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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS − UNISINOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
NÍVEL MESTRADO
GIOVANA SHAI’ANNE DA SILVA FLORES
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE INVESTIMENTOS AMBIENTAIS E
DESEMPENHO ECONÔMICO
São Leopoldo
2009
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GIOVANA SHAI’ANNE DA SILVA FLORES
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE INVESTIMENTOS AMBIENTAIS E
DESEMPENHO ECONÔMICO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências Contábeis
da Universidade do Vale do Rio dos
Sinos UNISINOS, como requisito
parcial para a obtenção do título de
Mestre em Ciências Contábeis.
Orientador: Prof. Dr. Ernani Ott
Co-Orientador: Prof. Dr. Tiago
Wickstrom Alves
São Leopoldo
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1
2009
Giovana Shai’ Anne da Silva Flores
Análise da relação entre investimentos ambientais e desempenho econômico
Dissertação apresentada à Universidade do
Vale do Rio dos Sinos Unisinos, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Ciências Contábeis.
Aprovado em 30 de março de 2009
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Clovis Antonio Kronbauer – UNISINOS
Prof. Dra. Maisa de Souza Ribeiro – USP - Ribeirão Preto
Prof. Dr. Marcos Antonio de Souza – UNISINOS
____________________________________________
Prof. Dr.Ernani Ott
____________________________________________
Prof. Dr. Tiago Wickstrom Alves (co-orientador)
Visto e permitida a impressão
São Leopoldo,
_________________________________________
Prof. Dr. Ernani Ott
2
Coordenador Executivo PPG
em Ciências Contábeis
3
4
Dedico esta Dissertação
aos meus pais.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus pela vida, por todos os desafios e pelas
conquistas alcançadas.
Aos meus queridos pais, José e Jurema, pelo apoio, pelas orientações para a vida, pelas
orações a mim dedicadas, meu amor incondicional para sempre.
Ao meu amado Felipe, pelo carinho e apoio nos diversos momentos desta e de outras
etapas.
Aos meus queridos tios Sirlei e Marlenio, pela importante acolhida a mim e a minha
família em sua casa.
Aos colegas do curso de Mestrado, pelo companheirismo e pela amizade. Em especial,
à colega Clari, pela companhia na hospedagem na Pousada dos Sinos.
Aos amigos Lívia e André, pelas oito horas semanais de conversas, risadas e boa
música no trecho São Leopoldo-Rio Grande.
Ao Prof. Msc. Walter Oleiro, pelo incentivo à pesquisa durante o curso de graduação
na Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
Meu especial agradecimento aos orientadores: Prof. Dr. Ernani Ott, que sempre me
apoio e esteve ao meu lado, concedendo-me o privilégio de partilhar comigo seu
5
conhecimento e sua valiosa experiência; e ao Prof. Dr. Tiago Alves, por sua incansável
dedicação e orientação em todos os momentos.
Aos Srs. Célio Pedro Wolfarth, Dr. Clóvis Antônio Kronbauer, Dr. Francisco Antônio
Mesquita Zanini, Dr. Marcos Antônio de Souza e Marco Antônio Perottoni, pela participação
nas várias etapas desta pesquisa, contribuindo significativamente para a realização deste
trabalho. Em especial, aos Prof. Dr. Clóvis Antônio Kronbauer e ao Prof. Dr. Marcos Antônio
de Souza, pelas valiosas contribuições na banca de qualificação.
À Elisângela e à Neza, pelo apoio fundamental no processo de revisão do texto e do
abstract.
À Secretaria de Pós-Graduação da UNISINOS, em especial às funcionárias
Alessandra, Ana, Antonia e Nicole, pelo excelente trabalho realizado, pelo carinho e pela
atenção dedicados aos alunos.
E, por fim, a Capes, pelo apoio financeiro.
6
“Na excitação em torno do desenrolar de suas potencialidades científicas e técnicas,
o homem moderno construiu um sistema de produção que violenta a natureza
e um tipo de sociedade que mutila o homem.
Se ao menos houvesse cada vez mais riqueza, pensou-se, tudo se ajustaria. (...)
Esta é a filosofia do materialismo
e é esta filosofia - ou metafísica - que está sendo agora contestada pelos acontecimentos. (...)
Ela expressa-se na linguagem do terrorismo, genocídio, desintegração, poluição, exaustão".
(SCHUMACHER, 1976)
RESUMO
Este estudo tem como objetivo analisar a relação entre os investimentos ambientais e o
desempenho econômico das empresas. Para tanto, foram construídos arquétipos a partir de um
grupo de foco, visando a definir as variáveis utilizadas nos modelos de regressão múltipla
testados. Desenvolveu-se uma pesquisa aplicada, com abordagens qualitativa e quantitativa,
documental e descritiva, contando com uma amostra de 353 empresas, compreendendo as
informações contidas nos balanços sociais modelo IBASE, publicados no período de 1996 a
2007. No tratamento dos dados, aplicou-se um modelo econométrico cujos resultados indicam
que os Investimentos Ambientais Internos (IAI) e os Investimentos Ambientais Externos
(IAE) impactam, de modo significante, tanto a Receita Líquida (RL) das empresas quanto o
Resultado Operacional (RO), sendo o único setor significativo o de petróleo e gás. Ao serem
relacionadas às variáveis definidas pelo grupo de foco com a RL, constata-se que os IAI não
apresentam correlação. Esta somente ocorre ao serem defasados em um ano e, mesmo assim,
a correlação é negativa. os IAE continuam sendo altamente correlacionados, e as variáveis
Investimento no Imobilizado e Produto Interno Bruto (PIB) também apresentam correlação
positiva com a RL. Nessa análise, somente os setores de mineração e papel e celulose
apresentam-se significativos. Ao serem utilizados índices, observa-se que tanto os IAI quanto
os Investimentos no Imobilizado possuem correlação negativa com a RL, enquanto os IAE e o
PIB apresentam correlação positiva. Comparando se as empresas que realizam Investimentos
Ambientais (IA) geram uma RL maior que as demais organizações, utilizando-se uma
variável Dummy Investimento Ambiental, constata-se que a variável Dummy é altamente
significativa. Ao serem relacionadas às variáveis definidas pelo grupo de foco com o RO,
constata-se que o aumento dos IAE impactam positivamente, enquanto as demais variáveis
não se correlacionam com o RO. Tal situação confirma os arquétipos desenvolvidos pelo
grupo de foco, que indicam não haver correlação dos IA com o RO.
7
Palavras-chave: Investimento Ambiental. Desempenho Econômico. Grupo de Foco.
Dinâmica de Sistemas. Dados em Painel.
ABSTRACT
This study investigates the relationship between environmental investment and economic
performance of firms that published in the social balance through the Brazilian Institute of
Social and Economic Analysis (IBASE) in the period between 1996 to 2007. Using
archetypes built from a focus group through system dynamics, there was defined the variables
used on the regression analyses with panel data. The results indicate that the Internal
Environmental Investments (IEI) and the External Environmental Investments (EEI) impact
significantly the Liquid Revenue (LR) of the firms and the Operational Result (OR). When
the variables defined by the focus group were related to the LR there is no co-relation among
the IEI. However, the EEI are highly co-related and the variables Investment on Immobilized
and Gross Domestic Product (GDP) also present a positive co-relation with LR. On the use of
rates to observe that both IEI and Investment on Immobilized present a negative co-relation
with LR, while EEI and GDP present a positive. In addition to this, comparing the firms that
make Environmental Investments (EI) to those which do not, in order to observe if the first
ones generate a higher Liquid Revenue, it is possible to see that a variable known as the
Dummy Environmental Investment is highly significant to do it so. By relating the variables
defined by the focus group with the OR it is observed that the EEI have a positive impact
while the other variables have no relation with the Operational Result. Thus, the evidence is
consistent with archetypes developed by focus group which claims to have no relationship
between environmental investment and operational result.
Key-words: Environmental Investment. Economic Performance. Focus Group.
System Dynamics. Panel Data.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Modelo de desempenho social empresarial.....................................................19
FIGURA 2 - Stakeholders: Modelo Original de Freeman....................................................24
FIGURA 3 - Stakeholders: Nova versão do Modelo de Freeman........................................25
FIGURA 4 - O Modelo de Stakeholders Revisto.................................................................26
FIGURA 5 - Receita Bruta e variáveis relevantes explicativas............................................45
FIGURA 6 - Resultado Operacional e variáveis relevantes explicativas.............................47
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Tendências teóricas no modo de pensar a Responsabilidade Social
Empresarial......................................................................................................22
QUADRO 2 - Definições sobre Responsabilidade Social Empresarial..................................23
QUADRO 3 - Variáveis do item Base de Cálculo..................................................................34
QUADRO 4 - Variáveis do item Indicadores Ambientais......................................................35
QUADRO 5 - Empresas que fazem parte da Amostra do Modelo das Equações (4) e (5) ... 54
QUADRO 6 - Empresas que não publicaram Balanço Social e fazem parte da Amostra
do Modelo das Equações (4) e (5) ..................................................................56
9
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Composição da Amostra do Modelo das Equações (4) e (5) ......................... 57
TABELA 2 - Teste de Hausman............................................................................................61
TABELA 3 - Análise de Regressão aplicada aos dados do modelo da Equação (2).............62
TABELA 4 - Teste de Heterocedasticidade aplicado aos dados do modelo da Equação (2)
.........................................................................................................................62
TABELA 5 - Análise de Regressão aplicada aos dados do modelo da Equação (3).............64
TABELA 6 - Teste de Heterocedasticidade aplicado aos dados do modelo da Equação (3)....
.........................................................................................................................65
TABELA 7 - Análise de Regressão aplicada aos dados do modelo da Equação (4).............65
TABELA 8 - Teste de Heterocedasticidade aplicado aos dados do modelo da Equação (4)....
.........................................................................................................................66
TABELA 9 - Análise de Regressão aplicada aos dados em índice do modelo da Equação (4)
.........................................................................................................................67
TABELA 10 - Teste de Heterocedasticidade aplicado aos dados em índice do modelo da
Equação (4) .....................................................................................................67
TABELA 11 - Análise de Regressão aplicada aos dados do modelo da Equação (5).............68
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo
DE Desempenho Econômico
DJSI Dow Jones Sustainability Index
EVIEWS Econometric Views
FEA-USP Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da
Universidade de São Paulo
FGV Fundação Getúlio Vargas
IA Investimento(s) Ambiental(is)
IAE Investimento Ambiental Externo
IAI Investimento Ambiental Interno
IBASE Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
IGP-M Índice Geral de Preços do Mercado
ISE Índice de Sustentabilidade Empresarial
LAIR Lucro Antes do Imposto de Renda
LAJIRDA Retorno da Geração Bruta de Caixa
LOAT Retorno do Lucro Operacional
LOPAT Retorno do Lucro Operacional Próprio
MQG Mínimos Quadrados Generalizados
MQO Mínimos Quadrados Ordinários
NYSE New York Stock Exchange
ONGs Organizações Não Governamentais
RL Receita Líquida
RO Resultado Operacional
ROA Retorno sobre Ativos
ROE Retorno sobre o Patrimônio Líquido
SGA Sistema de Gestão Ambiental
UNISINOS Universidade do Vale do Rio dos Sinos
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................12
1.2 OBJETIVOS......................................................................................................................15
1.2.1 Objetivo Geral ..............................................................................................................15
1.2.2 Objetivos Específicos....................................................................................................15
1.3 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................................................15
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO..........................................................................................16
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ................................................................................17
2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................................18
2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL........................................................18
2.2 TEORIA DOS STAKEHOLDERS.....................................................................................24
2.3 TEORIA DOS SHAREHOLDERS ....................................................................................27
2.4 GESTÃO AMBIENTAL...................................................................................................29
2.5 BALANÇO SOCIAL ........................................................................................................31
2.6 ESTUDOS REALIZADOS SOBRE A TEMÁTICA DA RESPONSABILIDADE
SOCIAL EMPRESARIAL................................................................................................37
3 MÉTODO DE PESQUISA ................................................................................................40
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA.................................................................................40
3.2 GRUPO DE FOCO............................................................................................................41
3.3 MODELO ECONOMÉTRICO .........................................................................................48
3.4 POPULAÇÃO, AMOSTRA E FONTE DOS DADOS ....................................................52
3.4.1 População do Modelo das Equações (2) e (3).............................................................53
3.4.2 Amostra do Modelo das Equações (4) e (5)................................................................53
3.4.3 Fonte dos Dados do Modelo das Equações (2) e (3)...................................................57
3.4.4 Fonte dos Dados do Modelo das Equações (4) e (5)...................................................58
3.5 TRATAMENTO DOS DADOS........................................................................................59
3.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO..........................................................................................60
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................61
4.1 AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE IAI, IAE E O IMPACTO NA RL ....................61
4.2 AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE IAI, IAE E O IMPACTO NO RO....................63
4.3 AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE IAI, IAE, INVIMOB, PIB E O IMPACTO
NA RL ...............................................................................................................................65
4.4 AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE IAI, IAE, PRCOM, PRVEN E O IMPACTO
NO RO...............................................................................................................................68
4.5 ANÁLISE GERAL DOS RESULTADOS........................................................................69
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ..........................................................................70
5.1 CONCLUSÃO...................................................................................................................70
5.2 RECOMENDAÇÕES........................................................................................................71
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................73
ANEXOS.................................................................................................................................81
APÊNDICES...........................................................................................................................83
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Durante muito tempo, a principal preocupação das organizações centrou-se na
performance do sistema produtivo como meio de alcançar a maximização de seus lucros. Com
o passar do tempo, porém, tornaram-se evidentes os efeitos dessa política sobre o planeta,
decorrentes do aumento da poluição, os quais geraram a degradação dos recursos naturais e as
mudanças climáticas, temas que estão motivando a realização de inúmeras pesquisas em
diferentes áreas do conhecimento.
Com vistas a atender à demanda da sociedade por um desenvolvimento sustentável,
definido no Relatório Brundtland (1987) como o desenvolvimento que atende às necessidades
das gerações presentes sem comprometer a possibilidade de que as gerações futuras possam
igualmente garantir o atendimento de suas próprias necessidades (TINOCO; KRAEMER,
2004), as organizações estão incorporando procedimentos que minimizem os impactos
ambientais, como a diminuição de emissão de efluentes, a reciclagem de materiais e a
utilização otimizada de matéria-prima ambientalmente certificada, entre outras. Além dessas
ações internas, as empresas também passaram a se preocupar com programas de ação
ambiental externo ao seu processo produtivo, como recuperação de rios e lagos poluídos,
educação socioambiental e outras medidas dessa natureza. Ou seja, essas empresas estão
incorporando a variável ambiental em suas estratégias.
Existem fortes evidências de que a proteção ambiental aliada à inovação pode tornar-
se uma importante fonte de vantagem competitiva. Porter e Van der Linde (1995a, 1995b)
defendem a possibilidade da busca de vantagens competitivas mediante estratégias “verdes”,
regulamentações governamentais e inovações. Segundo os autores, as empresas que lidarem
com as pressões ambientalistas de modo criativo deverão atingir maiores vantagens
competitivas. Nesse sentido, a sustentabilidade ambiental, definida como a habilidade de um
negócio operar sem degradar o meio ambiente a curto e longo prazo (PORTER; VAN DER
LINDE, 1995a), é uma estratégia destinada a aumentar o desempenho empresarial.
A imagem da organização também é vista como um elemento estratégico de
competitividade, tornando-se fundamental para as empresas, portanto, agregar aos seus
sistemas de gerenciamento a questão ambiental (OTT; DALMAGRO, 2002). O interesse pela
14
preservação do planeta reflete-se no comportamento dos consumidores, visto que eles
preferem produtos socialmente responsáveis, dispondo-se inclusive a pagar mais por esses
produtos (SERPA; ÁVILA, 2006).
Nesse contexto, alguns anos se observa uma tendência mundial por parte dos
investidores de optar por empresas socialmente responsáveis para nelas aplicar seus recursos,
situação que influencia o valor de mercado das empresas em geral, uma vez que os
investidores tendem a confiar seus investimentos àquelas que desfrutam de boa reputação
devido ao fato de os riscos serem menores (SWANDA, 1990). Ribeiro (1998, p. 3) argumenta
que “os investidores estão cada vez mais cientes de que a postura das empresas, em
relação às questões ambientais, pode colocar em risco o retorno das aplicações de recursos”.
Essa tendência levou à criação em 2005 do Índice de Sustentabilidade Empresarial
(ISE) na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), que tem como objetivo refletir o
retorno de uma carteira composta por ações de empresas com reconhecido comprometimento
em termos de responsabilidade social e sustentabilidade empresarial. O Brasil segue a
tendência mundial iniciada em 1999 com a criação do Dow Jones Sustainability Index (DJSI),
criado na Bolsa de Nova York (New York Stock Exchange - NYSE), que consiste em um
índice de sustentabilidade empresarial com o objetivo de “propiciar um ambiente de
investimento compatível com as demandas de desenvolvimento sustentável da sociedade
contemporânea” (REZENDE et al., 2007, p. 1). A criação de índices diferenciados pelas
bolsas de valores é um sinal da importância das questões ambientais e sociais na preferência
dos investidores.
No que tange aos aspectos ambientais,
a responsabilidade social da empresa deveria voltar-se para a eliminação e/ou
redução dos efeitos negativos do processo de produção e preservação dos recursos
naturais, principalmente os não-renováveis, através da adoção de tecnologias
eficientes, concomitantemente ao atendimento dos aspectos econômicos (RIBEIRO,
1998, p. 61-62).
A responsabilidade social empresarial é vista de maneira genérica como o
comprometimento da empresa para com a sociedade. O papel das organizações na sociedade
tem provocado discussões por meio de duas correntes teóricas distintas: a Teoria dos
Shareholders (acionistas), que defende que a única obrigação da empresa é maximizar o lucro
do proprietário (FRIEDMAN, 1962), e a Teoria dos Stakeholders (partes interessadas), que
defende que a empresa deve assumir múltiplos objetivos e não apenas buscar a maximização
15
da riqueza do acionista, ainda que essas decisões não se reflitam em aumento de lucratividade
ou ganho para os acionistas (FREEMAN, 1984).
As ações de responsabilidade social desenvolvidas pelas empresas têm sido divulgadas
de forma voluntária no Balanço Social, definido por Tinoco e Kraemer (2004, p. 87) como
“um instrumento de gestão e de informação que visa a evidenciar, de forma mais transparente
possível, informações contábeis, econômicas, ambientais e sociais do desempenho das
entidades aos mais diferenciados usuários”.
O modelo de Balanço Social desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais
e Econômicas (IBASE) tem tido grande aceitação pelas empresas, constituindo, assim, uma
fonte de dados dotada de certo rigor metodológico que tem servido como instrumento de
pesquisa em uma quantidade expressiva de trabalhos nessa área (BORGER, 2001;
BERNARDO, 2005; BORBA, 2005; BERTAGNOLLI, 2006; KITAHARA, 2007; CEZAR,
2008; FARIAS, 2008). Teoricamente, o desempenho econômico das organizações pode ser
influenciado pelos investimentos ambientais, havendo, como dissemos, duas visões acerca
desse posicionamento.
Segundo a Teoria dos Shareholders, os investimentos ambientais acarretam custos
extras e, por conseguinte, reduzem o resultado operacional. Nessa perspectiva, tanto clientes
quanto investidores e demais partes interessadas não respondem positivamente aos
investimentos ambientais, visto que a valorização da empresa está relacionada a outras
variáveis, e não às questões sociais e ambientais.
A Teoria dos Stakeholders, por sua vez, observa que os investimentos ambientais,
além de influenciarem positivamente as questões internas da empresa, como a otimização do
processo de produção com a redução de desperdícios, criam valor com o desenvolvimento de
uma imagem socialmente responsável, conquistada por meio de investimentos que beneficiem
a comunidade externa à empresa, como campanhas de educação socioambiental, por exemplo.
Como consequência dessas reflexões, surge a questão que norteou esta pesquisa:
“Qual a relação entre investimentos ambientais e desempenho econômico?”.
16
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar a relação entre investimentos ambientais e desempenho econômico.
1.2.2 Objetivos Específicos
a) Construir arquétipos para definição das variáveis a serem utilizadas no modelo
econométrico a partir de um grupo de foco.
b) Testar modelos de regressão múltipla, incluindo as variáveis determinadas no
grupo de foco.
1.3 DELIMITAÇÃO DO TEMA
Quanto ao tema, esta pesquisa trata da responsabilidade social empresarial, enfocando
a questão ambiental e tendo como base teórica as duas correntes de investigação sobre o
assunto: a Teoria dos Shareholders e a Teoria dos Stakeholders.
Quanto à extensão, limita-se às empresas que divulgaram seu Balanço Social no
endereço eletrônico (http://www.balancosocial.org.br) e que seguem o modelo do IBASE,
visto que se trata da fonte de dados disponível com maior rigor metodológico. Tal limitação
justifica-se por não existirem indicadores sociais providos de metodologia científica, ou até
mesmo por não serem capazes de fornecer uma série histórica de dados, pois não
obrigatoriedade para a publicação do Balanço Social das empresas. De outra forma, seria
inviável definir o universo da pesquisa.
Quanto ao aspecto temporal, este estudo contemplou os balanços sociais publicados no
período de 1996 a 2007, na medida em que esses dados encontram- se disponíveis na data da
coleta.
17
Ao longo da pesquisa, não se analisa a relação causal entre as variáveis estudadas,
tampouco o tempo necessário para que os investimentos no meio ambiente influenciem o
desempenho econômico.
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO
Este estudo traz uma contribuição para o aprofundamento da temática ambiental, na
medida em que analisa o impacto dos investimentos ambientais no resultado econômico das
empresas. Com base no exame de correlação entre as variáveis envolvidas, considera-se que
os seus resultados são relevantes para o avanço do conhecimento e auxiliam os gestores a
perceber a importância da adoção de práticas socialmente responsáveis e a sua influência na
rentabilidade empresarial.
Estudos na área contábil, referentes à análise da relação entre variáveis, apresentam
características semelhantes a este. Cita-se a utilização do Balanço Social como fonte de
investigação (ZANELLA; DAVID, 2002); no entanto, diferem pelas variáveis analisadas:
sociais e ambientais.
Neste estudo, leva-se em consideração as variáveis que são identificadas através do
grupo de foco e que podem influenciar os resultados. Pode-se argumentar que a pesquisa é
inovadora nessa comunidade acadêmica, tendo em vista que realiza uma investigação
empírica que examina a relação entre investimentos ambientais (IA) e desempenho
econômico (DE), abordando as diversas variáveis que podem afetar tal relação e a influência
dessas variáveis omitidas ao modelo estudado.
O presente estudo enquadra-se na linha de pesquisa Teoria da Contabilidade do
Programa de Pós-Graduação Mestrado em Ciências Contábeis da Universidade do Vale do
Rio dos Sinos UNISINOS e no projeto de pesquisa Governança Corporativa, Evidenciação
e a Relevância da Informação Contábil nas Empresas Brasileiras, coordenado pelo professor
Dr. Ernani Ott.
18
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
No primeiro capítulo, apresenta-se a contextualização do tema, o problema de
pesquisa, o objetivo geral e os objetivos específicos, a delimitação e a relevância do estudo.
No segundo capítulo, trata-se do referencial teórico, com ênfase na responsabilidade
social empresarial e nas duas correntes teóricas que a abordam: a Teoria dos Shareholders e a
Teoria dos Stakeholders. Contempla também a gestão ambiental e o Balanço Social, com base
no modelo IBASE. Ao final, apresentam-se pesquisas realizadas sobre essa temática no
Brasil.
No terceiro capítulo, descreve-se a classificação da pesquisa quanto à sua natureza, à
forma de abordagem do problema, aos objetivos e procedimentos técnicos. Também se
apresenta o modelo econométrico estudado, incluindo a composição da população e da
amostra, a forma de coleta e tratamento dos dados e, por último, as limitações do método.
No quarto capítulo, procede-se à apresentação e à análise dos resultados da pesquisa.
No quinto capítulo, apresenta-se a conclusão do estudo e as sugestões que visam a contribuir
para a realização de novas pesquisas sobre o mesmo assunto. Por fim, listam-se as referências
e os apêndices.
19
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo tem por objetivo apresentar a base teórica para o desenvolvimento da
pesquisa, tratando da responsabilidade social empresarial, da gestão ambiental, do Balanço
Social e de pesquisas realizadas sobre a relação entre o desempenho ambiental e/ou social e o
desempenho econômico e/ou financeiro das empresas.
2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
Carroll (1979), assim como Wartick e Cochran (1985), entre outros autores, apontam o
livro de Howard Bowen, publicado originalmente em 1953 e intitulado Social Responsibilities
of the Businessman, como a primeira tentativa de teorizar o relacionamento entre empresas e
sociedade.
Bowen (1957, p. 58) analisa o processo de conscientização dos gestores na década de
1930 sobre a importância da atuação social da empresa, mencionando que eles
viram claramente que a empresa privada só pode ser aceita, e assim continuar sendo,
se ficar patenteado que ela pode servir melhor à sociedade do que outro sistema
qualquer. Apaixonadamente sinceros em sua convicção de que o sistema do
empreendimento privado é superior às alternativas, seu problema tem sido o de
descobrir de que modo os negócios devem ser conduzidos para que possam bem
servir à sociedade e como demonstrar que a servem bem. Desse modo de pensar
emergiu a nova importância dada pelos homens de negócios às suas
responsabilidade sociais.
As principais questões levantadas por Bowen (1957) são as seguintes: quais são
exatamente as responsabilidades das empresas? Como pode a sociedade fazer mudanças
institucionais para promover a responsabilidade social empresarial? Segundo ele, a expressão
responsabilidade social “refere-se às obrigações dos homens de negócios de adotar
orientações, de tomar decisões e seguir linhas de ação, que sejam compatíveis com os fins e
valores de nossa sociedade” (BOWEN, 1957, p. 13-14).
Partindo de tais considerações, Wallich e McGowan (1970) apresentam o seu
posicionamento acerca da conciliação entre os interesses sociais e econômicos das empresas.
Os autores reconhecem que, sem demonstrar que a prática de ações de responsabilidade social
20
está de acordo com os interesses dos acionistas, a responsabilidade social empresarial
permanecerá sempre sendo um assunto controverso. Os interesses sociais e econômicos que
Wallich e McGowan (1970) tentaram conciliar não apresentaram uma sustentação teórica que
comprovasse a existência de ligações entre os mesmos. Para comprovar a relação entre
responsabilidade social empresarial e desempenho financeiro empresarial, era necessária uma
estrutura teórica que relacionasse os dois conceitos e a evidência empírica da existência de
relação.
Seguindo essa corrente, o pesquisador Preston argumentava que era preciso o
desenvolvimento de pesquisas mais tangíveis a respeito da responsabilidade social
empresarial (LEE, 2008). O primeiro resultado do posicionamento de Preston (1975) foi o
artigo “A three-Dimensional Conceptual Model of Corporate Performance”, desenvolvido por
Carroll (1979) e publicado na Academy of Management Review.
A ideia fundamental do modelo de Carroll (1979) é a combinação de três dimensões
de desempenho social empresarial, a saber: categorias de responsabilidade social, questões
sociais envolvidas e filosofia da responsabilidade social. A Figura 1 ilustra o modelo de
desempenho social empresarial.
Figura 1: Modelo de desempenho social empresarial
Fonte: Carroll (1979, p. 503).
Carroll (1979, p. 499) estabelece quatro categorias de responsabilidade social:
responsabilidade econômica, responsabilidade legal, responsabilidade ética e responsabilidade
21
discricionária: “Essas quatro categorias nãoo mutuamente exclusivas, nem pretendem
retratar um contínuo com as preocupações econômicas de um lado e as preocupações sociais
de outro. Além disso, elas não são nem cumulativas nem aditivas”.
As responsabilidades econômicas são fundamentais e a base para todas as demais, já
que antes de tudo a instituição negócio é a unidade econômica básica da sociedade. Como tal,
ela tem a responsabilidade de produzir bens e serviços para vendê-los com lucro. Todos os
demais papéis dos negócios são atributos derivados desse pressuposto fundamental.
A responsabilidade legal é parte integrante do contrato social entre empresa e
sociedade, uma vez que a sociedade espera que os negócios cumpram sua missão econômica
no âmbito da estrutura de requisitos legais.
A responsabilidade ética, apesar de não ser necessariamente codificada em leis e
regulamentações, é esperada pelos membros da sociedade em relação às empresas, visto que a
sociedade nutre expectativas acima dos requisitos legais em relação aos negócios.
A responsabilidade discricionária ou voluntária é aquela em que os negócios têm a
liberdade de assumir ou não, uma vez que não imposição legal ou ética, além de não haver
uma mensagem clara da sociedade nesse sentido.
O autor ainda defende que a sociedade espera que as organizações gerem lucro com as
suas atividades, mas que obedeçam às leis e tenham atitudes éticas quanto a seus direitos e
deveres. E, por fim, que executem ações voluntárias e pratiquem ações sociais de filantropia.
Nesse sentido, Carroll (1979, p. 503) define que “o segundo aspecto diz respeito à extensão
das questões sociais (consumo, ambiente e discriminação, por exemplo) a que a administração
tem que se dirigir”. Segundo o modelo de Carroll, também devem ser analisadas as questões
sociais peculiares a cada tipo de organização: “Um banco, por exemplo, não é pressionado em
questões ambientais como uma fábrica” (CARROLL, 1979, p. 501).
O terceiro aspecto abordado no modelo envolve a filosofia, o modo ou a estratégia
empresarial para atender a responsabilidade social e as questões sociais. A magnitude de cada
categoria pode diferenciar, visto que a categoria econômica pode carregar um peso maior que
a categoria ética; porém, para cada categoria de responsabilidade, as empresas podem optar
por uma das quatro estratégias de ação possíveis: reação, defesa, acomodação ou pró-ação.
O modelo tridimensional de Carroll permite que a resposta estratégica de uma empresa
a uma questão social possa ser identificada e avaliada (LEE, 2008). Além disso, a
contribuição de maior relevância é o fato de as metas econômica e social da empresa não
serem tratadas como trade-offs incompatíveis. Todos os objetivos da organização são
integrados na estrutura total de responsabilidade social.
22
Wartick e Cochran (1985) aprimoraram o modelo desenvolvido por Carroll,
acrescentando o desenvolvimento gerencial das questões sociais, visto que tal modelo apenas
identifica as questões sociais intrínsecas a cada tipo de organização.
Wood (1991) também procurou aprimorar o modelo de Carroll, relacionando o
desempenho social empresarial a várias teorias relacionadas aos estudos organizacionais, tais
como: Teoria Institucional, Teoria dos Stakeholders e Teoria da Gestão de Questões Sociais.
Wood tornou o modelo mais prático e gerencialmente utilizável (LEE, 2008). Contudo, as
críticas recaíram sobre a capacidade de mensuração e a falta de testes empíricos da
aplicabilidade do modelo (WOOD; JONES, 1995).
Em 1984, Freeman apresentou a Teoria dos Stakeholders, que será detalhada no
próximo tópico, utilizada nos artigos de Clarkson (1995) e Jones (1995), ambos publicados
pela Academy Management Review, enfocando a responsabilidade social empresarial como
questão de estratégia organizacional. Clarkson (1995) relacionou a Teoria dos Stakeholders
com a responsabilidade social empresarial e identificou a necessidade de distinguir entre
questões relacionadas às partes interessadas e questões sociais. Jones (1995) relacionou a
responsabilidade social empresarial sob a perspectiva da Teoria dos Stakeholders às teorias
econômicas: Teoria da Agência e Economia dos Custos de Transação.
Porter e Kramer (1999, 2002 e 2006) propõem um novo modo de visualizar a relação
entre empresa e sociedade no qual o sucesso empresarial e o bem-estar social não são tratados
como um jogo de perdedor e ganhador. Os autores expõem que a responsabilidade social
empresarial integrada à estratégia da organização é uma oportunidade para criação de valor
com uma real diferença a sociedade ou garantir uma vantagem competitiva em relação às
demais empresas.
Sob a perspectiva de marketing, Kotler e Lee (2005) desenvolveram um modelo que
explica o porquê das atividades beneficentes criarem valor às empresas. Tal fato deve-se a
melhora da reputação empresarial e a conquista da lealdade dos consumidores (LEE, 2008).
A abordagem teórica acerca da responsabilidade social empresarial foi sendo
desenvolvida progressivamente com estudos internacionais que quebraram paradigmas,
conforme síntese apresentada no Quadro 1.
23
Período Principais Autores Assunto Dominante
Relacionamento com o
Desempenho
Financeiro Empresarial
1950 e 1960 Bowen (1953)
Ética e obrigações
sociais das empresas
Não apresenta
relacionamento
1970 Wallich; McGowan (1970)
Conciliação entre os
interesses sociais e
econômicos das
empresas
Fraco relacionamento,
sem sustentação teórica
1980
Carroll (1979), Wartick; Cochran
(1985), Wood (1991)
Modelo de desempenho
social empresarial
Forte, mas ainda com
pouco relacionamento
1990
Freeman (1984), Clarkson (1995),
Jones (1995)
Abordagem dos
stakeholders e gestão
estratégica
Forte relacionamento
2000
Porter; Kramer (1999, 2002 e
2006), Kotler; Lee (2005)
Criação de valor e
obtenção de vantagem
Forte relacionamento
Quadro 1: Tendências teóricas no modo de pensar a responsabilidade social empresarial
Fonte: Lee (2008), Porter; Kramer (1999, 2002 e 2006).
No Brasil, Oliveira (1984, p. 205) conceitua responsabilidade social como sendo “a
capacidade de a empresa colaborar com a sociedade, considerando seus valores, normas e
expectativas para o alcance de seus objetivos”. Ressalta que somente o cumprimento de
normas não significa um comportamento socialmente responsável, visto que apenas busca
atender as exigências legais.
Na perspectiva de Guimarães (1984), a responsabilidade social da empresa está
relacionada às consequências decorrentes de suas atividades. Por isso, as empresas
socialmente responsáveis objetivam realizar seus procedimentos de maneira a proteger a
qualidade de vida da sociedade em geral.
Donaire (1999) argumenta que, embora não exista um consenso sobre as
responsabilidades sociais das empresas, essas responsabilidades implicam um sentido de
obrigação para com a sociedade. Além disso, a responsabilidade social das corporações tem
sido intensificada, notadamente a partir dos anos 1960, em resposta às mudanças ocorridas
nos valores da sociedade.
Ashley (2005, p. 47) reflete sobre a evolução do conceito de responsabilidade social
corporativa associado às mudanças organizacionais. Nesse sentido, “A ordem de mudança
organizacional, em um continuum que se inicia com mudanças conservadoras e finaliza com
mudanças radicais, está diretamente relacionada ao grau de amplitude de inclusão e de
consideração pela empresa quanto às suas relações com seus públicos”.
24
Algumas definições sobre responsabilidade social empresarial apresentadas por
pesquisadores brasileiros podem ser visualizadas no Quadro 2:
Ano de publicação Autor(es) Conceito
1984 Tinoco
Nas empresas, a inadaptação aos trabalhos e as expectativas
dos indivíduos provocam reivindicações que resultam em um
novo estado de coisas. É a responsabilidade social da empresa
que está aflorando.
2001 Melo Neto; Froes
É o comprometimento permanente dos empresários de adotar
um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento
econômico, melhorando, simultaneamente, a qualidade de
vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade
local e da sociedade como um todo.
2004 Tinoco; Kraemer
A grande responsabilidade social das empresas consiste em
gerar renda e emprego, distribuídos de forma equitativa.
2005 Ashley
É o compromisso que a organização tem para com a sociedade
de forma a gerar ações que contribuam positivamente com a
comunidade em que está inserida, assumindo obrigações
morais, além do que está estabelecido em lei. Assim,
responsabilidade social é toda e qualquer ação que possa
contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.
2005 Tachizawa
A responsabilidade social e ambiental pode ser resumida no
conceito de efetividade, como o alcance de objetivos do
desenvolvimento socioeconômico.
Quadro 2: Definições sobre responsabilidade social empresarial
Fonte: Adaptado de Tinoco (1984); Melo Neto; Froes (2001); Tinoco; Kraemer (2004); Ashley (2005);
Tchizawa (2005).
São diversos os conceitos relacionados à responsabilidade social empresarial.
Contudo, evidencia-se que grande parte dos pesquisadores brasileiros citados no Quadro 2
enfocam os aspectos éticos, sociais e/ou morais.
Embora assumida a importância da responsabilidade social empresarial, e constatado
seu papel em questões estratégicas da organização e não somente filantrópicas, é relevante
reconhecer que existem, tanto teórica quanto empiricamente, dois posicionamentos a respeito
dessa abordagem, os quais serão apresentadas nas próximas seções.
25
2.2 TEORIA DOS STAKEHOLDERS
A Teoria dos Stakeholders propõe que a empresa deve assumir múltiplos objetivos,
agregando valor a todas as partes relacionadas, e não apenas maximizar a riqueza dos
acionistas (FREEMAN, 1984). Nesse mesmo sentido, Machado Filho (2002) argumenta que a
Teoria dos Stakeholders fundamenta-se no pressuposto de que o resultado final da atividade
de uma organização empresarial deve levar em consideração os retornos que otimizam os
resultados de todos os stakeholders envolvidos, e não apenas os resultados dos acionistas.
Freeman (1984, p. 46) define o termo stakeholders como “grupo ou indivíduo que
afeta ou é afetado pelo alcance dos objetivos da empresa”. Nesse contexto, o autor apresenta
um framework da Teoria dos Stakeholders no qual a empresa é representada por um círculo
central, cercada por outros círculos com setas bidirecionais, cada um representando um grupo
de stakeholders (FREEMAN, 1984).
Nessa primeira versão do modelo apresentado na Figura 2, Freeman (1984) inclui sete
stakeholders: clientes, fornecedores, funcionários, shareholders (acionistas ou financeiras) e
dois importantes stakeholders externos – governo e a sociedade civil. Além disso, adicionou o
grupo concorrência, tendo em vista os estudos de Michael Porter que despontaram na década
de 1980 (FASSIN, 2008).
Figura 2: Stakeholders – Modelo Original de Freeman
Fonte: Fassin (2008, p. 115).
Em uma versão posterior, Freeman (2003) reduziu o framework para cinco
stakeholders: financeiros, clientes, fornecedores, funcionários e sociedade civil, excluindo o
grupo concorrência e colocando esses cinco stakeholders em uma caixa com setas
bidirecionais, ligando-os à empresa. Além dessas mudanças, introduziu seis stakeholders
26
externos: governos, ecologistas, ONGs, críticos, imprensa e outros. A versão adaptada é
representada na Figura 3.
Figura 3: Stakeholders – Nova Versão do Modelo de Freeman
Fonte: Fassin (2008, p. 115).
O modelo proposto por Freeman (2003) recebeu inúmeras críticas. Dentre elas, Fassin
(2008) destaca:
a) a não-identificação dos grupos de stakeholders, visto que deveria haver uma
distinção clara entre real stakeholders, grupos de influência e grupo regulador;
b) o posicionamento do grupo de influência e do grupo regulador, identificando o
grupo dominante e o grupo que recebe pressão, além de esclarecer a força das
regulamentações sobre a atividade da empresa;
c) os diferentes níveis do ambiente, esclarecendo a atuação da empresa no
macroambiente e no microambiente, abrangendo ainda a esfera pública.
Diante disso, Fassin (2008) desenvolveu um modelo com o intuito de melhorar a
apresentação visual e responder às principais críticas feitas ao framework de Freeman (2003).
O modelo desenvolvido por ele é apresentado na Figura 4.
27
Figura 4: O Modelo de Stakeholders Revisto
Fonte: Fassin (2008, p. 124).
O modelo de Fassin apresenta os principais elementos do modelo desenvolvido por
Freeman em 1984 e posteriormente adaptado por ele em 2003, a saber: a variável central e
dois níveis de variáveis externas à organização: os stakeholders reais com seu respectivo
grupo de influência e os grupos reguladores. Contudo, as principais mudanças propostas por
Fassin são as seguintes: os reais stakeholders e o grupo de pressão associado a cada um deles
em um único círculo, separados somente por um anel que corta os vários stakeholders
associados e a substituição da empresa no centro do modelo por sua administração.
No Brasil, Borba (2005) posiciona-se favoravelmente à Teoria dos Stakeholders,
alegando que, ao implementar práticas que favoreçam seus grupos de interesse, a empresa
estimula uma postura administrativa mais estratégica, favorecendo a geração de benefícios
futuros.
Farias (2008, p. 35) corrobora essa ideia, defendendo que “o mercado essofrendo
modificações e tende a imputar às empresas um papel social, que vise a atender às
expectativas dos diferentes stakeholders”. Acrescenta ainda que
essa lógica surge em função da ressalva dos investidores em financiarem empresas
com tendência crescente em seus custos sociais e ambientais futuros, bem como em
ver seu nome atrelado àquelas, que não demonstrem preocupação com as questões
sociais e ambientais que as envolvem.
Assim, sob a ótica da Teoria dos Stakeholders, o reflexo dos investimentos ambientais
e sociais é percebido pelo aumento no desempenho econômico das empresas, visto que o
28
mercado pressiona as empresas a adotarem posturas que minimizem os impactos negativos de
seus processos produtivos ao meio ambiente, com práticas empresariais socialmente
responsáveis.
2.3 TEORIA DOS SHAREHOLDERS
A Teoria dos Shareholders ou Teoria da Maximização da Riqueza dos Acionistas
propõe que a responsabilidade social das empresas está em gerar lucros e, assim, agregar
valor para a sociedade (BREALEY; MYERS, 1996). Nesse sentido, as decisões tomadas
pelos gestores devem atender à função-objetivo da empresa, que é a maximização do valor da
organização (JENSEN, 2001).
Contudo, o gestor contratado para defender os interesses dos proprietários pode
assumir um comportamento oportunista, com vistas a alcançar os próprios interesses, os quais
podem ser conflitantes em relação aos dos acionistas, sendo este o problema central da Teoria
da Agência. Essa foi inicialmente formalizada por Jensen e Meckling (1976, p. 308), que
definiram a relação de agência como “um contrato no qual uma ou mais pessoas o principal
engajam outra pessoa o agente para desempenhar alguma tarefa em seu favor,
envolvendo delegação de autoridade para tomada de decisão pelo agente”.
Na perspectiva da Teoria da Agência, as relações sociais são compreendidas como
uma interação entre um principal e um agente (ROTH; O' DONNELL, 1996). No momento
em que o agente toma a decisão de aplicar recursos com base em seu julgamento sobre qual é
a decisão mais apropriada, estará sujeito a ocasionar os custos de agência.
Jensen e Meckling (1976, p. 308) definem os custos de agência como um somatório
dos seguintes itens:
1) custos de criação e estruturação de contratos entre o principal e o agente;
2) gastos de monitoramento das atividades dos gestores pelo principal;
3) gastos promovidos pelo próprio agente para mostrar ao principal que seus atos
não serão prejudiciais ao mesmo;
4) perdas residuais, decorrentes da diminuição da riqueza do principal por
divergências entre as decisões do agente e as decisões que iriam maximizar a
riqueza do principal.
No caso do gestor que não somente visa à maximização do resultado, mas também
investe em ações ambientais e sociais, os custos de agência são principalmente gerados pelo
29
desalinhamento de interesses do principal e do agente, dado que, segundo a Teoria dos
Shareholders, a única responsabilidade do administrador perante aos acionistas é a de
maximizar o lucro. As destinações de recursos que não visem exclusivamente ao lucro para o
proprietário podem gerar desconfiança sobre quais motivos levaram os gestores a tomar esse
tipo de decisão.
Friedman (1970) ressalta que os valores desembolsados em projetos de
responsabilidade social podem acarretar custos extras aos proprietários da empresa. No
entanto, quando a decisão é tomada pelo proprietário, esta não gera problemas de agência,
mas sim uma alteração no objetivo da empresa.
A situação do proprietário é um pouco diferente. Se ele agir para reduzir os lucros da
empresa com o intuito de exercitar a responsabilidade social, ele está gastando o seu
próprio dinheiro, não de outros. Se ele deseja gastar seu dinheiro nesse propósito, é
seu direito, e eu não posso ver que qualquer objeção para tanto. (FRIEDMAN,
1970, p. 2)
Para o autor, o dinheiro gasto em projetos sociais é uma violação da função empresa,
que os gastos em prol dos interesses da sociedade, em geral, transformam os gestores das
organizações privadas em servidores públicos da sociedade civil: eles passam a ser executivos
com poder de tomada de decisão sobre a alocação de recursos e sobre os interesses da
sociedade que devem ser atendidos.
Adversamente às ações da empresa que não visem exclusivamente aos interesses dos
seus proprietários, Friedman (1962, p. 23) argumenta que
se os homens de negócios têm outra responsabilidade social que não obter o máximo
de lucro para seus acionistas, como poderiam saber qual é ela? Podem os indivíduos
saber o que é interesse social? Podem eles decidir que carga impor a si próprios e
aos acionistas para servir ao interesse social? É tolerável que funções públicas sejam
exercidas pelas pessoas que estão no momento dirigindo empresas particulares,
escolhidas para estes postos por grupos estritamente privados?
Alguns autores favoráveis a essa Teoria, como Jaggi e Freedman (1992) ou Hart e
Ahuja (1996), sustentam seu posicionamento com base nos resultados de estudos. Destaca-se
a pesquisa desenvolvida por Hart e Ahuja (1996) por ser considerada “um estudo muito
citado, onde desempenho ambiental é mensurado como a soma da redução da emissão de
resíduos tóxicos” (TELLE, 2006, p. 200). Os pesquisadores utilizaram como proxies para o
desempenho econômico o Retorno do Ativo, o Retorno das Vendas e o Retorno do
Patrimônio Líquido. Analisaram 127 empresas no período compreendido entre 1989 a 1992,
30
utilizando-se do método de regressão, e concluíram não haver efeitos positivos do
desempenho ambiental no desempenho econômico das empresas.
Jaggi e Freedman (1992) verificaram não haver associação, a longo prazo, entre o
desempenho ambiental e o desempenho econômico nas indústrias de papel e celulose. Como
proxies para o desempenho ambiental, utilizaram três medidas de poluição e taxas contábeis
para o desempenho econômico.
Apresentando uma outra perspectiva, Stenberg (1999) defende que os acionistas são os
stakeholders que correm os maiores riscos e detêm os menores direitos legais em relação à
empresa; portanto, as decisões devem ser tomadas em seu benefício. Além disso, ao
maximizar o valor para o acionista toda empresa estaria sendo favorecida e, a longo prazo,
todos os stakeholders seriam beneficiados com a continuidade da empresa (SUNDARAM;
INKPEN, 2001).
Contrários a Teoria dos Shareholders, Porter e Kramer (2002) argumentam que a
estratégia de responsabilidade social deve estar alinhada à estratégia econômica. Dessa forma,
a empresa passa a investir em projetos de responsabilidade corporativa que tenham relação
com o seu negócio.
Organizações podem usar seus esforços filantrópicos para melhorar seu contexto
competitivo a qualidade do ambiente de negócio no local ou nos locais onde
operam. Usando a filantropia para aumentar o contexto competitivo com metas
social e econômica alinhadas e melhorar os prospectos de negócio da empresa a
longo prazo assim contradizendo a primeira suposição de Friedman (PORTER;
KRAMER, 2002, p.58).
Em síntese, a Teoria dos Shareholders considera que o único objetivo da empresa é
maximizar os lucros. Sendo assim, os investimentos ambientais e sociais são vistos como
custos desnecessários, realizados em detrimento da aplicação de recursos relacionados às
operações, o que resulta em uma diminuição no desempenho econômico da empresa e,
consequentemente, nos ganhos dos acionistas.
2.4 GESTÃO AMBIENTAL
A incorporação da variável ambiental na gestão das empresas está cada vez mais
presente, seja em resposta às regulamentações ou como estratégia para obtenção de vantagem
31
competitiva. Nesse sentido, dentro da perspectiva do desenvolvimento sustentável, ganha
relevância o conceito de gestão ambiental como a forma pela qual a empresa se mobiliza,
tanto interna quanto externamente, na conquista da qualidade ambiental desejada
(LINDSTAEDT, 2007).
Ferreira (2006) expõe que o processo de gestão ambiental leva em consideração todas
as variáveis inerentes ao processo de gestão, tais como: planejamento, decisão, coordenação e
controle entre outras, mas visando, principalmente, o desenvolvimento sustentável.
Tinoco e Kraemer (2004, p. 109) seguem a mesma linha teórica, ao argumentar que
gestão ambiental é o sistema que inclui a estrutura organizacional, atividades de
planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para
desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política
ambiental. É o que a empresa faz para minimizar ou eliminar os efeitos negativos
provocados no ambiente por suas atividades.
Na visão de Donaire (1999), gestão ambiental significa incorporar a temática
ambiental ao planejamento estratégico e operacional da entidade, aliando os objetivos
ambientais aos demais objetivos da organização. Percebe-se um consenso dos autores acima
expostos sobre o fato de que os gestores devem incorporar a variável ambiental em suas
estratégias, corroborando assim com o posicionamento de Porter e Van der Linde (1995a,
1995b).
Ribeiro (2006, p. 144) argumenta que “as empresas empenhadas na inevitável e
necessária tarefa de proteger o meio ambiente devem incluir, na definição de sua tarefa e em
sua política global, as diretrizes básicas para com o meio ambiente”. Nesse contexto,
definidas tais diretrizes e a postura da empresa em relação ao meio ambiente, tem-se o sistema
de gestão ambiental (SGA) como instrumento para disseminar e empreender práticas
relacionadas à questão ambiental.
O SGA proporciona ordem e consistência para os esforços organizacionais no
atendimento às preocupações ambientais mediante a alocação de recursos, definição de
responsabilidades e avaliação de processos e procedimentos (BRAGA, 2007).
Dentre as alternativas de instrumentos considerados pelas empresas para a
padronização do SGA, encontra-se a série de normas ISO 14.000, que especificam os
elementos de um SGA e oferecem auxílio prático para sua implementação ou aprimoramento
(LINDSTAEDT, 2007). Ribeiro (2006) ressalta que “a norma ISO 14.000 não define critérios
específicos, mas discrimina os requisitos norteadores da formulação de políticas e objetivos
quanto aos aspectos ambientais controláveis ou passíveis de serem influenciados”.
32
Como vantagens da certificação ambiental, Alberton (2003, p. 47) cita que
a exigência de certificação ambiental pode se revelar um instrumento de mudança de
comportamento das empresas brasileiras, principalmente com relação às que
exportam para os mercados de países desenvolvidos, onde a sensibilização
ambiental dos consumidores e as exigências ambientais dos órgãos reguladores são
mais intensas.
A ISO 14.000 e suas subséries referem-se à padronização de procedimentos de
qualidade que contemplam o meio ambiente, conhecida como sendo uma certificação
ambiental. No entanto, Ribeiro (2006) afirma que o ato de se implementar tal sistema não
implica que todos os problemas de natureza ambiental estejam resolvidos. Contudo, mostrar
que a administração de uma empresa está preocupada com a gestão ambiental é fator
relevante junto ao mercado e consumidores em geral.
Nesse modelo de gestão, a idéia de prestação de contas relacionada às questões
ambientais, na perspectiva do que hoje é denominado de accountability, destaca-se o balanço
social, por ser considerado a melhor e mais eficaz demonstração das ações sociais
desenvolvidas pelas empresas, decorrentes de sua responsabilidade social para com a
preservação do meio ambiente, qualidade dos produtos fabricados e conseqüências de sua
utilização, qualidade de vida dos seus trabalhadores e dependentes, e da comunidade em que
se encontram inseridas (OTT; FELDENS, 2002).
2.5 BALANÇO SOCIAL
O Balanço Social pode ser caracterizado como uma demonstração que divulga
informações de interesse de stakeholders, conferindo maior transparência às ações sociais
realizadas pelas organizações, visto que procura medir as relações entre a empresa e a
sociedade como um todo.
Tinoco e Kraemer (2004, p. 87) caracterizam-no como “um instrumento de gestão e de
informação que objetiva evidenciar, da forma mais transparente possível, informações
contábeis, econômicas, ambientais e sociais, do desempenho das entidades, aos mais
diferentes usuários”. Iudícibus e Marion (2001, p. 25) conceituam-no como sendo o
33
relatório que contém dados, os quais permitem identificar o perfil da atuação social
da empresa durante o ano, a qualidade de suas relações com os empregados, a
participação dos empregados nos resultados econômicos da empresa e as
possibilidades de desenvolvimento pessoal, bem como a forma de sua interação com
a comunidade e sua relação com o meio ambiente.
Na visão de Danziger (apud TINOCO, 2008, p. 30), “o Balanço Social é um
documento importante, espelho da situação social da empresa; ele testemunha o clima que a
rege. Plataforma de cooperação ou de reivindicação, ele inaugura de maneira implícita uma
nova era nos relatórios entre a direção e os assalariados”.
Para Ribeiro (2006, p. 15), tal instrumento deve refletir a responsabilidade da empresa
para com a sociedade. Para que isso seja possível, deve contemplar informações sobre:
- o valor adicionado à economia e à sociedade;
- a gestão de recursos humanos: benefícios proporcionados à mão-de-obra
empregada;
- a interação com o meio ambiente: impactos e benefícios de suas atividades
sobre o meio natural, bem como os efeitos negativos desse meio sobre seu
patrimônio;
- a interação com a sociedade: relacionamento com a circunvizinhança
benefícios proporcionados e impactos causados.
Tinoco (2008) salienta que o Balanço Social tem por objetivo ser equitativo e fornecer
informações que satisfaçam às necessidades de quem dele precisa, associando-se, assim, aos
objetivos da contabilidade que, segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007, p. 42), “é
objetivamente um sistema de informação e avaliação, destinado a prover seus usuários com
demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com
relação à entidade objeto de contabilização”.
Cabe destacar ainda a posição de Moraes e Sousa (2002, p. 6), no sentido de que
o Balanço Social é um instrumento de demonstração das atividades das empresas
que tem por finalidade conferir maior transparência e visibilidade às informações
que interessam não apenas aos cios e acionistas das companhias (shareholders),
mas também a um número maior de atores: empregados, fornecedores, investidores,
parceiros, consumidores e comunidade (stakeholders).
A ideia de divulgar as atividades sociais da empresa, juntamente com as
demonstrações de desempenho econômico-financeiro, surgiu a partir da década de 1960, em
resposta às cobranças da sociedade por uma maior responsabilidade social das empresas. Nos
Estados Unidos, houve um movimento de boicote da sociedade civil contra as empresas que
estavam envolvidas na guerra do Vietnã, fazendo com que estas passassem a divulgar suas
ações sociais. Tinoco (2008, p. 27) esclarece que
34
a partir da década de 60, no século XX, os trabalhadores, especialmente na Europa e
nos Estados Unidos da América, passaram a fazer exigências às organizações no
sentido de obterem informações relativas a seu desempenho econômico e social,
ampliando a informação que as organizações forneciam, incorporando as sociais
(especialmente aquelas relativas ao emprego), tendo em vista a discussão da
responsabilidade social.
O Balanço Social foi instituído na França em 1977, evidenciando basicamente os
recursos humanos. Segundo Ribeiro (2006), adotou-se posteriormente uma abordagem mais
ampla, que contemplou, além dessas informações, a questão ambiental, a cidadania e o valor
agregado à economia do país. Nessa mesma corrente teórica, Danziger (apud TINOCO, 2008,
p. 26) explicita que
as empresas a partir de 1970, na França, tendo em vista atender às necessidades de
informação social, passam a publicar uma bateria de indicadores sociais,
concernentes à gestão do pessoal, ao clima social que, para assimilação com os
indicadores financeiros, são publicados num quadro de bord social.
No Brasil, as discussões acerca do Balanço Social começaram na década de 1960. Em
1974, houve a publicação do Decálogo do Empresário Cristão pela Associação dos Dirigentes
Cristãos de Empresas, o qual previa uma função social da empresa que se materializa por
meio da promoção de seus trabalhadores e da comunidade local (RIBEIRO, 2006). Na década
de 1970, esse tema é abordado em trabalhos e seminários pelo professor Ernesto Lima
Gonçalves, o que resultou na publicação de um livro sobre o Balanço Social na Empresa em
1980 (TINOCO, 2008).
O ano de 1984 é tido como referência ímpar sobre o assunto, visto que surge o
primeiro trabalho acadêmico sobre o tema. O professor João Eduardo Prudêncio Tinoco
apresenta dissertação de mestrado ao Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA-USP,
intitulada Balanço Social: uma abordagem socioeconômica da contabilidade (TINOCO,
2008).
Apesar dessas abordagens, os debates em torno do Balanço Social alcançaram
maior projeção em 1997, a partir da campanha lançada pelo IBASE, então presidido pelo
sociólogo Herbert de Souza, conhecido como Betinho. Com o objetivo de estimular as
empresas a divulgarem o Balanço Social, o IBASE conferiu o Selo do Balanço Social IBASE
a todas as empresas que o publicam conforme o modelo desenvolvido pelo instituto
(TINOCO, 2008).
No Anexo A, é apresentado o modelo de Balanço Social desenvolvido pelo IBASE e,
no Anexo B, as instruções para o seu preenchimento.
35
O modelo de Balanço Social desenvolvido pelo IBASE está dividido em seis seções:
base de cálculo, indicadores sociais internos, indicadores sociais externos, indicadores
ambientais, indicadores do corpo funcional e informações relevantes quanto ao exercício da
cidadania empresarial. Também destina espaço para outras informações importantes quanto
ao exercício da responsabilidade social, à ética e à transparência da empresa.
No Quadro 3, apresentam-se as variáveis que compõem esse item e que serão
examinadas no decorrer do estudo.
Variável Descrição da Variável
Receita Líquida
É o resultado da Receita Bruta excluída as deduções permitidas legalmente.
Representa a real receita da empresa, uma vez que foram considerados todos os
ajustes sobre a Receita.
Resultado Operacional
Representa o Lucro Bruto (diferença entre a Receita Líquida e o Custo das Vendas)
deduzido das Despesas Operacionais (sacrifícios realizados na manutenção da
atividade operacional da empresa).
Quadro 3: Variáveis do item Base de Cálculo
Além das informações referentes à Receita Líquida e ao Resultado Operacional, o
Balanço Social, conforme o modelo do IBASE, também contempla a Folha de Pagamento
Bruta da Empresa. Esse item refere-se ao somatório da remuneração, décimo terceiro salário,
férias e encargos sociais compulsórios.
Os indicadores ambientais “são os investimentos da empresa em programas sociais
que se refletem sobre o ambiente interno e externo à empresa, isto é, esforços relacionados ao
meio ambiente e seus recursos naturais” (KITAHARA, 2007, p. 17). Esse item é composto
pelos investimentos relacionados à produção e/ou à operação da empresa e pelos
investimentos em programas e/ou projetos externos (IBASE, 2008). Eles representam
respectivamente os investimentos ambientais internos e os investimentos ambientais externos,
sendo essas denominações definidas pelo autor da pesquisa para a identificação de cada uma
das informações presentes no Balanço Social.
As variáveis pertencentes ao item indicadores ambientais, que serão analisadas no
decorrer da pesquisa, estão resumidas no Quadro 4.
36
Variável Descrição da Variável
Investimento
Ambiental Interno
Investimentos relacionados à produção e/ou à operação da empresa, tais como:
investimentos no monitoramento da qualidade dos resíduos e/ou efluentes,
investimentos com despoluição, gastos com a introdução de métodos não-
poluentes, auditorias, programas de educação ambiental para os funcionários e
outros gastos com o objetivo de incrementar o melhoramento contínuo da
qualidade ambiental na produção e/ou na operação da empresa.
Investimento
Ambiental Externo
Investimentos em programas e/ou projetos externos à empresa, tais como:
despoluição, conservação de recursos ambientais, campanhas ecológicas e
educação socioambiental para a comunidade externa à empresa e para a sociedade
em geral.
Quadro 4: Variáveis do item Indicadores Ambientais
Fonte: IBASE (2008).
Além dessas informações, o modelo de Balanço Social desenvolvido pelo IBASE
contempla indicadores sociais internos, indicadores sociais externos, indicadores do corpo
funcional e informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial, explicitados
nas Figuras 5 e 6, mas que não serão analisados no presente estudo.
Na sequência, apresentam-se os resultados de pesquisas desenvolvidas no Brasil sobre
responsabilidade social empresarial, focando a temática ambiental.
2.6 ESTUDOS REALIZADOS SOBRE A TEMÁTICA DA RESPONSABILIDADE
SOCIAL EMPRESARIAL
Estudos na área de responsabilidade social empresarial, centrados na análise da relação
entre o desempenho social e o desempenho econômico-financeiro, têm sido frequentemente
explorados pelos pesquisadores (BORGER, 2001; BERNARDO, 2005; BORBA, 2005;
BERTAGNOLLI, 2006; KITAHARA, 2007). A temática ambiental, no entanto, não tem
recebido o mesmo tratamento, sendo abordada no conjunto das responsabilidades sociais das
organizações e não sendo analisada de maneira específica. Tal fato deve-se ao posicionamento
contraditório dos pesquisadores em visualizar a problemática ambiental, que tanto pode ser
vista de maneira isolada às obrigações sociais da empresa quanto como integrante às questões
sociais de maneira genérica. Neste estudo, embora sejam analisados somente os investimentos
ambientais, têm-se como pressuposto que a problemática ambiental integra o conjunto de
37
responsabilidades sociais das organizações, estando interligada e em constante interação com
as demais questões sociais.
Em relação à metodologia utilizada, os estudos empíricos realizados classificam-se em
três grupos gerais: estudos de eventos, estudos de carteiras e estudos de regressão (ROQUE;
CORTEZ, 2006). No âmbito de cada metodologia, os estudos diferem pelos indicadores de
desempenho ambiental, econômico e/ou financeiro utilizados.
Os estudos de eventos objetivam avaliar a reação do mercado de capitais a
determinados eventos ambientais. Os estudos de carteira visam a analisar o desempenho
financeiro de duas ou mais carteiras de ações, considerando o nível de desempenho ambiental
e tendo por base indicadores contábeis ou indicadores de desempenho do mercado de capitais.
Esses estudos consideram os fundos de investimentos existentes (ROQUE; CORTEZ, 2006).
No Brasil, a partir da criação do ISE pela BOVESPA, começa a surgir uma corrente de
pesquisas focadas na análise da rentabilidade dos fundos de investimento socialmente
responsáveis (REZENDE; SANTOS, 2006; REZENDE et al., 2007).
Rezende e Santos (2006) analisaram a existência de uma relação entre os critérios de
seleção das empresas integrantes do fundo e a rentabilidade dessas carteiras. As evidências
encontradas por meio de testes estatísticos e do Índice de Sharpe, que é uma metodologia de
avaliação de performance, demonstram que, embora os fundos socialmente responsáveis
possuam uma carteira diferenciada, voltada ao tema social, ambiental e ético, a hipótese de
que sua rentabilidade seja semelhante aos outros fundos de ações foi confirmada, porém as
empresas que integram esses fundos apresentam melhor performance.
Rezende e colaboradores (2007) examinaram se o retorno do índice de
sustentabilidade empresarial é semelhante aos índices de ações convencionais da BOVESPA.
Para tanto, realizaram testes estatísticos comparando o retorno médio do ISE com o retorno
médio do Índice BOVESPA, Índice Brasil e do Índice de Ações com Governança Corporativa
Diferenciada. As evidências encontradas demonstram que, apesar de o ISE possuir uma
carteira teórica diferenciada, voltada ao tema social, ambiental e ético, o seu retorno é
semelhante aos índices de ações convencionais. Tal fato deve-se à recente criação do ISE, de
modo que os resultados somente poderão ser medidos num horizonte de médio ou longo
prazo.
Borger (2001) analisou como a atuação social da empresa afeta a sua dinâmica
empresarial. Em um estudo multicaso envolvendo as empresas De Nadai Alimentação S.A.,
Daimler Chrysler Ltda. e Natura Cosméticos S.A., constatou que a atuação orientada para a
responsabilidade social empresarial afeta positivamente a dinâmica empresarial.
38
Bernardo (2005) desenvolveu uma pesquisa junto às empresas brasileiras de capital
aberto localizadas no Brasil no período de 2000 a 2003, mensurando a correlação entre os
investimentos em ações sociais e as variáveis Receita Líquida, Folha de Pagamento Bruta e
Resultado Operacional. Os resultados demonstram que há correlação entre as variáveis sociais
e a rentabilidade empresarial no período analisado, embora os investimentos em
responsabilidade social ainda sejam considerados baixos pelo autor.
Dentre os indicadores de responsabilidade social analisados por Bernardo (2005), os
maiores investimentos foram observados nos indicadores ambientais. Porém, nenhuma
variável ambiental mostrou-se correlacionada à Receita Líquida e ao Resultado Operacional,
sendo esse fato justificado pelo autor devido às práticas adotadas pelas empresas estudadas de
praticamente procurar cumprir a legislação ambiental vigente.
Borba (2005) analisou a relação entre desempenho social corporativo e desempenho
financeiro de empresas brasileiras com ações negociadas na BOVESPA que apresentaram
liquidez anual significativa nos anos de 2000 a 2002 e que publicaram o Balanço Social
segundo o modelo do IBASE. As instituições financeiras não foram consideradas no estudo.
O autor utilizou duas variáveis para representar o desempenho financeiro a valores
de mercado (Q de Tobin e Valor da Firma), três variáveis para representar o desempenho
financeiro a valores contábeis [Retorno do Lucro Operacional Próprio (LOPAT), Retorno da
Geração Bruta de Caixa (LAJIRDA), Retorno do Lucro Operacional (LOAT)] e o Indicador
de Desempenho Social Corporativo, desenvolvido por ele com base nos indicadores existentes
no modelo de Balanço Social do IBASE. Além dessas variáveis, foram utilizadas variáveis de
controle referentes ao tamanho da empresa e ao setor de atuação.
No estudo, foi realizada uma análise estatística de regressão linear múltipla pelo
método dos mínimos quadrados ordinários, Teste de Heterocedasticidade de Breusch-Pagan e
Teste de Normalidade de Cameron-Trivedi. Em seu modelo, o autor usou o indicador de
desempenho social corporativo com a função de desempenho financeiro corporativo
(indicadores de mercado e indicadores contábeis) e a variável de controle tamanho da
empresa. A existência de relação entre o desempenho social e o desempenho financeiro
corporativo não foi conclusiva. Contudo, as regressões que utilizaram indicadores contábeis
de desempenho financeiro geraram indícios da existência de uma relação positiva entre as
duas formas de desempenho em alguns períodos de análise.
Bertagnolli (2006) examinou o nível de influência dos investimentos sociais e
ambientais na Receita Líquida e no Resultado Operacional das empresas. Para tanto, utilizou
análise fatorial com as variáveis independentes, com a finalidade de redução de dados, e após
39
testes de regressão múltipla. A autora concluiu que os investimentos sociais e ambientais que
mais influenciam a receita líquida são os seguintes: investimentos em benefícios aos
funcionários; investimentos em cultura e educação; investimentos em segurança, prevenção
de acidentes e meio ambiente e investimentos em habitação. os investimentos sociais e
ambientais que mais influenciam no resultado operacional são: investimento em saúde e bem-
estar; investimentos em benefícios aos funcionários e investimentos em cultura e educação.
Kitahara (2007) utilizou a técnica de modelos lineares de variância, denominada
General Linear Model no software SPSS, para analisar a existência de relações significativas
entre o desempenho financeiro das empresas e o seu nível de investimento em ações de
responsabilidade social. A amostra da pesquisa contemplou as empresas que publicaram
Balanço Social no modelo IBASE no período de 2000 a 2004, sendo um terço de empresas de
grande porte e dois terços de empresas de médio e pequeno porte. No modelo utilizado pelo
autor, a variável dependente, o desempenho financeiro, foi representada pelo resultado
operacional; as variáveis independentes pelos investimentos em projetos sociais internos,
externos e ambientais; e as demais variáveis, como receita líquida, setor de atuação e ano de
publicação do Balanço Social, foram alocadas como variáveis intervenientes. Os resultados
observados não rejeitam a hipótese de que o desempenho financeiro e os investimentos em
ações de responsabilidade social estão relacionados entre si para empresas que operam tanto
com resultado operacional positivo quanto negativo.
Cezar (2008) investigou a existência de relação entre a performance social e
ambiental e a performance financeira das 100 maiores empresas de capital aberto por valor de
mercado, segundo a classificação da Revista Exame 2007, no período de 1999 a 2006. A
autora estudou a relação entre a variável dependente Retorno sobre Ativos (ROA) e,
separadamente, o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), utilizando a base de dados
Economática. As variáveis independentes foram os indicadores sociais internos, os
indicadores sociais externos e os indicadores ambientais, extraídos do Balanço Social
elaborados segundo o modelo IBASE. Como variáveis de controle, foram utilizados o
tamanho da empresa e o endividamento da empresa, sendo o último representado pela
Dívida/Ativo e pela Dívida/Patrimônio Líquido, conforme a equação apresentada:
iitititititit
PLDívtamIndSAmbIndSExtIndSIntROA
ε
β
β
β
β
β
β
+
+
+
+
+
+
/
543210
(1)
40
Onde:
ROA
it
representa a variável de performance financeira, que é dada pelo retorno sobre
o ativos, da empresa i no ano t;
β
i
são os parâmetros a serem estimados;
IndiSInt
it
é o indicador social interno da empresa i no ano t;
IndSExt
it
é o indicador social externo;
IndSAmb
it
é o indicador ambiental da empresa i no ano t;
tam
it4
é a variável de controle para tamanho da empresa, obtida como o logaritmo
natural do ativo;
Dív/PL
it
é o resultado de Passivo Circulante em t, adicionado ao Passivo não-
Circulante em t, dividido pelo Patrimônio Líquido em t-1;
e
it
é o termo de erro estocástico da regressão em painel.
O modelo também foi testado substituindo-se ROA
it
por ROE
it
, que é outra variável
de performance financeira definida como o
retorno sobre o patrimônio líquido em t.
Cezar (2008) concluiu que tanto o índice de Retorno sobre o Ativo quanto o índice
de Retorno sobre o Patrimônio Líquido não apresentaram relação estatística significante com
os indicadores ambientais das empresas, porém significante com os indicadores sociais
internos e externos. Ainda testou o índice de Retorno sobre o Ativo e o índice de Retorno
sobre o Patrimônio Líquido no ano posterior ao das variáveis explicativas, mas os resultados
demonstraram não haver relação entre as variáveis.
Farias (2008) estudou 87 empresas que possuem ações negociadas na BOVESPA, com
o objetivo de analisar a relação entre a divulgação ambiental, o desempenho ambiental e o
desempenho econômico das empresas. Os resultados do modelo de equações simultâneas
sugerem que não há inter-relação significativa entre as variáveis, pois se observou que a
divulgação ambiental é influenciada pelo desempenho ambiental, que o desempenho
econômico afeta o desempenho ambiental, mas que a divulgação ambiental não é afetada pelo
desempenho econômico.
41
3 MÉTODO DE PESQUISA
A pesquisa é definida por Gil (1999, p. 42), “como o processo formal e sistemático de
desenvolvimento do método científico [...] o objetivo fundamental da pesquisa é descobrir
respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”. Nesse sentido,
este estudo apresenta um método científico que permite a sua verificabilidade, sendo este um
pressuposto para o conhecimento ser considerado científico.
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
A base lógica desta investigação dá-se por meio do método indutivo que, segundo
Collis e Hussey (2005, p. 27), “é um estudo no qual a teoria se forma a partir da observação
da realidade empírica; portanto, inferências gerais são induzidas a partir de casos
particulares”. No caso específico desta pesquisa, considera-se um conjunto de empresas e
procura-se examinar se a realização de investimentos ambientais afeta o seu desempenho
econômico.
O delineamento da investigação obedece à classificação proposta por Silva e Menezes
(2005), que caracteriza as pesquisas quanto à sua natureza, à forma de abordagem do
problema, aos seus objetivos e aos procedimentos técnicos utilizados. Dado que a pesquisa
visa a responder um problema de ordem prática, é classificada quanto à sua natureza como
uma pesquisa aplicada.
Já em relação à forma de abordagem do problema, embora numa primeira etapa tenha-
se utilizado a técnica denominada de grupo de foco para definir as variáveis que deveriam
compor o modelo econométrico, a pesquisa é classificada como quantitativa, exatamente pelo
fato de que os dados foram tratados mediante a aplicação de um modelo econométrico,
visando a determinar a relação entre os investimentos ambientais e o desempenho econômico
das empresas. A esse propósito, Beuren (2006, p. 93) destaca a importância da utilização
dessa tipologia, argumentando que “a abordagem quantitativa, no tratamento de problemas de
pesquisa em Contabilidade, no Brasil, é relativamente recente”.
Quanto aos objetivos, a pesquisa pode ser classificada como descritiva, na medida
em que fez a descrição dos resultados encontrados na aplicação do modelo econométrico. Gil
42
(2006, p. 42) salienta que “as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição
das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de
relações entre variáveis”.
Por fim, quanto aos procedimentos técnicos, utilizou-se como fonte de dados
primários os arquétipos criados pelo grupo de foco e como dados secundários os balanços
sociais publicados pelas empresas no endereço eletrônico (http://www.balancosocial.org.br),
bem como informações financeiras disponibilizadas no banco de dados da Economática,
relativos ao período de 1996 a 2007, o que permite classificar a pesquisa como documental.
Marconi e Lakatos (2002) destacam que, na pesquisa documental, a fonte de coleta de dados
está restrita a documentos, constituindo o que se denomina de fontes secundárias.
3.2 GRUPO DE FOCO
Com o intuito de identificar as variáveis que impactam na Receita Líquida e no
Resultado Operacional, constitui-se um grupo de foco composto por agentes envolvidos em
consultoria, pesquisa ou gestão de instituições, dado que, segundo Collis e Hussey (2005), as
pessoas convidadas devem ter experiência suficiente em comum sobre o tópico. Nesse caso,
foram convidados três pesquisadores da área de contabilidade e finanças e dois contadores
que atuam em grandes empresas, conforme segue:
- Célio Pedro Wolfarth: contador, mestre em Controladoria, professor e pró-reitor de
Administração da UNISINOS.
- Clóvis Antônio Kronbauer: contador, doutor em Contabilidade e Auditoria pela
Universidade de Sevilha (Espanha), professor da UNISINOS nos cursos de
graduação e mestrado em Ciências Contábeis.
- Francisco Antônio Mesquita Zanini: engenheiro civil, doutor em Contabilidade e
Organização de Empresas pela Universidade Autônoma de Madrid (Espanha),
professor da UNISINOS no curso de graduação em Administração e no curso de
mestrado em Ciências Contábeis.
- Marcos Antônio de Souza: administrador, doutor em Controladoria e Contabilidade
pela USP, professor da UNISINOS nos cursos de graduação e mestrado em
Ciências Contábeis, sócio da empresa Bruine Souza Consultores Associados Ltda.
43
- Marco Antônio Perottoni: contador, advogado, especialista em Metodologia do
Ensino Superior pela UNISINOS e em Ciências Contábeis pela FGV, consultor
contábil do Grupo Gerdau.
Optou-se pelo grupo de foco porque “é uma técnica de pesquisa qualitativa, que
permite um aprofundamento além das medições” (Goebert, 2003, p. 62). Como as atividades
realizadas com o grupo tiveram o objetivo de estabelecer as variáveis e suas estruturas
relacionais, decidiu-se utilizar a metodologia de dinâmica de sistemas. O enfoque sistêmico
adotado nesta pesquisa fundamenta-se nos estudos da estrutura dos sistemas sociais e
administrativos desenvolvidos por Peter Senge (2004), nos quais o autor aplicou os
conhecimentos originários de dinâmica de sistemas de Forrester (1961) ao campo das ciências
sociais.
Na abordagem de Forrester (1961), dinâmica de sistemas é o estudo do feedback de
informação característico de sistemas industriais, com o objetivo de evidenciar como a
estrutura organizacional, as amplificações em políticas e planos de ão e times delays
interagem para influenciar no desempenho da organização.
A metodologia da dinâmica de sistemas é utilizada para auxiliar na compreensão de
como evolui o comportamento de um sistema, considerando o transcurso do tempo. Nesse
sentido, o sistema analisado não se restringe unicamente às áreas de engenharia ou
administração; sua aplicação pode ser utilizada, por exemplo, para modelar sistemas
biológicos e sociais (MASUDA; FIGUEIREDO, 2001). Senge (2004, p. 123) afirma que
uma das novas percepções mais importantes e potencialmente mais poderosas que
surgem no campo do pensamento sistêmico é que determinados padrões de estrutura
ocorrem repetidas vezes. Esses “arquétipos de sistema” ou “estruturas genéricas”
são o segredo para aprendermos a ver as estruturas em nossas vidas pessoais e
organizacionais.
Os arquétipos de sistema, também chamados de estruturas genéricas e diagramas
sistêmicos, são representações da realidade através dos círculos de causalidade que
evidenciam as relações entre as variáveis de um sistema. Os círculos de causalidade, por sua
vez, são formados por elementos e interconexões estruturadas em que cada elemento age no
elemento seguinte ao longo do círculo (SCRAMIM; BATALHA, 2004). Por meio dos
arquétipos de sistema, podem-se visualizar as estruturas e identificar com maior clareza os
pontos de alavancagem dos sistemas.
44
Os arquétipos, conjunto de círculos de causalidade, são compostos pelos alicerces
básicos de um sistema: processos de reforço, processos de equilíbrio e defasagens (SENGE,
2004). Nesta pesquisa, apresenta-se o processo de defasagem, conforme modelo
esquematizado nos arquétipos criados pelo grupo de foco. As defasagens ou os atrasos são
pontos nos quais a conexão leva um tempo para acabar de atuar, ou seja, não ocorre uma ação
imediata ocasionada pela oscilação de uma variável.
A defasagem, o tempo entre o efeito de uma variável sobre a outra, constitui o
terceiro elemento básico da linguagem sistêmica. Praticamente todos os processos
de feedback têm alguma forma de defasagem. Mas, frequentemente, as defasagens
não são identificadas ou compreendidas. (SENGE, 2004, p. 119)
Senge (2004) expõe que as defasagens são representadas por um par de linhas
paralelas no meio da seta de conexão dos elementos do sistema. O autor adverte para que
sejam identificados apenas os atrasos mais significativos em relação aos demais elos. Esse
método de abordagem constitui a etapa inicial para a construção de modelos de simulação
dinâmicos.
Sterman (2000) explica que as pesquisas na área de ciências sociais são repletas de
modelos nos quais os teoremas são derivados de axiomas questionáveis, e muitas variáveis
importantes são ignoradas, visto que os dados para estimar os parâmetros estão indisponíveis.
Por isso, a dinâmica de sistemas é desenvolvida para superar tais limitações, pois é baseada
em modelos com suposições realistas sobre o comportamento humano, fundamentado no
campo de estudos de tomada de decisão. Utiliza os dados que se encontram disponíveis, os
quais não precisam ser necessariamente numéricos, para especificar e estimar os
relacionamentos (STERMAN, 2000).
Favorável à utilização de arquétipos, Senge (2004, p. 142) afirma argumenta que “os
arquétipos dão origem ao processo de compreensão do pensamento sistêmico. Usando-os,
começamos a ver cada vez mais os círculos de causalidade que cercam nossa atividade diária.
Com o tempo, isso leva naturalmente a pensamentos e ações mais sistêmicos”.
a) Descrição das atividades realizadas
Após ter sido feito o convite para participação no grupo de foco e mediante o aceite
dos participantes, cada membro recebeu individualmente a explicação do tema e foi-lhes
solicitado que realizassem um exercício individual prévio à realização do grupo de foco
45
(Apêndice A). Esse exercício prévio tinha como objetivo gerar no participante um
posicionamento antecipado, com vistas a agilizar as atividades em grupo.
O grupo de foco reuniu-se no dia 06/11/2008, às 18h30min, na UNISINOS, com a
presença dos cinco convidados e dos orientadores Prof. Dr. Ernani Ott e Prof. Dr. Tiago
Wickstrom Alves. Inicialmente, foram repassados os propósitos do convite para participar do
grupo. Os integrantes identificaram de maneira informal e sem qualquer intervenção da
mestranda e dos orientadores as variáveis que afetam a Receita Bruta, o sentido da relação e
as possíveis relações entre as próprias variáveis. O consenso formado pelo grupo foi
registrado no quadro branco e, ao término, foi fotografado para que todas as informações
ficassem retidas. Por esse mesmo motivo, a reunião também foi gravada em áudio. Devido à
indisponibilidade de tempo, a atividade desenvolvida ateve-se somente às variáveis que
impactam na geração da receita bruta. Essa etapa constou ainda da validação do modelo
transcrito digitalmente.
O grupo de foco reuniu-se novamente no dia 18/11/2008, às 18h30min, na
UNISINOS, com a presença de quatro convidados e do orientador Prof. Dr. Ernani Ott. A
ausência dos demais membros foi justificada. As explicações iniciais foram dispensadas, visto
que todos estavam habituados ao procedimento. Os participantes identificaram de maneira
informal e sem a intervenção da mestranda e do orientador as variáveis que afetam o
Resultado Operacional, o sentido da relação e as possíveis relações entre as próprias variáveis.
O consenso formado pelo grupo foi registrado no quadro branco e, ao término, foi fotografado
para que todas as informações ficassem retidas. Por esse mesmo motivo, a reunião também foi
gravada em áudio. Essa etapa constou ainda da validação do modelo transcrito digitalmente.
b) Variáveis relevantes explicativas da Receita Bruta e do Resultado Operacional
Os arquétipos criados pelo grupo são expostos a seguir:
Figura 5: Receita Bruta e variáveis relevantes explicativas
Fonte: Elaborado com base no Grupo de Foco.
LEGENDA Sem Defasagem Temporal Com Defasagem Temporal
Relação Direta
Relação Inversa
Investimento em Meio
Ambiente
Responsabilidade Social
Sistemas de
Qualidade
Qualidade
Percebida
Investimento em Certificações de
Fornecedores
Marketing
Investimento em Modernização/
Manutenção do Imobilizado
Manutenção da
Fábrica
P & D
PIB
Produtividade
Segurança no
Trabalho
Preço
Capacitação e
Treinamento de Pessoal
RECEITA
BRUTA
Concorrência
Tributação
Reorganização
Societária
46
Ao analisar os fatores expostos na Figura 5 que, segundo o Grupo de Foco,
influenciam na Receita Bruta das organizações, constatou-se que as variáveis: Marketing,
PIB, Investimento em Meio Ambiente e Responsabilidade Social, influenciam diretamente e
sem defasagem temporal. Já as variáveis: Pesquisa e Desenvolvimento e Reorganização
Societária, também impactam diretamente, mas apresentam defasagem temporal.
As variáveis: Capacitação e Treinamento de Pessoal, Investimento em
Modernização/Manutenção do Imobilizado e Manutenção da Fábrica influenciam diretamente
na Receita Bruta, mas apresentam-se relacionadas entre si, com defasagem temporal e relação
inversa. O mesmo ocorre com as variáveis: Preço, Tributação, Concorrência, Qualidade
Percebida, Sistemas de Qualidade e Investimento em Certificações de Fornecedores.
A variável Produtividade também impacta na Receita Bruta, apresentando relação
direta e sem defasagem temporal, mas relacionada também com a Segurança no Trabalho.
Figura 6: Resultado Operacional e variáveis relevantes explicativas
Fonte: Elaborado com base no Grupo de Foco.
LEGENDA Sem Defasagem Temporal Com Defasagem Temporal
Relação Direta
Relação Inversa
Reorganização
Societária
Capacitação e
Treinamento de Pessoal
Sistemas de
Qualidade
Gestão Produção
Qualidade do
Produto
Gestão Financeira
Gestão Tributária
Sistema Integrado
de Informação
Gestão das
Restrições
Prazos Operacionais/
Vendas
Prazos Operacionais/
Compras
Motivação e Clima
Organizacional
Serviços Compartilhados
de Gestão
Custos e Despesas
Logísticas
RESULTADO
OPERACIONAL
48
O Resultado Operacional, de acordo com o Grupo de Foco e apresentado na Figura 6,
é afetado com relação direta pelas seguintes variáveis: Gestão Tributária, Sistema Integrado
de Informação, Serviços Compartilhados de Gestão, Gestão das Restrições e Motivação e
Clima Organizacional. Os Custos e Despesas Logísticas também influenciam, mas com
relação inversa, ou seja, quanto maior for essa variável, menor será o Resultado Operacional.
Apresentam relação direta, mas com defasagem temporal, as variáveis: Reorganização
Societária e Capacitação e Treinamento de Pessoal.
A variável Gestão Financeira também influencia no Resultado Operacional e
relaciona-se com o Prazo Operacional de Compras e Prazo Operacional de Vendas, com
defasagem temporal e relação direta e inversa. Já a Gestão da Produção e Qualidade do
Produto relacionam-se diretamente com a variável Sistema de Qualidade e impactam o
Resultado Operacional.
3.3 MODELO ECONOMÉTRICO
Como o propósito deste estudo é examinar a relação entre os indicadores ambientais
e o desempenho econômico, estabeleceu-se o modelo a ser estimado conforme equação (2).
itiititit
IAEIAIRL
εαβββ
++++=
210
(2)
Onde:
RL
it
= Receita Líquida da empresa i no tempo t;
IAI
it
= Investimento Ambiental Interno da empresa i no tempo t;
IAE
it
=
Investimento Ambiental Externo da empresa i no tempo t;
e
it
= Erro aleatório
β
ββ
β
0
= Parâmetros a serem estimados: i
I:[0,2]
α
i
= Parâmetros não observados que correspondem as características de cada empresa
i
I:[1,353]
t
I:[1996,2007]
49
Os sinais esperados de
β
i
são:
β
ββ
β
1
> 0: uma vez que Investimentos Ambientais Internos, em tese, resultam em
incremento na Receita Líquida da empresa;
β
ββ
β
2
> 0: em razão de que Investimentos Ambientais Externos estejam correlacionados
com a Receita Líquida da empresa, gerando um acréscimo.
Dada a possibilidade de que a Receita Líquida inclua custos e/ou despesas
relacionados à produção ou à comercialização de produtos, decidiu-se testar também o
Resultado Operacional, por ser considerado um resultado puro, ou seja, engloba “somente os
lucros auferidos pela empresa em suas operações” (BORINI et al., 2005, p. 7).
Assim, tem-se o modelo dado na equação (3).
itiititit
IAEIAIRO
εαβββ
++++=
210
(3)
Onde:
ROit é Resultado Operacional da empresa i no tempo t; e as demais variáveis são as
mesmas da equação (2).
Os sinais esperados dos betas também são os mesmos do modelo dado na equação (2).
Os modelos utilizados em estudos anteriores valeram-se das equações (2) e (3). No
entanto, ao examinar essas equações, percebe-se que estas não contêm certas variáveis e, em
função disso, podem gerar resultados distorcidos, pois há outras variáveis relevantes que
explicam o desempenho econômico das empresas.
Por exemplo, uma empresa que reduz os recursos em Marketing e em Pesquisa e
Desenvolvimento, aplicando somente recursos em Meio Ambiente, se fosse considerar a
relação entre investimento ambiental e desempenho econômico, poder-ia obter uma relação
inversa entre DE e IA. Isso ocorre porque o DE se reduz no tempo em função da redução dos
recursos mencionados, enquanto o IA aumenta.
Considerando essa percepção, e com o objetivo de estabelecer as variáveis que
poderiam explicar a RL e o RO, utilizou-se o grupo de foco para estabelecer as relações entre
essas variáveis e as possíveis variáveis que as expliquem. Esse grupo foi trabalhado com o
conceito de dinâmica de sistemas, descrito na seção 3.2.
Assim, considerando as variáveis disponíveis na base de dados Economática na coleta
dos dados, dentre aquelas identificadas no grupo de foco, têm-se as equações (4) e (5). A
primeira diz respeito à Receita Líquida e a segunda ao Resultado Operacional.
50
a) Receita Líquida
ititititititit
PIBTribobInvIAEIAIRL
εαββββββ
+++++++=
543210
Im
(4)
Onde:
RL
it
= Receita Líquida da empresa i no tempo t;
IAI
it
= Investimento Ambiental Interno da empresa i no tempo t;
IAE
it
=
Investimento Ambiental Externo da empresa i no tempo t;
InvImob
it =
Investimento no Imobilizado da empresa i no tempo t;
Trib
it
= Tributação da empresa i no tempo t;
PIB
t
=
Produto Interno Bruto no tempo t;
e
it
= Erro aleatório
β
ββ
β
0
= Parâmetros a serem estimados: i
I:[0,5]
α
i
= Parâmetros não observados que correspondem as características de cada empresa
i
I:[1,108]
t
I:[1996,2007]
Os sinais esperados de
β
i
são:
β
ββ
β
1
> 0: uma vez que a hipótese é de que Investimentos Ambientais Internos resultam
em incremento na Receita Líquida da empresa;
β
ββ
β
2
> 0: em razão de que expectativa de que os Investimentos Ambientais Externos
estejam correlacionados com a Receita Líquida da empresa, gerando um acréscimo;
β
ββ
β
3
> 0: em vista de que a variável Investimento no Imobilizado resulta, em tese, num
aumento da Receita Líquida da empresa em função do Investimento em Modernização e/ ou
Manutenção do Ativo Permanente – Imobilizado;
β
ββ
β
4
< 0: uma vez que um aumento na tributação impacta negativamente na Receita
Líquida da empresa;
β
ββ
β
5
> 0: numa economia em que o PIB tem alto valor, a tendência é que as empresas
também apresentem uma Receita Líquida acrescida.
b) Resultado Operacional
itiititititit
VenComIAEIAIRO
εαβββββ
++++++= PrPr
43210
(5)
51
Onde:
RO
it
= Resultado Operacional da empresa i no tempo t;
IAI
it
= Investimento Ambiental Interno da empresa i no tempo t;
IAE
it
=
Investimento Ambiental Externo da empresa i no tempo t;
PrCom
it
=
Prazo Operacional de Compras da empresa i no tempo t;
PrVen
it
=
Prazo Operacional de Vendas da empresa i no tempo t;
e
it
= Erro aleatório
β
ββ
β
0
= Parâmetros a serem estimados:
I:[0,4]
α
i
= Parâmetros não observados que correspondem as características de cada empresa
i
I:[1,108]
t
I:[1996,2007]
Os sinais esperados de
β
i
são:
β
ββ
β
1
> 0: uma vez que a hipótese é de que Investimentos Ambientais Internos resultam
em incremento no Resultado Operacional da empresa;
β
ββ
β
2
> 0: em razão de que expectativa de que os Investimentos Ambientais Externos
estejam correlacionados com o Resultado Operacional da empresa, gerando um acréscimo;
β
ββ
β
3
> 0: em vista de que o Prazo Operacional de Compras esteja correlacionado
positivamente com o Resultado Operacional;
β
ββ
β
4
< 0: uma vez o Prazo Operacional de Vendas está correlacionado negativamente
com o Resultado Operacional da empresa.
Além disso, com o intuito de verificar se as empresas que realizam Investimentos
Ambientais geram, em média, um desempenho econômico maior que as demais, optou-se pelo
uso de uma variável Dummy, identificando as empresas que realizam investimento ambiental
nos modelos das equações (4) e (5). Ressalta-se que, nesse caso, as variáveis relacionadas a
investimentos ambientais foram excluídas para evitar a colinearidade perfeita e a regressão
feita por efeitos aleatórios em função da inclusão de uma Dummy.
Nas análises econométricas podem ser utilizados dados de corte, dados de séries
temporais e dados em painel (GUJARATI, 2000). Optou-se, numa primeira análise, pela
elaboração de um painel por combinar séries de tempo e de corte. Stock e Watson (2004, p.
186) explicam que “dados de painel consistem de observações das mesmas n entidades para
dois ou mais períodos de tempo t”.
52
Como vantagens dos modelos para dados em painel, Alves (2007) cita a obtenção de
dados mais informativos, mais variabilidade e menos colinearidade entre as variáveis. Além
disso, permite captar a dinâmica das mudanças e estudar modelos comportamentais mais
complexos. Outra questão que deve ser analisada na metodologia de dados em painel refere-se
à escolha do método de estimação, isto é, se fixo ou aleatório. Essa decisão é tomada com
base no Teste de Hausman (1978), o qual compara os coeficientes obtidos das estimações
realizadas sob as duas alternativas, efeitos fixos e efeitos aleatórios. Assim, testa-se a
ortogonalidade entre os efeitos aleatórios e os regressores.
No caso de efeitos fixos, o Teste de Hausman estabelece que:
H
0
: efeitos aleatórios são consistentes;
H
1
: efeitos aleatórios não são consistentes (modelos de efeitos fixos sempre fornecem
resultados consistentes).
Se H
0
não for aceita, conclui-se que o modelo de efeitos fixos oferece resultados mais
consistentes do que os do modelo de efeitos aleatórios.
Em relação à análise clássica de regressão múltipla, por Mínimos Quadrados
Ordinários (MQO), devem ser seguidos alguns pressupostos para garantir a validade do
modelo estudado, que são: i) no que tange à variância, tem-se a hipótese de
homoscedasticidade; ii) não-correlação entre os erros (inexistência de autocorrelação dos
erros); iii) baixa correlação entre as vaiáveis independentes (não gere multicolinearidade).
Em relação a essas violações, procedeu-se ao Teste de White para testar a
homoscedasticidade, usando-se como indicador de problemas de autocorrelação de primeira
ordem o Teste “D” de Durbin-Watson e, por fim, a correlação parcial das variáveis
independentes como indicador da existência de multicolinearidade.
3.4 POPULAÇÃO, AMOSTRA E FONTE DOS DADOS
A população é composta pelas 353 empresas que publicaram Balanço Social no
modelo do IBASE, no período compreendido no estudo, sendo essas as informações
disponíveis na data da coleta dos dados. A composição da amostra e a fonte dos dados são
detalhadas nos próximos itens.
53
3.4.1 População do Modelo das Equações (2) e (3)
As análises realizadas com base nas equações (2) e (3) compreenderam o período de
1996 a 2007, abrangendo todas as empresas que publicaram Balanço Social no modelo
desenvolvido pelo IBASE e divulgado no endereço eletrônico
(http://www.balancosocial.org.br), na data da coleta dos dados, listadas no Apêndice B.
3.4.2 Amostra do Modelo das Equações (4) e (5)
Para resolver as equações (4) e (5), foram selecionadas as empresas que publicaram
Balanço Social no modelo do IBASE e divulgados no endereço eletrônico
(http://www.balancosocial.org.br), que têm suas ações negociadas na BOVESPA e que
apresentavam o Brasil como país-sede na base de dados Economática. Diante das condições
antes expostas, compõem a amostra do modelo das equações (4) e (5), as seguintes empresas:
54
Setor
Número de
Empresas
Denominação das Empresas
Agro e Pesca 1 SLC Agrícola
Alimentos e
Bebidas
2 Perdigão e Sadia
Comércio 1 Grupo DIMED
Construção 2 Camargo Côrrea e GAFISA
Eletroeletrônicos 3 Itautec Philco, Multibras Eletrodomésticos e Springer Carrier
Energia Elétrica 31
AES Sul, AES Tietê, AMPLA, Bandeirante Energia, CEB, CEEE,
CELESC, CELG, CELPA, CELPE, CEMAT, CEMIG, CESP, COELBA,
COELCE, COPEL, CPFL – Energia, CPFL – Geração, CPFL – Piratininga,
CTEEP, DUKE ENERGY, ELEKTRO, Eletrobras, Eletropaulo, Enersul,
EPTE, Escelsa, Grupo Inepar, Light, RGE e Tractebel Energia
Finanças e Seguros
12
Banco Bradesco, Banco da Amazônia, Banco do Brasil, Banco do Nordeste
do Brasil, Banco Itaú, Banrisul, BESC, BRB, Porto Seguro, Santander
Banespa, Sul América Seguros e Unibanco
Máquinas
Industriais
1 Embraco
Mineração 1 CVRD Consolidado
Outros 5 COPASA, DURATEX, Globo Cabo, SABESP e Sanepar
Papel e Celulose 3 Bahia Sul Celulose, Suzano Papel e Celulose e Votorantim Celulose e Papel
Petróleo e Gás 4 CEG, COMGAS, Petrobras e Petróleo Ipiranga
Química 5 COPESUL, Millennium Inorganic, Petroflex, Politeno e Ultrapar
Siderurgia e
Metalurgia
11
Acesita, COSIPA, CSN, CST, GERDAU, Grupo Eberle, Kepler Weber,
Lupatech, Saint-Gobain, Usiminas e Zivi/Hércules
Telecomunicações 14
Amazônia Celular, Brasil Telecom, Celular CRT (VIVO), Embratel, IESA,
Tele Centro-Oeste Celular, Tele Leste Celular, Tele Sudeste Celular,
Telemar, Telemig Celular, Telesp Celular (vivo), Tim Nordeste, Tim
Participações e Tim Sul
Têxtil 3 CEDRO, Cia. Ind. Cataguases e Marisol
Transporte e
Serviço
3 ALL, Localiza e TAM
Veículos e Peças 5 Embraer, Fras-Le, Marcopolo, Randon e TUPY
TOTAL 107
Quadro 5: Empresas que fazem parte da amostra do modelo das equações (4) e (5)
55
Foram excluídas da amostra 39 empresas (Apêndice C) cujos valores de Receita
Líquida e Resultado Operacional apresentaram grande discrepância em relação às demais.
Também foram excluídas 14 empresas por não terem divulgado os valores relacionados aos
investimentos ambientais no Balanço Social. Uma vez que se trata de uma demonstração
voluntária, muitas informações não são divulgadas. Por exemplo, é possível publicar o
Balanço Social informando os investimentos sociais sem abranger os investimentos
ambientais (Apêndice D).
As empresas Masa da Amazônia e Multibras da Amazônia constituem uma única
organização, estando duplicadas no banco de dados do IBASE. Nesse caso, optou-se pela
Multibras da Amazônia.
Para comparar o desempenho econômico das empresas que realizaram investimento
ambiental com organizações que supostamente não investiram em meio ambiente, foram
selecionadas empresas com características semelhantes que não publicaram Balanço Social e
que, em tese, não realizaram investimento em meio ambiente, tendo como base a Receita
Líquida e o Resultado Operacional do ano de 2007. Assim, foram selecionadas as seguintes
empresas:
56
Setor
Número de
Empresas
Denominação das Empresas
Agro e Pesca 1 Rasip Agro
Alimentos e
Bebidas
1 Eleva
Construção 1 Helbor
Eletroeletrônicos 2 Positivo e Trafo
Energia Elétrica 10
CEEE – GD, CEMAR, Cosern, Energias BR, Energisa, Neoenergia, Paul
F Luz, Rede Energia, Tran Paulist e VBC Energia
Finanças e Seguros
8
ABC Brasil, Banestes, Bovespa Holding, Cruzeiro do Sul, Daycoval,
Panamericano, Paraná Pine e Sul América
Máquinas
Industriais
1 WEG
Mineração 1 Magnesita
Papel e Celulose 3 Aracruz, Klabin e Ripasa
Química 5 Brasken, MG Poliest, Petroquímica União, Pronor e YARA Brasil
Siderurgia e
Metalurgia
6 Arcelor, Caraíba, Metisa, Mundial, Rexam e Sibra
Telecomunicações 6 Americel, Brasil T Part., Tele Norte, Telerj Cel, Telet e VIVO
Têxtil 3 Cia. Hering, Cremer e Pettenati
Transporte e
Serviço
2 AGConcessões e GOL
Veículos e Peças 4 Iochp-Maxion, Metal Leve, Plascar Part e Schulz
TOTAL 54
Quadro 6: Empresas que não publicaram Balanço Social modelo IBASE e fazem parte da amostra do
modelo das equações (4) e (5)
Da população de 353 empresas que publicaram Balanço Social no modelo do IBASE,
246 não possuíam ações negociadas na BOVESPA e/ou o Brasil como país-sede na Base de
Dados Economática, restando assim 107 empresas, mostradas no Quadro 5. Dessas 107
empresas, 39 não possuíam organizações similares em relação à sua Receita Líquida e/ou
Resultado Operacional e 14 empresas, embora tenham publicado o Balanço Social modelo
IBASE, não divulgaram os valores relacionados aos investimentos ambientais. Isso resultou
em 54 empresas que serviram como parâmetro (Receita Líquida, Resultado Operacional e
57
Setor de Atuação, conforme classificação da Base de Dados Economática) para a seleção de
outras 54 empresas similares que não publicaram Balanço Social (Quadro 6).
A Tabela 1 apresenta a composição amostral do modelo das equações (4) e (5):
TABELA 1 - Composição da amostra do modelo das equações (4) e (5)
Amostra do Modelo das Equações (4) e (5)
Número de
Empresas
População (Apêndice B) 353
(-) Empresas que divulgaram o Balanço Social, mas não possuem ações negociadas na
BOVESPA e/ou o Brasil como país-sede no Economática
(246)
(=) Subtotal da Amostra (Quadro 5) 107
(-) Empresas cujos valores de Receita Líquida e Resultado Operacional apresentaram grande
discrepância em relação às demais (Apêndice C)
(39)
(-) Empresas que não divulgaram os valores relacionados aos investimentos ambientais
(Apêndice D)
(14)
(=) Subtotal da amostra 54
(+) Empresas com Receita Líquida e Resultado Operacional em montantes equivalentes às
demais, mas que não publicaram Balanço Social
54
(=) Total da Amostra 108
3.4.3 Fonte dos Dados do Modelo das Equações (2) e (3)
A fonte de dados das variáveis utilizadas nas equações (2) e (3) foi o Balanço Social
das empresas que utilizaram o modelo do IBASE. A especificação das variáveis dos modelos
(2) e (3) é a seguinte:
1) Receita Líquida (RL)
Seu valor foi coletado no Balanço Social, no item 1, referente à Base de Cálculo, e
representa a Receita Bruta excluída de impostos, contribuições, devoluções, abatimentos e
descontos comerciais.
58
2)
Resultado Operacional (RO)
O valor da variável foi coletado no Balanço Social, no item 1, referente à Base de
Cálculo, e representa o Resultado Operacional, sendo esse o valor que se encontra entre o
Lucro Bruto e o Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR), ou seja, antes das receitas e
despesas não-operacionais.
3) Investimento Ambiental Interno (IAI)
O valor foi extraído do Balanço Social, no item 4, referente aos indicadores
ambientais, mais precisamente no subitem Investimentos Relacionados com a
Produção/Operação da Empresa. Esse indicador representa os desembolsos da empresa com
investimentos, monitoramento da qualidade dos resíduos e/ou efluentes, despoluição, gastos
com a introdução de métodos não-poluentes, auditorias ambientais, programas de educação
ambiental para os funcionários e outros gastos, com o objetivo de alcançar um melhoramento
contínuo da qualidade ambiental na produção/operação da empresa.
4)
Investimento Ambiental Externo (IAE)
Seu valor foi coletado no Balanço Social, no item 4, referente aos indicadores
ambientais, mais precisamente no subitem Investimentos em Programas/Projetos Externos.
Esse indicador representa os desembolsos da empresa com despoluição, conservação de
recursos ambientais, campanhas ecológicas e educação socioambiental para a comunidade
externa e para a sociedade em geral.
3.4.4 Fonte dos Dados do Modelo das Equações (4) e (5)
Nas equações (4) e (5), além das variáveis explicitadas no item 3.4.3, utilizou-se a
Base de Dados Economática como fonte dos dados. A especificação das variáveis dos
modelos (4) e (5) é a seguinte:
1) Investimento no Imobilizado (InvImob)
O valor foi extraído na Base de Dados Economática, na ferramenta de análise de dados
stock guide. Dentre as informações disponibilizadas, optou-se por selecionar os valores
59
contidos em Aplicações no Ativo Permanente, visto que essa opção era a mais próxima do
sentido da variável.
2) Tributação (Trib)
O valor da variável foi coletado na Base de Dados Economática, na ferramenta de
análise de dados stock guide. Dentre as informações disponibilizadas, optou-se por selecionar
os valores contidos em Impostos sobre Vendas, por ser esse grupo o de maior abrangência de
tributos.
3) Produto Interno Bruto (PIB)
A utilização dessa variável justifica-se como meio de controle dos efeitos de variáveis
externas no desempenho da empresa, visto que o PIB representa a evolução da economia do
país. Seu valor foi coletado no site da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
4) Prazo Operacional de Compras (PrCom)
O valor dessa variável foi coletado na Base de Dados Economática, na ferramenta de
análise de dados stock guide.
5) Prazo Operacional de Vendas (PrVen)
O valor dessa variável foi extraído da Base de Dados Economática, na ferramenta de
análise de dados stock guide.
3.5 TRATAMENTO DOS DADOS
No tratamento dos dados foram utilizadas técnicas econométricas com a utilização do
software Econometric Views (EViews), versão 5.1. Em relação às variáveis, todas foram
inflacionadas com base no Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) da Fundação Getúlio
Vargas (FGV) para o mês de setembro de 2008. Portanto, estão expressas em valores
constantes de 2008.
Além disso, nas equações (4) e (5), as variáveis foram transformadas em índice, tendo
como valor de referência o Ativo Total (AT), sendo esse valor coletado na Base de Dados
Economática.
60
3.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO
Os problemas econométricos de endogeneidade ou causalidade reversa são
limitadores da pesquisa, visto que, assim como o desempenho econômico pode ser
consequência dos investimentos ambientais, estes também podem ser reflexos do desempenho
econômico. Além disso, pode haver distorção nos resultados pela não-disponibilidade de
todas as variáveis identificadas no grupo de foco e que, portanto, não constam no modelo
econométrico testado.
Pelo fato da população da pesquisa compreender somente as empresas que publicaram
Balanço Social no modelo desenvolvido pelo IBASE e divulgado no endereço eletrônico
(http://www.balancosocial.org.br), inúmeras organizações que sabidamente realizam
investimentos ambientais não foram consideradas. Diante disso, não é possível haver
generalização dos resultados.
Outro limitador relacionado ao modelo IBASE de Balanço Social refere-se à não
especificação do conceito de investimentos ambientais, permitindo diferentes interpretações a
respeito desse grupo, que pode incluir tanto os investimentos quanto as despesas ambientais.
61
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Nesse capítulo são apresentados e analisados os resultados obtidos nos testes
econométricos expostos no terceiro capítulo. Primeiramente, procede-se à análise das
regressões dos modelos propostos no capítulo em que se tratou do método da pesquisa. A
seguir, faz-se a análise geral dos resultados obtidos.
4.1 ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE IAI, IAE E O IMPACTO NA RL
A análise do modelo proposto no terceiro capítulo inicia com o estudo da equação (2).
itiititit
IAEIAIRL
εαβββ
++++=
210
(2)
O primeiro procedimento realizado foi o Teste de Hausman para definir o método
mais adequado de estimação. Isto é, se por Efeito Fixo ou por Efeito Aleatório. A
implementação desse Teste resultou nos dados apresentados na Tabela 2.
TABELA 2 – Teste de Hausman
Resumo do Teste Qui-Quadrado Stat. Qui-Quadrado d. f. Prob.
Cross-section Aleatório
28,93 2 0,00
Os dados apurados no teste e apresentados na Tabela 2 indicam uma rejeição a 100%
de probabilidade da hipótese de consistência de Efeitos Aleatórios. Assim, o modelo é
favorável à utilização do método de estimação com Efeitos Fixos, resultado válido para os
modelos que contenham as variáveis IAI e IAE. O resultado da estimação da equação (2) é
apresentado na Tabela 3:
62
TABELA 3 – Análise de Regressão aplicada aos dados do modelo da Equação (2)
Variável Dependente: RECEITA LÍQUIDA
Período Analisado: 1996 a 2007
RL
it
= 7.698.643
it
+ 4,20 IAI
it
+ 63,34 IAE
it
+
α
i
ε
it
Prob.
0,1167 0,0002 0,0000
Erro Padrão
4884323 1,11 9,32
R
2
- Ajustado
0,9969
Teste Durbin-Watson
2,01
Os parâmetros estimados (β
i
) indicam que com o acréscimo de R$ 1,00 no
Investimento Ambiental Interno a Receita Líquida crescerá em R$ 4,20, e aumentará em R$
63,34 com o aumento de R$ 1,00 no Investimento Ambiental Externo.
A estatística que determina em que medida a variância da RL está sendo explicada
pelas variáveis do modelo é o coeficiente de determinação ajustado R
2
Ajustado (Tabela 3).
Este expressa o poder de explicação do modelo e tende a resultar numa informação mais
fidedigna do que o Coeficiente de Determinação (R
2
), visto que ele ajusta a regressão
penalizando o acréscimo de variáveis explicativas utilizadas no modelo. Pode-se verificar na
Tabela 3, que o modelo explica 99,69% das variações da Receita Líquida.
Outro fator a ser analisado refere-se ao nível de significância do modelo, que
representa um determinado percentual de que ocorra H
0,
sendo este definido como H
0
: β
i
= 0.
Assim, pode-se afirmar que β
1
e β
2
não são zeros, ou seja, por meio desse modelo, a RL é
explicada por IAI e IAE, ao nível de significância de 1%.
Analisando a hipótese de autocorrelação dos resíduos, percebe-se que a estatística de
Durbin-Watson encontra-se dentro do intervalo considerado satisfatório. Contudo, no caso em
que inúmeros dados faltantes na regressão, o Teste de Durbin-Watson não é uma fonte
fidedigna de autocorrelação.
Outro fator analisado refere-se à homocedasticidade do modelo, exposto na Tabela 4:
TABELA 4 – Teste de Heterocedasticidade aplicado aos dados do modelo da Equação (2)
F - Statistic
1,95
Prob. F
0,00
Obs * R
2
175,46
Prob. Qui-Quadrado
0,00
O Teste Geral de Heterocedasticidade de White apresenta 100% de probabilidade de
que os dados da regressão sejam homocedásticos.
Após analisar os pressupostos da regressão, analisou-se também a distribuição dos
erros e, para tanto, utilizou-se do Teste de Jarque-Bera. Constatou-se que o modelo analisado
não segue o pressuposto de regressão múltipla da distribuição normal do erro.
63
Resultado semelhante foi encontrado na pesquisa realizada por Bufoni, Ferreira e
Legey (2007, p. 15), na qual “os resultados sugerem existir, como indica a literatura
pertinente, uma relação positiva entre a receita e os investimentos ambientais na produção”.
Ressalta-se que, neste estudo, a variável investimentos ambientais na produção recebe a
denominação de IAI. Bertagnolli (2006) obteve conclusões similares ao determinar que os
investimentos sociais e ambientais que mais influenciam a Receita Líquida são os seguintes:
investimentos em benefícios aos funcionários; investimentos em cultura e educação;
investimentos em segurança, prevenção de acidentes e meio ambiente e investimentos em
habitação.
Conclusão divergente foi apresentada por Bernardo (2005), que demonstrou haver
correlação entre as variáveis sociais e a rentabilidade empresarial, embora os investimentos
em responsabilidade social ainda sejam considerados baixos pelo autor. Dentre os indicadores
de responsabilidade social analisados por ele, os maiores investimentos foram observados nos
indicadores ambientais. Entretanto, a RL não é correlacionada com nenhuma variável
ambiental, sendo esse fato justificado pelo autor devido às práticas adotadas pelas empresas
estudadas de unicamente cumprir a legislação ambiental vigente.
Tal resultado se apresenta aderente com os pressupostos da Teoria dos Stakeholders,
visto que ao implementar práticas ambientais que favoreçam seus grupos de interesse, a
empresa além de otimizar o processo de produção com a redução de desperdícios, por
exemplo, cria valor com o desenvolvimento de uma imagem socialmente responsável,
refletindo no aumento da RL.
4.2 ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE IAI, IAE E O IMPACTO NO RO
Neste tópico faz-se a análise do modelo proposto na equação (3):
itiititit
IAEIAIRO
εαβββ
++++=
210
(3)
O resultado da estimação é apresentado na Tabela 5.
64
TABELA 5 – Análise de Regressão aplicada aos dados do modelo da Equação (3)
Variável Dependente: RESULTADO OPERACIONAL
Período Analisado: 1996 a 2007
RO
it
= 509195
it
22,78 IAI
it
+
-1,04 IAI
2
it
+
-15,70 IAI
(-1) it
+
106,43 IAE
it
+
54,10 IAE
(-1) it
+
α
i
ε
it
Prob.
0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0052
Erro Padrão
106845.9
4,62 1,67E-06 2,07 13,14 19,11
R
2
- Ajustado
0,9398
Teste Durbin-Watson
1,92
Os parâmetros estimados (β
i
) revelam que o Resultado Operacional crescerá em
R$ 22,78 com o acréscimo de R$ 1,00 no Investimento Ambiental Interno e aumentará em
R$ 106,43 com o aumento de R$ 1,00 no Investimento Ambiental Externo.
Ao sofrer defasagem de um ano, a variável IAI, representada na estimação por IAI
(-1)
,
impacta negativamente o RO do ano posterior. O RO pode ser explicado pelo IAI, mas
mantém uma relação negativa, o que permite supor que foram desembolsados valores que
afetam o resultado da empresa nos períodos subsequentes ao da sua realização em
consequência, por exemplo, das despesas com depreciação. Seguindo o posicionamento de
Donaire (1999, p. 51), a idéia que prevalece é de que qualquer providência que venha a ser
tomada em relação à variável ambiental traz consigo o aumento de despesas e o conseqüente
acréscimo dos custos do processo produtivo”.
Defasando a variável IAE em um ano, IAE
(-1)
, o aumento de R$ 1,00 resulta num
acréscimo de R$ 54,10 no RO do ano seguinte. Os resultados apurados sugerem que os
investimentos em campanhas ambientais trazem resultados positivos em períodos
subseqüentes ao da realização.
Ao realizar a multiplicação da variável IAI por ela mesma, representado na estimação
pela variável IAI
2
, verificou-se que o IAI ocasiona um aumento no RO até determinado ponto,
após o qual este permanece estagnado independente do aumento no IAI.
Ao nível de significância de 1%, o modelo explica 93,98% das variações no RO,
conforme demonstrado na Tabela 5. Quanto à autocorrelação dos resíduos, o Teste de Durbin-
Watson encontra-se dentro do intervalo considerado satisfatório.
Resultados divergentes foram apurados por Bernardo (2005) e Bertagnolli (2006) ao
concluírem que nenhuma variável ambiental mostrou-se correlacionada ao Resultado
Operacional.
Outro fator analisado refere-se à homocedasticidade do modelo, apresentada na Tabela
6:
65
TABELA 6 – Teste de Heterocedasticidade aplicado aos dados do modelo da Equação (3)
F - Statistic
5,18
Prob. F
0,00
Obs * R
2
241,58
Prob. Qui-Quadrado
0,00
O Teste Geral de Heterocedasticidade de White apresenta 100% de probabilidade de
os dados da regressão serem homocedásticos. Também se analisou a distribuição dos erros e,
para tanto, utilizou-se do Teste de Jarque-Bera, constatando-se que o modelo analisado não
segue o pressuposto de regressão múltipla da distribuição normal do erro.
4.3 ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE IAI, IAE, INVIMOB, PIB E O IMPACTO NA RL
Neste tópico, realiza-se a análise do modelo proposto na equação (4):
ititititititit
PIBTribobInvIAEIAIRL
εαββββββ
+++++++=
543210
Im (4)
O resultado da estimação da equação (4) é apresentado na Tabela 7.
TABELA 7 – Análise de Regressão aplicada aos dados do modelo da Equação (4)
Variável Dependente: RECEITA LÍQUIDA
Período Analisado: 1996 a 2007
RL
it
= -68.750
it
-85,67 IAI
(-1) it
+ 287,55 IAE
it
+ 1.103.245 Log(Inv_Imob)
it
+
2.749.344 Log(PIB)
t
+
α
i
ε
it
Prob.
0,0053 0,0127 0,0000 0,0531 0,0300
Erro Padrão
23813920 33,26 40,66 558.380 1.234.298
R
2
- Ajustado
0,7257
Teste Durbin-Watson
3,09
A Receita Líquida aumentará em R$ 287,55 com o acréscimo de R$ 1,00 no
Investimento Ambiental Externo, conforme os parâmetros estimados (β
i
).
Defasando a variável Investimento Ambiental Interno em um ano, IAI
(-1)
, constata-se
que o aumento de R$ 1,00 no IAI impacta negativamente em R$ 85,67 na RL do ano
posterior.
Tendo em vista que a variável Investimento no Imobilizado (InvImob) considerada
pelo seu valor monetário não apresentou relação linear, optou-se por utilizar o logaritmo dessa
variável. Assim, R$ 1,00 aplicado em Investimento no Imobilizado impacta positivamente a
Receita Líquida no valor de R$ 1.103.245,00.
66
A variável PIB também apresentou uma relação não linear, tendo-se adotado o
logaritmo dessa variável. Um incremento na variável PIB de R$ 1,00 resulta no acréscimo de
R$ 2.749.298,00 na Receita Líquida.
A variável Tributos foi excluída da regressão por ser altamente correlacionada com a
RL e, portanto, influenciar o resultado das demais variáveis.
Ao incluir as variáveis estabelecidas pelo grupo de foco e disponíveis na coleta dos
dados, destaca-se o fato da RL não estar correlacionada com o IAI. Crê-se que tal resultado
deve-se a não divulgação pelas empresas da qualidade ambiental existente na sua produção e
operações. Nesse sentido, Paiva (2003, p. 104) argumenta que “o mercado mundial está atento
para o posicionamento das empresas em sua relação com a natureza. De nada adiante possuir
uma produção ‘limpa’, se ninguém é informado devidamente a esse respeito”.
O modelo explica 72,57% das variações na RL, ao nível de significância de 5%,
conforme apresentado na Tabela 5. Quanto à autocorrelação dos resíduos, o Teste de Durbin-
Watson não se encontra dentro do intervalo considerado satisfatório. Porém, considerando-se
a quantidade de dados faltantes na regressão, esse teste não é uma fonte fidedigna de
autocorrelação. Outro fator analisado refere-se à homocedasticidade do modelo, conforme a
Tabela 8:
TABELA 8 – Teste de Heterocedasticidade aplicado aos dados do modelo da Equação (4)
F - Statistic
6.542,02
Prob. F
0,00
Obs * R
2
26,99
Prob. Qui-Quadrado
0,04
O Teste Geral de Heterocedasticidade de White apresenta 100% de probabilidade de
os dados da regressão serem homocedásticos. Também se analisou a distribuição dos erros e,
para tanto, utilizou-se do Teste de Jarque-Bera, constatando-se que o modelo analisado não
segue o pressuposto de regressão múltipla da distribuição normal do erro.
Com o objetivo de estudar se as empresas que realizam Investimentos Ambientais, em
média, geram uma Receita Líquida maior do que as demais organizações, substituiu-se as
variáveis IAI e IAE por uma variável Dummy Investimento Ambiental (IA). Os dados foram
empilhados, ou seja, não se utilizou nem Efeito Fixo nem Efeito Aleatório. A estimação foi
realizada pelo método de Mínimos Quadrados Generalizados (MQG) e ponderado pelas
constantes das empresas (β
0
).
67
Constatou-se que a variável Dummy é altamente significativa, com probabilidade de
100% de as empresas que realizam Investimento Ambiental obterem uma Receita Líquida, em
média, R$ 278.902,90 maior do que as empresas que não realizam investimento ambiental.
Avaliando-se os resultados, optou-se por analisar a equação com a utilização de
índices, tendo como parâmetro o valor do Ativo Total das empresas. A estimação é
apresentada na Tabela 9.
TABELA 9 – Análise de Regressão aplicada aos dados em índice do modelo da Equação (4)
Variável Dependente: RECEITA LÍQUIDA
Período Analisado: 1996 a 2007
RL
it
= -6.63E+08
-320,00 IAI
it
+
2.542,11 IAE
it
+
-7,05 Log(Inv_Imob)
it
+
32.000.612 Log(PIB)
t
+
α
i
ε
it
Prob.
0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
Erro Padrão
68604862
43,51 274,59 0,85 3.289.812.
R
2
- Ajustado
0,9846
Teste Durbin-Watson
3,50
Os parâmetros estimados (β
i
) indicam que com o acréscimo de R$ 1,00 no
Investimento Ambiental Interno a Receita Líquida reduzirá em R$ 320,00, e aumentará em
R$ 2.542,11 com o aumento de R$ 1,00 no Investimento Ambiental Externo.
O Investimento de R$ 1,00 no Imobilizado resulta numa diminuição de R$ 7,05 na
Receita Líquida, contrariamente ao que foi observado no resultado apurado com os dados em
valores constantes. Já o aumento em R$ 1,00 na variável PIB resulta no acréscimo de
R$ 32.000.612,00 na RL.
Ao nível de significância de 1%, o modelo explica 98,46% das variações na RL,
conforme apresentado na Tabela 9. Quanto à autocorrelação dos resíduos, o Teste de Durbin-
Watson não se encontra dentro do intervalo considerado satisfatório. Porém, considerando-se
a quantidade de dados faltantes na regressão, esse Teste não é uma fonte fidedigna de
autocorrelação. Analisando-se a homocedasticidade do modelo, tem-se o resultado
apresentado na Tabela 10:
TABELA 10 – Teste de Heterocedasticidade aplicado aos dados em índice do modelo da Equação (4)
F - Statistic
1,82
Prob. F
0,01
Obs * R
2
50,32
Prob. Qui-Quadrado
0,04
O Teste Geral de Heterocedasticidade de White apresenta 10% de probabilidade de os
dados da regressão serem heterocedásticos. Logo, os dados da regressão apresentam
heterocedasticidade dentro dos parâmetros aceitáveis, que são até 50%.
68
4.4 ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE IAI, IAE, PRCOM, PRVEN E O IMPACTO NO RO
Neste tópico, realiza-se a análise do modelo proposto na equação (5):
itiititititit
VenComIAEIAIRO
εαβββββ
++++++= PrPr
43210
(5)
O resultado da estimação da equação (5) é apresentado na Tabela 11:
TABELA 11 – Análise de Regressão aplicada aos dados do modelo da Equação (5)
Variável Dependente: RESULTADO OPERACIONAL
Período Analisado: 1996 a 2007
RO
it
= 14.693,49 0,75 IAI
it
+
191,67 IAE
it
+
1.799,32 Pr_Comp
(-1) it
+
4.440,83 Pr_Ven
(-1) it
+ α
it
ε
it
Prob.
0,926 0,8013 0.0000 0,7229 0,3484
Erro Padrão
157461,5 2,96 3,85 5.049,11 4.697,81
R
2
- Ajustado
0,9885
Teste Durbin-Watson
1,62
O Resultado Operacional aumentará em R$ 191,67 com o acréscimo de R$ 1,00 no
Investimento Ambiental Externo, conforme os parâmetros estimados (β
i
).
Pode-se afirmar por meio desse modelo, que o RO é explicado por IAE, ao nível de
significância de 1%. Além disso, o modelo explica 98,85% das variações no RO, conforme
apresentado na Tabela 11.
As demais variáveis não apresentam relação com o Resultado Operacional.
Os resultados apurados na regressão dos dados do modelo da equação (5), ao serem
relacionadas as variáveis Investimento Ambiental Interno, Investimento Ambiental Externo,
Prazo Operacional de Compras e Prazo Operacional de Vendas, revelam que somente o IAE
apresenta-se significativo. Tal situação corrobora os arquétipos desenvolvidos pelo grupo de
foco, que não relacionaram Investimento Ambiental com o RO.
Conclusão similar foi encontrada por Cezar (2008), que ao observar a relação entre as
performances social e ambiental com a performance financeira concluiu que tanto o índice de
Retorno sobre Ativos quanto o índice de Retorno sobre Patrimônio Líquido não apresentam
relação estatística significante com os indicadores ambientais das empresas.
69
4.5 ANÁLISE GERAL DOS RESULTADOS
Ao analisar a relação entre investimentos ambientais e desempenho econômico,
verifica-se que tanto a RL quanto o RO estão correlacionados positivamente com o IAI e o
IAE, sendo a segunda variável a mais significativa em ambas estimativas. Além disso,
percebe-se que os setores das organizações estudadas não são relevantes na análise da relação
entre os investimentos ambientais (IAI e IAE) e o desempenho econômico das empresas (RL
e RO).
Ao incluir no modelo econométrico as variáveis identificadas pelo grupo de
foco como impactantes no desempenho econômico das empresas, constata-se que tanto a RL
quanto o RO estão positivamente correlacionados com o IAE. Já o IAI não apresenta
correlação, esta somente ocorre ao defasar a variável em um ano, IAI
(-1)
e, mesmo assim, a
correlação é negativa.
Ao se comparar se as empresas que realizam Investimentos Ambientais geram, em
média, uma RL maior do que as demais organizações, mediante a inclusão de uma variável
Dummy Investimento Ambiental, observa-se que as empresas que realizam tais investimentos
apresentam uma RL superior às demais.
Os investimentos ambientais apresentam os mesmos resultados na regressão com
adoção de valores monetários e com base em índices, ou seja, a RL está positivamente
correlacionada com o IAE e não apresenta correlação com o IAI.
Todas as regressões estimadas foram re-estimadas usando dados em painel, com Efeito
Fixo por setor, e nenhuma delas resultou em modelo significativo. No entanto, é interessante
observar que em todos os modelos, os setores considerados potencialmente poluidores, como
mineração, papel e celulose e petróleo e gás, foram significativos. Constata-se, ao generalizar,
que os setores não apresentam características de homogeneidade interna e diferenciação entre
setores capazes de explicar o desempenho econômico de forma diferenciada por setor.
Por último, cabe destacar que os acréscimos e decréscimos apurados na RL e no RO
decorrentes dos investimentos ambientais, se originaram da aplicação do modelo
econométrico, tomando como base as variáveis cujos valores se encontravam disponíveis na
base de dados Economática. Portanto, esta aplicação não inclui todas as variáveis do referido
modelo resultante do Grupo de Foco, razão pela qual os acréscimos e decréscimos da RL e do
RO podem apresentar distorções.
70
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
5.1 CONCLUSÃO
A adoção de estratégias voltadas à questão ambiental visa atender a demanda da
sociedade por um desenvolvimento sustentável. No entanto, a responsabilidade social das
organizações desperta uma polêmica em duas correntes teóricas distintas.
De um lado, a Teoria dos Shareholders defende que a única obrigação da empresa é
maximizar o lucro do proprietário e que os investimentos ambientais acarretam custos extras
e, consequentemente, reduzem o desempenho econômico. De outro, as práticas socialmente
responsáveis empreendidas pelas organizações o tidas como forma de se obter vantagem
competitiva e, assim, gerar benefícios tanto para a sociedade quanto aos seus diversos
stakeholders (Teoria dos Stakeholders).
Essa contradição está no fundamento desta pesquisa, que foi realizada com o intuito de
investigar a relação existente entre investimentos ambientais e desempenho econômico. Para
tanto, foram construídos arquétipos para definição das variáveis a serem utilizadas no modelo
econométrico, tendo por base um grupo de foco e testados modelos de regressão múltipla
incluindo as variáveis determinadas no grupo de foco.
Os resultados do estudo mostram que o Investimento Ambiental Interno (IAI) está
correlacionado positivamente tanto com a Receita Líquida quanto com o Resultado
Operacional. No entanto, ao incluir as variáveis definidas pelo grupo de foco no modelo
econométrico, o Investimento Ambiental Interno não apresenta correlação. Somente apresenta
correlação com a RL ao ser defasado em um ano, mas mesmo assim a correlação é negativa.
o Investimento Ambiental Externo (IAE) está positivamente correlacionado com a
RL e o RO em todos os testes realizados, inclusive ao serem incluídas no modelo
econométrico as variáveis definidas pelo grupo de foco.
Os setores cujas atividades de produção são conhecidamente geradoras de problemas
ambientais, tais como: mineração, papel e celulose e petróleo e gás, apresentam uma
representatividade significativa. Nos demais casos o setor não influencia nos investimentos
ambientais.
71
Mesmo ao se utilizar índices para realizar as análises, percebe-se que as variáveis IAI
e IAE apresentam tendência similar à análise realizada com base em valores monetários
constantes.
Os resultados da pesquisa corroboram com o posicionamento de Porter e Van der
Linde (1995a, 1995b) por evidenciar que a sustentabilidade ambiental aumenta o desempenho
econômico das empresas. Além disso, a significativa relação entre os Investimentos
Ambientais Externos com a Receita Líquida e o Resultado Operacional corrobora com as
questões ambientais relacionadas à imagem da organização, analisadas por Ott e Dalmagro
(2002), como um elemento estratégico de competitividade. Além disso, a empresa ao assumir
múltiplos objetivos, como os investimentos ambientais, e não apenas maximizar a riqueza dos
acionistas (Teoria dos Shareholders), aumenta o desempenho econômico, indo, assim, ao
encontro da Teoria dos Stakeholders.
Espera-se que os resultados desta pesquisa sejam relevantes para o avanço do
conhecimento nessa temática e auxiliem os gestores a perceberem a importância da adoção da
variável ambiental nas estratégias das empresas e a sua influência na rentabilidade
empresarial.
5.2 RECOMENDAÇÕES
Por se tratar de uma temática cujos estudos se encontram em uma fase incipiente, é
possível fazer-se as seguintes recomendações:
a) Analisar todas as variáveis identificadas pelo Grupo de Foco num determinado
setor e por certo período de tempo, visando conhecer a representatividade de cada
uma delas e a existência de outras variáveis não identificadas;
b) Comparar a representatividade de cada variável identificada pelo Grupo de Foco
em setores distintos;
c) Comparar setores que apresentam maior relação com os investimentos ambientais,
com setores que não possuem representatividade, buscando analisar a influência
das regulamentações e os hábitos intrínsecos ao setor;
d) Realizar um estudo para esclarecer a relação causal das variáveis, determinando,
assim, se as empresas que possuem um maior desempenho econômico realizam
maiores investimentos em meio ambiente, ou se ocorre o contrário, as empresas
72
investem em meio ambiente e em decorrência disso, obtém um maior desempenho
econômico;
e) Realizar um estudo visando compreender porque o modelo analisado não seguiu
o pressuposto de regressão múltipla da distribuição normal do erro.
73
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<http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=293219>. Acesso em: 20 jan. 2009.
80
SWANDA, John. Goodwill, Going Concern, Stocks and Flows: A Prescription for Moral
Analysis. Journal of Business Ethics. v. 9, Iss. 9, 1990.
TACHIZAWA, Takeshy. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa:
estratégias de negócios focadas na realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2005.
TELLE, Kjetil. It Pays to be Green a premature conclusion? Environmental & Resource
Economics. v. 35, 2006.
TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Balanço social: uma abordagem sócio-econômica da
contabilidade. São Paulo, 1984. Dissertação (Mestrado em Contabilidade) Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, 1984.
______ . Balanço social: uma abordagem da transparência e da responsabilidade pública das
organizações. São Paulo: Atlas, 2008.
TINOCO, João Eduardo Prudêncio; KRAEMER, Maria Elisabeth. Contabilidade e gestão
ambiental. São Paulo: Atlas, 2004.
WALLICH, Henry; MCGOWAN, John. Stockholder interest and the corporation’s role in
social policy. Committee for Economic Development. Disponível em
<http://www.ced.org>. Acesso em: 26 abr. 2008.
WARTICK, Steven; COCHRAN, Philip. The evolution of the corporate social performance
model. Academy of Management Review. v. 10, n. 4, 1985.
WOOD, Donna. Corporate social performance revisited. Academy of Management Review.
v. 16, n., 4, 1991.
WOOD, Donna; JONES, Raymand. Stakeholder mismatching: a theoretical problem in
empirical research on corporate social performance. International Journal of
Organizational Analysis. v. 3, n. 3, 1995.
ZANELLA, Fernando; DAVID, Afonso R. Balanço Social como Fonte de Investigação
Científica: A Relação entre Lucros e Salários. XXVI Encontro da ANPAD ENANPAD.
Anais. Salvador, 2002.
81
ANEXO A – BALANÇO SOCIAL MODELO IBASE
82
ANEXO B – INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO DO BALANÇO SOCIAL
MODELO IBASE
83
APÊNDICE A – EXERCÍCIO PRÉVIO À REALIZAÇÃO DO GRUPO DE FOCO
Prezado Sr. _______________________,
Gostaria de contar com a sua colaboração para com a pesquisa que estou
desenvolvendo no curso de Mestrado em Ciências Contábeis da Universidade do Vale do Rio
dos Sinos.
Esta colaboração consta das seguintes etapas:
1. Realização de um exercício individual visando identificar as variáveis que
afetam a Receita Bruta e o Resultado Operacional das empresas;
2. Estabelecimento da relação existente entre as variáveis e a Receita Bruta,
bem como o Resultado Operacional, identificando possíveis relações entre
as próprias variáveis e o sentido das mesmas;
3. Participação em um Grupo de Foco composto por todos os colaboradores,
visando validar as etapas 1 e 2.
Agradeço desde já a sua colaboração.
Atenciosamente
Mestranda Giovana Shai’Anne da Silva Flores
84
APÊNDICE B – RELAÇÃO DAS EMPRESAS QUE PUBLICARAM BALANÇO
SOCIAL NO MODELO DO IBASE NO PERÍODO DE 1996 A 2007
Empresa Setor
Acesita Siderurgia e Metalurgia
Ache Química
AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia Energia elétrica
AES Tietê Energia elétrica
AGCO Máquinas Industriais
Agrícola Fraiburgo Alimentos e Bebidas
ALBRAS Siderurgia e Metalurgia
ALL Transporte e Serviço
Alphaville Urbanismo Construção
Alunorte Siderurgia e Metalurgia
Amazônia Celular Telecomunicações
AMG ENG Construção
AMPLA Energia elétrica
APSEN Farmacêutica Química
Araupel Papel e Celulose
ASBACE ATP Outros
Bahia Sul celulose Papel e Celulose
Banco Bradesco Finanças e Seguros
Banco da Amazônia Finanças e Seguros
Banco do Brasil Finanças e Seguros
Banco do Nordeste do Brasil Finanças e Seguros
Banco Itau Finanças e Seguros
Banco Regional do Desenvolvimento do Extremo Sul Finanças e Seguros
Banco Rural Finanças e Seguros
Bandeirante Energia Energia elétrica
Bank Boston Finanças e Seguros
Banrisul Finanças e Seguros
BASF Química
Belcar Caminhões e Máquinas Transporte e Serviço
Belgo Mineira Siderurgia e Metalurgia
BESC Finanças e Seguros
BNDS Finanças e Seguros
Boa Vista Energia Energia elétrica
BR Distribuidora Química
Brasil Telecom Telecomunicações
BrasilCap Finanças e Seguros
Continua ...
85
... Continuação
Empresa Setor
Brasil Saúde Finanças e Seguros
BRB Finanças e Seguros
BRDES Finanças e Seguros
CAESB Outros
CAGECE Outros
CAIUÁ Energia elétrica
Calçados Azaléia Textil
Calçados Bibi Textil
Camargo Corrêa Construção
Cambará Produtos Florestais Papel e Celulose
Canguru Embalagens Outros
Caramuru Alimentos Alimentos e Bebidas
Carioca Eng Construção
Castros Park Hotel Outros
Cat-Leo Energia elétrica
CBTU Transporte e Serviço
CEA Textil
CEAGESP Outros
CEAL Energia elétrica
CEB Energia elétrica
CECRISA Construção
CEDAE Outros
CEDRO Textil
CEEE Energia elétrica
CEF Finanças e Seguros
CEG Petróleo e Gás
CELB Energia elétrica
CELESC Energia elétrica
CELG Energia elétrica
CELG Geração e Transmissão Energia elétrica
CELPA Energia elétrica
CELPE Energia elétrica
CELTINS Energia elétrica
Celular CRT (VIVO) Telecomunicações
CEMAT Energia elétrica
CEMIG Energia elétrica
CENF Energia elétrica
Central Alc. de Lucélia Alimentos e Bebidas
CEPISA Energia elétrica
Continua ...
86
... Continuação
Empresa Setor
CESP Energia elétrica
CET Outros
CFLCL Energia elétrica
CGTEE Energia elétrica
CHESF Energia elétrica
Cia Carris Porto Alegrense Transporte e Serviço
Cia F L Mococa Energia elétrica
Cia Força e Luz do Oeste Energia elétrica
Cia Ind Cataguases Textil
Cia Luz e Força Santa Cruz Energia elétrica
Cia Nac Energia Elétrica Energia elétrica
Cia Província Finanças e Seguros
Cia Seg Aliança do Brasil Finanças e Seguros
Claro Telecomunicações
COAN Alimentação Alimentos e Bebidas
COCAM Alimentos e Bebidas
COCEL Energia elétrica
COELBA Energia elétrica
COELCE Energia elétrica
COELMATIC Eletroeletrônicos
COHAB - Cia de Hab. Est. do Pará Outros
COMGAS Petróleo e Gás
CONPASUL Construção
Const Queiroz Galvão Construção
COPAG Outros
COPAGAZ Petróleo e Gás
COPASA Outros
COPEL Energia elétrica
COPEL Distribuição Energia elétrica
COPEL Geração Energia elétrica
COPEL Transmissão Energia elétrica
COPESUL Química
Copiadora Cidade Outros
CORSAN Outros
COSERN Energia elétrica
COSIPA Siderurgia e Metalurgia
CPFL - Energia Energia elétrica
CPFL - Paulista Energia elétrica
CPFL - Geração Energia elétrica
Continua ...
87
... Continuação
Empresa Setor
CPFL - Piratininga Energia elétrica
CPTM Transporte e Serviço
CSN Siderurgia e Metalurgia
CST Siderurgia e Metalurgia
CTEEP Energia elétrica
CUMMINS Máquinas Industriais
CVI Refrigerantes Alimentos e Bebidas
CVRD Consolidado Mineração
DE NADAI Alimentos e Bebidas
DESCARTÁVEIS ZANATTA Outros
disoft Outros
dori alimentos Alimentos e Bebidas
DU PONT Química
DUKE ENERGY Energia elétrica
DURATEX Outros
Ebal Outros
ECT - DIR REG RS Outros
ECT NACIONAL Outros
EFLUL Energia elétrica
EL PASO Petróleo e Gás
ELEKTRO Energia elétrica
eletroacre Energia elétrica
eletrobras Energia elétrica
eletronorte Energia elétrica
eletronuclear Energia elétrica
eletropaulo Energia elétrica
eletrosul Energia elétrica
ELI LILLY DO BRASIL Química
Embaré Alimentos e Bebidas
Embasa Outros
EMBRACO Máquinas Industriais
Embraer Veículos e Peças
EMBRAPA Outros
Embratel Telecomunicações
EMEPA Outros
Emp Elét Bragantina Energia elétrica
Emp Elét Vale Paranapanema Energia elétrica
EMPARN Outros
ENERGIPE Energia elétrica
Continua ...
88
... Continuação
Empresa Setor
Enersul Energia elétrica
EPAMIG Energia elétrica
EPTE Energia elétrica
Esc de Tur e Hot Barreira Roxa Outros
Escelsa Energia elétrica
Expresso Caxiense Transporte e Serviço
Faber Castell Outros
Fersol Química
Florestal Alimentos Alimentos e Bebidas
Fonte Ijuí Alimentos e Bebidas
Fras-Le Veículos e Peças
Furnas Energia elétrica
GAFISA Construção
GCS Energia Energia elétrica
General Motors do Brasil Veículos e Peças
GERDAU Siderurgia e Metalurgia
Globo Cabo Outros
Granvitur Fretamento e Turismo Transporte e Serviço
Grupo Algar Outros
Grupo Andrei Maggi Agro e Pesca
Grupo DIMED Comércio
Grupo Eberle Mundial Siderurgia e Metalurgia
Grupo Inepar Energia elétrica
Grupo José Pessoa Agro e Pesca
Grupo Pão de Açúcar Comércio
Grupo Skill Outros
Hidrelétrica Xanxerê Energia elétrica
Hidropan Energia elétrica
Hospital de Clínicas de POA Outros
Hospital e Maternidade Brasil Outros
Hospital Mater Dei Outros
Iberdrola Energia elétrica
ICEC Construção
ICEC Ind Metálica Siderurgia e Metalurgia
IESA Telecomunicações
IESA O&G Consolidado Telecomunicações
IESA O&G Macaé Telecomunicações
IESA O&G Rio Telecomunicações
Imbralit Construção
Continua ...
89
... Continuação
Empresa Setor
Infraero Transporte e Serviço
Intelbras Eletroeletrônicos
Intermédica Finanças e Seguros
Intervias Transporte e Serviço
Investco Energia elétrica
Ipanema Agrícola Agro e Pesca
IRB Outros
Itaipu Binacional Energia elétrica
Itapebi Ger de Energia Energia elétrica
Itautec Philco Eletroeletrônicos
Jari Celulose Papel e Celulose
Kepler Weber Siderurgia e Metalurgia
Kraton Polymers Química
Lab Alvaro Outros
Lab Sabin Outros
LAMSA Transporte e Serviço
Leili Eletro Eletrônica Eletroeletrônicos
Light Energia elétrica
Localiza Consolidado Transporte e Serviço
Lupatech Siderurgia e Metalurgia
Maeda Outros
Manaus Energia Energia elétrica
Marcopolo Veículos e Peças
Marelli Móveis Outros
Marisol Textil
Masa da Amazônia Eletroeletrônicos
MBR - Minerações Bras Reunidas Mineração
Medley Química
Metasa Construção
Metro SP Transporte e Serviço
Milênia Agro Ciências Agro e Pesca
Millennium Inorganic Química
MNA - Metalúrgica Nova Americana Siderurgia e Metalurgia
Multibrás Eletrodomésticos Eletroeletrônicos
Muri Linhas de Montagem Outros
Muxfeldt Marin Cia Energia elétrica
NC Energia Energia elétrica
Nestlé Alimentos e Bebidas
Nitro Química Química
Continua ...
90
... Continuação
Empresa Setor
Norvinco Outros
Novitá Fiat Comércio
O Boticário - Grupo Química
O Boticário - Ind Química
Organon Química
Orsa Celulose, Papel e Embalagens Papel e Celulose
Orsa Florestal Papel e Celulose
OTIS Outros
Pará Pigmentos Química
PARKS Com Digitais Outros
Perdigão Alimentos e Bebidas
Pesagro-Rio Agro e Pesca
Peter Chemical Química
Petrobrás Petróleo e Gás
Petroflex Química
Petróleo Ipiranga Petróleo e Gás
Petroquímica Triunfo Química
Plano Serviços Outros
Plano Vigilância Outros
Polibrasil Química
Politec Software e Dados
Politeno Química
Porto Seguro Finanças e Seguros
Proimporte Brasil Outros
Randon Veículos e Peças
RBS Outros
Recargas e cartuchos 1001 Outros
REFAP Química
Refrig Marajá Outros
RGE Energia elétrica
RRJ Transp de Valores, Segurança e Vigilância Transporte e Serviço
SABESP Outros
Sadia Alimentos e Bebidas
Saelpa Energia elétrica
Saganor Comércio
Saint-Gobain Siderurgia e Metalurgia
Samarco Mineração
Sanasa Outros
Sanepar Outros
Continua ...
91
... Continuação
Empresa Setor
Santander Banespa Finanças e Seguros
Sar Sul Americana Refrigeração Comércio
Serasa Outros
Sercomtel Celular Comércio
Sercomtel Telecomunicações Telecomunicações
Shell Petróleo e Gás
Sidesc Club Card Outros
SLC Agrícola Agro e Pesca
Springer Carrier Eletroeletrônicos
Sul América Seguros Finanças e Seguros
Sulcatarinense Mineração
Supermercado Modelo Comércio
Suzano Papel e Celulose Papel e Celulose
TAM Transporte e Serviço
Tecno Moageira Comércio
Tecnum e Corporate Empreend. Imob. Construção
Teikon Software e Dados
Tele Centro-Oeste Celular (vivo) Telecomunicações
Tele Leste Celular (vivo) Telecomunicações
Tele Sudeste Celular (vivo) Telecomunicações
Telemar Telecomunicações
Telemig Celular Telecomunicações
Telesp Celular (vivo) Telecomunicações
Termoaçu Siderurgia e Metalurgia
Termope Siderurgia e Metalurgia
Texon Ind Farmc Química
Tim Nordeste Telecomunicações
Tim Participações Telecomunicações
Tim Sul Telecomunicações
Todeschini Ind Com Comércio
Torre Empreend Rural e Construção Construção
Tractebel Energia Energia elétrica
Transportadora Americana Transporte e Serviço
Trensurb Transporte e Serviço
Tropical Imóveis Construção
Trw Automotivo Veículos e Peças
Tupy Veículos e Peças
Uberlândia Refrescos Alimentos e Bebidas
Ultrapar Química
Continua ...
92
... Continuação
Empresa Setor
Unialco Siderurgia e Metalurgia
Unibanco Finanças e Seguros
Univias Transporte e Serviço
Usiminas Siderurgia e Metalurgia
Usina Açúcar Guarani Siderurgia e Metalurgia
Usina Açucareira Corona Siderurgia e Metalurgia
Usina AG PEC Campo AL Siderurgia e Metalurgia
Usina AG PEC Mongre Siderurgia e Metalurgia
Usina Agrovale Siderurgia e Metalurgia
Usina Alvorada Siderurgia e Metalurgia
Usina Antº Ruette Siderurgia e Metalurgia
Usina Cerradinho Siderurgia e Metalurgia
Usina Cocal Siderurgia e Metalurgia
Usina Dedini Siderurgia e Metalurgia
Usina Dedini Base Ind Siderurgia e Metalurgia
Usina Dedini Ind Com Siderurgia e Metalurgia
Usina Della Coletta Siderurgia e Metalurgia
Usina Ferrari Siderurgia e Metalurgia
Usina Iracema Siderurgia e Metalurgia
Usina J Pilon Siderurgia e Metalurgia
Usina Jalles Machado Siderurgia e Metalurgia
Usina Mandu Siderurgia e Metalurgia
Usina Nardini Siderurgia e Metalurgia
Usina Paraíso Siderurgia e Metalurgia
Usina Sabarálcool Siderurgia e Metalurgia
Usina Santa Cruz Siderurgia e Metalurgia
Usina Santa Elisa Siderurgia e Metalurgia
Usina São Domingos Siderurgia e Metalurgia
Usina São José da Estiva Siderurgia e Metalurgia
Usina São Manoel Siderurgia e Metalurgia
Usina São Martinho Siderurgia e Metalurgia
Usina USJ Açúcar e Alc Siderurgia e Metalurgia
Usina Vale do Ivaí Siderurgia e Metalurgia
Usina Virgolino de Oliveira Siderurgia e Metalurgia
Usina Vista Alegre Siderurgia e Metalurgia
Vega Engenharia Ambiental Outros
Viação Campos Gerais Transporte e Serviço
Viação Grande Vitória Transporte e Serviço
VIAMÃO Transporte e Serviço
Continua ...
93
... Continuação
Empresa Setor
Votorantim - Grupo Outros
Votorantim Celulose e Papel Papel e Celulose
Zanini Móveis Comércio
Zen Comércio
ZIVI/HERCULES Siderurgia e Metalurgia
94
APÊNDICE C – RELAÇÃO DAS 39 EMPRESAS EXCLUÍDAS DA AMOSTRA
Empresa Setor
AMPLA Energia elétrica
CEG Petróleo e Gás
CESP Energia elétrica
COELBA Energia elétrica
COELCE Energia elétrica
COMGAS Petróleo e Gás
COPASA Outros
COPEL Energia elétrica
CPFL - Energia Energia elétrica
CPFL - Geração Energia elétrica
CPFL - Piratininga Energia elétrica
CSN Siderurgia e Metalurgia
DUKE ENERGY Energia elétrica
DURATEX Outros
ELEKTRO Energia elétrica
Eletrobras Energia elétrica
Eletropaulo Energia elétrica
Embraer Veículos e Peças
Enersul Energia elétrica
Escelsa Energia elétrica
GERDAU Siderurgia e Metalurgia
Grupo Inepar Energia elétrica
IESA Telecomunicações
Light Energia elétrica
Multibrás Eletrodomésticos Eletroeletrônicos
Petrobrás Petróleo e Gás
Petróleo Ipiranga Petróleo e Gás
RGE Energia elétrica
SABESP Outros
Sanepar Outros
Santander Banespa Finanças e Seguros
Tele Centro-Oeste Celular (vivo) Telecomunicações
Tele Leste Celular (vivo) Telecomunicações
Tele Sudeste Celular (vivo) Telecomunicações
Tim Nordeste Telecomunicações
Tim Sul Telecomunicações
Continua ...
95
... Continuação
Empresa Setor
Tractebel Energia Energia elétrica
Unibanco Finanças e Seguros
Usiminas Siderurgia e Metalurgia
96
APÊNDICE D – RELAÇÃO DAS 14 EMPRESAS EXCLUÍDAS DA AMOSTRA
Empresa Setor
BESC Finanças e Seguros
Brasil Telecom Telecomunicações
CEEE Energia elétrica
CTEEP Energia elétrica
EPTE Energia elétrica
GAFISA Construção
Globo Cabo Outros
Grupo DIMED Comércio
Grupo Eberle Mundial Siderurgia e Metalurgia
Localiza Consolidado Transporte e Serviço
Perdigão Alimentos e Bebidas
Sul América Seguros Finanças e Seguros
Telemar Telecomunicações
ZIVI/HERCULES Siderurgia e Metalurgia
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