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08 de setembro de 1551.
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Desde então, Vitória se desenvolveu como sede de
governo, concentrando todos os serviços relativos à administração da Capitania e
futura Província do Espírito Santo.
Auguste Saint-Hilaire, famoso naturalista, em 10 de outubro de 1818 escreve o
seguinte sobre Vitória:
As ruas de Vitória são calçadas, porém mal, têm pouca largura, não
apresentando nenhuma regularidade. Aqui, entretanto, não se vêem casas
abandonadas, como na maioria das cidades de Minas Gerais. Dedicados à
agricultura, ou a um comércio regularmente estabelecido, os habitantes da
Vila de Vitória não estão sujeitos aos mesmos reveses dos cavadores de
ouro e não têm motivo para abandonar sua terra natal. Cuidam bem de
preparar e embelezar suas casas. Considerável número delas tem um ou
dois andares. Algumas têm janelas com vidraças e lindas varandas
trabalhadas na Europa. A Vila da Vitória não tem cais; ora as casas se
estendem até a baía, ora se vê, na praia, terreno sem construção, que tem
sido reservado para desembarque de mercadorias. A cidade também é
privada de outro tipo de ornato: não possui, por assim dizer, qualquer praça
pública, pois a existente em frente ao palácio é muito pequena, e com muita
condescendência é que se chama de praça a encruzilhada enlameada que
se prolonga da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia até a praia.
Há, na Vila da Vitória, algumas fontes públicas, que também não concorrem
para embelezar a cidade, mas, pelo menos, fornecem aos habitantes água
de excelente qualidade.
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No entanto, em outro depoimento, no ano de 1817, Aires do Casal descreveu a Vila
de N. Senhora da Vitória assim:
[...] grande, abastada, bem provida d’agua, com bons edifícios e ruas
calçadas. Possuindo, neste período, uma igreja Matriz, Casa de
Misericórdia, um convento de Franciscanos, outro de Carmelitas calçados,
duas ordens Terceiras relativas àquelas Corporações; uma capela de
Santa Luzia, três de N. Senhora com as invocações de Boa Morte,
Conceição e Rosário. O colégio ex-jesuítico, sendo este magnífico e
servindo de Palácio dos Governadores.
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Não obstante a diferença de visão presente nos dois depoimentos importa-nos
observar a cidade de Vitória e suas vizinhanças, no começo do século XIX.
Consoante a análise anterior da região que formava seus arredores, constatamos
que ela estava cercada por povoações que praticavam a pesca, possuindo, algumas
dessas localidades, lojas de secos e molhados, além de suas igrejas. Havia
fazendas escravistas dedicadas a diversos tipos de plantações, como a de milho,
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Sobre as discussões da provável data de povoação e fundação da Vila de Vitória, ver: DERENZI,
1965, p. 33. OLIVEIRA, 1950, p. 62.
144
SAINT-HILAIRE, A. Viagem ao Espírito Santo e Rio Doce. Belo Horizonte: Itatiaia/USP, 1974. p.
46.
145
DERENZI, 1965, p.131.