cidade de Cuiabá em 1862 mencionou em seu diário de viagem a presença de
dois italianos
[...] Não há hotéis, mas é verdade que não há transeuntes; mas existem
duas pensões onde se serve comida, por falta de instalações para dar
hospedagem. Freqüentam essas pensões unicamente operários e
estrangeiros. Uma delas pertence a um milanês, sapateiro de ofício,
excelente pessoas; ajuda-o sua esposa, também milanesa, verdadeiro
tipo italiano por sua afabilidade e simpáticos dotes... O outro verdadeiro e
detestável ´bodegón,é de um piemontês chamado Carlos Novelli que não
goza de uma boa reputação no país pelo seu caráter. Pelas suas
péssimas condições, é menos freqüentado. (PÓVOAS, 1982, p. 26)
Póvoas (1982) lembra ainda que Bartolomé registrou a existência de duas
pensões em Cuiabá, no ano de 1862, de propriedade de italianos: um casal
originário de Milão e outro do norte da Itália, região do Piemonte sem, no entanto,
especificar o nome da cidade.
Em 1884 o cientista alemão Karl von den Steinen (1942) visitou Cuiabá e
apresentou em seus registros outra referência a outro italiano:
“[...] Cousa que se pareça com hotel não havia em Mato Grosso. Um
italiano, rico e avarento, Pascoal, que apesar de sua demência senil
ainda sabia contar bem,recebeu-nos, cedendo dois agradáveis quartos
espaçosos”. (PÓVOAS, 1982, p. 27)
Conforme Povoas (1982) os relatos de Steinen (1942) revelam que Pascoal
havia chegado no Mato Grosso portando um velho realejo, cuja música e cantoria,
levava muita gente a executar animado bailado. O viajante alemão registrou que
Pascoal foi o primeiro a dar pão todos os dias aos cuiabanos: “ [...]Suas fornadas
souberam conquistar lugar ao lado da farinha de trigo, a nova invenção tornou-se
rendosa”.(PÓVOAS, 1982, p. 27) O naturalista norte-americano Herbert
Huntington Smith, que visitou Mato Grosso em 1886, também registrou a presença
do italiano Pascoal em Cuiabá, cujo hábito era no mínimo intrigante - o de vigiar
constantemente alguns espaços de sua casa:
“[...] O velho permanecia todo o santo dia no mesmo lugar, de onde
dominava com o olhar de general a varanda, a cozinha, e uma janela que
dava para a rua, expedindo dali mesmo as suas ordens. [...] sempre de
casaco, colete e meias, cochilava muito contente da sua vida ou incubava
desgosto profundo; de quando em vez monologava em voz alta, e
quando não passava o mau humor sovava uma crioulinha, cuja educação
tinha tomado a si”. (PÓVOAS, 1982, p. 28)