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A permanência de Henrique Oswald e de seus irmãos no ateliê também foi proveitosa
para o desenvolvimento dos trabalhos de pintura do pai, o qual comumente os
integrava à sua arte, adotando-os como modelos. Como recorda Monteiro (2000):
No seu quadro Deixai vir a mim as criancinhas, que se tornará conhecido em
todo o mundo através das estampas reproduzidas pela Casa Editora Atehli
Frères, de Zurique, Suíça, reúne os sete filhos e uma sobrinha, Luli, filha de
sua irmã Mimma. Francisco, um dos gêmeos, é quem segura a mão de
Jesus. Como já fizera com o pai, mãe, irmãs e esposa, são os filhos que daí
por diante posariam para as Madonas, os Cristos, os Anjos, os quadros de
gêneros, os desenhos. [...] Entre 1925 e 1927, com maior freqüência, toma
os filhos como modelo: Maria Isabel é retratada em Na toilette, Travessuras,
Retrato em pé, Na poltrona lendo, Carnaval de crianças e Serpentinas.
Henrique em O mês de Maria e Depois do chá dos Grandes; Francisco
Henrique como Pierrôs; Lucas em O anjo que protege; Francisco e Maria
Isabel em O anjo que conduz. Com Maria Beatriz pinta Posando e sorrindo;
Com Maria Thereza, Criança dormindo e criança acordando. Com Maria
Carlota O guarda-chuva vermelho. Essas são obras que ele denominava “de
gênero”, distinguindo-as dos retratos em diversas técnicas – óleo,
sanguínea, lápis de cor, nos quais desde 1919 representou os filhos
pequeninos. (OSWALD apud MONTEIRO, 2000, p. 114-127)
Bem jovem ainda, Henrique Oswald, uma vez interessado pela linguagem da gravura,
passou a freqüentar a Oficina de Gravura em Metal, ministrada pelo pai no Liceu de
Artes e Ofícios, através da qual teve a possibilidade de desenvolver a generosa dose
de criatividade com a qual a natureza lhe contemplou. Nos domínios domésticos, a
prática da gravura também se tornou uma constante no cotidiano de Henrique,
ajudando na formação de sua consciência como gravador, principalmente, a partir de
1943, quando seu pai, segundo Monteiro (2000), solicitou a transferência de uma
prensa de água-forte, que pertencera a Henrique Bernaderlli e há dez anos
conservava na casa de Petrópolis, para a casa da Rua Piratini 78, Tijuca. A mesma
autora acrescenta que, com tal iniciativa, Carlos Oswald resolveu
montar uma completa oficina de gravura, abrindo-a livremente para os
alunos que desejassem imprimir, e sua residência passa a ser um novo
núcleo de gravura do Rio de Janeiro. [...] Em sua casa trabalha ativamente
ajudado pelos ex-alunos Poty, Carlos Geyer e seu filho Henrique, que, por
sua vez, usam a prensa para imprimir suas próprias chapas. (MONTEIRO,
2000, p. 95)