREZINHA RUSSO
DATA: 1971 JUNHO RIO DE JANEIRO - PUC
ASSUNTO: MESTRADO DE PSICOLOGIA CADEIRA PERSONALIDADES
PLANO DE TRABALHO
I O porque da escolha do material apresentado
II Caracterização de AJ as funções de consciência que predominam no seu processo de adaptação
III Retração para o centro do Ser a dor profunda da perda
IV A dissociação os vários Eus
V Eva e o Princípio de Sedução a serpente
VI A integração
VII A Grande Mãe a identificação com a natureza
VIII A experiência mística definição do Si-mesmo
IX Conclusões
X - Bibliografia
183
88
TÍTULO: INICIAÇÃO À LOUCURA UM ESTUDO
AUTOR: FAUZI ARAP
DATA: SEM DATA
ASSUNTO: MATÉRIA PARA JORNAL DE MACEIÓ QUE SE TRANSFORMOU EM LIVRO
89
TITULO: A PSIQUIATRA E O ARTISTA: NISE DA SILVEIRA E ALMIR MAVIGNIER ENCONTRAM AS IMAGENS DO INCONSCIENTE
AUTOR: JOSÉ OTÁVIO POMPEU E SILVA
DATA: 2006
ASSUNTO: DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO INSTITUTO DE ARTES DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, PARA A
OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM ARTES
ORIENTADORA: PROFA. DRA. LUCIA HELENA REILY
1 IIntrodução
1.1 A importância da Investigação
1.2 Espírito de uma época
1.2.1 A capital da República e as artes nas décadas de 40 e 50
1.2.2 A produção artística e a psiquiatria
1.2.3 Os hospitais psiquiátricos
2 O Recontar de Uma História
2.1 Nise da silveira e a terapêutica ocupacional
2.2 Um artista como monitor de pintura
2.3 A escolha dos participantes
2.4 O afeto catalisador
2.5 O espaço físico e o material usado no ateliê
2.6 As exposições e os Congresos
2.7 Os Amigos: Mavignier, Serpa, Palatnik; e o mestre Mário Pedrosa
2.8 Francisco Brennando visita o ateliê de pintura
3 Considerações Finais
Anexos: Matérias de Jornal, Excerto de transcrição de fita de entrevista com Almir Mavignier. Questionário.
90
TITULO: NINGUÉM VAI SOZINHO AO PARAÍSO: O PERCURSO DE NISE DA SILVEIRA NA PSIQUIATRIA DO BRASIL
AUTOR: WALTER MELO JUNIOR
DATA: FEVEREIRO DE 2005
ASSUNTO: TESE APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL DO INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO COMO REQUISITO PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE DOUTOR EM
PSICOLOGIA SOCIAL.
ORIENTADOR: LUIZ FELIPE BAÊTA NEVES FLORES
1 As Três Cidades
2 A Escafandrista da Substância Infinita
3 Atravessando os Desertos com a Santa
Considerações Finais
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
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Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
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Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
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Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
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