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ANÁLISE DE ASPECTOS MOLECULARES NO
MODELO DE PROGRESSÃO DO MELANOMA
CUTÂNEO POR MEIO DO ESTUDO
IMUNOISTOQUÍMICO (TISSUE MICROARRAY-TMA)
GISELE GARGANTINI REZZE
Tese apresentada à Fundação Antônio
Prudente para a obtenção do Título de
Doutorado em Ciências
Área de concentração: Oncologia
Orientador: Dr. Gilles Landman
Co-Orientador: Dr. João Pedreira Duprat Neto
São Paulo
2008
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FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca da Fundação Antônio Prudente
Rezze, GG
Análise de aspectos moleculares no modelo de progressão do
melanoma cutâneo por meio do estudo imunoistiquímico (tissue
microarray-TMA) / Gisele Gargantini Rezze São Paulo, 2008.
116p.
Tese (Doutorado)-Fundação Antônio Prudente.
Curso de Pós-Graduação em Ciências - Área de Concentração:
Oncologia.
Orientador: Gilles Landman
Descritores: 1. IMUNOHISTOQUIMICA. 2. MELANOMA. 3. CONEXINA
43 4. MOLÉCULAS DE ADESÃO INTERCELULAR 5. CITOCERATINAS. 6.
CALICREINA. 7. TISSUE ARRAY ANALYSIS.
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DEDICATÓRIA
Aos meus pais
A minha filha Nicole e sobrinha Yasmin
A minha irmã e às geminhas Clara e Sofia
A minha querida avó Yolanda
Ao meu tio Júnior (in memorian)
AGRADECIMENTOS
Esta tese foi fruto de muito esforço e colaboração. Se não houvesse boa
vontade e competência de todas as pessoas envolvidas eu não realizaria
este trabalho. Agradeço pela amizade e sentimentos positivos de todos
aqueles que me ajudaram.
Agradeço a Deus por me dar sabedoria e capacidade para o trabalho.
Agradeço minha mãe, Sônia, por ser a pessoa que sempre cuidou de todos
nós e com quem posso contar incondicionalmente.
Agradeço meu pai, Cecil, pelos conselhos sábios na hora certa. Obrigada
por ter nos acolhido!
Agradeço a toda minha família pela torcida e carinho sempre.
Agradeço a Maria José por toda a sua ajuda, principalmente espiritual.
Obrigada por sua amizade e por tomar conta de mim como uma segunda
mãe.
Agradeço ao meu orientador Dr. Gilles Landman por ter me dado esta
oportunidade e por ter confiança na minha capacidade profissional,
principalmente nos momentos mais difíceis (que não foram poucos!). “Gilles,
meu maior agradecimento está dentro do meu coração.”
Agradeço ao diretor da pós-graduação Prof. Doutor Fernando Augusto
Soares por toda a sua compreensão e apoio sempre! Em todos os
momentos de insegurança a sua atitude firme me dava ânimo para
continuar.
Agradeço ao Dr. João Duprat, meu chefe, por sempre me valorizar
profissionalmente e também acreditar na viabilidade deste trabalho. João a
sua ajuda é sempre tão calma e tão importante nas horas em que pareço um
furacão!
Agradeço ao Dr. Rogério Izar Neves por ter me incentivado na vida
acadêmica e profissional.
Agradeço a Fernanda, assistente de pesquisa do departamento de oncologia
cutânea, pela paciência de levantar e digitar meus dados e por ter me
ajudado a terminar as benditas tabelas!
Agradeço ao Ivan por ter realizado todas as reações imunoistoquímicas. Eu
não sabia que você era um verdadeiro artista!
Agradeço ao Seven pela amizade e boa vontade. Você sempre encontrou
tempo para me ajudar!
Agradeço ao Carlinhos pela confecção dos TMAs de nevos e melanomas
finos. Que bom que conseguimos afiar o punch com uma lixa de unha!
Agradeço a Dirlei e ao Hugo, meus fiéis escudeiros, pela amizade,
compreensão e força!
Agradeço ao José Humberto pela estatística fantástica! Foi muito bom
receber os resultados finais!
Agradeço ao meu amigo Ernesto que me salvou no meio de tantas tabelas!
Agradeço a minha amiga Roberta por ser sempre o meu porto seguro!
Agradeço a Clara por ter me ajudado a realizar uma parte muito chata do
levantamento de dados e sempre com um sorriso no rosto.
Agradeço a Ana Kuninari, coordenadora da pós-graduação da FAP, pela
amizade e carinho. Eu também confio em Deus.
Agradeço a querida Suely por todo o trabalho com a formatação, bibliografia
e muitas outras coisas! Su, você é 10!
Agradeço ao Moris por compartilhar comigo o sofrimento de utilizar o ACIS.
Obrigada por me ensinar tanto!
Agradeço a Gilmara por fazer o possível e o impossível para agendar um
horário com seu chefe!
Agradeço a Dra. Bianca por ter realizado o TMA de melanoma invasivo e
agradeço ao Dr. Christiano pelo TMA de melanoma com LNS positivo.
Agradeço ao Dr. Luiz Fernando Lima Reis pela idéia da realização deste
trabalho.
Agradeço a Nair e Waleska por realizarem um trabalho tão valioso e que deu
origem a minha tese.
Agradeço ao Dr. Alexandre por me ouvir, você sempre foi um bom amigo!
Agradeço às pós-docs Claudia e Marcilei por toda ajuda com o ACIS.
Agradeço a boa vontade de todos os alunos da pós do departamento de
anatomia patológica.
Agradeço ao meu amigo Otávio pelo incentivo. Eu sinto a sua falta no dia-a-
dia do hospital.
Agradeço a Dete por ter paciência com meus papéis espalhados na sala do
computador.
Agradeço a Rosanira pelas orações e pelas risadas.
Agradeço às amigas Camila, Fafá, Pires e Bia pelos encontros divertidos
que me faziam esquecer o tanto que eu ainda tinha que realizar!
Agradeço à auxiliar Gláucia e à enfermeira Leila pelos momentos de
descontração durante o atendimento no hospital.
Agradeço toda equipe da biblioteca pela qualidade e rapidez no
atendimento.
Agradeço a Rosi por me salvar em horas cruciais!
Agradeço a Simone e Fátima por estarem sempre bem humoradas e
interessadas no andamento do meu trabalho.
Agradeço a todos os técnicos do departamento de anatomia patológica que
direta ou indiretamente me ajudaram.
Agradeço aos médicos do departamento de anatomia patológica por sempre
me tratarem com gentileza e muita consideração.
Agradeço a todos do meu departamento, oncologia cutânea, pelo trabalho
de excelência que realizamos no dia-a-dia.
Agradeço aos pacientes que são os nossos maiores parceiros!
RESUMO
Rezze GG. Análise de aspectos moleculares no modelo de progressão
do melanoma cutâneo por meio do estudo imunoistiquímico (tissue
microarray-TMA). São Paulo; 2008. [Tese de Doutorado-Fundação Antonio
Prudente]
Introdução: O melanoma cutâneo é uma neoplasia de comportamento
biológico muito agressivo e se origina dos melanócitos localizados na
camada basal da epiderme. A sua incidência vem aumentando
mundialmente na população branca. Elder e colaboradores propuseram um
modelo de desenvolvimento e progressão dos melanomas baseado em
modelos experimentais, observações clínicas e histopatológicas. Este
modelo é composto por seis etapas: melanócito precursor, nevos comuns,
com presença de melanócitos normais, nevos displásicos, com presença de
atipia estrutural e arquitetural dos melanócitos, melanoma de crescimento
radial (intraepidérmico), melanoma de crescimento vertical (invasão da
derme) e melanoma metastático. Novas tecnologias, como o TMA estão
sendo utilizadas para o estudo de proteínas no modelo de progressão
tumoral utilizando-se de nevos comuns, nevos atípicos, melanomas
primários e metastáticos. Estes estudos permitem avaliar o comportamento
de marcadores envolvidos no desenvolvimento e progressão do melanoma
na tentativa de caracterizar os eventos moleculares e celulares e auxiliar no
entendimento da transformação de um nevo em melanoma. Objetivos:
Estudar as proteínas conexina 43, desmocolina 3, citoceratina 5, calicreina 6
e calicreinas 7, que estão envolvidas em adesão e comunicação celular no
modelo de progressão do melanoma cutâneo. Material e métodos: Por meio
da técnica de TMA foram analisados 59 amostras de nevos comuns, 29 de
nevos atípicos 133 melanomas invasivos e 29 metástases. Foi realizada
imunoistoquímica com utilização do permanent red para as proteínas
conexina 43, desmocolina 3 e citoceratina 5. Para as reações de calicreina 6
e 7, foi realizada a revelação com diaminobenzidine (DAB). A leitura das
lâminas foi realizada utilizando-se a microscopia digital (ACIS III). Para a
avaliação da expressão de cada anticorpo foi utilizado o escore combinado
(EC) devido a utilização de parâmetros de intensidade e quantidade da área
marcada. Para a análise estatística empregou-se o teste de Mann-Whitney e
de Kruskal-Wallis na comparação de valores medianos de expressão dos
marcadores biomoleculares. O teste de Tukey foi utilizado para a avaliar a
correlação entre os marcadores dois a dois. A correlação entre os
marcadores biomoleculares foi realizado por meio do coeficiente de
Spearman. O nível de significância adotado para todos os testes foi de 5%.
Resultados: A expressão de conexina 43 foi maior em melanoma em relação
aos nevos atípicos e comuns. A comparação da expressão de conexina 43
entre nevos comuns e atípicos não se mostrou estatisticamente significativa.
Na avaliação entre a expressão de conexina 43 e a espessura do tumor
(índice de Breslow) e expressão de conexina 43 e estadiamento do tumor,
não houve resultado estatisticamente significativo. Na avaliação da
expressão de conexina 43 e o status linfonodal, a maior expressão foi nos
pacientes que apresentavam metástase. A expressão de desmocolina 3 foi
maior nos melanomas em relação aos nevos comuns e atípicos. A
comparação da expressão de desmocolina 3 entre nevos comuns e atípicos
não se mostrou estatisticamente significativa. Na avaliação entre a
expressão de desmocolina 3 e a espessura do tumor (índice de Breslow) e
expressão de desmocolina 3 e estadiamento do tumor, não houve resultado
estatisticamente significativo. Na avaliação da expressão de desmocolina 3 e
o status linfonodal, a maior expressão foi nos pacientes que apresentavam
metástase. A expressão de citoceratina 5 foi maior nos nevos atípicos em
relação aos melanomas e nevos comuns. A expressão de citoceratina 5 foi
maior nos melanomas em relação aos nevos comuns. Na comparação entre
a expressão de citoceratina 5 e a espessura de Breslow, os melanomas
finos apresentaram maior expressão em relação aos melanomas acima de
1mm. Na comparação entre a expressão de citoceratina 5 e o estádio do
melanoma, o estádio I apresentou maior expressão em relação ao estádio II
e III e IV. Na avaliação da expressão de CK5 e o status linfonodal, a maior
expressão foi nos pacientes que apresentavam metástase. A KLK6
apresentou expressão aumentada nos melanomas em relação aos nevos.
Na comparação entre a expressão de KLK6 e a espessura do tumor e entre
a expressão de KLK6 e o estádio do melanoma, não houve resultado
estatisticamente significativo. A expressão de KLK7 foi maior nos nevos
atípicos em comparação com os nevos comuns e o melanoma. A expressão
de KLK7 foi maior nos melanomas em comparação com os nevos comuns.
Na avaliação da expressão de KLK7 e a espessura do tumor, os melanomas
com espessura maior que 4mm apresentaram maior expressão em
comparação aos melanomas finos (<1mm) e intermediários (1,01-4,00mm).
Na avaliação da expressão de KLK7 com o estadiamento do melanoma, o
estádio I apresentou maior expressão em relação ao estádio II. Na avaliação
da expressão de KLK7 e o status linfonodal, a maior expressão foi nos
pacientes que não apresentavam metástase. Na correlação entre a
expressão dos marcadores houve correlação positiva e moderada entre
Cx43 e DSC3 e entre KLK6 e KLK7. Conclusão: A microscopia digital
permitiu a realização da comparação da expressão imunoistoquímica dos
marcadores com o modelo de progressão do melanoma. A expressão de
desmocolina 3 e conexina 43 foi maior em melanomas comparado aos
nevos comuns e atípicos. A expressão de citoceratina 5 e calicreina 7 foi
maior em nevos atípicos em relação aos melanomas e nevos comuns e
maior nos melanoma em relação aos nevos comuns. A expressão de
calicreina 6 foi maior em melanomas em relação aos nevos comuns. Houve
uma correlação positiva e moderada entre a expressão de conexina 43 e
desmocolina 3 e entre calicreina 6 e calicreina 7. Conclusão final: as
proteínas de adesão e comunicação celular poderiam contribuir no
desenvolvimento tumoral descrito no modelo de progressão do melanoma.
SUMMARY
Rezze GG. [Analysis of the molecular aspects on the progress
melanoma model using the immunohistochemical study (tissue
microarray-TMA] São Paulo; 2008. [Tese de Doutorado-Fundação Antonio
Prudente]
Cutaneous melanoma is an agressive cancer, derived from the epidermal
basal layer melanocytes. The incidence is growing around the world in
caucasians. Based on experimental, clinical and histophatological
observations Elder et al., proposed a development and progression
melanoma model. New high throughput methods such as tissue microarray
(TMA) are being used to evaluate the role of numerous proteins on the
melanoma progression model using common nevus, atypical nevus, primary
melanomas and metastatic melanomas. These studies allow to establish
their participation in the melanoma model and to characterize the molecular
and cellular events and help to better understand the pathways involved in
melanoma pathogenesis. Adhesion molecules and related proteins have
been reported to have a role in this pathway. The purpose of this study was
to evaluate the immunohistochemical participation of connexin 43 (Cx43),
desmocollin 3 (DSC3), citokeratin 5 (CK5), kalikrein 6 (KLK6) and kalikrein 7
(KLK7), cellular adhesion and communication proteins, in the progression
melanoma model. We analyzed 59 samples of common nevus, 29 atypical
nevus, 133 invasive and 29 metastatic melanomas by TMA. The
immunostaining was evaluated with digital microscopy (ACIS III). Connexin
43 and DSC3 expression was higher in melanoma compared to atypical and
common nevi (p<0,001). CK5 expression was higher in atypical nevus than in
melanomas and common nevus (p<0,001). The CK5 expression on
melanomas had higher expression than common nevus (p<0,001). Thin
melanomas had higher CK5 expression than the intermediate and thick
melanomas (>1mm) (P<0,001). Stage I had higher CK5 expression than
stage II and III/IV (p=0,006 and p=0,004). CK5 expression was also higher in
patients with lymph node metastasis (p<0,001). Higher KLK6 expression was
found in melanomas compared to common nevus (p<0,001). A higher KLK7
expression was found in atypical nevus compared to common nevus and
melanoma (p<0,001). Its expression was higher in melanomas than the
common nevus (p<0,001). Higher KLK7 expression was found in thick
melanomas (>4mm) compared to thin (<1mm) (p=0,014). Stage I
melanomas had higher KLK7 expression in relation to the stage II
melanomas (p=0,045). A higher expression was found in patients with no
metastatic lymph node (p=0,005). The correlation was positive between Cx43
and DSC3 and between KLK6 and KLK7. The digital microscopy allowed us
to study the expression of the biomarkers in melanoma. The expression of
DSC3 and Cx43 were higher in melanomas than common and atypical
nevus. The expression of CK5 and KLK7 were higher on atypical nevus than
common nevus and melanomas and higher on the melanomas than the
common nevus. The KLK6 expression was higher on melanomas than the
common nevus. There was a positive and moderate correlation between
Cx43 and DCS3 and KLK6 and KLK7. In the final conclusion: the cellular
adhesion and communication proteins may contribute to melanoma
pathogenesis in the context of the melanoma progression model.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Modelo de progressão tumoral em melanomas.......................... 19
Figura 2 Modelo de descamação da epiderme........................................ 29
Figura 3 A confecção do TMA................................................................... 45
Figura 4 Esquema da marcação em cruz (utilizando-se a circunferência
em cruz de 40X) utilizada para cada amostra do TMA...............
50
Figura 5 Exemplo de menor expressão na membrana celular
(imunoistoquímica de Cx43 em células do melanoma cutâneo,
Microfotografia 400X).................................................................. 51
Figura 6 Exemplo de maior expressão na membrana celular
(imunoistoquímica de Cx43 em células do melanoma cutâneo,
Microfotografia 400X).................................................................. 51
Figura 7 Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de DSC3
em células névicas...................................................................... 82
Figura 8 Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de DSC3
em células do melanoma............................................................
82
Figura 9 Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de Cx43
em células do melanoma............................................................
86
Figura 10 Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de Cx43
em células névicas...................................................................... 86
Figura 11 Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de CK5
em células de nevo comum.........................................................
91
Figura 12 Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de CK5
em células atípicas do nevo atípico............................................ 91
Figura 13 Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de CK5
em células do melanoma cutâneo............................................... 92
Figura 14 A estrutura do desmossomo e sua correlação com CK5............ 93
Figura 15 Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de KLK6
em células névicas...................................................................... 96
Figura 16 Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de KLK6
em células de melanoma............................................................
96
Figura 17 Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de KLK7
em células névicas......................................................................
97
Figura 18 Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de KLK7
em células atípicas do nevo atípico............................................ 97
Figura 19 Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de KLK7
em células do melanoma............................................................ 98
Figura 20 Modelo de progressão tumoral em melanomas e a expressão
das proteínas estudadas............................................................. 101
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Descrição da freqüência e porcentagem dos tipos de lesão
em relação ao total de lesões estudadas................................... 55
Tabela 2 Descrição da média e mediana da idade ao diagnóstico,
índice de Breslow, índice mitótico, número de linfonodos
sentinelas positivos e número de linfonodos sentinelas
encontrados para os casos de melanoma cutâneo................... 56
Tabela 3 Descrição da freqüência e porcentagem do tipo histológico da
lesão primária dos melanomas cutâneos estudados.................
56
Tabela 4 Descrição da freqüência e porcentagem do tipo de
crescimento da lesão primária dos melanomas cutâneos
estudados...................................................................................
57
Tabela 5
Descrição da freqüência e porcentagem do índice de Breslow
(4 categorias) das lesões de melanoma cutâneo estudadas.
...
57
Tabela 6
Descrição da freqüência e porcentagem do nível de Clark
encontrado no total de melanomas cutâneos estudados.........
58
Tabela 7 Descrição da freqüência e porcentagem da ulceração
histológica encontrada nos casos de melanoma cutâneo
estudados................................................................................... 58
Tabela 8 Descrição da freqüência e porcentagem de regressão
encontrada nos casos de melanoma cutâneo estudados.......... 59
Tabela 9 Descrição da freqüência e porcentagem em relação ao
estádio dos pacientes com melanoma cutâneo estudados....... 59
Tabela 10 Descrição da média e mediana dos anticorpos utilizados para
o total de casos marcados.........................................................
60
Tabela 11 Descrição da média e mediana do escore combinado dos
anticorpos estudados em relação ao tipo de lesão (nevo
comum, nevo atípico e melanoma cutâneo). Os valores das
medianas estão em vermelho.................................................... 61
Tabela 12 Valores medianos da expressão dos marcadores de acordo
com o tipo de lesão.................................................................... 64
Tabela 13 Descrição da média e mediana do escore combinado dos
anticorpos estudados em relação ao índice de Breslow em 3
categorias. Os valores das medianas estão em vermelho........ 65
Tabela 14 Valores medianos da expressão dos marcadores de acordo
com a espessura em milímetros (mm) do melanoma cutâneo
(Breslow). Os valores estatisticamente significativos estão em
vermelho..................................................................................... 67
Tabela 15 Descrição da média e mediana do escore combinado dos
anticorpos estudados em relação ao estadiamento em 3
categorias. Os valores das medianas estão em vermelho........
68
Tabela 16 Valores medianos da expressão dos marcadores de acordo
com o estadiamento dos pacientes com melanoma cutâneo
em 3 categorias (estádio I, II e III/IV). Os valores
estatisticamente significativos estão em vermelho.................... 70
Tabela 17 Valores medianos da expressão dos marcadores de acordo
com o status linfonodal. Os valores estatisticamente
significativos estão em vermelho............................................... 72
Tabela 18 Correlação entre a expressão das proteínas estudadas........... 74
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Fatores de risco clínicos para o desenvolvimento do
melanoma cutâneo.................................................................... 16
Quadro 2 Classificação TNM do Melanoma.............................................. 43
Quadro 3 Estadiamento clínico e patológico do Melanoma...................... 44
Quadro 4 Anticorpos utilizados no protocolo de reações 1....................... 48
Quadro 5 Anticorpos utilizados no protocolo de reações 2....................... 50
Quadro 6 Descrição das proteínas (estudadas) envolvidas na adesão e
comunicação celular.................................................................. 77
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 A estrutura da Pele 1
1.2 A biologia e desenvolvimento dos Melanócitos 3
1.3 A unidade de pigmentação – interação entre melanócitos
e ceratinócitos 5
1.4 Os nevos melanocíticos 8
1.5 A orígem e incidência do Melanoma Cutâneo 11
1.6 Fatores de risco para o desenvolvimento do Melanoma Cutâneo 12
1.6.1 Fatores Ambientais 12
1.6.2 Fatores Constitucionais 13
1.6.3 Fatores Genéticos 15
1.6.4 Imunoistoquímica 16
1.7 Modelo de progressão do Melanoma 17
1.8 O estudo do câncer por meio do tissue microarray (TMA) 19
1.9 Utilização do TMA no estudo do modelo de progressão do
Melanoma 21
1.10 A utilização da técnica de microarranjos de CDNA no estudo
do modelo de progressão do melanoma 22
1.11 Utilização do TMA no estudo do modelo de Progressão do
Melanoma 23
1.11.1 Desmocolina 3 (Dsc3) 24
1.11.2 Calicreinas (KLK) 27
1.11.3 Citoceratina 5 (CK5) 31
1.11.4 cx43 33
2 JUSTIFICATIVA 34
3 OBJETIVOS 36
3.1 Objetivos gerais 36
3.2 Objetivos específicos 36
4 MATERIAIS E MÉTODOS 37
4.1 Casuística 37
4.2 Critérios de Inclusão 38
4.3 Análise Histológica 39
4.3.1 Confecção do TMA 44
4.3.2 Imunoistoquímica 46
4.3.3 Leitura das lâminas 52
4.4 Análise estatística 53
5 RESULTADOS 55
5.1 Descrição das variáveis do estudo 55
5.2 Comparação entre o tipo de lesão (nevo comum, nevo atípico
e melanoma cutâneo) e a expressão dos anticorpos estudados 60
5.3 Comparação entre o índice de Breslow e a expressão dos
anticorpos estudados nas lesões de melanoma cutâneo 64
5.4 Comparação entre o estadiamento e a expressão dos anticorpos
estudados nas lesões de melanoma cutâneo 68
5.5 Comparação entre o status linfonodal e a expressão dos anticorpos
estudados nas lesões de melanoma cutâneo 71
5.6 Estudo da correlação entre a expressão dos marcadores
biomoleculares 72
6 DISCUSSÃO 75
6.1 Correlação entre a expressão dos marcadores biomoleculares 99
7 CONCLUSÕES 100
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 102
1
1 INTRODUÇÃO
A pele é o maior órgão do corpo humano, serve de revestimento para
separar o meio interno do ambiente externo, constituindo uma barreira
protetora dos tecidos mais profundos contra a ação dos agentes físicos
(raios ultra-violetas), químicos e bacterianos. Desempenha importante
função de regular a temperatura por meio da transpiração ou vasoconstrição.
A pele é também um órgão dos sentidos, uma vez que suas extremidades
nervosas reagem à dor, ao calor, ao frio, ao tato e à pressão e é o
responsável pelo fornecimento da vitamina (CHU et al. 2003).
1.1 A ESTRUTURA DA PELE
A epiderme é um epitélio escamoso estratificado ceratinizado, que se
renova continuamente e origina estruturas denominadas apêndices
epidérmicos (unidades pilo-sebáceas, unhas e glândulas sudoríparas). Tem
aproximadamente 0,4 a 1,5mm de espessura (epiderme) enquanto a
espessura total da pele (epiderme e derme) pode variar de 1,5 a 4mm
(dependendo da região anatômica).
Os ceratinócitos são as células que compõem a maior parte da
epiderme e estão organizados em quatro camadas (basal, espinhosa,
granulosa e córnea). As células migram da camada basal para a superfície
2
externa, para formar camadas progressivamente diferenciadas
(ceratinizadas) (CHU et al. 2003).
Entre os ceratinócitos da epiderme existem células chamadas
imigrantes, que são compostas por melanócitos, células de Langerhans e
células de Merkel. Os melanócitos e as células de Langerhans migram para
a epiderme durante o desenvolvimento embrionário. As células de Merkel
(receptor tátil) provavelmente se diferenciam in situ. Outras células, como os
linfócitos, são habitantes transitórios e raros da pele (CHU et al. 2003).
A junção dermo-epidérmica é a zona da membrana basal que forma a
interface entre a epiderme e a derme. A sua principal função é resistir às
forças mecânicas externas, sustentar a epiderme, determinar a polaridade
de seu crescimento, organizar o citoesqueleto das células basais, produzir
sinais durante o desenvolvimento e funcionar como barreira semi-permeável.
A estrutura da membrana basal é quase toda produzida pelos ceratinócitos,
com mínima contribuição dos fibroblastos da derme (CHU et al. 2003).
A junção dermo-epidérmica pode ser dividida em três
compartimentos: filamentos de ancoragem (hemi-desmossomos), que se
ligam aos ceratinócitos basais, a lâmina densa (formada principalmente por
colágeno tipo IV) e a sub-lâmina densa formada pelas fibrilas de ancoragem
(colágeno tipo VII).
A derme é um sistema integrado de fibras, filamentos e tecido
conectivo amorfo que aloja nervos, vasos, apêndices epidérmicos,
fibroblastos, macrófagos, mastócitos e outras células como linfócitos,
plasmócitos e leucócitos provenientes do sangue, em resposta à diferentes
3
estímulos. É responsável pela elasticidade e flexibilidade da pele, promove
proteção mecânica, ajuda na termorregulação, e possui receptores
sensoriais. A derme está organizada em duas regiões, a derme papilar e a
derme reticular (CHU et al. 2003).
A derme papilar se localiza logo abaixo da membrana basal e é
formada por fibrilas de colágeno de pequeno diâmetro e fibras elásticas
oxitalânicas. Possui alta densidade de fibroblastos que se proliferam
rapidamente, tem alta atividade metabólica e produz diferentes tipos de
proteoglicanas, comparada com a derme reticular (CHU et al. 2003).
A derme reticular se localiza abaixo da derme papilar e é composta
por fibrilas de colágeno de grande diâmetro que estão organizadas em
grandes feixes e existe uma maior abundância de fibras elásticas. A
transição entre a derme papilar e reticular é marcada pela presença do plexo
vascular superficial, denominada derme intermediária, onde há maior
presença de fibroblastos e células inflamatórias, em relação à derme
reticular profunda (CHU et al. 2003)..
1.2 A BIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DOS MELANÓCITOS
Os melanócitos são as células responsáveis pela produção de
melanina, que determina a cor da pele, cabelos e olhos. Estas células
exercem efeitos biológicos significativos que variam desde conseqüências
comportamentais de importância cosmética até o câncer cutâneo mais
devastador, o melanoma.
4
As células precursoras dos melanócitos são os melanoblastos de
origem neuroectodérmica. Os melanoblastos primários estão localizados na
crista neural, se proliferam e dão origem aos melanócitos secundários. Após
um dia de proliferação, os melanoblastos precursores dão origem aos
melanoblastos terciários, que começam a migrar dorso-lateralmente, duas
ou três semanas após a fertilização (LARUE et al. 2003). Os melanoblastos
terciários atravessam a membrana basal que separa a derme da epiderme,
invadem a epiderme e permanecem em contato com a membrana basal,
sendo chamados de melanoblastos quaternários. Os melanoblastos
quaternários se diferenciam em melanócitos epidérmicos, onde permanecem
quiescentes, apesar de seu potencial proliferativo (LARUE et al. 2003;
CHAMMAS et al. 2003).
Durante o desenvolvimento, o primeiro fator de transcrição que parece
estar envolvido na transição das células precursoras em melanoblastos é
denominado Microphtalmia - associated transcription factor (Mitf). A
interação do receptor de membrana celular C-Kit com seu ligante Steel factor
resulta na fosforilação de Mitf, mediada pela ativação da via de MAPKinase,
além do recrutamento seletivo de CPB/p300, que são fatores transcricionais
co-ativadores. A fosforilação de Mitf ativa a transcrição de um conjunto de
genes que regulam a proliferação e diferenciação dos melanoblastos em
melanócitos na epiderme. Alguns estudos sugerem que Mitf além de ter um
papel importante na diferenciação (pigmentação), também está envolvido
nos processos de proliferação e sobrevivência durante o desenvolvimento
dos melanócitos (WIDLUND e FISHER 2003). O aumento da expressão de
5
Mitf na maioria das lesões de melanoma primários, incluindo os não
pigmentados, sugere sua possível utilização na realização do diagnóstico
deste tipo de câncer (WIDLUND et al. 2002).
A proteína Wnt também está envolvida na diferenciação dos
melanoblastos em melanócitos por meio da ativação do receptor Frizzled.
Esta ativação resulta na inativação de GSK3 e conseqüente aumento de β-
catenina no citoplasma, que migra para o núcleo, ativando os fatores de
transcrição Tcf/Lef, levando à ativação de um grupo de genes (c-Myc, Ciclina
D1 e Mitf), responsável pela proliferação e diferenciação celular (WIDLUND
et al. 2002; PHAM et al. 2003).
A regulação dos níveis de β-catenina é feita pelo complexo protéico
formado por GSK3β, Axina e APC, que determina o nível de ubiquitinização
e posterior degradação de β-catenina. A existência de mutação nos genes
que codificam as proteínas do complexo protéico (GSK3, Axina e APC) que
levam ao aumento de β-catenina de localização nuclear, tem sido descrita no
melanoma. No núcleo, a β-catenina interage com os fatores de transcrição
TCF/Lef, levando à ativação de genes com atividade mitogênica (WIDLUND
et al. 2002; LARUE et al. 2003; HALABAN et al. 2003).
1.3 A UNIDADE DE PIGMENTAÇÃO – INTERAÇÃO ENTRE
MELANÓCITOS E CERATINÓCITOS
Após a diferenciação do melanoblasto em melanócito, que ocorre na
epiderme, este permanece aderido à membrana basal, intercalado por 5 a 8
6
queratinócitos basais. Na epiderme, os melanócitos interagem com múltiplos
ceratinócitos (aproximadamente 35-40 ceratinócitos), formando as unidades
de pigmentação. Por meio das expansões dendríticas dos melanócitos
ocorre a transferência dos melanossomos (organelas contendo melanina)
para os ceratinócitos, no processo de pigmentação epidérmica (LI e
HERLYN 2000).
A radiação ultra-violeta induz ao dano celular, levando à formação de
dímeros de pirimidina, resultando em alterações estruturais do DNA
(mutações). Além disto, a radiação ultra-violeta leva à proliferação dos
melanócitos pela indução de fatores de crescimento celular produzidos por
ceratinócitos e fibroblastos (bFGF, HGF/SF e ET1). Por tudo isso, a
exposição solar excessiva precoce pode manifestar-se tardiamente em
transformação maligna dos melanócitos (WIDLUND et al. 2002). A melanina
tem papel importante na defesa natural da pele contra os efeitos deletérios
da radiação solar ultra-violeta. A radiação UV (ultra-violeta) ativa a
proliferação dos melanócitos, a produção de melanina e a tranferência dos
melanossomas para os ceratinócitos epidérmicos (HALABAN et al. 2003).
Os melanossomas ricos em melanina são translocados dos
melanócitos para os ceratinócitos por meio dos prolongamentos dendríticos,
mecanismo ainda não totalmente elucidado (BOISSY 2003). Três métodos
de transferência foram propostos: o primeiro mecanismo envolve secreção
do conteúdo melanossomal do melanócito para o espaço intercelular e
endocitose pelos ceratinócitos epidérmicos; o segundo modelo propõe uma
fusão direta das membranas plasmáticas dos melanócitos e ceratinócitos
7
(necessitando da presença da proteína SNARE); e o terceiro modelo propõe
que a região distal do prolongamento dendrítico dos melanócitos sejam
fagocitados pelos ceratinócitos (HALABAN et al. 2003).
Independente do mecanismo de transferência dos melanossomas dos
melanócitos para os ceratinócitos, estas células estão em comunicação. A
adesão entre melanócitos e ceratinócitos ocorre principalmente por meio da
interação das moléculas de E-caderina, presentes nas junções aderentes
tanto de melanócitos como de ceratinócitos (LI e HERLYN 2000). O estado
não-proliferativo dos melanócitos, nas unidades de pigmentação, parece
justificar-se pelo contato célula-célula entre melanócitos e ceratinócitos
(inibição por contato). Os melanócitos normais quando presentes na derme,
deixam de expressar E-caderina e passam a expressar N-caderina (HSU et
al. 2000; CHAMMAS et al. 2003).
Na adesão célula-célula, as moléculas de β-catenina são recrutadas
pelas moléculas de E-caderina na formação dos desmossomos, assim, a
substituição de E-caderina por N-caderina também contribuiria para o
aumento do pool citoplasmático de β-catenina que, na ausência de
degradação adequada poderia migrar para o núcleo e estimular a
proliferação, por meio da ativação de fatores transcricionais nucleares Tcf/
Lef (LI e HERLYN 2000; LARUE et al. 2003).
8
1.4 OS NEVOS MELANOCÍTICOS
Os nevos melanocíticos adquiridos são formados por células
pigmentadas que possuem características comuns aos melanócitos, mas
apresentam uma diferenciação alterada que leva à proliferação, formação de
ninhos e capacidade de invasão da derme (GONTIER et al. 2004). As
células melanocíticas névicas são mais arredondadas, perdem seus
dendritos e acumulam pigmentação. Os nevos comuns são subdivididos
histologicamente em nevos juncionais (células névicas na junção dermo-
epidérmica), compostos (células névicas na junção dermo-epidérmica e
derme) e intradérmicos (células névicas na derme) seguindo seu ciclo de
vida natural (MAITRA et al. 2002).
A teoria “Abtropfung” surgiu para explicar a formação do
compartimento dérmico dos nevos melanocíticos. Unna, em 1893, propôs
que as células névicas se originam na epiderme e posteriormente migram
para a derme (WORRET e BURGDORF 1998; GONTIER et al. 2004).
Os nevos comuns aparecem na infância, seu número está relacionado
a fatores genéticos (tipo de pele) e fatores ambientais (exposição UV). Os
nevos parecem estar ativos (proliferação e diferenciação) durante a infância
e adolescência e tornam-se estáveis nos adultos. A monitorização das
lesões névicas por meio da dermatoscopia digital confirma que, a presença
de alterações das características dermatoscópicas (por exemplo,
aparecimento de glóbulos periféricos), é mais comum em indivíduos até 20
anos (KITTLER 2007).
9
GONTIER et al. (2004) realizaram estudos com reconstrução
tridimensional da pele, utilizando nevos congênitos e verificaram a
diminuição da expressão de E-caderina nas células névicas da derme e re-
expressão de E-caderina quando as células do nevo congênito eram
implantadas na epiderme. Este estudo contribuiu com a hipótese de que as
células pigmentadas perdem o controle negativo dos ceratinócitos quando
estão na derme e são capazes de proliferar, formando o compartimento
dérmico dos nevos (GONTIER et al. 2004).
A presença de muitos nevos adquiridos (nevos comuns e nevos
atípicos) é um marcador de risco para o desenvolvimento do melanoma
cutâneo. Acredita-se também que os nevos melanocíticos comuns
adquiridos e os nevos atípicos sejam lesões precursoras do melanoma
cutâneo. A maior evidência a favor desta teoria é a associação entre nevos e
melanomas observadas clínica e histologicamente. A presença clínica de
nevos na região do melanoma já foi descrita entre 19% e 85% e a
associação histológica entre nevos e melanomas variou de 4% a 72%.
(SKENDER-KALNENAS 1995) Estudos realizados com indivíduos com
nevos displásicos, revelaram que os melanomas surgiram em contigüidade
histológica com os nevos atípicos em 44 a 80% (NAEYAERT e BROCHEZ
2003).
Os nevos atípicos são caracterizados clinicamente por lesões
maculares com cinco milímetros ou mais de diâmetro, geralmente com
bordas irregulares ou indefinidas e múltiplas cores. A síndrome do nevo
atípico é caracterizada pela presença de pelo menos um nevo atípico clínico
10
e mais de cinqüenta nevos melanocíticos (comuns ou atípicos), de acordo
com a classificação do NIH Consensus Conference (NAEYAERT e
BROCHEZ 2003).
Em relação aos nevos atípicos, a presença de características clínicas
de atipia se correlaciona imperfeitamente com a presença de displasia
histológica. Em um estudo envolvendo 101 pacientes com melanoma
esporádico, a lesão clínica mais atípica foi removida cirurgicamente e a
presença de displasia foi verificada histologicamente em 7% dos casos nos
quais as lesões apresentavam apenas uma característica clínica de
displasia, 23% nos casos com duas características clinicas de atipia e 62%
nos casos com três delas (NAEYAERT e BROCHEZ 2003).
O nevo atípico pode ser confundido com o melanoma tanto
clinicamente como histopatologicamente. Em um estudo realizado por
BROCHEZ et al. em (2002), um grupo de lesões histologicamente
diagnosticadas como nevos atípicos por patologistas experientes foram
diagnosticadas como melanomas e por outro grupo (de patologistas) em
21% dos casos, os melanomas in situ e finos foram diagnosticados como
nevos atípicos em 12% dos casos (NAEYAERT e BROCHEZ 2003).
O diagnóstico histológico do nevo atípico é baseado na identificação
de anormalidades citológicas e arquiteturais específicas e atualmente não
existe um critério que seja universalmente aceito. O diagnóstico baseado em
critérios maiores e menores é o mais utilizado. Os critérios maiores são:
proliferação de nevomelanócitos atípicos na região da membrana basal se
estendendo por três cristas epidérmicas em relação ao componente
11
intradérmico e proliferação melanocítica intraepidérmica (lentiginosa ou
epitelióide). Os critérios menores são: fibrose concêntrica eosinofílica
envolvendo as cristas epidérmicas ou fibroplasia lamelar, neovascularização,
resposta inflamatória dérmica e fusão de cristas. O diagnóstico é realizado
se houver 2 critérios maiores e pelo menos 2 critérios menores (NAEYAERT
e BROCHEZ 2003).
1.5 A ORÍGEM E INCIDÊNCIA DO MELANOMA CUTÂNEO
O melanoma é uma neoplasia de comportamento biológico muito
agressivo, originada dos melanócitos que estão localizados na camada basal
da epiderme, infundíbulo e região bulbar dos folículos pilosos, na coróide e
leptomeninges.
A incidência do melanoma tem dobrado, mundialmente, em pacientes
de pele clara, nos últimos dez anos (LORENTZEN et al. 1999). A maior taxa
de incidência e mortalidade mundial se encontra na Austrália. Neste país, é
o câncer mais comum em homens e o segundo em mulheres, na faixa etária
de 15 a 44 anos, sendo considerado um problema de saúde pública
(MARKS 2002).
No Brasil, dados do Instituto Nacional de Câncer - INCA revelam uma
incidência global de melanoma variando de zero a 8,73 por 100.000
habitantes, sendo estimados 5820 novos casos para o ano 2005, com a
maior taxa de incidência no Estado de Santa Catarina (Ministério da Saúde
2004). Pode-se observar que a incidência desta neoplasia dobrou em
12
Florianópolis e Porto Alegre entre 2003 e 2005, dados considerados
alarmantes, devido ao curto espaço de tempo decorrido. Considerando-se
estes fatos, é provável que o melanoma seja sub-notificado. O Hospital AC
Camargo de São Paulo tem sido referência no tratamento do melanoma e o
número de casos novos tratados por ano é de aproximadamente 200
pacientes (dados não publicados).
O melanoma cutâneo é uma neoplasia que acomete os jovens,
apresenta alta agressividade e é refratária aos tratamentos atuais quando há
o desenvolvimento de metástases (SLOMINSKI et al. 1998a, b; SHEN et al.
2003). A cura do melanoma cutâneo está relacionada com a excisão do
tumor em sua fase inicial de desenvolvimento e está bem estabelecida a
necessidade do diagnóstico precoce (LANGLEY et al. 1999).
1.6 FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DO
MELANOMA CUTÂNEO
Os fatores de risco para o desenvolvimento do melanoma cutâneo
podem ser caracterizados como ambientais, constitucionais, genéticos e
outros.
1.6.1 Fatores Ambientais
A radiação ultra-violeta (RUV) foi identificada como o fator de risco
ambiental mais importante para o desenvolvimento do câncer da pele
(KENNEDY
et al. 2003). A RUV promove alterações na pele por seu efeito
13
mutagênico no DNA, estimulando a produção de fatores de crescimento,
reduzindo a imunidade local e promovendo espécies de oxigênio reativo que
resulta em dano do DNA e supressão da apoptose, levando à carcinogênese
(EL-DEIRY 2007; RÜNGER e KAPPES 2008). Os ácidos nucléicos
absorvem diretamente a radiação UVB, promovendo a formação de dímeros
de pirimidina e fotoprodutos que resultam em mutação no DNA (EL-DEIRY
2007; RÜNGER e KAPPES 2008) e carcinogênese. Existe também a
absorção indireta da radiação UVA por outros cromóforos, como moléculas
de oxigênio, gerando oxigênio reativo que levam ao dano do DNA e
conseqüente efeito mutagênico e carcinogênico (RÜNGER e KAPPES
2008).
A história pessoal de queimaduras solares dolorosas ocorridas até os
20 anos de idade está associada ao desenvolvimento do melanoma cutâneo
(KENNEDY
et al. 2003). O desenvolvimento do melanoma cutâneo está
associado mais à exposição solar intermitente do que à exposição solar
crônica (Quadro 1). A associação entre queimadura solar e melanoma
cutâneo sofre a influência da latitude, sendo que em altas latitudes o risco de
desenvolvimento do melanoma é maior do que em baixas latitudes
(GANDINI
et al. 2005a) (Quadro 1).
1.6.2 Fatores Constitucionais
Os indivíduos que apresentam fototipos de pele I e II da classificação
de Fitzpatrick apresentam risco maior de desenvolvimento do melanoma
cutâneo em relação àqueles que nunca se queimam e bronzeiam com
14
facilidade (Quadro 1). Os indivíduos que apresentam pele clara, olhos azuis,
cabelos vermelhos e muitas efélides apresentam risco aumentado de
desenvolvimento do melanoma cutâneo (MARRETT et al. 1992; GANDINI
et
al. 2005b; LIVINGSTON et al. 2007; MAREHBIAN et al. 2007) (Quadro 1).
O número de nevos comuns e atípicos são importantes fatores de
risco independentes para o desenvolvimento do melanoma cutâneo
(THOMAS
et al 2007). Se um indivíduo apresenta de 100 a 115 lesões
névicas o risco de desenvolvimento do melanoma é de 7 a 12 vezes maior
em relação a um indivíduo com apenas, no máximo, 10 a 15 nevos comuns
(SKENDER-KALNENAS et al. 1995; GRULICH et al. 1996; GANDINI et al.
2005c) (Quadro 1). Para um indivíduo com 5 nevos atípicos, seu risco de
desenvolvimento do melanoma cutâneo é de 6 vezes em relação a um
indivíduo que não apresenta nenhuma lesão atípica (Quadro 1) (SKENDER-
KALNENAS et al. 1995; GANDINI et al. 2005c).
Os pacientes com melanoma cutâneo prévio têm um risco maior de
desenvolver um segundo melanoma (TUCKER et al. 1985; GRULICH et al.
1996; LEVI et al. 1997; ULIASZ e LEBWOHL 2007). O risco de
desenvolvimento de um segundo melanoma primário observado por
DIFRONZIO et al. (1999)
foi de 2,8 em cinco anos e 3,6 em dez anos. LEVI
et al. (1997)
encontraram um risco de 4,7 em seguimento de vinte anos e
FERRONE et al. (2005)
descreveram um risco de 8,6 em seguimento de seis
anos (Quadro 1).
A associação entre câncer da pele não melanoma e o aumento do
risco de desenvolvimento do melanoma cutâneo é bem estabelecido.
15
BOWER et al. (2000) e THOMPSON et al. (2005) encontraram risco de
melanoma de 2.9 em pacientes com câncer da pele não melanoma (Quadro
1).
1.6.3 Fatores Genéticos
Algumas síndromes genéticas são caracterizadas pelo
desenvolvimento do melanoma cutâneo. O xeroderma pigmentoso é
autossômico recessivo, caracterizado pelo surgimento precoce de ceratoses
actínicas, CBCs, CECs e melanoma cutâneo. Foram identificados sete
genes (XPA ao XPG) responsáveis pelo processo de reparação do DNA
após dano pela RUV que podem sofrer mutação levando ao aparecimento
de tumores (TSAO 2001).
Aproximadamente 10% dos melanomas são hereditários e
caracterizam a síndrome do melanoma familial (PLATZ et al. 2000). O
melanoma familial é um termo utilizado para caracterizar as famílias com um
ou mais parentes de primeiro grau com diagnóstico de melanoma
(GOLDSTEIN e TUCKER 1995). O melanoma familial é uma condição
genética e, até o momento, dois genes foram envolvidos, o CDKN2A e o
CDK4, localizados no cromossomo 9p21. A mutação do gene supressor de
tumor CDKN2A foi descrita em 20% dos melanomas familiais (KRAEMER
2003; THOMPSON et al. 2005; WANG et al. 2005). O risco de desenvolver
melanoma é de 30 a 70 vezes maior em indivíduos com história familial
significativa comparada com a população geral (THOMPSON et al. 2005;
ISAACSON e RAMSAY 2007) (Quadro 1).
16
1.6.4 Imunossupressão
Os pacientes com transplante renal, submetidos à terapia
imunossupresora, apresentam risco de desenvolver o melanoma cutâneo em
três vezes, se comparados com a população geral (JENSEN et al. 1999)
(Quadro 1).
Os pacientes com infecção HIV apresentam risco relativo de
desenvolvimento do melanoma cutâneo de 1,5 (GRULICH et al. 1999).
Quadro 1 - Fatores de risco clínicos para o desenvolvimento do melanoma
cutâneo.
Risco Relativo Melanoma Cutâneo
Fatores Constitucionais
Tipode pele I 2,1
Efélides 2,1
Cabelos ruivos 3,6
Olhos azuis 1,5
Presença de nevos melanocíticos
Comuns (100 – 115 lesões) 7-12
Atípicos (5 lesões) 6
História pessoal de câncer da pele
Melanoma 8,6
Não melanoma 2,9
Fatores Genéticos
Melanoma familial 30-70
Fatores Ambientais
Exposição solar intermitente 1,4
Exposição solar crônica 1,1
Queimadura solar/ Alta latitude 2,5
Queimadura solar/ Baixa latitude 1,9
Outros Fatores
Imunossupressão 3
Fonte: Adaptada de THOMPSON et al. (2005).
17
1.7 MODELO DE PROGRESSÃO DO MELANOMA
CLARK et al. (1984) propuseram um modelo de desenvolvimento e
progressão dos melanomas, baseado em modelos experimentais,
observações clínicas e histopatológicas, composto por 6 etapas: (0):
melanócito precursor; (1): nevos comuns adquiridos ou congênitos, com
presença de melanócitos normais; (2) nevos displásicos, com atipia
estrutural e arquitetural, sugere-se que sejam lesões precursoras de
melanoma; (3) melanoma de crescimento radial, melanomas primários não-
tumorigênicos sem capacidade de metastatização; (4): melanoma de
crescimento vertical, melanomas primários que invadem a derme e com
capacidade potencial de metastatização; (5): melanoma metastático (CLARK
et al. 1984; LI e HERLYN 2000; CHAMMAS et al. 2003).
No modelo de progressão, os nevos comuns adquiridos ou congênitos
são formados por células nevomelanocíticas, melanócitos de formato oval,
ausência de dendritos e capacidade de formar ninhos em todas as camadas
da epiderme e derme (CLARK et al. 1984).
Propõe-se que o componente dérmico dos nevos compostos resulte
da migração de células névicas da junção dermo-epidérmica para a derme.
Na derme profunda, as células névicas sofrem o processo de diferenciação,
tornando-se morfologicamente menores e sem a capacidade proliferativa
(CLARK et al. 1984).
Acredita-se que a formação de nevos advindos de melanócitos
maduros seja induzida pela disrrupção da comunicação célula-célula entre
18
ceratinócitos e melanócitos, levando a um escape do melanócito ao controle
regulatório do ceratinócito. Sugere-se ainda que a proliferação limitada das
células névicas na derme se deva pela aparente ausência de aberrações
cromossômicas (CLARK et al. 1984).
A progressão de melanócitos precursores ou nevos adquiridos
comuns em nevos displásicos (ou atípicos) e melanoma de crescimento
radial parece decorrer da aquisição de alterações genéticas. As células
apresentam atipia citológica e arquitetural, perdem a adesão com a
membrana basal sem sofrerem apoptose e modificam-se antigênicamente e
suscitam uma resposta imune do hospedeiro. Na fase de crescimento radial,
ocorre um crescimento celular tumoral limitado à epiderme ou com mínima
invasão dérmica (CLARK et al. 1984).
Na fase de crescimento vertical, as células adquirem um
comportamento proliferativo e invasivo descontrolado, iniciando o processo
de angiogênese, acionamento de mecanismos de escape da resposta imune
do hospedeiro, o que confere ao tumor, capacidade de metastatização
(CLARK et al. 1984).
19
Fonte: Adaptado de CLARK et al. (1984)
Figura 1 - Modelo de progressão tumoral em melanomas.
1.8 O ESTUDO DO CÂNCER POR MEIO DO TISSUE
MICROARRAY (TMA)
A técnica de tissue microarray - TMA foi descrita em 1998 por
KONONEN et al. e permite a avaliação de centenas de amostras teciduais,
fixadas em formalina em bloco de parafina, em uma única lâmina (RUBIN
2001; KORABIOWSKA et al. 2004). Este método para análise de expressão
gênica é de extrema importância, dada a grande variedade de genes
candidatos descobertos por meio da técnica de cDNA microarray (FRANTZ
et al. 2001; RUBIN 2001). A técnica de TMA baseia-se na análise de
amostras de tecidos em blocos de parafina que compõem os arquivos de
Hiperplasia
Melanocítica
Nevo
Juncional
Nevo
Displásico
Melanoma
RGP
Melanoma
VGP
20
patologia. Desta forma, grande variedade de tumores, além de amostras
numerosas, pode ser estudada (ALIZADEH et al. 2001; LEWIS et al. 2001;
KIELHORN et al. 2003; PACIFICO et al. 2005). Mais importante ainda é o
fato de que as amostras podem ter sido coletadas há vários anos, permitindo
a devida análise de dados em relação ao acompanhamento e evolução
clínica dos doadores dos tecidos estudados (ALIZADEH et al. 2001;
BUBENDORF 2001; KIELHORN et al. 2003). A técnica de TMA baseia-se na
obtenção de amostras de blocos de parafina coletadas por meio de agulha
(punch) com diâmetro de 0,6; 1,0; 1,5 ou 2,0 milímetros, que são inseridas
em um bloco receptor, por meio de um aparelho chamado Tissue
Microarrayer (BUBENDORF 2001). Pode-se, assim, coletar até 700
espécimes em cada bloco receptor, com pouca mutilação do bloco de
origem. O bloco receptor montado pode prover de 100 a 400 cortes de 5 a 8
micras, que podem ser analisados por meio de grande variedade de 11
sondas de DNA, RNA e proteínas (ALIZADEH et al. 2001; BUBENDORF
2001; LEWIS et al. 2001; KORABIOWSKA et al. 2004; PACIFICO et al.
2004). Pode-se, então, realizar, simultaneamente, a análise de DNA, RNA e
expressão de proteínas em todos os espécimes em um único experimento e,
ainda, analisar centenas de marcadores moleculares no mesmo grupo de
espécimes.
21
1.9 UTILIZAÇÃO DO TMA NO ESTUDO DO MODELO DE
PROGRESSÃO DO MELANOMA
As lesões benignas e malignas originadas dos melanócitos
representam um dos melhores modelos de estudo da progressão tumoral,
sendo o nevo melanocítico considerado o primeiro passo da via de
progressão tumoral descrita para os melanomas (ELDER et al. 1989).
Poucos foram os trabalhos realizados com amostras de nevos e
melanomas finos pela dificuldade de obtenção de amostra representativa do
tumor por meio da técnica de confecção do TMA. Em um trabalho publicado
por TELLEZ et al. (2007) para verificação da expressão da proteína alpha –
2 (AP – 2) e do receptor de protease ativada 1 (PAR – 1) no modelo de
progressão do melanoma, na construção do TMA foram utilizadas amostras
de nevos melanocíticos comuns, nevos melanocíticos atípicos, melanomas
primários e melanomas metastáticos.
Como conclusão observaram que a perda da proteína AP – 2
(progressão tumoral e potencial metastático) é um evento crucial na
progressão do melanoma humano e contribui para a evolução para o
fenótipo metastático por meio da ativação da via de PAR – 1 (efeito
mitogênico, sobrevivência e metástase) (TELLEZ et al. 2007).
Na tentativa de caracterizar a expressão das proteínas em diferentes
fases do modelo de progressão tumoral nos melanomas (ciclo celular,
apoptose, antígenos, fatores transcricionais, reparo do DNA e outras),
ALONSO et al. (2004) estudaram 39 proteínas utilizando TMA. Foram
22
confeccionados seis diferentes TMAs, contendo nevos melanocíticos
comuns, melanoma de crescimento radial, melanoma de crescimento
vertical, melanomas nodulares e metástases de melanoma.
SIMIONATO NETO et al. (2007) utilizaram a técnica de TMA para
descrever a expressão de alpha –v – beta3 integrina (αvβ3) nos melanomas
cutâneos. Para este estudo, os nevos melanocíticos e o melanoma fino
foram analisados em cortes histológicos tradicionais e o TMA foi realizado
apenas para os melanomas invasivos e metástáticos. Os resultados
mostraram que a proteína αvβ3 não teve impacto no comportamento
tumoral, apesar de se mostrar com expressão aumentada nos melanomas in
situ.
1.10 A UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE MICROARRANJOS DE
CDNA NO ESTUDO DO MODELO DE PROGRESSÃO DO
MELANOMA
A tecnologia de microarranjos de cDNA permite a análise de milhares
de genes em um único experimento e tem sido empregada em diversas
doenças humanas, particularmente no estudo dos cânceres, com o objetivo
de identificar genes envolvidos na oncogênese e progressão tumoral (KIM et
al. 2002). Esta técnica está sendo utilizada em lesões melanocíticas
contribuindo na identificação de genes diferencialmente expressos entre
nevos, melanomas primários (SEYKORA et al. 2003) e metastáticos (HAQQ
et al. 2005).
23
1.11 UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE DE EXPRESSÃO GÊNICA
(ARRAY) NO ESTUDO DO MODELO DE PROGRESSÃO DO
MELANOMA REALIZADO NO HOSPITAL A.C. CAMARGO –
MOTIVAÇÃO DO PRESENTE ESTUDO
Realizou-se um estudo no Laboratório de Inflamação do Instituto
Ludwig de Pesquisa para o Câncer/ Hospital A.C. Camargo por meio da
técnica de microarranjos de cDNA e estudou-se o perfil de expressão gênica
dos melanomas e nevos melanocíticos compostos e intradérmicos
(MARTINS 2007; MUTO 2007). Houve diferenças na expressão gênica
global entre nevos melanocíticos e melanomas, uma vez que as amostras
puderam ser separadas por métodos de grupamento não supervisionados.
Foram identificados 510 trios classificadores capazes de distinguir as
amostras com 100% de precisão. Treze módulos funcionais mostraram
alterações com significância estatística entre nevo e melanoma,
correspondendo a genes envolvidos com junção intercelular, comunicação e
adesão celular.
Alguns genes como claudina 4, proteína gap junction A1, calicreina 7,
desmocolina 3 e ceratina 5 encontravam-se com aumento de expressão em
nevos melanocíticos, enquanto que colágeno tipo IV alfa1 e laminina 4
mostravam-se com aumento de expressão em melanomas. Foi verificado
que a relação entre colágeno 4/ desmocolina 3 era >1 em melanomas
cutâneos e <1 em nevos melanocíticos benignos (MUTO 2007).
24
Estes dados sinalizam que a interação melanócito-ceratinócito,
melanócito-melanócito e melanócito-matriz extracelular pode ter um papel
significativo na gênese das lesões melanocíticas e possivelmente no
comportamento biológico dos melanomas.
1.11.1 Desmocolina 3 (Dsc3)
O gene que codifica a proteína desmocolina 3 está localizado no
cromossômo 18 na localização 18q12.1. A proteína codificada por este gene
é uma glicoproteína transmembrânica cálcio-dependente que é membro da
subfamília da superfamília das caderinas. Os membros desta família
desmossomal foram encontrados primariamente nas células epiteliais e são
considerados proteínas adesivas e necessárias para a adesão celular e
formação dos desmossomos.
A adesão célula-célula é considerada importante para o
desenvolvimento e manutenção de um órgão humano. Nos tecidos celulares
escamosos, a adesão celular promove a integridade do tecido para proteção
do ambiente externo. A adesão celular na epiderme é mantida por duas
principais estruturas de adesão: as junções aderentes e os desmossomos.
As junções aderentes são formadas pelas caderinas clássicas e pelas
proteínas α-catenina, β-catenina e plakoglobina e são conectadas aos
microfilamentos de actina. Os desmossomos são compostos pos dois tipos
de caderinas desmossomais: desmogleína e desmocolina. A desmocolina 3
é considerada essencial na formação dos desmossomos, pois o seu domínio
terminal citoplasmático é responsável pelo recrutamento das plakoglobinas,
25
desmoplakinas e inserção com as ceratinas (HANAKAWA et al. 2000). As
desmocolinas 1 e 3 estão expressas apenas em epitélios estratificados
escamosos. A desmocolina 1 é mais expressa na porção mais terminal e
diferenciada do epitélio. A desmocolina 3 é mais expressa nas camadas
mais próxima da membrana basal (OSHIRO et al. 2005).
A participação dos componentes demossomais no câncer é
enigmática e uma das mais intrigantes funções das proteínas
desmossomais, relacionadas ao câncer, é a habilidade de inibir a motilidade
celular (OSHIRO et al. 2005).
O gene da desmocolina 3 está expresso em tecidos normais de mama
e sua expressão se mostrou diminuída nos tumores primários de mama e
linhagens celulares de câncer de mama. Neste trabalho realizado por
OSHIRO et al. (2005), a expressão do gene que codifica a proteína
desmocolina 3 (DSC3) mostrou-se diminuída em 72% dos tumores primários
de mama e 79% das linhagens celulares de câncer de mama testadas. O
silenciamento de DSC3 foi relacionado a hipermetilação aberrante de
citosina em 41% dos tumores primários de mama. Demonstrou-se in vitro,
que DSC3 encontrava-se epigeneticamente silenciado, nas linhagens
celulares de câncer de mama, decorrentes da hipermetilação de citosina na
região promotora (OSHIRO et al. 2003, 2005).
Muitos dos espécimes de tumores primários nas quais a perda da
expressão de DSC3 foi verificada, não foram associadas com a metilação da
região promotora. Nestes casos, OSHIRO et al. (2003, 2005) hipotetizaram
que a perda de fatores transcricionais críticos levaria à exposição das
26
regiões promotoras, que sofreriam a hipermetilação aberrante de citosina
induzindo silenciamento da expressão gênica, semelhante à regulação
epigenética dos genes. Demonstraram ainda, que DSC3 é um gene de
resposta ao gene p53 uma vez que a adição de p53 selvagem é suficiente
para induzir acetilação do promotor de DSC3 e induzir re-expressão de
DSC3 em linhagens celulares de câncer de mama.
As caderinas desmossomais em humanos são sete, sendo três
desmocolinas (DSC1-3) e quatro desmogleínas (DSG1-4). A perda da
expressão das caderinas desmossomais já foi descrita em vários tipos de
câncer (BIEDERMANN et al. 2005; OSHIRO et al. 2005) e a expressão
aumentada destas caderinas em cultura de fibroblastos não adesivos gera
adesão e inibe a invasão celular, levando à hipótese de que as proteínas
desmossomais têm um papel como genes supressores de tumor (TSELEPIS
et al. 1998).
KHAN et al. (2006) demonstraram pela primeira vez que a expressão
de DSC2 está reduzida no câncer colorretal (o tecido colorretal normal
expressa apenas DSC2) e é acompanhada pela expressão de novo das
DSC1 e DSC3. As alterações no padrão de expressão das desmocolinas
levaria à alteração da função dos desmossomos e reduziria a adesão entre
as células epiteliais colônicas, resultando em uma propensão à proliferação
celular, invasão e metástases. A substituição das isoformas da desmocolina
poderia afetar a localização dos constituintes desmossomais no citoplasma,
principalmente a redistribuição da plakoglobina (γ - catenina) da membrana
para o citoplasma, levando à ativação da via de ativação do oncogene c-
27
myc. Os distúrbios da expressão das desmocolinas poderia afetar a via de
sinalização de β – catenina. A desrregulação de β – catenina poderia ter
papel importante nas fases iniciais da tumorigênese colorretal (KHAN et al.
2006).
1.11.2 Calicreinas (KLKs)
As calicreinas são um subgrupo das proteases de serina com
diferentes funções fisiológicas. Muitas são as evidências que sugerem que
algumas calicreinas estão envolvidas com a carcinogênese e são
consideradas potenciais marcadores moleculares de diagnóstico e
prognóstico em diferentes neoplasias. O gene que codifica os quinze
membros da subfamília das calicreinas está localizado no cromossomo 19.
(PALIOURAS et al. 2007; SHAW e DIAMANDIS 2007). As calicreinas estão
expressas em diferentes tecidos humanos. A expressão de KLK2, KLK3,
KLK4, KLK11 e KLK15 foi verificada na próstata por meio da dosagem do
RNAm. Quase todas as calicreinas foram encontradas nas glândulas
salivares e alguns subgrupos foram descritos na pele (KLK1, KLK4, KLK5,
KLK6, KLK7, KLK8, KLK9, KLK10, KLK11, KLK13 e KLK14), pâncreas
(KLK1, KLK6,-13) e sistema nervoso central (KLK6, KLK7, KLK8, KLK9 e
KLK14). A presença das calicreinas nos fluidos biológicos como soro,
plasma seminal e leite em mulheres durante o período de amamentação
confirma que são proteínas secretadas in vivo (BORGOÑO et al. 2004).
Algumas enzimas codificadas por este gene (KLK) parecem estar
envolvidas com a proteólise de estruturas intercelulares de coesão que
28
precedem a descamação fisiológica das camadas mais superficiais da
epiderme. A descamação das camadas da epiderme é um processo natural
e importante para a contínua regeneração da pele. O descontrole patológico
da descamação e a inflamação da pele são responsáveis pelos sintomas
observados em doenças severas da pele como síndrome de Netherton
(ictiose linear circunflexa), psoríase, dermatite atópica e outras. As proteínas
KLK5 e KLK7 têm papel essencial nestes processos, degradando os
desmossomos, que são estruturas responsáveis pela adesão célula-célula e
que promovem ativação de proteínas pró-inflamatórias (EGELRUD et al.
2005)
A proteína LEKTI é reguladora do processo de descamação
epidérmica por meio do controle da atividade de KLK5 e KLK7. DERAISON
et al. (2007) propuseram um modelo de descamação (Figura 2) no qual o pH
controla a atividade das calicreinas, regulando suas interações com LEKTI.
No estrato córneo mais profundo o pH neutro permite uma grande interação
entre LEKTI e as KLKs no interstício dos corneócitos, impedindo a clivagem
dos corneodesmossomos. Conforme a acidificação da camada córnea mais
superficial, ocorre a dissociação entre LEKTI/KLK5 e LEKTI/KLK7,
permitindo a degradação dos corneodesmossomos. Nas camadas mais
superficiais da camada córnea o pH é baixo suficiente para assegurar uma
grande dissociação entre LEKTI e as KLKs (KLK5 e KLK7). As KLKs em pH
ácido ganham atividade e degradam os componentes desmossomais como
desmogleina 1, desmocolina 1 e corneodesmosina. A completa degradação
29
dos desmossomos leva ao despregamento dos corneócitos mais superficiais
(descamação epidérmica) (CAUBET et al. 2004; DERAISON et al. 2007).
Fonte: DERAISON et al. (2007)
Figura 2 - Modelo de descamação da epiderme.
30
BRATTSAND et al. (2005) em um estudo in vitro verificaram que a
KLK7 é a responsável pela maior parte da atividade proteolítica no estrato
córneo. A KLK5 é ativadora da KLK7, do seu próprio precursor e o precursor
da KLK14, por sua vez, a KLK14 ativa o precursor da KLK5 que resulta na
ativação da KLK7. Esta cascata proteolítica descrita no processo de
descamação celular provavelmente envolve outras calicreinas com baixo
nível de expressão presentes na epiderme.
BORGOÑO et al. (2007) em um estudo in vitro, evidenciaram o
envolvimento das KLK1, KLK5, KLK6 e KLK14 no processo de descamação
epidérmica por meio da clivagem da desmogleína1 (componente dos
desmossomos) promovida por estas proteínas.
Por meio da técnica de PCR, JOHNSON et al. (2007) encontraram o
aumento da expressão de KLK7 em adenocarcinomas ductais pancreáticos
em relação ao tecido pancreático normal. Baseados nas observações de que
a KLK7 está envolvida com a descamação celular e tem a propriedade de
clivar o domínio extracelular da proteína E-caderina diminuindo a agregação
entre as células pancreáticas, propuseram que a expressão aberrante de
KLK7 pode ter papel importante no desenvolvimento do câncer pancreático.
Utilizando tecido fresco congelado, SHAN et al. (2006) observaram
que a proteína KLK7 se apresentava em baixas concentrações em tecido
ovariano normal, em lesões benignas do ovário e tumores não ovarianos
metastáticos. No câncer ovariano, entretanto, KLK7 se encontrava 10 a 15
vezes aumentada e este aumento se correlacionou com os estádios mais
avançados da doença.
31
Em relação à KLK6, além de se mostrar envolvida com a cascata
proteolítica da descamação epidérmica, foi encontrada com grande
expressão em doenças do sistema nervoso central (SNC). Alguns achados
laboratoriais sugeriram que a KLK6 é uma molécula mediadora inflamatória
das doenças desmielinizantes do SNC (CHRISTOPHI et al. 2004).
1.11.3 Citoceratina 5 (CK5)
As citoceratinas são filamentos intermediários e estão subdivididas
em duas famílias baseadas no peso molecular. O tipo I é uma subfamília
composta por citoceratinas ácidas e o tipo II é composta por citoceratinas
básicas. Nas células, as citoceratinas são geralmente encontradas aos
pares, um de cada família. Existe uma correlação entre a complexidade do
epitélio e o tamanho das subunidades expressas. Como regra, epitélios
simples expressam citoceratinas de baixo peso molecular e epitélios
estratificados contêm citoceratinas de alto peso molecular (RIBEIRO-SILVA
et al. 2005) A relação entre os padrões de expressão das citoceratinas e o
grau de diferenciação celular tem sido estudado na tentativa de reconhecer
painéis de expressão de citoceratinas em diferentes neoplasias (SIGEL et al.
2001).
A proteína citoceratina 5 (CK5) é um membro da família das ceratinas
cujo gene está localizado no cromossomo 12 e é uma citoceratina tipoII. A
citoceratina 5 e 14 são expressas na camada basal da epiderme, ceratina 1
e 10 na camada espinhosa e ceratina 2 e 11 na camada granulosa. Na
epiderme em proliferação, como por exemplo, na pasoríase ou no processo
32
de cicatrização epidérmica, os ceratinócitos suprabasais sintetizam
citoceratinas 6 e 16 (BHAWAN et al. 2005).
Geneticamente se considera a inexistência da expressão de
citoceratinas nos melanócitos e nas células da crista neural. KATAGATA et
al. (1999) demonstraram a presença das subunidades de ceratina (K) K8 e
K18 em cultura de células da crista neural e a presença de K1, K5, K10 e
K14 em cultura de melanócitos. Observaram, através da microscopia
eletrônica, que as subunidades das citoceratinas não formavam filamentos
em cultura de células do melanoma. Postularam que existe uma alteração na
formação dos filamentos de citoceratina durante o processo de
transformação do melanócito para o melanoma.
BHAWAN et al. (2005) demonstraram a presença de K16 nos
melanócitos da pele humana normal e em cultura de melanócitos, em estudo
imunoistoquímico. Sugeriram que a expressão da citoceratina em
melanócitos pode afetar a formação dos dendritos e sua interação com os
ceratinócitos epidérmicos.
MIETTINEN e FRANSSILA (1989) observaram por meio de estudo
imunoistoquímico a presença de filamentos de proteínas intermediárias nos
melanócitos atípicos. Concluíram que a composição do citiesqueleto dos
melanomas é mais complexa do que se pensava previamente e que os
melanomas contêm citoceratinas.
33
1.11.4 Cx43
As junções tipo fenda (gap junctions) são canais da membrana celular
especializadas e têm a função de permitir a transferência pequenas
moléculas (<100Dalton), íons, água e nucleotídeos, que passam
seletivamente de uma célula à outra. São importantes na coordenação do
desenvolvimento e homeostase celular. São compostos por dois hemicanais
provenientes da cada uma das células em contato, chamados de conexons.
Cada conexon é composto por seis proteínas transmembrana, as conexinas.
O gene da família das conexinas codifica 21 diferentes proteínas nos
humanos. A conexina 43 é a mais abundante em um grande espectro de
tecidos, nos epitélios, coração, útero, tecido conectivo e cérebro (TROSKO e
RUCH 1998; LANGLOIS et al. 2008).
Seis subunidades da conexina 43 são oligomerizadas no aparelho de
Golgi e formam o conexon (hemicanal) que, por sua vez, é transportado para
a superfície celular. Na superfície celular o conexon se alinha com o
conexon da célula adjacente para formar um canal. Centenas de canais se
agregam em uma placa (gap junction plaques) (TROSKO e RUCH 1998).
34
2 JUSTIFICATIVA
O melanoma cutâneo é um tumor resultante das interações
complexas entre os fatores genéticos, constitucionais e ambientais. Sua
incidência vem aumentando mundialmente na população branca, sendo
superado apenas pelo câncer de pulmão e tem alta taxa de mortalidade
(HALABAN 1993). Teoricamente pode se originar dos nevos melanocíticos,
dentre eles os nevos atípicos (SLOMINSKI et al. 2001). O prognóstico está
relacionado com a profundidade da lesão na pele sendo o diagnóstico
precoce de fundamental importância. O tratamento cirúrgico nos estádios
iniciais da doença, na maioria dos casos, é curativo, porém nos estádios
avançados o tratamento permanece limitado uma vez que o melanoma é
considerado um tumor radio e quimio-resistente (WANG et al. 1995).
Assim, justifica-se o estudo de marcadores tumorais que possam
auxiliar no entendimento da origem e desenvolvimento do melanoma, do
ponto de vista molecular. A caracterização da expressão alterada de genes,
por meio do estudo das proteínas no processo de transformação do nevo
para o melanoma poderá contribuir na identificação de lesões potenciais
precursoras, que seriam caracterizadas por um fenótipo considerado de alto
risco para o desenvolvimento desta neoplasia resultando no tratamento em
estádios muito precoces, levando à cura ou melhorando a sobrevida dos
pacientes. O estudo das proteínas também poderia contribuir para o
35
entendimento de vias de sinalização envolvidas no desenvolvimento e
progressão tumoral.
36
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVOS GERAIS
1. Avaliar a expressão de proteínas envolvidas na junção intercelular,
comunicação intercelular e adesão celular em nevos comuns, nevos
atípicos, melanomas invasivos (finos e espessos) e melanoma
metastático, visando contribuir para o entendimento dos processos
moleculares que levam um nevo a se transformar em melanoma
(Modelo de Progressão do Melanoma).
2. Validar os dados obtidos de genes diferencialmente expressos
identificados por microarranjos de cDNA em pesquisas realizadas
nesta instituição.
3.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 Avaliar a expressão da proteína conexina 43 (proteína gap junction),
calicreina 7, calicreina 6, desmocolina 3 e keratina 5 em nevos
comuns, nevos atípicos, melanomas invasivos (finos e espessos) e
metástases de melanoma por meio do estudo imunoistoquímico,
utilizando-se a técnica de TMA.
2 Avaliar a correlação entre as proteínas estudadas no modelo de
progressão do melanoma.
37
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 CASUÍSTICA
Foram utilizadas lâminas do TMA de melanomas extensivos
superficiais com Breslow maior que 1mm e metástases, confeccionado no
Departamento de Anatomia Patológica do Hospital A.C. Camargo para a
tese de mestrado da Dra. Bianca Costa Soares de Sá contendo 111 casos
(de 1994 a 2000) (SÁ 2005). Foram utilizadas lâminas do TMA de
melanomas cutâneos submetidos à pesquisa do linfonodo sentinela com 67
casos, confeccionado no Departamento de Anatomia Patológica do Hospital
A.C. Camargo para a tese de mestrado do Dr. Christiano Horta (LIMA
JUNIOR 2006). Os TMAs utilizados continham no total 27 casos de nevos
comuns como controle (10 e 17 casos respectivamente).
Foram selecionados 32 casos de nevos melanocíticos comuns de
pacientes que foram submetidos à exérese cirúrgica dos mesmos no período
de 2003 a 2007 e 22 nevos atípicos de pacientes que foram submetidos à
exérese cirúrgica no período de 2003 a 2006 para confecção de TMA de
nevos comuns e atípicos.
Foram selecionados 25 casos de melanoma fino (Breslow < 1mm) de
pacientes que foram submetidos à exérese cirúrgica dos mesmos no período
de 2003 a 2005 para confecção de TMA de melanomas finos.
38
4.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Para a confecção de todos os TMAs:
1 Pacientes cujo diagnóstico histopatológico (melanoma cutâneo, nevo
atípico e nevo comum) tenha sido realizado no Hospital A.C. Camargo
cujos blocos de parafina estavam disponíveis nos arquivos do
Departamento de Anatomia Patológica, dispondo de material
suficiente para confecção do TMA.
2 Pacientes cujo diagnóstico de melanoma foi realizado no Hospital
A.C. Camargo submetidos à pesquisa de linfonodo sentinela, com
blocos de parafina disponíveis nos arquivos do Departamento de
Anatomia Patológica e que contenham material suficiente para o
estudo.
3 Nos pacientes em que havia metástases para estudo, foram incluídas
aquelas cujos blocos de parafina estavam disponíveis nos arquivos do
Departamento de Anatomia Patológica e que dispunham de material
suficiente para confecção do TMA.
4 Pacientes com pelo menos 2 anos de seguimento clínico encontrado
nos prontuários a partir do diagnóstico histopatológico de melanoma
cutâneo.
39
4.3 ANÁLISE HISTOLÓGICA
Os preparados histológicos foram revistos e classificados de acordo
com o protocolo de diagnóstico utilizado na instituição (Departamento de
Anatomia Patológica do Hospital A.C. Camargo), em consonância com o
consenso histopatológico proposto pelo Grupo Brasileiro de Melanoma
(LANDMAN et al. 2003)
Foram avaliados os seguintes critérios:
a. Tipo histológico: foram considerados: lentigo maligno melanoma,
melanoma extensivo superficial, melanoma acral lentiginoso,
melanoma nodular e outros (melanoma desmoplásico, neurotrópico,
nevóide, spitzóide e verrucoso.). Sabe-se que a fase in situ do
melanoma tem períodos variáveis de evolução para fase infiltrativa,
sendo muita longa no lentigo maligno melanoma e curta no extensivo
superficial e acral lentiginoso. Na fase infiltrativa alguns tipos de
melanoma parecem se comportar de forma mais agressiva como o
melanoma nodular.
b. Fase de crescimento: são consideradas as fases de crescimento:
Radial: não tumorigênica; in situ e/ou microinvasiva, caracterizada por
crescimento indolente mas progressivo. As células melanocíticas na
derme não apresentam mitoses, crescimento expansivo ou necrose e
estão isoladas ou em pequenos grupamentos.
Vertical: invasiva, caracterizada por crescimento infiltrativo da derme,
com alto grau de atipia nuclear, mitoses, invasão dos tecidos
40
adjacentes e necrose. Em lesões pouco espessas utiliza-se três
critérios: a) ninhos dérmicos maiores que os epidérmicos; b) qualquer
mitose dérmica; c) ninhos de qualquer tamanho com crescimento
expansivo nítido, comprimindo a derme adjacente.
c. Nível de Clark: determinado pelos cinco níveis definidos por CLARK et
al. (1969). São eles:
Nível I: limitação das células de melanoma à epiderme e seus
apêndices.
Nível II: extensão à derme papilar com poucas células de
melanoma estendendo-se à interface entre a derme papilar e a
reticular.
Nível III: extensão das células tumorais por toda a derme papilar
sem invadir a derme reticular
Nível IV: invasão da derme reticular.
Nível V: invasão da tela subcutânea.
d. Profundidade segundo BRESLOW (1970): Esta medida determina o
volume da neoplasia e correlaciona-se diretamente com a
profundidade de infiltração do tumor. É expressa em milímetros e
determinada a partir da camada granulosa até a célula neoplásica
mais profunda encontrada. A espessura do tumor é considerada o
fator prognóstico isolado mais importante nos pacientes com
melanoma localizado (estádios I e II) (BALCH et al. 2001a). O limite
de 1 mm define os melanomas finos e de bom prognóstico e o
estadiamento, determinado pelo American Joint Committee on
41
Cancer, define para a categoria T (tumor) os limites de 1.0, 2.0 e
4.0mm (BALCH et al. 2001a) (Quadro1).
e. Índice mitótico: avaliado em lesões em fase vertical de crescimento,
na área de maior concentração de mitoses, e, equivale a quantidade
de mitoses em aproximadamente 1mm
2
(10 campos de grande
aumento na objetiva de 40x). O índice mitótico é também considerado
um importante fator prognóstico nos pacientes com melanoma e em
alguns estudos até com maior significância que a ulceração, mas
estes dados ainda são controversos, principalmente pelo uso de
diferentes métodos de mensuração nos diversos estudos sobre o
tema (AZZOLA et al. 2003; BUSAM 2004; FRANCKEN et al. 2004;
BARNHILL et al. 2005; NAGORE et al. 2005).
f. Ulceração: é definida como solução de continuidade da epiderme,
substituída por tampão fibrino-leucocitário sobre a lesão primária, em
decorrência da infiltração neoplásica (BALCH et al. 2001b). A
ulceração é o segundo fator prognóstico mais importante nos
melanomas localizados (estádios I e II) (BALCH et al. 2001a e b). Nos
melanomas em estádio III, é a característica histológica de pior
prognóstico do tumor primário (BALCH et al. 2001a e b). Nos
melanomas com espessura acima de 1 mm é considerada o fator
preditivo mais significativo, representando maior risco de
desenvolvimento de metástases (BALCH et al. 2001a e b). A
presença de ulceração define os subgrupos da categoria T (tumor) de
42
acordo com o novo estadiamento determinado pelo American Joint
Committee on Cancer (BALCH et al. 2001a e b) (Quadros 1 e 2).
g. Regressão: é definida como uma área, dentro do melanoma, onde há
ausência de células neoplásicas na epiderme e na derme,
substituídas por tecido fibroso e aumento da vascularização, podendo
ser encontrados linfócitos e melanófagos (CLARK et al. 1989). As
opiniões entre os autores são controversas em relação à associação
entre regressão e pior prognóstico do tumor (BLESSING et al. 1990).
A regressão é encontrada em cerca de 1/3 dos casos de melanoma.
Ao contrário do que se esperaria, o encontro de regressão tem sido
associado a um pior prognóstico, possivelmente indicando que a
neoplasia antes do processo regressivo estaria a uma profundidade
maior do que a atualmente encontrada, portanto com evolução mais
reservada. Outra explicação possível indica que o sistema imune
reconheceria clones selecionados de células neoplásicas, destruindo-
os, o que por outro lado selecionaria clones resistentes à resposta
imune do hospedeiro (TRAU et al. 1983; CLARK et al. 1989).
43
Quadro 2 - Classificação TNM do Melanoma, segundo American Joint
Committee on Cancer, 2002.
T Espessura Ulceração
Tis Melanoma in situ
T1 1 mm a: ausência de ulceração e nível II/III b: com ulceração ou nível IV/V
T2 1 – 2 mm a: ausência de ulceração b: com ulceração
T3 2 – 4 mm a: ausência de ulceração b: com ulceração
T4 > 4 mm a: ausência de ulceração b: com ulceração
N No linfonodos metastáticos Infiltração tumoral do linfonodo
N1 1 linfonodo
a: micrometástases*
b: macrometástase**
N2 2 – 3 linfonodos
a: micrometástases*
b: macrometástase**
N3
4 ou mais linfonodos metastáticos, ou linfonodos confluentes, ou metástases em
trânsito / satelitoses com linfonodos metastáticos
* micrometástases são diagnosticadas após pesquisa de linfonodo sentinela ou
linfadenectomia eletiva
**macrometástases são definidas como metástases em linfonodo, clinicamente detectável,
confirmado por linfadenectomia terapêutica ou quando a metástase linfonodal exibe
extensão extracapsular macroscópica
M1 Localização DHL no soro
M1a Metástase cutânea, subcutânea ou nodal à distância Normal
M1b Metástase em pulmão Normal
M1c
Metástases em outras víceras
Qualquer metástase
Normal
elevado
Fonte: Adaptado de BALCH et al. (2001b)
44
Quadro 3 - Estadiamento clínico e patológico do Melanoma, segundo
American Joint Committee on Cancer, 2002.
Estadiamento clínico* Estadiamento patológico+
T N M T N M
0 Tis N0 M0 0 Tis N0 M0
IA T1a N0 M0 IA T1a N0 M0
IB T1b
T2a
N0
N0
M0
M0
IB T1b
T2a
N0
N0
M0
M0
IIA T2b
T3a
N0
N0
M0
M0
IIA T2b
T3a
N0
N0
M0
M0
IIB T3b
T4a
N0
N0
M0
M0
IIB T3b
T4a
N0
N0
M0
M0
IIC T4b N0 M0 IIC T4b N0 N0
III QqT N1
N2
N3
M0 III
IIIA T1-4a
T1-4a
N1a
N2a
M0
M0
IIIB T1-4b
T1-4b
T1-4a
T1-4a
T1-4a/b
N1a
N2a
N1b
N2b
N2c
M0
M0
M0
M0
M0
IIIC T1-4b
T1-4b
QqT
N1b
N2b
N3
M0
M0
M0
IV QqT QqN M1 IV QqT QqN M1
*estadiamento clínico inclui microestadiamento do melanoma primário e avaliação clínica e
radiológica para metástases.
+estadiamento patológico inclui microestadiamento do melanoma primário e informações
patológicas a respeito dos linfonodos regionais após linfadenectomia parcial ou completa.
Fonte: Adaptado de BALCH et al. (2001b)
4.3.1 Confecção do TMA
A partir da lâmina original corada com Hematoxilina Eosina (H&E) as
áreas de tumor foram marcadas com caneta e serviram de guia para
identificação da área equivalente a ser puncionada no bloco “doador”. O
45
cilindro de tecido retirado do bloco doador foi transferido para o bloco
receptor por meio do uso do equipamento disponível no Departamento de
Anatomia Patológica do Hospital do Câncer: tissue microarrayer (Beecher
Instrunents ®, Silver Spring, EUA) (Figura 3).
Legenda: À esquerda ilustração da técnica necessária para a confecção do TMA. Ao meio o
bloco de TMA já confeccionado. À direita o bloco de TMA e uma lâmina corada em H&E.
Figura 3 – A confecção do TMA
Os blocos de TMA foram confeccionados com cilindros, em duplicata,
de um milímetro (tissue microrrayer punch MP10-1,0 mm) de diâmetro de
amostras do tumor (melanomas cutâneos), em duplicata (dois cores de
cada caso). Foram incluídas amostras de nevos melanocíticos como controle
das reações. Foi adicionado um cilindro de tecido hepático para orientação
inicial de cada seqüência dos casos utilizados.
A mesma técnica foi utilizada para a realização do TMA de nevos
comuns e nevos atípicos e o TMA de melanoma fino. Este último foi
realizado em triplicata (3 cores de cada caso) para maior representatividade
do tecido.
46
Confecção das lâminas de vidro a partir dos TMAs de melanoma
invasivo e melanoma invasivo com LNS positivo.
A partir do bloco de TMA foram preparados 100 cortes histológicos
seriados em lâminas de vidro previamente tratadas com película aderente
especial (Instrumedics USA) na espessura de 5 μm.
As lâminas 01, 10, 40, 60, 80 e 100 foram coradas com Hematoxilina
e Eosina para controle da representatividade do material. Duas lâminas
distando 10 cortes entre si foram utilizadas para reação de imunoistoquímica
para os marcadores acima mencionados. Por meio de uma planilha
realizada em Excel® (Windows® – Microsoft® office) é possível localizar
cada caso nas lâminas do TMA.
A partir dos blocos dos TMAs de nevos e melanomas finos foram
preparados 50 cortes histológicos com espessura de 5 μm e as lâminas 1,
25 e 40 foram coradas com Hematoxilina e Eosina para controle da
representatividade do material. As lâminas de 1 a 39 foram preparadas
utilizando-se o método da fita adesiva (tape) e as lâminas 40 a 50 foram
preparadas pelo método tradicional (Figura 3)
4.3.2 Imunoistoquímica
As reações imunoistoquímicas foram realizadas nas lâminas dos
TMAs confeccionados (melanomas invasivos e nevos melanocíticos)
utilizando-se os protocolos de reação padrão. Para os anticorpos
desmocolina 3, citoceratina 5 e conexina 3 foi utilizado o permanent red na
tentativa de diminuir a interferência da melanina na leitura dos marcadores.
47
Protocolo de Reações 1:
1- Desparafinização dos cortes das lâminas adesivas de TMA
(Instrumedics-Hackensack NJ, EUA) e hidratação dos cortes
histológicos: 3 banhos em Xilol, 4 banhos de álcool, água corrente;
2- Recuperação antigênica por calor, em câmara de pressão controlada
por microprocessador (PASCAL);
3- Lavagem em água corrente por 5 minutos; água destilada;
4- Bloqueio da peroxidase endógena com peróxido de hidrogênio (H
2
0
2
)
3%, com 3 trocas de 5 minutos cada;
5- Lavagem em água corrente por 5 minutos; água destilada
6- Bloqueio de proteínas: 20 minutos com Bloqueador de Proteínas
(DAKO) em câmara úmida à temperatura ambiente;
7- Retirar excesso do bloqueador;
8- Incubação do anticorpo primário em câmara úmida por 2 horas à
temperatura ambiente com diluições pré-estabelecidas para cada
anticorpo (Quadro 1);
9- Lavagem em PBS: 3 trocas de 5 minutos cada;
10- Incubação anticorpo secundário biotinilado (LSAB, DAKO) por 20
minutos em câmara úmida à temperatura ambiente;
11- Lavagem em PBS: 3 trocas de 5 minutos cada;
12- Incubação com complexo streptoavidina-peroxidase( LSAB, DAKO)
por 20 minutos em câmara úmida à temperatura ambiente;
13- Lavagem em PBS: 3 trocas de 5 minutos cada;
48
14- Revelação da reação com cromógeno diaminobenzidine (DAB): 5
minutos: Kit Liquid DAB+ Substrate Chromogen System
(DakoCytomation, Carpinteria, Califórnia);
15- Lavagem em água corrente por 5 minutos;
16- Contracoloração com Hematoxilina de Harris por 2 minutos;
17- Lavagem em água corrente por 5 minutos;
18- Desidratação em álcool, Xilol, montagem da lâminas com entellan
(Merck 7961);
19- Leitura em microscópio óptico comum.
Quadro 4 - Anticorpos utilizados no protocolo de reações 1.
Anticorpo Diluição Marca Clone
Recuperação
antigência
Amplificação
Calicreina 7 1/200
R&D
Systems
policlonal Pascal Citrato pH 6,0 LSAB- HRP
Calicreina 6 1/50
R&D
Systems
policlonal Pascal Citrato pH 6,0 LSAB -HRP
Protocolo de Reações 2:
1- Desparafinização e hidratação dos cortes histológicos: 3 banhos em
Xilol (5 minutos cada), 4 banhos de álcool, lavagem por 5 minutos em
água corrente;
2- Recuperação antigênica na Pascal (Câmara de Pressão) em solução
Citrato pH 6,0 à 125º C (30 segundos após atingir 125ºC e pressão
entre 20 e 25 psi).
3- Lavagem em água corrente por 5 minutos;
49
4- Bloqueio da peroxidase endógena: 3 banhos de 5 minutos cada com
Peróxido de Hidrogênio 10 volumes;
5- Lavagem em PBS;
6- Bloqueio de proteínas: 20 minutos com Bloqueador de Proteínas
(DAKO);
7- Incubação do anticorpo primário por 2 horas à temperatura ambiente
(diluição pré-estabelecida) (Quadro 1);
8- Lavagem em PBS;
9- Incubação com anticorpo secundário (LINK) (Envision G/2
System/AP) (DAKO) por 30 minutos à temperatura ambiente;
10- Lavagem em PBS;
11- Incubação com polímero conjugado com Fosfatase alcalina (Envision
G/2 System/AP) (DAKO);
12- Lavagem em PBS;
13- Revelação da reação com solução de cromógeno Permanent
Red/Levamisole (Tampão, Permanent Red, levamisole) por 15
minutos à temperatura ambiente;
14- Lavagem em PBS;
15- Lavagem em água destilada;
16- Contracoloração com Hematoxilina de Harris por 1 minuto;
17- Lavagem em água corrente por 5 minutos;
18- Lavegem em água destilada;
19- Secar e montar em meio permanente.
50
Quadro 5 - Anticorpos utilizados no protocolo de reações 2.
Anticorpo Diluição Marca Clone Recuperação amplificação
Connexin 43 1/100 Zymed Policlonal Pascal/Citrato
pH6,0
Envision G/2
System/AP
Citoceratina 5 1/200 Thermo
Scientific
XM26 Pascal/Citrato
pH6,0
Envision G/2
System/AP
Desmocollin 3 Kit pronto
p/uso
Biodesign
International
Dsc3-U114 Pascal/Citrato
pH6,0
Envision G/2
System/AP
Figura 4 - Esquema da marcação em cruz (utilizando-se a circunferência em
cruz de 40X) utilizada para cada amostra do TMA.
51
Figura 5 - Exemplo de menor expressão na membrana celular
(imunoistoquímica de Cx43 em células do melanoma cutâneo,
Microfotografia 400X).
Figura 6 - Exemplo de maior expressão na membrana celular
(imunoistoquímica de Cx43 em células do melanoma cutâneo,
Microfotografia 400X).
52
4.3.3 Leitura das lâminas
As lâminas de TMA foram analisadas por meio da microscopia digital
realizada com o programa ACIS III (Automated Cellular Imaging System-
ChromaVision Medical Systems®, San Juan Capistrano Califórnia – Estados
Unido da América). Este programa identifica as células de interesse por meio
da detecção de cores características produzidas pelas reações de
imunoistoquímica de rotina. Mais de 150 parâmetros morfométricos são
utilizados para avaliar as células alvo. Algumas de suas caraterísticas são:
sensibilidade e acurácia, avaliação em quantidade e com boa
reprodutibilidade e as avaliações podem ser arquivadas permanentemente.
As amostras consideradas válidas para análise por meio da
microscopia digital foram aquelas que apresentavam pelo menos vinte e
cinco por cento do tecido tumoral representado. Para cada amostra (core)
foram selecionadas cinco áreas com maior celularidade (hot spots),
distribuídas em cruz (vide esquema), utilizando-se a circunferência de 40X
(recurso disponível no programa ACIS III). Quando a amostra não permitia a
distribuição em cruz, as circunferências de 40X eram marcadas
aleatoriamente nas áreas de maior celularidade (hot spots). Na marcação
dos nevos atípicos utilizou-se a circunferência de 60X pois a área de maior
celularidade dos melanócitos atípicos se encontrava na junção dermo-
epidermica e na tentativa de reduzir a contaminação por ceratinócitos
marcados adjacentes, optou-se pela menor área.
53
Para a avaliação da expressão do anticorpo em cada caso estudado
por meio da microscopia digital (ACIS) foi utilizado um escore que foi
chamado de escore combinado (EC), devido à utilização os parâmetros de
intensidade e quantidade de área marcada. A definição de EC é a
multiplicação da intensidade pela área estudada, sendo a área definida
como a área marrom dividida a soma da área marrom com azul (HES et al.
2007; KANEHIRA et al. 2008).
EC = Intensidade X % Área marcada
% Área marcada = Área Marrom / Área Azul + Área Marrom
4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A caracterização da população de estudo foi realizada por meio de
estatística descritiva.
O teste de Kolmogorov-Smirnov foi realizado para verificar a
aderência à normalidade da expressão dos marcadores biomoleculares.
Como nenhum dos marcadores respeitou uma distribuição gaussiana, optou-
se pela utilização de testes não paramétricos.
Empregaram-se os testes de Mann-Whitney e de Kruskal-Wallis para
comparar os valores medianos de expressão dos marcadores
biomoleculares, respectivamente entre dois grupos e três grupos não
pareados. Para avaliação post hoc (comparações múltiplas dois a dois)
54
utilizou-se o teste de Tukey HSD. Avaliou-se a correlação entre os
marcadores biomoleculares por meio do coeficiente de Spearman.
O nível de significância adotado em todos os testes estatísticos foi
igual a 5%.
55
5 RESULTADOS
5.1 DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS DO ESTUDO
O total de lesões estudadas foi de 272 lesões sendo 59 (21,7%)
nevos comuns, 22 (8,1%) nevos atípicos, 162 (89,3%) melanomas cutâneos
34 (12,5%) melanomas finos (<1mm), 92 (33,8%) intermediários (1,01 -
4,0mm) e 36 (>4mm) espessos) e 29 (10,7%) metástases.
Tabela 1 - Descrição da freqüência e porcentagem dos tipos de lesão em
relação ao total de lesões estudadas.
Freqüência Porcentagem
Nevo
59 21,7
Nevo atípico
22 8,1
Malanoma fino (<= 1 mm)
34 12,5
Melanoma intermediário (1,01 - 4,0 mm)
92 33,8
Melanoma espesso (> 4 mm)
36 13,2
Metástases
29 10,7
Total
272 100,0
A idade média dos pacientes ao diagnóstico de melanoma cutâneo foi
de 54,40 anos e mediana de 54 anos. A média da mensuração do índice de
Breslow foi de 3,04 mm e mediana de 1,87mm. A média do índice mitótico
foi de 5,88CGA e mediana de 3,00 campos de grande aumento.
56
Tabela 2 - Descrição da média e mediana da idade ao diagnóstico, índice de
Breslow, índice mitótico, número de linfonodos sentinelas positivos e número
de linfonodos sentinelas encontrados para os casos de melanoma cutâneo.
Idade ao diagnóstico
(anos)
Breslow (mm)
Índice mitótico
(CGA)
Total de casos
162 162 162
Média
54,40 3,0454 5,88
Mediana
54,00 1,8700 3,00
Mm: Milímetros. LNS: Linfonodo sentinela. CGA: Campos de grande aumento.
A grande maioria dos melanomas cutâneos estudados era do tipo extensivo
superficial com 132 (81,48%) lesões. Seis (3,7%) casos eram do tipo
nodular, 17 (10,49%) eram do tipo acral lentiginoso e 7 (4,32%) do tipo não
classificável.
Tabela 3 - Descrição da freqüência e porcentagem do tipo histológico da
lesão primária dos melanomas cutâneos estudados.
Freqüência Porcentagem
Extensivo
superficial
132 81,48
Nodular
6 3,7
Acral lentiginoso
17 10,49
Não classificável
7 4,32
Total
162 100,0
57
Em relação ao tipo de crescimento da lesão nos melanomas
cutâneos, houve predominância do crescimento vertical em relação ao
crescimento radial, o primeiro com 158 (97,5%) casos e o segundo com
apenas 4 (2,5%) casos.
Tabela 4 - Descrição da freqüência e porcentagem do tipo de crescimento
da lesão primária dos melanomas cutâneos estudados.
Freqüência Porcentagem
Vertical
158 97,5
Radial
4 2,5
Total
162 100,0
Havia 34 (21%) lesões de melanoma com índice de Breslow menor
que 1mm, 49 (30,2%) lesões com 1,01 a 2,00mm, 43 (26,5%) lesões com
2,01 a 4,00mm e 36 (22,2%) lesões com índice de Breslow maior que 4mm.
Tabela 5 - Descrição da freqüência e porcentagem do índice de Breslow (4
categorias) das lesões de melanoma cutâneo estudadas.
Freqüência Porcentagem
Até 1 mm
34 21,0
1,01 - 2,00 mm
49 30,2
2,01 - 4,00 mm
43 26,5
> 4 mm
36 22,2
Total
162 100,0
Mm: milímetros.
58
O nível de Clark foi avaliado nas lesões de melanoma cutâneo e 1
(0,6%) lesão apresentava nível 1, 8 (4,9%) lesões nível 2, 91 (56,2%) lesões
nível 3, 45 (27,8%) lesões nível 4 e 17 (10,5%) lesões nível 5.
Tabela 6 - Descrição da freqüência e porcentagem do nível de Clark
encontrado no total de melanomas cutâneos estudados.
Freqüência Porcentagem
Nível 1
1 ,6
Nível 2
8 4,9
Nível 3
91 56,2
Nível 4
45 27,8
Nível 5
17 10,5
Total
162 100,0
Na avaliação da ulceração histológica nas lesões de melanoma
cutâneo, 49 (30,2%) lesões apresentavam ulceração e 113 (69,8%) não
apresentavam.
Tabela 7 - Descrição da freqüência e porcentagem da ulceração histológica
encontrada nos casos de melanoma cutâneo estudados.
Freqüência Porcentagem
Presença de
ulceração
49 30,2
Ausência de
ulceração
113 69,8
Total
162 100,0
59
Na avaliação da presença de regressão histológica na lesão primária
de melanoma cutâneo, 30 (18,5%) lesões apresentavam regressão e 132
(81,5%) não apresentavam.
Tabela 8 - Descrição da freqüência e porcentagem de regressão encontrada
nos casos de melanoma cutâneo estudados.
Freqüência Porcentagem
Presença de regressão
30 18,5
Ausência de regressão
132 81,5
Total
162 100,0
A pesquisa do linfonodo sentinela foi realizada em 113 (69,8%) dos
casos de melanoma cutâneo. A metástase linfonodal ocorreu em 83
(51,23%) casos de melanoma cutâneo, a metástase em pele em 17 (10,5%)
e visceral em 17 (10,5%) casos.
No estadiamento final para os casos de melanoma cutâneo
estudados, 70 (43,2%) pacientes apresentavam estádio I, 74 (27,2%) estádio
II e 18 (11,1%) estádios III e IV.
Tabela 9 - Descrição da freqüência e porcentagem em relação ao estádio
dos pacientes com melanoma cutâneo estudados.
Freqüência Porcentagem
Estádio 1
70 43,2
Estádio 2
74 45,7
Estádios 3 / 4
18 11,1
Total
162 100,0
60
Em relação aos anticorpos estudados, foram avaliadas as médias e
medianas da marcação de cada um deles para o total de lesões estudadas,
vide Tabela X.
Tabela 10 - Descrição da média e mediana dos anticorpos utilizados para o
total de casos marcados.
CK5
Score
combinado
Cx 43
Score
combinado
DSC 3
Score
combinado
KLK6
Score
combinado
KLK7
Score
combinado
Total de casos
marcados
213 227 231 217 231
Média
33,1795 44,5159 19,7793 6,8985 24,3257
Mediana
9,2743 41,1816 16,1319 2,1273 17,6121
5.2 COMPARAÇÃO ENTRE O TIPO DE LESÃO (NEVO COMUM,
NEVO ATÍPICO E MELANOMA CUTÂNEO) E A EXPRESSÃO DOS
ANTICORPOS ESTUDADOS
As medianas do escore combinado (Tabela 11) em relação ao tipo de
lesão estudada foi obtida para a realização do estudo da correlação entre
elas e a expressão dos anticorpos (CK5, Cx43, DSC3, KLK6 e KLK7).
61
Tabela 11 - Descrição da média e mediana do escore combinado dos
anticorpos estudados em relação ao tipo de lesão (nevo comum, nevo
atípico e melanoma cutâneo). Os valores das medianas estão em vermelho.
Tipo
lesão
CK5
Score
combinado
Cx 43
Score
combinado
DSC 3
Score
combinado
KLK6
Score
combinado
KLK7
Score
combinado
N
45 43 47 46 48
Média
5,5381 16,7020 2,9328 ,6057 4,9670
Nevo
Mediana
1,9217 12,7998 ,1579 ,0594 1,3850
N
11 17 17 15 17
Média
77,3388 20,1604 3,1302 3,6719 46,6206
Nevo
atípico
Mediana
79,7345 18,2395 2,3759 ,4800 39,7313
N
132 141 141 129 139
Média
31,0949 54,2878 25,6873 8,9487 27,8776
Melanoma
Mediana
19,3077 56,2688 22,4588 4,3951 23,1054
N
188 201 205 190 204
Média
27,6834 43,3607 18,5998 6,5123 24,0488
Total
Mediana
10,5523 40,8991 15,1224 1,6981 16,5828
N: Total de casos.
CK5
A CK5 apresentou-se com expressão aumentada nos nevos atípicos
em relação aos nevos comuns e ao melanoma cutâneo, assim como a
expressão desta proteína apresentou expressão aumentada nos melanomas
cutâneos em relação aos nevos comuns, realizando-se o teste de Kruskal-
Wallis (p<0,001). Na avaliação pelo teste de Tukey corroborou-se o achado
anterior com p<0,001 (Tabela 12).
Cx43
A CX43 mostrou aumento de expressão nos melanomas cutâneos em
relação aos nevos comuns e nevos atípicos e os nevos atípicos
apresentaram aumento da expressão em relação aos nevos comuns,
62
utilizando-se o teste de Kruskal-Wallis (p<0,001). Na avaliação pelo teste de
Tukey o aumento de expressão verificado nas lesões de melanoma cutâneo
em relação aos nevos comuns e nevos atípicos foi estatisticamente
significativo (p<0,001). O aumento de expressão dos nevos atípicos em
relação aos nevos comuns não apresentou significado estatístico (p=0,878)
(Tabela 12).
DSC3
Houve um aumento de expressão de DSC3 nos melanomas cutâneos
em relação aos nevos atípicos e nevos comuns pelo teste de Kruskal-Wallis
e aumento de expressão dos nevos atípicos em relação aos nevos comuns
(p<0,001). Na avaliação pelo teste de Tukey o aumento de expressão dos
melanomas em relação aos nevos atípicos e nevos comuns apresentou
significância estatística (p<0,001), porém o aumento de expressão dos
nevos atípicos em relação aos nevos comuns não apresentou a mesma
significância (p=0,999) (Tabela 12).
KLK6
A KLK6 apresentou aumento de expressão nas lesões de melanoma
cutâneo em relação aos nevos atípicos e nevos comuns e houve aumento
de expressão desta proteína nos nevos atípicos em relação aos nevos
comuns pelo teste de Kyuskal-Wallis (p<0,001). Na avaliação pelo teste de
Tukey houve significância estatística no aumento de expressão verificado
63
nas lesões de melanoma cutâneo em relação aos nevos atípicos e nevos
comuns (p<0,001) (Tabela 12).
KLK7
A proteína KLK7 apresentou maior expressão nas lesões de nevo
atípico em relação aos nevos comuns e melanoma cutâneo, o melanoma
cutâneo apresentou maior expressão em relação aos nevos comuns pelo
teste de Kruskal-Wallis (p<0,001). Utilizando-se o teste de Tukey, verificou-
se maior expressão dos nevos atípicos em relação aos nevos comuns e
melanomas cutâneos e maior de expressão nos melanomas cutâneos em
relação aos nevos comuns com valores estatisticamente significativos
(p<0,001 e p=0,001) (Tabela 12).
64
Tabela 12 - Valores medianos da expressão dos marcadores de acordo com
o tipo de lesão.
Avaliação post-hoc pelo teste
de Tukey HSD (valor de P)
Marcador Lesão n Mediana
Teste de
Kruskal-
Wallis
(valor de P)
Nevo
Nevo
atípico
Melanom
a
Citoceratina 5
Nevo
45 1,9 < 0,001
NA < 0,001 < 0,001
Nevo atípico
11 79,7
< 0,001 NA < 0,001
Melanoma
132 19,3
< 0,001 < 0,001 NA
Conexina 43
Nevo 43 12,8 < 0,001 NA 0,878 < 0,001
Nevo atípico
17 18,2
0,878 NA < 0,001
Melanoma
141 56,3
< 0,001 < 0,001 NA
Desmocolin
a 3
Nevo
47 0,2 < 0,001
NA 0,999 < 0,001
Nevo atípico
17 2,4
0,999 NA < 0,001
Melanoma
141 22,5
< 0,001 < 0,001 NA
Calicreina 6
Nevo
46 0,1 < 0,001
NA 0,518 < 0,001
Nevo atípico
15 0,5
0,518 NA 0,102
Melanoma
129 4,4
< 0,001 0,102 NA
Calicreina 7
Nevo
48 1,4 < 0,001
NA < 0,001 < 0,001
Nevo atípico
17 39,7
< 0,001 NA 0,001
Melanoma
139 23,1
< 0,001 0,001 NA
NA: Não se aplica. n: Total de casos.
5.3 COMPARAÇÃO ENTRE O ÍNDICE DE BRESLOW E A
EXPRESSÃO DOS ANTICORPOS ESTUDADOS NAS LESÕES DE
MELANOMA CUTÂNEO
Foi realizada a comparação entre o índice de Breslow em 3 categorias
(<1mm, 1,01 – 4,00mm e >4mm) e a marcação dos anticorpos CK5, Cx43,
DSC3, KLK6 e KLK7 por meio da mediana do escore combinado (Tabela 13)
obtido na avaliação (microscopia digital) das lesões de melanoma cutâneo.
65
Tabela 13 - Descrição da média e mediana do escore combinado dos
anticorpos estudados em relação ao índice de Breslow em 3 categorias. Os
valores das medianas estão em vermelho.
Breslow
(3 categorias)
CK5 Score
combinado
(SC)
Cx43 Score
combinado
DSC 3
Score
combinado
KLK6
Score
combinado
KLK7
Score
combinado
N
28 28 32 24 28
Média
60,6685 57,7064 27,7382 5,9774 37,5099
Até 1mm
Mediana
73,1159 56,9642 25,6155 1,0740 39,4369
N
72 78 74 69 76
Média
22,1500 50,2388 25,0729 9,7536 27,4439
1,01 - 4,00
mm
Mediana
10,6295 52,5596 21,0083 5,8885 20,0852
N
32 35 35 36 35
Média
25,3441 60,5765 25,1112 9,3871 21,1134
> 4 mm
Mediana
10,5523 60,3492 25,2277 4,0258 15,4237
N
132 141 141 129 139
Média
31,0949 54,2878 25,6873 8,9487 27,8776
Total
Mediana
19,3077 56,2688 22,4588 4,3951 23,1054
N: Total de casos.
CK5
Em relação aos grupos estudados (<1mm, 1,01 – 4,00mm e >4mm),
foi possível verificar-se maior expressão de CK5 nos melanomas finos
(<1mm) em relação aos melanomas intermediários (1,01 – 4,00mm) e
espessos (>4mm). Esta diferença foi estatisticamente significativa utilizando-
se o teste de Kruskal-Wallis (p<0,001). Na avaliação pelo teste de Tukey
comprovou-se que houve maior expressão de CK5 nos melanomas finos em
relação aos melanomas intermediários (p<0,001) e em relação aos
melanomas espessos (p<0,001), porém na análise entre os melanomas
intermediários e espessos que apresentavam mediana do escore combinado
de 10,6 não houve diferença estatística (p=0,846) (Tabela 14).
66
Cx43
Em relação à proteína Cx43 o teste de Kruskal-Wallis não mostrou
diferenças significativas entre o escore combinado para os melanomas finos,
intermediários e espessos (Tabela 14).
DSC3
Em relação à proteína DSC3 o teste de Kruskal-Wallis não mostrou
diferenças significativas entre o escore combinado para os melanomas finos,
intermediários e espessos (Tabela 14).
KLK6
A KLK6 apresentou diferenças de expressão entre os grupos
estudados no teste de Kruskal-Wallis (p=0,032). A expressão dos
melanomas intermediários foi maior que a expressão dos melanomas finos e
melanomas espessos e a expressão dos melanomas espessos foi maior que
a dos melanomas finos. Na realização do teste de Tukey não houve
diferença estatística significativa entre os grupos (Tabela 14).
KLK7
A expressão de KLK7 nos melanomas finos foi maior que a expressão
verificada nos melanomas intermediários e espessos (p=0,05). A expressão
desta proteína foi maior nos melanomas intermediários em relação aos
melanomas espessos (p=0,05). O teste de Tukey comprovou a maior
67
expressão nos melanomas finos em relação aos melanomas espessos
(p=0,014) (Tabela 14).
Tabela 14 - Valores medianos da expressão dos marcadores de acordo com
a espessura em milímetros (mm) do melanoma cutâneo (Breslow). Os
valores estatisticamente significativos estão em vermelho.
Avaliação post-hoc pelo teste
de Tukey HSD (valor de P)
Marcador
Espessura do
melanoma
em mm
(Breslow)
N
Media
na
Teste de
Kruskal-
Wallis
(valor de
P)
Até
1,00
mm
1,01 –
4,00 mm
> 4,00
mm
Citoceratina 5
Até 1,00 mm
28 73,1 < 0,001
NA < 0,001
<
0,001
1,01 – 4,00
mm
72 10,6
< 0,001 NA 0,846
> 4,00 mm
32 10,6
< 0,001 0,846 NA
Conexina 43
Até 1,00 mm
28 57,0 0,188
NA NA NA
1,01 – 4,00
mm
72 52,6
NA NA NA
> 4,00 mm
37 60,3
NA NA NA
Desmocolina
3
Até 1,00 mm
32 25,6 0,687
NA NA NA
1,01 – 4,00
mm
74 21,0
NA NA NA
> 4,00 mm
35 25,2
NA NA NA
Calicreina 6
Até 1,00 mm 24 1,1 0,032 NA 0,334 0,484
1,01 – 4,00
mm
69 5,9
0,334 NA 0,986
> 4,00 mm
36 4,0
0,484 0,986 NA
Calicreina 7
Até 1,00 mm
28 39,4 0,005
NA 0,113 0,014
1,01 – 4,00
mm
76 20,1
0,113 NA 0,359
> 4,00 mm
35 15,4
0,014 0,359 NA
NA: Não se aplica. N: Total de casos.
68
5.4 COMPARAÇÃO ENTRE O ESTADIAMENTO E A EXPRESSÃO
DOS ANTICORPOS ESTUDADOS NAS LESÕES DE MELANOMA
CUTÂNEO
Foi realizado o estudo de comparação entre as medianas dos escores
combinados dos diferentes marcadores (CK5, Cx43, DSC, KLK6 e KLK7)
nas lesões de melanoma cutâneo e o estadiamento (Tabela 15).
Tabela 15 - Descrição da média e mediana do escore combinado dos
anticorpos estudados em relação ao estadiamento em 3 categorias. Os
valores das medianas estão em vermelho.
Estadiamento
final
(3 categorias)
CK5 Score
combinado
(SC)
CON 43
Score
combinado
DSC 3 Score
combinado
KLK6 Score
combinado
KLK7 Score
combinado
N
53 57 57 47 55
Média
42,7067 50,3988 25,8937 8,0876 34,2332
Estádio 1
Mediana
48,2568 48,6615 21,5237 3,9808 33,4194
N
63 70 68 65 67
Média
25,3884 58,3854 24,6903 10,1129 24,2851
Estádio 2
Mediana
13,4426 60,5634 20,9439 5,5547 15,9590
N
16 14 16 17 17
Média
15,1005 49,6339 29,1895 6,8787 21,4738
Estádios 3 -
4
Mediana
2,3900 54,8560 25,9807 3,0925 14,0288
N
132 141 141 129 139
Média
31,0949 54,2878 25,6873 8,9487 27,8776
Total
Mediana
19,3077 56,2688 22,4588 4,3951 23,1054
N: Total de casos.
CK5
A CK5 apresentou maior expressão nos pacientes estádio I em
relação aos pacientes de estádio II e III/IV e nos pacientes de estádio II
houve maior expressão em relação aos pacientes de estádio III pelo teste de
69
Kruskal-Wallis (p=0,002). Na avaliação pelo teste de Tukey, houve maior
expressão de CK5 no estádio I em relação aos estádios II e III/IV (p0,006 e
p=0,004) (Tabela 16).
Cx43
A comparação entre a mediana dos escores combinados nos estádios
I, II e III/IV e a proteína conexina 43 não apresentou valores estatisticamente
significativos pelo teste de Kruskal-Wallis (p=0,197) (Tabela 16).
DSC3
A comparação entre a mediana dos escores combinados nos estádios
I, II e III/IV e a proteína desmocolina 3 não apresentou valores
estatisticamente significativos pelo teste de Kruskal-Wallis (p=0,667) (Tabela
16).
KLK6
A comparação entre a mediana dos escores combinados nos estádios
I, II e III/IV e a proteína KLK6 não apresentou valores estatisticamente
significativos pelo teste de Kruskal-Wallis (p=0,485) (Tabela 16).
KLK7
A calicreina 7 apresentou-se com maior expressão nos pacientes com
estádio I em relação aos pacientes estádio II e III/IV e houve maior sua
expressão nos pacientes estádio II em relação aos pacientes estádio III/IV
70
pelo teste de Kruskal-Wallis (p=0,007). Na avaliação pelo teste de Tukey, a
maior expressão da KLK7 ocorreu nos pacientes estádio I em relação aos
pacientes estádio II foi estatisticamente significativa (p=0,045) (Tabela 16).
Tabela 16 - Valores medianos da expressão dos marcadores de acordo com
o estadiamento dos pacientes com melanoma cutâneo em 3 categorias
(estádio I, II e III/IV). Os valores estatisticamente significativos estão em
vermelho.
Avaliação post-hoc pelo
teste de Tukey HSD (valor
de P)
Marcador Estadiamento n
Median
a
Teste de
Kruskal-
Wallis
(valor de
P)
Estádio
I
Estádi
o II
Estádio
s III e
IV
Citoceratina 5
Estádio I
53 48,3 0,002
-- 0,006 0,004
Estádio II
63 13,4
0,006 -- 0,434
Estádios III e
IV
16 2,4
0,004 0,434 --
Conexina 43
Estádio I
57 48,7 0,197
NA NA NA
Estádio II
70 60,6
NA NA NA
Estádios III e
IV
14 54,9
NA NA NA
Desmocolin
a 3
Estádio I
57 21,5 0,667
NA NA NA
Estádio II
68 20,9
NA NA NA
Estádios III e
IV
16 26,0
NA NA NA
Calicreina 6
Estádio I
47 4,0 0,485
NA NA NA
Estádio II 65 5,6 NA NA NA
Estádios III e
IV
17 3,1
NA NA NA
Calicreina 7
Estádio I 55 33,4 0,007 -- 0,045 0,110
Estádio II 67 16,0 0,045 -- 0,892
Estádios III e
IV
17 14,0
0,110 0,892 --
NA: Não se aplica. n: Total de casos.
71
5.5 COMPARAÇÃO ENTRE O STATUS LINFONODAL E A
EXPRESSÃO DOS ANTICORPOS ESTUDADOS NAS LESÕES DE
MELANOMA CUTÂNEO
Para efeito estatístico, na comparação da expressão dos marcadores
estudados, os dois TMA foram utilizados em conjunto, avaliando-se
pacientes com e sem metástases linfonodais, não se considerando o tipo, se
micro ou macrometástases.
Foi realizado o estudo comparativo entre os valores medianos dos
escores combinados dos marcadores estudados (CK5, Cx43, DSC3, KLK6 e
KLK7) e o status linfonodal dos pacientes com melanoma cutâneo por meio
do teste de Mann-Whitney.
A CK5 apresentava-se com maior expressão nos pacientes com
presença de metástase linfonodal (p<0,001). A conexina 43 apresentava-se
com maior expressão nos pacientes com metástase linfonodal (p=0,009). A
desmocolina apresentava-se com maior expressão nos pacientes com
metástase linfonodal (p=0,001). A KLK6 apresentava-se com maior
expressão nos pacientes com metástase linfonodal, porém estatisticamente
não significativa (p=0,618). A calicreina 7 apresentou-se com maior
expressão nos pacientes sem metástase linfonodal (p=0,005) (Tabela 17).
72
Tabela 17 - Valores medianos da expressão dos marcadores de acordo com
o status linfonodal. Os valores estatisticamente significativos estão em
vermelho.
Marcador Metástase linfonodal n Mediana
Teste de
Mann-Whitney
(valor de P)
Citoceratina 5
Sim 77 22,1 < 0,001
Não 35 1,63
Conexina 43
Sim 79 60,3 0,009
Não 44 46,4
Desmocolina 3
Sim 80 28,2 0,001
Não 39 15,1
Calicreina 6
Sim 80 6,1 0,618
Não 35 4,0
Calicreina 7
Sim 81 16,0 0,005
Não 39 33,4
n: Total de casos.
5.6 ESTUDO DA CORRELAÇÃO ENTRE A EXPRESSÃO DOS
MARCADORES BIOMOLECULARES
Na avaliação da correlação da expressão entre os marcadores
tumorais calculado o coeficiente de Spearman (rho). A correlação é
considerada fraca se o valor de rho <0,25, regular se 0,25< rho <0,50,
moderada se 0,50< rho <0,75, forte se 0,75< rho <1 e perfeita se rho =1.
Todos os resultados obtidos nesta avaliação apresentaram valores positivos
de rho e foram estatisticamente significativos (Tabela 18). O valor positivo
significa que na correlação entre a expressão dos marcadores se um
marcador tem expressão aumentada, o outro também tem.
73
CK5
Houve uma fraca correlação entre CK5 e Cx43 (rho=0,224), CK5 e
DSC3 (rho=0,212) e CK5 e KLK6 (rho=0,248). A correlação entre CK5 e
KLK7 foi regular (rho=0,486) (Tabela 18).
Cx43
Houve uma fraca correlação entre a expressão de Cx43 e CK5
(rho=0,224) e Cx43 e KLK7 (rho=0,244). A correlação entre Cx43 e DSC3 foi
moderada (rho=0,708) e a correlação entre a expressão da conexina 43 e
KLK6 foi regular (rho=0,429) (Tabela 18).
DSC3
Houve uma fraca correlação entre a expressão de DSC3 e CK5
(rho=0,212) e DSC3 e KLK7 (rho=0,291). A correlação entre DSC3 e Cx43
foi moderada (rho=0,708) e a correlação entre DSC3 e KLK6 foi regular
(rho=0,396) (Tabela 18).
KLK6
Houve uma fraca correlação entre a expressão de KLK6 e CK5
(rho=0,248). A correlação da expressão entre KLK6 e Cx43 foi regular
(rho=0,429), assim como a correlação da expressão entre KLK6 e DSC3
(rho=0,396). A correlação da expressão de KLK6 e KLK7 foi moderada
(rho=0,569) (Tabela 18).
74
KLK7
Houve uma fraca correlação entre a expressão de KLK7 e Cx43
(rho=0,244). Houve uma regular correlação entre a expressão de KLK7 e
CK5 (rho=0,486) e KLK7 e DSC3 (rho=0,291). A correlação da expressão da
KLK7 e KLK6 foi moderada (rho=0,569) (Tabela18).
Tabela 18 – Correlação entre a expressão das proteínas estudadas.
Marcador
Keratina
5
Conexina
43
Desmocolina
3
Calicreina
6
Calicreina
7
Citoceratina 5
Spearman
(rho)
NA 0,224 0,212 0,248 0,486
Valor de P NA 0,001 0,003 < 0,001 < 0,001
Conexina 43
Spearman
(rho)
0,224 NA 0,708 0,429 0,244
Valor de P 0,001 NA < 0,001 < 0,001 < 0,001
Desmocolina
3
Spearman
(rho)
0,212 0,708 NA 0,396 0,291
Valor de P 0,003 < 0,001 NA < 0,001 < 0,001
Calicreina 6
Spearman
(rho)
0,248 0,429 0,396 NA 0,569
Valor de P < 0,001 < 0,001 < 0,001 NA < 0,001
Calicreina 7
Spearman
(rho)
0,486 0,244 0,291 0,569 NA
Valor de P < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 NA
NA: Não se aplica.
75
5 DISCUSSÃO
Os resultados apresentados foram obtidos por meio de análise de
imagens digitalizadas com alta resolução, o que permitiu a identificação de
modificações sutis da imunomarcação.
Utilizou-se uma padronização de identificação das áreas a serem
estudadas por meio de circunferências pré-determinadas pelo programa, e
que não delimitam exclusivamente o tecido contendo melanócitos (névicos
ou atípicos), principalmente nas amostras de nevos atípicos onde as áreas
de hot spot estavam localizadas junção dermo-epidermica e não foi possível
selecionar apenas os melanócitos atípicos havendo contaminação pelos
ceratinócitos Desta forma, a fim de evitar possível viés de contagem, foram
escolhidas as áreas mais representativas da lesão em estudo. Além disto,
como se trata de estudo comparativo entre expressões protéicas, o viés, se
efetivamente presente, ocorreu em todas as amostras, diluindo a sua
participação na interpretação dos resultados. Contribuiu para a melhor
avaliação, o fato de que em todas as lesões, foi realizado um estudo em
quadruplicata, permitindo uma melhor avaliação estatística comparativa.
Na confecção dos TMAs de nevos melanocíticos e melanomas finos
houve uma dificuldade com relação à obtenção das amostras do bloco
doador. Nas lesões que apresentam a epiderme íntegra o punch utilizado
para obtenção da amostra do doador não é cortante dificultando sua
76
aquisição. Após afiarmos o punch com uma lixa delicada, não houve mais
perda do material.
As funções de comunicação intercelular e adesão celular ocorrem por
meio das estruturas celulares denominadas junções. As junções que
mantêm o epitélio coeso, formando ligações mecânicas, são de três tipos
principais: junções aderentes, desmossomos e hemidesmossomos. As
junções aderentes e os desmossomos ligam uma célula epitelial à outra e os
hemidesmossomos ligam a célula epitelial à lâmina basal. A junção tipo
fenda (gap junction) permite a passagem de íons e pequenas moléculas de
uma célula à outra (ALBERTS et al. 1997).
Os melanócitos não possuem hemidesmossomos verdadeiros, há
estruturas especializadas que os une à lâmina basal, do tipo
hemidesmossomos, estruturas pouco estudadas e denominadas de “placas
densas” (TARNOWSKI 1970). As “placas densas” encontradas nos
melanócitos diferem dos hemidesmossomos dos ceratinócitos basais por
apresentarem filamentos menos elétron densos convergindo para a placa à
microscopia eletrônica (TARNOWSKI 1970).
As alterações em relação às proteínas estudadas, envolvidas com a
adesão e comunicação celular e que fazem parte de estruturas celulares
importantes (Quadro 6), poderão interferir direta ou indiretamente na
comunicação de melanócitos com ceratinócitos e/ou matriz extracelular. As
proteínas desmocolina 3 e citoceratina 5 estão envolvidas com a formação e
manutenção dos desmossomos, hemidesmossomos e da estrutura celular. A
conexina 43 é importante na formação das junções tipo fenda (gap
77
junctions). As proteínas calicreina 6 e 7 estão envolvidas com a descamação
celular epidérmica.
Quadro 6 - Descrição das proteínas (estudadas) envolvidas na adesão e
comunicação celular.
Estrutura celular Proteínas envolvidas Função
Desmossomos e
hemidesmossomos
Desmocolina 3 e citoceratina 5 Adesão e estrutura celular
Junções tipo fenda Conexina 43 Comunicação celular
Desmocolina 3
O desenvolvimento do câncer é em parte caracterizado pela
habilidade das células de romperem a adesão célula-célula e invadirem o
tecido adjacente. A troca da E-cadenina por N-caderina já foi documentada
em uma variedade de tumores, incluindo as lesões melanocíticas (nevos e
melanomas). Esta substituição leva à perda da adesão celular e progressão
tumoral (KHAN et al. 2006).
Alterações espaciais e funcionais da interação entre melanócitos e
ceratinócitos foram descritas, como a perda da associação dos melanócitos
com a epiderme, capacidade proliferativa dos melanócitos e invasão da
derme. Sugere-se que o fenótipo maligno do melanoma reflita um distúrbio
no controle normal de vias de transdução de sinais dependentes da E-
caderina dos ceratinócitos adjacentes. Alguns estudos demonstraram que a
interação molecular por meio de E-caderina, entre ceratinócitos e
melanócitos, induz inibição do crescimento de células de melanoma in vitro,
78
porém não existem evidências de que esta regulação negativa seja
suficiente para iniciar um melanoma (LI et al. 2001).
Admite-se que a substituição de E-caderina por N-caderina permite
que as células melanocíticas escapem do controle dos ceratinócitos
vizinhos, conferindo às células do melanoma, demonstrada in vitro e in vivo,
capacidade potencial de interação com fibroblastos N-caderina positivos da
derme e células endoteliais, ou seja, adquirem novas propriedades adesivas,
que facilitariam a invasão e metastatização. A substituição de E-caderina por
N-caderina foi observada no processo de diferenciação e migração do
melanoblasto, durante o desenvolvimento embrionário normal e nos
processos de invasão e metástase, durante o desenvolvimento tumoral (LI et
al. 2001).
Os nevos melanocíticos são formados por células pigmentadas com
características comuns aos melanócitos, porém apresentam uma
diferenciação alterada que leva à formação de ninhos e invasão dérmica
(GONTIER et al. 2004). A E-caderina é considerada a maior responsável
pela adesão entre os melanócitos e os ceratinócitos epidérmicos e tem
importância na função e localização do melanócito na epiderme. Estudos
realizados com nevos adquiridos demonstraram a fraca presença de E-
caderinas em ninhos localizados na junção dermo-epidérmica (GONTIER et
al. 2004). Em um estudo imunoistoquímico, foi possível observar que as
células dérmicas dos nevos congênitos isoladas ou em ninhos não
expressavam E-cadenina. Neste mesmo estudo, os autores sugeriram que a
perda de E-caderina estaria envolvida com a formação de ninhos, mas não
79
com a migração na derme e sugeriram que possivelmente um defeito no
controle dos ceratinócitos sobre os melanócitos poderia ser um evento inicial
na formação dos nevos. A perda do controle dos ceratinócitos leva à
proliferação e à formação do compartimento dérmico dos nevos
melanocíticos (GONTIER et al. 2004).
Muitos estudos têm demonstrado que a formação das junções
aderentes é pré-requisito para a formação dos desmossomos. Em estudo
realizado por HANAKAWA et al. (2000), a desmocolina 3 mostrou-se estar
envolvida não só com a formação dos desmossomos, mas também com as
junções aderentes. A porção citoplasmática da desmocolina 3 interagia não
só com a plakoglobina, mas também com a β-catenina. Assim, propuseram
uma hipótese molecular para a formação dos desmossomos: o contato
célula-célula se inicia com a caderina clássica (E-caderina) responsáveis
pela formação das junções aderentes. Para maior estabilidade da interação
célula-célula, a desmocolina 3 é recrutada como um componente inicial dos
desmossomos mediado pelas junções aderentes. Este recrutamento é
facilitado pela interação da desmocolina 3 com a β-catenina. Finalmente, a
desmocolina 3 se posiciona no sítio de contato, recrutando outros
componentes desmossomais incluindo a desmoplakina e plakoglobina.
Assim, a desmocolina 3 tem papel importante na formação dos
desmossomos após o estabelecimento das junções aderentes (HANAKAWA
et al. 2000).
No presente estudo, o encontro da maior expressão da desmocolina 3
em melanomas em relação aos nevos comuns (Figuras 7 e 8) e atípicos
80
pode estar relacionado com a troca de E-caderina por N-caderina que levaria
ao aumento de β-catenina citoplasmática e perda da interação entre β-
catenina e a desmocolina 3 e conseqüentemente perda da adesão celular e
início da nevogênese. A nossa hipótese propõe que o hemidesmossomo dos
melanócitos descrito por TARNOWSKI (1970) contenha as mesmas
proteínas de adesão do desmossomo, porém com estrutura diferente. A
desmocolina 3, então, se apresentaria com menor expressão na fase
precoce do modelo de progressão tumoral dos melanomas, ou seja, nos
nevos comuns e nevos atípicos.
OSHIRO et al. (2005) demonstraram que DSC3 é um gene de
resposta ao gene p53 e que DSC3 e p53 encontravam-se silenciados em
câncer da mama. Em um estudo imunoistoquímico observaram que os
melanomas com espessura acima de 1,0 mm apresentaram maior
expressão de p53 nuclear, estando em concordância com dados da literatura
que definem a superexpressão de p53 como sendo um evento tardio na
gênese dos melanomas e estando relacionada à progressão tumoral
(PIEPKORN 2000; CZAJKOWSKI et al. 2002; HUSSEIN et al. 2003; SÁ et
al. (in press). Considerando-se que, no trabalho de SÁ (2005), houve
aumento da expressão de p53 em melanomas mais profundos, e que estes
resultados foram obtidos do mesmo TMA utilizado no presente estudo, seria
possível hipotetizar que na progressão dos melanomas invasivos maiores
que 1 mm, o aumento da expressão do gene p53 levaria à ativação de
DSC3, justificando-se o encontro de uma maior expressão de DSC3 nos
melanomas estudados em relação aos nevos.
81
No entanto, o estudo da associação entre a expressão da
desmocolina 3 e a espessura de Breslow em 3 categorias (>1mm, 1,01 –
4,00mm e >4mm), assim como no estudo de associação da expressão da
desmocolina 3 e o estadiamento dos pacientes com diagnóstico de
melanoma cutâneo, não evidenciou-se diferenças estatísticas significativas.
Desta forma, a relação p53/DSC3 acima mencionada não pôde ser
comprovada utilizando-se o método imunoistoquímico.
No estudo da associação entre a expressão da desmocolina 3 e o
status linfonodal, a maior expressão verificada nos pacientes com metástase
linfonodal em relação aos pacientes sem a presença desta corrobora a
hipótese de que a maior expressão desta proteína é um evento tardio no
modelo de progressão tumoral nos melanomas.
82
Legenda: Menor expressão de DSC3 no citoplasma (coloração rósea).
Figura 7 - Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de DSC3 em
melanoma.
Legenda: Maior expressão de DSC3 no citoplasma (coloração rósea).
Figura 8 - Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de DSC3 em
células névicas.
83
Cx43
A formação das gap junctions também requer a adesão célula-célula
apropriada e as caderinas são as principais proteínas envolvidas no
processo de adesão celular (TROSKO e RUCH 1998).
A maioria das células neoplásicas apresentam junções tipo fenda
reduzidas com pouca expressão de conexina. A alteração da expressão de
conexina foi encontrada em um grande número de tumores como da glia,
hepatocarcinomas, endometriais e da cérvice (TROSKO e RUCH 1998;
LANGLOIS et al. 2008). O aumento da expressão de conexina 43 também já
foi descrito em células neoplásicas em diferentes estudos, porém não indica
anormalidade da comunicação (TROSKO e RUCH 1998).
A expressão de conexina 43 foi observada no epitélio estratificado da
cérvice humana. Em estudo imunoistoquímico em cérvice humana, não
houve marcação de conexina 43 nas células basais e estrato córneo e houve
uma distribuição heterogênea da marcação para conexina 43 fosforilada na
camada espinhosa e granulosa. Esta distribuição sugere uma diferença
fisiológica entre as células localizadas nas diferentes camadas e especula-
se que o padrão de fosforilação da conexina 43 se correlaciona com o
estágio de diferenciação celular de um epitélio. Neste mesmo estudo
observou-se que o aumento da expressão de conexina 43 fosforilada em
NIC III (carcinoma in situ) e carcinoma invasivo da cérvice parece não ser a
causa do processo de malignização, mas resultado da alteração da
organização estrutural do tecido (LANGLOIS et al. 2008).
Alguns fatores de crescimento podem alterar a função das gap
junctions. O mecanismo de inibição das gap junctions pelo fator de
84
crescimento epidérmico está relacionado ao estímulo de fosforilação das
conexinas pela proteína quinase de ativação mitogênica (MAPK) e
fechamento dos canais em fenda (TROSKO e RUCH 1998).
PATTON et al. (2005) estabeleceram um modelo de desenvolvimento
do melanoma em zebrafish demonstrando a relevância patológica da
ativação de BRAF e deficiência de p53 na formação do melanoma. Neste
estudo a mutação de BRAF mostrou-se suficiente para a transformação de
melanócitos em nevos. A mutação com ativação de BRAF por meio da via
de ativação de MAPK associada à deficiência de p53 promoveu a
transformação dos melanócitos em melanoma neste sistema animal.
No presente estudo houve maior expressão de conexina 43 nos
melanomas cutâneos em relação aos nevos comuns e atípicos (Figuras 9 e
10). A maior expressão verificada em células do melanoma é compatível
com o encontrado por LANGLOIS et al. (2008) em NIC III e carcinoma
invasivo da cérvice. Porém, a conexina 43 neste estudo apresentou-se com
maior expressão na membrana celular e a conexina 43 utilizada por
LANGLOIS et al. (2008) apresentou-se com expressão aumentada no
citoplasma.
A menor expressão dos nevos comuns e atípicos em relação ao
melanoma encontrada em nosso estudo (Figuras 9 e 10) poderia ser
explicada baseando-se nos achados de PATTON et al. (2005) em relação
aos nevos e melanomas, ou seja, nos nevos e nas fases iniciais dos
melanomas ocorreria mutação e ativação de BRAF levando à ativação da
cascata de sinalização de MAPK e conseqüentemente inibindo as gap
85
junctions por meio da fosforilação da conexina 43. Nas fases mais tardias do
modelo de progressão tumoral dos melanomas cutâneos a conexina 43 tem
aumento de sua expressão provavelmente relacionado à invasão e
metástase. Infelizmente quando se avaliou a expressão de conexina 43 e
espessura de Breslow os dados não se mostraram significativos e não foi
possível confirmar a hipótese de que nos melanomas finos a expressão de
conexina 43 é menor em relação aos melanomas intermediários e espessos.
O mesmo ocorreu em relação à comparação entre a expressão de conexina
43 e o estadiamento do melanoma.
No estudo de associação entre a expressão de conexina 43 e o status
linfonodal observou-se uma maior expressão desta proteína em pacientes
com metástase linfonodal em relação aos que não a apresentaram. Este
dado indiretamente corrobora nossa hipótese de que nas fases mais tardias
do melanoma a conexina 43 se apresentaria com maior expressão.
86
Legenda: Maior expressão de Cx43 na membrana celular (coloração rósea).
Figura 9 - Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de Cx43 em
células do melanoma.
Legenda: Menor expressão de Cx43 na membrana celular (coloração rósea).
Figura 10 - Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de Cx43 em
células névicas.
87
CK5
A expressão de CK5 nos estudo de microarranjos de cDNA
anteriormente realizados pelo grupo de REIS et al. (dados não publicados)
foi evidenciada após microdissecção à laser das áreas de interesse, sem a
contaminação de eventuais elementos epiteliais. Este detalhe técnico é
muito importante, uma vez que não há apenas uma menção na literatura da
presença de CK5 em melanócitos e que os resultados mostraram aumento
da expressão dos genes de CK5 nos nevos em relação aos melanomas. De
fato, em nossos resultados, a expressão imunoistoquímica de CK5 foi maior
em nevos atípicos em relação ao melanoma, embora em nevos comuns se
tenha encontrado expressão bem menor, em oposição ao trabalho com
microarranjos onde a expressão era muito superior em nevos em relação
aos melanomas.
O tecido mamário é composto por dois tipos celulares distintos, as
células luminais e basais que apresentam diferentes padrões de expressão
das citoceratinas. As células luminais contêm as CK7, CK8, CK18 e CK19 e
as células basais contêm citoceratinas de alto peso molecular, as CK5 e
CK14. O perfil das citoceratinas em certos processos patológicos da mama
pode ajudar na identificação da natureza das células patológicas, permitindo
a realização do diagnóstico. Na hiperplasia ductal da mama a maioria das
células coram para os anticorpos CK5 e CK6. Em contraste, o carcinoma
ductal convencional in situ, formado por células predominantemente ductais,
cora para as CK8, CK18 e CK19 e não coram para CK5 e CK6. Essa
diferença do perfil de expressão das citoceratinas por meio do estudo
imunoistoquímico tem sido explorada com sucesso atualmente na distinção
88
entre hiperplasias ductais da mama e o carcinoma ductal in situ da mama
(RABBAN et al. 2006). A expressão de CK5 e CK6 também se mostrou útil
na distinção entre a hiperplasia ductal da mama e o carcinoma ductal sólido
in situ da mama (subtipo de carcinoma muito semelhante histologicamente à
hiperplasia ductal da mama) uma vez que as amostras de tecido do
carcinoma ductal sólido in situ da mama não corou para as CK5 e CK6
(RABBAN et al. 2006).
CHU e WEISS (2002) realizaram um estudo com 509 casos de
carcinomas de diferentes órgãos e verificaram a expressão de CK5/6.
Confirmaram a utilidade de CK5/6 na distinção entre mesotelioma (aumento
de expressão) de adenocarcinoma pulmonar (ausência de expressão) e de
adenocarcinoma não pulmonar (aumento de expressão, porém com
necessidade de associação com outros marcadores tumorais para
realização do diagnóstico). Observaram que os carcinomas originados do
epitélio estratificado e de células mioepiteliais originadas de vários tecidos
coraram para CK5/6, podendo ser usado como marcador de carcinoma
espinocelular, carcinoma basocelular, carcinoma de células transicionais,
tumores de glândulas salivares e timoma. A proteína CK5/6 também se
mostrou útil na distinção entre glândulas prostáticas benignas e malignas
(CHU e WEISS 2002).
No estudo de RABBAN et al. (2006) a CK5 teve papel na
diferenciação entre lesões hiperplásicas ductais (consideradas pré-
neoplasias) da mama e o carcinoma ductal in situ. As lesões hiperplásicas
ductais expressaram CK5 e o carcinoma ductal in situ não expressou a
89
proteína. Embora a comparação de células epiteliais com melanócitos,
células de origens embriológicas diferentes seja discutível, em nosso
trabalho, a sua maior expressão nos nevos atípicos, poderia significar um
possível marcador de transformação maligna, baseando-se nas observações
de RABBAN et al. (2006).
A menor expressão de CK5 observada nos nevos comuns em relação
aos nevos atípicos e melanoma em nosso estudo (Figuras 11 a 13) poderia
ser justificada pela perda da adesão célula-célula que ocorre com a troca da
E-caderina por N-caderina na superfície celular e alterações na expressão
de DSC3 levando à perda da adesão celular (GONTIER et al. 2004). A
extremidade dos filamentos intermediários (compostos pelas ceratinas) está
ancorada nos desmossomos e se associa aos componentes laterais
desmoplaquina e plakoglobina, que por sua vez estão ligadas as
desmocolinas (Figura 14) (ALBERTS et al. 1997). A menor expressão de
desmocolina 3 poderia levar à menor expressão de CK5 nas células névicas
devido a perda da adesão celular e conseqüentemente perda da capacidade
das citoceratinas de formarem filamentos. Esta perda da formação dos
filamentos foi descrita por KATAGATA et al. (1999) em cultura de células de
melanoma, mas acreditamos que ela já se inicie nos nevos comuns (fase
inicial do modelo de progressão do melanoma). Assim, justifica-se o
encontro de menor expressão de citoceratina 5 em nevos em relação aos
melanomas cutâneos. Postula-se que nos melanomas a perda da adesão
celular seja maior, havendo maior desestruturação celular e maior expressão
da citoceratina 5.
90
O encontro da expressão aumentada da citoceratina 5 nos nevos
atípicos pode ser justificada pela contaminação dos ceratinócitos basais que
expressam esta proteína, como descrito por BHAWAN et al. (2005).
Sugerimos que a expressão de CK5 possa ser maior que a encontrada nos
nevos comuns, porém acreditamos que não seja maior que a expressão
encontrada nos melanomas cutâneos. Nos melanomas haveria importante
perda da adesão celular e conseqüentemente perda da estrutura celular
acentuada com maior expressão de CK5. Por ausência de dados da
literatura que corroborem com nossas observações, não existe segurança
em afirmar que os eventos descritos ocorram na comunicação entre os
melanócitos.
91
Legenda: Menor expressão de CK5 citoplasmática. Notar a ausência da pigmentação em
ninhos de células névicas.
Figura 11 - Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de CK5 em
células de nevo comum.
Legenda: Maior expressão de CK5 citoplasmática. Notar a dificuldade de demarcação das
áreas contendo células atípicas na epiderme pela presença dos ceratinócitos pigmentados.
Figura 12 - Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de CK5 em
células atípicas do nevo atípico.
92
Legenda: Expressão intermediária no citoplasma. Notar a sensibilidade da microscopia
digital na detecção do marcador.
Figura 13 - Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de CK5 em
células do melanoma cutâneo.
93
Diante destes resultados, é lícito supor que as estruturas
denominadas hemidesmossomos, propostas por TARNOWSKI (1970)
possam ter participação neste mecanismo de adesão.
Legenda:
(A) Eletromicrografia de 3 desmossomos de células intestinais de camundongo.
(B) Eletron micrografia de um único desmossomo entres duas células epidérmicas
mostrando os filamentos intermediários. (C) Os componentes estruturais de um
desmossomo. Na superfície citoplasmática de cada célula existe uma placa densa
composta de proteínas de ancoragem intracelular. Os filamentos intermediários estão
aderidos na superfície cellular de cada placa. Proteínas de adesão transmembrana da
família das caderinas se ligam à placa e interagem com o domínio extracelular da
membrana celular adjacente por meio de um mecanismo cálcio dependente. (D) Alguns dos
componentes moleculares do desmossomo. A desmogleína e a desmocolina são membros
da família das proteínas de adesão caderinas. Suas caudas citoplasmáticas se ligam à
plakoglobina que por sua vez se liga à desmoplaquina. A desmoplaquina também se liga
aos filamentos intermediários.
Fonte: ALBERTS et al. (1997)
Figura 14 - A estrutura do desmossomo e sua correlação com CK5.
94
A diferença de expressão de CK5 em nevos comuns, nevos atípicos e
melanomas observada em nosso estudo poderia compor um padrão de
expressão que ajudaria na distinção das etapas do modelo de progressão do
melanoma cutâneo. A lesão precursora (nevo comum) apresentaria menor
expressão da proteína, a lesão intermediária (nevo atípico) apresentaria
maior expressão e a lesão neoplásica invasiva (melanoma) apresentaria
expressão intermediária.
KLKs
Por meio da técnica de PCR, JOHNSON et al. (2007) encontraram o
aumento da expressão de KLK7 em adenocarcinomas ductais pancreáticos
em relação ao tecido pancreático normal. Baseados nas observações de que
a KLK7 está envolvida com a descamação celular e tem a propriedade de
clivar o domínio extracelular da proteína E-caderina diminuindo a agregação
entre as células pancreáticas, propuseram que a expressão aberrante de
KLK7 pode ter papel importante no desenvolvimento do câncer pancreático.
Utilizando tecido fresco congelado, SHAN et al. (2006) observaram
que a proteína KLK7 se apresentava em baixas concentrações em tecido
ovariano normal, em lesões benignas do ovário e tumores não ovarianos
metastáticos. No câncer ovariano, entretanto, KLK7 se encontrava 10 a 15
vezes aumentada e este aumento se correlacionou com os estádios mais
avançados da doença.
Em relação à KLK6, além de se mostrar envolvida com a cascata
proteolítica da descamação epidérmica, foi encontrada com grande
95
expressão em doenças do sistema nervoso central (SNC). Alguns achados
laboratoriais sugeriram que a KLK6 é uma molécula mediadora inflamatória
das doenças desmielinizantes do SNC (CHRISTOPHI et al. 2004).
Em nosso estudo encontramos maior expressão de calicreina 6 e
calicreina 7 em melanomas cutâneos em relação aos nevos comuns. Este
achado é semelhante ao encontrado por JOHNSON et al. (2007) em
adenocarcinomas ductais pancreáticos em relação ao tecido pancreático
normal. Baseando-se nestes achados, podemos também hipotetizar que a
as calicreinas seriam responsáveis pela perda da adesão celular por meio da
clivagem das E-caderinas e que este processo se iniciaria nas lesões
névicas e estaria muito aumentado nos melanomas. A maior expressão de
calicreina 7 encontrada nos nevos atípicos em relação aos nevos comuns e
melanoma é difícil de ser justificada devido à ausência de publicações na
literatura médica (Figuras 15 a 19).
96
Legenda: Menor expressão de KLK6 citoplasmática (coloração acastanhada).
Figura 15 - Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de KLK6
em células névicas.
Legenda: Maior expressão de KLK6 no citoplasmática (coloração acastanhada).
Figura 16 - Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de KLK6
em células de melanoma.
97
Legenda: Menor expressão de KLK7 citoplasmática (coloração acastanhada).
Figura 17 - Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de KLK7
em células névicas.
Legenda: Maior expressão de KLK7 citoplasmática (coloração acastanhada). Notar a
dificuldade de demarcação das áreas contendo células atípicas na epiderme pela presença
dos ceratinócitos pigmentados.
Figura 18 - Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de KLK7
em células atípicas do nevo atípico.
98
Legenda: Expressão intermediária de KLK7 citoplasmática (coloração acastanhada).
Figura 19 - Microfotografia (400X): Expressão imunoistoquímica de KLK7
em células do melanoma.
A associação da expressão da calicreina 7 com a espessura de
Breslow mostrou que nos melanomas finos (<1,00mm) esta era maior em
relação aos melanomas espessos (>4mm). Em relação ao estadiamento, a
calicreina 7 mostrou-se maior no estádio 1 em relação ao estádio 2 nos
melanomas Na avaliação do status linfonodal a calicreina 7 apresentou
maior expressão nos pacientes sem metástase linfonodal em relação
aqueles com metástase linfonodal. Podemos então hipotetizar que a maior
expressão de calicreina 7 é um evento precoce no desenvolvimento dos
melanomas cutâneos.
99
6.1 CORRELAÇÃO ENTRE A EXPRESSÃO DOS MARCADORES
BIOMOLECULARES
A correlação entre as proteínas Cx43 e DSC3 foi positiva e moderada
(considerado um bom coeficiente de Spierman – rho). Esta correlação pode
ser justificada pelo envolvimento destas duas proteínas na adesão celular.
Neste estudo de fato verificou-se uma maior expressão de conexina 43 e
calicreina 7 nos melanomas em relação aos nevos comuns e atípicos.
A correlação entre as proteínas calicreina 6 e calicreina 7 foi positiva e
moderada. Este dado corrobora o que foi observado por Borgono e
colaboradores, que a calicreina 6 participa de uma cascata de ativação que
culminaria com a ativação de calicreina 7, justificando o encontro destas
proteínas aumentadas nos melanomas em relação aos nevos (BORGOÑO
et al. 2007).
100
6 CONCLUSÃO
1. A microscopia digital permitiu a realização de análise quantitativa para
comparação da expressão imunoistoquímica dos marcadores dentro
do modelo de progressão do melanoma, como proposto inicialmente;
2. O método utilizado permitiu observar expressões diferenciais nos
marcadores biomoleculares identificados pela técnica de
microarranjos de cDNA, embora os resultados finais não sejam os
mesmos;
3. A expressão de desmocolina 3, conexina 43, foi maior em
melanomas, comparando-se com a de nevos comuns e nevos
atípicos;
4. A expressão de citoceratina 5 e calicreina 7 foi maior em nevos
atípicos em relação a melanomas e nevos comuns e maior nos
melanomas em relação aos nevos comuns;
5. A expressão de calicreina 6 foi maior em melanomas, comparando-se
com a de nevos comuns;
6. Houve uma correlação positiva e moderada entre a expressão de
conexina 43 e desmocolina 3.
7. Houve uma correlação positiva e moderada entre a expressão de
calicreina 6 e calicreina 7.
101
Legenda: Modelo de Progressão Tumoral em Melanomas evidenciando a expressão
estatisticamente significativa das proteínas estudadas. Na fase inicial da progressão, nos
nevos houve menor expressão de CK5 e KLK7. Na fase do nevo atípico observou-se maior
expressão de CK5 e KLK7. Na fase do melanoma verificou-se maior expressão de Cx43,
DSC3, KLK6 e KLK7. A seta vermelha indica menor expressão, a azul maior expressão e
amarela, expressão intermediária.
Fonte: Adaptado de CLARK et al. (1984)
Figura 20 - Modelo de Progressão Tumoral em Melanomas e a expressão
das proteínas estudadas,
Hiperplasia
Melanocítica
Nevo
Comum
Nevo
Dis
p
lásico
Melanoma
RGP
Melanoma
V
GP
CK5
KLK7
CK5
KLK7
CK5
Cx43
DSC3
KLK6
KLK7
102
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