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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAS APLICADAS
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ESTRATÉGIA E ORGANIZAÇÕES
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
A INFLUÊNCIA DOS AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO NO COMPORTAMENTO DE
SEPARAÇÃO DE MATERIAIS PARA A RECICLAGEM:
um estudo com jovens universitários de Curitiba
CAROLINA FABRIS FERREIRA
CURITIBA
2009
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CAROLINA FABRIS FERREIRA
A INFLUÊNCIA DOS AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO NO COMPORTAMENTO DE
SEPARAÇÃO DE MATERIAIS PARA A RECICLAGEM:
um estudo com jovens universitários de Curitiba
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do grau de Mestre. Curso de
Mestrado em Administração, do Setor de
Ciências Sociais e Aplicada da Universidade
Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Pedro José Steiner Neto
CURITIBA
2009
3
Dedico esta dissertação às quatro pessoas mais importantes de minha vida e que
tenho a felicidade e orgulho de tê-los como família: Luiz Antonio Miguel Ferreira, Cristina
Fabris Ferreira e aos meus irmãos e melhores amigos Gabi e Gu.
4
AGRADECIMENTOS
Mas na profissão, além de amar tem de saber. E o saber leva tempo para crescer."
Rubem Alves
Agradeço a todos os que há anos contribuem para o crescimento de meu saber e
principalmente, todos que contribuíram para que este estudo fosse possível.
A meus pais, que desde cedo me ensinaram a importância da educação e mais
que isso, sempre foram exemplos em quem me inspiro em todos os momentos de minha
vida. Muito obrigada por acreditarem em mim! Obrigada por sempre colocaram minha
educação em primeiro lugar e contribuírem constantemente para meu crescimento
intelectual e moral.
A meus irmãos, por serem além de família, meus melhores amigos, pessoas com
quem tenho o prazer de dividir momentos muito especiais de minha vida. Nestes últimos
anos entenderam minha ausência em algumas ocasiões importantes. Obrigada por me
ensinarem a dar valor para as pequenas coisas desta vida!
Agradeço também a compreensão de todos os meus familiares, em especial meus
avós, que sempre entenderam a importância dada aos estudos, que me fez faltar em muitas
comemorações familiares. Obrigada por serem a base desta família e por apoiarem minhas
escolhas!
A meus professores que, cada um com sua maneira de ser, complementaram
minha aprendizagem. Em especial a meu orientador Prof Dr. Pedro José Steiner Neto por,
desde a época da Empresa Júnior, esforçar-se para que as pesquisas e estudos sempre
dessem certo e que foi fundamental para a concretização desta dissertação. Obrigada por
todo o aprendizado e incentivo.
Ao Prof. Dr. Paulo Henrique Muller Prado, que há seis anos despertou meu
interesse pela área de Marketing a partir das primeiras aulas na Universidade e que, com o
passar dos anos, fez interessar-me ainda pela área e a tê-lo como exemplo de professor
e pesquisador. Obrigada também por todos os direcionamentos dados no andamento desta
dissertação.
Ao Prof. Dr. Renato Zancan Marchetti, pelas inúmeras oportunidades de
aprendizado, por ter-nos passado, em suas aulas, textos interessantes que nortearam minha
dissertação. Agradeço também as contribuições dadas na banca do projeto.
Ao Prof. Dr. Acyr Seleme por sempre incentivar a criatividade e dar a oportunidade
de, desde cedo, me interessar pela pesquisa.
5
A meus colegas de mestrado, em especial aos do Grupo de Pesquisa e do Grupo
de estudos organizacionais por me fazerem questionar, a todo o momento, minhas crenças
e, assim me proporcionaram muitas descobertas. Em especial a Samir, Diego, Deborah e
Thais, que estenderam este aprendizado para além das salas de aula. E as colegas do
doutorado Eliane e Daniele que me ajudaram em muitos momentos deste trabalho.
Agradeço à Clara por toda ajuda dada na coleta de dados.
Agradeço também a oportunidade de ter convivido e ganho a amizade de pessoas
tão especiais e peculiares da área do Marketing: Eliane, José Carlos, Douglas e, muito mais
que especiais, Tatiani e Mayana. Obrigada pelo tempo despendido e pela paciência em me
auxiliarem em todos os momentos desta dissertação.
Agradeço a todas as minhas amigas que, mesmo sem entender bem o que
pesquisava, sempre me ajudaram e sugeriam alternativas para que tudo ocorresse da
melhor maneira. Obrigada, Tati, Aninha, Andressa e Ellen.
Por fim, agradeço aos especialistas e universitários que tornaram possível a etapa
qualitativa e que, em tão pouco tempo, fizeram meu conhecimento aumentar muito. Embora
tenham virado apenas números neste papel, marcaram muito meu aprendizado e foram de
extrema importância para este estudo.
Além disso, gostaria de agradecer a todos os professores que abriram as portas de
suas salas para que seus alunos respondessem ao questionário e todos os estudantes que,
mesmo reclamando, responderam à pesquisa até o final e se mostraram interessados pelo
tema.
6
RESUMO
O objetivo principal desta dissertação é analisar a influência da família, da escola,
da mídia e dos pares no conhecimento, no sentimento e no comportamento de separação
de materiais para a reciclagem de jovens universitários da cidade de Curitiba. Para isto, a
revisão teórica faz uma ligação entre a literatura referente ao processo decisório do
consumidor, mais especificamente sua última etapa que engloba a separação de materiais
para a reciclagem, e os agentes de socialização que já foram estudados como influências
em outros tipos de comportamentos, sentimentos e conhecimentos. A pesquisa foi divida em
duas etapas. A primeira se caracterizou como uma etapa qualitativa exploratória, na qual 6
universitários e 5 especialistas foram entrevistados. A segunda, quantitativa, foi realizada
com 351 universitários da cidade de Curitiba. Os resultados mostram que os quatro agentes
influenciam de maneira direta ou indireta o comportamento de separação de materiais para
a reciclagem dos jovens. O comportamento é influenciado diretamente pelo contato pessoal
(família e pares). Porém de maneira indireta, a escola, a mídia e os pares agem no
sentimento, considerado um antecedente do comportamento. Na análise geral, o
conhecimento não recebeu influência de nenhum agente de socialização e apenas o
conhecimento objetivo foi considerado um antecedente do comportamento. Desta maneira,
análises complementares foram realizadas dividindo a amostra por grupos de conhecimento,
comportamento e estilo de vida. Os resultados apresentaram particularidades para cada
grupo.
Palavras-chave: Processo decisório do consumidor, Agentes de socialização,
Comportamento de separação de materiais para a reciclagem.
7
ABSTRACT
The main objective of this dissertation is to analyze the influence of family, school,
media and peers on knowledge, feelings and behavior in the separation of materials for
recycling of young students of Curitiba. For this, the review makes a theoretical connection
between the literature concerning the consumer decision process, specifically its last stage
which includes the separation of materials for recycling, and the agents of socialization that
have been studied as influences on other types of behavior , feelings and knowledge. The
research was divided into two stages. The first one is characterized as a qualitative
exploratory stage, in which 6 students and 5 specialists were interviewed. The second,
quantitative, was conducted with 351 college students of Curitiba. The results show that the
four agents influence direct or indirect the behavior of separation of materials for recycling.
The behavior is influenced directly by personal contact (family and peers). But in indirect
way, the school, the media and peers are influences on the feelings, an antecedent of
behavior. In general analysis, none agent of socialization influences on the knowledge and
only the objective knowledge was considered an antecedent of behavior. Thus, additional
tests were performed by dividing the sample groups of knowledge, behavior and lifestyle.
The results are presented for each specific group.
Key Words: Decision making of consumers, agents of socialization, separation behavior of
materials for recycling.
8
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1:Tipos de sentimentos........................................................................................ 35
QUADRO 2: Dimensões do estilo de vida............................................................................ 41
QUADRO 3: Formas de mensuração dos agentes de socialização..................................... 48
QUADRO 4: Formas de mensuração dos agentes de socialização - família....................... 49
QUADRO 5: Formas de mensuração dos agentes de socialização – pares........................
50
QUADRO 6: Formas de mensuração dos agentes de socialização- mídia.......................... 51
QUADRO 7: Estudos sobre reciclagem................................................................................ 55
QUADRO 8: Formas de mensuração do comportamento de reciclagem............................. 57
QUADRO 9: Etapas da Pesquisa......................................................................................... 72
QUADRO 10 – Caracterização dos especialistas................................................................. 78
QUADRO 11 – Caracterização dos universitários................................................................ 80
QUADRO 12 – Principais contribuições para o construto comportamento de separação
de materiais para a reciclagem.............................................................................................
83
QUADRO 13 – Principais contribuições para o construto conhecimento objetivo................ 85
QUADRO 14 – Principais contribuições para o construto conhecimento subjetivo.............. 86
QUADRO 15- Sentimentos gerados nas entrevistas qualitativas......................................... 87
QUADRO 16 – Principais contribuições para o construto sentimento............................. 88
QUADRO 17 – Descrição das famílias dos universitários entrevistados............................. 89
QUADRO 18 – Principais contribuições para o construto influência da família.................... 92
QUADRO 19 – Principais contribuições para o construto influência da escola.................... 94
QUADRO 20 – Hábitos e preferências de mídia dos universitários da etapa qualitativa..... 95
QUADRO 21 – Principais contribuições para o construto influência da mídia......................
97
QUADRO 22 – Principais contribuições para o construto influência dos pares....................
100
QUADRO 23 – Principais contribuições para o construto estilo de vida...............................
104
QUADRO 24 – Classificação dos materiais e locais.............................................................
126
QUADRO 25 – Resumo comparativo entre as AFE e AFC.................................................. 146
QUADRO 26 – Resumo comparativo entre as AFE e AFC.................................................. 148
QUADRO 27 – Resumo das relações encontradas.............................................................. 186
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Poluição acumulada no ambiente...................................................................... 16
FIGURA 2: Evolução do conceito e ampliação da aplicação do Marketing.......................... 24
FIGURA 3: Processos decisórios do consumidor................................................................. 26
FIGURA 4: Taxonomia da decio de Descarte do produto................................................. 27
FIGURA 5: Influências do comportamento do consumidor................................................... 31
FIGURA 6: Nível de Conhecimento prévio ........................................................................... 38
FIGURA 7: Modelo Conceitual de socialização do consumidor.......................................... 43
FIGURA 8: Modelo Conceitual da Socialização do consumidor e atitudes perante a
propaganda...........................................................................................................................
44
FIGURA 9: Modelo Conceitual proposto para o estudo...................................................... 63
FIGURA 10 – Modelo Teórico proposto com as relações estabelecidas e os coeficientes
padronizados associados a estas.........................................................................................
149
Figura 11 - Modelo Teórico proposto com as relações estabelecidas por grupo de
conhecimento........................................................................................................................
164
Figura 12 - Modelo Teórico proposto com as relações estabelecidas por grupo de
comportamento......................................................................................................................
173
Figura 13 - Modelo Teórico proposto com as relações estabelecidas por grupo de estilo
de vida.............................................................................................................................
182
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Curso que frequenta...................................................................................... 107
TABELA 2 – Instituição de ensino frequentada pela amostra pesquisa............................. 107
TABELA 3 – Ano da faculdade frequentada pela amostra pesquisa.................................. 107
TABELA 4 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Conhecimento
Subjetivo.............................................................................................................................
110
TABELA 5 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Sentimento....... 111
TABELA 6 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Sentimento....... 112
TABELA 7 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da
Família................................................................................................................................
114
TABELA 8 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da
Escola.................................................................................................................................
115
TABELA 9 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da
Escola.................................................................................................................................
116
TABELA 10 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da
Escola.................................................................................................................................
117
TABELA 11 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da
Mídia..................................................................................................................................
118
TABELA 12 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da
Mídia..................................................................................................................................
118
TABELA 13 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da
Mídia..................................................................................................................................
119
TABELA 14 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da
Mídia..................................................................................................................................
119
TABELA 15 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da
Mídia..................................................................................................................................
120
TABELA 16 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência dos
Pares..................................................................................................................................
121
TABELA 17 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Estilo de Vida.. 122
TABELA 18 – Distinção dos grupos de universitários com base no estilo de vida............. 123
TABELA 19 - Conhecimento objetivo dos materiais recicláveis da amostra pesquisada.. 125
TABELA 20 – Conhecimento objetivo dos locais que a coleta de materiais pode ser
realizada.............................................................................................................................
125
TABELA 21 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do Escore de
Conhecimento Objetivo.......................................................................................................
126
TABELA 22- Classificação do Escore do Conhecimento Objetivo..................................... 127
TABELA 23 – Valores de frequência para a separação de materiais para a reciclagem... 128
Tabela 24 - Escores Obtidos na Análise da Variedade x Intensidade de Comportamento
de separação de materiais para a reciclagem....................................................................
131
TABELA 25 - Classificação do Escore de Comportamento de Separação de Materiais
para a Reciclagem..............................................................................................................
131
TABELA 26 - AFE e Teste de Confiabilidade para o construto Conhecimento Subjetivo.. 134
TABELA 27 - AFE e Teste de Confiabilidade para o construto Sentimento....................... 135
TABELA 28 - AFE e Teste de Confiabilidade para o construto Influência da Família........ 137
11
TABELA 29 - AFE e Teste de Confiabilidade para o construto Influência da Escola......... 139
TABELA 30 - AFE e Teste de Confiabilidade para o construto Influência da Mídia........... 141
TABELA 31 - AFE e Teste de Confiabilidade para o construto Influência dos Pares......... 142
TABELA 32 - Resultado da análise fatorial confirmatória dos indicadores das variáveis
do modelo final....................................................................................................................
144
TABELA 33 - Correlações entre as variáveis latentes do modelo proposto....................... 145
TABELA 34 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto........................................... 150
TABELA 35: Indicadores de ajustamento e resíduo dos três modelos comparados em
uma análise multigrupo. .....................................................................................................
157
TABELA 36 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de
conhecimento......................................................................................................................
158
TABELA 37 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de
conhecimento......................................................................................................................
159
TABELA 38 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de
conhecimento......................................................................................................................
161
TABELA 39 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de
conhecimento......................................................................................................................
162
TABELA 40 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de
conhecimento......................................................................................................................
163
TABELA 41 -Indicadores de ajustamento e resíduo dos três modelos comparados em
uma análise multigrupo.......................................................................................................
167
TABELA 42 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de
comportamento...................................................................................................................
167
TABELA 43 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de
comportamento...................................................................................................................
168
TABELA 44 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de
comportamento...................................................................................................................
169
TABELA 45 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de
comportamento...................................................................................................................
171
TABELA 46 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de
comportamento...................................................................................................................
172
TABELA 47 -Indicadores de ajustamento e resíduo dos três modelos comparados em
uma análise multigrupo.......................................................................................................
176
TABELA 48 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de estilo de
vida.....................................................................................................................................
177
TABELA 49 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de estilo de
vida.....................................................................................................................................
178
TABELA 50 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de estilo de
vida.....................................................................................................................................
179
TABELA 51 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de estilo de
vida.....................................................................................................................................
180
TABELA 52 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de estilo de
vida.....................................................................................................................................
181
12
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: Concentração da coleta seletiva nas regiões Sudeste e Sul do país ao
longo dos anos....................................................................................................................
29
GRÁFICO 2: Composição da Coleta Seletiva ......................................................................
29
GRÁFICO 3 – Idade da amostra pesquisada....................................................................... 105
GRÁFICO 4 – gênero da amostra pesquisada..................................................................... 106
GRÁFICO 5 – Classe social da amostra pesquisada........................................................... 106
GRÁFICO 6 – Avaliação da matriz de correspondentes múltiplos do comportamento de
separação de materiais para a reciclagem...........................................................................
130
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AFE Análise Fatorial Exploratória
AMOS Structural Equation Modeling (SEM) Software
AVE Variância Média Extraída
CFA Análise Fatorial Confirmatória
Conf. Confiabilidade Composta
KMO Kaiser-Meyer-Olkin
SEM Modelagem de Equações Estruturais (Structural Equation Modeling)
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
13
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 15
1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA................................................... 17
1.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DE PESQUISA....................................................... 17
1.2.1 Objetivo Geral................................................................................................ 17
1.2.2 Objetivos Específicos................................................................................... 18
1.3 JUSTIFICATIVA TRICA E PRÁTICA................................................................... 19
1.3.1 Justificativa Teórica...................................................................................... 19
1.3.2 Justificativa Prática....................................................................................... 20
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO................................................................................. 21
2. BASE TEÓRICO-EMPÍRICA............................................................................................ 23
2.1 O PROCESSO DECISÓRIO DO CONSUMIDOR E A ETAPA DA RECICLAGEM.. 23
2.1.1O Processo Decisório do Consumidor e seu Comportamento.............. 25
2.1.2 A etapa da reciclagem e o contexto nacional.......................................... 27
2.2 O CONSUMIDOR E AS INFLUÊNCIAS PESSOAIS E SOCIAIS............................. 30
2.2.1 Características Pessoais........................................................................... 32
2.2.2 Influências Ambientais: os agentes de socialização.............................. 41
2.3 RECICLAGEM, COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E INFLUÊNCIAS
RECEBIDAS...................................................................................................................
53
2.3.1 O comportamento de separação de materiais para a reciclagem........ 53
2.3.2 Sentimento e o comportamento de separação de materiais para a
reciclagem............................................................................................................
58
2.3.3 Conhecimento e o comportamento de separação de materiais para a
reciclagem............................................................................................................
58
2.3.4 Estilo de vida e o comportamento de reciclagem.................................. 59
2.3.5 Agentes de socialização e o comportamento de reciclagem................ 60
3. METODOLOGIA............................................................................................................... 62
3.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA.......................................................................... 62
3.1.1 Modelo Conceitual proposto para o estudo e hipóteses de pesquisa.. 62
3.1.2 Apresentação das variáveis...................................................................... 66
3.2 DELIMITAÇÃO E DESIGN DA PESQUISA.............................................................. 71
3.2.1 Delineamento da Pesquisa........................................................................ 71
3.2.2 População e Amostragem......................................................................... 72
3.2.3 Coleta dos dados....................................................................................... 73
3.2.4 Tratamento dos dados............................................................................... 76
4. DESENVOLVIMENTO DO INSTRUMENTO DE COLETA APLICADO NESTA
PESQUISA............................................................................................................................
78
4.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA AMOSTRA QUALITATIVA................................... 78
4.2 COMPORTAMENTO DE SEPARAÇÃO DE MATERIAIS PARA A RECICLAGEM.. 81
4.3 CONHECIMENTO..................................................................................................... 84
4.3.1 Conhecimento objetivo.............................................................................. 84
14
4.3.2 Conhecimento subjetivo............................................................................ 85
4.4 SENTIMENTO........................................................................................................... 87
4.5 INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA........................................................................................ 89
4.6 INFLUÊNCIA DA ESCOLA....................................................................................... 92
4.7 INFLUÊNCIA DADIA............................................................................................ 94
4.8 INFLUÊNCIA DOS PARES....................................................................................... 97
4.9 ESTILO DE VIDA...................................................................................................... 101
5. ANÁLISE DO MODELO PROPOSTO.............................................................................. 105
5.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA AMOSTRA QUANTITATIVA................................ 105
5.2 PREPARAÇÃO DA BASE DE DADOS..................................................................... 108
5.2.1 Avaliação do montante e da distribuição dos missing values e
valores fora do limite..........................................................................................
108
5.2.2 Inspeção das estatísticas descritivas univariadas e multivariadas
das escalas..........................................................................................................
109
5.2.3 Conhecimento Objetivo............................................................................. 124
5.2.4 Comportamento de separação de materiais para a reciclagem............ 127
5.2.5 Normalidade e Linearidade....................................................................... 132
5.3 MODELO DE MENSURAÇÃO.................................................................................. 132
5.3.1 Avaliação da Dimensionalidade e da Consistência Interna................... 133
5.3.2 Análise Fatorial Confirmatória (CFA) do Modelo de Mensuração......... 143
5.3.3 Avaliação e Teste do Modelo Completo para a amostra total............... 148
5.3.4 Avaliação do modelo com base no conhecimento................................. 156
5.3.5 Avaliação do modelo com base no comportamento.............................. 166
5.3.6 Avaliação do modelo com base no estilo de vida................................... 176
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 184
6.1 CONCLUSÃO........................................................................................................... 184
6.2 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS................................................................................. 188
6.3 CONTRIBUIÇÕES GERENCIAIS.............................................................................
189
6.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA................................................................................... 191
6.4.1 Limitações metodológicas........................................................................ 191
6.4.2 Limitações do modelo............................................................................... 191
6.5 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS......................................................... 192
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... 194
ANEXOS............................................................................................................................... 200
15
1. INTRODUÇÃO
As pessoas se deparam diariamente com situações em que tomar decisões se faz
necessário. Quando se trata do consumo, tais decisões podem envolver desde a opção de
compra de determinado produto, em qual local comprar, qual a forma de pagamento, se
consomem ou não, em qual momento, de qual maneira, até questões que abarcam o pós-
consumo, como o que fazer com os produtos ou embalagens (ENGEL et al., 2000).
Dentro desta perspectiva diversos autores da área de comportamento do
consumidor já propuseram modelos que auxiliam a visualização e representação desse
processo (ENGEL et al., 2000; SHETH et al., 2001; SOLOMON, 2002). Merece destaque o
modelo de Engel et al. (2000) que deixa claro que dentro do processo decisório do
consumidor a última etapa envolve optar pelo descarte sumário do produto, pelo remarketing
ou pela reciclagem.
Este último processo, a reciclagem, vem ganhando destaque após o aumento da
preocupação com a preservação do meio ambiente (ENGEL et al., 2000) e toda a
problemática que envolve os resíduos sólidos, sendo que os estudos do comportamento do
consumidor sob a perspectiva da sustentabilidade ambiental avançaram mais intensamente
a partir da década de 1990 (ROMEIRO, 2006).
O lixo sempre esteve presente na sociedade e a maneira que a população adota
para livrar-se dele já passou por diversos métodos, tendo a preocupação com o meio
ambiente pressionado muitas dessas mudanças. Com esta evolução, a reciclagem passou a
ser considerada uma das melhores abordagens para o problema do lixo (SHRUM et al.,
1994).
No Brasil, são geradas aproximadamente 140.000 ton/dia de lixo (NEVES E
GOMES, 2000), sendo que 327 municípios operam programas de reciclagem,
proporcionando acesso para aproximadamente 25 milhões de brasileiros (CEMPRE, 2006).
Alvo de diversos estudos, os paradoxos entre valores culturais e o consumo da
população passaram a ser relacionados. Neles, a preocupação com o lixo pode ser
relacionada com o aumento do consumo, devido ao crescimento da população e ao
processo de globalização (ROMEIRO, 2006).
Assim, a redução do consumo já foi vista como a solução para a diminuição da
poluição e controle dos prejuízos causados ao meio ambiente. A Figura 1 ilustra esta
relação, a qual Romeiro (2006), ao citar Perry (1976), mostra que quanto maiores as
vendas, maiores os impactos no meio ambiente, tanto por conta do processo produtivo,
quanto do consumo. Com o tempo, esta visão foi modificada, e novas maneiras de lidar com
a poluição surgiram, como exemplo a reciclagem.
16
Fonte: Romeiro (2006)
FIGURA 1: Poluição acumulada no ambiente.
Diante deste ponto apresentado até o momento, surgem questionamentos em
relação à maneira com que os jovens, imersos nessa sociedade de consumo e ao mesmo
tempo em que se deparam com diversos problemas ambientais, lidam com a última etapa
do consumo, mas especificamente, com a questão da separação de materiais para a
reciclagem.
Esta dissertação parte da premissa de que as ações em busca de conscientização
e aumento das práticas de separação de materiais para a reciclagem terão pouco progresso
até que se conheçam as raízes que a causam. Assim, diversas perspectivas poderiam ser
interessantes para este entendimento.
Uma, com um enfoque mais psicológico, que aborda as características pessoais de
cada jovem e, uma outra, com foco mais sociológico, que busca nas relações do jovem com
seu contexto social explicações para determinado comportamento. Dentre as diversas
características individuais presentes na literatura, o conhecimento se mostra interessante,
pois apresenta impacto no processo de decisão, visto que sua presença, ou ausência, pode
influenciar como os consumidores agem (BETTMAN e PARK,1980). Outro ponto
considerado é o sentimento, sendo utilizado também como um antecedente do
comportamento de reciclagem. Além disso, diferentes estilos de vida podem oferecer
indícios de influências e comportamentos distintos.
A segunda abordagem, com enfoque mais sociológico, busca nos agentes do
contexto social dos jovens explicações da relação destes com o comportamento de
reciclagem. A socialização do indivíduo como consumidor é fruto das interações, entre eles
17
e sua família, pares, escola e mídia de massa. Dessa forma, participam desse processo de
aprendizagem do indivíduo através de modelagem (imitação de um comportamento do que
ensina), reforço (positivo e negativo) e interação social (que pode incluir a modelagem e
reforço) (MOSHIS E MOORE, 1982; MOSHIS E MOORE, 1979; MOSCHIS E CHURCHILL,
1978 e MOSHIS E MOORE, 1978).
Essas influências se mostram ainda mais interessantes quando se trata de um
público jovem, pois além de ser visto como o futuro consumidor, está em uma fase de sua
vida em que ocorre uma diminuição do contato com seus pais e se deparam com uma
atmosfera propícia ao aparecimento de novas questões e tarefas que exigem resolução
(SPRINTHALL e COLLINS, 2003), entre elas, a separação de materiais para a reciclagem.
1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA
Com a apresentação do tema, surge a oportunidade de investigar como os jovens
sofrem influência dos agentes de socialização em seu comportamento de separação de
materiais para a reciclagem. Assim, o estudo pode ser sintetizado no seguinte problema de
pesquisa:
Qual a influência da família, da escola, da mídia e dos pares no
conhecimento, no sentimento e no comportamento de separação de materiais para a
reciclagem de jovens universitários da cidade de Curitiba?
1.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DE PESQUISA
1.2.1 Objetivo Geral
Através deste estudo pretende-se analisar a influência da família, da escola,
da mídia e dos pares no conhecimento, no sentimento e no comportamento de
separação de materiais para a reciclagem de jovens universitários da cidade de
Curitiba.
18
1.2.2 Objetivos Específicos
Para atingir o objetivo geral proposto, serão analisados os seguintes objetivos
específicos:
a) Identificar o conhecimento (objetivo e subjetivo) dos jovens universitários em
relação à separação de materiais para a reciclagem.
b) Identificar os sentimentos dos jovens universitários em relação à separação
de materiais para a reciclagem.
c) Identificar o comportamento de separação de materiais para a reciclagem
dos jovens universitários.
d) Identificar a maneira como o tema separação de materiais para a reciclagem
está presente na interação do jovem universitário com a família, mídia, escola e pares.
e) Analisar a influência da família, mídia, escola e pares no conhecimento
(objetivo e subjetivo) de jovens universitários da cidade de Curitiba em relação à separação
de materiais para a reciclagem.
f) Analisar a influência da família, mídia, escola e pares nos sentimentos de jovens
universitários da cidade de Curitiba em relação à separação de materiais para a reciclagem.
g) Analisar a influência da família, mídia, escola e pares no comportamento de
jovens universitários da cidade de Curitiba em relação à separação de materiais para a
reciclagem.
h) Analisar a relação entre o conhecimento (objetivo e subjetivo) e o
comportamento de separação de materiais para a reciclagem de jovens universitários da
cidade de Curitiba em relação à separação de materiais para a reciclagem.
i) Analisar a relação entre o sentimento e o comportamento de separação de
materiais para a reciclagem de jovens universitários da cidade de Curitiba em relação à
separação de materiais para a reciclagem.
j) Analisar as relações propostas nos itens anteriores para os jovens com diferentes
estilos de vida.
19
1.3 JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA
1.3.1 Justificativa Teórica
Com ênfase nos problemas ambientais, especificamente na questão do lixo,
entender o processo decisório do consumidor sobre essa perspectiva se mostra
interessante. Soma-se o fato apontado por Engel et al. (2000) no qual a última etapa do
processo decisório passou a ser foco de estudo nos últimos anos. Assim, pesquisas que
auxiliam no entendimento de como se dão essas escolhas, bem como suas influências,
perante a visão do consumidor, contribuem para esta área.
De acordo com Valle et al. (2005), os antecedentes do comportamento de
reciclagem oferecem grandes oportunidades de pesquisa além disso, é uma área que se
encontra em uma fase exploratória, na qual diversos resultados contraditórios estão
presentes (BERGER, 1997). Desta maneira, esta dissertação procura fornecer mais
discussões sobre esses antecedentes, o que, consequentemente, auxilia no melhor
entendimento desse processo.
Tendo em vista que as variáveis selecionadas para este estudo (influência da
família, pares, escola e mídia) são úteis para entender outros tipos de comportamento, esta
pesquisa também colabora com maior exploração desses construtos de maneira geral e das
formas de mensurá-los.
Com esta investigação, estudantes da socialização e do consumidor que
apresentam interesse na área também poderão encontrar resultados interessantes que
proporcionem novas direções e oportunidade de abordagem e entendimento do
comportamento do consumidor, conforme Moshis e Churchill (1978) afirmavam
antigamente ao desenvolverem estudos com esta natureza.
A populão escolhida para esta pesquisa também pode vir a contribuir, pois
auxilia a entender esses indivíduos em questão, que vêm sendo abordados como um novo
estágio de desenvolvimento - uma fase que vem surgindo e está situada entre o final da
adolescência e o início da vida adulta, embora ainda identificada como em processo de
formação (SPRINTHALL e COLLINS, 2003).
Por fim, destaca-se a ausência de muitos estudos nacionais sobre a separação de
materiais para a reciclagem na área de marketing. Sendo que, muitas pesquisas nacionais
abordam este tipo de comportamento dentro de uma questão maior, como uma dimensão do
consumidor ambientalmente favorável (ROMEIRO, 2006; INSTITUTO AKATU, 2004; LAGES
e NETO, 2002) e não como um comportamento específico dentro do processo decisório do
consumidor.
20
1.3.2 Justificativa Prática
Como justificativa prática três setores podem beneficiar-se com maior
entendimento das influências no comportamento de separação de materiais para a
reciclagem dos jovens: meio ambiente, governo e empresas.
Em primeiro lugar, a questão do meio ambiente que vem provocando diversas
preocupações em relação ao futuro do planeta. Sendo a reciclagem uma das alternativas na
última etapa do processo de compra, constata-se que alterar o comportamento do
consumidor pode fazer uma diferença significativa para o meio ambiente. Desta maneira,
pesquisas desta natureza podem auxiliar no entendimento desse comportamento para
melhor influenciá-lo, conforme afirma Romeiro (2006), ao citar Stern (1999).
Além de favorecer o meio ambiente, o maior comportamento de separação de
materiais para a reciclagem contribui também para um setor que movimenta no Brasil cerca
de oito bilhões de reais por ano, além de gerar emprego e renda para as camadas menos
favorecidas, como os catadores de materiais recicláveis. A evolução da coleta seletiva no
Brasil tem-se intensificado nos últimos sete anos. Em 1994, 81 municípios faziam a coleta
seletiva em escala significativa. Em 2004 este número avançou para 237, em 2006 para 327
e em 2008 alcançou 405 (cerca de 7% do total de municípios no país) (CEMPRE, 2008).
Todavia esses números poderiam ser impulsionados ainda mais, se eliminadas algumas
barreiras como a capacitação técnica, política fiscal/tributária coerente e incremento da
participação popular (CEMPRE, 2006).
Em segundo lugar, esta dissertação também pode auxiliar o desenvolvimento de
políticas públicas do governo. Ao entender as maiores fontes de influência do
comportamento dos jovens, políticas voltadas para a informação e conscientização sobre a
reciclagem podem ser intensificadas com foco maior nos agentes que mais influenciam.
Sendo que as políticas em relação à reciclagem já vem sendo foco do governo brasileiro.
Como exemplo, em 2007 foi lançado no Congresso Nacional uma Frente
Parlamentar Ambientalista que atua no combate ao aquecimento global e promove o avanço
das leis ambientais brasileiras (EXAME, 2008). Assim, o Congresso e o Poder Executivo
agora se ocupam das questões ambientais urbanas, denominadas de “agenda marrom”, que
inclui assuntos como eficiência energética e tratamento de lixo (EXAME, 2008).
No ano de 2008, dos cerca de 80 projetos de lei de cunho ambiental,
desenvolvidos na Câmara e no Senado, um dos principais debates diz respeito à Política
Nacional de Resíduos Sólidos. Outro exemplo é a campanha de consumo consciente de
embalagens, concebida pelo Ministério do Meio Ambiente, no qual se promove a
conscientização sobre o volume de material descartado no país, sendo que as embalagens
representam um terço do lixo brasileiro (EXAME, 2008).
21
Além disso, as políticas públicas discutem o papel e influência da televisão, escola,
e família, o papel de ensinar aos jovens comportamentos relacionados ao consumo
desejáveis e indesejáveis (MOSHIS e MOORE, 1978). Outros interessados são os
educadores do consumo que desejam entender como os jovens desenvolvem habilidades
no processo de estímulos ambientais, que podem melhor prepará-los para desempenhar
sua função futuramente no mercado (MOSCHIS e CHURCHILL, 1978).
Por fim, as empresas que se preocupam, cada vez mais, em direcionar suas ações
pautadas no conceito do marketing verde e do marketing social, podem se beneficiar ao
conhecer como os jovens agem sobre a reciclagem e quem mais influencia este
comportamento. Como exemplo, ao desejarem incentivar a participação em campanhas de
reciclagem ou logística reversa, podem direcionar suas divulgações com base nestes
resultados. A empresa Nokia demonstra esta preocupação e investe em propagandas
para estimular seus consumidores a devolverem os celulares não mais utilizados, dos quais
de 65% a 80% das peças podem ser recicladas (EXAME, 2008).
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta dissertação está estruturada em seis partes principais. A primeira,
apresentada, engloba o tema, bem como seus problemas, o objetivo geral e os específicos
que norteiam toda esta dissertação.
A fim de realizar este estudo, a segunda parte aborda o referencial teórico utilizado
como base. Essa parte pode ser agrupada em três blocos principais: inicialmente
contextualiza esta dissertação dentro da disciplina de marketing e, mais especificamente do
comportamento do consumidor. Na sequência aborda o processo decisório do consumidor,
no qual a reciclagem está presente em sua última etapa. Um segundo bloco, aborda, de
maneira geral, as variáveis escolhidas para serem exploradas neste estudo, sendo elas o
conhecimento, os sentimentos, os agentes de socialização presentes no contexto social,
além do estilo de vida. O terceiro tópico do referencial teórico aborda essas variáveis no
âmbito da reciclagem, mostrando resultados de trabalhos que tiveram esse foco e a maneira
segundo a qual foram mensurados.
Atras desta revisão, a terceira parte desta dissertação apresenta a metodologia
que foi utilizada para o desenvolvimento da pesquisa. O modelo conceitual proposto que
guiou a pesquisa de campo é apresentado, seguido pelas hipóteses. As definições
constitutivas e operacionais das variáveis envolvidas são apontadas neste momento. Esta
22
parte contou com uma etapa qualitativa e outra quantitativa que são descritas em detalhes,
tanto o delineamento da pesquisa quanto a forma de coleta e análise dos dados.
A quarta parte apresenta a construção do instrumento de coleta, trazendo os
principais achados da etapa qualitativa. A quinta parte traz os resultados da etapa
quantitativa, na qual o modelo proposto foi testado. Também apresenta as análises por
grupo de conhecimento, comportamento e estilo de vida.
Por fim, a sexta parte engloba as considerações finais. São apresentadas as
conclusões da dissertação, suas implicações teóricas e gerenciais, além das limitações e
sugestões de futuras pesquisas.
23
2. BASE TEÓRICO-EMPÍRICA
Este item está estruturado da em três partes principiais: (1) o processo decisório do
consumidor e a etapa da reciclagem, (2) o consumidor e as influências individuais e sociais
e o (3) comportamento do consumidor e suas influências no contexto da reciclagem.
2.1 O PROCESSO DECISÓRIO DO CONSUMIDOR E A ETAPA DA RECICLAGEM
Antes de abordar o processo decisório do consumidor e sua
última etapa (despojamento/descarte), será apresentada a disciplina que engloba esse
estudo. O marketing e seus desdobramentos serão explorados brevemente, assim como
uma de suas escolas, a do comportamento do consumidor.
O desenvolvimento do marketing foi resultado das circunstâncias, tais como
produções industriais que se expandiram, invenções que criaram novos produtos,
população, educação e renda pessoal que cresceram e o mercado que aumentou e passou
a oferecer oportunidades diversas (BARTELS, 1976).
Porém, com as transformações na área econômica, política e social que vêm
ocorrendo, o papel das empresas e de suas atividades, bem como destas com a sociedade
sofreram influências (PINTO E LARA, 2004). O aumento de complexidade dos negócios
impôs às empresas novas formas de atuar. O empresariado passou a investir em outros
atributos além do preço e qualidade, como: confiabilidade, serviço de s-venda, produtos
ambientalmente corretos e relacionamento ético das empresas com seus consumidores,
fornecedores e varejistas, além da valorização de práticas ligadas à segurança de seus
funcionários e preservação do meio ambiente (ASHELEY, 2002).
A resposta do Marketing à esses desafios provocou rias transformações no
sentido de ampliar sua aplicão a trocas intangíveis e surge assim uma dimensão filosófica
considerada o Marketing Societal.
O conceito de Marketing Societal aparece como uma forma de questionar se o
conceito tradicional de marketing é adequado a uma época com problemas ambientais,
escassez de recursos naturais, rápido crescimento populacional, problemas econômicos no
mundo inteiro e serviços sociais negligentes. Assim, é considerada como uma filosofia de
administração de marketing que discute que conceito tradicional de marketing não percebe
os possíveis conflitos entre os desejos a curto prazo do consumidor e seu bem-estar a longo
prazo (KOTLER e ARMSTRONG, 1998).
24
O Marketing Societal, dentre suas aplicações, tem o Marketing Social e o Marketing
Verde, ilustrados na Figura 2. Esses dois conceitos se mostram interessantes devido à
ligação com o tema desta dissertação.
Fonte: Romeiro (2006)
FIGURA 2: Evolução do conceito e ampliação da aplicação do Marketing
O Marketing Social utiliza as ferramentas, princípios e técnicas do marketing para
promover uma causa, idéia ou comportamento social. Assim, passa a ser muito utilizado
quando a administração busca uma mudança social, sendo esta associada a algum projeto
ou programa que visa à aceitação de uma idéia ou prática social. (KOTLER e ROBERTO,
1992). Sua preocupação central é a disseminação de uma idéia de interesse social ou
filantrópico, sempre vinculada à melhoria da qualidade de vida em sociedade. Um exemplo é
a disseminação da idéia de compra de produto elaborado com material reciclado
patrocinada pelo Ministério do Meio Ambiente (ROMEIRO, 2006).
Outra vertente é o Marketing Verde. Esse se mostrou interessante no momento
que as empresas e a preocupação com o meio ambiente passaram a se complementarem.
A ‘invasão’ da questão ambiental no meio empresarial pode ser visualizada através de uma
evolução de momentos, nos quais diferentes segmentos vão aderindo à questão a cada
década.
Na década de 1950, as preocupações estavam restritas aos meios científicos, a
partir da década de 1960 se estenderam, ainda que em diferentes graus de presença, aos
25
movimentos sociais, por meio das ONGs incluindo o movimento consumerismo. O meio
político foi atingido a partir da década de 1970, os setores econômicos na década de 1980 e
o segmento empresarial a partir da década de 1990 (ROMEIRO, 2006).
O marketing verde, segundo Guimarães (2006), incorpora uma gama de atividades,
que inclui a modificação de produtos, mudanças no processo de produção, nas embalagens,
assim como, adequação das propagandas. Entre algumas definições, Ottman (1994) explora
o marketing verde com dois objetivos centrais: (1) desenvolver produtos que equilibrem
necessidades dos consumidores, tenha preço viável e conveniência com compatibilidade
ambiental (exerçam um impacto mínimo sobre o ambiente) e (2) projetar uma imagem de
alta qualidade, incluindo sensibilidade ambiental, quanto aos atributos de um produto e
quanto ao registro de trajetórias de seu fabricante, no que se refere ao respeito ambiental.
Diante desta abrangência do Marketing, destacam-se as diversas escolas de
pensamento que contribuíram para os avanços dos estudos nesta área: (1) Escola de
Macromarketing, (2) Escola do Consumerismo, (3) Abordagem de Sistemas, (4) A Teoria do
Comportamento do Comprador, (5) O Comportamento Organizacional e (6) O Planejamento
Estratégico. Dentro dessas escolas, a presente dissertação foca o comportamento do
consumidor. Uma área que vem sendo dominante por muitos anos (SHETH e GARDNER,
1982).
O comportamento do consumidor é o estudo dos processos envolvidos quando
indivíduos ou grupos selecionam, compram, usam ou dispõem de produtos, serviços, idéias
ou experiências para satisfazer necessidades e desejos (SOLOMON, 2002).
É dentro do marketing, da escola do comportamento do consumidor, que o
processo decisório do consumidor passa a ser estudado, bem como sua última etapa, a
reciclagem.
2.1.1 O Processo Decisório do Consumidor e seu Comportamento
As pessoas se deparam constantemente com situações que as obrigam a decidir.
Essas decisões também envolvem o processo de compra, referente aos indivíduos, grupos
de pessoas ou comitês em organizações (SHETH et al., 2001).
O enfoque nas decisões individuais compreende as decisões da pessoa sobre
produtos ou serviços em diversos contextos para seu próprio uso (SHETH et al., 2001). Tais
decisões podem envolver opções de compra, opções de consumo e opções de
despojamento. Assim sendo, os consumidores devem decidir se compram determinado
produto, em qual local comprar, qual a forma de pagamento, se consomem ou não, em qual
momento, de qual maneira, e, após essas etapas, o que fazer com os produtos ou
embalagens: descarte sumário, reciclagem ou remarketing (ENGEL et al., 2000).
26
Essas decisões de consumo individual se dão em locais como residências,
organizações empresariais, tais como trabalho e escola, e em locais públicos como aviões,
parques, praias (SHETH et al., 2001).
Diversos autores de comportamento do consumidor propõem modelos que possam
representar e facilitar a visualização desse processo de decisão. A Figura 3 traz três
exemplos.
Solomon (2002)
Sheth et al.(2001)
Engel et al.(2000)
Fonte: elaborado pela autora com base em Solomon (2002), Sheth et al.(2001) e Engel et al. (2000)
FIGURA 3: Processos decisórios do consumidor
Diante dos modelos existentes na literatura, Oliveira (2007) utiliza o de Blackwell,
Engel e Miniard, por ser considerado um dos mais completos, e ainda cita que esta
constatação havia sido ressaltada por Ferreira em 1974, sendo que nesta ocasião o
modelo era conhecido como de Engel, Kollar e Blackwell.
Neste trabalho, o modelo de Engel et al. (2000) servicomo base, por apresentar
a etapa de descarte em evidência, na qual a reciclagem está inserida. Porém destaca-se
que essa sequência ocorre mais em termos didáticos, sendo que a situação de compra e o
próprio consumidor influenciarão neste processo.
Na etapa do Despojamento/ Descarte está presente a questão simbólica do
produto, as ligações e laços psicológicos reais com itens que, somente após mudarem de
sentido para o indivíduo, seo descartados. Um exemplo são as posses de infância, que
podem apresentar grande valor para a pessoa (ENGEL et al., 2000).
Reconhecimento
da
Necessidade
Busca de
Informação
Experiência
Pós-compra
Avaliação de
Alternativas
Compra
Reconhecimento
do
Problema
Busca de
Informação
Avaliação de
Alternativas
Escolha do
Produto
Resultados
Reconhecimento
da
Necessidade
Busca ConsumoCompra
Avaliação de
Alternativa
Pré-compra
Avaliação
Pós-Consumo
27
Aqui, o consumidor tem três opções principais: (1) descarte sumário, (2) reciclagem
ou (3) remarketing, a venda no mercado de usados (ENGEL et al., 2000). A Figura 4 ilustra
melhor essas opções.
Fonte: Jacoby et al. (1977)
FIGURA 4: Taxonomia da decisão de Descarte do produto
O Descarte sumário é a maneira mais simples de despojamento. O Remarketing
envolve a venda de produtos usados. A mídia, nesta área, vem crescendo, como a seção de
classificados dos jornais e os jornais dos compradores (ENGEL et al., 2000).
Por fim, a reciclagem que, por ser o tema desta dissertação, será abordada no
próximo item.
2.1.2 A etapa da reciclagem e o contexto nacional
O lixo sempre esteve presente na sociedade e existiram diversos métodos para
se livrar dele. No primeiro momento era apenas removido, depois passou a ser queimado.
Como ocasionou a poluição do ar e da terra uma nova alternativa foi buscada. Assim, o
próximo método escolhido foi o de removê-lo e enterrá-lo. Entretanto, rapidamente se
avolumou muito e passou a ser apenas empilhado. Mesmo assim, novos problemas
surgiram, como a contaminação da água. Diante dessa perspectiva, a reciclagem passou a
Manter o
item
Livrar-se do item
permanentemente
Livrar-se do item
temporariamente
Utilizá-lo para
servir ao
propósito original
Transformá-lo para
servir a um
novo propósito
Emprestá-loGuardá-lo Alugá-lo
Jogá-lo Dá-lo
Ser
(re) vendido
Trocá-lo Vendê-lo
Ser usado
Diretamente
Ao consumidor
Através de um
intermediário
Para um
intermediário
Produto
Manter o
item
Livrar-se do item
permanentemente
Livrar-se do item
temporariamente
Utilizá-lo para
servir ao
propósito original
Transformá-lo para
servir a um
novo propósito
Emprestá-loGuardá-lo Alugá-lo
Jogá-lo Dá-lo
Ser
(re) vendido
Trocá-lo Vendê-lo
Ser usado
Diretamente
Ao consumidor
Através de um
intermediário
Para um
intermediário
Produto
28
ser considerada uma das melhores abordagens para o problema do lixo (SHRUM et al.,
1994).
No Brasil, o gerados em torno de 140.000 ton/dia de lixo, sendo uma média per
capita de 0,8 kg/hab/dia, podendo alcançar 1,5 kg/hab/dia nos grandes centros urbanos,
como Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba (NEVES E GOMES, 2000).
Diante desses números e dentro deste debate em busca da melhor alternativa para
o lixo gerado nas cidades, as prefeituras e comunidades passam a ter um papel relevante,
sendo a implantação de sistemas para a coleta seletiva de lixo uma etapa essencial (NEVES
E GOMES, 2000).
Desde 2001, a coleta seletiva no Brasil tem se tornado mais intensa, sendo que em
1994, 81 municípios faziam a coleta seletiva em escala significativa e no ano de 2004, este
número era de 237, em 2006 foi para 327 e em 2008 alcançou 405 (cerca de 7% do total
de municípios no país) (CEMPRE, 2008).
A Reciclagem é definida como uma série de atividades e processos, industriais ou
não, que permitem separar, recuperar e transformar os materiais recicláveis componentes
dos resíduos sólidos urbanos. Essas atividades levam a ação de reintroduzir os resíduos no
ciclo produtivo (Fundação Nacional de Saúde, 2004, p. 248). Desta maneira, as pessoas
que apresentam um comportamento de separação de materiais, são aquelas que separam
todos os materiais potencialmente recicláveis, para a coleta seletiva que posteriormente
serão reaproveitados pelas indústrias recicladoras (SEMA, 2008).
Esse processo permite que o lixo seja transformado em matéria-prima, em um
novo insumo para a indústria (CEMPRE, 2006). Com isso diversos sucateiros,
supermercados, escolas, empresas, entidades filantrópicas, cooperativas e associações de
catadores são movimentados (ABRE, 2004).
A população envolvida corresponde a 25 milhões de brasileiros que têm acesso a
programas de coleta seletiva e 43,5% dos programas têm relação direta com cooperativas
de catadores (CEMPRE, 2006).
No Brasil, o lixo é composto aproximadamente por mais de 60% de matéria
orgânica (maioria restos de alimentos) e 40% de materiais denominados recicláveis como
papel, embalagens cartonadas (longa vida), vidros, plásticos e metais ou resíduos especiais
como lâmpadas fluorescentes e baterias de celulares. Porém 76% de todo resíduo sólido
municipal ainda são depositados em lixões a céu aberto (NEVES E GOMES, 2000). O
Gráfico 1 e 2 ilustram alguns dados brasileiros.
29
Fonte: CEMPRE (2008)
GRÁFICO 1: Concentração da coleta seletiva nas regiões Sudeste e Sul do país ao longo dos anos
Fonte: CEMPRE (2008)
GRÁFICO 2: Composição da Coleta Seletiva (em peso)
Assim, nota-se que a reciclagem de materiais contribui para a geração de trabalho
e renda, principalmente para setores carentes, tanto na coleta seletiva, quanto na separação
e reciclagem do lixo (NOVAES, 2004).
Diante desse contexto, é válido identificar os tipos de materiais que podem ser
reciclados. O vidro é um deles e no ano de 2003, 45% de seu total no mercado nacional foi
reciclado. Dessa forma, este índice praticamente dobrou em uma década, já que em 1993
era de 25% do total produzido desse material (ABRE, 2004).
Em relação ao papel, em 2004, 33% retornou à produção através da reciclagem. A
maior parte do papel destinado à reciclagem (cerca de 86%) é gerada por atividades
0
50
100
150
200
250
300
350
1994 1999 2002 2004 2006
Rejeito
17%
Longa Vida
3%
Papel e
Papelão
3%
Plástico
31%
Vidro
22%
Metais
14%
Alumínio
2%
Diversos
8%
30
comerciais e industriais. No Brasil, as indústrias consumiram 2,8 milhões de toneladas de
papel reciclado (ABRE, 2004).
As embalagens longa vida, em 2007, tiveram o índice de 25,5% de reciclagem
(ABRE, 2004). O Brasil é considerado o líder nas Américas em volume de embalagens
longa vida recicladas. No contexto mundial, apenas a Alemanha e a Espanha ultrapassam o
Brasil, apresentando índices de reciclagem de 65% e 40%, respectivamente (CEMPRE,
2007).
Em 2005, foram recicladas aproximadamente 9,4 bilhões de latas de alumínio
(ABRE, 2004). Neste tipo de material, as cooperativas e associações de catadores
destacam-se na participação de sua coleta, que passou de 43%, em 2000, para 52%, em
2005. Em 2004, 96,2% da produção nacional de latas foram recicladas, números que
superam países industrializados como Japão e EUA (ABRE, 2004).
Os plásticos rígidos e filme são reciclados no Brasil com índice médio de 16,5%, o
que equivale a cerca de 200 mil toneladas por ano. O Brasil ocupa o lugar na reciclagem
mecânica do plástico, em que a reciclagem ocorre de maneira espontânea. Fato relevante
quando comparado com a Europa, na qual em alguns países a prática é impositiva e
regulada por legislações (ABRE, 2004).
As embalagens pós-consumo do tipo PET, em 2006, foram efetivamente recicladas
num montante de 51,3 %. Entre 2003 e 2004 o crescimento da indústria recicladora de PET
foi de aproximadamente 22% (ABRE, 2004).
Nesse processo de reciclagem, Jacoby et al. (1977), ao focar o indivíduo,
identificaram três categorias que influenciam a maneira que o produto é despojado pelo
consumidor, sendo elas (1) influências psicológicas como personalidade, atitude, emoções,
percepção, criatividade, inteligência, classe social, pressão dos pares e consciência social;
(2) influências do produto, como idade, tamanho, estilo, valor, cor, inovação tecnológica,
durabilidade, custo inicial e (3) influências situacionais, como mudança de moda,
circunstância de aquisição, uso funcional, considerações legais. Assim, a próxima parte do
referencial teórico se ocupa da revisão das influências no comportamento do consumidor de
modo geral, para posteriormente abordar as influências na separação de materiais para a
reciclagem.
2.2 O CONSUMIDOR E AS INFLUÊNCIAS PESSOAIS E SOCIAIS
O comportamento do consumidor e seu processo decisório de compra e consumo
podem ser analisados através de diversas perspectivas e, para cada uma, influências
31
distintas são evidenciadas. Assim, na literatura de comportamento do consumidor cada
autor agrupou essas influências da maneira que ficassem mais claras e de acordo com suas
avaliações.
Diante disso, a Figura 5 ilustra algumas dessas abordagens.
Fonte: elaborado pela autora com base em Solomon (2002), Sheth et al.(2001) e Engel et al. (2000)
FIGURA 5: Influências do comportamento do consumidor
Sheth et al. (2001) se destacam por uma análise das influências mais macro que
atuam no comportamento do consumidor. Assim, denominadas de características de
mercado, envolvem as questões físicas do ambiente. Esses autores argumentam que o
tempo afeta a demanda do cliente em relação aos produtos, afastando-os dos que estão
incompatíveis com o clima da época. O segundo item, a topografia, afeta no sentido que as
preferências dos consumidores se alteram de acordo com o terreno, altitude e solo do local.
Já a ecologia faz referência aos recursos naturais e seu equilíbrio com a vegetação, animais
e seres humanos.
O governo, economia e a tecnologia são considerados temas mais amplos e são
agrupados como contexto de mercado. Assim, referem-se às forças de mercado produzidas
pelos homens que afetam as necessidades e desejos dos consumidores (SHETH et al.,
2001).
As outras variáveis, embora sejam agrupadas de maneiras diferentes, estão
presentes nos três autores, tais como as diferenças individuais e características pessoais
Comportamento
do
consumidor
1. Determinantes ambientais:
1.1 Características de mercado:
Clima
Topografia
Ecologia
1.2 Contexto de mercado:
Economia
Governo
Tecnologia
2. Contexto Pessoal
Classe social
Valor pessoal
Grupos e instituições
Cultura
3. Características Pessoais
Gênero
Idade
Personalidade
Genética
Raça
Seth et al. (2001)
2. Subculturas:
Renda e Classe
social
Etnias, Raça e
Religião
Subcultura de
idade
3. Cultura
Solomon (2002)
1. Diferenças Individuais:
Recursos do Consumidor
Conhecimento
Atitude
Motivação e Autoconceito
Personalidade, Valores e
Estilo de Vida
2. Processos Psicológicos
Processamento de informações
Aprendizagem
3. Influências Ambientais
Cultura
Etnia
Classe Social e Status
Influência pessoal
Influência da Família e do Domicílio
Influências Situacionais
Engel et al. (2000)
1. Diferenças individuais:
Percepção
Aprendizagem e memória
Motivação e valores
Personalidade e Estilos de Vida
Atitudes
Autoconceito
Comportamento
do
consumidor
1. Determinantes ambientais:
1.1 Características de mercado:
Clima
Topografia
Ecologia
1.2 Contexto de mercado:
Economia
Governo
Tecnologia
2. Contexto Pessoal
Classe social
Valor pessoal
Grupos e instituições
Cultura
3. Características Pessoais
Gênero
Idade
Personalidade
Genética
Raça
Seth et al. (2001)
2. Subculturas:
Renda e Classe
social
Etnias, Raça e
Religião
Subcultura de
idade
3. Cultura
Solomon (2002)
1. Diferenças Individuais:
Recursos do Consumidor
Conhecimento
Atitude
Motivação e Autoconceito
Personalidade, Valores e
Estilo de Vida
2. Processos Psicológicos
Processamento de informações
Aprendizagem
3. Influências Ambientais
Cultura
Etnia
Classe Social e Status
Influência pessoal
Influência da Família e do Domicílio
Influências Situacionais
Engel et al. (2000)
Comportamento
do
consumidor
1. Determinantes ambientais:
1.1 Características de mercado:
Clima
Topografia
Ecologia
1.2 Contexto de mercado:
Economia
Governo
Tecnologia
2. Contexto Pessoal
Classe social
Valor pessoal
Grupos e instituições
Cultura
3. Características Pessoais
Gênero
Idade
Personalidade
Genética
Raça
Seth et al. (2001)
2. Subculturas:
Renda e Classe
social
Etnias, Raça e
Religião
Subcultura de
idade
3. Cultura
Solomon (2002)
1. Diferenças Individuais:
Recursos do Consumidor
Conhecimento
Atitude
Motivação e Autoconceito
Personalidade, Valores e
Estilo de Vida
2. Processos Psicológicos
Processamento de informações
Aprendizagem
3. Influências Ambientais
Cultura
Etnia
Classe Social e Status
Influência pessoal
Influência da Família e do Domicílio
Influências Situacionais
Engel et al. (2000)
1. Diferenças individuais:
Percepção
Aprendizagem e memória
Motivação e valores
Personalidade e Estilos de Vida
Atitudes
Autoconceito
32
como os recursos do consumidor, tempo, dinheiro e capacidade de recepção e
processamento de informação. Outro exemplo é a motivação, definida como necessidades
que afetam o comportamento do consumidor nas fases dos processos decisórios.
Dentre as influências ambientais, estão presentes a situação e a cultura, referente
aos valores, idéias, artefatos e outros símbolos significativos que ajudam os indivíduos a se
comunicarem, interpretarem e avaliarem como membros da sociedade, entre outros.
Porém, todas elas não serão exploradas, apenas ilustram a complexidade e
abrangência do estudo do comportamento do consumidor. Nos próximos tópicos do
referencial teórico serão abordadas de maneira profunda as variáveis escolhidas para este
estudo, assim como as justificativas para essas escolhas com base na revisão da literatura
do comportamento do consumidor como um todo e também dentro do contexto específico
de reciclagem.
Para esta dissertação, a característica pessoal escolhida foi o conhecimento e o
sentimento. Em relação às influências ambientais, optou-se por trabalhar com os grupos e
instituições através de um enfoque como agentes de socialização, sendo explorados
família, escola, mídia e pares. Além disso, o estilo de vida é utilizado para uma melhor
caracterização dos entrevistados. Destaca-se, o sentimento e o conhecimento são
explorados como antecedentes do comportamento e também recebem influências dos
agentes sociais.
2.2.1 Características Pessoais
As características pessoais envolvem os aspectos que os consumidores possuem
enquanto indivíduos (Sheth et al. 2001, p. 202). Nesta dissertação serão explorados o
sentimento e o conhecimento como influências pessoais no comportamento de separação
de materiais para a reciclagem. O estilo de vida, outra característica pessoal, será utilizado
para caracterizar os entrevistados.
2.2.1.1 Sentimentos
Engel et al. (2000) ao abordar os processos psicológicos que moldam todos os
aspectos da motivação e do comportamento do consumidor, destaca o processamento de
informação como um deles.
O processamento de informação preocupa-se com as maneiras pelas quais as
informações são recebidas, processadas e usadas na vida diária do consumidor. Neste
33
processo, o indivíduo recebe um estímulo, interpreta e o armazena na memória, e mais
tarde pode recuperá-lo (ENGEL et al., 2000).
Baseado no modelo de William McGuire, Engel et al. (2000) destacam cinco etapas
no processamento de informação: (1) exposição, (2) atenção, (3) compreensão, (4)
aceitação e (5) retenção.
Na primeira etapa ocorre a proximidade com o estímulo de tal maneira que exista a
oportunidade para que um ou mais dos cinco sentidos de uma pessoa seja ativado. No
segundo momento, entra o processamento aos esmulos. Na sequência ocorre a
interpretação do estímulo. A quarta etapa, na qual os sentimentos estão presentes, ocorre o
impacto persuasivo do estímulo. Por fim, na última etapa a interpretação e persuasão do
estímulo são transferidas para a memória de longo prazo (ENGEL et al., 2000).
O poder de persuasão, focado no quarto estágio, pode ser refletido ao influenciar o
conhecimento, as atitudes e o comportamento. Desta maneira, um ponto muito estudado é o
que determina quanto de aceitação ocorre durante o processamento de informação.
Pesquisas mostram que a aceitação dependerá, em sua maioria, das respostas cognitivas.
As respostas cognitivas são os pensamentos que ocorrem durante o estágio de
compreensão (ENGEL et al., 2000).
Porém, além das respostas cognitivas, também ocorre o impacto do que o estímulo
faz os indivíduos sentirem. As respostas afetivas representam os sentimentos e emoções
que são trazidos à tona por um estímulo. Algumas pesquisas mostraram a importância de
respostas afetivas durante o estágio de aceitação do processamento de informação. Por
exemplo, um estudo reporta que tanto respostas cognitivas quanto as afetivas foram úteis
na previsão de atitudes formadas depois da exposição ao anúncio (ENGEL et al., 2000).
As respostas afetivas estudadas acabam sendo os sentimentos, emoções e o humor.
Nesta dissertação os sentimentos serão considerados. Segundo Frijda et al (1991) os
sentimentos são disposições de responder emocionalmente a um objeto definido; é uma
disposição que transforma eventos simples em emocionalmente carregados.
Quanto à duração do afeto, pode-se dizer que os sentimentos são relativamente
duradouros (FRIDJA et al.; 1991), segundo Oatley (2000), sentimentos são emoções
duradouras, principalmente por outras pessoas. Então, é possível reconhecer sentimentos
de afeição, desânimo, antipatia, ansiedade, etc.
Os sentimentos consistem em uma avaliação da estrutura e inclui a preocupação
com o objeto. São esquemas com a mesma estrutura das emoções. Eles consistem em
representações latentes de alguns objetos como sendo relevantes e que sugerem o tipo de
ação que pode ser desejável em relação a ele. (FRIDJA et al.; 2000)
Oatley (2000) argumento que as funções e os efeitos dos sentimentos são para
estruturar o relacionamento com outras pessoas e com certos objetos, enquanto afetam o
34
que os indivíduos acreditam sobre eles, e os planos que fazem. O autor também argumenta
que cada sentimento tem crenças associadas com ele. Com cordialidade e afeição há
confiança, sem isso há, com freqüência, desconfiança. Com entusiasmo há esperança, sem
há tédio.
Frijda et al; (2000) apontam que as crenças temporárias implicam em emoções e
podem, entretanto, serem transformadas em crenças de longa duração. Quando isto
acontece, as emoções se transformam em sentimentos. Sentimentos é o nome para atitudes
que uma pessoa se preocupa. Porém, não são totalmente equivalentes. Um sentimento
pode ser fraco, mas mesmo assim envolve pessoalidade e valor relativo, enquanto uma
atitude pode ser meramente forte e inerente a sua crença, devido à solidez da elaboração
cognitiva. Sentimentos apresentam força emocional, por definição.
Muitos sentimentos são adquiridos pelo exemplo social, por escutar um discurso
carregado emocionalmente, por esquemas presentes em livros e outras mídias, e pelo
testemunho de comportamentos emocionais dos outros. (FRIDJA et al.; 2000).
Os sentimentos podem resultar da relevância de pertencer a um grupo. Também
podem ser respostas para conseqüências sociais esperadas e podem surgir porque eventos
ou questões que o preocupantes ao individuo (FRIDJA et al.; 2000). Estes dois últimos
pontos estão relacionados com o tema desta dissertação.
2.2.1.2 Formas de mensurar Sentimento
Como apontado por diversos autores, existe uma grande diversidade de
sentimentos a serem estudados. Como exemplo, Engel et al. (2000) apresenta esta
variedade classificada em três dimensões básicas: alegre, negativa e sensível. Falando de
maneira geral, sentimentos alegres e sensíveis aumentam a aceitação, enquanto
sentimentos negativos a reduzem em relação ao objeto ou pessoa. Esta classificação foi
baseada no estudo de Julie A. Edell e Marian Burker de 1987. O quadro 1 apresenta estes
sentimentos.
35
Alegres
Negativos
Sensíveis
Animado Aborrecido Afetado
Atento Arrependido Afetuoso
Ativo Cético Amável
Atraente Cheio Calmo
Aventureiro Crítico Comovido
Bom Deprimido Contemplativo
Brincalhão Deasfiante Emocional
Confiante Desapontado Esperançoso
Contente Desconfiado Pensativo
Criativo Desinteressado Preocupado
Despreocupado Dúbio Sentimental
Diligente Entediado Solidário
Divertido Insultado Tranquilo
Encantado Irritado
Engraçado Ofendido
Entusiasmado Ruim
Estimulado Solitário
Excitado Tedioso
Exultante Triste
Feliz Zangado
Forte
Hilariante
Independente
Inspirado
Interessado
Jovial
Orgulhoso
Prazeroso
Satisfeito
Sereno
Vigoroso
Vivo
Tipos de Sentimento
Fonte: Engel et al. (2000)
QUADRO 1: Tipos de sentimentos
PRADO (2004) apresenta uma revisão das maneiras que os sentimentos podem ser
mensurados. Porém, este autor trabalha o conceito como semelhante às emoções e ao
humor. Este autor comenta a taxonomia das emoções utilizada por Evrard e Aurier (1994),
no qual existem dimensões compostas por itens não excludentes entre si, ou seja, as
dimensões do afeto positivo (alegria, prazer e interesse) estão presentes nas três
concepções, bem como as dimensões do afeto negativo (aborrecimento, raiva, medo, etc.).
Na sua revisão na área de Marketing destaca o estudo de Mano e Oliver (1993), que
desenvolveram uma composição da PAD (Pleasure - Arousal - Dominance Scale -
MEHRABIAN e RUSSEL, 1974) com a PANAS (Positive Affect Negative Affect Scale -
WATSON, CLARCK e TELLEGEN, 1988). Também aborda o estudo de Holbrook e Batra
36
(1987) que mensuraram as respostas emocionais a estímulos de propaganda através de
itens identificados em uma etapa qualitativa preparatória. Outras opções destacadas foram
propostas por Izard (1977) com a DES I e II (Discrete Emotion Scale), por Izard et alli (1993)
com a DES IV, por Plutchick (1980), e em composições de Havlena e Holbrook (1986),
Westbrook e Oliver (1991) e Westbrook (1987), com combinações da escala PAD com a
PANAS, a de Plutchik, e as DES I, e II (PRADO, 2004).
Outra maneira de mensurar revisada por Prado (2004) foram as escalas bipolares,
na qual antônimos de cada item são apresentados nos extremos (OLIVER, 1989), escalas
com indicadores de intensidade ou freqüência de ocorrência para cada sentimento (OLIVER
e WESTBROOK, 1993; EVRARD e AURIER, 1994) e escalas de Likert com as diferentes
afirmações que representem respostas emocionais propostas no estudo de Wallbott e
Scherer (1989) (PRADO, 2004).
2.2.1.3 Conhecimento
O conhecimento é definido por Engel et al. (2000) como a informação armazenada
na memória. Quando se trata do consumidor, essas informações que operam no mercado
são chamadas de conhecimento do consumidor, sendo que podem ser em relação às
características dos produtos e serviços, os locais onde podem ser comprados e a maneira
de usá-los.
Porém entender esse conceito requer compreender seus componentes e as
dimensões em que se inserem. Engel et al. (2000), ao citar os estudos de psicólogos
cognitivos, usa os conteúdos da memória para relacionar com o que os consumidores
sabem. Segundo esses estudos, existem dois tipos de conhecimento, um é o declarativo e o
outro, o procedimento. No primeiro caso, conhecimento declarativo engloba os fatos
subjetivos (fatos que não precisam corresponder à realidade objetiva) que são conhecidos
pelos consumidores. No segundo, o conhecimento de procedimento está relacionado com o
entendimento de como os fatos podem ser usados pelos consumidores (ENGEL et al., 2000)
Uma distinção feita para facilitar o entendimento e a pesquisa sobre conhecimento,
divide esse conceito em duas dimensões: (1) conhecimento objetivo e (2) conhecimento
subjetivo.
A diferença conceitual entre esses dois tipos é que o conhecimento objetivo refere-
se apenas ao que o indiduo realmente sabe (BRUCK, 1985 e ENGEL et al., 2000), à
informação exata sobre a classe de produto (PARK et al., 1994). O conhecimento subjetivo
inclui um grau individual de confiança (BRUCK, 1985), é a percepção dos consumidores
37
sobre o nível de conhecimento que acreditam ter, o quanto e o que elas acham que sabem
sobre a classe de produtos (DUHAN et al., 1997; PARK et al., 1994).
Quando se trata do consumidor, o conhecimento merece atenção devido às
discussões sobre o impacto que ele tem no processo de decisão. Bettman e Park (1980)
afirmam que a presença ou ausência de conhecimento pode afetar os processos heurísticos
que os consumidores desenvolvem, bem como os tipos de informação que utilizam. Brucks
(1985) encontrou relação positiva entre que o conhecimento prévio, a habilidade de
processar novas informações e a eficiência das informações processadas.
Além do pprio conceito de conhecimento, a própria distinção entre conhecimento
objetivo e subjetivo é relevante para o entendimento dos consumidores. Assim, o conceito
abordado neste pico apresenta diversas implicações. Para os profissionais de marketing,
serve para identificar lacunas quanto ao que os consumidores sabem e também para
perceber quando o conhecimento de seus clientes está errado. Pois, o conhecimento
impreciso, também chamado de percepção equivocada, pode ser uma barreira para o
sucesso de determinado negócio (ENGEL et al., 2000).
Em relação às políticas públicas, saber o quanto os consumidores sabem sobre
determinada questão pode provocar indícios de necessidade de novas leis para que as
informações sejam passadas de maneira adequada e cheguem até os consumidores
(ENGEL et al., 2000).
Outra relevância é o fato de que o conhecimento do consumidor em relação a
determinado produto, pode ter significativo impacto na atitude, julgamento e escolha (ALBA
e HUTCHISON, 1987).
2.2.1.4 Formas de mensurar Conhecimento
Ao longo dos anos, estudos se ocuparam em entender melhor esse processo e em
mensurar o conhecimento do consumidor. A distinção apresentada, conhecimento objetivo e
subjetivo, serve como base para as mensurações. Porém outras questões estão envolvidas
com o conhecimento e também podem ser utilizadas como indícios desse construto. Assim,
seus componentes o explorados neste item como formas de abordar o conhecimento do
consumidor.
Em relação ao conhecimento subjetivo, sua mensuração pode fornecer níveis de
conhecimento, mas também níveis de autoconfiança dos consumidores, sendo que a
percepção de autoconfiança pode afetar as decisões estratégicas e táticas das pessoas. Por
outro lado, a ausência de confiança no conhecimento pode moti-lo a intensificar sua
busca de informação, independente do conhecimento atual (BRUCK, 1985). As medidas de
conhecimento subjetivo evidenciam as percepções dos consumidores de sua própria
38
capacidade de conhecimento (ENGEL et al., 2000). Porém as mensurações dessas duas
dimensões o conceitual e operacionalmente diferentes (BRUCK, 1985). Assim, diante
dessas diferenças, as pesquisas que buscam medir o conhecimento objetivo e subjetivo,
embora relacionadas, mostram que esses dois tipos não são substituíveis. Pois algumas
pessoas superestimam seu conhecimento, enquanto outras subestimam o que sabem
(ENGEL et al., 2000).
Alba e Hutchison (2000) apresentam que esta desconformidade entre a exatidão
do que os consumidores sabem e a confiança do que eles acham que sabem é importante
no processo de decisão por permitir a eles uma maneira de lidar com as informações
incompletas e erradas.
Das evidências geradas da distinção entre o conhecimento objetivo e o subjetivo,
Bruck (1985) mostrou que, durante o processo de decisão, o conhecimento objetivo foi
significativamente relacionado com o número de atributos examinados e o conhecimento
subjetivo com a tendência de requerer opines. Assim, essas relações confirmam que
conhecimento subjetivo é relacionado com a confiança na habilidade de tomar decisão.
Assim, os tipos de conhecimentos podem afetar o processo de informação de maneiras
diferentes (BRUCK, 1985).
Além de entender as dimensões desse conceito, é válido ter conhecimento dos
componentes maiores no qual ele es inserido. Segundo Alba e Hutchison (1987), eles são
dois: (1) a familiaridade, que é definida como o número de experiências com o produto, que
foram acumuladas pelos consumidores e (2) a expertise, abordada como a habilidade de
desempenho, com sucesso, de tarefas relacionadas ao produto. Esse último termo inclui a
estrutura cognitiva (crenças sobre os atributos do produto) e os processos cognitivos (regras
de decisão para agir com essas crenças).
Duhan et al. (1997) argumenta que uma outra dimensão relacionada é a
experiência. A experiência é apontada como a base para o desenvolvimento do
conhecimento objetivo e subjetivo, e os influenciam de maneira mais direta do que na
decisão em si, conforme ilustra a figura 6:
Fonte:Adaptado de Duhan et al. (1997)
FIGURA 6: Nível de Conhecimento prévio
Experiência
Subjetivo
Objetivo
39
Uma implicação desta experiência está relacionada também com a busca de
informações, o que mostra a relevância desse conceito para a área de Marketing. Alguns
estudos encontraram relação negativa entre a experiência com o produto e a busca externa
de informações, sendo a explicação a de que a experiência dos consumidores faz com que
eles tenham um conhecimento prévio dos diversos atributos e alternativas, e
consequentemente, não precisam adquirir informações de fontes externas. Entretanto a
segunda explicação para estes resultados é que os consumidores experientes apresentam
desempenho mais eficiente na busca de informações, porque sabem os atributos que serão
mais úteis para distinguir uma marca de outra e podem facilmente determinar quais
alternativas são inferiores (Bruck, 1985).
Por fim, destaca-se que o conhecimento também está relacionado com a
importância dada às recomendações dos outros (ALBA e HUTCHISON, 2000), o que pode
ser ligado à influência que as pessoas podem sofrer de seu contexto social, dependendo da
quantidade de informações que possuem ou acreditam possuir.
2.2.1.5 Estilo de Vida
O conceito de estilo de vida teve sua origem na teoria sociológica e também
derivou da psicologia, principalmente do conceito de personalidade (FINOTTI, 2004). Porém
sua relação com a área de Marketing ocorreu em 1963, ao ser introduzida por William Lazer
(PLUMMER, 1974).
No Marketing, o conceito é definido como uma maneira de segmentação que
classifica as atividades das pessoas em termos de: como elas gastam seu tempo, seus
interesses e suas opiniões (PLUMMER, 1974). Sua utilização surgiu em um momento no
qual os pesquisadores tentavam ir além das questões demográficas para entender o
processo de decisão dos consumidores. (DEMBY, 1989 e PLUMMER, 1974)
Atualmente, Engel et al. (2000) destacam que é um conceito popularmente
utilizado para compreender o comportamento do consumidor, e justificam essa afirmação,
pois é um conceito mais contemporâneo que personalidade e mais abrangente que valores.
Além disso, as pessoas utilizam modelos como estilos de vida para analisar os eventos que
acontecem em torno de si e para os interpretar e prevê-los, bem como para reconciliar seus
valores com os eventos, sendo os valores mais duradouros que os estilos de vida.
Essa popularidade é confirmada através de Finotti (2004) que, em uma revisão
bibliográfica, destaca que na área de Marketing o conceito de estilo de vida é citado na
maioria dos livros, mesmo que de maneira superficial, em capítulos sobre Segmentação ou
Comportamento do Consumidor. Porém esse autor aponta que há poucos livros específicos
40
sobre o assunto e que, embora existam muitos artigos acadêmicos, poucos deles são
recentes.
Estilo de vida é caracterizado como um modelo que define padrões, nos quais as
pessoas vivem e gastam tempo e dinheiro, assim, reflete atividades, interesses e opiniões
(AIO) de um indivíduo (ENGEL et al., 2000). É a maneira que o indivíduo se ocupa do dia-a-
dia, das facetas que orientam seu comportamento, assim como de seus sentimentos,
atitudes e opiniões (PLUMMER, 1974).
Sheth et al. (2001) agrupa três conjuntos de fatores que, reunidos, determinam os
estilos de vida, são eles: as características pessoais (genética, raça, gênero, idade e
personalidade), o contexto pessoal (cultura, instituições e grupos de referência e valor
pessoal) e as necessidades e emoções.
2.2.1.6 Formas de mensurar Estilo de Vida
Dentro do conceito de Estilo de Vida, a Psicografia é usada como uma cnica
operacional para medi-lo. Assim, proporciona medidas quantitativas, facilitando sua
aplicação com grandes amostras (ENGEL et al., 2000). Demby (1989) se autointitula como o
primeiro a publicar um estudo de psicografia nos anos de 1965 e justifica a origem do termo
através de sua necessidade em combinar duas palavras comuns: Psicologia e Demografia.
Assim essas técnicas se mostram mais abrangentes do que as medidas demográficas,
comportamentais e socioeconômicas (ENGEL et al., 2000). Porém destaca-se que a
Psicografia engloba, além do estilo de vida, os valores e o autoconceito (SHETH et al.,
2001).
A psicografia também é um termo usado geralmente de forma alternada com a
medida AIO (Atividades, Interesses e Opiniões) (ENGEL et al., 2000). A AIO é a abordagem
mais usada para mensurar os padrões de estilo de vida, desde a inserção desse conceito no
Marketing, no qual diversos métodos para mensurá-los foram sendo desenvolvidos e
aperfeiçoados (PLUMMER,1974).
Para a operacionalização da AIO, é mostrada aos consumidores uma série de
frases sobre possíveis atividades, interesses e opiniões. Assim eles indicam se concordam
ou discordam das afirmações (SHETH et al., 2001).
Plummer (1971) mostra que essas declarações podem ser agrupadas em
dimensões, conforme mostra o quadro 2. Cada uma das declarações podem ser
classificadas pelos respondentes por uma escala de concordância de seis pontos.
41
Atividades Interesses Opiniões Dados
Demográficos
Trabalho Família Próprios Idade
Hobbies
Lar Questões sociais Educação
Eventos sociais Trabalho Política Renda
Férias Comunidade Negócios Ocupação
Entretenimento Recreação Economia Tamanho da família
Afiliação a clube Moda Educação Moradia
Comunidade Alimentação Produtos Localização
Fazer compras Mídia Futuro Tamanho da cidade
Praticar esportes Realizações Cultura Estágio do ciclo de
vida
Fonte: Plummer (1974)
QUADRO 2: Dimensões do estilo de vida
As declarações AIO podem ser gerais ou específicas e normalmente as escalas
vão de “concordam plenamente” até “discordam fortemente” (ENGEL et al., 2000). Para
realizar a análise e interpretação desses julgamentos, as pessoas são agrupadas de acordo
com a semelhança nas respostas (SHETH et al., 2001).
Finotti (2004) realizou um estudo sobre a segmentação de mercado com base nos
estilos de vida, o questionário utilizado foi desenvolvido pelo autor para seu estudo. Apesar
de na literatura terem sido identificado outros trabalhos com esse foco, o autor tomou como
base o modelo de Grisi (1986) por ter sido possível o acesso. Além disso, esse autor
ressalta que os estudos apresentados exploram cerca de trezentas a quinhentas questões
AIO, porém a proposta desse autor foi adaptada para ser possível aplicá-lo entre trinta e
sessenta minutos, o que restringe a quantidade de questões apresentadas.
Um outro modelo utilizado para identificar os perfis psicográficos é o VALS (Valores
e estilo de vida). Foi desenvolvido pela SRI International e apresenta duas versões.(SHETH
et al., 2001). Essa abordagem descreve os consumidores como impulsionados pela
necessidade, direcionados externamente ou direcionados internamente (ENGEL et al.,
2000).
2.2.2 Influências Ambientais: os agentes de socialização
A teoria social tem como base os grupos de referência, ou seja, um grupo particular
que servirá como ponto de identificação do indivíduo e consequentemente influenciarão seu
comportamento, dependendo do grau desta identificação. Essa teoria sugere que o grupo de
referência servirá como fonte de informação e terá uma função avaliativa (MOSHIS, 1976).
42
Assim, essa teoria apresenta forte ligação com o processo de socialização, mais
especificamente a socialização do consumidor (BUSH et al., 1999).
Engel et al. (2000) define o processo de socialização do consumidor como a
aquisição de cognições, atitudes e comportamentos relacionados ao consumo. Moschis e
Churchill (1978), vistos como referência nesta área, definem esse processo como o meio
pelo qual as pessoas jovens desenvolvem habilidades relacionadas ao consumo,
conhecimento e atitudes. Porém embora os estudos iniciais tivessem como foco apenas os
jovens, atualmente esse processo é reconhecido como vitalício (ENGEL et al., 2000).
A socialização do consumidor também pode ser abordada em contextos
específicos, assim pode ser vista como um processo que ocorre tanto em um contexto
cognitivo, quanto de desenvolvimento social (JOHN,1999).
John (1999) separa esses estágios em três, utilizando como base a idade do
indivíduo. No Estágio Perceptual, as crianças percebem que seus pais e amigos têm outras
visões, mas ela apresenta dificuldade em pensar sobre a perspectiva dos outros. No Estágio
Analítico, ela já passa a pensar da perspectiva dos pais e amigos e consegue adotar
estratégias para influenciá-los. O Estágio Refletivo apresenta como forte característica uma
maneira mais adaptativa das decisões dos consumidores, variando conforme a situação e a
tarefa. Do mesmo modo que no estágio anterior, as crianças podem influenciar pais e
amigos e favorecem estratégias que eles pensam ser mais bem aceitas do que uma simples
abordagem direta (JOHN, 1999).
Diante da complexidade desse processo, diversas abordagens surgem como forma
de explicá-lo, entre elas cita-se a perspectiva do desenvolvimento, a de aprendizagem social
e a de sistemas sociais. Dessas três, uma das mais populares é o modelo de aprendizagem
social, o qual geralmente vê a socialização como resultado de forças do ambiente aplicadas
ao indivíduo (BUSH et al., 1999).
O processo de aprendizagem social não ocorre no vácuo, mas, sim, em um
contexto social. Assim, os agentes sociais são vistos como integrantes deste, podendo ser
uma pessoa ou organização, tais como a família, pais, mídia de massa, entre outros
(MOSHIS e MOORE, 1982; CHURCHILL e MOSHIS, 1979; MOSHIS e MOORE, 1979;
MOSCHIS e CHURCHILL, 1978; MOSHIS e MOORE, 1978).
Desse modo, a socialização é fruto das interações com os agentes que participam
desse processo de aprendizagem do indivíduo, através de modelagem (imitação de um
comportamento do que ensina), de reforço (positivo e negativo) e de interação social (que
pode incluir a modelagem e reforço) (MOSHIS e MOORE, 1982; MOSHIS e MOORE, 1979;
MOSCHIS e CHURCHILL, 1978; MOSHIS e MOORE, 1978).
A frequência de contato é fator importante (MOSHIS e MOORE, 1979) do
processo, e esses agentes continuam a influenciar o desenvolvimento das características,
43
mesmo com novos agentes sendo adicionados e antigos sendo substituídos (CHURCHILL e
MOSHIS, 1979).
Ainda sobre esse processo, existe um ambiente social, geralmente definido em
termos da estrutura social como gênero, raça e tamanho da família (MOSCHIS e
CHURCHILL, 1978), conforme mostra a Figura7.
Fonte: Moschis e Churchill (1978).
FIGURA 7: Modelo Conceitual de socializão do consumidor
Os resultados apontados neste modelo são as questões aprendidas, cuja aplicação
serve ao entendimento das influências em diversos tipos de comportamentos e atitudes, tais
como: exatidão do preço, lembrança do slogan, especificação de marca, comportamento de
consumo, conhecimento legal, concepção do papel do consumidor, atitude perante o preço,
materialismo, busca de informações, motivações, entre outros. (MOORE et al. 2002;
MOSHIS e MORRE, 1982; MOSHIS e MORRE, 1979; CHURCHILL E MOSHIS, 1979;
MOSHIS e MORRE, 1978; MOSHIS E CHURCHILL, 1978; MORRE e STEPHENS, 1975)
Um exemplo de estudo foi desenvolvido por Bush et al. (1999) sobre atitudes em
relação a propagandas, sendo que este autor também propõe um modelo, ilustrado na
Figura 8.
Relação com os agentes
de aprendizagem:
-Modelagem
-Reforço
-Interação Social
Variáveis da
Estrutura Social
Idade ou Posição
no Ciclo de Vida
Propriedades
Aprendidas
Antecedentes
ResultadosProcesso de Socialização
Relação com os agentes
de aprendizagem:
-Modelagem
-Reforço
-Interação Social
Variáveis da
Estrutura Social
Idade ou Posição
no Ciclo de Vida
Propriedades
Aprendidas
Antecedentes
ResultadosProcesso de Socialização
44
Fonte:Bush et al. (1999)
FIGURA 8: Modelo Conceitual da Socialização do consumidor e atitudes perante a propaganda
Nesse modelo, fica evidente o impacto que os agentes de socialização apresentam
sobre as atitudes. Sendo que, comunicação com os pais, pares, mídia de massa, gênero e
raça foram apontados como significativamente relacionados com as atitudes perante as
propagandas (BUSH et al., 1999).
Diante desse quadro, argumenta-se que existem três razões principais para o
estudo da socialização do consumidor: (1) é um campo multidisciplinar e congrega múltiplas
teorias e pesquisadores de diversas disciplinas sobre comportamento, que proporciona sua
aplicação a partir de diversas perspectivas teóricas, (2) o campo tem relevância direta para
o mundo real, como a preocupação dos grupos de políticas públicas do governo e órgãos
reguladores do mercado e (3) existem diversas oportunidades de pesquisa, diversos
interesses de pesquisa podem achar nesse campo uma maneira de aplicá-los (WARD et al.,
1990).
Desse modo, os quatro agentes de socialização escolhidos para esta dissertação
são explorados. A escolha desses agentes teve como base os estudos citados neste item,
além de autores como Engel et al. (2000) e Newcombe (1999) que também exploram essas
variáveis como importantes.
2.2.2.1 Família
As relões entre gerações podem ser fatores explicativos de compartilhamento de
preferências específicas, como marcas, até questões mais abstratas, como atitudes e
valores (MOORE-SHAY e BERCHMANS 1996), conhecimento e habilidades (JOHN, 1999).
Assim pesquisadores atentam aos padrões de comunicação como uma maneira de
entender essa influência da família (JOHN, 1999), e esta comunicação é apontada como
45
importante no processo de aprendizagem de consumo, sendo que pode ocorrer de maneira
direta ou indireta.
A criança pode aprender o comportamento do consumidor porque seus pais
diretamente lhes ensinam ou porque eles aprendem através da observação do
comportamento deles (COTTE E WOOD, 2004).
As influências diretas compreendem a aquisição de informações relacionadas ao
consumo e subsequente formação de padrões de crenças, normas e comportamentos dos
indivíduos. Por outro lado, as influências indiretas envolvem a aprendizagem de padrões
através da interação com outros recursos de informão do consumidor, os quais a família
pode ser compreendida como mediadora dos efeitos desses recursos. O processo de
comunicação na família leva a diferentes padrões de interação com outras formas de
aprendizagem do consumidor, tais como a mídia e pares (MOSHIS, 1985).
Argumenta-se que as crianças se espelham em seus pais, sendo eles os primeiros
meios de transmissão cultural na sociedade. Assim, as questões aprendidas no contexto
familiar impactam também o comportamento do indivíduo enquanto adulto (MOORE-SHAY e
BERCHMANS, 1996).
Dentro do contexto familiar, alguns fatores aparecem mediando o impacto dessa
influência, tais como a ordem de nascimento e as díades.
As díades são relações específicas que se formam, tais como mãe-filho, mãe-filha,
pai-filho e pai-filha (MOSHIS, 1985). O outro fator, a ordem de nascimento, está relacionado
tanto com as questões do próprio indivíduo, quanto com o ambiente que é proporcionado
pelos seus familiares.
Quanto ao indivíduo, os filhos mais velhos utilizam mais os valores de seus pais
como modelo, do que os de seus pares. Essa ordem de nascimento também apresenta
impacto na necessidade de diferenciação do filho mais velho, dos filhos mais novos, pois
muitas vezes os encaram como ameaça em sua relação com seus pais, com os quais
apresentavam exclusividade de afeição. os filhos mais novos, são mais susceptíveis de
ressentimento de seus irmãos mais velhos, que apresentam um ar mais dominante,
tendendo a buscar valores em seus pares. Assim, os primogênitos são vistos com modos de
consumo mais próximos de seus pais, enquanto a comunicação sobre consumo com os
pares é esperada com mais frequência nos que nascem depois (CHURCHILL E MOSHIS,
1979).
Em relação ao ambiente, como foi visto, os pais influenciam seus filhos não apenas
através da genética, mas também pelo contexto em que criam cada um de seus filhos,
sendo a ordem de nascimento um fator que impacta, pois os filhos mais velhos se deparam
com ambientes diferentes dos de seus irmãos que vierem depois (COTTE E WOOD, 2004).
46
2.2.2.2 Mídia
A mídia de massa pode ser apontada como uma das maneiras indiretas em que os
indivíduos adquirem conhecimento para tomar decisões e realizar julgamentos. Esse meio
pode ser fonte de informação e também influenciador do processo de decisão tanto através
das propagandas, quanto dos programas (SHRUM et al. 1991).
Devido à exposição dos jovens às diversas propagandas, por exemplo, eles podem
desenvolver orientações favoráveis em relação a determinada marca (MOSHIS e MOORE,
1979). Além disso, as propagandas podem ser vistas como uma base para as interações
sociais (RITSON e ELLIOT, 1999).
Dessa forma, a mídia de massa não é vista apenas como um meio de informação
do produto, mas também como um agente de socialização que pode modelar o
comportamento e atitude de consumo dos indivíduos (MOORE e STEPHENS, 1975).
Porém esse agente de socialização também pode ser fator de consequências
indesejáveis ao produzir escolhas irracionais, decisões de compra impulsivas e
desenvolvimento de valores materialistas. Alguns críticos da propaganda advertem que ela
influencia fortemente as atitudes, valores e comportamentos de consumo dos jovens
(MOSHIS e MOORE, 1982).
Como consequência, o efeito desse meio pode ser forte entre aqueles que
assistem mais, do que para os que assistem menos televisão, sendo a influência das
crenças de consumo transmitidas pela televisão maiores no primeiro grupo. Além disso,
essas crenças são mais acessíveis na memória entre aqueles que assistem a ela com mais
frequência (SHRUM et al. 1991).
Além das propagandas, os filmes também merecem atenção. Estúdios e
produtores também podem sofrer críticas por conta dessa influência, um exemplo é uso de
cigarros em filmes populares e de audiência dos jovens (JOHN, 1999).
2.2.2.3 Pares
Embora a influência dos pais esteja presente, quando o indivíduo passa a ter
contato, com maior frequência, com outras pessoas, estas também podem se tornar um
fator relevante no processo de socialização do consumidor. Algumas habilidades de
consumo podem ser adquiridas através dos pares, como exemplo, um adolescente pode
aprender marcas ‘boas’ e ‘más’ de determinado produto através de seus amigos (MOORE e
STEPHENS, 1975).
A maneira que esse processo ocorre se mostra mais forte quando a comunicação
no ambiente familiar não é estável e forte (JOHN, 1999). Além disso, ocorre através da
47
observação dos adolescentes das atividades relacionadas ao consumo de seus amigos para
tomarem decisões no mercado (MOORE et al., 2002).
2.2.2.4 Escola
As escolas são vistas como um meio que pode contribuir para a construção da
identidade dos adolescentes e também ensinar-lhes sobre atividades de cidadania, assim
podem impactar no comportamento de consumo dos jovens (AHAVA e PALOJOKI, 2004)
A questão do consumo, especificamente, pode ser vista como parte da educação e
socialização das crianças e jovens e com papel importante do desenvolvimento da
identidade e autoimagem (BENN, 2004). Porém, em relação à educação sobre o consumo
especificamente, é visto que esses temas aprendidos na escola serão mais relevantes no
futuro do adolescente e não no momento em que o ensinados (AHAVA e PALOJOKI,
2004).
2.2.2.5 Formas de mensurar: Agentes de socialização
Diversos estudos se propuseram a relacionar a influência de agentes de
socialização no comportamento de consumo de crianças e jovens. Para facilitar essa
visualização, o Quadro 3 traz alguns desses autores, os itens pesquisados e os agentes que
abordaram.
48
Fonte: Elaborado pela autora.
QUADRO 3: Formas de mensuração dos agentes de socialização.
Conforme é apresentado nesse quadro, os agentes pais, pares e mídia foram os
mais explorados. Em relação aos itens pesquisados, geralmente são analisadas as etapas
Autores Itens pesquisados
Pais Pares Mídia Escola
Conhecimento
Atitudes
Comportamentos de consumo
Busca de informações
Avaliação de produtos
Compra
Valores Materiais
Motivações Sociais para o consumo
Motivações econômicas para o consumo
Natureza do conhecimento do consumidor
Ativismo do consumidor
Gerenciamento financeiro do consumidor
Atitude perante os preços
Materialismo
Motivação economica
Motivação social
Habilidades de consumo:
conhecimento de marca
exatidão de preço
conhecimento legal
concepção do papel do consumidor
Exatidão de preço
Lembrança de Slogan
Especificação de marca
Atitude em relação à propaganda
Moore
et al.
(2002)
Moore e Stephens
(1975)
Moshis e Moore
(1978)
Moshis e Moore
(1982)
Efeitos da propaganda na televisão
Moschis e Churchill
(1978)
Moshis e Moore
(1979)
Churchill e Moshis
(1979)
Agentes de Socialização
x x x
x
x x
x x
x x x
x x x
x x x
x x x
49
de escolha e compra de produtos, sendo que a última etapa do processo de compra não é
mencionada nestes trabalhos.
Com base nesses estudos, segue a forma como a influência de cada agente de
socialização foi investigada. Alguns itens estão em branco porque não foram encontradas
as informações.
Em relação à influência da família, essa foi, na maioria dos trabalhos, mensurada
através da comunicação das crianças/adolescentes com seus pais.
Autor/Ano Enfoque da mensuração
Quantidade
de itens
Escala Exemplo
Moore e
Stephens
(1975)
Comunicação entre os
membros da família sobre
consumo
4
6 pontos
(frequentemente-
nunca)
Moshis e
Moore (1978)
A extensão que os
adolescentes interagem com
seus pais sobre maneiras de
consumo.
9
5 pontos
(frequentemente -
nunca)
"Eu conto para os meus
pais o que eu acho
sobre o que eles
consomem"
Moschis e
Churchill,
(1978)
Família: Comunicação entre
os pais e os adolescentes
sobre bens e serviços.
12
5 pontos
(frequentemente -
nunca)
“Meus pais e eu
conversamos sobre a
compra de coisas".
Churchill e
Moshis
(1979)
Interação entre os pais e os
adolescentes sobre bens e
serviços.
12
5 pontos
(frequentemente -
nunca)
“Meus pais e eu
conversamos sobre a
compra de coisas
Moshis e
Moore (1979)
Interação entre os pais e os
adolescentes sobre bens e
serviços.
6
5 pontos
(frequentemente -
nunca)
“Meus pais e eu
conversamos sobre a
compra de coisas
Moshis e
Moore (1982)
Interação entre os pais e os
adolescentes sobre bens e
serviços.
6
5 pontos
(frequentemente -
nunca)
“Meus pais e eu
conversamos sobre a
compra de coisas
Moore et al.
(2002)
Influencia dos pais na decisão
de consumo
8
“Eu nunca compro
algum produto até que
meus pais e eu
discutimos sobre ele”
FAMÍLIA
Fonte: Elaborada pela autora.
QUADRO 4: Formas de mensuração dos agentes de socialização - família.
Conforme o Quadro 4, a maneira de mensurar a influência dos pais foi parecida na
maioria dos artigos, sendo que, muitas vezes os autores eram os mesmos. O número
máximo de itens encontrados foi 12 e o mínimo foi 4 itens.
50
A influência dos pares também foi mensurada, em sua maioria, através da
comunicação das crianças/adolescentes com seus amigos.
Autor/Ano Enfoque da mensuração
Quantidade
de itens
Escala Exemplo
Moshis e
Moore
(1978)
Interação dos adolescentes com
seus pares sobre maneiras de
consumo.
5
5 pontos
(frequentemente -
nunca)
“Eu aprendo com meus
amigos o que procurar
quando compro coisas”
Moschis e
Churchill,
(1978)
Comunicação com os pares
sobre consumo: Interações dos
adolescentes com seus pares
sobre consumo
6
5 pontos
(frequentemente -
nunca)
"Eu e meus amigos
conversamos sobre a
compra de coisas”.
Churchill e
Moshis
(1979)
Interação dos adolescentes com
seus pares sobre bens e
serviços.
6
5 pontos
(frequentemente -
nunca)
"Eu e meus amigos
conversamos sobre a
compra de coisas”.
Moshis e
Moore
(1979)
Interação manifesta entre
adolescentes e seus pares sobre
a preocupação de bens e
serviços.
8
5 pontos
(frequentemente -
nunca)
"Meus amigos e eu
conversamos sobre a
compra de coisas”
Moshis e
Moore
(1982)
Interação manifesta entre
adolescentes e seus pares sobre
a preocupação de bens e
serviços.
8
5 pontos
(frequentemente -
nunca)
"Meus amigos e eu
conversamos sobre a
compra de coisas”
Moore et
al. (2002)
influencia dos pares em modelar
as decisões sociais de consumo
e pressões dos pares incluía
dois itens refletindo o que os
pares
7
"Eu conquisto um senso
de pertença por comprar
as mesmas marcas que
meus amigos”e "Eu
regularmente pergunto ao
meus amigos sobre a
última moda”.
PARES
Fonte: Elaborado pela autora.
QUADRO 5: Formas de mensuração dos agentes de socialização - pares.
A maneira de mensurar a influência dos pares foi similar nos artigos analisados,
sendo que todos utilizaram uma escada de frequência de 5 pontos. O número máximo de
itens encontrados foi 8 e o mínimo foi 5 itens.
A influência da mídia foi abordada tanto pela frequência e tipos de programas,
quanto pela motivação que leva a criança/adolescente a buscar esse tipo de informação.
51
Autor/Ano Enfoque da mensuração
Quantidade
de itens
Escala Exemplo
Moore e
Stephens
(1975)
Quantidade de tempo gasta com tipos
particulares de mídia (rádio, televisão,
revistas e jornais).Mmotivações para se
expor a conteudos comerciais na mídia
foram explorados(Itens de Ward e
Wackman´s, 1971).
7
Escala de 5 pontos -
concordo totalmente
até discordo
totalmente
Comerciais me
ajudam a aprender
como fazer uma
boa impressão
para os outros.
Moshis e
Moore
(1978)
Freqüência que o respondente assiste
programas de: noticias, desenhos,
esporte, filmes, talkk shows e aventuras
policiais.
6
Escalas de 5 pontos
de muito frequente-
nunca.
Moschis e
Churchill,
(1978)
Frequencia que os adolescentes
assitesm determinados tipos de
programas. Razões sociais para assisitr
televisão. Frequencia de leitura de
jornais
32
Escala de 5 pontos
de todos os dias-
nunca. Escala de 0-
10 representando
respostas positivas
para as razões.
“Para aprender
quais coisas
comprar e passar
uma boa impressão
para os outros”.
Churchill e
Moshis
(1979)
Mensurado pela freqüência que
assistem categorias de programas
especificas: notivias nacionais e locais,
esportes, filmes, shows, desenhos e
shows de aventura e policiais.
Escalas de 5 pontos
de todo dia(5) –
nunca (1).
Moshis e
Moore
(1979)
Mensurado pela freqüência que
assistem categorias de programas
especificas: notivias nacionais e locais,
esportes, filmes, shows, desenhos e
shows de aventura e policiais.
Escalas de 5 pontos
de todo dia(5) –
nunca (1).
Moore
et al.
(2002)
Declarações que refletiam a influência
dos recursos de mídia nas decisões de
consumo dos jovens
3
"Eu compro
produtos e marcas
que são
anunciadas na TV,
rádio e revistas de
jovens”.
MÍDIA
Fonte: Elaborado pela autora.
QUADRO 6: Formas de mensuração dos agentes de socialização- mídia.
A maneira de mensurar a influência da mídia foi a que apresentou maior variedade
entre os artigos analisados, embora todas tenham utilizado escala de 5 pontos. O número
máximo de itens encontrados foi 32 e o mínimo foi 3 itens.
Por fim, a influência da escola foi mensurada em apenas um dos trabalhos
analisados. Neste, foi através da interação dos adolescentes com a escola sobre maneiras
de consumo. Além disso, os pesquisadores verificaram o total de créditos em aulas de
educação de consumo, economia de casa, ciência do meio ambiente e educação para o
mercado/emprego (MOSHIS e MOORE, 1978).
52
2.2.2.6 Os jovens universitários
A cada dia, o número de adolescentes que frequentam o ensino superior vem
aumentando, assim está provocando o aparecimento de um novo estágio de
desenvolvimento, que se situa entre o final da adolescência e o início da vida adulta. Porém,
ainda é de certa forma precipitado afirmar, em termos definitivos, que estes constituem um
novo estágio, teoricamente estabelecido, à semelhança do que aconteceu com a
adolescência na virada do século, mesmo assim, muitos autores pensam que este estágio
está num processo de formação (SPRINTHALL E COLLINS, 2003).
No final do século XIX e início do século XX, as mudanças provocadas pela
industrialização tanto na estrutura familiar, quando na carreira e urbanizão, contribuíram
para o ‘surgimento’ da adolescência, considerado um período transitório entre a infância e a
fase adulta (SPRINTHALL E COLLINS, 2003).
Assim, de maneira semelhante, vem ocorrendo com os universitários, podendo ser
considerado um período no qual não são nem adolescentes nem adultos. São pessoas que
permanecem na escola e fora do mercado de trabalho, com idade aproximadamente entre
17 e 21 anos de idade (SPRINTHALL E COLLINS, 2003).
Uma das principais características desse público é a diminuição de contato com
seus pais, além do aparecimento de novos assuntos e tarefas que exigem resolução. Estes
jovens confrontam-se com profundas questões de transformação. Estas são mais
abrangentes do que o conflito normal com os pais, acerca das restrições de tempo impostas,
dos amigos e da responsabilidade pelas tarefas imediatas. Em geral, a sociedade ocupa o
lugar da família enquanto fonte de conflito. Todavia, durante a fase de juventude, as
percepções e a consciência dessas fraquezas tornam-se altamente acentuadas
(SPRINTHALL E COLLINS, 2003).
Por fim, destaca-se que os jovens do ensino superior têm colocado em evidência
as mudanças estruturais que ocorrem durante os últimos anos que antecedem a vida adulta,
sendo que existem dois domínios de importância: (1) o intelectual e (2) o moral e dos
valores (SPRINTHALL E COLLINS, 2003).
53
2.3 RECICLAGEM, COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E INFLUÊNCIAS
RECEBIDAS
Como foi abordado até o momento, esta dissertação traz a literatura que aborda o
processo de compra do consumidor e suas influências e a une com a literatura que trata do
comportamento de separação de materiais para a reciclagem que é uma das opções na
última etapa do processo de compra do consumidor. Desta maneira, pode-se inferir que as
influências apontadas ao momento (sentimento, conhecimento, família, mídia, escola e
pares) também estão presentes no comportamento de separação de materiais para a
reciclagem.
Este item apresenta de maneira mais profunda esta ligação e alguns achados
nesta linha.
Diante do referencial teórico apresentado até o momento, se faz necessário focá-lo
no contexto do problema de pesquisa desta dissertação. Inicialmente será explorado o
comportamento de separação de materiais para a reciclagem, os achados dos estudos que
se propuseram a explorar esse tema e por fim, as maneiras que já foram mensurados. Na
sequência, para cada uma das variáveis selecionadas o mesmo é realizado.
Essa etapa é importante por evidenciar os resultados que justificam a escolha
dessas variáveis, além de colaborar para a construção do instrumento de coleta desta
dissertação, ao permitir uma visualização das possibilidades de mensuração.
2.3.1 O comportamento de separação de materiais para a reciclagem
Muitos estudos sobre reciclagem são conduzidos através de uma perspectiva
psicológica, pois analisam esse problema como uma mudança de comportamento. Todavia,
é com estas considerações que, Shrum et al. (1994) afirmam que a reciclagem também é
um problema do Marketing. Dentro desta perspectiva, então, surge um aspecto mais
específico que passa ser relevante, o comportamento do consumidor.
Na literatura sobre o comportamento do consumidor (ENGEL et al., 2000), a
reciclagem, conforme apresentada, é inserida como a última etapa do processo decisório
do consumidor e vem ganhando relevância com o problema da redução de lixo. Embora não
seja um conceito novo, o estudo da relação entre redução de lixo e outras formas de
gerenciamento de lixo sólido são relativamente recentes e, muitas vezes, está inserido em
uma perspectiva do consumidor ambientalmente favorável. Porém destaca-se que, embora
a responsabilidade ambiental e reciclagem sejam ambos comportamentos de gerenciamento
54
de lixo, eles podem ter diferentes antecedentes (EBREO et al., 1999) e consequentemente
valem ser estudados de maneira separada.
Heckler (1994) afirma que a pesquisa sobre comportamento de separação de
materiais para a reciclagem vem sendo conduzida desde a metade da década de 1970.
Entre os estudos com uma perspectiva mais qualitativa, foi investigado o significado do lixo
para os consumidores do Brasil e do Reino Unido (BEKIN et al., 2007). Dentre as
considerações encontradas, foi identificado que os participantes dos dois países consideram
papéis similares para o lixo, relacionado-o com abundância e conveniência. O lixo é
percebido por essas duas culturas nos estágios de compra e consumo e a conveniência
apresenta papel neste processo.
Já em uma perspectiva mais quantitativa, uma grande quantidade de estudos focou
em uma natureza psicológica da reciclagem. Estes estudos podem ser divididos em
categorias como: (a) atitudes e crenças, (b) valores pessoais, e (c) traços (SHRUM et al.
1994). Outros pesquisadores têm abordado varveis demográficas, conhecimento e
sentimento de preocupação ambiental.
Todavia as evidências apontadas na literatura mostram que é uma área que se
encontra em uma fase exploratória, visto a quantidade de variáveis observadas e os
resultados, muitas vezes são conflitantes.
Porém a maneira que essa pesquisa vem sendo conduzida se mostra útil para o
entendimento do consumidor no comportamento de separação de materiais para a
reciclagem. Como um panorama geral, variáveis demográficas se mostraram como fracos
antecedentes do comportamento de reciclagem e, consequentemente, pouco indicados
como variáveis de segmentação. Do mesmo modo, a pesquisa sobre atitudes se mostra um
pouco confusa, mas sugere um nível de especificidade para mensuração importante. Por
outro lado, a pesquisa que tem abordado conceitos mais abstratos como valores, valores
culturais e traços, indica maneiras para explorar uma comunicação mais persuasiva que
pode ser designada para atrair não-recicladores (SHRUM et al., 1994).
Com isto, entender as características dos não-recicladores, com uma ênfase em
suas características e motivações é interessante para determinar se estes são um segmento
com características particulares (SHRUM et al., 1994).
Shrum et al. (1994) fazem uma revisão de estudos com o intuito de promover a
idéia de que a reciclagem também é uma preocupação do marketing. Assim, os autores
consideram o comportamento de separação de materiais para a reciclagem como um
produto e a ocupação do marketing seria vender a reciclagem para seu público. Desta
forma, agrupam os achados em (1) pesquisa do consumidor (pesquisa das características
desses consumidores, tanto demográficas quanto psicográficas). (2) Pesquisas sobre
precificação, definida como os custos para o consumidor adotar essa idéia, (3) Pesquisas de
55
distribuição, modos que os recicladores participam desse processo e (4) Pesquisa
promocional, estratégias e técnicas de comunicação utilizadas para atingir o público para
desencadear um comportamento de reciclagem.
Assim, os estudos abordam o impacto de alguma variável no comportamento de
reciclagem. O quadro 7 sintetiza os trabalhos encontrados por estes autores, sendo que
apresenta artigos desde o ano de 1972. Embora a divisão busque atender a preocupação
dos autores em fornecer indícios que o comportamento de reciclagem pode ser encarado
como um produto de marketing, essa revisão é válida como um panorama das pesquisas
realizadas até a década de 1990, além de evidenciar as diversas perspectivas que este
tema pode adotar. O Quadro 7 apresenta os estudos divididos pelas temáticas propostas
pelos autores e, na primeira coluna as variáveis estudadas em relação à reciclagem, na
segunda coluna a quantidade de estudos com esta abordagem e na terceira, com base na
quantidade de estudos, quantos encontraram resultados positivos, negativos ou nenhuma
relação.
Fonte: elaborado pela autora com base em Shrum et al. (1994)
QUADRO 7: Estudos sobre reciclagem
Variável independente analisada em
relação à reciclagem (variável
dependente)
Quantidade
total de
estudos
positiva negativa neutra
Idade 2 2 0 0
Renda 3 3 0 0
Educação 2 0 0 2
Posição sociopolítica interna de controle 1 1 0 0
Crenças 4 1 2 1
Atitudes 4 3 0 1
Valores 8 5 2 1
Conveniência 5 5 0 0
Conhecimento 3 3 0 0
Dificuldade percebida 1 0 1 0
Boca-a-boca 1 1 0 0
Propaganda 4 3 0 1
Incentivo Financeiro 2 2 0 0
Discussões 6 6 0 0
Lembrança 3 3 0 0
Compromisso verbal 1 1 0 0
Pesquisa sobre Promoção
Pesquisa do comportamento do consumidor( demográfica)
Relação encontrada
Pesquisa do Consumidor (psicografia)
Pesquisa sobre Precificão
56
Destes estudos, destaca-se o conhecimento. Pois este apresenta relação positiva
com o comportamento de separação de materiais para a reciclagem e é uma das
características individuais exploradas nesta dissertação.
As discussões e o boca-a-boca também merecem destaque pela relação positiva e
por apresentarem a possibilidade de serem enquadrados como formas de influencias dos
agentes sociais.
2.3.1.1 Formas de mensurar: Comportamento de separação de materiais para
a reciclagem
Diante do panorama apresentado do comportamento de reciclagem, a maneira que
alguns desses trabalhos utilizaram para mensurá-lo será explorada. O Quadro 8 sintetiza
como o assunto foi abordado e a escala utilizada em cinco trabalhos que exploraram o
comportamento de reciclagem.
57
Autor Freqüência
Jornais Embalagem de leite Menos de uma vez por
mês
Latas de aço Copos/ Jarras de vidro Uma vez por mês
Latas de alumínio Sacolas de plástico Duas vezes ao mês
Sacos de papelão Garrafas de plástico Uma vez por semana
Caixas de papelão Quase todos os dias
Recicla papelão Reutiliza tonel
Recicla garrafas de plástico Compra recicláveis
Desperdiça Compra reutilizáveis
Recicla latas de bebida Compra produtos com pouca
embalagem
Recicla folha de metal Usa sua própria sacola de
compra
Recicla jornal Reutiliza papel
Recicla revistas vidro/copo Recicla pedaços de
correspondência
Recicla tecido Reutiliza garrafas
Recicla latas de comida Repara itens
Maneira/Materiais que utilizou
Bagozzi e
Dabkolkar
(1994)
Ebreo (1999)
Respondentes indicavam se tinham participado de alguma
atividade de reciclagem no ano passado. Indicavam vários
tipos de materiais que eles tinham reciclado neste
tempo(lista dos materiais de programas de coleta
seletiva).
Escala de 7 pontos de
nenhum deles todos
eles
Barr (2007) Escala de 5 pontos de
frequência
Knussem (2008) Questionados sobre as proporções que cada um dos
quatro tipos de lixo foram reciclados nos último 3 meses.
Questionado em 10 itens de uma lista de ações
promovidas pela prefeitura da cidade
Fonte: Elaborado pela autora
QUADRO 8: Formas de mensuração do comportamento de reciclagem.
Nota-se que a maioria explorou o comportamento através da frequência na qual
cada material é reciclado pelo consumidor.
É válido destacar que apenas Bagozzi e Dabkolkar (1994) mensuraram os locais
utilizados para a reciclagem, como: cestos de coleta, centros de conveniência, locais de
varejo, compartimentos do trabalho e outras locações (serviços locais, vizinhanças, igreja,
casa dos pais).
58
2.3.2 Sentimento e o comportamento de separação de materiais para a
reciclagem
Os sentimentos são pouco citados nos estudos de reciclagem. Desta maneira, nesta
revisão foi considerada a atitude também, pois uma de suas dimensões é a atitude afetiva e
está relacionada com os sentimentos.
Valle et al. (2005), em sua revisão inicial, afirmam que o comportamento de
separação de materiais para a reciclagem pode ser indiretamente determinado por fatores
pessoais psicológicos, como consciência social, mas não pelas atitudes gerais sobre
ecologia.
Ainda sobre a atitude geral em relação ao meio ambiente e atitude específica sobre
a reciclagem, essa discussão também foi evidenciada por Ebreo et al. (1999), quando estes
cita seu estudo com Vining em 1992. Neste estudo, as atitudes de reciclagem são
mostradas como antecedentes mais efetivos do comportamento de separação de materiais
para a reciclagem do que a preocupação geral com o meio ambiente (EBREO et al., 1999).
Dentro da perspectiva dos componentes da atitude, o sentimento aparece, embora
não com esta denominação. Um exemplo são as recompensas intrínsecas que Ebreo et al.
(1999) cita dos estudos de Young em relação à reciclagem, sendo: parcimônia, auto-
suficiência e participação, além da satisfação que os pesquisados afirmaram sentir por
estarem participando de atividades de conservação (EBREO et al., 1999).
O outro componente da atitude são as crenças em relação ao objeto de atitude. As
crenças relacionadas à separação de materiais para a reciclagem são definidas como
julgamentos concretos sobre as consequências (positivas ou negativas) sobre reciclagem e
tendem a forçar o significado ou resultados (inconveniência, economia de dinheiro)
(BAGOZZI e DABHOLKAR, 1994). Assim, a maneira que as crenças dos respondentes
sobre os benefícios da reciclagem para o meio ambiente aumentam é refletida em um
aumento de sentimento de obrigação em reciclar (EBREO et al., 1999).
Fato semelhante é mostrado por Barr (2007) ao citar o estudo de Hopper e Nielsen
(1991) que concluíram: os mais propensos a agir são os que acreditam que suas ações
podem fazer a diferença para o problema do lixo.
2.3.3 Conhecimento e o comportamento de separação de materiais para a
reciclagem
Algumas evidências foram apontadas na relação conhecimento e meio ambiente,
tais como as relacionadas por Linn, Vinning e Feeles (1994) no estudo de Ebreo et al.
(1999). Neste estudo, os resultados mostraram que os respondentes podem dar exemplos
59
de produtos passíveis de reciclagem e quanto maior essa familiaridade, maior a participação
em programas de reciclagem (EBREO et al., 1999). Daneshvary et al. (1998) também listam
diversos estudos que comprovam essa idéia, como o de Simmons e Widmar (1990), no qual
apontam que os indivíduos com mais conhecimento sobre o que e como separar os
materiais para reciclar eram mais prováveis de agir do que os com menos conhecimento.
Gambá e Oskamp (1994) também comprovaram que o conhecimento específico dos
respondentes sobre programas de reciclagem era o mais importante antecedente observado
nesse tipo de comportamento (DANESHVARY et al., 1998).
Em relação à forma de mensurar, o trabalho de Barr (2007) investigou o
conhecimento de duas maneiras. No primeiro momento, o conhecimento abstrato foi
mensurado através de 12 itens. O conhecimento geral sobre o meio ambiente e o lixo foram
investigados através de afirmações de verdadeiro e falso derivadas da Social Trends
(Central Statistical Office, 1998). Outro tipo de conhecimento, o concreto, foi mensurado
através de respostas sobre ciência do lixo local. Envolvia uma lista de materiais que
poderiam ser reciclados. Os entrevistados ainda foram questionados sobre os recursos que
utilizavam para conseguir informações sobre o lixo, tais como TV, rádio, jornal local.
2.3.4 Estilo de vida e o comportamento de reciclagem
Não foi encontrado nenhum estudo centrado no conceito “estilo de vida”,
especificamente, mas considerando que uma de suas abordagens é a AIO (atividades,
interesses e opiniões), alguns resultados podem ser ligados ao conceito.
Um exemplo é a opinião em relação ao quanto acreditam no uso inteligente dos
recursos naturais. Neste caso, Simmons e Widmar (1990) denominaram como ética de
conservação. Nos resultados, os autores encontraram que os consumidores com forte ética
de conservação eram mais prováveis de reciclarem do que indivíduos com fraca ética de
conservação (DANESHVARY et al., 1998).
Ainda em relação às opiniões, podem ser associadas às categorias encontradas
dos motivos pelos quais as pessoas reciclam ou acham importante reciclar (BAGOZZI E
DABHOLKAR, 1994), pois essas motivações fornecem indícios do que as pessoas
acreditam sobre esse comportamento.
Esses autores encontraram 19 categorias, sendo elas: (1) Redução do lixo, (2)
Reutilização de materiais, (3) Salvar o meio ambiente, (4) Salvar o planeta, (5) Aterros
(evitar lotar), (6) Redução do custo de vida, (7) Construção da autoestima (sentir-se melhor),
(8) Salvar recursos, (9) Conservar energia, (10) Ajudar a comunidade, (11) Reduzir a
poluição (ar, água, terra), (12) Aumentar a harmonia estética (por aumentar a beleza da
natureza e da terra), (13)É a coisa certa que deve ser feita, (14) Economizar ou ganhar
60
dinheiro, (15)Reduzir lixo sujo, (16)Ajudar a economia, (17)Prover para as futuras gerações,
(18) Promover melhor saúde e evitar doenças (menos germes, insetos), (19) Sustentação da
vida (importância da sobrevivência a longo prazo) (BAGOZZI e DABHOLKAR, 1994).
Ainda sobre as opiniões, Romeiro (2006) utilizou três tipos de perguntas,
adaptadas de outros estudos e de sua revisão teórica, que podem ser úteis nesta
identificação. Uma delas explorou, através de escalas de 7 pontos (discordo totalmente
concordo totalmente) a visão dos entrevistados sobre a situação do meio ambiente, como
exemplo de perguntas: “Se as coisas continuarem nesse rumo, experimentaremos a maior
catástrofe ecológica”. A segunda questão envolveu o entendimento por preservação
ambiental, apresentava itens como: “Contribuir com dinheiro para grupos ambientais”, “Não
poluir rios”, entre outras. A terceira questão destacada envolvia a opinião dos entrevistados
dos responsáveis pela preservação do meio ambiente, entre as alternativas estavam o
governo, as empresas e os consumidores.
Ainda relacionado ao estilo de vida estão os fatores psicológicos e a personalidade
do indivíduo, visto que é um conceito mais amplo que essas duas características e, sobre
eles, Barr (2007) aponta que são relacionados com o gerenciamento do comportamento em
relação ao lixo. São características fundamentalmente ligadas às percepções dos indivíduos
sobre as ações individuais que eles podem desempenhar (BARR, 2007).
2.3.5 Agentes de socialização e o comportamento de reciclagem
Foram poucas as abordagens do contexto social como fator de importância no
comportamento de reciclagem. Inclusive esta afirmação se estende para o comportamento
ambientalmente favorável do consumidor como um todo, o qual Kurz et al. (2007) destaca o
trabalho de Vining e Ebreo (2002) que apontam os poucos estudos que incluem as
diferenças de contexto, como as vizinhanças e comunidade nos quais os indivíduos residem
(KURZ et al., 2007).
Dentro do contexto social, uma das variáveis que podem ser estudadas é a mídia.
Krendl et al. (1992) mostraram que esta forma de comunicação, além da interpessoal, pode
ser efetiva no aumento do comportamento de reciclagem. Principalmente se a mensagem é
designada especialmente para as preocupações das pessoas atingidas (por exemplo,
detalhando os inconvenientes que podem ser evitados) (HECKLER, 1994).
Porém destaca-se que as informações sobre reciclagem devem ser bem
direcionadas e as estratégias de marketing devem contar com diversos tipos de
comunicação de massa tradicionais como TV, rádio, revistas e jornais (VALLE et al., 2005).
Dentre as formas de mensurar a influência do contexto social sobre o
comportamento de reciclagem, foram encontrados estudos apenas em relação à
61
comunicação. Nestes, foram abordadas as mensagens utilizadas pelos consumidores para
obter informações relacionadas à reciclagem, tais como televisão, outdoor, rádio e jornal
(VALLE et al., 2005).
62
3. METODOLOGIA
Apresentado o problema de pesquisa e a base teórica, este capítulo mostrará os
procedimentos metodológicos que foram utilizados para a execução desta dissertação.
Dividido em duas partes, a primeira traz a especificação do problema com a
proposta do modelo que foi analisado, as hipóteses de pesquisa, além de apresentar as
definições constitutivas e operacionais das variáveis. A segunda parte expõe a delimitação e
o design da pesquisa, onde são especificados os critérios de seleção da população e do
processo de amostragem utilizados, além dos procedimentos para coleta e tratamento dos
dados.
3.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA
Esta seção é dividida em três partes. Primeiramente o modelo é apresentado,
depois seguem as hipóteses de pesquisa. Por fim, são apresentadas as definições
constitutivas e operacionais das variáveis empregadas na constituição do modelo.
3.1.1 Modelo Conceitual proposto para o estudo e hipóteses de pesquisa
Tendo em vista os achados apontados na revisão da literatura com foco no
contexto de reciclagem, a falta de consistência dos resultados e a falta de estudos em
âmbito nacional contribuem na formulação de sete hipóteses, sendo as quatro primeiras
divididas em quatro sub-hipóteses. A Figura 9 permite visualizar o modelo proposto para o
estudo, as variáveis envolvidas e suas relações.
63
Fonte: Elaborado pela autora.
FIGURA 9: Modelo Conceitual proposto para o estudo
Como foi abordado na revisão, o sentimento e o conhecimento são considerados
antecedentes do comportamento de reciclagem. As influências sociais utilizadas foram
família, mídia, escola e pares e são elas que dão origem às sub-hipóteses.
Embora o estilo de vida também seja foco deste estudo, este não é representado
no modelo por ser utilizado apenas para agrupar os jovens universitários com características
similares.
Como foi mostrado na revisão teórica, os jovens através das interações com os
agentes sociais (família, mídia, escola e pares) sofrem um processo de socialização que
gera um resultado. Este resultado pode ser tanto em relação a conhecimentos (legais, papel
do consumidor), quanto em relação a atitudes (atitudes perante o preço, materialismo) e
comportamentos de consumo (MOORE et al. 2002; MOSHIS e MORRE, 1982; MOSHIS e
MORRE, 1979; CHURCHILL E MOSHIS, 1979; MOSHIS e MORRE, 1978; MOSHIS E
CHURCHILL, 1978; MORRE e STEPHENS, 1975). Desta maneira, este estudo considera
como resultado do processo de interação com os agentes sociais: (a) o comportamento de
separação de materiais para a reciclagem, (b) o conhecimento objetivo sobre reciclagem, (c)
o conhecimento subjetivo sobre reciclagem, e (d) o sentimento perante a reciclagem.
Conhecimento
Objetivo
Conhecimento
Subjetivo
Sentimentos
Família
Escola
Mídia
Pares
Comportamento
de
Reciclagem
H1
H2
H3
H4
H5
H6
H7
Agentes de socialização
64
Desse modo, quanto maior a interação com os agentes através de observação e
imitação do comportamento ou através da comunicação (interação social), maior a influência
no resultado deste processo (MOSHIS e MOORE, 1982; MOSHIS e MOORE, 1979;
MOSCHIS e CHURCHILL, 1978; MOSHIS e MOORE, 1978), ou seja, maior o conhecimento
objetivo e subjetivo, maior o sentimento e maior o comportamento de separação de
materiais para a reciclagem.
Sendo assim, são formuladas as quatro primeiras hipóteses de pesquisa e suas
quatro sub-hipóteses:
H1: Os agentes sociais afetam positivamente o comportamento de separação de
materiais para a reciclagem.
H1a: A família afeta positivamente o comportamento de separação de materiais
para a reciclagem.
H1b: A escola afeta positivamente o comportamento de separação de materiais
para a reciclagem.
H1c: A mídia afeta positivamente o comportamento de separação de materiais
para a reciclagem.
H1d: Os pares afetam positivamente o comportamento de separação de materiais
para a reciclagem.
H2: Os agentes sociais afetam positivamente o conhecimento objetivo sobre
separação de materiais para a reciclagem.
H2a: A família afeta positivamente o conhecimento objetivo sobre separação de
materiais para a reciclagem.
H2b: A escola afeta positivamente o conhecimento objetivo sobre separação de
materiais para a reciclagem.
H2c: A mídia afeta positivamente o conhecimento objetivo sobre separação de
materiais para a reciclagem.
H2d: Os pares afetam positivamente o conhecimento objetivo sobre separação de
materiais para a reciclagem.
H3: Os agentes sociais afetam positivamente o conhecimento subjetivo sobre
separação de materiais para a reciclagem.
H3a: A família afeta positivamente o conhecimento subjetivo sobre separação de
materiais para a reciclagem.
H3b: A escola afeta positivamente o conhecimento subjetivo sobre separação de
materiais para a reciclagem.
65
H3c: A mídia afeta positivamente o conhecimento subjetivo sobre separação de
materiais para a reciclagem.
H3d: Os pares afetam positivamente o conhecimento subjetivo sobre separação de
materiais para a reciclagem.
H4: Os agentes sociais afetam positivamente o sentimento sobre separação de
materiais para a reciclagem.
H4a: A família afeta positivamente o sentimento sobre separação de materiais
para a reciclagem.
H4b: A escola afeta positivamente o sentimento sobre separação de materiais para
a reciclagem.
H4c: A mídia afeta positivamente o sentimento sobre separação de materiais para
a reciclagem.
H4d: Os pares afetam positivamente o sentimento sobre separação de materiais
para a reciclagem.
Além das influências dos agentes sociais, a revisão teórica permite inferir que existe
uma relação entre o conhecimento e o comportamento. Resultados de outros estudos
mostraram que os respondentes podem dar exemplos de produtos passíveis de reciclagem
e quanto maior essa familiaridade, tanto maior a participação em programas de reciclagem
(EBREO et al., 1999).
Daneshvary et al. (1998) também listam diversos estudos que comprovam essa
idéia, como o de Simmons e Widmar (1990), no qual apontam que os indivíduos com mais
conhecimento sobre o que e como separar os materiais para reciclar eram mais propensos a
agir do que os com menos conhecimento. Gambá e Oskamp (1994) também comprovaram
que o conhecimento específico dos respondentes sobre programas de reciclagem era o
mais importante antecedente observado nesse tipo de comportamento (DANESHVARY et
al., 1998). Desta maneira, tendo como base as duas dimensões de conhecimento, objetivo e
subjetivo (BRUCK, 1985, PARK et al., 1994, ENGEL et al., 2000), mais duas hipóteses de
pesquisa são formuladas:
H5: O conhecimento objetivo afeta positivamente o comportamento de
separação de materiais para a reciclagem.
H6: O conhecimento subjetivo afeta positivamente o comportamento de
separação de materiais para a reciclagem.
66
Além das hipóteses listadas acima, considera-se neste estudo que um sentimento
favorável em relação à reciclagem pode afetar positivamente o comportamento de
separação de materiais para a reciclagem.
O sentimento, quando abordada como sentimento de satisfação por estarem
participando de atividades de conservação já foi apontada como um antecedente (EBREO et
al., 1999). Desta maneira, a última hipótese desta dissertação é formulada:
H7: O sentimento afeta positivamente o comportamento de separação de
materiais para a reciclagem.
3.1.2 Apresentação das variáveis
Muitos fatos e fenômenos não são passíveis de observação imediata e muito
menos de mensuração. Nestes casos, torna-se necessário primeiramente defini-los
teoricamente (MALHOTRA, 2001). Dessa maneira, procede-se à chamada definição
operacional do conceito ou da variável, fazendo referência a seus indicadores, ou seja, aos
elementos que possibilitarão identificá-lo de maneira prática.
3.1.2.1 Definição Constitutiva e Operacional
Variável Independente
AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO
DC: Os agentes de socialização se referem às pessoas e organizações. São as
diversas pessoas e instituições (como exemplo, membros da família, escola) diretamente
envolvidas na socialização e que apresentam grande influência devido ao contato frequente
e controles através de recompensas e punições dadas aos indivíduos (MOSHIS e MOORE,
1979 p.102).
Esta variável foi operacionalizada através das influências da família, escola, mídia
e pares.
a) Família
DC: Família é um grupo de duas ou mais pessoas relacionadas por sangue,
casamento ou adoção que residem juntas (ENGEL et al., 2000). A família nuclear envolve a
mãe, pai e um ou mais filhos (SOLOMON, 2002).
67
DO: Teve como base os estudos do Quadro 4, com ênfase para Moore e Stephens
(1975) que utilizaram declarações sobre a comunicação (assuntos, tipos de informações)
entre o jovem e seus pais e que foi adaptado para o tema reciclagem. Além disso,
declarações sobre a percepção dos jovens sobre o comportamento de reciclagem de seus
pais e irmãos também foram analisadas. A etapa qualitativa contribui para a formulação das
afirmações. Desta maneira, uma pergunta do questionário apresentava 10 afirmões sobre
a influência da família, cada uma deveria ser respondida para cada membro (pai, mãe e
irmão). Foram listados três itens que abordavam a influência de maneira geral e não em
relação à um membro específico. Foi utilizada escala likert de 10 pontos (1 discordo
totalmente até 10 – concordo totalmente) e apresentava a alternativa 11 (não se aplica) para
casos dos respondentes que não tinham irmãos.
Influência da Escola
b) Escola
DC: É uma das instituições de transfusão cultural, responsável pela educação.
(ENGEL et al.,2000).
DO: Foi operacionalizada através de declarações que mostrassem o contato que o
jovem teve com o tema de reciclagem em seu ambiente escolar, se algumas disciplinas ou
programas da escola abordaram esse assunto (MOSHIS e MOORE, 1978), bem como se a
escola reciclava materiais. Foi utilizada uma escala Likert de 10 pontos que variava de
discordo totalmente a concordo totalmente. A etapa qualitativa definiu as declarações a
serem utilizadas que foram agrupadas em uma pergunta do questionário. Nesta pergunta
foram listadas 8 afirmações sobre a influência da escola, cada uma deveria ser respondida
para cada época de ensino Ensino Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Foram
explorados temas como trabalhos e gincanas assuntos sobre meio ambiente e reciclagem,
além do programa da prefeitura de Curitiba Família Folha. Foi utilizada escala Likert de 10
pontos (1 – discordo totalmente até 10 – concordo totalmente).
c) Mídia
DC: É constituída pelos meios de comunicação escrita (jornais, revistas, mala
direta), transmitida (rádio, televisão), eletrônica (fitas de áudio e vídeo, videodisco, CD-
ROM,gina da Web) e expositiva (painéis, outdoors, cartazes) (KOTLER, 2000, p.581).
DO: Teve como base o estudo de Moore et al. (2002) no qual foram exploradas as
interações com os meios de comunicação. Este estudo foi adaptado para a reciclagem com
base na etapa qualitativa. Foram listadas 5 afirmações sobre a influência da mídia
68
(lembrança de programas, reportagens sobre reciclagem) cada uma deveria ser respondida
para cada tipo de mídia TV, revista, dio, internet e jornal impresso. Foi utilizada uma
escala Likert de 10 pontos que variava de discordo totalmente a concordo totalmente.
d) Pares
DC: Amigos/Colegas que apresentam interação com os jovens (MOSHIS e
MOORE, 1978).
DO: Teve como base os estudos do Quadro 5, com ênfase no trabalho de Moshis e
Moore (1978). Foram utilizadas declarações sobre a comunicação (assuntos, tipos de
informações) entre os jovens e seus pares em relação ao assunto de reciclagem. Além
disso, declarações sobre a percepção dos jovens sobre o comportamento de reciclagem de
seus pares foram analisadas. A etapa qualitativa definiu as declarações a serem utilizadas.
Foram listadas 12 afirmações sobre a influência dos pares, cada uma deveria ser
respondida para amigos, colegas de trabalho/estágio e namorado(a). Foi utilizada escala
Likert de 10 pontos (1 discordo totalmente a10 concordo totalmente). A alternativa 11
(não se aplica) era para casos dos respondentes que não trabalhassem ou não
namorassem.
Variáveis Intervenientes
CONHECIMENTO
DC: Informações ou experiências sobre produtos e processos particulares que os
consumidores apresentam (ALBA e HUTCHINSON, 1987). Nesta dissertação, essa
definição é aplicada para a reciclagem, ao invés de produtos. Para sua operacionalização foi
considerada uma distinção conceitual de Brucks (1985), o qual destaca que existe
conhecimento objetivo e subjetivo.
Conhecimento Objetivo
DC: Refere-se apenas ao que um indivíduo realmente sabe (BRUCKS, 1985, p.2).
Informação precisa sobre a classe de produto armazenada na memória de longo-prazo
(PARK, 1994, p.71). Nesta dissertação essa definição é aplicada para a reciclagem, ao
invés de classe de produtos.
DO: Foi mensurado por meio de respostas ao questionário quantitativo no qual os
itens relevantes ao comportamento de reciclagem foram abordados. Foram utilizadas
perguntas com respostas de múltipla escolha. Os entrevistados foram questionados sobre
os materiais que podem ser reciclados (EBREO et al., 1999) e sobre os locais que a coleta
69
pode ser realizada (DANESHVARY et al., 1998). A etapa qualitativa contribuiu para que
esta variável fosse adaptada ao contexto de Curitiba. Estes questionamentos foram
agrupados em duas perguntas. Na primeira foram listados 14 materiais para o jovem
assinalar quais eram recicláveis. Na segunda, 4 locais em que a disposição e coleta de
materiais podem ocorrer para iniciar o processo de reciclagem foram listadas. O jovem
deveria assinalar quais opções estavam corretas.
Conhecimento Subjetivo
DC: Conhecimento subjetivo é a percepção da pessoa sobre o que e o quanto ela
sabe sobre uma classe de produtos (PARK, 1994, p.71). Inclui o grau em que o indivíduo
está convicto sobre seu conhecimento (BRUCKS, 1985, p.2).
DO: Foi operacionalizada através de itens de autoavaliação em relação ao
conhecimento sobre a reciclagem, materiais que podem ser reciclados (EBREO et al., 1999)
e sobre os locais que a coleta pode ser realizada (DANESHVARY et al., 1998). Foi
elaborada uma pergunta do questionário, sendo que um item questionava o quanto a
pessoa se sentia informada sobre os materiais recicláveis e o outro questionava o quanto a
pessoa se sentia informada sobre os locais que a coleta pode ser realizada.Foram utilizadas
escalas de intensidade de cinco pontos (desde “muito pouco” até “muito bom”).
SENTIMENTO
DC: Sentimentos é o nome para atitudes que uma pessoa se preocupa. São
disposições de responder emocionalmente a um objeto definido; é uma disposição que
transforma eventos simples em emocionalmente carregados (FRIJDA et al.,1991).
DO: O sentimento apresentado no estudo de Ebreo et al. (1999): “satisfação por
estarem participando de atividades de conservação” foi usado como base. A etapa
qualitativa definiu os demais sentimentos. Foram listados 12 sentimentos e os jovens
assinalavam o grau de concordância (1 – discordo totalmente até 10 – concordo totalmente).
Para cada um destes sentimentos, a avaliação era feita tanto para as situações que separa
o material para a reciclagem quanto para as situações que não separa.
Variável Dependente
COMPORTAMENTO DE SEPARAÇÃO DE MATERIAIS PARA A RECICLAGEM
DC: É a ação de separar todos os materiais potencialmente recicláveis, para a
coleta seletiva que posteriormente seo reaproveitados pela indústria recicladora (SEMA,
2008, p.17).
70
DO: Foi operacionalizado tendo como base os estudos de Bagozzi e Dabholkar
(1994) e Barr (2007). Foram avaliados os tipos de materiais reciclados, a frequência da
reciclagem para cada tipo de material, a forma de coleta utilizada e os locais que recicla
(residência, universidade, rua). A etapa qualitativa foi fundamental para que essa variável
fosse adaptada ao contexto de Curitiba, no qual um material informativo da prefeitura,
fornecido por um dos especialistas entrevistados, foi utilizado. Duas perguntas foram
utilizadas. Uma pergunta abordava os locais que os jovens costumam separar os materiais
para a reciclagem. Eles deveriam responder como era seu comportamento na casa, rua,
trabalho/ estágio e outros locais que frequenta (escola, clube). A escala era de 7 pontos
sobre a frequência e apresentava uma opção para o caso do estudante não trabalhar ou
estagiar (opção 8). Outra pergunta abordava a frequência de separação de dezenove tipos
de materiais recicláveis, foi utilizada uma escala de frequência de sete pontos.
Outras definições:
ESTILO DE VIDA
DC: Estilo de vida combina questões demográficas com características
psicológicas (PLUMMER, 1974, p. 33). São padrões nos quais as pessoas vivem e gastam
tempo e dinheiro, assim, refletem atividades, interesses e opiniões (AIO) de uma pessoa
(ENGEL et al., 2000, p. 291)
DO: Foi operacionalizada através de declarações que apresentem as atividades,
interesses e opiniões dos pesquisados. Foi dado foco maior a questões relacionadas ao
meio ambiente. No questionário havia três perguntas. Uma delas apresentava 7 afirmações
sobre a atividades, interesses e opiniões e os jovens deveriam indicar o grau de
concordância com base em uma escala Likert de 10 pontos. Foi utilizado o bloco ‘Ambiente
Natural’ e dois itens do bloco ‘Pessoal do questionário proposto por Finotti (2004). Na
questão das opiniões foi inserida mais duas perguntas. Uma pergunta de maneira direta
sobre a preocupação com o meio ambiente em uma escala de 7 pontos (nada muito
preocupado). Uma pergunta sobre a opinião dos jovens em relação ao grau de
responsabilidade do governo, da empresa e do consumidor na preservação do meio
ambiente (ROMEIRO, 2006).
71
3.2 DELIMITAÇÃO E DESIGN DA PESQUISA
3.2.1 Delineamento da Pesquisa
A pesquisa do comportamento do consumidor envolve diversas áreas de
conhecimento, tais como sociologia, psicologia e antropologia. Estas, por sua vez, se
enquadram em pesquisas de ciências sociais. Conforme aponta Gil (1999), o cientista social
lida com variáveis difíceis de serem quantificadas, mas que se analisadas com a merecida
profundidade podem se mostrar menos plausíveis de críticas.
Embora os pesquisadores do comportamento estejam cientes que os fenômenos
humanos não podem ser quantificados com a mesma precisão que fenômenos das ciências
naturais, sua mensuração é possível (GIL, 1999). Dessa forma, os métodos sociais se
tornam uma alternativa para facilitar e objetivar o estudo dos fatos sociais,
consequentemente do comportamento do consumidor. Esses métodos proporcionam uma
orientação sobre como obter, processar e validar os dados investigados (GIL, 1999).
Assim, a presente dissertação, consciente das limitações que os métodos podem
apresentar na investigação do comportamento do consumidor, se vale de uma pesquisa
survey, que se refere a um tipo particular de pesquisa social empírica (BABBIE, 2005). É
considerado um todo com grau razoável de precisão, o que facilita sua aceitação por
parte dos pesquisadores. Porém ressalta que as explicações obtidas têm boa probabilidade
de serem verdadeiras, não absolutamente verdadeiras (GIL, 1999).
Nesta dissertação, para buscar as respostas às hipóteses propostas, o campo foi
dividido em duas etapas: uma exploratória e outra descritiva. O objetivo da pesquisa
exploratória foi identificar cursos relevantes de ação e obter critérios para desenvolver a
abordagem do problema (MALHOTRA, 2006) e se fez necessária para esclarecer e delimitar
as questões exploradas (GIL,1999).
Conforme destaca Malhotra (2006), os critérios obtidos na pesquisa exploratória
podem ser verificados na pesquisa conclusiva, sendo assim, a segunda fase se caracteriza
por este tipo de pesquisa. A pesquisa conclusiva é, geralmente, mais formal e estruturada
que a exploratória e se baseia em amostras grandes e representativas, nos quais os dados
obtidos estão sujeitos à análise quantitativa (MALHOTRA, 2006, p.98)
Em relação à pesquisa conclusiva, está foi do tipo descritivo que, de acordo com
Malhotra (2006, p. 99), tem como principal objetivo a descrição de algo, sendo as
informações necessárias claramente definidas, é uma pesquisa pré-planejada e estruturada.
Além disso, foi caracterizada como uma pesquisa transversal única, pois a coleta de
72
informações foi de uma vez e teve apenas uma amostra de entrevistados (MALHOTRA,
2006).
Exploratória
Entrevistas em profundidade com
especialistas em reciclagem
Exploratória
Entrevistas em profundidade com jovens
universitários de Curitiba
Exploratória
Aplicação de pré-testes do instrumento de
coleta
Descritiva
Aplicação dos questionários com jovens
universitários de Curitiba
1ª ETAPA
Fase
Qualitativa
2ª ETAPA
Fase
Quantitativa
Fonte: elaborado pela autora, com base em MALHOTRA (2006).
QUADRO 9: Etapas da Pesquisa
A unidade de análise desta pesquisa foi o indivíduo, sendo que Babbie (2005)
destaca que as pessoas são tipicamente as unidades de análise em pesquisas do tipo
survey, embora também possam ser famílias, cidades, estados, nações, companhias,
indústrias, clubes, agências governamentais, entre outras.
3.2.2 População e Amostragem
A população desta pesquisa são os jovens universitários da cidade de Curitiba. De
acordo com a metodologia adotada, a amostragem foi determinada tanto para a etapa
qualitativa, quanto a etapa quantitativa. Os itens abaixo descrevem esses procedimentos.
3.2.2.1 Etapa Qualitativa
Na etapa qualitativa, a amostra foi de 11 entrevistas em profundidade, sendo cinco
especialistas e seis universitários. No primeiro momento, cinco especialistas que trabalham
com os assuntos relacionados à reciclagem foram abordados para validar o conteúdo dos
atributos a serem utilizados no instrumento de coleta. A seleção foi realizada pela relevância
das informações que poderiam ser fornecidas, pelas visões distintas em relação ao mesmo
tema, além da disponibilidade em fornecer esses dados à pesquisadora. Desta maneira
foram entrevistados uma pessoa de um órgão do governo (Secretaria do Meio Ambiente),
uma pessoa de uma organização não governamental relacionada ao tema da reciclagem
73
(AVINA), uma pessoa de um Instituto Tecnológico vinculado ao Estado (TecPar) e duas
professoras, sendo uma de escola particular e uma de escola pública.
Ainda nesta etapa, seis universitários de Curitiba foram entrevistados para a
adequação do instrumento de coleta a esse público. Por tratar-se de um estudo com jovens,
a idade era um pré-requisito no desenvolvimento da pesquisa, 17 a 21 anos. Além disso,
os entrevistados foram selecionados tendo como base o gênero, 3 do gênero masculino e 3
do feminino, e o tipo de Universidade que estudam, 3 de universidades privadas e 3 de
universidade pública.
3.2.2.2 Etapa Quantitativa
A população é definida como a agregação teoricamente especificada de elementos
do survey (BABBIE, 2005, p. 121). Nesta dissertação ela engloba os jovens universitários de
Curitiba, com idade entre 17 e 21 anos (SPRINTHALL E COLLINS, 2003). A escolha dessa
população já foi evidenciada no tópico 2.2.3.6.
A amostra foi não-probabilística, assim, não utilizou seleção aleatória, ao contrário,
esta confiou no julgamento pessoal do pesquisador (MALHOTRA, 2006). A amostra também
se caracterizou como de conveniência, visto que se resumiu em contatar unidades de
amostra que eram convenientes uma turma de estudantes (AAKER et al., 2004).
Primeiramente, o pré-teste foi aplicado com 10 estudantes de Administração da
Universidade Federal do Paraná. Com o pré-teste foi possível realizar algumas correções
para facilitar seu preenchimento e torná-lo mais prático.
Após os ajustes, foram aplicados 386 questionários, porém, após a verificação dos
dados, 35 questionários foram tidos como inadequados e desconsiderados, totalizando para
as análises 351 questionários válidos. Os motivos para o descarte de alguns questionários
foram respostas incompletas, incorretas ou falta de comprometimento na resposta.
A coleta foi realizada nos meses de outubro e novembro de 2008 em instituições
de ensino superior de Curitiba, públicas e privadas, sendo turmas do primeiro ao último
período.
3.2.3 Coleta dos dados
De acordo com a metodologia adotada, a coleta de dados foi realizada através de
fontes primárias e secundárias.
74
3.2.3.1 Dados secundários
Os dados secundários se caracterizam pela especificação, coleta e registro tendo
sido feitos por outras pessoas que não seus usuários (AAKER et al., 2004). o aqueles
gerados por fontes externas à organização e podem existir na forma de materiais
publicados, bancos de dados on-line ou informações disponíveis em serviços por assinatura
(MALHOTRA, 2006, p.131).
Estes dados foram coletados em órgãos públicos e privados relacionados à
atividade e programas de reciclagem, associações, revistas e periódicos especializados na
área de marketing e demais temáticas relacionadas, nacionais e internacionais.
3.2.3.2 Etapa Qualitativa
Com o objetivo de proporcionar melhor visão e compreensão do contexto do
problema, os dados nesta etapa foram coletados através de entrevistas em profundidade. A
entrevista em profundidade se caracteriza por ser uma entrevista não-estruturada, direta,
pessoal, em que um único respondente é testado (MALHOTRA, 2006).
Essa maneira de coleta de dados foi escolhida por revelar análises pessoais mais
profundas do que os grupos de foco. Além de ser possível identificar as respostas
diretamente ao entrevistado, ao contrário dos grupos de foco, em que é difícil determinar
qual dos entrevistados deu determinada resposta (MALHOTRA, 2006).
O tema pesquisado também tem como característica o fato de abordar uma
situação em que existem sólidas normas sociais e o entrevistado pode ser facilmente
influenciado pela resposta do grupo; sendo assim, a entrevista em profundidade se mostra
mais adequada para explorar o comportamento de reciclagem em jovens universitários
(MALHOTRA, 2006).
Entre as vantagens desta técnica está a que pode obter dados referentes aos mais
diversos aspectos da vida social e é uma técnica muito eficiente para a obtenção de dados
em profundidade, acerca do comportamento humano (GIL, 1999).
Porém a falta de motivação do entrevistado para responder às perguntas que lhe
são feitas, a inadequada compreensão do significado das perguntas, fornecimento de
respostas falsas, determinadas por razões conscientes ou inconscientes, a influência
exercida pelo aspecto pessoal do entrevistador sobre o entrevistado e a influência das
opiniões do entrevistador sobre as respostas do entrevistado podem mostrar-se como
limitadores desta técnica (GIL, 1999).
As entrevistas com especialistas foram realizadas com uma abordagem direta, não
disfarçada. Sendo assim, o objetivo da dissertação foi revelado aos respondentes
75
(MALHOTRA, 2006). As entrevistas foram dividias em duas etapas. A primeira teve como
objetivo principal explorar principalmente ao construto comportamento de separação de
materiais para a reciclagem’ e confirmar e adaptar achados da revisão teórica.
O roteiro utilizado (Anexo 1) contemplou todos os construtos pesquisados, porém
foi dada ênfase maior ao “comportamento de separação de materiais para a reciclagem”. As
entrevistas duraram em média uma hora cada uma no ambiente de trabalho do especialista.
A segunda etapa foi realizada com o objetivo de atribuir pesos para cada um dos
indicadores do comportamento de separação de materiais para a reciclagem, apontados na
primeira entrevista. O roteiro apresentava apenas esses indicadores (Anexo 2) e durou em
média 20 minutos.
as entrevistas com estudantes, dois tipos de abordagens foram utilizados, tanto
a direta, quanto uma indireta, a qual disfarça o verdadeiro objetivo da dissertação
(MALHOTRA, 2006). Assim, as cnicas projetivas se mostraram interessantes. As técnicas
projetivas podem ser utilizadas quando se acredita que os respondentes não podem
responder satisfatoriamente a questões sobre as razões para determinados
comportamentos ou atitudes ou nos quais as pessoas podem não ter própria consciência de
seus próprios sentimentos ou opiniões, ou não estar dispostas a admitir, caso no qual o
comportamento de reciclagem se enquadra (AAKER et al., 2004).
Existem diversas técnicas e todas que se caracterizam por irem além das palavras
(KAY, 2001). Nesta pesquisa foram utilizadas como estímulos aos entrevistados. Foram
selecionados dois tipos. A Interpretação de figuras, cnica que se baseia no Thematic
Apperception Test (TAT) (AAKER et al., 2004) e se mostra muito flevel, pois as figuras
podem ser adaptadas a rios tipos de problemas. Em algumas dessas figuras, as pessoas
ou são retratadas claramente, ou que, em outras, são relativamente vagas. Pede-se ao
entrevistado que conte histórias sobre essas figuras. A interpretação das figuras foi utilizada
para explorar a relação do entrevistado com seus pais, irmãos e pares. Outra variável
explorada através de figuras foi a ‘estilo-de-vida’, no qual o entrevistado foi solicitado a
selecionar, em uma revista, figuras que estivessem relacionadas com ele.
O roteiro (Anexo 3) contemplou todas as variáveis desta pesquisa e tomou como
base o referencial teórico elaborado. As entrevistas duraram em média 40 minutos e foram
realizadas nas universidades nas quais os alunos estudavam.
3.2.3.3 Etapa Quantitativa
A etapa quantitativa foi através de entrevista pessoal, em sala de aula, com
questionários autoadministrados (AAKER et al., 2004) e estruturados. Assim, foi um
questionário formal e as perguntas foram realizadas em uma ordem pré-especificada, sendo
76
um processo direto. O questionário estruturado visa a certa padronização no processo de
coleta de dados (MALHOTRA, 2006).
Essa forma de coleta possibilita atingir grande número de pessoas, garante
anonimato das respostas e não expõe os pesquisadores à influência das opiniões e dos
aspectos pessoais do entrevistado (GIL, 1999).
O questionário (Anexo 4) foi elaborado com base na etapa qualitativa e no
referencial teórico. Antes de iniciar a coleta de dados, foram realizadas 10 entrevistas para o
pré-teste do questionário com estudantes do Curso de Administração da Universidade
Federal do Paraná. De posse dos resultados, foram realizadas algumas alterações para
facilitar o preenchimento e torná-lo mais prático e rápido.
A aplicação foi realizada em salas de aulas de universidades públicas e privadas
de Curitiba, com turmas do primeiro ao último período de diversos cursos. A coleta era
realizada no início ou final das aulas, nos quais os professores autorizavam previamente. A
aplicação do questionário levava cerca de 30 minutos.
Com esta duração, optou-se em oferecer um incentivo aos respondentes. Desta
maneira, todos os entrevistados, após finalizarem o preenchimento, recebiam um cupom
para concorrer a um MP4. O sorteio foi realizado em dezembro de 2008 e a ganhadora foi
uma estudante do Curso de Arquitetura da Universidade Federal do Paraná. Como foi
visto no Anexo 4, o questionário foi dividido em blocos para facilitar as instruções e
preenchimento. Antes de iniciar a aplicação, uma instrução era realizada abordando o
objetivo da pesquisa, o modo de preenchimento, a faixa etária abrangida e o incentivo
ofertado. O período de aplicação foram os meses de outubro e novembro de 2008.
3.2.4 Tratamento dos dados
De acordo com a metodologia adotada, o tratamento dos dados foi determinado
tanto para a etapa qualitativa, quanto a etapa quantitativa.
3.2.4.1 Etapa Qualitativa
As entrevistas foram transcritas e analisadas por meio da análise de conteúdo.
Esta tem sido muito utilizada na análise de comunicação nas ciências humanas e sociais
(CAPELLE et al., 2003) e é caracterizada como um conjunto de técnicas de análise das
comunicações que permitem a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção destas mensagens. Esta técnica utiliza procedimentos sistemáticos e
77
objetivos de descrição de conteúdo das mensagens, como indicadores (quantitativos ou
não) (BARDIN, 2006).
3.2.4.2 Etapa Quantitativa
Os dados quantitativos obtidos foram tabulados e tratados com as análises
estatísticas apropriadas. Foi utilizado o software estatístico SPSS - Statistical Package for
Social Science e o software AMOS, o qual apresenta ferramentas que permitiram extrair e
analisar as informações em consonância com os objetivos propostos.
Para preparar os dados para a análise do modelo, foram realizadas análises da
média, curtose e assimetria. Além disso, foram submetidos à análise fatorial exploratória e
confirmatória (HAIR et al. 2005 e MALHOTRA, 2006).
Para preparar o construto comportamento de separação de materiais para a
reciclagem, também foi utilizada a técnica MCA - Análise de Correspondentes Múltiplos.
Segundo Marchetti, Prado e Pires (1998), a MCA é uma técnica adequada ao tratamento de
dados em que a necessidade da composição de um escore ou nota para descrever um
fenômeno com respostas múltiplas.
Outro tratamento utilizado foi o Cluster Two Step para o construto estilo de vida. É
uma análise de agrupamentos, esta análise faz referência a um conjunto de técnicas
multivariadas com a principal finalidade de agregar objetos com base em suas
características (HAIR et al., 2005).
O software Amos foi utilizado para realizar a análise de Modelagem de Equações
estruturais. Esta análise foi utilizada por ser uma técnica multivariada que serve para estimar
uma série de relações de dependência interrelacionadas simultaneamente (HAIR et al.,
2005) e foi útil para testar o modelo proposto.
Os detalhes dos tratamentos estatísticos são apresentados junto com os
resultados.
78
4. DESENVOLVIMENTO DO INSTRUMENTO DE COLETA APLICADO NESTA
PESQUISA
Neste capítulo cada variável será explorada separadamente. Para cada variável são
abordados os achados na etapa qualitativa e como estes contribuíram para o instrumento de
coleta utilizado na etapa quantitativa. Desta maneira, pretende-se evidenciar a elaboração
das escalas utilizadas nesta dissertação. Porém, primeiramente a caracterização geral da
amostra qualitativa é apresentada.
4.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA AMOSTRA QUALITATIVA
Como já foi descrito na metodologia, cinco especialistas foram entrevistados. A
seguir, no quadro 10, seguem as caracterizações com base no gênero, empresa/instituição
na qual trabalham, o cargo que ocupam e, por fim, qual sua ligação com o tema pesquisado
nesta dissertação. Optou-se em não citar os nomes dos entrevistados.
Identificação Gênero
Empresa/
Instituição
Cargo
Envolvimento com a
reciclagem
Esp. 1 Masc. AVINA
Coordenador de
Reciclagem da
Fundação AVINA
Coordena nacionalmente os
investimento desta organização
em catadores / reciclagem
Esp. 2 Masc.
Secretaria
Estadual do Meio
Ambiente e
Recursos
Hídricos (SEMA)
Coordenador de
Resíduos Sólidos da
Secretaria do Meio
Ambiente
Coordena diversos projetos no
estado do Paraná relacionados
com o meio ambiente, incluindo o
tema reciclagem.
Esp. 3 Masc. TecPar
Responsável pela
Divisão de Negócios
Sociais do TecPar
Já desenvolveu tecnologias
sociais para auxiliar o trabalho
dos catadores.
Esp. 4 Fem.
Colégio Bom
Jesus
Pedagoga – Colégio
Bom Jesus
Coordena a estação de
reciclagem na escola especial
Bom Jesus.
Esp. 5 Fem.
Colégio Público e
Colégio Bom
Jesus
Pedagoga – Colégio
Público
Desenvolve e participa de
programas de reciclagem nas
escolas que trabalha.
ESPECIALISTAS
Fonte: Etapa Qualitativa
QUADRO 10 – Caracterização dos especialistas
79
Para a maior compreensão da ligação destas instituições com o tema pesquisado,
seguem alguns pontos que auxiliam o entendimento do trabalho desenvolvido por estas.
A Avina é uma fundação criada por um suíço no ano de 1994. A organização tem
como missão “contribuir para o desenvolvimento sustentável da América Latina”, para isso,
identifica as melhores oportunidades para realizarem parcerias com líderes da sociedade
civil e do empresariado em iniciativas coletivas com potencial transformador em prol do
desenvolvimento sustentável.
O TECPAR é o Instituto de Tecnologia do Paraná, uma empresa pública vinculada à
Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. É uma instituição de
pesquisa, desenvolvimento, produção e prestação de serviços. Uma das áreas de atuação
do TECPAR é o desenvolvimento de tecnologias sociais. Este tipo de tecnologia tem como
característica a simplicidade e o baixo custo que, implantadas em ambientes rurais ou
urbanos, podem propiciar melhores condições de geração de valor a processos e produtos.
A Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA) tem por
finalidade formular e executar as políticas de meio ambiente. Um dos projetos desenvolvidos
é o Programa Desperdício Zero. Criado pelo governo do Paraná, através do SEMA, visa
principalmente à eliminação de todos os lixões existentes e a redução dos resíduos gerados
no Estado. Este programa conta com fóruns setoriais por tipo de resíduo, nestes fóruns são
estabelecidas propostas e ações para diferentes resíduos gerados nos municípios.
As duas professoras entrevistadas, embora uma delas também trabalhe em um
Colégio blico, fazem parte de um projeto da Escola Especial Bom Jesus denominado
Oficina de Proteção ao Meio Ambiente. Neste projeto, no qual o material elaborado a partir
deste foi distribuído como referência para diversas escolas, tem como objetivo abordar o
processo de redução do desperdício, reutilização de materiais e de reciclagem através do
contato das crianças, adolescentes, jovens e adultos com os materiais e todas as etapas
deste processo. Durante este contato são abordados temas relacionados ao meio ambiente
e também as disciplinas que os alunos estão estudando.
Ainda na etapa qualitativa, conforme apontado na metodologia, seis universitários
foram entrevistados. A seguir, no quadro 11, seguem as caracterizações com base no
gênero, idade, universidade na qual estuda, o curso que está vinculado e, por fim, qual o
envolvimento que o mesmo possui com o tema pesquisado nesta dissertação.
80
Identificação Gênero Idade Universidade Curso
Envolvimento
com a
reciclagem
Univ. 1
Fem. 19 anos UFPR Administração Alto
Univ. 2
Masc. 20 anos UFPR Administração Alto
Univ. 3
Masc. 21 anos PUC-PR
Publicidade e
Propaganda
Alto
Univ. 4
Fem. 18 anos UFPR Nutrição Médio
Univ. 5
Fem. 20 anos
Universidade
Positivo
Comércio
exterior
Médio
Univ. 6
Masc. 21 anos Uninter Administração Baixo
UNIVERSITÁRIOS
Fonte: Etapa Qualitativa
QUADRO 11 – Caracterização dos universitários
Durante o contato para agendar as entrevistas, uma dificuldade foi identificar o
envolvimento dos jovens com a reciclagem, pois todos afirmavam separar materiais para a
reciclagem. Desta maneira, o gênero e o tipo da instituição (pública ou privada) foram
utilizados como critérios para equilibrar e diversificar o perfil dos entrevistados.
Após as entrevistas foi possível realizar a classificação. O envolvimento com a
reciclagem foi definido de maneira subjetiva, com base em alguns critérios como
conhecimento e frequência de separação. Seguem os resultados:
Envolvimento alto: conhecem bem o tema “reciclagem”, pensam antes de jogar
materiais no lixo e os separam para a reciclagem.
Envolvimento Médio: conhecem o sico sobre o tema (alguns materiais e locais) e
separam os materiais para a reciclagem.
Envolvimento Baixo: conhecem pouco sobre o tema e separam os materiais para
reciclagem apenas algumas vezes.
Após a caracterização dos entrevistados, seguem os achados da etapa qualitativa para
cada construto.
81
4.2 COMPORTAMENTO DE SEPARAÇÃO DE MATERIAIS PARA A RECICLAGEM
As principais perguntas que abordavam este item eram: O que você entende por
comportamento de reciclagem?”, “Qual a primeira vez que teve contato com este tema?” e
“Você considera ser uma pessoa com este tipo de comportamento? Por quê? Desde quando
recicla?”.
Três entrevistados entenderam o comportamento de reciclagem como a pessoa que
pensa antes de jogar os materiais no lixo e os separa de acordo com o processo de
reciclagem. Dois apenas expressaram que consideram isto importante, mas não definiram
as características de uma pessoa com este comportamento. Um entrevistado apresentou
uma visão mais ampla, caracterizando como uma pessoa que se preocupa com o lixo desde
o momento da compra, e não apenas do descarte.
Os exemplos a seguir ilustram essa visão mais ampla e a visão dos três
entrevistados que coincide com a visão adotada neste estudo:
“(...)é uma pessoa que se preocupa com isso eu acho, que se preocupa
com os materiais, se ela compra, se aquilo vai ser reciclado ou se não vai,
é... que se preocupa com a separação...”(Univ. 2).
“Acho que a pessoa que tem o mínimo de preocupação pra fazer essa
separação. Por mais que ela mesma não recicle, mas que deixe mais fácil o
processo pra quem faça isso” (Univ. 3).
Em relação ao tempo que separam materiais para a reciclagem, um dos
entrevistados não lembrava a primeira vez que teve contato com o tema. Dois afirmaram ser
desde muito pequenos e um afirmou ser na época da escola. Dois entrevistados citaram que
fazia apenas um ano. Seguem alguns exemplos:
“Eu era bem criança” (Univ. 5)
Desde o ano passado, até tinha lixo separado mas eu jogava tudo no
mesmo” (Univ. 4).
O último tópico que explorava o comportamento deles em relação a separação de
materiais para a reciclagem, indicou que dois entrevistados sempre separam, não importa o
local, outros três apresentam este comportamento mais na casa e na faculdade. Um
entrevistado afirmou ter este comportamento apenas na casa e com a presença da mãe. Os
trechos abaixo ilustram esses achados:
82
“Mais ou menos. Pelo menos em casa a gente tem dois lixinhos separados,
mas eu não vou levar em nenhum lugar ”(Univ. 4).
“Na minha casa todos tem, mas eu digo mais que é minha mãe”.(Univ.6)
Depois era solicitada a opinião dos jovens sobre a melhor maneira de abordar o
comportamento de separação de materiais para a reciclagem no questionário. Todos
concordaram que seria melhor perguntar através de exemplos de objetos feitos com os
materiais recicláveis. Este ponto também foi consenso dos especialistas:
“É que nem eu te falar o seguinte, se eu te perguntar agora: é.. você, é..
você recicla EPS, não? (...)Então se você falar que você... isopor ta errado
como se fala isopor. É EPS. Mas todo mundo conhece. Então eu acho que
tem que simplificar” (Esp. 2).
Sobre o entendimento do comportamento de reciclagem, o primeiro alerta feito pelos
especialistas foi em relação ao termo utilizado. O adequado é comportamento de separação
de materiais e não comportamento de reciclagem:
“Não, a população não faz reciclagem. A população faz a separação”. (Esp.
2)
Quando questionados sobre o que seria um indivíduo que apresenta um
comportamento de reciclagem, três especialistas pensaram neste conceito como algo mais
amplo, que envolve desde o momento da compra e a preocupação com o meio ambiente em
geral. Dois deles definiram de maneira mais compatível com da dissertação:
“(..)reciclar do ponto de vista do consumidor tem a ver com o descarte. Na
hora que você vai descartar qualquer produto é você pensar se aquele
produto tem alguma possibilidade de re-inserção na cadeia, que tipo de
cadeia...então fazer o que a gente chama de separação ou
segregação...isto seria o fundamental” (Esp. 1).
Quando mostrada a escala sobre o comportamento de reciclagem existentes na
literatura, a maioria concordou com a maneira apresentada. Dois sugeriram que poderia ter
uma ordem de importância os locais que a pessoa utiliza e realiza a separação dos
materiais para a reciclagem, mas não a questão dos tipos de materiais. Um deles alertou
para a influência da educação neste processo:
“Mais consciente não, ela é mais educada. Eu sempre procuro levar,
sempre leve, eu não sei, vou procurar induzir você. Leve pra parte
educacional! Uma pessoa educada, uma pessoa que recebeu uma
educação é uma pessoa que lê. Uma pessoa que tem consciência que se
ela tiver um pouquinho, ela ta fazendo bem pro planeta (Esp. 2).
83
Diante destes achados da etapa qualitativa, somados a revisão teórica, uma
pergunta que abordava este construto foi elaborada para a etapa quantitativa. O quadro 12
ilustra esse processo.
Fonte: Elaborado pela autora.
QUADRO 12 Principais contribuições para o construto comportamento de separação de materiais para a
reciclagem
Evidências da Revisão
Teórica
Evidências da Etapa
Qualitativa
Instrumento de Coleta da
Etapa Quantitativa
Estudos de Bagozzi e
Dabholkar (1994) e Barr (2007):
avaliados os tipos de materiais
reciclados, a frequência da
reciclagem para cada tipo de
material e a forma de coleta
utilizada.
Especialistas:
- O comportamento de
reciclagem esta relacionado
com a separação de materiais
para este processo.
- Este comportamento pode
sofrer alteração dependendo do
local que o jovem se encontra.
Porém, o jovem que apresenta
este comportamento não fará
distinção de materiais, irá
reciclar todos os possíveis e
que tenha conhecimento que
podem ser reutilizados no
processo produtivo.
Estudantes:
- Opinaram que as perguntas
deveriam ser com exemplos de
materiais.
- Sugeriram que este
comportamento es
relacionado com o jovem
pensar antes de jogar algo no
lixo e separá-lo para a
reciclagem quando for o caso.
2 perguntas.
- Uma pergunta abordava os
locais que os jovens costumam
separar os materiais para a
reciclagem. Eles deveriam
responder como era seu
comportamento na casa, rua,
trabalho/ estágio e outros locais
que frequenta (escola, clube)
A escala era de 7 pontos sobre
a frequência e apresentava
uma opção uma opção para o
caso do estudante não
trabalhar ou estagiar (opção 8).
- Outra pergunta abordava a
frequência de separação de
dezenove tipos de materiais
recicláveis. Foi utilizada uma
escala de frequência de sete
pontos.
84
4.3 CONHECIMENTO
Nesta dissertação o conhecimento foi avaliado através de duas dimensões:
conhecimento objetivo e conhecimento subjetivo (PARK, 1994). O primeiro está relacionado
com as informações armazenadas na memória e o segundo a percepção dos entrevistados
em relação a seu conhecimento. Esse conhecimento foi abordado em relação aos materiais
que podem ser reciclados e os locais que a disposição e coleta de materiais podem ocorrer
para iniciar o processo de reciclagem.
A etapa qualitativa com os especialistas foi de extrema importância para a definição
da melhor abordagem deste construto no questionário. Nas seções seguintes são descritos
como ocorreu o desenvolvimento do instrumento que coletou essas variáveis.
4.3.1 Conhecimento objetivo
Na entrevista com os especialistas eles eram questionados sobre a importância do
conhecimento sobre os materiais e os locais de coleta.
Um dos especialistas (Esp. 1) chegou a comentar que não apenas os
conhecimentos dos materiais e locais são importantes, mas também o conhecimento de
todo o processo. Pois com estas informações se pode realmente auxiliar e facilitar todo o
processo, como exemplo, a pessoa pode separar o tulo do resto da embalagem ou
mesmo lavar o material antes de disponibilizá-lo para a coleta.
Outro ponto destacado por dois dos cinco especialistas entrevistados (Esp.1 e Esp.4)
foi o fato do processo mudar com o tempo e materiais que antes não eram recicláveis
passarem a ser.
Nas entrevistas com os estudantes eles eram questionados de maneira direta:
“Conhece quais produtos podem ser reciclados? Quais são? e “Conhece em quais locais
podem ser realizada a coleta de materiais recicláveis? Quais são?”.
Como resposta, quatro dos seis entrevistados afirmavam, logo no início, a
importância de separar os materiais orgânicos dos inorgânicos. Em relação aos locais, eles
já afirmaram ter menos conhecimento:
“Não faço menor idéia” (Univ. 6).
Também era abordado o que sabiam em relação à importância do processo de
reciclagem para o Brasil:
85
“Eu sei que não é um negócio que é muito aproveitado... que pode gerar
uma renda e pode gerar alguma receita pra alguma empresa que se
propuser a fazer isso...e que isso não é aproveitado” (Univ. 2).
Com estas considerações, na etapa quantitativa optou-se em perguntar de maneira
mais geral sobre os materiais e mesclar materiais mais comuns com materiais de
conhecimento mais difícil. Para este construto foi fornecido um livro informativo do Programa
do SEMA: Desperdício Zero. Com base neste livro foram selecionados os materiais e locais
a serem abordados no questionário.
No questionário, duas perguntas abordavam o conhecimento objetivo. Em uma delas
14 materiais eram listados, e pedia-se que o entrevistado assinalasse os que poderiam ser
reciclados. Em uma segunda pergunta, eram listados quatro locais/ maneiras que a coleta
de materiais pode ser realizadas e pedia-se que assinalassem as alternativas corretas. O
quadro 13 mostra como cada etapa contribuiu para o instrumento de coleta.
Evidências da Revisão
Teórica
Evidências da Etapa
Qualitativa
Instrumento de Coleta da
Etapa Quantitativa
Estudo de Ebreo et al. (1999):
Os entrevistados foram
questionados sobre os
materiais que podem ser
reciclados.
Estudo de Daneshvary et al.
(1998): Entrevistados
questionados também sobre os
locais que a coleta pode ser
realizada.
Especialistas:
- Importância de conhecer o
processo.
- Conforme surgem novas
tecnologias, materiais que
antes não eram recicláveis,
passam a ser.
-Disponibilizaram o Material
informativo do SEMA
Programa Desperdício Zero.
Estudantes:
- Enfatizaram a importância de
separar o material orgânico do
inorgânico.
2 questões:
1. Foram listados 14 materiais
para o jovem assinalar quais
eram recicláveis.
2. Foram listados 4 locais que
a disposição e coleta de
materiais podem ocorrer para
iniciar o processo de
reciclagem e o jovem deveria
assinalar quais opções estavam
corretas.
Fonte: Elaborado pela autora.
QUADRO 13 – Principais contribuições para o construto conhecimento objetivo
4.3.2 Conhecimento subjetivo
O conhecimento subjetivo foi abordado na entrevista qualitativa com universitários
através da pergunta: “Como você se sente em relação a seu conhecimento sobre
reciclagem? Considera ser uma pessoa informada?”.
86
Todos os estudantes afirmaram que são pouco informados:
“Ah, um pouco informada. Não tão bem” (Univ. 4)
“Não, eu sei que eu poderia saber mais” (Univ. 3).
Neste item, os estudantes também foram questionados sobre a maneira como
adquiriram estes conhecimentos. As respostas foram bem diversificadas: (1) uma das
entrevistadas afirmou estar participando de um projeto da faculdade que aborda este tema,
(2) outro por curiosidade através de reportagens, (3) outro através do irmão, (4) dois através
da mãe e (5) uma citou a escola, através do programa ‘Família Folha’ da prefeitura.
Vale destacar este projeto, pois foi citado em outros momentos das entrevistas pelos
estudantes e também pelos especialistas. A Família Folha fazia parte do programa “lixo que
não é lixo” da prefeitura de Curitiba. Os personagens foram criados pelo Ziraldo 20 anos,
atualmente foi substituída por outros personagens que incentivam a participação das
crianças neste programa.
Com estas informações e para seguir a mesma linha do conhecimento objetivo, no
questionário, o conhecimento subjetivo foi mensurado em relação ao quanto a pessoa se
sente informada sobre os materiais que podem ser reciclados e sobre os locais que a coleta
pode ser realizada. A escala era de 5 pontos (muito pouco – muito bom). O quadro 14 ilustra
as contribuições de cada etapa para o desenvolvimento do questionário.
Evidências da Revisão
Teórica
Evidências da Etapa
Qualitativa
Instrumento de Coleta da
Etapa Quantitativa
Itens de auto-avaliação sobre
os conhecimentos referentes ao
tema estudado.
Fontes de conhecimento para
os jovens:
- Mãe
- Irmãos
- Mídia - reportagens
- Programa da Prefeitura
Família Folha
1 pergunta:
- Um item questionava o quanto
a pessoa se sentia informada
sobre os materiais recicláveis.
- Um item questionava o quanto
a pessoa se sentia informada
sobre os locais que a coleta
pode ser realizada.
Escala de 5 pontos: muito
pouco – muito bom
Fonte: Elaborado pela autora.
QUADRO 14 – Principais contribuições para o construto conhecimento subjetivo
87
4.4 SENTIMENTO
Esta variável tomou como exemplo um dos sentimentos a “satisfação por estarem
participando de atividades de conservação” apresentada no estudo de Ebreo et al. (1999).
Porém com a entrevista qualitativa dos universitários, novos sentimentos foram gerados
para o questionário da etapa quantitativa.
Nas entrevistas os universitários eram questionados de maneira direta: Como você
se sente quando recicla?” e “Como você se sente quando não recicla?”. O quadro 15
apresenta uma síntese das citações que surgiram como resposta:
Sentimentos
Quando separam materiais para a reciclagem Quando não separam materiais para a
reciclagem
Satisfação de estar ajudando.
Se sente melhor por saber que esta
colaborando.
Senso de dever cumprido.
Sentimento que esta valorizando seu
ambiente.
Fica chateado.
Peso na consciência.
Sentimento que poderia ter feito a coisa
certa.
Apenas pensa que não esta ajudando
(não tem um sentimento específico).
Fonte: Etapa Qualitativa
QUADRO 15- Sentimentos gerados nas entrevistas qualitativas
Os trechos a seguir servem de ilustração:
“Não é que eu fique arrependido, eu fico chateado no caso, de ver que eu
poderia estar reciclando e não estou” (Univ. 3).
“Peso na consciência...ai meu Deus estou errada” (Univ. 5).
Apenas um dos entrevistados demonstrou não ter nenhum sentimento específico e
chegou a afirmar que em alguns momentos chega a jogar lixo na própria rua:
“Na rua, por exemplo, quando eu jogo alguma coisa no chão, eu penso
‘bom, poderia pelo menos jogar no lixo né?’. Mas também é um sentimento
passageiro (risos)” (Univ. 6).
Com os resultados da etapa qualitativa foram listados 12 sentimentos a serem
usados nos questionários: (1) sensação de bem-estar, (2) sensação de missão cumprida, (3)
bem por estar ajudando o meio ambiente, (4) bem por estar colaborando com a questão do
88
lixo, (5) confuso em relação à maneira de agir, (6) não sente nada, (7) sente-se mal, (8)
sente peso na consciência, (9) satisfação por estar ajudando o meio ambiente, (10)
preguiça, (11) sente-se chateado e (12) culpa.
Além desses sentimentos, na etapa quantitativa, tinha um campo com a opção
‘outros’. Porém, para a análise final eles foram desconsiderados devido ao baixo número de
citações (17 citações sentimentos quando recicla e 15 citações de sentimentos quando
não recicla).
O quadro 16 apresenta a contribuição de cada etapa para a mensuração deste
construto.
Evidências da Revisão
Teórica
Evidências da Etapa
Qualitativa
Instrumento de Coleta da
Etapa Quantitativa
Sentimento apresentado no
estudo de Ebreo et al. (1999):
“satisfação por estarem
participando de atividades de
conservação”.
Universitários citaram quatro
sentimentos relacionados ao
momento que recicla e outros
quatro sentimentos quando o
recicla.
1 pergunta:
- Foram listados 12 sentimentos
e os jovens assinalavam o grau
de concordância (1 discordo
totalmente até 10 concordo
totalmente).
Para cada um destes
sentimentos, a avaliação era
feita tanto para as situações
que separa o material para a
reciclagem quanto para as
situações que não separa.
Fonte: Elaborado pela autora.
QUADRO 16 – Principais contribuições para o construto sentimento
4.5 INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA
Nas entrevistas qualitativas com os estudantes, primeiramente eram realizadas
perguntas para identificar o perfil da família e a relação do entrevistado com ela. Abaixo, o
quadro 17 que resume estas informações:
89
Identificação
Nº de pessoas
na família
Número de irmãos Com quem vive atualmente
Univ. 1 5 1 ir e 1 irmão mais velho Pai (alguns dias), Mãe, irmã e irmão
Univ. 2 4 1 irmão mais velho Pai, Mãe e o irmão
Univ. 3 4 1 irmã mais velha Irmã
Univ. 4 4 1 irmã mais nova Prima
Univ. 5 3 o tem irmãos Mãe e Pai
Univ. 6 4 1 irmã mais velha Mãe e irmã
Fonte: Entrevistas Qualitativas
QUADRO 17 – Descrição das famílias dos universitários entrevistados
Após traçar este perfil, os estudantes eram questionados sobre a importância da
família. Esta pergunta era para identificar indícios de quanto a opinião e comportamentos
dos familiares podem influenciar o universitário. Todos afirmaram que a família é muito
importante na vida deles e todos apresentavam algum familiar como exemplo.
Para complementar esta pergunta, foi utilizada uma cnica projetiva de figuras para
facilitar o entendimento da relação do universitário com seu pai, mãe e irmãos. As imagens
abaixo ilustram alguns dos resultados encontrados.
“Essa também, porque.. a gente sempre se
reúne pra ver e-mail junto, o pai chama ou vai
todo mundo ver. Eu sempre mostro minhas
fotos pra ele, daqui de Curitiba e tal. A gente
sempre ta assim, os 4 na frente do
computador” (Univ. 4)
“(...) minha dependência pelo meu pai,
assim pela opinião dele” (Univ. 4)
Foi posvel observar que a mãe era referência para quatro dos entrevistados, um
tinha a irmã como maior referência e uma outra o pai.
90
Após essas análises, os universitários eram questionados de maneira direta sobre a
interação com seus familiares em relação ao tema reciclagem.
Primeiramente foi abordada a comunicação, apontada como uma das maneiras pelas
quais os pais podem influenciar diretamente seus filhos, ensinando-os (COTTE E WOOD,
2004). John (1999) afirma que como processo de aprendizagem, a comunicação, pode
ocorrer de maneira direta ou indireto, neste caso, optou-se em abordar a comunicação direta
utilizando a seguinte pergunta: “Conversa sobre reciclagem com seus familiares?”.
Sobre esta questão, apenas uma das entrevistadas afirmou não conversar sobre
este assunto, dois entrevistados afirmaram conversar com seus irmãos e três estudantes
afirmaram conversar com as mães, sendo que um deles isso ocorria mais na infância.
Geralmente a conversa ocorre no momento do descarte, muitas vezes por estarem em
dúvida sobre a maneira de separar o material para a reciclagem. Os trechos abaixo ilustram
esses achados:
“Ah, com minha irmã assim já, mas fazendo tarefinha assim com ela”
(Univ.4).
“Mais no sentido de perguntar se pode reciclar determinado material ou
não...onde jogar...” (Univ. 1).
Também foi apontado na literatura, as crianças podem aprender determinado
comportamento através da observação do comportamento de seus pais (COTTE E WOOD,
2004). Desta maneira os universitários foram questionados se cada um de seus familiares
(pai, mãe e irmãos) reciclava e se eles lembravam a primeira vez que isso ocorreu.
Todos os entrevistados afirmaram que seus familiares também separam os materiais
para a reciclagem e a maioria não lembrava quando isto começou, sendo que dois
afirmaram ser uma coisa que ocorrem em suas casas desde que “se entendem por gente”.
O trecho abaixo serve como exemplo:
“(...)porque eles instituíram isso, então desde pequeno eu cresci separando
digamos” (Univ. 2).
Apenas um entrevistado citou que foi a irmã que teve a iniciativa e outra entrevistada
que foi a funcionária da casa:
“Com a minha irmã, quando eu voltei da Espanha do nada a gente
reciclava. A gente não, ela né” (Univ. 3).
“Até acho que foi a mulher que trabalha lá em casa que começou e agora
todo mundo separa” (Univ. 4).
91
Um fato que chamou a atenção em relação a este item foi o da influência que os
filhos exercem nos pais. Os trechos abaixo mostram essa constatação:
“(...) E dessa última vez que a gente teve na casa dos meus pais, (...)Daí a
gente conversou com eles pra eles começarem a reciclar, no caso” (Univ.
3).
“Eu costumo encher o saco da minha mãe quando ela joga lixo no lugar
errado... (risos) porque minha mãe tem o costume de não dar muita
atenção, ela joga orgânico no inorgânico, às vezes eu pego no dela”
(Univ.2).
Esta influência dos filhos na família havia sido alertada por todos os especialistas
pesquisados. Os trechos abaixo ilustram esta questão:
“Agora, uma coisa que eu vi e que é bem interessante é que uma vez que o
jovem tenha se sensibilizado, né, a criança já tenha sido sensibilizada, eles
são agente de mudança muito forte dentro da família. Não é o oposto não
hein?!” (Esp. 3).
“Os alunos chegam a influenciar até seus avós” (Esp. 4).
“Tem influência, mas...na escola pública a família o é muito presente.A
influência é mais do aluno para a família, do que da família para ao aluno”.
(Esp. 5).
E um dos especialistas citou que a influência da família ocorre, mas é necessário a
informação:
A questão da informação. Porque a família, por mais que ela queira
fazer.. digamos assim, se der uma embalagem longa vida pra alguém e
mandar ele colocar nas lixeiras coloridas, ele vai ficar “hm, hm, hm”..
Através da informação ele vai saber que a embalagem é formada por
75% de papel. E ele vai deduzir que ele vai colocar na embalagem de
papel” (Esp. 2).
E este fato foi comprovado pela fala de um dos estudantes:
“Bom, desde pequeno também, porque eles colocaram isso até pelas
campanhas do governo, tinha “separe o lixo”, etc, daí eles fizeram essa
separação assim, mas eu não lembro exatamente a época. que foi na
época daquela campanha do governo de Curitiba, da família Folha,
aqueles negócios... naquela época” (Univ.2).
Com estas considerações, nos questionários foram listados itens que abordavam
comunicação entre pais-entrevistados e irmãos-entrevistados, além do comportamento dos
familiares em relação a separação de materiais para a reciclagem. Com a etapa qualitativa
ficou evidente que muitas vezes a influência ocorre do entrevistado para a família, assim
92
foram incluídos alguns itens com este enfoque. O quadro 18 ilustra o processo que deu
origem as perguntas do questionário.
Evidências da Revisão
Teórica
Evidências da Etapa
Qualitativa
Instrumento de Coleta da
Etapa Quantitativa
Os principais achados estão
demonstrados no Quadro 4.
Foi dado ênfase para Moore e
Stephens (1975), que utilizaram
declarações sobre a
comunicação (assuntos, tipos
de informações) entre o jovem
e seus pais e irmãos.
Especialistas
- Destacaram a influência dos
filhos na família
Universitários:
- Citaram pai, mãe e irmãos
como agentes de influência da
família.
- Uma citou que a influência
veio da funcionária da casa
para a família
1 pergunta:
- Foram listadas 10 afirmações
sobre a influência da família,
cada uma deveria ser
respondida para cada membro
(pai, mãe e irmão).
- Foram listados três itens que
abordavam a influência de
maneira geral e não em relação
à um membro específico.
- Foi utilizada escala likert de
10 pontos (1 discordo
totalmente até 10 concordo
totalmente). A alternativa 11
(não se aplica) era para casos
dos respondentes que não
tinham irmãos.
Fonte: Elaborado pela autora.
QUADRO 18 – Principais contribuições para o construto influência da família.
4.6 INFLUÊNCIA DA ESCOLA
Antes de perguntar aos estudantes a respeito da influência da escola, eles eram
questionados quanto ao tipo de escola que frequentaram. Dois estudaram apenas em
escola pública, dois em escola particulares e dois em escolas públicas e particulares.
Posteriormente, iniciavam questionamentos sobre trabalhos e aulas que poderiam
estar relacionadas com o tema. Estes questionamentos tomaram como base o estudo de
Moshis e Moore (1978) que verificaram a influência da escola na maneira de consumir
através da interação dos adolescentes com a escola sobre maneiras de consumo. Além
disso, os pesquisadores verificaram o total de créditos em aulas de educação de consumo,
93
economia de casa, ciência do meio ambiente e educação para o mercado/emprego
(MOSHIS e MOORE, 1978).
Três dos seis pesquisados comentaram que acreditam que tiveram algum trabalho,
mas não lembram de nada muito específico. Dois citaram que tiveram trabalhos sobre este
tema, alguns relacionados a gincanas e outros sobre o tempo de decomposição dos
materiais. Dois afirmaram que sua escola realizava a coleta seletiva. Um estudante citou
que lembra da Família Folha.
Todos os entrevistados citaram que a escola influenciou. Porém um comentou que
foi apenas seu conhecimento e não seu comportamento. Outra comentou que a influência
foi maior no conhecimento, outro que foi pouca influência tanto no conhecimento quanto no
comportamento e outro que foi o agente de socialização que mais influenciou. Seguem
alguns trechos como exemplo:
“Acho que foi a que mais influenciou” (Univ. 4).
“De alguma maneira sim (conhecimento), mas na realidade não era feito
isso lá” (Univ. 6).
Dois dos especialistas citaram que a escola é o que mais influencia e dois que é a
melhor maneira de influenciar, pois tem um elevado poder de informação:
“Pegando o professor, que é o elo de ligação. O professor, ele trabalha
com sessenta alunos, mas ele tem teoricamente cento e vinte pais pra
trabalhar. Então, a hora que nós atingirmos o professor. Porque
precisamos conscientizar ele, e ele atingir o aluno e o aluno levar pra
dentro de casa, então quando eu falo com o professor, a gente fala com
cento e vinte pessoas (Esp. 2).
“A influência da escola é a maior. Há um tempo atrás isso o era assim,
mas atualmente ela prática e incorporou. (...) Hoje a maioria das escolas já
tem falado de reciclagem” (Esp. 5).
“Escola é mais que o exemplo, pois tem um elevado poder de informação
(Esp. 1).
Uma especialista comentou que depende da maneira que a escola trabalha e que a
prática é fundamental:
“Influencia mais quando tem programas práticos: teve algum trabalho
prático sobre separação, o processo, gincanas de separação, campanhas
de arrecadação” (Esp. 4).
Outro especialista comentou que a influência depende mais do professor do que da
escola em si.
94
“A escola, é assim. Ela depende muito, é, ai eu acho que é uma atitude
mais individual do professor. Faz diferença muito a formação do professor”
(Esp. 3).
Diante destes achados da etapa qualitativa, somados a revisão teórica, uma
pergunta sobre a influência da escola foi incorporada no questionário da etapa quantitativa.
O quadro 19 ilustra esse processo.
Fonte: Elaborado pela autora.
QUADRO 19 – Principais contribuições para o construto influência da escola.
4.7 INFLUÊNCIA DA MÍDIA
Como mostrou a revisão teórica, através da dia as pessoas adquirem
conhecimentos para tomarem suas decisões, sendo tanto fonte de informação como
também influenciador de determinados comportamentos (SHRUM et al. 1991).
Porém para que esta influência ocorra é preciso que o indivíduo tenha contato com
os tipos de mídia, sendo que o efeito desse meio pode ser forte entre aqueles que
Evidências da Revisão
Teórica
Evidências da Etapa
Qualitativa
Instrumento de Coleta da
Etapa Quantitativa
O único trabalho que abordava
esta influência foi o de Moshis e
Moore (1978).
A influência era explorada
através de disciplinas que os
entrevistados tiveram na escola
relacionadas ao tema estudado.
Especialistas:
- Dois especialistas acreditam
ser o agente social que mais
influencia.
- Um citou a importância dos
trabalhos práticos na escola.
Universitários:
- Metade não lembrava de um
trabalho específico sobre
reciclagem feito na escola.
- Metade lembrava de gincanas
ou trabalhos sobre o tema.
- A família folha foi citada neste
item.
1 pergunta:
- Foram listadas 8 afirmações
sobre a influência da escola,
cada uma deveria ser
respondida para cada época de
ensino Ensino Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio.
- Foram explorados temas
como trabalhos, gincanas e
assuntos do meio ambiente.
- O programa Família Folha era
explorado nesta questão.
- Foi utilizada escala Likert de
10 pontos (1 discordo
totalmente até 10 concordo
totalmente).
95
apresentam mais contato (SHRUM et al. 1991). Desta maneira, a entrevista com os
estudantes iniciava a abordagem desta influência através dos hábitos e preferências de
mídia de cada jovem. O quadro 20 resume estas informações.
Mídia Univ.
TV Jornal Revista Internet Rádio
Maior
Utilização e
Preferência
Univ. 1
Sim Não Não Sim Apenas para
música
Internet e TV
Univ. 2
Sim Não Sim (Exame e HSM) Sim (noticias
relacionada a
administração)
Apenas para
música
Internet
Univ. 3
Sim Sim
(online)
Sim (Superinteressante
e Veja)
Sim Apenas para
música
Internet
Univ. 4
Sim Não De vez em quando Sim (coisas da
faculdade, noticias)
De vez em
quando
Internet
Univ. 5
Sim
(pouco)
Bem
Pouco
Sim (Você S/A) Sim (notícias) Sim
(informação)
Internet
Univ. 6
Sim
(pouco)
Não De vez em quando Sim (notícias) Não Internet
Fonte: Entrevista qualitativa
QUADRO 20 – Hábitos e preferências de mídia dos universitários da etapa qualitativa.
Nota-se que a internet é a mídia preferida e mais utilizada por todos os entrevistados.
Após esta abordagem mais ampla, os estudantes eram questionados sobre o tema
da reciclagem de maneira específica: “Escutou ou leu algo sobre reciclagem nesses meios
de comunicação que costuma utilizar? Poderia dar exemplos?”.
Apenas dois entrevistados afirmaram não se lembrar de nada específico. Para os
que se lembraram, a TV foi a mais citada, tanto por reportagens nos telejornais, quanto por
campanhas da prefeitura. Os trechos abaixo ilustram esses achados:
“Ah, na TV , que aparece às vezes na Globo como que é pra reciclar,
como que é pra fazer, mas na Internet não” (Univ. 1).
“Eu vi muito em televisão, rádio eu escutei. Internet é bem capaz de
ter, mas eu não lembro. E revista eu vi também. Era publicidade. Eram
campanhas específicas para isso” (Univ.3).
“Quando eu assistia mais TV uns dois ou três anos tinha daí, o Paraná
TV falava justamente dos caminhões que iam estar nos terminais, se não
me engano eles falavam “essa semana o caminhão vai estar em tal lugar”,
pra fazer a coleta” (Univ.2).
96
Os especialistas eram abordados da seguinte forma: “O Sr.(a) acredita que a mídia
exerce influencia neste tipo de comportamento? De que maneira?”. Todos afirmaram que
sim, porém alguns estacaram que depende muito da pessoa e do tipo de programa que
costuma assistir ou escutar:
“A TV tem influência, mas enquanto não for na prática não muda o
comportamento” (Esp. 4).
Um deles citou que acredita que é a mídia é a maior fonte de influencia. A TV foi o
tipo de mídia mais citado:
“Eu acho que, infelizmente, é a mídia televisiva” (Esp. 3).
Outro ponto ressaltado foi que a mídia que traz informações que podem influenciar
outros agentes de socialização, como a família ou os amigos:
“Então a educação, a família – por mais que ela esteja interessada, se não
tiver... escola, mídia não consegue fazer” (Esp. 2).
Os universitários, quando questionados se a mídia influenciou o conhecimento e o
comportamento em relação à separação de materiais para a reciclagem: dois afirmaram que
não, apenas um que sim, um que a influência foi de maneira indireta e uma que influenciou
mais seu conhecimento e não o comportamento. Os trechos abaixo mostram estes achados:
“Acho que não, às vezes assim quando eu via a propaganda assim e
lembrava “nossa, tem que reciclar”. Mas não que tenha influenciado”
(Univ.4).
“Também, porque indiretamente eles influenciaram minha família e me
influenciaram também a separar... se tem uma atenção especial da mídia
em cima disso acaba influenciando todo mundo” (Univ. 2).
Diante destes achados da etapa qualitativa, somados a revisão teórica, a maneira de
abordar a influência da mídia foi decidida. O quadro 21 ilustra esse processo.
97
Evidências da Revisão
Teórica
Evidências da Etapa
Qualitativa
Instrumento de Coleta da
Etapa Quantitativa
Os principais achados estão
demonstrados no Quadro 6.
Destaca-se o estudo de Moore
et al. (2002) no qual foram
explorados as interações com
os meios de comunicação
através das lembranças do
assunto estudo abordado em
diferentes tipos de mídia.
Especialistas:
- A mídia é importante, pois
influência também os outros
agentes sociais.
- A influência da mídia é mais
para informação do que para
mudança de comportamento.
- A TV foi citada como a mídia
que mais influência.
Universitários:
- A internet foi a dia preferia
e mais utilizada por todos os
jovens entrevistados.
- A maioria lembrava de
assuntos sobre reciclagem na
dia.
1 pergunta:
- Foram listadas 5 afirmações
sobre a influência da mídia,
cada uma deveria ser
respondida para cada tipo de
mídia TV, revista, rádio,
internet e jornal impresso.
- O programa Família Folha era
explorado nesta questão.
- Foi utilizada escala Likert de
10 pontos (1 discordo
totalmente até 10 concordo
totalmente).
Fonte: Elaborado pela autora.
QUADRO 21 – Principais contribuições para o construto influência da mídia.
4.8 INFLUÊNCIA DOS PARES
A abordagem qualitativa para entender a influência dos pares ocorreu de maneira
semelhante a dos familiares. Primeiramente os estudantes eram abordados em relação ao
número de amigos, se tinham namorado, e como é esta relação entre eles e seus pares.
Estas informações eram importantes para saber a importância dada aos pares. Também foi
utilizada a técnica projetiva de figuras. Abaixo seguem dois exemplos:
98
“Eu não vejo eles todo dia então pra gente
ficar juntos, fazer alguma coisa juntos a gente
tem que marcar, então a gente ‘ah, vamo pra
praia’” (Univ. 2).
“(...)Pelo mesmo motivo que eu falei (...) a
gente prefere ta fazendo nada junto do que
ta fazendo nada sozinho” (Univ. 3).
Dos seis entrevistados, apenas dois tinham namorado(a). Sobre a relação com os
amigos, três afirmaram ter poucos amigos, dois muitos amigos e um ter nem muitos nem
poucos. O trecho abaixo ilustra um destes casos:
“Eu tenho bastantes amigos. É porque como eu sempre tive essa
mobilidade entre cidades, eu criei amizade em todas essas cidades
(Univ.3)
Como foi mostrado na revisão teórica, a influência dos pares também pode ocorrer
através da comunicação e do comportamento (MOORE et al., 2002), estes dois pontos
foram abordados nas entrevistas: “Conversa sobre reciclagem com seus amigos?” e “Seus
amigos reciclam?”.
Sobre a comunicação: (a) três jovens afirmaram não conversar sobre reciclagem
com seus colegas, (b) um afirmou comentar devido ao trabalho da faculdade que aborda
este tema, (c) um conversa, mas geralmente ela que puxa o assunto e (d) um conversa mais
das questões ambientais como um todo.
Em relação ao comportamento: (a) um afirmou que seus amigos não reciclam, (b)
dois afirmaram que seus amigos reciclam e (c) três afirmaram que poucos de seus amigos
reciclam. Sobre os namorados, uma afirmou que a namorado recicla e um afirmou que a
namorada não recicla. Sendo que a entrevistada que tem o namorado que recicla apresenta
um alto engajamento com a reciclagem, enquanto o que apresenta namorada que não
recicla, apresenta baixo engajamento.
De maneira geral, quatro dos entrevistados consideram que os pares não
influenciaram seu conhecimento e comportamento sobre reciclagem. Dois universitários
99
afirmaram que influenciaram seus amigos, sendo que uma citou que acredita que mais
influenciou do que foi influenciada. O trecho abaixa ilustra um desses casos:
“Meu comportamento sim, não só os amigos mas como as pessoas com
quem eu convivo porque se eu tivesse em um ambiente que não a
mínima pra isso eu não daria a mínima pra isso” (Univ. 2.)
Os especialistas eram questionados da seguinte maneira: “O Sr.(a) acredita que os
amigos exercem influencia neste tipo de comportamento? De que maneira?”
Um dos especialistas comentou que a influência ocorre da mesma maneira que
ocorre na família. Outro especialista afirmou que a influência se pelo exemplo. Um
terceiro comentou que isso ocorre através do boca-a-boca e que a influência esta
relacionada com modismo, com um movimento de massa. E outra comentou que
influência, mas acha que é muito menor quando comparada aos outros agentes citados:
“Existe a influencia, mas acha que é menor (...) É difícil ver algum
coleguinha corrigindo o outro, dizendo o que recicla ou não” (Esp. 5).
Diante destes achados, em conjunto com a revisão teórica, a maneira de abordar a
influência dos pares na etapa quantitativa foi estruturada. O quadro 22 ilustra esse
processo.
100
Fonte: Elaborado pela autora.
QUADRO 22 – Principais contribuições para o construto influência dos pares.
Após abordar os quatro agentes de socialização, os jovens também eram
questionados sobre outros agentes que poderiam ter exercido influência no comportamento
deles. Um citou a religião e três citaram os colegas de trabalho. Seguem alguns trechos das
entrevistas:
“Acho que uma coisa que pode influenciar você quanto a vários assuntos,
formação de valores, é a religiosidade, digamos, mas não que isso vá ser
especifico pra reciclagem” (Univ. 2).
“Acho que mais, o lado profissional assim. Trabalho assim. (...) Ou talvez
pessoas que você nem tenha amizade, mas você tenha contato com ela
diariamente por conta do trabalho assim, acho que de certa forma elas
podem te influenciar” (Univ. 3).
O item colegas de trabalhos acabou sendo inserido como um dos pares que o jovem
pode ter contato.
Evidências da Revisão
Teórica
Evidências da Etapa
Qualitativa
Instrumento de Coleta da
Etapa Quantitativa
Os principais achados estão
demonstrados no Quadro 5.
Estudo que abordam a
interação dos adolescentes
com seus pares sobre os
assuntos estudados.
Especialistas:
-Acreditam que dos quatro
agentes é o que menos
influência.
Universitários:
- Percebeu-se que este agente
é um dos que menos
influenciou, com base na
percepção dos entrevistados.
- Alguns costumam conversar
com seus amigos sobre o
assunto, sendo algumas vezes
sobre o meio ambiente no
geral.
- Citaram que os colegas de
trabalho poderiam ser uma
fonte de influência.
1 pergunta:
- Foram listadas 12 afirmações
sobre a influência dos pares,
cada uma deveria ser
respondida para amigos,
colegas de trabalho/estágio e
namorado(a).
- Foi utilizada escala Likert de
10 pontos (1 discordo
totalmente até 10 concordo
totalmente). A alternativa 11
(não se aplica) era para casos
dos respondentes que não
trabalhassem ou não
namorassem.
101
Quando questionados, quem dos quatro agentes sociais mais influenciaram, a família
foi citada 5 vezes, a escola e o programa da prefeitura (mídia) uma vez cada um.
Desta maneira, as sugestões foram ponderadas, porém optou-se me continuar com
os quatro agentes pré-estabelecidos, visto que pelas análises qualitativas eles mostraram
exercer certa influência no comportamento de separação de materiais para a reciclagem dos
jovens.
4.9 ESTILO DE VIDA
O estilo de vida por apresentar um conceito que engloba muitos fatores como
atividades, interesses e opiniões dos entrevistados, foram utilizadas diversas perguntas para
captar estas informações.
Inicialmente os entrevistados eram solicitados a encontrar figuras que se
identificassem e falar, atras delas, sobre sua maneira de ser e suas características.
Diversas perguntas de assuntos variados também foram feitas, tais como hábitos
alimentares, preferências de lazer. Porém não foi encontrado um padrão de estilo de vida
entre os jovens. Ou seja, pessoas que apresentavam conhecimento, comportamentos e
sentimentos perante a reciclagem similares, em relação ao estilo de vida não tinham coisas
em comum.
Apenas foi observado que os jovens com maior engajamento faziam parte de alguma
organização de estudantes/ não governamentais (Empresa Júnior e AIESEC), porém em
termos de preferências de esporte e atividades durante o lazer não foram muito parecidos.
Desta maneira, as análises que seguem focaram as perguntas que tinha em comum
questão do meio ambiente, para desta maneira, tentar encontrar relações entre esta
preocupação e a reciclagem.
A primeira pergunta era utilizada uma abordagem mais ampla, os estudantes eram
questionados sobre os temas atuais que mais se preocupam, as respostas foram: meio
ambiente (3 citações), saúde (1 citação), questões sociais – desigualdade (1 citação),
violência – (2 citações), assuntos relacionados ao próprio desenvolvimento (1 citação),
pobreza (1 citação) e disputa entre países (1 citação).
Foi notado que duas entrevistadas citaram temas relacionados ao curso que estão
realizando atualmente. Outro ponto de destaque é que as pessoas enquadradas com alto
engajamento não afirmaram ser uma de suas preocupações o meio ambiente. Uma possível
explicação é que os entrevistados menos engajados talvez não tivessem um tema
102
específico que os preocupava e citavam o meio ambiente por perceber que estava ligado a
pesquisa e que talvez fosse esta a resposta esperada na entrevista.
Em um segundo momento, as preocupações sobre o meio ambiente eram
questionadas. Todos afirmaram ser um tema que necessita de maior atenção e três
destacaram que é uma questão de conscientização. Dois deles citaram que no Brasil esta
preocupação deveria ser ainda maior devido à floresta Amazônica. Abaixo seguem alguns
trechos:
“Se a gente não cuidar a gente não vai ter... Pensando assim, ah, eu quero
ganhar dinheiro. Mas eu não vou ganhar dinheiro se eu não existir, se o mundo
não existir, se outras pessoas não existirem, é aquela questão da
sustentabilidade, pra você se dar bem o mundo tem que estar bem” (Univ. 2).
“Eu acho que teria que ser preservado e já que a maior floresta é aqui...deveria
ser preservado a floresta” (Univ. 6).
Em seguida, uma pergunta para saber o quanto os jovens se sentiam responsáveis
pelos problemas ambientais era realizada através da indagação: “Quem você considera
responsável pela questão ambiental?” e “Qual o maior responsável na preservação do meio
ambiente?”.
Sobre os responsáveis pela questão ambiental os jovens afirmaram ser toda a
população, a sociedade. E sobre os responsáveis pela preservação foi dada mais
responsabilidade aos consumidores (4 citações) e apenas uma pessoa citou o governo.
Houve um caso de colocar as responsabilidade nos três (consumidor, governo e empresas):
“Pessoas, porque elas estão nos três. Os três têm igual responsabilidade” (Univ.
2).
Para finalizar, os universitários eram questionados de maneira direta sobre o perfil
das pessoas mais engajadas.
A maioria dos jovens afirmou que acreditam que estas pessoas tenham algumas
características em comum. Entre elas foi citada a área que atua profissionalmente, hábitos
alimentares mais saudáveis, preocupação com assuntos relacionados ao meio ambiente e a
sociedade, são pessoas que praticam mais exercícios e são mais conservadoras. Apenas
dois entrevistados citaram que não acreditam que tenha um perfil. Abaixo alguns trechos
ilustram esses achados:
103
“Eu acho que sim. Ao meu ver assim pelo menos, as pessoas que reciclam, e
tem essa preocupação o as pessoas mais naturais assim. (...)Acho que são as
pessoas mais conscientes na verdade. Acho que acaba refletindo uma pessoa
por ela ser consciente eu acho que é uma filosofia dela que acaba refletindo em
todo o resto, assim” (Univ. 3).
“Acho que elas são mais conservadoras” (Univ. 6).
“Eu acho que não tem perfil. (...) acho que vai mais da consciência de cada um”
(Univ. 4).
Esta pergunta também foi feita aos especialistas. A maioria opinou que os jovens
mais engajados com a separação de materiais para a reciclagem devem apresentar opinião
parecida sobre a questão do lixo e do meio ambiente (3 citações) e das embalagens (1
citação). Uma especialista afirmou que depende da classe socioeconômica do jovem, porém
outro afirmou não estar relacionado à classe social e sim ao nível educacional:
“Então é essa a questão, você unir a parte educacional independente da classe
social. Porque isso do Batel, que ‘ah, classe social mais alta, ela consome mais,
ela gera mais resíduo. Em compensação ela ta separando menos” (Esp. 2).
Diante destes achados e da revisão teórica, foi estruturada a maneira que o estilo de
vida estaria presente no questionário da etapa quantitativa. O quadro 23 ilustra esse
processo.
104
Fonte: Elaborado pela autora.
QUADRO 23 – Principais contribuições para o construto estilo de vida.
Evidências da Revisão
Teórica
Evidências da Etapa
Qualitativa
Instrumento de Coleta da
Etapa Quantitativa
Questionário proposto por
Finotti (2004): ênfase na parte
‘meio ambiente’.
Romeiro (2006): opiniões sobre
os problemas ambientais de
modo geral e seus
responsáveis.
Especialistas e Universitários:
- Dificuldade em identificar
atividades e interesses das
pessoas mais engajadas.
- Notou-se que seria
interessante focar mais a
preocupação com o meio
ambiente.
3 perguntas
- Foram listadas 7 afirmações
sobre a atividades, interesses e
opiniões e os jovens deveriam
indicar o grau de concordância
com base em uma escala Likert
de 10 pontos.
- Uma pergunta de maneira
direta sobre a preocupação
com o meio ambiente em uma
escala de 7 pontos (nada
muito preocupado).
- Uma pergunta sobre a opinião
dos jovens em relação ao grau
de responsabilidade do
governo, da empresa e do
consumidor na preservação do
meio ambiente.
105
5. ANÁLISE DO MODELO PROPOSTO
Neste item são apresentadas as preparações e análises realizadas da etapa
quantitativa.
5.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA AMOSTRA QUANTITATIVA
Na revisão teórica foi destacado que este processo pelo qual os jovens são
influenciados ocorre em um ambiente social, geralmente definido em termos da estrutura
social como gênero (MOSCHIS e CHURCHILL, 1978), assim, fica evidente a importância de
caracterizar bem os jovens entrevistados nesta pesquisa.
Neste item são apresentados alguns gráficos e tabelas que caracterizam a amostra
pesquisada. As informações são referentes aos dados demográficos (idade, gênero, classe
social) e ao curso e instituição de ensino frequentada pelos entrevistados.
GRÁFICO 3 – Idade da amostra pesquisada
Fonte: Tratamento dos dados da Pesquisa
Conforme foi destacado na metodologia, o foco desta pesquisa são jovens
universitários com idade entre 17 e 21 anos. Desta maneira, esta faixa de idade era um pré-
requisito para o preenchimento do instrumento de coleta. Dentro desta faixa a maioria
apresentou 19 anos de idade (30%), seguido de 20 anos de idade (27%).
N=351
17 anos
3%
18 anos
25%
19 anos
30%
20 anos
27%
21 anos
15%
106
GRÁFICO 4 – gênero da amostra pesquisada
N=351
Feminino
55%
Masculino
44%
Não resposta
1%
Fonte: Tratamento dos dados da Pesquisa
A amostra apresentou um pouco mais da metade dos respondentes do sexo feminino
(55%), apenas dois respondentes não informaram seu gênero.
GRÁFICO 5 – Classe social da amostra pesquisada
Fonte: Tratamento dos dados da Pesquisa
Com base na classificação da ABA/NEP 2008, a maioria dos entrevistados foi
enquadrada na classe social B1 (27%), seguida da classe social A2 (25%).
N=351
A1
9%
A2
25%
B1
27%
B2
22%
C1
13%
C2
3%
Não resposta
1%
107
TABELA 1 – Curso que frequenta
n
%
Administração 110 31,3
Ciências Econômicas 62 17,7
Arquitetura e Urbanismo 59 16,8
Geologia 31 8,8
Administração Internacional 21 6
Turismo 19 5,4
Ciências Sociais 12 3,4
Enfermagem 10 2,8
Outros 27 7,8
Total 351 100
Fonte:Tratamento dos dados da Pesquisa
Curso
N=351
A maioria dos pesquisados cursa Administração (31,3%), seguidos dos cursos de
Ciências Econômicas (17,7%) e Arquitetura e Urbanismo (16,8%). Dentre a opção outros
estão cursos como: Pedagogia, Relações Públicas, Ciências Contábeis, Publicidade e
Propaganda e Engenharia da Produção.
TABELA 2 – Instituição de ensino frequentada pela amostra pesquisa
n %
Universidade Federal do Paraná
240 68,4
Universidade Positivo
45 12,8
FACEAR
18 5,1
Faculdade Paranaense 15 4,3
Outros
33 9,4
Total
351 100
Fonte:Tratamento dos dados da Pesquisa
Universidade
N=351
A maioria dos entrevistados estuda na Universidade Pública (68,4%).
TABELA 3 – Ano da faculdade frequentada pela amostra pesquisa
n
%
1º ANO
192 54,7
2º ANO
105 29,9
3º ANO
45 12,8
4º ANO
9 2,6
Total
351 100
Fonte:Tratamento dos dados da Pesquisa
N=351
Ano
108
A maioria dos entrevistados frequenta o primeiro ano da Universidade (54,7%),
seguido do segundo ano (29,9%). Outras informações relevantes são que a maioria dos
entrevistados é solteira (97,2%) e apenas estuda (46,4%), seguidos dos que estudam e
estagiam (27,6%).
5.2 PREPARAÇÃO DA BASE DE DADOS
Neste item é apresentada toda a preparação da base de dados realizada antes da
análise do modelo. Primeiramente é apresentado como os missing values e valores fora do
limite foram tratados nesta dissertação. Na sequência é feita a inspeção das estatísticas
descritivas univariadas e multivariadas das escalas, no qual a média, desvio padrão, curtose
e assimetria são apresentados para cada variável.
O item subsequente mostra como foi realizado o tratamento do construto
conhecimento objetivo, no qual um escore foi gerado. Em seguida, a preparação do
construto comportamento de separação de materiais é apresentada, na qual Análise de
Correspondentes ltiplos (MCA) foi realizada. Por fim, é analisada a normalidade e
linearidade dos dados.
5.2.1 Avaliação do montante e da distribuição dos missing values e valores fora
do limite
As respostas faltantes representam os valores que são desconhecidos. Esse tipo de
problema pode ocorrer devido ao fato de os respondentes darem repostas ambíguas ou
devido ao fato das respostas são serem registradas corretamente (MALHOTRA,2006). Visto
que a coleta de dados desta dissertação foi através de questionários auto preenchidos, uma
porcentagem de missing values já era esperada.
Soma-se o fato de as perguntas sobre sentimento, família, escola, mídia, pares e
estilo de vida terem sido mensurados com uma escala likert de 10 ponto e apresentarem a
opção 11 denominada ‘não se aplica’. Esta opção foi adotada para que o respondente
tivesse uma opção de resposta quando não soubessem relatar sobre a informação presente
no indicador ou quando o mesmo não tivesse critério suficiente para traçar uma avaliação do
indicador. A opção “Não se aplica”, considerada um valor fora do limite da escala foi
analisada como missing values também.
109
Malhotra (2006) sugere que respostas faltantes superiores a 10% suscita problemas.
Dessa maneira foram analisados os missing values de todos os indicadores a serem
utilizados no modelo proposto.
Após as análises, foram eliminadas: (1) a opção ‘irmãos’ (16% de missing values) do
construto família e as opções (2) namorados’ (34% de missing values) e (3) ‘colegas de
trabalho’ (28% de missing values) do construto pares, pois a quantidade de missing values
ultrapassou 10%. Estes resultados explicam-se pelo fato de muitos dos entrevistados não
apresentarem irmão, não estarem trabalhando e nem namorando.
Os outros indicadores analisados apresentaram quantidade de missing inferiores a
10%. E, para estes casos, a ão corretiva foi a substituição dos dados perdidos pelas
médias respectivas de cada variável. Solução apontada por Hair et al (2005) como uma das
três formas de correção. Esta ação é considerada pelos autores como adequada por manter
a consistência no cálculo das correlações, além de maximizar o número de casos do estudo.
5.2.2 Inspeção das estatísticas descritivas univariadas e multivariadas das
escalas
5.2.2.1 Média, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose
A média, desvio padrão, assimetria e curtose são analises que devem ser realizadas,
quando se trata de escala intervalar ou de razão, que auxiliam a compreensão e preparação
dos dados.
Malhotra (2006), explica que a média é a medida de tendência central mais usada. O
Desvio padrão é uma das medidas de dispersão e representa a raiz quadrada da variância,
ou seja, representa a diferença entre a média e um valor observado.
Além do desvio padrão, as medidas de forma também ajudam a compreender a
natureza da distribuição. Sendo utilizada a assimetria e a curtose. A assimetria mostra a
tendência de os desvios serem maiores em uma direção, desta maneira, em uma
distribuição simétrica os valores de ambos os lados do centro de distribuição são os
mesmos e a média, a moda e a mediana são iguais. A curtose, por sua vez, apresenta o
maior ou menor achatamento da curva da distribuição, tendo distribuição normal quando a
curtose apresenta o valor zero (MALHOTRA, 2006). Os próximos itens exploram estas
análises para cada construto analisado no modelo.
110
5.2.2.1.1 Conhecimento Subjetivo
O conhecimento subjetivo foi mensurado através dos dois itens apresentados na
tabela 4.
TABELA 4 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Conhecimento Subjetivo
As médias foram bem próximas e indicam um conhecimento subjetivo intermediário,
visto que escala ia de 1 (muito pouco) à 5 (muito bom).
Apresentaram valores baixos de desvio padrão e os valores da assimetria e da
curtose estão nos intervalos adequados. Assim, indicam uma distribuição mais para a
esquerda e achatada quando comparada a distribuição normal (HAIR et al., 2005).
5.2.2.1.2 Sentimentos
Para facilitar a visualização dos resultados, estes foram separados em duas tabelas.
A primeira faz referência aos sentimentos quando a pessoa recicla e a segunda quando a
pessoa não recicla.
N dia
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
CS_1
Conhecimento dos materiais
3,08
0,79
-0,48 -0,08
CS_2
Conhecimento dos locais
3,03
0,87
-0,27 -0,13
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
Conhecimento Subjetivo
351
111
TABELA 5 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Sentimento
N Média
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
SENT_03
recicla- Sinto-me bem por estar ajudando o
meio ambiente
8,36
1,69
-1,78 4,46
SENT_02
recicla- Sensação de missão cumprida
8,07
1,75
-1,47 3,10
SENT_01
recicla- Sensação de bem-estar
8,03
1,73
-1,29 1,98
SENT_04
recicla-Sinto-me bem por estar
colaborando com a questão do lixo
8,02
1,81
-1,52 3,26
SENT_09
recicla- Sinto uma satisfação or estar
ajudando o meio ambiente
7,97
1,88
-1,38 2,19
SENT_05
recicla- Confuso em relação à maneira de
agir
4,83
2,51
0,23 -0,84
SENT_10
recicla- preguiça
4,76 2,61 0,20 -0,97
SENT_06
recicla- Não sinto nada
3,39
2,27
1,10 0,95
SENT_08
recicla- peso na consicência
2,82
2,49
1,53 1,40
SENT_11
recicla- Chateado
2,81 2,24 1,49 1,76
SENT_12
recicla- culpado
2,68 2,27 1,59 1,95
SENT_07
recicla- Sinto-me mal
2,56
2,25
1,73 2,33
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
Sentimentos quando recicla
351
Os entrevistados, na maioria, sentem-se bem por estarem ajudando ao meio
ambiente (SENT_03) quando reciclam. Além de apresentarem um sentimento de missão
cumprida (SENT_02) e de bem-estar (SENT_01). Observa-se que os quatro primeiros
sentimentos apresentados na tabela, que fazem referência a sentimentos positivos quando
se recicla materiais foram vivenciados de maneira intensa, pois suas médias apresentaram
valores superiores a 8. Enquanto os quatro últimos itens apresentados na tabela, que fazem
referência a sentimentos negativos, quando se recicla foram vivenciados de maneira fraca.
E a ausência de sentimentos, sentimentos como preguiça, e sentir-se confuso apresentaram
uma vivência moderada.
O desvio padrão indica uma possível heterogeneidade da amostra, com alguns
valores muito superiores a 1.
Neste caso, a assimetria apresentou mais casos de valores positivos, indicando uma
cauda da distribuição mais para a direita. Apenas dois valores ficaram no intervalo de –1 a
+1. Os valores fora deste intervalo indicam uma distribuição substancialmente assimétrica
(HAIR et al., 2005)
Em relação à curtose, a maioria dos valores também foi positiva. Porém, quatro
valores se mostraram distantes do intervalo –1 e +1, com considerável distância da
112
distribuição normal da escala. Desta maneira, indicam que a distribuição tem um pico mais
acentuado que a distribuição normal.
TABELA 6 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Sentimento
N Média
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
SENT_19
não recicla- Sinto-me mal
6,61 2,62 -0,64 -0,50
SENT_20
não recicla- peso na consicência
6,39 2,72 -0,50 -0,81
SENT_24
não recicla -culpado
6,11 2,69 -0,30 -0,94
SENT_23
não recicla- Chateado
5,78
2,68
-0,23 -0,90
SENT_22
não recicla -Preguiça
4,33
2,58
0,46 -0,67
SENT_17
não recicla -Confuso em relação à maneira
de agir
4,10 2,36 0,70 -0,06
SENT_18
não recicla -Não sinto nada
3,84 2,49 0,89 0,17
SENT_13
não recicla- Sensação de bem-estar
2,83 1,44 0,62 0,68
SENT_21
não recicla- Satisfação por estar ajudando
ao meio ambiente
2,73
1,94
1,52 2,50
SENT_14
não recicla- Sensação de missão cumprida
2,65 1,60 1,21 2,31
SENT_16
não recicla-Sinto-me bem por estar
colaborando com a questão do lixo
2,63 1,51 1,00 1,09
SENT_15
não recicla- Sinto-me bem por estar
ajudando o meio ambiente
2,41 1,55 1,59 3,80
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
351
Sentimentos quando NÃO recicla
A tabela 6 mostra que os sentimentos com maiores médias, sendo estes referentes a
quando a pessoa não recicla, foram: SENT_20 peso na consciência’, ‘SENT_24 culpa’ e
‘SENT_19 sentir-se mal’. O desvio padrão foi superior a 1 para todos os itens. Mais uma
vez, destaca-se que os desvios padrões altos podem ter sido ocasionados por avaliações
alocadas nos extremos das escalas utilizadas, bem como a heterogeneidade da amostra
estudada, visto que englobava pessoas com elevado comportamento de separação de
materiais e outras que apresentavam um baixo comportamento.
A maioria dos valores da assimetria permaneceu no intervalo –1 e +1, sendo em sua
maioria positivo. Com isto, a distribuição mostra-se com uma cauda mais alongada a direita
(HAIR et al. 2005).
Ao avaliar a curtose, a maioria também está no intervalo entre –1 e +1, sendo que
apenas três valores tiveram um grande distanciamento deste intervalo refletindo assim um
distanciamento da curva normal. Metade dos itens indicou um achatamento, refletidos pelos
valores negativos da curtose (HAIR et al. 2005).
113
5.2.2.1.3 Influência da Família
Como citado anteriormente, a influência da família foi mensurada através da
interação que os jovens apresentavam com seu pai, com sua mãe e três indicadores em
relação a percepção geral da influência. Desta maneira, para facilitar a visualização das
análises, elas foram divididas na tabela 7.
O item que apresentou maior média foi o FAM_06 quando estou com meu pai eu
esqueço de reciclar’, sendo que este item teve sua escala invertida, desta maneira, a média
elevada indica que esta situação não ocorre para muitos dos entrevistados. Fato
comprovado pelo segundo item com maior dia, os quais os entrevistados afirmaram
sempre separar os materiais para a reciclagem quando estão com seus pais’. De maneira
geral, nota-se que as maiores médias são referentes à pressão da figura paterna em relação
à este comportamento.
O terceiro item com maior média já esta relacionado com a influência através da
observação do comportamento dos pais. E, os próximos dois itens de maior relevância
fazem referência à influência pela comunicação.
De maneira geral, as médias das mães foram superiores a dos pais. Porém o item
com maior média foi o mesmo citado em relação aos pais. Este item também teve sua
escala invertida, o que mostra que a maioria dos entrevistados não esquecem de reciclar
quando estão com sua mãe. Os quatros itens que seguem, com as maiores médias, estão
intercalados entre influências pela observação do comportamento e influências pela
comunicação.
Ao analisar o desvio padrão apresentado na tabela 7, pode-se constatar que ele está
elevado para esta escala. Números superiores a dois, outros muito próximos de três indicam
que as médias sofrem uma grande variação. Explicações possíveis para este fato podem
ser avaliações alocadas nos extremos destas escalas ou a heterogeneidade da amostra
pesquisada.
114
TABELA 7 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da Família.
N Média
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
FAM_06
Quando estou com meu pai eu esqueço de
separar os materiais*
7,69
2,27
-0,76 -0,24
FAM_07
Quando estou com meu pai eu sempre separo
os materiais
6,33
2,66
-0,48 -0,57
FAM_09
Meu pai separa os materiais para serem
reciclados.
6,23
2,87
-0,52 -0,77
FAM_02
Já conversei com meu pai sobre assuntos
relacionados à reciclagem
6,03
3,08
-0,42 -1,11
FAM_01
Aprendi com meu pai os materiais que podem ser
separados para a reciclagem
5,68
3,09
-0,17 -1,22
FAM_10
A iniciativa de separar os materiais para
reciclagem em casa foi do meu pai.
5,27
3,05
0,06 -1,18
FAM_03
Meu pai e eu conversamos sobre assuntos
relacionados à reciclagem
5,18
2,91
-0,04 -1,17
FAM_05
Quando estou com meu pai, a iniciativa de
separar os materiais é minha
5,18
2,76
-0,01 -0,88
FAM_04
Já ensinei para meu pai os materiais que
poderiam ser separados
4,89
2,99
0,00 -1,34
FAM_08
Meu pai me conta a importância de separar os
materiais para a reciclagem
4,88
2,89
0,20 -0,98
N Média
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
FAM_16
Quando estou com minha mãe eu esqueço de
separar os materiais*
7,76
2,31
-1,10 0,62
FAM_19
Minha mãe separa os materiais para serem
reciclados.
7,54
2,51
-1,19 0,79
FAM_11
Aprendi com minha mãe os materiais que podem
ser separados para a reciclagem
7,28
2,80
-0,89 -0,27
FAM_20
A iniciativa de separar os materiais para
reciclaem em casa foi da minha mãe.
7,27
2,71
-0,89 -0,17
FAM_12
Já conversei com minha mãe sobre assuntos
relacionados à reciclagem
7,23
2,65
-1,09 0,38
FAM_17
Quando estou com minha mãe eu sempre
separo os materiais
6,77
2,55
-0,65 -0,31
FAM_13
Minha mãe e eu conversamos sobre assuntos
relacionados à reciclagem
6,04
2,84
-0,41 -0,88
FAM_18
Minha mãe me conta a importância de separar os
materiais para a reciclagem
5,78
2,96
-0,16 -1,09
FAM_14
Já ensinei para minha mãe os materiais que
poderiam ser separados
5,21
2,90
-0,10 -1,14
FAM_15
Quando estou com minha mãe, a iniciativa de
separar os materiais é minha
5,19
2,72
0,04 -0,82
N Média
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
FAM_23
Minha família influenciou meu comportamento
em relação à separação de materiais
7,03
2,47
-0,75 -0,07
FAM_21
Em casa todos reciclam
6,81
2,54
-0,66 -0,30
FAM_22
Minha família influenciou meu conhecimento
6,69
2,52
-0,60 -0,33
*Itens de escala invertida – os escores destes itens foram invertidos
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
351
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO GERAL
351
Influência da Família - PAI
Influência da Família - MÃE
351
115
A assimetria, na maioria dos itens, apresentou valores negativos, desta maneira,
indicam que as médias estão mais em direção à dimensão negativa. Em relação aos pais,
esta assimetria foi menor que em relação às mães, as quais apareceram valores inferiores a
–1. Nas questões que abordam os pais e a família de maneira geral, todos os valores estão
dentro do intervalo –1 e +1 (HAIR et al., 2005).
Ao analisar a curtose, observa-se que todos os valores nas questões sobre o pai e
da família em geral são negativos, indicando uma distribuição levemente achatada. Porém
destaca-se que mais da metade dos valores destas duas abordagens está no intervalo –1 e
1 e outra metade está um pouco abaixo de 1. Nas questões referentes às mães, três
apresentaram curtose positiva, indicando um pico mais acentuado que distribuição normal.
Apenas dois valores não estão dentro do intervalo adequado.
5.2.2.1.4 Influência da Escola
Para facilitar as análises deste construto, as questões foram divididas em três
tabelas, sendo que cada uma faz referência a um dos três períodos escolares.
TABELA 8 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da Escola.
N dia
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
ESC_04
Nas minhas aulas de ensino infantil, o professor falava
sobre a importância de preservar o meio ambiente
6,66
2,74 -0,70 -0,40
ESC_06
A escola de ensino infantil que frequentei influenciou o
conhecimento que tenho sobre reciclagem
6,30
2,89
-0,42 -0,91
ESC_05
Nas minhas aulas de ensino infantil, o professor falava
sobre a importância da reciclagem
6,29
2,79 -0,45 -0,77
ESC_08
A escola de ensino infantil que frequentei influenciou
meu comportamento em relação a separação de
materiais para a reciclagem
6,14
2,95 -0,36 -1,00
ESC_01
A minha escola - ensino infantil - realizava coleta
seletiva
6,08
2,80
-0,34 -0,84
ESC_02
Eu realizei algum trabalho sobre reciclagem na minha
escola de ensino infantil
5,78
3,02 -0,22 -1,10
ESC_03
Eu participei de gincanas, as quais os temas eram
reciclagem na minha escola de ensino infantil
5,38
3,13 -0,02 -1,28
ESC_07
Eu lembro de ter visto a 'família folha' na minha escola
de ensino infantil
5,22
3,54 0,09 -1,56
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
Influência da Escola - ENSINO INFANTIL
351
Ao observar as três maiores médias, nota-se que as duas delas são referentes à
influência pela comunicação e uma foi uma abordagem direta em relação à influência da
escola no conhecimento. Desta maneira, nota-se que o fato do professor abordar a
reciclagem e o meio ambiente em suas aulas é uma maneira importante para que o jovem
se conscientize sobre o tema.
116
Apenas uma das assimetrias apresentou valor positivo, indicando uma cauda mais
alongada à direita. Destaca-se que todos os valores ficaram no intervalo –1 a +1. O mesmo
não ocorre com a curtose, pois três valores ficaram inferiores a –1. Na análise da curtose,
observa-se que os dados demonstram uma distribuição mais achatada.
Em relação ao desvio padrão, nota-se que ele está elevado para esta escala.
Números superiores a dois e três indicam que as médias sofrem uma grande variação.
Explicações possíveis para este fato podem ser avaliações alocadas nos extremos destas
escalas ou a heterogeneidade da amostra pesquisada.
TABELA 9 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da Escola.
N dia
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
ESC_12
Nas minhas aulas do ensino fundamental, o professor
sempre falava da importância de preservar o meio
ambiente
7,65
2,10 -1,19 1,63
ESC_13
Nas minhas aulas do ensino fundamental, o professor
sempre falava da importância da reciclagem
7,26
2,27 -1,00 0,71
ESC_14
A escola de ensino fundamental que frequentei
influenciou o conhecimento que tenho sobre a
7,16
2,55 -0,86 -0,02
ESC_09
A minha escola - ensino fundamental - realizava coleta
seletiva
7,10
2,32
-0,94 0,54
ESC_10
Eu realizei algum trabalho sobre reciclagem na minha
escola de ensino fundamental
6,99
2,70
-0,90 -0,09
ESC_16
A escola de ensino fundamental que frequentei
influenciou meu comportamento em relação à
separação de materiais
6,80
2,68 -0,72 -0,35
ESC_11
Eu participei de gincanas na minha escola de ensino
fundamental, os quais os temas erma reciclagem.
6,51
2,96
-0,69 -0,71
ESC_15
Eu lembro de ter visto a família folha na minha escola
de ensino fundamental
5,29
3,52 0,06 -1,56
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
351
Influência da Escola - ENSINO FUNDAMENTAL
A escola fundamental foi a que apresentou itens com as maiores médias quando
comparada com os outros dois ensinos.
Na análise da influência da escola de ensino fundamental, as três maiores médias
foram as mesmas que o ensino infantil. Porém a ordem foi alterada, sendo as duas maiores
médias referentes à influência pela comunicação. Os itens apresentaram, em sua maioria,
uma cauda mais alongada à esquerda e mais achatada. Sendo que na assimetria apenas
um valor foi inferior a –1 e na curtose dois valores foram superiores a +1.
117
TABELA 10 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da Escola.
N dia
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
ESC_20
Nas minhas aulas do ensino médio o professor sempre
falava da importância de preservar o meio ambiente
7,44
2,35 -1,07 0,68
ESC_17
A minha escola - ensino médio - realizava coleta
seletiva
6,94
2,54 -0,91 0,13
ESC_21
Nas minhas aulas do ensino médio, o professor sempre
falava da importância da reciclagem
6,85
2,53
-0,72 -0,23
ESC_22
A escola de ensino médio que frequentei influenciou o
conhecimento que tenho sobre a separação de
materiais
6,74
2,70 -0,69 -0,43
ESC_24
A escola de ensino médio que frequentei influenciou
meu comportamento em relação à separação de
materiais
6,15
2,85 -0,40 -0,90
ESC_18
Eu realizei algum trabalho sobre reciclagem na minha
escola de ensino médio
5,74
3,12
-0,27 -1,26
ESC_19
Eu participei de gincanas na minha escola de ensino
médio, os quais os temas erma reciclagem
4,94
3,07 0,10 -1,33
ESC_23
Eu lembro de ter visto a família folha na minha escola
ensino médio.
4,00
3,15 0,70 -0,89
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
351
Influência da Escola - ENSINO MÉDIO
No ensino dio aparece a influência pelo comportamento, pois a segunda maior
média é “a minha escola de ensino médio realizava coleta seletiva”. As outras duas médias
mais citadas foram referentes à comunicação. A maioria dos valores da assimetria e da
curtose também apareceu com valores negativos. Sendo que apenas um valor da assimetria
e um da curtose ultrapassaram o limite –1.
Nas três categorias de ensino o desvio padrão foi elevado (acima de 2), indicando
que as médias sofrem uma grande variação.
5.2.2.1.5 Influência da Mídia
A influência da mídia foi verificada através da lembrança de assuntos sobre
reciclagem abordados em cinco tipos de mídia: jornal, revista, televisão, internet e rádio.
Para facilitar a visualização das análises desta etapa, as tabelas foram feitas
separadamente. As tabelas foram apresentadas tendo como base as médias, sendo que da
TV as médias foram as mais elevadas e o rádio foi o tipo de mídia com as menores médias.
118
TABELA 11 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da Mídia.
N dia
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
MID_04
Eu já vi alguma reportagem abordando o assunto
reciclagem na TV
8,62
1,56 -1,10 1,35
MID_01
Eu já vi algo na TV sobre reciclagem
8,61
1,41 -0,66 -0,03
MID_03
Eu já vi alguma campanha sobre o assunto
'reciclagem' na TV
8,48
1,63
-1,25 2,50
MID_05
Eu já vi alguma propaganda abordando o assunto
reciclagem na TV
8,47
1,70
-1,19 1,74
MID_02
Eu já vi algo sobre a Família Folha na TV
5,11
3,42 0,11 -1,50
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
Influência da Mídia - TV
351
A maior média sobre a influência da TV foi em relação às reportagens que
abordassem o tema da reciclagem (MID_04). O desvio padrão foi um pouco elevado (acima
de 1), com exceção do item que abordava a Família Folha (acima de 3).
A maioria dos valores da assimetria indicou uma distribuição mais para a esquerda,
devido aos valores negativos. E a curtose, os valores foram, na maioria, positivos. Sendo
que apenas um deles ficou no intervalo de -1 a +1 e indicou um distanciamento da curva
normal.
TABELA 12 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da Mídia.
N dia
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
MID_06
Eu já li algo sobre reciclagem na revista
8,12
1,89 -1,21 1,90
MID_09
Eu já li alguma reportagem abordando o assunto de
reciclagem na revista
8,01
2,13
-1,29 1,67
MID_10
Eu já li alguma propaganda abordando o assunto
reciclagem na revista
7,61
2,36
-1,04 0,57
MID_08
Eu já li alguma campanha sobre reciclagem na
revista
7,52
2,44 -1,08 0,62
MID_07
Eu já li algo sobre a Família Folha na revista
4,15
3,10 0,59 -0,98
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
Influência da Mídia - REVISTA
351
A maior média em relação à revista foi o indicador que abordava o tema de maneira
geral (MID_06). Este apresentou o desvio padrão mais baixo. Os outros valores de desvio
padrão já ficaram acima de 2. Destaca-se que o desvio padrão do item MID_07 ficou
próximo da média, indicando que a dia teve uma grande variação neste item. Uma
possível explicação é ser sobre um programa da prefeitura que nem todos apresentam
conhecimento.
A assimetria apresentou a maioria de valores negativos, apenas um indicou uma
distribuição mais para a direita e estava no intervalo de -1 a +1 (HAIR et al., 2005).
119
Os valores da curtose foram na maioria positivos, indicando um pico mais acentuado
quando comparado com a distribuição normal. E ts deles estavam no intervalo de -1 a +1.
TABELA 13 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da Mídia.
N dia
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
MID_21
Eu já li algo sobre reciclagem no jornal
7,83
2,22
-1,23 1,36
MID_24
Eu já li reportagens abordando o assunto reciclagem
no jornal
7,74
2,32
-1,25 1,33
MID_23
Eu já li alguma campanha sobre reciclagem no jornal
7,44
2,46
-1,04 0,57
MID_25
Eu já li propagandas abordando o assunto
reciclagem no jornal
7,21
2,61 -0,87 0,01
MID_22
Eu já li algo sobre a família folha no jornal
4,62
3,18 0,33 -1,26
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
351
Influência da Mídia - JORNAL
A maior média para o tipo de mídia “Jornal’ também abordava a influência de uma
maneira mais geral (MID_21) porém esta média foi inferior a maior média da mídia “Revista”
(MID_07).
Os valores do desvio padrão foram todos superiores a 2. É lido ressaltar que o
desvio padrão do item MID_22 ficou próximo da média, indicando que a média sofre uma
grande variação neste item. Uma possível explicação é ser sobre um programa da prefeitura
que nem todos apresentam conhecimento, mesmo caso verificado na tabela 13.
A assimetria apresentou dois valores dentro do intervalo -1 a +1, o mesmo ocorreu
para os valores da curtose. Ainda em relação à assimetria, a maioria indicou uma
distribuição mais para a esquerda devido aos valores negativos. Na curtose, apenas um
valor foi negativo, indicando um achatamento (HAIR et al., 2005).
TABELA 14 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da Mídia.
N dia
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
MID_16
Eu já vi algo sobre reciclagem na internet
7,82
2,30 -1,28 1,34
MID_19
Eu já vi reportagens abordando o assunto
reciclagem na internet
7,50
2,58 -1,02 0,20
MID_18
Eu já vi alguma campanha sobre reciclagem na
internet
7,37
2,56
-0,94 0,12
MID_20
Eu já vi propagandas abordando o assunto
reciclagem na internet
7,11
2,74
-0,84 -0,27
MID_17
Eu já vi algo sobre a família folha na internet
3,62
2,76 0,90 -0,23
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
351
Influência da Mídia - INTERNET
120
A maior média para o tipo de mídia “Internet” também foi para o indicador que
abordava o tema de maneira mais geral (MID_16) e apresentou pouca diferença em relação
a esta média para a mídia ‘jornal’.
Os valores do desvio padrão foram elevados (acima de 2). E, mais uma vez, o item
que abordava o programa Família Folha apresentou desvio padrão próximo da média, o que
indica que neste item as médias sofrem grande variação.
A maioria dos valores da assimetria apareceu com valores negativos e da curtose
com valores positivos. Sendo que apenas dois valores da assimetria e um da curtose
ultrapassaram o limite –1 a +1 (HAIR et al., 2005).
TABELA 15 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência da Mídia.
N dia
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
MID_11
Eu já escutei algo sobre reciclagem no rádio
6,79
2,82 -0,60 -0,67
MID_13
Eu já escutei alguma campanha sobre o assunto
reciclagem no rádio
6,57
2,95 -0,53 -0,87
MID_15
Eu já escutei alguma propaganda abordando o
assunto reciclagem no rádio
6,40
2,95
-0,36 -1,05
MID_14
Eu já escutei alguma reportagem abordando o
assunto reciclagem no rádio
6,22
3,09
-0,34 -1,17
MID_12
Eu já escutei algo sobre a família folha no rádio
3,63
2,74 0,93 -0,10
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
351
Influência da Mídia - RÁDIO
Para a mídia “rádio”, a média mais alta também foi do indicador mais geral (MID_11),
porém, as campanhas de reciclagem apresentaram a segunda maior média. Os valores do
desvio padrão também foram elevados (acima de 2). Esses valores elevados podem ser
indicar uma possível heterogeneidade da amostra, que pode estar relacionada com a baixa
frequência de utilização de alguns tipos de mídia.
A maioria dos valores da assimetria e da curtose apareceu com meros negativos.
Todos os valores da assimetria ficaram no intervalo de -1 a +1 e apenas dois valores da
curtose ultrapassaram este limite (HAIR et al., 2005).
5.2.2.1.6 Influência dos Pares
A escala de pares foi muito similar à escala da família.
121
TABELA 16 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Influência dos Pares.
N Média
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
PAR_08
Quanto estou com meus amigos, eu esqueço de
separar os materiais para a reciclagem*
7,53
2,15 -0,67 -0,05
PAR_10
Quando estou com meus amigos, mesmo que
eles não separem, eu separo os materiais para a
reciclagem
6,43
2,41 -0,49 -0,27
PAR_02
Já conversei com meus amigos sobre assuntos
relacionados a reciclagem
6,08
2,63
-0,59 -0,51
PAR_09
Quando estou com meua amigos, eu separo os
materiais
6,06
2,44
-0,34 -0,41
PAR_06
Meu amigos separam os mateiriais
5,88
2,35 -0,47 -0,20
PAR_07
Quando estou com meus amigos, a iniciativa de
separar os mateirias é minha
5,54
2,37 -0,24 -0,28
PAR_03
Meus amigos e eu conversamos sobre assuntos
relacionados a reciclagem
5,47
2,64
-0,26 -0,86
PAR_04
Já ensinei meus amigos os materiais que
poderiam ser separados
5,15
2,63
-0,19 -1,00
PAR_11
Meus amigos influenciaram meu conhecimento
4,60
2,44
0,13 -0,74
PAR_05
Meus amigos me contam a importância de
separar os materiais
4,57
2,57 0,20 -0,87
PAR_12
Meus amigos influenciaram meu comportamento
4,56
2,45 0,05 -0,88
PAR_01
Aprendi com meus amigos os materiais que
podem ser reciclados
4,51
2,52
0,12 -0,94
*Itens de escala invertida – os escores destes itens foram invertidos
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
Influência dos Pares
351
A maior média foi a mesma da escala de família, na qual os itens foram invertidos,
“PAR_08 Quando estou com meus amigos, esqueço de separar os materiais para a
reciclagem”. Desta maneira, mostra que os entrevistados não esquecem de separar os
materiais para reciclagem quando estão com os amigos. Além disso, eles separam mesmo
que seus amigos não separem, fato indicado pelo segundo item (PAR_10) com maior
média. A terceira maior influência se dá pela comunicação (PAR_02): “já conversei com
meus amigos sobre assuntos relacionados à reciclagem”.
A assimetria e a curtose apresentaram todos os valores em intervalos de 1 a +1.
Pela assimetria, com mais valores negativos, percebe-se que as médias estão mais para a
esquerda. E através de todos os valores negativos da curtose, percebe-se um achatamento
da distribuição em relação à normal (HAIR et al., 2005).
Mais uma vez, o desvio padrão apresentado pelas médias pode ser considerado alto,
e desta forma, podem existir muitos pontos dispersos da média.
122
5.2.2.1.7 Estilo de vida
Esta variável servirá apenas para classificar os grupos para outras análises
posteriores. O questionário abordou o estilo de vida dos jovens através de 3 perguntas.
Porém optou-se em trabalhar apenas com a pergunta nove do questionário (Anexo 4), na
qual sete afirmações eram apresentadas aos entrevistados e eles completavam com seu
grau de concordância. Esta escolha ocorreu porque a questão nove engloba tanto as
atividades, interesses e opiniões das pessoas. Enquanto as outras duas apenas as opiniões
das pessoas e serviriam apenas como complemento.
Abaixo segue a média para cada um dos indicadores.
TABELA 17 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do construto Estilo de Vida.
N Média
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
EV_06
Hoje existe muita impunidade para as pessoas
/ empresas que degradam o meio ambiente
7,57 2,51 -1,00 0,24
EV_05
Eu acho que no Brasil há pouca preocupação
com a preservação dos recursos naturais
6,95 2,22 -0,37 -0,50
EV_02
Eu procuro sempre manter uma alimentação
saudável
6,79 2,24 -0,47 -0,33
EV_07
Eu pagaria mais caro por produtos
ecologicamente corretos
6,62 2,36 -0,63 0,02
EV_01
Eu pagaria mais caro por alimentos sem
agrotóxicos
6,54 2,49 -0,56 -0,25
EV_04
Eu acho que a vida antes era melhor do que
hoje
5,58 2,59 -0,03 -0,64
EV_03
Eu gosto de trabalhar em projetos
comunitários
5,47 2,41 -0,12 -0,50
351
Fonte: Tratamento de dados da Pesquisa
ESTILO DE VIDA
As maiores médias foram referentes a opiniões em relação ao meio ambiente
(EV_06 impunidade para as pessoas e EV_05 empresas que degradam o meio ambiente e
preocupação com os recursos naturais). As três afirmações que seguiram, estão
relacionadas com atividades das pessoas em relação à alimentação e ao comportamento
em relação aos produtos ecologicamente corretos e a alimentos sem agrotóxicos. Por fim, a
última afirmação abordava o interesse por trabalhos comunitários. Desta maneira, percebe-
se que os jovens entrevistados apresentam média alta em relação as preocupações com o
meio ambiente.
O desvio padrão indica uma possível heterogeneidade da amostra, com valores
superiores a 2. Neste caso, a assimetria apresentou apenas valores negativos, indicando
uma cauda da distribuição mais para a esquerda. Todos os valores ficaram no intervalo de
1 a +1. Em relação à curtose, a maioria dos valores também foi negativa. E todos estão no
intervalo –1 e +1 (HAIR et al., 2005).
123
As análises apresentadas ao momento, quando observado a maioria dos desvios
padrão apresentaram valores altos, o que sugere heterogeneidade da amostra. Tal dado
mostra a necessidade de uma comparação entre os diferentes grupos, pois aparentemente,
estes construtos funcionam de forma distinta para os diferentes agrupamentos propostos.
Ainda em relação ao estilo de vida, para ser utilizado como caracterização dos
jovens para as análises do modelo, o estilo de vida foi submetido a uma análise de cluster.
A análise de agrupamentos faz referência a um conjunto de técnicas multivariadas
com a principal finalidade de agregar objetos com base em suas características (HAIR et al.,
2005). O objetivo principal desta análise é definir a estrutura dos dados colocando as
observações mais parecidas no mesmo grupo. Com isto, espera-se grupos que apresentem
uma elevada homogeneidade dentro dos agrupamentos e uma elevada heterogeneidade
entre os agrupamentos com base em características definidas (HAIR et al., 2005).
Para verificar diferenças entre jovens em relação ao seu estilo de vida, inicialmente
foi feita uma classificação dos universitários com base nas notas dadas as afirmações que
faziam referência a este construto. Essa classificação foi feita com o auxílio da análise Two-
step Cluster. Foram identificados dois grupos de jovens: o primeiro com 51, 3% dos jovens e
o segundo com 48,7%.
Em um segundo momento, para verificar as diferenças significativas entre estes dois
grupos, foi realizado um teste t para amostras independentes, pois foram encontrados
apenas dois grupos.
TABELA 18 – Distinção dos grupos de universitários com base no estilo de vida
Grupo 1
Grupo 2
t
Sig.
EV_01
Eu pagaria mais caro por alimentos sem
agrotóxicos
6,86 6,19 4,679 0,011
EV_02
Eu procuro sempre manter uma alimentação
saudável
7,06 6,50 4,73 0,019
EV_03
Eu gosto de trabalhar em projetos comunitários
5,89 5,03 6,393 0,001
EV_04
Eu acho que a vida antes era melhor do que hoje
5,67 5,48 9,975 0,484
EV_05
Eu acho que no Brasil há pouca preocupação com
a preservação dos recursos naturais
7,60 6,26 18,943 0,000
EV_06
Hoje existe muita impunidade para as pessoas /
empresas que degradam o meio ambiente
8,09 7,03
17,773
0,000
EV_07
Eu pagaria mais caro por produtos ecologicamente
corretos
7,01 6,21
11,086 0,001
Estilo de vida
Fonte: Tratamento dos dados da Pesquisa
Conforme se percebe, apenas para o item EV_04 não houve diferença significativa
entre os grupos. Outro fato observado é que para todos os itens, o grupo um apresentou
uma média mais elevada. Desta maneira, o grupo um foi denominado: “Preocupados em
124
relação ao meio ambientee englobou 171 jovens e o grupo 2 como “Despreocupados em
relação ao meio ambiente”, abrangeu 180 universitários.
Grupo 1: Preocupados em relação ao Meio Ambiente
Estão mais dispostos a pagar por alimento sem agrotóxicos e produtos
ecologicamente corretos. Sempre procuram se alimentar da maneira correta e gostam de
ocupar o tempo com trabalhos comunitários. Em relação a uma visão mais crítica sobre os
problemas ambientais, concordam que no Brasil há pouca preocupação com a preservação
dos recursos naturais e que as pessoas e empresas que degradam o meio ambiente não
recebem a punição adequada. A maioria é do sexo feminino (54,7 %) e pertence à classe
social B (50,3%). A maioria apresenta um comportamento elevado de separação de
materiais (34,4%) e a maioria (45%) acredita ter um elevado conhecimento sobre reciclagem
(conhecimento subjetivo), embora realmente não tenham um bom conhecimento
(conhecimento objetivo), apenas 23,3% se enquadram no grupo de elevado conhecimento
objetivo.
Grupo 2: Despreocupados em relação ao Meio Ambiente
Os jovens enquadrados neste grupo não estão tão dispostos a pagar mais por
alimentos sem agrotóxicos ou produtos ecologicamente corretos.Não procuram manter uma
alimentação saudável e não gostam de trabalhos comunitários. Não acreditam que no Brasil
pouca preocupação com a preservação dos recursos naturais e nem que as pessoas e
empresas que degradam o meio ambiente não recebem a punição adequada. A maioria
também é do sexo feminino (57,6%) e pertencem à classe social um pouco mais elevada
que o grupo anterior, sendo a maioria da classe A2 (27,6%) e da classe B1 (27,6%). A
maioria apresenta um baixo engajamento na separação de materiais para a reciclagem
(35,7%). Embora a maioria acredite ter um conhecimento (subjetivo) elevado (36,3%), 70 %
destes jovens se enquadram em baixo ou intermediário conhecimento objetivo sobre o
assunto.
Estes resultados serão utilizados posteriormente para análise do modelo.
5.2.3 Conhecimento Objetivo
A escala utilizada para mensurar o conhecimento objetivo foi submetida a outro tipo
de análise e é descrita detalhadamente neste tópico.
O Conhecimento Objetivo foi mensurado através de duas perguntas. Uma delas
pedia para o respondente assinalar as alternativas que representavam os materiais que
podem ser reciclados. A segunda pergunta solicitava que fossem assinalados os locais que
125
a coleta dos materiais recicláveis pode ser realizada. Abaixo segue o número de acertos de
cada alternativa apresentados na Tabela 19.
TABELA 19 - Conhecimento objetivo dos materiais recicláveis da amostra pesquisada
Materiais
n % n %
papel 350 99,7 1 0,3
plástico 332 94,6 19 5,4
metal 302 86 49 14
vidro 284 80,9 67 19,1
isopor 112 31,9 239 8,1
pilhas 76 21,7 275 78,3
baterias 72 20,5 279 79,5
composto orgânico 50 14,2 301 85,8
ampolas de medicamentos 324 92,3 27 7,7
papel sanitário 316 90 35 10
papel carbono 310 88,3 41 11,7
papel sujo / engordurado 305 86,9 46 13,1
espelhos
278 79,2 73 20,8
papel vegetal 240 68,4 111 31,6
Fonte: Tratamento dos Dados da Pesquisa
reciclável
CONHECIMENTO OBJETIVO - MATERIAIS
não
reciclável
N= 351
acertos erros
Conforme foi apresentado na Tabela 20, dos materiais recicláveis o conhecimento é
maior em relação ao papel, no qual 99,7% dos entrevistados acertaram e do plástico
(94,6%). Dos materiais que não podem ser reciclados, o número de acertos foi maior em
relação às ampolas de medicamentos (92,3% de acerto) e papel sanitário (90% de acerto).
TABELA 20 – Conhecimento objetivo dos locais que a coleta de materiais pode ser realizada
Locais
n % n %
lixeira colorida
334 95,2 17 4,8
coleta da prefeitura
282 80,3 69 19,7
carrinheiros
256 72,9 95 27,1
venda como sucata
185 52,7 166 47,3
Fonte: Tratamento dos Dados da Pesquisa
CONHECIMENTO OBJETIVO - LOCAIS
N=351
acertos erros
126
Em relação aos locais, todas as alternativas listadas eram possíveis de se realizar a
coleta. O número de acertos foi maior para as lixeiras coloridas (95,2%), seguido pela coleta
da prefeitura (80,3%).
Estes materiais e locais foram, então, agrupados com base na entrevista com os
especialistas e no julgamento da pesquisadora. A seguir no quadro 24, são apresentados
como os materiais e locais ficaram classificados como: conhecimento básico, intermediário e
avançado.
Materiais Locais
papel lixeira colorida
plástico
coleta da prefeitura
ampolas de medicamentos
papel sanitário
metal carrinheiros
vidro
papel carbono
papel sujo / engordurado
espelhos
papel vegetal
isopor
venda como sucata
pilhas
baterias
composto orgânico
Fonte: elaborado pela autora
Avançado
Básico
Intermediário
QUADRO 24 – Classificação dos materiais e locais
Com base nesta classificação foi criado um escore de conhecimento objetivo. Cada
acerto de uma alternativa enquadrada como básico valia um ponto, para os acertos de
alternativas intermediárias, dois ponto e avançadas três pontos. Os pontos foram somados e
cada respondente apresentava seu escore de conhecimento objetivo. A pontuação poderia
variar de 0 a 35. A tabela 21 mostra a média geral do escore de conhecimento objetivo.
TABELA 21 - Médias, Desvio Padrão, Assimetria e Curtose do Escore de Conhecimento
Objetivo
N Mínimo Máximo Média
Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
Escore
Conhecimento
Objetivo
351 7 35 21,01 4,43 0,07 0,30
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
CONHECIMENTO OBJETIVO
127
Com os dados, observa-se que no geral os entrevistados apresentam um
conhecimento um pouco acima da média possível. O desvio padrão foi elevado (4,43),
porém a assimetria e a curtose permaneceram no intervalo -1 a +1 (HAIR et al., 2005).
Esse escore também foi analisado para permitir que os entrevistados fossem
divididos em grupos com base em seus conhecimentos.
Através da frequência dos escores, os entrevistados foram divididos igualmente em
três categorias: conhecimento baixo, conhecimento intermediário e conhecimento elevado.
Segue a tabela 22 que mostra o ponto de corte de cada classificação, bem como o número
de jovens agrupados em cada nível de conhecimento objetivo.
TABELA 22- Classificação do Escore do Conhecimento Objetivo
Conhecimento Objetivo
ESCORE (E) -
Conhecimento
Objetivo
Frequência Porcentagem
Conhecimento baixo
0 < E < 19 129 36,8
Conhecimento intermediário
19 < E < 24 129 36,8
Conhecimento elevado
24 < E < 35 93 26,5
GRUPOS - CONHECIMENTO OBJETIVO
Fonte: Tratamento dos dados da Pesquisa
N=351
Através da tabela 22, observa-se que o grupo de conhecimento elevado foi o com
menor número de jovens. Estes grupos serviram para análises posteriores do modelo
proposto.
5.2.4 Comportamento de separação de materiais para a reciclagem
Embora tivesse duas perguntas no questionário que abordassem o comportamento
se separação de materiais para a reciclagem, optou-se em analisar esse construto apenas
com a segunda pergunta. A justificativa é que os tipos de materiais separados pelos jovens
para a reciclagem não apresentam muita variação de um local para o outro, de acordo com
os especialistas e, seria então, um indicador mais amplo e mais fácil de ser analisado.
O comportamento de separação dos materiais foi analisado através da frequência
que os entrevistados separavam dezenove tipos de materiais diferentes para reciclagem.
Abaixo segue os materiais e suas porcentagens. A tabela 23 esem ordem decrescente
considerando a coluna todos os dias’.
128
TABELA 23 – Valores de frequência para a separação de materiais para a reciclagem
Materiais N
não separo
materias
menos de
uma vez
por mês
uma vez
por mês
duas vezes
por mês
uma vez
por
semana
quase
todos os
dias
todos os
dias
Total
Latinhas de
refrigerante / sucos /
cerveja
351 12,8 9,4 6,6 3,4 11,1 15,1 41,6 100
Garrafas de
refrigerantes
350 10,6 6,6 6,6 3,7 13,1 18,0 41,4 100
Copos descartáveis
351 18,2 14,2 5,4 2,3 6,8 14,2 38,7 100
Folhas de caderno/
Rascunhos
351 16,2 16,2 7,1 1,7 8,3 12,5 37,9 100
Caixas de papelão
350 12,3 19,4 8,9 2,6 8,6 10,9 37,4 100
Jornais / Revistas
351 16,5 15,1 10,0 1,1 10,3 11,4 35,6 100
Frascos e potes de
produtos alimentícios
350 15,1 16,0 4,3 4,3 9,7 15,1 35,4 100
Materiais de
propaganda
indesejáveis
351 19,1 16,0 3,4 2,0 10,0 15,7 33,9 100
Garrafas de vidro de
suco/ água
351 16,5 16,8 5,7 3,1 10,8 13,4 33,6 100
Embalagens de
alimento enlatadas
351 19,9 12,3 6,3 3,7 12,3 12,0 33,6 100
Envelopes
351 21,4 20,5 6,8 1,4 8,0 9,4 32,5 100
Garrafas de vidro de
bebidas alcoólicas
347 19,3 19,0 6,1 3,5 11,8 9,5 30,8 100
Sacolas de
supermercado
350 24,0 19,7 3,7 4,6 6,6 10,9 30,6 100
Restos de frutas /
verdura
349 42,7 14,6 3,4 2,0 5,2 7,4 24,6 100
Frascos de vidro de
cosméticos
346 25,7 23,1 7,2 3,8 8,1 7,8 24,3 100
Cascas de frutas e
legumes / restos de
alimentos
348 44,0 14,9 2,9 1,4 4,3 9,5 23,0 100
Embalagens de
isopor
351 32,8 25,6 6,0 3,1 5,1 7,1 20,2 100
Pilhas / baterias
348 29,3 28,4 10,1 4,3 4,9 6,0 17,0 100
Restos de flores /
plantas
349 50,1 22,3 4,3 1,1 3,4 4,9 13,8 100
Porcentagem
COMPORTAMENTO DE SEPARAÇÃO DE MATERIAIS PARA A RECICLAGEM
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
Os materiais que os jovens separam para a reciclagem com mais frequência são: (1)
latinhas de refrigerante/cerveja/sucos, (2) garrafas de refrigerante, (3) copos descartáveis,
129
(4) folhas de caderno/rascunho e (5) caixa de papelão. Os materiais que eles menos
reciclam são os orgânicos (restos de frutas/verduras, restos de alimentos e restos de
flores/plantas), além do isopor e das pilhas/baterias.
Esses resultados são compatíveis com os resultados das análises de conhecimento
objetivo. Pois os materiais que eles mais reciclam são os de conhecimento mais básico
(papel, plástico) e as latinhas (metal) que estão no conhecimento intermediário. Enquanto os
que menos reciclam, são os de conhecimento mais avançado (pilhas, isopor, material
orgânico).
Para dar procedimento as análises deste construto foi escolhida a Análise de
Correspondentes Múltiplos (MCA). Este todo se mostra interessante, pois pode basear-
se tanto na intensidade quando na variedade dos comportamentos de separação de
materiais para a reciclagem.
Conforme afirma Marchetti, Prado e Pires (1998), este método é uma alternativa de
ordenação de observações multivariadas qualitativas. Além disso, esses autores sugerem
que é um método relevante para ser utilizado na área de comportamento do consumidor e
não simplesmente como todo de visualização de possíveis relações. Visto que é um
método efetivo para gerar escores que podeo ser utilizados em análises explicativas e na
construção de tipologias de consumidores.
Neste estudo, com a análise de correspondentes múltiplos, define-se: (1) quais são
as similaridades e diferenças entre os materiais separados para a reciclagem, (2) quais são
as semelhanças e diferenças entre as frequências em relação aos materiais separados para
a reciclagem e (3) a representação deste inter-relacionamento num espaço reduzido de
dimensões.
Utilizando os dezenove itens apresentados anteriormente, a análise MCA
proporcionou as duas dimensões apresentadas no gráfico 6.
A primeira dimensão englobou os quinze exemplos de produtos e objetos feitos de
papel, plástico, vidro e metal. A segunda dimensão contemplou os três exemplos de material
orgânico, além das pilhas e baterias.
130
GRÁFICO 6 – Avaliação da matriz de correspondentes múltiplos do comportamento de separação de
materiais para a reciclagem
Fonte: Tratamento dos dados da Pesquisa.
Os exemplos de materiais orgânicos foram incluídos no questionário devido ao alto
índice de citações na etapa qualitativa. Porém, decidiu-se em não trabalhar com os três
exemplos de material orgânico. Desta maneira, para prosseguir as análises, optou-se em
trabalhar apenas com a primeira dimensão.
Todavia, as pilhas e baterias foram mantidas, pois na pesquisa qualitativa com os
especialistas, foi destacado que elas são um importante indicador do engajamento com a
reciclagem, pois são materiais que necessitam de maior esforço por parte do jovem, para
levá-las em ponto de coleta específico para a reciclagem. Desta maneira, o escore de
comportamento de reciclagem passou a conter 16 itens, com alfa de 0,964.
Além destes resultados, a Análise de Correspondentes Múltiplos (MCA) permitiu que
cada entrevistado passasse a ter um escore de comportamento de separação de resíduos
para a reciclagem. A tabela 24 ilustra estes resultados através dos 10 maiores escores e 10
menores escores obtidos.
Dimensão
Carregamento
131
Tabela 24 - Escores Obtidos na Análise da Variedade x Intensidade de Comportamento de separação
de materiais para a reciclagem
1,54
342º
-1,66
1,49
343º
-1,74
1,44
344º
-1,75
1,43
345º
-1,78
1,40
346º
-1,95
1,39
347º
-1,98
1,38
348º
-1,99
1,36
349º
-2,05
1,31
350º
-2,06
10º
1,30
351º
-2,11
Escore de Comportamento de separação de
materiais para a reciclagem
Dez maiores Dez menores
Fonte: Tratamento dos dados da Pesquisa.
Uma conclusão que fica evidente nesta análise é que não basta apenas considerar a
frequência que os jovens separam os materiais para afirmar que é um indivíduo engajado
com a reciclagem. É preciso analisar também para quais tipos de materiais ele apresenta
este comportamento.
É válido destacar que também ocorreu uma tentativa de analisar considerando os
pesos dos materiais que os especialistas haviam atribuído, porém como os pesos haviam
sido muito parecidos, não ocorreram diferenças importantes e optou-se em usar o escore de
comportamento sem o peso dado a cada material.
Através da frequência dos escores, os entrevistados foram divididos igualmente em
três categorias: baixo engajamento na reciclagem, engajamento intermediário e elevado
engajamento. A tabela 25 mostra o ponto de corte de cada classificação, bem como o
número de jovens agrupados em cada nível de comportamento.
TABELA 25 - Classificação do Escore de Comportamento de Separação de Materiais para a
Reciclagem
Comportamento de
separação de materiais
para a reciclagem
ESCORE (E) -
Conhecimento
Objetivo
Freqüência Porcentagem
Pouco engajados -2,11 < E < -0,39 121 34,5
Engajamento Intermediário -0,39 < E < 0,51 114 32,5
Muito engajados 0,51 < E < 1,54 116 33,0
N=351
Fonte: Tratamento dos dados da Pesquisa
GRUPOS -COMPORTAMENTO DE SEPARAÇÃO DE MATERIAIS
132
Através da tabela 25, observa-se que o grupo dos pouco engajados foi o com maior
número de jovens. Estes grupos serviram para análises posteriores do modelo proposto.
5.2.5 Normalidade e Linearidade
A Normalidade, segundo Hair et al (2005), é o grau em que a distribuição dos dados
da amostra corresponde a uma distribuição normal. E é o ponto de partida para o
entendimento da natureza das variáveis em estudo. Abaixo estão listadas três maneiras
diferentes de verificar a normalidade dos dados utilizados nesta dissertação.
Uma maneira é através da assimetria e curtose, analisadas em itens anteriores.
Outra maneira, de acordo com Pallant (2001,) é o teste Kolmogorov-Smirnov. Através deste
teste, os valores que aparecerem superiores a 0,05 indicam normalidade.
A terceira maneira é através do gráfico Normal Q-Q Plot. Através do gráfico, pode-se
comparar a distribuição da amostra com a distribuição normal, sendo que quanto mais
próxima a linha de distribuição normal, maior é a aceitação de sua normalidade. Estas
análises foram utilizadas para os construtos: família, escola, mídia, pares, conhecimento
subjetivo e sentimento.
Através do teste Kolmov-Smirnov, não foi observada a normalidade, porém através
dos gráficos esta foi observada. Apenas para alguns indicadores de sentimentos e da família
a normalidade não foi evidente. Porém mesmo assim, considerou-se que as escalas
apresentam normalidade, dando uma atenção especial para estes itens.
A linearidade, segunda Hair et al (2005), é usada para expressar o conceito de que o
modelo possui propriedades de aditividade e homogeneidade.
Hair et al. (2005) aponta que uma das maneiras de analisar é através de diagramas
de dispersão das variáveis. Com a inspeção destes diagramas se busca identificar padrões
não-lineares de dados. Nestas análises, quanto maior a aleatoriedade e menor a
concentração em forma de linha central, mais forte será o padrão não-linear. Através destas
análises verificou-se que uma dispersão não tendenciosa.
5.3 MODELO DE MENSURAÇÃO
Para proceder às análises e cumprir o objetivo proposto, foi utilizada a Modelagem
de Equações Estruturais. Esta técnica permite testar a ordem causal entre um conjunto de
construtos categorizados em variáveis exógenas e endógenas (HAIR et al., 2005).
133
O primeiro passo para a aplicação da Modelagem de Equações Estruturais (SEM) é
a fundamentação teórica que justifica as escolhas de relações causais entre os diferentes
construtos. Depois, é importante examinar o modelo de mensuração proposto. Neste caso, a
Análise Fatorial Exploratória e a Análise Fatorial Confirmatória são necessárias. Estes
passos são descritos nos próximos tópicos.
5.3.1 Avaliação da Dimensionalidade e da Consistência Interna
Nesta dissertação foram usados como base estudos anteriores e a maneira que
mensuraram os construtos envolvidos, além da pesquisa qualitativa que foi a primeira etapa
desta dissertação. Deste modo, a Análise Fatorial Exploratória (AFE) é abordada neste item
por se tratar de uma análise importante antes do estudo das relações propostas.
A Análise Fatorial, segundo Malhotra (2006), é um termo relacionado com uma
classe de procedimentos utilizados para a redução e resumo dos dados. Através da análise
fatorial, Hair (2005), explica que é possível identificar as dimensões (fatores) e determinar o
grau em que cada variável é explicada por cada dimensão.
A Análise fatorial exploratória foi utilizada para os seguintes construtos: Família,
Escola, Mídia, Pares, Conhecimento Subjetivo e Sentimento. O principal objetivo de sua
utilização foi manter a natureza e o caráter das variáveis originais, mas reduzir seu mero
para facilitar as próximas análises (HAIR et al., 2005).
Para selecionar o número de fatores a extrair, foi utilizado o teste de scree (Hair,
2005). O teste scree é utilizado para identificar o número ideal de fatores que podem ser
extraídos. Neste estudo também foram consideradas soluções que expliquem 60% da
variância ou fatores próximos como satisfatórios, valor aconselhado por Hair (2005) quando
se trata de estudos relacionados com ciências sociais.
Para a Análise Fatorial Exploratória deste estudo, utilizou-se a extração dos
componentes principais sobre a matriz de correlações, realizando a rotação ortogonal
Varimax (MALHOTRA, 2006). Hair (2005) afirma que este método tem sido muito bem
sucedido como uma abordagem analítica para a obtenção de uma rotação ortogonal.
Além destes procedimentos apresentados, foi realizada a medida Kaiser-Meyer-Olkin
(KMO) para indicar a melhor adequação dos dados à análise fatorial exploratória.
Resultados mais próximos de 1 indicam a melhor adequação.
Ainda neste item, para analisar a consistência interna de cada dimensão dos
construtos, foi utilizado coeficiente de confiabilidade, coeficiente Alfa de Cronbach. De
acordo com Hair (2005) o limite inferior para o Alpha de Cronbach geralmente aceito é de
0,70, podendo ser considerados também valores com limite 0,60.
134
Com estas considerações, seguem as análises realizadas para um melhor
refinamento dos indicadores a serem estudados.
5.3.1.1 Conhecimento subjetivo
O conhecimento subjetivo foi mensurado através de dois itens que carregaram com
consistência interna de 0,733. O KMO foi de 0,5 e, embora não seja muito próximo de 1, foi
utilizado para as análises subsequentes. A tabela 26 ilustra os resultados encontrados.
TABELA 26 - AFE e Teste de Confiabilidade para o construto Conhecimento Subjetivo
Carregamento KMO
Variância
Explicada
Alfa de
Cronbach
CS_1
Conhecimento dos materiais
0,889
CS_2
Conhecimento dos locais
0,889
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
Itens
CONHECIMENTO SUBJETIVO
0,5 100% 0,733
5.3.1.2 Sentimentos
A análise fatorial do sentimento apresentou KMO de 0,829 e através da análise do
gráfico scree plot foram utilizados 3 fatores. Foram eliminados sete itens desta escala para
que não prejudicasse a consistência interna. Foram eles: SENT_05 recicla - Confuso em
relação à maneira de agir’, ‘SENT_06 recicla - Não sinto nada’, ‘SENT_10 preguiça’,
‘SENT_17 não recicla -Confuso em relação à maneira de agir’, ‘SENT_18 não recicla -Não
sinto nada’, ‘SENT_21 não recicla- Satisfação por estar ajudando ao meio ambiente’,
‘SENT_22 não recicla –Preguiça. A tabela 27 mostra o resultado das análises.
135
TABELA 27 - AFE e Teste de Confiabilidade para o construto Sentimento
Dimensão Carregamento KMO
Variância
Explicada
Alfa de
Cronbach
SENT_01
recicla- Sensação de bem-estar
0,799
SENT_02
recicla- Sensação de missão
cumprida
0,85
SENT_03
recicla- Sinto-me bem por estar
ajudando o meio ambiente
0,858
SENT_04
recicla-Sinto-me bem por estar
colaborando com a questão do lixo
0,833
SENT_09
recicla- Sinto uma satisfação por
estar ajudando o meio ambiente
0,748
SENT_19
não recicla- Sinto-me mal
0,477
SENT_20
não recicla- peso na consicência
0,457
SENT_23
não recicla- Chateado
0,455
SENT_24
não recicla -culpado
0,464
SENT_07
recicla- Sinto-me mal
0,745
SENT_08
recicla- peso na consicência
0,761
SENT_11
recicla- Chateado
0,734
SENT_12
recicla- culpado
0,759
SENT_13
não recicla- Sensação de bem-
estar
0,713
SENT_14
não recicla- Sensação de missão
cumprida
0,768
SENT_15
não recicla- Sinto-me bem por
estar ajudando o meio ambiente
0,753
SENT_16
não recicla-Sinto-me bem por
estar colaborando com a questão
do lixo
0,789
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
Sentimentos
Positivos ao
separar
materiais E
negativos ao
não separar
Sentimentos
Negativos ao
separar
Sentimentos
positivos ao
não separar
0,829
14,42%
11,41%
0,862
0,855
0,884
SENTIMENTO
Itens
25,20%
O primeiro fator englobou os sentimentos positivos que a pessoa sente ao reciclar e
os sentimentos negativos que ela sente ao não reciclar. Apresentou alfa de Cronbach de
0,862 e variância explicada de 25,20%.
Os sentimentos negativos ao reciclar carregaram no segundo fator, com consistência
interna de 0,855 e 14,42% de variância explicada.
O terceiro fator apresentou os itens que tinham sentimentos positivos associados a
situações nas quais o jovem não separa materiais para a reciclagem. O alfa de Cronbach foi
de 0,884 e a variância explicada foi 11,41%.
136
5.3.1.3 Influência da família
A influência da família, ao ser submetida à análise fatorial exploratória, mostrou que
seis dimensões seria interessantes ao ser verificado o gfico scree plot. Estes fatores o
responsáveis por 74,14% do total da variância explicada. O KMO obteve um valor aceitável
de 0,792. Devido ao alfa de cronbach adequado, nenhum item foi retirado da escala neste
momento. A tabela 28 ilustra as dimensões encontradas.
A primeira dimensão apresentou um alfa de 0,9 e carregou com sete itens. Destes
itens, quatro abordavam maneiras distintas que a mãe poderia influenciar seus filhos em
relação à reciclagem e 3 itens que abordavam percepções gerais dos entrevistados em
relação a influência da família. Desta maneira, o primeiro fator foi denominado: Influência da
mãe e percepção geral da família.
A segunda dimensão englobou as diversas maneiras que os pais poderiam
influenciar seus filhos sobre a separação de materiais para a reciclagem. Obteve um alfa de
Cronbach de 0,86 e englobou 5 itens.
A terceira dimensão está relacionada com a comunicação que os entrevistados
apresentam com seu pai e sua mãe em relação à reciclagem. Obteve quatro itens e alfa de
Cronbach de 0,865.
Os itens relacionados a uma influência que os entrevistados poderiam exercer em
seus pais ficaram agrupadas no quarto fator, sendo o alfa de Cronbach com valor 0,791.
A quinta dimensão obteve dois itens relacionados aos entrevistados separarem os
materiais para a reciclagem quando estão com seus pais. Obteve consistência interna de
0,884. Por fim, o último fator englobou os itens nos quais os entrevistados julgavam não
reciclar na presença de seus pais. Estes foram os itens que tiveram sua escala invertida e
apresentaram alfa de Cronbach de 0,855.
137
TABELA 28 - AFE e Teste de Confiabilidade para o construto Influência da Família
Dimensão
Carregame
nto
KMO
Variância
Explicada
Alfa de
Cronbach
FAM_11
Aprendi com minha mãe os materiais que
podem ser separados para a reciclagem
0,772
FAM_18
Minha mãe me conta a importância de
separar os materiais para a reciclagem
0,609
FAM_19
Minha mãe separa os materiais para serem
reciclados.
0,653
FAM_20
A iniciativa de separar os materiais para
reciclagem em casa foi da minha mãe.
0,768
FAM_21
Em casa todos reciclam
0,678
FAM_22
Minha família influenciou meu conhecimento
0,819
FAM_23
Minha família influenciou meu
comportamento em relação à separação de
materiais para a reciclagem
0,810
FAM_01
Aprendi com meu pai os materiais que
podem ser separados para a reciclagem
0,747
FAM_08
Meu pai me conta a importância de separar
os materiais para a reciclagem
0,696
FAM_09
Meu pai separa os materiais para serem
reciclados.
0,757
FAM_10
A iniciativa de separar os materiais para
reciclagem em casa foi do meu pai.
0,788
FAM_02
Já conversei com meu pai sobre assuntos
relacionados à reciclagem
0,647
FAM_03
Meu pai e eu conversamos sobre assuntos
relacionados à reciclagem
0,711
FAM_12
Já conversei com minha mãe sobre assuntos
relacionados à reciclagem
0,768
FAM_13
Minha mãe e eu conversamos sobre
assuntos relacionados à reciclagem
0,838
FAM_04
Já ensinei para meu pai os materiais que
poderiam ser separados
0,739
FAM_05
Quando estou com meu pai, a iniciativa de
separar os materiais é minha
0,669
FAM_14
Já ensinei para minha mãe os materiais que
poderiam ser separados
0,829
FAM_15
Quando estou com minha mãe, a iniciativa de
separar os materiais é minha
0,749
FAM_07
Quando estou com meu pai eu sempre
separo os materiais
0,754
FAM_17
Quando estou com minha mãe eu sempre
separo os materiais
0,783
FAM_06
Quando estou com meu pai eu esqueço de
separar os materiais*
0,917
FAM_16
Quando estou com minha mãe eu esqueço
de separar os materiais*
0,902
*Itens de escala invertida – os escores destes itens foram invertidos
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
0,855
0,860
0,865
0,791
0,884
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA
Itens
0,792
35,30%
12,45%
8,96%
6,53%
6,51%
4,39%
0,900
Influência
negativa
Influência pela
presença
Influência dos
filhos na
família
Influência pela
comunicação
Influência do
pai
Influência da
mãe e
percepção
geral da
família
138
5.3.1.4 Influência da Escola
Na análise do gfico scree plot do construto influência da escola, cinco fatores se
mostraram adequados.
O KMO foi de 0,822, valor considerado aceitável. Dois itens foram retirados para
melhorar a consistência interna de dois fatores, estes itens foram: “ESC_16 A escola de
ensino fundamental que frequentei influenciou meu comportamento em relação à separação
de materiais” e “ESC_23 Eu me lembro de ter visto a família folha na minha escola ensino
médio”. A tabela 29 detalha os resultados.
Os itens relacionados ao ensino infantil carregaram no primeiro fator, com
consistência interna de 0,916 e 33,98% de variância explicada.
A segunda dimensão englobou itens relacionados ao ensino fundamental e médio,
com alfa de Cronbach de 0,88 e 14,32% variância explicada.
Itens relacionados à trabalhos e gincanas realizados durante o ensino médio e
fundamental formaram o terceiro fator, denominado de influência através de trabalhos
práticos. Neste fator o valor do alfa de Cronbach foi de 0,767 e a variância explicada foi
8,52%.
O quarto fator foi denominado de Família Folha, pois fazia referência aos itens que
abordavam a influência deste programa da prefeitura. A consistência interna foi de 0,832 e a
variância explicada de 6,67%.
139
TABELA 29 - AFE e Teste de Confiabilidade para o construto Influência da Escola
Dimensão
Carregam
ento
KMO
Variância
Explicada
Alfa de
Cronbach
ESC_01
A minha escola - ensino infantil - realizava coleta
seletiva
0,641
ESC_02
Eu realizei algum trabalho sobre reciclagem na
minha escola de ensino infantil
0,710
ESC_03
Eu participei de gincanas, as quais os temas
eram reciclagem na minha escola de ensino
0,696
ESC_04
Nas minhas aulas de ensino infantil, o prof
falava sobre a importância de preservar o meio
ambiente
0,839
ESC_05
Nas minhas aulas de ensino infantil, o prof
falava sobre a importância da reciclagem
0,883
ESC_06
A escola de ensino infantil que frequentei
influenciou o conhecimento que tenho sobre
reciclagem
0,867
ESC_08
A escola de ensino infantil que frequentei
influenciou meu comportamento em relação a
separação de materiais para a reciclagem
0,828
ESC_12
Nas minhas aulas do ensino fundamental, o
professor sempre falava da importância de
preservar o meio ambiente
0,624
ESC_13
Nas minhas aulas do ensino fundamental, o
professor sempre falava da importância da
reciclagem
0,628
ESC_14
A escola de ensino fundamental que frequentei
influenciou o conhecimento que tenho sobre a
separação de materiais
0,527
ESC_20
Nas minhas aulas do ensino médio o professor
sempre falava da importância de preservar o
meio ambiente
0,769
ESC_21
Nas minhas aulas do ensino médio, o professor
sempre falava da importância da reciclagem
0,86
ESC_22
A escola de ensino médio que frequentei
influenciou o conhecimento que tenho sobre a
separação de materiais
0,788
ESC_24
A escola de ensino médio que frequentei
influenciou meu comportamento em relação à
separação de materiais
0,731
ESC_10
Eu realizei algum trabalho sobre reciclagem na
minha escola de ensino fundamental
0,489
ESC_11
Eu participei de gincanas na minha escola de
ensino fundamental, os quais os temas eram
reciclagem.
0,731
ESC_18
Eu realizei algum trabalho sobre reciclagem na
minha escola de ensino médio
0,723
ESC_19
Eu participei de gincanas na minha escola de
ensino médio, os quais os temas eram
0,798
ESC_07
Eu lembro de ter visto a 'família folha' na minha
escola de ensino infantil.
0,779
ESC_15
Eu lembro de ter visto a família folha na minha
escola de ensino fundamental.
0,934
ESC_09
A minha escola - ensino fundamental - realizava
coleta seletiva
0,880
ESC_17
A minha escola - ensino médio - realizava coleta
seletiva
0,801
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
6,13%
0,832
0,774
0,767
Exemplo da
escola
0,822
Ensino Infantil
Ensino
Fundamental
e Médio
33,98%
14,32%
Itens
INFLUÊNCIA DA ESCOLA
0,916
0,88
Trabalhos
práticos
Família Folha
8,52%
6,67%
140
Por fim, ficaram os itens que abordavam se o fato da escola dar o exemplo sobre a
separação de materiais poderia influenciar no comportamento dos jovens. Seu alfa de
Cronbach foi de 0,774 e a variância explicada de 6,13%.
5.3.1.5 Influência da mídia
A análise fatorial exploratória do construto influência da mídia, obteve um KMO de
0,890 e apresentou três fatores e 61,71% de variância explicada. A tabela 30 mostra como
ficou a distribuição dos itens nos três fatores.
O primeiro fator englobou os itens que abordavam a influência da mídia através da
internet, rádio, revista e jornais. Embora alguns itens tenham obtido um baixo carregamento,
eles foram mantidos para não prejudicar a consistência interna que obteve valor de 0,939.
Os itens relacionados às diversas maneiras influência da televisão na questão da
reciclagem, carregaram no segundo fator com alfa de Cronbach de 0,870.
O terceiro fator foi denominado Família Folha por englobar as influências deste
programa da prefeitura nos cinco tipos de mídia explorados. A consistência interna foi de
0,907. Nesta escala, nenhum item foi excluído.
141
TABELA 30 - AFE e Teste de Confiabilidade para o construto Influência da Mídia
Dimensão
Carregam
ento
KMO
Variância
Explicada
Alfa de
Cronbach
MID_06
Eu já li algo sobre reciclagem na revista
0,465
MID_08
Eu já li alguma campanha sobre
reciclagem na revista
0,580
MID_09
Eu já li alguma reportagem abordando o
assunto de reciclagem na revista
0,485
MID_10
Eu já li alguma propaganda abordando o
assunto reciclagem na revista
0,633
MID_11
Eu já escutei algo sobre reciclagem no
rádio
0,704
MID_13
Eu já escutei alguma campanha sobre o
assunto reciclagem no rádio
0,741
MID_14
Eu já escutei alguma reportagem
abordando o assunto reciclagem no rádio
0,805
MID_15
Eu já escutei alguma propaganda
abordando o assunto reciclagem no rádio
0,757
MID_16
Eu já vi algo sobre reciclagem na internet
0,547
MID_18
Eu já vi alguma campanha sobre
reciclagem na internet
0,700
MID_19
Eu já vi reportagens abordando o
assunto reciclagem na internet
0,674
MID_20
Eu já vi propagandas abordando o
assunto reciclagem na internet
0,777
MID_21
Eu já li algo sobre reciclagem no jornal
0,574
MID_23
Eu já li alguma campanha sobre
reciclagem no jornal
0,678
MID_24
Eu já li reportagens abordando o assunto
reciclagem no jornal
0,595
MID_25
Eu já li propagandas abordando o
assunto reciclagem no jornal
0,723
MID_01
Eu já vi algo na TV sobre reciclagem
0,767
MID_03
Eu já vi alguma campanha sobre o
assunto 'reciclagem' na TV
0,802
MID_04
Eu já vi alguma reportagem abordando o
assunto reciclagem na TV
0,841
MID_05
Eu já vi alguma propaganda abordando o
assunto reciclagem na TV
0,684
MID_02
Eu já vi algo sobre a Família Folha na TV
0,843
MID_07
Eu já li algo sobre a Família Folha na
revista
0,866
MID_12
Eu já escutei algo sobre a Família Folha
no rádio
0,855
MID_17
Eu já vi algo sobre a Família Folha na
internet
0,816
MID_22
Eu já li algo sobre a Família Folha no
jornal
0,847
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
INFLUÊNCIA DA MÍDIA
Influência da
revista,
jornal, rádio
e internet
Família
Folha
0,890
Influência da
TV
39,85%
13,83%
8,03%
0,939
0,907
0,870
Itens
142
5.3.1.6 Influência dos Pares
O construto ‘pares’ obteve três fatores, sendo o valor do KMO 0,858. Nesta escala,
quatro itens foram excluídos para melhorar a consistência interna, foram eles: “PAR_08
Quanto estou com meus amigos, eu esqueço de separar os materiais para a reciclagem”,
“PAR_01 Aprendi com meus amigos os materiais que podem ser reciclados”, “PAR_06
Meus amigos separam os materiais e “PAR_07 Quando estou com meus amigos, a
iniciativa de separar os materiais é minha”. Na tabela 31 seguem mais detalhes dos
resultados.
TABELA 31 - AFE e Teste de Confiabilidade para o construto Influência dos Pares
Dimensão
Carrega
mento
KMO
Variância
Explicada
Alfa de
Cronbach
PAR_11
Meus amigos influenciaram meu
conhecimento
0,880
PAR_12
Meus amigos influenciaram meu
comportamento
0,873
PAR_02
Já conversei com meus amigos sobre
assuntos relacionados a reciclagem
0,873
PAR_03
Meus amigos e eu conversamos
sobre assuntos relacionados a
reciclagem
0,847
PAR_04
Já ensinei meus amigos os materiais
que poderiam ser separados
0,697
PAR_05
Meus amigos me contam a
importância de separar os materiais
0,518
PAR_09
Quando estou com meus amigos, eu
separo os materiais
0,858
PAR_10
Quando estou com meus amigos,
mesmo que eles não separem, eu
separo os materiais para a reciclagem
0,828
Fonte: Tratamento de Dados da Pesquisa
INFLUÊNCIA DOS PARES
Itens
0,858
46,40%
14,56%
8,22%
0,908
0,883
Percepção da
influência
Influência pela
comunicação
Influência pela
presença
0,856
O primeiro fator foi denominado percepção da influência, pois engloba os dois itens
que abordam de maneira direta se os jovens acreditam que seus amigos influenciaram no
conhecimento e comportamento em relação à separação de materiais para a reciclagem.
Obteve um alfa de Cronbach de 0,908 e 46,40% de variância explicada.
O segundo fator está relacionado com os quatro itens que abordam a comunicação
dos jovens com seus amigos sobre a reciclagem. A consistência interna foi de 0,883 e a
obteve 14,56% de variância explicada.
Por fim, os itens que abordavam o comportamento do jovem em relação a reciclagem
quando estão com seus amigos foram carregados no terceiro fator. Obteve 8,22% de
variância explicada e 0,856 de consistência interna.
143
5.3.2 Análise Fatorial Confirmatória (CFA) do Modelo de Mensuração
A análise fatorial também pode desempenhar um papel confirmatório. É um método
útil para a validação de escalas para a mensuração dos construtos do modelo (HAIR et
al.,2005). O principal motivo desta análise é verificar a validade convergente e discriminante.
Para realizar esta análise foi utilizado o software AMOS e avaliadas medidas de
ajustamento absolutas e medidas comparativas de ajustamento. Foram elas: (1) Qui-
quadrado (X²), que dividido com o valor do grau de liberdade (gl) indica a aceitação/rejeição
do modelo. Os valores indicados para a aceitação do modelo devem ser iguais ou inferiores
a 5. (2) Raiz quadrada média do erro de aproximação (RMSEA), indica a correlação residual
média e deve apresentar valores abaixo de 0,08 para ser aceito. (3) Índice de ajustamento
incremental (IFI), considera a parcimônia e tamanho da amostra associados ao NFI. (4)
Índice de ajuste normado (NFI), indica a subtração do do modelo nulo e o X² do modelo
proposto, dividido pelo primeiro, (5) Índice de ajustamento comparativo (CFI), outro indicador
comparativo entre os modelos estimados e o nulo. Os valores dos índices apontados nos
itens (3), (4) e (5) variam entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo o valor estiver de 1,
mais adequado esta o modelo. Recomenda-se o valor de 0,9 (HAIR et al., 2005).
Nesta dissertação foram realizadas Análises Fatoriais Confirmatórias para cada um
dos construtos antes de considerar todas as variáveis (influência da família, mídia, escola,
pares, conhecimento subjetivo e sentimento). Porém neste item são apresentados apenas
os resultados da análise fatorial confirmatória para todas as variáveis.
De maneira complementar, outros dois indicadores de confiabilidade foram utilizados
neste processo: a confiabilidade composta e a variância média extraída. A confiabilidade
composta deve obter valor superior a 0,70 para ser considerada adequada e a Variância
Média Extraída (AVE), valor superior a 0,5 (FORNELL e LARCKER, 1982). A tabela 32
ilustra os resultados obtidos pela CFA.
144
TABELA 32- Resultado da análise fatorial confirmatória dos indicadores das variáveis
do modelo final.
Família Escola Mídia Pares
Conh.
Subjetivo
Atitude
afetiva
0,978**
0,66*
ESC_08
(A escola de ensino infantil que
frequentei influenciou meu
comportamento em relação a reciclagem)
0,802*
ESC_06
(A escola de ensino infantil que
frequentei influenciou o conhecimento
que tenho sobre reciclagem)
0,848**
ESC_05
(Nas minhas aulas de ensino infantil, o
prof. falava sobre a importância da
reciclagem)
0,928**
ESC_04
( Nas minhas aulas de ensino infantil, o
prof. falava sobre a importância de
preservar o meio ambiente)
0,882**
MID_19
( Eu já vi reportagens abordando o
assunto reciclagem na internet)
0,914**
MID_18
(Eu já vi alguma campanha sobre
reciclagem na internet)
0,811*
MID_20
(Eu já vi propagandas abordando o
assunto reciclagem na internet)
0,788**
MID_24
(Eu já li reportagens abordando o
assunto reciclagem no jornal)
0,757**
0,847**
0,621*
CS_1
(Conhecimento subjetivo dos materiais)
0,842*
CS_2
(Conhecimento subjetivodos locais)
0,69**
SENT_01
(recicla- Sensação de bem-estar)
0,771*
SENT_02
(recicla- Sensação de missão cumprida)
0,841**
SENT_03
(recicla- Sinto-me bem por estar
ajudando o meio ambiente)
0,914**
SENT_04
(recicla -Sinto-me bem por estar
colaborando com a questão do lixo)
0,861**
SENT_09
(recicla- Sinto uma satisfação por estar
ajudando o meio ambiente)
0,726**
0,815 0,92 0,891 0,706 0,74 0,914
0,696 0,75 0,672 0,552 0,59 0,721
*Loadings com significância não calculada por estar fixado em 1 na avaliação inicial
** Loadings significativos a 0,001
Fonte: Tratamento de dados da Pesquisa
Confiablidade Composta
Variância Média Extraída
Indicadores / Construtos
Influência pela comunicação (pares)
Percepção da influência (pares)
Influência do pai
Influência pela comunicação (família)
145
Os índices avaliados encontraram os seguintes resultados: = 336,380 ; gl= 176 ;
X²/gl = 1,911 ; RMSEA = 0,051 ; NFI = 0,916 ; CFI = 0,958 ; e IFI = 0,958. Como já
especificado o X²/gl deveria ser inferior a 5; o erro (RMSEA) inferior à 0,08 e as medidas de
ajustamentos (NFI, CFI e IFI) superiores a 0,9. Desta maneira, fica evidente que os índices
da CFA encontram-se adequados e que os itens estão convergindo para as variáveis que
constituem. Além disso, os valores da confiabilidade composta e da variância média extraída
também estão de acordo com o especificado pela literatura, seus valores foram superiores a
0,7 e 0,5 respectivamente.
Para prosseguir as análises, ainda se faz necessário verificar se as variáveis não
estão mensurando a mesma coisa. Desta maneira, foram usados dois procedimentos. O
primeiro procedimento foi verificar se os valores das correlações existentes entre as
variáveis do modelo. Estes valores não devem ultrapassar 0,8. O segundo procedimento foi
analisar se o quadrado das correlações das variáveis era menor que a Variância Média
Extraída (AVE) (HAIR et al., 2005).
A Tabela 33 mostra os resultados da avaliação da validade Discriminante. A tabela
apresenta na parte inferior à diagonal com valores 1 as correlações entre as variáveis
latentes e na parte superior os quadrado destas correlações.
TABELA 33 - Correlações entre as variáveis latentes do modelo proposto
Família Escola Mídia Pares
Conh.
Subjetivo
Atitude
Afetiva
Família
1 0,084 0,050 0,182 0,016 0,027
Escola
0,29* 1 0,024 0,011 0,000 0,047
Mídia
0,223* 0,156** 1 0,070 0,003 0,032
Pares
0,427* 0,106 0,265* 1 0,035 0,046
Conh. Subjetivo
0,127 0,017 0,053 0,188** 1 0,017
Atitude afetiva
0,165** 0,216* 0,178** 0,214** 0,132 1
Variância Média
Extraída
0,696 0,75 0,672 0,552 0,59 0,721
* Correlações significativas a 0,001.
** Correlações significativas a 0,01.
Valores na diagonal inferior correspondem às correlações entre as variáveis latentes e a diagonal superior
são os quadrados destas correlações.
Fonte: Tratamento dos dados da Pesquisa
Os resultados da análise discriminantes foram todos aceitáveis dentro das
recomendações da literatura. Primeiramente, nenhum valor ultrapassou o valor
recomendado de 0,8. Outro ponto é que os resultados mostram quais foram as relações
significativas (p < 0,001 ou p< 0,01), sendo que as que não apresentaram esta significância,
146
foram aprovadas quando comparado o quadrado de suas correlações com o valor do AVE.
Isso ocorre, pois nenhum valor do quadrado da correlação foi superior ao valor da Variância
Média Extraída (AVE). Desta maneira, considera-se que há discriminação ente as variáveis.
Para finalizar, como foi observado, muitos itens e dimensões acabaram sendo
excluídos através da análise fatorial confirmatória. Para facilitar a visualização de como os
construtos eram compostos após a análise exploratória e como eles ficaram as a análise
confirmatória, seguem dois quadros com as comparações. O quadro 25 mostra as
mudanças nos construtos influências dos agentes de socialização (família, escola, mídia e
pares) e o quadro 26 mostra as mudanças ocorridas nos construtos conhecimento subjetivo
e sentimento.
Análise Fatorial Exploratória Análise Fatorial Confirmatória
FAMÍLIA
6 dimensões:
1. Influência da mãe e percepção
geral da falia (7 itens)
2. Influência do pai ( 4 itens)
3. Influência pela comunicação (4
itens)
4. Influência dos filhos na família
(4 itens)
5. Influência pela presença (2
itens)
6. Influência negativa (2 itens)
2 dimensões:
1. Influência do pai (2 itens)
FAM_01 Aprendi com meu pai os materiais que
podem ser separados para a reciclagem
FAM_08 Meu pai me conta a importância de separar
os materiais para a reciclagem
2. Influência pela comunicação (2 itens)
FAM_02 Já conversei com meu pai sobre assuntos
relacionados à reciclagem
FAM_03 Meu pai e eu conversamos sobre assuntos
relacionados à reciclagem
MÍDIA
3 dimensões:
1. Influência da revista, jornal,
rádio e internet (16 itens)
2. Influência da televisão (4 itens)
3. Família Folha (5 itens)
Unidimensional – 4 itens:
MID_19 Eu já vi reportagens abordando o assunto
reciclagem na internet
MID_18 Eu já vi alguma campanha sobre reciclagem
na internet
MID_20 Eu já vi propagandas abordando o assunto
reciclagem na internet
MID_24 Eu já li reportagens abordando o assunto
reciclagem no jornal
147
ESCOLA
5 dimensões:
1. Ensino Infantil (7 itens)
2. Ensino Fundamental e médio (7
itens)
3. Trabalhos práticos (4 itens)
4. Família Folha (2 itens)
5. Exemplo da escola (2 itens)
Unidimensional – 4 itens:
ESC_08 A escola de ensino infantil que frequentei
influenciou meu comportamento em relação a
reciclagem
ESC_06 A escola de ensino infantil que frequentei
influenciou o conhecimento que tenho sobre
reciclagem
ESC_05 Nas minhas aulas de ensino infantil, o prof.
falava sobre a importância da reciclagem
ESC_04 Nas minhas aulas de ensino infantil, o prof.
falava sobre a importância de preservar o meio
ambiente
PARES
3 dimensões:
1. Percepção da influência (2
itens)
2. Influência pela comunicação (4
itens)
3. Influência pela presença (2
itens)
2 dimensões:
1. Percepção da influência
PAR_11 Meus amigos influenciaram meu
conhecimento
PAR_12 Meus amigos influenciaram meu
comportamento
2. Influência pela comunicação (pares)
PAR_02 Já conversei com meus amigos sobre
assuntos relacionados a reciclagem
PAR_03 Meus amigos e eu conversamos sobre
assuntos relacionados a reciclagem
Fonte: Elaborado pela autora
QUADRO 25 – Resumo comparativo entre as AFE e AFC
O quadro 25 mostra que o construto escola e mídia passaram ser unidimensionais,
sendo composto por quatro itens cada. E o construto família perdeu quatro dimensões e das
duas dimensões que ficaram, cada uma passou a ter apenas dois itens. O construto ‘pares
de três dimensões passou a ter duas com dois itens cada.
148
Análise Fatorial Exploratória Análise Fatorial Confirmatória
CONHECIMENTO SUBJETIVO
Unidimensional - 2 itens:
CS_1 Conhecimento dos materiais
CS_2 Conhecimento dos locais
Unidimensional - 2 itens:
CS_1 Conhecimento dos materiais
CS_2 Conhecimento dos locais
SENTIMENTO
3 dimensões:
1. Sentimentos Positivos ao
separar materiais e negativos ao
não separar (9 itens)
2. Sentimentos negativos ao
separar (4 itens)
3. Sentimentos positivos ao não
separar (4 itens )
Unidimensional 5 itens:
SENT_01 recicla- Sensação de bem-estar)
SENT_02 recicla- Sensação de missão cumprida
SENT_03 recicla- Sinto-me bem por estar ajudando o meio
ambiente
SENT_04 recicla -Sinto-me bem por estar colaborando
com a questão do lixo
SENT_09 recicla- Sinto uma satisfação por estar ajudando
o meio ambiente
Fonte: Elaborado pela autora
QUADRO 26 – Resumo comparativo entre as AFE e AFC
O único construto que não sofreu alteração foi o conhecimento subjetivo’. Por fim, o
construto sentimento passou a ser unidimensional com 5 itens. Diante destas etapas de
preparação e validação, o próximo item aborda a discussão do modelo estrutural e o teste
das hipóteses propostas.
5.3.3 Avaliação e Teste do Modelo Completo para a amostra total
Neste item, após toda a preparação e validação dos dados apresentadas até o
momento, realiza-se o teste do modelo estrutural proposto. Para analisar o modelo foram
verificados os índices de ajustamento e os coeficientes obtidos. Estes indicadores
demonstram a significância atras dos valores correspondentes ao t-value para cada
caminho (path) utilizado no modelo.
A figura 10 mostra o modelo proposto testado. uma disposição por cores para
facilitar a visualização: vermelho para o agente de socializaçãofamília’, verde para a
‘escola’, azul para a ‘mídia’ e alaranjado’ para os pares. As hipóteses que foram
confirmadas apresentam o símbolo ‘*’ logo após os valores.
149
FIGURA 10 Modelo Teórico proposto com as relações estabelecidas e os coeficientes padronizados
associados a estas
Fonte: Elaborado pela autora
Os indicadores do modelo apresentaram os seguintes valores: X²= 284,443, gl= 166,
X²/gl = 1,714, RMSEA= 0,045, NFI= 0,929, CFI= 0,969, IFI= 0,969 e RFI= 0,910. Estes
valores mostram um ajustamento adequado do modelo (HAIR, 2005).
A tabela 34 complementa os resultados representados na figura do modelo.
Como podem ser observadas, sete hipóteses foram confirmadas, embora apenas
uma delas com significância de 0,001. Uma amostra maior poderia confirmar as hipóteses
com uma significância melhor. Neste momento, deve-se considerar a limitação que a
heterogeneidade da amostra (apresentada anteriormente com a descrição das médias dos
construtos) impõe nos resultados. Detalhes desses resultados são apresentados e
discutidos para cada hipótese proposta.
Conhecimento
Objetivo
Conhecimento
Subjetivo
Sentimento
Família
Escola
Mídia
Pares
Comportamento
de
Reciclagem
0,031
(1,981)*
-0,093
(-1,629)
0,217
(3,914)*
Agentes de socialização
0,112 (1,7)*
0,031 (0,551)
0,022 (0,399)
0,168 (2,375)*
0,01 (0,145)
0,006 (0,102)
0,085 (1,433)
0,042 (0,581)
0,04 (0,573)
0,172 (2,877)*
0,102 (1,708)*
0,154 (2,078)*
0,074 (0,923)
0,006 (0,096)
0,021 (0,325)
0,134 (1,504)
150
TABELA 34 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto
Relação estrutural
Coef.
Padronizado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
Família Comportamento de Reciclagem 0,112 1,7**** H1a
Confirmada
Escola Comportamento de Reciclagem 0,031 0,551 H1b Não Confirmada
dia Comportamento de Reciclagem 0,022 0,399 H1c Não Confirmada
Pares Comportamento de Reciclagem 0,168 2,375*** H1d
Confirmada
Família Conhecimento Objetivo 0,01 0,145 H2a Não Confirmada
Escola Conhecimento Objetivo 0,006 0,102 H2b Não Confirmada
dia Conhecimento Objetivo 0,085 1,433 H2c Não Confirmada
Pares Conhecimento Objetivo 0,042 0,581 H2d Não Confirmada
Família Conhecimento Subjetivo 0,074 0,923 H3a Não Confirmada
Escola Conhecimento Subjetivo 0,006 0,096 H3b Não Confirmada
dia Conhecimento Subjetivo 0,021 0,325 H3c Não Confirmada
Pares Conhecimento Subjetivo 0,134 1,504 H3d Não Confirmada
Família Sentimento 0,04 0,573 H4a Não Confirmada
Escola Sentimento 0,172 2,877** H4b
Confirmada
dia Sentimento 0,102 1,71**** H4c
Confirmada
Pares Sentimento 0,154 2,078*** H4d
Confirmada
Conhecimento Objetivo Comp. de Reciclagem 0,031 1,981*** H5
Confirmada
Conhecimento Subjetivo Comp. de Reciclagem -0,093 -1,629 H6 Não Confirmada
Sentimento Comp. de Reciclagem 0,217 3,914* H7
Confirmada
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
A primeira hipótese abordava a influência dos agentes de socialização no
comportamento de separação de materiais para a reciclagem.
H1: Os agentes sociais afetam positivamente o comportamento de
separação de materiais para a reciclagem.
Observa-se que ela foi confirmada parcialmente, pois dois dos agentes sociais
mostraram que afetam o comportamento de separação de materiais para a reciclagem, o
151
que é condizente com alguns achados sobre a influência dos agentes de socialização em
outros tipos de comportamentos (MOORE et al. 2002; MOSHIS e MORRE, 1982; MOSHIS e
MORRE, 1979; CHURCHILL E MOSHIS, 1979; MOSHIS e MORRE, 1978; MOSHIS E
CHURCHILL, 1978; MORRE e STEPHENS, 1975). Além destes estudos, Engel et al. (2000)
também havia relatado a influência dos grupos de refencia (nos quais os pares estão
englobados) e da família no processo de compra do consumidor, ou seja, em seu
comportamento de compra. A seguir seguem as descrições de cada sub-hipótese.
H1a: A família afeta positivamente o comportamento de separação de
materiais para a reciclagem.
Atras da análise do modelo estrutural, verificou-se que a família afeta
positivamente o comportamento de separação de materiais para a reciclagem
(β= 0,112; p< 0,1). Isso mostra a importância que esta instituição tem na formação dos
jovens.
H1b: A escola afeta positivamente o comportamento de separação de
materiais para a reciclagem.
Em relação à escola, não foi encontrada uma influência direta desta no
comportamento. Porém os resultados de outras hipóteses mostram que esta influência
pode ser indireta ao influenciar o sentimento que é considerado um antecedente do
comportamento. Uma possível explicação é o fato dos jovens apresentarem menor contato
com este agente no momento, visto que já estão na Universidade, o que dificulta a
percepção desta influência.
H1c: A mídia afeta positivamente o comportamento de separação de
materiais para a reciclagem.
Em relação à mídia também não foi encontrada uma influência direta desta no
comportamento. Porém os resultados das hipóteses subsequentes mostram que esta
influência pode ser indiretamente, pois a mídia afeta o sentimento, antecedente do
comportamento.
H1d: Os pares afetam positivamente o comportamento de separação de
materiais para a reciclagem.
152
Os pares também afetam positivamente o comportamento de separação de materiais
para a reciclagem (β= 0,168; p< 0,05). Mais uma vez, o contato pessoal, que havia sido
constatado através da influência da família, se mostrou efetivo neste contexto.
Desta maneira, no contexto desta dissertação, a família e os pares mostraram ser
influências diretas neste comportamento, os outros agentes afetam de maneira indireta este
comportamento e essas constatações são relatadas nas análises das outras hipóteses.
As hipóteses que abordavam o conhecimento, H2 e H3, não se confirmaram para
nenhum dos quatro agentes de socialização:
H2: Os agentes sociais afetam positivamente o conhecimento objetivo
sobre separação de materiais para a reciclagem.
H3: Os agentes sociais afetam positivamente o conhecimento subjetivo
sobre separação de materiais para a reciclagem.
Desta maneira, não foi encontrada uma relação da família, escola, pares e mídia
com o conhecimento objetivo e subjetivo.
A relação teórica base desta hipótese estava apoiada em estudos que
comprovaram esta relação da família, escola, mídia e pares sobre outros tipos de
conhecimento e não o conhecimento sobre reciclagem (MOORE et al. 2002; MOSHIS e
MORRE, 1982; MOSHIS e MORRE, 1979; CHURCHILL E MOSHIS, 1979; MOSHIS e
MORRE, 1978; MOSHIS E CHURCHILL, 1978; MORRE e STEPHENS, 1975). Desta
maneira, percebe-se que o contexto no qual foi realizada a pesquisa, reciclagem, estes
agentes não comprovaram sua influência.
Uma possível explicação é o fato de a amostra abranger pessoas com níveis de
conhecimento distintos, o que dificulta encontrar a relação. Desta maneira, como a amostra
apresenta jovens com baixo conhecimento, a presença da influência dos agentes de
socialização pode ter sido comprometida. Com isto, optou-se em realizar as análises
separando a amostra em níveis de conhecimento. Estes resultados são apresentados
posteriormente.
O sentimento foi o antecedente do comportamento que mostrou receber maior
influência dos agentes sociais, de acordo com a hipótese H4:
H4: Os agentes sociais afetam positivamente o sentimento sobre
separação de materiais para a reciclagem.
153
Dos quatro agentes de socialização estudados, apenas a família não apareceu com
uma relação positiva com o sentimento em relação a reciclagem, como mostra a hipótese
abaixo:
H4a: A família afeta positivamente o sentimento sobre separação de
materiais para a reciclagem.
Uma possível explicação para a não confirmação da família no sentimento é a
heterogeneidade da amostra Para os demais agentes de socialização as sub-hipóteses
foram confirmadas. Em relação à escola, defendeu-se que:
H4b: A escola afeta positivamente o sentimento sobre separação de
materiais para a reciclagem.
Desta maneira, através das análises observou-se que a escola
(β= 0,172; p< 0,01) afeta positivamente o sentimento em relação à separação de materiais
para a reciclagem. Com isto, evidencia-se que a escola auxilia o jovem a encontrar um
propósito em separar os materiais para a reciclagem, ou seja, este agente estimula o jovem
a apresentar sentimentos quando pratica esta ação.
H4c: A mídia afeta positivamente o sentimento sobre separação de
materiais para a reciclagem.
A mídia também foi confirmada como um agente se socialização que afeta
positivamente o sentimento (β= 0,102; p< 0,1). Este agente de socialização também se
mostrou importante por despertar sentimentos nos jovens em relação à separação de
materiais para a reciclagem. Esta importância pode ser atribuída ao foco que as questões
ambientais e atitudes de conservação, na qual a reciclagem se enquadra, estão recebendo
atualmente na mídia.
H4d: Os pares afetam positivamente o sentimento sobre separação
de materiais para a reciclagem.
Por fim, os pares também se mostraram agentes de socialização importantes para o
sentimento dos jovens em relação à reciclagem (β= 0,154; p< 0,05). Uma possível
explicação é o fato de os jovens terem seu grupo de amigos como referência, o qual pode
154
incentivar e despertar sentimentos, sendo que sentimentos em relação a reciclagem podem
ser um deles. Os pares foram o agente de socialização que se mostraram mais influente,
pois afetam positivamente o comportamento e o sentimento.
Estes resultados coincidem com alguns dos achados de estudos que verificaram a
influência dos agentes de socialização na atitude (na qual a dimensão afetiva esta presente,
relacionada aos sentimentos) perante o preço e materialismo (MOORE et al. 2002; MOSHIS
e MORRE, 1982; MOSHIS e MORRE, 1979; CHURCHILL E MOSHIS, 1979; MOSHIS e
MORRE, 1978; MOSHIS E CHURCHILL, 1978; MORRE e STEPHENS, 1975), com a
ressalva que no contexto da reciclagem, a família não aparece como influência do
sentimento. Os pares e a dia também estavam presentes em estudos sobre a influência
destes na atitude perante a propaganda (BUSH et al., 1999).
Destaca-se que a família, único agente que não apareceu como influência do
sentimento, já havia sido identificada como uma influência positiva direta no comportamento
de separação de materiais para a reciclagem.
Em relação aos antecedentes do comportamento de separação de materiais para a
reciclagem, apenas a relação do conhecimento subjetivo com o comportamento não foi
confirmada. A hipótese H5 abordava a relação do conhecimento objetivo com o
comportamento de separação de materiais para a reciclagem, conforme o enunciado:
H5: O conhecimento objetivo afeta positivamente o comportamento de
separação de materiais para a reciclagem.
O conhecimento objetivo, através das análises, afeta positivamente o
comportamento de separação de materiais para a reciclagem (β= 0,031; p< 0,05) Desta
maneira, embora o conhecimento não tenha recebido influência dos agentes de
socialização, ele é importante para que os jovens entrem em ação em relação a reciclagem.
Com isto, conhecer os materiais e locais para a reciclagem são necessários para que se
tenha realmente um comportamento.
Este resultado está de acordo com a base teórica utilizada (BRUCK, 1985 e
ENGEL et al., 2000). Além de condizer com alguns achados da literatura sobre reciclagem,
como no estudo de Ebreo et al. (1999) no qual os respondentes que eram capazes de dar
exemplos de produtos passíveis de reciclagem, participavam mais de programas de
reciclagem.
155
A hipótese H6 defendia a seguinte relação:
H6: O conhecimento subjetivo afeta positivamente o comportamento de
separação de materiais para a reciclagem.
Esta hipótese não foi confirmada e estava pautada nos dois tipos de conhecimento
propostos por Bruck (1985) e ressaltado por Engel et al. (2000), no qual faz referência a
percepção dos consumidores sobre o nível de conhecimento que acreditam ter, o quanto e o
que elas acham que sabem sobre a classe de produtos (DUHAN et al., 1997; PARK et al.,
1994) e que afeta o comportamento dos indivíduos.
Uma das explicações para esta relação não ter sido comprovada é o fato de na
amostra ter jovens que acreditam ter um elevado conhecimento e outros que acreditam ter
muito pouco conhecimento sobre reciclagem.
A última hipótese propunha que:
H7: O sentimento atua positivamente sobre o comportamento de
separação de materiais para a reciclagem.
O sentimento também atua positivamente no comportamento de separação de
materiais para a reciclagem (β= 0,217; p< 0,001).
Esta hipótese está de acordo com os estudos apresentados por Engel et al. (2000)
que a atitude é um dos antecedentes do comportamento e é dividida em três dimensões,
sendo uma delas a dimensão afetiva que é muito próxima aos sentimentos.
Além disso, alguns estudos já haviam apontado alguns sentimentos presentes nas
pessoas que reciclam, como as recompensas intrínsecas que Ebreo et al. (1999) cita dos
estudos de Young em relação à reciclagem, sendo a satisfação que os pesquisados
afirmaram sentir por estarem participando de atividades de conservação um destes
sentimentos (EBREO et al., 1999). Com isto, destaca-se que para o jovem separar os
materiais para a reciclagem não basta apenas conhecer e sim sentir, ter um propósito nesta
ação.
156
5.3.3.1 Considerações sobre o modelo geral
Ao observar os resultados da avaliação geral do modelo, algumas constatações e
inferências podem ser realizadas. Uma primeira e importante constatação é que os quatro
agentes propostos nesta dissertação influenciam de maneira direta ou indireta o
comportamento de separação de materiais para a reciclagem.
No geral, o comportamento é influenciado diretamente mais pelo contato pessoal
(família e pares), ou seja, as pessoas se mostraram mais eficazes na influência do
comportamento do que as organizações (mídia e escola).
Porém de maneira indireta, a escola, a mídia e os pares agem no sentimento,
considerada um antecedente do comportamento. Desta maneira, percebe-se que mais
importante do que conhecer, é necessário sentir um propósito maior no comportamento de
reciclagem.
O agente de socialização “pares” foi o único que apareceu duas vezes (influência o
comportamento e o sentimento), este resultado pode ser um indício do que aponta Sprinthall
e Collins (2003) que os jovens universitários estão em uma fase que diminuem o contato
com seus pais, além de se depararem com novos assuntos e tarefas que exigem resolução.
Em relação às hipóteses não confirmadas, surgiu o interesse em analisar o modelo
para grupos diferentes de jovens, buscando maiores explicações para estes resultados. Na
sequência, seguem estas avaliações por grupos de conhecimento, grupo de comportamento
e, por fim, por grupos de estilo de vida.
5.3.4 Avaliação do modelo com base no conhecimento
Após a verificação do modelo e suas relações com toda a mostra desta pesquisa, as
relações foram comparadas para diferentes níveis de conhecimento. Esta divisão teve como
base os três grupos de conhecimento objetivo explicados no item 5.2.3 Os grupos de
conhecimento baixo e intermediário apresentaram 129 jovens cada um e o grupo de
conhecimento elevado ficou com 93 respondentes. Para realizar esta análise, utilizou-se a
função que compara os grupos do software Amos. Porém, antes de prosseguir com os
resultados, são feitas algumas considerações sobre cada grupo.
Os jovens do grupo de Baixo Conhecimento objetivo são, na maioria, enquadrados
como preocupados com o meio ambiente (53,5%), alguns apresentam conhecimento
subjetivo baixo (34,2%), sendo que, com a mesma porcentagem, outros apresentam
conhecimento subjetivo elevado (34,1%). A maioria apresenta baixo comportamento de
separação de materiais para a reciclagem (34,9%). Em relação às características
demográficas, 57% são mulheres e pertencem à classe social B1 (33,3%).
157
Os universitários do grupo de Conhecimento Intermediário também são
enquadrados, na maioria, como preocupados com o meio ambiente (53,5%), apresentam
conhecimento subjetivo elevado (37,2%) e oo mais engajados com a reciclagem (38%). A
maioria é do sexo feminino (57,4%) e da classe social A2 (32,3%).
O terceiro grupo, considerados o de Conhecimento Objetivo Elevado, embora a
maioria também apresente conhecimento subjetivo elevado (54,8%), eles estão, na maioria,
no grupo de estilo de vida de despreocupados em relação ao meio ambiente (54,8%) e
apresentam baixo engajamento na separação de materiais para a reciclagem (38,7%). A
maioria é do sexo feminino (53,3%) e da classe social A2 (27,5%).
Quando analisado o modelo para os três grupos de conhecimento, os resultados
apresentaram algumas variações em relão às análises gerais. Seguem os índices
encontrados para cada grupo, apresentados na tabela 35:
TABELA 35: Indicadores de ajustamento e resíduo dos três modelos comparados em uma
análise multigrupo.
Indicadores
Conhecimento
baixo [N=129]
Conhecimento
intermediário
[N=129]
Conhecimento
elevado [N=93]
713,165
736,575
773,044
gl
544
562
582
X²/gl
1,311
1,311
1,328
RMSEA
0,03
0,03
0,031
NFI
0,843
0,838
0,83
CFI
0,957
0,955
0,951
IFI
0,958
0,956
0,952
Fonte: Tratamento de dados da Pesquisa
Apenas o índice de ajustamento NFI ficou abaixo do recomendado, uma das causas
deste fato pode ser o tamanho dos grupos. Os outros indicadores ficaram com os valores
recomendados (HAIR et al., 2005). Ao verificar a análise multigrupos foi identificada a
diferença significativa (X² = 121,693; p=0,05) entre os grupos.
Para facilitar a visualização dos resultados, as quatro primeiras hipótese e suas sub-
hipótese são apresentadas em tabelas distintas. A tabela 36, 37, 38 e 39 traz os resultados
das hipóteses H1, H2, H3 e H4 respectivamente. A tabela 40 é referente às hipóteses H5,
H6 e H7.
A primeira hipótese analisava a relação dos agentes de socialização no
comportamento de separação de materiais para a reciclagem. Segue a tabela 36 com os
resultados para esta hipótese.
158
TABELA 36 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de conhecimento
Relação estrutural Grupos
Coef.
Padroni
zado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
Baixo
-0,135 -0,965
Não Confirmada
Intermediário
0,158 1,52
Não Confirmada
Elevado
0,134 1,451
Não Confirmada
Baixo
0,238 2,381***
Confirmada
Intermediário
-0,036 -0,387
Não Confirmada
Elevado
0,004 0,043
Não Confirmada
Baixo
0,2 2,183***
Confirmada
Intermediário
-0,084 -0,889
Não Confirmada
Elevado
-0,165 -1,374
Não Confirmada
Baixo
0,223 1,628
Não Cofirmada
Intermediário
0,215 1,936****
Confirmada
Elevado
0,232 1,542
Não Cofirmada
Família Comp. de Reciclagem
Escola Comp. de Reciclagem
Mídia Comp. de Reciclagem
Pares Comp. de Reciclagem
H1a
H1b
H1c
H1d
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
A hipótese H1a não foi confirmada para nenhum dos grupos de conhecimento. Isto
mostra que independente do vel de conhecimento, a família não é a responsável para que
estes jovens reciclem. Como este fato havia sido confirmado para o modelo geral, uma
possível explicação é que a família influencia os jovens que apresentam um comportamento
elevado de separação e, na divisão por grupos de conhecimento, estes jovens podem ter
ficado dispersos, dificultando a identificação desta relação.
As H1b (β= 0,238; p< 0,05) e a H1c (β= 0,200; p< 0,05) foram confirmadas para o
grupo de baixo conhecimento, sendo que uma afirma que a escola afeta positivamente o
comportamento de reciclagem e a outra que a mídia afeta este comportamento
positivamente. Desta maneira, o pouco conhecimento que estes jovens apresentam foi
adquirido através da mídia e, há algum tempo, através da escola. Com isto, estes agentes
de socialização se mostram importantes veículos de informação.
A hipótese H1d (β= 0,215; p< 0,1) foi confirmada apenas para o grupo de
conhecimento intermediário e analisava a relação dos pares com o comportamento de
separação de materiais para a reciclagem. Desta maneira, os jovens que apresentam um
conhecimento um pouco melhor, necessitam apenas de um reforço de seu meio para
agirem, e este pode vir através dos amigos.
159
A influência dos agentes de socialização no comportamento de reciclagem não foi
verificada em nenhuma das hipóteses do grupo de conhecimento elevado. O que pode ser
inferido destes resultados é que quanto menor o conhecimento, mais influências são
necessárias para o comportamento de separação de materiais. Visto que para o grupo de
conhecimento baixo, foi verificado que a escola e a mídia afetam o comportamento, no
grupo de conhecimento intermediário, apenas os pares afetam no de conhecimento elevado,
nenhum agente social afeta o comportamento. Desta maneira, quanto mais informado o
jovem, mais seguro ele se sente para agir e depende menos das influências de seu meio
(família, escola, mídia e pares).
A segunda hipótese verificava a relação dos agentes de socialização com o
conhecimento objetivo. A tabela 37 ilustra os resultados encontrados.
TABELA 37 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de conhecimento
Relação estrutural Grupos
Coef.
Padroni
zado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
Baixo
0,321 2,099***
Confirmada
Intermediário
-0,095 -0,895
Não Confirmada
Elevado
-0,084 -0,921
Não Confirmada
Baixo
-0,174 -1,624
Não Confirmada
Intermediário
0,077 0,799
Não Confirmada
Elevado
0,095 0,881
Não Confirmada
Baixo
-0,106 -1,096
Não Confirmada
Intermediário
0,172 1,768****
Confirmada
Elevado
0,152 1,233
Não Confirmada
Baixo
-0,233 -1,562
Não Cofirmada
Intermediário
-0,012 -0,113
Não Cofirmada
Elevado
-0,017 -0,123***
Não Confirmada
Família Conhecimento Objetivo
Escola Conhecimento Objetivo
dia Conhecimento Objetivo
Pares Conhecimento Objetivo
H2a
H2b
H2c
H2d
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
Nesta hipótese, dois dos três grupos de conhecimento recebem influência positiva
dos agentes sociais no comportamento e confirmaram as hipóteses propostas. Porém um
dos grupos teve a influência negativa dos pares em seu conhecimento objetivo.
A hipótese H2a (β= 0,321; p< 0,05) foi confirmada para o grupo de baixo
conhecimento, indicando que a família afeta positivamente o conhecimento objetivo sobre
160
reciclagem. Porém para os outros grupos (intermediário e elevado), os resultados
evidenciam que o conhecimento que estes apresentam não foi adquirido pela família.
A H2b não foi confirmada para nenhum dos grupos. Deste modo, embora a escola
tenha uma função forte de transmitir conhecimento, os jovens não a percebem desta
maneira quando o assunto é reciclagem.
A H2c (β= 0,172; p< 0,1) foi confirmada para o grupo de conhecimento
intermediário, e estabelece uma relação positiva da mídia com o conhecimento objetivo.
Assim, os jovens que já apresentam um certo conhecimento, percebem a mídia como
responsável por estas informações.
A hipótese H2d (β= -0,017; p< 0,1) teve significância, porém a relação foi apontada
como negativa e não como positiva dos pares no grupo de conhecimento elevado, desta
maneira a hipótese não foi confirmada.
Pode ser inferido que as pessoas que apresentam baixo conhecimento, ainda
precisam da família, uma instituição considerada mais tradicional e que atua como
mediadora da relação dos jovens com os outros agentes de socialização (MOSHIS, 1985),
para suprir suas necessidades de informação.
o segundo grupo, com conhecimento intermediário, busca na mídia informações
para adquirir conhecimento. Uma possível explicação é o fato de que, como eles
apresentam um conhecimento básico, que pode ter sido ocasionado pelos outros agentes
de socialização, buscam em fontes mais atualizadas as informações que necessitam, visto
que a mídia vincula reportagens e campanhas sobre reciclagem que estão ocorrendo no
momento.
A influência negativa dos pares no conhecimento no terceiro grupo, de conhecimento
elevado, pode ser explicada pelo fato de estes jovens terem um bom nível de
conhecimento sobre reciclagem e não buscarem em outras fontes, sendo que eles podem
ser referências para seus amigos, mais do que seus amigos para eles.
Apenas a escola, vista como o principal meio de adquirir conhecimento, não teve sua
influência de maneira significativa. Uma das explicações pode ser o fato de ser um dos
agentes sociais que eles deixaram de ter contato mais tempo, quando comparado com
dos outros.
A terceira hipótese, que analisa a influência dos agentes sociais no conhecimento
subjetivo não foi confirmada para nenhum grupo. A tabela 38 traz estes resultados.
161
TABELA 38 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de conhecimento
Relação estrutural Grupos
Coef.
Padroni
zado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
Baixo
0,02 0,817
Não Confirmada
Intermediário
0,002 0,079
Não Confirmada
Elevado
0,042 0,392
Não Confirmada
Baixo
-0,019 -1,042
Não Confirmada
Intermediário
-0,009 -0,42
Não Confirmada
Elevado
0,09 0,755
Não Confirmada
Baixo
-0,001 -0,041
Não Confirmada
Intermediário
-0,007 -0,322
Não Confirmada
Elevado
0,02 0,146
Não Confirmada
Baixo
-0,003 -0,141
Não Cofirmada
Intermediário
0,031 1,129
Não Cofirmada
Elevado
0,337 1,963
Não Cofirmada
Família Conhec. Subjetivo
Escola Conhec. Subjetivo
Mídia Conhec. Subjetivo
Pares Conhec. Subjetivo
H3a
H3b
H3c
H3d
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
Os resultados indicam que o conhecimento que os jovens acreditam ter, não sofre/
sofreu influência de nenhum dos quatro agentes sociais pesquisados (família, escola, mídia
e pares). Neste momento, deve-se considerar a limitação que a heterogeneidade da
amostra (apresentada anteriormente com a descrição das médias dos construtos) impõe nos
resultados.
Desta maneira, uma possível explicação é que os grupos de conhecimento objetivo
podem não ser compatíveis com os níveis de conhecimento subjetivo. Assim, jovens com
conhecimento objetivo elevado podem acreditar que apresentam um baixo conhecimento
(subjetivo) e jovens com baixo conhecimento objetivo podem acreditar ter um elevado
conhecimento, acarretando limitações nestas análises.
A próxima hipótese, H4, verificava a influência dos agentes de socialização no
sentimento. A tabela 39 ilustra os resultados destas análises.
162
TABELA 39 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de conhecimento
Relação estrutural Grupos
Coef.
Padroni
zado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
Baixo
0,128 0,899
Não Confirmada
Intermediário
0,152 1,44
Não Confirmada
Elevado
-0,182 -1,844****
Não Confirmada
Baixo
0,06 0,575
Não Confirmada
Intermediário
0,212 2,196***
Confirmada
Elevado
0,131 1,199
Não Confirmada
Baixo
0,247 2,516***
Confirmada
Intermediário
-0,037 -0,39
Não Confirmada
Elevado
0,204 1,619
Não Confirmada
Baixo
0,15 1,062
Não Cofirmada
Intermediário
0,134 1,216
Não Cofirmada
Elevado
0,143 0,973
Não Cofirmada
Família Sentimento
Escola Sentimento
Mídia Sentimento
Pares Sentimento
H4a
H4b
H4c
H4d
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
Esta hipótese foi confirmada apenas para os grupos de baixo e intermediário
conhecimento. A H4a não foi confirmada para nenhum grupo. Destaca-se que, a hipótese
H4a (β= -0,182; p< 0,1) teve significância, porém a relação foi apontada como negativa e
não como positiva da família no sentimento no grupo de conhecimento elevado, desta
maneira a hipótese não foi confirmada.
A H4b foi confirmada (β= 0,212; p< 0,05) para o grupo de conhecimento
intermediário, ou seja, a escola afeta positivamente o sentimento destes jovens. Desta
maneira, os sentimentos que os jovens de conhecimento intermediário apresentam ao
separar os materiais para a reciclagem foram afetados pela escola que frequentaram.
Para o grupo de conhecimento baixo, a hipótese confirmada foi a H4c
(β= 0,247; p< 0,05), indicando uma influência positiva da mídia no sentimento. Ou seja,
quando se tem pouco conhecimento, os sentimentos que aparecem ao reciclar sofreram
influência da mídia.
A hipótese H4d não foi confirmada para nenhum dos grupos. Nota-se que ao separar
a amostra por grupos de conhecimento, as influências pessoas (família e pares) não se
mostraram significativas.
163
Com estes resultados, percebe-se que a mídia tem um poder maior de sensibilizar os
jovens que apresentam baixo conhecimento sobre o assunto. Quando este conhecimento já
é intermediário, a escola passa a ter maior valor neste sentido.
Uma tentativa de explicar a influência negativa da família no sentimento no grupo de
conhecimento elevado pode ser o fato de estes jovens terem uma boa sensibilização
sobre o tema e não precisarem da família para isto, sendo que eles podem ser os que
sensibilizam seus familiares. Por fim, as três últimas hipóteses abordavam os antecedentes
do comportamento são abordadas na tabela 40.
TABELA 40 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de conhecimento
Relação estrutural Grupos
Coef.
Padroni
zado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
Baixo
0,243 2,917**
Confirmada
Intermediário
0,099 1,167
Não Cofirmada
Elevado
0,016 0,169
Não Cofirmada
Baixo
0,027 0,047
Não Cofirmada
Intermediário
0,003 0,042
Não Cofirmada
Elevado
-0,055 -0,451
Não Cofirmada
Baixo
0,191 2,09***
Confirmada
Intermediário
0,167 1,798****
Confirmada
Elevado
0,337 3,034**
Confirmada
Conhec. Obj. Comp. de Reciclagem
Conhec. Sub. Comp. de Reciclagem
Sentimento Comp. de Reciclagem
H5
H6
H7
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
O conhecimento objetivo foi apontado como antecedente do comportamento no
grupo de baixo conhecimento, sendo a hipótese H5 confirmada para este grupo (β= 0,243;
p< 0,01). Ou seja, embora estes jovens apresentam pouco conhecimento, ele afeta a ação
deles em relação a separação de materiais para a reciclagem.
A H6 não foi confirmada para nenhum dos grupos. Como já alertado anteriormente, a
heterogeneidade da amostra pode ser uma das causas.
O sentimento foi verificado como antecedente do comportamento nos três grupos
analisados. Desta maneira, conforme aborda a H7, o sentimento afeta positivamente o
comportamento de separação de materiais para a reciclagem do grupo de baixo
conhecimento (β= 0,191; p< 0,05), afeta o comportamento do grupo de conhecimento
intermediário (β= 0,167; p< 0,1) e afeta o grupo de conhecimento elevado
(β= 0,337; p< 0,01). Como foi evidenciado anteriormente, os sentimentos ao reciclar
164
apresentam importância para a amostra como um todo, ou seja, nos três grupos de
conhecimento.
5.3.4.1 Considerações por grupos de conhecimento
Para concluir as análises apresentadas, seguem algumas constatações por grupos
de conhecimento. Antes, porém, para facilitar a visualização dos resultados encontrados
para os três grupos, são apresentados os modelos e em destaque as relações significativas.
Baixo Conhecimento Objetivo
Conhecimento Objetivo Intermediário
Conhecimento
Objetivo
Conhecimento
Subjetivo
Sentimento
Família
Escola
Mídia
Pares
Comportamento
de
Reciclagem
Agentes de socialização
Conhecimento
Objetivo
Conhecimento
Subjetivo
Sentimento
Família
Escola
Mídia
Pares
Comportamento
de
Reciclagem
Agentes de socialização
165
Elevado Conhecimento Objetivo
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 11 - Modelo Teórico proposto com as relações estabelecidas por grupo de conhecimento
Os que apresentam baixo conhecimento demonstraram necessitar de mais
incentivo para agir. Isto pode ser um indício que este baixo conhecimento demonstra um
baixo interesse pelo assunto. Desta maneira, para agirem precisam de mais pressão como
da escola e mídia. O interessante é que este incentivo não vem do contato pessoal.
Porém o pouco conhecimento que apresentam percebem que veio da família. De
maneira geral, ainda precisam de mais agentes atuando para o conhecimento, sentimento e
comportamento. Além disso, ainda precisam do conhecimento e do sentimento para agirem.
Sendo que este conhecimento vem da família e o sentimento vem da dia. Neste caso a
mídia foi o agente que mais demonstrou influenciar, tanto o comportamento quando o
sentimento.
Com os resultados para o grupo de conhecimento intermediário, foi notado que
eles ainda precisam de um incentivo para agir e, neste caso, o incentivo vem dos pares.
A mídia influencia o conhecimento objetivo e uma possível explicação é que eles
apresentam um conhecimento básico e buscam outras informações na mídia que sempre
traz novidades. A escola influencia/influenciou os sentimentos destes jovens que
desencadeia o comportamento. Apenas um dos agentes é necessário para que estes jovens
ajam, diferentemente dos de baixo conhecimento que precisam de três.
O mero de influências diminui ainda mais quando o conhecimento é elevado. O
grupo de conhecimento elevado não percebe a influência direta de nenhum agente em
seu comportamento, talvez por já não necessitarem mais de incentivo para agirem.
Conhecimento
Objetivo
Conhecimento
Subjetivo
Sentimento
Família
Escola
Mídia
Pares
Comportamento
de
Reciclagem
Agentes de socialização
166
indícios que eles influenciam os pares, pois foi mostrada uma relação negativa
dos pares com o conhecimento objetivo destes. Provavelmente estes são os pares que
influenciam o comportamento dos de conhecimento intermediário identificados
anteriormente. Estes jovens apenas necessitam do sentimento para agirem.
5.3.5 Avaliação do modelo com base no comportamento
Neste item, o modelo foi comparado para grupos com diferentes níveis de
comportamento. Esta divisão teve como base os três grupos de comportamento
explicados no item 5.2.4. O grupo dos pouco engajados englobou 121 jovens, o grupo de
engajamento intermediário apresentou 114 respondentes e o último grupo, muito engajados,
ficou com 116 universitários. Para realizar esta análise, utilizou-se a função que compara os
grupos do software Amos. Antes, algumas considerações são feitas sobre estes grupos.
O grupo de baixo engajamento com a reciclagem apresentou jovens, na maioria,
despreocupados com o meio ambiente (50,4%), com conhecimento subjetivo elevado (38%),
porém com baixo conhecimento objetivo (37,2%). Em relação às características
demográficas são, na maioria, do sexo masculino (53,3%) e da classe social B2 (27,7%).
O grupo de engajamento intermediário englobou jovens, na maioria, preocupados em
relação ao meio ambiente (50,9%), com elevado conhecimento subjetivo (47,4%), porém
com baixo conhecimento objetivo (43%). A maioria é do sexo feminino (54,4%) e da classe
social B1 (30,4%).
O grupo dos jovens mais engajados com a reciclagem, são preocupados com o meio
ambiente (53,4%), apresentam conhecimento subjetivo (38,8%) e objetivo (42,2%)
considerados intermediários. A grande maioria é do sexo feminino (67,8%) e pertencem à
classe social B1 (29,3%).
Quando analisado o modelo para os três grupos de comportamento, os resultados
apresentaram algumas variações em relação às análises gerais e às análises por
conhecimento.
Ao verificar a análise multigrupos foi identificada a diferença significativa
(X² =117,823; p<0,01) entre os grupos. A tabela 41 mostra os demais indicadores, sendo
que apenas o NFI ficou um pouco abaixo do recomendado (HAIR et al., 2005).
167
TABELA 41 -Indicadores de ajustamento e resíduo dos ts modelos comparados em uma
análise multigrupo.
Indicadores
Pouco Engajados
[N=121]
Engajamento
Intermediário
[N=114]
Muito Engajados
[N=116]
738,177 768,499 786,552
gl
544
562
582
X²/gl
1,357
1,367
1,351
RMSEA
0,032 0,032 0,032
NFI
0,829 0,822 0,818
CFI
0,947
0,944
0,945
IFI
0,949
0,945
0,945
Fonte: Tratamento dos dados da Pesquisa
Ao analisar os três grupos de comportamento em relação a influência dos agentes de
socialização no comportamento de separação de materiais para a reciclagem, apenas uma
hipótese foi confirmada, como mostra a tabela 42.
TABELA 42 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de comportamento
Relação estrutural Grupo
Coef.
Padroniz
ado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
pouco engajados
0,061 0,684
Não confirmada
engajamento intermediário
0,014 0,419
Não confirmada
muito engajados
-0,02 -0,159
Não confirmada
pouco engajados
-0,067 -0,699
Não confirmada
engajamento intermediário
0,036 0,349
Não confirmada
muito engajados
-0,03 -0,28
Não confirmada
pouco engajados
0,177 1,805****
Confirmada
engajamento intermediário
0,007 0,063
Não confirmada
muito engajados
-0,029 -0,275
Não confirmada
pouco engajados
0,112 1,445
Não confirmada
engajamento intermediário
-0,127 -0,815
Não confirmada
muito engajados
0,167 1,356
Não confirmada
H1a
H1b
H1c
H1d
Família Comp. de Reciclagem
Escola Comp. de Reciclagem
dia Comp. de Reciclagem
Pares Comp. de Reciclagem
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
A hitese H1a não foi confirmada para nenhum dos grupos de comportamento.
Desta maneira nota-se que o fato de o jovem ser mais engajado na separação de materiais
168
para a reciclagem ou ser menos engajado, não foi por influência da família. A H1b também
não foi confirmada para nenhum dos grupos de comportamento. Os jovens não percebem a
escola como uma influência para agirem na separação de materiais para a reciclagem.
A hipótese H1c foi confirmada para o grupo dos jovens pouco engajados (β= 0,177;
p< 0,1), desta maneira a mídia foi o agente de socialização que influencia o comportamento
destes jovens. a H1d também não se confirmou, destacando que os jovens não
percebem seus pares como influenciadores do comportamento de reciclagem.
Uma possível explicação para não ter sido identificada uma relação direta dos
agentes de socialização com os grupos de jovens com engajamento intermediário e
elevado, é o fato de eles já terem um comportamento e não precisarem de muitas
influências para agir. Uma explicação para a influência da mídia no comportamento dos
pouco engajados é que eles podem estar em um meio (família e pares) que também não
valoriza este comportamento e, assim, não os influenciam, sendo que a mídia, um meio de
comunicação em massa, que acaba realizando esta influência. A escola pode não ter sido
significativa devido ao tempo maior que deixaram de ter contato com este agente de
socialização, comparado com os outros.
Em relação ao conhecimento objetivo nenhuma hipótese foi confirmada, como
mostra a tabela 43.
TABELA 43 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de comportamento
Relação estrutural Grupo
Coef.
Padroniz
ado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
pouco engajados
-0,001 -0,013
Não confirmada
engajamento intermediário
-0,041 -1,205
Não confirmada
muito engajados
0,064 0,584
Não confirmada
pouco engajados
-0,026 -0,265
Não confirmada
engajamento intermediário
0,083 0,853
Não confirmada
muito engajados
-0,063 -0,618
Não confirmada
pouco engajados
0,104 1,056
Não confirmada
engajamento intermediário
0,116 1,052
Não confirmada
muito engajados
-0,001 -0,01
Não confirmada
pouco engajados
0,095 1,189
Não confirmada
engajamento intermediário
0,08 0,584
Não confirmada
muito engajados
-0,047 -0,387
Não confirmada
H2d
H2a
H2b
H2c
Família Conhecimento Objetivo
Escola Conhecimento Objetivo
dia Conhecimento Objetivo
Pares Conhecimento Objetivo
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
169
A hipótese H2a, H2b, H2c e H2d não foram confirmadas para nenhum dos grupos de
comportamento. Desta maneira, não importa o vel de engajamento do jovem; ele não
percebe que o conhecimento objetivo que apresenta foi influenciado pela sua família,
escola, mídia ou pares. Uma possível explicação é a heterogeneidade da amostra, ou
seja, por mais que os grupos apresentam comportamentos similares, o nível de
conhecimento objetivo dentro de cada grupo pode sofrer grandes variações.
Outra possível explicação é que algum outro agente de socialização pode estar
sendo o responsável pelo conhecimento que os jovens apresentam sobre reciclagem, tais
como o local de trabalho ou estágio que foi citado na etapa qualitativa.
em relação ao conhecimento subjetivo, a hipótese foi confirmada para os três
grupos de comportamento, embora com influências distintas, como mostra a tabela 44.
TABELA 44 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de comportamento
Relação estrutural Grupo
Coef.
Padroniz
ado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
pouco engajados
-0,001 -0,046
Não confirmada
engajamento intermediário
-0,091 -1,913****
o Confirmada
muito engajados
0,425 3,428*
Confirmada
pouco engajados
0,005 0,366***
Confirmada
engajamento intermediário
0,243 1,992***
Confirmada
muito engajados
-0,156 -1,432
Não confirmada
pouco engajados
-0,012 -0,825
Não confirmada
engajamento intermediário
-0,053 -0,476
Não confirmada
muito engajados
0,102 0,952
Não confirmada
pouco engajados
-0,001 -0,103
Não confirmada
engajamento intermediário
0,238 1,461
Não confirmada
muito engajados
0,093 0,72
Não confirmada
H3d
H3a
H3b
H3c
Família Conhecimento Subjetivo
Escola Conhecimento Subjetivo
dia Conhecimento Subjetivo
Pares Conhecimento Subjetivo
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
A família foi apontada como influência do conhecimento subjetivo dos muito
engajados, de acordo com a H3a = 0,425; p< 0,001). Porém embora com um nível se
significância aceitável, esta hipótese não foi confirmada para o grupo de engajamento
intermediário, pois a relação foi apontada como negativa.
170
Uma possível explicação para a relação negativa encontrada são as características
deste grupo de jovens. A maioria dos universitários de engajamento intermediário, embora
apresente um baixo conhecimento objetivo (43%), a grande maioria avaliou seu nível de
conhecimento subjetivo como elevado, ou seja, 47,4% dos jovens deste grupo acreditam ter
um bom conhecimento sobre este assunto. Desta maneira, eles podem acreditar que a
família não conhece muito o assunto e se julgam mais conhecedores que eles. Desta forma,
encaram a família como influência negativa em seu conhecimento.
No grupo de comportamento pouco engajado, a escola influencia o conhecimento
subjetivo conforme aponta a H3b (β= 0,005; p< 0,05). A escola, H3b, também foi apontada
como influenciadora do conhecimento subjetivo do grupo de engajamento intermediário
(β= 0,243; p< 0,05).
A hitese H3c não foi confirmada para nenhum dos grupos de comportamento.
Desta maneira, a mídia foi percebida pelos jovens como uma fonte de conhecimento. O
mesmo ocorreu para os pares, conforme mostra a hipótese H3d.
Como o conhecimento subjetivo faz referência ao que o jovem acredita conhecer e
não necessariamente o que ele sabe, estes resultados se mostraram interessantes, pois os
dois agentes de socialização mais tradicionais em termos de ensinamentos (família e
escola) foram confirmados. Fato que não tinha ocorrido quando se tratava do conhecimento
objetivo.
A próxima hipótese analisava a influência dos agentes de socialização no
sentimento. A tabela 45 mostra os resultados encontrados.
171
TABELA 45 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de comportamento
Relação estrutural Grupo
Coef.
Padroniz
ado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
pouco engajados
-0,07 -0,769
Não confirmada
engajamento intermediário
-0,03 -0,836
Não confirmada
muito engajados
0,185 1,679****
Confirmada
pouco engajados
0,197 1,983
Não confirmada
engajamento intermediário
0,098 0,952
Não confirmada
muito engajados
0,183 1,788****
Confirmada
pouco engajados
0,208 2,085***
Confirmada
engajamento intermediário
-0,116 -0,976
Não confirmada
muito engajados
0,198 1,949***
Confirmada
pouco engajados
0,055 0,699
Não confirmada
engajamento intermediário
0,323 1,995***
Confirmada
muito engajados
0,052 0,429
Não confirmada
H4d
H4a
H4b
H4c
Família Sentimento
Escola Sentimento
Mídia Sentimento
Pares Sentimento
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
A quarta hipótese, que aborda a influência dos agentes sociais no sentimento,
também foi confirmada para os três grupos.
Os jovens do grupo dos mais engajados no comportamento de separação de
materiais para a reciclagem, a família, a escola e a mídia foram apontadas como
influenciadoras do sentimento. As hipóteses H4a (β= 0,185; p< 0,1), H4b (β= 0,183; p< 0,1)
e H4c (β= 0,198; p< 0,05) foram confirmadas para o terceiro grupo. Ou seja, os jovens mais
engajados recebem muitas influências, três das quatro estudadas, em seus sentimentos.
No grupo dos jovens pouco engajados, a mídia foi apontada como o agente
social que influencia o sentimento destes universitários, através da confirmação da hipótese
H4c (β= 2,08; p< 0,05). Uma explicação para a família e os pares não tenham sido
apontados como influenciadores do sentimento, é que este grupo pode viver em um meio
(familiares e amigos) que não valorizam muito este tipo de comportamento. Desta maneira,
o sentimento que apresentam foi influenciado pela mídia, por meios de comunicação de
massa.
No grupo de engajamento intermediário, H4d foi confirmada (β= 0,323; p< 0,05)
indicando uma relação positiva dos pares no sentimento deste grupo. Neste grupo já
aparece a importância do meio em que vivem, pois seus amigos são os responsáveis por
172
despertarem / terem despertado um propósito no comportamento de separação de materiais
para a reciclagem.
Um fato interessante é que todos recebem/receberam influência no sentimento,
sendo que no grupo de comportamento elevado a influência é maior. O grupo dos mais
engajados com a reciclagem se mostrou mais sensibilizado a este comportamento. A
família, a escola e a mídia influenciam positivamente os sentimentos desses jovens.
Outra relação que pode ser inferida é que quanto maior o engajamento do jovem,
mais agentes foram responsáveis pelo sentimento que apresentam ao realizar estas ações
de separação. Enquanto para os grupos de intermediário e baixo engajamento estas
influências diminuem e ainda passam a ser por agentes de socialização menos tradicionais,
tais como os pares nos de engajamento intermediário, que é um agente de socialização
pessoal, porém não tão tradicional quanto a família. E para os poucos engajados passa a
ser a mídia a responsável.
Por fim, os resultados das três últimas hipóteses para os grupos de comportamento
estão ilustradas na tabela 46.
TABELA 46 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de comportamento
Relação estrutural Grupo
Coef.
Padroniz
ado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
pouco engajados
0,067 0,776
Não confirmada
engajamento intermediário
-0,032 -0,346
Não confirmada
muito engajados
0,081 0,872
Não confirmada
pouco engajados
0,025 0,032
Não confirmada
engajamento intermediário
0,249 2,354***
Confirmada
muito engajados
-0,123 -0,975
Não confirmada
pouco engajados
0,14 1,518
Não confirmada
engajamento intermediário
-0,043 -0,407
Não confirmada
muito engajados
0,055 0,516
Não confirmada
H5
H6
H7
Co. Obj. Comp. de Reciclagem
Co. Subj. Comp. de Reciclagem
Sentimento Comp. de Reciclagem
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
As hipóteses que abordavam os antecedentes do comportamento não foram
confirmadas para os grupos de pouco e muito engajados. Apenas para o grupo de
engajamento intermediário, foi confirmada uma relação positiva do conhecimento subjetivo
no comportamento de separação de materiais para a reciclagem, H6 (β= 0,249; p< 0,05).
173
A hipótese H5 não foi confirmada para os três grupos de comportamento. Deste
modo, o conhecimento objetivo não foi identificado como um antecedente do
comportamento. O mesmo ocorreu com a H7, indicando que o sentimento também não
pode ser considerado um antecedente do comportamento, quando se avalia a amostra por
grupos de comportamento.
Um fato interessante, é que o conhecimento subjetivo não havia sido confirmado
como antecedente na análise geral do modelo e na análise por nível de conhecimento. Na
análise por grupos de comportamento foi a única que comprovou esta relação. Destaca-se
que o grupo dos intermediários foi o que demonstrou acreditar terem maior conhecimento,
47,4% dos jovens deste grupo avaliaram seu conhecimento sobre reciclagem como elevado
(conhecimento subjetivo). Este resultado também auxilia no entendimento da não
confirmação das demais hipóteses. Provavelmente embora os jovens estejam agrupados
por níveis de comportamento, os níveis de conhecimento e sentimento podem ser
heterogêneos dentro de um mesmo grupo, o que dificulta a confirmação das hipóteses.
5.3.5.1 Considerações por grupos de comportamento
Para concluir as análises apresentadas, seguem algumas constatações por grupos
de comportamento. Antes, porém, para facilitar a visualização dos resultados encontrados
para os três grupos, são apresentados os modelos e em destaque as relações significativas.
Pouco engajados
Conhecimento
Objetivo
Conhecimento
Subjetivo
Sentimento
Família
Escola
Mídia
Pares
Comportamento
de
Reciclagem
Agentes de socialização
174
Engajamento Intermediário
Muito engajados
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 12 - Modelo Teórico proposto com as relações estabelecidas por grupo de comportamento
De maneira geral, a escola foi o que mais apareceu como influenciador, quando
separados por grupos de comportamento. Porém nos grupos de baixo e dio
Conhecimento
Objetivo
Conhecimento
Subjetivo
Sentimento
Família
Escola
Mídia
Pares
Comportamento
de
Reciclagem
Agentes de socialização
Conhecimento
Objetivo
Conhecimento
Subjetivo
Sentimento
Família
Escola
Mídia
Pares
Comportamento
de
Reciclagem
Agentes de socialização
175
comportamento ela aparece como fonte de conhecimento subjetivo. Enquanto para os de
elevado comportamento ela é fonte de sentimento.
Os de comportamento elevado não percebem influência de nenhum agente em seu
comportamento, provavelmente por serem “autosuficientes”, acreditam que não precisam
mais de influências para agir. Desta maneira, a influência é maior no sentimento, ou seja
nos sentimentos que experimentam ao reciclar. Nos sentimento eles recebem influência da
família, da escola e da mídia. A família se mostra importante no grupo dos jovens mais
engajados, pois é apontada como influência de conhecimento e dos sentimentos.
Observa-se que o grupo de baixo e de intermediário ainda necessitam de influências
no comportamento. Nos que apresentam baixo comportamento, a influência da mídia é
direta no comportamento. Nos que apresentam comportamento intermediário, a influência
da escola é indireta, ou seja, a escola age no conhecimento subjetivo, e o conhecimento
subjetivo é um antecedente do comportamento. Os pares mais uma vez aparecem como
importante influência no comportamento do grupo intermediário, mas desta vez influenciam
os sentimentos desses jovens.
Um fato interessante é que todos recebem/receberam influência no sentimento,
sendo que no grupo de conhecimento elevado a influência é maior. Eles são mais
sensibilizados a este comportamento. A dia foi a que mais apareceu como influência no
sentimento, mostrando que ela tem um grande poder de sensibilizar os jovens em relação à
reciclagem. Pois ela foi mostrada como influência positiva no sentimento dos de baixo e
elevado comportamento.
No grupo de baixo engajamento, foi notada uma influência maior da mídia, sendo
que esta atua no comportamento e nos sentimentos. Desta maneira, os que apresentam
baixo comportamento geralmente foi devido a este meio de comunicão.
Em relação ao conhecimento subjetivo destes jovens, a escola foi responsável para
os de baixo e intermediário. Enquanto para os de comportamento elevado, o conhecimento
vem da família e a escola é a responsável por sensibilizar estes jovens Desta maneira,
passa a ter mais uma função de complementar o conhecimento e não propriamente de
ensinar. Desta maneira, nota-se que a escola desempenha um papel mais importante para
os grupos de baixo e intermediário, enquanto para os grupos de elevado, ela é
complementar porque a família fez este papel de ensinar. No grupo de engajamento
intermediário, o conhecimento subjetivo apresenta pela primeira vez como um antecedente
do comportamento.
176
5.3.6 Avaliação do modelo com base no estilo de vida
Como havia sido proposto por esta dissertação, o estilo de vida foi utilizado como um
caracterizador dos jovens em estudo.
Desta forma, o modelo foi comparado para os dois grupos de estilo de vida
encontrados. Estes grupos foram caracterizados no item 5.2.2.1.7. O grupo dos
despreocupados em relação ao meio ambiente englobou 171 jovens e o grupo dos
preocupados com o meio ambiente apresentou 180 respondentes.
Para realizar esta análise, utilizou-se a fuão que compara os grupos do software
Amos. Ao verificar a análise multigrupos foi identificada a diferença significativa (X² =60,849;
p<0,05) entre os grupos. Os outros indicadores estão apresentados na tabela 47.
TABELA 47 -Indicadores de ajustamento e resíduo dos ts modelos comparados em uma
análise multigrupo.
Indicadores
Despreocupados em
relação ao meio
ambiente [N=171]
Preocupados em
relação ao meio
ambiente [N=180]
517,742
522,993
gl
355
364
X²/gl
1,458 1,437
RMSEA
0,036 0,035
NFI
0,878 0,877
CFI
0,957
0,958
IFI
0,958
0,959
Fonte: Tratamento dos dados da Pesquisa
Apenas o índice de ajustamento NFI ficou abaixo do recomendado, uma das causas
deste fato pode ser o tamanho dos grupos. Os outros indicadores ficaram com os valores
recomendados (HAIR et al., 2005). Na tabela 48 estão os resultados encontrados para a
primeira hipótese.
177
TABELA 48 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de estilo de vida
Relação estrutural Grupo
Coef.
Padroni
zado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
despreocupados 0,082 0,915 Não Confirmada
preocupados 0,132 1,321 Não Confirmada
despreocupados -0,104 -1,275 Não Confirmada
preocupados 0,081 0,996 Não Confirmada
despreocupados 0,185 2,153***
Confirmada
preocupados -0,044 -0,575 Não confirmada
despreocupados 0,074 0,813 o confirmada
preocupados 0,179 1,703****
Confirmada
H1a
H1b
H1c
H1d
Família Comp. de Reciclagem
Escola Comp. de Reciclagem
dia Comp. de Reciclagem
Pares Comp. de Reciclagem
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
A hipótese H1a e H1b não foram confirmadas para os grupos de estilo de vida.
Uma possível explicação é que, embora separado em grupos de estilo de vida, cada grupo
pode apresentar jovens com comportamentos muito distintos, ou seja, heterogêneos em
relação ao comportamento de separação de materiais para a reciclagem.
Em relação às influências no comportamento, foi constatada a relação positiva
da mídia no comportamento de reciclagem, hipótese H1c (β= 0,185; p< 0,05), dos jovens
despreocupados em relação ao meio ambiente.
No outro grupo, preocupados em relação ao meio ambiente, os pares
influenciam positivamente o comportamento de acordo com a confirmação da hipótese H1d
(β= 0,179; p< 0,1).
Desta maneira, os jovens mais preocupados agem devido à uma influência
pessoal, que, pode ser considerada mais forte do que a influência da mídia, apontada no
grupo dos despreocupados. A Tabela 49 traz os resultados da segunda hipótese.
178
TABELA 49 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de estilo de vida
Relação estrutural Grupo
Coef.
Padroni
zado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
despreocupados 0,085 0,913 Não Confirmada
preocupados -0,058 -0,533 Não Confirmada
despreocupados -0,003 -0,036 Não Confirmada
preocupados 0,022 0,256 Não Confirmada
despreocupados 0,101 1,14 o confirmada
preocupados 0,091 1,106 o confirmada
despreocupados 0,045 0,486 o confirmada
preocupados -0,007 -0,059 Não confirmada
H2d
H2a
H2b
H2c
Família Conhecimento Objetivo
Escola Conhecimento Objetivo
dia Conhecimento Objetivo
Pares Conhecimento Objetivo
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
Em relação ao conhecimento objetivo, não foi confirmada nenhuma hipótese. De
acordo com a H2a, a família não influencia o conhecimento objetivo dos jovens destes
grupos. A hipótese H2b demonstra que a escola também não foi percebida como um agente
de socialização que influencia o conhecimento objetivo. As hipóteses H2c e H2d
demonstraram que a mídia e os pares, respectivamente, também não foram percebidos
como influências do conhecimento objetivo.
Uma explicação é o fato de os dois grupos apresentarem jovens com os três níveis
de conhecimento objetivo. Ou seja, embora sejam mais preocupados em relação ao meio
ambiente, estes não apresentam um conhecimento objetivo mais elevado, 77 % destes
jovens se enquadram em um baixo ou intermediário conhecimento objetivo sobre o assunto.
Este número está próximo ao conhecimento objetivo dos pouco preocupados, nos quais
70% foram enquadrados com conhecimento objetivo baixo ou intermediário. Desta maneira,
embora os jovens de cada grupo apresentem estilo de vida similar, o conhecimento objetivo
se mostra heterogêneo. O mesmo ocorreu para o conhecimento subjetivo, conforme
demonstra a Tabela 50.
179
TABELA 50 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de estilo de vida
Relação estrutural Grupo
Coef.
Padroni
zado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
despreocupados 0,137 1,207 Não Confirmada
preocupados 0,029 1,493 Não Confirmada
despreocupados 0,094 0,988 Não Confirmada
preocupados -0,027 -1,698**** Não Confirmada
despreocupados 0,037 0,4 Não confirmada
preocupados -0,004 -0,269 Não confirmada
despreocupados 0,029 0,303 Não confirmada
preocupados 0,012 0,605 o confirmada
H3d
H3a
H3b
H3c
Família Conhecimento Subjetivo
Escola Conhecimento Subjetivo
dia Conhecimento Subjetivo
Pares Conhecimento Subjetivo
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
Quando analisada a influência dos agentes de socialização no conhecimento
subjetivo, não foi observada uma relação positiva de nenhum agente de socialização nos
grupos de estilo de vida.
De acordo com a H3a, a família não influencia o conhecimento subjetivo dos jovens
destes grupos. A hipótese H3b demonstra que a escola também não foi percebida como um
agente de socialização que influencia o conhecimento subjetivo. As hipóteses H3c e H3d
demonstraram que a mídia e os pares também o foram percebidos como influências do
conhecimento objetivo.
Uma explicação, discutida em relação ao conhecimento objetivo, é o fato de os
dois grupos apresentarem jovens com os três níveis de conhecimento subjetivo. Ou seja,
embora sejam os mais preocupados em relação ao meio ambiente, estes acreditam ter um
elevado conhecimento, 45% afirmaram ter um elevado conhecimento subjetivo. Enquanto
nos mais despreocupados, este mero é apenas 9% mais baixo, 36% apresentam um
conhecimento subjetivo elevado. Desta maneira, a heterogeneidade da amostra pode ter
comprometido estes resultados. A tabela 51 traz os achados em relação o sentimento.
180
TABELA 51 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de estilo de vida
Relação estrutural Grupo
Coef.
Padroni
zado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
despreocupados -0,033 -0,35 Não Confirmada
preocupados 0,051 0,471 Não Confirmada
despreocupados 0,185 2,165***
Confirmada
preocupados 0,176 1,994***
Confirmada
despreocupados 0,131 1,458 o confirmada
preocupados 0,104 1,254 o confirmada
despreocupados 0,158 1,653****
Confirmada
preocupados 0,182 1,607 o confirmada
H4d
H4a
H4b
H4c
Família Sentimento
Escola Sentimento
Mídia Sentimento
Pares Sentimento
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
A hipótese H4a não foi confirmada para os grupos de estilo de vida. Assim, a família
não foi percebida como uma influência do sentimento.
Em relação às três hipóteses confirmadas para o sentimento, a primeira é que a
escola influencia positivamente o sentimento dos jovens despreocupados em relação ao
meio ambiente, hipótese H4b (β= 0,185; p< 0,05). Esta mesma hipótese, H4b (β= 0,176; p<
0,05), também foi confirmada para o grupo dos preocupados em relação ao meio ambiente.
A hipótese H4c não foi confirmada, a mídia não foi percebida como influência do
sentimento pelos grupos de estilo de vida.
A hipótese H4d (β= 0,158; p< 0,1) também foi confirmada para o grupo dos
despreocupados, indicando uma influência positiva dos pares no sentimento destes jovens.
Neste caso, a escola e a mídia são importantes para sensibilizar e criar um propósito
para que os jovens reciclem. Embora sejam mais despreocupados, os jovens deste grupo
percebem maiores influências no sentimento (escola e pares). Destaca-se que a escola
pareceu como um importante agente de socialização, pois foi pontada como influência do
sentimento nos dois grupos.
Na tabela 52 seguem as considerações sobre as três últimas hipóteses.
181
TABELA 52 – Resultados das Hipóteses do modelo proposto por grupo de estilo de vida
Relação estrutural Grupo
Coef.
Padroni
zado
t-value Hip.
Status da
Hipótese
despreocupados 0,123 1,683 Não confirmada
preocupados 0,055 0,827 o confirmada
despreocupados -0,048 -0,641 o confirmada
preocupados 0,028 0,072 o confirmada
despreocupados 0,164 2,074***
Confirmada
preocupados 0,253 3,241*
Confirmada
H5
H6
H7
Co. Objetivo Comp. de Reciclagem
Co. Subjetivo Comp. de Reciclagem
Sentimento Comp. de Reciclagem
*Resultados significativos a 0,001
**Hipótese confirmada a nível significante 0,01
***Hipótese confirmada a nível significante 0,05
****Hipótese confirmada a nível significante 0,1
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
A hipótese H5 e H6 não foram confirmadas para os grupos de estilo de vida. Desta
maneira o conhecimento, tanto objetivo quanto subjetivo, não foram relevantes para o
comportamento.
Apenas o sentimento foi confirmado como um antecedente do comportamento de
reciclagem, ou seja o sentimento afeta positivamente o comportamento de separação de
materiais para a reciclagem. A hipótese H7 foi confirmada para os dois grupos:
despreocupados em relação ao meio ambiente (β= 0,164; p< 0,05) e preocupados em
relação ao meio ambiente (β= 0,253; p< 0,001).
Estes resultados indicam que os jovens precisam sentir um propósito no
comportamento de separação de materiais para a reciclagem, mais do que conhecer seu
processo.
5.3.6.1 Considerações por grupos de estilo de vida
Para concluir as análises apresentadas, seguem algumas constatações dos dois
grupos com base no estilo de vida. Antes, porém, para facilitar a visualização dos resultados
encontrados para os grupos, são apresentados os dois modelos e em destaque as relações
significativas.
182
Despreocupados em relação ao meio ambiente
Preocupados em relação ao meio ambiente
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 13 - Modelo Teórico proposto com as relações estabelecidas por grupo de estilo de vida
Embora nas análises de estilo de vida, os resultados mostram que a maioria dos
jovens preocupados apresenta maior engajamento e a maioria dos jovens despreocupados,
menor engajamento. Esta diferença o foi muito grande, sendo que no grupo dos mais
Conhecimento
Objetivo
Conhecimento
Subjetivo
Sentimentos
Família
Escola
Mídia
Pares
Comportamento
de
Reciclagem
Agentes de socialização
Conhecimento
Objetivo
Conhecimento
Subjetivo
Sentimentos
Família
Escola
Mídia
Pares
Comportamento
de
Reciclagem
Agentes de socialização
183
preocupados, 33,3% e 32,2% apresentam baixo e intermediário engajamento. A distribuição
também é parecida no grupo dos despreocupados: 35,7% apresentam baixo engajamento,
32,7% engajamento intermediário e 31,6% engajamento elevados. Desta maneira é difícil
afirmar que as pessoas mais preocupadas com o meio ambiente são mais engajadas na
separação de materiais para a reciclagem.
Com estas constatações, nos grupos de estilo de vida ficou difícil realizar a análise.
Estas considerações geram algumas inferências sobre esses resultados: 1. os jovens não
enxergam a relação meio ambiente e reciclagem, não percebem que a reciclagem é uma
maneira de ajudar o meio ambiente. 2. é fácil falar que es preocupado com o meio
ambiente, o difícil é agir (são preocupados, mas não reciclam). 3. muitos jovens podem
reciclar sem perceber que esta ão é boa para o meio ambiente (reciclam mesmo não
sendo preocupados).
Justamente devido a estas constatações, não foi percebida diferença muito grande
entre estes dois grupos. Apenas foi observado que os grupos com pouca preocupação com
o meio ambiente, recebem influência de mais agentes em relação à reciclagem: mídia,
escola e pares. Enquanto os mais preocupados recebem dos pares e da escola.
De maneira direta, os jovens mais preocupados recebem influência dos pares para
reciclar e de maneira indireta da escola, ou seja, a escola afeta o sentimento que é
apontado como antecedente do comportamento. Os pouco preocupados recebem influência
direta da mídia e de maneira indireta da escola e dos pares, estes dois últimos também
afetam o sentimento.
A família não apareceu em nenhum momento, uma posvel explicação é que ela
estava sendo mais importante nos casos de elevado comportamento e neste tipo de divisão
os de elevado comportamento ficaram divididos nestes dois grupos. Em relação aos
antecedentes do comportamento, o sentimento foi considerado o único antecedente.
184
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta última seção apresenta as conclusões gerais da dissertação, uma relação entre
a base teórico-empírica apresentada anteriormente e o objetivo proposto é realizado. Por
fim, serão levantadas algumas implicações que o estudo trouxe, bem com suas limitações e
sugestões para pesquisas futuras.
6.1 CONCLUSÃO
Com o objetivo de contribuir para os estudos de uma etapa do processo decisório
do consumidor ainda pouco explorada nacionalmente, esta dissertação buscou nas teorias
de socialização do consumidor maneiras de entender o comportamento de separação de
materiais para a reciclagem na perspectiva dos jovens universitários.
Partindo do processo de decisão do consumidor proposto por Engel et al. (2000)
foram buscados alguns antecedentes do comportamento do consumidor (conhecimento e
sentimento) na literatura e, por fim, somados os agentes de socialização como
influenciadores da última etapa deste processo, no qual a reciclagem está inserida.
Considerando os antecedentes do comportamento de reciclagem, é importante
ponderar que tal ação já havia sido abordada mais na perspectiva do consumidor consciente
e, através destes achados, contribuíram para que o conhecimento e o sentimento pudessem
ser explorados como antecedentes deste comportamento. Estes estudos sobre
consumidores conscientes também favoreceram a utilização do estilo de vida para a
caracterização dos entrevistados.
As influências sociais haviam sido estudadas por um grupo de autores que as
testaram em diversos contextos (MOORE et al. 2002; MOSHIS e MORRE, 1982; MOSHIS e
MORRE, 1979; CHURCHILL E MOSHIS, 1979; MOSHIS e MORRE, 1978; MOSHIS E
CHURCHILL, 1978; MORRE e STEPHENS, 1975) e contribuíram para esta dissertação ao
ser relacionada com a reciclagem, sendo a grande contribuição deste estudo.
A perspectiva dos jovens universitários foi adotada devido a o processo de
socialização ocorrer constantemente e, desta maneira, focar o público jovem universitário se
mostrou interessante por apresentar certas peculiaridades.
Para atingir este objetivo, foram seguidas algumas etapas para garantir a
confiabilidade dos resultados. A primeira delas foi a revisão teórica, na qual foram
explorados inicialmente o processo de decisão do consumidor; em um segundo momento o
185
conhecimento e o sentimento (considerados antecedentes do comportamento) e por fim os
agentes de socialização, para, afinal, inserir estes pontos no contexto da separação de
materiais para a reciclagem, explorando alguns achados que já fizeram ligações similares.
Na sequência, foi realizada a etapa qualitativa que, com suas ricas contribuições, já
proporcionaram diversos insights para futuras pesquisas e perspectivas diferentes da
análise do comportamento de separação de materiais para a reciclagem dos jovens. Esta
etapa foi fundamental para a construção do instrumento de coleta da fase subsequente e
por direcionar as análises que seguiram.
A etapa quantitativa contribuiu para o melhor entendimento das relações e da
complexidade deste tema, principalmente aos analisar os jovens através de grupos. Diante
de todo esse processo, resultados interessantes emergiram e são apresentados em tópicos
relacionados a maneira que as análises foram conduzidas. Antes, porém, é apresentado o
quadro 27 que resume os achados das hipóteses desta dissertação.
186
Relação estrutural Geral
Baixo Inter. Elev. Pouco Inter. Muito Desp. Preoc.
Família Comportamento de Reciclagem
x
Escola Comportamento de Reciclagem
x
Mídia Comportamento de Reciclagem
x x x
Pares Comportamento de Reciclagem x x x
Família Conhecimento Objetivo x
Escola Conhecimento Objetivo
Mídia Conhecimento Objetivo
x
Pares Conhecimento Objetivo
Família Conhecimento Subjetivo
x
Escola Conhecimento Subjetivo
x x
Mídia Conhecimento Subjetivo
Pares Conhecimento Subjetivo
Família Sentimentos
x
Escola Sentimentos
x x x x x
Mídia Sentimentos
x x x x
Pares Sentimentos
x x x
Conhecimento Objetivo Comp. de Reciclagem
x x
Conhecimento Subjetivo Comp. de Reciclagem x
Atitude Afetiva Comp. de Reciclagem x x x x x x
x = Hipótese Confirmada
Fonte: Tratamento dos dados da pesquisa
Grupo de
Conhecimento
Grupos de
Estilo de
Vida
Grupos de
Comportamento
Quadro 27: Resumo das relações encontradas
(1) Análise do modelo Geral
As relações propostas foram testadas inicialmente para os 351 jovens
entrevistados. Conforme havia sido proposto no problema de pesquisa, foi verificado que os
quatro agentes de socialização deste estudo influenciam os jovens em relação à reciclagem.
Porém estas influências foram distintas para cada um. A família e os pares mostraram afetar
positivamente o comportamento destes universitários; a escola, a mídia e novamente os
pares, interferem no sentimento. O fato de os pares aparecerem em dois momentos, como
influenciadores do sentimento e do comportamento, representam indício do fato destacado
na literatura que os jovens universitários são um público que começa a ter menor contato
com a família e se depararem com novos desafios (SPRINTHALL E COLLINS, 2003).
187
Outro resultado interessante foi em relação ao sentimento. Este construto foi
destacado como antecedente do comportamento e recebe influência de três dos quatro
agentes de socialização. Desta maneira, destaca-se a importância que os sentimentos
apresentam neste tipo de comportamento, sendo mais importantes que o conhecimento.
Outros resultados, porém, incitaram a busca por análises de grupos com características
similares.
(2) Análise por grupos de Conhecimento
Em um primeiro momento foram analisados três grupos com conhecimento objetivo
sobre o tema. Entre os resultados encontrados, destaca-se que os jovens que ainda não
apresentam conhecimento elevado percebem que recebem mais influências dos agentes de
socialização. Sendo que nos de conhecimento baixo esta influência é da família no
conhecimento, enquanto nos jovens do grupo intermediário a mídia que auxilia com o
conhecimento.
Outra constatação é que conforme o conhecimento vai aumentando, eles também
percebem que necessitam de menos influência para agirem. Os dois de conhecimento mais
elevado apenas precisam sentir para agir, enquanto o de conhecimento mais baixo ainda
precisa conhecer mais e sentir.
(3) Análise por grupos de Comportamento
No segundo momento, as análises foram realizadas por grupos de comportamento.
Os quatro agentes também se mostraram importantes. Porém para o grupo de baixo
engajamento, a escola aparece como influência do conhecimento subjetivo e a mídia do
sentimento e comportamento. No grupo de engajamento intermediário, a escola aparece
como influência do conhecimento subjetivo que, por sua vez, influencia o comportamento. Já
os pares apareceram como influência do sentimento. No terceiro grupo, de maior
engajamento, a família influencia o conhecimento subjetivo e junto com a escola e a mídia
influenciam o sentimento.
Destaca-se nestes resultados a importância da escola. Esta foi responsável por
influenciar o conhecimento subjetivo dos jovens de comportamento pouco engajados e de
intermediário engajamento. Enquanto para os de comportamento elevado, a escola é a
responsável por sensibilizar estes jovens, ou seja, influencia o sentimento deles. Desta
maneira, passa a ter mais uma função de complementar o conhecimento e não
propriamente de ensinar. Assim, nota-se que a escola desempenha um papel mais
importante para os grupos de baixo e intermediário comportamento, enquanto para os
grupos de elevado, ela é complementar porque a família, provavelmente, já fez este papel
de ensinar.
188
(4) Análise por grupos de Estilo de Vida
A última análise foi realizada para os dois grupos de estilo de vida encontrados. O
primeiro fato interessante é que os dois grupos, embora apresentem graus de preocupação
diferentes em relação ao meio ambiente, esta diferença não impactou muito no
comportamento de separação de materiais para a reciclagem. Ou seja, nos dois grupos
havia, em proporções parecidas, jovens pouco engajados, com engajamento intermediário e
com engajamento elevado. Em relação às influências significativas, a escola apareceu nos
dois grupos afetando o sentimento. Os pares apareceram no primeiro grupo como influencia
do sentimento e no segundo como influencia do comportamento.
Diante desses resultados, o meio acadêmico pode valer-se para direcionar futuras
pesquisas. O governo, as empresas e os agentes de socialização estudados podem
perceber as implicações destes resultados. Estas considerações são abordadas na
sequência.
6.2 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS
Como principal contribuição, esta dissertação, auxilia no entendimento de um tema
que ainda tem muito a ser explorado, principalmente no âmbito nacional.
havia sido alertado que este tema ainda está em uma fase exploratória
(BERGER, 1997) e entender os antecedentes deste comportamento oferecem grandes
oportunidade de pesquisa (VALLE et al., 2005), desta maneira, a dissertação contribui para
o maior entendimento deste processo, agregando o foco em jovens universitários e seu
meio social.
As influências dos agentes de socialização já haviam sido estudas em outros
contextos (MOORE et al. 2002; MOSHIS e MORRE, 1982; MOSHIS e MORRE, 1979;
CHURCHILL E MOSHIS, 1979; MOSHIS e MORRE, 1978; MOSHIS E CHURCHILL, 1978;
MORRE e STEPHENS, 1975), porém a ligação com o comportamento de separação de
materiais para a reciclagem foi a grande contribuição desta dissertação. E, desta maneira,
foi possível verificar que os agentes de socialização estudados em outros contextos,
também foram representativos para este tema.
Os resultados apresentados, bem como as maneiras de mensurar os construtos
envolvidos nesta dissertação, contribuem para que sejam utilizados como base em outros
189
estudos que pretendam focar a última etapa do processo de compra do consumidor. Assim,
a elaboração de escalas sobre a influência dos agentes de socialização no contexto de
separação de materiais para a reciclagem representa um passo grande no desenvolvimento
do tema da última etapa do processo decisório do consumidor dentro do marketing. A
adaptação de outras escalas utilizadas, que embora algumas vezes tenha apresentado
características distintas das escalas originais, mostrou carregamentos e confiabilidades
adequadas. Indicando assim, sua contribuição para o contexto para o qual foram adaptadas.
Por fim, destaca-se a ausência de muitos estudos nacionais sobre a separação de
materiais para a reciclagem na área de marketing e o fato de que, muitas pesquisas
nacionais abordam este tipo de comportamento dentro de uma questão maior, como uma
dimensão do consumidor ambientalmente favorável (ROMEIRO, 2006; INSTITUTO AKATU,
2004; LAGES e NETO, 2002). Desta maneira, estes resultados agregam uma outra visão
para este tema, analisando a reciclagem como um comportamento específico dentro da
última etapa do processo decisório do consumidor.
6.3 CONTRIBUIÇÕES GERENCIAIS
Como foi destacado na justificativa prática, três setores podem beneficiar-se com o
maior entendimento das influências no comportamento de separação de materiais para a
reciclagem dos jovens: empresas, governo e meio ambiente. Desta maneira, as implicações
práticas inicialmente abordam estes três setores.
Em relação às empresas, estes resultados podem auxiliar a entender quais
influências estão presentes e como são os jovens em relação à reciclagem. Estes resultados
são de maior interesse de empresas que se preocupam com o conceito de marketing
verde ou aquelas que em sendo pressionadas por órgãos públicos para diminuir o
número de resíduos, ou mesmo as que, sem pressão alguma vêm incentivando seus
clientes a reciclarem e contribuírem com a logística reversa. Além disso, através das
análises de estilo de vida, foi possível observar que os jovens estão se preocupando com o
meio ambiente, embora isso ainda não tenha sido convertido muito em ação.
Para o governo, os resultados das análises do modelo geral, destacaram a
importância de sensibilizar os jovens em relação à separação de materiais para a
reciclagem. Mais do que conhecimento, eles precisam sentir um propósito maior neste ato.
E estes resultados podem servir como guia para campanhas que incentivam a reciclagem.
Além disso, os resultados por grupos de conhecimento, mostram a importância da
190
informação. Pois conforme o conhecimento vai aumentando, eles percebem que necessitam
de menor influência para agirem. Os dois grupos de conhecimento mais elevado apenas
precisam sentir para agir, enquanto o de conhecimento mais baixo ainda precisa conhecer
mais e sentir.
Com estas contribuições, se convertida em ações para incentivar mais a separação
de materiais para a reciclagem, todo o meio ambiente pode beneficiar-se com mais pessoas
reciclando. Desta maneira, a quantidade de lixo gerado diminui e contribui par que menos
poluentes sejam gerados. Além de contribuírem para um setor que gera 8 bilhões milhões
por ano (CEMPRE, 2008).
Além disso, é interessante notar o peso que cada agente teve, de acordo com os
resultados. A família tem influência junto aos jovens de maneira diferente quando
consideramos suas ações sobre o conhecimento e o sentimento deste público. Quando os
jovens ainda não apresentam muito conhecimento, é neste ponto que ela iatuar. A partir
do momento que o jovem tem o conhecimento, a família passa a ser importante para
sensibilizar, ou seja, influencia no sentimento deles. Porém se é desejável que as pessoas
conheçam sobre reciclagem é importante que a família seja a primeira a influenciar, pois
assim têm-se jovens de conhecimento elevado que irão influenciar os outros (seus pares).
Mais uma vez a família se mostrou como mais importante para os jovens que apresentam
um elevado comportamento, pois a família influencia tanto seu conhecimento como
comportamento. Esses resultados são importantes para que pais e mães tenham
consciência de como atuam em seus filhos em relação a este assunto. Além disso, serve
para que o governo atenção a esta maneira de influenciar os jovens, através de suas
famílias.
A mídia também é uma importante fonte de conhecimento para os jovens de
conhecimento baixo e intermediário. Nos de baixo conhecimento ela também influencia o
sentimento. Desta maneira, responsáveis pela a mídia devem ter claro o poder que
apresentam para influenciar os jovens de baixo conhecimento e assim aumentar a
sensibilização e o comportamento deles. Informação valiosa para que o governo utiliza em
suas campanhas.
a escola é importante por se mostrar como uma pressão para o jovem de baixo
conhecimento agir, enquanto para o jovem de conhecimento intermediário ela serve para
sensibilizar. Em relação ao conhecimento subjetivo destes jovens, a escola foi responsável
para os de baixo e intermediário. Enquanto para os de comportamento elevado, o
conhecimento vem da família e a escola é a responsável por sensibilizar estes jovens Desta
maneira, passa a ter mais uma função de complementar o conhecimento e não
propriamente de ensinar. Deste modo, nota-se que a escola desempenha um papel mais
importante para os grupos de baixo e intermediário, enquanto para os grupos de elevado,
191
ela é complementar, embora não menos importante. Estas constatações evidenciam o peso
da educação na formação de cidadãos, que deve ser considerado por administradores de
escolas e pelo próprio governo.
Com estas considerações, as famílias e os jovens, bem como os donos de meios de
comunicação e de escolas percebem o peso que apresentam para influenciar determinados
jovens em relação ao assunto da reciclagem. E devem, com estes resultados passar a
considerar mais esse tema em seu dia-a-dia.
6.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
6.4.1 Limitações metodológicas
Como toda pesquisa, limitações estão presentes. A amostra utilizada,
caracterizada como não-probabilística (MALHOTRA, 2006), embora proporcione boas
estimativas das características da população, pode não permitir uma avaliação objetiva da
precisão dos resultados amostrais. Sendo assim, os resultados obtidos não poderão ser
generalizados para toda a população com o mesmo perfil amostral.
A população escolhida se mostra interessante para este estudo, com base na
literatura. Porém por enfocar apenas jovens de algumas instituições de ensino superior da
cidade de Curitiba, compromete a generalização dos resultados para o universo de
consumidores que poderiam ser enquadrados nesta categoria.
Na etapa qualitativa, uma limitação é o fato das análises, embora com critérios pré-
estabelecidos, foram fruto da interpretação da pesquisadora, o que pode provocar
discordâncias, se for realizada por outra pessoa ou em momentos diferentes.
Além disso, a interpretação do questionário depende da percepção do entrevistado,
que o questionário foi autopreenchido. Essa interpretação pode gerar distoões na
pesquisa.
Ainda sobre o instrumento de coleta, o mero de indicadores por dimensão ou
construto foi elevado, o que deixou seu preenchimento longo. Essa limitação decorre do fato
de ser um tema que ainda se encontra em fase mais exploratória.
6.4.2 Limitações do modelo
Ao retratar o fenômeno de comportamento de separação de materiais para a
reciclagem por parte dos jovens como algo objetivo, implica-se que a realidade pode ser
192
deduzida com base em um modelo, o que minimiza a complexidade desse fenômeno.
Assim, como em todo modelo se trata de uma simplificação da realidade, diversas
limitações diante da complexidade que visa representar surgem como consequência.
A simples seleção das variáveis já é uma de suas limitações. Muitas outras
diferenças pessoais e outros agentes de socialização apontados na literatura também
poderiam ser verificados no estudo, porém o tempo e o tamanho do instrumento de coleta
impedem essa abrangência do modelo.
Outra limitação diz respeito à relação existente entre o sentimento e
comportamento. Embora neste trabalho seja considerado que um sentimento favorável em
relação a reciclagem irá desencadear em um comportamento de reciclagem, muitas outras
variáveis estão presentes que podem impedir essa relação. Porém mais uma vez, por
questão de tempo e do instrumento de coleta, essas não serão exploradas. Assim, não foi
possível identificar, quais as causas que impedem um indivíduo com sentimento favorável
não apresentar o comportamento de reciclagem, caso esses eventos sejam encontrados.
Por fim, outra limitação do modelo envolve a questão dos agentes de socialização.
A socialização é vista como a introdução de um indivíduo no mundo objetivo de uma
sociedade ou de um setor dela. Dividida em socialização primária, a primeira socialização
que o indivíduo experimenta na infância e a socialização secundária, qualquer processo
subsequente que introduz o indivíduo socializado em novos setores do mundo objetivo
de sua sociedade (BERGER e LUCKMANN, 2007). Além disso, ela envolve a aquisição de
determinados comportamento, habilidades, motivações, valores, convicções e padrões
que são característicos, apropriados e desejáveis em sua cultura (NEWCOMBE, 1999).
Com isto mostra-se como um processo complexo que ao ser limitado em um modelo
restringe suas ações.
Embora se especifique que neste trabalho esta se tratando dos agentes de
socialização atuando no comportamento de separação de materiais para a reciclagem, as
influências também podem ocorrer entre eles, como exemplo a família pode influenciar a
relação do jovem com a mídia. Mas estas não foram exploradas, por questão do tempo e
do instrumento de coleta.
6.5 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
Como o objetivo principal de um estudo desta natureza foi continuar contribuindo
para a produção de conhecimento, seguem algumas considerações sobre futuras pesquisas
pautadas nos resultados obtidos.
193
A etapa qualitativa, bem como a revisão teórica, deixaram em evidência que os
quatro agentes de socialização escolhidos para este estudo eram adequados. Porém,
durante as entrevistadas com jovens universitários foi possível notar que o ambiente de
trabalho no qual estavam inseridos apresentam influência neste comportamento, fato
verbalizado por três dos seis entrevistados. Desta maneira, fica a sugestão para que novos
estudos dem atenção para a influência do ambiente de trabalho no comportamento destes
jovens, com enfoque na questão da separação de materiais para a reciclagem.
Outro fato também destacado pelos especialistas e universitários entrevistados e
que na etapa quantitativa ficou mais evidenciado através das relações negativas, é que
muitas vezes esses jovens universitários mais influenciam estes agentes de socialização do
que são influenciados. Desta maneira, fica a sugestão para que trabalhos sigam o caminho
contrário do proposto neste estudo, ou seja, verifiquem a influência dos jovens universitários
no comportamento de seus pais e pares.
Uma outra sugestão é que estudos futuros englobem na última etapa do processo
decisório do consumidor vá am da reciclagem, explorando outros comportamentos que
podem ser realizados, como a reutilização dos materiais e a redução de materiais.
Outra proposta é que estudos foquem estas mesmas relações, mas em cidades
distintas, pois a cidade de Curitiba é referência em reciclagem e os jovens desta cidade
podem estar mais familiarizados com o tema do que em outras regiões.
A última sugestão é trabalhar com mero maior de entrevistas, para que possam
ser realizadas mais subdivisões da amostra e identificar outros possíveis fatores de
explicação das relações.
194
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200
ANEXOS
ANEXO 1 – Roteiro Especialistas
ANEXO 2 – Roteiro Especialistas II
ANEXO 3 – Roteiro Estudantes
ANEXO 4 - Questionário
201
ANEXO 1 – Roteiro Especialistas
ROTEIRO DA ENTREVISTA
ESPECIALISTAS
Nome:________________________________________________________________
Profissão / Formação:_________________________________________________
Cargo:________________________ Empresa:______________________________
Apresentação
Falar do mestrado, do projeto, do objetivo desta entrevista.
Pedir permissão para gravar.
a) Poderia contar um pouco das suas atividades profissionais?
b) Poderia contar um pouco de como ocorreu seu contato com o tema de
reciclagem? Poderia contar seu envolvimento com este tema?
c) Qual a importância da reciclagem para a cidade de Curitiba? E para o Brasil?
1. O que o Sr(a) entende por reciclagem?
2. O que o Sr(a) entende por comportamento de reciclagem de um indivíduo?
3. O que o Sr(a) entende como o processo de decisão de compra de um
consumidor?
4. O Sr(a) considera que a reciclagem faz parte do processo de decisão de compra
do consumidor? (mostrar modelo utilizado no projeto)
5. O Sr(a) poderia listar os comportamentos característicos das pessoas que
reciclam.
6. O Sr(a) acredita que esses comportamentos listados apresentam diferenças
quanto a importância? Qual seria a ordem de importância em sua opinião.
7. A revisão da literatura apontou os comportamentos das pessoas que reciclam, o
Sr(a) concorda? (Apresentar cartão com as alternativas)
8. Considera que existe uma ordem de importância nestes comportamentos
encontrados na literatura? Qual ordem o Sr(a) atribuiria?
9. Qual a frequência que o Sr(a) considera adequada para o comportamento de
reciclagem? (mostrar escala)
10. O que o Sr(a) entende por atitude de um indivíduo?
202
11. O Sr(a) concorda com esta definição de atitude? E com as 3 dimensões
apresentadas? (mostrar cartão)
12. Existe diferença entre atitude e comportamento de reciclagem?
13. Com base na literatura, listei algumas atitudes das pessoas que reciclam, o Sr(a)
concorda? Explorar mais cada uma das dimensões. (Apresentar cartão com as
alternativas)
14. Considera que existe uma ordem de importância nestas atitudes? Qual ordem o
Sr(a) atribuiria?
15. O que o Sr(a) acha que influência este tipo de comportamento?
16. Desta lista de possíveis influenciadores, quais o Sr(a) considera os mais
importantes? (mostrar lista)
17. O Sr(a) acredita que o processo de socialização pelo qual o indivíduo passa /
passou influencia este tipo de comportamento? (mostrar conceito de processo de
socialização)
18. Quais pessoas que os jovens têm contato que o Sr(a) considera que possam
exercer alguma influência em seu comportamento de reciclagem?
19. O Sr(a) acredita que a família exerce influencia neste tipo de comportamento?
Quais pessoas? De que maneira? (Mostrar lista)
20. O Sr(a) acredita que a escola exerce influencia neste tipo de comportamento?
Quais pessoas da escola? De que maneira? (Mostrar lista)
21. O Sr(a) acredita que os amigos exercem influencia neste tipo de comportamento?
De que maneira? (Mostrar lista)
22. O Sr(a) acredita que a mídia exerce influencia neste tipo de comportamento?
Quais tipos de mídia? De que maneira? (Mostrar lista)
23. Destes quatro agentes de socialização (família, mídia, escola e pares), qual
acredita que exercem mais influencia nos jovens (17 a 21 anos)?
24. Acredita que os jovens universitários de 17 a 21 anos podem ser considerados
um novo estágio de desenvolvimento, que se situa entre o final da adolescência e o
início da vida adulta.
25. Em relação ao conhecimento, acredita ser um fator importante para que este tipo
de comportamento ocorra?
26. E o estilo de vida da pessoa? (mostrar definição)
27. Qual das afirmações utilizadas para o estilo de vida o Sr(a) considera estarem
mais relacionadas com o comportamento de reciclagem? (mostrar lista)
203
ANEXO 2 – Roteiro Especialistas II
ROTEIRO DA ENTREVISTA II
ESPECIALISTAS
Nome:________________________________________________________________
Para cada local (casa, rua, estágio/trabalho e demais locais), foram listados alguns comportamentos
que o jovem pode ter em relação à separação de materiais para a reciclagem.
Gostaria que o Senhor atribuísse uma nota para cada uma, com base no engajamento na separação
de resíduos para a reciclagem.
Essas notas podem variar de 1 até 10, sendo “1” baixo engajamento e “10” alto engajamento.
EM
CASA
NA
RUA
NOS DEMAIS
LOCAIS QUE
FREQUENTA
(vizinhança, igreja,
escolas, clubes,
casas de
Amigos/parentes)
NO
TRABALHO/
ESTÁGIO
1. Separa os materiais recicláveis (papel, metal,
vidro e plástico)
____ ____ ____ ____
2. Disponibiliza os materiais recicláveis que
separo para programas de coleta de porta a porta
(coleta da prefeitura).
____ ____ ____ ____
3. Leva os materiais recicláveis que separa para
pontos de entrega voluntária da minha cidade.
____ ____ ____ ____
4.
Entrega os materiais recicláveis que separa aos
carrinheiros.
____ ____ ____ ____
5. Vende como sucata os materiais recicláveis
que separa.
____ ____ ____ ____
1.
Joga os resíduos sólidos na primeira lixeira que
encontra.
____ ____ ____ ____
2. Joga os resíduos sólidos na própria
rua/calçada.
____ ____ ____ ____
3. Separa os materiais para a reciclagem desde
quese entendo por gente’
____ ____ ____ ____
4.
Segura o resíduo sólido até encontrar um ponto
____ ____ ____ ____
204
de entrega voluntária (lixeira separada por cores
para cada tipo de material)
5. Faz compostagem doméstica com os resíduos
de cozinha.
____ ____ ____ ____
6. Segura o resíduo sólido por um tempo, mas
acabo jogando em uma lixeira comum.
____ ____ ____ ____
2. Para cada tipo de material que pode ser separado para a reciclagem, gostaria que o Senhor
atribuísse uma nota. Utilize como critério o engajamento na separação de resíduos para a reciclagem.
Essas notas podem variar de 1 até 10, sendo “ 1” baixo engajamento e “ 10” alto engajamento.
1. Separar para reciclagem garrafas de refrigerante. Nota:_________
2. Separar para reciclagem filmes para áudio e vídeo. Nota:_________
3. Separar para reciclagem sacolas de supermercado. Nota:_________
4. Separar para reciclagem copos descartáveis. Nota:_________
5. Separar para reciclagem CDs. Nota:_________
6. Separar para reciclagem embalagens de isopor. Nota:_________
7. Separar para reciclagem jornais / revistas. Nota:_________
8. Separar para reciclagem folhas de caderno / rascunhos/ fotocópias que não utilizo mais.
Nota:_________
9. Separar para reciclagem envelopes. Nota:_________
10. Separar para reciclagem caixas de papelão. Nota:_________
11. Separar para reciclagem materiais de propagandas indesejáveis. Nota:_________
12. Separar para reciclagem garrafas de vidro de suco/água. Nota:_________
13. Separar para reciclagem frascos e potes de produtos alimentícios. Nota:_________
14. Separar para reciclagem garrafas de vidro de bebidas alcoólicas. Nota:_________
15. Separar para reciclagem frascos de vidro de cosméticos. Nota:_________
16. Separar para reciclagem latinhas de refrigerante/ sucos /cerveja. Nota:_________
17. Separar para reciclagem embalagens de alimentos enlatados. Nota:_________
18. Separar para reciclagem restos de frutas/ verdura. Nota:_________
19. Separar para reciclagem restos de flores/plantas. Nota:_________
20. Separar para reciclagem restos de alimentos. Nota:_________
21. Separar para reciclagem cascas de frutas e legumes. Nota:_________
22. Separar para reciclagem pilhas / baterias. Nota:_________
205
ANEXO 3 – Roteiro Estudantes
ROTEIRO DA ENTREVISTA
UNIVERSITÁRIOS
Nome:______________________________________________________________________
Idade:_______________________________________________________________________
Curso:______________________________________________________________________
Semestre:_______________________________
Apresentação
Falar do mestrado, do projeto, do objetivo desta entrevista.
Pedir permissão para gravar.
PERFIL/ ESTILO DE VIDA
1. Poderia contar um pouco de você? Onde nasceu?
2. Por que escolheu esse curso?
3. Com quem mora?
4. O que gosta de fazer? (atividades rotineiras, atividades não rotineiras,
esportes, hábitos de leitura).
5. Se alguém que te conhece muito fosse te descrever, o que falaria?
6. Nestas revistas, poderia selecionar figuras que representem você? Ou apenas
cite objetos/imagens que representem você. (explorar a personalidade da
pessoa)
CONHECIMENTO
7. Conhece quais produtos podem ser reciclados? Quais são?
8. Conhece em quais locais podem ser realizada a coleta de materiais
recicláveis? Quais são?
9. O que você sabe sobre a importância da reciclagem no Brasil?
10. Como você se sente em relação ao seu conhecimento sobre reciclagem?
Considera ser uma pessoa informada?
11. Onde adquiriu esses conhecimentos? (pais, mídia, escola, amigos)
206
COMPORTAMENTO DE RECICLAGEM
12. O que você entende por reciclagem?
13. O que você entende por comportamento de reciclagem?
14. Qual a primeira vez que teve contato com este tema?
15. Você considera ser uma pessoa com este tipo de comportamento? Por quê?
Desde quando recicla?
16. O que você costuma fazer em relação às embalagens de produtos que
utilizou?
17. Você recicla em qualquer lugar que esteja? Em qualquer situação?
18. Quais materiais você recicla? (mostrar opções)
19. Com qual frequência recicla cada um desses tipos de materiais?
20. Qual a forma de coleta que utiliza?
21. Desta lista, quais afirmações você concorda estarem relacionadas com
comportamento de reciclagem? (mostrar a lista)
22. Você considera que tenha uma ordem de importância nestas atividades? Qual
seria?
SENTIMENTO
23. Como você se sente quando recicla?
24. Como você se sente quando não recicla?
25. Qual a importância que você atribui à reciclagem?
26. Você, em alguns momentos, tem a intenção de reciclar, mas não chega a
agir? Por que isso ocorre?
INFLUÊNCIAS SOCIAIS
FAMÍLIA
27. Sua família é grande? Em quantos são? Com quem vive?
28. Se vive sozinho, com quem morava antes? Desde quando vive sozinho?
29. Qual o grau de importância que dá a sua família?
30. Você tem sua família como exemplo? Tem algum parente específico?
31. Sente admiração pela sua família? Tem algum parente específico?
32. Como é sua relação com sua mãe? (mostrar fotos)
33. Como é sua relação com seu pai? (mostrar fotos)
34. Como é sua relação com seus irmãos? (mostrar fotos)
207
35. Explorar a relação com outros parentes citados.
36. Conversa sobre reciclagem com seus familiares?
37. Você que costuma puxar este assunto? Se não, quem é geralmente?
38. Sua mãe recicla?
39. Seu pai recicla?
40. Seu(s) irmão(s) recicla?
41. Mais alguém de sua família recicla?
42. Quais materiais sua família recicla?
43. Onde sua família costuma reciclar?
44. Lembra-se a primeira vez que reciclou em sua casa?
45. Você acredita que sua família, de alguma maneira, influencio seus
conhecimentos sobre reciclagem? E seu comportamento?
*Se o parente citado como exemplo/admiração não ter sido explorado:
perguntar se ele recicla.
MÍDIA
46. Quais os tipos dedia que mais utiliza? Quais gosta mais?
47. Com qual frequência:
Assiste TV (quais canais)?
Lê jornal (qual tipo de reportagem)?
Lê revista (Quais)?
Acessa a internet (o que costuma ler na internet)?
Escuta rádio (quais estações/que tipo de informação)?
48. Escutou ou leu algo sobre reciclagem nesses meios de comunicação que
costuma utilizar?
49. Poderia dar exemplos?
50. Você acredita que a mídia, de alguma maneira, influencio seus
conhecimentos sobre reciclagem? E seu comportamento?
ESCOLA
51. Em qual escola estudou? Cidade?
52. Você se lembra de alguma aula ter lido algo sobre reciclagem?
53. Fez algum trabalho sobre reciclagem em seu colégio?
54. Na sua escola havia programas de reciclagem?
55. Você reciclava em seu colégio?
208
56. E sobre o meio ambiente? Lembra de alguma disciplina, trabalho ou
professor(a)?
57. Você acredita que a escola que estudou, de alguma maneira, influencio seus
conhecimentos sobre reciclagem? E seu comportamento?
PARES
58. Como é sua relação com seus amigos, de modo geral?
59. Como é sua relação com seus amigos mais próximos? Quantos são eles?
60. Das figuras abaixo, selecione as que representam sua relação com a maioria
de seus amigos, que mostra como você é com seus amigos. (Explorar as
figuras).
61. Você considera a opinião e sugestões de seus amigos?
62. Conversa sobre reciclagem com seus amigos? Eles que começam o assunto
ou você?
63. Seus amigos reciclam?
64. Tem namorado(a)?
65. Como é sua relação com seu namorado(a)?
66. Você considera a opinião e sugestões de seu namorado(a)?
67. Conversa sobre reciclagem com seu namorado(a)? Quem começa o assunto?
68. Seu namorado(a) recicla?
69. Você acredita que seus amigos/namorado(a), de alguma maneira, influencio
seus conhecimentos sobre reciclagem? E seu comportamento?
70. Quem você acha que te influenciou mais em relação à reciclagem:
família/mídia/escola/pares?
71. Com o tempo isso mudou? Quem mais te influencia agora?
72. Quem mais você acredita que pode influenciar em seu comportamento de
reciclagem?
ESTILO DE VIDA
Interesses
73. Quem você mais considera importante na sua vida? (Família, namorado,
estudos, lazer, amigos, profissão, comunidade...)
209
74. Quais temas mais te preocupam? (política, desemprego, meio ambiente,
família, saúde...)
Atividades
75. O que você costuma fazer em um dia normal?,Quanto tempo gasta em cada
atividade?
76. O que você costuma fazer nos finais de semana? Quanto tempo gasta em
cada atividade?
77. Quanto tempo gasta com atividades ao ar livre / fora de casa?
78. Quais esportes pratica?
79. Quais seus hobbies?
80. Quais seus objetivos de vida? Ser útil à sociedade é um deles?
81. Quanto tempo do seu dia você gasta/ passa com sua família, amigos e
sozinho?
Opiniões
82. Qual sua opinião sobre a questão do meio ambiente?
83. E no Brasil, mas especificamente?
84. No que você acha que a reciclagem pode ajudar?
85. Quem voconsidera responsável pelos problemas ambientais? E quem seria
o mais responsável destes citados?
86. E a sua opinião sobre a questão do lixo?
Agora serão feitas algumas perguntas rápidas, com respostas mais de sim e não:
87. Você pagaria mais caro por alimentos sem agrotóxicos?
88. Você vê problema em consumir alimentos transgênicos?
89. Você procura sempre manter uma alimentação saudável?
90. Seus gostos e hábitos pessoais são conservadores?
91. Você se considera um formador de opinião do grupo que frequenta?
92. Você gosta de trabalhar em projetos comunitários?
93. Você gosta de organizar e dirigir as pessoas, persuadindo-as a fazer coisas?
94. Você acha que a vida antes era bem melhor do que hoje?
95. Existe união em sua família?
210
96. Você acredita que os pais deveriam controlar menos os seus filhos?
97. Você acha que no Brasil há pouca preocupação com a preservação dos
recursos naturais?
98. Você pagaria mais caro por produtos ecologicamente corretos?
99. Você compraria produtos de empresas que agridem ao meio ambiente?
100. Você acredita que hoje existe muita impunidade para as pessoas /
empresas que degradam o ambiente?
101. Você costuma receber seus amigos em casa?
102. Você, por várias vezes, comprou produtos pensando no que seus amigos
iriam achar?
103. Você sempre compra produtos que seus amigos também têm?
104. Você sempre pede conselhos para seus amigos e conhecidos antes de
comprar um produto / marca nova?
105. Você acredita que, muitas vezes, influenciou o que seus amigos compram?
106. Na sua opinião, qual o maior responsável na preservação do meio
ambiente? Governo, Empresa, Consumidor?
107. Qual o grau que você se considera de preocupação com o lixo?
108. Qual a importância para você ou para sua família dessa questão do lixo?
109. Qual o grau de importância que você acha que o lixo tem para a sociedade
como um todo?
110. Dar quadro de afirmações para completar.
111. Das afirmações abaixo, voacredita que eles mudam de uma pessoa que
tem costume de reciclar, para uma que não tem?
PERFIL SOCIOECONÔMICO
211
Tabela de verificação de renda familiar por classe social:
Tem Não tem
1 2 3 4 5 6 ou +
Televisão em cores 0 2 3 4 5 5 5
Videocassete 0 2 2 2 2 2 2
Rádio (exclui de carro) 0 1 2 3 4 4 4
Banheiro 0 2 3 4 4 4 4
Automóvel 0 2 4 5 5 5 5
Empregada mensalista 0 2 4 4 4 4 4
Aspirador de pó 0 1 1 1 1 1 1
Máquina de lavar 0 1 1 1 1 1 1
Geladeira e Freezer
Não possui 0
Possui só geladeira sem freezer 2
Possui geladeira duplex ou freezer 3
Grau de instrução do chefe da família
Analfabeto / Primário incompleto 0
Primário completo / Gin. Incompleto 1
Ginasial completo / Col. Incompleto 2
Colegial completo / Sup. Incompleto 3
Superior Completo 5
Fonte: ABA/ ANEP
212
ANEXO 4 - Questionário
Olá,
Estamos realizando um estudo sobre o comportamento de separação de materiais para a
reciclagem e gostaríamos de contar com sua colaboração.
Por favor, responda com atenção a uma série de perguntas que serão realizadas. Suas informações o
extremamente valiosas para o sucesso dessa pesquisa. Suas repostas não serão analisadas individualmente, mas
sim juntamente com das outras pessoas entrevistadas.
Este questionário é composto de quatro partes, que devem ser respondidas na ordem apresentada.
A PESSOA QUE PREENCHER O QUESTIONÁRIO IRÁ CONCORRER À UM MP4!
Para fins de controle, favor escrever abaixo seu curso, nome da faculdade onde estuda e ano
que esta cursando atualmente:
Curso: ____________________________________________________
Universidade: _______________________________________________
Ano que cursa na faculdade: (Assinale apenas uma alternativa)
( ) 1º ano ( ) 2º ano ( ) 3º ano ( ) 4º ano ( )
5º ano
Qual a sua idade?
A 16 anos ou menos E 20 anos
B 17 anos F 21 anos
C 18 anos G 22 anos ou mais
D 19 anos
Caso você tenha assinalado a opção A ou G, não se necessário prosseguir o preenchimento.
Obrigada pela sua Participação!
Caso contrio, prossiga o preenchimento! Obrigada!
AO TERMINAR, PEGUE SEU CUPOM PARA CONCORRER AO MP4 COM O APLICADOR!
O SORTEIO SERÁ REALIZADO NO DIA 20/12/2008.
213
PARTE 1
1. Responda de acordo com seus conhecimentos sobre reciclagem. Não se preocupe em acertar.
Favor não “chutar”.
Da lista de materiais abaixo, assinale as opções de materiais que podem ser reciclados:
( ) Papel
( ) Composto orgânico ( ) Espelhos ( ) Plástico ( ) Vidro
( ) Papel carbono ( ) Papel sujo / engordurado ( ) Pilhas ( ) Isopor
( ) Metal
( ) Papel vegetal ( ) Ampolas de medicamentos ( ) Baterias ( ) Papel sanirio
2. Responda de acordo com seus conhecimentos sobre reciclagem. Não se preocupe em acertar.
Favor não “chutar”.
Da lista abaixo, assinale os locais em que a coleta de materiais recicláveis pode ser realizada:
( ) coleta de porta a porta
(coleta da prefeitura)
( ) lixeiras diferenciadas por cores
onde as pessoas depositam
espontaneamente seus
materiais
( ) venda como
sucata
( ) carrinheiros
(catadores que passam nas casas
com um carrinho recolhendo
materiais)
3. Como você avaliaria seu conhecimento sobre:
Muito
pouco
Pouco Médio Bom Muito
Bom
A. os materiais que podem ser reciclados ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
B. os locais/maneiras os quais a coleta de materiais recicláveis podem ser realizada ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
214
PARTE 2
PRESTE MUITA ATENÇÃO NOS ENUNCIADOS DAS QUESTÕES. CADA UMA TEM SUA MANEIRA
CORRETA DE RESPONDER.
AS QUESTÕES ABAIXO ESTÃO RELACIONADAS AO SEU COMPORTAMENTO NO DIA-A-DIA
EM DIFERENTES LOCAIS. PROCURE LEMBRAR-SE DESSES MOMENTOS!
CASO TENHA DÚVIDA, CHAME O APLICADOR.
Atenção: Cada ____ deve conter uma resposta!
4. As afirmações abaixo são referentes ao seu comportamento em relação à separação de materiais
para a reciclagem.
Para cada afirmação e o local especificado, atribua a nota que julgar compatível, com base no
quadro abaixo:
1 2 3 4 5 6 7 8
Não tenho este
tipo de
comportamento.
Menos de uma
vez por mês
Uma vez por mês Duas vezes por
mês
Uma vez por
semana
Quase todos os
dias
Todos os dias
Não se aplica
a este
contexto.
EM
CASA
NA
RUA
NOS DEMAIS LOCAIS
QUE FREQUENTA
(vizinhança, igreja,
escolas, clubes, casas
de Amigos/parentes)
NO
TRABALHO
/ESTÁGIO
1. Eu separo os materiais recicláveis (papel, metal, vidro e plástico)
____ ____ ____ ____
2. Eu disponibilizo os materiais recicláveis que separo para programas de
coleta de porta a porta (coleta da prefeitura).
____ ____ ____ ____
3. Eu levo os materiais recicláveis que separo para pontos de entrega
voluntária da minha cidade.
____ ____ ____ ____
4. Eu entrego os materiais recicláveis que separo aos carrinheiros.
____ ____ ____ ____
5. Eu vendo como sucata os materiais recicláveis que separo.
____ ____ ____ ____
6. Eu jogo os resíduos sólidos na primeira lixeira que encontro.
____ ____ ____ ____
7. Eu jogo os resíduos sólidos na própria rua/calçada.
____ ____ ____ ____
8. Eu seguro o resíduo sólido até encontrar um ponto de entrega
voluntária (lixeira separada por cores para cada tipo de material)
____ ____ ____ ____
9. Eu fo compostagem doméstica com os resíduos de cozinha.
____ ____ ____ ____
10. Eu seguro o resíduo sólido por um tempo, mas acabo jogando em uma
lixeira comum.
____ ____ ____ ____
5. As afirmações abaixo são referentes ao seu comportamento em relação à separação de materiais
para a reciclagem.
Para cada afirmação, atribua a número que julgar compatível, com base no quadro abaixo:
1 2 3 4 5 6 7
Menos de uma
vez por mês
Uma vez por mês
Duas vezes por
mês
Uma vez por
semana
Quase todos os
dias
Todos os dias Não separo
materiais para a
reciclagem
Afirmações Número
1. Eu separo para reciclagem garrafas de refrigerante
____
2. Eu separo para reciclagem sacolas de supermercado
____
215
3. Eu separo para reciclagem copos descartáveis
____
4. Eu separo para reciclagem embalagens de isopor
____
5. Eu separo para reciclagem jornais / revistas
____
6. Eu separo para reciclagem folhas de caderno / rascunhos/ fotocópias que não utilizo mais ____
7. Eu separo para reciclagem envelopes
____
8. Eu separo para reciclagem caixas de papelão
____
9. Eu separo para reciclagem materiais de propagandas indesejáveis
____
10. Eu separo para reciclagem garrafas de vidro de suco/água
____
11. Eu separo para reciclagem frascos e potes de produtos alimentícios
____
12. Eu separo para reciclagem garrafas de vidro de bebidas alcoólicas
____
13. Eu separo para reciclagem frascos de vidro de cosméticos
____
14. Eu separo para reciclagem latinhas de refrigerante/ sucos /cerveja
____
15. Eu separo para reciclagem embalagens de alimentos enlatados
____
16. Eu separo para reciclagem restos de frutas/ verdura
____
17. Eu separo para reciclagem restos de flores/plantas
____
18. Eu separo para reciclagem cascas de frutas e legumes / restos de alimentos
____
19. Eu separo para reciclagem pilhas / baterias
____
6. Há quanto tempo separa os materiais para reciclagem (aproximadamente): ______ anos
7. As afirmações abaixo são referentes ao seu sentimento.
Para cada afirmação, atribua a número que julgar compatível, com base no quadro abaixo.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Discordo Nem Concordo/
Concordo
Não se
Totalmente
Discordo
Nem Discordo
Concordo
Totalmente
aplica
Como exemplo:
Primeiro pense na afirmação “tenho sensação de bem-estar, se você concorda totalmente que sente isso
quando separa os materiais para a reciclagem, assinale 9 ou 10 na coluna correspondente. Se discorda que
sente isso quando NÂO separa os materiais para a reciclagem, assinale a opção 3 ou 4 na coluna
correspondente. Abaixo o exemplo:
Exemplo:
Quando Separo o
material para reciclagem
Quando NÃO Separo o
material para reciclagem
Tenho uma sensação de bem-estar. 9 3
Atenção: Cada ____ deve conter uma resposta!
Afirmações Marque as respostas para
Quando Separo o material
para reciclagem
Quando NÃO Separo o
material para reciclagem
1. Tenho uma sensação de bem-estar. ____ ____
2. Tenho uma sensação de missão cumprida. ____ ____
3. Sinto-me bem por estar ajudando ao meio ambiente ____ ____
4. Sinto-me bem por estar colaborando com a questão do lixo. ____ ____
5. Sinto-me confuso em relação à maneira que devo agir. ____ ____
6. Não sinto nada. ____ ____
7. Sinto-me mal. ____ ____
8. Tenho uma sensação de peso na consciência. ____ ____
9. Sinto uma satisfação por estar ajudando com o meio ambiente ____ ____
10. Sinto preguiça. ____ ____
11. Fico chateado ____ ____
12. Sinto-me culpado(a). ____ ____
13. outro sentimento. Qual?_______________________________ ____ ____
14. outro sentimento. Qual?_______________________________
____ ____
216
PARTE 3
PRESTE MUITA ATENÇÃO NOS ENUNCIADOS DAS QUESTÕES. CADA UMA TEM SUA MANEIRA
CORRETA DE RESPONDER.
AS QUESTÕES ABAIXO ESTÃO RELACIONADAS COM AS PESSOAS E INSTITUIÇÕES QUE
VOCÊ APRESENTA OU APRESENTOU CONTATO.
PROCURE LEMBRAR-SE DE MOMENTOS DA SUA INFÂNCIA!
CASO TENHA DÚVIDA, CHAME O APLICADOR.
Atenção: Cada____ deve conter uma resposta!
8. As afirmações abaixo o referentes à sua FAMÍLIA, a ESCOLA(s) que frequentou, as DIAS
que costuma utilizar, seus AMIGOS, COLEGAS DE TRABALHO/ESTÁGIO e NAMORADO(A). Para
cada afirmação, atribua a nota que julgar compatível, com base no quadro abaixo.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Discordo Nem Concordo/
Concordo
Não se
Totalmente
Discordo
Nem Discordo
Concordo
Totalmente
aplica
Como exemplo:
EXEMPLO: PAI MÃE IRMÃOS/IRMÃS
1. Aprendi com meu minha _____ os materiais que podem ser separados
para a reciclagem.
10 1 4
Neste caso a pessoa concorda totalmente com a afirmação: “Aprendi com meu PAI os materiais que podem ser
separados para a reciclagem”; discorda totalmente com a afirmação: “Aprendi com minha E os materiais que
podem ser separados para a reciclagem” e o concorda com a afirmação: “Aprendi com meu(s)
IRMÃOS/IRMÃS os materiais que podem ser separados para a reciclagem”.
Fazer o mesmo com as demais afirmações.
8.1 Em relação a sua FAMÍLIA:
Afirmações
PAI MÃE IROS/IRMÃS
1. Aprendi com meu(s)/ minha(s) _____ os materiais que podem ser separados para a
reciclagem.
____ ____ ____
2. Já conversei com meu(s)/ minha(s) _____ sobre assuntos relacionados à
reciclagem.
____ ____ ____
3. Meu(s)/ minha(s) _____ e eu conversamos sobre assuntos relacionados com
reciclagem.
____ ____ ____
4. Já ensinei para meu(s)/ minha(s) _____ os materiais que poderiam ser separados
para a reciclagem.
____ ____ ____
5. Quando estou com meu(s)/ minha(s) __________, a iniciativa de separar os
materiais para a reciclagem é minha.
____ ____ ____
6. Quando estou com meu(s)/ minha(s) __________ eu esqueço de separar os
materiais para reciclagem.
____ ____ ____
7. Quanto estou com meu(s)/ minha(s) __________ eu sempre separo os materiais
para reciclagem.
____ ____ ____
8. Meu(s)/ minha(s) _____ me conta a importância de separar os materiais para a
reciclagem
____ ____ ____
9. Meu(s)/ minha(s) _____ separa os materiais para serem reciclados. ____ ____ ____
10. A iniciativa de separar os materiais para a reciclagem em casa foi do meu(s)/
minha(s) _____
____ ____ ____
217
De maneira geral:
Afirmações
Geral
1. Em casa todos reciclam. ____
2. Minha família influenciou o conhecimento que tenho sobre a separação de materiais para a reciclagem.
____
3. Minha família influenciou meu comportamento em relação à separação de materiais para a reciclagem.
____
8.2 Em relação à sua ESCOLA:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Discordo Nem Concordo/
Concordo
o se
Totalmente
Discordo
Nem Discordo
Concordo
Totalmente aplica
Ensino Infantil
(até 6 anos)
Ensino
Fundamental
(7 até 14 anos)
Ensino
Médio (15 até
18 anos)
1. A minha escola realizava coleta seletiva. ____ ____ ____
2. Eu realizei algum trabalho sobre reciclagem. ____ ____ ____
3. Eu participei de gincanas, os quais os temas eram reciclagem. ____ ____ ____
4. Nas minhas aulas, a(o) professor(a) sempre falava sobre a importância
de preservar o meio ambiente.
____ ____ ____
5. Nas minhas aulas, a(o) professor(a) sempre falava sobre a importância
da reciclagem.
____ ____ ____
6. A(s) escola(s) que frequentei influenciou(aram) o conhecimento que
tenho sobre a separação de materiais para a reciclagem.
____ ____ ____
7. Eu lembro de ter visto a “Família Folha” ____ ____ ____
8. A(s) escola(s) que frequentei influenciou(aram) meu comportamento
em relação à separação de materiais para a reciclagem.
.
____ ____ ____
8.3 Em relação aos seus AMIGOS, COLEGAS DE TRABALHO OU ESTÁGIO, NAMORADO(A):
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Discordo Nem Concordo/
Concordo
Não se aplica /
Totalmente
Discordo
Nem Discordo
Concordo
Totalmente
Nunca trabalhei/estagiei/
Não tenho namorado(a)
218
8.4 Em relação à MÍDIA:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Discordo Nem Concordo/
Concordo
o se Aplica
Totalmente
Discordo
Nem Discordo
Concordo
Totalmente neste tipo de mídia
TV Revistas
Rádio Internet Jornal
Impresso
1. Eu já vi/li/escutei algo sobre reciclagem.
____ ____ ____ ____ ____
2. Eu já vi/li/escutei algo sobre a “Família Folha
____ ____ ____ ____ ____
3. Eu já vi/li/escutei alguma campanha sobre o assunto
“reciclagem”.
____ ____ ____ ____ ____
4. Eu já vi/li/escutei reportagens abordando o assunto
“reciclagem”.
____ ____ ____ ____ ____
5. Eu já vi/li/escutei propagandas abordando o assunto
“reciclagem”.
____ ____ ____ ____ ____
Amigos(as)
Colega de
Trabalho/Estágio
Namorado(a)
1. Aprendi com meu/minha__________ os materiais que podem ser
separados para a reciclagem.
____ ____ ____
2. conversei com meu/minha__________ sobre assuntos relacionados à
reciclagem.
____ ____ ____
3. Meu/minha__________conversamos sobre assuntos relacionados com
reciclagem.
____ ____ ____
4. ensinei para meu/minha__________os materiais que poderiam ser
separados para a reciclagem.
____ ____ ____
5. Meu/minha__________me conta a importância de separar os materiais
para a reciclagem
____ ____ ____
6. Meu/minha__________ separa os materiais para serem reciclados. ____ ____ ____
7. Quando estou meu/minha__________, a iniciativa de separar os
materiais para a reciclagem é minha.
____ ____ ____
8. Quando estou com meu/minha__________ eu esqueço de separar os
materiais para reciclagem.
____ ____ ____
9. Quanto estou com meu/minha__________ eu sempre separo os
materiais para reciclagem.
____ ____ ____
10. Quando estou com meu/minha__________ , mesmo que ele(s) não
separe(m) os materiais para reciclagem, eu faço isso.
____ ____ ____
11. Meu/minha__________ influenciou o conhecimento que tenho sobre a
separação de materiais para a reciclagem.
____ ____ ____
12. Meu/minha__________ influenciou meu comportamento em relação à
separação de materiais para a reciclagem.
____ ____ ____
219
PARTE 4
PRESTE MUITA ATENÇÃO NOS ENUNCIADOS DAS QUESTÕES. CADA UMA TEM SUA MANEIRA
CORRETA DE RESPONDER.
ESTAS JÁ SÃO AS QUESTÕES FINAIS.
RESPONDA PARA CONHECERMOS VOCÊ UM POUCO MAIS!
CASO TENHA DÚVIDA, CHAME O APLICADOR.
Atenção: Cada ____ deve conter uma resposta!
9. As afirmações abaixo são referentes às suas atividades, interesses e opiniões. Para cada
afirmação, atribua a nota que julgar compatível, com base no quadro abaixo.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Discordo Nem Concordo/
Concordo
o se
Totalmente
Discordo
Nem Discordo
Concordo
Totalmente aplica
Afirmações Número
a. Eu pagaria mais caro por alimentos sem agrotóxicos
____
b. Eu procuro sempre manter uma alimentação saudável.
____
c. Eu gosto de trabalhar em projetos comunitários.
____
d. Eu acho que a vida antes era bem melhor do que hoje.
____
e. Eu acho que no Brasil há pouca preocupação com a preservação dos recursos naturais.
____
f. Hoje existe muita impunidade para as pessoas/empresas que degradam o ambiente.
____
g. Eu pagaria mais caro por produtos ecologicamente corretos.
____
10. Em uma escala de 1 a 7, no qual 1 representa NADA e 7 representa MUITO, qual a sua
preocupação com a questão do meio ambiente? ____
Nada Indiferente Muito
1 2 3 4 5 6 7
11. Na sua opinião, qual o grau de responsabilidade na preservação do meio ambiente de cada
entidade apontada abaixo.
Atribua o mero com base no quadro abaixo:
1 2 3 4 5 6 7
Nenhuma responsabilidade
xima Responsabilidade
Atenção: Cada ____ deve conter uma resposta!
Grau de responsabilidade
1. Governo ____
2. Empresa ____
3. Consumidor ____
12. Para cada tipo de mídia assinale a frequência que utiliza e os tipos de programas que costuma
ver/ler/escutar, com base no quadro abaixo:
220
1 2 3 4 5 6 7 8
Não utilizo este
tipo de mídia.
Menos de uma
vez por mês
Uma vez por mês Duas vezes por
mês
Uma vez por
semana
Quase todos os
dias
Todos os dias
Não se aplica o
tipo de programa
a esta mídia.
Atenção: Cada____ deve conter uma resposta!
Frequência que utiliza
Noticias Esportes Filmes Shows Desenhos
1. TV ____ ____ ____ ____ ____
2. Radio ____ ____ ____ ____ ____
3. Jornal ____ ____ ____ ____ ____
4. Revista ____ ____ ____ ____ ____
5. Internet ____ ____ ____ ____ ____
13. Marque a opção que corresponde ao tipo de colégio que frequentou:
NO Ensino
Infantil (até 6
anos)
NO Ensino
Fundamental (7
até 14 anos)
NO Ensino
Médio (15 até 18
anos)
a. Estudei apenas em colégio particular.
b. Estudei apenas em colégio público
c. Estudei a maior parte do tempo em colégio
particular.
d. Estudei a maior parte do tempo em colégio
público.
14. De maneira geral, quem você acha que MAIS te influenciou em relação ao seu CONHECIMENTO
sobre a separação de materiais para a reciclagem? (Assinale apenas uma alternativa)
( ) Família ( ) dia ( ) Escola ( ) Namorado(a
( ) Amigos
( ) Colega de
Trabalho/Estágio
15. De maneira geral, quem você acha que MAIS te influenciou em relação ao seu
COMPORTAMENTO sobre a separação de materiais para a reciclagem? (Assinale apenas uma
alternativa)
( ) Família ( ) dia ( ) Escola ( ) Namorado(a
( ) Amigos
( ) Colega de
Trabalho/Estágio
16. Assinale a alternativa que corresponde ao seu Estado Civil:
( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a)
( ) Separado(a) ( ) Viúvo(a)
17. Há quantos anos mora em Curitiba (aproximadamente)? __________________
18. Caso não tenha nascido em Curitiba, qual sua procedência? Cidade:________________
Estado:______
19. Qual período que estuda:
( ) Manhã ( ) Tarde
( ) Noite ( ) Integral
20. Quantas pessoas vivem em sua casa (incluindo você)? ________
21. Quem o as pessoas que vivem com você?
( ) Namorada(o) / Esposa(o) ( ) Pai ( ) Mãe
( ) irmão/ã(s) ( ) Filho(s) ( ) Amigo(s)
( ) Parentes ( ) Moro sozinho(a)
22. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
23. Assinale a opção que corresponda à sua situação: (Assinale apenas uma alternativa)
( )
Apenas estuda ( ) Estuda e estagia ( ) Estuda e Trabalha
221
24. Para cada alternativa, assinale a quantidade que possui em sua casa. (Caso more sozinho,
assinale em relação à casa de seus pais).
Quantidade
Quantidade
Televisão em cores 0 1 2 3 4 ou +
Rádio 0 1 2 3 4 ou +
Banheiro 0 1 2 3 4 ou +
Automóvel 0 1 2 3 4 ou +
Empregada mensalista 0 1 2 3 4 ou +
quina de lavar 0 1 2 3 4 ou +
Videocassete e/ou DVD 0 1 2 3 4 ou +
Geladeira 0 1 2 3 4 ou +
Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira
duplex)
0 1 2 3 4 ou +
25. Assinale a alternativa que corresponda ao grau de instrução do chefe da sua família:
( ) Analfabeto / Ensino fundamental (1ª a )
incompleto
( ) Ensino fundamental (5ª a 8ª) completo / Ensino
médio incompleto
( )
Superior completo
( ) Ensino fundamental (1ª a 4ª) completo /
Ensino fundamental ( a 8ª) incompleto
( ) Ensino médio completo / Superior incompleto
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