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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
IZOLDA MARIA CUSTÓDIO NOGUEIRA
ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE CPO-D (NÚMERO
DE DENTES PERMANENTES CARIADOS,
PERDIDOS E OBTURADOS) E
SEVERIDADE DE CÁRIE
FORTALEZA – CEARÁ
2009
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Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
1
IZOLDA MARIA CUSTÓDIO NOGUEIRA
ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE CPO-D (NÚMERO DE DENTES
PERMANENTES CARIADOS, PERDIDOS E OBTURADOS)
E SEVERIDADE DE CÁRIE
Dissertação apresentada ao Curso de
Mestrado Profissional em Saúde da
Criança e do Adolescente da Universidade
Estadual do Ceará, como requisito parcial
para obtenção do Grau de Mestre. Área
de Concentração Saúde da Criança e
Adolescência.
Orientador: Prof. Dr. José Wellington de
Oliveira Lima.
FORTALEZA – CEARÁ
2009
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Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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IZOLDA MARIA CUSTÓDIO NOGUEIRA
ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE CPO-D (NÚMERO DE DENTES
PERMANENTES CARIADOS, PERDIDOS E OBTURADOS)
E SEVERIDADE DE CÁRIE
Dissertação apresentada ao Curso de
Mestrado Profissional em Saúde da
Criança e do Adolescente, da Universidade
Estadual do Ceará, como requisito parcial
para obtenção do Grau de Mestre.
Defesa em: 03/06/2009 Conceito obtido: Satisfatório
Nota obtida: 10,0 (dez)
Banca Examinadora
_________________________________________________
Prof. Dr. José Wellington de Oliveira Lima (Orientador)
Universidade Estadual do Ceará
______________________________________________
Prof.ª Dr.ª Léa Maria Bezerra de Menezes
Universidade Federal do Ceará
______________________________________________
Prof. Dr. José Jeová Siebra Moreira Neto
Universidade Federal do Ceará
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
3
.
A minha amada e tão preciosa família:
meu marido, José Roosevelt;
meus filhos, André, Flávio e Renata;
minhas noras, Larissa e Camille,
a quem eu amo, na verdade.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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AGRADECIMENTOS
Ao meu Maravilhoso Senhor e Salvador Jesus Cristo, por tudo que Ele é e por me
amar com amor eterno.
Ao meu orientador, Prof. Dr. José Wellington de Oliveira Lima, por sua paciência e
competência na orientação deste trabalho, contribuindo para que minha tarefa se
tornasse menos árdua. Também pela análise, organização e processamento dos
dados obtidos na pesquisa de campo.
À Prof.ª Dr.ª Maria Veraci Oliveira Queiroz, coordenadora do Curso de Mestrado
Profissional em Saúde da Criança e do Adolescente da UECE; aos demais
professores, funcionários e colegas, pelo incentivo, convívio e troca de saberes.
Ao Prof. Dr. José Jeová Siebra Moura Neto, por sua solicitude e valiosas sugestões
que tanto contribuíram para enriquecer este trabalho.
À Prof.ª Dr.ª Léa Maria Bezerra de Menezes, por sua atenção, disponibilidade e
valorosa contribuição para o aprimoramento deste trabalho.
A minha mãe, Maria Izolda Carvalho Custódio, de quem eu tenho a honra de ter o
mesmo nome, por tudo que me ensinou não só com palavras, mas principalmente
com o exemplo, para que eu chegasse até aqui.
Aos meus irmãos da Igreja Batista Manancial e outros também amados irmãos em
Cristo, por terem orado para que o SENHOR me capacitasse para este desafio e, no
final, Ele me concedesse a vitória.
Ao meu querido sobrinho, Prof. Valdinar Custódio Filho, pela correção ortográfico-
gramatical desta dissertação, realizando-a de modo primoroso.
Ao meu caro cunhado, Prof. Armando Oswaldo Dias, por sua presteza e excelência
ao fazer a correção ortográfico-gramatical do resumo, em inglês, deste trabalho.
Aos que fazem o Centro Especializado de Odontologia Dr. Jonas José da Silva –
CEO-Centro, local da nossa pesquisa, principalmente aqueles que estiveram mais
próximos durante todo o tempo do trabalho de campo.
Aos dois alunos do Curso de Odontologia da Faculdade de Farmácia e Odontologia
do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Ceará, Mário César
Bezerra de Menezes Filho e Suzanny Teixeira Guimarães, pela relevante
colaboração na coleta dos dados desta pesquisa.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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A minha cara amiga, Dr.ª Regina Lúcia Portela Diniz, pelo incentivo e ajuda na
elaboração do projeto inicial de pesquisa, um dos pré-requisitos para participar do
processo seletivo deste curso de mestrado.
À colega e amiga, Prof.ª Clélia Maria Nolasco Lopes, por suas palavras
animadoras num tempo oportuno desta minha caminhada no mestrado e
também por sua ajuda na indicação de publicações relativas a este trabalho.
Aos adolescentes e seus responsáveis, que de forma abnegada aceitaram participar
desta pesquisa, como um meio de contribuir para o desenvolvimento da ciência.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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São muitas, SENHOR Deus meu,
as maravilhas que tens operado, e
também os teus desígnios para conosco;
ninguém há que se possa igualar contigo.
Eu quisera anunciá-los e deles falar,
mas são mais do que se pode contar.
(Salmo 40:5)
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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RESUMO
Até agora, na maioria dos estudos realizados no mundo, na área de saúde bucal, a
severidade de cárie, em dentes permanentes, é avaliada pelo índice CPO-D. O
objetivo deste estudo foi conhecer a relação existente entre CPO-D e severidade de
cárie. Para tanto, avaliamos a severidade de cárie por dois métodos: o índice CPO-
D, que mede esta severidade tendo como base o número médio de dentes
permanentes cariados, perdidos e obturados; e o CMLC (Criterio de la Magnitud da
Lesión Cariosa), proposto por Gutiérrez e Morales (1987), que leva em conta a
gravidade ou extensão das lesões cariosas. Avaliou-se ainda a relação da
severidade de cárie com os fatores socioeconômicos e dietéticos. O estudo foi do
tipo transversal, cuja amostra constituiu-se de 300 adolescentes de 11 a 18 anos
(110 meninos e 190 meninas), escolhidos aleatoriamente nas clínicas do Centro
Especializado de Odontologia – CEO-Centro, unidade de referência da Secretaria de
Saúde do Estado do Ceará, Brasil. A coleta dos dados foi realizada por meio de
exame clínico bucal nos adolescentes e da aplicação de um formulário com suas
mães ou responsáveis. A análise estatística foi feita utilizando-se o teste do qui-
quadrado, o teste exato de Fisher e o teste de tendência de Kuzick. Quando os dois
métodos (CPO-D e CMLC) foram comparados, observou-se que existia uma
associação positiva entre eles, ou seja, quanto mais elevado o valor do CPO-D,
maior a percentagem de indivíduos com lesões de cárie mais graves (p = 0,000).
Nosso estudo também mostrou que há uma importante influência dos fatores
socioeconômicos na severidade de cárie. Isto foi observado não somente quando se
utilizou o índice CPO-D, mas também quando esta severidade foi avaliada pelo
CMLC. Os resultados do nosso estudo não mostraram uma associação
estatisticamente significante entre a severidade de cárie e a cariogenicidade das
merendas consumidas pelos adolescentes. Esta associação não foi significante
tanto quando a severidade de cárie foi avaliada pelo índice CPO-D (p = 0,087) como
pelo CMLC (p = 0,634). Talvez isto tenha acontecido porque as questões do
formulário não conseguiram investigar de forma precisa a realidade daquela
população de estudo, no que diz respeito aos seus hábitos alimentares. Sugerimos
que outros estudos semelhantes a este sejam realizados, a fim de que se possa
progredir no sentido de alcançar resultados cada vez mais consistentes e
conclusivos, contribuindo assim para o avanço do conhecimento na área da saúde
bucal.
Palavras-chave: Severidade de cárie; Índice CPO-D; Fatores socioeconômicos; Dieta.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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ABSTRACT
So far, in the majority of studies carried out in the world, in the area of oral health, the
severity of caries in permanent teeth is assessed by the DMFT index (sum of the
Decayed, Missing and Filled Teeth). The goal of this study was to know the relation
existing between DMFT index and severity of caries. So, we assessed this severity
by two methods: The DMFT index that measures this severity based on the average
number of decayed, missing and filled permanent teeth; and CMLC (Criterio de
Magnitud de la Lesión Cariosa) proposed by Gutiérrez and Morales (1987) which
takes into account the seriousness or extent of carious lesions. One still assessed
the relation between the severity of caries and the dietetic and socioeconomic
factors. It was used the cross-sectional study whose sample was composed of 300
adolescents from 11 to 18 years old (110 boys and 190 girls) randomly chosen in the
clinics of Centro Especializado de Odontologia – CEO-Centro, unity of reference of
Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, Brasil. The collection of data was carried
out through oral clinical exam in adolescents and a questionnaire to be filled in with
their mothers or responsible. The statistical analysis was carried out using the Qui-
square test, Fisher’s exact test and Kusick’s tendency test. When both methods
(DMFT and CMLC) were compared, one noticed that there is a positive association
between them, that is, the higher the value of DMFT, the higher the percentage of
people with more serious caries lesions (p = 0,000). Our study also disclosed that
there is an important influence of socioeconomic factors in the severity of caries. This
was noticed not only when one used the DMFT index, but also when this severity
was assessed by CMLC. The results of our study didn’t reveal a statistically
significant association between the severity of caries and cariogenicity of snacks
consumed by sampled adolescents. This association wasn’t significant neither when
the severity of caries was assessed by the DMFT index (p = 0,087) nor by the CMLC
(p = 0,634). Maybe this has happened because the questions in the form couldn’t
inquire in an accurate way into the reality of the sampled population regarding its
nutritional habits. We suggest that other studies similar to this one should be carried
out so that one can advance towards achieving ever more consistent and conclusive
results, thus contributing to the progress of knowledge in the area of oral health.
Key words: Severity of dental caries; DMFT index; socioeconomic factors; diet.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ceo-d - Número de dentes decíduos cariados, extraídos e com extração
indicada, e obturados
CMLC - Critério de Magnitude da Lesão Cariosa
CDC - Centro de Controle de Doenças de Atlanta (EUA)
CEO - Centro Especializado de Odontologia
CONEP - Conselho Nacional de Ética e Pesquisa
COSAB - Coordenadoria de Saúde Bucal
CPO-D - Número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados
DES x RE - Desmineralização versus Remineralização
EUA - Estados Unidos da América
FDI
FUNASA
- Federação Dentária Internacional
- Fundação Nacional de Saúde
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OMS - Organização Mundial de Saúde
SAS - Secretaria de Atenção à Saúde
UFC - Universidade Federal do Ceará
WHO - World Health Organization
@ - arroba
Km
2
- quilômetro quadrado
% - por cento
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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LISTA DE FIGURAS
1 Diagrama de Keys, representando os três fatores essenciais na
etiologia da cárie (KEYS, 1962).........................................................
17
2
Diagrama de Newbrun, representando os fatores essenciais na
etiologia da cárie, acrescentando o fator tempo ao diagrama de
Keys (NEWBRUN, 1988)...................................................................
18
3 Apresenta os valores médios de CPO-D na faixa etária de 6-12
anos, no Brasil, obtidos no levantamento epidemiológico realizado
em 1996.............................................................................................
36
4
Municípios sorteados para compor a amostra do Levantamento
Epidemiológico em Saúde Bucal no Estado do Ceará. Ceará,
2004. (CEARÁ, 2004).......................................................................
46
5 Índice CPO-D e componentes, aos 12 anos, dos municípios da
amostra e do Estado do Ceará. Ceará, 2004. (CEARÁ, 2004).........
48
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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LISTA DE QUADROS
1 Declínio de cárie aos 12 anos de idade, medido pelo CPO-D
(número médio de dentes cariados, perdidos e obturados), em
países desenvolvidos e em desenvolvimento.................................
33
2 Dados do levantamento epidemiológico em saúde bucal,
realizado no Brasil em 1996...........................................................
36
3 Brasil - CPO-D aos 12 anos de idade / por macrorregião.............. 41
4 Comparação entre as metas propostas pela OMS/FDI para o ano
2000, em relação à cárie dentária, e os resultados do Projeto SB
Brasil. Brasil, 2003..........................................................................
42
5 Brasil – ceo-d =0 na faixa etária de 5-6 anos / por macrorregião 43
6 Número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados
aos 12 anos de idade, nos municípios de Fortaleza, Icó e no
Estado do Ceará, e percentual de redução do CPO-D, de acordo
com estudos realizados nos anos de 1986, 1993, 1994 e 1996
44
7 Número médio de dentes permanentes cariados, perdidos e
obturados (CPO-D), no grupo etário de 12 anos, nos municípios
de Fortaleza, Juazeiro do Norte, Acaraú, Russas, Sobral, Icó,
Aracati, Quixeramobim e no Estado do Ceará, em 1986...............
44
8 Número médio de dentes permanentes cariados, perdidos e
obturados (CPO-D), no grupo etário de 12 anos, em alguns
municípios do Ceará em 1998.......................................................
44
9 Número médio de dentes permanentes cariados, perdidos e
obturados (CPO-D), no grupo etário de 12 anos, nos municípios
de Iguatu, Fortim, Icapuí, Quixadá e Icó, em 1994........................
45
10 Critério de Magnitude da Lesão Cariosa (CMLC), proposto por
Gutiérrez e Morales (1987) ...........................................................
58
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1
Composição final da amostra para o Levantamento
epidemiológico em saúde bucal do Estado do Ceará. Ceará,
2004 ............................................................................................
47
TABELA 2
Descrição dos adolescentes incluídos num estudo para avaliar
a relação entre CPO-D e severidade de cárie..............................
66
TABELA 3
Descrição das mães dos adolescentes incluídos num estudo
para avaliar a relação entre CPO-D e severidade de
cárie..............................................................................................
67
TABELA 4
Posse de bens duráveis de consumo das famílias dos
adolescentes incluídos num estudo para avaliar a relação entre
CPO-D e severidade de cárie.......................................................
68
TABELA 5
Condições do domicílio onde residem os adolescentes incluídos
num estudo para avaliar a relação entre CPO-D e severidade
de cárie.........................................................................................
69
TABELA 6
Relação entre CPO-D e severidade de cárie numa amostra de
adolescentes atendida num centro odontológico do SUS, na
cidade de Fortaleza, Ceará...........................................................
70
TABELA 7
CPO-D e severidade de cárie numa amostra de adolescentes
atendida num centro odontológico do SUS, na cidade de
Fortaleza, Ceará, segundo as características dos adolescentes.
70
TABELA 8
CPO-D e severidade de cárie numa amostra de adolescentes
atendida num centro odontológico do SUS, na cidade de
Fortaleza, Ceará, segundo as características das mães e dos
pais dos adolescentes..................................................................
71
TABELA 9
CPO-D e severidade de cárie, segundo a posse de bens
duráveis de consumo das famílias, numa amostra de
adolescentes atendida num centro odontológico do SUS, na
Cidade de Fortaleza, Ceará..........................................................
72
TABELA 10
CPO-D e severidade de cárie numa amostra de adolescentes
atendida num centro odontológico do SUS, na cidade de
Fortaleza, Ceará, segundo as condições do domicílio onde
residem os adolescentes..............................................................
73
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................. 7
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ 8
LISTA DE QUADROS ......................................................................................... 9
LISTA DE TABELAS ........................................................................................... 10
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 16
1.1 A cárie dentária....................................................................................... 16
1.2 Índices para avaliar a saúde bucal......................................................... 21
1.2.1 Índice CPO-D....................................................................................... 21
1.2.2 Índice ceo-d......................................................................................... 22
1.3 O papel dos microrganismos na etiologia da cárie................................. 22
1.4 O papel da dieta no desenvolvimento e prevenção da cárie ................. 24
1.5 Cárie e os fatores socioeconômicos e comportamentais....................... 28
1.6 A cárie dentária no mundo...................................................................... 31
1.7 Dados epidemiológicos da cárie no Brasil............................................. 34
1.8 Dados epidemiológicos da cárie no Ceará 43
2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 50
3 OBJETIVOS ...................................................................................................... 52
3.1 Geral ...................................................................................................... 52
3.2 Específicos ............................................................................................. 52
4 METODOLOGIA ............................................................................................... 54
4.1 Natureza do estudo ............................................................................... 54
4.2 Local do estudo ...................................................................................... 55
4.3 População-alvo ...................................................................................... 56
4.3.1 Critérios de exclusão .......................................................................... 56
4.4 Coleta de dados...................................................................................... 56
4.4.1 Exame clínico....................................................................................... 56
4.4.2 O formulário......................................................................................... 60
4.4.3 Ocupação da mãe................................................................................ 61
4.4.4 Posse de bens..................................................................................... 61
4.4.5 Classificação dos alimentos................................................................. 62
4.5 Análise estatística ................................................................................. 63
4.6 Aspectos éticos ..................................................................................... 63
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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5 RESULTADOS .................................................................................................. 66
6 DISCUSSÃO...................................................................................................... 75
6.1 Severidade de cárie e fatores socioeconômicos ................................... 76
6.2 Severidade de cárie e cariogenicidade das merendas .......................... 78
6.3 CPO-D e CMLC .................................................................................... 80
7 CONCLUSÕES ................................................................................................ 85
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 87
APÊNDICE A ....................................................................................................... 96
APÊNDICE B ....................................................................................................... 103
APÊNDICE C TERMO DE CONHECIMENTO LIVRE ESCLARECIDO............... 104
APÊNDICE D OFÍCIO ENCAMINHADO A DIRETORA DO CEO-CENTRO ....... 106
APÊNDICE E OFÍCIO ENCAMINHADO A presidente DO CEP da UECE........... 107
ANEXOS A............................................................................................................ 106
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
15
INTRODUÇÃO
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
16
1 INTRODUÇÃO
Nesta introdução, pretendemos apresentar os conceitos de cárie dentária
desenvolvidos ao longo dos tempos. Para tanto, iniciaremos com o que foi formulado por
Black, no início do século XX, até chegarmos às definições mais atuais de outros autores.
Em seguida, faremos um breve histórico e apresentação dos dois índices
mais utilizados mundialmente para medir a prevalência e severidade de cárie, que
são o CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e o
ceo-d (número de dentes decíduos cariados, extraídos e obturados).
Também é nosso intuito apresentar uma revisão da literatura sobre o
papel dos microrganismos na etiologia da cárie dentária, a importância da dieta no
desenvolvimento e prevenção desta patologia, e ainda a sua associação com os
fatores socioeconômicos e comportamentais.
No final, pretendemos expor alguns dados epidemiológicos da cárie
dentária, registrados na literatura, não somente no que diz respeito ao contexto
mundial, mas também no que se refere a dados do Brasil e, mais especificamente,
do Estado do Ceará.
1.1 A cárie dentária
Em 1914, Black (apud FEJERSKOV; KIDD, 1995, p. 4), definiu a cárie
dentária da seguinte forma:
A cárie dentária, na sua mais simples expressão, consiste na dissolução
química dos sais de cálcio do dente pelo ácido lático, acompanhada pela
decomposição da matriz orgânica, ou corpo gelatinoso, que, na dentina,
ocorre após a dissolução dos sais de cálcio
. Na cárie de esmalte, toda a
substância tecidual é removida pela dissolução de sais de cálcio, havendo
tão pouca matriz orgânica no esmalte que ele não irá se manter íntegro e,
consequentemente, uma cavidade é formada pela simples dissolução dos
sais de cálcio dos quais o esmalte é composto. Esta dissolução sempre se
inicia na superfície, nunca no interior. A destruição do dente é, portanto,
causada por um agente atuando fora do dente, nunca dentro dele. É algo
estranho ao dente, atuando na superfície no início e penetrando pouco a
pouco na sua superfície. (Tradução do texto alemão).
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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De acordo com Keys (1962), a cárie é uma doença multifatorial, onde
existem três fatores primários e essenciais que interagem entre si. São eles: o
hospedeiro – principalmente a saliva e os dentes –, a microbiota e a dieta. Os três
círculos sobrepostos apresentados na figura 1 indicam que estes três fatores devem
estar simultaneamente envolvidos para que a doença cárie se instale.
FIGURA 1 – Diagrama de Keys, representando os três fatores essenciais na
etiologia da cárie (KEYS, 1962).
Newbrun (1988) acrescentou um quarto fator – o tempo – ao diagrama
proposto por Keys, como podemos ver na Figura 2. Em outras palavras, para que
ocorra a cárie, se faz necessária a presença de um hospedeiro susceptível, de uma
microbiota bucal cariogênica e de uma dieta adequada por um período suficiente de
tempo. Para este autor, a prevenção da cárie deve atuar, então, na modificação
destes quatro fatores: primeiro, aumentando a resistência do hospedeiro através da
terapia com flúor, selantes oclusais e imunização como, por exemplo, através do uso
da clorexidina; segundo, diminuindo o número de microrganismos em contato com
os dentes através do controle de placa; terceiro, modificando a dieta através da
Hospedeiro
(dentes e
saliva)
Sem
cárie
Sem
cárie
Sem
cárie
CÁRIE
Microrga
nismos
Substrato
(dieta)
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
18
seleção de alimentos não ou menos cariogênicos; e quarto, limitando a frequência
da ingestão de alimentos que contenham sacarose.
FIGURA 2 – Diagrama de Newbrun, representando os fatores essenciais na
etiologia da cárie, acrescentando o fator tempo ao diagrama de Keys
(NEWBRUN, 1988).
O conceito de cárie dado por Shaffer (1985) diz que ela é uma doença
microbiana dos tecidos calcificados dos dentes, caracterizada pela desmineralização
da parte inorgânica e pela destruição da substância orgânica do dente. Quando o
autor publicou a quarta edição de sua obra intitulada “Patologia Bucal”, em 1985, ele
afirmava que, apesar das inúmeras investigações feitas por pesquisadores no
campo da Odontologia, muitos aspectos sobre a etiologia da cárie dentária ainda
eram sombrios.
Na avaliação de Oppermann (1994), o conceito clássico que define a
cárie como sendo uma doença caracterizada pela dissolução dos tecidos
mineralizados do dente, devida à ação de ácidos que são produzidos na presença
de carboidratos fermentáveis e se concentram na placa bacteriana, expressa apenas
Sem
cárie
Sem
cárie
Sem
cárie
Sem
cárie
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
19
uma faceta do que realmente se entende por processo carioso. O autor
complementa afirmando que o processo de desenvolvimento da cárie é dinâmico e,
dependendo do pH da placa bacteriana aderida à superfície do dente, tanto pode
haver desmineralização como remineralização do tecido calcificado do dente, o que
pode variar de uma pessoa para outra e de um local para outro no mesmo indivíduo,
acontecendo inúmeras vezes durante a vida. Ele relata quatro fatores biológicos
como sendo os principais que interferem nesta dinâmica: o primeiro é a quantidade e
a qualidade da flora bacteriana presente na placa; o segundo é a quantidade e a
frequência do consumo de carboidratos fermentáveis, especialmente a sacarose; o
terceiro é o fluxo e a capacidade tampão da saliva; e o quarto é a presença de flúor
no esmalte, principalmente nas interfaces esmalte-placa e placa-saliva.
Para Thylstrup e Fejerskov (1995), a doença cárie não se resume a uma
cavidade no dente. A cavidade é apenas um sinal tardio da doença. Na verdade, a
doença cárie é um processo dinâmico que ocorre entre a substância do dente e o
fluido da placa adjacente, resultando em uma perda de mineral na superfície
dentária. Esta perda pode se apresentar clinicamente de várias formas, desde
opacidades no esmalte, muitas vezes difíceis de serem discernidas, até grandes
cavidades que atingem a polpa dental.
De acordo com Loesche (1996), a cárie dentária é uma doença
infectocontagiosa, caracterizada por uma perda mineral localizada, causada pelos
ácidos orgânicos provenientes da fermentação microbiana dos carboidratos da dieta.
Para este autor, a saliva exerce um papel fundamental no processo de
remineralização da superfície do dente, através da diluição e tamponamento dos
ácidos da placa.
Podemos dizer ainda que a cárie é uma doença infecciosa de origem
bacteriana, cujo agente etiológico é transmissível de um indivíduo para outro. Ela
tem um caráter multifatorial e é, usualmente, crônica. O aparecimento de uma lesão
cariosa é decorrente da perda de tecido mineral do dente, devida ao desequilíbrio da
desmineralização e remineralização (DES x RE) quando a desmineralização está
sendo favorecida. A desmineralização ocorre quando o pH da placa, que em
condições habituais fica em torno de 6,7 a 7,2 (pH neutro), atinge um valor crítico,
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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normalmente abaixo de 5,5 (OPPERMANN, 1994; WEYNE, 1998; ARAÚJO;
BARATA, 2003).
Segundo Mejàre e Mjör (2005), a cárie dentária é uma doença dinâmica,
pois, constitui-se numa batalha entre a desmineralização e a remineralização. Ela
depende de diversos fatores, sendo que muitos deles podem ser controlados pelo
paciente, se este for bem informado e atento. Dentre os vários fatores que podem
ser controlados pelo próprio paciente estão a higiene bucal, o controle da dieta
(principalmente a ingestão de carboidratos) e o uso do flúor. Um acompanhamento
pelo cirurgião dentista é essencial, até para manter o paciente motivado, fazendo
com que ele possa aderir às instruções oferecidas.
De acordo com Lima (2007), o conceito de cárie dentária como uma
doença infecto-contagiosa e dieta-dependente deve ser revisto, e os fatores
etiológicos, melhor interpretados e entendidos, a fim de gerar estratégias mais
eficientes e menos equivocadas tanto de prevenção como de tratamento. Em seu
interessante e inédito artigo “Cárie dentária: um novo conceito”, o autor afirma que o
homem primitivo não desenvolvia lesão de cárie no esmalte por estar inserido em
uma biodiversidade determinada pela presença de todos os elementos que
influenciavam a fisiologia da cavidade bucal em condições naturais, como
alimentação, microrganismos e secreção salivar, mantendo o equilíbrio físico-
químico e permitindo que o fenômeno da desmineralização e remineralização
funcionasse de forma perfeitamente natural. O autor conclui que a cárie dentária não
deve ser considerada uma doença, porém, simplesmente uma lesão do esmalte de
causa local, sem fatores etiológicos determinantes, mas provocada pelo
desequilíbrio de fatores fisiológicos que fazem parte da biodiversidade do ser
humano e, mais especificamente, da sua cavidade bucal.
Para justificar o seu novo conceito de cárie, Lima (2007) lança mão de
três argumentos: o primeiro é que a simples presença de microrganismos na saliva
ou na placa bacteriana não é um fator determinante para o aparecimento da cárie,
visto que tem sido documentado um declínio acentuado nos índices de cárie
dentária, mesmo sem uma mudança aparente no nível de estreptococos mutans na
saliva. O segundo é que inúmeras pesquisas sobre o papel da dieta na etiologia da
cárie dentária apresentam resultados inconclusivos; e o terceiro é que, por mais que
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
21
se procure aumentar a resistência do hospedeiro, através de métodos químicos e
mecânicos, sempre se fica na dependência do desafio cariogênico a que o indivíduo
será submetido. Para ele, uma boa estratégia de prevenção deveria buscar o
equilíbrio biológico sem esquecer a qualidade de vida do indivíduo.
1.2 Índices para avaliar a saúde bucal
De acordo com Chaves (1986), os índices são proporções ou coeficientes
que servem de indicadores da frequência com que ocorrem certas doenças e certos
eventos em uma comunidade, podendo ou não incluir uma indicação do grau de
severidade da doença. Para aferir o grau de saúde bucal de uma população, o
dentista sanitarista lança mão de diversos índices ou unidades de medida.
Atualmente, inclusive por recomendação da Organização Mundial de Saúde (WHO,
1997), para medir a prevalência e severidade de cárie dentária, dois índices
principais são utilizados: o índice CPO-D e o índice ceo-d. O índice CPO-D é usado
para dentes permanentes e o ceo-d para dentes decíduos. A letra “D” ou “d” no final
da sigla serve para indicar a sua aplicação ao dente.
1.2.1 Índice CPO-D
Como uma importante ferramenta epidemiológica para medir e comparar
o ataque de cárie em populações, este índice foi criado por Klein e Palmer em 1937,
porém, alguns anos antes, Gafafer e Messner utilizaram uma forma muito
semelhante (CHAVES, 1986).
No indivíduo examinado, o índice CPO-D representa o resultado da soma do
número de dentes permanentes cariados mais o número de dentes perdidos e o
número de dentes obturados ou restaurados. Portanto, como a dentição permanente
em um indivíduo adulto constitui-se de 32 dentes, o valor do CPO-D pode variar de 0
(zero) a 32. Em uma população, este índice é o resultado da soma de todos os dentes
atacados por cárie (cariados, obturados, e extraídos por cárie) dividida pelo número de
indivíduos examinados, ou seja, ele é a média do número total de dentes permanentes
cariados, perdidos e obturados em um grupo de pessoas (FRAZÃO, 2003).
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
22
A Organização Mundial de Saúde (WHO, 1997) estabeleceu o CPO-D aos
12 anos de idade como indicador internacional para análise da prevalência e
severidade de cárie.
1.2.2 Índice ceo-d
O índice ceo-d é uma forma adaptada do índice CPO-D para ser utilizado
na dentição decídua. Quando foi proposto por Gruebbel (1944), ele expressava a
média de dentes decíduos cariados, com extração indicada e obturados, por criança.
(CHAVES, 1986). Nos estudos epidemiológicos atuais, seguindo recomendações da
Organização Mundial de Saúde (WHO, 1997) para a dentição decídua, são
considerados os dentes cariados (c); dentes extraídos ou com extração indicada por
cárie (e); e obturados (o). A OMS também recomenda a idade de cinco anos para
análise da prevalência e severidade de cárie na dentição decídua.
1.3 O papel dos microrganismos na etiologia da cárie
As superfícies dos dentes, diferentemente das superfícies mucosas, não
sofrem renovação constante por meio da descamação celular. Em virtude disto,
estão mais susceptíveis à aderência de microrganismos. Estes microrganismos
aderem à superfície do dente através de uma fina camada acelular composta por
proteínas salivares e outras macromoléculas que recobrem o dente (chamada de
película adquirida), formando-se, então, a placa bacteriana. A placa dental apresenta
uma composição complexa e diversificada, em que são encontradas mais de
trezentas espécies de bactérias. As principais bactérias que aderem à estrutura
dentária são estreptococos e, mais especificamente, os estreptococos do grupo
mutans. Neste grupo, a espécie mais prevalente é o S. mutans (presente em 90%
das pessoas que abrigam estreptococos do grupo mutans na sua microbiota),
seguida da espécie S. sobrinus (presente em sete a 35% da população de
portadores do grupo mutans). Outras bactérias que normalmente aderem à
superfície dental são algumas espécies de Actinomyces. Estes últimos têm
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
23
preferência pela margem gengival e superfície radicular (WEYNE, 1998; GUEDES
PINTO, 1995; PEREIRA; GONÇALVES, 2003).
Pesquisas recentes têm demonstrado a existência de outros grupos com
potencial cariogênico além dos estreptococos do grupo mutans e dos lactobacilos (L.
casei), que supostamente são capazes de iniciar lesões cariosas, mas somente os
mutans preenchem os requisitos conhecidos em microbiologia médica (WEYNE, 2007).
De acordo com Shafer (1985), o S. mutans foi isolado a partir de lesões
cariosas de pacientes ingleses e foi descrito por Clark em 1924. Shafer, porém,
afirma que o interesse pelo estreptococo mutans permaneceu latente até a década
de 1960, quando foi redescoberto.
A evidência de que os lactobacilos estavam diretamente relacionados
com o processo de desenvolvimento da cárie era o pensamento dominante no meio
científico no início da década de 1930. Quando Clark isolou um estreptococo atípico
das lesões iniciais de cárie, o S. mutans, também demonstrou que, ao contrário do
que acontecia com os lactobacilos que não conseguiam aderir-se ao dente, os S.
mutans formavam uma placa aderente. Atualmente existem muitas evidências de
que os estreptococos do grupo mutans desempenham papel importante no processo
carioso em seres humanos, sendo considerados os mais potencialmente
cariogênicos. A sua eliminação ou controle reduz a incidência de cárie. As pesquisas
também indicam que os lactobacilos não estão essencialmente envolvidos com o
início da cárie e sim com o seu desenvolvimento, principalmente nas pessoas que
usam flúor com frequência, pois estes microrganismos são mais resistentes ao flúor
do que os estreptococos (LOESCHE, 1993; WEYNE, 1998; MARSH; NYVAD, 2005).
Devido necessitarem de superfícies dentárias para se colonizarem, os
estreptococos do grupo mutans não estão presentes na cavidade oral de crianças
antes da erupção dos dentes, nem de indivíduos desdentados totais, ou seja,
aqueles que já perderam todas as suas unidades dentárias (WEYNE, 1998).
A contaminação da cavidade bucal de um indivíduo por microrganismos
envolvidos no processo de desenvolvimento da cárie dentária ocorre, na maioria das
vezes, por transmissão de mãe para filho, quando este se encontra na faixa etária
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
24
de 19 a 31 meses, período este chamado de “discreta janela da infectividade”
(CAUFIELD; CUTTER; DASANAYAKE, 1993; LI; CAUFIELD, 1995). Acerca disso,
Dalcico e Dias (2006) ressaltam que todos os esforços disponíveis devem estar
direcionados para se evitar a contaminação precoce das crianças por
microrganismos cariogênicos (especialmente os estreptococos do grupo mutans). Os
autores lembram que o trabalho preventivo deve começar com as mães. Portanto,
além de receber o tratamento odontológico necessário, incluindo instruções de
higiene oral e dieta, as mães precisam ser orientadas a controlarem os contatos
salivares entre elas e seus filhos, evitando compartilhar utensílios ou alimentos que
possam carrear os microrganismos. Além disso, muitas mães manifestam carinho
por seus filhos beijando-os na boca, o que deve ser evitado pelo mesmo motivo já
exposto. É interessante observar que Emanuelssen et al. (apud DALCICO; DIAS,
2006) não encontraram amostras de estreptococos do grupo mutans geneticamente
iguais entre pais (gênero masculino) e filhos, mesmo quando estes passavam
bastante tempo cuidando de suas crianças. Já entre mães e filhos, os estudos
revelam que as cepas de estreptococos do grupo mutans encontradas nas crianças
são geneticamente idênticas às de suas mães.
1.4 O papel da dieta no desenvolvimento e prevenção da cárie
A dieta alimentar está relacionada com a saúde oral de muitas formas,
exercendo importante papel na prevenção de doenças bucais como cárie dentária,
erosão dentária, defeitos de desenvolvimento do esmalte, doenças da mucosa oral
e, em menor grau, das doenças periodontais. Com relação à cárie dentária, vários
estudos têm evidenciado, de forma convincente, que os açúcares são os alimentos
que mais contribuem para o desenvolvimento da cárie dentária. Portanto, o controle
do consumo de açúcares é um fator de suma importância na prevenção da cárie.
Pesquisas têm demonstrado que, quando o consumo anual de açúcares livres
(sacarose, por exemplo), por pessoa, é inferior a 10 kg, o nível de cárie é baixo.
Apesar de estudos experimentais e em animais sugerirem que frutas e alimentos
ricos em amido são cariogênicos, isto não é respaldado pelos dados
epidemiológicos, os quais mostram que o alto consumo de frutas, vegetais e
alimentos à base de amido está associado a baixos níveis de cárie dentária. As
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
25
recomendações em todo o mundo são para que se aumente a quantidade destes
alimentos na dieta e se diminua o consumo de açúcares livres, a fim de que se
consiga uma boa proteção não somente da saúde oral, mas também da saúde geral
do indivíduo (MOYNIHAN, 2005).
Com relação aos carboidratos – também conhecidos por glicídios – eles
são definidos como compostos formados de carbono, oxigênio e hidrogênio,
encontrando-se estes dois últimos elementos na mesma proporção que na água
(donde veio o antigo nome hidrato de carbono). Geralmente, os carboidratos (amido,
glicose, sacarose e lactose) representam mais da metade dos alimentos energéticos
da dieta humana. A sacarose, o açúcar com maior potencial cariogênico, é um
carboidrato do tipo dissacarídeo extraído da cana-de-açúcar e da beterraba, formado
por duas moléculas de monossacarídeos (glicose + frutose) (REY, 2003).
O primeiro estudo experimental que mostrou a influência dos
carboidratos, principalmente dos açúcares, no processo de desenvolvimento da
cárie foi realizado em 1950 por Kite; Shaw e Sogrnaes (apud GUEDES PINTO,
1995, p.548). Eles alimentaram dois grupos de ratos com uma dieta rica em
carboidratos fermentáveis, sendo que um dos grupos foi alimentado normalmente
por via oral e o outro por meio de uma cânula gástrica. O grupo alimentado por
cânula não desenvolveu cárie, enquanto que em cada rato do grupo-controle
(aqueles alimentados normalmente) surgiram, em média, seis a sete lesões cariosas
durante o período do experimento.
O mais antigo estudo experimental (ensaio clínico dietético), realizado em
humanos, sobre a associação entre os carboidratos da dieta e o surgimento de cárie
foi realizado em 1954, por Gustafsson et al. (apud GUEDES PINTO, 1995, p. 549),
sendo o local da pesquisa uma instituição para doentes mentais, em Vipeholm,
Suécia. Com este estudo, os autores concluíram o seguinte: o açúcar exerce um
fator local sobre a superfície dos dentes na etiologia da cárie; o amido (presente no
pão, por exemplo) não é tão cariogênico quanto a sacarose; o potencial retentivo
dos doces ao dente é crítico para a formação de cárie; e a frequência no consumo
de sacarose, e não a sua quantidade, é um fator primordial na atividade de cárie.
Por causa de problemas éticos, estudos como este, envolvendo humanos, não
podem mais ser realizados.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
26
A dieta tem um papel importante entre os fatores que contribuem para o
desenvolvimento da cárie dentária. Portanto, o seu controle, associado a outras
medidas preventivas, como a higiene oral e o uso do flúor, contribui de forma
relevante para a prevenção da cárie. Embora se saiba, há cinquenta anos, que os
açúcares são os componentes da dieta mais intimamente relacionados com a
etiologia da cárie, é bom lembrar que a dieta atual contém uma crescente variedade
de carboidratos fermentáveis, como os alimentos altamente processados à base de
amido e alimentos que contêm carboidratos sintéticos, como os xaropes de glicose,
a oligofrutose e a maltodextrina. Por outro lado, existe atualmente uma gama de
adoçantes não-cariogênicos, que são importantes na prevenção da cárie dentária
(MOYNIHAN et al., 2005).
Ainda segundo Monyhan et al. (2005) a associação entre cárie dentária e
dieta alimentar necessita de uma avaliação criteriosa não apenas com relação à
quantidade e ao tipo de carboidrato consumido, mas com relação a vários outros
fatores, também importantes, como o padrão de ingestão, a taxa de secreção
salivar, a composição da placa dental e o uso do flúor nas suas diversas formas. Os
autores afirmam que dados epidemiológicos internacionais de 47 países confirmam
uma correlação positiva entre o consumo de açúcar e o desenvolvimento de cárie
dentária em crianças de 12 anos de idade – expressa pelo índice CPO-D – porém, a
mesma correlação não foi evidenciada de forma tão evidente quando investigada em
23 países, para crianças de seis anos de idade. No entanto, em ambos os grupos,
foi possível concluir que o consumo diário de uma quantidade de açúcar inferior a 50
g por pessoa estava associado a valores de CPO-D e ceo-d inferiores a três.
A ingestão frequente de carboidratos fermentáveis leva a uma constante
diminuição do pH na cavidade bucal (mais especificamente da placa dental), por
ação de bactérias acidogênicas – aquelas capazes de produzir ácidos a partir de
carboidratos – contribuindo para uma solubilização dos minerais do dente, dando
origem à cárie (LOESHE, 1996).
De acordo com Flório e Gonçalves (2003), tem sido bem documentado
que o consumo frequente de alimentos ricos em sacarose contribui para o aumento
de S. mutans e Lactobacillus (bactérias cariogênicas) na cavidade bucal. Ainda em
consonância com estes autores, a substituição da sacarose por açúcares alcoólicos
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
27
fracamente fermentáveis, como o xilitol, resulta na redução do número de S. mutans
na boca, contribuindo para a diminuição na incidência de cárie.
Os estudos sobre a utilização do xilitol na dieta, em substituição à
sacarose, tiveram início na década de 70. Desde esta época, o xilitol vem sendo,
então, adicionado como ingrediente em gomas de mascar, cremes dentais e
soluções para bochecho. O xilitol é considerado não-cariogênico, pois, como não é
fermentado pela maioria dos microorganismos bucais, não promove a formação de
produtos finais ácidos pelas bactérias da placa dental. Outra vantagem seria o seu
sabor agradável. Como desvantagens, são citados o custo e o seu efeito laxativo,
fatores que limitam a sua aplicação pela indústria (GONÇALVES et al., 2001;
MENEGHIM, 2003).
Revisando a literatura, Mendes Duarte; Coppi e Rosalen (2000)
encontraram resultados controversos quanto ao potencial cariogênico e cariostático
dos diferentes tipos de leite usados na alimentação humana. Eles avaliaram três
tipos de leite: o bovino, o humano (materno) e o leite em fórmulas infantis. O
resultado desta pesquisa sugere que o leite bovino, além de não ser considerado
cariogênico, possui propriedades cariostáticas bem nítidas. Quanto ao leite materno,
os autores afirmam que, segundo trabalhos recentes, ele é considerado um alimento
não-cariogênico, embora possa induzir uma espécie de cárie rampante quando
associado a outros fatores, tais como: diminuição do fluxo salivar durante o sono,
presença de outros alimentos na dieta, alta frequência de consumo e longo período
de amamentação. Os leites em fórmulas infantis foram considerados cariogênicos,
embora os autores afirmem que as informações disponíveis na literatura sobre este
assunto sejam extremamente escassas.
Ribeiro e Ribeiro (2004), através de uma revisão da literatura, buscaram
evidências científicas sobre o efeito cariogênico do leite materno em lactentes e pré-
escolares, quando este alimento é oferecido durante a noite e em livre demanda. Os
autores concluíram que não há evidências cientificamente comprovadas de que o
aleitamento materno possa estar relacionado com o surgimento de cárie, sendo esta
associação complexa e confundida por diversas variáveis.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
28
Mazzeo et al. (1985) demonstraram o efeito anticariogênico do cacau e do
leite através de uma pesquisa realizada com ratos submetidos à dieta cariogênica.
Neste estudo, o cacau a 5% foi eficaz em reduzir os escores de cárie de esmalte e
de dentina, enquanto o leite, na mesma concentração, reduziu apenas os escores de
cárie de esmalte. Os autores sugerem, inclusive, que o chocolate possa ser utilizado
como alimento anticariogênico, desde que o açúcar seja substituído por um
adoçante não-cariogênico.
1.5 Cárie e os fatores socioeconômicos e comportamentais
A avaliação de indicadores socioeconômicos é de grande relevância nos
estudos de saúde infantil, pois permite descrever a situação da comunidade através
do conhecimento de suas condições de vida, moradia e saneamento. Dentre estes
indicadores, a renda familiar é considerada uma variável de alto poder
discriminatório, ou seja, crianças que pertencem a famílias com diferentes níveis de
renda apresentam importantes desigualdades no que diz respeito aos indicadores de
saúde. Variáveis relativas ao grau de escolaridade dos pais também são de grande
interesse, pois pesquisas realizadas em vários países revelam uma forte associação
destas variáveis com a morbimortalidade infantil (TOMITA et al., 1996; LEITE;
RIBEIRO, 2000).
Gomes e Pereira (2005) nos alertam para as inúmeras mudanças que
vêm ocorrendo no nosso país, nos últimos vinte anos, no plano social, econômico e
cultural, em decorrência da globalização e de uma economia pautada no
capitalismo. Admitem que os investimentos públicos no Brasil, no âmbito social,
estão cada vez mais atrelados ao desempenho da economia. Tudo isso gera
enormes desigualdades que se refletem também na área da saúde como um todo e,
consequentemente, na saúde bucal da população brasileira.
Vários trabalhos têm mostrado a influência dos fatores socioeconômicos e
comportamentais no desenvolvimento da cárie dentária, tanto no que diz respeito a
sua prevalência quanto a sua severidade. Entre estas pesquisas, estão os estudos de
Peres, Bastos e Latorre (2000); Nomura, Bastos e Peres (2002); Rihs et al. (2005);
Gushi et al. (2005); Brandão et al. (2006) e Meneghim et al. (2007).
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
29
Mesmo quando não encontramos diferenças no CPO-D (número de
dentes cariados, perdidos e obturados) e na proporção de indivíduos livres de cárie,
ao pesquisar populações de níveis socioeconômicos distintos, estas mesmas
populações podem apresentar valores diferentes para os componentes “P” de
“perdido” e “O” de “obturado”, como é o caso do estudo de Cangussu et al. (2002).
Estes autores pesquisaram a experiência de cárie dentária em adolescentes de 12 e
15 anos de idade de escolas públicas e privadas do município de Salvador, Bahia,
Brasil, e encontraram uma predominância do componente “obturado” nas escolas
particulares e do componente “perdido” ou “extraído” nas escolas públicas, embora
não tenham encontrado diferenças nem no CPO-D, nem na proporção de indivíduos
livres de cárie, nos dois grupos. Neste estudo, a variável “acesso ao dentista no
último ano” revelou-se associada a estas diferenças encontradas e, por causa disso,
os autores chamam a atenção para a importância do acesso aos bens de consumo e
serviços de saúde, a fim de se garantir equidade em saúde bucal.
Baseado em dados apresentados pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) em 1978, de pesquisas feitas na Nova Zelândia e no Japão ao longo de 30
anos, Buischi (1996) deixou claro que a prestação de tratamento exclusivamente
curativo, mesmo que seja de alta qualidade e extensivo a toda a comunidade, além
de requerer maiores gastos, é altamente ineficiente. Ele enfatiza que a restauração
de uma cavidade de cárie não é elemento essencial ao tratamento odontológico, já
que, por si só, não evita que a doença progrida nem que haja posterior perda de
dentes.
Saito, Deccico e Santos (1999), realizaram uma pesquisa com 156
crianças de 18 a 48 meses de idade, objetivando estudar o efeito das práticas de
alimentação infantil e de fatores associados sobre a ocorrência da cárie dentária, e
encontraram que quanto mais cedo era introduzido o açúcar na dieta, maior era a
prevalência de cárie. Isto condiz com o que afirmou Loesche (1996, p.170): “A
ingestão frequente de sacarose, especialmente entre as refeições, é o contribuinte
mais evidente para a aquisição de cárie dental pelos seres humanos.” O estudo
revelou ainda que as crianças cujos pais eram profissionais que possuíam alguma
graduação em ensino superior tinham significativamente menos cáries do que
aquelas cujos pais eram operários ou possuíam apenas o nível técnico.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
30
Em estudo realizado por Peres, Bastos e Latorre (2000), com o objetivo
de identificar as condições sociais e de comportamento que poderiam atuar como
fatores de risco para a alta severidade de cárie dentária em crianças de 12 anos de
idade, os autores concluíram que a renda familiar foi o fator socioeconômico de
maior importância. Nesta pesquisa, crianças cuja renda familiar foi menor que cinco
salários-mínimos tiveram 4,18 vezes mais chances de apresentar alta severidade de
cárie quando comparadas com as que apresentaram renda familiar superior a este
mesmo valor. Além disso, este estudo também revelou que o alto grau de
escolaridade do pai da criança pesquisada estava associado com baixa severidade
de cárie. Com relação às variáveis comportamentais, apenas a frequência de
consumo de doces e o motivo da consulta odontológica apresentaram significação
estatística. Crianças que consumiam alimentos cariogênicos duas a três vezes ao
dia, todos os dias, apresentaram 4,41 vezes mais chances de ter alta severidade de
cárie quando comparadas com as que consumiam estes alimentos no máximo uma
vez ao dia. As crianças com baixa severidade de cárie procuraram mais o dentista,
para controle, do que as de alta severidade de cárie. O critério de severidade de
cárie foi aquele estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e se baseia
no índice CPO-D.
Nomura, Bastos e Peres (2002), em pesquisa realizada com 181 crianças
de uma escola estadual de Florianópolis, em Santa Catarina, também encontraram
que, quanto mais baixa a escolaridade da mãe e quanto mais baixa a renda familiar,
mais alto foi o ataque de cárie.
Ardenghi (2007) avaliou a influência de fatores socioeconômicos na
redução dos índices de cárie em crianças com 12 anos de idade nas capitais
brasileiras. Em sua pesquisa, ele concluiu que municípios com melhores perfis
socioeconômicos apresentaram uma menor experiência de cárie dentária, indicando
que estratégias públicas de saúde devem ser direcionadas para estes
determinantes. Os resultados também sugerem que a redução de cárie dentária
demanda ações governamentais amplas que busquem diminuir as iniquidades
socioeconômicas.
Moreira; Nations e Alves (2007) realizaram estudo antropológico com 31
moradores do Dendê – comunidade de baixa renda em Fortaleza, Ceará, Brasil.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
31
Estes moradores, por meio de entrevistas abertas, narraram suas experiências
vividas por conta de problemas dentários. Para os autores, ficou evidente que as
precárias condições de vida dificultam priorizar os cuidados com a saúde, e que as
desigualdades sociais manifestam-se diretamente nos problemas odontológicos e
nos tratamentos solicitados aos serviços, levando ao incremento das doenças bucais
nos grupos de baixa renda. A péssima condição de saúde bucal é lamentada pelos
moradores do Dendê, mas veem a visita ao dentista como um luxo e não como um
direito do cidadão. Os autores também concluíram que o difícil acesso e a baixa
qualidade dos serviços odontológicos levam os moradores a optarem pela extração
dentária.
1.6 A cárie dentária no mundo
Evidências arqueológicas e antropológicas mostraram que a cárie
dentária existiu em todas as épocas do homem civilizado, variando somente o
padrão de distribuição das lesões, portanto, a cárie é uma doença da civilização
(GUEDES PINTO, 1995).
De acordo com Weyne (2007), embora a cárie dentária seja uma doença
relativamente nova, pois estudos com fósseis africanos revelaram que ela só
começou a aparecer quando o homem deixou de ser caçador e passou a utilizar o
açúcar, o Centro de Controle de Doenças (CDC) de Atlanta (EUA) – importante
organização internacional na área de doenças infecciosas – considera a cárie como
a mais prevalente de todas as doenças infecciosas bacterianas que acometem o
homem. Weyne, porém, é otimista e diz que, embora seja previsível que o dentista
do futuro ainda tenha de tratar lesões de cárie no exercício de sua atividade
profissional diária, a maior parte de seu tempo deverá ser dedicada ao diagnóstico
precoce das lesões, às intervenções biológicas visando à paralisação e ao controle
da atividade do processo carioso, e à educação para a saúde. Para ele, “os tempos
mudam e nós temos de mudar também”.
Apesar do avanço nas pesquisas científicas sobre a etiologia, patologia e
epidemiologia da cárie e de diversas ações e inúmeros programas preventivos como
a fluoretação das águas de abastecimento, o uso de dentifrícios fluoretados e
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
32
bochechos com solução de fluoreto de sódio nas escolas, é notório que a cárie
dentária ainda continua sendo uma das doenças mais prevalentes em todo o mundo,
constituindo-se em um dos maiores problemas de saúde pública. Para Weyne
(2003), isso acontece até por conta do expressivo custo financeiro necessário ao
tratamento odontológico.
Newbrun (1988) nos relembra que a cárie – quando não é tratada – pode
causar dor ou desconforto, e que a restauração de dentes cariados ou a reposição
de dentes perdidos por cárie envolvem milhões de horas por ano, além de serem
causas de absenteísmo na escola e no trabalho. Outro dado importante relatado
pelo mesmo autor é que as crianças e adolescentes são mais susceptíveis à cárie
de esmalte do que o resto da população.
Como relata Buischi (1996), a cárie dentária – embora venha fazendo
parte da história da humanidade através dos tempos – ela só se tornou um problema
de saúde pública no final do século XIX, com a industrialização do açúcar refinado.
Segundo a autora, o desenvolvimento da cárie aconteceu de modos diferentes nas
diversas partes do mundo. Por exemplo, nos países industrializados, após a
segunda guerra mundial, ocorreu um aumento assustador na prevalência e
incidência de cárie, chegando a atingir percentuais de quase 100% entre as
crianças, nas décadas de 1950 e 1960. A partir da década de 1970, começou a
ocorrer um declínio acentuado na prevalência de cárie na maioria dos países
desenvolvidos, chegando inclusive a cumprirem, bem antes do prazo previsto, a
meta da Organização Mundial de Saúde (OMS), a qual estabelecia que as crianças
de 12 anos de idade deveriam apresentar, até o ano 2000, um CPO-D menor ou
igual a três. Este declínio pode ser visto no Quadro 1, que nos mostra valores de
CPO-D do grupo etário de 12 anos, de alguns países desenvolvidos e em
desenvolvimento, abrangendo dados das décadas de 1950 a 1990.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
33
Quadro 1 – Declínio de cárie aos 12 anos de idade, medido pelo CPO-D (número
médio de dentes cariados, perdidos e obturados), em países
desenvolvidos e em desenvolvimento.
País Ano CPOD Ano CPOD Ano CPOD Ano CPOD
Austrália 1975 4.8 1983 2.8 1988 2.0 1991 1.4
Brasil 1986 6,7 1993 4.9
Costa Rica 1957 8.3 1992 5.5
Cuba 1973 5.1 1984 3.9 1992 2.9
Dinamarca 1978 6.3 1981 4.7 1992 1.3
EUA 1974 3.8 1980 2.6 1986 1.8
Finlândia 1956 10.0 1975 6.9 1982 4.1 1992 1.2
França 1975 3.5 1982 3.4 1993 2.1
Holanda 1973 7.5 1982 3.9 1991 1.7
Reino Unido 1973 4.7 1983 3.1 1993 1.5
Suécia 1972 4.8 1982 3.4 1990 2.0
Suíça 1963 9.9 1988 2.4 1989 2.0
Fonte: Adaptado de Weyne (2003).
Melo et al. (2003) reconhecem que os indicadores de saúde bucal no
mundo têm mostrado um declínio na prevalência da cárie dentária nos países
desenvolvidos. Os autores também entendem que essa visão ampliada da saúde
bucal em diferentes regiões do nosso planeta sugere que a redução na prevalência
de cárie é mais facilmente atingida quando estas sociedades industrializadas
implantam projetos políticos que atendem às exigências do desenvolvimento
econômico, da justiça social e da democracia. Também, no que diz respeito à saúde
bucal, universalizam medidas coletivas de utilização do flúor, atividades educativas e
preventivas, inclusive recrutando pessoal auxiliar odontológico para a realização das
mesmas.
De acordo com Weyne (2003), a importante redução no número de
dentes cariados de crianças e adolescentes tem sido documentada e, embora as
razões para este declínio ainda não estejam bem definidas, com certeza têm relação
com a utilização do flúor nas suas diversas formas, principalmente na água de
abastecimento e nos dentifrícios. Segundo ele, outros fatores também têm sua
relevante parcela de contribuição como, por exemplo, programas preventivos em
escolares de vários países, inclusive no Brasil, e uma maior conscientização da
população para a importância da saúde bucal – até por conta da mídia, com
anúncios de produtos de higiene oral nos horários nobres da propaganda eletrônica.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
34
De acordo com Peres et al. (2000), pesquisadores verificaram que a
redução da cárie dentária em todo o mundo ocorreu acompanhada de um fenômeno
conhecido como “polarização da doença”, que se caracteriza pela concentração de
índices mais elevados de cárie em pequenos grupos da população dentro de um
mesmo país ou região. Weyne (2003) nos dá como exemplo a Austrália, cujas
pesquisas realizadas com crianças de 12 anos, entre 1963 e 1983, revelaram que a
doença cárie e necessidades de tratamento se concentravam em pouco mais de dez
por cento das crianças examinadas. Ele afirma que situações semelhantes de
“polarização” foram observadas tanto em crianças como em adultos, e não somente
no Brasil, mas em outros países em desenvolvimento como a Arábia Saudita, e
também em nações ricas como os Estados Unidos e o Reino Unido, mesmo em
comunidades que apresentavam uma baixa prevalência de cárie.
1.7 Dados epidemiológicos da cárie no Brasil
O quadro epidemiológico brasileiro reflete algumas características da
nossa sociedade como crise econômica prolongada, grandes desigualdades sociais
e salariais, uma agricultura voltada para a exportação, a educação enfatizando o
ensino superior em detrimento dos ensinos fundamental e médio, uma considerável
parcela da população constituída de pessoas de baixa renda e muitos vivendo em
pobreza relativa ou absoluta (PINTO, 2003).
Narvai; Frasão; Roncalli e Antunes (2006) analisaram a evolução da
experiência de cárie dentária entre escolares brasileiros no período de 1980 a 2003
e determinaram a distribuição da cárie e o acesso dessa população ao tratamento
da doença. Concluíram que houve um declínio relevante (61,7%) nos valores do
CPO-D neste período que, segundo eles, foi devido à elevação no acesso à água e
creme dental fluoretados e mudanças nos programas de saúde bucal coletiva. Os
autores também constataram que, apesar da melhora, a distribuição da cárie era
desigual, pois, os dentes atingidos por cárie passaram a se concentrar numa
proporção menor de indivíduos. Segundo eles, a redução das disparidades
socioeconômicas e medidas de saúde pública dirigidas aos grupos mais vulneráveis
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
35
permanecem como um desafio para todos os que formulam e implementam as
políticas públicas no Brasil.
Gushi et al. (2008) compararam os dados obtidos a partir de
levantamentos epidemiológicos em saúde bucal realizados no Estado de São Paulo
em 1998 e 2002, com adolescentes de 12 e 18 anos de idade, e observaram que
houve declínio da cárie entre os adolescentes, durante este período. Aos 12 anos de
idade, o índice CPO-D foi de 3,72 em 1998 e de 2,52 em 2002, enquanto que aos 18
anos foi de 8,64 e 7,13, respectivamente. Dentre os indivíduos com 12 anos de
idade, 20,0% estavam livres de cárie no ano de 1998, aumentando para 32,9% em
2002. Aos 18 anos, 6,8% e 5,4% dos adolescentes, nos dois anos respectivamente,
apresentaram-se livres de cárie.
No Brasil, o primeiro levantamento epidemiológico em saúde bucal de
abrangência nacional foi realizado em 1986, por iniciativa do Ministério da Saúde. O
estudo incluiu crianças, adolescentes, adultos e idosos, dos quais foram coletados
dados referentes à cárie dentária, doença periodontal e acesso a serviços
odontológicos. Foi um passo importante, porém os dados foram obtidos apenas nas
capitais, sendo incluídas na pesquisa dezesseis das vinte e sete capitais brasileiras.
Os resultados encontrados revelaram que a saúde bucal da população brasileira era
muito precária. A prevalência de cárie ultrapassava os 90%, inclusive nas crianças
de 12 anos de idade, em cujo grupo etário também foi detectado um CPO-D de 6,7 –
um dos maiores do mundo (BRASIL, 1988; PINHEIRO et al., 2006; TRAEBERT,
2002).
Em 1996, foi realizado o segundo levantamento epidemiológico em saúde
bucal, no Brasil. Desta vez, entraram na pesquisa as vinte e sete capitais brasileiras,
mas ainda somente as capitais. A pesquisa coletou dados relativos à cárie dentária
somente em crianças na faixa etária de seis a 12 anos de algumas escolas públicas
e privadas destas capitais. Havia intenção de se realizar uma segunda etapa do
levantamento, onde seria incluída a população adulta e se investigariam outras
doenças bucais, porém isto não aconteceu. As escolas foram selecionadas
aleatoriamente, em cada capital, sendo uma escola pública da periferia, uma escola
pública de bairro e duas escolas do centro (uma pública e outra particular). A
amostra totalizou 30.240 escolares em todo país, sendo 1.120 por cidade. Foram
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
36
examinadas 40 crianças na referida faixa etária, em pelo menos quatro escolas de
cada capital. O Ministério da Saúde contou com a parceria da Associação Brasileira
de Odontologia, Conselho Federal de Odontologia, e das secretarias estaduais e
municipais de saúde. (BRASIL, 2000; 2003; 2006).
O figura 3 e quadro 2 apresentam, de forma sintética, dados do segundo
levantamento epidemiológico realizado no Brasil, em 1996.
Fonte: Adaptado de BRASIL (2006)
FIGURA 3 – Apresenta os valores médios de CPO-D na faixa etária de 6-12 anos,
no Brasil, obtidos no levantamento epidemiológico realizado em 1996.
QUADRO 2 – Dados do levantamento epidemiológico em saúde bucal, realizado no
Brasil em 1996.
Levantamento epidemiológico em saúde bucal (1996) – relativo à cárie dentária
Amostra 30. 240 pessoas em 27 municípios
Problema pesquisado Cárie dentária
Idade Média do índice CPO-D Percentual de contribuição
do componente “P” no
CPO-D
12 anos 3,06 9,42%
Fonte: Adaptado de BRASIL (2006).
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0,28
0,70
1,15
1,53
1,87
2,38
3,06
12
1110
98
7 6
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
37
Por meio deste levantamento foi possível conhecer os níveis de incidência
e prevalência de cárie na faixa etária de seis a 12 anos da população urbana das
capitais brasileiras. Crianças de 12 anos de idade, da região Norte, apresentaram
CPO-D médio de 4,27, enquanto nas capitais das regiões Sul e Sudeste a média do
CPO-D foi 2,41 e 2,06 respectivamente. Isto é apenas um ponto que evidencia as
relevantes diferenças regionais existentes no nosso país (BRASIL, 2003; BRASIL,
2006).
A análise comparativa destes dados de 1996 com aqueles de 1986, com
relação à cárie dentária em escolares de 12 anos de idade, revela que houve uma
redução em torno de 54% no índice CPO-D, no nosso país, declinando de 6,7 para 3,06.
O trabalho de campo do terceiro levantamento epidemiológico de âmbito
nacional, realizado no Brasil, aconteceu no ano de 2003. Este projeto recebeu o
nome de “SB Brasil – Condições de Saúde Bucal da População Brasileira” e foi bem
mais amplo do que os dois anteriormente aqui citados, pois avaliou tanto a
população urbana como a rural. Foram coletados dados de 250 municípios,
representando as cinco macrorregiões brasileiras, compondo uma amostra total
aproximada de 108 mil indivíduos, de diversas faixas etárias. Foi planejado e
executado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Conselho Federal e
conselhos regionais de Odontologia, Associação Brasileira de Odontologia e suas
secções regionais, as faculdades de Odontologia, além do relevante apoio das
secretarias estaduais e municipais de saúde (BRASIL, 2003).
Apesar dos estudos epidemiológicos realizados no Brasil revelarem que
houve uma redução significante na prevalência e severidade da cárie dentária, a
situação do nosso país, neste aspecto, ainda não é a desejável. Segundo os dados
do último levantamento epidemiológico realizado pelo Ministério da Saúde, em 2003,
atingimos as metas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Federação Dentária
Internacional (FDI) para o ano 2000 somente na idade de 12 anos, principalmente
por causa das crianças das regiões Sul e Sudeste, mas em todas as outras idades
os níveis estão aquém das referidas metas. Vale ainda salientar que o declínio da
cárie dentária na população infantil brasileira está ocorrendo de modo desigual. Por
exemplo, a proporção de dentes cariados não tratados é sensivelmente maior nas
regiões Norte e Nordeste (BRASIL, 2003).
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
38
Afora estes três levantamentos epidemiológicos de abrangência nacional,
muitos estudos pontuais têm sido realizados em diversas localidades do Brasil.
Alguns deles serão citados a seguir. Sendo o Brasil um país de tamanho continental,
com muitas desigualdades socioeconômicas e culturais, é esperado que os estudos
revelem disparidades com relação à prevalência e severidade da doença cárie nas
diversas comunidades estudadas.
Grando (1985), em estudo objetivando avaliar a prevalência de cárie
somente em primeiros molares permanentes de 684 crianças com idades entre sete
a 12 anos, alunos de escolas municipais da zona rural da ilha de Santa Catarina,
Florianópolis, concluiu que a cárie dentária se fez presente em 76,79% dos 2.736
primeiros molares permanentes examinados, e encontrou um valor de CPO-D médio
de 3,07, sendo 3,05 para os meninos e 3,10 para as meninas.
Basting, Pereira e Meneghim (1997) realizaram um estudo na cidade de
Piracicaba, SP, Brasil, onde um dos objetivos foi avaliar a evolução das prevalências
de cárie dentária nos anos de 1971 (quando se iniciou a fluoretação das águas de
abastecimento público), 1977, 1980, 1992 e 1996. As amostras foram constituídas
por escolares entre sete e 12 anos de idade, de ambos os sexos. Eles observaram
que houve uma diminuição gradativa do índice CPO-D nas diferentes faixas etárias
nos vários estudos epidemiológicos realizados, indicando uma melhora das
condições de saúde bucal dos escolares de Piracicaba. Comparando os anos de
1971 e 1996, constataram que houve uma redução de 79% do índice CPO-D, após
25 anos de fluoretação da água de abastecimento público. Em 1996, a cidade de
Piracicaba apresentava um índice CPO-D igual a 2,0 para a idade de 12 anos, tendo
alcançado já naquela época a meta proposta pela OMS para o ano 2000, que era de
um valor menor ou igual a 3,0 para esta idade.
Com o objetivo de conhecer a prevalência de cárie e necessidades de
tratamento em escolares do interior do Estado de Goiás, Brasil, os pesquisadores
Freire et al. (1999) examinaram uma amostra constituída por 1.419 crianças de seis
a 12 anos de idade, de ambos os sexos, que frequentavam 25 escolas públicas na
zona urbana de nove municípios daquele Estado. Os autores encontraram um valor
muito alto de prevalência de cárie. Por exemplo, a percentagem de escolares livres
de cárie aos 12 anos foi de 4,4%, ou seja, uma prevalência de 95,6% nesta idade. O
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
39
índice CPO-D variou de 0,41 aos seis anos a 5,19 aos 12 anos e o índice ceo-d de
4,93 aos seis anos a 0,29 aos 12 anos. Estes valores eram muito altos quando
comparados com as metas da OMS para o ano 2000.
Outros estudos realizados em localidades menos favorecidas do Brasil
revelaram valores de CPO-D ainda mais elevados, quando comparados com estes
do Estado de Goiás, como é o caso dos trabalhos de Normando (1990) na Região
Amazônica (CPO-D = 7,7) e de Medeiros Júnior (1995) em Macaíba no Estado do
Rio Grande do Norte (CPO-D = 8,0).
Traebert et al. (2001) investigaram a prevalência e a severidade de cárie
e as necessidades de tratamento em escolares de seis e 12 anos de idade no
município de Blumenau em Santa Catarina e encontraram os seguintes resultados: a
prevalência de cárie na dentição decídua nos escolares de seis anos foi de 60,9 %
em escolas públicas e de 34,9% nas escolas particulares; o índice ceo-d aos 6 anos
foi 2,98 em escolas públicas e 1,32 em escolas privadas; a prevalência de cárie na
dentição permanente nos escolares de 12 anos das escolas públicas foi de 54,7% e
o CPO-D igual a 1,46.
Barros et al. (2001) avaliaram as condições de saúde bucal de 340 crianças
de 0-30 meses de idade, em 20 creches de Salvador. Eram crianças saudáveis, todas
pertencentes a famílias de baixa renda (72,5% dos pais ou responsáveis recebiam até
um salário mínimo por mês) e frequentadoras das creches mantidas pela Secretaria
do Trabalho e Ação Social do Governo do Estado da Bahia. Nenhuma destas creches
tinha programa de atenção odontológica. Quando todos os estágios da lesão cariosa
foram considerados, observou-se uma prevalência de cárie de 55,3%. Quando foram
consideradas apenas as manchas brancas ativas, a prevalência caiu para 49,7% e foi
de 17,6% quando foram computadas apenas as lesões cavitadas. Observou-se um
aumento na prevalência de cárie estatisticamente significante proporcional à idade e
ao número de dentes irrompidos.
Na pesquisa de Luz e Campos (2003), o objetivo central foi analisar a
relação dos condicionantes sociais com a prevalência de cárie na dentição
permanente de escolares de 12 anos de idade que estudavam em escolas públicas,
privadas e comunitárias do bairro do Pici, em Fortaleza, Ceará, durante os anos de
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
40
1998 e 1999. Foram examinados 200 escolares e a prevalência de cárie na amostra
pesquisada foi de 70% (140 escolares), indicando que 30% dos escolares (60)
apresentavam-se livres de cárie na dentição permanente. O CPO-D médio
observado foi de 2,29 (baixa severidade) estando, portanto, abaixo da meta
estabelecida pela OMS para o ano 2000. O condicionante social fortemente
associado à cárie, nesta pesquisa, foi a condição inadequada de consumo de água.
Nos domicílios cujas famílias não consumiam água tratada ou não possuíam
canalização interna em suas residências, as crianças de 12 anos apresentavam uma
maior prevalência de cárie.
Silva et al. (2008), com o objetivo de analisar a experiência de cárie
dentária na população ribeirinha residente às margens dos rios Machado e Preto
(Rondônia, Brasil), em 2005 e 2006, examinaram 469 indivíduos na faixa etária de 4
a 74 anos, obtendo os seguintes resultados: Na faixa etária de 4-5 anos, ceod = 4,30
e 19,64% livres de cárie; 6-10 anos, CPO-D = 1,04, ceod = 3,52 e 17,05% livres de
cárie; aos 12 anos, CPO-D = 2,65 e 30,76% livres de cárie; aos 18 anos, CPO-D =
5,41 e 19,51% livres de cárie; 35-44 anos, CPO-D = 17,74 e 2,98 livres de cárie; 65-
74 anos, CPO-D = 21,56 e 4,34% livres de cárie. Os autores concluíram que o índice
de cárie dentária apresentava-se elevado em todas as faixas etárias analisadas,
neste intervalo de tempo, sendo de extrema importância à implementação de
programas educativos, preventivos e curativos na região.
Alves Filho; Santos e Vettore (2009) realizaram uma pesquisa objetivando
descrever a situação de saúde bucal em índios guarani do Estado do Rio de Janeiro,
Brasil. Neste estudo, foram examinados 508 indivíduos, com idade mínima de 18
meses. Eis alguns dos resultados: aos cinco anos, 38,5% das crianças estavam
livres de cárie e aos 12 anos o CPO-D foi igual a 1,7. Observou-se que 54,2% dos
indivíduos entre 35-44 anos e 12% entre 65-74 apresentavam 20 ou mais dentes. O
número de dentes para 35-44 e 65-74 anos foi de 18,5 e 8,5. Apesar dos resultados
de cárie para os guarani serem melhores que as médias nacionais em todas as
idades, e a perda dentária em adultos e idosos ter se mostrado semelhante aos
achados do inquérito nacional, o nível de saúde bucal dos índios guarani esteve
aquém das metas da OMS para 2000, exceto para o CPO-D aos 12 anos. Os
resultados evidenciam que a evolução da cárie desde a infância até os idosos
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
41
indígenas, bem como a perda dentária, constituem-se em um aspecto relevante no
planejamento de medidas preventivas.
O fenômeno de “polarização da doença cárie” também foi observado no
estudo de Peres et al. (2008) realizado no município de Itaí, São Paulo, em 2006. Os
autores pesquisaram 390 indivíduos, dos quais 178 eram adolescentes aos 12 anos
de idade, e observaram que 34% destes adolescentes concentraram 70% da
doença. Observaram ainda que a localização geográfica interferiu nas condições de
saúde bucal da população estudada, sendo que não houve diferenças entre os
gêneros. Também foi notado que os problemas bucais eram mais intensos em uma
pequena parcela da população, a qual, segundo eles, requer maior atenção
odontológica. Os autores afirmam que os agravos e a desigualdade na distribuição
da cárie dentária entre os adolescentes podem ser minimizados por meio da
integralidade, contemplando prevenção, promoção e tratamento de saúde bucal.
O Quadro 3 apresenta valores de CPO-D por macrorregião e a média
nacional nos anos de 1986, 1996 e 2003, onde se vê claramente que os menores
índices encontram-se nas regiões Sul e Sudeste, e os maiores nas regiões Nordeste
e Centro-Oeste.
QUADRO 3 – Brasil - CPO-D aos 12 anos de idade / por macrorregião.
CPO-D / 12 anos 1986 1996 2003
Região Norte 7,5 4,3 3,1
Região Nordeste 6,9 2,9 3,2
Região Sudeste 6,0 2,1 2,3
Região Sul 6,3 2,4 2,3
Região Centro-Oeste 8,5 2,9 3,2
Total / Brasil 6,7 3,1 2,8
Fonte: Ministério da Saúde / Coordenadoria de Saúde Bucal (COSAB).
O Quadro 4 apresenta resultados do Projeto SB - Brasil 2003 em
comparação com as metas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Federação
Dentária Internacional (FDI), estabelecidas em 1981 para o ano 2000.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
42
QUADRO 4 – Comparação entre as metas propostas pela OMS/FDI para o ano
2000, em relação à cárie dentária, e os resultados do Projeto SB
Brasil. Brasil, 2003
Idade
(anos)
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil
Brasil 2003 35,04 34,92 44,92 43,35 41,73 40,62 5 - 6
OMS 2000 50% livres de cárie
Brasil 2003 3,13 3,19 2,30 2,31 3,16 2,78 12
OMS 2000 CPO-D < 3
Brasil 2003 39,13 45,07 66,53 66,55 65,74 55,09 18
OMS 2000 80 % com P=0 (todos os dentes presentes na boca)
Brasil 2003 46,34 49,97 63,35 55,13 58,36 53,96 35-44
OMS 2000 75% com 20 ou mais dentes presentes na boca
Brasil 2003 8,58 11,07 9,32 10,41 11,22 10,23 65-74
OMS 2000 50% com 20 ou mais dentes presentes na boca
Fonte: Adaptado de BRASIL (2003).
Como podemos ver, a maioria das metas da OMS/FDI para o ano 2000,
em relação à cárie dentária, não foram alcançadas pelo Brasil. As únicas
macrorregiões que conseguiram reduzir o CPO-D aos 12 anos de idade para um
valor abaixo de 3,0 foram a Sul e a Sudeste. Com relação ao ceo-d na faixa etária
de cinco a seis anos, nem estas duas macrorregiões mais desenvolvidas
conseguiram atingir a meta de 50% das crianças livres de cárie. Para o grupo etário
de 18 anos a OMS e FDI estabeleceram que até o ano 2000 pelo menos 80% do
grupo deveria ter todos os dentes na boca. No mesmo quadro vemos que o Brasil
está bem distante deste alvo. Com relação aos adultos, a OMS/FDI estabeleceu que
pelo menos 75% dos indivíduos incluídos na faixa etária de 35 a 44 anos e 50%
daqueles com idades entre 65 a 74 anos deveriam ter 20 ou mais dentes presentes
na boca. A meta referente a esta última faixa etária talvez seja aquela que o Brasil
esteve mais distante de alcançar, o que revela outro problema grave no nosso país –
a perda precoce de dentes. De acordo com o SB - Brasil 2003, a necessidade de
algum tipo de prótese começa a partir da faixa etária de 15 a 19 anos.
O Quadro 5 mostra a percentagem de crianças brasileiras na faixa etária
de cinco a seis anos de idade com ceo-d igual a zero, por região, e a média nacional
nos anos de 1996 e 2003.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
43
QUADRO 5 – Brasil – ceo-d =0 na faixa etária de 5-6 anos / por macrorregião
Ceo-d / 5-6 anos 1996 2003
Região Norte 28,57 35,04
Região Nordeste 31,25 34,92
Região Sudeste 52,19 44,92
Região Sul 42,92 43,35
Região Centro-Oeste 39,22 41,73
Total / Brasil 36,13 40,62
Fonte: Ministério da Saúde / Secretaria de Atenção à Saúde (SAS)
Comparando estes dados com a meta da OMS/FDI para o ano 2000,
apresentada no Quadro 4, que seria 50% das crianças nesta faixa etária livres de
cárie, podemos ver que até o ano 2003 nenhuma macrorregião do Brasil havia
atingido esta meta. O único dado que supera os referidos 50% é aquele referente à
região Sudeste no ano de 1996 (52,19%), que declina para 44,92 % em 2003.
1.8 Dados epidemiológicos da cárie no Ceará
No que se refere ao Estado do Ceará, Luz e Campos (2003) relataram
que os dados epidemiológicos são escassos, como em muitas outras localidades do
Brasil. Os poucos dados que são obtidos, na maioria das vezes, nem chegam a ser
publicados oficialmente. Não são realizadas coletas e análises de dados de modo
periódico e sistemático, e os poucos dados disponíveis procedem de pesquisas
isoladas realizadas por algumas instituições públicas.
Ainda com relação ao Estado do Ceará, a afirmação de Lopes (2003) é
concernente com a dos autores Luz e Campos (2003) de que há realmente uma
carência de informações epidemiológicas disponíveis sobre a situação de saúde
bucal nos diversos municípios, e que o Estado nem sequer dispõe de um estudo
linha de base que possa subsidiar o planejamento de estratégias de ação nesta área
ou a estruturação do sistema nacional de vigilância epidemiológica em saúde bucal.
Segundo a autora, há registro de estudos epidemiológicos isolados no Ceará,
realizados no âmbito acadêmico, geralmente em escolares de seis a 14 anos de
idade e em municípios assistidos pela antiga Fundação SESP (Fundação Serviços
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
44
de Saúde Pública), atual FUNASA (Fundação Nacional de Saúde), que, segundo a
autora, foi uma instituição pioneira nesta iniciativa. Alguns desses dados referentes
ao grupo etário de 12 anos são apresentados nos Quadros 6 a 9.
QUADRO 6 – Número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados aos
12 anos de idade, nos municípios de Fortaleza, Icó e no Estado do
Ceará, e percentual de redução do CPO-D, de acordo com estudos
realizados nos anos de 1986, 1993, 1994 e 1996.
Localidade\Anos 1986 1993 1994 1996 Redução
Fortaleza 10.20 2.34 77%
Iço 8.10 3.80 53%
Ceará 8.40 5.62 33%
Fonte: Adaptado de Fundação SESP (apud LUZ; CAMPOS, 2003).
QUADRO 7 – Número médio de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados
(CPO-D), no grupo etário de 12 anos, nos municípios de Fortaleza,
Juazeiro do Norte, Acaraú, Russas, Sobral, Icó, Aracati, Quixeramobim
e no Estado do Ceará, em 1986.
LOCALIDADE CPO-D
Fortaleza 10.20
Juazeiro do Norte 9.20
Acaraú 8.90
Russas 8.40
Sobral 8.10
Icó 8.10
Aracati 7.50
Quixeramobim 6.80
Ceará 8.40
Fonte: Adaptado de Fundação SESP (apud LUZ; CAMPOS, 2003).
Quadro 8 – Número médio de dentes permanentes cariados, perdidos e
obturados (CPO-D), no grupo etário de 12 anos, em alguns
municípios do Ceará em 1998.
MUNICÍPIO CPO-D
Acaraú 5.70
Itaitinga 5.60
Itapiúna 5.40
Missão Velha 5.00
Pindoretama 5.00
Palhano 4.42
Aracati 4.30
Aurora 4.00
Crato 3.40
Quixeramobim 3.12
Maracanaú 2.72
Fonte: Adaptado de CEARÁ, 1999 (apud LUZ; CAMPOS, 2003).
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
45
QUADRO 9 – Número médio de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados
(CPO-D), no grupo etário de 12 anos, nos municípios de Iguatu,
Fortim, Icapuí, Quixadá e Icó, em 1994.
MUNICÍPIO CPO-D
Iguatu 6.64
Fortim 5.82
Icapuí 5.40
Quixadá 5.10
Icó 3.80
Fonte: Adaptado de GOYA, 1996 (apud LUZ; CAMPOS, 2003).
Para compor a amostra do Projeto SB Brasil 2003, foram sorteados cinco
municípios do Ceará de um total de 50 da região Nordeste. Estes municípios são:
Palhano, representando os municípios com menos de 10 mil habitantes; Brejo
Santo, representando os municípios de 10 a 50 mil habitantes; Quixadá e Tianguá,
escolhidos dentre os municípios de 50 a 100 mil habitantes; e Fortaleza, como
município de mais de 100 mil habitantes. Depois disso, o Governo do Ceará,
interessado em uma amostra mais representativa, buscou consultoria especializada
na área de Epidemiologia a fim de que fosse delineado um levantamento
epidemiológico em saúde bucal para o Estado do Ceará. Este foi denominado “SB
Ceará”, cuja coleta de dados foi realizada durante o ano de 2004 e foram
incorporados mais 20 municípios aos cinco que já faziam parte do SB Brasil-2003,
totalizando uma amostra de 25 municípios. A escolha foi feita por sorteio, sendo
utilizado o mesmo critério do SB Brasil 2003 (CEARÁ, 2004).
A figura 4 mostra a adequada distribuição destes municípios dentro do
Estado do Ceará, onde vemos que as diversas áreas do Estado foram contempladas
com municípios de diferentes portes. A tabela 1 apresenta a relação dos 25
municípios que totalizaram a amostra do “Levantamento Epidemiológico SB Ceará”,
já incluindo os cinco que fizeram parte do “SB Brasil 2003”, com suas respectivas
quantidades populacionais e as proporções em relação à população total do Estado.
É possível observar que a amostra foi bastante significativa, visto que representou
quase 50% da população do Estado.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
46
FIGURA 4 Municípios sorteados para compor a amostra do Levantamento
Epidemiológico em Saúde Bucal no Estado do Ceará. Ceará, 2004.
(CEARÁ, 2004).
Paralelamente ao que tem acontecido no restante do Brasil e no mundo,
os estudos revelam que tem havido um declínio na severidade de cárie (medida pelo
índice CPO-D) não somente em Fortaleza, mas também em outros municípios do
Ceará, ao longo das duas últimas décadas.
Analisando os dados da doença cárie no Estado do Ceará, apresentados
neste trabalho, podemos também ver indícios de “polarização”. Este fenômeno se
tornaria mais evidente, se tivéssemos políticas governamentais que valorizassem
mais as questões epidemiológicas das doenças bucais. Conhecer a real situação de
saúde bucal de cada município possibilitaria o estabelecimento de programas
preventivos e de estratégias de intervenção mais específicos para cada população,
de acordo com as suas necessidades, contribuindo para minimizar ao máximo as
diferenças entre estas comunidades e fazendo com que todas elas pudessem atingir
patamares de excelência.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
47
TABELA 1 – Composição final da amostra para o Levantamento epidemiológico em
saúde bucal do Estado do Ceará. Ceará, 2004.
Fonte: CEARÁ (2004)
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
48
Na figura 5 está retratado o índice CPO-D e componentes aos 12 anos
dos municípios pesquisados pelo “SB Ceará”, e a média do Estado, com exceção do
Município de Parambu.
Figura 5 – Índice CPO-D e componentes, aos 12 anos, dos municípios da amostra e
do Estado do Ceará. Ceará, 2004. (CEARÁ, 2004).
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
49
JUSTIFICATIVA
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
50
2 JUSTIFICATIVA
Diversos autores têm discorrido sobre as limitações do índice CPO-D em
expressar uma realidade mais detalhada da saúde bucal de uma comunidade,
principalmente no que diz respeito à severidade da doença cárie. Então, surgiu o
interesse de fazermos um estudo diferente dos demais, neste aspecto.
Após revisão minuciosa da literatura, encontramos dois trabalhos
científicos que apresentam dois diferentes critérios de avaliação da severidade de
cárie baseada no grau de extensão da lesão. O primeiro foi um estudo realizado no
Japão, por Tsubouchi et al. (1994), intitulado: “Baby Bottle Tooth Decay: a study of
baby bottle tooth decay and risk factors for 18–month old infants in rural Japan”. Na
referida pesquisa, o critério utilizado pelos autores consiste em classificar os dentes
cariados em cinco graus (C0, C1, C2, C3 e C4), de acordo com a severidade das
cáries, onde C0 representa os dentes com lesão branca de cárie, sem cavidade
clinicamente visível; C1, dentes com cárie de esmalte; C2, dentes com cárie de
dentina; C3, dentes com cárie atingindo a polpa e C4, dentes com destruição total da
coroa, por cárie, estando somente a raiz presente na boca. O segundo trabalho foi o
que escolhemos como base para a nossa pesquisa, levando em conta as condições
de que dispomos. Ele foi realizado no México, por Segovia-Villanueva et al. (2004),
cujo título é: “Severidade de Caries y fatores Asociados en preescolares de 3–6
Años de Edad en Campeche, México”. Estes autores utilizaram um critério de
avaliação da severidade de cárie baseada no tamanho da lesão, proposto por
Gutiérrez e Morales (1987), e denominado “Criterio de Magnitud de la Lesión
Cariosa” (CMLC).
Conhecer a relação existente entre CPO-D e extensão da lesão de cárie e
despertar o interesse de outros para que mais estudos sejam realizados com o olhar
voltado para esse aspecto são propósitos deste trabalho.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
51
OBJETIVOS
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
52
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
Estudar a relação entre o índice CPO-D e a severidade de cárie medida com
procedimentos clínicos.
3.2 Específicos
Estimar a proporção de cáries severas segundo o índice CPO-D;
Comparar o desempenho do índice CPO-D e de outro indicador de
severidade de cárie (CMLC), como medida da ocorrência de cárie.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
53
METODOLOGIA
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
54
4 METODOLOGIA
4.1 Natureza do estudo
O presente estudo consiste de uma pesquisa do tipo descritivo,
quantitativo e seccional ou de corte transversal. Descritivo, porque informa sobre a
distribuição e intensidade da doença cárie em uma dada população (PINTO, 1994);
quantitativo, porque pode ser expresso em termos numéricos e atende a
necessidade de mensuração e representatividade; e seccional ou de corte
transversal, porque utiliza uma amostra representativa de população de referência
limitada, observando-se fator e efeito no mesmo momento histórico e produzindo
medidas de prevalência (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003).
De acordo com Serapioni (2000), a investigação quantitativa atua em
níveis de realidade e tem como objetivo trazer à luz dados, indicadores e tendências
observáveis.
Segundo Rouquayrol e Almeida Filho (2003), os estudos seccionais ou de
corte transversal são investigações que produzem “instantâneos” da situação de
saúde de uma população, tomando como base a avaliação do estado de saúde de
cada membro daquela população, individualmente, produzindo indicadores globais
de saúde para a população estudada. Para estes autores, o termo “seccional”
intenciona dar uma ideia de um corte no fluxo histórico da doença, tornando
evidentes as suas características e correlações, naquele momento. Os autores
também afirmam que este tipo de estudo tem sido o mais empregado em Saúde
Coletiva e, ao logo do tempo, não somente tem sido aperfeiçoado como tem sido
aumentado o leque de suas aplicações.
Borrell (1997) ressalta que o estudo de corte transversal é de relativo
baixo custo e apresenta simplicidade analítica, ou seja, menor complexidade do que
os outros tipos de estudos empregados no campo da Saúde Coletiva.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
55
Para Newmann et al. (2001), o estudo transversal apresenta uma
estrutura semelhante à do estudo de coorte, sendo que, no primeiro, todas as
variáveis são medidas uma única vez enquanto, no segundo, há um período de
acompanhamento. De acordo com estes autores, os estudos transversais são de
grande valor, não somente porque fornecem informações descritivas de prevalência,
mas também porque apresentam a vantagem de estarem isentos dos problemas
típicos de estudos de acompanhamento, como tempo prolongado, custo mais
elevado e casos de abandono.
4.2 Local do estudo
O estudo foi realizado na cidade de Fortaleza, capital do Estado do
Ceará, que está situado no nordeste do Brasil. O município ocupa uma área de 313
km² e é dividido politicamente em seis secretarias executivas regionais, abrangendo
um total de 114 bairros. Sua população em 2007 era de 2.431.415 habitantes,
segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O campo da pesquisa teve como lócus o Centro Especializado de
Odontologia Dr. Jonas José da Silva – CEO-Centro, unidade da Secretaria de Saúde
do Estado do Ceará situada à Avenida Tristão Gonçalves, 233. O CEO-Centro é
hoje uma unidade complexa, entre cujas ações estão a de garantir a saúde bucal da
população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) e a de atuar como um pólo
permanente de ensino e pesquisa. Para isto, conta com um quadro de 284
funcionários distribuídos nos diversos setores da unidade, cuja área física total é de
2.060 m
2
. Há um centro de estudos, um auditório para 130 pessoas, laboratórios de
ortodontia e de prótese, um centro de rádio-diagnóstico e, atualmente (2009), está
sendo realizada uma reforma para construção de um centro cirúrgico. Possui hoje 40
consultórios odontológicos, distribuídos em 12 clínicas ambulatoriais (inclusive
clínica de atendimento de urgência/24horas), onde estão distribuídos 130 cirurgiões-
dentistas que atendem a demanda referenciada dos municípios do Ceará,
perfazendo uma média de 650 pacientes/dia, nas diversas especialidades:
Odontopediatria; Endodontia; Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial;
Estomatologia; Ortodontia; Periodontia; Cirurgia e Prótese.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
56
4.3 População-alvo
A população-alvo foi composta de adolescentes da faixa etária de 11 a 18
anos, de ambos os sexos, atendidos no CEO-Centro, os quais foram escolhidos
aleatoriamente nas salas de espera das diversas clínicas da unidade de saúde eleita
para local de estudo. Com a idade de 11 anos, somente foram escolhidos aqueles
que estavam próximos de completar 12 anos e que já tinham todos ou quase todos
os dentes permanentes irrompidos, inclusive os segundos molares. Escolhemos
uma faixa etária mais ampla a fim de obtermos uma amostra significativa de
participantes com diferentes graus de extensão da lesão cariosa.
4.3.1 Critérios de exclusão
- Crianças com fluorose em grau avançado.
- Crianças portadoras de necessidades especiais.
- Crianças portadoras de fissuras labiopalatais.
4.4 Coleta de dados
A coleta dos dados somente ocorreu após aprovação no Comitê de Ética
da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e foi feita por meio de exame clínico dos
adolescentes participantes do estudo e da aplicação de um formulário respondido
por suas mães ou responsáveis.
4.4.1 Exame clínico
O exame clínico foi realizado exclusivamente pela autora deste estudo.
Com o intuito de se conhecer o CPO-D de cada adolescente e o CPO-D médio de
todo o grupo amostral, foram registrados todos os dentes permanentes cariados,
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
57
perdidos e obturados de cada adolescente examinado. Para tanto, foram utilizados
alguns critérios:
Os dentes que apresentavam, ao mesmo tempo, restauração e lesão de cárie
e os restaurados com material provisório foram considerados cariados;
O dente com lesão de cárie muito extensa, em que já estava indicada a sua
exodontia, não foi contado como extraído e sim como tendo uma lesão grau 4,
tomando-se como parâmetro o critério de magnitude da lesão cariosa (CMLC)
proposto por Gutiérrez e Morales (1987 apud SEGOVIA-VILLANUEVA, 2004)
(QUADRO 10).
Os dentes com destruição total da coroa, estando presentes somente as
raízes, foram contados como extraídos.
Quando houve dúvida no diagnóstico se o dente estava hígido ou cariado,
este foi considerado hígido;
Quando houve dúvida se o dente estava cariado ou restaurado, este foi
considerado restaurado.
Os dentes foram avaliados quanto a sua severidade de cárie, levando-se
em conta a extensão da lesão e foram classificados em quatro grupos segundo o
Critério de Magnitude da Lesão Cariosa (CMLC) de Gutiérrez e Morales, 1987 (apud
SEGOVIA-VILLANUEVA, 2004), conforme apresentado no Quadro nove.
Receberam o código “0” (zero) aqueles dentes livres de cárie clinicamente
observável; código “G1”, aqueles dentes com pigmentação escura em fossas e
fissuras sem a presença de cavitação (lesão grau 1); código “G2”, dentes com cárie
limitada a sulcos e fissuras com presença de tecido amolecido (lesão grau dois);
código “G3”, dentes com perda evidente de tecido coronário, devido à cárie, menor
que dois terços da coroa clínica (lesão grau três); e código “G4”, dentes com perda
evidente de tecido coronário, devido à cárie, maior que dois terços da coroa clínica
(lesão grau quatro).
Ainda segundo o CMLC (QUADRO 10), os dentes que estavam obturados
receberam um código de acordo com o tipo de restauração: “R1” para o dente que
apresentava uma restauração de uma face realizada com material definitivo e em
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
58
bom estado; “R2” para o dente que possuía uma restauração de duas faces em
material definitivo e em bom estado; e “R3” para o dente que tinha uma restauração
de três ou mais faces em material definitivo e em bom estado ou que apresentava
uma coroa protética. Os dentes extraídos por cárie foram sinalizados com um “E” e
os ausentes congenitamente ou extraídos por outra causa foram classificados com
um “A”.
Resumindo, inicialmente cada dente foi classificado, em uma das 10
categorias propostas por Gutiérrez e Morales (1987): zero = dente livre de cárie; G1
= lesão grau 1; G2 = lesão grau 2; G3 = lesão grau 3; G4 = lesão grau 4; R1 =
restauração de 1 face; R2 = restauração de 2 faces; R3 = restauração de 3 ou mais
faces ou coroa protética; E = extraído por cárie; A = ausente. Em seguida, estas 10
categorias foram agrupadas em quatro novas categorias: severidade zero = zero +
G1; severidade 1 = G2 + R1; severidade 2 = G3 + R2; severidade 3 = G4 + R3 + E.
Por último, as categorias zero e um da nova classificação foram agrupadas como
lesões não severas, e as categorias dois e três como lesões severas.
QUADRO 10 – Critério de Magnitude da Lesão Cariosa (CMLC), proposto por
Gutiérrez e Morales (1987).
CÓDIGO EXTENSÃO DA LESÃO
0 Dente livre de cárie clinicamente observável.
Lesão grau 1 Dente com pigmentação escura em fossas e fissuras sem a
presença de cavitação.
Lesão grau 2 Dente com cárie limitada a sulcos e fissuras com presença de
tecido amolecido.
Lesão grau 3 Dente com perda evidente de tecido coronário, devido à cárie,
menor que dois terços da coroa clínica.
Lesão grau 4 Dente com perda evidente de tecido coronário, devido à cárie, maior
que dois terços da coroa clínica.
R1 Dente apresenta uma restauração de 1 face com material definitivo
e em bom estado.
R2 Dente apresenta uma restauração de 2 faces com material definitivo
e em bom estado.
R3 Dente apresenta uma restauração de 3 ou mais faces com material
definitivo e em bom estado ou apresenta uma coroa protética.
Os extraídos por cárie se classificam com E. Os ausentes congenitamente ou
extraídos por trauma, por indicação ortodôntica ou por outra causa que não a cárie,
se classificam com A.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
59
Fonte: Adaptado de Gutiérrez e Morales (1987 apud SEGOVIA-VILLANUEVA,
2004).
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
60
A pesquisadora examinou os adolescentes em um dos consultórios do CEO-Centro,
fazendo uso dos seguintes equipamentos e instrumentos: cadeira odontológica,
mocho, cuspideira, refletor, equipo contendo seringa tríplice (ar, água e “spray”),
gazes estéreis, espelhos bucais, pinças clínicas, sondas exploradoras, equipamento
de proteção individual (jaleco, máscara, gorro e luvas) e ainda as fichas clínicas,
elaboradas pela pesquisadora para este fim (APÊNDICE B).
O uso da sonda exploradora no diagnóstico das lesões de cárie foi feito
com muita cautela e somente nos casos em que foi necessário remover placa dental
ou resíduos depositados sobre os dentes, com o intuito de facilitar a sua
visualização; ou para verificar a estabilidade e integridade de restaurações. Isto
porque, segundo Buischi (1996), um grande número de estudos tem sido publicado,
desde a década de 1980, mostrando os efeitos colaterais nocivos devido ao uso
deste instrumento como, por exemplo, o transporte de bactérias cariogênicas de um
local para outro e a perfuração de superfícies com lesões de cárie incipientes.
Ressaltamos ainda que foram utilizadas somente sondas exploradoras de
extremidade arredondada.
A ficha clínica foi elaborada contendo três partes: a primeira refere-se à
identificação da própria ficha (numeração) e identificação do(a) adolescente (nome,
idade, sexo e nome da mãe), a segunda contém o odontograma, onde foram
registrados os achados do exame bucal, e a terceira constitui-se do quadro com os
códigos que foram utilizados no registro dos dados do exame, semelhantes aos
apresentados no Quadro 10.
A pesquisadora contou com o auxílio de dois colaboradores, alunos do
Curso de Odontologia da Faculdade de Farmácia e Odontologia do Centro de
Ciências da Saúde da Universidade Federal do Ceará (UFC). Estes, após
receberem da pesquisadora todas as instruções necessárias às atividades que lhes
foram designadas, se revezavam nas tarefas de aplicar os formulários (APÊNDICE
A) com os responsáveis pelos adolescentes participantes do estudo, e de fazer as
devidas anotações nas fichas clínicas (APÊNDICE B), à medida que a pesquisadora
procedia com os exames bucais.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
61
Para determinação do CPO-D de cada indivíduo, efetuou-se a soma dos
seus dentes cariados, perdidos e obturados. Esta soma variou de “0” (zero) a 28,
pois não foram considerados os terceiros molares, mesmo naqueles adolescentes
que já tinham estes dentes erupcionados, como pode ser observado na ficha clínica
(APÊNDICE B). Também para cálculo do CPO-D, foram considerados hígidos os
dentes que receberam código “0” (zero) ou “G1” (lesão grau 1), segundo o critério de
Gutiérrez e Morales (1987) (QUADRO 10).
Tomando como parâmetro a classificação da Organização Mundial de
Saúde (OMS) para severidade de cárie (PINTO, 2000), os adolescentes foram,
então, agrupados em três categorias, de acordo com o valor do CPO-C individual: na
categoria um foram incluídos aqueles com CPO-D maior ou igual um e menor ou
igual a dois (severidade considerada baixa e muito baixa, segundo a OMS); na
categoria dois, os adolescentes com CPO-D maior ou igual a três e menor ou igual a
quatro (severidade considerada moderada, de acordo com a OMS); e na categoria
três foram incluídos todos os participantes com CPO-D maior ou igual a cinco
(severidade considerada alta e muito alta pela OMS). Também foram registrados
todos aqueles indivíduos que não apresentavam nenhuma cárie (CPO-D igual a
zero), dentre os trezentos participantes examinados.
4.4.2 O formulário
O formulário foi elaborado de acordo com estudos de revisão da literatura,
levando-se também em consideração os objetivos a serem alcançados nesta
pesquisa. A primeira parte do formulário refere-se à sua identificação (numeração de
acordo com a ficha clínica correspondente) e à identificação do(a) adolescente
entrevistado(a). A segunda parte do formulário foi elaborada de forma a obter
informações sobre o cuidado com a saúde bucal e os hábitos alimentares dos
adolescentes do estudo e sobre o perfil socioeconômico de suas famílias. Esta
seção foi dividida em oito temas:
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
62
- ocupação da mãe (OM);
- ocupação do pai (OP);
- escolaridade da mãe (EM);
- posse de bens pela família (PB);
- condições de saneamento da residência do adolescente (SAN);
- escolaridade do adolescente (EC);
- hábitos alimentares do adolescente (HAL);
- cuidados com a saúde bucal (SB).
Vale salientar que houve questões do formulário que foram respondidas
pelos próprios adolescentes, como aquelas referentes à alimentação consumida na
escola.
4.4.3 Ocupação da mãe
A ocupação da mãe foi classificada em quatro categorias, a saber:
- Classe I: atividades domésticas; atividades da agricultura; serviços não
especializados da área de prestação de serviços; serviços não especializados
do comércio; e serviços não especializados da indústria.
- Classe II: serviços especializados da área de prestação de serviços; serviços
especializados do comércio; serviços especializados da indústria; e
comerciante.
- Classe III: funcionário público.
- Classe IV: atividades de nível superior.
4.4.4 Posse de bens
Foi registrada a posse de geladeira, fogão a gás, televisão colorida,
equipamento de som com toca-CD, aparelho de DVD, moto e carro de passeio. O
escore um foi atribuído ao equipamento de menor valor, no caso o DVD. Aos demais
bens, foram atribuídos escores dividindo-se o valor do respectivo bem pelo valor do
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
63
DVD, de forma que o escore de cada um dos bens foi: geladeira = 5,5; fogão a gás =
2,25; televisão colorida = dois; equipamento de som com toca-CD = 1,25; moto = 20;
carro de passeio = 60. O escore total da posse de bens foi obtido somando-se os
escores de todos os bens possuídos por cada uma das famílias. O escore total
variou de três a 112. Este intervalo foi dividido em três sub-intervalos de igual
comprimento, de três a 39, de 40 a 76, e de 77 a 113. Posteriormente, os dois
últimos sub-intervalos foram agregados, pois o último apresentou um frequência
muito baixa (oito crianças). Então, o escore total ficou com duas categorias: a
primeira; incluindo os escores de 3 a 39 e a segunda, abrangendo os escores de 40
a 112.
4.4.5 Classificação dos alimentos
As mães ou responsáveis pelos adolescentes observados foram
interrogados sobre os alimentos incluídos na merenda consumida na escola ou em
casa (no turno em que não estavam na escola), tanto na merenda da manhã como
da tarde, e sobre quais alimentos estes adolescentes consumiam ao assistir
televisão e, à noite, antes de dormir. Foi também registrada a frequência com que as
crianças ingeriam refrigerantes. Os alimentos referidos foram classificados em 4
categorias, segundo o seu potencial cariogênico e de acordo com os critérios
propostos por Guedes Pinto (1995); Morales, Guerrero; Arqueros (1994) e Moynihan
(2005), discriminadas a seguir:
1) não-cariogênicos: alimentos à base de amido (arroz, pipoca, cuscuz, batata);
frutas; carne; frango; sopa e outros alimentos semelhantes (escore = 0).
2) potencialmente cariogênicos: alimentos à base de massas refinadas (pão,
bolacha, macarrão, salgados, sanduíches, esfirras e outros semelhantes
(escore = 1).
3) cariogênicos: bebidas açucaradas (refrigerante, iogurte, “batgut”, suco, leite,
café, vitamina, leite achocolatado), bolo, biscoito, salada de frutas adoçada,
doces (escore = 2).
4) altamente cariogênicos: bombons, chicletes, pirulitos (escore = 3).
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
64
Através da soma dos escores dos alimentos foi obtido o escore
cariogênico de cada merenda. Somando-se os escores de todas as merendas, foi,
então, obtido um escore total, que foi usado como um indicador do potencial
cariogênico das merendas consumidas por cada adolescente. O escore total, que
variou de zero a 20, foi categorizado em três estratos de iguais amplitudes: de baixo
potencial cariogênico (escore total de zero a sete), de médio potencial (escore total
de oito a 14) e de alto potencial (escore total de 15 a 20).
4.5 Análise estatística
Proporções foram comparadas através do teste do qui-quadrado ou do
teste exato de Fisher. Quando todos os valores esperados das células de uma
tabela eram iguais ou maiores que cinco, foi usado o teste do qui-quadrado. Quando
pelo menos uma das células apresentava o valor esperado menor do que cinco foi
usado o teste exato de Fisher. Proporções que aumentavam ou diminuíam,
monotonicamente, ao longo de categorias ordenadas de uma outra variável, foram
comparadas através do teste de tendência de Kuzick. Proporções foram
consideradas significativamente diferentes quando o valor-p foi menor que 0,05.
4.6 Aspectos éticos
De acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Ética e
Pesquisa – CONEP/Ministério da Saúde, relativa à pesquisa em seres humanos, o
presente estudo se enquadra na modalidade de risco mínimo de pesquisa, portanto,
teve que ser submetido à avaliação para aprovação pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Os pais ou responsáveis pelos adolescentes incluídos no estudo foram
informados sobre os objetivos da pesquisa, e aos que aceitaram tomar parte nela
foi-lhes assegurado o anonimato, bem como a possibilidade de se retirarem a
qualquer momento do estudo. Eles foram esclarecidos de que as informações
fornecidas seriam utilizadas somente com finalidade científica. Os pais ou
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
65
responsáveis pelos adolescentes participantes da pesquisa assinaram um termo de
consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE C).
O “termo de consentimento livre e esclarecido” surgiu nos Estados Unidos
da América (EUA), com a denominação de “consentimento informado” ou
“consentimento pós-informação”. O CONEP entende o consentimento como “livre”
por não poder haver nenhum tipo de limitação que influencie a vontade e a decisão
do sujeito da pesquisa; e “esclarecido” por se considerar que o compromisso com o
sujeito da pesquisa não é apenas informar, mas esclarecer (CASTILHO; KALIL,
2005).
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
66
RESULTADOS
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
67
5 RESULTADOS
Os resultados obtidos da coleta de dados, feita através do exame clínico
odontológico dos 300 adolescentes do estudo e da aplicação do formulário com suas
mães ou responsáveis, estão todos apresentados em tabelas, a fim de facilitar a
interpretação das informações.
TABELA 2 – Descrição dos adolescentes incluídos num estudo para avaliar a
relação entre CPO-D e severidade de cárie.
Frequência Variável
N %
Sexo
-Feminino
-Masculino
190
110
63,3
36,7
Idade:
-11 a 12
-13 a 14
-15 a 16
-17 a 18
100
109
64
27
33,3
36,3
31,3
9,0
Frequenta a Escola:
-Não
-Sim
5
295
1,7
98,3
Série que cursa:
-Quarta do Ensino Fundamental
-Quinta do Ensino Fundamental
-Sexta do Ensino Fundamental
-Sétima do Ensino Fundamental
-Oitava do Ensino Fundamental
-Nona do Ensino Fundamental
-Primeira do Ensino Médio
-Segunda do Ensino Médio
-Terceira do Ensino Médio
9
21
54
49
50
51
39
14
13
3,0
7,0
18,0
16,3
16,7
17,0
13,0
4,7
4,3
Tipo de Escola
-Pública
-Privada
220
75
74,6
25,4
Horário da Escola:
-Manhã
-Tarde
-Noite
127
156
11
43,2
53,1
3,7
Potencial cariogênico das merendas:
-Baixo
-Médio
132
138
44,0
46,0
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
68
-Alto 30 10,0
A amostra estudada era composta, na sua maioria, por adolescentes do
sexo feminino que estudavam em escolas públicas, durante o turno da manhã ou da
tarde. Apenas 10% da amostra consumiam merendas que apresentavam um
potencial cariogênico alto (TABELA 2).
TABELA 3 Descrição das mães dos adolescentes incluídos num estudo para
avaliar a relação entre CPO-D e severidade de cárie.
Frequência
Variável
N %
A mãe sabe ler:
-Não
-Sim
15
283
5,0
95,0
A mãe sabe escrever:
-Não
-Sim
17
281
5,7
94,3
A mãe sabe ler e escrever:
-Não
-Sim
17
281
5,7
94,3
Anos de Escola da Mãe:
-0 a 4
-5 a 8
-8 a 16
64
99
132
21,7
33,6
44,7
Ocupação da Mãe:
-Classe I
-Classe II
-Classe III
-Classe IV
200
58
22
14
68,0
19,7
7,5
4,8
Trabalho Doméstico da Mãe:
-Não
-Sim
125
169
42,5
57,5
Quase todas as mães (93,3%) dos adolescentes sabiam ler e escrever e
um pouco mais da metade (55,3%) tinha frequentado a escola durante pelo menos
oito anos. A maioria das mães (68%) trabalhava em serviços que não exigiam
habilidades especiais (TABELA 3).
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
69
TABELA 4 Posse de bens duráveis de consumo das famílias dos adolescentes
incluídos num estudo para avaliar a relação entre CPO-D e
severidade de cárie.
Frequência Variável
N %
Escore de bens duráveis:
-De 3 a 39
-De 40 a 76
-De 77 a 112
239
53
8
79,7
17,7
2,6
A casa onde a família reside:
-Não é própria
-É própria
51
249
17,0
83,0
A família:
-Não paga aluguel
-Paga aluguel
259
41
86,3
13,7
A posse de bens duráveis e a posse do domicílio foram usadas como um
indicador da renda familiar (TABELA 4). Aproximadamente 80% das famílias se
situavam no estrato inferior do espectro da posse de bens duráveis, embora tenha
ocorrido o contrário no que diz respeito à posse do domicílio.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
70
TABELA 5 Condições do domicílio onde residem os adolescentes incluídos num
estudo para avaliar a relação entre CPO-D e severidade de cárie.
Frequência Variável
N %
Água encanada:
-Não
-Sim
11
289
3,7
96,3
Rede de esgoto:
-Não
-Sim
89
211
29,7
70,3
Caixa d’água:
-Não
-Sim
125
175
41,7
58,3
Localização do Banheiro:
-Dentro de casa
-Fora de casa
285
15
95,0
5,0
Pia de lavar rosto:
-Não
-Sim
68
232
22,7
77,3
Pia de lavar louça:
-Não
-Sim
13
287
4,3
95,7
Pia de lavar roupa:
-Não
-Sim
57
243
19,0
81,0
Banheiro com caixa d’água, chuveiro e pia de lavar
o rosto:
-Não
-Sim
141
159
47,0
53,0
Os adolescentes estudados residiam em áreas onde quase todas as
casas (96,3%) possuíam água encanada e a grande maioria (70,3%) tinha rede de
esgoto. Também a maioria dos domicílios possuía equipamentos que permitem uma
melhor e mais cômoda utilização da água (banheiro, pia de lavar rosto, de lavar
louça e de lavar roupa), mas uma proporção muito menor (58,3%) possuía uma
caixa d’água, e menos ainda possuía um banheiro com caixa d’água, chuveiro e pia
de lavar o rosto (53%) (TABELA 5).
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
71
TABELA 6 Relação entre CPO-D e severidade de cárie numa amostra de
adolescentes atendida num centro odontológico do SUS, na cidade
de Fortaleza, Ceará.
Severidade de Cárie
Baixa Alta
CPO-D
N % N %
Valor-p
Zero
1 a 2
3 a 4
5 a 23
39
42
37
41
100
80,8
56,9
28,5
0
10
28
103
0,0
19,2
43,1
71,5
0,000
Foi calculada a correlação existente entre o CPO-D dos adolescentes e a
severidade das cáries (TABELA 6). Foi observado que, à medida que aumentava o
CPO-D, aumentava também a proporção de adolescentes portadores de cáries
classificadas como de alta severidade e que este aumento era significativo.
TABELA 7 CPO-D e severidade de cárie numa amostra de adolescentes atendida
num centro odontológico do SUS, na cidade de Fortaleza, Ceará,
segundo as características dos adolescentes.
CPO-D Severidade de cárie
CPOD3 CPOD4 Baixa Alta
Variáveis
N % N %
P
N % N %
P
Sexo
-Feminino
-Masculino
70
51
36,8
46,4
120
59
63,2
53,6
0,105
91
68
47,9
61,8
99
42
52,1
38,2
0,020
Idade:
-11 a 12
-13 a 14
-15 a 16
-17 a 18
46
50
20
5
46,0
45,9
31,2
18,5
54
59
44
22
54,0
54,1
68,8
81,5
0,017
64
63
24
8
64,0
57,8
37,5
29,6
36
46
40
19
36,0
42,2
62,5
70,4
0,000
Tipo de Escola
-Pública
-Privada
76
44
34,5
58,7
144
31
65,5
41,3
0,000
101
56
45,9
74,7
119
19
54,1
25,3
0,000
Horário da Escola:
-Manhã
-Tarde
-Noite
52
65
3
40,1
41,7
27,8
75
91
8
59,1
58,3
72,7
0,734
76
77
4
59,8
49,4
36,4
51
79
7
40,2
50,6
63,6
0,109
Potencial cariogênico
das merendas:
-Baixo
-Médio
-Alto
44
64
13
33,3
46,4
43,3
88
74
17
66,7
53,6
56,7
0,087
66
77
16
50,0
55,8
53,3
66
61
14
50,0
44,2
46,7
0,634
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
72
Foi estudada a associação entre variáveis relacionadas com os
adolescentes e as duas classificações de cáries (TABELA 7). A proporção de crianças
com cáries de alta severidade foi menor do que a proporção de crianças com CPOD
4, em todas as categorias de todas as variáveis estudadas. A associação entre sexo e
o CPO-D não foi significativa (p = 0,105), mas esta associação foi significativa (p =
0,020) com a severidade de cárie. A proporção de adolescentes com CPOD 4 e com
cáries de alta severidade aumentou de forma significativa (p = 0,017 e p = 0,000,
respectivamente), à medida que aumentava a idade dos adolescentes. Tanto a
proporção de adolescentes com CPOD 4 como a de adolescentes com cáries de
alta severidade foi significativamente mais elevada (p = 0,000 e p = 0,000
respectivamente) nas escolas públicas do que nas escolas privadas. A proporção de
adolescentes com CPOD 4 e de adolescentes com cáries de alta severidade não
foram significativamente diferentes nos diferentes turnos de funcionamento das
escolas. Também não foi observada uma associação significativa entre o potencial
cariogênico das merendas e a presença de um CPOD 4 ou de cáries de alta
severidade.
TABELA 8 CPO-D e severidade de cárie numa amostra de adolescentes atendida
num centro odontológico do SUS, na cidade de Fortaleza, Ceará,
segundo as características das mães e dos pais dos adolescentes.
CPO-D Severidade de cárie
CPOD3 CPOD4 Baixa Alta
Variáveis
N % N %
P
N % N %
P
A mãe sabe ler e
escrever:
-Não
-Sim
3
118
17,6
42,0
14
163
82,4
58,0
0,047
6
153
35,3
54,4
11
128
64,7
45,6
0,124
Anos de Escola da
Mãe:
-0 a 4
-5 a 8
-8 a 16
21
34
66
32,8
34,3
50,0
43
65
66
67,2
65,6
50,0
0,018
¥
30
54
75
46,9
54,6
56,8
34
45
57
53,1
45,4
43,2
0,419
¥
Ocupação da Mãe:
-Classe I
-Classe II
-Classe III
-Classe IV
74
27
9
9
37,0
46,6
40,9
64,3
126
31
13
5
63,0
53,4
59,1
35,7
0,159
99
34
13
10
49,5
58,6
59,1
71,4
101
24
9
4
50,5
41,4
40,9
28,6
0,055
Trabalho Doméstico
da Mãe:
-Não
-Sim
58
61
46,4
36,1
67
108
53,6
63,9
0,075
74
82
59,2
48,5
51
87
40,8
51,5
0,070
¥
Teste de Tendência de Kuzick
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
73
Foi estimada a associação entre variáveis relacionadas com as mães dos
adolescentes e a presença de cárie (TABELA 8). Foi observada uma proporção
significativamente mais elevada de adolescentes com CPOD 4 (p = 0,016) e de
adolescentes com cáries de alta severidade (p = 0,030) quando as mães não sabiam
ler e escrever. Por outro lado, a proporção de adolescentes com CPOD 4 diminuiu
de forma significativa à medida que aumentava o número de anos de escolaridade
da mãe (p = 0,018), mas o mesmo não ocorreu com a proporção de adolescentes
com cáries de alta severidade (p = 0,419). O número de adolescentes com CPOD
4 e com cáries de alta severidade não estava associado ao tipo de ocupação da
mãe e ao exercício de trabalho doméstico.
TABELA 9 CPO-D e severidade de cárie, segundo a posse de bens duráveis de
consumo das famílias, numa amostra de adolescentes atendida num
centro odontológico do SUS, na Cidade de Fortaleza, Ceará.
CPO-D Severidade de cárie
CPOD3 CPOD4 Baixa Alta
Variáveis
N % N %
p
N % N %
P
Escore de bens
duráveis:
-De 3 a 39
-De 40 a 112
84
37
35,1
60,7
155
24
64,9
39,3
0,000
117
42
48,9
68,9
122
19
51,1
31,1
0,005
A casa onde a
família reside:
-Não é própria
-É própria
18
103
35,3
41,4
33
146
64,7
58,6
0,421
26
133
51,0
53,4
25
116
49,0
46,6
0,751
A família:
-Não paga aluguel
-Paga aluguel
106
15
40,9
36,6
153
26
59,1
63,4
0,599
139
20
53,7
48,8
120
21
46,3
51,2
0,560
Foi verificado se a posse de bens estava associada à ocorrência de cáries
medida pelo CPO-D e pela severidade das cáries (TABELA 9). Houve uma
proporção significativamente mais elevada de adolescentes com CPOD 4
(p=0,000) e de adolescentes com cáries de alta severidade (p = 0,005) nas famílias
que exibiram um menor escore de posse de bens duráveis. Entretanto, a posse do
domicilio e o pagamento de aluguel não estavam associados à presença de
adolescente com CPOD 4 ou com adolescentes com cáries de alta severidade.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
74
TABELA 10 CPO-D e severidade de cárie numa amostra de adolescentes
atendida num centro odontológico do SUS, na cidade de Fortaleza,
Ceará, segundo as condições do domicílio onde residem os
adolescentes.
CPO-D Severidade de cárie
CPOD3 CPOD4 Baixa Alta
Variáveis
N % N %
p
N % N %
P
Rede de esgoto:
-Não
-Sim
33
88
37,1
41,7
56
123
62,9
58,3
0,455
47
112
52,8
53,1
42
99
47,2
46,9
0,966
Caixa d’água:
-Não
-Sim
41
80
32,8
45,7
84
95
67,2
54,3
0,025
56
103
44,8
58,9
69
72
55,2
41,1
0,016
Pia de lavar rosto:
-Não
-Sim
23
98
33,8
42,2
45
134
66,2
57,8
0,213
28
131
41,2
56,5
40
101
58,8
43,5
0,026
Pia de lavar roupa:
-Não
-Sim
19
102
33,3
42,0
38
141
66,7
58,0
0,231
23
136
40,3
56,0
34
107
59,7
44,0
0,034
Caixa d’água,
chuveiro e pia de
lavar rosto:
-Não
-Sim
47
74
33,3
46,5
94
85
66,7
53,5
0,020
61
98
43,3
61,6
80
61
56,7
38,4
0,001
Por último, foi investigada a associação entre as condições de moradia e
a ocorrência de cárie (TABELA 10). A presença de rede de esgoto não estava
associada a nenhum dos dois indicadores da presença de cáries. A proporção de
adolescentes com CPOD 4 e com cáries de alta severidade foi significativamente
mais elevada nos domicílios que não tinham caixa d’água (p = 0,025 e p = 0,016,
respectivamente). De forma semelhante, uma proporção significativamente maior de
adolescentes com CPOD 4 e com cáries de alta severidade residiam em domicílios
que não tinham caixa d’água, chuveiro e pia de lavar rosto (p = 0,020 e p = 0,001
respectivamente). No entanto, a presença de adolescentes com cárie de alta
severidade estava significativamente associada à presença de pia de lavar rosto e
pia de lavar roupa (p = 0,026 e p = 0,034, respectivamente), mas não estava
associada à presença de adolescentes com CPOD 4 (p = 0,213 e p = 0,231,
respectivamente).
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
75
DISCUSSÃO
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
76
6 DISCUSSÃO
Na maioria dos estudos realizados no mundo, até agora, na área de
saúde bucal, a severidade de cárie é avaliada pelos índices CPO-D e ceo-d, de
acordo com recomendação internacional dada pela Organização Mundial de Saúde
(WHO, 1997). Os mesmos índices também são utilizados mundialmente para análise
da prevalência de cárie. A OMS usa o índice CPO-D aos 12 anos de idade como um
indicador de comparação universal entre populações e classifica a severidade de
cárie aos 12 anos da seguinte forma: severidade muito baixa quando o CPO-D for
maior ou igual a 0,1 e menor ou igual a 1,1; severidade baixa quando o CPO-D for
maior ou igual a 1,2 e menor ou igual a 2,6; severidade moderada quando o CPO-D
se situar entre 2,7 e 4,4; severidade alta nos casos em que o CPO-D for maior ou
igual a 4,5 e menor ou igual a 6,5; e severidade muito alta quando o CPO-D for
maior ou igual a 6,6 (PINTO, 1995).
Diversos autores, por exemplo, Sheiham e Maizels (1987); Marthalar
(1996); Beltran-Aguilar, Estupiñan-Day e Báez, (1999); Lopes (2003); Segovia-
Villanueva et al. (2004) têm questionado a validade dos índices CPO-D e ceo-d na
avaliação da experiência de cárie. Algumas dessas críticas dizem respeito ao
componente “P”, que se refere aos dentes perdidos, por considerarem a informação
insuficiente acerca da prevenção da cárie, já que há ocasiões em que não se sabe
realmente se o dente foi perdido devido à cárie.
Outra crítica a estes índices é que eles fracassam ao indicar mudanças
na categoria do dente que tem sido acometido por cárie. Por exemplo: a
transformação de um dente cariado em um dente obturado não afeta o valor do
índice, já que toma essas categorias como equivalentes. Isto ainda indica que não
há vantagem ou desvantagem em se restaurar o dente cariado.
Estes índices também apresentam limitações quando se trata de um
mesmo componente. Um exemplo disso seria com relação ao componente “c” no
caso do ceo-d, e ao componente “C” no caso do CPO-D, pois, todas as formas de
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
77
cárie são consideradas semelhantes, sem levar em conta os diversos graus de
destruição dental que, consequentemente, irão requerer diferentes restaurações.
De acordo com Lopes (2003), quando se faz uma análise detalhada das
condições de saúde bucal em diversos países do mundo, o que se observa é que há
uma distribuição assimétrica da prevalência de cárie, mostrando a ocorrência de
uma proporção de adolescentes aos 12 anos com valores de CPO-D considerados
altos ou muito altos, mesmo com um percentual da população livre de cárie. Para a
autora, o índice CPO-D não evidencia esta assimetria, levando-se a concluir, de
forma incorreta, que uma determinada população está com a sua situação de cárie
controlada, quando na realidade há indivíduos severamente atingidos pela doença.
6.1 Severidade de cárie e fatores socioeconômicos
Nosso estudo mostrou que há uma importante influência dos fatores
socioeconômicos na severidade de cárie. Isto foi observado não somente quando se
utilizou o índice CPO-D, mas também quando esta severidade foi avaliada pelo
CMLC. Este achado está em consonância com o que encontramos na nossa revisão
bibliográfica. Portanto, melhorar as condições socioeconômicas de uma população
pode contribuir de forma relevante para a sua saúde bucal.
No nosso estudo, a variável “escore de bens duráveis”, a qual tem relação
direta com a condição socioeconômica da família, esteve significativamente
associada com a severidade de cárie, tanto quando foi usado o método do CPO-D
(p=0,000) como do CMLC (p=0,005). Este resultado é compatível com o de outros
estudos como alguns que citaremos a seguir.
Um estudo ecológico realizado por Baldani, Vasconcelos e Antunes
(2002) investigou as associações entre cárie dentária, indicadores socioeconômicos
e oferta de serviços odontológicos no Estado do Paraná, Brasil, para o ano de 1996.
Neste estudo, foram reunidos dois tipos de informações: dados sobre a prevalência
de cárie aos 12 anos, através do índice CPO-D, para os municípios do Estado; e
dados relativos às condições socioeconômicas e de oferta de serviços
odontológicos. Os autores encontraram uma correlação significativa entre o índice
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
78
de cárie dentária nos municípios e os vários indicadores sociais e de oferta de
serviços odontológicos. A análise estatística revelou ainda que apenas um indicador
de desigualdade de renda permaneceu significativamente associado com cárie
dentária, mostrando que as disparidades de renda estão associadas às piores
condições de saúde bucal.
Gushi et al. (2005), em um estudo transversal, analisaram os dados de
1.825 adolescentes entre 15 e 19 anos de idade, obtidos a partir do levantamento
em saúde bucal, realizado no Estado de São Paulo, em 2002. O objetivo do estudo
era conhecer os fatores socioeconômicos e de acesso aos serviços odontológicos
associados à prevalência e severidade de cárie entre estes adolescentes. Nesta
pesquisa, o fato de não ser estudante, estudar em escolas públicas, ter renda
familiar inferior a 5 salários mínimos, não possuir automóvel e residir em casa cedida
foram indicadores para a presença de cárie dentária. Os autores concluíram, a partir
dos dados investigados, que a privação social parece estar relacionada à
experiência de cárie dentária em adolescentes no Estado de São Paulo.
Peres (2002) realizou um estudo transversal para cárie dentária, em 1999,
aninhado a um estudo de coorte iniciado em 1993, em Pelotas-RS, Brasil. O objetivo
era investigar as relações entre determinantes sociais e biológicos do período
perinatal e da primeira infância na prevalência e severidade de cárie dentária em
crianças de seis anos de idade. Para tanto, foi utilizada uma amostra de 400
crianças. Os fatores de risco para a ocorrência de cárie foram: crianças cujas mães
tiveram escolaridade igual ou menor que oito anos; crianças cuja renda familiar
situava-se entre 1,1 e seis salários mínimos; crianças cuja renda familiar foi igual ou
menor que um salário mínimo; criança que não frequentou pré-escola no sexto ano
de vida e crianças cujo consumo de doces foi de pelo menos uma vez ao dia, aos
seis anos de idade.
Outras duas variáveis socioeconômicas que têm sido investigadas por
diversos autores, quanto a sua associação com a prevalência e severidade de cárie,
são o grau de escolaridade e a ocupação dos pais. Na nossa pesquisa, ao avaliar a
severidade de cárie pelo índice CPO-D, houve uma associação negativa com a
quantidade de anos de escola concluídos pela mãe (p = 0,018), mais não foi
significante quando utilizado o método do CMLC (p = 0,419). Com relação à
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
79
associação entre ocupação das mães e severidade de cárie, 71,4% dos
adolescentes filhos de mães que exerciam atividades de nível superior
apresentavam cáries de baixa gravidade, ou seja, possuíam baixa severidade de
cárie segundo o CMLC (p = 0,055). Esta associação, porém, não foi tão significante
quando usado o índice CPO-D (p = 0,159).
De acordo com Peres, Bastos e Latorre (2000), o tipo de ocupação e
escolaridade dos responsáveis pela família, juntamente com a renda familiar, tem
sido relacionado ao grau de severidade da cárie dentária.
A associação entre a variável “nível de escolaridade materna” e
severidade de cárie, medida pelo índice ceo-d, também foi avaliada por Ferreira et
al. (2007). Eles realizaram um estudo do tipo transversal, em pré-escolares do
Município de Canoas, no sul do Brasil, com o objetivo de investigar a prevalência e
severidade de cárie e a sua associação com variáveis socioeconômicas e
demográficas. A amostra foi composta de 1.487 crianças de zero a cinco anos de
idade, assistidas em creches públicas. Os resultados mostraram que valores mais
altos de ceo-d estavam associados com baixo nível de escolaridade materna (p =
0,001) e baixa renda familiar (p=0,001). Os autores afirmaram ainda que os valores
mais altos de prevalência e severidade de cárie ocorreram nos grupos etários de um
e dois anos, indicando que são necessários programas preventivos e que estes
devem iniciar no primeiro ano de vida, com atenção especial para filhos de mães
com baixa escolaridade.
6.2 Severidade de cárie e cariogenicidade das merendas
Apesar de ser unânime a opinião dos autores de que a dieta tem um
papel importante na determinação da saúde bucal e, portanto, no desenvolvimento e
prevenção da cárie dentária, os resultados do nosso estudo não mostraram uma
associação estatisticamente significante entre severidade de cárie e a
cariogenicidade das merendas consumidas pelos adolescentes pesquisados. Esta
associação não foi significante tanto quando a severidade de cárie foi avaliada pelo
índice CPO-D (p = 0,087) como pelo CMLC (p = 0,634). Talvez isto tenha acontecido
porque as questões do formulário não conseguiram investigar de forma precisa a
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
80
realidade daquela população de estudo, no que diz respeito aos seus hábitos
alimentares. Por outro lado, temos que lembrar que há muitos fatores relacionados
com a etiologia da cárie dentária além da dieta alimentar.
De semelhante modo, no estudo de Morales et al. (1994), ao relacionarem
o consumo de dieta cariogênica com os índices ceo-d e CPO-D, não encontraram
uma relação estatisticamente significante entre eles, apesar da maioria dos
escolares consumirem uma dieta de mediana cariogenicidade e apresentarem um
alto percentual de dano dentário. Os autores atribuíram este resultado ao fato de
que a enquete sobre os hábitos alimentares não estaria refletindo o real consumo de
alimentos cariogênicos e, portanto, não teria validade como elemento preditor de
cáries, por si só. O estudo foi realizado em escolares de 6 e 13 anos de idade, de
estabelecimentos educacionais de um setor de extrema pobreza em Santiago, Chile.
O dano dentário foi determinado através dos índices ceo-d para a dentição decídua
e CPO-D para a dentes permanentes.
Ribeiro, Oliveira e Rosemblatt (2005) realizaram um estudo com o objetivo
de verificar a prevalência de cárie precoce na infância em crianças de nível
socioeconômico baixo da grande João Pessoa, Paraíba, Brasil, aos 48 meses de
idade e pertencentes a uma coorte. O estudo analisou os hábitos alimentares,
higiene, exposição ao flúor e presença de defeitos de esmalte. Destes fatores,
incluindo os hábitos alimentares, o único que mostrou uma associação
estatisticamente significativa com a cárie precoce na infância foi a presença de
defeitos de esmalte.
Já no estudo de Carneiro et al. (1992), onde foram pesquisadas as
condições de saúde bucal de 590 indivíduos (49% da população > 2 anos) da
população indígena Baniwa do polo-base de Tunuí-Cachoeira, São Gabriel da
Cachoeira, Amazonas, Brasil, os autores relacionaram os altos índices de ceo-d e
CPO-D, encontrados nesta população, a processos de mudanças socioeconômicas,
particularmente modificações na dieta.
Na nossa revisão bibliográfica, inclusive no trabalho de Edmondson
(1990), podemos constatar que a cariogenicidade de um alimento não depende
unicamente da sua composição. Por exemplo, só o fato de um alimento ser rico em
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
81
carboidratos fermentáveis não significa que ele sempre vai desenvolver cárie no
indivíduo que o consumir com regularidade. Há outros fatores envolvidos, além da
frequência, como o tempo em que este alimento permanece aderido ao dente; os
cuidados que o indivíduo tem com a sua higiene oral; se o indivíduo consome estes
alimentos juntamente com outros que são considerados anti-cariogênicos; se reside
em cidade onde a água é fluoretada, entre outros. É importante, então, que sejam
realizados mais estudos epidemiológicos a fim de avaliar de forma mais clara e
consistente a associação entre dieta e severidade de cárie.
6.3 CPO-D e CMLC
Em estudos epidemiológicos, possíveis associações entre exposição e
desfechos serão observadas ou não a depender da acurácia dos métodos
disponíveis para definir o que seja exposição e desfechos. Por sua vez, a acurácia
depende da sensibilidade e especificidade dos referidos métodos. Neste estudo,
foram usados dois diferentes indicadores da presença de cárie, o CPO-D e o CMLC.
O CPO-D é um indicador de cárie de toda a vida do indivíduo, e de outras
condições, que embora sejam pouco frequentes, não são cáries. O CMLC é um
indicador de toda a vida, da presença de cáries de certa gravidade. Neste sentido,
pressupõe-se que o CMLC seja um método de classificação mais específico do que
o método de classificação pelo CPO-D.
Analisando os resultados deste estudo, apresentados anteriormente –
mais especificamente aqueles que estão expostos nas tabelas 6 a 10 – pôde ser
observado que, em nosso trabalho, a severidade de cárie foi avaliada de dois
modos. Primeiramente, pelo índice CPO-D, que mede esta severidade tendo como
base o número médio de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados; e
depois pelo CMLC, que leva em conta a gravidade ou extensão das lesões cariosas.
Considerando as limitações do índice CPO-D já apresentadas até aqui,
um dos nossos intentos foi comparar os dois referidos métodos, analisando-os
segundo os fatores de risco, e avaliando o desempenho de cada um.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
82
A análise da Tabela seis nos leva a inferir que o índice CPO-D, de certa
forma e apesar das limitações, mostra uma visão realística da severidade de cárie
de um indivíduo ou de uma população, pois, quando comparamos os dois métodos
(CPO-D e CMLC), observamos que existe uma associação positiva entre eles, ou
seja, percebemos que quanto mais elevado o valor do CPO-D, maior a percentagem
de indivíduos com lesões de cárie mais graves (p = 0,000).
Analisando as tabelas seis a dez, onde a severidade de cárie é avaliada
pelos dois métodos – CPO-D e CMLC – levando-se em conta algumas variáveis,
observou-se que, em alguns casos, a variável apresentava uma associação
estatisticamente significativa com a severidade de cárie, tanto quando esta
severidade foi avaliada pelo método CPO-D como pelo CMLC. Isto foi notado no
caso das variáveis “idade”, “tipo de escola”, “a mãe sabe ler e escrever”, “escore de
bens duráveis”, “residência com caixa d’água”, “residência contendo, ao mesmo
tempo, caixa d’água, chuveiro e pia de lavar rosto”.
Em outros casos, a associação entre a variável e a severidade de cárie
não foi estatisticamente significante, nem pelo método do CPO-D nem pelo CMLC.
Este foi o caso das seguintes variáveis: “horário da escola”, “potencial cariogênico
das merendas”, “anos de escola da mãe”, “trabalho doméstico da mãe”, “casa
própria”, “a família paga ou não aluguel” e “a residência possui ou não rede de
esgoto”.
Ainda em outros casos, a associação entre a variável e a severidade de
cárie se mostrou estatisticamente significativa quando foi analisada por um método e
não significante quando foi analisada pelo outro. Isto aconteceu com a variável
“sexo”, cuja associação com a severidade de cárie foi significativa quando avaliada
pelo método CMLC, ou seja, houve mais meninas do que meninos com lesões
cariosas consideradas graves, porém, foi não significante quando a severidade foi
avaliada pelo CPO-D, ou seja, neste caso, não houve diferença significativa entre a
condição de saúde bucal dos meninos e a das meninas. O mesmo aconteceu com a
variável “ocupação da mãe”, que foi considerada como fator de risco para a
severidade de cárie quando avaliada pelo método do CMLC, mas não o foi quando
avaliada pelo CPO-D. Com relação à variável “anos de escola da mãe”, esta
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
83
comportou-se como fator de risco para a severidade de cárie quando foi avaliada
pelo método CPO-D, mas não o fez quando foi avaliada pelo método do CMLC.
Diante destas considerações, em se tratando dos métodos CPO-D e
CMLC, podemos inferir que não existe um método melhor do que o outro para
avaliar a severidade de cárie de um indivíduo ou de uma população. Consideramos,
inclusive, que os dois métodos podem ser usados em conjunto, pois um
complementa o outro.
Além de medir a prevalência de cárie e conhecer o número de dentes
cariados, perdidos e obturados, por indivíduo, numa determinada comunidade, é
importante também sabermos o grau de extensão das lesões cariosas, até para que
se possa fazer um planejamento de ações preventivas e curativas baseado em
dados mais compatíveis com a realidade da saúde bucal daquela população. Isto
poderia resultar em programas de saúde bucal mais adequados e, certamente,
menos dispendiosos para cada comunidade, levando-se em conta que, segundo
Pinto (1994), conhecer a situação epidemiológica de uma população é essencial não
somente do ponto de vista do planejamento, mas também da execução dos serviços
odontológicos.
Os resultados obtidos neste estudo permitem a obtenção de uma
estimativa da prevalência da severidade das cáries existentes, a partir do índice
CPO-D. Mas, provavelmente, a relação entre CPO-D e prevalência de severidade
varia de acordo com o nível de saúde bucal de uma comunidade e do nível de
assistência odontológica oferecida. Por exemplo, à medida que o nível de saúde
bucal de uma comunidade melhora, provavelmente ocorre uma redução inicial, mais
rápida, na prevalência de cáries severas do que no valor do CPO-D. Do mesmo
modo, numa situação específica na qual as condições gerais de saúde melhorem
mais lentamente do que a oferta da assistência odontológica, a redução na
prevalência de cáries severas ocorrerá mais rapidamente do que a redução do valor
do CPO-D.
Reconhecemos que o nosso estudo apresenta limitações no que diz
respeito à classificação das lesões de cárie, quanto a sua severidade, pois, para
fazermos um diagnóstico mais preciso da gravidade das cáries dos adolescentes
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
84
pesquisados, teríamos que incluir outros meios de diagnóstico. Associar a
radiografia interproximal à inspeção visual ou utilizar a transluminação por fibra ótica
seriam recursos importantes, pois, segundo o estudo de Zanardo e Rego (2003),
cujo objetivo foi comparar diferentes métodos de diagnóstico clínico de cárie oclusal,
in vitro, levando-se em consideração a concordância entre eles, estes foram os dois
métodos mais específicos, quando comparados com o exame histopatológico
(“padrão ouro”).
Sugerimos, então, que outros estudos semelhantes a este sejam
realizados, a fim de que se possa progredir no sentido de alcançar resultados cada
vez mais consistentes e conclusivos sobre a avaliação da severidade de cárie,
contribuindo assim para o avanço do conhecimento na área da saúde bucal.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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CONCLUSÕES
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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7 CONCLUSÕES
¤Existe uma correlação positiva entre o índice CPO-D e severidade de cárie.
Quanto maior o CPO-D, maior a proporção de cáries severas.
¤O método usado neste estudo para classificação de severidade é simples e
exequível para ser usado em inquéritos epidemiológicos de saúde bucal.
¤O CPO-D e CMLC são equivalentes, como indicadores de cárie, a fim de
serem usados em estudos epidemiológicos para avaliar a relação entre
fatores de risco e ocorrência da doença.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
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Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
96
APÊNDICES
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
97
APÊNDICE A
FORMULÁRIO
FORMULÁRIO: ___________
Avaliação da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados,
perdidos e obturados) e severidade da lesão de cárie.
NOME DO(A) ENTREVISTADO(A): _______________________________________
RELAÇÃO COM A CRIANÇA: ___________________________________________
IDADE DO(A) ENTREVISTADO(A): _______
NOME DA CRIANÇA: ____________________________ SEXO _____ IDADE ____
OM: OCUPAÇÃO DA MÃE
OM – 01 . A Sra. é aposentada ou não?
( )NÃO
( )SIM
OM – 02. Mesmo aposentada, a Sra. ainda trabalha ou não?
( )NÃO
( )SIM
OM_03. Por favor, diga-me o TIPO DE SERVIÇO em que a Sra. ocupa a maior parte
de seu tempo.
ATIV – 1: ___________________________________________________________
SE O TRABALHO FOR DOMÉSTICO, APLICAR AS DUAS PERGUNTAS
SEGUINTES:
OM_04. Neste serviço de (ATIV 1), a Sra. trabalha ou não na sua casa?
( )NÃO
( )SIM
OM – 05. Neste serviço de (ATIV 1), a Sra. trabalha ou não na casa dos outros?
( )NÃO
( )SIM
SE O TRABALHO NÃO FOR DOMÉSTICO, APLICAR A PERGUNTA SEGUINTE:
OM – 06. Neste serviço de (ATIV 1), a Sra. trabalha por conta própria ou como
empregada?
1( )Por conta própria.
2( )Como empregada.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
98
OM0 – 07. Além deste serviço de (ATIV 1) __________________, de que a Sra. já
falou, a Sra. trabalha ou não em algum outro TIPO DE SERVIÇO?
( )NÃO
( )SIM Æ Qual ?
ATIV_2:_____________________________________________________________
SE O TRABALHO FOR DOMÉSTICO, APLICAR AS DUAS PERGUNTAS
SEGUINTES:
OM – 08. A Sra. trabalha ou não neste serviço de (ATIV 2) na sua casa?
( )NÃO
( )SIM
OM – 09. A Sra. trabalha ou não neste serviço de (ATIV 2) na casa dos outros?
( )NÃO
( )SIM
SE O TRABALHO NÃO FOR DOMÉSTICO, APLICAR A PERGUNTA SEGUINTE:
OM – 10. Neste serviço de (ATIV 2), a Sra. trabalha por conta própria ou como
empregada?
1( )Por conta própria.
2( )Como empregada.
OP: OCUPAÇÃO DO PAI
OP – 01. O seu marido ou companheiro é aposentado ou não?
( )NÃO
( )SIM
OP – 02. Mesmo aposentado, o seu marido ou companheiro ainda trabalha ou não?
( )NÃO
( )SIM
OP – 03. Por favor, diga-me o TIPO DE SERVIÇO em que o seu marido ou
companheiro ocupa a maior parte de seu tempo.
ATIV – 1: ___________________________________________________________
OP – 04. Neste serviço de (ATIV 1), o seu marido ou companheiro trabalha por
conta própria ou como empregado?
1( )Por conta própria.
2( )Como empregado.
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
99
EM: ESCOLARIDADE DA MÃE
EM – 01. A Sra. frequentou ou não a escola?
( )NÃO
( )SIM
EM – 02. Até que série a Sra. estudou?
Até a ____________Série/Ano do Primário
Até a ____________Série/Ano do Ginásio
Até a ____________Série/Ano do Científico
Até a ____________Série/Ano do Ensino Fundamental
Até a ____________Série/Ano do Ensino Médio
Até a ____________Série/Ano do Ensino Superior
EM – 03. A Sra. estuda ou não atualmente?
( )NÃO
( )SIM
EM – 04. A Sra. sabe ler ou não?
( )NÃO
( )SIM
EM – 05. A Sra. sabe escrever ou não?
( )NÃO
( )SIM
PB: POSSE DE BENS PELA FAMÍLIA
PB – 01: POSSE DE BENS DE CONSUMO DURÁVEL
ITEM BENS DE CONSUMO
DURÁVEL
TEM NA
CASA
NÃO TEM
A GELADEIRA
B FOGÃO A GÁS
C TELEVISÃO COLORIDA
D SOM COM TOCA-CD
E APARELHO DE DVD
F MOTO(NÚMERO DE
MOTOS)
G CARRO DE PASSEIO
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
100
PB – 02. A casa onde a sua família mora é de vocês ou não?
( )NÃO
( )SIM
PB – 03. Então, vocês pagam ou não aluguel pela casa onde vocês moram?
( )NÃO
( )SIM
SAN: CONDIÇÕES DE SANEAMENTO DA CASA
SAN – 01. Na casa em que vocês moram tem ou não água encanada?
( )NÃO
( )SIM
AN – 02. Na rua em que vocês moram tem ou não rede de esgoto?
( )NÃO
( )SIM
SAN – 03. Na casa em que vocês moram tem ou não caixa d’água?
( )NÃO
( )SIM
SAN – 04. Na casa em que vocês moram, o banheiro fica dentro ou fora de casa?
( )Dentro de casa
( )Fora de casa
SAN – 05. No banheiro da casa em que vocês moram, tem ou não chuveiro?
( )NÃO
( )SIM
SAN – 06. Para onde vai a água da pia do banheiro da casa onde vocês moram?
( )Vai para a rede de esgoto
( )Vai para a fossa que tem na casa
( )Vai para um canal que tem no quintal ou na rua
( )Vai para ____________________________________
SAN – 07. Na casa que vocês moram, tem ou não fossa?
( )NÃO
( )SIM
SAN – 08. Na casa que vocês moram, tem ou não pia de lavar rosto?
( )NÃO
( )SIM
SAN – 09. Na casa que vocês moram, tem ou não pia de lavar prato?
( )NÃO
( )SIM
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
101
SAN – 10. Para onde vai a água da pia de lavar prato?
( )Vai para a rede de esgoto
( )Vai para a fossa que tem na casa
( )Vai para um canal que tem no quintal ou na rua
( )Vai para ____________________________________
SAN – 11. Na casa que você mora, tem ou não pia de lavar roupa?
( )NÃO
( )SIM
SAN – 12. Para onde vai a água da pia de lavar roupa?
( )Vai para a rede de esgoto
( )Vai para a fossa que tem na casa
( )Vai para um canal que tem no quintal ou na rua
( )Vai para ____________________________________
EC: ESCOLARIDADE DA CRIANÇA
EC – 01. O(a) _____________________ estuda em alguma escola?
( ) NÃO
( ) SIM
EC – 03. O(a) _________________ estuda em escola do governo ou particular?
( ) Do governo
( ) Particular
EC – 02. Qual o horário que o(a) ___________________ estuda?
( ) Turno da manhã
( ) Turno da tarde
EC – 04. Em que série da escola o(a) _____________________________ está?
_______________________________________________________________
HAL: HÁBITOS ALIMENTARES DA CRIANÇA
HAL – 01. Na escola do(a) ______________________ tem merenda?
( ) NÃO
( ) SIM
HAL – 02. O(a) ______________________ merenda na escola?
( ) NÃO
( ) SIM
HAL – 03. O que é que o(a) ___________________ merenda na escola?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
102
HAL – 04. Quando o(a) __________________ está em casa, ele merenda entre o
café da manhã e o almoço?
( ) NÃO
( ) SIM
HAL – 05. O que o(a) _______________________ come na merenda da manhã,
quando está em casa?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
HAL – 06. Quando o(a) __________________ está em casa, ele merenda entre o
almoço e o jantar?
( ) NÃO
( ) SIM
HAL – 07. O que o(a) __________________ come na merenda da tarde, quando
está em casa?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
HAL – 08. O(a) ______________________ come alguma coisa antes de dormir?
( ) NÃO
( ) SIM
HAL – 09. O que o(a) ___________________ come antes de dormir?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
HAL – 10. O(a) ____________________ tem ou não costume de comer alguma
coisa quando assiste à televisão?
( ) NÃO
( ) SIM
HAL – 11. O que o(a) _____________________ come quando assiste à televisão?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
HAL – 12. O(a) ____________________ gosta de refrigerante?
( ) NÃO
( ) SIM
HAL – 13. O(a) ________________________ toma ou não refrigerante todo dia?
( ) NÃO
( ) SIM
HAL – 14. Mais ou menos quantas vezes por semana o(a) _________________
toma refrigerante?
___________________________________________________________________
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
103
SB: CUIDADOS COM A SAÚDE BUCAL
SB – 01. O(a) __________________________ escova os dentes todos os dias?
( ) NÃO
( ) SIM
SB – 02. O(a) ________________________ escova os dentes antes do café da
manhã?
( ) NÃO
( ) SIM
SB – 03. O(a) _______________________ escova os dentes depois do café da
manhã?
( ) NÃO
( ) SIM
SB – 04. O(a) _______________________ escova os dentes depois do almoço?
( ) NÃO
( ) SIM
SB – 05. O(a) _______________________ tem ou não o costume de escovar os
dentes à noite, antes de dormir?
( ) NÃO
( ) SIM
SB – 06. O(a) ___________________ usa ou não fio dental para limpar os dentes?
( ) NÃO
( ) SIM
SB – 07. De janeiro para cá, quantas vezes o(a) ____________________foi ao
dentista?
___________________________________________________________________
SB – 08. Qual o motivo da(s) consulta(s) do(a) _____________________ ao
dentista?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
SB – 09. Quantos anos o(a) ______________________ tinha quando a senhora
levou ele pela primeira vez ao dentista?
_______________________________________________
SB – 10. Qual o motivo desta primeira consulta ao dentista?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
104
APÊNDICE B
FICHA CLÍNICA
ESTADO DA DENTIÇÃO CONFORME O CMLC
Nome: __________________________________ SEXO ________ IDADE _______
Nome da mãe: _______________________________________________________
17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27
47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37
CÓDIGO ESTADO
0 Dente livre de cárie
G1 Lesão grau 1
G2 Lesão grau 2
G3 Lesão grau 3
G4 Lesão grau 4
R1 Restauração 1 face
R2 Restauração 2 faces
R3 Restauração 3 ou mais faces ou coroa protética
E Extraído por cárie
A Ausente / Extraído por outra causa
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
105
APÊNDICE C
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Esta pesquisa tem como objetivo geral conhecer e analisar a relação
existente entre o índice CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos
e obturados) e a extensão da lesão de cárie. A coleta dos dados referente a esta
pesquisa será feita através de um exame clínico bucal, realizado pela própria
pesquisadora, em cada adolescente participante, como também será utilizado um
formulário a ser respondido pela mãe ou pela pessoa responsável pela criança. O
exame clínico será realizado no Centro Especializado de Odontologia – CEO-Centro,
e o formulário será aplicado por meio de entrevista orientada e supervisionada pela
pesquisadora.
Ressaltamos que os participantes da pesquisa não serão onerados de
nenhuma despesa e que poderá haver necessidade de que a o(a) adolescente seja
fotografada.
De acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Ética e
Pesquisa – CONEP/Ministério da Saúde, será garantido aos que aceitarem fazer
parte deste estudo o direito de serem informados sobre os objetivos da pesquisa,
como também lhes será assegurado o anonimato e a garantia de que as
informações fornecidas pelos participantes serão utilizadas somente com finalidade
científica. Também lhes será asseverada a possibilidade de se retirarem a qualquer
momento do estudo, sem qualquer penalidade. Poderão, em qualquer etapa da
pesquisa, ter contato com a pesquisadora responsável, Dra. Izolda Maria Custódio
Nogueira, cirurgiã-dentista, residente à Rua João Carvalho, 264, fone (85)
88343339.
Eu, Izolda Maria Custódio Nogueira, pesquisadora responsável por este
estudo, assumo o compromisso de procurar cumprir os termos da resolução nº
196/96 do Conselho Nacional de Pesquisa, relativa à pesquisa em seres humanos.
_____________________________________
Pesquisadora
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
106
TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO
Eu _________________________________________, responsável
pelo(a) adolescente ________________________________________, certifico
que, após ter recebido esclarecimento da cirurgiã-dentista Izolda Maria Custódio
Nogueira, a respeito de detalhes da pesquisa científica a ser realizada por ela sobre
a relação existente entre o índice CPO-D (número de dentes permanentes cariados,
perdidos e obturados) e a extensão da lesão de cárie, inclusive quanto ao caráter
sigiloso do estudo, concordo voluntariamente em participar e, ao mesmo tempo,
permito que o(a) _________________________________ participe desta pesquisa
e que seja fotografado(a), caso haja necessidade.
Fortaleza-CE, ____ de ____________ de 2008
___________________________________________________
Nome legível do responsável
________________________________
Assinatura do responsável
________________________________
Nº do RG do responsável
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
107
APÊNDICE D
OFÍCIO ENCAMINHADO A DIRETORA DO CEO-CENTRO
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
108
APÊNDICE D
OFÍCIO ENCAMINHADO A PRESIDENTE DO CEP DA UECE
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
109
ANEXOS
Estudo da relação entre CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) e severidade de cárie
110
ANEXO A
PARECER DO CEP DA UECE
Livros Grátis
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Milhares de Livros para Download:
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