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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
A INFLUÊNCIA DO TEMPO DE USO DA
AMPLIFICAÇÃO SOBRE O BENEFÍCIO OBTIDO
COM AS PRÓTESES AUDITIVAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Tiago Petry
Santa Maria, RS, Brasil
2009
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A INFLUÊNCIA DO TEMPO DE USO DA
AMPLIFICAÇÃO SOBRE O BENEFÍCIO OBTIDO
COM AS PRÓTESES AUDITIVAS
por
Tiago Petry
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Distúrbios da Comunicação Humana, área de concentração Audição e
Linguagem, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/RS),
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana
Orientador: Maristela Julio Costa, Profª. Drª.
Santa Maria, RS, Brasil
2009
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Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em
Distúrbios da Comunicação Humana
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
A INFLUÊNCIA DO TEMPO DE USO DA
AMPLIFICAÇÃO SOBRE O BENEFÍCIO OBTIDO
COM AS PRÓTESES AUDITIVAS
Elaborada por
Tiago Petry
Como requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana
COMISSÃO EXAMINADORA:
Maristela Julio Costa, Profª. Drª. (UFSM)
(Presidente/Orientadora)
Daniela Gil, Profª. Drª. (UNIFESP)
(Membro)
Angela Garcia Rossi, Profª. Drª. (UFSM)
(Membro)
Santa Maria, 02 de julho de 2009.
Dedicado a
SILVIO
RENI PETRY &
NOEMI
CELESTINA TAPIA PETRY,
manifestações puras e concretas do que DEUS nomeou AMOR.
Exemplos de INTEGRIDADE.
AGRADECIMENTOS
À Professora Doutora MARISTELA JULIO COSTA, pela brilhante orientação
no decorrer de todo o curso de mestrado; pela humildade de não se posicionar à
frente e sempre disponibilizar seu auxílio caminhando ao meu lado. Por acreditar e
afirmar meu trabalho. Pela disposição a ajudar. Pela disposição a ensinar.
À Professora Doutora DANIELA GIL, pela participação na comissão
examinadora desta dissertação, pela significativa apreciação realizada e pelas
valiosas sugestões que contribuíram para enaltecer este trabalho.
À Professora Doutora ANGELA GARCIA ROSSI, pela participação na
comissão examinadora desta dissertação, pela análise efetuada, pelos seus
preciosos comentários e por todo apoio a mim dedicado.
À Fonoaudióloga, amiga, e agora, Mestre, SINÉIA NEUJAHR DOS SANTOS,
por ser fundamental na execução de toda esta pesquisa, por compartilhar o seu
crescimento profissional e, principalmente, por representar de maneira objetiva e
constante o termo coleguismo.
Ao corpo clínico do Laboratório de Próteses Auditivas da UFSM, em especial
às Fonoaudiólogas ANA VALÉRIA VAUCHER, SINÉIA NEUJAHR DOS SANTOS,
ALINE DA SILVA LOPES e NILVIA HERONDINA AURÉLIO, por todo afeto nas
diversas etapas que me acompanharam e o meu reconhecimento a uma equipe que
sempre assistiu seus pacientes com dignidade.
Aos pacientes do Laboratório de Próteses Auditivas da UFSM, que me
trataram com carinho e respeito, em especial aos 292 indivíduos pelos quais fui o
fonoaudiólogo responsável pela seleção e adaptação de próteses auditivas, pois
foram cruciais para meu crescimento profissional e humano; e àqueles que
voluntariamente participaram desta pesquisa.
Aos funcionários do Laboratório de Próteses Auditivas da UFSM, em especial
à Assistente Administrativa FABIANE SCHNEIDER MACHADO, por suas condutas e
valores.
À Professora Doutora LERIS HAEFFNER, pela assistência, disposição e
paciência para a execução da análise estatística.
Ao Professor Doutor LUIS FELIPE DIAS LOPES, pelo amparo estatístico na
realização do projeto e na análise dos dados.
À Professora MÁRCIA SIQUEIRA GIRONDI, pelo auxílio na tradução dos
resumos.
Aos professores e colegas do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da
Comunicação Humana da UFSM.
Aos funcionários do Serviço de Atendimento Fonoaudiológica da UFSM.
À Universidade Federal de Santa Maria, por, mais uma vez, possibilitar-me
todo o aprendizado.
Aos familiares, amigos de infância e amigos recentes, que estando perto ou
longe, apoiaram-me sempre.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para o cumprimento deste
trabalho.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
À minha orientadora, MARISTELA JULIO COSTA,
Por agregar ao longo dos anos de convivência profissional uma franca
amizade, fundamentada no respeito.
É um privilégio desfrutar dessa amizade!
Aos meus pais, SILVIO & NOEMI,
Meus maiores incentivadores. São vocês que me dão força e me fazem
acreditar que sempre serei capaz de grandes conquistas.
É um orgulho dizer: “sou filho!”
Ao meu irmão, GUSTAVO NERI PETRY,
Pela enorme representatividade em minha vida. Por tudo que
fizemos juntos. Por tudo que ainda faremos...
Tu és meu grande amigo!
À minha namorada, ANDRESSA BOER FRONZA,
Por todo auxílio nesta etapa tão importante, como Fonoaudióloga,
como Amiga, como meu AMOR... Pelas tuas palavras de conforto e carinho.
Tu és a tradução perfeita da FELICIDADE e tornas minha vida DOCE!
A vocês, muito obrigado!
A razão cardeal de toda a superioridade humana é
sem dúvida a vontade. O poder nasce do querer.
Sempre que o homem aplique a veemência e
perseverante energia de sua alma a um fim,
ele vencerá os obstáculos, e se não atingir o alvo,
fará pelo menos coisas admiráveis.
José de Alencar
LISTA DE TABELAS
ARTIGO DE PESQUISA: DESEMPENHO DE ADULTOS E IDOSOS PARA
RECONHECER A FALA SEGUNDO O TEMPO DE USO DA
AMPLIFICAÇÃO
TABELA 01
Medidas descritivas e p-valor do LRSS no 14º e 90º dia após a
adaptação das próteses auditivas para os grupos A e I ............................
36
TABELA 02
Medidas descritivas e p-valor do LRSR, com ruído a 65 dB A, no 14º e
90º dia após a adaptação das próteses auditivas para os grupos A e I ....
37
TABELA 03
Medidas descritivas e p-valor do IPRSS no 14º e 9 dia após a
adaptação das próteses auditivas para os grupos A e I ............................
37
TABELA 04
Medidas descritivas e p-valor do IPRSR, com ruído a 65 dB A, no 14º e
90º dia após a adaptação das próteses auditivas para os grupos A e I ....
37
TABELA 05
Valores do p-valor na comparação entre os grupos A e I para LRSS,
IPRSS, LRSR e IPRSR no 1 e 90º dia após a adaptação das próteses
auditivas .....................................................................................................
38
ARTIGO DE PESQUISA: EFEITO DA ACLIMATIZÃO EM NOVOS
USUÁRIOS DE PRÓTESES AUDITIVAS LINEARES E NÃO-LINEARES
TABELA 01
Medidas descritivas e p-valor do LRSS no 14º e 90º dia após a
adaptação das próteses auditivas para os grupos LINEAR e WDRC .......
56
TABELA 02
Medidas descritivas e p-valor do LRSR, com ruído a 65 dB A, no 14º e
90º dia após a adaptação das próteses auditivas para os grupos LINEAR
e WDRC .....................................................................................................
56
TABELA 03
Medidas descritivas e p-valor do IPRSS no 14º e 9 dia após a
adaptação das próteses auditivas para os grupos LINEAR e WDRC .......
56
TABELA 04
Medidas descritivas e p-valor do IPRSR, com ruído a 65 dB A, no 14º e
90º dia após a adaptação das próteses auditivas para os grupos LINEAR
e WDRC .....................................................................................................
57
TABELA 05
Valores do p-valor na comparação entre os grupos LINEAR e WDRC
para LRSS, IPRSS, LRSR e IPRSR no 14º e 90º dia após a adaptação
das próteses auditivas ...............................................................................
57
LISTA DE REDUÇÕES
CD
Compact Disc
dB
Decibel (s)
dB A
Decibel (s) nível de pressão sonora – escala A
dB NA
Decibel (s) nível de audição
Hz
Hertz
IPRF
Índice percentual de reconhecimento de fala
IPRSR
Índice percentual de reconhecimento de sentenças no ruído
IPRSS
Índice percentual de reconhecimento de sentenças no silêncio
KHz
Quilohertz
LPA
Laboratório de Próteses Auditivas
LRF
Limiar de reconhecimento de fala
LRSR
Limiar de reconhecimento de sentenças no ruído
LRSS
Limiar de reconhecimento de sentenças no silêncio
LSP
Listas de Sentenças em Português
Relação S/R
Relação sinal–ruído
SAF
Serviço de Atendimento Fonoaudiológico
UFSM
Universidade Federal de Santa Maria
WDRC
Wide Dynamic Range Compression
WDRMCC
Wide Dynamic Range Multichannel Compression
LISTA DE ANEXOS
ANEXO I
Carta de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa ..........
71
ANEXO II
Listas de Sentenças em Português utilizadas na pesquisa ...
72
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE I
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................
74
APÊNDICE II
Anamnese Audiológica ......................................................
75
APÊNDICE III
Protocolo Padrão ...............................................................
76
APÊNDICE IV
Legenda do banco de dados e banco de dados do artigo:
Desempenho de adultos e idosos para reconhecer a fala
segundo o tempo de uso da amplificação .........................
77
APÊNDICE V
Legenda do banco de dados e banco de dados do artigo:
Efeito da aclimatização em novos usuários de próteses
auditivas lineares e não-lineares .......................................
80
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO.............................................................................................
14
2
REVISÃO
DE
LITERATURA....................................................................... 17
2.1
Testes de reconhecimento de sentenças ................................... 17
2.2
Efeito de aclimatização .................................................................
22
2.3
Tipo de amplificação sonora proporcionada pela prótese
auditiva ...........................................................................................
25
3
ARTIGO DE PESQUISA: DESEMPENHO DE ADULTOS E IDOSOS
PARA RECONHECER A FALA SEGUNDO O TEMPO DE USO DA
AMPLIFICAÇÃO ........................................................................................
28
3.1
Resumo ..........................................................................................
28
3.2
Abstract ..........................................................................................
29
3.3
Introdução ......................................................................................
30
3.4
Material e Método ..........................................................................
31
3.5
Resultados .....................................................................................
36
3.6
Discussão .......................................................................................
38
3.7
Conclusão ......................................................................................
43
3.8 Referências Bibliográficas ........................................................... 44
4
ARTIGO DE PESQUISA: EFEITO DA ACLIMATIZAÇÃO EM NOVOS
USUÁRIOS DE PRÓTESES AUDITIVAS LINEARES E NÃO-LINEARES
47
4.1
Resumo ..........................................................................................
47
4.2
Abstract ..........................................................................................
48
4.3
Introdução ......................................................................................
48
4.4
Material e Método ..........................................................................
50
4.5
Resultados .....................................................................................
55
13
4.6
Discussão .......................................................................................
57
4.7
Conclusão ......................................................................................
62
4.8
Referências Bibliográficas ...........................................................
62
5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 65
ANEXOS ............................................................................................................
70
ANEXO I – Carta de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa .......
71
ANEXO II Listas de Sentenças em Português utilizadas na
pesquisa ....................................................................................................
72
APÊNDICES ......................................................................................................
73
APÊNDICE I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .............. 74
APÊNDICE
II
Anamnese Audiológica ...................................................
75
APÊNDICE III – Protocolo Padrão ...........................................................
76
APÊNDICE IV Legenda do banco de dados e banco de dados do
artigo: Desempenho de adultos e idosos para reconhecer a fala
segundo o tempo de uso da amplificação .............................................
77
APÊNDICE V Legenda do banco de dados e banco de dados do
artigo: Efeito da aclimatização em novos usuários de próteses
auditivas lineares e não-lineares ............................................................
80
1 INTRODUÇÃO
A audição condiciona as relações do homem com seus semelhantes
desde seu nascimento. Aquilo que somos, e o que seremos amanhã,
depende em grande parte de nossas faculdades auditivas.
(MARTÍNEZ, 1997, p. 177).
Em 1989, Northern & Dows afirmaram que a habilidade de comunicação é um
traço distintivo da existência humana, sendo um dos maiores contribuintes para o
bem estar de qualquer indivíduo. Para eles, a audição é considerada a pedra
angular sobre a qual se constrói o intrincado sistema da comunicação humana.
A capacidade auditiva representa para o ser humano o meio mais importante
de recepção de informações e é a base para o desenvolvimento adequado da
linguagem. A perda ou a diminuição da audição, em qualquer idade, provoca
manifestações psicológicas, sociais e humanas que demonstram sua importância.
Algumas das enfermidades que causam perdas auditivas podem ser
solucionadas mediante tratamento medicamentoso ou intervenção cirúrgica.
Entretanto, para grande parte das perdas de audição, a opção para minimizar os
prejuízos por ela acarretados é o uso de próteses auditivas.
Conforme Willot (1996), a lesão coclear provoca a ocorrência de plasticidade
neural. Essa plasticidade é uma reorganização neural ao longo da via auditiva; é a
capacidade que o tecido neural das vias auditivas centrais tem, devido a uma lesão
periférica, em alterar a sua função como resposta aos estímulos sonoros.
De acordo com Amorim & Almeida (2007), o indivíduo portador de perda de
audição que inicia o uso de prótese auditiva tem a estimulação sonora reintroduzida
a partir da amplificação. Dessa forma, pode ocorrer, novamente, plasticidade neural.
Isso levaria a observação de outro efeito auditivo importante, caracterizado pela
melhora no reconhecimento de fala ao longo do tempo.
Gatehouse, em 1992, chamou de aclimatização perceptual ao período de
adaptação da prótese auditiva que está relacionado à melhora no desempenho em
testes de reconhecimento de fala, à medida que o indivíduo aprende a utilizar as
novas pistas de fala disponíveis com o uso da amplificação. Segundo o autor, esse
15
benefício ocorre somente após um período que varia de seis a 12 semanas
subseqüente à adaptação.
Almeida (2003) referiu que, dentre os estudos longitudinais que examinaram a
influência do tempo de uso da amplificação sobre o benefício obtido, alguns
trabalhos demonstraram que o efeito de aclimatização existe, como os de
Gatehouse (1992), Cox et al. (1996) e Horwitz & Turner (1997); entretanto, outras
pesquisas não constataram nenhuma mudança no benefício, como Bentler et al.
(1993), Taylor (1993) e Saunders & Cienkowsky (1997). A autora relatou, ainda, não
haver uma exata compreensão dos mecanismos fisiológicos subjacentes ao declínio
do reconhecimento de fala, da recuperação após o declínio no desempenho auditivo
e das melhorias que ocorrem após certo tempo de adaptação de próteses auditivas.
Outro ponto importante a ser discorrido a respeito do processo de seleção e
adaptação de próteses auditivas é a tecnologia empregada para a amplificação
sonora. Com base na maneira como o ganho acústico é proporcionado ao usuário
da prótese auditiva, podemos definir dois diferentes tipos de amplificação: linear e
não-linear. Classifica-se como circuito com amplificação linear aquele em que a
quantidade de amplificação sonora é a mesma para todas as intensidades de
entrada, não ocorrendo modificação no ganho. Por outro lado, quando há
modificação no ganho decorrente de alterações automáticas nos mecanismos da
amplificação, tem-se o circuito com amplificação não-linear.
Segundo Costa & rio (2006), o avanço tecnológico contribuiu para o melhor
desempenho das próteses auditivas e tem ajudado muito o deficiente auditivo a uma
melhor audição para a fala, especialmente em ambiente silencioso. Porém, o
desempenho que o indivíduo apresenta em situações com ruído competitivo ainda
não atingiu um nível satisfatório de melhora.
Nos testes de desempenho das próteses auditivas e em muitas avaliações
audiológicas, são aplicadas provas de reconhecimento de fala com listas de palavras
monossilábicas, dissilábicas e, às vezes, trissilábicas. No entanto, é de suma
importância, também, o emprego de listas de sentenças para as avaliações do
usuário de próteses auditivas, tendo em vista que sentenças são os estímulos
verbais que mais se aproximam das características espectrais e contextuais da fala
conversacional cotidiana.
16
Wilson & Strouse, em 2001, afirmaram que durante as avaliações, a
habilidade em compreender a fala é afetada por muitos fatores, incluindo
experiências de linguagem e condições do sistema auditivo. Assim, ressaltaram a
importância da realização de testes na presença de ruído, uma vez que pacientes
com habilidades de reconhecimento de fala no silêncio podem apresentar resultados
extremamente diferentes em ambientes ruidosos.
Costa, em 1998, desenvolveu o teste Listas de Sentenças em Português
(LSP), o primeiro teste brasileiro que além de utilizar sentenças como estímulo,
possibilita realizar avaliações tanto no silêncio quanto na presença de ruído
competitivo. Com relação a esse teste, Freitas, Lopes & Costa (2005) relataram que
o mesmo é capaz de fornecer grande confiabilidade em medidas repetidas de uma
característica individual ou grupal.
O teste LSP se utilizado no presente estudo, pois, além do exposto,
possibilita a realização de um acompanhamento contínuo de observação dos
indivíduos. Justifica-se a realização deste trabalho devido à necessidade de
investigar possíveis influências do tempo de uso das próteses auditivas no
reconhecimento de fala em situações similares às habituais.
Para tal, objetivou-se, por meio do teste LSP, avaliar indivíduos portadores de
perda auditiva do tipo neurossensorial de grau leve a moderadamente-severo, novos
usuários de próteses auditivas, com a finalidade de verificar a influência do tempo de
uso da amplificação sobre o benefício obtido com as próteses, efetuando análises
por idade e tipo de amplificação proporcionada pelas próteses auditivas.
Esta pesquisa está estruturada em cinco capítulos. O primeiro capítulo é a
presente introdução geral. O segundo capítulo aborda a revisão de literatura. O
terceiro e quarto capítulos são artigos de pesquisa. E, por fim, o quinto capítulo
aponta as referências bibliográficas.
O artigo de pesquisa apresentado no terceiro capítulo verifica a influência do
tempo de uso da amplificação sobre o benefício obtido com as próteses,
comparando indivíduos adultos e idosos. Já, o artigo de pesquisa do quarto capítulo
efetua comparações entre próteses com amplificação linear e próteses com
amplificação não-linear do tipo WDRC (Wide Dynamic Range Compression). Os
artigos serão submetidos para apreciação, respectivamente, na Revista Brasileira de
Otorrinolaringologia e Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Neste capítulo será apresentada uma breve revisão dos estudos relacionados
ao tema central desta pesquisa, encontrados na literatura nacional e internacional.
Com a finalidade de facilitar a compreensão, a parte inicial deste capítulo expõe
assuntos referentes aos testes de reconhecimento de sentenças e, por fim, estão
abordados temas concernentes ao efeito de aclimatização e ao tipo de amplificação
sonora proporcionada pela prótese auditiva. Os estudos estão citados em ordem
cronológica, de acordo com o tema ao qual se relacionam.
2.1 Testes de reconhecimento de sentenças
Levitt & Rabiner (1967) descreveram uma técnica denominada “estratégia
seqüencial, adaptativa ou ascendente-descendente”, para determinar o Limiar de
Reconhecimento de Fala (LRF). Conforme essa estratégia, o LRF corresponderia ao
nível de intensidade na qual o indivíduo fosse capaz de reconhecer corretamente
50% dos estímulos de fala apresentados em uma determinada relação sinal/ruído
(S/R). Quando o examinador obtivesse uma resposta correta, a intensidade do
estímulo seguinte deveria ser diminuída; quando a resposta fosse incorreta, a
intensidade do próximo estímulo deveria ser aumentada. Foram utilizados intervalos
de 4 dB até a primeira mudança no tipo de resposta. Posteriormente, os intervalos
de apresentação das sentenças foram de 2 dB entre si, até o final da lista. Durante
todo o teste, a intensidade do ruído permaneceu constante, mudando, assim, a
relação S/R. Para a obtenção da relação S/R na qual o indivíduo reconheceu em
torno de 50% dos estímulos apresentados, foi calculada a média dos níveis de
apresentação de cada sentença, a partir da intensidade em que houve a primeira
mudança no tipo de resposta e, após, subtraída essa média do valor da intensidade
do ruído.
18
Plomp (1986) sugeriu critérios para serem usados como padrão no teste
com sentenças, tais como:
1) Utilizar o nível de pressão sonora em que o indivíduo reconhecesse
50% das frases como critério de limiar de reconhecimento das
sentenças, empregando a estratégia seqüencial adaptativa, proposta
em 1967, por Levitt & Rabiner;
2) Utilizar sentenças com significado, pois assim as condições de
determinação do limiar serão idênticas às situações essenciais da vida
diária;
3) Utilizar o ruído com espectro de fala como ruído mascarante, por
apresentar a vantagem de ser constante e não ter as variações de
amplitude como em uma fala isolada.
Bronkhorst & Plomp (1990) afirmaram que para avaliar o reconhecimento de
fala na presença de estímulo competitivo, o uso de sentenças é melhor que o uso de
palavras. Para os autores, as sentenças simulam melhor as situações de
comunicação diária. Além disso, sugeriram que a apresentação dos estímulos de
fala fosse realizada a azimute, por ser essa a situação mais comum de
conversação.
Costa, Iório & Mangabeira-Albernaz (1997) descreveram as etapas de
desenvolvimento de um teste constituído por uma lista de sentenças em português
brasileiro, denominada Lista 1A. Esse teste objetivou avaliar a habilidade de
reconhecimento de fala de indivíduos candidatos ao uso de prótese auditiva ou
implante coclear.
Costa, Iório & Mangabeira-Albernaz (1997), fazendo uso da Lista 1A,
avaliaram, em campo livre, 21 indivíduos adultos normo-ouvintes, com idades entre
18 e 35 anos, para pesquisar o Limiar de Reconhecimento de Sentenças no Silêncio
(LRSS), Limiar de Reconhecimento de Sentenças no Ruído (LRSR) e as respectivas
relações S/R. Conforme os autores, a habilidade de reconhecer a fala, no silêncio ou
no ruído, não depende somente dos limiares audiométricos, e sim, de um conjunto
de fatores individuais que determinam como cada pessoa é capaz de processar a
informação recebida. Os autores constataram, ainda, a necessidade de dar
seguimento ao estudo, a fim de criar um material destinado à avaliação qualitativa
da audição em situação clínica e durante o processo de seleção de prótese auditiva.
19
Costa (1997), tendo com base a lista 1A, elaborou um material para avaliação
da habilidade de reconhecer a fala na presença de ruído competitivo. O teste ficou
composto por sete listas, formadas por dez sentenças foneticamente balanceadas
cada uma, com períodos simples, cuja extensão variou de quatro a sete palavras por
sentença. As sete listas, denominadas 1B, 2B, 3B, 4B, 5B, 6B e 7B, foram gravadas
em formato digital, por um locutor do sexo masculino, utilizando linguagem
ortográfica, e reproduzidas em fita cassete. Em um canal da fita, foram gravadas as
sentenças; no outro canal, foi gravado um ruído com espectro de fala, desenvolvido
para esta pesquisa, mas publicado somente no ano seguinte. Com a finalidade de
analisar a equivalência das respostas obtidas, as diferentes listas de sentenças
foram apresentadas, em campo livre, para avaliar 30 indivíduos adultos, dos sexos
feminino e masculino, com idades entre 18 e 35 anos, de nível sócio-cultural
homogêneo e com audição normal. Por meio da estratégia de apresentação
proposta por Levitt & Rabiner (1967), foram obtidos o LRSS e, com ruído fixo a 65
dB A, o LRSR e as relações S/R. O estudo da equivalência entre as listas mostrou
haver similaridade entre cinco das sete listas, com diferença apenas nas listas 5B e
7B, sendo a diferença média inferior a 2 dB. Para a autora, o material foi
considerado adequado para avaliar o reconhecimento da fala, tanto no silêncio
quanto no ruído, pois mostrou flexibilidade, rapidez e confiabilidade, além da
facilidade de aplicação e interpretação dos resultados, podendo, também, ser usado
com diferentes objetivos por pesquisadores e clínicos de outras áreas.
Costa et al. (1998) publicaram o estudo no qual desenvolveram o ruído com
espectro de fala para ser utilizado na avaliação da habilidade em reconhecer a fala.
O ruído foi gerado a partir da gravação das vozes de 12 pessoas, seis do sexo
masculino e seis do sexo feminino, que produziram oralmente as 25 sentenças da
lista 1A, desenvolvida em 1997 por Costa, Iório & Mangabeira-Albernaz. O ruído
resultante dessa gravação apresentou uma faixa de freqüência de 0,33 KHz a 6,216
KHz. Em virtude desse ruído não ser um som contínuo, foi efetuada a filtragem de
um ruído branco com base nas características espectrais do ruído da gravação.
Dessa forma, foi obtido um ruído contínuo com espectro similar ao das sentenças.
Para os autores, o ruído desenvolvido foi considerado efetivo para mascarar
estímulos de fala em intensidade próxima das que ocorrem na maioria das situações
de comunicação.
20
Costa (1998) reuniu em um livro e um CD o material até então desenvolvido
(COSTA, RIO & MANGABEIRA-ALBERNAZ, 1997; COSTA, 1997; COSTA et al.,
1998). No livro, a autora apresentou, entre outros, estratégias de aplicação e as
listas de sentenças 1A e 1B a 7B. No CD, gravado a partir da matriz original, foram
armazenadas as listas de sentenças e o ruído com espectro da fala. Segundo a
autora, essa forma garante maior precisão nas medidas, pois propicia que as
pesquisas mantenham sempre as mesmas condições de apresentação das
sentenças e do ruído.
Almeida (1998) realizou um estudo para avaliar, por meio de procedimentos
objetivos e subjetivos, o benefício derivado do uso de próteses auditivas, analisando
comparativamente os resultados. A autora utilizou o teste LSP (COSTA, 1998) e
avaliou, em campo livre, 34 indivíduos com perda auditiva neurossensorial ou mista
de grau leve a moderadamente severo. Concluiu que houve diferença
estatisticamente significante entre as condições sem e com prótese auditiva, o que
indicou melhor desempenho em todos os procedimentos com o uso da amplificação.
Recomendou a utilização desses procedimentos para a avaliação de benefício no
processo de seleção e adaptação de próteses auditivas.
Ferro (2001) avaliou o reconhecimento de sentenças em português em
deficientes auditivos, novos usuários de próteses auditivas, com o objetivo de
comparar as tecnologias digital e programável. Participaram 28 indivíduos
portadores de perda auditiva bilateral, simétrica, de grau moderado a severo, com
idade entre 13 e 82 anos. Foi pesquisado o LRSS e o LRSR (COSTA, 1997) em três
condições de avaliação: sem próteses auditivas, com próteses auditivas
programáveis e com próteses auditivas digitais. Concluiu-se que a tecnologia digital
se mostrou superior e ofereceu melhores condições de reconhecimento de
sentenças, na presença ou ausência de ruído competitivo.
Pagnossim, Iório & Costa (2001) realizaram um estudo com o objetivo de
avaliar o limiar de reconhecimento de sentenças em campo livre, com e sem a
presença de ruído competitivo, em indivíduos portadores de perda auditiva
neurossensorial e de comparar o desempenho destes com indivíduos com audição
normal. Foram utilizadas as listas de sentenças desenvolvidas por Costa (1997) para
a obtenção do LRSS e LRSR. As autoras observaram que não houve diferença
estatisticamente significante entre os LRSS e as relações S/R, tanto nos indivíduos
21
com audição normal quanto nos indivíduos com perda auditiva, quando obtidos com
diferentes listas de sentenças. Ocorreu diferença estatisticamente significante na
comparação dos valores médios dos LRSS e das relações S/R entre os indivíduos
com audição normal e com perda auditiva.
Daniel (2004) estabeleceu valores de referência, em fones auriculares, para
LRSS e LRSR, analisando os efeitos relacionados à ordem de apresentação das
sentenças (primeira x segunda orelha testada), e a equivalência das diferentes
listas. Foram avaliados, por meio do teste LSP (COSTA, 1998), 240 adultos jovens.
As sentenças e o ruído, fixo a 65 dB, foram apresentados monoauralmente, através
de fones auriculares, com uso da estratégia ascendente-descendente (LEVITT &
RABINER, 1967). Os resultados mostraram que houve diferença estatística entre
LRSS e LRSR quando comparadas as médias da primeira e da segunda orelha
testadas. As listas, quando comparadas, não foram consideradas estatisticamente
iguais, mas houve correlação entre elas, tendo sido encontrada diferença máxima de
1 dB. Concluiu-se que as diferenças nas análises foram pequenas, não sendo
audiologicamente significativas. Assim, consideraram-se as listas 1B, 2B, 3B, 4B,
5B, e 6B equivalentes.
Freitas, Lopes & Costa (2005) realizaram um estudos com a finalidade de
verificar a confiabilidade teste-reteste dos limiares de reconhecimento de sentenças
no silêncio e na presença de ruído em um grupo de indivíduos jovens normo-
ouvintes. Os autores afirmaram que os resultados obtidos a partir do Teste LSP
(COSTA, 1998) demonstraram ser altamente confiáveis, com correlação positiva
forte, quando foram comparados os resultados obtidos em diferentes sessões de
avaliação.
Miranda & Costa (2006) realizaram um estudo com a finalidade de determinar
limiares de reconhecimento de sentenças em campo livre, com e sem a presença de
ruído competitivo, em adultos jovens normo-ouvintes. Foram examinados, por meio
de avaliação audiológica básica e do teste LSP (COSTA, 1998), 80 indivíduos, 40 do
sexo masculino e 40 do sexo feminino. Os LRSS e LRSR foram obtidos em
condições de escuta binaural, monoaural à direita e monoaural à esquerda. As
relações S/R encontradas para as condições citadas, com um nível fixo de ruído a
65 dB A, foram, respectivamente, -8,72, -5,76 e -7,10 dB. O LRSS para a condição
monoaural à direita foi 24,17 dB A, enquanto para a condição monoaural à esquerda
22
foi 25,59 dB A. Somente ocorreu diferença estatisticamente significante quando
comparado, por gênero, o LRSS na condição binaural, na qual indivíduos de nero
feminino (22,21 dB A) apresentaram melhores resultados que dos indivíduos do
gênero masculino (23,90 dB A).
Henriques (2006) realizou um estudo que, dentre os objetivos, buscou
estabelecer o Índice Percentual de Reconhecimento de Sentenças no Ruído
(IPRSR), em campo livre, e a variação ocorrida nesse índice com a alteração da
relação S/R para indivíduos com audição normal e indivíduos com perda auditiva
neurossensorial. O grupo de estudos foi composto por 62 indivíduos, com idades
entre 18 e 64 anos, sendo 32 normo-ouvintes e 30 portadores de perda de audição
do tipo neurossensorial de grau leve a moderadamente severo. Foi utilizado o teste
LSP (COSTA, 1998), aplicado em campo livre, a azimute, com o ruído fixo a
65 dB A, para a obtenção do LRSR. Posteriormente, foi realizada a pesquisa do
IPRSR, em intensidade fixa igual ou próxima daquela obtida com o LRSR. O IPRSR
foi pesquisado, ainda, em relações S/R 2,5 dB acima e 2,5 dB abaixo da relação
anteriormente estabelecida. A autora concluiu que cada 1 dB de variação na relação
S/R, em campo livre, configurou-se em uma modificação de 12,12% no IPRSR dos
indivíduos normo-ouvintes; e, representou uma modificação de 11,20% no IPRSR
dos indivíduos com perda auditiva.
2.2 Efeito de aclimatização
Gatehouse (1992) ao investigar as habilidades de identificação de fala em
quatro indivíduos portadores de perda auditiva neurossensorial bilateral simétrica,
que receberam adaptação monoaural de prótese auditiva, constatou um aumento no
desempenho dos testes de fala na orelha protetizada, após seis a 12 semanas da
adaptação. Denominou, então, de aclimatização perceptual esse período de
adaptação da prótese auditiva relacionado à melhora no desempenho em testes de
reconhecimento de fala, à medida que o indivíduo aprende a utilizar as novas pistas
de fala disponíveis com o uso da amplificação. Conforme o autor, qualquer avaliação
23
com relação aos efeitos da prescrição de uma prótese auditiva somente deveria ser
realizada após o período de aclimatização ter sido completado.
Turner et al. (1996) conceituaram o efeito da aclimatização como uma
mudança sistemática no desempenho auditivo ao longo do tempo. Essa melhora no
desempenho não está relacionada com mudança da informação acústica disponível
para o usuário da prótese auditiva, e nem pode ser atribuída à tarefa, ao
procedimento ou ao treinamento.
Lindley et al. (2000) descobriram que a aclimatização decresce com o
aumento da perda auditiva. Esse fato se justifica, provavelmente, como resultado de
redução na capacidade que o sistema auditivo tem de se modificar.
Munro & Lutman (2003) referiram que a aclimatização é denominada como
uma mudança sistemática no desempenho auditivo ao longo do tempo e que existe
um evidente conflito a respeito da existência da aclimatização, uma vez que alguns
estudos apresentaram melhorias no desempenho, enquanto outros não
demonstraram os efeitos da aclimatização auditiva. Os autores relataram, ainda, a
existência de, no mínimo, três possíveis explicações para justificar os estudos que
não foram capazes de demonstrar a ocorrência da aclimatização: sujeitos com
poucas oportunidades de melhora, emprego de teste não sensíveis às modificações
e/ou testes utilizados de forma errônea para tentar demonstrar a aclimatização.
Gatehouse, Naylor & Elberling (2003) realizaram um trabalho em que
relacionaram características cognitivas, audiológicas e condições de testes.
Verificaram que boas habilidades cognitivas refletem bom desempenho, uma vez
que interagem no reconhecimento de fala, e são influenciadas por características
individuais de cada ouvinte.
Reber & Kompis (2005) sugeriram que tecnologias distintas de próteses
auditivas, assim como diferentes protocolos de adaptação, podem exercer influência
sobre a aclimatização. A partir disso, realizaram um estudo para conhecer o impacto
de diferentes protocolos de adaptação na aclimatização. Participaram dessa
pesquisa 28 indivíduos adultos, divididos em três grupos de acordo com o protocolo
de adaptação escolhido. Todos foram adaptados com próteses auditivas digitais e
receberam acompanhamento durante seis meses. Decorrido esse tempo após a
adaptação das próteses, os resultados para reconhecimento de fala, tanto para
24
situações de silêncio quanto de ruído, foram similares para os três grupos,
independente do protocolo de adaptação utilizado. Para os autores, apesar de
pequenas diferenças nos resultados que sugeriram vantagens entre os protocolos, a
aclimatização auditiva foi encontrada nos três grupos, pois, para os três grupos,
ocorreu substancial melhora no reconhecimento de palavras entre duas e seis
semanas após a adaptação das próteses. Dessa forma, pôde-se verificar que,
durante o período de tempo mencionado, ocorreram mudanças no sistema auditivo
central de uma grande parcela dos sujeitos.
Philibert et al. (2005) realizaram um estudo para verificar possíveis evidências
da plasticidade funcional no sistema auditivo. Participaram oito indivíduos
presbiacúsicos, quatro homens e quatro mulheres, com média de idade de 74 anos.
Todos os sujeitos tinham perdas auditivas neurossensoriais, em rampa e simétricas,
e receberam adaptação de próteses auditivas digitais. Cada indivíduo foi testado
quatro vezes: antes da adaptação, um mês, três meses e seis meses depois da
adaptação das próteses. Os indivíduos foram submetidos a tarefas perceptuais de
intensidade e como parte adicional do estudo, foi realizado, em cinco sujeitos, o
exame de potencial evocado auditivo de tronco encefálico. Os resultados foram
consistentes com os efeitos da aclimatização auditiva e sugeriram que a adaptação
de próteses auditivas induz à plasticidade funcional do sistema auditivo.
Prates & Iório (2006) acompanharam os três primeiros meses de adaptação
de próteses auditivas em novos usuários e verificaram a aclimatização por meio de
avaliações objetivas e subjetivas. Foram examinados 16 deficientes auditivos, oito
do sexo feminino e oito do sexo masculino, com média de idade de 52 anos. As
avaliações ocorreram no primeiro dia de adaptação das próteses e mensalmente até
o terceiro mês. Para as avaliações objetivas, foram realizados em todos os meses o
Índice Percentual de Reconhecimento de Fala, com monossílabos, e o LRSR, com
sentenças e ruído fixo a 65 dB A, determinando assim a relação S/R (COSTA,
1998). Os testes foram realizados em campo livre. O estudo evidenciou melhora no
reconhecimento de fala somente após 30 dias de uso das próteses auditivas, sendo
que o progresso das habilidades de fala foi otimizado até 60 dias após a adaptação;
e concluiu que a aclimatização foi progressiva e decorrente da utilização de pistas
acústicas fornecidas pelo uso de próteses auditivas.
25
Amorim & Almeida (2007) executaram uma pesquisa cujos objetivos foram
caracterizar o benefício de curto prazo em adultos, novos usuários de próteses
auditivas, e estudar a ocorrência do fenômeno de aclimatização. Para tal, foi
realizada uma análise comparativa do IPRF dessa população e da mensuração
subjetiva do benefício antes da adaptação e após quatro e 16/18 semanas de uso da
amplificação. Participaram 16 indivíduos, de ambos os gêneros, com idades entre 17
e 89 anos, portadores de perdas auditivas bilaterais simétricas neurossensoriais ou
mistas de grau moderado a severo. Todos os indivíduos foram adaptados com
próteses de tecnologia digital e com amplificação não linear. Nos três momentos da
pesquisa, foi realizada audiometria tonal liminar, IPRF, LRF e aplicação de
questionários. De acordo com as autoras, diferenças estatisticamente significantes
indicaram benefício auditivo a curto prazo; não ocorreu melhora significante ao longo
do tempo de uso, sugerindo, assim, que o benefício não aumenta como o tempo; e,
houve melhora da média dos IPRF e das medidas subjetivas do benefício ao longo
do tempo de uso da amplificação, porém essas diferenças não foram
estatisticamente significantes. Logo, concluíram que não foi possível verificar a
ocorrência do fenômeno da aclimatização por meio do IPRF.
2.3 Tipo de amplificação sonora proporcionada pela prótese auditiva
Shanks et al. (2002) realizaram um estudo com o intuito de comparar o
desempenho no reconhecimento de fala para três circuitos de próteses auditivas, por
meio de dois diferentes testes, em indivíduos adultos com perdas auditivas
neurossensoriais simétricas. Os testes Northwestern University Auditory Test No. 6 e
Connected Speech Test foram utilizados para avaliar os usuários dos circuitos:
cortes de pico, compressão por limitação e WDRC (Wide Dynamic Range
Compression). Foram examinados 360 indivíduos, reunidos em quatro grupos de
acordo com o grau e a configuração da perda auditiva. As conclusões do estudo
mostraram que os três circuitos forneceram benefícios, tanto no silêncio quanto no
ruído. Diferenças significativas favoreceram os circuitos corte de pico e compressão
26
por limitação sobre o circuito WDRC nos grupos com perda auditiva de grau leve; e
favoreceram o WDRC sobre o corte de pico nos grupos com perda auditiva de grau
superior ao leve.
Menegotto & Iório (2003) afirmaram que a função de uma prótese auditiva é
amplificar os sons do ambiente, com a melhor qualidade possível. Na denominada
amplificação linear, o ganho da prótese é constante para todas as intensidades de
sinal de entrada, até o limite de saturação do aparelho. Já, as próteses com
amplificação não-linear apresentam características variáveis conforme o sinal de
entrada. As próteses auditivas com compressão dinâmica ou WDRC processam de
forma não-linear os sons mais importantes do dia-a-dia, incluindo a fala. O objetivo
do WDRC é adaptar o mundo sonoro à área dinâmica reduzida do indivíduo com
perda de audição. Esse tipo de compressão costuma fornecer maior ganho em
comparação a um amplificador linear para baixos níveis de pressão sonora de
entrada e um nível equivalente para sons médios.
Humes, Humes & Wilson (2004) realizaram um estudo para comparar os
benefícios, em indivíduos idosos, com o uso binaural de próteses auditivas lineares
e próteses com processamento WDRC. A pesquisa foi concluída com 34 sujeitos e,
após um e seis meses, os exames indicaram não haver diferenças estatisticamente
significantes entre amplificação linear e WDRC, porém, o mais importante para os
autores é que ambas as tecnologias proporcionaram desempenho satisfatórios para
seus usuários.
Costa & Iório (2006) realizaram um estudo em que avaliaram usuários de
próteses auditivas linear e não-linear, por meio de testes objetivos e subjetivos, com
a finalidade de comparar os resultados obtidos e verificar o circuito que favorece
melhor adaptação auditiva e reconhecimento de fala no silêncio e no ruído. Foram
examinados 21 indivíduos, com idade entre 12 e 64 anos, portadores de perdas
auditivas de grau leve a moderadamente severo, usuários de próteses auditivas
bilateral há pelo menos três meses. Esses sujeitos foram reunidos em dois grupos,
conforme o tipo de amplificação da prótese auditiva: grupo linear e grupo não-linear.
Para as avaliações objetivas, foi realizada, em campo livre, a pesquisa do LRSS e
do LRSR (COSTA, 1998). Conforme os pesquisadores, não houve diferenças entre
o reconhecimento de fala no silêncio e no ruído nos usuários de próteses auditivas
linear e não-linear.
27
Yund et al. (2006) realizaram um estudo em que acompanharam os efeitos da
aclimatização em novos usuários de próteses auditivas, adaptados bilateralmente
com amplificação linear ou com amplificação não-linear do tipo WDRMCC (Wide
Dynamic Range Multichannel Compression). O experimento incluiu 39 indivíduos, de
ambos os sexos, com idades entre 43 e 84 anos, portadores de perdas auditivas
neurossensoriais com configuração descendente e consistiu em duas fases para
dois grupos de novos usuários. Na primeira fase, um grupo recebeu adaptação de
próteses com processamento WDRMCC; o outro, próteses com amplificação linear.
As próteses foram usadas durante 32 semanas e os efeitos da aclimatização foram
mensurados. Após esse tempo, foi iniciada a segunda fase, em que o tipo de
amplificação foi trocado entre os grupos: usuários de amplificação linear passaram a
usar WDRMCC e vice-versa. As próteses foram usadas, então, durante oito
semanas e os efeitos da aclimatização foram, novamente, medidos. Como resultado,
os efeitos da aclimatização foram avaliados em quatro diferentes condições:
1. WDRMCC sem experiência prévia com próteses;
2. Linear sem experiência prévia com próteses;
3. WDRMCC com experiência prévia com próteses linear;
4. Linear com experiência prévia com próteses WDRMCC.
Foram verificadas claras evidências dos efeitos da aclimatização nos novos usuários
de próteses auditivas com processamento WDRMCC. Para os novos usuários
adaptados com amplificação linear, os resultados não foram consistentes com os
efeitos da aclimatização. Após a troca entre os tipos de amplificação, foram
percebidas pequenas evidências da aclimatização, tanto para o grupo que substituiu
WDRMCC por linear quanto para o grupo que substituiu linear por WDRMCC.
Claramente, a experiência com WDRMCC após a troca do tipo de amplificação o
teve os mesmos efeitos que a experiência inicial com WDRMCC. Assim, nenhum
dos efeitos da aclimatização pôde ser comparado à magnitude inicial alcançada com
o uso do processamento WDRMCC. Conforme o estudo, os efeitos da aclimatização
estão na dependência do tipo de amplificação e da experiência prévia com
amplificação.
3 ARTIGO DE PESQUISA
DESEMPENHO DE ADULTOS E IDOSOS PARA RECONHECER A FALA
SEGUNDO O TEMPO DE USO DA AMPLIFICAÇÃO
ADULTS AND THE ELDERLY PERFORMANCE TO RECOGNIZE SPEECH
ACCORDING TO THE PERIOD OF AMPLIFICATION USE
3. 1 Resumo
Introdução: A perda de audição gera um negativo impacto sobre a qualidade de vida.
O uso de próteses auditivas pode propiciar plasticidade do sistema auditivo e
melhorar o reconhecimento da fala ao longo do tempo. Essa melhora no
reconhecimento de fala com o tempo foi denominada aclimatização. Objetivo:
Comparar em adultos e idosos, novos usuários de próteses auditivas, a influência do
tempo de uso da amplificação sobre o benefício obtido com as próteses. Material e
Método: 40 indivíduos portadores de perda auditiva neurossensorial de grau leve a
moderadamente-severo, novos usuários de próteses auditivas, foram reunidos em
dois grupos: Grupo Adultos composto por 13 indivíduos com idades entre 28 e 59
anos ; e, Grupo Idosos – composto por 27 indivíduos com idades entre 61 e 78 anos.
Os indivíduos foram avaliados 14 e 90 dias após a adaptação das próteses. Foram
obtidos, em campo livre, os limiares de reconhecimento de sentenças no silêncio e
no ruído; e os índices percentuais de reconhecimento de sentenças no silêncio e no
ruído. Resultados: A comparação entre os valores obtidos após 14 e 90 dias de uso
da amplificação, tanto para adultos quanto para idosos, não apresentou diferenças
estatisticamente significantes. Quando comparados os valores entre os grupos,
também o foi constatada diferença estatisticamente significante. Conclusão: o
foram verificadas influências do tempo de uso da amplificação sobre o benefício
29
obtido com as próteses; os resultados alcançados por adultos e idosos foram
semelhantes.
Descritores: Auxiliares de Audição, Audiometria da Fala, Testes de Discriminação da
Fala e Aclimatização.
3. 2 Abstract
Introduction: Hearing loss has a negative impact on quality of life. The use of hearing
aids can provide plasticity of the hearing system as well as improve speech
recognition as time goes by. Such improvement in speech recognition was called
acclimatization. Aim: To compare the influence of the period of amplification use on
the benefit obtained with the hearing aids in adults and the elderly, new hearing aids
users. Material and method: 40 first-time users of hearing aids, having mild to
moderate-severe sensorineural hearing loss, were gathered in 2 groups: Adults
Group – comprising 13 people aged between 28 and 59 years old; and Elderly
Group comprising 27 people aged between 61 and 78 years old. These people
were assessed 14 and 90 days after the hearing aids fitting. Sentence recognition
threshold in silence and in the noise as well as the percentual indexes of sentences
recognition in the silence and in the noise were obtained in sound field. Results: The
comparison between values obtained after 14 and 90 days of amplification use in
adults as well as in the elderly did not show statistically significant differences. When
comparing values between the groups, no statistically significant difference was
observed either. Conclusion: Influences of the period of amplification use on the
benefit obtained with the hearing aids were not found; the results achieved by adults
and the elderly were similar.
Key Words: Hearing Aids; Audiometry Speech; Speech Discrimination Tests;
Acclimatization.
30
3. 3 Introdução
A diminuição periférica da audição traz prejuízos à função auditiva como um
todo. Além da redução quantitativa dos sons, comprometimento no
reconhecimento de fala, o que acarreta em um negativo impacto social e emocional,
afetando a qualidade de vida do indivíduo.
A adaptação de prótese auditiva é o método terapêutico de escolha quando a
perda de audição não é passível de melhora mediante tratamento medicamentoso
ou intervenção cirúrgica. De acordo com Espmark (2002), a prótese auditiva é
importante não apenas para a comunicação e para a orientação espacial, mas
também porque o sentido da audição afirma a existência do indivíduo como ser
humano.
Com o uso da prótese auditiva, tem-se um aumento na intensidade dos sons
ambientais e, em decorrência, estimulação auditiva. Segundo Amorim & Almeida
(2007), essa estimulação pode favorecer a plasticidade do sistema auditivo e
melhorar o reconhecimento da fala ao longo do tempo.
O período após a adaptação de prótese auditiva relacionado à melhora no
desempenho dos testes de reconhecimento de fala, à medida que o indivíduo
aprende a utilizar as novas pistas de fala disponíveis com o uso da amplificação, foi
conceituado por Gatehouse (1992) como aclimatização perceptual.
Para Turner et al. (1996), o efeito da aclimatização é uma mudança
sistemática no desempenho auditivo ao longo do tempo, não relacionado com
mudança da informação acústica disponível para o usuário da prótese auditiva.
Nos testes de desempenho das próteses auditivas, a utilização, não de
palavras, mas, de sentenças, representa uma situação aproximada das condições
de conversação vivenciadas a cada dia. Conforme Soncini et al. (2003), o aspecto
mais importante a ser mensurado na função auditiva humana é a habilidade para
compreender a fala, pois permite avaliar a função comunicativa receptiva e fornece
dados de como o sujeito funciona em situações de escuta diária.
O teste Listas de Sentenças em Português (LSP) desenvolvido por Costa
(1998) utiliza sentenças como estímulo e permite avaliar o reconhecimento de fala
31
no silêncio ou na presença de ruído competitivo, podendo ser usado na rotina clínica
ou em pesquisas com diferentes objetivos.
De acordo com Prates & Iório (2006), para que as habilidades de fala se
restabeleçam e para que os benefícios obtidos com a prótese possam ser avaliados,
é necessário um período de uso de próteses auditivas e, é imprescindível, para
acompanhar o desenvolvimento da função auditiva no novo usuário, a realização de
estudos que tenham o intuito de averiguar os efeitos da aclimatização perceptual.
Como base nessas considerações, objetivou-se, por meio do teste LSP,
avaliar indivíduos adultos e idosos, portadores de perda auditiva do tipo
neurossensorial de grau leve a moderadamente-severo, novos usuários de próteses
auditivas, com a finalidade de verificar a influência do tempo de uso da amplificação
sobre o benefício obtido com as próteses; e investigar se existem diferenças entre
adultos e idosos para os resultados obtidos.
3. 4 Material e Método
O estudo foi realizado no Laboratório de Próteses Auditivas do Serviço de
Atendimento Fonoaudiológico (SAF) da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), sendo parte integrante do projeto Pesquisa e Base de Dados em Saúde
Auditiva”, registrado no Gabinete de Projetos do Centro de Ciências da Saúde da
UFSM sob o número 019731 e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com
certificado de número 0138.0.243.000-06, ilustrado no ANEXO I. Todos os
indivíduos participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (APÊNDICE I) após terem recebido explicações sobre o objetivo e a
metodologia do estudo proposto.
Os critérios para a inclusão no grupo de estudo foram os seguintes:
Ter idade igual ou superior a 18 anos;
Possuir diagnóstico audiológico de perda auditiva do tipo neurossensorial
de grau leve a moderadamente-severo (SILMAN & SILVERMAN, 1991),
adquirida no período pós-lingual;
32
Apresentar o Limiar de Reconhecimento de Fala, na melhor orelha, com
resultado igual ou inferior a 65 dB NA.
Ter a indicação do uso binaural de próteses auditivas;
Não ter iniciado o uso das próteses auditivas;
Não apresentar nenhum fator que pudesse interferir no teste, como
alterações neurológicas e/ou de fluência verbal;
Durante os meses de janeiro a outubro de 2008, foram pré-selecionados
indivíduos que compareceram ao Laboratório de Próteses Auditivas da UFSM para
iniciar os procedimentos de seleção e adaptação de próteses auditivas e que
contemplaram as condições de elegibilidade do grupo de estudo supracitadas.
Dentre os 210 pacientes atendidos, 47 foram pré-selecionados. Destes, os que
apresentaram problemas de saúde ou qualquer outro impedimento que
impossibilitou o retorno para a segunda avaliação, foram excluídos do grupo de
estudos. Assim, dos 47 indivíduos pré-selecionados, 40 concluíram as avaliações e
compuseram o referido grupo.
Os 40 indivíduos foram reunidos conforme a idade em:
1. Grupo A (Adultos [18 a 59 anos]): 13 novos usuários de próteses auditivas,
com idades entre 28 e 59 anos (média de idade = 48,77 anos), sendo quatro
do gênero masculino e nove do gênero feminino.
2. Grupo I (Idosos [a partir de 60 anos]): 27 novos usuários de próteses
auditivas, com idades entre 61 e 78 anos (média de idade = 68,85 anos),
sendo 12 do gênero masculino e 15 do gênero feminino.
As avaliações e reavaliações foram efetuadas no período compreendido entre
janeiro de 2008 e janeiro de 2009. Todos os indivíduos foram submetidos à pesquisa
do:
LRSS – Limiar de reconhecimento de sentenças no silêncio;
LRSR – Limiar de reconhecimento de sentenças no ruído;
IPRSS – Índice percentual de reconhecimento de sentenças no silêncio;
IPRSR – Índice percentual de reconhecimento de sentenças no ruído.
Os testes foram realizados em campo livre, em duas diferentes sessões de
avaliação. O quadro demonstrativo da seqüência das avaliações está ilustrado a
seguir:
33
AVALIAÇÕES PERÍODO PARA AS AVALIAÇÕES
1ª avaliação 14 dias após a adaptação das próteses auditivas
2ª avaliação 90 dias após a adaptação das próteses auditivas
Quadro 1 – Seqüência de avaliações para a pesquisa do LRSS, LRSR, IPRSS e IPRSR.
Foi sempre respeitado o mesmo turno de avaliação para cada paciente.
Nas duas avaliações, os sujeitos estavam usando suas próteses auditivas nas
regulagens estabelecidas pela equipe técnica responsável pelos pacientes do
Laboratório de Próteses Auditivas da UFSM, sem modificações entre as avaliações.
Antes da realização da primeira avaliação, foi efetuada uma anamnese
(APÊNDICE II) por meio de um questionário constituído por questões fechadas, as
quais forneceram informações referentes a dados pessoais, queixas auditivas,
história otológica, hábitos de vida diária e nível de escolaridade dos sujeitos
estudados. Também foram anotados, em protocolo padrão (APÊNDICE III), os
dados referentes à Audiometria Tonal Liminar, Limiar de Reconhecimento de Fala e
Índice Percentual de Reconhecimento de Fala que comprovaram a perda auditiva do
sujeito e que serviram de base para a programação das próteses auditivas.
O LRSS, o LRSR, IPRSS e o IPRSR foram obtidos utilizando-se o teste Listas
de Sentenças em Português, elaborado por Costa (1998), constituído por uma lista
de 25 sentenças (COSTA, IÓRIO & MANGABEIRA-ALBERNAZ, 1997), sete listas
com 10 sentenças (COSTA, 1997) e um ruído com espectro de fala (COSTA et al.,
1998). As sentenças e o ruído estão gravados em CD, em canais independentes, e
foram apresentados através de um CD Player acoplado a um audiômetro. Os
resultados foram anotados no protocolo padrão. As listas de sentenças que foram
utilizadas para a realização desta pesquisa estão descritas no ANEXO II.
O teste foi aplicado em ambiente acusticamente tratado, em campo livre e
com o indivíduo posicionado a um metro da fonte sonora, de frente para a mesma, a
azimute. A seqüência de aplicação, tanto para a avaliação quanto para a
2ª avaliação, foi a seguinte:
Apresentação das sentenças de 1 a 10 da lista 1A, sem a presença de
ruído competitivo, para familiarização do indivíduo com o teste.
34
Apresentação da lista 5B, sem a presença de ruído competitivo, para
determinar o LRSS.
Apresentação da lista 6B, sem a presença de ruído competitivo e com a
fala fixada a 65 dB A, para determinar o IPRSS.
Apresentação das sentenças de 11 a 20 da lista 1A, com presença de
ruído competitivo a 65 dB A, para familiarização do indivíduo com o teste.
Apresentação da lista 1B, com a presença de ruído competitivo a 65 dB A,
para determinar o LRSR.
Apresentação da lista 2B, com a presença de ruído competitivo e fala
fixos, ambos a 65 dB A, resultando em uma relação S/R igual a zero, para
determinar o IPRSR.
A escolha das listas que foram utilizadas ocorreu em virtude de estarem
acontecendo, de forma concomitante, duas pesquisas com objetivos distintos. Com
a seleção das listas 1B, 2B, 5B e 6B, nenhuma das listas do teste foi repetida na
mesma situação, em nenhuma das pesquisas.
Para a obtenção de limiares, a técnica de apresentação das sentenças foi
baseada na estratégia seqüencial, adaptativa ou ascendente-descendente, descrita
por Levitt & Rabinner (1967), que permite determinar o limiar de reconhecimento de
fala, que é o nível necessário para o indivíduo identificar, de forma correta,
aproximadamente 50% dos estímulos de fala apresentados.
O procedimento para a obtenção dos limiares consistiu na apresentação de
um estímulo em uma determinada condição, sem ou com ruído competitivo. Se o
indivíduo fosse capaz de reconhecer corretamente o estímulo de fala apresentado, a
intensidade do mesmo era diminuída em intervalos pré-estabelecidos Caso
contrário, sua intensidade era aumentada. Esse procedimento foi repetido até o final
da lista.
Conforme a literatura, foram utilizados intervalos de 4 dB até a primeira
mudança no tipo de resposta e, posteriormente, os intervalos de apresentação dos
estímulos foram de 2 dB entre si até o final da lista (LEVITT & RABINER, 1967).
Para a determinação dos limiares, foi calculada a dia dos valores a partir
da intensidade de apresentação das sentenças em que ocorreu a primeira mudança
de resposta.
35
Para a obtenção dos índices percentuais, a intensidade foi mantida fixa
durante toda a lista de sentenças. Para a determinação dos índices percentuais,
foram somadas todas as sentenças respondidas de forma correta, correspondendo a
10 pontos percentuais para cada sentença da lista.
As medidas, realizadas em campo livre, foram efetuadas após a devida
calibração do equipamento, tendo em vista as características do sinal de teste e as
condições acústicas do ambiente. Nessa calibração, foi estabelecido o nível de
pressão sonora no qual o indivíduo testado percebia a fala e o ruído. Para isso, foi
utilizado um medidor de pressão sonora digital, da marca Radio Shack, que foi
posicionado em um ponto médio entre as duas orelhas, a uma distância de um
metro do alto-falante. A escala de medição utilizada, conforme sugerido por Costa
(1998), foi a escala A, por ser adequada para mensurar ruídos contínuos e para
determinar valores extremos de ruídos intermitentes.
A intensidade de apresentação das sentenças foi calibrada a partir de um tom
puro registrado no canal do CD em que estão gravadas as sentenças. Esse tom
puro, um som contínuo de referência, foi utilizado para que as mesmas condições de
apresentação sempre fossem mantidas. Isso se deve em virtude de o sinal de fala
ser um som complexo, que apresenta uma variação de 30 dB entre o som mais
intenso e o menos intenso, oscilando 12 dB acima e 18 dB abaixo da média
(BOOTHROYD, 1993), necessitando, portanto, desse som referencial.
Antes do início das avaliações, a saída de cada canal do CD foi calibrada
através do VU-meter do audiômetro. Tanto o tom de 1.000 Hz, presente em um
canal, quanto o ruído mascarante, presente no outro canal, foram colocados no nível
zero. Estudos realizados por Cóser et al. (2000) observaram que as sentenças foram
gravadas no CD em uma intensidade média 7 dB abaixo da intensidade do tom puro.
Essa diferença foi levada em consideração e corrigida no dial do equipamento no
momento da aplicação dos testes.
As medidas da pesquisa foram obtidas em cabine tratada acusticamente, por
meio de um audiômetro digital de dois canais, marca Damplex, modelo DA65; e um
sistema de amplificação para audiometria em campo livre, modelo TA 1010. As
sentenças foram apresentadas utilizando-se um CD Player da marca Britânia,
modelo B5279, na opção lineout, acoplado ao audiômetro descrito.
36
Os dados coletados foram submetidos a uma análise descritiva e a tratamento
estatístico por meio da apreciação do comportamento das variáveis, com
comparações, para cada grupo, entre os resultados das avaliações efetuadas nos
dois diferentes períodos. Para tal, foi utilizado o teste de Wilcoxon, que não exige
que os dados sejam provenientes de uma distribuição normal e que testou se os
dois valores relacionados apresentaram diferenças estatisticamente significantes.
Foi analisado, também, se para cada avaliação executada, ocorreu diferença
entre os grupos. Essa comparação foi efetuada com o uso do teste de Mann-
Whitney, que testou se os dois valores independentes, e sem distribuição normal,
apresentaram diferenças estatisticamente significantes. Para ambos os testes, o
nível de significância foi fixado em 5%.
3. 5 Resultados
A seguir, estão demonstrados os resultados obtidos nas avaliações do LRSS
(tabela 1), LRSR (tabela 2), IPRSS (tabela 3) e IPRSR (tabela 4), assim como os
valores obtidos pelo teste de Wilcoxon, com nível de significância de 5%,
estabelecendo uma comparação entre 14 e 90 dias após a adaptação das próteses
auditivas para adultos e idosos.
TABELA 1. Medidas descritivas e p-valor do LRSS no 14º e 90º dia após a adaptação das próteses
auditivas para os grupos A e I.
LRSS n
Média
(dB A)
Lim. Inf.
(dB A)
Quartil
(dB A)
Mediana
(dB A)
Quartil
(dB A)
Lim. Sup.
(dB A)
p-valor
Grupo A
14 dias 13 46,00 34,33 40,22 47,00 51,00 61,29
90 dias 13 46,00 32,20 39,80 44,50 53,33 60,78
0,3821
Grupo I
14 dias 27 46,58 35,20 40,78 44,50 51,28 76,67
90 dias 27 45,92 34,40 40,78 44,50 49,86 69,22
0,9234
Legenda: Lim. Inf. = Limite inferior; Lim. Sup. = Limite superior.
37
TABELA 2. Medidas descritivas e p-valor do LRSR, com ruído a 65 dB A, no 14º e 9 dia após a
adaptação das próteses auditivas para os grupos A e I.
LRSR n
Média
(dB A)
Lim. Inf.
(dB A)
Quartil
(dB A)
Mediana
(dB A)
Quartil
(dB A)
Lim. Sup.
(dB A)
p-valor
Grupo A
14 dias 13 63,38 60,00 61,50 62,50 64,00 68,00
90 dias 13 63,39 56,71 61,44 63,22 64,11 70,56
0,8887
Grupo I
14 dias 27 64,36 58,50 62,50 64,11 66,33 76,67
90 dias 27 64,54 59,57 62,00 63,50 66,00 75,89
0,9234
Legenda: Lim. Inf. = Limite inferior; Lim. Sup. = Limite superior.
TABELA 3. Medidas descritivas e p-valor do IPRSS no
14º e 90º dia após a adaptação das próteses auditivas
para os grupos A e I.
IPRSS n
Média
(%)
Mediana
(%)
p-valor
Grupo A
14 dias 13 98,46 100
90 dias 13 100 100
0,3173
Grupo I
14 dias 27 94,44 100
90 dias 27 95,18 100
0,5639
TABELA 4. Medidas descritivas e p-valor do IPRSR, com ruído a 65 dB A, no 1 e 90º dia após a
adaptação das próteses auditivas para os grupos A e I.
IPRSR n
Média
(%)
Lim. Inf.
(%)
Quartil
(%)
Mediana
(%)
Quartil
(%)
Lim. Sup.
(%)
p-valor
Grupo A
14 dias 13 70,00 00 60 80 90 100
90 dias 13 75,38 40 60 80 90 100
0,2457
Grupo I
14 dias 27 70,74 10 50 80 90 100
90 dias 27 68,52 00 60 70 90 100
0,6524
Legenda: Lim. Inf. = Limite inferior; Lim. Sup. = Limite superior.
38
Procurou-se, também, investigar se havia diferença entre os valores obtidos
para adultos e aqueles encontrados para idosos (tabela 5), em todas as variáveis
pesquisadas. Essa comparação foi efetuada com o uso do teste de Mann-Whitney,
com nível de significância de 5%, e em nenhuma das avaliações, tanto para 14 dias
quanto para 90 dias após a adaptação das próteses, foram observadas diferenças
estatisticamente significantes entre os grupos.
TABELA 5. Valores do p-valor na comparação
entre os grupos A e I para LRSS, IPRSS, LRSR
e IPRSR no 1 e 9 dia após a adaptação das
próteses auditivas.
Variáveis
Grupo A versus Grupo I
p-valor
LRSS 0,9080
IPRSS 0,7185
LRSR 0,2914
14º dia
IPRSR 0,9414
LRSS 0,9309
IPRSS 0,3203
LRSR 0,3858
90º dia
IPRSR 0,4924
3. 6 Discussão
Com relação aos limiares, demonstrados na tabela 1 (LRSS) e na tabela 2
(LRSR), o foram verificadas diferenças estatisticamente significantes nos
resultados quando comparados o 14º e o 90º dia após a adaptação, tanto para o
Grupo A quanto para o Grupo I. Isso demonstra que no período de 14 a 90 dias
posterior à adaptação das próteses auditivas, não ocorreu melhora no
reconhecimento de fala dos adultos nem dos idosos avaliados.
De acordo com os estudos de Yund et al. (2006), as melhorias representadas
pela aclimatização no reconhecimento de fala o são imediatamente avaliadas nos
novos usuários de próteses auditivas. Ainda, os benefícios relativos às próteses
auditivas são imensamente influenciados por características individuais, como
39
personalidade, motivação e expectativa, e também estão na dependência do
ambiente acústico em que cada ouvinte está inserido (GATEHOUSE, NAYLOR &
ELBERLING, 2003).
Em 2007, Amorim & Almeida estudaram a ocorrência do fenômeno de
aclimatização em adultos, novos usuários de próteses auditivas, e verificaram
melhora da média dos IPRF ao longo de quatro e 16/18 semanas de uso da
amplificação, porém essas diferenças não foram estatisticamente significantes.
Concluíram, assim, que não foi possível examinar a ocorrência do fenômeno da
aclimatização por meio do IPRF. Questionaram, então, se o fenômeno da
aclimatização é realmente percebido pelos usuários de prótese auditiva e se esses
indivíduos se sentiriam beneficiados com tal fenômeno. Para isso, seria necessário,
de acordo com as autoras, acompanhar os pacientes por um período maior de
tempo e avaliar o benefício por meio de medidas subjetivas e mensurações
eletrofisiológicas, sendo indispensável, também, considerar o treinamento auditivo
como um auxílio direto na melhora da habilidade de reconhecimento da fala.
Em outra pesquisa, realizada com o objetivo de verificar possíveis evidências
da plasticidade funcional no sistema auditivo, Philibert et al. (2005), encontraram
resultados consistentes com os efeitos da aclimatização auditiva e sugeriram que a
adaptação de próteses auditivas induz à plasticidade funcional do sistema auditivo.
O teste LSP foi utilizado no trabalho de Prates & Iório (2006), que
acompanharam os três primeiros meses de novos usuários de próteses auditivas e
verificaram a aclimatização. Foram pesquisados o IPRF, com monossílabos, e o
LRSR, com sentenças e com o ruído fixo a 65 dB A. O estudo evidenciou que o
reconhecimento de fala melhorou somente após 30 dias de uso da amplificação e
que o progresso das habilidades de fala foi otimizado até 60 dias após a adaptação.
Para as autoras, a aclimatização começa ocorrer após o primeiro mês de
adaptação, é progressiva e decorrente da utilização de pistas acústicas fornecidas
pelo uso de próteses auditivas.
Reber & Kompis (2005) realizaram uma pesquisa para verificar a
aclimatização e a influência de diferentes protocolos de adaptação. Após seis meses
de uso da amplificação, os resultados para reconhecimento de fala no silêncio e no
ruído sugeriram pequenas vantagens, mesmo que não significantes, entre os
protocolos de adaptação utilizados, e demonstraram substancial melhora no
40
reconhecimento de palavras, indicando que ocorreram mudanças no sistema
auditivo central de uma grande parcela dos sujeitos.
Em nosso estudo, embora não tenhamos observado diferenças significantes
de uma maneira geral no benefício obtido com as próteses auditivas, ao efetuar uma
análise individual, foi possível perceber que 53,85% dos adultos e 48,15% dos
idosos apresentaram algum sinal de melhora, tanto no LRSS quanto no LRSR, na
comparação entre avaliação e reavaliação. Dentre os indivíduos adultos que
melhoraram, foram assinaladas modificações médias de 2,80 dB para LRSS e 1,19
dB para LRSR. Já, entre os idosos, foram verificadas modificações para melhor com
médias de 4,29 dB e 1,86 dB, respectivamente, para LRSS e LRSR. Com essas
diferenças entre os sujeitos, concordamos com as influências das peculiaridades
individuais e ambientais, conforme descrito por Gatehouse, Naylor & Elberling
(2003), e que, em partes, essas particularidades são capazes de justificar os motivos
pelos quais em alguns indivíduos de nosso estudo tenhamos observado que a
amplificação pôde ter induzido à plasticidade funcional, mesmo que pouco
perceptível, enquanto em outros indivíduos não.
Parte dos sujeitos desta pesquisa, apesar de mencionarem efetuar uso
contínuo e estarem satisfeitos com o benefício alcançado com as próteses, podem
ter feito tais referências em virtude do processo que envolve exames especializados,
seleção e adaptação de próteses auditivas e consultas de acompanhamento ser
realizado de forma gratuita. Com isso, é possível que nossos pacientes tenham,
involuntariamente, assumido posturas condizentes com satisfação, quando, na
realidade, não admitiram o direito de fazer queixas. Afirmações nesse sentido
também foram realizadas por Prates & Iório (2006) após avaliações subjetivas em
que os pacientes poderiam ter revelado atitudes de humildade e gratificação, pois
também receberam as próteses auditivas sem ônus financeiro e possivelmente não
se acharam dignos de qualquer insatisfação.
Para Munro & Lutman (2003), a aclimatização é uma mudança sistemática no
desempenho auditivo ao longo do tempo, entretanto, existe um evidente conflito
concernente à existência da aclimatização; alguns estudos demonstraram melhorias
no desempenho, enquanto outros falharam na tentativa de demonstrar os efeitos da
aclimatização auditiva. Para os autores, existem, no mínimo, três possíveis
explicações para justificar os estudos que não demonstram a ocorrência da
41
aclimatização. Primeiro, os sujeitos podem ter poucas oportunidades de melhora em
função de serem portadores de perdas pequenas de audição (TAYLOR, 1993),
possuírem experiência prévia com próteses auditivas (BENTLER et al., 1993) ou
efetuarem o uso das próteses de forma limitada (TAYLOR, 1993; BENTLER et al.,
1993). Segundo, achados negativos podem ser em virtude de os métodos de teste
empregados não captarem modificações que realmente ocorrem (ROBINSON &
SUMMERFIELD, 1996). Terceiro, os achados tentam demonstrar a aclimatização a
partir de níveis erroneamente utilizados nos materiais de testes que foram
empregados e, por isso, muitas vezes não conseguem.
Com base nessas afirmações, é possível levantarmos alguns
questionamentos relacionados ao uso efetivo das próteses no período pesquisado,
relacionados àqueles indivíduos, adultos e idosos, que não apresentaram
modificações no reconhecimento de fala ao longo do tempo. Se, aproximadamente
50% dos sujeitos apresentou algum sinal de alteração para melhor na pesquisa dos
LRSS e LRSR, que motivos justificariam que a outra metade não mudou, ou até
piorou, os resultados? Novamente, respeitamos as individualidades, no entanto
consideramos a hipótese que boa parte dos pacientes participantes deste estudo,
mesmo recebendo as devidas orientações e possuindo acesso gratuito a consultas
fonoaudiológicas, pode ter efetuado o uso das próteses de forma limitada durante os
primeiros meses seguintes à adaptação. Também conjeturamos que, caso tivesse
sido realizado um programa de treinamento auditivo associado ao uso das próteses
auditivas, com a finalidade de estimular especificamente as habilidades relacionadas
a reconhecimento e inteligibilidade de fala, melhores desempenhos poderiam ter
sido obtidos.
Salientamos, com relação ao material, que o teste LSP utilizado nesta
pesquisa se mostrou sensível, em outro estudo, para comprovar os efeitos da
aclimatização e acreditamos que a metodologia empregada para a obtenção dos
LRSS e/ou LRSR não foi determinante para que, no geral, os efeitos da
aclimatização não pudessem ter sido constatados.
Na análise referente aos índices percentuais de reconhecimento de sentenças
no silêncio e no ruído, demonstrados na tabela 3 (IPRSS) e na tabela 4 (IPRSR),
não foram apuradas diferenças estatisticamente significantes nos resultados para as
42
comparações entre o 14º e o 9 dia posteriores à adaptação, tanto para o Grupo A
quanto para o Grupo I.
Para a obtenção do IPRSS, optamos pela manutenção dos estímulos de fala
fixos na intensidade de 65 dB A. Verificamos, assim, que o método, da maneira com
foi empregado, fez com que a grande maioria dos indivíduos alcançasse o escore
máximo logo na primeira avaliação, não permitindo, dessa forma, que pudessem se
sobressair na reavaliação. Julgamos que esse procedimento não foi válido para
verificar a influência do tempo de uso da amplificação sobre o benefício obtido com
as próteses. Sugerimos, deste modo, que para a obtenção de IPRSS, seja usado o
LRSS como base para a escolha do nível em que a intensidade deva ser fixada.
Com relação ao IPRSR, os indivíduos foram avaliados com os estímulos de
fala e ruído fixos, ambos a 65 dB A, ou seja, em uma relação S/R igual a zero. Na
apreciação, não ocorreu melhora no reconhecimento de fala dos adultos nem dos
idosos avaliados no período compreendido entre 14 e 90 dias de uso da
amplificação.
Igualmente como nos resultados dos LRSS e LRSR, os valores relativos aos
IPRSR não apresentaram, na avaliação global, diferenças estatisticamente
significantes. Contudo, ao se efetuar uma análise individual, foi possível verificar que
46,16% dos adultos e 37,04% dos idosos apresentaram modificações médias de,
respectivamente, 20% e 21% nos resultados de seus IPRSR. Cabem aqui, os
mesmos comentários realizados anteriormente: individualidade, influências
ambientais e uso limitado das próteses auditivas.
Segundo estudos de Henriques (2006), a variação de 1,0 dB na relação S/R,
em campo livre, representa uma modificação de 12,12% no IPRSR dos indivíduos
normo-ouvintes, enquanto que para portadores de perda auditiva, essa mesma
variação na relação S/R representa uma alteração de 11,20% no IPRSR. Se, em
nosso estudo, verificamos que alguns indivíduos adultos e idosos melhoraram em
média 1,19 e 1,86 dB, respectivamente, seus valores de LRSR, justifica-se, então, a
melhora encontrada que esses indivíduos tiveram em seus valores de IPRSR.
Consideramos, para esses indivíduos, a ocorrência de alterações clinicamente
importantes.
43
Na literatura compulsada, o foram encontrados trabalhos que associem a
obtenção de índices percentuais de reconhecimento de sentenças, por meio do teste
LSP, com efeitos da aclimatização.
Investigou-se, também, se para todas as avaliações e reavaliações
executadas, haveria diferenças nos resultados obtidos pelo grupo A dos resultados
alcançados pelo Grupo I. Os valores representados na tabela 5 indicam que, em
nenhuma das avaliações, um dos grupos foi superior ao outro.
Apesar dos indivíduos de ambos os grupos apresentarem perdas de audição
com características similares quanto a grau e configuração, esperávamos,
principalmente em decorrência do processo de envelhecimento, que os indivíduos
do Grupo I apresentassem resultados piores nas avaliações quando comparados
aos do Grupo A. Porém, nossos achados apontaram para um desempenho bastante
parecido entre adultos e idosos.
Ainda que este trabalho não tenha apresentado resultados estatisticamente
significantes, os efeitos no desempenho auditivo ao longo do tempo jamais devem
ser menosprezados nos processos de adaptação de próteses auditivas.
Salientamos, também, a importância da realização de treinamento auditivo,
independente da idade, como um aliado para progressos no reconhecimento de fala.
3. 7 Conclusão
Com a análise crítica dos resultados, concluiu-se que:
Não foram verificadas influências do tempo de uso da amplificação sobre o
benefício obtido com as próteses auditivas, para indivíduos adultos e
idosos, por meio do teste LSP.
Adultos e idosos apresentaram resultados semelhantes para LRSS,
LRSR, IPRSS e IPRSR, tanto após 14 dias de uso quanto depois de 90
dias de uso das próteses auditivas.
44
3. 8 Referências Bibliográficas
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4 ARTIGO DE PESQUISA
EFEITO DA ACLIMATIZAÇÃO EM NOVOS USUÁRIOS DE
PRÓTESES AUDITIVAS LINEARES E NÃO-LINEARES
ACCLIMATIZATION EFFECT ON NEW USERS OF
LINEAR AND NON-LINEAR HEARING AIDS
4. 1 Resumo
Objetivo: Verificar, para novos usuários, a influência do tempo de uso da
amplificação sobre o benefício obtido com as próteses; e comparar os resultados de
usuários de amplificação linear e não-linear com compressão dinâmica. Material e
Método: foram examinados 37 indivíduos portadores de perda auditiva
neurossensorial de grau leve a moderadamente-severo, novos usuários de próteses
auditivas. Os indivíduos foram reunidos em dois grupos: Grupo Linear composto
por 13 indivíduos adaptados com amplificação linear; e, Grupo WDRC composto
por 24 indivíduos adaptados com compressão dinâmica. As avaliações foram
realizadas 14 e 90 dias após a adaptação das próteses. Foram obtidos, em campo
livre, os limiares de reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído; e os
índices percentuais de reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído.
Resultados: Os valores obtidos após 14 e 90 dias de uso da amplificação, para
ambos os grupos, não apresentaram diferenças estatisticamente significantes.
Quando comparados entre os grupos, os valores também não revelaram diferenças
estatisticamente significantes. Conclusão: Não foram verificadas influências do
tempo de uso da amplificação sobre o benefício obtido com as próteses. Não
existiram diferenças nos resultados alcançados pelos novos usuários de
amplificação linear daqueles obtidos pelos novos usuários de compressão dinâmica.
Descritores: Perda Auditiva, Auxiliares de Audição, Audiometria da Fala, Testes de
Discriminação da Fala e Aclimatização.
48
4. 2 Abstract
Objective: Find out, for new users, the influence of the period of amplification use on
the benefit obtained with the hearing aids; besides, compare the results of users of
linear and non-linear amplification with dynamic compression. Material and method:
37 individuals having mild to moderate-severe sensorineural hearing loss were
examined. They were all new hearing aids users. These people were gathered in two
groups: Linear Group comprising 13 individuals with linear amplification fitting; and
WDRC Group comprising 24 individuals with dynamic compression fitting.
Evaluation was carried out 14 and 90 days after the hearing aids fitting. It was
obtained, in sound field, the sentence recognition threshold in silence and in the
noise as well as the percentual indexes of sentences recognition in the silence and in
the noise. Results: the values obtained after 14 and 90 days of amplification use, for
both groups, did not show statistically significant differences. When compared
between the groups, the values did not show statistically significant differences
either. Conclusion: Influences of the period of amplification use on the benefit
obtained with the hearing aids were not found. There were no differences between
the results achieved by new users of linear amplification and the results obtained by
new users of dynamic compression.
Key Words: Hearing Loss; Hearing Aids; Audiometry Speech; Speech Discrimination
Tests; Acclimatization.
4. 3 Introdução
A indicação dica de seleção e adaptação de próteses auditivas ocorre
quando a deficiência auditiva não pode ser solucionada com a prescrição de
medicamentos ou quando não indicação cirúrgica. Um dos recursos terapêuticos
para os indivíduos portadores de perda de audição é o uso de próteses auditivas.
49
Os progressos advindos relacionados à tecnologia das próteses auditivas
visam proporcionar ao portador de perda de audição o restabelecimento da
estimulação acústica com melhor qualidade sonora, em especial, para os sons da
fala.
De acordo com Bucuvic & Iório (2003) as próteses auditivas processavam
grande parte dos sons de entrada de forma linear. Entretanto, há mais de uma
década, foram lançados os sistemas que processam os sinais de entrada de forma
não linear. Assim, a classificação clínica das próteses auditivas ocorre conforme o
processamento do sinal é realizado, principalmente para a fala. Segundo Costa &
Iório (2006) quando não há variação do ganho, ou seja, a quantidade de
amplificação é a mesma para todas as intensidades sonoras de entrada, as próteses
auditivas são lineares; quando alteração automática nos parâmetros de
amplificação, especialmente do ganho, as próteses são classificadas como não-
lineares. No grupo de próteses auditivas não-lineares estão incluídas aquelas com
compressão dinâmica ou WDRC (Wide Dynamic Range Compression), que
costumam fornecer maior ganho para sons mais baixos e menos perceptíveis,
enquanto provêem menos ganho para os sons médios e mais intensos.
O indivíduo, ao iniciar o uso de próteses auditivas, tem a estimulação sonora
restabelecida e ingressa em um período denominado aclimatização perceptual
(GATEHOUSE, 1992), caracterizado por evoluções no desempenho em testes de
fala ao longo do tempo, observadas somente após um intervalo que varia de seis a
12 semanas seguinte à adaptação. Reber & Kompis (2005) sugeriram, também, que
tecnologias distintas de próteses auditivas podem exercer influência sobre a
aclimatização.
Torna-se importante, então, avaliar os benefícios obtidos ao longo do tempo
com o uso de próteses auditivas de diferentes tecnologias e verificar, ainda, se um
tipo de tecnologia pode apresentar melhores resultados que outro. Para averiguar
essas diferenças no desempenho, é de grande valia a utilização de testes que
possibilitem que as avaliações sejam efetuadas em condições que se assemelhem
às encontradas no cotidiano, com o uso de frases em detrimento a palavras isoladas
e com circunstâncias que simulem situações de silêncio e competição sonora. Um
dos materiais que permite ao examinador avaliar o reconhecimento de fala de seu
50
paciente, tanto no silêncio quanto no ruído, é o teste Listas de Sentenças em
Português (LSP), desenvolvido por Costa em 1998.
Considerando a necessidade de determinado intervalo de tempo para que
progressos no benefício com o uso de próteses possam ser mensurados, que
diferentes tecnologias relacionadas à amplificação sonora possam influenciar os
efeitos da aclimatização perceptual e que usuários de tecnologias distintas possam
apresentar resultados diferentes no beneficio obtido com as próteses auditivas,
justifica-se a realização deste estudo.
Dessa forma, objetivou-se, por meio do teste LSP, avaliar novos usuários de
próteses auditivas com amplificação linear ou compressão dinâmica – WDRC, com a
finalidade de verificar a influência do tempo de uso da amplificação sobre o benefício
obtido com as próteses; e investigar se existem diferenças nos resultados
alcançados pelos usuários de amplificação linear daqueles obtidos pelos usuários de
WDRC.
4. 4 Material e Método
Esta pesquisa foi executada no Laboratório de Próteses Auditivas, do Serviço
de Atendimento Fonoaudiológico, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
O estudo é parte integrante do projeto “Pesquisa e Base de Dados em Saúde
Auditiva”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com certificado de número
0138.0.243.000-06, ilustrado no anexo I, e registrado no Gabinete de Projetos do
Centro de Ciências da Saúde da UFSM sob o número 019731. Todos os indivíduos
participantes da pesquisa, depois receberem explicações sobre objetivo e
metodologia propostos, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(APÊNDICE I).
Para que um indivíduo fosse incluído no grupo de estudos, deveria
contemplar todos os critérios que seguem:
Ter idade igual ou superior a 18 anos;
51
Possuir diagnóstico audiológico de perda auditiva do tipo neurossensorial
de grau leve a moderadamente-severo (SILMAN & SILVERMAN, 1991),
adquirida no período pós-lingual;
Apresentar o Limiar de Reconhecimento de Fala, na melhor orelha, com
resultado igual ou inferior a 65 dB NA.
Ter a indicação do uso binaural de próteses auditivas;
Receber adaptação de próteses auditivas com amplificação linear ou com
compressão dinâmica – WDRC;
Não apresentar nenhum fator que pudesse interferir no teste, como
alterações neurológicas e/ou de fluência verbal;
Foram pré-selecionados, de janeiro a outubro de 2008, indivíduos que
compareceram ao Laboratório de Próteses Auditivas da UFSM para iniciar os
procedimentos para concessão de próteses auditivas e que cumpriram as condições
de elegibilidade do grupo de estudo mencionado. Dentre os 210 pacientes
atendidos, foram pré-selecionados 44. Destes, foram excluídos do grupo de estudos
os que apresentaram problemas de saúde ou qualquer outro impedimento que
impossibilitou o retorno para a reavaliação. Assim, dos 44 indivíduos pré-
selecionados, 37 concluíram as avaliações e compuseram o referido grupo.
Os 37 indivíduos foram reunidos de acordo com o tipo de amplificação
proporcionado pelas próteses auditivas em dois grupos:
1. Grupo LINEAR: novos usuários de próteses auditivas com amplificação
linear.
2. Grupo WDRC: novos usuários de próteses auditivas com compressão do tipo
WDRC.
Desse modo, o Grupo Linear foi composto por 13 indivíduos com idades entre
40 e 78 anos (média de idade = 64,23 anos), sendo três do gênero masculino e 10
do gênero feminino.
O Grupo WDRC foi constituído por 24 indivíduos com idades entre 28 e 77
anos (média de idade = 61,13 anos), sendo 13 do gênero masculino e 11 do gênero
feminino.
Para classificar o tipo de amplificação gerada pela prótese auditiva, foi
considerado o modo como o ganho é processado. De acordo com Menegotto & Iório
52
(2003), na amplificação linear, o ganho da prótese é constante para todas as
intensidades de sinal de entrada. Para as próteses auditivas com compressão
dinâmica ou WDRC, que processam os sons, incluindo a fala, de forma não-linear, o
ganho é variável conforme os níveis de pressão sonora de entrada.
Todos os indivíduos foram examinados em duas diferentes sessões de
avaliação: 14 e 90 dias após a adaptação das próteses auditivas.
Nessas avaliações e reavaliações, efetuadas entre os meses de janeiro de
2008 e janeiro de 2009, os sujeitos foram submetidos à pesquisa do:
LRSS – Limiar de reconhecimento de sentenças no silêncio;
LRSR – Limiar de reconhecimento de sentenças no ruído;
IPRSS – Índice percentual de reconhecimento de sentenças no silêncio;
IPRSR – Índice percentual de reconhecimento de sentenças no ruído.
Nas duas sessões de avaliação os sujeitos estavam usando suas próteses
auditivas nas regulagens estabelecidas pela equipe técnica responsável pelos
pacientes do Laboratório de Próteses Auditivas da UFSM, sem nenhuma
modificação entre as sessões de avaliação.
Antes da realização da primeira avaliação, foi efetuada uma anamnese
(APÊNDICE II) por meio de um questionário constituído por questões fechadas, as
quais forneceram informações referentes a dados pessoais, queixas auditivas,
história otológica, hábitos de vida diária e nível de escolaridade dos sujeitos
estudados. Também foram anotados, em protocolo padrão (APÊNDICE III), os
dados referentes à Audiometria Tonal Liminar, Limiar de Reconhecimento de Fala e
Índice Percentual de Reconhecimento de Fala que comprovaram a perda auditiva do
sujeito e que serviram de base para a programação das próteses auditivas.
O LRSS, o LRSR, IPRSS e o IPRSR foram obtidos utilizando-se o teste Listas
de Sentenças em Português, elaborado por Costa (1998), constituído por uma lista
de 25 sentenças (COSTA, IÓRIO & MANGABEIRA-ALBERNAZ, 1997), sete listas
com 10 sentenças (COSTA, 1997) e um ruído com espectro de fala (COSTA et al.,
1998). As sentenças e o ruído estão gravados em CD, em canais independentes, e
foram apresentados através de um CD Player acoplado a um audiômetro. Os
resultados foram anotados no protocolo padrão. As listas de sentenças que foram
utilizadas para a realização desta pesquisa estão descritas no ANEXO II.
53
O teste foi aplicado em ambiente acusticamente tratado, em campo livre e
com o indivíduo posicionado a um metro da fonte sonora, de frente para a mesma, a
azimute. A seqüência de aplicação, tanto para a avaliação quanto para a
2ª avaliação, foi a seguinte:
Apresentação da lista 5B, sem a presença de ruído competitivo, para
obtenção do LRSS.
Apresentação da lista 6B, sem a presença de ruído competitivo e com a
fala fixada a 65 dB A, para obtenção do IPRSS.
Apresentação da lista 1B, com a presença de ruído competitivo a 65 dB A,
para obtenção do LRSR.
Apresentação da lista 2B, com a presença de ruído competitivo e fala
fixos, ambos a 65 dB A, resultando em uma relação S/R igual a zero, para
obtenção do IPRSR.
A escolha das listas que foram utilizadas ocorreu em virtude de estarem
acontecendo, de forma concomitante, duas pesquisas com objetivos distintos. Com
a seleção das listas 1B, 2B, 5B e 6B, nenhuma das listas do teste foi repetida na
mesma situação, em nenhuma das pesquisas.
Antes da realização dos testes, tanto no silêncio quanto no ruído, foram
apresentadas as sentenças iniciais da lista 1A, para que os indivíduos pudessem
compreender a tarefa requerida.
Para a obtenção dos limiares, a técnica de apresentação das sentenças foi
baseada na estratégia seqüencial, adaptativa ou ascendente-descendente, descrita
por Levitt & Rabinner (1967), que permite determinar o limiar de reconhecimento de
fala, que é o nível necessário para o indivíduo identificar, de forma correta,
aproximadamente 50% dos estímulos de fala apresentados.
O procedimento para a obtenção dos limiares consistiu na apresentação de
um estímulo em uma determinada condição, sem ou com ruído competitivo. Se o
indivíduo fosse capaz de reconhecer corretamente o estímulo de fala apresentado, a
intensidade do mesmo era diminuída em intervalos pré-estabelecidos. Caso
contrário, sua intensidade era aumentada. Esse procedimento foi repetido até o final
da lista.
54
Conforme a literatura, foram utilizados intervalos de 4 dB até a primeira
mudança no tipo de resposta e, posteriormente, os intervalos de apresentação dos
estímulos foram de 2 dB entre si até o final da lista (LEVITT & RABINER, 1967).
Para a determinação dos limiares, foi calculada a dia dos valores a partir
da intensidade de apresentação das sentenças em que ocorreu a primeira mudança
de resposta.
Para a obtenção dos índices percentuais de reconhecimento de sentenças, a
intensidade foi mantida fixa durante toda a lista. Para a determinação dos índices,
foram somadas todas as sentenças respondidas de forma correta, correspondendo a
10 pontos percentuais para cada sentença da lista.
As medidas, realizadas em campo livre, foram efetuadas após a devida
calibração do equipamento, tendo em vista as características do sinal de teste e as
condições acústicas do ambiente. Nessa calibração, foi estabelecido o nível de
pressão sonora no qual o indivíduo testado percebia a fala e o ruído. Para isso, foi
utilizado um medidor de pressão sonora digital, da marca Radio Shack, que foi
posicionado em um ponto médio entre as duas orelhas, a uma distância de um
metro do alto-falante. A escala de medição utilizada, conforme sugerido por Costa
(1998), foi a escala A, por ser adequada para mensurar ruídos contínuos e para
determinar valores extremos de ruídos intermitentes.
A intensidade de apresentação das sentenças foi calibrada a partir de um tom
puro registrado no canal do CD em que estão gravadas as sentenças. Esse tom
puro, um som contínuo de referência, foi utilizado para que as mesmas condições de
apresentação sempre fossem mantidas. Isso se deve em virtude de o sinal de fala
ser um som complexo, que apresenta uma variação de 30 dB entre o som mais
intenso e o menos intenso, oscilando 12 dB acima e 18 dB abaixo da média
(BOOTHROYD, 1993), necessitando, portanto, desse som referencial.
Antes do início das avaliações, a saída de cada canal do CD foi calibrada
através do VU-meter do audiômetro. Tanto o tom de 1.000 Hz, presente em um
canal, quanto o ruído mascarante, presente no outro canal, foram colocados no nível
zero.
Estudos realizados por Cóser et al. (2000) observaram que as sentenças
foram gravadas no CD em uma intensidade média 7 dB abaixo da intensidade do
55
tom puro. Essa diferença foi levada em consideração e corrigida no dial do
equipamento no momento da aplicação dos testes.
As medidas da pesquisa foram obtidas em cabine tratada acusticamente, por
meio de um audiômetro digital de dois canais, marca Damplex, modelo DA65; e um
sistema de amplificação para audiometria em campo livre, modelo TA 1010. As
sentenças foram apresentadas utilizando-se um CD Player da marca Britânia,
modelo B5279, na opção lineout, acoplado ao audiômetro descrito.
Os dados coletados foram submetidos a uma análise descritiva e a tratamento
estatístico por meio da apreciação do comportamento das variáveis, com
comparações, para cada grupo, entre os resultados das avaliações efetuadas nos
dois diferentes períodos. Para tal, foi utilizado o teste de Wilcoxon, que não exige
que os dados sejam provenientes de uma distribuição normal e que testou se os
dois valores relacionados apresentaram diferenças estatisticamente significantes.
Foi analisado, também, se para cada avaliação executada, ocorreu diferença
entre os grupos. Essa comparação foi efetuada com o uso do teste de Mann-
Whitney, que testou se os dois valores independentes, e sem distribuição normal,
apresentaram diferenças estatisticamente significantes. Para ambos os testes, foi
estabelecida uma significância de 5%.
4. 5 Resultados
Estão ilustrados, a seguir, os resultados obtidos nas avaliações do LRSS
(tabela 1), LRSR (tabela 2), IPRSS (tabela 3) e IPRSR (tabela 4) para os grupos
Linear e WDRC e comparados os valores encontrados após 14 e 90 dias de uso das
próteses auditivas para cada grupo. Os confrontos foram realizados por meio do
teste de Wilcoxon, com nível de significância de 5%.
56
TABELA 1. Medidas descritivas e p-valor do LRSS no 1 e 90º dia após a adaptação das próteses
auditivas para os grupos LINEAR e WDRC.
LRSS n
Média
(dB A)
Lim. Inf.
(dB A)
Quartil
(dB A)
Mediana
(dB A)
Quartil
(dB A)
Lim. Sup.
(dB A)
p-valor
Grupo LINEAR
14 dias 13 50,02 34,33 43,57 51,28 55,67 76,67
90 dias 13 49,11 32,20 40,00 53,00 55,22 69,22
diferença
0,4216
Grupo WDRC
14 dias 24 45,44 36,66 40,82 43,64 48,18 61,29
90 dias 24 45,24 34,00 40,82 44,50 48,83 60,78
diferença
0,9544
Legenda: Lim. Inf. = Limite inferior; Lim. Sup. = Limite superior.
TABELA 2. Medidas descritivas e p-valor do LRSR, com ruído a 65 dB A, no 14º e 90º dia após a
adaptação das próteses auditivas para os grupos LINEAR e WDRC.
LRSR n
Média
(dB A)
Lim. Inf.
(dB A)
Quartil
(dB A)
Mediana
(dB A)
Quartil
(dB A)
Lim. Sup.
(dB A)
p-valor
Grupo LINEAR
14 dias 13 64,75 60,00 62,50 63,89 65,33 76,67
90 dias 13 65,78 61,22 63,22 64,11 66,42 75,89
diferença
0,2942
Grupo WDRC
14 dias 24 63,48 58,50 61,50 63,52 65,03 68,00
90 dias 24 63,35 56,71 61,94 63,11 64,11 70,56
diferença
0,8638
Legenda: Lim. Inf. = Limite inferior; Lim. Sup. = Limite superior.
TABELA 3. Medidas descritivas e p-valor do IPRSS no 14º e 90º dia
após a adaptação das próteses auditivas para os grupos LINEAR e
WDRC.
IPRSS n
Média
(%)
Mediana
(%)
p-valor
Grupo LINEAR
14 dias 13 93,07 100
90 dias 13 90,00 100
diferença
0,3173
Grupo WDRC
14 dias 24 96,67 100
90 dias 24 100 100
diferença
0,0835
57
TABELA 4. Medidas descritivas e p-valor do IPRSR, com ruído a 65 dB A, no 14º e 90º dia após a
adaptação das próteses auditivas para os grupos LINEAR e WDRC.
IPRSR n
Média
(%)
Lim. Inf.
(%)
Quartil
(%)
Mediana
(%)
Quartil
(%)
Lim. Sup.
(%)
p-valor
Grupo LINEAR
14 dias 13 61,53 10 50 60 80 100
90 dias 13 63,07 00 50 70 90 100
diferença
0,6972
Grupo WDRC
14 dias 24 73,75 00 60 80 90 100
90 dias 24 75,00 30 60 80 90 100
diferença
0,7269
Legenda: Lim. Inf. = Limite inferior; Lim. Sup. = Limite superior.
Averiguou-se, ainda, se para as variáveis pesquisadas existiria diferença
entre os valores encontrados para usuários de amplificação linear daqueles
obtidos por usuários de WDRC (tabela 5). Essa comparação foi efetuada entre os
grupos, com o uso do teste de Mann-Whitney, com nível de significância de 5%.
TABELA 5. Valores do p-valor na comparação entre os
grupos LINEAR e WDRC para LRSS, IPRSS, LRSR e
IPRSR no 14º e 90º dia após a adaptação das próteses
auditivas.
Variáveis
Grupo LINEAR versus Grupo WDRC
p-valor
LRSS 0,3162
LRSR 0,5139
IPRSS 0,7233
14º dia
IPRSR 0,0671
LRSS 0,2654
LRSR 0,0694
IPRSS 0,0514
90º dia
IPRSR 0,2953
4. 6 Discussão
Os valores encontrados na pesquisa dos limiares, ilustrados na tabela 1
(LRSS) e na tabela 2 (LRSR), apontaram que, tanto para os indivíduos do Grupo
Linear quanto para os sujeitos do Grupo WDRC, não foram evidenciadas diferenças
58
estatisticamente significantes na comparação entre as avaliações realizadas após 14
e 90 dias da adaptação de próteses auditivas. De uma maneira geral, podemos
inferir que o ocorreu modificação no reconhecimento de fala em nenhum dos
grupos entre o 14º e o 90º dia posterior ao início do uso da amplificação.
Embora nossos achados, de forma geral, o tenham sido condizentes com
os efeitos da aclimatização, concordamos com Munro & Lutman (2003) que
afirmaram que, apesar da aclimatização ser uma mudança perceptível ao longo do
tempo, um evidente conflito relativo à sua existência, uma vez que algumas
pesquisas confirmaram sua ocorrência, enquanto outras fracassaram na tentativa de
demonstrar seus efeitos. Para esses autores, existem, no nimo, três possíveis
explicações para justificar os estudos que não foram capazes de demonstrar a
ocorrência da aclimatização: sujeitos com poucas oportunidades de melhora (uso
limitado das próteses auditivas), emprego de teste não sensíveis às modificações
e/ou testes utilizados de forma errônea para tentar demonstrar a aclimatização.
Para Yund et al. (2006), os efeitos da aclimatização estão na dependência do
tipo de amplificação e da experiência prévia com amplificação. Os autores
realizaram uma pesquisa que acompanhou os efeitos da aclimatização em novos
usuários de próteses auditivas, adaptados bilateralmente com amplificação linear ou
com amplificação não-linear do tipo WDRMCC (Wide Dynamic Range Multichannel
Compression). O estudo analisou dois grupos de indivíduos que iniciaram o uso de
próteses com um dos tipos de amplificação e, depois de 32 semanas, tiveram o tipo
de amplificação substituído entre os grupos. Foram verificadas claras evidências dos
efeitos da aclimatização nos novos usuários de próteses auditivas com
processamento WDRMCC; e os novos usuários adaptados com amplificação linear
não apresentaram resultados consistentes com os efeitos da aclimatização. Após a
troca entre os tipos de amplificação, foram percebidas pequenas evidências da
aclimatização, tanto para o grupo que substituiu WDRMCC por linear quanto para o
grupo que substituiu linear por WDRMCC. Assim, nenhum dos efeitos da
aclimatização pôde ser comparado à magnitude inicial alcançada com o uso do
processamento WDRMCC.
Em nosso estudo, quando realizamos uma análise individual, foi possível
verificar que dentre os integrantes do Grupo Linear, 61,24% dos sujeitos melhoraram
em média 4,32 dB seus desempenhos no LRSS; e 30,77% aprimoraram em média
59
1,57 dB seus resultados para o LRSR. Já, para os componentes do Grupo WDRC, a
mesma análise individual assinalou que 45,83% melhoraram em média 3,46 dB suas
performances para LRSS; e 54,17% obtiveram resultados 2,24 dB melhores, em
média, para o LRSR.
Averiguamos, assim, que independente do tipo de amplificação utilizada pelo
portador de perda auditiva, para um considerável número de sujeitos ocorreu
indícios de plasticidade neural e efeitos da aclimatização, entretanto, em ambos os
grupos, verificamos que muitos indivíduos não demonstraram quaisquer
modificações no benefício obtido com o uso das próteses auditivas e determinados
pacientes até pioraram seus desempenhos. Atribuímos esse episódio a fatores
particulares, uma vez que o benefício depende, conforme Gatehouse, Naylor &
Elberling (2003), do ambiente acústico em que cada usuário de próteses está
inserido e é imensamente influenciado por características individuais. O estudo de
Reber & Kompis (2005) observou que, para grande parte dos sujeitos avaliados,
aconteceu melhora no reconhecimento de fala entre duas semanas e seis meses
após a adaptação de próteses auditivas e amparou a idéia de que ocorreram
mudanças no sistema auditivo central dessa parcela de sujeitos.
Com relação aos índices percentuais de reconhecimento de sentenças,
exibidos na tabela 3 (IPRSS) e na tabela 4 (IPRSR), não foram encontradas
diferenças estatisticamente significantes, em nenhum dos grupos, quando
comparados os resultados das avaliações realizadas no 1 e 90º dia subsequente à
adaptação das próteses auditivas.
A obtenção do IPRSS foi realizada com os estímulos de fala fixos na
intensidade de 65 dB A. Ao analisar os resultados, constatamos, para ambos os
grupos, que quase todos os indivíduos apresentaram desempenho igual a 100% na
primeira avaliação. Verificamos, com isso, que esse procedimento não foi apropriado
para examinar a influência do tempo de uso da amplificação sobre o benefício obtido
com as próteses, uma vez que, da forma empregada, não permitiu que os indivíduos
fossem capazes de atingir melhores resultados na segunda avaliação. Indicamos,
para trabalhos futuros que tenham o intuito de obter IPRSS, que o valor
determinante no qual o nível de intensidade deva ser fixado seja realizado com base
no resultado individual obtido na avaliação do LRSS.
60
Para a determinação do IPRSR, adotamos fala e ruído a 65 dB A, resultando
em uma relação S/R fixa igual a zero. Em análise, não ocorreu, de forma geral,
melhora no reconhecimento de fala dos indivíduos do Grupo Linear nem dos
indivíduos do Grupo WDRC no período compreendido entre 14 e 90 dias de uso da
amplificação. No entanto, ao efetuarmos um julgamento por indivíduo, foi possível
conferir que para o IPRSR, 46,15% dos sujeitos integrantes do Grupo Linear
apresentaram modificações médias de 20% em seu resultado para melhor; e
37,50% dos componentes do Grupo WDRC tiveram seu desempenho melhorado em
21% em média.
Essas diferenças individuais encontradas podem ser decorrentes de aspectos
de personalidade, motivação e expectativa frente às próteses, conforme citados por
Gatehouse, Naylor & Elberling (2003). Associado a isso, Amorim & Almeida (2007)
relataram que seria necessário, a fim de examinar os efeitos da aclimatização, que
as avaliações de benefício também fossem realizadas com o uso de medidas
subjetivas e mensurações eletrofisiológicas. Cabe-nos acrescentar, ainda, que
nenhum de nossos pacientes foi submetido a treinamento auditivo e apontar, desse
modo, que as habilidades de reconhecimento de fala de muitos sujeitos melhoraram
espontaneamente ao longo do tempo, entretanto, para a outra parte dos indivíduos,
isso não aconteceu. Assim, podemos considerar que o treinamento auditivo seria
uma grande ajuda para todos os indivíduos que recebem adaptação de próteses
auditivas, em especial, àqueles em que modificações espontâneas não são
observadas no decorrer do tempo.
Embora nossos achados sejam não estatisticamente significantes, para
muitos dos indivíduos avaliados e acompanhados ao longo do tempo em nossa
pesquisa, podemos considerar a ocorrência de resultados progressivamente
melhores.
Nosso estudo também investigou se para todas as avaliações e reavaliações
efetuadas, existiriam diferenças nos resultados encontrados pelos pacientes que
receberam adaptação de próteses auditivas com amplificação linear dos escores
obtidos pelos pacientes que receberam adaptação de próteses com compressão
dinâmica – WDRC. As comparações realizadas entre os grupos, para todas as
variáveis pesquisadas, estão demonstradas na tabela 5 (Grupo Linear versus Grupo
WDRC).
61
O teste estatístico empregado indicou não haver diferenças significantes nas
comparações entre os grupos. Esses achados não estão de acordo com o trabalho
de Shanks et al. (2002), entretanto, corroboram estudos como os realizados por
Humes, Humes & Wilson (2004) e Costa & Iório (2006).
Shanks et al. (2002) compararam o desempenho no reconhecimento de fala
para três circuitos de próteses auditivas: cortes de pico, compressão por limitação e
WDRC. Foram examinados 360 indivíduos, reunidos em quatro grupos de acordo
com o grau e a configuração da perda auditiva. Diferenças significativas favoreceram
os circuitos corte de pico e compressão por limitação sobre o circuito WDRC nos
grupos com perda auditiva de grau leve; e favoreceram o WDRC sobre o corte de
pico nos grupos com perda auditiva de grau superior ao leve.
Humes, Humes & Wilson (2004) realizaram um estudo para comparar os
benefícios, em indivíduos idosos, com o uso binaural de próteses auditivas lineares
e próteses com processamento WDRC. Os exames indicaram que ambas as
tecnologias proporcionaram desempenho satisfatórios para seus usuários, contudo,
não houve diferença estatisticamente significante entre amplificação linear e WDRC.
Costa & Iório (2006) realizaram um estudo em que avaliaram usuários de
próteses auditivas com circuitos linear e não-linear, com a finalidade de comparar os
resultados obtidos e verificar o circuito que favorece melhor adaptação auditiva e
reconhecimento de fala. Para tal, o teste LSP foi utilizado. Não houve diferenças
entre o reconhecimento de fala no silêncio e no ruído nos usuários de próteses
auditivas com circuitos linear e não-linear.
Mesmo que o trabalho de Costa & Iório (2006) não tenha apresentado
diferenças estatisticamente significantes, as autoras reportaram que, para o LRSS,
os indivíduos usuários de amplificação não-linear apresentaram melhores
resultados; já, para LRSR, os resultados foram semelhantes. Em nosso estudo,
também foi possível verificar resultados melhores a favor do Grupo WDRC, porém,
esses resultados favoráveis foram encontrados em todas as variáveis pesquisadas.
Assim, foi possível apurar que houve uma tendência de os indivíduos do
Grupo WDRC apresentarem melhores resultados, tanto pra situações de silêncio
quanto na presença de ruído competitivo. Apesar disso, reiteramos que as
diferenças verificadas não foram estatisticamente significantes.
62
Com base em nossos achados, acreditamos que as próteses auditivas devam
contemplar seus usuários com qualidade sonora e, principalmente, satisfação. O
fonoaudiólogo deve, no processo de seleção e adaptação de próteses auditivas,
considerar possíveis benefícios decorrentes do uso da amplificação, adequar a
tecnologia às necessidades e entender que todo esse processo é ímpar e precisa
ser realizado de maneira personalizada. Deve, ainda, valorizar o uso de avaliações
subjetivas, com a aplicação de questionários de auto-avaliação, como um
instrumento de auxílio para todo esse processo.
4. 7 Conclusão
A partir da análise dos resultados, pode-se concluir que:
Não foram verificadas, por meio do teste LSP, influências do tempo de uso
da amplificação sobre o benefício obtido com as próteses auditivas para
novos usuários de amplificação linear e novos usuários de compressão
dinâmica – WDRC.
Não existiram diferenças nos resultados alcançados pelos novos usuários
de amplificação linear daqueles obtidos pelos novos usuários de
compressão dinâmica – WDRC.
4. 8 Referências Bibliográficas
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usuários de próteses auditivas. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v. 19,
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In: Studebaker, G.; Hockberg, I. Acoustical factors affecting hearing aid
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63
BUCUVIC, E. C.; IÓRIO. M. C. M. Próteses auditivas: estudo comparativo das
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CÓSER, P. L. et al. Reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído em
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ANEXOS
71
ANEXO I – Carta de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
72
ANEXO II – Listas de Sentenças em Português utilizadas na pesquisa
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO EM DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
LISTAS DE SENTENÇAS EM PORTUGUÊS
UTILIZADAS NA PESQUISA
LISTA 1A
1.
Não posso perder o ônibus.
11. O jantar está na mesa.
2. Vamos tomar um cafezinho. 12. As crianças estão brincando.
3. Preciso ir ao médico. 13. Choveu muito neste fim-de-semana.
4. A porta da frente está aberta. 14. Estou morrendo de saudade.
5. A comida tinha muito sal. 15. Olhe bem ao atravessar a rua.
6. Cheguei atrasado para a reunião. 16. Preciso pensar com calma.
7. Vamos conversar lá na sala. 17. Guardei o livro na primeira gaveta.
8. Depois liga pra mim. 18. Hoje é meu dia de sorte.
9. Esqueci de pagar a conta. 19. O sol está muito quente.
10. Os preços subiram ontem. 20. Sua mãe acabou de sair de carro.
LISTA 1B LISTA 2B
1. O avião já está atrasado. 1. Acabei de passar um cafezinho.
2. O preço da roupa não subiu. 2. A bolsa está dentro do carro.
3. O jantar da sua mãe estava bom. 3. Hoje não é meu dia de folga.
4. Esqueci de ir ao banco. 4. Encontrei seu irmão na rua.
5. Ganhei um carro azul lindo. 5. Elas viajaram de avião.
6. Ela não está com muita pressa. 6. Seu trabalho estará pronto amanhã.
7. Avisei seu filho agora. 7. Ainda não está na hora.
8. Tem que esperar na fila. 8. Parece que agora vai chover.
9. Elas foram almoçar mais tarde. 9. Esqueci de comprar os pães.
10. Não pude chegar na hora.
10. Ouvi uma música linda.
LISTA 5B LISTA 6B
1. Depois, a gente conversa. 1. Vou viajar as nove da manhã.
2. Ela acabou de servir o almoço. 2. Meu irmão bateu o carro ontem.
3. Esta carta chegou ontem. 3. Prometi a ele não contar o segredo.
4. Preciso terminar o meu trabalho. 4. Cheguei atrasada na aula.
5. Não posso esquecer da mala. 5. Esta rua é perigosa.
6. A rua estava muito escura. 6. Esqueci da bolsa na sua mesa.
7. A data do exame foi adiada. 7. Ela comprou os últimos pães.
8. Elas alugaram um carro no verão. 8. A casa de campo já foi alugada.
9. Minha viagem foi ótima. 9. Os preços não devem subir.
10. Eles foram comprar pães. 10. Não falei com sua filha.
(COSTA, 1998)
APÊNDICES
74
APÊNDICE I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO EM DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
LABORATÓRIO DE PRÓTESES AUDITIVAS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Vimos, por meio desta, solicitar sua colaboração e autorização para que os dados
obtidos a partir das avaliações realizadas neste Laboratório sirvam de base para a
realização de pesquisa na área de audição para posterior publicação.
As avaliões e pesquisas serão realizadas por alunos de s-graduação,
Fonoaudiólogas Alexandra A. Lewkowicz (CRFa-RS 8722), matrícula 2660215; Cristiane B.
Padilha (CRFa-RS 8762), matrícula 2660217; Sinéia Neujahr dos Santos (CRFa-RS 8985),
matcula 2760255 e Fonoaudiólogo Tiago Petry (CRFa-RS 8870), matrícula 2760254;
mestrados do Programa des-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana, do Centro
de Ciências da Saúde, e professora orientadora, Fonoaudióloga Profª. Drª. Maristela Julio
Costa, do Curso de Fonoaudiologia, do Departamento de Fonoaudiologia do Centro de Ciências
da Saúde da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Este estudo tem como objetivo avaliar os diversos aspectos relacionados à sua audição,
verificando se existe algum problema que es dificultando que os sons sejam percebidos de
forma adequada, para eno poder dar as orientações e encaminhamentos necesrios para que
o problema seja solucionado ou aliviado seus sintomas.
As avaliações serão realizadas no Laboratório de Próteses Auditivas, do Serviço de
Atendimento Fonoaudiológico (SAF), da UFSM. Os participantes deste estudo serão
submetidos à consulta otorrinolaringológica, e a seguir, fonoaudiológica, iniciando com
entrevista para a obtenção de informações sobre as queixas do paciente e posterior
avaliação audiológica, em cabine tratada acusticamente.
As essa primeira etapa, serão oferecidas ao paciente informações sobre os resultados
das avaliações e quais as condutas sugeridas para o caso, que poderão ser: reencaminhar o
paciente para o dico, quando houver a necessidade; encaminhar para atendimento
fonoterapêutico; encaminhar para seleção e adaptação de próteses auditivas.
Não existe risco previsível durante a execução dos procedimentos desta pesquisa.
Os examinados se beneficiarão em participar da pesquisa, pois os resultados obtidos
com os exames fornecerão informações sobre a sua audição, além de oportunizar, em
alguns casos, o atendimento terapêutico no próprio serviço.
Será assegurado aos participantes desta pesquisa que: podem desligar-se pesquisa
a qualquer momento, sem problema ou constrangimento algum; receberão esclarecimento
sobre os objetivos, procedimentos, validade e qualquer outro aspecto relativo a este
trabalho; será garantido sigilo e privacidade das informações referentes a identidade dos
indivíduos avaliados, ou seja, em nenhuma hipótese será citado o nome dos indivíduos.
Como se trata de um serviço de clínica-escola dentro de uma Universidade, os dados
levantados a partir deste projeto serão analisados com o objetivo científico e desenvolvidas
pesquisas que serão publicadas em revistas da área, com o objetivo de informar a
população e pesquisadores com relação aos dados coletados. Os telefones de contato são
(55) 3220-9239 ou (55) 3220-9234.
Assim sendo, eu _______________________________, RG ______________,
abaixo assinado, declaro que após a leitura deste documento concordo em participar desta
avaliação, livre de qualquer forma de constrangimento ou coação.
Santa Maria, ____/____/______.
Assinatura_______________________________
75
APÊNDICE II – Anamnese Audiológica
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO EM DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
ANAMNESE AUDIOLÓGICA
Nome:____________________________________________________________ Gênero: ( )M ( )F
Data de Nascimento:____/____/_______ Idade:_____ Profissão:____________________________
Endereço:_________________________________________________________ Fone : (__)____-____
Data da Anamnese: ____/____/_______ Fone : (__)____-____
Examinador: ___________________________________
1. Dificuldade Auditiva? 2. Há quanto tempo?
( )OD ( )OE ( )Até 6 meses ( )6 meses – 1 ano
( )1 ano – 5 anos ( )5 anos – 10 anos ( )Outro
3. Zumbido? 4. Plenitude auricular?
( )OD ( )OE ( )OD ( )OE
5. Dificuldade para ouvir em ambiente silencioso? 6. Dificuldade para ouvir em ambiente com ruído?
( )Não ( )Às vezes ( )Sempre ( )Não ( )Às vezes ( )Sempre
7. Dificuldade para entender a fala em grupo? 8. Dificuldade para entender a fala ao telefone?
( )Não ( )Às vezes ( )Sempre ( )Não ( )Às vezes ( )Sempre
9. Desconforto a sons intensos? 10. Episódios de Otite?
( )Não ( )Sim ( )Não ( )Sim Quando?________________
11. Medicação ototóxica? 12. Trauma acústico?
( )Não ( )Sim ( )Não ( )Sim Quando?________________
13. Exerce ou exerceu atividade exposto a ruído? 14. Ambientes com som em alta intensidade?
( )Não ( )Sim Qual?__________________ ( )Não ( )Sim Freqüência?______________
15. Antecedentes familiares de perda auditiva? 16. Apresenta algum problema de saúde?
( )Não ( )Sim ( )Não ( )Sim Qual?__________________
17. Está fazendo uso de medicação? 18. Nível de escolaridade:
( )Não ( )Sim Qual?_________________ ( )1º grau inc. ( )2º grau inc. ( )3º grau inc.
( )1º grau com. ( )2º grau com ( )3º grau com.
Observações:
________________________________________________________
________________________________________________________
Fonoaudiólogo Responsável
Santa Maria, ____ de _____________ de 200___.
76
Freqüência em Hz
Intensidade em dBNA
APÊNDICE III – Protocolo Padrão
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO EM DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
PROTOCOLO PADRÃO
Nome:____________________________________________________________ Gênero: ( )M ( )F
Data de Nascimento:____/____/_______ Idade:_____ Profissão:____________________________
Data da Avaliação: ____/____/_______ (Avaliação Audiológica Básica)
Diagnóstico Audiológico: _______________________________________________________________
LRF: _____ dB LRF: _____ dB
IPRF: _____ dB _____ % IPRF: _____ dB _____ %
LISTAS DE SENTEÇAS EM PORTUGUÊS (COSTA, 1998) – Campo Livre
Avaliação Avaliação
Data:___/___/___ Data:___/___/___
Lista 5B Lista 6B Lista 1B Lista 2B Lista 5B Lista 6B Lista 1B Lista 2B
LRSS IPRSS LRSR IPRSR LRSS IPRSS LRSR IPRSR
1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1.
2. 2. 2. 2. 2. 2. 2. 2.
3. 3. 3. 3. 3. 3. 3. 3.
4. 4. 4. 4. 4. 4. 4. 4.
5. 5. 5. 5. 5. 5. 5. 5.
6. 6. 6. 6. 6. 6. 6. 6.
7. 7. 7. 7. 7. 7. 7. 7.
8. 8. 8. 8. 8. 8. 8. 8.
9. 9. 9. 9. 9. 9. 9. 9.
10. 10. 10. 10. 10. 10. 10. 10.
Média
(%)
Média (%)
Média
(%)
Média
(%)
Ruído a 65 dB A
Rel. S/R
Rel. S/R
zero
Ruído a 65 dB A
Rel. S/R
Rel. S/R
zero
Fgo. responsável: Fgo. responsável:
77
APÊNDICE IV Legenda do banco de dados e banco de dados do artigo:
Desempenho de adultos e idosos para reconhecer a fala
segundo o tempo de uso da amplificação.
Legenda do banco de dados: Desempenho de adultos e idosos para
reconhecer a fala segundo o tempo de uso da amplificação.
A.
Idade.
B.
Faixa etária.
1. até 59 anos
2. 60 anos ou mais
C.
Sexo.
1. feminino
2. masculino
D.
Grau Perda.
1. leve (26-40 dB)
2. moderada (41-55 dB)
3. moderadamente severa (56-70 dB)
E.
Conf Perda OD (Configuração da Perda da Orelha Direita).
1. plana
2. descendente leve
3. descendente acentuada
4. descendente abrupta/rampa
5. ascendente
6. curva em U
7. curva em U invertido
8. entalhe
9. irregular
F.
Conf Perda OE.
G.
MT 1 (Média Tritonal das freqüências de 0,5; 1; e 2 KHz [dB NA]).
H.
MT 2 (Média Tritonal das freqüências de 3, 4, e 6 KHz [dB NA]).
I.
LRF (Limiar de Reconhecimento de Fala [dB NA]).
J.
IPRF (Índice Percentual de Reconhecimento de Fala [%]).
K.
1_LRSS (Limiar de Reconhecimento de Sentenças no Silêncio [dB A]).
L.
1_IPRSS (Índice Percentual de Reconhecimento de Sentenças no Silêncio [%]).
M.
1_LRSR (Limiar de Reconhecimento de Sentenças no Ruído [dB A]).
N.
1_RSR (Relação Sinal/Ruído [sinal – ruído; dB A]).
O.
1_IPRSR (Índice Percentual de Reconhecimento de Sentenças no Ruído [%]).
P.
2_LRSS.
Q.
2_IPRSS.
R.
2_LRSR.
S.
2_RSR.
T.
2_IPRSR.
Banco de dados do artigo: Desempenho de adultos e idosos para
reconhecer a fala segundo o tempo de uso da amplificação.
Nº Paciente Idade Faixa Etária Sexo Grau Perda Conf Perda OD Conf Perda OE MT1 MT2 LRF IPRF
3 56 1 1 3 4 3 63,33 81,67 65 72
6 59 1 1 2 3 3 41,66 51,67 45 88
9 59 1 2 1 4 4 31,67 61,33 40 88
15 40 1 1 2 1 2 51,36 50,00 60 96
17 43 1 1 2 3 3 50,00 75,00 40 80
21 45 1 1 2 2 2 45,00 60,00 50 100
22 28 1 1 2 9 5 48,33 33,33 50 92
23 32 1 1 2 2 2 43,33 48,33 50 92
27 56 1 1 2 1 3 50,00 56,67 50 88
31 54 1 2 1 3 3 35,00 55,00 40 88
32 53 1 2 2 1 2 46,67 66,67 60 88
34 53 1 1 2 3 3 50,00 68,33 50 84
35 56 1 2 2 2 1 53,33 63,33 60 80
ADULTOS
Nº Paciente Idade Faixa Etária Sexo Grau Perda Conf Perda OD Conf Perda OE MT1 MT2 LRF IPRF
1 64 2 1 1 4 4 26,67 51,67 25 96
2 63 2 1 1 7 5 35,00 35,00 45 92
4 63 2 1 1 3 2 36,67 53,00 50 92
5 65 2 1 1 3 3 40,00 58,33 45 90
7 66 2 2 2 3 3 51,67 81,66 45 84
8 71 2 1 2 3 3 48,33 63,33 50 84
10 64 2 1 2 1 1 46,67 48,33 45 100
11 63 2 2 2 2 2 51,66 70,00 40 84
12 71 2 2 2 3 3 43,33 86,67 40 92
13 67 2 1 2 1 4 51,67 50,00 55 88
14 68 2 2 2 2 2 50,00 61,67 55 88
16 63 2 2 1 2 9 31,67 75,00 35 92
18 67 2 1 3 1 1 58,33 63,33 65 80
19 77 2 1 2 8 8 41,67 66,67 50 68
20 64 2 1 1 2 2 36,67 46,67 35 80
24 71 2 1 3 4 1 56,67 61,67 65 76
25 77 2 1 2 1 1 43,33 60,00 55 76
26 75 2 2 2 4 4 41,67 66,67 45 56
28 72 2 2 2 4 4 43,33 83,33 40 64
29 72 2 2 1 9 4 40,00 60,00 45 80
30 74 2 2 2 3 3 43,33 61,67 50 76
33 61 2 1 2 1 1 51,67 56,67 55 84
36 78 2 2 1 9 3 36,67 38,33 55 92
37 72 2 1 1 4 3 31,67 60,00 50 68
38 75 2 1 2 1 1 50,00 56,67 60 80
39 71 2 2 2 3 3 48,33 68,33 40 76
40 65 2 2 1 4 4 38,33 80,00 35 88
IDOSOS
7
8
Nº Paciente 1_LRSS
1_IPRSS 1_LRSR 1_RSR 1_IPRSR 2_LRSS 2_IPRSS 2_LRSR 2_RSR 2_IPRSR
3 51,00 100 66,50 1,50 50 52,00 100 63,00 -2,00 60
6 47,00 100 60,00 -5,00 100 39,80 100 63,22 -1,78 80
9 36,66 100 61,50 -3,50 70 34,00 100 63,89 -1,11 80
15 34,33 100 64,00 -1,00 80 32,20 100 63,00 -2,00 100
17 40,22 100 61,43 -3,57 80 40,86 100 67,25 2,25 50
21 47,86 100 63,33 -1,67 100 49,67 100 60,50 -4,50 100
22 42,00 100 68,00 3,00 30 40,00 100 70,56 5,56 40
23 39,50 100 61,00 -4,00 100 38,50 100 56,71 -8,29 100
27 53,00 100 62,50 -2,50 70 53,33 100 64,11 -0,89 90
31 42,50 100 62,00 -3,00 80 44,50 100 61,00 -4,00 80
32 55,67 100 63,89 -1,11 60 54,50 100 63,89 -1,11 60
34 47,00 100 62,33 -2,67 90 60,78 100 61,44 -3,56 90
35 61,29 80 67,50 2,50 0 57,86 100 65,50 0,50 50
ADULTOS
Nº Paciente 1_LRSS
1_IPRSS 1_LRSR 1_RSR 1_IPRSR 2_LRSS 2_IPRSS 2_LRSR 2_RSR 2_IPRSR
1 37,14 100 66,67 1,67 70 34,40 100 65,50 0,50 60
2 35,20 100 67,67 2,67 100 35,67 100 66,00 1,00 70
4 38,40 100 64,50 -0,50 60 42,00 100 61,57 -3,43 90
5 47,66 100 64,29 -0,71 50 47,50 100 62,00 -3,00 80
7 40,86 100 63,71 -1,29 90 41,25 100 63,50 -1,50 60
8 46,00 100 63,50 -1,50 80 37,00 100 66,33 1,33 80
10 42,67 100 61,00 -4,00 80 43,67 100 59,57 -5,43 80
11 56,78 100 67,50 2,50 30 40,78 100 61,89 -3,11 80
12 41,00 100 62,78 -2,22 90 45,40 100 66,00 1,00 30
13 56,00 100 68,00 3,00 80 55,22 100 66,42 1,42 50
14 51,28 100 62,50 -2,50 60 48,00 100 63,44 -1,56 70
16 39,50 100 64,56 -0,44 80 39,00 100 62,50 -2,50 100
18 76,67 10 76,67 11,67 10 69,22 10 75,89 10,89 10
19 48,67 100 64,11 -0,89 80 49,86 100 64,11 -0,89 90
20 37,50 100 62,50 -2,50 100 38,50 100 62,33 -2,67 90
24 48,50 90 66,33 1,33 90 47,00 100 64,11 -0,89 70
25 53,22 100 65,33 0,33 50 57,00 100 66,00 1,00 40
26 60,50 50 66,14 1,14 50 53,86 100 68,11 3,11 40
28 45,00 100 60,00 -5,00 90 48,00 100 63,22 -1,78 90
29 42,78 100 64,11 -0,89 80 44,50 100 62,00 -3,00 70
30 45,89 100 61,00 -4,00 80 46,50 100 63,22 -1,78 90
33 56,14 100 66,71 1,71 40 57,22 100 67,50 2,50 0
36 43,57 100 61,00 -4,00 80 40,00 100 61,22 -3,78 90
37 40,78 100 61,50 -3,50 80 42,55 100 62,50 -2,50 70
38 39,00 100 63,22 -1,78 30 53,00 60 72,56 7,56 60
39 42,67 100 64,00 -1,00 90 41,50 100 64,11 -0,89 90
40 44,50 100 58,50 -6,50 90 41,50 100 61,00 -4,00 100
IDOSOS
7
9
80
APÊNDICE V Legenda do banco de dados e banco de dados do artigo: Efeito da
aclimatização em novos usuários de próteses auditivas lineares e
não-lineares.
Legenda do banco de dados: Efeito da aclimatização em
novos usuários de próteses auditivas lineares e não-lineares.
A.
Idade.
B.
Faixa etária.
1. até 59 anos
2. 60 anos ou mais
C.
Sexo.
1. feminino
2. masculino
D.
Circuito
1. Linear
2. WDRC
E.
Grau Perda.
1. leve (26-40 dB)
2. moderada (41-55 dB)
3. moderadamente severa (56-70 dB)
F.
Conf Perda OD (Configuração da Perda da Orelha Direita).
1. plana
2. descendente leve
3. descendente acentuada
4. descendente abrupta/rampa
5. ascendente
6. curva em U
7. curva em U invertido
8. entalhe
9. irregular
G.
Conf Perda OE.
H.
MT 1 (Média Tritonal das freqüências de 0,5; 1; e 2 KHz [dB NA]).
I.
MT 2 (Média Tritonal das freqüências de 3, 4, e 6 KHz [dB NA]).
J.
LRF (Limiar de Reconhecimento de Fala [dB NA]).
K.
IPRF (Índice Percentual de Reconhecimento de Fala [%]).
L.
1_LRSS (Limiar de Reconhecimento de Sentenças no Silêncio [dB A]).
M.
1_IPRSS (Índice Percentual de Reconhecimento de Sentenças no Silêncio [%]).
N.
1_LRSR (Limiar de Reconhecimento de Sentenças no Ruído [dB A]).
O.
1_RSR (Relação Sinal/Ruído [sinal – ruído; dB A]).
P.
1_IPRSR (Índice Percentual de Reconhecimento de Sentenças no Ruído [%]).
Q.
2_LRSS.
R.
2_IPRSS.
S.
2_LRSR.
T.
2_RSR.
U.
2_IPRSR.
Banco de dados do artigo: Efeito da aclimatização em
novos usuários de próteses auditivas lineares e não-lineares.
Nº Paciente Idade Faixa Etária Sexo Circuito Grau Perda Conf Perda OD Conf Perda OE MT1 MT2 LRF IPRF
1 75 2 1 1 2 1 1 50,00 56,67 60 80
4 63 2 1 1 1 3 2 36,67 53,00 50 92
6 59 1 1 1 2 3 3 41,66 51,67 45 88
8 71 2 1 1 2 3 3 48,33 63,33 50 84
13 67 2 1 1 2 1 4 51,67 50,00 55 88
14 68 2 2 1 2 2 2 50,00 61,67 55 88
15 40 1 1 1 2 1 2 51,36 50,00 60 96
18 67 2 1 1 3 1 1 58,33 63,33 65 80
25 77 2 1 1 2 1 1 43,33 60,00 55 76
27 56 1 1 1 2 1 3 50,00 56,67 50 88
32 53 1 2 1 2 1 2 46,67 66,67 60 88
33 61 2 1 1 2 1 1 51,67 56,67 55 84
36 78 2 2 1 1 9 3 36,67 38,33 55 92
LINEAR
Nº Paciente Idade Faixa Etária Sexo Circuito Grau Perda Conf Perda OD Conf Perda OE MT1 MT2 LRF IPRF
2 71 2 2 2 2 3 3 48,33 68,33 40 76
3 56 1 1 2 3 4 3 63,33 81,67 65 72
5 65 2 1 2 1 3 3 40,00 58,33 45 90
7 66 2 2 2 2 3 3 51,67 81,66 45 84
9 59 1 2 2 1 4 4 31,67 61,33 40 88
10 65 2 2 2 1 4 4 38,33 80,00 35 88
11 63 2 2 2 2 2 2 51,66 70,00 40 84
12 71 2 2 2 2 3 3 43,33 86,67 40 92
16 63 2 2 2 1 2 9 31,67 75,00 35 92
17 43 1 1 2 2 3 3 50,00 75,00 40 80
19 77 2 1 2 2 8 8 41,67 66,67 50 68
20 64 2 1 2 1 2 2 36,67 46,67 35 80
21 45 1 1 2 2 2 2 45,00 60,00 50 100
22 28 1 1 2 2 9 5 48,33 33,33 50 92
23 32 1 1 2 2 2 2 43,33 48,33 50 92
24 71 2 1 2 3 4 1 56,67 61,67 65 76
26 75 2 2 2 2 4 4 41,67 66,67 45 56
28 72 2 2 2 2 4 4 43,33 83,33 40 64
29 72 2 2 2 1 9 4 40,00 60,00 45 80
30 74 2 2 2 2 3 3 43,33 61,67 50 76
31 54 1 2 2 1 3 3 35,00 55,00 40 88
34 53 1 1 2 2 3 3 50,00 68,33 50 84
35 56 1 2 2 2 2 1 53,33 63,33 60 80
37 72 2 1 2 1 4 3 31,67 60,00 50 68
WDRC
81
Nº Paciente 1_LRSS 1_IPRSS 1_LRSR 1_RSR 1_IPRSR 2_LRSS 2_IPRSS 2_LRSR 2_RSR 2_IPRSR
1 39,00 100 63,22 -1,78 30 53,00 60 72,56 7,56 60
4 38,40 100 64,50 -0,50 60 42,00 100 61,57 -3,43 90
6 47,00 100 60,00 -5,00 100 39,80 100 63,22 -1,78 80
8 46,00 100 63,50 -1,50 80 37,00 100 66,33 1,33 80
13 56,00 100 68,00 3,00 80 55,22 100 66,42 1,42 50
14 51,28 100 62,50 -2,50 60 48,00 100 63,44 -1,56 70
15 34,33 100 64,00 -1,00 80 32,20 100 63,00 -2,00 100
18 76,67 10 76,67 11,67 10 69,22 10 75,89 10,89 10
25 53,22 100 65,33 0,33 50 57,00 100 66,00 1,00 40
27 53,00 100 62,50 -2,50 70 53,33 100 64,11 -0,89 90
32 55,67 100 63,89 -1,11 60 54,50 100 63,89 -1,11 60
33 56,14 100 66,71 1,71 40 57,22 100 67,50 2,50 0
36 43,57 100 61,00 -4,00 80 40,00 100 61,22 -3,78 90
LINEAR
Nº Paciente 1_LRSS 1_IPRSS 1_LRSR 1_RSR 1_IPRSR 2_LRSS 2_IPRSS 2_LRSR 2_RSR 2_IPRSR
2 42,67 100 64,00 -1,00 90 41,50 100 64,11 -0,89 90
3 51,00 100 66,50 1,50 50 52,00 100 63,00 -2,00 60
5 47,66 100 64,29 -0,71 50 47,50 100 62,00 -3,00 80
7 40,86 100 63,71 -1,29 90 41,25 100 63,50 -1,50 60
9 36,66 100 61,50 -3,50 70 34,00 100 63,89 -1,11 80
10 44,50 100 58,50 -6,50 90 41,50 100 61,00 -4,00 100
11 56,78 100 67,50 2,50 30 40,78 100 61,89 -3,11 80
12 41,00 100 62,78 -2,22 90 45,40 100 66,00 1,00 30
16 39,50 100 64,56 -0,44 80 39,00 100 62,50 -2,50 100
17 40,22 100 61,43 -3,57 80 40,86 100 67,25 2,25 50
19 48,67 100 64,11 -0,89 80 49,86 100 64,11 -0,89 90
20 37,50 100 62,50 -2,50 100 38,50 100 62,33 -2,67 90
21 47,86 100 63,33 -1,67 100 49,67 100 60,50 -4,50 100
22 42,00 100 68,00 3,00 30 40,00 100 70,56 5,56 40
23 39,50 100 61,00 -4,00 100 38,50 100 56,71 -8,29 100
24 48,50 90 66,33 1,33 90 47,00 100 64,11 -0,89 70
26 60,50 50 66,14 1,14 50 53,86 100 68,11 3,11 40
28 45,00 100 60,00 -5,00 90 48,00 100 63,22 -1,78 90
29 42,78 100 64,11 -0,89 80 44,50 100 62,00 -3,00 70
30 45,89 100 61,00 -4,00 80 46,50 100 63,22 -1,78 90
31 42,50 100 62,00 -3,00 80 44,50 100 61,00 -4,00 80
34 47,00 100 62,33 -2,67 90 60,78 100 61,44 -3,56 90
35 61,29 80 67,50 2,50 0 57,86 100 65,50 0,50 50
37 40,78 100 61,50 -3,50 80 42,55 100 62,50 -2,50 70
WDRC
8
2
P498i Petry, Tiago
A influência do tempo de uso da amplificação sobre o
benefício obtido com as próteses auditivas / por Tiago
Petry. – 2009.
82 f. ; 30 cm.
Orientadora: Maristela Julio Costa.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Santa Maria, Centro de Ciências da Saúde, Programa de
Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana,
RS, 2009.
1. Fonoaudiologia 2. Reconhecimento da fala
3. Audição 4. Audiologia 5. Próteses auditivas
6. Amplificação sonora 7. Aclimatização
8. Reconhecimento de sentenças I. Costa, Maristela Julio
II. Título.
CDU 616.89-008.434
Ficha catalográfica elaborada por
Maristela Eckhardt - CRB-10/737
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© 2009
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